No princípio Deus criou os céus e a terra. A terra era vazia e sem forma definida, e o Espírito de Deus se movia por sobre as águas. Deus disse: “Haja luz”, e houve luz. Deus ficou satisfeito, e separou a luz da escuridão. Deus chamou a luz de “dia”, e a escuridão de “noite”. O dia e a noite juntos formaram o primeiro dia. E Deus disse: “Que as águas se separem, entre a expansão do céu em cima e os oceanos em baixo”. Desse modo, Deus formou o firmamento, separando as águas que ficaram acima do firmamento das que ficaram abaixo. E assim foi. Deus chamou o firmamento de céu. E houve tarde e manhã. Tudo isso aconteceu no segundo dia. E Deus disse: “Que as águas que estão debaixo do céu se juntem, formando mares e oceanos, de modo que apareça a parte seca”. E assim foi. Deus chamou a parte seca de terra, e as águas de mares. E Deus ficou satisfeito. Então ele disse: “Que a terra produza toda espécie de vegetação: plantas que deem sementes, árvores que produzam frutos, que por sua vez produzam sementes de acordo com a sua espécie”. E assim foi. A terra, pois, fez brotar a vegetação: plantas que dão sementes e árvores que produzem frutos, que por sua vez produzem sementes de acordo com a sua espécie. E Deus ficou satisfeito. Houve tarde e manhã. Tudo isso aconteceu no terceiro dia. Deus ainda disse: “Que no firmamento do céu haja luzes que iluminem a terra para separar o dia da noite. Essas luzes servirão como sinais para estabelecer as estações, os dias e os anos. Elas brilharão no firmamento do céu para iluminar a terra”. E assim foi. Deus fez duas grandes luzes: a maior, o sol, para dirigir o dia, e a menor, a lua, para dirigir a noite. Ele também fez as estrelas. Foi assim que Deus colocou essas luzes no firmamento para iluminarem a terra, para determinarem os dias e as noites e fazerem separação entre a luz e a escuridão. E Deus ficou satisfeito. Houve tarde e manhã. Tudo isso aconteceu no quarto dia. Depois Deus disse: “Que as águas se encham de peixes e de outras espécies de vida; e voem as aves sobre a terra, sob o firmamento dos céus”. E Deus criou os grandes animais marinhos, e todo tipo de vida aquática, além das aves, de acordo com as suas espécies. E Deus ficou satisfeito. Então Deus abençoou suas criaturas, dizendo: “Multipliquem-se e encham as águas dos mares”. E às aves falou: “Sejam cada vez mais numerosas. Encham a terra!” Houve tarde e manhã. Tudo isso aconteceu no quinto dia. E Deus disse: “Que a terra produza seres viventes de acordo com as suas espécies: animais domésticos e animais selvagens, segundo as suas espécies”. E assim foi. Deus fez os animais selvagens, os animais domésticos e os demais seres vivos da terra, de acordo com as suas espécies. E Deus ficou satisfeito. Depois Deus disse: “Façamos o ser humano à nossa imagem e semelhança. Que ele domine sobre os animais marinhos, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos da terra e sobre os répteis que se movem pelo chão”. Assim Deus criou o ser humano semelhante à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher o criou. Deus os abençoou e disse-lhes: Multipliquem-se, encham a terra e dominem-na. Tenham poder sobre os peixes, sobre as aves dos céus e sobre os animais que rastejam pela terra. E disse mais: “Eu dou a vocês todas as plantas que nascem na superfície de toda a terra e dão sementes, e todas as árvores frutíferas que dão sementes. A todos os animais em que há fôlego de vida, ou seja, a todos os animais selvagens, a todas as aves do céu e aos animais que rastejam pelo chão dou todos os vegetais como alimento”. E assim foi. E Deus viu tudo o que havia feito, e eis que havia ficado muito bom. Houve tarde e manhã. Tudo isso aconteceu no sexto dia. Dessa forma foi concluída a criação dos céus e da terra, com tudo que neles existe. E no sétimo dia, tendo Deus terminado a sua obra, ele descansou. Deus abençoou o sétimo dia e o declarou santo, pois nele descansou de toda a obra da criação. Esta é a história da origem dos céus e da terra criados por Deus. Ainda não havia vegetação, nem semente que houvesse brotado da terra, porque o Senhor Deus ainda não havia feito chover sobre a terra, e também não havia seres humanos para cultivar a terra. Mas um vapor de água subia da terra e irrigava toda a superfície do solo. Então o Senhor Deus formou o corpo humano do pó da terra e soprou em suas narinas o fôlego da vida, e ele tornou-se um ser vivo. Plantou também o Senhor Deus um jardim, no Éden, para os lados do oriente; e nesse jardim colocou o homem que havia criado. Então o Senhor Deus fez brotar toda espécie de lindas árvores que produziam frutas boas como alimento. No centro do jardim estava a árvore da vida e a árvore do conhecimento do bem e do mal. Nascia no Éden um rio que atravessava o jardim para o irrigar, dividindo-se depois em quatro braços. Um destes braços era o rio Pisom, que atravessava toda a terra de Havilá. Nessa região existe ouro. Esse ouro era de fina qualidade; lá também existem pedras preciosas, como o bdélio e a pedra de ônix. O segundo braço do rio chama-se Giom, e percorre toda a terra de Cuxe. O terceiro braço é o rio Tigre, que corre pelo lado leste da Assíria. E o quarto braço é o rio Eufrates. O Senhor Deus colocou o homem no jardim do Éden para cuidar dele e o cultivar. E deu-lhe a seguinte ordem: “Você pode comer de toda árvore que está no jardim, mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que comer dessa fruta, certamente você morrerá”. Depois disse o Senhor Deus: “Não é bom que o homem fique sozinho. Vou fazer para ele uma companheira, uma auxiliadora que lhe corresponda”. Depois de ter formado da terra toda espécie de animais e aves, o Senhor Deus os trouxe ao homem para ver que nome daria a eles. Assim o homem deu nomes a todos os animais domésticos, às aves do céu e aos animais selvagens. No entanto, o homem não encontrou uma companheira que lhe correspondesse. Então o Senhor Deus fez o homem cair em um sono profundo. Enquanto este dormia, tirou uma das costelas dele e fechou o lugar em que ficava a costela. Dessa costela o Senhor Deus fez uma mulher e a levou ao homem. Então o homem disse: “Esta, sim, é parte dos meus ossos e da minha carne. Ela será chamada mulher, porque foi tirada do homem”. Esta é a razão pela qual o homem deixa o seu pai e a sua mãe e se une à sua mulher, e os dois se tornam um só ser. Ambos, o homem e a mulher, estavam nus, mas não sentiam vergonha. A serpente era a mais astuta de todas as criaturas que o Senhor Deus tinha feito. Ela aproximou-se e perguntou à mulher: “É verdade que Deus disse que não deviam comer do fruto de nenhuma das árvores do jardim?” A mulher respondeu à serpente: “Nós podemos comer do fruto de todas as árvores do jardim, exceto da árvore que está no meio do jardim. Deus disse que não podemos comer da fruta daquela árvore, nem sequer tocá-la, senão morreremos”. “Certamente vocês não morrerão!”, retrucou a serpente. “Deus sabe muito bem que no instante em que comerem dessa fruta, seus olhos serão abertos, e vocês, como Deus, serão capazes de distinguir o bem do mal!” A mulher ficou convencida. Reparando na beleza daquela árvore e que a sua fruta era agradável ao paladar e atraente aos olhos, além de lhe dar entendimento, tomou a fruta e comeu-a. Depois ofereceu a seu marido, e ele também comeu. Os olhos de ambos foram abertos, e perceberam que estavam nus. Foram então juntar folhas de figueira para cobrir-se. Ao cair da tarde daquele dia ouviram a voz e os passos do Senhor Deus que passeava pelo jardim, e esconderam-se entre as árvores. O Senhor Deus chamou o homem: “Onde você está?” Ele respondeu: “Percebi que o Senhor estava se aproximando e fiquei com medo, porque estava nu. Por isso me escondi”. “Quem disse que você estava nu?”, perguntou o Senhor Deus. “Você comeu da fruta da árvore da qual eu o proibi de comer?” O homem respondeu: “Foi a mulher que me deste por companheira que me ofereceu a fruta da árvore, e eu comi”. Então o Senhor Deus perguntou à mulher: “Por que você fez isso?” Respondeu a mulher: “A serpente me enganou, e eu comi”. Então o Senhor Deus dirigiu-se à serpente: “Este é o seu castigo: Você será a única a ser amaldiçoada entre todos os animais domésticos e entre todos os animais selvagens. Você terá de rastejar sobre o seu ventre, e comerá pó todos os dias da sua vida. “De agora em diante, você e a mulher serão inimigas. O mesmo ocorrerá entre a sua descendência e a descendência dela. O descendente da mulher esmagará a sua cabeça, e você ferirá o calcanhar dele”. E o Senhor Deus disse à mulher: “Você terá muitas dores durante a gravidez; com sofrimento você dará à luz filhos. Apesar disso, seu desejo será para o seu marido, e ele a dominará”. Ao homem ele disse: “Visto que você deu ouvidos à sua mulher e comeu aquela fruta que eu disse para não comer, o solo da terra será maldito por sua causa. Você precisará lutar todos os dias da sua vida para tirar da terra o seu sustento. Ela também produzirá espinhos e ervas daninhas, e você precisará alimentar-se das ervas do campo. Você precisará suar para que a terra produza o seu alimento, até que volte para a terra, da qual você foi formado. Pois você foi feito da terra e à terra voltará”. Adão deu à sua mulher o nome Eva pois ela se tornaria a mãe de toda a humanidade. O Senhor Deus fez roupas de pele de animais e vestiu Adão e sua mulher. Então disse o Senhor Deus: “Agora que o homem se tornou como um de nós, conhecendo o bem e o mal, é necessário que ele não coma da fruta da árvore da vida para que não viva eternamente”. Por isso o Senhor Deus o expulsou do jardim do Éden, e o mandou cultivar a terra da qual tinha sido formado. Depois de ter expulsado o homem, colocou querubins a leste do jardim do Éden, os quais, com uma espada flamejante que se movia, guardavam o caminho de acesso à árvore da vida. Então Adão teve relações com Eva, e ela engravidou e deu à luz um filho, a quem chamou de Caim. Disse ela: “Com a ajuda do Senhor consegui um filho homem!” Depois voltou a dar à luz, e nasceu o irmão dele, Abel. Abel tornou-se pastor de ovelhas, enquanto Caim era agricultor. Quando chegou o tempo da colheita, Caim trouxe ao Senhor uma oferta dos produtos da terra. Abel fez o mesmo, mas com as primeiras crias do seu rebanho. E o Senhor agradou-se de Abel e da sua oferta, mas não de Caim nem da sua oferta. Por isso, Caim ficou enfurecido e o seu rosto mostrava seu ódio. O Senhor perguntou a Caim: “Por que você está furioso e por que o seu rosto mostra ódio? Se você fizer o que é certo, não será aceito? Mas se você agir mal e não obedecer, saiba que o pecado está à sua espera; ele deseja destruí-lo, mas está na sua mão o poder de dominá-lo”. Então Caim convidou a Abel, seu irmão: “Vamos para o campo”. Enquanto caminhavam juntos, Caim atacou o seu irmão Abel e o matou. Depois o Senhor perguntou a Caim: “Onde está o seu irmão Abel?” Respondeu Caim: “Não sei. Será que sou o responsável pelo meu irmão?” Então Deus disse: “O que foi que você fez? O sangue do seu irmão clama por mim, da terra em que foi derramado. Por isso você será amaldiçoado nessa terra manchada pelo sangue dele. Quando você cultivar a terra, ela não dará mais o fruto resultante do seu trabalho. Você passará a vida como um fugitivo errante pela terra”. Caim então disse ao Senhor: “Esse castigo é pesado demais para mim. Hoje me expulsas desta terra que tenho cultivado, e terei de me esconder da tua face. Serei um fugitivo errante pela terra, e qualquer pessoa que me encontrar vai querer me matar!” Mas o Senhor lhe respondeu: “Isso não ocorrerá. Se alguém matar você, será castigado sete vezes mais”. E o Senhor colocou em Caim um sinal de identificação, para impedir que fosse morto por alguém que o encontrasse. Assim Caim afastou-se da presença do Senhor e foi estabelecer-se na terra de Node, a leste do Éden. Caim teve relações com a sua mulher, e ela engravidou e deu à luz um filho, que recebeu o nome de Enoque. Caim então construiu uma cidade à qual deu o nome do seu filho Enoque. Enoque foi o pai de Irade. Irade foi o pai de Meujael. Meujael foi o pai de Metusael. Metusael foi o pai de Lameque. Lameque teve duas mulheres: Ada e Zilá. Ada teve um filho chamado Jabal. Ele foi o pai de todos os criadores de rebanhos e de todos que vivem em tendas. O seu irmão chamava-se Jubal, o pai de todos os que tocam harpa e flauta. Zilá também deu à luz um filho chamado Tubalcaim, o primeiro a trabalhar com metal fundido, fazendo ferramentas de bronze e de ferro. Este teve uma irmã chamada Naamá. Um dia Lameque disse às suas mulheres: “Ada e Zilá, ouçam-me com atenção: Eu matei um homem porque me feriu, e um jovem, porque me machucou. Se aquele que matar Caim será vingado sete vezes, então eu serei vingado setenta e sete”. Novamente, Adão teve relações com Eva, e ela deu à luz outro filho, a quem chamou Sete, dizendo: “Deus me concedeu outro filho para ocupar o lugar de Abel, a quem Caim matou”. Sete foi pai de Enos. Depois do nascimento de Enos, começaram a invocar o nome do Senhor. Esta é a lista dos descendentes de Adão. Deus criou o ser humano à sua semelhança; homem e mulher os criou e os abençoou. Desde o dia em que foram criados, Deus os chamou de humanos. Adão tinha 130 anos quando seu filho Sete nasceu, um filho que era conforme à sua imagem e semelhança. Depois do nascimento de Sete, Adão viveu mais 800 anos, e teve filhos e filhas. Viveu ao todo 930 anos e morreu. Sete tinha 105 anos quando nasceu seu filho Enos. Depois disso, Sete viveu mais 807 anos, e teve filhos e filhas. Ele morreu com a idade de 912 anos. Enos tinha 90 anos quando nasceu seu filho Cainã. Depois disso, Enos viveu mais 815 anos, e teve filhos e filhas. Ele morreu com a idade de 905 anos. Cainá tinha 70 anos quando nasceu seu filho Maalaleel, Depois disso, Cainã viveu mais 840 anos, e teve filhos e filhas. Ele morreu com a idade de 910 anos. Maalaleel tinha 65 anos quando nasceu seu filho Jarede. Depois disso, Maalaleel viveu mais 830 anos, e teve filhos e filhas. Ele morreu com a idade de 895 anos. Jarede tinha 162 anos quando nasceu seu filho Enoque. Depois disso, Jarede viveu mais 800 anos, e teve filhos e filhas. Ele morreu com a idade de 962 anos. Enoque tinha 65 anos quando nasceu seu filho Matusalém. Depois disso, Enoque viveu mais 300 anos, e andou em comunhão com Deus e teve filhos e filhas. Ele viveu ao todo 365 anos. Enoque sempre andou com Deus e um dia desapareceu, porque Deus o levou. Matusalém tinha 187 anos quando nasceu seu filho Lameque. Depois disso, Matusalém viveu mais 782 anos e teve filhos e filhas. Ele morreu com a idade de 969 anos. Lameque tinha 182 anos quando lhe nasceu um filho. Ele o chamou de Noé e disse: “Este há de trazer-nos descanso para o duro trabalho da terra que o Senhor amaldiçoou”. Depois do nascimento de Noé, Lameque viveu mais 595 anos, e teve outros filhos e filhas. Ele morreu com a idade de 777 anos. Quando Noé estava com 500 anos, tinha três filhos: Sem, Cam e Jafé. Quando as pessoas começaram a multiplicar-se na terra e lhes nasceram filhas, os filhos de Deus repararam na beleza das filhas dos homens, e tomaram para si aquelas que lhes agradaram. E o Senhor disse: “O meu Espírito não continuará com o homem, visto que ele é todo mau. Ele só viverá 120 anos”. Naqueles dias havia gigantes, e mesmo depois, quando os filhos de Deus tiveram relações com as filhas dos homens, os filhos que lhes nasceram foram heróis de grande fama, conforme nos falam os relatos da antiguidade. O Senhor viu que a maldade humana foi ficando cada vez pior, e que a imaginação e os pensamentos dos seres humanos os levavam unicamente para o mal. Então o Senhor se arrependeu de ter criado o ser humano sobre a terra, e isso cortou o seu coração! Disse o Senhor: “Farei desaparecer da face da terra tudo o que tem vida: as pessoas, os animais, os répteis e as aves do céu. Estou triste porque os criei”. Noé, porém, agradava ao Senhor com a sua vida. Esta é a história da vida de Noé: Ele era a única pessoa justa e íntegra na terra daquele tempo. Ele conduzia a sua vida de acordo com a vontade de Deus. Noé tinha três filhos: Sem, Cam e Jafé. A violência dominava a terra. Aos olhos de Deus, a terra estava completamente corrompida. Ao ver essa corrupção e como toda a raça humana tinha se deixado arrastar para a depravação e o vício, Deus disse a Noé: “Decidi acabar com todos os seres humanos, porque a terra está cheia de crime e de perversão por causa deles. Eu os destruirei juntamente com a terra. Faça uma embarcação com madeira de cipreste, com vários compartimentos no seu interior e revista-a de piche por dentro e por fora. Estas são as medidas da embarcação que você vai construir: 150 metros de comprimento, 25 metros de largura e 15 metros de altura. Faça-lhe um teto com uma abertura de meio metro entre o teto e o corpo da arca. No interior haverá três andares e uma porta lateral. “Faça isso, porque vou cobrir toda a terra com água por meio de um dilúvio, para destruir toda criatura viva debaixo dos céus. Tudo o que houver na terra morrerá. Mas prometo fazer uma aliança com você, e você entrará nessa embarcação com sua mulher, seus filhos e suas respectivas mulheres. De todos os animais existentes faça entrar um casal, macho e fêmea, na embarcação, para que sobrevivam com você. De cada espécie de aves, de quadrúpedes e até do menor animal que rasteja pelo solo virá um casal a você, para que sejam conservados vivos. Armazene também toda espécie de comida, para seu sustento e o sustento dos animais”. Noé fez tudo conforme Deus lhe tinha ordenado. Finalmente chegou o dia em que o Senhor disse a Noé: “Entra na embarcação com toda a sua família, porque, de toda a humanidade, você é o único justo que encontrei. Leve para dentro da embarcação sete casais de cada espécie de animal puro, macho e fêmea, e um casal de cada espécie de animal impuro, macho e fêmea. Leve também sete casais de aves de cada espécie. Assim se poderá manter viva cada espécie após o dilúvio. Daqui a uma semana vou fazer chover sobre a terra durante quarenta dias e quarenta noites, e tudo quanto criei com vida morrerá”. Noé fez tudo conforme o Senhor lhe tinha ordenado. Noé tinha 600 anos de idade quando as águas do dilúvio vieram sobre a terra. Ele, seus filhos, sua mulher e as noras entraram na embarcação, para escaparem das águas do dilúvio. Com eles entraram toda espécie de vida animal, puros e impuros, os que rastejavam pelo chão e as aves. Entraram com Noé na embarcação em pares, macho e fêmea, tal como Deus havia ordenado. Passados sete dias, as águas do dilúvio inundaram a terra. Quando Noé tinha precisamente 600 anos, um mês e dezessete dias de idade, romperam-se todas as fontes do abismo, e as comportas do céu se abriram. Desabou forte chuva sobre a terra durante quarenta dias e quarenta noites. No dia em que as chuvas começaram a cair, Noé e seus filhos, Sem, Cam e Jafé, com sua mulher e com suas noras, entraram na embarcação. Entraram também todos os animais de acordo com as suas espécies: animais domésticos, animais selvagens, todos os demais seres vivos que rastejam pelo chão, e todas as criaturas com asas: todas as aves e os outros animais que voam. Pares de todas as espécies vivas vieram a Noé e entraram na embarcação. Os animais que entraram eram um macho e uma fêmea de cada ser vivo, tudo como Deus tinha ordenado a Noé. Depois, o Senhor fechou a porta. O dilúvio durou quarenta dias, e as águas aumentaram e levantaram a embarcação acima da terra. O nível das águas foi subindo cada vez mais, cobrindo a terra. E a embarcação flutuava na superfície das águas. As águas aumentaram tanto que cobriram até as montanhas mais altas existentes debaixo do céu, chegando a quase sete metros acima dos picos. Todos os seres vivos existentes na terra morreram: as aves, os animais domésticos, os animais selvagens, todas as pequenas criaturas que povoam a terra e todo ser humano. Tudo o que havia na terra seca e que respirava, morreu. Assim foram destruídos todos os seres vivos que existiam na terra; tanto os seres humanos quanto os animais grandes e os animais pequenos que rastejam pelo chão e as aves do céu foram extintos da terra. Apenas Noé e os que estavam com ele na embarcação sobreviveram. E as águas cobriram a terra por cento e cinquenta dias. Então Deus atentou para Noé e todos os animais selvagens e domésticos que estavam com ele na embarcação. Fez soprar um forte vento sobre a terra, e as águas começaram a baixar. As fontes do abismo e as comportas do céu se fecharam, e a chuva torrencial parou. As águas começaram a baixar gradualmente sobre a terra. Passados cento e cinquenta dias, as águas tinham diminuído, e no décimo sétimo dia do sétimo mês, a embarcação tocou no alto das montanhas de Ararate. As águas continuaram baixando, até que no primeiro dia do décimo mês apareceram os cumes das montanhas. Ao fim de mais quarenta dias, Noé abriu a janela que tinha feito na embarcação, e soltou um corvo que ficava voando de um lado para o outro. Depois soltou uma pomba para ver se já havia alguma parte seca. Mas a pomba não encontrou um lugar onde pousar e voltou para a embarcação porque as águas ainda cobriam toda a terra. Noé estendeu a mão e tomou-a de volta para dentro da embarcação. Noé esperou sete dias e soltou novamente a pomba. Ao cair da tarde, quando a pomba voltou, ela trouxe no bico uma folha nova de oliveira. Noé concluiu então que as águas tinham diminuído sobre a terra. Ele deixou passar mais sete dias e soltou novamente a pomba, mas desta vez ela não voltou. Passaram-se ainda vinte e nove dias depois disso, e quando Noé completou 601 anos de idade, secaram-se as águas na terra. Noé então levantou a cobertura da embarcação e verificou que as águas tinham descido totalmente. Ao fim de mais oito semanas, no dia 27 do segundo mês do ano 601 de Noé, a terra estava completamente seca. Então Deus disse a Noé: “Saia da embarcação, você e sua mulher, seus filhos e as suas noras. Deixe sair igualmente todos os animais que estão com você: as aves, os animais grandes e os pequenos que rastejam sobre o chão. Faça-os sair, de modo que se espalhem por toda a terra, se reproduzam e se multipliquem”. Então Noé, seus filhos, sua mulher e suas noras saíram da embarcação. Saíram também todos os animais grandes e os pequenos que rastejam sobre o chão e todas as aves. Todos os seres vivos que estavam na embarcação saíram em grupos, segundo as diferentes espécies. Noé construiu um altar, tomou alguns animais e aves aceitáveis a Deus e ofereceu-os como sacrifício, queimando-os sobre o altar. O Senhor ficou satisfeito com esse sacrifício e disse a si mesmo: “Nunca mais voltarei a amaldiçoar a terra por causa dos seres humanos, ainda que a inclinação dos seus corações seja sempre para o mal desde a infância. E nunca mais destruirei todos os seres viventes como fiz. Enquanto durar a terra, sempre haverá semeadura e colheitas, frio e calor, inverno e verão, dia e noite”. Deus abençoou Noé e seus filhos, e disse-lhes: “Tenham muitos filhos e povoem novamente a terra. Todos os animais da terra terão medo de vocês: os animais selvagens, as aves do céu, os animais que rastejam pelo chão e os peixes do mar. Todos eles serão dominados por vocês. Tudo o que vive e se move lhes servirá de alimento, além dos vegetais. “Mas nunca comam a carne com a sua vida, isto é, com o sangue. Pedirei contas de cada ser humano e de cada animal que derramar o sangue de alguém. “Quem derramar o sangue de um ser humano, pelo ser humano seu sangue será derramado, pois ele foi criado à imagem de Deus. “Multipliquem-se, povoem novamente a terra e exerçam domínio sobre ela”. Deus disse mais a Noé e aos seus filhos: “Estabeleço a minha aliança com vocês, com todos os seus descendentes e com todo ser vivo que está com vocês: as aves, os animais domésticos e os animais selvagens, todos os animais que saíram da embarcação com vocês e com todos os animais da terra. Estabeleço uma aliança com vocês: Nunca mais os seres vivos da terra serão destruídos pelas águas. Nunca mais haverá um dilúvio para destruir a terra”. E Deus disse: “E como sinal desta aliança que estou fazendo entre mim e vocês e com todos os seres vivos que estão com vocês, para todas as gerações, aparecerá um arco-íris nas nuvens. Este será o sinal da aliança entre mim e a terra. Quando o céu se acumular de nuvens e nelas aparecer esse arco, então me lembrarei da minha aliança com vocês e com todos os seres vivos. Nunca mais destruirei a vida por meio de um dilúvio semelhante. Verei o arco-íris e atentarei para a aliança eterna que eu, como Deus, fiz com os seres vivos de todas as espécies que existem na terra”. Deus disse a Noé: “Esse é o sinal da aliança que estabeleci entre mim e todos os seres vivos que existem na terra”. Os três filhos de Noé que saíram da embarcação foram Sem, Cam e Jafé. (Cam é aquele de quem descendem todos os cananeus). Esses são os três filhos de Noé. Destes descendem todos os povos da terra. Noé tornou-se agricultor e plantou vinhas. Um dia embriagou-se e despiu-se completamente dentro da sua tenda. Cam, pai de Canaã, viu o pai despido, saiu e foi chamar os outros dois irmãos. Então Sem e Jafé pegaram uma capa, chegaram-se de costas com a capa suspensa nos ombros, aproximaram-se do pai no meio da tenda, e o cobriram, sem terem visto a nudez do pai. Quando Noé se refez da sua embriaguez e soube o que tinha acontecido e a forma como o seu filho mais novo tinha agido, disse: “Maldito seja Canaã. Que se torne escravo dos descendentes de seus irmãos”. E acrescentou: “Bendito seja o Senhor, Deus de Sem. Que os cananeus sirvam a ele. Que Deus abençoe Jafé e que partilhe da prosperidade de Sem, e que os cananeus também sirvam a ele”. Noé viveu ainda 350 anos depois do dilúvio. Ele morreu com 950 anos de idade. Os descendentes de Noé são os seguintes: Sem, Cam e Jafé. Eles tiveram filhos depois do dilúvio. Os filhos de Jafé foram: Gômer, Magogue, Madai, Javã, Tubal, Meseque e Tirás. Os filhos de Gômer foram: Asquenaz, Rifate e Togarma. Os filhos de Javã foram: Elisá, Társis, Quitim e Dodanim. Os seus descendentes tornaram-se povos marítimos, conquistando terras e formando nações, cada uma de acordo com a sua língua. Os filhos de Cam foram: Cuxe, Mizraim, Pute e Canaã. Os filhos de Cuxe foram: Sebá, Havilá, Sabtá, Raamá e Sabtecá. Os filhos de Raamá foram: Sabá e Dedã. Um dos descendentes de Cuxe foi Ninrode, que foi o primeiro homem poderoso da terra. Ele foi um caçador valente. Daí o provérbio: “Que Deus te faça um caçador valente como Ninrode”. No início, o seu reino era composto pelas cidades e territórios de Babel, Ereque, Acade e Calné, na terra de Sinear. Dali, ele estendeu o território do seu reino até a Assíria, onde edificou Nínive, Reobote-Ir, Calá e Resém, que fica entre Nínive e Calá, que era a maior cidade daquele império. Mizraim foi o pai dos luditas, anamitas, leabitas, naftuítas, patrusitas, casluítas (de quem descendem os filisteus) e caftoritas. O primeiro filho de Canaã foi Sidom, e o segundo, Hete. Também estes povos são descendentes de Canaã: os jebuseus, os amorreus, os girgaseus, os heveus, os arqueus, os sineus, os arvadeus, os zemareus e os hamateus. Os cananeus se espalharam por diferentes partes. As fronteiras dos cananeus estenderam-se desde Sidom, indo em direção a Gerar, até Gaza, continuando até Sodoma, Gomorra, Admá e Zeboim, chegando até Lasa. Esses são os descendentes de Cam que se espalharam em muitas nações, com suas línguas diferentes. Héber, que deu origem a um numeroso povo, era descendente de Sem, irmão mais velho de Jafé. Os filhos de Sem foram: Elão, Assur, Arfaxade, Lude e Arã. Os filhos de Arã foram: Uz, Hul, Géter e Meseque. Salá foi filho de Arfaxade. Héber foi filho de Salá. Héber teve dois filhos: Pelegue e Joctã. Pelegue recebeu esse nome porque em sua época foi feita a divisão da terra entre as nações. Os filhos de Joctã foram: Almodá, Salefe, Hazarmavé, Jerá, Adorão, Uzal, Dicla, Obal, Abimael, Sabá, Ofir, Havilá e Jobabe. Todos esses foram filhos de Joctã. Eles habitaram a região que vai desde Messa até Sefar, uma região montanhosa que ficava a leste. São esses os descendentes de Sem, conforme os povos e nações, com suas diferentes línguas e localizações geográficas. São essas as famílias dos filhos de Noé, das quais se formaram os diferentes povos e nações. Todas essas nações se dispersaram pela terra depois do dilúvio. Naquele tempo, toda a humanidade falava apenas uma língua. As pessoas avançaram em direção ao leste, descobriram uma planície em Sinear, na terra da Babilônia, e se fixaram ali. E disseram uns aos outros: “Vamos fazer tijolos de terra bem cozida”. Eles usavam tijolos em vez de pedras, e piche em lugar de argamassa. Então disseram: “Vamos construir uma grande cidade, com uma torre que chegue até os céus. Assim nos tornaremos famosos e não seremos espalhados pela terra toda”. O Senhor desceu para ver a cidade e a torre que os seres humanos estavam construindo, e disse: “Eles formam um só povo e falam a mesma língua e eis o que são capazes de fazer. Logo não haverá obstáculo para tudo o que planejarem. Venham, desçamos e confundamos a língua deles, para que não entendam mais uns aos outros”. E foi dessa forma que o Senhor os espalhou por toda a terra, e eles pararam de construir a cidade. Por isso aquele lugar recebeu o nome de Babel, porque ali o Senhor confundiu a língua das pessoas, e espalhou-as por toda a terra. São estes os descendentes de Sem: Quando ele tinha 100 anos de idade, nasceu seu filho Arfaxade. Isso aconteceu dois anos após o dilúvio. Depois do nascimento de Arfaxade, Sem viveu mais 500 anos, e teve filhos e filhas. Arfaxade tinha 35 anos quando nasceu seu filho Salá. Depois disso, Arfaxade viveu mais 430 anos, e teve filhos e filhas. Salá tinha 35 anos quando nasceu seu filho Héber. Depois disso, Salá viveu mais 403 anos, e teve filhos e filhas. Héber tinha 34 anos quando nasceu seu filho Pelegue. Depois disso, Héber viveu mais 430 anos, e teve filhos e filhas. Pelegue tinha 30 anos quando nasceu seu filho Reú. Depois disso, Pelegue viveu mais 209 anos, e teve filhos e filhas. Reú tinha 32 anos quando nasceu seu filho Serugue. Depois disso, Reú viveu mais 207 anos, e teve filhos e filhas. Serugue tinha 30 anos quando nasceu seu filho Naor. Depois disso, Serugue viveu mais 200 anos, e teve filhos e filhas. Naor tinha 29 anos quando nasceu seu filho Terá. Depois disso, Naor viveu mais 119 anos, e teve filhos e filhas. Aos 70 anos, Terá era pai de três filhos: Abrão, Naor e Harã. Esta é a história de Terá: Terá foi o pai de Abrão, Naor e Harã. Harã tinha um filho chamado Ló. Mas Harã morreu ainda novo, em Ur dos caldeus, na terra em que tinha nascido. Terá, seu pai, ainda vivia quando ele morreu. Nesse meio tempo, Abrão e Naor casaram. Abrão casou-se com Sarai. Naor casou-se com Milca, filha de Harã e irmã de Iscá. Sarai era estéril; não tinha filhos. Então Terá levou seu filho Abrão, seu neto Ló, filho de Harã, e sua nora Sarai, mulher de seu filho Abrão, e juntos saíram de Ur dos caldeus, para a terra de Canaã, mas pararam em Harã e estabeleceram-se ali. Terá viveu 205 anos e morreu em Harã. Então o Senhor disse a Abrão: “Deixa a sua terra, os seus parentes e a casa de seu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrar. “Farei de você o pai de uma grande nação. Abençoarei você e tornarei o seu nome famoso. E você será uma bênção para muitos. Abençoarei aqueles que abençoarem você. Amaldiçoarei aqueles que amaldiçoarem você. E por seu intermédio serão abençoados todos os povos da terra”. Então Abrão partiu, como o Senhor lhe havia ordenado. E Ló também foi com ele. Abrão tinha 75 anos quando partiu de Harã. Abrão levou sua mulher Sarai, seu sobrinho Ló, e todos os bens e escravos que tinha acumulado em Harã. Partiram para Canaã e lá chegaram. Abrão percorreu a terra de Canaã e chegou perto de Siquém, onde acampou junto de um carvalho em Moré. Naquela época os cananeus habitavam aquela terra. Então o Senhor apareceu a Abrão e disse: “Vou dar esta terra aos seus descendentes”. E Abrão construiu ali um altar para lembrar o aparecimento do Senhor. Depois saiu daquele lugar e prosseguiu em direção à região montanhosa a leste de Betel e ali montou seu acampamento, ficando Betel a oeste e Ai a leste. Ali edificou um altar ao Senhor e orou a ele. Mais tarde saiu dali e seguiu viagem, indo sempre em direção ao Neguebe. Naquela época houve uma fome terrível em toda a região, e Abrão desceu ao Egito, ficando algum tempo ali, pois a fome era grande. Quando estava chegando ao Egito, Abrão disse a Sarai, sua mulher: “Você é muito bonita. Quando os egípcios virem você, vão dizer: ‘Esta é a mulher dele. Vamos matar o marido e ficar com ela’. Por isso, diga que é a minha irmã, para que me tratem bem por sua causa e a minha vida seja poupada”. Mal chegaram ao Egito, os egípcios repararam na grande beleza de Sarai. Os homens da corte do faraó viram Sarai e lhe falaram da beleza dela, e ela foi levada ao seu palácio. O Faraó tratou bem a Abrão por causa dela, dando-lhe ovelhas e bois, jumentos, servos e servas, e camelos. No entanto, o Senhor puniu o faraó e a sua casa com pragas terríveis, por causa de Sarai, mulher de Abrão. Por isso o faraó mandou chamar Abrão e perguntou: “O que você fez comigo? Por que não disse que ela era a sua mulher? Por que disse que era a sua irmã? Foi por isso que tomei Sarai como esposa. Aqui está a sua mulher. Leve-a embora com você!” Em seguida o faraó deu ordens para que providenciassem a partida de Abrão. Assim saíram Abrão e sua mulher com tudo o que possuíam. Saiu, pois, Abrão do Egito e dirigiu-se para o Neguebe, com sua mulher e com tudo o que possuía. E Ló foi junto. Abrão tinha-se tornado muito rico, tanto em gado quanto em prata e ouro. Eles continuaram indo para o norte em direção a Betel, indo de um lugar para outro, até o lugar em que tinham acampado anteriormente, entre Betel e Ai. Chegaram ao lugar onde Abrão tinha construído um altar. Ali prestou novamente culto ao Senhor. Ló também enriquecera muito na companhia de Abrão, possuindo muitas ovelhas, muito gado e muita gente a serviço dele. Mas a região acabou tornando-se pequena para os dois porque tinham tantos bens que não havia sustento para ambos. Por isso havia brigas entre os pastores de Abrão e os de Ló. Nessa época os cananeus e os ferezeus habitavam aquelas terras. Então Abrão disse a Ló: “Não deve haver brigas entre mim e você, ou entre os seus pastores e os meus. Afinal, somos parentes próximos! Não está diante de você toda a terra? Vamos separar-nos. Se você escolher as terras do lado esquerdo, eu ficarei com as terras do lado direito; se escolher as terras do lado direito, ficarei com as terras do lado esquerdo”. Ló então observou com atenção a bela planície do Jordão, toda ela irrigada, antes de o Senhor ter destruído Sodoma e Gomorra. Toda aquela região parecia o próprio jardim do Senhor. Era comparável à terra do Egito, como quem vai até Zoar. Então Ló escolheu toda a planície do Jordão e partiu em direção ao leste. E eles se separaram um do outro. Abrão continuou na terra de Canaã, e Ló armou suas tendas entre as cidades da planície, estabelecendo-se perto de Sodoma. Os homens de Sodoma eram extremamente maus e pecadores contra o Senhor. Disse o Senhor a Abrão, depois que Ló separou-se dele: “Olhe até onde a sua vista alcançar. Olhe para o norte, para o sul, para o leste e para o oeste. Toda esta terra que você está vendo vou dar a você e aos seus descendentes para sempre! Farei a sua descendência tão numerosa como o pó da terra. Será impossível contá-la. Se for possível contar o pó da terra, então será possível contar a sua descendência. Comece a percorrer toda a terra, de norte a sul e de leste a oeste, porque eu darei esta terra a você”. Então Abrão mudou seu acampamento para perto dos carvalhos de Manre, próximo de Hebrom. Ali Abrão construiu um altar ao Senhor. Nessa época Anrafel, rei de Sinear, Arioque rei de Elasar, Quedorlaomer, rei de Elão e Tidal, rei de Goim, estavam em guerra contra Bera, rei de Sodoma, contra Birsa, rei de Gomorra, contra Sinabe, rei de Admá, contra Semeber, rei de Zeboim, e contra o rei de Belá, depois conhecido pelo nome de Zoar. Estes últimos cinco reis mobilizaram os seus exércitos no vale de Sidim, onde fica o mar Salgado. Por doze anos tinham sido dominados pelo rei Quedorlaomer, mas no décimo terceiro ano se rebelaram. No décimo quarto ano Quedorlaomer e os reis aliados derrotaram os refains em Asterote-Carnaim, os zuzins em Hã, os emins em Savé-Quiriataim, e os horeus nos montes de Seir até El-Parã, perto do deserto. Na volta, passaram por En-Mispate — mais tarde chamada de Cades — e conquistaram os territórios dos amalequitas e dos amorreus que viviam em Hazazom-Tamar. Nisso os reis de Sodoma, de Gomorra, de Admá, de Zeboim e de Belá, que é Zoar, se prepararam para a batalha, no vale de Sidim, contra as forças de Quedorlaomer, rei de Elão, contra Tidal, rei de Golim, contra Anrafel, rei de Sinear, e contra Arioque, rei de Elasar. Eram quatro reis contra cinco. Ocorreu que o vale de Sidim estava cheio de poços de piche. Quando os reis de Sodoma e Gomorra fugiram, alguns dos seus homens caíram nos poços de piche e o restante conseguiu escapar para as montanhas. Então os vencedores saquearam as cidades de Sodoma e Gomorra, levando consigo todas as riquezas e todo seu mantimento, e deixaram a região. Ló, sobrinho de Abrão, que morava em Sodoma, também foi levado, junto com os seus bens. Um dos homens que conseguiu escapar veio relatar tudo o que havia ocorrido a Abrão, o hebreu. Abrão morava próximo aos carvalhos de Manre, o amorreu. Manre e seus irmãos Escol e Aner eram aliados de Abrão. Quando Abrão soube que seu sobrinho Ló tinha sido capturado, juntou os 318 homens treinados, nascidos na sua casa, e perseguiu os inimigos até Dã. Abrão dividiu os seus homens em grupos e atacou-os durante a noite, e os derrotou, perseguindo-os até Hobá, ao norte de Damasco, recuperando todos os bens que tinham sido saqueados. Ele trouxe também de volta seu sobrinho Ló, os bens dele, as suas mulheres e os demais prisioneiros. Abrão voltou vitorioso da luta contra Quedorlaomer e os reis aliados. No vale de Savé, isto é, o vale do Rei, veio encontrar-se com ele o rei de Sodoma. Melquisedeque, rei de Salém (isto é, Jerusalém) e sacerdote do Deus Altíssimo, ofereceu-lhe pão e vinho e abençoou Abrão, dizendo: “Que a bênção do Deus Altíssimo, criador dos céus e da terra, seja sobre você, e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os seus inimigos em suas mãos”. Então Abrão deu a Melquisedeque o dízimo de tudo o que tinha. O rei de Sodoma disse a Abrão: “Dê-me as pessoas que você libertou e fique com os bens”. Mas Abrão respondeu: “De mãos levantadas diante do Senhor, o Deus Altíssimo, criador dos céus e da terra, juro que não ficarei com coisa alguma do que é seu, nem um fio sequer ou uma simples correia de sandália. Para que você jamais venha a dizer: ‘Eu enriqueci a Abrão’. Nada quero para mim, a não ser o que os meus servos comeram e ainda a parte que pertence aos meus aliados Aner, Escol e Manre, que combateram comigo. Eles poderão receber a parte deles”. Depois desses acontecimentos, o Senhor falou a Abrão por meio de uma visão: “Abrão, não tenha medo! Eu sou o seu escudo. A sua recompensa será enorme!” Mas Abrão perguntou: “Ó Soberano Senhor, que me darás, se continuo sem filhos e o meu herdeiro é Eliezer, de Damasco?” E Abrão acrescentou: “Tu não me deste descendentes. Um servo da minha casa será o meu herdeiro”. Disse, porém, o Senhor: “Não. Seu herdeiro não será Eliezer. O seu herdeiro será um filho gerado por você mesmo”. Então o Senhor levou-o para fora da tenda e disse-lhe: “Olhe para o céu e conte as estrelas, se puder”. E prosseguiu: “Assim será a sua descendência”. Abrão creu no Senhor. E Deus considerou Abrão justo, por causa da sua fé. Deus continuou falando com Abrão: “Eu sou o Senhor que tirei você de Ur dos caldeus, para dar a você esta terra como herança”. Abrão perguntou-lhe: “Ó Soberano Senhor, como posso ter certeza de que esta terra será minha?” Respondeu-lhe o Senhor: “Traga aqui uma novilha, uma cabra e um cordeiro. Cada animal deverá ter três anos. Traga também uma rolinha e um pombinho”. Abrão obedeceu. Ele trouxe todos esses animais, cortou-os ao meio e colocou uma metade em frente a outra; as aves, porém, ele não cortou. Quando as aves de rapina desciam sobre os animais, Abrão as espantava. Naquela tarde, enquanto o sol se punha, Abrão caiu num sono profundo, e ele se viu no meio de uma escuridão densa e pavorosa! Então o Senhor disse a Abrão: “Fique sabendo que os seus descendentes viverão numa terra estrangeira e serão oprimidos e explorados como escravos por 400 anos. Mas eu castigarei a nação que vai escravizá-los e, por fim, os seus descendentes sairão de lá com muita riqueza. Quanto a você, sossegue! Você acabará sua vida em paz numa feliz velhice. Depois de quatro gerações, os seus descendentes voltarão para esta terra, porque a maldade do povo amorreu que vive aqui ainda não atingiu a medida plena, exigindo o castigo”. Depois que o sol se pôs e a escuridão da noite chegou, eis que um fogareiro lançava fumaça, e uma tocha de fogo passou entre os pedaços de carne dos animais que tinham sido partidos ao meio. Naquele mesmo dia, o Senhor fez a seguinte aliança com Abrão: “Dei esta terra aos seus descendentes, desde o rio do Egito até o grande rio Eufrates, incluindo os seguintes povos: os queneus, os quenezeus, os cadmoneus, os heteus, os ferezeus, os refains, os amorreus, os cananeus, os girgaseus e os jebuseus”. Sarai, mulher de Abrão, não tinha filhos. Sarai tinha uma criada egípcia chamada Hagar. Sarai disse a Abrão: “Já que o Senhor não me deu filhos, tenha relações com a minha criada. Se ela tiver filhos, serão meus”. Abrão concordou com a proposta de Sarai. Então Sarai, mulher de Abrão, deu a sua criada egípcia Hagar por mulher a Abrão, seu marido. Isso ocorreu depois de Abrão ter habitado por dez anos na terra de Canaã. Ele concordou, teve relações com Hagar e ela engravidou. Quando Hagar viu que estava grávida, ficou arrogante e começou a tratar a sua senhora com desprezo. Então Sarai falou com Abrão: “Você deveria sentir a vergonha que estou passando! Entreguei a minha serva a você. Dei a ela o privilégio de ser a sua mulher, e agora que sabe que está grávida, me despreza!” Respondeu-lhe Abrão: “Sua serva é propriedade sua. Faça com ela o que você achar melhor”. Então Sarai maltratou-a de tal forma que Hagar precisou fugir. O Anjo do Senhor encontrou Hagar perto de uma fonte no deserto, ao lado da estrada de Sur, e disse a ela: “Hagar, serva de Sarai, de onde você vem e para onde está indo?” Respondeu Hagar: “Estou fugindo da minha senhora, Sarai”. Então o Anjo do Senhor lhe disse: “Volte para a sua senhora e humilhe-se”. E o Anjo do Senhor continuou: “Faça o que digo, pois vou fazer de você uma grande nação. Ela se tornará tão numerosa que ninguém poderá contá-la”. Disse-lhe ainda o Anjo do Senhor: “Você está grávida e vai ter um filho. Dê a ele o nome de Ismael, porque o Senhor deu ouvidos ao seu sofrimento e queixa. O seu filho se tornará um homem livre e indomável como um jumento selvagem! Ele será contra todos, e todos serão contra ele. Ele viverá perto de todos os descendentes do seu pai”. Este foi o nome que Hagar deu ao Senhor: “O Deus que me vê”. Ela perguntou: “Será que eu vi aquele que me vê?” Por isso aquela fonte que fica entre Cades e Berede passou a ser chamada de Beer-Laai-Roi. Assim Hagar deu um filho a Abrão. Abrão deu ao menino o nome de Ismael. Abrão tinha 86 anos quando Ismael nasceu. Quando Abrão estava com 99 anos de idade, o Senhor apareceu a ele, e disse: “Eu sou o Deus todo-poderoso. Faça a minha vontade e seja íntegro. Farei uma aliança com você e multiplicarei grandemente os seus descendentes”. Vendo que Deus estava falando, Abrão prostrou-se, com o rosto no chão, e Deus lhe disse: “Esta é a minha aliança com você: ‘Você será o pai de muitas nações. Por isso mudo o seu nome de Abrão para Abraão, porque farei de você pai de numerosas nações. Farei com que seus descendentes sejam muito numerosos e formem muitas nações. Entre os seus descendentes haverá reis. Esta aliança que estabeleço será entre mim e você e os seus descendentes, de geração em geração. Eu serei o seu Deus e o Deus dos seus descendentes. E darei a eles toda a terra de Canaã, onde você está morando como estrangeiro. Ela será para sempre dos seus descendentes, e eu serei o Deus deles’. “Agora veja a sua parte neste pacto”, disse Deus a Abraão. “Guarde a minha aliança, você e seus descendentes. Esta é a minha aliança que você e os seus descendentes devem guardar: todos do sexo masculino devem ser circuncidados. Esta circuncisão será o sinal da aliança entre mim e você. É a prova de que você e seus descendentes aceitam a minha aliança. Todos os que forem do sexo masculino serão circuncidados no oitavo dia, tanto os nascidos em sua casa quanto os que forem comprados de estrangeiros. Tanto os nascidos em casa quanto os comprados terão de ser circuncidados. Esta marca no corpo de vocês será um sinal permanente da minha aliança eterna. Todo aquele do sexo masculino que não for circuncidado será cortado do seu povo. Ele quebrou a minha aliança”. Deus continuou falando: “Sarai também vai mudar de nome. De agora em diante sua mulher se chamará Sara. Abençoarei Sara e darei a você um filho por meio dela. Sim, eu abençoarei Sara e farei que ela seja mãe de nações!” Então Abraão prostrou-se, com o rosto no chão, ficou perplexo e disse a si mesmo: “Será que um homem de cem anos de idade pode gerar um filho? Será que Sara pode dar à luz aos noventa anos?” E Abraão disse a Deus: “Que Ismael possa ser abençoado pelo Senhor!” Deus respondeu: “Na verdade Sara, sua mulher, dará um filho a você, e você deverá dar a ele o nome de Isaque. Firmarei a minha aliança com ele e com os seus descendentes para sempre. Quanto a Ismael, levarei em conta o seu pedido. Eu abençoarei Ismael e tornarei muito numerosa a sua descendência. Doze príncipes estarão entre os seus descendentes. Ismael será o pai de um grande povo. Mas a minha aliança será com Isaque, filho que Sara lhe dará daqui a um ano”. Depois de terminar de falar com Abraão, Deus subiu e se retirou. Naquele mesmo dia, Abraão pegou seu filho Ismael e a todos os escravos nascidos em sua casa e os que foram comprados, do sexo masculino, e os circuncidou, como Deus lhe tinha ordenado. Abraão tinha 99 anos quando foi circuncidado, e seu filho Ismael tinha treze. Abraão e seu filho Ismael foram circuncidados no mesmo dia. E com Abraão foram circuncidados todos os meninos e homens da casa de Abraão, incluindo os escravos, tanto os da sua casa quanto os comprados. Abraão morava perto dos carvalhos de Manre. Um dia o Senhor apareceu a ele. Na hora mais quente do dia, Abraão estava sentado junto à entrada de sua tenda. De repente Abraão viu três homens em pé, perto dele. Quando os viu, correu ao encontro deles e prostrou-se. “Meu Senhor ”, disse Abraão, “se sou digno, tenha a bondade de ficar aqui e descansar um pouco. Mandarei trazer água para lavarem os seus pés e assim poderão descansar debaixo desta árvore. Vou preparar uma refeição, para que ganhem novas forças e prossigam a viagem”. “Está bem”, disseram eles, “faça como você disse”. Abraão correu à tenda e disse a Sara: “Depressa, pegue três medidas da nossa melhor farinha, amasse-a e faça uns pães”. Depois ele mesmo correu ao pasto, escolheu um belo novilho e mandou um servo preparar a carne. Colocou diante deles então a coalhada, o leite e o novilho que tinha mandado preparar. Ele permaneceu ali debaixo da árvore, fazendo companhia a eles enquanto comiam. “Onde está Sara, sua mulher?”, perguntaram eles. “Ela está ali na tenda”, respondeu Abraão. Um deles disse: “Daqui a um ano voltarei a visitar vocês, e Sara, sua mulher, terá um filho”. Sara estava na entrada da tenda, atrás dele, e escutou o que disse. Abraão e Sara eram muito velhos, de idade bem avançada, e as condições físicas de Sara já não permitiam que ela tivesse filhos. Por isso, Sara riu por dentro, pensando: “Depois de velha e o meu senhor também velho, ainda terei esse prazer?” Mas o Senhor disse a Abraão: “Por que Sara riu e disse consigo mesma: ‘Será que é verdade que poderei dar à luz, sendo velha?’ Por acaso existe alguma coisa difícil demais para o Senhor?” E disse mais: “No ano que vem voltarei a você, e Sara terá um filho”. Ao ouvir isso, Sara ficou com medo. Ela mentiu, dizendo: “Eu não estava rindo”. Mas o Senhor disse a ela: “Não diga isso. Você bem sabe que riu”. Em seguida levantaram-se e tomaram a direção de Sodoma. Abraão foi com eles até certa distância. “Será que vou esconder o meu plano de Abraão?”, perguntou o Senhor. “Abraão será o pai de uma grande nação. Além disso, ele vai ser instrumento de bênção para todas as nações da terra! Pois eu o escolhi para que ordene a seus filhos e descendentes que o sigam, a fim de guardar o caminho do Senhor, fazendo o que é justo e bom, para que eu faça por Abraão tudo o que lhe prometi”. Disse mais o Senhor: “Chegaram até mim as acusações contra Sodoma e Gomorra. A queixa contra o pecado daquelas cidades é tão grave, que descerei até lá para ver se as acusações são de fato verdadeiras ou não”. Dois daqueles homens foram para Sodoma, mas o Senhor ficou mais um pouco com Abraão. Abraão aproximou-se dele, e disse: “O Senhor seria capaz de matar os bons juntamente com os maus? Se houver na cidade, digamos, cinquenta pessoas justas, o Senhor destruiria a cidade? Não pouparia o povo por amor daqueles cinquenta cidadãos bons? Não seria justo! Certamente o Senhor não fará uma coisa dessas: matar os que o amam junto com os que o desprezam. Fazendo assim, estaria igualando os justos com os injustos, os bons com os maus! Claro que não faria isto! Não é justo o Juiz de toda a terra?” O Senhor respondeu: “Se eu achar cinquenta justos em Sodoma, não destruirei a cidade, por amor a eles”. Abraão voltou a falar: “Sei que sou pó e cinza. Mas comecei a falar ao Senhor e devo continuar. E na hipótese de faltarem cinco para completarem os cinquenta justos? Por causa desses cinco que faltaram, o Senhor destruiria a cidade?” Deus disse: “Não destruirei a cidade, se achar nela quarenta e cinco justos”. Abraão falou de novo: “E se achar ali quarenta justos?” O Senhor respondeu: “A cidade não será destruída, por causa dos quarenta”. Abraão insistiu: “Peço que tenha paciência, Senhor. Se forem trinta os justos?” O Senhor respondeu: “Se encontrar trinta, não a destruirei”. Abraão prosseguiu: “Sei que estou sendo ousado, mas, por favor: E se apenas vinte justos forem encontrados ali?” O Senhor respondeu: “Não destruirei a cidade, por amor aos vinte”. Disse, por fim, Abraão: “Não fique irado, Senhor, se lhe falar só mais uma vez. E se forem encontrados apenas dez justos?” O Senhor respondeu: “Não destruirei a cidade por amor aos dez”. Quando acabou de falar com Abraão, o Senhor se retirou. E Abraão foi para casa. Ao anoitecer daquele mesmo dia, os dois anjos chegaram à entrada da cidade de Sodoma. Ló estava sentado à entrada quando os avistou. Ele se levantou, correu para recebê-los, prostrou-se com o rosto no chão e disse: “Senhores, venham à minha casa. Lá vocês poderão lavar os pés e passar a noite. Amanhã cedo poderão seguir viagem”. Eles, porém, responderam: “Não. Passaremos a noite na praça pública”. Mas Ló insistiu muito e eles acabaram aceitando o convite. Ló ofereceu a eles um banquete. Mandou preparar pães sem fermento. E eles comeram. Quando estavam se preparando para dormir, vieram todos os homens de Sodoma, tanto jovens como velhos, e cercaram a casa. Eles gritaram a Ló: “Traga para fora os homens que estão aí. Queremos ter relações com eles”. Ló saiu da casa depressa, fechou a porta atrás de si e disse aos homens: “Por favor, meus irmãos, não façam essa maldade! Escutem, tenho duas filhas virgens; eu as entrego a vocês para que façam com elas o que quiserem. Mas deixem meus hóspedes em paz, porque eles contam com a minha proteção”. “Saia da frente!”, gritaram os sodomitas. “Quem você pensa que é? Ora, deixamos este sujeito morar em nossa cidade como estrangeiro e agora quer ser nosso juiz! Pois vamos fazer com você coisa pior do que a eles”. E avançaram contra Ló, dispostos a arrombar a porta. Mas os hóspedes puxaram-no depressa para dentro da casa e fecharam a porta. Depois deixaram cegos os homens que estavam fora, desde o mais jovem até o mais velho, de modo que não conseguiram encontrar a porta. Então os hóspedes perguntaram a Ló: “Você tem mais parentes nesta cidade — genros, filhos, filhas, ou outro parente? Leve-os todos embora daqui. Pois vamos destruir a cidade completamente. As acusações contra ela aumentaram muito e chegaram ao céu. Por isso o Senhor nos enviou para destruir a cidade”. Então Ló foi correndo falar com os futuros genros das suas filhas e disse-lhes: “Tratem de sair imediatamente da cidade. Ela vai ser destruída pelo Senhor ”. Mas os moços acharam que ele estava brincando, e não deram ouvidos. No dia seguinte, bem cedo, os anjos insistiram com Ló, dizendo: “Arrume-se depressa. Pegue a sua mulher e suas duas filhas que estão aqui, e saiam enquanto podem! Vocês estão correndo risco de morrer com a destruição da cidade”. Mas Ló não se apressou. Então os anjos tomaram-no pelas mãos, bem como sua mulher e as duas filhas, e os tiraram dali à força, deixando-os fora da cidade, porque o Senhor teve misericórdia deles. Quando já estavam fora da cidade, um dos anjos disse: “Fujam! Corram sem parar e sem olhar para trás e não parem no vale. Vão para as montanhas e só parem quando chegarem lá, senão arriscamse a morrer!” Ló, porém, lhes disse: “Assim não, meu senhor! Vocês foram bondosos comigo, salvaram a minha vida e mostraram piedade. Não posso fugir para as montanhas, pois receio que esta calamidade caia sobre mim e eu morra. Deixem que eu vá para aquela cidade pequena. Ela fica bem próxima, e eu poderia fugir para lá e ficar a salvo”. “Está bem”, disse o anjo. “Aceito mais esse seu pedido e não destruirei aquela cidade. Mas vá depressa, porque não posso fazer nada enquanto você não chegar lá”. Desde então aquela vila foi chamada Zoar. O sol já estava aparecendo no horizonte quando Ló chegou a Zoar. Então o Senhor fez chover fogo e enxofre sobre Sodoma e Gomorra. Ele destruiu completamente aquelas cidades, as demais cidades da planície, os habitantes e o que nascia da terra. Mas a mulher de Ló olhou para trás e foi transformada numa estátua de sal. Naquela manhã, Abraão levantou-se de madrugada e foi até o lugar onde tinha estado diante do Senhor. Dali olhou para Sodoma e Gomorra e para a campina e viu fumaça subindo da terra, como de uma grande fornalha. Quando Deus destruiu as cidades da planície, lembrou-se de Abraão e tirou Ló daquela região. Ló partiu de Zoar com suas duas filhas e passou a viver nas montanhas, porque ficou com medo de permanecer em Zoar. Ele e suas duas filhas ficaram morando numa caverna. Foi quando a mais velha disse à irmã: “Em toda essa região não existe homem que possa casar conosco, conforme o costume da terra. Nosso pai já está velho e logo não poderá ter filhos. Vamos dar vinho a ele e cada uma de nós se deitará com ele. Assim teremos descendentes e a nossa linhagem não desaparecerá”. Naquela mesma noite, deram vinho ao pai, e a filha mais velha se deitou com ele. Ele estava tão embriagado que não percebeu quando ela se deitou nem quando se levantou. No dia seguinte, a filha mais velha contou à irmã: “Ontem à noite deitei-me com meu pai. Vamos fazer a mesma coisa hoje. Daremos vinho ao nosso pai, e depois você se deita com ele, para que preservemos a descendência de nosso pai”. Naquela noite novamente deram vinho ao pai. A filha mais nova se deitou com ele. Novamente ele não percebeu quando ela se deitou nem quando se levantou. Desse modo, as duas irmãs ficaram grávidas do próprio pai. A filha mais velha deu à luz um filho e chamou-o de Moabe, que é o pai dos moabitas de hoje. A filha mais nova também deu à luz um filho e chamou-o de Ben-Ami, que é o pai dos amonitas de hoje. Nesse meio-tempo, Abraão mudou-se para a região do Neguebe, ao sul, e ocupou as terras entre Cades e Sur. Morou também em Gerar. Abraão dizia que Sara, sua mulher, era a sua irmã. Por isso, Abimeleque, rei de Gerar, mandou buscar Sara e tomou-a para si. Naquela mesma noite, Deus apareceu a Abimeleque em sonho e disse: “Você será castigado com a morte, porque a mulher que você tomou é casada”. Mas Abimeleque não tinha tocado em Sara. Por isso disse: “ Senhor, matarias até uma nação inocente? Não foi Abraão que me disse: ‘Ela é minha irmã?’ E ela confirmou, dizendo: ‘Ele é meu irmão?’ Em tudo isso estou sendo sincero de coração e na minha inocência fiz o que fiz”. Ainda em sonhos, disse Deus: “Sim, eu sei que você fez isso com sinceridade de coração. Por isso não deixei você tocar nela, e impedi você de pecar contra mim. Agora, devolva Sara ao seu marido. Ele é profeta e orará em seu favor, para que você viva. Mas se você não devolver a mulher de Abraão, você e todos os seus morrerão”. Ainda estava escuro quando Abimeleque se levantou e reuniu todo o pessoal em serviço no palácio. Ouvindo dele o que acontecera, tiveram muito medo. Depois o rei mandou chamar Abraão e disse: “Por que você fez isso conosco? O que eu fiz contra você, para me levar a tamanho pecado? Esse pecado seria uma desgraça para mim e para o meu reino. Você agiu mal”. Então perguntou Abimeleque a Abraão: “O que levou você a fazer isso?” Abraão respondeu: “Eu disse a mim mesmo: Certamente ninguém teme a Deus neste lugar, e vão me matar por causa da minha mulher. Além disso, ela é de fato a minha irmã, por parte de pai, mas não por parte de mãe. E nos casamos. Quando Deus me mandou sair de casa para terras estrangeiras, eu disse a Sara: ‘Em todo lugar onde formos, faça o favor de dizer que é a minha irmã’ ”. Então o rei Abimeleque pegou ovelhas e bois, servos e servas e deu-os de presente a Abraão, e devolveu-lhe Sara, sua mulher. E disse Abimeleque: “A minha terra está à sua disposição. Escolha o lugar que quiser para viver”. Depois disse a Sara: “Lamento a vergonha pela qual você passou. Estou dando a seu irmão mil moedas de prata, para reparar a ofensa feita a você. Esta minha atitude significa que você é declarada sem culpa diante de todos”. Abraão orou então a Deus. E Deus curou Abimeleque, sua mulher e suas servas, para que pudessem ter filhos. Porque o Senhor tinha tornado estéreis todas as mulheres da casa de Abimeleque por causa de Sara, mulher de Abraão. O Senhor visitou Sara, como lhe dissera, e cumpriu o que havia prometido. Sara engravidou e deu um filho a Abraão em plena velhice, no prazo indicado por Deus. Abraão deu o nome de Isaque ao filho que Sara lhe deu. Abraão circuncidou Isaque no oitavo dia depois do seu nascimento, conforme a ordem recebida de Deus. Abraão tinha cem anos de idade quando nasceu seu filho Isaque. Sara disse na ocasião: “Deus me fez rir, e todos os que souberem disso vão rir comigo”. E acrescentou: “Quem teria dito a Abraão que Sara amamentaria um filho? E a verdade é que dei um filho a Abraão, já em plena velhice!” Passou o tempo, e o menino cresceu. Quando foi desmamado, Abraão fez uma grande festa. Mas Sara viu que o filho de Hagar, a egípcia, caçoava de Isaque, e pediu a Abraão: “Mande embora de casa essa escrava e o filho dela, porque o filho dessa escrava não será herdeiro junto com meu filho Isaque!” Abraão ficou muito perturbado, porque, afinal, Ismael era seu filho. Mas Deus disse a Abraão: “Não se preocupe com o menino, nem com a escrava. Atenda ao que Sara diz, pois por meio de Isaque cumprirei as promessas que fiz a você. Mas farei uma grande nação do filho da escrava, pois ele também é seu descendente”. No dia seguinte, Abraão levantou-se bem cedo, pegou alguns pães e uma vasilha cheia de água e os colocou sobre os ombros de Hagar, e despediu-a com o menino. Ela saiu andando e ficou vagando pelo deserto de Berseba. Quando acabou a água da vasilha, Hagar colocou o menino debaixo de um arbusto e foi sentar-se perto dali, à distância de um tiro de flecha, porque pensou: “Não quero assistir à morte do menino”. E ali ficou sentada, chorando amargamente. Mas Deus ouviu a voz do menino e, do céu, o anjo de Deus chamou Hagar e lhe disse: “O que aconteceu, Hagar? Não tenha medo! Deus ouviu a voz do menino, de onde ele está. Vamos! Levante o menino e segure-o pela mão, porque vou fazer dele um grande povo”. Deus abriu os olhos de Hagar, e ela viu um poço de água. Foi lá, encheu a vasilha e deu água ao menino. Deus abençoou o menino. Ele cresceu e viveu no deserto, e tornou-se um flecheiro. Ele habitou no deserto de Parã, e sua mãe arranjou um casamento para ele com uma mulher da terra do Egito. Nessa época, o rei Abimeleque e Ficol, comandante do seu exército, vieram a Abraão e disseram: “Vemos claramente que Deus está com você em tudo que faz. Jure então, diante de Deus, que não enganará nem a mim, nem aos meus filhos, nem aos meus descendentes. Trate a minha terra com a mesma bondade com que tratei você”. Abraão respondeu: “Eu juro!” Mas Abraão apresentou uma reclamação a Abimeleque a respeito de um poço que os servos de Abimeleque lhe tinham tomado à força. Respondeu-lhe Abimeleque: “Não sei quem fez isso. Você nunca me disse nada a esse respeito. Só fiquei sabendo disso hoje”. Diante disso, Abraão deu ovelhas e bois a Abimeleque para selar o acordo entre eles. Quando Abraão separou sete ovelhas do rebanho, Abimeleque lhe perguntou: “Por que você separou estas sete ovelhas?” Abraão respondeu: “Dou estas sete ovelhas a você, como testemunho de que eu cavei este poço”. Por isso aquele lugar foi chamado de Berseba, porque ali os dois fizeram um juramento. Depois que foi firmado o acordo em Berseba, Abimeleque e Ficol, comandante do seu exército, voltaram para a terra dos filisteus. E Abraão plantou uma tamargueira em Berseba e ali orou ao Senhor, invocando a presença do Deus Eterno. Abraão morou na terra dos filisteus por muito tempo. Depois de algum tempo, Deus pôs Abraão à prova. “Abraão!”, chamou Deus. “Aqui estou!”, respondeu Abraão. Então Deus disse: “Tome o seu filho, seu único filho, Isaque, a quem você tanto ama, e vá para a terra de Moriá. Lá, ofereça o seu filho Isaque em sacrifício, como oferta queimada, num dos montes que eu lhe mostrar”. Na madrugada seguinte, levantou-se Abraão e preparou o seu jumento. Levou consigo dois de seus servos e Isaque, seu filho. Rachou lenha para o sacrifício e foi com eles para o lugar que Deus lhe tinha indicado. Depois de três dias de caminhada, Abraão viu o lugar de longe. Então disse a seus servos: “Esperem aqui com o jumento. Eu e o rapaz vamos até lá, e, depois de adorarmos, voltaremos”. Abraão colocou a lenha do sacrifício nos ombros do seu filho Isaque, e ele levou uma tocha de fogo, e a faca. E assim os dois caminhavam juntos. Isaque disse a Abraão, seu pai: “Meu pai!” “Que é, meu filho?”, respondeu Abraão. Perguntou-lhe Isaque: “Temos lenha e fogo, mas onde está o cordeiro para o sacrifício?” Respondeu Abraão: “Deus vai prover o cordeiro para o sacrifício, meu filho”. E continuaram andando juntos. Quando chegaram ao lugar que Deus tinha indicado, Abraão construiu um altar, arrumou a lenha sobre ele, amarrou seu filho Isaque e o colocou no altar, em cima da lenha. Depois pegou a faca para sacrificar seu filho. Nesse momento o Anjo do Senhor gritou do céu: “Abraão! Abraão!” “Aqui estou!”, respondeu ele. Então o Anjo disse: “Não toque no rapaz, não lhe faça nada. Agora sei que você teme a Deus, porque não me negou nem mesmo o seu amado filho, seu único filho!” Nisso Abraão viu um carneiro preso pelos chifres num arbusto. Tomou Abraão o carneiro e o ofereceu como oferta queimada ao Senhor, em lugar de Isaque. Abraão chamou aquele lugar de “O Senhor Proverá”. Por esse nome é conhecido até hoje. Então, pela segunda vez, o Anjo do Senhor gritou do céu a Abraão e disse: “Juro pelo meu próprio nome”, diz o Senhor, “como você me obedeceu e não me negou o seu único filho, certamente abençoarei você e farei seus descendentes tão numerosos como as estrelas do céu e como a areia na praia do mar. Os seus descendentes conquistarão as cidades dos seus inimigos, e por meio dos seus descendentes todas as nações da terra serão abençoadas, porque você me obedeceu”. Assim, voltou Abraão aos seus servos, e, juntos, partiram para Berseba, onde passaram a morar. Depois desses acontecimentos, chegou a informação de que Milca, mulher de Naor, irmão de Abraão, tinha gerado estes oito filhos: Uz, o mais velho, Buz, seu irmão, Quemuel, pai de Arã, Quésede, Hazo, Pildas, Jidlafe e Betuel, pai de Rebeca. Estes foram os oito filhos que Milca deu a Naor, irmão de Abraão. Reumá, a concubina de Naor, lhe deu os seguintes filhos: Tebá, Gaã, Taás e Maaca. Quando Sara estava com 127 anos de idade, morreu em Quiriate-Arba, que é Hebrom, na terra de Canaã. E Abraão lamentou a morte de Sara e chorou por ela. Depois Abraão levantou-se, deixou o lugar onde estava o corpo de sua mulher e foi falar com os heteus: “Sou um estrangeiro que moro na mesma terra em que vocês moram. Vendam-me, por favor, um pedaço de terra para que eu possa enterrar a minha mulher”. Responderam os heteus a Abraão: “Ouça-nos: O senhor é um príncipe de Deus entre nós. Enterre a sua mulher numa das nossas melhores sepulturas; nenhum de nós negará a sua sepultura para que o senhor enterre a sua mulher”. Abraão levantou-se e curvou-se perante os heteus, povo daquela terra, e falou a eles: “Como estão sendo tão amáveis, permitindo que eu sepulte a minha esposa, peço que intercedam por mim perante Efrom, filho de Zoar. Peçam a ele que me venda por um preço justo a caverna de Macpela, que se encontra na divisa das suas terras. Ela servirá como sepultura para minha família”. Efrom, o heteu, estava sentado no meio do seu povo e respondeu a Abraão na presença de todos os heteus, que tinham vindo à porta de entrada da cidade: “De modo algum, meu senhor. Ouça-me: Eu dou ao senhor o campo e a caverna que nele está. Eu a dou na presença do meu povo. Sepulte a sua mulher”. Abraão inclinou-se de novo diante do povo daquela terra e disse a Efrom, na presença dos heteus reunidos: “Se você concorda, por favor, ouça-me: ‘Eu desejo pagar o preço do campo. Depois de pagar, farei o enterro da minha mulher’ ”. Respondeu Efrom a Abraão: “Ouça-me, meu senhor; o terreno vale 400 moedas de prata, mas o que significa isso entre mim e você? Vá e sepulte a sua mulher”. Tendo ouvido isso de Efrom, Abraão concordou com o preço e pesou 400 moedas de prata diante dos heteus, moeda corrente entre os mercadores. Assim, o campo de Efrom em Macpela, perto de Manre, incluindo a caverna e o arvoredo dentro das divisas do campo, foram transferidos a Abraão como sua propriedade. Esse acordo foi realizado diante de todos os heteus que tinham vindo à porta de entrada da cidade. Assim, Abraão sepultou a sua mulher Sara na caverna do campo de Macpela, perto de Manre, lugar também conhecido por Hebrom, que fica na terra de Canaã. Assim, o terreno e a caverna foram cedidos pelos heteus a Abraão para serem usados como lugar de sepultamento. Abraão já era um homem muito idoso. E o Senhor o tinha abençoado em tudo. Um dia Abraão falou ao servo mais antigo de sua casa, que tomava conta de tudo: “Coloque a mão debaixo da minha coxa e jure pelo Senhor, o Deus do céu e da terra, que não deixará o meu filho casar com uma moça dos cananeus, entre os quais vivemos. Prometa que irá à minha terra natal, escolher uma mulher para Isaque entre os meus parentes de lá”. “Mas e se a moça que eu escolher não quiser vir comigo para esta terra?” perguntou-lhe o servo. “Devo então levar o seu filho de volta à terra de onde o senhor veio?” “Cuidado!”, disse Abraão. “Não permita que meu filho volte para lá”. “O Senhor, o Deus do céu, que me mandou sair da casa do meu pai e da minha terra natal, e jurou dar esta terra aos meus descendentes, enviará o seu anjo adiante de você. Ele providenciará que você encontre ali uma jovem para ser a mulher do meu filho. Se a mulher não quiser vir, você estará livre do seu juramento. Mas não leve o meu filho para lá”. Então o servo pôs a mão debaixo da coxa de Abraão, seu senhor, e jurou cumprir as ordens de Abraão. O servo escolheu dez camelos de Abraão, levando consigo do que o seu senhor tinha de melhor e viajou para a Mesopotâmia, para a cidade de Naor. Ao cair da tarde, quando as moças saem para tirar água, fez os camelos se ajoelharem próximo de um poço de água. E orou em silêncio: “Ó Senhor, Deus do meu senhor Abraão, dá-me bom êxito neste dia e mostre bondade para com o meu senhor Abraão! O Senhor vê que estou perto desta fonte. As moças desta cidade estão vindo tirar água. Vou pedir a uma delas: ‘Por favor, incline o seu cântaro para que eu beba água’, e, se ela responder: ‘Beba. Também darei água aos seus camelos’, que seja essa a moça que o Senhor escolheu para o seu servo Isaque. Assim saberei que o Senhor foi bondoso para com o meu senhor”. Antes de terminar a oração, chegou Rebeca, filha de Betuel, filho de Milca, mulher de Naor, irmão de Abraão, levando um cântaro no ombro. A moça era muito bonita e virgem, isto é, nenhum homem tinha tido relações com ela. Ela desceu à fonte, encheu o cântaro de água e subiu. O servo de Abraão foi ao encontro dela e disse: “Dê-me um pouco da água do seu cântaro para beber”. “Pois não, senhor”, disse ela, e tirou imediatamente o cântaro do ombro e lhe deu de beber. Depois de lhe dar de beber, disse: “Vou tirar água para os seus camelos também, até ficarem satisfeitos”. Ela prontamente despejou a água do cântaro no bebedouro e correu de volta ao poço para tirar mais água. E repetiu isso até que todos os camelos tivessem saciado sua sede. Enquanto isso o homem observava em silêncio, atentamente, para saber se o Senhor já tinha coroado de êxito a sua missão ou não. Quando os camelos acabaram de beber, o homem lhe deu uma argola de ouro de seis gramas e duas pulseiras de ouro pesando cerca de cento e vinte gramas, e perguntou: “Quem é o seu pai? Será que há lugar na casa de seu pai para receber a mim e aos que me acompanham?” Ela respondeu: “Sou filha de Betuel, filho que Milca deu a Naor”. E acrescentou: “Temos palha e muito pasto para os animais, e lugar para os hóspedes passarem a noite”. Então o homem se curvou e adorou ao Senhor, dizendo: “Bendito seja o Senhor, o Deus do meu senhor Abraão, pois não negou a sua bondade e a sua fidelidade ao meu senhor. Quanto a mim, o Senhor guiou-me à casa dos parentes do meu senhor”. A jovem correu para casa e contou à família da sua mãe tudo o que tinha acontecido. Rebeca tinha um irmão chamado Labão. Ele saiu apressado à fonte onde estava o homem, pois tinha visto a argola e as pulseiras nos braços de sua irmã, e tinha ouvido de Rebeca o que o homem lhe tinha contado. Labão foi encontrá-lo em pé, junto à fonte, ao lado dos camelos. Disse Labão: “Venha comigo, abençoado do Senhor! Por que ficar aí fora? Temos alojamento para você e seus homens, e um lugar para os camelos”. Então o homem foi com ele para casa. Lá descarregaram os camelos e lhes deram forragem e pasto, e água ao homem e aos ajudantes dele, para lavarem os pés. Quando serviram a comida, o homem disse: “Não posso comer, enquanto não disser o propósito da minha vinda”. Disse Labão: “Está certo. Conte o motivo da sua viagem”. Então ele disse: “Sou servo de Abraão. O Senhor tem abençoado muito ao meu senhor, e ele se tornou um grande homem; Deus deu a ele ovelhas e bois, prata e ouro, servos e servas, camelos e jumentos. Sara, a mulher do meu senhor, era muito idosa quando deu um filho a ele, que é o herdeiro de tudo que ele possui. E meu senhor me fez jurar, dizendo: ‘Jure pelo Senhor, o Deus do céu e da terra, que não deixará o meu filho casar com uma moça dos cananeus, entre os quais vivemos, mas você irá à casa de meu pai, e da minha família, procurar uma esposa para o meu filho’. “Então perguntei ao meu senhor: ‘E se a moça não quiser vir comigo?’ “Ele respondeu: ‘O Senhor, em cuja presença tenho andado, enviará um anjo com você e você terá sucesso na sua missão, para que você encontre uma esposa para Isaque entre os meus parentes, da família do meu pai. Quando chegar até a minha família, você estará livre do juramento se eles se negarem a entregá-la a você’. “Hoje, quando cheguei à fonte, orei ao Senhor: ‘Ó Senhor Deus do meu senhor Abraão, dê-me bom êxito nesta missão. Aqui estou perto desta fonte; se uma jovem vier tirar água e eu lhe disser: “por favor, dê-me um pouco da água do seu cântaro”, e, se ela me responder: “Beba. Também darei água aos seus camelos”, seja essa a moça que o Senhor escolheu para o filho do meu senhor’. “Enquanto eu estava orando no meu íntimo, chegou Rebeca com seu cântaro no ombro. Ela desceu à fonte e tirou água, e eu lhe disse: ‘Por favor, dê-me um pouco de água para beber’. “Ela imediatamente tirou o cântaro do seu ombro e disse: ‘Beba. Também darei água aos seus camelos’. Eu bebi, e ela deu água de beber aos meus camelos. “Então perguntei a ela: ‘Quem é o seu pai?’ “Ela me respondeu: ‘Sou filha de Betuel, filho de Naor e de Milca’. “Então coloquei a argola em seu nariz e as pulseiras em seus braços, e me inclinei; adorei e bendisse ao Senhor, o Deus do meu senhor Abraão, que me guiou na direção certa para levar para o filho do meu senhor uma parenta do seu irmão. Agora, digam-me se mostrarão fidelidade e bondade ao meu senhor; e, se não, digam-me também, para que eu saiba o que fazer e para onde ir”. Então, responderam Labão e Betuel: “Sem dúvida foi o Senhor que conduziu você até aqui. Sendo assim, nada podemos dizer, nem a favor nem contra. Aqui está Rebeca; pode levá-la. Que ela se torne a esposa do filho do seu senhor, conforme disse o Senhor ”. Ouvindo essas palavras, o servo de Abraão prostrou-se no chão diante do Senhor. Depois deu joias de ouro e de prata e vestidos a Rebeca; deu também ricos presentes ao seu irmão e à sua mãe. Então ele e os seus ajudantes comeram e beberam, e passaram a noite ali. Ao se levantarem bem cedo na manhã seguinte, o servo de Abraão disse: “Deixem-me voltar ao meu senhor”. Mas o irmão e a mãe da moça disseram: “Queremos que ela fique mais uns dez dias conosco; depois ela irá com você”. Mas o homem insistiu: “Não me detenham, por favor! O Senhor permitiu que eu tivesse sucesso na minha missão. Deixem que eu volte ao meu senhor”. Então lhe disseram: “Vamos chamar a moça e ver o que ela tem a dizer”. Chamaram Rebeca e perguntaram a ela: “Você deseja ir com este homem?” Ela respondeu: “Sim, eu vou com ele”. Despediram-se, então, de sua irmã Rebeca, de sua ama, do servo de Abraão e dos seus ajudantes. Abençoaram a Rebeca, dizendo: “Que você, nossa irmã, seja a mãe de milhões! E que os seus descendentes conquistem as cidades dos seus inimigos”. Então Rebeca e suas servas se aprontaram, montaram nos camelos e foram embora com o servo de Abraão. Isaque estava voltando pelo caminho de Beer-Laai-Roi, pois morava no Neguebe. Ele tinha saído para meditar no campo ao cair da tarde, quando viu que se aproximavam camelos. Rebeca também viu Isaque, desceu do camelo e perguntou ao servo: “Quem é aquele homem que vem pelo campo ao nosso encontro?” “É o meu senhor”, respondeu o servo. Então ela tomou o véu e cobriu-se. Depois o servo contou a Isaque tudo o que tinha feito. Isaque levou a moça para a tenda de sua mãe Sara, e Rebeca tornou-se a sua mulher, e ele a amou; assim Isaque foi consolado após a morte de sua mãe. Abraão casou-se com outra mulher, chamada Quetura. Ela deu à luz os seguintes filhos: Zinrã, Jocsã, Medã, Midiã, Isbaque e Suá. Os dois filhos de Jocsã foram Sabá e Dedã. Os filhos de Dedã foram Assurim, Letusim e Leumim. Os filhos de Midiã foram Efá, Éfer, Enoque, Abida e Elda. Abraão deu tudo o que tinha para Isaque. Mas deu presentes aos filhos que teve com suas concubinas e, ainda em vida, separou-os de Isaque, enviando-os para a terra do oriente. Abraão viveu 175 anos. Morreu depois de ter tido uma velhice avançada e feliz, e foi reunido aos seus antepassados. Seus filhos, Isaque e Ismael, enterraram o pai na caverna de Macpela, perto de Manre, no campo de Efrom, filho de Zoar, o heteu, campo que Abraão tinha comprado dos heteus. Foi ali que Abraão e Sara, sua mulher, foram enterrados. Depois que Abraão morreu, Deus abençoou Isaque, seu filho; Isaque morava agora próximo a Beer-Laai-Roi. São estes os descendentes de Ismael, filho de Abraão com a egípcia Hagar, serva de Sara. A relação dos nomes dos filhos de Ismael está por ordem de nascimento: Nebaiote, o filho mais velho de Ismael, Quedar, Adbeel, Mibsão; Misma, Dumá, Massá, Hadade, Temá, Jetur, Nafis e Quedemá. Estes doze filhos de Ismael vieram a ser os fundadores das doze tribos que receberam os seus nomes. Ismael viveu 137 anos de idade. Morreu e foi reunido aos seus antepassados. Seus descendentes se espalharam por toda a região desde Havilá até Sur, que fica próximo à fronteira com o Egito, na direção de quem vai para a Assíria. Eles viviam separados dos outros descendentes de Abraão. São estas as gerações de Isaque, filho de Abraão: Abraão gerou Isaque. Isaque tinha quarenta anos quando se casou com Rebeca. Ela era filha de Betuel, o arameu de Padã-Arã, e irmã do arameu Labão. Isaque orou ao Senhor em favor de sua mulher, pois ela não podia ter filhos. O Senhor atendeu às orações de Isaque, e sua mulher Rebeca ficou grávida. Os filhos lutavam no ventre dela, pelo que disse: “Por que isso está acontecendo comigo?” E foi consultar o Senhor. O Senhor respondeu: “Os filhos que estão no seu ventre formarão duas nações rivais. Uma será mais forte do que a outra, e o mais velho servirá ao mais novo”. E quando se cumpriu o tempo, ela deu à luz gêmeos. O primeiro a sair veio todo coberto de pelos e cabelos ruivos; por isso deram a ele o nome de Esaú. Em seguida veio o irmão, segurando o calcanhar de Esaú. Por isso deram a ele o nome de Jacó. Isaque tinha sessenta anos de idade quando Rebeca deu à luz. Os meninos cresceram. Esaú tornou-se um caçador habilidoso, e vivia pelos campos. Jacó, no entanto, era do tipo tranquilo e ficava nas tendas. O filho favorito de Isaque era Esaú, por causa das saborosas caças; o filho favorito de Rebeca era Jacó. Um dia, Jacó estava preparando um ensopado de lentilhas, quando Esaú chegou em casa. Ele estava exausto e pediu a Jacó: “Por favor, dê-me um pouco desse ensopado vermelho. Estou faminto!” Por isso Esaú também foi chamado de Edom. Jacó respondeu: “Venda-me primeiro o seu direito de filho mais velho”. Esaú disse: “Se estou morrendo de fome, que me adianta esses direitos?” Então Jacó disse: “Jure primeiro”. Esaú fez um juramento, vendendo os seus direitos de filho mais velho a Jacó. Então Jacó deu a Esaú pão e o ensopado de lentilhas. Ele comeu, bebeu e foi embora. Assim Esaú desprezou o seu direito de filho mais velho. Nessa época veio fome sobre aquela região, o mesmo que havia ocorrido durante a vida de Abraão. Por causa disso, Isaque foi para Gerar, encontrar-se com Abimeleque, rei dos filisteus. O Senhor apareceu a Isaque e disse: “Não desça ao Egito. Fique na terra que eu lhe indicar. Habite nela, e eu estarei com você e o abençoarei. Darei a você e a seus descendentes todas estas terras e confirmarei o juramento que fiz a seu pai, Abraão. Farei com que os seus descendentes sejam numerosos como as estrelas do céu e lhes darei todas estas terras; por meio dos seus descendentes todas as nações da terra serão abençoadas. Farei isso porque Abraão obedeceu à minha palavra e guardou os meus mandamentos, os meus decretos e as minhas leis”. Assim, Isaque ficou em Gerar. Quando os homens daquele lugar perguntaram a respeito de sua mulher, ele disse: “Ela é minha irmã”. Ele teve medo de dizer que era sua mulher, pois pensava: “Os homens daqui podem matar-me por causa de Rebeca, porque é muito bonita”. Isaque já morava ali havia muito tempo, quando Abimeleque, rei dos filisteus, viu da janela que Isaque acariciava Rebeca, sua mulher. Então Abimeleque mandou chamar Isaque e disse: “É claro que ela é sua esposa! Por que você disse que ela era sua irmã?” Isaque respondeu: “Porque fiquei com medo. Achei que alguém poderia me matar para ficar com ela”. Disse Abimeleque: “Como você pôde fazer uma coisa dessas conosco? Um de nós poderia facilmente ter-se deitado com sua mulher e você teria trazido culpa sobre nós”. E o rei deu a seguinte ordem ao povo: “Qualquer um que tocar neste homem ou em sua mulher certamente morrerá!” Isaque semeou naquela terra e, no mesmo ano, colheu a cem por um, porque o Senhor o abençoava. Ele enriqueceu, prosperou, até ficar muito rico. Possuía ovelhas e bois e um grande número de servos, a tal ponto que os filisteus o invejavam. Por isso, tapavam todos os poços que os servos de Abraão, seu pai, tinham cavado nos seus dias, enchendo-os de terra. Então Abimeleque disse a Isaque: “Vá para outro lugar, pois você ficou mais rico e mais poderoso do que nós”. Então, Isaque saiu de lá, acampou-se no vale de Gerar, e ficou morando ali. Ele voltou a abrir os poços cavados no tempo do seu pai Abraão. Os filisteus tinham enchido de terra aqueles poços, depois da morte de Abraão. E Isaque deu aos poços os mesmos nomes que seu pai tinha dado. Os servos de Isaque cavaram um novo poço no vale e viram brotar ali uma fonte de águas subterrâneas. Mas os pastores de Gerar brigaram com os pastores de Isaque, dizendo: “Esta água é nossa!” Por isso, Isaque chamou o poço de Eseque, porque discutiram por causa dele. Então os homens de Isaque abriram outro poço, e novamente houve briga por causa dele. Por isso, recebeu o nome de Sitna. Saindo dali, Isaque mandou cavar outro poço, e como ninguém brigou por causa dele, chamou-o de Reobote e disse: “Agora o Senhor nos deu um lugar e prosperaremos na terra”. Dali Isaque foi até Berseba. Na mesma noite, o Senhor lhe apareceu e disse: “Eu sou o Deus do seu pai Abraão. Não tenha medo, porque estou com você; eu o abençoarei e multiplicarei os seus descendentes, por amor ao meu servo Abraão”. Isaque construiu um altar e ofereceu culto ao Senhor. Ele armou ali as suas tendas, e os seus servos cavaram outro poço. Certo dia, Isaque recebeu visita de Gerar. Eram o rei Abimeleque, o conselheiro real Auzate e Ficol, o comandante do seu exército. Isaque perguntou: “Por que vieram a mim, visto que foram hostis comigo e me mandaram embora?” Eles responderam: “Vimos claramente que o Senhor está com você; por isso dissemos: ‘Façamos um juramento entre nós e façamos uma aliança. Você não nos prejudicará, assim como nós não prejudicaremos você. Na verdade, nós tratamos bem você e o despedimos em paz. Vemos que o Senhor tem abençoado você’ ”. Então Isaque ofereceu um banquete para eles, e comeram e beberam. De manhã bem cedo, os dois fizeram um juramento. Isaque os despediu, e eles partiram em paz. Naquele mesmo dia, os servos de Isaque vieram contar-lhe a respeito de um poço que tinham cavado, e disseram: “Achamos água!” Isaque deu ao poço o nome de Seba e, por isso, aquela cidade é conhecida como Berseba. Esaú tinha quarenta anos quando casou com Judite, filha do heteu Beeri. Casou também com Basemate, filha do heteu Elom. Ambas amarguraram a vida de Isaque e de Rebeca. Isaque envelheceu, e seus olhos ficaram tão fracos que quase não podia enxergar. Certo dia, chamou Esaú, o seu filho mais velho, e lhe disse: “Meu filho!” Esaú respondeu: “Sim pai, aqui estou”. Disse-lhe o pai: “Já estou velho e não sei quando vou morrer. Agora, pois, pegue o seu arco e as suas flechas e vá ao campo caçar algo para mim e prepare-me uma comida do meu gosto, bem saborosa, e traga-a para que eu coma e o abençoe antes que eu morra”. Rebeca ouviu a conversa de Isaque com seu filho Esaú. Quando Esaú foi ao campo para buscar a caça e trazê-la, Rebeca disse ao seu filho Jacó: “Ouvi o seu pai falar com o seu irmão Esaú, dizendo: ‘Traga-me uma caça e prepare-me uma comida saborosa, para que eu a coma e o abençoe diante do Senhor antes de morrer’. Agora, pois, meu filho, obedeça às palavras da sua mãe: Vá ao rebanho e traga-me dois dos melhores cabritos. Vou fazer uma comida saborosa para o seu pai, como ele gosta. Você a levará ao seu pai, para que ele coma e o abençoe, antes de morrer”. Jacó disse a sua mãe Rebeca: “Meu irmão Esaú é peludo, e eu tenho a pele lisa. Pode ser que meu pai me toque e perceba que eu o estou tentando enganar e vou ser considerado um tolo. Assim, em vez de bênção, trarei maldição sobre mim”. A mãe lhe respondeu: “Que venha sobre mim essa maldição, meu filho! Apenas faça o que eu digo a você. Vá e traga-me os cabritos”. Jacó foi e trouxe os cabritos para a sua mãe, que preparou uma comida saborosa, ao gosto do seu pai. Em seguida, pegou a melhor roupa do seu filho mais velho Esaú, que tinha em casa, e vestiu seu filho mais novo, Jacó. Com a pele dos cabritos cobriu as mãos e a parte lisa do pescoço. Depois entregou a seu filho Jacó a comida saborosa e o pão que ela tinha preparado. Jacó foi ao encontro do seu pai e disse: “Pai!” Isaque respondeu: “Sim, filho. Quem é você?” Jacó respondeu a seu pai: “Sou seu filho mais velho Esaú. Fiz o que o senhor mandou. Venha sentar-se e comer da minha caça para me abençoar”. Isaque perguntou a seu filho: “Como foi que você achou a caça tão depressa, meu filho?” Ele respondeu: “É que o Senhor, o seu Deus, colocou a caça no meu caminho”. Então Isaque disse a Jacó: “Chegue mais perto, meu filho, para que o possa tocar, e ver se você é mesmo o meu filho Esaú”. Jacó aproximou-se de seu pai Isaque, que o tocou e disse: “A voz é de Jacó, mas as mãos são de Esaú”. E não o reconheceu, porque as mãos, de fato, estavam peludas como as do seu irmão Esaú; e o abençoou. E Isaque perguntou-lhe novamente: “Você é mesmo o meu filho Esaú?” Jacó respondeu: “Sou sim!” Então Isaque disse: “Então traga a caça aqui para que eu coma e depois o abençoe”. Jacó trouxe a comida a seu pai, e ele comeu. Também lhe trouxe o vinho, e ele bebeu. Depois seu pai Isaque disse: “Aproxime-se, meu filho, e beije-me”. Jacó se aproximou e beijou seu pai. Isaque sentiu o cheiro da roupa dele e o abençoou, dizendo: “O cheiro do meu filho é como o cheiro do campo, que o Senhor abençoou. Que Deus dê a você o orvalho do céu, e que a terra lhe dê fartura de trigo e vinho. Que os povos o sirvam, e que você seja respeitado pelos povos. Seja senhor dos seus irmãos, e que os filhos da sua mãe se inclinem diante de você. Seja maldito aquele que amaldiçoar você, e abençoado aquele que abençoar você”. Assim que Isaque terminou de abençoar a Jacó e depois que ele saiu da presença do seu pai Isaque, chegou seu irmão Esaú, da sua caçada. Ele também preparou o prato preferido do pai e levou a comida para ele, dizendo: “Pai, venha sentar-se e comer a caça que preparei, para que o senhor me abençoe”. Seu pai Isaque perguntou-lhe: “Quem é você?” Esaú respondeu: “Sou Esaú, o seu filho mais velho”. Isso foi um choque para Isaque. Ele ficou muito abalado e disse: “Então quem foi aquele que me trouxe a caça? Acabei de comer de tudo, antes que você viesse, e abençoei a ele, e essa bênção ninguém pode tirar”. Ouvindo essas palavras de seu pai, Esaú protestou em alta voz e com profunda amargura lhe disse: “Ó pai, abençoe a mim também!” O pai respondeu-lhe: “Seu irmão veio com astúcia e levou a bênção que estava designada para você”. Esaú disse: “Não me admira que ele se chame Jacó. Ele já me enganou duas vezes. Ele tirou o meu direito de filho mais velho, e agora tira a minha bênção!” Então perguntou: “O senhor não tem também uma bênção para mim?” Isaque respondeu a Esaú: “Fiz dele o seu senhor, e todos os seus parentes serão os servos dele; a ele garanti fartura de cereais e vinho. O que eu posso fazer por você, meu filho?” Esaú disse a seu pai: “Será que o senhor não tem uma única bênção para mim, meu pai? Ó meu pai, abençoe também a mim”. E Esaú chorou amargamente. Então seu pai Isaque respondeu-lhe: “Longe dos lugares das terras férteis será a sua morada, sem o orvalho que cai do alto. Você ganhará a vida com a sua espada, e servirá a seu irmão. Mas chegará o dia em que você conseguirá escapar desse jugo e ficar livre”. Esaú passou a odiar a Jacó por causa da bênção que seu pai lhe tinha dado. Esaú disse a si mesmo: “Os dias de luto do meu pai se aproximam. Depois matarei o meu irmão Jacó”. De algum modo Rebeca ficou sabendo das palavras do seu filho mais velho Esaú. Ela, então, mandou chamar o seu filho mais novo, e lhe disse: “O seu irmão Esaú acha que só poderá descansar depois de matar você. Agora, meu filho, ouça o que vou lhe dizer: Fuja para Harã e fique na casa do seu tio Labão. Fique com ele por algum tempo, até que passe a fúria do seu irmão e termine o seu rancor contra você. Com o tempo Esaú esquecerá o que você fez a ele. Depois eu mandarei buscar você. Por que eu perderia os meus dois filhos no mesmo dia?” Disse, pois, Rebeca a Isaque: “Estou aborrecida por causa das duas noras que os heteus nos deram. Se Jacó escolher uma esposa entre as mulheres daqui, como estas, de que me adianta continuar vivendo?” Isaque mandou chamar Jacó e, dando-lhe a sua bênção, disse: “Não se case com uma mulher do povo cananeu. Em vez disso, vá para a casa do seu avô Betuel, pai de sua mãe, em Padã-Arã, e escolha uma esposa para você das filhas de Labão, irmão da sua mãe. Que o Deus Todo-poderoso abençoe você, lhe dê muitos filhos e multiplique os seus descendentes e que formem muitos povos. Que ele dê a você e aos seus descendentes as bênçãos que prometeu a Abraão. Assim você e os seus descendentes serão os donos desta terra, na qual vivemos como estrangeiros, a terra dada por Deus a Abraão”. Assim Jacó se despediu de Isaque e foi para Padã-Arã. Ele foi à casa do seu tio Labão, filho de Betuel, o arameu, irmão de Rebeca, mãe de Jacó e de Esaú. Esaú ficou sabendo que Isaque tinha abençoado a Jacó e o tinha mandado para Padã-Arã, para encontrar ali uma esposa para si; e ao abençoá-lo, ordenou a ele que não se casasse com uma mulher cananeia. Ele ficou sabendo que Jacó tinha obedecido ao seu pai e à sua mãe e tinha ido para Padã-Arã. Então Esaú percebeu que seu pai Isaque não via com bons olhos as mulheres cananeias; por isso, foi à casa de Ismael e casou-se com a filha dele. Assim, além das duas mulheres cananeias que já tinha, Esaú casou com Maalate, irmã de Nebaiote, filha de Ismael, filho de Abraão. Jacó partiu de Berseba e foi até Harã. Ele chegou num certo lugar, onde passou a noite, porque o sol já se tinha posto. Jacó procurou uma pedra que lhe servisse de travesseiro para descansar a cabeça, e adormeceu. Ele sonhou que havia uma escada que ia da terra até o céu, e os anjos de Deus subiam e desciam pela escada. O Senhor estava próximo dele e lhe disse: “Eu sou o Senhor, Deus de Abraão e de seu pai, Isaque. Darei a você e aos seus descendentes a terra na qual você está deitado. Os seus descendentes serão como o pó da terra. Eles se espalharão para o ocidente e para o oriente, para o norte e para o sul. Todas as nações da terra serão abençoadas por meio de você e dos seus descendentes. Eu estarei com você e o guardarei em todos os lugares para onde você for; e esteja certo de que o trarei de volta a esta terra. Não vou desamparar você até que se cumpra tudo o que lhe prometi”. Então Jacó acordou e exclamou: “Certamente o Senhor está neste lugar e eu não sabia!” Ele ficou com medo e disse: “Que lugar tremendo! Esta é a casa de Deus, a porta dos céus”. Logo que amanheceu, Jacó colocou a pedra que tinha usado como travesseiro em pé, como uma coluna. Depois derramou óleo sobre ela. E chamou aquele lugar de Betel, cidade que antes se chamava Luz. Então Jacó fez a seguinte promessa a Deus: “Se Deus estiver comigo, proteger-me nesta viagem e me der alimento e roupa, e levar-me de volta em paz à casa de meu pai, então, o Senhor será o meu Deus. E esta pedra que coloquei como coluna será a Casa de Deus, um lugar de adoração; e, certamente, devolverei a décima parte de tudo que me der”. Jacó continuou a sua viagem e chegou à terra do Oriente. Quando ia chegando, viu ao longe três rebanhos de ovelhas deitados próximos a um poço no campo, pois esses rebanhos bebiam daquele poço, que era coberto por uma grande pedra. Quando todos os rebanhos se ajuntavam, os pastores removiam a pedra da boca do poço e davam de beber às ovelhas. Depois tapavam outra vez o poço com a pedra. Jacó chegou até onde os pastores estavam, e perguntou-lhes: “Meus amigos, de onde vocês são?” “De Harã”, responderam. Jacó perguntou-lhes: “Vocês conhecem Labão, filho de Naor?” Eles responderam: “Certamente!” Jacó indagou novamente: “Ele está bem?” “Sim, ele está bem!”, disseram eles. “Olhe, ali vem vindo Raquel, a filha dele, com as ovelhas”. Então ele disse: “Ainda é dia, e é muito cedo para recolherem os rebanhos. Deem de beber às ovelhas e as levem ao campo novamente”. “Não podemos”, responderam eles. “Enquanto não se ajuntarem todos os rebanhos e não for removida a pedra da boca do poço, não daremos de beber às ovelhas”. No meio da conversa, chegou Raquel com as ovelhas de seu pai, porque era pastora. Quando Jacó viu Raquel, filha de Labão, irmão de sua mãe, e as ovelhas de Labão, aproximou-se, removeu a pedra da boca do poço e deu água ao rebanho de seu tio Labão. Depois disso, Jacó beijou Raquel e se emocionou profundamente. Jacó então contou a Raquel que era seu primo, por parte do pai dela. Disse que era filho de Rebeca, tia de Raquel. Então ela correu e contou tudo a seu pai. Assim que Labão ouviu as notícias a respeito de Jacó, filho de sua irmã, correu ao seu encontro, abraçou-o e o beijou. Em seguida, levou-o para sua casa, e Jacó contou tudo o que tinha acontecido durante a sua viagem. Então Labão lhe disse: “Você é realmente da minha própria carne e do meu sangue!” Jacó já estava um mês na casa de Labão, quando este lhe disse: “Não é porque você é meu parente, que vai ficar trabalhando de graça para mim. Diga-me, quanto você quer receber de salário?” Labão tinha duas filhas; o nome da mais velha era Lia, e o da mais nova, Raquel. Lia tinha aparência singela, mas Raquel era uma mulher muito bonita. Jacó gostou de Raquel e disse: “Trabalharei sete anos para você para poder casar-me com Raquel, sua filha mais nova”. Labão respondeu: “Prefiro dá-la a você a entregá-la a algum homem estranho. Fique aqui comigo”. Assim, Jacó trabalhou sete anos para Labão para poder casar-se com Raquel. Ele a amava tanto que os sete anos pareceram poucos dias. Quando passaram os sete anos, disse Jacó a Labão: “Dê-me a minha mulher, pois já venceu o prazo, para que eu me case com ela”. Labão convidou todo o povo daquele lugar e fez uma grande festa. À noite, Labão entregou sua filha Lia a Jacó, e Jacó deitou-se com ela. (Labão deu sua serva Zilpa a Lia para ser serva dela.) Quando amanheceu, Jacó viu que havia dormido com Lia (e não com Raquel). Por isso Jacó disse a Labão: “Por que o senhor fez isso comigo? Eu não trabalhei por amor a Raquel? Por que você me enganou?” Labão respondeu: “Aqui não é o costume casar a filha mais nova antes da mais velha. Espere terminar esta semana de núpcias e lhe daremos a mais nova, em troca de mais sete anos de trabalho para mim”. Jacó concordou. Quando passou aquela semana da festa de casamento, Labão lhe deu sua filha Raquel por mulher. (Labão deu sua serva Bila para ser serva de Raquel.) Jacó deitou-se com Raquel. Ele a amava mais do que a Lia, e trabalhou mais sete anos para Labão. Quando o Senhor viu que Lia era desprezada por Jacó, fez com que ela tivesse filhos; Raquel, porém, não podia ter filhos. Lia ficou grávida e deu à luz um filho, e deu-lhe o nome de Rúben, pois disse: “O Senhor viu a minha aflição. Agora o meu marido me amará”. Lia engravidou novamente, e quando deu à luz disse: “O Senhor ouviu que eu era desprezada e me deu este filho”. Por isso, chamou-o de Simeão. Lia engravidou outra vez e, quando deu à luz o terceiro filho, disse: “Desta vez, meu marido se unirá a mim, porque lhe dei três filhos”. Por isso chamou-o de Levi. Lia engravidou mais uma vez e, quando deu à luz um filho, disse: “Desta vez louvarei o Senhor ”. Por isso deu-lhe o nome de Judá. Então parou de ter filhos. Quando Raquel viu que não podia dar filhos a Jacó, ficou com inveja de sua irmã e disse a Jacó: “Dê-me filhos, senão morrerei!” Então Jacó ficou indignado e disse: “Por acaso estou no lugar de Deus, que não a deixou ter filhos?” Raquel respondeu: “Aqui está minha serva Bila. Deite-se com ela e tenha filhos com ela. Eu os criarei como se fossem meus filhos”. Assim Raquel deu sua serva Bila a Jacó por mulher; Jacó deitou-se com ela, Bila ficou grávida e deu um filho a Jacó. Então Raquel disse: “Deus me julgou, ouviu a minha queixa e deu-me um filho”. Ela o chamou de Dã. Bila, serva de Raquel, ficou grávida outra vez e deu um segundo filho a Jacó. “É grande a minha luta com a minha irmã”, disse Raquel, “mas venci”. Por isso, chamou-o de Naftali. Quando Lia viu que a serva de Raquel cessara de ter filhos, deu sua serva Zilpa a Jacó, para ser sua mulher. Zilpa, serva de Lia, deu um filho a Jacó. E Lia exclamou: “A minha sorte voltou!” E chamou-o de Gade. Zilpa, serva de Lia, teve outro filho com Jacó. Então exclamou: “Como sou feliz! As outras mulheres vão achar que eu sou mesmo feliz!” E chamou o menino de Aser. Era tempo da colheita de trigo. Rúben achou mandrágoras no campo, e trouxe-as à sua mãe Lia. Então disse Raquel a Lia: “Dê-me algumas mandrágoras do seu filho”. Ela respondeu: “Além de ficar com o meu marido, também vai querer ficar com as mandrágoras do meu filho?” Então Raquel disse: “Deixarei que Jacó se deite com você nesta noite, em troca das mandrágoras do seu filho”. Quando Jacó veio do campo naquela tarde, Lia foi ao seu encontro e disse: “Essa noite dormiremos juntos, pois eu obtive esse direito por meio das mandrágoras que meu filho achou”. E Jacó deitou com ela naquela noite. Deus ouviu a Lia, e ela deu à luz o quinto filho. Então disse Lia: “Deus me recompensou, porque dei minha serva ao meu marido”. Por isso chamou o menino de Issacar. Lia voltou a engravidar e deu o sexto filho a Jacó, e disse: “Deus me deu belos presentes. Desta vez meu marido me honrará e ficará comigo, porque lhe dei seis filhos”. Por isso chamou-o de Zebulom. Depois Lia teve uma filha, que recebeu o nome de Diná. Então Deus lembrou-se de Raquel. Ele ouviu o seu clamor e fez com que ela pudesse ter filhos. Ela engravidou, e deu à luz um filho e disse: “Deus tirou a minha vergonha” e o chamou de José, dizendo: “Que o Senhor me dê ainda outro filho”. Depois que Raquel deu à luz José, disse Jacó a Labão: “Permita-me voltar à minha terra natal. Deixe que eu vá e leve comigo meus filhos e minhas mulheres, pelas quais o servi. Você sabe muito bem o quanto trabalhei para você”. Labão, porém, lhe respondeu: “Peço que não vá embora. Tenho percebido que o Senhor me tem abençoado por sua causa”. E acrescentou: “É só dizer o quanto quer receber de salário, e eu pagarei”. Jacó respondeu: “Você bem sabe como trabalhei para você e como cuidei do seu gado. Basta lembrar como eram pequenos os seus rebanhos antes da minha chegada, e como aumentaram agora. Pois o Senhor abençoou você por meio do meu trabalho. Agora, quando vou poder trabalhar em favor da minha própria família?” Então Labão perguntou: “O que você quer ganhar?” Jacó respondeu: “Não quero salário. Voltarei a cuidar dos seus rebanhos; basta que faça uma coisa. Hoje passarei por todos os seus rebanhos e separarei para mim todas as ovelhas listradas e malhadas, e todos os cordeiros pretos. Este será o meu salário. Assim será fácil verificar a minha honestidade no futuro, sempre que resolver verificar o meu salário. Se você encontrar entre as minhas cabras alguma que não for listrada e malhada, e algum cordeiro que não for preto, poderá dizer que roubei de você”. Labão concordou: “Está certo! Está feito o trato”. Naquele mesmo dia, Labão separou os bodes listrados e malhados e todas as cabras salpicadas e malhadas, e todos os cordeiros pretos e os deu aos seus filhos, e os afastou a uma jornada de três dias de distância. E Jacó ficou tomando conta dos rebanhos restantes de Labão. Então Jacó pegou varas verdes de estoraque, amendoeira e plátano. De cada vara removeu parcialmente a casca, deixando aparecer a parte branca interna das varas. Depois Jacó pôs as varas perto dos canais de água e dos bebedouros, onde os rebanhos costumavam beber água. Na época do cruzamento, os animais vinham beber e se acasalavam diante das varas. E geravam filhotes listrados, salpicados e malhados. Então Jacó foi separando os animais listrados e pretos de Labão. E separou o seu rebanho do rebanho de Labão. Todas as vezes que as fêmeas mais fortes concebiam, Jacó colocava as varas nos bebedouros, diante do rebanho, para que se acasalassem perto das varas. Porém, quando vinham as fêmeas fracas, não as colocava ali. Desse modo, as fracas ficavam com Labão e as mais fortes com Jacó. E Jacó se tornou muito rico, tornando-se dono de muitos rebanhos, além de servos e servas, camelos e jumentos. Jacó soube que os filhos de Labão andavam murmurando contra ele, dizendo: “Jacó se apossou de tudo que era de nosso pai. Toda riqueza dele foi ajuntada à custa do nosso pai”. Jacó notou que a atitude de Labão tinha mudado para com ele. E o Senhor disse a Jacó: “Volte para a casa dos seus pais e dos seus parentes, e eu estarei com você”. Então, Jacó mandou chamar Raquel e Lia para virem ao campo, onde estavam os seus rebanhos, e disse-lhes: “Noto que a atitude do seu pai para comigo já não é a mesma; porém, o Deus de meu pai tem estado comigo. Vocês bem sabem como trabalhei com afinco para o seu pai, mas o pai de vocês tem me enganado e por dez vezes tem mudado o meu salário. Mas Deus não deixou que ele me causasse prejuízo. Se ele dizia: ‘Os salpicados serão o seu salário’, então os rebanhos geravam animais salpicados; e se ele dizia: ‘Os listrados serão o seu salário’, então os rebanhos geravam animais listrados. Dessa forma, Deus tirou os rebanhos de seu pai e os deu para mim”. E Jacó continuou: “Quando chegava o tempo do acasalamento, vi em sonhos que os machos que cobriam as fêmeas eram listrados, salpicados e malhados. E o Anjo de Deus me disse em sonho: ‘Jacó!’ Eu respondi: ‘Aqui estou!’ Então ele disse: ‘Veja que todos os machos que cobrem o rebanho são listrados, salpicados e malhados, porque tenho visto tudo o que Labão tem feito a você. Sou o Deus de Betel, onde você ungiu uma coluna e fez um voto. Levante-se e saia agora desta terra e volte para a terra dos seus parentes’ ”. Raquel e Lia responderam a Jacó: “Que podemos esperar do nosso pai? Pois ele nos tratou como se fôssemos estrangeiras! Além de nos vender, acabou com os nossos bens que eram nossos por direito. Toda essa riqueza que Deus tirou de nosso pai é nossa e de nossos filhos. Portanto, faça tudo o que Deus mandou”. Então Jacó levantou-se, montou seus filhos e suas mulheres nos camelos, e conduziu todos os seus rebanhos e todas as riquezas que tinha conseguido ajuntar em Padã-Arã. E foi em direção à terra de Canaã, para a casa do seu pai Isaque. Enquanto Labão tosquiava as ovelhas, Raquel roubou os ídolos da casa que pertenciam ao seu pai. E Jacó enganou o arameu Labão, fugindo às escondidas. Ele fugiu com tudo o que tinha. Atravessou o rio Eufrates e foi em direção à montanha de Gileade. Só três dias depois Labão ficou sabendo que Jacó tinha fugido. Reuniu vários homens de sua família e saiu em perseguição a Jacó. Depois de sete dias de viagem, alcançou Jacó na montanha de Gileade. De noite, porém, Deus falou com o arameu Labão por meio de um sonho e lhe disse: “Cuidado com o que você vai fazer! Não fale a Jacó nem bem nem mal”. Finalmente Labão alcançou Jacó, que tinha armado sua tenda na montanha de Gileade. Labão, com os seus homens, armou a sua tenda na mesma montanha. E disse Labão a Jacó: “O que você fez? Além de me enganar, ainda levou minhas filhas como se fossem prisioneiras de guerra. Por que você me enganou e saiu às escondidas? Por que não me contou o seu plano para que eu pudesse celebrar a sua partida com uma grande festa, com canções, com tamborins e com harpa? Você nem me deu a oportunidade de beijar meus netos e minhas filhas. Nisso você agiu com insensatez. Tenho poder para fazer mal a vocês, mas o Deus do seu pai Isaque me apareceu ontem à noite, e disse: ‘Cuidado com o que você vai fazer! Não fale a Jacó nem bem nem mal’. Você partiu porque tinha saudade da casa de seu pai, mas por que você roubou os meus deuses?” Jacó respondeu-lhe: “Eu fugi assim porque fiquei com medo, pois pensei que você tiraria as suas filhas à força de mim. Mas quanto aos seus deuses, não ficará vivo aquele que estiver com eles. Verifique na presença dos nossos parentes o que pertence a você. Se encontrar alguma coisa, leve-a de volta”. Jacó não sabia que Raquel tinha roubado os deuses. Então Labão entrou na tenda de Jacó, na de Lia e de suas servas, mas nada achou. Depois de sair da tenda de Lia, entrou na tenda de Raquel. Acontece que Raquel tinha colocado os ídolos na sela do seu camelo e estava sentada em cima deles. Labão procurou por toda a tenda, mas nada encontrou. Então ela disse ao seu pai: “Peço desculpas, meu senhor, por não poder me levantar na sua presença, pois estou no período mensal das mulheres”. Ele vasculhou toda a tenda mas não encontrou os ídolos do lar. Jacó ficou zangado e queixou-se a Labão: “Qual foi a minha transgressão? Que pecado cometi, para me perseguir de maneira tão furiosa? Você já vasculhou todos os meus bens. Por acaso encontrou alguma coisa da sua casa? Coloque o que encontrou aqui, na frente dos meus parentes e dos seus. Eles vão julgar qual de nós está errado. “Estive com você vinte anos. Suas ovelhas e cabras nunca perderam as suas crias, e jamais me servi dos carneiros do seu rebanho para alimento. Eu nunca levei a você os animais despedaçados pelas feras; eu mesmo assumia o prejuízo. Você descontava tudo do meu salário, incluindo todo animal roubado de dia ou de noite. Trabalhei para você nas horas quentes do dia, bem como nas noites frias, ficando muitas noites sem dormir. Permaneci na sua casa vinte anos! Trabalhei quatorze anos para casar com as suas duas filhas, e seis anos para formar o meu rebanho. Dez vezes você mudou o meu salário. Se não fosse o Deus de meu pai, o Deus de Abraão, e o Temor de Isaque, certamente você me mandaria embora de mãos vazias. Mas Deus viu o meu sofrimento e o trabalho das minhas mãos e, ontem à noite, ele preveniu você”. Então Labão respondeu a Jacó: “Estas mulheres são minhas filhas, estes filhos são meus. O mesmo posso dizer dos rebanhos e de tudo o que você tem. Tudo é meu. O que posso fazer por essas minhas filhas e pelos filhos que delas nasceram? Venha! Façamos um acordo, eu e você, que sirva de testemunho entre nós dois”. Então Jacó pegou uma pedra e fez dela uma coluna. E disse aos seus parentes: “Ajuntem pedras”. Eles buscaram pedras e fizeram uma pilha com elas. Labão chamou aquele lugar de Jegar-Saaduta. Jacó, no entanto, o chamou de Galeede. Labão disse: Que hoje esta pilha de pedras sirva de testemunho entre mim e você; por isso foi chamado de Galeede. Foi também chamado de Mispá porque Labão disse: “Que o Senhor fique nos vigiando cada um de nós, quando estivermos separados, em relação a esse acordo. Se você maltratar as minhas filhas ou tomar outras mulheres além delas, eu estarei longe, mas Deus é testemunha entre mim e você”. Labão continuou: “Aqui está a pilha de pedras e esta coluna que ergui entre mim e você. Que sirvam de testemunhas do nosso compromisso de que não cruzaremos a linha para prejudicar um ao outro. Que o Deus de Abraão, de Naor, o Deus do pai deles, julgue entre nós”. Assim Jacó fez um juramento em nome do temível Deus de seu pai Isaque. Então Jacó, ali no topo da montanha, ofereceu um sacrifício e chamou os parentes que lá estavam para comerem pão e passarem a noite juntos na montanha. Na manhã seguinte, Labão levantou cedo, beijou e abençoou as filhas e os netos, e foi para casa. Jacó também continuou a viagem. Pouco depois, anjos de Deus vieram ao encontro dele. Quando Jacó viu os anjos, disse: “Deus está acampado aqui!” Por isso deu ao lugar o nome Maanaim. Depois Jacó mandou mensageiros adiante dele, ao encontro do seu irmão Esaú. Eles foram para a terra de Seir, território de Edom e levaram esta mensagem: “Jacó, seu servo, manda dizer o seguinte: ‘Morei como peregrino com Labão, e na companhia dele fiquei até agora. Estou voltando de lá com bois, jumentos, ovelhas e cabras, servos e servas. Envio estes mensageiros para avisar ao meu senhor, para que me receba de forma amigável’ ”. Os mensageiros voltaram a Jacó, dizendo: “Fomos até o seu irmão Esaú, e ele está vindo ao seu encontro com quatrocentos homens”. Jacó teve medo e perturbou-se. Ele dividiu em dois grupos as pessoas que estavam com ele, bem como as ovelhas e cabras, os bois e os camelos, pois pensou: “Se Esaú atacar um dos grupos, talvez o outro consiga escapar”. E Jacó fez esta oração: “Ó Deus de meu pai Abraão e Deus de meu pai Isaque! Ó Senhor que me disse: ‘Volte para a sua terra e seus parentes, e eu farei com que tudo corra bem’. Não mereço nenhuma das suas bondades para comigo. Não sou digno da maneira fiel como o Senhor tem cumprido a sua palavra com o seu servo. Pois saí de casa e atravessei o rio Jordão trazendo apenas o meu cajado, e agora volto com duas caravanas completas! Não permita que eu seja destruído pelo meu irmão Esaú. Estou com medo de que ele venha matar tanto a mim quanto as mulheres e as crianças”. Mas o Senhor prometeu: “Esteja certo de que eu farei bem a você e farei com que os seus descendentes sejam tão numerosos como a areia do mar, que de tão numerosa, não se pode contar”. Jacó passou ali aquela noite, e preparou entre os seus rebanhos um presente para dar ao seu irmão Esaú: duzentas cabras e vinte bodes, duzentas ovelhas e vinte carneiros, trinta fêmeas de camelo com seus filhotes, quarenta vacas e dez touros, vinte jumentas e dez jumentos. Ele confiou os rebanhos do presente aos seus servos e disse-lhes: “Vão à minha frente mas deixem um bom espaço entre um rebanho e outro”. Jacó instruiu ao primeiro servo, dizendo: “Quando meu irmão Esaú encontrar você e perguntar: ‘Para quem você trabalha? Para onde vai? Quem é o dono deste rebanho à sua frente?’ você responderá: ‘É do seu servo Jacó. É um presente para o meu senhor Esaú. Ele está vindo logo atrás de nós’ ”. Jacó deu a mesma instrução ao segundo, ao terceiro e a cada um dos guias dos rebanhos: “Digam a mesma coisa a Esaú quando o encontrarem, e acrescentem: O seu servo Jacó está vindo atrás de nós”. Ele pensava: “Vou acalmar os ânimos de Esaú com esses presentes que estou enviando na minha frente, e quando nos encontrarmos, talvez ele me receba amigavelmente”. Assim enviou os presentes na frente; ele, no entanto, passou aquela noite no acampamento. Naquela noite levantou-se, levou as suas duas mulheres, suas duas servas e seus onze filhos e atravessou o rio Jordão, na passagem chamada Jaboque. Depois de fazê-los atravessar o ribeiro, fez atravessar também tudo o que lhe pertencia. Jacó ficou sozinho. Então veio um homem para lutar com ele até o amanhecer. Quando o homem percebeu que não podia vencer a luta, tocou na articulação da coxa de Jacó, de modo que deslocou a coxa de Jacó, enquanto lutavam. Então o homem disse: “Deixe-me ir embora, pois já está amanhecendo”. Mas Jacó respondeu: “Não deixarei que vá embora, enquanto não me abençoar”. “Qual é o seu nome?”, perguntou o homem. “Jacó”, foi a resposta. Então o homem disse: “Você não mais se chamará Jacó, mas sim Israel, porque você lutou com Deus e com os homens, e venceu”. “Por favor, diga-me, qual é o seu nome?”, perguntou Jacó. “Por que você pergunta pelo meu nome?”, disse o homem. E o abençoou ali. Jacó chamou àquele lugar Peniel, e disse: “Vi Deus face a face, e continuo vivo!” Quando o sol estava nascendo, Jacó atravessou Peniel, e mancava por causa da coxa deslocada. Por isso até hoje os israelitas não comem o músculo ligado à articulação da coxa, porque foi ali que o homem feriu a Jacó. De longe Jacó viu que Esaú estava vindo ao seu encontro, e com ele vinham quatrocentos homens. Então ele dividiu os filhos entre Lia, Raquel e as duas servas. Ele colocou as servas e seus filhos à frente, em seguida Lia e seus filhos, e por último Raquel com José. Depois, ele mesmo passou à frente e, à medida que se aproximava do seu irmão, Jacó inclinou-se sete vezes. Mas Esaú correu ao seu encontro e o abraçou. Ele colocou seus braços ao redor do pescoço de Jacó e o beijou. E os dois choraram. Então Esaú viu as mulheres e as crianças e perguntou: “Quem são esses que estão com você?” “São os filhos que Deus bondosamente concedeu ao seu servo”, respondeu-lhe Jacó. Nesse meio-tempo, se aproximaram as servas e seus filhos e se inclinaram diante de Esaú. Aproximaram-se também Lia e seus filhos e se inclinaram. Finalmente, aproximaram-se Raquel e José e se inclinaram. Esaú então perguntou: “Com que intenção você mandou todos esses rebanhos que encontrei?” Jacó respondeu: “Para ser bem recebido diante do meu senhor”. Esaú, porém, disse: “Eu já tenho muitas riquezas, meu irmão. Guarde o que é seu”. “Não recuse!”, insistiu Jacó. “Se existe aprovação da sua parte, por favor aceite o meu presente, porque ver a sua face é como contemplar a face de Deus; além disso, o senhor me recebeu tão bem. Aceite, pois, o presente que eu lhe trouxe. Deus tem sido muito generoso comigo. O que tenho é mais do que suficiente para mim”. E insistiu tanto que Esaú acabou aceitando. Esaú disse: “Vamos seguir em frente. Eu seguirei com você”. Jacó, porém, lhe disse: “Meu senhor sabe que as crianças que trago são frágeis. Além disso, tenho comigo ovelhas e vacas de leite, que amamentam suas crias. Se forçá-las demais num só dia, morrerão todos os rebanhos. Portanto, é melhor que meu senhor vá à frente de seu servo. Nós iremos mais devagar, acompanhando o passo dos rebanhos e das crianças, até me encontrar com o meu senhor em Seir”. Esaú respondeu: “Então, pelo menos permita-me deixar alguns homens com você”. “Para quê?”, perguntou Jacó. “O fato de ser bem recebido pelo meu senhor já é o bastante para mim”. Assim Esaú começou a viagem de volta para Seir. Enquanto isso, Jacó foi para Sucote. Ali Jacó construiu uma casa para si e abrigos para os animais. Por isso, aquele lugar recebeu o nome de Sucote. Completando a viagem de volta de Padã-Harã, Jacó chegou são e salvo à cidade de Siquém, em Canaã, e acampou próximo da cidade. Ele comprou a parte do campo onde tinha montado o acampamento dos filhos de Hamor, pai de Siquém, por cem peças de prata. Ali Jacó construiu um altar, ao qual deu o nome de El Elohe Israel. Um dia, a filha de Lia, Diná, saiu para conhecer as mulheres daquela terra. Quando Siquém, filho do rei heveu Hamor, viu Diná, agarrou-a e forçou-a a ter relações com ele. E ele apaixonou-se pela filha de Jacó, Diná, e procurou conquistar o amor dela. Então Siquém disse ao seu pai Hamor: “Peça aquela moça em casamento para mim”. Quando Jacó ficou sabendo que sua filha Diná tinha sido desonrada por Siquém, seus filhos estavam cuidando do gado no campo. Jacó ficou quieto a respeito do assunto, até a volta dos filhos. Enquanto isso, o pai de Siquém, Hamor, foi falar com Jacó. Quando os filhos de Jacó voltaram, ouviram o que havia acontecido e ficaram profundamente indignados e furiosos por Siquém ter praticado um ato tão vergonhoso para eles, desonrando a filha de Jacó. Isso era uma coisa que não se devia fazer. Mas Hamor disse-lhes: “Meu filho Siquém apaixonou-se pela filha de vocês. Peço a vocês que a entreguem para que seja esposa dele. Tornem-se nossos parentes. As suas filhas poderão se casar com os nossos filhos e as filhas do meu povo poderão se casar com os seus filhos. Vocês poderão se estabelecer aqui. A terra está à disposição de vocês. Habitem nela, façam negócios e comprem propriedades”. O próprio Siquém falou ao pai e aos irmãos de Diná: “Peço que sejam bondosos comigo, e eu lhes darei o que me pedirem. Peçam o quanto quiserem pelo dote do casamento e o presente pela moça. Darei o que me pedirem. Só peço que me deem a moça por esposa”. Então, os filhos de Jacó responderam com falsidade a Siquém e ao seu pai Hamor, por ter Siquém desonrado sua irmã Diná. Eles disseram: “Não podemos dar a nossa irmã a um homem que não foi circuncidado. Isso seria uma vergonha para nós. Só aceitaremos o seu pedido com uma condição: que vocês se tornem como nós, circuncidando todos os homens do seu povo. Só assim daremos a vocês as nossas filhas e poderemos casar-nos com as suas. Habitaremos com vocês e seremos um só povo. Se, porém, não concordarem e não aceitarem a circuncisão, levaremos nossa irmã Diná e iremos embora daqui”. Essas palavras agradaram a Hamor e a seu filho Siquém. Sem demora o jovem colocou em prática o que lhe tinham pedido, porque estava muito apaixonado pela filha de Jacó. Ele era o mais respeitado de todos os da casa de seu pai. Assim Hamor e seu filho Siquém convocaram todos os cidadãos para uma assembleia à porta da sua cidade e disseram: “Esses homens são pacíficos. Vamos permitir que eles morem em nossa terra e façam negócios aqui. A terra é bastante espaçosa, e eles não terão problema com seu sustento. As filhas deles poderão casar com os nossos filhos, e as nossas filhas com os filhos deles. Porém, para habitarem conosco, tornando-nos um só povo, eles impõem uma condição, ou seja, que todos os nossos homens sejam circuncidados, como eles. E será que não ficaremos com todo o seu gado, os seus bens e todos os outros animais? Vamos aceitar, pois, a condição para que morem entre nós”. E todos os cidadãos que estavam à porta da cidade concordaram com Hamor e seu filho Siquém, e todos os homens da cidade foram circuncidados. Mas três dias depois, quando os homens sentiam mais fortemente as dores do corte, dois filhos de Jacó, Simeão e Levi, irmãos de Diná, tomaram suas espadas, entraram inesperadamente na cidade e mataram todos os homens. Hamor e seu filho Siquém também foram mortos. Os dois irmãos tiraram Diná da casa de Siquém e foram embora. Depois os filhos de Jacó entraram e saquearam a cidade, porque a sua irmã tinha sido desonrada. Levaram os seus rebanhos, os bois, os jumentos e tudo o que havia na cidade e no campo. Levaram todos os seus bens, além das crianças e mulheres como prisioneiras, e saquearam tudo o que havia nas casas. Então Jacó disse a Simeão e a Levi: “Quanta aflição vocês me causaram! Agora serei odiado pelos moradores desta terra, entre os cananeus e os ferezeus. Somos poucos. Se eles se juntarem contra mim, eu e a minha casa seremos destruídos”. Mas eles responderam: “É justo deixar que ele tratasse a nossa irmã como se fosse uma prostituta?” Deus disse a Jacó: “Apronte-se, suba para Betel e estabeleça-se ali. Chegando lá, construa um altar ao Deus que lhe apareceu quando você estava fugindo do seu irmão Esaú”. Então Jacó disse à sua família e a todos que estavam com ele: “Joguem fora todas as imagens dos deuses estrangeiros que estão com vocês. Purifiquem-se e vistam roupas limpas. Aprontem-se e subamos para Betel. Lá eu vou construir um altar ao Deus que me ouviu no dia da minha angústia e tem me acompanhado por onde tenho andado”. Então deram a Jacó todas as imagens dos deuses estrangeiros e os brincos que usavam nas orelhas. E Jacó os enterrou debaixo do carvalho próximo de Siquém. Quando partiram, o terror de Deus dominou de tal forma as cidades próximas que ninguém perseguiu os filhos de Jacó. Jacó e todos que estavam com ele chegaram a Luz, cidade também conhecida por Betel, na terra de Canaã. Jacó construiu ali um altar e chamou o lugar de El-Betel. Porque foi em Betel que Deus apareceu a Jacó, quando estava fugindo de seu irmão Esaú. Débora, a ama de Rebeca, morreu e foi enterrada ao pé do carvalho. Essa árvore foi chamada de Alom-Bacute. Tendo voltado de Padã-Arã, Deus lhe apareceu de novo e o abençoou. Deus disse-lhe: “Seu nome é Jacó, mas você já não se chamará mais Jacó. O seu nome será Israel”. E Deus ainda lhe disse: “Eu sou o Deus Todo-poderoso. Farei que você tenha muitos descendentes que vão se multiplicar muito, formando uma grande nação. Multidões de nações e reis estarão entre os seus descendentes. E passarei a você e aos seus futuros descendentes a terra que dei a Abraão e a Isaque”. Em seguida Deus elevou-se do lugar em que tinha falado com Jacó. Então Jacó levantou uma coluna de pedra no lugar em que Deus tinha falado com ele. Depois derramou vinho sobre ela e ungiu-a com óleo de oliveira. Jacó chamou de Betel o lugar em que Deus tinha falado com ele. Eles saíram de Betel e foram a Efrata. Já próximos da cidade, Raquel deu à luz um filho. Ela sofreu muito durante o nascimento dele. A parteira procurou animar Raquel, em meio às dores do parto, dizendo: “Não tenha medo! Você vai ter outro filho”. Raquel estava morrendo, mas ainda conseguiu dar-lhe o nome de Benoni. Porém, o seu pai deu-lhe o nome de Benjamim. Assim morreu Raquel. Ela foi enterrada junto ao caminho de Efrata, que é Belém. Sobre a sepultura de Raquel, Jacó ergueu uma coluna, que está lá até hoje. Em seguida, Israel continuou viagem e armou a sua tenda além da torre de Éder. Enquanto moravam naquela terra, Rúben se deitou com Bila, concubina de seu pai. E Israel ficou sabendo disso. Jacó teve doze filhos. Estes foram os filhos que teve com Lia: Rúben, o filho mais velho de Jacó, Simeão, Levi, Judá, Issacar e Zebulom. Estes foram os filhos que teve com Raquel: José e Benjamim. Estes foram os filhos que teve com Bila, serva de Raquel: Dã e Naftali. Estes foram os filhos que teve com Zilpa, serva de Lia: Gade e Aser. Esses são os filhos de Jacó, nascidos em Padã-Arã. Finalmente, Jacó chegou à casa do seu pai Isaque em Manre, em Quiriate-Arba, que é Hebrom, onde Abraão e Isaque tinham morado. Isaque viveu cento e oitenta anos. Morreu em idade avançada, e foi reunido aos seus antepassados. E seus filhos Esaú e Jacó o enterraram. Esta é a lista dos descendentes de Esaú, também chamado de Edom. Esaú casou-se com três mulheres de Canaã: Ada, filha do heteu Elom, Oolibama, filha de Aná e neta do heveu Zibeão, e também Basemate, sua prima, filha de Ismael, irmã de Nebaiote. Esaú e Ada tiveram um filho chamado Elifaz. Esaú e Basemate tiveram um filho chamado Reuel. Esaú e Oolibama tiveram filhos chamados Jeús, Jalão e Corá. Todos estes filhos de Esaú nasceram em Canaã. Esaú reuniu suas mulheres, seus filhos e filhas, e todas as pessoas da sua casa, os seus rebanhos, todo o seu gado e todos os seus bens que tinha adquirido na terra de Canaã, e mudou-se para outra região, afastando-se do seu irmão Jacó. Os seus bens eram tantos que já não podiam morar juntos. A terra onde tinham morado juntos já não podia sustentá-los, por causa do seu gado. Por isso, Esaú, que é Edom, foi morar no monte Seir. Estes são os descendentes de Esaú, pai dos edomitas, no monte Seir. São estes os filhos de Esaú: Elifaz, filho de Ada, mulher de Esaú; Reuel, filho de Basemate, mulher de Esaú. Estes foram os filhos de Elifaz: Temã, Omar, Zefô, Gaetã e Quenaz. Elifaz, filho de Esaú, tinha uma concubina chamada Timna, que lhe deu um filho chamado Amaleque. São estes os filhos de Ada, mulher de Esaú. Estes foram os filhos de Reuel: Naate, Zerá, Samá e Mizá; estes foram os filhos de Basemate, mulher de Esaú. Estes foram os filhos de Oolibama, mulher de Esaú, filha de Aná, filho (neto) de Zibeão: Jeús, Jalão e Corá. São estes os chefes dentre os filhos de Esaú: dos filhos de Elifaz, o filho mais velho de Esaú, descendem os seguintes chefes de grupos de famílias: os chefes Temã, Omar, Zefô, Quenaz, Corá, Gaetã e Amaleque. São esses os chefes que são descendentes de Elifaz, o filho mais velho de Esaú e de Ada, em Edom. De Reuel, filho de Esaú (e de Basemate), descendem os seguintes grupos de famílias: os chefes Naate, Zaerá, Samá e Mizá. Esses foram os chefes dos grupos de famílias, descendentes de Reuel em Edom; netos de Basemate, mulher de Esaú. Foram estes os filhos de Oolibama, mulher de Esaú: os chefes Jeús, Jalão e Corá. Foram esses os chefes descendentes de Oolibama, mulher de Esaú, filha de Aná. Aí estão, pois, os filhos e netos de Esaú, chefes de grupos de famílias. Esaú também é conhecido como Edom. Estes foram os filhos de Seir, o horeu, moradores daquela região: Lotã, Sobal, Zibeão e Aná, Disom, Ézer e Disã. Esses filhos de Seir foram chefes dos horeus na terra de Edom. Os filhos de Lotã são Hori e Hemã. A irmã de Lotã era Timna. São estes os filhos de Sobal: Alvã, Manaate, Ebal, Sefô e Onã. São estes os filhos de Zibeão: Aiá e Aná. Foi Aná que descobriu as fontes de águas quentes no deserto, quando pastoreava os jumentos do seu pai Zibeão. São estes os filhos de Aná: Disom e Oolibama, a filha de Aná. São estes os filhos de Disom: Hendã, Esbã, Itrã e Querã. São estes os filhos de Ézer: Bilã, Zaavã e Acã. São estes os filhos de Disã: Uz e Arã. São estes os chefes dos horeus: Lotã, Sobal, Zibeão, Aná, Disom, Ézer e Disã. Esses foram os chefes dos horeus, de acordo com as tribos na região de Seir. São estes os reis que reinaram na terra de Edom, antes de haver rei sobre os israelitas. Belá, filho de Beor, reinou em Edom, na cidade de Dinabá. Quando Belá morreu, reinou em seu lugar, Jobabe filho de Zerá, de Bozra. Quando Jobabe morreu, reinou em seu lugar Husã, da terra dos temanitas. Quando Husã morreu, reinou em seu lugar Hadade, filho de Bedade, da cidade de Avite. Hadade comandou as forças que derrotaram os midianitas, quando invadiram o território de Moabe. Quando Hadade morreu, reinou em seu lugar Samlá de Masreca. Quando Samlá morreu, reinou em seu lugar Saul, de Reobote, próxima ao rio Eufrates. Quando Saul morreu, reinou em seu lugar Baal-Hanã, filho de Acbor. Quando Baal-Hanã, filho de Acbor morreu, reinou em seu lugar Hadar, da cidade de Paú. A mulher de Hadar era Meetabel, filha de Matrede e neta de Mezaabe. São estes os chefes, descendentes de Esaú, conforme as suas famílias, seus lugares e seus nomes: Timna, Alva, Jetete, Oolibama, Elá, Pinom, Quenaz, Temã, Mibzar, Magdiel e Irã. Esses são os chefes de Edom; cada um fixou-se numa região da terra que ocupavam. Os edomitas são descendentes de Esaú. Jacó voltou a habitar na terra de Canaã, onde seu pai tinha morado como estrangeiro. A história da família de Jacó é a seguinte: Quando José tinha dezessete anos, o trabalho dele era pastorear os rebanhos com os seus irmãos. Como era ainda muito jovem, ele acompanhava os filhos de Bila e de Zilpa, mulheres de seu pai. Quando voltava do campo, José contava ao pai as más notícias a respeito dos seus irmãos. Na verdade, José era o filho preferido de Israel, porque nasceu quando o pai já era muito idoso. Certo dia José ganhou uma túnica longa de diversas cores. Quando os irmãos viram que o pai o amava mais do que a todos os outros filhos, odiaram-no e já não conseguiam falar amigavelmente com ele. Certa noite José teve um sonho e, quando contou esse sonho a seus irmãos, eles ficaram com ainda mais ódio dele. “Peço que ouçam o sonho que tive”, disse-lhes. “Vejam só! Sonhei que estávamos amarrando os feixes de trigo no campo, quando o meu feixe se levantou e ficou em pé, e os seus feixes o rodearam e se inclinaram diante dele!” Seus irmãos disseram: “Você está querendo dizer que vai reinar sobre nós, ou que vai nos governar?” Por causa dos seus sonhos e das suas palavras, o ódio deles aumentava cada vez mais. José teve outro sonho e o contou aos seus irmãos: “Sonhei que o sol, a lua e onze estrelas se inclinavam diante de mim”. Quando contou o sonho ao pai e a seus irmãos, o pai o repreendeu, dizendo: “Que sonho é esse? Então você acha que eu, a sua mãe e os seus irmãos vamos ter de nos inclinar até o chão diante de você?” Os irmãos ficaram com inveja de José. O pai, no entanto, meditava sobre o que ouvia. Certo dia os irmãos de José levaram os rebanhos de seu pai para perto de Siquém, e Israel disse a José: “Os seus irmãos não estão cuidando do rebanho em Siquém? Quero que você vá até lá”. “Sim, senhor” respondeu-lhe. Israel lhe disse: “Vá lá ver como estão seus irmãos e os rebanhos, e traga-me notícias deles”. José obedeceu e partiu do vale de Hebrom para Siquém. Um homem o encontrou perdido pelos campos e perguntou a ele: “Que é que você está procurando?” José respondeu: “Estou procurando os meus irmãos. O senhor pode me dizer onde eles estão cuidando dos rebanhos?” O homem disse: “Já não estão aqui. Ouvi quando falavam: ‘Vamos a Dotã’ ”. Então José foi em busca dos seus irmãos e os encontrou próximo de Dotã. Mas eles o viram de longe e, antes que se aproximasse, tramaram uma forma de matá-lo. E diziam uns aos outros: “Lá vem o sonhador! Vamos matá-lo e jogar o corpo dele num destes poços. Depois diremos que ele foi morto por um animal selvagem. Então veremos em que vão dar os seus sonhos!” Quando Rúben ouviu o plano dos irmãos, quis livrá-lo, dizendo: “Não vamos matar o nosso irmão!” E acrescentou: “Não derramem sangue. Joguem-no neste poço no deserto, mas não coloquem as mãos nele”. Rúben disse isso com a intenção de libertá-lo mais tarde e devolvê-lo ao pai. Então, quando José chegou, seus irmãos arrancaram a sua túnica longa e colorida, agarraram-no e o jogaram no poço vazio, sem água. Mais tarde, quando estavam sentados, comendo pão, viram que uma caravana de ismaelitas vinha de Gileade. Os camelos estavam carregados de perfumes, bálsamo e mirra, que estavam levando para o Egito. Judá disse aos seus irmãos: “Que vantagem teremos em matar o nosso irmão, esconder a sua morte e ficar com esse peso na consciência? Vamos vendê-lo aos ismaelitas. Afinal, ele é nosso irmão, é do nosso sangue”. E seus irmãos concordaram. Assim, quando os mercadores ismaelitas passaram por ali, os irmãos de José o tiraram do poço e o venderam aos ismaelitas por vinte moedas de prata, que o levaram para o Egito. Quando Rúben voltou ao poço, viu que José não estava nele. Então, rasgou as suas roupas, cheio de aflição. E, voltando-se para os seus irmãos, disse: “O menino não está lá! Para onde irei agora?” Então eles pegaram a túnica de José, mataram um bode e mergulharam a túnica no sangue do animal. Depois mandaram a túnica longa e colorida, cheia de sangue, ao pai, com este recado: “Achamos isto no campo. Será que é a túnica de seu filho?” Jacó a reconheceu e disse: “É a túnica de meu filho! Provavelmente um animal selvagem o devorou! Certamente José foi despedaçado!” Então Jacó rasgou as suas roupas e se vestiu com pano de saco e chorou muitos dias pela morte de seu filho. Todos os seus filhos e filhas procuraram consolar Jacó. Ele, porém, recusou ser consolado, dizendo: “Vou chorar a morte do meu filho até morrer”. E continuou a chorar. Enquanto isso, os mercadores de Midiã venderam José a Potifar no Egito, oficial do faraó, comandante da guarda. Nessa época, Judá saiu de casa e passou a viver na casa de um homem de Adulão, chamado Hira. Ali Judá conheceu a filha do cananeu Sua, casou-se e teve relações com ela. Ela engravidou e deu à luz um filho, e o pai o chamou de Er. Engravidou de novo e deu à luz um filho, e deu-lhe o nome de Onã. Ela deu à luz ainda um terceiro filho e chamou-o de Selá, quando morava em Quezibe. Quando Er, o filho mais velho, cresceu, Judá arranjou um casamento para ele com uma mulher chamada Tamar. Er, o filho mais velho de Judá, porém, levava uma vida perversa aos olhos do Senhor, e o Senhor mesmo o fez morrer. Então Judá disse a Onã, irmão de Er: “Case-se com a mulher do seu irmão e cumpra as suas obrigações de cunhado, para que o seu irmão tenha descendentes por seu intermédio”. Onã, porém, não queria ter filhos que não tivessem o seu nome. Por isso, todas as vezes que se deitava com Tamar, deixava cair o líquido seminal no chão. Ele fazia isso para evitar que seu irmão tivesse descendentes. O Senhor reprovou essa atitude e por isso também o fez morrer. Então disse Judá a Tamar, sua nora: “Vá para a casa de seus pais e permaneça viúva até que Selá, meu filho, cresça”. A intenção de Judá era evitar que acontecesse com o filho mais moço o mesmo que havia ocorrido com os dois irmãos dele. Então Tamar voltou para a casa dos pais dela. Passou o tempo, e a filha de Sua, mulher de Judá, morreu. Depois que terminou o tempo costumeiro de luto, Judá foi ver os tosquiadores do seu rebanho em Timna, com o seu amigo Hira, o adulamita. Alguém contou a Tamar: “O seu sogro está indo a Timna, para tosquiar as ovelhas”. Então, ela trocou as roupas de sua viuvez, cobriu-se com um véu, se disfarçou e ficou sentada à beira da estrada de Timna, próximo da entrada da cidade de Enaim. Tamar fez isso porque viu que Selá já era homem, e nem ele nem seu pai falavam em casamento. Quando Judá a viu, pensou que fosse uma prostituta, porque ela estava com o rosto coberto pelo véu. Então Judá se dirigiu a ela, e lhe disse: “Vem, deita comigo”. Ele não sabia que era a sua nora. Ela perguntou: “Quanto você me pagará para deitar-me com você?” Ele respondeu: “Mandarei a você um cabrito do meu rebanho”. E ela perguntou: “Que garantia me dá de que mandará o pagamento?” Judá disse: “Bem, o que você quer como garantia?” “Quero o seu selo de identificação com o cordão e o cajado que você está segurando”, respondeu ela. Ele deu a ela essas coisas, e teve relações com ela. E Tamar ficou grávida. Depois disso, Tamar tirou o véu e voltou a vestir as roupas de viúva. Judá encarregou seu amigo adulamita de entregar o cabrito prometido àquela mulher, a fim de reaver as coisas que tinha deixado com ela como garantia. Mas ele não a encontrou. Então perguntou aos homens daquele lugar: “Onde posso encontrar aquela prostituta que costumava ficar à beira do caminho de Enaim?” Eles responderam: “Nunca vimos nenhuma prostituta ali”. Voltando para Timna, Hira disse a Judá: “Não a encontrei. Além do mais, os homens daquele lugar disseram que nunca viram uma prostituta ali”. Judá respondeu: “Que ela fique com as minha coisas. Dessa forma ninguém vai zombar de nós. Afinal, mandei a ela este cabritinho, mas você não a encontrou”. Cerca de três meses mais tarde, disseram a Judá: “Tamar, sua nora, agiu como prostituta, pois está grávida”. Judá disse: “Tragam-na para fora para que seja queimada!” Quando a tiraram, ela mandou dizer ao sogro: “Estou grávida do homem que é dono destas coisas”. E acrescentou: “Veja se o senhor reconhece de quem é este selo, este cordão e este cajado”. Judá reconheceu-os e disse: “Ela é mais correta do que eu, pois eu não a dei ao meu filho Selá”. E nunca mais voltou a ter relações com ela. Quando chegou a época de dar à luz, havia gêmeos em seu ventre. Enquanto ela dava à luz, um pôs a mão para fora; então a parteira amarrou um fio vermelho no pulso do menino, dizendo: “Este saiu primeiro”. Mas quando ele recolheu a mão, saiu seu irmão, e ela disse: “Como foi que você conseguiu encontrar uma brecha para sair?” Por esse motivo deram a ele o nome de Perez. Logo depois saiu seu irmão, que estava com o fio no pulso. Deram a ele o nome de Zerá. Quando José foi levado para o Egito, foi vendido pelos ismaelitas que o tinham levado para lá ao egípcio Potifar, oficial do faraó e comandante da guarda. O Senhor estava com José e o abençoava em tudo o que fazia, e ele passou a morar na casa do seu senhor egípcio. Quando Potifar percebeu que o Senhor estava com José e que o abençoava em tudo o que fazia, José ganhou a simpatia do seu senhor, que o colocou como administrador de sua casa e confiou a ele tudo o que possuía. Desde o momento em que José foi nomeado administrador de sua casa e de todos os seus bens, o Senhor abençoou a casa do egípcio por causa de José. A bênção do Senhor estava sobre tudo o que ele tinha, tanto nos negócios da casa como no campo. Assim, Potifar deixou tudo o que tinha aos cuidados de José, a tal ponto que não se preocupava com nada. A única coisa que Potifar resolvia pessoalmente era em relação à sua própria comida. José era formoso e atraente. Certo dia, a mulher do seu senhor começou a cobiçar José e o convidou: “Venha para a cama comigo!” Mas ele se recusou e disse a ela: “O meu senhor confiou a mim tudo o que é dele. Ele nem sabe o que existe na casa, porque deixou tudo sob a minha responsabilidade. Ninguém nesta casa está acima de mim. Ele não me privou de coisa alguma, a não ser da senhora, porque é a sua mulher. Como poderia eu, então, cometer tamanha maldade e pecar contra Deus?” A mulher não desistiu. Ela insistia dia após dia com José, mas ele se recusava a deitar-se com ela e procurava não ficar perto dela. Um dia José foi até a casa para cuidar dos negócios, e nenhum empregado se achava presente. Então ela o agarrou pela capa e voltou a convidá-lo: “Venha para a cama comigo!” Mas José fugiu para fora da casa, deixando a capa nas mãos dela. Quando a mulher viu que ele tinha fugido, e que estava com a capa dele, chamou os empregados da casa e lhes disse: “Vejam só! Esse hebreu que foi trazido pelo meu marido para me insultar entrou aqui e quis me forçar a ir para a cama com ele. Mas eu gritei o mais alto que pude. Quando ele ouviu que eu gritava bem alto, fugiu, esquecendo a capa dele aqui ao meu lado”. Ela guardou a capa de José até que o seu senhor chegasse em casa. Então, contou ao marido a mesma história. Disse ela: “Esse escravo hebreu que você trouxe se aproximou de mim para me insultar. Mas quando gritei por ajuda, ele largou sua capa ao meu lado e fugiu”. Quando o seu senhor ouviu o que sua mulher lhe disse: “Foi assim que o seu escravo agiu comigo”, ficou irado. E o senhor de José mandou buscá-lo e o lançou na prisão, no lugar onde ficavam os presos do rei. E ele ficou na prisão. Mas o Senhor estava com José e derramou a sua bondade sobre ele, de maneira que ele conquistou a simpatia do carcereiro. Assim, o carcereiro encarregou José de cuidar dos presos que estavam naquela prisão; e ele fazia tudo o que era necessário fazer ali. O carcereiro deixou de se preocupar com o que acontecia na cadeia, porque José cuidava de tudo. E o Senhor estava com José e o abençoava em tudo que fazia. Algum tempo depois, o chefe dos copeiros e o padeiro real ofenderam o seu senhor, o rei do Egito. O Faraó ficou indignado com seus dois oficiais, o chefe dos copeiros e o chefe dos padeiros, e mandou prendê-los na casa do comandante da guarda, na mesma prisão em que José estava. O comandante da guarda encarregou José de cuidar deles. Ficaram lá presos por algum tempo. Certa noite, os dois tiveram um sonho. O chefe dos copeiros e o chefe dos padeiros perceberam que cada sonho tinha seu próprio significado. Na manhã seguinte, José notou que ambos estavam abatidos. Então perguntou aos oficiais do faraó, que também estavam presos na casa do seu senhor: “O que aconteceu? Por que vocês estão tão tristes?” Eles responderam: “Cada um de nós teve um sonho esta noite, mas ninguém aqui é capaz de interpretá-los”. Disse-lhes José: “Não pertence a Deus a interpretação de sonhos? Contem-me os sonhos”. Então o chefe dos copeiros contou o seu sonho a José. Ele disse: “Em meu sonho havia uma videira na minha frente, com três ramos. Ela brotou, depois produziu flores, que por sua vez deram cachos de uvas maduras. A taça do faraó estava na minha mão. Peguei as uvas e as espremi na taça do faraó, e a entreguei pessoalmente em sua mão”. Então José lhe disse: “Esta é a interpretação: Os três ramos são três dias. Dentro de três dias, o faraó vai mandar soltar você e restaurá-lo ao seu cargo como chefe dos copeiros, e você servirá a taça pessoalmente a ele, como costumava fazer quando você era o copeiro. Agora, ouça. Quando tudo estiver bem com você, lembre-se de mim. Peço que seja bondoso comigo e fale de mim ao faraó para me tirar desta prisão, porque me tiraram da terra dos hebreus à força; e não fiz nada para merecer estar neste lugar”. O chefe dos padeiros ficou entusiasmado ao ouvir a boa interpretação, e também contou o seu sonho a José. “No meu sonho”, disse ele, “vi três cestas de pão branco empilhadas sobre a minha cabeça. Na cesta de cima havia todo tipo de comidas gostosas que o faraó costumava comer. Mas as aves vieram e comeram da cesta que eu trazia na cabeça”. E José lhe disse: “A interpretação é esta: As três cestas significam três dias. Dentro de três dias, o faraó vai mandar cortar a sua cabeça e pendurar você num poste. E as aves vão comer a sua carne!” Três dias depois, era o aniversário do faraó. Ele deu um grande banquete a todos os oficiais e a todo o pessoal de serviço do palácio. No meio da festa, ele mandou soltar o chefe dos copeiros e o chefe dos padeiros e mandou que viessem ao banquete. Ele reintegrou o chefe dos copeiros, que voltou a servir pessoalmente ao faraó. Mas o chefe dos padeiros teve seu corpo pendurado numa estaca, como José tinha anunciado. Entretanto, o chefe dos copeiros não se lembrou de José. Não pensou mais nele. Depois de dois anos completos, o faraó teve um sonho. Nesse sonho ele estava em pé, na margem do rio Nilo. Ele viu sair das águas sete vacas belas e gordas que ficaram pastando no capinzal. Depois viu sair do rio sete vacas feias e magras. Elas pararam ao lado das gordas, na beira do rio. Então as vacas feias e magras comeram as belas e gordas. Aí o faraó acordou. Depois dormiu de novo e teve outro sonho. Ele sonhou que num só talo nasciam sete espigas cheias e boas. Em seguida brotaram mais sete espigas do mesmo talo, porém miúdas e ressequidas pelo vento leste. E as espigas miúdas devoraram as sete espigas cheias e boas. Nisso o faraó acordou e percebeu que era um sonho. De manhã, ficou muito preocupado com os sonhos que teve e mandou chamar todos os magos e todos os sábios do Egito, e contou-lhes os sonhos; mas ninguém foi capaz de interpretá-los. Só então o chefe dos copeiros lembrou-se de José e disse ao faraó: “Hoje preciso confessar o meu erro! Certa vez, Vossa Majestade ficou indignado com os seus servos e mandou prender-me junto com o chefe dos padeiros, na casa do comandante da guarda. Na mesma noite, nós dois tivemos um sonho. Cada sonho tinha uma interpretação diferente. Estava conosco um jovem hebreu, servo do comandante da guarda. Contamos a ele os nossos sonhos, e ele interpretou cada um dos sonhos. E aconteceu exatamente conforme a sua interpretação: eu voltei para o meu cargo, e o outro foi pendurado num poste”. Então o faraó mandou buscar José, que foi tirado às pressas do calabouço. José fez a barba, trocou de roupa, e se apresentou ao faraó. O faraó disse a José: “Tive um sonho, e ninguém consegue interpretá-lo. Ouvi dizer que quando você ouve um sonho, é capaz de interpretá-lo”. José lhe respondeu: “Eu mesmo não posso fazê-lo, mas Deus vai dar uma resposta favorável ao faraó”. Então o faraó contou o sonho a José: “Sonhei que estava em pé, na beira do rio Nilo. De repente vi que sete vacas belas e gordas saíram do rio e ficaram pastando no capinzal. Logo depois saíram outras vacas feias e magras. Nunca vi vacas tão feias em toda a terra do Egito! E as vacas magras e feias comeram as primeiras sete vacas gordas. E, para meu espanto, notei que essas vacas continuavam muito magras, mesmo depois de terem comido as outras! Então acordei. “Dormi de novo e tive outro sonho. Sonhei que de um só talo saíam sete espigas cheias e boas. Depois nasceram no mesmo talo sete espigas miúdas e murchas, ressequidas pelo vento leste. E as espigas magras engoliram as sete espigas boas. Contei os sonhos aos magos, mas ninguém foi capaz de dizer o sentido deles”. Então, José lhe respondeu: “Os dois sonhos, na verdade, são um só. Deus revelou ao faraó o que ele vai fazer”. As sete vacas boas simbolizam sete anos; a mesma coisa ocorre com as espigas, porque se trata de um único sonho. As sete vacas magras e feias que apareceram depois das vacas gordas, bem como as sete espigas miúdas, ressequidas pelo vento leste, simbolizam sete anos de fome. “Exatamente o que Deus revelou ao faraó é o que ele vai fazer. Virão sete anos de muita fartura em toda a terra do Egito, mas depois vamos ter sete anos de fome. A miséria será tanta que ninguém na terra do Egito se lembrará da fartura anterior, pois a fome arruinará a terra. A fome que virá depois será tão terrível que o tempo de fartura não mais será lembrado na terra. O sonho do faraó foi duplo, para mostrar que essas coisas foram determinadas por Deus, e que ele se apressa em realizá-las. “Agora dou a seguinte sugestão ao faraó: O faraó deve escolher um homem criterioso e sábio para comandar a terra do Egito. O faraó também deve nomear administradores sobre a terra, para recolher a quinta parte de toda a colheita da terra do Egito durante os sete anos de fartura. Esses administradores deverão recolher toda a colheita de trigo dos anos bons que virão, o qual será estocado em armazéns, sob o controle do faraó, para mantimento nas cidades. Esse mantimento servirá como reserva para os sete anos de fome que haverá no Egito, para que a nação sobreviva à crise”. O faraó e os seus oficiais gostaram do conselho de José. O faraó disse aos seus oficiais: “Será que encontraríamos alguém como este homem, em quem está o Espírito de Deus?” Em seguida o faraó disse a José: “Visto que Deus lhe fez saber todas estas coisas, não há ninguém tão criterioso e sábio como você. Por isso, você será o administrador da minha casa, e todo o meu povo obedecerá às suas ordens. Somente em relação ao trono real serei maior do que você”. E acrescentou: “Dou autoridade a você sobre toda a terra do Egito”. Em seguida, o faraó tirou do seu dedo o seu anel com o selo real, e o colocou no dedo de José. Mandou vestir nele roupas de linho fino e colocou um colar de ouro ao redor do seu pescoço (como era costume entre os homens poderosos daquela época). Também o fez subir em sua segunda carruagem e mandou que os homens fossem na frente, gritando a todos: “Prestem homenagem a José! Inclinem-se diante dele”. Dessa forma, o faraó nomeou José como a maior autoridade sobre toda a terra do Egito. O faraó também disse a José: “Eu sou o faraó, mas sem a sua ordem ninguém poderá mover a mão ou o pé em toda a terra do Egito”. O faraó chamou José de Zafenate-Paneia e lhe deu por mulher Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om. Depois José foi inspecionar a terra do Egito. José tinha trinta anos quando se apresentou ao faraó, rei do Egito. Ele viajou por todo o Egito. Nos sete anos de fartura a terra produziu em abundância. José recolheu todos os cereais da terra do Egito nos sete anos de fartura e os armazenou nas cidades. Em cada cidade ele armazenava os cereais colhidos nos campos que ficavam próximos dela. Assim, a quantidade de cereais que José conseguiu armazenar foi enorme, como a areia do mar. O mantimento era tanto que ele parou de anotar, porque ia além das medidas conhecidas. Antes de chegar o período de fome, Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om, deu dois filhos a José. Ao primeiro, José deu o nome de Manassés, dizendo: “Deus me fez esquecer de todos os meus sofrimentos e de toda a casa de meu pai”. Ao segundo filho José deu o nome de Efraim. Disse José na ocasião: “Deus me fez prosperar na terra onde tenho sofrido”. Depois de sete anos de fartura na terra do Egito, começaram os sete anos de fome, como José havia predito. E houve fome em todas as terras, mas no Egito o povo tinha com que se alimentar. Quando o povo do Egito começou a sentir fome, clamou ao faraó por pão. O faraó respondeu a todos os egípcios: “Dirijam-se a José e façam o que ele disser”. Quando a fome se estendeu por toda a terra, José mandou abrir os armazéns e começou a vender cereais aos egípcios. Além disso, vinha gente de muitos lugares ao Egito para comprar de José, porque a fome atingiu uma enorme região. Jacó ficou sabendo que no Egito havia mantimento. Então disse aos seus filhos: “Vocês acham que adianta ficar olhando uns para os outros?” E acrescentou: “Ouvi dizer que há trigo no Egito. Desçam até lá e comprem mantimento para que continuemos vivos e não morramos”. Então desceram dez irmãos de José para comprar cereal no Egito. Jacó não permitiu que Benjamim, irmão de José, fosse com eles, dizendo: “É melhor que ele fique, pois poderia acontecer algum mal a ele”. Os filhos de Israel foram comprar mantimentos junto com outras pessoas, porque havia fome na terra de Canaã. José era governador do Egito. Era ele quem vendia a todos os que precisavam. Os irmãos de José foram à sua presença e se inclinaram, com o rosto no chão, diante dele. José logo reconheceu seus irmãos, porém fez de conta que não os conhecia, e lhes perguntou de forma áspera: “De onde vocês vêm?” Eles responderam: “Da terra de Canaã. Viemos comprar mantimentos”. José reconheceu os seus irmãos, mas eles não o reconheceram. Então, José lembrou-se dos sonhos que tinha tido a respeito deles e lhes disse: “Vocês são espiões e estão querendo descobrir os pontos fracos do Egito”. “Não, senhor!”, responderam eles. “Estes seus servos vieram aqui comprar mantimentos. Somos todos filhos do mesmo pai. Somos homens honestos. Os seus servos não são espiões”. José insistiu: “Nada disso! Vocês vieram conhecer os pontos fracos do país”. Eles disseram: “Seus servos eram doze irmãos, todos filhos de um homem que mora em Canaã. O mais novo ficou em casa com o pai, e o outro já não existe mais”. José voltou a falar: “É como já lhes disse: Vocês são espiões!” Ele prosseguiu: “Há um jeito de provar o que dizem. Juro pela vida do faraó que vocês não sairão daqui enquanto não apresentarem aqui o seu irmão mais novo. Um de vocês deve trazê-lo e os demais ficarão detidos. Assim ficará provado se vocês disseram a verdade. Se não, juro pela vida do faraó que ficará provado que vocês são espiões”. Em seguida os colocou numa prisão por três dias. Três dias depois José voltou a falar com eles: “Vou dar uma oportunidade a vocês para salvarem a vida, pois temo a Deus. Se vocês são homens honestos, deixem um dos seus irmãos aqui na prisão, enquanto os outros vão levar os mantimentos para matar a fome dos seus familiares. Depois, tragam-me o irmão mais novo de vocês. Assim vocês provarão que estão dizendo a verdade e não serão mortos”. Eles concordaram. Então disseram uns aos outros: “Na verdade, somos culpados e estamos sofrendo por aquilo que fizemos a nosso irmão. Vimos a sua aflição, quando suplicava para que tivéssemos pena dele, mas não lhe demos ouvidos. Por isso estamos passando por esta angústia”. Rúben respondeu: “Eu não lhes disse que não maltratassem o menino? Mas vocês não quiseram me ouvir. Pois agora teremos de prestar contas do sangue dele”. Eles, porém, não desconfiavam que José podia compreendê-los, porque ele falava por meio de um intérprete. José se retirou e começou a chorar; depois voltou para falar de novo com eles, e algemou Simeão diante deles. José deu ordens para que enchessem de cereal os sacos e mandou devolver o pagamento de cada um deles, colocando o dinheiro dentro dos sacos. Além disso, mandou preparar mantimentos para a viagem deles. E assim foi feito. Eles puseram os sacos de cereal sobre os lombos dos jumentos e partiram. Quando estavam alojados num lugar para pernoitar, um deles foi dar de comer ao seu jumento. Ao abrir o saco, viu o dinheiro. Então disse aos irmãos: “Devolveram o meu dinheiro! Encontrei-o na boca do saco”. Todos ficaram assustados e, cheios de medo, disseram uns aos outros: “O que Deus fez conosco?” Quando chegaram à casa de seu pai Jacó, na terra de Canaã, contaram ao pai tudo o que tinha acontecido, dizendo: “O governador do Egito falou de forma áspera conosco e nos tratou como se fôssemos espiões. Mas nós dissemos: ‘Somos homens honestos, e não espiões. Somos doze irmãos por parte de pai. Um não existe mais, e o mais novo está com nosso pai na terra de Canaã’. “Mas aquele homem que governa aquela terra respondeu: ‘Só há um modo de vocês provarem que são honestos. Um dos irmãos ficará detido aqui. Os outros podem voltar para casa, levando o mantimento para matar a fome das famílias de vocês. Depois, tragam-me o seu irmão mais novo, para que fique provado que vocês não são espiões, mas sim homens honestos. Então soltarei o seu irmão, e vocês poderão negociar nesta terra’ ”. Ao esvaziarem os sacos de cereais, perceberam que em cada saco estava o dinheiro, amarrado em saquinhos. Quando eles e o pai viram os saquinhos com o dinheiro, ficaram com muito medo. Então disse-lhes seu pai Jacó: “Vocês estão tirando os filhos de mim. José já não existe mais, e Simeão não está aqui. E agora querem levar Benjamim! Quanto sofrimento!” Então Rúben disse ao pai: “Pode matar os meus dois filhos se eu não o trouxer de volta. Deixe Benjamim aos meus cuidados, e eu o trarei de volta”. Ele, porém, respondeu: “Meu filho não descerá com vocês. O seu irmão morreu, e ele é o único que me resta. Se acontecer algum mal na viagem, vocês me matariam de tristeza”. A fome persistia e se tornava cada vez pior na terra. Quando acabou o cereal que os filhos de Israel tinham trazido do Egito, disse-lhes seu pai: “Voltem e comprem um pouco mais de mantimento”. Mas Judá lhe respondeu: “O homem nos advertiu seriamente: ‘Não me verão se o irmão de vocês não vier com vocês’. Se o senhor enviar o nosso irmão conosco, desceremos e compraremos mantimento. Mas se não o enviar, não desceremos, porque o homem nos disse: ‘Não me verão se o irmão de vocês não vier com vocês’ ”. Israel perguntou: “Por que me causaram esse mal contando àquele homem que tinham outro irmão?” Eles responderam: “O homem nos perguntou a respeito de nós e de nossa família. Ele perguntou: ‘O pai de vocês ainda está vivo? Vocês têm outro irmão?’ Nós apenas respondemos às perguntas dele. Como poderíamos imaginar que ele faria esta exigência: ‘Tragam o seu irmão?’ ” Judá voltou a falar com o seu pai Israel: “Deixe o jovem aos meus cuidados e partiremos, para que vivamos e não morramos, nem nós, nem o senhor, nem as nossas crianças. Eu serei responsável por ele. O senhor me fará prestar contas. Se eu não o trouxer de volta e não o colocar diante da sua presença, serei culpado para sempre diante do senhor. Mas não nos faça demorar mais. Se tivéssemos ido, já estaríamos de volta a estas horas!” Então seu pai Israel respondeu: “Parece que não tenho escolha. Se tem de ser assim, assim será. Mas tratem de levar os produtos mais preciosos desta terra, coloquem nos sacos e levem-nos para aquele homem. Levem um pouco de bálsamo e um pouco de mel, perfumes finos e mirra, nozes de pistache e amêndoas. Levem dinheiro em dobro, e devolvam o pagamento da primeira compra que foi colocado na boca dos sacos de vocês. Pode ser que o dinheiro foi colocado nos sacos por engano. Levem também o irmão de vocês e voltem àquele homem. Que o Todo-poderoso Deus lhes conceda misericórdia diante daquele homem, para que ele libere o seu outro irmão e deixe Benjamim voltar com vocês. Quanto a mim, se eu perder meus filhos, ficarei desolado!” Então os homens pegaram os presentes, o dinheiro em dobro e a Benjamim, desceram para o Egito e se apresentaram a José. Quando José viu que Benjamim estava com eles, disse ao administrador de sua casa: “Leve estes homens para casa, mate umas cabeças de gado e prepare tudo, porque estes homens almoçarão comigo ao meio-dia”. Ele fez como José lhe havia ordenado e levou os homens para a casa de José. Os filhos de Israel ficaram com medo, quando viram que foram levados à casa de José, e diziam: “Estamos aqui por causa do dinheiro que voltou conosco nos sacos de mantimentos. Ele quer nos acusar, tornar-nos escravos e tomar os nossos jumentos”. Resolveram falar com o administrador da casa de José e disseram: “Por favor, senhor! Já estivemos aqui uma vez para comprar mantimento; quando paramos numa hospedaria, abrimos os sacos de mantimento e encontramos todo o dinheiro na boca de cada saco. Agora estamos aqui de novo e trouxemos de volta aquele dinheiro. Além disso trouxemos mais dinheiro conosco, para comprar mantimento. Não sabemos quem colocou o dinheiro nos sacos”. Mas o administrador disse: “Paz esteja com vocês. Não tenham medo! O seu Deus, o Deus de seu pai, foi quem deu o precioso presente que vocês acharam nos sacos de cereais. O dinheiro de vocês chegou às minhas mãos”. Então soltou Simeão e o levou até onde eles estavam. Depois os levou à casa de José. Ofereceu água para lavarem os pés e deu ração aos seus jumentos. Então eles prepararam o presente para a chegada de José ao meio-dia, porque ficaram sabendo que iriam almoçar ali. Quando José chegou, eles lhe deram o presente e inclinaram-se diante dele, com os rostos no chão. Ele queria saber como eles estavam, e em seguida perguntou: “Vocês me falaram do seu pai idoso. Come ele vai? Ainda vive?” Eles responderam: “O seu servo, nosso pai, vai bem e ainda vive”. E novamente baixaram a cabeça e se inclinaram. José dirigiu sua atenção para seu irmão Benjamim, filho de sua mãe, e disse: “É este o irmão mais novo de quem me falaram?” E acrescentou: “Deus conceda graça a você, meu filho”. A essa altura, não suportou mais a emoção em ver o seu irmão e saiu depressa, procurando um lugar para chorar. Ele entrou no seu quarto e ali chorou. Depois lavou o rosto e saiu. Conseguiu conter suas emoções e disse: “Sirvam a refeição”. Serviram a ele em separado dos irmãos e dos egípcios que estavam com ele, porque os egípcios não podiam comer com os hebreus. Isso seria um sacrilégio para eles. José determinou que seus irmãos fossem colocados à mesa, diante dele por ordem de idade, do mais velho ao mais novo. Isto causou certo espanto entre eles. Então, lhes serviram a comida. A porção dada a Benjamim era cinco vezes maior do que a dos outros. E eles beberam e se alegraram com ele. José deu a seguinte ordem ao administrador de sua casa: “Dê a esses homens o máximo de mantimento que eles puderem levar e ponha o dinheiro de cada um na boca do saco de mantimento. Coloque a minha taça de prata na boca do saco de mantimento do filho mais novo”. E ele obedeceu a todas as ordens de José. Logo de manhã os irmãos saíram para casa, levando consigo os jumentos. Ainda não estavam muito longe da cidade, quando José disse ao administrador: “Vá atrás daqueles homens. Quando os alcançar, diga: ‘Por que vocês pagaram o bem com o mal? Por que roubaram a taça de prata que o senhor usa para beber e que usa para fazer previsões? Vocês procederam muito mal’ ”. O administrador foi e os alcançou e disse a eles as palavras de José. Mas eles lhe responderam: “Por que nosso senhor diz estas palavras? Longe de nós, seus servos, praticar algo assim! Nós trouxemos de volta o dinheiro, da terra de Canaã, que achamos na boca dos sacos de mantimento. Então, por que iríamos roubar prata e ouro do seu senhor? Pois bem, aquele dos seus servos com quem for encontrada a taça morrerá; e o restante de nós será escravo do seu senhor!” Então lhes respondeu: “Concordo com a proposta de vocês. Somente aquele com quem for encontrada a taça ficará como escravo. Os outros estarão livres”. Trataram de cada um descarregar rapidamente o seu saco e abri-lo. O administrador examinou os sacos, começando com a carga do mais velho até o mais novo. E a taça foi encontrada no saco de mantimento de Benjamim! Então rasgaram as suas roupas, carregaram de novo os jumentos e voltaram para a cidade. José ainda estava em casa quando chegaram Judá e seus irmãos e se lançaram ao chão, diante dele. José lhes perguntou: “O que é que vocês fizeram? Vocês não sabiam que um homem como eu sou capaz de perceber o que acontece?” Então Judá disse: “O que responderemos ao nosso senhor? O que falaremos? Como poderíamos provar a nossa inocência? Deus trouxe à luz a culpa dos pecados dos seus servos. A partir de agora somos seus escravos, tanto nós como aquele que estava com a taça de prata”. Mas ele disse: “Longe de mim fazer tal coisa! O homem que roubou a taça será o meu escravo. Vocês, no entanto, poderão voltar em paz para a casa do seu pai”. Então Judá se aproximou de José e disse: “Ah, meu senhor! Permita-me dizer uma palavra ao meu senhor, e não fique aborrecido com o seu servo, pois o senhor é como o próprio faraó. Meu senhor perguntou a seus servos: ‘Vocês têm pai e algum outro irmão?’ E nós respondemos ao senhor: ‘Nosso pai já é bem idoso e com ele ficou um filho da sua velhice, o mais novo, cujo irmão já morreu. Ele é o único filho da mesma mãe, e o pai o ama muito!’ “Mas o senhor disse aos seus servos: ‘Tragam o filho mais novo, para que eu o veja’. Respondemos ao meu senhor: ‘O jovem não pode deixar o pai, senão o pai morre!’ Mas o senhor disse aos seus servos: ‘Se o irmão mais novo de vocês não descer com vocês, não os receberei’. Assim, voltamos para a casa do seu servo, meu pai, e repetimos a ele as palavras de meu senhor. “Então nosso pai disse: ‘Voltem e comprem um pouco de mantimento’. Nós respondemos: ‘Não podemos descer sem o nosso irmão mais novo. Só iremos se ele for também, porque o governador afirmou que não nos receberia se fôssemos sem o menino’. “Então nos disse o seu servo, nosso pai: ‘Vocês sabem que a minha mulher me deu dois filhos; um deles desapareceu. Certamente foi despedaçado por algum animal selvagem, e nunca mais o vi. Se agora também levarem este outro embora, e lhe acontecer algum mal, a tristeza fará com que eu desça à sepultura’. “Agora, pois, se eu voltar a seu servo, o meu pai, sem levar o jovem comigo, visto que está muito apegado a ele, quando ele perceber que o jovem não está conosco, morrerá. Os seus servos seriam culpados de matar de tristeza o nosso pai. “Senhor, o seu servo garantiu que seria responsável pelo jovem. Eu disse assim: ‘Se eu não trouxer o jovem de volta, serei culpado para sempre diante do meu pai’. “Agora, peço ao senhor, que eu fique como escravo no lugar do mais jovem, e ele volte com os seus irmãos. Como poderei voltar e me encontrar com o meu pai, se o jovem não for comigo? Eu não suportaria ver o sofrimento de meu pai!” Então José não conseguiu mais se conter diante de todos os que estavam com ele e gritou: “Saiam todos daqui!” E ninguém ficou com ele quando José se revelou a seus irmãos. E ele chorou tão alto que o choro podia ser ouvido pelos egípcios, bem como do palácio do faraó. Então ele disse a seus irmãos: “Eu sou José. Meu pai ainda está vivo?” Mas os seus irmãos não puderam responder, porque ficaram assustados diante dele. Então José disse a seus irmãos: “Cheguem mais perto”. Quando eles se aproximaram, José continuou: “Eu sou José, o irmão que vocês venderam ao Egito! Agora, nada de tristeza! E não se recriminem por terem me vendido para cá, porque foi para a conservação da vida que Deus me enviou adiante de vocês. Porque a terra já passou por dois anos de fome, e ainda restam cinco anos em que não haverá cultivo nem colheita. Mas Deus me enviou adiante de vocês para preservar a sua descendência na terra e para manter a vida de vocês por meio de um grande livramento. “Assim, não foram vocês que me mandaram para cá, mas sim Deus. Ele me fez ministro do faraó, senhor de toda a sua casa e governador de toda a terra do Egito. Agora, não percam tempo! Voltem depressa a meu pai e digam-lhe: ‘Assim manda dizer o seu filho José: Deus fez de mim senhor de toda a terra do Egito. Venha para cá o quanto antes. O senhor habitará na terra de Gósen. Assim o senhor estará sempre perto de mim. Não só o senhor, mas também os seus filhos, os seus netos, os seus rebanhos, o seu gado, enfim, tudo o que o senhor tem. Eu providenciarei o seu sustento, porque ainda haverá cinco anos de fome. Faça o que estou dizendo, para que não caia a pobreza sobre o senhor, a sua família e tudo o que é seu’. “Vocês estão vendo com os próprios olhos, bem como meu irmão Benjamim, que sou eu mesmo que estou falando com vocês. Anunciem a meu pai toda a honra que tenho recebido no Egito e tudo o que vocês mesmos têm visto. Apressem-se em buscar o meu pai!” E José abraçou o seu irmão Benjamim e chorou; e, abraçado com ele, Benjamim também chorou. Em seguida, José beijou cada um dos seus irmãos e chorou com eles. Só então seus irmãos puderam falar com ele. Ouviu-se a seguinte notícia no palácio do faraó: “Estão aqui os irmãos de José”. Isto agradou ao faraó e seus oficiais. Então o faraó disse a José: “Diga a seus irmãos: ‘Carreguem os seus animais e voltem para a terra de Canaã. Chamem o seu pai e as suas famílias, e retornem para cá. Eu darei a vocês as melhores terras que há no Egito. E vocês poderão comer da fartura desta terra. “ ‘Levem também carruagens da terra do Egito para trazer os seus filhos e suas mulheres, bem como o seu pai. Não se preocupem com os seus bens, porque o que há de melhor no Egito será de vocês’ ”. Os filhos de Israel seguiram as instruções que receberam. José lhes deu carruagens, conforme o faraó havia ordenado. Também lhes deu provisão para a viagem. Além disso, deu a cada irmão trajes de festa. Mas a Benjamim deu trezentas moedas de prata e cinco trajes de festa. E José enviou a seu pai dez jumentos carregados dos melhores produtos do Egito e dez jumentos carregados de cereais e pães e outras provisões para a viagem. E despediu os seus irmãos. Quando estavam de partida, disse-lhes: “Não briguem durante a viagem!” Então saíram do Egito e voltaram para a terra de Canaã, à casa do seu pai Jacó. Lá chegando, lhe disseram: “José ainda vive! Ele é governador de toda a terra do Egito!” O coração de Jacó quase parou. Ele não conseguia acreditar no que estava ouvindo. Porém, quando lhe contaram tudo o que José lhes tinha dito, e ao ver as carruagens que José tinha mandado para levá-lo, o espírito dele ganhou nova vida. E Israel disse: “Não precisam falar mais nada! Meu filho José ainda vive. Quero vê-lo antes que eu morra”. Israel partiu com tudo o que possuía. Ele parou em Berseba e ofereceu sacrifícios ao Deus de seu pai Isaque. Ainda em Berseba, Deus falou de noite com Israel por meio de visões. Deus disse: “Jacó! Jacó!” Ele respondeu: “Eis-me aqui!” “Eu sou Deus, o Deus do seu pai”, disse ele. “Não tema em descer para o Egito, porque lá eu farei de você uma grande nação. Estarei com você na viagem para o Egito e certamente o trarei de volta. E a mão de José fechará os seus olhos”. Então Jacó deixou Berseba. E os filhos de Israel levaram o seu pai, seus filhos e suas mulheres nas carruagens mandadas pelo faraó. Levaram os seus rebanhos e os bens que tinham conseguido em Canaã, e Jacó e toda a sua família foram para o Egito. Levou para aquela terra seus filhos, seus netos, suas filhas e suas netas, ou seja, toda a sua descendência. Estes são os nomes dos israelitas, Jacó e os seus filhos, que foram para o Egito: Rúben, o filho mais velho de Jacó. Os filhos de Rúben: Enoque, Palu, Hezrom e Carmi. Simeão e seus filhos Jemueel, Jamim, Oade, Jaquim, Zoar e Saul, que era filho de uma cananeia. Levi e seus filhos Gérson, Coate e Merari. Judá e seus filhos Er, Onã, Selá, Perez e Zerá. Er e Onã morreram na terra de Canaã. Perez e seus filhos Hezrom e Hamul. Issacar e seus filhos Tolá, Puva, Jó e Sinrom. Zebulom e seus filhos Serede, Elom e Jaleel. Foram esses os filhos de Jacó e de Lia nascidos em Padã-Arã. Diná também era filha dela. No total, entre filhos e filhas, netos e netas, eram trinta e três pessoas. Gade e seus filhos: Zifiom, Hagi, Suni, Esbom, Eri, Arodi e Areli. Aser e seus filhos: Imna, Isvá, Isvi, Berias e a irmã deles, Sera. Os filhos de Berias foram Héber e Malquiel. Foram esses os filhos que Jacó teve com Zilpa, serva que Labão deu a sua filha Lia. Ao todo, os filhos e filhas, netos e netas de Zilpa eram dezesseis pessoas. Os filhos de Raquel, a mulher de Jacó, José e Benjamim. No Egito nasceram estes filhos de José e de Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om: Manassés e Efraim. Os filhos de Benjamim: Bela, Bequer, Asbel, Gera, Naamã, Eí, Rôs, Mupim, Hupim e Arde. Foram esses os filhos de Jacó e de Raquel. Ao todo, eram catorze pessoas. Dã e seu filho Husim. Naftali e seus filhos Jazeel, Guni, Jezer e Silém. Foram esses os filhos de Bila, que Labão deu à sua filha Raquel. Bila deu à luz sete filhos. Todos os que foram com Jacó para o Egito, todos os seus descendentes, sem contar as mulheres e seus filhos, somavam sessenta e seis pessoas. Com mais os dois filhos que nasceram de José no Egito, somando os membros da família de Jacó que foram para o Egito, eram setenta pessoas. Jacó mandou Judá à frente até José, para saber o caminho para Gósen. Quando eles chegaram, José mandou preparar uma carruagem, e foi encontrar-se com seu pai em Gósen. Ao vê-lo, José o abraçou e chorou. E ficou muito tempo abraçado ao pai, chorando. Israel disse a José: “Agora já posso morrer, pois já vi o seu rosto. Encontrei o meu filho vivo!” E José disse aos irmãos e a toda a família de seu pai: “Vou falar com o faraó e lhe direi: ‘Meus irmãos e toda a família de meu pai, que estavam na terra de Canaã, vieram para cá. Os homens são pastores e criadores de gado. Eles trouxeram consigo os rebanhos, o seu gado e tudo o que têm’. Quando, pois, o faraó perguntar qual é a profissão de vocês, respondam assim: ‘Estes seus servos criam rebanhos desde pequenos. Esse também era o trabalho dos nossos antepassados’. Assim, vocês poderão ficar morando na terra de Gósen, porque os pastores são desprezados pelos egípcios”. Então José foi falar com o faraó: “Meu pai e meus irmãos chegaram de Canaã com seus rebanhos, o seu gado e com tudo o que têm. Eles estão na região de Gósen”. Depois de dizer isso, José fez entrar cinco de seus irmãos e os apresentou ao faraó. “Em que vocês trabalham?”, perguntou o faraó. Eles responderam: “Estes seus servos são pastores. Os nossos antepassados trabalhavam nisso, e nós continuamos na mesma profissão”. Disseram-lhe ainda: “Viemos morar nesta terra, porque não há pastagem para os rebanhos de seus servos, pois a fome é terrível na terra de Canaã. Agora, pedimos respeitosamente que permita que seus servos habitem na terra de Gósen”. Então o faraó disse a José: “Seu pai e seus irmãos vieram ao seu encontro. A terra do Egito está à sua disposição. Escolha a melhor parte da terra. Que habitem na terra de Gósen. E se você encontrar entre eles homens competentes, coloque-os como responsáveis para cuidarem do meu gado”. José levou seu pai Jacó, e o apresentou ao faraó. Depois Jacó abençoou o faraó. O faraó perguntou a Jacó: “Qual é a sua idade?” Jacó respondeu: “Tenho 130 anos de peregrinação. Minha vida de peregrinação foi curta e difícil, e não tenho vivido tanto quanto os meus antepassados”. Então Jacó abençoou o faraó e saiu. José deu todo o apoio ao pai e a seus irmãos para se estabelecerem no Egito e deu-lhes como propriedade a melhor parte das terras do Egito, na região de Ramessés, conforme a ordem do faraó. E José providenciou o sustento para seu pai, seus irmãos e toda a sua família, segundo o número de seus filhos e netos. Não havia mantimento em toda a terra, e a fome era severa. Tanto o povo do Egito quanto o povo de Canaã desfaleciam por causa da fome. José arrecadou todo o dinheiro que se achava na terra do Egito e de Canaã, vendendo cereais para o povo, e recolheu-o na casa do faraó. Quando acabou o dinheiro dos egípcios e dos cananeus, todos os egípcios foram a José e suplicaram: “Por favor, dános mantimento. Não nos deixe morrer de fome, porque o nosso dinheiro acabou”. José respondeu: “Se o dinheiro acabou, tragam então os seus rebanhos, e em troca lhes darei mantimento”. Então trouxeram os rebanhos a José, e ele deu-lhes mantimento em troca de cavalos, rebanhos, bois e jumentos. Durante aquele ano ele os sustentou em troca dos seus rebanhos. No começo do ano seguinte, foram novamente falar com José, dizendo: “Não vamos esconder do senhor que o nosso dinheiro acabou e os nossos rebanhos já lhe pertencem. Já não nos resta coisa alguma para oferecer. Só nos restam nossos corpos e nossas terras. Não permita que morramos e que as nossas terras pereçam diante dos seus olhos. Compre-nos, e compre as nossas terras em troca de mantimento, e nós e as nossas terras seremos escravos do faraó. Dê-nos sementes para que vivamos e não morramos, a fim de que a terra não fique deserta”. Assim, José comprou as terras do Egito para o faraó. Os egípcios venderam os seus campos, pois a fome era terrível; e o faraó tornou-se proprietário da terra. Quanto ao povo, tornou-os escravos, de uma extremidade do Egito à outra. Somente as terras dos sacerdotes não foram compradas, porque eles tinham o direito de receber sustento regular do faraó. Por isso não precisaram vender as suas terras. Então José disse ao povo: “Comprei vocês e suas terras para o faraó. Em troca, dou estas sementes para cultivarem a terra. Do que colherem, terão de dar a quinta parte ao faraó. Usem as outras quatro partes para semear e para alimentar vocês, seus filhos e as pessoas que moram com vocês”. Eles responderam: “O senhor salvou-nos a vida e tem sido bom para nós. Seremos escravos do faraó”. José estabeleceu o seguinte decreto que vale até hoje na terra do Egito. A quinta parte das colheitas pertence ao faraó. Esse decreto não se aplica aos sacerdotes, porque eles não precisaram vender suas propriedades ao faraó. Em meio a essa situação, Israel morou no Egito, na região de Gósen, onde compraram terras, e os seus descendentes tornaram-se muito numerosos. Depois de chegar ao Egito, Jacó viveu mais dezessete anos, e chegou a ter 147 anos de idade. Aproximando-se a hora de sua morte, Israel chamou seu filho José e lhe disse: “Se deseja ser bondoso comigo, ponha a sua mão direita debaixo da minha coxa e prometa que será bondoso e leal comigo, e faça o que peço: Não me enterre no Egito. Quando eu morrer, quero que me enterre no mesmo lugar em que os meus pais foram enterrados”. José respondeu: “Vou fazer o que o senhor me pede”. Então Jacó lhe disse: “Jure-me!” E ele jurou. Então Israel inclinou-se sobre a cabeceira da cama. Algum tempo depois, disseram a José: “Seu pai está doente”. Então José tomou seus dois filhos, Manassés e Efraim, e foi vê-lo. E anunciaram a Jacó: “O seu filho José está aí e quer vê-lo”. Com muito esforço, Israel assentou-se na cama. Então Jacó disse a José: “O Deus Todo-poderoso me apareceu na cidade de Luz, na terra de Canaã. Ele me abençoou e disse: ‘Farei com que tenha muitos filhos e que os seus descendentes se multipliquem e formem muitas nações. Além disso, darei esta terra aos seus descendentes por propriedade para sempre’. “Agora, ouça bem, José. Os seus dois filhos, que nasceram na terra do Egito antes que eu viesse ao Egito, são meus. Efraim e Manassés serão meus, tanto quanto Rúben e Simeão. Mas os outros filhos que você tiver serão seus. Eles serão chamados para receber sua herança, segundo o nome de um de seus irmãos. Quando eu voltava de Padã, sofri muito com a morte de Raquel na terra de Canaã, no caminho, perto de Efrata. Eu a sepultei ali mesmo, à beira da estrada para Efrata, que é Belém”. Quando Israel viu os filhos de José, perguntou: “Quem são eles?” “São os filhos que Deus me deu aqui (no Egito)”, respondeu José. Então Israel disse: “Coloque-os aqui para que eu os abençoe”. Os olhos de Israel já estavam enfraquecidos por causa da velhice, de modo que enxergava muito mal. José trouxe os seus filhos para bem perto do avô deles, e ele os beijou e os abraçou. Então Israel disse a José: “Eu não tinha mais esperança em vê-lo novamente, e agora Deus me permitiu ver também os seus filhos!” Depois José tirou-os de perto de seu pai e inclinou-se diante de seu pai, com o rosto no chão. Em seguida, deu a mão direita a Efraim, à esquerda de Israel, e a mão esquerda a Manassés, à direita de Israel. Os três se aproximaram de Israel. Mas Israel estendeu a mão direita e a pôs sobre a cabeça de Efraim, e a mão esquerda sobre a cabeça de Manassés, cruzando os braços. Assim deu a Efraim, o mais novo, a bênção que normalmente caberia a Manassés, que era o filho mais velho. E abençoou a José, dizendo: “O Deus a quem meus pais Abraão e Isaque serviram, o Deus que me sustentou durante toda a vida até o dia de hoje, o Anjo que me tem livrado de todo mal, abençoe estes meninos. Que eles sejam chamados pelo meu nome e pelo nome de meus pais Abraão e Isaque, e que os descendentes deles venham a ser uma multidão na terra”. José não gostou ao ver o pai colocar a mão direita sobre a cabeça de Efraim. Por isso pegou a mão do pai, a fim de tirá-la da cabeça de Efraim e colocá-la sobre a cabeça de Manassés. E disse José a seu pai: “Assim não, meu pai, pois o filho mais velho é este. Ponha a mão direita sobre a cabeça dele”. Mas seu pai recusou-se e disse: “Eu sei, meu filho, eu sei. Os descendentes de Manassés também formarão um grande povo. Mas o seu irmão mais novo será maior do que ele, e os seus descendentes formarão muitas nações”. Assim Jacó os abençoou naquele dia, dizendo: “Vocês servirão como exemplo para a bênção que darei a outros. O povo de Israel usará os seus nomes para abençoar uns aos outros. Eles vão dizer assim: ‘Que Deus faça a você o que fez a Efraim e a Manassés!’ ” Desta forma colocou o nome de Efraim à frente de Manassés. Em seguida, Israel disse a José: “Vou morrer logo, mas Deus estará com vocês e os levará de volta à terra de seus pais. Dou a você mais que a seus irmãos. Você receberá a região montanhosa, a qual tomei dos amorreus com a minha espada e com o meu arco”. Depois Jacó mandou chamar seus filhos e disse: “Fiquem todos juntos, e eu direi a vocês o que há de acontecer no futuro. “Reúnam-se para ouvir, filhos de Jacó. Ouçam as palavras de seu pai Israel: “Rúben, você é o meu filho mais velho. Você é a expressão da minha força, o primeiro fruto da minha vitalidade. Você é superior em nobreza, superior em poder. Você é arrojado como as águas. Entretanto, não será o mais importante, porque pecou na cama de seu pai. Você desonrou o leito de seu pai. Simeão e Levi são irmãos; usam a espada para a violência. Não estarei presente nos seus planos, nem participarei das suas reuniões, porque não controlaram a sua fúria, e saíram matando homens e mutilaram touros. Maldita seja a sua fúria, pois era violenta, e a sua ira, pois era cruel! Eu os dividirei na terra de Jacó e os dispersarei em Israel. Judá, os seus irmãos o louvarão. A sua mão destruirá os seus inimigos! Os filhos de seu pai se inclinarão diante de você. Judá é um leãozinho. Meu filho, você pegou sua presa e depois subiu vitorioso. Inclina-se e deita-se como o leão e como a leoa. Será que alguém tem coragem de despertá-lo? Ninguém tirará o cetro dele, até que venha aquele a quem ele pertence, e os povos lhe obedecerão. Ele amarrará o seu jumentinho a uma videira, na melhor videira que encontrar; lavará as suas roupas no vinho e a sua capa no sangue das uvas. Seus olhos serão mais escuros que o vinho; seus dentes, branqueados pelo leite. Zebulom vai morar nas praias do mar e servirá como porto para os navios. Suas fronteiras se estenderão até Sidom. Issacar é como um jumento de ossos fortes, deitado entre os rebanhos de ovelhas. Viu que era bom ficar descansando e desfrutando das delícias de sua terra. Aceitou curvar seus ombros para que colocassem o fardo nos seus ombros, e concordou em trabalhar como escravo. Dã será juiz do seu povo, como se fosse uma só tribo. Dã será uma serpente à beira da estrada, uma serpente venenosa à beira do caminho, que morde o calcanhar do cavalo, que empina e faz cair para trás o cavaleiro. Ó Senhor, espero a sua salvação! Gade será atacado por um bando de guerrilheiros, mas ele os atacará pela retaguarda. Aser, a sua mesa será farta, e produzirá alimentos dignos de um rei. Naftali é uma gazela solta, que profere palavras formosas. José é um ramo frutífero, um ramo frutífero próximo à fonte, cujos galhos se estendem sobre o muro. Os arqueiros lhe deram amargura, atirando flechas que o aborreciam. Mas o seu arco permanece firme, e os seus braços são fortes pelas mãos do Poderoso de Jacó, sim, pelo nome do Pastor, a Rocha de Israel, pelo Deus de seu pai, que o ajudará, e pelo Todo-poderoso, que o abençoará com bênçãos dos altos céus, com bênçãos das profundezas, com bênçãos da fertilidade e da maternidade. As bênçãos de seu pai serão maiores do que as bênçãos de meus antepassados, até os limites dos montes eternos. Que essas bênçãos estejam sobre a cabeça de José, sobre o alto da cabeça daquele que foi separado entre seus irmãos. Benjamim é um lobo feroz. De manhã devora a presa e de tarde reparte o que sobrou”. São essas as doze tribos de Israel, e foi isso que seu pai falou quando os abençoou, dando a cada um a bênção devida. Depois lhes deu as seguintes ordens: “Vou morrer logo e me reunir ao meu povo. Enterrem-me com os meus pais, na caverna do campo do heteu Efrom, na caverna do campo de Macpela, próximo a Manre, na terra de Canaã, o campo que Abraão comprou de Efrom, como propriedade para sepultura da família. Ali foram enterrados Abraão e sua mulher Sara, Isaque e sua mulher Rebeca, e ali enterrei Lia. “O campo e a caverna que nele está foram comprados dos heteus”. Tendo acabado de dar essas ordens a seus filhos, Jacó recolheu seus pés na cama e morreu, e foi reunido aos seus antepassados. José atirou-se sobre seu pai, chorou sobre ele e o beijou. Ele deu ordens a seus servos, aos que eram médicos, para embalsamarem seu pai; e os médicos embalsamaram o corpo de Israel. O processo de embalsamamento levou quarenta dias, que era o prazo normal para isso. Os egípcios choraram a sua morte por setenta dias. Depois que terminou o período de luto, José falou com a alta corte do faraó: “Peço a bondade de vocês de falarem com o faraó a meu favor, dizendo: ‘Meu pai me fez jurar o seguinte: Estou perto da morte. Enterre-me na terra de Canaã, no túmulo que preparei para mim. Por favor, deixe-me subir e enterrar meu pai; depois eu voltarei’ ”. E o faraó respondeu: “Vá e enterre o seu pai como ele o fez jurar”. Então José subiu para enterrar o seu pai. Foram com ele todos os oficiais do faraó, os membros mais importantes da sua família e todas as autoridades da terra do Egito. Além deles, foi toda a família de José, seus irmãos e os demais membros da família de seu pai. Somente as crianças, os rebanhos e o gado foram deixados na terra de Gósen. Também foram com eles homens a cavalo e carruagens. Assim, o cortejo foi muito grande. Chegando ao campo de beneficiamento de grãos de Atade, a oeste do rio Jordão, choraram muito; e José chorou a morte do pai por sete dias. Quando os cananeus, moradores daquela terra, viram o luto em Atade, disseram: “É impressionante o choro desses egípcios!” Por isso, aquele lugar, que fica além do rio Jordão, se chamou Abel-Mizraim. Assim, os filhos de Israel fizeram o que ele lhes tinha ordenado. Levaram-no à terra de Canaã e o enterraram na caverna do campo de Macpela, próximo a Manre. Abraão tinha comprado essa caverna com o campo do heteu Efrom. Ele recebeu a escritura de posse para que fosse usada como cemitério da família. Depois disso, José, seus irmãos e todos os que foram com ele para o enterro de seu pai voltaram para o Egito. Vendo os irmãos de José que seu pai estava morto, disseram: “Agora é possível que José nos persiga e se vingue do mal que fizemos a ele”. Por isso mandaram este recado a José: “Antes de morrer, o seu pai deixou uma mensagem a você. A mensagem é esta: ‘Perdoe a maldade de seus irmãos e o pecado que cometeram, com o mal que fizeram a você’. Agora lhe pedimos que perdoe a maldade dos servos do Deus de seu pai”. Enquanto falavam, José chorou. Depois os irmãos foram falar pessoalmente com ele. Ficaram inclinados diante de José e disseram: “Aqui estamos, dispostos a servi-lo como seus escravos”. José, porém, lhes disse: “Não tenham medo. Por acaso estou no lugar de Deus? É bem verdade que vocês planejaram o mal contra mim, mas Deus tornou o mal em bem para que hoje fosse preservada a vida de muitas pessoas. Por isso, não tenham medo. Vou sustentar vocês e seus filhos”. Assim, ele os tranquilizou e lhes falou amavelmente. José e toda a família de seu pai ficaram morando no Egito. Ele viveu cento e dez anos. José chegou a ver os filhos e os netos de Efraim. Viu também os filhos de Maquir, que era filho de Manassés, os quais José tomou no colo. Disse José aos seus irmãos: “Está chegando o dia da minha morte; mas Deus certamente virá ao encontro de vocês no tempo certo e os tirará desta terra, e os fará voltar para a terra que ele jurou dar a Abraão, a Isaque e a Jacó”. Então José fez que os filhos de Israel jurassem, dizendo-lhes: “Estou certo de que Deus fará o que acabo de dizer. Quando isso acontecer, levem os meus ossos daqui”. José morreu com cento e dez anos. Seu corpo foi embalsamado e colocado num caixão no Egito. São estes os nomes dos filhos de Israel que entraram com Jacó no Egito, com suas respectivas famílias: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Issacar, Zebulom, Benjamim, Dã, Naftali, Gade e Aser. O número total de descendentes de Jacó foi setenta. José, porém, já estava no Egito. Passou o tempo, e morreram José, seus irmãos, e toda aquela geração. Mas os filhos de Israel eram muito férteis, e tornaram-se muito numerosos e fortaleceram-se grandemente, de maneira que encheram aquela terra. Nesse meio-tempo, um novo rei que não conhecia José subiu ao trono do Egito. O novo rei disse ao povo: “Vejam! O povo israelita é muito numeroso e mais forte do que nós! Precisamos ser astutos para com esse povo, para que não se tornem mais numerosos ainda e, em caso de guerra, não se aliem aos nossos inimigos, pelejem contra nós e sejamos forçados a fugir do país”. Então colocaram sobre eles mestres de obras para forçarem os israelitas a trabalhos pesados. E assim os israelitas construíram para o faraó as cidades-celeiro de Pitom e Ramessés. No entanto, quanto mais os maltratavam, mais eles se multiplicavam e se espalhavam, de maneira que os egípcios passaram a ficar com medo dos israelitas. Então os egípcios os sujeitaram a uma escravidão severa. Tornaram a vida deles amarga, impondo-lhes o árduo trabalho de preparar o barro para fazer tijolos, além de todo o trabalho no campo. Em todas as situações, os israelitas eram sujeitados a uma cruel escravidão. O rei do Egito deu ordens às parteiras hebreias, entre elas Sifrá e Puá, dizendo: “Quando vocês ajudarem as mulheres hebreias a dar à luz, façam o seguinte: se for menino, matem-no; se for menina, deixem-na viver”. Mas as parteiras temiam a Deus e não obedeceram às ordens do rei do Egito. Elas deixavam os meninos viver também. Então o rei do Egito mandou chamar as duas parteiras e perguntou-lhes: “Por que vocês fizeram isso? Por que deixaram os meninos viver?” As parteiras responderam ao faraó: “As mulheres hebreias não são como as egípcias. Elas são cheias de saúde e dão à luz antes que chegue a parteira”. Deus abençoou as parteiras; e o povo continuou crescendo, e se tornou cada vez mais forte. Como as parteiras temeram a Deus, ele foi bom com elas e fez com que tivessem suas próprias famílias. Então, o faraó ordenou a todo o seu povo: “Joguem no rio Nilo todos os meninos hebreus recém-nascidos. Só deixem viver as meninas”. Um homem e uma mulher da tribo de Levi se casaram, ela engravidou e deu à luz um filho. Vendo que o menino era bonito, escondeu-o por três meses. Como já não era mais possível manter o bebê escondido, ela pegou um cesto feito de junco e o vedou com betume e pôs nele o menino. Depois deixou o cesto entre os juncos à beira do rio. A irmã do menino ficou vigiando de longe, para ver o que aconteceria com ele. A filha do faraó desceu ao Nilo para tomar banho, acompanhada das suas servas, que ficaram passeando pela margem do rio. A princesa viu um cesto entre os juncos e mandou sua serva buscá-lo. Quando abriu o cesto, viu o menino que estava chorando. Ela teve compaixão dele e disse: “Deve ser um menino hebreu!” Então a irmã do menino aproximou-se e perguntou à filha do faraó: “A senhora quer que eu vá e arranje uma ama hebreia para criar o bebê?” “Sim, faça isso”, respondeu a filha do faraó. E a moça foi chamar a mãe do menino. Então a filha do faraó disse a ela: “Leve este menino e crie-o para mim. Pagarei pelo seu trabalho”. A mulher levou o menino e o criou. Quando o menino cresceu, a mãe o levou à filha do faraó, que o adotou. Assim ele passou a ser o filho da filha do faraó. Ela o chamou de Moisés, dizendo: “Porque eu o tirei das águas”. Anos mais tarde, quando Moisés já era adulto, foi visitar seus irmãos hebreus e viu o quanto estavam sofrendo. Ele viu um egípcio espancar um hebreu, que pertencia ao seu povo. Moisés olhou para um lado e para o outro e, como não viu ninguém, matou o egípcio e o escondeu na areia. No dia seguinte, saiu de novo e viu que dois hebreus estavam brigando. Então perguntou ao culpado: “Por que você está espancando o seu irmão?” O homem respondeu: “Quem o colocou como príncipe e juiz sobre nós? Quer matar-me como matou o egípcio?” Moisés ficou com medo e pensou: “Com certeza já descobriram!” O faraó ficou sabendo desse caso e decretou a morte de Moisés. Mas Moisés fugiu do faraó e foi para a terra de Midiã. Quando chegou lá, sentou na beira de um poço. O sacerdote de Midiã tinha sete filhas. Elas vieram tirar água e encheram os bebedouros para dar de beber aos rebanhos de seu pai. Então vieram os pastores daquela região e expulsaram as moças dali. Moisés se apressou em defender as jovens e deu água ao rebanho delas. Quando voltaram para casa, seu pai Reuel perguntou: “Por que vocês voltaram tão cedo hoje?” Elas responderam: “Um egípcio nos defendeu dos pastores. Além disso, tirou água e deu de beber ao rebanho”. “E onde ele está?”, perguntou o pai a elas. “Por que o deixaram lá? Convidem o homem para jantar conosco”. Moisés aceitou morar na casa de Reuel; e ele deu a Moisés sua filha Zípora como esposa. Eles tiveram um filho, a quem ele chamou de Gérson, dizendo: “Sou forasteiro em terra estrangeira”. Depois de muito tempo, morreu o rei do Egito. Os israelitas estavam gemendo debaixo da terrível escravidão e clamaram a Deus. Deus ouviu o seu gemido e atentou para a aliança que tinha feito com Abraão, com Isaque e com Jacó. E Deus deu atenção aos sofrimentos dos israelitas. Moisés estava cuidando do rebanho do seu sogro Jetro, sacerdote de Midiã. Ele levou o rebanho para o lado leste do deserto e chegou perto de Horebe, o monte de Deus. Ali o Anjo do Senhor lhe apareceu no meio de uma chama de fogo que saía de uma sarça. Moisés olhou e viu que a sarça estava em chamas, mas o fogo não consumia a sarça. Então disse consigo: “Vou lá ver de perto essa coisa espantosa! Por que o fogo não queima aquela sarça?” Mas, vendo o Senhor que ele se aproximava para observar, do meio da sarça o chamou: “Moisés! Moisés!” Ele respondeu: “Eis-me aqui!” “Não se aproxime”, continuou Deus. “Tire as sandálias, pois você está pisando em terra santa”. Disse ainda: “Eu sou o Deus de seu Pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, o Deus de Jacó”. Moisés cobriu o rosto com as mãos, com medo de olhar para Deus. Disse ainda o Senhor: “Eu tenho visto a opressão do meu povo no Egito e tenho ouvido o seu clamor, por causa dos seus mestres de obras. Conheço bem o sofrimento do meu povo! Por isso, desci para libertar os israelitas das mãos dos egípcios e para levá-los do Egito para uma terra boa e ampla, terra em que existe leite e mel em abundância. É a terra dos cananeus, dos heteus, dos amorreus, dos ferezeus, dos heveus e dos jebuseus. Sim, porque o clamor dos filhos de Israel chegou até os meus ouvidos, e tenho visto como os egípcios os estão oprimindo. Agora venha, e eu o enviarei ao faraó, para tirar o meu povo, os filhos de Israel, do Egito”. Então, disse Moisés a Deus: “Quem sou eu para ir ao faraó e tirar os filhos de Israel do Egito? Eu não sou a pessoa certa para essa tarefa”. Deus lhe respondeu: “Eu estarei com você; e este será o sinal de que você está sendo enviado por mim: Depois de tirar os israelitas do Egito, eles virão prestar culto a mim neste monte”. Moisés disse a Deus: “Suponhamos que eu vá falar com os filhos de Israel e lhes diga: ‘O Deus de seus pais me enviou para falar com vocês’. Se eles perguntarem: ‘Qual é o nome do seu Deus?’, o que vou dizer a eles?” Deus respondeu a Moisés: “Eu Sou o que Sou”. Disse ainda: “Assim você dirá aos filhos de Israel: ‘Eu Sou me enviou a vocês’ ”. Deus continuou a falar com Moisés: “Diga aos filhos de Israel: O Senhor, o Deus dos seus pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, enviou-me a vocês; este é o meu nome eterno, nome pelo qual serei lembrado de geração em geração”. “Agora vá”, continuou Deus, “reúna os líderes de Israel e diga-lhes: ‘O Senhor, o Deus dos seus pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, apareceu a mim. Ele me disse: Acompanho o meu povo e vejo o que fizeram com ele no Egito. Prometi tirá-los da opressão do Egito e levá-los para a terra dos cananeus, dos heteus, dos amorreus, dos ferezeus, dos heveus e dos jebuseus, terra em que existe leite e mel em abundância’. “Os líderes de Israel aceitarão a sua palavra. Depois você irá com os líderes de Israel ao rei do Egito e você dirá: O Senhor, o Deus dos hebreus, se encontrou conosco. Agora, pois, deixe-nos ir a uma distância de três dias, para o deserto, para oferecermos sacrifícios ao Senhor, nosso Deus. Eu sei que o rei do Egito não os deixará sair, a não ser que uma poderosa mão o force. Eu mesmo estenderei a minha mão e castigarei os egípcios com todos os meus milagres que farei no meio deles. Só então ele os deixará ir. “Quando isso acontecer, vou fazer com que os egípcios tratem vocês com bondade, de maneira que, quando vocês saírem, não sairão de mãos vazias. Cada mulher israelita pedirá à sua vizinha e às suas hóspedes joias de prata e de ouro, e roupas, com as quais vocês vestirão os seus filhos e as suas filhas. E assim vocês tomarão as riquezas dos egípcios”. Mas Moisés disse: “Eles não vão acreditar em mim, nem vão querer fazer o que eu disser. Eles vão dizer: ‘O Senhor não apareceu a você!’ ” Então o Senhor lhe perguntou: “O que você tem na mão?” Moisés respondeu: “Uma vara de pastor”. O Senhor disse: “Jogue a vara no chão”. Ele a jogou, e a vara transformou-se numa serpente. E Moisés fugiu dela. Disse o Senhor a Moisés: “Estenda a mão e pegue a serpente pela cauda”. Moisés estendeu a mão, pegou a serpente, e ela transformou-se numa vara novamente. E o Senhor disse: “Com isso eles vão crer que o Deus de seus pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, apareceu a você”. E o Senhor continuou: “Coloque a mão no peito”. Ele obedeceu. Quando tirou a mão, viu que a mão estava leprosa, branca como a neve. Então Deus ordenou: “Agora, coloque de novo a mão no peito”. Moisés fez isso e, quando a tirou, viu que estava completamente curada, como o restante da sua pele. Continuou o Senhor: “Se eles não acreditarem ao ver o primeiro milagre, acreditarão ao ver o segundo. E se por acaso não crerem em você depois destes dois sinais, e não quiserem ouvir o que você disser, farei outro sinal. Tire água do rio Nilo e derrame-a na terra seca. Quando você derramar essa água na terra seca, ela se transformará em sangue”. Moisés continuou teimando. Ele disse ao Senhor: “Ah! Senhor! Nunca fui bom para falar, nem antes, nem depois que o Senhor falou com o seu servo. Tenho muita dificuldade em me expressar”. O Senhor lhe disse: “Quem deu a boca aos homens? Quem faz com que o homem fale ou não fale, veja ou não veja, escute ou não escute? Não sou eu, o Senhor? Pois agora vá. Eu estarei com você e direi o que você deve falar”. Mas Moisés replicou: “Ah! Senhor! Mande outro no meu lugar!” Então o Senhor ficou irado com Moisés e disse: “Está bem. O levita Arão não é o seu irmão? Eu sei que ele tem facilidade para falar. Ele está vindo ao seu encontro e se alegrará em vê-lo. Você dirá a ele as palavras, e ele falará em seu lugar. Eu os ajudarei a falar e direi o que devem fazer. Ele será o intermediário entre você e o povo. Você falará por meio dele e será como Deus para ele. Mais uma coisa: Não esqueça da vara. Com ela você vai operar os sinais”. Moisés voltou para casa e disse ao seu sogro Jetro: “Permita-me voltar ao Egito. Quero ver se meus parentes ainda estão vivos”. Disse-lhe Jetro: “Vá em paz!” Nesse meio-tempo, o Senhor falou com Moisés em Midiã. Disse ele: “Você pode voltar tranquilo para o Egito. Digo isso porque todos aqueles que queriam matar você, já morreram”. Então Moisés colocou a sua mulher e os seus filhos num jumento e voltou para o Egito. Moisés levou com ele a “vara de Deus”. O Senhor disse a Moisés: “Quando você voltar para o Egito, esteja pronto para fazer diante do faraó todos os sinais que eu mostrei a você. Mas eu vou endurecer o coração dele, para não deixar o povo sair. Você deverá dizer ao faraó que assim diz o Senhor: Israel é meu filho mais velho. Sou eu que estou mandando você deixar meu filho sair para me prestar culto. Mas, se você não deixar meu filho ir, você perderá seu filho mais velho!” Durante a viagem, Moisés parou para passar a noite numa pensão. Ali o Senhor apareceu e ameaçou matar Moisés. Então Zípora pegou uma pedra afiada e circuncidou o filho e lançou a pele cortada aos pés de Moisés e disse: “Você é para mim um marido sanguinário!” Ela disse isso por causa da circuncisão. Aí o Senhor deixou Moisés viver. Então o Senhor disse a Arão: “Vá se encontrar com Moisés no deserto”. Arão foi e encontrou Moisés no monte Horebe, o monte de Deus, e o saudou com um beijo. Moisés contou a Arão tudo o que Deus tinha dito e falou dos milagres que deviam fazer diante do faraó. Então Moisés e Arão foram para o Egito e convocaram uma assembleia com todos os líderes de Israel. Arão disse tudo o que o Senhor tinha falado a Moisés, e este fez os sinais na frente deles. Assim o povo de Israel acreditou que Deus tinha mandado Moisés e Arão. E quando os ouviram dizer que o Senhor tinha visitado os israelitas e tinha visto a aflição deles, inclinaram as cabeças e prestaram culto a Deus. Depois Moisés e Arão foram falar com o faraó e disseram: “Viemos trazer uma mensagem da parte do Senhor, o Deus de Israel. Ele diz: ‘Deixe o meu povo ir ao deserto para que celebre uma festa e preste culto a mim’ ”. “Ora!”, respondeu o faraó. “Quem é esse Senhor, para que eu lhe obedeça e deixe Israel sair do país?” Moisés e Arão insistiram: “O Deus dos hebreus encontrou-se conosco. Deixe-nos ir para o deserto, a uma distância de três dias de viagem. Lá vamos oferecer sacrifícios ao Senhor, nosso Deus. Se não lhe obedecermos, ele nos castigará com pragas ou com a espada”. Então lhes disse o rei do Egito: “O que vocês estão querendo fazer? Por que fazem o povo parar de trabalhar? Voltem ao trabalho!” E acrescentou: “O povo já cresceu demais, e vocês ficam aí querendo afastar todo mundo do trabalho!” No mesmo dia, o faraó deu novas ordens aos mestres de obras e aos oficiais nomeados para mandar nos israelitas. As ordens foram estas: “De agora em diante, vocês não vão mais dar palha aos israelitas para fazer tijolos como antes. Eles mesmos vão ter de ajuntar a palha! Mas não diminuam a tarefa deles. Eles vão ter de produzir a mesma quantidade de tijolos. Não reduzam a sua cota! Decerto está sobrando tempo para eles! “Senão, não estariam clamando: ‘Vamos oferecer sacrifícios ao nosso Deus’. Aumentem a carga de trabalho deles, porque assim pensarão só no serviço. Não sobrará tempo, nem terão forças para dar ouvidos a palavras mentirosas!” Os mestres de obras e os oficiais transmitiram logo as ordens ao povo, dizendo: “Assim diz o faraó: ‘Vocês não receberão mais palha. Vocês mesmos terão de procurar e ajuntar palha onde puderem achá-la, mas a cota de tijolos de vocês em nada será reduzida’ ”. Então os israelitas se espalharam por todos os lados do Egito em busca de sobras de palha. Os mestres de obras os atormentavam, dizendo: “Tratem de acabar o serviço. Produzam a mesma quantidade de tijolos por dia de quando recebiam a palha!” E espancavam os oficiais israelitas que tinham sido nomeados pelos oficias do faraó para dirigir os israelitas, e diziam: “Por que não acabaram a tarefa de ontem e de hoje, fazendo tijolos como antes?” Então os oficiais israelitas foram falar com o faraó: “Majestade, por que trata os seus servos dessa forma? Não nos dão palha, contudo nos dizem: ‘Façam tijolos!’ Como isso não é possível, somos açoitados. Mas a culpa é do seu próprio povo”. Mas o faraó respondeu: “Vocês são preguiçosos! Preguiçosos! Por isso ficam dizendo: ‘Vamos oferecer sacrifícios ao Senhor ’. Voltem ao trabalho! Não receberão palha nenhuma, porém terão de produzir a mesma quantidade de tijolos que produziam antes!” Então os oficiais israelitas se viram em má situação quando ouviram que não poderiam reduzir a cota diária de tijolos. Quando saíram de diante do faraó, encontraram-se com Moisés e Arão, que estavam ali à espera deles. Os oficiais disseram aos dois irmãos: “O Senhor seja o juiz de vocês, pois atraíram o ódio do faraó e dos seus oficiais sobre nós e deram motivo para nos matarem!” Moisés clamou ao Senhor: “Ó Senhor ”, disse ele, “por que maltrata esse povo? Por que me enviou? Pois desde que transmiti a sua mensagem ao faraó, ele tem maltratado este povo. E a verdade é que o Senhor não libertou o seu povo!” “Agora você verá o que vou fazer ao faraó!”, disse o Senhor a Moisés. “Pois por minha mão poderosa ele os deixará sair. Não só isso; por minha mão poderosa ele os expulsará do seu país”. Deus disse ainda a Moisés: “Eu sou o Senhor. Eu me apresentei a Abraão, a Isaque e a Jacó, com o nome de Deus Todo-poderoso. Não revelei a eles todo o significado do meu nome, que é ‘ Senhor ’. Depois estabeleci a minha aliança com eles. Nessa aliança prometi dar a eles e aos seus descendentes a terra de Canaã, onde eles moravam como estrangeiros. Agora que ouvi o gemido dos israelitas, a quem os egípcios mantêm como escravos, atentei para a minha aliança. “Portanto, diga a Israel: ‘Eu sou o Senhor e vou libertá-los das cargas e da escravidão do Egito. Vou fazer esse livramento com meu grande poder e com grandes manifestações de julgamento. Eu os farei meu povo e serei o seu Deus; e vocês saberão que eu sou o Senhor, o Deus de Israel, que vai tirar o meu povo do Egito. E meu povo estará livre dos abusos dos egípcios. Eu mesmo farei entrar o povo de Israel naquela terra, a qual jurei dar a Abraão, a Isaque e a Jacó. O meu povo será dono daquela terra! Eu sou o Senhor ’ ”. Moisés falou tudo isso aos israelitas, mas eles não acreditaram nele, porque estavam muito desanimados, e porque a escravidão era muito cruel. O Senhor voltou a falar a Moisés: “Vá falar com o faraó, o rei do Egito. Diga a ele que deixe os israelitas saírem do país”. “Mas, Senhor!”, respondeu Moisés. “Se nem meu povo me dá mais ouvidos, como esperar que o faraó me escute? Além disso, não sou bom na arte de falar”. Então o Senhor ordenou a Moisés e a Arão que fossem falar com os israelitas e com o faraó, o rei do Egito, para dizer que tinham ordem para tirar o povo de Israel do Egito. São estes os nomes dos chefes dos grupos de famílias, das várias tribos de Israel: Filhos de Rúben, o filho mais velho de Israel: Enoque, Palu, Hezrom e Carmi; são essas as famílias de Rúben. Filhos de Simeão: Jemuel, Jamim, Oade, Jaquim, Zoar e Saul, filho de uma mulher cananeia; são essas as famílias de Simeão. Filhos de Levi, por ordem de idade: Gérson, Coate e Merari. Levi viveu 137 anos. Filhos de Gérson: Libni e Simei, cada um com o seu grupo de famílias. Filhos de Coate: Anrão, Isar, Hebrom e Uziel. Coate viveu 133 anos. Filhos de Merari: Mali e Musi. São esses os chefes dos grupos de famílias de Levi, segundo a ordem de idade. Anrão casou com Joquebede, sua tia pelo lado paterno. Arão e Moisés eram filhos desse casal. Anrão viveu 137 anos. Filhos de Isar: Corá, Nefegue e Zicri. Filhos de Uziel: Misael, Elzafã e Sitri. Arão casou com Eliseba, filha de Aminadabe e irmã de Naassom. O casal teve estes filhos: Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar. Filhos de Corá: Assir, Elcana e Abiasafe. São estas as famílias pertencentes ao grupo de famílias de Corá. Eleazar, filho de Arão, casou com uma filha de Putiel. Fineias era filho desse casal. Esses são os nomes dos grupos de famílias dos levitas e das famílias que formavam esses grupos. Foi a este Arão e a este Moisés que o Senhor disse: “Tirem todo o povo de Israel da terra do Egito, segundo as suas divisões”. E foram enviados ao faraó, rei do Egito, para tirar os israelitas do Egito. Quando o Senhor falou com Moisés no Egito, disse-lhe: “Eu sou o Senhor. Vão entregar ao faraó a mensagem que dei a vocês”. Moisés, contudo, respondeu ao Senhor, dizendo: “Não posso fazer esse trabalho! Não sei falar bem. Como posso esperar que o faraó me escute?” O Senhor disse a Moisés: “Veja! Eu nomeei você como meu representante perante o faraó, como se eu mesmo estivesse falando com ele! E o seu irmão Arão falará por você. Você falará a Arão tudo o que eu ordenar, e o seu irmão falará com o faraó, para que deixe os israelitas saírem do Egito. Mas eu vou fazer com que o faraó resista em deixar o povo sair, e vou multiplicar os meus milagres no Egito, como sinais do meu poder. Mesmo assim, o faraó não os ouvirá. Então farei pesar a minha mão sobre o Egito e castigarei essa nação com grandes manifestações de juízo. Assim tirarei todo o meu povo, os israelitas, da terra do Egito. E os egípcios saberão de uma vez por todas que eu sou o Senhor, quando mostrar o meu poder sobre o Egito e tirar de lá o povo de Israel!” Moisés e Arão fizeram como o Senhor lhes tinha ordenado. Moisés tinha oitenta anos de idade e Arão oitenta e três quando falaram com o faraó. O Senhor disse a Moisés e Arão: “Quando o faraó pedir a vocês que façam algum sinal para provar que eu os enviei, você, Moisés, dirá a Arão: Jogue a sua vara no chão diante do faraó. E a vara se transformará numa serpente”. Então Moisés e Arão foram falar com o faraó e fizeram o que o Senhor tinha ordenado. No momento certo, Arão jogou a vara no chão, diante do faraó e dos oficiais do rei, e, de fato, ela se transformou em serpente. Então o faraó mandou chamar os sábios e mágicos do Egito, e eles fizeram a mesma coisa que Arão tinha feito, por meio de artes mágicas. Cada um deles jogou a sua vara no chão, e estas se transformaram em serpentes. Só que a serpente de Arão devorou as serpentes deles. Todavia, o coração do faraó se endureceu e ele não atendeu a Moisés e Arão, como o Senhor tinha dito. O Senhor disse a Moisés: “O faraó continua de coração duro, e teima em não deixar sair o povo. Mas vá ao encontro do faraó amanhã cedo. A essa hora ele irá até o rio. Fique lá, à espera dele, na beira do rio. Leve na mão a mesma vara que se transformou em serpente. Quando o rei chegar, diga-lhe: O Senhor, o Deus dos hebreus, me mandou dizer: Deixe que o meu povo vá me prestar culto no deserto. Mas até agora Vossa Majestade não deu atenção. Assim diz o Senhor: Com esta vara que trago comigo vou bater nas águas do rio, e elas se transformarão em sangue. Os peixes do rio morrerão e o rio ficará cheirando mal, e os egípcios terão nojo de beber água do rio”. O Senhor disse ainda a Moisés: “Mande Arão estender a sua vara sobre as águas do Egito; sobre os rios, sobre os canais, sobre as lagoas e sobre os açudes e todos os reservatórios de água, para que a água se transforme em sangue. Haverá sangue por toda a terra do Egito, até nas vasilhas de madeira e nos tanques de pedra!” Moisés e Arão fizeram o que o Senhor tinha ordenado. Arão levantou a vara e bateu com ela nas águas do rio. O faraó e seus oficiais estavam vendo tudo; e toda a água do rio transformou-se em sangue. Os peixes morreram, o rio ficou cheirando mal e os egípcios não podiam beber água do rio. Havia sangue no Egito inteiro! Mas os mágicos egípcios fizeram a mesma coisa. Com práticas de magia, transformaram água em sangue. Por isso o coração do faraó continuou endurecido, e ele não deu atenção a Moisés e Arão, como o Senhor os tinha prevenido. Nem este grande milagre fez o faraó considerar seriamente a situação. Ele simplesmente virou as costas e foi para o seu palácio. Para achar água potável, os egípcios tiveram de cavar poços perto do rio, porque das águas do rio não podiam beber. Passaram-se sete dias depois que o Senhor feriu as águas do rio. Depois o Senhor disse a Moisés: “Vá ao faraó e diga-lhe: Assim diz o Senhor: Deixe o meu povo ir para me oferecer culto. Se você não deixar, vou encher todos os seus territórios de rãs. O rio transbordará delas. Elas subirão do rio, avançarão pela terra e entrarão na sua casa. Nem nos quartos de dormir vocês terão descanso, pois as rãs entrarão neles e subirão nas camas. Isso também ocorrerá nas casas dos seus oficiais, e avançarão sobre o povo. Entrarão nos seus fornos e nas bacias de amassar pão. As rãs virão sobre você, seu povo e todos os seus oficiais”. E o Senhor continuou falando a Moisés: “Diga a Arão que estenda a vara sobre os rios, sobre os canais, sobre as lagoas, para fazer subir rãs em toda a terra do Egito”. Arão estendeu a mão sobre as águas do Egito, e apareceram rãs que cobriram a terra do Egito. Mas os mágicos do Egito fizeram a mesma coisa com as suas artes mágicas. Fizeram aparecer rãs na terra. Naquela situação crítica, o faraó mandou chamar Moisés e Arão e disse-lhes: “Peçam ao Senhor que tire as rãs. E eu deixarei o povo ir oferecer sacrifícios ao Senhor ”. Moisés respondeu ao faraó: “É só dizer quando devo orar a seu favor, pelos seus oficiais e pelo seu povo, para que as rãs sejam retiradas da terra e fiquem somente no rio”. O faraó respondeu: “Que seja amanhã”. E Moisés disse: “Está bem. Vossa Majestade saberá que não existe ninguém como o Senhor, nosso Deus. As rãs serão afastadas de você e das suas casas, dos seus oficiais e do seu povo. Ficarão somente no rio”. Então Moisés e Arão saíram da presença do faraó. Moisés clamou ao Senhor por causa das rãs, como tinha prometido ao faraó. E o Senhor atendeu ao pedido de Moisés. Assim, morreram todas as rãs que estavam nas casas, nos pátios e nos campos. Ajuntaram as rãs mortas em montões, espalhando um terrível cheiro por todo o país. Mas quando o faraó viu que o país estava livre das rãs, endureceu o coração e não deixou o povo ir. Isto aconteceu como o Senhor tinha dito que iria acontecer. Então o Senhor disse a Moisés: “Mande Arão bater com a vara no pó da terra. Ao fazer isso, o pó vai se transformar em piolhos por toda a terra do Egito”. Moisés e Arão fizeram o que Deus tinha ordenado. Assim que o pó da terra foi tocado pela vara de Arão, os homens e os animais ficaram infestados de piolhos. Todo o pó se transformou em piolhos na terra do Egito. Ora, os mágicos do Egito tentaram fazer a mesma coisa com as suas artes secretas, mas não conseguiram produzir piolhos! E os piolhos infestaram os homens e os animais. “Isso é o dedo de Deus!”, disseram eles ao faraó. Mas o coração do faraó continuou endurecido. Ele teimou em não dar ouvidos a Moisés e Arão, como o Senhor os tinha prevenido. Em seguida o Senhor disse a Moisés: “Levante cedo de manhã e vá encontrar o faraó na beira do rio, quando ele estiver indo às águas. Diga a ele: ‘Assim diz o Senhor: Deixe o meu povo ir oferecer culto a mim. Se não deixar, vou mandar enxames e mais enxames de moscas sobre você, sobre os seus oficiais e sobre o seu povo. E as casas do seu povo e toda a terra em que vivem os egípcios estarão cheias de moscas. “ ‘Mas note bem! Farei com que na terra de Gósen isso não aconteça. As moscas não amolarão os israelitas. Assim você terá de reconhecer que eu sou o Senhor de toda a terra. Para deixar isso claro, vou fazer distinção entre o meu povo e o seu povo. Esse sinal do meu poder mostrarei amanhã!’ ” E o Senhor fez o que disse, de modo que a casa do faraó e as casas dos oficiais e de toda a terra do Egito ficaram infestadas de moscas. E a terra foi arruinada pelas moscas. Então o faraó mandou chamar Moisés e Arão e disse: “Vão, podem oferecer sacrifícios ao seu Deus. Mas façam isso aqui mesmo, no Egito”. “Isso não!”, respondeu Moisés. “Os nossos sacrifícios são uma abominação para os egípcios. Se fizermos isso aqui, na frente deles, não nos apedrejarão? Precisamos ir ao deserto, a uma distância de três dias de viagem. Lá ofereceremos sacrifícios ao Senhor, nosso Deus, como ele nos mandou”. Então o faraó disse: “Podem ir e oferecer sacrifícios ao Senhor, o seu Deus, no deserto. Mas não vão muito longe, e orem por mim também”. Moisés respondeu-lhe: “Assim que eu sair daqui, vou orar ao Senhor. Pode estar certo de que amanhã os enxames de moscas se retirarão do faraó, dos seus oficiais e do seu povo. Mas não queira nos enganar de novo, impedindo que o povo de Israel vá oferecer sacrifícios ao Senhor ”. Logo depois que Moisés se despediu do faraó, orou ao Senhor. O Senhor atendeu ao pedido de Moisés, e as moscas deixaram o faraó, seus oficiais e seu povo. Não restou uma só mosca! Mas também dessa vez o faraó endureceu o coração e não deixou o povo ir. O Senhor ordenou a Moisés: “Volte ao faraó e diga-lhe: ‘Assim diz o Senhor, o Deus dos hebreus: Deixe o meu povo ir para que ofereça culto a ele. Se não deixar e insistir em impedir o povo, saiba que o poder do Senhor destruirá o seu rebanho, que está no campo. Morrerão os cavalos, os jumentos, os camelos, os bois e as ovelhas. Porque Deus mandará uma praga gravíssima. Mas a praga só atingirá os animais do Egito. Nenhum animal dos israelitas morrerá’ ”. O Senhor determinou um prazo: “Amanhã o Senhor fará o que prometeu nesta terra”. E foi o que aconteceu. No dia seguinte, todos os rebanhos dos egípcios morreram, mas dos rebanhos dos israelitas nenhum animal morreu. O faraó mandou verificar e viu que nenhum animal dos israelitas tinha morrido. Apesar disso, continuou com o coração endurecido e não deixou o povo ir. O Senhor disse a Moisés e a Arão: “Peguem com a mão cinza de um forno, e Moisés jogará a cinza para o ar, diante do faraó. A cinza se tornará em pó fino sobre toda a terra do Egito. Esse pó vai produzir tumores que se abrirão em úlceras nos homens e nos animais em todo o Egito”. Eles pegaram cinza do forno e se apresentaram ao faraó. Moisés jogou a cinza para o ar, e ela produziu tumores que se abriram em úlceras nos homens e nos animais. Os mágicos nem conseguiam ficar em pé diante de Moisés, porque ficaram cobertos de tumores, junto com o restante dos egípcios. Mas o Senhor endureceu o coração do faraó, e ele não deu ouvidos a Moisés e Arão. O Senhor os tinha prevenido de que isso aconteceria. Depois o Senhor disse a Moisés: “Levante bem cedo amanhã e diga ao faraó: ‘Assim diz o Senhor, o Deus dos hebreus: “Deixe o meu povo sair do Egito para me servir. Desta vez enviarei todas as minhas pragas contra você, contra seus oficiais e contra o seu povo, para que você saiba que não há ninguém semelhante a mim em toda a terra. Pois eu já poderia ter destruído você e seu povo com uma peste mortal que teria eliminado você da terra”. Mas conservei a sua vida para mostrar-lhe o meu poder e para anunciar o meu nome em toda a terra. Vai continuar desafiando o meu poder? Vai continuar proibindo o meu povo, para não deixá-lo ir? Amanhã a esta hora enviarei uma chuva de pedras sobre o Egito. E vai ser terrível! Nunca, em toda a história do Egito, desde que foi fundado, caiu uma chuva tão forte como a que vai cair amanhã. Agora, trate de mandar recolher o seu gado e tudo o que você tem no campo. Porque os homens e os animais que estiverem no campo e que não estiverem abrigados serão atingidos pela chuva de pedras e morrerão’ ”. Alguns oficiais do faraó temeram a palavra do Senhor e se apressaram em recolher seus servos e seus rebanhos em abrigos. Mas os que não se importaram com a palavra do Senhor deixaram no campo os servos e seus rebanhos. Então o Senhor disse a Moisés: “Levante a mão para o céu, e cairá chuva de pedras em todo o Egito. Cairá sobre os homens, sobre os animais e sobre as plantações”. Assim que Moisés estendeu a vara para o céu, o Senhor mandou trovões e chuva de pedras, e raios caíam sobre a terra do Egito. A chuva de pedras e os relâmpagos caíam sem parar. Nunca o Egito tinha sofrido uma tempestade como aquela, desde que se tornou uma nação. Foi grande a destruição em toda a terra do Egito. Os animais e os homens que estavam no campo morreram. A chuva de pedras destruiu também toda a vegetação e quebrou todas as árvores do campo. Somente na terra de Gósen, onde viviam os israelitas, não caiu a chuva de pedras. Então, o faraó mandou chamar Moisés e Arão: “Finalmente vejo que pequei”, confessou. “O Senhor é justo; eu e o meu povo erramos. Orem ao Senhor, pedindo que faça parar esses trovões e essa chuva de pedras. Façam isso, e eu os deixarei ir. Vocês não precisam mais ficar aqui!” Moisés respondeu: “Logo depois que eu sair da cidade, vou levantar as mãos ao Senhor, e os trovões e a chuva de pedras cessarão. Isto será mais uma prova de que a terra pertence ao Senhor. Mas quanto a Vossa Majestade e aos seus oficiais, bem sei que não temem ao Senhor Deus”. O linho e a cevada foram destruídos pela tempestade, pois a cevada já estava na espiga e o linho estava em flor. Mas o trigo e o centeio não foram destruídos, porque ainda não tinham brotado da terra. Quando Moisés deixou o faraó e saiu da cidade, ergueu as mãos para o Senhor. Imediatamente os trovões e a chuva de pedras pararam por completo. Assim que parou a tempestade, o faraó voltou a pecar e endureceu o coração, ele e os seus oficiais. O coração do faraó continuou endurecido, e ele não deixou o povo de Israel sair. O Senhor tinha dito a Moisés que isso iria acontecer. O Senhor disse a Moisés: “Vá de novo falar com o faraó, mas eu mesmo endurecerei o coração dele e dos oficiais egípcios, a fim de mostrar os sinais do meu poder no meio deles, e para que você possa contar aos seus filhos e netos as coisas que fiz com os egípcios e quantos milagres realizei no meio deles. Assim vocês saberão que eu sou o Senhor ”. Assim Moisés e Arão foram novamente se apresentar ao faraó e lhe disseram: “Assim diz o Senhor, o Deus dos hebreus: ‘Até quando você vai teimar em não submeter-se a mim? Deixe o meu povo ir, para me prestar culto. Se você não estiver disposto a deixá-lo ir, mandarei nuvens de gafanhotos ao seu território amanhã. Serão tantos que cobrirão a terra, a ponto de não se poder enxergar coisa alguma. Eles devorarão tudo que sobrou dos estragos feitos pela chuva de pedras e todas as árvores que estiverem brotando no campo. Eles vão invadir os seus palácios, as casas dos seus oficiais e todas as casas dos egípcios. Algo que seus pais e antepassados jamais viram, desde o dia em que entraram nesta terra até o dia de hoje!’ ” E Moisés deu as costas ao faraó e saiu. Então os oficiais do faraó se reuniram e falaram com o faraó: “Até quando vamos ficar nas mãos desse homem? Será que Vossa Majestade não sabe que o Egito está completamente arruinado? Deixe esses homens irem oferecer culto ao Senhor, o Deus deles”. Então, Moisés e Arão foram levados outra vez à presença do faraó. “Podem ir oferecer culto ao Senhor o seu Deus”, disse faraó. “Mas me digam uma coisa: Quem irá?” Moisés respondeu-lhe: “Temos de ir todos: os jovens e os velhos, nossos filhos e nossas filhas, nossos rebanhos e nossos bois, porque vamos celebrar uma festa ao Senhor ”. O faraó reagiu: “Que o Senhor esteja com vocês! Mas não deixarei, de forma alguma, que levem as crianças. É claro que vocês estão tramando uma conspiração! Não será assim. Se quiserem, vão só os homens oferecer culto ao Senhor, como vocês têm pedido”. E os dois foram expulsos da sala do faraó. Então o Senhor disse a Moisés: “Erga a mão sobre a terra do Egito, para que venham gafanhotos e devorem toda a vegetação, tudo que sobrou da chuva de pedras”. Moisés levantou a vara, e o Senhor fez soprar um vento do leste durante todo o dia e toda a noite. Pela manhã, o vento tinha trazido os gafanhotos, os quais desceram em grande número sobre todo o território do Egito, de ponta a ponta. Nunca ocorreu uma praga de gafanhotos como essa, em toda a história do Egito, nem nunca tornará a ocorrer! Pois os gafanhotos cobriram a superfície da terra de tal forma que ela escureceu. E devoraram toda a vegetação e todos os frutos das árvores que tinham sobrado da chuva de pedras. Não ficou nada verde nas árvores nem nos pastos, em toda a terra do Egito. Faraó mandou chamar Moisés e Arão às pressas e disse-lhes: “Confesso que pequei contra o Senhor, o seu Deus, e contra vocês! Agora, pois, peço que perdoem o meu pecado e orem ao Senhor, o seu Deus, para que me livre desta morte”. Moisés saiu dali e orou ao Senhor. E o Senhor fez soprar um vento muito forte, vindo do oeste, que levantou os gafanhotos e os lançou no mar Vermelho. Não restou um gafanhoto sequer em todo o território egípcio. Mas o Senhor endureceu o coração do faraó, e ele não deixou o povo de Israel sair. O Senhor disse a Moisés: “Erga a sua mão para o céu, e a terra do Egito ficará na escuridão. A escuridão será tão forte que poderá ser apalpada!” Moisés ergueu a mão para o céu, e por três dias houve densas trevas em todo o Egito. Durante esses três dias, as pessoas não podiam ver umas às outras, e ninguém pôde sair do seu lugar. Mas onde os israelitas moravam não faltou luz. Então o faraó mandou chamar Moisés e lhe disse: “Podem ir servir o Senhor, e levem também as crianças. Deixem somente seus rebanhos e os bois”. Moisés respondeu: “Nesse caso, Vossa Majestade deveria nos dar os animais para os sacrifícios e ofertas queimadas que vamos apresentar ao Senhor, nosso Deus. Pois nós vamos levar os nossos rebanhos. Nenhum casco de animal ficará aqui. Precisamos levar tudo para o culto ao Senhor. Só quando chegarmos lá é que vamos saber que animais devemos sacrificar”. Porém, o Senhor endureceu o coração do faraó, e ele se recusou a deixá-los ir. Além disso, o faraó disse a Moisés: “Saia da minha presença, e nunca mais apareça diante de mim! No dia em que você vir o meu rosto, você morrerá”. Moisés respondeu-lhe: “Nisso Vossa Majestade está certo. De fato, nunca mais verei a sua face”. Disse o Senhor a Moisés: “Enviarei mais uma praga sobre o faraó e sobre o Egito. Então o faraó vai deixar o meu povo sair. Na verdade ele vai expulsar vocês daqui. Agora instrua bem o povo. Fale a todo homem e a toda mulher que peçam aos seus vizinhos objetos de prata e de ouro”. E o Senhor fez com que os egípcios se tornassem favoráveis aos israelitas. Moisés se tornou um homem famoso em todo o Egito, tanto entre os oficiais do faraó quanto por todo o povo. Moisés disse ao faraó: “Assim diz o Senhor: ‘Por volta de meia-noite, passarei por todo o Egito. E todos os filhos mais velhos morrerão, desde o filho mais velho do faraó, que se assenta no seu trono, até o filho mais velho da modesta serva que trabalha no moinho. Até mesmo as primeiras crias dos animais vão morrer. Haverá grande clamor em todo o Egito. Nunca antes se ouviu um clamor assim no Egito, nem jamais se ouvirá! Mas os israelitas estarão seguros. Nem sequer um cão latirá contra um homem ou um animal’. E assim vocês ficarão sabendo que o Senhor fez distinção entre os egípcios e os israelitas. Então os seus oficiais virão a mim e se inclinarão diante de mim e vão dizer: ‘Saiam logo do Egito, você e seu povo!’ Só então sairei”. Depois de falar estas coisas ao faraó, Moisés saiu da presença dele muito irado. O Senhor tinha dito a Moisés: “O faraó não vai dar ouvidos a você, para que os meus sinais se multipliquem na terra do Egito”. Moisés e Arão realizaram todos aqueles sinais, como manifestação do poder de Deus, diante do faraó, mas o Senhor endureceu o coração do faraó, e ele não quis deixar Israel sair do país. O Senhor disse a Moisés e a Arão, no Egito: “Este mês passa a ser o mais importante para Israel. Será o primeiro mês do ano (no calendário dos hebreus). Reúna toda a comunidade de Israel e diga: No décimo dia deste mês, cada um vai pegar um cordeiro. Dentro dos grupos de famílias, terá de ser um cordeiro para cada família. Se uma família for pequena demais para um cordeiro, ela convidará o seu vizinho mais próximo. É só calcular quantas pessoas bastam para comer um cordeiro. O cordeiro deverá ser sem defeito, macho de um ano. Em vez de cordeiro, pode ser um cabrito. Guardem o animal até o décimo quarto dia do mês. Nesse dia, no fim da tarde, toda a comunidade de Israel matará seu cordeiro ou cabrito. E o sangue será passado no alto e nas laterais das portas das casas nas quais vocês comerão o animal. Naquela mesma noite terão de comer carne assada no fogo, além de pães sem fermento e ervas amargas. Não comam a carne crua, nem cozida em água. Tanto a cabeça como as pernas e as vísceras terão de ser assadas no fogo. Comam tudo o que puderem durante a noite. O que sobrar, na manhã seguinte precisará ser queimado. Ao comerem, estejam preparados para sair: já vestidos, sandálias nos pés e o cajado na mão! E comam depressa! Essa é a Páscoa do Senhor. “Naquela mesma noite passarei pela terra do Egito e matarei todos os filhos mais velhos, tanto dos homens como dos animais. Assim cumprirei a sentença de juízo que lancei sobre os deuses do Egito. Eu sou o Senhor. O sangue vai servir de sinal nas casas em que vocês estiverem. Quando eu vir o sangue, passarei por cima, sem ferir ninguém. Assim, a praga de destruição com a qual ferirei o Egito não atingirá vocês. “Esse dia será um memorial que vocês e seus descendentes celebrarão como festa ao Senhor. Essa celebração é uma lei permanente. Durante sete dias comerão pães sem fermento. Logo no primeiro dia tratem de jogar fora todo o fermento que tiverem em casa. Porque, quem comer coisa fermentada, do primeiro ao sétimo dia, será eliminado do povo de Israel. No primeiro e no último dia da semana, convoquem uma santa convocação. Nesses dias não façam nenhum trabalho, a não ser a preparação da comida. Somente isso poderá ser feito. “Celebrem a festa dos pães sem fermento, para lembrar que nesse dia eu tirei todo o povo de Israel do Egito. Portanto, vocês guardarão este dia para sempre por todas as suas gerações. Comerão pães sem fermento, desde a tarde do décimo quarto dia até o entardecer do vigésimo primeiro dia. Durante os sete dias, que ninguém tenha fermento em casa! Porque aquele que comer pão fermentado será eliminado da comunidade de Israel. E isso vale tanto para o estrangeiro como para o nascido nas terras de Israel. Em todas as casas não comam coisa alguma fermentada. E quanto aos pães, só comam pães sem fermento”. Moisés convocou todos os líderes de Israel e disse: “Escolham cordeiros suficientes para as suas famílias. Sacrifiquem-nos para celebrar a Páscoa. Molhem um feixe de hissopo no sangue que estiver na bacia (usada para sangrar o animal) e passem o sangue no alto e nas laterais da porta. E que ninguém saia de casa até o dia seguinte! Porque o Senhor vai passar para matar os egípcios. Mas quando vir o sangue no alto e nas laterais da porta, ele passará sobre aquela porta e não permitirá que o destruidor entre nas casas para matá-los. “Portanto, obedeçam a essas instruções como lei permanente para vocês e para os seus descendentes. E quando estiverem morando na terra que o Senhor vai dar a vocês, como prometeu, continuem fazendo essa comemoração. Quando os seus filhos lhes perguntarem: ‘Que comemoração é esta?’ respondam-lhes: ‘É o sacrifício da Páscoa ao Senhor. Isto nos faz lembrar que o Senhor passou por cima das casas dos israelitas no Egito e poupou nossas casas quando matou os egípcios’ ”. Ao ouvir essas coisas, o povo se inclinou e adorou o Senhor. Os israelitas foram e fizeram tudo o que o Senhor tinha mandado por meio de Moisés e Arão. Então, à meia-noite, o Senhor matou todos os filhos mais velhos do Egito, desde o filho mais velho do faraó, que sentava no trono, até o filho mais velho do escravo que estava preso no calabouço. Também morreram todas as primeiras crias dos animais. No meio da noite o faraó, todos os seus oficiais e todos os egípcios se levantaram. E houve grande clamor no Egito, porque não havia casa que não tivesse um morto. Naquela mesma noite, o faraó mandou chamar Moisés e Arão e disse-lhes: “Aprontem-se rápido, e saiam já do meio do meu povo, vocês e os demais israelitas. Vão servir ao Senhor, como vocês pediram. Levem também os seus rebanhos e os seus bois, como vocês tinham dito. Vão embora e me abençoem também!” Os egípcios pressionavam para o povo sair o mais rápido possível do país, dizendo: “Todos nós vamos morrer!” Os israelitas amarraram em trouxas as amassadeiras, a massa de pão sem fermento e as roupas. Em seguida colocaram as trouxas sobre os ombros. Antes de partir, pediram aos egípcios objetos de prata e de ouro, além de roupas. Tudo como Moisés tinha dito. O Senhor fez com que os egípcios dessem de boa vontade, de modo que lhes davam tudo o que pediam. Dessa forma os israelitas tomaram as riquezas dos egípcios. Assim, partiram os israelitas de Ramessés para Sucote. Era uma multidão de cerca de seiscentos mil homens a pé, além de mulheres e crianças. Foram também com eles uma multidão de estrangeiros, além de grandes rebanhos, tanto de bois como de ovelhas e cabras — um número enorme de animais. Com a massa que levaram do Egito, cozinharam pães e bolos sem fermento. A massa não tinha fermentado, porque foram expulsos do Egito. Não puderam preparar outros alimentos. Ora, o tempo que os israelitas habitaram no Egito foi de quatrocentos e trinta anos. No fim desse período, todas as tribos do povo do Senhor saíram do Egito. Por isso, a noite desse dia ficou marcada para sempre na história de Israel, porque foi nessa noite que o Senhor tirou seu povo do Egito. Essa é a noite do Senhor! Deve ser comemorada por todos os israelitas, por todas as suas gerações. O Senhor disse ainda a Moisés e Arão: “Esta é a ordenança da Páscoa: Nenhum estrangeiro poderá comê-la. Porém, todo escravo comprado por dinheiro, depois de ter sido circuncidado, poderá comer a Páscoa. Mas o estrangeiro que estiver de passagem e o que vive de salário não comerão dela. “O cordeiro da Páscoa deverá ser comido numa só casa. Nenhum pedaço de carne deverá ser levado para fora da casa e nenhum osso do cordeiro poderá ser quebrado. Todos os membros da comunidade de Israel terão que celebrar a Páscoa. “Quando algum estrangeiro estiver morando na casa de um israelita e quiser participar da Páscoa do Senhor, terá de circuncidar todas as pessoas do sexo masculino. Então ele poderá participar da Páscoa, e será considerado como se fosse cidadão natural de Israel. Mas notem bem! Nenhum homem incircunciso poderá participar da Páscoa. A mesma lei se aplicará tanto ao cidadão natural de Israel quanto ao estrangeiro que estiver vivendo nas terras de Israel”. Todos os israelitas fizeram o que o Senhor tinha ordenado por meio de Moisés e Arão. Naquele mesmo dia, o Senhor tirou o povo de Israel do Egito, segundo as suas tribos. O Senhor disse a Moisés: “Consagre a mim todo primeiro filho homem. O primeiro filho israelita me pertence. Isso se refere não apenas aos homens, mas também aos animais”. Então Moisés disse ao povo: “Celebrem esse dia! É o dia em que vocês saíram do Egito, da terra da escravidão. É o Senhor que nos tirou daqui, com seu grande poder. Portanto, não comam pão fermentado. Vocês estão saindo no mês de abibe. Quando o Senhor os fizer entrar na terra em que vivem os cananeus, os heteus, os amorreus, os heveus e os jebuseus — a qual ele jurou aos seus antepassados que daria a vocês, terra que jorra leite e mel — vocês deverão fazer essa comemoração neste mês. Durante sete dias vocês só poderão comer pães sem fermento. No último dia da semana, haverá uma festa solene dedicada ao Senhor. Naqueles sete dias comam pão sem fermento. Em toda a terra não deverá haver fermento, nem pão fermentado. “Nessa ocasião, cada um contará ao seu filho, dizendo: ‘Esta comemoração é realizada pelo que o Senhor fez por mim, quando me tirou do Egito’. Assim, a Páscoa servirá de sinal em sua mão e comemoração diante dos seus olhos, para que a lei do Senhor esteja nos seus lábios. Pois o Senhor o tirou do Egito com grandes demonstrações de poder. Por isso, devemos guardar este mandamento na data certa, todos os anos. “Quando o Senhor introduzir vocês na terra dos cananeus, terra que jurou dar a você e aos seus pais, separem para o Senhor todo o primeiro filho, do sexo masculino, e toda primeira cria dos animais, que seja macho. Eles pertencem ao Senhor. Toda primeira cria macho, nascida da jumenta, precisará ser resgatada com o cordeiro. Ou seja, em vez do jumento, será consagrado a mim um cordeiro. Agora, se não for possível resgatar o jumento, ele precisará ser morto. Quanto aos homens, todo primeiro filho precisará ser resgatado. “Mais tarde, quando o seu filho perguntar a você: ‘Pai, o que significa isto?’ você bem sabe o que responder. ‘É que o Senhor nos tirou do Egito, da terra da escravidão, com demonstrações de poder’, você dirá a seu filho. E continuará contando: ‘Quando o coração do faraó ficou endurecido, recusou-se a deixar-nos sair. Então o Senhor matou todos os primeiros filhos do Egito, tanto dos homens quanto dos animais. Por isso o nosso povo oferece em sacrifício ao Senhor todo primeiro filhote macho e resgatamos nossos primeiros filhos’. “Isso será como sinal em sua mão e símbolo entre seus olhos. Para que lembremos sempre que o Senhor nos tirou do Egito com sua forte mão”. Quando o faraó deixou sair o povo, Deus não o levou pela estrada que vai para a terra dos filisteus. Era o caminho mais curto, mas Deus disse: “Não por lá, porque os filisteus estão em guerra. Ora, se os israelitas virem a guerra, podem se arrepender e querer voltar para o Egito”. Por isso, Deus fez o povo dar a volta pelo deserto, pelo caminho que levava ao mar Vermelho. Os israelitas marcharam em grupos organizados, armados para guerrear, ao saírem do território egípcio. Moisés levou os ossos de José, pois José tinha feito os israelitas jurarem, quando disse: “Deus certamente virá socorrer vocês. Quando isso acontecer, levem daqui os meus ossos”. Os israelitas saíram de Sucote e acamparam em Etã, na entrada do deserto. O Senhor ia adiante deles, para mostrar o caminho. De dia, o Senhor ia numa coluna de nuvem, e de noite, numa coluna de fogo, para iluminar o caminho. Assim podiam caminhar de dia e de noite. A coluna de nuvem, de dia, e a coluna de fogo, de noite, nunca se afastaram do povo de Israel. O Senhor disse a Moisés: “Diga ao povo que volte a acampar perto de Pi-Hairote, entre Migdol e o mar. Acampem à beira-mar, de frente para Baal-Zefom. Então o faraó pensará: ‘Veja só! Os israelitas estão andando sem rumo. Eles estão presos entre o deserto e o mar!’ Então endurecerei o coração do faraó, e ele perseguirá o meu povo. Todavia, eu serei glorificado com o que vou fazer com o faraó e com todo o seu exército. Aí os egípcios vão saber que eu sou o Senhor ”. Os israelitas fizeram o que o Senhor mandou. Quando contaram ao rei do Egito que os israelitas estavam fugindo, ele e seus oficiais mudaram de ideia e disseram: “O que foi que fizemos? Como fomos deixar que Israel parasse de nos servir?” Faraó mandou preparar logo a sua carruagem e levou consigo o seu exército. Levou também seiscentos carros escolhidos e todos os carros do Egito; cada um era chefiado por um oficial de comando do exército egípcio. O Senhor endureceu o coração do faraó, rei do Egito, e este perseguiu o povo de Israel, que marchava de maneira vitoriosa. Todas as forças armadas do Egito se lançaram à perseguição, com todos os soldados da infantaria, a cavalaria e os carros de guerra do faraó, e alcançaram os israelitas em Pi-Hairote, junto ao mar, em frente de Baal-Zefom, onde estavam acampados. De repente, os israelitas olharam e viram o faraó chegando com todo aquele exército egípcio. Ficaram apavorados e clamaram ao Senhor. Começaram a queixar-se e disseram a Moisés: “Para morrer dessa forma no deserto, seria melhor ter ficado no Egito! Ou você acha que lá não existem túmulos para nós? Por que você fez isso conosco, fazendo-nos sair do Egito? Lembra do que dizíamos lá no Egito? Pois dizíamos: ‘Deixe-nos em paz! Trabalharemos para os egípcios’. Melhor viver como escravos dos egípcios do que morrer neste deserto!” Moisés respondeu ao povo: “Não fiquem com medo! Tenham calma e vejam o que o Senhor vai fazer para nos libertar! Vai ser hoje! Porque os egípcios que vocês estão vendo, não os verão nunca mais! O próprio Senhor vai lutar por vocês. Portanto, parem de reclamar!” O Senhor disse a Moisés: “Por que você está clamando a mim? Mande o povo de Israel marchar! Quanto a você, estenda a vara sobre o mar, e as águas se dividirão, e abrirão caminho para que os israelitas passem pelo mar pisando em terra seca. Eu, porém, endurecerei o coração dos egípcios para que queiram atravessar também. E eu serei glorificado com a derrota do faraó e de todo o seu exército, ou seja, a infantaria, a cavalaria e os carros de guerra. E os egípcios saberão que eu sou o Senhor, quando eu for glorificado com a derrota do faraó, com seus carros de guerra e seus cavaleiros”. Então o Anjo de Deus, que ia à frente do exército de Israel, colocou-se atrás dele; da mesma forma a coluna de nuvem se retirou de diante deles e colocou-se atrás deles. Ela ficou entre o povo de Israel e os egípcios. Naquela noite, a coluna de fogo trouxe trevas para os egípcios e luz para os israelitas! Assim, os egípcios não puderam aproximar-se dos israelitas a noite inteira. Então Moisés estendeu a vara sobre o mar, e um forte vento oriental soprou a noite inteira e afastou o mar e o tornou em terra seca. As águas se dividiram, e os israelitas entraram pelo meio do mar em terra seca, tendo uma parede de água à sua direita e outra à sua esquerda. Os egípcios os perseguiram, e todos os carros de guerra e os cavaleiros do faraó foram atrás deles até o meio do mar. De madrugada, o Senhor olhou da coluna de fogo e de nuvem para o exército dos egípcios e causou uma grande confusão entre eles. Fez com que as rodas dos seus carros emperrassem, de forma que tinham grande dificuldade em avançar. Então disseram os egípcios: “Fujamos daqui! Porque o Senhor está lutando a favor deles e contra nós!” Quando Israel já estava do outro lado, o Senhor disse a Moisés: “Estenda a mão sobre o mar, para que as águas cubram os egípcios e os carros de guerra e seus cavaleiros”. Então Moisés estendeu a mão sobre o mar, e ao amanhecer o mar voltou à posição normal. Quando os egípcios tentaram fugir, foram ao encontro das águas, e o Senhor os afogou no meio do mar. As águas voltaram e cobriram os carros de guerra e os seus cavaleiros e todo o exército do faraó que havia perseguido Israel pelo fundo do mar, e ninguém sobreviveu. Com os israelitas foi diferente. Eles atravessaram o mar em terra seca, por entre as duas paredes de águas! Assim, o Senhor salvou Israel dos egípcios naquele dia, e os israelitas viram os egípcios mortos na praia. Israel viu o grande poder que o Senhor exercera contra os egípcios. O povo temeu o Senhor, e passou a confiar nele e em seu servo Moisés. Então Moisés e os israelitas cantaram este hino ao Senhor: “Cantarei ao Senhor, porque ele venceu maravilhosamente. Lançou nas profundezas do mar o cavalo e o seu cavaleiro! O Senhor é a minha força e a minha canção; ele é a minha salvação! Ele é o meu Deus; por isso cantarei louvores a ele. Ele é Deus de meu pai; por isso eu o exaltarei. O Senhor é guerreiro! O seu nome é Senhor. Lançou no fundo do mar os carros de guerra do faraó e o seu exército. Os seus melhores oficiais morreram afogados no mar Vermelho. Águas profundas os cobriram; desceram direto para o fundo, como uma pedra! “ Senhor, a sua mão direita é majestosa em poder! Senhor, a sua mão direita despedaçou o inimigo! Na grandeza da sua majestade, derrubou os que se levantaram contra o Senhor. Enviou o seu furor, que consumiu os seus inimigos, como o fogo consome a palha. Com um sopro das suas narinas, as águas se amontoaram. As águas turbulentas ficaram firmes como duas paredes, e as águas profundas se solidificaram no coração do mar. “O inimigo dizia: ‘Vou perseguir e alcançá-los, e repartirei os bens que conseguir tomar. Com a espada os destruirei’. Mas o Senhor enviou o seu sopro, e o mar os encobriu. Afundaram como chumbo nas águas profundas. “Quem entre os deuses é semelhante ao Senhor? Quem é como o Senhor? Quem é majestoso em santidade? Quem é terrível em feitos gloriosos? Quem realiza maravilhas como o Senhor? O Senhor estendeu a sua mão direita, e a terra os engoliu. Por causa do seu amor, guiou o povo que libertou. Com o seu poder conduziu o seu povo ao lugar santo que escolheu para morar. Os povos souberam o que aconteceu e tremeram! A angústia apoderou-se do povo da Filístia. Os comandantes de Edom estão aflitos. Os poderosos de Moabe tremem. O povo de Canaã esmorece. Estão dominados de terror e medo, pela força do seu braço, e estão paralisados como pedras, até que passe o seu povo, ó Senhor, até que passe o povo que o Senhor comprou. O Senhor fará com que o seu povo entre e seja plantado no monte do seu santo nome. Sim, o seu povo morará no lugar que o Senhor preparou, no seu lar, no santuário que o Senhor mesmo construiu. O Senhor reinará para todo o sempre!” Quando os cavalos, os cavaleiros e os carros de guerra do faraó entraram no mar, o Senhor lançou sobre eles as paredes de água, mas os israelitas atravessaram o mar pisando em terra seca! Então Miriã, a profetisa, irmã de Arão, tomou um tamborim e começou a dançar, acompanhada pelas mulheres. Foi esta a canção de Miriã: “Cantem ao Senhor, porque ele triunfou maravilhosamente. Precipitou no mar o cavalo e o seu cavaleiro!” Depois Moisés conduziu os israelitas desde o mar Vermelho até o deserto de Sur. Ali andaram três dias sem achar água. Finalmente chegaram a Mara e acharam água. Mas não puderam bebê-la porque era amarga. Por isso aquele lugar chamou-se Mara. Então o povo começou a murmurar contra Moisés, dizendo: “O que beberemos?” Moisés clamou ao Senhor, e este lhe mostrou um arbusto, e Moisés o lançou na água, e a água se tornou boa. Em Mara o Senhor lhes deu leis e uma ordem, e os colocou à prova, dizendo: “Se vocês derem atenção à voz do Senhor, o seu Deus, se fizerem o que for correto aos seus olhos, e se guardarem os seus mandamentos e obedecerem todos os seus estatutos, não deixarei que vocês sofram nenhuma das doenças que trouxe sobre os egípcios. Eu sou o Senhor que os cura”. Depois os israelitas foram embora dali e chegaram a Elim, onde acamparam. Nesse lugar havia doze fontes de água e setenta palmeiras. Toda a comunidade de Israel partiu de Elim e foi para o deserto de Sim, que fica entre Elim e o monte Sinai. Chegaram lá no décimo quinto dia do segundo mês, depois da saída do Egito. Ali, no deserto, toda a comunidade de Israel reclamou a Moisés e Arão. Os israelitas disseram: “Seria melhor que o Senhor tivesse nos matado no Egito! Pelo menos tínhamos panelas de carne e pão à vontade. Mas vocês nos trouxeram a este deserto para matar de fome toda esta multidão!” Nessa situação, disse o Senhor a Moisés: “Vou fazer chover pão do céu, e o povo deverá sair todas as manhãs para recolher pão suficiente para cada dia. Vou provar o meu povo. Quero ver se segue ou não as minhas ordens. No sexto dia da semana, porém, deverão colher uma porção dobrada”. Moisés e Arão convocaram a comunidade de Israel. Disseram a todos os israelitas: “Ao entardecer, vocês vão saber que foi o Senhor que tirou vocês do Egito, e amanhã cedo vocês verão outra demonstração da glória do Senhor, porque ele ouviu a queixa de vocês. Suas queixas não são contra nós, pois quem somos nós para que vocês reclamem a nós?” Disse ainda Moisés: “O Senhor dará carne a vocês para comerem ao entardecer e pão à vontade pela manhã, porque ele ouviu as suas queixas contra ele. Pois quem somos nós? Vocês não estão murmurando contra nós, e sim contra o Senhor ”. Moisés disse a Arão: “Diga a toda a comunidade de Israel para que se apresente diante do Senhor, pois o Senhor ouviu as queixas feitas contra ele”. Arão chamou o povo. Enquanto isso toda a comunidade de Israel olhou para o deserto e viu aparecer na coluna de nuvem a glória do Senhor! E o Senhor disse a Moisés: “Ouvi as queixas dos israelitas. Diga a eles: Ao entardecer vocês vão comer carne, e de manhã se fartarão de pão. Assim saberão que eu sou o Senhor, o seu Deus”. De fato, ao entardecer apareceram muitas codornizes e cobriram o lugar onde estavam acampados. E, pela manhã, o deserto ao redor do acampamento estava coberto de orvalho. Quando o orvalho evaporou, flocos finos semelhantes a escamas ou geada estavam sobre a superfície do deserto. Quando os israelitas viram aquilo, começaram a perguntar uns aos outros: “Que é isso?”, pois não tinham ideia do que se tratava. Disse-lhes Moisés: “Isto é maná que o Senhor está dando para vocês comerem. Assim ordenou o Senhor: ‘Cada chefe de família deve recolher todo dia a quantidade suficiente para a sua família, uma tigela por pessoa’ ”. Os israelitas fizeram como lhes foi dito. Alguns recolhiam mais, outros menos. Porém quando mediam com a tigela não sobrava nem faltava para ninguém. Cada um recolheu quanto podia comer. Moisés preveniu todos, dizendo: “Não deixem alguma sobra para o dia seguinte”. Todavia, alguns deles não deram ouvidos a Moisés e guardaram um pouco de maná para o dia seguinte, mas esse criou bichos e começou a cheirar mal. Por isso Moisés ficou irado com eles. Assim se acostumaram a recolher diariamente o maná, em quantidade suficiente para cada dia. Eles tinham de fazer isso cedo, porque quando o sol subia, derretia o maná. No sexto dia da semana, recolheram pão em dobro — duas tigelas para cada um; e os líderes da comunidade foram contar isso a Moisés, que lhes explicou: “Mas foi isso que o Senhor mandou: ‘Amanhã será dia de descanso, o santo sábado do Senhor. Assim, preparem, assem e cozinhem o que quiserem — bolo de maná assado no forno, ou maná cozido na água. O que sobrar podem guardar para a manhã seguinte’ ”. E eles guardaram até a manhã seguinte, como Moisés tinha mandado, e não criou bichos, nem cheirou mal. Moisés disse: “Podem comer o pão do céu recolhido ontem, pois hoje é sábado, o dia de descanso separado para o Senhor. Hoje vocês não vão encontrar maná no terreno do acampamento. Durante seis dias vocês podem recolhê-lo, mas no sétimo não. O sétimo dia é o sábado, dia de descanso”. Apesar disso alguns teimaram em recolher maná no sétimo dia, mas não encontraram nada. Então o Senhor disse a Moisés: “Até quando vocês se recusarão a obedecer aos meus mandamentos e às minhas leis? Eu separei o sétimo dia para descanso do meu povo. Por isso dou maná para dois dias no sexto dia da semana”. Então o povo aprendeu a descansar no sétimo dia. Foi o povo de Israel que deu ao pão do céu o nome de maná. O maná era branco, semelhante à semente de coentro e tinha gosto de bolo de mel. Moisés disse: “O Senhor mandou separar uma tigela cheia de maná. Esse maná ficará guardado de geração em geração: ‘Para que os seus descendentes vejam o pão que lhes dei no deserto, depois que os tirei do deserto’ ”. “Pegue um vaso”, disse Moisés a Arão, “e despeje nele uma tigela de maná. Depois coloque o vaso diante do Senhor. Assim ficará guardado para nossos descendentes, de geração em geração”. Arão obedeceu. Ele colocou o vaso cheio de maná diante do Senhor, junto às tábuas da aliança, para que ficasse guardado ali. Os israelitas comeram maná durante 40 anos, até entrarem em terras habitáveis. Eles comeram maná até chegarem às fronteiras de Canaã. A tigela (ômer) era a décima parte do efa. Toda comunidade de Israel partiu do deserto de Sim, andando de um lugar para o outro, conforme o Senhor mandava. Acamparam em Refidim, onde não havia água para beber. Por isso o povo queixou-se a Moisés, exigindo: “Dê-nos água para beber”. Moisés respondeu-lhes: “Por que estão brigando comigo? Por que estão provocando o Senhor?” Mas o povo estava com sede e continuou murmurando a Moisés: “Por que você nos tirou do Egito? Para matar de sede a nós, os nossos filhos e os nossos rebanhos?” Então Moisés clamou ao Senhor: “O que farei com este povo? Estão a ponto de me apedrejar!” O Senhor respondeu-lhe: “Vá à frente do povo e leve com você alguns líderes de Israel. Tenha na mão a vara que você usou para golpear as águas do rio Nilo. Eu estarei à sua espera sobre a rocha no monte Horebe. Bata com a vara na rocha, e dela sairá água, e o povo terá água para beber”. Moisés fez isso diante dos líderes de Israel. Moisés chamou aquele lugar de Massá e Meribá, porque ali os israelitas reclamaram e puseram o Senhor à prova, ao dizer: “O Senhor está conosco ou não?” Então Israel foi atacado pelas forças de Amaleque, em Refidim. Moisés deu estas ordens a Josué: “Escolha alguns homens e lute contra os amalequitas. Amanhã ficarei no alto do monte, segurando a vara de Deus”. Josué fez o que Moisés mandou, e lutou contra os amalequitas. Moisés, Arão e Hur subiram até o alto do monte. Enquanto Moisés mantinha as mãos erguidas, os israelitas venciam; quando, porém, baixava o braço, os amalequitas venciam. Quando Moisés sentiu o peso das mãos, pegaram uma pedra e puseram por baixo dele e Moisés ficou sentado nela. Arão e Hur ficaram sustentando as mãos dele, um de cada lado, de modo a permanecerem firmes até o pôr do sol. E Josué derrotou o exército de Amalaque ao fio da espada! Depois o Senhor disse a Moisés: “Escreva isso num rolo para que seja lembrado e repita-o a Josué; porque vou acabar com a fama de Amaleque para sempre debaixo do céu!” Moisés construiu ali um altar e o chamou de “O Senhor é a minha bandeira”. E disse: “O Senhor jurou que guerreará contra os amalequitas de geração em geração”. Jetro, sacerdote de Midiã, sogro de Moisés, ficou sabendo de tudo o que Deus tinha feito a Moisés e pelo povo de Israel; como o Senhor havia tirado Israel do Egito. Moisés tinha mandado sua mulher Zípora e seus filhos para a casa de Jetro, que a recebeu com os seus dois filhos. Um se chamava Gérson, pois Moisés disse: “Sou forasteiro em terra estranha”. O outro se chamava Eliézer, pois Moisés disse: “O Deus de meu pai foi minha ajuda e livrou-me da espada do faraó”. Jetro, sogro de Moisés, com os filhos de Moisés e a sua mulher foram ao encontro de Moisés no deserto. Chegaram ao acampamento de Israel, perto do monte de Deus. Jetro mandou este recado a Moisés: “Eu, seu sogro Jetro, estou indo encontrá-lo, e comigo estão a sua mulher e os seus filhos”. Então Moisés saiu ao encontro do sogro, inclinou-se e o beijou. Eles perguntaram um ao outro como estavam e entraram na tenda de Moisés. Então Moisés contou ao sogro tudo o que o Senhor tinha feito ao faraó e aos egípcios, por amor a Israel. Contou também como os israelitas tinham sofrido no Egito e como o Senhor os tinha livrado. Jetro alegrou-se com tudo que o Senhor tinha feito aos israelitas, libertando-os das mãos dos egípcios. Ele disse: “Bendito seja o Senhor que libertou vocês das mãos dos egípcios e do faraó! Agora sei que o Senhor é maior do que todos os deuses, pois livrou este povo da mão dos egípcios, pois agiram com arrogância contra o povo!” Então Jetro, sogro de Moisés, ofereceu a Deus ofertas queimadas e sacrifícios. Vieram Arão e todos os líderes de Israel para comerem com o sogro de Moisés, diante de Deus. No dia seguinte, Moisés sentou-se para julgar as questões do povo. E o povo estava em pé diante de Moisés, desde a manhã até o pôr do sol. Quando o sogro de Moisés viu tudo o que ele fazia pelo povo, disse: “O que você está fazendo? Por que só você se assenta para julgar e todo este povo espera em pé diante de você, desde a manhã até o pôr do sol?” Moisés respondeu: “É que o povo me procura para que eu consulte a Deus. Cada vez que uma pessoa tem uma questão, vem a mim, para que eu decida quem tem razão, e ensino-lhes os mandamentos e as leis de Deus”. O sogro de Moisés respondeu-lhe: “Não é bom o que você está fazendo. Desse jeito você e seu povo ficarão esgotados. Esse trabalho é pesado demais para você. Você não pode realizá-lo sozinho. Agora ouça o meu conselho, e que Deus o abençoe: Você deve trabalhar como representante do povo diante de Deus. Assim você levará a Deus as causas do povo. Além disso, você deve ensinar os estatutos e as leis de Deus e mostrar-lhes como deve ser sua conduta e quais são os seus deveres. Mas você deve escolher dentre o povo homens capazes, tementes a Deus, amantes da verdade e inimigos da avareza. Uns serão responsáveis por mil pessoas, outros, por cem, outros, por cinquenta e outros, responsáveis por dez pessoas. Eles julgarão o povo em todo o tempo. Trarão a você apenas as questões mais graves; todas as causas mais simples, eles mesmos resolverão. Com isso, a sua carga ficará mais leve. Na verdade, eles estarão ajudando você a levar a carga. Se você aceitar a minha proposta, e Deus a aprovar, você poderá suportar o peso do trabalho, e todo este povo voltará para casa em paz”. Moisés aceitou o conselho do sogro e seguiu as sugestões dele. Moisés escolheu homens capazes, de todo o Israel, e os colocou como líderes sobre o povo: chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinquenta, e chefes de dez. Estes julgavam o povo todo o tempo. Os casos graves levavam a Moisés; os mais simples, porém, eles mesmos julgavam. Então Moisés se despediu de seu sogro, e este voltou para a sua terra. No terceiro mês da saída dos israelitas da terra do Egito, no primeiro dia desse mês, chegaram ao deserto do Sinai. Levantaram acampamento de Refidim, foram para o Sinai e acamparam diante do monte. Moisés subiu ao monte para falar com Deus. E o Senhor o chamou e disse: “Anuncie o seguinte aos descendentes de Jacó, os filhos de Israel: Vocês viram o que eu fiz aos egípcios e como trouxe vocês a mim como se estivesse levando vocês sobre asas de águias! Agora, se derem atenção cuidadosa ao que digo e cumprirem os termos da minha aliança, vocês serão minha propriedade particular, dentre todas as nações. Embora toda a terra seja minha, vocês serão para mim um reino de sacerdotes, uma nação santa. Diga essas palavras aos israelitas”. Moisés convocou os líderes de Israel e transmitiu a eles tudo o que o Senhor havia dito. O povo respondeu a uma só voz: “Vamos fazer tudo o que o Senhor ordenou”. E Moisés levou ao Senhor a resposta do povo. O Senhor disse a Moisés: “Falarei com você do meio de uma grossa nuvem. O povo ouvirá a minha voz e acreditará sempre em você”. Então Moisés relatou ao Senhor o que o povo tinha respondido. E o Senhor disse a Moisés: “Tome providência para purificar os israelitas hoje e amanhã. Que eles lavem a roupa e fiquem prontos no terceiro dia, porque no terceiro dia o Senhor descerá sobre o monte Sinai, à vista de todo o povo. Marque com cuidado limites para o povo em volta do monte e diga ao povo: ‘Tenham cuidado para não subirem no monte e não pisarem na linha dos limites demarcados. Aquele que tocar o monte será morto. Ninguém deverá tocar o monte com a mão. Será apedrejado ou morto a flechadas, seja homem, seja animal. Quando a corneta soar com um toque comprido, então o povo poderá subir no monte’ ”. Moisés desceu do monte e consagrou o povo. E todos lavaram suas roupas. Disse Moisés ao povo: “Preparem-se para o terceiro dia, e não tenham relação sexual com suas esposas”. Quando amanheceu o terceiro dia, o povo estremeceu com o que viu e ouviu. Houve trovões e relâmpagos, uma grossa nuvem cobriu o monte, e ouviu-se um forte ressoar de trombeta. Moisés levou o povo para fora do acampamento para encontrar-se com Deus ao pé do monte. Saía fumaça do monte Sinai, porque o Senhor tinha descido sobre ele no meio de labaredas de fogo. Subia fumaça como de uma fornalha. E todo o monte tremia violentamente. O som da trombeta aumentava cada vez mais. Moisés falava, e Deus respondia por meio de trovões. O Senhor desceu no alto do monte Sinai e mandou Moisés subir até lá. Moisés subiu, e o Senhor disse a Moisés: “Desça e avise o povo para não ultrapassar os limites para ver o Senhor. É preciso dar esse aviso para evitar que muitos morram. Mesmo os sacerdotes, que estão acostumados a se apresentarem a mim, devem consagrar-se. Senão, eu os destruirei”. Então Moisés disse ao Senhor: “O povo sabe que não pode subir o monte Sinai, porque o Senhor nos advertiu, dizendo: Marque limites ao redor do monte e consagre o povo”. O Senhor respondeu: “Desça lá e diga aos sacerdotes e ao povo para não ultrapassarem os limites e subam ao Senhor, senão serão mortos. Depois, suba aqui de novo e traga Arão com você”. Então Moisés foi e disse tudo isso ao povo. Deus disse tudo o que segue: “Eu sou o Senhor, seu Deus. Eu tirei você do Egito, onde você foi um povo escravo. “Não creia nem adore outros deuses, além de mim. “Não faça ídolos. Não ofereça cultos a imagens de qualquer coisa em cima no céu, na terra ou nas águas debaixo da terra. Não adore nem se prostre diante de nenhuma imagem, pois eu sou o Senhor, seu Deus. Sou Deus zeloso e castigo filhos pelos pecados dos pais até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam, mas mostro bondade até mil gerações àqueles que me amam e guardam os meus mandamentos. “Não use em vão o nome do Senhor, seu Deus, pois não deixarei de punir qualquer abuso nesse sentido. “Guarde o sétimo dia como um dia santo. Trabalhe nos outros seis dias, mas o sétimo dia é o dia de descanso do Senhor, seu Deus. Nenhum trabalho será feito nesse dia, nem por você, nem pelo seu filho, nem pela sua filha, nem pelo seu servo, nem pela sua serva, nem pelos seus animais, nem mesmo pelos estrangeiros que estiverem morando com você. Todos devem descansar nesse dia. Porque em seis dias o Senhor fez o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há, mas no sétimo dia descansou. Por isso, o Senhor abençoou o sétimo dia e o santificou. “Honre seu pai e sua mãe, para que tenha vida longa na terra que o Senhor dá a você. “Não mate. “Não pratique adultério. “Não roube. “Não dê falso testemunho contra o seu próximo. “Não cobice a casa do seu próximo. Não cobice a mulher do seu próximo, nem seus servos ou servas, nem seu boi ou seu jumento, nem qualquer outra coisa que ele possua”. O povo viu os trovões e relâmpagos, o som da trombeta e o monte lançando fumaça. O povo ficou de longe observando e tremendo. Os israelitas disseram a Moisés: “É melhor você falar conosco. Nós o ouviremos. É melhor que Deus não fale diretamente conosco para que não morramos!” Moisés disse a todos: “Não tenham medo! O Senhor veio provar vocês, para que tenham sempre temor por ele e não pequem”. Mas o povo ficou em pé, longe do monte, ao passo que Moisés aproximou-se da nuvem escura em que Deus estava. Então o Senhor mandou Moisés dizer aos israelitas: “Todos viram que do céu falei com vocês. Não façam ídolos de prata ou de ouro para me representarem. “Façam um altar de terra ou de pedra e nele ofereçam as suas ofertas queimadas e ofertas de paz, sacrifícios de ovelhas e de bois. Seja onde for que eu mandar celebrar o meu nome, eu estarei presente e os abençoarei. Agora, notem bem: Se o altar for de pedras, usem pedras brutas, porque o uso de ferramentas o profanaria. Não subam degraus para o meu altar, para que a sua nudez não seja ali exposta”. “São estas as minhas leis que você apresentará ao povo: “Se você comprar um escravo hebreu, ele trabalhará para você por seis anos. No sétimo ano será liberto de graça. Se o escravo era solteiro quando foi comprado, receberá a liberdade como solteiro; mas se chegou casado, a mulher irá com ele. Se o senhor der uma mulher a ele, e tiverem filhos ou filhas, ele sairá livre sozinho. A mulher e os filhos pertencerão ao mesmo senhor. “Pode ser que o escravo diga: ‘Eu amo o meu senhor. Além disso, amo a minha mulher e os meus filhos, e não quero sair livre’. Neste caso, o senhor levará o escravo ao tribunal para legalizar a declaração dele. O seu senhor o levará à porta ou à lateral da porta da casa e furará a orelha do escravo com um furador. Assim, o homem será escravo dele para sempre. “Se alguém vender a filha como escrava, ela não sairá livre como os escravos homens. Se ela foi comprada para casar com o dono, e ele achar que ela não serve para ser sua esposa, então ele deverá permitir que ela seja resgatada, isto é, terá de permitir que paguem pela libertação dela. Mas não poderá vender a escrava a estrangeiros, pois ele estaria sendo desleal com ela. Se o seu senhor a escolher para a dar em casamento ao seu filho, ela terá de ser tratada como se fosse sua filha. Caso o senhor tomar uma segunda mulher para o seu filho, a primeira continuará com os mesmos direitos que tinha antes, ou seja, não poderá privá-la do mesmo sustento, das mesmas roupas e dos mesmos direitos conjugais. Se essas três condições não forem atendidas, ela poderá sair livre sem devolver nem pagar nada. “Quem ferir mortalmente um homem, precisará morrer também. Mas, se não o fez intencionalmente, e Deus permitiu que o outro caísse nas mãos dele e morresse, vai ser determinado um lugar para onde ele possa fugir. Agora, se alguém tiver planejado matar alguém deliberadamente, deverá ser morto, mesmo que tenha procurado refúgio no meu altar. “Quem agredir seu pai ou sua mãe, será morto. “Aquele que sequestrar alguém e o vender, ou se for achado em poder dele, será morto. “Quem amaldiçoar seu pai ou sua mãe, será morto. “Se dois homens brigarem e um deles ferir o outro com uma pedra ou com o punho e este ficar de cama e não morrer, aquele que o feriu será absolvido se o ferido mais tarde puder levantar-se e andar apoiado em uma bengala; mas precisará pagar pelo tempo que este perdeu e ajudá-lo na sua completa recuperação. “Se alguém surrar com vara seu escravo ou escrava, e como resultado o escravo morrer, será castigado; mas se o escravo ou escrava sobreviver um ou dois dias, o senhor não será condenado, visto que o escravo é propriedade do seu senhor. “Se dois ou mais homens brigarem e ferirem uma mulher grávida, e ela der à luz prematuramente, não havendo dano sério, o culpado precisará pagar a indenização que o marido daquela mulher exigir. A forma de pagamento será determinada pelos juízes. Mas, se houver danos graves, então o castigo será vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferimento por ferimento, golpe por golpe. “Se alguém machucar e inutilizar o olho do seu escravo ou escrava, precisará dar liberdade ao escravo como compensação pelo olho. A mesma coisa ocorrerá se com violência quebrar o dente de um escravo ou escrava. Pagará com a libertação do escravo como compensação pelo dente. “Se um boi matar a chifradas um homem ou mulher, o boi precisará ser morto a pedradas, e não poderão comer a sua carne. Mas o dono do boi não receberá nenhuma condenação. Agora, se o boi tinha o costume de chifrar e o dono sabia disso, mas não o manteve preso, a situação é diferente. Nesse caso, se o boi matar um homem ou uma mulher, o boi será apedrejado e o dono dele também será morto. Se o acusador preferir receber resgate, o culpado pagará tudo que for pedido, para salvar a própria vida. Esse julgamento será aplicado quando a pessoa morta pelo boi for um menino ou uma menina. Se a pessoa morta pelo boi for escravo ou escrava, o preço do resgate será de 30 moedas de prata pago ao dono do escravo. Além disso, o boi será apedrejado. “Se alguém deixar uma cova aberta, ou se fizer uma cova e não tampá-la, e cair nela um boi ou jumento e morrer, a regra é clara. O responsável pela cova pagará o preço do animal ao dono, mas ficará com o animal morto. “No caso de um boi matar outro, o boi vivo será vendido. O dinheiro da venda será repartido em partes iguais, tanto o valor do boi vivo quanto o do boi morto. Porém, se o boi costumava chifrar, e o dono não o manteve preso, o caso é diferente. Este dará um boi vivo e ficará com o boi morto. “Se alguém roubar um boi ou uma ovelha e abatê-lo ou vendê-lo, para cada boi pagará cinco bois e para cada ovelha pagará quatro ovelhas. “Quem matar um ladrão enquanto ele estava roubando a casa, não será condenado por homicídio, mas se isso acontecer durante o dia, será culpado de homicídio. “Quanto ao roubo, o ladrão precisará restituir o que roubou. Se não puder devolver ou pagar o que roubou, ele mesmo será vendido como escravo. O dinheiro da venda servirá para pagar o roubo. Se o ladrão for apanhado no ato de roubar um animal vivo, seja boi, jumento ou ovelha, precisará pagar o dobro. “Se alguém soltar seu animal e este entrar na vinha ou no pasto de outro homem, pagará o prejuízo com o melhor que tiver do seu próprio campo ou da sua vinha. “Quem acender fogo, e o fogo destruir as colheitas já feitas ou por fazer, ou as pastagens de outra pessoa, restituirá totalmente o prejuízo. “Se alguém pede a outra pessoa para guardar prata ou objetos de valor, e um ladrão rouba aquilo que foi guardado, se o ladrão for achado, pagará em dobro o que roubou. Mas se não acharem o ladrão, o dono da casa será levado perante um tribunal para que se determine se ele roubou ou não os bens do outro. Sempre que alguém se apossar de bois, jumentos, ovelhas, roupa ou qualquer coisa perdida, e alguém disser: ‘Isto é meu’, as duas partes envolvidas apresentarão o caso diante de um tribunal. Aquele que for condenado pelo tribunal, pagará o dobro do prejuízo que causou ao seu próximo. “Se alguém pede ao próximo para guardar o seu jumento, boi, ovelha, ou outro animal, e o animal morrer, ficar ferido, ou for afugentado, sem que alguém saiba para onde, a pessoa deve então fazer um juramento solene diante do Senhor de que não roubou o animal. O dono aceitará a palavra, e não será exigida uma restituição da pessoa. Mas, se a pessoa roubou aquilo que estava guardando, ela precisará restituir o que roubou ao legítimo dono. Se foi despedaçado por um animal selvagem, apresentará o animal despedaçado ao dono, como prova. Nesse caso não precisará fazer restituição. “Se alguém pedir emprestado um animal, e este animal ficar aleijado ou morrer enquanto o dono esteve ausente, ele fará a restituição do valor do animal. Mas, se o dono estiver presente quando isso aconteceu, o que tomou emprestado não precisará pagar o prejuízo. Se o animal era alugado, basta pagar o preço do aluguel. “Se um homem seduzir uma moça virgem não comprometida e tiver relações com ela, pagará o preço do seu dote, e ela será sua mulher; mas se o pai da moça proibir o casamento, o sedutor pagará a ele o equivalente ao dote das moças virgens. “Não deixem as feiticeiras viver. “Quem tiver relação sexual com um animal deve ser morto. “Quem oferecer sacrifícios a deuses falsos, e não unicamente ao Senhor, será destruído. “Não maltrate nem explore os estrangeiros. Não esqueça que você foi estrangeiro no Egito. “Não maltrate nenhuma viúva, nem os órfãos. Se você os maltratar, e eles clamarem a mim, atenderei ao seu clamor. Ficarei muito irado e matarei você e todos os que fizerem isso. Então as suas mulheres ficarão viúvas e os seus filhos ficarão órfãos. “Se você emprestar dinheiro a alguém do meu povo, a algum necessitado que esteja com você, não cobre juros dele! Se tomar como garantia a capa de alguém, não abuse! Devolva a capa a ele antes do pôr do sol, porque a capa é o seu cobertor. É a veste do seu corpo. Se você ficar com ela, em que vai se deitar? Quando ele clamar a mim, eu atenderei, porque sou misericordioso. “Não blasfeme contra Deus, nem amaldiçoe uma autoridade do seu povo. “Traga sem demora as ofertas dos melhores produtos das suas colheitas do trigo, das plantações de uvas e do azeite. “Consagre a mim o primeiro filho. Faça o mesmo com a primeira cria da vaca e da ovelha. A primeira cria ficará sete dias com a mãe. Depois, no oitavo dia, entreguem-na para mim. “Vocês serão homens consagrados. Por isso, não comam carne de animal despedaçado no campo. Deem essa carne aos cães. “Não espalhe notícias falsas. Não concorde com a pessoa má dando testemunho falso. “Não acompanhe a multidão na prática do mal. Ao prestar um depoimento num processo judicial, não dê testemunho para favorecer a maioria. Não seja parcial, nem para favorecer o pobre. “Se você encontrar o boi ou o jumento que pertence ao seu inimigo, leve de volta o animal extraviado. Se você vir o jumento de alguém que o odeia, caído sob o peso da sua carga, não o deixe ali! Vá ajudar o homem a erguer o animal. “Não falsifique o julgamento para prejudicar a causa do pobre. Afaste-se da acusação falsa. Não condene à morte o inocente, nem o homem justo. Saiba que eu não absolverei o que vive para o mal. “Não aceite suborno, porque o suborno cega os que têm entendimento e corrompe as palavras dos honestos. “Não explore o estrangeiro. Vocês, israelitas, bem sabem como se sente um estrangeiro, pois foram estrangeiros no Egito! “Por seis anos plante em suas terras e colha o que elas produzirem. Mas, de sete em sete anos, deixe a terra descansar um ano. O sétimo ano é de descanso para a terra. Nesse ano ela não deverá ser cultivada, para que os pobres de Israel achem o que comer, e os animais comerão o que sobrar do campo. Essa lei também vale para as vinhas e olivais. “Faça tudo o que tiver de fazer nos seis primeiros dias, mas descanse no sétimo para que o seu boi e o seu jumento também descansem, e para que o seu escravo e o estrangeiro renovem suas forças. “Israelitas, tenham cuidado em fazer tudo o que eu disse. E prestem atenção: Não se lembrem, nem falem o nome de outros deuses! “Celebrem uma festa em memória de mim, três vezes por ano. “Primeiro, a festa dos pães sem fermento. Durante sete dias, comam pães sem fermento, como já lhes ordenei. Essa festa deverá ocorrer no primeiro mês do ano, o mês de abibe, porque foi nesse mês que vocês saíram do Egito. “Ninguém deverá aparecer diante de mim de mãos vazias. “A segunda festa é a festa da colheita dos primeiros frutos. Depois do plantio, assim que forem colher os primeiros frutos, celebrem essa festa. “A terceira festa é a festa da colheita geral, no final do ano, quando armazenarem do campo o fruto do seu trabalho. “Três vezes por ano, todo homem deverá se apresentar diante do Senhor Deus. “Ninguém deve oferecer o sangue do sacrifício junto com pão fermentado. “Não deverá ficar gordura da minha festa durante a noite, até a manhã seguinte. “Tragam à casa do Senhor, o seu Deus, os primeiros frutos das suas terras. “Não cozinhem o cabrito no leite da própria mãe dele. “Vou enviar um anjo à frente do meu povo para guardá-lo pelo caminho e levá-lo ao lugar que preparei para ele. Prestem atenção diante dele! Escutem o que ele disser! Não se rebelem contra ele, pois não perdoará os pecados que cometerem contra ele, porque nele está o meu nome. Mas se tiverem cuidado de obedecer ao que ele disser e de fazer o que ele mandar, então serei inimigo dos seus inimigos e adversário dos seus adversários. O meu anjo irá à frente de vocês. Ele os vai levar aos amorreus, aos heteus, aos ferezeus, aos cananeus, aos heveus e aos jebuseus. E eu vou destruir todos esses povos! Não adorem os seus deuses, nem ofereçam culto a eles. Não façam o que eles fazem. Ao contrário! Destruam totalmente e despedacem suas colunas sagradas. Sirvam ao Senhor, o Deus de vocês. Então o Senhor abençoará o seu pão e a sua água. Tirará do meio de vocês as doenças. Na sua terra não haverá mulher grávida que perderá seu filho, nem haverá mulher incapaz de conceber ou de dar à luz. Eu darei vida longa e completa a vocês. “Mandarei adiante de vocês o meu medo, que colocará em confusão todas as nações onde vocês entrarem. Farei com que todos os seus inimigos voltem as costas para vocês e fujam. Mandarei vespas na frente de vocês. Elas expulsarão de diante de vocês os heveus, os cananeus e os heteus. Não expulsarei esses povos todos em um só ano. Se fizer isso, a terra se transformará num deserto e os animais selvagens se multiplicarão contra vocês. Eu expulsarei aqueles povos aos poucos, até que vocês se tornem numerosos o suficiente para tomar posse efetiva da terra que já dei a vocês por herança. “Eu mesmo vou traçar os limites do seu país. Os limites serão estes: desde o mar Vermelho até o mar dos Filisteus, e do deserto até o rio Eufrates. Vou entregar em suas mãos os moradores daquelas terras, os quais vocês expulsarão de diante de vocês. Não façam nenhuma aliança com esses povos, nem com os falsos deuses deles! Não deixem que esses povos morem na terra de vocês, para que não levem vocês a pecar contra mim. Se oferecerem culto aos seus deuses, isso será uma armadilha para vocês”. Deus continuou falando com Moisés, dizendo: “Subam o monte para apresentar-se ao Senhor, você e Arão, Nadabe e Abiú e mais setenta líderes de Israel. Mas adorem à distância. Só Moisés se aproximará do Senhor. Os outros ficarão de longe, e o povo não deve subir com ele”. Moisés desceu e transmitiu ao povo todas as palavras e leis do Senhor. Então todo o povo respondeu a uma só voz e disse: “Faremos tudo o que o Senhor falou”. Moisés escreveu todas as palavras do Senhor, e na manhã seguinte se levantou bem cedo e fez um altar ao pé do monte. Construiu ali 12 pilares, um para cada tribo de Israel. Depois enviou alguns moços israelitas para oferecerem ofertas queimadas e ofertas de paz ao Senhor. Moisés despejou a metade do sangue em bacias e a outra metade do sangue derramou sobre o altar. Em seguida, Moisés leu o Livro da Aliança de Deus para o povo, e eles disseram: “Seremos obedientes e faremos tudo o que o Senhor falou”. Então Moisés pegou as bacias e derramou o sangue sobre o povo, dizendo: “Este é o sangue da minha aliança que o Senhor fez com vocês, de acordo com os termos que acabei de ler”. Então, Moisés, Arão, Nadabe, Abiú e os setenta oficiais de Israel subiram o monte e viram o Deus de Israel, cujos pés estavam pisando num pavimento de pedras de safira. Parecia o céu num dia claro! Deus não estendeu a mão para ferir os escolhidos de Israel; porém eles viram a Deus! E ali comeram e beberam. O Senhor disse a Moisés: “Suba até o topo do monte, venha até mim e fique aqui. Darei a você duas tábuas de pedra com a lei e os mandamentos que eu mesmo escrevi para ensinar o povo”. Moisés partiu com seu ajudante Josué e, ao subir o monte de Deus, disse aos líderes: “Esperem aqui até voltarmos. Arão e Hur ficarão com vocês. Quem tiver alguma questão para resolver, fale com eles”. Assim que Moisés subiu, uma nuvem cobriu o monte. A glória do Senhor permaneceu sobre o monte Sinai. A nuvem cobriu o monte por seis dias. No sétimo dia o Senhor chamou Moisés do interior da nuvem. Para o povo de Israel, que olhava de longe, a aparência da glória do Senhor era tremenda. Era como um fogo consumidor, no alto do monte! Moisés entrou na nuvem e subiu o monte; e lá permaneceu quarenta dias e quarenta noites! O Senhor disse a Moisés: “Diga aos israelitas que me tragam uma oferta. Receba a oferta de todo aquele que quiser ofertar de coração. Quero receber deles o seguinte como oferta: ouro, prata e bronze, fios de tecido azul, vermelho-púrpura e vermelho-carmesim, linho fino e pelos de cabra, peles de carneiro tingidas de vermelho, couro e madeira de acácia, azeite para iluminação, especiarias para o óleo da unção e para o incenso aromático; pedras de ônix e pedras próprias para serem fixadas na faixa sacerdotal e na peça que vai no peito do sacerdote. “E deverão construir um santuário para mim, para que eu possa morar no meio deles. Darei o modelo do Tabernáculo e de cada utensílio. Façam tudo exatamente como eu lhe mostrar. “Faça também uma arca de madeira de acácia. A arca medirá um metro e dez centímetros de comprimento, setenta e cinco centímetros de largura e setenta e cinco centímetros de altura. Ela precisará ser revestida de ouro puro, por dentro e por fora. Além disso, será feita uma moldura de ouro em volta dela. Faça quatro argolas de ouro, para os quatro cantos da arca, duas para cada lado. Faça também varas de madeira de acácia, revestidas de ouro. As varas serão introduzidas nas argolas laterais da arca, para que possa ser carregada. As varas terão de ficar o tempo todo nas argolas. Ninguém poderá tirá-las. Dentro da arca você colocará as duas tábuas da aliança — a prova da minha presença e de que dei a Israel a minha Lei. “Faça uma tampa de ouro puro. Deverá medir um metro e dez centímetros de comprimento por setenta centímetros de largura. Depois faça dois querubins de ouro batido, um em cada extremidade da tampa. Isso deve ser feito de tal modo que a tampa e os querubins formem uma só peça. Os querubins estenderão as suas asas para cima, cobrindo com elas a tampa. Ficarão de frente um para o outro, olhando para a tampa. Coloque a tampa sobre a arca. Dentro da arca, coloque as tábuas da aliança que darei a você. Ali sobre a tampa, no meio dos querubins que estão sobre a arca da aliança, me apresentarei a você. Na arca estarão as leis que dão testemunho da minha aliança. Ali darei a vocês os meus mandamentos aos israelitas. “Faça também uma mesa de madeira de acácia, com noventa centímetros de comprimento, quarenta e cinco centímetros de largura e setenta centímetros de altura. Revista-a de ouro puro e faça uma moldura de ouro ao seu redor. Faça também um friso ao seu redor com quatro dedos de largura e uma moldura de ouro para esse friso. Faça quatro argolas de ouro para a mesa, uma para cada canto da mesa. As argolas devem estar próximas ao friso para que sustentem as varas, usadas para transportar a mesa. Faça então as varas para carregar a mesa. Elas devem ser feitas de madeira de acácia, revestidas de ouro. Faça de ouro puro os pratos, os talheres, as vasilhas para o incenso e as jarras para as bebidas sacrificiais. E deixe sempre em cima da mesa, diante de mim, os pães da Presença. “Faça também um candelabro de ouro puro. O pedestal, a haste, as taças, as flores e os botões formarão uma só peça. Seis braços sairão dos seus lados: três de cada lado da haste central. Cada braço terá três taças em forma de flor de amêndoa, e será enfeitado com três botões e três flores. Assim serão os seis braços que saem do candelabro. Mas a haste central do candelabro terá quatro taças com formato de flor de amêndoa, cada uma com seu botão e sua flor. Entre cada par de braços haverá um botão e uma flor, além dos que vão por cima e dos que vão por baixo do conjunto de braços. Os braços com seus botões formarão uma só peça com o candelabro de ouro puro batido. “Depois faça sete lâmpadas. Coloque as lâmpadas de modo que iluminem a frente do candelabro. Os cortadores de pavios e os apagadores serão de ouro puro. Você precisará de cerca de trinta e cinco quilos de ouro puro para fazer o candelabro com todas as peças que o acompanham. Tenha cuidado para fazer tudo de acordo com o modelo que lhe foi mostrado neste monte. “Faça o Tabernáculo com dez cortinas. O tecido deverá ser de linho fino trançado, com fios de tecido azul, vermelho-púrpura e vermelho-carmesim, e mande artistas gravarem nelas desenhos de querubins. Cada cortina deverá medir doze metros e sessenta centímetros de comprimento e um metro e oitenta centímetros de largura. Cada um dos lados do Tabernáculo será formado por cinco cortinas ligadas umas às outras. Faça laços de tecido azul ao longo da borda da cortina externa do primeiro conjunto. Você fará o mesmo com a borda da cortina externa do segundo conjunto. Faça cinquenta laços numa cortina e cinquenta laços na cortina que está na extremidade do outro conjunto, de modo que os laços estejam contrapostos uns aos outros. Depois faça cinquenta prendedores de ouro, e com eles junte os dois conjuntos de cortinas. Assim, o Tabernáculo — o lugar da morada de Deus — se tornará um conjunto único. “A cobertura do Tabernáculo será feita com onze cortinas de pelos de cabra. Cada cortina deverá ter o mesmo tamanho, medindo treze metros e meio de comprimento e um metro e oitenta centímetros de largura. Prenda de um lado cinco cortinas umas nas outras, formando um conjunto, e as outras seis, formando outro conjunto, ficando a sexta cortina dobrada na frente da tenda. Faça cinquenta laços ao longo da borda do primeiro conjunto de cortinas e mais cinquenta laços ao longo da borda do outro conjunto de cortinas. Em seguida, faça cinquenta prendedores de bronze e coloque-os nos laços, unindo assim os dois conjuntos, e a cobertura do Tabernáculo se tornará um todo. A sobra no comprimento das cortinas internas ficará pendurada na parte de trás do Tabernáculo. As dez cortinas internas serão quarenta e cinco centímetros mais compridas de cada lado; estas sobras deverão ser penduradas nos dois lados, e assim o Tabernáculo ficará coberto. Faça mais uma cobertura de peles de carneiro, tingidas de vermelho, e outra cobertura em cima desta, feita de peles finas. “As armações verticais do Tabernáculo deverão ser de madeira de acácia. Cada armação deverá medir quatro metros e meio de comprimento por setenta centímetros de altura. Cada armação terá dois encaixes paralelos para juntar uma à outra. Vinte dessas armações formarão o lado sul do Tabernáculo. Para cada armação haverá duas bases de prata, uma debaixo de cada encaixe. Faça a mesma coisa para o lado norte do Tabernáculo. Faça vinte armações e quarenta bases de prata, duas debaixo de cada armação. Nos fundos do Tabernáculo, o lado oeste, você fará seis armações e mais duas armações para os cantos da parte de trás do Tabernáculo. As armações dos cantos serão duplas. Em cada canto, as armações duplas ficarão ligadas em cima, pela primeira argola. Portanto, haverá oito armações e dezesseis bases de prata na parte de trás do Tabernáculo, duas bases debaixo de cada armação. “Faça também travessões de madeira de acácia: cinco para as armações de um lado do Tabernáculo, cinco para as armações do outro lado e cinco para o lado oeste, na parte de trás do Tabernáculo. O travessão central se estenderá a meia altura, ligando todas as armações de uma extremidade à outra. As armações devem ser revestidas de ouro. As argolas por onde vão passar as travessas serão de ouro, e as próprias travessas serão revestidas de ouro. “Arme o Tabernáculo de acordo com o modelo que mostrei a você neste monte. “Faça também um véu de linho fino trançado, de fios de lã azul, vermelho-púrpura e vermelho-carmesim, e mande artistas bordarem nele desenhos de querubins. Pendure o véu em quatro colunas de madeira de acácia revestidas de ouro, que terão prendedores de ouro e serão fixadas em quatro bases de prata. Pendure o véu nos prendedores. Atrás do véu, coloque a arca da aliança. O véu servirá para separar o Lugar Santo do Lugar Santíssimo. Coloque a tampa sobre a arca da aliança no Lugar Santíssimo. Coloque a mesa do lado de fora do véu, no lado norte do Tabernáculo, e o candelabro em frente à mesa, no lado sul. “Para a entrada do Tabernáculo, faça uma cortina de linho fino trançado e de fios de lã azul, vermelho-púrpura e vermelho-carmesim, e confie o trabalho a um bordador. Para sustentar essa cortina, faça colunas de madeira de acácia revestida de ouro, com prendedores de ouro. As cinco bases — uma para cada poste — devem ser de bronze. “Faça também o altar de madeira de acácia. Ele será quadrado, medindo dois metros e vinte e cinco centímetros de largura e um metro e trinta e cinco centímetros de altura. Faça quatro pontas, em forma de chifre, uma em cada canto do altar, que formarão uma só peça. Cubra de bronze o altar. Depois faça de bronze todos os seus utensílios: vasilhas e pás para recolher a cinza, bacias, garfos e braseiros. Faça também uma grelha de bronze, em forma de rede, com quatro argolas de bronze — uma em cada canto da grelha. Coloque a grelha abaixo da beirada do altar, de modo que fique a meia altura do altar. Faça ainda varas para carregar o altar. Use madeira de acácia. As varas devem ser revestidas de bronze. Para transportar o altar, as varas serão colocadas nas argolas, dos dois lados do altar. O altar deve ser oco, feito de tábuas, conforme o modelo que você viu no monte. “Faça um pátio para o Tabernáculo, cercado de cortinas de linho fino trançado. O lado sul, de quarenta e cinco metros de comprimento, será coberto por cortinas. Elas estarão presas em vinte colunas de bronze, firmadas em vinte bases de bronze. As varas para estender as cortinas e os ganchos para prendê-las nas colunas serão de prata. Faça a mesma coisa no lado norte do pátio, com quarenta e cinco metros de comprimento, e cortinas fixas em vinte colunas e bases de bronze, e varas e ganchos de prata. “O lado oeste do pátio com as cortinas terá vinte e dois metros, com dez colunas e dez bases. No lado leste, o pátio também será de vinte e dois metros e meio de comprimento. Um lado da entrada terá cortinas de seis metros e setenta e cinco centímetros de comprimento, presas em três colunas fixas sobre três bases. O outro lado também terá cortinas de seis metros e setenta e cinco centímetros presas em três colunas fixas sobre três bases. “A entrada do pátio será protegida por uma cortina de oito metros e oitenta centímetros de comprimento. A cortina deve ser de linho fino trançado e de fios de tecido azul, vermelho-púrpura e vermelho-carmesim, obra de bordador. Quatro colunas fixas em quatro bases sustentarão a cortina. Todas as colunas ao redor do pátio serão ligadas por suportes de prata. Os ganchos serão todos de prata e as bases de bronze. O pátio todo terá quarenta e cinco metros de comprimento e vinte e dois metros e meio de largura, com cortinas de linho fino trançado de dois metros e vinte e cinco centímetros de altura. As bases serão de bronze. Todos os utensílios usados para o serviço do Tabernáculo serão de bronze. As estacas do Tabernáculo e as estacas do pátio serão de bronze. “Diga aos israelitas que tragam azeite puro de oliveira refinado, para o candelabro, para que as lâmpadas fiquem acesas o tempo todo. Arão e os seus filhos serão responsáveis por manter tudo em ordem e a luz acesa do entardecer até pela manhã, perante o Senhor. Farão isso no Lugar Santo, fora do véu, atrás do qual está a arca da aliança. Este regulamento é permanente, entre os israelitas, de geração em geração. “Chame o seu irmão Arão e consagre-o dentre os israelitas, e também seus filhos Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar. Eles serão os sacerdotes para me servirem. Faça roupas especiais para Arão, para indicar que ele foi separado para o meu serviço. Devem ser roupas que o dignifiquem e honrem. Fale a todos os homens artesãos, capazes e habilidosos, para que façam roupas para a consagração de Arão para me servir como sacerdote. As roupas que farão são estas: um peitoral, um colete sacerdotal, um manto, uma túnica bordada, um turbante e um cinturão. Essas roupas sacerdotais feitas para Arão e seus filhos serão sagradas, para que me sirvam como sacerdotes. Esses artesãos deverão usar ouro, linho fino trançado azul, vermelho-púrpura e vermelho-carmesim. “Os artesãos farão o colete sacerdotal de linho fino trançado, de fios de ouro e de fios de tecido azul, vermelho-púrpura e vermelho-carmesim, trabalho feito com capricho. O colete terá duas partes — a da frente e a de atrás — e terá duas ombreiras que deverão ser presas nos dois lados do manto. O cinturão, feito com arte, passará pela cintura do colete sacerdotal para prendê-lo; será feito do mesmo material, ou seja, linho fino trançado, fios de ouro e fios de tecido azul, vermelho-púrpura e vermelho-carmesim. “Pegue duas pedras de ônix e grave nelas os nomes dos filhos de Israel; seis nomes em cada pedra, por ordem de nascimento dos filhos de Israel. Para gravar os nomes dos filhos de Israel, use a técnica de um lapidador, utilizada para gravar selos. Em seguida encaixe as pedras em bases de ouro. Fixe as duas pedras nas ombreiras do manto sacerdotal. Elas servirão para manter viva a lembrança do povo de Israel. Assim, Arão levará sempre nos ombros os nomes das tribos, para manter viva a lembrança diante do Senhor. Faça também encaixes de ouro e duas correntes de ouro puro trançado. Prenda as correntes nos encaixes. “Depois faça artisticamente o peitoral, que servirá para orientar as decisões da parte de Deus. Faça com o mesmo material usado para fazer o colete sacerdotal: linho fino trançado, fios de ouro, fios de tecido azul, vermelho-púrpura e vermelho-carmesim. O peitoral será quadrado e dobrado em dois, formando um bolso, medindo vinte e dois centímetros de comprimento por vinte e dois centímetros de largura. Em seguida, fixe nele quatro fileiras de pedras preciosas. Na primeira fila fixe as seguintes pedras: sárdio, topázio e carbúnculo. Na segunda fila, esmeralda, safira e diamante. Na terceira fila, jacinto, ágata e ametista. Na quarta fila, berilo, ônix e jaspe. Os encaixes serão modelados em ouro. Cada pedra representará uma das 12 tribos de Israel. O nome de cada tribo será gravado nela como um selo. “Prenda o peitoral no colete sacerdotal por meio de duas correntes de ouro puro, trançadas com corda. Faça também duas argolas de ouro e prenda-as às duas pontas do peitoral. Prenda as duas correntes de ouro às argolas nas pontas do peitoral. As outras pontas das duas cordas ficarão presas às partes da frente dos dois encaixes de pedras de ônix, nas ombreiras do colete sacerdotal. Faça também outras duas argolas de ouro e prenda-as às duas pontas de baixo, por dentro do peitoral, junto ao colete sacerdotal. Faça mais duas argolas de ouro e prenda-as às duas ombreiras do colete sacerdotal, abaixo, na frente, sobre o cinturão de trabalho esmerado que passa por cima do colete sacerdotal. Depois ligue o fundo do peitoral às argolas da base do manto sacerdotal. Faça a ligação por meio de uma fita azul, ligando o peitoral ao cinturão. Isto manterá o peitoral sempre unido ao colete sacerdotal. “Desse modo, Arão levará os nomes das tribos de Israel no peitoral, sobre o seu coração, toda vez que entrar no Lugar Santo. Assim o Senhor se lembrará sempre das tribos de Israel. Coloque no peitoral das decisões o Urim e o Tumim, para serem levados junto ao coração de Arão, quando se apresentar ao Senhor. Assim, Arão levará sempre sobre o coração os meios para saber o que o Senhor quer do povo de Israel. “O manto, roupa que vai por cima do colete sacerdotal, será tecido inteiramente de fios de lã azul e com uma abertura para a cabeça no meio. Essa abertura terá um forro em volta, como uma gola, para não se rasgar. O manto será todo enfeitado com desenhos de romã de pano azul, vermelho-púrpura e vermelho-carmesim; em volta da borda do manto, intercalados com sinos de ouro, ou seja, um sino e uma romã, outro sino de ouro e outra romã, e assim por diante. Os sinos de ouro e as romãs devem se alternar por toda a volta da borda do manto. Arão terá de usar esse manto sempre que for fazer o serviço sacerdotal. O som dos sinos será ouvido quando ele entrar no Lugar Santo diante do Senhor e quando sair; fará assim para que não morra! “Faça depois uma lâmina de ouro puro e grave nela — como se gravam os selos — a seguinte frase: ‘Consagrado ao Senhor ’. Essa lâmina será presa por um cordão na parte da frente do turbante com uma fita azul. Estará sobre a testa de Arão, para que ele leve a culpa de qualquer pecado que os israelitas cometerem ao oferecerem e consagrarem suas ofertas ao Senhor. Essa lâmina estará sempre sobre a testa de Arão, para que os israelitas sejam aceitos e perdoados pelo Senhor. “Faça também uma túnica bordada para Arão — uma manta de linho xadrez. E faça um turbante de linho fino, e o cinturão, trabalhado artisticamente por um bordador. Faça para os filhos de Arão os mantos, os cinturões e os turbantes. Essas peças devem conferir-lhes honra e dignidade. Depois de vestir seu irmão Arão e os seus filhos, consagre esses homens ao Senhor para o ministério sacerdotal. Para isso, deverão ser ungidos com azeite de oliveira — derramado sobre suas cabeças. “Faça roupas de baixo para eles — calções de linho — para cobrirem a pele nua, e que vão da cintura até quase os joelhos. Sempre que Arão e seus filhos entrarem no Tabernáculo ou forem até o altar que está no Lugar Santo, deverão vestir essas peças. Desse modo eles não terão culpa e não morrerão. “Este estatuto é permanente para Arão e para os seus descendentes. “Consagre Arão e seus filhos para que me sirvam como sacerdotes da seguinte maneira: Pegue um novilho e dois carneiros sem defeito. Pegue pães e bolos feitos sem fermento e com farinha amassada. Pegue também bolos finos sem fermento untados com azeite. Coloque-os numa cesta. Depois traga as cestas, o novilho e os dois cordeiros. Então mande Arão e seus filhos chegarem perto da porta do Santuário e lave-os com água. Depois vista Arão com as roupas especiais: o manto, a túnica bordada, o colete sacerdotal, o peitoral e o cinturão de trabalho artístico do colete sacerdotal. Ponha-lhe o turbante na cabeça e prenda a lâmina de ouro ao turbante. Derrame o azeite da unção na cabeça dele. Depois vista os filhos dele com as roupas sacerdotais. Coloque neles as túnicas bordadas, os cinturões, os turbantes na cabeça. Assim você consagrará Arão e os seus filhos. E serão sacerdotes para sempre. “Traga o novilho para a frente do Tabernáculo. Arão e seus filhos colocarão as mãos sobre a cabeça do novilho. Você deverá sacrificar o novilho na entrada do Tabernáculo, diante do Senhor. Com o dedo ponha o sangue do novilho nos chifres do altar e derrame o resto do sangue sobre a base do altar. Depois pegue a gordura que cobre as vísceras, incluindo a melhor parte do fígado, os dois rins com a gordura que os envolve, e queime tudo isso no altar. Mas o restante do corpo, incluindo a carne, o couro e o excremento, queime fora do acampamento; é oferta pelo pecado. “Depois traga um dos carneiros, e Arão e seus filhos colocarão as mãos sobre a cabeça dele. Sacrifique o carneiro e borrife o sangue dele por todos os lados do altar. Corte o carneiro em pedaços. Lave as vísceras e as pernas do animal e ponha tudo isso sobre os outros pedaços e a cabeça. Queime tudo sobre o altar. É oferta queimada de aroma agradável ao Senhor. “Depois pegue o outro carneiro. Arão e seus filhos colocarão as mãos sobre a cabeça. Sacrifique o carneiro. Molhe com o sangue do carneiro a ponta da orelha direita de Arão e dos seus filhos. Molhe também os polegares da mão direita e do pé direito de cada um deles. Borrife todos os lados do altar com o restante do sangue. Pegue um pouco de sangue do altar e um pouco de óleo da unção e borrife essa mistura em Arão e nas suas roupas, e nos seus filhos e nas roupas deles. Assim, eles e suas roupas estarão santificados ao Senhor. “Depois tire a gordura desse cordeiro, a parte gorda da cauda, a gordura que cobre as vísceras, a melhor parte do fígado, os dois rins e a gordura que os envolve, e a coxa direita, porque este é o carneiro da oferta de ordenação dos sacerdotes. Pegue também um pão, um bolo assado com azeite e um pão fino da cesta de pães sem fermento, colocada diante do Senhor. Ponha todas essas coisas nas mãos de Arão e seus filhos e, movendo-as de um lado para o outro, apresente-as com gestos rituais perante o Senhor. Em seguida, pegue tudo de volta das mãos deles e queime essas ofertas no altar. É oferta queimada ao Senhor, é oferta de aroma agradável ao Senhor. Pegue o peito do carneiro para a ordenação de Arão e mova-o de um lado para o outro, apresente-o com gestos rituais perante o Senhor. Essa parte pertencerá a você. “Consagre o peito e a coxa do carneiro da oferta apresentada com gestos rituais, isto é, as partes tiradas do cordeiro da ordenação que pertencem a Arão e seus filhos. O povo de Israel sempre terá de dar essas partes dos sacrifícios a Arão e seus filhos. É contribuição obrigatória permanente que farão aos sacerdotes, das suas ofertas de paz ao Senhor. “As vestes sagradas de Arão passarão aos seus descendentes, para vesti-las quando forem ungidos e ordenados. O filho que servir como sacerdote no lugar de Arão e que entrar no santuário para servir no Lugar Santo vestirá essas roupas durante sete dias. “Pegue o carneiro da ordenação e cozinhe a sua carne no Lugar Santo. Na entrada do santuário eles deverão comer a carne do cordeiro e o pão que está na cesta. Eles comerão as coisas que foram oferecidas como sacrifício para tirar os pecados para consagrá-los e para santificá-los. Somente os sacerdotes poderão comê-las, pois são sagradas. Se sobrar na manhã seguinte alguma coisa da carne do cordeiro da ordenação ou do pão, deverá ser queimada. Ninguém deve comê-la, porque é sagrada. “Para a ordenação de Arão e seus filhos, faça tudo o que lhe mandar, durante sete dias. Cada dia prepare um novilho para ser sacrificado como oferta pelo pecado. É o sacrifício para alcançar o perdão dos pecados de todos. Com o sacrifício para tirar pecados você purificará o altar. Depois você derramará o azeite da unção sobre o altar, para a sua santificação. Durante sete dias faça o sacrifício pelo altar, para consagrá-lo. Com isso o altar será santíssimo, e tudo o que encostar nele ficará santo. “Agora veja as ofertas que você deve sacrificar regularmente sobre o altar: ofereça todos os dias dois cordeiros de um ano de idade. Ofereça um cordeiro de manhã e o outro ao entardecer. Ofereça com o primeiro cordeiro cerca de três litros da melhor farinha misturada, preparada com um litro de azeite de oliva refinado. Como oferta de bebida ofereça um litro de vinho. Ofereça o outro cordeiro ao entardecer, junto com a oferta de cereais e com a oferta de bebida, como de manhã. Será oferta queimada de aroma agradável ao Senhor. “Assim será apresentada constantemente a oferta queimada, de geração em geração, à entrada do Tabernáculo, diante do Senhor. Ali me encontrarei com os israelitas e falarei com você. Ali visitarei os israelitas, e o lugar será consagrado pela minha glória. “Assim consagrarei o Tabernáculo e o altar. Santificarei também Arão e os seus filhos para que me sirvam como sacerdotes. E morarei no meio dos israelitas e serei o seu Deus. Saberão que eu sou o Senhor, o seu Deus, que os tirou da terra do Egito para morar no meio deles. Eu sou o Senhor, o seu Deus. “Faça também um altar de madeira de acácia para queimar incenso. O altar deve ser quadrado, com quarenta e cinco centímetros de cada lado, e noventa centímetros de altura. Os chifres, nas pontas e o altar devem formar uma só peça inteiriça. Revista de ouro a parte de cima, as paredes laterais e os chifres. Além disso, faça uma moldura de ouro. Faça duas argolas de ouro de cada lado do altar, logo abaixo da moldura. Essas argolas servem para sustentar as varas utilizadas para carregar o altar. As varas serão de madeira de acácia, recobertas de ouro. Coloque o altar em frente ao véu que se encontra diante da arca da aliança, diante da tampa que está sobre ela. Ali me encontrarei com você. “Arão queimará nesse altar o incenso aromático todas as manhãs, quando vier preparar as lâmpadas, e também à tarde, quando vier acendê-las. O incenso será queimado continuamente perante o Senhor, de geração em geração. Não ofereçam o que não seja meu nesse altar, nem ofertas queimadas, nem oferta de cereais. Também não apresente ofertas de bebida sobre ele. Uma vez por ano, Arão fará uma cerimônia de propiciação sobre os chifres do altar com o sangue do animal sacrificado para tirar os pecados do povo. Isto será feito pelas gerações. Esse altar é santíssimo ao Senhor ”. O Senhor disse ainda a Moisés: “Quando você fizer o recenseamento do povo de Israel, preste atenção! Cada israelita terá de pagar o seu próprio resgate ao Senhor quando for contado. Dessa maneira, nenhuma praga virá sobre eles quando a contagem estiver sendo feita. Todo aquele que passar pelo recenseamento contribuirá com seis gramas de prata, com base no peso padrão do santuário, que é de doze gramas de prata. Os seis gramas serão uma oferta ao Senhor. Todo aquele que tiver mais de vinte anos de idade e for registrado no recenseamento, dará essa oferta ao Senhor. O rico não dará mais de seis gramas, nem o pobre menos que seis gramas, quando apresentarem a oferta ao Senhor quando pagarem pelos pecados da sua vida. Receba dos israelitas o dinheiro dessas ofertas pelo perdão dos pecados e use-o no serviço do Tabernáculo. Assim, as ofertas pelos pecados feitas por suas vidas serão sempre lembradas diante do Senhor ”. O Senhor continuou falando com Moisés: “Faça uma bacia de bronze com uma base de bronze, para servir de lavatório. Coloque a bacia entre o santuário e o altar, e encha-a de água. Arão e seus filhos devem lavar as mãos e os pés com a água da bacia. Toda vez que entrarem no santuário ou quando se aproximarem do altar para prestarem serviço ao Senhor, apresentando uma oferta queimada ao Senhor, terão de lavar-se com água para que não morram. Eles, pois, lavarão as mãos e os pés para que não morram. Isso é lei permanente para Arão e os seus descendentes, de geração em geração”. Em seguida, o Senhor disse a Moisés: “Junte as mais finas especiarias: seis quilos de mirra líquida, a metade disso, ou seja, três quilos de cálamo aromático, três quilos de cássia aromática, com base no peso padrão do siclo do santuário, e aproximadamente 5 litros de azeite de oliveira. Entregue tudo aos perfumistas especializados para prepararem uma mistura de aromas, que será o óleo sagrado para a unção. Use esse óleo sagrado para ungir o Tabernáculo, a arca da aliança, a mesa e todos os utensílios, o candelabro com seus utensílios, o altar de incenso, o altar das ofertas queimadas com todos os seus utensílios e a bacia com a sua base. Deste modo você consagrará todas essas coisas e se tornarão santíssimas, e tudo o que tocar nelas se tornará santo. “Use também o óleo da unção para derramar em Arão e nos seus filhos e consagreos para me servirem como sacerdotes. Diga aos israelitas: ‘Este será o meu óleo sagrado para a unção, geração após geração. Ele não deverá ser usado para ungir o corpo de nenhum outro homem, e não fabriquem outro óleo com a mesma fórmula. Esse óleo é sagrado, e assim deve ser considerado. Qualquer pessoa que preparar óleo com essa fórmula, ou ungir um estranho, será eliminada do meio do seu povo’ ”. O Senhor deu ordens a Moisés, a respeito do incenso, dizendo: “Junte as seguintes essências: estoraque, ônica, gálbano e incenso puro, todas em quantidades iguais, e faça um incenso de mistura aromática. Tempere com sal, puro e santo, segundo a arte do perfumista. Moa uma parte desse incenso para que se torne pó. Coloque o incenso em pó em frente à arca da aliança, no Tabernáculo, onde me encontrarei com você. Considerem esse incenso santíssimo. Ninguém deve usar essa fórmula para fabricar incenso para uso particular. Considerem-no sagrado, dedicado ao Senhor. Quem fizer incenso parecido, para usufruir do seu aroma, será eliminado do seu povo”. O Senhor disse mais a Moisés: “Eu escolhi Bezalel, filho de Uri e neto de Hur, da tribo de Judá, e o enchi do Espírito de Deus. Dei a ele habilidade, inteligência e conhecimento artístico para desenhar e trabalhar em ouro, prata e bronze, para lapidar e esculpir pedras; para entalhar madeira, e para fazer toda espécie de obra artesanal. Escolhi como seu companheiro Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã. Também capacitei todos os artesãos para fazerem tudo o que mandei. Farão o Tabernáculo, a arca da aliança, a tampa que estará sobre ela e todos os outros utensílios do Tabernáculo, a mesa com as suas vasilhas, o candelabro de ouro com todos os seus utensílios, o altar de incenso; o altar das ofertas queimadas com todos os seus utensílios e a bacia com a sua base, as roupas de tecido fino, e as roupas sagradas para o sacerdote Arão e os seus filhos, quando me servirem como sacerdotes; o óleo para as unções e o incenso aromático para o Lugar Santo. Tudo deve ser feito seguindo as instruções que dei a você”. O Senhor disse ainda a Moisés: “Diga aos israelitas: ‘Certamente vocês guardarão os meus sábados. Isso será um sinal entre mim e vocês, de geração em geração, para que se lembrem que eu sou o Senhor que os santifica. “ ‘Portanto, guardem o sábado, porque é santo para vocês. Aquele que fizer alguma obra nesse dia, será eliminado do meio do seu povo. Por isso, trabalhem seis dias da semana, mas descansem no sábado, que é o sétimo dia, consagrado ao Senhor. O povo de Israel deverá guardar o sábado, de geração em geração, como uma aliança perpétua. É um sinal permanente da minha aliança com o meu povo, porque o Senhor fez os céus e a terra em seis dias, e no sétimo dia ele descansou’ ”. Quando ele acabou de falar com Moisés no monte Sinai, deu-lhe as duas tábuas da aliança, tábuas em pedra, escritas pelo dedo de Deus! Mas, vendo o povo que Moisés demorava para descer do monte, reuniram-se todos ao redor de Arão e disseram: “Faça deuses que sirvam de guias para nós, pois a Moisés — esse homem que nos tirou do Egito — não sabemos o que aconteceu”. Arão respondeu-lhes: “Tirem as argolas de ouro das orelhas de suas mulheres, de seus filhos e de suas filhas e tragam-nas a mim”. Então, todo o povo tirou das orelhas as argolas de ouro e as trouxeram a Arão. Ele as recebeu, derreteu o ouro, e com ferramentas próprias fez um bezerro fundido. Então disseram: “Israel, este é o deus que tirou você do Egito!” Ao ver isso, Arão edificou um altar diante do bezerro e anunciou: “Amanhã vamos fazer uma festa ao Senhor ”. No dia seguinte, todos levantaram cedo e ofereceram ofertas queimadas e ofertas de paz ao bezerro de ouro. O povo assentou-se para comer e beber e levantou-se para se divertir. Então o Senhor disse a Moisés: “Desça, pois o seu povo, o povo que você tirou do Egito, corrompeu-se e depressa se desviou do caminho que eu havia ordenado. Fez um bezerro de ouro fundido e lhe ofereceu culto, e ofereceu sacrifícios a ele! Além disso, o povo diz: ‘Israel, este é o seu deus que tirou você do Egito!’ ” O Senhor disse mais a Moisés: “Tenho percebido que este povo é um povo rebelde. Agora deixe-me sozinho, para que a minha ira se acenda sobre eles, e eu os destruirei. Depois, farei de você uma grande nação”. Mas Moisés implorou ao Senhor, seu Deus. “ Senhor ”, disse ele, “por que ficar indignado assim com o seu povo, que o Senhor tirou da terra do Egito com grande poder e forte mão? Por que deixar os egípcios dizer: ‘Foi com má intenção que os tirou, para matá-los nos montes e para bani-los da face da terra’? Volte atrás, eu peço, e apague a sua indignação. Tenha piedade e desista de fazer esse terrível mal ao seu povo! Lembre-se dos seus servos Abraão, Isaque e Israel, aos quais jurou pelo seu nome: ‘Multiplicarei os seus descendentes, como as estrelas do céu e darei a eles toda esta terra que prometi a eles, e os seus descendentes herdarão esta terra para sempre’ ”. Então, o Senhor desistiu do mal que faria ao povo. Moisés desceu do monte, levando nas mãos as duas tábuas da Lei, tábuas escritas de ambos os lados, frente e verso. Deus mesmo tinha feito as tábuas. O que nelas estava gravado também fora escrito por Deus. Quando Josué ouviu o barulho do povo gritando, disse a Moisés: “Parece que há um barulho de guerra no acampamento”. “Nada disso!”, disse Moisés. “Não é nem barulho de vitória, nem de derrota. Na verdade, ouço gente cantando”. Quando Moisés se aproximou do acampamento e viu o bezerro e as danças, ficou furioso! Ele jogou as duas tábuas de pedra no chão, quebrando-as ao pé do monte! Em seguida, pegou o bezerro que eles tinham feito e o derreteu, depois o moeu, reduzindo-o a pó, que espalhou na água, e fez os israelitas beberem aquela água. Depois Moisés perguntou a Arão: “O que foi que esse povo fez a você, para que você o levasse a cometer um pecado tão grande?” Arão respondeu: “Não fique irado comigo, meu senhor. Você sabe como este povo está sempre pronto para fazer o mal. Eles me disseram: ‘Faça deuses que sirvam de guias para nós, pois a Moisés — o homem que nos tirou do Egito — não sabemos o que aconteceu’. Então eu disse a eles: ‘Quero que me tragam o ouro que tiverem’. O povo trouxe-me o ouro, eu o joguei no fogo e — veja só! — surgiu esse bezerro!” Moisés viu que o povo estava desenfreado e que Arão o deixou completamente fora de controle, tendo se tornado objeto de zombaria para os seus inimigos. Então ficou em pé, à entrada do acampamento, e disse: “Quem é do Senhor, venha até mim”. Logo foram para perto dele os filhos de Levi. Disse Moisés a eles: “Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: ‘Pegue cada um a sua espada, percorra o acampamento, de ponta a ponta, ida e volta, de porta em porta, e mate cada um o seu irmão, o seu amigo e o seu vizinho’ ”. E fizeram os levitas conforme a palavra de Moisés, e naquele dia foram mortos cerca de três mil homens. Moisés então falou aos levitas: “Hoje vocês se consagraram ao Senhor, pois nenhum de vocês poupou seu filho ou seu irmão, de modo que o Senhor os abençoou hoje”. No dia seguinte Moisés disse ao povo: “Vocês cometeram um terrível pecado. Mas eu subirei novamente ao Senhor, e talvez consiga obter o perdão pelo pecado de vocês”. Moisés voltou ao Senhor e disse: “O povo cometeu grande pecado, fazendo deuses de ouro. Mas agora, lhe imploro, perdoe o pecado deles. Senão, peço que me risque do livro que o Senhor escreveu”. O Senhor respondeu a Moisés: “Riscarei do meu livro todo aquele que pecar contra mim. Agora vá e conduza o povo ao lugar de que lhe falei; esteja certo de que o meu anjo irá à sua frente. Porém, no dia da minha visitação, eu os punirei pelos seus pecados”. E o Senhor lançou grande castigo sobre os israelitas por causa do bezerro que Arão tinha feito. Depois o Senhor ordenou a Moisés: “Leve este povo que você tirou do Egito para a terra que jurei dar a Abraão, a Isaque e a Jacó. Pois eu disse a eles: ‘Darei esta terra aos seus descendentes’. Mandarei à sua frente o anjo. Expulsarei do território os cananeus, os amorreus, os heteus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus. Vão para a terra que jorra leite e mel. Mas eu não irei com vocês, pois vocês são um povo rebelde, e eu poderia destruí-los no caminho”. Quando o povo ouviu essas más notícias, começou a chorar, e nenhum deles usou as suas joias. Pois o Senhor tinha mandado Moisés falar ao povo: “Vocês são um povo rebelde. Se eu for com vocês, ainda que por um só momento, os destruiria. Agora, tirem as joias e enfeites que estão usando, até eu decidir o que faço com vocês”. Por isso, a partir do monte Horebe, os israelitas deixaram de usar joias e enfeites. Moisés costumava armar a tenda longe do acampamento. Ele a chamava de “Tenda do Encontro com Deus”. Todo aquele que quisesse consultar o Senhor ia à tenda, fora do acampamento. Sempre que Moisés ia para a tenda, todo o povo se levantava e ficava em pé à entrada de suas tendas, e o observavam pelas costas, até que entrasse na tenda. Assim que Moisés entrava, a coluna de nuvem descia e ficava à entrada da tenda. E o Senhor falava com Moisés. Quando o povo via a coluna de nuvem na entrada da tenda, todos ficavam em pé, à entrada da sua própria tenda, e adoravam ao Senhor. O Senhor falava com Moisés face a face, como quem fala com um amigo. Depois Moisés voltava ao acampamento, mas Josué, filho de Num, seu ajudante, não se afastava daquela tenda. Moisés disse ao Senhor: “O Senhor me ordenou: ‘Leve este povo’, mas não me diz quem enviará comigo. Também me disse: ‘Conheço você pelo nome e você tem me agradado’. Se o Senhor me vê com agrado, peço que me revele agora os seus caminhos, para que eu o conheça e continue sendo agradável ao Senhor. Lembre-se que esta nação é o seu povo”. O Senhor respondeu: “Eu mesmo irei com você e darei descanso a você”. Então Moisés disse: “Se a sua presença não for comigo, não nos mande sair deste lugar! Como eu e o meu povo saberemos se podemos contar com o seu favor, se o Senhor não for conosco? Quem poderá saber que somos o seu povo e que somos diferentes de todos os povos da terra?” O Senhor disse a Moisés: “Vou atender ao seu pedido, porque tenho me agradado de você e o conheço pelo nome”. Moisés disse: “Peço que me deixe ver a sua glória”. O Senhor respondeu: “Farei passar toda a minha bondade, e diante de você farei saber o meu nome: Eu sou o Senhor. Terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia, e me compadecerei de quem eu quiser me compadecer”. E acrescentou: “Mas você não poderá ver a minha face, porque nenhum homem poderá continuar vivo depois de me ver”. O Senhor prosseguiu: “Contudo, fique nesta pedra, ao meu lado. Quando a minha glória passar, eu o colocarei numa fenda da rocha e o cobrirei com a minha mão, até que tenha acabado de passar. Depois tirarei a mão e você me verá pelas costas; mas a minha face ninguém poderá ver”. O Senhor disse a Moisés: “Talhe duas tábuas de pedra como as primeiras, e nelas escreverei as mesmas palavras que estavam nas tábuas que você quebrou. Amanhã cedo esteja pronto para subir no monte Sinai e se apresentar a mim no alto do monte. Que ninguém vá com você e que ninguém pise em algum lugar no monte; nem mesmo as ovelhas e os bois devem pastar perto do monte”. Moisés, pois, preparou duas tábuas de pedra como as primeiras e subiu com elas no monte Sinai, logo de manhã, como o Senhor havia mandado. O Senhor desceu na nuvem, permaneceu ali com Moisés e proclamou o seu nome: o Senhor. E passou diante de Moisés, proclamando: “Eu, somente eu, sou Deus compassivo e cheio de graça, paciente, cheio de misericórdia e de fidelidade. Mostro o meu amor fiel até mil gerações, perdoo a maldade, a rebelião e o pecado. Não deixo sem castigo o culpado; castigo os filhos e os netos pelo pecado dos pais até a terceira e quarta geração”. Moisés se curvou depressa, com o rosto no chão, e o adorou, dizendo: “ Senhor, se achei mesmo favor diante dos seus olhos, siga conosco para a Terra Prometida. Sei que este povo é rebelde e teimoso, mas peço: Perdoe a nossa maldade e o nosso pecado e aceite-nos como seu povo!” Então o Senhor disse: “Faço uma aliança. Diante de todo o seu povo farei maravilhas que nunca foram feitas em toda a terra, nem entre nação alguma. Assim todo o povo — com o qual você está — vai ver os atos poderosos que eu, o Senhor, farei. Obedeça às ordens que hoje dou a você. Expulsarei da sua presença os cananeus, os amorreus, os heteus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus. Não faça nenhum acordo com os moradores da terra para onde você vai. Assim você não cairá na armadilha deles. Em vez disso, destrua os seus altares, quebre as suas colunas sagradas e seus postes-ídolos. Nunca adore nenhum outro deus, porque o Senhor, cujo nome é Zeloso, de fato é Deus zeloso! “Por isso, nada de fazer acordo com os habitantes daquela terra; pois quando eles forem fazer seus cultos imorais e os sacrifícios aos falsos deuses, convidarão você e poderão levá-lo a comer dos sacrifícios oferecidos aos ídolos e a escolher mulheres para os seus filhos dentre as moças daqueles povos. Quando elas se prostituírem com seus deuses, poderão passar a infidelidade deles para os seus filhos. “Por isso, não fabrique deuses de metal para você. “Celebre a festa dos pães sem fermento. Durante sete dias coma pão sem fermento, como lhe mandei. Faça isso na data certa — no mês de abibe; porque nesse mês você saiu do Egito. “Todos os primeiros filhos são meus. Também são meus todos os machos dentre as primeiras crias dos seus rebanhos. No caso dos jumentos é diferente. A primeira cria terá de ser resgatada com um cordeiro. Quer dizer, no lugar do jumento, o dono me dará um cordeiro. Se não for resgatado, terá de ser morto. Paguem o resgate por todos os seus primeiros filhos. “Ninguém compareça diante de mim de mãos vazias, isto é, sem oferta. “Trabalhe seis dias, mas descanse no sétimo — tanto na época da semeadura como na época da colheita. “Celebre também as outras duas festas anuais. Celebre a festa das semanas, a festa dos primeiros frutos da colheita de trigo e a festa da colheita, no fim do ano. Resumindo, são três festas por ano. Nessas três vezes, todo homem de Israel se apresentará ao Senhor Deus, o Deus de Israel. Expulsarei as nações de diante de você e vou aumentar muito o território do meu povo. Ninguém cobiçará a sua terra quando você subir três vezes ao ano para apresentar-se ao Senhor, o seu Deus. “No sacrifício, não ofereçam sangue misturado com pão fermentado, e não deixem sobra alguma do sacrifício da festa da Páscoa para o dia seguinte. “Quando fizer a primeira colheita, traga o melhor dos primeiros frutos à casa do Senhor, o seu Deus. “Não cozinhe o cabrito no leite da própria mãe”. O Senhor disse a Moisés: “Escreva essas palavras, porque são os termos da minha aliança com você e com Israel”. Moisés ficou quarenta dias e quarenta noites com o Senhor. Durante esse tempo ele não comeu pão nem bebeu água; e escreveu nas tábuas as palavras da aliança: os Dez Mandamentos. Ao descer o monte Sinai com as tábuas da aliança nas mãos, Moisés não percebeu que o seu rosto resplandecia, por ter ficado na presença de Deus. Quando Arão e todos os israelitas viram Moisés com o rosto brilhando, tiveram medo de aproximar-se dele. Então Moisés os chamou. Arão e os líderes da comunidade de Israel se aproximaram, e Moisés falou com eles. Depois chegaram também todos os israelitas, e ele transmitiu todos os mandamentos que o Senhor lhe tinha dado no monte Sinai. Quando Moisés acabou de falar com eles, cobriu o rosto com um véu. Cada vez que Moisés vinha perante o Senhor para falar com ele, tirava o véu até sair. Sempre que saía, transmitia aos israelitas tudo o que lhe tinha sido ordenado. Assim o povo de Israel via o rosto de Moisés brilhar. Mas, logo depois de transmitir as ordens de Deus, Moisés tornava a cobrir o rosto com o véu, até falar novamente com o Senhor. Moisés convocou toda a comunidade de Israel e disse-lhe: “Estas são as palavras que o Senhor mandou que vocês obedecessem: ‘Trabalhem seis dias da semana, mas o sétimo dia será santo para vocês, o sábado solene de descanso, dedicado ao Senhor. Quem trabalhar nesse dia, terá de morrer. Não acendam fogo em nenhuma de suas casas no dia de sábado!’ ” Moisés continuou falando à comunidade de Israel. Ele disse: “Foi isto que o Senhor mandou fazer: ‘Separem dos seus bens uma oferta ao Senhor. Todo aquele que sentir o desejo no coração, traga como oferta ao Senhor ouro, prata e bronze; fios de tecido azul, vermelho-púrpura e vermelho-carmesim; linho fino e pelos de cabra; peles de carneiro tingidas de vermelho e couro; madeira de acácia; azeite para a iluminação; especiarias para o óleo de unção e para o incenso aromático especial; pedras de ônix e outras pedras preciosas para prender no colete sacerdotal e no peitoral das roupas sacerdotais’ ” . “Todos os homens habilidosos venham fazer o que o Senhor mandou: o Tabernáculo com a tenda e sua cobertura, os prendedores, as armações, os travessões, as colunas e as bases; a arca e suas varas, a tampa e o véu para cobrir o Lugar Santo; a mesa, suas varas e todos os seus utensílios, e os pães da Presença divina; o candelabro, com seus utensílios, as lâmpadas e o azeite para a iluminação; o altar de incenso e suas varas, o óleo da unção e o incenso aromático especial; a cortina divisória à entrada do Tabernáculo; o altar para as ofertas queimadas, a grelha de bronze, as varas e todos os utensílios do altar; a bacia de bronze e sua base; as cortinas para as paredes do pátio com suas colunas e bases, e a cortina da entrada para o pátio; as estacas e as cordas para firmar o Tabernáculo e o pátio; as roupas sagradas para os sacerdotes usarem quando estiverem servindo no Lugar Santo, tanto as roupas sagradas de Arão como as roupas de seus filhos, para quando servirem como sacerdotes”. Então toda a comunidade de Israel saiu da presença de Moisés, e todos aqueles que estavam dispostos trouxeram de boa vontade suas ofertas ao Senhor, para a construção do Tabernáculo, para todos os seus serviços e para as roupas sagradas. Vieram homens e mulheres, todos que sentiam disposição no coração. Trouxeram fivelas, colares, brincos, anéis, braceletes e outros objetos de ouro. Todos os homens faziam ofertas de ouro ao Senhor. Os que possuíam tecido azul, vermelho-púrpura ou vermelho-carmesim, linho fino, pelos de cabra, peles de carneiro tingidas de vermelho ou couro ofertavam essas coisas ao Senhor. Outros trouxeram como oferta ao Senhor objetos de prata ou de bronze, além de madeira de acácia própria para a construção. Todas as mulheres habilidosas trouxeram o que elas fizeram com suas próprias mãos: tecido azul, vermelho-púrpura e vermelho-carmesim e linho fino. Todas as mulheres que tinham habilidade, teceram os pelos de cabra. Os líderes trouxeram pedras de ônix e outras pedras de valor para serem colocadas no colete sacerdotal e no peitoral. Deram também especiarias e azeite de oliva para a iluminação, para o óleo de unção e para o incenso aromático especial. Os israelitas, tanto homens como mulheres, que sentiram em seu coração o desejo de ajudar em todo o trabalho que o Senhor mandou fazer por meio de Moisés, trouxeram oferta voluntária ao Senhor. Moisés disse aos israelitas: “O Senhor escolheu Bezalel, filho de Uri, neto de Hur, da tribo de Judá, e o Espírito de Deus o encheu de habilidade, inteligência e capacidade artística em todas as artes e ofícios necessários, para elaborar os desenhos e trabalhar em ouro, prata e bronze, para talhar e lapidar pedras e entalhar madeira para fazer todo tipo de trabalho artesanal. Além disso, o Senhor deu a ele e a Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã, o dom de ensinar os outros. Ele lhes deu a capacidade extraordinária para realizar todo tipo de serviços de carpinteiro e joalheiro. Também para fazer bordados em linho fino e de fios de tecido azul, vermelho-púrpura e vermelho-carmesim e para fazer qualquer trabalho artesanal”. Assim, Bezalel, Aoliabe e todos os homens capazes a quem o Senhor tinha concedido habilidade e inteligência para fazerem toda a obra de construção do Santuário executaram a obra como o Senhor tinha ordenado. Moisés chamou Bezalel, Aoliabe e todos os homens hábeis em cujo coração o Senhor tinha colocado sabedoria, e que tinham se colocado à disposição para vir e começar a obra. Moisés entregou a eles os materiais doados pelo povo para a construção do santuário. E todas as manhãs o povo trazia mais ofertas voluntárias a Moisés. Por isso, todos os construtores habilidosos que trabalhavam no santuário interromperam o trabalho e disseram a Moisés: “O povo está trazendo muito mais do que o necessário para realizar a obra que o Senhor ordenou”. Então Moisés mandou proclamar em todo acampamento a seguinte mensagem: “Nenhum homem ou mulher traga mais oferta alguma para a construção do santuário”. Foi preciso proibir o povo de dar mais ofertas, pois já havia mais do que o suficiente para realizar toda a obra. Todos os homens habilidosos dentre os trabalhadores fizeram o Tabernáculo com dez cortinas internas. As cortinas eram de linho fino trançado e de fios de tecido azul, vermelho-púrpura e vermelho-carmesim. Nelas foram bordados querubins, ou seja, figuras de anjos. O trabalho foi feito com muita arte. Cada cortina media doze metros e sessenta centímetros de comprimento por um metro e oitenta centímetros de largura. Ligaram cinco cortinas internas umas às outras, e fizeram o mesmo com as outras cinco. Fizeram laços de tecido azul ao longo da borda da última cortina de cada um dos conjuntos de cortinas. Depois fizeram cinquenta laços na primeira cortina interna e cinquenta laços na última cortina do segundo conjunto; os laços ficavam de frente uns para os outros. Os dois conjuntos de cortinas foram presos um no outro por meio de cinquenta prendedores de ouro. Dessa maneira o Tabernáculo ficou sendo uma peça só. A cobertura do Tabernáculo foi feita com um total de onze cortinas de pelos de cabra. E todas as cortinas internas tinham o mesmo tamanho, ou seja, treze metros e meio de comprimento por um metro e oitenta centímetros de largura. Prenderam cinco cortinas umas nas outras, formando um conjunto, e as outras seis formaram o outro conjunto. Depois fizeram cinquenta laços em volta da borda da última cortina de um dos conjuntos e também na borda da última cortina do outro conjunto. Fizeram também cinquenta prendedores de bronze para unir a tenda, para se tornar uma peça inteiriça. Fizeram mais uma cobertura, de peles de carneiro tingidas de vermelho, e por cima desta outra cobertura de couro. Para a estrutura do Tabernáculo fizeram armações verticais de madeira de acácia. Cada armação media quatro metros e meio de comprimento por setenta centímetros de largura. Cada armação tinha dois encaixes paralelos, de modo que todas as armações ficavam encaixadas umas nas outras. Fizeram também vinte armações para o lado sul do Tabernáculo, quarenta bases de prata para serem colocadas debaixo das armações; duas bases para cada armação, uma para cada junção dos encaixes. Para o outro lado, o lado norte, fizeram a mesma coisa: vinte armações e quarenta bases de prata, duas debaixo de cada armação. Nos fundos, no lado oeste do Tabernáculo, fizeram seis armações, além de duas armações para os cantos na parte de trás do Tabernáculo. Nesses dois cantos as armações eram duplas, formando uma só peça até a primeira argola que ficava na parte de cima. Portanto, havia oito armações ao todo e todas estavam fixas em dezesseis bases de prata — duas para cada armação. Também fizeram travessões de madeira de acácia: cinco para as armações de um lado do Tabernáculo, cinco para as armações do outro lado e cinco para as armações para a parte de trás do Tabernáculo, que dá para o ocidente. Fizeram o travessão central, passando pelo meio das armações, ligando todas as armações, de ponta a ponta do Tabernáculo. As armações e as travessas foram revestidas de ouro, e fizeram as argolas de ouro para sustentar os travessões. Para a parte de dentro do Tabernáculo, fizeram um véu de linho fino trançado e de fios de tecido azul, vermelho-púrpura e vermelho-carmesim, e mandaram bordar, por artistas, figuras de querubins. O véu ficou pendendo de quatro colunas de madeira de acácia recobertas de ouro. Para prender e fixar o véu, foram usados prendedores de ouro e foram feitas quatro bases de prata. Para a entrada do Tabernáculo, fizeram uma cortina de linho fino trançado e de fios de tecido azul, vermelho-púrpura e vermelho-carmesim. O trabalho foi confiado a um bordador. Para sustentar as cortinas, fizeram cinco colunas com os prendedores necessários. Revestiram de ouro a parte de cima das colunas e as molduras das cortinas, mas as cinco bases eram de bronze. Bezalel fez também a arca. Era de madeira de acácia e media um metro e dez centímetros de comprimento, setenta centímetros de largura e setenta centímetros de altura. Revestiu-a de ouro puro, por dentro e por fora, e fez uma moldura de ouro ao seu redor. Fundiu quatro argolas de ouro para os quatro cantos da arca, duas para cada lado. Fez também varas de madeira de acácia revestidas de ouro. As varas foram introduzidas nas argolas dos lados para carregar a arca. Fez uma tampa de ouro medindo um metro e dez centímetros de comprimento por setenta centímetros de largura. Fez também dois querubins de ouro batido, um em cada ponta da tampa. A tampa e os querubins formavam uma peça inteira. Os querubins tinham as asas estendidas para cima, cobrindo com elas a tampa. Estavam com as faces voltadas uma para a outra, olhando para a tampa. Ele fez a mesa com madeira de acácia, com noventa centímetros de comprimento, quarenta e cinco centímetros de largura e setenta centímetros de altura. Revestiu-a de ouro puro e fez uma moldura de ouro em volta dela. Fez também um friso ao seu redor de quatro dedos de largura, e fez um enfeite de ouro, com um bordado, em volta do friso. Fundiu quatro argolas de ouro, uma para canto da mesa, onde estavam os quatro pés. Colocou as argolas nas pernas da mesa, pouco abaixo do friso, para que sustentassem as varas usadas para transportar a mesa. Fez as varas para transportar a mesa. As varas foram feitas de madeira de acácia, e foram revestidas de ouro. Também fez de ouro puro os utensílios para a mesa: os pratos, os talheres, as vasilhas para o incenso e as jarras para as ofertas de bebida. Fez também o candelabro de ouro puro batido. O pedestal, a haste, as taças, as flores e os botões formavam uma só peça. Eram seis braços, três de cada lado da haste central. Cada braço tinha três taças em forma de amêndoa, cada uma com botão e flor, e três taças com formato de flor de amêndoa no braço seguinte, cada uma com botão e flor. Assim era com os seis braços que saem do candelabro. Mas a haste central do candelabro tinha quatro taças em forma de amêndoa, cada uma com flor e botão. Havia um botão debaixo de cada par dos seis braços que saíam do candelabro. Os botões, os braços e o candelabro formavam uma só peça de ouro puro batido. Depois fez sete lâmpadas. Os cortadores de pavios e os apagadores eram de ouro puro. Foram gastos trinta e cinco quilos de ouro puro para fazer o candelabro com todos os seus utensílios. Fez ainda o altar de incenso, de madeira de acácia. Era quadrado, medindo quarenta e cinco centímetros de largura, e noventa centímetros de altura. As pontas de chifre e o altar propriamente dito formavam uma só peça. Revestiu de ouro puro a parte de cima, as paredes em volta e os chifres. Além disso, foi feita uma moldura de ouro ao seu redor. Fez também duas argolas de ouro de cada lado do altar, abaixo da moldura. Nessas argolas foram introduzidas as varas, para carregar o altar. As varas eram de madeira de acácia, revestidas de ouro. Fez ainda o óleo santo da unção e o incenso aromático especial. Esse serviço foi feito por perfumistas especializados. Bezalel fez o altar das ofertas queimadas. Para esse serviço usou madeira de acácia. Era quadrado e media dois metros e vinte e cinco centímetros de comprimento e dois metros e vinte e cinco centímetros de largura e um metro e trinta e cinco centímetros de altura. Fez quatro pontas ou chifres que saíam dos quatro cantos do altar, formando uma só peça com o altar. O altar foi revestido de bronze. De bronze fez também todos os utensílios do altar. Fez as vasilhas para recolher as cinzas, as pás, as bacias de aspersão, os garfos e os braseiros. Fez também uma grelha de bronze, em forma de rede, a meia altura do altar. Fundiu quatro argolas de bronze — uma em cada canto, para sustentar as varas. Fez as varas de madeira de acácia, revestidas de bronze. Para transportar o altar — que era de tábuas e oco — foram colocadas argolas nos dois lados. Fez ainda a bacia para servir de lavatório. A bacia e seu suporte eram de bronze, aproveitando os espelhos doados pelas mulheres que serviam na entrada do Tabernáculo. Fez também o pátio. O lado sul tinha quarenta e cinco metros de comprimento e cortinas externas de linho fino trançado. Eram sustentadas por vinte colunas e vinte bases de bronze. Os ganchos e os suportes das cortinas eram de prata. Ele fez a mesma coisa no lado norte do pátio de quarenta e cinco metros de comprimento, com cortinas apoiadas em vinte colunas e vinte bases de bronze. Os ganchos e os suportes das colunas eram de prata. O lado oeste, com cortinas externas, media vinte e dois metros e meio de largura, com dez colunas e dez bases. Os ganchos e os suportes eram de prata. No lado leste era a mesma coisa: vinte e dois metros e meio de largura. As cortinas de um lado da entrada eram de seis metros e setenta e cinco centímetros de comprimento, com três colunas e três bases. Do outro lado da entrada do pátio, as cortinas eram de seis metros e setenta e cinco centímetros de comprimento, também com três colunas e três bases. Todas as cortinas ao redor do pátio eram de linho fino trançado. As bases das colunas eram de bronze. Os ganchos e os suportes das colunas eram de prata; a parte de cima das colunas também era revestida de prata, de modo que todas as colunas em volta do pátio eram unidas por suportes de prata. A cortina da entrada do pátio era feita de linho fino trançado e de fios de tecidos azul, vermelho-púrpura e vermelho-carmesim, obra de bordador. Tinha nove metros de comprimento e, segundo a medida das cortinas do pátio, tinha dois metros e vinte e cinco centímetros de altura, com quatro colunas e quatro bases de bronze. Os ganchos e suportes e a parte de cima das colunas eram de prata. Todas as estacas usadas na construção do Tabernáculo e do pátio eram de bronze. Essa é a relação do material usado no Tabernáculo, a saber, o Tabernáculo da aliança, registrada por ordem de Moisés, para que os levitas pudessem continuar seu ministério, sob a direção de Itamar, filho do sacerdote Arão. Bezalel, filho de Uri e neto de Hur, da tribo de Judá, fez tudo o que o Senhor ordenou a Moisés. Com ele estava Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã, perito desenhista e bordador em pano de linho fino e de fios de tecido azul, vermelho-púrpura e vermelho-carmesim. O peso total do ouro que o povo trouxe como oferta e que foi usado em toda a obra do santuário foi de uma tonelada, conforme o peso padrão do santuário. O total da prata recebida dos que foram contados no recenseamento da comunidade foi superior a três toneladas e meia. Seis gramas para cada um dos contados. Essa cobrança foi feita para todos de vinte anos para cima, que somaram 603.550. As três toneladas e meia de prata foram usadas para fundir as bases do santuário e do véu: cem bases feitas das três toneladas e meia, trinta e cinco quilos para cada base. Vinte quilos e trezentos gramas foram usados para fazer os ganchos para as colunas e para revestir a parte de cima das colunas e para fazer os suportes. O povo doou duas toneladas e meia de bronze. Com o bronze foram feitas as bases da entrada do Tabernáculo, o altar de bronze, a sua grelha e todos os utensílios do altar, as bases do conjunto de cortinas do pátio, e todas as estacas usadas no Tabernáculo e no pátio que ficava em volta do Tabernáculo. Foram feitas as roupas sacerdotais para o serviço do santuário para ministrar no Lugar Santo. Para isso, usaram fios de tecido azul, vermelho-púrpura e vermelho-carmesim. Também foram feitas as roupas sagradas para Arão. Tudo como o Senhor tinha mandado Moisés fazer. Fizeram o colete sacerdotal de linho fino trançado, de fios de ouro e de fios de tecido azul, vermelho-púrpura e vermelho-carmesim. O ouro foi batido até se tornar em finas lâminas. As lâminas foram cortadas em fios. E os fios de ouro foram colocados entre os tecidos de linho fino, azul, vermelho-púrpura e vermelho-carmesim; verdadeiro trabalho artesanal. O colete sacerdotal tinha duas partes — a da frente e a de trás — unidas nos ombros por ombreiras, atadas às duas extremidades. O cinturão, que passava por cima do colete sacerdotal, formava uma peça só. O cinturão também foi feito de linho findo trançado, de fios de ouro e de fios de tecido azul, vermelho-púrpura e vermelho-carmesim, como o Senhor tinha mandado Moisés fazer. Também foram preparadas as pedras de ônix, encaixadas em base de ouro. Nelas foram gravados os nomes das tribos de Israel, como um lapidador grava um selo. Colocaram essas pedras nas ombreiras do colete sacerdotal, para conservar viva a memória do povo de Israel, como o Senhor tinha ordenado a Moisés. Depois fizeram artisticamente o peitoral, como o colete sacerdotal: de ouro e de fios de tecido azul, vermelho-púrpura e vermelho-carmesim e de linho fino trançado. Era quadrado, dobrado em dois, como um bolso, medindo vinte e dois centímetros de comprimento por vinte e dois centímetros de largura. Em seguida fixaram nele quatro fileiras de pedras preciosas. Na primeira fileira havia sárdio, topázio e carbúnculo; na segunda fila, esmeralda, safira e diamante; na terceira fila, jacinto, ágata e ametista; na quarta fila, berilo, ônix e jaspe. Os encaixes foram modelados em ouro. Havia doze pedras. Cada pedra representava uma das tribos de Israel, cada uma gravada com o nome de uma das doze tribos, como um lapidador grava um selo. E prenderam o peitoral no colete sacerdotal por meio de duas correntes trançadas de ouro puro, como cordas. Fizeram também duas argolas de ouro e as prenderam nas duas pontas do peitoral. Prenderam as duas correntes de ouro às argolas nas pontas do peitoral. As outras pontas das duas cordas ficaram presas às partes da frente dos dois encaixes de pedras de ônix, nas ombreiras do colete sacerdotal. Fizeram também outras duas argolas de ouro e as prenderam nas duas pontas de baixo, por dentro do peitoral, junto ao colete sacerdotal. Depois fizeram mais duas argolas de ouro e as prenderam nas duas ombreiras do colete sacerdotal, abaixo, na frente, sobre o cinturão, que passa por cima do manto sacerdotal. Depois ligaram o fundo do peitoral às argolas da base do colete sacerdotal. Fizeram a ligação por meio de uma fita azul, ligando o peitoral ao cinturão. Isso mantém o peitoral sempre unido ao colete sacerdotal, como o Senhor tinha ordenado a Moisés. O manto, roupa que vai por cima do colete sacerdotal, foi tecido inteiramente de fios de lã azul e com uma abertura para a cabeça no meio. Essa abertura tinha um forro em volta, como uma gola, para não se rasgar. O manto foi todo enfeitado com desenhos de romã de pano azul, vermelho-púrpura e vermelho-carmesim, em volta da borda do manto. Fizeram ainda pequenos sinos de ouro puro, atando-os em volta da borda, entre as romãs. Os sinos e as romãs eram intercalados, ou seja, um sino de ouro e uma romã, outro sino de ouro e outra romã, e assim por diante. Tudo feito para uso no ministério, como o Senhor tinha ordenado a Moisés. Para Arão e seus filhos fizeram de linho fino as túnicas — trabalho de tecelão — o turbante, os gorros e os calções de linho fino trançado; e o cinturão de linho fino trançado e de fios de tecido azul, vermelho-púrpura e vermelho-carmesim — trabalho de bordador — como o Senhor tinha ordenado a Moisés. Fizeram uma lâmina de ouro puro. Gravaram nela, como se grava um selo, a seguinte frase: “Consagrado ao Senhor ”. E prenderam a lâmina com um cordão azul na parte da frente do turbante, como o Senhor tinha ordenado a Moisés. Assim terminaram toda a obra do Tabernáculo. Os israelitas fizeram tudo conforme o Senhor tinha ordenado a Moisés. Então trouxeram o Tabernáculo inteiro a Moisés: a tenda e todos os seus utensílios, os prendedores, as armações, os travessões, as colunas e as bases, a cobertura de pele de carneiro tingida de vermelho, a cobertura de couro e o véu protetor, a arca da aliança com as suas varas e a tampa, a mesa com todos os seus utensílios e os pães da Presença, o candelabro de ouro puro com as suas lâmpadas nos seus lugares, com todos os seus utensílios e o azeite da iluminação; o altar de ouro, o óleo da unção, o incenso aromático especial e a cortina da entrada do Tabernáculo, o altar de bronze com a sua grelha, as suas varas e todos os demais utensílios do altar, a bacia e a sua base, as cortinas externas do pátio com as suas colunas e bases e a cortina para a entrada do pátio, as cordas e as estacas da tenda do pátio, todos os utensílios para o serviço do Tabernáculo e as roupas sacerdotais finamente tecidas, para serem usadas no serviço do santuário, e as roupas sagradas do sacerdote Arão e as roupas dos seus filhos para serem usadas durante a realização das suas funções sacerdotais. Os israelitas fizeram toda a obra conforme o Senhor tinha ordenado a Moisés. Moisés inspecionou o trabalho deles e viu que tinham feito tudo conforme o Senhor tinha ordenado. E Moisés os abençoou. Depois dessas coisas, o Senhor disse a Moisés: “No primeiro dia do mês arme o Tabernáculo da Tenda do Encontro. Coloque nele a arca da aliança (com os Dez Mandamentos) e cubra-a com o véu. Coloque no lugar próprio a mesa, e coloque em ordem as coisas que devem ficar sobre ela. Depois traga o candelabro e monte as suas lâmpadas. Coloque o altar de ouro para o incenso diante da arca da aliança e pendure a cortina à entrada do Tabernáculo. “Ponha o altar das ofertas queimadas diante da porta do Tabernáculo; coloque a bacia entre a tenda do santuário e o altar, e encha-a de água. Depois arme o pátio ao redor da tenda e instale a cortina na entrada do pátio. “Então pegue o óleo da unção, e unja o Tabernáculo e tudo o que faz parte dele; desse modo você fará a consagração do Tabernáculo, com tudo que nele se encontra, e ele será sagrado. Em seguida, derrame o óleo da unção no altar das ofertas queimadas e todos os seus utensílios; consagre-o e ele se tornará santíssimo. Unja também a bacia com a sua base e consagre-a. “Mande Arão e seus filhos chegarem à entrada do Tabernáculo e lave-os com água. Depois vista Arão com as roupas sagradas, unja-o e consagre-o para me servir como sacerdote. Traga também os filhos dele e vista-os com as roupas sacerdotais. Unjaos como você ungiu o pai deles, para que possam me servir como sacerdotes. Essa unção para o sacerdócio vale para sempre, de modo que os descendentes deles também serão sacerdotes, de geração em geração”. Moisés fez tudo conforme o Senhor tinha ordenado. Assim, no primeiro dia do primeiro mês do segundo ano, o Tabernáculo foi montado. Moisés armou o Tabernáculo, colocando as bases em seus lugares, as armações e as travessas e levantou as colunas. Depois estendeu a tenda sobre o tabernáculo e colocou a cobertura sobre ela, como o Senhor tinha ordenado. Tomou as tábuas da aliança e as colocou na arca. Introduziu as varas nas argolas da arca e colocou sobre ela a tampa. Em seguida levou a arca para dentro do Tabernáculo e estendeu o véu para cobrir a arca da aliança, como o Senhor tinha ordenado. Depois pôs a mesa no Santuário, no lado norte do Tabernáculo, do lado de fora do véu. Colocou sobre ela os pães da Presença, diante do Senhor, como o Senhor tinha ordenado. Pôs também o candelabro no Santuário, em frente da mesa, no lado sul do Tabernáculo, e acendeu as lâmpadas diante do Senhor, como ele tinha ordenado. Pôs o altar de ouro no santuário, diante do véu, e nele queimou o incenso aromático especial, como o Senhor tinha ordenado. Então pendurou a cortina na entrada do Tabernáculo e pôs o altar das ofertas queimadas à entrada do Tabernáculo, a Tenda do Encontro, ofereceu sobre ele uma oferta queimada e uma oferta de cereais, como o Senhor tinha ordenado. Pôs a bacia entre a Tenda do Encontro e o altar e encheu-a de água. Nela, Moisés, Arão e os seus filhos lavavam as mãos e os pés. Todas as vezes que entravam no Tabernáculo e iam até o altar, eles se lavavam, como o Senhor tinha ordenado. Então Moisés armou o pátio ao redor do Tabernáculo e do altar e colocou a cortina à entrada do pátio. Assim Moisés acabou a obra. Então a nuvem cobriu o Tabernáculo e a glória do Senhor o encheu. Moisés não podia entrar no Tabernáculo, porque a nuvem estava sobre ela e a glória do Senhor o enchia. Sempre que a nuvem se levantava de cima do Tabernáculo, os israelitas seguiam viagem. Mas, se a nuvem parava, eles também paravam, até o dia em que ela se levantava. A nuvem do Senhor repousava sobre o Tabernáculo de dia, e de noite havia fogo sobre ele, diante dos olhos de toda a nação de Israel, em toda a sua peregrinação. O Senhor chamou Moisés ao Tabernáculo e lhe disse: “Fale o seguinte aos israelitas: Quando alguém de vocês oferecer sacrifício ao Senhor, escolha um animal do seu gado ou do seu rebanho de ovelhas. “Se a oferta queimada for de gado, deverá ser usado um macho sem defeitos físicos. Traga o animal à entrada do Tabernáculo, para que seja aceito pelo Senhor. Aquele que estiver fazendo a oferta colocará a mão sobre a cabeça do animal, para que seja aceito no seu lugar. Ou seja, o animal é sacrificado, sofrendo no lugar do homem o castigo dos seus pecados, e o homem fica livre do castigo desses pecados. O homem matará o touro ou novilho diante do Senhor, e os descendentes de Arão — os sacerdotes — apresentarão o sacrifício ao Senhor, borrifando o sangue em todos os lados do altar que está à entrada do Tabernáculo. Em seguida, eles deverão tirar a pele do animal e cortá-lo em pedaços. E os descendentes do sacerdote Arão acenderão fogo sobre o altar e arrumarão a lenha para o fogo. Depois colocarão os pedaços junto com a cabeça e a gordura sobre a lenha do fogo do altar. As vísceras e as pernas serão lavadas com água e depois queimadas sobre o altar pelo sacerdote. Então será uma oferta queimada, de aroma agradável ao Senhor. “Se a oferta for de animal pequeno, quer de carneiro ou de cabrito, terá de ser um macho sem defeito. O homem que estiver fazendo a oferta, terá de matar o animal diante do Senhor. Fará isso no lado norte do altar. E os sacerdotes, descendentes de Arão, borrifarão o sangue sobre o altar, em todos os lados. Depois o homem cortará o animal em pedaços. O sacerdote colocará os pedaços, junto com a cabeça e a gordura, sobre a lenha do fogo do altar. Mas as vísceras e as pernas terão de ser primeiro lavadas com água. Então o sacerdote queimará tudo sobre o altar, como oferta de aroma agradável ao Senhor. “Se a oferta queimada ao Senhor for de aves, poderá ser de rolinhas ou de pombinhas. O sacerdote trará a ave ao altar e torcerá o pescoço dela com a mão. Depois queimará tudo sobre o altar e deixará o sangue da ave escorrer pela parede do altar. Então o sacerdote tirará o papo e as penas, e jogará tudo isso do lado leste do altar, junto com as cinzas. Em seguida, rasgará a ave pelas asas, mas sem que fique inteiramente partida. E o sacerdote a queimará sobre a lenha acesa do altar. É uma oferta queimada, de aroma agradável ao Senhor. “Quando alguém oferecer uma oferta de cereais ao Senhor, deverá trazer farinha da melhor qualidade. Derramará azeite e incenso sobre a farinha e a entregará aos descendentes de Arão, os sacerdotes. Um dos sacerdotes apanhará um punhado da farinha, com azeite e incenso, e queimará essa parte diante do Senhor. Esse punhado levado ao fogo representa toda a quantidade do cereal trazido, de modo que o Senhor o receberá como oferta de aroma agradável ao Senhor. O restante da oferta ficará com Arão e seus descendentes; é considerada a parte mais sagrada das ofertas queimadas ao Senhor. “Se alguém oferecer uma oferta de cereais assada no forno, deve usar farinha da melhor qualidade para fazer bolos sem fermento, assados com azeite, ou pães finos sem fermento, untados com azeite. Se a oferta de cereais for preparada na assadeira, também deve ser usada farinha da melhor qualidade, sem fermento, amassada com azeite. Deve ser cortada em pedaços, e sobre os pedaços deve ser derramado azeite. Não tenham dúvidas: é oferta de cereais. Se a oferta de cereais for preparada numa frigideira, também deve ser feita de farinha da melhor qualidade, misturada com azeite. Traga ao Senhor a oferta de cereais e entregue-a ao sacerdote, que a levará ao altar. O sacerdote queimará sobre o altar uma parte representativa da oferta de cereais; é oferta queimada, de aroma agradável ao Senhor. O restante da oferta é para uso pessoal de Arão e seus descendentes; é considerada a parte mais sagrada das ofertas queimadas ao Senhor. “Não ponham fermento na farinha das ofertas de cereais. Nas ofertas queimadas ao Senhor é proibido usar fermento e mel. A oferta de cereais poderá ser trazida como oferta dos primeiros frutos ao Senhor, mas não poderá ser oferecida sobre o altar como aroma agradável. Todas as ofertas de cereais devem ser temperadas com sal. Não deixem faltar sal nas suas ofertas de cereais, pois o sal lembra a aliança de Deus com seu povo. Coloquem sal em todas as suas ofertas. “Se você trouxer uma oferta de cereais dos primeiros frutos, apresente-a com grãos verdes tirados das espigas. Os grãos das espigas verdes devem ser esmagados e tostados no fogo. Depois apresente a sua oferta ao Senhor. Derrame azeite e incenso sobre a oferta, pois é oferta de cereais. Então o sacerdote queimará parte dos grãos esmagados e misturados com azeite, junto com todo o incenso; é parte representativa da oferta queimada ao Senhor. “Quando alguém quiser dar uma oferta como sacrifício de gratidão ao Senhor, poderá oferecer um novilho ou novilha. Mas o animal deve ser sem defeito. Só assim poderá ser sacrificado como oferta ao Senhor. O homem que apresentar a oferta colocará a mão sobre a cabeça do animal. Depois matará o novilho ou novilha junto à porta de entrada do Tabernáculo. Então os descendentes de Arão — os sacerdotes — deverão borrifar o sangue em todos os lados do altar. Do sacrifício de gratidão apresentará como oferta queimada ao Senhor: a gordura que cobre as vísceras ou está ligada a elas, os dois rins com a gordura que os cobre e que fica próximo dos lombos, e o lóbulo do fígado, que ele removerá junto com os rins. Os descendentes de Arão queimarão tudo isso sobre o altar, como oferta queimada que é colocada sobre a lenha no fogo; é oferta queimada de aroma agradável ao Senhor. “Se a oferta para o sacrifício de gratidão for de gado de pequeno porte, poderá ser macho ou fêmea, mas sem defeito. Se for um cordeiro, ele fará a oferta diante do Senhor. Colocará a mão sobre a cabeça e matará o animal à entrada do Tabernáculo. Os descendentes de Arão borrifarão o sangue em todos os lados do altar. Então, do sacrifício de gratidão trará ao Senhor como oferta queimada a gordura da cauda, tirada rente à espinha, toda a gordura que cobre as vísceras, como também os dois rins com a gordura que os cobre e que fica próximo dos lombos, e o lóbulo do fígado, que ele removerá junto com os rins. O sacerdote queimará tudo isso sobre o altar; será oferta de gratidão queimada ao Senhor. “Se a oferta for uma cabra, aquele que apresenta a oferta trará o animal à presença do Senhor. Colocará a mão sobre a cabeça do animal e o matará diante do Tabernáculo. Então os descendentes de Arão borrifarão o sangue no altar, por todos os lados, e apresentarão como oferta queimada ao Senhor a gordura que cobre as vísceras e a que está ligada a elas, os dois rins, a gordura que os cobre e que fica próximo dos lombos, e o lóbulo do fígado que ele removerá junto com os rins. O sacerdote queimará tudo sobre o altar. É oferta queimada de aroma agradável. Toda a gordura é do Senhor. “Esta é uma lei permanente para todas as famílias de Israel: Os israelitas jamais poderão comer gordura nem sangue”. Então o Senhor deu mais estas instruções a Moisés: “Diga ao povo de Israel que estas leis são para os casos em que uma pessoa quebra sem intenção algum dos meus mandamentos: “Se um sacerdote ungido — em pleno exercício das funções sacerdotais — pecar sem intenção, trazendo culpa sobre o povo, deverá oferecer um novilho sem defeito como oferta pelo pecado. Trará o novilho até a porta do Tabernáculo, colocará a mão sobre a cabeça do animal e o matará diante do Senhor. Então esse sacerdote levará o sangue do novilho para o Tabernáculo. Depois molhará o dedo no sangue e borrifará o sangue sete vezes, diante do Senhor, em frente ao véu que impede a entrada para o Lugar mais Santo. Então o sacerdote colocará um pouco de sangue nas pontas do altar do incenso aromático, diante do Senhor, no Tabernáculo. O restante do sangue será derramado na base do altar das ofertas queimadas, à entrada do Tabernáculo. Depois ele tirará toda a gordura do novilho da oferta pelo pecado — gordura que cobre as vísceras e está ligada a elas, os dois rins com a gordura que os cobre e que fica próximo dos lombos, e o lóbulo do fígado, que ele removerá junto com os rins — do mesmo jeito que é tirada a gordura de um novilho quando é sacrificado como oferta de gratidão. Mas o restante do novilho — o couro e toda a sua carne, além da cabeça e das pernas, as vísceras e os intestinos — ou seja, o novilho todo, será levado para um lugar cerimonialmente limpo, fora do acampamento, onde são lançadas as cinzas do altar. Ali será queimado o restante do novilho, sobre uma fogueira feita de lenha. “Se toda a comunidade de Israel pecar sem intenção, fazendo alguma coisa contra os mandamentos do Senhor, mesmo que não tenha consciência disso, a comunidade será culpada. Quando a culpa for exposta, o povo sacrificará um novilho como oferta pelo pecado. E apresentará o animal diante do Tabernáculo. Os líderes da comunidade porão as mãos sobre a cabeça do novilho e matarão o animal na presença do Senhor. Então o sacerdote em exercício trará o sangue do sacrifício ao Tabernáculo. No Tabernáculo, o sacerdote molhará o dedo no sangue e o borrifará sete vezes diante do Senhor, em frente ao véu. Depois ele porá sangue nas pontas do altar, diante do Senhor, no Tabernáculo. Ele derramará o restante do sangue na base do altar das ofertas queimadas, na entrada do Tabernáculo. Toda a gordura do novilho será tirada e queimada sobre o altar. Com esse novilho será feita a mesma coisa que se faz com o novilho da oferta pelo pecado. Assim o sacerdote oferecerá esse sacrifício para obter o perdão dos pecados do povo, e todo o povo será perdoado. Depois disso, o sacerdote levará o novilho para fora do acampamento. Lá queimará o animal, como no caso do sacrifício do outro novilho para a obtenção do perdão de pecados individuais. Nesse caso é oferta pelo pecado da comunidade. “Se um homem que ocupa uma posição de liderança pecar sem intenção, sendo culpado por desobedecer a um dos mandamentos do Senhor, quando alguém o conscientizar do seu pecado, terá de oferecer em sacrifício um bode sem defeito. Ele colocará a mão sobre a cabeça do bode, e o matará no lugar onde são sacrificados os animais para as ofertas queimadas, diante do Senhor. Esta é a oferta pelo pecado pessoal do líder. Então o sacerdote pegará um pouco do sangue do sacrifício com o dedo e o porá nas pontas do altar das ofertas queimadas. Depois derramará o restante do sangue na base do mesmo altar. Ele queimará toda a gordura no altar, do mesmo modo como queimou a gordura do sacrifício de gratidão. Assim o sacerdote oferecerá o sacrifício para obter o perdão dos seus pecados. E ele será perdoado. “Se qualquer pessoa pertencente à comunidade de Israel pecar sem intenção, contrariando algum mandamento do Senhor, será considerada culpada. Logo que a conscientizarem do seu pecado, trará uma cabra sem defeito como oferta pelo pecado cometido. O culpado colocará a mão sobre a cabeça da cabra e a matará no lugar em que são mortos os animais para as ofertas queimadas. Então o sacerdote pegará do sangue e com o dedo colocará um pouco nas pontas do altar das ofertas queimadas. Depois derramará o sangue restante na base do mesmo altar. Tirará toda a gordura, como no caso da oferta de gratidão. Depois o sacerdote queimará a gordura no altar como aroma agradável ao Senhor. Assim o sacerdote oferecerá o sacrifício para obter o perdão de pecados, e a pessoa será perdoada. “Se alguém trouxer uma ovelha como oferta pelo pecado, ela terá de ser sem defeito. O culpado trará o animal ao lugar onde são mortos os animais para as ofertas queimadas. Ali colocará a mão sobre a cabeça da ovelha e matará o animal como oferta pelo seu pecado. O sacerdote recolherá sangue da oferta pelo pecado, e com o dedo colocará um pouco dele nas pontas do altar das ofertas queimadas. O restante será derramado na base do altar. A gordura será usada como no caso do cordeiro sacrificado como oferta de gratidão; será queimada pelo sacerdote no altar como qualquer outra das ofertas queimadas ao Senhor. Deste modo, o sacerdote oferecerá o sacrifício para obter o perdão de pecados daquela pessoa. E ela será perdoada. “Se alguém não quiser depor como testemunha de um fato que sabe que aconteceu ou que viu ser praticado, então será culpado e sofrerá o castigo. “Se alguém tocar em alguma coisa que a lei declara impura, torna-se cerimonialmente impuro e terá de ser julgado culpado. Isso se refere ao cadáver de animal selvagem ou de animal doméstico ou de animal que se arrasta pelo chão. A pessoa será culpada mesmo que tenha tocado no cadáver sem perceber. “Se alguém tocar em qualquer coisa expelida do corpo humano, coisa cerimonialmente impura, mesmo por descuido, desde o momento em que o perceber será culpado. “Se alguém, sem pensar, jurar fazer uma coisa boa ou má, sem perceber que a promessa foi feita precipitadamente e de modo imprudente, quando o perceber, será culpado. “Em qualquer desses casos citados, a pessoa terá de confessar a culpa e, pelo pecado que cometeu, fazer uma oferta ao Senhor. A oferta pode ser de uma ovelha ou de uma cabra. O sacerdote oferecerá o animal em sacrifício para obter o perdão do pecado. “Se o culpado não tiver recursos para oferecer uma ovelha ou uma cabra, pode trazer duas rolinhas ou dois pombinhos, como oferta pela culpa do pecado que cometeu. Uma das aves será trazida como oferta pelo pecado; a outra como oferta queimada. O culpado entregará as duas aves ao sacerdote, que oferecerá primeiro uma ave como sacrifício pelo pecado. Ele torcerá o pescoço da ave, sem arrancar a cabeça. Depois borrifará o sangue da ave na parede do altar e deixará escorrer o restante do sangue nas bases do altar. Essa é a oferta pelo pecado. O sacerdote então sacrificará a outra ave, como oferta queimada, segundo as instruções prescritas. Desse modo, o sacerdote oferecerá esse sacrifício para obter o perdão de pecados, e o culpado ficará livre daquela culpa. “Se o culpado não tiver recursos nem para oferecer duas rolinhas ou dois pombinhos, então ele trará como oferta pelo pecado um jarro da farinha da melhor qualidade como oferta pelo pecado. Mas não derramará azeite nem incenso sobre a farinha, pois é oferta pelo pecado. O culpado entregará a farinha ao sacerdote, que apanhará um punhado representativo da oferta e queimará essa parte sobre o altar, em cima das ofertas queimadas ao Senhor. Essa oferta é pelo pecado. Assim o sacerdote oferecerá esse sacrifício para obter o perdão do pecado que aquela pessoa cometeu, e ela será perdoada. O restante da farinha pertence ao sacerdote, como no caso da oferta de cereais”. O Senhor continuou falando a Moisés: “Se alguém pecar profanando e manchando, sem intenção, coisas santas, dedicadas ao Senhor, trará ao Senhor um carneiro sem defeito do rebanho. O valor da oferta deve atender à avaliação em siclos de prata, segundo o siclo usado no Tabernáculo, como oferta pelo pecado que cometeu. O culpado restituirá o que foi profanado, ou o que reteve das coisas sagradas, acrescentando um quinto do valor, e o entregará ao sacerdote. O sacerdote pegará o carneiro que é entregue para tirar a culpa e o oferecerá como sacrifício para obter o perdão do pecado, e ele será perdoado. “Todo aquele que desobedecer a alguma Lei do Senhor, mesmo sem perceber que está desobedecendo, é culpado e deverá ser castigado. Por isso ele terá de trazer do seu rebanho um carneiro sem defeito ao sacerdote, devidamente avaliado de acordo com a tabela de preços usada no Tabernáculo. O carneiro será trazido como oferta pela culpa daquele que pecou. Assim o sacerdote oferecerá o animal como sacrifício para obter o perdão do pecado que a pessoa cometeu sem intenção, e ela será perdoada. É oferta pela culpa, porque não há dúvida de que ela tornou-se culpada perante o Senhor ”. Disse ainda o Senhor a Moisés: “Se alguém pecar, cometendo ofensa contra o Senhor, deixando de devolver alguma coisa deixada com ele pelo próximo, como penhor ou garantia de pagamento de empréstimo, ou não quiser devolver o que foi confiado a ele, o que roubou, o que conseguiu explorando o próximo; ou não quiser devolver uma coisa que achou de outra pessoa, jurando que não achou, ou ainda jurando falsamente a respeito de qualquer coisa em que o homem costuma pecar; quando pecar dessa forma, tornando-se culpado, terá de devolver aquilo que roubou ou tomou por meio de extorsão, o que guardou em depósito, ou os bens perdidos que achou. Terá de devolver tudo aquilo sobre o que tenha jurado falsamente. Além de devolver tudo — sem faltar nada — acrescentará a isso um quinto do valor e dará tudo ao proprietário quando apresentar a sua oferta pela culpa. Como oferta pela culpa, ele trará um carneiro sem defeito e devidamente avaliado, do seu rebanho, como oferta dedicada ao Senhor. O sacerdote receberá o animal e oferecerá ao Senhor, para obter o perdão dos pecados, e aquele que pecou será perdoado e ficará livre da culpa do mal que fez”. O Senhor falou mais estas coisas a Moisés: “Dê a Arão e a seus filhos as seguintes instruções a respeito das ofertas queimadas: a oferta queimada terá de ficar toda a noite sobre as brasas do altar, onde o fogo terá de ser mantido aceso. O sacerdote vestirá a sua túnica de linho e os calções de linho por baixo, e tirará a cinza de cima do altar e a colocará ao lado do altar. Depois trocará de roupa, e levará a cinza para um lugar cerimonialmente limpo, fora do acampamento. Enquanto isso, o fogo do altar deve ser mantido aceso. Cada manhã o sacerdote colocará lenha no altar, mantendo o fogo aceso. Colocará no altar a oferta queimada e queimará sobre ela a gordura das ofertas de gratidão. O fogo do altar deverá ser mantido continuamente aceso; não deve ser apagado. “Estas são as leis a respeito da oferta de cereais: Os filhos de Arão a oferecerão ao Senhor, diante do altar. Um dos sacerdotes pegará um punhado de farinha da melhor qualidade, misturada com azeite e com todo o incenso que está sobre a oferta de cereais, e queimará no altar esse punhado, como aroma agradável ao Senhor. Arão e seus descendentes comerão o restante da oferta, mas deverão comê-la sem fermento, em lugar sagrado, no pátio do Tabernáculo. Essa oferta não será cozida com fermento; essa parte das ofertas de cereais pertence a eles como porção das ofertas trazidas para mim. É coisa santíssima, semelhante à oferta pelo pecado e à oferta pela culpa. Somente os homens descendentes de Arão poderão comer essa parte das ofertas. Esta lei é permanente, de geração em geração. Somente eles podem comer das ofertas queimadas ao Senhor. Tudo o que tocar nelas se tornará santo”. Disse ainda o Senhor a Moisés: “Esta é a oferta que Arão e seus filhos oferecerão ao Senhor no dia em que forem ungidos: um jarro de farinha da melhor qualidade, como na oferta de cereais que é feita regularmente; de manhã é apresentada a metade e à tarde a outra metade. Será preparada com óleo numa assadeira; a mistura deverá ser benfeita, e a massa cortada em pedaços que, depois de bem cozidos, deverão ser apresentados como ofertas de cereais com aroma agradável ao Senhor. Toda vez que um sacerdote, descendente de Arão, for ungido e introduzido no sacerdócio, preparará essa oferta, que será totalmente queimada. Esta regra é permanente: a oferta de cereais preparada pelo sacerdote será queimada totalmente ao Senhor ”. Disse mais o Senhor a Moisés: “Diga a Arão e seus filhos que estas são as instruções para a oferta pelo pecado. Esta oferta é muito santa! Por isso o sacrifício desta oferta é realizado no mesmo lugar onde são mortos os animais para as ofertas queimadas ao Senhor. O sacerdote que oferecer o animal comerá a oferta no pátio do Tabernáculo. Isso porque precisa ser comida no lugar consagrado ao Senhor. Tudo o que tocar na carne se tornará santo; se o sangue respingar na roupa de alguém, essa roupa terá de ser lavada ali mesmo, no lugar consagrado ao Senhor. A vasilha de barro usada para cozinhar a carne terá de ser quebrada; se a vasilha for de bronze, será lavada; terá de ser esfregada e enxaguada com água. Somente os homens da família dos sacerdotes poderão comer dessa oferta; é uma oferta muito santa! Entretanto, toda oferta pelo pecado, em que o sangue do sacrifício é levado ao Lugar Santo do Tabernáculo a fim de obter o perdão de pecados, não será comida; ela será queimada totalmente diante do Senhor. “Estas são as leis a respeito da oferta pela culpa. É uma oferta muito santa: O animal da oferta pela culpa será morto no lugar onde são mortos os animais para as ofertas queimadas. O sangue dele será borrifado em todos os lados do altar. Serão oferecidos sobre o altar toda a gordura, a cauda e a gordura que cobre as vísceras, os dois rins com a gordura que os cobre que fica próximo dos lombos e o lóbulo do fígado, que ele removerá junto com os rins. O sacerdote queimará todas essas partes sobre o altar, como oferta dedicada ao Senhor. É oferta pela culpa. Todos os homens da família dos sacerdotes poderão comer do animal sacrificado, num lugar sagrado, porque é oferta muito santa. “A regulamentação da oferta pelo pecado é a mesma da oferta pela culpa. A lei é a mesma para ambas. A carne pertence ao sacerdote encarregado de oferecer o sacrifício para obter o perdão de pecados. O sacerdote encarregado de oferecer o animal que vai ser completamente queimado em favor de alguém, ficará com o couro do animal sacrificado. O sacerdote que apresentar a oferta de cereais, tanto as ofertas levadas ao forno como as ofertas assadas na assadeira, tem o direito de ficar com elas; e todas as ofertas de cereais — as misturadas com azeite ou não — pertencem aos filhos e descendentes de Arão. “Instruções para os sacrifícios feitos ao Senhor como ofertas de paz: Se for oferta de gratidão, então deve vir acompanhada destas coisas: bolos sem fermento e amassados com óleo, pães finos sem fermento e untados com óleo, e bolos com farinha da melhor qualidade; tudo bem preparado e misturado com azeite. Além disso, deve ser trazido pão feito com massa fermentada. Assim deve ser feita a oferta de paz com gratidão. De cada oferta, será separado um bolo ao Senhor, que será para o sacerdote, que borrifará o sangue da oferta de paz. Mas a carne do sacrifício dessa oferta voluntária de gratidão tem de ser comida no dia em que for feita a oferta; não poderá sobrar nada para o dia seguinte. “Se alguém trouxer oferta para cumprir um voto, ou se for uma oferta voluntária, a carne do sacrifício será comida no dia em que for apresentada, e o que sobrar poderá ser comido no dia seguinte. Mas, no terceiro dia, se ainda sobrar carne, ela deverá ser queimada. Se alguém comer da oferta de paz no terceiro dia, ela não será aceita. Aquele que ofereceu o sacrifício não será aceito pelo Senhor; será como se a pessoa não tivesse apresentado a oferta. Essa carne é impura, e quem dela comer sofrerá as consequências da sua culpa. “Ninguém pode comer carne que encostar em alguma coisa impura perante a lei. Essa carne será queimada. Qualquer pessoa que estiver cerimonialmente limpa poderá comer a carne da oferta de paz. Mas, se a pessoa, por algum motivo, estiver cerimonialmente impura e comer da carne da oferta de paz que pertence ao Senhor, será cortada do meio do seu povo. Se alguém encostar em qualquer coisa cerimonialmente impura, seja impureza humana, seja de gado impuro, ou de qualquer réptil, e comer da carne do sacrifício de paz oferecido ao Senhor, será eliminado do meio do seu povo”. E disse o Senhor a Moisés: “Diga aos israelitas: Não comam gordura alguma de boi, de carneiro ou de cabra. Quando morrer um animal, seja por morte natural ou porque foi atacado por alguma fera, pode ser usado para qualquer outra finalidade, menos para comer! Quem comer a gordura de um animal sacrificado ao Senhor como oferta queimada, será eliminado do meio do seu povo. Em qualquer lugar que vocês morarem, não comam sangue, quer de aves, quer de gado. Toda pessoa que comer sangue será eliminada do meio do seu povo”. Disse mais o Senhor a Moisés: “Diga aos israelitas: Quando alguém apresentar sacrifício de paz ao Senhor, terá de oferecer parte do sacrifício como oferta especial. A pessoa deverá trazer com as próprias mãos as partes das ofertas queimadas ao Senhor; trará a gordura do peito juntamente com o peito, para os movimentos de apresentação da oferta ao Senhor. O sacerdote queimará a gordura sobre o altar, mas o peito pertence a Arão e a seus descendentes. A parte da coxa direita do animal da oferta de paz será para o sacerdote. O sacerdote que oferecer o sangue do sacrifício de paz e a gordura receberá a coxa direita como porção. O peito que é movido ritualmente e a coxa da oferta de paz serão dados pelos israelitas ao sacerdote Arão e a seus descendentes, e esta minha ordem é permanente. “Essa é a porção das ofertas queimadas ao Senhor, destinada a Arão e aos seus filhos e a seus descendentes, a partir do dia em que foram escolhidos para servir ao Senhor como sacerdotes. Foi isso que o Senhor ordenou dar a eles, desde o dia em que os separou e os ungiu. Este é um estatuto perpétuo, que os israelitas devem obedecer em todas as gerações”. Foram essas as instruções a respeito da oferta queimada, da oferta de cereais, da oferta pelo pecado e da oferta pela culpa, da oferta de consagração e das ofertas de paz. O Senhor deu essas instruções a Moisés no monte Sinai, para ensinar aos israelitas o modo certo de oferecer sacrifícios ao Senhor no deserto do Sinai. Disse mais o Senhor a Moisés: “Reúna Arão e os filhos dele e junte as roupas deles, o óleo a ser derramado neles, o novilho para ser sacrificado como oferta pelo pecado, os dois carneiros e a cesta de pães sem fermento; e convoque toda a comunidade de Israel à entrada do Tabernáculo”. Moisés fez como o Senhor lhe tinha ordenado, e a comunidade reuniu-se à entrada do Tabernáculo. Então Moisés disse à comunidade: “O que estou fazendo foi mandado pelo Senhor ”; e pediu que Arão e seus filhos se aproximassem e os lavou com água. Depois Moisés vestiu Arão com o manto preso com o cinto, e por cima pôs o colete sacerdotal; depois prendeu a ele o manto sacerdotal com o cinturão bem trabalhado; colocou também o peitoral, e nele pôs o Urim e o Tumim; colocou o turbante na cabeça de Arão e, na parte de frente do turbante, prendeu uma placa de ouro, ou seja, a coroa sagrada, conforme o Senhor tinha ordenado a Moisés. Então Moisés pegou o óleo da unção e com ele ungiu o Tabernáculo e tudo o que nele havia. Desse modo foi consagrado o Tabernáculo. Depois derramou óleo sete vezes sobre o altar, ungindo o altar e todos os seus utensílios, como também a bacia e o seu suporte, para consagrá-los. Em seguida, derramou o óleo da unção sobre a cabeça de Arão para consagrá-lo. Então Moisés fez os filhos de Arão chegarem à frente, vestiu-os com as vestimentas sacerdotais — os mantos, os cinturões e os turbantes — como o Senhor havia mandado. Então Moisés trouxe para perto deles um novilho para a oferta pelo pecado. Arão e seus filhos puseram as mãos sobre a cabeça do novilho. Moisés sacrificou o novilho e, com o dedo, colocou um pouco de sangue em todas as pontas do altar, para purificá-lo. Derramou depois o restante do sangue na base do altar e desse modo o consagrou para pedir perdão pelos seus pecados. Então Moisés pegou toda a gordura que cobre as vísceras, o lóbulo do fígado e os dois rins com a gordura que os cobre, e queimou-os no altar. Mas o que sobrou do novilho, incluindo o couro, a carne e os intestinos, ele queimou fora do acampamento, segundo a ordem que havia recebido do Senhor. Depois Moisés mandou trazer o carneiro da oferta queimada. Arão e seus filhos puseram as mãos sobre a cabeça do carneiro, e Moisés matou o carneiro e borrifou o sangue nos lados do altar. Depois cortou o carneiro em pedaços e queimou a cabeça, os pedaços e a gordura do animal sacrificado. Então lavou com água as vísceras e as pernas do carneiro. Em seguida queimou o carneiro inteiro sobre o altar, que é oferta de aroma agradável ao Senhor, como o Senhor havia mandado. Então Moisés mandou trazer outro carneiro, o carneiro da consagração. Arão e seus filhos puseram as mãos sobre a cabeça do segundo carneiro, e Moisés sacrificou o carneiro. Depois molhou com o sangue a ponta da orelha direita de Arão, o polegar da mão direita e o polegar do pé direito. Moisés também fez a mesma coisa com os filhos de Arão: com o sangue do carneiro molhou a orelha direita, o polegar da mão direita e o polegar do pé direito. Depois Moisés derramou o restante do sangue em todos os lados do altar. Em seguida, pegou a gordura, a cauda, toda a gordura que cobre as vísceras, o lóbulo do fígado, os dois rins e a gordura que os cobre e a coxa direita. Também pegou a cesta de pães sem fermento, que estava diante do Senhor; tirou dela um bolo sem fermento, uma forma de pão feito com azeite e um pão fino, e colocou-os sobre a gordura e sobre a coxa direita. Colocou todas essas coisas nas mãos de Arão e dos seus filhos e fez delas oferta movida ao Senhor. Depois Moisés pegou tudo aquilo das mãos deles e queimou no altar, em cima da oferta queimada ao Senhor. Essa foi a oferta de consagração, oferta queimada, de aroma agradável ao Senhor. Moisés pegou o peito e fez os movimentos apropriados de apresentação ao Senhor. Essa parte do carneiro da consagração pertencia a Moisés, como o Senhor lhe havia ordenado. Moisés pegou também o óleo da unção e o sangue que estava sobre o altar, e os borrifou sobre Arão e suas roupas, como também sobre os filhos de Arão e as suas roupas. Então Moisés disse a Arão e aos seus filhos: “Cozinhem a carne do sacrifício na entrada do Tabernáculo. Comam ali a carne e o pão que está na cesta dos pães da consagração. Façam exatamente como ordenei a vocês, dizendo: ‘Arão e seus filhos a comerão’. Depois queimem o restante da carne e do pão. Não saiam da entrada do Tabernáculo durante sete dias, até que se completem os dias da consagração de vocês, pois o Senhor consagrará vocês por sete dias. O que se fez hoje foi ordenado pelo Senhor a fim de obter o perdão dos pecados de vocês. Vocês permanecerão, pois, à entrada do Tabernáculo dia e noite, por sete dias, e observarão as prescrições do Senhor, para que não morram; pois assim me foi ordenado”. Dessa forma, Arão e os seus filhos fizeram tudo o que o Senhor tinha ordenado por meio de Moisés. Ao oitavo dia da cerimônia de consagração, Moisés convocou Arão, os filhos dele e as autoridades de Israel. E disse a Arão: “Traga um bezerro para a oferta pelo pecado e um carneiro para a oferta queimada, ambos sem defeito, e apresente-os ao Senhor. E diga aos israelitas: Escolham um bode para a oferta pelo pecado; um bezerro e um cordeiro, ambos de um ano de idade e sem defeito, para a oferta queimada; um boi e um carneiro para a oferta de gratidão, em sacrifício realizado diante do Senhor; ou ainda uma oferta de cereais, preparada com azeite; porque hoje o Senhor aparecerá a vocês”. Assim trouxeram todas estas coisas à entrada do Tabernáculo, como Moisés tinha ordenado, e a comunidade inteira colocou-se diante do Senhor. Disse Moisés a todos: “Sigam as ordens do Senhor, e a sua glória aparecerá a vocês”. Então Moisés disse a Arão: “Venha até o altar e ofereça a sua oferta pelo pecado e a sua oferta queimada, para Deus perdoar os seus próprios pecados, e depois as ofertas pelo povo, conforme o Senhor havia mandado”. Arão foi até o altar e matou o bezerro em sacrifício pelos seus próprios pecados. Os filhos de Arão levaram-lhe o sangue, e ele molhou o dedo no sangue e o pôs nas pontas do altar. Depois derramou o restante do sangue na base do altar. Então ele queimou no altar a gordura, os rins e o lóbulo do fígado da oferta pelo pecado, conforme o Senhor havia ordenado a Moisés. Depois disso, ele queimou a carne e o couro fora do acampamento. Feito tudo isso, Arão matou o animal da oferta queimada. Os seus filhos levaram-lhe o sangue, que ele borrifou em todos os lados do altar. Também entregaram a Arão o animal cortado em pedaços. Entregaram-lhe pedaço por pedaço, inclusive a cabeça, e ele queimou todas as partes no altar. Depois ele lavou as vísceras e as pernas do animal, oferecendo-as como oferta queimada no altar. Em seguida fez o sacrifício da oferta pelo povo. Matou o bode da oferta pelo pecado do povo, e o ofereceu como sacrifício pelo pecado, como fizera com a oferta pelo seu próprio pecado. Assim Arão apresentou a oferta queimada ao Senhor, de acordo com as instruções rituais. Então chegou a vez da oferta de cereais. Arão pegou um punhado dela e a queimou no altar, além da oferta queimada, apresentada costumeiramente pela manhã. Depois ele matou o boi e o carneiro como sacrifício da oferta de paz pelo povo. Seus filhos trouxeram-lhe o sangue, e ele borrifou o sangue por todo o altar. Tomaram também as porções de gordura do boi e do carneiro, a cauda, a gordura que cobre as vísceras, os rins e o lóbulo do fígado, e colocaram sobre o peito dos animais; e Arão queimou tudo no altar. Em seguida, Arão moveu o peito e a coxa direita ao Senhor, com os movimentos e gestos de apresentação apropriados, como Moisés havia ordenado. Depois Arão levantou as mãos em direção ao povo e o abençoou. E, tendo oferecido o sacrifício pelo pecado, a oferta queimada e a oferta de gratidão, desceu da plataforma do altar. Assim Moisés e Arão entraram juntos no Tabernáculo e, quando saíram, abençoaram o povo; e a glória do Senhor apareceu a toda a comunidade de Israel. Então saiu fogo da presença do Senhor e consumiu a oferta queimada e as porções de gordura sobre o altar. Quando o povo viu isso, gritou de alegria e prostrou-se com o rosto no chão. Nadabe e Abiú, filhos de Arão, pegaram cada um o seu incensário, puseram neles fogo, acrescentaram incenso, e trouxeram fogo profano perante o Senhor. Eles fizeram algo que contrariava as ordens que o Senhor havia acabado de dar! Então saiu fogo da presença do Senhor e os consumiu; morreram perante o Senhor. Então Moisés disse a Arão: “Foi isto que o Senhor disse: ‘Mostrarei a minha santidade para aqueles que chegam perto de mim, e serei glorificado diante de todo o povo!’ ” Porém, Arão ficou em silêncio. Então Moisés chamou Misael e Elzafã, primos de Arão, filhos de Uziel, e disse aos dois: “Venham até aqui, e levem seus primos da frente do Tabernáculo para fora do acampamento”. Eles se aproximaram e usaram os seus mantos para levá-los para fora do acampamento, conforme Moisés havia ordenado. Então Moisés disse a Arão e aos seus filhos Eleazar e Itamar: “Não lamentem a morte deles. Não desarrumem os cabelos, nem rasguem suas roupas como sinal de luto, senão vocês também morrerão, e o Senhor ficará irado com todo o povo de Israel. Mas os seus parentes e toda a nação de Israel poderão chorar a morte deles e lamentar o terrível fogo do Senhor. Não saiam da entrada do Tabernáculo, para que não morram. Lembrem que foi derramado sobre vocês o óleo da unção do Senhor ”. E eles fizeram conforme Moisés havia ordenado. Depois o Senhor deu as seguintes instruções a Arão: “Você e seus filhos não devem beber vinho nem qualquer outra bebida forte antes de entrar no Tabernáculo, senão vocês morrerão. E esta lei vale também para os seus descendentes, de geração em geração. Vocês têm a obrigação de fazer separação entre o santo e o profano, entre o impuro e o puro. Vocês têm a responsabilidade de ensinar ao povo de Israel todas as leis dadas pelo Senhor por meio de Moisés”. Então Moisés disse a Arão e aos filhos que ficaram vivos, Eleazar e Itamar: “Comam a oferta de cereais, que sobrou das ofertas queimadas ao Senhor. Comam essa oferta sem fermento junto ao altar, pois é coisa muito sagrada. Comam os pães num lugar sagrado, pois é a parte das ofertas queimadas ao Senhor que cabe a você e a seus filhos. Essa foi a ordem que recebi do Senhor. Quanto ao peito apresentado ao Senhor com movimentos rituais apropriados e à coxa da oferta, você, seus filhos e as suas filhas poderão comer num lugar cerimonialmente limpo. Essas partes dos sacrifícios foram dadas a você e a seus filhos como parte das ofertas de paz dos israelitas. A coxa ofertada e o peito apresentado com movimentos rituais apropriados devem ser trazidos junto com as porções de gordura das ofertas preparadas no fogo. Essas partes serão apresentadas ao Senhor, com os movimentos rituais apropriados diante do Senhor. Depois pertencerão a você e aos seus descendentes. Esse direito é permanente, conforme o Senhor havia ordenado”. Quando Moisés procurou por toda parte o bode da oferta pelo pecado, e soube que já havia sido queimado, irou-se contra Eleazar e Itamar, filhos de Arão que ficaram vivos, e perguntou: “Por que vocês não comeram a carne da oferta pelo pecado no Lugar Santo? É uma oferta muito sagrada! E o Senhor a deu a vocês para levar a maldade do povo, e para obter o perdão dos pecados deles diante do Senhor! O sangue desta oferta não foi trazido para dentro do Lugar Santo, e era ali que vocês deviam comer as partes pertencentes a vocês, conforme as ordens que receberam de mim”. Mas Arão respondeu a Moisés: “Hoje eles ofereceram o sacrifício pelo pecado deles e a oferta queimada diante do Senhor. Você viu o que aconteceu! Será que teria agradado ao Senhor se eu tivesse comido a oferta pelo pecado num dia como hoje?” E Moisés aceitou a explicação. Disse o Senhor a Moisés e a Arão: “Digam ao povo de Israel: De todos os animais que vivem na terra, estes são os animais cuja carne vocês podem comer: todo animal que tem os cascos fendidos divididos em duas unhas, e que rumina. “Vocês não poderão comer os seguintes animais que só ruminam ou que só têm unhas fendidas: o camelo, que rumina, mas não tem unhas fendidas; considerem-no impuro. O coelho, embora rumine, não tem unhas fendidas; portanto, é impuro para vocês. A lebre, embora, rumine, também não tem unhas fendidas; considerem-na impura. E o porco, embora tenha casco fendido e dividido em dois, não rumina; também considerem-no impuro. Vocês não devem comer a carne nem encostar no cadáver desses animais. Considerem-nos impuros. De todos os animais que vivem nas águas, vocês poderão comer os seguintes: todos os que têm barbatana e escamas, tanto nos mares como nos rios. Mas todos os outros seres aquáticos que não têm barbatanas nem escamas, tanto nos mares quanto nos rios, todas as pequenas criaturas que povoam as águas serão abomináveis para vocês. Não comam a sua carne e considerem impuros os seus cadáveres. Toda criatura que vive na água e não tem barbatanas ou escamas será proibida para vocês comerem. “As aves que vocês devem considerar impuras e não podem comer são estas: a águia, o urubu, a águia-marinha, o milhano, o falcão, toda espécie de corvo, o avestruz, a coruja, a gaivota, toda espécie de gavião, o mocho, a coruja-marinha e a íbis, a gralha, o pelicano, o abutre, a cegonha, todo tipo de garça, a poupa e o morcego. “Vocês não podem comer os insetos voadores, de quatro pernas; mas vocês poderão comer os insetos saltadores, que andam sobre quatro pés e que têm as pernas traseiras mais compridas do que as pernas dianteiras. Desses vocês poderão comer os seguintes: toda variedade de locusta, toda variedade de gafanhoto devorador e toda variedade de grilo. Mas considerem impuros todos os outros insetos que voam e que têm quatro pés. “Por meio deles vocês se tornarão impuros; qualquer pessoa que tocar em seus cadáveres se tornará impura até a tarde. Quem carregar os cadáveres deles terá de lavar as suas roupas e ficará impuro até a tarde. “Todo animal que tem as unhas fendidas, mas o casco não dividido em dois, e não rumina é considerado impuro; quem tocar em um desses animais se tornará impuro. Todos os animais quadrúpedes, que andam sobre a planta dos pés, são impuros para vocês; todo aquele que tocar nos seus cadáveres ficará impuro até a tarde. Quem carregar os cadáveres deles terá de lavar as roupas e ficará impuro até a tarde. Esses animais são impuros para vocês. Dos animais que se movem rente ao chão e que enchem a terra, serão considerados impuros para vocês: a doninha, o rato, toda espécie de lagarto, o geco, a toupeira, a lagartixa, o lagarto da areia e o camaleão. Essas criaturas são impuras para vocês. Quem nelas tocar depois de mortas estará impuro até a tarde. E, se o cadáver de qualquer um desses animais cair em cima de alguma coisa, essa coisa se tornará impura, seja objeto de madeira, de tecido, de couro ou de pano de saco. O objeto atingido deverá ser posto na água, e estará impuro até a tarde. E se o corpo de um desses animais cair numa vasilha de barro, tudo o que estiver na vasilha se tornará impuro, e a vasilha terá de ser quebrada. Qualquer alimento sobre o qual cair essa água ficará impuro, e qualquer líquido que estiver dentro da vasilha se tornará impuro também. Se o corpo de um desses animais cair sobre alguma coisa, se for um forno ou um fogão de barro, terá de ser quebrado. Será considerado impuro. Mas se cair numa fonte ou num poço em que se recolhe água, ela permanece limpa; mas quem tocar no cadáver se tornará impuro. Se um desses cadáveres cair sobre alguma semente a ser semeada, essa semente não ficará contaminada; mas se alguém derramar água sobre a semente, e o cadáver cair na água, então a semente se tornará impura. “Quando morrer algum dos animais que vocês podem comer, e alguém tocar nesse cadáver, se tornará impuro até a tarde. Quem comer da carne desse animal morto terá de lavar as roupas que estiver usando, e se tornará impuro até a tarde. Quem carregar o cadáver desse animal terá de lavar suas roupas, e se tornará impuro até a tarde. “Vocês não deverão comer qualquer criatura de todas as que rastejam na terra. Elas são consideradas imundas. Tudo o que se move rente ao chão ou sobre o ventre, ou anda sobre quatros pernas, ou tem muitos pés, não comam. São todas criaturas impuras segundo a Lei. Não se contaminem com nenhuma dessas criaturas. Não se tornem impuros. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês. Portanto, consagrem-se e sejam santos, porque eu sou santo. Não se tornem impuros com nenhum desses animais que rastejam na terra. Lembrem! Eu sou o Senhor que os tirou da terra do Egito para ser o seu Deus. Sejam santos, porque eu sou santo. “São estas as leis referentes aos animais, às aves e a todos os seres vivos das águas e todo animal que rasteja na terra. Elas mostram a diferença entre os que são puros e os impuros, entre os animais que podem ser comidos e os que não podem ser comidos”. Disse o Senhor a Moisés: “Fale aos filhos de Israel: Quando uma mulher engravidar e der à luz um menino, ficará impura durante sete dias. Ela estará debaixo das mesmas exigências que a Lei faz das mulheres no seu período menstrual. No oitavo dia depois do nascimento, o menino terá de ser circuncidado. Depois disso, a mãe aguardará trinta e três dias para ser purificada por causa da perda de sangue. Nesse período ela não poderá tocar em nenhuma coisa sagrada e não poderá ir ao Tabernáculo, até que se cumpram os dias da sua purificação. Se der à luz uma menina, ficará impura por duas semanas, como acontece durante o seu período menstrual. Depois ficará ainda sessenta e seis dias em processo de purificação por causa da perda de sangue. “Terminando o prazo da purificação, quer pelo nascimento de um filho ou de uma filha, a mãe trará um cordeiro de um ano de idade e um pombinho ou uma rolinha. O cordeiro é para a oferta queimada; e a ave para a oferta pelo pecado. Essas ofertas deverão ser trazidas ao sacerdote, à entrada do Tabernáculo. O sacerdote apresentará as ofertas ao Senhor, a fim de obter perdão pelos pecados da mulher, e ela ficará purificada da perda de sangue causada pelo nascimento da criança. “Mas se ela não tiver recursos para oferecer um cordeiro, poderá trazer dois pombinhos ou duas rolinhas; uma ave para a oferta queimada e a outra para a oferta pelo pecado. Assim, o sacerdote fará a oferta para obter o perdão dos pecados, e ela ficará pura”. Disse o Senhor a Moisés e a Arão: “Quando alguém tiver um inchaço na pele, uma erupção ou mancha brilhante que possa indicar que seja lepra, será levado ao sacerdote Arão, ou a um dos seus filhos, para ser examinado. O sacerdote examinará bem a parte da pele. Se os pelos daquele lugar do inchaço ficarem brancos e se a mancha parecer mais funda do que a pele normal, é sinal de lepra. Depois de examiná-lo, o sacerdote o declarará impuro. Mas se a mancha branca não parecer mais funda do que a pele sadia, e os pelos dali não estiverem brancos, então o sacerdote o isolará por sete dias. Passados os sete dias, o sacerdote examinará a mancha. Se ele verificar que a doença na pele não se alterou nem se espalhou, então o manterá isolado por mais sete dias. Ao sétimo dia, o sacerdote fará novo exame. Se a parte afetada diminuiu, perdendo o brilho, e não se alastrou, o sacerdote o declarará puro. Não é lepra; é apenas uma mancha comum ou uma erupção. Basta que essa pessoa lave as roupas que estiver usando, e será considerada limpa. Mas, se depois de se apresentar ao sacerdote para ser declarada pura, a mancha se espalhar na pele, o sacerdote fará novo exame. Se a mancha se espalhou pela pele, ele a declarará impura; é lepra. “Quando alguém apresentar sinal de lepra, será levado ao sacerdote. Este o examinará, e se houver algum inchaço branco na pele, se os pelos no inchaço estiverem brancos, e se houver uma ferida aberta no inchaço, então é um caso crônico de lepra, e o sacerdote o declarará impuro. Nesse caso ele não precisará ficar isolado para verificação, porque já está claro que ele está impuro. “Se o sacerdote vê que a lepra tomou conta do corpo todo da pessoa, da cabeça aos pés, cobrindo a pele toda da pessoa, até onde é possível ao sacerdote verificar, será feito um novo exame. Se, de fato, a lepra cobriu todo o corpo, então tornou-se lepra branca e a pessoa se tornou pura. Isto é mesma coisa que estar curado. Por isso o sacerdote declarará a pessoa curada e cerimonialmente pura. Mas no dia em que aparecer uma ferida aberta, a pessoa estará impura. Ao ver isso, o sacerdote declarará a pessoa impura. Uma ferida aberta é sinal de lepra. Mas se a ferida aberta retroceder e a pele se tornar branca, o leproso voltará ao sacerdote, que o examinará outra vez. Se ele verificar que a lepra ficou inteiramente branca, então aquela pessoa está pura, e o sacerdote a declarará pura. “Quando alguém tiver uma ferida purulenta em sua pele e ela sarar, mas no lugar dela aparecer um inchaço branco ou uma mancha levemente avermelhada, deve se apresentar ao sacerdote. O sacerdote examinará a mancha e, se parecer mais profunda do que a pele, e os pelos embranquecerem, o sacerdote o declarará impuro. É sinal de lepra que brotou da ferida. Mas se o sacerdote vir que os pelos na mancha não estão brancos e que o local não está mais profundo do que a pele, e menos brilhante, então o sacerdote o colocará em isolamento por sete dias. Se a mancha se alastrar pela pele, o sacerdote o declarará impuro. É sinal de lepra. Mas, se a mancha brilhante parar de crescer e não se alastrar, é apenas cicatriz que a ferida purulenta deixou, e o sacerdote o declarará puro. “No caso de pele queimada pelo fogo, e a carne viva da queimadura se tornar mancha brilhante avermelhada ou branca, o sacerdote examinará a mancha. Se os pelos estiverem brancos e a mancha parecer mais funda do que a pele, é lepra que surgiu da queimadura. O sacerdote o declarará impuro; é sinal de lepra na pele. Mas, se o sacerdote examinar a mancha e perceber que os pelos não estão brancos e que a mancha não está brilhante, e não estiver mais profunda do que a pele, então ele isolará a pessoa por sete dias. Depois desse prazo, o sacerdote examinará de novo a mancha. Se ela tiver se espalhado pela pele, é lepra. O sacerdote a declarará impura. Mas, se a mancha brilhante não avançou nem se espalhou pela pele, tendo também perdido o seu brilho, então foi apenas um inchaço provocado pela queimadura. O sacerdote declarará a pessoa pura; é apenas a cicatriz da queimadura. “Se um homem ou uma mulher tiver uma ferida na cabeça ou no queixo, deverá ser examinado pelo sacerdote. Se a ferida parecer mais funda do que a pele, e os cabelos do local forem amarelados e finos, o sacerdote declarará a pessoa impura; é sarna, ou seja, lepra da cabeça ou do queixo. Mas se o exame feito pelo sacerdote mostrar que é apenas uma mancha superficial da pele, e não houver pelo escuro na parte enferma, então o sacerdote colocará a pessoa infectada em isolamento por sete dias. No sétimo dia o sacerdote examinará o local afetado. Se a sarna não tiver se espalhado e não houver pelo amarelado nela e não parecer mais funda do que a pele, então a pessoa rapará os pelos, exceto a parte afetada, e o sacerdote a isolará por mais sete dias. No fim dos outros sete dias, o sacerdote voltará a examinar a doença. Se ela não tiver se alastrado e não parecer mais funda do que a pele, o sacerdote declarará a pessoa pura, bastando que ela lave as roupas que estiver usando, e estará pura. Mas, se depois de todo esse processo de purificação a doença se alastrar pela pele, depois que a pessoa for declarada pura, o sacerdote fará novo exame. Ficando confirmado o alastramento da doença, o sacerdote nem precisa verificar se os cabelos no local da infecção estão amarelados; a pessoa é considerada impura. Por outro lado, se o sacerdote achar que a doença não avançou, e que nasceram cabelos sadios no local enfermo, é sinal de que a lepra sarou. A pessoa está pura, e o sacerdote a declarará pura. “Se um homem ou uma mulher tiverem manchas brilhantes na pele, o sacerdote examinará as manchas; se ele verificar que aparecem manchas brancas mas sem brilho, não é nada grave. A pessoa é considerada pura. “Se caírem os cabelos de um homem, isso não significa que ele seja leproso. Ele está apenas ficando calvo, porém puro. Se caírem os cabelos apenas da parte da frente da cabeça, ele está meio-calvo, porém puro. Mas, se tiver uma ferida avermelhada na parte calva ou na meia-calva, é lepra. O sacerdote o examinará, e se a ferida inchada na sua calva ou na meia-calva for avermelhada como as que aparecem na pele, o homem é leproso, e está impuro. O sacerdote que verificar isso o declarará impuro por causa da ferida na cabeça. “Uma pessoa que ficar leprosa deverá vestir roupas rasgadas, andar com os cabelos despenteados, cobrir o rosto da boca para baixo e gritar: ‘Impuro! Impuro!’ Enquanto tiver a doença, será considerada impura. Viverá sozinha, fora do acampamento. Quando aparecer uma mancha de lepra em alguma peça de roupa, seja de lã ou de linho, ou em qualquer peça tecida ou entrelaçada de linho ou de lã, ou em uma peça feita de couro, se a mancha for esverdeada ou avermelhada na roupa, ou no couro, ou na peça tecida ou entrelaçada, ou em qualquer coisa feita de couro, é lepra, e a pessoa deverá se apresentar ao sacerdote. O sacerdote examinará a mancha e manterá isolado por sete dias o objeto afetado. No sétimo dia o sacerdote examinará de novo a mancha e, se ela tiver se espalhado pela roupa, ou pela peça tecida ou entrelaçada, ou pelo pedaço de couro, não importa o seu uso, é lepra contagiosa; o objeto é impuro. A roupa será queimada, seja peça tecida ou entrelaçada, seja de lã ou de linho, ou qualquer objeto de couro que tiver mancha, pois é lepra contagiosa; a roupa deverá ser destruída pelo fogo. “Mas se o sacerdote vir que a mancha não se alastrou pela roupa, ou pela peça tecida ou entrelaçada, ou pelo objeto de couro, o sacerdote dará ordem para que o objeto seja lavado e colocado em isolamento por sete dias. Depois o sacerdote examinará o objeto novamente, e se a mancha não se alastrou, mas não tiver alterado sua cor, o objeto é impuro. O objeto contaminado deverá ser queimado. É lepra corrosiva, esteja na parte de frente ou na parte de trás do objeto. Mas se o sacerdote vir que a mancha perdeu a cor e o brilho, depois de ter sido lavada a peça, então ele cortará aquela parte da roupa, ou do pedaço de couro, ou da peça tecida ou entrelaçada. Mas, se a mancha ainda aparecer na roupa, na peça tecida ou entrelaçada, ou em qualquer objeto feito de couro, e se alastrar, é lepra. Essa peça terá de ser queimada. Mas, se a mancha desaparecer da roupa, ou da peça tecida ou entrelaçada, ou do objeto feito de couro, esse objeto afetado será lavado pela segunda vez e poderá ser usado de novo”. São estes os regulamentos a respeito da lepra nas roupas de lã e de linho, ou nas peças tecidas ou entrelaçadas, ou nos objetos feitos de couro, a fim de que sejam considerados puros ou impuros. Disse o Senhor a Moisés: “Esta é a regulamentação para os casos de um leproso purificado: Ele será levado ao sacerdote, e este sairá do acampamento para examinar a pessoa. Se a pessoa estiver curada da lepra, então o sacerdote ordenará que sejam trazidos duas aves vivas e puras, e um pedaço de madeira de cedro, um pano tingido de vermelho-carmesim e um ramo de hissopo. Ele mandará matar uma das aves e que seja posta numa vasilha de barro sobre água corrente. O sacerdote tomará a outra ave, o pedaço de madeira de cedro, o pano tingido de vermelho-carmesim e o hissopo e os molhará com o sangue da ave sacrificada em água corrente. Então ele borrifará sete vezes aquela pessoa que está sendo purificada da lepra. Só depois disso, o sacerdote a declarará pura. Em seguida, soltará a ave viva, para que viva livremente em campo aberto. “Para completar a purificação, a pessoa que está sendo purificada lavará as suas roupas, rapará todos os seus pelos e tomará banho; e assim estará pura. Depois disso, poderá entrar no acampamento, mas terá de ficar fora da entrada da sua tenda por sete dias. No sétimo dia, rapará todos os seus pelos: o cabelo, a barba, as sobrancelhas e o restante dos seus pelos, lavará suas roupas e banhará o corpo com água e então será considerada pura. “No oitavo dia pegará dois cordeiros sem defeito, uma cordeira de um ano de idade, e três jarros de farinha da melhor qualidade preparada com azeite, como oferta de cereais, e uma caneca de azeite. O sacerdote encarregado de fazer a purificação apresentará ao Senhor a pessoa e as ofertas que trouxe, na entrada do Tabernáculo. “Então o sacerdote pegará um dos cordeiros e o sacrificará como oferta pela culpa, além da caneca com azeite; ele os moverá diante do Senhor com o gesto de apresentação apropriado. Então matará o cordeiro no lugar em que se costuma matar os animais das ofertas pelo pecado e das ofertas queimadas, no Lugar Santo; porque a oferta pela culpa como a oferta pelo pecado pertencem ao sacerdote; é oferta muito sagrada. O sacerdote usará o sangue da oferta pela culpa para colocar um pouco na orelha direita daquele que será purificado, no polegar da sua mão direita e no polegar do seu pé direito. Depois o sacerdote pegará a caneca com azeite e o derramará na palma da sua mão esquerda; molhará o dedo direito no azeite que está na palma da mão esquerda, e daquele azeite borrifará com o dedo sete vezes diante do Senhor. Da sobra do azeite que está na mão esquerda, o sacerdote colocará um pouco na ponta da orelha direita, no polegar da mão direita e no polegar do pé esquerdo daquele que está sendo purificado, como tinha feito com o sangue da oferta pela culpa. O restante do azeite que está em sua mão, o sacerdote derramará sobre a cabeça daquele que está sendo purificado. Assim, na presença do Senhor, o sacerdote obterá o perdão dos pecados daquela pessoa. “Então o sacerdote apresentará a oferta pelo pecado, obtendo com isso o perdão dos pecados da pessoa que está sendo purificada da sua impureza. Feito isso, o sacerdote matará o animal dado para a oferta queimada e o oferecerá com a oferta de cereais sobre o altar; assim, o sacerdote obterá o perdão dos pecados para aquela pessoa, que, finalmente, será declarada pura. Se a pessoa for pobre, não tendo recursos para isso, poderá trazer somente um cordeiro para a oferta pela culpa, para ser apresentado ao Senhor com os movimentos apropriados feitos pelo sacerdote para obter o perdão dos pecados. Além do cordeiro, a pessoa trará um jarro de farinha da melhor qualidade, preparada com azeite, para a oferta de cereais, e uma caneca de azeite. Deverá trazer também duas rolinhas ou dois pombinhos, conforme os seus recursos, e usar um deles como oferta pelo pecado e o outro como oferta queimada. No oitavo dia, essas coisas serão trazidas ao sacerdote à entrada do Tabernáculo, para a sua purificação diante do Senhor. O sacerdote deverá pegar o cordeiro da oferta pela culpa e a caneca com o azeite em separado, e os moverá perante o Senhor com os gestos de apresentação apropriados. Depois matará o cordeiro e pegará um pouco de sangue e o colocará na ponta da orelha direita, no polegar da mão direita e no polegar do pé direito daquele que está sendo purificado. O sacerdote derramará azeite na palma da sua mão esquerda, e com o dedo direito borrifará um pouco do azeite da palma da sua mão esquerda sete vezes diante do Senhor. Depois colocará um pouco de azeite da palma da sua mão na ponta da orelha direita, no polegar da mão direita e no polegar do pé esquerdo daquele que está sendo purificado, como tinha feito com o sangue da oferta pela culpa. O azeite restante na mão do sacerdote será derramado na cabeça daquele que está sendo purificado, para obter perdão pelos pecados, diante do Senhor. Depois oferecerá uma das rolinhas ou dos pombinhos, conforme os seus recursos. Uma das aves é para a oferta pelo pecado; a outra como oferta queimada — para ser sacrificada junto com a oferta de cereais. Assim o sacerdote obterá o perdão dos pecados diante do Senhor daquele que está sendo purificado”. São estas, pois, as leis para a purificação das pessoas que têm lepra e que não têm os recursos devidos para fazer a oferta da sua purificação. Disse ainda o Senhor a Moisés e a Arão: “Quando vocês entrarem na terra de Canaã — terra que darei a vocês — e eu puser uma mancha de lepra numa casa, na terra que lhes pertence, o dono da casa comunicará o fato ao sacerdote, dizendo: ‘Parece que há uma mancha de lepra em minha casa’. O sacerdote mandará que desocupem a casa, antes de examinar a lepra, para que nada que houver na casa se torne impuro. Depois disso, o sacerdote irá até lá e examinará a casa. Ele examinará as manchas nas paredes e, se elas estiverem esverdeadas ou avermelhadas e parecerem mais profundas do que a superfície da parede, o sacerdote sairá e trancará a casa, ficando interditada por sete dias. Sete dias depois, o sacerdote fará novo exame. Se as manchas se alastraram nas paredes da casa, ordenará que as pedras contaminadas pelas manchas sejam arrancadas e lançadas fora da cidade, num lugar declarado impuro. Além disso, fará que a casa inteira seja raspada por dentro e que o reboco raspado seja jogado fora da cidade, num lugar impuro. Serão colocadas outras pedras no lugar das que foram arrancadas, e a casa será rebocada com novo reboco. “Se as manchas tornarem a alastrar-se pela casa, depois de terem arrancado as pedras e a casa ter sido raspada e rebocada, será examinada outra vez pelo sacerdote. Se as manchas se alastraram pela casa, é lepra contagiosa; a casa será impura. Essa casa será então totalmente demolida: as pedras, as madeiras e todo o reboco da casa; tudo será levado para fora da cidade, para um lugar impuro. “Quem entrar na casa enquanto ela estiver interditada ficará impuro até a tarde. Quem se deitar ou comer naquela casa terá de lavar a roupa usada na ocasião. “Mas, se o sacerdote for examiná-la e as manchas não se alastraram nas paredes reformadas, ele declarará pura a casa porque as manchas desapareceram. Para completar a purificação da casa, pegará duas aves, um pedaço de madeira de cedro, um pano vermelho e hissopo. Depois matará uma das aves numa vasilha de barro em água corrente. Em seguida pegará o pedaço de madeira de cedro, o hissopo, o pano vermelho e a ave viva, e os molhará no sangue da ave morta e na água, e borrifará o sangue sete vezes na casa. Ele purificará a casa com o sangue da ave, com a água corrente, com a ave viva, com o pedaço de madeira de cedro, com o hissopo e com o pano vermelho. Então o sacerdote soltará a ave fora da cidade, para que viva livremente nos campos. Assim fará a cerimônia da purificação da casa, e ela ficará pura”. São essas as leis acerca dos vários tipos de lepra, de sarna, de manchas nas roupas ou numa casa, ou de inchaço, feridas ou tumores e manchas brilhantes na pele. Assim deve-se fazer quando alguma coisa é pura ou impura. São essas as leis a respeito de qualquer tipo de lepra. O Senhor disse a Moisés e a Arão: “Deem as seguintes instruções ao povo de Israel: Quando um homem tiver um corrimento, ficará impuro. Ele ficará impuro por causa do seu corrimento, quer continue vazando o corrimento do membro, quer cesse o corrimento dele. Qualquer cama em que um homem com corrimento se deitar ficará impura, e todos os lugares em que se assentar ficarão impuros. Quem tocar na cama dele terá de lavar as suas roupas e tomar banho, e ficará impuro até a tarde. Quem se sentar sobre qualquer coisa na qual esse homem se sentou terá de lavar as suas roupas e tomar banho, e estará impuro até a tarde. “Quem tocar no corpo do homem que tiver um corrimento terá de lavar as suas roupas e tomar banho, e ficará impuro até a tarde. “Se o homem que tem o corrimento cuspir em alguém que está puro, esta pessoa também terá de lavar as suas roupas e tomar banho e ficará impuro até a tarde. Também qualquer sela em que o homem montar se tornará impura, e todo aquele que tocar em alguma coisa que esteve debaixo dele ficará impuro até a tarde; se alguém pegar naquilo em que o homem sentou, terá de lavar as suas roupas e tomar banho, e ficará impuro até a tarde. “Se o homem que tem o corrimento tocar numa pessoa sem primeiro ter lavado as mãos, então aquela pessoa deverá lavar as suas roupas e tomar banho, e ficará impura até a tarde. “Se esse homem pegar numa vasilha de barro, ela deverá ser quebrada; se tocar numa vasilha de madeira, basta que seja lavada. “Quando cessar o corrimento de um homem, iniciará o processo de purificação que durará sete dias. Para isso ele terá de lavar as suas roupas e tomar banho em água corrente, e então ficará puro. No oitavo dia, deverá trazer duas rolinhas ou dois pombinhos ao sacerdote, à entrada do Tabernáculo. O sacerdote sacrificará uma ave como oferta pelo pecado e a outra como oferta queimada. Assim o sacerdote fará a cerimônia de purificação perante o Senhor em favor do homem, por causa do corrimento. “Sempre que um homem expelir líquido seminal, terá de banhar o seu corpo com água, e ficará impuro até a tarde. Toda roupa ou peça de couro em que cair o líquido seminal terá de ser lavada com água e ficará impura até a tarde. “Quando um homem tiver relações sexuais com uma mulher e lhe sair o líquido seminal, ambos terão de banhar-se com água, e estarão impuros até a tarde. “Quando uma mulher estiver no seu período de menstruação, ficará impura durante sete dias. Nesse período, quem nela tocar ficará impuro até a tarde. “Todos os objetos e todos os lugares em que ela sentar ou deitar durante o período de menstruação ficarão impuros também. Quem tocar na cama dela terá de lavar a sua roupa e tomar banho, e ficará impuro até a tarde. Quem tocar em alguma coisa sobre a qual ela esteve sentada, terá de lavar as suas roupas e tomar banho, e estará impuro até a tarde. Também quem tocar em alguma coisa que estiver sobre a cama ou sobre aquilo em que ela esteve sentada ficará impuro até a tarde. “Se um homem tiver relação sexual com ela durante o período de menstruação ficará impuro sete dias; e tornará impura toda cama em que se deitar. “Quando uma mulher continuar menstruada além do tempo normal, ela ficará impura enquanto durar a menstruação. Qualquer cama em que ela se deitar enquanto continuar a sua hemorragia estará impura, como ocorre com a sua cama durante a sua menstruação; assim também tudo sobre o que ela sentar será impuro, como durante o período de menstruação. E quem tocar na cama ou naquilo em que ela sentou ficará impuro e terá de lavar as suas roupas e tomar banho, e ficará impuro até a tarde. “Sete dias depois de parar a hemorragia, a mulher estará pura. No oitavo dia, trará duas rolinhas e dois pombinhos ao sacerdote, à entrada do Tabernáculo. O sacerdote sacrificará uma das aves como oferta pelo pecado, e a outra como oferta queimada, e assim o sacerdote fará a cerimônia da purificação por ela, na presença do Senhor, por causa daquela impureza. “Deste modo vocês cuidarão de manter isoladas as coisas e pessoas impuras dos israelitas, para que não morram por contaminar com sua impureza o meu Tabernáculo que está entre eles”. Essas são as leis a respeito do homem que tem corrimento ou perda do líquido seminal, tornando-o impuro, também da mulher em sua menstruação, do homem e da mulher que têm corrimento e do homem que tiver relação sexual com uma mulher que está impura. Depois que morreram os dois filhos de Arão, porque se apresentaram ao Senhor de maneira indevida, o Senhor falou com Moisés. Ele disse: “Diga a seu irmão Arão que não entre a qualquer hora, sem necessidade, no Lugar Santíssimo, atrás do véu, diante da tampa da arca, para que não morra; porque eu mesmo aparecerei ali na nuvem, acima da tampa. “Arão só poderá entrar no Lugar Santíssimo depois de trazer um novilho como oferta pelo pecado e um carneiro como oferta queimada. Ele vestirá o manto sagrado de linho, com os calções de linho por baixo; colocará o cinto de linho na cintura e também o turbante de linho. Só vestirá essa roupa sagrada depois de banhar-se com água. Ele receberá da comunidade de Israel dois bodes como oferta pelo pecado e um carneiro como oferta queimada. “Primeiro Arão sacrificará ao Senhor um novilho como oferta pelo seu próprio pecado, para obter perdão dos seus pecados e da sua família. Depois trará os dois bodes à presença do Senhor, à entrada do Tabernáculo. Ali fará o sorteio para decidir em relação aos dois bodes: qual deverá ser oferecido ao Senhor e qual será designado para Azazel. O bode sorteado que pertence ao Senhor será sacrificado por Arão, como oferta pelo pecado. O outro bode, conhecido como bode emissário, será apresentado vivo ao Senhor para obter o perdão dos pecados do povo, e depois será mandado embora para o deserto, levando com ele o pecado do povo. “Arão sacrificará o novilho da oferta pelo pecado para obter o perdão dos seus próprios pecados e da sua família. Em seguida, pegará diante do Senhor o incensário cheio de brasas de fogo e dois punhados de incenso aromático bem moído, e os levará para trás do véu. Ali, diante do Senhor, ele colocará o incenso sobre as brasas de fogo, de modo que a nuvem de fumaça formada pelo incenso cubra a tampa que está acima da Arca que contém as tábuas da aliança, para que não morra. Ele pegará um pouco do sangue do novilho e com o dedo borrifará a parte dianteira superior da tampa. Depois, borrifará o sangue sete vezes, diante da tampa. “Então sairá para matar o bode da oferta pelo pecado, em favor do povo. Tendo sacrificado o animal, entrará de novo, levando o sangue para trás do véu. Ele fará com esse sangue o que fez com o sangue do novilho; ele o borrifará sobre a tampa e na frente dela. Assim, Arão purificará o Lugar Santíssimo, as impurezas dos israelitas e as transgressões deles. Ele fará propiciação para purificar o Tabernáculo, que está no meio de um povo impuro. Ninguém ficará dentro do Tabernáculo enquanto Arão estiver no Lugar Santíssimo fazendo a cerimônia da purificação para cobrir os pecados do povo. Isto só poderá ocorrer depois que ele obteve o perdão dos seus próprios pecados, dos pecados da sua família e dos pecados do povo de Israel. Então sairá e irá ao altar que está diante do Senhor. Ali fará a cerimônia da purificação do altar. Para isso pegará um pouco do sangue do novilho e do sangue do bode e borrifará as pontas do altar. Com o dedo borrifará o sangue sete vezes sobre o altar. Assim o altar estará purificado dos pecados dos filhos de Israel. E o altar será santo depois disso. “Quando Arão terminar de fazer a cerimônia da purificação do Lugar Santíssimo, do Tabernáculo e do altar, trará o bode vivo. Ele colocará as duas mãos sobre a cabeça do bode vivo, e nessa posição confessará as maldades, rebeldias e todos os pecados do povo de Israel; dessa forma, os colocará sobre a cabeça do bode. Em seguida, enviará o bode ao deserto aos cuidados de um homem encarregado desse serviço. Assim o bode levará embora todos os pecados do povo para uma terra solitária. E o homem soltará o bode no deserto. “Em seguida, Arão voltará para dentro do Tabernáculo. Ali tirará e deixará as roupas de linho que usou para entrar no Lugar Santíssimo. Ele tomará um banho num lugar sagrado e vestirá as suas roupas. Então sairá para oferecer sacrifício queimado por si mesmo e outro pelo povo, para obter o perdão pelos seus próprios pecados e pelos pecados do povo de Israel. Também queimará a gordura da oferta pelo pecado no altar. O homem que levou o bode emissário ao deserto terá de lavar em água sua roupa e o corpo, e depois poderá entrar no acampamento. O novilho e o bode sacrificado como oferta pelo pecado, cujo sangue foi trazido ao Lugar Santíssimo para a cerimônia da purificação, serão levados para fora do acampamento. O couro, a carne e os intestinos serão queimados. A pessoa encarregada de queimar os restos dos animais sacrificados terá de lavar a roupa e tomar banho, antes de voltar para o acampamento. “O seguinte decreto terá de ser obedecido para sempre: No décimo dia do sétimo mês vocês jejuarão. Ninguém trabalhará nesse dia — nem os israelitas, nem os estrangeiros que moram no meio do povo; ou seja, cada um fará um exame de consciência, exame sério com um espírito humilde. Porque naquele dia será realizado um sacrifício para obter o perdão dos pecados para purificá-los. Então, perante o Senhor, vocês estarão puros de todos os seus pecados. Portanto, este é o sábado de descanso solene, quando vocês se humilharão. Esta lei é permanente! Nas gerações futuras, esta cerimônia será dirigida por aquele que for ungido e ordenado sumo sacerdote, no lugar de seu pai. Ele fará a cerimônia da purificação; colocará as roupas sagradas de linho e fará a cerimônia da purificação pelo Lugar Santíssimo, pelo Tabernáculo e pelo altar, pelos sacerdotes e por todo o povo. “Esta lei vale para sempre para vocês. Será realizada a cerimônia da purificação, uma vez por ano, para cobrir os pecados do povo de Israel”. Arão seguiu todas as instruções ordenadas pelo Senhor a Moisés. Disse o Senhor a Moisés: “Transmita mais estas ordens a Arão, aos filhos dele e a todo o povo de Israel: Qualquer israelita que sacrificar um boi, um cordeiro ou uma cabra dentro ou fora do acampamento, e não o trouxer à porta do Tabernáculo para oferecê-lo como sacrifício ao Senhor, diante do Tabernáculo do Senhor, será considerado culpado por derramar sangue. Por esse motivo essa pessoa será eliminada do meio do seu povo. A finalidade dessa lei é que os israelitas não ofereçam sacrifícios por conta própria em campo aberto. Eles deverão levá-los ao sacerdote, à entrada do Tabernáculo. Ali serão oferecidos como ofertas de gratidão. O sacerdote borrifará o sangue sobre o altar do Senhor, à entrada do Tabernáculo, e queimará a gordura como aroma agradável ao Senhor. Ficam, pois, terminantemente proibidos os sacrifícios oferecidos aos demônios no campo, aos quais prestam culto idólatra. Esta ordem é para ser obedecida para sempre, por todas as gerações. “Diga a eles: Todo israelita ou estrangeiro que vive no meio do povo de Israel que oferecer ao Senhor as suas ofertas que serão completamente queimadas ou qualquer outro sacrifício, e não as trouxer à entrada do Tabernáculo para oferecê-las ao Senhor, será expulso do meio do povo. “Também estarei contra todo israelita ou estrangeiro que vive no meio do povo de Israel que comer sangue de qualquer animal, e o eliminarei do meio do seu povo. Porque a vida da carne está no sangue. Por isso mesmo, eu dei o sangue para ser derramado no altar, a fim de obter o perdão dos pecados do povo. Pois é o sangue, ou seja, a vida, que tira os pecados. Por esta razão, ordeno aos israelitas e aos estrangeiros que vivem no meio do povo: Nenhum de vocês poderá comer sangue. Quando um israelita ou um estrangeiro que vive no meio do povo caçar um animal ou uma ave que se pode comer, deverá derramar o sangue na terra e depois cobri-lo com terra, porque a vida de todo ser vivente está no seu sangue. Por isso, mandei os israelitas não comerem o sangue de nenhum animal, pois o sangue é a vida. Quem comer sangue será expulso do povo. “Todo homem, quer israelita, quer estrangeiro, que comer carne de animal que sofreu morte natural, ou que foi destroçado por alguma fera, deverá lavar a sua roupa e tomar banho, e ficará impuro até a tarde. Depois ficará puro novamente. Mas, se não lavar a sua roupa nem se banhar, sofrerá as consequências do seu pecado”. Disse mais o Senhor a Moisés: “Fale aos israelitas e diga-lhes: Eu sou o Senhor, o Deus de vocês. Por isso, não imitem o povo do Egito, onde vocês moraram, nem o povo de Canaã, para onde estou levando vocês. Não sigam as suas práticas. Pelo contrário, obedeçam às minhas leis e minhas ordenanças e sigam-nas. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês. Obedeçam fielmente às minhas leis e aos meus mandamentos e vocês viverão. Eu sou o Senhor. “Ninguém deverá aproximar-se de uma parenta próxima para ter relações sexuais com ela. Eu sou o Senhor. “Não tenha relações sexuais com o seu pai, nem com a sua mãe. Ela é a sua mãe; não tenha relações sexuais com ela. “Não tenha relações sexuais com a mulher do seu pai; isso desonraria o seu pai. “Não tenha relações sexuais com a sua irmã, seja por parte de pai e de mãe ou somente por parte de pai; seja nascida na mesma casa ou em outro lugar. “Não tenha relações sexuais com a filha do seu filho ou da sua filha; isso desonraria você. “Não tenha relações sexuais com a filha somente por parte de pai; ela é sua irmã. “Não tenha relações sexuais com a irmã de seu pai; ela é parenta próxima de seu pai. “Não tenha relações sexuais com a irmã de sua mãe; ela é parenta próxima de sua mãe. “Não tenha relações sexuais com a mulher do seu tio por parte de pai; ela é sua tia. “Não tenha relações sexuais com a sua nora, mulher do seu filho. “Também não tenha relações sexuais com a mulher do seu irmão; isso desonraria seu irmão. “Não tenha relação sexual com uma mulher e sua filha. Não tenha relações sexuais com a filha do seu filho ou com a filha da sua filha; elas são parentas próximas. Isso seria uma perversidade. “Não case com duas irmãs, tendo relações sexuais com elas; isso as tornaria rivais. “Não tenha relações sexuais com a mulher quando está no seu período de menstruação. “Não tenha relações sexuais com a mulher de outro homem, para que você não fique impuro. “Não entregue nenhum dos seus filhos para ser sacrificado a Moloque. Não profane o nome do seu Deus. Eu sou o Senhor. “Nenhum homem deverá ter relações sexuais com outro homem como se fosse mulher. Isso é repugnante. “Nenhum homem ou mulher terá relações sexuais com qualquer animal, contaminando-se com ele. Isto é uma terrível perversão! “Israelitas, não se contaminem com nenhuma dessas coisas, porque as nações que vou expulsar da presença de vocês são as que se contaminam com essas coisas. Estes territórios estão contaminados por essas práticas perversas. Por isto estou castigando seus habitantes, e eu os vomitarei da terra que vai ser de vocês. Vocês terão de obedecer rigorosamente a todas as minhas leis e regulamentos. Nem o natural da terra nem o estrangeiro que mora no meio de vocês praticará qualquer uma dessas abominações, pois todas essas abominações foram praticadas pelos homens que habitaram essa terra antes de vocês; por isso a terra ficou contaminada! Cuidado para que vocês não tornem a terra impura, senão ela os vomitará, como vomitou o povo que nela habitava antes de vocês. “Todo aquele que fizer alguma dessas abominações será eliminado do meio do seu povo. Portanto, obedeçam às minhas leis. Que ninguém caia no erro de praticar aqueles costumes repugnantes que eram praticados antes de vocês. Não se tornem impuros. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês”. Disse mais o Senhor a Moisés: “Diga o seguinte a toda a comunidade de Israel: Sejam santos porque eu, o Senhor, o Deus de vocês, sou santo. “Cada um respeite a sua mãe e o seu pai, e guarde os meus sábados. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês. “Não se voltem para os ídolos, nem façam deuses de metal para vocês. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês. “Quando vocês oferecerem sacrifício de gratidão ao Senhor, ofereçam-no de tal maneira que eu o aceite. Comam das ofertas no dia em que forem apresentadas ao Senhor. O que sobrar poderá ser comido no dia seguinte; mas as sobras do terceiro dia terão de ser queimadas. Se alguma coisa do sacrifício for comida no terceiro dia, é abominação e não será aceito. Se alguém comer da oferta no terceiro dia, será culpado e sofrerá as consequências da sua transgressão, porque profanou o que é santo ao Senhor; por isso, será eliminado do meio do seu povo. “Quando você fizer a colheita da sua terra, deixe de colher nos cantos dos terrenos cultivados, e não ajunte as espigas que caírem da sua colheita. Não faça a segunda colheita da sua vinha, nem apanhe as uvas que caírem no chão. Elas são para o necessitado e para o estrangeiro. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês. “Não roube. “Não minta. “Não engane os outros. “Não jure falsamente pelo meu nome, profanando dessa maneira o nome do seu Deus. Eu sou o Senhor. “Não explore o seu próximo, nem roube dele. “Não fique até o dia seguinte com o salário de um trabalhador pago por dia de trabalho. “Não amaldiçoe o surdo nem faça tropeçar o cego, mas tema o seu Deus. Eu sou o Senhor. “Quando julgar alguma causa, não cometa injustiça; não favoreça o pobre, nem procure agradar os poderosos. Seja justo para com o seu próximo. “Não fique falando mal de todo mundo. “Não faça acusações falsas. Eu sou o Senhor. “Não guarde ódio no seu coração contra o seu irmão, mas repreenda-o com franqueza, para que, por causa dele, você não cometa um pecado. “Não procure a vingança, nem guarde rancor contra alguém do seu povo. Ame o seu próximo como a si mesmo. Eu sou o Senhor! “Obedeça às minhas leis. “Não cruze animais de espécies diferentes. “Não semeie sementes de duas espécies diferentes nas suas terras. “Não use roupa feita com vários tipos de tecido. “Se um homem tiver relações sexuais com uma escrava, noiva de outro homem, que não tenha sido resgatada, nem colocada em liberdade, ambos serão castigados, mas não serão mortos, porque ela não é livre, é escrava. Mas o homem que pecou terá de trazer um carneiro como oferta ao Senhor pela culpa à entrada do Tabernáculo. O sacerdote oferecerá o carneiro da oferta pela culpa a Deus e assim obterá o perdão dos pecados perante o Senhor; assim, o pecado que ele cometeu será perdoado. “Quando vocês entrarem na Terra Prometida e plantarem árvores frutíferas de toda espécie, não comam do fruto delas nos três primeiros anos de produção. As frutas produzidas dentro desse prazo são impuras. A produção do quarto ano será dedicada ao Senhor; será uma oferta de louvor ao Senhor. Somente no quinto ano vocês poderão comer as frutas dessas árvores. Farei aumentar a sua produção. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês. “Não comam coisa alguma com sangue. “Não pratiquem adivinhação nem feitiçaria. “Não façam o corte arredondado do cabelo, nem aparem as pontas da barba. “Não façam cortes no corpo por causa dos mortos, nem marca alguma no corpo. Eu sou o Senhor. “Não desonre a sua filha, entregando-a à prostituição, para que a terra não se contamine, nem se encha de maldade. “Guardem os meus sábados e reverenciem o meu Tabernáculo. Eu sou o Senhor. “Não se tornem impuros procurando os que consultam os mortos, nem os que procuram adivinhar o futuro, pois vocês serão contaminados por eles. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês. “Levantem-se na presença de pessoas idosas, e deem a devida honra aos anciãos; temam o seu Deus. Eu sou o Senhor. “Não explorem os estrangeiros que vivem na terra de vocês. Eles devem ser tratados como se fossem naturais do povo de Israel. Amem os estrangeiros como a vocês mesmos. Lembrem-se que vocês também foram estrangeiros na terra do Egito. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês. “Não julguem de maneira desonesta, usando medidas falsas de comprimento, peso ou quantidade. Usem balanças justas, pesos e medidas exatas, tanto para cereais quanto para líquidos. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês, que tirei vocês da terra do Egito. “Obedeçam rigorosamente às minhas leis e mandamentos e pratiquem-nos. Eu sou o Senhor ”. Disse o Senhor a Moisés: “Diga aos israelitas: Qualquer israelita ou estrangeiro que vive no meio do meu povo que sacrificar um dos seus filhos a Moloque terá de ser morto. Será apedrejado pelos líderes do povo. Eu mesmo me voltarei contra aquele homem e farei que seja eliminado do meio do seu povo; pois deu o seu filho a Moloque. Com isso ele contaminou o meu Tabernáculo, profanando o meu santo nome. Se os líderes do povo deliberadamente fecharem os olhos quando um homem entregar um dos seus filhos a Moloque e deixar que continue vivendo, eu mesmo me voltarei contra ele e contra a sua família, e eliminarei aquele homem e todos os que me deixaram e seguiram Moloque. “Voltarei o meu rosto contra quem consultar necromantes e contra aquele que consultar adivinhos para segui-los. Eu o eliminarei do meio do seu povo. “Portanto, consagrem as suas vidas e sejam santos, porque eu sou o Senhor, o Deus de vocês. Obedeçam a todos os mandamentos e pratiquem-nos. Eu sou o Senhor que os santifica. “Se alguém amaldiçoar seu pai ou sua mãe será condenado à morte. Essa pessoa é responsável pela sua própria morte, pois amaldiçoou o pai ou a mãe. “Se um homem cometer adultério com a mulher do seu próximo, o adúltero e a adúltera serão mortos. “Se um homem tiver relações sexuais com a mulher de seu pai, estará desonrando o seu próprio pai. Os dois adúlteros — o homem e a mulher do seu pai — serão mortos. “Se um homem tiver relações sexuais com a sua nora, ambos terão de ser mortos. Cometeram depravação; eles são responsáveis pela sua própria morte. “Se um homem tiver relações sexuais com outro homem como quem se deita com uma mulher, ambos terão de ser mortos por causa do ato imoral; eles são responsáveis pela sua própria morte. “Se um homem tiver relações sexuais com uma mulher e com a mãe dela, comete um ato perverso. O homem e as duas mulheres terão de morrer queimados, para acabar com essa maldade entre vocês. “Se um homem tiver relações sexuais com um animal, os dois serão mortos. “Se uma mulher tiver relações sexuais com algum animal, ambos serão mortos; eles são responsáveis pela sua própria morte. “Se um homem tomar por mulher sua irmã, filha de seu pai ou de sua mãe, e tiver relações sexuais com ela, pratica uma coisa muito vergonhosa. Eles serão eliminados na presença do povo de Israel. Esse homem desonrou sua irmã e sofrerá o castigo da sua maldade. “Se um homem tiver relações sexuais com uma mulher durante o seu período menstrual, ambos serão expulsos do meio do seu povo. Os dois se tornaram impuros, porque quebraram as leis da pureza. “Não tenha relações sexuais com a irmã de sua mãe, nem com a irmã de seu pai, pois são parentes próximos; pois quem se envolver com uma parenta próxima sofrerá o castigo da sua transgressão. “Se um homem tiver relações sexuais com a mulher do seu tio, está desonrando seu tio. Eles não escaparão das consequências do seu pecado; morrerão sem filhos. “Se um homem tomar para si a mulher do seu irmão, ficarão sem filhos. “Israelitas! Obedeçam fielmente às minhas leis e mandamentos, para que a terra que vai ser de vocês não os vomite. Não sigam os costumes dos povos que estou expulsando de diante de vocês. Porque é por causa desses costumes que fiquei irado com eles. Quanto a vocês, prometi que haveriam de herdar a terra deles, terra que jorra leite e mel. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês, que os separei dos outros povos. “Portanto, façam separação entre animais e aves que permiti que sirvam de alimento para vocês, e os outros animais e aves impuros. Não se contaminem com animais e aves ou com qualquer criatura que se arrasta pelo chão, os quais declarei impuros. Sejam santos para mim, porque eu, o Senhor, sou santo, e separei vocês dos outros povos para serem meus. “O homem e a mulher entre vocês que forem necromantes ou feiticeiros, terão de ser castigados com a morte. Serão apedrejados. Essas pessoas serão responsáveis pela sua própria morte”. Disse o Senhor a Moisés: “Diga o seguinte aos sacerdotes, os filhos de Arão: Que nenhum sacerdote fique impuro por tocar no corpo de alguém do seu povo que venha a morrer, salvo se o morto for um parente próximo, como a mãe ou o pai, o filho ou a filha, irmão ou irmã virgem por quem o sacerdote tenha ficado responsável. Com ela poderá contaminar-se. O sacerdote exerce funções importantes entre o povo. Por isso, não poderá tornar-se impuro ou profanar-se. Os sacerdotes não raparão a cabeça, nem apararão as pontas da barba, nem farão cortes no corpo. Eles serão santos ao seu Deus, e não profanarão o nome do seu Deus; pois são eles que apresentam as ofertas queimadas ao Senhor, ofertas de alimento do seu Deus. Para estas funções, eles têm de ser santos. “Não poderão casar com uma prostituta ou mulher mundana, nem com uma mulher divorciada de seu marido, pois o sacerdote é santo ao seu Deus. O sacerdote deverá ser consagrado, porque apresenta o sacrifício ao seu Deus. Considerem-no santo, porque eu, o Senhor, que santifico vocês, sou santo. “Se a filha de um sacerdote cair em prostituição, estará manchando a honra do seu pai, que é santo ao Senhor. Ela terá de morrer queimada. “O sumo sacerdote, aquele que entre seus irmãos for ungido com o óleo da unção especialmente derramado sobre sua cabeça, e que for consagrado para usar as roupas sagradas, não andará com o cabelo desalinhado, nem rasgará as roupas em sinal de luto. Ele não chegará perto de um cadáver, mesmo que seja o seu pai ou a sua mãe, para não se tornar impuro; e não poderá sair do santuário, nem profanará o Tabernáculo do seu Deus, pois a consagração do óleo da unção do seu Deus está sobre ele. Eu sou o Senhor. “O sacerdote deverá casar com uma virgem. Não poderá casar com uma viúva, nem com uma mulher mundana ou prostituta. Mas tomará uma mulher virgem do seu próprio povo. Isso para que os seus descendentes não sejam profanados entre o seu povo. Eu sou o Senhor, que separo vocês para serem santos”. Disse ainda o Senhor a Moisés: “Diga a Arão: Nenhum dos seus descendentes, por todas as gerações, que tiver algum defeito físico poderá aproximar-se para apresentar as ofertas de alimento do seu Deus. Nenhum homem que tenha algum defeito poderá oferecer sacrifícios a mim: ninguém que seja cego, ou aleijado, ou tiver o rosto deformado, ou tiver o corpo deformado; ninguém que tenha o pé ou a mão quebrados, ou que seja corcunda, ou anão, ou que tenha doença nos olhos, ou que sofra de sarna, ou outra doença de pele, ou que tenha os testículos defeituosos. Nenhum descendente do sacerdote de Arão que tenha qualquer defeito poderá aproximar-se para apresentar ofertas queimadas ao Senhor; ele tem defeito e não poderá oferecer as ofertas de alimento ao seu Deus. Ele poderá comer das ofertas do seu Deus, tanto das ofertas santas como das mais santas; mas, por causa do seu defeito, não poderá se aproximar do véu nem do altar, para que não profane o meu santuário. Eu sou o Senhor que santifica vocês para que sejam santos”. Assim Moisés deu essas instruções a Arão, a seus filhos e a todo o povo de Israel. O Senhor continuou falando com Moisés e disse: “Diga a Arão e aos seus filhos que tomem todo o cuidado para não mancharem as ofertas sagradas que os israelitas dedicaram a mim, e que tenham o cuidado de não profanar o meu santo nome. Eu sou o Senhor. “Diga a eles: Todo aquele que, dentre todos os seus descendentes, em todas as suas gerações, estiver impuro quando se aproximar para oferecer os sacrifícios que os israelitas consagraram ao Senhor, será eliminado da minha presença. Eu sou o Senhor. “Nenhum descendente de Arão que tenha lepra ou um corrimento no membro poderá comer dos sacrifícios santos, até que fique puro. A mesma coisa ocorre com aquele que estiver impuro por ter tocado em um cadáver, com aquele que tenha expelido líquido seminal, ou com aquele que tenha tocado em alguma criatura, ou em alguma pessoa que o torne impuro por qualquer motivo. Esse sacerdote ficará impuro até a tarde. E só depois de tomar banho poderá comer das ofertas sagradas. Depois do pôr do sol estará puro, e só então poderá comer das ofertas sagradas, pois ele depende desses alimentos sagrados para viver. O sacerdote não poderá comer carne de qualquer animal que sofreu morte natural ou que foi despedaçado por algum animal selvagem. Se comer, ficará impuro. Eu sou o Senhor. “Os sacerdotes terão de obedecer cuidadosamente às minhas ordens. Se desobedecerem, estarão profanando o nome do Senhor. Levarão sobre si o seu pecado e morrerão. Eu sou o Senhor que os santifico. “Somente o sacerdote e as pessoas da sua família poderão comer das ofertas sagradas. Ninguém mais. Nem o hóspede de um sacerdote, nem o seu empregado. Mas o escravo, comprado pessoalmente pelo sacerdote, e os filhos do escravo nascidos na casa do sacerdote poderão comer dessas ofertas. Se a filha de um sacerdote casar com um estrangeiro, não poderá comer das ofertas sagradas. Mas, se a filha do sacerdote ficar viúva, ou se divorciar e não tiver filhos, e voltar a viver na casa do pai, como na sua mocidade, poderá comer das ofertas sagradas. Fique claro, porém, que ninguém que não pertence às famílias dos sacerdotes poderá comer desse alimento. “Se alguém, sem intenção, comer das ofertas sagradas, deverá restituir ao sacerdote uma porção igual àquela que comeu, e acrescentar um quinto do seu valor. “Os sacerdotes não profanarão as ofertas sagradas trazidas pelo povo de Israel ao Senhor. Eles não permitirão que as ofertas sejam comidas por quem não tem esse direito. Quem desobedecer a essa lei será culpado e deverá ser castigado. Eu sou o Senhor que os santifico”. Disse o Senhor a Moisés: “Diga o seguinte a Arão, a seus filhos e a todo o povo de Israel: Se um israelita ou um estrangeiro que vive no meio do povo quiser apresentar em sacrifício ao Senhor um animal que vai ser queimado, seja para cumprir voto, seja como oferta voluntária, apresentará um macho sem defeito, podendo ser um boi, um carneiro ou um bode, para que seja aceito. Nenhum animal com defeito será aceito, pois não produzirá benefício algum a vocês. Se alguém apresentar uma oferta de paz, trazendo um animal do gado ou do rebanho de ovelhas, seja para cumprir um voto ou como oferta voluntária, o animal deverá ser sem defeito para que seja aceita a oferta. Um animal cego, aleijado, mutilado, com ferida ou com outra doença na pele não deverá ser oferecido ao Senhor. Não poderá ser apresentado como oferta queimada no altar do Senhor. Porém, vocês poderão apresentar um boi ou um carneiro deformado como oferta voluntária, mas no caso de cumprimento de voto não serão aceitos. Vocês não poderão oferecer ao Senhor um animal com os testículos machucados, esmagados, arrancados ou cortados. Nunca pensem em oferecer um animal nessas condições na sua terra. Também não aceitem de um estrangeiro um animal nessas condições, para oferecê-lo como alimento ao seu Deus. Esses animais são impuros e imprestáveis por causa dos seus defeitos e não serão aceitos em favor de vocês”. O Senhor continuou falando com Moisés: “Quando nascer um bezerro, um cordeiro ou um cabrito, ficará sete dias junto com a mãe. Do oitavo dia em diante, poderá ser sacrificado como oferta queimada ao Senhor. Não mate no mesmo dia uma vaca ou uma ovelha e sua cria. “Quando vocês oferecerem um sacrifício de gratidão ao Senhor, ofereçam-no de tal maneira que seja aceito em favor de vocês. Será comido no mesmo dia em que for morto. Não deixem nada para o dia seguinte. Eu sou o Senhor. “Obedeçam rigorosamente aos meus mandamentos e coloquem-nos em prática. Eu sou o Senhor. Não profanem o meu santo nome. Deem a mim o lugar central e único no meio do povo de Israel. Pois eu, o Senhor, separei vocês para que sejam santos para mim. Eu tirei vocês do Egito, para ser o Deus de vocês. Eu sou o Senhor!” Disse o Senhor a Moisés: “Diga aos israelitas o seguinte: As festas do Senhor, que vocês proclamarão como convocações santas, são estas: “Vocês trabalharão seis dias, mas o sétimo dia será o sábado, o dia de descanso solene, quando todos se reúnem para adorar a Deus. Não realizem nenhum trabalho nesse dia. O sábado é do Senhor em todas as casas de vocês. “Estas são as festas fixas ao Senhor, as reuniões sagradas que vocês celebrarão no seu devido tempo: a Páscoa do Senhor, que deve começar no entardecer do décimo quarto dia do primeiro mês. No décimo quinto dia daquele mês começa a festa dos pães sem fermento ao Senhor; durante sete dias vocês comerão pães sem fermento. No primeiro dia realizem uma reunião sagrada, e ninguém trabalhará nesse dia. Durante sete dias apresentem a oferta queimada ao Senhor, e no sétimo dia realizem uma reunião sagrada. Também nesse dia ninguém trabalhará”. Disse mais o Senhor a Moisés: “Diga ao povo de Israel o seguinte: Quando vocês entrarem na terra que eu estou dando a vocês, e fizerem as colheitas de cereais, tragam um feixe da primeira colheita ao sacerdote. O sacerdote apresentará a oferta ao Senhor fazendo os movimentos rituais apropriados, para que vocês sejam aceitos. Nesse mesmo dia em que fizerem o movimento ritual do feixe, vocês oferecerão um cordeiro de um ano de idade sem defeito como oferta queimada ao Senhor. Além disso, apresentem também uma oferta de cereais. Para esta oferta é preciso trazer dois jarros de farinha da melhor qualidade, preparada com azeite; essa oferta deve ser preparada no fogo e é oferta de aroma agradável ao Senhor. Apresentem também um litro de vinho como oferta de bebida. Enquanto não for trazida a oferta ao Deus de vocês, não comam pão, nem espigas de trigo verde, nem espigas tostadas. Esta é uma lei perpétua para vocês e seus descendentes, em todas as moradas de vocês. “A partir do dia seguinte ao sábado, o dia em que vocês oferecerão ao Senhor o primeiro feixe da oferta ritualmente movida, contem sete semanas completas. Contem cinquenta dias, o dia seguinte ao sétimo sábado, e então apresentem uma nova oferta de cereais ao Senhor. Cada família trará de casa dois pães movidos de forma apropriada diante do Senhor. Estes pães serão feitos com dois jarros de farinha da melhor qualidade, cozidos com fermento. Esses pães são uma oferta ao Senhor, lembrando ainda os primeiros frutos. Junto com o pão e o vinho, ofereçam sete cordeiros sem defeito, cada um com um ano de idade, um novilho e dois carneiros. Serão apresentados como oferta queimada ao Senhor, junto com as ofertas de cereais e as bebidas sacrificiais; é oferta queimada de aroma agradável ao Senhor. Depois sacrifiquem um bode como oferta pelo pecado, e dois carneiros de um ano de idade como oferta de gratidão. Então o sacerdote moverá os dois cordeiros diante do Senhor, com o gesto ritualmente apropriado, juntamente com o pão dos primeiros frutos das colheitas. É uma oferta santa ao Senhor, que pertence aos sacerdotes. Esse dia será anunciado como um dia de santa convocação de todo o povo. Ninguém trabalhará nesse dia. Esta lei é permanente e deverá ser obedecida em todos os lugares onde vocês morarem, de geração em geração. “Quando fizerem a colheita da sua terra, deixem de colher nos cantos dos terrenos cultivados. E as espigas que caírem terão de ser deixadas no chão. São para os pobres e para os estrangeiros. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês”. O Senhor continuou dando instruções a Moisés: “Diga também aos israelitas: No primeiro dia do sétimo mês vocês terão um dia de descanso solene, um memorial, uma reunião sagrada celebrada com som de trombeta. Não trabalhem nesse dia, mas apresentem ao Senhor ofertas preparadas no fogo”. O Senhor falou a Moisés sobre a seguinte festa solene: “O décimo dia deste sétimo mês é o dia em que os pecados do povo são perdoados. Vocês terão uma reunião sagrada; humilhem-se e apresentem ao Senhor uma oferta preparada no fogo. Nesse dia ninguém trabalhará, porque é o dia especial para obter o perdão dos pecados do povo diante do Senhor, o Deus de vocês. Quem não se humilhar nesse dia será eliminado do seu povo. Eu destruirei do meio do seu povo aquele que fizer algum trabalho nesse dia. Não façam trabalho algum. Esta lei é permanente em todos os lares e por todas as gerações de Israel. Pois esse dia é o sábado de descanso solene, e vocês se humilharão. Desde o entardecer do nono dia do mês até o entardecer do dia seguinte, vocês celebrarão o sábado, o dia sagrado de descanso”. Disse o Senhor a Moisés: “Diga ainda aos filhos de Israel: No décimo quinto dia deste sétimo mês começa a festa dos tabernáculos do Senhor, que dura sete dias. No primeiro dia haverá uma reunião sagrada; ninguém trabalhará nesse dia. Em cada um dos sete dias serão apresentadas ao Senhor ofertas preparadas no fogo. No oitavo dia realizem outra reunião sagrada e apresentem uma oferta queimada ao Senhor. É uma reunião solene, e nesse dia ninguém deverá trabalhar. “São essas, pois, as festas do Senhor, que devem ser realizadas regularmente e que vocês proclamarão como reuniões sagradas para apresentarem ao Senhor ofertas preparadas no fogo, ofertas queimadas, ofertas de cereais, sacrifícios e ofertas de vinho. Cada festa será realizada na data marcada. Essas ofertas serão apresentadas além das ofertas dos sábados do Senhor, além das dádivas e de todos os votos de vocês, e de todas as ofertas voluntárias que vocês vão dar ao Senhor. “Assim, no dia quinze do sétimo mês, ao terminar a colheita, vocês começarão a celebrar a festa do Senhor durante sete dias. E tanto o primeiro dia como o oitavo serão dias de descanso. No primeiro dia da festa, colham frutas das melhores árvores, folhas de palmeira, galhos de árvores com muitas folhas e ramos de salgueiro; e por sete dias vocês se alegrarão na presença do Senhor, o Deus de vocês. Celebrem essa festa ao Senhor durante sete dias, todos os anos. É uma lei perpétua para todas as gerações; celebrem-na no sétimo mês. Durante esses sete dias, todos os israelitas de nascimento terão de morar em tendas, para que os descendentes de vocês nunca esqueçam, de geração em geração, que eu fiz os israelitas viverem em tendas, quando os tirei da terra do Egito. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês”. Assim Moisés anunciou ao povo as festas anuais do Senhor. Disse o Senhor a Moisés: “Mande o povo de Israel trazer azeite de oliva puro para o candelabro, para que as lâmpadas fiquem sempre acesas. No Tabernáculo, do lado de fora do véu que esconde a arca da aliança, Arão cuidará para que o fogo das lâmpadas não se apague diante do Senhor, desde o entardecer até a manhã seguinte. Esta lei é permanente, devendo ser obedecida por todas as gerações de Israel. Mantenha sempre em ordem as lâmpadas do candelabro de ouro puro na presença do Senhor continuamente. Tome farinha da melhor qualidade e asse doze pães, usando dois jarros para cada pão, e coloque-os em duas fileiras, com seis pães em cada uma, sobre a mesa de ouro que está diante do Senhor. Sobre cada fileira coloque um pouco de incenso puro, como uma porção memorial. É oferta ao Senhor preparada no fogo. Todos os sábados, Arão colocará esses pães em ordem perante o Senhor, continuamente, como aliança — uma aliança eterna — entre Deus e o povo de Israel. Esses pães pertencem a Arão e seus descendentes, que os comerão em um lugar sagrado, porque são muito sagrados, pois são ofertas ao Senhor preparadas no fogo, como lei permanente”. Um dia o filho de uma mulher israelita com um egípcio brigou com um homem no acampamento. No meio da briga, o filho da israelita blasfemou o nome do Senhor e lançou maldição sobre ele. Por isso o levaram à presença de Moisés para ser julgado. O nome da mãe dele era Selomite, filha de Dibri, da tribo de Dã. Ele foi levado para o cárcere até que a vontade do Senhor fosse revelada. Então o Senhor disse a Moisés: “Leve o blasfemador para fora do acampamento. Diga a todos os que ouviram o que ele disse contra mim que ponham as mãos sobre a cabeça dele; depois toda a comunidade de Israel irá apedrejá-lo. E diga ao povo de Israel: Aquele que amaldiçoar a Deus levará sobre si o seu pecado; quem blasfemar o nome do Senhor certamente será morto. Toda a comunidade apedrejará o culpado. Esta lei vale tanto para o estrangeiro como para o natural da terra. Quem blasfemar, ofendendo o nome do Senhor, terá de ser morto. “Quem matar uma pessoa, será morto. Quem matar um animal pertencente a outra pessoa, terá de fazer a restituição: vida por vida. Quem ferir alguém, deixando-o defeituoso, receberá um castigo correspondente ao mal que fez. A regra é esta: fratura por fratura, olho por olho, dente por dente. O que um homem fizer a outro, assim será feito com ele. Quem matar um animal, devolverá ao dono outro igual. Mas quem matar um ser humano, será morto. A lei vale tanto para o estrangeiro quanto para o natural da terra. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês”. Então Moisés mandou que os israelitas levassem para fora do acampamento o que tinha blasfemado e o apedrejaram. O povo de Israel obedeceu à ordem dada pelo Senhor a Moisés. Enquanto Moisés estava no alto do monte Sinai, Deus deu a ele estas instruções para o povo de Israel: “Quando vocês entrarem na terra que eu dou a vocês, a terra guardará um sábado ao Senhor. Durante seis anos vocês poderão cultivar as suas lavouras, semeando, podando as suas vinhas e colhendo os produtos da terra. Mas no sétimo ano a terra terá um sábado de descanso, um descanso dedicado ao Senhor. Não semeiem as suas lavouras, nem aparem as suas vinhas. Nem mesmo colham o que nascer sozinho nas lavouras e as uvas que as suas vinhas produzirem sem os cuidados do cultivo. A terra descansará o ano inteiro. É descanso solene para a terra, determinado pelo Senhor. Mas os produtos da terra deixados em descanso servirão de alimento para vocês, para os seus escravos, as suas escravas, para os trabalhadores contratados e para os estrangeiros que peregrinam entre vocês. O gado e todos os animais das terras de Israel também comerão do que a terra produzir. “Contem sete semanas de anos, sete vezes sete anos, totalizando 49 anos. Depois, no dia dez do sétimo mês façam soar fortemente a trombeta por toda a terra de vocês; é o Dia do Perdão. Consagrem o ano cinquenta. Será tempo de proclamar liberdade por toda a terra e para todos os moradores. Este será o Ano do Jubileu. Nesse ano todos os que tiverem sido vendidos como escravos voltarão livres para as suas famílias e todas as dívidas públicas e particulares serão canceladas. Nesse ano todas as propriedades familiares vendidas serão devolvidas aos primeiros proprietários ou aos herdeiros deles. O quinquagésimo ano é o Ano do Jubileu. É o ano em que vocês não poderão semear. Não poderão colher o que cresce sozinho, nem as uvas das vinhas apesar de não terem sido podadas. É o Ano feliz! Razão do seu nome: Ano do Jubileu. Esse ano é sagrado para o povo. Vocês se alimentarão apenas do que a terra produzir por si mesma. “No Ano do Jubileu, cada um de vocês voltará para a sua propriedade. “Quando vocês venderem alguma propriedade ao seu próximo, ou se comprarem alguma propriedade dele, não explorem o seu irmão. O que comprar do seu próximo será avaliado de acordo com o número dos anos decorridos desde o Jubileu. O vendedor calculará o preço na base dos anos de colheita que ainda faltam até o Ano do Jubileu. Se faltar muito tempo, o preço deve ser alto. Se faltar pouco tempo, o preço deve ser baixo, porque quem compra as terras faz a compra pelo número de colheitas que espera ter. Que ninguém explore o próximo, mas temam ao seu Deus. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês. “Se vocês obedecerem às minhas leis e guardarem as minhas ordenanças, vocês viverão com segurança na terra. A terra dará o seu fruto, e vocês terão fartura; e viverão em segurança. Se perguntarem: ‘Que vamos comer no sétimo ano, pois não podemos semear nem colher?’, saibam que os abençoarei tanto no sexto ano que colherão produtos suficientes para três anos. Quando vocês estiverem plantando no oitavo ano, estarão comendo daquilo que colheram no sexto ano e disso continuarão comendo até a colheita do nono ano. “E lembrem que a terra é minha. Portanto, nenhuma terra poderá ser vendida definitivamente. Vocês são simples estrangeiros e peregrinos. Todo contrato de venda terá de ter uma cláusula que dá o direito ao vendedor de resgatar a terra vendida mediante o pagamento do resgate. “Se o seu irmão empobrecer e vender uma parte das suas terras, seu parente mais próximo virá e resgatará o que seu irmão vendeu. Pode ocorrer que ninguém possa fazer esse pagamento. Neste caso, assim que melhorar a situação financeira do vendedor, ele poderá recuperar a terra. O preço será calculado de acordo com o número de colheitas que falta fazer até o Ano do Jubileu. Aquele que tinha comprado a terra terá de aceitar o negócio. Assim o primeiro proprietário poderá voltar às terras dele. Mas, se não adquirir os recursos para tornar a comprar a terra, terá de esperar até o Ano do Jubileu. Nesse ano a terra voltará a pertencer ao primeiro proprietário. “Quando alguém vender uma casa numa cidade murada, o vendedor só poderá comprar de novo a casa dentro de um ano, a contar do dia da venda. Se não for resgatada dentro desse prazo, a casa ficará definitivamente com o novo proprietário e com os descendentes dele; nem no Ano do Jubileu será devolvida ao primeiro proprietário. Mas as casas das vilas que não forem muradas serão negociadas como as terras. Tanto poderão ser compradas de novo pelo primeiro proprietário como terão de ser devolvidas no Ano do Jubileu, se não tiverem sido resgatadas antes. “No caso das cidades dos levitas, eles sempre terão o direito de resgatar suas casas nas cidades que lhes pertencem. Mas, se o levita vender a sua casa numa dessas cidades e não tornar a comprá-la, é resgatável e terá de ser devolvida no Jubileu, porque as casas das cidades onde os levitas moram serão suas propriedades permanentes entre os israelitas. Mas os campos em volta das cidades não podem ser vendidos; são propriedades permanentes dos levitas. “Se o seu irmão empobrecer e não puder sustentar-se, você é responsável pelo sustento dele. Ajude-o como se ele fosse um estrangeiro que mora no meio do povo ou peregrino, para que possa continuar morando com você. Não cobre dele juro, nem pagamento algum; mas tema ao seu Deus, para que o seu irmão continue a viver entre vocês. Note bem! Não queira tirar proveito dele. Você não poderá exigir juros do dinheiro que você emprestar a ele, nem emprestar mantimento visando algum lucro. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês, que os tirou da terra do Egito, para dar a vocês a terra de Canaã e para ser o seu Deus! “Se alguém do povo israelita ficar tão pobre e se vender a você, não o faça trabalhar como um escravo! Ele prestará serviços a você como trabalhador contratado, ou como residente temporário; ele trabalhará para você até o Ano do Jubileu. Então ele e os seus filhos estarão livres e poderão voltar para a sua família e para a propriedade herdada dos seus pais. Porque os israelitas são meus servos, a quem tirei da terra do Egito. Eles não poderão ser vendidos como escravos! Portanto, não maltratem os seus concidadãos como se vocês fossem os seus senhores, mas temam o seu Deus. “Vocês poderão comprar escravos e escravas das nações vizinhas de Israel. Também poderão comprar escravos entre os filhos dos residentes temporários que vivem entre vocês e das famílias estrangeiras estabelecidas em Israel, mesmo os nascidos na terra de vocês; eles se tornarão seus escravos. Vocês poderão deixá-los como herança para os seus filhos, e eles serão seus escravos para sempre; mas vocês não poderão dominar com crueldade seus irmãos israelitas. “Se um estrangeiro estabelecido em Israel ou um residente temporário em Israel ficar rico, e o seu irmão empobrecer e se vender a esse estrangeiro ou a alguém da família desse estrangeiro, depois de ter-se vendido, terá o direito de resgate. O resgate poderá ser pago por qualquer parente próximo. Poderá ser seu tio ou primo ou qualquer parente próximo. Além disso, se prosperar, ele mesmo poderá comprar a sua liberdade. Ele e o seu comprador calcularão o tempo desde o ano em que se vendeu até o Ano do Jubileu. O cálculo será feito tendo como base o salário de um trabalhador contratado por dia de serviço. Portanto, o preço será maior ou menor, dependendo do número de anos que faltam para o Ano do Jubileu. Se faltarem apenas poucos anos até o Ano do Jubileu, o preço será menor. Mas enquanto estiver vendido ao estrangeiro, deverá ser tratado como um trabalhador contratado anualmente; não deixem que o proprietário o trate com impiedade. “Se não for resgatado por nenhuma dessas maneiras, ele e seus filhos sairão livres no Ano do Jubileu. Porque os israelitas são os meus servos, os quais tirei da terra do Egito. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês”. “Não façam ídolos, nem imagens lavradas, nem construam colunas ou monumentos religiosos, nem ponham pedras modeladas em sua terra para curvar-se diante delas. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês. “Guardem os meus sábados e respeitem o meu Tabernáculo. Eu sou o Senhor. “Se vocês obedecerem às minhas leis e aos meus mandamentos, e os praticarem, eu darei chuva a vocês no tempo certo, e a terra dará a sua colheita, e as árvores do campo darão o seu fruto. Mal estarão acabando de debulhar as espigas, e já estarão colhendo uvas, e a colheita das uvas se estenderá até a época de semear novamente os campos; vocês terão comida com fartura e viverão em segurança em sua terra. “Darei paz a vocês, e vocês poderão dormir tranquilos, sem medo nem perturbação. Farei desaparecer da terra os animais nocivos, e não haverá derramamento de sangue na sua terra. Os inimigos que queiram combater Israel serão perseguidos, e as espadas dos israelitas derrubarão todos eles! Cinco de vocês farão correr cem inimigos. Cem de vocês serão capazes de perseguir dez mil, e os seus inimigos cairão vencidos diante de vocês! “Cuidarei de vocês e lhes darei muitos filhos. Cumprirei a minha aliança com vocês. Vocês ainda estarão comendo da colheita armazenada do ano anterior, e terão de se livrar dela para dar espaço para a nova colheita. Estabelecerei o meu Tabernáculo no meio de vocês e não os rejeitarei. Andarei entre vocês e serei o seu Deus, e vocês serão o meu povo. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês, que os tirou da terra do Egito para não serem mais escravos; quebrei as correntes que os prendia e os fiz andar de cabeça erguida. “Mas se não derem ouvidos a mim e não obedecerem fielmente a todos esses mandamentos, se rejeitarem as minhas ordens e deixarem de colocar em prática os meus mandamentos, rompendo os termos da minha aliança, então eu os tratarei da seguinte maneira: Castigarei vocês com pavor repentino, doenças e febre abrasadora. Os seus olhos enfraquecerão, e a vida de vocês definhará. Vocês semearão em vão, porque os seus inimigos comerão as suas colheitas. Virarei o meu rosto contra vocês, e vocês serão perseguidos e derrotados pelos seus inimigos; os seus adversários os dominarão, e vocês fugirão apavorados mesmo quando ninguém os estiver perseguindo. “Se, depois de tudo isso vocês não me derem ouvidos, eu os castigarei sete vezes mais, por causa dos seus pecados. Quebrarei o orgulho do seu poder; e farei os céus como ferro e a terra como bronze. Vocês gastarão as suas forças de tanto trabalhar, mas a terra não lhes dará colheita, nem as árvores darão o seu fruto! “E se mesmo assim continuarem rebeldes e surdos ao que digo, multiplicarei o castigo de vocês sete vezes, segundo os seus pecados. Mandarei animais ferozes contra vocês. Eles matarão os seus filhos. Acabarei com os seus rebanhos e reduzirei vocês cada vez mais, a ponto de os caminhos de Israel ficarem desertos. “Se apesar disso vocês não se corrigirem e não voltarem para mim, continuando a me desafiar, eu marcharei contra vocês e os castigarei sete vezes mais, por causa dos seus pecados! Farei com que os inimigos os ataquem para vingar a minha aliança. Quando se refugiarem em suas cidades, mandarei uma praga sobre vocês, e vocês serão dominados pelos inimigos. Quando eu lhes cortar o suprimento de pão, dez mulheres assarão o pão num só forno, e cada pessoa receberá uma porção tão pequena de comida que não conseguirá matar a sua fome. “Se ainda não me ouvirem, e continuarem desobedecendo às minhas ordens, então voltarei a minha ira contra vocês com castigos sete vezes maiores por causa dos seus pecados. Vocês chegarão a comer a carne dos seus filhos e das suas filhas! Destruirei os altares nos morros, onde vocês adoram ídolos, despedaçarei as imagens do deus sol. Depois jogarei os cadáveres de vocês em cima dos seus ídolos caídos, e rejeitarei vocês. Transformarei as suas cidades em deserto, destruirei os seus lugares de culto e não terei prazer no aroma das suas ofertas. Arrasarei de tal forma a terra em que vocês moram que isso causará espanto aos inimigos invasores. Espalharei vocês entre as nações e desembainharei a espada atrás de vocês. Sua terra ficará deserta e as suas cidades em ruínas. Então a sua terra poderá gozar dos seus anos sabáticos. Enquanto estiver abandonada e deserta, e enquanto vocês estiverem espalhados entre as nações dos seus inimigos, a terra que dei a vocês poderá desfrutar dos seus sábados. Enquanto estiver abandonada, a terra terá o descanso sabático, porque, quando vocês moravam lá, não lhe deram o devido descanso. “Quanto aos que sobreviverem nas terras dos seus inimigos, encherei o seu coração de tal pavor que fugirão assustados ao movimento de uma folha. Fugirão como se estivessem sendo perseguidos por homens armados de espadas, e cairão, sem que estejam sendo perseguidos por alguém. Sem que ninguém persiga esses israelitas, eles cairão, tropeçando uns nos outros. E caídos uns sobre os outros, serão facilmente apanhados e destruídos pelos inimigos. Vocês morrerão entre as nações. A terra dos seus inimigos os consumirá. Os que sobreviverem nas terras inimigas finalmente serão destruídos pelos seus próprios pecados, e também por causa dos pecados dos seus antepassados. “Mas se confessarem os seus pecados e dos seus antepassados, reconhecendo que foram infiéis a mim, fazendo com que eu ficasse contra eles e os espalhasse pela terra dos seus inimigos; se o seu coração obstinado se humilhar, e aceitarem o castigo do seu pecado, eu me lembrarei da minha aliança com Jacó, da minha aliança com Isaque e da minha aliança com Abraão, e me lembrarei da terra de Israel. Enquanto isso, a terra aproveitará a desolação para desfrutar dos sábados. Receberão o castigo pelos seus pecados porque desobedeceram às minhas leis e desprezaram os meus mandamentos. Mesmo assim, quando estiverem na terra do inimigo, não os desprezarei, nem os abandonarei para destruí-los totalmente. Nem quebrarei a minha aliança com eles, pois eu sou o Senhor, o Deus deles. Por amor deles eu me lembrarei da aliança que fiz com os seus antepassados que tirei da terra do Egito à vista das nações, para ser o Deus deles. Eu sou o Senhor ”. Essas foram as leis, as ordens e as instruções que o Senhor deu ao povo de Israel, no monte Sinai, por meio de Moisés. Disse o Senhor a Moisés: “Diga ao povo de Israel o seguinte: Quando alguém fizer um voto especial dedicando pessoas ao Senhor, deve ser feito conforme o devido valor; um homem que tenha entre vinte e sessenta anos de idade pagará o valor de seiscentos gramas de prata, tomando como base o padrão de pesos do Tabernáculo; uma mulher que tenha entre vinte e sessenta anos pagará o valor de trezentos e sessenta gramas. Se for um menino ou jovem, entre cinco e vinte anos, pagará o valor de duzentos e quarenta gramas de prata; se for uma menina ou moça, pagará o valor de cento e vinte gramas. Se for um menino entre um mês e cinco anos de idade, pagará o valor de sessenta gramas de prata; se for uma menina, pagará o valor de trinta e seis gramas de prata. Um homem de mais de sessenta anos de idade pagará o valor de cento e oitenta gramas de prata; uma mulher dessa idade pagará o valor de cento e vinte gramas. Se a pessoa que fez o voto for muito pobre para pagar o valor estabelecido, procurará o sacerdote, que decidirá o valor a ser pago de acordo com as posses daquela pessoa. “Se um doador prometeu mediante voto dedicar um animal ao Senhor, esse animal dado ao Senhor será considerado santo. O doador não poderá trocar um animal por outro; ele não poderá trocar um animal bom por outro ruim, nem um animal ruim por outro bom. Se, porém, por algum motivo os trocar, ambos serão consagrados, pertencendo ao Senhor. Se o que ele prometeu mediante voto for um animal impuro, que o Senhor não aceita, deve ser apresentado ao sacerdote, que fará a avaliação, seja bom, seja ruim. A avaliação do sacerdote determinará o valor do animal. Se o dono desejar resgatar esse animal, deverá pagar o preço estabelecido, acrescido de um quinto”. “Se um homem dedicar a sua casa ao Senhor, chamará o sacerdote para fazer a avaliação da casa. Se esse homem quiser resgatá-la, terá de pagar o preço da casa, acrescido de um quinto. “Se alguém dedicar ao Senhor uma parte das terras da sua família, o preço dessas terras será calculado de acordo com a semeadura, com a seguinte base: seiscentos gramas de prata para cada barril de semente de cevada. Se a sua terra for dedicada durante o Ano do Jubileu, o valor será integral; mas, se a terra for dedicada depois do Ano do Jubileu, o sacerdote calculará o valor de acordo com os anos que faltarem para o Ano do Jubileu seguinte. Caso queira resgatar a terra que dedicou ao Senhor, o dono terá de pagar o valor estabelecido, acrescido de um quinto; e a terra voltará a ser sua. Mas se ele não a resgatar, ou se tiver vendido a terra a outra pessoa, não mais poderá resgatá-la; quando a terra for liberada no Ano do Jubileu, será santa e pertencerá ao Senhor, como terreno dedicado a ele, e se tornará propriedade do sacerdote. Se alguém dedicar ao Senhor um campo que comprou, e não for parte da sua herança, o sacerdote calculará o valor tomando como base os anos que faltam para o Ano do Jubileu. No mesmo dia, o homem pagará o seu valor e dedicará o dinheiro ao Senhor. No Ano do Jubileu a propriedade será devolvida àquele de quem foi comprada. Todas as avaliações serão feitas de acordo com o peso padrão de prata do Tabernáculo. “Ninguém deverá dedicar a primeira cria de um animal, pois já pertence ao Senhor; seja cria de vaca ou de animal de menor tamanho. Mas, no caso de um animal impuro — proibido para o sacrifício — é diferente. Será resgatado pelo preço estabelecido pelo sacerdote, acrescido de um quinto. Se não for resgatado, será vendido pelo valor estabelecido. “Entretanto, ninguém poderá vender ou resgatar quer pessoa, quer animal, quer terras de sua propriedade, que tiverem sido dedicados ao Senhor de modo definitivo. Pois tudo aquilo que for dedicado dessa maneira será muito santo ao Senhor. Se alguém for condenado à morte, segundo as leis do Senhor, não poderá ser resgatado. Terá de ser morto. “Todos os dízimos dos produtos da terra são do Senhor, quer dos cereais, quer das frutas; essa parte é santa ao Senhor. Se um homem desejar resgatar parte do seu dízimo, terá de pagar o preço dela, acrescido de um quinto. Também de todos os animais criados pelo homem, seja do gado ou dos rebanhos, o dízimo pertence ao Senhor. De cada dez animais, um é do Senhor, não importa se os animais dedicados como dízimos são bons ou ruins. O dono não poderá trocar um animal pelo outro. Se algum animal consagrado como dízimo for trocado por outro, os dois pertencerão ao Senhor. Serão santos e não poderão ser resgatados”. O Senhor deu esses mandamentos a Moisés, no monte Sinai, para o povo de Israel. No primeiro dia do segundo mês do segundo ano depois que os israelitas saíram do Egito, o Senhor deu as seguintes ordens a Moisés, no Tabernáculo, no deserto do Sinai: “Façam um recenseamento, você e Arão, de toda a comunidade de Israel, por grupos de famílias e por famílias, contando todos os homens, um por um, com vinte anos de idade ou mais, que estão aptos para ir à guerra em Israel, organizados segundo as suas divisões. Um homem de cada tribo, o chefe de grupo de famílias, ajudará vocês. Estes são os nomes dos homens que vão ajudar vocês na contagem: de Rúben, Elizur, filho de Sedeur; de Simeão, Selumiel, filho de Zurisadai; de Judá, Naassom, filho de Aminadabe; de Issacar, Natanael, filho de Zuar; de Zebulom, Eliabe, filho de Helom; dos filhos de José: de Efraim, Elisama, filho de Amiúde; de Manassés, Gamaliel, filho de Pedazur; de Benjamim, Abidã, filho de Gideoni; de Dã, Aieser, filho de Amisadai; de Aser, Pagiel, filho de Ocrã; de Gade, Eliasafe, filho de Deuel; de Naftali, Aira, filho de Enã”. Esses foram os líderes das tribos dos seus antepassados, chefes dos grupos de famílias, escolhidos dentre a comunidade de Israel. Então, Moisés e Arão reuniram os líderes escolhidos e convocaram toda a comunidade no primeiro dia do segundo mês; reuniram todos os homens de Israel de vinte anos de idade ou mais para fazer a contagem por grupos de famílias e por famílias, um por um, pelo nome. Fizeram como o Senhor tinha ordenado a Moisés e assim os contaram no deserto do Sinai. Dos descendentes de Rúben, o filho mais velho de Israel: Todos os homens de vinte anos ou mais que eram aptos para ir para a guerra foram relacionados, segundo a sua origem, cada um de acordo com o seu grupo de famílias e na sua família. Foram contados ao todo da tribo de Rúben 46.500 homens. Dos descendentes de Simeão: Todos os homens de vinte anos ou mais que eram aptos para ir para a guerra foram relacionados, segundo a sua origem, cada um de acordo com o seu grupo de famílias e na sua família. Foram contados ao todo da tribo de Simeão 59.300 homens. Dos descendentes de Gade: Todos os homens de vinte anos ou mais que eram aptos para ir para a guerra foram relacionados, segundo a sua origem, cada um de acordo com o seu grupo de famílias e na sua família. Foram contados ao todo da tribo de Gade 45.650 homens. Dos descendentes de Judá: Todos os homens de vinte anos ou mais que eram aptos para ir para a guerra foram relacionados, segundo a sua origem, cada um de acordo com o seu grupo de famílias e na sua família. Foram contados ao todo da tribo de Judá 74.600 homens. Dos descendentes de Issacar: Todos os homens de vinte anos ou mais que eram aptos para ir para a guerra foram relacionados, segundo a sua origem, cada um de acordo com o seu grupo de famílias e na sua família. Foram contados ao todo da tribo de Issacar 54.400 homens. Dos descendentes de Zebulom: Todos os homens de vinte anos ou mais que eram aptos para ir para a guerra foram relacionados, segundo a sua origem, cada um de acordo com o seu grupo de famílias e na sua família. Foram contados ao todo da tribo de Zebulom 57.400 homens. Dos filhos de José: Dos descendentes de Efraim: Todos os homens de vinte anos ou mais que eram aptos para ir para a guerra foram relacionados, segundo a sua origem, cada um de acordo com o seu grupo de famílias e na sua família. Foram contados ao todo da tribo de Efraim 40.500 homens. Dos descendentes de Manassés: Todos os homens de vinte anos ou mais que eram aptos para ir para a guerra foram relacionados, segundo a sua origem, cada um de acordo com o seu grupo de famílias e na sua família. Foram contados ao todo da tribo de Manassés 32.200 homens. Dos descendentes de Benjamin: Todos os homens de vinte anos ou mais que eram aptos para ir para a guerra foram relacionados, segundo a sua origem, cada um de acordo com o seu grupo de famílias e na sua família. Foram contados ao todo da tribo de Benjamin 35.400 homens. Dos descendentes de Dã: Todos os homens de vinte anos ou mais que eram aptos para ir para a guerra foram relacionados, segundo a sua origem, cada um de acordo com o seu grupo de famílias e na sua família. Foram contados ao todo da tribo de Dã 62.700 homens. Dos descendentes de Aser: Todos os homens de vinte anos ou mais que eram aptos para ir para a guerra foram relacionados, segundo a sua origem, cada um de acordo com o seu grupo de famílias e na sua família. Foram contados ao todo da tribo de Aser 41.500 homens. Dos descendentes de Naftali: Todos os homens de vinte anos ou mais que eram aptos para ir para a guerra foram relacionados, segundo a sua origem, cada um de acordo com o seu grupo de famílias e na sua família. Foram contados ao todo da tribo de Naftali 53.400 homens. Esses foram os homens contados por Moisés e Arão e pelos doze líderes das tribos de Israel, cada um representando a sua família. Todos os homens israelitas de vinte anos ou mais que estavam aptos para ir para a guerra, de acordo com as suas famílias, somaram um total de 603.550 homens. Este total, porém, não incluiu os levitas, porque o Senhor disse a Moisés: “Você não deve fazer o recenseamento da tribo de Levi nem relacione o número de levitas no total geral dos israelitas. Mas diga aos levitas que se responsabilizem pelo cuidado do Tabernáculo, das tábuas da aliança, de todos os utensílios e por tudo o que pertence a ele. Eles levarão o Tabernáculo e todos os seus utensílios, e acamparão junto a ele. Sempre que o Tabernáculo tiver de ser removido, só os levitas poderão desmontar e armar o Tabernáculo. Qualquer estranho não autorizado que se aproximar do Tabernáculo morrerá. Cada tribo de Israel terá o seu próprio acampamento e armará as suas tendas separadamente, segundo as suas divisões, e nesse lugar ficará a bandeira da tribo. Mas os levitas armarão o seu acampamento ao redor do Tabernáculo que guarda as tábuas da aliança, para cuidar do Tabernáculo e para que a comunidade de Israel não seja atingida pela ira de Deus. Então os filhos de Israel obedeceram a tudo o que o Senhor havia ordenado a Moisés. E o Senhor deu mais ordens para Moisés e Arão: “Cada tribo de Israel deve acampar em um lugar próprio, ao redor do Tabernáculo, onde colocarão a bandeira da tribo e os símbolos de cada família”. Do lado leste acamparão os exércitos da tribo de Judá junto à sua bandeira. O chefe de Judá será Naassom, filho de Aminadabe; e o seu exército, segundo o censo, é de 74.600 homens. A tribo de Issacar acampará ao lado de Judá. O chefe de Issacar será Natanael, filho de Zuar; e o seu exército, segundo o censo, é de 54.400 homens. Depois virá a tribo de Zebulom. Eliabe, filho de Helom, será o chefe de Zebulom, e o seu exército, segundo o censo, é de 57.400 homens. O número total dos homens recenseados do acampamento de Judá, segundo os seus exércitos, é de 186.400. Esses homens marcharão primeiro. Do lado sul acamparão os exércitos da tribo de Rúben junto à sua bandeira. O chefe de Rúben será Elizur, filho de Sedeur; e o seu exército, segundo o censo, é de 46.500 homens. A tribo de Simeão acampará ao lado de Rúben. O chefe de Simeão será Selumiel, filho de Zurisadai; e o seu exército, segundo o censo, é de 59.300 homens. Depois virá a tribo de Gade. Elisafe, filho de Deuel, será o chefe de Gade, e o seu exército, segundo o censo, é de 45.650 homens. O número total dos homens recenseados do acampamento de Rúben, segundo os seus exércitos, é de 151.450. Esses marcharão em segundo lugar. Depois marcharão os exércitos dos levitas levando o Tabernáculo no meio dos outros acampamentos, na mesma ordem em que acamparem; cada um no seu devido lugar, seguindo a sua bandeira. Do lado oeste acamparão os exércitos da tribo de Efraim junto à sua bandeira. O chefe de Efraim será Elizama, filho de Amiúde; e o seu exército, segundo o censo, é de 40.500 homens. A tribo de Manassés acampará ao lado de Efraim. O chefe de Manassés será Gamaliel, filho de Pedazur; e o seu exército, segundo o censo, é de 32.200 homens. Depois virá a tribo de Benjamim. Abidã, filho de Gideoni, será o chefe de Benjamim; e o seu exército, segundo o censo, é de 32.200 homens. O número total dos homens recenseados do acampamento de Efraim, segundo os seus exércitos, é de 108.100. Esses marcharão em terceiro lugar. Do lado norte acamparão os exércitos da tribo de Dã junto à sua bandeira. O chefe de Dã será Aieser, filho de Amisadai; e o seu exército, segundo o censo, é de 62.700 homens. A tribo de Aser acampará ao lado de Dã. O chefe de Aser será Pagiel, filho de Ocrã; e o seu exército, segundo o censo, é de 41.500 homens. Depois virá a tribo de Naftali. Aira, filho de Enã, será o chefe de Naftali; e o seu exército, segundo o censo, é de 53.400 homens. O número total dos homens recenseados do acampamento de Dã, segundo os seus exércitos, é de 157.600 homens. Esses marcharão em último lugar, junto às suas bandeiras. O número total de homens de Israel contados de acordo com as suas famílias, nos acampamentos, de acordo com os seus exércitos foi de 603.550. Mas os levitas não foram contados com os outros israelitas, como o Senhor havia ordenado a Moisés. Assim, o povo de Israel fez tudo o que o Senhor havia ordenado a Moisés; eles acampavam junto à sua bandeira e marchavam cada um com o seu grupo de famílias e com a sua família. Estes foram os descendentes de Arão e de Moisés, quando o Senhor falou a Moisés no monte Sinai: Os nomes dos filhos de Arão são os seguintes: Nadabe, o filho mais velho, Abiú, Eleazar e Itamar. Esses são os nomes dos filhos de Arão, que foram ungidos e ordenados para o sacerdócio. Mas Nadabe e Abiú morreram na presença do Senhor, quando ofereciam fogo proibido pelo próprio Senhor, no deserto de Sinai. Tanto Nadabe quanto Abiú não tiveram filhos; por isso, somente Eleazar e Itamar serviram como sacerdotes diante de seu pai Arão. Então o Senhor disse a Moisés: “Reúna a tribo de Levi e diga ao sacerdote Arão que os levitas o auxiliarão. Os levitas devem cumprir bem os seus deveres no Tabernáculo para com Arão e seus filhos, e para com todo o povo. Eles tomarão conta de todos os utensílios do Tabernáculo, cumprindo as obrigações para com os filhos de Israel no serviço do Tabernáculo. A tribo de Levi será a escolhida entre os israelitas para servir a Arão e seus filhos. Mas só Arão e os seus filhos cuidarão do sacerdócio; qualquer outra pessoa não autorizada que se aproximar será morta”. E o Senhor disse a Moisés: “Eu escolhi os levitas dentre os filhos de Israel, em lugar do primeiro filho de cada mulher israelita. Os levitas me pertencem, porque todo primeiro filho que nasce em cada lar é meu. Desde aquele dia em que feri os primeiros filhos de cada família do Egito, separei para mim todos os primeiros filhos de cada família de Israel, inclusive as primeiras crias de cada animal. Eu sou o Senhor ”. E o Senhor falou com Moisés no deserto do Sinai: “Faça uma contagem de todos os homens levitas que tenham mais de um mês de idade, de acordo com os seus grupos de família e a família de cada homem”. Então Moisés os contou, conforme a ordem do Senhor. São estes os filhos de Levi pelos seus nomes: Gérson, Coate e Merari. E estes são os nomes dos filhos de Gérson de acordo com as suas famílias: Libni e Simei. E estes são os nomes dos filhos de Coate de acordo com as suas famílias: Anrão, Isar, Hebrom e Uziel. E estes são os nomes dos filhos de Merari de acordo com as suas famílias: Mali e Musi. Essas são as famílias dos levitas, de acordo com a casa de seus pais. O grupo de famílias de Gérson era formado pelas famílias de Libni e de Simei. O número de todos os que foram contados do sexo masculino, de um mês de idade para cima, foi 7.500. Esse grupo deveria se acampar a oeste, atrás do Tabernáculo. O chefe desse grupo de famílias era Eliasafe, filho de Lael. A responsabilidade dessas duas famílias de levitas era cuidar do Tabernáculo, da tenda interior (ou santuário) da cobertura, da cortina da entrada do Tabernáculo, das cortinas externas do pátio, da cortina da entrada do pátio que fica ao redor do Tabernáculo, do altar, e das cordas usadas para montar o Tabernáculo. De Coate originaram-se os grupos de famílias dos anramitas, dos isaritas, dos hebronitas e dos uzielitas. São essas as famílias dos coatitas. O número de todos os que foram contados do sexo masculino, de um mês de idade para cima, foi 8.600. Eles eram responsáveis para cuidar do Santuário. Os coatitas deveriam acampar no lado sul do Tabernáculo. O chefe desse grupo de famílias era Elisafã, filho de Uziel. A responsabilidade dessas quatro famílias de levitas era tomar conta da arca da aliança, da mesa, do candelabro, dos altares, dos utensílios do Santuário usados para ministrar, da cortina e de tudo que estava relacionado com esse serviço. O líder dos chefes dos levitas era Eleazar, filho do sacerdote Arão. Ele era responsável pela supervisão dos encarregados que tomavam conta do Santuário. O grupo das famílias de Merari era formado pelos malitas e os musitas. O número de todos os que foram contados do sexo masculino, de um mês de idade para cima, foi 6.200. O chefe do grupo de famílias de Merari era Zuriel, filho de Abiail. Os meraritas deveriam acampar no lado norte do Tabernáculo. Os meraritas tinham a responsabilidade de cuidar das armações do Tabernáculo, de seus travessões, das colunas, das bases, de todos os seus utensílios, bem como das colunas do pátio ao redor, e das bases, das estacas menores e das cordas usadas nesse trabalho. As tendas de Moisés, de Arão e dos filhos de Arão deveriam ficar a leste do Tabernáculo. Eles tinham a responsabilidade de tomar conta do Tabernáculo e trabalhar como sacerdotes em favor dos israelitas. Qualquer pessoa estranha que se aproximasse deveria morrer. A contagem dos levitas do sexo masculino, da idade de um mês para cima, que Moisés e Arão fizeram por ordem do Senhor, foi de 22.000. Então o Senhor disse a Moisés: “Conte todos os primeiros filhos de cada família de Israel, do sexo masculino, de um mês para cima e registre o nome de cada um deles. Trocarei o filho mais velho de cada família de Israel pelos levitas, e a primeira cria de todos os animais que existem em Israel pelos animais dos levitas. Os levitas são meus. Eu sou o Senhor ”. Então Moisés contou todos os filhos mais velhos das famílias do povo de Israel, de acordo com a ordem do Senhor. O número total dos filhos mais velhos do sexo masculino, de um mês para cima, segundo o censo, foi de 22.273. O Senhor disse então a Moisés: “Dedique os levitas em lugar dos filhos mais velhos do povo de Israel, e me entregue os animais dos levitas em troca da primeira cria dos animais do povo de Israel. Os levitas serão meus. Eu sou o Senhor. Para pagar o resgate dos 273 filhos mais velhos que excederam o número de levitas, recolha sessenta gramas de prata por pessoa, com base no peso padrão do santuário. Entregue a Arão e aos seus dois filhos para o resgate do excedente de israelitas”. Moisés então recebeu o valor do resgate dos 273 filhos mais velhos das famílias do povo de Israel que excederam o número de levitas. Dos filhos mais velhos de Israel ele recolheu quase dezesseis quilos de prata, com base no peso padrão do santuário. Como o Senhor mandou, Moisés entregou esse dinheiro a Arão e seus filhos. Então o Senhor disse a Moisés e a Arão: “Façam um recenseamento dos coatitas, por grupo de famílias e por famílias da tribo de Levi. Contem todos os homens que têm entre trinta e cinquenta anos de idade, capazes de fazer o serviço do Tabernáculo. “O serviço dos coatitas no Tabernáculo é cuidar das coisas muito sagradas. Quando o acampamento for desarmado, Arão e seus filhos entrarão primeiro no Tabernáculo para tirar o véu protetor e com ele cobrirão a arca da aliança. Então eles cobrirão a arca com couro, cobrirão o couro com um pano azul e colocarão as varas de carregar nas argolas da arca. “A seguir, devem colocar um pano azul sobre a mesa onde ficam os pães da Presença e colocarão os pratos, as taças de incenso, as taças das ofertas, os jarros para as ofertas de bebida e os pães da Presença sobre esse pano. Depois colocarão sobre tudo isso um pano vermelho, e finalmente o cobrirão com uma coberta de couro. Depois colocarão as varas nas argolas da mesa. “Em seguida pegarão um pano azul e cobrirão o candelabro, as lâmpadas, as tesouras de cortar os pavios das lâmpadas, os seus apagadores e todos os jarros necessários para o suprimento de azeite. Então cobrirão tudo isso com uma coberta de couro e colocarão estes objetos sobre as varas para carregar. “Eles cobrirão o altar de ouro com um pano azul e por cima colocarão uma coberta de couro. Depois colocarão os cabos nas argolas do altar. “Eles embrulharão todos os outros utensílios usados na ministração no Tabernáculo com um pano azul e os cobrirão com uma coberta de couro, e colocarão tudo isso sobre as varas de carregar. “Eles tirarão a cinza do altar de bronze e estenderão por cima dele um pano vermelho. Colocarão sobre ele todos os utensílios usados na ministração do altar: os braseiros, os garfos, as pás e as bacias, e todos os utensílios do altar; e sobre tudo isso estenderão uma coberta de couro. Então colocarão as varas de carregar nas argolas do altar. “Quando Arão e seus filhos terminarem de desmontar o santuário e os utensílios do santuário, os coatitas deverão carregá-los durante a viagem. Mas não tocarão nos utensílios sagrados. Se o fizerem, morrerão. São esses os utensílios do Tabernáculo que os coatitas devem levar. “Eleazar, filho do sacerdote Arão, deve tomar conta do azeite para as lâmpadas do incenso aromático, da oferta diária de cereais e do óleo da unção. Ele ficará responsável por tomar conta de todo o Tabernáculo e por tudo o que nele há, ou seja, os seus utensílios e acessórios”. Então o Senhor disse a Moisés e a Arão: “Não deixem que as famílias dos coatitas desapareçam entre os levitas. Vocês devem fazer o seguinte para que os coatitas não morram quando forem carregar as coisas sagradas: Arão e seus filhos entrarão no santuário e designarão a cada coatita o que deve carregar. Os coatitas nunca devem entrar no santuário nem ver as coisas sagradas. Se eles desobedecerem, morrerão”. E o Senhor disse a Moisés: “Faça também um recenseamento dos gersonitas, por grupos de famílias e por famílias; conte todos os homens que têm entre trinta e cinquenta anos de idade, e que são capazes de fazer o trabalho sagrado do Tabernáculo. “Os deveres dos gersonitas serão os seguintes: Eles devem carregar as cortinas do Tabernáculo, o próprio Tabernáculo, a sua cobertura de couro de cabra e as cortinas da entrada do Tabernáculo. Devem carregar também as cortinas externas do pátio que cercam o Tabernáculo, o altar, a cortina da entrada e as suas cordas com todos os utensílios usados em seu serviço. Arão e seus filhos darão as ordens aos gersonitas a respeito do serviço deles, e tudo o que devem fazer e carregar. Este é o serviço do grupo de famílias dos gersonitas no Tabernáculo; Itamar, filho do sacerdote Arão, será responsável pela supervisão de suas atividades. “Depois faça uma contagem dos meraritas por grupo de famílias e por famílias, de todos os homens entre trinta e cinquenta anos, capazes de fazer algum trabalho no Tabernáculo. Esta é a tarefa deles, de acordo com todo o serviço no Tabernáculo: levar as armações do Tabernáculo, seus travessões, suas colunas e suas bases; as colunas do pátio que cerca o Tabernáculo, as suas bases, as suas estacas e suas cordas, e todas as outras coisas usadas para montar o Tabernáculo e tudo que pertence ao seu serviço. Diga a cada um o que deve carregar. Esse é o serviço do grupo de famílias dos meraritas no Tabernáculo. Itamar, filho do sacerdote Arão, será o responsável pela supervisão dos meraritas”. Moisés, Arão e os líderes do povo fizeram a contagem dos coatitas, conforme seus grupos de famílias e suas famílias, de todos os homens que tinham entre trinta e cinquenta anos de idade e que fossem capazes de fazer algum serviço no Tabernáculo. O total dos coatitas contados, conforme as suas famílias, foi de 2.750 homens. Esse foi o total de recenseados das famílias dos coatitas contados por Moisés e Arão, que serviam no Tabernáculo, para obedecer às ordens que o Senhor deu a Moisés. Os gersonitas foram contados conforme seus grupos de famílias e suas famílias, de todos os homens entre trinta e cinquenta anos de idade e que fossem capazes de fazer algum serviço no Tabernáculo. O total de gersonitas contados, conforme os grupos de famílias e as famílias, foi de 2.630 homens. Esse foi o total de recenseados das famílias dos gersonitas contados por Moisés e Arão, que serviam no Tabernáculo, para obedecer às ordens que o Senhor deu a Moisés. Os meraritas foram contados conforme seus grupos de famílias e suas famílias, de todos os homens entre trinta e cinquenta anos de idade, que fossem capazes de fazer algum serviço no Tabernáculo. O total de meraritas contados, conforme os grupos de famílias, foi de 3.200 homens. Esse foi o total de recenseados das famílias dos meraritas contados por Moisés e Arão, que serviam no Tabernáculo, para obedecer às ordens que o Senhor deu a Moisés. Assim Moisés, Arão e os líderes de Israel chegaram à contagem final dos levitas, conforme os grupos de famílias e as famílias; todos os levitas entre trinta e cinquenta anos de idade, capazes de fazer algum serviço no Tabernáculo, totalizaram 8.580 homens. Fizeram a designação dos serviços e das cargas de cada um, conforme o Senhor tinha ordenado a Moisés. Assim foram contados, de acordo com as ordens que o Senhor tinha dado a Moisés. E o Senhor deu mais ordens a Moisés: “Diga aos israelitas que eles devem tirar todos os leprosos do acampamento, todos os que tiverem hemorragia, e todo impuro que tiver tocado em um cadáver. Isso vale tanto para homens como para mulheres. Tire essas pessoas do acampamento para que elas não contaminem o acampamento onde eu habito. E o povo de Israel obedeceu às instruções que o Senhor deu a Moisés e os tirou do acampamento. E o Senhor disse a Moisés: “Diga ao povo de Israel: Quando um homem ou uma mulher prejudicar outra pessoa e, portanto, ofender o Senhor, será culpado. Confessará o pecado que cometeu, fará restituição completa, e acrescentará um quinto a esse valor e o dará à pessoa prejudicada. Mas, se a pessoa prejudicada não tiver parente próximo que possa receber a restituição, então o culpado deverá pagar ao Senhor, entregando a restituição ao sacerdote, junto com o sacrifício de um carneiro para obter o perdão do pecado. Sempre que os filhos de Israel trazem uma dádiva sagrada ao Senhor, isso pertencerá ao sacerdote. As dádivas sagradas de uma pessoa pertencem a ela, mas o que ela der ao sacerdote deverá ficar com o sacerdote”. E o Senhor disse a Moisés: “Diga também aos israelitas o seguinte: Se a esposa de um homem se desviar e for infiel a ele, tiver relações sexuais com outro homem, esconder isso do marido e a impureza dela não for descoberta, não havendo testemunha contra ela, por não ter sido apanhada no ato, se o marido dela tiver ciúmes e desconfiar de sua mulher, estando ela impura ou não, ele deve levar a esposa ao sacerdote com uma oferta de um jarro de farinha de cevada em favor dela. Não misturará com azeite nem colocará incenso sobre a farinha, porque é uma oferta de cereal pelo ciúme para revelar a verdade. “O sacerdote deve trazer a mulher diante do Senhor, apanhar um pouco de água sagrada num jarro de barro e pegar um pouco da terra do chão do Tabernáculo e misturá-lo na água. Ele apresentará a mulher perante o Senhor. Em seguida deverá soltar o cabelo da mulher e colocar nas mãos dela a oferta de suspeita para descobrir se a desconfiança do marido tem procedência ou não. O sacerdote deve ficar na frente da mulher segurando o jarro com a água amarga que traz a maldição. Então o sacerdote deve pedir à mulher que jure que é inocente e lhe dirá: ‘Se você não teve relações com nenhum outro homem a não ser o seu marido, nem cometeu algum ato que a tornou impura, então que esta água amarga, que traz maldição, não lhe faça mal. Mas, se você foi infiel durante o seu casamento e se tornou impura, por ter tido relações com outro homem, então que o Senhor faça com que você seja objeto de maldição e desprezo no meio do seu povo, fazendo com que nunca mais tenha filhos e sua barriga fique inchada. Que esta água de maldição entre no seu estômago, inche a sua barriga e a impeça de ter filhos. “Então a mulher deve dizer: ‘Que assim seja!’ “Depois o sacerdote deve escrever essas maldições num livro e usar a água amarga para apagá-las. Ele fará a mulher beber a água amarga que traz maldição. Quando beber, a água lhe causará amargo sofrimento. Então o sacerdote pegará a oferta de suspeita, a moverá com um gesto ritual ao Senhor e a trará ao altar. Em seguida pegará um pouco da oferta com a mão e a queimará sobre o altar. Depois dará a água para a mulher beber. Se, de fato, a mulher foi infiel ao seu marido e ficou impura, quando o sacerdote fizer com que ela beba a água amarga que traz maldição, a água lhe causará amargo sofrimento; sua barriga inchará, ela será incapaz de ter filhos e será objeto de uma maldição no meio do seu povo. Porém, se a mulher não cometeu adultério, mas estiver pura, estará livre e poderá ter filhos. Essa é, pois, a lei para o caso de ciúmes, quando a mulher for infiel e se tornar impura, quando estiver casada, ou quando o homem, sem motivo, suspeitar de sua mulher; ele deve trazer a mulher perante o Senhor, e o sacerdote agirá de acordo com essa lei. O homem ficará livre da culpa; mas se a mulher for culpada, sofrerá as consequências do seu pecado”. O Senhor deu mais ordens a Moisés: “Diga o seguinte aos filhos de Israel: Se um homem ou uma mulher fizer um voto especial de nazireu, isto é, de dedicar-se ao Senhor de uma maneira especial, essa pessoa terá de abster-se de tomar vinho ou outra bebida alcoólica, e não poderá beber vinagre feito de vinho, nem vinagre de bebida forte; não poderá tomar suco de uva nem comer uvas frescas ou secas. Enquanto for nazireu, não poderá comer nada que venha da videira, nem mesmo as sementes ou as cascas das uvas. “Durante todo o período do seu voto de nazireu não poderá cortar o seu cabelo, porque essa pessoa é consagrada e separada para o Senhor. Por isso deve deixar crescer livremente o cabelo. Durante o período do seu voto de nazireu não poderá aproximar-se de um cadáver. Mesmo que o seu pai, sua mãe, sua irmã ou o irmão morra, não poderá tornar-se impuro, chegando perto de algum cadáver, porque traz sobre a cabeça o seu voto de separação para Deus. Enquanto for nazireu, essa pessoa estará separada para o Senhor. “Se alguém morrer repentinamente ao lado dele, contaminando o cabelo consagrado, ele terá de rapar a cabeça sete dias depois, porque foi contaminado. Este é o dia da purificação. No oitavo dia, trará duas rolinhas ou dois filhotes de pombo ao sacerdote na entrada do Tabernáculo. O sacerdote deve oferecer uma das aves como oferta pelo pecado, e a outra como oferta queimada, para obter o perdão dos pecados que cometeu quando se aproximou do cadáver. No mesmo dia, o nazireu deve fazer de novo os votos e deixar crescer o cabelo. Os dias que passaram desde o primeiro voto não têm mais valor, porque ficou contaminado durante a sua consagração. Ele se dedicará de novo ao serviço do Senhor pelo tempo de sua separação e deverá trazer um carneiro de um ano de idade como oferta para tirar a culpa. No final do período do voto de separação para o Senhor, o nazireu deverá ir à entrada do Tabernáculo e ali oferecerá a sua oferta ao Senhor: um cordeiro de um ano e sem defeito como oferta queimada, uma ovelha de um ano e sem defeito como oferta pelo pecado, um carneiro sem defeito como oferta de paz, uma cesta de pão sem fermento, bolos feitos de farinha da melhor qualidade com azeite e pães finos untados com azeite, acompanhados da sua oferta de cereais e a oferta de bebidas. “O sacerdote deve apresentar essas ofertas ao Senhor na seguinte ordem: primeiro a oferta pelo pecado e a oferta queimada, depois apresentará o carneiro como oferta de paz ao Senhor, junto com a cesta de pão sem fermento; e finalmente a oferta de cereais junto com a oferta de bebidas. “Então o nazireu, à entrada do Tabernáculo, rapará o cabelo, que é o sinal do voto de separação, e o jogará no fogo que fica debaixo do sacrifício da oferta de paz. “Depois que o nazireu rapar o cabelo do seu voto de separação, o sacerdote deve colocar nas mãos dele um ombro cozido do carneiro, um dos bolos feitos sem fermento e um pão fino, também feito sem fermento, que foram tirados da cesta. O sacerdote moverá essas coisas perante o Senhor como ritual de apresentação; tudo isso é sagrado e pertence ao sacerdote, junto com o peito e com a coxa da oferta que foram apresentados ao Senhor. Depois disso o nazireu poderá beber vinho. “Esta é a lei sobre o nazireu e sobre os sacrifícios no final do tempo de dedicação especial. Além desses sacrifícios, ele deve trazer qualquer outra oferta que prometeu quando fez o voto de nazireu”. O Senhor disse a Moisés: “Diga a Arão e aos seus filhos que eles devem abençoar os filhos de Israel da seguinte maneira: “Que o Senhor os abençoe e proteja; que o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre vocês e tenha misericórdia de vocês; que o Senhor olhe para vocês com amor e lhes dê a paz. “Esta é a maneira como Arão e seus filhos pedirão para que eu abençoe os filhos de Israel, e eu mesmo responderei e os abençoarei”. No dia em que Moisés terminou de montar o Tabernáculo, ele o ungiu e o consagrou juntamente com todos os utensílios, inclusive o altar e os seus utensílios. Então os líderes de Israel, os chefes das tribos, os homens que fizeram a contagem, apresentaram, cada um, uma oferta. Eles trouxeram as suas dádivas ao Senhor: seis carroças cobertas e doze bois. Cada carroça era puxada por dois bois, ou seja, cada dois chefes ofereceram uma carroça, e cada um deles, um boi. E as apresentaram diante do Tabernáculo. O Senhor disse a Moisés: “Receba as carroças e os bois deles para que sejam usados no trabalho do Tabernáculo. Dê as carroças aos levitas, para que eles usem no que for necessário”. Desse modo, Moisés recebeu as carroças e os bois e os entregou aos levitas. Duas carroças e quatro bois ficaram com os gersonitas, de acordo com o serviço que faziam, e quatro carroças e oito bois ficaram com os meraritas, de acordo com o serviço que faziam. Itamar, filho de Arão, era o responsável por tomar conta dos gersonitas e dos meraritas. Mas os coatitas não receberam nada de Moisés, porque o trabalho deles era carregar nos ombros os objetos sagrados pelos quais eram responsáveis. No dia em que Moisés ungiu o altar, os líderes também trouxeram suas ofertas de dedicação do altar e as colocaram diante do altar. O Senhor disse a Moisés: “Cada dia um dos líderes deverá trazer a sua oferta para a dedicação do altar”. Então, no primeiro dia veio Naassom, filho de Aminadabe, que pertencia à tribo de Judá, trazendo a sua oferta. A oferta dele era um prato de prata de um quilo e quinhentos e sessenta gramas e uma bacia de prata para as aspersões, de oitocentos e quarenta gramas, segundo o peso padrão do santuário, cada um cheio de ofertas de cereais da melhor farinha amassada com óleo; uma vasilha de ouro de cento e vinte gramas, cheia de incenso; um novilho, um carneiro e um cordeiro de um ano de idade, para a oferta queimada; um bode para a oferta pelo pecado; e dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano para serem oferecidos como sacrifício de paz. Essa foi a oferta de Naassom, filho de Aminadabe. No segundo dia, Natanael, filho de Zuar e líder de Issacar, trouxe a sua oferta. A oferta dele era um prato de prata de um quilo e quinhentos e sessenta gramas e uma bacia de prata para as aspersões, de oitocentos e quarenta gramas, segundo o peso padrão do santuário, cada um cheio de ofertas de cereais da melhor farinha amassada com óleo; uma vasilha de ouro de cento e vinte gramas, cheia de incenso; um novilho, um carneiro, e um cordeiro de um ano de idade para a oferta queimada; um bode para a oferta pelo pecado; e dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano para serem oferecidos como sacrifício de paz. Essa foi a oferta de Natanael, filho de Zuar. No terceiro dia chegou Eliabe, filho de Helom e líder da tribo de Zebulom, e trouxe a sua oferta. A oferta dele era um prato de prata de um quilo e quinhentos e sessenta gramas e uma bacia de prata para as aspersões, de oitocentos e quarenta gramas, segundo o peso padrão do santuário, cada um cheio de ofertas de cereais da melhor farinha amassada com óleo; uma vasilha de ouro de cento e vinte gramas, cheia de incenso; um novilho, um carneiro e um cordeiro de um ano de idade para a oferta queimada; um bode para a oferta pelo pecado; e dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano para serem oferecidos como sacrifício de paz. Essa foi a oferta de Eliabe, filho de Helom. Elizur, filho de Sedeur e líder de Rúben, veio no quarto dia e trouxe a sua oferta. A oferta dele era um prato de prata de um quilo e quinhentos e sessenta gramas e uma bacia de prata para as aspersões, de oitocentos e quarenta gramas, segundo o peso padrão do santuário, cada um cheio de ofertas de cereais da melhor farinha amassada com óleo; uma vasilha de ouro de cento e vinte gramas, cheia de incenso; um novilho, um carneiro e um cordeiro de um ano de idade, para a oferta queimada; um bode para a oferta pelo pecado; e dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano para serem oferecidos como sacrifício de paz. Essa foi a oferta de Elizur, filho de Sedeur. Da tribo de Simeão veio Selumiel, filho de Zurisadai e líder da tribo, no quinto dia. Ele também trouxe a sua oferta. A oferta dele era um prato de prata de um quilo e quinhentos e sessenta gramas e uma bacia de prata para as aspersões, de oitocentos e quarenta gramas, segundo o peso padrão do santuário, cada um cheio de ofertas de cereais da melhor farinha amassada com óleo; uma vasilha de ouro de cento e vinte gramas, cheia de incenso; um novilho, um carneiro e um cordeiro de um ano de idade para a oferta queimada; um bode para a oferta pelo pecado; e dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano para serem oferecidos como sacrifício de paz. Essa foi a oferta de Selumiel, filho de Zurisadai. No sexto dia, chegou Eliasafe, filho de Deuel e líder da tribo de Gade. Ele também trouxe a sua oferta. A oferta dele era um prato de prata de um quilo e quinhentos e sessenta gramas e uma bacia de prata para as aspersões, de oitocentos e quarenta gramas, segundo o peso padrão do santuário, cada um cheio de ofertas de cereais da melhor farinha amassada com óleo; uma vasilha de ouro de cento e vinte gramas, cheia de incenso; um novilho, um carneiro e um cordeiro de um ano de idade para a oferta queimada; um bode para a oferta pelo pecado; e dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano para serem oferecidos como sacrifício de paz. Essa foi a oferta de Eliasafe, filho de Deuel. Elisama, líder da tribo de Efraim e filho de Amiúde, trouxe a sua oferta no sétimo dia. A oferta dele era um prato de prata de um quilo e quinhentos e sessenta gramas e uma bacia de prata para as aspersões, de oitocentos e quarenta gramas, segundo o peso padrão do santuário, cada um cheio de ofertas de cereais da melhor farinha amassada com óleo; uma vasilha de ouro de cento e vinte gramas, cheia de incenso; um novilho, um carneiro e um cordeiro de um ano de idade para a oferta queimada; um bode para a oferta pelo pecado; e dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano para serem oferecidos como sacrifício de paz. Essa foi a oferta de Elisama, filho de Amiúde. No oitavo dia veio o líder da tribo de Manassés, Gamaliel, filho de Pedazur, trazendo a sua oferta. A oferta dele era um prato de prata de um quilo e quinhentos e sessenta gramas e uma bacia de prata para as aspersões, de oitocentos e quarenta gramas, segundo o peso padrão do santuário, cada um cheio de ofertas de cereais da melhor farinha amassada com óleo; uma vasilha de ouro de cento e vinte gramas, cheia de incenso; um novilho, um carneiro e um cordeiro de um ano de idade para a oferta queimada; um bode para a oferta pelo pecado; e dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano para serem oferecidos como sacrifício de paz. Essa foi a oferta de Gamaliel, filho de Pedazur. No nono dia foi a vez de Abidã, filho de Gideoni e líder da tribo de Benjamim, trazer a sua oferta. A oferta dele era um prato de prata de um quilo e quinhentos e sessenta gramas e uma bacia de prata para as aspersões, de oitocentos e quarenta gramas, segundo o peso padrão do santuário, cada um cheio de ofertas de cereais da melhor farinha amassada com óleo; uma vasilha de ouro de cento e vinte gramas, cheia de incenso; um novilho, um carneiro e um cordeiro de um ano de idade para a oferta queimada; um bode para a oferta pelo pecado; e dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano para serem oferecidos como sacrifício de paz. Essa foi a oferta de Abidã, filho de Gideoni. Aieser, filho de Amisadai, chegou no décimo dia com a sua oferta. Ele era líder da tribo de Dã. A oferta dele era um prato de prata de um quilo e quinhentos e sessenta gramas e uma bacia de prata para as aspersões, de oitocentos e quarenta gramas, segundo o peso padrão do santuário, cada um cheio de ofertas de cereais da melhor farinha amassada com óleo; uma vasilha de ouro de cento e vinte gramas, cheia de incenso; um novilho, um carneiro e um cordeiro de um ano de idade para a oferta queimada; um bode para a oferta pelo pecado; e dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano para serem oferecidos como sacrifício de paz. Essa foi a oferta de Aieser, filho de Amisadai. No dia seguinte, ou seja, no décimo primeiro dia, chegou Pagiel, líder da tribo de Aser e filho de Ocrã, com a sua oferta. A oferta dele era um prato de prata de um quilo e quinhentos e sessenta gramas e uma bacia de prata para as aspersões, de oitocentos e quarenta gramas, segundo o peso padrão do santuário, cada um cheio de ofertas de cereais da melhor farinha amassada com óleo; uma vasilha de ouro de cento e vinte gramas, cheia de incenso; um novilho, um carneiro e um cordeiro de um ano de idade para a oferta queimada; um bode para a oferta pelo pecado; e dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano para serem oferecidos como sacrifício de paz. Essa foi a oferta de Pagiel, filho de Ocrã. E, no último dia, no décimo segundo dia, veio Aira, líder da tribo de Naftali e filho de Enã, com a sua oferta. A oferta dele era um prato de prata de um quilo e quinhentos e sessenta gramas e uma bacia de prata para as aspersões, de oitocentos e quarenta gramas, segundo o peso padrão do santuário, cada um cheio de ofertas de cereais da melhor farinha amassada com óleo; uma vasilha de ouro de cento e vinte gramas, cheia de incenso; um novilho, um carneiro e um cordeiro de um ano de idade para a oferta queimada; um bode para a oferta pelo pecado; e dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano para serem oferecidos como sacrifício de paz. Essa foi a oferta de Aira, filho de Enã. Essas foram as ofertas dos líderes de Israel para a dedicação do altar, no dia em que foi ungido: doze pratos de prata, doze bacias de prata para as aspersões e doze vasilhas de ouro. Cada prato de prata pesava um quilo e quinhentos e sessenta gramas, e cada bacia pesava oitocentos e quarenta gramas. O total dos utensílios de prata pesava vinte e oito quilos e oitocentos gramas, tendo como padrão o peso do santuário. As doze vasilhas de ouro cheias de incenso pesavam cada uma cento e vinte gramas, tendo como base o peso padrão do santuário. Todo ouro das vasilhas foi de um quilo e quatrocentos e quarenta gramas. O total de animais oferecidos como ofertas queimadas foi: doze novilhos, doze carneiros e doze cordeiros de um ano de idade, junto com as ofertas de cereais. Foram trazidos doze bodes para a oferta pelo pecado. E para os sacrifícios de paz eles trouxeram: vinte e quatro bois, sessenta carneiros, sessenta bodes e sessenta cordeiros de um ano de idade. Essas foram as ofertas trazidas para a dedicação do altar, depois que ele foi ungido. Sempre que Moisés entrava no Tabernáculo para falar com o Senhor, ele ouvia a voz que falava com ele de cima da tampa da arca da aliança, entre os dois querubins. Era assim que o Senhor falava com Moisés. O Senhor disse a Moisés: “Diga o seguinte a Arão: Quando você colocar as sete lâmpadas, elas deverão iluminar a área da frente do candelabro”. E assim fez Arão: colocou as lâmpadas de modo que estivessem voltadas para a frente do candelabro, como o Senhor havia ordenado a Moisés. Todo o candelabro foi feito de ouro batido, desde a base até os detalhes das flores, de acordo com o modelo que o Senhor tinha mostrado a Moisés. E o Senhor disse a Moisés: “Separe os levitas do meio do povo de Israel e purifique-os. Proceda da seguinte maneira em relação à purificação: você jogará água da purificação sobre eles, e eles cortarão o pelo do corpo e lavarão a roupa. Assim ficarão purificados. Em seguida, eles tomarão um novilho com a oferta de cereais, feita da melhor farinha, amassada com óleo; você, porém, tomará outro novilho como oferta pelo pecado. Traga os levitas até a porta do Tabernáculo para que todo o povo de Israel os veja. Em seguida você levará os levitas perante o Senhor, e os israelitas colocarão as mãos sobre as cabeças deles. Arão apresentará os levitas ao Senhor como oferta ritualmente movida da parte dos filhos de Israel, para que trabalhem no serviço do Senhor. “Depois disso, os levitas colocarão as mãos sobre a cabeça dos dois novilhos, e você oferecerá um novilho como oferta pelo pecado e o outro como oferta queimada ao Senhor para purificar os levitas. Então você colocará os levitas em pé perante Arão e seus filhos, e os apresentará como oferta ritualmente movida ao Senhor. Desse modo você separará os levitas do meio do povo de Israel, e os levitas serão meus. “Depois disso, eles estarão prontos para ministrar no Tabernáculo; e você os purificará e os apresentará por meio de oferta movida. Os levitas foram separados do meio do povo de Israel para serem meus, em lugar de todo filho mais velho de cada família de Israel. Porque todo filho mais velho de cada família do povo de Israel e de cada cria de todo animal é meu. Eu os separei para mim quando feri os filhos mais velhos de cada família do Egito, e escolhi os levitas em lugar dos filhos mais velhos de cada família do povo de Israel. Agora entrego os levitas a Arão e aos seus filhos; eles ministrarão no Tabernáculo em nome dos israelitas, para obterem o perdão dos pecados e para protegerem os israelitas de alguma desgraça quando se aproximarem do Tabernáculo”. Dessa maneira, Moisés, Arão e todo o povo de Israel fizeram com os levitas de acordo com as ordens que o Senhor tinha dado a Moisés. Os levitas se purificaram e lavaram as suas roupas. E Arão apresentou os levitas por oferta movida ao Senhor e fez os sacrifícios para obter o perdão dos pecados por eles, para purificá-los. Depois disso os levitas foram ao Tabernáculo para ministrar sob a supervisão de Arão e seus filhos. Fizeram tudo como o Senhor havia ordenado a Moisés. O Senhor também disse a Moisés: “Só poderão ministrar no Tabernáculo os levitas que tiverem entre vinte e cinco e cinquenta anos de idade. Mas desde a idade de cinquenta anos deverão afastar-se da atividade regular e nela nunca mais trabalharão. Eles poderão ajudar seus colegas no trabalho de cuidar do Tabernáculo, mas eles mesmos não deverão fazer o trabalho. Assim você deverá designar as responsabilidades dos levitas”. No primeiro mês do segundo ano depois da saída do Egito, o Senhor deu as seguintes instruções a Moisés, quando o povo de Israel estava no deserto do Sinai: “O povo de Israel deve festejar a Páscoa no tempo certo. No décimo quarto dia deste mês, começando ao anoitecer, no tempo determinado, celebrem a Páscoa, de acordo com todas as leis e ordens a respeito dela”. Então Moisés ordenou ao povo de Israel que celebrasse a Páscoa. E os israelitas celebraram a Páscoa no deserto do Sinai, no fim da tarde do décimo quarto dia do primeiro mês, de acordo com as instruções que o Senhor tinha dado a Moisés. Aconteceu que alguns homens haviam tocado num cadáver e, por isso, não puderam celebrar a Páscoa naquele dia. Então eles procuraram Moisés e Arão naquele dia e disseram a Moisés: “Tocamos no cadáver de um homem e, por isso, nos tornamos impuros. Mas por que não podemos apresentar nosso sacrifício ao Senhor, no tempo oportuno com os outros israelitas?” Então Moisés respondeu: “Esperem aqui até que eu ouça o que o Senhor ordena a vocês”. Então o Senhor disse a Moisés: “Diga o seguinte aos filhos de Israel: Quando algum de vocês ou dos seus descendentes se tornar impuro por ter tocado num cadáver ou estiver viajando, ainda assim deve celebrar a Páscoa do Senhor. Deverão celebrá-la um mês depois, no décimo quarto dia do segundo mês, ao entardecer. Comerão o carneiro com os pães sem fermento e com ervas amargas. Não deverão deixar nada para a manhã seguinte, nem deverão quebrar um osso do cordeiro, pois deverão obedecer todas as ordens a respeito da Páscoa. Se, porém, um homem não estiver impuro, nem estiver viajando, e ainda assim não quiser celebrar a Páscoa no dia determinado, deverá ser eliminado do meio do seu povo porque não apresentou a oferta ao Senhor no tempo certo. Essa pessoa sofrerá as consequências desse pecado. “Se um estrangeiro estiver habitando entre vocês e quiser celebrar a Páscoa do Senhor, deve obedecer às mesmas instruções da Páscoa, porque existe uma só lei para o estrangeiro e para o natural da terra”. No dia em que armaram o Tabernáculo, a saber, a tenda do Testemunho, a nuvem o cobriu. Desde a tarde até a manhã a nuvem permaneceu sobre o Tabernáculo com a aparência de fogo. Era sempre assim que acontecia: de dia a nuvem ficava sobre o Tabernáculo, e de noite a nuvem tinha a aparência de fogo. Os filhos de Israel se preparavam para marchar sempre que a nuvem se levantava, e viajavam até que a nuvem parasse, e ali acampavam. Dessa maneira sabiam quando o Senhor queria que viajassem e quando queria que acampassem. Enquanto a nuvem permanecia em cima do Tabernáculo, eles permaneciam acampados. Se a nuvem ficava por muito tempo sobre o Tabernáculo, os israelitas cumpriam a ordem do Senhor e não partiam. Às vezes, a nuvem permanecia sobre o Tabernáculo poucos dias; assim, conforme a ordem do Senhor, permaneciam acampados, e, segundo a ordem do Senhor, partiam. Às vezes, a nuvem permanecia somente desde o entardecer até a manhã seguinte. Quando ela se levantava de manhã, o povo partia. Sempre que a nuvem se levantava, tanto de dia como de noite, o povo de Israel partia. Mas, se a nuvem permanecia sobre o Tabernáculo dois dias, um mês, ou um ano, os israelitas permaneciam acampados e não partiam. Mas assim que a nuvem se erguia, eles partiam. Acampavam e partiam sempre de acordo com a ordem do Senhor. Tudo o que o Senhor ordenava a Moisés, eles faziam. E o Senhor ordenou a Moisés: “Faça duas trombetas de prata batida que terão duas funções: elas devem ser usadas para reunir o povo e para dar a ordem para a partida do acampamento. Quando as duas trombetas forem tocadas, todo o povo deve se reunir na entrada do Tabernáculo, mas, se tocar uma só trombeta, apenas os líderes das tribos se reunirão diante de você. Para distinguir entre o sinal para reunir o povo e o sinal para desmontar o acampamento e partir, serão necessários toques diferentes de trombeta. Quando tocar sons curtos e fortes, as tribos acampadas a leste deverão partir. Ao som do segundo toque, as tribos do sul começarão a partir. Os toques curtos e fortes são o sinal para partir. Para reunir o povo, deverão ser dados toques longos. Só os sacerdotes, descendentes de Arão, poderão tocar as trombetas. Essa é uma lei permanente, para ser passada de pai para filho. Quando estiverem na terra de vocês e forem lutar contra os seus inimigos que os estiveram oprimindo, toquem as trombetas, e o Senhor, o seu Deus, se lembrará de vocês e os libertará dos seus inimigos. Também toquem as trombetas nas horas de alegria, isto é, durante as festas anuais e no início de cada mês, quando apresentarem as ofertas queimadas e as ofertas de paz, e elas servirão de memorial em favor de vocês, da aliança que ele fez com vocês. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês”. No vigésimo dia do segundo mês do segundo ano a nuvem se levantou de cima do Tabernáculo, e os israelitas partiram do deserto do Sinai, viajando por etapas, até que a nuvem parou no deserto de Parã. Essa foi a primeira viagem que fizeram depois que receberam as ordens do Senhor anunciadas a Moisés. Primeiro partiu a bandeira de Judá com o exército da tribo logo atrás. O líder do exército era Naassom, filho de Aminadabe. Natanael, filho de Zuar, era o líder do exército de Issacar, e Eliabe, filho de Helom, era o comandante do exército de Zebulom. Então os gersonitas e os meraritas desmontaram o Tabernáculo e partiram. Depois os exércitos do acampamento de Rúben partiram, junto à sua bandeira. O comandante do exército de Rúben era Elizur, filho de Sedeur. O comandante do exército de Simeão era Selumiel, filho de Zurisadai, e o comandante do exército de Gade era Elisafe, filho de Deuel. A seguir os coatitas partiram carregando os objetos sagrados do Tabernáculo. O Tabernáculo já estava montado no novo acampamento quando os coatitas chegavam com os objetos sagrados. Depois partiram do acampamento os exércitos da tribo de Efraim, junto à sua bandeira. Elisama, filho de Amiúde, era o comandante desse exército; Gamaliel, filho de Pedazur, comandante dos exércitos da tribo de Manassés, e Abidã, filho de Gideoni, dos exércitos da tribo de Benjamim. Finalmente, atrás das últimas três tribos partiram os exércitos do acampamento de Dã, junto à sua bandeira, que era comandado por Aiser, filho de Amisadai. Pagiel, filho de Ocrã, era o comandante do exército de Aser, e Aira, filho de Enã, do exército da tribo de Naftali. Essa era a ordem em que os exércitos dos filhos de Israel seguiam quando estavam marchando. Um dia Moisés disse a Hobabe, filho do midianita Reuel, sogro de Moisés: “Estamos viajando para o lugar a respeito do qual o Senhor disse: ‘Eu o darei a vocês!’ Venha conosco e seremos bons para você, pois o Senhor tem feito promessas maravilhosas a Israel!” Mas Hobabe respondeu: “Não posso, porque preciso voltar para a minha terra e para os meus parentes”. Moisés, porém, insistiu: “Fique conosco, porque você sabe onde devemos acampar, e será de grande ajuda para nós. Se você vier conosco, participará de todos os benefícios que nos forem concedidos pelo Senhor ”. Então eles partiram do monte do Senhor e viajaram durante três dias. E a arca da aliança do Senhor ia à frente deles para preparar um novo lugar para o povo descansar. A nuvem do Senhor ficava sobre eles de dia quando partiam do acampamento. Sempre que a arca partia, Moisés exclamava: “Levante, ó Senhor. Sejam espalhados os seus inimigos, e fujam da sua presença os seus adversários”. E quando a arca parava, ele dizia: “Volte, ó Senhor, para ficar com os milhares dos filhos de Israel”. Mas logo o povo começou a se queixar dos sofrimentos, e o Senhor ouviu a sua queixa. O Senhor ficou irado e fez cair fogo que queimou as extremidades do acampamento. O povo então clamou a Moisés, que orou ao Senhor, e o fogo se apagou. Por isso aquele lugar foi chamado de Taberá, porque o fogo do Senhor queimou no meio deles. Um grupo de estrangeiros que havia no meio deles estava com muita vontade de comer carne, e até os próprios israelitas voltaram a reclamar, dizendo: “Ah, se tivéssemos carne para comer! Lembramo-nos dos peixes que comíamos de graça no Egito, além dos pepinos, dos melões, dos alhos silvestres, das cebolas e dos alhos. Mas agora não temos mais força, e todos os dias temos de comer este maná!” O maná era como uma semente de coentro e tinha a aparência de resina da casca de uma árvore. Para apanhar o maná, o povo se espalhava pelo acampamento e recolhia o maná do chão; moía-o num moinho manual e o socava em pilões para fazer a farinha do maná; depois cozinhava o maná e fazia bolos. O gosto do maná era parecido com o bolo amassado com azeite. Quando, à noite, descia o orvalho sobre o acampamento, caía junto o maná. Moisés ouviu o choro do povo. Cada família chorava na entrada da sua tenda. Então o Senhor ficou muito irado, e Moisés também estava descontente com o povo. Moisés perguntou ao Senhor: “Por que o Senhor me faz sofrer e não ajuda este seu servo, colocando sobre os meus ombros a responsabilidade por todo esse povo? Por acaso eles são meus filhos? Por acaso sou pai deles? Por que me pede para carregar o povo no colo, como uma babá carrega um recém-nascido, para levá-lo à terra que o Senhor prometeu sob juramento aos seus antepassados? Onde vou conseguir carne para todo esse povo? Pois eles ficam se queixando a mim, dizendo: ‘Dê-nos carne para comer!’ Sozinho não consigo cuidar de todo esse povo, pois a tarefa é pesada demais para mim. Se o Senhor vai continuar a tratar-me dessa maneira, mate-me agora mesmo; se o Senhor se agrada de mim, não me deixe ver a minha própria ruína”. Então o Senhor disse a Moisés: “Reúna diante de mim setenta líderes de Israel, entre os mais respeitados do povo de Israel. Leve-os diante do Tabernáculo para que estejam ali com você. Então descerei e falarei com você; e tirarei do Espírito que está sobre você para colocar também sobre eles. Eles o ajudarão a levar o pesado fardo de cuidar do povo, de modo que você não precisará fazer tudo sozinho. “E diga ao povo: Purifiquem-se, porque amanhã vocês terão carne para comer. O Senhor ouviu o choro de vocês, dizendo: ‘Ah, se tivéssemos carne para comer! Passávamos bem no Egito!’ Por isso o Senhor lhes dará carne, e vocês a comerão. Vocês não comerão carne apenas um dia, nem dois, nem cinco, nem dez ou vinte dias, mas um mês inteiro, até que lhes saia carne pelo nariz, e vocês sentirão nojo dela. E isto ocorrerá porque rejeitaram o Senhor que está no meio de vocês, e se queixaram diante dele, dizendo: ‘Por que saímos do Egito?’ ” Mas Moisés disse: “São 600.000 homens, e o Senhor diz: ‘Darei a eles carne para comerem durante um mês inteiro!’ Se matássemos todos os nossos rebanhos de ovelhas e gado, ainda faltaria carne! Será que todos os peixes do mar poderiam alimentar essa gente?” Então o Senhor disse a Moisés: “Será que o poder do Senhor é limitado?” Agora você verá se a minha palavra se cumpre ou não!” Então Moisés saiu e contou ao povo as palavras do Senhor, e reuniu os setenta líderes do povo ao redor do Tabernáculo. E o Senhor desceu na nuvem e falou a Moisés, e tirou do espírito que estava sobre Moisés e o colocou sobre os setenta líderes. Quando o Espírito veio sobre os líderes, eles profetizaram, porém isso durou pouco tempo. Mas dois homens dos setenta, chamados Eldade e Medade, ainda estavam no acampamento e não foram até o Tabernáculo, quando o Espírito veio sobre eles e profetizaram. Então um jovem correu e contou a Moisés: “Eldade e Medade estão profetizando no acampamento”. Josué, filho de Num, que desde jovem era um dos ajudantes de Moisés, disse: “Moisés, meu senhor, proíba os dois de profetizarem!” Mas Moisés respondeu: “Você está com ciúmes por causa de mim? Que bom seria se todo o povo do Senhor fosse profeta e que o Senhor pusesse o seu Espírito sobre eles!” Então Moisés voltou ao acampamento junto com os líderes de Israel. E o Senhor mandou um vento que trouxe codornizes do lado do mar e as espalhou por todo o acampamento, a uma altura de noventa centímetros, em todas as direções, num raio de um dia de caminhada. Então o povo começou a recolher as codornizes durante todo aquele dia e à noite e no dia seguinte. A pessoa que recolheu menos codornizes recolheu dez barris. E o povo estendeu as codornizes para secar em volta do acampamento. Mas quando a carne ainda estava entre os seus dentes, a ira do Senhor acendeu-se contra o povo, e os castigou com uma terrível epidemia que matou muita gente. Por isso, chamaram aquele lugar de Haatavá, porque ali foram enterrados os que tinham grande desejo de comer carne. De lá o povo viajou para Hazerote, onde ficaram algum tempo. Um dia Miriã e Arão criticaram Moisés porque ele tinha se casado com uma mulher cusita e disseram: “Será que o Senhor só fala por meio de Moisés? Ele também não tem falado por meio de nós?” E o Senhor ouviu isso. Ora, Moisés era um homem muito manso, mais do que qualquer outro homem que havia na terra. Imediatamente o Senhor disse a Moisés, a Arão e a Miriã: “Vocês três, venham até o Tabernáculo”. E os três foram para lá. Então o Senhor desceu numa coluna de nuvem, ficou na entrada do Tabernáculo e chamou Arão e Miriã. Quando ambos se apresentaram, ele disse: “Ouçam as minhas palavras: Quando há um profeta entre vocês, eu, o Senhor, me revelo a ele por meio de visões e falo com ele em sonhos. “Não é assim, porém, com o meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa. Com ele falo face a face, claramente, e não por meio de figuras; e ele chegou a ver a forma do Senhor. Por que não tiveram medo em criticar meu servo Moisés?” E a ira do Senhor se acendeu contra eles, e ele se retirou. Enquanto a nuvem saía de cima do Tabernáculo, Miriã de repente ficou com lepra e com a pele branca como a neve. Quando Arão viu que Miriã estava com lepra, disse a Moisés: “Por favor, meu senhor, não nos castigue por causa deste pecado. De fato fomos tolos e pecamos. Não deixe que Miriã seja como um feto abortado que nasce com a metade do corpo destruído”. Então Moisés clamou ao Senhor: “Ó Deus, eu peço que a cure!” E o Senhor respondeu a Moisés: “Se o pai dela tivesse cuspido no rosto dela, ela não estaria contaminada durante sete dias? Então que Miriã fique isolada fora do acampamento por sete dias e depois poderá voltar”. Dessa forma, puseram Miriã para fora do acampamento por uma semana, e o povo não partiu enquanto ela não foi trazida de volta. Depois disso, partiram de Hazerote e foram para o deserto de Parã, onde acamparam. E o Senhor disse a Moisés: “Envie alguns espiões para a terra de Canaã, terra que estou dando aos israelitas. Você deve enviar um líder de cada tribo dos seus antepassados”. Moisés fez conforme a ordem do Senhor e os enviou do deserto de Parã. Todos eram líderes das tribos do povo de Israel. São estes os seus nomes: Samua, filho de Zacur, da tribo de Rúben; Safete, filho de Hori, da tribo de Simeão; Calebe, filho de Jefoné, da tribo de Judá; Jigeal, filho de José, da tribo de Issacar; Oseias, filho de Num, da tribo de Efraim; Palti, filho de Rafu, da tribo de Benjamim; Gadiel, filho de Sodi, da tribo de Zebulom; Gadi, filho de Susi, da tribo de José, isto é, da tribo de Manassés; Amiel, filho de Gemali, da tribo de Dã; Setur, filho de Micael, da tribo de Aser; Nabi, filho de Vofsi, da tribo de Naftali; e Güel, filho de Maqui, da tribo de Gade. São esses os nomes dos homens que Moisés enviou para espionar a terra. Foi nessa época que Moisés mudou o nome de Oseias, filho de Num, para Josué. Moisés enviou os espiões para a terra de Canaã com as seguintes instruções: “Vão para o norte até o Neguebe e atravessem as montanhas, voltando com informações sobre a terra. Vejam também como é o povo que mora lá, se é forte ou fraco, se são muitos ou poucos; Vejam também se a terra em que habitam é fértil ou não; se as cidades em que vivem são acampamentos ou se são fortificadas; se a terra é rica ou pobre e se existem muitas árvores ou não. Sejam corajosos e tragam alguns frutos da terra. Era a época da colheita das uvas. Eles subiram e observaram a terra desde o deserto de Zim até Reobe, que fica próximo de Hamate. A caminho do norte, passaram pelo Neguebe e chegaram a Hebrom, onde viviam as famílias de Aimã, Sesai e Talmai, descendentes de Enaque. A propósito, Hebrom era muito antiga e foi fundada sete anos antes de Zoã, no Egito. Depois chegaram até o vale de Escol, onde apanharam um cacho de uvas tão grande que foram necessários dois homens para carregá-lo, pendurado numa vara. Colheram também romãs e figos. Esse lugar foi chamado de vale de Escol, por causa do cacho de uvas que os israelitas cortaram ali. Ao fim de quarenta dias, voltaram de espionar a terra, e fizeram um relatório a Moisés, a Arão e a todo o povo de Israel que estava no deserto de Parã, em Cades, e mostraram os frutos da terra. Este foi o relatório que fizeram a Moisés: “Entramos na terra à qual você nos enviou, e é de fato um lugar maravilhoso, uma terra que produz muito leite e mel! Aqui estão alguns frutos dela. Mas o povo de lá é poderoso e as cidades são muito grandes e fortificadas. Também vimos lá os descendentes de Enaque. Os amalequitas vivem no sul, na terra do Neguebe; enquanto os heteus, os jebuseus e os amorreus vivem na zona montanhosa, e os cananeus moram no litoral e no vale do rio Jordão”. Mas Calebe pediu ao povo que estava ali diante de Moisés que se calasse, e disse: “Vamos partir e tomar a terra, porque é certo que vamos conquistá-la!” Mas os outros espiões que tinham ido com ele disseram: “Não podemos lutar contra o povo da terra, porque é mais forte do que nós!” E espalharam notícias negativas entre os israelitas acerca daquela terra. Eles disseram: “A terra que acabamos de ver não produz o suficiente nem para alimentar os próprios moradores. Lá todos os homens são de grande estatura. Vimos também alguns da família de Enaque, que são descendentes de uma antiga raça de gigantes. Perto deles nos sentíamos como gafanhotos; e, para eles, de fato éramos gafanhotos”. Então, naquela noite o povo começou a chorar em voz alta. Todos os israelitas queixaram-se contra Moisés e contra Arão, e toda a comunidade disse a eles: “Teria sido melhor morrer no Egito, ou mesmo aqui no deserto. Por que o Senhor nos trouxe para esta terra? Só para sermos mortos pela espada na guerra e nossas mulheres e nossos filhos serem presos e se tornarem escravos? Não seria melhor voltarmos para o Egito?” E disseram uns aos outros: “Vamos escolher um líder e voltaremos para o Egito!” Então Moisés e Arão caíram no chão, com o rosto sobre a terra, diante de todo o povo de Israel. Então Josué, filho de Num, e Calebe, filho de Jefoné, dois dos líderes que fizeram parte da missão de espionar a terra, rasgaram as suas roupas e disseram a todo o povo: “A terra que percorremos para espionar é muito boa. Se o Senhor se agradar de nós, ele nos ajudará a entrar nessa terra, que produz muito leite e mel, e a dará a nós. Apenas não sejam rebeldes contra o Senhor, e não tenham medo do povo que mora lá, porque nós os venceremos como se estivéssemos devorando pão. O Senhor está conosco e tirou a proteção deles; por isso, não tenham medo deles!” Mas a reação do povo foi falar em apedrejá-los. Então a glória do Senhor apareceu a todos os filhos de Israel, sobre o Tabernáculo. E o Senhor disse a Moisés: “Até quando esse povo me provocará? Até quando vão deixar de crer em mim, apesar de todos os sinais que realizei no meio deles? Eu vou ferir este povo com pragas, e não serão mais meus herdeiros, mas de você farei um povo maior e mais forte do que este!”. Mas Moisés respondeu ao Senhor: “Os egípcios conhecem bem o seu poder, pois o Senhor tirou este povo do Egito, e contaram isto aos habitantes desta terra, que sabem que o Senhor está com este povo e que aparece a eles face a face. Eles sabem que a sua nuvem está sobre eles, e que o Senhor vai adiante deles numa coluna de nuvem de dia, e numa coluna de fogo de noite. Agora, se o Senhor matar o seu povo, as nações que ouviram falar da sua fama vão dizer: ‘O Senhor não conseguiu levar o seu povo para a terra que prometeu dar a eles por meio de juramento; por isso os matou no deserto’. “Por isso, Senhor, clamo que mostre o seu grande poder, quando prometeu: ‘O Senhor é muito paciente e grande em misericórdia, e perdoa o pecado e a transgressão ainda que não deixa o pecado sem castigo, e pune o pecado dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração’. Peço então que, por causa da sua grande misericórdia, o Senhor perdoe os pecados deste povo, da mesma maneira que tem perdoado este povo desde que saíram da terra do Egito até aqui”. Então o Senhor disse: “Está bem. Vou perdoar este povo como você me pediu. No entanto, prometo que tão certo como eu vivo, e pela glória do Senhor que enche toda a terra, que nenhum destes homens que viram a minha glória e os sinais que fiz no Egito e no deserto, e me puseram à prova dez vezes e não obedeceram à minha voz, verá a terra que prometi por meio de juramento dar aos seus antepassados. Nenhum desses que me desprezou verá a terra. Mas o meu servo Calebe tem um espírito diferente e me segue com fidelidade. Ele entrará na terra que espionou, e seus descendentes a possuirão por herança. Já que os amalequitas e os cananeus habitam no vale, amanhã vocês mudarão de rumo e voltarão para o deserto em direção ao mar Vermelho”. Depois o Senhor disse a Moisés e a Arão: “Até quando este povo mau se queixará contra mim? Tenho ouvido as queixas desses israelitas murmuradores. Diga a eles: ‘Tão certo como eu vivo, diz o Senhor, farei o que vocês pediram: Todos vocês, que têm mais de vinte anos de idade, que foram contados no recenseamento e que se queixaram contra mim, morrerão no deserto. Nenhum de vocês entrará nesta terra, que jurei com mão levantada dar a vocês como moradia, a não ser Calebe, filho de Jefoné, e Josué, filho de Num. Mas, quanto aos seus filhos, os quais vocês disseram que se tornariam escravos do povo desta terra, eu os levarei com segurança para desfrutarem da terra que vocês desprezaram. Quanto a vocês, morrerão, e os seus corpos cairão neste deserto. Seus filhos andarão sem rumo pelo deserto por quarenta anos, até que o último de vocês morra, como castigo pela sua infidelidade. Como os espiões estiveram na terra durante quarenta dias, vocês andarão sem rumo por quarenta anos — um ano para cada dia, sofrendo as consequências dos seus pecados. Eu lhes ensinarei o que significa rejeitar a mim. Eu, o Senhor, falei, e certamente farei essas coisas a toda essa comunidade má, que conspirou contra mim. Eles encontrarão o seu fim nesse deserto e morrerão’ ”. Os homens que Moisés enviou para espionar a terra e que depois de voltar colocaram medo no coração do povo, fazendo com que se queixasse contra ele ao espalhar informações negativas a respeito da terra, esses homens que espalharam essas informações morreram repentinamente de praga diante do Senhor. De todos os espiões que foram espionar a terra, somente Josué, filho de Num, e Calebe, filho de Jefoné, continuaram vivos. Quando Moisés contou essas palavras a todos os israelitas, uma grande tristeza tomou conta deles. No dia seguinte se levantaram cedo e partiram em direção ao alto da região montanhosa, e disseram: “Aqui estamos! Reconhecemos que pecamos. Agora estamos prontos para ir à terra que o Senhor nos prometeu”. Mas Moisés respondeu: “Por que vocês estão desobedecendo às ordens do Senhor de voltar para o deserto? É tarde demais! Não vão, porque o Senhor não está com vocês. Vocês serão derrotados pelos seus inimigos. Não se lembram? Os amalequitas e os cananeus estão aí na frente! Vocês abandonaram o Senhor, ele não estará com vocês, e vocês serão derrotados”. Apesar disso, eles foram em frente, em direção ao alto da região montanhosa, mesmo tendo Moisés e a arca da aliança do Senhor ficado no acampamento. Então os amalequitas e os cananeus que viviam nas montanhas desceram e atacaram os israelitas, derrotaram-nos e os perseguiram até Hormá. O Senhor disse a Moisés: “Dê as seguintes instruções ao povo de Israel: Quando os filhos de vocês entrarem na terra que eu dei a eles como moradia, e apresentarem ao Senhor um animal do rebanho de gado ou uma ovelha como oferta queimada, seja um sacrifício para cumprir um voto ou como oferta voluntária, seja um sacrifício especial em uma das festas anuais ou qualquer outra oferta, ou ainda uma oferta preparada no fogo como aroma agradável ao Senhor, aquele que trouxer a sua oferta ao Senhor apresentará a ele uma oferta de cereais de um jarro de farinha da melhor qualidade, amassada com um litro de azeite. Para cada cordeiro da oferta queimada, ou do sacrifício, deve preparar um litro de vinho como oferta de bebida. “Se o sacrifício for um carneiro, deve preparar uma oferta de cereais de dois jarros de farinha da melhor qualidade, e um litro de vinho como oferta de bebida. Isso será apresentado como aroma agradável ao Senhor. “Quando preparar um novilho para oferta queimada ou sacrifício, para cumprir um voto especial ou como oferta de paz ao Senhor, então traga com o novilho uma oferta de cereais de três jarros de farinha da melhor qualidade, amassada com um litro e três quartos de azeite. Traga também um litro e três quartos de vinho para a oferta de bebida. Essa oferta deve ser preparada no fogo, como aroma agradável ao Senhor. Essas são as instruções que devem acompanhar cada sacrifício de novilho, carneiro, ovelha ou cabrito. Quando for oferecido mais de um animal, as ofertas deverão ser aumentadas proporcionalmente. “Todo israelita natural da terra deverá proceder dessa maneira quando apresentar uma oferta preparada no fogo, para que seja uma oferta de aroma agradável ao Senhor. E se um estrangeiro que mora no meio de vocês, ou entre os seus descendentes, apresentar uma oferta preparada no fogo, deverá proceder da mesma maneira, para que seja uma oferta de aroma agradável ao Senhor. Porque existe a mesma lei para todos, tanto para os israelitas de nascimento como para os estrangeiros que moram entre vocês; esta é uma lei que será verdadeira para sempre, de geração em geração, pois todos são iguais perante o Senhor. A mesma lei e o mesmo regulamento se aplicam tanto a vocês quanto ao estrangeiro”. O Senhor também disse a Moises: “Diga ao povo de Israel: Quando entrarem na terra para onde os estou levando e comerem do alimento que a terra produz, apresentem uma parte como oferta especial ao Senhor. Preparem um bolo feito com a farinha da primeira colheita, que deverá ser apresentado como oferta especial. Dessa farinha vocês devem apresentar uma oferta especial ao Senhor, de geração em geração. “Se vocês falharem em cumprir estes regulamentos que o Senhor tem dado a vocês por meio de Moisés, desde o dia em que o Senhor deu esses mandamentos a Moisés e a todas as gerações futuras, vocês deverão proceder da seguinte maneira: Se isso ocorrer sem intenção e ficar encoberto da comunidade, quando o povo perceber o erro, ele terá de oferecer um novilho como oferta queimada como aroma agradável ao Senhor. Também deverá apresentar com a sua oferta de cereais uma oferta de bebida, conforme o regulamento, e um bode como oferta pelo pecado. E o sacerdote apresentará o sacrifício em favor de todo o povo de Israel para obter o perdão dos pecados deles, e esses pecados serão perdoados, pois o pecado não foi intencional, e eles corrigiram isso com o sacrifício preparado no fogo apresentado ao Senhor e com uma oferta pelo pecado. E todo o povo, inclusive os estrangeiros que vivem no meio deles, serão perdoados, porque esse pecado involuntário e o perdão envolvem toda a comunidade. “Se um único indivíduo pecar, então ele oferecerá uma cabra de um ano de idade como oferta pelo pecado. O sacerdote fará o sacrifício pela pessoa que pecar involuntariamente perante o Senhor, e ela será perdoada. Esta mesma lei se aplica tanto aos israelitas de nascimento quanto aos estrangeiros que vivem no meio de vocês. “Mas todo aquele que pecar deliberadamente, seja ele israelita de nascimento ou estrangeiro, blasfema contra o Senhor e será eliminado do meio do seu povo. Por ter desprezado o mandamento do Senhor e por vontade própria desobedecido à lei, essa pessoa será eliminada e sua culpa estará sobre ela”. Certo dia, quando o povo de Israel estava no deserto, encontraram um israelita recolhendo lenha no dia de sábado. Aqueles que o encontraram recolhendo lenha levaram-no a Moisés, a Arão e diante de todo o povo, e o prenderam porque ainda não estava determinado o que deveria ser feito com ele. Então o Senhor disse a Moisés: “O homem deve morrer. Todo o povo apedrejará esse homem fora do acampamento”. Assim, toda a comunidade de Israel o levou para fora do acampamento e o apedrejou até a morte, conforme o Senhor havia ordenado a Moisés. O Senhor disse a Moisés: “Diga ao povo de Israel para fazerem pingentes nos cantos de suas roupas e para prenderem cada pingente num cordão azul; este é um mandamento permanente de geração em geração. O propósito disto é lembrá-los, sempre que olharem para os pingentes, de todos os mandamentos do Senhor, de que devem obedecer às leis que ele deu, em vez de seguir os desejos dos seus corações e de seus olhos, sendo infiéis servindo a outros deuses. Assim vocês lembrarão de obedecer a todos os meus mandamentos e de ser santos perante o Deus de vocês. Eu sou o Senhor, o seu Deus, que os tirou do Egito para ser o Deus de vocês. Sim, eu sou o Senhor, o Deus de vocês”. Certo dia Coré, filho de Isar, neto de Coate, bisneto de Levi, conspirou com Datã e Abirão, os filhos de Eliabe, e com Om, filho de Pelete, todos da tribo de Rúben, contra Moisés. Com eles estavam duzentos e cinquenta israelitas, líderes respeitados do povo, eleitos pela comunidade de Israel. Eles se ajuntaram contra Moisés e Arão e disseram: “Chega! A assembleia toda é santa, e cada indivíduo é santo, e o Senhor está entre eles. Então por que vocês se colocam acima de nós e querem mandar em nós?” Quando Moisés ouviu isso, caiu no chão com o rosto na terra e disse a Coré e a todos os seus seguidores: “Amanhã pela manhã o Senhor mostrará quem pertence a ele e quem é santo. E fará aproximar-se dele quem ele escolheu. Façam isto: Você, Coré, e todos os que estão com você, apanhem incensários e amanhã coloquem fogo e incenso neles perante o Senhor, e descobriremos quem o Senhor escolheu. Chega, filhos de Levi!” Então Moisés falou novamente a Coré: “Agora ouçam-me, filhos de Levi: Parece sem valor, para vocês, o fato de Deus ter escolhido vocês dentre todo o povo de Israel para estar perto dele, quando trabalham no Tabernáculo do Senhor e ficam de pé perante o povo para servir? Ele trouxe você e todos os seus irmãos levitas para perto dele. E agora vocês também querem ser sacerdotes. Esse é o verdadeiro motivo da sua rebelião contra o Senhor. Quem é Arão, para se queixarem dele?” Então Moisés mandou chamar Datã e Abirão, filhos de Eliabe, mas eles responderam: “Não iremos”. Será que não foi suficiente você nos tirar de uma terra que produz muito leite e mel para matar-nos neste deserto? E ainda quer mandar em nós? Além disso, você não cumpriu a promessa de nos levar a uma terra que produz muito leite e mel, nem recebemos campos e vinhas como herança. Quem você quer enganar? Nós não iremos até você”. Moisés ficou muito irado e disse ao Senhor: “Não aceite os sacrifícios deles, pois não roubei um só jumento deles, nem fiz mal a nenhum deles”. E Moisés disse a Coré: “Você e todos os seus seguidores, apresentem-se aqui amanhã perante o Senhor; você e eles, e Arão também estará aqui. Cada um deverá trazer o seu incensário; nele colocará incenso e o apresentará ao Senhor. Ao todo serão duzentos e cinquenta incensários; você e Arão também apresentarão o seu incensário”. Assim, cada um deles apanhou o incensário, acendeu o incenso, e foram todos até a porta do Tabernáculo, junto com Moisés e Arão. Coré ajuntou todo o povo à entrada do Tabernáculo e o incitou contra Moisés e Arão. Então a glória do Senhor apareceu a todo o povo. E o Senhor disse a Moisés e a Arão: “Afastem-se deste povo, porque vou matá-los num momento”. Mas Moisés e Arão caíram com o rosto na terra e disseram: “Ó Deus, Deus que cria e conserva toda a vida, será que por causa do pecado de um só homem o Senhor ficará irado com todo o povo?” Então o Senhor respondeu a Moisés: “Diga a todo o povo para ficar longe das tendas de Coré, Datã e Abirão”. Então Moisés foi até as tendas de Datã e Abirão, e os líderes de Israel o seguiram. E Moisés disse à comunidade: “Fiquem longe das tendas destes homens maus e não toquem em nada que seja deles, para que não morram por causa do pecado deles”. Então o povo se afastou das tendas de Coré, Datã e Abirão. E Datã e Abirão estavam em pé, à entrada de suas tendas, junto com as suas mulheres, seus filhos e suas crianças. E Moisés disse: “Assim vocês saberão que foi o Senhor que me enviou para fazer todas estas coisas e que não fiz isso por mim mesmo. Se estes homens morrerem naturalmente, ou devido a um acidente ou doença, então o Senhor não me enviou, mas, se o Senhor fizer alguma coisa diferente, se a terra se abrir e os engolir, junto com tudo que lhes pertence, e eles caírem vivos no abismo então vocês saberão que esses homens desprezaram o Senhor ”. E quando Moisés acabou de dizer isso, a terra se abriu debaixo deles e engoliu Coré, Datã e Abirão junto com as suas famílias e todos os seus bens. Eles e tudo o que possuíam caíram vivos no abismo, a terra se fechou sobre eles, e eles morreram e desapareceram do meio da assembleia. Todo o povo de Israel, quando ouviu os gritos daqueles que morreram, fugiu com medo, gritando: “Que a terra não nos engula também!” Então o Senhor mandou fogo matando os duzentos e cinquenta homens que ofereciam incenso. E o Senhor disse a Moisés: “Diga a Eleazar, filho do sacerdote Arão, para apanhar os incensários do meio do fogo e espalhar as brasas, porque os incensários são santos. A respeito dos incensários daqueles que pecaram e morreram, serão transformados em placas de bronze e servirão para cobrir o altar. Esses incensários são sagrados, porque foram usados perante o Senhor, e servirão como sinal para os filhos de Israel”. Então o sacerdote Eleazar juntou os incensários de bronze daqueles que morreram queimados e os transformou em placas para cobrir o altar, para lembrar a todo o povo de Israel que somente os sacerdotes, descendentes de Arão, podem acender incenso perante o Senhor, e para não acontecer o que aconteceu com Coré e os seus seguidores, conforme o Senhor havia mandado por meio de Moisés. Mas no dia seguinte, todo o povo de Israel se queixou de Moisés e de Arão, dizendo: “Vocês mataram o povo do Senhor ”. Quando o povo se ajuntou contra Moisés e Arão e se voltou para o Tabernáculo, subitamente a nuvem cobriu o Tabernáculo e a glória do Senhor apareceu. Moisés e Arão vieram até diante do Tabernáculo, e o Senhor disse a Moisés: “Fiquem longe desta comunidade, porque eu acabarei com este povo num instante”. Mas eles caíram no chão com o rosto em terra, e Moisés disse a Arão: “Pegue o incensário, coloque fogo do altar e incenso nele e corra pelo meio do povo para obter o perdão dos pecados deles, porque o Senhor está muito irado e a praga já começou. Arão fez o que Moisés ordenou e correu até o meio do povo. A praga já havia começado entre o povo, mas Arão ofereceu o incenso e obteve o perdão dos pecados do povo. Ele ficou entre os vivos e os mortos, e a praga parou. E os que morreram em decorrência da praga foram 14.700 pessoas, sem contar aqueles que morreram por causa de Coré. Então Arão voltou a Moisés, à entrada do Tabernáculo, pois a praga havia parado. O Senhor disse a Moisés: “Diga ao povo de Israel que traga doze varas, uma vara para cada líder das tribos. Escreva o nome de cada líder em uma das varas. Mas o nome de Arão será colocado na vara de Levi, pois é necessário que haja uma vara para cada líder da tribo. Coloque essas varas no Tabernáculo diante da arca das tábuas da aliança, onde eu me encontro com vocês. A vara daquele que eu escolher florescerá, para que o povo pare de se queixar contra vocês”. Então Moisés falou aos israelitas, e todos os líderes trouxeram as varas, uma vara para cada líder das tribos, inclusive a vara com o nome de Arão. Moisés colocou as varas perante o Senhor, em frente à arca da aliança. No dia seguinte quando Moisés entrou no Tabernáculo, viu que a vara de Arão, representante da tribo de Levi, tinha brotos, flores e amêndoas. Então Moisés retirou todas as varas da presença do Senhor e as levou a todos os filhos de Israel. Eles viram as varas, e cada líder pegou a sua vara. E o Senhor disse a Moisés: “Ponha a vara de Arão de volta em frente à arca da aliança, para servir de sinal para os rebeldes, a fim de que parem de se queixar contra mim e não morram”. E Moisés agiu de acordo com as ordens do Senhor. Então os israelitas disseram a Moisés: “Nós morreremos! Morreremos todos. Estamos todos perdidos! Porque todo aquele que chegar perto do Tabernáculo do Senhor morrerá! Será que todos vamos morrer?” O Senhor falou a seguir com Arão: “Você, seus filhos e a família do seu pai serão responsáveis pelas ofensas contra o Tabernáculo; você e seus filhos responderão pelas faltas cometidas no seu serviço como sacerdotes. Todas as pessoas da tribo de Levi, a tribo de seu pai, serão ajudantes no Tabernáculo, mas só você e seus filhos podem ministrar perante a tenda que guarda as tábuas da aliança. Os levitas ficarão a seu serviço, e a serviço de todo o Tabernáculo, mas não poderão se aproximar dos utensílios do santuário, nem do altar, para que não morram, tanto eles como vocês. Eles se unirão a vocês no serviço do Tabernáculo. Porém, nenhuma pessoa estranha poderá aproximar-se de vocês. “Para que eu não fique irado outra vez contra o povo de Israel, vocês terão a responsabilidade de fazer o serviço do santuário e do altar. Eu mesmo separei os levitas do meio do povo de Israel, como um presente para vocês, dedicado ao Senhor, para fazer o serviço do Tabernáculo. E você e seus filhos servirão como sacerdotes em tudo que se refere ao altar e o que fica para dentro da cortina. Pois o sacerdócio é o presente especial de serviço que dou a vocês. Mas qualquer pessoa estranha que se aproximar, morrerá”. Então o Senhor deu mais instruções a Arão: “Eu mesmo confiei a você o cuidado pelas contribuições trazidas a mim; todas as ofertas sagradas que os israelitas me apresentarem pertencem a você e aos seus filhos para sempre. As ofertas mais sagradas e que não forem queimadas, isto é, as ofertas de cereais, as ofertas pelo pecado e as ofertas pela culpa que eu receber serão separadas para você e seus filhos. Vocês as comerão como algo santo. Somente os homens poderão comê-las. E serão santas para vocês. “Também dou a você, e a seus filhos e filhas, para sempre, as ofertas que são apresentadas a mim com gestos rituais. Toda pessoa da sua família que estiver cerimonialmente pura poderá comê-las. “Os presentes que eu receber, isto é, o melhor azeite e o melhor vinho e o melhor das colheitas de cereais, eu dou a vocês. Os primeiros frutos da terra que trouxerem ao Senhor serão de vocês. Toda pessoa de sua família que estiver cerimonialmente pura poderá comê-los. “Então, tudo o que em Israel for consagrado será de vocês. E o primeiro filho de cada família, oferecido ao Senhor, e a primeira cria de cada animal serão de vocês. Mas vocês deverão resgatar todo filho mais velho, como também toda cria de animais impuros. Deve haver o pagamento do resgate quando tiverem um mês de idade. O preço do resgate estabelecido é de sessenta gramas de prata, com base no peso padrão do santuário. “Mas a primeira cria de gado, das ovelhas e das cabras não pode ser resgatada, pois será sacrificada ao Senhor. Você derramará o sangue de cada primeira cria sobre o altar e queimará a gordura como oferta de aroma agradável ao Senhor. A carne desses animais pertence a você, até mesmo o peito da oferta apresentada com gestos rituais e a coxa direita. Todas essas ofertas sagradas que os filhos de Israel oferecerem ao Senhor são de vocês e dos seus filhos para sempre. É uma aliança permanente perante o Senhor, para você e os seus descendentes”. E o Senhor também disse a Arão: “Você não terá propriedades nem herança na terra do povo de Israel, porque eu sou a propriedade e a herança de vocês. “Todos os dízimos que eu recebo do povo de Israel, dou aos levitas pelo serviço que fazem no Tabernáculo. E, de agora em diante, o povo de Israel nunca mais se aproximará do Tabernáculo; caso contrário, levarão sobre si o seu pecado e morrerão. Apenas os levitas farão o trabalho do Tabernáculo e serão responsáveis pelas ofensas que cometerem contra ele. Essa lei é para sempre, de geração em geração. Os levitas não receberão nenhuma propriedade entre os filhos de Israel. Porque o dízimo que o povo de Israel apresenta como oferta especial, eu dou como herança aos levitas, porque eu disse que eles não teriam propriedade alguma entre os israelitas”. E o Senhor disse a Moisés: “Fale o seguinte aos levitas: Quando receberem dos israelitas o dízimo que lhes dou como herança, vocês devem fazer uma oferta a mim com o dízimo dos dízimos. Essa oferta especial o Senhor considerará como se fosse o melhor da colheita e do vinho do tanque de prensar uvas. Por isso os levitas devem apresentar uma oferta especial ao Senhor de todos os dízimos que receberem do povo de Israel. Darão essa oferta ao sacerdote Arão. Os levitas devem separar a melhor parte dos dízimos que receberem e dar ao Senhor. Ela é considerada a parte sagrada. “Diga aos levitas: Quando vocês oferecerem o melhor dos dízimos, isso será considerado o melhor da colheita e do vinho do tanque de prensar uvas. Vocês e suas famílias poderão comer dessa porção em qualquer lugar, como pagamento pelo trabalho de vocês no Tabernáculo. Vocês não serão culpados de ficar com os dízimos, se apresentarem a melhor parte ao Senhor. E não profanem as ofertas sagradas dos israelitas, para que não morram”. E o Senhor disse ainda mais a Moisés e Arão: “Esta é uma outra lei que o Senhor ordenou: Diga ao povo de Israel para trazer uma novilha vermelha, sem defeito e sem mancha, sobre a qual nunca foi colocada uma canga. O povo deve entregar a novilha ao sacerdote Eleazar, que a levará para fora do acampamento, e ela será morta ali diante dele. Então o sacerdote Eleazar molhará o dedo com o sangue e borrifará sete vezes na direção do Tabernáculo. Em seguida a novilha será queimada diante dele. Serão queimados o couro, a carne, o sangue e o excremento. O sacerdote deverá apanhar um pedaço de madeira de cedro, hissopo e lã tingida de vermelho e lançar tudo no meio do fogo que estiver queimando a novilha. Depois disso, o sacerdote lavará as roupas e tomará banho, voltando em seguida ao acampamento, mas estará impuro até o final da tarde. E aquele que queimou a novilha lavará as suas roupas e tomará banho, e também estará impuro até o final da tarde. “Então um homem cerimonialmente puro apanhará as cinzas da novilha e as colocará fora do acampamento num lugar puro. As cinzas serão guardadas pelo povo de Israel para o preparo de uma água purificadora que serve como oferta pelo pecado. Aquele que pegou as cinzas da novilha também lavará as suas roupas e permanecerá impuro até o fim da tarde. Essa lei valerá para sempre, tanto para os israelitas como para os estrangeiros que moram no meio de vocês. “Quem tocar em uma pessoa morta ficará impuro durante sete dias. Deverá purificar-se lavando-se com a água purificadora no terceiro e no sétimo dia. Mas, se não se purificar no terceiro e no sétimo dia, não estará puro. Aquele que tocar em uma pessoa morta e não se purificar, contamina o Tabernáculo do Senhor. Por isso, essa pessoa será eliminada de Israel, porque a água purificadora não foi borrifada sobre ela, e a sua impureza permanece sobre ela. “A lei é esta: quando alguém morrer em alguma tenda, toda pessoa que entrar ou estiver na tenda ficará impura por sete dias, e todo o vaso que não estiver bem fechado ou destampado ficará impuro. “Toda pessoa que for ao campo e tocar em alguém que foi morto à espada, ou em alguém que tenha sofrido morte natural, ou nos ossos de uma pessoa, ou em algum túmulo, ficará cerimonialmente impura durante sete dias. Para essa pessoa se purificar, deve-se apanhar a cinza da oferta queimada pelo pecado e colocá-la num vaso, e depois colocar água limpa nesse vaso. Então um homem cerimonialmente puro pegará o hissopo e o colocará na água e borrifará essa água sobre aquela tenda, sobre todos os utensílios da tenda e sobre as pessoas que estiverem dentro da tenda. Borrifará também essa água sobre a pessoa que tiver tocado num osso humano, ou em alguém que tenha sido morto, ou em alguém que tenha sofrido morte natural, ou num túmulo. A pessoa que está cerimonialmente pura borrifará o cerimonialmente impuro no terceiro e no sétimo dia. E a pessoa que estava impura lavará suas roupas, tomará banho e ficará pura no final da tarde. Mas, se aquele que estiver impuro não se purificar, será eliminado do povo de Israel, porque contaminou o Tabernáculo do Senhor. Ele continua impuro porque não borrifaram água purificadora nele. Esta é uma lei perpétua: Quem borrifar a água purificadora também deve lavar as suas roupas, e quem encostar na água purificadora ficará impuro até o final da tarde. E tudo o que o impuro tocar se tornará impuro até o final da tarde”. O povo de Israel chegou ao deserto de Zim no primeiro mês, e acampou em Cades, onde Miriã morreu e foi sepultada. E como não havia água, o povo se reuniu contra Moisés e Arão. Discutiram com Moisés e disseram: “Seria melhor se tivéssemos morrido com nossos irmãos que morreram perante o Senhor! Por que vocês trouxeram o povo do Senhor para este deserto, para que nós e os nossos animais morrêssemos aqui? E por que nos tiraram do Egito para nos trazer a este lugar terrível, que não produz cereais, nem figos, nem uvas, nem romãs, nem fornece água para beber?” Então Moisés e Arão saíram de diante do povo, foram para a entrada do Tabernáculo e se prostraram com o rosto no chão, e a glória do Senhor apareceu. E o Senhor disse a Moisés: “Pegue a vara de Arão e reúna todo o povo e fale à rocha diante de todo o povo, para que dela saia água. A água que você tirar será suficiente para todo o povo e para os seus animais”. E Moisés fez conforme a ordem do Senhor. Ele apanhou a vara que estava diante do Senhor. E então Moisés e Arão reuniram o povo em frente da rocha, e Moisés disse: “Prestem atenção, rebeldes! Será que vamos ter de tirar água desta rocha para vocês?” Então Moisés ergueu a mão e bateu duas vezes na rocha com a vara, e jorrou água. E o povo e os animais beberam. Mas o Senhor disse a Moisés e a Arão: “Como vocês não creram em mim e não me santificaram diante do povo de Israel, vocês não vão levar os filhos de Israel para a terra que prometi dar a eles”. O nome deste lugar se chamou Meribá, porque o povo de Israel rebelou-se contra o Senhor, e ele mostrou ao povo que é santo. Moisés enviou mensageiros de Cades ao rei de Edom, dizendo: “Somos descendentes do seu irmão Israel. Você conhece todas as dificuldades pelas quais passamos. Os nossos pais foram até o Egito, e ali moramos durante muito tempo. Então, os egípcios maltrataram a nós e aos nossos pais, mas, quando clamamos ao Senhor, ele ouviu a nossa voz, enviou o Anjo e nos tirou do Egito. “Agora estamos em Cades, cidade na fronteira do seu país. Nós queremos autorização para passar pela sua terra. Não passaremos por nenhuma plantação ou vinha, nem beberemos água dos poços. Andaremos apenas pela estrada principal, sem nos desviarmos para a direita ou para a esquerda, até chegarmos ao outro lado da fronteira”. Mas Edom respondeu: “Não deixarei vocês passarem pelo meu país. Se tentarem, irei ao seu encontro com a espada”. E os mensageiros disseram ao rei: “Andaremos apenas pela estrada principal. Se nós e os nossos rebanhos bebermos da água de vocês, pagaremos o preço dela. Nós só queremos passar pelo país”. Mas Edom insistiu: “Não deixarei vocês passarem”. E o rei convocou o seu exército, que era grande e forte, para não deixar o povo de Israel cruzar a fronteira. Como Edom não deixou Israel passar pelo país, Israel se desviou dele. Todo o povo de Israel partiu de Cades e foi para o monte Hor. Naquele monte, que também fica na fronteira de Edom, o Senhor disse a Moisés e Arão: “Arão morrerá e será reunido aos seus antepassados. Ele não entrará na terra que prometi dar aos israelitas, porque vocês dois se rebelaram contra as minhas instruções no caso das águas de Meribá. Leve Arão junto com o seu filho Eleazar até o alto do monte Hor. Então tire as vestes sacerdotais de Arão e coloque-as em seu filho Eleazar, pois Arão vai morrer ali e será reunido aos seus antepassados”. Moisés agiu de acordo com a vontade do Senhor. Todo o povo viu os três subindo o monte Hor. Então Moisés tirou as vestes sacerdotais que Arão vestia e as colocou em Eleazar, filho de Arão. E Arão morreu ali no alto do monte. Depois disso, Moisés e Eleazar desceram do monte, e quando o povo soube da morte de Arão, toda a nação de Israel chorou pela morte de Arão por trinta dias. Quando o rei cananeu de Arade, que morava no Neguebe, ouviu que o povo de Israel vinha pela estrada de Atarim, guerreou contra Israel e capturou alguns israelitas. Então Israel fez este voto ao Senhor: “Se o Senhor permitir que derrotemos esse povo, destruiremos todas as suas cidades”. E o Senhor ouviu essa promessa e permitiu a derrota dos cananeus. O povo de Israel destruiu totalmente o povo e as suas cidades. E deram o nome de Hormá a esse lugar. E o povo partiu do monte Hor pela estrada do mar Vermelho, dando a volta pelo país de Edom, mas os israelitas perderam a paciência no meio do caminho, e se queixaram contra Deus e contra Moisés, dizendo: “Por que vocês nos tiraram do Egito para morrermos nesse deserto? Aqui não há pão nem água! E nós detestamos essa comida horrível!” Então o Senhor enviou serpentes venenosas que mordiam o povo, e muitas pessoas de Israel morreram. O povo falou com Moisés e disse: “Nós pecamos porque falamos contra o Senhor e contra você. Ore pedindo para tirar as serpentes do meio do povo”. E Moisés orou pelo povo. E o Senhor respondeu a Moisés: “Faça uma serpente de bronze e a coloque no alto de um poste. Quando alguém for mordido por uma serpente e olhar para a serpente no alto do poste, escapará com vida”. Moisés fez uma serpente de bronze e a colocou no alto de um poste. Todas as pessoas que eram mordidas por uma serpente e olhavam para a serpente de bronze, permaneciam vivas. Os israelitas partiram então para Obote, onde acamparam. Depois viajaram e acamparam em Ijé-Abarim. Esse lugar fica no deserto, perto da fronteira oriental de Moabe. Dali partiram e foram acampar no vale de Zerede. Depois se mudaram para a outra margem do rio Arnom, que fica no deserto, perto da fronteira do território dos amorreus. O rio Arnom serve de fronteira entre Moabe e os amorreus. É por isso que o Livro das Guerras do Senhor fala sobre isto quando diz que o vale do rio Arnom e a cidade de Vaebe, na região de Sufá, e os vales, ficam entre os amorreus e o povo de Moabe”. De lá Israel viajou para Beer, o poço sobre o qual o Senhor disse a Moisés: “Reúna o povo, e eu lhe darei água”. Então o povo de Israel cantou esta canção: “Comece a dar água, ó poço! Cantemos a respeito dele! Este é um poço que os líderes cavaram, e os mais importantes do povo abriram com os seus bastões de comando e com os seus cajados”. Então saíram do deserto e foram para Mataná, de Mataná para Naaliel, de Naaliel para Bamote. Saíram então de Bamote para o vale que fica nas terras de Moabe, de onde se pode ver o deserto e o monte Pisga ao longe, em frente ao deserto. E Israel enviou mensageiros a Seom, rei dos amorreus, para dizer a ele: “Pedimos autorização para passar pelo seu país. Não andaremos pelas suas plantações e vinhas, nem beberemos da água dos seus poços. Andaremos apenas pela estrada principal até atravessar o seu país”. Mas Seom não deixou Israel atravessar o país e convocou o seu exército para lutar contra Israel. Vieram até o deserto e lutaram contra Israel em Jazar. E Israel derrotou os amorreus e tomou a terra, desde o rio Arnom até o rio Jaboque, fronteira dos amonitas, que era bem fortificada. Israel tomou todas as cidades dos amorreus e morou nelas, inclusive Hesbom e todos os seus povoados. Hesbom era a cidade de Seom, rei dos amorreus, que havia lutado contra o antigo rei de Moabe, tendo tomado toda a sua terra até o rio Arnom. É por isso que os poetas antigos fazem referência ao rei Seom: “Venham até Hesbom! Que seja edificada; seja construída a cidade de Seom! Porque saiu fogo de Hesbom, uma chama da cidade de Seom; consumiu a cidade de Ar em Moabe e os senhores nos altos do vale de Arnom! Ai de você, Moabe! Você está perdido, povo de Camos: Seus filhos fugiram E sua filhas foram levadas cativas de Seom, rei dos amorreus. “Mas nós os derrotamos; Hesbom está destruída até Dibom, Nós os arrasamos até Nofá e Medeba”. E Israel morou na terra dos amorreus. Então Moisés mandou espionar Jazar, e os israelitas tomaram os povoados ao redor de Jazar e expulsaram os amorreus que moravam ali. Então voltaram e foram para a estrada que leva para a cidade de Basã. Mas Ogue, rei de Basã, convocou o seu exército para lutar contra Israel e foram lutar em Edrei. E o Senhor disse a Moisés: “Não tenha medo dele, porque eu o entreguei a você, juntamente com todo o seu povo e a sua terra. Você fará com ele o mesmo que fez com Seom, rei dos amorreus, que habitava em Hesbom”. Então Israel o derrotou, bem como os seus filhos e seu povo. Ninguém escapou com vida. E tomaram posse da terra. O povo de Israel partiu e acampou nas campinas de Moabe, a leste do rio Jordão, do lado oposto de Jericó. Então o rei Balaque, filho de Zipor, viu tudo o que Israel tinha feito aos amorreus, e Moabe teve muito medo de Israel, por ser um povo muito numeroso. O rei ficou muito preocupado com Israel, e foi consultar os líderes de Midiã, dizendo: “Essa multidão devorará tudo o que houver ao nosso redor, como o boi devora o capim do pasto”. Balaque, filho de Zipor, rei de Moabe, mandou mensageiros até Balaão, filho de Beor, que morava com seu povo em Petor, cidade nas margens do rio Eufrates. A mensagem de Balaque dizia: “Um povo enorme que cobre toda a terra saiu do Egito e está vindo em minha direção. Venha agora lançar uma maldição contra esse povo, pois é muito mais forte do que eu. Talvez assim eu possa derrotá-lo e expulsá-lo da terra. E sei que se você abençoar alguém, essa pessoa será abençoada, e a quem você amaldiçoar, será amaldiçoado”. Então os líderes de Moabe e de Midiã foram até Balaão, levando dinheiro para pagar pelo trabalho de encantamento, e transmitiram a mensagem de Balaque. Balaão lhes respondeu: “Fiquem aqui esta noite e amanhã cedo trarei a resposta do Senhor ”. Então os líderes de Moabe ficaram com Balaão. Naquela noite o Senhor apareceu a Balaão e perguntou: “Quem são esses homens que estão com você?” E Balaão respondeu: “Balaque, rei dos moabitas e filho de Zipor, enviou esses homens com a seguinte mensagem: ‘O povo que saiu do Egito cobre a face da terra’. Balaque quer que eu amaldiçoe esse povo, para poder derrotá-lo e expulsá-lo”. Mas Deus disse a Balaão: “Você não irá com eles, nem amaldiçoará o povo, porque é um povo abençoado”. Balaão se levantou na manhã seguinte e disse aos líderes de Balaque: “Voltem para a terra de vocês, porque o Senhor não me permitiu ir com vocês”. Então os líderes moabitas voltaram até Balaque e lhe disseram: “Balaão recusou-se a vir conosco”. Balaque enviou outros líderes do povo a Balaão. E dessa vez o número de líderes era maior e eles eram mais honrados do que os da primeira vez. Eles foram a Balaão e lhe disseram: “Assim diz Balaque, filho de Zipor: ‘Peço que venha logo até aqui, porque o honrarei grandemente e farei tudo o que você mandar. Por favor, venha e amaldiçoe aquele povo’ ”. Mas Balaão respondeu aos servos de Balaque: “Mesmo que Balaque me oferecesse o seu palácio cheio de prata e de ouro, não poderia desobedecer à ordem do Senhor, meu Deus, para fazer qualquer coisa, grande ou pequena. Agora convido vocês a ficarem aqui esta noite, para que eu possa saber o que mais o Senhor vai me falar”. Naquela noite o Senhor veio a Balaão e disse: “Visto que aqueles homens vieram chamar você, vá com eles, mas faça apenas o que eu lhe disser”. Na manhã seguinte Balaão se levantou, pôs a sela sobre a sua jumenta e partiu com os líderes moabitas. Mas Deus ficou irado com a partida de Balaão. Então o Anjo do Senhor pôs-se no caminho para impedir que Balaão prosseguisse. Balaão ia montado na jumenta, e dois servos iam com ele. Quando a jumenta viu o Anjo do Senhor parado na estrada, segurando uma espada na mão, a jumenta se desviou do caminho e foi pelo campo. Balaão espancou-a para que voltasse para a estrada. E de novo o Anjo do Senhor ficou no meio de uma passagem estreita entre duas vinhas, onde havia muros de ambos os lados. Quando a jumenta viu o Anjo do Senhor, espremeu-se contra o muro, apertando o pé de Balaão. Por isso, ele a espancou de novo. Então o Anjo do Senhor foi mais adiante na estrada, onde era bastante estreita e não havia espaço para desviar-se, nem para a direita nem para a esquerda. Quando a jumenta viu o Anjo do Senhor, deitou-se no chão. Balaão ficou com raiva e espancou-a com uma vara. Então o Senhor fez a jumenta falar, e ela disse a Balaão: “O que foi que eu fiz a você, para você me bater três vezes?” E Balaão respondeu à jumenta: “Porque você zombou de mim. Se eu tivesse uma espada agora comigo, eu a mataria nesse instante”. Mas a jumenta disse a Balaão: “Não fui a sua jumenta, que você sempre montou até o dia de hoje? Será que tenho o costume de fazer isso com você?” Ele respondeu: “Não!” Então o Senhor abriu os olhos de Balaão, e ele viu o Anjo do Senhor na estrada, segurando uma espada na mão. Então Balaão prostrou-se com o rosto no chão. E o Anjo do Senhor perguntou: “Por que você espancou a jumenta três vezes? Eu vim para detê-lo porque o seu caminho não me agrada. A jumenta me viu três vezes e se desviou de mim. Se ela não se afastasse, certamente eu já o teria matado e deixado a jumenta com vida”. Balaão disse ao Anjo do Senhor: “Pequei, porque não sabia que o Senhor estava nesta estrada para me impedir de prosseguir. Agora, se o que estou fazendo não lhe agrada, voltarei”. Mas o Anjo do Senhor disse a Balaão: “Vá com esses homens, mas fale apenas o que eu lhe disser”. E Balaão continuou a viagem com os líderes de Balaque. Quando Balaque ouviu que Balaão estava chegando, foi ao seu encontro na cidade moabita na fronteira do Arnom, no limite do seu território. E Balaque perguntou a Balaão: “Por que você se atrasou tanto? Não acreditou em mim quando eu disse que daria grandes honras a você?” Balaão respondeu a Balaque: “Aqui estou, mas só direi as palavras que o Senhor colocar em minha boca”. E Balaão foi com Balaque até Quiriate-Huzote. Então Balaque matou bois e ovelhas, e deu parte da carne para Balaão e os líderes que estavam com ele. Na manhã seguinte Balaque levou Balaão até Bamote-Baal, de onde podiam ver uma parte do povo. Balaão disse a Balaque: “Construa aqui sete altares e prepare sete novilhos e sete carneiros”. Balaque atendeu ao pedido dele, e os dois ofereceram um novilho e um carneiro sobre cada altar. E Balaão disse a Balaque: “Fique aqui com suas ofertas queimadas, enquanto eu me retiro. Talvez o Senhor apareça a mim. Direi então a você o que ele me disser”. E foi para uma colina descampada. Deus se encontrou ali com ele, e Balaão lhe disse: “Preparei sete altares, e em cada altar ofereci um novilho e um carneiro”. E o Senhor colocou uma palavra na boca de Balaão, e disse: “Volte a Balaque e transmita essa mensagem”. Voltando a ele, o encontrou ao lado da sua oferta queimada, junto com os líderes moabitas. Então Balaão pronunciou a mensagem do Senhor a Balaque: “De Arã me fez vir Balaque, rei dos moabitas, das montanhas do oriente. Ele me disse: ‘Venha, amaldiçoe Jacó e deseje mal a Israel’. Como posso amaldiçoar quem Deus não amaldiçoou? Como posso desejar mal, se o Senhor não desejou mal? Vejo os israelitas do alto das montanhas, e também os observo de cima das colinas. Vejo que é um povo que vive separado e não se considera como as demais nações. Quem pode contar o povo de Jacó? Quem pode numerar a quarta parte de Israel? Que eu morra a morte dos justos, e seja o meu fim como o deles!” Então Balaque disse a Balaão: “Que foi que você me fez? Chamei você para amaldiçoar os meus inimigos e você os abençoou!” Mas Balaão respondeu: “Será que não devo dizer o que o Senhor colocou em minha boca?” Então o rei Balaque lhe disse: “Venha comigo para outro lugar de onde você verá só uma parte de Israel. E de lá quero que você amaldiçoe esse povo para mim”. Então Balaque levou Balaão até o campo de Zofim, no alto do monte Pisga, onde construiu sete altares e ofereceu um novilho e um carneiro sobre cada altar. E Balaão disse a Balaque: “Fique aqui junto às ofertas queimadas e eu irei até ali me encontrar com o Senhor ”. E o Senhor encontrou-se com Balaão e colocou uma mensagem em sua boca e disse: “Volte a Balaque e transmita-lhe essa mensagem”. Balaque e os líderes moabitas estavam reunidos próximo às ofertas queimadas quando Balaão voltou. E Balaque perguntou-lhe: “O que o Senhor disse?” Então ele pronunciou esta mensagem: “Levante-se Balaque, e ouça-me. Preste atenção, você, filho de Zipor. Deus não é homem, pois não mente, nem um filho de homem para que se arrependa. Ele faz o que promete e cumpre o que diz. Ele me mandou abençoar. Não posso anular o que ele abençoou. Ele não encontrou pecado em Jacó, nem viu erro algum em Israel. O Senhor, o seu Deus, está com eles; e no meio deles ouve-se o grito de que o Senhor é o Rei. Deus os tirou do Egito. Israel tem a força de um boi selvagem. Não há magia capaz de amaldiçoar Jacó, nem de prever algum mal contra Israel. Na verdade todos podem dizer de Jacó e de Israel: ‘Vejam só o que Deus tem feito!’ Esse povo se levanta como uma leoa; ergue-se como um leão, que não se deita até devorar o animal que capturou e beber o sangue de suas vítimas”. Então Balaque disse a Balaão: “Se você não vai amaldiçoar esse povo, pelo menos não o abençoe”. Mas Balaão respondeu: “Eu já não lhe disse que faria tudo o que o Senhor mandasse?” Então Balaque disse a Balaão: “Venha comigo a um outro lugar. Talvez Deus concorde em deixar que você amaldiçoe o povo dali”. E Balaque levou Balaão para o alto do monte Peor, de onde podiam ver o deserto de Jesimom. E Balaão disse a Balaque: “Construa aqui sete altares e prepare sete novilhos e sete carneiros para mim”. E Balaque obedeceu às ordens de Balaão, oferecendo um novilho e um carneiro sobre cada altar. Quando Balaão percebeu que agradava ao Senhor abençoar Israel, não foi ao encontro do Senhor como das vezes anteriores, mas olhou para o deserto. E quando ele viu Israel acampado tribo após tribo, o Espírito de Deus veio sobre ele, e ele pronunciou esta mensagem: “Esta é a mensagem que eu, Balaão, filho de Beor, recebi. São palavras do homem que pode ver claramente, palavra daquele que presta atenção nas palavras de Deus, daquele que tem a visão do Deus Todo-poderoso, daquele que cai prostrado em sinal de respeito, mas sem deixar de prestar atenção naquilo que vê: “Como são bonitas as tendas, ó Jacó, e as suas habitações ó Israel! São como vales enormes, como jardins à beira dos rios, como árvores que o Senhor mesmo plantou, como cedros junto às águas. Seus reservatórios de água transbordarão e suas plantações serão bem irrigadas. “O seu rei será maior do que Agague; e o seu reino receberá muitas honras. Deus os tirou do Egito. Eles têm a força de um boi selvagem. Devoram as nações inimigas e quebram os seus ossos; E as suas flechas as atravessam. Como um leão poderoso eles se curvam e como uma leoa se deitam; quem tem coragem de acordar esse leão? “Sejam abençoados os que te abençoam; e amaldiçoados os que te amaldiçoam!” Então Balaque ficou com muita raiva de Balaão, bateu palmas em sinal de ódio e lhe disse: “Chamei você para amaldiçoar os meus inimigos, mas você já os abençoou três vezes. Agora, fuja para a sua casa. Eu queria dar muitos presentes para você, mas o Senhor não permitiu”. E Balaão respondeu a Balaque: “Eu disse aos mensageiros que você me enviou: Mesmo que Balaque me oferecesse o seu palácio cheio de prata e de ouro, se o Senhor não me autorizar, não posso fazer coisa alguma de minha própria vontade, tanto o bem como o mal. Farei só o que o Senhor mandar. Voltarei para o meu povo, mas antes quero que você saiba o que Israel fará ao seu povo no futuro”. Então Balaão transmitiu esta mensagem: “Esta é a mensagem que eu, Balaão, filho de Beor, recebi. São palavras do homem que pode ver claramente; palavra daquele que presta atenção no que Deus diz, porque conhece a sabedoria do Deus Altíssimo, daquele que tem a visão do Deus Todo-poderoso, daquele que cai prostrado em sinal de respeito, mas sem deixar de prestar atenção naquilo que vê. ‘Vejo o futuro; observo que daqui a algum tempo aparecerá uma estrela de Jacó; e de Israel se levantará um rei. Ele esmagará o povo de Moabe, bem como os filhos de Sete. Edom será dominado, e Seir, seu inimigo, também será dominado; Mas Israel será muito poderoso. Um dominador sairá de Jacó e destruirá os sobreviventes das cidades’ ”. Então Balaão viu os amalequitas e disse: “Amaleque era um dos principais países, mas ele será destruído para sempre”. Depois viu os queneus e fez esta profecia: “O lugar onde vocês moram é seguro; vocês construíram cidades em montes altos; mas, vocês, queneus, serão destruídos, quando o rei da Assíria os levar prisioneiros”. Balaão profetizou ainda o seguinte: “Quem conseguirá escapar quando Deus fizer essas coisas? Virão navios de Chipre, para afligir a Assíria e Héber, mas no final também serão destruídos”. Então Balaão voltou para o seu país e Balaque seguiu o seu caminho. Enquanto Israel estava em Sitim, os homens começaram a se entregar à imoralidade sexual com as mulheres de Moabe. E estas mulheres os convidaram para fazer sacrifícios aos deuses dos moabitas. Não demorou muito e esses homens estavam participando das festas moabitas e adorando os seus deuses. Dentro de pouco tempo todo o povo de Israel estava adorando Baal-Peor, o deus dos moabitas. E o Senhor ficou muito irado com Israel. O Senhor deu a seguinte ordem a Moisés: “Reúna todos os líderes das tribos de Israel e enforque-os à luz do sol, diante do Senhor, para que o fogo da ira do Senhor se afaste de Israel”. Então Moisés disse aos juízes de Israel: “Cada um de vocês deverá matar os homens da sua tribo que adoraram o deus Baal-Peor”. Um israelita chegou a ponto de trazer uma moça midianita ao acampamento, na presença de Moisés e de toda a comunidade de Israel, enquanto choravam na entrada do Tabernáculo. E quando Fineias, filho de Eleazar, neto do sacerdote Arão, viu isso, saiu do meio do povo, apanhou uma lança, seguiu o israelita e a midianita até o interior da tenda e os atravessou com a lança. Então a praga que havia começado parou. Morreram 24.000 pessoas em decorrência da praga. E o Senhor disse a Moisés: “Fineias, filho de Eleazar e neto do sacerdote Arão, acabou com a minha ira contra o povo de Israel, pois também estava irado como eu. Por isso não matei os israelitas. Agora, você deve dizer a ele que estabeleço com ele uma aliança de paz. Ele e a sua descendência serão sacerdotes para sempre, porque ele foi zeloso pelo seu Deus e fez sacrifícios em favor do povo de Israel para que fossem perdoados”. O nome do israelita que foi morto com a midianita era Zinri, filho de Salu, líder de uma família de Simeão. O nome da mulher midianita era Cosbi, filha de Zur, chefe de um grupo de famílias dos midianitas. Então o Senhor disse a Moisés: “Ataquem os midianitas e os destruam, porque eles prejudicaram vocês quando os enganaram no caso de Peor e de Cosbi, filha do líder midianita, mulher do povo deles, que foi morta no tempo da praga que houve no monte Peor”. Depois que terminou a praga, o Senhor disse a Moisés e a Eleazar, filho do sacerdote Arão: “Façam um recenseamento de todos os homens de Israel de vinte anos de idade para cima que são capazes de ir para a guerra”. Israel estava acampado nas campinas de Moabe ao lado do rio Jordão, do outro lado de Jericó, quando Moisés e o sacerdote Eleazar falaram com os líderes das tribos de Israel e disseram: “Façam um recenseamento dos homens de vinte anos para cima”, conforme o Senhor tinha ordenado a Moisés. Estes foram os israelitas que saíram do Egito: Os descendentes de Rúben, filho mais velho de Israel, foram: os enoquitas, que tinham esse nome por causa de Enoque; os paluítas, que tinham esse nome por causa de Palu; os hezronitas, que tinham esse nome por causa de Hezrom; os carmitas, que tinham esse nome por causa de Carmi. Foram contados dos grupos de famílias de Rúben 43.730 homens. O filho de Palu foi Eliabe, e os filhos de Eliabe foram Nemuel, Datã e Abirão. Datã e Abirão foram os dois líderes que se reuniram com Coré e se rebelaram contra Moisés e Arão, e contra o próprio Senhor! Mas a terra se abriu e os engoliu juntamente com Coré, e o fogo queimou 250 homens, seguidores deles. Isso serviu de advertência para todo o povo. Mas os filhos de Coré não morreram. Os descendentes de Simeão segundo os seus grupos de famílias foram: os nemuelitas, que tinham esse nome por causa de Nemuel; os jaminitas, que tinham esse nome por causa de Jamim; os jaquinitas, que tinham esse nome por causa de Jaquim; os zeraítas, que tinham esse nome por causa de Zerá; os saulitas, que tinham esse nome por causa de Saul. Foram contados dos grupos de famílias de Simeão 22.200 homens. Os descendentes de Gade segundo os seus grupos de famílias foram: os zefonitas, que tinham esse nome por causa de Zefom; os hagitas, que tinham esse nome por causa de Hagi; os sunitas, que tinham esse nome por causa de Suni; os oznitas, que tinham esse nome por causa de Ozni; os eritas, que tinham esse nome por causa de Eri; os aroditas, que tinham esse nome por causa de Arodi; os arelitas, que tinham esse nome por causa de Areli. Foram contados dos grupos de famílias de Gade 40.500 homens. Além de Er e Onã que morreram na terra de Canaã, os descendentes de Judá segundo os grupos de famílias foram: os selanitas, que tinham esse nome por causa de Selá; os perezitas, que tinham esse nome por causa de Perez; os zeraítas, que tinham esse nome por causa de Zerá. Os descendentes de Perez foram: os hezronitas, que tinham esse nome por causa de Hezrom; os hamulitas, que tinham esse nome por causa de Hamul. Foram contados dos grupos de famílias de Judá 76.500 homens. Os descendentes de Issacar segundo os seus grupos de famílias foram: os tolaítas, que tinham esse nome por causa de Tolá; os puvitas, que tinham esse nome por causa de Puva; os jasubitas, que tinham esse nome por causa de Jasube; os sinronitas, que tinham esse nome por causa de Sinrom. Foram contados dos grupos de famílias de Issacar 64.300 homens. Os descendentes de Zebulom segundo os seus grupos de famílias foram: os sereditas, que tinham esse nome por causa de Serede; os elonitas, que tinham esse nome por causa de Elom; os jaleelitas, que tinham esse nome por causa de Jaleel. Foram contados dos grupos de famílias de Zebulom 60.500 homens. Os descendentes de José segundo os seus grupos de famílias, por meio de Manassés e Efraim, foram: Os descendentes de Manassés foram: os maquiritas, que tinham esse nome por causa de Maquir, filho de Manassés. Maquir teve um filho chamado Gileade, de onde vem a família dos gileaditas. Estes foram os descendentes de Gileade: os jezeritas, que tinham esse nome por causa de Jezer; os helequitas, que tinham esse nome por causa de Heleque; os asrielitas, que tinham esse nome por causa de Asriel; os siquemitas, que tinham esse nome por causa de Siquém; os semidaítas, que tinham esse nome por causa de Semida; os heferitas, que tinham esse nome por causa de Héfer. Mas Zelofeade, filho de Héfer, não teve filhos, apenas filhas, que foram: Maalá, Noa, Hogla, Milca e Tirza. Foram contados dos grupos de famílias de Manassés 52.700 homens. Os descendentes de Efraim segundo os seus grupos de famílias foram: os sutelaítas, que tinham esse nome por causa de Sutela; os bequeritas, que tinham esse nome por causa de Bequer; os taanitas, que tinham esse nome por causa de Taã. Estes foram os descendentes de Sutela: a família dos eramitas surgiu de Erã, filho de Sutela. Foram contados dos grupos de famílias de Efraim 32.500 homens. Esses foram os descendentes de José segundo os seus grupos de famílias. Os descendentes de Benjamim segundo os seus grupos de famílias foram: os belaítas, que tinham esse nome por causa de Belá; os asbelitas, que tinham esse nome por causa de Asbel; os airamitas, que tinham esse nome por causa de Airã; os sufamitas, que tinham esse nome por causa de Sufã; os hufamitas, que tinham esse nome por causa de Hufã. Surgiram duas famílias a partir dos filhos de Belá: os arditas que tinham esse nome por causa de Arde, e os naamitas, que tinham esse nome por causa de Naamã. Foram contados dos grupos de famílias de Benjamim 45.600 homens. Os descendentes de Dã segundo os seus grupos de famílias foram: os suamitas, que tinham esse nome por causa de Suã, filho de Dã. Esses foram os grupos de famílias de Dã Foram contados dos grupos de famílias de Dã (todos eles dos grupos de famílias suamitas) 64.400 homens. Os descendentes de Aser segundo os seus grupos de famílias foram: os imnaítas, que tinham esse nome por causa de Imna; os isvitas, que tinham esse nome por causa de Isvi; os beriaítas, que tinham esse nome por causa de Berias. Surgiram duas famílias a partir dos filhos de Berias: os heberitas, que tinham esse nome por causa de Héber, e os malquielitas, que tinham esse nome por causa de Malquiel. Aser teve uma filha chamada Sera. Foram contados dos grupos de famílias de Aser 53.400 homens. Os descendentes de Naftali segundo os seus grupos de famílias foram: os jazeelitas, que tinham esse nome por causa de Jazeel; os gunitas, que tinham esse nome por causa de Guni; os jezeritas, que tinham esse nome por causa de Jezer; os silemitas, que tinham esse nome por causa de Silém. Foram contados dos grupos de famílias de Naftali 45.400 homens. O número total de homens contados em Israel foi de 601.730. Então o Senhor disse a Moisés: “A terra será dividida entre eles como herança, de acordo com o recenseamento. A um grupo de famílias maior dê uma herança maior, e a um grupo de famílias menor, uma herança menor; cada um receberá a herança proporcional ao seu número de homens contados. A terra será repartida por sorteio. Cada um herdará sua parte de acordo com o nome da tribo de seus pais. Os líderes das tribos maiores devem se reunir para sortear os pedaços maiores de terra entre si, e os líderes das tribos menores devem se reunir para sortear os pedaços de terra menores entre si”. E estas são as famílias dos levitas contadas no recenseamento de acordo com os seus grupos de famílias: os gersonitas, que tinham esse nome por causa de Gérson; os coatitas, que tinham esse nome por causa de Coate; os meraritas, que tinham esse nome por causa de Merari. E também havia os seguintes grupos de famílias entre os levitas: os libnitas, os hebronitas, os malitas, os musitas e os coreítas. E Coate era o pai de Anrão. Quando Levi estava no Egito, teve uma filha chamada Joquebede que se casou com Anrão, filho de Coate. E os filhos de Anrão e Joquebede foram Moisés, Arão e Miriã. E os filhos de Arão foram Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar, mas Nadabe e Abiú morreram quando ofereceram ao Senhor fogo que não era sagrado. O número total de levitas contados do sexo masculino de um mês para cima foi de 23.000. Eles não foram contados junto com os outros israelitas porque não receberam propriedade na divisão da terra entre as tribos. Foram estes os que foram contados por Moisés e o sacerdote Eleazar, nas campinas de Moabe ao lado do rio Jordão, do outro lado de Jericó. Nenhum deles estava entre os israelitas que foram contados por Moisés e o sacerdote Arão no deserto de Sinai, porque o Senhor havia dito que aqueles israelitas iriam morrer no deserto. Nenhum deles sobreviveu, exceto Calebe, filho de Jefoné, e Josué, filho de Num. Vieram então as filhas de Zelofeade, que era filho de Héfer, que era filho de Maquir, que era filho de Manassés; Zelofeade pertencia ao grupo de famílias de Manassés, que era filho de José. Os nomes das filhas de Zelofeade eram Maalá, Noa, Hogla, Milca e Tirza. Elas se prostraram à entrada do Tabernáculo diante de Moisés, do sacerdote Eleazar, dos líderes do povo e de toda a comunidade de Israel, e disseram: “Nosso pai morreu no deserto. Ele não participou da revolta de Coré, que se ajuntaram contra o Senhor, mas morreu por causa do seu próprio pecado e não teve filhos. Então por que o nome de nosso pai deveria desaparecer do seu grupo de famílias por não ter tido filhos? Achamos que deveríamos receber uma propriedade junto com os irmãos de nosso pai”. Então Moisés levou o caso perante o Senhor, e o Senhor respondeu a Moisés: “As filhas de Zelofeade estão certas. Você deve dar a elas uma propriedade por herança entre os parentes de seu pai, e passará a elas a herança de seu pai. “Diga aos israelitas: Quando um homem morrer e não deixar filhos, a herança pertencerá à sua filha. Se ele não tiver filha, então a herança pertencerá aos irmãos dele. E se não tiver irmãos, a herança pertencerá aos irmãos de seu pai. E se o pai não tiver irmãos, a herança pertencerá ao parente mais próximo do seu grupo de famílias. Esta lei deve ser obedecida pelos israelitas, como o Senhor ordenou a Moisés”. Depois o Senhor disse a Moisés: “Suba até o alto do monte Abarim e olhe a terra que dei ao povo de Israel. Depois de ver a terra, você morrerá, como seu irmão Arão, porque vocês dois desobedeceram à minha ordem de reconhecer diante deles o meu santo nome, quando a comunidade se rebelou nas águas do deserto de Zim”. Isso aconteceu nas águas de Meribá de Cades, no deserto de Zim. Então Moisés disse ao Senhor: “Ó Senhor, o Deus que cria e conserva toda a vida, aponte um homem para liderar este povo, alguém que guie o povo e vá com ele à guerra, para que o povo de Israel não seja como ovelha sem pastor”. Então o Senhor disse a Moisés: “Chame Josué, filho de Num, que tem o Espírito, e imponha as mãos sobre ele. Apresente-o ao sacerdote Eleazar e a toda a comunidade e transmita as ordens para ele na presença de todos. Ponha sobre ele a sua autoridade, para que todo o povo obedeça ao novo líder. Ele deverá apresentar-se ao sacerdote Eleazar, que consultará o Urim perante o Senhor para conhecer a vontade do Senhor. Josué e toda a comunidade de Israel seguirão as suas instruções. É assim que o Senhor continuará guiando o povo”. Moisés fez de acordo com a vontade do Senhor; chamou Josué e o mostrou ao sacerdote Eleazar e a toda a comunidade. Impôs as mãos sobre ele e transmitiu as ordens do Senhor e o tornou seu sucessor. E o Senhor disse a Moisés: “Ordene aos israelitas e diga-lhes: Tenham cuidado para não se esquecer de me trazer nos dias certos as ofertas de alimento preparadas no fogo, como aroma agradável para mim. Diga-lhes: Diariamente vocês devem oferecer ao Senhor como oferta queimada dois carneiros sem defeito e com um ano de idade. Ofereçam um cordeiro de manhã e outro no fim da tarde, juntamente com uma oferta de cereais de um jarro da melhor farinha amassada com um litro de azeite. Essa oferta queimada é diária, conforme foi instituído no monte Sinai, de aroma agradável ao Senhor. Junto com cada cordeiro deve haver a oferta de bebida de um litro de bebida fermentada. Derrame a oferta de bebida para o Senhor no santuário. No fim da tarde ofereçam o outro cordeiro, junto com as mesmas ofertas de cereais e de bebida que vocês prepararam pela manhã. Essa oferta queimada será de aroma agradável ao Senhor. “Todo sábado ofereçam dois carneiros de um ano, sem defeito, como oferta queimada, juntamente com a oferta de bebida e a oferta de cereais de dois jarros da melhor farinha amassada com azeite. Essa é a oferta queimada para cada sábado, além da oferta queimada diária e da oferta de bebida. “No início de cada mês, apresentem ao Senhor dois novilhos como oferta queimada, um carneiro e sete cordeiros de um ano. Esses animais não devem ter defeito. Para cada novilho ofereçam uma oferta de cereais de três jarros da melhor farinha amassada com azeite; para o carneiro, uma oferta de cereais de dois jarros da melhor farinha amassada com azeite; e para cada cordeiro, uma oferta de cereais de um jarro da melhor farinha amassada com azeite. Essa oferta queimada é de aroma agradável ao Senhor. Para cada sacrifício deve haver ofertas de bebida: dois litros de vinho; para o carneiro, um litro; e para cada cordeiro, um litro de vinho. Essa será a oferta queimada mensal, durante todo o ano. Além da oferta queimada contínua, juntamente com a oferta de bebida, será oferecido ao Senhor um bode como oferta pelo pecado. “No décimo quarto dia do primeiro mês de cada ano vocês devem celebrar a Páscoa do Senhor. No décimo quinto dia desse mês começará uma festa de sete dias de duração; nesses dias comam pão sem fermento. No primeiro dia da festa haverá uma santa convocação. Nesse dia ninguém trabalhará. Ofereçam ao Senhor uma oferta queimada de dois novilhos, um carneiro e sete cordeiros de um ano. Esses animais não podem ter defeito. A oferta de cereais deve ser de três jarros da melhor farinha amassada com azeite para cada novilho; dois jarros para o carneiro; e um jarro para cada um dos sete cordeiros. Vocês também devem oferecer um bode como oferta pelo pecado, para obter o perdão dos pecados de vocês. Apresentem essas ofertas, além da oferta queimada de cada manhã. Assim preparem cada dia, durante sete dias, o alimento para a oferta queimada de aroma agradável ao Senhor, além da oferta queimada diária junto com a oferta de bebida. No sétimo dia da festa vocês terão uma santa convocação. Nesse dia ninguém deverá trabalhar. “O povo também deve se reunir no dia da festa da colheita dos primeiros frutos, na Festa das Semanas, quando apresentarão ao Senhor uma oferta com os primeiros frutos da colheita que começa. Nesse dia terão uma santa convocação e ninguém deverá trabalhar. Vocês então devem oferecer ao Senhor dois novilhos, um carneiro e sete cordeiros de um ano de idade como oferta queimada, de aroma agradável ao Senhor. A oferta de cereais deve ser de três jarros da melhor farinha amassada com azeite para cada novilho; dois jarros para cada carneiro; e um jarro para cada um dos sete cordeiros. Vocês também devem oferecer um bode como oferta pelo pecado, para obter o perdão dos pecados de vocês. Preparem todas essas ofertas além das ofertas queimadas diárias e da oferta de cereais e de bebida. Lembrem-se que os animais oferecidos devem ser sem defeito. “No primeiro dia do sétimo mês de cada ano tenham uma santa convocação. Nesse dia ninguém deverá trabalhar. Esse será o dia da Festa das Trombetas. Vocês devem oferecer como oferta queimada, com aroma agradável ao Senhor, um novilho, um carneiro e sete cordeiros de um ano. Todos esses animais não devem ter defeito. A oferta de cereais deve ser de três jarros da melhor farinha amassada com azeite para cada novilho; dois jarros para cada carneiro; e um jarro para cada um dos sete cordeiros. Vocês também devem oferecer um bode como oferta pelo pecado, para obter o perdão dos pecados de vocês. Vocês devem trazer essas ofertas, além das ofertas queimadas mensais e diárias, que vêm acompanhadas de ofertas de cereais e de bebida. Você devem apresentar essas ofertas de acordo com as ordens do Senhor, pois as ofertas queimadas devem ser de aroma agradável ao Senhor. “No sétimo dia desse mês vocês terão uma santa convocação. Esse será um dia em que vocês se humilharão perante o Senhor. Ninguém deverá trabalhar nesse dia. O povo deve oferecer como aroma agradável ao Senhor uma oferta queimada de um novilho, de um carneiro e de sete cordeiros de um ano de idade. Todos esses animais não devem ter nenhum defeito. A oferta de cereais deve ser de três jarros da melhor farinha amassada com azeite para cada novilho; dois jarros para cada carneiro; e um jarro para cada um dos sete cordeiros. Vocês também devem oferecer um bode como oferta pelo pecado, para obter o perdão dos pecados de vocês, além do bode que é oferecido para purificar o povo, e da oferta queimada diária, junto com as ofertas de cereais e de bebida. “No décimo quinto dia do sétimo mês, vocês terão uma santa convocação. Ninguém deverá trabalhar nesse dia. Celebrem uma festa ao Senhor durante sete dias. Apresentem a seguinte oferta queimada de aroma agradável ao Senhor: treze novilhos, dois carneiros e catorze cordeiros de um ano de idade. Todos esses animais não devem ter defeito. A oferta de cereais deve ser de três jarros da melhor farinha amassada com azeite para cada um dos treze novilhos; dois jarros para cada carneiro; e um jarro para cada um dos quatorze cordeiros. Vocês também devem oferecer um bode como oferta pelo pecado, além da oferta queimada diária, junto com as ofertas de cereais e de bebidas. “No segundo dia da festa vocês devem oferecer doze novilhos, dois carneiros e quatorze cordeiros de um ano de idade, todos sem defeito. As ofertas de cereais e de bebida para os novilhos, para os carneiros e para os cordeiros devem ser de acordo com o seu número, segundo o regulamento. Vocês também devem oferecer um bode como oferta pelo pecado, além da oferta queimada diária, junto com as ofertas de cereais e de bebida. “No terceiro dia da festa vocês devem oferecer onze novilhos, dois carneiros e quatorze cordeiros de um ano de idade, todos sem defeito. As ofertas de cereais e de bebida para os novilhos, para os carneiros e para os cordeiros devem ser de acordo com o seu número, segundo o regulamento. Vocês também devem oferecer um bode como oferta pelo pecado, além da oferta queimada diária, junto com as ofertas de cereais e de bebida. “No quarto dia da festa vocês devem oferecer dez novilhos, dois carneiros e quatorze cordeiros de um ano de idade, todos sem defeito. As ofertas de cereais e de bebida para os novilhos, para os carneiros e para os cordeiros devem ser de acordo com o seu número, segundo o regulamento. Vocês também devem oferecer um bode como oferta pelo pecado, além da oferta queimada diária, junto com as ofertas de cereais e de bebida. “No quinto dia da festa vocês devem oferecer nove novilhos, dois carneiros e quatorze cordeiros de um ano de idade, todos sem defeito. As ofertas de cereais e de bebida para os novilhos, para os carneiros e para os cordeiros devem ser de acordo com o seu número, segundo o regulamento. Vocês também devem oferecer um bode como oferta pelo pecado, além da oferta queimada diária, junto com as ofertas de cereais e de bebida. “No sexto dia da festa vocês devem oferecer oito novilhos, dois carneiros e quatorze cordeiros de um ano de idade, todos sem defeito. As ofertas de cereais e de bebida para os novilhos, para os carneiros e para os cordeiros devem ser de acordo com o seu número, segundo o regulamento. Vocês também devem oferecer um bode como oferta pelo pecado, além da oferta queimada diária, junto com as ofertas de cereais e de bebida. “No sétimo dia da festa vocês devem oferecer sete novilhos, dois carneiros e quatorze cordeiros de um ano de idade, todos sem defeito. As ofertas de cereais e de bebida para os novilhos, para os carneiros e para os cordeiros devem ser de acordo com o seu número, segundo o regulamento. Vocês também devem oferecer um bode como oferta pelo pecado, além da oferta queimada diária, junto com as ofertas de cereais e de bebida. “No oitavo dia vocês terão uma santa convocação. Ninguém deve trabalhar nesse dia. Apresentem uma oferta queimada, de aroma agradável ao Senhor. Essa oferta será de um novilho, um carneiro e sete cordeiros de um ano, e os animais não poderão ter defeito. As ofertas de cereais e de bebidas devem ser de acordo com o número de animais e de acordo com as exigências da lei. Ofereçam também um bode como oferta pelo pecado, além da oferta queimada diária, junto com as ofertas de cereais e de bebida. “Além dos votos que fizerem e das ofertas voluntárias, estas são as ofertas que vocês devem apresentar ao Senhor nas solenidades de vocês: as ofertas queimadas, as ofertas de cereais, as ofertas de bebida e as ofertas de paz”. E Moisés falou ao povo todas essas coisas que o Senhor havia ordenado. Moisés reuniu os líderes das tribos de Israel e disse: “Isto é o que o Senhor ordena: Quando um homem fizer um voto ao Senhor ou um juramento que o envolva em algum compromisso, não poderá quebrar a palavra, mas deverá fazer tudo o que prometeu. “Quando uma moça morar com os pais e fizer um voto ao Senhor para fazer ou deixar de fazer alguma coisa, e o pai souber do voto e ficar quieto, então a moça terá de manter a palavra e cumprir o que prometeu ou jurou. Mas, se o pai da moça no dia em que souber do voto proibi-la de cumprir o que havia prometido, então a moça não precisará cumprir a sua palavra. O Senhor a perdoará, pois o pai não a deixou cumprir o que ela havia prometido. “Mas se ela se casar depois de fazer um voto, mesmo que seja uma promessa feita de forma precipitada, sem pensar nas consequências, e o seu marido, ao tomar conhecimento, nada lhe disser, ela deverá manter a palavra e cumprir a promessa. Mas, se o seu marido a proibir quando souber do voto, então ela não terá mais a obrigação de cumprir a sua palavra, e o Senhor a perdoará. “Mas se a mulher é viúva ou divorciada, então deve cumprir o seu voto. “E se uma mulher que vive com o seu marido fizer um voto ou juramento para fazer ou deixar de fazer alguma coisa, e se o seu marido souber, mas nada disser e não a proibir, então ela deverá cumprir tudo o que prometeu ou jurou. Mas se o marido, logo que souber, a proibir de cumprir tudo o que prometeu, então ela não precisa mais cumprir a sua palavra, e o Senhor a perdoará. Seu marido pode confirmar ou anular qualquer voto ou qualquer juramento que tenha feito, que a obrigue a humilhar-se. Mas, se o marido até o dia seguinte nada disser a respeito do assunto, então ele mostra que concorda com todos os votos ou obrigações. Mas, se ele depois de certo tempo os anular depois de ouvi-los, então ele responderá pela culpa dela”. Essas são as ordens que o Senhor deu a Moisés a respeito da relação entre marido e mulher, e entre uma moça e seu pai que ainda mora com a família. E o Senhor disse a Moisés: “Vinguese dos midianitas pelo que fizeram ao povo de Israel. Depois disso você será reunido aos seus antepassados”. Então Moisés disse ao povo: “Alguns de vocês devem se preparar para lutar e realizar a vingança do Senhor contra os midianitas. Enviem à guerra mil homens de cada tribo de Israel”. Assim, dos milhares de israelitas foram separados de cada tribo mil soldados armados. O total de homens armados para a guerra foi de 12.000. E Moisés mandou à guerra mil homens de cada tribo, juntamente com Fineias, filho do sacerdote Eleazar, que levava as trombetas sagradas para o toque de alarme. E lutaram contra os midianitas, de acordo com as ordens que o Senhor tinha dado a Moisés, e mataram todos os homens. Entre os mortos estavam os cinco reis dos midianitas: Evi, Requém, Zur, Hur e Reba. Também mataram Balaão, filho de Beor. Os israelitas capturaram as mulheres e os filhos. Levaram também todo o seu gado e as posses dos midianitas. Queimaram todas as cidades em que os midianitas habitavam e todos os seus acampamentos. Tomaram todos os despojos além das pessoas e animais. Então trouxeram os prisioneiros e os despojos dos midianitas a Moisés, ao sacerdote Eleazar e a toda a comunidade de Israel, ao acampamento nas campinas de Moabe, junto ao rio Jordão, do outro lado de Jericó. Moisés, o sacerdote Eleazar e todos os líderes do povo saíram e foram receber o exército fora do acampamento. Mas Moisés ficou irado com os oficiais do exército, os comandantes dos milhares e os comandantes de centenas, que voltaram da guerra. Ele perguntou: “Por que vocês deixaram viver todas as mulheres? Foram elas que seguiram o conselho de Balaão e levaram o povo de Israel a adorar ídolos no monte Peor, quando veio uma praga para castigar o povo do Senhor. Agora matem todas as crianças do sexo masculino e também todas as mulheres que já tiveram relação com algum homem. Mas deixem viver todas as meninas e também as moças que ainda são virgens. Todos vocês devem ficar fora do acampamento por uma semana. Todo aquele que matou alguém ou que tocou em algum morto deve se purificar no terceiro e no sétimo dia. Isso também se aplica aos seus prisioneiros. Vocês também devem purificar toda a roupa e também tudo que é feito de couro, de pelos de cabra, e também todo objeto de madeira”. Então o sacerdote Eleazar disse aos homens do exército que foram à guerra: “Estas são as ordens que o Senhor deu a Moisés: O ouro, a prata, o bronze, o ferro, o estanho, o chumbo e tudo aquilo que resiste ao fogo vocês terão de passar pelo fogo, para que seja purificado. Vocês também deverão purificar esses metais com a água da purificação. Mas tudo o que não resistir ao fogo terá de passar pela água. Vocês também devem lavar as roupas no sétimo dia para ficarem puros. Depois poderão entrar no acampamento”. E o Senhor também disse a Moisés: “Você, o sacerdote Eleazar e as autoridades das famílias do povo devem contar as pessoas e os animais capturados. Dividam em duas partes o que foi tomado. Uma parte será dos que foram à guerra, e a outra parte será do povo. Daquilo que os soldados trouxeram da guerra, separem um “tributo” ao Senhor: de cada 500, um pertence ao Senhor, seja de pessoas, bois, jumentos ou ovelhas. Tomem a metade desse tributo que foi dado a eles e entreguem ao sacerdote Eleazar, como oferta ao Senhor. E da parte que pertence ao povo, de cada 50 um pertence ao Senhor, seja de pessoas, bois, jumentos, ovelhas, ou de qualquer outro animal, e entreguem-no aos levitas encarregados de cuidar do Tabernáculo do Senhor ”. Então Moisés e o sacerdote Eleazar fizeram como o Senhor havia ordenado. O total de pessoas e animais capturados pelos soldados, além das joias, roupas e outros objetos que eles guardaram para si, foi: 675.000 ovelhas, 72.000 cabeças de gado, 61.000 jumentos e 32.000 moças que não tiveram relação com um homem. Então, a metade destinada aos que foram à guerra foi de 337.500 ovelhas, das quais o tributo para o Senhor foi de 675 ovelhas; 36.000 cabeças de gado, das quais o imposto para o Senhor foi de 72 cabeças; 30.500 jumentos, dos quais o imposto para o Senhor foi de 61 jumentos; 16.000 pessoas, das quais o tributo para o Senhor foi de 32 pessoas. Moisés entregou o tributo ao sacerdote Eleazar como oferta ao Senhor, como ele havia ordenado a Moisés. A outra parte, que pertencia ao povo de Israel, Moisés separou da parte que pertencia aos homens que foram à guerra. Essa foi a parte que pertencia à comunidade de Israel: 337.500 ovelhas, 36.000 cabeças de gado, 30.500 jumentos e 16.000 pessoas. Da metade pertencente ao povo de Israel, Moisés separou um de cada cinquenta, tanto de pessoas como de animais, de acordo com o que o Senhor havia ordenado, e os entregou aos levitas, encarregados de cuidar do Tabernáculo do Senhor. Então os oficiais do exército, os comandantes de milhares e os comandantes de centenas foram a Moisés e disseram: “Seus servos fizeram a contagem dos que foram à guerra e verificamos que não está faltando ninguém, por isso trouxemos como oferta ao Senhor o que encontramos em objetos de ouro: braceletes, pulseiras, anéis-selo, brincos e colares para o pagamento pelo nosso pecado perante o Senhor ”. E Moisés e o sacerdote Eleazar receberam esses objetos de ouro, todos bem trabalhados. O total do ouro da oferta que os comandantes de milhares e os comandantes de centenas ofereceram ao Senhor foi de 200 quilos. Cada homem que foi à guerra tinha tomado despojos para si mesmo. Moisés e o sacerdote Eleazar receberam o ouro entregue pelos comandantes de milhares e pelos comandantes de centenas e o levaram até o Tabernáculo, perante o Senhor, para servir de lembrança permanente para os israelitas. Quando os israelitas chegaram às terras de Jazar e Gileade, as tribos de Rúben e Gade, que possuíam grandes rebanhos de gado, viram que o lugar era muito bom para a criação de animais. Então eles foram a Moisés, ao sacerdote Eleazar, e aos outros líderes do povo, e disseram: “Atarote, Dibom, Jazar, Nimra, Hesbom, Eleal, Sebã, Nebo e Beom, terras que o Senhor nos entregou perante a comunidade de Israel, é terra excelente para a criação de gado, e os seus servos têm muito gado”. E acrescentaram: “Por isso pedimos para ficar com esta terra como herança, em vez de cruzar o rio Jordão”. Mas Moisés respondeu às tribos de Rúben e Gade: “E os seus irmãos irão à guerra enquanto vocês ficam aqui? Por que vocês desencorajam os israelitas para que não entrem na terra que o Senhor lhes está dando? Aliás, os seus pais fizeram a mesma coisa, quando estávamos em Cades-Barneia, quando enviei alguns homens para espionar a terra. Quando chegaram até o vale de Escol e viram a terra, desencorajaram o povo para não conquistar a terra que o Senhor nos deu. E o Senhor ficou irado naquele dia, e fez o seguinte juramento: ‘Nenhum dos homens que saíram do Egito com mais de 20 anos de idade verá a terra que prometi a Abraão, Isaque e Jacó. Calebe, filho de Jefoné, o quenezeu, e Josué, filho de Num, foram os únicos que continuaram fiéis ao Senhor ’. Por isso o Senhor ficou irado com Israel e fez o povo andar sem destino durante 40 anos pelo deserto, até que morresse toda aquela geração que tinha desagradado ao Senhor. “E agora vocês, multidão de homens pecadores, estão fazendo as mesmas coisas que seus pais fizeram, para aumentar ainda mais a ira do Senhor contra Israel. Se vocês deixarem de segui-lo, ele deixará todo o povo outra vez no deserto, e vocês serão culpados pela destruição deles”. Então as tribos de Rúben e de Gade se aproximaram de Moisés e disseram: “Construiremos aqui currais para o nosso gado e cidades para os nossos filhos. Mas nós nos prepararemos para a guerra, e estaremos prontos para irmos à frente do povo até que o levemos ao seu destino. Porém as nossas crianças morarão em cidades fortificadas para estarem protegidas dos ataques dos habitantes da terra. E não voltaremos para os nossos lares até que todo o povo conquiste toda a terra que o Senhor deu como herança. Não herdaremos com eles a terra do outro lado do Jordão, pois preferimos ficar aqui, no lado leste do Jordão”. Então Moisés disse-lhes: “Está certo. Se vocês se prepararem para a batalha perante o Senhor, e se, armados, atravessarem o Jordão perante o Senhor, até que ele tenha expulsado os seus inimigos diante dele, e a terra seja conquistada para o Senhor, então vocês poderão voltar para cá e estarão livres da sua obrigação perante o Senhor e perante Israel. E o Senhor dará esta terra como propriedade para vocês. “Mas, se vocês não fizerem como prometeram, então estarão pecando contra o Senhor e sofrerão as consequências do seu pecado. Construam cidades para as crianças e currais para os seus rebanhos, mas cumpram o que prometeram”. Então os homens de Gade e os filhos de Rúben responderam a Moisés: “Nós, seus servos, obedeceremos às ordens do senhor. Nossos filhos e nossas mulheres, nossos rebanhos e todos os animais ficarão aqui nas cidades de Gileade, mas nós, os seus servos, nos prepararemos para a guerra e atravessaremos para lutar perante o Senhor, de acordo com o que senhor está dizendo”. Então Moisés deu a seguinte ordem ao sacerdote Eleazar, a Josué, filho de Num, e aos chefes das famílias das tribos israelitas: “Se os homens das tribos de Gade e de Rúben atravessarem armados com vocês o Jordão, perante o Senhor, e vocês tomarem a terra, então vocês devem entregar a eles como propriedade a terra de Gileade. Mas, se eles não se prepararem para a guerra e não atravessarem armados com vocês o rio Jordão, então terão de aceitar a herança deles na terra de Canaã”. E as tribos de Gade e Rúben responderam: “Faremos o que o Senhor falou aos seus servos. Nós atravessaremos armados perante o Senhor e iremos à terra de Canaã, depois tomaremos conta da nossa parte deste lado do rio Jordão”. Moisés deu às tribos de Gade e de Rúben e à metade da tribo de Manassés, filho de José, o reino de Seom, rei dos amorreus, e o reino de Ogue, rei de Basã, toda a terra com as suas cidades e o território ao redor delas. A tribo de Gade construiu as cidades de Dibom, Atarote, Aroer, Atarote-Sofã, Jazar, Jogbeá, Bete-Ninra e Bete-Harã. Construíram muralhas ao redor delas e currais para os rebanhos. E a tribo de Rúben reconstruiu as seguintes cidades: Hesbom, Eleal, Quiriataim, bem como Nebo, Baal-Meom e Sibma. Os israelitas mais tarde mudaram os nomes das cidades que reconstruíram. Os descendentes de Maquir, filho de Manassés, foram a Gileade, tomaram a cidade e expulsaram os amorreus que moravam ali. Então Moisés deu Gileade a Maquir, descendente de Manassés, e eles passaram a morar ali. Jair, descendente de Manassés, conquistou os povoados e mudou o nome da região para Havote-Jair. E um homem chamado Noba conquistou a cidade de Quenate com seus povoados, e chamou-a pelo seu nome Noba. Este é o caminho que o povo de Israel percorreu debaixo das ordens de Moisés e Arão desde que saiu do Egito. Moisés escreveu as etapas das jornadas, de acordo com os pontos de partida, conforme as ordens do Senhor. O povo partiu de Ramessés no dia quinze do primeiro mês, ou seja, um dia depois da Páscoa. Saíram marchando triunfantes diante dos olhos de todos os egípcios, enquanto os egípcios sepultavam cada um o filho mais velho que o Senhor havia ferido. Assim o Senhor fez justiça contra os seus deuses. Depois de os israelitas partirem de Ramessés, acamparam em Sucote. Saíram de Sucote e foram para Etã, que fica à beira do deserto. Saíram de Etã e voltaram a Pi-Hairote, a leste de Baal-Zefom, e acamparam perto do monte Migdol. Saíram de Hairote e atravessaram o mar Vermelho, e andaram durante três dias no deserto de Etã e acamparam em Mara. E saíram de Mara e acamparam em Elim, onde havia doze fontes de água e setenta palmeiras. Saíram de Elim e acamparam junto ao mar Vermelho. Saíram do mar Vermelho e acamparam no deserto de Sim. Então saíram do deserto de Sim e acamparam em Dofca. Saíram de Dofca e acamparam em Alus. Saíram de Alus e acamparam em Refidim, onde não havia água para o povo beber. Saíram de Refidim e acamparam no deserto do Sinai. Saíram do deserto do Sinai e acamparam em Quibrote-Hataavá. Saíram de Quibrote-Hataavá e acamparam em Hazerote. Saíram de Hazerote e acamparam em Ritmá. Saíram de Ritmá e acamparam em Rimom-Perez. Saíram de Rimom-Perez e acamparam em Libna. Saíram de Libna e acamparam em Rissa. Saíram de Rissa e acamparam em Queelata. Saíram de Queelata e acamparam no monte Séfer. Saíram do monte Séfer e acamparam em Harada. Saíram de Harada e acamparam em Maquelote. Saíram de Maquelote e acamparam em Taate. Saíram de Taate e acamparam em Terá. Saíram de Terá e acamparam em Mitca. Saíram de Mitca e acamparam em Hasmona. Saíram de Hasmona e acamparam em Moserote. Saíram de Moserote e acamparam em Bene-Jaacã. Saíram de Bene-Jaacã e acamparam em Hor-Gidgade. Saíram de Hor-Gidgade e acamparam em Jotbatá. Saíram de Jotbatá e acamparam em Abrona. Saíram de Abrona e acamparam em Eziom-Geber. Saíram de Eziom-Geber e acamparam em Cades, no deserto de Zim. Saíram de Cades e acamparam no monte Hor, na fronteira de Edom. Então o sacerdote Arão subiu o monte Hor, de acordo com a ordem do Senhor, e morreu naquele lugar no primeiro dia do quinto mês, quarenta anos depois que os israelitas saíram do Egito. Arão tinha 123 anos de idade quando morreu no monte Hor. Então o rei cananeu Arade, que morava ao sul da terra de Canaã, soube que os israelitas estavam chegando. Eles saíram do monte Hor e acamparam em Zalmona. Saíram de Zalmona e acamparam em Punom. Saíram de Punom e acamparam em Obote. Saíram de Obote e acamparam em Ijé-Abarim, na fronteira de Moabe. Saíram de Ijé-Abarim e acamparam em Dibom-Gade. Saíram de Dibom-Gade e acamparam em Almom-Diblataim. Saíram de Almom-Diblataim e acamparam nos montes de Abarim, diante do monte Nebo. Saíram dos montes de Abarim e acamparam nas campinas de Moabe ao lado do rio Jordão, do outro lado de Jericó. Nas campinas de Moabe do lado do rio Jordão acamparam desde Bete-Jesimote até Abel-Sitim. Nas campinas de Moabe, junto ao rio Jordão, do outro lado de Jericó, o Senhor disse a Moisés: “Diga aos israelitas: Quando vocês atravessarem o rio Jordão para a terra de Canaã, expulsem os habitantes da terra e destruam suas imagens esculpidas e todos os ídolos de metal fundido, e derrubem todos os seus altares. Tomem posse da terra e habitem nela, pois dei esta terra para que tomem posse dela. Repartam a terra por sorteio, entre os grupos de famílias. Aos grupos de famílias maiores vocês darão uma herança maior e aos grupos de famílias menores, uma herança menor. Cada grupo de famílias receberá a terra sorteada. Vocês herdarão segundo as tribos dos seus antepassados. Mas, se vocês não expulsarem os habitantes da terra, eles serão como espinhos nos seus olhos e pontas de ferro na cintura de vocês. Eles vão hostilizar vocês na terra em que vocês vão habitar. Então farei a vocês o que havia pensado em fazer com eles”. E o Senhor disse a Moisés: “Dê a seguinte ordem aos israelitas: Quando vocês entrarem na terra de Canaã, esta será a terra que cabe a vocês por herança, de acordo com as seguintes fronteiras: “A parte sul será de vocês, desde o deserto de Zim até a fronteira de Edom. A fronteira da parte sul começará no lado leste do mar Morto, passando pela subida de Acrabim, chegará a Zim e depois até o sul de Cades-Barneia, que será o ponto mais ao sul. Depois passará por Hazar-Adar e irá até Azmom, onde a fronteira será o ribeiro do Egito, e terminará no mar Mediterrâneo. “A fronteira ocidental de vocês será o litoral do mar Mediterrâneo. Essa será a fronteira do ocidente. “A fronteira do norte será a seguinte: tracem uma linha desde o mar Mediterrâneo até o monte Hor, e do monte Hor até a entrada de Lebo-Hamate. Então a fronteira seguirá para Zedade, e continuará até Zifrom e terminará em Hazar-Enã. Essa será a fronteira norte de vocês. “A fronteira oriental será a seguinte: tracem uma linha de Hazar-Enã até Sefã. A fronteira descerá desde Sefã até Ribla, no lado oriental de Aim, e continuará descendo ao longo das encostas a leste do mar de Quinerete. Essa fronteira descerá então ao longo do rio Jordão e terminará no mar Morto. Essa será a terra de vocês, com as fronteiras que a cercam”. Moisés disse aos israelitas o seguinte: “Esse é o território que o Senhor mandou distribuir por sorteio às nove tribos e meia. São nove tribos e meia porque as tribos de Rúben e de Gade, e meia tribo de Manassés, já receberam a sua herança. Essas duas tribos e meia receberam sua herança do lado leste do rio Jordão, do outro lado de Jericó”. E o Senhor também disse a Moisés: “As pessoas responsáveis para distribuir a terra entre vocês como herança serão: o sacerdote Eleazar, Josué, filho de Num, e um líder de cada tribo para ajudar na distribuição da terra. Estes são os nomes dos líderes: da tribo de Judá, Calebe, filho de Jefoné; da tribo de Simeão, Samuel, filho de Amiúde; da tribo de Benjamim, Elidade, filho de Quislom; Buqui, filho de Jogli, líder da tribo de Dã; Haniel, filho de Éfode, líder da tribo de Manassés, filho de José; Quemuel, filho de Siftã, líder da tribo de Efraim, filho de José; Elisafã, filho de Parnaque, líder da tribo de Zebulom; Paltiel, filho de Aza, líder da tribo de Issacar; Aiúde, filho de Selomi, líder da tribo de Aser; Pedael, filho de Amiúde, líder da tribo de Naftali”. O Senhor ordenou que essas pessoas repartissem a terra aos israelitas na terra de Canaã. O Senhor disse a Moisés, nas campinas de Moabe, junto ao rio Jordão, do outro lado de Jericó: “Diga aos israelitas que, da terra que receberem, eles devem dar algumas cidades aos levitas para nelas morarem. Também devem dar algum campo ao redor das cidades para os seus rebanhos, seu gado e todos os seus animais. Eles morarão nessas cidades e os animais deles ficarão no campo em volta das cidades. “As pastagens nos arredores das cidades que vocês darão aos levitas se estenderão por 450 metros desde o muro da cidade para cada um dos lados dessas cidades. Fora da cidade vocês medirão 900 metros para o lado leste, 900 metros para o lado oeste, 900 metros para o lado sul, e 900 metros para o lado norte, ficando a cidade no centro. Essas serão as áreas de pastagens das cidades. “Seis das cidades que vocês darão aos levitas serão cidades de refúgio para onde irão aqueles que tiverem matado alguém. Além disso vocês darão a eles mais quarenta e duas cidades. Vocês devem então dar ao todo quarenta e oito cidades aos levitas, junto com o campo em volta. Essas cidades que vocês derem aos levitas, das terras dos israelitas, serão dadas proporcionalmente à herança de cada tribo: as tribos que tiverem muitas cidades darão mais cidades, e as tribos que tiverem poucas cidades darão menos cidades aos levitas”. E o Senhor disse a Moisés: “Diga aos israelitas que quando atravessarem o rio Jordão e entrarem na terra de Canaã devem escolher quais serão as cidades de refúgio, para onde poderá fugir a pessoa que matar alguém involuntariamente. Essas cidades servirão para proteger a pessoa que tiver matado alguém involuntariamente dos parentes da vítima que quiserem se vingar, até que o povo julgue se o homicida é culpado ou não. Serão seis as cidades que vocês darão por cidades de refúgio, das quais três cidades de refúgio ficarão do lado de cá do rio Jordão e três na terra de Canaã. Essas seis cidades serão um lugar de refúgio para os israelitas, para os estrangeiros que moram no meio de vocês e para os estrangeiros que estiverem de passagem pelo país, para que ali se refugie o homicida que matar alguém involuntariamente. “Mas se alguém ferir alguma pessoa com um pedaço de ferro e esta pessoa morrer, ele é homicida e terá de morrer. Ou, se ele a ferir com uma pedra, que possa causar a morte, e a pessoa morrer, ele é homicida e terá de morrer. Ou, se ele a ferir com um pedaço de madeira, que possa causar a morte, e a pessoa morrer, ele é homicida e terá de morrer. O vingador da vítima matará o homicida quando encontrar essa pessoa. E se alguém empurrar uma pessoa com ódio ou intencionalmente jogar alguma coisa contra essa pessoa, e essa pessoa morrer, ou se com má intenção matar uma pessoa com as próprias mãos, essa pessoa é homicida, e o vingador da vítima matará o homicida quando o encontrar. “Mas se empurrar uma pessoa sem ódio, ou empurrar uma pessoa ou então atirar alguma coisa contra ela involuntariamente, ou ainda, se deixar cair involuntariamente alguma pedra sobre ela que possa matá-la, e a pessoa morrer, não sendo sua inimiga, e quem matou não fez isso de propósito, então a comunidade julgará entre ele e o vingador da vítima, de acordo com essas leis. A comunidade livrará o acusado de assassinato do vingador da vítima, deixando o homicida continuar na cidade de refúgio para onde tinha fugido. Ali permanecerá até a morte do sumo sacerdote, que foi ungido com óleo sagrado. “Mas se o acusado sair por alguma razão dos limites da cidade de refúgio e o vingador da vítima se encontrar com ele fora da cidade, então poderá matar o acusado sem ser culpado por essa morte. O homicida deve morar na cidade de refúgio até a morte do sumo sacerdote. Somente depois da morte do sumo sacerdote o homicida voltará à sua propriedade. “Essas leis são permanentes para as gerações futuras, em qualquer lugar que vocês morarem. “Todo aquele que matar uma pessoa terá de ser morto como homicida se houver duas ou mais testemunhas. Nenhuma pessoa morrerá se houver apenas uma testemunha contra ela. “Vocês não devem aceitar dinheiro para proteger a vida de uma pessoa que é culpada da morte de alguém, pois essa pessoa deve morrer. “Também não aceitem dinheiro daquele que mora na cidade de refúgio para voltar à sua própria terra antes da morte do sumo sacerdote. “Não profanem a terra onde vocês estão. O derramamento de sangue profana a terra. E a única maneira de fazer a cerimônia da purificação da terra onde alguém foi morto é por meio do sangue de quem o derramou. Por isso, vocês não devem contaminar a terra onde habitam, e no meio da qual eu habito. Eu, o Senhor, habito no meio dos israelitas”. Então vieram os chefes de família dos grupos de famílias de Gileade, filho de Maquir, que é filho de Manassés, que pertenciam aos grupos de famílias dos descendentes de José, e foram falar com Moisés e com os líderes das tribos de Israel. E disseram: “O Senhor ordenou ao meu senhor por meio de um sorteio para dar esta terra como herança aos israelitas e para dar a parte da herança de nosso irmão Zelofeade às suas filhas. Mas se elas se casarem com homens de outras tribos israelitas, as propriedades delas deixarão de pertencer à nossa tribo e pertencerão à tribo daqueles com quem elas se casaram. Desse modo a nossa parte que recebemos por sorteio diminuirá. Porém, quando chegar o Ano do Jubileu para os israelitas, a herança delas será acrescentada definitivamente à tribo daqueles com quem elas se casarem, e a propriedade delas será tirada da herança da tribo de seus pais. Então Moisés instruiu os israelitas, de acordo com as ordens do Senhor, dizendo: “Os homens da tribo de José têm razão. Esta é a palavra que o Senhor mandou acerca das filhas de Zelofeade, dizendo: Elas poderão se casar com qualquer homem que lhes agradar, mas que seja da mesma tribo de seu pai. Desse modo as heranças dos israelitas não passarão de uma tribo para outra, pois todos os israelitas manterão as propriedades na tribo que herdaram dos seus antepassados. Por isso, as moças que possuírem alguma propriedade só podem se casar com alguém da própria tribo, para que cada israelita possua a herança dos seus antepassados. Nenhuma herança deverá passar de uma tribo para outra, pois cada tribo deve manter as terras que herdou”. As filhas de Zelofeade obedeceram às ordens que o Senhor tinha dado a Moisés. Por isso Maalá, Tirza, Hogla, Milca e Noa, filhas de Zelofeade, casaram-se com seus primos paternos, dentro dos grupos de famílias da tribo de Manassés, filho de José, e as suas propriedades permaneceram na tribo do pai delas. Esses são os mandamentos e as ordens que o Senhor deu ao povo de Israel por meio de Moisés nas campinas de Moabe, ao lado do rio Jordão e do outro lado de Jericó. Este livro contém o discurso de Moisés a todo o Israel, quando o povo estava acampado a leste do rio Jordão, no deserto de Moabe, no vale de Arabá, diante de Sufe, entre as cidades de Parã e Tofel, Labã, Hazerote e Di-Zaabe. São necessários onze dias de jornada do monte Horebe a Cades-Barneia pelo caminho que atravessa a região montanhosa de Seir. No quadragésimo ano, no primeiro dia do décimo primeiro mês, Moisés falou aos israelitas tudo o que o Senhor havia mandado falar a respeito deles. Na ocasião em que foi feito este discurso, Israel tinha derrotado Seom, rei dos amorreus, em Hesbom, e Ogue, rei de Basã, que morava em Astarote e em Edrei. Ali, na terra de Moabe, a leste do rio Jordão, Moisés começou a dirigir a palavra a Israel, expondo-lhes esta lei: “O Senhor, nosso Deus, nos falou assim, quando estávamos ao pé do monte Horebe: ‘Vocês já permaneceram bastante tempo nesta montanha. Vão agora para a região montanhosa dos amorreus; vão a todos os povos vizinhos no vale de Arabá, e na direção das montanhas, no deserto do Neguebe, e à costa marítima, para a terra dos cananeus e para o Líbano, até o grande rio Eufrates. “ ‘Esta é a terra que dei a vocês. Entrem e tomem posse da terra que o Senhor prometeu sob juramento a seus pais, Abraão, Isaque e Jacó, e aos seus descendentes’. “Na mesma ocasião, eu disse a vocês: ‘Não posso levá-los sozinho. O Senhor, o Deus de vocês, os multiplicou tanto que hoje vocês são tão numerosos quanto as estrelas dos céus. Que o Senhor abençoe e multiplique vocês mil vezes mais, como lhes prometeu! Mas como poderia eu, sozinho, levar as suas cargas, e resolver as questões e os problemas que aparecem no meio do povo? Portanto, escolham homens sábios, inteligentes e experientes de cada uma de suas tribos, e eu os colocarei como líderes de vocês’. “Então vocês responderam: ‘É bom seguir a sua palavra’. “Então convoquei os líderes das tribos, homens sábios e experientes, e os coloquei como autoridade sobre vocês. Eles deveriam cuidar de grupos de mil, de cem, de cinquenta e de dez, além dos oficiais para cada tribo. Naquela ocasião instruí aos seus juízes: ‘Julguem todas as causas dos seus irmãos com justiça, não só as questões entre os seus patrícios, mas também entre o israelita e o estrangeiro que vive no meio do povo. Não sejam parciais na hora de julgar. Ouçam tanto o pequeno como o grande. Não temam ninguém, porque estarão exercendo a função de juízes em nome de Deus! Contudo, os casos que acharem difíceis vocês deverão trazer para mim, e eu os ouvirei’. Assim, naquele tempo ordenei a vocês todas as coisas que vocês deveriam fazer. “Então saímos do monte Horebe e caminhamos por todo aquele grande e terrível deserto, como vocês lembram, e fomos pelas montanhas habitadas pelos amorreus, como o Senhor nos havia ordenado, e assim chegamos a Cades-Barneia. Então eu lhes disse: ‘Vocês chegaram às montanhas dos amorreus, que o Senhor, nosso Deus, está nos dando. Vejam, o Senhor, o seu Deus, colocou esta terra diante de vocês. Avante! Tomem posse dela como o Senhor, o Deus dos seus pais, mandou. Não tenham medo, nem se assustem’. “Vocês todos vieram a mim e disseram: ‘Vamos enviar homens à nossa frente para que espiem a terra e nos informem qual é o melhor caminho para subirmos a ela, e a que cidades devemos ir’. “Achei boa a ideia. Por isso, escolhi doze homens, um homem de cada tribo. Eles foram e entraram pela região montanhosa, chegaram até o vale de Escol e examinaram a terra. E quando voltaram, trouxeram produtos da terra e nos relataram o seguinte: ‘A terra que o Senhor, o nosso Deus, está nos dando é boa mesmo!’ “Mas vocês não quiseram ir, e se rebelaram contra a ordem do Senhor, o seu Deus. Vocês ficaram murmurando nas suas tendas, e disseram: ‘Certamente o Senhor nos odeia, pois fez que saíssemos do Egito para cairmos nas mãos dos amorreus e fôssemos destruídos. Como poderemos avançar? Os nossos irmãos, que foram espionar a terra, trouxeram desânimo ao nosso coração quando disseram: O povo de lá é mais forte e mais alto do que nós. As cidades são fortificadas com muros que vão até o céu, e também vimos ali gigantes, descendentes dos enaquins!’ “Então eu disse a vocês: ‘Não se assustem, nem tenham medo deles! O Senhor, o Deus de vocês, está indo à frente de vocês! Ele pelejará por vocês, como fez no Egito, diante dos seus olhos. O Senhor, o seu Deus, também os conduziu no deserto, como um pai conduz o seu filho, por todo o caminho em que andaram, até chegarem a este lugar’. “Mas isso de nada adiantou! Vocês não confiaram no Senhor, o seu Deus, embora ele fosse à frente de vocês, numa coluna de fogo durante a noite e numa nuvem durante o dia, encontrando lugares para vocês acamparem e indicando o caminho que deviam seguir. “Quando o Senhor ouviu as queixas de vocês, ficou irado e jurou, dizendo: ‘De toda essa geração má ninguém verá a boa terra prometida aos seus antepassados, com exceção de Calebe, filho de Jefoné, porque ele serviu o Senhor de todo o coração. Ele verá a terra que darei por herança a ele e a seus descendentes, a terra em que andou como espião’. “Vocês fizeram com que o Senhor ficasse irado comigo também. Ele me disse: ‘Você também não entrará na terra. Mas o seu ajudante, Josué, filho de Num, vai entrar. Você deve dar ânimo e coragem a ele, porque ele vai dirigir o povo de Israel para que receba a herança. Os filhos de vocês, que vocês disseram que iriam cair nas mãos dos inimigos, os seus filhos que ainda não sabem discernir entre o bem e o mal, eles sim, entrarão ali. Eu darei a terra a eles, e eles tomarão posse dela. Mas quanto a vocês adultos, voltem e atravessem o deserto em direção ao mar Vermelho’. “Então vocês confessaram: ‘Pecamos contra o Senhor! Agora vamos lá e lutaremos, conforme tudo que o Senhor, nosso Deus, nos mandou!’ Cada um pegou suas armas, e todos foram para a região montanhosa. “Mas o Senhor me disse: ‘Diga a eles que não subam nem lutem, porque não estarei com eles! Se teimarem, serão derrotados pelos seus inimigos’. “Eu avisei, mas vocês não me deram ouvidos. Em vez disso, desobedeceram outra vez às ordens do Senhor, ficaram cheios de orgulho e subiram à região montanhosa. Entretanto, os amorreus que viviam lá vieram dispostos para a luta. Como abelhas, os perseguiram e os arrasaram desde Seir até Hormá. Então vocês voltaram e ficaram chorando perante o Senhor, mas ele não deu ouvidos ao seu clamor nem deu atenção a vocês. Assim, vocês ficaram muito tempo em Cades. “Depois voltamos pelo deserto, rumo ao mar Vermelho, pois essa foi a instrução dada por Deus. E por muitos anos rodeamos a região montanhosa de Seir. “Então o Senhor me disse: ‘Já faz bastante tempo que vocês estão caminhando ao redor destas montanhas. Agora, sigam para o norte. E dê esta ordem para o povo: Vocês terão de passar pelo território dos edomitas, seus parentes, os descendentes de Esaú, que vivem em Seir. Eles terão medo de vocês. Todavia, muito cuidado! Não provoquem uma luta contra eles, porque não darei a vocês nenhum palmo daquela terra! A Esaú dei a região montanhosa de Seir por herança. Vocês pagarão com dinheiro pelo alimento que comerem e pela água que beberem’. “Pois o Senhor, o seu Deus, os tem abençoado em tudo o que vocês têm feito. Ele sabe que andaram por este grande deserto, e o Senhor, o seu Deus, tem estado com vocês nesses quarenta anos, e vocês não tiveram falta de nada! “Assim, passamos ao redor dos nossos irmãos, os descendentes de Esaú, que habitam em Seir. Atravessamos a estrada da Arabá em direção a Elate e de Eziom-Geber, virando depois para o norte, pela rota do deserto de Moabe. “Então o Senhor me disse: ‘Não ataquem os moabitas em combate, pois não darei parte alguma da sua terra. Eu já dei essa região de Ar aos descendentes de Ló’. (Antigamente os emins moravam naquela região, um povo forte e numeroso, gigante como os enaquins. Como os enaquins eles também eram considerados refains. Foram os moabitas que lhes deram o nome de emins. Em tempos passados, os horeus viviam na região de Seir, mas foram derrotados e exterminados pelos edomitas, descendentes de Esaú, que habitaram o seu lugar, assim como os israelitas com a terra que o Senhor lhes deu). “ ‘Agora levantem-se! Atravessem o ribeiro de Zerede’. Assim atravessamos o ribeiro de Zerede. “Passaram-se trinta e oito anos desde que saímos de Cades-Barneia e atravessamos o ribeiro de Zerede, até que toda aquela geração dos homens de guerra morresse no acampamento, como o Senhor havia jurado a eles. A mão do Senhor foi contra eles, até que finalmente foram completamente eliminados. “Depois que todos os guerreiros do povo tinham morrido, o Senhor falou comigo: ‘Hoje Israel deverá passar pelo território de Moabe, pela região de Ar, e se aproximar do território dos amonitas. Não os molestem, nem lutem contra eles, pois não vou dar a vocês parte alguma da terra dos amonitas. Essas terras dei aos descendentes de Ló’. (Essa região também era considerada terra dos refains, que habitaram ali no passado. Eles eram chamados de ‘zanzumins’ pelos amonitas. Eram fortes, numerosos e gigantes como os enaquins. Mas o Senhor os exterminou e entregou a terra aos amonitas. O Senhor tinha feito a mesma coisa em favor dos descendentes de Esaú, que vivem em Seir, quando exterminou os horeus diante deles. Os edomitas, descendentes de Esaú, os expulsaram e se estabeleceram na região de Seir até os dias de hoje. Um fato semelhante também aconteceu quando os caftoritas saíram de Caftor e destruíram os aveus, que moravam em povoados espalhados pelo território, até a cidade de Gaza, e passaram a morar nas terras deles.) “ ‘Atravessem agora o rio Arnom e entrem no território de Seom, o amorreu, que reina em Hesbom. Guerreiem contra ele e comecem a conquistar aquele território. A partir de hoje, vou fazer com que os povos da terra tremam de medo de vocês e fiquem cheios de pavor ao saberem que vocês estão por perto!’ “Então enviei mensageiros a Hesbom, partindo do deserto de Quedemote, com esta proposta de paz ao rei Seom: ‘Deixe-nos passar por seu território. Seguiremos sempre pela estrada principal. Não nos desviaremos nem para a esquerda nem para a direita. Pagaremos com dinheiro pela comida e pela água. Tudo o que queremos é permissão para passar a pé, como fizeram os edomitas que habitam na região de Seir, e os moabitas, que habitam em Ar. Precisamos dessa licença para chegarmos ao nosso destino. Temos de atravessar o rio Jordão e tomar posse da terra que recebemos do Senhor, o nosso Deus’. Mas Seom, rei de Hesbom, não quis nos deixar passar. Isto porque o Senhor, o Deus de vocês, fez com que ele ficasse com o coração duro e rebelde, para entregá-lo nas mãos de vocês, como de fato aconteceu. “O Senhor me disse: ‘Estou entregando a você o território do rei Seom. Comece a conquistá-lo e tome posse da terra dele! Ela será para sempre de Israel’. “Então o rei Seom saiu ao nosso encontro para a batalha em Jaza, ele e todo o seu exército. Mas o Senhor, o nosso Deus, entregouo a nós e o derrotamos, a ele, aos seus filhos e a todo o seu exército. Conquistamos as suas cidades e as destruímos completamente, matando homens, mulheres e crianças. Não escapou ninguém! Somente levamos o gado, que tomamos como presa de guerra, além de outros bens que saqueamos das cidades conquistadas. Conquistamos desde Aroer, junto ao rio Arnom, e a cidade que fica no mesmo vale, até Gileade. Não houve cidade com muros altos demais para nós, pois o Senhor, o nosso Deus, entregou-nos todas elas. Contudo, das terras dos amonitas não nos aproximamos, nem da terra ao longo do ribeiro de Jaboque, nem das cidades da região montanhosa, ou seja, ficamos fora de todos os lugares que o Senhor, nosso Deus, nos havia proibido. “Em seguida, voltamos e subimos rumo a Basã. Ogue, rei de Basã, saiu ao nosso encontro com todo o seu exército e nos atacou em Edrei. Mas o Senhor me disse: ‘Não tenha medo dele, pois eu o entreguei em suas mãos junto com o seu exército e a sua terra. Você vai fazer com ele a mesma coisa que fez com o rei Seom, em Hesbom’. “Então o Senhor, o nosso Deus, entregou em nossas mãos Ogue, rei de Basã, com todo o seu exército. Nós os derrotamos até que não restou nenhum sobrevivente. Conquistamos todas as suas cidades. Foram ao todo sessenta cidades em toda a região de Argobe, que pertencia ao reino de Ogue, em Basã. Todas as cidades eram fortificadas com altos muros e portas com trancas de ferro. Isso sem contar as cidades sem muros. Destruímos completamente o reino de Basã, tal como havíamos feito com Seom, rei de Hesbom, matando todos os homens, mulheres e crianças. Mas ficamos com todo o gado e outros bens das cidades. “Foi assim que conquistamos, naquela ocasião, as terras dos dois reis dos amorreus, a leste do rio Jordão, que vão desde o rio Arnom até o monte Hermom. (É bom esclarecer que os sidônios chamam o monte Hermom de ‘Siriom’, enquanto os amorreus o chamam de ‘Senir’.) Tínhamos conquistado todas as cidades do planalto, de toda a região de Gileade e de Basã, incluindo as cidades de Salcá e Edrei, cidades do reino de Ogue de Basã. Ogue, rei de Basã, foi o último dos gigantes refains. A cama de ferro usada por ele está na cidade amonita de Rabá e media quatro metros de comprimento por um metro e oitenta centímetros de largura. “A terra da qual tomamos posse naquela época incluía o território que vai de Aroer, junto ao rio Arnom, até mais da metade da região montanhosa de Gileade, incluindo suas cidades e todas as terras que formavam o antigo reino de Ogue, rei de Basã. Essas terras foram dadas às tribos de Rúben e de Gade. O restante da região de Gileade e também toda a Basã, o reino de Ogue, dei-o à metade da tribo de Manassés (toda a região de Basã era conhecida antigamente como a terra dos refains). Jair, que era descendente de Manassés, tomou posse de toda a região de Argobe até as fronteiras dos gesuritas e dos maacatitas. Por isso, essa região é chamada até hoje de Havote-Jair, que significa ‘Cidades de Jair’. Depois dei Gileade ao grupo de famílias de Maquir. Às tribos de Rúben e Gade dei a região que vai desde o ribeiro de Jaboque, em Gileade, até a parte central do vale do rio Arnom. Dei a eles também a Arabá, tendo como fronteira ocidental o rio Jordão, desde Quinerete até o mar Morto, também chamado de mar da Arabá, no pé do monte Pisga, no leste. “Na mesma ocasião, eu lhes lembrei o seguinte: ‘O Senhor, o seu Deus, deu a vocês esta terra para que tomem posse dela. Todos os guerreiros devem marchar à frente das outras tribos irmãs para além do rio Jordão, para conquistarem a terra que o Senhor está dando a Israel. Mas as mulheres e as crianças e o gado de vocês (e sei que vocês têm muito gado) ficarão nas cidades que já dei a vocês, até que o Senhor dê descanso aos seus irmãos israelitas como deu a vocês, para que eles também herdem a terra que o Senhor, o seu Deus, está dando a eles do outro lado do rio Jordão. Então vocês poderão voltar para as terras que dei a vocês’. Naquela ocasião eu também disse a Josué: ‘Você viu o que o Senhor, nosso Deus, fez àqueles dois reis. A mesma coisa acontecerá com todos os reinos do outro lado do Jordão’. Não tenham medo deles, pois o Senhor, o seu Deus, lutará por vocês. Foi também naquela ocasião que eu pedi a graça do Senhor, dizendo: ‘Ó Soberano Senhor, o Senhor já começou a mostrar a este seu servo a sua grandeza e a sua forte mão. Pois que deus existe nos céus ou na terra que possa fazer as coisas grandiosas que o Senhor fez?! Suplico, agora, que me deixe passar o Jordão, e me deixe ver essa boa terra, com a bela região montanhosa e o Líbano!’ “Porém, o Senhor ficou muito irado contra mim, por causa de vocês, e não atendeu à minha súplica. ‘Não fale mais nisso’, ordenou ele, ‘mas suba ao ponto mais alto do monte Pisga. Dali você poderá olhar para o norte, para o sul, para o leste e para o oeste, e ver de longe a terra com os seus próprios olhos. Mas você não atravessará o Jordão. E depois dê ordens a Josué, encoraje-o e fortaleça-o. Porque Josué vai conduzir o povo à conquista da terra que você vai apenas ver do alto do monte’. “Assim ficamos no vale, perto da cidade de Bete-Peor. “Agora, ó povo de Israel, ouça com atenção as leis e todas as ordens que eu estou transmitindo a vocês, para as cumprirem e para que vivam e tomem posse da terra que o Senhor, o Deus dos seus pais, dá a vocês. Não acrescentem nem retirem nada destas leis, mas guardem todos os mandamentos do Senhor, o seu Deus. “Vocês viram com os próprios olhos o que o Senhor fez em Baal-Peor, quando ele exterminou do meio de vocês todos os que seguiram Baal-Peor, mas vocês que permaneceram fiéis ao Senhor, o seu Deus, continuam vivos. “Estas são as leis às quais vocês deverão obedecer quando passarem a viver na terra que vão conquistar. São mandamentos do Senhor. Ele me deu estas leis para transmiti-las a vocês. Vocês devem guardá-las e praticá-las, pois esta será a sabedoria e o entendimento de vocês. Quando as nações vizinhas ouvirem a respeito destas leis, vão exclamar: ‘Que outro povo é tão sábio e prudente como Israel?’ Pois que outra nação tem um Deus, como o Senhor, o nosso Deus, tão presente entre nós todas as vezes que pedimos a sua ajuda? E que nação tem leis e decretos tão justos como esta lei que estou apresentando a vocês hoje? “Mas tomem cuidado para que vocês não se esqueçam das coisas que viram Deus fazer. Que os milagres realizados por ele marquem profundamente os seus corações e produzam um efeito permanente nas suas vidas! E contem isso aos seus filhos e netos. Não esqueçam do dia em que estiveram diante do Senhor, o seu Deus, em Horebe, quando o Senhor me disse: ‘Reúna o povo na minha presença para que ouçam as minhas palavras e aprendam a ter reverência para comigo a vida inteira, e as ensinem aos seus filhos’. Vocês atenderam à convocação e ficaram reunidos no pé do monte. O monte ardia em fogo até os céus, em meio a nuvens negras e densa escuridão. Então o Senhor falou a vocês do meio do fogo. Vocês ouviram as palavras, mas, além da voz, não viram forma alguma. Ele anunciou a vocês a sua aliança, os Dez Mandamentos, que ele escreveu em duas tábuas de pedra. Nessa mesma ocasião, o Senhor mandou-me ensinar a vocês as leis e os decretos para que fossem cumpridos por vocês quando estiverem na terra da qual vão tomar posse. “No dia em que o Senhor, o Deus de vocês, falou do meio do fogo em Horebe, vocês não viram forma alguma. Portanto, tenham todo o cuidado para não se corromperem fazendo algum ídolo, alguma imagem de qualquer tipo, seja em forma semelhante a homem ou mulher, ou semelhante a qualquer animal da terra, ou a qualquer ave que voa pelos céus, ou a qualquer criatura que rasteja na terra, ou a algum peixe que vive nas águas. E quando olharem para os céus e virem o sol, a lua, as estrelas e todos os corpos celestes, não sejam seduzidos a inclinar-se e adorar o que o Senhor, o seu Deus, repartiu a todos os povos que vivem debaixo do céu. O Senhor tirou vocês da prisão do Egito, aquela fornalha de ferro, para serem o povo de propriedade dele, como verdadeira herança do Senhor, como hoje, de fato, são. “Mas o Senhor ficou irado comigo por causa de vocês, e jurou que eu não atravessaria o Jordão e não entraria na boa terra que o Senhor, o seu Deus, deu a vocês como herança. Vou morrer nesta terra, sem atravessar o Jordão. Mas vocês o atravessarão e tomarão posse daquela boa terra! Vigiem, porém, para não esquecerem da aliança que o Senhor, o seu Deus, fez com vocês. Vocês estarão rompendo a aliança do Senhor se fizerem algum ídolo, imitando a aparência de qualquer coisa ou ser, que o Senhor, o seu Deus, proibiu. Pois o Senhor, o seu Deus, é fogo que consome; é Deus zeloso. “No futuro quando vocês tiverem filhos e netos, e passarem muitos anos naquela terra, e tiverem cedido à corrupção, fazendo alguma imagem de escultura, ou figura de qualquer tipo, fazendo o que o Senhor reprova, provocando a sua ira, o céu e a terra são testemunhas de que vocês serão rapidamente varridos da terra, da qual vocês estão tomando posse ao atravessar o Jordão. Vocês terão poucos dias de vida ali; serão completamente destruídos! O Senhor espalhará vocês entre as nações, e restarão poucos de vocês entre os povos aos quais o Senhor os levará. Lá vocês prestarão culto a ídolos feitos de madeira e de pedra, ídolos feitos por mãos humanas, ídolos que não veem, não ouvem, não comem, nem cheiram. Naquela situação, porém, vocês buscarão o Senhor, o seu Deus, e o encontrarão, quando o procurarem de todo o seu coração e de toda a sua alma. Quando chegarem aqueles dias de angústia, quando todas essas coisas acontecerem com vocês, então, nos últimos dias, vocês voltarão para o Senhor, o seu Deus, e darão ouvidos ao que ele diz. Pois o Senhor, o seu Deus, é Deus misericordioso; ele não os abandonará, nem os destruirá, nem se esquecerá da aliança que com juramento fez com os seus pais. “Agora, pois, examinem toda a história antiga, desde o dia em que Deus criou o homem sobre a terra; observem o céu de uma ponta até a outra, para ver se podem encontrar algo tão grandioso como isso, ou se já se ouviu algo semelhante. Que outro povo ouviu a voz de Deus falar do meio do fogo, como vocês ouviram, e continuou vivo? Ou ouviu falar de um Deus que resolveu tirar um povo do meio de outro povo, com provas, sinais, milagres e lutas, com mão forte e braço estendido e feitos espantosos? Pois foi isso que o Senhor, o seu Deus, fez por vocês no Egito, como vocês viram com seus próprios olhos. “Ele fez essas coisas para que vocês compreendessem que o Senhor é Deus, e que não existe outro além dele. Ele fez com que vocês ouvissem dos céus a voz dele, quando deu instruções a vocês, e na terra ele mostrou o seu grande fogo. Até mesmo do meio das chamas vocês ouviram as suas palavras. Ele os tirou do Egito com grandes demonstrações de poder, porque amou os seus pais e escolheu a descendência deles, para lançar para longe de vocês outras nações maiores e mais poderosas do que Israel, e para dar a vocês as suas terras como herança, como vemos hoje. “Portanto, reconheçam hoje e meditem em seu coração que só o Senhor é Deus, em cima no céu e embaixo da terra. Não há outro! Guardem as suas leis e os seus mandamentos que hoje transmito a vocês, para que tudo vá bem com vocês e com seus filhos que vêm depois de vocês, e para que vivam por muito tempo na terra que o Senhor, o seu Deus, dá a vocês para sempre”. Então Moisés separou três cidades situadas a leste do rio Jordão, para servirem de refúgio a todo aquele que tivesse matado alguém involuntariamente. O perseguido poderá fugir para uma dessas cidades a fim de salvar a sua vida. As cidades eram as seguintes: Bezer, no planalto do deserto, para a tribo de Rúben; Ramote, em Gileade, para a tribo de Gade; e Golã, em Basã, para a tribo de Manassés. Estas são as leis dadas por Moisés ao povo de Israel. Estes são os mandamentos, os decretos e as ordenanças que Moisés comunicou aos israelitas, quando saíram do Egito. Eles estavam acampados a leste do rio Jordão, no vale perto de Baal-Peor. Esse território era antes ocupado pelos amorreus, governados pelo rei Seom, que habitava em Hesbom, a quem Moisés e os israelitas destruíram quando saíram do Egito. Israel tomou posse da terra dele e das terras de Ogue, rei de Basã. Estes dois reis reinavam a leste do rio Jordão. As terras conquistadas por Israel iam desde Aroer, à beira do rio Arnom, até o monte Siriom, isto é, o Hermom, e abrangia toda a Arabá, a leste do Jordão, até o mar da Arabá, nas encostas do monte Pisga. Então Moisés chamou todo o Israel e disse-lhe: “Ouçam com atenção, ó Israel, as leis e as ordenanças que hoje proclamo, para que aprendam e tenham cuidado em cumpri-las. O Senhor, o nosso Deus, fez uma aliança conosco no monte Horebe, não com os nossos antepassados, mas conosco, que hoje estamos vivos aqui. O Senhor falou face a face conosco no monte, do meio do fogo. Naquela ocasião eu estava em pé entre o Senhor e vocês, porque vocês não subiram no monte com medo do fogo. Ele falou a mim, e eu transmiti a palavra do Senhor. Ouçam o que ele disse: “ ‘Eu sou o Senhor, o seu Deus. Eu tirei você do Egito, onde você foi um povo escravo. “ ‘Não adore outros deuses, além de mim. “ ‘Não faça ídolos. Não preste culto a imagens de qualquer coisa em cima no céu, na terra, ou nas águas debaixo da terra. Não adore nem se prostre diante de nenhuma imagem, pois eu sou o Senhor, o seu Deus. Sou Deus zeloso e faço o castigo do pecado dos pais alcançar seus filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam, mas mostrarei bondade até mil gerações àqueles que me amam e guardam os meus mandamentos. “ ‘Não use sem o devido respeito o nome do Senhor, seu Deus, pois não deixarei de punir qualquer abuso neste sentido. “ ‘Guarde o dia de sábado como um dia de santo repouso, conforme o Senhor, o seu Deus, ordenou a você. Trabalhe nos outros seis dias, mas o sétimo dia é o dia de descanso do Senhor, o seu Deus. Nenhum trabalho será feito nesse dia, nem por você, nem pelo seu filho, nem pela sua filha, nem pelo seu servo, nem pela sua serva, nem pelo seu boi, nem pelo seu jumento, ou qualquer dos seus animais, nem pelo estrangeiro que mora com você, para que o seu servo e a sua serva descansem como você. Lembre que você foi escravo no Egito, e foi tirado de lá pelo Senhor, o seu Deus, por meio de grandes milagres. Por isso, o Senhor, o seu Deus, ordenou a você que guarde o sábado. “ ‘Honre seu pai e sua mãe, como o Senhor, o seu Deus, ordenou a você, para que tenha vida longa na terra que o Senhor dá a você. “ ‘Não mate. “ ‘Não pratique adultério. “ ‘Não roube. “ ‘Não dê falso testemunho contra o seu próximo. “ ‘Não cobice a mulher do seu próximo. Não cobice a casa do seu próximo, nem o seu campo, nem o seu servo ou a sua serva, nem seu boi ou seu jumento, nem qualquer outra coisa que ele possua’. “Essas foram as palavras que o Senhor falou a toda a comunidade de vocês, em voz alta, no monte, do meio do fogo, rodeado de nuvens e densa escuridão. Foram estes os únicos mandamentos dados por ele naquela ocasião, e nada acrescentou. Então o Senhor as escreveu em duas tábuas de pedra e depois entregou-as a mim. “Quando vocês ouviram a voz que vinha do meio da escuridão e viram o fogo ardente, aproximaram-se de mim todos os oficiais das tribos, e as outras autoridades e disseram a mim: ‘O Senhor, o nosso Deus, mostrou-nos a sua glória e a sua grandeza. Até mesmo ouvimos o Senhor falando no meio do fogo. Hoje vimos que Deus fala com o homem, e este continua vivo. Mas, agora, por que deveríamos morrer? Este fogo terrível certamente nos consumirá. Se continuarmos a ouvir a voz do Senhor, o nosso Deus, morreremos. Pois quem é que pode ouvir, como nós ouvimos, a voz de Deus do meio das chamas, e continuar vivo? Portanto, fique você, Moisés, encarregado de ir e ouvir tudo o que o Senhor, o nosso Deus, disser, e depois venha e transmita tudo aquilo que ele disser a você, e nós ouviremos e obedeceremos ao que o Senhor, o nosso Deus, mandar. “O Senhor atendeu ao seu pedido e me disse: ‘Ouvi o que o povo disse, e tudo o que disseram está certo. Quem dera eles sempre tivessem um coração que temesse a mim, e estivessem sempre dispostos a obedecer aos meus mandamentos! Então tudo iria bem com eles e com os seus filhos para sempre! “ ‘Vá e diga a eles: Volte cada um à sua tenda. Porém, você ficará aqui comigo, e eu vou dar a você todas as leis, ordens e mandamentos que depois você ensinará ao povo; e o povo deverá obedecer a estes mandamentos na terra que eu vou dar a eles como posse’. “Portanto, tenham cuidado em fazer tudo o que o Senhor, o seu Deus, ordenou a vocês; não se desviem nem para a direita, nem para a esquerda. Sigam fielmente o caminho que o Senhor, o seu Deus, estabeleceu para vocês. Somente assim é que vocês terão vida longa e próspera na terra da qual vocês vão tomar posse. “O Senhor, o seu Deus, me mandou dar a vocês os mandamentos, as ordenanças e as leis que deverão obedecer na terra que vocês passarão a possuir. Desse modo, vocês, seus filhos e netos temerão o Senhor, o seu Deus, obedecendo enquanto viverem a todas as instruções e mandamentos que ordeno, todos os dias das suas vidas, para que os seus dias sejam prolongados. Portanto, ó Israel, ouça cada ordem com muita atenção, e tenha cuidado de ser obediente em tudo. Assim tudo irá bem e você será muito numeroso numa terra que é fonte de leite e mel, como o Senhor, o Deus dos seus antepassados, prometeu. “Ouça, ó Israel: O Senhor é o nosso Deus, o Senhor somente! Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e com todas as suas forças. Medite sempre nessas palavras que hoje estou ordenando. Ensine-as com diligência aos seus filhos. Converse sobre elas quando estiver em casa, quando estiver andando por algum caminho, quando se deitar e quando se levantar. Amarre estes mandamentos nos braços como constante lembrete; fixe-os na sua testa, bem como nos batentes das portas de sua casa e nos seus portões! “Quando o Senhor, o seu Deus, introduzir vocês na terra que ele prometeu aos seus antepassados, Abraão, Isaque e Jacó, e quando ele tiver dado a vocês grandes cidades, que vocês mesmos não construíram, casas cheias de coisas boas, de coisas que vocês não fizeram, com poços que vocês não cavaram, com vinhas e oliveiras que vocês não plantaram, e quando vocês comerem e se fartarem, então, cuidado! Não esqueçam que o Senhor tirou vocês da escravidão do Egito. Ao Senhor, o seu Deus, vocês devem respeitar, e servir somente a ele, e jurem somente pelo seu nome. Não prestem culto aos deuses das nações vizinhas, porque o Senhor, o seu Deus, que está sempre presente entre vocês, é Deus zeloso; para que a ira do Senhor, o seu Deus, não se acenda contra vocês, e vocês sejam varridos da face da terra! Não ponham à prova o Senhor, o seu Deus, como aconteceu em Massá. Sejam realmente obedientes ao Senhor, o seu Deus, em tudo o que ele ordenou em seus mandamentos e leis. Façam o que é justo e bom aos olhos do Senhor, para que tudo vá bem a vocês. Somente assim vocês poderão entrar e possuir a boa terra que o Senhor prometeu, sob juramento, a seus antepassados. Expulsem todos os seus inimigos que vivem naquela terra, como o Senhor falou. “No futuro, quando os seus filhos fizerem esta pergunta: ‘O que significam estas leis e mandamentos que o Senhor, o nosso Deus ordenou a vocês?’, vocês lhes responderão: ‘Éramos escravos do faraó, no Egito, mas o Senhor nos tirou de lá com grande poder. O Senhor realizou grandes sinais e ações terríveis ao Egito, ao faraó e a toda a sua família. Nossos olhos viram tudo! Mas o Senhor nos tirou do Egito para trazer-nos à terra que ele tinha prometido, sob juramento, aos nossos antepassados. E o Senhor ordenou que obedecêssemos a todas estas leis e que temêssemos ao Senhor, o nosso Deus, para que tudo corra bem, porque assim ele preservará a nossa vida, como tem feito até agora. E, se tivermos cuidado em obedecer a todas estas leis diante do Senhor, nosso Deus, como ele nos ordenou, tudo correrá bem’. “Quando o Senhor, o seu Deus, introduzir vocês na terra da qual tomarão posse, ele expulsará de diante de vocês muitas nações: os heteus, os girgaseus, os amorreus, os cananeus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus. Estas sete nações são maiores e mais fortes do que Israel. E quando o Senhor, o seu Deus, entregar essas nações nas suas mãos, para serem derrotadas, então destruam-nas totalmente. Não façam nenhuma aliança com elas, nem tenham pena delas. Não se casem com as pessoas dessas nações. Não deixem seus filhos casarem com as filhas deles, nem as suas filhas casarem com os filhos deles, pois isso certamente afastaria os jovens de Israel de mim, eles serviriam a outros deuses, e a ira do Senhor viria sobre vocês, e ele rapidamente destruiria vocês. Assim vocês tratarão essas nações: derrubem os seus altares, despedacem as suas colunas, cortem os seus postes-ídolos e queimem suas imagens de escultura. Pois vocês são um povo santo, dedicado ao Senhor, o seu Deus. O Senhor, o seu Deus, os escolheu dentre todos os povos da terra para serem o seu próprio povo, propriedade especial dele. “O Senhor não dedicou seu amor a vocês, nem os escolheu por serem mais numerosos do que os outros povos, pois, na verdade, vocês eram o menor de todos os povos. Mas foi porque o Senhor os amou e para cumprir a palavra que deu a seus antepassados. Por isso, ele tirou vocês com grande poder e os resgatou da escravidão do Egito, do poder do faraó, rei do Egito. Procurem entender, portanto, que o Senhor, o seu Deus, é Deus — Deus fiel, que por mil gerações mantém a aliança e a misericórdia com os que o amam e obedecem aos seus mandamentos. Mas àqueles que o odeiam, ele retribuirá diretamente com castigo; ele não demorará com a retribuição para com aquele que o odeia. Portanto, obedeçam às leis, aos mandamentos e às ordenanças que hoje dou a vocês. “Se vocês derem atenção a essas leis e as colocarem em prática, então o Senhor, o seu Deus, manterá a sua aliança e a misericórdia prometidas, sob juramento, aos seus antepassados. Ele continuará amando e abençoando vocês e fará que vocês se multipliquem. Ele abençoará os seus filhos e os frutos da sua terra. Israel terá grande produção de cereais, de uvas e de azeite, e muitas crias de gado e de ovelhas na terra que o Senhor prometeu aos seus antepassados que daria a vocês. Vocês serão mais abençoados do que todos os povos da terra. Entre os israelitas não haverá estéril, nem homem, nem mulher, nem mesmo entre os seus animais. E o Senhor afastará para longe de vocês toda enfermidade, e não deixará que sofram as doenças terríveis que conheceram no Egito; antes, dará aquelas doenças a todos os seus inimigos. Destruam todos os povos que o Senhor, o seu Deus, entregar a vocês. Não tenham pena deles, e não prestem culto aos seus deuses, porque isso seria uma armadilha para Israel! “Talvez vocês fiquem pensando: ‘Como poderemos expulsar essas nações? Elas são muito mais fortes do que nós’. Não tenham medo delas! Basta lembrar o que o Senhor, o seu Deus, fez ao faraó e a todos os egípcios. Vocês viram com os seus próprios olhos as grandes provas, os sinais miraculosos e as maravilhas, a mão poderosa e o braço forte com que o Senhor, o seu Deus, os tirou de lá. Pois o Senhor, o seu Deus, usará o mesmo poder contra os povos que agora vocês temem. Além disso, o Senhor, o seu Deus, mandará entre eles vespas até destruir o restante deles, os que se esconderem em esconderijos. Não fiquem com medo diante deles, porque o Senhor, o seu Deus, que está no meio de vocês, é Deus grande e temível. O Senhor, o seu Deus, expulsará essas nações, pouco a pouco. Não fará isso de uma vez, para que os animais selvagens não se multipliquem e se tornem perigosos. Mas o Senhor, o seu Deus, as entregará a vocês, lançando sobre elas grande perturbação, até que sejam destruídas. Ele também entregará a vocês os reis daqueles povos, para que Israel apague o nome deles de debaixo do céu. Ninguém poderá oferecer resistência a vocês, até que os tenham destruído. Vocês queimarão as imagens de escultura desses povos, e não cobicem a prata e o ouro que as revestem. Para o Senhor, o seu Deus, isso é detestável. Não levem coisa alguma que seja detestável para dentro de casa, para que vocês não sejam amaldiçoados por causa dessas imagens. Considerem tudo isso detestável e rejeitem-nas completamente, pois elas são amaldiçoadas. “Tenham muito cuidado em cumprir todos os mandamentos que eu hoje ordeno a vocês, para que vocês vivam, se multipliquem e tomem posse da terra que o Senhor prometeu, sob juramento, aos seus antepassados. “Lembrem-se de como o Senhor guiou vocês por todo o caminho através do deserto durante quarenta anos, para humilhá-los e prová-los, a fim de saber o que estava no coração de vocês, para ver se vocês obedeceriam ou não aos seus mandamentos. Ele os afligiu, deixando que passassem fome; depois ele os sustentou com o maná que nem vocês nem os seus antepassados conheciam. O Senhor fez isso para mostrar a vocês que não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus. Durante estes quarenta anos, a roupa que vocês usaram não envelheceu, e os seus pés nem sequer ficaram inchados! É bom que reconheçam em seu coração que assim como um homem castiga o seu filho, assim o Senhor, o seu Deus, os castiga. “Obedeçam aos mandamentos do Senhor, o seu Deus. Andem nos seus caminhos. Não deixem de temê-lo. Pois o Senhor, o seu Deus, está levando vocês para uma boa terra, terra de ribeiros, de fontes e de abundantes mananciais que regam vales e montanhas; terra de trigo e cevada, de vinhas, figueiras e romãzeiras; terra de oliveiras, de azeite e mel; terra onde há muito alimento, onde não terão falta de nada; terra onde as rochas têm ferro e onde o cobre é facilmente encontrado nas colinas. “Quando vocês comerem e ficarem satisfeitos, deem graças e louvores ao Senhor, o seu Deus, pela boa terra que ele deu a vocês. Mas vigiem para não esquecer do Senhor, o seu Deus, não cumprindo os seus mandamentos, as suas leis e os seus decretos que hoje ordeno a vocês, para que não aconteça que, depois de terem comido e estarem satisfeitos, depois de terem construído belas casas para morar, e depois de multiplicarem o seu gado e os seus rebanhos e aumentarem a prata e o ouro, e todos os seus bens, o seu coração fique orgulhoso e venham a esquecer o Senhor, o seu Deus, que libertou vocês da escravidão do Egito e que os conduziu pelo imenso e terrível deserto cheio de serpentes venenosas e escorpiões, de terra árida e sem água. Ele tirou água da rocha para vocês, e os alimentou no deserto com maná, que os seus antepassados não conheciam, para humilhá-los e prová-los. Tudo isso aconteceu para o bem de vocês. O Senhor agiu assim para que vocês nunca viessem a pensar: ‘Conseguimos estas riquezas com a nossa própria força e capacidade’. Lembrem-se sempre do Senhor, o seu Deus, que dá a vocês a capacidade para enriquecer, confirmando a aliança que fez com os seus antepassados, conforme se vê hoje. “Mas se vocês se esquecerem do Senhor, o seu Deus, se seguirem outros deuses, servindo a eles e adorando-os, asseguro-lhes hoje que vocês certamente morrerão. Como o Senhor fez com as outras nações, destruindo-as diante de vocês, assim vocês serão destruídos, porque não quiseram obedecer à voz do Senhor, o seu Deus. “Ouça, ó Israel: Hoje você vai atravessar o rio Jordão, para entrar e possuir nações maiores e mais fortes do que você, que vivem em grandes cidades, protegidas por altos muros que vão até o céu. O povo é grande e alto, são filhos dos enaquins. Você já ouviu falar da fama deles e já conhece a expressão: ‘Quem é capaz de resistir aos filhos de Enaque?’ Esteja certo, hoje, de que o Senhor, o seu Deus, que vai à frente de Israel, é como fogo consumidor! Ele os destruirá e os derrubará diante de você, e você os expulsará e os destruirá, conforme a promessa do Senhor. “Então, quando o Senhor, o seu Deus, os tiver expulsado da presença de vocês, não fique pensando: ‘O Senhor me trouxe até aqui para tomar posse da terra por causa da minha justiça’. Não é por causa disso, mas é por causa da maldade dessas nações que o Senhor vai expulsá-las de diante de você. Não é por causa da sua justiça ou honestidade do seu coração que você vai entrar e possuir a terra, mas por causa da impiedade destas nações que o Senhor, o seu Deus, as expulsa de diante de você, e para confirmar as promessas que o Senhor, o seu Deus, fez aos seus antepassados, Abraão, Isaque e Jacó. Digo e repito: Saiba que o Senhor, o seu Deus, não está dando esta boa terra a você por causa da sua justiça. Pois não é! Você é um povo rebelde! “Israelitas! Lembrem-se disso e nunca se esqueçam de que vocês provocaram a ira do Senhor, o seu Deus, no deserto. Desde o dia em que saíram do Egito até que chegaram a este lugar, vocês foram rebeldes contra o Senhor. Vocês lembram o que fizeram para que ele ficasse furioso em Horebe, a ponto de exterminá-los? Na ocasião, eu estava no alto do monte, recebendo as tábuas de pedra, as tábuas da aliança que o Senhor tinha feito com vocês. Fiquei quarenta dias e quarenta noites no monte, e durante esse tempo não comi nem bebi. O Senhor me deu as duas tábuas de pedra, escritas pelo próprio dedo de Deus, e nelas estavam escritos os mandamentos que o Senhor proclamou a vocês no monte, do meio do fogo, no dia da assembleia. “Ao fim dos quarenta dias e das quarenta noites, o Senhor me deu as duas tábuas de pedra, as tábuas da aliança. Então o Senhor me disse: ‘Desça depressa, porque o povo que você tirou do Egito caiu em corrupção. Eles se desviaram depressa do caminho que eu lhes havia ordenado e fizeram um ídolo de metal fundido para si’. “E o Senhor ainda me disse: ‘Observei este povo e vi que é um povo rebelde e teimoso! Deixe-me destruir este povo. Vou apagar o nome dele de debaixo dos céus, e farei de você uma nação mais forte e mais numerosa do que esta’. “Então desci depressa do monte que ardia em fogo; levava nas mãos as duas tábuas da aliança. Logo que cheguei embaixo, pude ver que vocês haviam pecado contra o Senhor, o seu Deus, fazendo para vocês um bezerro fundido. Como vocês saíram depressa do caminho que o Senhor havia ordenado a vocês! Vendo aquilo, atirei as duas tábuas no chão, e elas se quebraram diante dos seus olhos! “Depois prostrei-me diante do Senhor mais quarenta dias e quarenta noites, sem comer pão nem beber água, porque estava abatido com o pecado que vocês haviam cometido, fazendo o que é intolerável aos olhos do Senhor, provocando a sua ira. Quanto temor senti por amor a vocês! Tive medo da ira e do furor do Senhor, pois o Senhor estava irado e disposto a destruir vocês. Porém, ainda dessa vez o Senhor atendeu à minha oração. Arão corria perigo, porque o Senhor ficou muito irado com ele. Mas orei por Arão também, e fui atendido. Então peguei o objeto do pecado de vocês, o bezerro que tinham feito, queimei-o no fogo e o moí, de modo que virou pó; e lancei o pó nas águas do ribeiro que descia do monte. “Além disso, vocês provocaram a ira do Senhor em três outras ocasiões: em Taberá, em Massá e em Quibrote-Hataavá. “E em Cades-Barneia, quando o Senhor mandou que avançassem e conquistassem a terra que ele tinha dado a vocês, vocês foram rebeldes contra a ordem do Senhor, o seu Deus. Não acreditaram nele, nem obedeceram à palavra dele. Sim, vocês têm sido rebeldes contra o Senhor, desde o dia em que os conheço. “Fiquei prostrado diante do Senhor durante aqueles quarenta dias e quarenta noites, porque o Senhor havia dito que os destruiria. Orei ao Senhor: ‘Ó Senhor, meu Deus! Não destrua o seu povo. Ele é a sua herança. O Senhor o salvou da terra do Egito com grande poder e gloriosa demonstração de força. Lembre dos seus servos Abraão, Isaque e Jacó. Não leve em conta a rebeldia deste povo, nem a sua maldade e o seu pecado, para que os habitantes da terra de onde nos tirou não digam: ‘O Senhor não foi capaz de levá-los à terra como lhes havia prometido. Ele os odiava, por isso os levou para o deserto para matá-los’. Mas este é o seu povo e sua herança, que o Senhor mesmo tirou do Egito com sua grande força e com o seu poderoso braço. “Naquela ocasião o Senhor ordenou: ‘Corte outras duas tábuas de pedra, iguais às primeiras, volte a subir para encontrar-se comigo no monte e faça a arca de madeira. Nessas duas novas tábuas escreverei os mesmos mandamentos que estavam nas primeiras tábuas que você quebrou, depois coloque-as na arca’. “Então fiz uma arca de madeira de acácia, preparei duas tábuas de pedra como as primeiras e subi o monte levando nas mãos as duas tábuas. Então o Senhor escreveu nelas o que tinha escrito anteriormente, ou seja, os dez mandamentos que ele havia falado a vocês do monte, do meio do fogo, no dia em que vocês estavam embaixo observando, e depois entregou as tábuas para mim. Desci o monte e coloquei as duas tábuas na arca que eu tinha feito, e ali ficaram, de acordo com a ordem do Senhor. (Os israelitas partiram, então, de Beerote-Bene-Jacã e foram até Moserá. Ali Arão morreu e foi sepultado. Eleazar, o filho de Arão, foi o seu sucessor no sacerdócio. Depois viajaram para Gudgodá, e de lá para Jotbatá, terra de ribeiros de águas. Foi ali que o Senhor separou a tribo de Levi para carregar a arca da aliança com os Dez Mandamentos, para estar diante do Senhor, para o servir e para abençoar o povo em nome do Senhor. A tribo de Levi ficou encarregada destas funções para sempre. Tanto é que ainda continua fazendo isso até hoje. Esta é a razão por que a tribo de Levi, diferentemente das outras tribos irmãs, não recebeu nenhum território ou herança na terra prometida. Porém, como o Senhor prometeu, ele mesmo é a herança dos levitas!) “E, como já disse, fiquei no alto do monte outros quarenta dias e quarenta noites, como na primeira vez. Ainda dessa vez o Senhor atendeu à minha oração e não quis destruir o povo. Entretanto, o Senhor me disse: ‘Levante-se e vá à frente do povo para que entrem e tomem posse da terra que prometi dar aos seus antepassados’. “E agora, ó Israel, o que é que o Senhor, o seu Deus, requer de você? Somente isto: que tema o Senhor, o seu Deus, que ande em todos os seus caminhos, que ame e sirva ao Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração e de toda a sua alma, guardando os mandamentos do Senhor e as suas leis que hoje ordeno a você para o seu bem. “Pense nisto: Ao Senhor, o seu Deus, pertencem os céus e os céus dos céus, a terra e tudo o que nela existe. Contudo, o Senhor amou tanto os seus pais dentre todos os povos que escolheu vocês, descendentes deles, como é evidente hoje. Portanto, tratem de purificar os corações pecadores de vocês e deixem de ser rebeldes. Pois o Senhor, o seu Deus, é o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e temível, que não faz acepção de pessoas e não aceita suborno. Ele faz justiça aos órfãos e às viúvas. Ele ama os estrangeiros, dando-lhes alimento e roupa. Amem também os estrangeiros, pois vocês foram estrangeiros na terra do Egito. Temam o Senhor, o seu Deus, e sirvam-no. Apeguem-se a ele e façam os seus juramentos somente em nome dele. Ele é a sua canção de louvor e o seu Deus. Foi ele que fez os gloriosos e impressionantes milagres que vocês têm visto. Quando os nossos antepassados desceram ao Egito, eram apenas setenta pessoas; mas agora o Senhor, o seu Deus, os tornou tão numerosos quanto as estrelas do céu! “Amem o Senhor, o seu Deus, e obedeçam às suas leis, aos seus mandamentos e às suas ordens. Ouçam! Não estou falando com os seus filhos, que não experimentaram nem viram a disciplina do Senhor, o seu Deus. Considerem a grandeza dele, a sua mão poderosa e o seu braço forte, os sinais e as obras que fez no meio do Egito, tanto ao faraó, rei do Egito, quanto a toda a sua terra; o que fez ao exército dos egípcios, aos seus cavalos e aos seus carros, fazendo com que fossem tragados pelas águas do mar Vermelho quando estavam perseguindo vocês, e como o Senhor anulou as forças deles até hoje. Os nossos filhos também não viram como o Senhor cuidou de vocês, durante o longo tempo em que estiveram vagando pelo deserto, até chegarem a este lugar, nem estavam presentes quando Datã e Abirão, filhos de Eliabe, descendentes de Rúben, cometeram grave pecado, e a terra abriu a sua boca e os tragou com as suas famílias, sua tendas e tudo que pertencia a eles, no meio de todo o povo de Israel. Mas vocês viram com os seus próprios olhos todas essas coisas grandiosas que o Senhor fez! “Obedeçam, portanto, a todos os mandamentos que hoje estou transmitindo a vocês, para que tenham forças para ir avante e conquistar a terra para onde estou conduzindo vocês, e para que tenham vida longa e abençoada na terra que o Senhor prometeu dar aos seus pais e aos seus descendentes, uma terra em que há leite e mel em abundância. Porque a terra de que vocês vão tomar posse não é como a terra do Egito, de onde você saíram. Lá vocês tinham de semear e precisavam regar todas as plantações, como se rega uma horta. Mas a terra de que vocês vão tomar posse é terra de montes e vales, onde não falta chuva. É uma terra da qual o Senhor, o seu Deus, toma conta pessoalmente. Os olhos do Senhor estão sobre ela continuamente, desde o começo até o fim do ano. “Se vocês obedecerem fielmente a todos os mandamentos que estou transmitindo hoje, e se amarem o Senhor, o seu Deus, e o servirem de todo o coração e de toda a alma, então darei chuva sobre a terra de vocês, no tempo certo, as primeiras e as últimas de cada ano, para que vocês possam recolher os seus cereais, o seu trigo e produzam muito vinho e azeite. E haverá ricas pastagens para o seu gado, e vocês terão comida com fartura. “Tenham cuidado, porém, para que o coração de vocês não seja enganado, e vocês caiam no erro de servir e adorar a outros deuses. Cuidado, porque isso provocará a ira do Senhor, e ele fechará os céus para que vocês não tenham chuvas nem colheitas. Assim vocês desaparecerão em pouco tempo da boa terra que receberam do Senhor. Portanto, gravem estas minhas palavras no coração e na alma de vocês. Amarrem estas instruções nas suas mãos como constante lembrete, e fixem-nas nas suas testas, entre os seus olhos! Ensinem essas leis aos seus filhos. Conversem a respeito delas quando estiverem sentados na sua casa, quando estiverem andando no caminho, quando se deitarem e quando se levantarem. Escrevam-nas nos batentes das portas de suas casas e nos seus portões. Fazendo assim, vocês e seus filhos viverão muitos anos na terra que o Senhor prometeu dar aos seus antepassados, e isso durará enquanto houver céus acima da terra! “Se vocês obedecerem com cuidado a todos os mandamentos que estou dando a vocês, amando o Senhor, o seu Deus, andando em todos os seus caminhos e não se afastando dele, então o Senhor expulsará todas estas nações de diante de vocês, e vocês tomarão posse de nações maiores e mais poderosas do que vocês. Todo lugar em que pisarem será de vocês. Suas fronteiras se estenderão desde o deserto no sul, até o Líbano; e desde o rio Eufrates, no leste, até o mar ocidental. Ninguém poderá oferecer resistência a vocês, porque o Senhor, o seu Deus, fará com que todos os povos daquela terra fiquem apavorados e com medo de vocês, como ele lhes prometeu. “Hoje estou propondo a vocês que escolham a bênção ou a maldição; bênção, se obedecerem aos mandamentos do Senhor, o seu Deus, os quais estou dando hoje a vocês; maldição, se desobedecerem aos mandamentos do Senhor, o seu Deus, e se desviarem do caminho que hoje ordeno a vocês, para seguirem outros deuses que vocês não conhecem. Quando o Senhor, o seu Deus, introduzir vocês na terra da qual vão tomar posse, então pronunciarão a bênção sobre o monte Gerizim, e a maldição sobre o monte Ebal. Por acaso vocês não sabem que esses montes estão situados a oeste do rio Jordão, na direção do pôr do sol, na terra dos cananeus que habitam na Arabá, perto de Gilgal, junto aos carvalhos de Moré? Vocês estão atravessando o Jordão para entrar e possuir a terra que o Senhor, o seu Deus, está dando a vocês. Mas prestem atenção! Tenham cuidado em obedecer a todas as leis e mandamentos que hoje estou dando a vocês. “Estes são os mandamentos e as leis a que vocês deverão obedecer quando chegarem à terra que o Senhor, o Deus dos seus pais, deu a vocês para sempre. Destruam por completo todos os altares nas altas montanhas, no alto dos morros e debaixo de árvores frondosas, nos quais as nações que vocês estão expulsando adoram seus deuses. Derrubem os seus altares, despedacem as suas colunas e queimem os seus postes-ídolos; despedacem as imagens esculpidas dos seus deuses. Não deixem nenhum rastro dessas coisas! “Não imitem os sacrifícios deles no culto que vocês oferecem ao Senhor, o seu Deus. Ao contrário, procurem o lugar próprio indicado pelo Senhor, o seu Deus, entre todas as suas tribos, para ali pôr o seu Nome e a sua habitação. Ali vocês apresentarão as suas ofertas queimadas e os seus sacrifícios, os seus dízimos, as ofertas especiais, apresentadas com gestos rituais, ofertas de cumprimento de votos e suas ofertas voluntárias, além das ofertas das primeiras crias das suas vacas e das suas ovelhas. Ali vocês e suas famílias comerão diante do Senhor, o seu Deus, e se alegrarão por tudo o que ele tem feito por vocês e pelas bênçãos do Senhor, o seu Deus. “Lá, naquela terra, vocês não vão continuar fazendo o que bem entendem, como fazem aqui, pois ainda não chegaram ao lugar de descanso que vão receber como herança do Senhor, o seu Deus. Mas quando atravessarem o rio Jordão e viverem na Terra Prometida que o Senhor, o seu Deus, dá a vocês como herança, ele lhes dará segurança e descanso de todos os seus inimigos que os cercam. Então levem para o lugar que o Senhor, o seu Deus, escolher como habitação do seu Nome, tudo o que ordenar a vocês: sacrifícios queimados e outros sacrifícios, os seus dízimos, as suas ofertas especiais e todas as outras ofertas prometidas ao Senhor. Ali vocês também se alegrarão diante do Senhor, vocês e os seus filhos e filhas, servos e servas, e os levitas que moram nas suas cidades, por não terem recebido terras nem herança com vocês. Não caiam no erro de apresentar ofertas queimadas em qualquer lugar que lhes agradar. Ofereçam-nas somente no lugar que o Senhor escolher. Ele vai separar para este fim um local nas tribos de Israel. Ali vocês oferecerão sacrifícios queimados e farão tudo o que o Senhor ordenar. “Contudo, a carne que vocês desejarem comer poderão preparar e comer nas cidades em que moram, como estão acostumados a fazer com a carne do cabrito selvagem ou do veado, de acordo com a bênção que o Senhor, o seu Deus, der a vocês. Tanto quem estiver cerimonialmente impuro quanto quem estiver puro poderá comê-la. A única proibição é quanto ao sangue. Esse vocês não poderão comer; derramem o sangue no chão como se fosse água. Vocês não poderão comer em suas cidades o dízimo dos cereais, do vinho e do azeite; nem as primeiras crias das vacas e das ovelhas; nem coisa alguma daquilo que foi prometido, por meio de voto, nem as suas ofertas voluntárias e as contribuições especiais. Somente diante do Senhor, o seu Deus, vocês comerão destas ofertas, vocês e os seus filhos e filhas, servos e servas, como também os levitas das suas cidades. Alegrem-se diante do Senhor, o seu Deus, em tudo o que fizerem. Mas tenham cuidado de não deixar de lado os levitas enquanto viverem na terra de vocês. “Quando o Senhor, o seu Deus, alargar as fronteiras do seu território conforme prometeu, e vocês desejarem comer carne, então poderão comer o quanto desejarem. Se o local que o Senhor, o seu Deus, escolher para ali pôr o seu Nome estiver muito longe de vocês, então poderão abater em casa o seu gado e o rebanho que o Senhor deu a vocês, como lhes ordenei, e em suas próprias casas poderão comer quanta carne desejarem comer. Vocês poderão comer a carne como fazem com os cabritos selvagens e com os veados. Todos poderão comer, inclusive os que estiverem cerimonialmente impuros. Mas cuidado! Não comam o sangue, pois o sangue é vida. Portanto, não comam a vida com a carne. Não comam o sangue; derramem-no no chão como se fosse água. Não comam o sangue para que tudo vá bem com vocês e com os seus filhos, porque estarão fazendo o que é honesto diante do Senhor. “Porém, as ofertas sagradas e o que prometeram por meio do voto precisam ser apresentados ao Senhor no local escolhido por ele. Ali apresentarão as suas ofertas queimadas sobre o altar do Senhor, o seu Deus, tanto a carne como o sangue. O sangue dos seus sacrifícios será derramado no altar do Senhor, e a carne vocês poderão comer. Procurem obedecer rigorosamente a todas estas palavras que estou dando a vocês. Se fizerem o que é certo aos olhos do Senhor, o seu Deus, então tudo correrá bem para vocês e para os seus filhos para sempre. “O Senhor, o seu Deus, eliminará as nações das terras em que vocês vão morar. Mas, quando vocês tiverem expulsado essas nações e estiverem habitando em suas terras, tenham cuidado de não imitar os seus cultos idólatras, depois das nações terem sido destruídas. Não perguntem a respeito dos seus deuses, dizendo: ‘Como é que estes povos adoravam os seus deuses? Vamos praticar os mesmos cultos!’ Não insultem o Senhor, o seu Deus, desta maneira, porque tudo o que é repugnante ao Senhor e que ele odeia, essas nações fizeram aos seus deuses. Até queimaram seus filhos e filhas no fogo, em sacrifício aos seus deuses! “Obedeçam a todos os meus mandamentos; não acrescentem, nem tirem coisa alguma. “Se aparecer entre vocês algum profeta ou alguém que diga que é capaz de fazer previsões por meio de sonhos ou de um sinal miraculoso ou um prodígio, e se o sinal ou as coisas que ele previr de fato acontecerem, mas disser: ‘Venham! Vamos adorar e servir aos deuses que vocês não conhecem’, não deem ouvidos às palavras daquele profeta ou sonhador. Pois o Senhor, o seu Deus, estará provando vocês para ver se de fato amam o Senhor, o seu Deus, de todo o coração e de toda a alma. Sigam somente o Senhor, o seu Deus, temam somente a ele. Guardem os seus mandamentos, deem ouvidos somente ao que ele diz e não se afastem dele. O profeta que queira fazer com que vocês deixem os caminhos do Senhor terá de ser morto, pois pregou rebelião contra o Senhor, o seu Deus, que os tirou do Egito e os resgatou da escravidão; esse profeta tentou afastá-los do caminho que o Senhor, o seu Deus, lhes ordenou que seguissem. O mal será eliminado do meio de vocês. Se o seu próprio irmão ou irmã, o seu filho ou filha, a bem-amada esposa ou o seu amigo mais íntimo, lhe falar em segredo, sugerindo: ‘Vamos prestar culto a outros deuses, deuses que você nem seus antepassados conheceram, deuses dos povos vizinhos, ou de povos distantes, de um ao outro extremo da terra’, não pare para ouvir, nem se deixe convencer. Não tenha pena dele. Não poupe a sua vida nem o proteja. Mate o infiel. Você deve ser o primeiro a levantar a sua mão contra essa pessoa para matá-la. Depois todo o povo o ajudará. Essa pessoa terá de ser apedrejada até a morte, porque tentou afastar você do Senhor, o seu Deus, que tirou Israel do Egito, daquele lugar de escravidão. E todo o Israel tomará conhecimento do pecado cometido; todos temerão, e ninguém repetirá essa maldade. “Se alguma vez vocês ouvirem dizer que numa das cidades recebidas pelo Senhor, o seu Deus, para sua moradia, homens malignos fizeram sugestões pecaminosas e desviaram os seus habitantes, dizendo: ‘Vamos e sirvamos a outros deuses’, deuses que vocês não conhecem, vocês deverão verificar e fazer uma investigação cuidadosa para ver se isso é verdade. Se, de fato, for verdade e ficar comprovado que se praticou essa coisa horrível entre vocês, certamente matarão com a espada todos os moradores daquela cidade. Toda ela será destruída completamente com tudo o que nela houver, tanto os seus moradores quanto os seus animais. Depois, ajuntem todos os bens deles no meio da praça principal e queimem a cidade com todas as posses deles. Isso será como oferta ao Senhor, o seu Deus. A cidade permanecerá em ruínas para sempre e nunca mais voltará a ser reconstruída. Além disso, ninguém guardará nada dos bens que foram condenados para a destruição, para que o Senhor abrande a sua ira e trate vocês com bondade e compaixão, e multiplique o seu povo, como prometeu sob juramento aos nossos antepassados. Isso ocorrerá somente se obedecerem ao Senhor, o seu Deus, guardando todos os mandamentos que estou lhes dando, e fazendo o que é justo ao olhos do Senhor, o seu Deus. “Como vocês são o povo do Senhor, o seu Deus, não façam cortes nos próprios corpos, nem rapem o cabelo acima da testa, como sinal de luto, pois vocês são o povo escolhido do Senhor, o seu Deus. Dentre todos os povos que existem na face da terra, o Senhor escolheu vocês para serem somente dele. “Não comam nada que seja impuro. Os animais que vocês podem comer são os seguintes: o boi, a ovelha, a cabra, o veado, a gazela, a corça, o bode montês, o antílope, o bode selvagem e o gamo. Vocês poderão comer qualquer animal que tenha as unhas fendidas e o casco dividido em dois e que rumine. Todavia, dos animais que ruminam ou têm o casco fendido, não deverão comer o camelo, a lebre e o coelho selvagem. Embora ruminem, eles não têm o casco fendido; são impuros para vocês. Também não poderão comer o porco, que embora tenha o casco fendido, não rumina. Estes animais são cerimonialmente impuros. Vocês não poderão comer a carne desses animais, nem tocar no cadáver deles. “De todas as criaturas que vivem nas águas vocês poderão comer somente as que possuem barbatanas e escamas. Mas todas as que não tiverem barbatanas vocês não devem comer. Elas serão cerimonialmente impuras para vocês. “Todas as aves puras vocês poderão comer. Mas estas são as que vocês não poderão comer: a águia, o urubu, a águia-marinha, o açor, o falcão de qualquer espécie, o corvo, segundo a sua espécie, o avestruz, a coruja, a gaivota, o gavião de qualquer espécie, o mocho, o íbis, a gralha, os pelicanos, o abutre, o corvomarinho, a cegonha, a garça de qualquer espécie, a poupa e o morcego. “Também todo inseto que voa será impuro; não poderá ser comido. Vocês podem comer toda ave cerimonialmente pura. “Não usem como alimento nenhum animal que tenha sofrido morte natural. Contudo, o estrangeiro que mora nas cidades de vocês poderá comê-lo, ou vocês poderão vendê-lo a outros estrangeiros. Mas vocês não comam tal coisa, pois são o povo escolhido pelo Senhor, o seu Deus. “Outra coisa: Não cozinhem o cabrito no leite da mãe dele. “Deem o dízimo de todas as colheitas que produzirem anualmente. Levem os dízimos para comer na presença do Senhor, o seu Deus, no lugar que ele escolher para habitação do seu Nome. Comam o dízimo dos cereais, do vinho, do azeite, e das primeiras crias das vacas e das ovelhas. A finalidade dos dízimos é ensinar vocês a temerem o Senhor, o seu Deus, todos os dias. Mas se o local que o Senhor escolher como santuário for longe demais, e se tornar difícil ir para lá com os seus dízimos, e vocês tiverem sido abençoados pelo Senhor, o seu Deus, então vocês poderão vender uma parte das colheitas correspondentes ao dízimo e levar o dinheiro ao local que o Senhor, o seu Deus, tiver escolhido. Chegando lá, usem esse dinheiro para comprar o que a sua alma desejar: vacas ou bois, ovelhas, vinho ou outra bebida fermentada, ou qualquer outra coisa que desejarem. Então comam festivamente ali, na presença do Senhor, o seu Deus, e alegrem-se, você e sua família. Não esqueçam que devem partilhar com os levitas que vivem em suas cidades, pois eles não receberam propriedades nem colheitas como herança do Senhor. “De três em três anos, ajuntem a décima parte das colheitas daquele ano e recolham na cidade onde moram. Isso é para os levitas, que não receberam herança como as outras tribos, e para os estrangeiros, os órfãos e as viúvas que vivem na sua cidade. Assim eles poderão comer com fartura e saciar-se. Então o Senhor, o seu Deus, abençoará todo o trabalho de vocês. “No final de cada sete anos serão canceladas todas as dívidas! Isso deverá ser feito da seguinte maneira: Todo credor dará ao devedor um documento de quitação do empréstimo, como se tivesse recebido o pagamento. Nenhum israelita exigirá pagamento do próximo ou do seu parente, porque foi proclamado o tempo do Senhor para o perdão da dívida. Isso não é aplicável ao estrangeiro, de quem vocês poderão continuar cobrando. Mas as dívidas dos seus irmãos israelitas terão de ser perdoadas e quitadas. Assim, não haverá pobre no meio de vocês, pois na terra que o Senhor, o seu Deus, lhes está dando por herança ele derramará abundantes bênçãos sobre vocês. A condição para que sejam abençoados ricamente é que obedeçam a todos estes mandamentos que hoje estou comunicando a vocês. Pois o Senhor, o seu Deus, abençoará vocês como prometeu, e vocês emprestarão dinheiro a muitas nações, mas nunca precisarão tomar emprestado! Vocês dominarão muitas nações, mas elas não terão domínio sobre Israel. “Se houver algum israelita pobre na terra que o Senhor, o seu Deus, está dando a vocês, não endureçam o seu coração nem fechem as mãos para o seu irmão pobre. Ao contrário, abram as mãos e emprestem ao pobre liberalmente tudo o que falta a ele. Muita atenção! Que nenhum de vocês alimente este pensamento mau: ‘O sétimo ano está se aproximando, o ano do perdão das dívidas, e não quero ajudar o meu irmão pobre’. Se fizer isso, o necessitado poderá apelar para o Senhor, contra você, e você será culpado desse pecado. Dê generosamente e não seja relutante em seu coração; assim o Senhor, o seu Deus, abençoará você em todo o seu trabalho e em tudo que colocar a sua mão. Pois nunca deixará de haver pobres na terra; daí a necessidade deste mandamento. Portanto, eu ordeno a você: Seja generoso para com o seu irmão israelita e para com o necessitado e pobre da sua terra! “Quando um israelita, seja homem ou mulher, for vendido a você como escravo, ele ficará a seu serviço por seis anos. No sétimo ano, você dará a liberdade a ele. E quando ele for embora, não deixe que vá de mãos vazias! Dê a ele generosa provisão de animais do seu rebanho, dos seus cereais e do seu lagar. Compartilhe com ele das bênçãos que o Senhor, o seu Deus, tem dado a você. Lembre-se de que você foi escravo no Egito e que foi resgatado pelo Senhor, o seu Deus. É por isso que hoje dou essa ordem a você. “Mas se o seu escravo hebreu não quiser sair da sua casa, se afirmar que ama a você e a sua família, e se sente bem com você, então pegue o furador e fure a orelha dele, usando a porta como ponto de apoio; daí por diante ele será o seu escravo para sempre. Faça a mesma coisa com a sua escrava. “Não fique triste ao libertar o seu escravo. Basta lembrar que por seis anos prestou serviços a você, custando o sustento dele a metade do salário de um trabalhador contratado. E obedecendo assim, de coração, o Senhor, o seu Deus, abençoará você em tudo o que fizer. “Das primeiras crias do gado e das ovelhas separe para o Senhor, o seu Deus, todo macho. Não use a primeira cria do seu gado para os trabalhos no campo e não aproveite a lã da primeira cria das suas ovelhas. Em vez disso, todo ano, você e sua família comerão esses animais, na presença do Senhor, o seu Deus, no local que ele escolher. Contudo, se o animal tiver algum defeito, por exemplo, se for manco ou cego, ou tiver qualquer outra deformidade, não servirá para ser oferecido ao Senhor, o seu Deus, em sacrifício. Em vez disso, você e sua família poderão comer o animal defeituoso em casa. Todos poderão comer dele, mesmo os que estiverem cerimonialmente impuros, como estão acostumados a comer a carne do cabrito montês ou do veado. Mas o sangue não deve ser comido. Derrame-o na terra como se fosse água. “Guardem o mês de abibe e celebrem a Páscoa do Senhor, o seu Deus, pois numa noite desse mês o Senhor, o seu Deus, tirou Israel do Egito. O sacrifício de páscoa será de um cordeiro ou de um novilho, oferecido ao Senhor, o seu Deus, no lugar que o Senhor tiver escolhido para ali fazer habitar o seu Nome. Comam a carne com pão sem fermento. Durante os sete dias comam pães sem fermento, o pão da aflição, para lembrar como era o pão que vocês comeram quando saíram do Egito. Vocês recordarão que quando saíram do Egito foi com tanta pressa que não houve tempo para esperar a massa do pão crescer. Lembrem aquele dia para o resto de suas vidas. Durante os sete dias, não permitam que seja encontrado fermento com vocês em toda a sua terra; e da carne do cordeiro pascal não deverá sobrar carne alguma para a manhã do dia seguinte. “Não ofereçam o sacrifício da páscoa em nenhuma das cidades que o Senhor, o seu Deus, lhes der. O sacrifício só poderá ser feito no lugar que o Senhor, o seu Deus, escolher para a habitação do seu Nome. Ali vocês oferecerão o sacrifício da páscoa ao pôr do sol, hora da sua saída do Egito. Seguindo essa orientação, vocês poderão cozinhar e comer a carne do animal no local que o Senhor, o seu Deus, escolher, e depois, na manhã seguinte, cada um voltará para a sua tenda. Nos seis dias seguintes comam pão sem fermento e, no sétimo dia, será realizada uma assembleia solene diante do Senhor, o seu Deus. Nesse dia ninguém trabalhará. “Quando começar a colheita de cereais, contem sete semanas, celebrem então a festa das Semanas ao Senhor, o seu Deus. Para essa celebração tragam pessoalmente uma oferta voluntária, proporcional às bênçãos recebidas do Senhor, o seu Deus, ou seja tomando como base a avaliação do montante das suas colheitas. Nessa ocasião, vocês se alegrarão diante do Senhor, o seu Deus, você, os seus filhos, as suas filhas, os seus servos e as suas servas, os levitas da sua cidade, os estrangeiros, os órfãos e as viúvas que vivem no meio de vocês. Toda essa celebração ocorrerá no lugar que o Senhor, o seu Deus, escolher para a habitação do seu Nome. Obedeçam fielmente a estes mandamentos e lembrem-se de que vocês foram escravos no Egito! “Celebrem também a festa dos Tabernáculos durante sete dias, no fim das colheitas, depois que os cereais tiverem sido recolhidos nos celeiros e as uvas tiverem sido espremidas para a produção de vinho. Alegrem-se nessa festa com os seus filhos e as suas filhas, os seus servos e as suas servas, os levitas da sua cidade, os estrangeiros, os órfãos e as viúvas que vivem no meio de vocês. Durante sete dias vocês celebrarão a festa ao Senhor, o seu Deus, no local que o Senhor escolher. Esses dias festivos serão de alegria e de ação de graças pelas bênçãos que o Senhor, o seu Deus, tiver derramado sobre Israel, dando boas colheitas e permitindo sucesso em todo o trabalho das suas mãos; e a alegria de vocês será completa. “Três vezes por ano todos os seus homens deverão comparecer diante do Senhor, o seu Deus, no local que ele escolher para as seguintes festas: a festa dos pães sem fermento, a festa das Semanas e a festa dos Tabernáculos. Ninguém deverá aparecer perante o Senhor de mãos vazias: cada um dará segundo as suas posses, de acordo com as bênçãos recebidas do Senhor, o seu Deus. “Vocês deverão nomear juízes e oficiais para cada tribo em todas as cidades recebidas do Senhor, o seu Deus, para que julguem o povo com justiça e honestidade. Não pervertam a justiça, nem sejam parciais, fazendo acepção de pessoas. Não aceitem suborno, porque o suborno cega até os sábios e perverte a causa dos justos. Sigam a justiça e somente a justiça, para que tenham vida e tomem posse da terra que o Senhor, o seu Deus, dá a vocês. “Aconteça o que acontecer, nunca levantem nenhum poste-ídolo junto ao altar que Israel irá edificar para o Senhor, o seu Deus, nem levantem estátuas. O Senhor proíbe terminantemente essas coisas, pois são detestáveis para o Senhor, o seu Deus. “Não sacrifiquem ao Senhor, o seu Deus, boi ou ovelha que tenha qualquer defeito ou qualquer deformidade. Oferta defeituosa ofende o Senhor. “Se algum homem ou mulher, que vive em qualquer uma das cidades que o Senhor, o seu Deus, lhes dá, desrespeitar os termos da aliança do Senhor, fazendo o que o Senhor, o seu Deus, reprova, adorando outros deuses, prostrando-se diante deles ou diante do sol ou da lua ou das estrelas, práticas que não ordenei e que são proibidas, investigue o caso a fundo, para ver se é verdade. Se for de fato comprovado que se fez tal abominação em Israel, então levem o homem ou a mulher que tiver praticado esse pecado para fora da cidade e apedrejem essa pessoa até morrer. Contudo, nunca decretem a sentença de morte com base no depoimento de uma testemunha só; será necessário o depoimento de duas ou três testemunhas. As testemunhas terão de atirar as primeiras pedras, e depois todo o povo fará o mesmo. Desse modo será eliminado o mal do meio de Israel. “Quando aparecer alguma causa difícil demais para julgar, por exemplo, quando alguém for acusado de homicídio ou crimes com sangue, e não existir evidência suficiente; ou alguém violou os direitos do próximo, e for difícil provar isso; ou se ocorreu uma briga violenta com lesões físicas, dirijam-se ao local escolhido pelo Senhor, o seu Deus. Os sacerdotes, os levitas e o juiz que estiver em exercício vão ouvir o caso, e depois declararão o veredicto. O que eles mandarem fazer, estando reunidos no local escolhido pelo Senhor, terá de ser feito. Procedam de acordo com a sentença e as orientações que eles lhes derem. Da decisão deles não poderá haver reclamação, nem recurso. O homem que proceder de maneira orgulhosa e não quiser aceitar a decisão do sacerdote, que está ali para servir o Senhor, nem a do juiz, esse homem terá de ser morto. Assim vocês eliminarão o mal de Israel. Dessa maneira, todo o povo ouvirá, temerá e não agirá mais com orgulho. “Quando vocês entrarem na terra que o Senhor, o seu Deus, lhes dá, tiverem conquistado aquele território, viverem nele e disserem: ‘Bem que poderíamos ter um rei que nos governe, como as outras nações ao redor de nós’, tenham o cuidado de proclamar rei aquele que o Senhor, o seu Deus, escolher. Esse rei terá de vir dos seus próprios irmãos israelitas. Vocês não poderão colocar como rei um estrangeiro, que não seja israelita. Aquele que for coroado rei não poderá adquirir para si um grande número de cavalos, muito menos pensar em mandar o povo voltar para o Egito para obter mais cavalos, pois o Senhor disse: ‘Nunca mais voltem por este caminho’. Também não deverá ter muitas mulheres, para que o seu coração não se desvie do Senhor. Além disso, não deverá acumular muita prata e ouro. “Quando for coroado e se assentar no trono como rei, terá de fazer uma cópia desta lei, do livro guardado pelos sacerdotes levitas. Essa cópia da lei estará sempre junto dele. O rei precisará ler esse livro todos os dias da sua vida para aprender a respeitar o Senhor, o seu Deus, e a obedecer a todas as palavras desta lei e todos os seus mandamentos. Isso impedirá que o rei ache que é superior aos demais irmãos israelitas. Também impedirá que ele se desvie da lei, nem para a direita, nem para a esquerda. Assim, garantirá um reinado longo e feliz sobre Israel, bem como para os seus descendentes. “Os sacerdotes levitas e todos os outros membros da tribo de Levi não receberão propriedades como as demais tribos de Israel. Por isso, eles terão como alimento parte das ofertas queimadas para o Senhor. Eles não terão herança entre os seus irmãos, porque o Senhor é a herança deles, como lhes prometeu. “De cada sacrifício oferecido ao Senhor, um novilho ou uma ovelha, estas são as partes que deverão ser reservadas para os sacerdotes: a espádua, as queixadas e o estômago. Além disso, receberão as primeiras partes das colheitas de cereais, do vinho, do azeite e a primeira lã da tosquia das ovelhas, porque, dentre todas as tribos, o Senhor, o seu Deus, escolheu a tribo de Levi e seus descendentes para o ministério do Senhor, geração após geração. “Todo e qualquer levita, não importa em que parte do território de Israel viva, tem direito de exercer o oficio ministerial em qualquer local escolhido pelo Senhor, em qualquer época. Ele poderá ministrar ali regularmente em nome do Senhor, o seu Deus, da mesma forma que os levitas dali servem na presença do Senhor. Ele terá direito a uma porção de alimento dos sacrifícios e ofertas igual à dos outros levitas, além de ter direito ao que resultar da venda dos bens da família. “Quando entrarem na terra que o Senhor, o seu Deus, lhes dá, tomem cuidado para não se corromperem com os costumes horríveis que as nações de lá praticam. Por exemplo: Não viverá o israelita que entregar seu filho ou filha para ser queimado em sacrifício aos deuses. Também nenhum israelita poderá fazer parte das seguintes práticas: adivinhar o futuro e coisas secretas, ou ler a sorte das pessoas, invocar espíritos para pedir a ajuda deles, praticar feitiçaria, ou fazer encantamentos, ou trabalho de médium, magia, ou consulta aos mortos. Aquele que pratica coisas desse tipo causa repugnância ao Senhor. É justamente por praticarem essas coisas que ele está expulsando estas nações das terras delas. Vocês devem permanecer santos perante o Senhor, o seu Deus. “Estas nações que Israel irá dominar e destruir dão ouvidos a todo tipo de magia e de adivinhações. Mas o Senhor, o seu Deus, não permite tais práticas. Por isso, o Senhor, o seu Deus, vai levantar um profeta no meio dos seus próprios irmãos, como eu. A ele deem ouvidos. Não foi isto que pediram em Horebe ao Senhor, o seu Deus, no dia da assembleia, dizendo: ‘Não queremos mais ficar aqui ouvindo a voz do Senhor, o nosso Deus. Nem ver este grande fogo, para que não morramos!’? “Então o Senhor me disse: ‘Vou atender ao pedido deles. Levantarei no meio deles um profeta, como você, um israelita. Colocarei as minhas palavras em sua boca, e ele será o intermediário entre mim e o meu povo. Eu mesmo pedirei contas a todo aquele que não der ouvidos às minhas palavras que o profeta falar em meu nome! Mas ai do profeta que ousar falar em meu nome alguma palavra que eu não lhe tenha mandado falar, ou o que falar em nome de outros deuses! Esse profeta terá de ser morto’. “Caso vocês digam em seu coração: ‘Como poderemos saber se a profecia vem do Senhor ou não?’, aqui está a resposta: Se aquilo que o profeta anunciar não acontecer, essa palavra não vem do Senhor. Aquele profeta falou com soberba e inventou a mensagem. Não tenham medo dele. “Quando o Senhor, o seu Deus, tiver destruído as nações cuja terra ele está dando a vocês, e quando as expulsarem e habitarem nas suas cidades e nas suas casas, separem três cidades de refúgio no meio da terra de vocês que o Senhor, o seu Deus, está dando a vocês, para dela tomarem posse. Dividam a terra em três partes que o Senhor, o seu Deus, está dando a vocês como herança, e escolham uma cidade que seja de fácil acesso, para que o homicida possa chegar lá com segurança. “Estes são os casos em que o homicida, ao correr para as cidades de refúgio, terá a vida salva. Isso vale para aquele que sem intenção e sem ódio premeditado matar o seu próximo. Por exemplo: Um homem vai com o próximo às matas cortar lenha e, ao levantar o machado para derrubar a árvore, o ferro do machado salta do cabo e atinge o seu amigo e o mata. Ele poderá fugir para uma das cidades de refúgio e viver com segurança. Do contrário, o vingador da vítima, enfurecido, poderia perseguir o homicida e alcançá-lo, caso a distância fosse grande demais, e poderia matá-lo, embora ele não fosse culpado de morte, pois não odiava o seu próximo. Portanto, não deixem de cumprir esta ordem: separem três cidades de refúgio. “Se o Senhor, o seu Deus, alargar as fronteiras de Israel, como prometeu sob juramento aos seus antepassados, e lhes der toda a terra que prometeu a eles, se vocês forem obedientes a todos estes mandamentos que hoje ordeno a vocês, amando o Senhor, o seu Deus, e andando sempre nos caminhos traçados por ele, então vocês terão de separar mais três cidades de refúgio, além destas três. Desta maneira, vocês evitarão a morte das pessoas inocentes na sua terra, a qual o Senhor, o seu Deus, está dando a vocês como herança, e não serão responsabilizados por derramamento de sangue injusto. “Mas, se alguém odiar o seu próximo e, por meio de uma emboscada, atacá-lo, matá-lo e fugir para uma cidade de refúgio, as autoridades da cidade onde aconteceu o crime mandarão buscar o assassino e o entregarão nas mãos do vingador da vítima para que morra. Não fiquem com pena do criminoso. Eliminem de Israel o derramamento de sangue inocente para que tudo corra bem para vocês. “Não mudem os marcos de divisa da propriedade do seu próximo, que seus antepassados colocaram na sua herança, na terra que o Senhor, o seu Deus, dá a vocês para tomarem posse dela. “Nunca declarem culpada uma pessoa com base no depoimento de uma testemunha só. E isso vale para qualquer tipo de crime ou pecado. Qualquer acusação precisa ser confirmada pelo depoimento de duas ou três testemunhas. “Se uma pessoa der falso testemunho, afirmando que viu alguém praticar alguma transgressão, quando não viu, os dois envolvidos na questão serão levados aos sacerdotes e juízes que estiverem exercendo as respectivas funções naquele dia, diante do Senhor. Os juízes farão um cuidadoso interrogatório, e se a conclusão for que a testemunha é falsa e que mentiu quando acusou o próximo, receberá a mesma punição que planejava para o seu irmão. Fazendo assim, vocês eliminam o mal do meio de vocês. Então os demais vão sentir medo, e nunca mais repetirão esta coisa horrível no meio de vocês. Não tenham pena de uma testemunha falsa! A regra é esta: vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé! “Quando vocês saírem para a guerra contra os seus inimigos e virem cavalos, carros e um exército muito maior do que o seu, não fiquem com medo! Pois o Senhor, o seu Deus, o mesmo que os tirou do Egito, estará com vocês. Antes de começar a batalha, um sacerdote irá à frente do exército de Israel e dirá: ‘Ouça, ó Israel! Hoje vocês vão enfrentar os seus inimigos. Não desanimem nos seus corações; não tenham medo. Não fiquem apavorados nem aterrorizados diante deles, porque o Senhor, o seu Deus, estará com vocês. Ele estará lutando por vocês contra os seus inimigos e dará a vitória a vocês. “Depois os oficiais dirão ao exército: ‘Algum de vocês construiu uma casa nova e ainda não fez a dedicação dela? Se existe alguém nestas condições, volte para a sua casa, pois pode ser que morra em combate, e outro homem a dedique. Alguém aqui plantou uma vinha e ainda não comeu dos seus frutos? Volte para casa, pois pode ser que morra durante a batalha e outro desfrute da vinha. Algum de vocês está comprometido para casar-se com uma mulher mas ainda não casou? Volte para a sua casa, para que não morra em combate, e outro homem se case com ela’. E os oficiais ainda dirão: ‘Alguém está com medo ou sente falta de coragem? Volte para casa, antes que a falta de coragem contagie os seus irmãos israelitas! Quando os oficiais tiverem acabado de falar ao exército nomearão os comandantes que deverão ir à frente dos batalhões. Quando marcharem contra alguma cidade, primeiro façam uma proposta de paz. Se o povo aceitar a proposta e abrir as portas da cidade, todos os habitantes passarão a servir a Israel, realizando o trabalho forçado de escravo. Se, porém, a proposta de paz for rejeitada, então vocês formarão um cerco em torno dela. Quando o Senhor, o seu Deus, entregá-la em suas mãos, matem com a espada todos os homens. Mas as mulheres, as crianças, os rebanhos e tudo o que houver na cidade, todo o seu despojo ficará com vocês. Isso quer dizer que vocês poderão desfrutar de todos os bens saqueados dos seus inimigos que o Senhor, o seu Deus, entregar nas mãos de Israel. Estas instruções se aplicam a todas as cidades distantes que não pertencem às nações vizinhas de vocês. “Mas nas cidades das nações que o Senhor, o seu Deus, dá a vocês por herança e que estão situadas dentro dos limites da Terra Prometida, vocês destruirão todo ser que respira! Conforme ordenou o Senhor, o seu Deus, vocês destruirão completamente os heteus, os amorreus, os cananeus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus. A razão desta ordem é impedir que os povos destes lugares levem Israel a praticar as coisas que causam horror a Deus quando adoram os seus deuses. Caindo nestas práticas, vocês estariam pecando gravemente contra o Senhor, o seu Deus. “Quando as forças israelitas cercarem por muito tempo uma cidade, combatendo-a para tomá-la, não cortem com o machado as árvores frutíferas, pois vão servir de alimento para vocês! Por acaso as árvores do campo são inimigos para que vocês as destruam? Cortem somente as árvores que vocês sabem que não dão frutas. Estas podem ser aproveitadas em obras que ajudem no cerco da cidade, até que ela seja conquistada. “Quando Israel estiver possuindo a terra que o Senhor, o seu Deus, lhes der, e acontecer que for encontrado morto no campo o corpo de uma pessoa assassinada — e ninguém souber quem foi o assassino — façam o seguinte: Os oficiais e os juízes sairão e medirão a distância entre o lugar onde foi encontrado o cadáver e as cidades vizinhas. Os oficiais da cidade mais próxima pegarão uma novilha que nunca foi usada no trabalho e na qual ainda não tenha sido posta uma canga, e levarão a novilha a um vale de terras por onde passe água corrente, terras nunca lavradas nem semeadas. Ali vocês quebrarão o pescoço da novilha. Então os sacerdotes, descendentes de Levi, se aproximarão, porque foram escolhidos pelo Senhor, o seu Deus, para servirem, para abençoarem o povo em nome do Senhor e para decidirem todas as questões difíceis e os casos de violência. Então todos os anciãos da cidade mais próxima do cadáver lavarão as mãos sobre a novilha cujo pescoço foi quebrado no vale e dirão: ‘Não foram as nossas mãos que derramaram este sangue, e os nossos olhos não viram quem foi. Ó Senhor! Tenha misericórdia de Israel, o seu povo, a quem o Senhor mesmo resgatou. Não ponha sobre o seu povo a culpa do sangue de um inocente! Conceda-nos o seu perdão’. Assim o povo não será considerado culpado por aquela morte. Dessa forma será eliminada de Israel a culpa pelo derramamento de sangue inocente, pois seguiram fielmente as determinações do Senhor. “Quando vocês forem à guerra contra os seus inimigos e o Senhor, o seu Deus, os entregar nas suas mãos, e eles forem levados como prisioneiros, atenção! Se um de vocês vir entre eles uma mulher formosa, se agradar dela e quiser casar com ela, siga estas instruções: Leve a mulher para casa; ela rapará a cabeça, cortará as unhas e se desfará das roupas do seu cativeiro. Feito isso, ela chorará pelo pai e pela mãe durante um mês. Depois você poderá casar com ela. Você será o seu marido, e ela será a sua mulher. Contudo, se depois do casamento você não quiser mais que ela seja sua esposa, terá de deixá-la sair livre. Você não poderá vendê-la nem tratá-la como se fosse escrava. Isto compensará a humilhação a que ela foi submetida por você. “Se um homem tiver duas esposas e amar uma delas e a outra não, e as duas lhe derem filhos, sendo que o filho mais velho é da mulher não amada, o homem não pode dar parte maior da herança ao filho mais novo, ou seja, ao filho da mulher que ele ama. O que ele tem de fazer é reconhecer como filho mais velho o filho da mulher que ele não prefere e, como de costume, dar porção dupla da herança ao filho mais velho de tudo que possui. Esse filho é o primeiro fruto do seu vigor, e a ele pertence o direito de filho mais velho. “Se um homem tiver um filho teimoso e rebelde, que não obedece nem ao seu pai nem à sua mãe, nem mesmo depois de ser castigado por eles, o pai e a mãe levarão o filho à presença dos líderes na entrada da cidade e dirão aos líderes: ‘Este nosso filho é teimoso e rebelde. Não nos obedece. É corrupto e beberrão!’ Então todos os homens da cidade apedrejarão esse filho rebelde até que ele morra. Desse modo, ficará eliminado este mal entre vocês, e todo Israel, ao saber disso, temerá. “Se alguém cometer um crime que mereça a morte e, depois de condenado, for enforcado, o corpo dele não poderá ficar na forca durante a noite. É preciso que ele seja enterrado no mesmo dia, porque todo aquele que for pendurado para morrer é maldito por Deus! Não contaminem a terra que o Senhor, o seu Deus, dá a vocês como herança. “Se você vir o boi ou a ovelha de um israelita fugir do dono, não finja que não o viu! Leve o animal de volta ao seu dono. Se o seu dono não mora perto de você ou se você não o conhece, recolha o animal em sua propriedade e cuide dele até que o dono apareça e você possa devolver o animal. Aplique a mesma regra ao jumento, à capa e a qualquer coisa perdida que você achar. Cuide do que achou para depois devolver ao dono. “Quando você vir o jumento ou o boi de um israelita caído no caminho, não ignore o fato. Ajude o homem a pôr o animal em pé. “A mulher não deverá usar roupa de homem, e o homem não deverá usar roupa de mulher, pois o Senhor, o seu Deus, não tolera esse tipo de abominação. “Se você achar um ninho de aves com filhotes ou ovos no chão ou numa árvore, e a mãe estiver sobre os filhotes ou os ovos, não pegue a mãe com os filhotes. Deixe que a mãe vá embora; então você poderá pegar os filhotes, a fim de que tudo corra bem para você e você tenha vida longa. “Toda casa nova deve ser guarnecida com um parapeito em torno do terraço para evitar que alguém caia de lá. Assim você não será culpado se alguém cair de lá. “Não semeie na plantação de uvas outras espécies de sementes. Se fizer isso, tanto as uvas como as colheitas serão confiscadas pelos sacerdotes. “Não are a terra usando um boi e um jumento sob o mesmo jugo. “Não use roupa feita de mistura de tecidos, como a lã e o linho. “Costure franjas nos quatro cantos do manto que você usa para cobrir o corpo. “Se um homem casar com uma jovem e, depois de ter tido relações com ela, rejeitála e difamá-la, dizendo: ‘Casei-me com esta moça, mas descobri que ela não era virgem’, o pai e a mãe da moça apresentarão aos juízes na entrada da cidade a prova da virgindade da filha. O pai da moça dirá aos oficiais: ‘Dei a minha filha em casamento a este homem, mas agora ele a está rejeitando. Ele também a difamou e disse: Descobri que a sua filha não era virgem. Entretanto, aqui está a prova da virgindade da minha filha’. Então os pais estenderão a roupa dela diante dos oficiais da cidade, e eles castigarão aquele homem. Imporão uma pesada multa de cem peças de prata. O dinheiro da multa será dado ao pai da moça, pois aquele homem acusou falsamente uma virgem de Israel. E ele não poderá obter o divórcio enquanto viver. “Se, porém, for verdade a acusação de que não era virgem quando casou, então ela será levada à porta da casa do seu pai, e ali os homens da sua cidade a apedrejarão até que ela morra. Ela manchou Israel, agindo como prostituta enquanto morava na casa de seu pai. Assim o mal será eliminado do meio de vocês. “Se um homem e uma mulher casada forem apanhados em adultério, os dois terão de morrer. E assim o mal será eliminado do meio de vocês. “Se um homem encontrar numa cidade uma moça ainda virgem, prometida em casamento a um outro homem, e tiver relações com a moça, levem os dois à entrada daquela cidade e apedrejem-nos até morrerem: a moça, porque não gritou por socorro, estando na cidade, e o homem porque violou a virgindade da mulher prometida a outro homem. Assim o mal será eliminado do meio de vocês. “Mas, se um homem encontrar no campo uma moça prometida em casamento a um outro homem e tiver relações com ela, somente o homem morrerá. Não façam nada à moça; ela não é culpada de morte. O homem atacou a jovem como um homicida ataca e mata o seu próximo, pois ele a encontrou no campo, e a moça gritou, mas não havia ninguém por perto que pudesse ir em socorro dela. “Se um homem seduzir uma jovem virgem, sem compromisso de casamento, e for apanhado no ato, ele pagará uma multa de cinquenta peças de prata ao pai da moça e terá que se casar com a moça, pois a humilhou. Nunca poderá obter o divórcio. “Que nenhum homem tenha relações com a mulher de seu pai, pois isso desonraria a cama de seu pai. “Se os testículos de um homem forem esmagados, ou se for amputado o membro viril dele, ele não poderá participar da assembleia do Senhor. “Quem nasceu de uma união ilícita não poderá fazer parte da assembleia do Senhor; nem os descendentes dele, até a décima geração. “Nenhum amonita ou moabita poderá participar da assembleia do Senhor até a décima geração. A razão desta lei é que essas nações não receberam Israel com alimento e água, quando vocês estavam saindo do Egito; além disso convocaram Balaão, filho de Beor, natural de Petor, na Mesopotâmia, para amaldiçoar o povo de Israel. Porém, o Senhor, o seu Deus, não atendeu Balaão e transformou a maldição em bênção, porque o Senhor, o seu Deus, os ama. Enquanto vocês viverem, nunca pensem em ajudar os amonitas e os moabitas a terem paz ou bem-estar. Já com o edomita e o egípcio é diferente. Não rejeitem o edomita, pois ele é irmão dos israelitas; e quanto aos egípcios, não os desprezem, porque vocês, sendo estrangeiros, viveram na terra deles. A terceira geração dos filhos deles já terá o direito de fazer parte da assembleia do Senhor. “Quando saírem para combater contra os seus inimigos, mantenham-se afastados de todas as coisas impuras. Todo aquele que ficar cerimonialmente impuro, por ter tido polução noturna, terá de sair e ficar fora do acampamento o dia inteiro. Mas ao pôr-do-sol tomará banho e voltará ao acampamento. “Como não há sanitários no acampamento, quando tiver necessidade, o homem sairá do acampamento, para uma parte do terreno reservado para isso. Ele levará uma pá, que faz parte do equipamento de cada soldado, abrirá um buraco no chão e, depois de fazer as suas necessidades, cobrirá as fezes. Pois o Senhor, o seu Deus, anda no meio do acampamento para dar livramento a vocês e para entregar os inimigos nas mãos de vocês. O acampamento será santo. Portanto, cuidado! Que não aconteça que o Senhor veja alguma coisa indecente no meio de vocês e se afaste de vocês. “Se um escravo fugitivo procurar abrigo entre vocês, não façam com que ele seja devolvido ao seu dono. Deixem que ele viva em liberdade no meio de vocês, pelo tempo que desejar, na cidade que escolher. Não o oprimam. “Não será permitido a nenhum israelita, homem ou mulher, se entregar à prostituição no templo. Ninguém deverá apresentar ofertas ao Senhor, o seu Deus, provenientes dos lucros ganhos de uma prostituta ou de um prostituto, com o fim de pagar algum voto ou promessa. As pessoas que vivem assim são repugnantes aos olhos do Senhor, o seu Deus! “Não cobrem juros de um irmão israelita sobre empréstimo feito a ele, nem de dinheiro, nem de alimento, ou qualquer outra coisa que se empresta a juros. Vocês poderão cobrar juros de um estrangeiro, mas nunca de um irmão israelita, para que o Senhor, o seu Deus, os abençoe em todos os seus empreendimentos na terra em que estão entrando para tomar posse. “Se você fizer algum voto ou promessa ao Senhor, o seu Deus, cumpra sem demora. O Senhor, o seu Deus, certamente exigirá prestação de contas. Se você não cumprir o que prometeu, estará cometendo pecado. Mas se você não fizer um voto ou promessa, não peca por isso. Uma vez que tenha feito voto, trate de cumprir tudo o que prometeu, com todo o cuidado! Lembre-se que foi você que tomou o propósito de fazer a promessa ou voto ao Senhor, o seu Deus. “Quando vocês passarem pela plantação de uvas de outra pessoa, poderão comer quantas uvas desejarem, até ficarem satisfeitos. Mas não levem uvas em uma cesta. Quando entrarem na plantação de trigo do seu próximo, apanhem quantas espigas puderem com as suas mãos, mas não usem foice na plantação do seu próximo. “Se um homem casar-se com uma mulher e depois não gostar de alguma coisa nela, poderá assinar um documento de divórcio e mandá-la embora. Se, depois de sair da casa, ela se tornar mulher de outro homem, e se o segundo marido também encontrar algo nela que ele reprova, também pedir divórcio, ou morrer, o primeiro marido, que se divorciou dela, não poderá casar-se com ela novamente, visto que ela foi contaminada. Isso seria uma ofensa ao Senhor. Não permitam que se cometa pecado tão grave na terra que o Senhor, o seu Deus, lhes dá por herança. “O homem recém-casado não será enviado para a guerra, nem precisa assumir responsabilidades especiais. Durante um ano inteiro poderá ficar em casa para alegrar a esposa com quem se casou. “É ilegal tomar como garantia de uma dívida as duas pedras de moinho, nem mesmo a pedra de cima, pois o dono do moinho ficaria sem a sua ferramenta com a qual ganha a vida. “Se um homem sequestrar um israelita e tratá-lo como escravo ou vender a pessoa sequestrada, o sequestrador terá de morrer, para que o mal seja eliminado do meio de vocês. “Siga exatamente as instruções do sacerdote nos casos de lepra. Os sacerdotes recebem orientações e regras que vocês devem seguir cuidadosamente. Lembrem-se do que o Senhor, o seu Deus, fez com Miriã, depois de saírem do Egito. “Se você emprestar alguma coisa ao seu próximo, não entre na casa dele para pegar o que ele ofereceu como garantia pela dívida. Fique do lado de fora. O homem que recebeu o empréstimo é que sairá de casa e entregará a você o que prometeu como garantia pela dívida. Se alguém for pobre, e a garantia pela dívida for uma manta, não fique de noite com a manta que ele deu como garantia. Ao pôr do sol, leve a ele a manta, para que a use como cobertor durante a noite. Assim ele abençoará você, e isto será considerado um ato de justiça diante do Senhor, o seu Deus. “Não explore o trabalhador pobre e necessitado que ganha por dia de trabalho, seja ele israelita ou estrangeiro que está na sua terra e mora na sua cidade. Pague o seu salário cada dia, antes do pôr do sol, pois ele é pobre e depende disso para viver, para que não clame contra você ao Senhor, e você seja considerado culpado de pecado. “Os pais não serão mortos por causa do pecado dos filhos, nem os filhos por causa dos pecados dos pais. Cada um morrerá pelo seu próprio pecado. “Não deixem de fazer justiça ao estrangeiro e ao órfão e nunca aceitem como garantia de pagamento a roupa de uma viúva. Não esqueçam nunca de que vocês foram escravos no Egito e que o Senhor, o seu Deus, os libertou; por esse motivo lhes ordeno que procedam assim. “Quando estiverem fazendo a colheita nas suas plantações e esquecerem um feixe de espigas, não voltem para buscá-lo. Deixem-no para o estrangeiro, para o órfão e para a viúva, para que o Senhor, o seu Deus, os abençoe em tudo o que fizerem. Quando vocês sacudirem as suas oliveiras para a colheita das azeitonas, não repassem os ramos. O que sobrar, deixem para o estrangeiro, para o órfão e para a viúva. E quando colherem as uvas da sua vinha, não passem de novo por ela. As uvas que ficarem nos pés serão para o estrangeiro, para o órfão e para a viúva. Lembrem-se de que vocês foram escravos na terra do Egito; por isso ordeno a vocês que façam tudo isso. “Quando dois homens se envolverem numa briga e vierem ao tribunal para serem julgados pelos juízes, o inocente será absolvido e o culpado será condenado. Se o culpado merecer a pena de açoites, o juiz fará com que o culpado se deite e seja açoitado na presença dele. O número de açoites deverá ser proporcional à gravidade do crime cometido. Nunca, porém, poderá ultrapassar quarenta açoites. Se açoitá-lo além disso, o seu irmão seria humilhado publicamente. “Não amordacem a boca do boi quando este estiver debulhando o cereal. “Se dois irmãos morarem juntos, e um deles morrer sem deixar filhos, não é preciso que a viúva procure marido fora da família. O irmão do marido que morreu se casará com ela e desempenhará normalmente com ela as funções de marido. O primeiro filho que ela tiver deverá receber o nome do irmão do pai, para que o seu nome não seja apagado de Israel. “Mas se o irmão do falecido não quiser casar-se com a mulher do seu irmão, ela irá dizer aos oficiais da cidade: ‘O irmão do meu marido falecido está se recusando a dar continuidade ao nome do seu irmão em Israel’. Os líderes da cidade chamarão o homem e falarão com ele. Se ele insistir e disser: ‘Não quero me casar com ela’, então a viúva do seu irmão chegará perto dele, na presença dos oficiais, tirará as sandálias dele, cuspirá no seu rosto e dirá: ‘É isso que acontece com o homem que não perpetua a descendência do seu irmão!’ Daí por diante a descendência daquele homem será conhecida em Israel como ‘a casa do descalçado’. “Se dois homens estiverem brigando, e a mulher de um deles, querendo ajudar o seu marido, agarrar os testículos do outro, a mão dela terá de ser cortada. Não tenham piedade dela. “Em todas as transações comerciais, usem pesos e medidas rigorosamente iguais. Nada de ter dois pesos e duas medidas. Não tenham duas medidas em sua casa, uma maior e outra menor. Tenham pesos exatos e justos, e medidas exatas e justas. Assim vocês viverão muito tempo na terra que o Senhor, o seu Deus, dá a vocês. Porque o Senhor, o seu Deus, não tolera essas coisas, nem quem pratica esse tipo de injustiça. “Nunca se esqueçam do que o povo de Amaleque fez com vocês, no caminho, quando saíam do Egito, como veio contra vocês, quando já estavam cansados, e atacou por trás os que estavam exaustos. Os amalequitas não temeram a Deus. Portanto, quando o Senhor, o seu Deus, tiver dado sossego a vocês de todos os seus inimigos ao seu redor, na terra que dá a vocês para dela tomarem posse como herança, então apaguem completamente o nome de Amaleque de debaixo do céu. Não se esqueçam disso! “Quando vocês tiverem entrado na terra recebida como herança do Senhor, o seu Deus, e tiverem tomado posse dela e nela habitarem, apresentem todos os anos os primeiros frutos de tudo que a terra produzir. Coloquem tudo numa cesta e vão ao lugar que o Senhor, o seu Deus, escolher para a habitação do seu Nome, e digam ao sacerdote em exercício: ‘Esta oferta demonstra que eu reconheço que graças ao Senhor, o Deus de Israel, estou vivendo na terra que o Senhor havia prometido dar aos nossos antepassados’. O sacerdote pegará a cesta das suas mãos e colocará a oferta diante do altar do Senhor, o seu Deus. Depois vocês deverão fazer esta declaração diante do Senhor, o seu Deus: ‘Os meus pais eram arameus emigrantes, que foram para o Egito em busca de refúgio. Quando chegaram lá, eram pouca gente; mas vivendo ali como estrangeiros, se tornaram uma nação grande, forte e numerosa. Entretanto, os egípcios maltrataram o nosso povo e nos afligiram, impondo sobre nós dura servidão. Então clamamos ao Senhor, o Deus dos nossos pais, e ele ouviu o nosso clamor, viu o nosso sofrimento, o trabalho duro que fazíamos e a pesada opressão que sofríamos. E o Senhor tirou o nosso povo do Egito por meio de grandes milagres e com sua poderosa mão. Ele causou grande espanto e fez sinais e maravilhas. Ele nos trouxe a este lugar e nos deu esta terra, terra que é fonte de leite e mel! Agora trago estes primeiros frutos que colhi na terra que o Senhor me deu’. Coloquem, então, a cesta perante o Senhor, o seu Deus, e adorem o Senhor. Depois vocês se alegrarão por todas as coisas boas que o Senhor, o seu Deus, tem dado a vocês e aos seus familiares. E partilhem essa alegria com todos os que vivem na sua casa, não esquecendo do levita e do estrangeiro que vivem no meio de vocês. “Todo terceiro ano é ano de dízimos especiais. Nesse ano, vocês devem dar todos os dízimos das colheitas ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, para que comam nas suas cidades até ficarem satisfeitos. Depois vocês declararão ao Senhor, o seu Deus: ‘Retirei da minha casa a porção que era sagrada ao Senhor e dei ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, como o Senhor ordenou. Não violei nem esqueci nenhuma das suas regras. Não comi dos dízimos enquanto estava de luto, nem enquanto estava cerimonialmente impuro, nem ofereci deles aos mortos. Obedeci ao Senhor, o meu Deus, e fiz tudo o que ele ordenou. Olhe da sua santa habitação no céu, e abençoe o seu povo e a terra que o Senhor deu a Israel, conforme prometeu aos nossos antepassados, terra que é fonte de leite e mel’. “Hoje, o Senhor, o seu Deus, ordena a vocês que obedeçam de todo o seu coração e de toda a sua alma a todos estes mandamentos e ordenanças. Vocês declaram hoje que o Senhor é o Deus de vocês e que andarão nos seus caminhos, guardarão os seus mandamentos, as suas leis e ordenanças, dando ouvidos a tudo que ele disser. E hoje o Senhor declarou que vocês são o tesouro pessoal dele, conforme prometeu, e que vocês terão de obedecer a todas as leis dadas por ele. Se obedecerem, ele fará com que Israel venha a ser maior do que qualquer outra nação. Ele fará com que Israel receba louvor, fama e glória, e que vocês sejam um povo santo ao Senhor, o seu Deus, como prometeu”. Então Moisés e os anciãos de Israel deram mais estas instruções: “Obedeçam a todos estes mandamentos que hoje ordeno a vocês. Quando vocês atravessarem o rio Jordão e entrarem na terra que o Senhor, o seu Deus, dá a vocês, levantem pedras grandes e pintem-nas com cal. Escrevam nas pedras caiadas todas as palavras desta lei, para entrarem na terra que o Senhor, o seu Deus, lhes dá, terra que é fonte de leite e mel, como o Senhor, o Deus dos seus antepassados, prometeu. E, quando tiverem passado o rio Jordão, levantem essas pedras no monte Ebal, como hoje ordeno a vocês, e pintem-nas com cal. No mesmo local, ergam um altar ao Senhor, o seu Deus. O altar deverá ser de pedras brutas, não cortadas por nenhuma ferramenta de ferro. Façam o altar ao Senhor, o seu Deus, com pedras brutas, e sobre esse altar ofereçam ao Senhor sacrifícios queimados. Apresentem também ofertas de paz. Ali vocês poderão comer e alegrar-se na presença do Senhor, o seu Deus. Escrevam nessas pedras, de maneira bem legível, todos os termos desta lei”. Moisés, junto com os sacerdotes levitas, continuaram falando ao povo, dizendo: “Ouça em silêncio, ó Israel! Hoje você se tornou o povo do Senhor, o seu Deus! Portanto, obedeça à voz do Senhor, o seu Deus, e siga os mandamentos e leis que hoje ensino a você”. Naquele mesmo dia Moisés deu esta ordem ao povo: “Quando vocês tiverem passado o Jordão, as tribos de Simeão, Levi, Judá, Issacar, José e Benjamim ficarão no alto do monte Gerizim para abençoar o povo. E as tribos de Rúben, Gade, Aser, Zebulom, Dã e Naftali estarão no monte Ebal para anunciar maldição. “Então os levitas gritarão para todo o povo de Israel o seguinte: “ ‘Maldito aquele que fizer imagem de escultura, seja de madeira ou de metal fundido, obra de artesão, mesmo que a levante secretamente. O Senhor não tolera essas coisas’. E todo o povo dirá: ‘Amém!’ ‘Maldito aquele que desprezar o seu pai ou a sua mãe’. E todo o povo dirá: ‘Amém!’ ‘Maldito aquele que mudar os marcos de divisa das terras do seu próximo’. E todo o povo dirá: ‘Amém!’ ‘Maldito aquele que fizer um cego errar o caminho’. E todo o povo dirá: ‘Amém!’ ‘Maldito aquele que fizer injustiça ao estrangeiro, ao órfão e à viúva’. E todo o povo dirá: ‘Amém!’ ‘Maldito aquele que tiver relações com a mulher do seu pai, pois desonrará a cama do próprio pai!’ E todo o povo dirá: ‘Amém!’ ‘Maldito aquele que tiver práticas sexuais com um animal!’ E todo o povo dirá: ‘Amém!’ ‘Maldito aquele que tiver relações sexuais com a própria irmã, ainda que seja irmã só por parte de pai ou só por parte da mãe’. E todo o povo dirá: ‘Amém!’ ‘Maldito aquele que tiver relações sexuais com a própria sogra’. E todo o povo dirá: ‘Amém!’ ‘Maldito aquele que matar o seu próximo às escondidas’. E todo o povo dirá: ‘Amém!’ ‘Maldito aquele que aceitar pagamento para matar uma pessoa inocente’. E todo o povo dirá: ‘Amém!’ ‘Maldito aquele que não obedecer às palavras desta lei’. E todo o povo dirá: ‘Amém!’ “Se vocês obedecerem fielmente à voz do Senhor, o seu Deus, e a todas as leis que hoje lhes dou, então o Senhor, o seu Deus, exaltará a nação de Israel acima de todas as nações da terra. E as bênçãos virão sobre vocês e os acompanharão, resultantes da obediência ao Senhor, o seu Deus: “Vocês serão abençoados na cidade e serão abençoados no campo. “Os filhos do seu ventre serão abençoados, como também o fruto da sua terra, os seus rebanhos, as crias das suas vacas e das suas ovelhas. “Haverá bênção sobre os cestos de colheita e o seu pão. “Haverá bênçãos quando entrarem e bênçãos quando saírem. “O Senhor fará com que os seus inimigos sejam derrotados na presença de vocês quando se levantarem contra vocês. Eles marcharão contra vocês por um caminho, mas fugirão por sete caminhos diante de vocês. “O Senhor abençoará os seus celeiros e tudo que fizerem. O Senhor, o seu Deus, os abençoará na terra que dá a vocês. “O Senhor fará de vocês um povo santo, dedicado a ele, conforme prometeu sob juramento, desde que vocês obedeçam aos mandamentos do Senhor, o seu Deus, e andem nos caminhos traçados por ele. E todos os povos da terra verão que vocês pertencem ao Senhor e terão medo de vocês. O Senhor dará a vocês grande abundância de filhos, de animais, de colheitas nesta terra que ele prometeu dar aos seus antepassados. O Senhor abrirá o seu bom tesouro, o céu, para enviar chuva à sua terra no tempo certo e para abençoar tudo o que vocês fizerem. Vocês emprestarão a muitas nações, mas não tomarão emprestado de ninguém. Se vocês obedecerem aos mandamentos do Senhor, o seu Deus, e guardarem e cumprirem tudo quanto ordeno a vocês, então o Senhor fará de vocês cabeça, e não cauda. E vocês estarão sempre por cima, e não por baixo. Não se desviem, nem para a direita nem para a esquerda, destas leis que estou dando a vocês hoje. Não sigam a outros deuses, para servi-los. “Se, porém, vocês não derem ouvidos à voz do Senhor, o seu Deus, e deixarem de guardar todas as leis e ordenanças que estou dando a vocês hoje, cairão sobre vocês todas estas maldições: “Vocês serão amaldiçoados na cidade e amaldiçoados no campo. “Os seus cestos de colheita serão amaldiçoados, bem como o seu pão. “Os filhos do seu ventre serão amaldiçoados, como também o fruto da sua terra, os seus rebanhos, as crias das suas vacas e das suas ovelhas. “Vocês serão amaldiçoados ao entrarem e amaldiçoados ao saírem. “Pois o próprio Senhor enviará maldição sobre vocês, além de confusão; e vocês fracassarão em tudo o que fizerem. Por fim, serão totalmente destruídos e sofrerão repentina ruína por terem pecado e me abandonado. O Senhor mandará terríveis epidemias, até a terra da qual tomarão posse acabar com vocês. O Senhor os castigará com a tuberculose, vários tipos de febre, infecções, com calor ardente e com seca, com ferrugem e com pestes que destroem as colheitas. Tudo isso perseguirá vocês até que morram. Os céus em cima de vocês ficarão endurecidos como o bronze, e a terra debaixo dos seus pés ficará dura como o ferro. Em vez de chuva, o Senhor enviará tempestades de areia e nuvens de cinza, que descerão dos céus sobre vocês até que sejam destruídos. “O Senhor fará com que vocês caiam vencidos pelos inimigos. Vocês marcharão por um caminho para enfrentá-los, mas fugirão deles por sete caminhos. E vocês serão motivo de horror para todos os reinos da terra. Os cadáveres de vocês servirão de comida para as aves do céu e para os animais da terra, e ninguém os espantará. O Senhor castigará vocês com as úlceras do Egito, com tumores, com sarna e com coceiras dos quais vocês não poderão curar-se. O Senhor os castigará com loucura, com cegueira e com um espírito perturbado. Ao meio-dia vocês andarão sem rumo, como um cego apalpa na escuridão. Vocês não terão sucesso em coisa alguma; serão oprimidos e roubados o tempo todo, sem que alguém os socorra. “Você ficará noivo de uma moça, mas outro homem terá relações com ela. Você construirá uma casa, mas outros morarão nela. Você plantará uma vinha, mas não colherá as uvas. O seu boi será abatido diante dos seus olhos, porém você não comerá da sua carne. Você verá o seu jumento sendo roubado, e não o devolverão. As suas ovelhas serão dadas aos seus inimigos, e ninguém o ajudará. Você verá os seus filhos e as suas filhas sendo levados como escravos para outro povo, e você ficará com muita saudade, sem poder fazer alguma coisa para trazê-los de volta. Um povo estrangeiro e desconhecido de Israel comerá os produtos da terra que você teve tanto trabalho para produzir. Você será oprimido e esmagado o tempo todo! E de tanto ver coisas horríveis, você acabará enlouquecendo! O Senhor castigará você com tumores dolorosos incuráveis nas pernas e fará com que você fique coberto desses tumores dos pés à cabeça. “O Senhor levará vocês e o rei que tiverem escolhido a uma nação que vocês e seus antepassados não conheceram. Lá vocês terão de adorar outros deuses, deuses de madeira e de pedra. Vocês serão motivo de horror, de zombaria e de riso por todas as nações para onde o Senhor os levar. “Vocês semearão muito em sua terra e colherão pouco, porque os gafanhotos devorarão as colheitas. Plantarão e cultivarão videiras, mas não aproveitarão as uvas, nem farão vinho, porque serão destruídas pelos vermes. O território terá oliveiras em toda parte, mas vocês não utilizarão azeite porque as azeitonas cairão dos galhos antes do tempo. Vocês terão filhos e filhas, mas não contarão com a companhia deles, porque serão levados embora como escravos. Os gafanhotos consumirão todas as suas árvores e tudo o que a terra produzir. “Os estrangeiros que vivem no meio de vocês progredirão cada vez mais, e vocês ficarão cada vez mais pobres e fracos. Eles emprestarão a vocês, mas vocês não emprestarão a eles. Eles serão a cabeça, e vocês serão a cauda. “Todas essas maldições virão sobre vocês. Elas perseguirão vocês e os alcançarão, até que sejam destruídos. Tudo porque vocês não obedeceram ao Senhor, o seu Deus, nem guardaram os seus mandamentos e ordenanças que ele deu a vocês. Essas desgraças servirão de sinal e prodígio para vocês e para os seus descendentes, para sempre. Visto que vocês não deram valor às bênçãos recebidas e não serviram ao Senhor com alegria e de coração na época da abundância, vocês servirão aos inimigos que o Senhor enviará contra vocês, em meio à fome e à sede, em nudez e com falta de tudo. Ele colocará no pescoço de vocês uma canga de ferro, até que sejam completamente destruídos. “O Senhor trará uma nação de longe, dos confins da terra, veloz como a águia, nação cuja língua não compreenderão, nação de gente feroz, que não respeitará os idosos, nem terá piedade dos moços. Ela devorará as crias dos seus animais e as plantações da sua terra, até vocês ficarem completamente arrasados. Ela não deixará os cereais, o vinho recém-fabricado, o azeite, as crias das vacas e das ovelhas, até que vocês sejam consumidos. Aquela nação sitiará todas as cidades israelitas e derrubará os muros altos e fortes em que vocês confiavam. Ela sitiará todas as cidades em toda a terra que o Senhor, o seu Deus, deu a vocês. “A situação ficará tão terrível durante o cerco do inimigo que vocês comerão a carne dos seus próprios filhos e filhas, que o Senhor, o seu Deus, tinha dado a vocês. Até mesmo o homem mais gentil e amável entre vocês olhará sem compaixão para o seu irmão, para a mulher do seu amor e para os filhos que estiverem vivos, tanto que não repartirá com eles a carne dos seus filhos que estiver comendo. Porque já não estará suportando mais o sofrimento e a angústia durante o cerco do inimigo em todas as suas cidades. A mais delicada e meiga das mulheres do nosso povo, tão delicada e meiga que seria incapaz de encostar no chão a sola dos pés, será mesquinha para com o marido do seu amor, e para com o seu filho e a sua filha. Ela comerá às escondidas a placenta e o filho que gerou durante o cerco e no sofrimento e angústia que o inimigo de vocês causará em suas cidades. “Se vocês não tiverem o cuidado de obedecer a todas as leis escritas neste livro e não temerem este nome glorioso e terrível, o Senhor, o seu Deus, enviará sobre vocês e sobre seus filhos pragas que não acabam mais! Serão pragas e doenças graves e persistentes. Ele trará sobre vocês todas as doenças horríveis do Egito, de que vocês tinham tanto medo. E isso não é tudo! O Senhor também mandará sobre vocês todo tipo de enfermidades e pragas que não estão registradas neste Livro da Lei. E acontecerão estas coisas até que Israel seja destruído. Vocês, que no passado foram um povo tão numeroso como as estrelas dos céus, ficarão reduzidos a um pequeno número! Tudo isso acontecerá se não derem ouvidos ao Senhor, o seu Deus. Assim como o Senhor se agradou em fazer bem a vocês e multiplicá-los, assim o Senhor se agradará em destruir vocês e levá-los à ruína. E vocês desaparecerão da terra em que estão entrando para tomar posse. “O Senhor os espalhará entre todos os povos, de uma até outra extremidade da terra. Ali vocês servirão a outros deuses, deuses de madeira e de pedra que vocês e seus antepassados não conheciam nem de nome. No meio daquelas nações vocês não terão sossego, nem mesmo um lugar de descanso para a sola dos seus pés, pois o Senhor dará a vocês um coração desesperado, olhos incapazes de enxergar direito e a alma dominada por tristeza e medo. A vida de cada um de vocês será oscilante, como que pendurada num fio. Vocês viverão com medo dia e noite, e a cada momento terão dúvidas se continuarão vivendo. De manhã dirão: ‘Ah! Quem me dera já fosse noite!’ E de noite dirão: ‘Quem me dera já fosse de manhã!’, tal será o pavor do seu coração, e tão terríveis serão os horrores que os seus olhos verão. O Senhor os fará voltar para o Egito em navios pelo caminho que disse a vocês que nunca mais o veriam. Ali vocês serão oferecidos como escravos e escravas para os seus inimigos, mas não haverá quem compre vocês!” Foi nas planícies de Moabe que Moisés confirmou os termos da aliança que o Senhor havia feito com o povo de Israel, além da aliança que tinha feito com eles em Horebe. Moisés convocou todo o povo e disse: “Vocês viram tudo o que o Senhor fez no Egito ao faraó, a todos os seus oficiais e a toda a sua terra. Com os seus próprios olhos vocês viram as grandes provas, os sinais e grandes maravilhas. Mas, apesar disso tudo, até hoje o Senhor não deu a vocês coração para entender, nem olhos para ver, nem ouvidos para ouvir! Durante quarenta anos em que conduzi vocês pelo deserto, nem as suas roupas, nem as sandálias dos seus pés ficaram estragadas. Vocês não comeram pão, nem beberam vinho, nem qualquer outra bebida fermentada, para que soubessem que eu sou o Senhor, o seu Deus. “Quando vocês chegaram a este lugar, Seom, rei de Hesbom, e Ogue, rei de Basã, vieram lutar contra nós. Mas eles foram derrotados por nós. Conquistamos o território deles e o demos às tribos de Rúben e Gade e à metade da tribo de Manassés, como herança do Senhor. “Portanto, obedeçam fielmente aos termos desta aliança para terem sucesso em tudo o que fizerem. Vocês todos estão hoje diante do Senhor, o seu Deus: os seus líderes de tribos, o povo, os juízes e os oficiais, e todos os demais homens de Israel, juntamente com as crianças, as mulheres e os estrangeiros que vivem no seu acampamento, incluindo os lenhadores e os carregadores de água. Vocês estão todos aqui para firmar uma aliança com o Senhor, o seu Deus, aliança que ele está fazendo com vocês hoje. Hoje ele vai confirmá-los como o seu povo para que ele seja o Deus de vocês, conforme lhes prometeu e como jurou aos seus pais Abraão, Isaque e Jacó. Esta aliança, sob juramento, não faço só com vocês que estão aqui hoje, na presença do Senhor, o seu Deus, mas também com as futuras gerações de Israel. “Certamente vocês lembram como vivemos na terra do Egito e como, ao sair de lá, atravessamos com segurança as terras das nações inimigas. E vocês viram as suas imagens e seus ídolos detestáveis de madeira, de pedra, de prata e de ouro. É bom lembrar essas coisas para que não exista entre vocês homem ou mulher, grupo de famílias, ou tribo cujo coração se afaste do Senhor, o seu Deus, e passe a prestar culto aos deuses daquelas nações. Porque no dia em que alguém fizer isso, estará plantando uma raiz que produzirá fruto amargo e venenoso! “Ninguém caia no erro, ao ouvir estas palavras de maldição, de invocar uma bênção sobre si mesmo no seu íntimo, dizendo: ‘Posso seguir o meu próprio caminho, e mesmo assim ter sucesso e paz’. Isso traria destruição a todos, tanto à terra irrigada quanto à terra seca. O Senhor não perdoará quem fizer algo assim! A ira e o zelo do Senhor arderão em chamas contra tal pessoa! Todas as maldições escritas neste livro cairão sobre ele, e o Senhor apagará o seu nome de debaixo do céu. O Senhor afastará essa pessoa de todas as tribos de Israel e a castigará, segundo as maldições da aliança escritas no livro desta Lei. “Os filhos de vocês, as gerações futuras, e os estrangeiros que vierem de terras distantes, verão a devastação da terra e as doenças enviadas a ela pelo Senhor. Toda a sua terra será coberta de enxofre e sal, terra imprestável, onde não se semeará; ela nada produzirá, nem crescerá nela erva alguma. Será como a destruição de Sodoma e Gomorra, de Admá e Zeboim, que o Senhor destruiu na sua ira e no seu furor. Todas as nações perguntarão: ‘Por que o Senhor fez isso com esta terra? Qual foi a causa de tamanha ira?’. “E não faltará quem responda a elas: ‘Foi porque os moradores desta terra abandonaram a aliança do Senhor, o Deus dos seus antepassados, aliança feita com eles quando os tirou da terra do Egito. Pois eles prestaram culto a outros deuses e se prostraram diante deles, deuses desconhecidos, que o Senhor não lhes tinha dado. Por isso o Senhor ficou muito irado contra esta terra, de modo que todas as maldições escritas neste livro caíram sobre eles! Com grande ira, indignação e furor, o Senhor arrancou os israelitas da sua terra e os lançou numa outra terra, como hoje se vê’. “As coisas encobertas pertencem ao Senhor, o nosso Deus, mas as reveladas são para serem conhecidas por nós e por nossos filhos, para que obedeçamos a todas as palavras desta lei para sempre. “Quando todas essas bênçãos e maldições anunciadas tiverem acontecido, e vocês se lembrarem delas nos países em que estiverem vivendo, para onde o Senhor, o seu Deus, os tiver dispersado, e quando vocês e seus filhos voltarem para o Senhor, o seu Deus, de todo o coração e de toda a alma, de acordo com todos os mandamentos que hoje lhes transmito, então o Senhor, o seu Deus, trará vocês de volta do cativeiro, terá misericórdia de vocês e reunirá vocês de todas as nações entre as quais ele os havia espalhado. Ainda que vocês tenham sido levados para os confins da terra, lá o Senhor, o seu Deus, os encontrará e de lá os trará de volta. O Senhor, o seu Deus, os trará para a terra dos seus antepassados, e vocês tomarão posse da terra outra vez. Ele abençoará vocês, e vocês se tornarão mais numerosos do que os seus antepassados. O Senhor, o seu Deus, dará um coração fiel a vocês, e aos seus descendentes, para que o amem de todo o coração e de toda a alma — e vocês voltarão a viver! O Senhor, o seu Deus, enviará todas estas maldições sobre os inimigos de vocês, sobre todos aqueles que os odiaram e perseguiram. Vocês voltarão ao Senhor e obedecerão a todos os seus mandamentos que hoje lhes ordeno. Então o Senhor, o seu Deus, abençoará tudo o que fizerem, os filhos do seu ventre, como também a cria dos seus animais e as colheitas da sua terra. E o Senhor voltará a ter alegria em vocês, como se alegrou com os seus antepassados, se vocês derem ouvidos à voz do Senhor e guardarem as leis ordenadas por ele e escritas neste Livro da Lei, e se vocês se converterem ao Senhor, o seu Deus, de todo o coração e de toda a alma. “Obedecer a estas leis não é algo que está além das suas forças. Pois estas leis não estão em cima nos céus, distantes demais para que vocês tenham que perguntar: ‘Quem subirá ao céu para trazê-las e proclamá-las a nós, para que as cumpramos?’ Também não estão além-mar, de modo que tenham de perguntar: ‘Quem atravessará o mar para trazê-las de volta e proclamá-las a nós para que as cumpramos?’ Pois esta palavra está bem perto de vocês, está em seus lábios e em seus corações, de maneira que vocês podem muito bem lhe obedecer. “Vejam! Hoje proponho a vocês vida e prosperidade, ou morte e mal. Ordeno hoje que amem o Senhor, o seu Deus, que sigam os caminhos traçados por ele e que guardem os seus mandamentos, leis e ordenanças. Somente assim vocês poderão viver e se tornar uma grande nação, e o Senhor, o seu Deus, abençoará vocês e a terra de que vão tomar posse. “Mas se o coração de vocês se desviar e não quiser ouvir, e se forem atraídos e levados a servir a outros deuses, prostrando-se diante deles, então declaro hoje que vocês certamente morrerão; não terão vida longa na terra em que logo vão entrar e da qual vão tomar posse, ao passarem pelo rio Jordão. “Tomo hoje os céus e a terra por testemunhas contra vocês de que lhes dei a oportunidade de escolherem a vida ou a morte, a bênção ou a maldição. Oh! Escolham a vida, para que vocês e os seus filhos possam viver. Tomem a decisão de amar o Senhor, o seu Deus, de ouvir a sua voz e de ficar junto a ele! Pois ele é a sua vida e dará vida longa na terra que ele prometeu dar aos antepassados Abraão, Isaque e Jacó”. Depois de falar todas estas coisas ao povo de Israel, disse Moisés: “Já estou com cento e vinte anos de idade e já não sou capaz de conduzi-los. O Senhor me disse: ‘Você não atravessará o rio Jordão’. O Senhor, o seu Deus, é quem passará diante de vocês. Ele destruirá as nações e vocês tomarão posse da terra deles. E Josué atravessará diante de vocês, conforme o Senhor determinou. O Senhor destruirá as nações, como fez com Seom e Ogue, reis dos amorreus e o território deles. O Senhor entregará a vocês essas nações, e vocês destruirão todas elas, como ordenei a vocês. Sejam fortes e tenham coragem! Não tenham medo deles nem fiquem apavorados, pois o Senhor, o seu Deus, vai com vocês. Ele não os deixará, nem os abandonará”. Então Moisés chamou Josué e, enquanto todo o Israel observava, disse a ele: “Seja forte! Seja corajoso! Pois você vai levar este povo à terra que o Senhor prometeu aos seus antepassados. Você fará com que herdem esta terra. Não tenha medo nem desanime, pois o Senhor irá à frente e estará com você. Ele não vai falhar, nem vai abandonar você”. Então Moisés escreveu esta lei e a deu aos sacerdotes, filhos de Levi, que transportavam a arca da aliança do Senhor, e a todos os anciãos de Israel. E Moisés deu estas ordens da parte do Senhor: “Ao fim de cada sete anos, no ano do cancelamento das dívidas, por ocasião da festa dos Tabernáculos, quando todo o Israel comparecer à presença do Senhor, no lugar escolhido por ele, vocês lerão esta lei diante de todo o Israel, para que a ouçam. Reúnam todo o povo, homens, mulheres, crianças e os estrangeiros que estiverem nas suas cidades. Todos deverão ouvir e aprender estas leis, para que aprendam a respeitar o Senhor, o seu Deus, e obedecer a todas as palavras desta lei. Façam isso, para que os seus filhos, que não conheceram estas leis, possam ouvir e aprender a ter respeito pelo Senhor, o seu Deus, todos os dias em que viverem na terra da qual tomarão posse quando passarem o rio Jordão”. Então o Senhor disse a Moisés: “Está chegando a hora da sua morte. Chame Josué, e venham os dois ao Tabernáculo, onde darei as instruções a ele”. Então Moisés e Josué se apresentaram no Tabernáculo. O Senhor apareceu a eles no Tabernáculo numa coluna de nuvem, junto à porta do Tabernáculo, e disse: “Dentro de pouco tempo você vai descansar com os seus antepassados, e este povo logo vai começar a ser infiel, seguindo deuses estrangeiros da terra em que vão entrar. Eu, o Senhor, serei abandonado pelos israelitas. Eles vão quebrar a aliança que fiz com eles. Naquele dia ficarei com muita ira contra eles e os abandonarei; esconderei o meu rosto deles, e eles serão destruídos. Tantos males e angústias os atingirão que acabarão perguntando naquele dia: ‘Será que esses males não estão ocorrendo porque Deus não está mais conosco?’ E esconderei o meu rosto deles naquele dia por causa dos pecados que praticaram ao adorarem outros deuses. “Agora escrevam as palavras desta canção e a ensinem aos israelitas, fazendo com que a cantem. Esta canção será uma testemunha a meu favor contra os israelitas. Quando eu tiver introduzido os israelitas na terra que é fonte de leite e mel, terra que prometi sob juramento aos seus antepassados, e quando tiverem comida com fartura e prosperidade, eles se voltarão a outros deuses e os adorarão, desprezando a mim e violando a minha aliança. E quando muitos males e angústias vierem sobre eles, então esta canção testemunhará contra eles, pois ela passará de geração em geração. Antes de este povo ser introduzido na terra que lhes prometi sob juramento, já sei o que ele pensa e planeja!” Assim, naquele mesmo dia, Moisés escreveu a canção, e ensinou a letra e a música aos israelitas. E o Senhor deu esta ordem a Josué, filho de Num: “Seja forte e corajoso, porque você vai introduzir o povo de Israel na terra que prometi a eles sob juramento. Eu estarei com você”. Depois que Moisés terminou de escrever todas as leis registradas neste livro, deu esta ordem aos levitas que transportavam a arca da aliança do Senhor: “Coloquem este Livro da Lei ao lado da arca da aliança do Senhor para servir de testemunha contra vocês. Bem sei que vocês são um povo teimoso e rebelde. Pois se hoje, estando eu aqui, vocês têm sido rebeldes contra o Senhor, quanto mais depois que eu morrer! Convoquem agora todos os anciãos e oficiais das tribos para que eu fale estas palavras. Os céus e a terra serão testemunhas contra eles! Porque sei que depois da minha morte os israelitas vão cair na corrupção e se afastarão do caminho que lhes ordenei. Por isso vai chegar o dia em que o mal cairá sobre eles por causa do mal que tiverem praticado, provocando a ira do Senhor ”. Então Moisés recitou todas as palavras deste cântico a toda a assembleia de Israel: “Ouçam, ó céus, e eu falarei; ouça, ó terra, as palavras da minha boca. Meu ensino derramo sobre vocês como chuva; que minhas palavras sejam como o orvalho, como o chuvisco sobre a relva e como gotas de água sobre a ladeira verde. “Proclamarei o nome do Senhor. Engrandecerei o nosso Deus. O Senhor é a Rocha! O que ele faz é perfeito, e todos os seus caminhos são justos. Deus é fiel, e não há nele injustiça. Ele é justo e reto. “Mas Israel corrompeu-se! Já não são mais seus filhos, e sim suas manchas, geração perversa e falsa! Assim vocês tratam o Senhor, povo insensato e ignorante? Não é ele o Pai de vocês, que os comprou, que os fez e os formou? “Lembrem-se bem dos dias antigos; sondem as gerações passadas; perguntem aos seus pais, e eles lhes contarão; aos seus anciãos, e eles lhes falarão tudo. Quando o Altíssimo distribuiu a terra entre as nações quando separou os filhos dos homens, ele fixou as fronteiras de acordo com o número dos filhos de Israel. Sim, porque Jacó é a herança do Senhor! “Ele encontrou Israel em terra deserta, numa região árida e no meio de uivos de animais. Ele cuidou bem do povo, com todo o carinho; guardou-o como se fosse a menina dos seus olhos. Abriu as asas sobre os filhos de Israel como a águia faz com seus filhotes. Como ela carrega os filhotes em cima das asas, o Senhor levou o povo que escolheu. Assim Israel foi guiado pelo Senhor, e só por ele! Nenhum deus estranho estava junto! O Senhor fez com que seu povo cavalgasse nos lugares altos da terra e o alimentou com o produto do campo. Ele fez escorrer mel das rochas e azeite dos terrenos pedregosos. Alimentou-os com coalhada das vacas e leite de cabras, com a gordura dos cordeiros; deu também a carne macia dos cordeiros engordados nas ricas pastagens de Basã e o melhor trigo. Beberam o sangue das uvas, o suco delicioso! “Mas quando o povo amado de Israel engordou, agiu como animal selvagem. Quando ficou satisfeito, gordo e coberto de gordura, abandonou o Deus que o fez; desprezou a Rocha da salvação! Israel começou a seguir outros deuses abomináveis, provocando a ira do Senhor: Deus ficou com ciúme do seu povo. Os filhos de Israel ofereceram sacrifícios aos demônios, não a Deus. Ofereceram sacrifícios a deuses que não conheciam, deuses novos e recém-chegados, deuses que não receberam o afeto dos nossos pais. Ó Israel! Você abandonou a Rocha da qual foi gerado; você esqueceu o Deus que o fez nascer! “Deus viu tudo isso e o rejeitou, pois foi provocado demais por seus filhos e suas filhas! Disse Deus: ‘Vou esconder o meu rosto deles para ver qual será o seu fim; pois são uma geração perversa, filhos desleais! Pois vejam todos que rivais o meu povo arranjou, rivais do meu amor: Ídolos! Ídolos que nem são deuses! Agora vou fazer o mesmo com Israel: vou provocar ciúmes nele! Vou dedicar afeição a um povo que não é meu; provocarei sua ira por meio de uma nação insensata. Porque a minha ira pegou fogo e vai queimar até as profundezas do Sheol, as colheitas serão devoradas pelas chamas e as bases dos montes vão virar cinza! “ ‘Amontoarei desgraças sobre o meu povo! Usarei todas as minhas flechas contra eles! Destruirei os filhos de Israel pela fome e farei com que sejam devorados pela febre e por terríveis pestes; enviarei contra eles animais ferozes e veneno ardente de serpentes que rastejam no pó. Fora de casa, morrerão pela espada inimiga e dentro dela reinará pavor; morrerão tanto o jovem como a moça, tanto as crianças de colo como os homens idosos. Eu disse: “Por todo o canto os espalharei e apagarei da humanidade a lembrança do nome deles”. Mas tive receio da arrogância do inimigo, pois poderiam se iludir e dizer: “Nós é que destruímos Israel! Não foi o Senhor que fez isto”.’ “Israel é uma nação que perdeu o bom senso, é um povo sem entendimento. Ah! Se vocês fossem sábios! Então poderiam compreender! Ah! Se dessem atenção ao fim que os espera! Como seria possível um só soldado perseguir mil soldados de Israel, e dois fazerem fugir dez mil, a não ser que o Senhor, a Rocha de Israel, não os tivesse vendido; e o Senhor Deus não os tivesse entregue? Porque a rocha dos nossos inimigos não é como a nossa Rocha. Eles mesmos sabem e dizem isso. A vinha deles é de Sodoma e as lavouras de Gomorra; suas uvas estão cheias de veneno, e os seus cachos são amargos. O vinho deles é como um veneno abrasador da serpente, como o veneno mortal das cobras. “ ‘Tenho um segredo bem guardado, selado com os meus tesouros. A mim pertence a vingança e a retribuição; darei o castigo merecido a todos os inimigos do meu povo. Isto vai acontecer na hora certa, quando começarem a tropeçar. E não está longe o dia da desgraça deles! O dia da ruína que decretei para eles está próximo!’ “O Senhor tratará o seu povo com justiça, e quando Israel perder todas as forças terá compaixão dos seus servos, tanto escravos como livres. Então o Senhor perguntará: ‘Onde estão os deuses deles, as rochas nas quais confiavam? Onde estão os deuses que comeram a gordura de suas vítimas, as quais ofereciam animais e vinho em sacrifício? Que eles apareçam! Que ajudem os inimigos do meu povo para que achem esconderijo! “ ‘Vejam agora que eu sou o único, eu somente. Não existe outro Deus além de mim! Eu causo a morte e restituo a vida. Eu firo e eu faço sarar. Ninguém é capaz de escapar das minhas mãos. Levanto as minhas mãos aos céus e afirmo pela minha vida eterna, quando eu afiar a minha espada brilhante e quando eu puser em ação o julgamento, que eu me vingarei dos meus inimigos. Os que me odeiam vão receber o que merecem! Embeberei as minhas flechas em sangue, enquanto minha espada devorar a carne e o sangue dos mortos e dos prisioneiros, e as cabeças dos líderes inimigos’. “Que todas as nações louvem o povo do Senhor, pois o Senhor vai vingar o sangue dos seus servos; vai retribuir com vingança aos seus inimigos e vai purificar a terra de Israel e o seu povo”. Depois Moisés veio com Josué, filho de Num, recitou todas as palavras dessa canção na presença do povo e disse: “Meditem bem em todas estas leis que eu hoje estou transmitindo solenemente a vocês, para que ensinem todos estes mandamentos aos seus filhos e que eles obedeçam fielmente a todas as palavras desta lei. Estas leis não são palavras vazias! São a vida de vocês! Se vocês as cumprirem, terão vida longa e vitoriosa na terra de que vão tomar posse do outro lado do rio Jordão!” Naquele mesmo dia, o Senhor disse a Moisés: “Suba o monte Nebo, nestas montanhas de Abarim, em Moabe, em frente de Jericó. Lá do alto contemple a terra de Canaã que vou dar aos israelitas como sua propriedade. Você morrerá, no alto do monte, e vai reunir-se aos seus antepassados, assim como o seu irmão Arão morreu no Monte Hor e foi reunido aos seus antepassados. Será assim porque vocês dois pecaram contra mim na presença do meu povo, nas águas de Meribá de Cades, no deserto de Zim. Vocês desonraram o meu nome diante do povo de Israel! Você vai ver a terra que vou dar ao povo de Israel somente à distância! Mas você não entrará na terra que estou dando ao povo de Israel”. Antes da sua morte, Moisés, homem de Deus, abençoou o povo de Israel com a seguinte bênção: Ele disse: “O Senhor veio do Sinai, brilhando como a aurora! Resplandeceu desde o monte Parã! Veio com milhares e milhares de santos. Trazia chamas de fogo na mão direita. De fato, o Senhor ama o povo; todos os santos estão nas suas mãos. Eles se prostram diante dos seus pés e recebem as palavras do Senhor. As leis que dei a vocês são uma herança que deixo para o povo de Jacó. Ele foi rei de Israel, quando se congregaram os chefes do povo com as tribos de Israel. “Que Rúben viva para sempre! E que os seus homens se tornem numerosos!” Esta foi a bênção que Moisés deu a Judá: “Que o Senhor ouça o grito de Judá e junte aquela tribo novamente ao seu povo. Que as suas próprias mãos lhe sejam suficientes e que o Senhor o ajude contra os seus inimigos!” A respeito de Levi disse: “Ó Deus, dê o seu Tumim e o seu Urim ao homem que é fiel. O Senhor o provou em Massá, e nas águas de Meribá discutiu com ele, e ele mereceu a sua confiança. Levi disse a seu pai e a sua mãe: ‘Nunca os vi!’ Não reconheceu os seus irmãos, nem conheceu os seus próprios filhos, mas obedeceu à sua palavra e cumpriu os termos da sua aliança. Ele ensina as suas ordenanças a Jacó, e a sua lei a Israel. Eles estão sempre servindo o Senhor, oferecendo incenso e ofertas queimadas sobre o seu altar. Abençoe o poder da tribo de Levi, ó Senhor. Aceite o serviço dos levitas! Fira os lombos dos seus inimigos, os que procuram fazer mal a eles e os que têm ódio deles. Derrube esses inimigos de modo que não consigam mais ficar em pé”. Quanto a Benjamim, disse Moisés: “Ele é o amado de Deus! Que viva em segurança ao lado do Senhor, pois ele o protege todo o dia. Ele descansará nos seus braços”. Para a tribo de José, as palavras de Moisés foram estas: “Que o Senhor abençoe a sua terra com as mais ricas bênçãos dos céus, com o precioso orvalho que vem do céu e com as águas das profundezas. Que seja abençoado com os melhores produtos amadurecidos pelo sol e com o que germina durante cada lua, com as mais belas colheitas dos montes antigos e com a fertilidade das colinas eternas. Venha sobre ele a bênção do Senhor com os melhores frutos da terra. Esteja com ele o favor daquele que apareceu na sarça ardente. Que tudo isso repouse sobre a cabeça de José, príncipe entre os irmãos! Em majestade ele é como a primeira cria do touro; seus chifres são como de um boi selvagem, com os quais afastará todos os povos para os confins da terra! Assim será com as dezenas de milhares de Efraim; e com os milhares de Manassés”. A respeito da tribo de Zebulom, Moisés disse: “Alegre-se, Zebulom, nas suas andanças. E você, Issacar, alegre-se nas suas tendas! Os dois convocarão os povos para o monte para, junto com eles, apresentarem ofertas de justiça; sim, porque sugarão as riquezas do mar e os tesouros escondidos da areia”. A bênção que Moisés deu à tribo de Gade foi esta: “Será abençoado aquele que ajudar a ampliar os domínios de Gade! Ele é um leão no modo de descansar e no modo feroz de lutar. Ficou com a melhor parte da terra, a porção de comandante lhe foi reservada. Ele marchou à frente do povo e aplicou aos nossos inimigos os castigos decretados por Deus em favor de Israel”. A respeito de Dã, disse Moisés: “Dã é como um leãozinho que salta de Basã”. De Naftali, disse: “Ó Naftali, você está repleto da bondade e das bênçãos do Senhor! As suas terras vão desde o mar da Galileia até o sul. A respeito de Aser, Moisés disse: “Bendito seja Aser entre os filhos de Jacó! Que seja bem tratado pelos seus irmãos e banhe os seus pés em azeite fino! Que você seja protegido com trancas de ferro e de bronze, e que você conserve as forças até os últimos dias da sua vida! “Não há ninguém como o Deus de Israel, que desce dos céus cheio de majestade e esplendor para ajudar você! O Deus eterno é o seu refúgio. Ele sustenta Israel com braços eternos. Ele expulsa os inimigos da sua presença, dizendo: ‘Destruam esses povos!’ Assim Israel habitará seguro, recebendo das fontes do Senhor. Viverá numa terra cheia de cereais e vinho, regada de mansas chuvas dos céus. Ó Israel, como você é feliz! Que povo é como você? Você foi salvo pelo Senhor! Ele é o seu escudo que o protege e a espada que lhe dá vitórias gloriosas! Assim os seus inimigos terão de se humilhar diante de você, e você pisará sobre todos os seus altares de ídolos que são adorados nos lugares altos!” Então Moisés, das campinas de Moabe, subiu ao cume do Pisga, no monte Nebo, que fica de frente para Jericó. E o Senhor mostrou a ele a Terra Prometida, desde Gileade até Dã, toda a região de Naftali, o território de Efraim e Manassés, toda a terra de Judá que vai até o mar Mediterrâneo, o Neguebe e toda a região que vai do vale do Jordão a Jericó, a cidade das palmeiras, até Zoar. E o Senhor disse a Moisés: “Esta é a terra que prometi sob juramento a Abraão, a Isaque e a Jacó, quando disse a eles: Eu a darei aos seus descendentes. Eu permiti que você visse a terra com os seus próprios olhos, mas você não vai entrar nela”. Assim Moisés, o servo do Senhor, morreu ali, na terra dos moabitas, como o Senhor havia dito. Ele foi sepultado num vale que fica perto de Bete-Peor, na terra de Moabe. Mas até hoje ninguém sabe o ponto exato onde fica a sepultura dele. Moisés tinha cento e vinte anos de idade quando morreu. Ele ainda enxergava perfeitamente, e o seu vigor não tinha se enfraquecido. Os israelitas choraram a morte de Moisés durante trinta dias, nas planícies de Moabe, até que se cumprissem os dias de pranto e luto. Josué, filho de Num, estava cheio de sabedoria, porque Moisés tinha imposto as suas mãos sobre ele. Assim os israelitas obedeceram a Josué e seguiram os mandamentos que o Senhor tinha ordenado a Moisés. Nunca mais apareceu um profeta como Moisés — pois o Senhor falava face a face com ele —, e que fez todos os sinais e maravilhas que o Senhor o tinha enviado a fazer na terra do Egito, na presença do faraó, dos oficiais e de todo o povo do Egito. Nunca houve alguém que mostrasse tamanho poder como Moisés e que executasse os feitos temíveis que Moisés realizou com grande poder diante do povo de Israel. Depois da morte de Moisés, homem que servia ao Senhor, Deus falou ao assistente de Moisés, chamado Josué, filho de Num: “Agora que meu servo Moisés está morto, você será o novo líder do povo de Israel. Prepare-se para guiar todo este povo na travessia do rio Jordão para entrar na terra que eu estou dando aos israelitas. O que prometi a Moisés, repito a você: ‘Todo lugar onde vocês pisarem, eu darei aos descendentes de Israel. Seu território se estenderá desde o deserto, ao sul, até as montanhas do Líbano, ao norte; desde o mar Mediterrâneo, a oeste, até o rio Eufrates, a leste; incluindo ainda toda a terra dos heteus’. Ninguém será capaz de impedir a sua marcha enquanto você viver, pois eu estarei com você, assim como estive com Moisés; não o abandonarei nem deixarei de ajudar você. “Seja forte e corajoso! Você terá sucesso como líder do meu povo e vai conquistar a terra que prometi aos seus antepassados. É importante que você seja forte e valente e que tenha o cuidado de obedecer a todas as leis que Moisés ordenou. Se você quer ter sucesso em tudo o que vai fazer, seja obediente a todos os pontos da Lei que meu servo Moisés passou para você, sem se desviar para a direita nem para a esquerda. Não se canse de lembrar ao povo as leis deste Livro, e você mesmo trate de meditar nelas todos os dias e todas as noites, para ter certeza de que está sendo obediente em tudo o que nele está escrito. Só assim você prosperará e terá sucesso. Digo e repito: Seja forte e corajoso! Nada de desânimo e não fique com medo! Lembre-se bem: O Senhor, o seu Deus, estará com você, esteja onde estiver!”. Então Josué deu as seguintes instruções aos oficiais de Israel: “Passem pelo acampamento, e digam ao povo para prepararem o suprimento e o equipamento. Daqui a três dias vamos atravessar o rio Jordão e conquistar a terra que o Senhor, o seu Deus, prometeu a nós!” Depois Josué convocou os chefes das tribos de Rúben, de Gade e da meia tribo de Manassés e disse: “Lembrem-se do acordo feito com Moisés, servo do Senhor, quando o Senhor deu a vocês descanso nesta terra deste lado do Jordão. As mulheres, as crianças e o gado poderão ficar aqui. Mas todos os guerreiros, bem armados para a luta, têm de ir à frente das outras tribos, atravessando o Jordão e ajudando seus irmãos israelitas a conquistarem o território. Somente depois que o Senhor, o seu Deus, arranjar um lugar de descanso para eles, como deu a vocês, é que vocês poderão voltar e ocupar o seu território, que Moisés, servo do Senhor, deu a vocês, a leste do Jordão. Eles concordaram com isso e prometeram obedecer a Josué como o comandante deles. “Obedeceremos às suas ordens como obedecemos a Moisés”, afirmaram eles. “Que o Senhor, o seu Deus, esteja com você, como esteve com Moisés. Se algum dos homens, seja quem for, se rebelar contra as suas ordens, morrerá! Só queremos que você continue com ânimo e com coragem”. Do acampamento de Sitim, Josué, filho de Num, enviou dois espiões ao outro lado do Jordão, para examinarem a terra, principalmente Jericó. Eles foram para lá e ficaram na casa da prostituta Raabe. Mas durante a noite alguém informou ao rei de Jericó que espiões israelitas estavam na cidade. Então ele mandou soldados à casa de Raabe, exigindo que ela entregasse os homens, porque eram espiões. Eles disseram a Raabe, conforme a mensagem do rei: “Esses homens foram enviados pelos oficiais israelitas para verem o melhor modo de atacar a nossa cidade”. Raabe, porém, tinha escondido os dois homens. Por isso ela disse ao oficial encarregado: “Os homens estiveram aqui, mas eu não sabia de onde vieram. Eles saíram ao anoitecer, quase na hora de fechar as portas da cidade. Não sei para onde foram. Se vocês andarem depressa, pode ser que alcancem os dois!” Mas, na verdade, ela havia escondido os homens entre as fibras de linho postas para secar no terraço. Então os soldados saíram em busca dos espiões, até chegarem à parte rasa do rio Jordão. Enquanto isso, as portas de Jericó ficaram fechadas. Antes que os espiões se deitassem para dormir, Raabe foi ao terraço, e disse a eles: “Sei muito bem que o Senhor que vocês adoram vai entregar esta terra a Israel. Todos nós estamos com muito medo. Todos os habitantes de Jericó estão apavorados! Pois já chegou até aqui a notícia de como o Senhor abriu caminho através do mar Vermelho, quando vocês saíram do Egito! Sabemos também o que vocês fizeram a Seom e a Ogue, reis dos amorreus, no outro lado do Jordão — como devastaram as terras e destruíram aqueles povos. Não é de admirar que estejamos com tanto medo! Depois de ouvirmos essas notícias, ninguém mais teve coragem, pois o Senhor, o seu Deus, não é um deus qualquer. Ele é o supremo Deus do céu e da terra. Agora só peço que jurem pelo Senhor que vão ter misericórdia da minha família como tive de vocês; e quando Jericó for atacada, vocês darão um sinal bem claro para proteger a vida de meu pai e da minha mãe, bem como dos meus irmãos e irmãs, e tudo o que pertence a eles. Salvem as nossas vidas”. Os homens concordaram. “Se você não denunciar a nossa presença, tomaremos providências para que você e a sua família não corram perigo”, prometeram eles. “Damos a nossa palavra de que arriscaremos a nossa vida para salvar vocês. Nós trataremos vocês com misericórdia e fidelidade, quando o Senhor nos der esta terra”. A casa de Raabe fazia parte do muro da cidade. Então ela arranjou uma corda, amarrou-a numa janela, e os espiões desceram com a ajuda da corda. “Fujam para as montanhas”, disse ainda a mulher. “Fiquem escondidos por lá uns três dias. Nesse meio-tempo, os soldados que saíram à procura de vocês já estarão de volta. Então vocês poderão seguir o seu caminho tranquilos”. Mas antes de sair os homens tinham dito a Raabe: “Estaremos desobrigados do juramento que você nos levou a fazer, se esta corda de fios vermelhos pela qual você nos ajudou a descer não estiver pendendo desta janela quando entrarmos nesta terra, e também se todos os seus parentes — pai, mãe, irmãos e toda a sua família — não estiverem dentro desta casa. Não seremos responsáveis pela vida de ninguém que sair da casa. Neste caso, não teremos culpa. Mas juramos pela nossa vida: Quem estiver dentro desta casa não será morto nem ferido. Contudo, se você denunciar esta nossa missão, não teremos obrigação de cumprir o que prometemos”. “Assim seja!”, respondeu Raabe. Ela os despediu, e eles partiram. E ela deixou amarrada a corda vermelha na janela. Os espiões foram para as montanhas e ficaram lá três dias. Enquanto isso os perseguidores desistiram da busca depois de procurarem os espiões por todo o caminho, sem os acharem, e voltaram para Jericó. Então os dois espiões desceram a montanha em que estavam escondidos, atravessaram o rio e contaram a Josué, filho de Num, tudo o que tinha acontecido. E disseram a Josué: “Com toda a certeza o Senhor vai entregar a terra toda em nossas mãos! Todos os seus moradores estão com muito medo de nós!” No dia seguinte, bem cedo, Josué e todo o povo de Israel levantaram o acampamento de Sitim e partiram para o Jordão. Chegaram às margens do rio e acamparam ali antes de atravessar o rio. Três dias depois, os oficiais andaram pelo acampamento dando ao povo as seguintes instruções: “Quando virem a arca da aliança do Senhor, o seu Deus, sendo levada pelos sacerdotes levitas, vão atrás deles. Mas é necessário que vocês fiquem cerca de novecentos metros atrás da arca. Cuidado! Não cheguem perto dela!” Vocês nunca estiveram no lugar para onde vamos; por isso eles vão na frente como guias. Então Josué disse ao povo: “Purifiquem-se, pois amanhã o Senhor vai fazer maravilhas no meio de vocês”. Também deu ordens aos sacerdotes: “Peguem a arca da aliança e atravessem o rio diante de nós!” Eles obedeceram. Disse o Senhor a Josué: “Hoje vou começar a honrar você na presença de todos. Vou fazer isso para que todo o Israel fique sabendo que eu estou com você, assim como estive com Moisés. Diga aos sacerdotes que estão levando a arca da aliança: Quando chegarem às margens do rio Jordão, parem”. Depois Josué convocou o povo e disse: “Venham todos ouvir o que o Senhor, o seu Deus, disse. Hoje vocês vão ver que o Deus vivo está no meio de nós e que ele vai expulsar de diante de vocês todos os povos que estão morando nessa terra — os cananeus, os heteus, os heveus, os ferezeus, os girgaseus, os amorreus e os jebuseus. Vejam, a arca da aliança do Deus vivo, o Senhor de toda a terra, vai atravessar o rio à frente de vocês. Escolham agora doze homens, um de cada tribo, para uma tarefa especial. Quando os sacerdotes que carregam a arca do Senhor, o Senhor de toda a terra, puserem os pés na água que vem de cima, ela vai parar de correr e ficará represada ali!” Quando o povo desarmou as tendas para partir, os sacerdotes que levavam a arca da aliança foram adiante do povo. Estava na época das colheitas, e nesse período o rio Jordão transbordava em ambas as margens. Quando os sacerdotes molharam os pés no Jordão, as águas que vinham do lado de cima pararam de repente e formou-se uma muralha desde o lugar em que está situada a cidade de Ada, perto de Zaretã. E as águas que corriam para o mar Salgado escoaram completamente. Então o povo atravessou o rio num lugar que dava de frente para a cidade de Jericó. Mas os sacerdotes que levavam a arca da aliança do Senhor ficaram parados no meio do rio Jordão; e todo o povo de Israel passou por eles e atravessou o rio sem molhar os pés. Quando todo o povo estava a salvo no outro lado do Jordão, o Senhor disse a Josué: “Chame os doze homens que foram escolhidos para a tarefa especial, um de cada tribo, e diga para que apanhem doze pedras do meio do rio, do lugar em que os sacerdotes ficaram parados. Levem as pedras e façam com elas um monumento no lugar em que Israel acampar esta noite”. Assim Josué reuniu os doze homens que havia escolhido entre os israelitas, um de cada tribo, e disse a eles: “Passem adiante da arca da aliança do Senhor, o seu Deus, até o meio do Jordão, e cada um de vocês deverá colocar uma pedra nos ombros — doze pedras ao todo, uma para cada tribo de Israel. Com elas vamos construir um monumento, de modo que no futuro, quando os filhos de vocês perguntarem: ‘Para que servem estas pedras?’, vocês dirão: ‘É para lembrar que as águas do Jordão pararam de correr quando estávamos atravessando o rio com a arca da aliança do Senhor!’ Essas pedras vão servir para fazer o povo de Israel lembrar sempre deste espantoso milagre”. Os homens fizeram como Josué havia ordenado a eles; pegaram doze pedras no meio do rio Jordão — uma para cada tribo conforme a ordem dada pelo Senhor a Josué, e as levaram para o lugar onde o povo estava acampado. Além disso, Josué mandou fazer outro monumento de doze pedras no meio do rio Jordão, no lugar em que estavam parados os sacerdotes que carregavam a arca da aliança. E essas pedras estão lá até o dia de hoje. Os sacerdotes que levavam a arca ficaram parados no meio do rio, e dali não saíram enquanto não foram cumpridas as ordens dadas pelo Senhor a Josué, por meio de Moisés. Enquanto isso o povo atravessou o leito seco do rio o mais rápido possível. Depois que todos passaram, os sacerdotes passaram para o outro lado diante do povo, com a arca do Senhor. As tropas das tribos de Rúben, de Gade e da meia tribo de Manassés atravessaram bem armadas, à frente dos israelitas, como Moisés havia instruído. Cerca de quarenta mil guerreiros preparados para a guerra foram na frente das outras tribos, como forças do exército do Senhor, marchando para as planícies de Jericó. Aquele foi um dia marcante para Josué. O Senhor fez com que o povo reconhecesse o valor de Josué. E o povo passou a respeitar Josué como havia respeitado Moisés, e não só naquele dia, mas durante toda a vida dele! Então o Senhor disse a Josué: “Mande que os sacerdotes que carregam a arca da aliança saiam do Jordão”. Josué passou essa ordem aos sacerdotes. E assim que os sacerdotes saíram do leito do rio, as águas começaram a correr de novo e cobriram as suas margens como antes! Este milagre aconteceu no décimo dia do primeiro mês. Nesse dia, todo o povo cruzou o rio Jordão e acampou em Gilgal, no lado oeste da cidade de Jericó; e ali as doze pedras tiradas do Jordão foram empilhadas por Josué como um monumento. Então Josué voltou a explicar a finalidade das pedras. “No futuro”, disse ele, “quando os filhos perguntarem aos seus pais: ‘Que significam essas pedras?’, vocês poderão dizer: ‘Aqui o povo de Israel cruzou o rio pisando em terra seca!’ Pois o Senhor, o seu Deus, secou o rio bem diante dos nossos olhos e manteve seco o leito do rio, até que todos tivessem atravessado! A mesma coisa o Senhor, o seu Deus, fez quarenta anos antes com o mar Vermelho! Ele fez assim para que todas as nações da terra saibam que a mão do Senhor é poderosa e para que vocês sirvam e respeitem o Senhor, o seu Deus, para sempre”. No lado oeste do rio Jordão viviam os amorreus e os cananeus; estes moravam à beira do mar Mediterrâneo. Quando os reis desses povos ficaram sabendo que o Senhor tinha secado o rio Jordão para o povo de Israel passar, perderam a coragem e ficaram paralisados de medo. O Senhor mandou Josué separar um dia para fazer facas de pedra e circuncidar todos os israelitas do sexo masculino. Josué obedeceu e fez as facas de pedra e circuncidou os israelitas num lugar conhecido como Gibeate-Aralote. Ele fez isso porque todos os homens aptos para a guerra que tinham sido circuncidados quando Israel saiu do Egito haviam morrido. Todo o povo que saiu havia sido circuncidado, mas todos os meninos que nasceram durante as viagens no deserto, depois da saída do Egito, não haviam sido circuncidados. O povo de Israel ficou perambulando pelo deserto por quarenta anos, até que os que já tinham idade para guerrear, quando saíram do Egito, morreram nesse período, porque tinham desobedecido ao Senhor. Por isso, o Senhor tinha dado a palavra de que eles não iriam entrar na terra que tinha prometido aos seus antepassados, “terra em que jorram leite e mel”. Assim, Josué fez com que os que nasceram e cresceram durante a longa viagem fossem circuncidados. Eles estavam incircuncisos porque ainda não tinham sido circuncidados no caminho. Depois da cerimônia da circuncisão, toda a nação ficou repousando no acampamento até que sarassem os que tinham sido circuncidados. Então o Senhor disse a Josué: “Hoje removi a vergonha e a humilhação sofridas no Egito”. Por isso aquele lugar se chama Gilgal até hoje. Na tarde do décimo quarto dia do mês, ao anoitecer, enquanto os israelitas estavam acampados em Gilgal, nas planícies de Jericó, comemoraram a Páscoa. No dia seguinte ao da Páscoa, eles começaram a preparar as suas refeições com os produtos do território que estavam invadindo. Nesse dia comeram pães feitos sem fermento e cereais tostados no fogo. Como já podiam comer os mantimentos da terra, do dia seguinte em diante o maná não caiu mais! Já não havia maná para os israelitas. Daí por diante eles passaram a alimentar-se dos frutos da terra de Canaã. Em determinado momento quando Josué estava observando a cidade de Jericó, apareceu um homem empunhando uma espada. Josué aproximou-se rapidamente dele, e perguntou-lhe: “Você é amigo ou inimigo?” “Nem uma coisa nem outra. Sou o Comandante dos Exércitos do Senhor ”, respondeu ele. Então Josué ajoelhou-se, com o rosto no chão, o adorou, e disse: “Estou pronto para receber ordens do meu Senhor!” “Tire as sandálias”, disse o comandante do exército do Senhor, “porque o lugar em que você está é santo”. E Josué obedeceu. As portas de Jericó estavam muito bem trancadas porque o povo tinha medo dos israelitas. Ninguém podia entrar nem sair. Disse o Senhor a Josué: “Entregarei a vocês Jericó, seu rei e todos os seus soldados! Preste atenção: Todo o exército de Israel deverá marchar em volta da cidade, uma vez por dia, durante seis dias. Sete sacerdotes acompanharão as tropas, cada um levando uma corneta feita de chifre de carneiro, à frente da arca. No sétimo dia, as tropas marcharão em volta da cidade sete vezes, com os sacerdotes tocando as cornetas. Quando os sacerdotes derem um toque forte e longo de corneta, todo o exército gritará a plenos pulmões. Como resultado o muro da cidade virá abaixo! Então o exército invadirá a cidade, cada um avançando do ponto em que estiver”. Josué, filho de Num, convocou os sacerdotes e deu as seguintes instruções: “Levem a arca da aliança. Sete de vocês levarão as cornetas à frente da arca do Senhor ”. E ordenou ao povo: “Marchem ao redor da cidade! Os guerreiros armados irão à frente da arca do Senhor ”. Depois que Josué terminou de falar ao povo, os sete sacerdotes, levando as sete cornetas perante o Senhor, passaram e tocaram as cornetas. Em seguida vinham os sacerdotes levando a arca da aliança do Senhor. Os homens armados iam à frente dos sacerdotes que tocavam as cornetas, e o batalhão da retaguarda seguia a arca. Os sacerdotes tocavam as cornetas sem parar. “Temos de fazer completo silêncio. Não deem o grito de guerra, não levantem a voz, não saia palavra alguma da sua boca”, ordenou Josué, “até o momento em que eu diga a vocês: Agora gritem! Então vocês gritarão!” Nesse mesmo dia, a arca do Senhor foi carregada ao redor dos muros da cidade, dando uma volta completa. Depois, todos se reuniram no acampamento e passaram a noite ali. Josué levantou-se na manhã seguinte, ainda bem cedo, e os sacerdotes levaram a arca do Senhor. Os sete sacerdotes que levavam as sete cornetas iam à frente da arca do Senhor; eles iam andando e tocando as cornetas sem parar. Os guerreiros armados iam adiante deles, e o restante dos homens ia na retaguarda, seguindo a arca do Senhor. No segundo dia rodearam novamente a cidade, e voltaram para o acampamento. Assim fizeram por seis dias. Na manhã do sétimo dia bem cedo, saíram de novo, só que desta vez rodearam a cidade sete vezes; somente neste dia rodearam a cidade sete vezes. Na sétima volta, quando os sacerdotes deram um forte e longo toque de corneta, Josué falou ao povo: “Gritem! O Senhor entregou a cidade em nossas mãos! A cidade, com tudo que nela existe será destruída, menos a prostituta Raabe e todos os que estiverem na casa dela, visto que ela protegeu os nossos espiões. Ouçam bem: Não peguem coisa alguma da cidade! Obedeçam, porque do contrário cairá uma terrível desgraça e maldição sobre o acampamento de Israel! Toda a prata e o ouro, bem como os utensílios de bronze e de ferro, deverão ser dedicados ao Senhor, e deverão ser levados para o tesouro do Senhor ”. Assim, quando os israelitas escutaram o toque das cornetas gritaram a plenos pulmões! De repente, os muros da cidade vieram abaixo! Os israelitas então entraram por todos os lados da cidade, cada qual avançando do ponto em que se encontrava quando os muros caíram. Destruíram tudo o que nela havia, os homens, as mulheres, as crianças, os velhos, os bois, as ovelhas e os jumentos, tudo que nela havia! Mas Josué disse aos dois homens que tinham espionado a terra: “Tratem de cumprir o que prometeram! Vão e libertem Raabe e todos os que estiverem com ela!” Então os jovens espiões obedeceram e tiraram da cidade Raabe com o seu pai, a sua mãe, seus irmãos e os outros parentes dela, bem como os bens deles. Eles ficaram alojados fora do acampamento de Israel. Os israelitas incendiaram então a cidade, queimando tudo o que nela havia, menos o ouro, a prata e os utensílios de bronze e de ferro, que foram entregues ao tesouro da casa do Senhor. Assim Josué salvou a prostituta Raabe e os parentes que estavam com ela na sua casa. Eles vivem até hoje entre os israelitas. Isso foi feito porque Raabe protegeu os espiões que Josué havia enviado a Jericó. Naquela ocasião, Josué pronunciou este juramento: “Maldito seja o homem diante do Senhor que se levantar e reedificar a cidade de Jericó”. Ele preveniu que quando fosse feito o alicerce, o filho mais velho do reconstrutor morreria, e quando fossem colocadas as portas da cidade, morreria o filho mais moço. Assim o Senhor estava com Josué, e a sua fama começou a se espalhar por toda a região. Mas alguém entre os israelitas tinha sido infiel em relação às coisas consagradas. Foi Acã, filho de Carmi, filho de Zabdi, filho de Zerá, da tribo de Judá. Pois Acã desobedeceu à ordem de destruir tudo, menos o que devia ser reservado para a obra do Senhor! Ele apossou-se de algumas coisas consagradas. A ira do Senhor estendeu-se a todo o povo de Israel por causa disso. Pouco depois da destruição de Jericó, Josué mandou alguns homens à cidade de Ai, perto de Bete-Áven, a leste de Betel, e ordenou a eles: “Vão lá para espionar a cidade”. Eles foram e espionaram Ai. Quando voltaram, prestaram este relatório a Josué: “Não é necessário que todos ataquem a cidade de Ai. A cidade tem poucos defensores e basta mandar dois ou três mil homens para acabar com ela! Para que cansar todo o exército? São poucos os seus moradores!” Assim, foram enviados apenas cerca de três mil homens para atacar a cidade de Ai, mas os homens de Ai fizeram os israelitas fugirem. Trinta e seis israelitas foram mortos durante o ataque. Eles perseguiram os israelitas desde a porta da cidade até as pedreiras, e os derrotaram na descida. E com isso o povo de Israel ficou apavorado! Então Josué e os líderes de Israel rasgaram as suas roupas, lançaram-se ao chão, com o rosto em terra, e jogaram poeira sobre as cabeças, diante da arca do Senhor, até o início da noite. Josué clamou ao Senhor: “Ó Senhor Deus! Por que o Senhor fez o seu povo passar o rio Jordão? Foi para nos entregar nas mãos dos amorreus e acabar conosco? Por que não ficamos do outro lado do rio Jordão? Bem que podíamos ter ficado satisfeitos com o que já tínhamos obtido! Ó Senhor! Que farei agora que Israel foi derrotado pelos inimigos? Pois os cananeus e as outras nações desta região ficarão sabendo o que aconteceu, e nos cercarão, nos atacarão e eliminarão o nosso nome da terra. E então, o que o Senhor fará ao seu grandioso nome?” Mas o Senhor disse a Josué: “Levante-se! Por que você está prostrado dessa maneira? Israel pecou, desobedecendo às minhas ordens. Tomou coisas proibidas que eu tinha dito que não tomasse! E quem fez isso não só pegou aquelas coisas, mas escondeu o que roubou no meio da sua bagagem. Por isso, o povo de Israel está sendo derrotado. Por isso os guerreiros israelitas fugiram dos seus inimigos. A nação desobediente está condenada! Não estarei mais com vocês enquanto não acabarem com esse pecado! “Coloque-se de pé! Diga ao povo: Cada um terá de se consagrar, preparando-se para amanhã, pois assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Existem coisas proibidas no meio de vocês, ó Israel. Vocês não poderão vencer os seus inimigos enquanto esse pecado não for descoberto e resolvido. “Portanto, amanhã cedo vocês virão, tribo por tribo, e o Senhor vai mostrar a tribo à qual pertence o culpado. Em seguida, ele indicará o grupo de famílias. Esse grupo de famílias virá à frente, uma família de cada vez; e a família que o Senhor escolher virá à frente, membro por membro. E quem roubou aquilo que pertence ao Senhor será lançado no fogo, ele e tudo o que é dele, pois rompeu a aliança do Senhor com Israel, e trouxe desgraça sobre a nação”. Assim, na manhã seguinte, bem cedo, Josué reuniu as tribos de Israel diante do Senhor. A tribo de Judá foi a indicada. Os grupos de famílias dessa tribo vieram à frente, e o Senhor indicou o grupo de famílias chefiadas por Zerá, família por família, e a família de Zabdi foi a indicada. Josué fez a família de Zabdi vir à frente, pessoa por pessoa, e o culpado foi revelado. Era Acã, filho de Carmi, filho de Zabdi, filho de Zerá, da tribo de Judá. Então Josué disse a Acã: “Meu filho, peço que glorifique o Senhor, o Deus de Israel, e confesse diante dele. Conte-me tudo o que você fez. Não esconda nada”. Acã respondeu: “Realmente pequei contra o Senhor, o Deus de Israel. Eu fiz o seguinte: Quando vi, entre os despojos, uma bela capa importada da Babilônia, dois quilos e quatrocentos gramas de prata e uma barra de ouro, pesando seiscentos gramas, cobicei-os e não resisti. Peguei tudo aquilo, cavei um buraco no chão da minha tenda. Coloquei a prata por baixo e o ouro e a capa por cima”. Josué mandou alguns homens procurarem aquelas coisas. Eles correram até a tenda de Acã e acharam tudo enterrado lá como Acã havia dito — a prata por baixo e o restante por cima. Eles levaram os objetos a Josué, que estava reunido com todo o povo na presença do Senhor. Então Josué e os israelitas pegaram Acã, filho de Zerá, a prata, a capa, o ouro, os filhos, as filhas, os bois, os jumentos, as ovelhas, a tenda e tudo o que ele tinha, e levaram ao vale de Acor. Josué disse a Acã: “Por que você trouxe desgraça ao nosso povo? Agora o Senhor Deus vai trazer desgraça a você!” O povo de Israel apedrejou os condenados, queimou os corpos e tudo o mais. Depois levantou sobre ele um montão de pedras que continua lá até hoje. Por isso aquele lugar é chamado de “vale de Acor” até hoje. Assim apagou-se o furor da ira do Senhor. E o Senhor disse a Josué: “Não fique com medo, nem perca a coragem! Reúna o exército inteiro e vá atacar Ai, pois agora você vai conquistar aquela cidade. Eu já entreguei a você o rei, o povo, a cidade e todo o território de Ai. Você vai fazer com a cidade e com o rei a mesma coisa que fez com Jericó e o seu rei. Só que desta vez vocês poderão ficar com os seus bens e os seus animais. Prepare uma emboscada por detrás da cidade”. Então Josué e todas as tropas se prepararam para atacar a cidade de Ai. De noite, Josué mandou trinta mil homens valentes, na frente, com a seguinte instrução: “Preparem uma emboscada atrás da cidade, bem perto dela, prontos para entrarem em ação. Este é o plano”, explicou Josué: “Quando o nosso exército atacar, os homens de Ai sairão da cidade para enfrentar as nossas tropas, como da outra vez. Quando eles nos atacarem, fugiremos deles. Vamos deixar que eles venham em nossa perseguição até que todos estejam fora da cidade, pois vão dizer: ‘Vejam! Os israelitas estão fugindo de nós como da primeira vez!’ Quando estivermos fugindo, vocês sairão da emboscada e invadirão a cidade, pois o Senhor, o seu Deus, a entregou nas mãos de vocês. Depois de tomarem a cidade, ponham fogo nela, pois foi o Senhor que ordenou. Obedeçam a essas ordens”. Então Josué enviou os soldados. Eles foram e ficaram emboscados entre Betel e o lado ocidental de Ai. Josué passou a noite com o povo. Na manhã seguinte, bem cedo, Josué preparou os homens, e partiram em direção a Ai. Ele e os líderes de Israel foram à frente para atacar a cidade. Todos os homens de guerra que estavam com ele avançaram e ficaram de frente para a cidade e acamparam-se ao norte de Ai, diante de um vale que os separava da cidade. Naquela noite Josué enviou outros cinco mil homens para juntar-se aos que estavam emboscados entre Betel e Ai, a oeste da cidade. E todos tomaram posição. Ele, porém, passou a noite neste vale que ficava entre o exército de Josué e a cidade de Ai. Quando o rei de Ai viu os israelitas do outro lado do vale, não sabendo da emboscada por trás, ele e o seu povo saíram para enfrentar Israel numa batalha a campo aberto, logo cedo de manhã. Josué e todo o exército de Israel fingiram que estavam sendo vencidos e fugiram na direção do deserto. Todos os soldados da cidade foram chamados para perseguir os israelitas e foram atraídos para longe da cidade. Nenhum soldado ficou em Ai e Betel. As cidades ficaram sem nenhuma defesa e com os portões abertos. Então o Senhor disse a Josué: “Aponte a lança que você tem na mão na direção de Ai, pois vou entregar essa cidade a você”. Josué obedeceu e estendeu a lança em direção a Ai. E quando os homens da emboscada viram o sinal dado por Josué, saíram correndo da sua posição, invadiram a cidade e, apressando-se, puseram fogo nela. Olhando para trás, os homens de Ai viram a fumaça que subia da cidade incendiada, e não tinham para onde escapar, pois os israelitas que fugiam para o deserto se voltaram contra eles. Quando Josué e as tropas que estavam com ele viram a fumaça, entenderam que os homens da emboscada já tinham tomado a cidade, deram meia-volta e puseram-se a destruir os seus perseguidores. Além disso, os israelitas que estavam na cidade saíram e atacaram os inimigos pela retaguarda. Assim, os homens de Ai caíram na armadilha, tendo os israelitas dos dois lados, que os mataram. Não houve nenhum sobrevivente, além do rei de Ai. Ele foi capturado e entregue a Josué. Depois que os israelitas mataram todos os soldados inimigos pelos campos até o deserto, foram à cidade e mataram todos os seus habitantes. Naquele dia morreu toda a população de Ai, num total de doze mil homens e mulheres. Pois Josué ficou com a lança apontada para a cidade até que todos os habitantes de Ai fossem destruídos. Mas o gado e os bens da cidade não foram destruídos. O Senhor tinha dito a Josué que os israelitas poderiam ficar com tudo. Assim Josué queimou Ai e a reduziu a um monte de ruínas. Assim ficou até o dia de hoje. Josué mandou enforcar o rei de Ai numa árvore em que o deixou até a tarde. Ao pôr-do-sol, ele mandou retirar o corpo de lá e que lançassem o cadáver à entrada da porta da cidade, e jogaram sobre ele um montão de pedras que permanece lá até o dia de hoje. Então Josué construiu um altar ao Senhor, o Deus de Israel, no monte Ebal, conforme Moisés, servo do Senhor, havia ordenado no Livro da Lei escrito por ele: “Façam um altar de pedras brutas, não partidas nem lavradas com ferramentas de ferro”. Os sacerdotes ofereceram sacrifícios queimados e ofertas de paz sobre o altar. E ali, diante dos olhos do povo de Israel, Josué gravou nas pedras uma cópia das leis escritas por Moisés. Então todo o povo de Israel, tanto os estrangeiros que moravam com os israelitas, assim como os naturais da terra, com os seus líderes, oficiais e juízes, estavam de pé dos dois lados diante dos sacerdotes levitas que levavam a arca da aliança do Senhor. Metade deles ficou ao pé do monte Gerizim e metade ao pé do monte Ebal. Tudo foi feito de acordo com as instruções dadas muito antes por Moisés, servo do Senhor, para abençoar o povo de Israel. Quando tudo estava pronto, Josué leu todas as declarações de bênçãos e de maldição que Moisés tinha escrito no Livro da Lei de Deus. Josué leu todos os mandamentos escritos por Moisés — sem ficar nenhum de fora. E foram lidos diante do povo reunido, incluindo as mulheres, as crianças e os estrangeiros que viviam entre os israelitas. Os reis dos territórios vizinhos que viviam a oeste do Jordão, nas montanhas, na Sefelá, estendendo-se pela costa do mar Mediterrâneo até o Líbano, ficaram sabendo o que tinha acontecido com Jericó e com Ai. Eram os reis dos heteus, dos amorreus, dos cananeus, dos ferezeus, dos heveus e dos jebuseus. Eles resolveram unir seus exércitos depressa para lutar contra Josué e contra os israelitas. Contudo, quando os habitantes de Gibeom souberam o que Josué tinha feito com Jericó e Ai, foram espertos. Enviaram embaixadores a Josué, como se a viagem feita fosse muito longa, trazendo jumentos com os lombos carregados de sacos gastos e vasilhas de couro para o vinho, velhas e remendadas. Os homens calçavam sandálias gastas e remendadas e usavam roupas velhas. O pão que levavam estava duro e bolorento. Chegando ao acampamento de Gilgal, disseram a Josué e aos homens de Israel: “Viemos de uma terra distante para fazer um tratado de paz com vocês”. Os israelitas responderam a esses heveus de Gibeom: “Como podemos ter a certeza de que vocês não vivem aqui por perto? Então, como faremos uma aliança com vocês?” “Somos seus servos”, disseram a Josué. “Mas quem são vocês?”, perguntou Josué. “De onde vieram?” Eles disseram: “Somos de um país distante. Ouvimos falar do grande poder do Senhor, o Deus de Israel, e de tudo o que ele fez no Egito e também aos dois reis dos amorreus — Seom, rei de Hesbom, e Ogue, rei de Basã, que estava em Astarote. Por isso, os nossos líderes e o nosso povo nos deram as seguintes instruções: ‘Preparem-se para uma longa viagem; vão ao encontro dos israelitas com uma proposta de paz, declarando que a nossa nação está disposta a ser escrava do povo de Israel’. Estes pães tinham acabado de sair do forno quando partimos, mas agora, vocês veem, estão duros e bolorentos! Estas vasilhas de couro eram novas, e vejam como estão agora, velhas e remendadas! Nossas roupas e nossas sandálias estão velhas e gastas por causa da nossa longa viagem!’ ” Os israelitas examinaram as provisões deles e acabaram acreditando neles. Não tiveram o cuidado de consultar o Senhor! Assim Josué assinou um tratado de paz, confirmado com juramento pelos líderes da assembleia de Israel. Três dias depois de fazerem um tratado de paz com os gibeonitas, os fatos vieram à luz. Aqueles homens e o povo deles viviam ali perto. Os israelitas encontraram as cidades deles no terceiro dia de viagem. Eram as cidades de Gibeom, Quefira, Beerote e Quiriate-Jearim. Mas as cidades não foram destruídas por respeito ao juramento feito pelos líderes da assembleia, diante do Senhor, o Deus de Israel. Então o povo israelita queixou-se contra os líderes. Mas os líderes disseram ao povo reunido: “Nós fizemos um juramento diante do Senhor, o Deus de Israel, de que não tocaríamos naquele povo. Vamos deixá-los viver. Se quebrarmos o juramento, a ira de Deus cairá sobre todos nós!” E eles acrescentaram: “Que eles vivam, mas terão de fazer o trabalho escravo a vida toda, como lenhadores e carregadores de água para toda a comunidade”. E a promessa dos líderes foi mantida. Então Josué chamou os líderes dos gibeonitas, comunicando a sua decisão: “Vocês não serão destruídos. Mas visto que vocês nos enganaram com a história de que vieram de longe quando na verdade são nossos vizinhos, atraíram maldição sobre vocês: terão de fazer o trabalho de rachar lenha e carregar água para a casa do meu Deus”. Eles responderam a Josué: “Foi anunciado aos seus servos que o Senhor deu ordens a Moisés, o seu servo, para que tomasse posse de todo este território e que acabasse com todos os moradores daqui. Por isso tememos pelas nossas vidas e agimos assim. Mas agora estamos nas mãos de vocês. Façam aquilo que parece bom e justo a vocês”. Assim Josué não permitiu que os israelitas destruíssem aquela gente. Mas desde aquele dia os gibeonitas passaram a fazer o trabalho de lenhadores e carregadores de água, prestando serviço ao povo de Israel e ao altar do Senhor, onde quer que o Senhor escolhesse para ser construído, até o dia de hoje. Adoni-Zedeque, rei de Jerusalém, ficou sabendo como Josué tinha tomado e destruído Ai, matando o rei daquela cidade e também a Jericó e seu rei, e que o povo de Gibeom tinha conseguido um tratado de paz com Israel e estava vivendo no meio deles. Ele ficou apavorado, porque Gibeom era uma grande cidade, como as capitais de reinos; era muito maior do que Ai, e os gibeonitas tinham fama de valentes. Por isso Adoni-Zedeque, rei de Jerusalém, mandou mensageiros aos seguintes reis: Horão, rei de Hebrom, Piram, rei de Jarmute, Jafia, rei de Láquis, e Debir, rei de Eglom, dizendo: “Venham ajudar-me a destruir Gibeom, porque esse povo fez um tratado de paz com Josué e com o povo de Israel”. Então estes cinco reis amorreus — de Jerusalém, de Hebrom, de Jarmute, de Láquis e de Eglom — uniram os seus exércitos para um ataque conjunto a Gibeom. Cercaram Gibeom e lutaram contra ela. Os homens de Gibeom mandaram logo mensageiros a Josué, que estava acampado em Gilgal: “Venham socorrer os seus servos. Venham nos livrar depressa! Pois todos os reis dos amorreus que habitam nas montanhas se uniram com os seus exércitos contra nós”. Josué e o exército israelita saíram de Gilgal e foram socorrer Gibeom. “Não tenha medo desses reis”, disse o Senhor a Josué, “pois eles já estão vencidos. Eu os entreguei nas suas mãos. Nenhum deles será capaz de resistir”. Josué marchou durante a noite desde Gilgal e apanhou de surpresa as forças inimigas. O Senhor fez com que essas forças inimigas ficassem em pânico, causando grande confusão, de modo que o exército de Israel matou grande número em Gibeom e perseguiu os demais até Bete-Horom, Azeca e Maquedá, destruindo os amorreus pelo caminho. Aqueles que conseguiram fugir e chegar perto de Bete-Horom, quando iam descendo para lá foram mortos por grandes pedras do céu lançadas pelo Senhor sobre eles até Azeca. Na verdade, mais gente foi morta pela chuva de pedras do que pelas espadas dos israelitas! No dia em que o Senhor entregou os amorreus aos israelitas, Josué orou ao Senhor em alta voz: “Que o sol pare sobre Gibeom, e que a lua fique onde está, sobre o vale de Aijalom!” E o sol e a lua ficaram parados até que o exército de Israel terminasse de destruir os seus inimigos. O Livro dos Justos faz uma descrição mais detalhada deste fato. Assim o sol parou nos céus e não saiu por quase vinte e quatro horas. Nunca antes nem depois houve um dia como esse! Pois o Senhor fez parar o sol e a lua, atendendo ao pedido de um homem! Certamente o Senhor estava lutando por Israel. Depois Josué e o exército de Israel voltaram para o acampamento de Gilgal. Durante a batalha, os cinco reis fugiram e se esconderam numa caverna em Maquedá. Quando chegou a Josué a notícia de que os reis tinham sido achados, ele mandou que rolassem grandes pedras à boca da caverna e que alguns ficassem de guarda ali. Mas Josué ordenou aos demais soldados: “Persigam os inimigos e eliminem os que forem ficando para trás. Não deixem que voltem às suas cidades! Vocês podem confiar no Senhor, o seu Deus, para a vitória total!” Assim Josué e os israelitas continuaram a batalha e acabaram com os cinco exércitos, com exceção de alguns sobreviventes que se refugiaram nas cidades fortificadas. Então os israelitas voltaram em paz a Josué, no acampamento em Maquedá. Voltaram sem sofrer a baixa de um único soldado! E ninguém mais ousou falar em enfrentar o povo de Israel! Depois Josué disse: “Abram a boca da caverna e tragam os cinco reis para mim”. Eles obedeceram e trouxeram os reis de Jerusalém, de Hebrom, de Jarmute, de Láquis e de Eglom. Feito isso, e reunidos os soldados de Israel, Josué mandou que os comandantes do exército colocassem os pés sobre o pescoço dos reis prisioneiros. E eles obedeceram. Disse Josué: “Não tenham mais medo nem fiquem mais desanimados. Sejam fortes e corajosos! É isso que o Senhor fará com todos os inimigos de Israel!” Depois Josué matou os cinco reis, pendurando os seus corpos em cinco árvores, onde ficaram pendurados até a tarde. Ao pôr do sol, Josué ordenou que os corpos fossem tirados das árvores e lançados na caverna onde haviam se escondido. Colocaram um montão de pedras à entrada da caverna, que está lá até o dia de hoje. Naquele dia, Josué destruiu a cidade de Maquedá, matando o rei e todos os habitantes. Não foi deixado ninguém com vida na cidade! E fez com o rei de Maquedá a mesma coisa que tinha feito com o rei de Jericó. Então Josué e todos os israelitas foram de Maquedá para Libna e a atacaram. O Senhor entregou na mão de Israel a cidade e o rei, e mataram com a espada todos os moradores da cidade. Não sobrou nenhum sobrevivente! E fizeram com o rei a mesma coisa que haviam feito com o rei de Jericó. Depois Josué e todo o Israel foram de Libna a Láquis. Cercaram a cidade e a atacaram. O Senhor entregou a cidade às forças de Israel, e Josué tomou-a no dia seguinte. Também aí toda a população foi morta à espada, como em Libna. Durante o ataque a Láquis, Horão, rei de Gezar, levou para lá tropas para ajudar a defender a cidade, mas Josué o derrotou, a ele e ao seu exército, sem deixar sobreviventes. Depois Josué e todos os israelitas avançaram de Láquis para Eglom. Sitiaram a cidade e a atacaram. E no mesmo dia feriram à espada e eliminaram toda a população como tinham feito com Láquis. A seguir, Josué e todo o Israel foram de Eglom para Hebrom e a atacaram. Tomaram Hebrom, o rei e todos os seus povoados, e mataram todos os habitantes, sem deixar sobreviventes. Destruíram completamente a cidade e todos os seus habitantes, como tinham feito com Eglom. Depois Josué e todos os israelitas marcharam de volta em direção a Debir e a atacaram. Tomaram a cidade, o seu rei, e todas as povoações da vizinhança foram mortas. Exterminaram todos, sem deixar sobreviventes. Fizeram com Debir e com o rei o que tinham feito com Hebrom, com Libna e com os reis destas cidades. Assim Josué e o exército israelita conquistaram a região toda — as nações e os reis da região montanhosa, o deserto de Neguebe, as terras baixas e as encostas das nascentes das águas. Eles destruíram todos os seus reis sem deixar sobrevivente algum. Exterminaram tudo o que respirava, conforme o Senhor, o Deus de Israel, havia ordenado. Josué derrotou-os desde Cades-Barneia até Gaza, e conquistou todo o território de Gósen, até Gibeom. Josué conseguiu conquistar esses reis e as terras de uma só vez porque o Senhor, o Deus de Israel, lutou por Israel. Então Josué voltou com todo o Israel para o acampamento em Gilgal. Quando Jabim, rei de Hazor, soube o que tinha acontecido, enviou mensagens urgentes aos seguintes reis: a Jobabe, rei de Madom; ao rei de Sinrom; ao rei de Acsafe; a todos os reis da região montanhosa ao norte; aos reis da região da Arabá, ao sul de Quinerete, na Sefelá; aos reis das terras baixas; aos reis dos territórios montanhosos em Nafote-Dor, a oeste; aos reis de Canaã a leste e a oeste; aos reis dos amorreus; aos reis dos heteus; aos reis dos ferezeus; aos reis dos jebuseus das terras montanhosas; aos reis heveus, das cidades situadas nas encostas do monte Hermom, na terra de Mispá. Todos esses reis convocaram as suas tropas e, unindo forças, formaram um imenso exército, tão numeroso como a areia da praia, além de muitos carros e cavalos. Todos esses reis acamparam junto às águas de Merom, para guerrearem contra Israel. Mas o Senhor disse a Josué: “Não tenha medo deles, pois amanhã, a esta hora, estarão todos mortos diante do exército israelita! Você irá cortar os tendões dos cavalos e queimar os seus carros!” Josué agiu depressa! Ele e as tropas de Israel chegaram às águas de Merom e os atacaram de surpresa. E o Senhor entregou todo aquele enorme exército aos israelitas! Eles perseguiram os inimigos até a grande Sidom, até Misrefote-Maim, e até o vale de Mispá, a leste. As tropas inimigas foram completamente destruídas! Então Josué e os soldados israelitas obedeceram às ordens do Senhor, cortando os tendões dos seus cavalos e queimando todos os carros de guerra. No caminho de volta, Josué conquistou Hazor e matou o rei da cidade à espada. Hazor tinha sido a capital daqueles reinos. Todas as pessoas daquela cidade foram mortas, e a cidade foi incendiada. Depois Josué atacou e destruiu todas as cidades e matou os seus reis à espada, como Moisés, servo do Senhor, havia ordenado. Todavia, Israel não incendiou nenhuma das cidades edificadas nas colinas. Josué só incendiou Hazor. Os israelitas ficaram com todos os bens, incluindo o gado daquelas cidades. Mas os habitantes foram todos mortos. Não sobreviveu ninguém! Tudo o que o Senhor havia ordenado a Moisés, seu servo, Moisés comunicou a Josué. Josué obedeceu, e se empenhou em ser um fiel cumpridor de todas as ordens dadas pelo Senhor a Moisés. Assim Josué conquistou toda aquela terra — a região montanhosa, o deserto de Neguebe, a terra de Gósen, as terras baixas, a região da Arabá e a zona montanhosa, e as planícies de Israel. O território israelita estendia-se agora desde o monte Halaque, perto de Seir, até Baal-Gade, no vale do Líbano, ao pé do monte Hermom. Josué matou todos os reis daqueles territórios. Josué guerreou por muito tempo contra todos esses reis. Não foi feito tratado de paz com nenhuma das cidades, com exceção de Gibeom, dos heveus. Todas as outras cidades foram tomadas na guerra. Pois o Senhor tinha feito com que os reis inimigos quisessem combater os israelitas, endurecendo os seus corações, em vez de propor a paz. Assim, eles foram destruídos completamente sem misericórdia, como o Senhor havia ordenado a Moisés. Durante esse período, Josué acabou com os gigantes, chamados enaquins, habitantes da região montanhosa de Hebrom, de Debir, de Anabe, de todos os montes de Judá e de Israel. Ele destruiu todos esses gigantes e todas as suas cidades. Nenhum enaquim sobreviveu em todo o território de Israel, embora alguns deles tenham ficado em Gaza, em Gate e em Asdode. Assim Josué tomou todo o território, obedecendo às ordens que o Senhor tinha dado a Moisés, e repartiu as terras conquistadas entre as tribos do povo de Israel, como herança. E por fim a terra descansou da guerra! Estes sãos os reis a leste do rio Jordão, das terras tomadas pelos israelitas, desde o ribeiro Arnom até o monte Hermom, contando as cidades do deserto oriental: Seom, rei dos amorreus, que habitava em Hesbom. O reino dele ia desde Aroer, à beira do vale do Arnom, e do meio desse vale até o rio Jaboque, que é a fronteira dos amonitas. Esse território incluía a metade da atual área de Gileade, situada ao norte do rio Jaboque. Seom dominava também a parte norte do vale do rio Jordão, até as costas ocidentais do mar de Quinerete; e para o sul, até o mar Morto, até Bete-Jesimote e, mais ao sul, até as encostas do monte Pisga. Tomaram o território de Ogue, rei de Basã, um dos últimos refains existentes, que habitava em Astarote e em Edrei. O território governado por ele estendia-se desde o monte Hermom, ao norte, até Salcá, no monte Basã, a leste; e para o oeste, ia até a fronteira com os gesuritas e com os maacatitas. O reino dele estendia-se também para o sul, abrangendo a metade norte do território de Gileade, fazendo fronteira ali com o reino de Seom, rei de Hesbom. Moisés, servo do Senhor, e o povo de Israel, tinham destruído essas nações, e Moisés tinha dado as terras dessas nações às tribos de Rúben e Gade, e à meia tribo de Manassés. Eis a lista dos reis eliminados por Josué e pelos exércitos de Israel no lado ocidental do Jordão. Esse território, entre Baal-Gade, no vale do Líbano, até o monte Halaque, a oeste de Seir, foi repartido por Josué e dado às outras tribos de Israel. A área incluía a região montanhosa, as baixadas planas, a zona da Arabá, as encostas com as nascentes das águas, o deserto da Judeia e o Neguebe. Viviam ali antes os heteus, os amorreus, os cananeus, os ferezeus, os heveus, e os jebuseus. Eis, pois, a lista dos reis: o rei de Jericó, o rei de Ai, junto a Betel, o rei de Jerusalém, o rei de Hebrom, o rei de Jarmute, o rei de Láquis, o rei de Eglom, o rei de Gezer, o rei de Debir, o rei de Geder, o rei de Hormá, o rei de Arade, o rei de Libna, o rei de Adulão, o rei de Maquedá, o rei de Betel, o rei de Tapua, o rei de Héfer, o rei de Afeque; o rei de Lasarom, o rei de Madom, o rei de Hazor, o rei de Sinrom-Merom, o rei de Acsafe, o rei de Taanaque, o rei de Megido, o rei de Quedes, o rei de Jocneão do Carmelo, o rei de Dor, da cidade de Nafate-Dor, o rei de Giom de Gilgal, e o rei de Tirza. Trinta e um reis ao todo. Quando Josué era já bastante idoso, o Senhor lhe disse: “Você está ficando velho, e ainda falta conquistar muita terra. “Esta é a terra que resta: todo o território dos filisteus e dos gesuritas; as terras hoje pertencentes aos cananeus, desde o rio que forma divisa com o Egito, até a fronteira sul de Ecrom; as cinco cidades dos governantes filisteus: Gaza, Asdode, Ascalom, Gate e Ecrom; o território dos aveus ao sul; ao norte, todo o território dos cananeus, incluindo Meara, pertencente aos sidônios, estendendo-se rumo ao norte até Afeque, na fronteira com os amorreus; as terras dos gibleus, na faixa costeira, e todo o Líbano, para o leste, desde Baal-Gade, ao pé do monte Hermom, no sul, até a entrada de Lebo-Hamate, ao norte; e todo o território montanhoso que vai desde o Líbano até Misrefote-Maim, contando o território dos sidônios. Eu mesmo vou lançar esses povos para longe da nação de Israel! Portanto, ao repartir o território às nove tribos e à meia tribo de Manassés, de acordo com o que ordenei, inclua esses territórios”. A outra metade da tribo de Manassés, e as tribos de Rúben e de Gade, já tinham recebido a herança delas a leste do Jordão, pois Moisés, servo do Senhor, havia destinado aquela terra para esses israelitas. Esse território estendia-se desde Aroer, na beira do rio Arnom, incluindo a cidade situada no vale, passando pelo planalto de Medeba, até Dibom, e todas as cidades de Seom, rei dos amorreus que reinou em Hesbom, e prosseguia até as fronteiras de Amom. Incluía Gileade, o território dos gesuritas e dos maacatitas; toda a região do monte Hermom e toda a Basã, até a cidade de Salcá, ou seja, todo o reino de Ogue, em Basã, que tinha reinado em Astarote e em Edrei. Ele foi um dos últimos refains sobreviventes, pois Moisés tinha atacado e expulsado aqueles gigantes e tomado suas terras. Mas o povo de Israel não tinha expulsado os gesuritas nem os maacatitas, os quais vivem entre os israelitas até o dia de hoje. Moisés não tinha dado nenhum território à tribo de Levi; em vez disso, ficaram tendo direito às ofertas preparadas no fogo ao Senhor, o Deus de Israel, como herança deles, como já havia dito. Moisés tinha dado a seguinte área à tribo de Rúben, de acordo com seus grupos de famílias: Desde Aroer, na beira do vale do rio Arnom, com a cidade de Arnom situada no meio do vale, até além do planalto, próximo de Medeba. Incluía Hesbom e outras cidades da planície — Dibom, Bamote-Baal, Bete-Baal-Meom, Jaza, Quedemote, Mefaate, Quiriataim, Sibma, Zerete-Saar na encosta do vale, Bete-Peor, Bete-Jesimote e as encostas do monte Pisga. As terras de Rúben incluíam também as cidades do planalto e o reino de Seom. Seom era o rei que vivia em Hesbom e que foi morto por Moisés juntamente com os outros líderes de Midiã — Evi, Requém, Zur, Hur e Reba — aliados de Seom, moradores daquela terra. Os israelitas também mataram com a espada o adivinho Balaão, filho de Beor, além de outros. A fronteira ocidental de Rúben era demarcada pelo rio Jordão. Dentro desses limites os grupos de famílias da tribo de Rúben estabeleceram cidades e aldeias. A extensão do território destinado por Moisés à tribo de Gade, de acordo com os grupos de famílias, foi a seguinte: O território de Jazar, todas as cidades de Gileade, e a metade do território de Amom até Aroer perto de Rabá. Estendia-se também desde Hesbom até Ramate-Mispá e Betonim, e desde Maanaim até a fronteira de Debir. No vale do Jordão incluía Bete-Arã, Bete-Nimra, Sucote, Zafom e o restante dos domínios do rei Seom, de Hesbom. A linha da fronteira ocidental era o rio Jordão, indo até o mar da Galileia. Essa região com suas cidades e aldeias é a herança dos filhos de Gade, segundo os grupos de famílias. Moisés destinou o seguinte território à meia tribo de Manassés, de acordo com os grupos de famílias: O seu território estendia-se para o norte desde Maanaim. Incluía toda a Basã, reino que fora de Ogue, e as sessenta cidades de Jair em Basã. Metade de Gileade e das capitais reais de Asterote e Edrei, cidades do reino de Ogue, em Basã, foi dada à metade do grupo de famílias chefiadas por Maquir, filho de Manassés. Foi assim que Moisés repartiu a terra a leste do rio Jordão nas planícies de Moabe quando o povo acampou a leste de Jericó. Mas Moisés não deu nenhum território como herança à tribo de Levi, pois, como ele explicou, o Senhor, o Deus de Israel, era a herança de Levi, como já havia dito. As terras conquistadas em Canaã que os israelitas receberam por herança foram repartidas pelo sacerdote Eleazar, acompanhado de Josué, filho de Num, e dos líderes dos grupos de famílias das tribos dos filhos de Israel. A divisão da herança foi feita por sorteio entre as nove tribos e meia, de acordo com as ordens dadas pelo Senhor por meio de Moisés. Moisés já tinha dado por herança territórios às duas tribos e meia no lado leste do rio Jordão. Mas aos levitas não tinha dado herança. A tribo de José era formada por duas tribos separadas — a de Manassés e a de Efraim. Os levitas não receberam terra alguma, a não ser as cidades para morarem e os seus arredores para o pasto do seu gado. Assim, a distribuição das terras foi feita em rigorosa obediência às instruções dadas pelo Senhor a Moisés. Um grupo da tribo de Judá, chefiada por Calebe, filho de Jefoné, da família de Quenaz, apresentou-se a Josué, em Gilgal e disse: “Lembra o que o Senhor disse a Moisés, homem de Deus, quando estávamos em Cades-Barneia, a respeito de mim e de você? Eu estava com quarenta anos de idade quando fui enviado por Moisés, servo de Deus, de Cades-Barneia a Canaã, para espionar a terra; e fiz um relatório digno de confiança. Mas os meus irmãos, que foram comigo, fizeram o povo ficar desanimado. Eu, porém, perseverei em seguir ao Senhor, o meu Deus. Então Moisés me disse: ‘A parte da terra de Canaã por onde o seu pé pisou pertencerá a você e aos seus filhos, para sempre’. “Agora, como vê, o Senhor me guardou todos esses quarenta e cinco anos com vida, desde o tempo em que o povo ficou indo de lá para cá no deserto. Estou agora com oitenta e cinco anos de idade. Sinto-me forte agora como quando Moisés me enviou naquela missão. Posso sair para combater e voltar depois do combate, como naquela época! Agora, pois, peço que me dê a região montanhosa que o Senhor me prometeu. Naquela época, você certamente se lembra que os enaquins viviam em suas grandes cidades fortificadas. Mas, estando o Senhor comigo, expulsarei aqueles homens de grande estatura, como ele prometeu”. Então, Calebe foi abençoado por Josué, e recebeu dele o território de Hebrom como herança permanente. Por isso, até hoje, Hebrom pertence aos descendentes de Calebe, filho de Jefoné, porque ele tinha seguido com firmeza o Senhor, o Deus de Israel. Antes disso, Hebrom era chamada de Quiriate-Arba em homenagem a Arba, o grande herói dos enaquins. Então a terra repousou da guerra e houve paz. As terras distribuídas à tribo de Judá, por grupos de famílias, estendiam-se para o sul de Judá até a fronteira com Edom e passavam pelo deserto de Zim, no extremo sul. Ou seja, sua fronteira sul começava na baía do sul do mar Morto. Daí seguia pela estrada que ia para o sul do monte Acrabim, continuando pelo deserto de Zim até Hezrom ao sul de Cades-Barneia. Subia depois para Adar passando por Carca. Dali continuava até Azmom, atingindo por fim o rio que forma a divisa com o Egito e seguindo o percurso desse rio até o mar. Essa era a fronteira sul deles. A fronteira oriental estendia-se ao longo do mar Morto até a foz do Jordão. A fronteira norte começava na baía em que o rio Jordão despeja as águas no mar Morto. Daí subia até Bete-Hogla e continuava ao norte de Bete-Arabá, subindo até a pedra de Boã, filho de Rúben. A partir desse ponto seguia pelo vale de Acor, rumo a Debir, dobrando ali para noroeste em direção a Gilgal, de frente para as ladeiras de Adumim, ao sul do vale. Daí a fronteira estendia-se até as fronteiras de En-Semes, continuando para En-Rogel. Depois passava pelo vale de Hinom, pelo lado sul do território dos jebuseus onde está situada Jerusalém, tomava rumo oeste até o topo da montanha que domina o vale e subia até o extremo norte do vale de Refaim. Dali a fronteira estendia-se desde o topo da montanha até as fontes de Neftoa e até as cidades da região montanhosa de Efrom, virando então para o norte para contornar Baalá, isto é, Quiriate-Jearim. A mesma fronteira continuava dobrando a oeste de Baalá para o monte Seir; passava junto da cidade de Quesalom pelo lado norte do monte Jearim e descia a Bete-Semes. Tornando a virar para o norte, continuava pelo sul de Timna, até a encosta do monte ao norte de Ecrom, onde inclinava-se para a esquerda, passando ao sul de Sicrom e do monte Baalá. Retornando ao norte, passava por Jabneel e terminava no mar. A fronteira ocidental era o litoral do mar Mediterrâneo. São essas as fronteiras que demarcam Judá por todos os lados, de acordo com os grupos de famílias. Conforme a ordem do Senhor, Josué deu parte do território de Judá a Calebe, filho de Jefoné. Calebe recebeu a cidade de Arba, também chamada Hebrom. Arba era antepassado de Enaque. Calebe expulsou dali os descendentes dos três filhos de Enaque: Sesai, Aimã e Talmai. Depois ele marchou contra o povo que vivia na cidade de Debir, antes chamada de Quiriate-Sefer. Calebe anunciou que daria a sua filha, Acsa, em casamento àquele que conquistasse Quiriate-Sefer. Otoniel, sobrinho de Calebe, filho de Quenaz, irmão de Calebe, foi quem tomou posse da cidade, e casou com Acsa. Quando Acsa foi morar com Otoniel, ela insistiu com ele para que pedisse ao pai dela mais um campo como presente de casamento. Ela desceu do jumento para falar com Calebe, seu pai. Ele perguntou: “O que posso fazer por você?” Ela respondeu: “Quero outro presente, meu pai! A terra que o senhor me deu é um deserto. Quero uma que tenha fontes de água!” Então Calebe lhe deu as fontes superiores e as fontes inferiores. Eis, pois, a herança dada à tribo de Judá, de acordo com os grupos de famílias: As cidades de Judá situadas ao longo das fronteiras de Edom, no Neguebe, ao extremo sul, são estas: Cabzeel, Éder, Jagur, Quiná, Dimona, Adada, Quedes, Hazor, Itnã, Zife, Telém, Bealote, Hazor-Hadada, Queriote-Hezrom, que é Hazor. Amã, Sema, Moladá, Hazar-Gada, Hesmom, Bete-Pelete, Hazar-Sual, Berseba, Biziotiá, Baalá, Iim, Azén, Eltolade, Quesil, Hormá, Ziclague, Madmana, Sansana, Lebaote, Silim, Aim e Rimom. Ao todo eram vinte e nove cidades com seus povoados. As seguintes cidades situadas nas planícies também foram dadas a Judá: Estaol, Zorá, Asná, Zanoa, En-Ganim, Tapua, Enã, Jarmute, Adulão, Socó, Azeca, Saarim, Aditaim, Gederá e Gederotaim. Ao todo, eram catorze cidades com seus povoados. Zenã, Hadasa, Migdal-Gade, Dileã, Mispá, Jocteel, Láquis, Bozcate, Eglom, Cabom, Laamás, Quitlis, Gederote, Bete-Dagom, Naamá e Maquedá. Eram dezesseis cidades com seus povoados. Libna, Eter, Asã, Iftá, Asná, Nezibe, Queila, Aczibe e Maressa. Eram nove cidades com seus povoados. O território da tribo de Judá abrangia ainda todas as cidades e povoados de Ecrom. De Ecrom, a fronteira estendia-se até o mar e incluía as cidades e povoados situados junto às fronteiras de Asdode. Também as cidades de Asdode e Gaza, com os respectivos povoados chegando até o mar, incluindo ainda toda a costa do Mediterrâneo, até o rio que forma a divisa com o Egito. Na região montanhosa, Judá recebeu as seguintes quarenta e quatro cidades com seus povoados: Samir, Jatir, Socó, Daná, Quiriate-Sana, que é Debir, Anabe, Estemo, Anim, Gósen, Holom, Gilo. Eram onze cidades com seus povoados. Arabe, Dumá, Esã, Janim, Bete-Tapua, Afeca, Hunta, Quiriate-Arba, que é Hebrom, e Zior. Eram nove cidades com seus povoados. Maom, Carmelo, Zife, Jutá, Jezreel, Jocdeão, Zanoa, Caim, Gibeá e Timna. Eram dez cidades com seus povoados. Halul, Bete-Zur, Gedor, Maarate, Bete-Anote e Eltecom. Eram seis cidades com seus povoados. Quiriate-Baal, também conhecida como Quiriate-Jearim, e Rabá. Eram duas cidades com seus povoados. No deserto: Bete-Arabá, Midim, Secacá, Nibsã, Cidade do Sal e En-Gedi. Eram seis cidades com seus povoados, situados no deserto. Mas a tribo de Judá não conseguiu expulsar os jebuseus que residiam em Jerusalém. Assim os jebuseus vivem até hoje entre os descendentes de Judá em Jerusalém. O sorteio das terras distribuídas aos descendentes de José por grupos de famílias estendia-se desde o rio Jordão em Jericó, a leste das águas de Jericó, atravessando o deserto e a região montanhosa, até Betel. Depois seguia de Betel a Luz, depois a Atarote, no território dos arquitas, descendo rumo oeste até a fronteira de Jafleti, até a fronteira de Bete-Horom Baixa, indo depois até Gezer, terminando no mar. Assim, os filhos de José, Manassés e Efraim, receberam a sua herança. Este era o território de Efraim, de acordo com os grupos de famílias: A fronteira oriental começava em Atarote-Adar. Dali ia até Bete-Horom Alta, e seguia para o mar. A fronteira norte começava no mesmo mar, seguia a leste de Micmetá, passando depois por Taanate-Siló e Janoa, a leste. De Janoa dobrava para o sul até Atarote e Naarate, encostava em Jericó e terminava no rio Jordão. Seguindo para o leste, a fronteira ia de Tapua ao ribeiro de Caná, terminando no mar. Essa foi a herança da tribo de Efraim, segundo os grupos de famílias. Efraim recebeu também algumas cidades do território pertencente à meia tribo de Manassés. Os cananeus de Gezer não foram expulsos, e vivem até hoje no meio do povo de Efraim, mas são sujeitos a trabalhar como escravos. O sorteio das terras distribuídas à tribo de Manassés, filho mais velho de José, foi primeiro para os grupos de famílias chefiado por Maquir, filho mais velho de Manassés, e pai de Gileade. Eles já tinham recebido Gileade e Basã, a leste do Jordão, porque eram guerreiros valentes. Também foi dado o território a oeste do Jordão aos grupos de famílias chefiadas por Abiezer, Heleque, Asriel, Siquém, Semida e Héfer, todos filhos de Manassés, filho de José. Contudo, Zelofeade, filho de Héfer, neto de Gileade, bisneto de Maquir, tataraneto de Manassés, não tinha filhos, somente cinco filhas. Seus nomes eram Maalá, Noa, Hogla, Milca e Tirza. Estas mulheres procuraram o sacerdote Eleazar, Josué, filho de Num, e os líderes de Israel e disseram: “O Senhor ordenou a Moisés que nos desse uma herança junto com os nossos irmãos”. Assim, de acordo com as ordens dadas pelo Senhor a Moisés, as cinco mulheres receberam herança entre os irmãos de seu pai. À tribo de Manassés couberam dez quinhões de terra, além do território de Gileade e Basã do outro lado do Jordão, pois as descendentes de Manassés, assim como os filhos dele, receberam herança. O território de Manassés estendia-se para o sul, desde o limite da tribo de Aser até Micmetá, a leste de Siquém. Ainda para o sul, a fronteira ia de Micmetá até os moradores da fonte de En-Tapua. O território de Tapua era de Manassés, mas a cidade de Tapua, situada na fronteira das terras de Manassés, pertencia à tribo de Efraim. Da fonte de En-Tapua, a fronteira de Manassés seguia a margem norte do ribeiro de Caná até o mar. Várias cidades situadas ao sul do ribeiro pertenciam à tribo de Efraim, embora localizadas no território de Manassés. As terras ao sul pertenciam a Efraim; do lado norte, a Manassés. O território de Manassés estendia-se até o mar. A fronteira norte de Manassés chegava até o limite do território de Aser e a fronteira leste com o território de Issacar. A meia tribo de Manassés recebeu também as seguintes cidades situadas nas áreas dadas a Issacar e a Aser: Bete-Seã, Ibleã, Dor, En-Dor, Taanaque e Megido, com seus respectivos povoados, bem como a região dos três outeiros. Mas os da família de Manassés não conseguiram expulsar os moradores desses lugares, pois os cananeus teimavam em não sair. Mais tarde, quando os israelitas ficaram mais fortes, obrigaram os cananeus a trabalhar como escravos, sem, porém, os expulsar de lá. Então as tribos de José, Efraim e Manassés, procuraram Josué e perguntaram: “Por que você nos deu apenas uma pequena parte do território repartido? Veja como o Senhor Deus abençoou e fez crescer a nossa tribo!” Josué respondeu: “Se a região montanhosa de Efraim não é suficiente, e se vocês acham que dão conta, podem derrubar as matas e limpar o terreno para vocês do território dos ferezeus e dos refains”. As tribos de José responderam: “A região montanhosa não é suficiente para nós, e os cananeus que ocupam o vale de Bete-Seã e o vale de Jezreel possuem carros de ferro e são mais fortes do que nós”. Mas Josué respondeu à tribo de José, a Efraim e a Manassés: “Vocês formam uma tribo grande e forte. Vocês não terão apenas uma pequena parte. Certamente poderão derrubar as matas e viver lá! Tenho certeza de que vão ser capazes de expulsar mais tarde os cananeus dos vales, por mais fortes que sejam e por mais carros de ferro que tenham!” Depois da conquista da terra, toda a assembleia de Israel se reuniu em Siló para armar o Tabernáculo. Porém, sete tribos de Israel ainda não tinham recebido a sua herança. Então Josué disse aos israelitas: “Até quando vocês vão ficar parados em vez de avançar e conquistar a terra que o Senhor, o Deus dos seus pais, deu a vocês? Escolham três homens de cada tribo para que se preparem, percorram a região, examinem a terra e façam um mapa do território prometido a cada tribo, e depois voltem para mim. Os enviados farão um mapa dividindo o território em sete partes. Judá ficará em seu território ao sul, e a tribo de José em seu território ao norte. Vocês demarcarão a terra em sete partes e depois trarão para mim a sua descrição, e eu farei um sorteio na presença do Senhor, o nosso Deus, para ver qual parte ficará com qual tribo. É bom lembrar, porém, que os levitas não receberão nenhum território; eles são sacerdotes do Senhor  — o que é a melhor herança! As tribos de Rúben, Gade e a meia tribo de Manassés já receberam a sua herança no lado leste do Jordão, de acordo com a promessa feita por Moisés, servo do Senhor ”. Quando os homens escolhidos para essa tarefa partiram a fim de mapear a terra, Josué deu as seguintes instruções: “Percorram a terra e façam uma demarcação dela. Depois voltem, e eu farei um sorteio para vocês em Siló, perante o Senhor ”. Os homens foram e fizeram a tarefa pedida: demarcaram o território inteiro, dividindo-o em sete partes, e fizeram listas das cidades de cada parte num livro. Depois voltaram a Josué, ao acampamento em Siló. No Tabernáculo de Siló, Josué fez um sorteio, na presença do Senhor, e distribuiu as terras para cada tribo. A parte de terras dada por sorteio aos grupos de famílias da tribo de Benjamim ficava entre as tribos de Judá e de José. A fronteira norte começava no rio Jordão, seguia para o norte de Jericó, dirigia-se depois na direção oeste, através da região montanhosa e do deserto de Bete-Áven. Dali a fronteira ia para o sul até Luz, também chamada Betel, e continuava descendo até Atarote-Adar, situada na região montanhosa ao sul de Bete-Horom Baixa. Nesse ponto a fronteira dobrava para o sul, passando sobre a montanha próxima de Bete-Horom e terminava em Quiriate-Baal, que é a mesma Quiriate-Jearim — cidade pertencente à tribo de Judá. Esta era a fronteira ocidental. A fronteira sul ia da extremidade de Quiriate-Jearim até a fonte de Neftoa, descendo até a base da montanha que está defronte do vale de Ben-Hinom, ao norte do vale de Refaim. Dali continuava pelo vale de Ben-Hinom, atravessava a parte sul da antiga cidade de Jerusalém, pertencente aos jebuseus, e continuava descendo até En-Rogel. De En-Rogel a fronteira seguia rumo nordeste até En-Semes e até Gelilote. Depois descia até a pedra de Boã, filho de Rúben, passando pela linha norte da Arabá. A fronteira descia então penetrando na Arabá. Depois passava por Bete-Hogla e terminava na baía norte do mar Morto, no extremo sul do rio Jordão. Essa era a fronteira sul. A fronteira oriental era delimitada pelo rio Jordão. Essas eram as fronteiras que demarcavam o território dado à tribo de Benjamim, de acordo com os seus grupos de famílias. Estas são as vinte e seis cidades do território dado a Benjamim, de acordo com os grupos de famílias: Jericó, Bete-Hogla, Emeque-Queziz, Bete-Arabá, Zemaraim, Betel, Avim, Pará, Ofra, Quefar-Amonai, Ofni e Geba. Eram doze cidades com seus povoados. Gibeom, Ramá, Beerote, Mispá, Quefira, Mosa, Requém, Irpeel, Tarala, Zela, Elefe, Jebus (ou Jerusalém), Gibeá e Quiriate. Eram catorze cidades com os seus povoados. Todas estas cidades e seus povoados foram dados à tribo de Benjamim de acordo com os seus grupos de famílias. O segundo sorteio saiu para a tribo de Simeão, de acordo com os grupos de famílias. A herança dele ficava dentro dos limites das terras dadas a Judá. A herança de Simeão incluía as seguintes cidades com seus povoados: Berseba ou Seba, Moladá, Hazar-Sual, Balá, Azén, Eltolade, Betul, Hormá, Ziclague, Bete-Marcabote, Hazar-Susa, Bete-Lebaote e Suarém. Eram treze cidades com os seus povoados. Aim, Rimom, Eter e Asã. Eram quatro cidades com os seus povoados, e todos os povoados que havia ao redor destas cidades para o sul, até Baalate-Beer, também conhecida como Ramá, no Neguebe. Essa é a herança da tribo de Simeão, de acordo com os grupos de famílias. Assim a herança da tribo de Simeão foi tirada de uma parte da herança dada a Judá, visto que o território da tribo de Judá era grande demais para eles. Assim a tribo de Simeão recebeu a sua herança dentro do território de Judá. A terceira tribo a receber o território, por sorteio, foi Zebulom, de acordo com os grupos de famílias. A fronteira desse território começava no lado sul de Saride. De lá ia para oeste, chegando perto de Maralá e de Dabesete, e se estendia até o ribeiro que passa em frente de Jocneão, a leste desta cidade. De Saride seguia rumo leste, para o lado do nascente, até a fronteira de Quislote-Tabor e dali até Daberate e Jafia. Depois continuava a leste de Gate-Héfer, Ete-Cazim e Rimom e fazia uma curva na direção de Neá. A fronteira norte de Zebulom passava por Hanatom e terminava no vale de Iftá-El. Nessas áreas estavam situadas as seguintes cidades, além das que já foram mencionadas: Catate, Naalal, Sinrom, Idala e Belém. Eram doze as cidades com os seus povoados. Essa é a herança da tribo de Zebulom, de acordo com os seus grupos de famílias, com suas cidades e com os seus povoados. A quarta tribo a ser sorteada foi Issacar, de acordo com os grupos de famílias. Seus limites incluíam as seguintes cidades: Jezreel, Quesulote, Suném, Hafaraim, Siom, Anaarate, Rabite, Quisiom, Ebes, Remete, En-Ganim, En-Hadá e Bete-Pazes. A fronteira chegava a Tabor, Saazima e Bete-Semes. Ao todo, dezesseis cidades com seus povoados. A fronteira de Issacar terminava no rio Jordão. Essas são as cidades com os seus povoados dados por herança à tribo de Issacar, de acordo com os grupos de famílias. A quinta tribo a receber seu território por sorteio foi Aser, de acordo com os grupos de famílias. As fronteiras do território de Aser incluíam as seguintes cidades: Hecalte, Hali, Béten, Acsafe, Alameleque, Amade e Misal. A oeste, a fronteira ia desde o Carmelo até Sior-Libnate. De lá virava para o leste seguindo para Bete-Dagom, seguindo até Zebulom, no vale de Iftá-El, e continuava ao norte para Bete-Emeque e Neiel. Saía então a leste das cidades de Cabul, Ebrom, Reobe, Hamom e Caná, até chegar à grande Sidom. Dali a fronteira virava para Ramá, até a cidade fortificada de Tiro, e terminava em Hosa, na encosta do mar na região de Aczibe. O território incluía também Umá, Afeque e Reobe. Ao todo, eram vinte e duas cidades com os seus povoados. Essas são as cidades com os seus povoados dados por herança à tribo de Aser, de acordo com os grupos de famílias. A sexta tribo a receber o seu território por sorteio foi Naftali, de acordo com os grupos de famílias. Sua fronteira começava em Judá, no carvalho de Zaanim, e se estendia ao longo de Adami-Neguebe e Jabneel, e ia até Lacum, terminando no rio Jordão. A fronteira ocidental começava perto de Helefe passando por Aznote-Tabor e dali a Hucoque. Chegava até a fronteira de Zebulom no sul, Aser a oeste e ao rio Jordão, a leste. As cidades fortificadas, situadas nesse território, eram: Zidim, Zer, Hamate, Racate, Quinerete, Adamá, Ramá, Hazor, Quedes, Edrei, En-Hazor, Irom, Migdal-El, Horém, Bete-Anate e Bete-Semes. Eram dezenove cidades com os seus povoados. Essas são as cidades com os seus povoados dados por herança à tribo de Naftali, de acordo com os seus grupos de famílias. A sétima tribo a receber o seu território por sorteio foi Dã, de acordo com os grupos de famílias. O território abrangia os seguintes termos: Zorá, Estaol, Ir-Semes, Saalabim, Aijalom, Itla, Elom, Timna, Ecrom, Elteque, Gibetom, Baalate, Jeúde, Bene-Beraque, Gate-Rimom, Me-Jarcom e Racom, e mais o território junto a Jope. O território da tribo de Dã era pequeno. Por isso, as tropas de Dã atacaram e conquistaram a cidade de Lesém. Os descendentes de Dã habitaram em Lesém, mudando o seu nome para “Dã”, em homenagem ao pai deles. Essas são as cidades com os seus povoados dados por herança à tribo de Dã, de acordo com os seus grupos de famílias. Assim as terras foram repartidas entre as tribos, com as fronteiras demarcadas. O povo de Israel deu a Josué, filho de Num, uma parte especial como herança, como o Senhor tinha ordenado. Ele escolheu Timnate-Sera na região montanhosa de Efraim. Ali reconstruiu a cidade e habitou nela. Foram esses os territórios que o sacerdote Eleazar, Josué, filho de Num, e os líderes das tribos de Israel repartiram por sorteio, na presença do Senhor, à entrada do Tabernáculo, em Siló. Com esses sete sorteios, completou-se a distribuição das terras entre as doze tribos. Disse o Senhor a Josué: “Diga ao povo de Israel que separe as cidades de refúgio, conforme as instruções que dei a Moisés. Se alguém for culpado de matar alguma pessoa sem intenção, poderá fugir para uma destas cidades para ficar protegido dos parentes do morto. Eles podem querer matar o homicida, por vingança. “Quando o homicida involuntário fugir e chegar a uma cidade de refúgio, comparecerá diante do conselho que governa a cidade e explicará o que houve. O conselho terá o dever de deixar que ele entre na cidade e more ali. Se o vingador da vítima chegar ali, perseguindo aquela pessoa, a cidade não entregará o fugitivo; porque a morte foi acidental, sem haver briga entre eles e sem premeditação. Aquele que causou a morte acidental deverá ficar naquela cidade até ser julgado pelos juízes; e deverá morar ali até a morte do sumo sacerdote que estiver no exercício por ocasião do acidente. Depois ele terá liberdade para voltar para casa, para a cidade de onde fugiu”. As cidades escolhidas como cidades de refúgio foram estas: “Quedes, na Galileia, na região montanhosa de Naftali; Siquém, na região montanhosa de Efraim; Quiriate-Arba (que é Hebrom), na região montanhosa de Judá. No lado leste do rio Jordão, mais três cidades foram escolhidas com a mesma finalidade, perto de Jericó: Bezer, no deserto do território de Rúben; Ramote, de Gileade, nas terras das tribo de Gade; e Golã, de Basã, no território da tribo de Manassés. Estas cidades de refúgio serviam tanto para os israelitas como para os estrangeiros residentes nas terras de Israel. Todo aquele que matasse alguém por acidente tinha um lugar para escapar do vingador da vítima, antes de comparecer ao julgamento perante a assembleia. Então os líderes da tribo de Levi foram até Siló, na terra de Canaã, para falar com o sacerdote Eleazar, com Josué, filho de Num, e com os líderes das outras tribos. Disseram eles: “O Senhor instruiu por meio de Moisés que deveríamos receber cidades onde pudéssemos habitar, e pastagens para o nosso gado”. Assim os israelitas deram aos levitas, da sua própria herança, as cidades recém-conquistadas, com as suas pastagens. Treze delas tinham sido dadas antes às tribos de Judá, Simeão e Benjamim. Estas foram dadas por sorteio sagrado para os sacerdotes da linhagem de Coate, de acordo com os grupos de famílias. Os levitas, que eram descendentes do sacerdote Arão, receberam treze cidades das tribos de Judá, de Simeão e de Benjamim. As outras famílias de Coate receberam por sorteio dez cidades dos territórios de Efraim, de Dã e da meia tribo de Manassés. As famílias de Gérson receberam treze cidades selecionadas mediante sorteio na área de Basã. Estas cidades foram dadas pelas tribos de Issacar, Aser, Naftali e pela meia tribo de Manassés. As famílias de Merari receberam por sorteio doze cidades das tribos de Rúben, Gade e Zebulom. Assim, a ordem que o Senhor tinha dado a Moisés foi obedecida, e as cidades e pastagens foram dadas por sorteio. Das tribos de Judá e de Simeão foram dadas as seguintes cidades com suas pastagens aos descendentes de Arão, aos levitas, que pertenciam ao grupo de famílias de Coate, porque foram os primeiros a serem sorteados: Quiriate-Arba, que é Hebrom, com suas pastagens, na região montanhosa de Judá. Arba era antepassado de Enaque. Porém, os campos da cidade e os seus povoados em torno da cidade foram dados a Calebe, filho de Jefoné. Assim aos filhos de Arão, o sacerdote, deram Hebrom, cidade de refúgio para os acusados de homicídio involuntário, com suas pastagens, Libna com suas pastagens, Jatir com suas pastagens, Estemoa com suas pastagens, Holom com suas pastagens, Aim com suas pastagens, Jutá com suas pastagens, Bete-Semes com suas pastagens. Foram ao todo nove cidades dessas duas tribos. Da tribo de Benjamim receberam as seguintes cidades com suas pastagens: Gibeom, Geba, Anatote e Almom. Foram ao todo quatro cidades. Portanto, foram dadas treze cidades, com suas pastagens, aos sacerdotes, descendentes de Arão. Os outros grupos de famílias de Coate receberam da tribo de Efraim estas quatro cidades, com suas pastagens: Deram-lhes Siquém, cidade de refúgio do homicida, na região montanhosa de Efraim, Gezer, Quibzaim e Bete-Horom. Foram ao todo quatro cidades da tribo de Efraim. Da tribo de Dã receberam Elteque, Gibetom, Aijalom e Gate-Rimom, com suas pastagens. Foram ao todo quatro cidades. Da meia tribo de Manassés receberam as cidades de Taanaque e Gate-Rimom, com suas pastagens. Assim, o total de cidades, com suas pastagens, dadas aos outros grupos de famílias de Coate foi dez. Os grupos de famílias levitas de Gérson receberam da metade da tribo de Manassés estas duas cidades com suas pastagens próximas: Golã, em Basã, cidade de refúgio do homicida involuntário, e Beesterá. Foram ao todo duas cidades. Da tribo de Issacar receberam Quisiom, Daberate, Jarmute e En-Ganim, com suas pastagens. Foram ao todo quatro cidades. Da tribo de Aser receberam Misal, Abdom, Helcate e Reobe, cada qual com as suas pastagens. Foram ao todo quatro cidades. Da tribo de Naftali receberam Quedes, na Galileia, cidade de refúgio do homicida involuntário, Hamote-Dor, e Cartã, com suas pastagens. Foram ao todo três cidades. Assim, três cidades, com suas pastagens, foram dadas aos grupos de famílias de Gerson. Os levitas restantes — dos grupos de famílias de Merari — receberam as seguintes cidades: Da tribo de Zebulom receberam Jocneão, Cartá, Dimna e Naalal, com suas pastagens. Foram ao todo quatro cidades. Da tribo de Rúben receberam Bezer, Jaza, Quedemote e Mefaate, com suas pastagens. Foram ao todo quatro cidades. Da tribo de Gade receberam Ramote, cidade de refúgio para o homicida involuntário em Gileade, Maanaim, Hesbom e Jazar, com suas pastagens. Foram ao todo quatro cidades. Deste modo, os levitas pertencentes aos grupos de famílias de Merari receberam ao todo doze cidades com suas pastagens. O número total de cidades, com suas pastagens, dadas aos levitas como herança pelos filhos de Israel, foi de quarenta e oito cidades. Cada uma dessas cidades tinha pastagens ao seu redor. Assim o Senhor deu a Israel todas as terras que havia prometido sob juramento aos primeiros pais. Os israelitas invadiram e conquistaram as cidades e passaram a viver nelas. E o Senhor deu paz a Israel de todos os lados, como havia prometido aos seus antepassados. Não havia inimigo que pudesse levantar-se contra a nação israelita! O Senhor deu a Israel a vitória sobre todos os seus inimigos. Realizaram-se todas as coisas boas que o Senhor havia prometido à casa de Israel! Ele cumpriu as suas palavra em tudo! Josué convocou então os soldados das tribos de Rúben e Gade e da meia tribo de Manassés, dizendo o seguinte: “Vocês cumpriram tudo o que Moisés, servo do Senhor, ordenou, e obedeceram à minha voz em tudo que ordenei a vocês. Vocês não abandonaram os seus irmãos das outras tribos até o dia de hoje, mas tiveram o cuidado de guardar o mandamento do Senhor, o seu Deus. Agora que o Senhor, o seu Deus, deu sucesso e descanso aos seus irmãos, como havia prometido, podem voltar para o território que receberam de Moisés, servo do Senhor, do outro lado do rio Jordão. Tenham cuidado, porém, em obedecer a todos os mandamentos dados por Moisés, servo do Senhor, na Lei. Amem o Senhor, o seu Deus, e sigam o plano que ele tem para a vida de vocês. Obedeçam aos seus mandamentos e procurem estar sempre perto dele! Sirvam ao Senhor de todo o coração e de toda a alma!” Assim Josué abençoou todos eles e os mandou para casa. Moisés tinha dado o território de Basã à meia tribo de Manassés, ao passo que a outra metade da tribo havia recebido terras a oeste do rio Jordão, entre seus irmãos israelitas. Quando Josué despediu as tropas, abençoou os homens, dizendo: “Voltem para casa com todas as riquezas que ajuntaram: muito gado, prata, ouro, bronze, ferro e roupa — tudo em grande quantidade! Repartam tudo com os seus irmãos. Assim as tropas das tribos de Rúben, de Gade e da meia tribo de Manassés deixaram os outros israelitas em Siló, em Canaã, e atravessaram o rio Jordão, voltando para as suas terras em Gileade, de que tomaram posse de acordo com a ordem do Senhor, por meio de Moisés. Assim que chegaram perto do rio Jordão, enquanto ainda estavam na terra de Canaã, as tribos de Rúben, de Gade e a metade da tribo de Manassés construíram um altar grande e vistoso, junto ao Jordão. Quando os outros israelitas ficaram sabendo que as tribos de Rúben, Gade e a meia tribo de Manassés haviam edificado um altar na fronteira de Canaã, na região junto ao rio Jordão, do lado que pertence aos filhos de Israel, toda a assembleia ajuntou-se em Siló e se preparou para guerrear contra aquelas tribos irmãs. Antes, porém, mandou uma delegação chefiada por Fineias, filho do sacerdote Eleazar, à terra de Gileade, às tribos de Rúben, de Gade e à meio tribo de Manassés. Faziam parte da delegação altos oficiais de Israel — um de cada uma das dez tribos. Todos eles eram chefes de grupos de famílias israelitas. Quando cruzaram o rio, passando para a terra de Gileade, disseram à tribo de Rúben, de Gade e à meio tribo de Manassés: “Assim diz a congregação do Senhor: ‘Que transgressão vocês cometeram contra o Deus de Israel, deixando de seguir ao Senhor, e construindo um altar para se rebelarem contra ele? Será que a culpa do nosso pecado em Peor, do qual não estamos purificados ainda, embora tenha caído uma praga sobre a congregação do Senhor, não bastou? Por que vocês têm de fazer nova rebelião contra o Senhor, abandonando o Senhor? “ ‘Vocês bem sabem que se vocês se rebelarem hoje contra o Senhor, ele ficará irado com toda a congregação de Israel amanhã. Se vocês acham que precisam de um altar porque o território de vocês está impuro, é melhor que passem para o nosso lado do rio Jordão, para a terra que pertence ao Senhor, onde ele se faz presente entre nós no Tabernáculo. Vocês poderão viver junto conosco, e nós daremos parte de nossas terras a vocês. Mas não se rebelem contra o Senhor, para trazer desgraça sobre nós, construindo outro altar que não seja o altar do Senhor, o nosso Deus. Não se esqueçam da terrível experiência que tivemos com Acã, filho de Zerá, quando ele pecou contra o Senhor, em relação às coisas consagradas. Não foi só ele que sofreu castigo. A nação inteira foi castigada por causa do seu pecado!’ ” Então o povo de Rúben, de Gade e da meia tribo de Manassés respondeu aos chefes dos grupos de famílias de Israel: “O Poderoso, Deus, o Senhor, o Poderoso, o Senhor, ele sabe! Que Israel fique sabendo! Se agimos em rebelião ou desobediência para com o Senhor, não nos deixem viver hoje. Se construímos o altar para nos afastarmos do Senhor e para oferecermos ofertas queimadas e ofertas de cereais, ou ofertas de paz sobre ele, que o próprio Senhor nos peça para prestarmos contas disso. Pelo contrário! Construímos o altar com receio de que amanhã os seus descendentes digam aos nossos: ‘Que direito vocês têm de prestar culto ao Senhor, o Deus de Israel? O Senhor pôs o rio Jordão como barreira entre nós e vocês, descendentes de Rúben e de Gade! Vocês não têm parte no Senhor!’ Assim os descendentes de vocês poderiam levar os nossos descendentes a deixarem de adorar e servir ao Senhor! “Por isso resolvemos construir o altar, não para as ofertas queimadas nem para sacrifícios, mas para que esse altar sirva de testemunho entre nós e vocês e as gerações futuras de que podemos servir o Senhor em seu santuário com as nossas ofertas queimadas, os nossos sacrifícios e ofertas de paz. Então, amanhã, os seus descendentes não poderão dizer aos nossos: ‘Vocês não têm parte no Senhor ’. “Nós dissemos: Se amanhã disserem isso a nós e às nossas gerações futuras, então responderemos: ‘Vejam a cópia do altar do Senhor, que os nossos pais fizeram. Ele não foi construído para ofertas queimadas, nem para sacrifícios, mas como testemunho entre nós e vocês’. “Que não passe pelas nossas cabeças nos rebelarmos contra o Senhor, ou que o abandonemos, construindo um altar para apresentar ofertas queimadas, ofertas de cereais ou outros sacrifícios, além do altar do Senhor, o nosso Deus, que está diante do seu Tabernáculo!” Quando o sacerdote Fineias e os altos oficiais da congregação de Israel, os chefes de milhares dos grupos de famílias, ouviram isso das tribos de Rúben, Gade e Manassés, alegraram-se muito! E Fineias, filho do sacerdote Eleazar respondeu às tribos de Rúben, Gade e Manassés: “Hoje sabemos que o Senhor está no meio de nós, porque vocês não foram infiéis ao Senhor como tínhamos pensado. Com isso vocês livraram os israelitas do castigo do Senhor ”. Então Fineias, filho do sacerdote Eleazar, e os representantes enviados voltaram do encontro com os homens de Rúben, de Gade em Gileade, e voltaram à terra de Canaã, ao povo de Israel, e deram relatório de tudo o que tinha acontecido. Estes se alegraram com o relatório e louvaram a Deus! E deixaram de falar em fazer guerra contra as tribos de Rúben e Gade, para destruírem a terra em que habitavam. O povo de Rúben e de Gade deram ao altar o nome de “Altar do Testemunho”, dizendo: “Este altar é um testemunho entre nós e eles de que o Senhor é Deus”. Muito tempo depois, havendo o Senhor dado sucesso ao povo de Israel contra os seus inimigos, dando descanso contra todos os inimigos ao seu redor, e sendo Josué já bastante idoso, este convocou todo o Israel, os seus líderes, os chefes, os juízes e os oficiais, e falou a eles: “Estou velho, e vocês viram tudo o que o Senhor, o seu Deus, fez com todas essas nações por amor a vocês! Foi o Senhor mesmo que lutou contra os inimigos de vocês! Eu reparti entre vocês por sorteio as terras das nações que ainda não foram conquistadas, como também as terras das nações que já destruímos entre o rio Jordão e o mar Mediterrâneo, a oeste. Pois o Senhor, o seu Deus, expulsará todos esses povos da presença de vocês, e vocês viverão lá, como ele prometeu. “Mas tenham cuidado para seguir todas as instruções escritas no Livro da Lei de Moisés. Não se desviem nem para a direita nem para a esquerda. Cuidado! Não se misturem com essas nações que ainda restam no meio de vocês. Não mencionem os nomes dos falsos deuses, nem jurem pelos seus nomes. Não sirvam nem adorem esses falsos deuses! Continuem seguindo de perto somente o Senhor, o seu Deus, como vocês têm feito até hoje. “O Senhor expulsou de diante de vocês nações grandes e poderosas; e ninguém pôde resistir a vocês, até hoje. Um só de vocês basta para pôr em fuga mil inimigos, pois o Senhor, o seu Deus, luta por vocês, como prometeu. Portanto, esforcem-se para continuar amando com zelo o Senhor, o seu Deus! “Se, porém, vocês de alguma maneira se desviarem, e se associarem com os sobreviventes destas nações pagãs que ficaram entre vocês, e se casarem com eles, fiquem sabendo, com toda a certeza, que o Senhor, o seu Deus, não mais expulsará essas nações da presença de vocês. Em vez disso, elas serão armadilha e laço para vocês, chicote em suas costas e espinhos nos olhos de vocês, até que vocês desapareçam desta boa terra que receberam do Senhor, o seu Deus. “Logo vou seguir pelo caminho de toda a terra. Vocês sabem muito bem, de coração e de alma, que as promessas do Senhor, o seu Deus, foram todas cumpridas. Todas as coisas boas que ele prometeu já são uma realidade, e nada falta. Mas, tão certo como as boas promessas que o Senhor, o seu Deus, se cumpriram, ele também fará cumprir as ameaças que fez no caso de desobedecerem, até eliminá-los da boa terra que o Senhor, o seu Deus, deu a vocês. Se quebrarem a aliança que o Senhor, o seu Deus, fez com vocês, e passarem a servir e adorar a outros deuses, a ira do Senhor se acenderá contra vocês, e vocês logo serão destruídos na boa terra que ele deu a vocês”. Depois Josué convocou todo o povo de Israel para comparecer diante dele em Siquém. O povo e todos os líderes, os chefes, os juízes e os oficiais foram convocados, e eles se apresentaram diante de Deus. Então Josué dirigiu-se a todo o povo, dizendo: “Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: ‘Antigamente os primeiros pais de vocês, incluindo Terá, pai de Abraão e de Naor, viviam a leste do rio Eufrates e serviam a outros deuses. Mas eu tirei o seu pai Abraão daquela terra além do Eufrates e o conduzi à terra de Canaã, a qual ele percorreu. Também dei a ele muitos descendentes. Dei-lhe Isaque, e a Isaque dei Jacó e Esaú. A Esaú dei o território que fica ao redor do monte Seir, mas Jacó e seu filhos desceram para o Egito. “ ‘Então enviei Moisés e Arão e por meio deles lancei pragas terríveis sobre o Egito. Depois tirei o meu povo de lá. Quando tirei os seus antepassados do Egito, vocês vieram ao mar, e os egípcios vieram atrás, com carros e com cavaleiros até o mar Vermelho. Israel clamou a mim, e eu pus escuridão entre os israelitas e os egípcios e lancei o mar sobre eles, que os cobriu. Vocês viram o que eu fiz! Então, vocês viveram muito tempo no deserto. “ ‘Depois eu os trouxe à terra dos amorreus, no outro lado do Jordão. Eles guerrearam contra vocês, mas eu dei a vocês a vitória. Eu os destruí diante de vocês e dei a vocês a terra deles. Então Balaque, filho de Zipor, rei de Moabe, se preparou para guerrear contra Israel, e pediu a Balaão, filho de Beor, que amaldiçoasse vocês. Mas eu não quis dar ouvidos a Balaão. Em vez disso, fiz com que ele abençoasse vocês! Dessa forma, livrei Israel das mãos dele. “ ‘Então vocês atravessaram o rio Jordão e vieram a Jericó. Os homens de Jericó lutaram contra vocês, assim como fizeram os amorreus, os ferezeus, os cananeus, os heteus, os girgaseus, os heveus e os jebuseus. Cada um desses povos lutou contra vocês, mas eu os entreguei a vocês! Eu causei pânico a eles para expulsarem os amorreus com seus dois reis. Não foram a espada e o arco de vocês que lhes deram a vitória! Dei terras em que vocês não trabalharam e cidades que não foram construídas por vocês. E vocês moram nelas e se alimentam das uvas, azeite e azeitonas que vocês não plantaram!’ “Agora temam ao Senhor e sirvam a ele com sinceridade e fidelidade. Joguem fora os deuses que seus pais adoravam quando eles viviam para lá do rio Eufrates e no Egito, e sirvam somente ao Senhor! Se, porém, vocês não desejam obedecer ao Senhor, escolham hoje a quem irão servir, se aos deuses falsos dos seus pais do leste do Eufrates, ou aos deuses falsos dos amorreus em cuja terra hoje habitam. Quanto a mim, ouçam bem: Eu e a minha casa serviremos ao Senhor!” Então o povo respondeu: “Nunca abandonaremos o Senhor! Nunca serviremos a outros deuses! Foi o próprio Senhor, o nosso Deus, que libertou os nossos pais da escravidão do Egito. Foi ele que realizou grandes milagres diante dos olhos de Israel. Foi ele que nos protegeu durante a nossa viagem pelo deserto e que nos guardou quando passamos pelas terras dos nossos inimigos. Foi o Senhor que expulsou os amorreus e os outros povos que viviam nestas terras. Sim! Nós também escolhemos servir ao Senhor! Somente ele é o nosso Deus!” Então Josué disse ao povo: “Vocês não têm condições de servir ao Senhor, pois ele é Deus santo e zeloso! Ele não perdoará a rebeldia e os pecados de vocês. Se vocês abandonarem o Senhor e servirem a deuses estranhos, ele se voltará contra vocês e os destruirá, apesar de todo bem que tem feito a vocês!” Mas o povo respondeu a Josué: “Nós escolhemos servir ao Senhor!” Disse então Josué: “Vocês são testemunhas do que vocês mesmos disseram. A escolha é de vocês. Vocês resolveram obedecer ao Senhor ”. “Sim”, afirmaram eles. “Somos testemunhas”. Josué disse: “Então, joguem fora os deuses estranhos que há no meio de vocês, e obedeçam de coração ao Senhor, o Deus de Israel”. O povo respondeu a Josué: “Sim, nós vamos servir e obedecer ao Senhor, o nosso Deus”. Josué fez um acordo com o povo naquele dia, em Siquém, levando o povo a assumir um compromisso e a manter um contrato permanente e obrigatório com Deus. Josué registrou a resposta do povo no Livro da Lei de Deus. Depois tomou uma grande pedra, e a ergueu debaixo do carvalho que havia ao lado do Tabernáculo do Senhor. Então Josué disse a todo o povo: “Esta pedra nos será por testemunho. Ela ouviu todas as palavras que o Senhor nos disse. Portanto, ela será testemunha para depor contra vocês, caso não cumpram a palavra!” Josué mandou então o povo para casa — cada um para a terra que havia recebido. Passado algum tempo, Josué, filho de Num, servo do Senhor, morreu — aos cento e dez anos de idade. E o enterraram na propriedade que tinha recebido por herança, em Timnate-Sera, na região montanhosa de Efraim, no lado norte das montanhas de Gaás. Israel foi obediente ao Senhor durante toda a vida de Josué e dos anciãos que ainda viveram muito tempo depois da morte de Josué, e que tinham sido testemunhas pessoais dos maravilhosos feitos do Senhor em favor de Israel. Os ossos de José, que os israelitas haviam trazido do Egito, foram enterrados no lugar que Jacó tinha comprado dos filhos de Hamor, pai de Siquém, por cem peças de prata. Aquele terreno ficava dentro do território dado às tribos de José. Morreu também Eleazar, filho de Arão. Ele foi enterrado na região montanhosa de Efraim, em Gibeá, cidade que tinha sido dada ao seu filho Fineias. Depois que Josué morreu, o povo de Israel foi à presença do Senhor para receber instruções. “Qual de nossas tribos deverá ir primeiro guerrear contra os cananeus?”, perguntaram os israelitas. Respondeu o Senhor: “Judá será o primeiro. Já entreguei a terra em suas mãos”. Então, os chefes da tribo de Judá pediram ajuda à tribo de Simeão. “Venham lutar junto conosco contra os cananeus, para tomarmos posse da terra que nos foi dada por sorteio sagrado”, disseram. “Depois nós ajudaremos vocês a conquistar o território que vocês receberam por sorteio sagrado”. Assim o exército de Simeão foi com o exército de Judá. O Senhor deu a eles a vitória sobre os cananeus e os ferezeus, e eles mataram dez mil soldados inimigos em Bezeque. Enquanto lutavam com os cananeus e com os ferezeus em Bezeque, encontraram o rei Adoni-Bezeque e lutaram contra ele. Adoni-Bezeque fugiu, mas ele foi perseguido e preso, e lhe cortaram os polegares das mãos e dos pés. “Cortei os polegares de setenta reis, e eles comiam as migalhas debaixo da minha mesa!”, exclamou Adoni-Bezeque. “Agora Deus me fez pagar pelo que fiz!” O rei prisioneiro foi levado para Jerusalém, onde morreu. Os homens de Judá também guerrearam contra Jerusalém e a conquistaram. Eliminaram a sua população e puseram fogo na cidade. Depois disso, o exército de Judá lutou contra os cananeus da região montanhosa, no Neguebe e nas planícies à beira-mar. Em seguida, marcharam contra os cananeus que habitavam em Hebrom, antes chamada Quiriate-Arba, destruindo as cidades de Sesai, Aimã e Talmai. Dali avançaram contra os moradores de Debir, antes chamada de Quiriate-Sefer. Calebe desafiou: “Quem atacar e conquistar a cidade de Quiriate-Sefer poderá casar com minha filha Acsa!” Otoniel, sobrinho de Calebe, filho de Quenaz, irmão mais novo de Calebe, foi quem conquistou a cidade, e casou com Acsa. Certo dia, quando o casal já morava na sua casa, Acsa insistiu com Otoniel que pedisse ao pai dela mais um terreno, como presente de casamento. Ela desceu do jumento em que estava montada para falar com o seu pai a este respeito. “Que posso fazer por você?”, perguntou Calebe. Ela respondeu: “Gostaria de receber outro presente, meu pai! A terra que o senhor me deu é um deserto. Quero uma que tenha fontes de água!” Então ele deu a ela as fontes superiores e as fontes inferiores. Quando a tribo de Judá mudou para o novo território, no deserto do Neguebe, ao sul de Arade, os descendentes do sogro de Moisés — membros da tribo dos queneus — deixaram seus lares em Jericó, a “Cidade das Palmeiras”, e as duas tribos passaram a morar juntas. Depois os exércitos de Judá e de Simeão, juntos, lutaram contra os cananeus que habitavam em Zefate e destruíram totalmente a cidade. Por isso a cidade recebeu o nome de Hormá, que significa “lugar devastado”. O exército de Judá conquistou também as cidades de Gaza, Ascalom e Ecrom, com os seus respectivos territórios. O Senhor estava com a tribo de Judá e ajudou a eliminar os povos das montanhas. Entretanto, Judá não expulsou os moradores do vale, pois estes tinham carros de ferro. Calebe recebeu a cidade de Hebrom — como tinha sido prometido. Ele expulsou os habitantes da cidade, descendentes dos três filhos de Enaque. A tribo de Benjamim não conseguiu expulsar os jebuseus que moravam em Jerusalém. Por isso eles vivem lá, misturados com os israelitas, até a data em que este livro foi escrito. O exército de José, por sua vez, atacou a cidade de Betel, e o Senhor estava com eles. Primeiro enviaram espias a Betel, antes conhecida pelo nome de Luz. Eles prenderam um homem que ia saindo da cidade e fizeram esta proposta a ele: “Se você nos mostrar a entrada da cidade, você não morrerá”. Ele mostrou a entrada, e os israelitas mataram os habitantes da cidade, mas deixaram que aquele homem partisse em paz com a sua família. Ele foi para a terra dos heteus (na Síria) e ali edificou uma cidade que recebeu também o nome de Luz, que é o nome dela até hoje. A tribo de Manassés, porém, não expulsou os habitantes das cidades de Bete-Seã, Taanaque, Dor, Ibleã, Megido, e seus respectivos povoados; assim os cananeus permaneceram nesses lugares. Mas depois que os israelitas ficaram mais fortes, obrigaram os cananeus a trabalhar como escravos. Entretanto, não expulsaram totalmente esse povo do território. A mesma coisa aconteceu com os cananeus de Gezer, que continuaram vivendo ali, junto com os israelitas da tribo de Efraim. A tribo de Zebulom não expulsou os habitantes de Quitrom e Naalol; os cananeus continuaram vivendo ali, mas foram submetidos a trabalhos forçados. Aser também não expulsou os habitantes de Aco, Sidom, Alabe, Aczibe, Helba, Afeque e Reobe, e, por esse motivo, os israelitas ficaram vivendo nesses lugares junto com os cananeus, os antigos moradores dessas terras. A mesma coisa aconteceu com a tribo de Naftali, que também não expulsou os habitantes de Bete-Semes e Bete-Anate; os cananeus continuaram vivendo ali junto com os israelitas. Os moradores de Bete-Semes e Bete-Anate foram sujeitos a trabalho escravo. Quanto à tribo de Dã, foi forçada pelos amorreus a ficar nas montanhas; ela foi impedida de descer ao vale. Os amorreus também quiseram morar nas montanhas de Heres, em Aijalom e em Saalbim, mas quando as tribos de José ficaram mais poderosas, os amorreus também foram submetidos a trabalhos escravos. A fronteira dos amorreus começava na ladeira de Acrabim, seguindo até um lugar chamado Selá, continuando dali para cima. Um dia o anjo do Senhor chegou a Boquim, vindo de Gilgal, e disse aos israelitas: “Tirei vocês do Egito e os trouxe a esta terra que prometi aos seus antepassados. Eu disse: Nunca quebrarei a minha aliança com vocês. Isso se vocês cumprissem a sua parte da aliança e não assinassem um tratado de paz com os moradores desta terra. Ordenei que destruíssem os seus altares. Por que vocês não obedeceram? Como vocês romperam a aliança, eu também não vou expulsar estes povos. Eles serão seus adversários, e os seus deuses serão sempre uma tentação para vocês”. Quando o anjo do Senhor acabou de falar a todos os israelitas, o povo começou a chorar em alta voz. Por isso aquele lugar recebeu o nome de “Boquim”. Depois ofereceram sacrifícios ao Senhor. Depois que Josué havia dispensado os israelitas, as tribos foram tomar posse dos seus novos territórios. O povo tinha sido fiel ao Senhor durante toda a vida de Josué, e também enquanto viveram os anciãos que tinham visto os grandes milagres que Deus havia feito a favor de Israel. Josué, servo do Senhor, morreu com cento e dez anos de idade. Ele foi enterrado na terra que recebeu por herança do Senhor, em Timnate-Heres, na região montanhosa de Efraim, ao norte do monte Gaás. Finalmente morreram todos os que pertenciam àquela geração e foram reunidos aos seus pais, e surgiu uma outra geração, que não conhecia o Senhor e o que ele havia feito a Israel. Pouco tempo depois, os israelitas fizeram o que o Senhor reprovava e cultuaram os baalins. Abandonaram o Senhor, o Deus dos seus antepassados, que tinha tirado o povo de Israel do Egito, e serviram a outros deuses, deuses dos povos que viviam ao seu redor, e os adoraram. Com isso provocaram a ira do Senhor! Eles abandonaram o Senhor e prestaram culto a Baal e a Asterote. A ira do Senhor se acendeu contra Israel, e ele os entregou nas mãos de saqueadores, que os saquearam. Ele os entregou aos inimigos ao seu redor, aos quais já não conseguiam mais resistir. Assim, o Senhor era contra os israelitas para derrotá-los, quando eles saíam para lutar contra os inimigos, como havia advertido e jurado. Israel estava em grande angústia! Então o Senhor levantou juízes que livraram Israel dos inimigos que os atacavam. Contudo, os israelitas não obedeceram aos juízes. Em vez disso, foram infiéis ao Senhor e adoraram outros deuses. Como se desviaram depressa do caminho pelo qual seus pais tinham andado! Ao contrário deles, não obedeceram aos mandamentos do Senhor! Sempre que o Senhor colocava um juiz, ele, com a ajuda do Senhor, livrava o povo de Israel dos inimigos, enquanto esse juiz vivia. Pois o Senhor tinha compaixão do povo que gemia por causa daqueles que os oprimiam e afligiam. Mas quando o juiz morria, o povo voltava aos mesmos caminhos, e se corrompia ainda mais do que os seus pais, que já haviam morrido! Seguiam falsos deuses, servindo e adorando esses deuses! Teimosamente retomavam os maus costumes das nações vizinhas e não mostravam arrependimento! Então Deus ficou novamente irado com Israel. Ele disse: “Este povo violou a aliança que fiz com os seus pais, e não tem ouvido a minha voz, por isso não expulsarei as nações que Josué deixou quando morreu. Em vez disso, usarei essas nações para colocar o meu povo à prova, para ver se vai obedecer ao Senhor, como fizeram os seus pais”. Assim o Senhor permitiu que aquelas nações permanecessem na terra. Não as expulsou logo, nem permitiu que Israel destruísse nenhuma delas. Estas são as nações que o Senhor deixou para pôr à prova a nova geração de Israel, que não tinha tomado parte nas guerras de Canaã. Pois o Senhor queria dar oportunidade aos jovens israelitas para aprenderem a guerra quando batalhassem para eliminar os inimigos. Os povos que ficaram na terra foram: os habitantes das cinco cidades dos filisteus, todos os cananeus, os sidônios e os heveus que viviam nas montanhas do Líbano, desde o monte de Baal-Hermom até a entrada de Hamate. Estes povos serviram para pôr à prova os israelitas da nova geração — para ver se obedeceriam aos mandamentos do Senhor, dados por meio de Moisés. Portanto, Israel viveu entre os cananeus, os heteus, os heveus, os ferezeus, os amorreus e os jebuseus. E em vez de destruir esses povos, houve casamentos entre os israelitas e eles. Tomaram as filhas deles em casamento e deram suas filhas aos filhos deles, e os israelitas serviram aos deuses deles. Assim os israelitas praticaram o mal diante do Senhor; esqueceram-se do Senhor, o seu Deus, e passaram a servir aos baalins e ao poste-ídolo. Então o Senhor ficou irado com o povo de Israel, e deixou que eles fossem derrotados por Cusã-Risataim, rei da Mesopotâmia. Os israelitas ficaram oito anos sob o domínio dele. Mas quando eles pediram socorro ao Senhor, ele mandou um libertador. Ele se chamava Otoniel e era sobrinho de Calebe, filho de Quenaz, irmão mais novo de Calebe. O Espírito do Senhor controlou completamente Otoniel, e ele exerceu as funções de juiz do povo de Israel, de modo que quando ele comandou as forças de Israel contra o exército do rei Cusã-Risataim, o Senhor entregou o rei da Mesopotâmia nas mãos de Otoniel e ele foi derrotado. Então a terra ficou em paz durante quarenta anos, até a morte de Otoniel, filho de Quenaz. Mais uma vez o povo de Israel voltou aos velhos erros e pecados. Então o Senhor deu poder a Eglom, rei de Moabe, para levar Israel à derrota. Os exércitos de Eglom fizeram uma aliança com os amonitas e os amalequitas, e atacaram Israel e conquistaram Jericó, a “Cidade das Palmeiras”. O domínio de Eglom sobre os israelitas durou dezoito anos! Quando, porém, os israelitas clamaram ao Senhor por socorro, ele deu a eles um libertador chamado Eúde, filho do benjamita Gera. Eúde era canhoto. Por intermédio dele o povo de Israel enviou o pagamento dos impostos a Eglom, rei de Moabe. Antes de viajar para lá, Eúde fez uma espada de dois gumes, de quarenta e cinco centímetros de comprimento; prendeu a arma debaixo da roupa, do lado direito da coxa. Depois de entregar o dinheiro a Eglom, rei de Moabe, que por sinal era muito gordo, voltou com os companheiros de viagem. Mas quando se aproximaram dos ídolos, perto de Gilgal, Eúde voltou sozinho para falar com o rei, e disse: “Tenho uma mensagem secreta para Vossa Majestade”. Eglom, pedindo silêncio, fez sair todos os que estavam com ele. O rei estava sentado numa sala agradável para os dias de calor, de uso exclusivo dele, e Eúde aproximou-se dele e disse: “A mensagem que trago é da parte do Senhor ”. Quando Eglom se levantou, Eúde com a mão esquerda tirou a espada do lado direito da coxa e cravou-a no seu ventre, tão fundo que até o cabo da espada penetrou junto com a lâmina! Como Eúde não retirou a espada, esta ficou encoberta pela gordura de Eglom. Então Eúde trancou as portas, saiu para o pórtico e fugiu por uma janela. Depois que ele saiu, chegaram os criados do rei, encontraram as portas fechadas, e comentaram: Ele deve ter ido ao banheiro privativo fazer suas necessidades. Mas como as portas continuaram trancadas por muito tempo, os criados, cansados de esperar e preocupados, pegaram uma chave e, abrindo a porta da sala, viram o seu senhor estendido no chão, morto. Aproveitando essa demora, Eúde fugiu. Passou pelo local dos ídolos e fugiu para Seirá. Chegando na região montanhosa de Efraim, tocou uma corneta, convocando os israelitas, e formou um exército e desceu com eles, indo ele à frente. “Sigam-me”, disse ele, “pois o Senhor já deu a Israel a vitória sobre os nossos inimigos moabitas!” Eles o seguiram e dominaram os pontos de travessia do rio Jordão, perto de Moabe. E nenhum moabita podia atravessar por ali. Naquela ocasião as forças de Israel mataram cerca de dez mil soldados moabitas, todos fortes e valentes. Nem um só escapou. Assim Israel dominou Moabe naquele dia. E a terra ficou em paz durante oitenta anos. Depois de Eúde, Sangar, filho de Anate, foi o juiz. Ele matou de uma só vez seiscentos filisteus usando como arma um ferrão de tocar bois! Assim Sangar também libertou Israel. Depois que Eúde morreu, o povo de Israel voltou a pecar contra o Senhor. Por isso o Senhor deixou que Israel fosse dominado por Jabim, rei de Canaã, que reinava em Hazor. Sísera, comandante do exército de Jabim, habitava em Harosete-Hagoim. Ele tinha novecentos carros de ferro e havia oprimido o povo de Israel por vinte anos, com muita crueldade. Finalmente os israelitas pediram socorro ao Senhor. Débora, mulher de Lapidote, era uma profetisa e julgava Israel naquela época. Ela se sentava debaixo de uma palmeira que veio a ser conhecida como a “Palmeira de Débora” entre Ramá e Betel, na região montanhosa de Efraim. Ali os israelitas a procuravam para resolver as suas questões. Débora mandou chamar Baraque, filho de Abinoão, que morava em Quedes, no território de Naftali, e disse: “O Senhor, o Deus de Israel, mandou você reunir dez mil homens das tribos de Naftali e de Zebulom e ir com esse exército ao monte Tabor. Ele fará que o poderoso exército de Jabim, sob o comando de Sísera, com todos os seus carros e tropas vá atacá-lo, próximo ao ribeiro Quisom. Ali o Senhor os entregará em suas mãos”. “Eu só vou se você for comigo”, disse Baraque a Débora. “Do contrário, não vou”. “Está bem”, respondeu ela, “irei com você; mas fique sabendo que quem vai ficar com a honra de vencer Sísera não será você. Porque o Senhor entregará Sísera nas mãos de uma mulher”. E Débora foi com Baraque a Quedes. Então Baraque convocou os homens de Naftali e de Zebulom em Quedes. Dez mil homens foram reunidos e marcharam após ele. Débora também foi com ele. Acontece que Héber, o queneu (os queneus eram descendentes de Hobabe, sogro de Moisés), havia se separado do restante do grupo de famílias a que pertencia, e tinha armado as suas tendas até o carvalho de Zaanim, junto a Quedes. Quando contaram ao general Sísera que o exército comandado por Baraque, filho de Abinoão, estava acampado no monte Tabor, ele reuniu todo o exército, com os novecentos carros de ferro, e marchou de Harosete-Hagoim para o ribeiro Quisom. Disse, pois, Débora a Baraque: “Chegou a hora de entrar em ação! Este é o dia em que o Senhor entregou Sísera em suas mãos. O Senhor está indo na frente!” Então Baraque e os dez mil soldados de Israel desceram do monte Tabor para a batalha. O Senhor derrotou totalmente as forças chefiadas por Sísera, os soldados e os carros, diante de Baraque. Vendo isso, Sísera saltou do carro e fugiu a pé. Baraque e os seus soldados perseguiram os homens e os carros de guerra dos inimigos até Harosete-Hagoim, e destruíram o exército inteiro ao fio da espada. Não escapou um só homem! Enquanto isso, Sísera fugiu a pé para a tenda de Jael, mulher do queneu Héber, pois havia paz entre Jabim, rei de Hazor, e o grupo de famílias chefiadas por Héber. Jael saiu ao encontro de Sísera, e disse: “Venha para a minha tenda. Ali o senhor estará a salvo. Não tenha medo”. Ele entrou na tenda de Jael, e ela cobriu Sísera com uma coberta. “Estou com muita sede”, disse ele. “Por favor, dê-me um pouco de água”. Ela abriu uma vasilha de leite e o deu a Sísera e tornou a estender a coberta sobre ele. Ele disse a Jael: “Fique à porta da tenda. Se chegar alguma pessoa e perguntar se há alguém aqui, responda que não”. Então Jael, mulher de Héber, pegou uma estaca e um martelo e aproximou-se silenciosamente do lugar em que Sísera dormia um sono profundo — porque estava exausto. E Jael cravou a estaca nas têmporas de Sísera. A estaca atravessou a cabeça dele e ficou fincada no chão. E assim ele morreu! Baraque vinha perseguindo Sísera, e Jael foi ao encontro dele e disse: “Venha ver o homem que você está procurando!” Ele foi, e viu Sísera morto, com a estaca atravessada na sua cabeça. Assim, naquele dia, Deus humilhou Jabim, rei de Canaã, diante dos israelitas. E o povo de Israel foi ficando cada vez mais forte, obtendo mais e mais vitórias sobre Jabim, até que o destruíram completamente. Então Débora e Baraque, filho de Abinoão, entoaram esta canção de louvor, celebrando a grande vitória: “Os chefes de Israel foram na frente; e o povo foi atrás alegremente! Bendigam o Senhor! Ouçam, ó reis! Príncipes, escutem! Eu cantarei ao Senhor, ao Senhor, Deus de Israel. Quando nos conduziu de Seir, marchando pelos campos, desde os campos de Edom, a terra tremeu, os céus gotejaram, sim, as nuvens despejaram água! E os montes se derreteram diante do Senhor. Até o monte Sinai estremeceu diante do Senhor, Deus de Israel! Nos dias de Sangar, filho de Anate e de Jael, cessou o movimento nas estradas, e os viajantes tomavam caminhos tortuosos. As aldeias de Israel ficaram desertas e adormecidas, até que eu, Débora, levantei-me por mãe em Israel. Quando Israel escolheu novos deuses, esse desvio favoreceu a guerra, e entre os quarenta mil israelitas não se via um só escudo nem lança. Quanto me alegro com os comandantes de Israel que foram voluntários valorosos! Louvem o Senhor! Falem todos destas coisas: vocês que montam jumentas brancas; vocês que sentam em ricos tapetes; e vocês que andam a pé. Ao som da música daqueles que cuidam das águas das pastagens, falem dos atos justos do Senhor em favor dos guerreiros de Israel, permitindo então ao povo do Senhor que voltasse feliz aos seus lares! ‘Desperte, Débora, desperte! Desperte! Acorde e entoe uma canção. Levante-se, Baraque, e leve presos aqueles que queriam prender você, ó filho de Abinoão!’ Do monte Tabor, pelas vertentes, desceu o restante dos valentes. O povo do Senhor em meu auxílio marchou contra inimigos poderosos. Alguns vieram de Efraim, os que tinham suas raízes em Amaleque; e seguindo os passos de Débora marcharam multidões de Benjamim; de Maquir desceram comandantes, e de Zebulom os que levam a vara de comando. Foram com Débora também os príncipes de Issacar. Issacar seguiu a Baraque e com ele chegou ao vale. Mas vários grupos de Rúben discutiram fortemente. Por que vocês ficaram em casa entre os currais, para ouvir os balidos dos rebanhos? Ouçam! Na tribo de Rúben houve grande discussão! Gileade permaneceu do outro lado do Jordão; e por que Dã permaneceu junto aos seus navios? E por que Aser ficou na praia sentado, descansando nas baías? Mas a tribo de Zebulom e os homens de Naftali arriscaram a própria vida nos campos de batalha! Vieram reis e guerrearam. Os reis de Canaã guerrearam em Taanaque, junto às fontes de Megido, mas nada conseguiram e não levaram bem algum! As estrelas do céu lá nas suas órbitas lutaram contra Sísera! O ribeiro Quisom arrastou o inimigo, aquele antigo ribeiro, o ribeiro de Quisom! Avante, ó minha alma, seja firme! Os cascos dos cavalos, galopando, socavam o chão; os cavalos dos guerreiros galopando. Mas o Anjo do Senhor disse: ‘Amaldiçoem Meroz. Amaldiçoem duramente os seus moradores’, porque não vieram combater com o Senhor, combater ao lado do Senhor e seus heróis! Dentre todas as mulheres, seja bendita Jael, mulher de Héber, o queneu! Sim, dentre todas as mulheres que habitam tendas de Israel, seja bendita Jael! Ele pediu água; leite ela deu; em taça digna de príncipes a nata ofereceu! Com a mão esquerda pegou a estaca, e com a direita o martelo, e a Sísera golpeou. Furou, rachou e traspassou a sua cabeça! Aos pés de Jael foi caindo e ficou lá estirado; aos pés dela dobrou o corpo e ali mesmo caiu, morto! A mãe de Sísera olhava pela janela, e exclamava, atrás da grade: ‘Por que demora o carro dele? Por que não ouço o ruído do trotar dos seus cavalos?’ Mas as mais sábias das suas damas de companhia responderam, e ela falava consigo mesma: ‘Decerto estão encontrando e repartindo muitos despojos; uma ou duas moças para cada homem, e para Sísera, tecidos de várias cores, tecidos coloridos e bordados, e uma ou duas estolas finamente bordadas para o meu pescoço!’ Assim, morram, ó Senhor, todos os seus inimigos! Mas os que amam o Senhor brilhem como brilha a força do sol nascente!” Depois dessas coisas, a terra ficou em paz durante quarenta anos. Então o povo de Israel voltou a pecar contra o Senhor como antes, e de novo o Senhor permitiu que ele fosse dominado pelos inimigos. Dessa vez o domínio foi dado ao povo de Midiã, e durou sete anos. Os midianitas foram tão cruéis que os israelitas tiveram de abrir covas e cavernas e construir fortificações nas montanhas. Isso porque, depois de cada semeadura feita pelos israelitas, subiam bandos de midianitas, amalequitas e outros povos vizinhos, acampavam nos territórios de Israel e destruíam os produtos da terra até perto de Gaza. E quando iam embora, não deixavam provisão alguma em Israel — nem mesmo ovelhas, bois e animais de carga! Pois esses bandos subiam com os seus rebanhos e tendas e atacavam como nuvens de gafanhotos. Vinham em multidão tão grande que não dava para contar nem os homens nem os camelos! E devastavam tudo! Assim o povo de Israel se enfraqueceu tanto com a presença dos midianitas que eles clamaram ao Senhor por socorro. Clamando Israel por socorro ao Senhor, por causa dos midianitas, ele respondeu por meio de um profeta, que disse: “Assim diz o Senhor, Deus de Israel: ‘Fui eu que tirei vocês da escravidão do Egito. Fui eu que os livrei das mãos dos egípcios e de todos os povos que os oprimiam. Eu expulsei todos esses povos e dei a vocês as terras deles. Então eu disse: Eu sou o Senhor, o seu Deus. Não sirvam aos deuses dos amorreus que estão ao redor de vocês. Mas vocês não deram ouvidos!’ ” Então, um dia, o Anjo do Senhor veio e sentou debaixo do carvalho da fazenda de Joás, da família de Abiezra, em Ofra. Gideão, filho de Joás, estava malhando trigo. Fazia isso no lagar — local onde as uvas eram espremidas para a produção do vinho — para escondê-lo dos midianitas. O Anjo do Senhor apareceu a Gideão e disse: “Homem valente, o Senhor está com você!” Gideão respondeu: “Ah, meu Senhor, se o Senhor está conosco, por que aconteceu tudo isso com o meu povo? E onde foram parar todos os milagres que os nossos pais contaram — como os que aconteceram quando o Senhor libertou Israel do Egito? Porém, agora o Senhor deixou o meu povo desamparado e entregue ao domínio destruidor dos midianitas!” Então disse o Senhor: “Com essa força que você tem, avante! Liberte Israel do poder dos midianitas! Sou eu quem o está enviando para esta missão”. Gideão respondeu, porém: “Ah, Senhor, como posso livrar Israel? O meu grupo de famílias é o mais pobre da tribo de Manassés, e na minha família eu sou o mais insignificante!” A isso respondeu o Senhor: “Eu estarei com você! Por isso você vai destruir rapidamente os bandos midianitas, como se fossem um só homem!” Respondeu Gideão: “Se de fato vai me ajudar desse jeito, e se é certo que estou mesmo falando com o Senhor, faça algum sinal para provar que é o Senhor que está falando comigo. Peço, porém, que espere aqui, enquanto vou buscar uma oferta para oferecer ao Senhor”. Respondeu o Senhor: “Esperarei até você voltar”. Gideão foi para casa e preparou um cabrito e bolos sem fermento, usando para isso mais de vinte quilos de farinha. Colocou a carne em uma cesta, o caldo numa panela, e levou tudo ao lugar onde ele estava, à sombra do carvalho, e lhe ofereceu tudo o que tinha preparado. Mas o Anjo de Deus disse: “Coloque a carne e os bolos nessa pedra, e derrame por cima o caldo”. Ele obedeceu. Então o Anjo do Senhor tocou na carne e nos bolos com a vara que trazia. Imediatamente subiu fogo da rocha e consumiu tudo! E subitamente o Anjo do Senhor desapareceu de vista! Quando Gideão viu que era de fato o Anjo do Senhor, exclamou: “Ai de mim, Senhor Deus, pois vi o Anjo do Senhor face a face!” “Que a paz esteja com você”, disse o Senhor. “Não tenha medo! Você não vai morrer por causa disto!” Gideão construiu um altar ali, e deu a ele o nome de “O Senhor é paz”. Esse altar ainda está lá em Ofra, no território da família de Abiezra. Naquela noite o Senhor disse a Gideão: “Tome um dos novilhos do rebanho do seu pai — o boi de sete anos. Derrube o altar de Baal, que pertence ao seu pai, e corte o poste-ídolo que fica junto ao altar”. Continuando as instruções, disse o Senhor: “Depois construa um altar dedicado ao Senhor, o seu Deus, no alto do morro. Em seguida, sacrifique o segundo novilho como oferta queimada ao Senhor. Para o fogo, use como lenha o poste-ídolo que você irá cortar”. Gideão reuniu dez dos seus criados e fez tudo o que o Senhor mandou. Mas teve o cuidado de fazer tudo de noite, com medo dos parentes, e com medo dos homens da cidade. De manhã cedo, quando a cidade estava despertando, viram que o altar de Baal tinha sido derrubado e o poste-ídolo cortado, e num novo altar alguém tinha sacrificado um dos bois do pai de Gideão. Então perguntaram uns aos outros: “Quem fez isso?” Depois de investigarem cuidadosamente, chegaram à conclusão: “Foi Gideão, o filho de Joás”. “Traga para fora o seu filho!”, gritaram os cidadãos a Joás. “Ele terá de morrer, pois derrubou o altar de Baal e cortou o poste-ídolo que fica ao seu lado!” Porém, Joás disse a todos os que estavam contra Gideão: “Ora, ora! Vocês vão comprar a briga de Baal? Será que o deus Baal precisa ser salvo? Quem lutar por ele estará morto pela manhã. Se Baal é deus, ele que cuide disso quando alguém destrói o seu altar!” Desse dia em diante, Gideão foi chamado de “Jerubaal”, dizendo: “Que Baal lute contra ele, porque derrubou o seu altar”. Pouco tempo depois, os midianitas e amalequitas e outros povos vizinhos do leste uniram os seus exércitos e planejaram atacar juntos o povo de Israel. Atravessaram o Jordão e acamparam no vale de Jezreel. Então o Espírito do Senhor apoderou-se de Gideão, e ele ordenou o toque de reunir, convocando os homens de Abiezer para segui-lo. Gideão mandou mensageiros às tribos de Manassés, Azer, Zebulom e Naftali, chamando-os para a batalha. E os homens atenderam à convocação. Então disse Gideão a Deus: “Se de fato o Senhor vai usar a mim para salvar Israel, como prometeu, dê-me uma prova da seguinte maneira: Vou deixar um pouco de lã no pátio. Se só a lã estiver molhada do orvalho, e a terra em volta estiver seca, então terei certeza de que o Senhor vai libertar Israel por meu intermédio, como prometeu”. E foi isso que aconteceu! No dia seguinte bem cedo, Gideão foi lá, espremeu a lã, e colheu uma tigela do orvalho! Disse ainda Gideão ao Senhor: “Não fique irado comigo, mas eu peço que me deixe fazer só mais uma prova com a lã. Desta vez faça com que só a lã fique seca, e a terra em volta dela fique molhada pelo orvalho”. E Deus fez o que ele havia pedido naquela noite. Gideão viu que somente a lã estava seca, e que a terra em volta dela estava coberta de orvalho! Jerubaal, isto é, Gideão, e o exército israelita partiram de madrugada e acamparam junto à fonte de Harode. Os exércitos de Midiã estavam acampados ao norte deles, no vale, perto da colina de Moré. Disse o Senhor a Gideão: “Você está com gente demais para eu entregar os midianitas nas suas mãos! Não posso deixar tantos homens lutarem contra os midianitas para que o povo de Israel não se orgulhe diante de mim, dizendo que obteve a vitória sozinho! Mande embora do monte de Gileade todos os medrosos e os que estão apavorados”. Então voltaram vinte e dois mil homens, e ficaram apenas dez mil. Mas o Senhor voltou a falar com Gideão: “Ainda há gente demais. Desça com os soldados até as águas da fonte. Ali vou mostrar quem deve ir com você. Aquele de quem eu disser: Este irá com você, este irá; mas se eu disser: Este não irá com você, então ele não irá”. Gideão obedeceu e fez descer o povo às águas. Então disse o Senhor: “Separe os homens em dois grupos, dependendo da maneira de eles beberem água. Um grupo será formado por aqueles que bebem a água nas mãos, lambendo como fazem os cães; o outro grupo será formado por aqueles que se ajoelham e põem a boca na água para beber”. Só trezentos homens beberam levando as mãos à boca; todos os outros beberam baixando a boca na água. “Derrotarei os midianitas e livrarei o meu povo com os trezentos homens que beberam levando as mãos à boca”, disse o Senhor a Gideão. “Mande para casa todos os outros!” Gideão recolheu as vasilhas de barro e as cornetas do exército, e depois mandou os israelitas para as suas tendas, só ficando com os trezentos. Naquela mesma noite, estando os midianitas acampados abaixo, no vale, o Senhor disse a Gideão: “Levante-se e desça ao acampamento, porque farei que você tenha completa vitória! Mas se você receia atacá-los, desça até lá primeiro, você e o seu assistente Pura. Você ouvirá o que dizem os midianitas. E o que ouvir vai enchê-lo de coragem e de ânimo para atacar o inimigo!” Então Gideão e Pura desceram até os postos mais avançados do acampamento inimigo. Os midianitas, os amalequitas e os outros povos que vieram do leste e estavam reunidos formavam uma multidão enorme, cobrindo o vale como nuvens de gafanhotos, tão numerosos como a areia da praia do mar. Os camelos eram tantos que não dava para contar! Gideão chegou perto, justamente na hora em que um homem estava contando um sonho ao companheiro. “Veja o sonho que tive!”, disse ele. “Vi um grande pão de cevada que vinha rolando para dentro do nosso acampamento e bateu na tenda do comandante. A tenda virou de cima para baixo, e ficou desmontada!” Disse o outro soldado: “O seu sonho só pode significar uma coisa: É a espada de Gideão que vem sobre nós — Gideão, o israelita, filho de Joás. O Senhor já garantiu a vitória dele sobre todos nós — midianitas e nossos aliados!” Quando Gideão ouviu o sonho e sua interpretação, adorou a Deus. Depois voltou ao acampamento israelita, e bradou: “Todos de pé! Porque o Senhor entregou o acampamento dos midianitas nas mãos de vocês!” Gideão dividiu os trezentos homens em três grupos, e deu a cada soldado uma corneta, um vaso de barro e uma tocha dentro do vaso. Depois explicou o plano: “Fiquem olhando para mim, e façam o que eu fizer. Quando eu chegar perto do acampamento, façam exatamente o que eu fizer. Logo que eu e todos os homens do meu grupo tocarmos as cornetas, toquem vocês também as cornetas, por todos os lados do acampamento; e gritem: ‘Pelo Senhor e por Gideão!’ Foi logo depois da meia-noite e da troca da guarda inimiga que Gideão e os cem soldados que estavam com ele chegaram perto dos postos avançados do acampamento dos midianitas. De repente, tocaram as cornetas e quebraram os vasos, de modo que as tochas brilharam na escuridão da noite. Então os outros duzentos homens fizeram o mesmo, segurando as tochas com a mão esquerda, e com a direita as cornetas que tocavam. Depois gritaram: “À espada pelo Senhor e por Gideão!” Feito isso, pararam e ficaram nos seus lugares, observando a confusão dos inimigos. Todos os midianitas fugiam correndo e gritando. Quando soaram as trezentas cornetas, o Senhor fez com que os inimigos se virassem uns contra os outros, de tal maneira que houve tremenda matança entre eles, de uma ponta à outra do acampamento! Mas muitos fugiram em direção a Zererá, chegando até Bete-Sita, e até a fronteira de Abel-Meolá, acima de Tabate. Então foram convocados os homens das tribos de Naftali, de Aser e de Manassés para perseguirem os midianitas. Além disso, Gideão mandou mensageiros à região montanhosa de Efraim, convocando as tropas com estas ordens: “Desçam ao encontro dos midianitas e cortem as passagens pelas águas do Jordão, até Bete-Bara, de modo que eles não possam escapar”. E os homens de Efraim foram e ocuparam as águas do Jordão até Bete-Bara. Orebe e Zeebe, dois líderes de Midiã, foram capturados. Orebe foi morto na rocha, agora conhecida pelo nome dele, e Zeebe foi morto na prensa de vinho, que passou a ter o nome de Lagar de Zeebe. Depois de perseguirem os midianitas, os homens de Efraim voltaram e atravessaram o Jordão e trouxeram as cabeças de Orebe e Zeebe a Gideão. Mas os oficiais de Efraim disseram a Gideão: “Por que você não mandou chamar as nossas tropas quando foi lutar contra os midianitas?” E reclamaram muito dele. Gideão, porém, respondeu: “O que é que fiz eu, em comparação com vocês? Os atos de Efraim no final do combate foram mais importantes do que aquilo que todos os homens do grupo de famílias de Abiezer fizeram. Deus entregou a vocês os líderes midianitas Orebe e Zeebe. O que foi que eu fiz que pode ser comparado com isso? Com essas palavras abrandou-se a indignação deles contra Gideão. Gideão e os trezentos homens, cansados como estavam, atravessaram o Jordão e continuaram perseguindo os seus inimigos. Passando por Sucote, pediram alimentos aos moradores do lugar. “Estamos cansados”, explicaram, “porque estamos perseguindo Zeba e Salmuna, reis dos midianitas”. Mas os líderes de Sucote disseram a Gideão: “Por acaso você já capturou Zeba e Salmuna? E quem garante que vai conseguir capturá-los? Por que deveríamos dar pão ao seu exército?” Então disse Gideão: “Pois saibam que quando o Senhor entregar em minhas mãos os reis Zeba e Salmuna, vou picar a carne de vocês com espinhos e cactos do deserto!” Dali foram a Peniel, onde fizeram o mesmo pedido de comida. Mas receberam a mesma resposta negativa como em Sucote. Gideão disse também aos moradores de Peniel: “Quando eu voltar a salvo, vou derrubar esta torre!” Enquanto isso, os reis Zeba e Salmuna estavam em Carcor. Estavam com eles cerca de quinze mil homens — tudo o que restou dos exércitos de todos os aliados do leste, pois cento e vinte mil soldados já haviam morrido! Gideão seguiu a rota das caravanas, a leste de Noba e Jogbeá, e atacou de surpresa o exército midianita. Zeba e Salmuna, os dois reis de Midiã, fugiram, mas Gideão os perseguiu e os capturou, e o exército deles foi derrotado! Mais tarde Gideão, filho de Joás, começou a marcha de volta, subindo pela passagem de Heres. A certa altura, Gideão capturou um jovem morador de Sucote e o interrogou, e este fez uma lista por escrito dos setenta e sete líderes políticos e religiosos da cidade. Depois Gideão entrou em Sucote e disse aos homens de lá: “Vocês estão vendo aqui os reis Zeba e Salmuna! Vocês zombaram de mim, afirmando que eu nunca iria conseguir capturar os dois reis. E negaram comida quando estávamos cansados e com fome!” Gideão então prendeu os líderes da cidade de Sucote e castigou-os com espinhos e cactos do deserto, como havia dito! Em seguida, foi a Peniel, e derrubou a torre e matou os homens da cidade! Depois Gideão perguntou a Zeba e a Salmuna: “Como eram os homens que vocês mataram em Tabor?” Eles responderam: “Eles eram parecidos com você; cada um era parecido com um filho de um rei”. “Só podem ser meus irmãos!”, exclamou Gideão. E acrescentou: “Diante do Senhor, o Deus vivo e verdadeiro, eu digo que não mataria vocês, se não tivessem matado os meus irmãos!” Gideão encarregou Jéter, seu filho mais velho, de matar os dois reis. Mas o rapaz era muito jovem e não teve coragem. Zeba e Salmuna disseram a Gideão: “Faça isso você mesmo! Isso exige coragem de homem!” Gideão matou, pois, Zeba e Salmuna, e tirou os enfeites em forma de meia-lua, que adornavam os pescoços dos camelos deles. Passadas essas coisas, os homens de Israel se encontraram com Gideão e disseram: “Seja nosso rei! Você, os seus filhos e os seus descendentes reinarão sobre nós, pois você salvou Israel do domínio de Midiã!” Mas Gideão respondeu: “Nem eu nem meu filho seremos reis sobre vocês. O Senhor será o nosso Rei! Só peço uma coisa: que me deem as argolas de ouro que vocês tomaram dos inimigos”. Os soldados de Midiã, sendo ismaelitas, usavam argolas de ouro como brincos. “Com todo o prazer!”, responderam. Estenderam uma capa no chão para juntar nela as argolas. As argolas reunidas chegaram a um total de vinte quilos e meio de ouro, sem contar os pendentes, os enfeites em forma de meia-lua e as finas vestes dos reis midianitas, além das correntes nos pescoços dos camelos! Com esse ouro, Gideão mandou fazer um manto sacerdotal, que ele colocou em sua cidade, Ofra. Mas todo o povo de Israel tornou-se infiel a Deus e começou a adorar o manto! Ele veio a ser uma armadilha e tentação para Gideão e para sua família. Termina aqui a fiel narrativa de como Israel derrotou e dominou os midianitas. Midiã nunca mais levantou a cabeça, e a terra gozou paz por quarenta anos, enquanto viveu Gideão. Jerubaal, filho de Joás, voltou a morar na sua casa. Como Gideão casou com muitas mulheres, chegou a ter setenta filhos. Além disso, teve um filho com uma mulher de Siquém. Este filho recebeu do pai o nome de Abimeleque. Gideão, filho de Joás, morreu em idade bem avançada, e foi enterrado no túmulo de seu pai, Joás, em Ofra, no território da família de Abiezra. Logo depois da morte de Gideão, os israelitas tornaram-se infiéis ao Senhor e voltaram a adorar os baalins, e colocaram Baal-Berite como seu deus! Esqueceram-se de que o Senhor, o seu Deus, tinha livrado o povo de Israel de todos os inimigos que o rodeavam. Os israelitas também não foram bondosos para com a família de Jerubaal, isto é, de Gideão, não reconhecendo todo o bem que ele fizera a Israel! Certo dia, Abimeleque, filho de Jerubaal, visitou os tios — irmãos da mãe dele — em Siquém. Conversou com todo o grupo de famílias de sua mãe. “Vão falar com os chefes de Siquém”, pediu ele, “e perguntem se preferem ser governados por setenta homens — os setenta filhos de Jerubaal — ou por um só homem. É bom lembrar que também sou da mesma carne e do mesmo sangue de vocês”. Então os tios de Abimeleque procuraram os oficiais da cidade e apresentaram a proposta dele. Os cidadãos de Siquém concordaram em seguir Abimeleque, e concluíram: “Afinal, ele é nosso irmão!” Então deram a ele setenta peças de prata, retiradas do templo do deus Baal-Berite. Com esse valor, ele contratou alguns homens sem caráter e vadios, que concordaram em tornar-se seus seguidores. Abimeleque foi com eles a Ofra, à casa do seu pai, e matou sobre uma rocha todos os seus setenta irmãos, filhos de Jerubaal, menos o mais novo deles, Jotão. Este conseguiu escapar e esconder-se. Então foi feita uma assembleia com todos os cidadãos de Siquém e de Bete-Milo. Resolveram proclamar Abimeleque rei, junto do carvalho do monumento, perto de Siquém. Quando Jotão ficou sabendo disso, subiu ao topo do monte Gerizim, e dali gritou em alta voz: “Cidadãos de Siquém! Se vocês querem a bênção de Deus, escutem o que vou dizer! Certa vez as árvores resolveram eleger um rei. Primeiro disseram à oliveira: ‘Seja o nosso rei’. “Mas a oliveira respondeu: ‘Vocês acham que eu deveria deixar de produzir o óleo que agrada a Deus e aos homens, só para dominar sobre as outras árvores?’ “Então as árvores disseram à figueira: ‘Seja o nossa rei!’ “Mas a figueira respondeu: ‘Vocês acham que eu deveria deixar de produzir a minha doçura e meu bom fruto, para dominar sobre as outras árvores?’ “Então as árvores falaram com a videira: ‘Venha você reinar sobre nós!’ “Mas a videira respondeu: ‘Vocês acham que eu deveria deixar de produzir o vinho, que alegra a Deus e aos homens, só para dominar sobre as outras árvores?’ “Então todas as árvores disseram ao espinheiro: ‘Seja você o nosso rei!’ “O espinheiro respondeu às árvores: ‘Se realmente querem ungir-me rei sobre vocês, venham procurar abrigo debaixo da minha sombra! Se não, saia fogo de mim e queime os grandes cedros do Líbano!’ “Agora, pois, vejam bem se estão tomando a decisão certa, fazendo de Abimeleque rei sobre vocês, e se foram justos para com Jerubaal e sua família; vejam se o que estão fazendo é o que ele merece, lembrando os feitos dele. Pois meu pai lutou por vocês e arriscou a sua vida para livrá-los dos midianitas. Apesar disso, vocês se rebelaram contra ele, e mataram os seus setenta filhos sobre uma pedra. E agora vocês escolheram Abimeleque, filho de uma escrava de Gideão, para ser rei sobre os cidadãos de Siquém, só porque ele é irmão de vocês! Se vocês têm certeza de que agiram com sinceridade para com Jerubaal e a sua família, muito bem; sejam felizes com Abimeleque! Mas, se não foi assim, que de Abimeleque saia fogo e queime os cidadãos de Siquém e de Bete-Milo; e que saia fogo dos cidadãos de Siquém e de Bete-Milo e queime Abimeleque!” Logo depois disso, Jotão fugiu e ficou morando em Beer, porque tinha medo do seu irmão Abimeleque. Depois de três anos de reinado de Abimeleque sobre Israel, Deus enviou um espírito mau entre ele e os cidadãos de Siquém, que agiram traiçoeiramente contra o rei Abimeleque. Tudo isso aconteceu para que a violência contra os setenta filhos de Jerubaal e o sangue deles caíssem sobre Abimeleque, seu irmão, e sobre os habitantes de Siquém, porque os moradores de Siquém colaboraram com Abimeleque no assassinato dos próprios irmãos dele! Os cidadãos de Siquém mandaram alguns homens armarem emboscadas nas trilhas das colinas. Abimeleque, porém, ficou sabendo disso. Nesse meio-tempo, Gaal, filho de Ebede, mudou-se com seus irmãos para Siquém. Todos confiavam nele! Naquele ano, saíram ao campo, colheram as uvas, pisaram-nas e realizaram uma festa no templo do deus local. Enquanto comiam e bebiam, logo começaram a amaldiçoar Abimeleque. Então Gaal, filho de Ebede, levantou a voz e disse: “Quem é Abimeleque para que o sirvamos como nosso rei? Por que nós, cidadãos de Siquém, temos de servir a ele? Não é ele filho de Jerubaal, e não é Zebul o seu braço direito? Melhor seria que Hamor, o pai de Siquém, fosse o nosso rei! Abaixo Abimeleque! Ah! Se vocês me aceitassem como seu líder! Logo veriam o que eu faria a Abimeleque! Eu diria a ele: Trate de preparar bem o seu exército, e venha!” Zebul era o governador da cidade. Quando soube o que Gaal, filho de Ebede, andava dizendo, ficou furioso! Mandou astutamente mensageiros a Abimeleque, com a seguinte mensagem: “Gaal, filho de Ebede, e seus irmãos vieram a Siquém, e estão levando a cidade a se rebelar contra você. Venha, pois, com o seu exército, de noite, e fique com ele escondido no campo. De manhã, ao nascer do sol, ataque a cidade de surpresa. E quando enfrentar Gaal e o povo que estiver com ele, faça o que quiser com eles!” Assim Abimeleque e os homens que estavam com ele saíram de noite, formaram quatro grupos e prepararam uma emboscada em volta de Siquém. Na manhã seguinte, enquanto Gaal, filho de Ebede, e outros oficiais tratavam de vários assuntos, junto da porta da cidade, as tropas de Abimeleque saíram dos seus esconderijos. Quando Gaal viu que vinham, exclamou a Zebul: “Olhe para o alto daqueles montes! Vem gente de lá!” Zebul, porém, respondeu: “Não é não, você está confundindo as sombras dos montes com homens!” “Não, olhe para lá”, disse Gaal. “Tenho certeza que vem vindo gente descendo do centro da terra. Olhe! Lá vêm outros, pela estrada do carvalho dos Adivinhadores!” Zebul, porém, falou: “Onde foi parar toda a sua conversa? Não foi você que disse: ‘Quem é Abimeleque? E por que ele deveria ser o nosso rei?’ Não foi desses homens que você zombou? Pois vá e lute contra eles!” Então, Gaal chefiou os homens de Siquém e enfrentou Abimeleque. Abimeleque o perseguiu, e ele fugiu. Muitos cidadãos de Siquém caíram feridos pelo caminho, até a entrada da porta da cidade. Abimeleque continuou morando em Arumá; e Zebul expulsou Gaal e os irmãos dele, proibindo que voltassem a morar em Siquém. No dia seguinte, os homens de Siquém saíram para guerrear de novo nos campos, e Abimeleque ficou sabendo disso. Ele tinha deixado três grupos de soldados escondidos por perto, nos campos. Quando viu os homens saírem da cidade, Abimeleque os atacou. As tropas chefiadas por Abimeleque avançaram até a porta da cidade. Enquanto isso, os outros dois grupos mataram os homens de Siquém nos campos. A batalha durou o dia inteiro. Por fim, Abimeleque tomou a cidade, matou a população e fez de Siquém um aterro coberto de sal! Quando o povo da torre de Siquém ficou sabendo disso, procurou refúgio na fortaleza subterrânea que ficava junto ao templo de El-Berite. Quando Abimeleque soube disso, levou as tropas ao monte Zalmom. Ali Abimeleque pegou um machado, cortou um galho e o pôs sobre os ombros. “Façam o que eu fiz”, disse ele aos soldados. Assim, cada um deles cortou depressa um galho e seguiram Abimeleque até a fortaleza subterrânea. Ali empilharam os galhos em cima da fortaleza e a incendiaram. Assim, todos os que estavam na torre de Siquém morreram! Os que morreram foram cerca de mil homens e mulheres. Depois Abimeleque atacou e conquistou a cidade de Tebes. Contudo, havia uma torre forte no meio da cidade. Toda a população fugiu para lá, trancou as portas e subiu ao terraço da torre. Abimeleque chegou perto da torre para atacá-la. Quando ele se aproximou da porta para queimá-la, uma mulher que estava no terraço jogou uma pedra de moinho na cabeça de Abimeleque e quebrou o crânio dele. “Tire a sua espada e mate-me!”, ordenou ele ao ajudante de armas. “Que ninguém diga que uma mulher matou Abimeleque!” O jovem soldado obedeceu e atravessou-o com a espada, e ele morreu. Quando os israelitas comandados por Abimeleque viram que ele estava morto, debandaram e voltaram para casa. Deste modo Deus retribuiu todo o mal que Abimeleque tinha feito a seu pai, matando seus setenta irmãos. Deus também castigou todos os homens de Siquém. Assim foi cumprida a maldição de Jotão, filho de Jerubaal. Depois da morte de Abimeleque, surgiu um homem de Issacar, chamado Tola, filho de Pua, neto de Dodô, para libertar Israel. Ele morava na cidade de Samir, na região montanhosa de Efraim, e exerceu as funções de juiz durante vinte e três anos, quando morreu e foi sepultado em Samir. Depois dele a vaga foi ocupada por Jair, de Gileade, que julgou Israel por vinte e dois anos. Jair tinha trinta filhos, que costumavam montar trinta jumentos, e que possuíam trinta cidades, na região de Gileade. Essas cidades eram chamadas de “Havote-Jair”  — nome que conservam até hoje. Quando Jair morreu, foi enterrado em Camom. Então o povo de Israel voltou a fazer o que era mau aos olhos do Senhor, e voltou a adorar os baalins, Asterote e os deuses da Síria, de Sidom, de Moabe, dos amonitas e dos filisteus; e visto que deixaram mais uma vez de seguir e servir ao Senhor, ele ficou irado com Israel, e permitiu que fosse atormentado pelos filisteus e pelos amonitas. Estes povos começaram nesse mesmo ano a maltratar os israelitas. Durante dezoito anos, oprimiram todos os israelitas que ocupavam os territórios do leste do rio Jordão, em Gileade, na terra dos amorreus. Os amonitas também atravessaram o Jordão para guerrear contra as tribos de Judá, Benjamim e Efraim. E Israel foi ficando cada vez mais angustiado! Finalmente os israelitas clamaram ao Senhor, dizendo: “Socorro, Senhor! Pecamos contra o Senhor, pois deixamos de servir ao nosso Deus para servir a deuses falsos!” Mas o Senhor respondeu: “Eu não livrei vocês dos egípcios, dos amorreus, dos amonitas, dos filisteus, dos sidônios, dos amalequitas e dos maonitas? Houve alguma vez que clamassem a mim, que eu não os livrasse? Apesar disso, vocês me abandonaram para servir a outros deuses. Por esta razão, não os libertarei mais! Vão pedir socorro aos deuses que escolheram! Eles que tirem vocês dos seus apuros!” Mas os israelitas disseram ao Senhor: “Nós pecamos. Faça conosco o que o Senhor achar melhor, mas livra-nos só mais esta vez!” Então eles destruíram os deuses estrangeiros que havia entre eles e serviram somente ao Senhor. E o Senhor já não pôde mais conter a sua compaixão por causa da angústia de Israel! Os exércitos de Amom tinham sido convocados e acamparam em Gileade, e faziam preparativos para atacar o exército israelita acampado em Mispá. Em certo momento, o povo e os oficiais de Gileade lançaram um desafio: “Quem começar a batalha contra os amonitas será o líder de todos os que moram em Gileade!” Ora, Jefté era um guerreiro valente nascido nas terras de Gileade. Sua mãe era uma prostituta. Seu pai tinha o nome de Gileade. A esposa legítima de Gileade deu-lhe vários outros filhos, que, quando cresceram, expulsaram Jefté e disseram: “Você é filho de outra mulher, e não será herdeiro em nossa casa!” Então Jefté fugiu de casa, e ficou morando na terra de Tobe. Logo ele passou a chefiar um bando de marginais. Passado algum tempo, os amonitas atacaram o povo de Israel. No meio da batalha, os oficiais de Gileade foram chamar Jefté em Tobe. Eles disseram a Jefté: “Venha comandar os israelitas na guerra contra os amonitas”. Jefté, porém, disse: “Ora, vocês não mostraram ódio para comigo, e não me mandaram embora da casa de meu pai? Por que me chamam agora que estão em dificuldades?” “Porque precisamos de você”, foi a resposta dos líderes de Gileade. “Se você comandar as nossas tropas contra os amonitas, você se tornará o líder de todos os que vivem em Gileade”. Então Jefté perguntou-lhes: “Vocês garantem que se eu dirigir Israel nos combates contra os amonitas, e se o Senhor me fizer vitorioso, eu governarei a terra de Gileade?” “Prometemos isto diante do Senhor”, responderam os oficiais de Gileade. “O Senhor é nossa testemunha! Faremos conforme a sua palavra”. Assim Jefté aceitou a missão e ficou sendo o comandante do exército e o líder do povo de Gileade. Jefté ditou os termos do acordo numa assembleia do povo realizada em Mispá, diante do Senhor. Logo depois, Jefté mandou mensageiros ao rei de Amom, dizendo: “O que você tem contra nós e por que Israel está sendo atacado?” Os mensageiros de Jefté voltaram com esta resposta do rei: “Quando os israelitas vieram do Egito, tomaram as minhas terras, desde o rio Arnom até o Jaboque, e até o Jordão. Devolva-me agora pacificamente o território!” Jefté não se abalou e mandou mensageiros outra vez ao rei dos amonitas, com esta mensagem: “Assim diz Jefté: Israel não tomou a terra dos amonitas. Quando o povo de Israel veio do Egito, foi pelo deserto até o mar Vermelho e chegou a Cades, então Israel mandou mensageiros ao rei de Edom, dizendo: ‘Pedimos licença para passar pelas suas terras’, mas o pedido não foi atendido. Depois mandamos o mesmo pedido ao rei de Moabe, e ele também não nos atendeu. Por isso Israel permaneceu em Cades. “Mais tarde os israelitas saíram pelo deserto, contornaram as terras dos edomitas e dos moabitas, e acamparam a leste dessas terras, fora dos limites de Moabe, do outro lado do rio Arnom. “Então Israel mandou mensageiros a Seom, rei dos amorreus, que vivia em Hesbom, e pediu a ele: ‘Deixe-nos passar pelas suas terras, até o nosso destino’. Seom negou a permissão. Em vez disso, ajuntou as suas tropas, acampou com elas em Jaza, e lutou contra Israel. “Mas o Senhor, o Deus de Israel, fez com que Israel vencesse o rei Seom e todo o seu exército. Foi por isso que Israel tomou posse de todas as terras ocupadas pelos amorreus, que viviam naquela região. Conquistou toda a terra dos amorreus, desde o rio Arnom até o Jaboque, e desde o deserto até o rio Jordão. “Como você vê, foi o Senhor, o Deus de Israel, que expulsou os amorreus da presença de Israel. Israel recebeu o território das mãos de Deus! Por que haveria de ser devolvido a você? Você não costuma considerar sua propriedade tudo o que recebe do seu deus Camos? Assim também temos o direito de tomar posse do território de todos aqueles que o Senhor, o nosso Deus, nos deu! Além disso, quem você pensa que é? Você acha que é melhor do que Balaque, filho de Zipor, rei de Moabe? Acaso tentou ele recuperar o território, depois que foi derrotado por Israel? Entretanto, agora, passados trezentos anos, você levanta esta questão! Todo esse tempo Israel viveu aqui, ocupando terras que vão de Hesbom até Aroer, e que margeiam todo o rio Arnom. Por que os amonitas não tentaram recuperar essas terras antes? Não fui eu quem pecou contra você. Você está cometendo um erro em lutar contra mim. Que o Senhor, o Juiz, julgue hoje quem de nós está certo — os israelitas ou os amonitas”. Porém, o rei dos amonitas não deu atenção à mensagem de Jefté. Então o Espírito do Senhor se apossou de Jefté, e ele atravessou com as tropas a terra de Gileade e de Manassés, passou por Mispá, de Gileade, e atacou o exército amonita. Nesse meio-tempo, Jefté havia feito um voto ao Senhor nestes termos: “Se o Senhor ajudar Israel a vencer os amonitas, o que sair por primeiro da minha casa ao meu encontro, quando eu voltar para casa com vitória sobre os amonitas, será do Senhor, e o oferecerei como sacrifício queimado!” Jefté, pois, foi combater os amonitas, e o Senhor deu a Israel vitória total! Os inimigos foram derrotados desde Aroer até perto de Minite, incluindo vinte cidades, e chegaram até Abel-Queramim. Assim os amonitas foram dominados pelo povo de Israel. Jefté não tinha filhos, somente uma filha. Quando ia voltando para casa, a sua filha única correu ao seu encontro, tocando pandeiro e dançando de alegria. Quando Jefté viu a moça, rasgou as próprias roupas e gritou: “Ah, minha filha! Estou cheio de angústia e desesperado. Fiz um voto ao Senhor, e não posso voltar atrás!” Ela, porém, disse: “Meu pai, faça tudo que prometeu ao Senhor, pois ele deu a você grande vitória sobre os amonitas, inimigos de Israel”. Ela prosseguiu: “Deixe que eu ande pelos montes por dois meses, junto com minhas amigas, para chorar porque jamais casarei”. “Faça isso, minha filha. Vá!”, disse Jefté. Ela foi, acompanhada das amigas, e ficou dois meses vagando a chorar porque nunca seria esposa e mãe. Ao fim dos dois meses ela voltou para o seu pai, e ele cumpriu o voto feito. Assim ela nunca chegou a casar. Daí nasceu em Israel o costume de saírem as moças todos os anos, por quatro dias, para celebrar a memória da filha de Jefté, o gileadita. Então a tribo de Efraim convocou os soldados para a batalha. Reunido o exército, foram para Zafom e mandaram esta mensagem a Jefté: “Por que você não chamou os nossos homens para ajudarem na luta contra os amonitas? Pois agora vamos queimar a sua casa, com você dentro!” “Eu convoquei vocês, mas vocês não atenderam”, respondeu Jefté. “Na hora em que precisávamos de vocês, vocês falharam. Quando vi que vocês não viriam me ajudar, arrisquei a minha vida e enfrentei os amonitas, e o Senhor permitiu que eu vencesse. Por que vocês vêm agora contra mim?” Então Jefté reuniu todos os soldados de Gileade, e eles guerrearam contra os de Efraim. E os homens de Gileade ficaram mais furiosos, porque os efraimitas diziam: “Vocês, gileaditas, moram entre Efraim e Manassés como desertores, e fogem de medo de Efraim”. Os gileaditas tomaram os pontos de travessia do Jordão, nos caminhos para Efraim. Quando algum fugitivo de Efraim aparecia e dizia: “Deixem-me passar”, os guardas de Gileade perguntavam: “Você é membro da tribo de Efraim?” Se o fugitivo dizia que não, os guardas exigiam que ele pronunciasse a palavra “Chibolete”. Se ele não fosse capaz pronunciar a palavra, e ele pronunciasse “Sibolete” em vez de “Chibolete”, ficava claro que estava mentindo. Neste caso, o prendiam e o matavam. Naquela ocasião morreram quarenta e duas mil pessoas de Efraim! Jefté foi juiz de Israel por seis anos; depois disso morreu, e foi enterrado numa das cidades de Gileade. O sucessor de Jefté, como juiz de Israel, foi Ibsã, que vivia em Belém. Ele teve trinta filhos e trinta filhas. Ele deu em casamento as suas filhas a homens de fora do grupo de famílias que ele chefiava, e trouxe de fora trinta mulheres para casarem com os seus filhos. Ibsã julgou Israel por sete anos. Então ele morreu, e foi enterrado em Belém. Elom, da tribo de Zebulom, foi juiz de Israel depois de Ibsã. Ele julgou Israel durante dez anos. Elom morreu, e foi enterrado em Aijalom, no território de Zebulom. Depois dele, Abdom, filho de Hilel, de Piratom, foi o juiz de Israel. Ele teve quarenta filhos e trinta netos, que costumavam montar setenta jumentos. Abdom foi juiz de Israel por oito anos. Então Abdom, filho de Hilel, morreu, e foi enterrado em Piratom, no território de Efraim, na região montanhosa dos amalequitas. O povo de Israel tornou a pecar contra o Senhor. Por isso o Senhor deixou que ele fosse dominado pelos filisteus por quarenta anos. Havia um homem de Zorá, chamado Manoá, do grupo de famílias da tribo de Dã. Ele tinha uma mulher que era estéril. Então, um dia, apareceu o Anjo do Senhor à mulher de Manoá, e disse a ela: “Até agora você não pôde ter filhos, mas agora você vai engravidar e dar à luz um filho. Cuidado, porém, para que ele não beba vinho nem qualquer bebida alcoólica, e não coma comida declarada impura pela lei. O cabelo do filho que você vai ter nunca poderá ser cortado, porque ele será nazireu, servo de Deus, especialmente consagrado desde o nascimento; e ele iniciará a libertação de Israel do domínio dos filisteus”. A mulher foi correndo contar ao marido: “Apareceu a mim um homem de Deus que parecia o Anjo de Deus! A aparência dele era quase gloriosa demais para se olhar! Não perguntei donde era, e ele não me disse o nome dele. Mas ouça o que ele disse: ‘Você vai engravidar e dará à luz um menino! Ele não deverá beber vinho e nenhuma bebida alcoólica, nem comer nada do que a Lei declara impuro, pois o menino será nazireu, especialmente consagrado a Deus desde o momento em que nascer até a sua morte’ ”. Então Manoá fez esta oração ao Senhor: “Ó Senhor, peço que mande aqui outra vez o homem de Deus que apareceu à minha mulher, para recebermos instruções sobre o que devemos fazer com o menino que vai nascer!” Deus atendeu à oração de Manoá, e o Anjo de Deus apareceu outra vez à mulher quando ela estava sentada sozinha no campo. Ela saiu correndo e foi chamar o marido: “Venha, Manoá”, disse ela. “Apareceu de novo aquele homem que esteve aqui outro dia!” Manoá levantou-se e seguiu a sua mulher, e, ao aproximar-se do homem, perguntou-lhe: “Foi o Senhor que falou com minha mulher outro dia?” “Sou eu”, respondeu ele. Então Manoá perguntou: “Gostaríamos de receber instrução de como devemos criar o menino que vai nascer, para que ele possa ser preparado para a vida e a vocação dele”. O Anjo do Senhor respondeu: “Cuide para que sua mulher siga as instruções que dei a ela. Ela não poderá comer coisa alguma que venha das plantações de uvas; não poderá tomar vinho, nem qualquer outra bebida forte; e não poderá comer nenhum alimento declarado impuro pela Lei. Ela deverá obedecer rigorosamente a tudo que ordenei a ela”. “Espere um pouco, por favor”, disse Manoá ao Anjo de Deus. “Gostaríamos de preparar um cabrito ao Senhor”. Porém o Anjo do Senhor disse a Manoá: “Posso ficar, mas não para comer. Contudo, se você quer preparar alguma coisa, traga uma oferta queimada ao Senhor ”. Manoá ainda não tinha percebido que era o Anjo do Senhor. Então Manoá perguntou ao Anjo do Senhor: “Qual é o seu nome? Queremos manifestar a nossa homenagem quando a sua palavra se cumprir”. “Por que pergunta pelo meu nome?”, replicou o Anjo. “Meu nome é maravilhoso”. Então Manoá tomou um cabrito e uma oferta de cereais, e ofereceu tudo ao Senhor sobre uma rocha. Então o Senhor fez uma coisa fora do comum, verdadeiramente maravilhosa, enquanto Manoá e sua mulher estavam observando. Quando as chamas do altar subiam para o céu, o Anjo do Senhor subiu nelas! Vendo isso, Manoá e a sua mulher caíram com o rosto em terra. E essa foi a última coisa que o casal viu do Anjo do Senhor. Só então Manoá percebeu que de verdade era o Anjo do Senhor. “Certamente vamos morrer!”, disse Manoá à mulher, “pois vimos Deus!” Mas sua mulher respondeu: “Se o Senhor quisesse dar fim às nossas vidas, não teria aceitado o nosso sacrifício queimado e a nossa oferta de cereais. Também não teria aparecido a nós, nem teria contado todas estas coisas maravilhosas!” A mulher deu à luz um filho, e deu-lhe o nome de Sansão. O menino cresceu e foi abençoado por Deus, e o Espírito do Senhor começou a agir nele sempre que ia a Maané-Dã, entre as cidades de Zorá e Estaol. Um dia, Sansão foi a Timna e viu ali certa jovem do povo filisteu que chamou a sua atenção. Voltando para casa, disse ao seu pai e a sua mãe: “Vi uma mulher filisteia em Timna; peçam essa mulher para mim porque eu quero casar com ela”. Porém, seu pai e sua mãe fizeram forte oposição e responderam: “Por que você não casa com uma jovem do nosso povo? Por que você tem de arranjar esposa entre esses filisteus, que não obedecem a Deus? Será que não existe em Israel uma moça que sirva para casar com você?” Porém, Sansão disse ao pai: “Aquela é a que me agrada. Peça a moça em casamento para mim!” O pai e a mãe de Sansão não perceberam que o Senhor estava por trás daquele pedido, porque estava preparando uma ação contra os filisteus, pois nessa época eles dominavam sobre o povo de Israel. Quando Sansão estava indo com os seus pais a Timna, já nas vizinhanças da cidade, nas plantações de uva ali existentes, de repente veio um leão novo rugindo contra ele. Então o Espírito do Senhor tomou posse de Sansão de tal maneira que ele rasgou o animal com as próprias mãos, como se fosse um cabrito. Mas os pais dele não ficaram sabendo desse acontecimento. Em Timna, ele conversou com a jovem, e ela lhe agradou muito. Quando voltou a Timna para o casamento, saiu da estrada para ver o cadáver do leão, e viu nele um enxame de abelhas com mel. Ele tirou o favo de mel com as mãos, e foi comendo pelo caminho. Quando voltou ao seu pai e a sua mãe, repartiu o mel com eles, e eles também comeram. Mas não ficaram sabendo que o mel tinha sido tirado da carcaça do leão. Seu pai foi à casa da moça e, seguindo o costume, Sansão ofereceu uma festa, e convidou trinta jovens para o acompanharem de Timna. Em certo momento, Sansão desafiou os moços a decifrarem uma charada: “Se vocês conseguirem decifrar o enigma durante os sete dias da celebração do casamento”, disse ele, “darei a vocês trinta camisas finas e trinta trajes de festas. Se não conseguirem, vocês me darão as trinta camisas e os trinta trajes de roupas!” Eles concordaram, e disseram: “Diga logo qual é o enigma!” A charada que Sansão apresentou aos moços foi esta: “Do comedor saiu comida, e do forte saiu doçura”. Três dias depois, eles ainda não tinham conseguido dar a interpretação. No quarto dia, os moços disseram à mulher de Sansão: “Se você não quer morrer queimada, e não quer que ponhamos fogo na casa do seu pai, convença Sansão a revelar a solução da charada. Será que fomos convidados para esta festa para sermos roubados?” A mulher vinha insistindo com Sansão para que contasse a ela o segredo; chorava e dizia: “Você me despreza! Você não me ama! Pois você deu um enigma à minha gente, e até agora você não me contou a solução!” E Sansão dizia a ela: “Se nem ao meu pai e à minha mãe eu revelei o enigma, por que deveria contá-lo a você?” E durante os sete dias da festa, ela chorava diante dele. E no sétimo dia ainda mais, por causa da ameaça dos jovens. De tanto importunar Sansão, ele revelou a solução do enigma a ela. E ela foi contar o enigma aos seus amigos. Então, no sétimo dia da festa, antes do pôr do sol, eles disseram a Sansão: “Que coisa existe mais doce do que o mel? O que é mais forte que o leão?” Sansão respondeu, aplicando um ditado: “Se vocês não tivessem lavrado com a minha novilha, nunca teriam conseguido decifrar o meu enigma!” Então o Espírito do Senhor apossou-se de Sansão de tal maneira que ele foi à cidade de Ascalom, matou trinta homens de lá, tirou os trajes de festa que vestiam e os entregou aos que decifraram o enigma. Enfurecido, porém, deixou a mulher e voltou para a casa do seu pai. E a mulher de Sansão foi dada em casamento ao homem que tinha sido o padrinho de casamento de Sansão. Algum tempo depois, durante a colheita do trigo, Sansão pegou um cabrito para dar de presente à mulher dele. Ele disse: “Vou ao quarto da minha mulher”. Mas o pai dela não quis deixá-lo entrar na casa. “O fato é que eu pensei que você tinha ficado com ódio dela”, explicou ele “de modo que a dei em casamento ao seu melhor amigo. Mas olhe, a irmã dela é mais nova e mais bonita. Case com ela!” Sansão ficou furioso, e disse: “Agora ninguém poderá reclamar quando eu acertar as contas com os filisteus!” Saindo dali, capturou trezentas raposas e as amarrou em pares, pelas caudas. Para cada par de raposas arranjou uma tocha, e amarrou a tocha nos rabos presos em cada par. Feito isto, tocou fogo nas tochas e soltou as raposas no meio das lavouras dos filisteus. Assim, Sansão queimou e destruiu os feixes de cereais colhidos, o cereal ainda por colher, as plantações de uvas e os olivais. “Quem foi que fez isto?”, perguntaram os filisteus. “Foi Sansão, o genro do timnita”, responderam, “porque o sogro deu a sua mulher ao seu amigo”. Então os filisteus queimaram a mulher e o pai dela. Sansão disse a eles: “Se é isso que vocês fizeram, não vou sossegar enquanto não me vingar de vocês”. Assim, ele saiu, atacou os filisteus com uma fúria terrível, e matou muitos deles. Depois ficou morando numa caverna da rocha de Etã. Então os filisteus subiram para atacar a tribo de Judá, e ficaram acampados em volta da cidade de Leí. “Por que vieram para cá?”, perguntaram os homens de Judá. Responderam os filisteus: “Viemos aqui para prender Sansão e fazer com ele o que ele fez conosco”. Então três mil homens de Judá foram até a caverna da rocha de Etã e disseram a Sansão: “O que você está querendo fazer conosco? Você não sabe que os filisteus dominam sobre nós?” Sansão retrucou: “Fiz a eles o que eles fizeram a mim”. “Nós estamos aqui para prendê-lo e entregá-lo aos filisteus”, disseram os homens de Judá. “Está bem”, disse Sansão, “mas prometam que vocês mesmos não me matarão”. Eles responderam: “Não faremos isso! Só vamos entregar você a eles, amarrado. De maneira nenhuma mataremos você”. E levaram Sansão amarrado com duas cordas novas e o fizeram sair da rocha. Quando Sansão chegou a Leí, os filisteus correram ao encontro dele, gritando. Mas o Espírito do Senhor apossou-se de Sansão, de modo que ele arrebentou as amarras como se fossem barbantes de linho chamuscados! Pegou então uma queixada de um jumento que achou ali por perto, e com ela matou mil filisteus! Então Sansão exclamou: “Com uma queixada de jumento fiz deles montões! Com uma queixada de jumento matei mil valentes!” Quando ele acabou de falar, jogou fora a queixada e chamou aquele lugar de Ramate-Leí. Sansão sentiu muita sede e rogou a Deus: “O Senhor deu hoje grande libertação a Israel por meu intermédio. Agora estou morrendo de sede! Vou cair nas mãos destes homens que não temem o seu nome?” Então o Senhor fez brotar água de um buraco na terra de Leí. Sansão bebeu e recobrou as forças e o ânimo. Aquela fonte ficou sendo chamada En-Hacoré e ela existe ainda. Sansão foi o juiz de Israel por vinte anos, mas os filisteus continuavam dominando os israelitas. Certo dia, Sansão foi à cidade filisteia de Gaza e passou a noite com uma prostituta. Correu a notícia de que ele tinha sido visto na cidade. Os homens formaram um cerco perto do portão da cidade e ficaram esperando, prontos para matar Sansão quando amanhecesse o dia. “Quando clarear o dia, vamos matá-lo”, combinaram os filisteus. Sansão ficou deitado só até a meia-noite. Então, saiu da casa e arrancou as portas da cidade junto com os batentes e a tranca. Colocou tudo nos ombros e levou para o alto do monte que fica de frente para Hebrom! Depois disso, Sansão se apaixonou por uma mulher chamada Dalila, que morava no vale de Soreque. Os oficiais filisteus foram pessoalmente pedir a Dalila: “Procure descobrir o segredo da grande força de Sansão e como podemos dominar e prender aquele homem. E você receberá de cada um de nós, como recompensa, treze quilos e meio de moedas de prata”. Assim Dalila pediu a Sansão: “Diga-me, Sansão, por favor, de onde vem a sua grande força e como você poderia ser amarrado e dominado”. Respondeu-lhe Sansão: “Se eu for amarrado com sete cordas de couro de animais, ainda não secas, ficarei fraco e serei como outro qualquer”. Então os líderes dos filisteus deram sete cordas desse tipo a Dalila, e ela amarrou Sansão. Alguns homens estavam escondidos em outro quarto. Assim que amarrou Sansão, ela exclamou: “Sansão, os filisteus estão aqui!” Então ele arrebentou as cordas como se fossem fios de estopa colocados perto do fogo. Assim, não se descobriu o segredo da sua força. Mais tarde, Dalila disse a Sansão: “Você anda zombando de mim! Você mentiu para mim! Conte-me, por favor, como você poderia ser amarrado”. “Pois bem”, disse ele, “se eu for amarrado com cordas novas, que não tenham sido usadas, ficarei tão fraco quanto qualquer outro homem”. Dalila conseguiu cordas novas e amarrou Sansão. Como da outra vez, alguns homens estavam escondidos na casa e Dalila gritou: “Sansão! Os filisteus vêm aí!” Mas ele arrebentou as cordas dos seus braços como se fossem fios. “Você continua caçoando de mim, dizendo mentiras”, disse Dalila a Sansão. “Você não vai me dizer como você pode ser amarrado?” “Está bem”, disse ele, “se você tecer as sete tranças da minha cabeça num pano e prendê-las com um pino de tear, então ficarei fraco”. Enquanto Sansão dormia, Dalila teceu as sete tranças da sua cabeça num pano e o prendeu com um pino de tear. Depois ela gritou: “Os filisteus estão aqui, Sansão!” Então ele acordou e soltou o cabelo, arrancando o pino do tear. “Você diz que me ama. Como isso é possível, se você não confia em mim?”, choramingou ela. “Já é a terceira vez que você caçoa de mim e não me conta o segredo da sua grande força!” E ela foi importunando Sansão todos os dias, a ponto de sua alma se angustiar até a morte. E ele acabou contando tudo o que tinha em seu coração: “Meu cabelo nunca foi cortado”, disse ele, “pois sou nazireu, especialmente consagrado ao Senhor, desde antes de nascer. Se cortarem o meu cabelo, perderei a força e ficarei tão fraco como qualquer outro homem”. Quando Dalila viu que dessa vez Sansão tinha dito a verdade, mandou aos oficiais filisteus o seguinte recado: “Venham mais esta vez para cá, pois dessa vez ele abriu o seu coração para mim”. Os oficiais foram à casa dela, levando a prata prometida. Então Dalila fez Sansão dormir nos joelhos dela. Depois mandou alguém cortar o cabelo dele. Dalila percebeu que já podia ter domínio sobre Sansão, e que ele já não tinha mais aquela força extraordinária. Então ela gritou: “Sansão! Os filisteus estão aqui para prender você!” Ele acordou e pensou: “Vou fazer como das outras vezes! Vou ficar livre num instante!” Mas não percebeu que o Senhor já não estava com ele. Os filisteus prenderam Sansão, furaram os seus olhos e o levaram para Gaza. Lá Sansão foi amarrado com duas correntes de bronze, e o colocaram para mover um moinho na prisão. Não demorou muito, e o cabelo dele começou a crescer de novo. Os oficiais filisteus realizaram uma grande festa para comemorar a captura de Sansão. O povo ofereceu um grande sacrifício a Dagom, deus dos filisteus, e diziam: “O nosso deus entregou o nosso inimigo Sansão em nossas mãos”. Vendo Sansão acorrentado na prisão, o povo louvava o seu falso deus, exclamando: “O nosso deus entregou em nossas mãos o nosso inimigo, aquele que era destruidor da nossa terra, e que matou muitos dos nossos homens!” Quando estavam bem alegres, em plena festa, os filisteus gritaram: “Tragam Sansão para cá! Queremos nos divertir com ele!” Assim tiraram Sansão da cadeia, e ele foi levado para o centro do templo, entre as duas colunas que sustentavam o teto. Entretanto, Sansão disse ao jovem que servia de guia para ele: “Coloque as minhas mãos nas duas colunas que sustentam o templo, para me apoiar nelas”. O templo estava repleto de homens e mulheres do povo, e todos os oficiais dos filisteus estavam presentes. Além disso, no terraço havia cerca de três mil pessoas, vendo as brincadeiras que faziam com Sansão. Em certo momento, Sansão orou ao Senhor e suplicou: “Ó Senhor Deus! Peço que se lembre de mim, e que só mais esta vez me dê força para que eu possa me vingar dos filisteus pela perda dos meus dois olhos!” Então Sansão abraçou-se às duas colunas centrais, que sustentavam o templo, uma com a mão direita, e a outra com a mão esquerda, e disse: “Que eu morra com os filisteus!” Em seguida ele as empurrou com toda a força, e o templo caiu sobre os oficiais e sobre todo o povo que ali estava! Assim, Sansão matou mais gente quando morreu do que durante todo o tempo em que viveu! Depois, os irmãos e demais membros da família de seu pai foram buscar o corpo dele. Sansão foi enterrado entre as cidades de Zorá e Estaol, no túmulo de Manoá, seu pai. Sansão foi juiz de Israel durante vinte anos. Na região montanhosa de Efraim vivia um homem chamado Mica. Um dia ele disse à sua mãe: “Aqueles treze quilos de prata que roubaram da senhora, pelos quais a senhora andava lançando maldições, na verdade estão comigo. Eu peguei aquela prata!” “Que o Senhor o abençoe, meu filho”, disse-lhe sua mãe. Assim ele devolveu o dinheiro. Então a mãe dele disse: “Agora dedico esta prata ao Senhor, em favor do meu filho, para que ele faça uma imagem revestida de um ídolo de metal. Eu devolvo agora esta prata ao Senhor ”. Ele devolveu a prata à sua mãe, e ela deu dois quilos e quatrocentos gramas de prata ao fabricante de estátuas, e ele fez a imagem e o ídolo encomendados. E estes foram colocados na casa de Mica. Este homem, Mica, possuía uma capela para os seus deuses. Ele fez um manto sacerdotal e alguns ídolos do lar, e consagrou um dos seus filhos, fazendo dele um sacerdote. Naqueles dias, o povo de Israel não tinha rei, de modo que cada um fazia o que queria, agindo de acordo com o que achava certo. Um jovem membro da tribo de Levi, tribo consagrada ao serviço do Senhor, vivia em Belém, no território de Judá. Um dia, ele saiu da cidade de Belém, e foi andando sem destino certo, procurando um lugar para morar. Acabou chegando à casa de Mica, na região montanhosa de Efraim. Mica perguntou ao recém-chegado: “De onde você vem?” O jovem respondeu: “Sou levita, de Belém de Judá. Estou procurando um lugar que me agrade, para morar. “Pois fique aqui comigo”, convidou Mica, “seja o meu guia espiritual e sacerdote, e eu pagarei a você cento e vinte gramas de prata por ano, além da roupa e sustento”. O jovem levita aceitou, e tornou-se como um dos filhos de Mica. Mica consagrou o levita, e o jovem ficou sendo seu sacerdote pessoal, morando em sua casa”. “Agora tenho certeza de que o Senhor vai abençoar a minha vida”, exclamou Mica, “porque tenho um levita como meu sacerdote!” Como já foi dito, Israel não tinha rei naquela época. A tribo de Dã estava procurando um lugar onde morar, porque essa tribo não tinha conseguido ainda tomar posse do território que recebera por sorteio sagrado entre as tribos de Israel. Por isso o povo de Dã escolheu cinco heróis de guerra que representavam todos os grupos de família de Dã, das cidades de Zorá e Estaol, como espiões. A missão deles era espionar e examinar o território que Dã planejava conquistar. Disseram a eles: “Vão, examinem a terra”. Os espiões chegaram à região montanhosa de Efraim e passaram a noite na casa de Mica. Notando o sotaque do jovem levita, falaram com ele: “Quem o trouxe para cá? O que você está fazendo aqui? Por que veio para cá?”, perguntaram. E o jovem falou do trato que tinha feito com Mica, e que trabalhava como sacerdote pessoal para ele. Então os espiões disseram: “Neste caso, pergunte a Deus se nós vamos ter sucesso nesta missão, ou se vamos fracassar”. “Vocês podem ir tranquilos”, disse o sacerdote. “Tudo correrá bem, porque o Senhor cuidará de vocês”. Assim os cinco homens partiram e foram para a cidade de Laís, onde viram como o povo dali vivia em segurança, conforme o costume dos sidônios, despreocupados e em paz. E o povo não tinha falta de nada. Não sofria opressão de ninguém, não tinha contato com os sidônios e não mantinha relações com nenhum outro povo. Quando os espiões voltaram a Zorá e a Estaol, seus irmãos perguntaram a eles: “O que vocês descobriram?” Eles disseram: “Não percamos tempo! Vamos ao ataque! Examinamos a terra e vimos que ela é muito boa! Vamos depressa conquistar aquele território! Quando chegarmos lá, vocês verão um povo despreocupado e uma terra vasta, fértil e maravilhosa, um lugar em que não há falta de nada! Vamos, porque Deus já entregou aquela terra para nós!” Então seiscentos homens da tribo de Dã, bem armados para a guerra, partiram de Zorá e Estaol. Eles acamparam em Quiriate-Jearim, no território de Judá — lugar que ficou depois conhecido pelo nome de Maané-Dã. Dali subiram à região montanhosa de Efraim, e chegaram perto da casa de Mica. Os cinco homens que haviam espionado a terra de Laís disseram aos companheiros: “Saibam que numa dessas casas existe um manto sacerdotal, ídolos do lar, uma imagem lavrada e revestida de prata, e um ídolo de metal. Vocês já sabem o que devem fazer!” Então eles se aproximaram e chegaram até o alojamento do jovem levita, na casa de Mica, e perguntaram como ele estava passando. Mas os seiscentos homens de Dã, armados para a guerra, ficaram do lado de fora da porta. Então os cinco espiões entraram na capela e pegaram a imagem, o manto sacerdotal, os ídolos do lar, e a imagem de fundição. Enquanto faziam isso, o sacerdote ficou parado junto da entrada da porta, com os seiscentos homens que estavam armados para a guerra. Quando os homens entraram na casa de Mica e tomaram a imagem, o manto sacerdotal, os ídolos da família e a imagem de fundição, perguntou o sacerdote: “O que vocês estão fazendo?” Eles lhe responderam: “Fique quieto! Não diga uma palavra e venha conosco! Seja o nosso pai e sacerdote. Ser sacerdote de uma tribo inteira de Israel não é melhor do que ser sacerdote de um homem?” Então o jovem sacerdote ficou muito contente com isso. Pegou o manto sacerdotal, os ídolos do lar e a imagem esculpida com prata fundida, e partiu com eles. Os homens de Dã colocaram as crianças, o gado e os demais bens na frente do povo, e se foram. Quando já estavam longe da casa de Mica, ele e os vizinhos dele se reuniram e alcançaram os homens de Dã. Ao ouvirem os gritos dos que vinham atrás deles, viraram-se e perguntaram a Mica: “O que você quer? Por que convocaram esse povo?” E Mica respondeu: “Ora, que pergunta! O que significa isto? Vocês fogem, levando os deuses que eu mesmo fiz e o meu sacerdote! Não deixaram nada! Como ainda me perguntam: ‘O que você quer?’ ” “Cuidado com a língua!”, responderam os homens de Dã. “Aqui temos homens violentos que por pouca coisa podem ficar com raiva e matar você e a sua família”. Assim os homens de Dã continuaram a viagem. Quando Mica viu que eles eram mais numerosos e mais fortes, desistiu e voltou para casa. Então os homens de Dã prosseguiram, levando o que Mica havia feito e o seu sacerdote, e chegaram a Laís, um lugar de um povo pacífico e tranquilo. Com facilidade, pois, os invasores entraram, mataram todos os moradores com suas espadas e incendiaram a cidade. Não havia ninguém que livrasse o povo de Laís; pois estava muito longe dos sidônios, e porque não tinham relações com nenhum outro povo. A cidade estava localizada no vale de Bete-Reobe. A tribo de Dã reconstruiu a cidade e habitaram nela, que a partir daí passou a ser chamada de Dã, em homenagem ao pai da tribo, filho de Israel. Antes, porém, o nome da cidade era Laís. A tribo de Dã instalou a imagem que pertencera a Mica, e nomeou Jônatas, filho de Gérson e neto de Manassés, como seu sacerdote, ele e os filhos dele, até a data em que foram levados para o cativeiro. Assim os ídolos que tinham sido de Mica foram adotados pela tribo de Dã durante todo o tempo em que a casa de Deus esteve em Siló. Naquele tempo não havia rei em Israel. Havia um homem da tribo de Levi que morava em lugares remotos, na região montanhosa de Efraim. Um dia ele tomou para si uma jovem de Belém, do território de Judá, para ser sua concubina. Mas a mulher foi infiel, e acabou voltando para Belém de Judá, para a casa do seu pai, ficando lá durante quatro meses. O marido resolveu partir para lá, levando um criado e dois jumentos, com a intenção de reconquistar o afeto dela, desejando que voltasse com ele. Quando ele chegou, a mulher fez que ele entrasse na casa do seu pai e o apresentou ao seu pai, que mostrou grande satisfação. Assim, insistiu com ele que se hospedasse ali por algum tempo. Ele aceitou, e assim permaneceram com eles três dias; comeram, beberam e dormiram ali. No quarto dia, já estavam de pé bem cedo, e o levita estava pronto para partir. Mas o pai da moça insistiu com o genro: “Coma alguma coisa antes de ir e você se fortalecerá”. O genro cedeu, e os dois se assentaram e comeram e beberam juntos. Depois o sogro pediu: “Peço que fique aqui ainda esta noite e se alegre o seu coração”. O homem, porém, levantou-se para partir, e foi preciso o sogro insistir para que o levita acabasse passando a noite ali. No quinto dia, levantou-se de madrugada para a viagem. Mas o sogro tornou a insistir: “Vamos comer! Espere até a tarde!” Outra vez a viagem foi adiada, e eles comeram juntos. Então, quando o hóspede começou os preparativos finais para partir com a mulher e o criado, o hospedeiro tornou a pedir que ficassem, dizendo: “Veja, o dia está acabando; já é quase noite. Passe aqui a noite, para que o seu coração se alegre! Amanhã de madrugada vocês poderão ir para casa”. Mas dessa vez o homem estava mesmo decidido a partir sem passar mais uma noite ali. Partiram e conseguiram chegar perto da cidade de Jebus, isto é, Jerusalém, ele, os dois animais de carga aparelhados, e a sua concubina. Estando já perto de Jebus, e como já era quase noite, disse o servo ao seu senhor: “É muito tarde para continuar viajando. Vamos parar nesta cidade dos jebuseus e passar a noite aqui”. “Não”, respondeu o seu senhor, “não vamos ficar numa cidade estrangeira. O povo dali não pertence a Israel. Vamos continuar e passar a noite em Gibeá”. E acrescentou: “Venha! Vamos procurar chegar a Gibeá ou a Ramá, e passar a noite num desses lugares”. E continuaram a sua viagem. Ao pôr-do-sol eles estavam chegando a Gibeá, cidade pertencente à tribo de Benjamim. Entraram em Gibeá, a fim de passarem a noite ali. Eles ficaram na praça da cidade, mas ninguém os convidou para passarem a noite em sua casa. Quando já estava anoitecendo, chegou à cidade um homem idoso que vinha do trabalho do campo. Ele era da região montanhosa de Efraim, mas estava morando em Gibeá, no território de Benjamim. Passando pela praça, e vendo o viajante ali, perguntou: “Para onde você vai, e de onde você vem?” “Vamos indo de Belém de Judá para a nossa casa”, respondeu o levita. “Moro na distante região montanhosa de Efraim. Fui a Belém de Judá, e agora estou voltando para a minha casa. Aqui ninguém ofereceu alojamento para nós. Nós, os seus servos, temos suprimentos para nós e para os animais. Temos pão e vinho para mim, para a sua serva, e para o jovem que vem conosco. Não temos falta de nada”. E o homem idoso disse: “Paz seja com você. Você é bem-vindo na minha casa. Terá tudo que for preciso. Não passe a noite aqui na praça!” Ele levou todos à sua casa e deu pasto aos animais. Depois de lavarem os pés, comeram e beberam. Justamente quando estavam no melhor da refeição e se alegravam, alguns homens, filhos de Belial, cercaram a casa. Batendo à porta, gritaram para o velho, dono da casa: “Traga para fora o homem que está aí! Queremos abusar dele!” O dono da casa saiu e falou com eles: “Meus irmãos, não façam essa loucura”, suplicou. “Aquele homem é meu hóspede! Eu trago aqui a minha filha virgem, e a mulher do meu hóspede, e vocês poderão abusar delas como quiserem. Mas não façam essa loucura com o meu hóspede!” Porém eles não deram ouvidos. Então ele entregou a mulher do levita àqueles homens, e eles a violentaram e abusaram dela a noite toda até os primeiros sinais do novo dia, e deixaram a mulher caída junto à porta da casa. Ali ficou largada, até o clarear do dia. Quando o marido se levantou de manhã e abriu a porta da casa e saiu para prosseguir viagem, viu que a mulher, sua concubina, estava caída à porta da casa, com as mãos na soleira da porta. Ele disse à mulher: “Levante-se! Vamos embora!” Mas não obteve resposta. Então o levita ajeitou o corpo dela sobre um dos jumentos, e recomeçou a viagem para a sua casa. Chegando em casa, pegou uma faca e cortou o corpo da sua concubina em doze partes. Depois mandou uma parte para cada tribo de Israel. Os israelitas ficaram revoltados quando souberam o que tinha acontecido. Todos da nação de Israel que viram isso reagiram fortemente contra o crime horroroso praticado por aqueles homens de Benjamim, e exclamavam: “Nunca se viu coisa tão horrível, desde que Israel saiu do Egito! Pensem! Ponderem! Temos de fazer alguma coisa!” Então todos os israelitas, de Dã a Berseba, e de Gileade, do outro lado do Jordão, saíram e se reuniram em assembleia diante do Senhor, em Mispá, como se todos estivessem com um só pensamento. Os oficiais de todo o povo das tribos de Israel se apresentaram na assembleia do povo de Deus, num total de quatrocentos mil soldados, treinados para a guerra. A notícia da convocação dos soldados israelitas em Mispá chegou logo ao conhecimento da tribo de Benjamim. Os israelitas chamaram o marido da mulher que foi morta, e perguntaram: “Conte-nos como ocorreu essa perversidade”. Então o levita, marido da mulher que foi morta, respondeu: “Eu e minha mulher chegamos de noite em Gibeá, cidade situada no território de Benjamim, para passar a noite ali. Naquela mesma noite, os homens de Gibeá cercaram a casa em que estávamos. Queriam matar-me. Eles abusaram da minha concubina, de tal modo que ela morreu! Então, cortei o corpo dela em doze partes, e mandei as partes a todos os territórios de Israel, porque foi terrível e abominável o crime praticado por aqueles homens! Agora, filhos de Israel, peço que me aconselhem o que fazer neste caso!” Como um só homem responderam todos: “Nenhum de nós vai voltar para a sua tenda. Nenhum de nós vai voltar para casa. É isto o que faremos a Gibeá: subiremos contra ela por sorteio de todas as tribos de Israel. Levaremos dez homens de cada cem, e cem de mil, e mil de dez mil, para ficar encarregados da alimentação das tropas, e o restante irá a Gibeá de Benjamim para dar a eles o que merecem pela coisa horrível que fizeram!” Assim toda a nação ficou unida como um só homem para esta ação contra aquela cidade. Então as tribos de Israel enviaram mensageiros à tribo de Benjamim, com este recado: “Vocês têm ideia da coisa horrível que foi cometida no meio de vocês? Agora, entreguem a nós aqueles homens perversos de Gibeá, para que sejam mortos. Assim Israel ficará livre da mancha daquele terrível mal!” Mas o povo de Benjamim não quis dar ouvidos aos seus irmãos israelitas. Em vez disso, ajuntaram-se em Gibeá para batalhar contra os israelitas. Naquele dia convocaram vinte e seis mil soldados, reunidos das várias cidades do território. Eles reforçaram a defesa da cidade de Gibeá, juntando forças com os setecentos melhores soldados daquela cidade. Entre eles existiam setecentos homens muito hábeis; eram canhotos, e conseguiam atirar com a funda e acertar com precisão num fio de cabelo! O exército formado pelas outras tribos de Israel somava quatrocentos mil homens, armados de espadas, todos eles homens de guerra. Antes de atacar, os israelitas foram a Betel, para pedir conselho a Deus. “Que tribo irá na frente para lutar contra Benjamim?”, perguntaram. E o Senhor respondeu: “Judá irá primeiro”. Assim o exército de Israel saiu bem cedo no dia seguinte e armou seu acampamento perto de Gibeá. Os homens de Israel saíram para atacar os homens de Benjamim e posicionaram-se contra eles em Gibeá. Mas os benjamitas que defendiam a cidade reagiram, saíram de Gibeá e mataram vinte e dois mil israelitas naquele dia. Mas os israelitas procuraram animar-se novamente, e os soldados colocaram-se em posição de combate novamente, no mesmo lugar do primeiro dia. Os israelitas subiram e choraram diante do Senhor até o anoitecer, e perguntaram: “ Senhor, devemos continuar lutando contra nosso irmão Benjamim?” E o Senhor respondeu: “Sim! Vocês devem atacar”. Então os israelitas voltaram a enfrentar os benjamitas, no dia seguinte. Também dessa vez saíram a campo os homens de Benjamim, e mataram mais dezoito mil homens, todos eles armados com espadas! Então todos os israelitas subiram até Betel, e ficaram chorando e jejuando na presença do Senhor até a tarde, e apresentaram ao Senhor ofertas queimadas e ofertas de paz. Os homens de Israel consultaram o Senhor. (A arca da aliança do Senhor estava em Betel naqueles dias, e o sacerdote em exercício era Fineias, filho de Eleazar e neto de Arão.) Eles perguntaram: “Devemos sair de novo para guerrear contra o nosso irmão Benjamim, ou devemos desistir?” E o Senhor respondeu: “Vão, porque amanhã eu farei com que vocês vençam”. Então o exército de Israel armou emboscadas ao redor de Gibeá. Ao terceiro dia, avançaram contras os benjamitas usando a mesma formação usada nas vezes anteriores. Quando o exército de Benjamim saiu da cidade para o combate, os israelitas bateram em retirada, perseguidos pelos benjamitas. Dessa forma eles foram sendo levados para longe da cidade. Nessa perseguição, os homens de Benjamim mataram cerca de trinta soldados de Israel em campo aberto, ao longo da estrada que vai para Betel e na estrada que vai para Gibeá. Enquanto os soldados de Benjamim gritavam: “Vejam! Eles estão sendo derrotados como das outras vezes!”, os israelitas diziam: “Vamos fugir e atrair nossos adversários para longe da cidade, para as estradas”. Quando as forças de Israel ocuparam suas posições em Baal-Tamar, a emboscada israelita saiu do seu lugar a oeste da planície de Gibeá. Então dez mil homens escolhidos de todo o Israel atacaram Gibeá. A luta foi violenta. Entretanto, os benjamitas não perceberam que estavam prestes a sofrer uma grande derrota. Então o Senhor derrotou o exército de Benjamim diante de Israel, e naquele dia os israelitas mataram vinte e cinco mil e cem soldados benjamitas, todos armados de espadas. Então os benjamitas viram que foram derrotados. Eis uma narração resumida da batalha: O exército de Israel bateu em retirada, fugindo dos homens de Benjamim, para dar lugar à emboscada que haviam preparado perto de Gibeá. Os soldados que participavam da emboscada avançaram rapidamente na direção de Gibeá, espalharam-se e mataram todos os moradores da cidade, com as suas espadas. O exército israelita e os homens que estavam escondidos e faziam parte da emboscada tinham combinado um sinal: quando vissem uma grande coluna de fumaça subindo ao céu na cidade, então os israelitas que estavam fora se voltariam e atacariam. O exército benjamita já tinha começado a atacar os homens de Israel, e matado cerca de trinta israelitas, e diziam: “Nós os derrotamos como na batalha anterior”. Mas, quando os benjamitas viram os perseguidos voltando para atacar, olharam para trás e viram a nuvem de fumaça, da cidade incendiada. Então os israelitas deram meia-volta, e os benjamitas ficaram aflitos, pois perceberam a calamidade que vinha sobre eles. Assim, fugiram adiante dos israelitas para o deserto, mas foram perseguidos e não conseguiram escapar. Além disso, os homens que faziam parte da emboscada saíram da cidade destruída, e foram atacando e matando os fugitivos pelo outro lado. Cercaram os homens de Benjamim, e os perseguiram até um lugar a leste de Gibeá. Morreram na batalha daquele dia dezoito mil soldados de Benjamim, todos eles soldados valentes. Os restantes fugiram para o deserto, em direção à rocha de Rimom. Mas, durante a fuga, foram mortos cerca de cinco mil homens ao longo das estradas, e, continuando a perseguição, ainda foram mortos mais dois mil homens, até perto de Gidom. Dos homens de Benjamim morreram naquele dia vinte e cinco mil valentes soldados que portavam espadas. Porém seiscentos homens escaparam para o deserto. Eles conseguiram chegar à rocha de Rimom, onde ficaram quatro meses. Então o exército de Israel voltou ao território de Benjamim e matou todos os que restavam, tanto os homens das cidades quanto os animais e tudo quanto encontraram nelas. E incendiaram todas as cidades da região que encontraram! Os homens de Israel fizeram esta promessa solene em Mispá: “Nenhum de nós vai deixar as suas filhas casarem com homens da tribo de Benjamim”. E o povo foi para Betel, e ficaram reunidos na presença de Deus até a tarde. E choraram alto e amargamente. “Ó Senhor, Deus de Israel”, clamaram eles, “por que aconteceu isso com Israel? Por que agora ficamos sem uma das tribos em Israel?” Na manhã seguinte, levantaram cedo, construíram um altar, e nele ofereceram ofertas queimadas e ofertas de paz. E começaram a perguntar uns aos outros: “Será que alguma tribo de Israel deixou de mandar representantes à assembleia realizada na presença do Senhor, em Mispá?” Pois naquela ocasião tinham feito um compromisso solene de que seria morto quem não atendesse à convocação diante do Senhor em Mispá. Todos os israelitas estavam profundamente tristes pelo que acontecera aos seus irmãos benjamitas. “Hoje foi eliminada uma tribo inteira de Israel”, diziam para si mesmos. “E como poderemos conseguir esposas para os poucos homens de Benjamim que sobreviveram, visto que tomamos o Senhor por testemunha de que não deixaríamos nossas filhas casarem com eles?” Depois perguntaram: “Qual das tribos de Israel não atendeu à convocação para reunião feita diante do Senhor, em Mispá?” E verificaram que da cidade de Jabes-Gileade ninguém tinha comparecido à assembleia. Ao contarem o povo, descobriram que nenhum dos moradores de Jabes-Gileade estava lá. Assim mandaram para lá doze mil soldados, dos melhores que tinham. Eles foram com a ordem de matar com a espada todos os moradores de Jabes-Gileade, homens, mulheres e crianças. Eles disseram: “É isto o que vocês deverão fazer: Destruam completamente todos os homens e todas as mulheres, menos as moças virgens, em idade própria para o casamento”. Executada a ordem, os soldados encontraram entre os moradores de Jabes-Gileade quatrocentas moças virgens. Elas foram levadas para o acampamento em Siló, em Canaã. Então Israel mandou mensageiros aos homens de Benjamim que estavam na rocha de Rimom. Cumprindo a missão, os mensageiros proclamaram paz aos sobreviventes. Os homens de Benjamim voltaram junto com os mensageiros, e quatrocentos deles casaram com as jovens trazidas de Jabes-Gileade. Mas o número delas não foi suficiente para todos os benjamitas. Isto despertou outra vez grande tristeza dos israelitas sobre Benjamim, porque o Senhor tinha aberto uma lacuna nas tribos de Israel. Os líderes da congregação disseram: “Que vamos fazer para conseguir esposas para os outros benjamitas? Pois todas as mulheres da tribo de Benjamim foram mortas! Temos de arranjar uma maneira de resolver isso, para evitar que uma tribo inteira desapareça para sempre! Uma coisa não podemos fazer: deixar que nossas filhas casem com eles, porque prometemos isso solenemente, na presença do Senhor. Assim, quem romper a promessa estará debaixo da maldição de Deus!” Nisso alguém lembrou aos demais da festa anual do Senhor, realizada nos campos de Siló, entre Lebona e Betel, ao longo da margem leste da estrada que vai de Betel a Siquém. Então deram a seguinte instrução aos homens de Benjamim: “Vão e fiquem emboscados nas plantações de uvas. Fiquem atentos. Quando as moças de Siló saírem formando as rodas de danças, saiam correndo dos esconderijos e cada um de vocês apodere-se de uma das moças de Siló e vão para as terras de Benjamim. E quando os pais e irmãos delas vierem apresentar queixa, nós diremos a eles: ‘Por favor, tenham compaixão deles! Na guerra contra Jabes-Gileade não conseguimos mulheres suficientes para eles; e vocês são inocentes, visto que não deram as suas filhas a eles em casamento; porque, se fizessem isso, estariam condenados!’ ” Os benjamitas seguiram a orientação dada, e cada um deles raptou uma moça da roda de danças e fugiu com ela para as terras de Benjamim. Ali reedificaram as cidades e moraram nelas. Então os israelitas saíram daquele local e voltaram para casa — cada um para sua tribo, para o seu grupo de famílias e para sua propriedade. Naquele tempo não havia rei em Israel. Cada um fazia o que achava que estava certo. Quando Israel era dirigido pelos juízes, houve fome na terra, e um homem que morava em Belém, em Judá, abandonou o país por causa da fome e foi morar na terra de Moabe. Levou consigo a sua esposa e seus dois filhos. Esse homem chamava-se Elimeleque, e a sua mulher, Noemi; os dois filhos, Malom e Quiliom. Eram efrateus de Belém de Judá. Eles foram para Moabe e ficaram morando ali. Enquanto moravam em Moabe, Elimeleque morreu e Noemi ficou sozinha com seus dois filhos. Os dois jovens, Malom e Quiliom, casaram-se com mulheres de Moabe, uma chamada Orfa e a outra Rute, e ficaram morando lá por quase dez anos. Depois disso, morreram também Malom e Quiliom, e Noemi ficou completamente só, sem o seu marido e sem os dois filhos. Ela decidiu voltar para Israel deixando o território de Moabe, pois tinha ouvido que o Senhor havia abençoado o povo judeu com boas colheitas! As noras foram junto com ela. Assim, ela e as duas noras saíram do lugar onde tinham morado. Enquanto estavam a caminho para a terra de Judá, Noemi disse às suas noras: “Por que vocês não voltam para as casas de suas mães? Eu desejo sinceramente que o Senhor recompense vocês duas por terem sido fiéis aos seus maridos e a mim. Que o Senhor conceda que cada uma de vocês encontre um outro marido”. Noemi beijou suas noras, e elas começaram a chorar em voz alta, e disseram a ela: “Não! Queremos ir com a senhora, viver com o seu povo!” Noemi, porém, respondeu: “É melhor que vocês voltem para seu povo, minhas filhas. Por que viriam comigo? Será que eu poderia ter mais filhos para que se tornassem os seus maridos no futuro? Não, minhas filhas; voltem para suas casas, pois eu já sou velha demais para ter outro marido. E mesmo se eu tivesse marido, e estivesse esperando filhos, vocês iriam esperar até que eles crescessem? Não, é claro que não, minhas filhas! É mais amargo para mim do que para vocês, porque o Senhor voltou-se contra mim!” Choraram juntas mais uma vez, e Orfa se despediu da sogra com um beijo, voltando para a casa de sua família; Rute, porém, insistiu em ficar com Noemi. “Pense bem”, disse Noemi a ela, “sua cunhada voltou ao seu povo e aos seus deuses; volte também com a sua cunhada”. Mas Rute respondeu: “Não insista para que eu a abandone, pois quero ir aonde a senhora for, e viver onde a senhora viver. O seu povo será o meu povo e o seu Deus será o meu Deus! Eu quero morrer onde a senhora morrer e aí desejo ser enterrada. Deus pode fazer o que ele quiser comigo se eu deixar que alguma coisa, senão a morte, me separe da senhora”. Quando Noemi viu que Rute estava decidida e que não havia jeito de convencê-la, não insistiu mais. E partiram. Quando chegaram a Belém, todo o povoado ficou agitado por causa delas. “Será que é Noemi mesmo?”, perguntavam as mulheres. Noemi, porém, lhes dizia: “Não me chamem Noemi; chamem-me Mara. Porque o Deus Todo-poderoso tornou a minha vida amarga! Eu parti cheia de alegria, de mãos cheias, mas o Senhor me trouxe de volta de mãos vazias. Por que então vocês me chamam Noemi, quando Deus me voltou as costas e trouxe tanto sofrimento para mim?” Quando Noemi e sua nora moabita Rute voltaram das terras de Moabe e chegaram a Belém, a colheita de cevada estava começando. Havia em Belém um homem muito rico e influente, parente do grupo de famílias de Elimeleque. O nome desse homem era Boaz. Certo dia, Rute, a moabita, disse a Noemi: “Talvez eu possa ir colher espigas que sobram, no campo de alguma pessoa bondosa”. Noemi respondeu: “Está bem, minha filha. Pode ir”. Rute foi recolher as espigas que sobravam atrás dos ceifeiros. Então, entrou no campo que pertencia a Boaz, parente de Elimeleque. Boaz chegou de Belém enquanto Rute estava em sua propriedade e saudou os trabalhadores: “O Senhor esteja com vocês!” E eles responderam: “O Senhor o abençoe!” Boaz perguntou ao capataz dos ceifeiros: “A quem pertence aquela moça?” “É a moça que veio de Moabe, junto com Noemi”, respondeu o capataz. “Hoje de manhã ela me pediu que a deixasse apanhar as espigas que os trabalhadores deixam cair e não parou de trabalhar, a não ser para um pequeno descanso ali no abrigo”. Boaz foi até onde Rute estava e lhe disse: “Olhe, minha filha, fique aqui para colher conosco; não vá colher em outra lavoura. Fique aqui e siga as mulheres que trabalham para mim. Fique atenta onde os homens estão ceifando, e vá atrás das moças. Eu já dei ordem aos meus empregados para não aborrecerem você. Quando tiver sede, venha e beba das vasilhas que os servos encheram”. Então ela inclinou-se e, prostrada, com o rosto no chão, perguntou a Boaz: “Por que o senhor é tão bom para mim? O senhor deve saber que eu sou apenas uma estrangeira”. “Sim, eu sei”, respondeu Boaz, “e também ouvi falar de todo o amor e bondade que você demonstrou à sua sogra, desde a morte do seu marido Malom; como você deixou o seu pai, sua mãe, e a terra em que você nasceu, para viver com um povo que você não conhecia. Eu desejo que o Senhor, o Deus de Israel, sob cuja proteção você veio se colocar, a recompense ricamente por tudo que você fez!” “Muito obrigada, senhor”, respondeu ela. “O senhor foi tão bom comigo. O senhor me consolou e falou ao coração da sua serva; e eu nem sou sua serva!” Na hora da refeição, Boaz chamou Rute e disse: “Venha, coma conosco, e pegue do pão e molhe-o no vinho”. Assim, ela sentou-se junto aos trabalhadores, e Boaz lhe deu grãos tostados, muito mais do que ela podia comer. Quando ela voltou ao trabalho para colher espigas, Boaz ordenou aos seus empregados: “Deixem Rute colher à vontade, sem incomodá-la, mesmo que ela colha entre os feixes! Quando estiverem colhendo, deixem cair algumas espigas dos feixes para que ela as colha. Não a repreendam”. Assim, Rute trabalhou o dia inteiro; à noite, depois de debulhar a cevada que colhera, havia mais de vinte quilos! Ela levou sua colheita à cidade e a entregou à sua sogra, junto com o que havia sobrado da sua refeição. A sogra perguntou: “Onde foi que você colheu hoje? Onde trabalhou? Que Deus abençoe aquele que foi tão bom com você!” Então Rute contou à sua sogra tudo o que tinha acontecido e disse: O nome do dono do campo em que trabalhei hoje é Boaz”. “Que o Senhor o abençoe! O Senhor continua a ser bondoso para conosco como também foi para os nossos maridos!”, exclamou Noemi emocionada. E acrescentou: “Sabe, esse homem, Boaz, é um de nossos parentes mais chegados, um dos nossos resgatadores”. “Bem”, disse Rute, a moabita, “ele mesmo me disse para voltar e colher junto com os seus empregados até que terminassem toda a colheita”. “Mas isso é maravilhoso!”, exclamou Noemi. “Faça o que ele disse. Fique junto com as empregadas dele durante toda a colheita; lá você estará muito mais segura que em qualquer outro campo onde poderiam molestá-la!” Rute fez o que Noemi sugeriu, e ficou com as servas de Boaz colhendo as espigas, até o fim da colheita de cevada e de trigo. E durante esse tempo, ficou morando com a sua sogra. Certo dia, Noemi, sua sogra, disse a Rute: “Minha filha, acho que está na hora de eu encontrar um marido e um casamento feliz para você. Sabe em quem estou pensando? Boaz, o senhor das servas com quem você esteve! Ele tem sido tão bom para nós, e é um parente próximo. Fiquei sabendo que hoje à noite ele estará debulhando a cevada na eira. Faça o que vou lhe dizer: tome banho, perfume-se e vista a sua melhor roupa. Depois vá até o lugar onde Boaz está trabalhando, mas não deixe que Boaz a veja antes de terminar a refeição. Preste atenção no lugar em que ele vai se deitar. Então aproxime-se, levante a coberta dos pés de Boaz e deite-se ali. Ele dirá a você o que você deve fazer”. Rute respondeu: “Está bem. Vou fazer tudo o que a senhora me disse”. E assim, naquela noite, Rute foi até o lugar onde debulhavam as espigas, seguindo à risca as instruções de sua sogra. Depois de Boaz ter comido e bebido, e estando já um pouco alegre, foi se deitar, perto de um monte de grãos. Caminhando silenciosamente, Rute se aproximou, descobriu os seus pés e se deitou. No meio da noite, Boaz acordou de repente, virou-se e ficou admirado de encontrar uma mulher deitada aos seus pés! “Quem é você?”, perguntou ele, assustado! “Sou eu, senhor, sua serva Rute”, respondeu ela. “Estenda a sua capa sobre a sua serva, pois o senhor é o meu resgatador”. “O Senhor a abençoe, minha filha!”, exclamou Boaz. “Agora você está sendo mais bondosa para Noemi do que foi antes. Naturalmente, você deveria preferir um homem mais jovem, mesmo que ele fosse pobre. Apesar disso, você deixou de lado os seus desejos pessoais. Agora, minha filha, não se preocupe com nada. Eu vou cuidar de todos os detalhes para o casamento, pois toda a cidade sabe que você é uma mulher virtuosa. Existe um problema, porém. É verdade que sou o parente resgatador, mas há outro resgatador que é ainda mais chegado do que eu. Fique aqui durante a noite; pela manhã eu vou procurá-lo e conversar com ele. Se ele quiser resgatá-la, está bem; que a resgate. Mas, se ele não quiser, eu juro pelo Senhor que eu a resgatarei. Agora deite-se e durma até o amanhecer”. Assim, ela ficou deitada aos pés de Boaz até pela manhã, levantando-se antes do sol nascer, para não ser reconhecida, pois Boaz lhe havia dito: “Ninguém deve saber que uma mulher veio até aqui”. “Traga-me a sua capa que está sobre você e segure-a”, disse Boaz a Rute. Ela a segurou e Boaz colocou na capa cerca de vinte e cinco quilos de cevada, como presente para Noemi, e a colocou sobre as costas de Rute, que voltou à cidade. Quando Rute voltou à sua sogra, Noemi lhe perguntou: “Como foram as coisas, minha filha?” Então Rute lhe contou tudo o que aquele homem tinha feito, e acrescentou: “Ele me deu esta cevada, dizendo: ‘Você não vai voltar com as mãos vazias para a sua sogra!’ ” Noemi, então, disse a Rute: “Espere um pouco, minha filha, até ficarmos sabendo o que vai acontecer, porque Boaz não vai descansar antes de resolver esse caso. E ele vai resolvê-lo ainda hoje”. Naquela manhã, Boaz foi até o mercado e lá encontrou o parente resgatador de quem havia falado a Rute. Boaz o chamou e disse: “Meu amigo, venha até aqui e sente-se”. E se sentaram para conversar. Boaz chamou dez líderes da cidade e pediu a eles que servissem como testemunhas. Depois, disse ao resgatador: “Você conhece Noemi, que voltou da terra de Moabe. Ela pôs à venda a propriedade de Elimeleque, nosso irmão. Achei que devia falar com você a respeito disso, para você comprar a terra, tendo como testemunhas esses senhores dignos de confiança. Se você quiser resgatar essa propriedade, resgate-a, porque se não a comprar, eu a comprarei. O direito de comprar a terra pertence a você, e depois a mim”. O homem respondeu: “Está certo. Eu comprarei a propriedade”. Então Boaz lhe disse: “A compra da propriedade de Noemi e da moabita Rute requer também o seu casamento com Rute, para que ela tenha filhos que recebam o nome de seu falecido marido e herdem a terra”. “Se é assim, eu não poderei comprá-la”, respondeu o resgatador. “O filho dela acabaria herdando a minha terra também; você poderá comprá-la. Eu não poderei fazê-lo!” Naquela época, quando alguém transferia o direito de compra, era costume tirar a sandália e entregá-la à outra pessoa; assim os negócios eram oficializados publicamente em Israel. Assim, ao dizer a Boaz: “Você pode comprá-la”, o homem tirou a sandália. Então Boaz disse às testemunhas e ao povo que se tinham juntado à sua volta: “Vocês hoje são testemunhas de que estou comprando de Noemi toda a propriedade de Elimeleque, de Quiliom e de Malom, e também adquiri o direito de me casar com Rute, a moabita, viúva de Malom, para que ela tenha um filho que leve o nome da família de seu falecido marido, e não desapareça dos registros da cidade. Vocês hoje são testemunhas disso!” Todas as pessoas ali reunidas e as dez testemunhas confirmaram: “Somos testemunhas! Que o Senhor faça essa mulher, que hoje se torna parte de sua família, tão fértil quanto Raquel e Lia, das quais descendeu toda a nação de Israel! E que você seja um grande homem em Efrata, e muito famoso em Belém! Desejamos que, através de seu casamento com Rute, o Senhor lhe dê uma família tão grande e ilustre quanto a de nosso antepassado Perez, o filho de Judá e Tamar”. Assim, Boaz e Rute se casaram; Boaz teve relações com ela, e o Senhor permitiu que ela engravidasse e desse à luz um filho. As mulheres de Belém disseram a Noemi: “Louvado seja o Senhor, que hoje não a deixou sem resgatador! Desejamos que ele seja famoso em Israel! Que devolva a você a juventude e que cuide de você quando chegar à sua velhice. Ele é o filho de sua nora que a ama muito, que foi melhor para você do que sete filhos”. Noemi tomou o menino no colo e ficou cuidando dele, e as mulheres da vizinhança disseram: “Depois de tanto tempo, Noemi tem outro filho!”, e deram a ele o nome de Obede. Este foi o pai de Jessé e avô de Davi. Estes são os antepassados de Davi, começando por Perez: Perez gerou Hezrom; Hezrom gerou Rão; Rão gerou Aminadabe; Aminadabe gerou Naasom; Naassom gerou Salmom; Salmom gerou Boaz; Boaz gerou Obede; Obede gerou Jessé; e Jessé gerou Davi. Havia um homem chamado Elcana, da tribo de Efraim, que morava em Ramataim-Zofim, na região das montanhas de Efraim. Elcana era filho de Jeroão; Jeroão era filho de Eliú; Eliú era filho de Toú; e Toú era filho do efraimita Zufe. Elcana tinha duas mulheres: uma se chamava Ana e a outra Penina; Penina tinha filhos; Ana, porém, não tinha. Todos os anos Elcana e sua família faziam uma viagem até o Tabernáculo, em Siló, a fim de adorar ao Senhor dos céus e oferecer sacrifícios a ele. Os sacerdotes que estavam de serviço nesse tempo eram os dois filhos de Eli — Hofni e Fineias. No dia em que Elcana oferecia o seu sacrifício, dava uma parte para Penina e outra para todos os filhos e filhas dela. Mas a Ana ele dava duas vezes mais, porque a amava, apesar de o Senhor a ter deixado estéril. Acontece que Penina piorava a situação, porque provocava Ana continuamente, para deixá-la irritada pelo fato de o Senhor não lhe permitir ter filhos. E todos os anos era a mesma coisa. Penina caçoava de Ana e a provocava quando iam a Siló à casa de Deus; por isso Ana chorava muito, e não tinha vontade de comer. “O que está acontecendo com você, Ana?”, perguntou o marido. “Por que você está chorando e por que não come? Será que eu não sou melhor para você do que dez filhos?” Certo dia, após a refeição da tarde, quando ainda estavam em Siló, Ana foi ao Tabernáculo do Senhor. O sacerdote Eli estava assentado no seu lugar de costume, ao lado da entrada. Ela estava sentindo-se profundamente angustiada e chorava amargamente, enquanto fazia a sua oração ao Senhor. Ana fez este voto, dizendo: “Ó Senhor dos exércitos, se olhar para o meu sofrimento e responder à minha oração dando-me um filho, então dedicarei esse filho ao Senhor; ele será seu por todos os dias que viver, e os seus cabelos e sua barba nunca serão cortados”. Eli percebeu que a boca de Ana se mexia enquanto ela orava em silêncio, do fundo do coração, diante do Senhor, porém Eli não ouvia som algum; então pensou que ela estivesse embriagada e perguntou a ela: “Era preciso vir aqui embriagada? Veja se para de beber vinho!” “Por favor, meu senhor!”, respondeu ela, “não estou embriagada! Estou profundamente angustiada e estava abrindo meu coração diante do Senhor. Não bebi vinho nem bebida fermentada. Não julgue a sua serva como uma mulher vadia; oro assim por sofrer grande angústia e aflição”. “Nesse caso”, disse Eli, “tenha bom ânimo! Levante-se! Vá em paz, e que o Deus de Israel conceda o que você pediu!” “Oh, senhor, muito obrigada!”, Ana exclamou. Então ela voltou feliz e começou a se alimentar de novo. A tristeza desapareceu do seu rosto! A família se levantou bem cedo na manhã seguinte e foi ao Tabernáculo adorar o Senhor. Depois voltaram para casa, em Ramá. Elcana teve relações com Ana, e o Senhor se lembrou dela. Ana ficou grávida e, no devido tempo, teve um filho, e deu a ele o nome de Samuel, dizendo: “Eu o pedi ao Senhor ”. No ano seguinte, Elcana, com toda a sua família, viajou para oferecer o sacrifício anual ao Senhor e para cumprir o seu voto, desta vez sem a companhia de Ana. Ela disse ao seu marido: “Vamos esperar até que o menino esteja desmamado, então eu o levarei e o apresentarei ao Senhor e o deixarei lá para sempre”. Elcana, seu marido, lhe disse: “Está bem, faça como achar melhor. Fique aqui até desmamá-lo. Seja feita a vontade do Senhor ”. E assim ela ficou em casa e criou seu filho até que o desmamou. Então, havendo-o desmamado, apesar de o menino ainda ser muito pequeno, ela o levou à casa do Senhor em Siló; levou também um novilho de três anos para o sacrifício, cerca de trinta litros de farinha e uma vasilha de vinho. Depois do sacrifício do novilho, levaram o menino a Eli. “Meu senhor, lembra-se de mim?”, perguntou Ana ao sacerdote Eli. “Juro por sua vida que sou aquela mulher que esteve aqui aquela vez, orando ao Senhor! Pedi ao Senhor que me desse este filho, e ele atendeu ao meu pedido. Por isso, agora eu o entrego ao Senhor. Por todos os dias em que viver, ele pertencerá ao Senhor, pois ao Senhor foi pedido”. E adoraram ali ao Senhor. Então Ana fez a seguinte oração: “Quanto me alegro no Senhor! Quanta força e bênção ele me tem dado! Agora tenho uma resposta para os meus inimigos, porque me alegro na sua salvação! “Ninguém é tão santo quanto o Senhor! Não há outro Deus, além do Senhor, nem há Rocha alguma como o nosso Deus. Deixem de falar tão orgulhosamente. Não saiam palavras arrogantes da boca de vocês! O Senhor é um Deus sábio. Ele julgará as suas ações. O arco dos fortes foi quebrado! Os que eram fracos, agora são fortes. Os que tinham muito, agora passam fome; Os que passavam fome, agora têm alimento. A mulher que não tinha filhos, agora tem sete; aquela que tinha muitos filhos, agora não tem mais! O Senhor tira a vida, e a dá. Ele faz descer à sepultura e dela faz retornar. O Senhor faz com que alguns fiquem pobres e outros, ricos; a um ele humilha, a outro ele exalta. Do pó ele levanta o necessitado. Sim, de um monte de cinzas ele exalta o pobre, e o trata como príncipe, e o faz sentar num lugar de honra. Porque toda a terra é do Senhor; ele põe ordem no mundo. O Senhor protegerá os homens piedosos, porém os maus serão silenciados na escuridão, pois ninguém será vitorioso pela sua própria força. Os que lutam contra o Senhor serão humilhados; do céu o Senhor troveja contra eles. Ele julga até os confins da terra. Ele dará grande força ao seu rei, e dará grande glória ao seu ungido”. Então Elcana voltou para casa, em Ramá, sem o menino; e Samuel tornou-se servo consagrado ao Senhor, sob a orientação do sacerdote Eli. O filhos de Eli eram homens maus, que não amavam o Senhor. Estavam acostumados a mandar um empregado ficar ali por perto, e quando alguém oferecia sacrifício, o empregado vinha com um garfo grande, de três dentes, e enquanto a carne estava cozinhando, colocava o garfo na panela ou travessa, e o sacerdote ficava com tudo o que vinha no garfo. Era assim que eles tratavam todos os israelitas que vinham a Siló. Às vezes o empregado vinha antes mesmo de queimarem a gordura sobre o altar, e dizia ao homem que estava oferecendo o sacrifício: “Me entregue um pedaço da carne para o sacerdote assar; ele não aceitará de você a carne cozida; ele a quer crua”. Se o homem que oferecia o sacrifício respondesse: “Leve quanto quiser, mas primeiro é preciso queimar a gordura” (conforme a Lei manda), então o empregado respondia: “Não. Ou você me entrega a carne agora, ou eu mesmo a tomo à força”. Assim, aos olhos do Senhor, o pecado desses jovens era muito grande, pois tratavam com desprezo as ofertas que o povo trazia ao Senhor. Embora ainda fosse uma criança, Samuel ministrava diante do Senhor, e vestia um pequeno manto de linho semelhante ao manto sacerdotal. Cada ano a mãe de Samuel fazia para ele uma túnica e a levava para ele quando vinha com o marido para Siló oferecer o sacrifício anual. Antes de voltarem para casa, Eli abençoava Elcana, dizendo: “Que o Senhor dê filhos a você com esta mulher no lugar deste que ela pediu e entregou ao Senhor ”. E o Senhor abençoou Ana; ela engravidou e deu à luz três filhos e duas filhas. Enquanto isso, Samuel crescia, diante do Senhor. Eli já estava muito velho, mas ele sabia o que seus filhos faziam a todo o Israel e como conquistavam e tinham relações com as mulheres que prestavam serviço à entrada do Tabernáculo. Então ele lhes disse: “Por que vocês fazem estas coisas? De todo povo tenho ouvido o mal que vocês têm praticado. Parem com isso, meus filhos. Tenho ouvido o povo do Senhor falar coisas terríveis a respeito de vocês”. Quando um homem pecar contra outro homem, os juízes o julgarão; mas se o homem pecar contra o Senhor, quem intercederá por ele?” Porém, seus filhos não deram atenção ao que ele lhes dizia, porque o Senhor já tinha decidido matá-los. O pequeno Samuel ia crescendo e era estimado pelo Senhor e pelas pessoas. Um dia veio a Eli um homem de Deus com este recado da parte do Senhor: “Por acaso não manifestei claramente o meu poder à família de seu pai quando eles eram escravos no Egito, sob o domínio do faraó? Não escolhi seu pai Levi, entre todas as tribos de Israel, para ser o meu sacerdote e sacrificar sobre o meu altar, queimar incenso e usar um manto sacerdotal quando estivesse prestando serviço diante de mim? E não dei à família de seu pai, os sacerdotes, as ofertas queimadas trazidas pelo povo? Por que, então, vocês são tão gananciosos e querem todas as ofertas que são trazidas a mim? Por que você, Eli, tem honrado mais a seus filhos do que a mim, pois você e eles engordaram comendo o melhor das ofertas feitas por Israel, o meu povo?” “Portanto, eu, o Senhor, o Deus de Israel, declaro que embora tenha prometido que a sua família, da tribo de Levi, sempre seria a família dos meus sacerdotes, agora vejo que é impossível permitir que continuem a fazer o que fazem. Honrarei aqueles que me honram, e desprezarei aqueles que me desprezam. Acabarei com a sua família, de modo que ela não me prestará mais serviço como sacerdotes. Cada membro da sua família morrerá antes do tempo. Ninguém chegará a envelhecer. Você terá inveja da prosperidade que darei ao meu povo. Mas você e sua família estarão em aflição e necessidade na casa de Deus e ninguém da sua casa ficará velho. E todos os descendentes que sobreviverem, que eu não eliminar do meu altar, viverão em tristeza e angústia; e seus filhos morrerão quando estiverem com toda a força. “E para provar que aquilo que eu disse vai acontecer, farei com que seus dois filhos, Hofni e Fineias, morram no mesmo dia! Então farei surgir um sacerdote fiel que estará a meu serviço e agirá de acordo com o meu coração e a minha mente. Abençoarei os seus descendentes para sempre, e ele servirá sempre diante do meu rei ungido. Então, todos os seus descendentes se curvarão diante dele, mendigando dinheiro e alimento. ‘Por favor’, eles implorarão, ‘arranje-me um trabalho entre os sacerdotes, de maneira que eu tenha pelo menos o que comer’ ”. Enquanto isso, Samuel servia ao Senhor como assistente de Eli. Naqueles dias eram muito raras as mensagens e visões que vinham do Senhor. Porém, certa noite, depois que Eli tinha ido deitar-se em seu lugar de costume (com sua idade avançada, Eli estava quase cego), Samuel dormia no templo do Senhor, perto da arca. A lâmpada de Deus ainda não se havia apagado. Então o Senhor chamou: “Samuel! Samuel!” “Estou aqui!”, respondeu Samuel. Ele levantou-se e correu ao quarto de Eli e disse: “Aqui estou. O senhor me chamou?”, perguntou Samuel. “Não o chamei”, disse Eli. “Volte para a cama”. E ele voltou e deitou-se. Então o Senhor o chamou novamente: “Samuel!” E de novo Samuel se levantou e correu ao quarto de Eli e disse: “Aqui estou! O senhor me chamou?” “Não, eu não chamei você, meu filho”, disse Eli. “Volte e deite-se novamente”. Antes disso, Samuel não conhecia a voz de Deus porque nunca tinha recebido uma mensagem do Senhor. E o Senhor chamou Samuel pela terceira vez, e mais uma vez ele se levantou e foi ao quarto de Eli e disse: “Aqui estou. O senhor me chamou?” Então Eli entendeu que era o Senhor que tinha falado ao menino. Por isso ele disse a Samuel: “Vá deitar-se; e se alguém o chamar novamente, responda: ‘Pronto, pode falar, Senhor, pois o seu servo está ouvindo’ ”. E Samuel voltou a deitar-se. E o Senhor voltou a chamá-lo como nas outras vezes: “Samuel! Samuel!” E Samuel respondeu: “Fale, o seu servo está ouvindo!” Então o Senhor disse a Samuel: “Vou fazer uma coisa em Israel que vai deixar todo o povo apavorado. Vou cumprir o que disse a Eli que faria à sua casa, do início ao fim. Não é de hoje que venho dizendo a Eli que julgarei a sua família para sempre, por causa dos pecados dos seus filhos, dos quais ele tinha conhecimento. Seus filhos não me respeitaram, e Eli não os repreendeu. Por isso jurei à casa de Eli que nenhum sacrifício ou oferta queimada apagará a culpa dos seus pecados”. Samuel ficou deitado até que amanheceu o dia, e então abriu as portas da casa do Senhor, como de costume; porém estava com medo de contar a Eli o que o Senhor lhe havia dito. Mas Eli o chamou e disse: “Samuel, meu filho”. E Samuel respondeu: “Estou aqui!” Então Eli perguntou: “O que foi que o Senhor disse a você? Conte-me tudo. Não me esconda nada. Que o Senhor o castigue de maneira severa, se você esconder de mim alguma coisa do que ele falou a você”. Então Samuel contou a Eli tudo o que o Senhor tinha falado e não lhe escondeu nada. Eli disse: “Ele é o Senhor; que ele faça segundo a sua vontade”. À medida que Samuel crescia, o Senhor estava com ele e fazia com que se cumprisse tudo o que ele dizia. E todo o Israel, desde Dã até Berseba, reconhecia que Samuel era um profeta do Senhor. E o Senhor continuava a aparecer a Samuel em Siló, e revelava a sua palavra a ele. E a palavra de Samuel era respeitada por todo o povo de Israel. Naqueles dias, os israelitas saíram à guerra contra os filisteus. O exército israelita estava acampado perto de Ebenézer e os filisteus acamparam em Afeque. Os filisteus se colocaram em formação de batalha, enfrentaram Israel e, travada a batalha, derrotaram Israel, matando cerca de quatro mil soldados israelitas. Terminada a batalha, o exército de Israel voltou ao seu acampamento, e os anciãos de Israel perguntaram: “Por que o Senhor permitiu que os filisteus nos derrotassem?” E continuaram: “Vamos trazer a arca da aliança do Senhor que está em Siló. Se ela estiver conosco no campo de batalha, o Senhor estará em nosso meio e nos salvará dos nossos inimigos”. E assim mandaram buscar a arca da aliança do Senhor dos Exércitos, que está assentado num trono entre os querubins. Hofni e Fineias, os dois filhos de Eli, acompanharam a arca da aliança de Deus ao campo de batalha. Quando os israelitas viram a arca da aliança do Senhor chegando, soltaram gritos de alegria tão altos que fizeram o chão tremer! Os filisteus, ouvindo os gritos, perguntaram: “O que é que significam todos esses gritos de alegria no acampamento dos hebreus?” Quando souberam que a arca da aliança do Senhor tinha chegado ao acampamento, os filisteus ficaram apavorados e diziam: “Os deuses vieram ao acampamento deles! Ai de nós, pois nunca tivemos de enfrentar uma coisa dessas antes! Ai de nós! Quem pode salvar-nos desses deuses poderosos de Israel? São os mesmos deuses que destruíram os egípcios com pragas, quando Israel estava no deserto. Lutem como nunca lutaram antes, ó filisteus, ou vocês se tornarão escravos deles, assim como eles se tornaram nossos escravos. Sejam homens e lutem!” Então os filisteus lutaram, e Israel sofreu nova derrota, e fugiram para as suas tendas. Houve grande matança, pois trinta mil homens de Israel morreram naquele dia. A arca de Deus foi tomada pelos filisteus, e Hofni e Fineias, filhos de Eli, foram mortos. Um homem da tribo de Benjamim saiu correndo do campo de batalha e chegou a Siló no mesmo dia, com as roupas rasgadas e pó sobre a cabeça, como sinal de tristeza. Eli estava à beira da estrada, esperando para ouvir as notícias da batalha, pois o coração dele tremia pela segurança da arca de Deus. Quando o mensageiro da frente de batalha entrou na cidade e contou o que havia acontecido, toda a cidade começou a gritar. “Que alvoroço é esse?”, perguntou Eli. O mensageiro correu ao encontro de Eli e contou tudo o que havia acontecido. Eli estava com noventa e oito anos de idade, e seus olhos estavam tão escurecidos que já não conseguia enxergar. “Acabo de chegar do campo de batalha; fugi de lá hoje”, disse a Eli. Eli perguntou: “O que foi que aconteceu, meu filho?” O mensageiro respondeu: “Israel foi derrotado diante dos filisteus e milhares de soldados israelitas foram mortos no campo de batalha. Os seus dois filhos, Hofni e Fineias, também morreram, e a arca de Deus foi tomada”. Quando o mensageiro mencionou o que tinha acontecido à arca de Deus, Eli caiu da cadeira para trás, ao lado do portão, e com a queda quebrou o pescoço e morreu, pois Eli era muito velho e pesado. Durante quarenta anos ele havia sido juiz em Israel. A nora de Eli, mulher de Fineias, estava grávida e perto de dar à luz. Quando ela ouviu a notícia de que os filisteus tinham tomado a arca de Deus e que seu marido e seu sogro estavam mortos, imediatamente entrou em trabalho de parto e deu à luz, mas não resistiu às dores do parto. Pouco antes de morrer, as mulheres que a atendiam disseram: “Não tenha medo! Você teve um menino”. Porém ela não respondeu, nem deu sinal de vida. Antes de morrer, só conseguiu falar, com muita dificuldade, o seguinte: “Chamem o menino de Icabode, pois acabou a glória de Israel”. Ela deu esse nome ao menino porque a arca de Deus tinha sido tomada e por causa da morte do seu marido e do seu sogro. Os filisteus tomaram a arca de Deus e a trouxeram do campo de batalha em Ebenézer, para Asdode, e a colocaram no templo de Dagom, junto de sua estátua. Mas quando os moradores de Asdode foram ver a arca do Senhor, na manhã seguinte, a estátua de Dagom estava caída, com o rosto voltado para o chão, diante da arca do Senhor! Então eles levantaram a estátua de Dagom e a puseram em pé no seu lugar. Mas, na manhã seguinte, quando se levantaram de madrugada, havia acontecido a mesma coisa — Dagom estava caído diante da arca do Senhor! Desta vez a cabeça e as mãos da estátua estavam separadas do corpo, caídas junto à porta de entrada; só ficou o tronco da imagem. É por esse motivo que até hoje, nem os sacerdotes de Dagom nem os seus adoradores pisam no batente da porta ao entrarem no templo de Dagom, em Asdode. Então a mão do Senhor começou a pesar sobre o povo de Asdode e dos povoados vizinhos com uma praga de tumores. Quando o povo de Asdode viu o que estava acontecendo, exclamou: “Não podemos mais ficar com a arca do Deus de Israel. Ele vai pesar a sua mão sobre todos nós e sobre o nosso deus Dagom”. Então convocaram uma reunião com os governantes das cinco cidades dos filisteus e lhes perguntaram: “O que faremos com a arca do Deus de Israel?” Eles responderam: “Levem a arca do Deus de Israel para Gate”. Então os filisteus a levaram para lá. Mas quando a arca chegou lá, o Senhor começou a castigar a população daquela cidade. Ele feriu o povo daquela cidade, jovens e velhos, com uma epidemia de tumores, e o povo ficou em completo desespero. Por isso mandaram a arca de Deus para Ecrom, mas quando o povo de Ecrom viu que ela se aproximava, começaram a gritar: “Estão trazendo a arca do Deus de Israel para cá, para matar a nós e os nossos filhos!” Então reuniram de novo todos os governantes dos filisteus e imploraram: “Mandem embora a arca do Deus de Israel; que volte para o seu lugar; para que o povo filisteu não morra”, pois muitas pessoas já estavam afetadas pela epidemia, e a cidade inteira tremia de medo. As pessoas que não morreram estavam gravemente enfermas pelos tumores, e a lamentação da cidade subiu até o céu. A arca do Senhor permaneceu sete meses na terra dos filisteus. Então os filisteus chamaram seus sacerdotes e adivinhos e perguntaram: “O que vamos fazer com a arca do Senhor? Digam-nos como devemos mandá-la de volta para a sua própria terra?” Eles responderam: “Se vocês devolverem a arca do Deus de Israel, não a devolvam simplesmente, mas mandem de volta com uma oferta pela culpa. Dessa maneira vocês serão curados, e saberão por que o Deus de Israel mandou a epidemia sobre vocês”. “Que oferta pela culpa devemos mandar?”, os filisteus perguntaram. E os sacerdotes e adivinhos responderam: “Mandem cinco modelos de ouro dos tumores causados pela epidemia, e cinco modelos de ouro dos ratos que vêm arruinando toda a terra, de acordo com o número de governantes filisteus, visto que a mesma praga atingiu vocês e os seus governantes. Façam imagens dos tumores e dos ratos que andam castigando vocês e deem louvores ao Deus de Israel. Talvez ele pare de castigar vocês, e os deuses que vocês adoram, e a terra de vocês. Não sejam teimosos e rebeldes como o faraó e os egípcios. Eles não quiseram permitir que Israel saísse, até que Deus os destruiu com pragas horrorosas. “Agora construam um carroça nova e peguem duas vacas novas que deram crias, mas que nunca antes puxaram uma carroça; amarrem-nas à carroça, mas os bezerrinhos vocês levem para casa e prendam no curral. Coloquem a arca do Senhor sobre a carroça, ao lado de uma caixa com as ofertas pela culpa, com os modelos de ouro dos ratos e dos tumores, e deixem que as vacas sigam pelo caminho. Fiquem observando. Se elas cruzarem a fronteira de nossa terra e se dirigirem para Bete-Semes, então saberemos que foi o Senhor que trouxe este grande castigo sobre nós. Se não seguirem e voltarem a seus bezerros, então saberemos que não foi a sua mão que nos tocou, e que a praga foi simples coincidência”. E o povo fez conforme as instruções recebidas. Pegaram duas vacas com os bezerrinhos novos, amarraram-nas a uma carroça, e seus bezerros ficaram presos no curral. Depois colocaram na carroça a arca do Senhor e a caixa com as imitações de ouro dos ratos e dos tumores. E de fato as vacas seguiram diretamente pela estrada que vai para Bete-Semes, e iam mugindo por todo o caminho enquanto puxavam a carroça; não se desviaram nem para a direita nem para a esquerda. Os governantes filisteus foram atrás delas até as fronteiras de Bete-Semes. Os moradores de Bete-Semes estavam colhendo trigo no vale e, quando viram a arca, gritaram de muita alegria! A carroça entrou no campo de um homem chamado Josué, e parou ao lado de uma grande pedra. Então o povo cortou em pedaços a madeira da carroça para fazer fogo, matou as vacas, e as ofereceu como sacrifício queimado ao Senhor. Diversos homens da tribo de Levi retiraram a arca do Senhor e a caixa da carroça e as colocaram sobre a grande pedra. Naquele dia, o povo de Bete-Semes ofereceu sacrifícios queimados, e outros sacrifícios ao Senhor. Depois que os cinco governantes filisteus viram tudo aquilo, voltaram a Ecrom naquele mesmo dia. Os cinco modelos de ouro dos tumores, enviados pelos filisteus como oferta ao Senhor pela culpa, eram presentes dos governantes das principais cidades, ou seja: Asdode, Gaza, Ascalom, Gate e Ecrom. O número de ratos de ouro era para oferta a Deus pela culpa das outras cidades dos filisteus, que pertenciam aos cinco governantes, tanto as cidades fortificadas como os povoados do interior. A grande rocha sobre a qual puseram a arca do Senhor ainda pode ser vista em Bete-Semes, no campo de Josué, até o dia hoje. Porém, o Senhor matou setenta homens de Bete-Semes, porque olharam para dentro da arca do Senhor. E o povo chorou por causa das muitas pessoas que foram mortas pelo Senhor. “Quem pode estar perante o Senhor, este Deus santo?”, clamaram. “A quem enviaremos a arca para que fique longe de nós?” Assim, mandaram mensageiros ao povo de Quiriate-Jearim, dizendo: “Os filisteus devolveram a arca do Senhor. Desçam até aqui e levem a arca”, eles imploraram. Então os homens de Quiriate-Jearim vieram e levaram a arca do Senhor para a casa de Abinadabe, que fica numa colina; depois consagraram a seu filho Eleazar para tomar conta da arca do Senhor. A arca permaneceu em Quiriate-Jearim por vinte anos, e durante esse tempo o povo todo de Israel vivia em grande tristeza porque parecia que o Senhor tinha abandonado o seu povo. Então Samuel disse ao povo: “Se, de fato, vocês desejam voltar ao Senhor de todo o coração, joguem fora os seus deuses estrangeiros e as suas imagens de Asterote e consagrem-se ao Senhor. Tomem a decisão de servir somente ao Senhor; então ele livrará vocês das mãos dos filisteus”. Assim, os filhos de Israel destruíram suas imagens de Baal e de Asterote, e adoraram somente ao Senhor. Samuel disse mais a eles: “Venha todo o povo de Israel a Mispá, e eu orarei ao Senhor a favor de vocês”. Então eles se reuniram em Mispá, numa grande cerimônia, tiraram água do poço e a derramaram perante o Senhor. Jejuaram o dia todo como sinal de arrependimento, e disseram: “Temos pecado contra o Senhor ”. E foi em Mispá que Samuel se tornou juiz de Israel. Quando os filisteus souberam que os israelitas haviam se reunido em Mispá, os governantes dos filisteus chamaram os seus soldados e avançaram. Os israelitas ficaram com muito medo quando souberam que os filisteus estavam se aproximando. “Não pare de clamar ao Senhor para que nos salve dos filisteus!”, imploravam a Samuel. Então Samuel pegou um cordeiro que ainda mamava e o ofereceu como sacrifício queimado ao Senhor, e clamou ao Senhor para que ajudasse Israel. E o Senhor o atendeu. Enquanto Samuel oferecia o sacrifício queimado, os filisteus chegaram para guerrear, mas o Senhor falou por meio de uma poderosa voz de trovão que vinha do céu. Houve tremenda confusão, e eles ficaram em pânico, e foram derrotados pelos israelitas. Os soldados de Israel foram atrás deles desde Mispá até perto de Bete-Car, matando todos ao longo do caminho. Então Samuel pegou uma pedra e a colocou entre Mispá e Sem, e deu a essa pedra o nome de Ebenézer, porque ele disse: “Até aqui o Senhor nos ajudou!” Assim os filisteus foram dominados e não invadiram mais o território de Israel. A mão do Senhor esteve contra os filisteus enquanto Samuel viveu. As cidades israelitas que os filisteus haviam conquistado foram devolvidas a Israel, desde Ecrom até Gate, pois o exército israelita as livrou das mãos dos filisteus. E houve também paz entre Israel e os amorreus naqueles tempos. Samuel continuou como juiz de Israel pelo restante de sua vida. De ano em ano viajava pelo país, e estabelecia seu tribunal para resolver as questões de Israel, primeiro em Betel, depois em Gilgal e depois em Mispá. Depois ele retornava a Ramá, onde ficava a sua casa, e ali também Samuel julgava os casos que lhe eram apresentados. Em Ramá ele construiu um altar ao Senhor. Quando ficou idoso, Samuel nomeou seus filhos como juízes em seu lugar. Seu filho mais velho chamava-se Joel, e o segundo, Abias. Eles foram juízes em Berseba, porém eles não eram como seu pai, pois tinham muita cobiça por dinheiro. Aceitavam dinheiro para favorecer alguns e prejudicar outros, e eram corruptos. Por fim, os chefes de Israel se reuniram em Ramá, a fim de discutir o problema com Samuel. Disseram a Samuel: “O senhor já está idoso, e seus filhos não são homens de bem. Escolha um rei para nós para que nos lidere. Veja, todas as outras nações têm seu rei”. Quando, disseram: “Escolha um rei para que nos lidere”, isso desagradou a Samuel e ele orou ao Senhor pedindo conselho. “Faça tudo o que eles pedem”, respondeu o Senhor, “pois é a mim que rejeitam, não a você. Eles não querem mais que eu seja o Rei deles. Desde que os tirei do Egito, eles têm me abandonado continuamente e seguido outros deuses. E agora tratam você da mesma maneira. Faça conforme eles pedem, mas também não deixe de adverti-los, com toda a seriedade, de quais são os direitos que o rei terá sobre eles!” Assim, Samuel contou ao povo o que o Senhor tinha dito, dizendo: “Já que vocês insistem em ter um rei, estes serão os direitos que o rei que governará sobre vocês terá: Ele convocará os seus filhos, para servi-lo em seus carros de guerra e como seus cavaleiros, e eles terão de correr na frente dos carros do rei. Ele colocará alguns para chefiar os soldados do rei na guerra, alguns serão chefes sobre mil, outros chefes de cinquenta; outros trabalharão e cultivarão os campos do rei e farão as colheitas; outros fabricarão armas para os soldados e equipamento para os carros de combate. Ele vai tomar suas filhas para serem perfumistas, cozinheiras e padeiras. Tomará de vocês o melhor dos seus campos, das suas plantações de uvas e dos olivais e dará essas propriedades aos seus servos. Tomará a décima parte das colheitas de cereais, e da colheita das uvas de vocês, e as dará aos seus oficiais e a seus servos. O rei também tomará de vocês os seus servos e as servas, além dos jovens mais excelentes, e o melhor do gado e dos jumentos. Vocês terão de entregar a ele a décima parte dos seus rebanhos, e vocês mesmos serão escravos do rei. Naquele dia, vocês vão chorar lágrimas amargas por causa desse rei que vocês mesmos estão exigindo, mas o Senhor não virá ajudar vocês”. Porém, o povo não quis atender ao aviso de Samuel, e disse: “Mesmo assim, queremos um rei, porque desejamos ser iguais às nações ao nosso redor. Ele nos governará e nos conduzirá à guerra”. Samuel contou ao Senhor o que o povo havia dito, e o Senhor respondeu novamente: “Então faça conforme eles pedem; dê um rei a eles”. Então Samuel disse aos israelitas: “Voltem cada um para a sua cidade”. Quis era um homem rico e de grande influência da tribo de Benjamim. Quis era filho de Abiel, neto de Zeror, bisneto de Becorate e trineto de Afia. Ele tinha um filho chamado Saul, jovem e de boa aparência. Não havia outro jovem de melhor aparência entre os israelitas; era mais alto do que qualquer outro homem daquele povo. Um dia, as jumentas de Quis, pai de Saul, se perderam, e ele disse a Saul: “Leve com você um dos servos e vá procurar as jumentas”. Eles andaram por toda a região das montanhas de Efraim, e pela região de Salisa, mas não as acharam; depois foram à região de Saalim, percorreram toda a terra de Benjamim e não encontraram os animais em parte alguma. Finalmente, depois de procurar na terra de Zufe, Saul disse ao servo: “Vamos voltar para casa; a estas horas meu pai já deve estar mais preocupado conosco do que com as jumentas!” Porém o servo respondeu: “Acabo de pensar numa coisa! Nesta cidade mora um homem de Deus; todo o povo daqui tem muita consideração por ele, porque tudo quanto ele diz acontece. Vamos ver se o encontramos e talvez ele nos diga onde estão os animais que procuramos”. “Mas não temos nada com que pagar esse homem”, respondeu Saul. “Até o nosso alimento se acabou, e não temos nenhum presente para dar ao homem de Deus. O que temos para oferecer?” “Bem”, disse o servo, “tenho aqui três gramas de prata. Pelo menos podemos oferecer esse dinheiro a ele, e ver se ele nos mostra o caminho!” (Antigamente em Israel, quando alguém ia consultar Deus, dizia: “Vamos ao vidente”, porque naquela época o profeta era chamado de vidente.) Saul concordou: “Está bem. Vamos!” E assim, foram para a cidade onde morava o homem de Deus. Quando subiam a colina em direção à cidade, viram algumas jovens que estavam saindo para tirar água. Então perguntaram a elas: “O vidente está na cidade?” “Sim”, responderam as jovens; “continuem por esta estrada. Ele mora logo depois da entrada da cidade. Ele acaba de voltar de uma viagem, para tomar parte num sacrifício público no alto da montanha. Por isso, apressem-se para encontrá-lo antes que ele suba ao altar do monte para comer. O povo não comerá enquanto o vidente não chegar e abençoar o alimento. Vão agora e vocês o encontrarão”. E assim eles foram para a cidade e, quando entravam pela porta, viram Samuel que saía na direção deles e se dirigia para o lugar de culto. No dia anterior, o Senhor já havia revelado isso a Samuel: “Amanhã, a esta hora, vou enviar a você um homem da terra de Benjamim. Você deve derramar óleo sobre a cabeça dele, como sinal de que ele será o líder sobre Israel, o meu povo. Esse homem livrará o meu povo das mãos dos filisteus, pois tenho visto o sofrimento do meu povo e ouvido o seu clamor”. Quando Samuel viu Saul, o Senhor disse: “Esse é o homem de quem lhe falei! Ele governará o meu povo”. Nesse instante, Saul se aproximou de Samuel na entrada da cidade e perguntou: “Pode me dizer, por favor, onde é a casa do vidente?” “Eu sou o vidente!”, respondeu Samuel. “Suba até o lugar de culto adiante de mim e comeremos juntos. Pela manhã eu lhe direi o que você deseja saber, e indicarei o caminho a seguir. E não se preocupe com as jumentas que se perderam há três dias, porque já foram encontradas. A quem pertencerá tudo o que é precioso em Israel, senão a você e toda a família do seu pai?” “Mas, senhor”, respondeu Saul, “não sou eu da tribo de Benjamim, a menor das tribos de Israel, e o meu grupo de famílias é o menos importante de todos os grupos de famílias da tribo de Benjamim? Então, por que o senhor está dizendo essas coisas a meu respeito?” Então Samuel levou Saul e seu empregado para a grande sala e os fez assentar à cabeceira da mesa, dando-lhes lugar de honra entre os convidados, que eram cerca de trinta homens. Samuel ordenou ao cozinheiro-chefe: “Traga o pedaço de carne que eu pedi para colocar à parte e que era para ser preparado para o convidado de honra”. Então o cozinheiro-chefe trouxe o pedaço de carne e o colocou diante de Saul. “Aqui está o que foi reservado. Por favor, coma”, disse Samuel, “pois eu estava guardando esse pedaço para você, antes mesmo de haver convidado esses outros!” Assim Saul comeu na companhia de Samuel. Depois que desceram do monte para a cidade, Samuel levou Saul para o terraço da casa, e ali conversaram por algum tempo. Ao amanhecer do dia seguinte, Samuel chamou Saul no terraço e disse: “Levante-se; já está na hora de você partir! Eu o acompanharei”. Saul levantou-se, e Samuel o acompanhou até a saída da cidade. Ao chegarem até a saída da cidade, Samuel disse a Saul que mandasse o seu empregado prosseguir, e então disse a Saul: “Espere mais um instante, para que eu transmita uma mensagem especial da parte de Deus”. Samuel pegou um vaso de azeite e o derramou sobre a cabeça de Saul, beijou-o e disse: “Faço isto porque o Senhor ungiu você para ser o líder de Israel, o seu povo! Quando você partir, vai ver dois homens ao lado do túmulo de Raquel, em Zelza, na terra de Benjamim; eles lhe dirão que as jumentas já foram encontradas, e que seu pai deixou de se importar com elas e está preocupado com a sua demora, e pergunta: ‘O que posso fazer para encontrar o meu filho?’ “E quando você chegar ao carvalho de Tabor, verá três homens vindo em sua direção; eles estão a caminho de Betel, onde vão adorar a Deus no altar que existe ali. Um deles estará levando três cabritos, outro estará levando três pães, e o terceiro uma vasilha de vinho. Eles vão cumprimentá-lo e oferecerlhe dois pães, que você deverá aceitar. “Depois disso você irá a Gibeá-Eloim, também conhecido como ‘Monte de Deus’, onde se encontra uma tropa dos filisteus que guarda a cidade. Ao chegar lá, você encontrará um grupo de profetas descendo do monte; eles virão tocando saltérios, tambores, flautas e harpas, e eles também profetizarão. “Nesse momento, o Espírito do Senhor virá poderosamente sobre você, e você profetizará com eles e será transformado em uma nova pessoa. Assim que esses sinais se cumprirem, tome as decisões que parecerem certas para você, pois o Senhor estará com você. “Vá a Gilgal e espere ali por mim durante sete dias, pois eu irei lá a fim de oferecer os sacrifícios queimados e os sacrifícios de paz. Quando chegar, eu lhe darei outras instruções”. Quando Saul se despediu e virou as costas para se afastar dele, Deus mudou o coração de Saul, e todos os sinais profetizados por Samuel se cumpriram naquele dia. No momento em que Saul e o empregado chegaram a Gibeá, viram os profetas que vinham ao encontro deles, e o Espírito de Deus se apossou de Saul, e ele também começou a profetizar no meio deles. Quando seus amigos souberam disso, exclamaram: “O que aconteceu ao filho de Quis? Saul agora também é profeta?” E um homem dali acrescentou: “E quem é o pai deles?” Daí teve origem o provérbio: “Saul também está entre os profetas?” Tendo Saul acabado de profetizar, subiu ao monte onde estava o altar. “Por onde vocês andaram?”, perguntou o tio de Saul. E Saul respondeu: “Saímos para procurar as jumentas, mas não conseguimos encontrálas; então fomos ao profeta Samuel”. “E que foi que Samuel disse?”, perguntou o tio. “Ele disse que as jumentas já tinham sido encontradas”, respondeu Saul. Porém ele não contou ao tio que Samuel o tinha ungido rei! Samuel mandou que todo o povo de Israel se reunisse em Mispá, e deu ao povo este recado: “Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: ‘Eu tirei Israel do Egito e livrei vocês do poder dos egípcios e de todas as nações que maltrataram vocês’. Mas apesar de ter feito tudo isso em favor de vocês, ainda assim rejeitaram o Deus que os salva de todas as suas desgraças e angústias, e disseram: ‘Preferimos ter um rei!’ Por isso, apresentem-se, diante do Senhor, de acordo com as suas tribos e grupos de famílias”. Assim Samuel reuniu todas as tribos de Israel diante do Senhor, e a tribo de Benjamim foi escolhida por sorteio. Então Samuel fez chegar a tribo de Benjamim, diante do Senhor, grupo de família por grupo de família, e a família de Matri foi escolhida. E, finalmente, foi sorteado Saul, filho de Quis. Mas quando o procuraram, não o encontraram! Por isso consultaram novamente o Senhor: “Ele está aqui entre nós?” E o Senhor respondeu: “Saul está escondido no meio da bagagem”. Eles correram e o trouxeram de lá. Quando ficou em pé no meio do povo, ele era maior do que todos do povo; os mais altos do povo só lhe chegavam aos ombros. Então Samuel disse a todo o povo: “Vocês estão vendo o homem que o Senhor escolheu? Pois em todo o povo não há ninguém semelhante a ele!” E o povo gritou: “Viva o rei!” Samuel repetiu então ao povo os direitos e obrigações de um rei, e escreveu-os num livro e colocou esse livro num lugar especial perante o Senhor. Depois Samuel mandou que todos voltassem para casa. Quando Saul voltou para sua casa em Gibeá, Deus tocou o coração de um grupo de homens valentes que foram com Saul. Havia, porém, alguns vadios que exclamavam: “Como este homem pode salvar-nos?” E desprezaram Saul e não lhe trouxeram presente algum. Porém Saul não lhes deu ouvidos. Então Naás avançou com o exército amonita contra a cidade israelita de Jabes-Gileade, e a cercou. Porém, os moradores de Jabes disseram a ele: “Vamos fazer um acordo, e nós seremos seus servos”. Todavia, Naás, o amonita, respondeu: “Farei um acordo com vocês, mas somente sob uma condição: ‘Arrancarei o olho direito de todos vocês, como vergonha para todo o Israel!’ ” Então as autoridades de Jabes disseram a ele: “Dê-nos sete dias para ver se conseguimos algum auxílio mandando mensageiros para o restante de Israel; se nenhum dos nossos irmãos vier salvar-nos, aceitaremos suas condições”. Quando os mensageiros chegaram a Gibeá, a cidade onde Saul morava, relataram ao povo a respeito da situação em que se encontravam os moradores de Jabes. E todos começaram a chorar em voz alta. Saul estava arando a terra no campo com dois bois e, quando voltou à cidade, perguntou: “O que há com o povo? Por que toda essa gente está chorando?” Então contaram a ele a respeito da mensagem que veio de Jabes. Então o Espírito de Deus tomou conta de Saul e, ao ouvir essas coisas, ele ficou furioso. Pegou dois bois e os cortou em pedaços e mandou mensageiros levarem os pedaços por todo o território de Israel. “Isto é o que vai acontecer aos bois de todo aquele que não quiser seguir Saul e Samuel na batalha!”, anunciou Saul. E Deus fez com que o povo temesse ao Senhor, e todos vieram a ele com um só pensamento. Quando Saul contou os homens em Bezeque, viu que havia trezentos mil homens de Israel, além de trinta mil homens de Judá. Em vista disso, mandou os mensageiros de volta a Jabes-Gileade, com este recado: “Nós iremos salvar vocês amanhã antes do meio-dia!” Foi enorme a alegria do povo quando os mensageiros chegaram com a notícia. Então os homens de Jabes disseram aos amonitas: “Amanhã nos entregaremos a vocês, e vocês podem fazer conosco o que desejarem”. Mas bem cedo, na manhã seguinte, Saul chegou. Ele dividiu o seu exército em três companhias, e atacou de surpresa os amonitas e os matou até a hora mais quente do dia. O restante do exército amonita se espalhou de tal maneira que não ficaram dois deles juntos. Então o povo disse a Samuel: “Onde estão aqueles que diziam que Saul não seria nosso rei? Tragam esses homens aqui e vamos matá-los!” Saul, porém, respondeu: “Ninguém será morto hoje. Porque hoje o Senhor trouxe libertação a Israel!” Então Samuel disse ao povo: “Venham, vamos todos a Gilgal, e confirmemos Saul como nosso rei”. Assim, todo o povo foi a Gilgal e proclamaram Saul rei diante do Senhor. Depois apresentaram ofertas de paz ao Senhor, e Saul e todo o Israel estavam muito felizes. Samuel falou novamente a todo o povo de Israel: “Vejam”, disse ele, “fiz conforme vocês pediram e coloquei um rei sobre vocês. Agora vocês têm um rei que os conduzirá. Quanto a mim, aqui estou, velho e de cabelos brancos, e meus filhos estão com vocês. Sou homem que estive a serviço público, desde a minha mocidade. Agora me digam, enquanto estou diante do Senhor e diante do rei ungido de Deus, se tomei um boi ou um jumento de alguém, se dei prejuízo a alguém, se oprimi alguém, ou se aceitei suborno, para encobri-lo com os meus olhos, digam-me, e eu restituirei se fiz uma dessas coisas”. Eles responderam: “O senhor nunca nos explorou nem nos oprimiu. O senhor não tirou coisa alguma de nenhum de nós”. “O Senhor e o rei ungido de Deus são minhas testemunhas diante de vocês”, declarou Samuel, “de que vocês não podem me acusar de qualquer culpa. “Eles são testemunhas”, responderam. Então Samuel disse ao povo: “O Senhor é testemunha, aquele que escolheu Moisés e Arão e que tirou os seus pais da terra do Egito. Agora fiquem aqui, e eu pleitearei com vocês perante o Senhor, enquanto vou lembrar todas as boas coisas que ele fez para defender a causa de vocês e de seus antepassados. “Quando Jacó foi para o Egito, os seus antepassados clamaram ao Senhor, e o Senhor enviou Moisés e Arão para tirarem os seus antepassados do Egito e os trazerem a esta terra. “Mas logo eles se esqueceram do Senhor, o seu Deus, e então ele permitiu que fossem conquistados por Sísera, comandante do exército da cidade de Hazor, pelos filisteus e pelo rei de Moabe, os quais lutaram contra eles. Então eles clamaram novamente ao Senhor, dizendo: ‘Pecamos e nos afastamos do Senhor e adoramos as imagens de Baal e Asterote. Agora livra-nos dos nossos inimigos, e adoraremos ao Senhor ’. Então o Senhor enviou Gideão, Baraque, Jefté e Samuel para livrar vocês, e vocês viveram em segurança. “Mas quando vocês ficaram com medo de Naás, rei de Amom, aí me procuraram e disseram: ‘Desejamos um rei para reinar sobre nós’, embora o Senhor, o seu Deus, já fosse Rei sobre vocês. Pois bem, aqui está o rei que vocês escolheram. Vocês o pediram, e o Senhor respondeu ao pedido de vocês. Se vocês respeitarem e adorarem o Senhor e obedecerem aos seus mandamentos e não se rebelarem contra o Senhor, e se tanto vocês como o seu rei seguirem o Senhor, o seu Deus, então tudo irá bem! Mas, se vocês se rebelarem contra os mandamentos do Senhor e não quiserem atender ao que ele diz, então a sua mão será contra vocês, como foi contra seus pais. “Agora preparem-se para ver a coisa maravilhosa que o Senhor vai realizar diante de vocês! Vocês sabem que não chove nesta época do ano, durante a colheita do trigo; vou orar para que o Senhor envie trovões e chuva hoje, de maneira que vocês reconheçam até que ponto chegou a maldade de vocês ao pedirem um rei!” Então Samuel clamou ao Senhor, e o Senhor mandou trovões e chuva, naquele mesmo dia; e todo o povo ficou com muito medo do Senhor e de Samuel. “Ore ao Senhor, o seu Deus, a favor dos seus servos para que não morramos”, eles clamaram a Samuel. “Porque agora acrescentamos a todos os nossos pecados mais este de pedir para nós um rei”. “Não fiquem amedrontados”, disse Samuel ao povo. “Certamente vocês fizeram esse mal, mas agora adorem ao Senhor de todo o coração e nunca mais voltem as costas para ele. Não se desviem, seguindo outros deuses que não podem ajudar vocês; pois eles não têm nenhum valor. O Senhor não abandonará o seu povo escolhido, pois isso seria uma desonra para o seu poderoso nome. O Senhor se agradou de fazer de vocês o seu povo! Quanto a mim, longe de mim pecar contra o Senhor deixando de orar em favor de vocês; continuarei a ensinar a vocês todo o caminho bom e direito. Confiem no Senhor e adorem a ele de todo o coração; e lembrem das grandes coisas que ele fez por vocês. Mas, se continuarem a fazer o mal, vocês e o seu rei serão destruídos”. Saul havia reinado um ano em Israel. No segundo ano do seu reinado, ele escolheu três mil soldados especiais de Israel, e levou consigo dois mil desses homens a Micmás e à região montanhosa de Betel, enquanto os outros mil ficaram com Jônatas, filho de Saul, em Gibeá, na terra de Benjamim. O restante do exército ele mandou para a sua casa. Jônatas atacou e destruiu a guarnição dos filisteus localizada em Geba. A notícia se espalhou rapidamente por toda a terra dos filisteus, e Saul mandou tocar a trombeta por toda a terra de Israel, anunciando: “Que todos os hebreus fiquem sabendo disto!” E todo o povo de Israel ouviu esta mensagem: “Saul derrotou a guarnição dos filisteus, e agora eles estão com ódio dos israelitas. Então, todo o exército de Israel pegou em armas novamente e se reuniu em Gilgal. Os filisteus reuniram-se para lutar contra Israel e formaram um poderoso exército de três mil carros de guerra, seis mil cavaleiros e tantos soldados como a areia da praia. Eles acamparam em Micmás, que fica a leste de Bete-Áven. Quando os homens de Israel viram aquela multidão de soldados inimigos, perderam a coragem por completo e procuraram esconder-se em cavernas e em buracos, e outros, entre as rochas, e mesmo em túmulos e nos poços. Alguns deles atravessaram o rio Jordão e fugiram para a terra de Gade e Gileade. Enquanto isso, Saul ficou em Gilgal, e os que estavam com ele estavam apavorados. Samuel havia dito a Saul que esperasse a sua chegada durante sete dias, mas como Samuel não tinha vindo, os soldados começaram a debandar rapidamente. Em vista disso, Saul disse a eles: Tragam para cá o sacrifício queimado e as ofertas de paz. E ele ofereceu o sacrifício. Mas justamente quando ele terminava de oferecer o sacrifício, Samuel chegou, e Saul saiu ao seu encontro para o saudar. Porém Samuel perguntou: “O que você fez?” Saul respondeu: “Quando vi que meus homens estavam se espalhando, e que você não chegava no prazo marcado, e os filisteus estavam em Micmás, prontos para a batalha, eu disse para mim mesmo: ‘Os filisteus estão prontos para marchar contra nós em Gilgal, e eu não pedi o auxílio do Senhor!’ Por isso, senti a necessidade de oferecer o sacrifício queimado, sem esperar a sua chegada”. “Você agiu como um tolo!”, exclamou Samuel. “Você desobedeceu ao mandamento do Senhor, o seu Deus. Ele tinha planos de fazer você e seus filhos reis de Israel para sempre. Mas agora o seu reinado vai terminar. O Senhor já encontrou um homem segundo o seu coração, e já o indicou líder de seu povo; pois você não obedeceu ao mandamento do Senhor ”. Então Samuel saiu de Gilgal e foi para Gibeá, na terra de Benjamim. Quando Saul contou os soldados que ainda estavam com ele, verificou que haviam ficado somente cerca de seiscentos homens! Saul e seu filho Jônatas e mais esses seiscentos homens estabeleceram seu acampamento em Geba, na terra de Benjamim, enquanto os filisteus estavam acampados em Micmás. Três grupos de soldados filisteus deixaram o seu acampamento; um deles foi em direção de Ofra, na terra de Sual; outro grupo foi para Bete-Horom, e o terceiro tomou o caminho da fronteira, acima do vale de Zeboim, próximo ao deserto. Não havia nenhum ferreiro em toda a terra de Israel naqueles dias, pois os filisteus não permitiam, temendo que eles fabricassem espadas e lanças para os hebreus. Assim, sempre que os israelitas tinham de afiar os seus arados, os machados ou as enxadas, era preciso levar essas ferramentas aos ferreiros filisteus. O custo para afiar arados e enxadas eram oito gramas de prata e quatro gramas de prata para machados e ferrões. Por isso não havia uma única espada ou lança em todo o povo de Israel naquele dia, com exceção de Saul e seu filho Jônatas, que tinham espadas e lanças. Nesse meio-tempo, um grupo de soldados dirigiu-se para o desfiladeiro de Micmás. Depois de algum tempo, Jônatas, filho de Saul, disse ao seu escudeiro: “Venha comigo, vamos atravessar o vale e chegar até o destacamento filisteu”. Porém, não disse nada a seu pai a respeito do que pretendia fazer. Saul e seus seiscentos homens estavam acampados na saída de Gibeá, debaixo da árvore de romãs em Migrom. Dentre os seus homens estava Aías, que levava o colete sacerdotal. Aías era filho de Aitube, irmão de Icabode, neto de Fineias e bisneto de Eli, sacerdote do Senhor em Siló. Ninguém percebeu que Jônatas tinha saído. Para chegar à guarnição dos filisteus, Jônatas tinha de passar por um desfiladeiro estreito entre duas grandes rochas que ficavam quase em posição vertical; uma delas se chamava Bozez e a outra Sené. A rocha que ficava ao norte ficava de frente para Micmás, e a que ficava ao sul ficava de frente para Geba. E Jônatas disse ao seu escudeiro: “Vamos até o destacamento daqueles homens que não respeitam Deus. Pode ser que o Senhor nos ajude. E, se ele nos ajudar, nada o impedirá de nos dar a vitória, sejamos muitos ou poucos!” O escudeiro respondeu: “Faça o que achar melhor; eu irei com o senhor para onde o senhor for”. “Pois bem, então é isto que vamos fazer”, disse Jônatas ao moço. “Iremos até aqueles homens e chegaremos perto para sermos vistos por eles. Quando eles nos virem, se disserem: ‘Alto lá! Fiquem onde estão até que nos aproximemos de vocês!’, então ficaremos parados e esperaremos por eles. Se, porém, disserem: ‘Subam até aqui’, então faremos exatamente isso; pois será sinal de que o Senhor nos ajudará a derrotá-los!” Quando os filisteus viram os dois chegando, gritaram: “Vejam só! Os israelitas estão saindo dos seus buracos!” Então os filisteus gritaram para Jônatas e seu escudeiro: “Subam até aqui e nós lhes mostraremos como é que se luta!” “Vamos, suba logo atrás de mim”, disse Jônatas ao seu escudeiro, “pois o Senhor os entregou nas mãos de Israel!” Então Jônatas escalou o desfiladeiro engatinhando, e o escudeiro veio atrás dele. Os filisteus eram derrubados por Jônatas, e o seu escudeiro os matava. Naquele primeiro ataque, Jônatas e seu escudeiro mataram cerca de vinte homens e seus corpos ficaram espalhados num espaço estreito e comprido como o sulco de um arado. Então houve pânico no acampamento, no campo e em todo o povo; a guarnição e mesmo as tropas de ataque tremeram de medo. E houve um tremor de terra, o que veio aumentar ainda mais o terror! As sentinelas de Saul em Gibeá de Benjamim viram o vasto exército dos filisteus se dispersando em todas as direções. “Contem os soldados e descubram quem está faltando”, ordenou Saul aos seus oficiais. E quando conferiram a lista de todos os homens, verificaram que Jônatas e seu escudeiro não estavam ali. “Traga a arca de Deus”, ordenou Saul a Aías. Naquele tempo a arca estava com os israelitas. Mas enquanto Saul falava com o sacerdote, a gritaria e a desordem no acampamento dos filisteus iam aumentando cada vez mais. Então Saul disse ao sacerdote: “Você não precisa mais trazer a arca”. Então Saul e seus seiscentos homens correram para o campo de batalha e encontraram os filisteus matando-se uns aos outros com as espadas, e havia terrível confusão por toda parte. Alguns hebreus que tinham sido levados para o exército filisteu se revoltaram e lutavam ao lado dos israelitas. Finalmente, até os israelitas que estavam escondidos nas montanhas saíram correndo atrás dos filisteus quando viram que estes fugiam. Assim o Senhor livrou Israel naquele dia, e a batalha continuou além de Bete-Áven. Os homens de Israel estavam exaustos naquele dia, porque Saul havia declarado: “Maldito seja aquele que comer alguma coisa antes do anoitecer, antes que eu me vingue por completo dos meus inimigos”. Por isso, ninguém comeu nada o dia todo. Muito embora tivessem encontrado favos de mel no chão do bosque, eles viram o mel escorrendo, porém ninguém comeu, pois temiam a maldição de Saul. Jônatas, porém, não sabia da ordem do seu pai; por isso ele enfiou uma vara num favo de mel, e, depois de comer, suas forças se renovaram. Então alguém disse a ele: “Seu pai jurou solenemente ao povo, dizendo: ‘Maldito seja todo aquele que hoje comer alguma coisa!’ Por isso, todos estão cansados e sem forças”. Jônatas exclamou: “Uma ordem como essa só prejudica nosso povo. Vejam como as minhas forças se renovaram depois que provei um pouco de mel. Se o povo tivesse permissão para comer à vontade do alimento que encontraram no acampamento dos nossos inimigos, imaginem só quantos mais filisteus poderíamos ter matado!” Naquele dia, os israelitas derrotaram os filisteus, desde Micmás até Aijalom, e assim ficaram completamente esgotados. Por isso eles recolheram os despojos da batalha, mataram as ovelhas, os bois e os bezerros, e comeram a carne crua, com sangue. Alguém foi contar a Saul: “Veja, o povo está pecando contra o Senhor, pelo fato de comer carne com sangue”. Saul disse: “Vocês foram infiéis. Rolem para cá uma grande pedra, e espalhem-se entre os soldados, e digam-lhes: Tragam os seus bois e as suas ovelhas aqui e abatam-nos, e comam, e não pequem contra o Senhor comendo com o sangue”. Foi isso que eles fizeram. Cada um levou seu boi naquela noite e o abateu ali. Então Saul construiu um altar para o Senhor  — o primeiro que ele construiu. Depois Saul disse: “Desçamos à noite atrás dos filisteus e vamos saquear tudo deles, e destruir até o último deles”. Os seus homens responderam: “Faça o que achar melhor”. O sacerdote, porém, disse: “Primeiro vamos consultar Deus”. Então Saul perguntou a Deus: “Devo ir atrás dos filisteus? O Senhor nos ajudará a derrotá-los?” Porém passou a noite toda, sem que o Senhor respondesse. Saul disse então: “Vocês líderes, venham para cá. Alguma coisa está errada! Descubram que pecado foi cometido hoje. Dou minha palavra de honra, pelo nome do Senhor, que salvou Israel, que ainda que o culpado seja meu próprio filho Jônatas, certamente ele morrerá!” Mas ninguém teve coragem de dizer ao rei qual era o problema. Então Saul disse a todos os israelitas: “Jônatas e eu ficaremos aqui, e todos vocês ficarão lá”. E eles responderam: “Faça o que achar melhor”. Então Saul orou ao Senhor, o Deus de Israel: “O que é que está errado? Acaso Jônatas e eu somos culpados, ou o pecado está com os outros? Ó Senhor Deus, mostre-nos quem é o culpado”. E Saul e Jônatas foram escolhidos por sorteio como sendo os culpados, e o povo foi declarado inocente. Então Saul disse: “Agora tirem a sorte entre mim e o meu filho Jônatas”. E Jônatas foi escolhido como o culpado. “Diga-me o que foi que você fez”, Saul ordenou a Jônatas. “Eu provei um pouco de mel”, confessou Jônatas. “Foi só um pouquinho na ponta da minha vara; por isso eu estou pronto para morrer”. “Sim, Jônatas”, disse Saul, “você deve morrer; que Deus me castigue se você não for morto por isso”. Mas os soldados não gostaram nada da ideia e disseram a Saul: “Será que Jônatas deve morrer, ele, que hoje trouxe esta grande libertação a Israel? Isso não vai acontecer! Tão certo como o Senhor vive, não se tocará nem mesmo num fio de cabelo da sua cabeça, pois o que ele fez hoje foi com a ajuda de Deus”. E assim o povo salvou Jônatas da morte. Então Saul deixou de perseguir os filisteus, e eles voltaram para a sua terra. Tendo Saul assumido o reinado de Israel, lutou contra todos os povos vizinhos, ou seja, contra Moabe, Amom, Edom; contra os reis de Zobá e os filisteus. E para onde quer que Saul se dirigia, ele saía vitorioso. Saul lutou corajosamente e conquistou os amalequitas; e libertou Israel de todos aqueles que os saqueavam. Saul tinha três filhos: Jônatas, Isvi e Malquisua, e duas filhas: Merabe, a filha mais velha, e Mical, a mais nova. A mulher de Saul se chamava Ainoã, filha de Aimaás. O nome do comandante do seu exército era Abner, filho de Ner, tio de Saul. Ner, o pai de Abner, e Quis, o pai de Saul, eram irmãos; ambos eram filhos de Abiel. Os israelitas viveram em luta constante com os filisteus durante a vida de Saul. E sempre que Saul via um jovem corajoso e forte, ele o convocava para o seu exército. Um dia Samuel disse a Saul: “O Senhor me mandou derramar óleo sobre a sua cabeça, como sinal de que você reinaria sobre o povo de Deus, Israel, e assim eu fiz. Por isso ouça agora a mensagem do Senhor. Assim diz o Senhor dos Exércitos: ‘Castigarei os amalequitas porque não permitiram meu povo atravessar o seu território, atacando-o, quando Israel veio do Egito. Agora vá e destrua por completo os amalequitas. Não poupe ninguém; mate homens, mulheres, crianças maiores, crianças que ainda mamam, bois, ovelhas, camelos e jumentos’ ”. Diante disso, Saul reuniu o seu exército em Telaim. Havia duzentos mil soldados de infantaria, além de dez mil homens vindos de Judá. Saul foi à cidade de Amaleque e armou uma emboscada no vale. Saul mandou um recado aos queneus: “Saiam do meio dos amalequitas, pois, se não saírem, serão destruídos junto com eles, pois vocês foram bondosos com o povo de Israel quando ele saiu da terra do Egito. Então os queneus se retiraram. Saul então atacou os amalequitas por todo o caminho, desde Havilá até Sur, a leste do Egito. Agague, rei dos amalequitas, foi preso com vida, porém Saul matou todo o povo. Saul e seus homens não mataram Agague, nem o que havia de melhor em ovelhas e bois, e os bezerros gordos e os cordeiros. Pouparam tudo o que era bom, mas destruíram tudo o que valia pouca coisa ou era inútil. O Senhor disse então a Samuel: “Arrependo-me de ter colocado Saul como rei, pois novamente ele me abandonou e não seguiu as minhas palavras”. Samuel ficou muito triste e clamou em oração ao Senhor toda a noite. Na manhã seguinte, ele levantou-se bem cedinho e saiu para encontrar Saul. Alguém disse a Samuel: “Saul foi para o monte Carmelo levantar um monumento para si próprio, e dali seguiu viagem para Gilgal”. Quando Samuel finalmente o encontrou, Saul o cumprimentou: “Que o Senhor o abençoe, Samuel! Cumpri a ordem do Senhor!” “Então o que significa esse balido de ovelhas e o mugido de bois que estou ouvindo?”, perguntou Samuel. “Os soldados não mataram o melhor das ovelhas e dos bois”, confessou Saul. “Esses animais vão ser sacrificados ao Senhor, o seu Deus; quanto ao restante, destruímos tudo”. Então Samuel disse a Saul: “Espere! Ouça o que o Senhor me disse na noite passada!” Saul disse: “Fale!” E Samuel lhe disse: “Embora você fosse pequeno aos seus próprios olhos, você não foi escolhido cabeça das tribos de Israel? O Senhor não o ungiu rei sobre o povo de Israel? Ele lhe mandou um recado e disse: ‘Vá e destrua por completo aquele povo pecador, os amalequitas; lute contra eles até que morram todos’. Por que, pois, você não obedeceu ao Senhor? Por que se apressou em tomar o que os amalequitas possuíam, e fez exatamente o que o Senhor reprova?” “Pelo contrário; eu obedeci ao Senhor ”, insistiu Saul. “Fiz o que ele me disse para fazer; trouxe o rei Agague, e matei todos os outros. E somente quando meus soldados exigiram é que lhes dei permissão para conservar o melhor das ovelhas e bois e o que os amalequitas possuíam, a fim de sacrificá-los ao Senhor ”. Samuel respondeu: “Acaso o Senhor tem tanto prazer em suas ofertas queimadas e sacrifícios, como tem em sua obediência? Obedecer é muito melhor do que sacrificar. Deus está muito mais interessado em que você atenda ao que ele ordena do que nas ofertas da gordura de carneiros. Porque a rebeldia é tão grave quanto o pecado de feitiçaria, e a teimosia é tão séria quanto adorar imagens. E agora, já que você rejeitou a palavra do Senhor, ele rejeitou você, para que não seja rei”. Finalmente Saul confessou: “Pequei! Na verdade, desobedeci às suas instruções e ao mandamento do Senhor, porque tive medo do povo e fiz o que me pediram. Por favor, perdoe o meu pecado agora e vá comigo adorar ao Senhor ”. Porém Samuel respondeu: “Isso não vai adiantar nada! Você rejeitou o mandamento do Senhor, e ele rejeitou você, para que não seja rei de Israel”. Quando Samuel se virou para ir embora, Saul agarrou o manto de Samuel, e com isso rasgou-o. Então Samuel disse: “Está vendo? Também o Senhor hoje rasgou de você o reino de Israel e o deu a um dos seus patrícios, que é melhor do que você. E aquele que é a Glória de Israel não mente, nem muda de opinião, porque não é homem para mentir”. Mas Saul insistiu: “Pequei; pelo menos, honra-me diante dos líderes e diante do meu povo, indo comigo adorar ao Senhor, o seu Deus”. Por fim Samuel concordou, e foi com ele para adorar o Senhor. Então Samuel disse: “Traga-me Agague, rei dos amalequitas”. Agague chegou confiante, pois pensava consigo mesmo: “Por certo já passou a amargura da morte!” Porém Samuel disse: “Assim como a sua espada deixou muitas mães sem filhos, agora a sua mãe ficará sem o seu filho”. E Samuel cortou Agague em pedaços perante o Senhor, em Gilgal. Depois disso, Samuel foi para Ramá, e Saul voltou para a sua casa em Gibeá de Saul. Samuel nunca mais viu Saul, porém ele lamentava sempre pela sorte de Saul; e o Senhor ficou triste de ter colocado Saul como rei sobre Israel. Finalmente o Senhor disse a Samuel: “Você já lamentou o suficiente por Saul, pois eu o rejeitei como rei de Israel. Agora tome um vaso de azeite, vá a Belém e procure um homem chamado Jessé, porque escolhi um dos seus filhos para ser o novo rei”. Samuel, porém, perguntou: “Como posso fazer isso? Se Saul ouvir alguma coisa a esse respeito, ele me matará”. “Leve um novilho com você”, respondeu o Senhor, “e diga que você foi sacrificar ao Senhor. Depois convide Jessé para o sacrifício, e eu lhe mostrarei sobre qual dos seus filhos você deve derramar o azeite”. Samuel fez conforme o Senhor havia dito. Quando ele chegou a Belém, os líderes da cidade foram encontrá-lo, tremendo de medo. “Está tudo bem?”, perguntaram. “A sua visita é de paz?” Samuel respondeu: “Está tudo bem. Vim para oferecer sacrifício ao Senhor. Tratem de purificar-se, e venham comigo ao sacrifício”. E ele realizou a cerimônia de purificação em Jessé e seus filhos, e os convidou para o sacrifício. Quando chegaram, Samuel olhou para Eliabe e pensou: “Certamente este é o homem que o Senhor escolheu!” Mas o Senhor disse a Samuel: “Não julgue um homem pela sua aparência ou sua altura, pois não é este o escolhido. O Senhor não julga como julgam os homens; o homem vê a aparência exterior, mas o Senhor examina os pensamentos e as intenções do coração”. Então Jessé disse a seu filho Abinadabe para caminhar diante de Samuel. Mas o Senhor disse: “Também não é este o homem”. A seguir Jessé chamou Samá, porém o Senhor disse: “Não, não é este o escolhido”. A mesma cena se repetiu sete vezes; os sete filhos de Jessé foram apresentados, e Samuel lhe disse: “O Senhor não escolheu nenhum destes”. Samuel perguntou a Jessé: “São estes todos os seus filhos? Não há mais nenhum?” “Bem, há o mais moço”, respondeu Jessé, “mas ele está fora nos campos, tomando conta das ovelhas”. “Mande chamá-lo imediatamente” disse Samuel, “porque não nos assentaremos para comer enquanto ele não chegar”. Então Jessé mandou chamá-lo. Ele era um rapaz ruivo, de boa aparência e olhos vivos. E o Senhor disse: “É este o escolhido; derrame o óleo sobre a sua cabeça”. Assim, enquanto Davi estava entre os seus irmãos, Samuel tomou o azeite que havia trazido e o derramou sobre a cabeça dele; e o Espírito do Senhor veio sobre Davi e lhe concedeu grande poder daquele dia em diante. Depois disso Samuel voltou a Ramá. Porém o Espírito do Senhor se retirou de Saul, e em seu lugar o Senhor mandou um espírito maligno que o atormentava. Alguns dos auxiliares de confiança de Saul disseram a ele: “Existe um espírito maligno, enviado pelo Senhor, que o atormenta. Se o senhor consentir, vamos encontrar um bom tocador de harpa que toque para Vossa Majestade sempre que o espírito atormentador, que o Senhor enviou sobre Vossa Majestade, o estiver aborrecendo”, disseram eles. A música da harpa vai deixá-lo calmo, e logo se sentirá melhor”. “Está bem”, disse Saul aos seus servos. “Encontrem para mim um bom tocador de harpa e tragam-no”. Um dos servos disse: “Conheço um dos filhos do homem chamado Jessé, que é de Belém. Ele não somente é um ótimo tocador de harpa, como também é guerreiro forte e valente, fala bem e é de boa aparência. Acima de tudo”, acrescentou o auxiliar de Saul, “ele vive em comunhão com o Senhor ”. Diante disso, Saul mandou mensageiros a Jessé, com a seguinte mensagem: “Envie-me o seu filho Davi, o pastor de ovelhas”. Jessé pegou um jumento e o carregou de pão, uma vasilha de vinho e um cabrito e os enviou para Saul por intermédio do seu filho Davi. Desde o instante em que Davi se apresentou a Saul, Saul o amou e teve admiração por ele; e Davi se tornou escudeiro de Saul. Então Saul escreveu a Jessé o seguinte: “Por favor, deixe que Davi continue na minha presença, pois gosto muito dele”. E sempre que o espírito maligno enviado da parte de Deus perturbava Saul, Davi tocava a harpa, e Saul se sentia melhor, e o espírito maligno se retirava. Os filisteus reuniram o seu exército para a guerra em Socó de Judá, e acamparam em Efes-Damim, entre Azeca e Socó. Saul e os israelitas se reuniram e acamparam no vale de Elá, posicionando-se para a batalha contra os filisteus. Assim os filisteus e os israelitas se defrontaram em colinas opostas, tendo o vale entre eles. Então Golias, um guerreiro filisteu de Gate, saiu das fileiras dos filisteus para enfrentar as forças de Israel. Ele era um gigante que tinha dois metros e noventa centímetros. Ele usava um capacete de bronze e vestia uma couraça de malha que pesava cerca de sessenta quilos; ele usava caneleiras de bronze, e trazia um dardo de bronze nas costas. A haste de sua lança era enorme, parecida com o eixo de um tear, e a ponta de ferro da sua lança pesava cerca de sete quilos e duzentos gramas. Adiante dele caminhava seu escudeiro. A certa altura, Golias parou e gritou para os soldados israelitas: “Por que vocês estão em posição de batalha? Não sou eu um filisteu e vocês servos de Saul? Vamos resolver esta questão. Eu representarei os filisteus e vocês escolherão um representante do exército de Saul para lutar comigo! Se o seu homem for capaz de lutar e matar-me, então nós seremos escravos de vocês. Porém se eu o matar, então vocês serão nossos escravos e nos servirão! Eu desafio hoje os exércitos de Israel! Mandem um homem que venha lutar comigo!” Quando Saul e o exército israelita ouviram esse desafio do filisteu, tremeram de medo. Davi era filho do efrateu Jessé, membro da tribo de Judá, que vivia em Belém de Judá. Ele tinha sete irmãos mais velhos do que ele. Jessé já era idoso no tempo em que Saul era rei. Os três filhos mais velhos de Jessé — Eliabe, o mais velho, Abinadabe, o segundo, e Samá, o terceiro — já haviam se apresentado ao exército de Saul para combater os filisteus. Davi era o filho mais moço. Os três mais velhos seguiram Saul. Davi ia ao acampamento de Saul e voltava a Belém para ajudar o pai a cuidar das ovelhas. Durante quarenta dias, duas vezes ao dia, pela manhã e à tarde, o gigante filisteu passava com arrogância diante dos exércitos de Israel. Um dia Jessé disse a Davi: “Leve depressa a seus irmãos no acampamento esta porção de grãos torrados, e estes dez pães. Leve também estes dez queijos ao comandante deles; veja como vão os seus irmãos e traga-nos de volta alguma prova de que estão bem! Os seus irmãos, o rei Saul e o exército de Israel estão acampados no vale de Elá, para enfrentar os filisteus”. Assim Davi deixou as ovelhas aos cuidados de outro pastor e partiu bem cedo na manhã seguinte, levando os grãos, os pães e os queijos, como Jessé mandou. Ele chegou ao acampamento bem na hora em que o exército israelita saía para o campo de batalha, com gritos e brados de guerra. Israel e os filisteus estavam frente a frente, exército contra exército. Davi deixou o que ele trazia aos cuidados do guarda da bagagem e correu para saber como estavam os seus irmãos. Enquanto Davi falava com os seus irmãos, viu que o gigante Golias, herói filisteu de Gate, saiu das fileiras dos filisteus e gritava o seu desafio costumeiro ao exército de Israel. Assim que viram o gigante, os israelitas começaram a fugir amedrontados. “Você viu o gigante?”, os soldados perguntavam uns aos outros. Ele insultou todo o exército de Israel. E você ouviu falar das grandes riquezas que o rei ofereceu a quem matar o gigante? Ele também lhe dará uma de suas filhas por esposa, e toda a sua família estará livre de pagar impostos!” Davi falou com alguns homens que estavam ali, para confirmar se era verdade o que diziam. “O que ganhará o homem que matar este filisteu e terminar com os insultos que ele faz a Israel?”, Davi perguntou a eles. E continuou: “Quem é, afinal de contas, esse filisteu pagão, que tem a ousadia de desafiar os exércitos do Deus vivo?” E todos repetiram a Davi o que haviam comentado anteriormente: “Assim se fará ao homem que matar Golias”. Mas quando Eliabe, o irmão mais velho de Davi, ouviu-o falando com os soldados, ficou furioso e perguntou a ele: “O que você anda fazendo por aqui? Você não devia estar tomando conta das ovelhas? Quem está cuidando daquelas poucas ovelhas no deserto? Bem sei que você é um moleque presunçoso e conheço a maldade do seu coração; você quer apenas ver a batalha!” “O que eu fiz agora?”, respondeu Davi. “Fiz apenas uma pergunta!” E ele se dirigiu a outro soldado, fazendo a mesma pergunta, e ouviu a mesma resposta dos homens. Quando, finalmente, perceberam quais eram as intenções de Davi, alguém falou ao rei Saul, e o rei mandou chamá-lo. “Não se preocupe por causa desse filisteu”, Davi disse ao rei. “O seu servo irá lutar contra ele!” Saul respondeu: “Você não poderá lutar contra esse filisteu. Você é ainda muito jovem, e ele é um guerreiro desde a sua mocidade!” Porém, Davi não desistiu da ideia. “Seu servo toma conta das ovelhas de seu pai”, disse ele. “Quando aparece um leão ou um urso e pega um cordeiro do rebanho, eu vou atrás dele com meu cajado, e tiro o cordeiro da sua boca. Se ele me ataca, eu o seguro pela juba e lhe dou cajadadas, até que morra. O seu servo já fez isto com leões e com ursos, e farei a mesma coisa com esse filisteu que não crê em Deus, pois ele desafiou os exércitos do Deus vivo! O Senhor que me salvou das garras do leão e do urso me salvará das mãos desse filisteu!” Por fim Saul consentiu e disse: “Está bem, então vá, e que o Senhor esteja com você!” Saul deu então a Davi sua própria armadura e lhe pôs um capacete de bronze sobre a sua cabeça e o fez vestir uma couraça de malha. Davi colocou a espada sobre a armadura e tentou andar, mas não estava acostumado a usar tais coisas. “Mal posso mexer-me, pois não estou acostumado!”, exclamou Davi, e tirou a armadura. Em seguida pegou o seu cajado, apanhou cinco pedras lisas de um riacho, colocou-as na sua bolsa de pastor e, com a sua funda na mão, começou a aproximar-se de Golias. O filisteu caminhava na direção de Davi, e diante dele ia o moço que carregava o seu escudo; Golias caçoava de Davi e o desprezava, por ele ser ainda muito jovem, ruivo e de boa aparência! “Por acaso sou um cão para que você venha a mim com um pedaço de pau?”, gritava o gigante furioso. E o filisteu amaldiçoou Davi, em nome dos seus deuses. “Venha cá, e darei sua carne para servir de comida às aves do céu e aos animais selvagens”, berrava Golias. Davi replicou: “Você vem a mim com uma espada, uma lança e um escudo, mas eu venho contra você em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, que você insultou. Hoje mesmo o Senhor me dará a vitória sobre você, e eu o matarei e cortarei a sua cabeça. E soldados filisteus mortos eu darei às aves do céu e aos animais selvagens, e toda a terra saberá que existe um Deus em Israel! E toda esta congregação aqui ficará sabendo que o Senhor não depende de espadas ou lanças para obter a vitória; porque a guerra é do Senhor, e ele entregará vocês em nossas mãos!” À medida que Golias se aproximava, Davi saiu correndo ao seu encontro para enfrentá-lo e, enfiando a mão na sua sacola, tirou uma pedra e arremessou-a com a funda; a pedra acertou bem na testa do filisteu, de tal modo que ficou encravada nela, e o gigante caiu com o rosto em terra. Assim Davi venceu o gigante filisteu com uma funda e uma pedra. Sem uma espada na mão, derrubou-o e o matou. Davi correu para cima de Golias, ficou com os pés em cima dele, tirou a espada da bainha do gigante e o matou com ela, e depois cortou a cabeça dele. Quando os filisteus viram que o seu guerreiro estava morto, trataram de fugir. Então os homens de Israel e de Judá soltaram um grande grito de triunfo e perseguiram os filisteus até Gate e até as portas de Ecrom. E os cadáveres dos filisteus mortos ficaram espalhados pelo caminho de Saarim, até Gate e Ecrom. Então os soldados israelitas voltaram da perseguição e levaram tudo quanto encontraram no acampamento dos filisteus. Davi pegou a cabeça de Golias e levou-a para Jerusalém, mas guardou em sua tenda as armas do filisteu. Quando Saul viu Davi sair para lutar com Golias, perguntou a Abner, o comandante do exército: “Abner, de que família vem este rapaz?” “Juro pela sua vida, que não sei, meu senhor”, disse Abner. “Então descubra quem é o pai dele!”, o rei ordenou a Abner. Depois que Davi estava voltando após ter matado a Golias, Abner levou-o à presença de Saul, com a cabeça do filisteu ainda em suas mãos. “Conte-me de quem você é filho, meu rapaz”, Saul perguntou. E Davi respondeu: “Sou filho de seu servo Jessé, que mora em Belém”. Depois dessa conversa entre o rei Saul e Davi, Davi se encontrou com Jônatas, filho do rei, e criou-se um grande laço de amizade entre os dois, e Jônatas amou-o como a si mesmo. Desde aquele dia, o rei Saul quis que Davi ficasse em Jerusalém, e não deixou que ele voltasse para a casa do seu pai. Jônatas e Davi fizeram uma aliança, porque Jônatas o amava como a si mesmo. E para provar o que dizia, deu a Davi a sua capa, a sua túnica, além da sua espada, arco e cinturão. Davi era o ajudante especial de Saul, e tudo que realizava era feito com habilidade. Por isso Saul colocou Davi como comandante de seus soldados. Isso agradou a todo o povo, inclusive aos servos de Saul. Quando o exército israelita voltou vitorioso para casa, depois que Davi matou o gigante Golias, as mulheres saíram de todas as cidades e ficaram à beira do caminho para celebrar a vitória e dar vivas ao rei Saul; cantavam e dançavam de alegria, ao som de tamborins e outros instrumentos musicais. As mulheres, dançando, cantavam alternadamente: “Saul matou milhares, e Davi matou dezenas de milhares!” Saul não gostou nada do que as mulheres cantavam e ficou muito zangado. “Que história é essa?”, disse ele. “Elas atribuíram a Davi dezenas de milhares e a mim somente milhares. Daqui a pouco vão declará-lo rei!” Dessa ocasião em diante o rei Saul começou a ter ciúmes de Davi. No dia seguinte, um espírito maligno da parte de Deus tomou conta de Saul, e ele entrou em transe em sua casa. Davi procurou acalmar o rei, tocando harpa, como costumava fazer nessas ocasiões. Porém, Saul tinha na mão a sua lança, e de repente atirou-a contra Davi, dizendo: “Encravarei Davi na parede com a lança”. Mas Davi saltou para o lado e escapou. Isso aconteceu duas vezes. Saul tinha medo de Davi, porque o Senhor o havia abandonado e agora estava com Davi. Finalmente Saul o expulsou da sua presença, e o colocou como oficial de uma tropa de mil soldados, que Davi conduzia em suas batalhas. Davi continuava vitorioso em tudo que fazia, porque o Senhor estava com ele. Quando o rei Saul viu isso, ficou ainda com mais medo de Davi. Porém, todo o povo de Israel e de Judá o amava, porque Davi os conduzia nas suas batalhas. Certo dia, Saul disse a Davi: “Estou pronto a lhe dar minha filha mais velha, Merabe, por esposa. Mas primeiro você deve provar que é um soldado bravo, lutando nas batalhas do Senhor ”. Porque Saul pensava consigo mesmo: “Eu o mandarei lutar contra os filisteus e deixarei que eles o matem em vez de eu mesmo matá-lo”. Mas Davi respondeu a Saul: “Quem sou eu, e quem é a minha família e o grupo de famílias de meu pai em Israel, para que eu me torne genro do rei?” Mas quando chegou o tempo de Saul dar a sua filha Merabe em casamento a Davi, ele a deu a Adriel, o meolita. Nesse meio-tempo, Mical, a outra filha de Saul, apaixonou-se por Davi, e Saul ficou contente quando soube. “Aqui está outra oportunidade de ver Davi morto pelos filisteus!”, disse Saul para si mesmo. Mas para Davi ele disse: “Você ainda poderá ser o meu genro, pois eu lhe darei minha filha mais moça”. Então Saul deu instruções a seus oficiais, para dizerem a Davi, em tom muito confidencial: “O rei gosta muito de você, e todos os oficiais o amam. Aceite a proposta do rei e torne-se agora o seu genro”. Porém Davi lhes respondeu: “Como um homem pobre como eu, de uma família desconhecida, poderá casar-se com a filha de um rei?” Quando os homens de Saul lhe contaram o que Davi disse, Saul lhes respondeu: “Digam a Davi que o único dote que eu quero é uma centena de filisteus mortos como vingança sobre meus inimigos”. Saul tinha em mente que Davi fosse morto em combate. Quando recebeu o recado, Davi ficou contente por aceitar a oferta de se casar com a filha do rei. Assim, antes que terminasse o prazo, ele e seus homens saíram e mataram duzentos filisteus, e trouxeram a prova ao rei Saul, para que se tornasse seu genro. Então Saul deu Mical por esposa a Davi. Quando o rei reconheceu o quanto Davi andava em comunhão com o Senhor e que a sua filha Mical o amava, teve ainda maior medo dele. Cada dia que passava, mais Saul o odiava. Sempre que o exército filisteu atacava, Davi conseguia mais vitórias contra eles do que o restante dos oficiais de Saul. Assim, o nome de Davi ficou muito famoso por toda parte. Então Saul insistiu com seus auxiliares de confiança e com seu filho Jônatas para matarem Davi. Mas Jônatas, devido à sua amizade com Davi, contou a ele os planos do pai. “Amanhã de manhã”, Jônatas preveniu Davi, “você precisa encontrar um esconderijo nos campos e ficar por lá”. Pedirei a meu pai que saia comigo ao campo onde você estiver, e falarei com ele a seu respeito; depois lhe contarei tudo o que eu puder descobrir”. Na manhã seguinte, enquanto Jônatas e seu pai Saul conversavam, Jônatas lhe disse: “Que o rei não faça mal ao seu servo Davi; ele nunca fez nada para prejudicar o senhor. Tudo o que ele tem feito foi para ajudar o senhor. Ele arriscou a sua vida para matar o gigante Golias. O Senhor Deus deu uma grande vitória a Israel. Certamente o senhor ficou feliz naquela ocasião. Por que, então, deveria derramar o sangue de um inocente, matando Davi? Não há motivo algum para isso!” Então Saul concordou e jurou: “Tão certo como o Senhor vive, Davi não será morto”. Depois Jônatas chamou Davi e lhe contou o que tinha acontecido. Então ele levou Davi até Saul, e Davi voltou a servir a Saul como antes. Pouco tempo depois iniciou-se outra guerra, e Davi levou seus soldados para lutar contra os filisteus. Ele matou muitos deles, e todo o exército filisteu fugiu. Porém, um dia Saul estava sentado em sua casa, quando repentinamente um espírito maligno da parte do Senhor apoderou-se de Saul, estando com a sua lança na mão, enquanto Davi tocava a sua harpa. Saul atirou-a contra Davi, tentando encravá-lo na parede. Mas Davi desviou-se diante de Saul, e a lança foi fincada na parede. Então Davi conseguiu fugir. Naquela mesma noite, Saul mandou soldados para vigiarem a casa de Davi e matá-lo quando ele saísse pela manhã; mas Mical, a mulher de Davi, o avisou, dizendo: “Se você não fugir esta noite, pela manhã você vai estar morto”. Então ela ajudou Davi a descer por uma janela, e de lá ele correu e escapou. Depois Mical pegou a imagem do lar e a colocou na cama, cobriu-a com cobertores e colocou um travesseiro de pele de cabra na cabeceira da cama. Quando os soldados chegaram para prender Davi e levá-lo a Saul, Mical disse a eles que Davi estava doente e não podia sair da cama. Então Saul enviou mensageiros para que vissem Davi, dizendo: “Tragam-no aqui, mesmo na cama, para que eu o mate”. Mas quando os homens entraram para levá-lo, viram a imagem do lar disfarçada com roupas e o travesseiro de pelos de cabra. “Por que você me enganou e deixou que meu inimigo escapasse?”, perguntou Saul a Mical. “Fui obrigada a deixá-lo fugir”, respondeu Mical. “Ele ameaçou matar-me, se eu não o ajudasse a fugir”. Assim Davi fugiu, e foi a Ramá a fim de encontrar-se com Samuel; e Davi contou a Samuel tudo o que Saul lhe havia feito. Então Samuel levou Davi e ficaram em Naiote. Quando contaram a Saul que Davi se encontrava com os profetas em Naiote de Ramá, ele mandou soldados para prenderem Davi. Mas ao chegarem lá, viram Samuel e um grupo de profetas profetizando, e o Espírito de Deus veio sobre os mensageiros de Saul, e eles também começaram a profetizar. Quando Saul soube do que aconteceu, mandou outros mensageiros; mas estes também profetizaram! Então mandou um terceiro grupo, e eles também profetizaram. Diante disso, o próprio Saul foi a Ramá e chegou ao grande poço no lugar chamado Seco. “Onde estão Samuel e Davi?”, perguntou Saul. E responderam-lhe: “Em Naiote de Ramá”. Porém no caminho para Naiote, o Espírito do Senhor veio sobre Saul, e ele também começou a profetizar, até chegar em Naiote de Ramá. Saul tirou as roupas, e ficou deitado o dia todo e a noite toda, profetizando diante de Samuel. Por isso se diz: “Que é isso? Saul agora virou profeta?” Então Davi fugiu de Naiote, em Ramá, e encontrou-se com Jônatas. O que foi que eu fiz?”, exclamou Davi. “Qual é o meu crime? Qual foi o pecado que cometi contra o seu pai, para ele querer matar-me?” “Isso não é verdade!”, Jônatas afirmou. “Tenho certeza de que ele não planeja tal coisa, pois ele sempre me conta tudo o que pretende fazer, mesmo as coisas sem importância. Sei que meu pai não deixaria de falar comigo sobre um assunto dessa natureza. Não pense assim”. “É claro que você não sabe nada a esse respeito!”, disse Davi. “Seu pai sabe perfeitamente a respeito de nossa amizade; por isso ele disse para si mesmo: ‘Não vou contar a Jônatas. Por que eu o deixaria magoado?’ Mas a verdade é que estou bem perto da morte! Juro pelo Senhor e pela sua própria vida!” Então Jônatas disse a Davi: “Eu farei o que você desejar”. E Davi respondeu: “Amanhã começa a festa da lua nova. Anteriormente, eu sempre me assentava com seu pai para essa ocasião, mas amanhã eu me esconderei no campo e ficarei ali, até o final da tarde do terceiro dia. Se o seu pai perguntar onde estou, diga a ele que pedi permissão para ir à minha casa, em Belém, minha cidade natal, para o sacrifício anual de toda a família. Se ele disser ‘Está bem’, então saberei que tudo está em paz. Mas se ele ficar irado, então saberei que ele planeja fazer-me mal. Faça isto por mim, como irmão, pela aliança que fizemos na presença do Senhor. Ou então, mate-me você mesmo, se eu cometi alguma falta contra seu pai; mas não me entregue a seu pai!” “Claro que eu não faria uma coisa dessas!”, exclamou Jônatas. “Então você pensa que eu não diria a você, se eu suspeitasse que meu pai planeja matar você?” Davi perguntou a Jônatas: “Como saberei se o seu pai estará irado?” “Venha ao campo comigo”, respondeu Jônatas. E os dois foram juntos para lá. Então Jônatas disse a Davi: “Prometo, pelo Senhor, o Deus de Israel, que a esta hora, no dia seguinte, falarei a meu pai a seu respeito, e imediatamente farei você saber o que ele pensa. Se meu pai quiser fazer-lhe mal, então que o Senhor me mate se eu não contar a você, para que você possa escapar e viver. Que o Senhor esteja com você, como esteve com meu pai. Se eu continuar vivo, cumpra a sua promessa de demonstrar a bondade do Senhor para comigo. Mas se eu morrer, trate a minha casa com bondade, depois que o Senhor tiver destruído todos os seus inimigos”. Assim Jônatas fez uma aliança com a família de Davi, dizendo: “Que o Senhor vingue os inimigos de Davi”. E Jônatas fez Davi jurar de novo, desta vez pelo amor que Davi lhe dedicava, porque Jônatas amava a Davi, como a si próprio. Depois Jônatas disse a Davi: “Amanhã eles vão notar a sua ausência na festa da lua nova quando o seu lugar à mesa estiver vazio. Depois de amanhã, todos vão perguntar por você. Por isso vá ao esconderijo onde você esteve antes, junto à pedra de Ezel. Eu sairei e atirarei três flechas para o lado da pedra, como se atirasse num alvo. Então mandarei o moço trazer de volta as flechas. Se você me ouvir dizer a ele: ‘As flechas estão deste lado; traga-as para cá’, então saberá que tudo está bem, e você poderá vir; tão certo como vive o Senhor, você estará seguro; você não precisará temer coisa alguma. Mas se eu disser a ele: ‘Vá mais para frente; as flechas estão adiante de você’, isso significará que você deverá partir imediatamente, pois o Senhor o manda ir. O Senhor é testemunha do acordo que fizemos um ao outro diante dele, para sempre”. Davi saiu dali e foi esconder-se no campo. Quando começou a festa da lua nova, o rei assentou-se à mesa para comer. Ele ocupou o seu lugar de costume, encostado à parede. Jônatas assentou-se defronte dele, e Abner estava assentado ao lado de Saul, mas o lugar de Davi estava vazio. Saul não disse nada naquele dia sobre a ausência de Davi, pois pensou: “Deve ter acontecido alguma coisa a Davi, de maneira que ele não teve condições de participar da cerimônia. Com certeza ele está impuro”. Mas quando o seu lugar ficou vazio também no dia seguinte da festa da lua nova, Saul perguntou a seu filho Jônatas: “Por que motivo o filho de Jessé não veio participar da refeição, nem ontem nem hoje?” “Ele me pediu, com insistência, se podia ir a Belém, dizendo: ‘Peço que me deixes ir, porque a nossa família oferecerá um sacrifício na cidade’ ”, respondeu Jônatas. “O irmão dele exigiu que ele estivesse lá, e Davi me pediu licença para ir, como um favor muito especial, de maneira que eu lhe disse que podia ir. Por isso ele não veio à mesa com o rei”. Então Saul ficou muito irado com Jônatas, e disse: “Seu filho de uma mulher perversa e rebelde! Pensa que eu não sei que você quer que este filho de Jessé seja rei em seu lugar, para sua própria vergonha e para a vergonha de sua mãe? Enquanto o filho de Jessé viver, você nunca será rei. Agora mande buscá-lo e traga-o a mim, pois ele deve morrer!” “Mas o que ele fez?”, perguntou Jônatas. “Por que ele deve morrer?” Então Saul atirou sua lança contra Jônatas, com a intenção de matá-lo. Assim Jônatas reconheceu que seu pai estava realmente falando sério quando disse que Davi deveria morrer. Jônatas saiu da mesa muito irado, e durante aquele dia não quis comer nada, pois ficou muito triste com a atitude vergonhosa de seu pai para com Davi. Na manhã seguinte, conforme estava combinado, Jônatas foi ao campo e levou um rapaz consigo para apanhar as flechas. Ele disse ao rapaz: “Vá correndo buscar as flechas quando eu as atirar!” Então o rapaz correu, e Jônatas atirou uma flecha para além dele. Quando o rapaz chegou ao lugar onde a flecha tinha caído, Jônatas gritou: “A flecha está adiante de você! Depressa, corra, não pare!”. O rapaz, com toda a rapidez, ajuntou a flecha e voltou ao seu senhor. Naturalmente, o rapaz não entendia o que Jônatas pretendia dizer; só Jônatas e Davi sabiam do que tinham combinado. Então Jônatas entregou seu arco e as flechas ao rapaz e disse: “Vá, leve-as de volta à cidade”. Assim que o rapaz voltou, Davi saiu de onde estava escondido, perto do lado sul da pedra, e ele inclinou-se três vezes diante de Jônatas, com o rosto em terra. Então se abraçaram e choraram muito; Davi não parava de chorar. Por fim, Jônatas disse a Davi: “Vá em paz, pois temos jurado um ao outro, em nome do Senhor, dizendo: ‘Seja o Senhor testemunha entre mim e você, entre minha descendência e sua descendência para sempre’ ”. Assim eles se separaram; Davi tomou outro rumo, e Jônatas voltou à cidade. Davi se dirigiu à cidade de Nobe para encontrar-se com o sacerdote Aimeleque. Aimeleque tremeu quando viu Davi, foi ao seu encontro, e perguntou: “Por que está sozinho? Por que ninguém veio com você?” Davi respondeu: “O rei me mandou tratar de um assunto particular, e me disse: ‘Ninguém deve saber a respeito da sua missão e sobre as suas instruções’. E eu disse aos meus homens onde eles podem encontrar-me comigo mais tarde. Agora, o que tem para comer? Dê-me cinco pães, ou alguma coisa mais que puder”. “Não temos pão comum”, respondeu o sacerdote; “temos somente o pão sagrado; vocês podem comê-los, desde que os seus homens não tenham tido relações com mulheres”. “Fique sossegado”, respondeu Davi. “Eu nunca permito que meus homens façam o que bem entendem quando saem para uma expedição; não tocamos em mulher, uma vez que eles permanecem puros, mesmo em viagens de rotina, quanto mais agora nesta viagem!” Então, já que não havia outro alimento disponível, o sacerdote deu a Davi os pães sagrados — o chamado Pão da Presença, que era colocado perante o Senhor no Tabernáculo. Esses pães tinham sido substituídos naquele dia por pães frescos. Ora, Doegue, o edomita, chefe dos pastores de Saul, estava ali naquela ocasião para cumprir uma cerimônia religiosa diante do Senhor. Davi perguntou a Aimeleque: “Você tem uma lança ou uma espada que eu possa usar? O assunto do rei exigia tanta urgência que na pressa de sair eu não trouxe a minha espada ou outra arma!” O sacerdote respondeu: “Tenho a espada de Golias, o filisteu — aquele que você matou no vale de Elá. Ela está enrolada num pano, atrás do colete sacerdotal. Leve-a, se você quiser, porque não temos outra espada aqui”. “Essa mesma é a que eu quero”, respondeu Davi. “Pode me dar essa espada!” Então Davi saiu depressa, pois tinha medo de Saul; e foi para a casa de Aquis, rei de Gate. Mas os oficiais de Aquis não gostaram nada da presença de Davi naquela casa. “Não é este Davi, o rei de sua terra?”, perguntaram os oficiais. “Não é este aquele que o povo honrava em suas danças, cantando: ‘Saul matou seus milhares, e Davi matou suas dezenas de milhares?’ ” Davi ouviu esses comentários e teve medo do rei Aquis, rei de Gate. Por isso, na presença deles, se fingia de louco, arranhava as portas da cidade, deixando a saliva escorrer pela barba. O rei Aquis já não aguentava mais ver aquilo e disse aos seus homens: “Vejam este homem! Era preciso que me trouxessem esse louco para cá, para agir como doido na minha frente? Já não temos malucos de sobra por aqui? O que esse doido veio fazer no meu palácio?” Davi fugiu da cidade de Gate e foi se esconder na caverna de Adulão, onde seus irmãos e outros parentes logo se juntaram a ele. A seguir começaram a chegar outros, que estavam com alguma dificuldade; por exemplo, os que tinham dívidas, ou simplesmente estavam descontentes; e Davi veio a ser o líder de uns quatrocentos homens. Mais tarde Davi foi a Mispá, em Moabe, e disse ao rei de Moabe: “Posso deixar meu pai e minha mãe morarem aqui sob a proteção real, até que eu saiba o que Deus quer de mim?” E assim eles ficaram diante do rei de Moabe durante o tempo em que Davi permaneceu na fortaleza. Um dia o profeta Gade disse a Davi: “Deixe de se esconder na fortaleza e vá para a terra de Judá”. Então Davi foi para o bosque de Herete. Saul ficou sabendo da chegada de Davi e seus homens a Judá. Nessa ocasião, Saul estava em Gibeá, sentado sob um carvalho com a sua lança na mão e cercado por seus oficiais. “Escutem o que vou dizer a vocês, homens de Benjamim!”, disse Saul. “Será que o filho de Jessé lhes prometeu terras e plantações de uvas e postos sobre mil ou sobre cem no seu exército? É por isso que vocês têm conspirado contra mim? Pois nenhum de vocês me informa quando meu próprio filho fez aliança com o filho de Jessé. Nenhum de vocês se preocupa comigo. Pensem nisso! Meu próprio filho — instigando Davi para me matar!” Então Doegue, o edomita, que estava ali com os homens de Saul, disse: “Eu vi o filho de Jessé chegar em Nobe e falar com o sacerdote Aimeleque, filho de Aitube. Também vi Aimeleque consultar o Senhor para descobrir o que Davi deveria fazer, e depois ele deu a Davi alimento e a espada de Golias, o filisteu”. Imediatamente o rei Saul mandou chamar o sacerdote Aimeleque, filho de Aitube, e todos os outros sacerdotes que estavam em Nobe, da família dele. E todos foram falar com o rei. E Saul exclamou: “Escute o que vou dizer, filho de Aitube!” Ele respondeu: “Sim, meu senhor!” “Por que você e o filho de Jessé conspiraram contra mim?”, perguntou Saul. “Por que você deu a ele alimento e uma espada, e ainda falou com Deus em favor dele? Por que você deu conselhos a ele, para que se revoltasse contra mim e viesse contra mim e me armasse cilada, como hoje se vê?” “Mas senhor”, respondeu Aimeleque, “por acaso há alguém entre os oficiais do rei que seja tão fiel quanto Davi, seu genro? Ora, ele é o capitão da guarda pessoal do rei, e um membro muito honrado da casa real! Por certo que esta não foi a primeira vez que eu consultei a Deus em favor dele! Não é justo que o rei me acuse e acuse a minha família nesta questão, pois seu servo não sabe coisa alguma do que está acontecendo”. O rei, porém, disse: “Você deve morrer, Aimeleque, você e toda a família de seu pai!” Em seguida, Saul ordenou aos seus guarda-costas: “Matem os sacerdotes do Senhor, pois eles são aliados de Davi, e são traidores; eles sabiam que Davi estava fugindo de mim, porém não me disseram nada”. Mas os soldados não quiseram matar os sacerdotes do Senhor. Então o rei ordenou a Doegue: “Mate-os você”. E Doegue se atirou sobre eles, e os matou. Ao todo eram oitenta e cinco sacerdotes, todos eles usando o manto sacerdotal. Saul foi a Nobe, a cidade dos sacerdotes, e mandou matar os moradores de lá: homens, mulheres, crianças, recém-nascidos, e também todos os bois, jumentos e ovelhas. Somente Abiatar, um dos filhos de Aimeleque, e neto de Aitube, escapou e fugiu para juntar-se a Davi. Quando Abiatar contou o que Saul havia feito, matando os sacerdotes do Senhor, Davi exclamou: “Eu sabia disso! Naquele dia, quando vi o edomita Doegue ali, eu sabia que ele contaria a Saul. Sou responsável pela morte de toda a família de seu pai. Fique aqui comigo. Não tenha medo. Eu o protegerei. Quem procura a minha morte também procura a sua. Você estará a salvo comigo”. Um dia chegou a Davi a notícia de que os filisteus estavam atacando a cidade de Queila, roubando os mantimentos guardados nas eiras para secar, e ele perguntou ao Senhor: “Devo ir e atacar os filisteus?” “Sim, vá, ataque os filisteus e salve Queila”, disse o Senhor a Davi. Porém, os homens de Davi lhe disseram: “Estamos com medo, mesmo aqui em Judá; e por certo não queremos ir a Queila a fim de lutar contra as tropas dos filisteus!” Davi consultou novamente o Senhor se devia ir, e novamente o Senhor lhe respondeu: “Levante-se e vá à cidade de Queila, pois ajudarei você a vencer os filisteus”. Então eles foram a Queila, combateram os filisteus e tomaram o rebanho deles, derrotando-os e libertando o povo daquela cidade. O sacerdote Abiatar, filho de Aimeleque, foi a Queila com Davi, e levou consigo seu colete sacerdotal, para receber do Senhor as respostas para Davi. Saul logo ficou sabendo que Davi estava em Queila, e disse: “Deus o entregou nas minhas mãos, pois Davi caiu na armadilha, indo parar numa cidade cercada de portas e ferrolhos!” Diante disso, Saul reuniu todo o seu exército e marchou para Queila, a fim de cercar Davi e seus homens. Mas Davi soube do plano de Saul e ordenou a Abiatar: “Traga o colete sacerdotal”. Então orou: “Ó Senhor, Deus de Israel, este seu servo ouviu dizer que Saul planeja vir e destruir Queila porque estou aqui. Será que os homens de Queila vão me entregar a ele? E Saul realmente virá, conforme seu servo ouviu? Ó Senhor, Deus de Israel, por favor, diga-me o que devo fazer”. E o Senhor lhe disse: “Ele virá”. E Davi, perguntou: “E esses homens de Queila vão me trair? Eles vão me entregar a Saul junto com meus soldados?” E o Senhor respondeu: “Sim, eles vão entregar você”. Então Davi e seus homens — agora já eram cerca de seiscentos — deixaram Queila e começaram a andar sem rumo pelo interior do país. Logo chegou a Saul a notícia de que Davi tinha escapado, por isso ele desistiu de ir a Queila. Davi agora vivia nas fortalezas do deserto que havia na região das colinas de Zife. Saul perseguia Davi dia após dia, mas o Senhor não o deixava encontrá-lo. Um dia, perto de Horesa, Davi recebeu a notícia de que Saul estava a caminho de Zife para matá-lo. Então Jônatas, filho de Saul, foi procurar Davi e encontrou-o em Horesa, e fortaleceu a confiança que Davi tinha em Deus. “Não tenha medo”, Jônatas lhe assegurou. “Meu pai nunca encontrará você! Você vai ser o rei de Israel, e serei o segundo abaixo de você; meu pai bem sabe disso”. Assim, os dois confirmaram a aliança perante o Senhor que haviam feito anteriormente; Davi permaneceu em Horesa, e Jônatas voltou para casa. Porém os homens de Zife foram procurar Saul em Gibeá, e disseram a ele: “Sabemos onde Davi está escondido. Ele está nas fortalezas de Horesa, na colina de Haquilá, na parte sul do deserto de Jesimom. Agora desça, ó rei, e nós o apanharemos para Vossa Majestade, e seu mais profundo desejo será satisfeito!” “O Senhor os abençoe, pois tiveram compaixão de mim!”, disse Saul. Vão e verifiquem novamente, para ter certeza do lugar onde ele está, e quem o tem visto por ali, pois eu sei que ele é muito astuto. Descubram todos os esconderijos dele, e depois voltem a fim de me darem um relatório exato. Então irei com vocês. E se ele estiver naquela região, eu o encontrarei, mesmo que seja preciso procurá-lo por todos os grupos de famílias de Judá!” E assim os homens de Zife voltaram para casa, antes de Saul. Davi e seus soldados foram para o deserto de Maom, na Arabá, que fica ao sul do deserto de Jesimom. Então, Saul e seus homens foram atrás de Davi. Quando Davi soube disso, foi para uma passagem nas rochas do deserto de Maom, e permaneceu ali. Porém, Saul os seguiu até lá. Ele e Davi agora estavam em lados opostos de uma montanha. Quando Saul e seus homens começaram a chegar mais perto, cercando Davi e seus soldados para capturá-los, nesse exato momento, um mensageiro veio dizer a Saul: “Venha depressa! Os filisteus estão invadindo Israel novamente!” Então Saul deixou de perseguir Davi e voltou para lutar contra os filisteus. A partir dessa ocasião o lugar onde Davi esteve acampado passou a ser chamado de Sela-Hamalecote. Depois disso, Davi saiu daquele lugar e foi morar nas fortalezas de En-Gedi. Depois que Saul voltou de sua batalha contra os filisteus, disseram a ele que Davi tinha ido para o deserto de En-Gedi; então Saul reuniu três mil dos melhores soldados de todo o Israel, e foi à procura de Davi entre as Rochas das Cabras Selvagens. No lugar onde a estrada passava por alguns currais de ovelhas, Saul entrou numa caverna para fazer as suas necessidades; acontece que Davi e seus homens estavam escondidos na caverna! “Agora chegou a sua vez!”, os homens de Davi lhe disseram em voz baixa. “Este é o dia a respeito do qual o Senhor falou quando disse: ‘Certamente vou entregar o seu inimigo nas suas mãos; faça com ele o que você bem entender!’ ” Então Davi foi com todo o cuidado e, com toda a calma, cortou a barra do manto de Saul! Mas depois a sua consciência começou a atormentá-lo por ter cortado a barra do manto de Saul. “Eu não deveria ter feito isso”, disse ele aos seus homens. “Que o Senhor me guarde de fazer tal coisa ao meu senhor, de estender a minha mão contra o ungido do Senhor ”. Essas palavras de Davi contiveram seus homens, e ele não permitiu que matassem Saul. Depois que Saul deixou a caverna e continuou o seu caminho, Davi saiu da caverna e gritou para ele, dizendo: “Ó rei, meu senhor!” E quando Saul olhou em redor, Davi se curvou diante dele, com o rosto no chão, e depois disse a Saul: “Por que o rei dá atenção às pessoas que dizem que eu procuro fazer mal ao rei? Hoje mesmo o rei pode ver com os seus próprios olhos que isso não é verdade. O Senhor colocou o rei nas minhas mãos, lá na caverna. Alguns dos meus homens me disseram para matá-lo, no entanto eu o poupei, pois disse: ‘Nunca farei mal ao meu senhor, porque ele é o ungido do Senhor ’. Vê isto, meu pai, que tenho na mão? É um pedaço da barra do seu manto! Cortei o seu manto, mas não o matei! Isso não o convence de que não procuro fazer-lhe mal, nem rebelar-me contra o senhor, e que não pequei contra a pessoa do rei, muito embora esteja me perseguindo para tirar-me a vida? “O Senhor julgue entre nós dois. Talvez ele o castigue pelo mal que o senhor procura fazer-me, porém eu nunca farei mal ao rei. Como diz o antigo provérbio: ‘O perverso age como perverso’; mas eu não lhe farei nenhum mal. “A quem o rei de Israel procura apanhar? A quem está perseguindo? Deve ele gastar o seu tempo caçando um cão morto ou uma pulga? Que o Senhor seja o juiz e julgue qual de nós está certo. Que ele seja o meu advogado e meu defensor, e me livre das suas mãos!” Tendo Davi falado todas estas palavras, Saul perguntou: “Realmente é você, meu filho Davi?” E começou a chorar em alta voz. Então Saul disse a Davi: “Você é um homem melhor do que eu, pois você me pagou com o bem o mal que eu lhe fiz. Sim, você hoje foi muito bom para comigo, pois quando o Senhor me entregou em suas mãos, você não me matou. Que outra pessoa no mundo deixaria seu inimigo escapar, quando o tinha em suas mãos? Que o Senhor lhe dê uma boa recompensa pela bondade com que me tratou hoje. Agora reconheço certamente que você será rei, e que Israel será o seu reino. Jure-me pelo Senhor que, quando isso acontecer, você não matará a minha família, nem fará desaparecer o meu nome da família de meu pai!” Então Davi prometeu que assim seria. Saul voltou para sua casa, mas Davi e seus homens foram para a fortaleza. Pouco tempo depois, Samuel morreu, e todo o Israel se reuniu e todos choraram a morte dele; ele foi sepultado no túmulo de sua família, em Ramá. Nesse meio-tempo, Davi desceu para o deserto de Maom. Certo homem muito rico de Maom tinha seus bens na cidade de Carmelo. Ele possuía mil cabras e três mil ovelhas, as quais estava tosquiando em Carmelo. O nome desse homem era Nabal; sua esposa, uma mulher muito linda e inteligente, chamava-se Abigail. Mas o seu marido, que era da família de Calebe, era grosseiro e mau, um sujeito difícil de lidar. No deserto, quando Davi soube que Nabal estava tosquiando as ovelhas, enviou dez de seus moços ao Carmelo, dizendo-lhes: “Levem minha mensagem a Nabal, em Carmelo, e perguntem em meu nome como ele está. Digam-lhe: ‘Paz seja com o senhor e a sua família! Que Deus faça prosperar você e sua família, e aumente muitas vezes tudo o que você possui! Disseram-me que você está tosquiando as suas ovelhas. Enquanto os seus pastores estiveram entre nós, nunca fizemos mal a eles, nem tiramos coisa alguma deles durante todo o tempo em que estiveram no Carmelo. Pergunte aos seus moços, e eles lhe dirão se isto é verdade ou não. Agora enviei meus homens para pedir que você nos faça uma pequena contribuição, pois chegamos em uma época de festas. Por favor, dê a nós, os seus servos, e a seu filho Davi, qualquer coisa que tiver à mão’ ”. Os moços foram e deram o recado de Davi a Nabal, e esperaram pela resposta. “Quem é esse tal de Davi?”, perguntou Nabal. “Quem esse filho de Jessé pensa que é? Hoje em dia há tantos empregados que fogem dos seus empregadores! Por que deveria eu pegar meu pão e minha água, e a carne dos animais que abati para os meus trabalhadores, e dar a um bando de homens que não sei de onde vem?” Então os mensageiros de Davi voltaram, e contaram a ele o que Nabal tinha dito. “Peguem suas espadas!”, foi a resposta de Davi, enquanto ele enfiava a sua espada na bainha. Cerca de quatrocentos homens partiram com Davi, e duzentos ficaram para guardar as bagagens. Nesse meio-tempo, um dos servos de Nabal foi procurar Abigail, mulher de Nabal, e disse a ela: “Davi enviou mensageiros do deserto para saudar o nosso senhor, mas ele insultou os homens e os expulsou daqui. Porém, os homens de Davi foram muito bons para conosco, e nunca nos fizeram mal algum; para dizer a verdade, dia e noite eles foram como um muro de proteção para nós e para as ovelhas, e nada foi tirado de nós durante todo o tempo em que estiveram ao nosso lado. Seria bom levar isso em consideração e tomar providências o quanto antes, pois vai haver problema para nosso senhor e sua família. Ele é um homem tão mal que ninguém consegue conversar com ele!” Então Abigail tomou depressa duzentos pães, duas vasilhas grandes contendo vinho, cinco ovelhas preparadas, cinco medidas de grãos de trigo torrado, cem bolos de passas, duzentos bolos de figo, e colocou tudo sobre os jumentos. “Vocês seguem na frente”, ela disse aos seus moços, “e eu sigo logo atrás”. Porém não contou ao marido o que estava fazendo. Quando ela descia a estrada montada num jumento, viu Davi que já estava a caminho com seus homens, e ela foi se encontrar com ele. Davi havia dito: “Tivemos bastante trabalho para ajudar esse homem. Protegemos os rebanhos dele no deserto, de tal maneira que nada se perdeu ou foi roubado, no entanto ele paga com o mal o bem que lhe fizemos. E ainda, por cima, nos insulta. Que Deus me castigue, e o faça com severidade, se até amanhã, ao amanhecer, ficar vivo ainda que seja um só dos homens que pertencem a Nabal!” Quando Abigail viu Davi, desceu depressa do animal e se curvou com o rosto em terra diante de Davi. Ela lançou-se aos seus pés e disse: “Eu aceito toda a culpa nessa questão, meu senhor. Por favor, ouça o que a sua serva tem a dizer. Meu senhor, não dê atenção a Nabal, pois é um homem mau, insensato, de mau gênio. Por favor, não dê atenção ao que ele disse. Ele é um louco — é exatamente o que o seu nome Nabal significa. Mas eu, sua serva, não vi os mensageiros que o senhor mandou. “Agora, meu senhor, juro pelo nome do Senhor e por sua vida que foi Deus que impediu o senhor de matar e de vingar-se com suas próprias mãos. Que todos os seus inimigos e os que procuram fazer-lhe mal sejam castigados como Nabal. E agora, aqui está um presente que esta sua serva trouxe para o meu senhor e para os seus moços. Perdoe a ofensa da sua serva. Certamente o Senhor vai recompensá-lo com uma família de reis que nunca terá fim, pois o senhor está lutando as batalhas do Senhor; e em todos os dias da sua vida o senhor nunca fará o mal. Mesmo quando o senhor for perseguido por aqueles que desejam tirar-lhe a vida, a vida do meu senhor estará segura como aqueles que são protegidos pelo Senhor, o seu Deus! Mas a vida dos seus inimigos desaparecerá, como pedra atirada de uma funda! Quando o Senhor tiver feito todo o bem que lhe prometeu, e o senhor já estiver reinando sobre Israel, meu senhor não vai querer estar com a consciência pesada de ter derramado sangue desnecessariamente, nem de ter feito justiça com suas próprias mãos! E, quando o Senhor tiver feito todas essas grandes coisas para o meu senhor, por favor, lembre-se da sua serva!” Davi respondeu a Abigail: “Bendito seja o Senhor, o Deus de Israel, que hoje enviou você ao meu encontro! Graças a Deus pelo seu bom juízo e conselho. Que você seja abençoada por me impedir de matar esse homem e de vingar-me com as minhas próprias mãos. Pois juro pelo Senhor, o Deus de Israel, que me impediu de fazer o mal, que se você não tivesse vindo depressa ao meu encontro, nenhum dos homens de Nabal estaria vivo amanhã pela manhã”. Então Davi aceitou os presentes que ela trouxe e disse: “Vá para casa em paz. Eu atenderei ao seu pedido”. Quando Abigail chegou em casa, viu que Nabal estava promovendo uma grande festa, como uma festa de um rei. Como ele estava alegre e bêbado, resolveu não contar nada sobre o encontro que teve com Davi, mas esperou até a manhã seguinte. Pela manhã, Nabal já não estava mais bêbado, e quando a esposa lhe contou o que havia acontecido, ele sentiu o seu coração amortecer e ficou paralisado, como se o coração dentro dele se transformasse numa pedra. Passados uns dez dias, ele morreu, porque o Senhor o matou. Quando Davi ouviu dizer que Nabal estava morto, exclamou: “Louvado seja o Senhor, que deu a Nabal o que ele merecia por ter me tratado com desprezo. O Senhor livrou o seu servo de fazer o mal e fez com que a maldade de Nabal caísse sobre a sua cabeça”. Então Davi mandou logo mensageiros a Abigail, para pedir a ela que se casasse com ele. Quando os mensageiros chegaram ao Carmelo, disseram a Abigail: “Davi nos mandou buscá-la, para que se torne a sua esposa”. Ela levantou-se, inclinou-se com o rosto no chão, e disse: “Aqui está a sua serva, pronta para servi-lo e para lavar os pés dos servos do meu senhor”. Aprontou-se com toda pressa, levou consigo cinco das moças que a ajudavam e, montada num jumento, seguiu os homens que a levaram a Davi. E assim ela se tornou esposa dele. Davi também casou-se com Ainoã, de Jezreel, e ambas foram as suas mulheres. Nesse meio-tempo, Saul tinha dado a sua filha Mical, mulher de Davi, a um homem de Galim, por nome Paltiel, filho de Laís. Então os homens de Zife voltaram a Saul, em Gibeá, e disseram: “Davi voltou ao deserto, e está escondido na colina de Haquilá, em frente do deserto de Jesimom”. Diante disso, Saul levou três mil dos melhores soldados escolhidos de Israel, e saiu em perseguição a Davi. Saul acampou junto à estrada na colina de Haquilá, em frente ao deserto de Jesimom, onde Davi estava se escondendo. Porém, Davi ouviu falar da chegada de Saul e enviou espias para saber se Saul havia de fato chegado. Então certa noite Davi foi até o acampamento de Saul para ver o que se passava por lá. O rei Saul e Abner, filho de Ner, comandante do exército, estavam dormindo. Saul estava deitado no acampamento, e o seu exército estava acampado ao seu redor. Davi dirigiu-se ao heteu Aimeleque e a Abisai, filho de Zeruia, irmão de Joabe: “Quem vai descer comigo até o acampamento de Saul?” “Eu desço com o senhor”, respondeu Abisai. Assim Davi e Abisai foram ao acampamento de Saul à noite e o encontraram dormindo, com sua lança fincada no chão, junto à sua cabeça. Abner e os soldados dormiam à sua volta. “Certamente desta vez Deus colocou o seu inimigo nas suas mãos”, Abisai cochichou para Davi. “Agora, deixe-me ir atravessá-lo com aquela lança, com um só golpe. Eu não preciso dar dois golpes; um só basta!” Contudo, Davi disse a Abisai: “Não o mate, pois quem pode permanecer inocente depois de levantar a mão contra o ungido do Senhor? Tão certo como vive Deus, o Senhor mesmo o matará algum dia, ou ele morrerá na batalha, ou chegará a sua hora e ele morrerá. Que o Senhor não permita que eu mate o homem que ele escolheu para ser o rei! Vamos pegar a sua lança e o seu jarro de água, e depois vamos sair daqui”. Assim Davi tomou a lança e o jarro de água, que estava perto da cabeça de Saul, e eles saíram sem que ninguém os visse; ninguém percebeu nada e ninguém acordou, porque o Senhor fez com que eles caíssem num sono profundo. Em seguida, Davi subiu a colina, do lado oposto do acampamento, até chegarem a uma distância que não oferecia perigo. Então Davi gritou para o povo e para Abner, filho de Ner: “Acorde, Abner! Você não vai responder?” “Quem é que está gritando para o rei?”, perguntou Abner. “Olhe, Abner, você é um grande herói, não é mesmo?”, Davi zombou. “Onde, em todo o Israel, existe alguém como você? Por que você não protegeu o seu senhor, o rei, quando alguém chegou aí para matá-lo? Isso não é nada bom! Juro pelo Senhor que todos vocês deveriam morrer por sua falta de cuidado com o rei, o ungido do Senhor. Agora, olhem! Onde estão a lança e o jarro de água do rei, que estavam à cabeceira dele?” Saul reconheceu a voz de Davi, e disse: “É você, meu filho Davi?” E Davi respondeu: “Sim, ó rei, meu senhor, sou eu”. E acrescentou: “Por que o meu senhor está perseguindo este seu servo? O que eu fiz? Qual é meu crime? Peço agora, ó rei, meu senhor, que ouça as palavras de seu servo. Se é o Senhor que incita o rei contra mim, então que ele aceite minha oferta de cereais. Mas, se isto é simplesmente o plano de homens, então que eles sejam amaldiçoados diante do Senhor! Pois o rei me expulsou de minha casa, para que eu não tenha herança do Senhor, de maneira que não posso estar com o povo do Senhor, como se eu tivesse de adorar outros deuses. Devo eu morrer em terra estrangeira, longe da presença do Senhor? Qual a razão pela qual o rei de Israel sai atrás de uma pulga, e me persegue como quem persegue uma perdiz nas montanhas?” Então Saul confessou: “Pequei! Volte para casa, meu filho Davi, e não mais procurarei fazer mal a você; pois hoje você me salvou a vida. Tenho agido como um tolo, e tenho cometido um grave erro”. “Aqui está a lança do rei”, respondeu Davi. “Deixe que um dos seus servos venha buscá-la. O Senhor recompensa a justiça e a fidelidade. Eu me recusei a levantar a mão contra o ungido do Senhor, mesmo quando o Senhor o entregou nas minhas mãos. Agora, que o Senhor salve a minha vida, assim como hoje salvei a sua. Que ele me livre de todas as minhas dificuldades”. Então Saul disse a Davi: “O Senhor abençoe você, meu filho Davi. Você praticará atos heroicos e será um grande conquistador”. Então Davi foi-se embora, e Saul voltou para sua casa. Mas Davi continuou a pensar consigo mesmo: “Um dia destes Saul vai me apanhar. É melhor eu me esconder na terra dos filisteus, até que Saul desista de me perseguir por toda parte em Israel; assim ficarei livre de perigo”. Assim Davi levou os seus seiscentos homens e foi até Gate, onde reinava Aquis, filho de Maoque. Davi e seus soldados se estabeleceram em Gate sob a proteção do rei Aquis. Cada homem levou a sua família, e Davi também levou as suas duas esposas: Ainoã, de Jezreel e Abigail, de Carmelo, viúva de Nabal. Logo chegou a Saul a notícia de que Davi tinha fugido para Gate, de maneira que deixou de persegui-lo. Um dia Davi disse a Aquis: “Meu senhor, se tudo está bem para Vossa Majestade, dê-me um lugar numa das cidades desta terra para que eu possa habitar ali. Por qual motivo o seu servo habitaria com o senhor na cidade real?” Então Aquis deu a ele a cidade de Ziclague, que pertence aos reis de Judá até hoje. Davi viveu ali entre os filisteus durante um ano e quatro meses. Ele e seus homens passavam o tempo atacando os gesuritas, os gersitas e os amalequitas — povos que viviam na terra que se estende na direção de Sur até a terra do Egito, desde tempos muito antigos. Quando Davi atacava a região, ele não deixava nenhuma pessoa com vida, nem homens nem mulheres, e tomava as ovelhas, os bois, os jumentos, os camelos e as roupas. Ele voltava e vinha para Aquis. Quando Aquis perguntava: “Onde você fez o seu ataque hoje?”, Davi respondia: “Meu ataque hoje foi contra o sul de Judá” ou “contra o povo de Jerameel” ou “contra os queneus”. Davi não deixava ninguém com vida, tanto homens como mulheres, para que não fossem levados para Gate, pois pensava: “Eles poderão denunciar-me”. Isso aconteceu repetidas vezes, enquanto ele viveu entre os filisteus. Aquis confiava em Davi e pensava: “O povo de Israel deve odiá-lo muito. Ele terá de ficar aqui e me servir para sempre!” Naqueles dias os filisteus reuniram seus exércitos para outra guerra contra Israel. “Venham e nos ajudem a lutar”, disse o rei Aquis a Davi e seus homens. Davi concordou: “Logo o rei verá como podemos ajudar de verdade”. “Se é assim, você será meu guarda-costas enquanto eu viver”, disse Aquis a Davi. Nessa ocasião, Samuel já tinha morrido, e todo o Israel tinha chorado a sua morte. E Samuel tinha sido sepultado em Ramá, sua cidade natal. O rei Saul tinha expulsado do país todos os médiuns e os adivinhadores. Os filisteus acamparam em Suném, e Saul e os exércitos de Israel acamparam em Gilboa. Quando Saul viu o enorme exército dos filisteus, ficou tremendo de medo e consultou o Senhor quanto ao que deveria fazer. Porém, o Senhor não lhe deu resposta, nem por meio de sonhos, nem por Urim ou por intermédio dos profetas. Então Saul deu ordens aos seus auxiliares: “Vão e procurem uma médium, de maneira que eu possa consultá-la”. Eles encontraram uma em En-Dor. Saul então se disfarçou, usando roupas comuns, em vez de usar suas vestes reais. Ele foi à casa da mulher, à noite, acompanhado por dois dos seus homens. Ele disse a ela: “Quero falar com um homem que está morto. Pode fazer subir o espírito desse homem?” Mas a mulher disse: “O senhor certamente sabe que Saul mandou matar todos os médiuns e os adivinhadores. Por que o senhor está armando uma cilada para mim, para que eu seja morta?” Porém, Saul fez um juramento pelo Senhor, dizendo: “Tão certo como vive o Senhor, nenhum mal virá sobre você por isso”. Finalmente, a mulher concordou e disse: “Pois bem, a quem o senhor quer que eu faça subir?” “Faça-me subir Samuel”, respondeu Saul. Quando a mulher viu Samuel, ela soltou um grito e disse a Saul: “O senhor me enganou! O senhor é Saul!” “Não tenha medo!”, o rei disse a ela. “O que você está vendo?” “Vejo um ser como um deus, que sobe da terra”, ela disse. Ele perguntou: “Qual é a aparência dele?” “É um ancião subindo envolto em um manto”, respondeu ela. Então Saul entendeu que era Samuel, e se curvou com o rosto no chão. “Por que você me perturba, trazendo-me de volta?”, Samuel perguntou a Saul. “Porque estou muito angustiado”, respondeu Saul. “Os filisteus estão guerreando contra nós, e Deus me abandonou e não me responde por profetas, nem por sonhos; por isso chamei o senhor para que me diga o que devo fazer”. Samuel, porém, respondeu: “Por que vem perguntar a mim, se o Senhor o abandonou e se tornou o seu inimigo? Ele fez conforme disse que faria por meu intermédio; ele tirou o reino das suas mãos e o deu ao seu rival Davi. Tudo isso aconteceu a você porque você não obedeceu às ordens do Senhor quando ele estava irado com os amalequitas. O Senhor entregará você e o exército de Israel nas mãos dos filisteus, e amanhã, você e seus filhos estarão aqui comigo. E o Senhor vai entregar o exército de Israel nas mãos dos filisteus”. Então, na mesma hora, Saul caiu estendido ao chão, paralisado de terror pelas palavras de Samuel. Ele também estava sem forças devido à fome, pois não tinha comido nada durante todo aquele dia e toda aquela noite. Quando a mulher viu o quanto ele estava perturbado, disse: “ Senhor, obedeci às suas ordens, com risco de minha própria vida. Agora ouça o que eu digo e me permita dar-lhe alguma coisa para comer, de modo que o senhor possa aguentar a viagem de volta”. Porém, Saul não aceitou. Os homens que estavam com ele insistiram, e por fim ele concordou. Então ele se levantou e assentou-se na cama. A mulher estava engordando um bezerro; assim, ela saiu depressa, matou o bezerro, amassou farinha e assou um pão sem fermento. Ela trouxe a refeição ao rei e aos seus homens, e eles comeram. Depois foram embora naquela mesma noite. O exército filisteu se reuniu em Afeque, e os israelitas acamparam junto à fonte de Jezreel. Enquanto os comandantes filisteus conduziam seus soldados por grupos de cem e de mil, Davi e seus homens iam na retaguarda com o rei Aquis. Porém, os comandantes filisteus perguntaram: “O que esses israelitas fazem aqui?” E o rei Aquis lhes respondeu: “Este é Davi, o homem que era servo de Saul, rei de Israel. Ele está comigo há mais de um ano, e desde que chegou, não encontrei nenhuma falta nele”. Mas os comandantes filisteus se iraram muito contra Aquis. “Mande esse homem de volta!”, exigiram. “Eles não vão à batalha com o nosso exército, porque vão lutar contra nós. Existe algum meio melhor para ele fazer as pazes com o seu senhor do que voltar-se contra nós na batalha? Não é este o Davi de quem as mulheres de Israel cantavam em suas danças: ‘Saul matou seus milhares, e Davi matou suas dezenas de milhares’?” Então Aquis chamou Davi e lhe disse: “Juro pelo nome do Senhor que você tem sido correto e leal comigo. Nenhum mal achei em você, desde o dia em que você chegou até hoje, mas os meus comandantes não o aprovam. Por favor, Davi, não deixe esses oficiais irritados; é melhor você voltar em paz”. “O que eu fiz para merecer este tratamento?”, perguntou Davi. “Por que não posso lutar contra seus inimigos?” Mas Aquis insistiu: “Quanto a mim, você é tão perfeito como um anjo de Deus. Porém, os meus comandantes não querem ter você na companhia deles na batalha. Levante-se, pois, de madrugada, junto com os servos que vieram com você e assim que clarear o dia vá embora”. Assim, Davi e seus homens levantaram de madrugada e voltaram à terra dos filisteus, enquanto o exército filisteu prosseguiu em sua marcha para Jezreel. Três dias depois, quando Davi e seus homens chegaram à cidade de Ziclague, viram que os amalequitas tinham atacado a cidade e a queimado completamente; não mataram ninguém, mas levaram embora todas as mulheres, os jovens, as crianças e os idosos, e foram pelo seu caminho. Quando Davi e seus homens olharam para aquelas ruínas e compreenderam que suas famílias tinham sido levadas prisioneiras, choraram em alta voz até não terem mais lágrimas. As duas esposas de Davi, Ainoã, de Jezreel, e Abigail, de Carmelo, a viúva de Nabal, estavam entre as mulheres que foram presas. Davi estava profundamente angustiado, pois os seus homens, aflitos por causa dos seus filhos e das suas filhas, começaram a falar em apedrejá-lo. Mas Davi recebeu forças do Senhor, o seu Deus. Então disse ao sacerdote Abiatar: “Traga-me aqui o colete sacerdotal!” E Abiatar o trouxe a Davi. E Davi perguntou ao Senhor: “Devo perseguir esse bando de invasores? Eu os alcançarei?” E o Senhor disse a ele: “Sim, vá atrás deles; você os alcançará, e conseguirá recuperar tudo que eles tomaram de vocês”. Então Davi e seus seiscentos homens foram atrás dos amalequitas. Quando chegaram ao ribeiro de Besor, duzentos dos homens ficaram ali. Eles estavam tão cansados que não aguentaram atravessar o ribeiro, mas Davi e os outros quatrocentos atravessaram e continuaram a perseguição. A caminho, encontraram um moço egípcio no campo e o trouxeram à presença de Davi. Deram-lhe água e comida: um pedaço de bolo de figo e dois bolos de passas. Fazia três dias e três noites que esse moço estava sem comer e sem beber; com isso o rapaz recobrou as forças. “Quem é você e de onde vem?”, Davi perguntou a ele. “Sou egípcio, servo de um amalequita”, respondeu ele. “Meu senhor me deixou para trás, há três dias, porque eu estava doente. Estávamos voltando do nosso ataque aos queretitas no lado sul deles; havíamos atacado o sul de Judá e o Neguebe, e a terra de Calebe, e pusemos fogo na cidade de Ziclague”. Davi lhe perguntou: “Você pode dizer-me para onde essa tropa foi?” O moço respondeu: “Se você jurar pelo nome de Deus que não me matará, nem me entregará ao meu senhor, então levarei você a eles”. E o moço os levou ao acampamento dos amalequitas. Eles estavam espalhados pelos campos, comendo, bebendo e dançando com alegria, por causa da enorme quantidade de bens que haviam tomado dos filisteus e da terra de Judá. Davi e seus homens os atacaram no dia seguinte, desde o amanhecer até o anoitecer. Não escapou ninguém, a não ser quatrocentos moços que fugiram montados em camelos. Davi conseguiu recuperar tudo que os amalequitas haviam tomado, inclusive as suas duas mulheres. Não faltou coisa alguma, nem pequena nem grande, nem os filhos nem as filhas, nem os bens, nem qualquer coisa que os amalequitas tinham levado. Davi também tomou todos os rebanhos, e os levou diante dos outros animais, dizendo: “Este é o despojo de Davi”. Quando chegaram ao ribeiro de Besor, onde estavam os duzentos homens que não puderam ir junto porque estavam cansados demais, eles saíram para receber Davi e o povo que vinha com ele. Ao aproximar-se com os seus soldados, Davi os cumprimentou com alegria. Mas alguns vadios dentre os homens de Davi declararam: “Eles não foram com a gente, por isso não devem receber nada. Levem as suas mulheres e seus filhos, e vão embora”. Porém, Davi respondeu: “Não, meus irmãos! O Senhor nos guardou e nos ajudou a derrotar o inimigo que tinha nos atacado. Acaso pensam que alguém vai dar-lhes ouvido? Haverá uma parte igual para cada grupo — uma parte para os que foram à batalha e outra para os que tomaram conta da bagagem”. Daquele dia em diante, Davi estabeleceu esse princípio como lei para todo o Israel, e assim é até hoje. Quando Davi chegou a Ziclague, mandou aos líderes de Judá uma parte do que haviam trazido, dizendo: “Eis um presente para vocês; nós tomamos isso dos inimigos do Senhor ”. Os presentes foram enviados aos líderes das seguintes cidades: de Betel, de Ramote do Sul, de Jatir, de Aroer, de Sifmote, de Estemoa, de Racal, das cidades dos jerameelitas e das cidades dos queneus, de Hormá, de Borasã, de Atace, de Hebrom e de todos os lugares em que Davi e seus homens haviam estado. Nesse meio-tempo, os filisteus começaram a batalha contra Israel, e os israelitas fugiram deles e muitos foram mortos no monte Gilboa. Os filisteus cercaram Saul por todos os lados e mataram seus filhos Jônatas, Abinadabe e Malquisua. O combate agravouse cada vez mais contra Saul. Os que atiravam flechas com arco viram onde Saul estava; eles o alcançaram e o atingiram. Então Saul disse ao seu escudeiro: “Tire a sua espada e atravesseme, antes que esses filisteus, adoradores de deuses falsos, me prendam e me torturem”. Porém o seu moço teve medo de matá-lo. Então Saul tomou sua própria espada, atirou-se sobre a ponta da lâmina, e esta atravessou o seu corpo. Quando o escudeiro viu que Saul estava morto, também ele se atirou sobre sua espada e morreu ao lado do rei. Dessa maneira, Saul, seus três filhos, seu escudeiro e todos os seus soldados morreram naquele mesmo dia. Quando os israelitas que estavam no outro lado do vale e além do Jordão souberam que seus companheiros tinham fugido e que Saul e seus filhos estavam mortos, abandonaram as suas cidades. E os filisteus vieram morar nelas. No dia seguinte, quando os filisteus saíram para saquear os mortos, encontraram os corpos de Saul e dos seus três filhos no monte Gilboa. Cortaram a cabeça de Saul e tiraram as armas que ele possuía, e mandaram mensageiros por toda a terra dos filisteus para anunciarem a notícia nos templos das suas imagens e ao povo da sua terra. As armas de Saul foram colocadas no templo de Asterote, e o corpo de Saul foi amarrado ao muro de Bete-Seã. Mas quando os moradores de Jabes-Gileade ouviram o que os filisteus tinham feito com Saul, os guerreiros mais corajosos dessa cidade viajaram a noite inteira até Bete-Seã; desceram do muro os corpos de Saul e de seus filhos, e os trouxeram a Jabes, onde foram queimados. Depois sepultaram os seus restos debaixo de um carvalho em Jabes, e jejuaram durante sete dias. Depois da morte de Saul, Davi voltou a Ziclague após a vitória sobre os amalequitas. Três dias mais tarde, veio um homem do exército israelita com as roupas rasgadas e terra sobre a cabeça, como sinal de tristeza. Ele inclinou-se diante de Davi com o rosto no chão, como sinal de respeito. “De onde vem você?”, Davi perguntou. “Eu escapei do acampamento israelita”, o homem respondeu. “O que foi que aconteceu?”, Davi perguntou. “Diga-me como foi a batalha”. E o homem respondeu: “Todo o nosso exército fugiu. Muitos homens estão mortos e feridos no campo, e Saul e seu filho Jônatas foram mortos”. Então Davi perguntou ao homem que havia trazido a notícia: “Como é que você sabe que eles estão mortos?” “Porque eu estava no monte Gilboa e vi que Saul estava apoiado sobre sua lança, e os carros inimigos e seus cavaleiros estavam chegando cada vez mais perto dele, cercando-o por todos os lados. Quando ele me viu, chamou-me para junto dele, e eu disse: ‘Aqui estou, senhor!’ ” “Quem é você?”, ele perguntou. “Um amalequita”, respondi. “Venha cá e mate-me”, ele pediu, “pois estou numa terrível angústia de morte!” “Então eu me aproximei e o matei, porque sabia que ele não tinha condições de sobreviver. Depois tomei a sua coroa e uma das suas pulseiras para trazer aqui ao meu senhor”. Então Davi e seus homens rasgaram as suas vestes em sinal de tristeza quando ouviram a notícia. Eles lamentaram, choraram e jejuaram o dia todo por Saul e por seu filho Jônatas, pelo exército do Senhor e pelo povo do Senhor, que morreram naquele dia à espada. Em seguida, Davi perguntou ao jovem que havia trazido a notícia: “De onde é você?” E ele respondeu: “Sou filho de um estrangeiro, um amalequita”. “Por que você matou o rei escolhido do Senhor?”, perguntou Davi. Então Davi disse a um dos seus soldados: “Mate esse homem!” E o soldado atacou e matou o amalequita. Davi havia dito ao amalequita: “Você morre por sua própria condenação, pois você mesmo confessou que matou o rei escolhido do Senhor ”. Davi chorou muito, e mais tarde escreveu um hino triste para Saul e Jônatas, e ordenou que o hino fosse ensinado aos homens de Judá. Este lamento está registrado no Livro de Jasar. “Ó Israel, o seu esplendor e alegria estão mortos sobre os montes; heróis poderosos caíram! Não contem essas notícias em Gate, nem anunciem nas ruas de Ascalom, para que não se alegrem as filhas dos filisteus, para que as nações que adoram deuses falsos não riam em triunfo. Ó montes de Gilboa, não caia orvalho nem chuva sobre vocês, nem haja plantação de cereais nas suas encostas. Pois ali os escudos dos guerreiros valentes foram profanados, bem como o escudo do poderoso Saul, que perdeu seu brilho. Do sangue dos feridos, da carne dos valentes o arco de Jônatas nunca recuou, e a espada de Saul nunca falhou. Eles nunca voltavam das batalhas com as mãos vazias. Como Saul e Jônatas eram amados e estimados! Eles estiveram juntos na vida e na morte. Eram mais velozes do que as águias, mais fortes do que os leões. Mas agora, ó filhas de Israel, chorem por Saul. Ele vestia vocês com finas roupas e ornamentos dourados. Esses poderosos heróis caíram no meio da batalha. Jônatas foi morto lá nas montanhas. Como eu choro por você, meu irmão Jônatas; Quanto eu o estimava! E o seu amor por mim era mais precioso do que o amor de mulheres! Os guerreiros valentes caíram! As suas armas foram destruídas”. Depois disso, Davi perguntou ao Senhor: “Devo mudar-me para uma das cidades de Judá?” E o Senhor respondeu: “Sim, você deve ir”. “Para que cidade então irei?”, perguntou Davi. “Para Hebrom”, respondeu o Senhor. Então Davi foi para Hebrom com as suas duas esposas, Ainoã, de Jezreel, e Abigail, a viúva de Nabal, o carmelita. Davi ainda levou os homens que o acompanhavam, com suas famílias, e foram todos de mudança para Hebrom e cidades vizinhas. Quando os homens de Judá chegaram em Hebrom, Davi foi coroado rei do povo de Judá. Quando Davi foi informado de que os homens de Jabes-Gileade haviam sepultado Saul, enviou mensageiros com este recado: “O Senhor abençoe vocês por terem sido leais ao seu rei, dando a Saul, o seu rei, um sepultamento honroso. Que o Senhor seja misericordioso e derrame sobre vocês muitas provas do seu amor! Eu, de minha parte, também serei generoso com vocês pelo bem que praticaram. Mas agora peço a vocês que sejam meus guerreiros fortes, corajosos e leais, pois o rei Saul já está morto, e os homens de Judá já me ungiram rei do povo de Judá”. Porém Abner, o comandante-chefe do exército de Saul, levou Is-Bosete, filho de Saul, para Maanaim para coroá-lo rei sobre Gileade, Aser, Jezreel, Efraim, Benjamim e sobre todo o Israel. Is-Bosete, filho de Saul, estava com quarenta anos de idade quando começou a reinar sobre Israel. Ele reinou em Maanaim por dois anos, enquanto o povo de Judá seguiu Davi. Davi reinou sobre Judá em Hebrom por sete anos e meio. Um dia, o general Abner, filho de Ner, e os oficiais de Is-Bosete, filho de Saul, foram de Maanaim para Gibeom. O general Joabe, filho de Zeruia, e as tropas de Davi foram ao encontro do general Abner. Encontraram-se na represa de Gibeom, onde se defrontaram, ficando um grupo de um lado da represa e o outro grupo do lado oposto. Então Abner fez uma proposta a Joabe: “Deixemos que alguns soldados do seu exército lutem com alguns do meu exército diante de nós!” Joabe respondeu: “Está bem!” Então foram escolhidos doze homens aliados de Benjamim e Is-Bosete, filho de Saul, e doze homens de Davi para uma luta de vida ou morte. Cada soldado atacava o seu adversário agarrando-o pelos cabelos e fincava a espada no lado, e todos caíram mortos juntos. Por isso aquele lugar de combate, em Gibeom, foi chamado de Helcate-Hazurim. Então os dois exércitos começaram a lutar violentamente um contra o outro; no fim Abner e os soldados de Israel foram derrotados pelos soldados de Davi. Abisai e Asael, irmãos de Joabe, e os três filhos de Zeruia tomaram parte na batalha. Asael, que era ligeiro e corria como uma cabra dos montes, começou a perseguir Abner. Ele corria sem se desviar, sempre atrás de Abner. Abner olhou para trás e, vendo que alguém o perseguia, gritou: “Por acaso você é Asael?” “Sim”, respondeu ele, “sou eu”. “Então persiga outra pessoa e não a mim!”, implorou Abner. “Procure vencer algum soldado comum e capturar suas armas”. Porém Asael não deu ouvidos e continuou na sua perseguição. De novo Abner advertiu Asael: “Saia de trás de mim! Como é que poderei olhar nos olhos do seu irmão Joabe se eu tiver de matar você, Asael?” Asael se recusou a ouvi-lo. Então Abner o atacou com a parte traseira da lança, que atravessou o corpo de Asael. Ele tombou no chão e morreu ali mesmo. Todos os que ali chegavam paravam ao lado do seu corpo. Depois disso, Joabe e Abisai saíram em perseguição a Abner. Ao pôr do sol eles chegaram ao monte Amá, perto de Gia, no caminho que levava ao deserto de Gibeom. Os soldados de Abner, da tribo de Benjamim, reuniram-se no alto de uma colina. Então Abner gritou a Joabe: “É justo que nossas espadas continuem a matar uns aos outros? As coisas vão piorar para todos nós e haverá amargura. Já não está na hora de mandar os seus homens parar de perseguir os seus irmãos? E Joabe respondeu em alta voz: “Deus é testemunha de que se você não tivesse falado, nossos homens continuariam a perseguir vocês até amanhã cedo”. E fazendo soar a sua trombeta, seus homens pararam de perseguir as tropas de Israel e lutar contra elas. Nessa noite, Abner e seus homens marcharam pelo vale do Jordão, atravessaram o rio e marcharam durante a manhã até chegar a Maanaim. Quando Joabe voltou com seus homens para suas casas, reuniu todo o povo e viu que faltavam dezenove homens de Davi, além de Asael. Porém os homens de Davi tinham matado trezentos e sessenta homens, todos da tribo de Benjamim, comandados por Abner. Joabe e seus homens levaram o corpo de Asael para Belém, e o sepultaram ao lado de seu pai. Viajaram de volta a noite toda, chegando a Hebrom quando o dia estava amanhecendo. Esse foi o começo de uma longa guerra entre os seguidores de Saul e os de Davi. Entretanto, o reino de Davi ficava cada vez mais forte, enquanto o reino de Saul se tornava cada vez mais fraco. Enquanto Davi estava em Hebrom nasceram-lhe seis filhos. O primeiro chamava-se Amnom, e era filho de Ainoã, de Jezreel. O segundo foi Quileabe, filho de Abigail, a viúva de Nabal, o carmelita; o terceiro, Absalão, filho de Maaca, filha de Talmai, rei de Gesur. O quarto, Adonias, filho de Hagite; o quinto, Sefatias, filho de Abital; e o sexto, Itreão, filho de Eglá. Esses foram os filhos de Davi que nasceram em Hebrom. À medida que a guerra continuava entre o reino de Saul e o reino de Davi, Abner foi se tornando cada vez mais poderoso como chefe do exército de Saul. Abner, abusando da sua posição, tomou para si uma jovem chamada Rispa, filha de Aia, que era uma das concubinas de Saul. Quando Is-Bosete soube disso, perguntou a Abner: “Por que você teve relações com a concubina do meu pai?” Abner não gostou da pergunta e ficou furioso com Is-Bosete, e exclamou: “Por acaso sou um cão que pertence a Judá para ser tratado dessa maneira? Tenho sido fiel à família de Saul, seu pai, aos seus irmãos e amigos, e não permiti que caíssem nas mãos de Davi. É essa a recompensa que recebo? É justo que você me chame a atenção por causa dessa mulher? Deus é testemunha se eu não fizer por Davi o que o Senhor jurou fazer: transferir o reino da família de Saul e estabelecer o trono de Davi, tanto sobre Israel quanto sobre Judá, desde Dã até Berseba”. Is-Bosete nada respondeu, pois teve medo das palavras de Abner. Então Abner mandou mensageiros a Davi, com a seguinte proposta: “De quem é esta terra? Faça um acordo comigo, e eu o ajudarei a obter o apoio de todo o povo de Israel”. “Muito bem”, respondeu Davi. “Farei o acordo com você, mediante uma condição: Quero que me traga minha esposa Mical, filha de Saul”. E Davi mandou este recado para Is-Bosete, filho de Saul: “Mande-me de volta minha mulher Mical, com quem me casei em troca da vida de cem filisteus”. Então Is-Bosete tirou Mical de seu marido Paltiel, filho de Laís, e a enviou a Davi. Paltiel, chorando, acompanhou a sua mulher até Baurim. Então Abner lhe disse: “Volte para casa agora, Paltiel”. E ele voltou. Abner havia conversado com os chefes de Israel lembrando-os do seguinte: “Há muito tempo vocês têm desejado que Davi seja o rei de vocês. Chegou a hora, porque o Senhor prometeu a Davi: ‘Por meio de Davi vou livrar o meu povo das mãos dos filisteus e de quaisquer outros inimigos’ ”. Abner conversou também com os chefes da tribo de Benjamim. Depois foi a Hebrom relatar a Davi a boa vontade que havia conseguido do povo de Israel e de Benjamim. Abner veio acompanhado de vinte homens, e Davi os recebeu com um grande banquete. Então Abner disse a Davi: “Prometo que reunirei todo o povo de Israel, e o senhor será feito rei, conforme sempre desejou”. E Davi se despediu de Abner, e ele voltou em paz. Logo depois que Abner partiu em paz, Joabe e os soldados de Davi voltaram de um ataque, trazendo com eles muita coisa que conseguiram tomar do inimigo. Quando Joabe chegou com todo o seu exército e soube que Abner havia estado com o rei Davi, e que havia voltado em paz, procurou imediatamente o rei, e perguntou: “O que foi que o senhor fez? Por que o senhor deixou Abner ir embora em paz? Sabe perfeitamente que ele veio aqui como espião, para nos sondar! É certo que ele vai voltar para nos atacar!” Quando Joabe saiu da presença de Davi, mandou mensageiros atrás de Abner, dizendo a ele para voltar. Os mensageiros alcançaram Abner perto do poço de Sirá e o trouxeram de volta à presença de Joabe sem que Davi soubesse. Quando Abner chegou a Hebrom, Joabe o chamou para um lado, perto do portão da cidade, como se tivesse um assunto particular a tratar com ele, e ali mesmo o feriu na barriga, matando-o. Joabe agiu dessa forma para vingar a morte de Asael, seu irmão, a quem Abner tinha matado. Quando Davi soube do acontecido, declarou: “Deus sabe que eu e meu povo não tomamos parte nesse crime praticado contra Abner, filho de Ner. Joabe e toda a família de seu pai são os culpados. Que a sua família e todas as gerações sejam castigadas com fluxo, lepra, que usem muletas; que haja mortes pela espada ou que necessitem de pão!” Joabe e seu irmão Abisai foram, pois, responsáveis pela morte de Abner. Eles vingaram a morte do irmão Asael na batalha de Gibeom. Então Davi ordenou a Joabe e a todos os que estavam com ele: “Rasguem suas roupas, vistam roupas de luto, vão à frente do cortejo fúnebre e chorem e lamentem a morte de Abner”. E o rei Davi também acompanhou o enterro. Abner foi sepultado em Hebrom. O rei levantou a voz e chorou ao lado da sepultura de Abner, e todo o povo fez o mesmo. O rei expressou este lamento por Abner: “Ó Abner! Por que era preciso que você morresse como morrem os perversos? Suas mãos não estavam atadas, nem os seus pés estavam acorrentados. Você caiu como alguém que é morto pelos filhos da maldade, vítima de uma traição”. E todo o povo chorou novamente a morte de Abner. No dia do sepultamento, o povo insistiu para que Davi comesse alguma coisa antes que o dia terminasse. Porém Davi não aceitou e fez este juramento: “Que Deus me castigue com todo o rigor se eu comer alguma coisa antes do pôr do sol!” Todos os que ouviram isso concordaram com ele; aliás, tudo o que o rei fazia parecia certo aos olhos de todos! Assim todos os seguidores de Davi e todo o povo de Israel, pela atitude de Davi, imediatamente entenderam que ele não tinha tomado parte no assassinato de Abner, filho de Ner. Davi disse aos seus oficiais: “Vocês não percebem que um grande homem e um grande líder caiu hoje em Israel e, mesmo sendo eu um rei escolhido por Deus, nada posso fazer contra esses dois filhos de Zeruia? Que o Senhor retribua ao malfeitor de acordo com a sua maldade”. Quando o rei Is-Bosete, filho de Saul, soube da morte de Abner em Hebrom, perdeu a coragem, e todo o seu povo ficou com muito medo. O rei Is-Bosete passou o comando das tropas a dois irmãos, Baaná e Recabe, os quais já eram oficiais de grupos de ataque do exército. Ambos eram filhos de Rimom, de Beerote, da tribo de Benjamim. A cidade de Beerote era considerada como pertencente a Benjamim, mesmo depois de terem fugido para Gitaim, onde moram como estrangeiros até hoje. Saul tinha um neto aleijado, chamado Mefibosete, filho de Jônatas. Ele estava com cinco anos de idade quando chegou a notícia de que Saul e Jônatas haviam sido mortos na batalha de Jezreel. Ao ouvir a notícia da morte dos dois, a ama de Mefibosete, apavorada, tomou o menino nos braços e fugiu com ele; na pressa, porém, ela deixou cair o menino; em consequência disso ele ficou aleijado. Um dia, quando o calor era mais forte, Recabe e Baaná foram ao palácio de Is-Bosete na hora do seu descanso, ao meio-dia. Eles entraram na casa como se fossem à despensa em busca de trigo; mas, sem serem percebidos, entraram no quarto de dormir de Is-Bosete e o feriram na barriga, matando-o. Cortaram a sua cabeça e fugiram com ela pelo deserto, escapando durante a noite. Levaram a cabeça de Is-Bosete e a apresentaram ao rei Davi, em Hebrom, e disseram: “Veja, ó rei Davi! Aqui está a cabeça de Is-Bosete, o filho do seu inimigo Saul, que tentou matá-lo. Deus hoje concedeu ao rei vingança sobre Saul e toda a sua família!” Mas Davi respondeu a Recabe e Baaná, seu irmão, filhos de Rimom, de Beerote: “Juro pelo nome do Senhor que me tem livrado de todas as angústias: Quando um homem me trouxe a notícia da morte de Saul pensando que eu ia me alegrar com ela, eu o agarrei e o matei em Ziclague. Essa foi a recompensa que ele recebeu pela notícia! Se assim procedi com aquele homem, o que não farei então a estes homens perversos que mataram um homem bom em sua própria casa, no seu leito, enquanto dormia! Vou me vingar de vocês pelo que fizeram e exterminá-los da face da terra”. E Davi deu ordens aos seus homens para que matassem aqueles dois irmãos. E assim foi feito. Depois cortaram as mãos e os pés deles e penduraram seus corpos ao lado do poço em Hebrom. E sepultaram a cabeça de Is-Bosete no túmulo de Abner, em Hebrom. Então vieram a Davi em Hebrom representantes de todas as tribos de Israel para lhe prometer fidelidade. “Nós somos seus irmãos, sangue do seu sangue”, disseram eles. “Mesmo quando Saul era nosso rei, era o senhor que liderava o povo de Israel nas suas batalhas. Além disso, o Senhor disse: ‘Você será o pastor e guia do povo de Israel’ ”. Então todos os líderes de Israel foram se encontrar com Davi em Hebrom; ali ele fez uma aliança com eles perante o Senhor, e eles ungiram Davi rei de Israel. Davi tinha trinta anos de idade quando começou a reinar, e reinou durante quarenta anos. Em Hebrom, reinou sobre Judá sete anos e meio. Depois reinou trinta e três anos em Jerusalém como rei sobre todo o Israel e Judá. O rei Davi partiu depois com as suas tropas para Jerusalém a fim de combater os jebuseus que moravam lá. “Você nunca entrará aqui”, disseram os jebuseus. “Até os cegos e os aleijados são capazes de expulsar você daqui!” Eles tinham certeza de que estavam em segurança ali em Jerusalém. Porém Davi e os seus soldados os derrotaram e tomaram a fortaleza de Sião, que depois se chamou “Cidade de Davi”. Quando aquele recado por parte dos jebuseus chegou a Davi, ele disse aos seus soldados: “Entrem na cidade pelo canal de água e destruam aqueles cegos e aleijados, inimigos de Davi!” Essa é a origem do ditado: “Os cegos e os aleijados não podem entrar no palácio”. Então Davi fez da fortaleza de Sião a sua morada e chamou-a de Cidade de Davi. Começando por Milo, Davi foi construindo defesas até o palácio. Ele foi-se tornando cada vez mais forte porque o Senhor, o Deus dos Exércitos, estava com ele. Hirão, rei de Tiro, mandou mensageiros com madeira de cedro, carpinteiros e pedreiros a fim de construírem um palácio para Davi. Então Davi compreendeu que o Senhor o havia feito rei sobre Israel, e que havia enchido de bênçãos o seu reinado, por amor a Israel, o seu povo escolhido. Depois de mudar-se de Hebrom para Jerusalém, Davi se casou com outras mulheres e concubinas de Jerusalém e teve muitos filhos e filhas. Estes são os nomes dos filhos que nasceram em Jerusalém: Samua, Sobabe, Natã, Salomão, Ibar, Elisua, Nefegue, Jafia, Elisama, Eliada e Elifelete. Quando os filisteus souberam que Davi tinha sido coroado rei de Israel, procuraram prendê-lo, com todo o seu exército; porém Davi ficou sabendo disso e desceu para a fortaleza. Os filisteus chegaram e se espalharam pelo vale de Refaim. Então Davi consultou Deus: “Devo ir lutar contra os filisteus? O Senhor me ajudará a derrotá-los?” E o Senhor lhe respondeu: “Vá, a vitória será sua”. Então Davi saiu a lutar contra os filisteus em Baal-Perazim e os derrotou. “O Senhor fez isto!”, exclamou Davi. “Ele surgiu no meio dos meus inimigos causando destruição, como as águas de uma inundação”. Por isso ele chamou aquele lugar de Baal-Perazim. Davi e seus homens levaram as imagens que foram abandonadas pelos filisteus. Mas os filisteus voltaram a se espalhar pelo vale de Refaim. Davi voltou a consultar o Senhor, e este lhe respondeu: “Não suba para atacar de frente; vá por trás deles e ataque pelo lado das amoreiras. Quando você ouvir um som como de marcha nas copas das amoreiras, pode atacar! Isso quer dizer que o Senhor saiu à sua frente para destruir o exército filisteu”. E Davi agiu de acordo com as instruções do Senhor, destruindo os filisteus por todo o caminho, desde Geba até Gezer. Davi reuniu novamente os melhores homens do exército de Israel, trinta mil ao todo. Ele partiu com todo o povo que estava com ele e os levou até Baalim de Judá, para dali buscar a arca de Deus, sobre a qual se invoca o nome do Senhor dos Exércitos, que está assentado num trono entre os querubins. A arca de Deus foi colocada sobre um carro novo e levada da casa de Abinadabe, que estava situada numa ladeira. Uzá e Aiô, filhos de Abinadabe, guiavam o carro com a arca de Deus; Aiô ia à frente dela, e logo atrás vinham Davi e os outros israelitas; eles marchavam alegres, agitando ramos de árvores ao som de instrumentos musicais como liras, harpas, tambores, pandeiros e címbalos. Quando passavam pelas terras de Nacom, os bois que puxavam a arca tropeçaram, e Uzá levou a mão à arca de Deus para protegê-la. Deus irou-se com sua atitude de irreverência, e fez com que Uzá caísse morto ali mesmo ao lado da arca de Deus. Davi ficou triste, porque o Senhor havia castigado Uzá, e chamou aquele lugar de Perez-Uzá. Esse lugar continua com esse nome até hoje. Naquele dia, Davi temeu o Senhor, por isso perguntou: “Como poderei levar a arca do Senhor para casa?” Por isso resolveu não levar mais a arca do Senhor para a Cidade de Davi. Em vez disso, levou-a para a casa de Obede-Edom, que era da cidade de Gate. A arca do Senhor ficou na casa dele por três meses; e o Senhor abençoou Obede-Edom e a toda a sua família. Quando Davi soube que o Senhor havia abençoado a casa de Obede-Edom e tudo o que ele possuía por causa da arca de Deus, ele resolveu mandar trazer a arca de Deus para a Cidade de Davi, promovendo grandes festejos. Depois que os homens que carregavam a arca do Senhor para a Cidade de Davi tinham dado seis passos com ela, paravam para sacrificar um boi e um novilho. E Davi, vestido com o colete sacerdotal de linho, dançava diante do Senhor com todas as suas forças, mostrando a sua alegria. Assim Davi e todos os israelitas transportaram a arca do Senhor para a Cidade de Davi com muita alegria, ao som de trombetas. Enquanto a arca do Senhor entrava na Cidade de Davi, com toda aquela festa, Mical, filha de Saul, observava o cortejo da janela onde estava. Ao ver o rei Davi dançando e saltando perante o Senhor, ela o desprezou em seu coração. A arca do Senhor foi colocada dentro da tenda preparada por Davi para esse fim. E Davi ofereceu sacrifícios queimados e ofertas de paz diante da arca do Senhor. Após oferecer os sacrifícios queimados e as ofertas de paz, o rei abençoou o povo em nome do Senhor dos Exércitos, e ofereceu a cada um — homens e mulheres israelitas — pão, vinho e bolo de passas. Quando todos estavam servidos, retiraram-se cada um para a sua casa. E Davi voltou para casa para abençoar a sua família. Porém, Mical, filha de Saul, saiu para encontrar o rei e exclamou com desgosto: “Como se destacou o rei de Israel hoje, dançando e descobrindo-se diante dos olhos das servas de seus servos, como se fosse um homem vulgar do povo!” Mas Davi respondeu: “Eu dançava diante do Senhor, diante daquele que me colocou no lugar do seu pai Saul e de toda a sua família; perante o Senhor, que me nomeou para ser o rei de Israel, o povo escolhido do Senhor! Continuarei dançando, em louvor ao Senhor. Sim, embora pareça tolo e humilhante, sei que serei respeitado por essas servas de quem você falou”. E Mical, filha de Saul, não teve filhos durante toda a sua vida. Davi habitava em sua própria casa, e o Senhor finalmente concedeu descanso, e Israel não tinha mais guerras com as nações vizinhas. Então Davi disse ao profeta Natã: “Veja! Eu moro num lindo palácio construído com cedro, enquanto a arca de Deus está numa simples tenda, do lado de fora!”. “Faça o que você tem em mente”, respondeu Natã, “pois o Senhor está com você”. Naquela noite, porém, o Senhor apareceu a Natã, dizendo: “Vá, e diga ao meu servo Davi que assim diz o Senhor: Será você o que vai construir uma casa para eu morar? Pois eu não tenho morado em uma casa desde o dia em que tirei os israelitas do Egito até o dia de hoje. Minha casa tem sido sempre uma tenda ou um tabernáculo. E nunca me queixei aos líderes de Israel, aos pastores do meu povo. Nunca pedi que me construíssem um templo de cedro! “Agora diga ao meu servo Davi: Assim diz o Senhor dos Exércitos: Eu escolhi você para ser o guia do meu povo Israel quando você ainda era um simples pastor de ovelhas. Tenho estado com você por onde você tem andado, e tenho destruído os seus inimigos. E o seu nome andará de boca em boca, de tal forma que você será contado entre os homens mais famosos da terra! Eu escolhi uma terra para Israel, o meu povo, terra de onde nunca precisarão mudar-se. Estarão seguros em suas próprias terras, e jamais serão perturbados por nações inimigas, como acontecia no início e tem ocorrido desde o tempo em que os juízes governavam Israel, o meu povo. Não haverá mais guerras contra o seu reino; e os seus filhos governarão essa terra por todas as gerações que hão de vir. E o Senhor declara que ele vai construir uma casa para eles — uma dinastia de reis! Quando você morrer e descansar com os seus antepassados, escolherei um dos seus filhos para ocupar o trono; e farei do reino dele uma fortaleza. O seu filho é que vai construir uma casa em meu nome, e o seu reino permanecerá para sempre. Eu serei para ele pai, e ele será o meu filho. Se ele pecar, eu o castigarei com castigo de homens, e com açoites de filhos de homens. Mas jamais retirarei dele o meu amor, como aconteceu com Saul, para que você pudesse ser rei. Porém a sua casa e o seu reino serão firmados para sempre diante de mim; e o seu trono será estabelecido para sempre”. Assim Natã procurou Davi e contou tudo o que o Senhor havia revelado. Então Davi entrou no Tabernáculo e sentou-se perante o Senhor e orou: “Ó Senhor Deus! Por que derramou suas bênçãos justamente sobre este seu servo de família tão insignificante? E agora, como se isso não bastasse, ó Senhor Deus, ainda me promete uma família que não terá fim? Essa bondade está longe da compreensão humana! Ó Senhor Deus! “Pois o Senhor Deus conhece o seu servo e sabe como sou, e o que posso eu falar? Tudo isso o Senhor faz porque assim prometeu de acordo com a sua palavra e de acordo com a sua vontade! “Quão grande é o Senhor Deus! Não há ninguém como o Senhor, nem há outro Deus, senão o Senhor, conforme tudo o que temos ouvido dizer! Que outra nação sobre a terra tem recebido tantas bênçãos quanto o seu povo Israel, a única nação da terra que o Senhor, ó Deus, resgatou para dela fazer o seu povo, e assim fazer o seu nome conhecido. O Senhor realizou coisas grandes e maravilhosas, livrando o seu povo do Egito e dos deuses deles; livrou-o para que o seu nome fosse glorificado! O Senhor escolheu Israel para ser o seu povo exclusivo, e o Senhor se tornou o seu Deus. “E agora, Senhor Deus, confirme para sempre a promessa que fez em relação ao seu servo e à sua descendência, para que o seu nome seja engrandecido para sempre e todos digam: ‘O Senhor dos Exércitos é o Deus de Israel!’ E a descendência do seu servo se manterá diante do Senhor. “Ó Senhor dos Exércitos, Deus de Israel, o Senhor mesmo o revelou ao seu servo, quando disse: ‘Estabelecerei uma dinastia para você’. Essa revelação de sua parte me levou a fazer esta oração. Agora, ó Senhor Deus, o Senhor é Deus, as suas palavras são verdadeiras, e a sua promessa é boa para mim. Agora, por sua bondade, sejam cumpridas as suas palavras! Abençoe o seu servo e abençoe a sua família para que ela continue para sempre diante da sua presença, pois assim prometeu o Senhor Deus”. Depois disso, Davi derrotou os filisteus e conquistou aquela região e acabou com o poder deles. Ele também destruiu a terra de Moabe. Depois da destruição, Davi colocou os moabitas em diversas fileiras, usando uma corda para isso; fez com que eles se deitassem no chão, separando dois terços dos homens de cada fileira para serem mortos. Os homens restantes ficaram para servir a Davi e pagar imposto. Davi destruiu também as forças do rei Hadadezer, filho de Reobe, rei de Zobá, numa batalha na região do rio Eufrates, onde Hadadezer tentava restabelecer o seu domínio. Davi prendeu mil e setecentos homens da cavalaria, e vinte mil homens da infantaria; mandou aleijar todos os cavalos dos carros de guerra, menos aqueles que guardou para si, ou seja, cavalos suficientes para cem carros. Davi destruiu ainda vinte e dois mil sírios que vieram de Damasco para ajudar o rei Hadadezer, rei de Zobá. Davi colocou guardas do seu exército em Damasco; assim os sírios de Damasco se tornaram seus servos e pagavam tributo a ele anualmente. E o Senhor ia concedendo vitórias a Davi por onde quer que ele ia. Os escudos de ouro usados pelos oficiais do rei Hadadezer foram levados por Davi para Jerusalém. Também levou grande quantidade de bronze das cidades de Betá e de Berotai, que pertenciam a Hadadezer. Quando Toí, rei de Hamate, ficou sabendo das vitórias de Davi contra o exército de Hadadezer, mandou seu filho Jorão saudar Davi e parabenizá-lo, pois o rei de Hamate e Hadadezer eram inimigos. Toí mandou por meio de Jorão presentes de ouro, prata e bronze. O rei Davi dedicou esses presentes de prata, ouro e bronze ao Senhor, bem como o ouro e a prata que ele havia tomado das nações que conquistara: de Edom, de Moabe, dos amonitas, dos filisteus, de Amaleque e de Hadadezer, filho de Reobe, rei de Zobá. E assim Davi se tornou ainda mais famoso quando voltou da batalha em que matou dezoito mil homens edomitas no vale do Sal. Em Edom também colocou guardas do seu exército, obrigando toda a nação de Edom a pagar imposto a Israel. O Senhor estava com Davi e fazia dele um homem vitorioso por onde quer que ele ia. Davi foi um rei justo, tratando com igualdade todo o povo de Israel. Joabe, filho de Zeruia, era o comandante do seu exército; Josafá, filho de Ailude, era quem registrava os acontecimentos históricos. Zadoque, filho de Aitube, e Aimeleque, filho de Abiatar, eram sacerdotes; Seraías era o secretário particular do rei. Benaia, filho de Joiada, era o comandante da guarda do rei, que comandava os queretitas e os peletitas; e os filhos de Davi eram seus ministros. Um dia Davi começou a indagar sobre a existência de pessoas da família de Saul. Ele havia prometido ao príncipe Jônatas ajudar sua família, e queria cumprir sua promessa. Nas suas indagações, ouviu falar de um homem chamado Ziba, que teria sido servo de Saul; Davi mandou trazer esse homem à sua presença e lhe perguntou: “Você é Ziba, o servo de Saul?” “Sim, senhor, eu sou”, respondeu o homem. “Ainda vive alguém da família de Saul?”, perguntou o rei “Se existir, diga-me quem é para que eu possa mostrar bondade para com ele”. “Sim”, respondeu Ziba, “o filho de Jônatas ainda vive; ele é aleijado dos dois pés”. “Onde ele está?”, perguntou o rei. “Ele está em Lo-Debar, na casa de Maquir, filho de Amiel”, respondeu Ziba ao rei. Então Davi mandou buscá-lo de Lo-Debar. Quando Mefibosete, filho de Jônatas e neto de Saul, chegou diante de Davi, inclinou-se com o rosto no chão. Davi perguntou: “Você é Mefibosete?” Ele respondeu: “Sim, sou seu servo”. Porém Davi disse: “Não tenha medo! Mandei buscar você porque desejo ajudá-lo. Quero mostrar bondade a você por amor a Jônatas, seu pai. Vou devolver a você toda a terra que pertence ao seu avô Saul, e, além disso, você comerá sempre à minha mesa!” Mefibosete curvou-se humildemente diante do rei e disse-lhe: “Como pode um rei mostrar bondade para alguém completamente sem valor como eu que pareço mais um cão morto?” Então o rei chamou Ziba, o antigo servo de Saul, e disse: “Ziba, devolvi a Mefibosete, neto de Saul, tudo o que pertencia à família dele. Você, seus filhos e seus empregados vão cultivar a terra para ele e tirar da terra o alimento para toda a família de Mefibosete; porém Mefibosete ficará morando aqui no palácio comigo”. Ziba tinha quinze filhos e vinte empregados. Então Ziba respondeu: “O seu servo fará tudo de acordo com as ordens do rei, o meu senhor!” Daquele dia em diante, Mefibosete passou a comer à mesa de Davi como se fosse um dos seus filhos. Mefibosete tinha um filho ainda jovem chamado Mica. Todos os que moravam na casa de Ziba se tornaram servos de Mefibosete. Depois de algum tempo, Mefibosete se mudou para Jerusalém e foi morar no palácio. Ele era aleijado dos dois pés. Algum tempo depois morreu o rei dos amonitas; seu filho Hanum subiu ao trono em seu lugar. Davi pensou: “Vou usar de bondade para com Hanum, porque o seu pai Naás sempre me tratou muito bem”. E Davi enviou seus mensageiros levarem palavras de conforto a Hanum pela morte do seu pai. Quando os mensageiros de Davi chegaram à terra de Amom, os oficiais amonitas disseram a Hanum, seu senhor: “Pensa que esses homens de Davi vieram trazer palavras de conforto? De forma alguma! Davi mandou esses mensageiros como espiões, pois ele virá atacar a cidade!” Então Hanum prendeu os mensageiros de Davi, cortou pela metade a barba de todos os homens de Davi; também cortou as suas roupas até a altura das nádegas, e os fez voltar para as suas casas. Quando Davi soube o que havia acontecido, enviou mensageiros ao encontro deles, pois eles estavam profundamente envergonhados, e mandou lhes dizer: “Fiquem na cidade de Jericó, e só retornem quando a barba estiver crescida novamente”. Depois disso os amonitas reconheceram que tinham errado e atraído a ira de Davi, então contrataram vinte mil homens dos sírios de Bete-Reobe e de Zobá, mil homens do rei de Maaca e doze mil de Tobe. Quando Davi soube que os amonitas estavam se preparando, enviou Joabe com todo o exército de Israel. Os amonitas defendiam os portões da cidade enquanto os sírios de Zobá e de Reobe e os homens de Tobe e Maaca posicionaram-se nos campos abertos. Quando Joabe percebeu que o exército amonita estava dividido em duas frentes, isto é, uma parte nos portões da cidade e a outra parte nos campos, reuniu os melhores guerreiros do seu exército, e sob o seu comando enfrentaram os sírios nos campos. O restante do exército sob o comando do seu irmão Abisai posicionou-se contra os amonitas que defendiam os portões da cidade. “Se eu precisar de auxílio contra os sírios nos campos, avisarei e então você irá ajudar-me”, disse Joabe a seu irmão. “Se você, por sua vez, achar que os amonitas, que defendem a cidade, são muito fortes para você e seus homens, eu virei em seu auxílio. Coragem! Temos de lutar como homens valentes hoje, se quisermos salvar nosso povo e as cidades do nosso Deus. Seja feita a vontade do Senhor!” E quando Joabe e suas tropas começaram o ataque, os sírios começaram a fugir. Então, quando os amonitas viram a fuga dos sírios diante de Joabe nos campos, começaram a fugir também de seu irmão Abisai e se fecharam na cidade. Diante disso Joabe voltou para Jerusalém. Vendo, pois, os sírios que tinham sido derrotados, não se conformaram com a derrota e começaram a se reunir de novo. Juntaram-se a eles mais soldados sírios que Hadadezer mandou trazer do outro lado do rio Eufrates. Esses soldados chegaram a Helã sob o comando de Soboque, comandante-chefe de todos os exércitos de Hadadezer. Quando a notícia desses acontecimentos chegou aos ouvidos de Davi, ele mesmo reuniu o seu exército, atravessou o Jordão e saiu para atacar Helã, onde se realizou o combate contra os sírios. Novamente os sírios fugiram diante de Israel. E Davi matou no campo setecentos sírios de carros de guerra e quarenta mil sírios da cavalaria, incluindo o comandante Soboque. Quando os reis aliados de Hadadezer viram que os sírios foram derrotados, eles se entregaram a Davi e tornaram-se seus servos. Dali em diante os sírios não quiseram mais ajudar os amonitas. Na primavera do ano seguinte, na época em que os reis se preparavam para as guerras, Davi enviou Joabe e o exército israelita para destruir os amonitas e cercar a cidade de Rabá. Mas Davi ficou em Jerusalém. Uma tarde aconteceu que Davi se deitou para descansar, mas não conseguiu dormir. Então ele se levantou e foi para o terraço do palácio real e começou a prestar atenção em uma mulher muito bonita que tomava o seu banho. Então chamou um dos seus auxiliares e mandou procurar saber quem era aquela mulher. Disseram a ele: “Ela se chama Bate-Seba, filha de Eliã, e esposa de Urias, o heteu”. Davi mandou buscá-la e teve relações com ela. Bate-Seba tinha justamente terminado o seu ritual mensal de purificação. E ela voltou para casa. Mais tarde, a mulher percebeu que estava grávida e mandou um mensageiro a Davi dizendo que estava grávida. Então Davi mandou um recado a Joabe, dizendo: “Mande-me imediatamente Urias, o heteu; preciso falar com ele”. E Joabe o enviou. Quando Urias chegou, Davi começou a conversar com ele, perguntando como ia a guerra e como estavam Joabe e os soldados. Depois Davi disse a Urias: “Vá para casa e descanse um pouco”, e enviou um presente para ele em sua casa. Mas Urias não foi para casa; ele passou a noite com os auxiliares do rei nos portões do palácio real. Quando Davi soube que Urias não tinha ido para casa, mandou chamá-lo à sua presença e perguntou: “Que há com você? Por que não foi passar a noite com a sua esposa, depois de haver ficado tanto tempo longe dela?” Urias respondeu: “Como poderia eu entrar em minha casa para comer, beber, descansar e deitar-me com a minha mulher, enquanto sei que a arca do Senhor e os soldados de Israel se acampam ao ar livre? Tão certo como o senhor vive, não faria tal coisa!” “Bem, Urias”, continuou o rei, “fique hoje e passe esta noite aqui; amanhã o mandarei de volta”. Assim Urias passou o dia em Jerusalém, e, no dia seguinte, Davi o convidou para comer e beber, até se embriagar. Mesmo assim, à tarde, Urias saiu para dormir na sua esteira e passou a noite nos portões do palácio, onde os guardas dormiam, e não foi para sua casa, para a companhia de sua mulher. No dia seguinte, Davi mandou que Urias voltasse para o acampamento e entregasse uma carta para Joabe. Na carta Davi escreveu: “Coloque Urias na linha de frente de combate e abandone-o numa posição onde o combate estiver mais acirrado, para que ele seja morto!” Então Joabe, ao cercar a cidade, enviou Urias para uma posição bem perto da cidade cercada, onde ele teria de enfrentar os inimigos mais fortes. Quando os homens da cidade saíram e batalharam contra Joabe, Urias foi morto com outros soldados israelitas. Então Joabe mandou um mensageiro levar a Davi um relatório sobre o andamento da batalha. Ele deu a seguinte ordem ao mensageiro: “Depois de contar ao rei tudo sobre a batalha, e ele ficar indignado e perguntar: ‘Por que os soldados cercaram a cidade e ficaram tão perto dos muros? Não viram que eles podiam atirar flechas do alto do muro? Vocês não ouviram dizer que em Tebes o próprio Abimeleque, filho de Jerubesete, foi morto por uma pedra de moinho atirada dos muros por uma mulher, e que foi um erro tomarmos essa posição?’, então você dirá: ‘Urias, o heteu, também foi morto nessa batalha’ ”. O mensageiro chegou, pois, a Jerusalém, e apresentou o relatório de Joabe a Davi. O relatório era este: “Os inimigos investiram contra nós porque eram mais poderosos, e saíram contra nós no campo, enquanto procurávamos fazê-los recuar até a entrada da porta da cidade. Então os soldados nos atacaram com flechas do alto dos muros e alguns dos nossos homens foram mortos nesse ataque; e Urias, o heteu, foi morto também”. Então Davi respondeu ao mensageiro: “Diga a Joabe que não desanime. A espada fere qualquer um, sem distinção! Continuem a lutar mais duro ainda e conquistem a cidade! Anime-o dessa maneira”. Bate-Seba chorou quando soube que seu marido Urias havia morrido. Quando passou o período de luto, Davi mandou buscar Bate-Seba para viver no palácio real e a tornou uma de suas esposas. Ela teve um filho dele. Mas o procedimento de Davi desagradou a Deus. Então o Senhor enviou o profeta Natã para contar esta história a Davi: “Dois homens moravam em certa cidade. Um deles era um homem rico e o outro, pobre. O rico era dono de rebanhos de ovelhas e gado; o pobre, porém, possuía somente uma ovelha que ele comprou quando era bem pequena e a criou com muito amor. Essa ovelha era o animalzinho de estimação de seus filhos. Comia com ele no mesmo prato; bebia com ele do mesmo copo. Era tratada com tanto carinho pelo seu dono que até dormia em seus braços, como se fosse uma de suas filhinhas. Certo dia chegou um viajante à casa do homem rico. Este, querendo preparar uma boa refeição para o seu visitante, resolveu matar uma ovelha. Mas não quis matar nenhum animal dos seus rebanhos; ao contrário, tomou a ovelha do homem pobre, matou-a e preparou com ela o banquete para o seu visitante”. Davi ficou furioso ao ouvir essa história, e disse: “Juro pelo nome do Senhor que o homem que fez isso deve ser morto. E por haver roubado a ovelha, e por ter mostrado um coração duro e insensível, deve restituir quatro ovelhas ao homem pobre”. Então Natã disse a Davi: “Você é o homem rico da história! Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: ‘Eu o ungi rei de Israel e o livrei das mãos de Saul. O palácio dele agora é seu; as mulheres dele agora são suas; também dei a você os reinos de Judá e de Israel. E se isso não bastasse, eu lhe daria muito mais. Por que, então, você não respeitou a palavra do Senhor e praticou uma coisa tão horrível? Você matou Urias, o heteu, com a espada dos amonitas e ainda roubou a mulher dele! Por isso, daqui em diante, a espada estará sempre sobre a sua família, pois você me desprezou ao tomar a esposa do heteu Urias’. “Assim diz o Senhor: ‘Por causa do seu mau procedimento, farei com que a sua própria família se revolte contra você. Darei as suas esposas a outro homem que terá relações com elas em plena luz do dia. Você fez isso em segredo, mas com você será feito abertamente, à vista de todo o Israel’ ”. “Pequei contra o Senhor ”, confessou Davi a Natã. Então Natã lhe respondeu: “Sim, realmente você pecou; mas Deus lhe concedeu perdão pelo seu pecado. Você não morrerá. Porém, com o seu procedimento, deu oportunidade aos inimigos de desprezarem o Senhor. Por isso o filho que você teve com Bate-Seba vai morrer”. Depois dessa conversa com Davi, Natã voltou para sua casa. E o Senhor permitiu que o filho de Davi com a mulher de Urias ficasse mortalmente doente. Davi sofria com a doença da criança; em desespero ele implorou a Deus que salvasse o seu filho. Ele ficou sem comer e passou a noite prostrado diante do Senhor, em oração. Os oficiais do palácio procuraram levantá-lo do chão e fazê-lo comer alguma coisa, mas Davi se recusou. No sétimo dia, a criança morreu. Os conselheiros de Davi estavam com medo de dar a notícia ao rei, e comentavam: “Que vamos fazer? Nosso rei já estava tão abatido enquanto a criança ainda estava viva; como ficará ele diante da notícia da sua morte? Ele poderá cometer alguma loucura”. Davi, percebendo os cochichos entre os seus conselheiros, compreendeu o que havia acontecido e perguntou: “A criança morreu?” “Sim”, responderam eles. “A criança está morta”. Então Davi se ergueu, lavou-se, penteouse, trocou de roupa e foi à casa do Senhor e o adorou. Depois voltou ao palácio, pediu que lhe preparassem pão e ele comeu. Seus conselheiros estavam perplexos; não podiam compreender o que estava acontecendo, e falaram: “Não entendemos a sua maneira de proceder, ó rei! Enquanto a criança ainda vivia, o senhor jejuava e chorava; agora que a criança está morta, o senhor se levanta e come pão!” Davi respondeu: “Eu jejuei e chorei enquanto a criança ainda vivia porque tinha esperança de que o Senhor tivesse misericórdia de mim e deixasse a criança viver. Mas agora que ela morreu, de que me adianta jejuar? Poderei eu trazê-la de volta à vida? Eu, sim, irei para onde ela está; ela, porém, nunca voltará a mim”. E Davi procurou consolar a sua mulher Bate-Seba. Ele teve relações com ela e ela ficou grávida outra vez e deu à luz outro filho, a quem Davi chamou de Salomão. E o Senhor o amou e mandou o profeta Natã dar uma mensagem a Davi. Natã chamou o menino de Jedidias. Nessa mesma época, Joabe se colocou à frente do exército israelita e cercou a cidade de Rabá, capital de Amom e conquistou a fortaleza real. E ele mandou mensageiros a Davi, dizendo: “Batalhei contra a cidade de Rabá e conquistei seus reservatórios de água. Agora reúna o restante dos soldados, cerque a cidade e tome-a, para que no final a vitória seja sua e não minha”. Então Davi convocou todos os seus soldados, foi até Rabá e tomou-a. Tirou a coroa da cabeça do seu rei e colocou-a sobre a sua própria cabeça. A coroa do rei pesava cerca de trinta e cinco quilos. Ela era feita de ouro puro e enfeitada de pedras preciosas. Ele trouxe uma grande quantidade de bens da cidade. Os habitantes da cidade foram feitos escravos de Davi. Ele os obrigou a trabalhar com serras, picaretas, machados e nos fornos de tijolos. Esse foi o tratamento que Davi impôs a todas as cidades dos amonitas. Depois ele e seu exército voltaram para Jerusalém. Absalão, filho de Davi, tinha uma irmã chamada Tamar. Amnom, outro filho de Davi, que era irmão dela por parte de pai, apaixonou-se por Tamar, porque ela era muito bonita. Essa paixão era tão forte que ele ficou angustiado a ponto de adoecer. Como ela era virgem, parecia-lhe impossível fazer alguma coisa para aproximar-se dela. Mas Amnom tinha um amigo muito esperto, que era o seu primo Jonadabe, filho de Simeia, irmão de Davi. Um dia, Jonadabe perguntou a Amnom: “Filho do rei, qual é o seu problema? Por que você está assim tão abatido? Você não quer me contar o que está acontecendo?” E Amnom disse a Jonadabe: “Eu me apaixonei por Tamar, irmã do meu irmão Absalão”. “Bem”, respondeu Jonadabe, “vou dizer-lhe como resolver o problema: Volte para a sua cama, deite-se e finja que você está doente; quando seu pai Davi vier aqui visitá-lo, diga a ele: Peço ao senhor que minha irmã Tamar venha preparar a minha comida aqui mesmo e me dê de comer. Eu me sentirei melhor se for alimentado pelas mãos de minha irmã Tamar”. Amnom aceitou a ideia, deitou-se e fingiu que estava doente. Quando o rei veio visitá-lo, Amnom lhe disse: “Meu pai, peço só um favor do senhor: Eu gostaria que minha irmã Tamar viesse e preparasse dois bolos onde eu possa vê-la, e que ela mesma os sirva para mim”. Davi atendeu a esse pedido e deu ordens para que Tamar fosse à casa de Amnom e lhe preparasse o alimento. Assim ela foi ao quarto de Amnom, que estava deitado, e diante dele misturou a farinha, preparou a massa e assou os bolos especiais para Amnom. Mas quando ela trouxe os bolos, ele se recusou a comer! “Saiam todos do meu quarto”, disse ele aos criados que o serviam. Depois que todos saíram, ele disse a Tamar: “Agora traga os bolos ao meu quarto; quero comê-los das suas próprias mãos”. Tamar obedeceu. Mas assim que ela tomou os bolos e se pôs ao lado da cama de Amnom, ele a agarrou e disse: “Venha, irmã, deite-se comigo”. “Não, meu irmão”, exclamou Tamar. “Não faça isso comigo! Não se faz uma coisa dessas em Israel! Não faça essa loucura! O que faria eu depois diante de tanta desgraça? E você cairia em completa desgraça diante de Israel! Por favor, fale com o rei primeiro, e ele lhe dará permissão para casar comigo”. Mas Amnom não quis atendê-la; e como era mais forte, agarrou-a e obrigou-a a deitar-se com ele. Logo depois, Amnom sentiu aversão por ela. Aquela grande paixão se transformou em ódio profundo. “Fora daqui!”, gritou para ela. “Não, meu irmão; por favor, não!”, respondeu ela. “Mandar-me embora agora seria um mal maior do que aquele que cometeu comigo”. Mas ele não quis ouvi-la. Ele chamou um dos seus empregados e disse a ele: “Ponha esta mulher para fora daqui e feche a porta atrás dela!” Assim ela foi posta para fora da casa de Amnom e o empregado fechou a porta. Tamar vestia uma túnica longa de mangas compridas, como se vestiam naqueles dias as filhas virgens do rei. Em grande desespero, ela rasgou a sua túnica e colocou cinzas sobre a sua cabeça em sinal de tristeza; e com as mãos na cabeça saiu chorando em alta voz, angustiada. Seu irmão Absalão a encontrou e perguntou: “É verdade que Amnom se apaixonou por você e é de lá que você vem em tão grande aflição? É melhor você ficar quieta, pois Amnom é seu irmão. Não fique aflita por isso!” Então Tamar, como uma mulher desolada, passou a morar na casa de seu irmão Absalão. O rei Davi ficou muito indignado quando soube o que aconteceu entre Tamar e Amnom. Mas Absalão ficou calado e nada disse a Amnom, nem bem, nem mal, embora guardasse em seu coração um ódio muito grande pelo seu irmão, pelo mal que havia feito à sua irmã Tamar. Dois anos mais tarde, quando Absalão cortava a lã das suas ovelhas em Baal-Hazor, próximo de Efraim, mandou convidar o rei, seu pai, e todos os seus irmãos. Absalão foi ao rei e disse: “Meu rei, estamos cortando a lã das minhas ovelhas. Peço que o rei e os seus servos venham para a festa”. O rei respondeu: “Não, meu filho; se formos todos, ficará muito dispendioso para você”. Embora Absalão insistisse muito, Davi não aceitou o convite, mas o abençoou. “Bem”, continuou Absalão; “se o rei, meu pai, não pode vir, mande em seu lugar meu irmão Amnom”. “Por que justamente Amnom?”, perguntou o rei. Absalão insistiu tanto que o rei acabou deixando que Amnom e os seus irmãos fossem com ele. E Absalão disse aos seus homens: “No meio da festa, quando o meu irmão Amnom estiver embriagado do vinho, prestem atenção no meu sinal para matá-lo! Não tenham medo, porque são ordens minhas, eu assumo a responsabilidade. Sejam fortes e corajosos!” Assim eles assassinaram Amnom, obedecendo às suas ordens. Diante disso, os outros irmãos de Absalão montaram nas suas mulas e fugiram. Estando eles a caminho, o rei recebeu a notícia: “Absalão matou todos os seus irmãos; nenhum deles escapou!” O rei se levantou angustiado, rasgou a sua roupa e se lançou ao chão com o coração cheio de tristeza. Os conselheiros que estavam ali com ele também rasgaram suas roupas. Nesse instante, chegou Jonadabe, sobrinho de Davi, e, vendo o desespero do rei, disse-lhe: “Não, não foi isso que aconteceu. Absalão mandou matar somente Amnom por haver feito mal à sua irmã Tamar; ele planejava fazê-lo desde o dia em que Amnom violentou a sua irmã Tamar. O rei, meu senhor, não deve acreditar que todos os filhos do rei estão mortos. Somente Amnom foi morto”. Enquanto isso, Absalão tratou de fugir. Nesse meio-tempo, o guarda que ficava nos muros da cidade viu um grupo grande que vinha pela estrada de Horonaim, descendo pela encosta da montanha, em direção de Jerusalém. Ele correu para contar isso ao rei: “Eu vejo uma multidão de pessoas vindo da estrada de Horonaim, descendo pela encosta da montanha”. E Jonadabe exclamou ao rei: “São os seus filhos que estão voltando! Vê como estão todos vivos?” E eles chegaram tristes, chorando e soluçando; e o rei e os seus auxiliares choraram com eles em alta voz. Absalão fugiu para Gesur e lá procurou o rei Talmai, filho de Amiur. E o rei Davi chorava pelo seu filho todos os dias. Depois que Absalão fugiu para Gesur, permanecendo lá por três anos, o rei Davi foi se conformando com a morte de Amnom, depois de chorar muito, e conseguiu perdoar Absalão. Quando Joabe, comandante do exército, percebeu que o rei Davi sentia saudades de Absalão, mandou chamar uma mulher de Tecoa que era muito conhecida por sua sabedoria, e encarregou-a de uma missão, dando-lhe as seguintes instruções: “Faça de conta que a senhora é uma mulher sofredora que está de luto. Vista-se com roupas de luto, não coloque perfume e finja que está muito triste e em profundo sofrimento por muito tempo. Apresente-se ao rei e diga-lhe as palavras que eu lhe disser. A mulher seguiu todas as instruções. Quando se aproximou do rei, ajoelhou-se diante dele, em sinal de respeito, e clamou: “Ó rei, ajude-me! Ajude-me!” “Qual é o seu problema, minha senhora?”, perguntou ele. “Sou uma pobre viúva; meu marido morreu”, respondeu a mulher. “Meus dois filhos estavam no campo e lá se desentenderam; entraram em luta corpo a corpo; a briga foi tão forte que, não havendo ninguém para os separar, um deles acabou matando o outro. E agora todo o grupo de famílias se colocou contra a sua serva, dizendo: ‘Entregue o assassino do seu irmão para que o matemos pela vida do seu irmão e destruamos também o herdeiro’. Eles querem apagar a última brasa que me restou, deixando sem nome o meu marido, visto que não temos outros filhos. Que farei eu?” “Vá para casa”, respondeu o rei; “eu cuidarei para que o seu filho seja bem guardado; ninguém tocará nele!” “Ó rei, meu senhor!”, respondeu ela. “Eu assumo a responsabilidade, caso alguém critique a atitude do rei por procurar ajudar-me”. Continuou o rei: “Se alguém for contra o meu procedimento, traga essa pessoa à minha presença; e eu prometo que tal pessoa não a aborrecerá mais!” Então ela disse: “Por favor, meu rei; prometa-me, em nome do Senhor, o seu Deus, que não permitirá que o vingador da vítima mate meu filho, pois não quero que se derrame mais sangue”. “Dou a minha palavra diante de Deus”, respondeu o rei, “que nem um só cabelo da cabeça do seu filho cairá no chão!” “Permita que a sua serva fale mais uma coisa ao rei, meu senhor”, disse a mulher. “Pode falar”, respondeu o rei. “Por que o rei age contra o povo de Deus? Por que não procede com o povo do mesmo modo como me prometeu a respeito do meu filho?” perguntou a mulher. “Com suas próprias palavras o rei está condenando a si mesmo, visto que se recusa a permitir a volta para casa do seu próprio filho que foi banido. Um dia todos teremos de morrer, tão certo como a água que depois de derramada na terra não pode mais ser recolhida. É por isso que Deus procura nos trazer de volta quando estamos separados dele. Ele não tira a vida daqueles que são importantes para ele, e o rei também não deveria fazê-lo!” “Agora, eu vim falar ao rei, meu senhor, sobre meu filho porque a minha vida e a vida dele estavam em perigo; e eu pensei comigo mesma: talvez o rei escute as minhas palavras e concorde em livrar a sua serva das mãos do homem que quer eliminar a nossa vida da herança que Deus nos deu”. “Agora a sua serva pode dizer: Que a decisão do rei, o meu senhor, traga paz ao meu coração, pois eu sei que o rei é como um anjo de Deus, por isso sabe discernir entre o bem e o mal. Que o Senhor, o seu Deus, esteja com o rei!” “Quero saber uma coisa. Não me esconda nada”, disse o rei. “Fale o rei, meu senhor”, disse a mulher. “Foi Joabe quem a mandou aqui, não foi?”, perguntou o rei. “Não posso negar”, respondeu a mulher. “Tão certo como vive o rei, o meu senhor, que ninguém é capaz de desviar-se para a direita ou para esquerda de tudo o que o rei, o meu senhor, diz. Sim, Joabe, seu servo, me mandou e me disse o que eu deveria dizer. Ele me mandou contar essa história para o rei, meu senhor, para mudar essa situação. Mas eu sei que o rei é sábio como um anjo de Deus e sabe de tudo o que acontece na terra!” Então o rei mandou chamar Joabe e lhe disse: “Muito bem, vou atender ao seu pedido. Vá e traga de volta Absalão”. Joabe lançou-se aos pés do rei, abençoou o rei e lhe disse: “Abençoado seja o meu rei! Hoje posso afirmar que o rei me quer bem, pois atendeu meu pedido!” E Joabe foi a Gesur e trouxe Absalão para Jerusalém. “Absalão deve morar na mesma casa onde morava antes”, ordenou o rei; “ele não deve vir à minha presença”. Em todo o Israel não havia homem mais bonito e atraente do que Absalão. Ele cortava o cabelo uma vez por ano, por causa do seu peso — cerca de dois quilos e quatrocentos gramas. Ele tinha três filhos e uma filha. A essa filha deu o nome de Tamar; e ela era uma mulher muito bonita. Absalão já morava dois anos em Jerusalém e ainda não se havia encontrado com o rei, seu pai. Então mandou chamar Joabe a fim de pedir que intercedesse por ele diante do rei; mas Joabe não quis vir. Absalão mandou chamá-lo de novo, e novamente ele se recusou a vir. Então Absalão disse aos seus empregados: “Joabe tem um campo de trigo junto ao meu. Vão lá e coloquem fogo no campo de Joabe”. E os empregados assim fizeram. Joabe ficou irado e procurou Absalão: “Por que seus empregados puseram fogo no meu campo de trigo?” Ao que Absalão respondeu: “Porque eu queria que você intercedesse junto ao rei e você se recusou. Quero que você pergunte ao rei por que ele me mandou buscar em Gesur, se não queria me ver. Nesse caso, devia ter-me deixado lá mesmo em Gesur. Agora eu quero falar com o rei; se ele acha que eu sou culpado, então que me mande matar”. Joabe foi procurar o rei e contou as palavras de Absalão. E Davi, diante disso, mandou chamar Absalão à sua presença. Absalão veio e curvou-se diante do rei e Davi o beijou. Então Absalão adquiriu uma linda carruagem de guerra, cavalos e cinquenta homens que corressem à sua frente. Ele se levantava bem cedinho e ia para o portão da cidade. Lá passava o dia esperando aqueles que vinham à procura do rei para julgar algum problema. E ele atendia todos e perguntava de qual cidade vinha. A pessoa respondia que era de uma das tribos de Israel, e Absalão dizia a cada uma: “É, vejo que você está com a razão neste ponto; é pena que o rei não tenha um assistente para ouvir os seus problemas”. E Absalão acrescentava: “Gostaria de ser o juiz desta terra, então quem tivesse um caso para resolver viria a mim; e eu faria justiça!” E quando alguém se curvava diante dele, em sinal de respeito, Absalão estendia a sua mão, o abraçava e o beijava. Dessa maneira, Absalão ia conquistando o coração de todo o povo de Israel que vinha ao rei pedindo por justiça. Passados quatro anos, Absalão disse ao rei: “Deixe-me ir a Hebrom para oferecer sacrifícios ao Senhor, pois quero cumprir um voto. Quando o seu servo estava em Gesur, na Síria, fez este voto: Se o Senhor me fizer voltar a Jerusalém, servirei ao Senhor ”. “Está bem”, respondeu o rei; “vá em paz!” Assim Absalão foi a Hebrom. Mas enquanto estava lá, Absalão mandou secretamente mensageiros por toda a terra de Israel, dizendo: “Quando ouvirem o som das trombetas, digam: Absalão está sendo coroado rei em Hebrom”. Absalão levou consigo duzentos homens de Jerusalém como seus convidados; eles tinham sido convidados, mas não suspeitavam dos planos de Absalão. Enquanto ele oferecia sacrifícios, Absalão mandou chamar Aitofel, o conselheiro de Davi, que morava na cidade de Giló. Aitofel se colocou ao lado de Absalão, e com ele muitos outros. Assim a conspiração foi ficando cada vez mais forte. Nesse meio-tempo, um mensageiro chegou a Jerusalém e contou ao rei que todo o povo de Israel estava se unindo a Absalão em conspiração contra o rei. “Então, temos de fugir daqui, antes que seja tarde!”, disse Davi aos seus oficiais. “Se conseguirmos sair da cidade antes que Absalão chegue, conseguiremos salvar a nós e o povo da cidade. Se não, ele vai atacar a cidade”. “Seus servos estão ao lado do rei, nosso senhor”, responderam seus auxiliares de confiança. “Faça o que achar melhor”. Então o rei saiu com toda a sua família. Somente dez de suas concubinas ficaram no palácio para o conservarem em ordem. Davi saiu com todo o povo e fez uma parada ao lado da cidade para deixar que os seus soldados passassem a fim de tomarem a dianteira — todos os queretitas e peletitas e os seiscentos homens que vieram de Gate passaram à frente dele. O rei então se voltou para Itai, o comandante dos seiscentos soldados de Gate, e disse: “Itai, o que você está fazendo aqui? Volte com seus homens para Jerusalém, para o seu novo rei; você é estrangeiro em Israel, um exilado de sua terra. Faz pouco tempo que você chegou. Como eu poderia obrigá-lo a acompanhar-me? Volte com seus soldados e que o Senhor seja misericordioso e bondoso com você”. Itai respondeu: “Prometo pelo nome do Senhor e pela sua vida que onde o rei, o meu senhor, for lá estará o seu servo, não importa o que possa acontecer! Estarei ao seu lado, seja para viver ou para morrer!” Então Davi respondeu a Itai: “Muito bem, então vamos”. E Itai, o geteu, e seus seiscentos homens com suas famílias acompanharam Davi. Havia grande tristeza e choro por onde eles passavam. Atravessaram o vale do Cedrom e continuaram seguindo em direção ao deserto. Abiatar, Zadoque e os levitas que carregavam a arca da aliança de Deus também estavam lá. Eles colocaram a arca ao lado do caminho por onde passavam Davi e seus homens; a arca ficou ali até que todos passassem. Então, Davi instruiu Zadoque: “Leve a arca de Deus de volta para a cidade. Se for da vontade de Deus, ele me fará voltar à cidade para ver a arca e a sua habitação de novo. Se ele não se agradar de mim, seja feito comigo conforme a sua vontade”. Então o rei disse a Zadoque: “Escute, este é o meu plano: Volte em silêncio à cidade com seu filho Aimaás e Jônatas, filho de Abiatar. Eu ficarei esperando notícias suas pelos desfiladeiros do deserto. Quero saber dos acontecimentos em Jerusalém, antes que eu desapareça no deserto”. Assim, Zadoque e Abiatar transportaram a arca de Deus de volta para Jerusalém e lá ficaram. Davi seguiu o caminho em direção ao monte das Oliveiras, chorando enquanto caminhava, com a cabeça coberta e os pés descalços em sinal de tristeza. E os que o acompanhavam também tinham as cabeças cobertas, chorando enquanto subiam a montanha. Quando alguém contou a Davi que Aitofel, um dos seus conselheiros, estava com Absalão, cooperando com ele na conspiração contra o rei, Davi orou a Deus: “Ó Senhor, confunda os conselhos que Aitofel vai dar a Absalão!” Quando chegaram ao alto do monte das Oliveiras, no lugar onde o povo costumava adorar a Deus, Davi se encontrou com Husai, o arquita, que esperava por ele; Husai estava com as roupas rasgadas e a cabeça coberta com terra, pois era grande o seu estado de aflição e desespero. Mas Davi lhe disse: “Husai, não adianta você vir comigo; você me será mais útil se voltar para Jerusalém. Procure Absalão e diga a ele: ‘Aqui estou; serei o seu conselheiro como fui para o seu pai’. Assim, você poderá frustrar os conselhos de Aitofel. Os sacerdotes Zadoque e Abiatar estarão lá com você. Eles estão me apoiando, e você deve contar aos dois todos os planos de Absalão contra mim. Então eles mandarão seus filhos Aimaás e Jônatas até onde estou para me darem notícias de tudo que está acontecendo”. Assim, Husai, o amigo de Davi, voltou à cidade de Jerusalém, bem na hora em que Absalão estava entrando na cidade. Davi havia acabado de passar pelo topo da montanha quando Ziba, empregado da casa de Mefibosete, veio ao seu encontro. Ele trazia dois jumentos carregados com duzentos pães, cem bolos de passas, cem cachos de uvas e uma vasilha de vinho. “Para que tudo isso?”, perguntou o rei a Ziba. Ziba respondeu: “Os jumentos são para a família do rei; os pães e as frutas são para os homens comerem; e o vinho será para aqueles que ficarem cansados no deserto”. “E onde está o príncipe Mefibosete, neto de seu senhor?”, perguntou o rei. “Ele ficou em Jerusalém”, respondeu Ziba, “porque pensa: ‘Hoje o povo de Israel me dará de volta o reino do meu pai Saul’ ”. “Nesse caso”, o rei disse a Ziba, “dou a você tudo o que pertence a ele”. “Humildemente, me curvo. Que o rei, meu senhor, agrade-se de mim”, respondeu Ziba. Quando Davi e seus homens passavam por Baurim, um homem saiu ao encontro de Davi, amaldiçoando-o. Ele era Simei, filho de Gera, membro da família de Saul. Ele não só amaldiçoava como atirava pedras contra o rei, seus auxiliares e todos os seus guerreiros que o acompanhavam à sua direita e à sua esquerda. “Fora daqui; fora daqui; assassino, criminoso!”, gritava para Davi. “Você já está recebendo o castigo de Deus pela morte de Saul e sua família; você roubou o trono de Saul e agora o Senhor entregou o reino ao seu filho Absalão! Finalmente você está experimentando o seu próprio veneno, seu assassino!” “Por que este cão morto está xingando e amaldiçoando o rei, meu senhor?”, exclamou Abisai, filho de Zeruia. “Deixe-me ir cortar a sua cabeça!” “Não”, disse o rei. “Se o Senhor mandou esse homem para amaldiçoar-me, quem sou eu para questioná-lo?” Então Davi disse a Abisai e a todos os seus conselheiros: “Meu próprio filho, que é sangue do meu sangue, está tentando matar-me, enquanto este benjamita simplesmente me amaldiçoa. Deixem-no em paz; não há dúvida de que ele foi mandado pelo Senhor. E talvez Deus, vendo o quanto estou sofrendo, ainda vai transformar esta maldição em bênção”. Assim, Davi e seus homens continuaram seu caminho. Simei, porém, os acompanhava pela encosta do monte, amaldiçoando e atirando pedras e terra contra eles. O rei e seus companheiros estavam exaustos ao chegarem ao Jordão; por isso permaneceram ali algum tempo a fim de descansar. Nesse meio-tempo Absalão e seus homens chegaram a Jerusalém acompanhados por Aitofel. Quando Husai, o arquita, amigo de Davi, chegou a Jerusalém, foi logo procurar Absalão, e exclamou: “Viva o rei! Viva o rei!” “Essa é a maneira de tratar o seu amigo Davi?”, perguntou Absalão a Husai. “Por que você não está com ele?” “Porque eu ficarei com o homem que é escolhido pelo Senhor, com este povo e com todos os israelitas”, respondeu Husai. “Afinal, a quem eu deveria servir? Não seria a seu filho? Servi a seu pai e agora ficarei ao seu serviço!” Então Absalão se virou para Aitofel e lhe perguntou: “O que devo fazer agora?” E Aitofel respondeu: “Vá ter relações com as concubinas de seu pai, aquelas que ele deixou aqui para conservar o palácio em ordem. Então todo o Israel saberá que você insultou seu pai; e o insulto foi tão grande que não haverá esperanças de reconciliação. Com isso se fortalecerão os que estão com o senhor”. Assim foi armada uma tenda para Absalão no terraço do palácio, bem à vista de todo o povo. Absalão teve relações com as concubinas de seu pai, diante de todo o Israel. Absalão seguia os conselhos de Aitofel, exatamente como fazia seu pai Davi; pois as palavras de Aitofel eram consideradas como se viessem diretamente da boca de Deus. Aitofel disse a Absalão: “Se eu tiver doze mil homens ao meu dispor, sairei em perseguição a Davi ainda esta noite. Eu o atacarei enquanto ele está desanimado e fraco; então ele e seus soldados entrarão em pânico e tratarão de fugir. Irei atrás do rei e matarei só o rei, e trarei todos os seus homens para você”. Absalão e os líderes de Israel aprovaram o plano de Aitofel. Mesmo assim, Absalão resolveu ouvir a opinião de Husai, o arquita. Quando Husai chegou, Absalão contou a ele o plano de Aitofel, e perguntou: “Qual é a sua opinião, Husai? Devemos seguir o conselho de Aitofel? Se você não estiver de acordo, pode falar”. Husai respondeu: “Desta vez, na minha opinião, o conselho de Aitofel não é bom. Você conhece o seu pai e os homens que ele tem; eles são guerreiros valentes. Além do mais, estão furiosos como uma ursa selvagem da qual roubaram os filhotes. E seu pai é um soldado experiente e não irá passar a noite com as suas tropas. É provável que ele já se tenha escondido em alguma gruta ou caverna. E quando ele sair do seu esconderijo para atacar e derrubar alguns dos seus homens, haverá pânico no meio das suas tropas e os seus soldados começarão a gritar que houve matança no meio do exército de Absalão. Então, mesmo o mais valente dos seus homens, embora tenha a coragem de um leão, ficará paralisado de medo; pois todo o Israel sabe que o seu pai é um guerreiro poderoso e os homens dele são soldados valentes”. “O meu conselho é que você reúna todo o exército de Israel, convocando desde Dã até Berseba, tantos como a areia da praia, para que tenha um exército realmente forte. E que o senhor mesmo vá à frente desse exército. Então, quando encontrarmos o rei, poderemos destruir todo o exército dele, sem deixar um só soldado vivo, como o orvalho cai sobre a terra. E no caso de Davi fugir para alguma cidade, lá estarão os soldados de Israel sob o seu comando; e nós tomaremos cordas e arrastaremos os muros da cidade até o vale mais próximo, e não deixaremos lá uma só pedra sem ser derrubada”. Então Absalão e todos os homens de Israel disseram: “O conselho de Husai, o arquita, é mais sábio do que o de Aitofel”. Assim o Senhor fez com que o conselho de Aitofel, que era eficiente, não fosse aceito, a fim de que Absalão fosse derrotado! Então Husai contou aos sacerdotes Zadoque e Abiatar o plano de Aitofel, e o que Husai havia sugerido. “Depressa!”, disse Husai aos sacerdotes. “Encontrem Davi e digam a ele que é importante que saia de perto do rio Jordão esta noite; que ele passe para a outra banda e entre pelos bosques; se não fizer assim, será morto com todos os seus soldados”. Jônatas e Aimaás tinham ficado em En-Rogel, pois não podiam ser vistos entrando na cidade e saindo dela. Uma serva ficou de levar até eles as mensagens que tinham de dar ao rei Davi, enviadas pelos sacerdotes. Mas um jovem viu Jônatas e Aimaás saírem de En-Rogel e se encaminharem para o lugar onde estava Davi e avisou Absalão. Jônatas e Aimaás, percebendo que tinham sido descobertos, fugiram para Baurim, onde um homem os escondeu dentro de um poço no fundo do seu quintal. A esposa desse homem colocou um pano sobre a boca do poço; sobre o pano ela colocou grãos de cereais para secar ao sol; dessa maneira ninguém suspeitava que alguém estivesse escondido ali dentro. Os homens de Absalão chegaram a Baurim procurando por Jônatas e Aimaás. Ao perguntarem justamente na casa onde estava o poço coberto com pano se haviam visto esses dois homens, a mulher respondeu que eles haviam atravessado as águas e seguido adiante. Os homens de Absalão procuraram Jônatas e seu companheiro até cansarem, e voltaram para Jerusalém. Então os dois homens que estavam escondidos saíram na mesma hora do poço e correram até onde estava o rei Davi. “Depressa!”, disseram eles ao rei. “Atravesse o Jordão ainda esta noite!” E contaram ao rei as palavras de Aitofel, os planos dele para prender e matar o rei. Diante disso, Davi e seus homens se apressaram em atravessar o Jordão; ao amanhecer, todos já estavam do outro lado do rio. Quando Aitofel soube que Absalão não quis atender ao seu conselho, montou no seu jumento, foi para a sua casa, colocou os seus negócios em ordem, e se enforcou. Dessa maneira morreu Aitofel e foi sepultado ao lado do túmulo de seu pai. Davi chegou logo a Maanaim. Enquanto isso, Absalão reunia os soldados de Israel e, indo à frente deles, passaram o rio Jordão. Absalão havia colocado Amasa como comandante do exército, em lugar de Joabe. Amasa era primo em segundo grau de Joabe; seu pai era Itra, um ismaelita; sua mãe era Abigail, filha de Naás, que era irmã de Zeruia, a mãe de Joabe. Absalão e os soldados de Israel acamparam nas terras de Gileade. Quando Davi chegou a Maanaim, foi recebido com festas por Sobi, filho de Naás, de Rabá, em Amom, e por Maquir, filho de Amiel, de Lo-Debar, e por Barzilai, de Rogelim em Gileade. Eles trouxeram a Davi e seus homens tudo o que achavam que eles necessitavam para o repouso e sustento: camas, bacias e vasilhas de barro, trigo, cevada, farinha, grãos torrados, feijão e lentilhas, mel, manteiga, ovelhas e queijo de leite de vaca. “Trouxemos estas coisas”, disseram eles a Davi, “porque achamos que todos vocês estão cansados, famintos e sedentos, depois da caminhada pelo deserto”. Davi escolheu comandantes de mil e de cem de suas tropas, distribuindo os homens da seguinte maneira: Um terço delas ficou com Joabe; outro terço, com Abisai, irmão de Joabe, filho de Zeruia; e outro terço com Itai, de Gate. O rei Davi então disse ao exército: “Eu mesmo marcharei com vocês”. “O senhor não pode fazer isso”, disseram os homens, “porque o que eles querem é justamente a sua pessoa. Se formos obrigados a fugir, para eles não fará diferença mesmo se matarem metade de nós. Para eles o senhor vale mais do que dez mil dos seus soldados; por isso é melhor ficar na cidade e, se necessário, de lá nos mandar auxílio”. “Bem, farei o que acharem melhor”, disse o rei. Assim o rei ficou junto à porta da cidade, enquanto por ele passavam os seus soldados em unidades de cem e de mil. E o rei recomendou a Joabe, a Abisai e a Itai: “Por amor a mim, sejam bondosos com o jovem Absalão!” Todo o exército ouviu a recomendação do rei aos seus comandantes. O exército saiu para enfrentar Israel, e a batalha ocorreu na floresta de Efraim, e os soldados de Israel foram derrotados pelos homens de Davi. Naquele dia as tropas de Israel perderam vinte mil homens. E a batalha foi se tornando mais violenta por toda aquela região e entrou na floresta, até que os inimigos começaram a fugir, sendo maior o número dos que morreram na floresta do que os que foram mortos na batalha. Durante a batalha, Absalão encontrou alguns dos homens de Davi e tratou de fugir. Na sua fuga, a mula que ele montava passou correndo por debaixo dos galhos de um grande carvalho, e Absalão ficou enroscado pelos cabelos nos galhos da grande árvore, enquanto a mula continuou a sua corrida. Lá ficou Absalão pendurado na árvore entre o céu e a terra. Um homem de Davi que presenciou a cena foi contar a Joabe. “Você o viu? E por que não aproveitou para matar Absalão?”, perguntou Joabe. “Você seria recompensado com dez peças de prata e um cinturão de guerreiro e ainda o faria subir de posto no exército!” Mas o homem respondeu: “Nem que me dessem mil moedas de prata eu não levantaria a minha mão contra o filho do rei. Por acaso não ouvimos todos a ordem que o rei deu ao senhor, a Abisai e a Itai, para que seu filho Absalão fosse tratado com bondade? Se eu tivesse que matar Absalão à traição, o rei por certo descobriria; você mesmo seria o primeiro a acusar-me diante do rei”. “Nada disso faz sentido agora”, disse Joabe. E tomando três dardos, atravessou com eles o coração de Absalão, enquanto ele ainda continuava vivo pendurado nos galhos do carvalho. Imediatamente dez dos escudeiros de Joabe rodearam Absalão e acabaram de matá-lo. Então Joabe tocou a trombeta, ordenando a seus homens que parassem a perseguição ao exército de Israel. Eles pegaram o corpo de Absalão e o atiraram numa cova na floresta e sobre ela colocaram um monte de pedras. O exército de Israel fugiu, indo cada soldado para sua própria casa. Quando Absalão ainda vivia, ele construiu para si um monumento no vale do Rei, e disse: “Não tenho filho para perpetuar o meu nome; por isso este monumento levará o meu nome”. E ele lhe deu o nome de “Monumento de Absalão”, como é conhecido até hoje. Então Aimaás, filho de Zadoque, disse: “Deixe-me ir correndo contar a Davi a notícia de que o Senhor fez justiça e salvou o rei das mãos de seus inimigos”. “Não”, respondeu Joabe. “A morte de Absalão não será para o rei uma boa notícia! Não é ele o seu filho? Não quero que seja você a levar essa notícia; não faltará oportunidade para você levar alguma boa-nova; espere outra ocasião”. Então Joabe chamou um homem da Etiópia e disse: “Vá e conte ao rei o que aconteceu aqui”. O homem inclinou-se diante de Joabe e se pôs a correr. Mas Aimaás, filho de Zadoque, implorou a Joabe: “Por favor, deixe-me ir também”. “Por que você também deveria correr, meu filho?”, perguntou Joabe. “Você não receberá nenhuma recompensa pelas notícias”. “Eu sei; mas mesmo assim deixe-me ir, por favor!”, insistiu ele. E, finalmente, diante de tanta insistência, Joabe disse: “Pois bem, vá”. Aimaás saiu correndo e, escolhendo um caminho pela planície, chegou à cidade à frente do homem da Etiópia. Davi estava sentado à porta da cidade. Quando o guarda subiu as escadas para o seu posto no alto do muro, viu um homem sozinho que vinha correndo às pressas para os portões da cidade. O guarda então gritou avisando o rei, e Davi respondeu: “Se o homem vem só, é porque traz boas notícias”. Enquanto o homem se aproximava da cidade, o guarda avistou outro homem mais atrás, que também vinha correndo na mesma direção. O guarda gritou: “Olhe, lá atrás vem outro homem correndo sozinho!” E o rei respondeu: “Se esse também está sozinho, por certo também vem trazendo boas notícias”. “Pelo jeito de correr, o primeiro homem parece ser Aimaás, filho de Zadoque”, disse o guarda. “Aimaás é um bom homem”, respondeu o rei. “Certamente ele traz boas notícias”. Então Aimaás aproximou-se do rei e o saudou e, curvando-se diante do rei até o chão, disse: “Bendito seja o Senhor, o seu Deus, que destruiu os rebeldes que se levantaram contra o rei, meu senhor!” “E o jovem Absalão?”, perguntou o rei. “Como está ele? Tudo bem?” Aimaás respondeu: “Quando Joabe me mandou para cá, havia um alvoroço por lá; mas não fiquei sabendo o que realmente estava acontecendo”. “Espere aqui ao lado”, disse-lhe o rei. E Aimaás ficou esperando. Então o homem da Etiópia se aproximou e disse: “Tenho boas notícias para o rei, meu senhor. Hoje o Senhor o livrou das mãos dos que se revoltaram contra o rei. Hoje ele o livrou das mãos dos seus inimigos”. “E quanto a Absalão, meu filho, que notícias me traz? Ele está bem?”, perguntou o rei. E o homem respondeu: “Quem dera que todos os inimigos do rei, meu senhor, e todos que se levantam para fazer-lhe mal, estivessem como está o seu filho Absalão!” O rei entendeu as palavras do mensageiro, saiu das portas da cidade, foi para o seu quarto e desabou a chorar e clamava: “Meu filho Absalão, meu filho, meu filho Absalão! Se fosse possível eu daria a minha vida pela sua! Ah, Absalão, meu filho, meu querido filho!” Joabe ficou sabendo que o rei chorava e lamentava a morte de Absalão. Quando o povo ouviu que o rei derramava lágrimas amargas pela morte de Absalão, a alegria da vitória se transformou em profunda tristeza. O exército inteiro voltou para a cidade, em silêncio, como os que fogem humilhados da batalha. O rei, cobrindo o rosto com as mãos, chorava e clamava em alta voz: “Ó meu filho Absalão! Absalão, meu filho, meu filho!” Então Joabe entrou no quarto do rei e disse: “Hoje nós salvamos a sua vida, a vida dos seus filhos, suas filhas, suas esposas, enfim a vida de toda a sua família; no entanto, o senhor assume uma atitude que faz todos os seus soldados se sentirem envergonhados como se tivessem cometido uma ação indigna. Parece que o senhor ama aqueles que o odeiam, e odeia aqueles que o amam. Pelo que vemos, nada representamos para o senhor; pelo que parece, se Absalão estivesse vivo, e todos nós mortos, o rei estaria feliz! Agora, levante-se e fale ao coração dos seus soldados; pois se o rei não fizer isso, dou minha palavra diante do Senhor que nem um só dos seus soldados permanecerá aqui esta noite; então o senhor estará em pior situação do que todas as desgraças que ocorreram ao senhor desde a sua mocidade!” Então o rei saiu e se assentou de novo junto à porta da cidade. Quando se espalhou a notícia de que o rei estava fora do seu quarto, todo o povo veio vê-lo. Enquanto isso todos os israelitas tinham fugido, cada um para a sua casa. Nesse meio-tempo, a nação discutia e argumentava sobre os últimos acontecimentos: “Davi nos livrou dos filisteus, nossos inimigos. Mas agora fugiu por causa de Absalão; e Absalão, a quem proclamamos rei sobre nós, morreu em combate. E se pedíssemos a Davi para voltar e entrar de novo em Jerusalém como nosso rei?” Então Davi mandou os sacerdotes Zadoque e Abiatar aos líderes de Judá, dizendo: “Por que motivo seriam vocês os últimos a pedir a volta do rei? Por que vocês seriam os últimos a ajudar a me trazer de volta? Vocês, que são meus próprios irmãos, minha própria carne, meu próprio sangue!” E Davi mandou que procurassem Amasa e lhe dissessem: “Não é você meu sobrinho, sangue do meu sangue? Eu prometo, em nome de Deus, fazer de você o comandante do meu exército de agora em diante, em lugar de Joabe”. Por meio dessas palavras, Davi conquistou o coração de todos os homens de Judá. Diante disso, mandaram este recado a Davi: “Volte com todos os servos que estão com o senhor”. Assim o rei iniciou a sua volta para Jerusalém. E quando chegou ao rio Jordão, todos os homens de Judá vieram a Gilgal para encontrá-lo e acompanhá-lo na travessia do rio Jordão! Então Simei, filho de Gera, o benjamita, de Baurim, desceu depressa com seus homens para encontrar e saudar o rei Davi. Acompanhavam Simei mil homens da tribo de Benjamim, incluindo Ziba, o servo de Saul, com seus quinze filhos e vinte empregados; eles se apressaram para entrar no rio Jordão antes do rei. Assim puderam ajudar o rei e a sua família a atravessar o rio Jordão. Eles fizeram todo possível para auxiliar o rei Davi. E Simei, filho de Gera, atravessou o rio e inclinou-se diante do rei, e disse ao rei: “Meu senhor, perdoe-me, por favor, e esqueça o mal que lhe causei quando o rei, meu senhor, saiu de Jerusalém; pois eu, seu servo, confesso que errei. Por isso estou aqui hoje, sendo a primeira pessoa da tribo de José a saudar o rei”. Então Abisai, filho de Zeruia, perguntou: “Não deverá Simei morrer, por haver amaldiçoado o escolhido de Deus?” “Não fale dessa maneira!”, exclamou Davi. “O dia de hoje é um dia de festa, um dia de comemorações e não de morte e castigos! Não sou o rei de Israel?” E virando-se para Simei, ele prometeu: “Simei, sua vida está salva!” Mefibosete, neto de Saul, também saiu de Jerusalém para vir ao encontro do rei. Em sinal de tristeza, ele não havia feito a barba, nem cortado o cabelo, nem lavado os seus pés e a sua roupa, desde o dia em que o rei saiu de Jerusalém. Quando encontrou-se com o rei, este lhe perguntou: “Por que você não veio comigo, Mefibosete?” “Ó rei, meu senhor”, respondeu ele, “o meu servo me enganou. Pedi a ele que me preparasse um jumento para me levar até a presença do rei; o rei bem sabe que sou aleijado. Mas em vez de fazer o que eu pedi, ele falou mal de mim ao rei, meu senhor, dizendo que eu me recusava a segui-lo. Mas para mim o rei é como um anjo de Deus! Portanto, estou agora nas suas mãos; faça comigo como bem lhe parecer. Eu e minha família só podíamos esperar que fôssemos castigados com a morte pelo rei, meu senhor; no entanto, o rei colocou o seu servo ao lado daqueles que comem à mesa com o rei. Que direito tenho eu de pedir qualquer favor?” “Está bem”, respondeu Davi. “Minha decisão é que você reparta os seus bens com o seu servo Ziba; e não falamos mais no assunto”. Mas Mefibosete respondeu: “Pode entregar todos os meus bens a Ziba, agora que o rei, meu senhor, voltou em paz para a sua casa”. Barzilai, de Gileade, também saiu de Rogelim para prestar auxílio ao rei na travessia do rio Jordão. Barzilai já era bastante idoso; estava com cerca de oitenta anos. Foi ele quem tinha sustentado o rei e seus soldados durante a sua fuga, quando estava em Maanaim, pois era muito rico. O rei disse a Barzilai: “Venha comigo para Jerusalém, e lá eu cuidarei de você”. Barzilai respondeu: “Quantos serão os dias dos anos da minha vida, para que eu viva com o rei em Jerusalém?” Estou com oitenta anos, não sei mais a diferença entre o que é bom e o que é mau. O seu servo mal sente o sabor do que come e bebe. Será que eu poderia ouvir a voz dos cantores e cantoras? Eu seria simplesmente um peso para o meu rei. O seu servo já se sente honrado em poder atravessar o Jordão com o seu rei; isso me basta. Permita que o seu servo volte, a fim de morrer na minha cidade e ser sepultado ao lado dos meus pais. Mas pode levar o meu servo Quimã em meu lugar, e fazer por ele o que achar melhor”. O rei disse: “Quimã irá comigo. Farei por ele o que você achar melhor. E tudo o que você me pedir, farei”. Assim, todo o povo atravessou o Jordão com o rei. E Davi beijou e abençoou Barzilai, e despediu-o em paz para a sua casa. Depois o rei foi a Gilgal e levou Quimã consigo. Todo o exército de Judá e metade de Israel acompanharam o rei. Os homens de Israel se queixaram: “Por que somente os nossos irmãos de Judá auxiliaram o rei, os seus familiares e o seu exército a atravessar o rio Jordão?” “O que há de errado nisso?”, perguntaram os homens de Judá. “O rei é da nossa própria tribo. Por que vocês estão reclamando? Por acaso pedimos dele o nosso sustento ou tomamos dele algum presente? Não há razão para aborrecimentos”. Mas os israelitas disseram aos homens de Judá: “Mas há dez tribos em Israel. Portanto temos dez vezes mais direito sobre o rei do que vocês de Judá. Por que, então, vocês fizeram pouco caso de nós? E lembrem-se: nós fomos os primeiros a sugerir o retorno do nosso rei”. E a discussão continuou, e os homens de Judá foram ainda mais severos em seus argumentos do que os homens de Israel. Então um homem briguento, chamado Seba, filho de Bicri, da tribo de Benjamim, tocou a trombeta e gritou: “Que temos nós a ver com o rei Davi? Não temos herança com o filho de Jessé! Venham, homens de Israel; vamos embora daqui!” Assim todos os homens de Israel se uniram a Seba e abandonaram Davi! Mas os homens de Judá ficaram com seu rei e o acompanharam desde o Jordão até Jerusalém. Quando Davi chegou ao palácio em Jerusalém, o rei ordenou que as suas dez concubinas que haviam ficado ali para cuidar da casa fossem separadas numa casa. Ele as sustentou, porém não teve mais relações com elas. Assim permaneceram no palácio como se fossem viúvas, até o fim da vida. O rei deu a seguinte ordem a Amasa: “Reúna as tropas de Judá e se apresente com elas dentro de três dias”. Amasa saiu para convocar os soldados, mas no fim dos três dias não voltou para apresentar-se ao rei. Então Davi disse a Abisai: “Agora Seba, filho de Bicri, vai perturbar-me e prejudicarnos mais do que Absalão. Por isso, leve a minha guarda pessoal e persiga-o, antes que ele entre em alguma cidade fortificada, onde não possamos alcançá-lo”. Então Joabe, os queretitas, e os peletitas e todos os guerreiros saíram em perseguição a Seba, filho de Bicri. Ao chegarem à pedra grande, em Gibeom, encontraram-se face a face com Amasa. Joabe usava seu uniforme e trazia um punhal no cinto. Ao se defrontar com Amasa, a espada caiu da bainha. Então Joabe disse a Amasa: “Muito prazer em ver você, meu irmão”, e puxou-o para si com a mão direita, como se fosse beijá-lo. Amasa não percebeu a espada na mão esquerda dele, e Joabe o feriu na altura do estômago a ponto de Os intestinos caírem no chão. Não foi preciso feri-lo duas vezes pois Amasa morreu ali mesmo. Joabe e seu irmão Abisai deixaram o corpo de Amasa naquele mesmo lugar e saíram para perseguir Seba, filho de Bicri. Um dos soldados de Joabe gritou para os soldados de Amasa: “Quem estiver do lado de Davi e de Joabe, venha e siga Joabe”. Os homens de Amasa não tinham coragem de deixar o corpo dele ali no caminho, no meio de uma poça de sangue; os que chegavam paravam para ver. Então os homens de Joabe arrastaram o corpo de Amasa para o campo e ali o deixaram coberto com uma manta. Com o corpo de Amasa fora do caminho, todos seguiram Joabe em perseguição a Seba, filho de Bicri. Nesse meio-tempo, Seba havia percorrido todo o Israel para reunir sua própria família, a de Bicri, na cidade de Abel-Bete-Maaca. Quando os soldados de Joabe chegaram, cercaram a cidade de Abel-Bete-Maaca e, levantando ao lado do muro uma rampa de pedras, do alto dela tentavam derrubar o muro. Porém uma mulher sábia que morava na cidade gritou: “Ouçam, ouçam! Peçam para Joabe vir até aqui porque eu preciso falar com ele”. Quando ele se aproximou, a mulher perguntou: “Você é Joabe?” “Sim, sou Joabe”, respondeu ele. Ela continuou: “Ouça o que a sua serva tem a lhe dizer”. “Estou ouvindo”, disse ele. E a mulher continuou: “Há uma frase que se tornou conhecida: ‘Se tiver algum problema para resolver, busque conselho na cidade de Abel’, e era assim que resolviam os problemas. Você está procurando destruir uma cidade antiga, onde sempre dominaram o amor e a paz; além do mais, uma cidade que sempre foi leal a Israel. Como pode você, então, destruir o que pertence ao Senhor?” E Joabe respondeu: “Não é nada disso que queremos fazer. Longe de mim destruir e arrasar esta cidade! Tudo o que queremos é um homem chamado Seba, filho de Bicri, das colinas de Efraim, que se rebelou contra o rei Davi. Se você me entregar esse homem, deixaremos a cidade em paz”. “Muito bem”, respondeu a mulher. “Prometo que jogaremos a cabeça desse homem para você do alto do muro”. Então a mulher procurou o povo e, sábia como era, foi atendida no seu conselho. Cortaram, pois, a cabeça de Seba, filho de Bicri e a atiraram para Joabe. Diante disso, Joabe fez tocar a trombeta, reuniu seus soldados e cada um voltou para a sua casa. E Joabe voltou para o rei, em Jerusalém. Joabe era o comandante do exército; Benaia, filho de Joiada, era o comandante da guarda real e comandava os queretitas e os peletitas. Adonirão cuidava dos que estavam sujeitos a trabalhos forçados; Josafá, filho de Ailude, era o historiador que registrava os acontecimentos. Seva era o secretário; Zadoque e Abiatar eram os sacerdotes; e Ira, o jairita, era o ministro pessoal de Davi. Houve uma grande fome por todo o reino de Davi durante três anos seguidos. Davi orou muito ao Senhor pedindo solução para esse problema. Então o Senhor lhe disse: “O período de fome caiu sobre o seu reino por causa do crime cometido por Saul e sua família. Eles mataram os gibeonitas; houve muito sangue derramado”. Assim Davi convocou os gibeonitas e falou com eles. Eles não faziam parte do povo de Israel, porém era o povo que havia restado da nação dos amorreus. Israel havia feito um acordo para poupar esse povo; Saul, porém, em seu exagerado zelo patriótico, procurou destruí-los. Davi perguntou aos gibeonitas: “Que farei por vocês para compensar o mal que Saul fez a vocês? Que faremos para que vocês se ajuntem a nós para que abençoem a herança do Senhor?” Os gibeonitas responderam: “A nossa questão em relação à família de Saul não é prata ou ouro, e também não pretendemos matar qualquer israelita para que sejamos vingados”. “Que farei, então?”, perguntou Davi. Eles responderam ao rei: “Quanto ao homem que tudo fez para nos destruir e quase nos eliminou de todo o território de Israel, dê-nos sete descendentes de Saul, para que os enforquemos diante do Senhor, em Gibeá, a cidade onde nasceu Saul, o rei escolhido pelo Senhor ”. E o rei disse: “Farei o que me pedem”. Davi poupou Mefibosete, filho de Jônatas e neto de Saul, por causa do juramento feito diante do Senhor entre ele, Davi, e Jônatas, filho de Saul. Porém o rei entregou aos gibeonitas os dois filhos de Rispa, Armoni e Mefibosete. Rispa era filha de Aiá, uma das esposas de Saul. Também entregou mais outros cinco netos de Saul, filhos de sua filha Merabe e seu esposo Adriel, filho de Barzilai, de Meolá. Os homens de Gibeom levaram os sete netos de Saul para a montanha, e lá, diante do Senhor, foram todos enforcados ao mesmo tempo. Isso se deu justamente no começo da colheita de cevada. Então Rispa, a mãe de dois dos enforcados, filha de Aiá, forrou uma rocha com pano de saco e ali se assentou desde o início da colheita até cair chuva do céu, para guardar os corpos dos seus filhos, evitando assim que as aves de rapina os devorassem de dia, e os animais selvagens de noite. Quando Davi soube da atitude de Rispa, filha de Aiá, concubina de Saul, mandou uma ordem aos homens de Jabes-Gileade para trazerem a ele os ossos de Saul e de Jônatas. Os homens de Jabes-Gileade haviam roubado os corpos de Saul e de Jônatas da praça pública em Bete-Seã, onde os filisteus os expuseram no dia em que mataram Saul no monte Gilboa. Davi trouxe os ossos de Saul e de seu filho Jônatas, junto com os ossos dos que foram executados. Enterraram os ossos de Saul e de Jônatas na sepultura de Quis, pai de Saul, em Zela, na terra de Benjamim, conforme a ordem do rei. Então Deus atendeu às orações do seu povo, e o período de fome acabou. Certa vez, quando os filisteus faziam guerra contra Israel, Davi saiu com seus homens para defender-se deles. A luta foi tão intensa que Davi começou a perder as forças, por estar muito cansado, e Isbi-Benobe, descendente de Rafa, um gigante que usava um novo tipo de armadura e lutava com uma lança de bronze cuja ponta pesava três quilos e seiscentos gramas, tinha a intenção de matar Davi. Mas Abisai, filho de Zeruia, veio em seu auxílio e matou o gigante filisteu. Por isso os soldados de Davi disseram-lhe: “O senhor não sairá mais conosco para lutar! Não queremos pôr em risco a vida do rei; não queremos que se apague a lâmpada de Israel”. Mais tarde, houve novamente guerra com os filisteus em Gobe; nessa ocasião, Sibecai, o husatita, matou Safe, um dos descendentes de Rafa. Em outra ocasião, nesse mesmo lugar, Elanã, filho de Jaaré-Oregim, matou o outro gigante, que era irmão de Golias, de Gate; este gigante trazia na mão uma lança que tinha um cabo como o eixo de tecelão! Em outra batalha, quando os filisteus e Israel estavam guerreando em Gate, havia um gigante com seis dedos em cada mão e seis dedos em cada pé, vinte e quatro dedos ao todo. Ele também era descendente de Rafa, e desafiou os homens de Israel. Então Jônatas, filho de Simeia, irmão de Davi, matou esse gigante. Esses quatro gigantes, descendentes de Rafa, foram mortos por Davi e seus soldados em Gate. Este foi o cântico de louvor ao Senhor, entoado por Davi depois de ele haver livrado o seu povo das mãos de Saul e de outros inimigos: “O Senhor é a minha rocha, a minha fortaleza e o meu salvador. Eu me esconderei em Deus, que é a minha rocha e o meu refúgio. Ele é meu escudo e minha poderosa salvação. Ele é a minha torre alta, meu refúgio e meu salvador, livrando-me dos homens violentos. Invoco o Senhor, que é digno de ser louvado; ele me livrará de todos os meus inimigos. As ondas da morte me cercaram; correntes de destruição me encobriram; as cordas da sepultura me amarraram, e as ciladas da morte me envolveram. Mas na minha angústia clamei ao Senhor, clamei a Deus. E do seu templo ele me ouviu. Meu clamor chegou aos seus ouvidos. Então a terra se abalou e tremeu, os fundamentos dos céus se abalaram, por causa da sua ira. Das suas narinas saiu fumaça; fogo consumidor e brasas vivas saíram de sua boca. Ele fez baixar os céus e veio à terra; caminhou sobre nuvens escuras. Ele cavalgou sobre um querubim; voou sobre as asas do vento. As trevas o cercaram, e eram densas as nuvens ao seu redor. Pelo resplendor da sua presença acenderam-se brasas de fogo. O Senhor trovejou dos céus; e o Altíssimo elevou a sua voz. Ele desferiu suas setas e dispersou os seus inimigos, e com o clarão dos relâmpagos ele os fez fugir. Pelo sopro de suas narinas apareceu o fundo do mar, e os alicerces da terra ficaram descobertos. Do alto ele estendeu a mão e me amparou; salvou-me de águas profundas. Livrou-me de inimigos poderosos, daqueles que me odiavam, e que eram muito mais fortes que eu. Eles caíram sobre mim no dia da minha calamidade, mas o Senhor foi o meu amparo. Ele me livrou do perigo, pois ele se agradou de mim. O Senhor me recompensou por causa da minha honestidade, de acordo com a pureza das minhas mãos. Guardei os caminhos do Senhor, e do meu Deus não me afastei. Das suas leis eu tomei conhecimento, e a elas eu prestei obediência. Fui inteiramente irrepreensível e guardei-me do pecado. Por isso o Senhor me abençoou de acordo com a minha honestidade, de acordo com a pureza do meu coração. Ele é misericordioso com os misericordiosos; e íntegro com os íntegros. Revela a sua pureza aos que são puros; mas ao perverso o Senhor se revela astuto; e humilha os orgulhosos. Salva e ampara os humildes sofredores, mas humilha os orgulhosos. O Senhor é a minha luz que acaba com a escuridão da minha vida. Pelo seu poder vencerei exércitos; e com o meu Deus posso saltar muralhas. O caminho de Deus é perfeito; a palavra do Senhor, verdadeira. Ele protege todos os que nele se refugiam. Pois quem é Deus, senão o Senhor? E quem é rocha, senão o nosso Deus? Deus é minha fortaleza e minha força; ele me traz a salvo. Ele torna os meus pés como os pés das cabras dos montes, e firma os meus passos sobre as rochas. Ele me dá agilidade na guerra, de modo que os meus braços têm força para vergar um arco de bronze. O Senhor me dá o escudo de sua salvação; e a sua bondade me engrandeceu. Alonga os meus passos para que os meus pés não vacilem. Persegui os meus inimigos e os destruí, sem deixar um sequer. Debaixo dos meus pés, derrubei todos os meus inimigos; e não puderam levantar-se. Pois o Senhor me deu força na batalha e poder para derrotar os que contra mim se levantaram. Pôs os meus inimigos a correr; e destruí todos os que me odiavam. Eles clamaram em vão por auxílio; clamaram ao Senhor, mas ele não atendeu. Então eu os esmaguei e os transformei em pó; espalhados eles foram, como o pó que se espalha pelas ruas. O Senhor me tem preservado dos rebeldes do meu povo; e colocou-me como líder das nações! Até mesmo um povo que eu não conhecia me servirá. Estrangeiros se submetem a mim ao ouvirem a minha voz e ouvirem falar do meu poder. Eles perdem a coragem; os estrangeiros saem tremendo dos seus esconderijos. O Senhor vive! Abençoada seja a minha Rocha. Louvado seja Deus, a Rocha da minha salvação! Este é o Deus que se vinga contra os meus inimigos, que sujeita os povos debaixo do meu poder, e me livra dos meus inimigos; o Senhor me engrandeceu e me exaltou sobre os meus adversários; livrou-me de homens violentos. Graças dou, ó Senhor! O seu nome será louvado entre as nações. O Senhor deu vitórias maravilhosas ao seu rei; e cobriu de misericórdia o seu escolhido, com Davi e toda a sua casa para sempre”. Estas são as últimas palavras de Davi: “Palavras de Davi, filho de Jessé; o homem que foi exaltado, o escolhido do Deus de Jacó; Davi, o amado salmista de Israel. “O Espírito do Senhor falou por meio de mim; e a sua palavra estava na minha boca. O Deus de Israel falou; a Rocha de Israel me disse: ‘Quem governa o povo com justiça, quem reina com o temor de Deus, é como a luz da manhã; como uma manhã, sem nuvens, que faz brotar da terra a grama verde e macia, como o sol que brilha depois de uma chuva’. E a minha família foi a escolhida! Sim, Deus fez uma aliança comigo; a sua aliança é eterna, final e selada. Ele cuidará constantemente da minha segurança e concederá tudo quanto eu desejo. Mas os infiéis serão atirados fora como espinhos que ferem as mãos que neles tocam. Quem quiser cortá-los precisa proteger-se com uma ferramenta de ferro ou de madeira; eles devem ser destruídos com fogo”. Estes são os nomes dos três guerreiros mais importantes de Davi: O primeiro era Josebe-Bassebete, de Taquemoni, chefe de três guerreiros principais; este uma vez matou oitocentos homens com uma lança, numa batalha. O segundo era Eleazar, filho de Dodô, e neto de Aoí. Ele era um dos três guerreiros principais que, com Davi, destruiu os filisteus, em Pas-Damim, depois que o exército de Israel já se havia dispersado. Eleazar manteve a sua posição e feriu os filisteus até que sua mão ficou com cãibra, e ele não podia largar a espada; o Senhor lhe deu uma grande vitória naquele dia. O restante do exército não voltou, a não ser na hora de saquear os mortos. Depois de Eleazar vem Samá, filho de Agé, de Harar. Durante um ataque de uma tropa dos filisteus em Leí, quando todos os homens de Davi fugiram, ele se colocou sozinho num campo de lentilhas e derrotou os filisteus. O Senhor lhe deu uma grande vitória. Perto do início da colheita, quando Davi estava na caverna de Adulão e os invasores filisteus estavam acampados no vale de Refaim, três chefes dos trinta valentes do exército de Israel desceram à caverna para ficar com Davi. Davi estava na fortaleza nessa ocasião, e os filisteus na cidade vizinha de Belém. Então Davi disse: “Estou com tanta sede daquela água pura do poço que fica perto da porta de Belém!” Então os três homens atravessaram com valentia as fileiras dos filisteus, tiraram a água do poço e a trouxeram a Davi. Ele, porém, se recusou a tomá-la! Em vez disso, despejou a água no chão como oferta ao Senhor e disse: “Ó Senhor Deus, eu não posso tomar dessa água. Ela é como o sangue destes homens que arriscaram a sua vida por mim, atravessando as fileiras dos filisteus”. Esses foram os feitos destes três principais guerreiros. Abisai, irmão de Joabe, filho de Zeruia, era o líder dos Trinta. Certa vez, ele, com a sua lança, matou trezentos inimigos. Foi com esse ato que ele ganhou lugar entre os mais valentes de Israel. Ele se tornou o líder dos valentes oficiais do exército. Mas não chegou a ser um dos três principais guerreiros. Havia também Benaia, filho de Joiada, um heroico soldado de Cabzeel. Benaia matou os dois maiores heróis de Moabe. Numa ocasião ele desceu numa cova e, apesar da neve, atacou um leão que ali se encontrava e o matou. Em outra ocasião, com um cajado na mão, matou um guerreiro egípcio de grande estatura, que estava armado com uma lança; ele arrancou a lança da mão do egípcio, e com ela o matou. Estes são alguns dos feitos de Benaia. Ele ficou tão famoso como os três principais guerreiros de Davi. Ele foi o mais honrado entre os trinta mais valentes, porém não fazia parte do grupo dos três maiores. Davi fez de Benaia o chefe da sua guarda pessoal. Entre os trinta valentes estavam: Asael, irmão de Joabe; Elanã, filho de Dodô, de Belém; Samá, de Harode; Elica, de Harode; Helez, de Palti; Ira, filho de Iques, de Tecoa; Abiezer, de Anatote; Mebunai, de Husate; Zalmom, de Aoí; Maarai, de Netofate; Helebe, filho de Baaná, de Netofate; Hitai, filho de Ribai, de Gibeá, da tribo de Benjamim; Benaia, de Piratom; Hidai, do ribeiro de Gaás; Abi-Albom, de Arbate; Azmavete, de Baurim; Eliaba, de Saalbom; Bené-Jasém; Jônatas; Samá, de Harar; Aião, filho de Sarar, de Harar; Elifelete, filho de Aasbai, de Maaca; Eliã, filho de Aitofel, de Giló; Hezrai, do Carmelo; Paarai, de Arba; Jigeal, filho de Natã, de Zobá; Bani, de Gade; Zeleque, de Amom; Naarai, de Beerote, que era o que trazia as armas de Joabe, filho de Zeruia; Ira e Garebe, de Jatir; e Urias, o heteu. Foram trinta e sete ao todo. Mais uma vez Deus ficou irado com Israel, e levou Davi a prejudicá-los mediante a contagem do povo de Israel e de Judá. Davi disse a Joabe, o comandante do seu exército: “Faça uma contagem de todo o povo desde uma extremidade da nação à outra, para que eu saiba o total da população”. Joabe, porém, respondeu: “Que o Senhor, o seu Deus, faça o rei, o meu senhor, viver até que veja a população do seu reino aumentar cem vezes. Mas por que o rei, o meu senhor, deseja fazer essa contagem? Contudo, a ordem do rei prevaleceu, e Joabe e seus oficiais saíram para contar o povo de Israel. Eles atravessaram o Jordão e acamparam em Aroer, ao sul da cidade que fica no meio do vale de Gade, e foram para o norte até a cidade de Jazer; depois foram a Gileade e Cades, na terra dos heteus, e chegaram a Dã-Jaã, de onde viraram para Sidom; depois foram para a fortaleza de Tiro e a todas as cidades dos heveus e cananeus; por último foram até Berseba, ao sul de Judá. Tendo eles percorrido toda a terra, completaram sua tarefa em nove meses e vinte dias, e voltaram a Jerusalém. Então Joabe relatou ao rei o resultado do recenseamento: havia em Israel oitocentos mil homens habilitados para o serviço militar; e quinhentos mil em Judá. Depois de mandar fazer o recenseamento, a consciência de Davi o acusou, e ele disse ao Senhor: “Pequei seriamente com o que fiz. Por favor, meu Senhor, eu imploro que perdoe o pecado do seu servo, porque cometi uma grande insensatez”. Na manhã seguinte, Deus falou ao profeta Gade, que era o vidente de Davi. Disse o Senhor a Gade: “Diga a Davi: Assim diz o Senhor: ‘Eu darei a você três opções de punição; a que você escolher eu farei’ ”. Gade procurou Davi e transmitiu a ele as palavras do Senhor, e perguntou: “Qual destas três opções você prefere: sete anos de fome por todo o seu reino; três meses de fuga diante dos seus inimigos; ou três dias de praga sobre a sua terra? Pense bem e me dê a resposta, pois o Senhor quer saber qual a sua escolha”. “É grande a minha aflição”, respondeu Davi; “mas é melhor cair nas mãos do Senhor, pois a sua misericórdia é grande, do que cair nas mãos dos homens. Portanto, fiz a minha escolha: Que o Senhor mande os três dias de praga”. Assim o Senhor mandou uma praga sobre Israel naquela manhã, e ela durou três dias; a praga causou a morte de setenta mil homens de Dã a Berseba. Quando o anjo da morte preparava-se para destruir Jerusalém, o Senhor arrependeu-se daquele mal e disse ao anjo destruidor: “Pare! Já basta!” O anjo do Senhor tinha chegado perto da eira de Araúna, o jebuseu. Quando Davi viu o anjo que matava o povo, ele disse ao Senhor: “Ó Deus, eu sou o único que pequei contra o Senhor! Por que o meu povo, que me segue como rebanho, precisa pagar pelo meu erro? Deixe que o seu castigo caia somente sobre mim e a minha família”. Naquele dia, Gade veio a Davi e disse: “Vá e construa um altar na eira de Araúna, o jebuseu”. E Davi apressou-se em fazer o que o Senhor lhe ordenara por meio de Gade. Quando Araúna viu o rei e seus homens encaminhando-se em sua direção, saiu ao encontro deles e diante deles lançou-se ao chão com o rosto em terra. “Por que o meu senhor e rei veio até o seu servo?”, Araúna perguntou ao rei. Davi respondeu: “Vim comprar a sua eira para construir nela um altar ao Senhor, para que cesse a praga que está destruindo o país”. Araúna disse ao rei: “Tudo aqui está à disposição do meu senhor e rei para o sacrifício. Aqui estão os bois para o sacrifício queimado; o debulhador, e tudo de que o rei precisar para construir o altar, e também o jugo dos bois para a lenha do fogo que será aceso sobre o altar. Tudo isso é seu, ó rei”. E acrescentou: “Que o Senhor, o seu Deus, aceite o seu sacrifício”. Mas o rei disse a Araúna: “Não, não quero nada disto de graça. Quero comprar, pois não desejo oferecer ao Senhor, o meu Deus, sacrifício daquilo que não me custou nada”. Assim Davi comprou a eira e os bois por cinquenta peças de prata. E Davi edificou ali um altar ao Senhor e ofereceu ofertas queimadas e sacrifícios de paz. E o Senhor ouviu suas orações, e a praga que destruía Israel cessou. Quando o rei Davi ficou velho, já de idade bem avançada, quase não saía da cama; e por mais que pusessem cobertores sobre ele, não conseguiam aquecê-lo. Então os ajudantes do rei lhe disseram: “Vamos encontrar uma moça virgem que sirva de companheira para o rei e cuide dele. Ela se deitará nos seus braços a fim de aquecer o rei”. Então andaram pelo país, por todos os cantos, a fim de encontrar uma moça que fosse bonita. Finalmente encontraram Abisague, uma sunamita. Trouxeram a moça ao rei. A jovem era muito bonita! Ela cuidava do rei e o servia, porém ele não teve relações com ela. Então Adonias, filho de Davi cuja mãe se chamava Hagite, se exaltou e disse: “Eu serei o rei”. Ele alugou carruagens e homens que dirigissem essas carruagens, providenciou também cinquenta homens que corressem pelas ruas à frente dele como se fossem soldados da infantaria real. Seu pai, o rei Davi, nunca o havia contrariado, perguntando: “Por que você age assim?” Adonias era um homem de bela aparência; ele era o irmão de Absalão que nasceu logo depois dele. Adonias conquistou a confiança de Joabe, filho de Zeruia, e do sacerdote Abiatar, e eles concordaram em ajudar o jovem a tornar-se rei. Mas dentre os que permaneceram fiéis ao rei Davi e se recusaram a seguir Adonias estavam os sacerdotes Zadoque e Benaia, filho de Joiada, o profeta Natã, Simei, Reí e a guarda especial de Davi. Adonias foi a En-Rogel, onde ofereceu sacrifícios de ovelhas, bois e novilhos gordos, junto à pedra de Zoelete. Então convidou todos os seus irmãos, os outros filhos do rei Davi, e todos os conselheiros do palácio real de Judá, pedindo a eles que viessem para a sua festa de coroação. Porém, não convidou o profeta Natã, nem Benaia, nem a guarda especial do rei, nem mesmo seu irmão Salomão. Então o profeta Natã foi procurar Bate-Seba, mãe de Salomão, e perguntou a ela: “Você ainda não sabe que Adonias, filho de Hagite, tornou-se rei, sem que o nosso senhor Davi ficasse sabendo? Se você quiser salvar a sua própria vida e a vida de seu filho Salomão, faça exatamente o que lhe digo! Vá depressa ao rei Davi e pergunte a ele: ‘Meu senhor, lembra-se da promessa que fez sua serva de que meu filho Salomão seria o próximo rei, e que ele se assentaria no seu trono? Então, como é que Adonias já se tornou rei?’ E enquanto você ainda estiver falando com ele, eu chegarei e direi que é verdade tudo o que você disse”. Então ela entrou no quarto do rei, já bem velho, onde a sunamita Abisague cuidava dele. Bate-Seba se inclinou diante dele, com o rosto no chão. “O que você quer?”, perguntou o rei. Ela respondeu: “Meu senhor, o senhor jurou a esta sua serva, pelo Senhor, o seu Deus: ‘Seu filho Salomão será o próximo rei e ele se assentará no meu trono’. Mas agora, Adonias é o novo rei, e o senhor nem sequer sabe disso. Ele ofereceu sacrifícios de bois, novilhos gordos e ovelhas e, além disso, convidou todos os irmãos, o sacerdote Abiatar e o comandante do exército, Joabe. Mas não convidou o seu servo Salomão. Agora, ó rei, meu senhor, todos os olhos de Israel estão esperando a sua decisão para saber quem sucederá o rei, meu senhor, no trono. Se o rei, meu senhor, não agir depressa, meu filho Salomão e eu seremos tratados como culpados, logo depois da sua morte”. Enquanto ela falava com o rei, chegou o profeta Natã. Os ajudantes do rei disseram a ele: “Está aí o profeta Natã, que deseja vê-lo”. Natã entrou e se inclinou diante do rei, com o rosto no chão, e perguntou: “Ó rei, meu senhor, foi o senhor quem nomeou Adonias para ser o próximo rei? Foi ele que o rei escolheu para assentar-se no trono real? Hoje ele celebrou a sua coroação oferecendo sacrifícios de bois e novilhos gordos e ovelhas, e convidou todos os filhos do rei para comparecerem à festa. Também convidou o comandante Joabe e o sacerdote Abiatar. Agora eles estão comendo e bebendo com ele, e celebrando: ‘Viva o rei Adonias!’ Porém, o sacerdote Zadoque, Benaia, filho de Joiada, o seu servo Salomão e eu não fomos convidados. Será que o rei, meu senhor, aprovou sem que seus conselheiros soubessem quem seria o sucessor do trono do rei, meu senhor?” “Chamem Bate-Seba”, ordenou o rei Davi. Então ela voltou e se pôs em pé diante dele. E o rei jurou: “Assim como vive o Senhor que me livrou de todos os perigos, declaro que seu filho Salomão será o próximo rei e se assentará no meu trono, exatamente como jurei a você perante o Senhor, o Deus de Israel”. Então Bate-Seba se inclinou novamente diante do rei com o rosto no chão e exclamou: “Que o rei Davi, meu senhor, viva para sempre!” O rei Davi deu a seguinte ordem: “Chamem o sacerdote Zadoque, o profeta Natã e Benaia, filho de Joiada”. Quando eles chegaram à presença do rei, ele lhes disse: “Levem Salomão e meus conselheiros a Giom. Salomão deve ir montado na minha mula. Ali o sacerdote Zadoque e o profeta Natã devem derramar óleo sobre a cabeça dele e ungi-lo rei sobre Israel. Depois toquem as trombetas e gritem: ‘Viva o rei Salomão!’ Quando vocês trouxerem Salomão de volta para cá, façam com que ele se assente no meu trono como o novo rei; porque foi ele que eu indiquei para ser o rei de Israel e de Judá”. “Que assim seja! Que o Senhor, o Deus do rei, meu senhor, o confirme!” respondeu Benaia, e disse mais: “Que o Senhor esteja com Salomão como esteve com o rei, meu senhor, e que torne o seu trono ainda maior do que o trono do rei Davi, meu senhor!” Então o sacerdote Zadoque, o profeta Natã, Benaia, filho de Joiada, e a guarda pessoal de Davi (isto é, os queretitas e os peletitas) levaram Salomão a Giom; Salomão ia montado na mula que pertencia ao rei Davi. Em Giom, o sacerdote Zadoque pegou um vaso de óleo sagrado trazido do Tabernáculo e despejou o óleo sobre Salomão; fizeram tocar as trombetas, e todo o povo gritou: “Viva o rei Salomão!” Depois todos eles voltaram com Salomão para Jerusalém, e por todo o caminho vieram tocando flauta e celebrando de tal forma que o chão tremia com o seu barulho. Adonias e os seus convidados ouviram aquela agitação e gritaria, bem na hora em que terminavam o banquete. Ao ouvir o toque da trombeta, Joabe perguntou: “O que está acontecendo? Por que a cidade está nessa agitação?” Enquanto ele ainda falava, Jônatas, filho de Abiatar, o sacerdote, chegou correndo. “Entre”, Adonias disse a ele, “pois você é um homem bom; você deve estar trazendo boas notícias”. “Nosso senhor, o rei Davi, declarou que Salomão é o rei!”, Jônatas gritou. “O rei mandou que ele fosse a Giom com o sacerdote Zadoque, o profeta Natã e Benaia, filho de Joiada, protegido pelos queretitas e peletitas, e ele ia montado na mula que pertence ao rei. Depois o sacerdote Zadoque e o profeta Natã despejaram óleo sobre a cabeça dele como o novo rei em Giom! Eles acabam de voltar, e a cidade toda está comemorando. Todo esse barulho é por isso. Salomão está sentado no trono, e todos os servos do rei vieram abençoar o nosso senhor, o rei Davi, dizendo: ‘Que o Deus do rei Davi torne o nome de Salomão ainda mais famoso do que o seu. Que Deus faça o reinado de Salomão ainda maior do que o reinado do rei Davi!’ E o rei se inclinou na cama e orou: ‘Bendito seja o Senhor, o Deus de Israel, que escolheu um de meus filhos para sentar-se no meu trono e permitiu que os meus olhos o vissem hoje’ ”. Então Adonias e seus convidados saíram correndo da mesa do banquete e fugiram de medo; eles trataram de salvar as suas vidas. Adonias correu para o Tabernáculo e se agarrou às pontas do altar. Quando Salomão soube que Adonias estava com medo dele e estava agarrado nos chifres do altar, dizendo: ‘Que o rei Salomão jure hoje que não matará o seu servo com a espada’ ”, respondeu: “Se ele se comportar bem, não cairá um só fio de cabelo da sua cabeça; mas se nele se descobrir alguma maldade, ele morrerá”. Então Salomão mandou buscar Adonias, e os mensageiros fizeram com que ele descesse do altar. Ele veio e se inclinou diante do rei; e Salomão disse a Adonias: “Vá para a sua casa”. Quando Davi sentiu que a morte se aproximava, ele deu as seguintes instruções a seu filho Salomão: “Eu vou para onde devem ir algum dia todos os homens que estão na terra. Espero que você seja um sucessor forte e merecedor de toda a confiança. Obedeça ao Senhor, o seu Deus, e siga todos os caminhos que ele manda seguir; guarde todos os mandamentos divinos escritos na Lei de Moisés, de modo que você seja bem-sucedido em tudo quanto fizer e por onde quer que você for. Se fizer isto, o Senhor vai cumprir a promessa que me fez: ‘Se os seus descendentes andarem corretamente e forem fiéis a mim de todo o coração e de toda a alma, sempre haverá um descendente no trono de Israel’. “Você sabe o que Joabe, filho de Zeruia, me fez; ele assassinou os dois comandantes dos exércitos de Israel, Abner, filho de Ner, e Amasa, filho de Jéter. Ele fingiu que isso era um ato de guerra, mas foi feito em tempo de paz. Aquele sangue manchou o seu cinto e as suas sandálias. Você é um homem sábio, e saberá o que deve fazer. Não deixe que ele morra em paz. “Porém seja bondoso com os filhos de Barzilai, de Gileade. Faça deles hóspedes permanentes do rei, pois cuidaram de mim quando eu fugia do seu irmão Absalão. “Você se lembra de Simei, filho de Gera, o benjamita de Baurim? Ele me amaldiçoou com uma terrível maldição quando eu ia para Maanaim; mas quando ele desceu para se encontrar comigo junto ao rio Jordão, jurei perante o Senhor que não iria matá-lo à espada. Mas agora não o considere inocente! Você é um homem sábio e saberá como arranjar uma morte sangrenta para ele. Apesar de ele já ser idoso, faça-o descer à sepultura ensanguentado”. Depois Davi morreu e foi sepultado com os seus antepassados na Cidade de Davi. Ele reinou sobre Israel durante quarenta anos, sendo sete anos em Hebrom, e trinta e três anos em Jerusalém. E Salomão subiu ao trono do seu pai Davi, e o seu reino fortaleceu-se muito. Certo dia, Adonias, o filho de Hagite, veio falar com Bete-Seba, a mãe de Salomão. “Você vem em paz?”, perguntou ela. “Sim”, ele respondeu, “venho em paz. Na verdade, tenho um pedido a lhe fazer”. “Que pedido é esse?”, ela perguntou. “Tudo ia bem comigo”, ele disse, “e o reino era meu; todos esperavam que eu fosse o próximo rei. Mas a situação se inverteu, e tudo foi para as mãos de meu irmão; porque foi assim que o Senhor quis. Mas agora tenho um pequeno favor a lhe pedir, e espero que não deixe de me atender”. “Qual é o favor?”, ela perguntou. Ele prosseguiu: “Fale ao rei Salomão em meu nome, porque eu sei que ele fará qualquer coisa que você pedir, e peça a ele para me dar Abisague, a sunamita, como minha esposa”. “Está bem”, respondeu Bate-Seba, “vou falar ao rei por você”. Então ela foi pedir esse favor a Salomão. Quando ela entrou, o rei se levantou do trono e se inclinou diante dela. Depois sentou-se no trono e mandou que trouxessem um trono para sua mãe, e que fosse colocado ao lado do trono dele; assim ela se sentou à direita do rei. “Tenho um pequeno pedido a lhe fazer”, disse ela, “e espero que não negue o que vou lhe pedir”. O rei respondeu: “Faça o pedido, minha mãe; você sabe que eu não lhe recuso nada”. Então ela disse: “Então permita que o seu irmão Adonias se case com Abisague”. “Por que a senhora pede a sunamita Abisague para Adonias? Se eu desse Abisague a ele, estaria dando a ele o reino também! Pois ele é meu irmão mais velho! Ele, o sacerdote Abiatar e o comandante Joabe tomariam conta de tudo!” Então o rei Salomão jurou pelo Senhor: “Que Deus me castigue com a morte, se Adonias não morrer hoje mesmo por causa deste plano que ele tramou contra mim! Juro pelo nome do Senhor, que me deu o trono de meu pai Davi, e este reino que me prometeu, a mim e aos meus descendentes, que hoje ainda Adonias será morto”. E o rei Salomão enviou Benaia, filho de Joiada, para matar Adonias; e Benaia o matou com a espada. Depois o rei disse ao sacerdote Abiatar: “Volte para as suas terras em Anatote! Você deveria morrer também, mas não vou matar você hoje, porque você carregou a arca do Senhor Deus durante o reinado de meu pai, e sofreu junto com ele em todos os momentos difíceis da vida dele”. Então Salomão obrigou Abiatar a abandonar o sacerdócio do Senhor, cumprindo dessa maneira a profecia do Senhor em Siló, com referência aos filhos de Eli. Quando Joabe, que havia tomado parte na conspiração de Adonias, porém não na de Absalão, ouviu falar da morte de Adonias, ele correu para o Tabernáculo e se agarrou às pontas do altar. Quando a notícia chegou ao rei Salomão de que Joabe tinha se refugiado no Tabernáculo do Senhor e estava ao lado do altar, ele enviou Benaia, filho de Joiada, com a ordem: “Vá matá-lo!” Então Benaia foi ao Tabernáculo do Senhor e disse a Joabe: “O rei ordena que você saia!” “Não”, replicou ele: “Vou morrer aqui”. Então Benaia voltou à presença do rei para receber novas instruções. “Faça como ele diz”, respondeu o rei. “Mate Joabe ao lado do altar, e faça o enterro dele. Assim você retirará de mim e da família do meu pai a culpa do sangue inocente que Joabe derramou. Então o Senhor fará Joabe pessoalmente responsável pelo sangue que derramou ao matar dois homens mais justos do que ele. Pois o meu pai não teve parte na morte de Abner, filho de Ner, comandante do exército de Israel, nem na morte de Amasa, filho de Jéter, comandante do exército de Judá. Que o sangue deles recaia sobre a cabeça de Joabe e seus descendentes para sempre; e que a paz do Senhor esteja para sempre sobre Davi, sobre seus descendentes e o seu trono”. Então Benaia, filho de Joiada, voltou ao Tabernáculo e matou Joabe; e ele foi sepultado ao lado de sua casa no campo. Então o rei nomeou Benaia, filho de Joiada, como comandante do exército, e Zadoque como sacerdote em lugar de Abiatar. Depois o rei mandou chamar Simei e lhe ordenou: “Construa uma casa para você aqui em Jerusalém, e não dê um passo para fora da cidade. No momento em que você for além do córrego de Cedrom, você será morto; e será responsável pela sua morte”. Simei respondeu ao rei: “A ordem do meu senhor, o rei, é boa! O seu servo obedecerá!” E Simei morou em Jerusalém durante longo tempo. Porém três anos mais tarde, dois dos escravos de Simei fugiram e foram para a casa de Aquis, rei de Gate. Quando Simei ouviu dizer que seus escravos estavam em Gate, selou um jumento e foi a Gate falar com o rei Aquis para encontrar os seus escravos, e os levou de volta para Jerusalém. Quando Salomão soube que Simei havia saído de Jerusalém e ido a Gate e havia voltado a Jerusalém, mandou chamá-lo e lhe perguntou: “Não fiz você jurar pelo Senhor e não lhe dei a ordem: No dia em que sair para outro lugar, saiba que você morrerá? E você respondeu: ‘Esta ordem é boa! Farei como o rei diz’. Então por que não cumpriu sua palavra e não obedeceu à minha ordem? E que dizer sobre todas as coisas más que você fez a meu pai, o rei Davi? Que o Senhor faça cair a sua vingança sobre a sua cabeça. Mas que eu receba as ricas bênçãos, e que um dos filhos de Davi sempre se assente no seu trono”. Então, por ordem do rei, Benaia, filho de Joiada, levou Simei para fora e o matou. Assim ficou consolidado o domínio de Salomão sobre o reino. Salomão fez um trato com o faraó, rei do Egito, e se casou com a sua filha. Ele trouxe a mulher à Cidade de Davi, até terminar a construção de seu palácio e da casa do Senhor, e do muro ao redor de Jerusalém. Nessa época, o povo de Israel oferecia seus sacrifícios sobre altares feitos nas montanhas, porque o templo em honra ao nome do Senhor ainda não tinha sido construído. Salomão amava o Senhor e seguia todas as instruções de seu pai Davi, fora o fato de oferecer sacrifícios nas montanhas e queimar incenso ali. O mais famoso dos altares no topo do monte ficava em Gibeom. O rei Salomão foi para lá e ofereceu como sacrifício mil ofertas queimadas. Naquela noite, o Senhor apareceu a ele num sonho e disse: “Peça-me o que quiser, e eu darei a você!” Salomão respondeu: “O Senhor foi muito bondoso para com o seu servo, o meu pai Davi, porque ele foi honesto, verdadeiro e fiel ao Senhor e obedeceu aos seus mandamentos. E o Senhor continuou a mostrar grande bondade por ele, dando-lhe um filho para reinar em seu lugar. Agora, Senhor, meu Deus, o Senhor fez o seu servo reinar em lugar de meu pai Davi, mas eu sou como um menino pequeno que não sabe andar sozinho. E aqui está o seu servo no meio do seu povo escolhido, uma nação tão grande que nem se pode contar. Dá ao seu servo um coração compreensivo, de modo que eu possa governar bem o seu povo e prudentemente discernir entre o que é certo e o que é errado. Pois quem é capaz de julgar este seu grande povo?” O Senhor se agradou com o pedido de Salomão. Por isso Deus respondeu: “Já que você pediu sabedoria para governar o meu povo, e não uma vida longa ou riquezas para si, ou a morte dos seus inimigos, mas entendimento para discernir o que é justo, vou dar o que você me pediu! Vou dar um coração mais sábio e entendido do que o de qualquer outra pessoa nascida antes ou depois de você! E também vou dar o que você não pediu: riquezas e honra! Ninguém, em todo o mundo, será tão rico e famoso quanto você, pelo restante de sua vida! E eu darei a você uma vida longa se você me seguir e obedecer às minhas leis e aos meus mandamentos, como fez o seu pai Davi”. Então Salomão acordou e percebeu que tinha sido um sonho. Em seguida, ele voltou a Jerusalém e foi ao Tabernáculo. Lá ele se colocou diante da arca da aliança do Senhor e ofereceu sacrifícios de ofertas queimadas e ofertas de paz. Então convidou todos os seus oficiais para um grande banquete. Logo depois disso, duas prostitutas compareceram diante do rei para ele resolver uma discussão entre elas. Uma delas disse: “Meu senhor! Nós moramos na mesma casa. Eu dei à luz um filho, e ela estava comigo na casa. Quando ele estava com três dias, esta mulher também deu à luz um filho. Não havia ninguém mais em casa. Mas o bebê dela morreu durante a noite quando ela, dormindo, se deitou sobre ele. Então ela se levantou de noite e tirou o meu filho do meu lado enquanto eu, sua serva, dormia, e o colocou do lado dela. Em seguida colocou o filho dela, que estava morto, ao meu lado. No meio da noite, quando quis dar de mamar ao meu filho, ele estava morto! Mas quando ficou claro o dia, eu vi que não era o filho que eu dera à luz”. Então a outra mulher disse: “Certamente que o filho era dela, e o filho vivo era o meu”. “Não”, disse a primeira mulher, “o morto era o seu, e o vivo era o meu”. E assim elas discutiam diante do rei. Então disse o rei: “Vamos esclarecer as coisas: As duas reclamam a criança viva, e cada uma diz que a criança morta pertence à outra”. E o rei ordenou: “Tragam-me uma espada”. E trouxeram uma espada para o rei. Ele disse: “Cortem a criança viva ao meio e deem metade a uma e metade à outra mulher!” A mulher que realmente era a mãe da criança e que amava muito seu filho, clamou: “Oh, não, meu senhor! Dê a ela a criança viva. Não matem o menino!” A outra mulher, porém, dizia: “Muito bem, ele não será nem seu nem meu; dividam o menino entre nós duas”. Então o rei disse: “Deem a criança à mulher que deseja que ele viva, pois ela é a mãe!” A notícia da decisão do rei se espalhou depressa por todo o país, e todas as pessoas ficaram admiradas e passaram a respeitálo, porque reconheceram a grande sabedoria que Deus tinha dado a Salomão para fazer justiça. Salomão foi rei sobre todo o povo de Israel. Estes foram os seus principais assessores: Azarias, filho de Zadoque, era o sumo sacerdote; Eliorefe e Aías, filhos de Sisa, eram secretários; Josafá, filho de Ailude, era quem escrevia a história dos acontecimentos e era encarregado dos arquivos; Benaia, filho de Joiada, era o comandante do exército; Zadoque e Abiatar eram sacerdotes; Azarias, filho de Natã, cuidava dos negócios do governo e era o chefe dos administradores dos distritos; Zabude, filho de Natã, era o sacerdote e conselheiro pessoal do rei; Aisar era o encarregado geral do palácio; Adonirão, filho de Abda, era o encarregado dos trabalhos forçados. Salomão também nomeou doze administradores distritais, responsáveis por trazer alimento do povo para o rei e o seu palácio. Cada um deles fornecia mantimentos durante um mês do ano. Estes são os nomes dos doze administradores e dos seus distritos: Ben-Hur, da região montanhosa de Efraim; Ben-Dequer, em Macaz, Saalbim, Bete-Semes, Elom e Bete-Hanã; Ben-Hesede, em Arubote, Socó e toda a terra de Héfer; Ben-Abinadabe, casado com a princesa Tafate, filha de Salomão, nas terras altas de Dor; Baaná, filho de Ailude, em Taanaque, Megido, e toda Bete-Seã, perto de Zaretã, abaixo de Jezreel, desde Bete-Seã até Abel-Meolá e além de Jocmeão; Ben-Geder, em Ramote-Gileade, incluindo os povoados de Jair, filho de Manassés, em Gileade, e a região de Argobe, em Basã, incluindo sessenta grandes cidades cercadas de muros com barras de bronze nos portões; Ainadabe, filho de Ido, em Maanaim; Aimaás, em Naftali, casado com a princesa Basemate, filha de Salomão; Baaná, filho de Husai, em Aser e Bealote; Josafá, filho de Parua, em Issacar; Simei, filho de Ela, em Benjamim; Geber, filho de Uri, em Gileade, incluindo os territórios de Seom, rei dos amorreus, e de Ogue, rei de Basã. Havia um só administrador desse distrito. Nessa época, o povo de Israel e de Judá era tão numeroso como a areia da praia do mar; eles comiam, bebiam e se alegravam. O rei Salomão governava toda a região, desde o rio Eufrates até a terra dos filisteus, chegando até a fronteira do Egito. Esses povos conquistados dessas terras pagavam impostos a Salomão e continuaram a prestar serviços a ele durante o tempo em que viveu. Para a provisão diária do palácio, eram necessários trinta tonéis de farinha da melhor qualidade, sessenta tonéis de farinha comum, dez bois trazidos dos pastos de engorda, vinte bois de pasto comum, cem ovelhas e, de tempos em tempos, veados, gazelas, corças e aves escolhidas. Salomão dominava sobre todos os reinos a oeste do rio Eufrates, desde Tifsa até Gaza. E havia paz em toda a terra em volta. Durante a vida de Salomão, toda a terra de Judá e de Israel viveu em paz e segurança de uma ponta do país até a outra; e cada família tinha as suas videiras e figueiras. Salomão possuía quatro mil cocheiras para cavalos de carros de guerra e empregava doze mil homens que conduziam os carros. Cada mês um dos administradores de distrito fornecia provisão para o rei Salomão e para o pessoal que comia à sua mesa. Eles cuidavam para que não faltasse nada. Também forneciam a cevada e a palha para os cavalos dos carros de guerra do rei que estavam nos estábulos e para os outros animais. Deus concedeu a Salomão grande sabedoria e entendimento, e um conhecimento tão vasto quanto a areia do mar. Na verdade, a sabedoria de Salomão era maior do que a de qualquer sábio do oriente, inclusive dos sábios do Egito. Ele era mais sábio do que qualquer outro homem; mais sábio do que Etã, o ezraíta; mais sábio do que Hemã, Calcol e Darda, filhos de Maol; e ficou famoso entre todas as nações vizinhas. Ele foi autor de três mil provérbios e escreveu mil e cinco canções. Foi um grande estudioso da natureza e tinha muito interesse nos animais, nos pássaros, nas serpentes, nos peixes e nas árvores, desde os grandes cedros do Líbano até a pequena planta de hissopo que cresce nas fendas dos muros. E os reis de todas as nações ouviram falar da sabedoria de Salomão e enviaram seus representantes a ele em busca de conselho. Hirão, rei de Tiro, sempre havia sido um grande amigo de Davi; por isso, quando soube que Salomão, filho de Davi, era o novo rei de Israel, mandou representantes para felicitá-lo. Salomão enviou a seguinte mensagem para Hirão: “Você bem sabe que meu pai Davi não pôde construir uma casa ao nome do Senhor, o seu Deus, por causa das numerosas guerras que travou, e ele ficou esperando que o Senhor colocasse os seus inimigos debaixo dos seus pés. Mas agora, o Senhor, o meu Deus, deu paz a Israel com os vizinhos de todos os lados; não tenho inimigos estrangeiros, nem revoltas dentro do país. Por isso, estou com planos de construir uma casa para o Senhor, o meu Deus, exatamente como ele havia prescrito ao meu pai Davi: ‘O seu filho, a quem eu colocarei no seu trono, construirá uma casa em honra ao meu nome’. “Agora eu lhe peço que me ajude com este projeto. Peço que seus homens cortem para mim cedros do Líbano, e mandarei meus homens para trabalharem ao lado deles, e pagarei os seus homens o salário que você pedir; pois, como você bem sabe, ninguém em Israel corta madeira como vocês, sidônios!” Hirão ficou muito contente com a mensagem de Salomão e disse: “Louvado seja o Senhor, pois deu a Davi um filho sábio para ser o rei do grande povo de Israel”. Então ele mandou a seguinte resposta a Salomão: “Recebi a sua mensagem, e vou fazer conforme seu pedido no que se refere à madeira. Posso fornecer madeira de cedro e de pinho. Meus homens trarão as toras das montanhas do Líbano até o mar Mediterrâneo, e farão jangadas delas. Essas toras em forma de jangada irão flutuando ao longo da costa até o lugar que você indicar; depois, desmancharemos as jangadas e lhe entregaremos a madeira. Você pode me pagar com alimento para a minha casa”. Assim Hirão cortou para Salomão tanta madeira de cedro e de pinho quanta ele desejou, e como pagamento Salomão mandou a ele cada ano vinte mil tonéis de trigo para sustento de sua casa e vinte mil tonéis de azeite puro de oliveira. O Senhor deu a Salomão grande sabedoria, exatamente como lhe havia prometido. Hirão e Salomão fizeram um tratado de paz. Então Salomão chamou trinta mil trabalhadores de todo o Israel, e mandou esses homens ao Líbano, em grupos de dez mil por mês, de modo que cada homem passava um mês no Líbano e dois meses em casa. Adonirão era o chefe geral desse acampamento de trabalho. Além desses, Salomão tinha setenta mil operários, oitenta mil cortadores de pedra na região das montanhas, e três mil e trezentos chefes de turmas que supervisionavam as obras e comandavam os trabalhadores. Por ordem do rei, os cortadores de pedra modelavam enormes blocos de pedra de ótima qualidade para o alicerce do templo. Homens de Gebal ajudaram os construtores de Salomão e de Hirão no corte e preparo da madeira e também no preparo das pedras para a construção do templo. Foi na primavera do quarto ano do reinado de Salomão que ele começou a construção do templo. Isso ocorreu 480 anos depois que o povo de Israel deixou a escravidão do Egito. O templo que o rei Salomão construiu para o Senhor media vinte e sete metros de comprimento, nove metros de largura, e doze metros e meio de altura. Na frente do templo havia uma entrada especial do santuário, que media nove metros de largura e avançava quatro metros e meio à frente do templo. De ponta a ponta havia janelas estreitas. Nos dois lados do templo foram construídos quartos que davam de frente para os muros de fora. Cercavam o santuário e o Lugar Santíssimo. Esses quartos eram de três andares; o andar de baixo media dois metros e vinte e cinco centímetros, o segundo andar media dois metros e setenta centímetros e o andar de cima media três metros e quinze centímetros. Os quartos estavam ligados às paredes do templo de modo que não fosse necessário perfurar as paredes com as vigas. As pedras usadas na construção do templo eram preparadas na própria pedreira, de modo que toda a estrutura do templo foi construída sem que se ouvisse o som de martelo, de machado ou de qualquer outra ferramenta no local da construção. A entrada para o andar de baixo desses cômodos laterais ficava pelo lado direito do templo, e havia uma escada que subia para o segundo andar e outra escada que ia do segundo para o terceiro andar. Depois de acabada a construção do templo, Salomão revestiu tudo com chapas de madeira de cedro, incluindo as vigas e as colunas. Havia uma construção anexa em cada lado do edifício, ligada às paredes do templo por madeira de cedro. Cada andar dessa construção anexa media dois metros e vinte e cinco centímetros de altura. Então o Senhor mandou esta mensagem a Salomão com respeito ao templo que ele estava construindo: “Quanto a este templo que você está construindo, se você seguir todos os meus mandamentos e as minhas instruções, cumprirei o que disse a seu pai Davi: Morarei no meio dos israelitas, e nunca abandonarei Israel, o meu povo”. E assim Salomão terminou a construção do templo. Todo o interior, desde o chão até o teto, foi forrado com tábuas de madeira de cedro, e o soalho do templo foi feito com tábuas de pinho. A sala interior, situada na parte de trás do templo, media nove metros; Salomão fez uma divisão com tábuas de cedro, desde o soalho até o teto. Esse era o santuário interno, ou seja, o Lugar Santíssimo. O restante do templo, o Lugar Santo, media dezoito metros e trinta centímetros de comprimento. Todo o interior do templo era de cedro que cobria totalmente as paredes de pedra e estava entalhado com desenhos de botões e flores abertas. Ele preparou o santuário interno onde foi colocada a arca da aliança do Senhor. Esse santuário interno media nove metros de comprimento, nove metros de largura e nove metros de altura. As paredes e o teto desse Lugar Santo estavam cobertos de ouro puro, e Salomão fez um altar revestido com tábuas de cedro. Depois ele cobriu com ouro puro o interior do restante do templo, incluindo o altar de cedro, e fez correntes de ouro para proteger a entrada do Lugar Santíssimo. Também revestiu de ouro todo o interior do templo e também o altar que pertencia ao santuário interno. No santuário interno, o Lugar Santíssimo, Salomão esculpiu dois querubins, feitos de madeira de oliveira, cada um medindo quatro metros e meio de altura. Cada querubim tinha duas asas, e cada asa media dois metros e vinte e cinco centímetros de comprimento: quatro metros e meio da ponta de uma asa à ponta da outra. Os dois querubins tinham a mesma medida e a mesma forma. A altura de cada querubim era de quatro metros e meio. Os dois querubins foram colocados no Lugar Santíssimo; eles estavam com as asas estendidas, de maneira que a asa de um tocava numa parede, e a asa do outro tocava a outra parede As suas outras asas encostavam uma na outra no meio da sala. Ele cobriu os dois querubins com ouro. Figuras de querubins, de palmeiras e de flores abertas foram gravadas em todas as paredes internas e externas das duas salas do templo. Salomão também revestiu o soalho das duas salas com ouro. As portas que davam entrada para o santuário interno eram de madeira de oliveira, com batentes de cinco lados. E nas duas portas de madeira de oliveira estavam esculpidos querubins, palmeiras e flores abertas, tudo coberto com ouro. Depois ele fez os pilares de quatro lados de madeira de oliveira para a entrada do templo. Fez também duas portas de madeira de pinho, cada porta com duas folhas presas por dobradiças. Nessas portas havia figuras de querubins, de palmeiras e de flores abertas, cuidadosamente revestidas de ouro. A parede do pátio interno tinha três camadas de pedras cortadas e uma camada de vigas de cedro. O alicerce do templo do Senhor foi assentado perto do mês de maio, no quarto ano do reinado de Salomão. A construção toda foi completada em cada detalhe, de acordo com as suas especificações, no mês de novembro do décimo primeiro ano do seu reinado. Salomão levou sete anos para construir o templo. Salomão construiu o seu próprio palácio e levou treze anos para terminar a construção. Uma das salas do palácio tinha o nome de Casa da Floresta do Líbano, que media quarenta e cinco metros de comprimento, vinte e dois metros e meio de largura e treze metros e meio de altura. As grandes vigas de cedro do teto estavam assentadas sobre quatro fileiras de colunas. O forro de cedro ficava sobre quarenta e cinco vigas, quinze em cada fileira, que se apoiavam nas colunas. Havia janelas no saguão, colocadas em três fileiras, uma fileira acima da outra, sendo cinco janelas por fileira, cada uma de frente para a outra. Todas as portas de entrada e as janelas eram retangulares, dispostas de três em três, uma de frente para a outra. Ele fez uma outra sala que tinha o nome de Salão das Colunas. Media vinte e três metros e meio de comprimento e treze metros e meio de largura, com um alpendre na frente que tinha uma cobertura que era sustentada pelas colunas. Havia também a Sala do Trono ou a Sala do Julgamento, onde Salomão se assentava para ouvir as questões que deviam ser julgadas; ela foi revestida de cedro, desde o assoalho até o teto. A casa onde ele morava ficava num pátio atrás da Sala do Trono. As salas tinham todas as paredes cobertas de chapas de cedro. Ele mandou fazer uma residência semelhante, do mesmo tamanho, para a filha do faraó, uma das suas mulheres. Todas essas construções desde o lado externo até o grande pátio e do alicerce até o beiral do telhado foram feitas totalmente com pedras enormes, de qualidade superior, cortadas na medida certa, serradas por dentro e por fora. As pedras do alicerce mediam quatro metros e meio por três metros e sessenta centímetros. As enormes pedras colocadas nas paredes também foram cortadas na medida certa, e em cima das pedras foram colocadas vigas de cedro. O grande pátio era cercado por um muro de três camadas de pedras cortadas e por cima das pedras uma camada de vigas de cedro, semelhante ao pátio interior do templo do Senhor e ao pórtico do Senhor. Então o rei Salomão mandou chamar um homem por nome Hirão, que morava em Tiro, filho de uma viúva da tribo de Naftali e de um homem de Tiro que trabalhava com bronze. Hirão era um profissional hábil e experiente que trabalhava muito bem em obras de bronze. Por isso ele veio trabalhar para o rei Salomão. Ele fez duas colunas de bronze, cada uma com oito metros e dez centímetros de altura e cinco metros e quarenta centímetros de circunferência, No alto das colunas fez dois capitéis em forma de lírios; esses capitéis eram de bronze derretido e cada um media dois metros e vinte e cinco centímetros de altura, e um metro e oitenta centímetros de largura. Cada um desses capitéis estava decorado com sete conjuntos de bronze, torcidos em forma de correntes. Ele fez também romãs em duas fileiras que circundavam cada conjunto de correntes para cobrir os capitéis. Ele fez o mesmo com cada capitel. Os capitéis das colunas tinham o formato de lírios, com um metro e oitenta centímetros de altura. Nos capitéis, no alto das duas colunas, acima da parte redonda que tinha o formato de uma taça, próximo do conjunto de correntes, havia duzentas romãs dispostas em fileiras ao redor. Hirão colocou essas colunas na entrada do templo. A uma, a que estava ao sul, deu o nome de Jaquim; e à outra, que ficava ao norte, deu o nome de Boaz. No alto das colunas ficavam os capitéis em forma de lírios, feitos de bronze. E assim foi terminada a obra das colunas. Depois Hirão fez um tanque redondo de bronze, com quatro metros e meio de diâmetro, dois metros e vinte e cinco centímetros de altura e treze metros e vinte centímetros de circunferência. Por baixo da sua borda e ao seu redor havia duas fileiras de ornamentos separados uns dos outros por cinco centímetros; esses ornamentos foram fundidos juntamente com o tanque. Esse tanque estava colocado sobre doze bois feitos de bronze, sendo que os bois estavam de costas para o centro; três bois tinham a frente virada para o norte, três para o oeste, três para o sul e três para o leste. A espessura das paredes do tanque era de quatro dedos, e a sua beirada tinha a forma de uma taça, como as pétalas de um lírio; a capacidade do tanque era de quarenta mil litros. Depois ele fez dez suportes móveis de bronze, sendo que cada suporte media um metro e oitenta centímetros de comprimento, um metro e oitenta centímetros de largura e um metro e trinta e cinco centímetros de altura. Esses suportes foram construídos com uns carrinhos presos por baixo por meio de travessões. Esses travessões estavam enfeitados com figuras de leões, bois e querubins. Acima e abaixo dos leões e dos bois havia adornos de metal batido. Cada um desses suportes móveis tinha quatro rodas de bronze e eixos de bronze, e em cada canto dos suportes havia postes de apoio feitos de bronze e enfeitados com figuras de espirais em relevo. No lado de dentro de cada suporte havia uma peça redonda com altura de quarenta e cinco centímetros de profundidade; o meio era côncavo como uma taça e media setenta centímetros de circunferência, enfeitado com esculturas pelo lado de fora. Seus desenhos de enfeite eram quadrados, não redondos. Os suportes estavam sobre quatro rodas, e estas estavam colocadas nos eixos que tinham sido fundidos como parte dos suportes. Cada roda tinha setenta centímetros de diâmetro, e eram parecidas com as rodas dos carros de guerra. Todas as peças dos suportes foram feitas de bronze derretido, incluindo os eixos, os raios das rodas, os aros e os cubos das rodas. Havia cabos em cada um dos quatro cantos dos suportes, e esses cabos também foram fundidos com os suportes. Uma lâmina circular de vinte e três centímetros era colocada em volta do topo de cada suporte, atada com apoios. Tudo isso era fundido como se fosse uma só peça. Onde tinha espaço, foram colocadas figuras de querubins, leões e palmeiras, gravadas nas superfícies dos apoios; essas figuras estavam enfeitadas com desenhos em espiral. Os dez suportes tinham todos o mesmo tamanho e foram feitos iguais, pois foi usado o mesmo molde para fundir cada um. Depois ele fez dez pias de bronze que foram colocadas nos suportes. Cada pia media um metro e oitenta centímetros de diâmetro e podia conter oitocentos litros de água. Ele colocou cinco desses suportes do lado esquerdo da sala e cinco do lado direito. O tanque foi colocado no canto sudeste, ao lado direito da sala. Hirão também fez os caldeirões necessários, as pás e as bacias, e por fim acabou a obra no templo do Senhor que o rei Salomão o havia encarregado de fazer. Esta é a lista das coisas que ele fez: duas colunas; os capitéis para o topo de cada coluna; dois conjuntos de correntes que decoravam os capitéis de cada coluna; quatrocentas romãs em duas fileiras para os dois conjuntos de correntes; dez suportes móveis e dez pias colocadas sobre os suportes; o tanque grande e doze bois por baixo do tanque; e os caldeirões, as pás e as bacias de aspersão. Todos esses objetos de bronze polido foram feitos por Hirão a pedido do rei Salomão e foram fundidos em moldes de barro, nas planícies do rio Jordão, entre Sucote e Zaretã. O peso total dessas peças não era conhecido porque elas eram pesadas demais para se colocar em balanças! Todos os objetos e móveis encomendados por Salomão para o templo do Senhor foram os seguintes: o altar de ouro, a mesa de ouro sobre a qual eram colocados os Pães da Presença de Deus, os candelabros de ouro puro, cinco do lado direito e cinco do lado esquerdo, em frente ao santuário interno, as flores, as lâmpadas, as tenazes de ouro, as taças, as tesouras para cortar pavios, as bacias para aspersão, as colheres, os braseiros e as dobradiças de ouro para as portas do Lugar Santíssimo, e as portas da entrada central do templo. Cada um desses objetos era feito de ouro. Quando, por fim, terminou a construção do templo, Salomão trouxe para o tesouro do templo do Senhor a prata, o ouro e todos os vasos dedicados para esse fim pelo seu pai Davi. Então Salomão mandou chamar a Jerusalém todos os líderes de Israel, os líderes das tribos e os chefes das famílias israelitas a fim de verem a mudança da arca da aliança do Senhor, do Tabernáculo em Sião, a Cidade de Davi, para o templo. Esse acontecimento se deu na ocasião da Festa dos Tabernáculos, no mês de outubro, quando todos os homens se reuniram com o rei Salomão. Durante as festas, os sacerdotes levaram a arca e o Tabernáculo para o templo, junto com todos os vasos sagrados que antes haviam estado no Tabernáculo. Os sacerdotes e os levitas levaram tudo isso para o templo. O rei Salomão e todo o povo de Israel se reuniram diante da arca e ofereceram sacrifícios de ovelhas e de bois; eram tantos os animais que nem puderam ser contados. Os sacerdotes levaram a arca do Senhor para o santuário interno do templo, o Lugar Santíssimo, e a colocaram debaixo das asas dos querubins. Os querubins foram feitos de tal maneira que as suas asas abertas cobriam o lugar onde a arca foi colocada. Portanto, agora as asas dos querubins protegiam a arca e os varais que serviam para transportála. Os varais eram tão compridos que passavam além dos querubins e podiam ser vistos do santuário fora do Lugar Santíssimo, mas não podiam ser vistos do pátio exterior; eles estão ali até o dia de hoje. Na arca havia só as duas tábuas de pedra que Moisés tinha colocado ali, no monte Horebe, na ocasião em que o Senhor fez a aliança com os israelitas, depois que saíram do Egito. Enquanto os sacerdotes se retiravam do santuário, uma nuvem brilhante encheu o templo do Senhor! Os sacerdotes não puderam desempenhar os seus serviços, porque a glória do Senhor encheu todo o templo! Então o rei Salomão fez esta oração: O Senhor disse que moraria em trevas espessas! Mesmo assim, eu construí para o Senhor uma linda casa na terra, um lugar para o Senhor morar para todo o sempre”. Então o rei virou-se e olhou para todo o povo enquanto estavam em pé diante dele, e abençoou todos. E disse: “Bendito seja o Senhor, o Deus de Israel, que fez hoje o que ele prometeu a meu pai Davi, quando disse: ‘Quando eu trouxe o meu povo do Egito, não indiquei nenhuma cidade das tribos de Israel para construir o meu templo, mas escolhi um homem, o rei Davi, para ser o guia do meu povo’. “Meu pai Davi tinha no coração o desejo de construir um templo em nome do Senhor, o Deus de Israel, porém o Senhor disse a ele: ‘Estou contente porque você teve um plano de construir um templo em honra ao meu nome, porém não será você que o construirá, e sim o seu filho que construirá um templo em honra ao meu nome’. “E o Senhor fez o que prometeu: Sou o sucessor do meu pai Davi, como rei de Israel, e agora ocupo o trono de Israel, como o Senhor havia prometido, e construí este templo para o nome do Senhor, o Deus de Israel. E eu preparei um lugar no templo para a arca, na qual estão as tábuas da aliança do Senhor, aliança feita pelo Senhor com nossos pais na ocasião em que ele os tirou da terra do Egito”. Então, enquanto todo o povo observava, Salomão se pôs em pé diante do altar do Senhor, com as mãos erguidas para o céu, e orou: “Ó Senhor, Deus de Israel, não há Deus igual ao Senhor no céu e na terra, porque o Senhor guarda a aliança de amor com os seus servos, que de todo o coração procuram fazer a sua vontade. O Senhor cumpriu hoje a promessa feita a meu pai Davi, que era seu servo. “E agora, ó Senhor, Deus de Israel, cumpra a outra promessa que fez ao seu servo Davi, meu pai, quando disse: ‘Você nunca deixará de ter, diante de mim, um dos filhos que siga os meus caminhos e procure fazer a minha vontade como você tem feito; sempre haverá um deles sentado no trono de Israel’. Sim, ó Deus de Israel, cumpra essa promessa que falou ao seu servo Davi, meu pai. “Mas, será que é possível que Deus realmente more na terra? Pois os céus e os mais altos céus são pequenos para o Senhor caber neles, e muito menor é este templo que eu fiz. No entanto, ó Senhor, meu Deus, o Senhor tem ouvido a oração do seu servo e respondido a ela. Ouça o clamor e a oração que o seu servo faz hoje na sua presença. Que os seus olhos estejam sobre este templo, lugar onde prometeu morar, de dia e de noite, para que ouça a oração que o seu servo fizer voltado para este lugar. Ouça os pedidos do seu servo e de Israel, o seu povo, sempre que voltarmos o rosto para este lugar e orarmos; sim, ouça nos céus, lugar da sua habitação, e quando ouvir, dê-nos o seu perdão. “Se um homem for acusado de pecar contra o seu próximo e depois, estando aqui diante do seu altar, jurar que ele não fez tal coisa, ouça dos céus e faça o que for certo; julgue os seus servos; condene o culpado, fazendo recair sobre ele a consequência do seu proceder, e declare sem culpa o inocente, retribuindo-lhe segundo o seu merecimento. “E quando o seu povo pecar e os inimigos do seu povo o derrotarem, e ele se voltar para o Senhor e invocar o seu nome, orando e suplicando ao Senhor neste templo, ouça dos céus os seus filhos e perdoe o pecado do seu povo, faça que eles voltem de novo a esta terra que o Senhor deu aos seus pais. “E quando os céus se fecharem e não houver chuva por causa do pecado do seu povo contra o Senhor, e o seu povo orar voltado para este lugar, invocar o seu nome e confessar o seu nome e afastar-se do seu pecado depois de os haver castigado, ouça dos céus e perdoe o pecado dos seus servos, do seu povo Israel, ajude os seus filhos a seguirem nos bons caminhos em que devem andar, e envie chuva sobre a terra que o Senhor deu por herança ao seu povo. “Se houver fome na terra causada por praga, por ferrugem ou mofo, por gafanhotos e lagartas, ou se os inimigos de Israel cercarem uma das suas cidades, ou se o povo for atingido por alguma epidemia ou praga, então, quando alguém do povo reconhecer que pecou e orar e suplicar por misericórdia estendendo as suas mãos na direção deste templo, ouça dos céus, o lugar da sua habitação. Perdoe os seus filhos e aja, respondendo a todos os que fizerem uma confissão sincera; porque o Senhor conhece o coração de cada um. Deste modo eles sempre aprenderão a temer o Senhor enquanto continuarem a viver nesta terra que o Senhor deu aos seus antepassados. “E quando os estrangeiros, os que não pertencem a Israel, o seu povo, ouvirem falar do seu grande nome e vierem de terras distantes para adorar o Senhor — porque eles ouvirão falar do seu grande nome e dos poderosos milagres — e orarem voltados para este templo, ouça da sua morada nos céus, o lugar da sua habitação, a essas pessoas e responda às orações que fizerem. E todas as nações da terra vão conhecer e vão temer o seu nome, assim como o seu próprio povo Israel conhece e teme o seu nome; e toda a terra vai ficar sabendo que este é o seu templo, onde o seu nome é invocado. “Quando enviar seu povo para a guerra contra os seus inimigos e o seu povo orar ao Senhor, olhando para a cidade de Jerusalém, que o Senhor escolheu, e para este templo, que edifiquei ao seu nome, ouça as orações e súplicas que eles fizerem, e dê a eles o auxílio de que precisam. “Se eles pecarem contra o Senhor, e não há ninguém que não peque, e o Senhor ficar irado com eles, deixando que os inimigos os levem como escravos para alguma terra estrangeira, seja perto ou longe; se eles pensarem bem no que fizeram e se arrependerem e clamarem ao Senhor, dizendo: ‘Pecamos, praticamos o que é mal e fomos rebeldes’; se eles de todo o coração e toda a alma se converterem ao Senhor e orarem voltados para esta terra que deu aos seus pais e para esta cidade de Jerusalém que o Senhor escolheu, e para este templo que construí ao seu nome, ouça as orações e as súplicas que eles fizerem; ouça dos céus onde mora, e venha dar a eles o auxílio de que necessitam. Perdoe o seu povo de todas as más ações e transgressões que eles cometerem contra Senhor, e faça que aqueles que os prenderem sejam bondosos, tratando-os com misericórdia; pois são o seu povo e a sua herança, que o Senhor tirou do Egito, de uma fornalha de fundição. Que os seus olhos estejam abertos, e que os seus ouvidos ouçam as súplicas de Israel, o seu povo. Ó Senhor, ouça e responda aos seus filhos quando eles clamarem ao Senhor, porque quando tirou nossos pais da terra do Egito, o Senhor disse ao seu servo Moisés que tinha escolhido Israel dentre todas as nações da terra para ser a sua herança!” Salomão estava de joelhos, com as mãos erguidas para os céus. Quando terminou a oração, ele se levantou diante do altar do Senhor e, em alta voz, abençoou todo o povo de Israel, dizendo: “Bendito seja o Senhor que cumpriu sua promessa e deu descanso ao seu povo Israel; nem uma só palavra falhou de todas as maravilhosas promessas anunciadas por meio do seu servo Moisés. Que o Senhor, o nosso Deus, esteja com todos nós como esteve com os nossos antepassados; que ele não nos deixe e jamais nos abandone! Que ele nos dê o desejo de nos voltarmos para ele de todo o coração, e de andarmos em todos os seus caminhos e obedecermos a todos os mandamentos, decretos e juízos que ele deu a nossos antepassados. E que as palavras da minha súplica ao Senhor estejam sempre diante do Senhor, o nosso Deus, dia e noite, de modo que ele ajude ao seu servo e a todo o Israel, o seu povo, de acordo com as necessidades de cada um. Assim, todos os povos de toda a terra saberão que o Senhor é Deus, e que não há nenhum outro. Que o coração de vocês seja completamente íntegro para com o Senhor, o nosso Deus; e que vocês sempre obedeçam às suas leis e aos seus mandamentos, assim como fazem neste dia”. Então o rei e todo o povo de Israel ofereceram sacrifícios ao Senhor. Ele ofereceu em sacrifício de paz um total de vinte e dois mil bois e cento e vinte mil ovelhas! Assim o rei e todos os filhos de Israel fizeram a dedicação do templo do Senhor. No mesmo dia, o rei consagrou o centro do pátio em frente do templo do Senhor e ali ofereceu ofertas queimadas, ofertas de cereais e a gordura das ofertas de paz, porque o altar de bronze era muito pequeno para as ofertas queimadas, as ofertas de cereais e a gordura das ofertas de paz. Naquela ocasião, Salomão e todo o povo de Israel celebraram a festa diante do Senhor, durante catorze dias, e veio uma grande multidão, de uma extremidade da terra à outra, desde Lebo-Hamate até o ribeiro do Egito. Depois Salomão mandou o povo para casa. Eles abençoaram o rei e foram embora com o coração alegre por toda a bondade que o Senhor havia mostrado a seu servo Davi e ao seu povo Israel. Quando Salomão havia terminado a construção do templo do Senhor, do palácio e tudo o mais que tinha planejado construir, o Senhor apareceu a ele pela segunda vez, como tinha aparecido na primeira vez em Gibeom, e lhe disse: “Ouvi a oração e as súplicas que você fez a mim. Tornei sagrado este templo que você construiu, para que aqui habite o meu nome para sempre. Estarei sempre vigiando este templo e me alegrando nele. “E se você viver uma vida honesta e verdadeira como viveu seu pai Davi, sempre me obedecendo, então farei com que seus filhos sejam reis de Israel para sempre, conforme prometi a seu pai Davi, quando disse a ele: ‘Um de seus filhos sempre estará no trono de Israel’. “Contudo, se você ou seus filhos se afastarem de mim e adorarem outros deuses, e não obedecerem às minhas leis, então tirarei o povo de Israel desta terra que lhe dei. Lançarei para longe este templo que tornei sagrado para o meu nome, e lançarei essa gente para longe da minha vista. Israel se tornará um objeto de zombaria e desprezo entre as nações. Este templo que é tão imponente se tornará um montão de ruínas, e todos os que passarem perto dele vão ficar espantados e perguntarão: ‘Por que o Senhor fez uma coisa dessas com esta terra e este templo?’ E a resposta será: ‘O povo de Israel abandonou o Senhor, o seu Deus, que os tirou da terra do Egito; e em lugar do Deus verdadeiro, se apegaram a outros deuses. É por isso que o Senhor trouxe este mal sobre eles’ ”. Ao fim dos vinte anos, durante os quais Salomão construiu o templo do Senhor e o palácio, ele deu vinte cidades da terra da Galileia a Hirão, rei de Tiro, como pagamento por toda a madeira de cedro e de pinho, e pelo ouro que ele havia fornecido para a construção do palácio e do templo. Mas quando Hirão veio de Tiro para ver as cidades que Salomão lhe dera, não ficou contente com elas. “Que espécie de negócio é este, meu irmão?” perguntou; “estas cidades não valem nada!” E até hoje elas ainda são conhecidas como Cabul. Pois o ouro que Hirão havia mandado para Salomão totalizou quatro mil e duzentos quilos. O rei Salomão havia imposto trabalho forçado para a construção do templo do Senhor, do seu palácio, da fortaleza de Milo, do muro de Jerusalém e das cidades de Hazor, Megido e Gezer. Gezer era a cidade que o rei do Egito havia atacado e conquistado, matando os cananeus que ali viviam, e deu a cidade à sua filha como presente, quando ela se casou com Salomão. Salomão reconstruiu Gezer. Ele também construiu Bete-Horom Baixa, Baalate e Tadmor, no deserto daquela região. Também construiu cidades para depósitos de cereais, cidades para guardar seus carros de guerra, cidades para residência dos seus cavaleiros e cidades de refúgio perto de Jerusalém, nas montanhas do Líbano e por toda parte do império. Salomão obrigou a trabalhos forçados todos aqueles que sobreviveram das raças pagãs no território de Israel — os amorreus, os heteus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus, porque o povo de Israel não foi capaz de acabar de uma vez com aqueles povos no tempo da invasão e conquista de Israel, e eles continuam como escravos até hoje. Mas Salomão não obrigou nenhum israelita a trabalhos forçados; eles eram seus soldados, oficiais do exército, comandantes de carros e soldados da cavalaria. E havia quinhentos e cinquenta homens de Israel que supervisionavam os operários e fiscalizavam as obras. O rei Salomão fez a mudança da filha do faraó da Cidade de Davi, o antigo setor de Jerusalém, para a nova residência que ele havia construído para ela no palácio. Depois ele construiu a fortaleza de Milo. Salomão oferecia ofertas queimadas e ofertas de paz três vezes por ano sobre o altar que ele tinha mandado construir para o Senhor. E também queimava incenso sobre o altar diante do Senhor. Assim Salomão terminou a construção do templo. O rei Salomão tinha um pátio para construção de navios em Eziom-Geber, que fica perto de Elate, às margens do mar Vermelho, na terra de Edom, onde construiu uma frota de navios. O rei Hirão enviou, por navio, marinheiros competentes e experientes para acompanhar as tripulações dos navios de Salomão. Eles estavam acostumados a viajar para Ofir, e dali trouxeram catorze mil e setecentos quilos de ouro para o rei Salomão. Quando a rainha de Sabá ouviu falar da maneira maravilhosa pela qual o Senhor tinha abençoado Salomão, concedendo a ele sabedoria, ela resolveu ir a Jerusalém e colocar Salomão à prova com perguntas difíceis. Quando ela chegou, acompanhada de uma grande caravana de camelos que transportavam perfumes, ervas cheirosas, grande quantidade de ouro e pedras preciosas, contou a Salomão todos os problemas que pretendia resolver. Salomão respondeu a todas as perguntas que ela fez; nada era difícil demais para ele responder. Logo ela reconheceu que tudo quanto tinha ouvido a respeito da grande sabedoria de Salomão era verdade. Ela viu também o lindo palácio que ele tinha construído, e quando viu os alimentos deliciosos sobre a mesa, o grande número de criados e ajudantes que estavam ali em uniformes de chamar a atenção, quando viu os servidores de vinho e os muitos sacrifícios queimados que ele oferecia ao Senhor, ela ficou muito admirada e quase sem fala. Depois disse ao rei: “Tudo o que eu ouvi em meu país a respeito da sua sabedoria e a respeito das coisas maravilhosas que se passam aqui é verdade. Mas eu não acreditava no que diziam, até que vim e vi com os meus próprios olhos! Na verdade, não me contaram nem a metade! Sua sabedoria e sua riqueza ultrapassam em muito o que ouvi! Como devem ser felizes os ajudantes do seu palácio; e nem podia ser de outra forma, porque eles estão aqui dia após dia, ouvindo a sua sabedoria! Bendito seja o Senhor, o seu Deus, que escolheu você e o colocou no trono de Israel. Por causa do amor eterno do Senhor para com Israel, ele o fez rei. E você governa o povo com justiça e bondade!” Então ela deu de presente ao rei quatro mil e duzentos quilos de ouro e uma enorme quantidade de perfumes e pedras preciosas. Na verdade, foi o maior presente de perfumes que o rei Salomão tinha recebido até aquela data. E quando os navios de Hirão trouxeram a Salomão ouro de Ofir, eles também trouxeram uma grande quantidade de madeira de sândalo e de pedras preciosas. Salomão usou a madeira de sândalo para fazer colunas para o templo e para o palácio, e também para fazer liras e harpas para os músicos. Nunca antes, nem depois, se viu tal suprimento de madeira tão linda. Em troca dos presentes recebidos da rainha de Sabá, Salomão lhe deu tudo quanto ela pediu, além dos presentes que ele já havia planejado dar. Depois ela e os seus ajudantes voltaram ao seu país. Cada ano Salomão recebia quase vinte e três mil e trezentos quilos de ouro, além dos impostos sobre vendas e lucros do comércio com os reis da Arábia e dos administradores dos vários distritos do país. Salomão fez duzentos escudos de ouro batido. O ouro empregado em cada escudo foi de três quilos e seiscentos gramas. Ele também fez trezentos escudos menores de ouro, usando um quilo e oitocentos gramas em cada escudo. E o rei os guardou em seu palácio, no Palácio da Floresta do Líbano. Também mandou fazer um enorme trono de marfim e revestiu-o com ouro puro. O trono tinha seis degraus, e o encosto era arredondado. Em cada lado havia braços, e dois leões em pé junto a cada braço. Também havia dois leões em cada degrau, num total de doze. Em todo o mundo não havia outro trono igual a esse. Todas as taças do rei Salomão eram de ouro maciço, e no Palácio da Floresta do Líbano os talheres e os pratos eram feitos de ouro maciço. Não se usava a prata, porque ela não era considerada de muito valor nos dias de Salomão! Os navios mercantes do rei Salomão trabalhavam em sociedade com os navios de carga do rei Hirão, e uma vez em cada três anos chegava aos portos de Israel um grande carregamento de ouro, prata, marfim, bugios e pavões. O rei Salomão era o mais rico e o mais sábio de todos os reis da terra. Homens importantes de muitos países vinham falar com ele e ouvir a sabedoria que Deus lhe tinha dado. Eles traziam a ele presentes: objetos de prata e de ouro, tecidos muito lindos, perfume de mirra, armas, especiarias, cavalos e mulas. Salomão ajuntou mil e quatrocentos carros de guerra e doze mil cavalos, dos quais mantinha uma parte em diversas cidades e a outra parte perto dele, em Jerusalém. Naqueles dias a prata era tão comum como as pedras em Jerusalém, e o cedro não tinha maior valor do que a madeira da figueira brava da Sefelá! Os cavalos que Salomão possuía foram importados do Egito e da Cilícia, onde os seus representantes compravam por bom preço. Um carro egípcio importado custava sete quilos e duzentos gramas de prata, e os cavalos valiam um quilo e oitocentos gramas cada um. Muitos desses cavalos depois eram exportados aos reis dos heteus e aos reis da Síria. O rei Salomão casou-se com muitas outras mulheres estrangeiras, além da filha do faraó. Muitas delas vieram de nações onde se adoravam imagens: Eram mulheres de Moabe, de Edom, de Sidom e dos heteus. Elas eram mulheres de nações das quais o Senhor havia dito aos israelitas: Vocês não poderão tomar mulheres dentre essas nações, porque essas mulheres farão com que os maridos comecem a adorar os seus deuses”. Apesar disso, Salomão as amava. Ele teve setecentas esposas e trezentas concubinas, e elas levaram o rei a desviar o seu coração do Senhor, principalmente quando ele foi ficando velho. Elas conseguiram induzi-lo a adorar os deuses delas em vez de se dedicar completamente ao Senhor, o seu Deus, como seu pai Davi se havia dedicado de todo o coração. Salomão adorou Asterote, a deusa dos sidônios, e Moloque, o terrível deus dos amonitas. Dessa maneira, Salomão fez o que o Senhor reprova; e não quis mais saber de seguir o Senhor, como seu pai Davi. Salomão chegou a construir um templo no monte das Oliveiras, do outro lado do vale de Jerusalém, para o deus Camos, o deus imoral de Moabe, e outro para Moloque, o deus perverso dos amonitas. Salomão construiu altares para os deuses das suas esposas estrangeiras, onde elas podiam queimar incenso e oferecer sacrifícios aos deuses delas. O Senhor ficou muito irado com Salomão por ter se desviado do Senhor, o Deus de Israel, que havia aparecido a ele duas vezes a fim de adverti-lo especialmente da adoração a outros deuses. Porém, Salomão não obedeceu. Por isso o Senhor disse a ele: “Já que você não cumpriu a sua parte da nossa aliança e não obedeceu às minhas leis, vou tirar o reino de você e da sua família, porque eu o darei a um dos seus servos. Contudo, por amor a seu pai Davi, não vou fazer isso enquanto você estiver vivo. Vou tirar o reino das mãos do seu filho. Mas não tirarei o reino inteiro dele; vou deixar que ele seja rei de uma tribo, por amor a Davi, meu servo, e por amor a Jerusalém, a cidade que escolhi”. O Senhor fez com que Hadade, o edomita, ficasse cada vez mais forte. E Salomão ficou preocupado, porque Hadade era membro da família real de Edom. Alguns anos antes, quando Davi havia estado em Edom na companhia de Joabe para providenciar o enterro de alguns soldados de Israel, mortos na batalha, o exército israelita tinha matado quase todos os homens de Edom. Joabe e todo o exército israelita levaram cerca de seis meses até finalmente matarem todos. Mas Hadade, sendo ainda menino, e uns poucos homens que tinham servido rei, fugiram para o Egito. Eles partiram de Midiã e foram a Parã, onde outros se juntaram a eles, e foram todos para o Egito; o faraó, rei do Egito, deu a eles casas e terras para morar e também alimento. Hadade tornou-se um dos amigos do faraó, tanto assim que o faraó deu a ele a irmã da sua própria esposa, a rainha Tafnes. A irmã de Tafnes deu a ele um filho, chamado Genubate, que foi criado no palácio, entre os próprios filhos do faraó. Hadade ainda estava no Egito, quando ouviu dizer que Davi e Joabe, o comandante do exército, tinham morrido. Então ele pediu ao faraó: “Deixe-me voltar para a minha terra”. “Por quê?”, o faraó perguntou a ele. “O que falta a você aqui? Fizemos alguma coisa que deixou você desapontado, para querer voltar para a sua terra?” “Não me falta nada”, ele respondeu “mas ainda assim eu gostaria de voltar para casa”. E Deus fez com que um outro inimigo se voltasse contra Salomão: Rezom, filho de Eliada, um dos oficiais de Hadadezer, rei de Zobá; Rezom havia abandonado o seu posto e fugido do seu senhor. Ele se tornou o chefe de um grupo de rebeldes — homens que fugiram com ele para Damasco, onde mais tarde ele se tornou rei, quando Davi destruiu o exército de Zobá. Enquanto Salomão viveu, Rezom foi seu inimigo, além de Hadade. Rezom governou a Síria e foi inimigo de Israel. Outro chefe rebelde foi Jeroboão, filho de Nebate, que veio da cidade de Zeredã, em Efraim; a mãe dele era viúva e se chamava Zerua. Foi assim que ele se revoltou contra o rei: Salomão estava reconstruindo a fortaleza de Milo e consertando os muros da Cidade de Davi, seu pai. Jeroboão era um homem de muita capacidade, e quando Salomão viu como ele era inteligente, fez Jeroboão o encarregado das turmas de trabalho pertencentes à tribo de José. Certo dia, quando Jeroboão saía de Jerusalém, o profeta Aías, de Siló, que havia vestido uma capa nova para a ocasião, encontrou Jeroboão no caminho e o chamou para falar com ele. Enquanto os dois estavam sozinhos no campo, Aías rasgou sua capa nova em doze pedaços, e disse a Jeroboão: “Pegue dez desses pedaços, porque o Senhor, o Deus de Israel, diz: ‘Vou tirar o reino da mão de Salomão, e vou dar dez das tribos a você! Mas vou deixar uma tribo para ele por amor ao meu servo Davi, e por amor a Jerusalém, a cidade que escolhi acima de todas as outras cidades de Israel. Farei isso porque eles me abandonaram e adoraram Asterote, a deusa dos sidônios; Camos, o deus de Moabe; e Moloque, o deus dos amonitas. Eles não têm seguido os meus caminhos e não têm feito o que considero certo; eles não têm guardado as minhas leis e as minhas ordens, como fez Davi, pai de Salomão. “ ‘Contudo, não tirarei o reino dele agora; por amor ao meu servo Davi, meu escolhido, que obedeceu aos meus mandamentos e estatutos, deixarei que Salomão reine até o fim de sua vida. Mas vou tirar o reino do filho de Salomão, e vou dar a você dez das doze tribos. O filho dele ficará com uma tribo, de modo que os filhos de Davi continuem a reinar em Jerusalém, a cidade que escolhi como o lugar onde o meu nome deve ser adorado. E colocarei você no trono de Israel, e o farei reinar sobre tudo o que o seu coração desejar. Se você atender ao que digo, andar no meu caminho e fizer tudo o que eu aprovo, obedecendo aos meus mandamentos e estatutos, conforme meu servo Davi obedeceu, então eu abençoarei você; e seus filhos governarão Israel para sempre; esta é a mesma promessa que fiz a Davi. Mas por causa do pecado de Salomão, vou castigar os filhos de Davi, mas não para sempre’ ”. Salomão tentou matar Jeroboão, mas este fugiu para o Egito, para a casa do rei Sisaque, e ficou lá até a morte de Salomão. Os demais acontecimentos do reinado de Salomão, tudo o que ele fez e disse, estão escritos nos registros históricos de Salomão. Ele governou em Jerusalém durante quarenta anos sobre todo o Israel, e depois morreu, sendo sepultado na Cidade de Davi, seu pai; e seu filho Roboão reinou em seu lugar. Roboão foi a Siquém para tomar posse do reino, e todo o Israel compareceu à cerimônia de coroação. Jeroboão, filho de Nebate, que ainda estava no Egito para onde tinha fugido do rei Salomão, ouviu falar a respeito dos planos por intermédio de alguns amigos. Esses amigos insistiram com ele para que comparecesse. Então ele se juntou à assembleia de Israel, e eles foram ao encontro de Roboão e disseram a ele: “Seu pai foi um senhor duro que nos impôs trabalhos pesados. Prometa que vai nos tratar melhor do que ele nos tratou, e nós lhe serviremos”. “Deem-me três dias para pensar com cuidado a esse respeito”, respondeu Roboão, “depois voltem para saber minha resposta”. Então o povo foi embora. O rei Roboão discutiu o assunto com os homens mais velhos, que tinham dado conselhos a seu pai Salomão. “O que vocês me aconselham responder ao povo?”, perguntou a eles. E eles responderam: “Se você hoje der ao povo uma resposta agradável e concordar em ser bom para eles e servir bem a essa gente, eles sempre serão os seus servos”. Mas Roboão rejeitou o conselho dos mais velhos e mandou chamar os jovens com os quais ele havia crescido, e que eram seus ajudantes. “O que vocês acham que devo fazer?”, perguntou a eles. “Como devemos responder a este povo que me diz: ‘Torne mais leves as cargas que o seu pai colocou sobre nós’?” E os jovens que tinham crescido com ele responderam: “Diga ao povo que disse: ‘O seu pai foi um senhor duro e nos impôs trabalhos pesados. Trate-nos melhor’: Se vocês acham que meu pai foi duro com vocês, eu vou ser mais duro ainda! Minha menor exigência será maior do que a maior exigência do meu pai. Sim, o meu pai foi severo, mas eu serei mais severo ainda! Meu pai usou chicotes para castigar vocês, mas eu vou usar escorpiões!” Assim, quando Jeroboão e o povo voltaram três dias depois, o novo rei lhes deu uma resposta áspera. Ele rejeitou o conselho dos mais velhos e seguiu o conselho dos jovens e disse: “Meu pai impôs trabalhos pesados a vocês; eu os tornarei mais pesados ainda. Meu pai os castigou com chicotes; eu os castigarei com escorpiões”. Assim o rei rejeitou o pedido do povo, pois a mão do Senhor estava nesse acontecimento para que se cumprisse a palavra que o Senhor tinha dado a Jeroboão, filho de Nebate, por intermédio do profeta Aías, de Siló. “Quando o povo percebeu que o rei não ia atender ao seu pedido, começou a gritar: ‘Fora com Davi e todos os filhos de Jessé! Vamos para casa, ó Israel! Cuide da sua casa, ó Davi!’ ” E assim os israelitas foram para a suas casas. Todos o abandonaram, a não ser a tribo de Judá, que permaneceu fiel e aceitou Roboão como o seu rei. Quando o rei Roboão enviou Adorão, encarregado dos operários que faziam trabalhos forçados, para trazer trabalhadores das outras tribos, uma grande multidão revoltada o matou a pedradas. O rei, porém, conseguiu subir na sua carruagem e fugiu para Jerusalém. Dessa forma, Israel rejeitou o governo da família de Davi, e assim permanece até hoje. Quando o povo de Israel soube que Jeroboão tinha voltado do Egito, pediram a ele que comparecesse a uma reunião onde todo o povo estaria reunido; e ali o proclamaram rei de Israel. Somente a tribo de Judá continuou sob o reinado da família de Davi. Quando o rei Roboão, filho de Salomão, chegou a Jerusalém, reuniu o seu exército, todos os homens fortes das tribos de Judá e de Benjamim: cento e oitenta mil homens de combate para guerrearem contra Israel e obrigarem o restante de Israel a reconhecê-lo como rei. Porém Deus enviou esta mensagem ao profeta Semaías: “Diga a Roboão, filho de Salomão, rei de Judá, às tribos de Judá e de Benjamim e ao restante do povo: Assim diz o Senhor: ‘Não saiam para lutar contra seus irmãos, o povo de Israel. Voltem para casa, pois o que aconteceu a Roboão está de acordo com o meu desejo’ ”. Assim o exército obedeceu à palavra do Senhor e voltou para casa, conforme o Senhor havia mandado. Jeroboão construiu então a cidade de Siquém, na região montanhosa de Efraim, e ela se tornou a capital do reino. Mais tarde ele construiu Peniel. Jeroboão pensou: “É bem possível que o povo venha a querer um filho de Davi como seu rei. Quando eles forem a Jerusalém para oferecer sacrifícios no templo, vão fazer amizade com o rei Roboão; depois eles me matarão, e pedirão a ele que seja o rei deles, em meu lugar”. Então, mediante conselho de seus auxiliares, o rei fez dois bezerros de ouro e disse ao povo: “Dá muito trabalho ir a Jerusalém para adorar; de agora em diante esses bezerros de ouro serão os seus deuses, ó Israel, Eles é que salvaram vocês da escravidão no Egito!” Ele mandou colocar um bezerro em Betel e outro em Dã. Este foi, sem dúvida, um grande pecado, porque o povo ia até Dã adorar o bezerro. Jeroboão também construiu altares idólatras nas montanhas e constituiu sacerdotes a homens do meio do povo, que nem eram levitas. Jeroboão também anunciou que a festa anual seria realizada em Betel no primeiro dia de novembro, semelhante à festa realizada em Judá, e ofereceu sacrifícios aos bezerros que tinha feito. Também estabeleceu sacerdotes nos altares idólatras. No décimo quinto dia do oitavo mês, data que ele mesmo escolheu, ele próprio ofereceu sacrifícios sobre o altar que tinha construído em Betel, e queimou incenso a eles. Assim ele celebrou a festa que tinha criado para o povo de Israel. Quando Jeroboão se aproximava do altar para queimar incenso, veio de Judá um profeta do Senhor e caminhou em direção do rei. Então, por ordem do Senhor, o profeta gritou: “Ó altar, o Senhor diz que um menino chamado Josias nascerá na família de Davi, e ele sacrificará em cima de você, ó altar, os sacerdotes dos altares idólatras que estão nas montanhas e que vieram aqui para queimar incenso; e ossos humanos serão queimados sobre você”. Então deu uma prova de que o recado vinha do Senhor: “Este altar se rachará, e as cinzas que estão sobre ele se espalharão no chão”. O rei Jeroboão ficou muito irado com o que profeta havia dito. Ele deu ordens para os seus guardas: “Prendam este homem” e estendeu a mão contra ele. No mesmo instante o braço do rei ficou paralisado naquela posição, e ele não podia puxar o braço na posição normal! No mesmo momento apareceu uma grande rachadura no altar, e as cinzas se espalharam, exatamente como o profeta disse que iria acontecer. Esta era a prova de que o homem de Deus tinha falado em nome de Deus. Então o rei disse ao homem de Deus: “Ore por mim e peça ao Senhor, o seu Deus, que o meu braço se movimente novamente”. Então o homem de Deus orou ao Senhor, e o braço do rei ficou bom novamente. E o rei disse ao homem de Deus: “Venha ao palácio comigo, descanse um pouco e coma alguma coisa; e eu o recompensarei”. Mas o homem de Deus disse ao rei: “Mesmo que você me desse a metade do seu palácio, eu não entraria nele; nem comeria pão ou beberia água neste lugar! Porque o Senhor me proibiu de comer qualquer coisa ou beber água enquanto estou aqui, e não posso voltar para Judá pelo mesmo caminho”. Então ele voltou por outro caminho a Betel. Acontece que havia certo profeta, já idoso, que morava em Betel. Seus filhos foram para casa e contaram ao pai o que o homem de Deus de Judá havia feito naquele dia, e o que ele tinha dito ao rei. “Por qual caminho ele seguiu?”, perguntou o velho profeta. E seus filhos mostraram a ele por onde o homem de Deus tinha ido. “Depressa, selem o jumento”, disse o velho aos filhos. E quando eles selaram o jumento para o pai, ele montou e foi atrás do homem de Deus até que o encontrou assentado debaixo de um carvalho. “É você o homem de Deus que veio de Judá?”, perguntou o homem. “Sim, sou eu”, foi a resposta. Então o velho profeta disse: “Venha para casa comigo e coma alguma coisa”. O homem de Deus disse: “Não posso ir com você, porque não tenho licença para comer nem beber água neste lugar. O Senhor me deu esta ordem: ‘Não coma pão nem beba água ali, nem volte pelo mesmo caminho por onde você veio’ ”. Porém o profeta idoso disse: “Eu também sou profeta como você; e um anjo me deu uma mensagem da parte do Senhor: ‘Faça-o voltar com você para a sua casa para comer pão e beber água’ ”. Mas ele estava mentindo. Então o homem de Deus voltou com ele e comeu e bebeu água em sua casa. Então, enquanto estavam sentados à mesa, veio uma mensagem do Senhor ao profeta idoso, que o havia feito voltar e ele falou ao homem de Deus de Judá: “Assim diz o Senhor: Você desafiou a palavra do Senhor e não obedeceu à ordem que o Senhor, o seu Deus, deu a você. Porém, voltou e comeu pão e bebeu água no lugar em que eu disse: ‘Não coma pão nem beba água’; por isso o seu corpo não será sepultado no túmulo dos seus antepassados”. Quando o homem de Deus acabou de comer e beber, o profeta idoso selou o jumento em que o profeta ia montar, e ele partiu de novo. Mas no caminho, apareceu um leão, atacou e matou o homem, e o seu corpo ficou estendido ali na estrada, com o jumento e o leão parados ao lado dele. Os que passaram e viram o corpo deitado e o leão parado calmamente ao lado dele contaram o fato em Betel, onde morava o profeta idoso. Quando ele ouviu o que tinha acontecido, disse: “É o homem de Deus que desobedeceu à ordem do Senhor! O Senhor cumpriu o que tinha dito, fazendo que o leão o matasse!” Então o profeta disse aos seus filhos: “Aprontem o meu jumento!” E eles o fizeram. Ele foi e encontrou o corpo caído na estrada, e o jumento e o leão ainda estavam ali ao lado dele, pois o leão não havia comido o corpo, nem atacado o jumento. Então o profeta colocou o corpo do homem de Deus sobre o jumento e o levou de volta à cidade para lamentarem por ele e o enterrarem. Ele colocou o corpo em seu próprio túmulo e lamentaram por ele, dizendo: “Ah, meu irmão!” Depois de enterrá-lo, disse aos seus filhos: “Quando eu morrer, quero que me enterrem no túmulo onde está enterrado o homem de Deus. Ponham os meus ossos ao lado dos ossos dele. Porque o Senhor disse a ele para clamar contra o altar que está em Betel, e a maldição que ele trouxe contra todos os altares idólatras das cidades de Samaria certamente se cumprirá”. Apesar do aviso do profeta, Jeroboão não se arrependeu dos seus maus caminhos; ao contrário, ele nomeou mais sacerdotes entre o povo comum para oferecer sacrifícios aos altares idólatras. Qualquer homem que quisesse podia ser sacerdote. Este foi um grande pecado da casa de Jeroboão, o qual o levou à destruição e à sua extinção da face da terra. Então Abias, filho de Jeroboão, ficou muito doente. Jeroboão disse a sua mulher: “Arranje um disfarce qualquer para que ninguém a reconheça, e vá procurar o profeta Aías, em Siló. Ele é o homem que me disse que eu seria rei. Leve para ele um presente de dez pães, alguns bolos de figo e uma garrafa de mel, e pergunte a ele o que vai acontecer ao menino”. Assim a mulher de Jeroboão foi à casa de Aías em Siló. Aías já estava muito velho, e não podia mais ver. Mas o Senhor lhe tinha dito: “A mulher de Jeroboão está vindo para perguntar a respeito do filho dela, pois ele está muito doente. Assim e assim você falará a ela. Quando ela chegar, vai fingir ser outra”. Quando Aías ouviu que ela estava na porta da casa, gritou lá de dentro: “Entre, esposa de Jeroboão! Por que está fingindo ser outra pessoa?” E ele continuou: “Tenho notícias tristes para você. Vá dizer a Jeroboão este recado da parte do Senhor, o Deus de Israel: ‘Tirei você do povo, e fiz de você rei de Israel, o meu povo. Arranquei o reino da família de Davi e dei esse reino a você, porém você não obedeceu aos meus mandamentos, como o meu servo Davi. O desejo do coração de Davi era de sempre me obedecer de todo o coração e fazer somente o que eu aprovo. Mas você foi pior do que todos os outros reis antes de você; e fez para si outros deuses, ídolos de metal; você provocou a minha ira e recusou-se a me reconhecer. “ ‘Por isso, trarei desgraça sobre a casa de Jeroboão e destruirei todos os seus filhos do sexo masculino em Israel. Varrerei a sua família como se varre o esterco de um estábulo. Dou minha palavra de que os que são da família de Jeroboão e morrerem na cidade serão comidos pelos cães, e os que morrerem no campo serão comidos pelas aves. O Senhor falou!’ ” Depois Aías disse à esposa de Jeroboão: “Volte para casa, e quando você puser os pés na cidade, o menino morrerá. Todo o Israel chorará a morte dele e o sepultará. Ele é o único membro da família de Jeroboão que terá um fim tranquilo. Pois este menino é o único da família de Jeroboão de quem o Senhor, o Deus de Israel, se agradou. “E o Senhor colocará um rei sobre Israel que destruirá a família de Jeroboão. Este é o dia! Sim, agora mesmo. Então o Senhor agitará Israel como uma cana de junco se agita de um lado para outro numa corrente de água; ele arrancará o povo de Israel desta boa terra que tinha dado a seus antepassados, e o espalhará para além do rio Eufrates, porque o povo provocou o Senhor, com os postes sagrados. Ele vai abandonar Israel, porque Jeroboão pecou e fez todo o povo pecar junto com ele”. Então a esposa de Jeroboão voltou para Tirza, e assim que entrou em casa, o menino morreu. Eles o sepultaram, e houve muito choro por causa da morte do menino naquela terra, conforme o Senhor tinha dito por intermédio de seu servo Aías, o profeta. Os demais acontecimentos das atividades de Jeroboão, suas guerras e as outras atividades do seu reinado estão registrados no Livro da História dos Reis de Israel. Jeroboão reinou vinte e dois anos, e quando morreu e foi sepultado com os seus antepassados, seu filho Nadabe foi o sucessor do seu trono. Enquanto isso, Roboão, filho de Salomão, era rei em Judá. Ele tinha quarenta e um anos de idade quando começou a reinar, e ocupou o trono durante dezessete anos, em Jerusalém, a cidade que, no meio de todas as tribos de Israel, o Senhor tinha escolhido para dedicar ao seu nome. A mãe de Roboão era Naamá, uma amonita. Durante o reinado de Roboão, o povo de Judá provocou a ira do Senhor com os pecados que cometeu, pois os seus pecados eram piores do que os pecados dos seus pais. Eles construíram altares idólatras, estátuas e imagens em cada monte e debaixo de cada árvore frondosa. Por toda parte havia prostitutos cultuais nos lugares pagãos de adoração e o povo de Judá ficou corrompido com as práticas detestáveis das nações que adoravam deuses falsos, nações que o Senhor tinha expulsado de diante do seu povo. No quinto ano do reinado de Roboão, Sisaque, rei do Egito, atacou e conquistou Jerusalém. Ele entrou no templo, no palácio, e roubou tudo o que encontrou, incluindo os escudos de ouro que Salomão havia feito. Então o rei Roboão fez escudos de bronze para substituir os que foram roubados, e os entregou à guarda real do palácio. Sempre que o rei ia ao templo, os guardas desfilavam diante dele com os escudos e depois os devolviam à casa da guarda. Os demais acontecimentos do reinado de Roboão estão escritos no Livro da História dos Reis de Judá. Nunca deixou de haver guerra entre Roboão e Jeroboão. Quando Roboão morreu, foi sepultado com os seus antepassados na Cidade de Davi. A mãe dele era a amonita Naamã, e o seu filho Abias reinou em seu lugar. No décimo oitavo ano do reinado de Jeroboão, filho de Nebate, Abias começou o seu reinado em Judá, e reinou três anos em Jerusalém. A mãe de Abias se chamava Maaca, filha de Absalão. Ele cometeu todos os pecados que o seu pai cometeu, e seu coração não era perfeito para com o Senhor, como era perfeito o coração do rei Davi, seu antecessor. Mas por amor a Davi, o Senhor, o seu Deus, levantou o seu filho como seu sucessor e fortaleceu Jerusalém. Porque Davi havia feito o que o Senhor aprova e havia obedecido aos mandamentos do Senhor durante toda a sua vida, exceto no caso de Urias, o heteu. Durante toda a vida de Abias sempre houve guerra entre Roboão e Jeroboão. Os demais acontecimentos da história de Abias estão registrados no Livro da História dos Reis de Judá. Também houve guerra entre Abias e Jeroboão. Quando ele morreu, foi sepultado em Jerusalém, e seu filho Asa reinou em seu lugar. Asa se tornou rei de Judá, em Jerusalém, no vigésimo ano do reinado de Jeroboão, rei de Israel; e reinou quarenta e um anos em Jerusalém. Sua avó era Maaca, filha de Absalão. Asa agradou ao Senhor, conforme o rei Davi, seu pai. Ele mandou matar os prostitutos cultuais e retirou todas as imagens que seu pai havia feito. Tirou do trono sua avó Maaca que era a rainha-mãe, porque ela tinha feito um poste sagrado repugnante. Ele derrubou o poste sagrado e o queimou no vale de Cedrom. Embora os altares idólatras dos montes não tenham sido retirados, o coração de Asa foi dedicado ao Senhor todos os dias. Ele trouxe de volta para a casa do Senhor as coisas consagradas por ele e pelo seu pai: os vasos de prata e de ouro. Sempre houve guerra entre Asa, rei de Judá, e Baasa, rei de Israel. Baasa, rei de Israel, invadiu Judá e construiu a cidade-fortaleza de Ramá, esperando assim cortar todo o comércio com Jerusalém. Então Asa pegou toda a prata e todo o ouro deixados no tesouro do templo do Senhor, e todos os tesouros do palácio, e confiou tudo aos seus oficiais para levarem para Ben-Hadade, filho de Tabriom e neto de Hezrom, rei da Síria, que governava em Damasco com esta mensagem: “Sejamos aliados, assim como nossos pais foram aliados. Estou lhe mandando um presente de ouro e de prata. Agora rompe o seu acordo com Baasa, rei de Israel, de maneira que ele se retire do meu país”. Ben-Hadade concordou com a proposta do rei Asa e mandou seus exércitos contra algumas das cidades de Israel. Ele destruiu Ijom, Dã, Abel-Bete-Maaca, toda a região de Quinerete e toda a terra de Naftali. Quando Baasa teve notícia do ataque, parou a construção da cidade de Ramá e voltou para Tirza. Então o rei Asa reuniu todos os homens de Judá, pedindo que todos os homens fortes, sem exceção, ajudassem a demolir a cidade de Ramá e levassem embora as pedras e as madeiras que Baasa havia usado. O rei Asa usou esses materiais para construir a cidade de Geba, em Benjamim, e a cidade de Mispá. O demais acontecimentos da história da vida de Asa, suas conquistas e todos os seus atos, bem como as cidades que ele construiu, encontram-se registrados no Livro da História dos Reis de Judá. Quando Asa ficou velho, ele sofreu de uma doença nos pés, e quando morreu, foi sepultado com os seus antepassados na Cidade de Davi, seu predecessor. Então seu filho Josafá se tornou o novo rei de Judá. Enquanto isso, Nadabe, filho de Jeroboão, começou a reinar em Israel. Ele reinou dois anos, tendo começado no segundo ano do reinado de Asa, rei de Judá. Porém, ele fez o que era mau aos olhos de Deus, andando nos caminhos do seu pai, e levou todo o Israel a pecar. Então Baasa, filho de Aías, da tribo de Issacar, conspirou contra ele e o assassinou, enquanto estava com o exército israelita cercando a cidade dos filisteus de Gibetom. Baasa matou Nadabe e tomou o lugar dele como rei de Israel em Tirza, durante o terceiro ano do reinado de Asa, rei de Judá. Logo em seguida, Baasa matou todos os filhos do rei Jeroboão, de maneira que não sobrou ninguém da família real, exatamente como o Senhor havia predito por meio do seu servo Aías, o profeta de Siló. Isso se deu porque Jeroboão tinha provocado a ira do Senhor, o Deus de Israel, pecando e levando todo o povo de Israel a pecar. Os demais acontecimentos do reinado de Baasa estão registrados no Livro da História dos Reis de Israel. Houve guerra contínua entre Asa, rei de Judá, e Baasa, rei de Israel. Baasa, filho de Aías, reinou durante vinte e quatro anos, a partir do terceiro ano do reinado de Asa em Judá. Baasa fez o que era mau aos olhos do Senhor e seguiu os maus caminhos de Jeroboão e nos pecados que ele tinha levado o povo de Israel a cometer. Então o profeta Jeú, filho de Hanani, entregou ao rei Baasa uma mensagem do Senhor. Essa mensagem dizia: “Levantei você do pó a fim de fazer de você líder do meu povo Israel; mas você tem andado nos maus caminhos de Jeroboão. Você fez meu povo pecar e provocou a minha ira por causa dos seus pecados! Por isso, agora estou prestes a destruir você e sua família, da mesma maneira que fiz com Jeroboão, filho de Nebate, e seus filhos. Os membros da sua família que morrerem na cidade serão comidos pelos cães, e os que morrerem nos campos serão comidos pelas aves do céu”. Os demais acontecimentos da história da vida de Baasa, suas ações e suas conquistas estão escritos no Livro da História dos Reis de Israel. Baasa morreu e foi enterrado com os seus antepassados em Tirza. E seu filho Elá reinou em seu lugar. A mensagem foi enviada a Baasa e sua família, por meio do profeta Jeú, filho de Hanani, porque ele havia provocado o Senhor com todos os seus atos maus. Ele foi tão mau como a família de Jeroboão, apesar do fato de ter destruído todos os filhos de Jeroboão por causa dos seus pecados. Elá, filho de Baasa, começou a reinar no vigésimo sexto ano do reinado de Asa, rei de Judá, porém reinou somente dois anos em Tirza. Então o general Zinri, que era encarregado da metade dos carros reais, conspirou contra ele. Um dia o rei Elá estava bêbado na casa de Arsa, o mordomo do palácio em Tirza, que era a capital. Zinri entrou, deu um golpe no rei e o matou. Isso ocorreu no vigésimo sétimo ano do reinado de Asa, rei de Judá. Depois Zinri declarou-se o novo rei de Israel. Imediatamente depois de tomar o trono, matou toda a família de Baasa, não deixando ninguém vivo do sexo masculino. Ele destruiu até os parentes e amigos. Essa destruição da família de Baasa por Zinri estava dentro da palavra que o Senhor tinha dito por intermédio do profeta Jeú. A tragédia aconteceu por causa dos pecados de Baasa e do seu filho Elá; porque eles tinham levado Israel a adorar ídolos inúteis e provocado a ira do Senhor, o Deus de Israel. Os demais acontecimentos da história do reinado de Elá estão escritos no Livro da História dos Reis de Israel. No vigésimo sétimo ano do reinado de Asa, rei de Judá, Zinri reinou somente sete dias em Tirza. O exército de Israel estava acampado perto da cidade de Gibetom dos filisteus. Quando eles ouviram dizer que Zinri havia conspirado contra o rei e o tinha assassinado, eles, no mesmo dia, no acampamento, escolheram o general Onri, comandante do exército, como o novo rei de Israel. Então Onri levou o exército que estava em Gibetom e cercou Tirza, a capital de Israel. Quando Zinri viu que a cidade tinha sido tomada, foi para o palácio e pôs fogo em si mesmo e morreu. Pois ele também tinha pecado, fazendo o que era mau aos olhos do Senhor, andando nos caminhos de Jeroboão e no pecado que ele tinha cometido, e levando o povo de Israel a pecar com ele. Os demais acontecimentos da história de Zinri e de sua traição estão escritos no Livro da História dos Reis de Israel. Então o reino de Israel dividiu-se em dois partidos: metade do povo apoiou Tibni, filho de Ginate, para fazê-lo rei, e a outra metade ficou leal ao general Onri. Mas os seguidores do general Onri foram mais fortes do que Tibni, filho de Ginate. E Tibni foi morto, e Onri reinou sem oposição. No trigésimo primeiro ano do reinado de Asa, rei de Judá, Onri começou a reinar sobre Israel; seu reinado durou doze anos, sendo seis deles em Tirza. Então Onri comprou de Sêmer o monte que agora se conhece como Samaria. Ele pagou setenta quilos de prata. Nesse monte, Onri construiu uma cidade e deu a ela o nome de Samaria, em homenagem a Sêmer, o nome antigo do monte. Mas Onri fez o que era mau aos olhos do Senhor; fez pior do que qualquer um dos reis antes dele. Andou em todos os caminhos de Jeroboão, filho de Nebate, e levou Israel a cometer os mesmos pecados, provocando a ira do Senhor, o Deus de Israel, com seus ídolos inúteis. Os demais acontecimentos da história de Onri, seus atos e suas realizações estão registrados no Livro da História dos Reis de Israel. Onri morreu e foi sepultado com os seus antepassados em Samaria, e seu filho Acabe reinou em seu lugar. No trigésimo oitavo ano do reinado de Asa, rei de Judá, Acabe se tornou rei de Israel e reinou em Samaria, durante vinte e dois anos. Porém, Acabe, filho de Onri, fez o que era mau aos olhos do Senhor e foi ainda mais perverso do que seu pai Onri; ele foi mais perverso do que qualquer outro rei de Israel! E como se isso não fosse suficiente, cometendo os mesmos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, ele se casou com Jezabel, filha de Etbaal, rei de Sidom, e começou a adorar e servir a Baal. Primeiro ele construiu um altar para o deus Baal em Samaria. Depois fez outros postes sagrados e provocou a ira do Senhor, o Deus de Israel, mais do que todos os outros reis de Israel antes dele. Foi durante o seu reinado que Hiel, um homem de Betel, reconstruiu Jericó. Quando ele assentava os alicerces, morreu seu filho mais velho Abirão; e quando, afinal, ele terminou a construção e colocava as portas, morreu seu filho mais jovem Segube de acordo com a palavra do Senhor sobre Jericó, conforme foi declarado por Josué, filho de Num. Então Elias, profeta da cidade de Tesbi, em Gileade, disse ao rei Acabe: “Tão certo como vive o Senhor, o Deus de Israel, o Deus a quem adoro e sirvo, não haverá orvalho nem chuva por diversos anos, enquanto eu não ordenar que chova!” Depois o Senhor disse a Elias: “Vá para o lado leste e se esconda junto ao córrego de Querite a leste do rio Jordão. Beba água do córrego e coma o que os corvos lhe trouxerem, pois eu dei ordem a eles para trazerem alimento a você”. Ele obedeceu ao Senhor e ficou acampado junto ao córrego de Querite a leste do Jordão. Os corvos lhe traziam pão e carne de manhã e de tarde, e ele bebia água do córrego. Mas depois de algum tempo o córrego secou, porque não caía chuva na terra. Então a palavra do Senhor veio a Elias: “Vá morar na aldeia de Sarepta, perto da cidade de Sidom. Ali mora uma viúva que dará alimento a você. E dei a ela as minhas instruções”. E Elias foi para Sarepta. Quando chegou às portas da cidade, viu uma viúva apanhando gravetos. Ele a chamou e disse: “Peço que me traga um copo de água”. Enquanto ela ia buscar a água, ele chamou a mulher e disse: “Traga-me também um pedaço de pão”. Ela, porém, respondeu: “Tão certo como vive o Senhor, o seu Deus, não tenho nenhum pedaço de pão em casa. Tenho somente um punhado de farinha que sobrou num jarro e um pouco de azeite numa botija. Eu estava recolhendo alguns gravetos para levar para casa e preparar uma última refeição, e, depois de comermos, meu filho e eu vamos esperar a morte. Mas Elias disse a ela: “Não tenha medo! Vá para casa e faça o que eu disse. Mas primeiro faça um pequeno pão para mim e traga para mim, e depois faça algo para você e seu filho. Porque assim diz o Senhor, o Deus de Israel: A farinha no jarro não se acabará e o azeite na botija não faltará, até o dia em que o Senhor enviar chuva sobre a terra!” A mulher fez conforme Elias disse. E ela, Elias e o filho dela continuaram comendo do suprimento de farinha e de óleo enquanto foi preciso. Pois por mais que comessem, sempre havia farinha de sobra no jarro e azeite na botija, exatamente como o Senhor tinha prometido por intermédio de Elias! Certo dia, entretanto, o filho da mulher ficou doente e a doença foi-se agravando, e ele acabou morrendo. Chorando, ela reclamou a Elias: “Ó homem de Deus, o que você me fez? Veio aqui para lembrar-me dos meus pecados, matando o meu filho?” “Dê-me o seu filho”, respondeu Elias. Ele pegou o menino que estava nos braços dela e subiu com ele para o quarto de cima onde estava hospedado, e colocou o menino na cama dele. Então clamou ao Senhor, dizendo: “Ó Senhor, meu Deus, por que o Senhor fez essa coisa terrível e matou o filho desta viúva, dona da casa onde eu moro?” E Elias se deitou sobre o menino três vezes e clamou ao Senhor, dizendo: “Ó Senhor, meu Deus, por favor, faça este menino voltar à vida”. E o Senhor ouviu o clamor de Elias, o espírito do menino voltou, e ele viveu de novo! Então Elias desceu com ele e o entregou à sua mãe. “Veja! Ele esta vivo!”, disse Elias. “Agora tenho certeza de que você é um homem de Deus”, a mulher disse a Elias, “e a palavra do Senhor, que sai da sua boca, é a verdade!” Depois de um longo período, no terceiro ano de seca, a palavra do Senhor veio a Elias: “Vá apresentar-se ao rei Acabe, pois enviarei chuva sobre a terra outra vez!” E Elias foi apresentar-se a Acabe. Enquanto isso, a fome havia se tornado um problema sério em Samaria. Acabe chamou Obadias, o responsável pelo seu palácio. Obadias era um dedicado seguidor do Senhor. Certa vez, quando a rainha Jezabel tentou matar todos os profetas do Senhor, Obadias escondeu cem deles em duas cavernas, cinquenta em cada uma, e os alimentou com pão e água. Acabe disse a Obadias: “Precisamos procurar em cada rio e cada córrego do país, para ver se conseguimos capim suficiente para salvar pelo menos alguns dos meus cavalos e mulas, para que eles não morram”. Dividiram entre si o território que deviam percorrer. Acabe foi por um caminho e Obadias pelo outro”. E assim fizeram; cada um foi sozinho para o seu lado. De repente Obadias viu Elias, que vinha em sua direção! Imediatamente Obadias reconheceu o profeta e se prostrou no chão diante dele. “Realmente é o senhor, meu senhor Elias?”, perguntou. “Sim, sou eu”, respondeu Elias. “Agora vá dizer ao rei que estou aqui”. “Ó senhor”, perguntou Obadias, “que mal eu fiz para que me mande ao rei e ele me mate? Tão certo como vive o Senhor, o seu Deus, o rei tem procurado o senhor em cada nação e reino, de uma ponta a outra, para ver se o encontra. E cada vez que afirmavam: ‘Elias não está aqui’, o rei Acabe obrigava o rei daquele país a jurar que era verdade o que dizia. E agora o senhor me manda dizer ao meu senhor: ‘Vá dizer ao seu senhor: Elias está aqui!’ Mas no momento em que eu deixar o senhor, não sei para onde o Espírito do Senhor vai levar o senhor, e quando Acabe vier e não o encontrar, ele me matará. No entanto, toda a minha vida tenho sido seu servo e tenho adorado o Senhor. Ninguém contou ao senhor a respeito do que fiz quando Jezabel tentava matar os profetas de Deus? Eu escondi cem deles em duas cavernas e alimentei todos com pão e água. E agora o senhor diz: Vá dizer ao seu senhor: ‘Elias está aqui!’ Certamente ele me matará!” Porém, Elias disse: “Tão certo como vive o Senhor dos Exércitos, a quem eu sirvo, hoje me apresentarei a Acabe”. Então Obadias foi contar a Acabe que Elias tinha vindo, e Acabe saiu para encontrar-se com Elias. Quando Acabe viu Elias, exclamou: “Então é você o homem que trouxe esta desgraça a Israel?” “Você está falando a respeito de sua própria pessoa”, respondeu Elias. “Porque o rei e sua família abandonaram o Senhor, e em vez de obedecer a ele, têm adorado os baalins. Agora reúna todo o povo de Israel no monte Carmelo, com todos os quatrocentos e cinquenta profetas de Baal e os quatrocentos profetas de Aserá que comem à mesa com Jezabel”. Assim Acabe reuniu todo o povo e os profetas no monte Carmelo. Elias disse ao povo: “Por quanto tempo vocês vão ficar oscilando entre dois caminhos, sem se decidirem por um deles? Se o Senhor é Deus, sigam-no! Porém, se Baal é Deus, então sigam Baal!” O povo, porém, não lhe respondeu nada. Então Elias voltou a falar: “Dos profetas do Senhor, eu sou o único que restei, mas Baal tem quatrocentos e cinquenta profetas. Agora tragam dois novilhos. Os profetas de Baal podem escolher um deles, cortá-lo em pedaços e colocar os pedaços sobre a lenha do altar, mas não coloquem nenhum fogo debaixo da lenha. Eu também prepararei o outro novilho e o colocarei sobre o altar do Senhor, e também não acenderei fogo debaixo dele. Então invoquemo seu deus, e eu invocarei o nome do Senhor. O deus que responder enviando fogo para acender a lenha é o verdadeiro Deus!” Todo o povo concordou em fazer esta prova. Depois Elias disse aos profetas de Baal: “Primeiro vocês, porque são em maior número, escolham um dos novilhos, preparem o animal e invoquem o nome do seu deus; mas não ponham nenhum fogo debaixo da lenha”. Assim eles prepararam um dos novilhos e o colocaram sobre o altar. E clamaram a Baal toda a manhã, gritando: “Ó Baal, responda-nos!” Porém não houve nenhuma resposta. Depois eles começaram a dançar ao redor do altar. Mas ninguém respondeu. Lá pelo meio-dia Elias começou a caçoar deles “Vocês precisam gritar mais alto”, dizia, “para chamar a atenção do seu deus! Talvez ele esteja falando com alguém; ou ocupado; ou talvez ele tenha saído de viagem. Talvez ele esteja dormindo e tenha de ser acordado!” Então eles gritaram mais alto e, como era costume, cortavam-se com facas e espadas, até que o sangue escorria. Eles soltaram gritos a tarde toda até a hora do sacrifício da tarde, porém não houve resposta; não se ouvia nenhuma voz; ninguém atendia. Então Elias chamou o povo: “Aproximem-se!” E eles se aglomeraram ao redor dele, enquanto consertava o altar do Senhor que havia sido derrubado. Ele pegou doze pedras, uma pedra para cada uma das tribos dos descendentes de Jacó, a quem o Senhor tinha dito: “Israel será o seu nome”. Ele usou as pedras para reconstruir o altar do Senhor. Depois cavou um rego ao redor do altar; era uma valeta tão grande que dava para semear duas medidas de semente. Empilhou a lenha sobre o altar, cortou o novilho em pedaços e colocou os pedaços sobre a lenha. “Encham de água quatro vasilhas grandes”, disse Elias, “e despejem a água sobre o novilho e sobre a lenha”. Depois que fizeram isso, ele disse: “Façam isso novamente”. E eles fizeram. “Agora, façam isso mais uma vez!” E eles fizeram pela terceira vez. A água escorria do altar e encheu a valeta. Na hora costumeira para oferecer o sacrifício da tarde, o profeta Elias se pôs em pé à frente do altar e orou: “Ó Senhor, Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, prove hoje que o Senhor é o Deus de Israel e que eu sou seu servo; prove que fiz tudo isso por sua ordem. Ó Senhor, responda-me! Responda-me, para que este povo saiba que o Senhor é Deus, para que o coração deles se volte para o Senhor”. Então, de repente, o fogo do Senhor desceu do céu e queimou totalmente o novilho, a lenha, as pedras, o chão, e inclusive lambeu toda a água da valeta! Quando o povo viu isso, todos caíram com o rosto no chão, gritando: “O Senhor é Deus! O Senhor é Deus!” Então Elias ordenou: “Agarrem os profetas de Baal! Não deixem escapar nenhum deles!” Assim eles agarraram todos eles, e Elias os fez descer ao córrego de Quisom e os matou ali. E Elias disse a Acabe: “Vá comer e beber, pois estou ouvindo o barulho de chuva muito forte”. Enquanto Acabe foi comer e beber, Elias subiu ao topo do monte Carmelo e curvou o corpo até o chão, com o rosto colocado entre os joelhos. Depois disse ao seu servo: “Vá e olhe para o lado do mar”. Ele foi e olhou. “Não vi nada”, disse ele. Por sete vezes Elias mandou: “Volte para ver”. Finalmente, na sétima vez, o servo exclamou: “Vejo que sobe do mar uma nuvem pequena, do tamanho da mão de um homem”. Então Elias disse: “Vá depressa dizer a Acabe que pegue o seu carro e desça a montanha, antes que a chuva o impeça!” Dito e feito. O céu logo ficou escuro com nuvens, e um forte vento trouxe uma grande tempestade. Acabe partiu de carro para Jezreel. O poder do Senhor veio sobre Elias, e ele apertou o cinto e correu à frente do carro de Acabe até a entrada da cidade de Jezreel! Quando Acabe contou a Jezabel o que Elias tinha feito e que ele tinha matado os profetas de Baal à espada, ela mandou um mensageiro com este recado a Elias: “Que os deuses me castiguem com todo o rigor, se amanhã a esta hora eu não fizer com a sua vida o que você fez com a deles”. Então Elias teve medo e fugiu para salvar a sua vida; foi para Berseba, uma cidade de Judá, e deixou ali o seu servo. Depois foi sozinho para o deserto, caminhando o dia todo, e sentou debaixo de uma moita de zimbro. Ali orou, pedindo a morte: “Já basta, Senhor. Tire a minha vida. Tenho de morrer algum dia, e bem que pode ser agora, pois não sou melhor do que meus pais”. Então deitou-se debaixo da moita de zimbro e dormiu. Enquanto dormia, um anjo o tocou e disse: “Levante-se e coma!” Elias olhou em redor e viu um pão que estava assando sobre pedras quentes e um jarro de água! Ele comeu, bebeu e deitou-se outra vez. O anjo do Senhor voltou depois e tocou-o novamente, dizendo: “Levante-se e coma, porque você tem uma longa caminhada pela frente”. Então ele se levantou, comeu e bebeu, e o alimento lhe deu força suficiente para viajar quarenta dias e quarenta noites, até chegar ao monte Horebe, o monte de Deus. Ali entrou numa caverna onde passou a noite. E a palavra do Senhor veio a ele: “O que você está fazendo aqui, Elias?” Ele respondeu: “Tenho trabalhado duramente para o Senhor Deus dos Exércitos; porém o povo de Israel não cumpriu a sua aliança com o Senhor e derrubou os seus altares e matou todos os seus profetas. Sou o único que sobrou; e agora estão tentando matar-me também”. “Saia e ponha-se no monte, diante do Senhor, pois o Senhor vai passar”, o Senhor disse a ele. Enquanto Elias estava ali, o Senhor passou, e um vento de tempestade atingiu a montanha; era um vento tão forte que as pedras saíam do lugar diante do Senhor, porém o Senhor não estava no vento. Depois do vento, houve um terremoto, mas o Senhor não estava no terremoto. E depois do terremoto veio um fogo, mas o Senhor não estava no fogo. Depois do fogo, ouviu-se um som de brisa suave. Quando Elias ouviu o som, cobriu o rosto com o seu manto, saiu e ficou na entrada da caverna. E uma voz lhe perguntou: “Por que você está aqui, Elias?” De novo ele respondeu: “Tenho trabalhado duramente para o Senhor Deus dos Exércitos; porém o povo de Israel não cumpriu o seu trato com o Senhor e derrubou os seus altares e matou todos os seus profetas. Sou o único que sobrou; e agora estão tentando matar-me também”. Então o Senhor disse a ele: “Volte pela estrada do deserto para Damasco, e, quando chegar lá, derrame óleo sobre a cabeça de Hazael, para que ele seja rei da Síria. Depois derrame óleo sobre a cabeça de Jeú, filho de Ninsi, para que ele seja rei de Israel, e derrame óleo sobre a cabeça de Eliseu, filho de Safate, de Abel-Meolá, para que ele tome o seu lugar como meu profeta. Qualquer um que escapar da espada de Hazael será morto por Jeú, e os que escaparem de Jeú serão mortos por Eliseu! E fique sabendo que conservei sete mil homens em Israel que nunca se curvaram diante de Baal nem beijaram esse deus!” Então Elias saiu de lá e encontrou Eliseu, filho de Safate. Ele estava arando um campo com doze parelhas de bois. Elias o alcançou e atirou sua capa sobre os ombros de Eliseu. Eliseu deixou os bois ali e correu atrás de Elias, dizendo: “Primeiro me deixe beijar o meu pai e despedir-me da minha mãe, e depois irei com você”. Elias respondeu: “Vá e depois volte! Mas lembre-se do que fiz a você!” Então Eliseu voltou aos seus bois, matou os dois bois que eram seus, usou a madeira do arado e do jugo para fazer fogo e assar a carne. Distribuiu a carne aos outros trabalhadores e ao povo que estava lá, e todos comeram. Depois se aprontou e foi com Elias, como ajudante dele. Ben-Hadade, rei da Síria, reuniu todo o seu exército e, junto com trinta e dois reis aliados com seus carros de guerra e cavalos, cercaram a cidade de Samaria, capital de Israel. Ele enviou mensageiros à cidade, a Acabe, rei de Israel, que lhe disseram: “É isto o que diz Ben-Hadade: ‘A sua prata e o seu ouro são meus; também o melhor das suas esposas e seus filhos’ ”. O rei respondeu: “Está bem, ó rei, meu senhor. Eu e tudo o que tenho é seu!” Os mensageiros voltaram com outro recado da parte do rei Ben-Hadade: “Você não somente deve me dar sua prata, seu ouro, suas esposas e seus filhos, mas amanhã por estas horas vou enviar meus homens, e eles vão entrar no seu palácio e nas casas do seu povo, e vão tomar tudo o que quiserem!” Então Acabe reuniu os conselheiros de Israel e disse: “Vejam só o que este homem está fazendo. Ele está querendo a nossa desgraça, apesar de eu já ter dito que pode levar minhas esposas, meus filhos, a prata e o ouro, conforme ele exigiu”. Os seus conselheiros e todo o povo responderam: “Não dê atenção a ele, não entregue nada”. Então ele respondeu aos mensageiros de Ben-Hadade: “Digam ao rei, meu senhor: ‘O seu servo dará tudo o que me pediu da primeira vez, mas não permitirei que seus homens entrem no palácio e nas casas do povo’ ”. E os mensageiros levaram a resposta a Ben-Hadade. Então o rei da Síria mandou esta mensagem a Acabe: “Que os deuses façam a mim mais do que vou fazer a você se eu não transformar Samaria em punhados de pó para cada um dos meus homens!” O rei de Israel replicou: “Digam a ele: ‘O guerreiro que está preparado para a batalha não deveria se orgulhar como um guerreiro que já venceu a batalha!’ ” Esta resposta de Acabe chegou a Ben-Hadade quando ele e os outros reis bebiam em suas tendas, e ele ordenou aos seus oficiais: “Preparem-se para atacar a cidade”. E eles se colocaram em posição de combate na frente da cidade. Enquanto isso, um profeta foi até o rei Acabe e lhe disse: “Assim diz o Senhor: ‘Está vendo esse exército inimigo enorme? Hoje mesmo vou entregá-lo nas suas mãos. Assim, finalmente, você saberá que eu sou o Senhor ’. Acabe perguntou: “Mas quem fará isso?” E o profeta respondeu: “Assim diz o Senhor: ‘Os jovens soldados que vêm das províncias o farão’ ”. “Devemos atacar primeiro?”, perguntou Acabe. “Sim”, respondeu o profeta. Então ele convocou os jovens soldados vindos das províncias; eram duzentos e trinta e dois homens. Em seguida reuniu o restante dos israelitas, um total de sete mil homens. Por volta do meio-dia, enquanto Ben-Hadade e os trinta e dois reis aliados ainda bebiam e se embriagavam, os primeiros soldados de Acabe saíram da cidade. Quando os jovens soldados das províncias se aproximavam, os sentinelas de Ben-Hadade informaram: “Alguns soldados de Samaria se aproximam!” Ben-Hadade disse: “Peguem esses homens vivos, quer eles venham em paz ou venham para a guerra”. Os jovens soldados das províncias marcharam para fora da cidade, e o exército os seguia, e cada um matou o seu adversário; de repente todo o exército sírio fugiu de medo. Os soldados israelitas foram atrás deles, mas Ben-Hadade e alguns oficiais escaparam a cavalo. O rei Acabe saiu, destruiu a maior parte dos cavalos e dos carros de guerra, e causou pesadas baixas ao exército sírio. Então o profeta se aproximou do rei Acabe e disse: “Apronte-se para outro ataque, pois na próxima primavera o rei da Síria atacará novamente”. Isso porque depois da derrota, os oficiais de Ben-Hadade disseram a ele: “Os deuses dos israelitas são deuses dos montes; por isso eles venceram. Mas nós podemos vencê-los se o combate for nas planícies. Mas desta vez vamos substituir os reis por outros comandantes! Forme outro exército igual ao que você perdeu; consiga o mesmo número de cavalos, de carros e de homens. Vamos lutar de novo contra eles nas planícies, e não há dúvida de que os derrotaremos”. E o rei Ben-Hadade fez conforme eles sugeriram. No ano seguinte, Ben-Hadade convocou o exército sírio e marcharam de novo contra Israel, desta vez em Afeque. Os israelitas também foram convocados, estabeleceram linhas de abastecimento e saíram para enfrentar os sírios. O exército de Israel podia ser comparado a dois pequenos rebanhos de cabras, em comparação com as vastas forças dos sírios que cobriam todo o campo! Então o homem de Deus foi ao rei de Israel levar a seguinte mensagem: “Assim diz o Senhor: ‘Visto que os sírios pensam que o Senhor é um Deus dos montes e não das planícies, eu vou ajudar você a derrotar este vasto exército, e você ficará sabendo que eu sou o Senhor ”. Os dois exércitos acamparam um de frente para o outro durante sete dias, e no sétimo dia a batalha começou. Os israelitas mataram cem mil soldados sírios no primeiro dia. O restante fugiu para a cidade de Afeque, mas o muro caiu sobre eles e matou outros vinte e sete mil. Ben-Hadade também fugiu para a cidade e se escondeu no quarto interior de uma das casas. Os oficiais de Ben-Hadade lhe disseram: “Senhor, temos ouvido dizer que os reis de Israel são misericordiosos. Vamos até o rei de Israel vestidos com roupas de saco e colocar cordas ao redor dos nossos pescoços. Talvez ele deixe você viver”. Então eles foram ao rei de Israel, vestidos de panos de saco e com cordas no pescoço e pediram a ele: “O seu servo Ben-Hadade diz: ‘Peço que me deixe viver!’ ” O rei respondeu: “Ele ainda está vivo? Ele é meu irmão!” Os homens interpretaram isso como um sinal de esperança, e exclamaram: “Sim, o seu irmão Ben-Hadade!” “Vão buscar o meu irmão”, o rei de Israel disse a eles. E quando Ben-Hadade chegou, o rei o convidou a subir no seu carro! Ben-Hadade disse a Acabe: “Vou devolver as cidades que meu pai tomou do seu pai, e você pode estabelecer postos de comércio em Damasco, como meu pai fez em Samaria”. Acabe respondeu: “Mediante um tratado, o deixarei ir”. Então Acabe fez um tratado com ele e o deixou ir embora. Nesse meio-tempo, o Senhor deu ordem a um dos discípulos dos profetas para dizer ao seu companheiro: “Dê-me um golpe!” Porém o homem se recusou a fazê-lo. Então o profeta disse a ele: “Já que você não obedeceu à voz do Senhor, um leão vai matar você logo que sair daqui”. Quando ele saiu, um leão o atacou e o matou. Depois o profeta se dirigiu a outro homem e disse: “Dê-me um golpe”. O homem golpeou o profeta e o feriu. Então o profeta esperou pelo rei ao lado da estrada, tendo colocado uma faixa de pano sobre os olhos para disfarçar. Quando o rei ia passando por ali, o profeta gritou para ele e disse: “Senhor, eu estava no campo de batalha, e um homem me trouxe um prisioneiro e disse: ‘Vigie este homem; se ele escapar, você deve morrer, ou então me pagará trinta e cinco quilos de prata!’ Mas enquanto o seu servo estava ocupado fazendo outra coisa, o prisioneiro desapareceu!” “Bem, nesse caso a culpa é sua”, respondeu o rei de Israel. “Você terá de pagar”. Então o homem arrancou a faixa que cobria os seus olhos, e o rei reconheceu que era um dos profetas. O profeta falou ao rei: “Assim diz o Senhor: ‘Já que você soltou o homem que eu mandei que morresse, agora você deve morrer no lugar dele, e o seu povo vai morrer em lugar do povo dele’ ”. Então, o rei de Israel foi para casa, em Samaria, aborrecido e irritado. Nabote, um homem de Jezreel, tinha uma plantação de uvas nos arredores da cidade, ao lado do palácio do rei Acabe. Um dia o rei falou com ele, mostrando interesse em comprar aquela propriedade. “Desejo a sua vinha para formar uma horta”, explicou o rei, “já que fica ao lado do palácio. Em troca eu lhe darei uma vinha melhor ou, se for do seu agrado, eu lhe pagarei um preço justo por ela”. Nabote, porém, respondeu: “O Senhor me proíbe de dar essa terra que é herança dos meus pais”. Então Acabe voltou ao palácio aborrecido e com muita raiva, porque Nabote, de Jezreel, lhe havia dito: “Não darei a herança dos meus pais”. Ele não quis saber de comer; foi deitar-se e virou o rosto para a parede! “O que está acontecendo com você?”, perguntou sua esposa Jezabel. “Por que você não se alimenta? O que deixou você assim tão aborrecido?” “Pedi a Nabote que me vendesse a sua plantação de uvas, ou que trocasse por outra terra, e ele não quis fazer o negócio”, Acabe disse a ela. “Afinal de contas, você é ou não é o rei de Israel?”, perguntou Jezabel. “Levante-se, coma e não se preocupe com isso. Eu vou conseguir a plantação de uvas de Nabote, de Jezreel!” Então ela escreveu algumas cartas em nome de Acabe, selou as cartas com o selo real, e mandou às autoridades de Jezreel, onde Nabote morava. Na carta ela escreveu: “Reúnam os moradores da cidade e anunciem um dia de jejum e oração. Depois façam com que Nabote compareça num lugar de destaque entre o povo, e encontrem dois homens vadios que o acusem de amaldiçoar Deus e o rei. Depois levem Nabote para fora e o matem a pedradas”. Os anciãos da cidade de Nabote e outros líderes fizeram conforme as instruções da rainha Jezabel. Oficializaram o jejum e colocaram Nabote para sentar-se num lugar de destaque no meio do povo. Então dois homens de mau caráter acusaram Nabote diante do povo, dizendo: “Nabote amaldiçoou Deus e o rei”. E ele foi arrastado para fora da cidade e apedrejado até morrer. Os anciãos da cidade e os outros líderes mandaram dizer a Jezabel: “Nabote foi apedrejado e está morto”. Quando Jezabel ouviu a notícia de que Nabote havia sido apedrejado até morrer, disse a Acabe: “Lembra-se daquela plantação de uvas que Nabote não quis vender a você? Bem, você pode ficar com ela agora! Ele está morto!” Quando Acabe ouviu que Nabote estava morto, desceu para tomar posse daquela plantação de uvas. Então a palavra do Senhor veio a Elias, o tesbita: “Vá até Samaria para se encontrar com o rei Acabe. Ele está na plantação de uvas de Nabote, a fim de tomar posse dela. Diga a ele: ‘Assim diz o Senhor: Já não basta o mal em matar Nabote? Era preciso que você se apossasse de sua propriedade?’ E acrescente: ‘Assim diz o Senhor: Por causa disto, os cães vão lamber o seu sangue fora da cidade, da mesma maneira como lamberam o sangue de Nabote!’ ” “Então o meu inimigo me encontrou!”, exclamou Acabe ao ver Elias. “Sim”, respondeu Elias, “por que você se vendeu para fazer o que era mau aos olhos do Senhor? Por isso, ele diz: ‘Eu vou fazer com que a desgraça caia sobre você e vou acabar com você. E não vou permitir que sobreviva nenhum dos seus descendentes do sexo masculino, tanto escravo como livre! Vou fazer com a sua família o mesmo que fiz com a família do rei Jeroboão, filho de Nebate, e com a família do rei Baasa, filho de Aías, porque você provocou a ira de Deus e levou todo o Israel a pecar’. “E a respeito de Jezabel o Senhor diz: ‘Os cães vão devorar o corpo de sua esposa Jezabel, junto aos muros de Jezreel’. “Os membros que pertencem à família de Acabe que morrerem na cidade serão comidos pelos cães, e os que morrerem no campo serão comidos pelas aves dos céus”. Nenhuma outra pessoa se vendeu tão completamente como Acabe, pois sua esposa Jezabel conseguiu que ele fizesse toda espécie de mal que o Senhor reprova. Ele foi culpado porque adorou ídolos como adoraram os amorreus, povo que o Senhor tinha expulsado da terra para dar lugar ao povo de Israel. Quando Acabe ouviu essas profecias, rasgou as roupas, usou roupa feita de pano de saco, jejuou, passou a dormir em cima de panos de saco e a andar de cabeça baixa. Então veio outra palavra ao tesbita Elias da parte do Senhor: “Está vendo como Acabe se humilhou diante de mim? Visto que ele se humilhou, não vou aplicar o castigo que prometi enquanto ele estiver vivo, mas vou aplicar ao filho dele”. Durante três anos não houve guerra entre a Síria e Israel. Mas no terceiro ano, enquanto Josafá, rei de Judá, visitava Acabe, rei de Israel, Acabe perguntou aos seus auxiliares: “Vocês não sabem que os sírios ainda ocupam nossa cidade de Ramote-Gileade? E nós estamos aqui sentados sem fazer nada para retomá-la do rei da Síria?” Então ele se virou para Josafá e perguntou: “Você mandaria o seu exército junto com o meu para tomarmos Ramote-Gileade?” E Josafá, rei de Judá, respondeu “Mas é claro! Você e eu somos irmãos; meu povo está às suas ordens, e meus cavalos estão ao seu serviço”. E ele acrescentou: “Deveríamos primeiro perguntar ao Senhor, para termos certeza do que ele quer que façamos”. Então Acabe mandou chamar os quatrocentos profetas e perguntou a eles: “Devemos atacar Ramote-Gileade, ou não devemos?” E todos eles disseram: “Sim, podem ir, porque o Senhor vai ajudar vocês a conquistar a cidade”. Josafá, porém, perguntou: “Não existe aqui mais nenhum profeta do Senhor? Eu gostaria de consultá-lo também”. “Sim”, respondeu o rei de Israel a Josafá. “Ainda há um homem por meio de quem podemos consultar o Senhor, mas tenho ódio dele, porque ele nunca profetiza coisas boas a meu respeito. Ele sempre tem alguma coisa ruim para dizer. O nome dele é Micaías, filho de Inlá”. “O rei não deveria falar dessa maneira!”, respondeu Josafá. Então o rei Acabe chamou um dos seus oficiais, ordenando: “Vá buscar Micaías, filho de Inlá. Depressa!” Enquanto isso, todos os profetas continuaram profetizando diante dos dois reis. Os reis estavam vestidos com suas vestes reais, sentados em tronos colocados junto à porta de entrada da cidade. Um dos profetas, Zedequias, filho de Quenaaná, fez alguns chifres de ferro e disse: “Assim diz o Senhor: ‘Com estes chifres o senhor ferirá os sírios, até que sejam destruídos’ ”. E todos os outros concordaram, dizendo: “Vá e ataque Ramote-Gileade, porque o Senhor fará com que seja vitorioso!” O mensageiro que foi buscar Micaías lhe disse: “Veja! Todos os outros profetas profetizam que o rei terá sucesso. Sua palavra também deve ser favorável”. Micaías, porém, respondeu: “Tão certo como vive o Senhor, vou dizer somente o que o Senhor me mandar dizer!” Quando ele chegou, o rei perguntou: “Micaías, devemos atacar Ramote-Gileade ou não devemos?” “Naturalmente que deve! Não perca tempo!” Micaías disse a ele. “O rei terá uma grande vitória, porque o Senhor vai fazer com que ele vença!” “Quantas vezes preciso dizer a você que fale somente a verdade em nome do Senhor!”, disse o rei. Então Micaías disse a ele: “Eu vi todo o Israel espalhado pelos montes, como ovelhas sem pastor, e ouvi o Senhor dizer: ‘Estes homens não têm líder; que eles voltem em paz para suas casas’ ”. Virando-se para Josafá, Acabe disse a Josafá: “Eu não falei que isso iria acontecer? Ele nunca profetiza nada de bom. Apenas o que é ruim”. Micaías falou em seguida: “Ouça mais esta palavra do Senhor: Vi o Senhor assentado no seu trono, e os exércitos dos céus estavam junto a ele, à direita e à esquerda. “Então o Senhor disse: ‘Quem é capaz de enganar a Acabe, para que ele vá e morra no ataque em Ramote-Gileade?’ “Várias sugestões foram feitas, até que, finalmente, um espírito se aproximou diante do Senhor e disse: ‘Eu o enganarei!’ “ ‘De que maneira?’, o Senhor perguntou. “E ele respondeu: ‘Eu serei um espírito mentiroso na boca de todos os profetas do rei’. “E o Senhor disse: ‘Vá e engane Acabe. Você será bem-sucedido’. “E o Senhor pôs um espírito mentiroso na boca de todos esses profetas. O Senhor determinou a sua desgraça”. Então Zedequias, filho de Quenaaná, chegou perto de Micaías e lhe deu uma bofetada no rosto e perguntou: “Quando foi que o Espírito do meu Senhor me deixou para falar a você?” Micaías respondeu: “Você receberá a resposta à sua pergunta quando procurar esconder-se num quarto interior”. Então o rei Acabe ordenou: “Levem Micaías de volta a Amom, o governador da cidade, e a Joás, o filho do rei. Digam a eles: ‘Assim diz o rei: Ponham este homem na cadeia e deem a ele pão e água, o suficiente para conservá-lo vivo, até que eu volte em paz’ ”. Micaías respondeu: “Se você de fato voltar em paz, então é prova de que o Senhor não falou por meu intermédio”. E acrescentou: “Tomem nota do que eu disse, todos vocês!” Então Acabe, rei de Israel, e Josafá, rei de Judá, levaram seus exércitos para Ramote-Gileade. Acabe disse a Josafá: “Você usará suas roupas reais, e eu entrarei disfarçado em combate!” Assim o rei de Israel foi para a batalha disfarçado no uniforme de um soldado comum, e ambos foram para a guerra. Acontece que o rei da Síria tinha dado ordens aos seus trinta e dois chefes de carros de guerra: “Não lutem contra ninguém, a não ser contra o próprio rei de Israel”. Quando os chefes dos carros viram o rei Josafá em suas vestes reais, pensaram: “É o rei de Israel”, e cercaram o carro dele para atacá-lo. Mas quando Josafá gritou, eles viram que não era o rei de Israel, e deixaram de persegui-lo! Todavia, alguém atirou uma flecha por acaso, e ela atingiu o rei Acabe entre as juntas da sua armadura de proteção. “Levem-me para fora da batalha, pois estou ferido”, disse, gemendo, ao condutor do seu carro. A batalha ia ficando cada vez mais violenta à medida que as horas passavam. O rei Acabe teve de enfrentar os sírios ficando apoiado no seu carro. O sangue do seu ferimento escorria para o fundo do seu carro de guerra e, afinal, ao cair da tarde, ele morreu. Logo ao pôr do sol propagou-se esta notícia entre os seus soldados: “Tudo está acabado. Cada homem volte para a sua casa! Cada um para a sua terra!” Assim o rei morreu e o seu corpo foi levado para Samaria e ali foi sepultado. Quando o seu carro de guerra e a sua armadura eram lavados ao lado do açude de Samaria, onde as prostitutas se banhavam, os cães vieram e lamberam o sangue do rei, exatamente como o Senhor tinha dito que iria acontecer. Os demais acontecimentos da história de Acabe, incluindo a história do palácio com o revestimento de marfim e das cidades que ele construiu, estão escritos no Livro da História dos Reis de Israel. Assim Acabe foi sepultado entre os seus antepassados, e o seu filho Acazias se tornou rei de Israel em seu lugar. Josafá, filho de Asa, tornou-se rei de Judá no quarto ano do reinado de Acabe, rei de Israel. Josafá tinha trinta e cinco anos de idade quando subiu ao trono, e reinou em Jerusalém durante vinte e cinco anos. Sua mãe se chamava Azuba, filha de Sili. Ele seguiu em tudo os passos de seu pai Asa, e não se desviou deles, obedecendo ao Senhor em tudo. Contudo, não destruiu os altares idólatras que havia nos montes, de modo que o povo oferecia sacrifícios e queimava incenso ali. Josafá teve paz com Acabe, rei de Israel. Os demais acontecimentos do reinado de Josafá e de suas realizações de heroísmo e de suas guerras estão escritos no Livro da História dos Reis de Judá. Ele acabou com todos os prostitutos cultuais que ainda haviam ficado depois dos dias de seu pai Asa. Não havia nenhum rei em Edom naquele tempo; havia apenas um representante do rei. O rei Josafá construiu uma frota de navios de transporte para buscar ouro em Ofir; porém eles nunca voltaram, porque naufragaram em Eziom-Geber. Acazias, filho e sucessor do rei Acabe, havia proposto a Josafá: “Os meus marinheiros poderão navegar com os seus”, mas Josafá não aceitou a proposta. Quando o rei Josafá morreu, foi sepultado junto com os seus antepassados na Cidade de Davi, seu pai, e seu filho Jeorão reinou em seu lugar. Foi durante o ano dezessete do reinado de Josafá, rei de Judá, que Acazias, filho de Acabe, começou a reinar sobre Israel em Samaria; e ele reinou dois anos. Porém, fez o que era mau aos olhos do Senhor, pois seguiu os passos de seu pai e de sua mãe, e os caminhos de Jeroboão, filho de Nebate, que havia levado Israel a pecar, servindo e adorando a Baal, provocando a ira do Senhor, o Deus de Israel, como o seu pai tinha feito. Depois da morte do rei Acabe, os moabitas se revoltaram contra Israel. Acazias, o novo rei de Israel, tinha caído do terraço do andar de cima do seu palácio em Samaria, e ficou muito machucado. Aflito, mandou mensageiros ao templo de Baal-Zebube, deus de Ecrom, para saber se ele se recuperaria da queda sofrida. Ao mesmo tempo, um anjo do Senhor apareceu diante do profeta Elias e disse: “Elias, vá falar com os mensageiros do rei de Samaria que estão indo ao templo do deus Baal-Zebube e pergunte a eles: Assim diz o Senhor: Por acaso não existe Deus em Israel? Por que vocês vão consultar Baal-Zebube, o deus de Ecrom? Assim diz o Senhor: ‘Você não se levantará mais dessa cama; aí mesmo você vai morrer’ ”. Elias obedeceu sem demora à ordem do anjo do Senhor; procurou os mensageiros do rei, e repetiu a eles as palavras do anjo. Os mensageiros voltaram depressa ao palácio. O rei, com a chegada deles, perguntou: “Por que vocês voltaram tão depressa?” Eles responderam: “Um homem veio ao nosso encontro e nos disse: ‘Voltem imediatamente ao rei que os enviou e digam a ele: Assim diz o Senhor: Por acaso não existe Deus em Israel? Por que vocês vão consultar Baal-Zebube, o deus de Ecrom? Você não se levantará mais dessa cama; aí mesmo você vai morrer”. “Como era o homem que disse isso?”, perguntou o rei. “Era um homem que vestia roupa de pelos e usava um cinto de couro bem largo na cintura”, responderam. O rei concluiu: “Já sei quem é. Só pode ser o profeta tesbita Elias”. Então o rei Acazias mandou um oficial com cinquenta soldados procurar Elias e levá-lo até o palácio. O oficial encontrou Elias sentado no alto de uma colina e disse a ele: “Homem de Deus, por ordem do rei, desça e vamos ao palácio!” Elias, porém, respondeu ao oficial: “Se eu sou um homem de Deus, que desça fogo do céu e destrua você e os seus cinquenta soldados!” Na mesma hora desceu fogo do céu e destruiu o oficial e os cinquenta soldados. O rei, vendo que os soldados não voltavam, chamou outro oficial com mais cinquenta soldados, que deu a mesma ordem: “Homem de Deus, o rei ordena que o senhor desça depressa ao palácio!” “Se eu sou um homem de Deus”, respondeu Elias, “que desça fogo do céu para destruir você e seus cinquenta soldados!” Novamente desceu fogo do céu e matou o oficial e os seus soldados. Pela terceira vez o rei mandou outro oficial com mais cinquenta soldados a fim de buscar Elias. O oficial subiu o monte, ajoelhou-se aos pés de Elias e, tremendo, implorou: “Homem de Deus, por favor tenha pena da minha vida e da vida destes cinquenta soldados, seus servos! Sei que os outros dois oficiais e os seus soldados foram mortos pelo fogo do céu. Tenha misericórdia de mim!” Então o anjo do Senhor falou a Elias: “Não tenha medo; agora você pode ir com eles até o palácio para falar com o rei”. Elias se levantou, desceu com ele e foi falar com o rei. Quando chegou ao palácio, o profeta disse ao rei: “Assim diz o Senhor: ‘Acaso não há Deus em Israel? Por que você mandou consultar Baal-Zebube, o deus de Ecrom? Por isso você não se levantará mais da cama e certamente morrerá!’ ”. Assim, conforme o Senhor havia falado pela boca do profeta, morreu o rei Acazias. Como ele não tinha filhos para reinar em seu lugar, subiu ao trono o seu irmão Jorão. Isso aconteceu no segundo ano do reinado de Jeorão, filho de Josafá, em Judá. Os demais acontecimentos da história do reinado de Acazias estão registrados no Livro da História dos Reis de Israel. Estava se aproximando a hora de o Senhor levar Elias ao céu por meio de um redemoinho. Então Elias disse ao seu companheiro Eliseu: “Fique você aqui em Gilgal, porque o Senhor me mandou ir a Betel”. Eliseu, porém, respondeu: “Juro pelo nome do Senhor e por sua vida que não o deixarei ir só”. E assim seguiram juntos para Betel. Ao chegarem em Betel, os discípulos dos profetas foram ao encontro de Eliseu e lhe perguntaram: “Eliseu, você sabe que o Senhor vai levar hoje o seu mestre Elias para o céu?” “Sim, eu sei” respondeu Eliseu, “mas não é preciso falar mais nesse assunto”. Então Elias disse a Eliseu: “Fique aqui em Betel, Eliseu, pois o Senhor me mandou ir a Jericó”. E de novo Eliseu respondeu: “Juro pelo nome do Senhor e por sua vida que não o deixarei ir só”. E assim seguiram juntos para Jericó. Em Jericó os discípulos dos profetas foram ao encontro de Eliseu, e lhe perguntaram: “Eliseu, você sabe que o Senhor vai levar hoje o seu mestre Elias para o céu?” “Sim, eu sei”, respondeu Eliseu, “mas não é preciso mais falar nesse assunto!” E Elias voltou a falar a Eliseu: “Eliseu, fique aqui em Jericó; o Senhor me mandou ir até o rio Jordão”. Eliseu respondeu: “Juro pelo nome do Senhor e por sua vida que não o deixarei ir só!” E assim foram juntos. Cinquenta discípulos dos profetas acompanharam os dois até certa distância, e depois ficaram olhando de longe, quando Elias e Eliseu pararam junto ao rio. Elias, tomando o seu manto, enrolou-o, bateu com ele nas águas do rio Jordão e elas se separaram, formando um caminho por onde os dois passaram em terra seca. Quando chegaram à outra margem do rio, Elias disse a Eliseu: “Que posso fazer por você antes de ser levado para longe?” Eliseu respondeu: “Dá-me porção dobrada do seu espírito sobre mim”. “Você me fez um pedido difícil, Eliseu”, disse Elias; “entretanto, se você presenciar o momento quando eu for separado de você, o seu pedido será atendido; caso contrário, não será atendido”. Eles continuaram andando e conversando, e, de repente, surgiu um carro de fogo, puxado por cavalos de fogo, e separou os dois; e Elias foi levado ao céu num redemoinho. Quando Eliseu viu isso, gritou: “Meu pai! Meu pai! O senhor sempre foi como os carros de guerra de Israel e seus cavaleiros!” E olhando para o céu já não podia mais vê-lo; então pegou suas vestes e as rasgou em duas partes. Depois pegou o manto de Elias, que tinha caído, e voltou até a margem do rio Jordão. Lá chegando, bateu nas águas com o manto, e gritou: “Onde está o Senhor, o Deus de Elias?” Quando bateu nas águas, elas se separaram, formando um caminho por onde Eliseu passou a seco para a outra margem! Quando os discípulos dos profetas de Jericó, que olhavam de longe, viram o que aconteceu, exclamaram: “O espírito profético de Elias ficou com Eliseu!” E foram ao encontro de Eliseu, curvaram-se diante dele e disseram: “Eliseu, nós, seus servos, temos cinquenta homens valentes. Eles podem procurar o seu mestre. Quem sabe se o Espírito do Senhor o levou e deixou em algum monte ou em algum vale?” “Não mandem ninguém”, respondeu Eliseu. Mas os homens tornaram a pedir a Eliseu que os deixasse ir. Eliseu, diante de tanta insistência, não teve outro jeito senão deixar que fossem. E os cinquenta homens procuraram por Elias durante três dias, sem resultado. Eliseu ainda estava em Jericó quando os homens voltaram. Então disse: “Eu não falei a vocês que não fossem?” Um grupo formado das autoridades locais foi procurar Eliseu e lhe disseram: “Temos um problema. Nossa cidade, como vê, está bem localizada; porém sua água não é boa e a terra é estéril. Eliseu respondeu: “Tragam-me um prato novo cheio de sal”. Eles fizeram como ele ordenou. Eliseu, tomando o prato de sal, foi até a fonte e ali despejou o sal, dizendo: “Assim diz o Senhor: ‘Purifiquei esta água. Ela não causará mais mortes nem deixará a terra improdutiva’ ”. As águas se tornaram puras, conforme as palavras de Eliseu! E assim permanecem até hoje. Eliseu saiu de Jericó e foi para Betel. Na estrada encontrou-se com alguns jovens que vinham da cidade. Eles começaram a zombar dele, gritando: “Olha o careca! Olha o careca!”. Eliseu, olhando para trás, os amaldiçoou em nome do Senhor. Imediatamente, duas ursas ferozes saíram do bosque e despedaçaram quarenta e dois daqueles jovens. De Betel Eliseu foi para o monte Carmelo e dali voltou para Samaria. No décimo oitavo ano do reinado de Josafá em Judá, Jorão, filho de Acabe, começou a governar o povo de Israel. O seu governo durou doze anos. A capital de Israel era Samaria. Jorão fez o que era mau aos olhos do Senhor, porém seu pai e também sua mãe foram piores do que ele. Pelo menos Jorão derrubou a coluna de Baal que seu pai havia feito. Apesar disso, ele imitou o grande pecado de Jeroboão, filho de Nebate, que levou o povo de Israel a pecar. Messa, rei de Moabe, e seu povo eram criadores de ovelhas. Eles pagavam a Israel um imposto anual de cem mil cordeiros e lã de cem mil carneiros; porém, depois da morte de Acabe, o rei de Moabe se revoltou contra o rei de Israel, e não quis mais pagar o imposto. Então, naquela ocasião, Jorão, rei de Israel, diante dessa atitude, preparou o seu exército, que ficou de prontidão para lutar contra Moabe. Ele enviou esta mensagem para Josafá, rei de Judá: “Rei Josafá, o rei de Moabe se revoltou contra mim. Gostaria de saber se posso contar com o seu auxílio na guerra contra Moabe”. Josafá respondeu: “Conte comigo, rei Jorão. Os meus soldados e os meus cavalos estão às suas ordens; estaremos unidos na luta contra Moabe”. E perguntou: “Quais são os seus planos de guerra?” E Jorão respondeu: “Subiremos pelo caminho do deserto de Edom”. Então o rei de Israel partiu com os reis de Judá e de Edom. Depois de seguirem pelo deserto por sete dias, havia acabado a água, e não encontraram água para os seus soldados, nem para os seus animais. “E agora, o que vamos fazer?”, exclamou o rei de Israel. “Será que o Senhor ajuntou a nós, os três reis, para cairmos nas mãos de Moabe?” Mas Josafá, rei de Judá, perguntou: “Não há um profeta do Senhor entre nós? Se houver, podemos consultá-lo, e ele falará em nome do Senhor e nos dirá o que devemos fazer”. Então um oficial do exército de Israel respondeu: “Eliseu, filho de Safate, está aqui. Ele era discípulo do profeta Elias”. Josafá respondeu: “A palavra do Senhor está com ele”. E o rei de Judá, o rei de Israel e o rei de Edom saíram para consultar Eliseu. Porém Eliseu falou com dureza ao rei Jorão de Israel: “Nada tenho a ver com você, rei de Israel; por que não vai consultar os falsos profetas que o seu pai e a sua mãe consultavam?” O rei de Israel, porém, respondeu: “Não. Porque o Senhor é que nos chamou aqui, três reis, para entregar-nos nas mãos dos moabitas!” “Tão certo como vive o Senhor dos Exércitos, a quem sirvo, que se não fosse por respeito a Josafá, rei de Judá, aqui presente, garanto que não me incomodaria com você”, respondeu Eliseu. “Mas agora chamem um músico para tocar uma música”. E enquanto o músico tocava a harpa, o poder do Senhor veio sobre Eliseu, e ele disse: “Assim diz o Senhor: Cavem muitas e muitas cisternas neste vale. Pois assim diz o Senhor: Ninguém verá chuva nem vento, e mesmo assim este vale se encherá de água, e vocês, seus rebanhos e seus animais terão muita água para beber. Mas isto é pouco para o Senhor; ele também lhes dará a vitória sobre os moabitas! Além disso, vocês vão destruir as principais cidades de Moabe, mesmo as cidades fortificadas. Vocês destruirão com pedras as boas terras que eles têm, cortarão as boas árvores e taparão as fontes de água”. No dia seguinte, na hora em que se oferecia o sacrifício da manhã, a água veio descendo da direção de Edom e em poucos instantes havia água com fartura! Enquanto isso, os moabitas souberam que os três reis vinham contra eles. Então o rei de Moabe convocou todos os homens que podiam lutar, tanto velhos como moços, e formou um exército que se posicionou na fronteira. Mas bem cedinho, na manhã seguinte, o sol batia nas águas, e estas pareciam vermelhas como sangue. “Sangue! Sangue!”, gritaram os moabitas. “Os reis de Judá, de Israel e de Edom lutaram entre si, e mataram-se uns aos outros! É o sangue deles que corre pelos caminhos nesta direção! Vamos depressa saquear o que restou!” Quando, porém, chegaram ao acampamento inimigo, o exército israelita se levantou e atacou com fúria os moabitas, e os fez fugir. Os israelitas perseguiram os moabitas, arrasaram o território, destruíram as cidades, encheram de pedras os campos, entupiram os poços e as fontes de água, derrubaram as árvores que davam frutas, e só não destruíram o forte de Quir-Haresete; mais tarde, porém, essa fortaleza foi cercada e conquistada pelos que atiravam com fundas. Quando o rei de Moabe viu que a batalha estava perdida, reuniu setecentos dos seus homens armados de espadas e mandou atacar o rei de Edom. Mas de nada adiantou. Eles foram derrotados. Então o rei de Moabe pegou o seu filho mais velho, o que mais tarde seria rei em seu lugar, e o ofereceu em sacrifício em cima do muro da cidade. Isso trouxe grande indignação contra Israel. Por isso retiraram-se dali e voltaram para a sua terra. Certo dia, a esposa de um dos discípulos dos profetas procurou Eliseu e disse: “Seu servo, meu marido, morreu. O senhor sabe que ele era um homem temente ao Senhor. Mas agora os credores vieram cobrar as dívidas dele, e eles querem levar meus dois filhos como escravos”. “O que eu posso fazer por você?”, perguntou Eliseu. “Diga-me, o que você tem em casa?” E ela respondeu: “Não tenho nada, a não ser uma vasilha de azeite”. “Então vá a todos os vizinhos e amigos, e peça que lhe emprestem muitas vasilhas vazias!”, disse o profeta. “Depois entre em sua casa com seus filhos e feche a porta. Derrame aquele azeite que a senhora tem em cada vasilha vazia, e vá colocando de lado as que estiverem cheias!” Então ela voltou, fechou-se em casa com seus filhos, pegou sua vasilha de azeite e começou a encher as vasilhas vazias que os filhos iam trazendo, uma a uma, e ela ia enchendo e colocando de lado. Quando todas as vasilhas estavam cheias, ela disse a um dos seus filhos: “Traga mais uma vasilha”. E ele respondeu: “Já lhe entregamos todas; não há mais nenhuma”. Então o azeite parou de correr! Ela correu e foi contar ao homem de Deus. E Eliseu disse: “Agora vá, venda todo o azeite e pague as suas dívidas. Ainda vai sobrar dinheiro para você e os seus filhos viverem!” Certa vez, Eliseu passou por Suném, onde uma mulher rica e de boa posição na cidade o convidou para almoçar em sua casa. Depois disso, toda vez que Eliseu passava por ali, ele parava para comer. Um dia, essa mulher sunamita disse ao marido: “Sabe de uma coisa? Estou certa de que esse homem que vem aqui em casa de tempo em tempo é um santo homem de Deus. Vamos construir um quarto para ele, lá em cima do terraço; colocaremos uma cama, uma mesa, uma cadeira e uma lamparina para ele. Assim, quando ele passar por aqui, poderá ocupar esse quarto”. E assim fizeram. Um dia, Eliseu chegou e subiu ao quarto para descansar. Então chamou o seu servo Geazi e disse: “Geazi, chame a sunamita”. Ele a chamou, e quando ela chegou, ele pediu que o servo Geazi dissesse a ela: “Somos gratos por toda a sua bondade. O que podemos fazer em sinal de nossa gratidão? Se precisar de algum favor do rei ou do comandante do exército, pode nos procurar, que intercederemos em seu favor”. Mas a mulher respondeu: “Eu tenho tudo o que preciso aqui, no meio do meu povo”. “O que se pode fazer por ela?”, perguntou ele a Geazi logo depois. Então Geazi lembrou: “Meu senhor, essa mulher não tem filhos, e o marido dela já é idoso”. Então Eliseu disse ao servo: “Vá chamá-la outra vez”. Quando ela chegou, parou à porta do quarto do profeta. Eliseu disse à mulher: “Mulher, ouça; daqui a um ano, mais ou menos por esta época, a senhora vai ter um filho em seus braços!” Ela exclamou: “Por favor, meu senhor, homem de Deus, não minta para a sua serva”. Tudo, porém, aconteceu como Eliseu havia dito. No ano seguinte, na época anunciada, a mulher sunamita deu à luz um filho. Um dia, quando o filho já estava mais crescido, ele saiu para encontrar-se com o pai, que trabalhava na colheita com outros homens. De repente ele começou a chamar o pai, gemendo de dor: “Ai, minha cabeça!” O pai disse a um dos seus empregados: “Leve-o depressa para casa, à sua mãe”. O empregado levou o menino para casa, e a mãe o segurou no colo; mas o menino piorou, e lá pelo meio-dia morreu. A mãe, aflita, levou o corpo do filho para o quarto do profeta, e o deitou na cama; saiu, deixando a porta fechada. Ela foi depressa procurar o marido e disse: “Preciso de um servo e de uma jumenta, pois tenho de ir procurar o homem de Deus, e volto logo”. “Mas por que tem de ser hoje?”, perguntou o marido; “hoje não é dia de festa religiosa, nem sábado”. Ela, porém, respondeu: “Está tudo bem!” Ela mandou selar a jumenta e disse ao servo: “Vamos, saia depressa. Não quero parar em lugar algum, nem mesmo para descansar. Só pare quando eu mandar!” Assim ela partiu para encontrar-se com o homem de Deus no monte Carmelo. Quando a mulher se aproximava do monte Carmelo, Eliseu a viu à distância e disse a Geazi: “Veja quem vem lá! É a sunamita! Corra, Geazi, e vá encontrá-la; pergunte a ela: ‘Está tudo bem com você? Está tudo bem com o seu marido? Está tudo bem com o seu filho?’ ” Ela respondeu a Geazi: “Está tudo bem”. Ela continuou o caminho até chegar onde estava o homem de Deus, no monte. Então, curvando-se até o chão, abraçou-se aos pés do profeta. Ao ver isso, Geazi quis tirá-la dali, mas Eliseu lhe disse: “Deixe-a, Geazi; esta mulher está sofrendo muito, e o Senhor ainda não me revelou a causa do seu sofrimento”. Ela então falou: “Por acaso eu pedi um filho ao meu senhor? Não lhe pedi para que não mentisse para mim?” Eliseu, compreendendo o que havia acontecido, disse a Geazi: “Ande depressa, pegue o meu cajado, e vá sem parar pelo caminho até a casa desta mulher; quando lá chegar, toque o rosto do menino com o meu cajado”. Porém a mãe do menino exclamou: “Juro pelo nome do Senhor e por sua vida que, se o senhor ficar, não irei”. Então Eliseu acompanhou a mulher. Geazi, que havia saído antes deles, chegando à casa da sunamita, colocou o cajado de Eliseu sobre o rosto do menino, conforme o profeta havia dito, mas ele não falou nem se moveu. Então Geazi voltou para encontrar-se com Eliseu e lhe disse: “O menino não despertou”. Quando Eliseu chegou à casa, subiu ao quarto, viu o menino, morto, deitado em sua cama. Então, ele entrou, fechou a porta e ficou só com ele e orou ao Senhor. Depois deitou-se sobre o corpo do menino; colocou sua boca sobre a boca dele, seus olhos sobre os olhos dele; suas mãos sobre as mãos dele, e sentiu que aos poucos o corpo do menino começou a aquecer! Então o profeta saiu do quarto e começou a andar de lá para cá, e de cá para lá. Voltou de novo ao quarto, tornou a debruçar-se sobre o corpo do menino e repetiu o que havia feito antes. Então o menino espirrou sete vezes e abriu os olhos! Eliseu chamou Geazi, e mandou que ele trouxesse a mãe do menino. Ao chegar, ele disse a ela: “Eis aqui o seu filho!” E a mãe, ao ver o filho vivo, caiu aos pés do profeta. Então ela tomou o menino e saiu do quarto. Então Eliseu voltou para Gilgal, onde havia muita miséria e muita gente passando fome. Um dia, enquanto os discípulos dos profetas estavam reunidos com ele, chamou o seu servo e disse: “Prepare um ensopado para estes homens”. Um deles foi ao campo apanhar algumas verduras e legumes para o ensopado. Ele não conseguia encontrar aqueles vegetais; porém cortou os frutos de uma trepadeira e encheu a sua capa. Quando voltou, cortou-os em pedaços e colocou-os na panela do ensopado, embora ninguém soubesse o que eram. Mas ao provarem os primeiros bocados, os homens gritaram: “Homem de Deus, há morte na panela!” E não puderam comê-lo. “Tragam-me depressa um pouco de farinha”, disse Eliseu. E despejou a farinha na panela do ensopado. “Agora podem tomar o ensopado”, disse o profeta. “Não há mais perigo! Não há mais veneno!” E realmente, todos tomaram do ensopado, e nada de mal aconteceu a eles. Outro dia, quando estavam reunidos outra vez os jovens profetas, um homem chegou de Baal-Salisa, trazendo ao homem de Deus vinte pães de cevada feitos dos primeiros grãos de colheita, e algumas espigas verdes. Então Eliseu ordenou a Geazi: “Para a refeição de hoje temos pães e espigas verdes. Sirva a todos”. O ajudante de Eliseu perguntou: “Como vamos alimentar os cem homens que estão aqui reunidos com vinte pães e essas espigas verdes?” Eliseu, porém, disse: “Pode começar a repartir os pães e as espigas, pois assim diz o Senhor: ‘Eles comerão com fartura e ainda haverá sobra!’ ” Então ele serviu, e todos comeram e se fartaram e ainda sobrou, conforme a palavra do Senhor. Naamã, comandante do exército do rei da Síria, era muito estimado e respeitado pelo seu senhor, pois, graças a ele, o Senhor dera vitória à Síria. Ele era um herói valente. Porém ele era leproso. Numa ocasião, as tropas da Síria invadiram a terra de Israel e trouxeram de lá muitos prisioneiros. No meio deles, havia uma menina que foi levada para a casa de Naamã para ser empregada de sua mulher. Um dia a menina disse à sua patroa: “Senhora, se o meu senhor procurasse o profeta que mora em Samaria, tenho certeza de que ele o curaria da lepra!” Naamã contou ao rei, seu senhor, as palavras da menina israelita. O rei disse a Naamã: “Vá. Eu darei a você uma carta de apresentação ao rei de Israel”. E assim Naamã partiu, levando a carta e trezentos e cinquenta quilos de prata, setenta e dois quilos de ouro e dez vestimentas de festa. Ao chegar lá, entregou a carta ao rei de Israel. A carta dizia: “O portador desta carta é meu servo Naamã, que é oficial; ele é leproso, e foi até aí para ser curado”. Quando o rei de Israel terminou a leitura da carta, rasgou as suas roupas. E disse em voz alta: “O rei da Síria me mandou este homem para que eu o cure da lepra! Por acaso sou Deus, com poder de dar ou tirar a vida de alguém? Por que este homem procura um motivo para nos atacar?” Quando Eliseu, o homem de Deus, soube que o rei de Israel tinha rasgado as suas roupas e não sabia como atender à carta do rei da Síria, mandou um mensageiro com esta mensagem: “Ó rei, não é preciso toda essa aflição. Mande este homem me procurar e ele ficará sabendo que em Israel há um profeta de Deus!” Então Naamã foi com seus carros e cavalos, e parou à porta da casa de Eliseu. E Eliseu mandou um mensageiro falar com Naamã, dizendo: “Vá e lave-se sete vezes nas águas do rio Jordão, e sua pele será restaurada e você ficará completamente curado”. Mas Naamã não acreditou nessas palavras; pelo contrário, ficou indignado, e falou com os que ali estavam: “Vejam só! Mandar que eu me lave no rio Jordão! Eu esperava que ele viesse falar comigo; que moveria as mãos sobre o lugar afetado pela lepra, e oraria em nome do Senhor, o seu Deus, e ordenaria que a doença saísse do meu corpo! Mas não! Não são os rios Abana e Farfar, em Damasco, muito melhores do que todos os rios de Israel? Se é de água de rios que eu preciso para ser purificado, eu voltarei para minha terra e me tratarei lá”. E foi embora, revoltado. Mas os seus oficiais tentaram fazer Naamã mudar de ideia e lhe disseram: “ Senhor, se o profeta mandasse fazer alguma coisa difícil para curar a sua lepra, o senhor não faria imediatamente? Por que o senhor não pode apenas ir e lavar-se, como ele disse, e ser purificado?” Então Naamã concordou em obedecer às palavras do profeta. Foi até o rio Jordão e mergulhou nas águas sete vezes conforme as palavras do homem de Deus e foi purificado; depois do sétimo mergulho, viu que a pele do seu corpo estava completamente limpa, sem nenhum sinal de lepra, como de uma criança! Então Naamã voltou com toda a sua comitiva até a casa do homem de Deus. Ao chegar diante do profeta, disse: “Agora sei que só em Israel existe o Deus verdadeiro! Estou muito agradecido; por isso aceite um presente do seu servo”. Mas o profeta respondeu: “Juro pelo nome do Senhor, a quem sirvo, que não aceitarei presente algum”. “Por favor”, insistiu Naamã, “faço questão de que receba o meu presente!” Mas o profeta recusou. Naamã disse então: “Já que não aceita um presente, ao menos deixa-me levar de volta duas das minhas mulas carregadas com a terra daqui, pois de agora em diante o seu servo nunca mais oferecerá sacrifícios queimados a outro deus, a não ser ao Senhor. Há, porém, uma coisa que preciso explicar: Quando o rei, meu senhor, apoiado em meu braço, entrar no templo do deus Rimom para o seu culto de adoração, e eu também tiver de me curvar, que o Senhor perdoe o seu servo por isso”. “Vá em paz”, disse Eliseu. E Naamã começou a sua viagem de volta para casa. Mas Geazi, o servo de Eliseu, pensou: “Meu senhor, o profeta, não devia deixar ir embora esse sírio Naamã, depois de tê-lo curado, sem receber alguma coisa em troca! Juro pelo nome do Senhor que correrei atrás dele e pedirei alguma coisa por minha própria conta”. E Geazi correu para alcançar Naamã e sua comitiva. Quando Naamã, ao olhar para trás, reconheceu o moço, servo do profeta, parou o seu carro, saltou dele e foi ao encontro dele. “Está tudo bem?”, perguntou Naamã. Geazi respondeu: “Sim, tudo vai bem. Mas o meu senhor enviou-me para dizer-lhe que acabaram de chegar dois jovens, discípulos dos profetas das colinas de Efraim. Por favor, dê-lhes trinta e cinco quilos de prata e duas vestimentas de festas”. “Certamente”, falou Naamã, “faço questão de que você leve setenta quilos de prata, em vez de trinta e cinco”. Ele insistiu com Geazi para que aceitasse o presente e entregou os setenta quilos de prata em duas sacolas, além das duas vestes a dois dos seus servos, para que voltassem com Geazi e entregassem tudo ao profeta. Mas quando Geazi chegou ao pé da colina onde morava, ele disse aos empregados de Naamã: “Daqui vocês podem voltar; eu mesmo levo os presentes”. Os empregados voltaram, e Geazi guardou os presentes em sua casa. Depois disso, apresentou-se ao seu senhor. Eliseu perguntou: “Geazi, onde você esteve? De onde você vem chegando?” Geazi respondeu: “O seu servo não esteve em parte alguma”. Mas Eliseu continuou: “Geazi, você não percebe que em espírito estive com você quando Naamã desceu do carro e foi ao seu encontro? Eu sei de tudo o que você fez. Este não era o momento de aceitar prata nem roupas, nem plantações de oliveiras e de uvas, ovelhas, gado, servos e servas. Por causa do que você fez, a lepra de Naamã passará para o seu corpo e para o corpo dos seus descendentes para sempre”. E quando Geazi saiu dali, viu que seu corpo estava coberto de lepra; sua pele se tornou branca como a neve. Um dia os discípulos dos profetas disseram a Eliseu: “Mestre, como vê, o lugar onde nos reunimos é muito pequeno. Que acha de irmos até o rio Jordão onde poderemos cortar troncos para construirmos acomodações maiores?” “Está bem”, respondeu Eliseu “Podem ir”. “Então venha com os seus servos”, sugeriu um deles. “Eu irei”, disse ele. E foi com eles. Eles foram ao Jordão e começaram a derrubar as árvores. Em dado momento, enquanto um deles estava cortando um tronco, o ferro do machado escapou, caiu na água e afundou. “Meu senhor, o que faço agora?”, gritou o jovem. “O machado era emprestado!” “Onde ele caiu?”, perguntou o homem de Deus. Mostraram-lhe o lugar. Então Eliseu cortou uma vara e a jogou na água, no lugar onde o machado havia afundado. E o ferro veio à superfície da água! “Apanhe-o”, disse o profeta. E o jovem estendeu a mão e o pegou. O rei da Síria estava em guerra contra Israel. Ele reuniu-se com os seus oficiais e comandantes e disse: “Montarei o meu acampamento em tal lugar”. Imediatamente o homem de Deus mandou uma mensagem ao rei de Israel: “Não passe em tal lugar, pois os sírios estão descendo para lá”. O rei de Israel mandou soldados para investigar se realmente as tropas do rei da Síria estavam no lugar que o homem de Deus havia indicado. E viram que era verdade. Com isso eles se livraram de uma derrota. E isso aconteceu diversas vezes. O rei da Síria ficou enfurecido e convocou seus conselheiros e perguntou: “Como é que o exército de Israel descobre o lugar do nosso acampamento? Qual de vocês é o traidor? Quem esteve informando o rei de Israel sobre os meus planos?” “Não somos nós, senhor!”, respondeu um dos oficiais. Eliseu, o profeta de Israel, é quem descobre os seus planos e conta tudo ao rei de Israel, até as palavras ditas em segredo no seu quarto!” Então o rei ordenou: “Vão descobrir onde ele está, e mandaremos soldados para capturá-lo”. A informação que o rei recebeu foi esta: “Eliseu está em Dotã”. Então, uma noite, o rei da Síria mandou um grande exército, com muitos carros e cavalos, para cercar a cidade de Dotã. Quando o servo do homem de Deus se levantou bem cedo, pela manhã, viu que estavam cercados pelas tropas, carros e cavalos. “Ai, meu senhor! O que faremos agora?”, exclamou o servo a Eliseu. “Não tenha medo”, disse Eliseu. “Aqueles que estão conosco são muito maiores e muito mais fortes do que eles”. Então Eliseu orou: “Ó Senhor! Abra os olhos do meu ajudante para que ele veja!” E Deus abriu os olhos do jovem, e ele viu as colinas cobertas de cavalos e carros de fogo ao redor de Eliseu! Enquanto os soldados sírios avançavam contra a cidade, Eliseu orou ao Senhor: “Faça com que esses homens fiquem cegos!” Deus, o Senhor, respondeu à oração de Eliseu e fez com que os sírios ficassem cegos. Então Eliseu foi ao encontro dos soldados inimigos e lhes disse: “Prestem atenção! Vocês tomaram o caminho errado; e nem é esta a cidade que vocês procuram. Venham comigo e eu levarei vocês ao homem que estão procurando”. E Eliseu guiou as tropas inimigas até a cidade de Samaria! Assim que chegaram a Samaria, Eliseu orou: “Ó Senhor, abra agora os olhos de todos os soldados inimigos para que eles possam ver”. Então o Senhor abriu os olhos de todos, e eles descobriram que estavam na cidade de Samaria, a capital de Israel! Quando o rei de Israel viu que os inimigos estavam em seu poder, perguntou a Eliseu: “Ó meu pai, devo matar todos agora? Devo matá-los?” “De maneira alguma”, respondeu Eliseu. “Por acaso é costume matar prisioneiros de guerra com a espada e o arco? Pelo contrário, ofereça a eles alimento para matar a fome e água para matar a sede deles; depois, deixe que eles voltem para o seu senhor”. Então o rei ofereceu aos soldados um grande banquete. Terminando eles de comer e beber, despediu todos para as suas terras, para o seu rei. Assim as tropas sírias partiram e não voltaram mais a invadir a terra de Israel. Mais tarde, contudo, Ben-Hadade, o rei da Síria, voltou a reunir um grande exército e mandou cercar a cidade de Samaria. Com isso, houve uma grande miséria na cidade, e o povo começou a passar fome. Tudo ficou muito caro, especialmente a comida. Vendiam a cabeça de um jumento por oitenta peças de prata; até o esterco de pombos valia cinco peças de prata! Um dia, quando o rei de Israel andava pelos muros da cidade, uma mulher gritou para ele: “Ó rei, meu senhor! Ajude-me, por favor! Ajude-me!” O rei respondeu: “Se o Senhor não a ajudar, como poderei ajudá-la? Acaso há trigo na eira e vinho no tanque de prensar uvas?” Porém, ele perguntou: “Por que você está pedindo socorro?” Ela respondeu: “Esta mulher me disse: ‘Vamos matar e comer o seu filho hoje, e amanhã comeremos o seu’. Assim fizemos. Matamos ontem o meu filho, o cozinhamos e comemos a sua carne. Hoje é o dia de comermos o filho dela, mas ela escondeu seu filho!” Quando o rei ouviu as palavras da mulher, ficou horrorizado e rasgou as suas roupas em sinal de tristeza. O povo que observava essa cena notou que o rei, debaixo das vestes rasgadas, usava uma roupa feita de pano de saco grosseiro sobre a pele. E ele disse: “Que Deus me mate, se eu não cortar a cabeça de Eliseu, filho de Safate, antes do dia acabar”. Eliseu estava sentado em sua casa, reunido com os homens mais velhos de Israel, quando o rei mandou um mensageiro chamá-lo. Antes, porém, de o mensageiro chegar, Eliseu disse aos homens: “Aquele assassino está mandando um homem para cortar a minha cabeça. Quando o mensageiro chegar, fechem a porta e o deixem do lado de fora, pois o seu senhor certamente virá logo atrás dele”. Enquanto Eliseu ainda falava, o mensageiro chegou seguido pelo rei. E o rei disse: “O Senhor causou todo este mal. Como, pois, devo esperar ainda auxílio da parte do Senhor?” Então Eliseu disse: “Ouçam a palavra do Senhor! Assim diz o Senhor: ‘Amanhã, por volta desta hora, na porta de Samaria se venderão nove litros de farinha da melhor qualidade ou dezoito litros de cevada por uma peça de prata’ ”. Mas o oficial que estava auxiliando o rei disse ao homem de Deus: “Tal coisa não poderia acontecer, mesmo se o Senhor abrisse as janelas no céu!” Eliseu, porém, respondeu: “Você vai ver isso com os seus próprios olhos, mas não vai comer coisa alguma!” Ora, havia quatro homens leprosos assentados do lado de fora das portas da cidade. “Por que vamos ficar sentados aqui até morrermos?”, perguntavam os leprosos uns aos outros. Morreremos de fome se ficarmos aqui, e morreremos de fome se voltarmos para a cidade; talvez seja melhor sairmos e nos rendermos ao exército sírio. Se eles nos deixarem viver, tanto melhor; se nos matarem, de qualquer maneira teríamos de morrer. Ao anoitecer daquele dia, eles se dirigiram ao acampamento dos sírios. Quando chegaram ao acampamento, viram que não havia ninguém, pois o Senhor fez com que todo o exército sírio ouvisse o barulho de carros em alta velocidade, de cavalos correndo a galope e os sons de um grande exército que se aproximava, de modo que disseram uns aos outros: “Ouçam, o rei de Israel contratou os reis dos heteus e dos egípcios para nos atacarem”. Então, tomados de medo, eles fugiram durante a noite, abandonando suas tendas, seus cavalos, jumentos e tudo mais no acampamento. Só queriam salvar suas vidas. Quando os leprosos chegaram à entrada do acampamento, foram de uma tenda à outra comendo, bebendo vinho e levando embora a prata, o ouro e as roupas que encontravam, e saíram para esconder tudo. Por fim, disseram uns aos outros: “Isto que estamos fazendo não é certo. Este é um dia de boas notícias, e nós não podemos ficar calados! É possível que se esperarmos até o amanhecer, caia sobre nós alguma calamidade”. Então voltaram à cidade, chamaram os guardas da porta da cidade e disseram: “Entramos no acampamento dos sírios e não vimos nem ouvimos ninguém lá! Os cavalos e os jumentos estavam amarrados e as tendas estavam todas em ordem, mas não havia uma alma viva por ali”. Então os guardas gritaram, anunciando a notícia aos que estavam no palácio. O rei se levantou e disse aos seus oficiais: “Eu sei o que aconteceu. Os sírios sabem que estamos morrendo de fome, por isso eles saíram do acampamento e se esconderam pelos campos, pensando: ‘Com certeza eles sairão, e então os pegaremos vivos e conquistaremos a cidade’ ”. Um dos seus oficiais respondeu: “Seria melhor que mandássemos alguns espias para ver. Eles podem pegar cinco dos cavalos restantes da cidade, e se acontecer alguma coisa aos animais, não será nada pior do que se eles ficarem aqui e morrerem com o resto de nós! Por isso, vamos enviá-los para descobrir o que aconteceu”. Assim que encontraram dois carros de guerra com seus cavalos, o rei os enviou para ver onde o exército sírio tinha ido, ordenando aos condutores: “Vão e descubram o que aconteceu”. Eles seguiram um rastro do exército e encontraram roupas e equipamentos por todo o caminho, até o rio Jordão. Na pressa de fugir, os sírios deixaram para trás essas roupas e esses equipamentos. Então os espias voltaram e contaram ao rei o que viram. Assim, o povo de Samaria correu e saqueou o acampamento dos sírios. E assim puderam vender nove litros de farinha da melhor qualidade e dezoito litros de cevada, naquele dia, pelo preço de uma peça de prata, exatamente como o Senhor havia dito! O rei tinha nomeado seu principal ajudante para dirigir o movimento no portão de entrada, porém naquela correria de gente, esse ajudante foi derrubado, pisado e morto. Eliseu havia predito isso no dia anterior, quando o rei foi prendê-lo. E aconteceu conforme o homem de Deus havia dito ao rei: “Amanhã, por volta dessa hora, na porta de Samaria, uma medida de farinha da melhor qualidade e duas medias de cevada serão vendidas por uma peça de prata!” O oficial do rei tinha respondido: “Tal coisa não poderá acontecer, nem mesmo se o Senhor abrisse as janelas no céu!” E o homem de Deus havia respondido: “Você vai ver isso com os seus próprios olhos, mas não vai comer coisa alguma!” E foi o que aconteceu, pois o povo o derrubou, e ele foi pisoteado junto ao portão da cidade, e morreu. Eliseu falou àquela mulher cujo filho ele tinha ressuscitado: “Pegue a sua família e se mude para algum outro país, porque o Senhor determinou fome para esta terra de Israel, e esta fome vai durar sete anos”. Obedecendo à palavra do homem de Deus, a mulher pegou sua família e foi morar na terra dos filisteus, onde permaneceu durante sete anos. Depois de sete anos, ela voltou à terra de Israel e foi procurar o rei, para readquirir a sua casa e sua terra. No momento em que ela entrou, o rei estava conversando com Geazi, o criado de Eliseu, e dizia: “Conte-nos todas as grandes obras que Eliseu tem feito”. Enquanto Geazi contava ao rei a respeito da ocasião em que Eliseu tinha ressuscitado um menino, a própria mãe do menino entrou para apresentar ao rei o seu pedido de devolução da sua casa e da sua propriedade. “Esta é a mulher, ó rei, meu senhor!”, exclamou Geazi, “e este é o filho dela, a quem Eliseu ressuscitou!” “É verdade isso que ele está contando?”, o rei perguntou a ela. E ela lhe disse que era verdade. Então ele deu ordens a um dos seus oficiais para fazer com que tudo quanto ela havia possuído lhe fosse devolvido, e mais a renda das colheitas desde que ela havia saído do país. Mais tarde Eliseu foi a Damasco, capital da Síria, onde o rei Ben-Hadade estava doente. Quando disseram ao rei: “O homem de Deus está na cidade”, ele disse a Hazael: “Leve um presente para o homem de Deus, e quando você o encontrar, peça a ele que pergunte ao Senhor se eu vou me recuperar dessa doença”. Hazael foi encontrar-se com Eliseu, levando consigo quarenta camelos carregados com os melhores produtos da terra como presente para Eliseu. E ao chegar diante dele, Hazael disse ao profeta: “Seu filho Ben-Hadade, o rei da Síria, me enviou para perguntar-lhe se ele vai ficar bom”. Eliseu respondeu: “Pode dizer a ele: ‘Certamente você vai se recuperar’, porém o Senhor me revelou que de fato ele vai morrer!” Eliseu olhou firmemente para Hazael, e olhou tão firme que ele ficou embaraçado. Então o homem de Deus começou chorar. “Por que o meu senhor está chorando?”, perguntou-lhe Hazael. Eliseu respondeu: “Porque sei as coisas terríveis que você vai fazer ao povo de Israel. Você vai queimar as suas fortalezas, vai matar os jovens à espada, vai esmagar as crianças contra as rochas e vai rasgar os ventres das mulheres grávidas”. “Como o seu servo, que não passa de um cão, poderia agir assim?” perguntou-lhe Hazael. “Eu nunca praticaria essas barbaridades”. Eliseu, porém, respondeu: “O Senhor me mostrou que você se tornará o rei da Síria”. Quando Hazael voltou, o rei perguntou a ele: “O que Eliseu disse a você?” “Ele me disse que o rei certamente se recuperará”, respondeu Hazael. Mas no dia seguinte, Hazael pegou um cobertor, mergulhou-o na água e depois o segurou firme sobre o rosto do rei, até que ele morreu sufocado. E Hazael passou a reinar em lugar de Ben-Hadade. No quinto ano do reinado de Jorão, filho de Acabe, em Israel, e sendo Josafá ainda rei em Judá, Jeorão, seu filho, começou a reinar em Judá. Jeorão estava com trinta e dois anos de idade quando começou a reinar, e reinou durante oito anos em Jerusalém. Porém ele era tão perverso quanto a família de Acabe e os outros reis de Israel; chegou a casar-se com uma das filhas de Acabe, e fez o que era mau aos olhos de Deus. Apesar de tudo isso, porque havia feito uma aliança com o seu servo Davi, o Senhor não quis destruir Judá, pois havia prometido que seus descendentes sempre seriam reis. No reinado de Jeorão, o povo de Edom se revoltou contra Judá e escolheu seu próprio rei. O rei Jeorão tentou esmagar a revolta, mas não conseguiu. Ele atravessou o rio Jordão e atacou a cidade de Zair, mas foi cercado imediatamente pelo exército de Edom com seus carros de guerra. Protegido pela escuridão da noite, atacou os soldados edomitas, e seu exército conseguiu fugir para casa. De modo que Edom tem mantido a sua independência até hoje. Libna também se rebelou nessa ocasião e tornou-se independente. Os demais acontecimentos da história do rei Jeorão estão escritos no Livro da História dos Reis de Judá. Jeorão morreu e foi sepultado com os seus antepassados na Cidade de Davi. Então seu filho Acazias se tornou seu sucessor. No décimo segundo ano do reinado de Jorão, filho de Acabe, em Israel, Acazias, filho de Jeorão, começou a reinar em Judá. Acazias estava com vinte e dois anos de idade quando começou a reinar, porém só reinou um ano em Jerusalém. Sua mãe se chamava Atalia, neta de Onri, rei de Israel. Ele andou nos caminhos dos filhos do rei Acabe, pois se tornou genro de Acabe. Acazias se juntou a Jorão, filho de Acabe, rei de Israel, e saiu à guerra contra Hazael, rei da Síria, em Ramote. O rei Jorão foi ferido na batalha, por isso ele foi para Jezreel, para tratar dos ferimentos sofridos em Ramote. Enquanto ele estava lá, Acazias, filho de Jeorão, rei de Judá, foi visitá-lo. Enquanto isso, o profeta Eliseu chamou um dos discípulos dos profetas e disse a ele: “Apronte-se para ir a Ramote-Gileade. Leve consigo sete vasos de óleo. Quando chegar lá, procure Jeú, filho de Josafá, filho de Ninsi. Chame-o a uma sala em particular, sem a presença dos amigos, depois pegue o vaso, e derrame o óleo sobre a cabeça dele e declare: ‘Assim diz o Senhor: Eu o estou ungindo rei sobre Israel’. Depois feche a porta e saia de lá o mais rápido possível!” Conforme lhe foi ordenado, assim fez o profeta. Quando chegou a Ramote-Gileade, encontrou Jeú sentado com os outros comandantes do exército e disse: “Tenho uma mensagem para o senhor, comandante”, disse ele. “Para qual de nós?”, perguntou Jeú. “Para o senhor”, o jovem respondeu. Então Jeú deixou os outros companheiros e entrou na casa, e o profeta derramou o óleo sobre a cabeça de Jeú, dizendo: “Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: ‘Eu o estou ungindo rei de Israel, o povo do Senhor. Você deve destruir a família de Acabe, seu servo; vingará o assassinato dos meus profetas, meus servos, e do sangue de todos os servos do Senhor, derramado por Jezabel. Toda a família de Acabe deve ser liquidada — todos do sexo masculino, seja escravo ou livre. Destruirei a família de Acabe como destruí as famílias de Jeroboão, filho de Nebate, e de Baasa, filho de Aías. Os cães comerão Jezabel, esposa de Acabe, em Jezreel, e ninguém a sepultará’ ”. Depois ele abriu a porta e saiu correndo. Jeú voltou a se reunir com os outros comandantes, e um deles lhe perguntou: “Está tudo bem? O que esse louco queria?” Jeú respondeu: “Vocês sabem muito bem quem ele era, e o que queria!” “Não, não sabemos”, disseram. “Conte-nos o que aconteceu”. Então Jeú lhes contou o que o homem tinha dito, e que ele tinha sido ungido para ser o rei de Israel! Imediatamente eles tiraram suas capas e forraram os degraus onde ele pisava. Eles tocaram trombeta e gritaram: “Jeú é rei!” Foi assim que Jeú, filho de Josafá e neto de Ninsi, se rebelou contra o rei Jorão. O rei Jorão havia estado com o exército em Ramote-Gileade, defendendo Israel contra as forças de Hazael, rei da Síria. O rei Jorão tinha voltado a Jezreel para recuperar-se dos ferimentos sofridos na batalha contra Hazael, rei da Síria. Jeú propôs aos homens que estavam com ele: “Já que vocês me querem como rei, não deixem que ninguém escape da cidade e vá nos denunciar em Jezreel”. Então Jeú subiu em seu carro, e ele mesmo foi a Jezreel para encontrar-se com o rei Jorão, que estava ali ferido. Acazias, rei de Judá, também estava lá, pois tinha ido visitar Jorão. O vigia da torre de Jezreel viu Jeú e seu grupo que se aproximavam, e gritou: “Alguém está chegando com uma tropa”. “Mande um cavaleiro ao encontro deles e descubra se é amigo ou inimigo”, respondeu Jorão. Então um mensageiro saiu a encontrar-se com Jeú e disse: “O rei quer saber se você vem em missão de paz?” Jeú respondeu: “O que você sabe a respeito de paz? Saia da minha frente!” O vigia relatou ao rei: “O mensageiro se encontrou com eles, porém não está voltando”. Então o rei enviou outro cavaleiro. Ele avançou na direção deles e disse: “O rei pergunta: Vocês vêm em missão de paz?” Jeú respondeu: “O que você entende de paz? Saia da minha frente!” O vigia relatou: “Ele chegou a eles, mas também não está voltando!” E acrescentou: “Pelo jeito de guiar o carro, deve ser Jeú, neto de Ninsi. Ele dirige furiosamente”. “Depressa! Apronte-me um carro!” ordenou o rei Jorão. Então Jorão, rei de Israel, e Acazias, rei de Judá, saíram para encontrar-se com Jeú. Eles o encontraram na propriedade que pertencia a Nabote. Quando Jorão viu Jeú, perguntou: “Você vem em missão de paz, Jeú?” Jeú respondeu: “Como pode haver paz, enquanto as maldades e feitiçarias praticadas por sua mãe Jezabel continuarem?” Então o rei Jorão puxou as rédeas dos cavalos, deu meia-volta no carro e fugiu. E enquanto fugia, gritava para o rei Acazias: “Há traição, Acazias!” Então Jeú esticou o seu arco com toda a força e atirou contra Jorão; a flecha o acertou nas costas, entre os ombros, e atravessou o coração, e ele caiu morto no seu carro. Jeú disse a Bidcar, seu ajudante: “Jogue o corpo dele no campo de Nabote de Jezreel, pois uma vez, quando você e eu íamos atrás do pai dele, Acabe, o Senhor revelou esta profecia: ‘Ontem vi o sangue de Nabote e de seus filhos, diz o Senhor, e certamente farei você pagar por isso nesta mesma propriedade, diz o Senhor ’. Por isso, jogue o corpo dele no campo de Nabote, conforme a palavra do Senhor ”. Enquanto isso, Acazias, rei de Judá, havia fugido pela estrada que vai a Bete-Hagã. Mas Jeú foi atrás dele, gritando: “Matem-no também!” E os soldados atiraram nele, em seu carro, no local onde a estrada sobe para Gur, perto de Ibleão, mas Acazias conseguiu refugiar-se em Megido, onde morreu. Seus oficiais levaram o seu corpo de carro para Jerusalém, onde o sepultaram com seus antepassados na Cidade de Davi. O reinado de Acazias sobre Judá começou no décimo primeiro ano do reinado de Jorão, filho de Acabe. Quando Jezabel soube que Jeú havia chegado a Jezreel, pintou os olhos, arrumou os cabelos e se sentou à janela do palácio. Quando Jeú entrou pelo portão do palácio, ela gritou para ele: “Como vai, Zinri? Você assassinou o seu senhor!” Ele olhou para cima e viu que ela estava na janela, então gritou: “Quem está do meu lado?” E dois ou três homens de confiança no palácio olharam para ele. Então Jeú ordenou: “Joguem essa mulher para baixo!” E eles a jogaram pela janela; o sangue de Jezabel espirrou pela parede e nos cavalos, e ela foi pisoteada pelas patas dos cavalos de Jeú. Jeú entrou no palácio, comeu, bebeu e ordenou: “Convém que alguém vá sepultar essa maldita mulher; afinal ela era filha de rei”. Mas quando saíram para sepultá-la, só encontraram a caveira, os pés e as mãos. Então voltaram e contaram a Jeú o que havia acontecido. E Jeú disse: “É exatamente o que o Senhor disse que ia acontecer, por meio do seu servo Elias, o tesbita, que os cães comeriam a carne dela, e que seu corpo se espalharia como esterco no campo de Jezreel, de maneira que ninguém poderia dizer: ‘É Jezabel’ ”. Então Jeú escreveu uma carta para os administradores e autoridades da cidade de Samaria, e para os responsáveis pelos setenta filhos de Acabe, que moravam ali. A carta dizia: “Ao receberem esta carta, vocês que cuidam dos filhos do rei e que têm carros de guerra e cavalos, uma cidade fortificada e armas, escolham o melhor e o mais digno dos filhos de Acabe para que reine sobre vocês; preparem-se, também, para lutar pelo trono dele”. Mas eles ficaram com grande medo de fazer isso. “Se dois reis não foram capazes de resistir a este homem, o que nós podemos fazer?”, disseram. Então, o administrador dos negócios do palácio e o prefeito da cidade, juntamente com as autoridades locais e os responsáveis pelos filhos de Acabe, mandaram esta mensagem a Jeú: “Jeú, somos seus servos e faremos tudo o que você nos ordenar. Não proclamamos nenhum rei. Faça o que achar melhor”. Então Jeú escreveu outra carta a eles, na qual dizia: “Se vocês estão do meu lado e estão prontos a me obedecer, então me tragam, amanhã a esta hora, as cabeças dos filhos do seu senhor; eu estarei esperando em Jezreel”. Esses setenta filhos do rei Acabe moravam nas casas das autoridades da cidade, onde foram criados desde a infância. Quando receberam a carta, fizeram o que ela ordenava: Mataram os setenta filhos de Acabe, puseram as suas cabeças em cestos e as levaram a Jeú em Jezreel. Um mensageiro informou a respeito das cabeças, e Jeú ordenou: “Façam com elas dois montões junto à porta de entrada da cidade, para que fiquem expostas lá até a manhã seguinte”. Na manhã seguinte, Jeú saiu e falou à multidão que se havia reunido em torno das cabeças. “Vocês não têm culpa disso”, falou ele ao povo. “Eu conspirei contra meu senhor e o matei, porém não matei os seus filhos! O Senhor fez isso, pois tudo quanto ele diz, ele cumpre. O Senhor declarou, por intermédio do seu servo Elias, que isto aconteceria aos filhos de Acabe”. Depois Jeú matou o restante dos membros da família de Acabe que estava em Jezreel, bem como todos os seus oficiais de influência, seus amigos pessoais e os seus sacerdotes particulares. Por fim, não sobrou ninguém dos que tinham sido próximos do rei Acabe. Então Jeú partiu para Samaria, e passou a noite numa estalagem de pastor que havia no caminho, em Bete-Equede. Enquanto estava ali, encontrou alguns parentes de Acazias, rei de Judá. E perguntou: “Quem são vocês?” Eles responderam: “Somos parentes do rei Acazias. Vamos a Samaria visitar os filhos do rei Acabe e da rainha-mãe, Jezabel”. “Agarrem esses homens”, Jeú ordenou aos seus soldados. Ele os levou para junto do poço de Bete-Equede e matou todos os quarenta e dois. Ao deixar a estalagem, encontrou-se com Jonadabe, filho de Recabe, que vinha encontrar-se com Jeú. Depois de se cumprimentarem, Jeú perguntou a ele: “Você é leal para comigo como sou leal com você?” “Sim”, respondeu Jonadabe. “Então dê-me a sua mão”, disse Jeú, e o ajudou a subir no carro real. “Agora venha comigo”, disse-lhe Jeú, “e veja como tenho sido zeloso para com o Senhor ”. Então Jonadabe o acompanhou. Quando Jeú chegou a Samaria, matou todos os que restavam da família de Acabe, na cidade, exatamente como Elias havia anunciado, falando em nome do Senhor. Então Jeú mandou chamar todo o povo da cidade para uma reunião, e disse a eles: “Acabe não adorou Baal o bastante, em comparação com como eu vou adorá-lo! Por isso, mandem chamar todos os profetas e sacerdotes de Baal, e reúnam todos os seus adoradores. Vejam que todos eles venham, porque nós, os adoradores de Baal, vamos fazer um grande sacrifício a Baal. Qualquer dos adoradores de Baal que não comparecer será morto”. Porém Jeú estava agindo traiçoeiramente, a fim de acabar com todos os ministros de Baal. Jeú ordenou: “Convoquem uma grande assembleia em honra a Baal”. A convocação foi feita, e ele enviou mensageiros a todo o Israel. Todos os adoradores de Baal vieram; nem um deles faltou. Eles encheram o templo de Baal, desde uma extremidade até a outra. Ao encarregado da sala de vestimentas, Jeú deu esta instrução: “Veja bem que todos os adoradores usem uma das vestimentas especiais”. E assim foi feito. Então Jeú e Jonadabe, filho de Recabe, entraram no templo de Baal para falar ao povo que ali estava: “Examinem bem para ter certeza de que estejam aqui somente aqueles que adoram Baal; não deixem entrar ninguém dos que adoram o Senhor!” Quando os sacerdotes de Baal começaram a oferecer sacrifícios e a queimar as ofertas, Jeú cercou o templo com oitenta dos seus homens, e disse a eles: “Se algum de vocês deixar escapar alguém, pode estar certo de que vai pagar com a própria vida por isso”. Assim que acabou de sacrificar as ofertas queimadas, Jeú saiu e disse aos seus oficiais e soldados: “Agora entrem e matem todos eles; não deixem que nenhum escape”. E eles mataram todos com a espada, e arrastaram os seus corpos para fora. E os homens de Jeú entraram no santuário interior do templo de Baal, arrastaram a coluna sagrada usada para adoração de Baal, e puseram fogo nela. Derrubaram o templo e o transformaram em sanitários para uso público, até o dia de hoje. Dessa maneira, Jeú não deixou nem vestígio de Baal em Israel. Contudo, ele não destruiu os bezerros de ouro que estavam em Betel e em Dã, não se afastando dos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, pois levou Israel a pecar ao adorar os bezerros de ouro. Mais tarde, o Senhor disse a Jeú: “Você fez bem em seguir as minhas instruções para destruir toda a família de Acabe. Por causa disso, farei com que seus descendentes ocupem o trono de Israel até a quarta geração”. Mas Jeú não seguiu o Senhor, o Deus de Israel, de todo o seu coração, nem se afastou dos pecados que Jeroboão havia feito o povo cometer no passado. Naquele tempo, o Senhor começou a diminuir o território de Israel. O rei Hazael conquistou diversas partes do país a leste do rio Jordão, e também conquistou toda a região de Gileade, de Gade e de Rúben; também conquistou partes de Manassés desde o rio Aroer, no vale de Arnom, e toda a região de Gileade e Basã. Os demais acontecimentos de Jeú estão registrados no Livro da História dos Reis de Israel. Morreu Jeú e foi sepultado em Samaria; e seu filho Jeoacaz se tornou o novo rei. No total, Jeú reinou como rei de Israel, em Samaria, durante vinte e oito anos. Quando Atalia, mãe de Acazias, rei de Judá, soube que seu filho estava morto, matou todos os filhos dele, e só não conseguiu matar seu filho Joás. Joás foi salvo por sua tia Jeoseba, que era irmã do rei Acazias, pois ela era filha do rei Jorão, pai de Acazias. Ela pegou o menino entre os filhos do rei que estavam para ser assassinados, e escondeu o menino com sua babá num depósito que havia no templo. Jeoseba cuidou do menino e o manteve escondido no templo por seis anos, enquanto Atalia reinava como rainha. No sétimo ano do reinado da rainha Atalia, o sacerdote Joiada mandou chamar os oficiais da guarda do palácio e os guarda-costas da rainha. Eles se encontraram no templo do Senhor. Então Joiada fez que jurassem concordando com o que ele havia planejado. Depois mostrou a eles o filho do rei. Então lhes deu estas instruções: “Este é o trabalho que vocês vão fazer: Uma terça parte dos que entrarem de serviço no sábado deve vigiar o palácio real, a outra na porta de Sur, e a terceira parte ficará no portão, atrás dos outros guardas. As outras duas companhias, que normalmente saem de serviço no sábado, ficarão de guarda do templo junto ao rei, de armas na mão. Matem todo aquele que tentar romper a defesa. Não saiam de perto do rei, em momento algum”. Assim os oficiais seguiram as instruções de Joiada. Trouxeram à presença de Joiada os homens que iam deixar o serviço do sábado, e aqueles que iam entrar de serviço; ele os armou com lanças e escudos que estavam guardados no depósito do templo do Senhor; essas armas haviam pertencido ao rei Davi. Os guardas, de armas na mão, se colocaram de uma ponta até a outra do santuário, e cercavam o altar, para proteger o novo rei, desde o lado sul até o lado norte do templo. Joiada então trouxe para fora Joás, o filho do rei, e colocou a coroa na cabeça dele e lhe deu uma cópia da aliança. Depois derramou óleo sobre a cabeça dele e o proclamou rei, enquanto o povo aplaudia e exclamava: “Viva o rei!” Quando Atalia ouviu todo esse barulho, correu para o templo do Senhor, onde estava o povo, e viu o novo rei junto à coluna, como era costume nas cerimônias de coroação, cercado pelos oficiais da guarda e pelos tocadores de trombeta; e todos se alegravam com o som das trombetas. “Traição! Traição!”, gritava a rainha, e começou a rasgar a sua roupa como sinal de desespero. Joiada ordenou aos líderes dos batalhões de cem que comandavam as tropas: “Tirem essa mulher daqui. E matem-na à espada, porém não a matem aqui dentro do templo. Matem todo aquele que tentar salvá-la”. Então eles a arrastaram para os estábulos do palácio e a mataram ali. Joiada fez uma aliança entre o Senhor, o rei e o povo, de que eles seriam o povo do Senhor; também fez um acordo entre o rei e o povo. Todo o povo se dirigiu para o templo de Baal e o derrubou. Quebraram os altares, as imagens e mataram Matã, sacerdote de Baal, em frente dos altares. O sacerdote Joiada pôs guardas no templo do Senhor. Depois levou os oficiais de cem, a guarda, e todo o povo e juntos conduziram o rei desde o templo, passando pela casa da guarda, até o palácio. E Joás sentou-se no trono real. E todo o povo se alegrou por isso; e a cidade voltou à calma, depois da morte de Atalia à espada no palácio. Joás tinha sete anos de idade quando se tornou rei. No sétimo ano do reinado de Jeú em Israel, Joás começou a reinar sobre Judá. Reinou em Jerusalém durante quarenta anos. Sua mãe se chamava Zíbia; ela era de Berseba. Joás fez o que o Senhor aprova enquanto ele seguia as instruções do sacerdote Joiada. Mesmo assim, não destruiu os altares idólatras que havia nas colinas. O povo ainda oferecia sacrifícios e queimava incenso ali. Um dia o rei Joás ordenou ao sacerdote Joiada: “O edifício do templo está precisando de alguns consertos. Vamos fazer assim: Sempre que alguém trouxer uma contribuição para o Senhor, seja por tributação regular ou donativo especial, o dinheiro será usado para fazer os consertos necessários. Cada sacerdote deve recolher a oferta de um dos tesoureiros para que seja usada na reforma do templo”. Mas aconteceu que no vigésimo terceiro ano do reinado de Joás, os sacerdotes ainda não haviam feito as reformas. Então Joás chamou Joiada e os outros sacerdotes e perguntou a eles: “Por que até agora vocês não fizeram nenhuma reforma no templo? De agora em diante vocês não podem mais usar dinheiro para suas próprias necessidades; todo o dinheiro que entrar deve ser gasto para a reforma do templo”. Diante disso, os sacerdotes concordaram em formar um fundo especial, e o dinheiro destinado a esse fundo não passaria pelas mãos deles, para que não fosse aplicado em atender às suas necessidades pessoais. O sacerdote Joiada fez uma abertura na tampa de uma grande caixa e colocou essa caixa ao lado direito do altar, na entrada do templo do Senhor. Ali os sacerdotes que tomavam conta da entrada colocavam todas as contribuições do povo. Sempre que se enchia a caixa, o secretário das finanças do rei e o sumo sacerdote contavam o dinheiro e o colocavam em sacos. Depois de pesarem a prata, a entregavam aos supervisores do trabalho da reforma do templo, para pagar os carpinteiros, os construtores, os pedreiros, os cortadores de pedra, os fornecedores de madeira e as pedras lavradas para os consertos do templo do Senhor, além de outras despesas necessários para a reforma. A prata trazida ao templo não era usada para comprar taças de prata, nem cortadores de pavios, nem bacias, nem trombetas, ou qualquer outro artigo desse tipo de ouro ou de prata para o templo do Senhor; mas apenas para pagamento dos trabalhadores e nos consertos da casa do Senhor. Também não se pedia que os dirigentes da construção, que pagavam os trabalhadores, prestassem contas das despesas, pois todos eles eram homens honestos e fiéis. Contudo, a prata pela oferta pela culpa e a prata das ofertas pelos pecados eram entregues aos sacerdotes, para o uso pessoal deles. Essa prata não era depositada na caixa do templo do Senhor. Mais ou menos nessa ocasião, Hazael, rei da Síria, fez guerra contra Gate e a conquistou; depois ele marchou para Jerusalém, a fim de atacar a cidade. Então o rei Joás, rei de Judá, pegou todos os objetos sagrados que os reis anteriores de Judá, Josafá, Jeorão e Acazias, haviam consagrado ao Senhor, e também tudo o que ele mesmo havia consagrado, e todo o ouro que havia nos cofres do templo e do palácio, e mandou tudo isso para Hazael, rei da Síria. Diante disso, Hazael retirou-se e não atacou Jerusalém. Os demais acontecimentos da história de Joás estão registrados no Livro da História dos Reis de Judá. Mas os seus oficiais tramaram um plano contra ele, e o assassinaram na sua residência real em Bete-Milo, na estrada que vai para Sila. Os oficiais que o assassinaram foram Jozacar, filho de Simeate, e Jeozabade, filho de Somer; ambos eram homens de confiança do rei. Joás foi sepultado no cemitério real em Jerusalém, e seu filho Amazias reinou em seu lugar. No vigésimo terceiro ano do reinado de Joás, filho de Acazias, em Judá, Jeoacaz, filho de Jeú começou o seu reinado de dezessete anos sobre Israel, em Samaria. Mas ele fez o que era mau aos olhos do Senhor, seguindo os caminhos perversos de Jeroboão, filho de Nebate, que havia feito Israel pecar. Ele não se afastou desses maus caminhos. Por isso o Senhor ficou irado com Israel e permitiu repetidas vezes que Hazael, rei da Síria, e seu filho Ben-Hadade atacassem e conquistassem o povo de Israel. Então Jeoacaz orou ao Senhor pedindo o seu auxílio, e o Senhor atendeu às suas orações, porque viu que o rei da Síria estava oprimindo demais o povo de Israel. Por isso o Senhor preparou um libertador para Israel, e o povo escapou dos maus-tratos dos sírios. E Israel viveu em segurança outra vez, como havia vivido em outros tempos. Porém, eles continuaram a pecar, seguindo os maus caminhos de Jeroboão; e continuaram a adorar o poste-ídolo em Samaria. Por fim o exército de Jeoacaz ficou reduzido a cinquenta soldados de cavalaria, dez carros, e dez mil soldados de infantaria, porque o rei da Síria destruiu os outros, como se eles fossem pó debaixo dos seus pés. Os demais acontecimentos da história de Jeoacaz estão registrados no Livro da História dos Reis de Israel. Jeoacaz morreu e foi sepultado em Samaria com seus antepassados, e seu filho Jeoás foi seu sucessor, e reinou em Samaria durante dezesseis anos. Ele chegou ao trono no trigésimo sétimo ano do reinado de Joás em Judá. Mas ele fez o que era mau aos olhos do Senhor, porque agiu da mesma maneira que Jeroboão, filho de Nebate, fazendo o povo pecar. Ele não se afastou desses maus caminhos. Os demais acontecimentos da história de Jeoás, inclusive suas guerras contra Amazias, rei de Judá, estão escritos no Livro da História dos Reis de Israel. Jeoás morreu e foi sepultado com seus antepassados em Samaria. Jeroboão veio a ser o novo rei. Quando Eliseu estava doente da enfermidade da qual morreria, Jeoás, rei de Israel, foi visitá-lo e chorou ao ver o estado em que o profeta se encontrava, e disse: “Meu pai! Meu pai! O senhor é como carros e cavaleiros de Israel!” E Eliseu disse ao rei: “Traga um arco e algumas flechas”. E ele fez isso. “Pegue o arco em suas mãos”, disse ao rei de Israel. Eliseu colocou as suas mãos sobre as mãos do rei. “Abra a janela que dá para o leste”, disse o profeta. “Atire!”, ordenou Eliseu, e o rei atirou. Eliseu declarou então: “Esta é a flecha do Senhor, vitoriosa sobre o rei da Síria; pois você conquistará completamente os sírios em Afeque”. E Eliseu acrescentou: “Agora apanhe as outras flechas e atire-as contra o chão”. O rei apanhou as flechas e atirou três vezes contra o chão. Mas o profeta ficou irado com ele. “Você devia ter atirado contra o chão cinco ou seis vezes”, exclamou, “pois então teria ferido os sírios até que eles ficassem completamente destruídos. Mas agora você será vitorioso somente três vezes”. Então Eliseu morreu e foi sepultado. Naqueles dias havia algumas tropas moabitas que costumavam invadir a terra todos os anos, na primavera. Certa vez, alguns homens que estavam sepultando um amigo viram esses bandidos; então, mais que depressa, jogaram o defunto no túmulo de Eliseu e fugiram. E logo que o corpo tocou os ossos de Eliseu, o morto voltou à vida e se levantou! Durante todo o reinado de Jeoacaz, Hazael, o rei da Síria, oprimiu o povo de Israel. Porém o Senhor teve misericórdia do povo de Israel, e eles não foram totalmente destruídos por causa da aliança que havia feito com Abraão, Isaque e Jacó. E ele continuou cumprindo essa aliança. Morreu Hazael, rei da Síria, e seu filho Ben-Hadade reinou em seu lugar. O rei de Israel, Jeoás, filho de Jeoacaz, teve muito êxito nas três ocasiões em que reconquistou cidades que seu pai havia perdido para Ben-Hadade. No segundo ano do reinado de Jeoás em Israel, o rei Amazias começou o seu reinado sobre Judá. Nesse tempo, Amazias estava com vinte e cinco anos de idade, e durante vinte e nove anos reinou em Jerusalém. Sua mãe se chamava Jeoadã, natural de Jerusalém. Ele fez o que era bom aos olhos do Senhor, embora não fosse como seu antepassado Davi; mas seguiu o exemplo do seu pai Joás. Todavia, Amazias não destruiu os altares nos altos das colinas, por isso o povo ainda sacrificava e queimava incenso ali. Logo que percebeu que tinha controle sobre o reino, matou os homens que haviam assassinado o rei, seu pai. Porém, não matou os filhos desses homens, pois o Senhor havia determinado pela Lei de Moisés que os pais não seriam mortos por causa dos pecados dos filhos, nem os filhos seriam mortos pelos pecados dos seus pais; cada um deveria sofrer o castigo pelos seus próprios pecados. Uma vez Amazias matou dez mil edomitas no vale do Sal. Além disso, ele conquistou a cidade de Selá e mudou o nome desse lugar para Jocteel, como se chama até o dia de hoje. Um dia ele mandou mensageiros ao rei Jeoás, filho de Jeoacaz e neto de Jeú, rei de Israel, desafiando aquele rei a reunir o seu exército e vir lutar contra ele. Mas o rei Jeoás respondeu: “O espinheiro do Líbano enviou uma mensagem ao poderoso cedro do Líbano: ‘Dê a sua filha por esposa ao meu filho’. Mas exatamente nesse momento passava por ali um animal selvagem e pisoteou o espinheiro! Você destruiu Edom e está muito orgulhoso por isso; porém o meu conselho é que você se contente com a sua glória e fique em sua casa! Por que provocar desgraça, tanto para você como para Judá?” Mas Amazias não quis ouvir o seu conselho, e Jeoás, rei de Israel, reuniu o seu exército e o atacou. A batalha entre Jeoás, rei de Israel, e Amazias, rei de Judá, começou em Bete-Semes, uma das cidades de Judá. Judá foi derrotado por Israel, e o exército fugiu, indo cada um para sua casa. O rei Amazias, filho de Joás, neto de Acazias, foi preso por Jeoás, em Bete-Semes. Então Jeoás e o exército de Israel marcharam para Jerusalém e derrubaram o muro desde a Porta de Efraim até a Porta da Esquina, uma distância de cerca de cento e oitenta metros. O rei Jeoás fez muitas pessoas reféns; levou todo o ouro e a prata dos utensílios dos cofres do templo do Senhor e dos depósitos do palácio real. Em seguida voltou para Samaria. Os demais acontecimentos da história de Jeoás e de sua guerra com Amazias, rei de Judá, estão registrados no Livro da História dos Reis de Israel. Jeoás morreu e foi sepultado junto aos outros reis de Israel em Samaria. E seu filho Jeroboão reinou em seu lugar. Amazias, filho de Joás, rei de Judá, viveu ainda mais quinze anos depois da morte de Jeoás, filho de Jeoacaz, rei de Israel. Os demais acontecimentos da história de sua vida estão registrados no Livro da História dos Reis de Judá. Em Jerusalém, tramaram contra a vida dele, e ele teve de fugir para Láquis; mas seus inimigos mandaram assassinos atrás dele e o mataram ali. Seu corpo foi trazido de volta sobre cavalos, e ele foi sepultado em Jerusalém, junto aos seus antepassados, na Cidade de Davi. Então seu filho Uzias, que nessa ocasião estava com dezesseis anos de idade, foi proclamado rei pelo povo de Judá. Após a morte de seu pai, ele reconquistou e reconstruiu a cidade de Elate e a devolveu a Judá. Enquanto isso, no décimo quinto ano do reinado de Amazias em Judá, Jeroboão, filho de Jeoás, tinha se tornado rei de Israel. O reinado de Jeroboão durou quarenta e um anos. Porém ele fez o que era mau aos olhos do Senhor, e não abandonou os mesmos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, que fez Israel pecar. Jeroboão recuperou os territórios que Israel havia perdido entre Lebo-Hamate e o mar Morto, exatamente como o Senhor, o Deus de Israel, havia predito por intermédio do seu servo Jonas, filho de Amitai, profeta de Gate-Héfer. O Senhor viu o grande sofrimento de Israel, tanto de escravos quanto de livres, e não havia ninguém para socorrer o povo. Deus não tinha dito ainda que apagaria o nome de Israel da face da terra, de modo que ele usou o rei Jeroboão, filho de Jeoás, para salvar a nação. Os demais acontecimentos da história de Jeroboão, e tudo quanto ele fez, seu grande poder e suas guerras, e a maneira como recuperou Damasco e Hamate, que haviam pertencido a Judá, estão registrados no Livro da História dos Reis de Israel. Quando Jeroboão morreu, foi sepultado junto aos outros reis de Israel, e em seu lugar reinou seu filho Zacarias. No vigésimo sétimo ano do reinado de Jeroboão em Israel, Uzias, filho de Amazias, começou a reinar em Judá. Ele tinha dezesseis anos de idade quando se tornou rei e reinou cinquenta e dois anos em Jerusalém. Sua mãe se chamava Jecolias e era natural de Jerusalém. Uzias foi um bom rei e agradou ao Senhor, assim como seu pai Amazias. Mas, da mesma maneira que os reis anteriores, não destruiu os altares idólatras que havia nas colinas onde o povo oferecia sacrifícios e queimava incenso. O Senhor o feriu com lepra, e ele ficou com essa doença até o dia da sua morte. Por isso morava sozinho numa casa. Seu filho Jotão tomava conta do palácio e governava no lugar do rei. Os demais acontecimentos da história de Uzias estão registrados no Livro da História dos Reis de Judá. Quando Uzias morreu, foi sepultado com seus pais na Cidade de Davi, e em seu lugar reinou seu filho Jotão. No trigésimo oitavo ano do reinado de Uzias em Judá, Zacarias, filho de Jeroboão, começou a reinar em Israel em Samaria. Seu reinado durou seis meses. Zacarias fez o que era mau aos olhos do Senhor, como os reis anteriores pertencentes à sua família. Como Jeroboão, filho de Nebate, ele estimulou Israel a cometer os mesmos pecados. Então Salum, filho de Jabes, tramou contra a vida dele e o assassinou na frente do povo, e tomou a coroa para si. Os demais acontecimentos da história do reinado de Zacarias encontram-se no Livro da História dos Reis de Israel. Assim se cumpriu a declaração que o Senhor havia feito a Jeú: “Seus filhos, até a quarta geração, serão reis de Israel”. Salum, filho de Jabes, começou a reinar em Israel quando Uzias estava no trigésimo oitavo ano do seu reinado em Judá. Salum reinou apenas um mês em Samaria. Então Menaém, filho de Gadi, veio de Tirza a Samaria, assassinou Salum, filho de Jabes, e se apossou do trono. Os demais acontecimentos a respeito do rei Salum e da trama que liderou estão registrados no Livro da História dos Reis de Israel. Menaém destruiu a cidade de Tifsa e os arredores da cidade, porque os seus moradores se recusaram a aceitá-lo como rei. Matou a população inteira e mandou rasgar o ventre de todas as mulheres que estavam grávidas. Quando Azarias estava no trigésimo nono ano do seu reinado em Judá, Menaém, filho de Gadi, começou a reinar em Israel, e a duração do seu reinado em Samaria foi de dez anos. Menaém fez o que era mau aos olhos do Senhor. Ele fez a mesma coisa que Jeroboão, filho de Nebate, havia feito muitos anos antes, e com isso levou o povo de Israel a cometer os mesmos pecados. Então Tiglate-Pileser, rei da Assíria, invadiu o país. Contudo, Menaém lhe deu um presente de trinta e cinco mil quilos de prata. Satisfeito com o presente, o rei da Assíria voltou para sua terra. Menaém cobrou esse dinheiro dos ricos e poderosos, obrigando cada um a pagar seiscentos gramas de prata como um imposto especial, para o pagamento ao rei da Assíria. Os demais acontecimentos da história de Menaém estão escritos no Livro da História dos Reis de Israel. Menaém morreu e foi enterrado com os seus antepassados, e o novo rei foi o seu filho Pecaías. Quando Azarias estava no quinquagésimo ano do seu reinado em Judá, Pecaías, filho de Menaém, começou a reinar em Israel, na cidade de Samaria. Ele reinou por dois anos. Pecaías fez o que era mau aos olhos do Senhor e levou Israel a cometer os mesmos pecados que Jeroboão, filho de Nebate, havia cometido. Então Peca, filho de Remalias, um dos principais oficiais do exército de Pecaías, conspirou contra o rei com o auxílio de cinquenta homens de Gileade e o assassinou no palácio em Samaria. Argobe e Arié que estavam com o rei também foram assassinados na revolta. E assim Peca se tornou o novo rei. Os demais acontecimentos da história de Pecaías estão registrados no Livro da História dos Reis de Israel. Quando Azarias estava no quinquagésimo segundo ano do seu reinado em Judá, Peca, filho de Remalias, começou a reinar em Israel, na cidade de Samaria. Ele reinou por vinte anos. Peca também fez o que era mau aos olhos do Senhor e não se desviou dos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, que levou todo o povo de Israel ao pecado. Foi durante o reinado de Peca que Tiglate-Pileser, rei da Assíria, dirigiu um ataque contra Israel. Ele tomou as cidades de Ijom, Abel-Bete-Maaca, Janoa, Quedes, Hazor, Gileade e a Galileia, e toda a terra de Naftali, levando o povo como cativo para a Assíria. Então Oseias, filho de Elá, tramou contra a vida de Peca, filho de Remalias, e o assassinou e tornou-se o novo rei. Isso ocorreu quando Jotão, filho de Uzias, já estava no vigésimo ano do seu reinado em Judá. Os demais acontecimentos da história do reinado de Peca estão registrados no Livro da História dos Reis de Israel. Quando Peca, filho de Remalias, estava no segundo ano do seu reinado em Israel, Jotão, filho de Uzias, começou a reinar em Judá. Ele tinha vinte e cinco anos de idade quando começou a reinar, e reinou por dezesseis anos em Jerusalém. A sua mãe chamava-se Jerusa, filha de Zadoque. Jotão fez o que era bom aos olhos do Senhor, como o seu pai Uzias. Porém, ele não destruiu os altares idólatras que havia no alto das colinas onde o povo oferecia sacrifícios e queimava incenso. Foi durante o reinado de Jotão que se reconstruiu a porta de cima do templo do Senhor. Os demais acontecimentos do reinado de Jotão e tudo o que fez estão escritos no Livro da História dos Reis de Judá. Naqueles dias o Senhor enviou Rezim, rei da Síria, e Peca, filho de Remalias, para atacar Judá. Jotão morreu e foi sepultado junto aos outros reis de Judá na Cidade de Davi, seu antepassado. Acaz, seu filho, tornou-se rei em seu lugar. Quando Peca, filho de Remalias, estava no décimo sexto ano do seu reinado em Israel, Acaz, filho de Jotão, começou a reinar em Judá. Acaz começou a reinar quando tinha vinte anos de idade. Ele reinou dezesseis anos em Jerusalém. Acaz não seguiu o exemplo de Davi, seu antepassado, e não fez o que era bom aos olhos do Senhor, o seu Deus. Ele seguiu os exemplos dos reis de Israel e chegou a ponto de matar seu próprio filho, oferecendo-o como sacrifício queimado aos deuses falsos, seguindo os costumes abomináveis das nações ao redor de Judá, que o Senhor havia expulsado quando o povo de Israel entrou na terra. Além disso, ele sacrificava e queimava incenso nos altares idólatras no alto das colinas e debaixo das grandes árvores. Então Rezim, rei da Síria, e Peca, filho de Remalias, rei de Israel, declararam guerra a Acaz e cercaram Jerusalém; porém não a conquistaram. Naquele tempo, Rezim, rei da Síria, retomou a cidade de Elate para a Síria; tirou de lá os judeus e mandou os sírios morarem nessa cidade, e lá vivem até o dia de hoje. O rei Acaz enviou mensageiros a Tiglate-Pileser, rei da Assíria, com a seguinte mensagem: “Sou seu servo e seu filho. Venha me salvar das mãos do rei da Síria e do rei de Israel, que estão me atacando”. Acaz pegou a prata e o ouro do templo e dos cofres reais, e mandou como pagamento ao rei da Assíria. Diante disso os assírios atacaram Damasco, a capital da Síria. Levaram embora a população da cidade como escravos para morar em Quir, e mataram Rezim, rei da Síria. Então o rei Acaz foi a Damasco a fim de encontrar-se com o rei Tiglate-Pileser. Enquanto estava ali, viu um altar no templo dos deuses daquela cidade. Ele anotou as medidas do altar, fez uma planta e a enviou ao sacerdote Urias com uma descrição detalhada para sua construção. O sacerdote Urias construiu um altar conforme as instruções que o rei Acaz havia enviado de Damasco. Deixou tudo preparado para o rei. Quando Acaz voltou de Damasco, viu o altar e o inaugurou, oferecendo sacrifícios sobre ele. O rei apresentou um sacrifício queimado e uma oferta de cereais, despejou sobre ele uma oferta de bebida e espalhou sobre ele o sangue das ofertas de paz. Depois retirou o altar de bronze da frente do templo do Senhor. Esse altar ficava entre a entrada do templo do Senhor e o novo altar, e o colocou ao lado norte do novo altar. Então o rei Acaz deu as seguintes instruções ao sacerdote Urias: “Use o grande altar para oferecer as ofertas queimadas da manhã e a oferta de cereal da tarde, os sacrifícios queimados e a oferta de cereais do rei, assim como as ofertas do povo, inclusive as ofertas de bebida feitas pelo povo. Derrame o sangue dos sacrifícios queimados e dos outros sacrifícios sobre o novo altar. O antigo altar só era usado para os casos de buscar orientação. O sacerdote Urias fez conforme o rei Acaz lhe ordenou. Depois o rei desmanchou os painéis dos suportes que estavam no templo, retirou as travessas e as pias de água que estavam por cima, retirou o tanque grande que se apoiava nos lombos dos bois de bronze e o colocou numa base de pedra. E, para agradar ao rei da Assíria, Acaz também retirou a plataforma que se usava no sábado, que havia sido construída para os dias de festa, entre o palácio e o templo. Os demais acontecimentos da história do reinado de Acaz estão registrados no Livro da História dos Reis de Judá. Morreu Acaz e foi sepultado com os seus antepassados, na Cidade de Davi. E seu filho Ezequias passou a ser o novo rei. Quando Acaz estava no décimo segundo ano do seu reinado em Judá, Oseias, filho de Elá, começou a reinar em Israel, na cidade de Samaria. Ele reinou por nove anos. Ele fez o que era mau aos olhos do Senhor  — porém não foi tão mau como os demais reis de Israel. Salmaneser, rei da Assíria, atacou e derrotou o rei Oseias, de modo que Israel teve de pagar pesados impostos anuais à Assíria. Porém, o rei da Assíria descobriu que Oséias estava armando uma traição contra ele, porque havia mandado um mensageiro a Sô, rei do Egito, pedindo que viesse ajudá-lo a livrar-se do poder da Assíria. Além disso, Oseias se recusava a pagar o imposto anual à Assíria. Por isso o rei assírio mandou colocá-lo na prisão. Então, durante três anos, a terra de Israel ficou cheia de soldados assírios que cercavam Samaria, a capital de Israel. Finalmente, no nono ano do reinado de Oseias, a cidade de Samaria caiu em poder dos assírios, e o povo de Israel foi levado como escravo para a Assíria. Eles foram morar em colônias na cidade de Hala e ao longo das margens do rio Habor, em Gozã, entre as cidades dos medos. Essa desgraça caiu sobre a nação porque os israelitas haviam pecado contra o Senhor, o seu Deus, que os havia tirado do Egito e livrado do faraó, rei do Egito. Eles adoraram outros deuses e adotaram os maus costumes das nações que o Senhor havia expulsado de diante deles; seguiram também os costumes que os reis de Israel haviam adotado. O povo de Israel também havia praticado o mal em segredo contra o Senhor, o seu Deus. Eles haviam construído altares aos outros deuses em todas as suas cidades, desde a menor vila até a maior cidade. Ergueram postes-ídolos no alto de cada monte e debaixo de toda grande árvore. Além disso, haviam queimado incenso aos deuses das muitas nações que o Senhor havia expulsado da terra quando Israel entrou. Visto como o povo de Israel praticou muitos atos maus, isso havia provocado a ira do Senhor. Na verdade, eles adoravam imagens, apesar dos avisos repetidos e muito claros do Senhor. O Senhor tinha repetidamente mandado profetas e videntes para advertir Israel e Judá que voltassem de seus maus caminhos: “Abandonem os seus maus caminhos, obedeçam aos meus mandamentos e ordenanças e a toda a Lei que entreguei a vocês por meio dos seus antepassados, os meus servos, os profetas”. Mas os israelitas não quiseram atender. Eles eram teimosos e desobedientes como os seus antepassados e não quiseram confiar no Senhor, o seu Deus. Rejeitaram as leis de Deus e a aliança que o Senhor tinha feito com os seus antepassados, e fizeram pouco caso dos avisos divinos. Na loucura em que viviam, adoravam deuses falsos, apesar dos severos avisos de Deus para que não imitassem os pagãos. Desafiaram todos os mandamentos do Senhor, o seu Deus, e fizeram dois bezerros de ouro fundido. Também fizeram um poste-ídolo, fabricaram imagens vergonhosas e detestáveis e adoraram Baal e as estrelas. Chegaram a ponto de queimar seus próprios filhos e filhas como sacrifício nos altares do deus Moloque, consultaram os adivinhos, fizeram uso de magia e feitiçaria e se venderam à prática do mal. Por isso, o Senhor ficou irado com eles. O Senhor ficou indignado com Israel e os expulsou da sua presença, e por fim restou somente a tribo de Judá. Mas também Judá não quis obedecer aos mandamentos do Senhor, o seu Deus; também eles andaram nos mesmos caminhos maus em que Israel havia andado. Por esse motivo, o Senhor rejeitou todos os filhos de Israel; ele castigou o povo entregando-o nas mãos dos seus inimigos, até que foram expulsos da sua presença. Quando Israel se afastou do reino de Davi, escolheu Jeroboão, filho de Nebate, como seu rei. Jeroboão induziu Israel a se desviar do Senhor, fazendo o povo cometer grande pecado; e o povo de Israel nunca deixou de praticar os atos maus que Jeroboão levou o povo a cometer, até que o Senhor, finalmente, os afastou da sua presença, conforme todos os avisos dados através dos seus servos, os profetas. Assim, o povo de Israel foi transportado para a Assíria, onde permanece até o dia de hoje. O rei da Assíria trouxe gente da Babilônia, de Cuta, de Ava, de Hamate e de Sefarvaim, e eles ficaram morando em Samaria e nas cidades vizinhas, em lugar do povo de Israel. Mas já que esses habitantes assírios não adoraram o Senhor assim que chegaram pela primeira vez, o Senhor mandou leões para o meio deles, e os leões mataram alguns dos moradores dali. Então eles mandaram uma mensagem ao rei da Assíria: “Nós que viemos morar aqui em Israel não conhecemos as leis do Deus da terra, e ele mandou leões para o nosso meio a fim de nos destruir, porque não adoramos esse Deus”. Então o rei da Assíria deu a seguinte ordem: “Façam com que um dos sacerdotes que foi levado de Samaria volte para Israel para ensinar aos novos moradores as leis do deus da terra”. Assim um dos sacerdotes voltou a Betel e ensinava ao povo como adorar ao Senhor. Porém, esses estrangeiros também adoravam os seus próprios deuses nas cidades. Eles colocaram seus deuses nos altares idólatras que o povo de Samaria havia deixado nas colinas de suas cidades. Os que vieram da Babilônia adoravam as imagens do seu deus Sucote-Benote; os que vieram de Cuta adoravam o seu deus Nergal, e os homens de Hamate adoravam Asima. Os deuses Nibaz e Tartaque eram adorados pelo povo de Ava, e as pessoas que vieram de Sefarvaim queimavam até seus próprios filhos nos altares dos seus deuses Adrameleque e Anameleque. Eles até adoravam ao Senhor, mas também nomeavam dentre eles os sacerdotes que deviam oferecer sacrifícios por eles nos altares do alto das colinas. Assim eles prestavam culto ao Senhor, mas também continuavam a adotar os seus antigos costumes dos países de onde foram trazidos. E até hoje continuam assim: seguem suas antigas práticas em vez de adorar verdadeiramente o Senhor e obedecer às leis que ele deu aos filhos de Jacó, cujo nome mais tarde foi mudado para Israel. Porque o Senhor tinha feito uma aliança com eles e, de acordo com essa aliança, ele ordenou: “Não adorem deuses falsos, nem se inclinem diante deles, não os sirvam nem ofereçam sacrifícios a eles. Mas adorem somente ao Senhor, que os tirou da terra do Egito, com maravilhosos milagres e poder. Diante dele vocês devem se inclinar e oferecer sacrifícios. Os filhos, netos, bisnetos e todos os que pertencem à família de Jacó devem obedecer a todas as leis de Deus; e nunca adorar outros deuses. Não esqueçam da aliança que fiz com vocês, de nunca adorarem outros deuses. Vocês devem adorar somente o Senhor, o seu Deus; ele os salvará de todos os seus inimigos”. Porém, os israelitas não quiseram atender e continuaram a adorar outros deuses. Esses homens que vieram da Babilônia adoravam o Senhor, mas também adoravam os seus ídolos. E os seus descendentes até o dia de hoje fazem a mesma coisa. Quando Oseias, filho de Elá, estava no terceiro ano do seu reinado em Israel, Ezequias, filho de Acaz, começou a reinar em Judá. Ele tinha vinte e cinco anos de idade quando começou a reinar e reinou por vinte e nove anos em Jerusalém. Sua mãe se chamava Abi, filha de Zacarias. Ele fez o que era bom aos olhos do Senhor, conforme o que tinha feito o seu antepassado Davi. Ele retirou os altares idólatras do alto das colinas, quebrou em pedaços as colunas, derrubou os vergonhosos postes-ídolos e despedaçou a serpente de bronze que Moisés tinha feito, porque o povo de Israel vinha adorando essa serpente e queimava incenso a ela. Neustã foi o nome que deram a essa serpente. Ezequias tinha uma grande confiança no Senhor, o Deus de Israel. Na verdade, nenhum dos reis antes ou depois dele andou tão perto do Senhor quanto ele. Ele seguia o Senhor em tudo e obedecia cuidadosamente aos mandamentos que Deus tinha dado a Moisés. Por isso, o Senhor estava com ele, e o rei era bem-sucedido em tudo o que fazia. Ezequias rebelou-se contra o rei da Assíria e deixou de pagar impostos a ele. Ezequias venceu os filisteus, chegando até Gaza e seus arredores, destruindo cidades grandes e pequenas, inclusive a cidade fortificada. No quarto ano do reinado de Ezequias em Judá, o sétimo ano do reinado de Oseias, filho de Elá, em Israel, aconteceu que Salmaneser, rei da Assíria, atacou Israel e começou a cercar a cidade de Samaria. Três anos depois, no sexto ano do rei Ezequias em Judá e nono ano do rei Oseias em Israel, Samaria foi conquistada pelos inimigos. Foi nesse tempo que o rei da Assíria deportou os israelitas para a Assíria, e os fez morar na cidade de Hala, ao longo das margens do rio Habor, em Gozã e nas cidades dos medos. Isso aconteceu porque os israelitas não quiseram atender o Senhor, o seu Deus. Eles não cumpriram a aliança feita com Deus e desobedeceram às leis que lhes foram dadas por Moisés, o servo do Senhor. Mais tarde, no décimo quarto ano do reinado de Ezequias, Senaqueribe, rei da Assíria, cercou e tomou todas as cidades fortificadas de Judá. O rei Ezequias mandou ao rei da Assíria que estava em Láquis esta mensagem: “Errei. Estou pronto a pagar tudo o que você exigir, contanto que se retire daqui. O rei da Assíria exigiu de Ezequias, rei de Judá, dez toneladas e meia de prata e mil e cinquenta quilos de ouro. Para ajuntar toda essa quantia, Ezequias usou toda a prata que estava guardada no templo e nos cofres do palácio. E teve ainda de arrancar o ouro das portas do templo e dos batentes das portas que haviam sido cobertos com ouro, e entregou tudo ao rei da Assíria. Apesar disso, o rei da Assíria mandou, de Láquis, seu comandante do campo, seu principal tesoureiro e o chefe do seu estado-maior. Esses três foram com um grande exército e acamparam ao longo da estrada que fica ao lado do campo onde os tintureiros punham a roupa para branquear, perto do abastecimento de água do açude superior. Exigiram que o rei Ezequias fosse falar com eles. Mas em vez de ir, o rei mandou uma comissão formada dos seguintes homens: Eliaquim, administrador dos negócios reais; Sebna, secretário do rei; e Joá, o homem que escrevia a história do reino. Então o comandante do campo assírio mandou este recado ao rei Ezequias: “O grande rei da Assíria diz: ‘Em que você baseia sua confiança? Você precisa de mais do que simples promessas de auxílio antes de se revoltar contra mim. Mas qual dos seus aliados lhe dará alguma coisa mais do que palavras? O Egito? Se você se apoiar no Egito, vai descobrir que ele não passa de uma vara sem resistência, que se quebra sob o peso do seu corpo e ainda penetra na sua mão. O faraó, rei do Egito, não merece a mínima confiança! E se vocês me disserem: ‘Confiamos no Senhor, o nosso Deus, para nos livrar’, lembre-se que foram os altares desse Deus, que estavam nos altos dos montes, que você destruiu. Pois você diz a todos de Judá e Jerusalém: ‘Adorem diante do altar que está em Jerusalém!’ ” “Eu vou lançar um desafio do meu senhor, o rei da Assíria: Eu darei a você dois mil cavalos, se você tiver dois mil homens para montar neles! Ora, com um exército assim, você não é ameaça nem mesmo para o oficial menos graduado que comanda um grupo no exército do meu senhor. Mesmo que o Egito forneça carros e cavaleiros a você, de nada adiantará. E acaso você pensa que viemos aqui por nossa própria conta? Não! Foi o próprio Senhor quem nos enviou e nos disse: ‘Vão e destruam esta nação!’ ” Então Eliaquim, filho de Hilquias, Sebna e Joá disseram ao comandante do campo: “Por favor, fale na língua aramaica com os seus servos, porque entendemos essa língua. E não fale na língua hebraica, porque o povo que está sobre os muros pode ouvir o que vocês falam”. Mas o comandante assírio respondeu: “Por acaso o meu senhor me enviou para falar somente para o seu senhor e para vocês, e não para os que estão sentados sobre os muros? Pois eles também estão condenados com vocês a comer as suas próprias fezes e a beber a sua própria urina!” Então o chefe do estado-maior assírio gritou em língua hebraica para o povo que estava sobre os muros: “Ouçam o que diz o grande rei da Assíria: Não deixem que o rei Ezequias engane vocês. Ele nunca poderá salvar vocês do meu poder. Não deixem que engane o povo fazendo vocês confiarem no Senhor, quando diz: ‘Certamente o Senhor nos livrará. Esta cidade não será conquistada pelo rei da Assíria’ ”. “Não deem atenção ao rei Ezequias. Assim diz o rei da Assíria: Rendam-se! Vocês podem viver em paz aqui na sua própria terra, comendo dos seus próprios frutos e bebendo água dos seus próprios poços, até que eu leve vocês para outra terra igual a esta, com abundância de colheitas, cereais, terra de pão e de vinhas, terra de oliveiras e de mel. Escolham a vida e não a morte! Não deem atenção ao rei Ezequias, quando ele tenta convencer vocês, dizendo: ‘O Senhor nos vai livrar’ ”. “Vocês já viram o deus de alguma outra nação livrá-la das mãos do rei da Assíria? O que aconteceu aos deuses de Hamate, de Arpade, de Sefarvaim, de Hena e de Iva? Acaso eles livraram Samaria das minhas mãos? Qual o deus que alguma vez pôde livrar qualquer nação do meu poder? Diante disso, o que faz vocês pensarem que o Senhor poderá salvar Jerusalém das minhas mãos?” Porém o povo que estava sobre os muros ficou em silêncio, porque o rei lhes tinha ordenado: “Não falem nada”. Então, o administrador do palácio, Eliaquim, filho de Hilquias, e Sebna, secretário do rei, e Joá, filho de Asafe, historiador do reino, apresentaram-se ao rei Ezequias, com suas roupas rasgadas, e contaram a ele tudo o que o comandante assírio tinha dito. Quando o rei Ezequias ouviu o relatório desses homens, rasgou as suas roupas e se cobriu com um pano de saco e foi ao templo do Senhor a fim de orar. Depois disse a Eliaquim, administrador do palácio, ao secretário Sebna, e a alguns dos sacerdotes mais antigos, que se cobrissem de pano de saco e fossem à casa do profeta Isaías, filho de Amoz. Eles lhe disseram: “Assim diz o rei Ezequias: ‘Este é um dia de angústia, de castigo e de humilhação. Estamos como a mulher que está para dar à luz, mas que não tem forças para isso. Mas pode ser que o Senhor, o seu Deus, tenha ouvido as palavras do comandante do campo assírio, a quem o senhor dele, o rei da Assíria, enviou para desafiar o Deus vivo. Que o Senhor, o seu Deus, o repreenda pelas palavras que ouviu. Ó Isaías, suplique a Deus em favor dos poucos de nós que sobrevivemos’ ”. Quando os oficiais do rei Ezequias levaram a mensagem a Isaías, ele respondeu: “Digam ao meu senhor que assim diz o Senhor: ‘Não fique preocupado com as palavras que você ouviu, com as blasfêmias que os assírios falaram contra mim. Eu farei com que o rei da Assíria receba más notícias de casa, e ele resolverá voltar; e o Senhor tomará providências para que ele seja morto à espada quando chegar lá’ ”. Então o comandante de campo foi procurar seu rei em Libna, porque recebeu aviso de que o rei tinha saído de Láquis. Logo depois, o rei Senaqueribe recebeu notícia de que Tiraca, rei etíope do Egito, vinha atacá-lo. Antes de sair para enfrentá-lo, ele mandou este recado ao rei Ezequias: “Digam a Ezequias, rei de Judá: ‘Não se deixe enganar por esse Deus em quem você confia. Não acredite quando ele diz: Jerusalém não cairá nas mãos do rei da Assíria. Você bem sabe o que os reis da Assíria fizeram por onde passavam. Eles destruíram tudo, sem deixar nada. Por que você seria tratado de modo diferente? Por acaso os deuses das outras nações as livraram, os deuses de Gozã, Harã, Rezefe e do povo de Éden, na terra de Telassar? Os que foram reis da Assíria antes de mim destruíram todas elas! O que aconteceu ao rei de Hamate e ao rei de Arpade? E onde estão os reis de Sefarvaim, de Hena e de Iva?’ ” Ezequias pegou a carta das mãos dos mensageiros e a leu; então foi ao templo do Senhor e a colocou diante do Senhor. Depois Ezequias fez esta oração: “Ó Senhor, Deus de Israel, que está assentado em seu trono entre os querubins; só o Senhor é o Deus de todos os reinos da terra. O Senhor criou os céus e a terra. Peço-lhe, ó Senhor, que ouça esta oração. Abra os seus olhos, Senhor, e veja o que está acontecendo. Ouça as palavras com as quais Senaqueribe está desafiando o Deus vivo. “ Senhor, é verdade que os reis da Assíria destruíram todas aquelas nações, tornaram os seus territórios em deserto e queimaram as suas imagens no fogo. Mas essas imagens não eram deuses de forma alguma. Foram destruídas porque esses deuses eram apenas madeira e pedra feitas por mãos humanas. Agora, Senhor, nosso Deus, salvanos do poder desse rei, para que todos os reinos da terra saibam que só o Senhor é Deus”. Então Isaías, filho de Amoz, enviou esta mensagem a Ezequias: “Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: ‘Ouvi o seu pedido a respeito do rei Senaqueribe, o rei da Assíria!’ Esta é a resposta do Senhor àquele rei: “A virgem, a filha de Sião, não tem medo de você! A filha de Jerusalém se ri e caçoa de você. A quem você desafiou? E contra quem você blasfemou? E contra quem você se dirigiu com tanta arrogância? Contra o Santo de Israel! Você conta vantagem e insultou o Senhor por meio dos seus mensageiros, dizendo: ‘Meus carros conquistaram as mais altas montanhas; subiram até os picos do Líbano. Derrubei os cedros mais altos e os ciprestes mais bonitos. Cheguei a conquistar os lugares mais distantes e as florestas mais lindas. Tenho bebido água dos muitos poços que cavei, e sequei o rio Nilo com a sola dos pés dos meus soldados!’ “Por que não reconhece que há muito tempo, eu, o Senhor, decretei que você faria essas coisas, que você deixaria cidades fortificadas em ruínas? Por isso, é claro, as nações que você conquistou não tinham poder contra você! Elas eram como o capim nos campos, que se enruga quando o sol é muito quente, e como o cereal que fica queimado antes de amadurecer. Eu, porém, sei tudo a seu respeito. Conheço todos os seus planos, e sei para onde vai e quando retorna; e também sei o quanto me odeia. E por causa do seu furor e arrogância contra mim, vou pôr um anzol no seu nariz e um freio na sua boca, e vou fazer você voltar pelo mesmo caminho por onde veio”. Depois, Isaías deu ao rei Ezequias esta mensagem do Senhor: “Esta é a prova de que vou fazer conforme prometi: Este ano e no próximo, o meu povo comerá o trigo que nasce no campo, sem que ninguém o tenha plantado. Mas no terceiro ano vocês vão semear e colher; plantem vinhas e comam do seu fruto. O meu povo de Judá, aqueles de vocês que escaparam da destruição causada pelo cerco ainda se tornarão uma grande nação; vocês lançarão raízes profundas no solo e darão muitos frutos. Uma parte restante do meu povo sairá de Jerusalém, e do monte Sião. O Senhor dos Exércitos vai cuidar para que isto aconteça. “Portanto, assim diz o Senhor a respeito do rei da Assíria: ‘Ele não entrará nesta cidade. Ele não a enfrentará com escudo, nem construirá uma rampa para subir nos muros, nem mesmo atirará uma flecha contra ela. Ele voltará pela mesma estrada por onde veio. Ele não invadirá a cidade’, diz o Senhor. Eu defenderei e salvarei esta cidade por amor do meu nome e por amor do meu servo Davi”. Naquela mesma noite, o anjo do Senhor saiu e matou cento e oitenta e cinco mil soldados no acampamento assírio e, quando amanheceu o dia, os que não tinham morrido puderam ver os corpos dos companheiros espalhados por toda parte. Então o rei da Assíria, Senaqueribe, foi embora para sempre. Voltou para Nínive e ficou ali. E aconteceu que enquanto ele adorava no templo do seu deus Nisroque, seus filhos Adrameleque e Sarezer o assassinaram à espada. Eles fugiram para a terra de Ararate, e seu filho Esar-Hadom veio a ser o novo rei. Naquele tempo Ezequias ficou muito doente, e sua doença era mortal. O profeta Isaías, filho de Amós, foi fazer uma visita ao rei e lhe disse: “Assim diz o Senhor: ‘Ponha seus negócios em ordem e prepare-se para morrer. Você não vai sarar dessa doença’ ”. Então Ezequias virou o rosto para a parede e orou ao Senhor, dizendo: “Ó Senhor, lembre de como sempre procurei obedecer às suas ordens com fidelidade e com coração sincero. Tenho feito aquilo que o Senhor aprova”. E Ezequias chorou amargamente. Então, antes que Isaías saísse do pátio, a palavra do Senhor veio a ele outra vez: “Volte à presença de Ezequias, o líder do meu povo, e diga: Assim diz o Senhor, o Deus de seu pai Davi: Ouvi a sua oração e vi as suas lágrimas e vou curá-lo. Daqui a três dias você sairá da cama e irá à casa do Senhor! Vou dar a você mais quinze anos de vida, e também o livrarei das mãos do rei da Assíria. Defenderei esta cidade por causa do meu nome e por amor ao meu servo Davi”. Então Isaías deu as seguintes instruções: “Fervam alguns figos secos e façam uma pasta com esses figos, e espalhem-na sobre a ferida”. Eles fizeram essa pasta, aplicaram-na sobre a ferida, e ele sarou! O rei Ezequias havia perguntado a Isaías: “Qual será o sinal de que o Senhor vai me curar e de que eu poderei ir à casa do Senhor daqui a três dias?” Isaías respondeu: “O sinal de que o Senhor vai cumprir o que prometeu é o seguinte: Você prefere que a sombra do relógio do sol caminhe dez pontos para a frente ou dez pontos para trás? “A sombra se move para a frente”, respondeu Ezequias; “faça-a voltar dez pontos”. Então o profeta Isaías clamou ao Senhor que fizesse isto, e ele fez a sombra voltar dez pontos no relógio de sol de Acaz. Nesse tempo, Merodaque-Baladã, filho de Baladã, rei da Babilônia, mandou representantes com saudações e um presente para Ezequias, porque soube da enfermidade do rei. Ezequias recebeu com agrado esses representantes e lhes mostrou todos os tesouros que ele possuía — a prata, o ouro, as especiarias e os óleos perfumados, o depósito das armas — tudo o que ele possuía. Não houve nada em seu palácio, nem em todo o seu domínio que Ezequias não lhes mostrasse. Então o profeta Isaías foi ao encontro do rei Ezequias e perguntou: “O que esses homens queriam? De onde vieram?” “Vieram de longe, da Babilônia”, respondeu Ezequias. “O que eles viram em seu palácio?”, perguntou Isaías. E Ezequias respondeu: “Viram tudo ali. Eu lhes mostrei todos os meus tesouros”. Então Isaías disse a Ezequias: “Ouça a palavra do Senhor: ‘Virá o tempo quando tudo o que existe neste palácio será levado para a Babilônia. Todos os tesouros de seus pais serão levados para a Babilônia. Não ficará coisa alguma’, diz o Senhor. ‘Alguns dos seus próprios descendentes serão levados embora, e se tornarão eunucos para servirem no palácio do rei da Babilônia’ ”. Então Ezequias respondeu ao profeta: “A palavra do Senhor é boa”. Mas ele realmente pensava: “Pelo menos haverá paz e segurança durante o restante de minha vida!” Os demais acontecimentos da história de Ezequias e todas as suas grandes realizações — inclusive o açude e o túnel que canalizou a água para a cidade — estão registrados no Livro da História dos Reis de Judá. Ezequias morreu e foi sepultado com os seus antepassados, e seu filho Manassés reinou em seu lugar. Manassés tinha doze anos quando começou a reinar. Ele reinou cinquenta e cinco anos em Jerusalém, e sua mãe se chamava Hefzibá. Ele fez o que era mau aos olhos do Senhor, fazendo as mesmas coisas que faziam as nações que o Senhor havia expulsado da terra para dar lugar ao povo de Israel. Ele reconstruiu os altares idólatras que seu pai Ezequias havia destruído. Construiu altares para o deus Baal e fez uma imagem vergonhosa para Aserá, assim como fizera Acabe, rei de Israel. Inclinou-se diante do deus Sol, da deusa Lua e dos deuses das estrelas e os serviu. Construiu altares no próprio templo do Senhor, do qual ele havia dito: “Escolhi Jerusalém para colocar o meu próprio nome”. Nos dois pátios do templo do Senhor ele construiu altares para o exército dos céus. Ele chegou a queimar um dos seus filhos como sacrifício! Praticou a magia e fez uso da adivinhação; frequentou os médiuns e os feiticeiros. Por isso o Senhor ficou muito irado, porque ele fazia o que era mau aos olhos do Senhor. Manassés chegou a ponto de colocar a imagem vergonhosa de Aserá dentro do templo, do qual o Senhor tinha falado a Davi e a seu filho Salomão: “Colocarei o meu nome para sempre neste templo e em Jerusalém, a cidade que escolhi dentre todas as cidades das tribos de Israel. Não farei que os pés dos israelitas caminhem errantes novamente. Se o povo de Israel obedecer às instruções que eu lhes dei por intermédio de Moisés, nunca mais os expulsarei da terra dos seus pais”. Porém o povo não deu atenção à palavra do Senhor, e Manassés os levou a fazer coisas ainda piores do que as nações vizinhas haviam feito, nações que o Senhor havia destruído diante do povo de Israel quando entrou na terra. Então o Senhor falou por intermédio dos profetas, seus servos: “Manassés, rei de Judá, fez essas coisas más, agindo mais perversamente do que os amorreus que estiveram nesta terra antes dele, e levou o povo de Judá a praticar a adoração de imagens. Portanto, assim diz o Senhor, o Deus de Israel: “Trarei desgraças tão grandes sobre Jerusalém e Judá que os ouvidos daqueles que ouvirem a respeito dessas desgraças vão tinir de horror. Estenderei sobre Jerusalém o fio de medir usado contra Samaria e o prumo usado contra a casa de Acabe. Limparei Jerusalém como se limpa um prato e depois se vira de boca para baixo. E rejeitarei mesmo aqueles poucos que restarem do meu povo e os entregarei nas mãos de seus inimigos. Serão despojados e saqueados pelos seus inimigos, pois eles fizeram perante mim o que era mau e provocaram a minha ira, desde o dia em que tirei os seus antepassados do Egito”. Além da adoração de imagens, que é uma prática que Deus não tolera e que Manassés levou o povo a cometer, Manassés assassinou um grande número de pessoas inocentes. E Jerusalém, de uma ponta até a outra, estava cheia dos corpos das suas vítimas. Os demais acontecimentos do reinado de Manassés e todas as suas realizações, inclusive seus atos pecaminosos, estão registrados no Livro da História dos Reis de Judá. Ao morrer, ele foi sepultado no jardim do seu palácio em Uzá, e seu filho Amom se tornou o novo rei. Amom tinha vinte e dois anos de idade quando começou a reinar. Ele reinou dois anos em Jerusalém, e sua mãe se chamava Mesulemete, filha de Haruz, de Jotbá. Ele fez o que era mau aos olhos do Senhor, como o seu pai Manassés. Ele fez todas as coisas más que seu pai tinha feito: adorou os mesmos ídolos que seu pai havia adorado e inclinou-se diante deles. Ele virou as costas para o Senhor, o Deus de seus antepassados. Ele não quis saber de andar nos caminhos do Senhor. Mas os oficiais de Amom tramaram contra a vida dele e o mataram no palácio. Então o povo de Judá matou todos os que haviam conspirado contra o rei Amom, e colocou no trono Josias, filho de Amom. Os demais acontecimentos do reinado de Amom e suas realizações estão registrados no Livro da História dos Reis de Judá. Ele foi enterrado numa sepultura no jardim de Uzá, e em seu lugar reinou seu filho Josias. Josias tinha oito anos de idade quando se tornou rei de Judá. Ele governou trinta e um anos em Jerusalém. Sua mãe se chamava Jedida, filha de Adaías; ela era de Bozcate. Josias fez o que era bom aos olhos do Senhor e seguiu o exemplo do seu antepassado, o rei Davi, sem desviar-se nem para a direita nem para a esquerda. No décimo oitavo ano do seu reinado, o rei Josias mandou seu secretário Safã, filho de Azalias e neto de Mesulão, ao templo do Senhor, dizendo: “Vá falar com Hilquias, o sumo sacerdote, e diga a ele para recolher a prata dada aos sacerdotes na porta do templo do Senhor, quando o povo vem para adorar. Ele deve entregar essa prata aos homens para supervisionar a reforma do templo, de maneira que eles possam contratar carpinteiros e pedreiros para fazerem os reparos no templo, e comprar madeira e pedra”. Os supervisores da construção não eram obrigados a fazer o registro das despesas e prestar contas, porque eram homens honestos. Um dia o sumo sacerdote Hilquias foi ver Safã, o secretário do rei, e disse: “Encontrei um livro no templo do Senhor, e esse livro é o Livro da Lei!” O livro foi entregue a Safã para ler. O secretário Safã voltou ao rei e relatou: “Os seus servos tomaram a prata que havia no templo do Senhor e a entregaram aos trabalhadores e aos supervisores no templo”. E acrescentou: “O sacerdote Hilquias também encontrou um livro”. Então Safã leu o livro para o rei. Quando o rei ouviu o que estava escrito no Livro da Lei, rasgou as suas roupas e ordenou o seguinte ao sumo sacerdote Hilquias, a Aicam, filho de Safã, a Acbor, filho de Micaías, ao secretário Safã e ao auxiliar real Asaías: “Vão consultar o Senhor por mim, por todo o povo de Judá a respeito dos ensinamentos deste livro. O Senhor deve estar muito irado com todos nós porque nem nós nem os nossos pais que já morreram temos obedecido ao que está escrito nesse livro a nosso respeito”. Então o sacerdote Hilquias, Aicão, Acbor, Safã e Asaías foram a uma região de Jerusalém conhecida como Cidade Baixa procurar a profetisa Hulda. Ela era a mulher de Salum, filho de Ticvá e neto de Haras. Salum era o encarregado do guarda-roupa real. Ela disse a eles: “Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: ‘Digam ao homem que enviou vocês a mim que vou destruir esta cidade e seu povo, assim como declarei naquele livro que o rei de Judá leu. Farei isso porque o povo de Judá me abandonou, adorou outros deuses e me deixou muito irado; e a chama do meu furor arderá contra este lugar e não poderá ser apagada’. Digam ao rei de Judá, que os enviou para consultar o Senhor: Assim diz o Senhor, o Deus de Israel, a respeito das palavras que você ouviu: ‘Visto que o seu coração se entristeceu e você se humilhou perante o Senhor quando leu o livro e as advertências de que esta terra seria amaldiçoada e ficaria desamparada, e porque você rasgou as suas vestes e chorou diante de mim, eu ouvirei a oração que fez’, declara o Senhor. ‘Portanto, só depois da sua morte vou castigar Jerusalém. Você será sepultado em paz. Seus olhos não verão toda a desgraça que vou trazer sobre este lugar’ ”. Então eles levaram a mensagem ao rei. Depois disso, o rei mandou chamar as autoridades de Judá e de Jerusalém. Então o rei subiu ao templo do Senhor acompanhado por todos os sacerdotes e profetas, pelo povo todo de Jerusalém e de Judá, desde os mais jovens até os mais velhos. O rei leu em alta voz todas as palavras do Livro da Aliança que tinha sido achado no templo do Senhor. O rei se colocou em pé junto à coluna real, diante do povo e, na presença do Senhor, ele e o povo fizeram uma promessa sincera ao Senhor de que obedeceriam ao Senhor e de todo o coração e de toda a alma praticariam os seus mandamentos e as suas leis, confirmando as palavras da aliança escritas naquele livro. Então o rei deu ordens ao sumo sacerdote Hilquias e aos outros sacerdotes, e também aos guardas do templo, para que retirassem do templo do Senhor todos os objetos que eram usados na adoração de Baal, de Aserá, do Sol, da Lua e das estrelas. O rei queimou tudo isso nos campos do vale de Cedrom, fora de Jerusalém, e levou as cinzas para Betel. Ele matou os sacerdotes dos deuses falsos nomeados pelos reis anteriores de Judá, pois esses sacerdotes tinham queimado incenso nos altares idólatras nas colinas das cidades de Judá e arredores de Jerusalém, aqueles sacerdotes que haviam oferecido incenso a Baal, ao Sol, à Lua, às estrelas e aos planetas e a todos os exércitos celestiais. Também tirou do templo do Senhor a imagem vergonhosa de Aserá e a levou para fora de Jerusalém para o córrego de Cedrom; ali ele queimou essa imagem e a reduziu a cinzas, que foram jogadas sobre os túmulos do povo. Também derrubou as casas dos prostitutos cultuais, localizadas ao redor do templo do Senhor, onde as mulheres teciam mantos para a imagem de Aserá. O rei Josias trouxe de volta a Jerusalém todos os sacerdotes que moravam em outras cidades de Judá, e derrubou todos os altares idólatras que havia nas montanhas onde eles haviam queimado incenso. Derrubou, inclusive, aqueles que estão em lugares tão afastados como Geba e Berseba. Além disso, ele destruiu altares idólatras colocados na entrada do palácio de Josué, o governador de Jerusalém. Esse palácio estava localizado à esquerda de quem entra pela porta da cidade. Embora esses sacerdotes, que eram conhecidos como sacerdotes dos altos, não oferecessem sacrifícios no altar do Senhor em Jerusalém, eles comiam pães sem fermento junto com os outros sacerdotes. Depois o rei profanou o altar de Tofete, que fica no vale dos filhos de Hinom, de maneira que ninguém mais podia usar esse altar para sacrificar seu filho ou sua filha ao deus Moloque. Ele retirou os cavalos que os reis de Judá haviam dedicado à adoração do sol e queimou os carros, que também haviam sido consagrados à adoração do sol, localizados perto da entrada do templo. Essa entrada ficava próxima do quartel de um oficial chamado Natã-Meleque. O rei também derrubou os altares que os reis de Judá haviam construído sobre o terraço do palácio, em cima da sala de Acaz, e destruiu os altares que Manassés tinha construído nos dois pátios do templo do Senhor. O rei esmigalhou esses altares e espalhou os pedaços pelo vale de Cedrom. O rei também profanou os altares idólatras que havia nos montes ao lado leste de Jerusalém, e ao sul do monte da Destruição, que Salomão, rei de Israel, havia construído para Asterote, a detestável deusa dos sidônios, para Camos, o detestável deus dos moabitas, e para Moloque, o detestável deus dos amonitas. O rei Josias esmigalhou as colunas, derrubou os postes sagrados de Aserá e espalhou ossos humanos nesses locais. Josias também derrubou o altar de Betel, o altar idólatra construído por Jeroboão, filho de Nebate, que levou Israel a pecar. As pedras ele reduziu a pó e queimou o poste sagrado de Aserá. Quando Josias olhou ao seu redor, notou que havia diversas sepulturas na encosta da montanha. Então ele deu ordens aos seus homens para que tirassem das sepulturas os ossos e os queimassem sobre o altar de Betel, a fim de deixar impuro esse altar, conforme a palavra do Senhor proclamada pelo homem de Deus que declarou que essas coisas aconteceriam ao altar de Jeroboão. “Que monumento é aquele ali?”, perguntou o rei. E os homens da cidade lhe disseram: “É a sepultura do homem de Deus que veio de Judá e anunciou que aquilo que o rei acaba de fazer aconteceria aqui ao altar de Betel!” Então o rei Josias respondeu: “Deixem que fique onde está. Ninguém mexa nos seus ossos”. Assim não queimaram aqueles ossos, nem os ossos do profeta que veio de Samaria. Como havia feito em Betel, Josias profanou e tirou todos os altares idólatras nas montanhas de toda a região de Samaria. Eles tinham sido construídos pelos diversos reis de Israel, que com isso provocaram a ira do Senhor. Josias matou todos os sacerdotes desses altares idólatras ali mesmo em seus próprios altares, e queimou os ossos humanos sobre os altares, para deixá-los impuros. Depois de tudo isso voltou para Jerusalém. Então o rei deu a seguinte ordem para todo o povo: “Celebrem a cerimônia da Páscoa do Senhor, o seu Deus, como está escrito neste Livro da Aliança”. Não havia tido uma celebração da Páscoa como esta desde os dias dos juízes de Israel, e nunca houve outra igual em todos os dias dos reis de Israel e de Judá. Essa Páscoa foi comemorada ao Senhor, em Jerusalém, no décimo oitavo ano do reinado de Josias. Josias exterminou também os médiuns, os que consultavam os mortos, todo tipo de ídolos do lar, outros ídolos e todos os outros objetos de adoração que havia em Judá e em Jerusalém. Ele fez isso porque queria seguir todas as exigências das leis que estavam escritas no livro que o sacerdote Hilquias encontrou no templo do Senhor. Não houve nenhum outro rei que se voltasse para o Senhor de todo o coração, de toda a alma e de todas as forças, e seguisse todas as leis de Moisés quanto Josias. Porém, o Senhor ainda manteve a sua grande ira contra Judá, por causa das coisas más que o rei Manassés havia feito para provocar a sua ira. Pois o Senhor tinha dito: “Retirarei Judá da minha presença, assim como fiz com Israel; e não aceitarei a cidade de Jerusalém que escolhi, e o templo do qual eu disse: ‘Ali estará o meu nome’ ”. Os demais acontecimentos da história do reinado de Josias estão escritos no Livro da História dos Reis de Judá. Naqueles dias o faraó Neco, rei do Egito, atacou o rei da Assíria junto ao rio Eufrates. O rei Josias foi ao encontro dele para combatê-lo; porém o faraó Neco o enfrentou e o matou em Megido. Os oficiais de Josias levaram o seu corpo de volta num carro, de Megido para Jerusalém, e o sepultaram no túmulo que ele havia escolhido. E o povo escolheu Jeoacaz, filho de Josias, como seu novo rei. Jeoacaz tinha vinte e três anos de idade quando subiu ao trono e reinou três meses em Jerusalém. O nome de sua mãe era Hamutal, filha de Jeremias; ela era de Libna. Ele fez o que era mau aos olhos do Senhor, tal como os reis que vieram antes dele. O faraó Neco mandou prendê-lo na cadeia de Ribla, em Hamate, para não deixar que ele reinasse em Jerusalém, e ainda cobrou um imposto de Judá de três toneladas e meia de prata e trinta e cinco quilos de ouro. Então o rei egípcio escolheu Eliaquim, filho de Josias, para reinar em Jerusalém; e trocou o nome dele para Jeoaquim. Depois ele levou o rei Jeoacaz para o Egito, onde este morreu. Jeoaquim cobrou imposto de cada um conforme suas posses, para conseguir a prata e o ouro que o faraó tinha exigido. Jeoaquim tinha vinte e cinco anos de idade quando se tornou rei de Judá. Ele reinou por onze anos em Jerusalém. O nome de sua mãe era Zebida, filha de Pedaías, natural de Ruma. Jeoaquim fez o que era mau aos olhos do Senhor, como os outros reis que vieram antes dele. Foi no reinado de Jeoaquim que Nabucodonosor, rei de Babilônia, atacou Jerusalém. Jeoaquim teve de entregar-se e pagar um imposto ao rei da Babilônia durante três anos, mas depois ele se rebelou contra Nabucodonosor. O Senhor enviou tropas de caldeus, de sírios, de moabitas e de amonitas contra Judá a fim de destruir a nação, conforme o Senhor havia avisado por intermédio dos seus servos, os profetas. Essas calamidades aconteceram a Judá, por ordem direta do Senhor. Ele tinha resolvido eliminar Judá da sua presença por causa dos muitos pecados de Manassés, pois este rei havia derramado muito sangue inocente nas ruas de Jerusalém, e o Senhor não perdoou esse pecado. Os demais acontecimentos da história do reinado de Jeoaquim estão registrados no Livro da História dos Reis de Judá. Depois que ele morreu e foi enterrado com seus antepassados, o seu filho Joaquim reinou em seu lugar. O rei do Egito nunca mais saiu das suas fronteiras, pois o rei da Babilônia ocupou toda a região, desde o ribeiro do Egito até o rio Eufrates, que antes o Egito possuía. Joaquim tinha dezoito anos de idade quando se tornou rei de Judá. Ele governou por três meses em Jerusalém. O nome da mãe era Neústa, filha de Elnatã, de Jerusalém. Joaquim fez o que era mau aos olhos do Senhor, como tinha feito o seu pai. Foi durante o seu reinado que os exércitos de Nabucodonosor, rei de Babilônia, cercaram a cidade de Jerusalém. O próprio Nabucodonosor chegou durante o cerco da cidade, e o rei Joaquim, todos os seus oficiais e sua mãe se entregaram a Nabucodonosor. A rendição foi aceita, e Joaquim ficou preso na Babilônia. Isso aconteceu no oitavo ano do reinado de Nabucodonosor, rei da Babilônia. Os babilônios levaram embora todos os tesouros do templo e do palácio real; e cortaram em pedaços todos os vasos de ouro que Salomão, rei de Israel, tinha colocado no templo, por ordem do Senhor. O rei Nabucodonosor levou de Jerusalém dez mil prisioneiros, inclusive todos os príncipes e os melhores soldados, os melhores trabalhadores em objetos de arte e ferreiros. Assim, só ficaram na terra as pessoas pobres e sem profissão. Nabucodonosor levou para a Babilônia o rei Joaquim, suas esposas, seus oficiais e sua mãe. Além disso, ele levou sete mil dos melhores soldados, todos eles homens fortes e preparados para a guerra, e mil trabalhadores em objetos de arte e ferreiros. Então o rei de Babilônia nomeou Matanias, tio do rei Joaquim, para ser o próximo rei, e mudou o nome dele para Zedequias. Zedequias tinha vinte e um anos de idade quando começou a reinar e reinou onze anos em Jerusalém. O nome da sua mãe era Hamutal, filha de Jeremias, de Libna. Zedequias fez o que era mau aos olhos do Senhor, como o rei Jeoaquim havia feito. Assim o Senhor, em sua ira, finalmente lançou para longe da sua presença o povo de Jerusalém e de Judá. Então o rei Zedequias se rebelou contra o rei de Babilônia. O rei Nabucodonosor, da Babilônia, reuniu todo o seu exército e cercou a cidade de Jerusalém, chegando ali no décimo dia do décimo mês do nono ano do reinado de Zedequias em Judá. Eles acamparam fora da cidade e construíram rampas de ataque ao redor da cidade. O cerco continuou até o décimo primeiro ano do reinado de Zedequias. O último alimento que havia na cidade foi comido no nono dia do quarto mês. Naquela noite, o rei e seus soldados fizeram um buraco no muro interno e fugiram em direção da Arabá, passando por uma porta que existe entre os muros duplos, perto do jardim do rei. Os soldados babilônios que cercavam a cidade saíram atrás do rei e o prenderam nas planícies de Jericó, e todos os seus homens o abandonaram. Zedequias foi levado para Ribla, onde foi julgado e condenado perante o rei da Babilônia. Eles executaram os seus filhos diante dos seus olhos, depois vazaram os seus olhos, e ele foi amarrado com correntes e levado para a Babilônia. Nebuzaradã, o comandante da guarda real, chegou a Jerusalém, vindo de Babilônia, no sétimo dia do quinto mês do décimo nono ano do reinado de Nabucodonosor. Ele pôs fogo no templo do Senhor, no palácio e em todas as outras casas de Jerusalém que tinham algum valor. Depois dirigiu o trabalho dos soldados babilônios na derrubada dos muros de Jerusalém. O restante do povo da cidade e os desertores que se declararam fiéis ao rei da Babilônia foram levados presos para Babilônia. Mas os que eram muito pobres ficaram para trabalhar nas vinhas e nos campos. Os babilônios cortaram em pedaços as colunas de bronze do templo do Senhor e também o tanque de bronze e suas bases, que estavam no templo do Senhor, e transportaram todo o bronze para a Babilônia. Também levaram as panelas, as pás, os braseiros, as espevitadeiras e os outros instrumentos de bronze usados no serviço do templo. Nebuzaradã levou tudo que era feito de ouro e de prata, incluindo as vasilhas e as bacias de aspersão. Era impossível calcular o peso das duas colunas e do grande tanque e suas bases — tudo que Salomão tinha feito para o templo do Senhor, porque eram pesados demais. Cada coluna tinha cerca de oito metros e dez centímetros de altura com uma série de romãs de bronze decorando os capitéis, de cerca de um metro e quarenta e cinco centímetros de altura, no alto das colunas. O comandante da guarda levou Seraías, o sumo sacerdote, seu ajudante Sofonias e os três guardas do templo para a Babilônia, como prisioneiros. Um comandante do exército de Judá, o oficial encarregado da convocação dos soldados, cinco dos conselheiros do rei e sessenta lavradores, que ainda estavam escondidos na cidade, foram levados pelo general Nebuzaradã à presença do rei de Babilônia, em Ribla na terra de Hamate, onde o rei mandou executá-los. Assim Judá foi levado para o exílio, para longe da sua terra. Então o rei Nabucodonosor, rei da Babilônia, nomeou Gedalias, filho de Aicão e neto de Safã, como governador do povo que ficou em Judá. Quando os soldados guerreiros de Israel souberam que o rei da Babilônia tinha nomeado Gedalias como governador, alguns chefes da resistência e seus homens vieram encontrar-se com ele em Mispá. Entre eles estavam: Ismael, filho de Netanias, Joanã, filho de Careá, Seraías, filho de Tanumete, o netofatita, Jezanias, filho do maacatita, e os seus homens. Gedalias prometeu a eles o seguinte: “Vivam na terra e submetam-se ao rei da Babilônia, e tudo irá bem a vocês”. Contudo, no sétimo mês, Ismael, filho de Netanias e neto de Elisama, que era membro da família real, foi a Mispá com dez homens, matou Gedalias e todos os que estavam com ele, tanto judeus como babilônios. Nessa ocasião, todos os homens de Judá e os chefes guerreiros fugiram apavorados para o Egito, porque tinham medo do que os babilônios poderiam fazer com eles. No trigésimo sétimo ano do exílio de Joaquim, rei de Judá, no ano em que Evil-Merodaque se tornou rei da Babilônia, Joaquim foi libertado da prisão. Isso ocorreu no vigésimo sétimo dia do décimo segundo mês. Ele tratou Joaquim com bondade e deu a ele tratamento melhor do que o tratamento dado a todos os outros reis que estavam presos na Babilônia. Joaquim recebeu roupas novas para substituir as suas roupas de prisioneiro, e enquanto viveu comia regularmente à mesa do rei. O rei também deu a ele uma pensão em dinheiro durante o restante dos dias de sua vida. Adão, Sete, Enos, Cainã, Maalalel, Jerede, Enoque, Metusalém, Lameque, Noé. Os filhos de Noé foram: Sem, Cão e Jafé. Os filhos de Jafé foram: Gômer, Magogue, Madai, Javã, Tubal, Meseque e Tirás. Os filhos de Gômer foram: Asquenaz, Difate e Togarma. Os filhos de Java foram: Elisá, Társis, Quitim e Rodanim. Os filho de Cão foram: Cuxe, Mizraim, Fute e Canaã. Os filhos de Cuxe foram: Sebá, Havilá, Sabtá, Raamá e Sabtecá. Os filhos de Raamá foram: Sabá e Dedã. Cuxe gerou Ninrode, que se tornou um grande herói. Mizraim gerou os luditas, os anamitas, os beabitas, os naftruítas, os patrusitas e os casluítas, de onde vieram os filisteus. Canaã gerou Sidom, seu primeiro filho, e Hete. Canaã também foi o pai dos jebuseus, dos amorreus, dos girgaseus, dos heveus, dos arqueus, dos sineus, dos arvadeus, dos zemareus e dos hamateus. Os filhos de Sem foram: Elão, Assur, Arfaxade, Lude, Arã, Uz, Hul, Géter e Meseque. Arxafade gerou Salá, que gerou Éber. Éber teve dois filhos: o nome de um foi Pelegue, porque foi durante a sua vida que o povo da terra se dividiu em grupos de linguagem diferente, e o nome do seu irmão foi Joctã. Joctã gerou Almodá, Salefe, Hazarmavé, Jerá, Adorão, Uzal, Dicla, Ebal, Abimael, Sabá, Ofir, Havilá e Jobabe. Todos esses foram filhos de Joctã. Assim, o filho de Sem foi Arfaxade; o filho de Arfaxade foi Salá, O filho de Salá foi Éber, o filho de Éber foi Pelegue, o filho de Pelegue foi Réu, o filho de Reú foi Serugue, o filho de Serugue foi Naor, o filho de Naor foi Terá, o filho de Terá foi Abrão, mais tarde conhecido como Abraão. Os filhos de Abraão foram: Isaque e Ismael. Os filhos de Ismael foram: Nebaiote, o filho mais velho, Quedar, Adbeel, Mibsão, Misma, Dumá, Massá, Hadade, Temá, Jetur, Nafis e Quedemá. Esses foram os filhos de Ismael. Abraão também teve filhos com sua concubina Quetura; e os seus nomes foram: Zinrã, Jocsã, Medã, Midiã, Isbaque e Suá. Os filhos de Jocsã foram: Sabá e Dedã. Os filhos de Midiã foram: Efá, Éfer, Enoque, Abida e Elda. Todos esses foram descendentes de Abraão com Quetura. Abraão foi pai de Isaque, que teve dois filhos: Esaú e Israel. Os filhos de Esaú foram: Elifaz, Reuel, Jeús, Jalão e Coré. Os filhos de Elifaz foram: Temã, Omar, Zefi, Gaetã e Quenaz, Timna e Amaleque. Os filhos de Reuel foram: Naate, Zerá, Samá e Mizá. Os filhos de Esaú, que também se chama “Seir”, foram: Lotã, Sobal, Zibeão, Aná, Disom, Ézer e Disã. Os filhos de Lotã foram: Hori e Homã. Lotã tinha uma irmã chamada Timna. Os filhos de Sobal foram: Aliã, Manaate, Ebal, Sefi e Onã. Os filhos de Zibeão foram: Aiá e Aná. O filho de Aná se chamava Disom. Os filhos de Disom foram: Hanrão, Esbã, Itrã e Querã. Os filhos de Ézer foram: Bilã, Zaavã e Jaacã. Os filhos de Disã foram: Uz e Arã. Os reis de Edom que reinaram antes que os israelitas tivessem um rei foram: Belá, filho de Beor, que morava na cidade de Dinabá. Quando Belá morreu, reinou em seu lugar Jobabe, filho de Zerá, da cidade de Bozra. Jobabe morreu e em seu lugar reinou Husão, da terra dos temanitas. Quando Husão morreu, em seu lugar reinou Hadade, filho de Bedade; este Bedade foi quem destruiu o exército de Midiã nos campos de Moabe; ele era da cidade de Avite. Quando Hadade morreu, reinou em lugar dele Samlá, da cidade de Masreca. Quando Samlá morreu, o novo rei foi Saul, da vila de Reobote, perto do rio Eufrates. Quando Saul morreu, o novo rei foi Baal-Hanã, filho de Acbor. Quando Baal-Hanã morreu, o novo rei foi Hadade, que morava na cidade de Paú, de onde governava. A mulher dele chamava-se Meetabel, filha de Matrede e neta de Me-Zaabe. Após a morte de Hadade, os príncipes de Edom foram: Timna, Aliá, Jetete, Oolibama, Elá, Pinom, Quenaz, Temã, Mibzar, Magdiel e Irã. Esses foram príncipes de Edom. Os filhos de Israel foram: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Issacar, Zebulom, Dã, José, Benjamim, Naftali, Gade e Aser. Os filhos de Judá foram: Er, Onã e Selá. Ele teve esses três filhos com uma mulher de Canaã, que se chamava Bate-Suá. Mas o filho mais velho de Judá, Er, fez o que era mau aos olhos do Senhor, e o Senhor o matou. Então a viúva de Er, que se chamava Tamar, e seu sogro Judá se tornaram os pais dos filhos gêmeos Perez e Zerá. Assim, Judá teve cinco filhos. Os filhos de Perez foram: Hezrom e Hamul. Os filhos de Zerá foram estes cinco: Zinri, Etã, Hemã, Calcol e Dara. Acar, filho de Carmi, foi o homem que causou desgraça a Israel ao se apossar das coisas dedicadas a Deus. O filho de Efã foi Azarias. Os filhos de Hezrom foram: Jerameel, Rão e Quelubai. Rão foi o pai de Aminadabe, e Aminadabe foi o pai de Naassom, o líder de uma das famílias de Judá. Naassom foi o pai de Salma, e Salma foi o pai de Boaz. Boaz foi o pai de Obede, e Obede foi o pai de Jessé. O primeiro filho de Jessé foi Eliabe, o segundo, Abinadabe, o terceiro, Simeia, o quarto, Netanel, o quinto, Radai, o sexto, Ozém, e o sétimo foi Davi. Ele também teve duas filhas da mesma mulher, chamadas Zeruia e Abigail. Os três filhos de Zeruia foram: Abisai, Joabe e Asael. Abigail teve um filho chamado Amasa; o marido dela era Jéter, da terra de Ismael. Calebe, filho de Hezrom, teve duas esposas; os nomes delas eram Azuba e Jeriote. Os filhos de Azuba foram: Jeser, Sobabe e Ardom. Depois da morte de Azuba, Calebe se casou com Efrate, e com ela teve um filho chamado Hur. O filho de Hur chamava-se Uri, e o filho de Uri, Bezalel. Quando Hezrom estava com a idade de sessenta anos, se casou com a filha de Maquir, e ela deu a ele um filho chamado Segube. Maquir também foi o pai de Gileade. Segube foi o pai de Jair, que governou vinte e três cidades na terra de Gileade. Porém Gesur e Arã tomaram de Jair essas cidades e também tomaram Quenate e suas sessenta aldeias vizinhas, que pertenciam aos descendentes de Maquir, pai de Gileade. Logo depois da morte de seu pai Hezrom, Calebe se casou com Efrata, viúva de seu pai, e ela teve um filho chamado Asur, fundador de Tecoa. Os filhos de Jerameel, o filho mais velho de Hezrom, foram: Rão, o filho mais velho, Buna, Orém, Ozém e Aías. Atara, a segunda esposa de Jerameel, foi a mãe de Onã. Os filhos de Rão, primeiro filho de Jerameel, foram: Maaz, Jamim e Equer. Os filhos de Onã foram: Samai e Jada. Os filhos de Samai foram: Nadabe e Abisur. Os filhos de Abisur e de sua mulher Abiail foram: Abã e Molide. Os filhos de Nadabe foram: Selede e Apaim. Selede morreu sem filhos. Apaim teve um filho chamado Isi; o filho de Isi chamava-se Sesã, e o filho de Sesã chamava-se Alai. Jada, irmão de Samai, teve dois fi-Ihos: Jéter e Jônatas. Jéter morreu sem filhos. Os filhos de Jônatas foram: Pelete e Zaza. Todos esses foram descendentes de Jerameel. Sesã não teve filhos, porém teve diversas filhas. Ele tinha um escravo egípcio chamado Jará, que trabalhava para ele, a quem deu uma de suas filhas por mulher, e eles tiveram um filho ao qual deram o nome de Atai. O filho de Atai chamava-se Natã; o filho de Natã, Zabade; o filho de Zabade, Eflal; o filho de Eflal, Obede; o filho de Obede, Jeú; o filho de Jeú, Azarias; o filho de Azarias, Helez; o filho de Helez, Eleasá; o filho de Eleasá, Sismai; o filho de Sismai, Salum; o filho de Salum, Jecamias; o filho de Jecamias, Elisama. O filho mais velho de Calebe, irmão de Jerameel, foi Messa; Messa foi o pai de Zife, e Zife foi o pai de Maressa, que foi o pai de Hebrom. Os filhos de Hebrom foram: Coré, Tapua, Requém e Sema. Sema foi o pai de Raão, e Raão foi o pai de Jorqueão. Requém foi o pai de Samai. Samai foi o pai de Maom; e Maom foi o pai de Bete-Zur. Efá, a concubina de Calebe, deu a ele os seguintes filhos: Harã, Moza e Gazez; Harã também teve um filho, com o nome de Gazez. Os filhos de Jadai foram: Regém, Jotão, Gesã, Pelete, Efá e Saafe. Outra concubina de Calebe, chamada Maaca, teve com ele dois filhos: Seber e Tiraná. Ela também teve Saafe, pai de Madmana, e Seva, pai de Macbena e de Gibeá. Calebe também teve uma filha chamada Acsa. Os outros descendentes de Calebe foram: Os filhos de Hur, o filho mais velho de Efrate: Sobal, o fundador de Quiriate-Jearim, Salma o fundador de Belém, e Harefe, o fundador de Bete-Gader. Os descendentes de Sobal, fundador de Quiriate-Jearim, foram Haroé, meia tribo dos manaatitas. Os grupos de famílias de Quiriate-Jearim foram os itritas, os fateus, os sumateus e os misraeus. Destes descenderam os zorateus e os estaoleus. Os descendentes de Salma foram: Belém e os netofatitas, Atrote-Bete-Joabe, metade dos manaatitas, e os zoritas; também estavam nesse meio os grupos de famílias dos escritores que moravam em Jabez: os tiratitas, os simeatitas e os sucatitas. Esses foram os queneus, descendentes de Hamate, o pai da família de Recabe. Os filhos de Davi, nascidos em Hebrom, foram: O seu filho mais velho com sua mulher Ainoã, de Jezreel, chamava-se Amnom; o segundo chamava-se Daniel, cuja mãe se chamava Abigail, do Carmelo; o terceiro foi Absalão, filho de Maaca, que era filha de Talmi, rei de Gesur; o quarto foi Adonias, filho de Hagite; o quinto foi Sefatias, filho de Abital; e o sexto foi Itreão, filho de sua mulher Eglá. Esses seis filhos de Davi nasceram em Hebrom, onde ele reinou sete anos e seis meses. Depois ele mudou a capital para Jerusalém, onde reinou outros trinta e três anos. Ali nasceram os seguintes filhos: Com sua mulher Bate-Seba, filha de Amiel, teve os seguintes filhos: Simeia, Sobabe, Natã e Salomão. Davi também teve outros nove filhos: Ibar, Elisua, Elpalete, Nogá, Nefegue, Jafia, Elisama, Eliada e Elifelete. Todos esses foram filhos de Davi, além dos filhos que teve com suas concubinas. Davi também teve uma filha chamada Tamar. O filho de Salomão foi Roboão; o filho de Roboão foi Abias; o filho de Abias, Asa; o filho de Asa, Josafá; o filho de Josafá, Jorão, o filho de Jeorão, Acazias, o filho de Acazias, Joás; o filho de Joás, Amazias; o filho de Amazias, Uzias; o filho de Uzias, Jotão; O filho de Jotão, Acaz; o filho de Acaz, Ezequias; o filho de Ezequias, Manassés; o filho de Manassés, Amom; o filho de Amom, Josias. Os filhos de Josias foram: Joanã, o primeiro, Jeoaquim, o segundo, Zedequias, o terceiro, e Salum, o quarto. Os herdeiros de Joaquim foram: Jeconias e Zedequias. O rei Jeconias teve os seguintes filhos, que nasceram durante os anos em que ele esteve preso: Sealtiel, Malquirão, Pedaías, Senazar, Jecamias, Hosama, Nebadias. Os filhos de Pedaías foram: Zorobabel e Simei. Os filhos de Zorobabel foram: Mesulão, Hananias e Selomite, irmã deles. Pedaías teve outros cinco filhos: Hasubá, Oel, Berequias, Hasadias e Jusabe-Hesede. Os filhos de Hananias foram: Pelatias e Jesaías, e os filhos de Refaías, de Arnã, de Obadias e de Secanias. Os filhos de Secanias foram: Semaías e seus filhos: Hatus, Igal, Bariá, Nearias, e Safate; seis filhos ao todo. Nearias teve três filhos: Elioenai, Ezequias e Azricão. Elioenai teve sete filhos: Hodavias, Eliasibe, Pelaías, Acube, Joanã, Delaías e Anani. Estes também foram os filhos de Judá: Perez, Hezrom, Carmi, Hur e Sobal. Reaís, filho de Sobal, foi o pai de Jaate, e Jaate foi o pai de Aumai e Laade. Estes eram conhecidos como o grupo de famílias dos zoratitas. Os filhos de Etã foram: Jezreel, Isma e Idbas. A irmã deles chamava-se Hazelelponi. E ainda Penuel, pai de Gedor, e Ézer, pai de Husá. Esses foram descendentes de Hur, o filho mais velho de Efrate, que foi o pai de Belém. Asur, fundador de Tecoa, teve duas mulheres: Helá e Naará. Naará foi a mãe de Auzão, Héfer, Temeni e Haastari; esses foram os filhos de Naará. Helá foi mãe de Zerete, Izar, Etna e Coz, que foi o pai de Anube e Zobeba e os grupos de famílias de Aarel, filho de Harum. Jabez foi mais respeitado do que qualquer um de seus irmãos. Sua mãe lhe deu o nome de Jabez, dizendo: “Sofri muito na hora de dar à luz”. Jabez orou ao Deus de Israel, dizendo: “Oh, quanto eu desejo que o Senhor me abençoe maravilhosamente e me ajude em meu trabalho. Fique comigo em tudo quanto eu fizer, e guarde-me de todo mal e sofrimento!” E Deus concedeu a ele o que havia pedido. Quelube, irmão de Suá, foi o pai de Meir, e Meir foi o pai de Estom; Estom foi o pai de Bete-Rafa, Paseia e Teína, fundador de Ir-Naás. Esses foram os homens de Reca. Os filhos de Quenaz foram: Otoniel e Seraías. Meonotai foi o pai de Ofra; Seraías foi o pai de Joabe, que foi o fundador de Ge-Harasim, assim chamado porque os seus habitantes eram artesãos. Os filhos de Calebe, filho de Jefoné, foram: Iru, Elá e Naã. O filho de Elá se chamava Quenaz. Os filhos de Jealelel foram: Zife, Zifa, Tiria e Asareel. Os filhos de Ezra foram: Jéter, Merede, Éfer e Jalom. Merede casou-se com Bitia, filha do faraó. Ela foi a mãe de Miriã, Samai e Isbá, o fundador de Estemoa. Estemoa tinha uma esposa judia; ela foi a mãe de Jerede, Héber e Jecutiel; Jerede foi o pai dos gedoritas; Héber foi o pai dos socoítas, e Jecutiel foi o pai dos zanoítas. A esposa de Hodias era irmã de Naã. Um dos filhos dela foi o pai de Queila, o garmita, e um outro filho foi o pai de Estemoa, o maacatita. Os filhos de Simão foram: Amnom, Rina, Bene-Hanã e Tilom. Os filhos de Isi foram: Zoete e Bene-Zoete. Os filhos de Selá, filho de Judá, foram: Er, pai de Leca, Lada, pai de Maressa. Selá também foi pai dos grupos de famílias dos trabalhadores que trabalhavam em linho, em Bete-Asbeia, de Joquim, dos homens de Cozeba, de Joás, de Sarafe, que foi governador em Moabe e em Jasubi-Leém. Todos esses nomes vieram de registros muito antigos. Eles eram conhecidos pelos seus trabalhos em vasos de barro, em jardins e plantações, e habitavam em Netaim e em Gederá. Todos trabalhavam para o rei. Os filhos de Simeão foram: Nemuel, Jamim, Jaribe, Zerá e Saul. O filho de Saul chamava-se Salum, pai de Mibsão, que foi o pai de Misma. Hamuel era um dos filhos de Misma. Ele era o pai de Zacur e avô de Simei. Simei teve dezesseis filhos e seis filhas, mas seus irmãos não tiveram famílias grandes; por isso todos os seus grupos de famílias não se igualam em número à tribo de Judá. Eles moravam em Berseba, Moladá, Hazar-Sual, Bila, Azém, Tolade, Betuel, Hormá, Ziclague, Bete-Marcabote, Hazar-Susim, Bete-Biri e Saaraim. Eles governavam essas cidades até o tempo do rei Davi. Os filhos deles também moravam nas cinco cidades: Etã, Aim, Rimom, Toquém e Asã, e nos povoados ao redor até Baalate. Eles mantinham um registro genealógico. Mesobabe, Janleque, Josa, filho de Amazias, Joel, Jeú, filho de Josibias, neto de Seraías e bisneto de Asiel; também Elioenai, Jaacobá, Jesoaías, Asaías, Adiel, Jesimiel, Benaia e Ziza, filho de Sifi, neto de Alom, bisneto de Jedaías, trineto de Sinri e tetraneto de Semaías. Essa é a lista dos líderes dos seus grupos de famílias. Eles tornaram-se muito numerosos e, por isso, viajaram para o leste do vale de Gedor; eles foram para lá procurando pastos para os seus rebanhos. Eles encontraram pastos bons, numa região espaçosa, pacífica e calma, onde alguns camitas tinham vivido anteriormente. Durante o reinado de Ezequias, rei de Judá, esses homens entraram na terra, tomaram conta dela, derrubaram as tendas dos camitas e dos meunitas; mataram os moradores da terra e ficaram com tudo, porque aí havia pasto para os seus rebanhos. Mais tarde, quinhentos desses homens da tribo de Simeão invadiram as colinas de Seir, liderados por Pelatias, Nearias, Refaías e Uziel, todos eles filhos de Isi. Eles mataram os poucos homens que sobraram da tribo de Amaleque. Eles moram nesse lugar até hoje. O filho mais velho de Israel era Rúben, mas já que ele havia desonrado o leito do seu pai, seus direitos de filho mais velho foram dados aos filhos de José, filho de Israel, seu irmão por parte de pai. Por isso, nos registros genealógicos não aparece o nome de Rúben como o filho mais velho. Embora Judá tenha sido o mais poderoso de seus irmãos e dele tenha vindo um líder, os direitos de filho mais velho foram dados a José. Os filhos de Rúben, o primeiro filho de Israel, foram: Enoque, Palu, Hezrom e Carmi. Os descendentes de Joel foram: seu filho Semaías, seu neto Gogue e seu bisneto Simei. O filho de Simei foi Mica; seu neto Reaías, e seu bisneto Baal. O filho de Baal foi Beera. Ele foi chefe da tribo de Rúben e foi levado preso por Tiglate-Pileser, rei da Assíria. Estes foram os seus parentes, de acordo com os grupos de famílias, conforme os registros genealógicos: Jeiel, Zacarias e Belá, filho de Azaz, neto de Sema e bisneto de Joel. Esses homens da tribo de Rúben foram morar em Aroer e em lugares que ficavam tão longe como o monte Nebo e Baal-Meom. Joel foi criador de gado e levava os animais para pastarem até a entrada do deserto, em direção do Oriente, e até o rio Eufrates, porque os seus rebanhos haviam crescido muito na terra de Gileade. Durante o reinado do rei Saul, os homens de Rúben derrotaram os hagarenos na guerra e se mudaram para o acampamento deles que ficava na região a leste de Gileade. Ao lado da tribo de Rúben, na terra de Basã, ficou a tribo de Gade, e eles se espalharam até Salcá. Joel era o mais importante do grupo de famílias, e depois dele vinha Safã, e em seguida Janai e Safate. Os parentes dele, por famílias, foram: Micael, Mesulão, Seba, Jorai, Jacã, Zia e Héber. Eles eram descendentes de Abiail, filho de Huri, neto de Jaroa, bisneto de Gileade e trineto de Micael, que foi filho de Jesisai, neto de Jado e bisneto de Buz. Aí, filho de Abdiel e neto de Guni, foi o chefe dessas famílias. A tribo de Gade morou em Gileade e em redor, na terra de Basã, e em toda a região de pastos de Sarom. Todos estavam incluídos nos registros oficiais no tempo de Jotão, rei de Judá, e nos dias de Jeroboão, rei de Israel. Havia quarenta e quatro mil, setecentos e sessenta homens armados, capazes de empunhar escudo e espada, de usar o arco, e preparados para a guerra das tribos de Rúben, de Gade e da meia tribo de Manassés. Eles foram para a guerra contra os hagarenos, bem como contra Jetur, contra Nafis e contra Nodabe. Pediram a Deus para ajudá-los na batalha, e ele os ajudou, porque confiaram em Deus. Assim, os hagarenos e todos os que estavam do lado deles foram derrotados, e deles foram tirados cinquenta mil camelos, duzentos e cinquenta mil ovelhas, dois mil jumentos e cem mil pessoas que foram presas. Também foram mortos na guerra muitos inimigos, pois a batalha era de Deus. Assim eles moraram nas terras dos hagarenos até o tempo em que foram levados como prisioneiros. A meia tribo de Manassés era muito numerosa e espalhou-se por toda a terra desde Basã até Baal-Hermom, isto é, até Senir e o monte Hermom. Os chefes das famílias dessa tribo eram: Éfer, Isi, Eliel, Azriel, Jeremias, Hodavias e Jadiel. Cada um desses homens era muito respeitado como grande guerreiro e chefe das famílias. Porém eles não foram como seus pais, que eram homens tementes a Deus. Ao contrário, adoravam os ídolos dos povos que Deus tinha destruído diante deles. Por isso, o Deus de Israel incitou Pul, rei da Assíria, também conhecido como Tiglate-Pileser, a entrar na terra e levar como escravos os homens de Rúben, Gade e da meia tribo de Manassés. Eles foram levados para Hala, Habor, Hara e para o rio Gozã, onde ficaram até o dia de hoje. São estes os nomes dos filhos de Levi: Gérson, Coate e Merari. Os filhos de Coate foram: Anrão, Isar, Hebrom e Uziel. Os filhos de Anrão foram: Arão, Moisés e Miriã. Os filhos de Arão foram: Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar. Os filhos mais velhos das famílias de Arão que nasceram mais tarde foram os seguintes: Eleazar, pai de Fineias; Fineias, pai de Abisua; Abisua, pai de Buqui; Buqui, pai de Uzi; Uzi, pai de Zeraías; Zeraías, pai de Meraiote; Meraiote, pai de Amarias; Amarias, pai de Aitube; Aitube, pai de Zadoque; Zadoque, pai de Aimaás; Aimaás, pai de Azarias; Azarias, pai de Joanã; Joanã, pai de Azarias, que serviu como sacerdote no templo de Salomão, em Jerusalém. Azarias foi o pai de Amarias; Amarias, pai de Aitube; Aitube, pai de Zadoque; Zadoque, pai de Salum; Salum, pai de Hilquias; Hilquias, pai de Azarias; Azarias, pai de Seraías; e Seraías, pai de Jeozadaque. Quando o Senhor mandou o povo de Judá e de Jerusalém para o exílio por meio do rei Nabucodonosor, Jeozadaque foi levado junto com o povo. Conforme foi escrito anteriormente, os filhos de Levi foram: Gérson, Coate e Merari. Os filhos de Gérson foram: Libni e Simei. Os filhos de Coate foram: Anrão, Izar, Hebrom e Uziel. Os filhos de Merari foram: Mali e Musi. Estes foram os grupos de famílias dos levitas alistados de acordo com os seus antepassados: De Gérson: Seu filho Libni, pai de Jaate, pai de Zima, pai de Joá, pai de Ido, pai de Zerá, pai de Jeaterai. De Coate: Seu filho Aminadabe, pai de Coré, pai de Assir, pai de Elcana, pai de Ebiasafe, pai de Assir, pai de Taate, pai de Uriel, pai de Uzias, pai de Saul. De Elcana: Amasai, Aimote, e Elcana, pai de Zofai, pai de Naate, pai de Eliabe, pai de Jeroão, pai de Elcana. As famílias que vieram de Samuel eram chefiadas pelos filhos de Samuel: Joel, o mais velho; e Abias, o segundo. De Merari: Mali, pai de Libni, pai de Simei, pai de Uzá, pai de Simeia, pai de Hagias, pai de Asaías. Depois que a arca foi levada para o Tabernáculo, Davi nomeou os dirigentes do canto e grupos de cantores no templo do Senhor. Eles ministravam diante do Tabernáculo da tenda da congregação. Mais tarde, quando Salomão construiu a casa do Senhor em Jerusalém, os grupos de cantores cantavam ali. Estes são os nomes dos dirigentes dos cantores e também filhos dos dirigentes: Do grupo de famílias de Coate: Hemã, o cantor, filho de Joel, filho de Samuel, filho de Elcana, filho de Jeroão, filho de Eliel, filho de Toá, filho de Zufe, filho de Elcana, filho de Maate, filho de Amasai, filho de Elcana, filho de Joel, filho de Azarias, filho de Sofonias, filho de Taate, filho de Assir, filho de Ebiasafe, filho de Coré, filho de Jizar, filho de Coate, filho de Levi, filho de Israel. À direita de Hemã ficava seu irmão Asafe. Asafe era filho de Berequias, filho de Simeia, filho de Micael, filho de Baaséias, filho de Malquias, filho de Etni, filho de Zerá, filho de Adaías, filho de Etã, filho de Zima, filho de Simei, filho de Jaate, filho de Gérson, filho de Levi. À esquerda de Hemã ficava Etã, que representava a família de Merari, filho de Quisi, filho de Abdi, filho de Maluque, filho de Hasabias, filho de Amazias, filho de Hilquias, filho de Anzi, filho de Bani, filho de Sêmer, filho de Mali, filho de Musi, filho de Merari, filho de Levi. Os parentes deles, todos os outros levitas, foram nomeados para diversos trabalhos no Tabernáculo, a casa de Deus. Mas somente Arão e os seus filhos, netos, bisnetos e assim por diante é que cuidavam dos sacrifícios do altar de ofertas queimadas. As obrigações dos sacerdotes eram queimar as ofertas e o incenso, lidar com todas as tarefas que eram feitas no santuário interior, o Lugar Santíssimo, como também os sacrifícios no Dia da Expiação por Israel. Os sacerdotes cuidavam para que tudo fosse feito conforme Moisés, o servo de Deus, havia mandado. O filho de Arão foi Eleazar; o filho de Eleazar, Fineias; o filho de Fineias, Abisua; o filho de Abisua, Buqui; o filho de Buqui, Uzi; o filho de Uzi, Zeraías; o filho de Zeraías, Meraiote; o filho de Meraiote, Amarias; o filho de Amarias, Aitube; o filho de Aitube, Zadoque; o filho de Zadoque, Aimaás. Este é um registro das cidades e da terra que, por meio de sorte, foram entregues aos filhos de Arão, os levitas, todos eles membros da família de Coate: Hebrom, em Judá, e as suas pastagens ao redor, embora os campos e as cidades vizinhas fossem dados a Calebe, filho de Jefoné. Assim os descendentes de Arão receberam as seguintes cidades de refúgio, com os pastos ao redor: Hebrom, Libna, Jatir, Estemoa, Hilém, Debir, Asã e Bete-Semes. Outras treze cidades com as pastagens ao redor, incluindo Geba, Alemete e Anatote, foram dadas aos sacerdotes pela tribo de Benjamim. Então tiraram sorte para distribuir aos demais descendentes de Coate a terra que sobrou, e eles receberam dez cidades no território da meia tribo de Manassés. As famílias pertencentes aos grupos de famílias de Gérson receberam, por sorteio, treze cidades na terra de Basã, que tinham sido das tribos de Issacar, Aser, Naftali e da meia tribo de Manassés. Os grupos de famílias de Merari receberam, por sorteio, doze cidades que tinham sido das tribos de Rúben, Gade e Zebulom. Essas cidades e terras de pastos foram dadas por sorteio aos levitas. As cidades dos territórios de Judá, Simeão e Benjamim também foram dadas a eles por sorteio. A tribo de Efraim deu estas cidades aos grupos de famílias de Coate: Siquém, cidade de refúgio, nos montes de Efraim e Gezer; Jocmeão; Bete-Horom; Aijalom; Gate-Rimom, com suas pastagens ao redor. As seguintes cidades e as terras de pastagens foram dadas aos grupos de famílias dos coatitas pela meia tribo de Manassés: Aner e Bileã. Os gersonitas receberam as seguintes cidades: Do grupo de famílias da meia tribo de Manassés: Golã, em Basã, e Astarote, com suas pastagens ao redor. Da tribo de Issacar: Quedes, Daberate, Ramote e Aném, com as pastagens ao redor. Da tribo de Aser: Masal, Abdom, Hucoque e Reobe, com as pastagens ao redor. E da tribo de Naftali: Quedes, na Galileia, Hamom e Quiriataim, com as pastagens ao redor. Estas foram as cidades que os outros grupos de famílias de Merari receberam: Da tribo de Zebulom, Rimono e Tabor com suas pastagens ao redor. Da tribo de Rúben, do outro lado do rio Jordão, em frente de Jericó, Bezer, cidade no deserto, Jaza, Quedemote e Mefaate, com suas pastagens ao redor. E da tribo de Gade receberam Ramote, em Gileade, Maanaim, Hesbom e Jazer, com suas pastagens ao redor. Estes foram os quatro filhos de Issacar: Tolá, Puá, Jasube e Sinrom. Os filhos de Tolá foram chefes dos seguintes grupos de famílias: Uzi, Refaías, Jeriel, Jamai, Ibsão e Samuel. No tempo do rei Davi, o número total de soldados pertencentes aos descendentes de Tolá era de 22.600. O filho de Uzi foi Israías. Estes foram os filhos de Israías: Micael, Obadias, Joel e Issias: todos esses cinco homens foram chefes de famílias, que tinham muitas mulheres e filhos. No tempo de Davi, os homens destas famílias preparados para a guerra eram 36.000. O número total de homens prontos para o serviço militar pertencentes a todos os grupos de famílias da tribo de Issacar era de 87.000 guerreiros valentes, todos incluídos no registro oficial das famílias. Os filhos de Benjamim foram: Belá, Bequer e Jediael. Os filhos de Belá foram: Esbom, Uzi, Uziei, Jerimote e Iri. Esses cinco poderosos guerreiros foram chefes de grupos de famílias e comandavam 22.034 soldados, todos registrados no registro oficial das famílias. Os filhos de Bequer foram: Zemira, Joás, Eliezer, Elioenai, Onri, Jerimote, Abias, Anatote e Alemete. No tempo de Davi havia 22.200 poderosos guerreiros entre os filhos dessas famílias. Eles eram comandados pelos chefes dos grupos de famílias. O filho de Jediael foi Bilã. Os filhos de Bilã foram: Jeús, Benjamim, Eúde, Quenaaná, Zetã, Társis e Aisaar. Eles foram os chefes de famílias dos seus grupos de famílias de Jediael, e dentre os descendentes deles havia 17.200 guerreiros prontos para a guerra. Os filhos de Ir foram Supim e Hupim, e Husim era um dos filhos de Aer. Os filhos de Naftali, netos e bisnetos de Bila, esposa de Jacó, foram: Jaziel, Guni, Jezer, Salum. Os filhos de Manassés, nascidos de sua concubina síria, foram Asriel e Maquir, pai de Gileade. Maquir casou-se com Maaca, irmã de Hupim e Supim. O irmão dele era Zelofeade, que só teve filhas. A mulher de Maquir, Maaca, deu à luz um filho e deu a ele o nome de Perez, e ao irmão dele chamou Seres. Ulão e Requém foram os filhos de Perez. O filho de Ulão foi Bedã. Portanto, esses foram os descendentes de Gileade, netos de Maquir e bisnetos de Manassés. Hamolequete, irmã de Maquir, teve estes filhos: Isode, Abiezer e Maalá. Os filhos de Semida foram: Aiã, Siquém, Liqui e Anião. Os descendentes de Efraim foram: Sutela, que foi pai de Berede, pai de Taate, pai de Eleada, pai de Taate, pai de Zabade, pai de Sutela. Ézer e Eleade tentaram tomar o gado de Gade, mas foram mortos pelos fazendeiros desse lugar. Efraim, o pai deles, chorou durante muitos dias a morte dos filhos. Os irmãos de Efraim vieram passar uns dias com ele para trazer consolo. Depois a esposa dele lhe deu um filho, ao qual ele chamou de Berias por causa da desgraça que havia acontecido na sua família. O nome da filha de Efraim era Seerá. Ela construiu Bete-Horom Baixa e Alta, e também construiu Uzém-Seerá. Estas são as famílias dos filhos de Efraim: Refa, pai de Resefe; Resefe, pai de Telá; Telá, pai de Taã; Taã, pai de Ladã; Ladã, pai de Amiúde; Amiúde, pai de Elisama; Elisama, pai de Num; Num, pai de Josué. Eles moraram numa terra onde, de um lado ficavam Betel e as cidades vizinhas; Naarã a leste, e Gezer e seus povoados a oeste, além de Siquém e Azá e suas vilas. Os descendentes de José, filho de Israel, eram da tribo de Manassés. Eles tomaram conta das seguintes cidades e das vilas em redor: Bete-Seã, Taanaque, Megido e Dor, com seus povoados. Os filhos de Aser foram: Imna, Isvá, Isvi, Berias e Sera, irmã deles. Os filhos de Berias foram: Héber, Malquiel, que foi pai de Birzavite. Os filhos de Héber foram: Jaflete, Somer, Hotã, e Suá, irmã deles. Os filhos de Jaflete foram: Pasaque, Bimal, Asvate. Os filhos de Semer, irmão de Jaflete, foram: Aí, Roga, Jeubá e Arã. Os filhos de Helém, irmão de Somer, foram: Zofa, Imna, Seles e Amal. Os filhos de Zofa foram: Suá, Harnefer, Sual, Beri, Inra, Bezer, Hode, Samá, Silsa, Itrã e Beera. Os filhos de Jéter foram: Jefoné, Pispa e Ara. Os filhos de Ula foram: Ará, Haniel e Rizia. Todos esses descendentes de Aser foram chefes de famílias, homens escolhidos, soldados valentes, bons líderes, e sabiam lutar muito bem. Eles estavam inscritos nos registros de famílias e havia um total de 26.000 soldados. Os filhos de Benjamim, de acordo com a idade, foram: Belá, seu primeiro filho; Asbel, o segundo; Aará, o terceiro; Noá, o quarto; Rafa, o quinto. Os filhos de Belá foram: Adar, Gera, pai de Abiúde, Abisua, Naamã, Aoá, Gera, Setufá, Hurão. Os descendentes de Eúde, chefes das famílias que moravam em Geba, que foram deportados como escravos para Manaate, foram os seguintes: Naamã, Aías e Gera, também conhecido pelo nome de Heglã, pai de Uzá e Aiúde. Gera foi quem os deportou. Saaraim abandonou suas esposas Husim e Baara, porém na terra de Moabe ele teve filhos. Com sua esposa Hodes, teve estes filhos: Jobabe, Zíbia, Messa, Malcã, Jeús, Saquias e Mirma. Todos esses filhos se tornaram chefes de famílias. Com a sua esposa Husim ele teve os filhos Abitube e Elpaal. Os filhos de Elpaal foram: Éber, Misã, Semede, que construiu Ono e Lode, e os povoados vizinhos. Os outros filhos que ele teve foram Berias e Sema, chefes das famílias que moravam em Aijalom; eles expulsaram os moradores de Gate. Também foram filhos de Elpaal: Aiô, Sasaque, Jeremote. Zebadias, Arade, Éder, Micael, Ispa e Joá foram descendentes de Berias. Também estes foram descendentes de Elpaal: Zebadias, Mesulão, Hizqui, Héber, Ismerai, Izlias e Jobabe. Os descendentes de Simei foram: Jaquim, Zicri, Zabdi, Elienai, Ziletai, Eliel, Adaías, Beraías e Sinrate. Os descendentes de Sasaque foram: Ispã, Héber, Eliel, Abdom, Zicri, Hanã, Hananias, Elão, Antotias, Ifdeias e Penuel. Os descendentes de Jeroão foram: Sanserai, Searias, Atalias, Jaaresias, Elias e Zicri. Esses foram os chefes das famílias que moraram em Jerusalém, conforme registrados em suas genealogias. Jeiel, pai de Gibeom, morava em Gibeom; o nome da sua mulher era Maaca. O filho mais velho dele se chamava Abdom, e de seus outros filhos, Zur, Quis, Baal, Nadabe, Gedor, Aiô, Zequer e Miclote; este foi o pai de Simeia. Todas essas famílias moravam perto dos seus parentes em Jerusalém. Ner foi pai de Quis, e Quis foi pai de Saul. Os filhos de Saul foram: Jônatas, Malquisua, Abinadabe, Esbaal. O filho de Jônatas foi Mefibosete; o filho de Mefibosete foi Mica. Os filhos de Mica foram: Pitom, Meleque, Tareia e Acaz. Acaz foi o pai de Jeoada, e Jeoada foi o pai de Alemete, Azmavete e Zinri. O filho de Zinri foi Mosa. Mosa foi o pai de Bineá; Bineá foi pai de Rafa; Rafa foi pai de Eleasá: Eleasá foi pai de Azel. Azel teve seis filhos: Azricão, Bocru, Ismael, Searias, Obadias e Hanã. Ezeque, irmão de Azel, teve três filhos: Ulão, o mais velho, Jeús, o segundo, e Elifelete, o terceiro. Os filhos de Ulão foram guerreiros valentes e sabiam atirar muito bem com o arco. Esses homens tiveram cento e cinquenta filhos e netos. Todos esses eram da tribo de Benjamim. Cada pessoa em Israel tinha o registro de sua família cuidadosamente inscrito no Livro da História dos Reis de Israel. O povo de Judá foi levado como escravo para a Babilônia por causa da sua idolatria. Os primeiros a voltarem a morar de novo nas cidades de onde tinham saído foram algumas famílias do povo, também dos sacerdotes, dos levitas e dos que trabalhavam no templo. Depois, algumas famílias das tribos de Judá, Benjamim, Efraim e Manassés que chegaram a Jerusalém foram: Utai, filho de Amiúde; Amiúde, filho de Onri; Onri, filho de Inri; Inri, filho de Bani, da família de Perez, filho de Judá. Dos silonitas voltaram Asaías, o filho mais velho de Silom, e os filhos dele. Dos descendentes de Zerá: Jeuel e seus parentes; ao todo, seiscentas e noventa pessoas. Dentre os membros da tribo de Benjamim que voltaram estavam estes: Salu, filho de Mesulão; Mesulão, filho de Hodavias; Hodavias, filho de Hassenua; Ibneias, filho de Jeroão; Elá, filho de Uzi; Uzi filho de Micri; Mesulão, filho de Sefatias; Sefatias, filho de Reuel; Reuel, filho de Ibnias. Todos esses homens eram chefes de famílias. Os homens de Benjamim que voltaram foram novecentos e cinquenta e seis, todos registrados em sua genealogia. Os sacerdotes que voltaram foram estes: Jedaías, Jeoiaribe, Jaquim, Azarias, filho de Hilquias; Hilquias, filho de Mesulão; Mesulão, filho de Zadoque; Zadoque, filho de Meraiote; Meraiote, filho de Aitube, o principal encarregado da casa de Deus; Adaías, filho de Jeroão, filho de Pasur, filho de Malquias; e Masai, filho de Adiel; Adiel, filho de Jazera; Jazera, filho de Mesulão; Mesulão, filho de Mesilemite; Mesilemite, filho de Imer. No total, voltaram mil setecentos e sessenta sacerdotes que eram chefes de famílias. Eles eram homens capacitados para o serviço da casa de Deus. Entre os levitas que voltaram estavam: Semaías, filho de Hassube; Hassube, filho de Azricão; Azricão, filho de Hasabias, dos filhos de Merari. Baquebacar, Heres, Galal, Matanias, filho de Mica, filho de Zicri, que era filho de Asafe; Obadias, filho de Semaías, filho de Galal, filho de Jedutum, e Berequias, filho de Asa, filho de Elcana, que morava perto das aldeias dos netofatitas. Os guardas da porta eram: Salum, o porteiro-chefe, Acube, Talmom, Aimã e os irmãos deles. Eles eram os guardas da porta do Rei, a leste, e Salum era o chefe deles. Salum era filho de Coré, que era filho de Ebiasafe, que era filho de Corá. Ele e seus parentes mais chegados, os coraítas, tinham a responsabilidade de cuidar dos sacrifícios e de proteger as portas do Lugar Santo, da mesma maneira como os seus pais no passado eram os vigias e guardas da habitação do Senhor, o Tabernáculo. Naquele tempo, Fineias, filho de Eleazar, foi o primeiro encarregado dos guardas das portas, e o Senhor estava com ele. Nesse tempo, Zacarias, filho de Meselemias, era o responsável pela proteção das portas de entrada do Tabernáculo. Havia duzentos e doze porteiros, naquele tempo. Eles eram escolhidos conforme as vilas onde moravam. Essa escolha era feita conforme os registros de famílias. Davi e o profeta Samuel escolheram esses homens porque eles mereciam confiança. Eles e os descendentes deles eram os responsáveis pela casa do Senhor, ou seja, o Tabernáculo. Eles vigiavam os quatro lados: leste, oeste, norte e sul. Os parentes deles, que moravam nas vilas, de tempo em tempo vinham prestar serviço; e cada vez que vinham, trabalhavam por um período de sete dias. Os quatro principais guardas das portas, todos levitas, tinham um trabalho que só era feito por pessoas de grande confiança. Eles deviam cuidar das salas mais importantes e também dos tesouros da casa de Deus. Por causa desse trabalho importante de vigia, eles passavam a noite perto da casa de Deus, e abriam as portas todas as manhãs. Alguns deles foram nomeados para cuidar dos diversos vasos usados nos sacrifícios e na adoração no templo. Eles conferiam tudo para que nada fosse perdido. Outros ficaram responsáveis pelos móveis, pelos objetos do Lugar Santo e pelos fornecimentos como farinha, vinho, azeite, incenso e perfumes. Outros sacerdotes preparavam os perfumes e o incenso. Matitias, que era levita e filho mais velho de Salum, o coraíta, era quem fazia os bolos achatados para as ofertas. Alguns dos homens da família de Coate eram responsáveis pelo preparo do pão especial todos os sábados. Os cantores eram todos levitas, chefes de famílias. Eles moravam nas salas do templo. Estavam ocupados dia e noite com o serviço que faziam. Por isso, estavam livres de outros trabalhos. Todos eles eram chefes de famílias levitas, alistados como líderes em suas genealogias, e moravam em Jerusalém. Jeiel, que era casado com um mulher chamada Maaca, morava em Gibeom. Estes são alguns dos filhos dele: Abdom, seu filho mais velho, Zur, Quis, Baal, Ner, Nadabe, Gedor, Aiô, Zacarias, Miclote. Miclote morava com o filho Simeia em Jerusalém, perto dos parentes dele. Ner foi o pai de Quis; Quis foi o pai de Saul; Saul foi o pai de Jônatas, Malquisua, Abinadabe e Esbaal. Jônatas foi o pai de Mefibosete; Mefibosete foi o pai de Mica; Mica foi o pai de Pitom, Nieleque, Tareia e Acaz; Acaz foi o pai de Jaerá; Jaerá foi o pai de Alemete, Azmavete e Zinri; Zinri foi o pai de Moza. Moza foi o pai de Bineá, que foi o pai de Refaías, que foi o pai de Eleasá, que foi o pai de Azel. Azel teve seis filhos: Azricão, Bocru, Ismael, Searias, Obadias e Hanã. Os filisteus atacaram e derrotaram os soldados do exército de Israel; esses soldados fugiram, mas foram alcançados e mortos no monte de Gilboa. Os filisteus foram atrás de Saul e de seus três filhos, Jônatas, Abinadabe e Malquisua, e mataram todos. Saul estava em grande dificuldade, com os inimigos lutando ao seu redor, quando os soldados filisteus atiraram flechas contra ele e o feriram gravemente. O rei gritou então para o seu ajudante: “Depressa, tire a sua espada e me mate com ela, antes que me peguem e eu seja maltratado por esses homens que não temem a Deus”. Mas o ajudante ficou com medo de cumprir a ordem; Saul pegou então a sua própria espada e caiu sobre a ponta dela, de modo que a espada atravessou o seu corpo. Quando o ajudante viu que Saul estava morto, ele também jogou-se sobre a sua espada e morreu. Assim morreram Saul e seus três filhos. Toda a família de Saul morreu no mesmo dia. Quando os israelitas que estavam no vale ouviram dizer que os seus soldados tinham fugido e que Saul e os três filhos estavam mortos, abandonaram as cidades e fugiram. Os filisteus vieram e moraram nessas cidades. Quando os filisteus voltaram no dia seguinte para saquear os homens mortos na luta, encontraram os corpos de Saul e de seus filhos no monte Gilboa. Então tiraram a armadura de Saul e cortaram a cabeça dele. Depois disso, saíram por todo o país mostrando as armas e a cabeça de Saul. Os filisteus proclamaram diante das suas imagens e do povo o que para eles era uma notícia maravilhosa. Colocaram as armas de Saul num dos templos dos seus deuses e penduraram a cabeça dele no templo de Dagom. Quando os habitantes de Jabes-Gileade ouviram o que os filisteus fizeram a Saul, os homens mais valentes foram ao campo de batalha e trouxeram de lá o corpo de Saul e os corpos dos seus três filhos. Lá sepultaram os ossos debaixo de um carvalho em Jabes; choraram e jejuaram durante sete dias. Saul morreu por ter desobedecido à palavra do Senhor e porque tinha consultado uma médium, em vez de pedir a orientação ao Senhor. Por isso, o Senhor matou Saul e deu o reino a Davi, filho de Jessé. Depois disso, os homens mais importantes de Israel foram a Davi em Hebrom e disseram a ele: “Somos do mesmo povo. Mesmo quando Saul era rei, era você quem conduzia nossos exércitos na guerra e os trazia de volta, sem que nada acontecesse a eles. E o Senhor, o seu Deus, lhe falou: ‘Você será o pastor do meu povo Israel. Você será o rei desse povo’ ”. Assim Davi fez um acordo com todas as autoridades de Israel, diante do Senhor, em Hebrom, e derramaram óleo sobre a cabeça dele para torná-lo rei de Israel, conforme o Senhor havia falado a Samuel. Então Davi e os chefes do povo foram a Jerusalém, que é Jebus, como se costumava chamar, onde moravam os jebuseus — os primeiros moradores daquela terra. Porém os jebuseus disseram a Davi: “Você não entrará aqui”. Porém, Davi tomou a fortaleza de Sião, mais tarde chamada Cidade de Davi, e disse aos homens que estavam com ele: “O primeiro homem que atacar os jebuseus será o comandante do exército!” Joabe, filho de Zeruia, foi o primeiro e assim se tornou comandante do exército de Davi. Davi morava na fortaleza, e é por isso que aquela parte de Jerusalém se chama Cidade de Davi. Ele reconstruiu a cidade ao redor da fortaleza, enquanto Joabe reconstruiu o restante de Jerusalém. E Davi se tornou cada vez mais importante e poderoso, pois o Senhor dos Exércitos estava com ele. Estes foram os nomes de alguns dos homens mais valentes de Davi, que também ajudaram os chefes de Israel a fazer de Davi rei do povo, conforme o Senhor havia prometido. Esta é a relação dos heróis de Davi: Jasobeão, filho de um homem de Hacmom. Ele era o chefe dos três mais importantes — os três maiores heróis dentre os homens de Davi. Uma vez ele matou trezentos homens com a sua lança. O segundo dos três mais importantes era Eleazar, filho de Dodô, membro da família de Aoí. Ele estava com Davi na batalha contra os filisteus em Pas-Damim. O exército de Israel estava num campo onde havia uma plantação de cevada e tinha começado a fugir, mas Eleazar aguentou firme no meio do campo e conseguiu tomar de novo o terreno e matou os filisteus; e o Senhor lhe deu uma grande vitória. Em certa ocasião, três dos trinta valentes foram encontrar-se com Davi, que se achava escondido na caverna de Adulão. Os filisteus estavam reunidos no vale de Refaim, e nessa ocasião Davi estava nessa fortaleza. Um grupo de filisteus que se achava mais adiante havia ocupado Belém. Davi teve forte vontade de beber água do poço de Belém, que fica ao lado do portão, e quando ele falou sobre isso aos seus homens, aqueles três atravessaram o acampamento dos filisteus, tiraram água do poço e trouxeram dessa água a Davi. Porém ele não quis beber. Em vez disso, derramou a água como uma oferta ao Senhor, e disse: “Não permita Deus que eu beba dessa água! Ela é o próprio sangue desses homens que arriscaram a vida para ir até lá”. Abisai, irmão de Joabe, era o chefe dos trinta, porque numa ocasião matou trezentos homens com a sua lança. Ele era o chefe e o mais importante dos trinta, porém não era tão importante como os três principais guerreiros. Benaia, filho de Joiada, era um homem valente de Cabzeel. Ele matou dois conhecidos gigantes de Moabe. Também matou um leão numa cova, num dia de neve. Certa vez, ele matou um egípcio que tinha dois metros e vinte e cinco centímetros de altura. A lança do egípcio era tão grossa como o eixo que os tecelões usam. Mas Benaia enfrentou o egípcio com apenas um cajado. Arrancou a lança das mãos dele e com essa mesma lança matou o homem. Esses foram os grandes feitos de Benaia, filho de Joiada. Ele era quase tão importante como os três principais guerreiros. Ele era muito respeitado entre os trinta. Davi nomeou Benaia capitão da sua guarda pessoal. Os outros soldados valentes foram: Asael, irmão de Joabe; Elanã, filho de Dodô, de Belém; Samote, de Haror; Helez, de Pelom; Ira, filho de Iques, de Tecoa; Abiezer, de Anatote; Sibecai, de Husate; Ilai, de Aoí; Maari, de Netofá; Helede, filho de Aaná, de Netofá; Itai, filho de Ribai, benjamita de Gibeá; Benaia, de Piratom; Hurai, de perto do córrego de Gaás; Abiel, de Arbate; Azmavete, de Baarum; Eliaba, de Saalbom; Os filhos de Bené-Hasém, de Gizom; Jônatas, filho de Sage, de Harar; Aião, filho de Sacar, de Harar; Elifal, filho de Ur; Héfer, de Maquerate: Aías, de Pelom; Hezro, do Carmelo: Naarai, filho de Ezbai; Joel, irmão de Natã; Mibar, filho de Hagri; Zeleque, de Amom; Naarai, de Beerote, escudeiro de Joabe, filho de Zeruia; Ira, de Itra; Garebe, de Itra; Urias, o heteu; Zabade, filho de Alai; Adina, filho de Siza, da tribo de Rúben. Ele estava entre os trinta e era um dos chefes da tribo de Rúben; Hanã, filho de Maaca; Josafá, de Mitena; Uzia, de Asterote; Sama e Jeiel, filhos de Hotão, de Aroer; Jediael, filho de Sinri; Joá, irmão de Jediael, de Tiza; Eliel, de Maave; Jeribai e Josavias, filhos de Elnaão; Itma, de Moabe; Eliel, Obede e Jaasiel, de Zobá. Estes são os nomes dos homens valentes na guerra, que se juntaram a Davi em Ziclague, quando ele fugia de Saul, filho de Quis. Todos eles atiravam muito bem com o arco e com a funda, e podiam usar tanto a mão esquerda como a direita! Como o rei Saul, todos eles eram da tribo de Benjamim: O chefe deles era Aiezer, filho de Semaá, de Gibeá. Os outros eram: Joás, irmão dele; Jeziel e Pelete, filhos de Azmavete; Beraca; Jeú, de Anatote; e Ismaías, de Gibeom, um soldado valente entre os trinta, e chefe deles; Jeremias; Jaaziel; Joanã; Jozabade, de Gederá; Eluzai; Jerimote; Bealias; Semarias; Sefatias, de Harufe; Elcana, Issias, Azareel, Joezer, Jasobeão — todos da família de Corá; e Joela e Zebadias, filhos de Jeroão, de Gedor. Homens corajosos e importantes da tribo de Gade também se juntaram a Davi no seu refúgio no deserto. Eles sabiam lutar muito bem com escudo ou com lança, e eram homens com a bravura de um leão, e rápidos como veados nas montanhas. Ézer era o primeiro; Obadias, o segundo; Eliabe, o terceiro; O quarto em comando era Mismana; Jeremias era o quinto; Atai, o sexto; Eliel, o sétimo; Joana, o oitavo; Elzabade era o nono; Jeremias, o décimo; e Macbanai, o décimo primeiro. Esses homens eram oficiais do exército; o menos valente deles valia por cem soldados, e o mais corajoso valia por mil! Eles atravessaram o rio Jordão no primeiro mês do ano, na época em que o rio transbordava e as águas inundavam tudo, e conquistaram as terras planas que ficavam a leste e a oeste das margens do rio, pondo em fuga os moradores da região. Outros se juntaram a Davi, no seu esconderijo; eles eram dos filhos de Benjamim e de Judá. Davi foi encontrar-se com eles e disse: “Se vocês vieram em paz para me ajudar, somos amigos; mas se vieram pensando em traição, para me entregar aos inimigos quando sou inocente, então que o Deus de nossos pais veja isso e julgue vocês”. Então o Espírito desceu sobre Amasai, o chefe dos trinta, que exclamou: “Nós somos seus, ó Davi; Estamos a seu lado, ó filho de Jessé. Paz, paz seja com você, e paz com os seus aliados, pois o seu Deus está com você”. Assim Davi deixou que eles ficassem, e deu a eles o posto de chefes de tropas. Alguns homens de Manassés abandonaram o exército israelita e se uniram a Davi na ocasião em que ele ia com os filisteus fazer guerra contra o rei Saul. Mas aconteceu que os príncipes dos filisteus não permitiram que Davi e seus homens fossem com eles. Depois de muita discussão, mandaram embora Davi e seus soldados, dizendo: “Pagaremos com a nossa vida, caso Davi passe para Saul, seu senhor”. Estes foram os homens de Manassés que se uniram a Davi, quando ele ia para Ziclague: Adna, Jozabade, Jediael, Micael, Jozabade, Eliú e Ziletai. Todos eram oficiais que comandavam batalhões de mil de Manassés. Eles ajudaram Davi contra aquelas tropas, pois eram valentes e sabiam lutar muito bem. Dia a dia mais homens juntavam-se a Davi até que ele passou a ter um exército muito grande — o exército de Deus. Aqui está o registro do número de soldados armados para a guerra que se uniram a Davi em Hebrom, para ajudá-lo a tornar-se rei em lugar de Saul, conforme o Senhor havia dito: da tribo de Judá, 6.800 soldados armados com escudos e lanças; da tribo de Simeão, 7.100 soldados valentes; da tribo de Levi, 4.600, Joiada, líder da família de Arão, com 3.700 homens, e Zadoque, um jovem de coragem fora do comum, com 22 oficiais, membros da sua família; da tribo de Benjamim, a mesma tribo de Saul, havia 3.000, uma grande parte dessa tribo permaneceu fiel à família de Saul; da tribo de Efraim, 20.800 soldados valentes, cada um deles muito respeitado em seus grupos de famílias; da meia tribo de Manassés, 18.000 foram enviados com a única finalidade de ajudar Davi a tornar-se rei; da tribo de Issacar, 200 chefes, todos homens que conheciam bem os fatos daquele tempo e sabiam qual o melhor caminho para Israel seguir. Eles comandavam todos os seus parentes; da tribo de Zebulom, 50.000 soldados treinados, muito bem preparados para a batalha com qualquer tipo de arma, e eram sinceros na ajuda a Davi; da tribo de Naftali havia 1.000 oficiais e 37.000 soldados armados com escudos e lanças; da tribo de Dã, 28.600 soldados, todos preparados para a guerra; da tribo de Aser, 40.000 soldados treinados e prontos para a guerra; do outro lado do rio Jordão, onde moravam as tribos de Rúben e Gade e a meia tribo de Manassés, 120.000 soldados. Esses soldados tinham todos os tipos de armas. Todos esses homens vieram em ordem de batalha a Hebrom com o único objetivo de fazer Davi rei de Israel. Na verdade, todo o povo de Israel estava preparado para esta mudança. Durante três dias, eles comeram e beberam com Davi, pois suas famílias haviam fornecido provisões para eles. Os moradores das tribos vizinhas e de lugares distantes como Issacar, Zebulom e Naftali, trouxeram alimentos sobre jumentos, sobre camelos, sobre mulos e sobre bois. Trouxeram grandes quantidades de farinha, bolos de figos, uvas secas, vinho, azeite, bois e ovelhas para as festas, pois a alegria se havia espalhado por toda a terra de Israel. Depois que Davi havia consultado todos os oficiais, os comandantes de mil e de cem do seu exército, os homens de Israel se reuniram, e Davi falou a eles o seguinte: “Se vocês estão de acordo que esta é a vontade do Senhor, o nosso Deus, então vamos enviar mensagens a nossos irmãos por toda a terra de Israel. Vamos incluir os sacerdotes e os levitas, e convidar todos para que venham das suas cidades unir-se a nós. E vamos trazer de volta a arca de nosso Deus, porque nós nos esquecemos dela desde que Saul se tornou rei”. Todos acharam bom o que Davi disse e concordaram com ele em fazer assim. Então Davi convidou o povo de Israel desde o rio Sior, no Egito, até Lebo-Hamate, para que todos estivessem presentes quando a arca de Deus fosse trazida de Quiriate-Jearim. Depois disto, Davi e todos os israelitas foram a Baalá, que é Quiriate-Jearim, em Judá, a fim de buscar a arca de Deus, o Senhor, que está num trono entre os querubins, diante da qual é invocado o seu nome. Ela foi levada da casa de Abinadabe num carro novo. Uzá e Aiô guiavam os bois. Davi e todo o povo festejavam perante o Senhor com grande alegria, acompanhados por cânticos e por instrumentos musicais, como cítaras, harpas, tamborins, címbalos e trombetas. Mas quando chegaram na eira de Quidom, os bois tropeçaram, e Uzá estendeu a mão para segurar a arca para que não caísse. Então o Senhor se irou com Uzá e ele o matou por ter tocado na arca. Ele morreu ali mesmo, diante de Deus. Davi ficou triste com o que o Senhor fizera a Uzá, e chamou aquele lugar de Perez-Uzá até hoje. Davi ficou com medo de Deus e perguntou: “Como posso levar para casa a arca de Deus?” Por fim ele resolveu levar a arca para a casa de Obede-Edom, o geteu, em vez de levá-la para a Cidade de Davi. A arca de Deus ficou com a família de Obede-Edom durante três meses. E o Senhor abençoou Obede-Edom, a sua família e tudo o que ele possuía. Hirão, rei de Tiro, enviou uma delegação de pedreiros e carpinteiros para ajudarem a construir o palácio de Davi, e também forneceu muita madeira de cedro. Agora Davi entendia por que o Senhor fez com que ele se tornasse rei e deu a ele um reino tão grande; era por amor a Israel, seu povo. Depois que Davi mudou para Jerusalém, ele se casou com outras mulheres e teve muitos filhos e muitas filhas. Estes são os nomes dos filhos de Davi que nasceram em Jerusalém: Samua, Sobabe, Natã, Salomão, Ibar, Elisua, Elpalete, Nogá, Nefegue, Jafia, Elisama, Beeliada e Elifelete. Quando os filisteus ouviram dizer que Davi tinha sido ungido como novo rei de Israel, todos os soldados filisteus se reuniram para prender Davi. Mas Davi ficou sabendo da trama, reuniu os seus soldados e foi encontrar-se com os filisteus. Os filisteus já tinham invadido o vale de Refaim, então Davi perguntou a Deus: “Se eu sair para lutar contra eles, o Senhor me dará a vitória?” E o Senhor respondeu: “Sim, eu darei vitória a você”. Então Davi atacou os inimigos em Baal-Perazim e venceu a luta, e disse: “Deus me usou para acabar com os meus inimigos, como a água que rompe os muros de uma represa!” É por isso que o lugar ficou conhecido como Baal-Perazim. Depois da batalha, os israelitas recolheram muitos ídolos deixados pelos filisteus, mas Davi mandou que fossem queimados. Mais tarde os filisteus voltaram a atacar de novo no vale, e Davi consultou novamente Deus a respeito do que ele devia fazer. O Senhor respondeu: “Não avance pela frente contra eles. Dê a volta por trás das amoreiras e dali ataque-os. Quando você ouvir um som como de gente marchando no alto das amoreiras, esse é o sinal para você atacar; porque Deus saiu adiante de você para destruir o inimigo”. Davi fez conforme o Senhor havia mandado, e acabou com o exército dos filisteus por todo o caminho, desde Gibeom até Gezer. Assim, o nome de Davi ficou conhecido por toda parte, e o Senhor fez que todas as nações tivessem medo dele. Davi também construiu diversos palácios para si mesmo na Cidade de Davi, e construiu uma nova tenda para colocar a arca de Deus. Então Davi deu as seguintes ordens: “Quando mudarmos a arca para o seu novo lugar, ninguém poderá carregar a arca de Deus, a não ser os levitas, porque Deus escolheu os levitas para fazerem esse trabalho. Eles devem fazer o serviço de Deus para sempre”. Então Davi convidou todo o povo de Israel para se reunir em Jerusalém a fim de celebrar a colocação da arca no lugar que lhe havia preparado. Estes foram os sacerdotes, descendentes de Arão, e os levitas que estiveram presentes: Cento e vinte descendentes de Coate; Uriel era o chefe deles; duzentos e vinte descendentes de Merari; Asaías era o chefe deles; cento e trinta descendentes de Gérson; Joel era o chefe deles; duzentos descendentes de Elisafã; Semaías era o chefe deles; oitenta descendentes de Hebrom; Eliel era o chefe deles; cento e doze descendentes de Uziel; Aminadabe era o chefe deles. Davi chamou então os sacerdotes Zadoque e Abiatar, os levitas Uriei, Asaías, Joel, Semaías, Eliel e Aminadabe, e disse a eles: “Vocês são os chefes das famílias dos levitas. Agora vocês se santifiquem e também santifiquem todos os seus irmãos, para que possam trazer a arca do Senhor, o Deus de Israel, ao lugar que preparei para ela. O Senhor nos feriu anteriormente porque não cuidamos da arca conforme as ordens dele, pois não foram vocês que levaram a arca”. Então os sacerdotes e os levitas se consagraram, preparando-se para transportar a arca do Senhor, o Deus de Israel. Depois os levitas trouxeram a arca de Deus, carregada nos seus próprios ombros, segurando pelas varas presas na arca, tudo de acordo com as ordens que o Senhor tinha dado a Moisés. Davi também deu ordens aos líderes dos levitas para organizarem um grupo de cantores e instrumentistas, seus parentes, e eles deviam tocar bem alto e com muita alegria os instrumentos como alaúdes, harpas e címbalos sonoros. Os levitas escolheram Hemã, filho de Joel, Asafe, filho de Berequias, e Etã, filho de Cusaías, da família de Merari. Os seguintes homens foram escolhidos como ajudantes deles: Zacarias, Bene, Jaaziel, Semiramote, Jeiel, Uni, Eliabe, Benaia, Maaseias, Matitias, Elifeleu, Micneias e os porteiros Obede-Edom e Jeiel. Os músicos Hemã, Asafe e Etã foram escolhidos para tocar os címbalos de bronze; Zacarias, Aziel, Semiramote, Jeiel, Uni, Eliabe, Maaseias e Benaia tocavam harpas que alcançavam notas altas, e Matitias, Elifeleu, Micneias, Obede-Edom, Jeiel e Azarias eram os que tocavam harpas em tom um pouco mais baixo, marcando o ritmo. O dirigente do canto era Quenanias, chefe dos levitas músicos; ele foi escolhido porque entendia muito a respeito de música. Berequias e Elcana eram os porteiros que guardavam a arca. Sebanias, Josafá, Natanael, Amasai, Zacarias, Benaia e Eliezer, todos eles eram sacerdotes, formavam um grupo tocador de trombetas que ia adiante da arca de Deus. Obede-Edom e Jeías também guardavam a arca. Então Davi e os principais homens de Israel, juntos com os altos oficiais, líderes de mil, foram com grande alegria à casa de Obede-Edom a fim de levarem a arca da aliança. E porque Deus estava claramente ajudando os levitas que carregavam a arca da aliança do Senhor, eles ofereceram como sacrifício sete novilhos e sete carneiros. Os levitas que carregavam a arca, os cantores, e Quenanias, dirigente do canto, estavam todos vestidos com roupas de linho fino; Davi também usava um manto de linho fino. Assim os chefes de Israel, junto com todo o Israel, levaram a arca para Jerusalém com gritos de alegria, ao som de trombetas, cornetas, címbalos, harpas e cítaras. Mas quando a arca da aliança do Senhor entrava na Cidade de Davi, Mical, esposa de Davi e filha do rei Saul, estava olhando pela janela. Ela viu Davi pulando e dançando de alegria e sentiu grande desprezo em seu coração. Assim a arca de Deus foi levada para dentro da tenda preparada por Davi, e ofereceram sacrifícios de ofertas queimadas e ofertas de paz diante de Deus. Após oferecer as ofertas queimadas e as ofertas de paz, Davi abençoou o povo em nome do Senhor; e deu um pão, um bolo de tâmara e um bolo de uvas a cada homem e a cada mulher israelita. O rei indicou alguns dos levitas para servirem diante da arca do Senhor, fazendo pedidos, dando graças e louvando ao Senhor, o Deus de Israel. Estes são os nomes dos homens que deviam fazer esse trabalho: Asafe, o chefe desta parte, era quem tocava os címbalos, seguido por Zacarias. Os companheiros deles eram Jeiel, Semiramote, Jeiel, Matitias, Eliabe, Benaia, Obede-Edom e Jeiel. Eles tocavam harpas e liras. Os sacerdotes Benaia e Jaaziel tocavam trombetas diariamente diante da arca da aliança de Deus. Naquele tempo, Davi encarregou Asafe e seus parentes pela primeira vez de cantar hinos de ações de graças ao Senhor: “Deem graças ao Senhor e façam oração a ele”, contem aos povos do mundo a respeito das grandes obras de Deus. Cantem a ele; sim, cantem os louvores de Deus e falem das obras maravilhosas que ele tem feito. Gloriem-se no seu santo nome; fiquem alegres de coração todos os que buscam o Senhor. Busquem o Senhor; sim, busquem a força divina; e busquem a face do Senhor sem cansar. Lembrem-se dos seus poderosos milagres, dos seus feitos maravilhosos e da autoridade do Senhor, Ó descendentes de Israel, servo de Deus, ó filhos escolhidos de Jacó. “Ele é o Senhor, nosso Deus! Vemos o julgamento de Deus por toda a terra. Lembrem-se da aliança que ele fez para sempre, das palavras que ele deu como mandamento para mil gerações, da aliança que ele fez com Abraão, do juramento que ele fez a Isaque, e que ele confirmou a Jacó, como um decreto. Ele fez para Israel uma aliança eterna, dizendo: ‘Darei a vocês a terra de Canaã como a herança de vocês’. Quando os israelitas eram poucos, muito poucos, e não passavam de estrangeiros na Terra Prometida, quando este povo vagueava de um país para outro, de um reino para outro, Deus não deixou que ninguém fizesse mal a eles; até mesmo reis foram advertidos porque procuravam maltratar o povo e lhes foi ordenado: ‘Não maltratem o meu povo escolhido’, não toquem nos meus profetas’. “Ó terra, cante louvor ao Senhor, declare todos os dias que é ele quem salva! Anunciem a glória de Deus entre as nações, os seus milagres que ele faz entre todos os povos! Pois o Senhor é grande e deve ser louvado com todas as honras; ele deve ser respeitado acima de todos os deuses. Pois todos os deuses das nações são apenas ídolos, mas foi o Senhor quem fez os céus. Majestade e beleza marcham diante dele, força e alegria caminham ao lado do Senhor. Louvem o nome do Senhor todos os povos da terra, deem ao Senhor força e glória! Sim, deem ao Senhor a glória devida ao seu nome! Tragam ofertas e venham perante ele. Adorem ao Senhor na beleza de sua santidade! Todas as nações devem tremer diante dele! Foi ele quem criou o mundo de modo firme. Que os céus estejam contentes, e a terra se alegre; e diga-se entre as nações: ‘O Senhor reina!’ Que os grandes mares levantem altas ondas, que se alegre o campo com tudo que nele há! Que as árvores da floresta cantem de alegria diante do Senhor, pois ele vem julgar a terra. “Deem graças ao Senhor, porque ele é bom; o seu amor nunca acaba. Clamem a ele: ‘Salve-nos, ó Deus, nosso Salvador! Traga-nos de volta com toda a segurança dentre as nações, para que demos graças ao seu santo nome e nos gloriemos no seu louvor’. Bendito seja o Senhor, o Deus de Israel, para todo o sempre”. Então todo o povo disse em voz alta. “Amém!” e “Louvado seja o Senhor!” Davi deixou Asafe e os seus parentes levitas diante da arca da aliança do Senhor, a fim de servirem continuamente, fazendo cada dia o que precisava ser feito. Faziam parte deste grupo Obede-Edom, filho de Jedutum, e seus sessenta e oito parentes, e Hosa, que eram porteiros. Enquanto isso, Davi deixou o sacerdote Zadoque e seus parentes sacerdotes diante do antigo Tabernáculo do Senhor no monte de Gibeom. Todas as manhãs e também às tardes eles ofereciam ao Senhor ofertas queimadas sobre o altar separado para esse fim; tudo de acordo com a Lei do Senhor, que ele tinha dado a Israel. Davi também indicou Hemã e Jedutum e diversos outros que foram escolhidos pelo nome a fim de darem graças ao Senhor, exclamando: “O seu amor dura para sempre”. Hemã e Jedutum eram responsáveis pelas trombetas, os címbalos e outros instrumentos musicais. Os filhos de Jedutum foram indicados como guardas. Então o povo voltou para suas casas, e Davi também voltou para abençoar a sua própria família. Depois de algum tempo que Davi estava morando no seu novo palácio, ele disse ao profeta Natã: “Aqui estou, morando numa casa com paredes de cedro, enquanto a arca da aliança do Senhor está lá fora numa tenda!” E Natã respondeu: “Pois realize o seu plano, porque o Senhor está com você”. Naquela mesma noite Deus falou a Natã: “Vá dizer ao meu servo Davi que assim diz o Senhor: Não será você que vai construir uma casa para eu morar! Não tenho habitado em nenhuma casa desde o tempo em que tirei Israel do Egito, mas de tenda em tenda, e de um Tabernáculo para outro. Por todo esse tempo, alguma vez sugeri a algum dos líderes de Israel, os pastores que indiquei para cuidar do meu povo, que eles deviam construir para mim um templo com madeira de cedro? “Diga ao meu servo Davi: Assim diz o Senhor dos Exércitos: Eu tirei você do serviço de pastor, e fiz de você rei sobre Israel, o meu povo. Tenho estado com você por onde quer que você tem andado e tenho destruído os seus inimigos. Agora farei que o seu nome seja tão famoso como os homens mais importante da terra. Darei ao meu povo Israel um lugar para toda a vida, e plantarei esse povo na sua própria terra. Ninguém perturbará mais o meu povo. As nações perversas não vão mais oprimir Israel como oprimiram no passado, desde a época em que os juízes governavam. Vencerei todos os seus inimigos. E agora saiba que eu, o Senhor, farei que os filhos de Davi sejam reis de Israel, do mesmo modo que ele é. Quando chegar ao fim de sua vida aqui na terra e você morrer, colocarei um dos seus filhos no trono para sucedê-lo, e farei que o reino dele seja forte. Ele é quem construirá um templo para mim, e firmarei o trono dele para sempre. Serei o pai dele, e ele será o meu filho. Nunca retirarei dele o meu amor, como retirei de Saul. Eu o farei líder do meu povo e do reino de Israel para sempre; seu reinado será estabelecido para sempre”. Assim Natã transmitiu ao rei Davi tudo o que o Senhor havia dito. Então o rei Davi entrou no Tabernáculo, assentou-se diante do Senhor e disse: “Quem sou eu, ó Senhor Deus, e o que é a minha família para que me tenha dado tudo isto? Pois o Senhor já fez grandes coisas por mim, e isto é ainda pouco em comparação com o que o Senhor prometeu fazer no futuro para a família desse seu servo! O Senhor tem me tratado como se eu fosse alguém muito importante. “Que mais posso eu dizer? O Senhor sabe que sou apenas seu humilde servo. No entanto, o Senhor resolveu honrar-me! Ó Senhor, por amor do seu servo e de acordo com a sua vontade, o Senhor tem feito essas promessas maravilhosas. “Não há ninguém como o Senhor, não existe outro Deus além do Senhor. Na verdade, nunca ouvimos falar de algum outro deus como o Senhor! E qual outra nação em toda a terra é como Israel, o seu povo? O Senhor fez dela a única nação da terra, que o Senhor resgatou para si mesmo, e o Senhor tornou o seu nome famoso realizando grandes e impressionantes milagres, e expulsando as nações de diante do seu povo, que o Senhor libertou do Egito. O Senhor declarou que o seu povo Israel lhe pertence para sempre, e que o Senhor é o Deus deles. “Agora, Senhor, que se confirme a sua promessa de que eu e meus filhos sempre governaremos esta nação. E que o cumprimento desta promessa possa trazer honra e glória ao seu nome, quando todos reconhecerem que o Senhor sempre cumpre o que diz, para que os homens digam: ‘Na verdade, o Senhor dos Exércitos é o Deus de Israel!’ E sempre haverá reis entre a descendência de seu servo Davi! Agora tenho coragem de orar ao Senhor, porque contou estas coisas ao seu servo, que o Senhor fará que os meus descendentes sejam reis. Ó Senhor, o Senhor é Deus! O Senhor prometeu estas boas coisas ao seu servo! Eu peço que abençoe a família do seu servo para sempre, pois quando o Senhor concede uma bênção, ela é uma bênção eterna!” Depois disso, Davi derrotou os filisteus e tomou deles Gate e as vilas vizinhas. Também tomou Moabe e exigiu que o povo dessa terra pagasse impostos como sinal de sujeição. Davi também derrotou Hadadezer, rei de Zobá, nas proximidades de Hamate, na ocasião em que Hadadezer saiu para tomar de novo as terras que antes ele possuía perto do rio Eufrates. Davi tomou de Hadadezer mil carros, sete mil cavaleiros e vinte mil soldados de infantaria. Ele deixou aleijados todos os cavalos dos carros, menos os cavalos para cem dos carros que ele guardou para uso próprio. Quando os sírios chegaram de Damasco para ajudar o rei Hadadezer, Davi matou vinte e dois mil soldados deles. Depois Davi colocou guarnições militares em Damasco, a capital da Síria. Desse modo, também os sírios foram obrigados a pagar impostos, todos os anos, a Davi, como sinal de sujeição. E o Senhor dava vitórias a Davi por todos os lugares por onde ia. Davi trouxe para Jerusalém os escudos de ouro dos oficiais do rei Hadadezer, e também trouxe uma grande quantidade de bronze das cidades de Tibate e Cum, cidades que pertenciam ao rei Hadadezer. Mais tarde, o rei Salomão derreteu o bronze e usou esse metal para fazer o tanque de bronze, as colunas e os outros objetos de bronze. Quando Toú, rei de Hamate, soube que o rei Davi havia destruído todo o exército de Hadadezer, rei de Zobá, enviou o seu filho Adorão para saudar o rei Davi e parabenizá-lo por sua vitória na batalha contra Hadadezer. Por meio de Adorão ele também mandou muitos presentes de ouro, prata e bronze. Pois Hadadezer e Toú tinham sido inimigos, e entre os dois tinha havido muitas guerras. O rei Davi pegou esses presentes e ofereceu-os ao Senhor, como fizera com a prata e o ouro que tomou das nações de Edom, Moabe, Amom, Amaleque e dos filisteus. Também Abisai, filho de Zeruia, destruiu dezoito mil edomitas no vale do Sal. Ele colocou guarnições militares em Edom e sujeitou os edomitas a Davi todos os anos. O Senhor dava a Davi vitórias em todos os lugares onde ia. Davi reinou sobre todo o povo de Israel e administrou justiça e direito para todos. Joabe, filho de Zeruia, era o comandante do exército; Josafá, filho de Ailude, era quem escrevia a história do povo; Zadoque, filho de Aitube, e Abimeleque, filho de Abiatar, eram os principais sacerdotes. Sausa era o secretário do rei; Benaia, filho de Joiada, era o chefe da guarda real, formada pelos queretitas e peletitas, e os filhos de Davi eram os principais oficiais do rei. Quando morreu Naás, rei de Amom, o seu filho reinou em seu lugar. Então Davi disse: “Vou ser bondoso com Hanum, filho de Naás, porque o seu pai foi bondoso comigo”. E Davi mandou mensageiros dizer a Hanum que sentia muito pela morte do seu pai. Mas quando os mensageiros de Davi chegaram à terra dos amonitas para consolarem Hanum, os auxiliares amonitas disseram ao rei: “Não vá se enganar pensando que Davi mandou esses homens para consolar o seu pai! Eles estão aqui como espiões, para depois entrarem e conquistarem o país!” Então o rei Hanum prendeu os mensageiros do rei Davi, rapando a barba deles e cortando a roupa deles até as nádegas, e mandou os homens de volta a Davi, passando vergonha. Quando Davi soube do que havia acontecido, mandou mensageiros ao encontro deles, pois haviam sido envergonhados, e mandou dizer a eles: “Fiquem em Jericó até que a barba cresça, então voltem para casa”. Quando o rei Hanum e os amonitas perceberam que haviam desagradado Davi, contrataram carros de guerra e cavaleiros da Mesopotâmia, dos sírios de Arã Maaca e de Zobá, por trinta e cinco toneladas de prata. Contrataram trinta e dois mil carros e seus cavaleiros, e também conseguiram que o rei de Maaca e todo o seu exército viessem ajudá-los. Esses soldados acamparam em Medeba, e a eles se juntaram os soldados amonitas que o rei Hanum havia chamado das cidades do seu reino. Quando Davi soube disso, mandou Joabe e os soldados mais valentes de Israel para combater o inimigo. O exército de Amom saiu e ficou em posição de combate nas portas da cidade de Medeba. Enquanto isso, os reis contratados com os seus soldados ficaram fora, no campo. Quando Joabe descobriu que ele tinha soldados inimigos pela frente e pelas costas, dividiu o seu exército e mandou um grupo posicionar-se contra os sírios. O outro grupo de homens, chefiado pelo seu irmão Abisai, se posicionou contra os amonitas. “Se os sírios forem fortes demais para mim, você vem me ajudar”, disse Joabe ao seu irmão Abisai; “e se os amonitas forem fortes demais para você, eu irei ajudar você. Seja corajoso e vamos lutar como homens para salvar nosso povo e as cidades de nosso Deus. E que o Senhor faça o que achar melhor”. Então Joabe e os seus soldados atacaram os sírios, e os sírios fugiram deles. Quando os amonitas, atacados pelos soldados de Abisai, viram que os sírios estavam fugindo, também fugiram e entraram na cidade. Então Joabe voltou para Jerusalém. Depois que foram derrotados, os sírios enviaram mensageiros para trazer mais soldados do leste do rio Eufrates, chefiados pessoalmente por Sofaque, comandante do exército do rei Hadadezer. Quando estas notícias chegaram a Davi, ele reuniu todo o Israel, atravessaram o rio Jordão e colocaram-se em posição de batalha contra os sírios, esperando o ataque. Quando iniciou o combate, os sírios fugiram outra vez diante de Israel, e Davi matou sete mil condutores de carros de guerra e quarenta mil soldados que marchavam a pé. Também matou Sofaque, comandante do exército sírio. Quando os servos do rei Hadadezer viram que tinham sido derrotados diante de Israel, fizeram um acordo de paz com Davi e se sujeitaram a ele. E os sírios nunca mais quiseram ajudar os amonitas. Na primavera seguinte, na época em que os reis saem à guerra, Joabe levou o exército israelita em ataques contra as cidades e vilas do povo de Amom. Nesses ataques, ele foi vitorioso. Depois de destruir os inimigos, ele cercou Rabá e destruiu esse lugar, enquanto Davi ainda estava em Jerusalém. Davi entrou na cidade, tirou a coroa da cabeça do rei de Rabá e colocou essa coroa em sua própria cabeça. Ela era feita de ouro, enfeitada com pedras preciosas e pesava trinta e cinco quilos! Davi também levou uma grande quantidade de bens da cidade, e trouxe também o povo da cidade e o fez trabalhar com serras, picaretas de ferro e machados. Davi fez o mesmo com todas as cidades dos amonitas que eram conquistadas. Depois disso, Davi e todo o seu exército voltaram para Jerusalém. A guerra seguinte foi contra os filisteus, em Gezer. Naquela ocasião Sibecai, um homem de Husate, matou Sipai, um dos descendentes dos gigantes, e assim os filisteus se entregaram. Houve outra guerra com os filisteus, e Elanã, filho de Jair, matou Lami, irmão do gigante Golias, de Gate. O cabo da lança de Lami parecia como o eixo que os tecelões usam! Noutra guerra em Gate, havia um gigante com seis dedos em cada mão e seis dedos em cada pé, vinte e quatro dedos ao todo. Ele também era descendente dos refains, e provocou e zombou de Israel; mas Jônatas, filho de Simeia, irmão de Davi, matou o gigante. Esses gigantes eram descendentes dos gigantes de Gate, mas foram mortos por Davi e seus soldados. Então Satanás quis causar desgraça a Israel, e levou Davi a fazer um recenseamento do povo. “Façam uma contagem de todos os israelitas desde Berseba até Dã e tragam um relatório para mim”, disse Davi a Joabe e aos outros comandantes do exército. Mas Joabe respondeu: “Que o Senhor multiplique o número desse povo por cem. Ó rei, meu senhor, toda essa gente não seria composta de servos do meu senhor? Então por que nos pede para fazer isto? Por que o rei quer trazer culpa sobre Israel?” Porém a ordem do rei acabou prevalecendo, e Joabe teve de fazer conforme o rei havia mandado. Joabe percorreu todo o Israel e então voltou para Jerusalém. Joabe apresentou o número total dos homens de guerra. Em todo o Israel havia um milhão e cem mil homens em idade de prestar serviço militar em Israel, e quatrocentos e setenta mil nas mesmas condições em Judá. Porém Joabe não contou as tribos de Levi e de Benjamim, porque desaprovava a ordem do rei. E Deus também desaprovou e castigou Israel por isso. Então Davi disse a Deus: “Pequei gravemente quando mandei contar o povo. Por favor, eu imploro, perdoe-me, pois agora reconheço que cometi uma grande loucura!” Então o Senhor disse a Gade, o profeta pessoal de Davi. “Vá e diga a Davi: Assim diz o Senhor: Estou lhe dando três opções. A que você escolher eu executarei contra você”. Gade foi a Davi e disse a ele: “Assim diz o Senhor: Faça a sua escolha: três anos de fome, ou três meses fugindo dos seus inimigos, perseguido pela espada deles, ou três dias de espada do Senhor, isto é, três dias de peste que vai matar muita gente em todas as regiões de Israel por meio do anjo do Senhor. Decida como devo responder àquele que me enviou”. Então Davi respondeu: “Estou angustiado! É melhor que eu seja castigado pelas mãos do Senhor do que cair nas mãos dos homens, porque a misericórdia do Senhor é grande”. Então o Senhor mandou uma peste sobre Israel e setenta mil homens de Israel morreram. E Deus enviou um anjo para destruir Jerusalém, mas mudou de ideia ao causar tanta desgraça e disse ao anjo destruidor: “Pare! Já chega!” O anjo do Senhor estava perto do terreiro de debulhar trigo de Araúna, o jebuseu. Quando Davi olhou para cima e viu o anjo do Senhor, que estava entre a terra e o céu, com a espada na mão, pronta para destruir Jerusalém, Davi e as autoridades se vestiram com roupas de pano de saco e se ajoelharam no chão, prostrados diante do Senhor. Davi disse a Deus: “Fui eu que pequei e agi muito mal quando mandei contar o povo. Mas estas ovelhas, o que elas fizeram? Ó Senhor, meu Deus, que o seu castigo caia sobre mim e a minha família, mas não sobre o seu povo”. Então o Anjo do Senhor disse a Gade que falasse com Davi para construir um altar no terreiro de debulhar trigo de Araúna, o jebuseu. Assim Davi foi falar com Araúna, em obediência à palavra que Gade havia anunciado em nome do Senhor. Araúna estava debulhando trigo. Quando ele se virou e viu o anjo, ele e seus quatro filhos fugiram e se esconderam. Quando Araúna viu que o rei estava chegando, saiu do terreiro de debulhar trigo e se inclinou com o rosto no chão diante do rei Davi. E Davi disse a Araúna: “Vim comprar este terreno e desejo pagar um preço justo. Quero construir nele um altar para o Senhor, para que a peste acabe sobre o povo”. “Fique com o terreno, meu senhor, e use-o como quiser”, disse Araúna a Davi. “Eu também darei os bois para ofertas queimadas; use para fazer fogo esses pedaços de madeira com os quais debulho o trigo, e use o trigo como oferta de cereais. Dou tudo isso ao rei”. “Não”, respondeu o rei. “Quero comprálo por um preço justo. Não posso aceitar o que pertence a você e dar ao Senhor. Não vou oferecer uma oferta que não me custe nada!” Assim Davi pagou a Araúna sete quilos e duzentos gramas de ouro pelo terreno. E Davi construiu um altar ao Senhor naquele lugar e sacrificou ofertas queimadas e ofertas de paz sobre o altar. Ele fez uma oração ao Senhor, que respondeu com fogo do céu para queimar a oferta no altar. Depois o Senhor ordenou que o anjo guardasse a espada na bainha. Quando Davi viu que o Senhor respondeu à sua oração no terreiro de Araúna, ofereceu sacrifícios ao Senhor. Naquela época, o Tabernáculo e o altar para ofertas queimadas que Moisés fez no deserto estavam no monte Gibeom, porém Davi não podia consultar Deus lá, pois estava com muito medo da espada do anjo do Senhor. Davi disse então: “Bem aqui no terreiro de debulhar trigo de Araúna é o lugar onde vou construir o templo de Deus, o Senhor, e também o altar para a oferta queimada de Israel!” Davi mandou chamar todos os estrangeiros que moravam em Israel e disse a eles que preparassem blocos quadrados de pedra lavradas para a construção do templo de Deus. Ele também providenciou uma grande quantidade de ferro para a produção de pregos e dobradiças para as portas, e tanto bronze que nem podiam pesar. Os homens de Sidom e de Tiro trouxeram a Davi incontável quantidade de madeira de cedro. “Meu filho Salomão ainda é muito jovem e sem experiência”, dizia Davi, “e o templo do Senhor deve ser extraordinariamente maravilhoso, cheio de esplendor e famoso no mundo todo. Por isso vou deixar tudo preparado para a construção”. Assim Davi ajuntou todos os materiais de construção antes de morrer. Então chamou o seu filho Salomão e deu ordens a ele para construir um templo para o Senhor, o Deus de Israel, dizendo: “Meu filho, eu mesmo tinha no coração o desejo de construir uma casa em honra ao nome do Senhor, o meu Deus, mas o Senhor me disse: ‘Você matou muita gente em muitas guerras. Você derramou muito sangue na terra, perante mim. Por isso você não construirá um templo em honra ao meu nome. Mas darei a você um filho que será um homem de paz. Eu darei a ele paz com os seus inimigos das terras vizinhas. O nome dele será Salomão, e darei paz e tranquilidade a Israel durante o tempo que ele reinar. Ele construirá uma casa ao meu nome. Ele será como meu próprio filho e eu serei o pai dele; e eu farei que os filhos dele, os netos e bisnetos reinem para sempre em Israel’. “Agora, pois, meu filho, que o Senhor seja com você, para que você possa construir o templo do Senhor, o seu Deus, como ele disse a seu respeito. Que o Senhor dê a você sabedoria e entendimento para seguir as leis do Senhor, o seu Deus, quando ele fizer de você o rei de Israel. Pois se você obedecer com todo o cuidado às regras e às leis que o Senhor deu a Israel por meio de Moisés, você prosperará. Seja forte e corajoso! Não tenha medo nem desanime! “Com muito esforço consegui ajuntar para a casa do Senhor três mil e quinhentas toneladas de ouro e trinta e cinco mil toneladas de prata, e tanto bronze e ferro que nem cheguei a pesar, além da madeira e pedra para as paredes. E você pode ir ajuntando mais. Você tem muitos homens que sabem preparar as pedras — pedreiros e bons carpinteiros — bem como gente que faz todo tipo de trabalho. São homens que trabalham muito bem em ouro e prata, em bronze e ferro. Por isso, faça o trabalho, e que o Senhor esteja com você!” Então Davi deu ordens a todos os líderes de Israel para ajudarem seu filho Salomão nessa construção. Ele disse: “O Senhor, o seu Deus, tem estado com vocês. Ele deu a paz a vocês, pois ele entregou todos os povos em minhas mãos, e a terra foi submetida ao Senhor e ao seu povo. Agora consagrem o coração e a alma de vocês para buscarem o Senhor, o seu Deus. Comecem a construir o santuário do Senhor Deus, para que a arca da aliança do Senhor e os outros objetos sagrados que pertencem a Deus sejam trazidos para a casa que será construída para honrar o seu nome”. Por esse tempo Davi já era bem idoso, por isso nomeou o seu filho Salomão como o novo rei de Israel. Ele reuniu todos os líderes de Israel, bem como os sacerdotes e os levitas. Nessa ocasião, foi feita a contagem dos homens da tribo de Levi que tinham trinta anos ou mais. O número total deles chegou a trinta e oito mil. “Vinte e quatro mil deles vão supervisionar a construção do templo do Senhor ”, disse Davi; “e seis mil vão ser oficiais de justiça e juízes; quatro mil serão guardas das portas do templo e quatro mil vão louvar o Senhor com os instrumentos de música que eu fiz para esse fim”. Depois Davi dividiu os homens em três grupos principais com os nomes dos filhos de Levi: de Gérson, de Coate e de Merari. Dos filhos de Gérson: Ladã e Simei. Estes foram os filhos de Ladã: Jeiel, o primeiro; Zetã e Joel, três ao todo; Estes foram os filhos de Simei: Selomote, Haziel e Harã, três ao todo. Estes foram os chefes das famílias de Ladã. E os quatro filhos de Simei foram: Jaate, Ziza, Jeús e Berias. Estes foram os filhos de Simei. Jaate foi o primeiro e Ziza, o segundo. Jeús e Berias não tiveram muitos descendentes e por isso foram contados como um só grupo de famílias. Coate teve quatro filhos: Anrão, Isar, Hebrom e Uziel. Os filhos de Anrão foram Arão e Moisés. Arão e seus descendentes foram separados para sempre para o serviço santo de queimar sobre o altar as ofertas que o povo trazia ao Senhor. Ele servia ao Senhor todo o tempo e era ele quem dava a bênção em nome do Senhor. Os filhos de Moisés, homem de Deus, foram contados com a tribo de Levi. Estes foram os filhos de Moisés: Gérson e Eliezer. Os descendentes de Gérson eram chefiados por Sebuel, e Reabias, o único filho de Eliezer, era o chefe dos descendentes de Eliezer, pois teve muitos filhos. Selomite foi o chefe dos filhos de Izar. Estes foram os filhos de Hebrom: Jerias era o primeiro, Amarias, o segundo, Jaaziel, o terceiro, e Jecameão, o quarto. Estes foram os filhos de Uziel: Mica era o primeiro, e Issias, o segundo. Os filhos de Merari foram Mali e Musi. Os filhos de Musi foram Eleazar e Quis. Eleazar morreu sem deixar filhos; ele teve apenas filhas. Elas se casaram com os primos delas, os filhos de Quis. Os filhos de Musi foram Mali, Éder e Jeremote, três ao todo. Estes foram os descendentes de Levi, segundo as suas famílias e chefes de famílias, conforme registrados por seus nomes, os que tinham vinte anos ou mais. E eles ficaram com a responsabilidade de servir no templo do Senhor. Porque Davi disse: “O Senhor Deus de Israel nos deu paz e ele vai morar em Jerusalém para sempre. Agora os levitas não precisam mais levar o Tabernáculo nem os objetos usados para o serviço quando mudarem de um lugar para outro”. Esta contagem da tribo de Levi foi uma das últimas coisas que Davi fez antes de morrer. O trabalho dos levitas era ajudar os sacerdotes, descendentes de Arão, no serviço feito no templo do Senhor. Eles também eram responsáveis para guardar os objetos sagrados e ajudar nos atos de purificação e qualquer outro serviço da casa de Deus. Eles providenciavam o Pão da Presença, da farinha para as ofertas de cereais, e dos bolos sem fermento, de assar o pão e de misturar a massa — frita ou misturada com azeite. Eles também conferiam todos os pesos e todas as medidas. Todas as manhãs e todas as tardes se apresentavam ao Senhor para cantar hinos de ações de graças e louvar a Deus. Ajudavam nos sacrifícios especiais de ofertas queimadas, nos sacrifícios feitos no sábado, nas festas de lua nova e em todas as outras festas. Sempre havia levitas presentes conforme o número prescrito para eles. Eles cuidavam do Tabernáculo, do santuário e de ajudar os seus parentes, os descendentes de Arão, no serviço do templo do Senhor; eles ajudavam os sacerdotes em tudo que estes precisavam. Quanto aos sacerdotes, os filhos de Arão, eles foram assim divididos: Os filhos de Arão foram Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar. Mas Nadabe e Abiú morreram antes de seu pai e não tinham filhos. Somente Eleazar e Itamar serviram como sacerdotes. Com a ajuda de Zadoque, descendente de Eleazar, e de Aimeleque, descendente de Itamar, Davi dividiu os filhos de Arão em grupos, para servirem em várias ocasiões. Os filhos de Eleazar foram divididos em dezesseis grupos e os filhos de Itamar em oito grupos, porque dentre os filhos de Eleazar havia mais homens que podiam chefiar. Cada grupo recebia a sua tarefa de maneira imparcial, por sorteio, para que não houvesse nenhuma preferência, pois em cada grupo havia líderes do santuário e líderes de Deus tanto entre os descendentes de Eleazar como entre os descendentes de Itamar. O escriba Semaías, filho do levita Natanael, o secretário, registrou os nomes e as tarefas na presença do rei e dos líderes, do sacerdote Zadoque e Aimeleque, filho de Abiatar, e dos chefes dos sacerdotes e dos levitas. As famílias de Eleazar e de Itamar ficavam com a responsabilidade das tarefas alternadamente. O trabalho foi indicado por sorteio na seguinte ordem: O primeiro sorteio saiu para Jeoiaribe, o segundo para Jedaías, o terceiro para Harim, o quarto para Seorim, o quinto para Malquias o sexto para Miamim, o sétimo para Hacoz, o oitavo para Abias, o nono para Jesua, o décimo para Secanias, o décimo primeiro para Eliasibe, o décimo segundo para Jaquim, o décimo terceiro para Hupá, o décimo quarto para Jesebeabe, o décimo quinto para Bilga, o décimo sexto para Imer, o décimo sétimo para Hezir, o décimo oitavo para Hapizez, o décimo nono para Petaías, o vigésimo para Jeezquel, o vigésimo primeiro para Jaquim, o vigésimo segundo para Gamu, o vigésimo terceiro para Delaías, o vigésimo quarto para Maazias. Cada grupo fazia as tarefas do templo do Senhor conforme as descrições deixadas pelo Senhor, o Deus de Israel, por intermédio de Arão, o antepassado dessas famílias. Estes foram os outros chefes das famílias de Levi: dos descendentes de Anrão: Subael; dos descendentes de Subael: Jedias. O grupo de Reabias foi chefiado por seu filho mais velho, Issias. O grupo de Jizar, formado por Selemote e por seu filho Taate. Os descendentes de Hebrom: Jerias, o primeiro filho, Amarias, o segundo filho, Jaaziel, o terceiro filho, e Jecameão, o quarto filho. Dos filhos de Uziel, Mica; dos filhos de Mica, Samir. O irmão de Mica, Issias; dos filhos de Issias, Zacarias. Dos filhos de Merari, Mali e Musi; dos filhos de Jaazias, Beno. Dos filhos de Merari, de Jaazias: Beno, Soão, Zacur e Ibri. Dos filhos de Mali, Eleazar, que não teve filhos. De Quis, o filho Jerameel. Dos filhos de Musi, Mali, Éder e Jeremote. Esses foram os filhos de Levi, de acordo com as várias famílias a que eles pertenciam. Da mesma maneira que os filhos de Arão, eles receberam as suas tarefas por sorteio, sem ter preferência de idade. O sorteio foi feito na presença do rei Davi, de Zadoque, Aimeleque e dos chefes dos sacerdotes e levitas. Depois Davi, com o auxílio dos chefes do Tabernáculo, indicou os homens para profetizar, com o acompanhamento de liras, harpas e címbalos. Esses homens eram dos grupos de Asafe, de Hemã e de Jedutum. Esta é a lista dos nomes escolhidos para esse trabalho: Dos filhos de Asafe: Zacur, José, Netanias e Asarela. Os filhos de Asafe sob a sua direção, e ele, por sua vez, profetizava sob a orientação do rei. Dos filhos de Jedutum: Gedalias, Zeri, Jesaías, Hasabias, Simei e Matitias, seis ao todo. Jedutum profetizava, dando graças e louvando o Senhor, com acompanhamento de harpa. Dos filhos de Hemã: Buquias, Matanias, Uziel, Sebuel, Jerimote, Hananias, Hanani, Eliata, Gidalti, Romanti-Ézer, Josbecasa, Maloti, Hotir e Maaziote. Hemã era vidente do rei, e Deus cumpriu a promessa de torná-lo poderoso e deu a esse homem quatorze filhos e três filhas. O trabalho de música desses homens incluía tocar címbalos, harpas e liras na casa de Deus. Os pais é que dirigiam os filhos, quando tocavam no templo do Senhor. Asafe, Jedutum e Hemã estavam sob a responsabilidade direta do rei. Eles e seus parentes eram todos preparados para cantar hinos de louvor ao Senhor. Eles totalizavam duzentos e oitenta e oito mestres na música. Os cantores eram indicados para o seu tempo de serviço por sorteio, sem levar em conta a idade ou importância. O primeiro sorteio indicou José, da família de Asafe, com seus filhos e parentes; eram ao todo doze; o segundo, Gedalias, junto com doze de seus filhos e irmãos; o terceiro, Zacur e doze de seus filhos e irmãos; o quarto, Izri e doze de seus filhos e irmãos; o quinto, Netanias e doze de seus filhos e irmãos; o sexto, Buquias e doze de seus filhos e irmãos; o sétimo, Jesarela e doze de seus filhos e irmãos; o oitavo, Jesaías e doze de seus filhos e irmãos; o nono, Matanias e doze de seus filhos e irmãos; o décimo, Simei e doze de seus filhos e irmãos; o décimo primeiro, Azarel e doze de seus filhos e irmãos; o décimo segundo, Hasabias e doze de seus filhos e irmãos; o décimo terceiro, Subael e doze de seus filhos e irmãos; o décimo quarto, Matitias e doze de seus filhos e irmãos; o décimo quinto, Jeremote e doze de seus filhos e irmãos; o décimo sexto, Hananias e doze de seus filhos e irmãos; o décimo sétimo, Josbecasa e doze de seus filhos e irmãos; o décimo oitavo, Hanani e doze de seus filhos e irmãos; o décimo nono, Maloti e doze de seus filhos e irmãos; o vigésimo, Eliata e doze de seus filhos e irmãos; o vigésimo primeiro, Hotir e doze de seus filhos e irmãos; o vigésimo segundo, Gidalti e doze de seus filhos e irmãos; o vigésimo terceiro, Maaziote e doze de seus filhos e irmãos; o vigésimo quarto, Romanti-Ézer e doze de seus filhos e irmãos. A relação dos guardas das portas do templo é a seguinte: Dos coreítas, Meselemias, filho de Coré, da família de Asafe. Estes foram os filhos de Meselemias: Zacarias, o mais velho, Jediael, o segundo, Zebadias, o terceiro, Jatniel, o quarto, Elão, o quinto, Joanã, o sexto, e Elioenai, o sétimo. Estes foram os filhos de Obede-Edom: Semaías, o mais velho, Jeozabade, o segundo, Joá, o terceiro, Sacar, o quarto, Natanael, o quinto, Amiel, o sexto, Issacar, o sétimo, e Peuletai, o oitavo. Deus tinha abençoado Obede-Edom ricamente! Seu filho Semaías também teve filhos, que foram líderes da família de seu pai e tinham posições de grande autoridade em suas famílias. Estes eram os nomes dos filhos de Semaías: Otni, Rafael, Obede, Elzabade. Eliú e Semaquias, parentes deles, também eram homens valentes e muito capazes. Todos esses foram descendentes de Obede-Edom, num total de sessenta e dois descendentes. Eles eram homens importantes e estavam bem treinados para fazer o trabalho que deviam fazer. Meselemias teve dezoito filhos e parentes chegados, todos homens capazes. Estes foram os filhos de Hosa, o merarita: Sinri, que foi nomeado chefe pelo seu pai, embora não fosse o mais velho. Hilquias, o segundo, Tebalias, o terceiro, Zacarias, o quarto. Os filhos e parentes de Hosa foram treze ao todo. Os grupos dos guardas das portas do templo tinham os nomes dos seus chefes. Como os outros levitas, eles tinham a responsabilidade de servir no templo do Senhor. Receberam a tarefa de guardas das diversas portas, e para isso não se levava em conta a posição da família, pois tudo era feito por sorteio. A responsabilidade da porta do leste ficou com Selemias e o grupo dele. A porta do norte ficou com seu filho Zacarias, que era um sábio conselheiro. A porta do sul ficou com Obede-Edom e o grupo dele; os filhos de Obede-Edom tomavam conta dos depósitos. A porta do oeste e a porta de Salequete, na rua de cima, ficaram com Supim e Hosa, nos dois lugares juntos. Todos os dias, seis levitas tomavam conta da porta do leste, quatro da porta do norte, quatro da porta do sul e dois para cada uma das casas de depósitos. Cada dia seis guardas eram indicados para a porta do oeste do pátio, quatro para a rua de cima e dois para o próprio pátio. Assim ficaram divididas as tarefas dos guardas que pertenciam ao grupo de famílias de Coré e de Merari. Os outros levitas, chefiados por Aías, cuidavam das ofertas trazidas ao Senhor, colocadas no local onde eram guardadas as riquezas do templo. Os gersonitas, descendentes de Ladã, foram os antepassados de muitos grupos de famílias, entre eles a família do seu filho Jeieli. Zetã e Joel, também filhos de Jeieli eram encarregados do tesouro e dos depósitos do templo do Senhor. Dos filhos de Anrão, de Jizar, de Hebrom e de Uziel: Sebuel, descendente de Gérson e neto de Moisés, era o oficial chefe da casa dos tesouros. Seus parentes por parte de Eliezer eram os seguintes, por ordem: Eliezer foi pai de Reabias; Reabias foi pai de Jesaías; Jesaías foi pai de Jorão; Jorão foi pai de Zicri; Zicri foi pai de Selomote. Selomote e seus parentes foram indicados para cuidar das ofertas consagradas ao Senhor pelo rei Davi, e pelos outros chefes do país, como os comandantes de mil e de cem, e pelos outros líderes do exército. Esses homens dedicaram parte das coisas tomadas nas guerras para o sustento do templo do Senhor. Selomote e seus parentes também tinham de cuidar das dádivas dedicadas ao Senhor por Samuel, o profeta, por Saul, filho de Quis, por Abner, filho de Ner, por Joabe, filho de Zeruia, e das demais ofertas consagradas ao Senhor. Quenanias e seus filhos, da família de Jizar, foram nomeados administradores públicos de Israel, atuando como oficiais juízes. Dos filhos de Hebrom, Hasabias e seus parentes, ao todo mil e setecentos homens capazes, tinham de cuidar de todas as questões religiosas e públicas do rei nas terras que ficavam a oeste do rio Jordão. De acordo com os registros genealógicos da família dos hebronitas, Jerias tinha sido indicado para ser o chefe delas. No ano quarenta do reinado de Davi, foi feita uma busca nos registros, e entre os descendentes de Hebrom foram encontrados soldados de grande coragem que pertenciam à família de Hebrom, e que moravam em Jazer, na região de Gileade. Entre os parentes de Jerias, o rei escolheu dois mil e setecentos chefes de famílias, todos homens de valor para dirigir as questões religiosas e públicas do rei nas tribos de Rúben, de Gade e da meia tribo de Manassés. O exército israelita estava dividido em doze regimentos, cada regimento com vinte e quatro mil soldados, incluindo comandantes de mil e de cem que serviam o rei e o pessoal da administração. Esses regimentos eram chamados para o serviço durante um mês em cada ano. Aqui está uma lista desses regimentos e dos nomes dos comandantes: O comandante da primeira divisão era Jasobeão, filho de Zabdiel. Ele tinha a responsabilidade por 24.000 soldados que estavam de serviço no primeiro mês de cada ano. Ele era descendente de Perez e chefe de todos os oficiais do exército para o primeiro mês. O comandante da segunda divisão era Dodai, filho de Aoí. Ele era responsável por 24.000 soldados que estavam de serviço no segundo mês de cada ano. Miclote era oficial imediato de Dodai. O comandante da terceira divisão era Benaia, filho do sacerdote Joiada. Ele era chefe da sua divisão de 24.000 homens que estavam de serviço no terceiro mês de cada ano. Ele era guerreiro, chefe do batalhão dos Trinta. Amizabade, filho de Benaia, ficou no lugar do pai como comandante da sua divisão. O comandante da quarta divisão era Asael, irmão de Joabe, que mais tarde foi substituído por seu filho Zebadias. Ele tinha 24.000 homens de serviço no quarto mês de cada ano. O comandante da quinta divisão era Samute, de Izrá, com 24.000 homens de serviço no quinto mês de cada ano. O comandante da sexta divisão era Ira, filho de Iques, de Tecoa; ele tinha 24.000 homens de serviço no sexto mês de cada ano. O comandante da sétima divisão era Helez, de Pelona, descendente de Efraim, com 24.000 homens de serviço no sétimo mês de cada ano. O comandante da oitava divisão era Sibecai, de Husate, da família de Zerá; ele tinha 24.000 homens de serviço no oitavo mês de cada ano. O comandante da nona divisão era Abiezer, de Anatote, da tribo de Benjamim; ele comandava 24.000 homens de serviço durante o nono mês de cada ano. O comandante da décima divisão era Maarai, de Netofa, da família de Zerá, com 24.000 homens de serviço no décimo mês de cada ano. O comandante da décima primeira divisão era Benaia, de Piratom, descendente de Efraim, com 24.000 homens de serviço durante o décimo primeiro mês de cada ano. O comandante da décima segunda divisão era Heldai, de Netofate, da família de Otoniel; ele tinha 24.000 homens de serviço durante o décimo segundo mês de cada ano. Os líderes mais importantes das tribos de Israel eram estes: de Rúben: Eliezer, filho de Zicri; de Simeão: Sefatias, filho de Maaca; de Levi: Hasabias, filho de Quemuel; de Arão: Zadoque; de Judá: Eliú, irmão do rei Davi; de Issacar: Onri, filho de Micael; de Zebulom: Ismaías, filho de Obadias; de Naftali: Jerimote, filho de Azriel; dos descendentes de Efraim: Oseias, filho de Azazias; da meia tribo de Manassés: Joel, filho de Pedaías; da outra metade de Manassés, em Gileade: Ido, filho de Zacarias; de Benjamim: Jaasiel, filho de Abner; de Dã, Azareel, filho de Jeroão. Foram esses os líderes das tribos de Israel. Quando Davi fez a contagem do povo, não contou os que tinham menos de vinte anos de idade, porque o Senhor havia prometido que a população de Israel seria muito numerosa, como as estrelas do céu. Joabe, filho de Zeruia, começou a contar o povo, mas nunca terminou de contar, porque a ira de Deus caiu sobre Israel por causa desse recenseamento. O resultado final nunca foi registrado na história do rei Davi. Azmavete, filho de Adiel, era o encarregado dos tesouros do palácio real. Jônatas, filho de Uzias, era o encarregado dos depósitos do rei nos campos em todas as cidades, nas vilas e nas fortalezas. Ezri, filho de Quelube, era o encarregado do rei, dos trabalhadores do campo e da lavoura do rei. Simei, de Ramate, era o encarregado pelas plantações de uvas do rei. Zabdi, de Sifma, era o encarregado pela fabricação do vinho e armazenamento em tonéis. Baal-Hanã, de Gederá, era o encarregado pelas plantações de oliveiras e pelas figueiras bravas que havia nas terras baixas do rei, vizinhas das terras dos filisteus. Porém, Joás era o encarregado pelos depósitos de azeite. Sitrai, de Sarom, era o encarregado pelos rebanhos que pastavam nos campos de Sarom. Safate, filho de Adlai, era o encarregado de cuidar dos rebanhos que pastavam nos vales. Obil, do território de Ismael, era o encarregado dos camelos. Jedias, de Meronote, era o encarregado dos jumentos. Jaziz, o hagareno, era o encarregado de cuidar das ovelhas. Todos esses homens eram encarregados de cuidar dos bens do rei Davi. Jônatas, tio de Davi, era seu conselheiro; ele era um homem prudente e educado. Jeiel, filho de Hacmoni, era quem ensinava os filhos do rei. Aitofel era conselheiro oficial do rei; Husai, o arquita, era amigo e conselheiro pessoal do rei. Joiada, filho de Benaia, e Abiatar eram ajudantes de Aitofel. Joabe era o comandante do exército israelita. Davi reuniu então em Jerusalém todos os líderes de Israel: os líderes das tribos, os comandantes das doze divisões do exército, os comandantes de mil e de cem do exército, os líderes encarregados de cuidar das propriedades e dos rebanhos do rei e seus filhos, todos os outros oficiais do palácio, os principais guerreiros e outros homens que tinham autoridade no reino. O rei Davi ficou em pé diante deles e disse a todos as seguintes palavras: “Meus irmãos e meu povo, ouçam-me! Era meu desejo construir uma casa de repouso para a arca da aliança do Senhor, um lugar para nosso Deus morar. Fiz planos para construí-la, porém Deus me disse: ‘Você não construirá uma casa em meu nome, porque você é homem de guerra e derramou muito sangue’. “Apesar disso, o Senhor, o Deus de Israel, me escolheu dentre todos da família de meu pai para ser o rei em Israel, para sempre. Ele escolheu a tribo de Judá, e dentre as famílias de Judá escolheu a família de meu pai; e dentre os filhos de meu pai, o Senhor se agradou de mim e me fez rei sobre todo o Israel. E, dentre os muitos filhos que o Senhor me deu, ele escolheu Salomão para ficar em meu lugar, no trono de Israel, o reino do Senhor. Ele me disse: ‘Seu filho Salomão construirá meu templo e os meus pátios, pois a ele escolhi como meu filho e eu serei o seu pai. E se ele continuar a obedecer aos meus mandamentos e às minhas ordens como tem obedecido até hoje, farei que o reino dele nunca tenha fim’. “Aqui, diante de todo o Israel, o povo de Deus, e diante dos ouvidos do nosso Deus declaro a todos: Tenham o cuidado de obedecer a todos os mandamentos do Senhor, o seu Deus, a fim de que possam manter a posse desta boa terra para deixá-la a seus filhos e netos. E assim eles vão governar esta terra para sempre. “E você, Salomão, meu filho, procure conhecer o Deus de seu pai. Adore e sirva a esse Deus com o coração limpo e boa vontade de alma, porque o Senhor vê todos os corações e conhece todos os pensamentos e desejos. Se você procurar Deus, você o encontrará; mas se você o abandonar, ele o rejeitará para sempre. Assim, seja muito cuidadoso, porque o Senhor escolheu você para construir esse templo santo. Seja forte e faça conforme ele manda”. Então Davi entregou a Salomão a planta do templo e de tudo que ficava ao redor dele, os depósitos onde se guardavam os objetos de muito valor, as salas do andar de cima, as salas de dentro e o santuário onde seria colocado o assento de misericórdia. Também entregou a Salomão as plantas do pátio externo, das salas de fora, dos espaços para depósitos do templo e das salas para as ofertas feitas por pessoas de grande importância, tudo o que o Espírito havia colocado em seu coração. O rei também entregou a Salomão as instruções a respeito do trabalho dos diversos grupos de sacerdotes e levitas no templo do Senhor e dos utensílios que seriam utilizados. Davi determinou o peso de ouro e prata para fazer os diversos utensílios que seriam utilizados: o peso de ouro necessário para o candelabro e das próprias lâmpadas; e o peso da prata que era necessária para fabricar os candelabros e as lâmpadas, de acordo com o uso de cada um; o peso de ouro para a mesa na qual seriam colocados os Pães da Presença, e para as outras mesas de ouro; o peso da prata para as mesas de prata; o peso de ouro puro para fazer os garfos, para as bacias, para os copos e as taças de ouro e o peso da prata para as tigelas. Por fim, o peso do ouro puro para o altar do incenso e para fazer os querubins, com suas asas estendidas sobre a arca da aliança do Senhor. “Cada parte desta planta”, disse Davi a Salomão, “me foi dada por escrito da mão do Senhor ”. Depois ele continuou: “Seja forte e corajoso e faça o trabalho! Não fique com medo do tamanho da tarefa, nem desanime, pois o Senhor, o meu Deus, está com você. Ele não o deixará nem o abandonará. Ele vai cuidar para que tudo no serviço do seu templo termine bem. Os diversos grupos de sacerdotes e levitas sabem quais são as tarefas que se farão na casa de Deus, e você receberá ajuda de voluntários peritos em todo tipo de trabalho, e os líderes e todo o povo obedecerão às suas ordens”. O rei Davi se voltou então para toda assembleia que estava reunida ali e disse: “Meu filho Salomão, a quem Deus escolheu para ser o próximo rei de Israel, ainda é jovem e não tem experiência. O trabalho que ele tem pela frente é muito grande, pois o templo que ele vai construir não será feito para homens, mas para o Senhor, o nosso Deus! Ajuntei o que pude para construir o templo do meu Deus: ouro, prata, bronze, ferro, madeira em quantidade suficiente, e grande quantidade de ônix para os engates, outras pedras preciosas, joias caras e mármore. E agora, por causa do meu grande amor ao templo de Deus, vou dar das minhas próprias riquezas, ouro e prata para o templo do meu Deus, além de tudo que já tenho dado para este santuário. Ofereço cento e cinco toneladas de ouro puro de Ofir e duzentas e quarenta e cinco toneladas de prata da mais pura qualidade, para revestir as paredes do templo. Estes metais serão usados para fabricar os artigos de ouro, de prata e para os objetos de enfeite. Agora, quem hoje está disposto a dar ofertas do que possui ao Senhor?” Então os chefes de famílias, os líderes das tribos, os comandantes de mil e de cem e os administradores do rei ofertaram voluntariamente. Para a obra da casa de Deus deram cento e setenta e cinco toneladas de ouro e dez mil moedas de ouro, trezentas e cinquenta toneladas de prata, seiscentas e trinta toneladas de bronze e três mil e quinhentas toneladas de ferro. Além disso, eles deram grandes quantidades de pedras preciosas, que foram guardadas no depósito dos tesouros do templo do Senhor. Jeiel, da família de Gérson, era o responsável de guardar tudo isso. O povo se alegrou com tudo o que se deu voluntariamente, porque deram de coração íntegro ao Senhor, e o rei Davi se encheu de grande alegria. Enquanto ainda se encontrava na presença de todos ali reunidos, Davi louvou o Senhor com estas palavras: “Ó Senhor, Deus de nosso pai Israel, louvado seja o seu nome para sempre! Seus, ó Senhor, são o poder, a glória, e a vitória e a majestade. Tudo o que existe nos céus e na terra é seu. Seu, ó Senhor, é o reino. O Senhor dirige todas as coisas. Riquezas e honra vêm somente do Senhor, e o Senhor governa todas as coisas. Sua mão controla força e poder, e é por sua vontade que as pessoas se tornam importantes e recebem força. Agora, nosso Deus, nós damos graças e louvamos o seu glorioso nome. “Mas quem sou eu, e quem é o meu povo para que pudéssemos contribuir tão generosamente ao Senhor? Tudo o que temos vem do Senhor, e nós apenas demos ao Senhor o que já é seu! Porque estamos aqui apenas por um momento. Somos estrangeiros na terra, como nossos pais foram estrangeiros antes de nós. Nossos dias na terra são como sombra, passam tão depressa, sem esperança. Ó Senhor, nosso Deus, toda essa riqueza que ajuntamos para construir um templo ao seu nome vem das suas mãos, e toda ela pertence ao Senhor! Eu sei, ó meu Deus, que o Senhor examina os corações e se agrada da integridade. Tudo que dei foi com boas intenções e com integridade de coração, e tenho visto com alegria o seu povo oferecer estas contribuições de boa vontade. “Ó Senhor, Deus de nossos pais Abraão, Isaque e Israel, faça com que o seu povo sempre tenha o desejo de ser leal ao Senhor, e não permita que mude o amor que o povo tem pelo seu Deus. E dê ao meu filho Salomão um coração íntegro que se volte para Deus, de modo que ele tenha o desejo de obedecer à sua vontade, mesmo nas menores coisas, e esteja disposto em construir esse templo, para o qual eu fiz todos esses preparativos”. Então Davi disse a todo o povo: “Louvem o Senhor, o nosso Deus!” Então todo o povo louvou o Senhor, o Deus dos seus antepassados, curvando-se diante do Senhor e do rei. No dia seguinte, realizaram sacrifícios ao Senhor e lhe apresentaram ofertas queimadas de mil novilhos, mil carneiros e mil cordeiros. Também fizeram ofertas de bebidas e muitos outros sacrifícios em favor de Israel. Naquele dia eles festejaram, comeram e beberam diante do Senhor com grande alegria. E, pela segunda vez, colocaram a coroa na cabeça de Salomão, filho do rei Davi, como rei do povo. Derramaram óleo sobre a cabeça dele diante do Senhor, como chefe do povo, e derramaram óleo sobre a cabeça de Zadoque, como sacerdote deles. Assim Deus indicou Salomão para sentar-se no trono de seu pai Davi: e ele foi muito feliz, e todo o Israel obedecia a ele. Todos os líderes do povo, os oficiais do exército e seus irmãos prometeram que seriam fiéis ao rei Salomão. O Senhor fez que ele ficasse muito bem conhecido de todo o povo de Israel, e ele teve maior riqueza e honra em seu reinado do que qualquer outro rei de Israel jamais tivera. Davi, filho de Jessé, foi rei sobre todo o Israel. Ele reinou quarenta anos em Israel; sete anos durou o seu reinado em Hebrom e trinta e três anos em Jerusalém. Ele morreu bem velho, rico e cheio de honras; e seu filho Salomão reinou em seu lugar. Os feitos do rei Davi, do começo ao fim do seu reinado, estão escritos na história do profeta Samuel, nos registros históricos do profeta Natã e na história escrita pelo profeta Gade. Essas histórias contam do reinado dele, do poder que ele tinha, e de todos os acontecimentos relacionados a ele, a Israel e aos países vizinhos. Salomão, filho do rei Davi, fortaleceu-se no seu reino, pois o Senhor, o seu Deus, estava com ele e fez dele um rei poderoso. O rei Salomão falou a todo o Israel: os líderes do exército de mil e de cem, os juízes, todos os líderes políticos de Israel e os chefes de famílias. Salomão subiu com todos eles ao monte de Gibeom, onde estava o antigo Tabernáculo, que Moisés, servo do Senhor, construiu, enquanto ele esteve no deserto. Havia outro Tabernáculo em Jerusalém, construído pelo rei Davi para a arca de Deus, quando ele a levou de Quiriate-Jearim para lá. O altar de bronze feito por Bezalel, filho de Uri e neto de Hur, ainda estava ali em frente do antigo Tabernáculo do Senhor, em Gibeom. Então Salomão e todos os que ele havia convidado se reuniram ali para consultarem o Senhor. Salomão ofereceu ao Senhor mil sacrifícios queimados sobre o altar de bronze, no Tabernáculo. Naquela noite Deus apareceu a Salomão e disse: “Peça o que quiser, e eu darei a você!” Salomão respondeu: “Ó Deus, o Senhor foi tão bondoso com o meu pai Davi, e me colocou como rei em seu lugar. Agora, ó Senhor Deus, meu desejo é que o Senhor cumpra a promessa que fez a meu pai Davi, porque me fez rei sobre uma nação tão numerosa como o pó da terra! Peço que o Senhor me dê sabedoria e conhecimento para governar esse povo. Pois quem pode, sozinho, dirigir uma nação tão grande como esta?” Deus respondeu: “Já que o seu maior desejo é ajudar o seu povo e, em vez de pedir tesouros, riqueza pessoal, honras, a destruição dos seus inimigos, ou vida longa, pediu sabedoria e conhecimento para dirigir bem o meu povo sobre o qual o coloquei como rei, eu vou dar a sabedoria e o conhecimento que você pediu! Mas também vou dar riquezas, bens e honra, como nenhum outro rei antes de você teve e nenhum outro terá depois de você!” Então Salomão deixou o Tabernáculo, desceu do monte Gibeom e voltou a Jerusalém para governar Israel. Ele formou um exército de mil e quatrocentos carros e doze mil cavaleiros, para guardar as cidades, bem como para ficar perto dele, em Jerusalém. Durante o reinado de Salomão, havia tanta prata e tanto ouro em Jerusalém que se tornaram comuns como as pedras na estrada, e a madeira de cedro, tão numerosa como os sicômoros da Sefelá! Salomão enviou negociantes de cavalos ao Egito e à Cilícia, para comprarem grandes quantidades de cavalos. Naquele tempo os carros egípcios eram vendidos por sete quilos e duzentos gramas de prata cada um, e cada cavalo custava um quilo e oitocentos gramas de prata. Muitos desses carros e desses cavalos eram vendidos depois aos reis dos heteus e aos reis da Síria. Salomão achou que havia chegado o tempo de construir um templo em honra ao nome do Senhor e um palácio para si mesmo. Para isso ele precisava de setenta mil carregadores, oitenta mil homens para cortar as pedras nas montanhas e três mil e seiscentos homens para dirigir os trabalhos. Salomão mandou a seguinte mensagem para o rei Hirão, de Tiro: “Mande-me madeira de cedro como aquela que forneceu ao meu pai Davi, quando ele construiu o palácio real. Estou com planos de construir um templo em honra ao nome do Senhor, o meu Deus, e consagrá-lo a ele. Será um lugar onde eu possa queimar incenso de cheiro agradável, apresentar os Pães da Presença e oferecer as ofertas queimadas todas as manhãs e todas as tardes, nos sábados, nas festas da lua nova e nas outras festas do Senhor, o nosso Deus. Pois Deus quer que Israel sempre comemore essas datas especiais. “O templo que vou construir será maravilhoso, porque o nosso Deus é grande, maior do que todos os outros deuses. Mas quem poderia construir para ele uma casa assim maravilhosa, visto que nem os céus, nem os céus dos céus seriam capazes de contê-lo? E quem sou eu para que possa construir um templo, a não ser que seja um lugar para queimar sacrifícios perante ele? “Por isso, mande-me bons profissionais — homens que saibam trabalhar em ouro, em prata, em bronze e em ferro. Também quero que me envie homens que saibam trabalhar com tecidos púrpura, vermelho e azul, e homens que saibam desenhar em metais e madeira, para trabalharem junto com os hábeis profissionais de Judá e de Jerusalém, que meu pai Davi escolheu. “Também envie-me madeira de cedros, ciprestes e sândalo das florestas do Líbano, porque os seus homens sabem cortar madeira como nenhum outro, e eu vou mandar meus homens para ajudar os seus. Será necessária uma grande quantidade de madeira, pois o templo que vou construir será imponente e de uma beleza sem igual. Quanto às despesas, pagarei aos seus homens vinte mil tonéis de trigo batido, vinte mil tonéis de cevada, dois mil barris de vinho e vinte mil barris de azeite”. O rei Hirão respondeu ao rei Salomão: “O Senhor ama o seu povo, por isso ele o colocou como rei sobre ele”. E Hirão acrescentou: “Bendito seja o Senhor, o Deus de Israel, que fez os céus e a terra e que deu ao rei Davi um filho tão sábio, inteligente e de entendimento, para construir o templo ao Senhor e um palácio real para si próprio. “Vou mandar-lhe um profissional de grande habilidade, Hirão-Abi, filho de uma judia de Dã, em Israel; o pai dele é daqui de Tiro. Ele trabalha muito bem em ouro e em prata, bem como em bronze e ferro, e tem grande conhecimento do trabalho em pedra, carpintaria e tecidos; ele lida muito bem com tinturas em tecidos púrpura, azul e vermelho, e em linho fino. Além disso, faz desenhos em metais e madeira. Ele tem condições de executar qualquer projeto que lhe for apresentado! Ele vai trabalhar com os seus homens e com os homens indicados pelo meu senhor Davi, seu pai. “Agora envie ao seu servo, pois, o trigo, a cevada, o azeite e o vinho que o meu senhor prometeu, e vamos começar a cortar toda a madeira necessária das montanhas do Líbano, e vamos levá-la em jangadas pelo mar até Jope, e dali você fará o transporte por terra até Jerusalém”. Salomão fez a contagem de todos os estrangeiros que moravam em Israel, do mesmo modo que seu pai Davi havia feito, e verificou que havia cento e cinquenta e três mil e seiscentos. Ele designou setenta mil deles como operários comuns, oitenta mil para cortar pedras nas montanhas, e três mil e seiscentos para dirigir o trabalho. Então Salomão iniciou a construção do templo do Senhor em Jerusalém, no alto do monte Moriá, onde o Senhor havia aparecido ao rei Davi, pai de Salomão, no antigo terreiro de cereais de Araúna, o jebuseu, lugar que havia sido designado por Davi. A construção começou no segundo dia do segundo mês do quarto ano do reinado de Salomão. O alicerce que Salomão lançou para o templo do Senhor tinha vinte e sete metros de comprimento e nove metros de largura. Havia um alpendre na entrada do templo de nove metros de largura, com as paredes internas e o teto forrados de ouro! O telhado ficava a nove metros de altura. A parte central do templo era forrada com madeira de cipreste, coberta com placas de ouro, e nela havia desenhos de palmeiras e de correntes. Havia lindos ornamentos de pedras preciosas fixados nas paredes. O ouro, da melhor qualidade, era de Parvaim. Todas as paredes, as vigas de madeira, as portas e os batentes que havia no templo foram revestidos de ouro, e havia figuras de querubins gravadas nas paredes. Dentro do templo, numa das extremidades, ficava o lugar mais sagrado de todos, o Lugar Santíssimo, com nove metros de comprimento por nove metros de largura, igual à largura do templo. Também esse lugar estava coberto com vinte e uma toneladas de ouro da melhor qualidade. Os pregos de ouro usados pesavam seiscentos gramas. As salas de cima também eram revestidas de ouro. No Lugar Santíssimo, Salomão colocou duas estátuas de querubins, revestidas de ouro, com as asas estendidas; juntas mediam nove metros. Cada asa media dois metros e vinte e cinco centímetros, e tocava a parede de um lado, e a asa do outro querubim tocava a parede do outro lado. Dessa forma, os querubins com as asas abertas se estendiam por nove metros, e estavam em pé, de frente para a parte central do templo. Para fechar a entrada dessa sala, ele colocou uma cortina de tecido azul, roxo, vermelho e de linho fino, enfeitada com figuras de querubins. Na frente do templo havia duas colunas que juntas tinham a altura de dezesseis metros, e no alto de cada coluna havia um enfeite de dois metros e vinte e cinco centímetros. Ele fez correntes entrelaçadas e as colocou no alto das colunas, com cem romãs presas em cada corrente. Depois levantou as colunas na frente do templo, uma do lado direito e a outra do lado esquerdo. Deu o nome de Jaquim à coluna da direita, e o nome de Boaz à coluna da esquerda. Salomão também mandou fazer um altar de bronze medindo nove metros de comprimento por nove metros de largura, e quatro metros e sessenta centímetros de altura. Depois ele fez um enorme tanque redondo de metal, com quatro metros e meio de diâmetro e dois metros e vinte e cinco centímetros de altura, e media treze metros e meio de circunferência. O tanque estava colocado sobre as costas de duas fileiras de bois de metal, de cinco em cinco centímetros. O tanque e os bois foram fundidos como se fossem uma peça única. Havia doze desses bois colocados cauda com cauda; três estavam virados para o norte, três para o oeste, três para o sul e três para o leste. As paredes do tanque tinham uma grossura de doze centímetros, e a borda do tanque era como a borda de um cálice que se curvava como uma flor de lírio. Nele cabiam sessenta mil litros de água. Ele também construiu dez pias, para lavarem as ofertas; colocando cinco à direita do enorme tanque e cinco à esquerda. Porém, o tanque era para que os sacerdotes se lavassem. Seguindo com todo o cuidado as instruções de Deus, ele fez então dez candelabros de ouro para as lâmpadas, e os colocou no templo, cinco à direita e cinco à esquerda; também construiu dez mesas e as colocou no templo, cinco à direita e cinco à esquerda. Também fez cem bacias de ouro puro para a aspersão. Depois ele construiu o pátio para os sacerdotes e o pátio público, e cobriu as portas desses pátios com bronze. O grande tanque ficava no canto leste da sala anterior do templo. Hirão-Abi também fez as panelas necessárias, as pás e as bacias que seriam usadas nos sacrifícios. Assim, ele terminou o trabalho que o rei Salomão lhe havia determinado no templo do Senhor: A construção das duas colunas; os dois enfeites em forma de taça no topo das colunas; os dois conjuntos de correntes que decoravam os enfeites; as quatrocentas romãs presas aos dois conjuntos de correntes nos enfeites, sendo duas fileiras de romãs para cada conjunto; as bases para as pias, com suas respectivas pias; o enorme tanque e os doze bois que ficavam debaixo dele; as panelas, as pás e os garfos de carne e os demais utensílios. Hirão-Abi fez todos esses utensílios citados acima para o rei Salomão, usando bronze da melhor qualidade. O rei fez a fundição em moldes de barro do vale do Jordão, entre Sucote e Zeredá. A quantidade de bronze usado por Salomão era tão grande que era impossível conferir o seu peso. Salomão também fez todos os utensílios para a casa de Deus: o altar de ouro; a mesa para os Pães da Presença; os candelabros com suas lâmpadas de ouro puro, para serem acesos como de costume, diante do Lugar Santíssimo; as decorações de flores, as ferramentas de ouro maciço para pegar brasas; as ferramentas para avivar o fogo, as bacias para aspersão, as colheres, os vasos para queimar incenso, tudo feito de ouro puro. Mesmo a porta principal do pátio principal e as portas internas para o Lugar Santíssimo eram de ouro. Finalmente, a obra do templo do Senhor foi terminada. Então Salomão trouxe as ofertas que seu pai Davi havia dedicado ao Senhor. Elas foram guardadas em salas do tesouro do templo de Deus, ou seja, a prata, o ouro e todos os utensílios. Então Salomão reuniu em Jerusalém todas as autoridades de Israel e todos os líderes das tribos e dos grupos de famílias de Israel para a cerimônia da mudança da arca da aliança do Senhor que estava na Cidade de Davi, também conhecida como Sião, para o seu novo lugar no templo. Essa cerimônia se realizou com a presença de todos os homens de Israel no sétimo mês, na festa anual dos tabernáculos. Diante das autoridades de Israel, os levitas levantaram a arca e a levaram com o Tabernáculo, além de todos os utensílios sagrados do Tabernáculo. Os sacerdotes e os levitas levaram tudo. O rei Salomão e toda a congregação de Israel que estava ali reunida ofereceram sacrifícios de ovelhas e de bois, diante da arca. Era tão grande o número de animais que nem se podia contar! Os sacerdotes carregaram a arca da aliança do Senhor para a sala interior do templo, o Lugar Santíssimo, e a colocaram debaixo das asas dos querubins. As asas dos querubins se estendiam sobre a arca e cobriam a arca e as suas varas de madeira, que serviam para carregá-la. Essas varas eram tão compridas que as suas pontas eram vistas do santuário interno, mas não do lado de fora do templo. Essas varas ainda se achavam lá na ocasião em que estas palavras foram escritas. Não havia nada dentro da arca, além das duas tábuas de pedra que Moisés havia colocado ali quando esteve no monte Horebe, onde o Senhor havia feito uma aliança com o povo de Israel, na ocasião em que o povo saiu do Egito. Então os sacerdotes saíram do santuário. Todos eles haviam realizado o ato de purificação, sem levar em conta as obrigações pessoais de cada um. E todos os levitas que eram músicos — Asafe, Hemã, Jedutum, e todos os filhos e irmãos deles — vestidos com roupas de linho da melhor qualidade, estavam em pé ao lado leste do altar. Havia cento e vinte sacerdotes que tocavam trombetas, enquanto os outros tocavam címbalos, liras e harpas. Os que tocavam trombetas e os cantores se uniram como se fossem um só, para louvar e dar graças ao Senhor. Ao som de trombetas, de címbalos e de outros instrumentos de música, todos levantaram as suas vozes para louvar e dar graças ao Senhor. A letra do hino era a seguinte: “Ele é bom; e o seu amor dura para sempre!” Naquele momento, desceu uma nuvem e encheu o templo do Senhor, de modo que os sacerdotes não puderam continuar o seu trabalho, pois a glória do Senhor encheu a casa de Deus. E Salomão exclamou: “O Senhor disse que moraria numa nuvem escura! Na verdade eu fiz um templo magnífico para o Senhor, um lugar que será a sua morada para sempre!” Então Salomão se virou para a congregação dos israelitas que estavam ali em pé, a fim de abençoá-los. E disse: “Bendito seja o Senhor, o Deus de Israel, o Deus que falou pessoalmente a meu pai Davi, e que agora cumpriu a promessa feita a ele. Pois ele disse: ‘Nunca antes, desde que tirei meu povo da terra do Egito, escolhi uma cidade das tribos de Israel como local para construir um templo, onde meu nome seja glorificado; e nunca antes escolhi um líder para meu povo Israel. Mas, agora, escolhi Jerusalém como minha cidade, e Davi como rei de Israel, o meu povo’. “Meu pai Davi tinha no coração o desejo de construir um templo em honra ao nome do Senhor, o Deus de Israel, mas o Senhor disse a ele: ‘Foi bom você ter esse desejo no coração de construir um templo ao meu nome; porém, não será você que irá construir o templo. Seu filho foi escolhido para essa tarefa. “E agora o Senhor fez o que havia prometido, pois eu me tornei rei de Israel no lugar de meu pai, como o Senhor havia prometido. Construí o templo em honra ao nome do Senhor, o Deus de Israel. Coloquei nele a arca, na qual estão as tábuas da aliança do Senhor, aliança feita entre o Senhor e seu povo”. Enquanto falava, Salomão estava em pé diante da congregação do povo, diante do altar do Senhor, e levantou as mãos para orar. Ele havia mandado fazer um palco de bronze com dois metros e vinte e cinco centímetros de comprimento e de largura, e um metro e trinta e cinco centímetros de altura, no centro do pátio externo. Ele colocou-se em pé sobre o palco, e enquanto o povo olhava, ele se ajoelhou, levantou os braços para o céu e fez esta oração: “Ó Senhor, Deus de Israel, não há Deus igual ao Senhor nos céus e na terra! O Senhor é Deus que guarda a sua aliança de amor com todos os que lhe obedecem de todo o coração e fazem a sua vontade. O Senhor cumpriu a promessa feita ao seu servo Davi, meu pai. Com a sua boca o Senhor a fez e com a sua mão a cumpriu, como hoje se pode ver. “E agora, ó Senhor, Deus de Israel, cumpra a outra promessa feita a seu servo Davi, meu pai, quando disse: ‘Seus filhos sempre reinarão sobre Israel, se eles obedecerem às minhas leis como você tem obedecido’. Sim, ó Senhor, Deus de Israel, por favor, cumpra também esta promessa feita ao seu servo Davi. “Mas é possível Deus morar na terra com os homens? Pois se mesmo os céus e o céu dos céus são pequenos demais para conter o Senhor, quanto menos esta casa que construí! Como desejo que o Senhor atenda á oração do seu servo, ó Senhor, meu Deus! Escute o clamor e a oração que faço neste momento na sua presença! Que os seus olhos estejam voltados dia e noite para este lugar, no qual o Senhor disse que colocaria o seu nome, para que escute e responda às orações que o seu servo fizer, voltando o meu rosto para este lugar. Ouça as orações do seu servo e as orações de Israel, o seu povo, quando orarem voltados para este lugar; sim, ouça-nos do céu, lugar da sua habitação, e, quando nos ouvir, conceda-nos o seu perdão. “Sempre que alguém pecar contra o seu próximo e tiver de jurar sua inocência diante do altar deste templo, então ouça dos céus e aja. Julgue o seu servo; e se ele for culpado, que recaia sobre ele o resultado da sua culpa, e declare sem culpa o inocente, tratando-o segundo a sua justiça. “Se o seu povo Israel for derrotado diante dos seus inimigos por haver pecado contra o Senhor, e se ele se voltar para o Senhor e invocar o seu nome, e orar e suplicar ao Senhor neste templo, então ouça-o dos céus e perdoe o pecado de Israel e traga-o de volta a esta terra que o Senhor deu aos seus descendentes. “Quando os céus se fecharem e não houver chuva por causa dos pecados do seu povo, e o seu povo invocar o seu nome, voltado para este templo, e arrepender-se do seu pecado, porque o Senhor os castigou, então ouça dos céus e perdoe os pecados de Israel, os seus servos, ensinando a esse povo o caminho certo. Envie chuva sobre esta terra que o Senhor deu como propriedade para o seu povo. “Se houver fome no país, ou peste, ou ferrugem e mofo; se a colheita se perder por causa dos gafanhotos peregrinos e lagartas, ou se os inimigos do seu povo estiverem na terra cercando nossas cidades, em meio a qualquer praga ou enfermidade, ouça a oração ou súplica de cada israelita por misericórdia, ou de todo o seu povo Israel, quando se tratar de suas próprias tristezas, estendendo as suas mãos na direção deste templo. Ouça dos céus, o lugar da sua moradia, e perdoe, dando a cada um aquilo que merece, pois o Senhor conhece o coração de todos. Então eles vão temer o Senhor para sempre, e andarão nos seus caminhos todos os dias em que viverem na terra que o Senhor deu aos nossos antepassados. “E quando os estrangeiros que não pertencem a Israel, o seu povo, ouvirem falar do seu poder e vierem de terras distantes para adorar por causa do seu grande nome, da sua poderosa mão e do seu braço forte, e orarem voltados para este templo, ouça-os dos céus, lugar da sua moradia, e atenda ao pedido que eles fizerem, a fim de que todos os povos da terra conheçam o seu nome e respeitem o Senhor, do mesmo modo que faz o seu povo Israel, e eles também saibam que este templo que eu construí é chamado pelo seu nome. “Quando o seu povo sair por sua ordem para combater os inimigos e orar voltado para esta cidade de Jerusalém que o Senhor escolheu e para este templo que construí em honra ao seu nome, então ouça dos céus a oração do seu povo e faça que eles tenham sucesso. “Se eles pecarem contra o Senhor, pois não há homem que não peque, e o Senhor ficar irado com eles, e deixar que os seus inimigos os derrotem e os levem embora como prisioneiros para alguma nação estrangeira perto ou longe; e se nessa terra estranha eles se voltarem outra vez para o Senhor, e se arrependerem, e de lá orarem: ‘Pecamos, procedemos mal e fomos rebeldes’; e se de lá se voltarem para o Senhor de todo o coração e de toda a sua alma, na terra do seu cativeiro, para onde foram levados, e orarem voltados para a terra que o Senhor deu aos seus antepassados, para a cidade e o seu templo que construí em honra ao seu nome, então ouça dos céus, o lugar da sua morada, e ajude e perdoe o seu povo que pecou contra o Senhor. “Sim, ó meu Deus, que os seus olhos estejam abertos e os seus ouvidos atentos às orações que forem feitas ao Senhor neste lugar. “E agora, ó Senhor Deus, entre neste seu lugar de descanso, onde foi colocada a arca do seu poder. Que os seus sacerdotes, ó Senhor Deus, estejam vestidos de salvação, e que os seus santos se alegrem com os seus atos de bondade. “Ó Senhor Deus, não rejeite o seu ungido. Lembre-se do seu amor prometido ao seu servo Davi”. Quando Salomão terminou a oração, desceu fogo do céu e queimou os sacrifícios! E a glória do Senhor encheu o templo, de maneira que os sacerdotes não podiam entrar no templo do Senhor! Quando todo o povo viu o fogo descendo e a glória do Senhor sobre o templo, todos se curvaram com o rosto em terra e adoraram e deram graças ao Senhor, dizendo: “Ele é bom; e o seu amor dura para sempre!” Então o rei e todo o povo de Israel ofereceram sacrifícios queimados ao Senhor. A contribuição que o rei Salomão fez para esta cerimônia foi de vinte e dois mil bois e cento e vinte mil ovelhas. Dessa forma, o rei e todo o povo dedicaram o templo ao Senhor. Os sacerdotes estavam em pé nos seus lugares de serviço, e os levitas, com seus instrumentos musicais, tocavam hinos de ações de graças e cantavam: “O seu amor dura para sempre”. Eles usavam os instrumentos musicais que o próprio rei Davi havia feito e usado para louvar o Senhor. Então os sacerdotes tocaram as trombetas, de frente para os levitas, e o povo estava em pé. Salomão consagrou o pátio central da área do templo que ficava na frente do templo do Senhor, para usar naquele dia como o lugar para oferecer sacrifícios queimados e a gordura das ofertas de paz, pois o altar de bronze que Salomão tinha construído era muito pequeno para todos os sacrifícios queimados, para as ofertas de cereais e para a gordura dos sacrifícios de paz. Durante os sete dias seguintes, Salomão e todo o povo de Israel comemoraram a festa. Era uma grande multidão, que vinha de todas as partes de Israel. Chegavam de lugares tão distantes como Lebo-Hamate, que ficava num extremo do país, até do rio do Egito, que ficava no outro extremo. No oitavo dia realizaram uma assembleia solene. Eles tinham levado sete dias para a dedicação do altar, e começaram a celebrar a festa dos tabernáculos, que também durou sete dias. Então, no vigésimo terceiro dia do sétimo mês, o rei mandou o povo de volta para as suas casas. E todos foram alegres e felizes porque o Senhor havia sido tão bom para Davi e Salomão e para Israel, o seu povo. Assim, Salomão completou a construção do templo do Senhor e também o seu próprio palácio. Ele completou tudo o que havia planejado fazer. Uma noite o Senhor apareceu a Salomão e disse: “Ouvi a sua oração e escolhi este templo como o lugar para que você me ofereça sacrifícios. “Se eu fechar os céus de modo que não caia a chuva, ou se eu der ordens aos gafanhotos para que acabem com todas as suas colheitas, ou se eu enviar uma praga, então, se o meu povo se humilhar e orar, e me procurar, e se arrepender e mudar sua maneira errada de viver, eu ouvirei do céu as suas orações, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra. Estarei com os olhos e ouvidos abertos para atender a todas as orações que forem feitas neste lugar. Pois escolhi este templo, e fiz dele um lugar santo, a fim de ser a minha casa para sempre; meus olhos e meu coração estarão sempre aqui. “Quanto a você, se me seguir conforme a minha vontade, como fez seu pai Davi, e fizer tudo o que lhe ordeno, obedecendo às minhas leis e às minhas ordens, então cuidarei para que entre seus descendentes sempre haja rei em Israel, conforme a aliança que fiz com seu pai Davi. “Mas, se vocês não me seguirem, se afastarem de mim e se recusarem a obedecer às minhas leis e aos meus mandamentos que lhes dei, e adorarem e servirem outros deuses, então arrancarei Israel da minha terra, que dei a eles, e este templo será destruído, muito embora eu o tenha tornado um lugar santo para mim. Farei com que todos os povos desprezem e zombem do templo. Em vez de ser um lugar famoso, todos os que passarem por este templo, agora glorioso, não vão acreditar no que estarão vendo e perguntarão: ‘Por que o Senhor fez uma coisa tão terrível a esta terra e a este templo?’ E a resposta será esta: ‘Porque o seu povo abandonou o Senhor, o Deus dos seus antepassados, o Deus que os tirou da terra do Egito; e em vez de adorarem a Deus, seguiram outros deuses e os adoraram e serviram. Foi por isso que ele trouxe toda essa desgraça sobre eles’ ”. Haviam se passado vinte anos desde que Salomão havia se tornado rei, durante os quais ele fez a construção do templo do Senhor e o seu próprio palácio. Ele reconstruiu as cidades que Hirão, o rei de Tiro, tinha dado a ele, e estabeleceu nelas uma parte do povo de Israel. Foi também nesse tempo que ele lutou contra a cidade de Hamate-Zobá e a conquistou. Ele reconstruiu Tadmor no deserto e construiu cidades em Hamate, que serviam como centros de abastecimento. Reconstruiu as cidades de Bete-Horom Alta e Bete-Horom Baixa, cidades fortificadas com muros, portas e trancas. Também construiu Baalate e outras cidades como centros de abastecimento, e construiu cidades onde se guardavam os carros e os seus cavalos. Construiu em Jerusalém, no Líbano e em todo o seu reino tudo o que desejou. Foi Salomão quem iniciou o costume de colocar para fazer trabalhos forçados os heteus, amorreus, ferezeus, heveus e jebuseus, todos que não pertenciam à nação israelita e que não tinham sido destruídos totalmente pelos israelitas, e seus descendentes; e eles continuam nisso até hoje. Contudo, dos filhos de Israel ele não fez nenhum escravo. Empregou os cidadãos de Israel como soldados, oficiais, comandantes dos seus carros e cavaleiros. Também eram israelitas os duzentos e cinquenta oficiais do rei Salomão que supervisionavam os trabalhadores. Então Salomão fez a sua esposa, filha do faraó, mudar-se da Cidade de Davi, para o novo palácio que ele havia mandado construir para ela, pois disse: “Ela não deve morar no palácio do rei Davi, porque a arca do Senhor está lá, e o lugar é santo”. Depois Salomão ofereceu sacrifícios queimados ao Senhor sobre o altar que ele havia construído ao Senhor em frente à entrada do templo. O número de sacrifícios era diferente de um dia para o outro, de acordo com as ordens que Moisés tinha dado. Havia sacrifícios extras nos sábados, nas festas da lua nova, e nas três festas realizadas todos os anos: a festa dos pães sem fermento, a festa das semanas, e a festa dos tabernáculos. Ao distribuir as tarefas entre os sacerdotes, ele seguia a orientação feita pelo seu pai Davi. Também deu aos levitas a condução do louvor e o dever de ajudar os sacerdotes nas tarefas de cada dia. Ele organizou, por divisões, os porteiros dos vários portões do templo, tudo de acordo com o que o rei Davi, o homem de Deus, havia determinado. Salomão não se desviava de nenhuma das ordens que Davi tinha dado aos sacerdotes e aos levitas, quanto aos seus deveres, inclusive quanto ao pessoal que tomava conta da sala dos tesouros do templo. Dessa maneira, Salomão completou com sucesso a construção do templo do Senhor, desde os alicerces até o acabamento final. Depois Salomão foi para as cidades de Eziom-Geber e Elote, no litoral da terra de Edom. Ele foi fazer o lançamento ao mar de alguns navios que o rei Hirão deu de presente a ele. Esses navios eram comandados pelos marinheiros de Hirão, homens que conheciam o mar. Eles navegaram com os homens de Salomão até Ofir, e de lá trouxeram quinze mil e setecentos e cinquenta quilos de ouro para o rei Salomão. Quando a rainha de Sabá ouviu falar da fama de Salomão, foi a Jerusalém para ver se era verdade, e fez perguntas difíceis para pô-lo à prova. Ela veio com uma comitiva muito grande de auxiliares e empregados, trazendo camelos carregados de perfumes, ouro e pedras preciosas, e foi até Salomão e fez todas as perguntas que tinha no seu coração. Salomão respondeu a todas as perguntas. Não havia o que ele não soubesse. Ele pôde explicar à rainha tudo o que ela quis saber. Quando ela viu que Salomão era na verdade muito sábio, e como era formidável a beleza do seu palácio, e como havia abundância de alimentos nas suas mesas; quando viu o lugar dos oficiais, dos empregados e copeiros, e a beleza dos seus uniformes, e as ofertas queimadas que ele oferecia no templo do Senhor, ficou impressionada com o que estava vendo. Por fim ela disse ao rei: “Tudo o que ouvi a seu respeito em meu país acerca das suas realizações e da sua sabedoria é a pura verdade! Mas eu não acreditava, até que cheguei aqui e vi com os meus próprios olhos. Na verdade, não me contaram nem a metade, pois a sua sabedoria é muito maior do que eu podia ter imaginado. Como devem ser felizes esses seus homens, que podem estar aqui e ouvir a sua sabedoria! Bendito seja o Senhor, o seu Deus! Como ele ama Israel para dar a esse povo um rei tão justo e reto! Ele deseja preservar o seu povo para sempre”. A rainha de Sabá deu a Salomão quatro mil e duzentos quilos de ouro, e grande quantidade de perfumes da melhor qualidade, e muitas pedras preciosas. Nunca houve especiarias tão finas como as que a rainha de Sabá deu ao rei Salomão. Os marinheiros do rei Hirão e do rei Salomão trouxeram ouro de Ofir, e também madeira de sândalo e pedras preciosas. O rei usou a madeira para fazer os degraus da escada para o templo do Senhor e para o palácio real, e também para construir harpas e liras para os músicos. Nunca antes houve instrumentos tão lindos em toda a terra de Judá. O rei Salomão deu à rainha de Sabá presentes do mesmo valor dos que ela havia trazido para ele, e mais do que ela pediu! Depois ela voltou para a sua própria terra, junto com toda a sua comitiva. Todos os anos Salomão recebia cerca de vinte e três mil e trezentos quilos em ouro, além do que os mercadores e comerciantes pagavam como taxa a ele todos os anos. Além disso, todos os reis da Arábia e os administradores dos distritos remetiam ouro e prata para Salomão. O rei Salomão usou parte do ouro batido para fazer duzentos escudos grandes, cada um deles pesando três quilos e seiscentos gramas de ouro. Também fez trezentos escudos menores de ouro batido, cada um deles pesando um quilo e oitocentos gramas de ouro. O rei colocou esses escudos no Palácio da Floresta do Líbano. O rei mandou ainda fazer um enorme trono de marfim todo coberto de ouro puro. O trono tinha seis degraus de ouro e um estrado de ouro para apoiar os pés. Nos dois lados do assento havia braços de ouro, e em cada braço havia um leão feito de ouro. De cada lado, em cada degrau, havia um leão de ouro, totalizando doze leões. Em todo o mundo, não havia outro trono igual a esse! Todas as taças do rei Salomão eram de ouro, como eram de ouro todos os talheres, copos e vasos do Salão da Floresta do Líbano. Nos dias de Salomão a prata valia tão pouco que ninguém se importava com ela! O rei Salomão tinha uma frota de navios mercantes que iam a Társis com os marinheiros de Hirão. De três em três anos a frota voltava com ouro, prata, marfim, macacos e pavões. O rei Salomão era mais rico e sábio do que qualquer outro rei em toda a terra. Reis de todos os países vinham visitar Salomão e ouvir a sabedoria que Deus havia colocado no coração dele. Cada ano eles traziam a Salomão algum presente em objetos de prata e de ouro, roupas, armaduras, perfumes, cavalos e mulas. Além disso, Salomão tinha quatro mil estábulos para os cavalos e carros, e doze mil cavaleiros mantidos em guarnições em várias cidades, bem como em Jerusalém, para protegê-lo. Ele governava sobre todos os reis e todos os reinos, desde o rio Eufrates até á terra dos filisteus, junto à fronteira com o Egito. Ele tornou a prata tão comum em Jerusalém quanto as pedras na estrada, e o cedro era usado como se fosse sicômoro comum dos vales. Ele importava cavalos do Egito e de outros países. Os demais acontecimentos da história da vida de Salomão, do início ao fim, estão escritos na história do profeta Natã e nas profecias de Aías, o silonita, e também nas visões do vidente Ido acerca de Jeroboão, filho de Nebate. Salomão reinou quarenta anos em Jerusalém sobre todo o Israel. Depois ele morreu e foi enterrado com seus antepassados na Cidade de Davi, seu pai. E seu filho Roboão ficou no lugar dele como novo rei. Todos os israelitas foram a Siquém para a coroação de Roboão. Nesse meio-tempo, Jeroboão, filho de Nebate, recebera um aviso a respeito da morte de Salomão. Ele estava no Egito nessa ocasião, para onde tinha fugido do rei Salomão. Mais que depressa ele voltou do Egito para a coroação. E mandaram chamá-lo. Ele e todo o povo de Israel foram falar com Roboão, e, em nome do povo, ele disse: “Seu pai foi um senhor duro no tratamento do povo. Seja menos exigente do que ele, e nós lhe serviremos!” Roboão disse a eles: “Voltem dentro de três dias para saberem a minha resposta”. E o povo foi embora. O rei Roboão estudou o pedido deles com os homens que haviam sido conselheiros de seu pai Salomão. Esses homens já eram idosos. “O que devo dizer a eles?”, perguntou Roboão. “Se você quiser governar sobre eles, é preciso dar uma resposta favorável e tratá-los com bondade, e eles serão os seus servos”. Roboão, porém, rejeitou o conselho dos velhos e pediu a opinião dos moços que cresceram com ele e o estavam servindo. “O que os meus companheiros acham que eu devo fazer?”, perguntou. “Devo ser menos exigente com o povo do que foi o meu pai?” “Nada disso!”, responderam os jovens. “A este povo que disse: ‘Seu pai foi um senhor duro no tratamento do povo. Seja menos exigente do que ele’ — diga: ‘Se vocês acham que meu pai foi duro com vocês, saibam que o meu dedo mínimo é mais grosso do que a cintura do meu pai! Vou ser mais duro com vocês, e não menos exigente! Meu pai costumava castigar vocês com chicotes, mas eu vou usar escorpiões!’ ” Três dias depois Jeroboão e o povo voltaram para saber a resposta de Roboão. E o rei lhes deu uma resposta dura; ele recusou o conselho das autoridades mais velhas de Israel e seguiu o conselho dos jovens e disse: “Vou ser mais duro com vocês e não menos exigente do que o meu pai. Meu pai costumava castigar vocês com chicotes, mas eu vou usar escorpiões!” Dessa maneira o rei não atendeu ao pedido do povo. Deus levou o rei a fazer isso, a fim de cumprir o que ele havia falado a Jeroboão por meio de Aías, o silonita. Quando o povo percebeu que o rei não deu ouvidos ao seu pedido, respondeu ao rei: “Que temos em comum com Davi? Que temos em comum com o filho de Jessé? Vamos para casa, ó Israel! Que Roboão cuide da sua própria casa!” E assim os israelitas foram para as suas casas. Contudo, o povo da tribo de Judá ficou fiel a Roboão. Mais tarde, quando o rei Roboão enviou Adonirão para exigir trabalhos forçados das outras tribos de Israel, o povo o apedrejou e ele morreu. Quando essa notícia chegou ao rei Roboão, ele tomou o seu carro e fugiu para Jerusalém. Dessa maneira, Israel se rebelou contra a dinastia de Davi até o dia de hoje. Depois de chegar a Jerusalém, Roboão reuniu os exércitos da tribo de Judá e de Benjamim, ao todo cento e oitenta mil homens fortes e escolhidos, e declarou guerra contra o restante de Israel, tentando com isso unir o reino em torno dele. Porém, o Senhor disse ao profeta Semaías: “Vá e diga ao rei Roboão, filho de Salomão, rei de Judá, e a todos os israelitas de Judá e de Benjamim: ‘Assim diz o Senhor: Não lutem contra os seus irmãos. Voltem para casa, porque eu é que planejei esta revolta’. E eles obedeceram ao Senhor e se recusaram a lutar contra Jeroboão. Roboão ficou morando em Jerusalém e reconstruiu as seguintes cidades para defesa de Judá: Belém, Etã, Tecoa, Bete-Zur, Socó, Adulão, Gate, Maressa, Zife, Adoraim, Láquis, Azeca, Zorá, Aijalom e Hebrom. Essas cidades foram fortificadas em Judá e em Benjamim. Também reconstruiu e melhorou as fortalezas, e colocou nelas grupos de soldados com os seus oficiais. Encheu os depósitos com alimento, azeite de oliveira e vinho. Em cada cidade armazenou escudos e lanças para melhor proteção delas. Assim, Judá e Benjamim ficaram fiéis a ele. Os sacerdotes e levitas das outras tribos de Israel apoiaram Roboão. Os levitas abandonaram as suas pastagens e bens e se mudaram para Judá e Jerusalém, pois o rei Jeroboão mandou todos eles embora, dizendo que deixassem de ser sacerdotes do Senhor. Ele havia indicado outros sacerdotes no lugar deles, e os novos sacerdotes fizeram o povo adorar imagens em lugar de Deus e oferecer sacrifícios a ídolos de bodes e de bezerros que ele havia colocado nos montes. De todas as tribos de Israel começaram a mudar-se para Jerusalém aqueles que desejavam adorar com toda a liberdade o Senhor, o Deus de seus antepassados, e oferecer sacrifícios a ele. Eles fortaleceram o reino de Judá e apoiaram o rei Roboão, filho de Salomão, por três anos. Durante esses três anos, Roboão andou nos caminhos de Davi e Salomão. Roboão casou-se com sua prima Maalate. Ela era filha de Jerimote e neta de Davi. A mãe de Maalate era Abiail, filha de Eliabe, neta de Jessé. Desse casamento nasceram três filhos: Jeús, Semarias e Zaão. Mais tarde ele se casou com Maaca, filha de Absalão. Maaca teve os seguintes filhos: Abias, Atai, Ziza e Selomite. Roboão amava Maaca, filha de Absalão, mais do que ás outras esposas e concubinas. Ao todo ele teve dezoito esposas e sessenta concubinas, vinte e oito filhos e sessenta filhas. Abias, filho de Maaca, era o preferido de Roboão, e foi colocado como chefe entre os seus irmãos, com o desejo de fazer dele o próximo rei. Com muita sabedoria ele espalhou os outros filhos pelas cidades fortificadas da terra de Judá e de Benjamim, e deu a eles muito dinheiro e alimentos, e arranjou para que cada um deles tivesse diversas esposas. Mas assim que Roboão adquiriu fama e se tornou poderoso, ele e o povo abandonaram a lei do Senhor. Por causa dessa infidelidade ao Senhor, o rei Sisaque, do Egito, atacou Jerusalém no quinto ano do reinado do rei Roboão, com mil e duzentos carros, sessenta mil cavaleiros e um enorme número de soldados de infantaria formado de egípcios, líbios, suquitas e etíopes. Ele tomou as cidades fortificadas de Judá e dentro de pouco tempo chegou a Jerusalém. Então o profeta Semaías se encontrou com Roboão e com os líderes de Judá de todas as partes do país, pois eles tinham fugido de Sisaque para Jerusalém, porque ali era mais seguro. O profeta Semaías disse a eles: “Assim diz o Senhor: ‘Vocês me abandonaram; por isso eu abandonei vocês e os entreguei nas mãos de Sisaque’ ”. Então o rei e os líderes de Israel se humilharam, confessaram os seus pecados e disseram: “O Senhor foi justo no que fez!” Quando o Senhor viu que eles se humilharam, mandou Semaías dizer: “Já que vocês se humilharam, não vou usar Sisaque para derramar a minha ira sobre Jerusalém. Mas vocês serão seus servos e deverão pagar uma taxa a ele todos os anos, para que aprendam a reconhecer a diferença entre servir a mim e servir aos reis de outras nações!” Quando Sisaque, rei do Egito, conquistou Jerusalém, levou todos os tesouros do templo e do palácio. Levou também todos os escudos de ouro de Salomão. O rei Roboão substituiu os escudos de ouro por escudos de bronze, e deixou o capitão da guarda do seu palácio encarregado para cuidar deles. Sempre que o rei ia ao templo, os guardas levavam os escudos e depois os levavam de volta para a casa das armas. Quando o rei Roboão se humilhou, a ira do Senhor afastou-se dele, e ele não foi completamente destruído. Na verdade, mesmo depois da invasão de Sisaque, ainda havia muita coisa boa em Judá. O rei Roboão firmou-se no poder em Jerusalém. Ele tinha quarenta e um anos de idade quando começou a reinar e reinou dezessete anos em Jerusalém, a cidade que o Senhor havia escolhido dentre todas as tribos de Israel para ali manifestar a sua presença. A mãe dele era uma amonita e se chamava Naamá. Ele foi um mau rei, pois na verdade nunca procurou de coração agradar ao Senhor. Os demais acontecimentos da vida de Roboão estão registrados nas histórias escritas pelo profeta Semaías e pelo vidente Ido, no Registro de Famílias. Não deixou de haver guerras entre Roboão e Jeroboão. Quando Roboão morreu e foi enterrado com os seus antepassados na Cidade de Davi, seu filho Abias foi o novo rei. No décimo oitavo ano do reinado de Jeroboão, Abias tornou-se o novo rei de Judá, e reinou três anos em Jerusalém. O nome de sua mãe era Micaías, filha de Uriel, de Gibeá. Logo no início do seu reinado houve guerra entre Abias e Jeroboão. Abias foi à batalha com quatrocentos mil soldados valentes, bem treinados, contra oitocentos mil soldados igualmente valentes e bem treinados, comandados pelo rei Jeroboão. Quando o exército de Abias chegou ao monte Zemaraim, na região montanhosa de Efraim, o rei gritou: “Jeroboão e todo exército israelita, ouçam-me! Será que vocês não sabem que o Senhor, o Deus de Israel, prometeu mediante uma aliança de sal dar para sempre o reino de Israel a Davi e seus filhos? Mesmo assim, o rei de vocês, Jeroboão, filho de Nebate, servo de Salomão, filho de Davi, rebelou-se contra o seu senhor! Toda uma quadrilha de desocupados se juntou a ele, desafiando Roboão, filho de Salomão, porque ele era jovem, estava com medo e não foi capaz de fazer frente a eles. “Na verdade vocês pensam que podem derrotar o reino do Senhor, quando esse reino está nas mãos dos descendentes de Davi? O seu exército é duas vezes maior que o meu, e vocês têm esses bezerros de ouro que Jeroboão fez para vocês, chamando-os de deuses de vocês! Não foram vocês que expulsaram os sacerdotes do Senhor, da família de Arão, e os levitas, e em lugar deles colocaram sacerdotes dos deuses de outros povos? Do mesmo modo que os povos de outras terras, vocês aceitam como sacerdote qualquer indivíduo que se apresente com um novilho e sete carneiros para ser consagrado e tornar-se sacerdote daqueles que não são deuses e que vocês adoram! “Mas quanto a nós, o Senhor é nosso Deus, e nós não o abandonamos. Somente os descendentes de Arão são nossos sacerdotes, e só os levitas podem ajudar os sacerdotes no seu trabalho. Eles queimam sacrifícios ao Senhor toda manhã e toda tarde — ofertas queimadas e incenso de perfume agradável ao Senhor; e colocam os Pães da Presença sobre a mesa santa, e as lâmpadas do candelabro de ouro são acesas todas as tardes, pois nós tomamos todo o cuidado em seguir as instruções do Senhor, o nosso Deus. Mas vocês abandonaram Deus. Assim, vocês podem ver que Deus está do nosso lado; ele é nosso guia. Os sacerdotes do Senhor, tocando trombeta enquanto caminham, vão guiarnos na batalha contra vocês. Povo de Israel, não lutem contra o Senhor, o Deus dos seus antepassados, pois vocês vão sair perdendo!” Nesse meio-tempo, Jeroboão tinha mandado em segredo uma parte do seu exército dar a volta por detrás dos homens de Judá e apanhá-los de surpresa. Assim Judá ficou cercado, com os inimigos por trás e pela frente. Quando o exército de Judá se virou e viu que estava cercado pela frente e por trás, clamou ao Senhor. Então os sacerdotes tocaram as trombetas, e os homens de Judá deram o brado de guerra. Enquanto eles gritavam, Deus derrotou Jeroboão e todo o Israel diante do rei Abias e os homens de Judá. Os israelitas fugiram dos soldados de Judá, e Deus os entregou em suas mãos. Naquele dia Abias e seus soldados mataram quinhentos mil soldados valentes de Israel. E os israelitas foram derrotados pelos homens de Judá, pois estes confiaram no Senhor, o Deus de seus antepassados. Abias foi atrás dos soldados do rei Jeroboão, tomando as cidades de Betel, Jesana, Efrom, e os povoados vizinhos. Jeroboão, rei de Israel, nunca mais conseguiu recuperar o poder enquanto Abias viveu. Por fim o Senhor feriu Jeroboão e ele morreu. Enquanto isso, Abias, rei de Judá, ficou muito forte. Ele se casou com quatorze esposas e teve vinte e dois filhos e dezesseis filhas. Os demais acontecimentos de sua vida e das suas palavras estão registrados na História escrita pelo profeta Ido. O rei Abias morreu e foi enterrado com os seus antepassados na Cidade de Davi. O seu filho Asa se tornou o novo rei de Judá, e houve paz na terra durante os dez primeiros anos de seu reinado. Asa tomou todo o cuidado para obedecer ao Senhor, o seu Deus, fazendo o que é reto aos olhos de Deus. Ele derrubou os altares dos deuses estranhos e os altares idólatras que havia nos montes, e quebrou as colunas sagradas e cortou em pedaços as vergonhosas imagens de Aserá. Ele exigiu que toda a nação de Judá buscasse o Senhor, o Deus dos seus antepassados, e obedecesse às suas leis e aos seus mandamentos. Também retirou das montanhas os altares idólatras e os altares de incenso de cada uma das cidades de Judá, por isso Deus deu paz ao seu reino. Ele também construiu cidades protegidas por muros em toda a terra de Judá, aproveitando o período de paz. Ninguém lutava contra ele naqueles anos, porque o Senhor os protegia. Então ele disse ao povo de Judá: “Agora é o tempo para construir as cidades com muros, fortificadas com torres, portões e trancas. A terra é nossa, porque temos buscado o Senhor, o nosso Deus, e ele nos tem concedido paz”. E assim eles executaram esses projetos e tiveram sucesso. O exército que o rei Asa tinha em Judá era de trezentos mil homens fortes, armados com escudos e lanças. O exército dos benjamitas tinha duzentos e oitenta mil homens, também armados com escudos e arcos. Os dois exércitos eram formados por homens valentes e bem treinados. Então ele foi atacado por um exército de um milhão de soldados vindos da Etiópia, com trezentos carros de guerra, comandados por Zerá. Eles avançaram até a cidade de Maressa. O rei Asa saiu com os seus soldados para lutar contra eles, e se colocaram em posição de combate no vale de Zefetá, perto de Maressa. Então Asa pediu socorro ao Senhor, o seu Deus, e disse: “Ó Senhor, ninguém mais pode ajudar-nos! Aqui estamos nós, fracos, contra este exército poderoso. Ajuda-nos, ó Senhor, nosso Deus, pois confiamos no Senhor para livrar-nos, e em seu nome atacamos este enorme exército. Ó Senhor, o Senhor é o nosso Deus; não permita que simples homens derrotem o Senhor!” Então o Senhor derrotou os etíopes diante de Asa e do exército de Judá. Os etíopes fugiram, e Asa e seu exército foram atrás deles até Gerar, e todo o exército etíope foi destruído, de maneira que não sobrou nenhum homem. Eles foram destruídos diante do Senhor e seu exército. Então o exército de Judá saqueou uma enorme quantidade de coisas deixadas no campo de batalha. Então eles atacaram todas as cidades daquela região de Gerar, e o terror do Senhor veio sobre todos os moradores. Como resultado, levaram enorme quantidade de coisas daquelas cidades também. Eles não somente tomaram tudo o que as cidades tinham, mas atacaram também os acampamentos de gado e levaram grandes rebanhos de ovelhas, cabras e camelos, antes de voltarem para Jerusalém. Então o Espírito de Deus veio sobre Azarias, filho de Odede. Ele saiu para encontrar-se com o rei Asa, que estava voltando da guerra. “Ouça-me, Asa e todo o exército de Judá e de Benjamim!”, disse ele. “O Senhor estará com vocês, enquanto vocês estiverem com ele! Sempre que vocês procurarem o Senhor, vão encontrá-lo. Mas se vocês deixarem o Senhor, ele deixará vocês. Durante muito tempo o povo de Israel não tem adorado o verdadeiro Deus, e não tem tido sacerdotes que o ensinem. O povo tem vivido sem as leis de Deus. Mas sempre que eles em suas dificuldades se voltaram novamente para o Senhor, o Deus de Israel, e buscaram o Senhor, ele deixou-se achar e os ajudou. Nos tempos de revolta do povo contra Deus não houve paz. A nação enfrentava problemas de todos os lados. Os distúrbios aumentavam em toda parte. Havia guerras externas, e dentro do país uma cidade lutava contra outra, pois Deus castigava o povo com todo tipo de desgraça. Mas vocês, homens de Judá, continuem firmes no bem e não percam a coragem, pois vocês vão receber a recompensa”. Quando o rei Asa ouviu esta mensagem vinda da parte de Deus por meio do profeta Azarias, filho de Obede, criou coragem e destruiu todas as imagens que havia na terra de Judá e de Benjamim, e nas cidades que ele havia tomado na região montanhosa de Efraim, e restaurou o altar do Senhor que estava em frente do pórtico do templo do Senhor. Depois ele reuniu todo o povo de Judá e de Benjamim, e também os que haviam saído de Israel, pois muitos tinham vindo dos territórios de Efraim, Manassés e Simeão, em Israel, e passaram para o lado do rei Asa, quando viram que o Senhor, o seu Deus, estava com ele. Eles vieram a Jerusalém, no terceiro mês, no ano em que o rei Asa estava completando quinze anos de reinado, e ofereceram sacrifícios ao Senhor, de setecentos bois e sete mil ovelhas e cabras. Esses animais faziam parte do saque do campo de batalha. Então fizeram um acordo de adorar somente o Senhor, o Deus de seus antepassados, de todo o coração e de toda a alma e concordaram que qualquer pessoa que não buscasse o Senhor, o Deus de Israel, deveria morrer, jovens ou idosos, homens ou mulheres. Em alta voz, ao som de trombetas e clarins, eles juraram lealdade ao Senhor. Todos estavam felizes por haverem feito este acordo com Deus, pois o fizeram de todo o coração e de livre vontade. Eles desejavam Deus mais do que tudo, e ele deixou que o encontrassem, e deu paz a eles em todo o país. O rei Asa tirou a sua avó Maaca da posição de rainha-mãe, porque ela havia feito uma imagem vergonhosa de Aserá. Ele derrubou a imagem, despedaçou-a e queimou-a perto do córrego do Cedrom. Embora os altares idólatras não tivessem sido derrubados em Israel, o coração do rei Asa foi totalmente fiel ao Senhor durante toda a sua vida. Ele trouxe de volta para o templo os vasos de prata e de ouro que ele e seu pai haviam dedicado ao Senhor. E não houve mais guerra até o trigésimo quinto ano do seu reinado. No trigésimo sexto ano do reinado de Asa em Judá, o rei Baasa, de Israel, declarou guerra contra Judá e construiu a fortaleza de Ramá, a fim de tomar conta da estrada que ia para Judá. A resposta de Asa foi tirar a prata e o ouro do templo do Senhor e do próprio palácio, e enviar tudo ao rei Ben-Hadade, da Síria, em Damasco, com esta mensagem: “Vamos renovar o acordo que havia entre o seu pai e o meu pai. De acordo com esse acordo, o seu país protegeria o nosso, e o nosso país protegeria o seu, em caso de necessidade. Estou enviando a prata e o ouro; com isso espero que você rompa o acordo que fez com Baasa, rei de Israel, de maneira que ele me deixe sossegado”. Ben-Hadade concordou com a proposta do rei Asa e ordenou aos oficiais dos seus exércitos que atacassem Israel. Eles conquistaram as cidades de Ijom, Dã, Abel-Maim e todas as cidades de Naftali que serviam de armazéns. Logo que Baasa, rei de Israel, ouviu dizer o que estava acontecendo, parou a construção de Ramá e abandonou o plano que tinha de atacar Judá. Então o rei Asa e o povo de Judá foram a Ramá e levaram as pedras de construção, as madeiras, e usaram esse material para construir Geba e Mispá. Naquele tempo o profeta Hanani veio a Asa, rei de Judá e disse: “Já que você confiou no rei da Síria em vez de confiar no Senhor, o seu Deus, o exército do rei da Síria escapou de suas mãos. Você não se lembra mais do que aconteceu aos etíopes e aos líbios com o seu enorme exército, com todos os seus carros e cavaleiros? Mas naquele tempo você confiava no Senhor, e ele entregou todos em suas mãos. Pois os olhos do Senhor passam por toda a terra, para cima e para baixo, procurando pessoas que tenham um coração íntegro para com ele, de maneira que ele possa mostrar o seu grande poder para essas pessoas. Que tolo você tem sido! De agora em diante você terá guerras”. Asa ficou tão irado ao ouvir essas coisas que mandou o profeta para a prisão. E Asa maltratou uma parte do povo naquela ocasião. Os demais acontecimentos da história da vida de Asa, do começo ao fim, estão escritos no Livro da História dos Reis de Israel e de Judá. No trigésimo nono ano de seu reinado, Asa foi atacado por uma doença nos pés. Embora a sua doença fosse séria, em vez de buscar a ajuda no Senhor, ele foi buscar a ajuda em médicos. Assim, no quadragésimo primeiro ano do seu reinado, Asa morreu e foi enterrado com os seus antepassados. Eles o enterraram no túmulo que ele havia mandado abrir na Cidade de Jerusalém. Ele foi colocado num leito perfumado com especiarias e vários perfumes, e queimaram grande quantidade de incenso em sua honra. Josafá, filho de Asa, foi o seu sucessor, e se preparou para a guerra contra Israel. Ele colocou grupos de soldados em todas as cidades fortificadas de Judá, e guarnições na terra de Judá e nas cidades de Efraim que Asa, seu pai, havia conquistado. O Senhor esteve com Josafá porque, nos seus primeiros anos, ele andou nos caminhos do seu antepassado Davi. Ele não adorou o deus Baal, mas seguiu o Deus de seu pai e obedeceu aos seus mandamentos, e não seguiu as práticas de Israel. Por isso, o Senhor fortaleceu a posição do reino de Josafá, e todo o povo de Judá lhe dava presentes, de maneira que se tornou muito rico e também muito popular. Josafá era corajoso em seguir os caminhos do Senhor e ainda derrubou os altares dos deuses estranhos que havia nas montanhas e destruiu as imagens de Aserá. No terceiro ano de seu reinado, ele enviou importantes oficiais do governo como Bene-Hail, Obadias, Zacarias, Natanael e Micaías para ensinarem nas cidades de Judá. Também seguiram os seguintes levitas: Semaías, Netanias, Zebadias, Asael, Semiramote, Jônatas, Adonias, Tobias e Tobe-Adonias e os sacerdotes Elisama e Jeorão. Eles foram por todas as cidades de Judá, levando cópias do Livro da Lei do Senhor a fim de ensinarem as Escrituras ao povo. Então o temor do Senhor caiu sobre todos os reinos vizinhos, de maneira que nenhum deles declarou guerra ao rei Josafá. Alguns dos filisteus chegaram a levar presentes a Josafá, além de pagar uma taxa em prata todos os anos. Os árabes deram sete mil e setecentos carneiros e o mesmo número de bodes. Dessa maneira, Josafá foi se tornando cada vez mais forte, e construiu fortalezas e cidades para depósitos em toda a terra de Judá, onde guardava grande quantidade de mantimentos. Ele também tinha um exército valoroso em Jerusalém. Esta é a lista dos oficiais, de acordo com os grupos de famílias: De Judá, líderes de mil: trezentos mil soldados de Judá estavam sob o comando de Adna. Depois dele em comando vinha Joanã, com um exército de duzentos e oitenta mil homens. Depois vinha Amasias, fílho de Zicri, um homem totalmente dedicado a Deus, com duzentos mil soldados. De Benjamim vieram duzentos mil homens armados com arcos e escudos, sob o comando de Eliada, um guerreiro valente. Depois dele vinha Jozabade, com cento e oitenta mil homens treinados para a guerra. Esses eram os soldados que serviam o rei, fora aqueles que ele colocou nas cidades fortificadas em toda a terra de Judá. Mas o rei Josafá, rico e muito honrado, aliou-se a Acabe, rei de Israel, por intermédio de laços de casamento. Alguns anos mais tarde, ele foi a Samaria visitar o rei Acabe, e Acabe abateu um grande número de ovelhas e bois para receber Josafá e seus ajudantes. Depois pediu ao rei Josafá que se ajuntasse a ele com os seus soldados a fim de atacarem Ramote-Gileade. Acabe, rei de Israel, perguntou a Josafá: “Você vai comigo combater contra Ramote-Gileade?” Josafá respondeu: “Sou como você, e meu povo é como o seu povo. Lutaremos juntos com você! Contudo, é melhor que primeiro consultemos o Senhor!” Então o rei Acabe reuniu quatrocentos dos seus profetas e perguntou a eles: “Devemos ir à guerra contra Ramote-Gileade ou não?” E eles responderam: “Sim, pois Deus lhe dará uma grande vitória!” Josafá, porém, não ficou satisfeito, e perguntou: “Será que não há aqui mais algum profeta do Senhor a quem podemos consultar?” “Bem”, disse-lhe Acabe, “há um profeta por intermédio de quem podemos consultar o Senhor, mas não gosto dele, porque nunca profetiza coisas boas para mim, só coisas ruins! O nome dele é Micaías, filho de Inlá. “Ora, não fale dessa maneira!”, disse Josafá. “Vamos ouvir o que ele tem a dizer”. Então o rei de Israel chamou um de seus oficiais e ordenou: “Depressa! Vá e traga-me Micaías, filho de Inlá”. O rei de Israel e Josafá, rei de Judá, estavam sentados em seus tronos, com as roupas reais, num lugar perto da porta de Samaria, e todos os profetas estavam profetizando diante deles. Um deles, Zedequias, filho de Quenaaná, fez para essa ocasião chifres de ferro, e disse: “O Senhor diz que o rei irá ferir os sírios com estes chifres, até que eles sejam destruídos!” E todos os outros concordaram, dizendo: “Suba a Ramote-Gileade e você sairá vitorioso, porque o Senhor entregará esta cidade nas mãos do rei”. O mensageiro que tinha ido buscar Micaías disse a ele: “Todos os profetas estão dizendo que o rei vai vencer a guerra. Espero que você concorde com eles e dê ao rei uma palavra favorável”. Micaías, porém, respondeu: “Tão certo como vive o Senhor, o que o meu Deus disser, isso falarei”. Quando chegou diante do rei, este perguntou a ele: “Micaías, devemos ir à guerra contra Ramote-Gileade ou não?” E Micaías respondeu: “Com toda a certeza, podem ir! A vitória é certa!” Mas o rei disse a ele: “Quantas vezes eu tenho de dizer a você que fale somente a verdade em nome do Senhor?” Então Micaías lhe falou: “Na visão que eu tive, vi todo o Israel espalhado pela montanha como ovelhas sem pastor, e ouvi o Senhor dizer: ‘Estes homens não têm líder. Mande todos para casa em paz’ ”. “Eu não lhe disse”, disse o rei de Israel a Josafá. “Ele nunca profetiza coisa boa a meu respeito, apenas coisas ruis”. “Ouçam a palavra do Senhor ”, continuou Micaías. “Vi o Senhor sentado no seu trono, cercado com todo o exército celestial à sua direita e à sua esquerda. E o Senhor falou: ‘Quem é capaz de enganar Acabe, o rei de Israel, para que vá à guerra contra Ramote-Gileade e seja morto ali?’ “Houve muitas sugestões, mas, por fim, um espírito se apresentou diante do Senhor, dizendo: ‘Eu sou capaz de enganá-lo!’ “ ‘De que maneira?’, o Senhor perguntou a ele. “Ele respondeu: ‘Eu serei um espírito mentiroso na boca de todos os profetas do rei!’ “Disse o Senhor: ‘Isso dará certo; vá e engane-o’. “E o Senhor pôs um espírito mentiroso na boca desses seus profetas, quando na verdade ele decidiu fazer o contrário do que eles estavam dizendo ao rei, e decretou a sua desgraça!” Então Zedequias, filho de Quenaaná, caminhou até Micaías e lhe deu um tapa no rosto. “Você é um mentiroso”, gritou Zedequias. “Quando foi que o Espírito do Senhor saiu de mim para falar a você?” Micaías respondeu: “Você descobrirá quando você for esconder-se num quarto interior!” “Peguem este homem e levem-no de volta a Amom, governador da cidade, e ao meu filho Joás”, ordenou o rei de Israel, “e digam que assim diz o rei: ‘Coloquem esse homem na prisão, e deem a ele somente pão e água, até que eu volte em segurança da batalha” ’. Micaías respondeu: “Se o rei voltar a salvo, o Senhor não falou por meu intermédio”. Depois, virando-se para os que estavam ali ao redor, disse: “Prestem atenção naquilo que eu disse”. Então o rei de Israel e Josafá, rei de Judá, levaram seus exércitos a Ramote-Gileade. E o rei de Israel disse a Josafá: “Eu vou me disfarçar de modo que ninguém me reconheça, mas você vai vestido com as suas roupas reais!” E foi o que eles fizeram, e ambos foram para o combate. O rei da Síria tinha dado estas instruções aos chefes dos carros de guerra: “Não deem atenção a ninguém, seja soldado, seja oficial; só quero o rei de Israel!” Quando os que conduziam os carros viram Josafá, rei de Judá, vestido em suas roupas reais, o atacaram, supondo que era o homem que procuravam. Mas Josafá clamou ao Senhor para salvá-lo, e o Senhor fez que os condutores dos carros deixassem o rei. Logo que os condutores dos carros descobriram que ele não era o rei de Israel, deixaram de persegui-lo. Mas um dos soldados sírios atirou por acaso uma flecha e feriu o rei de Israel no encaixe da sua armadura. “Tirem-me daqui”, disse ele ao condutor do seu carro, “estou muito ferido”. A batalha tornou-se cada vez mais violenta naquele dia, e o rei Acabe ficou apoiado em seu carro, diante dos sírios até a tarde, mas, ao pôr do sol, ele morreu. Quando Josafá, rei de Judá, voltou para casa em paz ao seu palácio em Jerusalém, o vidente Jeú, filho de Hanani, saiu ao encontro do rei e lhe perguntou: “Devia você ajudar os maus e amar aqueles que odeiam o Senhor? Por causa do que você fez, a ira do Senhor está sobre você. Mas há algumas coisas boas em você, porque você mandou retirar as imagens vergonhosas de Aserá que havia no país e procurou ser fiel a Deus de todo o coração”. Depois disso, Josafá morou em segurança em Jerusalém. Mais tarde ele saiu outra vez pela nação, viajando desde Berseba até a região montanhosa de Efraim, para animar todos a adorarem o Deus dos seus antepassados. Nomeou juízes, que colocou em todas as cidades fortificadas de Judá, dando a seguinte ordem: “Tomem cuidado, pois foi o próprio Deus que nomeou vocês; e ele ficará ao lado de vocês, e os ajudará a fazer justiça em cada caso que for apresentado. Agora, que o temor do Senhor esteja com vocês para que não torçam a justiça a favor de ninguém, pois o Senhor, o nosso Deus, não tolera os que cometem injustiça, nem que façam acepção de pessoas nos julgamentos, nem que recebam presentes para julgar a favor de qualquer pessoa”. Josafá estabeleceu tribunais em Jerusalém e colocou alguns levitas, sacerdotes e chefes de famílias para julgarem questões da lei do Senhor e as causas dos habitantes da cidade. Estas foram as instruções dadas a eles: “Vocês devem agir sempre com fidelidade e com corações honestos, no temor do Senhor. Toda vez que os seus irmãos israelitas das outras cidades mandarem um caso para vocês resolverem, seja um caso de crime ou de desobediência às leis e aos mandamentos, decretos ou ordenanças, esclareçam o assunto para eles para que não cometam pecados contra o Senhor, para que a ira dele não venha sobre vocês e sobre eles. Se vocês fizerem isto, estarão livres de culpa”. “Amarias, o sumo sacerdote, ajudará vocês a tomarem as decisões finais nos casos de desobediência em assuntos sagrados; e Zebadias, filho de Ismael, líder da tribo de Judá, ajudará vocês nas decisões finais nos casos de desobediência às ordens do rei. Eles contam com o auxílio dos levitas. Sejam corajosos no cumprimento dos seus deveres. E que o Senhor esteja com aqueles que agirem corretamente”. Mais tarde, os exércitos dos reis de Moabe, de Amom e dos meunitas declararam guerra a Josafá e ao povo de Judá. Então informaram a Josafá: “Um enorme exército está vindo de além do mar Morto, da Síria, em Hazazom-Tamar, isto é, En-Gedi. Josafá ficou muito perturbado e resolveu pedir ajuda ao Senhor e anunciou um jejum a todo o povo de Judá. Pessoas de todas as cidades vieram reunir-se em Jerusalém para buscar a ajuda do Senhor. Josafá se colocou em pé no meio da congregação de Judá e de Jerusalém, no pátio novo do templo do Senhor, e fez esta oração: “Ó Senhor, Deus de nossos pais, o único Deus que está nos céus, aquele que governa todos os reinos da terra. Força e poder estão em suas mãos. Quem pode resistir ao Senhor? Ó nosso Deus, porventura o Senhor não expulsou os habitantes que moravam nesta terra, diante de Israel, o seu povo, e não foi o Senhor que deu esta terra para sempre aos filhos de seu amigo Abraão? O seu povo passou a morar aqui e construiu este santuário em honra ao seu nome, dizendo: ‘Se enfrentarmos alguma calamidade como guerra, doença ou fome, nós nos colocaremos aqui diante deste templo, onde o Senhor mora, e clamaremos ao Senhor para salvar-nos em nossa angústia, e o Senhor nos ouvirá e nos salvará’. “Agora, pois, veja que estão aqui os exércitos de Amom, de Moabe e de Edom. O Senhor não permitiu que nossos pais invadissem aquelas nações quando Israel saiu do Egito, por isso os israelitas se desviaram deles e não os destruíram. Veja agora como eles nos retribuem, pois vieram para expulsar-nos da terra, que o Senhor nos deu por herança. Ó nosso Deus, o Senhor não vai julgá-los? Não temos condições de enfrentar esse exército poderoso. Não sabemos o que fazer, mas estamos olhando para o Senhor”. Todo o povo de todas as partes de Judá estava em pé diante do Senhor, com suas mulheres e seus filhos, e crianças de colo. Então o Espírito do Senhor veio no meio da assembleia, sobre Jaaziel, filho de Zacarias, neto de Benaia e bisneto de Jeiel, trineto de Matanias, levita, que era descendente de Asafe. Ele disse: “Escutem-me, todos vocês, povo de Judá e de Jerusalém, e também o rei Josafá! Assim diz o Senhor: ‘Não tenham medo! Não fiquem desanimados por causa deste exército poderoso! Pois a batalha não é de vocês, mas de Deus! Amanhã, desçam e ataquem esse exército! Vocês vão encontrá-lo subindo as ladeiras de Ziz, no fim do vale, em frente do deserto de Jeruel. Mas vocês não terão de lutar! Fiquem em posição de combate, fiquem firmes e vejam a incrível operação de salvamento que o Senhor realizará por vocês, ó povo de Judá e de Jerusalém! Não tenham medo nem fiquem desanimados! Vão enfrentá-los amanhã, pois o Senhor está com vocês!’ ”. Então o rei Josafá inclinou-se, com o rosto em terra, e todo o povo de Judá e o povo de Jerusalém fizeram a mesma coisa, adorando o Senhor. Depois os levitas descendentes da família de Coate e da família de Coré levantaram-se para louvar o Senhor, o Deus de Israel, com hinos de louvor em alto som. Bem cedo, na manhã seguinte, o exército de Judá saiu para o deserto de Tecoa. No caminho, Josafá parou e chamou a atenção deles. “Escutem-me, ó povo de Judá e de Jerusalém”, disse ele. “Creiam no Senhor, o seu Deus, e vocês terão sucesso! Creiam nos profetas do Senhor, e tudo sairá bem!” Depois de consultar os chefes do povo, Josafá nomeou um coro para cantarem ao Senhor e o louvarem pelo esplendor da sua santidade, marchando à frente do exército. Eles cantavam assim: “Louvem o Senhor, pois o seu amor dura para sempre”. E no momento em que começaram a cantar e a louvar, o Senhor fez que os exércitos de Amom, de Moabe e de Edom que estavam invadindo Judá começassem a lutar entre si, e eles se destruíram mutuamente! Pois os amonitas e os moabitas se revoltaram contra os seus aliados de Edom para destruí-los. E quando acabaram com os homens de Edom, começaram a destruir-se mutuamente! Assim, quando os homens de Judá chegaram a um local alto de onde se avista o deserto, até onde eles podiam ver, o chão estava coberto de corpos mortos; não escapou nem um só dos soldados inimigos. Então o rei Josafá e seu povo saíram para tirar dos soldados mortos tudo o que podiam, e voltaram carregados de armas, animais de carga, roupas e objetos de valor. Era tanta coisa que eles gastaram três dias saqueando, mas era mais do que eram capazes de levar! No quarto dia eles se reuniram no vale de Beraca, onde louvaram o Senhor! Por isso até hoje esse lugar é chamado vale de Beraca. Então voltaram para Jerusalém, com Josafá à frente do povo, cheios de alegria porque o Senhor os salvou dos inimigos, de maneira tão maravilhosa! Entraram marchando em Jerusalém, ao som de harpas, liras e trombetas, e se dirigiram ao templo. Quando os inimigos de Israel ouviram falar que o próprio Senhor havia lutado contra os inimigos do seu povo, o temor de Deus caiu sobre eles. E o reino de Josafá continuou tranquilo, pois o seu Deus concedeu paz com todas as nações vizinhas. Ele se tornou rei de Judá quando tinha trinta e cinco anos de idade, e reinou vinte e cinco anos em Jerusalém. O nome de sua mãe era Azuba, filha de Sili. Ele foi um bom rei, como o seu pai Asa, e procurou seguir o Senhor, exceto pelo fato de não ter destruído os altares idólatras colocados nos montes, e o povo ainda não havia decidido seguir de coração o Deus de seus antepassados. Os demais acontecimentos do reino de Josafá, do início ao fim, estão escritos na história de Jeú, filho de Hanani, e foram incluídos no Livro da História dos Reis de Israel. Mais no fim de sua vida, Josafá, rei de Judá, fez sociedade com Acazias, rei de Israel, que era um homem muito mau. Eles fabricaram navios mercantes em Eziom-Geber, para ir a Társis. Então Eliezer, filho de Dodava, de Maressa, profetizou contra Josafá e lhe disse: “Já que você fez esse tratado com o rei Acazias, o Senhor destruirá o que você construiu”. Assim, os navios se quebraram e naufragaram e nunca chegaram a Társis. Quando Josafá morreu, foi enterrado com os seus antepassados no cemitério dos reis na Cidade de Davi, e o seu filho Jeorão se tornou o novo rei de Judá. Seus irmãos — os outros filhos de Josafá — foram os seguintes: Azarias, Jeiel, Zacarias, Azarias, Micael e Sefatias. Todos eles foram filhos de Josafá, rei de Israel. Seu pai tinha dado a cada um deles presentes valiosos em prata, ouro e objetos de valor, e também algumas das cidades fortificadas de Judá. Porém, o reino ele deu a Jeorão, porque este era o seu filho mais velho. Mas quando Jeorão se fortaleceu no reino de seu pai, matou à espada todos os seus irmãos e alguns outros líderes de Israel. Ele tinha trinta e dois anos de idade quando começou a reinar e reinou oito anos em Jerusalém. Porém foi tão mau quanto os reis de Israel, como a família de Acabe, e durante toda a sua vida ele fez o que era mau aos olhos do Senhor. Contudo, o Senhor não quis acabar com os reis da família de Davi, pois ele havia feito uma aliança com Davi, de sempre haver um dos seus descendentes no trono. Nesse tempo, o povo de Edom se revoltou contra Judá, declarando sua independência e escolhendo um rei. Jeorão, com todo o exército e todos os seus carros, foi atacar o rei de Edom. Os edomitas cercaram Jeorão e os condutores dos seus carros, mas Jeorão os atacou durante a noite e escapou. Até hoje Edom continua independente do poder de Judá. A cidade de Libna também se revoltou e se tornou independente, porque Jeorão havia deixado o Senhor, o Deus de seus pais. Além disso, Jeorão colocou altares idólatras nas montanhas de Judá e guiou o povo de Jerusalém na adoração de imagens, e Judá tornou-se infiel a Deus. O profeta Elias enviou então uma carta ao rei, que dizia: “Assim diz o Senhor, o Deus de seu antepassado Davi: ‘Você não tem andado nos caminhos de seu pai Josafá, nem nos caminhos do rei Asa, rei de Judá, mas sim nos caminhos dos reis de Israel, e tem levado o povo de Jerusalém e de Judá a adorar imagens do mesmo modo que nos tempos do rei Acabe. E você chegou a matar os seus próprios irmãos, que eram melhores do que você. Por isso o Senhor vai castigar sua nação com uma grande praga. Ela cairá sobre você, seus filhos, suas esposas e tudo quanto você tem. Você será atacado de uma doença intestinal muito grave, que irá piorar cada vez mais, a ponto de os seus intestinos saírem do seu corpo”. Depois o Senhor atiçou os filisteus e os árabes que moravam perto dos etíopes para se tornarem hostis a Jeorão. Eles marcharam contra Judá, atravessaram a fronteira e levaram embora tudo o que tinha valor no palácio do rei, inclusive seus filhos e suas esposas. Somente escapou Acazias, o filho mais novo. Foi depois de tudo isso que o Senhor feriu o rei com uma doença incurável nos intestinos. Os dias foram passando, e ao fim de dois anos seus intestinos saíram do seu corpo, e ele morreu em terrível sofrimento. No funeral do rei o povo não fez nenhuma fogueira em sua homenagem, como havia feito para os seus antepassados. Ele tinha trinta e dois anos de idade quando começou a reinar, e reinou oito anos em Jerusalém. Ele morreu e ninguém lamentou a sua morte. Ele foi enterrado na Cidade de Davi, mas não no cemitério real. Então o povo de Jerusalém proclamou Acazias, o filho mais moço de Jeorão, como o novo rei, pois as tropas de árabes que vieram para roubar mataram os outros filhos de Jeorão. Acazias estava com vinte e dois anos de idade quando começou a reinar, e reinou um ano em Jerusalém. O nome de sua mãe era Atalia, neta de Onri. Ele também andou nos maus caminhos de Acabe, porque a sua mãe o aconselhava a fazer o que era errado. Ele fez o que era mau aos olhos do Senhor, como Acabe, pois a família de Acabe passou a dar conselhos a ele depois da morte de seu pai, e arruinaram a vida dele. Seguindo o mau conselho deles, Acazias fez um contrato com Jorão, filho de Acabe, rei de Israel. Jorão estava em guerra com Hazael, rei da Síria, em Ramote-Gileade. Acazias levou seu exército para lá a fim de juntar-se na batalha. Jorão, rei de Israel, foi ferido e voltou para Jezreel a fim de tratar dos ferimentos sofridos em Ramote, na batalha contra Hazael, rei da Síria. Acazias, rei de Judá, foi a Jezreel fazer uma visita a Jorão, que se recuperava de seus ferimentos. Essa visita resultou em um engano fatal, pois Deus havia resolvido castigar Acazias por causa do trato que ele havia feito com Jorão. Foi durante essa visita que Acazias saiu com Jorão para desafiar Jeú, filho de Ninsi, a quem o Senhor havia escolhido para destruir a família de Acabe. Enquanto Jeú estava perseguindo e executando juízo sobre a família de Acabe, ele se encontrou com os sobrinhos do rei Acazias, príncipes de Judá que serviam no palácio, e os matou. Quando ele e seus soldados estavam procurando Acazias, descobriram o rei escondido na cidade de Samaria. Ele foi trazido à presença de Jeú, e Jeú o matou. Mesmo assim, Acazias teve um enterro real, porque era neto do rei Josafá, homem que serviu ao Senhor de todo o coração. Nenhum de seus filhos viveu para tornar-se rei em seu lugar. Quando Atalia, mãe de Acazias, soube que seu filho estava morto, deu ordem para matar toda a família real de Judá. Mas Jeosabeate, irmã do rei Acazias, pegou Joás, um dos filhos de Acazias, e o escondeu numa sala no interior do templo. Ela era filha do rei Jeorão, e esposa do sacerdote Joiada, de modo que ele não foi morto. Joás ficou escondido no templo de Deus por seis anos, enquanto Atalia governava o país. No sétimo ano do reinado da rainha Atalia, o sacerdote Joiada criou coragem e fez um acordo com alguns dos oficiais do exército de cem, que eram de sua confiança: Azarias, filho de Jeroão, Ismael, filho de Joanã, Azarias, filho de Obede, Maaseias, filho de Adaías, e Elisafate, filho de Zicri. Esses homens viajaram por todo o Judá secretamente para falar com os levitas e os chefes de famílias israelitas. Ao chegarem a Jerusalém, toda a congregação fez um acordo com o jovem rei, que ainda estava escondido no templo de Deus. Joiada disse a eles: “Chegou a vez de o filho do rei governar, conforme a promessa do Senhor a respeito dos filhos do rei Davi. Nós vamos agir da seguinte maneira: Uma terça parte de vocês, sacerdotes e levitas, que entram de serviço no sábado, ficará na entrada como guardas. Outra terça parte irá para o palácio real, e a outra terça parte ficará na porta Inferior, e todo o povo deve permanecer nos pátios externos do templo do Senhor, conforme manda a lei de Deus. Pois somente os sacerdotes e levitas que estão de serviço é que podem entrar no templo, porque eles foram consagrados. Vocês, levitas, formem uma guarda pessoal para o rei, com armas nas mãos, e matem qualquer pessoa que não tenha autorização para entrar no templo. Permaneçam sempre ao lado do rei”. Os levitas e os homens de Judá fizeram tudo de acordo com as ordens do sacerdote Joiada. Cada um dos três chefes levou um grupo dos sacerdotes que chegavam para prestar serviço no sábado e aqueles que haviam terminado o trabalho da semana, pois o sumo sacerdote Joiada não havia dispensado nenhum grupo. Então Joiada entregou lanças e escudos grandes e pequenos a todos os oficiais de batalhões de cem. Essas armas haviam pertencido ao rei Davi e estavam guardadas no templo de Deus. Esses oficiais, armados, formavam uma linha desde um lado até o outro em frente do templo e ao redor do altar no pátio exterior. Depois Joiada e seus filhos trouxeram para fora o filho do rei, colocaram a coroa na cabeça dele e lhe entregaram uma cópia da Lei de Deus, e o proclamaram rei, derramando óleo sobre a sua cabeça. Então soltaram um grande grito: “Viva o rei!” Quando a rainha Atalia ouviu todo aquele barulho e movimento do povo correndo, e os gritos de louvor ao rei, correu para o templo do Senhor a fim de ver o que estava acontecendo. Lá ela viu o rei ao lado da coluna à entrada, com os oficiais e os tocadores de trombeta ao redor dele, e gente de toda a terra se alegrava ao som de trombetas. Os cantores cantavam acompanhados pelos músicos que dirigiam o povo num grande cântico de louvor. Atalia rasgou as suas roupas e gritou: “Traição! Traição!” O sacerdote Joiada disse aos oficiais de cem: “Tirem a rainha daqui e matem-na. Mas não a matem aqui no templo. Matem também qualquer pessoa que tentar ajudá-la”. Pois o sacerdote havia dito: “Não a matem no templo do Senhor ”. Então a multidão abriu caminho e tiraram a rainha para fora e a mataram no estábulo do palácio. Depois Joiada fez um acordo de que ele, o povo e o rei seriam todos do Senhor. Então todo o povo correu para o templo de Baal e o derrubou. Destruíram os altares e as imagens, e diante do altar, mataram o sacerdote de Baal, Matã. Então Joiada indicou os sacerdotes levitas para os serviços do templo e para oferecer ao Senhor as ofertas queimadas, conforme está escrito na Lei de Moisés. Também deu as mesmas responsabilidades às famílias dos levitas que o rei Davi tinha dado. Eles cantavam com alegria enquanto trabalhavam. Também colocou guardas nas portas do templo do Senhor para não deixar ninguém entrar que não estivesse consagrado. Então os oficiais dos batalhões de cem, os nobres, os governadores e todo o povo acompanharam o rei desde o templo do Senhor, passando pela porta Superior, até o palácio, e o rei assentou-se no seu trono. Todo o povo da terra se alegrou, e a cidade ficou tranquila e em paz, porque a rainha Atalia tinha sido morta à espada. Joás tinha sete anos de idade quando se tornou rei, e reinou quarenta anos em Jerusalém. O nome de sua mãe era Zíbia, e era de Berseba. Joás fez o que era bom aos olhos do Senhor, enquanto o sacerdote Joiada estava vivo. Joiada escolheu duas esposas para o rei, e ele teve filhos e filhas. Algum tempo depois, Joás decidiu fazer reparos no templo do Senhor. Ele reuniu os sacerdotes e os levitas, dando as seguintes instruções: “Vão a todas as cidades de Judá e recolham o imposto anual para a construção, de maneira que possamos fazer reformas no templo de seu Deus. Saiam imediatamente!” Porém, os levitas não se apressaram. Então o rei mandou chamar Joiada, o sumo sacerdote, e lhe perguntou: “Por que você não exigiu que os levitas saíssem e trouxessem os impostos que as cidades de Judá e a cidade de Jerusalém devem pagar para a casa do Senhor? A lei do imposto decretada por Moisés, servo do Senhor, deve ser cumprida, para que o templo possa ser reformado. Os seguidores da perversa Atalia e seus filhos tinham arruinado a casa de Deus, e tudo quanto era dedicado ao culto de Deus tinha sido levado para o templo dos ídolos do deus Baal. Por isso o rei deu ordens para que fosse feito um cofre e colocado do lado de fora da porta do templo do Senhor. Então foi mandada uma mensagem a todas as cidades de Judá, e por toda a cidade de Jerusalém, dizendo ao povo que trouxesse ao Senhor o imposto que Moisés, servo de Deus, havia determinado a Israel no deserto. E todos os líderes e o povo trouxeram com alegria as suas contribuições e as colocaram no cofre até enchê-lo. Os levitas levaram o cofre para os funcionários do rei, onde o secretário dos registros e o representante do sumo sacerdote esvaziavam o cofre e contavam o dinheiro, e levavam o cofre de volta para a entrada do templo outra vez. Isto continuou regularmente. Dessa forma ajuntaram muito dinheiro. O rei e Joiada davam esse dinheiro, que vinha em prata, aos encarregados da construção, e os encarregados contratavam pedreiros e carpinteiros para reformar o templo; também contrataram operários que trabalhavam em ferro e em bronze. Os encarregados da obra trabalhavam com diligência, e a obra de reforma foi progredindo. Finalmente, a reforma do templo estava concluída, de acordo com o modelo original, e em condições melhores do que antes. Quando tudo foi terminado, a prata que sobrou foi trazida ao rei e a Joiada, e eles concordaram em usar a prata na fabricação dos utensílios para o templo do Senhor, para o serviço e as ofertas queimadas, além de colheres e outros objetos de ouro e de prata usados para o incenso. As ofertas queimadas foram oferecidas continuamente durante o tempo em que o sacerdote Joiada viveu. Joiada viveu muito tempo e morreu em idade avançada, quando estava com cento e trinta anos de idade. Ele foi enterrado na Cidade de Davi, entre os reis, porque tinha feito tanto bem a Israel e ao serviço de Deus e do seu templo. Mas depois da morte de Joiada, os líderes de Judá vieram ao rei Joás e lhe prestaram reverência, e ele concordou com o que disseram, e abandonaram o templo do Senhor, o Deus dos seus antepassados, e adoraram as imagens vergonhosas de Aserá! Por isso, a ira de Deus veio novamente sobre Judá e Jerusalém. Embora o Senhor tivesse enviado profetas ao povo para avisá-lo que voltasse para ele, o povo não quis prestar atenção na pregação deles. Então o Espírito de Deus veio sobre Zacarias, filho do sacerdote Joiada. Ele se reuniu com todo o povo. Em pé, diante deles, numa plataforma, falou o seguinte: “Por que vocês estão desobedecendo aos mandamentos do Senhor? Pois quando vocês desobedecem, tudo o que vocês tentam fazer acaba em fracasso. Já que vocês abandonaram o Senhor, ele também os abandonará”. Então alguns fizeram um plano para matar Zacarias, e por ordem do próprio rei Joás apedrejaram Zacarias até a morte no pátio do templo do Senhor. Dessa maneira, o rei Joás não levou em conta que Joiada, pai de Zacarias, tinha sido bondoso com ele, e Joás matou o filho de Joiada. As últimas palavras de Zacarias, ao morrer apedrejado, foram: “ Senhor, veja o que eles estão fazendo. Faça justiça!” Uns poucos meses depois, na virada do ano, o exército sírio marchou contra Joás; invadiu e conquistou Judá e Jerusalém, matando todos os líderes do povo, e enviou ao rei de Damasco grandes quantidades de tudo quanto tinham saqueado. Foi uma grande vitória para o pequeno exército sírio, porque o Senhor deixou que o grande exército de Judá fosse conquistado pelos sírios, porque eles haviam abandonado o Senhor, o Deus de seus antepassados. Desse modo, Deus executou o seu juízo sobre Joás. Quando os sírios foram embora, deixaram Joás muito ferido. Seus próprios oficiais decidiram matá-lo por causa do assassinato do filho do sacerdote Joiada. Eles mataram Joás quando este estava deitado na cama, e o enterraram na Cidade de Davi, mas não no cemitério dos reis. Aqueles que planejaram a morte do rei foram Zabade, cuja mãe era Simeate, uma mulher amonita, e Jeozabade, cuja mãe era Simeate, uma mulher moabita. Quanto aos filhos de Joás e as muitas profecias a seu respeito, e quanto ao relato da reforma do templo, está tudo escrito no Livro da História dos Reis. Quando Joás morreu, seu filho Amazias reinou em seu lugar. Amazias estava com vinte e cinco anos de idade quando se tornou rei, e reinou vinte e nove anos em Jerusalém. O nome de sua mãe era Jeoadã, e ela era de Jerusalém. Ele fez o que era bom aos olhos do Senhor, mas não de todo o seu coração! Quando viu que estava firme em sua posição como novo rei, matou os oficiais que assassinaram o rei, seu pai. Contudo, não matou os filhos deles, mas seguiu a ordem do Senhor escrita na Lei de Moisés, onde o Senhor disse: “Os pais não morrerão pelos pecados dos filhos, nem os filhos pelos pecados dos pais. Cada um deve prestar contas pelos seus próprios pecados”. Amazias organizou o exército, nomeando chefes para cada grupo de famílias de Judá, ou seja, chefes de mil e de cem, em todo o Judá e Benjamim. Depois convocou todos os homens com mais de vinte anos e viu que tinha um exército de trezentos mil homens, todos bem treinados e que sabiam manejar a lança e o escudo. Também contratou em Israel cem mil soldados valentes, e pagou três toneladas e meia de prata. Então veio da parte de Deus um profeta com esta mensagem: “Ó rei, não contrate soldados de Israel, pois o Senhor não está com Israel; ele não está com ninguém do povo de Efraim. Vai sozinho e seja corajoso. Caso contrário, você será derrotado pelo inimigo, porque Deus tem poder para dar vitória e para derrotar”. Amazias lamentou-se: “Mas o que dizer a respeito das três toneladas e meia de prata que paguei por este exército de israelitas?” E o profeta respondeu: “O Senhor pode dar a você muito mais do que isto!” Então Amazias mandou os soldados de Israel de volta para Efraim, e eles ficaram furiosos com Judá e acharam que foram insultados pelo rei de Judá. Então Amazias criou coragem e levou seu exército ao vale do Sal, e ali matou dez mil homens de Edom. Outros dez mil foram capturados e levados até um penhasco muito alto e dali foram atirados para baixo, de modo que foram espatifados. Nesse meio-tempo, o exército de Israel que Amazias tinha mandado para casa, não lhes permitindo participar da guerra, atacou diversas cidades de Judá, desde Samaria até os arredores de Bete-Horom. Eles mataram três mil pessoas e levaram grande quantidade de despojos. Quando o rei Amazias voltou da matança dos edomitas, trouxe consigo os deuses do povo de Seir e os estabeleceu como seus próprios deuses, curvando-se diante deles e queimando incenso! Então a ira do Senhor se acendeu contra Amazias e ele enviou um profeta com a seguinte pergunta: “Por que você consulta os deuses que nem mesmo puderam salvar seu próprio povo do ataque?” “Desde quando pedi o seu conselho?”, interrompeu o rei. “Pare com isso, antes que eu mande matar você”. O profeta saiu, mas antes de partir deixou esta mensagem: “Sei que Deus determinou destruir você, porque tem adorado outros deuses e não aceitou o meu conselho”. Então Amazias, rei de Judá, ouviu o que os seus conselheiros tinham a dizer e declarou guerra a Jeoás, filho de Jeoacaz e neto de Jeú, rei de Israel, com o seguinte desafio: “Vem enfrentar-me face a face”. Porém, o rei Jeoás respondeu com esta história: “Lá nas montanhas do Líbano o espinheiro mandou dizer ao cedro: ‘Dê a sua filha em casamento ao meu filho’. Nesse momento veio um animal selvagem e pisoteou o espinheiro! Você está muito orgulhoso por causa de sua vitória sobre os edomitas, mas o meu conselho é que você fique em casa e não provoque uma desgraça que levará você e todo o povo de Judá à ruína”. Mas Amazias não quis ouvi-lo, porque Deus estava planejando entregar Amazias e seu povo a Jeoás, pelo fato de consultarem os deuses de Edom. Então o exército de Jeoás, rei de Israel, atacou Amazias, rei de Judá, em Bete-Semes, que fica em Judá, e Judá foi derrotado por Israel, e seu exército fugiu para casa. Jeoás, rei de Israel, prendeu Amazias, filho de Joás e neto de Acazias, em Bete-Semes e levou-o como prisioneiro a Jerusalém. Depois o rei Jeoás deu ordens para derrubarem cento e oitenta metros dos muros de Jerusalém, desde a porta de Efraim até a porta da Esquina. Ele levou embora todos os tesouros e os vasos de ouro do templo guardados por Obede-Edom, bem como os tesouros do palácio real. Ele também fez reféns e voltou para Samaria. Contudo, Amazias, filho de Joás, rei de Judá, viveu ainda mais quinze anos depois da morte de Jeoás, filho de Jeoacaz, rei de Israel. Os demais acontecimentos da vida do rei Amazias estão escritos no Livro da História dos Reis de Judá e de Israel. Essa história inclui um relatório mostrando como Amazias afastou-se de Deus, e como o povo conspirou contra ele em Jerusalém. Tendo ele fugido para Láquis, eles foram atrás dele e o mataram ali. Trouxeram o seu corpo para Jerusalém, sobre cavalos, e o sepultaram com os seus antepassados na Cidade de Davi. Então o povo de Judá escolheu Uzias como seu novo rei. Ele estava com dezesseis anos de idade e reinou no lugar de seu pai, Amazias. Depois da morte de seu pai, ele reconstruiu a cidade de Elote e a devolveu a Judá. Uzias tinha dezesseis anos de idade quando se tornou rei, e reinou cinquenta e dois anos em Jerusalém. O nome de sua mãe era Jecolias, natural de Jerusalém. Ele seguiu os caminhos de seu pai Amazias, e fez o que era bom aos olhos do Senhor. Enquanto Zacarias viveu, Uzias buscou agradar a Deus. Zacarias era um homem que tinha visões da parte de Deus e instruía Uzias no temor de Deus. Enquanto o rei seguiu os caminhos do Senhor, Deus o abençoou. Ele declarou guerra aos filisteus, tomou a cidade de Gate e destruiu os muros dessa cidade e também os muros de Jabne e de Asdode. Depois reconstruiu cidades próximas à região de Asdode e em outras partes do território filisteu. Deus o ajudou não somente nas guerras contra os filisteus, mas também nas suas batalhas com os árabes em Gur-Baal, e contra os meunitas. Os amonitas lhe pagavam um imposto anual, e a sua fama se espalhou até o Egito, pois ele havia se tornado muito poderoso. Uzias construiu torres fortificadas em Jerusalém, junto à porta da Esquina, à porta do Vale e no canto do muro. Construiu também torres no deserto e cavou muitos reservatórios de água, porque possuía muitos rebanhos de gado nos vales e nas campinas. Era um homem que amava a terra e tinha muitas fazendas e plantações de uvas, tanto nos montes como nos vales de terras produtivas. Uzias organizou o seu exército em regimentos. Os homens eram mandados para esses regimentos de acordo com as listas elaboradas pelo secretário Jeiel e por seu ajudante, Maaseias. O comandante-chefe do rei chamava-se Hananias. Dois mil e seiscentos valentes chefes de famílias comandavam esses regimentos. O exército era formado por trezentos e sete mil e quinhentos homens, todos eles soldados de grande coragem, que apoiavam o rei contra os seus inimigos, e eram comandados pelos chefes de família. Uzias entregou a todo o exército escudos, lanças, capacetes, couraças, arcos e fundas para atirar pedras. E construiu em Jerusalém máquinas de guerra para atirarem flechas e pedras enormes, usadas nas torres e nas muralhas. Essas máquinas foram projetadas por homens de grande perícia. Dessa maneira ele se tornou muito famoso, porque o Senhor o ajudava de maneira maravilhosa, até que ele se tornou muito poderoso. No entanto, depois que Uzias tornou-se poderoso, o seu orgulho provocou a sua desgraça. Ele pecou contra o Senhor, o seu Deus, entrando no templo do Senhor, e ele mesmo queimou incenso sobre o altar. O sumo sacerdote Azarias e outros oitenta sacerdotes do Senhor, todos homens de grande valor, foram atrás dele. Eles o enfrentaram, dizendo: “Não cabe a você, Uzias, queimar incenso ao Senhor. Isso é trabalho dos sacerdotes, dos descendentes de Arão que são consagrados para esse fim. Saia do santuário, pois você transgrediu e foi infiel, e o Senhor Deus não o honrará”. Uzias ficou indignado com os sacerdotes e se recusou a deixar o incensário que estava segurando. Então na mesma hora, na presença deles, diante do altar de incenso no templo do Senhor, a lepra apareceu na sua testa! Quando o sumo sacerdote Azarias e os outros viram a lepra, expulsaram Uzias imediatamente do templo! Ele mesmo se apressou em sair dali porque o Senhor o havia ferido. Assim, o rei Uzias ficou leproso até o dia de sua morte, e viveu sozinho, separado de sua gente e do templo do Senhor. Seu filho Jotão ficou encarregado dos negócios do rei no palácio e de julgar o povo da terra. Os demais acontecimentos do reinado de Uzias, do início ao fim, foram registrados pelo profeta Isaías, filho de Amoz. Quando Uzias morreu, foi sepultado com os seus antepassados no cemitério real, embora o povo dissesse: “Ele era leproso”. E seu filho Jotão se tornou o novo rei. Jotão tinha vinte e cinco anos de idade quando se tornou rei e reinou por dezesseis anos em Jerusalém. Sua mãe se chamava Jerusa, filha de Zadoque. Ele fez o que era bom aos olhos do Senhor e seguiu o exemplo de seu pai Uzias, mas não invadiu o templo do Senhor. Mesmo assim o povo continuou com suas práticas corruptas. Jotão construiu a porta Superior do templo do Senhor e também fez grandes reparos nos muros sobre o monte Ofel. Ele construiu cidades na região montanhosa de Judá e edificou fortalezas e torres nas montanhas onde havia florestas. A guerra que realizou contra os amonitas foi bem-sucedida, de maneira que durante os três anos seguintes ele recebeu deles um imposto anual de três toneladas e meia de prata, dez mil barris de trigo e dez mil de cevada. O rei Jotão se tornou cada vez mais poderoso porque seguiu cuidadosamente o caminho de Senhor, o seu Deus. Os demais acontecimentos do reinado de Jotão, incluindo suas guerras e suas outras atividades, estão escritos no Livro da História dos Reis de Israel e de Judá. Ele tinha vinte e cinco anos de idade quando começou a reinar, e reinou dezesseis anos em Jerusalém. Jotão morreu e foi enterrado com os seus antepassados na Cidade de Davi. E seu filho Acaz se tornou o novo rei. Acaz tinha vinte anos de idade quando se tornou rei e reinou dezesseis anos em Jerusalém. Mas ele fez o que era mau aos olhos do Senhor, diferente de seu antepassado Davi. Ele seguiu o exemplo dos reis de Israel e fez ídolos de metal para adorar o deus Baal. Ele foi até o vale de Ben-Hinom para queimar sacrifícios e chegou a sacrificar seus próprios filhos no fogo, do mesmo modo como faziam as nações que adoravam outros deuses e que foram expulsas da terra pelo Senhor, diante dos israelitas. Ele também sacrificou e queimou incenso nos altares idólatras que havia nas montanhas e debaixo de cada árvore grande. Por isso, o Senhor, o seu Deus, permitiu que o rei da Síria o derrotasse e levasse para Damasco uma grande parte de seu povo. Os exércitos de Israel também mataram um grande número dos soldados de Acaz. Em um só dia, Peca, filho de Remalias, matou cento e vinte mil dos mais valentes soldados de Judá porque eles haviam abandonado o Senhor, o Deus dos seus antepassados. Então Zicri, um grande guerreiro de Efraim, matou Maaseias, filho do rei, e Azricão, administrador do palácio do rei, e Elcana, o segundo depois do rei. Os exércitos de Israel também prenderam duzentas mil mulheres e crianças de Judá e tomaram enormes quantidades de objetos levando-as para Samaria. Mas Obede, um profeta do Senhor, estava ali em Samaria, e ele saiu para encontrar o exército que voltava. E ele lhes disse: “Olhem! O Senhor, o Deus dos seus antepassados, estava muito irado com Judá e deixou que vocês os prendessem, mas vocês os mataram com muita fúria, e isso chegou até os céus. E agora vocês ainda pretendem fazer escravos dessa gente de Judá e de Jerusalém? O que vocês têm a dizer a respeito de suas próprias culpas contra o Senhor, o seu Deus? Ouçam o que digo, e façam voltar aos seus lares os seus irmãos que vocês tornaram prisioneiros, porque o fogo da ira do Senhor está sobre vocês”. Então Azarias, filho de Joana, Berequias, filho de Mesilemote, Jeizquias, filho de Salum, e Amasa, filho de Hadlai, que eram alguns dos chefes de Efraim, também questionaram os que estavam chegando da guerra, dizendo: “Não tragam os prisioneiros para cá. Se fizerem isso, o Senhor ficará irado contra nós, e a nossa culpa, que já é grande, aumentará ainda mais o fogo da ira do Senhor sobre Israel”. Então os oficiais do exército deixaram que os chefes políticos decidissem o que fazer com os presos e com os despojos. Os homens já mencionados distribuíram aos presos roupas para as mulheres e crianças que não tinham o que vestir; e deram calçados, alimento e vinho. E os que estavam doentes e eram velhos foram postos sobre jumentos e levados de volta para suas famílias em Jericó, a cidade das palmeiras. Depois voltaram para Samaria. Naquele tempo, Acaz, rei de Judá, mandou mensagem ao rei da Assíria pedindo sua ajuda. Os edomitas voltaram a invadir Judá e a fazer prisioneiros. Nesse meio-tempo, os filisteus tinham invadido as cidades das planícies e do deserto do Neguebe, e já haviam ocupado Bete-Semes, Aijalom, Gederote, Socó, Timna e Ginzo com as aldeias vizinhas. O Senhor humilhou Judá por causa dos maus atos de Acaz, rei de Israel, porque ele havia destruído o caráter espiritual de Judá e tinha sido infiel ao Senhor. Mas quando Tiglate-Pileser, rei da Assíria, chegou, causou dificuldades ao rei Acaz em vez de ajudá-lo. Assim, muito embora Acaz tivesse dado a ele o ouro do templo e os tesouros do palácio, de nada adiantou! Nesse tempo de grande dificuldade, o rei Acaz se tornou ainda mais infiel ao Senhor. Ele ofereceu sacrifícios aos deuses do povo de Damasco que o haviam derrotado. Porque ele achava que se esses deuses haviam ajudado os reis da Síria, também o ajudariam se oferecesse sacrifícios a eles. Mas em vez disso, eles foram a causa da ruína dele e a desgraça de todo o Israel. O rei pegou os utensílios de ouro do templo e os despedaçou. Trancou as portas do templo do Senhor, de modo que ninguém podia adorar ali, e fez altares em cada canto de Jerusalém. Acaz fez a mesma coisa em todas as cidades de Judá, construindo altares idólatras para queimar sacrifícios a outros deuses, provocando a ira do Senhor, o Deus dos seus antepassados. Os demais acontecimentos do seu reinado e seus atos, do início ao fim, estão registrados no Livro da História dos Reis de Judá e de Israel. Quando o rei Acaz morreu, foi sepultado com os seus antepassados na cidade de Jerusalém, mas não nos túmulos dos reis de Israel, e o seu filho Ezequias reinou em seu lugar. Ezequias tinha vinte e cinco anos de idade quando se tornou rei de Judá, e reinou vinte e nove anos em Jerusalém. Sua mãe se chamava Abia e era filha de Zacarias. Ele fez o que era bom aos olhos do Senhor, seguindo o exemplo do seu antepassado, o rei Davi. Logo no primeiro mês do primeiro ano de seu reinado, Ezequias abriu de novo as portas do templo e as consertou. Mandou chamar os sacerdotes e levitas para se encontrarem com ele na praça do lado leste do templo, e disse a eles o seguinte: “Ouçam-me, vocês levitas! Santifiquem a si mesmos e santifiquem o templo do Senhor, o Deus dos seus antepassados. Retirem tudo que é impuro do Lugar Santo. Porque nossos pais cometeram um grande pecado perante o Senhor, o nosso Deus; e abandonaram o Senhor e seu templo, o lugar da sua habitação, e lhe voltaram as costas. As portas de entrada ficaram fechadas, a chama que nunca devia apagar-se se apagou, e não foram oferecidos incenso e sacrifícios queimados para o Deus de Israel. Por isso, a ira do Senhor veio sobre Judá e Jerusalém. Ele fez deles objeto de horror, de espanto e de desprezo, como vocês podem ver hoje com seus próprios olhos. Nossos pais foram mortos na guerra, e nossos filhos, filhas e esposas estão vivendo como prisioneiros. Mas agora quero fazer uma aliança com o Senhor, o Deus de Israel, de modo que se desvie de nós o fogo da sua ira. Meus filhos, não se esqueçam mais dos seus deveres, porque o Senhor escolheu vocês para servirem a ele e queimarem incenso”. Então os levitas começaram a trabalhar: da família de Coate, Maate, filho de Amasai, e Joel, filho de Azarias; da família de Merari, Quis, filho de Abadi, e Azarias, filho de Jealelel; da família de Gérson, Joa, filho de Zima, e Éden, filho de Joá; da família de Elisafã, Sinri e Jeuel; da família de Asafe, Zacarias e Matanias; da família de Hemã, Jeuel e Simei; da família de Jedutum, Semaías e Uziel. Esses homens chamaram os seus companheiros, os levitas, santificaram-se a si mesmos e começaram a purificar o templo do Senhor, conforme lhes havia mandado o rei, em obediência à palavra do Senhor. Os sacerdotes limparam a sala interior do templo e trouxeram para fora, ao pátio, todas as coisas impuras que encontraram lá dentro; aí os levitas as levaram para o córrego de Cedrom. Essa santificação começou no primeiro dia do primeiro mês, e no oitavo dia eles haviam chegado ao pátio externo. Demoraram oito dias para purificar completamente esse pátio, de modo que todo o trabalho ficou pronto em dezesseis dias. Então voltaram ao palácio e disseram ao rei Ezequias: “Já terminamos a purificação do templo do Senhor, do altar de ofertas queimadas e de tudo que faz parte dele, e também da mesa dos Pães da Presença, com todos os seus objetos. Recuperamos e santificamos todos os objetos que o rei Acaz jogou fora, quando ele fechou o templo. Eles estão ao lado do altar do Senhor ”. Bem cedo, na manhã seguinte, o rei Ezequias foi ao templo na companhia das autoridades da cidade, levando sete novilhos, sete carneiros, sete cordeiros e sete bodes, como oferta pelo pecado, oferta feita em favor da família do rei, da nação e em favor do templo. O rei deu ordens aos sacerdotes, os descendentes de Arão, para sacrificarem os animais no altar do Senhor. Então os sacerdotes abateram os novilhos, pegaram o sangue e o aspergiram sobre o altar. Em seguida abateram os carneiros e aspergiram o sangue sobre o altar, e fizeram a mesma coisa com os cordeiros. Os bodes para a oferta pelo pecado foram então trazidos perante o rei e a assembleia, que colocaram as mãos sobre eles. Depois os sacerdotes abateram os bodes e fizeram oferta pelo pecado, apresentando o sangue dos animais sobre o altar, para expiação de todo o Israel, conforme o rei havia mandado, pois o rei havia dito que a oferta queimada e a oferta pelo pecado deviam ser feitas em favor de toda a nação de Israel. Com os levitas no templo do Senhor, o rei formou uma orquestra com címbalos, harpas e liras. Isso estava de acordo com as instruções de Davi e de Gade, profeta do rei, e do profeta Natã, que haviam recebido essas instruções do Senhor. Assim os levitas ficaram em pé com os instrumentos musicais de Davi, e os sacerdotes com as trombetas. Então Ezequias deu ordens para que o sacrifício queimado fosse oferecido sobre o altar, e quando começou o sacrifício, começou também o canto de louvor ao Senhor ao som das trombetas e dos instrumentos de música de Davi, rei de Israel. Durante toda a cerimônia dos sacrifícios queimados, toda a assembleia inclinou-se em adoração ao Senhor, enquanto os cantores cantavam e as trombetas tocavam. Depois disso, o rei e todos os presentes se curvaram perante o Senhor, em atitude de adoração. Então o rei Ezequias e seus oficiais deram ordens aos levitas para cantarem perante o Senhor alguns dos hinos de Davi e do profeta Asafe. Eles o louvaram com alegria; depois inclinaram as cabeças e o adoraram. Em seguida, Ezequias disse: “Agora que vocês se consagraram ao Senhor, tragam seus sacrifícios e ofertas de ações de graças ao templo do Senhor ”. Então o povo de todas as partes do país trouxe seus sacrifícios e ofertas de ações de graças, e alguns, voluntariamente, também traziam ofertas queimadas. No total, a assembleia ofereceu ao Senhor setenta novilhos para ofertas queimadas, cem carneiros e duzentos cordeiros. No total foram consagrados como sacrifício seiscentos bois e três mil ovelhas e bodes. Visto que eram poucos os sacerdotes para preparar as ofertas queimadas, então os seus parentes levitas os ajudaram a tirar a pele de todos os animais até que o trabalho estivesse terminado e até que outros sacerdotes se santificassem para o trabalho, pois os levitas estavam muito mais dispostos a santificar-se do que os sacerdotes. Havia grande quantidade de ofertas queimadas, além da oferta de gordura dos animais oferecidos como sacrifício de paz, e das ofertas de bebida que acompanhavam cada oferta queimada. Desse modo, restaurou-se o templo do Senhor para o culto. Ezequias e todo o povo estavam muito felizes por causa daquilo que Deus havia feito por eles em tão pouco tempo. Depois disso, Ezequias enviou uma mensagem por todo o Israel e Judá, incluindo as tribos de Efraim e Manassés, convidando todos para virem ao templo do Senhor em Jerusalém para a celebração da festa anual da Páscoa dedicada ao Senhor, o Deus de Israel. O rei, seus oficiais e toda a assembleia de Jerusalém tinham decidido celebrar a Páscoa no segundo mês, dessa vez não na ocasião normal na data prescrita, porque não havia sacerdotes santificados em número suficiente na primeira data, e não havia tempo hábil para mandar o povo vir a Jerusalém. O rei e toda a assembleia estavam de pleno acordo nessa questão. Por isso eles resolveram fazer uma proclamação a respeito da Páscoa para todo o Israel, desde Dã até Berseba, convocando o povo a Jerusalém para celebrar a Páscoa do Senhor, o Deus de Israel, com grande número de pessoas, conforme estava ordenado, pois muitos não a celebravam da maneira correta. Por ordem do rei, mensageiros percorreram Israel e Judá com cartas assinadas pelo rei e pelos seus oficiais. A mensagem dizia o seguinte: “Israelitas, voltem-se para o Senhor, o Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, a fim de que ele se volte para vocês que restaram e escaparam do poder dos reis da Assíria. Não sejam como seus pais e irmãos que foram infiéis ao Senhor, o Deus dos seus antepassados, e sofreram os horrores como vocês estão vendo. Não sejam teimosos, como eles foram. Submetam-se ao Senhor e venham ao templo que ele consagrou para sempre, e adorem o Senhor, o seu Deus, para que se desvie de vocês o fogo da sua ira. Pois se vocês se voltarem de novo para o Senhor, seus irmãos e seus filhos serão tratados com bondade por aqueles que os capturaram, e eles poderão voltar a esta terra, porque o Senhor, o seu Deus, é cheio de graça e misericórdia e ele não vai rejeitá-los, se vocês se voltarem para ele”. Assim os mensageiros foram de cidade em cidade, passando pelas terras de Efraim e de Manassés, e chegaram até Zebulom. Mas a maioria das pessoas recebeu esses mensageiros com zombaria e os expôs ao ridículo! Todavia, alguns das tribos de Aser, de Manassés e de Zebulom se humilharam diante de Deus e vieram a Jerusalém. Mas em Judá toda a nação sentiu um forte desejo de unidade, vindo da parte de Deus, de obedecer às instruções do Senhor, conforme foram ordenadas pelo rei e seus oficiais. E foi assim que uma imensa multidão se reuniu em Jerusalém no segundo mês, para festejar a festa dos pães sem fermento. Eles destruíram os altares dos deuses falsos em Jerusalém e derrubaram todos os altares de incenso e os jogaram no vale de Cedrom. No décimo quarto dia do segundo mês, o povo abateu o cordeiro da Páscoa. Então os sacerdotes e levitas ficaram com vergonha por não estarem tomando parte nas cerimônias como deviam tomar. Por isso eles se santificaram e trouxeram ofertas queimadas ao templo do Senhor. Eles ficaram nos seus postos, conforme mandava a Lei de Moisés, o homem de Deus. E os sacerdotes aspergiram o sangue recebido dos levitas. Visto que muitas das pessoas da multidão não se haviam consagrado, os levitas precisaram matar os cordeiros da Páscoa para todos os que não estavam cerimonialmente puros e que por causa disso não podiam consagrar seus cordeiros ao Senhor. Embora essas pessoas que chegaram de Efraim, de Manassés, de Issacar e de Zebulom não tivessem se purificado, de acordo com a lei das cerimônias na assembleia, os levitas mataram seus cordeiros da Páscoa a fim de santificar essas pessoas. Depois o rei Ezequias orou em favor delas para comerem a Páscoa, muito embora isso fosse contrário às regras de Deus. Ezequias orou por eles, dizendo: “Que o Senhor, que é bondoso, perdoe todos os que buscam de coração seguir o Senhor, o Deus dos seus antepassados, ainda que tal pessoa não esteja devidamente santificada de acordo com as leis do templo”. E o Senhor atendeu á oração de Ezequias e sarou a alma do povo. Assim o povo de Israel celebrou a festa dos pães sem fermento em Jerusalém durante sete dias, com grande alegria, e os levitas e os sacerdotes louvaram o Senhor com instrumentos musicais fortemente ressonantes, dia após dia. O rei Ezequias elogiou todos os levitas pela disposição para o serviço do Senhor. Assim, durante sete dias continuaram as comemorações. Foram sacrificadas ofertas de paz e todos louvavam o Senhor, o Deus dos seus antepassados. O entusiasmo continuou. Por isso todos concordaram em prolongar as comemorações por mais sete dias. O rei Ezequias, rei de Judá, ofereceu ao povo mil novilhos para as ofertas, e sete mil ovelhas e bodes, e os líderes deram mil novilhos e dez mil ovelhas. E muitos sacerdotes se santificaram. Então a assembleia de Judá, junto com os sacerdotes, os levitas, os estrangeiros que moravam no país e os visitantes vindos de Israel e de Judá, encheram-se de grande alegria. Houve grande alegria em Jerusalém, pois não se tinha visto uma comemoração como essa desde os dias de Salomão, filho do rei Davi. Depois os sacerdotes e os levitas se levantaram e abençoaram o povo, e Deus os ouviu; do seu santo templo no céu, o Senhor ouviu as orações deles. Depois do término da celebração, começou uma grande campanha contra a adoração de imagens. Todos aqueles que estiveram em Jerusalém para a festa da Páscoa saíram pelas cidades de Judá, de Benjamim, de Efraim e de Manassés e derrubaram os altares idólatras, as colunas, as imagens de Aserá e outros lugares de adoração de deuses falsos. Então as pessoas que tinham vindo das tribos do norte para a festa da Páscoa voltaram de novo aos seus lares. Ezequias organizou os sacerdotes e os levitas por turnos de serviço para oferecer os sacrifícios queimados e as ofertas de paz, e para adorar, dar graças e louvor ao Senhor, junto às portas da habitação do Senhor. O rei também fez pessoalmente uma contribuição de animais para as ofertas queimadas todos os dias pela manhã e à tarde, bem como para os sacrifícios de sábado, que se realizavam todas as semanas, para as festas das luas novas que se realizavam todos os meses, e para as festas realizadas uma vez por ano, conforme mandava a Lei do Senhor. Além disso, ele exigiu que o povo de Jerusalém trouxesse suas contribuições e dízimos aos sacerdotes e levitas, de maneira que eles não precisassem de outro emprego, mas pudessem entregar-se totalmente aos seus deveres religiosos, conforme era exigido na Lei do Senhor. O povo respondeu sem demora e de maneira generosa, trazendo os primeiros frutos de suas colheitas de cereais, do vinho novo, do azeite de oliva, do mel e tudo mais que os campos produziam. Trouxeram o dízimo de tudo que possuíam, e era uma grande quantidade. Os habitantes de Israel e de Judá que moravam nas cidades de Judá também trouxeram o dízimo de seu gado e de ovelhas e das coisas consagradas ao Senhor. Empilharam tudo em grandes montões. Começaram a amontoar as ofertas no terceiro mês e terminaram no sétimo. Quando Ezequias e seus oficiais viram essas enormes pilhas de ofertas, bendisseram o Senhor e abençoaram Israel, o seu povo! “De onde veio tudo isto?”, perguntou Ezequias aos sacerdotes e aos levitas. E o sumo sacerdote Azarias, da família de Zadoque, respondeu: “Desde que o povo começou a trazer todas estas ofertas ao templo do Senhor, estamos comendo desses alimentos armazenados, mas ainda há muita sobra, porque o Senhor abençoou o seu povo, e ainda sobrou esta grande parte”. Então Ezequias mandou preparar despensas no templo do Senhor, o que foi feito. Todas as ofertas e dízimos consagrados foram trazidos à casa do Senhor. Conanias, o levita, ficou encarregado dessa tarefa, e seu irmão Simei era o seu auxiliar. Jeiel, Azazias, Naate, Asael, Jerimote, Jozabade, Eliel, Ismaquias, Maate e Benaia eram supervisores subordinados a Conanias e ao seu irmão Simei. Essas nomeações foram feitas pelo rei Ezequias e pelo sumo sacerdote Azarias, o encarregado do templo de Deus. Coré, filho de Imna, o levita, que era o guarda da porta Oriental, ficou encarregado de distribuir as ofertas voluntárias feitas a Deus; ele distribuía as ofertas dedicadas ao Senhor e as coisas santíssimas. Seus fiéis auxiliares eram Éden, Miniamim, Jesua, Semaías, Amarias e Secanias, que distribuíam as ofertas às famílias dos sacerdotes em suas próprias cidades, fazendo a distribuição por igual, de acordo com seus turnos, tanto aos jovens como aos idosos. Contudo, os sacerdotes que estavam de serviço no templo, bem como suas famílias, recebiam sua parte diretamente do depósito, como também todos os que entravam no templo do Senhor para realizar as diversas tarefas diárias, de acordo com o grupo a que pertenciam e o trabalho que faziam. Os sacerdotes estavam inscritos nos registros genealógicos de acordo com suas famílias; e os levitas de vinte anos de idade para cima estavam registrados sob os nomes de seus turnos de trabalho e suas responsabilidades. Nas listas também estavam os nomes das mulheres, dos filhos e filhas, isto é, da família inteira, pois os sacerdotes e os levitas tinham sido consagrados e estavam preparados para fazer seu trabalho sagrado. Um dos sacerdotes, descendente de Arão, era indicado em cada uma das cidades dos sacerdotes e nas terras de pastagens ao redor das cidades para distribuir alimento e outras ofertas a todos os sacerdotes daquela região e a todos os levitas que estavam registrados. Deste modo, Ezequias controlou a distribuição em todo o Judá, fazendo o que era justo e direito perante o Senhor, o seu Deus. Ele se esforçou de todo o coração no serviço do templo de Deus e na obediência à Lei e aos mandamentos; e por isso teve bom êxito. Passado algum tempo, depois desse bom trabalho do rei Ezequias, Senaqueribe, rei da Assíria, invadiu Judá e cercou as cidades fortificadas para tomá-las. Quando ficou claro que Senaqueribe tinha intenções de atacar Jerusalém, Ezequias reuniu seus oficiais e comandantes do conselho de guerra para decidir sobre a ideia de fechar a passagem das águas das fontes que havia fora da cidade; e eles concordaram. Assim, eles organizaram uma enorme equipe de trabalho para fechar as fontes de águas e o riacho que atravessava os campos. “Por que deveria o rei da Assíria vir e encontrar essa água?”, perguntavam. Então Ezequias deixou ainda mais fortes as suas defesas, reparando os trechos onde o muro estava quebrado, e acrescentando posições de grande resistência, além de construir outro muro por fora do primeiro. Também reforçou o forte de Milo, na Cidade de Davi, e fabricou muitas armas e escudos. Formou um exército e nomeou oficiais, e os reuniu na praça junto à porta da cidade, animando-os com estas palavras: “Sejam fortes e valentes; não tenham medo nem desanimem diante do rei da Assíria ou do seu poderoso exército, pois há alguém que está conosco e que é muito mais poderoso do que ele! O rei da Assíria conta apenas com o mero poder humano, enquanto conosco está o Senhor, o nosso Deus, para lutar as nossas batalhas!” E o povo sentiu-se encorajado com o que Ezequias, rei de Judá, disse. Então Senaqueribe, rei da Assíria, enquanto cercava a cidade de Láquis, mandou representantes com esta mensagem ao rei Ezequias e aos moradores de Jerusalém: “Senaqueribe, rei da Assíria, pergunta: ‘Em que vocês baseiam a sua confiança para poderem resistir ao meu cerco de Jerusalém? O rei Ezequias está tentando convencer vocês, dizendo: O Senhor, o nosso Deus, nos salvará das mãos do rei da Assíria. Ele os está enganando para que morram de fome e de sede. Vocês não reconhecem que foi o próprio Ezequias quem destruiu todos os altares desse deus, e ordenou a Judá e a Jerusalém: Vocês devem usar somente um altar, e queimar incenso somente nesse altar? “ ‘Vocês não reconhecem que eu e os outros reis da Assíria antes de mim sempre vencemos qualquer nação que atacamos? Os deuses daquelas nações não puderam fazer nada para salvar as suas terras! De todos os deuses das nações que os meus antepassados destruíram, qual deles pôde resistir com sucesso ao nosso ataque? Que é que faz vocês pensarem que seu Deus pode ajudá-los? Portanto, não deixem Ezequias enganar vocês dessa maneira! Não acreditem nele e não se deixem convencer. E digo de novo: Nenhum deus de nenhuma nação foi capaz de salvar o seu povo das minhas mãos, ou das mãos dos meus antepassados. E muito menos o Deus de vocês conseguirá livrá-los das minhas mãos!’ ” Dessa maneira, os representantes de Senaqueribe zombaram de Deus, o Senhor, e de Ezequias, servo de Deus. O rei Senaqueribe também mandou cartas insultando o Senhor, o Deus de Israel, e desafiando com as seguintes palavras: “Os deuses de todas as outras nações não conseguiram salvar os seus povos da minha mão, e o Deus de Ezequias vai fracassar da mesma maneira”. Os mensageiros que trouxeram as cartas gritavam ameaças, na língua dos judeus, ao povo que estava sobre os muros da cidade, tentando colocar medo neles e deixá-los desanimados para defenderem a cidade. Esses mensageiros falaram a respeito do Deus de Jerusalém, como se ele fosse um dos deuses dos outros povos da terra, que são ídolos feitos por mãos humanas! Então o rei Ezequias e o profeta Isaías, filho de Amoz, clamaram em oração ao Deus dos céus. E o Senhor mandou um anjo que destruiu o exército assírio com todos os seus soldados, oficiais e generais! Dessa maneira, Senaqueribe voltou envergonhado para a sua própria terra. E quando ele chegou ao templo do seu deus, alguns de seus próprios filhos o mataram ali à espada. Foi assim que o Senhor salvou Ezequias e o povo de Jerusalém das mãos de Senaqueribe, rei da Assíria, e de todos os demais inimigos. E, finalmente, havia paz em todo o seu reino. Muitos chegavam a Jerusalém trazendo ofertas para o Senhor e presentes valiosos para o rei Ezequias, rei de Judá. Daquela ocasião em diante, o rei Ezequias se tornou muito respeitado entre as nações vizinhas. Mas naquele tempo Ezequias ficou muito doente, a ponto de morrer. Então ele orou ao Senhor, que lhe respondeu com um milagre. Contudo, Ezequias não correspondeu com verdadeira ação de graças e louvor, pois ele ficou orgulhoso, e a ira do Senhor se acendeu contra ele, sobre Judá e sobre Jerusalém. Mas, por fim, Ezequias e os moradores de Jerusalém se humilharam, e por isso a ira do Senhor não caiu sobre eles durante o reinado de Ezequias. Ezequias se tornou muito rico e era muitíssimo honrado. Ele construiu depósitos especiais para guardar sua prata, seu ouro, as pedras preciosas, os perfumes e muitos objetos de valor. Também construiu muitos armazéns para os cereais, para o vinho novo e azeite de oliva, além de estábulos, com muitas cocheiras para os animais e currais para os rebanhos de ovelhas e cabras. Ezequias construiu muitas cidades e possuía muitos rebanhos, porque Deus concedeu a ele grande riqueza. Ezequias fez uma represa das águas da fonte superior de Giom e, por meio de um canal, trouxe as águas para o lado oeste da Cidade de Davi. Ele foi bem-sucedido em tudo que fez. Contudo, quando os representantes da Babilônia chegaram para ver o milagre da sua cura, Deus o deixou à sua própria sorte a fim de prová-lo e ver como era realmente o seu coração. Os demais acontecimentos da história de Ezequias e de todas as suas obras de misericórdia que ele fez estão escritos no Livro de Isaías, o profeta, filho de Amoz, e no Livro da História dos Reis de Judá e de Israel. Quando Ezequias morreu e foi sepultado com os seus antepassados no cemitério real dos descendentes de Davi, todo o Judá e os moradores de Jerusalém o honraram por ocasião da sua morte. E seu filho Manassés se tornou o novo rei. Manassés tinha apenas doze anos de idade quando se tornou rei, e reinou cinquenta e cinco anos em Jerusalém. Ele fez o que era mau aos olhos do Senhor, imitando as práticas vergonhosas das nações que o Senhor havia expulsado quando o povo de Israel entrou na terra. Ele reconstruiu os altares dos deuses falsos que seu pai Ezequias tinha destruído, ergueu altares a Baal e fez postes-ídolos, e inclinava-se e prestava culto ao sol, à lua e às estrelas. Chegou a construir altares no templo do Senhor, do qual o Senhor havia dito: “Em Jerusalém estará o meu nome eternamente”. Nos dois pátios do templo do Senhor ele construiu altares para adoração ao sol, à lua e às estrelas. Manassés chegou a sacrificar também seus próprios filhos como ofertas queimadas no vale de Ben-Hinom. Além disso, consultava médiuns, praticava feitiçaria, adivinhação e magia, e fez toda espécie de mal diante do Senhor, provocando a ira do Senhor. Ele colocou uma imagem esculpida no templo, do qual o Senhor havia dito a Davi e a seu filho Salomão: “Neste templo e em Jerusalém, a cidade que escolhi dentre toda as tribos de Israel, serei honrado para sempre. E se vocês obedecerem aos meus mandamentos, e a todas as leis e instruções dadas a vocês por meio de Moisés, eu nunca mais tirarei Israel desta terra que dei aos seus antepassados”. Manassés, porém, estimulou o povo de Judá e de Jerusalém a praticar o mal, a ponto de fazerem coisas piores do que as nações que o Senhor havia expulsado quando Israel entrou na terra. Tanto Manassés como seu povo não deram atenção às palavras do Senhor. Por isso o Senhor enviou os exércitos assírios, e eles o prenderam com ganchos e o amarraram com correntes de bronze para o levarem para a Babilônia. Cheio de pavor e aflito, Manassés se humilhou diante do Deus dos seus antepassados, pedindo socorro. E quando ele orou, o Senhor ouviu, teve misericórdia dele, e respondeu ao seu pedido, levando-o de volta a Jerusalém e a seu reino! Então Manassés reconheceu finalmente que o Senhor era realmente Deus! Depois disso, ele reconstruiu o muro de fora da Cidade de Davi, e o muro do lado oeste da fonte de Giom, no vale do Cedrom, e até a porta do Peixe, e ao redor da colina de Ofel, onde o muro foi construído muito alto. Colocou comandantes do seu exército em todas as cidades fortificadas de Judá. Manassés também retirou os deuses estranhos e a imagem que ele havia colocado no templo, e despedaçou os altares que ele havia construído na colina do templo e os altares que estavam em Jerusalém. Jogou tudo para fora da cidade. Depois reconstruiu o altar do Senhor e ofereceu sacrifícios sobre ele — sacrifícios de paz e ofertas de ações de graças — e exigiu que o povo de Judá adorasse o Senhor, o Deus de Israel. Contudo, o povo ainda oferecia sacrifícios nos altares dos montes, mas somente ao Senhor, o seu Deus. Os demais acontecimentos do reinado de Manassés, sua oração a Deus e a resposta do Senhor de Israel por meio dos profetas, estão escritos no Livro da História dos Reis de Israel. A oração que ele fez, a maneira como Deus respondeu e um relato de seus pecados e erros, inclusive uma lista dos lugares onde construiu altares idólatras nas montanhas e ergueu postes sagrados e ídolos de escultura, isto antes de humilhar-se, tudo isso está registrado no Livro dos Profetas. Manassés morreu e foi sepultado em sua propriedade, e seu filho Amom se tornou o novo rei. Amom tinha vinte e dois anos de idade quando começou a reinar em Jerusalém, mas seu reinado durou apenas dois anos. Ele fez o que era mau perante os olhos do Senhor, à semelhança de seu pai Manassés, porque Amom sacrificou a todos os ídolos que Manassés havia feito, porém não mudou de atitude, humilhando-se como o seu pai. Em vez disso, transgredia cada vez mais. Por fim, seus próprios oficiais conspiraram contra ele e o assassinaram no seu palácio. Mas o povo de Judá matou todos aqueles que o assassinaram e declarou seu filho Josias o novo rei. Josias tinha oito anos de idade quando se tornou rei. Ele reinou trinta e um anos em Jerusalém. Ele fez o que era bom aos olhos do Senhor, e seguiu com muito cuidado o bom exemplo de seu antepassado Davi. No oitavo ano do seu reinado, sendo ainda jovem, ele começou a buscar o Deus de seu antepassado Davi. Quatro anos depois, no décimo segundo ano, começou a purificar Judá e Jerusalém, destruindo os altares dos deuses falsos, dos postes-ídolos, as imagens esculpidas e os ídolos de metal. Ele foi pessoalmente ver como eram destruídos os altares de Baal, como eram derrubadas as colunas sobre os altares e os postes sagrados reduzidos a pó, bem como os ídolos de metal, e espalhados sobre os túmulos daqueles que ofereciam sacrifícios a esses deuses. Depois ele queimou sobre seus próprios altares os ossos dos sacerdotes que não adoravam a Deus, purificando assim o povo de Judá e de Jerusalém. A seguir, foi às cidades de Manassés, de Efraim, de Simeão e até da distante Naftali, e fez a mesma coisa nesses lugares; derrubou os altares dos deuses falsos, reduziu a pó os outros ídolos e derrubou todos os altares de incenso. Ele fez isso em toda parte da terra de Israel, antes de voltar para Jerusalém. No décimo oitavo ano de seu reinado, depois que ele havia purificado a terra e o templo, ele nomeou Safã, filho de Azalias, e Maaseias, governador de Jerusalém, e Joá, filho de Joacaz, tesoureiro da cidade, para restaurarem o templo do Senhor, o seu Deus. Josias estabeleceu um sistema de recolher donativos para o templo. A prata era recolhida nas portas do templo do Senhor pelos levitas que estavam de serviço ali e levada ao sumo sacerdote Hilquias para a contagem. As ofertas eram trazidas pelas pessoas que vinham de Manassés, de Efraim e de outras partes remanescentes de Israel, bem como do povo de Judá e de Benjamim e dos habitantes de Jerusalém. Eles confiaram a prata aos homens convocados para supervisionarem a reforma do templo do Senhor que pagavam os trabalhadores que faziam os reparos e a reconstrução no templo. Essa prata também servia para pagar os carpinteiros e pedreiros e para comprar material de construção — blocos de pedra trabalhada, madeira para as vigas e para outras reformas que os reis anteriores de Judá haviam demolido. Os trabalhadores foram ativos e fiéis sob a chefia de Jaate e Obadias, levitas da família de Merari, e por Zacarias e Mesulão, da família de Coate. Todos os levitas que sabiam tocar instrumentos musicais eram encarregados de tocar para louvar o Senhor enquanto a obra progredia. Alguns deles dirigiam os trabalhadores comuns que traziam os materiais para os operários. Outros ainda ajudavam como secretários, supervisores e guardas dos portões. Um dia, quando Hilquias, o sumo sacerdote, estava no templo do Senhor registrando a prata recolhida nas portas, encontrou um velho livro que se verificou ser o Livro das Leis de Deus dadas por meio de Moisés! Hilquias disse ao secretário do rei, Safã: “Veja o que eu encontrei no templo! Esse é o Livro da Lei!” E Hilquias entregou o livro a Safã. Então Safã levou o livro ao rei, junto com seu relatório da reconstrução, e disse: “Os servos do senhor estão fazendo tudo de acordo com o que lhes foi ordenado. Os cofres da prata foram abertos e contados e entregues nas mãos dos supervisores e dos trabalhadores”. E Safã acrescentou: “O sacerdote Hilquias entregou-me um livro”. E ele leu o livro em voz alta para o rei. Quando o rei ouviu as palavras da Lei, rasgou as suas roupas e deu ordens a Hilquias, Aicão, filho de Safã, Abdom, filho de Mica, o secretário Safã e Asaías, ajudante pessoal do rei, dizendo: “Vão ao templo e orem ao Senhor por mim! Orem por todo o remanescente de Israel e de Judá! Porque este livro diz que o motivo pelo qual a grande ira do Senhor foi derramada sobre nós é que nossos pais não obedeceram à palavra do Senhor e não agiram conforme o que está escrito neste livro”. Então Hilquias e os demais homens foram à casa da profetisa Hulda, esposa de Salum, filho de Tocate, neto de Harás. Salum era o alfaiate do rei. Ela morava na parte baixa de Jerusalém. Quando contaram a ela sobre o problema do rei, Hulda respondeu: “Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: ‘Digam ao homem que enviou vocês a mim: Assim diz o Senhor: Eu vou destruir esta cidade e seu povo. Todas as maldições escritas no livro lido diante do rei de Judá vão acontecer. Pois meu povo me abandonou e adorou deuses falsos, provocando a minha ira por causa das suas ações. Portanto, o meu furor será derramado sobre este lugar e não se retirará’. “Digam ao rei de Judá, que os enviou para consultar o Senhor: ‘Assim diz o Senhor, o Deus de Israel, a respeito das palavras que você ouviu: Já que você está triste e se humilhou diante de mim quando ouviu minhas palavras contra esta cidade e seu povo, e rasgou sua roupa e chorou perante mim, eu ouvi a sua oração, diz o Senhor. Portanto, não enviarei o mal prometido sobre esta cidade e seu povo antes da sua morte’ ”. Então eles levaram ao rei Josias a palavra do Senhor. Então o rei convocou todas as autoridades de Judá e de Jerusalém. Ele foi ao templo do Senhor, acompanhado por todos os homens de Judá, todo o povo de Jerusalém, os sacerdotes e os levitas: todo o povo, tanto grandes como pequenos. Ali o rei leu o livro para eles, em voz alta, todas as palavras da aliança de Deus que foi achada no templo do Senhor. Enquanto o rei estava diante deles, fez uma promessa ao Senhor de seguir os seus mandamentos, testemunhos e decretos com todo o seu coração e sua alma, e fazer o que estava escrito no livro. Ele exigiu que todos em Jerusalém e Benjamim prometessem cumprir esse trato com Deus, e todos eles prometeram. Assim Josias retirou todas as imagens de todo o território dos israelitas e exigiu que todos adorassem o Senhor, seu Deus. E por todo o restante da vida do rei, eles continuaram servindo ao Senhor, o Deus de seus pais. Então Josias anunciou que a festa da Páscoa seria comemorada no décimo quarto dia do primeiro mês, em Jerusalém. O cordeiro da Páscoa foi morto naquela tarde. Ele também designou sacerdotes para os seus postos e os estimulou a começarem o seu trabalho no templo do Senhor novamente. Ele enviou uma ordem aos levitas consagrados ao Senhor para instruírem todo o povo de Israel: “Já que a arca sagrada está agora no templo de Salomão, filho de Davi, rei de Israel, e vocês não precisam mais carregá-la sobre os ombros de um lugar para outro, sirvam ao Senhor, o seu Deus, e a Israel, seu povo. Organizem-se para o serviço por famílias, de acordo com os seus grupos como era costume no tempo dos seus pais, conforme a orientação escrita de Davi, rei de Israel, e por seu filho Salomão. “Cada grupo de levitas vai atender a determinados grupos de famílias do nosso povo, no Lugar Santo. Abatam os cordeiros para a Páscoa, santifiquem-se e preparem os cordeiros para os seus irmãos israelitas. Sigam todas as instruções do Senhor dadas por intermédio de Moisés”. Então o rei Josias ofereceu do seu rebanho trinta mil cordeiros e cabritos para as ofertas de Páscoa do povo, além de três mil novilhos. Os oficiais do rei também ofertaram de livre vontade para o povo, para os sacerdotes e para os levitas. Hilquias, Zacarias e Jeiel, os chefes do templo de Deus, deram aos sacerdotes duas mil e seiscentas ovelhas e cabritos, e trezentos bois para os sacrifícios da Páscoa. Conanias e seus irmãos Semaías e Natanael, e os líderes dos levitas, Hasabias, Jeiel e Jozabade, deram cinco mil ovelhas e cabritos e quinhentos bois aos levitas para os sacrifícios da Páscoa. Quando tudo estava preparado para a festa, os sacerdotes foram para os seus lugares, e os levitas formaram os grupos de serviço, conforme o rei havia mandado. Então os levitas mataram os cordeiros da Páscoa e entregaram o sangue aos sacerdotes. Os sacerdotes aspergiram o sangue sobre o altar, enquanto os levitas tiravam a pele dos animais. Eles separaram os animais para cada tribo apresentar suas próprias ofertas queimadas ao Senhor, conforme está escrito na lei de Moisés; e fizeram a mesma coisa com os bois. Depois, conforme estava ordenado pela lei de Moisés, assaram os animais da Páscoa sobre o fogo, cozinharam as ofertas sagradas em panelas, caldeirões e frigideiras, e os levaram depressa a todo o povo para comer. Depois, os levitas prepararam o que era deles e para os sacerdotes, descendentes de Arão, porque os sacerdotes ficaram ocupados desde a manhã até a noite, oferecendo a gordura e as ofertas queimadas. Os cantores, descendentes de Asafe, estavam em seus lugares, seguindo as instruções dadas pelo rei Davi, Asafe, Hemã e por Jedutum, profeta do rei. Os porteiros tomavam conta das portas e não precisavam deixar seus postos, porque a refeição deles era trazida pelos seus irmãos levitas. Toda a cerimônia da Páscoa foi realizada naquele dia. Todas as ofertas queimadas foram sacrificadas sobre o altar do Senhor, conforme as ordens de Josias. Todos os israelitas que estavam presentes em Jerusalém tomaram parte na festa da Páscoa e na festa dos pães sem fermento, durante sete dias. Desde o tempo do profeta Samuel, a Páscoa não havia sido celebrada dessa maneira. Nenhum dos reis de Israel havia celebrado uma Páscoa semelhante a esta, como o fez o rei Josias, incluindo tanto sacerdotes, levitas e todo o povo de Jerusalém, de todas as partes de Judá, e também de todo o Israel. Esta Páscoa foi comemorada no décimo oitavo ano no reinado de Josias. Depois de tudo que Josias havia feito, e depois de preparar o templo do Senhor, Neco, rei do Egito, levou o seu exército para lutar em Carquemis, junto ao rio Eufrates, e Josias marchou contra ele. O rei Neco, porém, enviou representantes a Josias com esta mensagem: “Não quero lutar com você, ó rei de Judá! Vim apenas para combater os meus inimigos. Deixe-me em paz! Deus me disse para me apressar! Não se intrometa com Deus, ou ele o destruirá, porque ele está comigo”. Mas Josias não quis saber de voltar atrás. Ele levou o seu exército para a batalha no vale de Megido. Colocou de lado suas roupas reais, de modo que o inimigo não podia reconhecê-lo. Josias não quis acreditar que a mensagem de Neco era da parte de Deus. Os flecheiros do inimigo feriram o rei Josias, e ele disse aos seus oficiais: “Tirem-me da batalha. Estou seriamente ferido”. Então os oficiais o tiraram do seu carro e o colocaram em outro carro, e ele foi levado para Jerusalém, onde morreu. Ele foi sepultado ali, no cemitério real. Todo o povo de Judá e de Jerusalém chorou por ele. O profeta Jeremias compôs um cântico de lamento em homenagem a Josias. Até hoje os cantores e cantoras ainda cantam canções tristes em homenagem à morte de Josias. Essas canções de tristeza foram registradas nas lamentações oficiais dos reis de Israel. Os demais acontecimentos de Josias, suas boas ações e como ele seguiu as Leis do Senhor, tudo o que ele fez, do início ao fim, está escrito no Livro da História dos Reis de Israel e de Judá. Jeoacaz, filho de Josias, foi escolhido pelo povo para ser o novo rei em Jerusalém, no lugar do seu pai. Jeoacaz tinha vinte e três anos de idade quando começou a reinar, mas seu reinado em Jerusalém durou somente três meses. O rei do Egito destronou Jeoacaz em Jerusalém e exigiu de Judá um imposto anual de três toneladas e meia de prata e trinta e cinco quilos de ouro. O rei do Egito nomeou Eliaquim, irmão de Jeoacaz, como o novo rei de Judá e sobre Jerusalém. O nome Eliaquim foi mudado para Jeoaquim. Jeoacaz, irmão de Eliaquim, foi levado como prisioneiro para o Egito por Neco. Jeoaquim tinha vinte e cinco anos de idade quando se tornou rei, e reinou onze anos em Jerusalém, e fez o que era mau aos olhos do Senhor. Por fim, Nabucodonosor, rei da Babilônia, conquistou Jerusalém e o levou embora para a Babilônia, preso com correntes de bronze. Nabucodonosor também tomou parte dos objetos do templo e os colocou no seu próprio templo na Babilônia. Os demais acontecimentos do reinado de Jeoaquim, e todo o mal que ele fez e todas as acusações contra ele, estão escritos no Livro da História dos Reis de Israel e de Judá. Seu filho Joaquim tornou-se o novo rei. Joaquim tinha dezoito anos quando subiu ao trono. Porém ele reinou somente três meses e dez dias em Jerusalém. Ele fez o que era mau aos olhos do Senhor. Na primavera seguinte, o rei Nabucodonosor mandou levá-lo para a Babilônia. Nessa ocasião, foram levados para a Babilônia muitos tesouros do templo do Senhor, e o rei Nabucodonosor nomeou Zedequias, irmão de Joaquim, como o novo rei de Judá e de Jerusalém. Zedequias tinha vinte e um anos de idade quando começou a reinar e reinou onze anos em Jerusalém. Ele também fez o que era mau aos olhos do Senhor, porque não quis aceitar o conselho do profeta Jeremias, que lhe trazia mensagens vindas do Senhor. Ele também se revoltou contra o rei Nabucodonosor, muito embora tivesse feito juramento de lealdade a ele, em nome de Deus. Zedequias foi um homem duro e teimoso e não quis se voltar para o Senhor, o Deus de Israel. Todos os líderes dos sacerdotes e o povo se tornaram cada vez mais infiéis a Deus e adoravam os deuses falsos das nações vizinhas. Desse modo profanaram o templo do Senhor em Jerusalém que tinha sido consagrado a ele. O Senhor, o Deus dos seus antepassados, advertiu-os várias vezes por meio de profetas, porque ele tinha compaixão do seu povo e da sua habitação. Mas eles zombavam desses mensageiros de Deus e desprezavam as palavras deles, caçoando dos profetas, até que a ira do Senhor se levantou contra o povo, e já não houve mais remédio. Então o Senhor trouxe o rei da Babilônia contra eles e ele matou seus jovens à espada, indo atrás deles até dentro do templo. Ele não teve piedade, matando rapazes, moças, adultos e velhos. O Senhor usou o rei da Babilônia para destruí-los. Levou consigo para a Babilônia todos os utensílios do templo do Senhor, grandes e pequenos, e os tesouros do templo do Senhor, assim como os tesouros do rei e dos seus oficiais. Depois, seu exército queimou o templo de Deus, derrubou os muros de Jerusalém, pôs fogo em todos os palácios e destruiu todos os objetos valiosos que havia neles. Os que não morreram foram levados para a Babilônia como escravos do rei e dos seus descendentes, até que o reino da Pérsia conquistou a Babilônia. Dessa maneira se cumpriu a palavra do Senhor por intermédio de Jeremias, de que a terra teria os seus descansos sabáticos, até se completarem setenta anos de desolação. No primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia, cumpriu-se o que o Senhor Deus tinha dito por meio do profeta Jeremias. O Senhor despertou o coração de Ciro para fazer uma proclamação em todo o seu reino, e o fizesse também por escrito: “Assim declara Ciro, rei da Pérsia: ‘O Senhor, o Deus dos céus, deu-me todos os reinos da terra e me mandou construir um templo para ele em Jerusalém, na terra de Judá. Todos dentre vocês que são povo do Senhor, voltem para Jerusalém, e que o Senhor esteja com vocês’ ”. No primeiro ano do reinado de Ciro, rei da Pérsia, cumpriu-se o que o Senhor tinha dito por meio do profeta Jeremias. O Senhor despertou o coração de Ciro para fazer uma proclamação em todo o seu reino, e o fez também por escrito: “Assim declara Ciro, rei da Pérsia: “O Senhor, o Deus dos céus, deu-me todos os reinos da terra, e mandou-me construir um templo para ele em Jerusalém, na terra de Judá. Quem dentre vocês pertence ao seu povo, vá para Jerusalém de Judá para reconstruir esse templo do Senhor, que é o Deus de Israel, o Deus que habita em Jerusalém. Faço votos de que as bênçãos de Deus estejam com vocês. Os vizinhos devem ajudar nas despesas daqueles que voltarem para a sua terra, doando prata, ouro, bens, animais, além das ofertas voluntárias para o templo de Deus, em Jerusalém”. Então Deus despertou um grande desejo nos líderes das tribos de Judá e Benjamim, nos sacerdotes e levitas, e em muitos outros para voltarem a Jerusalém imediatamente e reconstruírem o templo do Senhor. Todos os vizinhos deram a eles a assistência que puderam, trazendo-lhes utensílios de prata e de ouro, mantimentos, animais, objetos de valor, além das ofertas voluntárias para o templo. O próprio rei Ciro mandou tirar os utensílios de ouro e outros objetos valiosos que o rei Nabucodonosor tinha trazido do templo em Jerusalém e colocado no templo dos seus próprios deuses. Ciro, rei da Pérsia, deu instruções a Mitredate, o tesoureiro da Pérsia, para que fizesse uma lista dos objetos e os entregasse a Sesbazar, o chefe dos exilados que voltavam para Judá. Os objetos que Ciro ofertou foram os seguintes: 30 tigelas de ouro, 1.000 bacias de prata, 29 incensórios de prata, 30 vasos de ouro maciço, 410 vasos de prata de menor valor e 1.000 objetos diversos. Ao todo foram entregues 5.400 objetos de ouro e de prata a Sesbazar quando os exilados israelitas vieram da Babilônia para Jerusalém. Esta é a relação dos judeus exilados que voltaram para Jerusalém e para as outras cidades de Judá, das quais eles haviam sido deportados para a Babilônia pelo rei Nabucodonosor. Os líderes eram: Zorobabel, Jesua, Neemias, Seraías, Reelaías, Mordecai, Bilsã, Mispar, Bigvai, Reum e Baaná. Esta é a lista dos grupos de famílias do povo de Israel, conforme o número de pessoas, registradas por famílias: da família de Parós, 2.172; da família de Sefatias, 372; da família de Ara, 775; da família de Paate-Moabe, descendentes de Jesua e Joabe, 2.812; da família de Elão, 1.254; da família de Zatu, 945; da família de Zacai, 760; da família de Bani, 642; da família de Bebai, 623; da família de Azgade, 1.222; da família de Adonicão, 666; da família de Bigvai, 2.056; da família de Adim, 454; da família de Ater, descendentes de Ezequias, 98; da família de Bezai, 323; da família de Jora, 112; da família de Hasum, 223; da família de Gibar, 95; os da cidade de Belém, 123; de Netofa, 56; de Anatote, 128; de Azmavete, 42; de Quiriate-Arim, Quefira e Beerote, 743; de Ramá e Geba, 621; de Micmás, 122; de Betel e Ai, 223; de Nebo, 52; de Magbis, 156; de Elão, 1.254; de Harim, 320; de Lode, Hadide e Ono, 725; de Jericó, 345; de Senaá, 3.630. Esta é a lista dos grupos de famílias dos sacerdotes que voltaram do cativeiro: dos descendentes de Jedaías, por meio da família de Jesua, 973; da família de Imer, 1.052; da família de Pasur, 1.247; da família de Harim, 1.017. Esta é a lista dos grupos de famílias dos levitas que voltaram do cativeiro: das famílias de Jesua e Cadmiel, por meio dos descendentes de Hodavias, 74. Os cantores, descendentes da família de Asafe, 128. Dos porteiros do templo: das famílias de Salum, Ater, Talmom, Acube, Hatita e Sobai, 139. Esta é a lista dos grupos de famílias de servidores do templo que voltaram do cativeiro: Zia, Hasufa, Tabaote, Queros, Sia, Padom, Lebaná, Hagaba, Acube, Hagabe, Sanlai, Hanã, Gidel, Gaar, Reaías, Rezim, Necoda, Gazão, Uzá, Paseá, Besai, Asná, Meunim, Nefusim, Baquebuque, Hacufa, Harur, Baslute, Meída, Harsa, Barcos, Sísera, Temá, Neziá, Hatifa. Esta é a lista dos grupos de famílias dos servidores de Salomão que voltaram do cativeiro: os descendentes de Sotai, Soferete, Peruda, Jaala, Darcom, Gidel, Sefatias, Hatil, Poquerete-Hazebaim e Ami. Os servidores do templo e os descendentes dos oficiais de Salomão eram 392. Nessa ocasião também voltou para Jerusalém outro grupo vindo das cidades persas de Tel-Melá, Tel-Harsa, Querube, Adã e Imer. Mas, pelo fato de haverem perdido seus registros de família, não puderam provar que realmente eram descendentes de Israel. Esse grupo incluía os grupos de famílias de Delaías, de Tobias e de Necoda, num total de 652. O grupo de famílias de sacerdotes — Habaías, Hacoz e Barzilai, que se casou com uma das filhas de Barzilai, de Gileade, e ficou com o nome do sogro dele. Mas eles também haviam perdido seus registros de família, por isso não foram aceitos como sacerdotes. O governador proibiu-os de comer alimentos sagrados até que aparecesse um sacerdote que pudesse consultar o Urim e Tumim e saber de Deus se realmente eram ou não descendentes de sacerdotes. Assim, os que voltaram para Judá eram um total de 42.360 homens, isso sem contar os 7.337 escravos e escravas e 200 cantores e cantoras. Eles levaram consigo 736 cavalos, 245 mulos, 435 camelos e 6.720 jumentos. Quando chegaram ao templo do Senhor em Jerusalém, alguns dos chefes dos grupos de famílias puderam contribuir generosamente para a reconstrução do templo do Senhor no seu antigo local. Cada um contribuiu de acordo com as suas possibilidades. O valor total das suas contribuições foi de quinhentos quilos de ouro, três toneladas de prata, e cem vestes sacerdotais. Desse modo os sacerdotes, os levitas e alguns do povo se estabeleceram em Jerusalém e nas vilas vizinhas; os cantores, os porteiros, os servidores do templo e o restante do povo voltaram para as suas cidades de Judá, de onde haviam saído. Quando chegou o sétimo mês, e os descendentes de Israel já estavam morando nas suas cidades, o povo saiu de suas casas, e todos vieram juntos a Jerusalém. Então Jesua, filho de Jozadaque, com seus colegas, os sacerdotes, e Zorobabel, filho de Sealtiel, e sua família, começaram a reconstruir o altar do Deus de Israel, e sobre o altar queimaram ofertas de sacrifício, conforme as instruções nas leis de Moisés, o homem de Deus. Eles reconstruíram o altar no mesmo lugar de antes e imediatamente o usaram para queimar os sacrifícios oferecidos ao Senhor pela manhã e ao entardecer, apesar de o povo estar com medo dos povos vizinhos. E celebraram a festa dos tabernáculos conforme instruções nas leis de Moisés, oferecendo ao Senhor os sacrifícios determinados para cada dia da festa. Também ofereceram ofertas queimadas diárias e os sacrifícios especiais exigidos para os dias de descanso, as celebrações da lua nova e as outras festas anuais do Senhor. Também foram trazidas as ofertas voluntárias do povo ao Senhor. A partir do primeiro dia do sétimo mês os sacerdotes começaram a oferecer ao Senhor os sacrifícios queimados. Isto antes que eles começassem a construir os alicerces do templo do Senhor. Depois contrataram pedreiros e carpinteiros, compraram toras de cedro dos povos de Tiro e de Sidom, e faziam o pagamento com alimentos, vinho e azeite de oliveira. As toras eram trazidas das montanhas do Líbano e vinham flutuando ao longo da costa do mar Mediterrâneo até Jope, pois o rei Ciro da Pérsia tinha dado permissão para que se fizesse assim. A construção do templo propriamente dito começou no segundo mês do segundo ano depois de chegarem ao templo de Deus em Jerusalém. O grupo de trabalhadores era composto de todos os que tinham voltado do cativeiro para Jerusalém e estavam sob a direção de Zorobabel, filho de Sealtiel, de Jesua, filho de Jozadaque, e de seus irmãos sacerdotes e levitas. Os levitas que tinham vinte anos de idade ou mais foram escolhidos para supervisionarem a construção do templo do Senhor. Jesua, com seus filhos e irmãos, Cadmiel, e seus filhos, descendentes de Judá, e Henadade, com seus filhos e irmãos, ficaram incumbidos da supervisão de todo o projeto, pois todos eles eram levitas. Quando os construtores completaram os alicerces do templo do Senhor, os sacerdotes vestiram as suas roupas sacerdotais e tocaram as trombetas. Os filhos de Asafe fizeram soar os seus címbalos para louvar o Senhor na forma ordenada por Davi, rei de Israel. Eles cantavam cânticos de louvor e ações de graças ao Senhor numa forma responsiva. A letra do cântico dizia assim: “Ele é bom; e o seu amor para com Israel dura para sempre”. Então todo o povo louvou o Senhor em alta voz, porque haviam sido lançados os alicerces do templo do Senhor. Porém, muitos dos sacerdotes, levitas e outros chefes das famílias mais velhas que se lembravam do belo templo de Salomão choraram em alta voz quando viram o lançamento dos alicerces desse templo, enquanto outros gritavam de alegria! Assim os gritos de alegria e o choro se misturavam de forma tão barulhenta que se podia ouvir de longe! Quando os inimigos de Judá e Benjamim ouviram dizer que os exilados haviam voltado e estavam reconstruindo o templo do Senhor, o Deus de Israel, eles se aproximaram de Zorobabel e dos outros chefes de famílias e sugeriram: “Deixem-nos trabalhar com vocês, pois estamos tão interessados em seu Deus como vocês; temos oferecido sacrifícios a ele desde que Esar-Hadom, rei da Assíria, nos trouxe para cá”. Mas Zorobabel, Jesua e os outros chefes das famílias de Israel responderam: “Não, vocês não podem ter parte na reconstrução do templo de nosso Deus. Nós é que devemos construir o templo do Senhor, o Deus de Israel, exatamente como Ciro, o rei da Pérsia, ordenou”. Então os residentes locais tentaram desanimar e amedrontar o povo de Judá para que não continuasse a construção. Para isso deram dinheiro a certos agentes do governo para que se opusessem ao povo e atrapalhassem os planos dos israelitas. Isso continuou assim durante todo o reinado de Ciro, até que o rei Dario, o persa, subiu ao trono. No início do reinado de Assuero, eles apresentaram uma carta de acusação contra o povo de Judá e Jerusalém. Eles fizeram a mesma coisa durante o reinado de Artaxerxes, rei da Pérsia. Bislão, Mitredate, Tabeel e seus companheiros escreveram uma carta em língua aramaica a Artaxerxes, e a carta foi traduzida para ele. O governador Reum e o escrivão Sinsai escreveram uma carta contra Jerusalém ao rei Artaxerxes: O governador e o escrivão Sinsai, junto com seus companheiros — juízes e outros dirigentes locais, os persas, os babilônios, os homens de Ereque e Susã e os homens de diversas outras nações, que o grande e renomado Asnapar havia tirado das próprias terras e havia colocado em Samaria e nas terras vizinhas que ficavam a oeste do rio Eufrates — escreveram o seguinte: (Aqui está o texto que eles mandaram ao rei Artaxerxes.) “Ao rei Artaxerxes, “Saudações de seus súditos leais que vivem a oeste do rio Eufrates: “É bom ficar informado que os judeus enviados da Babilônia para Jerusalém estão reconstruindo esta cidade historicamente rebelde e má; eles estão reconstruindo os muros e consertando os alicerces do templo. “Além disso, desejamos que o rei saiba que, se esta cidade for reconstruída e seus muros reparados, será um grande prejuízo para o rei, pois os judeus vão deixar de pagar os impostos, tributos e taxas devidos ao rei. Visto como somos agradecidos ao rei como nosso protetor, e não desejamos vê-lo sendo desonrado desta maneira, resolvemos enviar esta informação ao rei. Sugerimos que o rei faça uma busca nos antigos registros e descubra como esta cidade foi rebelde e problemática em tempos passados; ela foi destruída por causa de sua longa história de revolta contra os reis e países que tentaram dominála. Queremos declarar que se esta cidade for reconstruída e os muros forem terminados, o rei pode esquecer desta parte de seu império além do Eufrates, pois pode considerá-la perdida”. Então o rei deu esta resposta ao governador Reum, ao escrivão Sinsai e aos seus companheiros que moram em Samaria e em toda a região a oeste do rio Eufrates: “Saudações! A carta que os senhores me enviaram foi claramente lida na minha presença. Ordenei que se fizesse uma busca nos registros e, na verdade, descobri que em tempos passados Jerusalém foi um foco de revolta contra muitos reis e que tem sido um lugar de rebelião e motins! Verifico, além disso, que houve alguns reis muito poderosos em Jerusalém que governaram toda a terra além do rio Eufrates e receberam enormes quantias de impostos, tributos e taxas. Portanto, ordeno que esses homens parem a construção do templo, e que essa cidade não seja reconstruída enquanto eu não mandar. Não se demorem, porque não devemos permitir que essa situação escape do nosso controle, e os interesses reais sejam prejudicados!” Quando esta carta do rei Artaxerxes foi lida perante Reum e Sinsai, e os seus companheiros, eles foram depressa a Jerusalém e obrigaram os judeus a parar a construção. Assim a obra do templo de Deus em Jerusalém ficou parada até o segundo ano do reinado de Dario, rei da Pérsia. Ocorreu que o profeta Ageu e o profeta Zacarias, filho de Ido, trouxeram mensagens de Deus aos judeus de Judá e de Jerusalém, em nome do Deus de Israel. Então Zorobabel, filho de Sealtiel, e Jesua, filho de Jozadaque, animaram os judeus a recomeçarem a reconstrução do templo de Deus em Jerusalém. E os profetas de Deus os ajudavam. Mas Tatenai, governador das terras a oeste do Eufrates, e Setar-Bozenai e seus companheiros logo chegaram a Jerusalém e perguntaram: “Quem deu a vocês permissão para reconstruir este templo e terminar esses muros?” Eles também pediram uma lista dos nomes de todos os homens que estavam trabalhando no templo. Mas os olhos de Deus estavam sobre os líderes judeus, e assim os inimigos não os obrigaram a parar a construção enquanto o rei Dario não examinasse o assunto e tomasse sua decisão. Esta é a cópia da carta que Tatenai, governador do território a oeste do Eufrates, Setar-Bozenai e os outros oficiais que ficavam deste lado do Eufrates enviaram ao rei Dario. O relatório que enviaram a ele dizia o seguinte: “Ao rei Dario: “Saudações! “Desejamos informar ao rei que fomos ao local da construção do templo do grande Deus de Judá. O templo está sendo construído com enormes pedras, e o madeiramento já está sendo assentado nas paredes. A obra prossegue com grande energia e sucesso. “Então perguntamos aos líderes: Quem deu a vocês permissão para fazer isto? E perguntamos quais os seus nomes para que pudéssemos notificar o rei. “A resposta deles foi: “ ‘Somos servos do Deus do céu e da terra, e estamos reconstruindo o templo que há muitos séculos foi construído aqui por um grande rei de Israel. Mas depois os nossos antepassados provocaram a ira do Deus dos céus, ele os abandonou e os entregou nas mãos do rei Nabucodonosor que destruiu este templo e levou o povo cativo para a Babilônia’. “Porém, eles insistem que o rei Ciro da Babilônia, durante o primeiro ano de seu reinado, emitiu um decreto para que o templo de Deus fosse reconstruído. Eles dizem que o rei Ciro devolveu os vasos de ouro e de prata que Nabucodonosor havia tirado do templo em Jerusalém e colocado no templo da Babilônia. “Eles dizem que esses objetos foram entregues à guarda de um homem chamado Sesbazar, a quem o rei Ciro nomeou governador de Judá, e lhe disse: ‘Leve esses vasos a Jerusalém e coloque-os no templo de Jerusalém. Reconstrua a casa de Deus ali no seu antigo local’. Então Sesbazar veio e lançou os alicerces do templo em Jerusalém; e o povo vem trabalhando nele desde esse tempo, embora ainda não esteja acabado. “Solicitamos que o rei faça uma busca na biblioteca real da Babilônia a fim de descobrir se em algum momento o rei Ciro emitiu tal decreto para construir o templo de Deus em Jerusalém. E depois nos faça saber a sua vontade nesta questão”. Assim o rei Dario deu ordens para que se fizesse uma busca nos arquivos da Babilônia, onde os documentos estavam guardados. Finalmente se encontrou o registro no palácio de Ecbatana, na província da Média. O documento dizia e Dario comunicou: “No primeiro ano do reinado de Ciro, foi emitido um decreto referente ao templo de Deus em Jerusalém, dizendo o seguinte: “ ‘Com respeito à casa de Deus em Jerusalém onde os judeus oferecem sacrifícios: Ela deve ser reconstruída, e os alicerces devem ser muito firmes. Será de vinte e sete metros de altura e vinte e sete metros de largura. Haverá três carreiras de enormes pedras no alicerce, cobertas com uma carreira de madeira. Todas as despesas serão pagas pelo rei. E os vasos de ouro e de prata que Nabucodonosor tirou do templo de Deus serão levados de volta para Jerusalém e colocados no templo, como estavam antes’. “Agora, então, Tatenai, governador do território a oeste do Eufrates, e Setar-Bozenai, e os outros oficiais dessa província permaneçam longe de lá. Não interrompam a construção do templo. Deixem que ele seja reconstruído no seu antigo lugar e não perturbem o governador de Judá e os demais chefes em seu trabalho. Eu promulgo o seguinte decreto a respeito do que vocês farão pelos líderes dos judeus na construção desse templo de Deus: que sem mais demora vocês paguem todos os custos da construção com o dinheiro recebido de meus impostos do território a oeste do Eufrates, para que a obra não seja interrompida. Deem aos sacerdotes em Jerusalém novilhos, carneiros e cordeiros para as ofertas de sacrifício ao Deus dos céus; e deem a eles trigo, sal, vinho e azeite, todos os dias, sem falta. Então eles estarão em condições de oferecer sacrifícios agradáveis ao Deus dos céus, e orar pela vida do rei e seus filhos. “Qualquer pessoa que tentar mudar este decreto, terá arrancadas as vigas de sua casa, será atravessada por uma dessas vigas e será empalada, e sua casa será transformada num monte de entulho. O Deus que escolheu a cidade para a sua habitação destruirá qualquer rei e qualquer nação que altere este decreto e destrua este templo de Jerusalém. “Eu, Dario, expedi este decreto. Que ele seja obedecido com toda a diligência”. Tatenai, governador do território a oeste do Eufrates, Setar-Bozenai, e seus companheiros, imediatamente se dispuseram a cumprir a ordem do rei Dario. Assim os chefes judeus continuaram o seu trabalho e foram grandemente estimulados pela pregação dos profetas Ageu e Zacarias, filho de Ido. Finalmente o templo foi terminado, conforme havia sido ordenado por Deus e decretado por Ciro, Dario e Artaxerxes, reis da Pérsia. O templo foi concluído no terceiro dia do mês de adar, no sexto ano do reinado do rei Dario. Então o templo de Deus foi dedicado com grande alegria pelos sacerdotes, levitas e todo o povo. Durante os festejos de dedicação foram sacrificados cem novilhos, duzentos carneiros e quatrocentos cordeiros; e doze bodes foram apresentados como oferta pelo pecado das doze tribos de Israel. Depois os sacerdotes e levitas se organizaram em vários grupos de serviço, para fazerem a obra de Deus, conforme estava instruído no Livro de Moisés. No décimo quarto dia do primeiro mês, os exilados comemoraram a Páscoa, porque nessa época muitos dos sacerdotes e levitas se haviam consagrado. Eles estavam cerimonialmente puros. Os levitas sacrificaram o cordeiro da Páscoa por todos os exilados, por seus irmãos, os sacerdotes, e por si mesmos. Todos os israelitas que haviam voltado da Babilônia comeram do cordeiro. Alguns dos pagãos que se estabeleceram em Judá e que abandonaram seus costumes imorais se juntaram aos israelitas na adoração ao Senhor, o Deus de Israel. Eles, com a nação inteira, celebraram a festa dos pães sem fermento por sete dias. Houve grande alegria em toda a terra porque o Senhor fez com que o rei da Assíria fosse generoso para com Israel e prestasse auxílio na construção do templo de Deus, o Deus de Israel. Aqui está uma relação do registro da família de Esdras, que viajou da Babilônia para Jerusalém durante o reinado de Artaxerxes, rei da Pérsia: Esdras era filho de Seraías; Seraías era filho de Azarias; Azarias era filho de Hilquias; Hilquias era filho de Salum; Salum era filho de Zadoque; Zadoque era filho de Aitube; Aitube era filho de Amarias; Amarias era filho de Meraiote; Meraiote era filho de Zeraías; Zeraías era filho de Uzi; Uzi era filho de Buqui; Buqui era filho de Abisua; Abisua era filho de Fineias; Fineias era filho de Eleazar; Eleazar era filho de Arão, o sumo sacerdote. Como chefe religioso judeu, Esdras era bom conhecedor das leis de Moisés, dadas pelo Senhor, o Deus de Israel. Ele pediu para voltar a Jerusalém, e o rei lhe deu permissão e concedeu tudo o que ele tinha pedido, pois o Senhor, o seu Deus, estava abençoando Esdras. Muitos do povo e também dos sacerdotes, levitas, cantores, porteiros e servidores do templo viajaram com ele para Jerusalém no sétimo ano do reinado de Artaxerxes. Esdras chegou a Jerusalém no quinto mês do sétimo ano desse reinado. No primeiro dia do primeiro mês ele começou a sua jornada e chegou a Jerusalém no primeiro dia do quinto mês, pois a boa mão do seu Deus estava sobre ele. Esdras tinha decidido estudar a lei do Senhor, e a obedecer a essas leis e ensinar os seus mandamentos aos israelitas. O rei Artaxerxes deu esta carta a Esdras, ao sacerdote e estudioso dos mandamentos de Deus para Israel: “Artaxerxes, rei dos reis, “Para Esdras, o sacerdote e escriba da Lei do Deus dos céus: “Saudações! “Estou decretando que qualquer descendente de Israel do meu reino, incluindo os sacerdotes e levitas, pode voltar para Jerusalém com você. Eu e meu conselho dos sete, por meio deste decreto, determinamos que você leve para Judá e Jerusalém uma cópia da Lei de Deus para ver se a Lei do seu Deus está sendo obedecida. Também lhe damos a incumbência de levar consigo para Jerusalém a prata e o ouro que apresentamos como oferta ao Deus de Israel, para o templo em Jerusalém. Além de toda a prata e ouro que você receber da província da Babilônia, você deve recolher ofertas voluntárias dos judeus e dos seus sacerdotes. Essas ofertas de prata e de ouro se destinam ao templo do seu Deus em Jerusalém. As ofertas devem ser usadas, antes de tudo, para a compra de novilhos, carneiros, cordeiros e para as ofertas de cereais e de bebidas. Tudo isso será oferecido sobre o altar do templo do seu Deus, quando você chegar a Jerusalém. “O ouro e a prata que sobrarem podem ser usados de qualquer outro modo que você e seus irmãos acharem, de acordo com a vontade do seu Deus. E leve consigo os vasos de ouro e os outros utensílios que estamos dando para o templo do seu Deus em Jerusalém. Se você precisar de mais dinheiro para a construção do templo ou para atender a qualquer necessidade semelhante, pode requisitar dos fundos do tesouro real. “Eu, o rei Artaxerxes, envio este decreto a todos os tesoureiros do território situado a oeste do rio Eufrates: ‘Vocês devem dar a Esdras tudo quanto ele requisitar de vocês, pois ele é sacerdote e escriba da Lei do Deus do céus, até a quantia de três toneladas e meia de prata, cem tonéis de trigo; dez barris de vinho; dez barris de azeite de oliva e sal à vontade; e qualquer coisa mais que o Deus dos céus exigir, que se atenda prontamente para o templo do Deus dos céus; pois não queremos correr o risco de ter a ira de Deus contra o império do rei e dos seus filhos. Eu também decreto que nenhum sacerdote, levita, cantor, porteiro, servidor do templo ou outro trabalhador no templo de Deus seja obrigado a pagar impostos de qualquer tipo. “E você, Esdras, deve usar a sabedoria que Deus lhe deu para escolher e nomear juízes e outros oficiais para governarem todo o povo do território ao oeste do rio Eufrates. Se eles não estiverem familiarizados com as leis do seu Deus, você deve ensiná-los. Qualquer indivíduo que se recusar a obedecer à Lei do seu Deus e à lei do rei deve ser imediatamente castigado com a morte, ou com a expulsão do país, o confisco dos bens ou com a prisão”. Louvado seja o Senhor, o Deus de nossos pais, que pôs no coração do rei o desejo de honrar o templo do Senhor em Jerusalém! E louvemos a Deus por demonstrar tal misericórdia para comigo ao honrar-me perante o rei, seu conselho e perante todos os seus oficiais poderosos! Recebi forças para esta missão da parte do Senhor, o meu Deus, que estava comigo, e convenci alguns dos líderes de Israel para voltarem comigo para Jerusalém. São estes os nomes dos chefes de grupos de famílias que me acompanharam desde a Babilônia a Jerusalém, durante o reinado de Artaxerxes: dos descendentes de Fineias, Gérson; dos descendentes de Itamar, Daniel; dos descendentes de Davi, Hatus, dos descendentes de Secanias, dos descendentes de Parós, Zacarias, e com ele foram registrados 150 homens; dos descendentes de Paate-Moabe, Elioenai, filho de Zeraías, e com ele 200 homens; dos descendentes de Zatu, Secanias, filho de Jeaziel, e com ele 300 homens; dos descendentes de Adim, Ebede, filho de Jônatas, e com ele 50 homens; dos descendentes de Elão, Jesaías, filho de Atalias, e com ele 70 homens; dos descendentes de Sefatias, Zebadias, filho de Micael, e com ele 80 homens; dos descendentes de Joabe, Obadias, filho de Jeiel, e com ele 218 homens; dos descendentes de Bani, Selomite, filho de Josifias, e com ele 160 homens; dos descendentes de Bebai, Zacarias, filho de Bebai, e com ele 28 homens; dos descendentes de Azgade, Joanã, filho de Catã, e com ele 110 homens; dos descendentes de Adonicão, Elifelete, Jeiel e Semaías, e com eles 60 homens. Eles chegaram algum tempo mais tarde; dos descendentes de Bigvai, Utai, Zabude, e com eles 70 homens. Eu, Esdras, reuni todos perto do canal de Aava, e ali ficamos acampados por três dias, enquanto eu examinava cuidadosamente as listas das pessoas e dos sacerdotes que haviam chegado. Verifiquei que não veio nenhum levita conosco! Por isso mandei chamar Eliezer, Ariel, Semaías, Elnatã, Jaribe, Elnatã, Natã, Zacarias e Mesulão, os líderes levitas; e também mandei chamar Joiaribe e Elnatã, que eram homens sábios. E os enviei a Ido, o líder dos judeus em Casifia, para pedirem a ele, a seus irmãos e aos servidores do templo que nos enviassem sacerdotes para o templo de Deus em Jerusalém. E Deus foi bom! Ele nos mandou um homem extraordinário chamado Serebias, juntamente com dezoito de seus filhos e irmãos. Ele era descendente de Mali, filho de Levi e neto de Israel. Deus também enviou Hasabias e Jesaías, descendente de Merari, com vinte de seus filhos e irmãos, e duzentos e vinte servidores do templo. Os servidores do templo eram assistentes dos levitas — um grupo que Davi e os seus oficiais haviam formado para ajudar os levitas. Esses duzentos e vinte homens estavam todos registrados por nome. Então determinei um jejum enquanto estávamos junto ao canal de Aava, de maneira que humildemente pedíssemos ao nosso Deus para que ele nos desse uma boa viagem e nos protegesse, como também a nossos filhos e nossos bens. Fiquei com vergonha de pedir ao rei que nos enviasse soldados e cavalaria para nos acompanhar e proteger dos inimigos ao longo do caminho. Além disso, havíamos falado ao rei que a mão bondosa do nosso Deus protegeria todos os que adoravam o Senhor e que o seu poder e a sua ira estariam contra todos que o abandonassem! Assim jejuamos e pedimos a Deus que nos protegesse. E ele atendeu à nossa oração. Depois nomeei doze chefes dos sacerdotes: Serebias, Hasabias e outros dez sacerdotes, e pesei diante deles a prata, o ouro, os vasos de ouro e os outros objetos que o rei e seu conselho, os magistrados e o povo de Israel haviam doado para o templo de Deus. Pesei e entreguei a eles 22.750 quilos de prata, três toneladas e meia de utensílios de prata, três toneladas e meia de ouro, vinte vasos de ouro, cada um pesando oito quilos e meio. Também havia duas lindas peças de bronze que eram tão valiosas como o ouro. Eu mesmo consagrei esses homens ao Senhor, e depois consagrei os utensílios. A prata e o ouro são ofertas voluntárias ao Senhor, o Deus de nossos antepassados. Guardem bem esses tesouros até que cheguem às salas do templo do Senhor em Jerusalém e pesem diante dos chefes dos sacerdotes, dos levitas e dos líderes do povo de Israel. Então os sacerdotes e os levitas receberam a prata, o ouro e os utensílios sagrados, para levar tudo ao templo do nosso Deus, em Jerusalém. No décimo segundo dia do primeiro mês partimos do canal de Aava e fomos para Jerusalém. E a mão do nosso Deus nos protegeu e nos salvou do ataque inimigo e dos bandidos pelo caminho. Desse modo, finalmente, chegamos a salvo em Jerusalém e descansamos três dias. No quarto dia, pesamos a prata, o ouro e os utensílios sagrados no templo do nosso Deus. A pesagem foi feita por Meremote, filho do sacerdote Urias. Estavam com ele Eleazar, filho de Fineias, e os levitas Jozabade, filho de Jesua, e Noadias, filho de Binui. A prata, o ouro e os utensílios foram contados e pesados, e o peso foi registrado. Então todos do nosso grupo, os exilados que tinham voltado do cativeiro, oferecemos ao Deus de Israel sacrifícios queimados: doze bois pela nação de Israel, noventa e seis carneiros, setenta e sete cordeiros e doze bodes como oferta pelo pecado. Tudo foi oferecido como sacrifício queimado ao Senhor. Os decretos do rei foram entregues aos representantes dele e aos governadores de todas as províncias situadas a oeste do rio Eufrates, que ajudaram na reconstrução do templo de Deus. Acabadas estas coisas, os líderes vieram dizer-me: “Muitos do povo de Israel e até mesmo alguns dos sacerdotes e levitas não ficaram separados dos povos vizinhos e das práticas horríveis dos cananeus, dos heteus, dos ferezeus, dos jebuseus, dos amonitas, dos moabitas, dos egípcios e dos amorreus. Os homens de Israel casaram-se com mulheres dessas nações pagãs e as tomaram por esposas de seus filhos. Dessa maneira, o povo santo de Deus se misturou através desses casamentos mistos; e os líderes e oficiais foram os primeiros a se tornarem infiéis. Quando ouvi isto, fiquei tão chocado que rasguei a minha túnica e o meu manto, arranquei os cabelos da cabeça e da barba e me assentei completamente desorientado. Então todos os que tremiam diante das palavras do Deus de Israel se assentaram comigo por causa da infidelidade dos exilados. E eu permaneci assentado, atônito, até o sacrifício da tarde. Quando chegou a hora do sacrifício da tarde, eu me levantei e saí da minha humilhação perante o Senhor. Então me ajoelhei para orar, ainda com as minhas roupas rasgadas, e levantei as mãos para o Senhor, o meu Deus, e clamei: Ó meu Deus, estou envergonhado e humilhado e não tenho coragem de levantar o meu rosto para o Senhor, meu Deus, porque os nossos pecados cobrem a nossa cabeça, e nossa culpa é ilimitada como os céus. Toda a nossa história tem sido uma história de pecado; é por isso que nós, nossos reis e nossos sacerdotes fomos mortos à espada, fomos ao cativeiro, fomos roubados e humilhados, exatamente como se vê hoje. Mas agora nos foi concedido um momento de paz, pois o Senhor, o nosso Deus, foi misericordioso e permitiu que alguns poucos de nós voltássemos de nosso exílio para Jerusalém. O Senhor está nos dando um lugar seguro neste santo lugar, para iluminar os nossos olhos e nos dar um pouco de alívio em nossa escravidão, e uma nova vida. Porque fomos escravos, mas por meio do seu amor e misericórdia, o nosso Deus não nos abandonou na escravidão. Pelo contrário, ele fez com que os reis da Pérsia fossem favoráveis a nós. Eles chegaram mesmo a ajudar-nos a reconstruir o templo de nosso Deus e nos deram Jerusalém como uma cidade rodeada de muros em Judá, dando-nos nova vida. E agora, ó nosso Deus, o que podemos dizer depois de tudo isto? Porque uma vez mais nós abandonamos os mandamentos que o Senhor nos deu por meio dos seus servos, os seus fiéis profetas, quando o Senhor disse: “A terra que vocês vão possuir está completamente profanada pelas práticas terríveis dos povos que vivem lá. De uma extremidade até a outra ela está cheia de abominação e corrupção. Portanto, não deixem que suas filhas se casem com os filhos daquela gente, e não deixem que os seus filhos se casem com as filhas deles. Jamais procurem o bem-estar e a paz desses povos. Somente dessa maneira vocês serão fortes e desfrutarão os bons frutos produzidos por esta terra e a deixarão para os seus filhos como uma herança para todo o sempre”. Agora, depois de tudo que nos aconteceu por causa de nossa maldade e por causa da nossa grande culpa, apesar de sermos castigados muito menos do que merecíamos, ó Deus, mesmo assim o Senhor permitiu que alguns de nós voltassem. Quebramos os seus mandamentos outra vez e nos casamos com pessoas desses povos que praticam esses atos horríveis. Certamente a sua ira nos destruirá agora e nem mesmo este pequeno resto irá escapar. Ó Senhor, Deus de Israel, o Senhor é um Deus justo, e até hoje nos deixou escapar com vida. Aqui estamos diante do Senhor com a nossa culpa. Não temos direito de permanecer na sua presença. Enquanto eu, Esdras, estava curvado no chão diante do templo, chorando, orando e fazendo esta confissão, uma grande multidão de Israel, homens, mulheres e crianças, ajuntou-se ao redor de mim, e todos choravam amargamente comigo. Então Secanias, filho de Jeiel, da família de Elão, me disse: “Reconhecemos nosso pecado contra nosso Deus, pois casamos com essas mulheres estrangeiras dos povos vizinhos. Porém, há esperança para Israel, apesar disso, pois concordamos diante de nosso Deus em separar-nos de nossas esposas e mandá-las de volta com seus filhos. Seguiremos as ordens que o senhor nos der e as ordens daqueles que tremem diante dos mandamentos do nosso Deus. Obedeceremos às leis de Deus. Tenha coragem e diga-nos como devemos proceder, e cooperaremos em tudo. Portanto, anime-se, e mãos à obra!” Então Esdras se levantou e exigiu que os chefes dos sacerdotes, os levitas e todo o povo de Israel jurassem que eles fariam conforme Secanias havia dito. E todos eles juraram. Depois Esdras retirou-se de diante do templo de Deus e entrou na sala de Joanã, filho de Eliasibe. Ele passou a noite ali e recusou todo alimento e toda bebida, pois chorava por causa do pecado de infidelidade dos que voltaram do cativeiro. Depois disso, foi feita uma proclamação por todo o Judá e Jerusalém para que todos os exilados comparecessem em Jerusalém. Os líderes e anciãos tinham decidido que qualquer pessoa que se recusasse a vir no prazo de três dias perderia todos os seus bens e seria expulsa da comunidade dos que voltaram do exílio. Dentro de três dias, todos os homens de Judá e de Benjamim chegaram a Jerusalém, e no vigésimo dia do nono mês todo o povo estava assentado no espaço aberto que há diante do templo. Eles estavam tremendo porque o assunto era muito sério e por causa da chuva pesada que caía. Então o sacerdote Esdras levantou-se e lhes disse: “Vocês pecaram porque se casaram com mulheres estrangeiras, aumentando a culpa do povo de Israel. Confessem os seus pecados ao Senhor, o Deus de seus pais, e façam o que ele ordenar. Separem-se dos povos pagãos ao redor de vocês e das suas mulheres estrangeiras”. Então todo o povo respondeu em voz alta: “Faremos o que você disse. Mas isto não é coisa que se possa fazer em um dia ou dois, pois há muitos de nós envolvidos nessa questão pecaminosa. E está chovendo tão forte que não podemos ficar aqui fora por mais tempo. Deixe que nossos líderes organizem os julgamentos para nós. Todo aquele que tiver mulher estrangeira virá num dia combinado com os anciãos e os juízes de sua cidade; então cada caso será decidido e a situação será resolvida para que se afaste de nós a ardente ira de nosso Deus por causa do nosso pecado”. Somente Jônatas, filho de Asael, Jaseías, filho de Ticva, Mesulão e Sabetai, o levita, se opuseram a isto. E assim fizeram os que voltaram do exílio. Então o sacerdote Esdras escolheu alguns homens entre os chefes dos grupos de famílias como juízes. E o trabalho começou no primeiro dia do décimo mês. No primeiro dia do primeiro mês terminaram de examinar todos os casos dos homens que haviam se casado com mulheres estrangeiras. Esta é a lista dos descendentes de sacerdotes que se casaram com mulheres estrangeiras. Os filhos de Jesua, filho de Jozadaque, e seus irmãos, Maaseias, Eliezer, Jaribe e Gedalias. Eles fizeram voto de separar-se de suas mulheres e reconheceram sua culpa, e cada um ofereceu um carneiro como sacrifício. Dos filhos de Imer: Hanani, Zebadias. Dos filhos de Harim: Maaseias, Elias, Semaías, Jeiel, Uzias. Dos filhos de Pasur: Elioenai, Maaseias, Ismael, Natanael, Jozabade, Eleasa. Dos levitas que eram culpados: Jozabade, Simei, Quelaías, também chamado Quelita, Petaías, Judá e Eliezer. Dos cantores, Eliasibe. Dos porteiros: Salum, Telém e Uri. Esta é a lista dos demais israelitas que foram declarados culpados: Da família de Parós: Ramias, Jezias, Malquias, Miamim, Eleazar, Malquias, Benaia. Da família de Elão: Matanias, Zacarias, Jeiel, Abdi, Jeremote e Elias. Da família de Zatu: Elioenai, Eliasibe, Matanias, Jeremote, Zabade, Aziza. Da família de Bebai: Joanã, Hananias, Zabai, Atlai. Da família de Bani: Mesulão, Maluque, Adaías, Jasube, Seal, Jeremote. Da família de Paate-Moabe: Adna, Quelal, Benaia, Maaseias, Matanias, Bezaleel, Binui, Manassés. Da família de Harim: Eliezer, Issias, Malquias, Semaías, Simeão, Benjamim, Maluque, Semarias. Da família de Hasum: Matanai, Matatá, Zabade, Elifelete, Jeremai, Manassés, Simei. Da família de Bani: Maadai, Anrão, Uel, Benaia, Bedias, Queluí, Vanias, Meremote, Eliasibe, Matanias, Matenai, Jaasai, Bani, Binui, Simei, Selemias, Natã, Adaías, Macnadbai, Sasai, Sarai, Azareel, Selemias, Semarias, Salum, Amarias e José. Da família de Nebo: Jeiel, Matitias, Zabade, Zebina, Jadai, Joel, Benaia. Cada um desses homens tinha mulheres estrangeiras, e muitos tiveram filhos com essas mulheres. História da vida de Neemias, filho de Hacalias, escrita por ele mesmo: No mês de quisleu no vigésmo ano de Artaxerxes, rei da Pérsia, enquanto eu estava no palácio na cidade de Susã, um de meus irmãos, chamado Hanani, veio me fazer uma visita em companhia de alguns homens que haviam chegado de Judá. Na conversa que tive com eles procurei saber como iam as coisas em Jerusalém. “Como estão os judeus que restaram, aqueles que voltaram do cativeiro, e como está Jerusalém?”, perguntei a eles. Eles responderam: “As coisas por lá não andam nada boas; os que sobreviveram ao exílio e estão de volta na província de Judá passam por grande aflição e humilhação. Os muros de Jerusalém ainda estão derrubados, e as suas portas estão destruídas pelo fogo”. Quando ouvi o que eles disseram, senteime e chorei. Na verdade, durante alguns dias eu não quis saber de comer, pois passava o tempo orando ao Deus dos céus. Então clamei: Ó Senhor, Deus dos céus, grande e temível, que guarda a aliança e é misericordioso com aqueles que o amam e obedecem aos seus mandamentos! Que os seus ouvidos estejam atentos e os seus olhos abertos à oração que o seu servo está fazendo noite e dia em favor dos seus servos, o povo de Israel. Confesso que nós, os israelitas, temos pecado contra o Senhor. É verdade, eu e meu povo temos pecado. Com os nossos atos, temos pecado de forma perversa contra o Senhor. Não temos obedecido aos mandamentos e às leis que o Senhor nos deu por intermédio de seu servo Moisés. Por favor, lembre-se do que disse ao seu servo Moisés: “Se vocês pecarem, eu os espalharei entre as nações; mas se voltarem para mim e obedecerem aos meus mandamentos, mesmo que estejam espalhados como escravos pelos lugares mais distantes debaixo do céu, eu os trarei de volta para este lugar que escolhi para ser adorado”. Nós somos os seus servos; nós somos o povo que o Senhor resgatou com o seu grande poder e o seu forte braço. Ó Senhor, por favor, que os seus ouvidos estejam atentos à oração deste seu servo! Ouça também as orações dos seus servos que têm prazer em honrar o seu nome. Ajude-me para que eu hoje seja bem-sucedido, e que o rei seja bondoso comigo. Nesse tempo eu trabalhava como copeiro do rei. No mês de nisã do vigésimo ano do rei Artaxerxes, eu estava servindo vinho ao rei. O rei nunca me havia visto triste antes quando estava na sua presença. Por isso ele me perguntou: “Por que você está com o rosto tão triste? Por acaso está doente? Você me parece um homem que está passando por grandes dificuldades”. Fiquei com muito medo diante da pergunta, mas respondi ao rei: “Que o rei viva para sempre! Senhor, por que não deveria eu estar triste, se a cidade onde estão enterrados os meus pais está em ruínas, e as suas portas foram destruídas pelo fogo?” “E o que se pode fazer?”, perguntou o rei. Fiz uma oração ao Deus dos céus pedindo orientação, e respondi: “Se for do agrado do rei e se o rei me tratar com seu real favor, peço que me deixe ir a Judá para reconstruir a cidade em que meus pais estão enterrados!” Então o rei, na presença da rainha que estava sentada ao seu lado, me perguntou: “Quanto tempo você ficará ausente? Quando pretende voltar?” Eu marquei um prazo para a minha partida, e ele concordou que eu fosse. Então acrescentei: “Se for do agrado do rei, peço que me dê cartas de apresentação para os governadores que estão a oeste do rio Eufrates, com instruções para me deixarem passar pelas suas terras em minha viagem a Judá; e também uma carta para Asafe, o administrador das florestas do rei, com instruções para que ele me forneça a madeira para as vigas e para as portas da fortaleza que fica junto ao templo, e para os muros da cidade e para a minha própria casa”. E o rei concordou com esses pedidos, pois Deus estava sendo bondoso comigo. Quando cheguei às terras que ficam a oeste do rio Eufrates, entreguei as cartas do rei aos governadores dali. Devo acrescentar que o rei mandou comigo uma escolta de oficiais do exército e tropas para a minha proteção! Aconteceu que Sambalate, o horonita, e Tobias, um oficial amonita que fazia parte do governo, ouviram falar de minha chegada, e ficaram com muita raiva pelo fato de alguém estar interessado em ajudar os descendentes de Israel. Três dias depois da minha chegada a Jerusalém, saí durante a noite, sem que ninguém visse; levei comigo apenas alguns homens, pois eu não havia falado com ninguém a respeito dos planos para Jerusalém que Deus havia colocado em meu coração. Eu ia montado no meu animal, e os outros iam a pé. Saímos à noite pela porta do Vale em direção à fonte do Dragão e da porta do Monturo para examinar o muro de Jerusalém que havia sido derrubado e as portas queimadas pelo fogo. Depois fui até a porta da Fonte e ao açude do Rei, mas o meu animal não podia passar por falta de espaço. Assim, demos uma volta ao redor da cidade e segui pelo ribeiro, ainda de noite, examinando o muro, e entrei de novo pela porta do Vale. As autoridades da cidade não sabiam aonde eu tinha ido, nem o que eu estava fazendo, pois até esse momento eu não tinha dito nada aos judeus, aos sacerdotes, às autoridades, aos oficiais e àqueles que deveriam realizar o trabalho. Então eu disse a eles: “Vocês conhecem muito bem a tragédia de nossa cidade. Jerusalém está em ruínas e as suas portas estão queimadas. Venham, vamos reconstruir os muros de Jerusalém, para que fiquemos livres desta desgraça!” Então falei a eles sobre o desejo que Deus havia colocado em meu coração, e sobre a minha conversa com o rei, e acerca do plano com o qual o rei estava concordando. Eles responderam imediatamente: “Ótimo! Vamos reconstruir os muros!” E se encheram de coragem para a realização dessa obra. Quando Sambalate, o horonita, Tobias, o oficial amonita, e Gesém, o árabe, ouviram falar de nosso plano, zombaram de nós, desprezaram-nos e perguntaram: “O que vocês estão fazendo? Será que não percebem que dessa maneira estão se rebelando contra o rei?” Mas eu respondi: “O Deus dos céus nos ajudará, e nós, os seus servos, reconstruiremos estes muros; porém vocês não podem fazer parte desse trabalho, porque não têm parte legal, nem lembrança em Jerusalém”. Então Eliasibe, o sumo sacerdote, e os outros sacerdotes começaram a reconstruir o muro que ia até a torre dos Cem e até a torre de Hananel; depois de reconstruírem a porta das Ovelhas, eles a consagraram e colocaram as portas no seu lugar. Os homens que vieram da cidade de Jericó trabalharam perto deles, e logo adiante estava a turma de trabalho dirigida por Zacur, filho de Inri. Os filhos de Hassenaá reconstruíram a porta do Peixe; eles fizeram o trabalho completo: cortaram as vigas, colocaram as portas, e fizeram os ferrolhos e as trancas. Meremote, filho de Urias, que era filho de Hacoz, consertou a parte seguinte do muro. Ao seu lado, Mesulão, filho de Berequias, que era filho de Mesezabeel, fez os reparos; e ao seu lado trabalhava Zadoque, filho de Baanã. O trecho seguinte foi reparado pelos homens que vieram de Tecoa, mas os chefes deles não quiseram se juntar ao serviço, rejeitando a orientação dos seus supervisores. Joiada, filho de Paseia, e Mesulão, filho de Besodias, consertaram a porta Velha. Eles colocaram as vigas, montaram as portas e puseram os ferrolhos e as trancas. Do lado deles estavam Melatias de Gibeom e Jadom de Meronote, e os homens de Gibeom e de Mispá, que eram cidadãos da província do Eufrates-Oeste. Uziel, filho de Haraías, era um dos ourives, mas ele também trabalhou no muro e reparou o trecho seguinte. Junto dele estava Hananias, um fabricante de perfume. Eles reconstruíram Jerusalém até o muro Largo. Refaías, filho de Hur, prefeito da metade do distrito de Jerusalém, fez os reparos do trecho seguinte. Jedaías, filho de Harumafe, consertou o muro em frente da sua própria casa, e Hatus, filho de Hasabneias fez os reparos ao seu lado. Em seguida vinham Malquias, filho de Harim, e Hasube, filho de Paate-Moabe, que consertaram a torre dos Fornos e também uma parte do muro. Salum, filho de Haloês, e as filhas dele consertaram a parte seguinte. Salum era o prefeito da outra metade do distrito de Jerusalém. O povo de Zanoa, dirigido por Hanum, reconstruiu a porta do Vale. Eles colocaram as portas, os ferrolhos e as trancas. Depois consertaram os quatrocentos e cinquenta metros seguintes do muro até a porta do Monturo. Malquias, filho de Recabe, prefeito do distrito de Bete-Haquerém, consertou a porta do Monturo; e depois de construir essa porta, colocou as portas, os ferrolhos e as trancas. Salum, filho de Col-Hosé, prefeito do distrito de Mispá, consertou a porta da Fonte. Ele reconstruiu essa porta, colocou o telhado, assentou as portas, e colocou os ferrolhos e as trancas. Depois consertou o muro desde o açude de Siloé até o jardim do rei e até os degraus que descem da Cidade de Davi. Perto dele estava Neemias, filho de Azbuque, prefeito da metade do distrito de Bete-Zur, que fez os reparos até o cemitério real de Davi, o reservatório artificial de água, e até a casa dos heróis. Em seguida vinha o grupo de levitas que trabalhavam sob a direção de Reum, filho de Bani. Junto a ele vinha Hasabias, prefeito da metade do distrito de Queila, que dirigia a reconstrução do muro em seu próprio distrito. Logo abaixo estavam os seus compatriotas chefiados por Bavai, filho de Henadade, prefeito da outra metade do distrito de Queila. Junto deles os trabalhadores eram dirigidos por Ézer, filho de Jesua, prefeito da outra metade de Mispá. Também eles trabalharam na parte do muro do outro lado da casa de armas, indo até a esquina do muro. Perto dele estava Baruque, filho de Zabai, que reconstruiu o muro desde a esquina do muro até a casa de Eliasibe, o sumo sacerdote. Meremote, filho de Urias, filho de Coz, reparou a parte do muro que vai desde um ponto em frente à porta da casa de Eliasibe até o lado da casa. Em seguida estavam os sacerdotes que moravam ao redor de Jerusalém. Benjamim, Hassube, e Azarias, fílho de Maaseias, filho de Ananias, consertaram as partes próximas de suas próprias casas. Em seguida vinha Binui, filho de Henadade, que reparou a parte do muro desde a casa de Azarias até a esquina do muro. Palal, filho de Uzai, dirigiu o trabalho desde a esquina do muro até os alicerces da torre alta do castelo do rei, ao lado do pátio da guarda. Depois dele vinha Pedaías, filho de Parós. Os servidores do templo que moravam em Ofel consertaram o muro até a porta das Águas, na direção do leste, e até a torre de Projeção. Em seguida vinham os homens de Tecoa, que consertaram a parte que dá frente para a torre do Castelo, até o muro de Ofel. Os sacerdotes consertaram o muro além da porta dos Cavalos, cada um deles consertando a parte que ficava em frente à sua própria casa. Zadoque, filho de Imer, também reconstruiu o muro próximo à sua própria casa, e ao seu lado Semaías, filho de Secanias, porteiro da porta Oriental, fez os reparos. Em seguida Hananias, filho de Selemias e Hanum, o sexto filho de Zalafe, fez os reparos; e Mesulão, filho de Berequias, consertou o muro em frente à sua própria casa. Malquias, um dos ourives, consertou o muro até a casa dos servidores do templo e dos negociantes, defronte a porta da Guarda, e até o posto de vigia da esquina. Os outros ourives e negociantes completaram o muro desde essa esquina até a porta das Ovelhas. Sambalate ficou furioso quando soube que estávamos reconstruindo o muro. Ficou indignado e dirigiu muitos insultos contra nós, caçoou de nós, e a mesma coisa fizeram os seus amigos e os oficiais do exército samaritano. “O que esse punhado de judeus pobres e fracos pensa que está fazendo?”, caçoava ele. “Será que eles pensam que podem reconstruir o muro em um dia? Será que oferecerão sacrifícios ao Deus deles? E olhem para essas pedras queimadas que eles estão arrastando dos montes de entulho e usando novamente!” Tobias, o amonita, que estava de pé ao lado dele, disse caçoando: “Pois que construam! Basta uma simples raposa andar em cima do muro deles, e o muro cairá!” Então fiz esta oração: “Ó Deus, ouça-nos, porque estamos sendo desprezados. Que tudo isso caia sobre as cabeças deles, e que eles se tornem escravos numa terra estrangeira! Não deixe sem castigo o pecado deles. Não apague esse pecado, pois provocaram o Senhor diante dos que edificam o muro”. Por fim o muro foi reconstruído até a metade da altura que ele tinha antes, ao redor da cidade toda — pois os homens trabalharam duramente. Mas quando Sambalate, Tobias e os árabes, os amonitas e os homens de Asdode ouviram dizer que a obra continuava e que as brechas no muro estavam sendo fechadas, ficaram furiosos. Tramaram levar um exército contra Jerusalém para provocar revoltas e confusão. Mas nós oramos ao nosso Deus e guardamos a cidade dia e noite, para a nossa própria proteção. Então alguns dos chefes começaram a falar: “Os trabalhadores estão ficando cansados, e ainda há muito entulho. Como vamos terminar a reconstrução desse muro?” Nesse meio-tempo, nossos inimigos diziam: “Planejemos um ataque surpresa e antes que descubram, estaremos bem ali no meio deles para matar todos e acabar com a obra deles”. Então os judeus que habitavam perto deles vieram e dez vezes nos disseram: “Eles nos atacarão de todos os lugares”. Por isso coloquei guardas armados com espadas, lanças, arcos e flechas, por grupos de famílias, nos espaços livres atrás dos muros. Então, quando examinei a situação, reuni os chefes e o povo e disse: “Não tenham medo! Lembrem-se que o Senhor é grande e glorioso; lutem por seus irmãos, por seus filhos e filhas, por suas mulheres e por seus lares!” Nossos inimigos descobriram que sabíamos do plano deles, e que Deus tinha frustrado esse plano. Então todos nós voltamos ao nosso trabalho no muro. Porém, desse dia em diante, somente a metade trabalhava, enquanto a outra metade permanecia armada de lanças, escudos, arcos e couraças. Os oficiais davam apoio a todo o povo de Judá que estava reconstruindo o muro. E os pedreiros e os operários faziam o trabalho com uma mão e com a outra seguravam uma arma, ou estavam com as espadas na cintura enquanto trabalhavam. O tocador de trombeta ficava comigo para dar o sinal de alarme. Então eu disse aos nobres, aos oficiais e ao povo: “A obra é grande e nós estamos muito separados uns dos outros ao longo do muro. Assim, quando vocês ouvirem tocar a trombeta, devem correr depressa para onde eu estou; e Deus lutará por nós!” Trabalhávamos o dia inteiro, desde o raiar do sol, até quando ele desaparecia no horizonte; metade dos homens estava sempre de guarda. Eu disse a todos os que moravam fora dos muros que deveriam passar a noite em Jerusalém, de maneira que pudessem prestar serviço de guarda de noite e também trabalhar durante o dia. Durante esse tempo, eu, os meus irmãos, os meus homens de confiança e os guardas que estavam comigo, não tiramos a roupa do corpo. E não largávamos as nossas armas para nada. Por esse tempo houve um grande grito de protesto tanto de homens como de mulheres contra os seus irmãos judeus. Alguns diziam: “As nossas famílias são grandes, e precisamos de trigo para nos alimentarmos e continuarmos vivos”. Outros diziam: “Tivemos de penhorar nossas terras, nossas vinhas e nossas casas para conseguir trigo para matar a nossa fome”. E outros, ainda, diziam: “Tivemos de tomar dinheiro emprestado para pagar o imposto cobrado sobre as nossas terras e as nossas vinhas. Somos irmãos deles, e nossos filhos são iguais aos filhos deles. No entanto, somos obrigados a vender nossos filhos e nossas filhas como escravos, a fim de conseguirmos dinheiro suficiente para viver. Já vendemos algumas de nossas filhas, e não temos recursos para comprá-las de volta, pois as nossas terras e as nossas vinhas foram penhoradas por esses homens”. Fiquei muito revoltado quando ouvi a reclamação. Assim, depois de pensar sobre o assunto, falei com toda a franqueza com os nobres e oficiais, membros do governo. “O que vocês estão fazendo?”, perguntei. “Como têm a coragem de cobrar juros dos seus irmãos?” Então convoquei um julgamento público para tratar com eles. No julgamento, disse a eles: “Nós, os que restamos, fazemos tudo o que podemos para comprar de volta nossos irmãos judeus que haviam sido vendidos aos outros povos, mas vocês estão até vendendo os seus irmãos! Quantas vezes temos de pagar para que nossos irmãos fiquem livres?” E eles nada tinham para dizer em sua própria defesa. Então eu continuei: “O que vocês estão fazendo é muito mau; vocês deveriam andar no temor de nosso Deus. Já temos inimigos de sobra entre as nações, zombando de nós; eles estão procurando a nossa destruição. Eu, os meus irmãos, e meus homens, temos emprestado dinheiro e cereais a nossos irmãos judeus. Mas agora, todos nós, vamos parar de cobrar juros. Devolvam a eles suas terras, suas vinhas, suas plantações de oliveiras e suas casas hoje mesmo, e também a centésima parte do dinheiro, do trigo, do vinho e do azeite”. E eles responderam: “Nós devolveremos tudo que foi citado e não exigiremos mais nada deles. Vamos fazer o que você está pedindo”. Depois convoquei os sacerdotes e fiz com que aqueles homens jurassem, diante de testemunhas, que cumpririam essa promessa. Depois sacudi a faixa do meu manto e disse: “Que Deus os sacuda de seus lares e de seu sustento, se vocês deixarem de cumprir esta promessa. Tal pessoa seja sacudida e esvaziada!” E todo o povo gritou: “Amém”, louvando o Senhor. E o povo cumpriu o que havia prometido. Durante os doze anos em que fui governador de Judá, desde o vigésimo ano do reinado do rei Artaxerxes, até o trigésimo segundo ano do seu reinado, meus ajudantes e eu não aceitamos salários nem outra assistência do povo de Israel. Isso era muito diferente dos antigos governadores, que exigiam alimento, vinho e quatrocentos e oitenta gramas de prata, deixando que seus ajudantes tratassem a população como bem entendessem. Esses ajudantes oprimiam o povo. Mas por temor a Deus eu não agi dessa maneira. Permaneci trabalhando no muro e não quis saber de negociar com terras. Também exigi que meus oficiais passassem o tempo trabalhando no muro. Além disso, cento e cinquenta homens, entre judeus do povo e seus oficiais, comiam à minha mesa, além dos visitantes das nações vizinhas. A alimentação necessária para cada dia era de um boi, seis ovelhas gordas e um grande número de aves domésticas. E precisávamos de um grande abastecimento de todos os tipos de vinho a cada dez dias. No entanto, eu fui contrário a cobrar um imposto especial do povo destinado ao governador, pois todos já estavam passando por tempos difíceis. Ó meu Deus, por favor, lembre-se de tudo o que eu tenho feito por essas pessoas, e abençoe-me por isso. Quando Sambalate, Tobias, Gesém, o árabe, e os outros dentre os nossos inimigos descobriram que já havíamos quase completado a reconstrução do muro, e que não havia nenhuma brecha, se bem que ainda não tínhamos colocado todas as portas dos portões nos seus lugares, eles me mandaram o seguinte recado: “Venha, vamos nos encontrar numa das vilas na campina de Ono”. Mas compreendi que planejavam me fazer mal; por isso respondi, mandando este recado: “Estou fazendo um trabalho muito importante! Não vejo motivo para suspender o trabalho e ir conversar com vocês”. Quatro vezes eles mandaram o mesmo recado, e sempre dei a mesma resposta. Da quinta vez, o ajudante de Sambalate veio com uma carta aberta na mão, que dizia assim: “Gesém me diz que por toda parte aonde ele vai, ouve dizer que os judeus planejam uma revolta, e é por isso que vocês estão construindo o muro. Ele afirma que você planeja ser o rei deles. Isso é o que andam dizendo por aí. Ele também conta que você nomeou profetas que fazem campanha a seu favor em Jerusalém, dizendo: ‘Olhem! Há um rei em Judá!’ Você pode ficar certo de que vou levar essas notícias ao conhecimento do rei Artaxerxes! Por isso, vamos nos encontrar e conversar a respeito dessa situação”. Minha resposta foi esta: “Você sabe que está mentindo. Não há qualquer verdade em toda essa história. Você está apenas tentando intimidar-nos para que paremos a nossa obra”. Eu, porém, orei pedindo: “Ó Senhor Deus, por favor, dê-me forças!” Alguns dias mais tarde fui visitar Semaías, filho de Delaías, que era filho de Meetabel, pois ele me disse que tinha recebido uma mensagem de Deus. “Vamos esconder-nos no templo e trancar bem a porta”, exclamou, “pois esta noite eles vêm para matar você”. Eu, porém, respondi: “Eu, o governador, deveria fugir do perigo? Não sou sacerdote; por isso, se entrar no templo, estarei sujeito a perder a vida. Não, eu não vou fazer isso!” Então vi que Deus não tinha falado com ele, porém Tobias e Sambalate tinham contratado Semaías para me assustar e fazer com que eu pecasse, fugindo para dentro do templo. Então eles poderiam fazer acusação contra mim e desacreditar-me. Eu orei: “Ó meu Deus, não se esqueça de todo o mal feito por Tobias, Sambalate e a profetisa Noadia, e de todos os outros profetas que me tentaram intimidar”. Finalmente o muro foi terminado no vigésimo quinto dia de elul, exatamente cinquenta e dois dias depois que começamos! Quando todos os nossos inimigos e as nações vizinhas ouviram essa notícia, ficaram com medo e humilhados, e reconheceram que a obra tinha sido feita com o auxílio de nosso Deus. Durante aqueles cinquenta e dois dias muitas cartas iam e vinham entre Tobias e os ricos políticos de Judá, pois muitos em Judá haviam jurado lealdade a ele porque o sogro dele era Secanias, filho de Ara, e seu filho, Joanã, havia se casado com a filha de Mesulão, filho de Berequias. Todos eles me disseram que Tobias era um homem excelente, contando também a Tobias tudo quanto eu disse; e Tobias me mandou muitas cartas com ameaças, a fim de me intimidar. Depois que o muro foi reconstruído e havíamos colocado as portas nos batentes e nomeado os porteiros, os cantores e os levitas, passei a responsabilidade de governar Jerusalém ao meu irmão Hanani e a Hananias, o comandante da fortaleza — um homem muito fiel, temente a Deus, mais do que a maioria dos homens. Dei as seguintes instruções a eles: As portas de Jerusalém somente deverão ser abertas bem depois do nascer do sol, e fechem e tranquem as portas enquanto os guardas estão de vigia. Também resolvi que os guardas fossem moradores de Jerusalém, e que deveriam estar de serviço em horários certos, sendo que cada proprietário que mora perto do muro guardaria a parte do muro perto de sua casa. Ora, a cidade era grande e espaçosa, mas a população era pequena; e as casas ainda não haviam sido reconstruídas. Então o meu Deus colocou no meu coração convocar todos os chefes da cidade, juntamente com os cidadãos comuns, para fazer o registro por famílias. Eu havia encontrado o registro das famílias dos que foram os primeiros a voltar para Judá, e nesse registro estava escrito o seguinte: “Eis a relação dos nomes dos judeus que voltaram para Jerusalém e para Judá depois de serem escravizados pelo rei Nabucodonosor da Babilônia, junto com Zorobabel, Jesua, Neemias, Ararias, Raamias, Naamani, Mordecai, Bislã, Misperete, Bigvai, Neum e Baaná. E esta é a lista e o número dos que retornaram, de acordo com os grupos de famílias das respectivas cidades: “Da família de Parós, 2.172; da família de Sefatias, 372; da família de Ará, 652; das famílias de Jesua e Joabe, pertencentes à família de Paate-Moabe, 2.818; da família de Elão, 1.254; da família de Zatu, 845; da família de Zacai, 760; da família de Binui, 648; da família de Bebai, 628; da família de Azgade, 2.322; da família de Adonicão, 667; da família de Bigvai, 2.067; da família de Adim, 655; da família de Ezequias, que é da família de Ater, 98; da família de Hassum, 328; da família de Bezai, 324; da família de Harife, 112; da família de Gibeom, 95; das famílias de Belém e de Netofa, 188; da família de Anatote, 128; da família de Bete-Azmavete, 42; das famílias de Quiriate-Jearim, Quefira e Beerote, 743; das famílias de Ramá e Geba, 621; da família de Micmás, 122; das famílias de Betel e Ai, 123; da família de Nebo, 52; da família de Elão, 1.254; da família de Harim, 320; da família de Jericó, 345; das famílias de Lode, Hadide e Ono, 721; da família de Senaá, 3.930. “Aqui estão os números referentes aos sacerdotes que voltaram: “Da família de Jesua, que é da família de Jedaías, 973; da família de Imer, 1.052; da família de Pasur, 1.247; da família de Harim, 1.017. “Estes são os números referentes aos levitas: Da família de Cadmiel, da casa de Hodeva, que é da família de Jesua, 74. “Os cantores da família de Asafe, 148. Das famílias de Salum, Ater, Talmom, Acube, Hatita e Sobai, todos porteiros, 138. “Estavam representadas as seguintes famílias de servidores do templo: “Os descendentes de Zia, Hasufa, Tabaote, Queros, Sia, Padom, Lebana, Hagaba, Salmai, Hanã, Gidel, Gaar, Reaías, Rezim, Necoda, Gazão, Uzá, Paseia, Besai, Meunim, Nefusim, Baquebuque, Hacufa, Harur, Baslite, Meída, Harsa, Barcos, Sísera, Tamá, Nesias e Hatifa. “Eis a lista dos descendentes dos oficiais de Salomão que voltaram para Judá: “Sotai, Soferete, Perida, Jaalá, Darcom, Gidel, Sefatias, Hatil, Poquerete-Hazebaim, Amom. “No total, os servidores do templo e os descendentes dos oficiais de Salomão somavam 392”. Outro grupo voltou para Jerusalém naquela ocasião. Esse grupo vinha das cidades persas de Tel-Melá, Tel-Harsa, Querube, Ado e Imer. Porém eles haviam perdido todos os registros de família e não puderam provar que eram descendentes dos judeus; esse grupo era das famílias de Delaías, Tobias e Necoda, num total de 642. Havia também diversas famílias de sacerdotes: “os descendentes de Habaías, Hacoz e Barzilai. Este Barzilai se casou com uma das filhas de Barzilai, o gileadita, e adotou o nome da família dela. Mas também eles perderam todos os registros de família. Por isso não tiveram permissão de continuar como sacerdotes. O governador judeu determinou que nem mesmo podiam receber como alimento a porção dos sacrifícios que era dada aos sacerdotes, até que se consultasse o Urim e Tumim para saber de Deus se eles eram, na verdade, descendentes de sacerdotes. Havia um total de 42.360 homens que voltaram para Judá naquela ocasião, além de 7.337 servos e servas, e 245 cantores e cantoras. Eles levaram consigo 736 cavalos, 245 mulas, 435 camelos e 6.720 jumentos. Alguns dos chefes deles fizeram ofertas para a obra. O governador deu oito quilos em ouro, 50 vasos de ouro e 530 vestes sacerdotais. Os outros chefes dos grupos de famílias deram um total de cento e sessenta quilos em ouro e mil e trezentos e vinte quilos de prata; e o povo em geral deu cento e sessenta quilos em ouro, mil e duzentos quilos em prata e sessenta e sete vestes sacerdotais. Os sacerdotes, os levitas, os porteiros, os cantores, os servidores do templo e o restante do povo agora voltaram para suas casas, em suas próprias cidades e vilas por toda a terra de Judá. No sétimo mês todo o povo já estava morando nas suas cidades. No dia primeiro deste mês, todo o povo se reuniu na praça que fica em frente à porta das Águas e pediu a Esdras, o mestre religioso do povo, que lesse para eles o Livro da Lei de Moisés, que o Senhor tinha dado a Israel. Assim Esdras, o sacerdote, no primeiro dia do sétimo mês, trouxe para a assembleia, que era constituída de homens e mulheres, os livros das Leis de Moisés, e todos podiam entendê-lo enquanto lia. Ele ficou de frente para a praça que está defronte à porta das Águas, e leu desde o raiar da manhã até o meio-dia, na presença dos homens, mulheres e de outros que podiam entender. Todos ficaram em pé quando ele abriu o livro. E todos os que tinham idade para entender prestaram muita atenção. O escriba Esdras ficou em pé, num estrado de madeira feito especialmente para a ocasião. Ao lado direito de Esdras estavam Matitias, Sema, Anaías, Urias, Hilquias e Maaseias. Ao seu lado esquerdo estavam Pedaías, Misael, Malquias, Hasum, Hasbadana, Zacarias e Mesulão. Esdras abriu o Livro diante de todo o povo, e todos podiam vê-lo, porque estava num lugar mais alto. E, quando ele abriu o livro, o povo todo se levantou. Então Esdras louvou o Senhor, o grande Deus, e todo o povo levantou as mãos para o céu e disse: “Amém! Amém!”. Depois eles se inclinaram e adoraram o Senhor com os seus rostos no chão. Esdras lia as palavras do livro; enquanto ele lia, os levitas Jesua, Bani, Serebias, Jamim, Acube, Sabetai, Hodias, Maaseias, Quelita, Azarias, Jozabade, Hanã e Pelaías iam por entre o povo e o instruíam acerca da Lei, e todos permaneciam ali. Eles leram o Livro da Lei de Deus, interpretando-o e explicando o que a passagem que estava sendo lida queria dizer. Todas as pessoas começaram a chorar quando ouviram os mandamentos da Lei. Então Neemias, o governador, Esdras, o sacerdote e escriba, e os levitas que estavam instruindo o povo disseram a todos: “Não chorem num dia como este! Pois hoje é um dia especial diante do Senhor, o nosso Deus”. E Neemias acrescentou: “Hoje é um dia para ser comemorado. Comam e bebam do melhor que tiverem, e repartam com os que passam necessidade. Este é um dia consagrado ao Senhor. Porque a alegria do Senhor é a força de vocês. Vocês não devem ficar desanimados e tristes!” E os levitas também acalmaram o povo, dizendo: “Não chorem! Hoje é um dia santo. Não fiquem tristes”. Então todo o povo saiu para comer, beber e repartir com os outros. Foi um tempo de grande e alegre comemoração, porque todos podiam ouvir e entender as palavras de Deus. No segundo dia do mês, os chefes dos grupos de famílias, os sacerdotes, e os levitas se encontraram com o escriba Esdras para examinar a Lei com muita atenção, mesmo nos mínimos detalhes. Enquanto estudavam a Lei, eles viram que o Senhor Deus tinha dito a Moisés que o povo de Israel devia morar em tendas durante a festa dos tabernáculos, comemorada no sétimo mês. Deus também tinha dito que era preciso fazer um aviso geral por todas as cidades daquela terra, especialmente em Jerusalém, dizendo ao povo que fosse para as colinas apanhar ramos de oliveira, ramos de murta, folhas de palmeiras e ramos de figueira para fazerem tendas, onde deviam morar enquanto durasse a festa. Por isso, o povo saiu e foi cortar ramos e usou esses ramos para construir tendas nos terraços das casas, nos seus pátios, nos pátios do templo, na praça que fica ao lado da porta das Águas, ou na praça da porta de Efraim. Todos os que tinham voltado do exílio construíram tendas e moraram nelas durante os sete dias da festa, e todos estavam cheios de alegria! Este mandamento não tinha sido praticado desta forma desde os dias de Josué, filho de Num. Em cada um dos sete dias da festa, Esdras pegava o livro da Lei de Deus e lia. Eles celebraram a festa durante sete dias, e no oitavo dia houve um culto grandioso de encerramento, conforme estava determinado nas leis de Moisés. No vigésimo quarto dia do mês, o povo voltou para outra comemoração; desta vez eles jejuaram, vestiram roupas feitas de pano de saco e jogaram terra sobre a cabeça. E os descendentes de Israel se separaram de todos os estrangeiros. Eles colocaram-se em pé, confessaram os seus pecados e a maldade dos seus antepassados. O Livro da Lei do Senhor foi lido em voz alta durante três horas, e depois eles passaram mais três horas confessando seus próprios pecados e os pecados de seus pais. E todos adoraram o Senhor, o seu Deus. Alguns dos levitas estavam na plataforma louvando o Senhor, o seu Deus, com canções de grande alegria. Esses homens eram Jesua, Cadmiel, Bani, Sebanias, Buni, Serebias, Bani e Quenani. Os levitas Jesua, Cadmiel, Bani, Hasabneias, Serebias, Hodias, Sebanias e Petaías disseram ao povo: “Levantem-se e louvem o Senhor, seu Deus, pois ele vive para sempre”. “Louvem o glorioso nome de Deus! Esse nome é muito maior do que podemos pensar ou dizer. Só o Senhor é Deus. O Senhor fez os céus e os mais altos céus, e tudo o que neles há, a terra e os mares, e tudo quanto há neles. O Senhor toma conta de tudo; e todos os exércitos dos céus o adoram. “O Senhor é o Deus que escolheu Abrão; trouxe esse homem da terra de Ur dos caldeus e deu a ele o nome de Abraão. Como o coração dele era fiel, o Senhor fez um acordo com ele, prometendo por meio desse acordo dar aos seus descendentes a terra dos cananeus, dos heteus, dos amorreus, dos ferezeus, dos jebuseus e dos girgaseus; e o Senhor cumpriu a sua promessa, pois o Senhor é fiel. “O Senhor viu as dificuldades e tristeza de nossos pais no Egito e ouviu o clamor deles nas margens do mar Vermelho. O Senhor fez grandes milagres contra o faraó e todos os seus oficiais e o seu povo, pois sabia como os egípcios trataram com brutalidade os nossos pais; o Senhor tem uma fama muito gloriosa por causa desses atos que nunca serão esquecidos. O Senhor separou as águas do mar para que o seu povo pudesse atravessar em terra seca! E depois destruiu os inimigos do seu povo nas profundezas do mar; e eles afundaram como pedras debaixo das águas imensas. O Senhor guiou nossos pais por meio de uma nuvem durante o dia e uma coluna de fogo durante a noite, para iluminar o caminho por onde deviam ir. “O Senhor desceu ao monte Sinai e falou com eles do céu, dando a eles leis justas e mandamentos verdadeiros. O Senhor disse para eles conhecerem o seu sábado santo, e também deu ordens, decretos e leis por intermédio do seu servo Moisés. O Senhor deu a eles pão do céu, quando estavam com fome e água da rocha quando estavam com sede. O Senhor ordenou a eles para que entrassem e conquistassem a terra que tinha prometido dar a eles. “Mas os nossos pais eram muito orgulhosos e teimosos, e não deram atenção aos seus mandamentos. Eles não quiseram obedecer e não prestaram nenhuma atenção nos milagres que o Senhor fez para eles; em vez disso, se revoltaram e nomearam um líder para levá-los de volta à escravidão no Egito! Mas o Senhor é um Deus de perdão, um Deus bondoso e amoroso, e demora para ficar irado. A sua misericórdia é grande, por isso o Senhor não abandonou os nossos pais, mesmo quando fundiram para si um ídolo em forma de bezerro e disseram: ‘Este é o nosso deus! Ele nos tirou do Egito!’ Eles o insultaram de muitas maneiras. “Mas em sua grande compaixão, o Senhor não abandonou aquele povo para morrer no deserto! A nuvem ia adiante deles dia após dia, e a coluna de fogo mostrava o caminho durante a noite. O Senhor mandou o seu bom Espírito para dar instrução a eles, e não parou de dar pão do céu para alimentá-los, nem água para matarem a sede. Durante quarenta anos o Senhor sustentou nossos pais no deserto; e nada faltou a eles. As roupas que usavam não se desgastaram nem os seus pés ficaram inchados! “Depois o Senhor ajudou aquele povo a conquistar reinos e nações, e colocou o seu povo em cada canto da terra. Eles conquistaram completamente a terra de Seom, rei de Hesbom, e de Ogue, rei de Basã. O Senhor tornou os seus filhos tão numerosos como as estrelas do céu, e trouxe esse povo para a terra que havia prometido aos seus antepassados. Eles entraram e tomaram posse da terra. O Senhor derrotou os cananeus que moravam na terra, e os reis e os povos daquela terra, para fazer deles segundo a sua vontade. O seu povo conquistou cidades fortificadas e de terra produtiva; apossaram-se de casas cheias de coisas boas, com poços de água, plantações de uvas e de oliveiras, e muitas árvores frutíferas; desse modo comeram até fartar-se e desfrutaram da sua imensa bondade. “Mas o seu povo foi desobediente e se revoltou contra o Senhor. Viraram as costas para a sua Lei; mataram os profetas que os advertiam para que voltassem para o Senhor; e o insultaram inúmeras vezes. Por isso, o Senhor os entregou nas mãos dos inimigos que os oprimiram. Mas no tempo em que estavam em dificuldades, clamavam pelo seu auxílio, e do céu o Senhor ouvia as suas orações, e na sua grande compaixão o Senhor enviou libertadores, que os livravam dos seus inimigos. “Mas, quando tudo ia bem, pecavam novamente, e mais uma vez o Senhor deixava que os inimigos conquistassem o seu povo. Porém, sempre que o seu povo voltava para o Senhor e pedia o seu auxílio, o Senhor ouvia dos céus, e em sua maravilhosa misericórdia os livrava vez após vez! “O Senhor castigou nossos pais para que eles voltassem à sua Lei; pelo cumprimento dessa Lei o homem viverá. Porém eles se tornaram orgulhosos e não quiseram obedecer aos seus mandamentos. Pecaram contra as suas ordenanças. Teimosamente eles deram suas costas ao Senhor e continuaram a pecar. O Senhor foi paciente com eles durante muitos anos. Pelo seu Espírito e por meio de profetas, o Senhor os avisou a respeito dos pecados que cometiam, mas eles ainda não quiseram atender. Por isso mais uma vez o Senhor deixou que as nações vizinhas conquistassem o seu povo. Porém, em sua grande misericórdia, o Senhor não destruiu nossos pais completamente, nem eles ficaram abandonados para sempre. Que Deus misericordioso e cheio de graça é o Senhor! “E agora, ó grande, poderoso e temível Deus, que cumpre as suas promessas de amor e bondade. Não fique indiferente a todas as dificuldades pelas quais passamos. Nós, nossos reis, nossos líderes, nossos sacerdotes, nossos profetas e nossos pais temos enfrentado grandes problemas desde os dias em que pela primeira vez os reis da Assíria alcançaram vitória sobre nós, até o dia de hoje. Em tudo o Senhor nos castigou com justiça; o Senhor tem sido leal apesar da nossa infidelidade. Nossos reis, nossos líderes, nossos sacerdotes e nossos pais não seguiram a sua Lei nem deram atenção às suas advertências. Eles não adoraram o Senhor apesar das coisas maravilhosas que fez para eles, e apesar da grande bondade com que foram tratados pelo Senhor. O Senhor deu a eles uma terra espaçosa e fértil, mas eles não quiseram arrepender-se da maldade que praticavam. “Veja, agora somos escravos aqui nesta terra de tanta abundância que o Senhor deu aos nossos pais — escravos no meio de toda esta fartura! A grande produção desta terra passou para as mãos de reis que o Senhor pôs sobre nós por causa dos nossos pecados. Eles têm poder sobre nós e nosso gado, e nós servimos a eles, como eles querem. Estamos em grande miséria! “Em vista disso tudo, nós estamos fazendo um acordo, por escrito. Nós, nossos líderes, os nossos levitas, e os nossos sacerdotes assinamos este contrato”. Eu, Neemias, filho de Hacalias, governador, assinei este contrato. Os outros que assinaram foram: Zedequias, Seraías, Azarias, Jeremias, Pasur, Amarias, Malquias, Hatus, Sebanias, Maluque, Harim, Meremote, Obadias, Daniel, Ginetom, Baruque, Mesulão, Abias, Miamim, Maazias, Bilgai, Semaías. Esses eram sacerdotes. Estes foram os levitas que assinaram: Jesua, filho de Azanias, Binui, filho de Henadade, Cadmiel, Sebanias, Hodias, Quelita, Pelaías, Hanã, Mica, Reobe, Hasabias, Zacur, Serebias, Sebanias, Hodias, Bani e Beninu. Os líderes do povo que assinaram foram: Parós, Paate-Moabe, Elão, Zatu, Bani, Buni, Azgade, Bebai, Adonias, Bigvai, Adim, Ater, Ezequias, Azur, Hodias, Hasum, Besai, Harife, Anatote, Nebai, Magpias, Mesulão, Hezir, Mesezabeel, Zadoque, Jadua, Pelatias, Hanã, Anaías, Oseias, Hananias, Hassube, Haloés, Pílea, Sobeque, Reum, Hasabná, Maaseias, Aías, Hanã, Anã, Maiuque, Harim, Baaná. “Esses homens assinaram em nome de toda a nação — pelo povo em geral, pelos sacerdotes, pelos levitas, pelos porteiros, pelos cantores, pelos servidores do templo, e por todo o restante dos homens que, na companhia de suas esposas, dos filhos e filhas que tinham idade suficiente para entender, se haviam separado dos povos pagãos da terra a fim de servirem a Deus. Porque todos nós, de todo o coração concordamos em fazer este juramento e estávamos prontos a aceitar a maldição de Deus se não obedecêssemos à sua Lei, seus mandamentos e ordenanças do Senhor, o nosso Senhor, conforme foram dados por Moisés, o servo de Deus. “Também concordamos em não deixar que nossas filhas se casassem com jovens que não eram judeus, e que nossos filhos não se casassem com jovens que não eram judias. “E concordamos também neste ponto: Se indivíduos pagãos da terra trouxerem cereais ou outra mercadoria para vender no sábado ou em qualquer outro dia santificado, nós não compraríamos nada. E concordamos que ninguém trabalharia na terra a cada sete anos, e ainda perdoaríamos e cancelaríamos as dívidas de nossos irmãos judeus. “Também concordamos em contribuir anualmente uma determinada quantia para o templo, de maneira que houvesse dinheiro suficiente para as despesas da casa de nosso Deus: para os Pães da Presença, e também para as ofertas de cereais e ofertas para sacrifício nos sábados, nas festas da lua nova e nas festas anuais, para as ofertas pelos pecados para fazer a expiação pelo povo de Israel, e para as necessidades gerais do templo de nosso Deus. “Então lançamos sorte a fim de escalar anualmente as famílias dos sacerdotes, dos levitas e do povo, para fornecer a lenha para as ofertas queimadas no templo de nosso Deus, no tempo determinado, para queimar sobre o altar do Senhor, o nosso Deus, conforme a Lei determina. “Também concordamos em sempre trazer os primeiros frutos de cada colheita ou de toda árvore frutífera para o templo do Senhor. “Concordamos em trazer para o templo de nosso Deus nossos filhos mais velhos, as primeiras crias de todo nosso rebanho, tanto de ovelhas como de bois, exatamente como a Lei manda; entregaremos essas ofertas aos sacerdotes que ali estiverem ministrando. “Nós traremos para os depósitos do templo de nosso Deus, aos sacerdotes, a massa de pão feita com o primeiro trigo colhido, e as nossas primeiras ofertas de cereal, do fruto da árvore, de nosso vinho novo e azeite de oliva. E prometemos trazer aos levitas a décima parte de tudo o que a nossa terra produzir, pois os levitas são os responsáveis pelo recebimento dos dízimos em todas as nossas cidades. Um sacerdote descendente de Arão acompanhará os levitas quando eles receberem esses dízimos, e uma décima parte de tudo quanto os levitas receberem como dízimo será entregue ao templo de nosso Deus e colocado nos depósitos do templo. A Lei determina que o povo de Israel e os levitas tragam essas ofertas de cereais, de vinho novo e de azeite de oliveira aos depósitos do templo, onde se guardam os utensílios para o santuário, para serem usados pelos sacerdotes de serviço, pelos porteiros e pelos cantores. “Assim todos concordamos em não sermos negligentes com as coisas do templo de nosso Deus”. Os líderes israelitas passaram a morar em Jerusalém, a cidade santa, nesse tempo; e por meio de um sorteio, uma décima parte do povo das outras cidades e vilas de Judá e de Benjamim também viveria ali. Os outros israelitas deveriam ficar em suas próprias cidades. Alguns que se mudaram para Jerusalém nessa ocasião foram voluntários, e foram abençoados pelo povo. O povo de Israel, os sacerdotes, os levitas, os servidores do templo e os descendentes dos oficiais de Salomão continuaram a viver em suas próprias casas nas várias cidades de Judá. Estes são os líderes da província que passaram a morar em Jerusalém. Habitaram em Jerusalém tanto pessoas de Judá quanto de Benjamim: Da tribo de Judá: Ataías, filho de Uzias; Uzias era filho de Zacarias; Zacarias era filho de Amarias; Amarias era filho de Sefatias; Sefatias era filho de Maalaleel, um descendente de Perez; Maaseias era filho de Baruque; Baruque era filho de Col-Hozé; Col-Hozé era filho de Hazaías; Hazaías era filho de Adaías; Adaías era filho de Joiaribe; Joiaribe era filho de Zacarias; Zacarias era descendente de Sela, filho de Judá. Estes foram os 468 valentes descendentes de Perez que moraram em Jerusalém. Da tribo de Benjamim: Salu, filho de Mesulão; Mesulão era filho de Joede; Joede era filho de Pedaías; Pedaías era filho de Colaías; Colaías era filho de Maaseias; Maaseias era filho de Itiel; Itiel era filho de Jesaías. Mais os 928 descendentes de Gabai e Salai. O chefe deles era Joel, filho de Zicri, que era auxiliado por Judá, filho de Hassenua. Dentre os sacerdotes: Jedaías, filho de Joiaribe; Jaquim; Seraías, filho de Hilquias; Hilquias era filho de Mesulão; Mesulão era filho de Zadoque; Zadoque era filho de Meraiote; Meraiote era filho de Aitube, o supervisor da casa de Deus. Ao todo, havia 822 sacerdotes trabalhando no templo sob a direção desses homens. Adaías, filho de Jeroão; Jeroão era filho de Pelalias; Pelalias era filho de Anzi; Anzi era filho de Zacarias; Zacarias era filho de Pasur; Pasur era filho de Malquias, e seus irmãos chefes de grupos de famílias, 242 homens. Amassai, filho de Azareel; Azareel era filho de Azai; Azai era filho de Mesilemote; Mesilemote era filho de Imer, e os seus irmãos, homens valentes, 128. O oficial superior deles era Zabdiel, filho de Gedolim. Dentre os levitas: Semaías, filho de Hassube; Hassube era filho de Azricão; Azricão era filho de Hasabias; Hasabias era filho de Buni; Sabetai e Jozabade, que estavam encarregados do trabalho fora do templo de Deus; Matanias, filho de Mica; Mica era filho de Zabdi; Zabdi era filho de Asafe, o dirigente que começou o culto de ação de graças e as orações; Baquebuquias e Abda, filho de Samua; Samua era filho de Galal, Galal era filho de Jedutum, que eram ajudantes dele. Ao todo, havia 284 levitas em Jerusalém. Também havia 172 porteiros, que eram chefiados por Acube, Talmom e outros da família deles. Os demais israelitas, incluindo sacerdotes, levitas e o povo, moravam cada um na propriedade de sua herança. Contudo, todos os servidores do templo, que eram chefiados por Zia e Gispa, moravam na colina de Ofel. O chefe dos levitas em Jerusalém e daqueles que prestavam serviço no templo era Uzi, filho de Bani; Bani era filho de Hasabias; Hasabias era filho de Matanias; Matanias era filho de Mica, um descendente de Asafe, que eram responsáveis pela música da casa de Deus. Havia regulamentos do rei dizendo como os grupos de famílias deviam exercer suas atividades diárias. Petaías, filho de Mesezabeel, descendente de Zera, filho de Judá, ajudava o rei em todos os assuntos de administração pública. Estas eram algumas das vilas onde o povo de Judá morou: em Quiriate-Arba, em Dibom, em Jecabzeel e seus povoados, em Jesua, em Moladá, em Bete-Pelete, em Hazar-Sual, em Berseba e seus povoados, em Ziclague, em Meconá e seus povoados, em En-Rimom, em Zorá, em Jarmute, em Zanoa, em Adulão e seus povoados, em Láquis e seus arredores, e em Azeca e seus povoados. Assim o povo se espalhou desde Berseba até o vale de Hinom. Os descendentes da tribo de Benjamim foram morar em Geba, Micmás, Aia, Betel e seus povoados, em Anatote, Nobe, Ananias, em Hazor, Ramá, Gitaim, em Hadide, Zeboim, Nebalate, em Lode, Ono e no vale dos Artífices. Alguns dos levitas que moravam em Judá foram morar com a tribo de Benjamim. Estes foram os sacerdotes e levitas que voltaram com Zorobabel, filho de Sealtiel, e com Jesua: Seraías, Jeremias, Esdras, Amarias, Maluque, Hatus, Secanias, Reum, Meremote, Ido, Ginetoi, Abias, Miamim, Maadias, Bilga, Semaías, Joiarihe, Jedaías, Salu, Amoque, Hilquias, Jedaías. Os levitas que foram com eles eram Jesua, Binui, Cadmiel, Serebias, Judá, e também Matanias, que era o encarregado dos cânticos de ação de graças. Baquebuquias e Uni, membros da mesma família, que ajudavam durante o culto. Jesua era o pai de Joiaquim; Joiaquim era o pai de Eliasibe; Eliasibe era o pai de Joiada; Joiada era o pai de Jônatas; Jônatas era o pai de Jadua. Os seguintes sacerdotes eram os chefes dos grupos de famílias, que prestavam serviço sob as ordens do sumo sacerdote Joiaquim: Meraías, chefe da família de Seraías; Hananias, chefe da família de Jeremias; Mesulão, chefe da família de Esdras; Joanã, chefe da família de Amasias; Jônatas, chefe da família de Maluqui: José, chefe da família de Sebanias; Adna, chefe da família de Harim; Hetcai, chefe da família de Meraiote; Zacarias, chefe da família de Ido; Mesulão, chefe da família de Ginetom; Zicri, chefe da família de Abias; Piltai, chefe das famílias de Moadias e Miniamim; Samua, chefe da família de Bilga; Jônatas, chefe da família de Semaías; Matenai, chefe da família de Joiaribe; Uzi, chefe da família de Jedaías; Calai, chefe da família de Salai; Éber, chefe da família de Amoque; Hasabias, chefe da família de Hilquias; Natanel, chefe da família de Jedaías. Durante o reinado de Dario, rei da Pérsia, foi feito um histórico dos chefes das famílias dos sacerdotes e levitas, nos dias de Eliasibe, Joiada, Joanã e Jadua — todos eles levitas. No livro das Crônicas, os nomes dos levitas foram registrados até os dias de Joanã, filho de Eliasibe. Estes eram os chefes dos levitas naquele tempo: Hasabias. Serebias e Tesua, filho de Cadmiel. Os que pertenciam à família deles ajudaram durante as cerimônias de louvor e ação de graças, exatamente como Davi, o homem de Deus, havia mandado. Os porteiros encarregados do recolhimento das ofertas nos depósitos junto aos portões eram Matanias, Baquebuquias, Obadias, Mesulão, Talmom e Acube. Esses eram os homens ativos no tempo de Joiaquim, filho de Jesua (Jesua que era filho de Jozadaque) nos dias do governador Neemias e quando Esdras era o sacerdote e escriba. Durante a consagração dos muros de Jerusalém, todos os levitas de toda aquela região vieram a Jerusalém para auxiliar nas cerimônias e tomar parte na alegre festa com ações de graças, ao som de címbalos, saltérios e harpas. Também das aldeias vizinhas de Jerusalém e das aldeias dos netofatitas vieram cantores a Jerusalém. Vieram também de Bete-Gilgal e da região de Geba e de Azmavete, pois os cantores tinham construído suas próprias aldeias ao redor de Jerusalém. Primeiro os sacerdotes e os levitas consagraramse a si mesmos, depois consagraram o povo, os portões e os muros. Eu levei os chefes de Judá para cima do muro e dividi o coro em duas fileiras compridas, que caminhavam em direções contrárias, dando graças enquanto andavam. Um grupo ia para a direita em direção à porta do Monturo. Hosaías e metade dos líderes de Judá os seguiram. Azarias, Esdras, Mesulão, Judá, Benjamim, Semaías e Jeremias, e alguns sacerdotes que tocavam as trombetas: Zacarias, filho de Jônatas; Jônatas, filho de Semaías; Semaías, filho de Matanias; Matanias, filho de Micaías; Micaías, filho de Zacur; Zacur, filho de Asafe, e os membros do seu grupo de famílias: Semaías, Azareel, Milalai, Gilalai, Maai, Netanel, Judá e Hanani. Eles usaram os instrumentos musicais prescritos pelo rei Davi, homem de Deus. Esdras, o escriba, ia à frente de todos. Chegando à porta da Fonte, eles foram em frente e subiram pelos degraus que levava até a Cidade de Davi, passaram pelo palácio de Davi e depois voltaram para o muro na porta das Águas que fica a leste. O outro coro, do qual eu fazia parte, seguia em sentido oposto. Passamos pela torre dos Fornos até a porta Larga, e depois desde a porta de Efraim até a porta Velha, passando pela porta do Peixe e pela torre de Hananeel, continuamos até a porta da torre dos Cem; depois caminhamos até a porta das Ovelhas e paramos junto à porta da Guarda. Então os dois coros caminharam em direção do templo de Deus. Junto com a metade dos oficiais que estavam no meu grupo, também havia os seguintes sacerdotes com suas trombetas: Eliaquim, Maaseias, Miniamim, Micaías, Elioenai, Zacarias e Hananias, além de Maaseias, Semaías, Eleazar, Uzi, Joanã, Malquias, Elão e Ézer. Eles cantavam em voz alta e bem clara, sob a direção de Jezraías, o regente do coro. Naquele dia alegre, foram oferecidos muitos sacrifícios, pois Deus os havia enchido de grande alegria. As mulheres e as crianças também se alegraram, e os sons de alegria do povo de Jerusalém podiam ser ouvidos de longe. Naquele mesmo dia foram nomeados os homens encarregados dos depósitos, das ofertas movidas, dos dízimos, das ofertas dos primeiros frutos das colheitas. Esses homens recolhiam das lavouras ao redor das cidades as contribuições exigidas pela Lei de Moisés. Essas ofertas eram destinadas aos sacerdotes e aos levitas, pois o povo de Judá estava satisfeito com os sacerdotes e os levitas e com o trabalho que faziam no templo. Eles celebravam o serviço do seu Deus e o ritual de purificação. Os cantores e os porteiros ajudavam na adoração a Deus e na direção das cerimônias, conforme era exigido pelas leis de Davi e de seu filho Salomão. Foi nos dias de Davi e de Asafe que começou o costume de ter regentes de coro para dirigir os coros no cântico de hinos de louvor e de agradecimentos a Deus. Por isso, agora, nos dias de Zorobabel e de Neemias, o povo trazia ofertas todos os dias para os cantores, para os porteiros e para os levitas. Os levitas, por sua vez, separavam uma porção aos descendentes de Arão. Naquele dia, enquanto o Livro de Moisés foi lido em voz alta, achou-se escrito nele que não se deveria permitir que os amonitas e os moabitas se juntassem ao povo de Deus, porque eles não tinham sido bondosos com o povo de Israel, não dando água e comida aos israelitas. Em vez disso, tinham contratado Balaão para amaldiçoar o povo. Porém, Deus transformou a maldição em bênção. Quando o povo ouviu esta lei, todos os estrangeiros foram excluídos de Israel. Antes desse acontecimento, Eliasibe, o sacerdote, tinha sido nomeado para guarda dos depósitos do templo de nosso Deus. Ele era parente próximo de Tobias e havia transformado uma grande sala do depósito em um bonito quarto de hóspedes para Tobias. Antes o lugar era usado para depósito das ofertas de cereais, de incenso, dos utensílios do templo, dos dízimos de trigo, de vinho novo e azeite de oliveira. Moisés tinha decretado que essas ofertas pertenciam aos levitas, aos cantores e aos porteiros, além das ofertas movidas para os sacerdotes. Eu não estava em Jerusalém nesse tempo, pois tinha voltado para a Babilônia no trigésimo segundo ano do reinado de Artaxerxes — contudo, mais tarde recebi permissão para voltar de novo a Jerusalém. Quando cheguei a Jerusalém, tomei conhecimento desse ato mau de Eliasibe, ao ceder uma sala a Tobias nos pátios do templo de Deus. Fiquei muito irado e joguei fora todos os móveis de Tobias. Então exigi que o quarto fosse purificado completamente, e trouxe de volta os utensílios do templo de Deus, com as ofertas de cereais e o incenso. Também fui informado de que os levitas não tinham recebido o que lhes era devido, de modo que eles e os levitas cantores que deviam guiar os cultos de adoração tinham voltado para as suas terras. Imediatamente repreendi os oficiais e perguntei: “Por que o templo foi abandonado?” Então chamei os levitas de volta e coloquei todos nos postos que deviam ocupar. E mais uma vez todo o povo de Judá começou a trazer os dízimos de cereais, do vinho novo e do azeite de oliveira para o depósito do templo. Coloquei Selemias, o sacerdote, Zadoque, o escrivão, e Pedaías, o levita, como encarregados da administração dos depósitos; e nomeei Hanã, filho de Zacur, neto de Matanias, como auxiliar deles. Esses homens eram muito respeitados, e eles ficaram responsáveis pela distribuição dos suprimentos aos seus companheiros levitas. Ó meu Deus, lembre-se de mim por isso, e não se esqueça de tudo o que eu tenho feito pelo templo de meu Deus e pelo seu culto. Um dia eu estava numa plantação e vi alguns homens pisando nos tanques de prensar uvas no sábado. Além disso, transportavam feixes de trigo, e carregavam os jumentos com vinho, uvas, figos, e todo tipo de mercadoria para Jerusalém. Chamei a atenção deles em público para não vender alimento nesse dia! Havia também alguns homens que vinham de Tiro, que moravam em Jerusalém, trazendo peixe e todo tipo de mercadoria para vender esses artigos ao povo de Judá, no sábado. Então perguntei aos chefes de Judá: “Por que vocês estão profanando o dia de sábado? Já não foi suficiente que os seus antepassados fizessem o mesmo, levando o nosso Deus a trazer desgraça sobre nós e sobre nossa cidade? Agora vocês estão trazendo mais ira sobre o povo de Israel, profanando o dia de sábado”. Por isso, ordenei que, daquele dia em diante, as portas da cidade fossem fechadas nas tardes de sexta-feira, assim que começasse a escurecer, e só fossem abertas depois que o sábado tivesse terminado; e mandei alguns dos meus homens de confiança guardarem as portas para que não entrasse nenhuma mercadoria no sábado. Os negociantes e os vendedores ficaram acampados fora de Jerusalém uma ou duas vezes, porém falei duramente com eles: “O que vocês estão fazendo aí fora, acampando ao redor do muro? Se fizerem isso de novo, mandarei prendê-los”. E essa foi a última vez que eles vieram no sábado. Então mandei que os levitas se purificassem e que guardassem as portas a fim de que o dia de sábado fosso respeitado como sagrado. Lembre-se de mim por isso, ó meu Deus, e tenha compaixão de mim de acordo com o seu grande amor. Nessa mesma ocasião, vi que alguns dos judeus haviam se casado com mulheres de Asdode, de Amom e de Moabe. A metade dos filhos deles falava a língua de Asdode ou dos outros povos, mas não falava a língua de Judá. Por isso eu os repreendi e os amaldiçoei; esmurrei alguns deles e arranquei os seus cabelos! Também os fiz jurar diante de Deus, dizendo: “Não deem suas filhas em casamento aos filhos deles; nem deixem que as filhas deles se casem com seus filhos. Não foi por causa de casamentos como esses que Salomão, rei de Israel, pecou? Não havia rei igual a ele entre as muitas nações; Deus amava Salomão e fez dele rei sobre todo o povo de Israel. Mesmo assim ele foi induzido por mulheres estrangeiras a praticar a idolatria. Como permitiremos isso? Como podem cometer essa terrível maldade e ser infiéis ao nosso Deus, casando-se com mulheres estrangeiras?” Um dos filhos de Joiada, filho de Eliasibe, o sumo sacerdote, era genro de Sambalate, o horonita; por isso eu o expulsei para longe de mim. Lembre-se deles, ó meu Deus, pois desonraram o ofício de sacerdote e a aliança e os votos dos sacerdotes e dos levitas. Assim purifiquei o povo de tudo o que era estrangeiro, dei tarefas para os sacerdotes e levitas, e determinei a cada um o trabalho que tinha de fazer. Eles forneciam lenha para o altar em dias certos e cuidavam dos sacrifícios e das primeiras ofertas de toda colheita. Lembre-se de mim, meu Deus, em sua bondade. Foi no terceiro ano do reinado do rei Xerxes, imperador de um reino muito grande, formado por cento e vinte e sete províncias, que se estendia da Índia até a Etiópia. Naquela época, o rei Xerxes reinava em seu trono na cidade de Susã. No terceiro ano do seu reinado, ele promoveu um grande banquete a todos os governadores, auxiliares e oficiais do exército, e eles vieram de todas as partes da Pérsia e da Média. A comemoração durou seis meses, e ele mostrou a imensa riqueza de seu reino e a glória da sua majestade. Quando terminou a comemoração, o rei deu um banquete especial para todos, desde o mais rico ao mais pobre. Foram sete dias de festas realizadas no jardim interno do palácio. Os enfeites do jardim eram verdes, brancos e azuis, amarrados com fitas de um pano vermelho muito caro conhecido como púrpura, e essas fitas estavam ligadas por argolas de prata que ficavam presas em colunas de mármore. Havia bancos feitos de ouro e de prata colocados nos pisos de mármore nas cores preta, vermelha, branca e amarela, e outras pedras preciosas. Pela generosidade do rei, as bebidas eram servidas em copos de ouro de diversos modelos, e também havia muito vinho fabricado especialmente para o rei. Todos tinham a liberdade de beber o quanto quisessem, pois o rei tinha dado ordens aos oficiais para deixarem que cada pessoa se servisse à vontade. Na mesma ocasião, a rainha Vasti deu uma festa para as mulheres que estavam no palácio do rei Xerxes. No sétimo dia, quando o rei Xerxes já estava alegre por causa do vinho, chamou os sete ajudantes particulares que o serviam. Os nomes desses ajudantes eram: Meumã, Bizta, Harbona, Bigtá, Abagta, Zetar e Carcas. Ele deu ordens a esses ajudantes para trazerem a rainha Vasti, e ela devia usar a coroa real. Ele queria mostrar a todo o povo e aos seus súditos a beleza dela, pois a rainha era de fato uma mulher muito bonita. Mas quando os ajudantes falaram com a rainha sobre a ordem do rei, ela se recusou a ir. O rei ficou furioso e indignado. Como era costume, o rei primeiro consultou os homens mais inteligentes, porque não fazia nada sem o conselho deles. Esses homens tinham muita sabedoria. Sabiam bem quando as coisas deviam ser feitas e conheciam as leis e a justiça da Pérsia. O rei tinha confiança no que eles diziam. Seus nomes eram Carsena, Setar, Adamata, Társis, Meres, Marsena e Memucã; eles eram sete nobres da Pérsia e da Média. Eram amigos pessoais do rei e tinham acesso direto ao rei. Eles eram os mais importantes do reino. O rei lhes perguntou: “De acordo com a lei, o que deve ser feito à rainha Vasti? Qual o castigo que a lei determina para uma rainha que não quer obedecer às ordens do rei, transmitidas por seus ajudantes?” Então Memucã respondeu na presença do rei e dos outros: “A rainha Vasti não ofendeu somente o rei, mas também todos os oficiais e cidadãos de todas as províncias do reino. Pois agora todas as mulheres vão começar a desrespeitar os seus maridos quando elas souberem o que a rainha Vasti fez, e dirão: ‘O rei Xerxes ordenou que a rainha Vasti fosse à sua presença, mas ela não foi’. Hoje mesmo, antes de terminar este dia, as nossas próprias mulheres vão ficar sabendo o que a rainha fez e vão começar a falar do mesmo jeito a nós, os maridos; isso provocará desrespeito e discussão. “Se o rei estiver de acordo, que se passe um decreto da parte do rei, uma lei dos medos e dos persas que não pode ser mudada. Essa lei deve dizer que a rainha Vasti nunca mais poderá se apresentar diante do rei Xerxes; além disso, deverá ser escolhida outra rainha que seja melhor do que ela. Quando este decreto real for anunciado em todo o seu grande reino, todos os maridos, qualquer que seja a sua posição, vão ser respeitados pelas suas mulheres!” O rei e os ajudantes aceitaram de bom grado o conselho, e por isso ele colocou em prática a proposta de Memucã. Ele enviou cartas para todas as províncias do reino. As cartas eram enviadas a cada província e a cada povo em sua própria língua, e determinavam que cada homem devia dirigir a sua própria casa e a autoridade dele devia ser respeitada. Depois que passou a indignação do rei Xerxes, ele começou a pensar em Vasti, naquilo que ela fizera e no decreto contra ela. Então os seus ajudantes disseram: “Vamos sair e procurar as moças virgens mais bonitas do reino para o rei. Vamos nomear pessoas em cada província para escolherem moças bem bonitas que venham morar no palácio real. Hegai, o ajudante pessoal do rei, vai cuidar do harém, para que as moças façam um tratamento de beleza, e depois disso, a moça que o rei achar a mais bonita será a rainha em lugar de Vasti”. O rei concordou com essas palavras, e mandou que se fizesse tudo de acordo com o plano. Ora, na cidadela de Susã havia um judeu chamado Mordecai, filho de Jair; Jair era filho de Simei e Simei era filho de Quis, da tribo de Benjamim. Mordecai tinha sido preso quando o rei Nabucodonosor destruiu Jerusalém, e fora levado cativo para a Babilônia junto com Joaquim, rei de Judá e com muitos outros. Esse Mordecai tinha uma prima, jovem e muito bonita, por nome Hadassa, também chamada Ester. O pai e a mãe de Ester haviam morrido, e Mordecai trouxe a menina para sua casa para ser criada como se fosse sua filha. Quando a ordem do rei foi divulgada, foram trazidas muitas moças ao palácio real em Susã, e colocadas sob os cuidados de Hegai. Ester também foi trazida ao palácio do rei e confiada a Hegai, responsável pelo harém. Hegai achou Ester muito bonita, e fez o possível para ela sentir-se feliz; ele deu ordens para que ela tivesse alimentação especial e recebesse tratamentos de beleza. Ele deu a ela sete moças do palácio para servirem como criadas, e também o melhor lugar da casa das mulheres do palácio. Ester não contou a ninguém a que povo ela pertencia nem a origem da sua família, conforme as instruções de Mordecai. Todos os dias, ele passava em frente ao pátio do harém, onde estava Ester, para saber notícias e descobrir o que ia acontecer a ela. As instruções para essas moças virgens eram que, antes de serem apresentadas ao rei, cada uma teria de passar por seis meses de tratamento de beleza com óleo de mirra, e mais seis meses com perfumes e unguentos especiais, usados pelas mulheres. Então, quando chegava a vez de uma moça se apresentar ao rei, ela podia escolher os vestidos ou as joias que quisesse. Ela era levada à casa do rei logo à noitinha e voltava na manhã seguinte para a segunda casa onde moravam as mulheres do rei. Ali ela ficava sob os cuidados de Saasgaz, oficial responsável pelas concubinas do rei. Ela não voltava a se encontrar com o rei, a não ser que o rei gostasse muito dela e mandasse chamá-la pelo nome. Quando chegou a vez de Ester — a filha de Abiail, tio de Mordecai, que a tomara por filha — se apresentar ao rei, ela aceitou o conselho de Hegai, o encarregado da casa das mulheres, e se vestiu de acordo com o conselho dele. Todos que a viam gostavam dela e a achavam muito bonita. Então ela foi levada ao palácio real para apresentar-se ao rei Xerxes no décimo mês, o mês de tebete, no sétimo ano do seu reinado. O rei gostou mais de Ester do que de qualquer outra mulher, e ela conquistou a simpatia e a admiração dele como nenhuma outra virgem havia feito. Então ele pôs a coroa real na cabeça dela e declarou que Ester era rainha em lugar de Vasti. Para comemorar o acontecimento, o rei deu outro grande banquete para todos os seus nobres e oficiais. Era o banquete de Ester. Ele decretou feriado aquele dia em todo o reino, e distribuiu presentes caros de acordo com a sua generosidade real. Mais tarde, quando as virgens foram reunidas pela segunda vez, Mordecai estava sentado junto à porta do palácio real. Ester ainda não tinha contado a ninguém que era judia, pois continuava obedecendo às ordens de Mordecai, da mesma maneira que fazia na casa dele. Um dia, quando Mordecai estava de serviço no palácio, dois dos homens de confiança do rei, que eram guardas do portão do palácio, e que se chamavam Bigtã e Teres, ficaram revoltados, e planejaram matar o rei Xerxes. Mordecai ouviu falar do plano. Passou a informação à rainha Ester, e a rainha contou ao rei, dizendo que a informação tinha vindo de Mordecai. Investigaram o caso e os dois homens foram julgados culpados e enforcados. Tudo isso foi cuidadosamente registrado no livro da história do reinado, na presença do rei. Logo depois desses acontecimentos, o rei Xerxes nomeou Hamã, filho de Hamedata, o agagita, como o homem a ocupar o lugar mais importante. Ele era o oficial mais poderoso no reino, abaixo do rei. A partir de então, todos os oficiais do rei se curvavam diante de Hamã com muita reverência sempre que ele passava por eles, pois esta era a ordem do rei. Porém, Mordecai não se curvava diante dele. “Por que você desobedece à ordem do rei?”, perguntavam os outros oficiais do palácio real. Dia após dia eles lhe falavam, mas ele continuava desobedecendo. Por fim, eles falaram com Hamã a respeito do caso, para ver se Mordecai não ia ser castigado pelo fato de ser judeu, pois este foi o motivo que Mordecai apresentou para não obedecer à ordem do rei. Quando Hamã viu que Mordecai não se curvava nem se prostrava diante dele, ficou furioso. Contudo, resolveu não prender somente Mordecai. Ele pretendia castigar todo o povo de Mordecai, os judeus, e destruir todos eles em todo o reino de Xerxes. No primeiro mês do décimo segundo ano do reinado de Xerxes, no mês de nisã, foi tirada a sorte por meio de dados para determinar qual o tempo mais apropriado para a destruição dos judeus. E foi sorteado o dia treze do décimo segundo mês, o mês de adar. Então Hamã foi falar com o rei Xerxes sobre o assunto. “Existe certo povo espalhado por todas as províncias do seu reino”, começou ele, “cujas leis são diferentes das leis de todas as outras nações. Eles não obedecem às leis do rei. Portanto, não é conveniente que o rei deixe esse povo viver. Se for do agrado do rei, faça uma lei para que eles sejam destruídos, e eu pagarei trezentas e cinquenta toneladas de prata ao tesouro real para cobrir as despesas com a execução dessa gente”. O rei aceitou a proposta, e confirmou a decisão retirando do dedo o seu anel e o deu a Hamã, filho de Hamedata, o agagita, inimigo dos judeus, dizendo: “Guarde a prata, mas continue com o seu plano e faça com esse povo o que bem quiser”. Assim, no décimo terceiro dia do primeiro mês, Hamã chamou os secretários do rei e disse a eles quais eram as palavras que deviam escrever nas cartas aos oficiais, governadores e príncipes de todo o império. Para cada província as cartas eram escritas na língua que o povo da província falava; as cartas estavam assinadas em nome do rei Xerxes e seladas com o anel do rei. Então as cartas foram enviadas por mensageiros a todas as províncias do império, e determinavam que os judeus — jovens e velhos, mulheres e crianças — deveriam ser eliminados num único dia, ou seja, no décimo terceiro dia do décimo segundo mês, o mês de adar, e os bens deles seriam dados aos homens que cumprissem essa determinação. A carta dizia: “Uma cópia desse decreto deve ser anunciada como lei em cada província, e todo o povo da província deve conhecer esta ordem, de maneira que todos estejam prontos para cumprir o seu dever no dia marcado”. A ordem foi enviada pelos mensageiros mais rápidos do rei, tendo sido anunciada primeiro na cidade de Susã. Depois o rei e Hamã se assentaram para beber, enquanto a confusão se espalhava pela cidade de Susã. Quando Mordecai ficou sabendo de tudo o que tinha acontecido, rasgou as suas roupas, vestiu-se com pano de saco e jogou cinzas sobre a cabeça, e saiu pela cidade chorando amargamente em voz alta. Então ele parou fora do portão do palácio real, pois ninguém tinha licença para entrar vestido de pano de saco. E em todas as províncias em que chegou o decreto do rei havia grande desespero entre os judeus; eles começaram a jejuar, a chorar e a se lamentar. Muitos deles se deitavam em panos de saco e em cinzas. Quando as criadas de Ester e os oficiais responsáveis pelo harém vieram e contaram a ela o que tinha acontecido a Mordecai, a rainha ficou muito triste e mandou roupas para ele se vestir e tirar o pano de saco; porém ele não aceitou as roupas que Ester mandou. Então Ester mandou chamar Hatá, um dos oficiais do rei, que tinha sido indicado como ajudante dela, e lhe disse para ir ver Mordecai e descobrir o que estava acontecendo, e por que ele estava se comportando daquela maneira. Hatá foi à praça da cidade e encontrou Mordecai do lado de fora dos portões do palácio. Ele ouviu toda a história de Mordecai e sobre a quantia de prata que Hamã tinha prometido pagar ao tesouro do rei, em troca da destruição dos judeus. Mordecai também deu a Hatá uma cópia do decreto do rei que falava na destruição dos judeus que tinha sido anunciado em Susã, e disse para ele mostrar essa cópia a Ester e pedir que ela fosse falar com o rei e implorasse por misericórdia em favor do seu povo. Então Hatá voltou e deu a Ester o recado de Mordecai. Ester mandou Hatá voltar e dizer a Mordecai: “Todos os oficiais do rei e o povo das províncias sabem que ninguém, nem homem nem mulher, pode entrar no pátio interno do rei sem ser chamado; se entrar será morto, a não ser que o rei conceda permissão, levantando o seu cetro de ouro para a pessoa, assim poupandolhe a vida; e já faz um mês que o rei não me manda chamar”. Quando Mordecai recebeu o recado de Ester, mandou esta resposta a Ester: “Você pensa que pode escapar porque mora aí no palácio, quando todos os outros judeus forem mortos? Se você ficar calada numa ocasião como esta, o socorro e o livramento virão de outra parte para os judeus, mas você e os parentes do seu pai morrerão. Quem sabe se não foi para uma ocasião como esta que você foi escolhida como rainha?” Então Ester mandou responder a Mordecai: “Vá e reúna todos os judeus de Susã; façam jejum por minha causa. Não comam nem bebam nada durante três dias e três noites; eu e as minhas criadas vamos fazer o mesmo. E depois, ainda que seja contra a lei, irei ao rei; se eu tiver de morrer, morrerei!” Então Mordecai saiu dali e fez conforme as instruções de Ester. Três dias depois, Ester vestiu seus vestidos reais e entrou no pátio interior do palácio do rei, que ficava bem em frente ao salão real. O rei estava sentado no trono real. Quando ele viu a rainha Ester ali no pátio, teve boa vontade para com ela, estendeu o cetro de ouro que tinha na mão, e mandou que ela se aproximasse. Ester se aproximou e com a mão tocou a ponta do cetro. Então o rei perguntou a ela: “O que você deseja, rainha Ester? Qual é o seu pedido? Eu atenderei mesmo que peça a metade do meu reino!” E Ester respondeu: “Se for do agrado do rei, quero que o rei e Hamã venham hoje a um banquete que preparei”. O rei ordenou: “Digam a Hamã que venha depressa, para que aceitemos o convite de Ester!” Então o rei e Hamã foram ao banquete que Ester havia preparado. Enquanto serviam o vinho, o rei disse a Ester: “Agora me diga o que é que você deseja, e eu mandarei fazer a sua vontade. Darei a você mesmo que seja a metade do meu reino!” Ester respondeu: “Este é o meu pedido e o meu maior desejo: Se eu achei favor perante o rei, e se for do seu agrado atender ao meu pedido, venha amanhã outra vez e traga Hamã ao banquete que vou oferecer. E amanhã falarei ao rei do que se trata”. Naquele dia Hamã saiu de lá muito feliz e contente! Mas quando viu Mordecai ali na porta, e que ele não se levantou nem mostrou respeito diante dele, ficou furioso. No entanto, Hamã procurou não dar importância ao fato e foi para casa. Ele mandou chamar seus amigos, e também sua mulher Zeres, e falou com eles a respeito da riqueza que possuía, dos muitos filhos que tinha, das promoções que o rei lhe havia concedido, e como era agora o homem mais importante do reino. Finalmente, anunciou com muito orgulho: “Além disso a rainha Ester convidou somente o rei e a mim para o banquete que ela ofereceu; e estamos convidados para outro banquete amanhã!” Depois ele disse mais estas palavras: “Porém, tudo isto não me dará satisfação, enquanto eu vir aquele judeu Mordecai sentado bem em frente ao portão do palácio real”. Então Zeres, sua mulher, e todos os seus amigos disseram a Hamã: “Mande fazer uma forca de cerca de vinte metros de altura, e logo pela manhã peça ao rei que dê a você licença para enforcar Mordecai. Depois disso você poderá ir ao banquete sossegado com o rei”. Hamã gostou muito desta ideia e mandou fazer a forca. Naquela noite o rei não conseguia dormir. Então mandou trazer o livro que contava a história dos acontecimentos importantes do reino, e um secretário leu o livro diante do rei. E foi lido a respeito de Mordecai que havia denunciado o plano de Bigtã e Teres, dois dos ajudantes de confiança do rei, guardas do portão do palácio, e que haviam conspirado para matar o rei Xerxes. “Qual a honra de reconhecimento que Mordecai recebeu por isso?”, perguntou o rei. E os seus oficiais disseram: “Ele não recebeu nada!” “Quem está de serviço no pátio de fora?”, perguntou o rei. Assim que o rei acabou de fazer a pergunta, Hamã entrou no pátio externo do palácio a fim de pedir ao rei o enforcamento de Mordecai, na forca que ele mandara fazer. Por isso os oficiais disseram ao rei: É Hamã que está no pátio”. “Digam a ele para entrar”, foi a ordem do rei. Então Hamã entrou, e o rei perguntou a ele: “O que devo fazer para honrar um homem que verdadeiramente me agrada?” Hamã pensou consigo: “Acho que eu sou o único homem a quem o rei deseja honrar”. Por isso ele respondeu: “Ao homem que o rei quer honrar, mande trazer um manto que o próprio rei costuma usar, e um cavalo que o rei costuma montar, e que leve a coroa real na cabeça. Em seguida, mande que alguns dos príncipes mais importantes do reino vistam o homem com aquele manto; e depois eles devem levar o homem pelas ruas da cidade montado no próprio cavalo do rei, e dizer em voz alta diante dele: “É assim que o rei honra as pessoas que verdadeiramente ele deseja honrar!” “Ótimo!”, disse o rei a Hamã. “Vá depressa pegar o manto e o meu cavalo, e faça ao judeu Mordecai o que você descreveu. Ele está sentado no portão do palácio do rei. Faça tudo como você disse; não se esqueça de nenhum detalhe”. Então Hamã pegou o cavalo, vestiu Mordecai com o manto, e Mordecai montou nele. E Hamã conduziu-o pelas ruas da cidade, falando em voz alta diante dele: “É assim que o rei honra as pessoas que verdadeiramente ele deseja honrar”. Depois disso, Mordecai voltou para o seu trabalho, mas Hamã voltou correndo para casa, completamente humilhado e aborrecido. Quando Hamã contou a Zeres, sua mulher, e aos seus amigos o que tinha acontecido, eles disseram: “Se Mordecai é judeu, você não vai lucrar nada com os seus planos contra ele. Você não terá condições de enfrentá-lo. Você ficará arruinado”. Enquanto ainda estavam discutindo o assunto, chegaram os ajudantes do rei para levar Hamã, com toda a pressa, ao banquete que Ester havia preparado. Então o rei e Hamã vieram ao banquete de Ester. Outra vez, enquanto serviam o vinho, o rei perguntou a ela: “Qual é o seu pedido, rainha Ester? Que é que você deseja? Seja o que for, eu darei a você, mesmo que seja a metade do meu reino!” Por fim a rainha Ester respondeu: “Se eu posso contar com o favor do rei, e se for do agrado do rei, poupe a minha vida e a vida do meu povo. Pois eu e o meu povo fomos vendidos para sermos destruídos e mortos. Se apenas nos tivessem vendido como escravos e escravas, eu não ia dizer nada, porque nenhuma aflição como essa justificaria incomodar o rei”. “Que conversa é essa?”, perguntou o rei Xerxes? “Quem teria coragem de tocar em você? Onde está ele?” Ester respondeu: “O inimigo e adversário é Hamã, este homem perverso”. Então Hamã começou a ficar apavorado, diante do rei e da rainha. O rei ficou furioso, deixou o vinho, e saiu para o jardim do palácio; enquanto isso, percebendo que o rei já tinha decidido condená-lo, Hamã se levantou para implorar que a rainha Ester tivesse pena dele e não deixasse que fosse morto! Hamã se atirou sobre o sofá onde a rainha Ester estava sentada, e, nesse momento o rei voltou do jardim do palácio: “Será que ele quer abusar da rainha aqui no palácio, diante dos meus próprios olhos?” gritou o rei. Sem demora, os oficiais do rei cobriram o rosto de Hamã com um pano! Então Harbona, um dos homens de confiança do rei, disse: “Majestade, Hamã deu ordens para construir uma forca de cerca de vinte metros de altura perto da sua casa para enforcar Mordecai, o homem que salvou o rei de ser assassinado!” Então o rei deu esta ordem: “Enforquem Hamã nela”. Fizeram como o rei mandara, e Hamã morreu na forca que ele tinha preparado para Mordecai; e com isso, a ira do rei se acalmou. Naquele mesmo dia, o rei Xerxes deu à rainha Ester todos os bens de Hamã, o inimigo dos judeus. E Mordecai foi trazido à presença do rei, porque Ester contou que ele era seu parente. O rei tirou o seu anel, que ele tinha tomado de Hamã, e o deu a Mordecai. E Ester deu a Mordecai a responsabilidade de administrar os bens de Hamã. Mais uma vez Ester veio perante o rei e se ajoelhou aos pés dele, pedindo com lágrimas nos olhos que mandasse suspender o plano maligno de Hamã, o agagita, contra os judeus. De novo o rei fez sinal para Ester com o cetro de ouro. Então ela se levantou e ficou de pé diante dele e disse: “Se for do agrado do rei, e se posso contar com o seu favor, e se o que pedir for justo, mande uma ordem para que não seja executado o plano de Hamã, filho do agagita Hamedata, de destruir os judeus em todas as províncias do rei. Pois como suportarei ver a desgraça do meu próprio povo e dos meus parentes?” Então o rei Xerxes disse à rainha Ester e ao judeu Mordecai: “Já dei a Ester o palácio de Hamã e ele foi enforcado porque tentou matar vocês. Agora, escrevam outro decreto aos judeus, em nome do rei, em favor dos judeus, como lhes parecer melhor, e coloquem o sinal do anel do rei, pois um documento escrito em nome do rei e selado como o seu anel não pode ser revogado. Imediatamente foram chamados os secretários do rei, no vigésimo terceiro dia do terceiro mês, o mês de sivã. Os secretários escreviam conforme Mordecai ia falando. Era uma lei para os judeus e para os oficiais, os governadores e os príncipes de todas as províncias, desde a Índia até a Etiópia, num total de cento e vinte e sete províncias. Essas ordens foram escritas na linguagem que o povo de cada província podia entender. Mordecai escreveu em nome do rei Xerxes, selou as cartas com o anel do rei e as enviou por meio de mensageiros montados em cavalos velozes criados nas estrebarias do rei. O decreto do rei concedia aos judeus em toda parte o direito de se reunirem em defesa de suas vidas, suas mulheres e filhos, e destruir todos os que viessem com armas contra eles, e para tomarem os bens desses inimigos. O decreto entrou em vigor em todas as províncias do rei Xerxes no décimo terceiro dia do décimo segundo mês, o mês de adar. A carta ainda dizia que se devia mandar uma cópia desse decreto a todos os povos, a fim de que os judeus se preparassem para vingar-se dos seus inimigos. Então os portadores das cartas saíram com toda a pressa, montados em cavalos que se usavam no serviço do rei, levando a ordem do rei. A mesma lei também foi publicada na capital Susã. Então Mordecai vestiu as roupas reais de cores azul e branco, trazendo a grande coroa de ouro, com um manto especial de púrpura, feito de linho da melhor qualidade, e saiu da presença do rei pelas ruas da cidade, que estavam cheias de gente, exultando de alegria. Os judeus sentiram muita felicidade e alegria, e foram honrados em toda parte. Em cada cidade e província, quando chegava a ordem do rei, os judeus se enchiam de alegria, com banquetes e festas. E muitos que pertenciam a outros povos da terra tornaram-se judeus, porque tinham medo do que os judeus pudessem fazer com eles. Assim, no décimo terceiro dia do décimo segundo mês, o mês de adar, o dia em que entraria em vigor o decreto do rei, que seria o dia em que os inimigos dos judeus esperavam matá-los, aconteceu exatamente o contrário. Os judeus se reuniram em suas cidades por todas as províncias do rei Xerxes para se defenderem contra qualquer pessoa que procurasse fazer mal a eles. Mas ninguém conseguiu fazer-lhes mal, pois todos estavam com medo deles! Todas as autoridades das províncias — os sátrapas, os governadores e os ajudantes — defenderam os judeus por causa do medo que tinham de Mordecai! Porque Mordecai se tornou muito influente no palácio do rei, e a fama dele era conhecida em todas as províncias! E ele ia se tornando cada vez mais poderoso! E os judeus fizeram o que queriam com os seus inimigos, matando-os e destruindo-os. Na cidadela de Susã os judeus mataram quinhentos homens. Também mataram Parsandata, Dalfom, Aspata, Porata, Adalia, Aridata, Farmasta, Arisai, Aridai e Vaisata, os dez filhos de Hamã, filho de Hamedata, o inimigo dos judeus. Porém eles não se apossaram dos bens de Hamã. Naquele mesmo dia, quando contaram ao rei qual era o número dos que foram mortos em Susã, a capital, ele chamou a rainha Ester e disse a ela: “Os judeus mataram e destruíram quinhentos homens em Susã, incluindo os dez filhos de Hamã. Se eles fizeram isso aqui, o que será que eles fizeram no restante das províncias do império? E agora, diga, que mais você deseja? O que você quiser, será dado”. E Ester respondeu: “Se for do agrado do rei, deixe os judeus que estão aqui em Susã fazerem de novo amanhã o que eles fizeram hoje, e dê licença para que os dez filhos de Hamã sejam pendurados na forca”. O rei concordou e foi anunciada em Susã a ordem real, e os corpos dos dez filhos de Hamã foram pendurados na forca. Depois os judeus de Susã se ajuntaram no décimo quarto dia do mês de adar e mataram trezentos homens em Susã; também dessa vez não se apossaram dos seus bens. Nesse meio-tempo, os outros judeus que moravam em todas as províncias do rei Xerxes se ajuntaram para proteger as suas vidas, e destruíram todos os inimigos, matando setenta e cinco mil dos que odiavam os judeus. Porém eles não tomaram os seus bens. Isso foi feito em todas as províncias no décimo terceiro dia do mês de adar, e no décimo quarto dia descansaram, comemorando a vitória num dia de festa e alegria. Porém, os judeus de Susã tinham se reunido no décimo terceiro e no décimo quarto dias, e no décimo quinto dia descansaram, e fizeram dele um dia de festa e alegria. É por isso que os judeus que vivem nas vilas e povoados, em todo o país de Israel, até hoje comemoram a festa todos os anos no décimo quarto dia de adar, quando se alegram e mandam presentes uns aos outros. Mordecai registrou todos esses acontecimentos e enviou cartas para os judeus que moravam perto e para os que moravam longe, em todas as províncias do rei Xerxes, dando ordens a eles para declararem como feriado anual o décimo quarto e décimo quinto dias do mês de adar, e comemorar com festas, alegria e presentes para os pobres este dia importante da história dos judeus. Pois eles se livraram dos seus inimigos, e sua tristeza se transformou em alegria, e o choro num dia de festa. Então os judeus aceitaram as ordens de Mordecai e começaram este costume que se repete todos os anos, como lembrança do tempo em que Hamã, filho de Hamedata, o agagita, o inimigo dos judeus, tinha planejado destruir o povo judeu, escolhendo o dia da destruição por meio de jogo de dados. Mas quando Ester foi dizer isso ao rei, o plano maligno de Hamã se virou contra ele mesmo, e ele e os seus filhos foram pendurados numa forca. Por isso essa festa tem o nome de “Purim”, porque “pur” é a palavra que se usa na língua dos persas. Todos os judeus em todo o reino concordaram em começar esse costume e passá-lo aos seus filhos e a todos os que se tornarem judeus. Eles prometeram que nunca deixariam de festejar esses dois dias anualmente, conforme Mordecai havia escrito. Seria um acontecimento anual que passaria de uma geração à outra, comemorado por todas as famílias, em cada província e em cada cidade. Desse modo, a lembrança do que havia acontecido jamais seria apagada pelos judeus. Nesse meio-tempo, a rainha Ester, filha de Abiail, escreveu uma carta junto com Mordecai, para confirmar a primeira carta em que recomendava comemorar todos os anos a festa de Purim. Mordecai enviou cartas a todos os judeus das cento e vinte e sete províncias do rei Xerxes com palavras de boa vontade, e encorajando os judeus a confirmarem esses dois dias todos os anos como a festa de Purim, conforme fora decretado pelo judeu Mordecai e pela rainha Ester. Esse decreto valia para eles mesmos, para todo o povo judeu e para os seus descendentes, e incluía também orientações em relação ao jejum e à lamentação. Assim o decreto de Ester confirmava essas datas e foi registrado num livro. O rei Xerxes ordenou a cobrança de impostos a todo o seu império, até sobre as distantes ilhas do mar. As grandes ações do rei e também a história completa da grandeza de Mordecai e das honras que o rei concedeu a ele estão escritas no Livro da História dos Reis da Média e da Pérsia. O judeu Mordecai ocupou a mais alta posição do reino, logo abaixo do rei Xerxes. Ele era, sem dúvida, muito importante entre os judeus, e todos o respeitavam porque trabalhou para o bem do seu povo, e procurou a prosperidade de todos os judeus. Na terra de Uz vivia um homem chamado Jó. Ele era um homem íntegro e justo, pois temia a Deus e se esforçava para não praticar o mal. Jó tinha uma família grande, com sete filhos e três filhas. Além disso, era muito rico, pois tinha sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de boi, quinhentos jumentos e um grande número de empregados. Ele era o homem mais rico e poderoso de todo o Oriente. Quando um dos filhos de Jó dava banquetes, todos os irmãos e irmãs eram convidados para a grande festa, com bastante comida e bebida. Quando terminavam os dias de seus banquetes, Jó reunia todos os seus filhos e oferecia sacrifícios queimados a favor de cada um, cedo de manhã, para purificá-los, pois pensava: “É possível que meus filhos tenham pecado e amaldiçoado Deus em seus corações”. Jó fazia isso continuamente. Em certa ocasião, quando os anjos se reuniram na presença do Senhor, Satanás estava entre eles. E o Senhor perguntou a Satanás: “De onde você veio?” Satanás respondeu ao Senhor: “Estive rodeando a terra, passeando por ela”. “Você observou bem o meu servo Jó?”, perguntou o Senhor a Satanás. “Não há homem igual a ele em toda a terra, tão íntegro e correto, temente a Deus e cuidadoso para não cometer mal algum!” “Será que Jó não tem razões para temer a Deus?”, perguntou Satanás. “O Senhor deu a ele do bom e do melhor, colocando uma cerca ao redor dele, da sua família e de tudo o que ele tem? O Senhor o tem abençoado em tudo o que ele faz, de maneira que os seus bens se multiplicaram na terra. Não é sem razão que Jó obedece! Experimente, porém, tirar todas as riquezas e os bens que o Senhor deu a Jó e ele vai se revoltar e amaldiçoar o Senhor na sua face”. E o Senhor respondeu a Satanás: “Pois bem. Tudo o que ele possui está em suas mãos; mas não toque nele”. Então Satanás saiu da presença do Senhor. Pouco tempo depois, quando os filhos e filhas de Jó estavam reunidos num banquete, comendo e bebendo vinho na casa do filho mais velho, um empregado chegou correndo à casa de Jó e disse: “Estávamos na fazenda, arando a terra com os bois, enquanto os jumentos pastavam no campo. De repente, apareceram os sabeus e os atacaram e os levaram e mataram os empregados à espada e eu fui o único a escapar e vim correndo trazer a notícia!” Enquanto o primeiro empregado ainda estava falando, chegou outro mensageiro trazendo más notícias: “Estávamos tomando conta das ovelhas e, de repente, um fogo, vindo do céu, caiu em cima de nós e das ovelhas e queimou totalmente as ovelhas e os empregados! Só eu consegui escapar e vim correndo trazer a notícia”. Enquanto o segundo ainda estava falando, chegou correndo um terceiro mensageiro e anunciou: “Três grupos de bandidos caldeus atacaram os empregados que tomavam conta dos camelos! Roubaram os animais e mataram à espada os empregados. Eu consegui escapar para trazer a notícia!” Mal esse homem tinha terminado de falar, chegou outro e disse: “Seus filhos e filhas estavam num banquete na casa do irmão mais velho, comendo e bebendo vinho, quando, de repente, surgiu uma terrível ventania vinda do deserto; a ventania atingiu os quatro cantos da casa e a derrubou, e todos morreram. Só eu escapei com vida e vim correndo para trazer a notícia!” Ao ouvir isso, Jó se levantou, cheio de tristeza, rasgou o manto e rapou a cabeça. Depois, ajoelhou-se, colocou o rosto junto ao chão em adoração, e disse: “Saí nu do ventre da minha mãe, E nu vou partir. O Senhor me deu, o Senhor tomou de volta; louvado seja o nome do Senhor ”. Mesmo no meio de tanto infortúnio, Jó não pecou nem disse que Deus era culpado de coisa alguma. Em outra ocasião, quando os anjos se reuniram na presença do Senhor, Satanás estava entre eles mais uma vez. “De onde você veio?”, perguntou o Senhor a Satanás. “Estive rodeando a terra, passeando por ela”, foi a resposta. “Então você deve ter observado o meu servo Jó”, disse o Senhor a Satanás. “Deve ter observado que não há ninguém na terra como ele, tão íntegro e correto, temente a Deus e cuidadoso para não cometer mal algum. Jó ainda me ama de coração, apesar de eu ter permitido que você tirasse tudo dele para arruiná-lo, embora não houvesse motivo algum para isso”. Satanás respondeu ao Senhor: “Cada um cuida de sua própria pele! Qualquer um não se importaria em perder tudo desde que conserve a sua vida. Mas se o Senhor estender a sua mão e tirar a saúde de Jó, ele acabará amaldiçoando o Senhor abertamente!” E o Senhor disse a Satanás: “Está bem! Faça o que quiser com ele, mas não tire a sua vida!” Então Satanás saiu da presença do Senhor e lançou uma terrível doença sobre Jó. O corpo de Jó ficou inteiramente coberto de feridas abertas e cheias de pus, dos pés à cabeça. Sofrendo muito, Jó se sentou sobre um monte de cinzas e com um caco de vidro coçava as suas feridas. Então a esposa de Jó, revoltada, exclamou: “Você ainda continua sendo íntegro? O melhor que você pode fazer é amaldiçoar Deus e morrer!” Mas Jó respondeu: “O que você está falando é loucura. Já recebemos tantas coisas boas de Deus, por que não receber também o mal?” E mesmo diante de todo esse sofrimento, Jó não pecou, nem disse uma palavra má contra Deus. Três amigos de Jó ouviram sobre todos os males que o haviam atingido e planejaram fazer-lhe uma visita, para dar um pouco de consolo e ânimo. Os nomes desses três amigos eram Elifaz, da cidade de Temã, Bildade, da cidade de Suá, e Zofar, da cidade de Naamate. Quando os três viram Jó de longe, mal puderam reconhecer seu amigo. Cheios de tristeza, rasgaram suas roupas, chorando em voz alta, e jogaram terra sobre a cabeça. Durante os sete dias e noites seguintes, os três se sentaram junto com Jó, sobre a cinza, sem dizer uma única palavra, porque viram que o sofrimento de Jó era grande demais. Finalmente Jó começou a falar e amaldiçoou o dia em que tinha nascido. Jó disse: “Maldito seja o dia em que eu nasci! Maldita seja a noite em que se disse: ‘Nasceu um menino!’. “Espero que aquele dia seja transformado em trevas profundas, e Deus, lá no céu, se esqueça dele e não deixe a luz brilhar sobre ele. Espero que ele fique para sempre encoberto por nuvens escuras, preso para sempre na mais profunda escuridão. Que aquela noite fique escura e fria para sempre! Tomara que ela não seja contada entre os dias do ano! Seja aquela noite solitária e triste, e nela se não ouçam os gritos de alegria! Amaldiçoem aquele dia aqueles que amaldiçoam os dias, aqueles que têm poder sobre o Leviatã. Que se apaguem as estrelas matutinas, que ela espere a luz da manhã, mas a luz não venha; e não veja os primeiros raios de luz no horizonte, pois ela deixou que minha mãe me desse à luz e me obrigou a passar por todo este sofrimento! “Quem me dera morrer antes de ter nascido, ou tivesse morrido ao nascer”. Por que minha mãe me colocou em seu colo? Por que ela me amamentou? Se eu tivesse morrido naquele momento, eu estaria feliz agora, descansando em paz, junto aos reis e conselheiros da terra, que construíram grandes e ricas sepulturas para si. Quem sabe estaria lado a lado com governadores que viviam em belos palácios cheios de prata e ouro! Ah, se eu tivesse morrido enquanto ainda estava no ventre de minha mãe, sem nunca ter visto a luz do sol! Porque depois da morte os perversos já não podem mais praticar suas maldades; os que viveram sofrendo podem descansar. Depois da morte, os prisioneiros desfrutam sossego, já não ouvem as ameaças dos guardas da prisão. Depois da morte, todos são iguais, ricos e pobres. O escravo finalmente fica livre do seu senhor. “Ah, por que deixar os infelizes saberem o que é a vida? Por que deixar viver os de coração amargurado, quando eles desejam tanto a morte? Por que ela não vem? Para os desesperados, a morte vale mais que um tesouro! Que alegria para eles ao encontrar alívio e descanso numa sepultura! Por que deixar viver aquele que só terá sofrimento, uma vida que Deus cercou de tristeza por todos os lados? De tanto chorar e gemer, nem consigo comer! Minhas lágrimas correm como uma fonte! O infortúnio que eu tanto temia veio sobre mim; o que eu tanto receava acabou acontecendo! Não tenho paz, nem alívio, nem sossego; só dor e inquietação”. Quando Jó acabou de falar, Elifaz, natural de Temã, respondeu: “Será muito difícil para você ouvir algumas palavras, sem deixá-lo impaciente. Mas há algumas coisas que eu não posso deixar de lhe dizer. No passado, você ensinou pessoas que estavam sofrendo a confiar em Deus. Você ajudou os fracos, caídos e desesperados a começar de novo; você fortaleceu os que estavam com os joelhos vacilantes. No entanto, agora que chegou a sua vez de passar pelos mesmos sofrimentos, você se desespera; quando você é tocado, perde a vontade de viver! “Não é o seu temor a Deus a sua confiança? Você, que vivia uma vida íntegra e justa, onde está a sua esperança? “Pense um pouco: Por acaso Deus já destruiu um inocente? Onde os íntegros sofreram destruição? Na minha opinião, os que cultivam o mal e semeiam maldade, esses é que colhem, como castigo de Deus, a maldade que fizeram. Sim, Deus destrói esses homens com o sopro da sua ira, da mesma maneira que o calor do sol faz murchar a erva. Eles podem rugir e rosnar como os leões, mas até os dentes dos grandes leões se quebram. Morrerão de fome, como um leão velho que não pode mais conseguir alimento, e os filhotes se espalham. “Uma grande verdade foi revelada a mim, um grande segredo, que eu mal consegui ouvir quando me foi contado. Certa noite, quando todos dormiam, eu tive uma visão perturbadora. De repente, o temor e o tremor me sobrevieram e meu corpo inteiro estremeceu. Um espírito apareceu diante de mim, e os pelos do meu corpo se arrepiaram. Eu percebi que o espírito estava à minha frente, mas não era possível ver sua forma; parecia uma sombra, um vulto diante dos meus olhos. Então, no silêncio ouvi uma voz abafada: “Por acaso o homem poderá ser mais justo do que Deus? Por acaso o homem poderá ser mais puro que o seu Criador?” “Deus não pode confiar nem em seus mensageiros, e em seus próprios anjos encontra imperfeições! Que dizer então do homem feito do pó da terra, que Deus pode destruir com a mesma facilidade com que o homem esmaga um inseto? A vida humana é tão curta! O homem nasce pela manhã e morre ao pôr do sol! Morre para sempre e ninguém se importa! Quando se cortam as cordas da sua barraca, morrem e se vão, sem terem alcançado sabedoria. “Grite por socorro, se quiser, mas ninguém responderá ao seu pedido de ajuda. Peça ajuda aos anjos, mas será tudo em vão. O ressentimento destrói o insensato, e a falta de juízo leva à morte. Eu observei a vida do homem que se revolta contra Deus; a princípio tudo vai bem, mas logo vem a desgraça sobre a sua casa. Os filhos do homem rebelde sofrem por causa do pecado do pai; são desprezados pela sociedade e não recebem ajuda de ninguém. O homem rebelde fica sem o que plantou, porque os ladrões roubam tudo; tudo que ele ajuntar acabará no bolso de gente desonesta. Todo esse sofrimento não brota da terra; e a desgraça não nasce do chão. E esse é o fim da vida humana: tristeza e frustração; isso é tão natural quanto as faíscas de uma fogueira que voam para cima. “Vou lhe dar um conselho: procure a Deus e apresente a sua causa a ele. Pois ele faz maravilhas, milagres que nem se podem explicar. Ele manda a chuva cair sobre a terra e regar os campos. Ele exalta os humildes, e coloca em segurança os que choram. “Ele acaba com os planos de homens perversos e não permite que façam as maldades que planejam. Os perversos acabam sendo destruídos pela sua própria maldade; seus planos violentos são cortados por Deus. Em pleno dia eles ficam no escuro, como cegos; a luz do dia será tão escura quanto a meia-noite! “Deus salva os órfãos e necessitados, salva-os das mãos dos poderosos. Por isso há esperança para os pobres, porque os perversos serão destruídos pela sua própria injustiça. “Feliz é o homem a quem Deus corrige! Portanto não despreze o castigo do Todo-poderoso. Ele mesmo trata da ferida que ele fez. Ele machuca, mas suas mãos curam. Ele estará sempre ao seu lado para livrá-lo de todos os problemas que surgirem. “Se houver fome na terra, ele lhe dará comida. Ele o protegerá do golpe da espada na guerra. Ele cuidará para que você não seja destruído por palavras mentirosas. E mesmo no meio da destruição, você não precisará temer. “Sim, você rirá da destruição e da fome, e não precisará ter medo dos animais ferozes. Deus fará com que as pedras do campo sejam úteis para você, e os animais do campo serão seus amigos. “Você pode ter certeza de que a paz guardará a sua casa, e você não achará falta de nada quando contar os bens da sua morada. Sua família se tornará muito grande e poderosa na terra, e os seus descendentes serão como as folhas do pasto. A morte chegará na hora certa, quando você já tiver vivido uma vida longa e feliz, como um feixe de trigo que se colhe quando está maduro. “Eu venho observando a vida por muito tempo e sei que o que lhe disse é a verdade. Para seu próprio bem, ouça e aproveite o meu conselho”. Então Jó respondeu a seu amigo Elifaz: “Ah, se alguém pudesse pesar a minha aflição e o meu sofrimento, e pôr numa balança a minha desgraça! Você veria que a minha dor é mais pesada do que toda a areia do mar. Por isso falei com tanta impetuosidade. O Todo-poderoso me castigou com as suas flechas, e o meu espírito está envenenado por causa delas. Deus me castigou com toda espécie de sofrimento e dor. Pense bem: Por acaso o jumento selvagem zurra quando tem capim? E o boi muge, se tiver seu pasto? Por acaso se come sem sal uma comida que não tem gosto? E a clara do ovo, tem algum sabor? Recuso-me a tocar nisso; essa comida me causa repugnância. “Quem dera Deus ouvisse o meu pedido e atendesse ao meu desejo! Quem dera que ele me esmagasse e com sua mão me eliminasse! Assim, mesmo sofrendo e morrendo, eu ainda teria um consolo; estou inocente em meio à dor implacável, diante do Santo Deus, pois não nego a sua palavra. “Que esperança posso ter, se já não tenho mais forças para continuar vivendo? Por que demorar tanto se o meu fim é certo? Será que Deus pensa que sou feito de pedra, ou de bronze, que não sinto dor? Não, eu morrerei sem receber ajuda, e não há ninguém que me ajude neste sofrimento! “O amigo deve mostrar compreensão e ajuda na hora da dificuldade, mas vocês estão me tratando como se eu tivesse abandonado o temor do Todo-poderoso. Vocês, que são como irmãos para mim, acabaram me tratando falsamente. Vocês são como os riachos que correm montanha abaixo, até o fundo dos vales. Quando a neve e o gelo do inverno derretem, eles correm cheios e rápidos, mas quando vem o calor, eles param de fluir, e no verão eles desaparecem dos seus leitos. As caravanas saem da sua rota; sobem para lugares desertos e acabam morrendo ali. As caravanas de mercadores vindas de Temá procuram esses riachos; cheios de esperança olham os mercadores de Sabá. Ficam tristes, porque estavam confiantes; acabam ficando decepcionados, pois não encontram água para beber. Vocês são como esses riachos para mim; eu esperava encontrar ajuda, mas vocês se afastaram, espantados com a minha desgraça. Por acaso eu pedi alguma coisa de vocês, ou que me dessem algum presente? Por acaso pedi que me livrassem do inimigo? Ou que me livrassem das mãos de quem me oprime? “Tudo que eu quero é uma explicação para todo esse sofrimento; eu me calarei, se alguém me mostrar os erros que cometi. Quão dolorosas são as palavras honestas! Mas o que prova a acusação de vocês? Por acaso vocês pretendem corrigir o que digo, querem tratar as palavras de um homem desesperado como se elas fossem como vento? Vocês seriam capazes de vender um órfão como escravo ou de trair o melhor amigo por um punhado de dinheiro. Olhem para mim, por favor! Eu não seria capaz de mentir para vocês, meus amigos! Não me considerem culpado tão depressa! Julguem o meu caso mais uma vez e sejam bem sinceros; vocês verão que não mereço este sofrimento. Ou vocês pensam que sou mentiroso? Será que não sei mais discernir o que é certo e o que é errado e admitir o meu erro se tivesse cometido algum pecado? “Ah, o trabalho do homem da terra é pesado. Os seus dias são como de um assalariado. Como o escravo espera ansioso pela sombra de uma árvore, ou como o assalariado espera ansioso pelo pagamento, assim, mês após mês, tenho tido ilusões e longas noites cheias de dor e aflição. Quando vou me deitar, penso: ‘Quem dera já fosse manhã!’ A noite se arrasta, e eu me viro de um lado para o outro na cama, sem poder dormir. “Minha pele está coberta de vermes e de uma casca escura. Feridas antigas voltam a se abrir e ficam cheias de pus. “Meus dias correm mais depressa do que a lançadeira de um tecelão, e são vazios e sem esperança. Lembre, ó Deus, que a minha vida é breve como um sopro; e eu nunca mais voltarei a ver a felicidade. Em breve, meus amigos não me verão mais. Vão olhar para mim, mas não me verão mais no reino dos vivos. Como a neblina que desaparece com o calor, assim os que vão para o reino dos mortos não voltam mais a este mundo; deixam para trás sua família e a casa onde viviam; ninguém mais se lembra deles. “Por tudo isso não posso ficar calado; falarei da tristeza do meu coração, e pela aflição da minha alma me lamentarei. “Por acaso sou eu o mar, ou um monstro furioso, para que o Senhor me vigie sem parar? Quando penso que na cama encontrarei descanso e que o sono aliviará a minha dor, o Senhor me assusta com pesadelos e me aterroriza com visões. Eu prefiro morrer estrangulado a viver sofrendo desse jeito! Já estou cansado da minha vida; meus dias não têm significado. Deixe-me ficar só, ao menos nestes últimos dias de vida. “Afinal de contas, quem é o homem para que o Senhor se interesse tanto por ele e vigie cada um de seus passos? Por que o Senhor nos vigia todos os dias, e coloca o homem à prova a cada novo dia? Até quando vai me vigiar? Quando me dará tempo para fazer as coisas simples da vida sem ser vigiado? Será que o meu pecado incomoda tanto, ó Senhor, que vigia a humanidade? Por que me escolheu como alvo das suas flechas? Por que fez da minha vida um fardo tão pesado? Por que não perdoa o meu pecado e não tira das minhas costas o peso da minha desobediência? Em breve eu me deitarei para dormir o sono eterno; O Senhor me procurará entre os vivos, mas não me encontrará”. Então Bildade, de Suá, respondeu: “Até quando você vai continuar falando desse jeito, soprando palavras furiosas como um vento forte? Você acha que Deus torce a justiça? Será que o Todo-poderoso seria capaz de cometer uma injustiça e torcer o que é certo? Quando os seus filhos pecaram contra ele, sofreram as conseqüências de seu pecado. Mas agora, se você procurar Deus e implorar ao Todo-poderoso, se você for sincero e puro, ele não demorará em ajudá-lo e o restabelecerá num lugar justo e feliz. E você verá que o que tinha antes era pouco, comparado com o que Deus lhe dará. “Lembre-se do que aconteceu no passado, a gerações anteriores, a seus antigos parentes! Pois nascemos ontem e não sabemos nada; os nossos dias na terra passam como uma sombra. Por isso, aprenda com os homens do passado; eles lhe ensinarão com sabedoria estas grandes verdades. Da sua experiência eles dirão: Será que as varas podem crescer fora do brejo ou o junco viver sem água? Ainda verdes, antes de serem colhidos, secam-se, antes mesmo que as ervas. Assim acontece com todo aquele que se esquece de Deus; assim a esperança do ímpio desaparece. O homem sem Deus não tem segurança; sua vida se sustenta numa teia de aranha, muito frágil. Ele procura se apoiar em sua teia, mas ela cede; agarra-se a ela, mas ela não suporta. No começo de sua vida ele é como uma planta nova bem regada ao brilho do sol, espalhando-se pelo jardim; suas raízes se espalham por toda parte, entre os montões de pedras, e se agarram às rochas. Mas quando é arrancada, ninguém sente a sua falta. Esse é o resultado da sua vida, e surgem outras plantas para tomar o seu lugar. “Uma coisa é certa: Deus não abandonará o homem justo e sincero da mesma maneira que nunca ajudará o pecador rebelde. Ele ainda encherá a sua vida de risos e colocará exclamações alegres nos seus lábios. Seus inimigos serão envergonhados, e os perversos serão destruídos!” Então Jó respondeu: “Eu sei disso muito bem; não é novidade. Mas pode um mortal ser considerado justo diante de Deus? Se Deus quisesse pedir contas ao homem, seria possível responder sequer uma das mil perguntas que ele fizesse? Deus é muito sábio e poderoso. Quem pode desafiá-lo e sair vencedor? “Na sua ira, ele é capaz de mover e destruir montanhas tão depressa que nem se pode ver. Ele pode sacudir os alicerces da terra e tirá-la do seu lugar. Se ele mandar que o sol não nasça, ele não nascerá; e ele pode apagar o brilho das estrelas. Sozinho, ele formou os céus! Ele anda sobre as grandes ondas do mar. Ele criou as grandes estrelas e os grupos de estrelas como a Ursa Maior, o Órion, as Plêiades e as constelações que brilham nos céus do sul. Ele realiza grandes milagres, tantos que é impossível contar e ver! Ele está sempre perto de mim, mas não posso vê-lo; vai sempre adiante em meu caminho, mas não o percebo. Quando ele decide ficar com alguma coisa, quem é capaz de impedi-lo? Quem pode dizer-lhe: ‘O que o Senhor está fazendo?’ Deus não deixa de cumprir o castigo que sua ira exige. Ele esmaga os príncipes de nações poderosas, como o Egito. Quem sou eu, pois, para pedir satisfações a ele? Como achar palavras para argumentar? Mesmo que eu fosse inocente, não discutiria com ele; pelo contrário, pediria a sua misericórdia, pois ele é o meu Juiz. E mesmo se minhas orações fossem respondidas, custaria a crer que ele tivesse dado ouvidos à minha voz. Ele me esmagaria como uma tempestade violenta e, sem motivo, ele aumentaria as minhas feridas. Ele nem me deixaria recuperar o fôlego, mas encheria a minha vida de amargura. Farei uso da força? Ele é mais forte. Chamarei Deus ao tribunal? Quem o intimaria a comparecer? E eu? Por acaso sou justo? Minha boca me condenaria! E mesmo que aos olhos dos homens eu fosse considerado justo, Deus me declararia culpado. “Eu tenho certeza de estar inocente diante de Deus, mas não me importo com isso; minha vida não vale nada. Já não faz diferença; por isso digo: Deus castiga tanto o justo como o pecador. Quando uma desgraça mata de repente, ele zomba do desespero do inocente. Este mundo é dominado por homens perversos, e Deus cobre os olhos dos juízes. Se não é ele quem causa todo esse mal, quem é, afinal? “Meus dias correm mais depressa do que um atleta, eles fogem sem um lampejo de alegria. Minha vida passa depressa como um barco veloz, como a águia que se lança sobre sua vítima. Eu posso dizer a mim mesmo: Esse meu sofrimento não existe; não vou mais reclamar contra Deus, vou esquecer minha tristeza e sorrir. De nada adianta, porque me apavoro com as minhas dores, pois sei que não me considerará inocente. E, se ele já me considerou culpado, para que, então, continuar lutando? Mesmo que eu me lave com a água mais pura e limpe minhas mãos com soda, eu sei que o Senhor me afundaria num poço de lodo, ó Deus, E, perto de mim, até as minhas roupas sujas pareceriam limpas. “Deus não é homem, como eu. Se fosse, poderíamos ir ao tribunal e discutir nosso caso perante um juiz. Mas não há um juiz capaz de decidir nossas questões com Deus e nos deixar em paz com ele. Ah, quem dera ele parasse de me castigar! Assim eu não viveria dominado pelo medo. Então poderia falar diretamente com ele sem medo, e dizer que não sou culpado. “Estou cansado de viver. Vou abrir meu coração e contar a todos os meus sofrimentos e a tristeza que enche a minha alma. Direi a Deus: Não me condene; diga-me que acusações o Senhor tem contra mim. O Senhor acha justo que eu receba um castigo tão pesado enquanto os perversos sobem na vida e vivem felizes? Afinal, eu também sou sua criatura! Por acaso o Senhor tem olhos de carne? O Senhor julga como os mortais? Por acaso a sua vida é tão curta como a nossa? Ou são os seus anos como os anos de um homem? Por que o Senhor procura investigar os meus pecados, e se informa das maldades que cometi? O Senhor sabe que não sou culpado, e que ninguém pode me livrar da sua mão. “Com as suas próprias mãos o Senhor me formou, com todo o cuidado. E agora o Senhor irá me destruir? Lembre-se de que sou feito de barro. Por que, agora, quer me fazer voltar ao pó? O Senhor já não me derramou como se eu fosse leite e já me coalhou como queijo. O Senhor cobriu a minha carne de pele e me deu uma estrutura de ossos e tendões. Na sua bondade me deu vida e cuidou do meu espírito. “Em todo esse tempo, havia um propósito secreto em seu coração; mas agora, eu sei bem qual é esse propósito. O Senhor me observa de perto, e se eu pecar, o Senhor não deixa de castigar a minha ofensa. Sendo pecador, não tenho esperança de escapar; e se eu fosse justo, isso não me ajudaria em nada. Estou coberto de vergonha e consciente da minha aflição. Se eu tento afirmar minha inocência, o Senhor me persegue como um leão feroz, e me castiga com um poder que não posso explicar. O Senhor sempre tem testemunhas que me acusam, e lança sobre mim a sua grande ira; sofro grandes ataques, como se o Senhor fosse um exército. “Então, por que me deixou nascer? Quem me dera ter morrido antes de nascer! Eu nunca teria conhecido os sofrimentos desta vida; teria ido direto do ventre de minha mãe para a sepultura. Já estaria no fim dos poucos dias de vida que eu ainda tenho. Pare de me castigar e deixe-me em paz, para que eu tenha um instante de alegria, antes de partir para o lugar de onde não voltarei, para o reino da escuridão e da morte, para uma região escura, de trevas profundas como a noite, terra da sombra e da desordem, onde a própria luz é escura como a meia-noite”. Zofar, o naamita, respondeu: “Será que todas essas palavras vão ficar sem resposta? Será que você vai tentar se justificar com essa conversa? Você pensa que toda essa conversa tola calará as outras pessoas? Pensa que pode zombar e desafiar Deus sem ser repreendido por alguém? Você afirma que sua vida é perfeita aos olhos de Deus e que você é inocente. Ah, quem dera Deus lhe falasse e dissesse o que ele pensa a seu respeito. Quem dera ele lhe mostrasse tudo o que sabe a seu respeito. Então você conheceria a verdadeira sabedoria de Deus, que é tão grande e complexa. E fique sabendo que Deus ainda está deixando de lado uma parte de seus pecados! “Por acaso você conhece os mistérios de Deus? É capaz de compreender o Todo-poderoso na sua pureza e perfeição? A sabedoria divina é mais alta que os céus; como é que você pretende discutir com ele? A sabedoria divina é mais profunda que as profundezas! O que você poderá saber? Deus é maior do que a terra e mais vasto que o mar. “Se ele considera um homem culpado, julga esse homem e lhe dá o castigo merecido. Quem poderá impedi-lo? Será que Deus não conhece muito bem as pessoas que não sabem nada? Sem esforço ele conhece a maldade de cada um. E você se julga sábio! O homem só será sábio no dia em que a cria de um jumento selvagem nascer homem! Contudo, faça um propósito de consagrar o seu coração, e estender as mãos para ele; abandonar o pecado que mancha as suas mãos e não permitir que a maldade habite em sua casa. Então você poderá andar de cabeça erguida, sem envergonhar-se; firme e sem medo! Os seus sofrimentos ficarão para trás, como águas passadas, e você nunca mais se lembrará deles. Sua vida será clara como o meio-dia, e as horas que antes eram escuras como a noite se tornarão claras como um dia sem nuvens. Você viverá tranquilo e a vida será cheia de esperança. Você dormirá em paz e segurança. Não haverá inimigos para perturbar o seu sono, pois todos vão querer a sua amizade. Os pecadores rebeldes, por outro lado, se cansarão à procura de refúgio, mas não acharão lugar para onde fugir; para eles, a única esperança, o único consolo, será a morte”. Esta foi a resposta de Jó: “Sem dúvida, vocês são a voz do povo, e a sabedoria morrerá com vocês! Pois bem, eu também possuo alguma sabedoria; não fico atrás de vocês! Além disso, qualquer um conhece as coisas que vocês estão me dizendo! Vejam o que me aconteceu! Eu era um homem justo e bom; quando eu orava, Deus respondia às minhas orações. Agora, porém, os meus próprios amigos zombam e fazem pouco caso de mim! Vocês se sentem muito seguros e por isso zombam de quem está sofrendo, empurram quem já está tropeçando! Além disso, os saqueadores vivem em paz, e os que zombam de Deus vivem em segurança, fazendo da sua própria força um deus. “Pergunte aos animais do campo, e eles o ensinarão, ou às aves dos céus, e elas lhe contarão; fale com a própria terra, e ela o instruirá; deixe que os peixes do mar o informem. E quem neste mundo não sabe que foi a mão do Senhor que determinou e realizou todas essas coisas? Em suas mãos está a vida de todas as criaturas, a vida de toda a humanidade. Assim como eu posso perceber se uma comida é gostosa ou não com a minha boca, meus ouvidos me dizem se suas palavras são verdadeiras ou falsas. Será que a idade é garantia de sabedoria? E todos os velhos conhecem a vida de verdade? “Deus é quem possui a sabedoria e o poder! A ele pertencem o conselho e o entendimento. O que ele destrói, ninguém consegue reconstruir! Quando ele aprisiona alguém, ninguém é capaz de libertar. Se ele segura a chuva, vem a seca; se ele deixa a chuva cair, há enchentes e inundações. Sim, a ele pertencem a sabedoria e o poder. A ele pertencem tanto quem engana como quem é enganado. Ele tira das autoridades a sabedoria e faz com que os juízes percam o juízo. Ele acaba com a autoridade dos reis e derruba os que estão no poder. Ele afasta os sacerdotes do seu cargo, e acaba com o poder das famílias antigas e ricas. Ele tira dos conselheiros a capacidade de fazer belos discursos; tira dos idosos a capacidade de dar bons conselhos. Ele faz os príncipes serem desprezados e enfraquece os poderosos. Ele mostra bem claramente os planos e pensamentos escondidos, lançando a sua luz sobre as trevas profundas. Ele torna as nações poderosas e as destrói. Faz crescer as nações, e as espalha. Ele tira das autoridades a capacidade de entender os problemas de seu país, e faz os líderes das nações caminharem sem destino e sem rumo, como num deserto. Andam às escuras, tentando achar seu caminho como cegos, tropeçando e caindo como bêbados. “Eu sei muito bem do que vocês estão falando. Já vi muitos casos semelhantes com os meus próprios olhos; ouvi com os meus ouvidos e entendi. Conheço a vida tão bem quanto vocês; não sou inferior a vocês. Por isso é que desejo falar com o Todo-poderoso e tento defender a minha causa, provando que sou inocente, porque vocês torcem o sentido das minhas palavras. Vocês são médicos que não sabem descobrir doenças! Se vocês calassem a boca, mostrariam mais sabedoria do que me dando esses conselhos tolos! Ouçam bem as minhas razões, escutem com atenção a minha defesa! De que adianta vocês falarem essas mentiras tolas e pensarem que são mensageiros de Deus? Será que Deus ficaria satisfeito em ver que vocês torcem a verdade para provar que ele está certo? Pobres de vocês se ele lhes mostrasse o que há em seus corações! Vocês pensam que podem enganar Deus como enganam as pessoas? Com certeza ele os castigaria se, mesmo em segredo, vocês fossem injustos. Será que vocês não sentem medo diante do esplendor de Deus? Será que não se sentem aterrorizados diante do poder de Deus? Suas belas palavras valem tanto quanto um punhado de cinza. As bases das suas defesas são fracas como colunas feitas de barro. “Fiquem quietos e deixem-me falar; estou pronto a sofrer as consequências. Por que arrisco tudo que tenho, a minha própria vida, para defender minha inocência? Deus pode me matar, mas mesmo assim esperarei nele; assim mesmo defenderei a minha causa diante dele. Talvez essa coragem venha a salvar-me. Pois nenhuma pessoa desobediente irá à sua presença. Escutem bem o que vou dizer; prestem atenção nos meus argumentos. Já tenho preparada a minha defesa. E sei que sou inocente. Não existe uma pessoa capaz de provar que eu seja culpado de algum pecado. Se existisse ao menos uma pessoa, pararia de me defender e morreria. “Ó Deus, eu peço apenas duas coisas para poder chegar sem medo à sua presença, e não me esconderei. Não me castigue mais e não me assuste com a terrível grandeza do seu poder! Então, peça contas de minha vida, e eu responderei; ouça a minha defesa, e falarei. Quantas faltas e pecados cometi? De que culpas e pecados sou acusado? Por que o Senhor se esconde de mim e me considera seu inimigo? Eu sou frágil e sem valor como uma folha levada pelo vento, como um pedaço de palha seca. O Senhor preparou para mim um castigo terrível e me condenou pelos pecados que cometi quando ainda era um jovem sem juízo. Prende os meus pés com correntes, observa cada um dos meus passos e me obriga a andar pelo caminho que escolheu. “Assim sou apenas como um tronco de árvore, caído e podre, como um trapo velho, comido pelas traças. Como é curta a vida do homem nascido de mulher, cheia de medo e sofrimento! Ele nasce e cresce como uma flor, mas logo murcha e morre. Ele some depressa, como a sombra de uma nuvem que passa no céu. Como o Senhor pede contas a criaturas tão fracas e sem valor como o homem? E quem sou eu para que seja julgado? Quem pode exigir que o homem, impuro por natureza, aja com justiça? Ninguém! O Senhor mesmo determinou a duração da vida humana; o Senhor decretou o número de seus meses e estabeleceu limites que ele não pode ultrapassar. Por isso, pare de vigiar o homem tão de perto! Dê um pouco de descanso ao homem, como quando chega ao fim o dia de um trabalhador. “Até uma árvore tem esperança; se é cortada, pode voltar a brotar e produzir ramos e folhas. Mesmo quando as raízes envelhecem e o tronco seca, ainda assim, regada pela chuva, ela brotará e dará ramos, como se fosse uma planta nova. Mas o homem, quando morre, não volta a viver. Dá o último suspiro e deixa de existir! Assim como as águas do mar evaporam e o leito do rio desaparece quando há uma seca, do mesmo modo, o homem dorme o seu último sono e não acorda; nem mesmo depois de os céus deixarem de existir, o homem será despertado do seu sono. Quem dera o Senhor me escondesse entre os mortos até a sua ira passar, e então se lembrasse de mim na hora certa! Quando o homem morre, por acaso tornará a viver? Essa esperança é que me faz suportar os sofrimentos desta vida até chegar o dia de passar para aquela vida melhor. O Senhor me chamaria e eu responderia; então o Senhor mostraria o seu amor à obra das suas mãos. O Senhor vigiaria de perto os meus passos, mas não me estaria vigiando quanto ao meu pecado. Minhas faltas serão fechadas num saco; o Senhor esconderá a minha iniquidade. “Como o tempo e o vento destroem grandes montes e mudam a rocha do seu lugar, e assim como a água corrente vai desgastando as pedras e leva as terras das margens dos rios, assim o Senhor destrói as esperanças do homem. A todo instante, luta contra ele, até a morte. Faz o seu rosto mudar, ficar velho e enrugado e finalmente manda o homem para o reino dos mortos. Seus filhos crescem e são honrados, mas ele nada sabe disso. Por outro lado, se eles caem na desgraça, não ficará sabendo. Ele só sente a dor do seu próprio corpo, e chora somente pela sua alma”. Esta foi a resposta de Elifaz, o temanita: “Como você pode se considerar um sábio, dando respostas vazias como essas? Isso é conversa que enche o estômago de vento. Para que falar tanto sem propósito, e apresentar razões completamente sem lógica? Você só está demonstrando que não respeita Deus e não dá a ele o devido valor. Suas palavras são resultado de seu pecado, e você fala com segundas intenções, para nos enganar. Saiba que a sua própria boca o condena, suas próprias palavras depõem contra você! “Por acaso você é o primeiro homem que nasceu sobre a terra, o mais velho entre os montes e morros? Por acaso você conhece os planos secretos de Deus? Só você é o dono da verdade e da sabedoria? O que você pensa saber mais do que nós? Que compreensão você tem que nós não temos? Homens sábios e idosos, homens de cabelos brancos, mais velhos do que o seu próprio pai, estão do nosso lado. Por que você despreza a ajuda e o consolo que Deus lhe oferece por meio das nossas palavras amigas? Por que você se deixou levar pelo coração? E por que esse olhar flamejante? Você está irado com Deus e por isso deixa sair essas palavras da sua boca! “Como um simples homem pode ser puro e sem pecado? Como pode ser justo quem nasce de mulher? Fique sabendo que Deus não considera nem os próprios santos inocentes e puros! Perto da santidade de Deus até o céu é impuro! Que dizer então dos homens, impuros e perversos por natureza e cheios de pecado como uma esponja que cai na água? “Escute com atenção, e eu lhe mostrarei o que descobri observando a vida. Isso é o que descobriram os sábios do passado, que, por sua vez, já tinham ouvido as mesmas verdades dos seus pais, a quem foi dada a terra — e a mais ninguém — e que não receberam a influência de nenhum estrangeiro: O pecador rebelde sofre tormentos no curto período de vida que se reserva para o opressor. Ele vive cercado pelo medo e quando afinal consegue se sentir em paz, os ladrões o atacam. Ele não tem esperanças de sair da escuridão, porque pensa que vai morrer ao fio da espada. Seu destino é perambular em busca de pão; os abutres o esperam para devorar o seu corpo. Ele bem sabe que o dia escuro do castigo chegará depressa. Ele vive dominado pelo medo, pelas angústias e tribulações, como ocorre com um rei quando espera o ataque dos inimigos, porque agitou os punhos contra Deus, e desafiou o Todo-poderoso, afrontando-o de forma desafiadora, com um escudo forte e resistente. “Apesar de ter o rosto coberto de gordura, e a cintura estufada de carne, habitará em cidades assoladas, em casas abandonadas prestes a ruir. Por causa disso, suas riquezas não ficarão com ele por muito tempo, e ele não conseguirá novas riquezas. Ele não escapará das trevas; o fogo secará os seus renovos, com um sopro de Deus ele se vai. “Por isso, ele não deve confiar na vaidade, enganando-se a si mesmo, pois a vaidade será sua recompensa. Ela o consumirá antes do tempo, e os seus ramos não florescerão. Ele será como a vinha que perde as uvas ainda verdes, como as flores da oliveira que murcham e caem. Pois a vida com os ímpios não tem sentido, e o fogo destruirá as tendas daqueles que subornam. Deles só brota a maldade; eles só vivem em desobediência a Deus, e têm um coração enganoso”. Então Jó respondeu: “Já estou cansado de ouvir o que vocês estão me dizendo. Afinal, que espécie de amigos são vocês? Querem me consolar ou me acusar? Suas palavras são vazias e sem sentido. O que eu fiz para vocês me encherem os ouvidos com essas respostas tolas? Se eu estivesse em seu lugar, e vocês em meu lugar, será que eu lhes diria as mesmas tolices e balançaria a minha cabeça contra vocês? Não! Eu não faria uma coisa dessas! Eu falaria com interesse e sinceridade palavras de consolo, para diminuir o seu sofrimento. “Mas agora, a minha dor não passa mesmo que eu abra o meu coração; e se me calo, ela não desaparece. Ó Deus, o Senhor me deixou sem forças; o Senhor destruiu a minha família completamente. Meu sofrimento acabou com a minha saúde, e a minha magreza já se levanta contra mim! Sim, Deus está irado comigo e me tem arrasado, e range os dentes contra mim; os meus adversários me olham com um olhar ferino. Os homens também vêm me acusar com suas palavras e mostram desprezo pela minha triste condição, e esmurram o meu rosto para me humilhar. Deus mesmo me entregou nas mãos dos pecadores e me fez cair nas mãos dos maus. Eu vivia em paz até o dia em que ele me arrasou com seu castigo. Sim, ele me destruiu; fez minha vida em pedaços e me escolheu como alvo. Seus flecheiros me cercaram. Eles traspassaram os meus rins, e a minha bílis foi derramada pelo chão. Sem parar, ele me ataca como um soldado ao seu inimigo. “Como sinal da minha tristeza, costurei uma veste de lamento sobre a minha pele e enterrei a minha testa no pó da terra. Já não tenho mais lágrimas; meus olhos já estão vermelhos de tanto chorar e tenho profundas olheiras, como um homem prestes a morrer. Tudo isso me acontece embora eu seja inocente e não haja violência em minhas mãos e sejam sinceras as minhas orações. “Ó terra, não esconda o meu sangue, e que não haja lugar que oculte o meu clamor! E vocês fiquem sabendo que a minha testemunha está nos céus; O meu advogado está nas alturas. Vocês zombam de mim enquanto eu derramo lágrimas sinceras diante de Deus; pedindo que ele me ouça como faria um homem com o seu amigo. “Porque eu sei que em breve seguirei por aquela estrada que não tem volta. “O meu espírito vai se quebrantando, os meus dias vão se apagando, bem sei que meu destino é a sepultura. Estou cercado de pessoas que zombam de mim e sou obrigado a olhar os seus desaforos. “Ó Deus, por favor, só o Senhor pode garantir o meu livramento. Quem mais pode ser meu fiador? O Senhor fechou a mente deles para o entendimento. Não permita que esse falso julgamento destrua a verdade! Se alguém denuncia seus amigos por recompensa, que fiquem cegos os seus filhos. “Deus me transformou em motivo de riso e zombaria para o povo; eu me tornei um desprezado, em cujo rosto os outros cospem. Por isso, chorei tanto que mal consigo enxergar. Já não sou nem sombra do que era antes, a minha vida se acaba a cada dia que passa. Os justos ficam espantados ao ver o meu estado, e os inocentes se levantam contra o perverso. Mas o justo seguirá firme o seu caminho, e os homens de mãos puras se tornarão cada vez mais poderosos. “Por isso, venham todos vocês, não existe um sábio entre vocês, capaz de falar e entender a verdade. A minha vida ficou para trás, os meus planos não se realizaram e meus desejos não se cumpriram. Trocam a noite pelo dia, dizendo que a luz é treva e a treva é luz. Já estou esperando o dia em que minha casa será uma sepultura e então estenderei a minha cama nas trevas. Se eu clamar à corrupção mortal: Você é o meu pai, e aos vermes: Vocês são minha mãe e minha irmã, onde está a minha esperança? Há alguém que possa ver a esperança para mim? Descerá a esperança às portas da sepultura? Descansaremos juntos no pó?” Pela segunda vez Bildade, o suíta, respondeu: “Por que você insiste em dar respostas longas e sem sentido? Fale com sensatez, se você deseja que respondamos. Será que você pensa que somos animais, ou ignorantes aos seus olhos? Você que está furioso com a vida, acha que se deve abandonar a terra por sua causa? Será que, por sua causa, as rochas mudarão de lugar? A luz do perverso se apagará, e a chama do seu fogo se extinguirá. Nas suas tendas a luz se escurecerá; a sua lâmpada se apagará. O andar confiante do perverso se enfraquece; ele será destruído pelos seus próprios planos. Ele caminhará direto para a rede, e os seus pés ficam presos na malha. Cairá nas armadilhas pelo calcanhar; e o laço o aperta. Em seu caminho há uma corda escondida na terra, e uma armadilha em seu caminho. O medo de todos os lados o assusta, e o perseguirá em todos os seus passos. O sofrimento virá faminto sobre ele, e a miséria está à sua espera, a qual consome parte dos membros do seu corpo; o primogênito da morte devora os seus membros. Ele pode se proteger numa casa segura, mas será arrancado de lá, e será levado ao rei dos terrores. Ninguém dos seus morará na sua tenda; espalharão enxofre sobre a sua habitação. Por baixo secam-se as suas raízes, e por cima os ramos são cortados. Ele será esquecido por todos e seu nome desaparece da terra, o seu nome será esquecido. Ele será expulso da luz para as trevas, e banido da civilização. Seus filhos morrerão sem ter filhos, e sua família acabará junto com ele. Em toda a terra, os do ocidente ficam assustados com a sua ruína, e os do oriente são tomados de pavor. Assim é a habitação do perverso; essa é a situação dos que não conhecem Deus”. Então Jó respondeu: “Até quando vocês vão me castigar com essas acusações falsas? Até quando encherão meu coração de tristeza? Já perdi a conta de quantas vezes vocês me repreenderam; para vocês, isso parece ser algo sem a menor importância. Eu reconheço que não sou perfeito, mas comigo ficará o meu erro. Vocês estão querendo usar a minha desgraça para provar a si mesmos que são muito justos e sinceros, e usam contra mim a minha humilhação; fiquem sabendo que meu sofrimento veio de Deus e foi ele que me prendeu em sua rede! Eu grito: É injustiça! Mas não obtenho resposta; clamo por socorro, mas não há justiça. Deus transformou os meus caminhos em becos sem saída; cobriu a estrada da minha vida de escuridão. Ele acabou com a minha honra e tirou a coroa da minha cabeça. Ele destruiu a minha vida de todas as maneiras possíveis. Minha esperança se foi, como uma árvore arrancada da terra. Sua ira ardeu como um fogo contra mim; ele me considera como um dos seus inimigos. Mandou seus exércitos avançarem contra mim; me cercaram e acamparam-se ao redor da minha casa. “Ele fez meus irmãos se afastarem de mim e meus amigos me considerarem um desconhecido. Os meus parentes não me dão ajuda e meus amigos nem se lembram de mim. Os meus hóspedes e as minhas servas, que vivem em minha casa, me consideram um estranho; vim a ser um estrangeiro aos seus olhos. Chamo o meu servo, mas ele já não me obedece, e eu preciso pedir humildemente, se quero que meus servos façam algo para mim. Minha própria esposa não chega perto de mim porque acha o meu hálito repugnante; por causa do mau cheiro dessas feridas abertas, meus próprios irmãos não se aproximam de mim. Até as crianças zombam de mim e riem às minhas custas quando tento me levantar. Todos os meus amigos achegados me detestam, aqueles a quem eu mais amava também me condenam e me desprezam. Não passo de pele e osso; escapei só com a pele dos meus dentes. “Tenham misericórdia de mim, meus amigos! Tenham pena de mim, porque a mão de Deus me derrubou. Já não chega o castigo que recebo de Deus? Será que vocês também vão se voltar contra mim? “Ah, como eu gostaria que minhas palavras fossem registradas. Quem dera fossem gravadas num livro. Quem dera fossem gravadas com ferramentas de ferro e chumbo, ou gravadas para sempre numa rocha! Eu sei que o meu Redentor vive e finalmente se colocará a meu favor sobre a terra. Eu sei que depois que a minha carne for consumida, sem ela estarei na presença de Deus. Sim, eu verei Deus face a face! Ninguém vai precisar me contar coisas sobre ele! Como desejo que esse dia chegue logo! “Por isso, se vocês disserem: ‘Como o perseguiremos, pois a raiz da aflição está nele’, tomem cuidado! Deus sabe que essas acusações são falsas e dará um castigo severo a vocês, e então vocês saberão que há juízo”. Então Zofar, o naamatita, respondeu pela segunda vez: “Eu preciso dizer o que estou pensando imediatamente, porque estou profundamente perturbado. Ouvi com atenção sua resposta e suas acusações contra mim e por isso tenho de responder de acordo com a minha consciência. “Você não compreende que desde a antiguidade, desde que existe gente na terra, a alegria dos maus é passageira, e o riso dos pecadores rebeldes dura apenas um momento? Mesmo que ele seja cheio de si e orgulhoso, e a sua cabeça toque as nuvens, o perverso perecerá para sempre, como o seu próprio excremento. Seus conhecidos todos vão perguntar: ‘Onde ele foi parar?’ Ele passará depressa como um sonho, para nunca mais ser encontrado; desaparecerá como uma visão da noite. Os olhos que o viram não o verão mais; nem o seu lugar o verá outra vez. Seus filhos terão de fazer restituição aos pobres; ele próprio, com as suas mãos, terá de restituir a sua riqueza. Mesmo que ainda seja jovem e cheio de saúde, o perverso será castigado com a morte. “Para o perverso, a maldade tem um gosto doce em sua boca e ele o esconde sob a língua. Mesmo que ele goste de saborear as maldades como se fossem uma comida deliciosa, ainda assim essa comida deliciosa deixará um gosto amargo no seu estômago; e se transformará em veneno de serpente em seu interior. Ele vomitará as riquezas que engoliu; Deus fará seu estômago lançá-las fora. Ele toma veneno de cobra, um veneno terrível que acabará tirando a sua vida. Ele não aproveitará as coisas belas da vida, os rios correndo pelos campos, cobertos de mel, e de manteiga. O perverso não aproveitará o fruto de seu trabalho; seus lucros desonestos não trarão a menor alegria. Tudo isso porque explorou os pobres e os deixou desamparados; tomou à força as propriedades que não construiu. Por causa da sua cobiça sem limites, o perverso perdeu tudo que tanto desejou e sonhou conseguir. Ele nunca perdeu uma oportunidade de roubar para conseguir riquezas e por isso perderá toda a sua fortuna. Quando atingir o máximo da riqueza, a aflição o dominará; toda a força da miséria vai acabar com ele. Para alimento, Deus fará chover a sua ira sobre o perverso, até ele dizer: ‘Não aguento mais!’ Se ele escapar da arma de ferro, uma flecha com ponta de bronze o atravessará. Ele arranca a flecha cravada em suas costas, e a ponta sai brilhando do seu fígado. O ferimento é mortal, e o perverso é dominado pelo medo da morte! Densas trevas estarão à espera das suas riquezas; um incêndio que ninguém saberá explicar destruirá todos os tesouros que ele ajuntou em sua casa. Os céus revelarão o pecado do perverso, e a terra se levantará contra ele. Os bens da sua casa serão levados, arrastados pelas águas, no dia do castigo de Deus. Pois isto é o que acontece ao homem que se revolta contra Deus. Esse é o terrível destino que Deus reserva para ele”. Então Jó respondeu: “Ouçam o que eu digo! Se ao menos vocês me ouvissem, isso já será um consolo para o meu coração. Tenham um pouco mais de paciência comigo, e depois que eu falar vocês podem zombar de mim. “Vocês pensam que estou me queixando de homens? Ainda que esse fosse o caso, por que não se angustiaria o meu espírito? Olhem para mim e se assustarão, tapem a boca com sua mão. Quando eu paro para pensar, fico perturbado. O meu corpo se arrepia todo. “Por que os perversos continuam vivos? Por que eles têm uma velhice cheia de riquezas e poder? Eles veem seus filhos formarem família e os seus descendentes diante dos seus olhos. A família do perverso vive em paz e livre de medo; Deus não se importa em lhes mandar o castigo merecido. O perverso tem touros, eles não deixam de procriar; suas vacas dão muitas crias e não abortam. Eles têm muitos filhos, que vivem felizes como ovelhas num pasto. Levantam a voz ao som do tamborim e da harpa; alegram-se ao som da flauta. Eles não passam qualquer dificuldade, sempre têm tudo que desejam e morrem tranquilamente. Todavia, dizem a Deus: ‘Deixa-nos em paz; não precisamos de você. Quem é o Todo-poderoso, para que o adoremos? Para que fazer orações a ele?’ E vocês sabem muito bem que é Deus quem dá aos perversos todas as riquezas que eles possuem. Por isso fico longe do conselho dos ímpios. “Quantas vezes se apagou a luz dos perversos? Quantas vezes eles caíram na desgraça, o destino que Deus reparte em sua ira? Por acaso eles se tornam como uma palha carregada pelo vento, como uma folha levada pela tempestade? “Mas vocês dirão: ‘Ao menos Deus manda o castigo contra os filhos do perverso!’ Deus devia mesmo é castigar o próprio perverso, para que ele sinta as consequências dos seus pecados. O perverso deveria ver com seus próprios olhos a sua destruição completa. Ele mesmo deveria beber o vinho amargo da ira de Deus! Depois de morto, não vai fazer a menor diferença para ele se sua família está sofrendo ou não. “No entanto, quem sou eu para dar lições ao Todo-poderoso, que julga até os seres celestiais? O homem rico morre em pleno vigor, feliz e despreocupado, bem alimentado e com boa saúde. Já outro morre tendo o coração amargurado, sem nunca ter experimentado as alegrias da vida. No entanto, ambos são enterrados e cobertos com a mesma terra, e depois comidos pelos mesmos vermes. “Eu sei bem o que vocês estão pensando e o mau juízo que fazem a meu respeito. Vocês estão pensando: ‘Onde está a casa do grande homem? Onde está a tenda dos ímpios?’ Experimentem perguntar a alguém que viajou e conhece o mundo! Prestem atenção ao que eles contam. Sem dúvida, eles dirão que os perversos sempre escapam do sofrimento e do castigo, e são socorridos no dia da ira. Nunca aparece alguém para mostrar abertamente ao perverso os crimes que ele cometeu, nem para dar a ele o castigo mais do que merecido. O resultado é que ele acaba morrendo como herói, como um benfeitor da humanidade, e todos desejam carregar o seu caixão e ficar um pouco ao lado do túmulo. Uma grande multidão acompanha o enterro do perverso e presta homenagens quando a terra cai mansamente sobre o seu corpo. “Como, pois, vocês pensam consolar-me, dizendo que meu sofrimento é merecido por causa do meu pecado? A própria base do seu raciocínio está errada e é pura falsidade!” Então Elifaz, o temanita, respondeu pela terceira vez: “Você pensa que alguém pode ser útil a Deus com sua sabedoria? Por mais sábio que você possa ser, só será capaz de ajudar a si mesmo. Que prazer você daria ao Todo-poderoso se você fosse um homem justo? Que lucro ele teria se os seus caminhos fossem perfeitos? “Ou será que você pensa que ele lhe dá esse castigo justamente porque você o respeita e lhe obedece? De forma nenhuma! Você está sendo castigado porque é um pecador rebelde! Seus pecados são muitos e muito grandes! “Por certo você exigiu que seus amigos deixassem até as roupas como garantia antes de lhes emprestar um pouco de dinheiro, a gente pobre que quase já não tem com que se vestir! Você negou um pouco de água a um viajante cansado! Ou quem sabe você não quis dar um pedaço de pão a uma pessoa faminta? Aos fortes pertencia a terra, e só o homem favorecido habita nela. Você deve ter negado ajuda às viúvas pobres e mandado espancar crianças sem família que vinham pedir auxílio à porta de sua casa. É por isso que você está cercado de armadilhas, e o perigo repentino apavora você. Por isso seu caminho é escuro e as águas o cobrem. Deus vive lá nas alturas dos céus e de lá ele observa as estrelas, embora elas estejam bem distantes. Sim, eu sei o que você pensa: ‘É por isso que Deus me castigou assim! Ele está tão longe, encoberto por grossas nuvens, que não pode julgar minha vida corretamente. Ele não é capaz de ver o que acontece comigo porque está longe demais, coberto por nuvens espessas, percorrendo o céu afora’. “Você acha que seria melhor fazer o que os perversos fazem? Eu lhe mostrarei a vida dos perversos e o seu triste fim. Os perversos sempre morrem antes da hora; seus alicerces foram arrastados por uma inundação. Isso porque disseram a Deus: ‘Não se intrometa em nossa vida! O que o Todo-poderoso poderá fazer por nós? Não precisamos da ajuda dele!’ Contudo, eles se esqueceram de que Deus encheu seus cofres de riquezas; por isso fico longe dos conselhos dos ímpios. “Os justos veem o castigo dos perversos e se alegram; os inocentes zombam deles, dizendo: ‘Vejam, nossos inimigos foram destruídos! Todo o poder deles foi destruído pelo fogo!’ “Pare de discutir com Deus! Faça as pazes com ele, e a tranquilidade e a alegria voltarão outra vez. Aprenda a instrução que vem da boca dele e ponha em seu coração as palavras dele. Se você se arrepender e voltar para o Todo-poderoso, ele devolverá tudo que você perdeu. Se afastar da sua tenda a injustiça, se o ouro não tiver mais valor para você, se for como o pó ou as pedrinhas do ribeirão, então o Todo-poderoso será o seu ouro, e a sua prata seleta, e você achará prazer no Todo-poderoso e erguerá o rosto para Deus. Suas orações serão respondidas, e você cumprirá com alegria as promessas que fez a ele. Todos os seus planos darão certo e os seus caminhos serão cheios de luz. Quando os seus caminhos tiverem de passar por um vale, você dirá, ‘Para cima!’, e transformará o vale em caminho plano, porque ele salva o homem abatido. Sim, até mesmo um homem culpado será salvo, graças à pureza que há em seu coração”. Esta foi a resposta de Jó: “Ainda desta vez a minha queixa é de um homem amargurado com Deus, pois a mão dele é pesada, apesar do meu gemido. Se tão somente eu soubesse onde encontrá-lo! Então poderia ir à sua habitação. Eu lhe apresentaria a minha causa, daria todas as explicações necessárias, e entenderia as razões para ele me castigar dessa maneira. Vocês acham que Deus usaria o seu grande poder para me destruir? Não! Ele me ouviria com atenção. Sendo justo e sincero, o homem poderia discutir a sua causa; eu seria perdoado de uma vez por todas por aquele que me julga. “Mas onde encontrar Deus? Se vou para o oriente, lá ele não está; se vou para o ocidente, lá ele também não está. Quando o procuro no norte, não o enxergo; quando vou para o sul, eu não o encontro. Ele, no entanto, sabe de tudo que me acontece, e quando me examinar verá que sou inocente, puro como o ouro! Andei cuidadosamente pelo caminho de Deus, sem me desviar dos seus passos. Nunca me afastei dos mandamentos dos seus lábios; dei mais valor às palavras de sua boca do que ao meu alimento. “Isso que me aconteceu é parte do plano de Deus, e ninguém pode fazer Deus mudar de ideia. Tudo que quer, ele faz. Deus vai fazer comigo tudo que planejou, inclusive coisas que ainda estão por vir. Não é à toa que eu me apavoro diante dele e, quando penso nisso, perco a coragem. Deus fez desmaiar o meu coração; o Todo-poderoso causou-me pavor. Contudo não fui silenciado pelos dias escuros, nem pela escuridão que cobre o meu rosto. “Por que o Todo-poderoso não faz julgamentos com data marcada? Nós, os justos, gostaríamos de vê-lo usar a sua justiça, mas esperamos em vão. Há homens que mudam os marcos das divisas e apascentam rebanhos que foram roubados. Até mesmo levam o jumento do órfão e tomam o boi da viúva! Os necessitados são jogados de um lado para outro, e os pobres não têm um lugar onde se proteger. Os pobres têm de lutar para conseguir um pouquinho de comida para eles e seus filhos, como os jumentos selvagens no deserto; são obrigados a comer raízes que crescem nos pastos e têm de catar os restos das plantações dos ricos. Sem dinheiro, são obrigados a passar a noite nus; não têm com que cobrir-se no frio. Ficam molhados até os ossos com as tempestades das montanhas, são obrigados a viver em cavernas. A criança de colo é arrancada dos braços de sua mãe; o recém-nascido do pobre é tomado como garantia para pagar uma dívida! Por isso, os pobres andam nus, carregando os feixes de trigo, mas ainda continuam com fome. Os pobres são obrigados a espremer as azeitonas para conseguir azeite e as uvas para fazer vinho e, no entanto, continuam com sede. Nas cidades, sobem os gemidos daqueles que estão para morrer, e a alma dos feridos clama por socorro; mas para Deus, esse estado de coisas parece perfeitamente normal! “Há os que se revoltam contra a luz, não conhecem os caminhos da lei e não andam nos caminhos de Deus. Os bandidos agem durante todo o dia: durante a manhã matam os pobres e os necessitados; e de noite praticam assaltos e roubos. Quando chega a noite, o adúltero se disfarça para que ninguém o veja. Os bandidos invadem casas no escuro, mas de dia se escondem; não querem saber da luz. Eles detestam a luz do dia; mas a escuridão da noite não os deixa apavorados. “O homem mau é arrastado pela enchente. As suas terras são amaldiçoadas e perderão as plantações de uvas. A morte destruirá os pecadores como a terra seca, e o calor consome a neve derretida; até as próprias mães se esquecerão deles. Os vermes terão prazer em devorar a carne deles, eles serão derrubados como árvores, e ninguém se lembrará deles. Devoram a estéril e sem filhos e maltratam as viúvas necessitadas. Mas Deus, no seu poder, os arranca; embora firmemente estabelecidos, ele acaba com a vida dos perversos. Eles se acham em segurança e por isso continuam a sua vida. Ele vigia a vida dos perversos quanto aos seus planos malvados. Por um breve tempo os perversos crescem e se tornam poderosos, mas depois se vão. Eles serão arrancados desta vida como todos os homens, como se fossem espigas no dia da colheita. “Vejam se não é exatamente isso que acontece! Vocês não são capazes de me desmentir e provar que estou errado!” Então Bildade, o suíta, respondeu: “Fique sabendo que o domínio e o temor pertencem a Deus. Ele é poderoso e controla os céus. Seria possível contar os seus exércitos? Ele faz a sua luz brilhar sobre todos os homens. Como é que você pensa que o homem pode ser justo diante de Deus? Pode um simples mortal deixar de ser culpado? Para Deus, nem a lua tem brilho, e as estrelas não são puras aos olhos dele, quanto menos será o homem aos olhos de Deus. Ele não passa de larva, o filho do homem não passa de um verme!” Então Jó respondeu: “Mas que grande ajuda você me dá, quando estou fraco e desanimado da vida! Que socorro você prestou ao braço que não tinha vigor? Que fabuloso conselheiro você é, e que grande sabedoria você revelou! Como foi que chegou a conclusões tão brilhantes? Quem o ajudou a descobrir essas grandes verdades? “No reino dos mortos, os homens tremem de medo debaixo da água, com os seus moradores. A morte está nua perante Deus, e nada encobre a destruição. Ele estende os céus do norte sobre o espaço vazio e faz a terra flutuar sobre o nada. Conserva a chuva em grossas nuvens, que não se rompem com o peso da água. Com as suas nuvens ele esconde a face da lua cheia. Ele colocou um limite para os oceanos, uma divisão entre a luz e as trevas para o dia e a noite. Quando Deus fica irado, até as colunas do céu estremecem e ficam perplexas. Com o seu poder ele agita o mar; com a sua sabedoria ele derrota o Monstro dos Mares. Com um simples sopro ele transforma uma tempestade em céu azul; com sua mão matou a serpente arisca. Isso é apenas uma amostra do poder de Deus, um simples sinal; quando ele mostrar toda a sua gloriosa força, quem será capaz de sobreviver?” E Jó continuou o seu discurso: “Tão certo como o fato de existir um Deus Todo-poderoso, o mesmo que me castigou sem julgamento e encheu de tristezas a minha alma, enquanto eu tiver vida em mim e tiver o fôlego de Deus em minhas narinas, meus lábios não terão lugar para a injustiça, nem para a mentira. Nunca darei razão a vocês e continuarei afirmando que sou inocente até a minha morte. Nunca abrirei mão da minha justiça; a minha consciência está perfeitamente limpa e sempre esteve, por toda a minha vida. “E se vocês insistirem em me acusar, fiquem sabendo que isso não passa de pura maldade; quem me acusa de ser um rebelde não passa de um perverso pecador. Que esperança tem o pecador quando chega a hora da morte, a hora em que Deus tira a sua vida? Por acaso Deus atenderá aos pedidos de ajuda que o perverso fizer na hora do sofrimento? Terá ele prazer no Todo-poderoso? Dará a Deus um lugar em sua vida? “Eu vou lhes ensinar sobre o poder de Deus, não esconderei de vocês as realidades do Todo-poderoso. Vocês já conhecem essas realidades, mas apesar disso continuam falando tolices. “Eis o que Deus preparou como castigo para o perverso, a herança que o mau recebe do Todo-poderoso: Se os perversos tiverem grandes famílias, seus filhos morrerão na guerra ou de fome. Quem escapar da guerra e da fome morrerá de peste, e ninguém chorará a morte dos filhos do perverso, nem mesmo suas esposas. O perverso pode ajuntar prata como pó e encher vários armários com as melhores roupas, mas quem vai gastar o ouro e usar as roupas são os justos! A casa que o perverso construir será fraca como um casulo de uma traça; como uma palhoça qualquer construída às pressas pela sentinela. Quando vai dormir, ele é rico e poderoso; quando acorda, descobre que toda a sua fortuna desapareceu. Como uma inundação, o medo toma conta de sua alma; à noite, ele é levado embora pela tempestade. O vento forte, vindo do leste, leva o perverso embora para sempre, para a eternidade. Deus manda esse castigo sobre os perversos, e nenhum deles pode escapar, mesmo que tente fugir a todo custo. Ele corre, e o vento assobia e o apavora com seu poder destruidor. O homem descobriu valiosas minas de prata e de ouro, que depois são purificados com fogo. Também descobriu como tirar do fundo da terra o ferro; descobriu que poderia conseguir cobre jogando certas pedras no fogo. Aprendeu a iluminar as minas e a cavar bem fundo para descobrir pedras preciosas escondidas na escuridão da terra. Longe das cidades, os homens cavam grandes buracos e descem às profundezas da terra, escondidos e esquecidos de todas as outras pessoas. Enquanto na superfície uns conseguem pão plantando sementes, outros ficam ricos cavando o subsolo, à luz das tochas. Entre pedras sem valor o homem encontra safiras e ouro em pó, misturado com a poeira comum. Esses tesouros nunca foram vistos pela águia, nem pelo olhar agudo do falcão. Nas minas profundas nenhuma fera selvagem jamais pisou, e nenhum leão ronda por ali! As mãos dos homens atacam montes enormes com pás e picaretas e acabam virando as montanhas pelo avesso. Em plena rocha o homem abre valas e descobre preciosos tesouros. Impede que a água da chuva entre nas minas e de lá traz tesouros escondidos há muito tempo. “Apesar de tudo isso, onde o homem poderá encontrar a sabedoria? Onde habita a verdadeira compreensão? O homem não percebe o valor da sabedoria; por isso é impossível encontrar um homem verdadeiramente sábio. As profundezas dos oceanos dizem: ‘A sabedoria não está aqui’; as ondas do mar dizem: ‘Conosco ela também não está’. Ninguém pode comprar a sabedoria, nem mesmo com o ouro mais fino, nem se pode pesar o seu preço em prata. O famoso ouro de Ofir não serve para comprar a sabedoria; ela é mais preciosa que pedras de ônix e safira. O ouro, o cristal e as mais belas joias não podem ser comparados à sabedoria. Quem tem sabedoria não dá importância ao coral, ao cristal ou mesmo aos rubis. O topázio da Etiópia, pedra tão preciosa, não se compara com a sabedoria; o ouro mais puro também não se compara a ela. “Onde está a sabedoria, afinal? Onde habita o entendimento? Essas coisas não podem ser descobertas pelos homens; mesmo os olhos agudos das aves dos céus não conseguiriam descobrir onde está a sabedoria. A Destruição e o reino dos mortos, no entanto, dizem: ‘Já ouvimos falar da sabedoria e do grande valor que ela tem’. Deus é que conhece a sabedoria! Ele sabe onde encontrar a verdadeira compreensão da vida, pois seus olhos veem até os confins da terra e veem tudo o que há debaixo dos céus. Quando ele calculou a força dos ventos e marcou limites para os mares, quando fez leis para controlar a chuva e traçou o caminho dos relâmpagos, ele possuía a sabedoria e nos deixou boas provas disso. Ele estabeleceu a sabedoria e sabe tudo sobre ela. E este é o conselho que ele dá a todos os homens: ‘O temor do Senhor é a sabedoria, o homem que se afasta do mal tem boa compreensão do sentido da vida’ ”. E Jó continuou a sua defesa: “Como tenho saudade do meu passado, do tempo em que Deus me protegia! Que saudade do tempo em que Deus, com a sua luz, iluminava o meu caminho, e eu andava em segurança em meio às trevas! Que saudade do tempo em que eu era forte e cheio de saúde, quando Deus era meu amigo e abençoava minha família! Quem me dera voltar ao tempo em que o Todo-poderoso estava do meu lado e eu tinha a companhia alegre de meus filhos, o tempo em que os meus caminhos se embebiam em nata, o tempo em que eu era capaz de conseguir azeite de uma pedreira! “Naquele tempo eu tinha um lugar reservado entre os cidadãos influentes e dignos de respeito; quando os jovens me viam chegando, levantavam-se e abriam caminho; os velhos ficavam em pé, em sinal de respeito; até as autoridades deixavam de lado os assuntos importantes e se calavam quando eu chegava. Homens nobres e importantes paravam de falar e não diziam mais nada. Minhas palavras eram a alegria da cidade, e todos me conheciam como um homem honesto e justo, pois eu ajudava os pobres que estavam sendo explorados e os órfãos que não tinham alguém para lhes dar abrigo. Os que estavam à beira da morte me abençoavam; eu ajudei muitas viúvas a ficarem alegres novamente. Em todas as minhas ações eu procurava ser justo; fiz da justiça a minha roupa de todo dia. Eu servi de vista para os cegos e de pés para os aleijados. Eu era um pai para os necessitados e até os estranhos eu protegi e julguei com justiça. Eu quebrei os dentes afiados dos perversos e tirei as pobres vítimas da boca dos exploradores desonestos. “Então eu pensava: ‘Minha morte chegará tranquilamente, em casa, depois de uma vida longa, e bem vivida. Serei como uma árvore de raízes longas, que chegam até as águas; o orvalho cairá sobre mim, e meus ramos serão sempre verdes. Receberei muitas honras, e a minha força será sempre renovada’. “Quem me conhecia procurava sempre ouvir meus conselhos, e todos se calavam para me escutar. Quando havia alguma dúvida ou discussão, eu sempre tinha a última palavra, pois todos aceitavam minhas opiniões. Todos esperavam pelos meus conselhos como a terra seca espera pela chuva da primavera. Quando alguém estava triste e desanimado, o meu sorriso lhe devolvia a alegria e a disposição de viver. Para o meu povo eu era um guia que indicava o caminho, um rei que comandava os exércitos, um chefe que organizava e um amigo que consolava os que choram. “Mas agora eles zombam de mim, homens jovens riem de mim! Jovens cujos pais não mereciam ficar ao lado dos cachorros que tomavam conta das minhas ovelhas! De que me serviria a força dos seus braços, já que desapareceu o seu vigor? Enfraquecidos de tanto passar fome e miséria, perambulavam pela terra ressequida, em sombrios e devastados desertos. Hoje eles se alimentam de raízes e ervas que crescem, e a raiz de zimbros é a sua comida. Da companhia dos amigos foram expulsos aos gritos, como se fossem ladrões. Hoje eles moram nos leitos secos dos rios, e nos vales estreitos entre as montanhas. Arrastando-se entre as moitas de capim bravo, eles se ajuntam debaixo dos espinheiros. Raça inútil, gente sem nome, foram expulsos da terra. “Agora os filhos deles zombam de mim com suas canções; tornei-me um provérbio para essa gente. Eles me desprezam, fogem de mim e não perdem uma chance de cuspir no meu rosto. Tudo isso porque Deus me tirou o poder e me afligiu; eles querem me mostrar como são livres e independentes. Esses embrutecidos me atacam, preparam armadilhas para os meus pés e preparam contra mim os seus caminhos de destruição. Eles enchem de buracos o meu caminho e procuram apressar minha destruição sabendo que não tenho ninguém para me ajudar. Eles me atacam como um bando de soldados entrando por uma brecha na muralha de uma cidade já meio destruída; arrojam-se entre as ruínas. Vivo dominado pelo medo; minha honra é levada embora, como uma folha ao vento, e a minha segurança se desfaz como uma nuvem. “Meu coração está quebrado em pedaços; meus dias estão cheios de dor e sofrimento. A noite penetra nos meus ossos; minhas dores me corroem sem parar. Em seu grande poder Deus agarra a minha roupa, ele me amarra com a gola da minha túnica. Ó Deus, o Senhor me jogou na lama. Sou reduzido a pó e cinza. “Eu grito, pedindo ajuda, mas o Senhor não me responde. Eu me levanto para falar, mas o Senhor apenas olha para mim. Como o Senhor foi cruel comigo e me ataca com a força da sua mão! O Senhor me lançou para longe com o vento e me dissolveu com as tempestades da vida. Eu bem sei que o seu plano para mim é a morte, e depois o reino dos mortos, destino de todos os homens. “Minha vida virou um monte de ruínas; por que então deveria eu ficar calado, sem estender a mão para pedir ajuda, sem gritar pedindo socorro? Quando outros passaram por dificuldades, o meu coração não ficou pesado com eles? Quando os pobres tiveram necessidades, o meu coração não ficou pesado por causa deles? Quando eu esperava a recompensa de Deus pela minha vida, ele me castigou; quando eu esperava ver a luz divina, a escuridão caiu sobre mim. Meu coração está agitado e cheio de medo; minha vida é pura aflição e desespero. Meu rosto está escuro, não de tomar sol, mas de chorar de tristeza. Peço ajuda aos antigos amigos da cidade, mas agora meus únicos amigos são os animais selvagens, os chacais e os avestruzes; não adianta pedir ajuda aos homens. Minha pele, dura e negra, se quebra e cai; dentro de mim, os ossos queimam como fogo. Minhas canções alegres se transformaram em cantos fúnebres, minha música feliz em canto de dor e pranto. “Quando era jovem, fiz um trato com Deus. Nunca olharia para uma mulher com intenções impuras em meu coração; pois se o fizesse, qual seria a porção que eu receberia de Deus lá de cima? Que herança Deus me daria, e como me abençoaria o Todo-poderoso, lá dos céus? Eu sei que Deus tem um castigo reservado para os que vivem em pecado, e desgraça para os que praticam o mal. Afinal, Deus conhece perfeitamente os meus caminhos e conhece todos os meus passos. “Se por acaso eu menti ou tenho sido falso, ou enganei alguém, que Deus me pese em uma balança justa. Ele sabe que não tenho culpa. Se andei fora do caminho, se meu coração desejou com intenções impuras o que meus olhos viram, ou se minhas mãos se contaminaram, desejo que outros comam o que eu plantei, e que as minhas plantações sejam arrancadas pelas raízes. “Se meu coração foi seduzido por uma mulher, ou se fiquei escondido na porta dela, que minha esposa se torne escrava de outro, e que outros durmam com ela. Isso seria um castigo justo para um crime vergonhoso, digno de ser julgado num tribunal. Sim, esse forte desejo sexual é um fogo que arde dentro do homem e pode até destruir sua vida, acabar com tudo que tem. “Se eu fui injusto com meus servos e servas quando reclamavam contra mim, que farei quando Deus me confrontar? O que eu lhe direi quando ele me chamar para prestar contas? Afinal, o mesmo Deus que me criou não os criou também? Não foi ele que deu vida tanto a mim como a eles? “Se explorei os pobres, guardando o alimento para vender mais caro na época do preço alto, se fiz viúvas chorarem, se comi meu pão sozinho sem compartilhá-lo com o órfão, — a verdade é que desde a minha mocidade eu cuidei do órfão como se fosse seu pai e desde o nascimento ajudei a viúva — se vi alguém morrendo de frio por falta de agasalho, ou um necessitado que não tinha com que se cobrir, se o pobre não me abençoou porque não aqueceu as suas costas com a lã das minhas ovelhas, e se levantei a mão contra o órfão por ser amigo das autoridades no tribunal, então quero que meu ombro se desloque, meu braço saia do lugar e assim eu fique aleijado para sempre. Isso ainda seria melhor do que enfrentar o julgamento divino, pois eu não seria capaz de enfrentar a grandeza e o poder de Deus. “Se eu coloquei minha esperança no ouro e disse ao ouro puro: Você é a minha garantia, se me considerei seguro por ter grande riqueza, e por minhas mãos ter ganho muito, se olhei para o sol quando resplandecia ou para a lua, quando se movia gloriosa, e me deixei enganar em segredo, adorando um ou outro, e jogando beijos com a mão para o céu, isso também seria julgado como pecado, merecedor de condenação, porque eu estaria sendo infiel a Deus, que está nas alturas. “Se eu me alegrei com a desgraça do meu inimigo, ou se os seus problemas me deram prazer, — coisa que eu absolutamente nunca fiz, lançando maldição sobre ele — se os que moram em minha casa nunca disseram: ‘Quem não se fartou de carne provida por Jó?’ — nenhum estrangeiro passou a noite na rua, pois a minha porta sempre esteve aberta ao viajante — se escondi o meu pecado como outros fazem, tentando esconder de Deus a minha culpa, e por ter medo de ser descoberto pelos vizinhos e ser desprezado pelos familiares, me calei e não saí de casa … “Ah, quem dera que alguém se importasse em me ouvir! Eis a minha defesa. Que o Todo-poderoso me responda; que o meu adversário escreva a sua acusação; certamente a levaria sobre os meus ombros, e a usaria como coroa. Então eu diria a Deus tudo o que fiz, com a dignidade que eu tinha antes e perdi. “Se a minha terra se queixar contra mim e os seus sulcos se molharem de lágrimas, se comi dos seus frutos sem nada pagar, ou se causei morte aos seus donos, que ela passe a produzir espinhos em lugar de trigo e ervas daninhas em lugar de cevada”. Assim, Jó terminou a sua defesa. Os três amigos de Jó pararam de lhe responder ao verem que apesar de todas as explicações que tinham dado, Jó insistia em dizer que era justo diante de Deus. Então Eliú, filho de Baraquel, o buzita, da família de Rão, ficou irado com Jó, porque ele se justificava diante de Deus. Eliú também ficou irado com os três amigos de Jó porque acusavam Jó de ser pecador sem poderem provar esse fato. Eliú tinha ficado em silêncio durante a longa discussão porque era mais jovem e respeitou o direito dos mais velhos. Quando Eliú percebeu que os três amigos de Jó não tinham mais nada a dizer, indignou-se. Estas foram as declarações de Eliú, filho de Baraquel, o buzita: “Eu ainda sou jovem e vocês já são velhos; por isso esperei, com receio de dizer o que pensava. Pensei comigo mesmo: ‘É melhor deixar que os mais velhos falem para ensinar a sabedoria’. Mas na verdade é o espírito dentro do homem que lhe dá entendimento; o sopro do Todo-poderoso. Na verdade, não é a idade que dá sabedoria. “Por isso digo: Ouçam-me e lhes direi o que penso a respeito desse caso. Esperei para ver se vocês encontravam palavras. Mas, observando com cuidado, enquanto vocês estavam procurando palavras, dei-lhes toda a atenção, mas nenhum de vocês provou que Jó estava errado. Nenhum de vocês respondeu às suas palavras. E não me venham com desculpas, dizendo que Jó tem razão em parte e somente Deus pode mostrar a ele qual foi o seu pecado. Jó não me disse uma palavra ainda, mas se tivesse dito, eu nunca teria respondido como vocês responderam. “Agora vocês estão aí sentados, de boca aberta, sem se explicar, sem saber o que dizer. Será que também devo ficar em silêncio, esperando que algum de vocês encontre uma resposta? Não! Eu também darei a minha resposta e direi qual é a minha opinião. Tenho muito para dizer, e o meu espírito me impulsiona a falar. Minhas palavras são como vinho guardado numa bolsa de couro nova e bem fechada, que está prestes a romper! Preciso falar; isso me aliviará. Tenho de abrir os meus lábios e responder. Não vou tomar partido nessa discussão e não vou bajular ninguém, mesmo porque não sei fazer elogios mentirosos. Serei sincero, para que o meu Criador não me castigue com a morte. “Jó, ouça bem as minhas palavras! Preste atenção no que vou dizer. Agora que comecei, não me interrompa; minhas palavras estão na ponta da língua. Escute os meus argumentos e verá que tenho um coração íntegro e que usarei de palavras sábias. O Espírito de Deus me criou e o sopro do Todo-poderoso é quem me conserva com vida. Ouça o que vou falar e depois me responda, se for capaz. Bem, aqui estou eu, um homem como você diante de Deus; eu também fui feito de barro. Não é preciso ter medo de mim; a minha mão não vai ser pesada sobre você. “Ouvi bem o que você disse várias e várias vezes: ‘Estou inocente. Sou um homem limpo e sem pecado; estou puro e sem culpa. Deus passou a minha vida numa peneira fina até encontrar algum pequeno erro e me acusar como seu inimigo. Ele prendeu os meus pés com correntes e examinou cuidadosamente todos os meus atos’. “Mas eu lhe digo que você já estava pecando, porque não quis admitir que Deus é maior do que o homem. E por que você se queixa de Deus dizendo que ele não responde às palavras dos homens? “Além do mais, Deus se revela ao homem, de um modo ou de outro, mesmo que você não tenha percebido isso. Ele se revela em sonhos e visões durante a noite, quando os homens estão dormindo profundamente em suas camas. Nessas horas, Deus faz o homem ouvir seus ensinos e o aterroriza com advertências, para mudar as ideias erradas do homem, para livrar o homem do orgulho e das suas más ações, para preservar a sua alma da cova, e a sua vida da espada. “Além disso, Deus pode castigar o homem com doenças e seus ossos podem estar em constante dor, a ponto de o homem perder completamente a vontade de comer, por mais gostosa que seja a comida. Ele vai emagrecendo até restar apenas pele e osso. Pouco a pouco, sua alma se aproxima da cova, e a sua vida dos mensageiros da morte! “Mas, se houver um anjo para cuidar dele, um entre mil dos anjos de Deus, e pedir em favor e lhe ensinar o que é certo, e disser a Deus: ‘Salve esse homem; não o deixe ir ao mundo dos mortos. Aqui está o resgate pelo seu pecado’, então, o corpo desse homem se tornará saudável como o de um bebê e ele ficará forte como um jovem. Ele fará orações sinceras a Deus e receberá respostas; viverá feliz na presença de Deus e será considerado justo. Depois, ele dirá a todos: ‘Eu pequei, cometi injustiças, mas ele me perdoou. Deus me livrou do castigo merecido, impedindo que eu descesse à cova, e viverei para desfrutar dos caminhos da luz’. “Sim, Deus faz essas coisas acontecerem na vida do homem, em alguns casos, duas ou três vezes, para livrar esse homem da morte e fazer brilhar sobre ele a luz da vida. “Ouça com atenção, Jó! Não diga nada por enquanto; deixe-me falar. Fale apenas se tiver uma resposta séria. Isso eu quero ouvir porque a minha vontade é que você seja absolvido. Se você não tem nada a dizer, ouça-me e fique em silêncio, vou continuar a lhe mostrar o que é a verdadeira sabedoria”. Eliú continuou o seu discurso: “Vocês que são sábios, ouçam os meus argumentos, vocês que têm conhecimento! Nós somos capazes de escolher aquilo que queremos ouvir tal como provamos o alimento que achamos gostoso. Por isso, devemos descobrir o que é bom e seguir aquilo que é justo. “Jó afirma: ‘Eu sou justo e Deus me tratou com injustiça. Sou inocente mas me consideram um mentiroso. Sofro uma doença que não tem cura, apesar de não ter culpa’. “Quem poderia ser tão atrevido como Jó, que despreza a Deus como se estivesse bebendo água? Ele anda como os perversos e se une com pessoas que não prestam, e diz: ‘Não vale a pena tentar agradar a Deus!’ “Vocês que têm bom senso, ouçam! Será que Deus faria alguma coisa errada? Será que o Todo-poderoso cometeria injustiças? Ele dará a cada homem o que seus atos merecem; cada um será castigado ou recompensado conforme as suas ações. Na verdade, o Todo-poderoso não faz o mal e não é injusto com os homens. Além disso, quem entregou o poder para ele? Ele sozinho domina a terra e governa o universo. Que seria de nós se Deus retirasse o seu Espírito e o seu sopro? Toda a humanidade morreria num instante! E o homem voltaria novamente ao pó! “Portanto, se você é sábio, ouça bem o que vou lhe dizer. Como Deus poderia governar o universo se ele odiasse a justiça? Então por que você acusa aquele que é justo e poderoso? Aqui na terra não é ele que diz aos reis: ‘Vocês não prestam’, e aos príncipes: ‘Vocês são desonestos’? Ele não mostra parcialidade para com as pessoas que estão no poder, nem favorece os ricos em detrimento dos pobres, visto que todos foram criados por ele. O homem morre de repente, em plena noite, sem poder resistir às forças da morte. Os poderosos são retirados sem a ajuda de mãos humanas. “Pois Deus observa de perto todas as ações dos homens; ele vê todos os seus passos. Não existe lugar, por mais sombrio que seja, onde os que fazem o mal possam se esconder de Deus. Deus não precisaria observar a vida do homem por muito tempo para levá-lo a julgamento. Sem fazer alarde, ele destrói os poderosos e coloca outros em seu lugar, porque já conhece as ações desses homens e assim manda um castigo pesado que os esmaga durante a noite. Deus castiga os poderosos por causa da sua impiedade, diante de todo o povo, porque se afastaram dele e se recusaram a obedecer às leis divinas. Eles fizeram os necessitados gritar diante de Deus, e ele ouviu o clamor deles e os atendeu. No entanto, se Deus se calar, quem poderá condená-lo? Se esconder o seu rosto, quem poderá vê-lo? Ele domina sobre homens e nações, para evitar que o perverso domine e não engane o povo. “Talvez alguém diga a Deus: ‘Sou culpado; não vou mais pecar. Se ainda há algum pecado escondido em minha vida, mostre-me, e eu nunca mais voltarei a fazer isso!’ Quanto a você, não deve pensar que por isso pode escolher sua recompensa e tomar as decisões em lugar de Deus. É você, Jó, que deve dizer, não eu. Diga-nos o que está pensando? “Qualquer pessoa de bom senso e sábia que me ouve, me declara: ‘Jó agiu sem sabedoria; o que ele diz não faz sentido’. Ah, se Jó sofresse o castigo mais severo, pois falou contra Deus da mesma maneira que falam os pecadores rebeldes. Aos pecados você acrescenta a rebeldia! Você menospreza Deus na nossa presença, e não para de falar contra ele!” E Eliú continuou: “Você acha certo dizer: ‘Não pequei, e serei absolvido por Deus’? E você ainda pergunta: ‘Que vantagem eu tenho se não pecar?’ “Vou lhe dar uma resposta, a você e a seus amigos que estão com você. Olhe para cima e veja o céu imenso! Você acha que o seu pecado seria capaz de incomodar o Deus lá do alto? Por mais que você peque, isso não prejudicaria Deus. Se você for justo, o que você dará a ele? Que benefício dará a Deus? Os seus pecados só podem prejudicar as pessoas, seus semelhantes, e a sua justiça só afeta os filhos do homem. “Os homens, quando são perseguidos, gritam por socorro debaixo do peso da exploração dos ricos. Eles imploram por libertação do braço dos poderosos. Mas ninguém procura a ajuda de Deus, perguntando: ‘Onde está Deus, o meu Criador, aquele que inspira canções durante a noite, e nos ensina pelos animais da terra e nos faz sábios através das aves no céu?’ E quando pedem ajuda a Deus, ele não responde, porque os pecadores, em vez de pedir humildemente, exigem com o coração cheio de orgulho. Não! Deus não ouvirá os pedidos de um coração orgulhoso; o Todo-poderoso não lhes dá atenção. E você, Jó, mesmo dizendo que não vê Deus em ação, fique sabendo que seu problema está sendo tratado por ele. Por isso, confie em Deus e seja paciente! Não se desespere porque Deus ainda não castigou os culpados e está esperando para punir as muitas maldades dos homens. Suas palavras contra Deus, Jó, foram palavras vãs. Você falou muito, porém não sabe o que está dizendo”. Eliú continuou seu discurso: “Tenha um pouco mais de paciência, e eu lhe mostrarei outras razões que provam que Deus está certo. Mostrarei fatos que você ignora e demonstrarei que meu Criador é justo. O que vou lhe falar é a pura verdade, pois tenho perfeito conhecimento desse assunto. “Mesmo sendo Deus poderoso, ele não despreza ninguém! Ele compreende perfeitamente a natureza humana. Ele castiga duramente os perversos, mas trata com justiça os pobres. Ele observa a vida dos justos e deixa que governem como reis, e os recompensa para sempre. Se alguns são presos com correntes ou são amarrados com cordas da aflição, Deus usa essa aflição para mostrar a eles onde foi que pecaram, sendo orgulhosos. Ele fará com que ouçam a correção e mandará que deixem de lado a desobediência. Se eles obedecerem e voltarem a servir a Deus, terão uma vida feliz e tranquila nos anos que lhes restam. Mas, se não derem importância aos conselhos de Deus, morrerão à espada, porque preferiram continuar cegos. “Os perversos ajuntam contra si a ira de Deus; mesmo quando ele lhes manda o castigo eles se recusam a pedir ajuda. Eles morrem ainda jovens, destruindo sua vida com imoralidades. É assim que Deus age — livrando o sofredor pelo próprio sofrimento; e usa a aflição para acordá-lo! “É isso que Deus quer fazer com você! Quer acabar com o seu sofrimento e dar a você uma vida de prazer e felicidade, e uma mesa farta, com as delícias que havia antes. Mas você foi julgado com o julgamento que cabe aos maus e está recebendo o merecido castigo. Tome cuidado, Jó! Não aceite ser seduzido com riquezas; não deixe se desviar pelo suborno. Você pensa que chorando muito e lamentando a sua sorte seria capaz de fazer Deus acabar com seus sofrimentos? “Não fique desejando a noite, quando as nações são destruídas. Cuidado também com a ideia de que é melhor ser perverso porque os perversos não sofrem o que você está sofrendo. “Lembre-se de que Deus é grande e muito poderoso; ninguém sabe ensinar como ele! Ninguém pode dizer a ele o que fazer, ou condenar suas ações, dizendo: ‘O Senhor agiu mal!’ Você deve, isto sim, dar glória a Deus pelas coisas que ele fez, admiradas por todos os homens. Sim, todos os que percebem as obras de Deus ficam admirados, mesmo de lugares distantes! Deus é tão grande e maravilhoso! Não somos capazes de compreendê-lo; ele é eterno, e ninguém pode calcular os anos da sua existência. “Deus faz a água subir da terra em forma de vapor que se transforma em chuva, que as nuvens despejam em grande quantidade sobre o homem e a terra. Quem é capaz de entender como as nuvens se formam e se espalham pelo céu? Quem pode explicar a formação dos raios e trovões? Deus forma os relâmpagos junto com as nuvens; com o vapor que sobe do oceano ele forma as nuvens e se esconde atrás delas. Com esses elementos da natureza ele governa os povos da terra, e lhes fornece comida à vontade. Usa os relâmpagos como lanças, para castigar seus inimigos. O trovão anuncia a tempestade, até o gado sente a sua chegada. “Diante disso meu coração bate mais depressa como se fosse pular para fora do peito. Ouça o trovão; escute a poderosa voz de Deus! O barulho do trovão se estende por todo o céu, e o relâmpago ilumina a terra de uma extremidade até a outra. Depois do relâmpago ouve-se o trovão; ele troveja com a sua voz majestosa, e logo em seguida outro relâmpago e novo trovão. Deus mostra o seu maravilhoso poder no trovão; ele faz coisas maravilhosas que nunca poderemos compreender! Ele ordena à neve: ‘Caia sobre a terra’ e à chuva: ‘Caiam fortes pancadas de chuva’. Quando isso acontece, os homens precisam parar de trabalhar; é uma oportunidade que Deus dá aos homens de reconhecer a sua obra. Os animais procuram as cavernas e tocas para se esconderem. Ele faz os ventos quentes soprarem do sul e traz do norte os ventos frios. Deus sopra e a geada cai, os rios e lagos ficam congelados. Ele carrega as nuvens de vapor d’água e elas lançam os relâmpagos. Segundo o seu plano, Deus espalha as nuvens pelo céu para fazerem o que ele quer por toda a terra. Ele usa as tempestades como castigo, quando é preciso, ou então para mostrar o seu amor, regando a terra. “Ouça com atenção esses fatos, Jó! Pense bem e procure entender as maravilhas de Deus. Por acaso você pode compreender como Deus controla as nuvens e como ele faz brilhar os relâmpagos? Você pode entender como Deus mantém as nuvens suspensas, para citar uma das maravilhas que ele faz em sua perfeita sabedoria? Você é capaz de entender por que sua roupa fica quente quando sopra o vento sul e como a terra fica amortecida? Por acaso você ajudou Deus a estender os céus, brilhantes como espelhos de bronze? “Se você se considera tão sábio, mostre-nos como podemos nos comunicar com Deus; estamos cercados pelas trevas e não podemos falar com ele. Você disse que gostaria de falar com Deus pessoalmente; eu não me atreveria a fazer isso. Qual é o homem que deseja ser destruído vivo? Se nós não podemos olhar diretamente para o sol, quando brilha num dia bem claro, muito menos podemos ver Deus em sua glória maravilhosa, mais brilhante que o ouro puro. Não, não podemos compreender o Todo-poderoso! Ele é muito poderoso; mas, nem por isso deixa de ser justo e tratar os homens com justiça, e não oprime ninguém. Não é sem motivo que os homens obedecem e respeitam a ele! Além disso, nem o mais sábio dos homens pode impressionar Deus”. Quando Eliú acabou de falar, o Senhor respondeu a Jó, falando do meio da tempestade: “Quem é esse que obscurece a minha sabedoria mostrando a sua completa ignorância? Prepare-se como simples homem, pois vou lhe fazer algumas perguntas e você me responderá. “Se você é sábio, diga-me onde você estava quando eu lancei os alicerces do mundo? Quem mediu os limites das suas dimensões? Quem usou a linha de medir e o fio de prumo? Diga-me, se você sabe! Sobre o que se apoiam os alicerces do mundo, e quem colocou a primeira pedra dessa construção, quando as primeiras estrelas cantavam e os anjos vibravam de alegria? “Quem foi que estabeleceu os limites para o mar, quando as águas surgiram do abismo? Quem foi que cobriu o oceano de nuvens e escuridão? Onde você estava quando tracei os limites ao mar, de onde as ondas não podem passar, e disse: ‘Até aqui você pode vir, mas daqui para a frente as suas ondas altas e orgulhosas não podem passar’? “Por acaso, algum dia, uma única vez, você deu ordem ao sol para aparecer e indicou o lugar onde ele deveria surgir? Você já deu ordem à luz do dia para brilhar por toda a terra para que sacudisse os perversos e os expulsasse dos seus esconderijos? A terra toma forma como o barro sob um sinete; suas feições sobressaem como uma veste. Aos ímpios é negada a sua luz, e o braço levantado para ferir se quebranta. “Por acaso você conhece as fontes que produzem os mares e oceanos? Já andou pelo fundo escuro dos mares? Você sabe onde ficam as portas do reino dos mortos? Você já viu as portas da profunda escuridão? Você tem uma ideia do tamanho da terra? Responda-me, se é que você sabe! “De onde surge a luz, de onde ela vem? E onde é que se escondem as trevas? Você é capaz de dizer onde elas ficam guardadas ou como fazer para chegar lá? Sim, talvez você conheça, pois você já tinha nascido e já viveu tantos anos! “Você já entrou no meu depósito, onde guardo a neve e a geada, e as chuvas de pedras, para usar em tempos de sofrimento e como arma contra os meus inimigos? Diga-me onde fica o caminho pelo qual a luz chega ao mundo! Diga-me por onde o vento leste vem e se espalha por toda a terra! Foi você quem abriu os canais para a água das grandes chuvas e o caminho por onde passa a tempestade? Quem faz a chuva cair no deserto seco e vazio, em lugares que ninguém mora? Quem rega as terras secas e despovoadas, transformando terra inútil em terra boa e produtiva, onde as plantas voltam a crescer? Por acaso a chuva tem pai? Quem é o pai do orvalho da noite? Quem é a mãe do gelo e da geada, que faz com que as águas se tornem duras como pedra e a superfície com uma camada de gelo? “Por acaso você pode acorrentar as estrelas do Sete-estrelo? Ou então separar as cordas do Órion? Você é capaz de fazer as várias constelações aparecerem no céu na época determinada? Pode guiar a Ursa Maior pelo céu, ou a Ursa Menor? Você conhece as leis que governam o universo? Sabe até onde essas leis se aplicam à terra? “Você é capaz de dar ordens às nuvens, para que elas deixem cair a chuva e você fique coberto por um dilúvio? É você que envia os relâmpagos, e eles lhe dizem: ‘Aqui estamos’? Quem fez as nuvens aparecerem na hora certa, como se tivessem sabedoria? Quem ensinou às estrelas cadentes o caminho a seguir, como se elas tivessem inteligência? Quem conhece exatamente o número das nuvens? Quem pode despejar a chuva guardada nos depósitos do céu, quando o pó se endurece e os torrões se apegam uns aos outros? “Por acaso é você que vai caçar a presa para a leoa e satisfaz a fome dos leões, enquanto eles descansam em suas covas ou cercam suas vítimas na floresta? Quem dá alimento aos corvos quando os filhotes gritam a Deus e se agitam dentro do ninho por não terem o que comer? “É você que controla o tempo das cabras selvagens darem à luz? É você que cuida das corças quando elas têm seus filhotes? Você sabe em que época elas têm as suas crias? Naturalmente, elas se encurvam e dão à luz os seus filhotes, e suas dores se vão. Seus filhotes crescem no campo aberto, ficam fortes e partem, e não voltam mais. “Quem deu liberdade ao jumento selvagem que corre veloz pelos campos? Quem soltou suas cordas? Quem lhe deu as planícies salgadas como lugar de habitação? Ele detesta a agitação da cidade, não pode ser domado, nem obrigado a levar carga. Ele prefere a liberdade dos montes, onde procura o capim para se alimentar. “Por acaso o boi selvagem trabalha para você como um boi manso? Por acaso ele vem passar a noite no curral? Você pode usar um boi selvagem para puxar o arado e preparar a terra? Você confiaria num boi selvagem, só porque ele tem tanta força? Deixaria seu serviço por conta dele? Você espera que um boi selvagem recolha o seu trigo e o leve ao celeiro? “A avestruz bate as asas, contente da vida, mas ela não tem asas e plumagem como a cegonha. Ela põe seus ovos na areia e nem se dá ao trabalho de chocar; deixa o calor do sol chocar os ovos, sem pensar que eles podem ser esmagados ou comidos pelos animais selvagens. Ela não cuida de seus filhos com amor; parece até que os filhotes não são dela, e não se importa que os seus esforços sejam inúteis. Isso porque Deus não deu sabedoria e inteligência às avestruzes. No entanto, quando se trata de correr, as avestruzes riem do cavalo e do melhor cavaleiro! “Por acaso foi você quem deu forças aos cavalos? Foi você quem colocou no pescoço dos cavalos aquela crina bonita? Foi você que deu ao cavalo a capacidade de saltar como um gafanhoto? E quando ele respira fortemente, depois de um galope, assusta as pessoas com seus rinchos. Antes da batalha ele cavouca a terra com os cascos, mostra com prazer a sua força, e está pronto para o combate. Ele não se espanta nem sente medo; não recua quando as espadas brilham à sua volta, quando as flechas assobiam e as lanças e dardos flamejantes passam com seu brilho sobre a sua cabeça. Com gana ele galopa furiosamente em direção ao barulho da batalha. Não consegue esperar o toque da corneta. Ao ouvir a corneta de guerra, ele relincha. De longe sente o cheiro da batalha e ouve o barulho dos homens em luta. “Por acaso foi a sua inteligência que ensinou o falcão a alçar voo e estender as suas asas rumo ao sul? É por sua ordem que a águia voa bem alto e faz seu ninho no alto dos rochedos? Ela vive no penhasco; constrói o ninho num lugar bem seguro e ali passa a noite. Lá de cima ela avista suas vítimas, por mais longe que estejam. Ela alimenta seus filhotes com carne e sangue que ela tira de animais mortos”. O Senhor continuou falando com Jó: “Por acaso você ainda quer me criticar? Ainda quer desafiar o Deus Todo-poderoso? Que responda a Deus aquele que o acusa!” Então Jó respondeu ao Senhor: “Eu sou indigno! Não mereço falar com o Senhor, ó Deus. Nunca poderia responder aos seus argumentos. Já falei demais contra o Senhor; duas vezes até. Ficarei calado”. De dentro da tempestade, o Senhor falou a Jó: “Prepare-se como simples homem, pois ainda tenho outras perguntas a fazer, e quero que você me responda. “Você ainda vai querer colocar em dúvida a minha justiça, para demonstrar que você é justo? Você ainda compara a sua força com a de Deus? E a sua voz pode trovejar como a dele? Então, vista-se de glória e grandeza e enfeite-se com majestade e honra. Use a sua grande ira e olhe para os pecadores orgulhosos e dê a eles o castigo merecido. Sim, humilhe os orgulhosos e destrua os perversos onde eles estiverem. Destrua e enterre juntos o orgulhoso e o perverso. Então eu mesmo reconhecerei que você tem poder e justiça para salvar-se sozinho! “Observe bem o Beemote! Eu criei esse animal, quando criei você. Ele come ervas, como o boi. A força dele está nos seus lombos, nos músculos da sua barriga. A sua cauda balança como o cedro; os tendões de suas pernas são duplamente trançados. Os seus ossos são duros como bronze, o seu esqueleto firme como se fosse feito de ferro. Ele é minha obra-prima; só eu, seu Criador, sou capaz de vencê-lo. Ele come o capim que nasce nos montes onde pastam felizes os animais selvagens. Ele se deita debaixo das plantas que nascem nos rios e lagos e se esparrama no lodo e na lama. Os lotos e juncos lhe dão sombra quando se deita, e ele não fica em dificuldade quando os rios transbordam, nem mesmo quando há terríveis enchentes no rio Jordão. Ninguém é capaz de prendê-lo quando ele está olhando, nem mesmo furar seu nariz com um anel de ferro e puxá-lo com uma corda. “Você é capaz de prender o Leviatã com linha e anzol ou prender a sua língua com uma corda? Você é capaz de passar uma corda pelo nariz dele e furar o seu queixo com um gancho? Será que ele vai convencê-lo gentilmente a não prendê-lo? Será que vai falar palavras amáveis a você? Será que ele vai fazer um acordo com você, ou se oferecer para ser seu escravo para o resto da vida? Será que você pode criá-lo como se fosse animal de estimação, como se fosse um passarinho, ou colocar uma coleira nele para seus filhos brincarem com ele? Por acaso os pescadores poderão vendê-lo no mercado? Será que o cortarão em pedaços? Por acaso é possível furar a pele dele com arpões ou cravar uma lança na sua cabeça? Experimente lutar com ele! Verá a confusão terrível que acontece e nunca mais tentará fazê-lo de novo! Quem pensa ser capaz de vencê-lo está se iludindo; o homem normal perde a coragem só em vê-lo pela frente! Ninguém tem coragem suficiente para chegar perto e acordar o animal do seu sono. E se você não é capaz de prender um simples animal, como se julga capaz de provar que eu estou errado em castigar você? Eu não devo satisfações a ninguém, porque ninguém me ajudou a ser o que sou! Tudo que está debaixo dos céus me pertence! “Devo ainda falar da força incrível do Leviatã, das formas perfeitas do seu corpo. Quem é capaz de furar o seu couro duro? Quem é capaz de se aproximar dele com uma rédea? Quem teria coragem de abrir a sua queixada, enfrentando aqueles dentes temíveis? Ele se orgulha das suas costas que estão cobertas de fileiras de escamas, tão unidas umas às outras que não podem ser separadas. As escamas são presas umas às outras de tal maneira que nem o ar passa entre elas. É absolutamente impossível separar essas escamas! “Quando o Leviatã espirra, atira lampejos de luz; seus olhos brilham com os primeiros raios de sol. Da sua boca saem chamas; ele solta faíscas e fumaça. Suas narinas soltam fumaça como uma panela fervente sobre a fogueira de galhos. Quando sopra, ele solta chamas, capaz de fazer carvão pegar fogo! Com sua tremenda força, concentrada no seu pescoço, ele espalha o medo por onde passa. Ele tem uma carne dura e fortemente unida; ela é tão firme que nem se move. O seu coração é duro como uma pedra, como uma pedra inferior do moinho. Quando ele se ergue, os homens mais valentes tremem de medo e fogem apavorados. Não há nada que consiga feri-lo, nem espadas, nem flechas, nem lanças. Ele trata o ferro como se fosse palha, e o cobre como se fosse madeira podre. Mesmo quando atacado por flechas e pedradas ele não foge; são como ciscos para ele. Pode levar cacetadas e ser atacado com lanças, ele nem se incomoda com isso. A sua barriga é coberta de escamas duras e pontudas, e quando anda deixa rastro na lama como se fosse uma grade de ferro. Ele agita o mar e o faz ficar como um caldeirão fervente, e faz os lagos ferverem como uma panela de óleo ao fogo. Deixa atrás de si um rastro luminoso, como se fosse uma longa barba branca. Não há na terra um animal semelhante a ele, que não sabe o que é ter medo. Ele olha para tudo com desprezo; reina soberano sobre todos os animais selvagens”. Então Jó respondeu ao Senhor: “Agora eu compreendo que o Senhor pode fazer todas as coisas e que ninguém pode impedir o Senhor de realizar seus planos. O Senhor perguntou: ‘Quem é este que se atreveu a pôr em dúvida a minha sabedoria e justiça, sem conhecimento?’ Falei de coisas que eu não entendia, coisas que eu não conhecia, pois eram maravilhosas demais para mim. “O Senhor me disse: ‘Escute-me, e eu falarei; vou fazer algumas perguntas que você responderá’. Antes eu só o conhecia de ouvir falar, mas agora eu vejo o Senhor com meus próprios olhos. Por isso, eu me arrependo de tudo o que disse; estou envergonhado e me cubro com o pó da terra e de cinza”. Depois de ter acabado de falar com Jó, o Senhor também disse a Elifaz, o temanita: “Estou muito irado com você e seus dois amigos. Vocês não disseram o que está certo a meu respeito, como fez meu servo Jó! Por isso, levem sete touros e sete carneiros ao meu servo Jó e peçam a ele para sacrificar ofertas queimadas em favor de vocês três. Meu servo Jó fará oração por vocês, e só assim não lhes farei o que o seu pecado merece, pois vocês não falaram o que é certo a meu respeito, como fez meu servo Jó”. Então Elifaz, o temanita, Bildade, o suíta, e Zofar, o naamatita, fizeram o que o Senhor havia mandado. Jó orou por eles, e o Senhor ouviu e atendeu a oração de Jó. Depois que Jó orou por seus amigos, o Senhor o tornou próspero novamente. Na verdade, Deus deu a Jó duas vezes mais do que ele tinha antes! Todos os irmãos e irmãs, parentes e conhecidos de Jó vieram comer com ele em sua casa, e consolaram e confortaram Jó por todo o sofrimento que o Senhor havia feito cair sobre ele. Todos eles trouxeram um presente em prata e um anel de ouro. Assim, o Senhor abençoou Jó muito mais do que antes. Ele teve quatorze mil ovelhas, seis mil camelos, mil juntas de bois e mil jumentos. Deus também deu a Jó mais sete filhos e três filhas. O nome da primeira filha era Jemima, o da segunda, Quézia, e o da terceira, Quéren-Hapuque. As filhas de Jó se tornaram as mulheres mais bonitas de toda aquela terra e receberam parte da herança, junto com seus irmãos. Depois disso, Jó ainda viveu cento e quarenta anos. Ele chegou a conhecer seus netos e bisnetos, e morreu velho e feliz, depois de uma vida longa e abençoada. Como é feliz o homem que não vai atrás da opinião de pessoas más, que não segue o exemplo dos pecadores, nem participa de rodinhas dos que zombam de Deus. Pelo contrário, ele faz da lei do Senhor a fonte da sua alegria. De dia e de noite ele medita nessa lei e fica imaginando como pode obedecer ao Senhor mais de perto. Ele é como uma árvore plantada junto à margem de um rio. Nunca deixa de dar fruto na estação própria. E as suas folhas nunca murcham, e ele tem sucesso em todas as suas atividades. Mas os homens maus vivem sem direção e sem segurança, como a palha que é levada pelo vento. Por isso, no dia do julgamento preparado por Deus, eles serão condenados. Os maus não terão lugar entre os que obedecem a Deus. O Senhor conhece e aprova a vida dos que obedecem às suas leis, mas a vida dos maus acaba em desgraça e destruição. Por que as nações se reúnem e planejam revoltas? Por que os povos fazem planos tolos, tramando em vão? Os reis das nações se reuniram e os governantes traçam planos para, unidos, derrotarem o Senhor e o seu Ungido, dizendo: “Vamos quebrar as suas correntes e acabar com essa escravidão!” Do seu trono, no céu, o Senhor ri e faz pouco caso dos tolos planos dos homens. Quando chegar a hora certa, em sua ira, ele vai falar. Os homens ficarão desorientados e aterrorizados com o furor de Deus. O Senhor anuncia: “Eu mesmo escolhi o meu Rei! Coloquei o seu trono em Sião, no meu santo monte!” E o rei diz: “Vou anunciar ao mundo os planos eternos do Senhor, porque ele me disse: ‘Você é meu filho! Hoje o gerei. Hoje dou a você toda a sua glória! Basta você me pedir e lhe darei todas as nações da terra como herança e o mundo inteiro como sua propriedade. Governe as nações com justiça e firmeza, com vara de ferro. Esmague os povos rebeldes como se fossem vasos de barro’ ”. Vocês, reis da terra, sejam sensatos! Líderes do mundo, aceitem as palavras de Deus enquanto há tempo! Sirvam ao Senhor com temor; respeitem a Deus e façam dele a sua fonte de alegria. Ajoelhem-se diante do Filho e beijem os seus pés, antes que chegue o dia da ira do Senhor e vocês sejam todos destruídos. Cuidado, isso vai acontecer muito mais depressa do que vocês pensam! Porém, as pessoas que confiam nele serão felizes, muito felizes! Ó Senhor, como cresceu o número dos meus inimigos! Há muita gente contra mim, querendo me destruir. Tantos estão dizendo que Deus não está interessado em me salvar. Mas o Senhor é o escudo que me protege, a minha glória. O Senhor me faz andar de cabeça erguida. Clamei em voz alta ao Senhor, e ele me respondeu do seu santo lugar. Por isso, posso me deitar tranquilo e dormir em paz. Quando acordo, me sinto seguro, porque o Senhor cuida de mim. Agora mesmo, cercado de todos os lados por milhares de inimigos, não tenho medo! Levante-se, ó Senhor! Salve-me, meu Deus! Fira os queixos dos meus inimigos e quebre os seus dentes. A salvação e a vitória pertencem ao Senhor. Ele abençoa o seu povo! Ó meu Deus, aos seus olhos fui considerado justo. Por isso, escute e responda ao meu pedido de ajuda. Dê-me alívio na minha angústia; tenha misericórdia de mim e escute a minha oração! E vocês, meus inimigos, até quando vão desonrar aquele em quem me glorio? Até quando vão correr atrás de ilusões? Até quando vão se deixar enganar pelas mentiras? Prestem atenção a este fato: o Senhor separa o homem obediente para viver ao seu lado. É por isso que ele me ouve quando oro e peço ajuda. Quando vocês ficarem irados, não pequem contra o Senhor. Quando forem se deitar, ouçam suas consciências e aquietem-se. Ponham sua confiança no Senhor, e limpem seus corações para oferecer sacrifícios agradáveis a Deus. Muita gente anda dizendo: “Quem nos fará desfrutar o bem?” Ó Senhor, faça a luz do seu rosto brilhar sobre nós”. O Senhor encheu o meu coração de alegria, alegria que é muito maior que daqueles que multiplicam o seu trigo e seu vinho. Quando vou dormir, meu coração está em perfeita paz e tenho um sono tranquilo porque o Senhor me dá a mais perfeita segurança. Senhor, ouça as minhas palavras! Escute a oração que eu faço em silêncio, gemendo! Atenda à voz do meu clamor; meu Rei e meu Deus; ouça o meu pedido de socorro! Bem cedinho, clamo ao Senhor. De manhã faço a minha oração e fico esperando a sua resposta. O Senhor não é um Deus que tem prazer na injustiça; o Senhor não tolera o mal, por menor que seja. Por isso, quem pensa muito de si mesmo não terá lugar na sua presença. O Senhor odeia todos os que praticam a maldade. O Senhor destrói os mentirosos! Sim, o Senhor detesta os assassinos e enganadores. Quanto a mim, ó Senhor, por causa do seu imenso amor, poderei entrar na sua casa. Com muita reverência em meu coração, me ajoelharei para adorá-lo no seu santo templo. Ó Senhor, ajude-me a andar nos seus justos caminhos. Tenho muitos inimigos que desejam me afastar do Senhor. Aplaine o meu caminho e me mostre onde devo pisar! Meus inimigos são incapazes de falar a verdade; em suas mentes só há lugar para a maldade. Quando falam, é possível sentir o mau cheiro da morte. Fazem elogios mentirosos para conseguir realizar os seus planos maus. Ó Deus, condene essa gente! Apanhe os meus inimigos em suas próprias armadilhas. Expulse-os da sua presença, por causa de seus pecados, porque eles se revoltaram contra o Senhor. Por outro lado, dê eterna alegria a todos os que confiam no Senhor. Que eles sempre cantem de alegria porque o Senhor mesmo lhes dá proteção e segurança! Dê a sua alegria às pessoas que amam o seu nome. Pois o Senhor abençoa o homem justo e a sua bondade o cerca como um escudo. Senhor, não me castigue quando estiver muito irado! Não me discipline quando o furor da sua ira estiver muito forte! Mostre a sua misericórdia, Senhor, porque estou me sentindo muito fraco. Ó Senhor, cure o meu corpo porque meus ossos estão em agonia. A minha alma também está fraca, a minha mente está agitada e confusa; até quando, Senhor, até quando? Venha, Senhor, e salve a minha vida. Salve-me pelo seu grande amor! Se eu morrer, como vou lembrar da sua existência? Entre os mortos, quem o louvará? O meu corpo está perdendo as forças de tanto gemer; à noite inundo a minha cama de tanto chorar. Molho o meu leito de lágrimas. Os meus olhos já estão fracos; choro por causa da tristeza provocada pelos muitos inimigos. Saiam de perto de mim, todos vocês que vivem desobedecendo a Deus! Saiam de perto de mim porque o Senhor já ouviu o meu choro. O Senhor ouviu todas as minhas súplicas. O Senhor respondeu às minhas orações. Todos os meus inimigos vão fugir de mim, de repente, cheios de vergonha e de medo! Senhor, meu Deus, o Senhor é a minha proteção; salve-me de todos os inimigos que me perseguem. Não deixe que saltem sobre mim como um leão faminto e rasguem o meu corpo em pedaços, sem que ninguém apareça para me livrar. Senhor, meu Deus, sou inocente! Se fiz isto, e se há culpa nas minhas mãos, se paguei com o mal quem vivia em paz comigo, se explorei sem motivo o meu inimigo, então que ele me persiga até me alcançar, e no chão me pisoteie, acabe com a minha vida lançando a minha honra no pó. Ó Senhor, levante-se na sua ira; mostre o seu grande poder aos meus adversários furiosos! Acorde, meu Deus, e ponha em ação a sua justiça. Os povos do mundo se reúnem à sua volta. Ó Senhor, suba ao seu trono e julgue as nações. Senhor, julgue-me conforme a minha justiça, conforme a minha honestidade. Deus justo, que sonda as mentes e os corações, dê fim à maldade dos perversos; dê segurança aos que lhe obedecem. Deus é o meu escudo; ele me protege. Ele salva as pessoas que têm um coração puro e sincero diante dele. Deus é um justo juiz. Ele manifesta o seu furor todos os dias. Se o pecador não se arrepende, Deus afia a sua espada, arma o seu arco com uma flecha e o aponta; já estão preparadas as suas armas mortais e já estão prontas as suas flechas flamejantes. O pecador que desenvolve um plano mau toma o máximo de cuidado para preparar todos os detalhes e faz nascer a traição e a mentira. Aquele que cava um buraco e o faz fundo, ele mesmo vai cair nessa armadilha. A desgraça que ele planejou para outros, acabará se voltando contra ele; ele mesmo acaba sofrendo a violência que desejava cometer contra a outra pessoa. Eu darei graças ao Senhor por sua justiça perfeita. E cantarei louvores ao nome do Senhor Altíssimo. Ó Senhor, Senhor nosso, a majestade e a glória do seu nome enchem toda a terra. O Senhor colocou a sua glória sobre os céus. O Senhor usa as criancinhas e os recém-nascidos para mostrar aos seus inimigos como é grande o seu poder. Assim, o Senhor calou os inimigos que buscam a vingança. Quando, admirado, olho os céus que o Senhor criou com as suas mãos, a lua e as estrelas que lançou no espaço, pergunto: Afinal, por que Deus dá tanta atenção ao homem? Quem é o filho do homem para que o visite? No entanto, o Senhor o fez apenas um pouco menor do que Deus. O Senhor o coroou de grande glória e de honra! O Senhor deu ao homem o domínio sobre toda a criação, autoridade sobre todas as criaturas; sobre o gado e as ovelhas e até os animais do campo e da floresta, sobre as aves no céu e os peixes do mar, e tudo que vive nos mares. Ó Senhor, Senhor nosso, a majestade e a glória do seu nome enchem toda a terra! Senhor, eu o louvarei de todo o meu coração! Anunciarei ao mundo as suas obras maravilhosas. No Senhor quero me alegrar e sentir grande prazer. Cantarei louvores ao seu nome, ó Altíssimo! Porque diante da sua presença os meus inimigos tropeçam e são destruídos. O Senhor defende a minha justa causa e os meus direitos. Como juiz, se assentou no seu trono e me julga com justiça. O Senhor corrige as nações e castiga com a morte o mau, riscando seu nome da memória da humanidade. Meu inimigo já está derrotado, destruído por completo, suas cidades estão em ruínas, para sempre, esquecidas pelo resto das nações! Mas o Senhor vive para sempre. Ele está assentado em seu trono eterno, o trono que preparou para o julgamento. Ele mesmo julga o mundo com justiça e governa as nações com retidão. No Senhor podem encontrar alívio todos aqueles que passam por perseguições e sofrimentos. Ele é uma torre segura na hora da dificuldade! Por isso, Senhor, quem conhece o seu nome confia no Senhor, porque ele jamais abandona aqueles que o procuram sinceramente. Cantem, cantem louvores ao Senhor que reina em Sião. Anunciem às outras nações tudo o que ele fez! Aquele que pede contas do sangue derramado não esquece; ele ouve com atenção o clamor dos aflitos. Senhor, tenha misericórdia de mim! Veja o grande sofrimento pelo qual estou passando por causa daqueles que me odeiam. Por favor, Senhor, livre-me das portas da morte. Salve-me e assim louvarei publicamente o seu nome nos portões da cidade de Sião; assim sentirei profunda alegria e cantarei louvores por sua salvação. Os povos acabaram caindo nas armadilhas que prepararam para os outros. Acabaram sendo presos no laço que esconderam para outros serem presos. O Senhor se revela ao mundo pela maneira que executa a sua justiça; os perversos são castigados pelas suas próprias maldades. Os perversos serão lançados para dentro do reino dos mortos; para lá também irão todas as nações que se esquecem de Deus. Deus não se esquecerá do necessitado para sempre, e a esperança do aflito não será frustrada perpetuamente. Ó Senhor! Levante-se e não permita que os homens triunfem! Julgue as nações na sua presença. Dê às nações o castigo que merecem, até que aprendam que não passam de simples mortais! Senhor, por que o Senhor está tão longe? Por que se esconde na hora da angústia? Olhe bem o que está acontecendo! Na sua arrogância o perverso explora e maltrata o homem pobre! Que ele seja apanhado nas suas próprias armadilhas! O homem longe de Deus conta vantagem sobre os maus desejos do seu coração. Quem só pensa em ganhar e ajuntar riquezas amaldiçoa e desrespeita o seu Senhor. O homem pecador, cheio de orgulho, não procura a Deus, nem se interessa por ele. Todos os seus planos se limitam ao seguinte: “Não existe Deus!” Apesar disso, ele tem sucesso em todas as suas atividades. Para ele, as leis de Deus são uma coisa distante e impossível de acontecer. Por isso, ele despreza e faz pouco caso de todos os seus inimigos. No fundo de seu coração ele pensa: “Ninguém será capaz de me abalar! Nenhuma desgraça me atingirá. Sempre conseguirei escapar dos perigos!” O homem pecador tem a boca cheia de maldições, mentiras e maldades. Sua língua está cheia de engano e falsidade. Esconde-se nas aldeias, e nos lugares escuros ele mata o inocente. Procura sempre os fracos e desamparados para atacar e roubar. Ele é como um leão que fica à espreita para atacar de surpresa o necessitado. Ele arma ciladas para roubar o pobre, e prende-o na sua rede. Ele se abaixa, se arrasta pelo chão e assim consegue dominar as suas vítimas. No seu coração ele pensa: “Deus não se importa com isso. Ele nunca vai ver o que estou fazendo”. Ó Senhor, levante-se! Erga a sua mão e castigue esses homens! Não despreze os necessitados. Por que o homem perverso não dá valor a Deus? Por que pensa consigo mesmo: “Deus não se importa com a vida dos homens?” A verdade é que o Senhor vê quem sofre desgraça e tristeza e é explorado. Por isso, Senhor, o homem pobre e sem recursos confia absolutamente no Senhor. O Senhor é o protetor do órfão! Ó Senhor, quebre o braço do mau e do perverso. Castigue-o por causa das suas maldades até que não as pratique mais. O Senhor é rei eterno. Da sua terra serão exterminadas as outras nações. O Senhor ouve a súplica das pessoas aflitas. Socorra essa gente; dê a eles o que necessitam! O Senhor cuida do bem-estar dos órfãos e dos explorados! Mostra o seu grande amor pelos humildes, para que o homem, que é pó, não possa mais espalhar medo entre eles. O Senhor é o meu lugar seguro onde me escondo. Por que então vocês vêm me dizer: “Fuja para as montanhas, como um pássaro! Lá você ficará em segurança”? Por toda parte os homens que não temem a Deus preparam seus arcos; colocam as flechas contra as cordas, e das sombras procuram atingir as pessoas honestas e justas. Quando a lei e a justiça, que são os alicerces da sociedade, são destruídas, o que pode fazer o justo? Mas o Senhor continua presente no seu santo templo. O Senhor tem o seu trono nos céus. Ele observa a vida dos homens com muita atenção; seus olhos veem o interior de cada pessoa. O Senhor põe à prova os que lhe obedecem e também aqueles que não lhe dão importância; ele detesta quem vive à base de violência. Ele castigará os maus com chuva de fogo e enxofre; ele castiga a maldade dessa gente com vento que queima como fogo. O Senhor ama a justiça, porque ele é justo. Quem obedece de coração à sua lei, viverá na sua presença. Salve-nos, Senhor! Os homens fiéis estão desaparecendo depressa; é impossível achar um homem sincero entre o povo! Todos mentem ao seu próximo; eles têm lábios traiçoeiros e coração fingido. O Senhor há de acabar com esses bajuladores e arrogantes que dizem: “Com a nossa boa conversa conseguiremos realizar todos os nossos planos. Além do mais, somos donos da nossa boca; ninguém pode controlar nossas palavras!” “Eu entrarei em ação para acabar com a exploração dos pobres e com o sofrimento dos necessitados. Darei segurança a todos que desejam fortemente a minha salvação”, diz o Senhor. As promessas do Senhor são dignas de confiança. Suas palavras são puras como a prata refinada sete vezes num forno. Sim, Senhor, temos certeza de que nos salvará dos perversos. O Senhor nos protegerá para sempre. Os maus andam por toda parte, porque a falta de caráter é considerada uma virtude entre os homens. Senhor, até quando? O Senhor se esquecerá de mim para sempre? Até quando o Senhor esconderá de mim o seu rosto? Até quando as dúvidas tomarão conta da minha alma? Até quando o meu coração ficará cheio de tristeza? Até quando serei cercado pelo meu inimigo? Ó Senhor, meu Deus, dê-me um pouco de atenção; dê-me um pouco de luz, senão eu me perderei nesta escuridão e acabarei morrendo. Não deixe meus inimigos dizerem: “Vencemos! Vencemos!” Não deixe meus adversários celebrarem a minha queda. Eu, porém, confio inteiramente no seu amor cuidadoso. Cantarei com grande alegria a sua salvação. Sim, cantarei ao Senhor porque ele mostrou sua grande bondade para comigo. O homem tolo diz em seu coração: “Deus não existe!” Por isso eles se corromperam, e as coisas que fazem são detestáveis. Não há ninguém que faça coisas boas e certas. Lá dos céus o Senhor olha para a humanidade, procurando alguém que compreenda seus planos, alguém que deseje ter comunhão com ele. A humanidade inteira se desviou do caminho certo e se perdeu. Não há um homem que procure fazer o bem; nenhum sequer. Será que essa gente, vivendo na maldade, destruindo o meu povo como quem come um pedaço de pão, não percebe a existência do Senhor, nem clama pelo seu nome? Ali estão, dominados pelo medo! Pois Deus está no meio daqueles que obedecem à sua vontade. Os maus fazem com que fracassem as esperanças dos necessitados, mas eles são protegidos pelo Senhor. Ah, quem me dera o Senhor surgisse em Jerusalém e viesse salvar o seu povo! Quando o Senhor libertar o seu povo da opressão, então Jacó exultará e Israel cantará de alegria! Senhor, quem poderá viver no seu santuário? Quem morará no seu santo monte? Aquele que é honesto e sincero em tudo quanto faz, que pratica a justiça e que de coração fala a verdade; que não usa suas palavras para destruir outras pessoas, não prejudica de propósito o seu semelhante e não repete boatos e mexericos; que despreza o pecador rebelde e condena abertamente o pecado, mas que respeita os que temem o Senhor; que sofre prejuízo mas não deixa de cumprir a palavra, que empresta seu dinheiro aos necessitados sem cobrar juros; que se recusa a aceitar suborno contra uma pessoa inocente. Um homem assim permanecerá firme para sempre na presença de Deus. Proteja-me, ó Deus, porque no Senhor eu procuro abrigo. Eu disse ao Senhor: “O Senhor é o meu Deus. O Senhor é a minha única riqueza”. Eu sinto prazer na companhia das pessoas fiéis; elas, sim, são gente nobre e digna de respeito. As pessoas que preferem adorar outros deuses acabarão sofrendo duros castigos. Não desejo sequer mencionar os nomes desses deuses falsos, e muito menos oferecer sacrifícios a eles. O Senhor é a minha riqueza e o meu cálice de bênçãos. Ele é o alicerce que sustenta a minha vida. Ele providenciou para que o meu pedaço de terra fosse terra bonita, com riachos e campos. Tenho uma bela herança. Em voz alta louvarei o Senhor porque ele me aconselha. No meio da noite escura ele ensina o meu coração. Fiz do Senhor a minha companhia constante. Enquanto ele estiver do meu lado, não tropeçarei. Por isso a minha alma e o meu espírito se alegram, e o meu corpo repousará tranquilo. O Senhor não deixará o meu corpo abandonado no sepulcro; nem permitirá que o seu amado sofra decomposição. O Senhor me mostrará os caminhos da vida. Junto do Senhor sempre há a mais profunda alegria; ao seu lado estão os prazeres da sua eterna presença. Ó Senhor, ouça os meus justos pedidos de ajuda! Preste atenção no meu clamor. Ouça a minha oração, porque os meus lábios sempre falaram a verdade, sem enganar ninguém. Revele o seu julgamento sobre mim. O seu julgamento sempre é justo e imparcial. O Senhor prova o meu coração e durante a noite examina o fundo da minha alma e me purifica até não encontrar culpa; também resolvi não usar os meus lábios para pecar, como fazem os homens. Usei os seus mandamentos para escapar da companhia e das ações dos homens violentos. Sinto prazer em andar em seus caminhos; os meus pés não tropeçam. Estou fazendo esta oração, ó Deus, porque sei que o Senhor me responde. Ouça com atenção os meus pedidos e dê-me a sua resposta. Mostre-me a maravilha do seu amor cuidadoso, que livra aqueles que confiam no Senhor e buscam proteção para escapar dos inimigos. Tome conta de mim como a menina dos seus olhos; proteja-me à sombra das suas asas. Os meus inimigos me cercam e me atacam, pensando em me destruir. Eles não têm coração, não sentem pena de mim, e as suas palavras são cheias de orgulho. Eles me cercam de tal modo que mal posso andar; olham para mim atentos, prontos para me derrubar. São como um leão faminto e ansioso para atacar sua presa; são como leões novos, escondidos para atacar de surpresa. Levante-se, Senhor! Enfrente os meus inimigos cara a cara! Destrua-os! Com a sua espada, salve a minha vida das mãos dos homens maus. Com a sua mão poderosa, Senhor, livre-me dos homens que só se preocupam com este mundo. O Senhor sacia a fome daqueles a quem quer bem; os seus filhos têm fartura e eles armazenam bens para os seus pequeninos. Mas, para mim, o que realmente tem valor é chegar diante do Senhor e ver a sua face. Assim, quando eu despertar, ficarei feliz ao ver a semelhança do Senhor. Ó Senhor! Como eu o amo, minha fonte de poder! O Senhor é a minha rocha, o meu rochedo e o meu libertador; o meu Deus é a minha fortaleza, em quem me refugio. Ele é o meu escudo, e o seu poder é a garantia da minha salvação. Sempre que peço ajuda ao Senhor, ele me livra dos meus inimigos. Por isso o Senhor merece todo o louvor! A morte me cercou por todos os lados com as suas garras. Quase fui afogado pela corrente de destruição; fiquei com muito medo. Fui agarrado pelos laços do reino dos mortos, fui apanhado de surpresa pelos laços da morte. No meio da minha aflição clamei pela ajuda do Senhor. Gritando, pedi socorro ao meu Deus. Lá do seu templo ele ouviu a minha voz; ele escutou meu pedido de socorro. Então a terra tremeu e agitou-se; os montes foram sacudidos desde suas bases, por causa da ira do Senhor. Saíram da sua boca grandes chamas, e fogo que consumia a terra; das suas narinas subiu fumaça, sinal da sua ira. Os céus ficaram mais baixos com nuvens escuras de tempestade, e sobre elas ele vinha descendo em direção à terra. Levado por um querubim, ele se aproximou rapidamente, voando sobre as asas do vento. Ele se cobriu com um manto de trevas, com uma cortina de nuvens escuras e carregadas de água. De repente, com a glória da sua presença, as nuvens se desfizeram com relâmpagos e granizo. O Senhor, a voz do Altíssimo, ressoou nos céus, como a voz de um trovão. Logo começaram a cair pedras e fogo! Ele lançou sobre meus inimigos suas terríveis lanças, os relâmpagos, e eles fugiram, apavorados. Quando ele falou, os mares recuaram. Com a violência da sua ira, com o sopro do seu furor, foi possível ver o fundo do mar. Lá do alto ele estendeu sua mão e me segurou; tirou-me das águas agitadas. Ele me livrou das mãos do meu inimigo poderoso; salvou-me de quem me odiava, gente poderosa demais para mim. Meus inimigos me atacaram de surpresa no dia em que eu estava mais fraco e triste. Mas o Senhor foi o meu apoio; ele me sustentou. Livrou-me de uma situação terrível e me levou para um lugar bem espaçoso. Ele me salvou porque me quer bem. O Senhor me tratou conforme a minha justiça, de acordo com a sinceridade das minhas ações, pois eu venho seguindo fielmente os caminhos do Senhor. Não fui rebelde, não me afastei do meu Deus. Procuro sempre lembrar de todos os seus mandamentos! Não deixei de lado nenhuma ordem do Senhor. Sempre fui sincero diante dele; guardei-me de praticar o mal. Por isso, o Senhor me tratou segundo a minha justiça; ele me deu a recompensa conforme a pureza das minhas mãos diante dele. O Senhor é fiel para com o fiel. Cumpre as suas promessas para quem obedece às suas leis; ao puro de coração o Senhor se revela puro. Mas, ao homem que torce os seus mandamentos, o Senhor mostra a sua justa ira. Salva os humildes, mas humilha os orgulhosos. O Senhor mantém a minha lâmpada brilhando; o meu Deus transforma as minhas trevas em luz. Com ele ao meu lado sou capaz de derrotar um exército; com o meu Deus posso saltar os muros mais altos. O caminho de Deus é perfeito; as promessas do Senhor sempre se cumprem. O Senhor é como um escudo; ele protege a todos que nele se escondem. Pois quem é Deus além do Senhor? Quem é firme e seguro como uma rocha, senão o nosso Deus? Ele me dá força e prepara o caminho por onde devo andar. Ele fez os meus pés serem tão rápidos e firmes como os pés das cabras dos montes. Deus me deu firmeza quando eu andava no alto dos rochedos. Ele me preparou para a guerra e me deu força suficiente para vergar um arco de bronze. O Senhor me dá o escudo da vitória; a sua mão direita me mantém em pé; a sua paciência e compreensão me engrandecem. Preparou um caminho largo para mim, e assim os meus pés não tropeçam. Persegui e alcancei os meus inimigos; só voltei depois de tê-los destruído. Esmaguei-os de tal maneira que não tiveram forças para se levantar. Eles estão debaixo dos meus pés! O Senhor me deu força para a luta; o Senhor derrotou aqueles que se rebelaram contra mim. O Senhor colocou os meus inimigos para correr; destruí completamente os que me odiavam. Bem que eles gritaram pedindo socorro, mas ninguém respondeu. Pediram ajuda ao Senhor, mas ele não respondeu. Esmaguei meus inimigos até virarem pó que o vento levou. Lancei fora os que sobraram para serem como a lama das ruas. O Senhor me livrou da revolta do povo e me colocou como rei de muitas nações. Um povo que eu nem conheço está me servindo. Eles ouvem as minhas ordens e me obedecem sem discutir; são estrangeiros que se sujeitaram ao meu governo. Cheios de medo eles abandonam suas fortalezas. O Senhor está vivo! Louvado seja a minha Rocha! Exaltado seja Deus, o meu Salvador! Ele me vinga dos meus inimigos e me deu controle sobre muitas nações. O Senhor me salvou de meus inimigos e me manteve fora do alcance dos meus adversários poderosos e violentos. Por isso, Senhor, eu o louvarei entre as nações e cantarei louvores ao seu nome! O Senhor dá grandes vitórias ao seu rei; ele mostra a sua bondade ao seu ungido, e continuará mostrando essa mesma bondade aos seus filhos e netos que ocuparem o seu trono, para sempre. Os céus anunciam a glória de Deus. O firmamento proclama as obras das suas mãos. Cada dia que passa conta ao dia seguinte mais um pouco dessa glória; cada noite revela à noite seguinte como se pode conhecer o Criador. Esses discursos são silenciosos; não se ouve uma palavra, mas a sua voz ressoa por toda a terra, e as suas palavras até os confins do mundo. Nos céus ele armou uma tenda para o sol, onde Deus traçou um caminho para ele. Dia após dia o sol percorre esse caminho, brilhante e belo como um noivo que sai do seu aposento, forte e alegre como um atleta participando de uma corrida! Atravessa os céus de uma extremidade até a outra e nada na terra escapa ao seu calor. A lei do Senhor é perfeita; ela devolve à nossa alma as forças perdidas. A revelação da vontade de Deus é digna de confiança; ela dá sabedoria a quem estiver disposto a aprender. As ordens que Deus dá aos homens são sempre justas; quem obedece, sente uma profunda alegria no coração. Os preceitos do Senhor são bem claros e iluminam os nossos olhos. A obediência ao Senhor nos conserva puros; é a garantia de vida eterna. As ordenanças do Senhor são verdadeiras e todas elas justas. Valem mais do que o ouro, mesmo o ouro mais fino. São mais doces do que o mel, do que as gotas do favo. Além de tudo isso, servem para nos corrigir quando estamos errados. Quem segue as instruções de Deus recebe recompensas. Quem sou eu para discernir os pecados que se escondem em meu interior? Por favor, Senhor, perdoe os meus pecados ocultos! Livre-me também dos pecados que cometo voluntariamente. Não deixe que eles me dominem. Assim ficarei livre da culpa, e escaparei de cometer grandes pecados. Desejo que as palavras da minha boca e os meus pensamentos íntimos sejam sempre agradáveis ao Senhor, minha Rocha e meu Libertador! No dia em que você passar por sofrimentos, espero que o Senhor esteja ao seu lado! Que o nome do Deus de Jacó eleve você acima dos problemas, em perfeita segurança. Que ele lhe mande socorro, do santuário onde vive, no monte Sião. Lembre-se das suas ofertas de gratidão e dos sacrifícios queimados. Que ele conceda a você os desejos do seu coração e cumpra todos os seus planos. Assim, quando soubermos da sua vitória, cantaremos de alegria e agitaremos as nossas bandeiras nos ares, em nome do nosso Deus. Que o Senhor lhe dê tudo quanto você pediu a ele. Tenho plena certeza de que o Senhor dá vitória ao seu escolhido; lá dos santos céus, o lugar onde vive, ele lhe responde. Ele me socorre com a sua poderosa mão! Outras nações confiam em seus carros e cavalos, mas a nossa confiança está no nome do Senhor, o nosso Deus. Eles perdem as forças e caem; nós, porém, ficamos em pé, firmes para sempre. Ó Senhor, dê a vitória ao nosso rei! Responda-nos quando pedimos a sua ajuda. O rei se alegra com a sua força, ó Senhor! Como é grande a sua exultação com as vitórias que o Senhor lhe dá. O Senhor cumpriu os desejos do seu coração; respondeu a todas as suas orações. O Senhor deu a ele prontamente as bênçãos da sua bondade e colocou sobre a cabeça do rei uma coroa de ouro puro. Ele pediu vida longa e feliz e o Senhor lhe deu; sim, uma vida longa que não tem fim. Ele ficou famoso e respeitado por causa da suas vitórias; o Senhor o cobriu com glória e majestade. Ele foi escolhido para ser uma fonte de bênçãos. A sua presença o deixou cheio de júbilo e alegria. O rei confia totalmente no Senhor. Ele é protegido pelo amor cuidadoso do Altíssimo, e por isso não tropeçará. Ó Senhor, a sua mão atingirá todos os seus inimigos. Sua mão direita atingirá todos os que odeiam o Senhor. O Senhor destruirá com fogo ardente os seus inimigos. Na sua ira, o Senhor os devorará com um fogo consumidor. Acabará com a geração deles na terra. Nenhum deles sobreviverá! Por mais que eles façam planos e projetos contra o Senhor, não terão sucesso. Darão meia-volta e fugirão, vendo o seu arco apontado diretamente para eles. Ó Senhor, mostre ao seu povo o seu poder maravilhoso! Nós cantaremos e louvaremos a sua força. Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonou? Por que o Senhor está tão longe para me salvar, tão longe dos meus gemidos, quando eu vivo pedindo socorro, gritando pela sua ajuda? Meu Deus! De dia eu clamo, mas não recebo resposta; de noite não tenho sossego. Apesar disso, eu sei que o Senhor é o Santo, o rei, o louvor de Israel. Os nossos antepassados confiaram no Senhor, confiaram e foram libertos. Pediram a sua ajuda e foram libertos; confiaram no Senhor e não ficaram decepcionados. Mas eu valho menos que um homem! Não passo de um verme; todos zombam de mim e sou desprezado pelo meu povo. Os que me veem, caçoam de mim, balançam a cabeça, lançam insultos contra mim, dizendo: “Não foi ele que jogou sua carga sobre o Senhor? Não é esse que vivia dizendo ser a alegria do Senhor? Pois bem, vamos ver se o Senhor vem salvar a sua vida!” O Senhor mesmo cuidou de mim desde o meu nascimento. Cuidou de mim durante a minha infância. Desde que eu nasci pertenço ao Senhor. Quando eu ainda estava no ventre de minha mãe, ele já era o meu Deus. Não fique longe de mim, porque a hora da minha aflição está bem perto, e não tenho ninguém para me ajudar. Estou cercado por inimigos poderosos, fortes como os grandes touros da terra de Basã. Eles me atacam com a boca bem aberta, como o leão que ruge e rasga a sua vítima em pedaços. Minha força escorreu como água; os meus ossos estão todos desconjuntados. O meu coração se derreteu como cera! Perdi a coragem de lutar! As minhas forças sumiram, secaram como um pedaço de barro ao sol. A minha sede é tanta que a língua fica presa ao céu da boca. Assim o Senhor me deixou deitado no pó, à beira da morte. Meus inimigos, um bando de cães, um bando de criminosos, estão me cercando; furaram minhas mãos e meus pés. Ainda posso contar todos os meus ossos; meus inimigos olham para mim com desprezo. Repartiram entre si as minhas roupas e lançaram sorte para ver quem ficava com a minha capa. Ó Senhor, por favor, não fique longe de mim! Ó minha força; venha logo ajudar-me! Salve-me da espada! Não me deixe ser devorado pelos cães. Salve-me dos dentes afiados dos leões! Livre-me dos chifres dos touros bravos. Louvarei o seu nome diante de todos os meus irmãos. Cantarei louvores ao Senhor quando o povo se reunir para o adorar. Direi: “Louvem o Senhor, todos vocês que temem o Senhor! Todos vocês, israelitas, deem glória a ele! Obedeçam e respeitem a Deus, todos vocês, povo de Israel!” Pois ele não desprezou nem abandonou o sofrimento do aflito; mas ouviu e atendeu ao seu pedido de socorro!” Sim, por causa do seu amor eu o louvarei quando o povo se reunir para adorá-lo. Cumprirei as promessas que fiz ao Senhor diante daqueles que o respeitam. Os pobres terão bastante comida; comerão até ficar satisfeitos. Quem busca o Senhor o louvará. Assim vocês viverão para sempre! Os povos da terra, até os mais distantes, se lembrarão e se voltarão para o Senhor. Todas as famílias das nações se curvarão diante dele, pois o Senhor é o Rei de toda a terra. Ele governa as nações do mundo. Os ricos também comerão à mesa do Senhor e o adorarão. Todos os homens que descem ao pó se curvarão diante dele com os rostos no chão, todos os que um dia vão morrer. Nossos filhos e netos também adorarão o Senhor, porque contaremos a eles os seus grandes feitos. A sua justiça perfeita será revelada; sua bondade para conosco será contada a um povo que está para nascer. O Senhor é o meu pastor. Ele me dá tudo de que preciso! Ele me leva aos pastos de grama verde e macia para descansar. Quando sinto sede, ele me leva para os riachos de águas mansas. Ele me devolve a paz de espírito quando me sinto aflito. Ele me faz andar pelo caminho da justiça por amor do seu nome. Mesmo que eu ande pelo vale escuro, onde a morte está bem perto, continuo tranquilo e não sinto medo, porque a sua vara e o seu cajado me protegem! Prepara um banquete para mim na presença dos meus inimigos. O Senhor me recebe como convidado de honra, ungindo a minha cabeça com óleo, e faz o meu cálice transbordar! Eu tenho absoluta certeza, que a sua bondade e a sua misericórdia me acompanharão todos os dias da minha vida. Sim, eu viverei na presença do Senhor para sempre! A terra pertence ao Senhor! O mundo e tudo o que nele vive pertencem a ele. Foi ele quem colocou a terra firme no meio dos oceanos e sobre as águas. Quem será capaz de subir o monte do Senhor? Quem será capaz de entrar no seu santo lugar? Somente quem tem as mãos e o coração puro, quem não se volta para a mentira nem jura falsamente. Ele receberá a bênção do Senhor, e Deus, o seu Salvador, lhe fará justiça. Assim vivem as pessoas que procuram agradar o Senhor e viver na presença do Deus de Jacó. Abram-se, ó portas eternas! Abram-se para que entre o Rei da glória! Quem é o Rei da glória? O Senhor, forte e poderoso, invencível nas batalhas. Sim, abram bem os portões, abram as portas antigas e deixem entrar o Rei da glória. Quem é esse Rei da glória? O Rei da glória é o Senhor dos Exércitos; ele é o Rei da glória! Senhor, nesta oração elevo a minha alma à sua presença. Meu Deus, confio no Senhor; não me deixe confundido. Não permita que os meus inimigos se alegrem com a minha derrota. Sei que aquele que confia no Senhor nunca será decepcionado. Mas quem se revolta contra o Senhor sem motivo, esse sim será decepcionado! Senhor, mostre-me quais são os seus caminhos; ensine-me por onde devo andar. Ajude-me a andar na sua verdade; ensine-me o que é certo, pois o Senhor é Deus, o meu Salvador. Confiarei no Senhor por toda a minha vida. Ó Senhor, por favor, olhe para mim com olhos de compaixão e misericórdia, como tem feito desde a antiguidade. Não se lembre dos pecados e transgressões que cometi quando ainda era jovem; conforme a sua misericórdia, lembre-se de mim, pois o Senhor é bom. O Senhor é bom e justo; ele tem prazer em ensinar o caminho certo aos pecadores. Ele conduz os humildes na justiça, e ensina a eles o seu caminho. Quando obedecemos aos mandamentos da sua aliança, ele nos faz andar pelos seus caminhos de amor e fidelidade. Por amor do seu nome, Senhor, perdoe o meu pecado que é tão grande! O Senhor ensinará pessoalmente o caminho certo ao homem que obedece a ele. Esse homem viverá cercado pelas bênçãos do Senhor, e os seus descendentes possuirão a terra. O Senhor é amigo chegado daqueles que o respeitam e obedecem, e os leva a conhecer a aliança que fez com eles. Sempre levanto os olhos para o Senhor, porque somente ele pode me livrar das armadilhas desta vida. Ó Senhor, olhe para mim! Tenha misericórdia de mim porque eu estou sozinho e aflito. O peso que há no meu coração fica maior a cada dia; por favor, livre-me dele. Tire-me das situações difíceis em que me encontro. Olhe e veja as minhas dores e o meu sofrimento e perdoe todos os meus pecados! Conte os meus inimigos, veja quantos eles são! Eles me odeiam e desejam me destruir. Proteja a minha vida e livre-me! Não me deixe ser derrotado, porque confio no Senhor! Um coração sincero e inteiramente dedicado ao Senhor seja a minha proteção. A minha esperança está no Senhor. Ó Deus, liberte Israel de todos os seus sofrimentos! Senhor, declare-me inocente porque tenho andado nos seus caminhos, e de todo o meu coração tenho confiado no Senhor sem nunca duvidar. Faça um exame completo da minha vida e prove-me, ó Senhor; examine cuidadosamente os meus desejos e os meus pensamentos. Fiz da sua verdade e do seu amor constante o caminho para alcançar o meu ideal. Não ando em companhia de gente fingida e mentirosa. Tenho ódio daqueles que se ajuntam para fazer o mal, e não me assento com os perversos. Sou inocente e lavo as minhas mãos. Posso adorar no seu altar com a consciência limpa, cantando hinos de louvor para anunciar a todos as suas grandes maravilhas. Senhor, eu amo a sua casa, o lugar onde se manifesta a sua presença gloriosa. Não me castigue juntamente com os pecadores! Não me condene com os homens violentos que têm as mãos sujas de sangue e praticam o suborno. Mas eu tenho vivido com integridade de coração. Livre-me e tenha compaixão de mim! Louvarei o Senhor diante do meu povo porque ele firmou os meus passos e não me deixou cair! O Senhor é a minha luz e a minha salvação. Quem será capaz de me assustar? O Senhor é o meu refúgio; de quem eu poderia ter medo? Quando os homens perversos vêm me atacar, eles, meus adversários e inimigos, é que tropeçam e caem! Sim, mesmo que eu seja atacado por um grande exército, não ficarei com medo. Mesmo que eu esteja no meio de uma batalha, confiarei no Senhor e ficarei em paz. Uma coisa que realmente desejo do Senhor é o privilégio de viver durante toda a minha vida na sua presença, para descobrir a cada dia a bondade do Senhor e buscar a sua orientação. Quando eu estiver em dificuldades, ele será a minha proteção. Ele me esconderá em sua casa; ele me colocará em segurança numa rocha firme. Ficarei fora do alcance de meus inimigos. Então oferecerei sacrifícios de gratidão no seu templo, cantarei e louvarei o Senhor. Ó Senhor, ouça os meus pedidos quando clamo ao Senhor! Mostre o seu amor por mim, responda-me! Meu coração ouviu a sua voz dizendo: “Busque a minha face!” Sim! É isso que eu vou fazer; buscar a face do Senhor. Ó Senhor, por favor, não esconda a sua face de mim. Não rejeite com ira o seu servo; o Senhor tem sido o meu libertador; não me desampare nem me abandone, ó Deus, meu Salvador. Ainda que meu pai e minha mãe me abandonassem, o Senhor me receberia de braços abertos. Senhor, ensine-me o seu caminho. Oriente os meus passos na direção certa por causa dos inimigos. Não permita que meus inimigos façam de mim o que bem entenderem; eles têm ódio mortal de mim e fazem acusações falsas a meu respeito. Mas eu tenho certeza de que ainda verei a bondade do Senhor triunfar nesta terra. Espere pela ação do Senhor. Seja valente e encha o seu coração de coragem. Espere com confiança no Senhor! Ó Senhor, minha Rocha, ouça os meus pedidos de ajuda! Não permaneça calado; se o Senhor não me responder, perderei a vontade de viver e morrerei. Ouça a minha súplica, quando eu levantar as minhas mãos para o seu Lugar Santíssimo, quando clamar por socorro. Não me castigue junto com os homens perversos, com os malfeitores que desobedecem às suas leis. Eles são fingidos e falsos; falam de paz quando seu coração está cheio de ódio. Dê a eles o castigo conforme os seus atos! Retribua-lhes de acordo com o que eles vivem fazendo; dê-lhes o que merecem. Eles não consideram os feitos do Senhor, nem dão valor às coisas que ele criou. Por isso ele castigará e destruirá essas pessoas; nunca mais voltarão a reerguer-se. Louvado seja o Senhor porque ouviu os meus pedidos de ajuda! O Senhor é a minha força, o escudo que me protege de qualquer perigo. Nele eu confio de todo o meu coração e dele recebo ajuda. Por isso, estou cheio de alegria e louvarei o Senhor com as minhas canções. O Senhor é a força do seu povo; ele protege e salva o seu escolhido. Ó Senhor, salve o seu povo e cubra de bênçãos o povo que lhe pertence. Cuide deles como um pastor cuida de suas ovelhas; exalte-os para sempre. Louvem o Senhor, seres celestiais! Louvem o Senhor com glória e força. Louvem o Senhor pela grande glória que ele merece. Adorem o Senhor na sua perfeita santidade. A voz do Senhor ecoa sobre as águas. O Deus da glória troveja. A voz do Senhor é forte como o trovão. A voz do Senhor é poderosa, a voz do Senhor é cheia de majestade! A voz do Senhor racha os cedros; sim, o Senhor quebra em pedaços as grandes árvores do Líbano! O Senhor sacode o Líbano e o monte Siriom. Diante do Senhor, eles saltam como bezerros e novilhos selvagens. Quando o Senhor fala, raios de fogo riscam o céu. A voz do Senhor sacode o deserto; ele faz tremer o deserto de Cades. Assustadas com os trovões, as corças na floresta dão suas crias antes do tempo; a voz do Senhor arranca a casca das árvores do bosque. E no templo do Senhor, todos clamam: “Glória!” O Senhor comandou o dilúvio, mostrou que é o Rei da Criação; sim, o Senhor é o Rei eterno. O Senhor dá força ao seu povo. Ele abençoa o seu povo com a sua paz! Eu exaltarei o Senhor, pois me livrou dos meus inimigos. Eles não puderam se alegrar com uma vitória sobre mim. Clamei por socorro ao Senhor, meu Deus, e ele me curou. O Senhor me tirou da sepultura. Eu já estava com um pé na cova, e o Senhor me devolveu a vida. Todos vocês, pessoas consagradas pelo Senhor, cantem salmos de louvor ao seu santo nome. Porque a sua ira só dura um instante. Mas o seu interesse e cuidado por nós duram a vida toda. O choro pode durar a noite toda, mas de manhã ele nos devolve a alegria. Quando tudo corria bem eu pensava comigo mesmo: “Estou numa boa situação; nada de mau pode me acontecer. O Senhor me sustenta e me deixa firme como uma montanha”. Bastou o Senhor esconder a sua face, fiquei apavorado. Então, clamei ao Senhor; a ele implorei por misericórdia! “Que vantagem haverá se eu morrer e for enterrado? Transformado em pó, debaixo da terra, não poderei louvar o Senhor e proclamar a sua fidelidade! Ouça a minha oração, Senhor! Mostre a sua compaixão por mim; ajude-me, Senhor!” O Senhor transformou as minhas lágrimas em dança alegre. Tirou as minhas roupas de luto e me vestiu com roupas de festa, para que eu cante louvores sem parar. Sim, Senhor, meu Deus, eu sempre darei graças ao Senhor, por toda a minha vida. No Senhor eu me refugio; não permita que eu fique sem esperança. Mostre a sua justiça e livre-me. Atenda aos meus pedidos e livre-me depressa! Seja a minha rocha de abrigo, uma fortaleza poderosa onde posso ficar a salvo dos meus perseguidores. Sim, o Senhor é a minha rocha e a minha fortaleza segura. Guie-me e conduza-me por amor do seu nome. Livre-me da armadilha que, em segredo, os meus inimigos prepararam contra mim, pois o Senhor é o meu refúgio. Nas suas mãos entrego o meu espírito. Liberte-me porque o Senhor é o Deus que sempre cumpre suas promessas. Odeio aqueles que adoram ídolos, deuses de mentira; por isso eu confio somente no Senhor. Viverei feliz porque senti o seu amor cuidadoso em minha vida. O Senhor viu a minha aflição e o meu coração apertado, e não permitiu que os meus inimigos me dominassem. Pelo contrário, o Senhor colocou os meus pés num caminho espaçoso. Misericórdia, Senhor, porque estou em desespero. Já estou cansado de tanto chorar, já estou fraco de tanta tristeza. Minha vida se perde no meu sofrimento; fica mais curta com os meus gemidos. A minha culpa vai pouco a pouco destruindo as minhas forças; todo o meu corpo vai se consumindo. Sou motivo de riso e zombaria para os meus inimigos, inclusive para os meus vizinhos; e o que é pior, os meus amigos têm medo de mim. Quando eles me veem na rua, fogem de mim. Para eles sou como uma pessoa morta; não passo de um jarro quebrado. Ouvi gente falando baixinho, dizendo mentiras sobre mim e fazendo planos para me destruir. Por isso vivo com medo. Mas, no meio disso tudo, continuo confiando no Senhor. E digo: “O Senhor é o meu Deus”. Todos os dias da minha vida são controlados pelo Senhor. Por isso, livre-me dos meus inimigos e daqueles que querem me destruir. Faça brilhar a luz do seu rosto sobre o seu servo. Salve-me, pelo seu imenso amor! Não me deixe cair em desgraça, Senhor! Não deixe de responder a meus insistentes pedidos de ajuda. Dê o seu castigo aos pecadores desobedientes. Feche a boca dos perversos; que fiquem na sepultura. Torne mudas as pessoas que falam mentiras e ameaçam os justos com arrogância e desprezo. Ah, como é grande a sua bondade para com aqueles que respeitam e obedecem ao Senhor! O Senhor mostra essa bondade a todos que procuram sua proteção! No abrigo da sua presença, o Senhor os esconde dos planos malvados e das palavras mentirosas dos homens. A sua presença será o nosso abrigo perfeito! Bendito seja o Senhor! Ele mostrou o seu maravilhoso amor por mim quando eu estava cercado pelos meus inimigos. Impaciente, eu pensei: “O Senhor se esqueceu de mim!” Mas isso não era verdade; o Senhor me ouviu quando supliquei e pedi a sua ajuda. Amem o Senhor, todos vocês, os seus santos. O Senhor protege com amor quem é fiel, mas castiga duramente os orgulhosos. Animem-se! Criem coragem, todos vocês que esperam no Senhor! Como é feliz o homem que tem suas transgressões perdoadas e os seus pecados apagados! Como é feliz aquele cujos pecados o Senhor apagou e que não tem falsidade no coração! Eu tentei por algum tempo esconder os meus pecados. Mas fiquei muito fraco, gemendo de dor e aflição o dia inteiro. De dia e de noite a sua mão pesava sobre mim, fazendo com que as minhas forças fossem se esgotando, como a seca faz com um pequeno riacho. O sofrimento continuou até que admiti a minha culpa e não escondi mais o meu pecado. Pensei comigo mesmo: Confessarei as minhas transgressões ao Senhor. E o Senhor perdoou a culpa do meu pecado. Portanto, que todos os que são santos orem ao Senhor enquanto pode ser encontrado; quando as muitas águas se levantarem, elas não os atingirão. O Senhor é o meu lugar de segurança; o Senhor me livra da aflição e enche a minha vida de canções de vitórias. Eu o instruirei e o ensinarei — diz o Senhor — e mostrarei a você o caminho por onde deve andar. Eu mesmo lhe darei conselhos e o vigiarei. Não seja teimoso como um cavalo ou uma mula que não tem entendimento; eles precisam de rédeas e freio para andarem pelo caminho certo. Os maus passam por muitos sofrimentos, mas quem confia no Senhor será acompanhado de perto pelo seu amor cuidadoso. Alegrem-se por causa do Senhor! Cantem de felicidade todos vocês que são justos. Sim, vibrem de alegria todos os que procuram sinceramente agradar o Senhor! Cantem de alegria ao Senhor todos os que têm amor por ele! Louvar o Senhor é o que há de melhor para os justos. Cantem melodias de gratidão ao Senhor com harpa de dez cordas! Usem instrumentos de corda para cantar salmos em louvor a ele! Cantem uma nova canção ao Senhor! Toquem bem seus instrumentos com gritos de alegria! Façam isso porque a Palavra do Senhor é verdadeira; ele é fiel em tudo que faz. Ele tem prazer na prática da justiça e da verdade; a terra está cheia da bondade do Senhor. Mediante uma palavra do Senhor os céus foram criados; com o sopro da sua boca apareceram todos os corpos celestes. Ele formou os grandes oceanos num só lugar; ele criou uma grande represa para as águas do mar e as grandes ondas. Por isso, toda a terra tema o Senhor; tremam diante dele todos os habitantes da terra, porque com uma só palavra ele criou todas as coisas. Ele ordenou, e o universo inteiro apareceu! O Senhor desfaz os planos e projetos das nações que não lhe obedecem, mas os planos do Senhor são eternos; não podem ser modificados. As suas decisões serão mantidas para sempre. Feliz é o povo que tem o Senhor como seu Deus, o povo que ele escolheu para ser exclusivamente seu. Lá do céu o Senhor olha a terra e vê toda a humanidade; do seu santo lugar onde vive, ele observa a vida de todos os habitantes da terra. Ele fez cada um de nós e conhece cada coração e tudo o que fazem. O melhor exército do mundo não salva a vida de um rei; nem guerreiros conseguem a vitória por serem fortes e corajosos. Um belo cavalo, treinado para a batalha, não é garantia de vitória; apesar da sua grande força, é incapaz de salvar. Mas os olhos do Senhor vigiam e protegem os que lhe obedecem e dependem completamente do seu grande amor. Quando estiverem correndo perigo de vida, quando houver fome na terra, eles serão salvos pelo Senhor! Nossa esperança está no Senhor para nos salvar! Ele nos ajuda e nos protege. Ele dá alegria ao nosso coração, porque confiamos no seu santo nome. Senhor, cubra-nos sempre com o seu amor constante e cuidadoso, pois nossa esperança está no Senhor! Louvarei o Senhor toda a minha vida. Em qualquer lugar, a qualquer hora, haverá em minha boca palavras de louvor. Meu coração se gloria no Senhor; os desanimados ouvirão e se alegrarão. Venham todos, e proclamemos a grandeza do Senhor; louvemos juntos o nome dele. Busquei o Senhor, e ele veio ao meu encontro e me recebeu. Tirou todo o medo que havia no meu coração. Os que olham para ele receberão luz para o seu caminho; eles nunca ficarão desapontados. Eu estava desesperado, mas pedi ajuda ao Senhor, e ele me ouviu. Livrou-me de todas as minhas tribulações. O anjo do Senhor cerca com sua proteção os que o temem e os livra. Provem e vejam que o Senhor é bom. Feliz é o homem que confia totalmente nele! Temam o Senhor, vocês que são seus santos. Os leõezinhos podem passar fome, mas os que buscam o Senhor nunca passam necessidade. Filhos e filhas, ouçam-me: Eu lhes ensinarei o temor do Senhor. Você deseja amar a vida e ser feliz? Cuidado então com o que fala! Evite dizer mentiras e falar mal dos outros. Afaste-se do mal e esforce-se em fazer o bem. Procure viver em paz com todos; esforce-se ao máximo para consegui-la. Os olhos do Senhor vigiam bem de perto os justos, e ele ouve com atenção todos os pedidos de socorro. Mas, o rosto do Senhor volta-se contra os que praticam o mal para apagar da terra a memória deles. Sim, os justos clamam, o Senhor os ouve e os livra de todas as suas dificuldades. O Senhor está sempre perto de quem tem o coração quebrantado e salva os de espírito humilde. O justo passa por muitos sofrimentos, mas o Senhor o livra de todos eles. O Senhor cuida do bem-estar físico do justo; não permite que um único osso seja quebrado. O mal acabará destruindo os maus; quem odeia o justo será condenado. Mas o Senhor livra da destruição a vida dos seus servos. Ninguém que nele se refugia será condenado. Senhor, defenda-me contra os que me acusam. Combata os que estão me atacando. Vista as roupas de guerra, tome o seu escudo, levante-se e socorra-me! Levante a sua lança e o machado de guerra! Não deixe os meus inimigos se aproximarem de mim. Fale à minha alma: “Eu o salvarei!” Que sejam derrotados e humilhados os que procuram matar-me! Obrigue meus inimigos a voltarem atrás em seus planos, e que sofram a vergonha diante de todos. Que eles sejam como a palha soprada pelo vento; que o Anjo do Senhor os faça fugir. Torne o caminho deles escuro e perigoso; sejam eles perseguidos pelo Anjo do Senhor. Porque sem razão alguma fizeram planos maus para me destruir; cavaram uma armadilha no caminho por onde eu ia passar. Traga sobre eles, de surpresa, a sua destruição. Que eles caiam na própria armadilha que armaram para mim e sejam destruídos. Então a minha alma ficará cheia de alegria no Senhor. Ficarei muito feliz porque ele me salvou! Do íntimo do meu ser exclamarei: “Não há ninguém semelhante ao Senhor! O Senhor livra os fracos dos inimigos mais fortes do que eles! Ele livra o pobre e o necessitado dos seus exploradores!” Meus inimigos estão usando falsas testemunhas para me acusar de coisas que nem conheço! Estão pagando com o mal o bem que lhes fiz, e isso me deixa sem vontade de viver. Contudo, quando estavam doentes, vesti roupas de luto, humilhei-me com jejum e orei por eles. Andei enlutado como se fosse por um irmão ou um grande amigo; curvei a cabeça de tristeza, vestido de roupas de luto, como quem lamenta por sua mãe. No entanto, quando chegou a minha vez de passar por dificuldades, eles ficaram contentes e se reuniram para planejar a minha destruição. Gente que eu nem conhecia se reuniu para falar mentiras a meu respeito. Para agradar meus inimigos, essas pessoas fizeram ameaças e zombaram de mim. Senhor, até quando vai ficar olhando? Por favor, salve-me do ataque deles. Livre a minha vida desses leões! Assim eu darei graças diante de todo o povo, no meio da grande multidão reunida, eu louvarei o Senhor. Não deixe que essa gente traiçoeira se divirta com a minha derrota; não permita que aqueles que me odeiam sem motivo fiquem rindo com desprezo. Eles não sabem falar de paz; toda a sua conversa se resume em fazer planos de traição contra quem vive em paz na terra. Gritando, eles me acusam de ter feito o mal. Eles me acusam dizendo: “Ah! Vimos com nossos próprios olhos! Sabemos de tudo!” Mas o Senhor viu isso. Não fique calado, não me deixe sozinho! Levante-se, meu Senhor! Desperte! Faça justiça. Defenda a minha causa, meu Deus e Senhor! Ó Senhor, meu Deus, o Senhor é justo! Declare-me inocente, conforme a sua justiça. Não deixe que meus inimigos me condenem e se alegrem com a minha destruição. Que eles não tenham o prazer de pensar: “Finalmente nosso desejo vai se cumprir! Agora vamos acabar com ele!” Que sejam completamente derrotados; faça com que eles fiquem envergonhados diante de todo o povo, pois eles se alegraram com o meu sofrimento e procuraram me destruir quando eu estava fraco. Encha de grande alegria e felicidade todos os que desejam o meu bem. Que eles possam sempre dizer: “O Senhor seja engrandecido, porque ele tem prazer no bem-estar do seu servo!” Então eu cantarei o dia inteiro, proclamando a sua justiça e o seu louvor. No coração do mau, o pecado sempre tem a última palavra. Ele não tem o menor respeito por Deus. O pecado encobre a visão do homem mau. Ele se julga importante e pensa consigo mesmo que suas maldades nunca serão descobertas e castigadas. As suas palavras estão carregadas de mentira e falsidade; ele não tem juízo e não quer fazer o bem. Até a noite fica acordado, fazendo planos perversos, em vez de pensar em como fugir do mal. O seu amor, Senhor, é mais alto que os céus. A sua fidelidade vai além das nuvens. A sua justiça é firme como as montanhas, e as suas decisões são sábias e profundas como o grande mar. O Senhor protege a vida tanto dos homens quanto dos animais. Como é precioso o seu amor cuidadoso, ó Deus! Por isso os homens encontram proteção debaixo das suas asas. Eles ficam satisfeitos na fartura da sua casa. Bebem à vontade dos seus rios de alegria e prazer. Pois o Senhor é a fonte da vida; quando somos iluminados com a sua luz, vemos a luz. Continue sempre a demonstrar o seu amor constante aos que lhe obedecem! Não deixe de dar a sua justiça aos que desejam seguir os seus retos caminhos. Não permita que o homem orgulhoso me maltrate, nem que o perverso me destrua. Caíram! Caíram os malfeitores; estão destruídos, incapazes de se levantar! Não se preocupe com os perversos! Não fique com inveja dos homens maus. Eles logo secarão como o capim; murcharão como a erva verde. Confie no Senhor e procure fazer o bem; assim você viverá tranquilamente em seu lugar e desfrutará de toda a segurança. Faça do Senhor a sua grande alegria, e ele dará a você os desejos do seu coração. Deixe nas mãos do Senhor tudo o que você for fazer. Confie nele de todo o coração, e ele fará o que for necessário. Ele fará a sua justiça brilhar como a luz. Mostrará como o sol do meio-dia que você está com a razão. Descanse no Senhor, espere pacientemente pela sua ação. Não se incomode com o sucesso dos outros, nem com aqueles que planejam o mal. Deixe de lado a raiva e não fique furioso! Não perca a cabeça; isso só traz prejuízo! Esses homens maus serão destruídos, mas quem confia no Senhor herdará a terra. Dentro em breve os maus vão desaparecer. Mesmo procurando, você não vai encontrá-los. Mas quem se humilha perante o Senhor receberá a terra por herança e viverá em perfeita paz. Os homens maus fazem planos para destruir o justo, e contra ele rangem os dentes; o Senhor, porém, zomba deles porque sabe que o dia do castigo está se aproximando. Os maus preparam suas espadas, preparam seus arcos para destruir o humilde e o pobre, para matar os que andam pelo caminho do Senhor. No entanto, as suas espadas atravessarão os seus próprios corações, e os seus arcos serão quebrados. É melhor ter pouco e obedecer ao Senhor do que possuir as grandes riquezas dos homens maus, porque a força dos maus será quebrada, mas o Senhor sustentará os justos com a sua força. O Senhor observa passo a passo a vida dos íntegros de coração e prepara para eles uma recompensa eterna. Na época das dificuldades, eles não ficarão sem ajuda; quando houver fome, eles terão comida à vontade. Mas os maus desaparecerão. Os inimigos do Senhor murcharão como a erva; serão destruídos e desaparecerão como a fumaça. Os maus pedem emprestado e depois dizem: “Não tenho como pagar!” Os justos têm o bastante para si e ainda podem dar com generosidade. As pessoas que recebem a bênção do Senhor herdarão a terra, mas os que são amaldiçoados por ele serão eliminados. O Senhor firma o passo do homem que o agrada. Tem prazer na vida de quem é justo. O homem bom pode tropeçar, mas não ficará caído, pois o Senhor segura a sua mão e o ajuda a levantar-se. Já fui moço; agora sou um velho, mas nunca vi o justo ser abandonado pelo Senhor, nem seus filhos mendigar o pão. Pelo contrário; ele é sempre bondoso, empresta de boa vontade, e seus filhos serão abençoados. Assim, se você deseja um lar permanente e feliz, deixe a maldade e comece a praticar o bem. Pois o Senhor tem prazer na justiça e não abandona os que pertencem a ele; eles serão protegidos para sempre, mas a descendência dos que amam a injustiça será destruída. As pessoas que amam a Deus herdarão a terra e nela viverão para sempre. O justo sempre fala com sabedoria e sempre dá bons conselhos, porque obedece de coração à lei do seu Deus; por isso, seus passos são firmes e seguros. O homem mau vive espiando o justo, fazendo planos para tirar-lhe a vida, mas o Senhor não permitirá que o justo caia em suas mãos; se um homem bom for julgado, Deus não deixará que ele seja condenado. Espere com paciência no Senhor e siga o seu caminho, e ele o exaltará e lhe dará a terra por herança. Você verá os maus serem destruídos. Eu mesmo vi um homem orgulhoso e mau crescendo em força e poder como um cedro do Líbano, mas, pouco tempo depois, procurei por ele e descobri que tinha desaparecido. Preste atenção no homem íntegro e no justo e verá que a coisa é bem diferente! Quem obedece ao Senhor e vive em paz terá um fim abençoado. Mas os que desobedecem às leis de Deus serão destruídos; a descendência dos ímpios será eliminada para sempre. O Senhor salva os justos; no dia da dificuldade ele é a sua proteção! O Senhor ajuda e livra os justos dos planos perversos dos homens maus, porque confiam nele. Senhor, não me castigue enquanto está irado, nem me discipline no seu furor! As suas flechas se cravaram profundamente no meu corpo; todo o peso da sua mão caiu sobre mim. Por causa da sua ira, todo o meu corpo está doente; a minha saúde está destruída por causa do meu pecado. Estou me afogando nos meus pecados; eles são como um fardo pesado que já não posso suportar. As minhas feridas ficam inflamadas, cheias de pus, e cheiram mal, por causa da minha falta de juízo. Estou andando curvado e abatido o dia inteiro; saio vagueando como se estivesse de luto. As minhas costelas ardem como fogo, meu corpo inteiro está doente. Sinto-me muito fraco e desesperado; vivo gemendo porque meu coração está cheio de medo. Diante do Senhor estão os meus anseios; o Senhor conhece o meu suspiro. Meu coração bate depressa, minha força quase se foi; além de tudo isso, estou ficando cego. Meus amigos, parentes e conhecidos se afastam de mim, com medo da minha doença. Meus vizinhos me evitam. Enquanto isso, meus inimigos preparam armadilhas para me matar. Andam espalhando mentiras a meu respeito e passam o dia planejando meios de me destruir. Sou como um surdo que não ouve, e como um mudo que não abre a boca. Eu me faço de surdo a essas ameaças. Também não respondo com palavras. Eu espero no Senhor; aguardo a sua resposta, ó Senhor meu Deus! Pois eu disse: Não permita que se alegrem quando eu cair, nem me ataquem quando eu tropeçar. Estou quase caindo e carrego essa dor comigo dia e noite. Confesso a minha culpa, fico angustiado por causa do meu pecado. Meus inimigos, porém, são muitos e fortes; é grande o número de pessoas que me odeiam sem razão. Eles me pagam o bem com o mal, porque eu tomo o partido dos justos e bons. Ó Senhor, não me abandone! Não fique longe de mim, ó meu Deus! Senhor, meu Salvador, venha depressa me socorrer! Pensei comigo mesmo: Vou tomar cuidado com a minha conduta e com o que falo para não cair no pecado. Ficarei bem calado, especialmente quando estiver na presença de pessoas que não obedecem ao Senhor. Então fiquei quieto como um mudo; nada falei, nem sequer coisas boas; a minha dor aumentou. O meu coração ardia-me no peito, e, enquanto pensava em silêncio, o fogo aumentava. Então comecei a perguntar: Senhor, mostre-me o fim da minha vida e o tempo que me resta aqui na terra. Mostre-me como a vida é curta e me faça conhecer a minha fragilidade. Que é a minha vida aos seus olhos? Tem apenas alguns momentos de duração. A minha vida é como nada diante do Senhor. Na verdade, o homem não passa de um sopro. Ele é uma simples sombra que passa num instante. Não adianta ele se inquietar. Por mais rico e poderoso que seja o homem, a sua vida não passa de um breve vazio. Ele se esforça e ajunta riquezas para outro desfrutar dela. Mas agora, Senhor, o que devo esperar? O Senhor é a minha única esperança! Liberte-me de todas as minhas maldades para que não zombem de mim. Senhor, fico calado. Não posso abrir a boca, pois sei que este castigo veio do Senhor. Tira, Senhor, este castigo! Já não aguento mais receber os golpes da sua mão. Quando o Senhor castiga e repreende alguém por causa de seus pecados, tira-lhe o que tem de mais precioso. Sim, a vida humana não passa de um sopro. Ó Senhor, ouça a minha oração! Escute os meus gritos de socorro! Não fique calado, vendo as minhas lágrimas rolarem. Nesta terra eu sou apenas um estrangeiro, um peregrino, como foram os meus pais. Desvie de mim os seus olhos; deixe-me tomar fôlego para continuar vivendo, antes que eu vá e deixe de existir. Esperarei com confiança pela ajuda do Senhor. Ele se inclinou para mim e ouviu meu pedido de socorro. Ele me tirou do fundo de um poço de desespero e medo, de um atoleiro de lama; ele me fez andar sobre uma rocha e firmou os meus passos. Colocou uma nova canção em minha boca, um hino de louvor ao nosso Deus. Muita gente verá o que ele fez por mim e passará a respeitar o Senhor e confiar nele. Há muitas bênçãos para aquele que confia no Senhor e que não depende de homens orgulhosos, nem se apega aos mentirosos. Senhor, meu Senhor! São muitas as maravilhas que tem feito para nós. Os seus planos são perfeitos. Ninguém pode ser comparado ao Senhor. Gostaria de anunciar ao mundo as suas grandes obras, mas elas são numerosas demais! O que o Senhor deseja do seu povo não são sacrifícios e ofertas; o Senhor não deseja sacrifícios e ofertas, mas ouvidos prontos a obedecer à sua voz. Por isso eu disse: Aqui estou, conforme está escrito no Livro. Minha maior alegria é fazer a sua vontade, ó meu Deus. A sua lei está gravada no meu coração. Anuncio a todo o povo as boas notícias de justiça. Não fico calado, e o Senhor sabe disso muito bem. Não guardo só para mim essas boas notícias. Anuncio em alto e bom som a sua fidelidade e a sua salvação. Não escondo do povo a sua graça e a sua verdade. Senhor, não me deixe sem a sua misericórdia; permita que eu seja protegido pelo seu amor e pela sua verdade, porque os problemas que enfrento são grandes demais. Minhas culpas me alcançaram, e já não consigo enxergar; são muitas, mais que os fios de cabelo da minha cabeça. Por isso, estou muito desanimado. Por favor, Senhor, vem libertar-me! Depressa, Senhor, socorra-me! Cubra de vergonha e desonra todos os inimigos que tentam acabar comigo. Faça seus planos falharem, porque eles se alegram com o meu sofrimento. Que fiquem chocados com a sua própria desgraça aqueles que zombam de mim. Mas alegrem-se e fiquem contentes no Senhor todos aqueles que o buscam; aqueles que amam o Senhor; que possam sempre dizer: “Grande é o Senhor!” Quanto a mim, sou pobre e necessitado, porém o Senhor se importa comigo e cuida de mim. O Senhor é o meu apoio e o meu Salvador! Venha salvar-me! Venha depressa, ó meu Deus. Como é feliz aquele que ajuda o necessitado. O Senhor o salva no dia da dificuldade. O Senhor protegerá e guardará a sua vida. Ele fará com que seja feliz e não permitirá que caia nas mãos de seus inimigos. Quando estiver doente, o Senhor estará ao seu lado em seu leito de enfermidade e o restaurará da sua doença. Eu orei: “Ó Senhor, tenha misericórdia de mim! Cure a minha alma, porque pequei contra o Senhor”. Meus inimigos falam maldosamente contra mim e perguntam: “Quando será que ele vai morrer? Quando será esquecido pelos homens?” Quando alguém vem me visitar, finge ser amigo, fala com falsidade, mas no fundo do coração sei que ele me odeia e vive espalhando calúnias a meu respeito. Meus inimigos se juntam e cochicham contra mim. Fazem planos contra mim e espalham mentiras. “Ele está com uma doença mortal e desconhecida!”, dizem. “Ele está de cama e jamais se levantará!” Até meu melhor amigo, em quem eu confiava, me traiu! Quantas e quantas vezes nós comemos juntos! Mas Senhor, por favor, tenha misericórdia de mim! Devolva-me a saúde para que eu possa dar a eles o castigo que merecem. Tenho certeza de que o Senhor me ama, porque não deixou que o meu inimigo triunfasse sobre mim. O Senhor me protege porque sempre fiz o que é certo; por isso, viverei para sempre na sua presença. Louvado seja o Senhor, o Deus de Israel, para sempre e sempre. Amém! Amém! Como a corça procura ansiosamente um riacho, assim a minha alma tem sede pelo Senhor, ó meu Deus. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando poderei estar de novo na sua presença? As minhas lágrimas têm me servido de alimento de dia e de noite, enquanto meus inimigos zombam de mim, perguntando: “Onde anda o seu Deus?” Quando me lembro de como costumava ir à frente do povo que subia ao templo para adorar, cantando de alegria e louvando a Deus numa grande festa, choro de tristeza. Por que você está tão triste ó minha alma? Por que está assim tão desanimada? Tenha confiança em Deus! Pois ainda voltarei a louvá-lo; ele é o meu Salvador e meu Deus. Sinto a minha alma profundamente abatida e por isso procuro lembrar do seu poder, desde a terra do rio Jordão, do monte Hermom e do monte Mizar. Um abismo chama outro abismo; ouço o ruído das suas fortes correntes de tristeza que me encobrem, fazendo lembrar o barulho de grandes cachoeiras. Mas, para vencer tudo isso, conceda-me, Senhor, o seu amor cuidadoso e constante de dia. E durante a noite quero cantar em seu louvor e orar ao meu Deus, que me dá vida. Digo a Deus, a minha Rocha: “Por que o Senhor se esqueceu de mim? Por que tenho que viver sofrendo e chorando por causa dos ataques dos meus inimigos?” Cada vez que, zombando, eles perguntam: “Então onde anda esse seu Deus?”, é como se meus ossos sofressem agonia mortal. Por que você está tão triste, ó minha alma? Por que está assim tão desanimada? Espere em Deus! Pois eu ainda o louvarei; ele é o meu Salvador e o meu Deus. Ó Deus, julgue com justiça o meu caso contra um povo infiel! Livra-me desses homens falsos e injustos. O Senhor, ó Deus, é a minha fortaleza. Por que o Senhor me rejeitou? Por que tenho de viver sofrendo e chorando por causa da opressão do meu inimigo? Envie a sua luz e a sua verdade para me guiarem e me levarem ao monte do seu santo templo, à sua casa. Então levarei minhas ofertas ao altar de Deus. Ele é a fonte da minha alegria e júbilo; eu o louvarei ao som da harpa. Sim, meu Deus, eu o louvarei! Por que você está assim tão triste, ó minha alma? Por que está assim tão desanimada? Espere em Deus! Pois eu ainda o louvarei; ele é o meu Salvador e o meu Deus. Ó Deus, ouvimos com nossos próprios ouvidos as histórias dos nossos pais a respeito dos seus grandes feitos, em seus dias. Com a sua própria mão o Senhor arrancou desta terra os povos pagãos que aqui viviam, dando lugar ao nosso povo. Israel se tornou o dono de toda a terra, e o Senhor os fez prosperar. Não foi por sua própria força, nem com suas armas. Eles venceram os inimigos e conquistaram a terra pela mão direita do Senhor, pelo seu forte braço e iluminados pela luz do seu rosto. Conseguiram isso por causa do seu amor por eles. Ó Deus, o Senhor é o meu rei! O Senhor ordena e confirma a vitória de Israel, o seu povo. Pois somente com a sua ajuda podemos vencer os nossos inimigos; pelo seu nome pisamos naqueles que se levantam contra nós. Não confio em meu arco e na minha espada para me salvar, mas no Senhor que vence os nossos inimigos e cobre de vergonha os que nos odeiam. Deus é o motivo de nos gloriarmos a cada instante; louvaremos o seu nome para sempre. No entanto, o Senhor nos rejeitou e por isso passamos vergonha diante das nações. O Senhor já não sai às batalhas com os nossos exércitos, e por isso somos obrigados a fugir do inimigo; nossos adversários nos odeiam e roubam as nossas riquezas. O Senhor entregou os israelitas à morte, como ovelhas num matadouro; nosso povo foi espalhado entre as nações. O Senhor nos vendeu a troco de nada, não lucrando com o seu preço. As nações vizinhas zombam e riem de nós por causa do que aconteceu. Somos motivo de riso e menosprezo daqueles que nos rodeiam. O Senhor fez de nós motivo de zombaria entre as nações; os povos meneiam a cabeça quando nos veem. Onde quer que eu vá, sofro o mesmo vexame; o meu rosto está coberto de vergonha por causa daqueles que me afrontam e blasfemam, por causa dos meus inimigos que desejam vingança. Senhor, por que tudo isso aconteceu? Nós não nos esquecemos do Senhor, nem deixamos de cumprir a sua aliança. Nossos corações não abandonaram o Senhor; nossos pés não se desviaram do seu caminho. Então, por que razão o Senhor nos castiga nesta terra seca e sem vida? Por que o Senhor nos cobriu de densas trevas? Se tivéssemos esquecido o nome do nosso Deus e tivéssemos estendido as nossas mãos em oração a deuses estrangeiros, Deus com certeza saberia, pois ele conhece os segredos de cada coração! Mas o fato é que por sermos fiéis ao Senhor estamos sofrendo perigo de morte a todo instante; somos como ovelhas destinadas ao matadouro. Acorde, Senhor! Por que continua indiferente? Levante-se! Não nos abandone para sempre! Por que esconde de nós o seu rosto e esquece a nossa miséria e desespero? Já fomos tão humilhados que andamos com o rosto no chão, arrastando o corpo no pó. Levante-se, Senhor! Venha socorrer o seu povo! Salve-nos por causa do seu amor fiel e constante. Meu coração está cheio de bons pensamentos. Estou inspirado como um grande escritor, e dedicarei ao rei a minha bela canção. Você é o homem mais notável, as suas palavras demonstram graça, e, por isso, Deus o abençoou eternamente. Coloca a sua espada à cintura, grande guerreiro! Cobre-se de glória e de majestade! E, cheio de majestade, cavalga para a vitória, defende a verdade, a misericórdia e a justiça. Que a sua mão direita realize grandes feitos! Suas flechas são afiadas e atingem sempre o coração dos seus inimigos; as nações se tornam seus servos. O seu trono, ó Deus, é eterno; a justiça e a verdade são os instrumentos do seu reino. Ama a justiça e odeia o pecado. Por isso, Deus, o seu Deus, o ungiu com o óleo da alegria, como a nenhum dos seus companheiros. As suas roupas são perfumadas com mirra, aloés e cássia. Nos seus palácios, onde as paredes são cobertas de marfim, ouvem-se os instrumentos de corda, tocando belas canções, para o alegrar. Entre as mulheres do seu palácio há filhas de reis. Ao seu lado está assentada a rainha, usando joias finas feitas do ouro puro de Ofir. Ouça o meu conselho, ó princesa. Não fique remoendo lembranças de seu país e da casa paterna. O rei está apaixonado pela sua beleza. Dê a ele atenção e respeito, porque agora ele é o seu senhor. As pessoas da cidade de Tiro virão trazer presentes; pessoas poderosas virão lhe pedir favores. A filha do rei é formosa no interior do palácio; ela é muito bonita, e suas roupas são enfeitadas com fios de ouro. Vestida de finas roupas bordadas, ela é levada à presença do rei; ao seu lado vai um cortejo de damas de honra, e são levadas à sua presença. Que grupo alegre e jubiloso elas formam ao entrar no palácio real! No futuro, haverá uma nova família real na terra; seus filhos serão príncipes e reis por toda a terra. Tornarei o seu nome conhecido e famoso para sempre; por isso, as nações lhe darão honra para sempre! Deus é o nosso refúgio e fortaleza. Ele é aquela ajuda na qual se pode confiar no dia da angústia. Por isso não ficaremos perturbados, mesmo que a terra trema e as montanhas desabem dentro do mar. Ficaremos tranquilos, mesmo se houver grandes enchentes e terremotos a ponto de sacudirem os montes com a sua fúria. Há um rio que corre mansamente pela cidade de Deus, um rio que enche de alegria quem vive lá, o santo lugar onde vive o Altíssimo. Deus mesmo vive ali. Por isso, ela não será abalada! O próprio Deus vem em seu auxílio desde o romper da manhã. As nações gritam e se agitam iradas, mas quando Deus ergue a voz, a terra se derrete submissa — os reinos se encolhem, com medo e respeito. O Senhor dos Exércitos está entre nós; o Deus de Israel é a nossa proteção. Venham, vejam as grandes obras do Senhor! Vejam como ele castigou várias nações com a destruição! Ele acaba com a guerra em todo o mundo, quebrando o arco, despedaçando a lança e queimando os escudos com fogo. “Fiquem quietos e saibam, de uma vez por todas, que eu sou Deus! Todas as nações da terra hão de honrar o meu nome!” O Senhor dos Exércitos está entre nós; o Deus de Israel é a nossa proteção! Batam palmas, vocês, todos os povos! Louvem a Deus cantando e gritando de alegria, pois o Senhor Altíssimo é muito poderoso. Ele é o Rei de toda a terra! Ele derrotou nossos inimigos e colocou outras nações debaixo dos nossos pés. Ele preparou esta terra para ser a nossa herança, a glória dos descendentes de Jacó, a quem ele ama. Deus, o Senhor, subiu entre gritos de alegria, ao som de trombetas. Cantem salmos para louvar a Deus! Cantem salmos para louvar o nosso Rei. Deus é o Rei de toda a terra; cantem com perfeição e beleza os seus louvores! Assentado em seu santo trono, Deus reina sobre todas as nações. Os líderes dos povos se juntam ao povo do Deus de Abraão, pois eles entregarão ao Senhor toda a sua autoridade, e ele será honrado soberanamente em toda a terra. O Senhor é grande e merece ser louvado na cidade do nosso Deus. Vejam como é belo o seu santo monte Sião, ao norte de Jerusalém, a morada do grande Rei! Ele é a alegria do nosso povo! O próprio Deus está nos palácios dela, e se faz conhecer como a sua fortaleza! Os reis de outras nações se reuniram para atacar Jerusalém. Quando viram nossa cidade, ficaram espantados, com muito medo, e fugiram correndo. Foram derrotados pelo medo e sentiram dores como a mulher que vai dar à luz! Pois o Senhor é capaz de destruir os grandes navios de guerra de Társis com o vento oriental. Agora já temos ouvido, e agora vimos com os nossos próprios olhos, na cidade do Senhor dos Exércitos, na cidade do nosso Deus: Deus a sustenta para sempre! Ó Deus, aqui no seu templo ficamos pensando e meditando no seu amor constante e fiel. O seu nome, ó Deus, é conhecido por toda a terra, e o seu louvor alcança até os confins da terra; a sua mão direita está cheia de justiça. O povo de Jerusalém e as cidades de Judá cantam de alegria porque os seus julgamentos são justos. Percorram a cidade de Sião! Verifiquem por toda parte, contem cada uma das torres! Examinem com cuidado os muros e torres de guerra; olhem bem para os palácios de Jerusalém. Assim vocês poderão contar às próximas gerações que este Deus é o nosso Deus para sempre; ele é o nosso guia eterno. Atenção, todos os povos! Ouçam bem o que digo! Escutem com cuidado todos os moradores da terra! Ouçam, pessoas importantes e humildes, ricos e pobres, ouçam as minhas palavras! Falarei com sabedoria; minhas palavras revelarão pensamentos profundos do meu coração. Cantarei ao som da harpa a resposta a um dos mais complicados problemas da vida. Não é necessário ter medo dos dias difíceis e do sofrimento! Quando sou perseguido traiçoeiramente pelos meus inimigos, aqueles que confiam em seus bens e se orgulham de suas riquezas, fico tranquilo. Sei que nenhum deles, por mais rico que seja, pode salvar seu irmão da morte e pagar a Deus o preço da salvação. O resgate de uma vida não tem preço. Não se pode pensar em pagar para continuar vivendo eternamente, sem enfrentar a morte. Aqueles que são sábios devem finalmente morrer, da mesma maneira que os tolos e ignorantes! As suas riquezas ficarão nas mãos de outros. No fundo do coração pensam que a morte nunca vai chegar; pensam que viverão para sempre em suas terras e casas. Chegam a dar seus próprios nomes às suas propriedades! Mas o homem, mesmo o que é muito importante, que gosta de exibir com orgulho as suas riquezas, vai acabar morrendo, como qualquer animal. Este é o destino dos que confiam em si mesmos e o dos seus seguidores. No entanto, ainda há pessoas que aplaudem quem age assim! Os homens são como ovelhas, a sepultura é o curral e a morte é o pastor. Quando chegam à sepultura, desaparece a glória dos homens; aí estão distantes das suas grandes mansões. Mas Deus livrará a minha vida do poder da morte porque, quando eu morrer, ele me levará para si. Por isso, não fique triste e desanimado vendo o outro enriquecer e o luxo da sua casa aumentar. Quando eles morrerem, não poderão levar coisa alguma consigo. Sua glória e seu sucesso não irão com eles! O homem pode passar toda a vida fazendo elogios a si mesmo; pode se tornar famoso pelas coisas boas que conseguiu para si, porém, mais cedo ou mais tarde, ele se juntará aos seus antepassados e irá para a escuridão eterna. O homem pode ter muita fama e riqueza, mas se não tiver entendimento, morre como um animal qualquer. O poderoso Deus, o Senhor, convoca toda a humanidade, de uma extremidade até a outra da terra. A gloriosa luz de Deus brilha no alto de Sião, a cidade de perfeita beleza. Nosso Deus se aproxima e fala com voz poderosa; à sua frente vai um fogo devorador; à sua volta há uma forte tempestade. Ele chama os céus e a terra como testemunhas no julgamento do seu povo: “Reúnam o meu povo, aqueles que tomaram o compromisso de me obedecer, oferecendo um sacrifício no meu altar”. O próprio Deus é o juiz, e os céus anunciam que ele é justo. Ó meu povo, escute bem o que vou falar! Estas são as minhas acusações contra você, Israel; ouça bem porque eu sou o seu Deus! Não estou irado por causa dos sacrifícios e das ofertas queimadas que vocês trazem diariamente ao meu altar. Mas novilhos do seu estábulo e bodes dos seus currais não são o que realmente desejo receber de vocês. Porque todos os animais das florestas, todo o gado que pasta sobre os montes, são meus! As aves dos montes e os animais do campo, todos eles me pertencem. Se eu tivesse fome, não precisaria pedir coisa alguma a vocês, pois tudo que há no mundo é meu. Não pensem que preciso da carne dos bois e do sangue dos cabritos que vocês oferecem no altar. Ofereçam a Deus em sacrifício um coração cheio de gratidão e cumpram as promessas de obediência que fizeram ao Altíssimo. Clamem a mim quando estiverem em dificuldade, e eu os salvarei; e aí vocês me honrarão. Mas ao perverso Deus diz: De que adianta ficar repetindo as minhas ordens escritas e as minhas promessas, se no fundo do coração você despreza a minha disciplina e desobedece às minhas palavras? Você sente prazer em ver o ladrão roubar, e se torna seu cúmplice, e anda com adúlteros. Sua boca está sempre pronta a falar maldade e a sua língua, a espalhar mentiras. Com suas palavras você procura destruir o seu próprio irmão e calunia o filho de sua própria mãe. Até agora estive calado, e por isso você pensou que eu não me importava; você pensa que eu sou como você. Mas agora chegou a hora do seu julgamento. Eu lhe mostrarei todos os seus erros. “Considerem isto, todos vocês que se esquecem de Deus. Caso contrário, eu destruirei cada um de vocês, e ninguém poderá livrá-los. Aquele que me traz sua oferta de gratidão está me honrando! Quem se esforça para andar nos meus caminhos receberá a salvação de Deus”. Ó Deus, tenha misericórdia de mim por causa do seu amor; por sua grande compaixão, apague a terrível mancha dos meus pecados. Lave-me de toda a minha culpa. Purifiqueme dos meus pecados! Reconheço que pequei; o meu pecado me persegue dia e noite. Pequei contra o Senhor, somente contra o Senhor. Eu sei que o Senhor condena o mal que cometi e tem toda a razão em me castigar; o seu julgamento é perfeitamente justo. O fato é que já nasci pecador, desde o momento em que minha mãe me deu à luz. A sua vontade é ver a verdade no coração do homem; ensine-me a sua sabedoria no meu coração. Limpe-me com hissopo, e ficarei puro. Lave-me e ficarei mais branco do que a neve. Faça-me ouvir de novo os sons de alegria e de felicidade. Os ossos que o Senhor esmagou se alegrarão novamente. Não fique olhando para os meus pecados; apague todas as minhas faltas. Crie em mim, ó Deus, um coração puro. Coloque em mim pensamentos e desejos limpos e sinceros. Não me expulse da sua presença, nem tire de mim o seu Espírito Santo. Dê-me de novo a alegria da sua salvação e conserve em mim um espírito desejoso de obedecer. Então poderei ensinar seus caminhos a outros pecadores para que eles se voltem para o Senhor. Ó Deus, Deus da minha salvação, livre-me da culpa dos crimes de sangue! Então cantarei louvores ao Senhor! Ó Senhor, coloque as palavras certas nos meus lábios, e eu o louvarei. O Senhor não se agrada de sacrifícios nem de ofertas queimadas! Se fosse esse o seu padrão de justiça, eu já teria trazido muitas ofertas. Os sacrifícios que agradam a Deus são um espírito quebrantado; o Senhor não rejeitará um coração humilde e arrependido. Senhor, continue a mostrar amor para com o povo de Israel! Proteja e defenda os muros de Jerusalém! Então, quando o meu coração estiver humilde e arrependido, o Senhor ficará satisfeito com minhas ofertas de dedicação e com as ofertas queimadas — com os novilhos que eu trouxer como sacrifício no seu altar. Você se julga um grande herói, cheio de força e poder, você se alegra com o terrível crime que cometeu? Mas o amor de Deus pelo seu povo é eterno! A sua língua é afiada como uma navalha! Assim você planeja suas maldades e pratica suas mentiras. Para você o mal vale mais do que o bem, o errado vale mais que o certo. Você prefere mentir em lugar de falar a verdade! Homem mau e mentiroso, você gosta de destruir os outros com suas palavras. Por isso, Deus mesmo vai destruir você para sempre! Ele vai arrancar você de dentro de sua casa e riscará o seu nome da lembrança dos vivos. As pessoas obedientes a Deus verão o seu fim. Isso aumentará o seu temor e dará grande alegria, e elas dirão: “Veja só o que acontece ao homem que rejeitou a Deus como seu refúgio, confiou em suas riquezas em vez de confiar em Deus, e procurou segurança na sua própria maldade”. Mas eu viverei por muito tempo ainda, protegido pelo Senhor, como uma oliveira que floresce na casa de Deus; confio no amor constante e eterno de Deus! Ó Senhor, eu o louvarei eternamente pelos seus feitos; na presença dos fiéis anunciarei o seu nome, porque o Senhor é bom. O homem tolo diz no seu coração: “Deus não existe!” O resultado dessa ideia errada é a perda da moral, seguida de uma série de atos vergonhosos. Aí ninguém é capaz de fazer o bem. Lá do céu Deus olha para a humanidade, procurando alguém que compreenda seus planos, alguém que busque a Deus. A humanidade inteira se desviou do caminho certo e se perdeu. Todos os homens se corromperam. Não há ninguém que procure fazer o bem; não há nem um sequer! Será que esses malfeitores não aprendem? Eles devoram o meu povo como quem come um pedaço de pão; não percebem a existência de Deus, nem tentam falar com ele em oração. Mas em breve eles ficarão apavorados, sem saber por quê. Pois foi Deus que espalhou os ossos de quem maltrata o seu povo! Serão humilhados porque foram rejeitados por Deus. Quem dera Deus surgisse agora de Sião para libertar Israel! Quando Deus libertar o seu povo da opressão, Jacó exultará! Israel se alegrará. Ó Deus, salve-me pela força do seu nome! Livre-me com o seu poder. Ouça com atenção as palavras da minha oração! Homens violentos procuram destruir minha vida; eles são cruéis, e na sua vida não existe lugar para Deus. Mas comigo é diferente! Deus é quem me ajuda; o Senhor sustenta a minha alma. Ele devolverá o mal que os meus inimigos procuram me fazer. Ó Senhor, mostre a sua fidelidade e acabe com esses homens perversos! Então, eu oferecerei meus sacrifícios com alegria e gratidão. Louvarei o seu nome, porque o Senhor é bom. Deus me ajudou a vencer todas as minhas angústias. Os meus olhos viram a destruição dos meus inimigos. Escute a minha oração, ó Deus! Não se esconda quando eu peço a sua ajuda. Ouça-me com atenção e responda-me! Eu não consigo entender meus problemas e estou muito perturbado. Meus inimigos gritam ameaças contra mim; os homens maus me rodeiam. Lançam males sobre mim, com ódio e furor. Dentro do peito meu coração acelera, com medo da morte. Sou dominado pelo temor e pelo tremor; o pavor tomou conta de mim. Então eu disse: “Quem dera que eu tivesse asas como uma pomba! Voaria para longe até encontrar um lugar de paz. Voaria rápido até os desertos distantes e lá teria o meu abrigo. Assim poderia achar um abrigo para escapar do vendaval e da tempestade. Senhor, provoque confusão e desentendimento entre os meus inimigos; faça com que sejam destruídos pela sua própria violência na cidade. De dia e de noite, rondam a cidade, andando sobre os muros. Espalham a maldade e a miséria dentro de Jerusalém. Dentro da cidade existem morte e destruição; nas ruas acontecem opressão e exploração. Quem me ofende não é um inimigo. Se fosse, eu ainda poderia aguentar; poderia fugir e me esconder. Quem está me traindo é você, meu companheiro, meu amigo do peito! Costumávamos andar juntos, conversando alegremente enquanto íamos ao templo de Deus com o seu povo. Que a morte apanhe essa gente de surpresa, porque seus corações e seus lares estão imundos de pecado. Mas eu pedirei ajuda a Deus, e o Senhor me salvará. Eu oro angustiado pela manhã, ao meio-dia e à tarde, e ele ouve a minha voz. Muita gente me persegue e tenta me destruir, mas ele me salva e dá paz à minha alma. Deus, que reina desde a eternidade, me ouvirá; dará aos meus inimigos o que eles merecem, porque não respeitam a Deus, nem se arrependem. Esse falso amigo atacou quem vivia em paz com ele; não cumpriu os compromissos que havia feito. Suas palavras eram mais macias do que manteiga, mas no coração planejava a morte. Suas palavras pareciam ser mais suaves do que o óleo, mas na verdade eram facas afiadas. Entregue todas as suas preocupações ao Senhor. Ele levará o peso dos seus problemas. Ele nunca deixará que o justo venha a tropeçar e cair. Mas Deus lançará no mais profundo abismo da destruição aqueles assassinos e traidores, por isso vão morrer muito cedo; não viverão a metade dos seus dias. Quanto a mim, porém, confio no Senhor para sempre! Deus, tenha misericórdia de mim, pois os meus inimigos atacam dia e noite, procurando me destruir. Eles vigiam todos os meus passos para me matar à traição; eles são muitos e me atacam com arrogância. Mas, quando eu sentir medo, confiarei no Senhor. Sim, colocarei em Deus a minha confiança e ficarei tranquilo. A minha vida provará que as promessas de Deus são verdadeiras! Eu confio em Deus; que poderá fazer um simples mortal? Eles distorcem o sentido de tudo que falo; só pensam em como me fazer mal. Fazem reuniões secretas; vigiam os meus passos, esperando a hora certa de acabarem com a minha vida. Deus, castigue meus inimigos por causa da maldade deles. Na sua ira, ó Deus, derrube as nações! O Senhor conhece bem as perseguições que tenho sofrido. Contou e recolheu num jarro todas as minhas lágrimas e anotou cada lágrima no seu livro. No dia em que pedir a sua ajuda, os meus inimigos fugirão! Estou bem certo de que Deus está do meu lado. Eu confio totalmente em Deus! Glória ao Senhor pelas suas promessas! Não terei medo de coisa alguma porque confio em Deus; simples homens não serão capazes de me destruir! Por isso, ó Deus, cumprirei as promessas que lhe fiz. Por toda a minha vida apresentarei a minha oferta de gratidão! O Senhor me salvou da morte e não deixou que meus pés tropeçassem e caíssem. Assim, eu poderei andar na luz de Deus durante toda a minha vida. Misericórdia, ó Deus, misericórdia! O Senhor é o abrigo da minha alma; eu me escondo debaixo das suas asas até que passe o perigo. Pedirei ajuda ao Deus Altíssimo; ele é quem cumpre todos os seus propósitos para comigo. Lá do céu ele me manda ajuda e me salva. Ele deixa envergonhados os meus inimigos. Faz isso porque é fiel e tem um grande amor por mim. Estou cercado de leões ferozes; seus dentes são lanças e flechas, e suas línguas, espadas afiadas. Ó Deus, seja exaltado; mostre o seu grande poder nos mais altos céus; faça a sua glória brilhar por toda a terra! Meus inimigos prepararam uma armadilha para mim. Fiquei abatido! Abriram uma cova no meu caminho, mas eles mesmos caíram nela! Meu coração está tranquilo e confiante, ó Deus! Cantarei louvores ao som de instrumentos! Acorde, minha alma! Acordem, harpas e liras! Vou acordar bem cedo! Entre as nações, em alta voz, cantarei hinos de gratidão e louvor ao Senhor, porque o seu grande amor é maior que os céus. A sua fidelidade vai até as nuvens! Sim, mostre o seu grande poder nos mais altos céus, ó Deus! Faça a sua glória brilhar por toda a terra! Onde está a verdadeira justiça, senhores juízes? Autoridades, vocês estão sendo honestos quando julgam os homens? Não! De maneira alguma! Em vez disso, vocês tramam a injustiça e enchem a terra de violência. Os perversos desde o nascimento se afastam de Deus! Desde o berço vocês vêm seguindo o caminho errado, o caminho da mentira. Eles são venenosos como serpentes! Tapam os ouvidos, como a cobra que se faz de surda para não ouvir a música dos encantadores mais experientes. Ó Deus, quebre os dentes deles, porque são ferozes como leões fortes. Que eles desapareçam como água que cai na areia do deserto. Quando empunharem o arco, que as suas flechas murchem como a erva que é pisada. Que eles sejam como a lesma que se desmancha no lodo; como quem nasce morto e nunca vê o sol! Deus na sua ira os levará vivos numa tempestade. Sumirão mais depressa do que o tempo que o fogo leva para esquentar uma panela. Os justos ficarão felizes quando o castigo de Deus cair sobre os maus. Eles andarão em segurança quando lavarem os pés no sangue dos ímpios. Então se comentará: “De fato ser justo e obedecer a Deus traz uma grande recompensa, porque há um Deus que julga a terra”. Deus meu, salve-me dos meus inimigos! Não deixe que eles me alcancem. Salve-me daqueles que vivem fazendo o mal; salve-me dos homens violentos e assassinos. Eles fazem planos cuidadosos para me matar à traição. Nada fiz de errado contra eles, mas os poderosos se ajuntam para me destruir, ó Senhor! Sou inocente, mas assim mesmo eles vêm me atacar. Senhor, levante-se, veja o que está acontecendo e venha me ajudar. Ó Senhor, Deus dos Exércitos, ó Deus de Israel! Desperte e venha enfrentar todas as nações inimigas! Não tenha pena de ninguém que faz da maldade o seu modo de vida! Quando anoitece, eles vêm rondar a cidade e tentar descobrir onde estou, rosnando como cachorros bravos. Gritam ofensas e ameaças terríveis, e dizem: “Quem nos ouvirá?” Mas o Senhor vai rir dessa gente. Também vai zombar das nações inimigas de Israel. Ó Deus, minha força, o Senhor é a minha esperança! O Senhor me protege, e fico em perfeita segurança. O meu Deus fiel virá ao meu encontro e permitirá que eu triunfe sobre os meus inimigos. Não acabe com eles de uma vez para que o povo não esqueça depressa a lição. Com o seu poder, espalhe meus inimigos pela terra, e abata-os, ó Senhor, nosso escudo! Que eles sejam as vítimas de suas próprias palavras e do seu orgulho! Pelas maldições e mentiras que pronunciaram, castigue-os com toda a sua ira. Acabe com eles até que não mais existam! Assim todos saberão que Deus governará Israel e reinará até os confins da terra! Quando anoitece, os meus inimigos vêm rondar a cidade, rosnando como cachorros bravos. Andam de lá para cá, procurando comida. Nunca acham o suficiente, e por isso ficam uivando. Quanto a mim, cantarei louvores à sua força, Senhor; de manhã louvarei bem alto o seu amor, pois o Senhor tem sido meu refúgio, onde eu fico em segurança no dia do sofrimento. Ó Deus, força minha, sempre louvarei o Senhor, porque tem sido o meu refúgio, o Deus que sempre mostra seu grande amor por mim. Ó Deus, o Senhor nos rejeitou e espalhou as nossas tropas! O Senhor derramou a sua ira; por favor, volte a nos proteger! O Senhor fez a terra tremer e abrir fendas; por favor, feche as brechas, pois ameaçam desmoronar. O Senhor fez o seu povo passar por muitas aflições; seus golpes deixaram o povo desorientado e confuso, como quem bebeu vinho forte. O Senhor nos deu uma bandeira para avisar os que o temem, para que pudessem escapar da derrota. Salve-nos com a sua mão direita e responda-nos; assim, os seus amados serão salvos. Cantarei de alegria porque Deus, na sua santidade, prometeu nos ajudar. Ele disse: “Quando eu vencer, dividirei Siquém e repartirei o vale de Sucote. Gileade é minha, e Manassés também. Efraim continuará possuindo guerreiros valentes e de Judá sairão meus reis escolhidos. Moabe será o escravo humilde que há de lavar meus pés; Edom apanhará as minhas sandálias empoeiradas. Soltarei meu brado de vitória sobre a Filístia!” Quem me levará, como grande vencedor, às fortalezas de Edom? Não foi o Senhor, ó Deus, que nos rejeitou e deixou de acompanhar nossos soldados na batalha? Ó Senhor, volte! Venha ajudar-nos nesta situação difícil, porque é inútil a ajuda do homem! Com Deus realizaremos grandes feitos. Ele mesmo pisará os nossos inimigos! Ouça-me, ó Deus! Ouça o meu clamor; escute a minha oração! Mesmo estando tão longe, nos confins da terra, pedirei a sua ajuda, com o meu coração abatido e fraco; leve-me para o lugar seguro e protegido que não posso alcançar sozinho. O Senhor é a minha fortaleza segura, uma torre forte contra o inimigo. Viverei para sempre na sua presença e sempre procurarei abrigo debaixo das suas asas. Ó Deus, o Senhor ‘ouviu as minhas promessas e me deu a herança guardada para quem o ama e respeita. Dê vida longa ao rei; que viva por muitas gerações! Que ele viva bem perto do Senhor para sempre. Que ele seja guardado pelo amor e pela fidelidade de Deus. Então cantarei hinos ao Senhor durante toda a minha vida, dia após dia, para cumprir as promessas que fiz a ele. Deus é a minha única esperança; nele eu confio e fico tranquilo, porque dele vem a minha salvação. Somente ele é a rocha que me salva; ele é o meu protetor. Os problemas da vida nunca conseguirão me derrotar! Até quando vocês vão procurar me derrubar como se eu fosse um muro inclinado ou uma cerca prestes a cair? Vocês só pensam em me derrubar da minha posição elevada; para isso usam a mentira. Com a boca abençoam, mas o coração está cheio de ódio. Descanso somente em Deus, confio nele, e minha alma fica tranquila. Ele é a fonte da minha esperança! Somente ele é a rocha que me salva; ele é meu protetor. Os problemas da vida não conseguirão me derrubar! A minha salvação e a minha honra dependem somente de Deus. Ele é a minha rocha firme e a minha proteção. Ó meu povo, confie no Senhor a cada momento. Leve a ele o peso do seu coração, pois Deus é nosso refúgio. Os homens são como um sopro; sejam eles de famílias importantes ou de origem humilde. Se fossem colocados numa balança, não pesariam nada. Não confiem nas riquezas obtidas por roubo, nem se orgulhem do que ganharam com a exploração. Se vocês ficarem ricos, não entreguem seus corações à riqueza. Mais de uma vez eu ouvi Deus dizer: “O poder pertence a Deus!” E o Senhor também é a fonte do amor fiel porque retribuirá a cada um o que merece, conforme as suas ações. Ó Deus, meu Deus poderoso, toda manhã eu o busco! A minha alma tem sede do Senhor. Preso nesta terra seca, todo o meu ser tem sede do Senhor. Quem me dera estar na sua casa para ver o seu poder e a sua glória. Meus lábios o exaltam, porque sentir o seu amor fiel e constante vale mais que a própria vida. Certamente o louvarei durante toda a minha vida. Levantarei as minhas mãos e orarei ao Senhor, confiando em seu poder. O Senhor dará à minha alma muito mais do que ela precisa, e eu o louvarei com as minhas palavras jubilosas. Acordado, de noite, fico pensando no Senhor. Atravesso a madrugada lembrando da sua bondade. O Senhor me ajuda constantemente; à sombra das suas asas eu canto de alegria. A minha vida depende totalmente do Senhor, porque a sua mão direita me sustenta. Por outro lado, aqueles que procuram me destruir serão levados para o fundo do reino dos mortos. Morrerão de modo violento; não serão enterrados, e servirão de comida para os cachorros selvagens. Mas o rei se alegrará em Deus. Todos os que confiam no Senhor o louvarão, porque ele tapará a boca dos mentirosos. Ouça-me ó Deus, quando eu contar os meus problemas! Proteja a minha vida dos planos ameaçadores de meus inimigos. Defenda-me da conspiração dos perversos e do tumulto dos malfeitores. Suas línguas são afiadas como espadas. Eles atiram contra mim palavras agudas como flechas envenenadas. Querem me destruir à traição; atacam o justo de repente e não têm medo de ser castigados. Eles animam uns aos outros a fazerem coisas malignas. Fazem reuniões secretas para preparar suas armadilhas, pensando: “Aqui ninguém nos achará!” Procuram oportunidades e maneiras de fazer o mal. Passam longas horas planejando e descobrindo maldades no fundo de seus corações. Mas Deus mesmo derrubará essa gente com suas flechas. De repente eles cairão por terra, mortalmente feridos. Tropeçarão e cairão pelas próprias palavras; seus planos virarão contra eles. Todos se afastarão deles, vendo o seu fim. Quando isso acontecer, todos os homens temerão a Deus e reconhecerão como ele é grande e poderoso; entenderão e contarão uns aos outros as suas maravilhas. Os justos se alegrarão no Senhor e nele buscarão refúgio. Quem anda pelos retos caminhos de Deus vibrará de alegria. Ó Deus, aqui em Sião o louvor é apropriado ao Senhor. Nós cumpriremos as nossas promessas. Todos os homens virão ao Senhor porque o Senhor responde às orações. Mesmo que os nossos pecados de injustiça e desobediência sejam muitos, o Senhor nos perdoa. Ah, como são felizes as pessoas que o Senhor escolhe para se aproximarem e viverem na sua presença. Viver na sua casa nos deixa muito alegres, por causa da sua bondade. Com grandes feitos de justiça, ó Deus, nosso Salvador, o Senhor nos responde. Mostra a sua justiça, livrando-nos dos inimigos. O Senhor é a única esperança de todos, em toda a terra, e também sobre os mares e oceanos mais distantes. O Senhor formou e firmou os montes com a sua força, mostrando o seu grande poder. O Senhor acalma a fúria dos mares, o barulho forte das ondas e o tumulto das nações. Nas terras mais distantes, as suas maravilhas causam admiração aos habitantes. Do nascer ao pôr-do-sol o Senhor desperta hinos de alegria. O Senhor manda a chuva para regar a terra; assim o solo fica rico e produz muito. Os rios de Deus nunca secam e a terra produz ricas colheitas de cereais. A chuva rega as plantações, amolece a terra, dissolve os torrões e faz as sementes brotarem por toda parte. O Senhor mostra toda a sua bondade dando ótimas colheitas. Por onde ele passa há fartura; os pastos do deserto ficam verdes, e os montes se cobrem de flores coloridas. Os campos ficam cheios de rebanhos; os vales fazem brotar as espigas de trigo e cevada. Toda a terra vibra e canta de alegria! Gritem louvores a Deus, povos de toda a terra! Anunciem com salmos o seu glorioso nome! Venham todos cantar louvores a ele! Digam a Deus: “Como despertam admiração as suas obras! Por causa do seu grande poder, seus inimigos se rendem e lhe obedecem. Toda a terra o adora, cantando salmos e hinos para louvar o seu nome”. Venham todos, venham ver os grandes feitos de Deus! Vejam as obras impressionantes que ele fez em favor do seu povo! Abriu um caminho seco pelo meio do mar e o povo atravessou o rio Jordão sem sequer molhar os pés! Que dia o Senhor fez para o nosso povo! Ele reina para sempre sobre toda a terra, com o seu grande poder. Cuidado rebeldes, para não se revoltarem, porque Deus vigia de perto as nações. Povos do mundo, louvem o nosso Deus, cantando louvores em alto e bom som! É ele quem protege nossa vida e não nos deixa tropeçar. O Senhor, nosso Deus, nos submeteu à prova e nos colocou no fogo para nos purificar, como se faz com a prata. O Senhor nos prendeu numa armadilha e colocou fardos pesados sobre nossas costas. Deixou que o exército inimigo cavalgasse sobre as nossas cabeças. Passamos pelo fogo e pela água, mas depois de tudo isso nos deu um lugar de fartura. Agora eu quero trazer ao seu templo os meus sacrifícios queimados, para cumprir as minhas promessas que fiz com o Senhor, as promessas que meus lábios fizeram e a minha boca falou quando estava passando por dificuldades. Aqui estão os meus sacrifícios: carneiros, novilhos e cabritos sem defeito. A fumaça dos sacrifícios subirá até o Senhor. Venham, ouçam todos vocês, que amam e obedecem ao Senhor! Vou contar a vocês tudo que ele fez por mim. A ele clamei pedindo ajuda e com a língua o louvei. Se eu tivesse contemplado o pecado no meu coração, Deus nunca teria me ouvido! Mas Deus me ouviu! Ele atendeu à oração que lhe dirigi! Louvado seja Deus porque ele não rejeitou a minha oração, e não deixou de me dar seu amor constante e fiel. Que Deus nos salve com a sua graça e nos abençoe! Que a luz do seu rosto brilhe sobre nós. Assim saberemos por onde ele quer que nós andemos. Assim todas as nações conhecerão a sua salvação! Que os povos o louvem, ó Deus. Que todos os povos o louvem! Que as nações se alegrem e cantem de alegria porque julga os povos com justiça e guia a vida das nações. Que os povos o louvem, ó Deus. Que todos os povos o louvem! A terra produziu grandes colheitas porque Deus, o nosso Deus, nos tem abençoado. Que Deus nos abençoe, e todos os povos mais distantes da terra temam o Senhor. Que Deus se levante! Sejam espalhados os seus inimigos; todos os que o odeiam fugiram da sua presença! Que o Senhor espalhe os seus inimigos como o vento leva a fumaça. Os pecadores desaparecem da presença de Deus, como a cera se derrete no fogo. Os justos, ao contrário, sentem prazer e cantam de alegria na presença do Senhor. Exultam e ficam cheios de alegria! Cantem a Deus, louvem o seu nome com salmos! Deem honra a quem cavalga sobre as nuvens; seu nome é Senhor; alegrem-se na sua presença! Pois ele é o Pai dos órfãos; ele faz justiça às viúvas. Deus cuida deles na sua santa habitação. Deus dá uma família às pessoas solitárias, liberta os presos e lhes dá riqueza e felicidade. Aos rebeldes, porém, ele dá uma terra árida. Quando o Senhor guiou o seu povo através do deserto naquela grande marcha, a terra tremeu e os céus deixaram cair a chuva diante de Deus, o Deus do Sinai, diante de Deus, o Deus de Israel. Sim, o Senhor deu chuvas generosas ao seu povo quando a terra já estava seca e não produzia mais. Então Israel viveu tranquilo em sua terra porque na sua grande bondade o Senhor deu casa e alimento aos pobres. O Senhor deu uma ordem, e as donas de casa, em grande número, levaram as boas notícias: “Reis e exércitos estão fugindo! Em casa as mulheres repartem as riquezas conquistadas. Mesmo quando vocês dormem entre as fogueiras do acampamento, as asas da minha pomba estão cobertas de prata, com suas penas cobertas de ouro reluzente”. Quando o Todo-poderoso espalhou os exércitos inimigos, foi como quando cai neve no monte Salmom. Os montes de Basã, altos e belos, foram criados por Deus, mas ele escolheu o monte Sião para ser a sua morada. Por que vocês, montes de Basã, estão com inveja? Saibam que Sião será a eterna morada de Deus. Cercado por milhares de carros, o Senhor deixa o monte Sinai e vem para sua morada, no seu santo lugar. Ele subiu às alturas, levando cativos muitos prisioneiros; recebeu homens como dádivas, até mesmo os rebeldes, e assim o Senhor Deus se faz presente no meio deles. Louvado seja o Senhor, Deus, nosso Salvador, que dia a dia leva nossas cargas! O nosso Deus tem o poder para nos livrar. Ele é Soberano, ele é Senhor que nos livra da morte. Mas ele partirá a cabeça dos seus inimigos, dos rebeldes e pecadores. O Senhor prometeu: “Mostrarei aos israelitas onde se esconderam seus inimigos, seja nos montes de Basã, seja no fundo do mar, para que vocês se banhem no sangue deles. Os cachorros de Israel lamberão sangue à vontade”. Já se vê o cortejo de vitória de Deus, o desfile do meu Deus e Rei se aproximando do templo. À frente vão os cantores, atrás vêm os músicos tocando instrumentos de corda; no meio vêm as moças tocando pandeiros. Toda a congregação louve a Deus! Louvem a Deus, o Senhor, todos os descendentes de Israel. À frente do povo marcha a tribo de Benjamim, filho mais novo de Jacó. Logo atrás vêm os príncipes de Judá, acompanhados de suas tropas, seguidos dos príncipes de Naftali e Zebulom. Ó Deus, mostre o seu poder, o poder que o Senhor tem usado para nos ajudar. Por amor do seu templo em Jerusalém, os reis da terra trarão presentes. Repreenda nossos inimigos, ó Deus; o Egito e as outras nações poderosas à nossa volta. Humilhe as nações que exigem impostos dos povos mais fracos; castigue as nações que amam a guerra. O Egito manda seus presentes por meio de homens muito importantes; a Etiópia traz as mãos cheias de tesouros para oferecer a Deus. Cantem hinos a Deus; reinos da terra, cantem louvores ao Senhor, aquele que cavalga os céus, acima de todos os céus eternos. Ouçam a sua voz poderosa como o trovão. A Deus pertence o poder! Ele é rei sobre Israel e mostra toda a sua grandeza ao seu povo. Os céus revelam aos homens o grande poder de Deus. Ó Deus, o Senhor revela sua grandeza no seu templo! É o Deus de Israel que dá força e poder ao seu povo. Louvado seja Deus! Salve-me ó Deus! As águas subiram até o meu pescoço. Meus pés afundam cada vez mais na lama; não consigo me firmar em pé; entrei em rios profundos, e as correntezas me arrastam. Já estou cansado de gritar pedindo socorro; minha garganta está seca; meus olhos já estão fracos de tanto chorar, esperando pelo meu Deus. Muita gente me odeia sem qualquer motivo; tenho mais inimigos do que os fios da minha cabeça; muitos contam mentiras a meu respeito; eles são fortes e querem me destruir. Obrigam-me a pagar por crimes que não cometi. Ó Deus, o Senhor conhece muito bem as minhas culpas; sabe que fui insensato. Ó Senhor, Senhor dos Exércitos, não permita que outras pessoas que confiam no Senhor percam a esperança e a fé por minha causa. Não deixe que elas sejam envergonhadas, ó Deus de Israel! Pois venho passando por todos esses sofrimentos, suportando zombaria e vergonha, por amor ao Senhor. Sou um estrangeiro para os meus irmãos, um desconhecido para os filhos da minha mãe. O grande zelo que tenho pela sua casa me consome. Por isso, os insultos daqueles que o insultam caíram sobre mim, com ofensas e mentiras. Enquanto eu jejuo e choro diante do Senhor, eles zombam e riem de mim! Quando me vesti de pano grosso de saco, mostrando tristeza e humilhação, todos começaram a rir e zombar de mim. Nas rodinhas de amigos nas praças, sou o assunto do dia; até os bêbados fazem cantigas zombando de mim! Mas apesar de tudo isso, continuarei orando ao Senhor. Eu sei que a hora feliz da sua resposta se aproxima. Ó Deus, responda à minha oração, pelo seu grande amor e pela sua fidelidade como Salvador! Tire-me desse atoleiro; não me deixe afundar na lama. Salve-me dos meus inimigos e das águas profundas! Não permita que as correntezas me arrastem; não me deixe afundar! Não permita que se feche a boca do poço onde fui jogado! Ó Senhor, responda-me, pela bondade do seu amor, por sua grande compaixão! Olhe para os meus problemas e ajude-me. Não esconda do seu servo a sua face. Veja como estou cercado de problemas; responda-me depressa. Ó Senhor, chegue bem perto de mim e resgate-me! Salve a minha vida dos meus inimigos! O Senhor sabe como eles me ofendem, como passo humilhação e vergonha. O Senhor conhece todos os meus inimigos! O desprezo deles cortou o meu coração, e estou desesperado. Esperei que algum deles tivesse pena de mim, mas foi em vão. Ninguém, ninguém veio me consolar! Quando eu estava com fome, eles me deram veneno para comer; quando eu estava com muita sede, eles me deram vinagre. Que a mesa deles se transforme em laço; a sua tranquilidade acabará em sofrimento. A luz de seus olhos se transforme em trevas para que não vejam; faça com que percam completamente as forças. Lance sobre eles a sua ira; queime essa gente com o fogo do seu furor. Faça com que as suas casas fiquem abandonadas e desertas! Eles procuram destruir as pessoas que o Senhor castiga e aumentar os sofrimentos de quem é ferido pelo Senhor. Ajunte um a um os pecados deles, e não lhes dê a sua justiça! Risque essas pessoas do livro da vida; não deixe que elas permaneçam para sempre ao lado dos justos. Senhor, veja como estou desesperado e triste! Ó Deus, levante-me e coloque-me num lugar seguro. Então cantarei louvores a Deus e proclamarei sua grandeza com cânticos de gratidão! Isso agrada o Senhor mais do que o sacrifício de bois ou touros com seus chifres e cascos. Os fracos e humildes verão isso e ficarão muito alegres. Quem procura viver junto ao Senhor tem sempre uma esperança nova no coração. O Senhor sempre responde a quem precisa dele e nunca despreza quem está dominado pela dor. Deem glória a Deus, céus e terra! Louvem a Deus, mares e tudo que vive neles, pois Deus salvará Sião e reconstruirá as cidades de Judá. Lá os israelitas viverão em paz e serão donos de sua terra para sempre. As famílias dos servos de Deus ganharão as cidades de Judá como herança; nela viverão os que amam o seu nome. Ó Deus, venha me livrar! Ó Senhor, venha socorrer-me depressa! Cubra de vergonha os que procuram acabar com a minha vida. Impeça a ação dessa gente! Acabe com a reputação dos meus inimigos! Sejam castigados por causa de sua maldade todos os que zombam da minha desgraça. Alegrem-se e regozijem-se os que buscam o Senhor. Os homens que amam a sua salvação o louvarão dizendo: “Deus é grande e poderoso!” Quanto a mim, sou fraco e estou passando por terríveis necessidades. Por isso, ó Deus, venha socorrer-me depressa! O Senhor é o meu apoio e o meu Salvador! Ó Senhor, não demore! O Senhor é o meu abrigo. Não permita que eu seja humilhado! Por causa da sua justiça, devolva-me a liberdade perdida. Incline os seus ouvidos à minha oração e salve-me. Seja para mim uma rocha de refúgio, onde eu sempre encontre proteção. Eu sei que o Senhor já deu ordem para a minha salvação, pois é a minha proteção e a minha fortaleza. Meu Deus, livre-me do homem perverso, das maldades do homem mau e cruel. O Soberano Senhor é a minha esperança. Eu confio no Senhor desde a minha juventude! Sim, desde o ventre materno dependo do Senhor, que me sustenta desde o meu nascimento. Eu o louvarei para sempre. A minha vida tem sido um exemplo para muitos, mas tudo aconteceu porque o Senhor é o meu refúgio seguro. Por isso, eu o louvo com minhas palavras de dia e de noite, e anuncio a sua glória. E agora que estou velho e fraco, por favor, não me rejeite nem me abandone! Meus inimigos já se reuniram para me caluniar e fazer planos contra a minha vida, dizendo: “Deus o abandonou! Vamos atrás dele; desta vez ele não escapará de nós! Ninguém o salvará!” Ó Deus, não se afaste de mim! Meu Deus, venha depressa socorrer-me! Destrua os meus inimigos! Jogue por terra o nome que eles têm para ficarem envergonhados diante de todos os homens. Eu continuarei a confiar no Senhor e louvarei o seu nome cada vez mais. Contarei sem cessar ao mundo a sua bondade e justiça; falarei a respeito de todas as coisas que o Senhor fez para me salvar. Foram tantas que eu nem posso contar! Vivo sustentado pela força do Soberano Senhor, e por isso conto aos outros que somente ele é justo e bom. Ó Deus, desde a minha juventude o Senhor tem me ensinado, e eu continuo a contar as suas maravilhas. Não me abandone, ó Deus, agora que sou velho e de cabelos brancos. Ainda quero contar aos nossos filhos e aos seus descendentes os seus grandes feitos e o seu poder. A sua justiça, ó Deus, é mais alta que os céus. O Senhor tem feito grandes coisas; quem pode ser comparado ao Senhor, ó Deus? O Senhor me deixou passar por muitas e duras tribulações, mas ainda me devolverá a alegria de viver, tirando-me da cova funda. O Senhor me dará muito mais honra do que eu tinha antes e voltará a me consolar. Por isso, eu o louvarei com música de instrumentos de corda, com a lira e a harpa. Cantarei salmos porque o Senhor é fiel, ó Santo de Israel. Cantarei bem alto de muita alegria quando o louvar. Todo o meu ser vibrará de alegria porque o Senhor me salvou. Além disso, falarei a todo instante dos seus atos de justiça e bondade, porque o Senhor castigou os que procuravam me destruir. Todos eles estão derrotados e envergonhados! Ó Deus, ajude o rei a governar com a sua justiça. Ajude o filho do rei a andar em santidade, para que ele governe o seu povo com honestidade e trate com justiça os que são explorados. As montanhas e morros darão muitos frutos, e o povo viverá em paz, por causa do governo justo do rei. Ele defenderá os aflitos entre o povo e ajudará as famílias pobres; mas castigará o ladrão e explorador dos fracos. Que o rei viva enquanto o sol durar e a lua existir, por todas as gerações. Faça com que o reinado de meu filho seja tão bom para o povo como a chuva que cai sobre a lavoura ceifada, como os aguaceiros que regam a terra! Que durante o seu reinado floresçam os homens justos e haja paz enquanto a lua brilhar! Estenda o seu reino de um mar a outro e desde o rio Eufrates até os confins da terra! Os habitantes do deserto se curvarão diante dele; os seus inimigos, humilhados, se arrastarão a seus pés. Os reis das terras junto ao mar Mediterrâneo, até a terra de Társis, lhe pagarão impostos. Os reis de Sabá e de Sebá lhe trarão presentes. Sim! Reis de todo o mundo virão e se curvarão perante ele, e todos os povos da terra serão seus servos. Isso acontecerá porque ele ajuda os pobres que pedem socorro, os abandonados e a quem não tem recursos. Com amor, ele se compadece dos fracos e necessitados e salva os que não têm mais esperança de salvação. Ele os salva da opressão e da violência, porque aos seus olhos a vida deles é preciosa. Que o rei tenha vida longa e receba grandes riquezas em ouro puro de Sabá! Todo o povo faça orações constantes em favor dele, e que o abençoem todo dia. Que durante seu reinado a terra produza cereais com fartura; até no alto dos montes haja belas plantações. Que a terra produza frutos como no Líbano, e as cidades fiquem tão cheias de gente quanto as plantas nos campos. O nome do rei seja famoso e respeitado para sempre; sua memória dure enquanto o sol existir! Ele será uma bênção para todas as nações, e elas lhe darão louvor. Bendito seja o Senhor Deus, o Deus de Israel! Ele é o único que realiza grandes maravilhas. Bendito seja o seu nome glorioso para sempre! Que a terra inteira fique cheia da sua glória! Amém e Amém! Aqui terminam as orações de Davi, filho de Jessé. Certamente é verdade que Deus é bom para Israel, para as pessoas que têm coração puro. Mas quanto a mim, quase tropecei e caí. Por pouco não abandonei o caminho certo. Pois tive inveja dos orgulhosos, vendo o sucesso e a felicidade desses maus. Para eles, a vida é tranquila e sem preocupações. Eles têm boa saúde e estão sempre fortes. Eles não precisam se cansar; nem passam pelos problemas e aflições dos outros homens. Por isso, exibem seu orgulho como se fosse um colar, e a violência lhes serve como uma roupa que cobre o corpo. Por causa de sua riqueza, seus olhos desejam tudo que seus corações imaginam. São perversos por natureza; conversam com muito orgulho sobre as suas maldades e mentiras. Fazem ameaças contra o próprio Deus, e suas calúnias se espalham por toda a terra. Por isso, o povo, confuso, procura orientação com esses homens e aceita tudo o que eles dizem, como se fosse água pura da fonte. E ainda perguntam: “Será que Deus sabe o que está acontecendo? Será que o Altíssimo entende o que se passa na terra?” Vejam bem o que acontece com os maus; eles não precisam se esforçar; vivem tranquilos e suas riquezas aumentam a cada dia. Será que foi à toa que eu me esforcei para manter o coração puro e ter as mãos limpas de pecado? Vejam qual foi o resultado: sofrimento o dia inteiro e castigo a cada manhã! Se eu tivesse falado como os maus, seria um traidor do povo de Deus. Mas realmente é muito difícil entender esse fato — o sucesso de pessoas que desprezam a Deus. Então, um dia, quando eu estava no templo de Deus, entendi o triste destino reservado para os maus. Deus os colocou num caminho escorregadio, onde eles caem na mais completa ruína. Eles são destruídos de repente, completamente, por aquilo que mais temem. Quando o Senhor entrar em ação, removerá esta gente da sua presença, como um sonho que esquecemos quando acordamos pela manhã. Quando meu coração ficou revoltado contra Deus, as minhas emoções entraram em guerra dentro de mim; agi como um irresponsável e ignorante diante do Senhor. Minha atitude era de um animal sem entendimento. E apesar de tudo isso, o Senhor estava sempre a meu lado, segurando bem firme a minha mão direita. O Senhor me guia com a sua sabedoria durante esta vida e depois me receberá com honras. Quem mais tenho no céu, senão o Senhor? E aqui na terra, o que eu mais desejo é a sua presença. Minha saúde pode acabar, meu coração fraquejar, mas Deus é a fortaleza do meu coração e a minha herança eterna! Quem desprezar a Deus será destruído; quem se afastar do Senhor será castigado com a morte. Quanto a mim, acho maravilhoso viver bem perto de Deus. O Soberano Senhor é a minha proteção, e por isso proclamarei ao mundo as grandes coisas que ele fez por mim. Ó Deus, por que nos abandonou definitivamente? Qual a razão dessa sua ira contra nós, as ovelhas da sua pastagem? Lembre-se de que somos o seu povo escolhido, o povo que o Senhor comprou há muito tempo e libertou da escravidão para ser a sua propriedade. Lembre-se, Senhor, do monte Sião, o seu lar aqui na terra! Ande entre as ruínas da cidade e do templo! Veja que terrível destruição os inimigos fizeram. Lá onde o povo se reunia para o adorar, os inimigos deram seus gritos de guerra e hastearam suas bandeiras para comemorar a vitória. Pareciam lenhadores derrubando uma floresta. Quando entraram no templo com seus machados e machadinhas, destruíram o forro das paredes e as placas de madeira trabalhada. Incendiaram o seu templo; profanaram completamente o lugar da sua habitação; não deixaram pedra sobre pedra! Eles decidiram acabar de vez com a adoração a Deus, e por isso destruíram todos os lugares onde nosso povo se reunia para adorá-lo. Já não vemos os sinais miraculosos. Nossos profetas foram mortos, e não existe quem possa nos dizer quando esta nossa miséria vai terminar. Até quando, ó Deus, o inimigo vai continuar zombando de nós? Será que o adversário falará coisas horríveis do seu nome para sempre? Por que o Senhor fica de braços cruzados? Por que não estende a sua mão direita para acabar com eles? Mas Deus é o meu rei desde o começo da história; salva o seu povo em toda a terra. Com o seu poder dividiu ao meio as águas do mar e esmagou sobre as águas a cabeça das serpentes marinhas. Destruiu as cabeças do Leviatã, que acabaram servindo de alimento para os animais do deserto. O Senhor abriu fontes e regatos e secou grandes rios. O dia é seu, e sua é a noite; o Senhor estabeleceu o sol e a lua. O Senhor determinou os limites da terra; formou as estações, o verão e o inverno. Agora, ó Senhor, veja como o inimigo tem zombado do Senhor. Essa nação sem Deus e cheia de orgulho está dizendo coisas horríveis a respeito do seu nome! Não permita que a vida da sua pomba predileta seja destruída pelos animais selvagens; não se esqueça para sempre do seu povo fraco e indefeso; proteja a nossa vida! Lembre-se da sua aliança e das promessas, porque a violência se espalhou por toda a terra, em cada canto e lugar escuro. Não permita que os fracos e humildes sejam destruídos! Mude essa situação, para que os pobres e necessitados louvem o seu nome. Ó Deus, levante-se e defenda a nossa causa; dia e noite, sem parar, essa gente sem juízo ofende e despreza o Senhor. Não fique surdo aos gritos dos seus inimigos, nem ao barulho cada vez mais alto dos seus adversários. Muito obrigado, ó Deus! Muito obrigado! Nós oramos ao Senhor e contamos os seus feitos maravilhosos. O Senhor promete: “Na ocasião oportuna vou julgar com justiça os perversos. Mesmo que a terra trema, e seus moradores vivam em tumulto, eu manterei firmes as bases que sustentam o mundo!” Muitas vezes avisei aos orgulhosos: “Não fiquem cheios de si!” Também disse aos que desprezaram a Deus: “Não pensem que vocês são mais fortes que Deus! Não se rebelem contra os céus, fazendo pouco caso do Senhor”. A força e a ajuda não vêm do oriente nem do ocidente. Deus é quem julga os homens, dando força e poder a uns, e destruindo a outros. Na mão do Senhor há uma taça, cheia de um vinho forte espumante. É a taça de seu julgamento, da qual os perversos beberão até a última gota. Mas quanto a mim, falarei dessas coisas para sempre, cantando louvores ao Deus de Jacó. O Senhor promete: “Destruirei o poder dos perversos, mas aumentarei a força dos homens que me obedecem”. Deus é conhecido em Judá; o seu nome é grande e respeitado em Israel. Sua casa está em Salém; o seu templo está no monte Sião. Ali ele destruiu as flechas reluzentes, os escudos e as espadas, as armas de guerra do inimigo. Como o Senhor é glorioso! É mais majestoso do que os altos montes. Os homens valorosos foram derrotados; dormem o sono da morte, e nem os soldados mais valentes puderam evitar a derrota. Quando o Senhor deu a ordem, ó Deus de Jacó, carros de guerra, cavalos e cavaleiros ficaram paralisados, fora de ação. Somente o Senhor é tremendo; não é sem razão que todos têm medo da sua ira. Lá dos céus decretou o juízo, e a terra treme; os povos ficaram quietos de medo, quando o Senhor se levantou para cumprir a sentença e salvar todos os oprimidos da terra. E quando o homem, cheio de ira, se revolta contra o Senhor, a sua vitória ainda é maior e a sua glória aumentará. E com os restos da batalha o Senhor se vestirá. Cumpram todas as promessas que fizeram ao Senhor, o seu Deus; não deixem de cumpri-las. Que todas as nações vizinhas tragam ofertas de gratidão para Deus, aquele que é digno de temor e honra. Ele acaba com o orgulho dos príncipes, e todos os reis da terra têm medo dele por causa dos seus grandes feitos! Clamo ao Senhor; em alta voz falo com Deus, procurando a sua ajuda. Estou angustiado, e por isso peço ajuda ao Senhor. Oro a ele de noite estendendo as mãos sem parar! Para mim não haverá alegria, até que Deus me tire desta agonia. Lembro-me de Deus, penso nele e começo a gemer, com o coração pesado, esperando ansiosamente a sua ajuda. Por sua causa, não consigo dormir, esperando sua ajuda. Estou tão confuso e perturbado que nem consigo falar. Fico lembrando dos tempos antigos, das coisas boas que aconteceram no passado. Lembro das canções alegres que eu cantava à noite. O meu coração medita, e o meu espírito pergunta: Será que o Senhor vai nos abandonar para sempre? Será que nunca mais vai se agradar de nós? Teria acabado para sempre o seu amor fiel e cuidadoso? Será que as suas promessas eternas acabaram? Será que Deus se esqueceu de mostrar misericórdia? Será que a sua ira tomou o lugar da sua compaixão? Então pensei comigo mesmo: “Este deve ser o meu problema: a mão direita do Altíssimo não age mais. Começarei, então, a lembrar das obras do Senhor, os grandes milagres que ele realizou no passado. Pensarei em tudo que ele fez por nós, nas grandes maravilhas! Concentrarei meus pensamentos naqueles milagres. Seus caminhos, ó Deus, são santos e perfeitos! Que deus é tão grande como o nosso Deus? O Senhor é o Deus que faz maravilhas; mostra a todos os povos da terra o seu grande poder. Com o seu braço forte libertou o seu povo, os descendentes de Jacó e José. As águas viram o Senhor, tremeram de medo, e até o fundo do mar estremeceu! As nuvens negras deixaram cair a chuva, os trovões ressoaram e os raios cortaram o céu de uma ponta à outra. No redemoinho, ouvia-se o barulho do trovão; os seus relâmpagos iluminaram o mundo, enquanto a terra tremia e sacudia-se violentamente. O caminho que o Senhor fez para o seu povo passou pelo mar; um caminho por águas poderosas, e ninguém viu as suas pegadas. O Senhor guiou o seu povo como um rebanho de ovelhas pelas mãos de Moisés e Arão. Povo meu, ouça com atenção a minha lei. Abra seus ouvidos para as coisas que eu vou ensinar. Com ilustrações eu contarei fatos da história do nosso povo, história muito antiga, que nossos pais e avós nos contaram e conhecemos muito bem. Vou lhes contar essas coisas para vocês poderem passar adiante a história dos milagres maravilhosos que o Senhor realizou e do seu grande poder, contando aos seus filhos e netos. Ele deu suas leis a Jacó para mostrar sua vontade ao povo, e ordenou aos antigos israelitas que ensinassem essas leis aos seus filhos. Assim, cada nova geração saberia a vontade do Senhor e ensinaria à geração seguinte, para que sempre colocassem a sua confiança em Deus e nunca esquecessem dos seus grandes feitos, obedecendo fielmente os mandamentos do Senhor. Assim, eles não serão como os seus antepassados, rebeldes e teimosos, infiéis a Deus por causa do seu coração sem fé! Os soldados de Efraim, embora estivessem bem armados, bateram em retirada no dia da batalha. Eles não cumpriram a aliança que tinham feito com Deus, e desobedeceram à sua lei. Esqueceram os grandes feitos de Deus e os maravilhosos milagres que ele fez diante do povo de Israel. Ele fez maravilhas diante dos seus antepassados, na terra do Egito, no campo de Zoã. Depois, dividiu as águas do mar para os israelitas passarem. As águas ficaram paradas, como numa represa. Durante o dia ele guiava o povo com uma nuvem, e à noite com uma coluna de fogo. No deserto, abriu as rochas e deu ao povo muita água para beber, como se a água brotasse de uma fonte. Da rocha quente do deserto ele fez correr verdadeiros rios de água. Apesar de tudo isso, eles continuaram a desobedecer, revoltando-se no deserto contra o Altíssimo. Em seus corações eles deliberadamente colocaram Deus à prova, reclamando do maná e pedindo comida de que gostavam. Reclamaram contra Deus, resmungando: “Será que Deus é capaz de nos dar uma comida gostosa aqui no meio do deserto? Sabemos que ele já nos deu água, fontes que brotaram em grandes quantidades das pedras; agora queremos ver se ele pode nos dar pão e carne também”. Quando o Senhor ouviu isso, se enfureceu. Castigou os rebeldes mandando fogo do céu, e mostrou a sua ira contra Israel, porque os israelitas não creram nele, nem confiaram em Deus como seu Salvador na hora da dificuldade. Apesar disso, ele deu ordens às nuvens e abriu as janelas do céu, fazendo chover maná sobre os israelitas! Assim, Deus deu a eles pão do céu para comer! Os israelitas comeram pão dos anjos, até não aguentarem mais. Com seu grande poder, Deus enviou dos céus o vento oriental e fez avançar o vento sul. Fez cair carne sobre o povo como pó, bandos de aves como a areia do mar! As aves caíram junto às tendas do povo, por todo o acampamento! Então todos comeram à vontade toda a carne que queriam, porque Deus tinha atendido aos seus pedidos. Mas antes de ficarem satisfeitos, enquanto ainda estavam comendo, acendeu-se a ira de Deus; ele mandou seu castigo, e alguns dos homens mais fortes de Israel morreram, os melhores jovens de Israel. Ainda assim, o povo continuou pecando, não crendo em Deus. Como castigo, ele encurtou a vida daquela geração e deu aos israelitas muitos sofrimentos. Quando Deus castigava o povo com pragas e morte, eles se aproximavam dele arrependidos. Lembravam-se de que Deus era a sua Rocha, de que o Deus Altíssimo era o seu Salvador. Mas essa adoração era da boca para fora procurando enganar a Deus; seus corações não pertenciam completamente a Deus, e eles não cumpriam a aliança feita com o Senhor. No entanto, Deus foi compassivo e perdoou os pecados do povo em vez de destruí-lo. Várias vezes ele conteve a sua ira e o seu furor, pois lembrava que eram homens, meros homens mortais, cuja vida some num instante como a brisa passageira que não retorna. Quantas e quantas vezes eles se revoltaram contra Deus no deserto, abusando da sua paciência naquela terra seca e vazia! Repetidas vezes eles puseram Deus à prova e impediram que o Santo de Israel mostrasse toda a sua grandeza. Eles se esqueciam do grande poder de Deus, da forma como livrou o seu povo do inimigo opressor. Esqueceram-se dos milagres que ele fez no Egito, das grandes maravilhas realizadas na região de Zoã. Quando transformou em sangue as águas dos rios do Egito, não havendo água para os egípcios beberem; e enviou enxames de moscas que os devoravam, e rãs que invadiram todo o país e causaram grande destruição; quando entregou as colheitas às lagartas e o fruto do seu trabalho aos gafanhotos, e destruiu as plantações de uvas pela chuva de pedras e suas figueiras com geadas; durante as tempestades, as pedras e os raios mataram muitos animais dos rebanhos egípcios. Deus lançou contra os egípcios todo o furor da sua ira, com o seu castigo, violência e grandes desgraças, com muitos anjos destruidores. Não parou com a sua ira, não evitou a morte dos egípcios e mandou pragas e pestes contra aquela terra. Finalmente, matou o filho mais velho de todas as famílias do Egito, que eram a força e a alegria dos lares egípcios. Levou seu povo para fora do Egito, como um pastor guiando suas ovelhas; conduziu Israel através do deserto. Guiou o povo em paz e segurança e assim Israel não teve medo; seus inimigos, porém, foram afogados no mar. Deus levou o povo até a fronteira da sua terra santa, para as montanhas que ele criou com seu poder. De lá expulsou outras nações, bem diante dos olhos deles. Distribuiu a cada tribo as terras por herança e deixou que os israelitas habitassem em suas tendas. Mas apesar de todas essas bênçãos, continuaram a ser rebeldes e desobedientes a Deus; abusaram da paciência do Altíssimo, deixando de cumprir a sua vontade. Cometeram os mesmos pecados da geração anterior; desviaram-se do caminho certo como um arco defeituoso, cujas flechas nunca acertam o alvo. Eles o provocaram, construindo altares pagãos e adorando imagens de falsos deuses, no alto dos morros. Sabendo-o Deus, enfureceu-se com o povo de Israel; cansado de tanta desobediência, rejeitou seu povo completamente. Por isso, abandonou o Tabernáculo de Siló, o lugar que era a sua casa entre os homens, e deixou que a arca da aliança, o símbolo da glória e poder de Deus, fosse conquistada pelos inimigos de Israel. Deixou os israelitas morrerem à espada, porque enfureceu-se com o seu povo escolhido. Os jovens israelitas morreram queimados, e as moças não tiveram canções de núpcias. Os sacerdotes foram mortos à espada, e as viúvas nem podiam chorar. Então o Senhor se levantou, como de um sono, como um guerreiro valente despertado do domínio do vinho. Com golpes poderosos obrigou os inimigos a recuar, envergonhando-os para sempre. Ele rejeitou a tribo de José, não escolheu a tribo de Efraim. Em seu lugar, escolheu a tribo de Judá e o monte Sião, o qual amou. Ali ele construiu o seu templo, alto e firme como a terra, eterno como os céus. Escolheu o seu servo Davi, que antes era pastor de ovelhas. Tirou-o do pastoreio das ovelhas para ser o pastor de Jacó, o seu povo, de Israel, sua herança. Davi guiou o povo com um coração sincero e atos de sabedoria. Ó Deus, a sua terra santa foi invadida por povos que não o conhecem. Eles mancharam a santidade do seu templo e reduziram Jerusalém a um montão de ruínas. Mataram muitos israelitas, seus servos, e deixaram os corpos dos seus fiéis espalhados pelo chão, para servirem de comida às aves e animais selvagens. O sangue deles foi derramado como água ao redor de Jerusalém, e não houve ninguém que enterrasse os mortos. Somos motivo de riso e zombaria para as nações mais próximas. Ó Senhor, até quando? Será que vai ficar irado conosco para sempre? Até quando o seu zelo por nós arderá como fogo? Lance a sua ira contra as nações que não o conhecem, contra os reinos que não o adoram como Deus! Porque eles devoraram Jacó, casa por casa, deixando em ruínas a sua terra. Não nos castigue por causa dos pecados dos nossos antepassados. Venha depressa socorrer-nos com a sua misericórdia, pois estamos muito fracos e desanimados! Ajude-nos ó Deus, nosso Salvador, para a glória do seu nome; salve-nos e perdoe os nossos pecados, por amor do seu nome. Faça isso, para que as nações não perguntem: “Onde está o seu Deus?” Vingue pessoalmente o sangue dos seus servos e permita que vejamos a sua vingança. Ouça os gemidos e lamentos dos israelitas prisioneiros; pelo seu grande poder, salve os que são condenados à morte. Ó Senhor, castigue sete vezes mais as nações vizinhas pelos insultos contra o Senhor. Então nós, o seu povo, as ovelhas do seu rebanho, para sempre daremos graças ao Senhor; e cantaremos hinos de louvor, através das gerações. Ouça-nos ó Pastor de Israel, que conduz José como um rebanho; ó Deus, cujo trono fica acima dos querubins, mostre ao mundo a sua glória. Mostre a Efraim, Benjamim e Manassés o seu poder. Desperte o seu poder e venha nos salvar! Faça-nos voltar, ó Deus! Ilumine nossa vida com a luz do seu rosto, para que sejamos salvos. Ó Senhor, Deus dos Exércitos, até quando arderá a sua ira e o Senhor deixará de ouvir as orações do seu povo? O Senhor o alimenta com pão de lágrimas e o faz beber copos de lágrimas. O Senhor nos transformou em alvo de disputa entre as nações vizinhas, e os nossos inimigos zombam de nós. Ó Deus dos Exércitos, faça-nos voltar! Ilumine nossa vida com a luz do seu rosto para que sejamos salvos. Israel era uma pequena videira quando nos trouxe do Egito; expulsou as nações pagãs que viviam nesta terra e plantou aqui o nosso povo. O Senhor preparou a terra, a videira lançou raízes profundas e se espalhou por toda a terra. Os montes foram cobertos pela sua sombra, e os mais altos cedros pelos seus ramos. Seus ramos se estenderam até o mar, e os seus brotos até o rio. Mas agora, por que o Senhor deixou os nossos muros serem derrubados e as nossas uvas serem arrancadas por todos que passam pela terra? Os porcos selvagens da floresta arrancam as nossas raízes, e os animais do campo se alimentam de nossas uvas. Ó Deus dos Exércitos, olhe de novo para nós! Olhe dos altos céus e venha cuidar novamente da sua vinha. Proteja o que o Senhor mesmo plantou com a sua mão direita, o povo de Israel, seu filho que criou para viver ao seu lado. A sua vinha foi queimada, os seus ramos foram cortados. Eles murcham e secam por causa da sua ira. Abençoe com a sua mão direita o seu povo escolhido; abençoe e dê a sua força ao seu filho. Então não nos afastaremos do Senhor. Devolva-nos a vida e louvaremos o seu nome. Ó Senhor, Deus dos Exércitos, faça-nos voltar! Ilumine nossa vida com a luz do seu rosto, e assim seremos salvos. Cantem com alegria a Deus, o Deus de Israel, pois ele é a nossa força! Comecem o louvor, com acompanhamento de pandeiros, harpas e liras. Toquem a trombeta no dia da lua nova! Participem do dia da lua cheia, dia da nossa festa. O Deus de Jacó mesmo decretou ao seu povo esses dias especiais de festa e alegria; na lei, ele marcou os dias certos para cada festa. Deus nos ordenou essas festas para lembrarmos como ele destruiu os exércitos do Egito e nos tirou da escravidão. Foi então que Deus falou ao povo numa linguagem nova, dizendo: “Eu tirei as cargas pesadas de seus ombros; livrei as suas mãos de carregar cestos grandes e pesados. Vocês me chamaram no dia do sofrimento, pedindo a minha ajuda, e eu os libertei. No alto do monte Sinai vocês ouviram a minha voz, no esconderijo dos trovões. Em Meribá, onde vocês reclamaram da falta de água, coloquei à prova sua confiança em mim. Meu povo, ouça com atenção os meus conselhos e as minhas ordens! Quem dera que vocês me escutassem, ó Israel! De maneira alguma vocês devem adorar outros deuses, ou ter imagens de deuses falsos em seus lares! Eu sou o Senhor, o seu Deus, que tirei Israel da terra do Egito. Ainda hoje sou capaz de lhes dar tudo que vocês quiserem! “No entanto, o meu povo não quis me dar ouvidos; Israel não quis obedecer-me. Por isso, vou deixar os israelitas teimosos fazerem sua própria vontade e seguirem seus caminhos errados! “Ah, se meu povo me ouvisse, se Israel andasse pelos meus caminhos, então eu destruiria rapidamente os seus inimigos! Minhas mãos cairiam depressa sobre os adversários de Israel. Aqueles que odeiam o Senhor se curvariam diante dele, e o castigo deles duraria para sempre. Eu mesmo alimentaria Israel com o melhor trigo e o mel mais puro que escorre da rocha”. Deus é o grande juiz no tribunal divino. No meio dos poderosos ele é o juiz. “Até quando vocês vão ser injustos nos seus julgamentos, favorecendo os maus? Façam justiça com os pobres e os órfãos! Sejam honestos com as pessoas aflitas e oprimidas! Socorram os fracos e necessitados! Salvem os pobres das mãos dos homens maus. “Eles nada sabem! Não conhecem a lei e não entendem a vida! A sociedade humana está abalada porque vocês, as autoridades, estão perdidos na escuridão. Eu disse: ‘Vocês são deuses e filhos do Altíssimo’. Mas vocês não passam de homens, e a morte vai provar que vocês são iguais a todos os outros príncipes, pois todos devem morrer!” Ó Deus, levante-se e julgue a terra pois, ela pertence ao Senhor. Todas as nações estão em suas mãos. Ó Deus, não fique em silêncio! Não se cale, nem fique parado! Os seus inimigos se agitam; os que odeiam o Senhor se reúnem, cheios de orgulho! Fazem planos astutos para destruir o seu povo; preparam projetos para acabar com a sua nação escolhida. Eles dizem: “Vamos riscar Israel do mapa; vamos apagar esse povo da memória dos homens!” Eles todos concordam quanto aos planos de guerra, e fazem um tratado de cooperação contra o Senhor, tanto os edomitas, os ismaelitas, os moabitas e os hagarenos, os soldados de Gebal, Amom e Amaleque, os filisteus e o exército de Tiro. Além disso, a Assíria se uniu a eles com os povos descendentes de Ló, para ajudar os seus inimigos. Destrói essa gente como destruiu os midianitas, como destruiu os exércitos de Sísera e Jabim no riacho de Quisom, como derrotou os seus inimigos em En-Dor, onde os corpos dos soldados mortos serviram de adubo para a terra. Faça aos seus generais o mesmo que fez a Orebe e Zeebe; destrua os príncipes do inimigo como fez com Zebá e Zalmuna, que disseram: “Vamos ficar com as terras que pertencem a Deus”. Ó meu Deus, sopre esses inimigos para longe, como folhas levadas pelo redemoinho, como palha carregada pelo vento. Assim como o fogo queima a floresta e as labaredas incendeiam os montes, persiga os inimigos com as suas tempestades e faça com que sintam muito medo dos seus furacões. Derrote essa gente completamente! Deixe os seus inimigos envergonhados, até que busquem o seu nome, Senhor. Quando eles forem destruídos e ficarem confusos, desorientados e envergonhados, aprenderão que só o Senhor, o Altíssimo, domina toda a terra. Como é agradável estar no lugar da sua habitação, ó Senhor dos Exércitos! A minha alma suspira, sente muita saudade do templo do Senhor! Meu coração e meu corpo vibram de emoção quando me aproximo do Deus vivo! Os pardais e andorinhas fazem seus ninhos para proteger seus filhotes, perto dos seus altares, ó Senhor dos Exércitos, meu Rei e meu Deus! Como são felizes as pessoas que frequentemente estão na sua casa, louvando o seu nome sem cessar! Como são felizes as pessoas que fazem do Senhor a sua força e resolvem em seu coração seguir os retos caminhos de Deus! Elas são capazes de transformar lugares secos em fontes de água, de transformar tristezas e sofrimentos em alegrias e bênçãos, em lugares cobertos de flores e frutos com as primeiras chuvas. Sempre que surge uma dificuldade, elas recebem a força de Deus, vão sempre ao templo em Sião para adorar o Senhor. Ó Senhor, Deus dos Exércitos, ouça a minha oração! Ouça, ó Deus de Jacó. Olhe, ó Deus, que é o nosso escudo, trate com bondade o seu ungido. Mais vale passar um dia no seu templo que viver mil dias em qualquer outro lugar. Prefiro ficar humildemente à entrada da casa do meu Deus a viver nas casas dos maus. Pois o Senhor Deus é o nosso sol e o nosso escudo. Ele nos dá a sua graça e a sua honra, e nunca deixa faltar coisa alguma aos que andam nos seus retos caminhos. Ó Senhor dos Exércitos, como são felizes aqueles que confiam no Senhor! O Senhor tem dado grandes bênçãos a esta terra! Devolveu a Jacó a riqueza e a paz. Perdoou a culpa do seu povo e cobriu todos os seus pecados, e assim a sua ira se afastou de nós e se apagou o fogo do seu furor. Agora, ó Deus, nosso Salvador, leve-nos de volta ao Senhor, para que o seu furor nunca mais caia sobre nós. Será possível que a sua indignação dure para sempre, e o Senhor fique irado por todas as gerações? Acaso não dará nova vida ao seu povo, a fim de que ele se alegre profundamente no Senhor? Mostre-nos o seu grande amor, ó Senhor, e salve-nos! Ouvirei com atenção tudo que Deus, o Senhor, disser a seu povo! Ele fará promessas de paz ao seu povo escolhido, mas exigirá que os israelitas deixem de lado sua insensatez! A salvação do Senhor está bem perto dos que lhe obedecem e o respeitam; quando isso acontecer ele encherá nossa terra com a sua glória. Então, o amor fiel e a verdade se encontrarão; a justiça e a paz andarão de mãos dadas. A verdade se espalhará pela terra inteira e a justiça perfeita olhará lá do céu. O Senhor nos dará grandes bênçãos, e a terra produzirá colheitas formidáveis. A justiça irá adiante dele e preparará um caminho para seguirmos os seus passos. Ó Senhor, incline os seus ouvidos e responda-me, pois estou fraco e necessitado. Proteja a minha vida do mal, porque eu me esforço em obedecer à sua lei, meu Deus; salve-me, pois eu sou o seu servo e confio no Senhor! Misericórdia, ó Senhor, pois clamo ao Senhor dia e noite sem parar. Encha o coração do seu servo de alegria, e concentrarei meus pensamentos e orações no Senhor. O Senhor é bondoso, cheio de amor, sempre pronto a perdoar e sempre ajuda aqueles que o procuram. Ó Senhor, ouça a minha oração! Escute com atenção a minha súplica. Em tempos de angústia, clamarei ao Senhor, porque sempre me responde! Não há entre todos os deuses de outros povos um único deus que possa ser comparado ao Senhor. Ninguém é capaz de fazer as coisas que o Senhor faz! Todas as nações que o Senhor mesmo criou um dia virão e se curvarão diante do Senhor, para adorá-lo e glorificar o seu nome! Pois o Senhor é grande e realiza feitos maravilhosos. O Senhor é o único Deus! Ensine-me o seu caminho, Senhor, para que eu ande na sua verdade; ajude-me a amá-lo e lhe obedecer com todas as forças do meu ser! Eu darei graças ao Senhor, meu Deus, de todo o coração. Glorificarei o seu nome para sempre, porque o seu amor fiel por mim é muito grande! O Senhor me salvou quando eu estava às portas da morte! Ó Deus, um bando de homens orgulhosos e violentos procura me destruir, sem dar a menor importância ao Senhor. Mas o Senhor é Deus compassivo e misericordioso; a sua paciência é grande, o seu amor fiel e a sua verdade duram para sempre. Volte-se para mim e salve-me pela sua graça; dê forças a este seu servo, salve esse filho da sua serva! Dê-me uma prova que realmente vai me ajudar, alguma coisa que deixe envergonhados os meus inimigos quando eles virem que o Senhor me ajudou e me consolou. Colocada pelo Senhor no alto de seu santo monte, lá está a cidade de Jerusalém, a cidade que o Senhor mais ama entre todas as habitações de Jacó! Quantas maravilhas se contam a seu respeito, ó cidade de Deus! O Senhor diz: “Entre os que me reconhecem vou incluir Raabe e Babilônia, além da Filístia, de Tiro e da distante Etiópia, como se tivessem nascido em Sião”. A respeito de Sião as pessoas dirão: “Todos estes nasceram em Sião, e o próprio Altíssimo fará dela uma cidade segura e feliz”. Quando o Senhor registrar os habitantes da terra, escreverá ao lado de alguns nomes: “Nascido em Jerusalém”. E nos momentos de alegria, dançarão ao som da canção que diz: “Sião é a fonte da nossa alegria e esperança!” Ó Senhor, Deus meu Salvador, dia e noite, sem parar, imploro a sua ajuda. Ouça a minha oração, incline os seus ouvidos aos meus pedidos de socorro! Não há mais lugar em meu coração para tantas tristezas e males; sinto que estou muito próximo da morte. Todos dizem que é apenas uma questão de tempo, que já estou praticamente descendo à sepultura. Fui contado entre os mortos, como um soldado qualquer que morre e fica estendido no campo de batalha, dos quais o Senhor já não lembra, pois foram abandonados à própria sorte. O Senhor me lançou num abismo profundo, num buraco muito escuro. A sua ira pesa sobre mim; uma após outra, as suas ondas me encobrem e derrubam. O Senhor afastou de mim os meus melhores amigos; eles me detestam. Estou trancado numa prisão e não consigo fugir! Desesperado, chorei tanto que já não enxergo direito; todos os dias, sem parar, eu ergo as minhas mãos e peço a sua ajuda, Senhor. Será que o Senhor mostra suas maravilhas aos mortos? Será que os mortos se levantam e o louvam? Depois de morto não poderei falar aos outros do seu amor; na sepultura não poderei mostrar aos homens como o Senhor é fiel. No mundo das trevas, quem irá contar as suas maravilhas? Quem anunciará a sua justiça na terra do esquecimento? Por isso, enquanto estou vivo, Senhor, clamo por seu socorro com gritos e gemidos! Muito antes de o sol raiar, a minha oração já chega à sua presença. Por que, Senhor, não quer que eu viva na sua presença? Por que esconde o seu rosto de mim? Desde moço ando fraco e abatido. O peso do seu castigo me deixou confuso e desorientado. Fui arrastado pelas ondas da sua ira; os seus golpes violentos acabaram comigo. Sou como uma ilha, cercado por uma inundação de medo. O Senhor afastou de mim os meus amigos e meus antigos companheiros. Hoje, minha única companhia é a escuridão. Cantarei para sempre o grande amor do Senhor! Anunciarei com a minha boca a sua fidelidade por todas as gerações! Pensei comigo mesmo: O grande amor de Deus é eterno e dura para sempre! A sua fidelidade está firmada nos céus. O Senhor Deus declara: “Fiz uma aliança com o meu escolhido e prometi solenemente a Davi, meu servo: Um dos seus descendentes sempre reinará; eu farei com que alguém da sua linhagem ocupe o trono de Israel por todas as gerações!” Os céus louvam as suas maravilhas, ó Senhor! Os santos anjos louvam a sua fidelidade. Quem, em todo o céu, poderá ser comparado ao Senhor? Quem dentre os seres celestiais chega aos pés do Senhor? Deus fica muito acima da assembleia dos santos anjos; todos eles respeitam profundamente o Senhor. Ó Senhor, Deus dos Exércitos, onde existe alguém tão forte e poderoso como o Senhor? Em todas as coisas, o Senhor é fiel! O Senhor domina o mar, quando ele está revolto; o Senhor acalma as grandes ondas com a sua voz! O Senhor quebrou o Egito em pedaços! Com o seu grande poder feriu mortalmente os seus inimigos, e todos eles fugiram. Os céus são seus, a terra é sua! Sim, este mundo e tudo que nele existe foram criados pelo Senhor. Criou o Norte e o Sul; o monte Tabor e o monte Hermom cantam de alegria porque foram criados pelo seu grande poder. O seu braço é poderoso; a sua mão é forte! Sua mão direita é levantada, com poder e honra. O seu trono tem duas bases, a justiça e a retidão. Por onde quer que vá, o amor e a verdade o acompanham. Feliz é o povo que o adora com gritos de alegria, Senhor, pois o seu caminho será iluminado pela luz do seu rosto. O Senhor é a alegria constante desse povo, e ele se alegra em conhecer a sua justiça e bondade, pois o Senhor é a nossa glória e a nossa força! Nossa força depende inteiramente da sua bondade. O Senhor é o nosso escudo. Ó Santo de Israel, o Senhor é o nosso rei! Há algum tempo, numa visão, o Senhor disse ao seu profeta: “Dei a um soldado valente o poder para salvar o meu povo! Escolhi um homem humilde para ser rei. Escolhi Davi, o meu servo, para ser rei; como prova da minha escolha derramei o meu santo óleo sobre a sua cabeça. A minha mão confirmará as ações dele, e o meu braço será a sua força! Ele nunca será apanhado de surpresa pelos seus inimigos, nunca será derrotado pelos perversos! Eu mesmo destruirei os seus inimigos e castigarei quem odiar Davi. A minha fidelidade e o meu amor cuidadoso estarão sempre com Davi, e ele se tornará forte e poderoso graças a mim. Darei a Davi um reino que vai desde o mar Mediterrâneo até o rio Eufrates. Ele me agradecerá dizendo: ‘O Senhor é o meu Pai, o meu Deus, a Rocha onde eu encontro a salvação!’ Por isso, darei a ele as honras de meu primeiro filho, e farei dele o rei mais poderoso em toda a terra. O meu amor fiel por ele permanecerá para sempre; a minha aliança com ele jamais será quebrada. Sua família nunca acabará; ele sempre terá um herdeiro para ocupar o seu trono, que será eterno como os céus. “Se os seus filhos e netos desprezarem a minha lei e não andarem nos meus caminhos, se não derem importância às minhas ordens escritas e desobedecerem aos meus mandamentos, então eu mesmo castigarei com varas a sua desobediência e com chicotadas o seu pecado; mas isso não significa que meu amor para com eles terminou, nem que deixarei de ser fiel à minha aliança com Davi. Não! Jamais quebrarei a minha aliança e nunca voltarei atrás em uma só das promessas feitas a ele. Porque eu fiz esta promessa solene, com base na minha santidade, e não mentirei a Davi; que a sua linhagem seja eterna e o seu trono permaneça para sempre diante de mim, como o sol, pois será estabelecido para sempre como a lua, a fiel testemunha no céu”. Por que, então, abandonou o seu escolhido? Por que ficou tão furioso com o seu ungido? Por que deixou de lado a aliança feita com o seu servo? A coroa do rei ficou sem valor, pois foi jogada na lama. Os muros de nossa capital e as nossas fortalezas foram reduzidos a ruínas. Quem passa por perto de nós leva um pouco do que sobrou, e todos os nossos vizinhos zombam de nós. O Senhor deu força aos inimigos do rei, e eles se alegraram com a nossa derrota. Tornou as nossas armas inúteis e não ajudou o rei na hora da batalha. O Senhor apagou o seu brilho glorioso e derrubou o seu trono no chão. Fez o rei envelhecer depressa demais e o cobriu com um manto de vergonha e humilhação. Ó Senhor, até quando esta situação vai continuar? O Senhor ficará escondido de nós para sempre? O fogo da sua ira nunca irá se apagar? Lembre-se, Senhor, de como a minha vida é passageira! Será que o Senhor criou o homem sem motivo, sem um propósito para a vida? Todos os homens terão de enfrentar a morte um dia; ninguém vive aqui para sempre! Quem é capaz de livrar-se das garras da morte? Ó Senhor, onde está o seu antigo amor, que com fidelidade jurou a Davi? Lembre-se, Senhor, da vergonha que os seus servos estão passando. Meu coração está carregado com as ofensas de todos os povos, das zombarias dos seus inimigos, ó Senhor, com que se divertem, humilhando o nosso rei, seu escolhido. Mesmo assim, bendito seja o Senhor para sempre! Amém e amém! O Senhor é o nosso refúgio para sempre, de geração em geração. Antes de formar os montes e de criar a terra e o mundo, de eternidade a eternidade o Senhor é Deus. Com uma simples palavra sua o homem se transforma em pó. Basta dizer: “Voltem ao pó de onde vocês vieram, seres humanos!” Para o Senhor, mil anos são como o dia de ontem, que já se foi, como uma noite de sono! O Senhor nos leva pelo rio da vida tão depressa quanto o sono, como a erva que nasce pela madrugada, germina e brota pela manhã, mas à tarde murcha e seca. A sua ira é capaz de nos consumir; o seu furor nos deixa confusos e desorientados. Nossas desobediências aparecem todas diante dos seus olhos; com a luz da sua presença o Senhor revela os nossos pecados secretos. Todos os dias de nossa vida se acabam por causa do seu furor, e os anos se vão rápidos e tristes como um suspiro. O limite de nossa vida chega aos setenta anos, e só alguns, os mais fortes, conseguem chegar aos oitenta; entretanto, são anos difíceis e sofridos, pois a vida passa depressa, e nós desaparecemos. Quem conhece o poder da sua ira? Se soubéssemos, nós o respeitaríamos e lhe obedeceríamos como o Senhor merece. Ensine-nos a contar os nossos dias e usar bem nosso pouco tempo para que o nosso coração alcance a sua sabedoria. Ó Senhor, volte-se para nós! Tenha compaixão dos seus servos. Até quando ficará longe de nós? Encha a nossa vida com o seu amor fiel, desde a manhã; assim cantaremos de alegria e viveremos felizes todos os nossos dias. Dê-nos alegria para compensar todas as desgraças que aconteceram conosco, pelos anos que suportamos sofrimentos! A nós, os seus servos, mostre os seus feitos! Revele a sua glória aos nossos filhos. Ó Deus, nosso Senhor, cubra o seu povo com a sua gloriosa bondade! Dê-nos forças para o trabalho! Dê-nos sucesso em tudo que fizermos! Aquele que vive protegido pelo Altíssimo, guardado pelo Todo-poderoso, pode dizer ao Senhor: “O Senhor é a minha proteção e a minha fortaleza, o meu Deus, em quem confio”. Ele o salvará das armadilhas e do veneno mortal. Ele o protegerá debaixo das suas asas, e lá você estará seguro. A sua fidelidade o protegerá como um escudo. Você não terá medo da escuridão da noite, nem da flecha que voa durante o dia. Não ficará assustado com a peste que se espalha sorrateira nas trevas, nem da praga que devasta ao meio-dia. Mil podem cair à sua esquerda, dez mil à sua direita, mas nenhum mal o atingirá! Você olhará tranquilamente e verá Deus castigando os pecadores desobedientes. Tudo isso acontecerá porque você disse: “O Senhor é a minha proteção! O Altíssimo é a minha morada segura”! O mal não me apanhará de surpresa, e o meu lar não será atingido pela desgraça. Porque o Senhor dará instruções especiais aos seus anjos para o protegerem em todos os seus caminhos. Eles o apoiarão com as mãos, para que você não tropece em alguma pedra no caminho. Você enfrentará sem medo o leão e a cobra venenosa; matará o leão e pisará a serpente. Assim diz o Senhor a seu respeito: “Ele se entregou a mim de todo o coração, por isso eu o salvarei! Ele me conhece pessoalmente, e por isso o colocarei num lugar alto e seguro. Ele me pedirá ajuda, e eu responderei. Quando estiver em dificuldades, eu estarei ao seu lado, resolverei seus problemas e lhe darei uma posição de honra. Darei a ele uma vida longa e feliz e lhe mostrarei a minha salvação”. Como é bom dar graças ao Senhor e cantar louvores ao seu nome, ó Altíssimo. Como é bom anunciar aos outros, cedo de manhã, a respeito do seu amor cuidadoso e constante, e à noite falar da sua fidelidade. Como é bom cantar ao Senhor ao som de instrumentos de dez cordas, da lira e da harpa. O Senhor me alegra com os seus feitos! Meu coração canta de alegria por causa das suas obras. Como são maravilhosas as suas obras, Senhor! Como são sábios e profundos os seus pensamentos! O homem que não aceita o domínio de Deus não percebe esta verdade; os perversos crescem e se espalham como erva num campo, os pecadores encontram o sucesso na vida, mas o fim deles já está traçado; eles serão destruídos para sempre. Pois o Senhor é exaltado para sempre! Todos os seus inimigos, Senhor, serão destruídos; eles acabarão! Os que se dedicam a fazer o mal serão eliminados da terra. Mas quanto a mim, o Senhor me dá a força de um boi selvagem; derrama bênçãos sempre novas sobre mim. Os meus olhos hão de contemplar a queda dos inimigos que vigiam os meus passos para me fazer mal; meus ouvidos ouvirão sobre o seu triste fim. Mas as pessoas que amam ao Senhor crescerão e darão frutos como a palmeira; serão fortes como os cedros do Líbano. Elas são como árvores plantadas nos jardins da casa do Senhor. Florescerão nos átrios do nosso Deus. Mesmo na velhice crescerão e darão frutos; serão fortes e cheias de vida; serão uma prova viva de que o Senhor é fiel. Ele é a minha Rocha; nele não há injustiça! O Senhor é rei! Ele está vestido com roupas reais, vestido com um manto de poder e força. O Senhor sustenta o mundo, e ele não se abalará! O trono do Senhor é eterno e seguro desde a antiguidade! O Senhor existe desde a eternidade. Ó Senhor, as águas sobem, as ondas crescem e o barulho das águas aumenta, mas o Senhor, lá no céu, é mais forte e poderoso do que o barulho das cachoeiras, do que as grandes ondas do mar! As suas leis são verdadeiras, dignas de confiança. Por isso, Senhor, o seu povo deve viver em santidade e pureza, para todo o sempre! Ao Senhor pertence a autoridade para castigar! Ó Deus vingador, faça brilhar a sua glória. Levante-se, ó Juiz da terra, e julgue os homens! Castigue os orgulhosos como eles merecem. Até quando deixará os maus sem castigo? Até quando os perversos se alegrarão de suas maldades, Senhor? Falam palavras duras e arrogantes; eles se orgulham em contar os pecados que cometeram. Pisam o seu povo, ó Senhor, e maltratam os seus escolhidos; matam as viúvas e os estrangeiros; assassinam os órfãos, e pensam: “O Senhor não vê o que estamos fazendo! O Deus de Jacó não dará a menor importância”. Vocês são tolos! Quando será que vão entender as coisas e se tornarão sábios? Se foi o Senhor que formou o ouvido, será que ele não pode ouvir? Se foi o Senhor que formou o olho, será que ele não pode ver? Aquele que julga e castiga as nações não vai castigar todas elas? Ele dá conhecimento aos homens; como poderia deixar de saber o que vocês fazem? O Senhor conhece os pensamentos do homem e sabe que eles não passam de ilusão! Como é feliz o homem a quem o Senhor corrige e ensina a sua lei! Assim, a sua mente ficará em paz e ele esperará com paciência o dia em que os maus serão castigados. Pois o Senhor nunca abandonará o seu povo, nem deixará os seus escolhidos à própria sorte, porque são a sua herança. Ele fará os juízes julgarem com justiça novamente, e os retos de coração a seguirão. Quem se levantará para me ajudar contra os maus? Quem ficará ao meu lado contra os que fazem o mal? Se o Senhor não tivesse me ajudado, eu já estaria no reino dos mortos há muito tempo! Quando eu gritei: “Socorro, estou caindo!”, o seu amor cuidadoso, Senhor, me amparou e me pôs em pé. Quando minha mente estava cheia de dúvidas e preocupações, o Senhor me consolou e encheu o meu ser de alegria! Por acaso o Senhor deixa um governo mau e injusto associar-se com o seu nome? Eles torcem as leis para poderem fazer o mal! Ajuntam-se para destruir os justos e condenam os inocentes à morte! Mas o Senhor é a minha fortaleza segura; o meu Deus é a rocha firme onde encontro refúgio. Ele fará a maldade desses homens cair sobre eles mesmos; Deus destruirá essa gente com os pecados que eles vivem cometendo. O Senhor, o nosso Deus, acabará com eles! Venham, vamos cantar com alegria, louvando o Senhor, pois ele é a Rocha da nossa salvação! Vamos chegar diante dele com os corações cheios de gratidão! Vamos louvar o Senhor com ações de graças! Pois o Senhor é o grande Deus! Ele é o grande Rei acima de todos os falsos deuses! A ele pertencem as profundezas da terra, e os montes mais altos lhe pertencem. Os mares também lhe pertencem, pois foram criados por ele. Os continentes foram feitos pelas suas mãos. Venham, vamos nos ajoelhar e adorar o Senhor que nos criou! Ele é o nosso Deus, e nós somos o seu povo. Somos suas ovelhas, e ele é o nosso Pastor. Hoje, se ouvirem a sua voz, não endureçam os seus corações como os antigos israelitas, quando estavam no deserto, em Meribá e Massá. Eles duvidaram de mim e abusaram da minha paciência, depois de terem visto o que eu havia feito por eles. Durante quarenta anos esse povo me irritou, porque era um povo cujo coração estava longe de mim. Era incapaz de compreender e aceitar a minha vontade. Por isso, cheio de ira, prometi solenemente: “O povo que saiu do Egito não entrará na Terra Prometida, o descanso que preparei para Israel!” Cantem ao Senhor uma nova canção! Todos os habitantes da terra cantem ao Senhor! Cantem ao Senhor, bendigam o seu nome. Anunciem as suas qualidades, e proclamem a sua salvação diariamente! Falem a todos os povos a respeito da sua glória! Contem dos seus feitos tremendos entre os povos! Pois o Senhor é grande; ele merece a nossa adoração. Só ele é mais temível do que todos os deuses. Todos os deuses das outras nações não passam de imagens, mas o Senhor criou os céus. A ele pertencem a glória e o poder real; no seu templo podemos ver a sua força e a sua santidade. Povos do mundo, reconheçam que o Senhor é glorioso e poderoso. Deem ao Senhor a glória que ele merece! Tragam ofertas e cheguem diante dele no seu templo. Adorem o Senhor na sua perfeita santidade. Todos os povos devem ter um profundo respeito diante dele. Espalhem a notícia entre as nações: “O Senhor é o Rei da terra!” Ele estabeleceu o mundo e sustenta a terra; ele julga os povos com a mais perfeita justiça. Céus, alegrem-se! Terra, exulte de alegria! Mares, e tudo que neles existe, mostrem a sua alegria com um barulho bem forte! Campos, flores e animais, encham-se de alegria! Árvores das florestas, cantem de alegria, porque o Senhor se aproxima! Ele vem julgar a terra! Julgará as nações com justiça e fidelidade! O Senhor reina! Vibre de alegria a terra e alegrem-se as muitas ilhas nos mares. Ele está cercado de nuvens escuras! A justiça e a retidão são as bases do seu trono. Por onde quer que ele vá, um fogo vai à sua frente e destrói os seus inimigos. Ele ilumina o mundo com seus relâmpagos! A terra os vê e treme de medo! As montanhas se derretem como cera diante do Senhor, diante do Soberano de toda a terra. Os céus revelam a sua justiça e mostram a todos os povos a glória de Deus. Que fiquem envergonhados todos os que adoram imagens de deuses falsos e se orgulham dos seus ídolos. Todos os deuses vão se curvar diante do Deus verdadeiro. Sião e as cidades de Judá ouviram falar da tua justiça, ó Senhor, e se alegraram, pois o Senhor é o Altíssimo sobre toda a terra! O Senhor está muito acima de todos os deuses. Vocês, que amam o Senhor, devem odiar o mal! E fiquem tranquilos, pois ele protege a vida dos seus escolhidos e os livra da mão dos perversos. A luz se espalha sobre a vida dos justos, e a alegria enche a alma de quem tem o coração sincero. Ó justos, alegrem-se no Senhor e cantem louvores ao seu santo nome! Cantem ao Senhor uma nova canção, porque ele fez coisas maravilhosas! Com a sua mão direita e o seu braço forte ele conquistou a vitória! O Senhor anunciou ao mundo a sua salvação. Mostrou abertamente às nações a sua justiça. Foi fiel às suas promessas e mostrou novamente o seu grande amor ao povo de Israel; todos os povos viram a vitória do nosso Deus. Por isso, todos os habitantes da terra cantem louvores ao Senhor com profunda alegria! Alegrem-se! Gritem vivas! Cantem hinos! Acompanhem os seus louvores ao Senhor com o som das harpas. Cantem enquanto tocam. Ao som de trombetas e cornetas cantem com alegria diante do Senhor, o Rei! Que o mar imenso louve o Senhor com o grande barulho das suas ondas! Louvem a terra e os seus habitantes! Os rios baterão palmas e os montes cantarão juntos de alegria quando o Senhor surgir, porque ele vem, vem julgar a terra! Julgará os homens com a sua perfeita justiça e os povos com retidão. O Senhor reina! As nações tremem! O seu trono é sustentado pelos querubins; a terra será abalada! Grande é o Senhor em Sião! Ele é exaltado acima de todas as nações! Que as nações louvem o seu grande e poderoso nome, que é santo! Como Rei poderoso ele ama a justiça e estabelece o direito, a honestidade e a verdade por todo o Israel. Proclamem a grandeza do Senhor, o nosso Deus! Ele é santo, e por isso devemos nos curvar até o chão diante dele. Moisés e Arão eram sacerdotes, representantes do povo diante de Deus; entre os profetas, Samuel invocava o seu nome. O Senhor lhes falava da coluna de nuvem, e eles obedeciam aos seus mandamentos e às ordens que ele lhes dava. O Senhor, o nosso Deus, respondeu aos pedidos que esses homens fizeram em favor do povo; perdoou os pecados do povo, mas nunca deixou de dar o castigo merecido pela sua desobediência. Levantem bem alto o nome do Senhor, o nosso Deus! Curvem-se diante do seu santo monte, porque o Senhor, o nosso Deus é santo! Cantem alegremente ao Senhor, todos os moradores da terra. Obedeçam a ele de coração alegre; entrem na sua presença com música e canções alegres. Compreendam bem isto: O Senhor é o nosso Deus! Ele nos criou e pertencemos a ele! Somos o seu povo e seu rebanho. Entrem pelas portas do seu templo com ações de graças! No pátio da sua casa cantem hinos de louvor! Deem graças ao Senhor e louvem o seu nome! Porque o Senhor é bom! O seu amor cuidadoso e leal é eterno, e a sua fidelidade para conosco nunca acabará. Cantarei a respeito do amor fiel e da justiça; cantarei louvores ao Senhor! Tomarei bastante cuidado para andar sempre pelo caminho certo, mas para isso preciso muito da sua ajuda! Quero começar pela minha própria casa, tendo sempre um coração puro e sincero. Não quero ter interesse por coisas más; odeio os atos de quem se afasta da sua lei e não me juntarei a eles. Não desejo ter um coração inclinado para o pecado; não desejo ter qualquer ligação com o mal. Farei calar aqueles que falam mal do próximo pelas costas; não ficarei junto das pessoas orgulhosas e de corações arrogantes. Procurarei encontrar pessoas fiéis; esses serão meus companheiros, os amigos que receberei em minha casa. Aqueles que vivem uma vida correta poderão me servir. Nenhum mentiroso ou ladrão viverá no meu santuário; não permitirei uma pessoa falsa na minha presença. Cada manhã fiz calar todos os maus da terra e expulsei da cidade do Senhor todos os que praticavam o mal. Ó Senhor, ouça a minha oração! Escute os meus insistentes pedidos de socorro! Não esconda de mim o seu rosto nessa hora de tanta angústia! Escute os meus pedidos e atenda depressa quando oro. Pois a minha vida some como a fumaça no ar. Meus ossos estão queimando como se estivessem em fogo; meu coração está fraco, sem vigor, como uma planta seca. Perdi a vontade de comer! Emagreci a ponto de os ossos aparecerem, de tanto chorar e gemer! Vivo sozinho, como a garça nos brejos e a coruja nas casas destruídas. Não consigo dormir; sou como um passarinho solitário em cima dos telhados. Os meus inimigos zombam de mim a toda hora; furiosos, eles me insultam e usam meu nome para me amaldiçoar. Minha comida têm sido as cinzas, e as lágrimas se misturam com a minha bebida, por causa da sua ira e do seu furor! O Senhor me rejeitou e me expulsou da sua presença! Minha vida é como uma sombra que some depressa; estou murchando como uma plantinha qualquer. Mas o Senhor reinará no trono para sempre. O seu nome será conhecido de geração em geração. O Senhor ainda se levantará e mostrará a sua misericórdia por Sião. Já está na hora de mostrar compaixão pela nossa cidade, pois nós, os seus servos, amamos até as pedras dos muros derrubados, e as suas ruínas nos enchem de compaixão. Então, todas as nações do mundo honrarão o nome do Senhor, e todos os reis da terra tremerão diante da sua glória. Quando o Senhor tornar a reconstruir Sião ele mostrará toda a sua glória. Ele responderá à oração dos fracos e aflitos; as suas súplicas serão ouvidas. Escrevam-se estas coisas para as gerações futuras, e um povo que ainda será criado louvará ao Senhor, proclamando: “Do seu lugar santo nas alturas o Senhor olhou; do céu ele olhou para a terra, para ouvir os gemidos de dor dos escravos e libertar os condenados à morte”. Por isso, o nome do Senhor será anunciado em Sião e o seu louvor, em Jerusalém. Ele fez isso para as nações e os reinos se reunirem ali para adorar e servir o Senhor. Ele me tirou as forças e cortou a minha vida ao meio. Então eu pedi: Ó meu Deus, não tire a minha vida enquanto ainda sou jovem! O Senhor é eterno. No passado muito distante o Senhor criou a terra e formou os céus com as suas mãos. Os céus e a terra serão destruídos, mas o Senhor viverá para sempre. Eles ficarão velhos como uma roupa muito usada, mas o Senhor os trocará como se troca a roupa usada, e serão jogados fora. Mas o Senhor permanece o mesmo, e a sua vida não terá fim! Por isso, as famílias dos seus servos viverão em segurança e as gerações futuras viverão em perfeita paz na sua presença. Dê louvores ao Senhor, ó minha alma! Todo o meu ser louve o seu santo nome. Louve o Senhor, ó minha alma, e não esqueça de nenhuma das suas bênçãos. Ele perdoa todos os meus pecados e cura todas as minhas doenças. Ele salva a minha vida de perigos mortais e me cerca de amor fiel e se interessa por mim com muita ternura. Ele enche minha vida de coisas boas. A minha juventude se renova como a águia. O Senhor faz justiça e defende a causa dos explorados. Ele revelou a sua vontade a Moisés, e mostrou grandes maravilhas ao povo de Israel. O Senhor é compassivo e misericordioso; ele é muito paciente e cheio de boas intenções para com os homens. O Senhor não castiga o homem por toda a vida, e a sua ira não dura para sempre. Ele não nos dá o castigo que os nossos pecados merecem, nem nos retribui conforme as nossas maldades, pois como os céus se elevam acima da terra, assim é grande o seu amor por aqueles que o temem. Ele afasta de nós a nossa culpa pelo pecado, tanto quanto o Oriente está longe do Ocidente. Como um pai que ama e compreende os seus filhos, assim o Senhor é bondoso e é compreensivo com aqueles que o respeitam e lhe obedecem. Pois ele sabe bem do que somos formados; sabe que somos pó. Sim, a nossa vida é curta como a erva; ela floresce como a flor do campo, que se vai quando sopra o vento e ninguém se lembra de que ela existiu e do lugar que ocupava. Mas o amor fiel do Senhor é de eternidade a eternidade, para aqueles que o temem. A sua justiça se estende aos filhos e netos com os que guardam a sua aliança, e se lembram de pôr em prática os seus ensinos. O Senhor firmou o seu trono nos céus, e todas as coisas fazem parte do seu reino. Todos vocês, anjos poderosos, que obedecem ao Senhor e cumprem suas ordens, louvem o Senhor! Cantem ao Senhor todos os seus exércitos; louvem o Senhor, vocês servos que fazem a sua vontade. Todas as suas obras, espalhadas por todo o universo, louvem o Senhor! Eu também louvarei o Senhor, de todo o meu coração. Louvarei o Senhor de todo o meu coração, dizendo: Ó Senhor, meu Deus, o Senhor é grandioso! Suas vestes são a glória e o poder real; seu manto é envolto de luz. Ele estende os céus como se fossem uma tenda. O telhado de sua casa foi construído sobre as nuvens carregadas de chuva. As nuvens são as suas carruagens, e ele cavalga nas asas do vento. Dá aos seus anjos a rapidez dos ventos e faz dos seus servos clarões reluzentes. Colocou os alicerces da terra para que ela nunca seja tirada de seu lugar. Vestiu a terra com os mares e oceanos, como se fosse uma capa, deixando grandes montanhas debaixo d’água. Mas, ouvindo a sua ordem, as águas baixaram; ouvindo a sua voz, forte como um trovão, elas ocuparam o seu lugar; as águas correram pelos montes e escorreram pelos vales, até ficarem no lugar determinado pelo Senhor. O Senhor marcou um limite além do qual as águas não podem ir; assim, elas nunca mais cobrirão a terra. Faz brotar as fontes de água nos vales e os rios que correm entre os montes e matam a sede dos animais do campo e dos jumentos selvagens. Junto a esses riachos os passarinhos do céu fazem os seus ninhos e cantam entre os ramos das árvores. Do alto da sua morada rega os montes; a terra sacia-se com o fruto das suas obras! É o Senhor que faz crescer o pasto que alimenta o gado, as plantas que o homem cultiva, e dessa forma tira da terra o seu alimento. A terra produz o vinho, que alegra o coração do homem; o azeite, que serve para cuidar do rosto; o pão, que dá forças para viver. As árvores do Senhor são bem regadas, crescem e ficam fortes. O mesmo acontece com os cedros do Líbano, que ele plantou. Nessas árvores as aves fazem seus ninhos. As cegonhas fazem seus ninhos nos ciprestes. As cabras selvagens vivem no alto dos montes e os coelhos fazem suas tocas entre as pedras. O Senhor criou a lua para marcar as estações, e o sol sabe a hora de se pôr. O Senhor prepara a escuridão e cria a noite, quando os animais da floresta saem. Os leões jovens saem à procura do alimento que Deus preparou para eles e andam rugindo pela mata. Quando o sol aparece, eles voltam às suas tocas para dormir. Então o homem sai para o seu trabalho até o pôr-do-sol. Ó Senhor, quantas são as suas obras! O Senhor fez todas elas com grande sabedoria e enche a terra com as suas criaturas! Vejo o mar imenso, cheio das mais variadas formas de vida — animais pequenos e grandes. Por ele passam os navios e também o Leviatã, criado para o Senhor nele se alegrar. Todos esses animais dependem do Senhor para receber seu alimento na ocasião certa. O Senhor oferece o alimento, e eles recolhem o seu sustento; abre a sua mão e todas as criaturas ficam satisfeitas e felizes. Mas quando o Senhor esconde o seu rosto, ficam completamente desorientadas. Se tira o fôlego, eles morrem e voltam ao pó da terra! Quando sopra o seu fôlego, novos seres são criados para manter esta terra sempre cheia de vida. Deem glória ao Senhor para sempre! Assim o Senhor se alegrará com aquilo que fez! Basta um olhar e ele faz a terra tremer; com um simples toque ele faz as montanhas arderem em chamas! Cantarei louvores ao Senhor toda a minha vida! Cantarei hinos ao meu Deus enquanto eu viver! Que meus pensamentos e emoções deixem o Senhor satisfeito, pois ele é a minha alegria. Que os pecadores desapareçam da terra e os rebeldes deixem de existir. Louvarei o Senhor de todo o meu coração! Aleluia! Deem graças ao Senhor, proclamem o seu nome! Contem a todos os povos as coisas maravilhosas que ele fez. Cantem salmos louvando a Deus e contem todas as suas grandes maravilhas. Gloriem-se no seu santo nome! Encha-se de alegria o coração de quem busca o Senhor. Procurem sempre o Senhor e o seu poder! Busquem sempre a sua presença! Lembrem-se dos seus grandes e maravilhosos feitos! Lembrem-se das sentenças de juízo que pronunciou, ó escolhidos do Senhor, filhos de Abraão, servo de Deus, e filhos de Jacó. Ele é o Senhor, o nosso Deus. Seus atos de justiça aparecem por toda a terra. Ele será eternamente fiel à sua aliança e não se esquecerá de sua promessa, mesmo que passem mil gerações. Não deixará de cumprir a aliança que fez com Abraão, nem o juramento que fez a Isaque, e confirmou, mais tarde, a Jacó, a Israel como aliança quando disse ao povo de Israel: Eu lhes darei a terra de Canaã como herança! Quando Deus fez essas promessas, os israelitas não passavam de um pequeno grupo de pessoas! Eram estrangeiros na terra de Canaã! Andavam sem destino pela terra, indo de um reino para outro. No entanto, o Senhor não permitiu que as nações maltratassem os primeiros israelitas. Pelo contrário, por causa deles, repreendeu reis poderosos, dizendo: “Não façam mal aos meus escolhidos, nem maltratem os meus profetas!” Algum tempo depois, Deus mandou um período de fome e pobreza sobre a terra de Canaã. Era impossível conseguir comida! Adiante deles Deus providenciou para que José fosse vendido como escravo ao Egito; ali prenderam seus pés com correntes, e com ferros prenderam o seu pescoço. Finalmente, chegou o tempo em que se cumpriu a profecia feita a respeito dele. Mas até isso acontecer, José foi posto à prova pelo Senhor! O próprio rei do Egito ordenou que José fosse solto; ele foi posto em liberdade pelo rei mais poderoso de seu tempo. O faraó, rei do Egito, escolheu José para ser seu primeiro-ministro e tomar conta de todo o reino. José tinha autoridade para escolher e afastar os oficiais do rei; ele foi indicado para ensinar sabedoria às autoridades do rei. Então Jacó — que tinha recebido o nome de Israel — e sua família foram morar no Egito, na terra de Cão. O número de israelitas cresceu muito enquanto estavam no Egito. Na verdade, Israel tornou-se mais poderoso do que os egípcios na terra governada pelo faraó. Então Deus mudou o coração dos egípcios para que odiassem o seu povo e conspirassem contra os seus servos. Depois de algum tempo, ele mandou seu servo Moisés e Arão, seu escolhido, para realizarem sinais miraculosos e maravilhas de Deus diante dos israelitas e dos egípcios, na terra de Cão. Moisés e Arão obedeceram às ordens do Senhor, e ele mandou uma profunda escuridão que cobriu toda a terra do Egito. Depois, transformou as águas em sangue e todos os peixes morreram. Então, encheu o Egito com rãs. Havia rãs até dentro do palácio real! Deus ordenou, e enxames de moscas e piolhos cobriram a terra do Egito. Em vez de chuva, mandou sobre o Egito chuva de pedras e tempestades com relâmpagos flamejantes. Assim, destruiu as plantações de uvas e figos, e todas as árvores do seu território. Deus falou mais uma vez, e enxames de gafanhotos invadiram o país, devorando toda a erva, destruindo completamente as colheitas! Finalmente, ele matou todos os filhos mais velhos das famílias egípcias, que eram a alegria e força da nação. Assim, o Senhor tirou Israel, seu povo, do Egito, carregado de riquezas, ouro e prata. Não havia uma única pessoa que não estivesse forte e cheia de saúde! Os egípcios ficaram muito alegres quando os israelitas partiram, pois tinham verdadeiro pavor dos israelitas. Enquanto o povo caminhava pelo deserto, Deus mandou uma nuvem para proteger os israelitas do calor do sol; à noite, mandou uma coluna de fogo para iluminar o caminho. Quando o povo pediu carne, Deus mandou codornizes e alimentou Israel com maná, o pão do céu. Partiu a rocha e fez jorrar água pura que escorreu como um rio no meio do deserto. Ele fez tudo isso porque se lembrou da sua santa promessa feita a Abraão, seu servo. Deus guiou o seu povo escolhido até a Terra Prometida; todos os israelitas cantavam cheios de júbilo e gritavam de alegria. Deus lhes deu as terras de outros povos, as cidades que outros haviam construído, as plantações que outros haviam plantado. Deus fez tudo isso para que os israelitas obedecessem fielmente aos seus mandamentos e guardassem as suas leis. Aleluia! Aleluia! Deem graças de coração ao Senhor porque ele é bom e o seu amor cuidadoso dura para sempre! Quem seria capaz de contar todos os feitos poderosos do Senhor? Quem é capaz de dizer como é grande o seu poder e louvá-lo como ele merece? Há muitas bênçãos para aqueles que andam pelo caminho da verdade e procuram sempre fazer o que é certo aos olhos de Deus. Ó Senhor, lembre-se de mim quando mostrar o seu amor, salvando o seu povo. Salve-me também, para que eu possa desfrutar da riqueza e da paz dos seus escolhidos, sentir a alegria do seu povo e participar da tremenda felicidade que dará ao seu povo eleito. Nós pecamos como os nossos ancestrais; fomos desobedientes e rebeldes. No Egito, os nossos pais não deram valor às suas maravilhas; bem depressa se esqueceram do seu imenso amor, tantas vezes demonstrado. Junto ao mar Vermelho eles se revoltaram contra o Senhor. Assim mesmo, ele os salvou para proteger a honra do seu nome e para mostrar a todos o seu poder. Deu uma ordem ao mar Vermelho, e este secou; e ele fez os israelitas passarem pelas profundezas, como por um deserto. Foi assim que Deus os salvou dos seus inimigos que os odiavam, e eles ficaram livres deles. Quando os egípcios tentaram passar por ali, as águas do mar se fecharam e todos os inimigos de Israel morreram afogados. Ninguém sobreviveu! Então, finalmente, os israelitas creram nas suas promessas e cantaram louvores. Mas que tristeza! Logo se esqueceram do que ele tinha feito e não tiveram paciência para saber o seu plano. Exigiram que Deus lhes desse o que seus apetites pediam; com sua cobiça, lá no deserto, puseram Deus à prova. Deus atendeu aos pedidos do povo mas, como castigo mandou uma doença que se espalhou entre eles. Mais tarde, tiveram inveja de Moisés como líder e de Arão, o homem escolhido por Deus para ser representante do povo perante ele. Por causa disso, a terra se abriu e engoliu um grupo comandado por Datã e Abirão. O Senhor mandou fogo do céu para destruir os seguidores deles que queriam tomar o lugar dos sacerdotes. No monte Sinai, onde o Senhor lhes deu a lei, fizeram um bezerro e adoraram aquele ídolo feito de metal. Trocaram o Deus glorioso pela imagem de um bezerro que come capim! Desprezaram a Deus, seu Salvador, que tinha feito grandes milagres na terra do Egito, sinais na terra de Cão e maravilhas junto ao mar Vermelho. Por isso, Deus ameaçou destruir completamente os israelitas. Se Moisés, seu escolhido, não tivesse pedido e implorado, Deus certamente teria acabado com o povo de Israel. Além disso, não deram valor à Terra Prometida e não acreditaram na promessa do Senhor. Resmungavam e reclamavam nas suas tendas, sem obedecer às ordens do Senhor. Como castigo, o Senhor jurou solenemente que aquela geração de israelitas morreria toda no deserto, e que, no futuro, o povo de Israel seria espalhado entre as nações da terra. Na região de Baal-Peor, os israelitas adoraram a imagem de Baal e comeram animais oferecidos aos ídolos, deuses falsos e sem vida. Com todos esses atos, os israelitas provocaram a ira do Senhor; por isso, uma terrível doença se espalhou entre o povo. Foi então que Fineias tomou a iniciativa de castigar os culpados, e a doença parou. Por causa desse ato de fé, Fineias foi contado por Deus como um homem justo! Será lembrado em toda a história, por todas as gerações. Os israelitas também provocaram a ira de Deus quando exigiram que ele lhes desse água, em Meribá. Por causa disso, Moisés foi castigado; os israelitas rebelaram-se contra o Espírito de Deus, e Moisés, irritado, agiu e falou sem refletir. Depois de entrarem na terra de Canaã, os israelitas não destruíram completamente as nações que ali viviam, como o Senhor havia ordenado. Pelo contrário, misturaram-se àquelas nações e aprenderam a imitar os seus maus costumes; adoraram os ídolos desses povos, e isso se tornou uma grande armadilha para os israelitas. Sacrificaram seus filhos e filhas aos demônios. Derramaram sangue inocente, o sangue de seus filhos e filhas oferecidos aos falsos deuses das nações de Canaã. Com isso, a terra ficou manchada pelo sangue deles. Suas obras más mancharam sua vida aos olhos de Deus; corromperam-se com os seus feitos. Por isso acendeu-se a ira do Senhor contra Israel, e ele sentiu aversão pelo seu povo especialmente escolhido. Assim ele deixou que os israelitas fossem derrotados e dominados pelas nações pagãs. Israel foi maltratado e explorado pelos seus inimigos que conquistaram sua terra. Por várias vezes o Senhor libertou os israelitas, mas eles insistiam em desobedecer aos seus planos, e por causa dessa desobediência se afundaram ainda mais no pecado. No entanto, Deus viu o seu grande sofrimento, olhou para eles com amor e atendeu a seus gritos de socorro. Lembrou-se por amor a eles da sua aliança eterna e, por causa do seu amor eterno, ele mudou de ideia. Fez com que os povos que derrotavam Israel tivessem pena dos israelitas! Ó Senhor, nosso Deus, salve-nos agora! Reúna o seu povo espalhado entre as nações. Então daremos graças ao seu santo nome e nos gloriaremos no seu louvor! Bendito seja o Senhor, o Deus de Israel, por toda a eternidade. Todo o povo de Israel diga: “Amém! Aleluia!” Deem graças ao Senhor, porque ele é bom! O seu amor cuidadoso e fiel dura para sempre. Vocês que foram salvos pelo Senhor das mãos do inimigo, contem sobre a salvação de Deus! Sim, anunciem esse amor pelos salvos que estavam espalhados por toda a terra — do Oriente, e do Ocidente, do Norte e do Sul — e que foram reunidos pelo Senhor. Eles andaram perdidos pelos desertos e por terras áridas, sem achar uma cidade onde pudessem morar. Passando fome e sede, estavam a ponto de morrer. No meio de tanto sofrimento, clamaram ao Senhor, e ele os livrou das dificuldades em que se encontravam. Mostrou-lhes o caminho certo e seguro para alcançar uma cidade onde pudessem morar. Deem graças ao Senhor por seu amor cuidadoso! Louvem o Senhor pelas maravilhas que ele faz em favor dos homens! Ele sacia o sedento e dá alimento de sobra ao faminto. Alguns estavam vivendo na escuridão, nas trevas, sentindo bem de perto a ameaça da morte, presos por correntes e dominados pelo desespero, pois se revoltaram contra as palavras de Deus e não deram importância aos conselhos do Altíssimo. Por isso ele os sujeitou a trabalhos pesados a ponto de ficarem esgotados, e não apareceu ninguém para ajudar! No meio de tanto sofrimento clamaram ao Senhor, e ele os livrou das dificuldades em que se encontravam. Deus os tirou da escuridão e os livrou da ameaça de morte e quebrou as correntes que os prendiam. Deem graças ao Senhor por seu amor cuidadoso e pelas maravilhas que ele faz em favor dos homens! Ele quebrou as pesadas portas de bronze das prisões e partiu as trancas de ferro. Alguns foram tolos; foram castigados por andarem no caminho da maldade, desobedecendo a Deus. Perderam a vontade de se alimentar e chegaram bem perto da morte. No meio de tanto sofrimento clamaram ao Senhor, e ele os livrou das dificuldades em que se encontravam. Com uma única ordem, o Senhor curou os doentes, livrando-os da morte. Deem graças ao Senhor pelo seu amor cuidadoso e pelas maravilhas que ele faz em favor dos homens! Ofereçam sacrifícios de ação de graças e anunciem com cânticos de alegria as obras do Senhor! Há ainda os marinheiros que em seus navios cruzam os mares, fazendo negócios na imensidão das águas. Eles viram as obras do Senhor e o poder de Deus em ação nas águas profundas. Com uma palavra sua, ele provocou um vento muito forte que levantou ondas enormes. Levados pelas ondas, os navios subiam bem alto e depois pareciam descer até o fundo do mar. Desesperados, os marinheiros perderam a coragem. Cambaleavam como se estivessem bêbados, tropeçando e caindo, e toda a sua habilidade foi inútil. No meio de tanto sofrimento clamaram ao Senhor, e ele livrou-os da tribulação em que se encontravam. Ele fez a tempestade parar e as ondas se acalmarem. As ondas sossegaram, os marinheiros se alegraram, e Deus os levou ao porto em segurança. Deem graças ao Senhor pelo seu amor cuidadoso e pelas maravilhas que ele faz em favor dos homens! Além disso, exaltem o Senhor quando o povo se reunir para adorar e louvem a ele na assembleia dos líderes. O Senhor transforma rios em desertos e fontes em terra seca, faz da terra fértil um solo salgado e inútil por causa da maldade de quem morava ali. Ele transforma o deserto quente e seco em açudes e a terra ressecada em fontes de água. Ele dá aos pobres e famintos essa nova terra, para ali construírem a sua cidade. Lá, eles semearam os cereais e plantaram uvas e tiveram grandes colheitas. O Senhor abençoou o seu povo, e eles cresceram muito em número. Deus não deixou que o gado diminuísse. No entanto, perderam sua força e poder, voltaram a ser poucos em número. Foram humilhados com a exploração, desgraça e muito sofrimento. O Senhor despreza os príncipes orgulhosos e faz com que eles andem sem destino por terras desconhecidas, onde nem sequer existem estradas. Mas livra da miséria os pobres, e aumenta as suas famílias como rebanhos. Os que obedecem a Deus veem essas coisas e se alegram, mas os perversos ficam sem resposta. Que os sensatos reflitam nisso! Pensem no amor cuidadoso do Senhor! Ó Deus, o meu coração confia totalmente no Senhor! Cantarei salmos e hinos ao Senhor com todas as forças do meu ser! Acordem, harpa e lira! Quero acordar cantando bem cedinho! Eu darei graças ao Senhor entre os povos; cantarei louvores entre as nações, porque o seu amor cuidadoso se eleva muito acima dos céus e a sua verdade alcança as nuvens. Ó Deus, mostre o seu poder acima dos céus e a sua glória sobre toda a terra! Salve os seus amados com a sua mão direita. Responda-nos para que sejamos libertos! Do seu santuário Deus falou: “Quando eu vencer, dividirei Siquém e repartirei o vale de Sucote. Gileade é minha, e Manassés também. Efraim continuará possuindo guerreiros valentes e de Judá sairão meus reis escolhidos. Moabe será o escravo humilde que há de lavar meus pés; Edom apanhará as minhas sandálias empoeiradas. Soltarei meu brado de vitória sobre a Filístia!” Do seu santuário Deus disse: “Quando eu vencer, dividirei a cidade de Siquém e repartirei o vale de Sucote! Quem poderá me ajudar a vencer essas nações e conquistar suas fortalezas? Quem me levará vitorioso ao coração da terra de Edom?” Ó Senhor, será que nos abandonou e não acompanha nossos exércitos nas batalhas? Venha ajudar-nos na dificuldade contra os adversários, pois a ajuda dos homens de nada vale. Contudo, com a ajuda e a força de Deus venceremos, e ele esmagará os nossos inimigos debaixo dos seus pés. Ó Deus, a quem eu sempre louvo, não fique calado, pois homens perversos e cheios de traição andam espalhando mentiras contra mim. Estou cercado de gente que me ameaça e me odeia sem qualquer motivo. Sempre procurei demonstrar amor por eles, mas enquanto eu orava em seu favor eles tentavam me destruir. Pagaram o bem com o mal, o amor com o ódio. Por isso agora peço: Faça aparecer alguém que espalhe mentiras a respeito desse meu inimigo! Que ele seja julgado por um acusador! E quando for julgado, que ele seja considerado culpado! Ó Deus, rejeite a oração desse homem como se fosse pecado! Encurte a vida desse homem e dê o seu lugar a outra pessoa. Que seus filhos fiquem órfãos e sua esposa, viúva, que seus filhos andem mendigando pelas ruas e sejam expulsos das ruínas de sua casa. Que as riquezas desse homem sejam tiradas pelos credores e os seus bens distribuídos entre os estranhos. Que ninguém o trate com bondade, nem tenha misericórdia dos seus filhos órfãos. Que sua família desapareça da terra com a morte de seus filhos. Ó Senhor, não esqueça de como os antepassados desse homem foram desobedientes! Lembre-se do pecado que a mãe dele cometeu! Lembre-se sempre desses pecados, ó Senhor, para dar o castigo merecido, a completa destruição desse homem e de sua família. Pois ele nunca pensou em ser bondoso com as outras pessoas; pelo contrário, perseguiu e maltratou os pobres, os necessitados e os desamparados. Ele sentia prazer em amaldiçoar as outras pessoas; agora, Senhor, lance a sua maldição contra ele! Ele nunca tinha prazer em abençoar alguém; por isso, não dê a ele a sua bênção! Ele vestia a maldição como a roupa do corpo; não podia viver sem ela. Por isso, que as maldições entrem nele como água e cheguem até seus ossos como óleo. Que a maldição seja a sua roupa e o seu cinto! Nunca se afastará dele! Esse será o castigo que o Senhor dará aos meus acusadores, aos que planejam destruir a minha alma. Soberano Deus, ajude-me e salve-me, por causa do seu nome. Livre-me, pois seu amor fiel não tem fim! Eu sou pobre e necessitado, e, no íntimo, o meu coração está partido em pedaços. Vou desaparecendo aos poucos, como a sombra que desaparece quando o sol vai se pondo. Sou levado pelo vento como um gafanhoto. De tanto jejuar, meus joelhos estão fracos; estou reduzido a pele e ossos. Sou o símbolo da vergonha para todo o povo; quando alguém me vê, sacode a cabeça com desprezo. Ajude-me, Senhor, meu Deus! Salve-me por causa do seu amor cuidadoso e fiel. Assim, todos saberão que foi a sua mão, que foi o Senhor que me salvou. Que me importa se meus inimigos me amaldiçoarem? O Senhor me abençoa! Todos os planos que eles tramarem para me destruir falharão! Mas o seu servo se alegrará. Que os meus acusadores caiam em desgraça; que a humilhação os cubra como um manto. Quanto a mim, sempre darei graças ao Senhor com minhas palavras. No meio do meu povo, eu o louvarei, porque ele se aproxima do pobre para livrar a sua vida das mãos dos seus inimigos. O Senhor disse ao meu Senhor: “Sente-se em seu trono à minha direita. Eu derrotarei todos os seus inimigos, e eles serão humilhados diante de você”. O Senhor dará o cetro do seu poder começando por Sião e dirá: “Domine no meio dos seus inimigos!” Quando o rei revelar todo o seu poder, o povo se apresentará de livre vontade para servi-lo. Os jovens, vestidos com roupas sagradas, são tantos que parecem as gotas de orvalho brilhando quando o sol nasce. O Senhor jurou e não voltará atrás: “Você é sacerdote para sempre! Foi escolhido por Deus, da ordem do sacerdócio de Melquisedeque”. O Senhor está à sua direita; ele destruirá os reis no dia da sua ira. Ele julgará e castigará as nações, enchendo a terra de mortos; esmagará a cabeça de governantes em toda a extensão da terra. Na sua marcha, o rei renovará suas forças bebendo água dos riachos, e passará de cabeça erguida. Aleluia! Quero dar graças ao Senhor de todo o coração, diante do povo e dos que amam a Deus, pelas grandes coisas que ele faz. Quem tem prazer nas obras do Senhor deve meditar em cada uma delas. Gloriosos e majestosos são seus feitos; mostram que ele é eternamente justo. Quem poderá esquecer as maravilhas operadas pelo Senhor? Ele é misericordioso e compassivo! A quem o ama e lhe obedece, o Senhor dá tudo que é necessário para viver, porque nunca se esquece da sua aliança. Mostrou ao seu povo como é grande o seu poder, dando a Israel as terras das nações por herança. Tudo que ele faz demonstra sua verdade e justiça. As leis do Senhor são verdadeiras e dignas de confiança. Elas valerão para todo o sempre, pois estão baseadas na fidelidade e na retidão de Deus. Ele pagou o preço da liberdade do seu povo e assumiu uma aliança eterna com Israel. O Senhor é santo e muito poderoso, e merece todo o nosso respeito. Para ser sábios precisamos temer o Senhor! Ele dá compreensão aos que cumprem os seus mandamentos. Que o Senhor seja louvado eternamente. Aleluia! Quem teme o Senhor e cumpre com alegria os seus mandamentos tem uma vida cheia de bênçãos e alegrias! Seus descendentes serão poderosos em toda a terra; os filhos e netos serão abençoados por Deus. Haverá riqueza em sua casa, e ele será lembrado pelas coisas boas que fez. Quando ele estiver cercado pela escuridão, Deus iluminará o seu caminho. Pois ele é misericordioso, compassivo e sempre age com justiça. Feliz aquele que empresta generosamente e que conduz os seus negócios com honestidade. O justo nunca será derrotado pelas dificuldades da vida, e sempre se lembrarão dele. Ele não tem medo de más notícias porque o seu coração confia totalmente no Senhor, e ele tem uma base firme para sua vida. Por isso, não tem medo de seus inimigos; o seu coração está seguro. Ele sabe que Deus o ajudará a vencer os seus adversários. Ele reparte seus bens generosamente com os pobres e necessitados. E assim, será sempre lembrado pelas suas boas obras. Ele terá muita influência e será honrado. O mau o vê e fica furioso; range os dentes e desaparece, sem esperança de conseguir sucesso. Aleluia! Louvem, ó servos do Senhor; louvem o nome dele! Bendito seja o nome do Senhor, desde agora e para sempre! Seja louvado o nome do Senhor desde o nascer até o pôr do sol. O Senhor é grande, acima de todas as nações; a sua glória está acima dos céus! Quem é como o Senhor, o nosso Deus, cujo trono fica nas alturas? De lá ele se inclina para ver o que acontece nos céus e na terra. Ele levanta os fracos e necessitados do pó e tira os pobres da lama. Além disso, ele lhes dá um lugar de honra junto aos príncipes e autoridades do povo. Dá uma grande família à mulher que não pode ter filhos, tornando-a uma mãe muito feliz. Aleluia! Quando os israelitas saíram do Egito, os descendentes de Jacó eram escravos de um povo de língua estranha; Judá transformou-se no templo de Deus, Israel ficou sendo a sua propriedade. Quando o mar viu os israelitas chegando, fugiu. O rio Jordão parou de correr quando Israel entrou em sua nova terra. Os montes saltaram como carneiros, as colinas pularam como ovelhas. Por que fugir, ó mar? E você, rio Jordão, por que parou de correr? Por que vocês saltaram como carneiros, ó montes? E vocês, colinas, por que saltaram como ovelhas? Toda a terra trema na presença do Soberano, na presença do Deus de Jacó, pois ele fez a água brotar da rocha, e do rochedo fez nascer uma fonte! Glorifique o seu nome, Senhor; não o nosso nome. Torne o seu nome amado e respeitado e mostre ao mundo o seu amor e a sua fidelidade. Assim as nações pagãs não poderão dizer: “Onde está o Deus dos israelitas?” Pois o nosso Deus está nos céus e faz tudo o que quer. Mas os deuses de outros povos não passam de estátuas de ouro e prata, feitas por mãos humanas. Têm boca, mas não falam: olhos, mas não veem. Têm ouvidos, mas não ouvem: nariz, mas não sentem cheiro. Têm mãos, mas não seguram; pés, mas não andam; e são totalmente mudos! Aqueles que fazem essas imagens e as adoram tornam-se como elas. Israelitas, confiem no Senhor! Ele é o nosso apoio e o escudo que nos protege. Sacerdotes, confiem no Senhor! Ele é o seu apoio e o seu escudo de proteção. Todos vocês que amam e obedecem ao Senhor, confiem nele! O Senhor é o seu apoio e o seu escudo de proteção. O Senhor se lembra de nós constantemente; por isso, nos abençoa. Abençoará os israelitas e abençoará os sacerdotes, da família de Arão. Ele abençoará aqueles que o amam e lhe obedecem, grandes ou pequenos. Que o Senhor os abençoe com muitos filhos, a vocês e aos seus descendentes! Que o Senhor, o Criador do céu e da terra, os abençoe ricamente! Porque os mais altos céus pertencem ao Senhor, mas a terra confiou ao homem. É impossível louvar o Senhor depois de morrer e ir para o reino dos mortos. Mas nós que estamos vivos louvaremos o Senhor desde agora e para sempre! Aleluia! Eu amo o Senhor, porque ele sempre me ouve e atende às minhas orações. Ele me escuta com toda a atenção; por isso, sempre pedirei a sua ajuda para minha vida. A morte me olhou de frente e quase me levou no seu laço; fiquei completamente dominado pelo medo do Sheol, e o desespero e a tristeza me dominaram. Então, clamei pelo nome do Senhor: “Ó Senhor, salve a minha vida!” Vi assim como o Senhor é bondoso e como é grande a sua justiça; o nosso Deus é cheio de misericórdia por nós. O Senhor cuida das pessoas simples e sinceras; eu estive a ponto de morrer, e ele me salvou. Agora minha alma pode ficar bem tranquila porque o Senhor tem sido bom para mim. Pois o Senhor me livrou da morte e enxugou as minhas lágrimas de tristeza dos olhos; não deixou os meus pés tropeçarem. Por isso, eu viverei bem perto do Senhor até o fim da minha vida. Ainda que tenha dito: “Estou muito aflito”, eu acreditei. Em pânico eu disse: “Não se pode confiar em ninguém”. E agora, como posso pagar ao Senhor as coisas boas que ele fez por mim? Tomarei o cálice da salvação e invocarei o seu nome. Diante de todo o povo, cumprirei as promessas que fiz ao Senhor. Para os fiéis, até a morte é bênção e vitória da parte do Senhor. Senhor, sou seu servo. Sou seu servo, filho de sua serva. O Senhor quebrou as correntes que me prendiam. Eu o louvarei e oferecerei sacrifícios de gratidão; e invocarei o nome do Senhor. Diante de todo o povo, cumprirei as promessas que fiz ao Senhor; farei isso nos pátios do templo do Senhor, em Jerusalém. Aleluia! Louvem o Senhor, todas as raças! Louvem o Senhor, todos os povos da terra. Pois o seu amor por nós é muito grande e a sua fidelidade dura para sempre! Aleluia! Deem graças ao Senhor, porque ele é bom e o seu amor fiel e dedicado dura para sempre. Por isso, todo o povo de Israel diga: “O seu amor fiel e dedicado dura para sempre!” E os sacerdotes, a família de Arão, também digam: “O seu amor fiel e dedicado dura para sempre!” Todos os que amam e respeitam o Senhor digam: “O seu amor fiel e dedicado dura para sempre!” Cercado por terríveis problemas pedi ajuda do Senhor. Ele me ouviu e me livrou da angústia. O Senhor está comigo. Por isso não tenho medo do que os homens planejam fazer contra mim. O Senhor está comigo. Ele é o meu ajudador; por isso verei a derrota dos meus inimigos. É melhor confiar na proteção do Senhor do que confiar nos homens. É melhor confiar na proteção do Senhor do que confiar em príncipes. Os exércitos de todas as nações me cercaram, mas eu venci a batalha e destruí meus inimigos em nome do Senhor. Cercaram-me por todos os lados, mas eu venci a batalha em nome do Senhor. Meus inimigos me cercaram como um enxame de abelhas, mas logo foram queimados como ramos secos numa fogueira! Eu os venci em nome do Senhor. Eles me atacaram violentamente para me destruir, mas o Senhor não me deixou cair. O Senhor é a minha força e o meu cântico; ele é a minha salvação. As notícias alegres sobre a salvação são dadas em alta voz nas tendas de quem obedece ao Senhor, porque o braço direito do Senhor age com poder. A mão direita do Senhor é exaltada! O poder do Senhor nos deu a vitória! Não serei destruído! Pelo contrário, viverei para anunciar as maravilhas do Senhor. O Senhor me castigou duramente, mas não me deixou morrer. Abram as portas por onde os justos entram, e entrarei e darei graças ao Senhor. Esta é a porta do Senhor; só quem obedece a ele pode entrar. Dou graças ao Senhor, porque me respondeu e me salvou! A pedra que os construtores rejeitaram acabou se tornando a pedra mais importante de toda a construção. Isso vem do Senhor e é uma coisa maravilhosa. Este dia foi especialmente preparado pelo Senhor; vamos nos alegrar nele e festejar. Ó Senhor, por favor, salve-nos! Ó Senhor, faça-nos prosperar! Nós suplicamos! Bendito é aquele que vem em nome do Senhor! Nós o abençoamos da casa do Senhor. O Senhor é Deus! Ele fez resplandecer sobre nós a sua luz! Aproximem-se do cortejo festivo, carregando ramos até as pontas do altar! O Senhor é o meu Deus! Quero dar graças ao Senhor e falar da sua grandeza. Deem graças ao Senhor porque ele é bom e o seu amor fiel e dedicado dura para sempre! Felizes são aqueles que andam por caminhos retos, que estão de acordo com a lei do Senhor! Felizes são aqueles que se esforçam para obedecer de todo o coração à vontade revelada de Deus; que não praticam o mal e andam sempre pelo caminho do Senhor. O Senhor mesmo nos deu as suas instruções para serem obedecidas fielmente, e o meu maior desejo é ter um andar correto, obedecendo sempre às suas ordens escritas. Fazendo isso, eu sei que não ficarei decepcionado, porque dou o devido valor a todos os seus mandamentos. Eu darei graças ao Senhor de todo o coração quando estiver colocando em prática as suas leis, tão justas e perfeitas. Senhor, obedecerei às suas ordens escritas! Por favor, nunca me abandone! Como pode o jovem manter a sua vida limpa e pura? Vigiando os seus passos de acordo com a sua palavra. Eu o busco de todo o coração; não permita que eu me desvie dos seus mandamentos. Suas palavras estão sempre presentes em meu coração para não pecar contra o Senhor. Senhor, eu o louvo! Ensine-me as suas ordens escritas. Tenho repetido com os lábios todas as suas leis. Fico tão alegre andando de acordo com a sua vontade revelada como os que possuem grandes riquezas. Meditarei nas suas ordens e as aplicarei à minha vida; os seus caminhos são muito importantes para mim. Minha maior alegria é cumprir as suas ordens escritas. Não me esqueço da sua palavra! Mostre o seu grande amor por mim, seu servo! Assim viverei eternamente e serei capaz de obedecer à sua palavra aqui na terra. Abra os meus olhos para que eu possa ver as coisas maravilhosas que há na sua lei. Estou apenas de passagem aqui na terra, sou um viajante e preciso dos seus mandamentos para me orientar; não os esconda de mim! Tenho um desejo forte e constante de conhecer a sua lei. O Senhor repreende os orgulhosos, os rebeldes malditos, que se desviam dos seus mandamentos. Não permita que zombem de mim por obedecer à sua vontade revelada. Mesmo que os poderosos me acusem e me persigam, continuarei a servir e obedecer às suas ordens escritas. É verdade, a sua vontade revelada é o meu prazer; ela me orienta e me corrige quando estou errado. A minha vida está por um fio, estou prostrado no pó; cumpra as promessas da sua palavra e salve-me! Relatei os meus caminhos ao Senhor e ele me ajudou a vencê-los; agora, ensine-me a cumprir as suas ordens escritas. Ajude-me a entender e seguir as suas instruções para minha vida; assim poderei descobrir as suas grandes obras e meditar nelas. A minha alma se consome de tristeza; encha-me de alegria e força conforme prometeu na sua palavra. Não me deixe andar pelo caminho da mentira; pela sua graça, ensine-me a sua lei. Ajude-me porque eu escolhi andar pelo caminho da verdade e seguir de perto as suas ordenanças. Apego-me à sua vontade revelada; por isso, Senhor, não permita que eu seja envergonhado. Farei dos seus mandamentos o meu caminho porque assim o Senhor me dará maior entendimento. Ensine-me, Senhor, a cumprir as suas ordens escritas! Então eu obedecerei a elas até o fim da vida. Dê-me capacidade de aplicar a sua lei; assim, obedecerei a ela de todo o coração. Guie-me pelo caminho dos seus mandamentos, pois eu fico feliz andando por ele. Faça o meu coração amar mais a sua vontade revelada, em vez de querer as riquezas desta vida! Não deixe que os meus olhos sejam atraídos pelas ilusões do pecado. Dê novas forças à minha alma para prosseguir no seu caminho por meio da sua palavra. Cumpra na minha vida a promessa que fez ao seu servo para que eu possa temer o Senhor. Afaste de mim meus caminhos vergonhosos; suas leis são tudo o que desejo na vida. Chego a suspirar de tanta vontade de cumprir as suas instruções; preserve a minha vida pela sua justiça. Ó Senhor, derrame sobre mim o seu imenso amor e a sua salvação, conforme a sua promessa. Assim, poderei dar uma resposta adequada às pessoas que me afrontam porque confio na sua palavra. Não me deixe esquecer as suas palavras verdadeiras, pois as suas leis são a minha única esperança. Por isso, obedecerei à sua lei durante toda a minha vida. Minha vida será alegre e tranquila porque eu me esforço em cumprir as suas instruções. Falarei aos reis como a vontade relevada de Deus é importante para mim e não ficarei envergonhado. Amo os seus mandamentos! Eles são a minha alegria! Amo os seus mandamentos e levantarei as minhas mãos para eles! Meditarei nas suas ordens escritas e aplicarei cada uma delas à minha vida. Lembre da promessa que o Senhor fez na sua palavra ao seu servo. Ela tem sido o meu consolo e a minha esperança. Quando estou cercado de problemas e dificuldades uma coisa me anima e consola: a sua promessa me enche de força e poder para enfrentar a situação. Pessoas orgulhosas zombam de mim a toda hora, mas eu nunca abandonarei a sua lei. Eu me lembro, Senhor, dos seus julgamentos no passado e encontro consolo no meu coração. Fico tomado de grande ira com os pecadores rebeldes que, por vontade própria, deixam de obedecer à sua lei. Transformei as suas ordens escritas em alegres canções que me acompanham durante toda a vida. Durante a noite, Senhor, eu penso no seu nome, na sua santidade e no seu amor; penso também em obedecer à sua lei. Essa tem sido a minha prática: cumprir as suas instruções. O Senhor é a minha maior riqueza! Por isso prometi obedecer às suas palavras. Ó Deus, de todo o coração eu suplico, por favor ajude-me com o seu amor, embora eu não mereça. Mostre o seu cuidado e proteção por mim, conforme diz a sua promessa. Quando paro para pensar sobre a minha vida, trato sempre de abandonar os meus caminhos errados para andar segundo a sua vontade revelada. Quando se trata de cumprir os seus mandamentos, não tenho tempo a perder. Os pecadores procuram me apanhar nas armadilhas do pecado, mas eu não abandono as suas leis. À meia-noite me levanto para agradecer ao Senhor pelas suas justas leis. Todos os que amam e obedecem ao Senhor, todos os que cumprem as suas instruções, são meus amigos chegados. Ó Senhor, a terra está cheia de provas da sua bondade! Ensine-me as suas ordens escritas. Senhor, trate com bondade o seu servo, conforme a sua palavra. Ensine-me a tomar decisões certas e a aplicar bem a sua sabedoria, pois confio plenamente nos seus mandamentos. Antes de ser castigado, eu andava pelos meus próprios caminhos errados, mas agora obedeço à sua palavra. Eu sei que tudo o que faz é bom, porque o Senhor é bom. Por isso eu peço: ensine-me a conhecer às suas ordens escritas e a obedecer-lhes. Pecadores orgulhosos têm inventado mentiras sobre mim, mas mesmo assim eu continuo a obedecer às suas instruções de todo o coração. O coração dessa gente é incapaz de entender e sentir as maravilhas da sua lei. Para mim, ela é a maior alegria! O castigo que o Senhor me deu foi bom para mim; só assim aprendi a pôr em prática as suas ordens escritas. A sua lei vale mais para mim do que uma fortuna em ouro e prata. As suas mãos formaram o meu corpo, cada parte do meu ser. Agora, ensine-me a aplicar os seus mandamentos à minha vida. As pessoas que amam e obedecem ao Senhor têm prazer na minha companhia porque eu também coloquei a minha esperança na sua palavra. Eu sei, Senhor, que as suas leis sobre a vida humana são justas, e que o Senhor tinha o objetivo de me ajudar ao me castigar. Venha consolar-me com seu amor, conforme me prometeu na sua promessa. Cubra-me com o seu amor eterno, pois só assim poderei continuar vivendo. E nesta vida meu maior prazer é obedecer à sua lei. Castigue com a vergonha pública os orgulhosos que me maltrataram sem motivo. Quanto a mim, continuarei a meditar nas suas instruções. Venham para o meu lado aqueles que o amam, lhe obedecem e praticam a vontade revelada de Deus. Por isso, ajude-me a obedecer sem a menor falha a cada uma das suas ordens escritas. Assim, nunca terei de me envergonhar de mim mesmo. Minha alma está triste e sem forças de tanto esperar a sua salvação. No entanto, continuo a confiar na sua palavra. Os meus olhos já estão cansados de procurar a realização das suas ordens escritas. Dia e noite pergunto: “Quando virá me ajudar e me consolar?” Já estou enrugado como um pedaço de couro deixado junto ao fogo; apesar disso, não me esqueço de cumprir as suas ordens escritas. Quanto tempo ainda viverei? Quando o Senhor irá castigar os meus inimigos e fazer justiça? Os orgulhosos, que se recusam a viver de acordo com a sua lei, prepararam armadilhas para me destruir. Eles me perseguem injustamente porque eu obedeço aos seus mandamentos, que são verdadeiros. Por favor, ajude-me! Quase acabaram com a minha vida, mas não deixei de seguir as suas instruções. Renove a minha vida, pelo seu amor fiel. Assim poderei cumprir a sua vontade revelada. A sua palavra, ó Senhor, permanece para sempre firmada no céu. A sua fidelidade passa de uma geração para outra, eternamente. O Senhor formou a terra e ela existe até hoje! Tudo permanece até hoje, conforme as suas ordens. Tudo funciona de acordo com a sua vontade! Se eu não tivesse feito da obediência à sua lei a minha maior alegria, já teria morrido de tanto sofrer. Nunca esquecerei suas instruções, pois através delas o Senhor me renova as forças e tem preservado a minha vida. Senhor, eu sou seu! Salve-me, porque me esforço em seguir de perto as suas instruções. Os pecadores rebeldes procuram me destruir, mas continuo a concentrar meus pensamentos na sua vontade revelada. Percebi que aqui na terra não existe coisa alguma absolutamente perfeita. Somente os seus mandamentos são totalmente justos e perfeitos. Como eu amo a sua lei! Durante todo o dia medito nela. Os seus mandamentos me tornam mais sábio que os meus inimigos, pois me orientam a cada passo. Tenho mais entendimento do que os meus professores, porque medito na vontade revelada de Deus. Sei aplicar meus conhecimentos melhor do que os anciãos mais experientes, porque sempre obedeço às suas instruções. Sempre me afasto dos caminhos do pecado porque quero obedecer à sua palavra. Nunca deixo de lado as suas leis, porque o Senhor é o que me ensina. As suas palavras são doces, mais doces do que o mel para a minha boca! Somente as suas instruções me dão capacidade de enfrentar as situações da vida com a sua sabedoria. Por isso odeio todo o caminho da mentira. A sua palavra é uma lâmpada que ilumina o caminho por onde eu ando. Ela me ajuda a não tropeçar! Prometi ao Senhor, e volto a prometer: “Cumprirei as suas ordenanças justas!” Senhor, passei por muito sofrimento; renove a minha vida através da sua palavra. Aceite, ó Senhor, a minha oferta de louvor dos meus lábios. Ensine-me a praticar as suas ordenanças para a vida. Minha vida está sempre por um fio, mas não me esqueço da sua lei. Homens que se afastaram completamente de Deus fazem planos para me destruir, mas nem isso pode me afastar das suas instruções. A sua vontade revelada é para mim uma herança eterna, a maior alegria para o meu coração. Estou decidido a obedecer às suas ordens escritas, até a morte. Odeio pessoas sem firmeza que não querem lhe obedecer de todo o coração, mas amo a sua lei. O Senhor é o lugar seguro onde me escondo; é o escudo que me protege. Confio completamente na sua palavra. Fiquem longe de mim, homens voltados para o mal! A minha vontade é obedecer aos mandamentos do meu Deus. Ó Senhor, sustente-me segundo a sua promessa, a força da minha vida; não permita que outros pensem que a minha esperança foi em vão. Sustente-me, e eu serei salvo! Então, por toda a minha vida obedecerei de coração às suas ordens escritas. O Senhor rejeita as pessoas que não dão valor às suas ordens escritas. Os planos traiçoeiros que elas fazem não passam de ilusões. O Senhor trata os maus como lixo. É por isso que eu amo a sua vontade revelada. Chego a ter medo do seu poder. Tenho medo de ser castigado de acordo com as suas leis. Tenho seguido as suas decisões e praticado a sua justiça. Não me deixe cair nas mãos dos meus inimigos. Prometa ajudar este seu servo que tem praticado o bem; não permita que pessoas orgulhosas me maltratem. Os meus olhos já estão cansados de tanto procurar a sua salvação e esperar a justa promessa do Senhor. Meu Deus, quando lidar comigo, faça-o de acordo com o seu imenso amor e ensine-me a cumprir as suas ordens escritas. Sou seu servo; dê-me sabedoria para que eu saiba aplicar a sua verdade revelada à minha vida. Senhor, já está na hora de entrar com ação! Os homens estão desobedecendo abertamente à sua lei. Eu dou mais valor aos seus mandamentos que ao ouro, mais do que ao ouro puro. Por isso considero que suas ordens escritas são perfeitas e válidas em qualquer situação. Odeio o caminho da mentira. A sua vontade revelada ao homem é maravilhosa! Por isso a guardo de todo o coração. Quando a sua palavra é revelada ao homem, ilumina o seu caminho. Ela dá sabedoria às pessoas de coração aberto. Eu abro a minha boca e chego a suspirar, tamanha é a minha vontade de entender e praticar os seus mandamentos. Olhe novamente para mim com amor e mostre-me a sua bondade como faz a todos os que amam o seu nome. Oriente cada um de meus passos segundo a sua palavra para que eu não seja dominado por algum pecado. Salve-me das maldades dos homens, e seguirei todas as suas instruções para a minha vida. Ilumine-me com a luz do seu rosto e ensine-me a cumprir as suas ordens escritas. Rios de lágrimas correm dos meus olhos porque os homens não obedecem à sua lei. Justo é o Senhor, e as suas leis sobre a vida humana são absolutamente certas. A vontade revelada de Deus é justa e verdadeira. Meu cuidado e amor pela sua palavra me cortam o coração quando vejo que meus inimigos não têm lugar para ela em suas vidas. As suas promessas foram plenamente comprovadas, e é por isso que o seu servo as ama. Sou pequeno e desprezado, mas não me esqueço das suas instruções. A sua justiça é eterna; a sua lei é a pura verdade. Fiquei cercado por sofrimento e angústia, mas os seus mandamentos são a minha grande alegria. A sua vontade revelada é eternamente justa; ajude-me a tomar posse da sabedoria que há nela e viverei de verdade. Senhor, eu peço a sua ajuda de todo o coração; ouça-me, pois obedeço às suas ordens escritas. Senhor, eu peço, salve-me! Assim continuarei a obedecer à sua vontade revelada. Bem antes de o sol nascer eu clamo por ajuda ao Senhor e espero com muita fé na sua palavra. Fico acordado durante a noite, pensando nas suas promessas. Ó Senhor, ouça a minha voz por causa do seu doce amor; preserve a minha vida segundo as suas leis. Os que fazem da maldade o seu modo de vida estão me perseguindo. Eles não dão a menor importância à sua lei. Mas o Senhor está bem perto de mim; todos os seus mandamentos são verdadeiros. Há muito tempo eu sei que a sua vontade revelada permanecerá para sempre. Veja como estou sofrendo e livre-me, pois eu sempre obedeço à sua lei. Seja o meu protetor e salve-me; dê-me nova vida através da sua promessa. Para os pecadores rebeldes não há esperança de salvação, porque eles não dão importância às suas ordens escritas. Senhor, grande é a sua misericórdia; dê-me nova vida através das suas ordens. Tenho muitos inimigos; muita gente quer me prejudicar, mas não deixarei de fazer a sua vontade revelada. Fiquei muito triste, pois vejo que as pessoas infiéis não confiam no Senhor nem obedecem à sua palavra. Senhor, veja como amo e respeito as suas instruções; dê-me nova vida com o seu constante amor. As suas palavras são verdadeiras, e as suas opiniões exatas sobre a vida valerão para sempre. Os poderosos me perseguem sem motivo; no entanto, eu respeito a sua palavra muito mais que a eles. As suas promessas são a minha grande alegria; são melhores do que encontrar um tesouro! Odeio e detesto a mentira, mas amo a sua lei. Sete vezes por dia eu louvo o seu nome por causa das suas justas ordenanças. Quem ama a sua lei desfruta de paz. Pode viver tranquilo sem medo de cair. Senhor, aguardo a sua salvação e por isso sigo obedecendo aos seus mandamentos. O meu coração tem obedecido à sua vontade revelada, pois a amo de todo o coração. Tenho obedecido com cuidado às suas instruções e à sua vontade revelada, porque sei que o Senhor conhece todos os meus passos. Ouça o meu clamor, ó Senhor! Dê-me sabedoria através da sua palavra. Ouça os meus pedidos e salve-me mediante a sua promessa. Eu o louvarei porque me ensina as suas ordens escritas. Cantarei as maravilhas da sua palavra, pois todos os seus mandamentos são justos. Ó Senhor, que a sua mão esteja sempre pronta para me ajudar, porque escolhi as suas instruções como padrão para a minha vida. Senhor, eu desejo muito a sua salvação, e o meu maior prazer é obedecer à sua lei. Enquanto eu viver, louvarei o seu nome. Ajude-me a viver de acordo com as suas ordenanças. Andei sem rumo como uma ovelha; venha em busca do seu servo, pois não esqueci dos seus mandamentos. Quando estou cercado de problemas, peço ajuda ao Senhor e ele me atende. Ó Senhor, livre-me dos lábios mentirosos! Livre-me da língua que procura me enganar. Língua traiçoeira, o que ele lhe dará? Como lhe retribuirá? Ele a castigará com flechas afiadas e queimadas com brasas vivas. Pobre de mim! Vivo entre estranhos, na terra de Meseque, e entre os moradores de Quedar. Há muito tempo tenho vivido entre os que odeiam a paz. Sou a favor da paz. No entanto, basta falar de paz, e eles insistem em falar de guerra. Olho para os montes e pergunto: “De onde virá o meu socorro?” O meu socorro vem do Senhor que criou os céus e a terra. Ele não deixará que você tropece. Ele vigia de perto cada um dos seus passos, sem cochilar. É verdade! O protetor de Israel não cochila nem dorme. Ele está sempre alerta! O Senhor é o seu protetor. Ele estará sempre ao seu lado como sombra para o proteger. O sol não lhe fará mal de dia, nem a lua, de noite. O Senhor o protegerá de todo mal; ele protegerá a sua vida! O Senhor tomará conta da sua entrada e da sua saída, agora e sempre. Fiquei muito alegre quando me convidaram, dizendo: “Vamos à casa do Senhor!” Paramos junto aos portões de entrada, dentro de Jerusalém. Jerusalém é uma cidade bem construída e bem protegida pelos seus muros. Gente de todas as tribos de Israel, o povo de Deus, vai a Jerusalém para dar graças e adorar o Senhor. Lá em Jerusalém estão os tribunais de justiça, os tribunais da casa real de Davi. Orem pela paz de Jerusalém: “Todos os que amam esta cidade hão de viver em segurança e prosperar. Ó Jerusalém, que haja paz dentro dos seus muros e muita riqueza dentro dos seus palácios!” Em favor dos meus irmãos e amigos, eu peço ao Senhor: “Que a paz esteja com você!” Além disso, por amor à casa do Senhor, nosso Deus, buscarei o seu bem, ó Jerusalém. Levanto os meus olhos para o Senhor, que habita nos céus. Como o servo que olha para o seu senhor e a serva que olha para as mãos da sua senhora, assim os nossos olhos estão atentos ao Senhor, o nosso Deus, até que tenha misericórdia de nós. Ó Senhor, mostre-nos a sua misericórdia; mostre-nos a sua misericórdia, pois todos os povos nos desprezam. Nosso coração já está cansado das zombarias dos povos ricos e do desprezo das nações fortes e orgulhosas. Se o Senhor não estivesse do nosso lado; responda Israel: Se o Senhor não estivesse do nosso lado, quando os inimigos nos atacaram, eles já nos teriam engolido vivos, tão grande era a sua fúria contra nós. Teríamos sido arrastados pelas águas, e a enchente nos teria afogado; sim, teríamos sido afogados na correnteza violenta do ódio dos nossos inimigos. Bendito seja o Senhor, que não deixou que fôssemos destruídos pelos nossos inimigos. Escapamos vivos como uma ave que foge da armadilha do caçador. A armadilha se quebrou e ficamos livres! O nosso socorro está no nome do Senhor, o Criador dos céus e da terra! Os que confiam no Senhor são como o monte Sião, que não pode ser abalado, mas permanece para sempre! Assim como os montes cercam a cidade de Jerusalém, o Senhor cerca e protege o seu povo, hoje e eternamente. Pois os maus não dominarão sobre os justos para sempre, obrigando os justos que amam a Deus a fazerem coisas erradas. Ó Senhor, abençoe os que fazem o bem, os que têm um coração reto. Mas os que andam pelos maus caminhos, o Senhor castigará juntamente com todos os que praticam o mal. E assim Israel viverá em paz! Quando o Senhor libertou seus filhos do cativeiro e os trouxe de volta a Sião, nossa vida parecia como um sonho! Ríamos e cantávamos sem parar, de tanta alegria! E muitas nações, por toda a terra, reconheciam: “Grandes coisas o Senhor fez por eles!” É verdade! O Senhor fez grandes coisas por nós, e por isso estamos alegres! Ó Senhor, encha novamente a nossa vida de bênçãos, como as chuvas do inverno enchem os riachos secos do deserto. Quem planta as sementes chorando colherá as espigas com cantos de alegria. Quem sai com a cesta de sementes chorando enquanto lança a semente voltará carregado de feixes de espigas, cantando de alegria! Se o Senhor não construir a casa, em vão trabalharão os construtores. Se o Senhor não vigiar a cidade, o trabalho dos guardas é completamente inútil. Será inútil trabalhar de sol a sol, acordar de madrugada e dormir a altas horas da noite, comer o pão amassado com o suor do rosto, pois o Senhor dá o sustento aos seus amados, mesmo enquanto estão dormindo. Os filhos são um presente do Senhor; uma recompensa que ele dá. Os filhos que o homem tem durante a sua mocidade são como flechas de um soldado valente. Feliz o homem que tem muitos filhos, uma aljava cheia de flechas. Ele terá ajuda quando tiver de enfrentar seus inimigos no tribunal. Há muitas bênçãos para o homem que ama e obedece ao Senhor, andando sempre nos seus caminhos! Seu trabalho renderá muito, e em todas as áreas da vida ele será feliz. Sua esposa será uma fonte de alegria na sua casa! Seus filhos serão fortes e cheios de saúde como brotos de uma oliveira, reunidos à volta da mesa. Esta é a bênção que o Senhor dá ao homem que ama e obedece ao Senhor! Que o Senhor o abençoe lá de Sião todos os dias da sua vida, para que você veja a prosperidade de Jerusalém, e tenha uma vida longa, para se alegrar com os seus netos. Que haja paz em Israel! Desde a mocidade tenho sofrido horríveis perseguições; que o povo de Israel responda: Desde a mocidade tenho sofrido horríveis perseguições, mas ninguém foi capaz de me destruir! As minhas costas têm marcas profundas, como os sulcos feitos pelo arado. O Senhor é justo e me livrou das cordas dos maus. Deus há de envergonhar e derrotar todos os povos que odeiam Sião. Eles serão como o capim que cresce no terraço, que seca e murcha antes de ser arrancada, capim que ninguém colhe, nem o prende em feixes. Quem passar diante dessas pessoas não diga: “A bênção do Senhor esteja sobre vocês! Nós os abençoamos em nome do Senhor!” Do fundo da minha tristeza eu clamo ao Senhor. Por favor, Senhor, atenda à minha oração! Preste atenção nos meus insistentes pedidos de misericórdia! Quem seria capaz de escapar da sua ira, se o Soberano Senhor guardasse contra nós cada um dos nossos pecados? Mas o Senhor nos oferece o perdão, para o amarmos e lhe obedecermos sinceramente. É por isso que espero o Senhor agir; na sua palavra coloco as minhas esperanças. Eu espero pelo Senhor, mais do que as sentinelas pela chegada da manhã; sim, mais do que as sentinelas pela chegada da manhã. Povo de Israel, faça do Senhor a sua esperança, pois ele é rico em amor fiel! A sua salvação jamais terá fim! Ele mesmo há de livrar o povo de Israel de todas as suas culpas. Ó Senhor, o meu coração não é orgulhoso, e meus olhos não são arrogantes, nem procuro me fazer de entendido em coisas maravilhosas demais para mim. Pelo contrário! Meu coração está calmo e tranquilo; sou como uma criança recém-nascida depois de ser amamentada pela mãe. Acalmei o meu coração e fiquei em paz. Povo de Israel, coloque a sua esperança no Senhor, desde agora e para sempre. Ó Senhor, lembre-se de mim de todas as humilhações por que passei! Lembre-se de como prometi solenemente ao Senhor, o Poderoso de Israel: “Não voltarei para minha casa, não me deitarei na cama, não dormirei, nem fecharei os olhos para cochilar enquanto não encontrar um lugar apropriado para a arca do Senhor, e construir uma habitação para o Poderoso de Israel”. Alguém contou que a arca estava na região de Efrata, mas nós a encontramos na vila de Jaar. Porém agora podemos ir à habitação do Senhor! Vamos adorá-lo no lugar onde ele mostra sua glória. Ó Senhor, levante-se e entre em sua casa, junto com a arca da aliança, o símbolo do seu poder. Os sacerdotes virão vestidos com a sua justiça. O povo que ama o Senhor e confia nele virá cantando hinos de alegria. Ó Senhor, não me rejeite, pois sou Davi, o seu servo escolhido para ser rei do seu povo. O Senhor me fez um juramento fiel, que não vai revogar: “Seu filho vai ocupar o trono de Israel depois de você!” E o Senhor não deixará de cumprir a sua promessa! O Senhor também prometeu que meus descendentes continuariam a ser reis em Israel para sempre se fossem fiéis à aliança e obedecessem à sua vontade ensinada na lei. Além disso, o Senhor escolheu o monte Sião para ser a sua casa na terra, e disse: “Este é o lugar de descanso que escolhi para morar para sempre! Neste lugar ficará a minha casa. Encherei este lugar de muitas bênçãos e darei comida de sobra aos pobres da cidade. Vestirei os sacerdotes com a minha salvação, e o povo que me ama e obedece celebrará com profunda alegria. “Lá o poder da família real de Davi se manifestará, e farei brilhar a luz do meu ungido que nascerá dessa família. Envergonharei os seus inimigos, mas a coroa sobre a sua cabeça brilhará”. Como é bom e agradável quando os irmãos vivem em união! Essa união é como o óleo perfumado derramado sobre a cabeça de Arão, escorrendo pela barba, até a bainha da roupa do grande sacerdote. Essa união perfeita é como o orvalho que cai sobre o monte Hermom e desce sobre os montes de Sião. O Senhor derrama ali suas bênçãos e dá vida eterna. Louvem o Senhor todos vocês, os seus servos, que trabalham como guardas do templo durante a noite. Levantem as mãos na direção do santuário e louvem o Senhor. Que o Senhor envie sobre você, desde o seu templo em Sião, a sua bênção, a bênção do Criador do céu e da terra! Aleluia! Louvem o nome do Senhor, todos os seus servos! Sim, vocês que servem na casa do Senhor e o povo que se reúne no pátio da casa do nosso Deus, louvem o Senhor, porque o Senhor é bom! Que coisa boa é cantar louvores ao seu nome, porque seu nome é amável! Devemos fazer isso porque o Senhor escolheu Israel para ser o seu povo especial, o seu tesouro particular. É verdade! O Senhor é grande, e eu sei que o nosso Soberano é maior e mais poderoso que todos os outros deuses. O Senhor cumpriu toda a sua vontade nos céus e na terra, nos mares, e em todas as suas profundezas. Ele traz as nuvens dos confins da terra; cria os relâmpagos que acompanham a chuva e faz o vento sair de seus depósitos. Ele matou o filho mais velho de todas as famílias do Egito; nem os primogênitos dos rebanhos egípcios escaparam. Ele realizou grandes sinais e maravilhas na terra do Egito contra o faraó e todos os seus conselheiros. Ele derrotou muitas nações e destruiu reis poderosos como Seom, rei dos amorreus, Ogue, rei de Basã, e todos os reis das nações de Canaã. Depois o Senhor entregou essas terras como herança, como herança ao seu povo, Israel. Senhor, o seu nome permanece para sempre! A sua memória será sempre lembrada e respeitada pelo nosso povo em todas as gerações, porque o Senhor defende a causa do seu povo e mostra seu cuidado e amor pelos seus servos. Os falsos deuses de outros povos não passam de imagens feitas de ouro e prata, por mãos humanas. Têm boca, mas não falam; têm olhos, mas não veem. Têm ouvidos, mas não ouvem, porque esses ídolos não têm vida! Quem faz essas imagens e adora esses ídolos acaba se tornando como eles. Povo de Israel, louve o Senhor! Sacerdotes, da família de Arão, louvem o Senhor! Levitas, servos e guardas no templo, louvem o Senhor! Todos vocês que amam e obedecem ao Senhor, louvem o Senhor! Bendito seja o Senhor em Sião, a cidade onde o Senhor habita! Aleluia! Deem graças ao Senhor porque ele é bom, porque o seu amor fiel dura para sempre. Deem graças ao Deus dos deuses, porque o seu amor fiel dura para sempre. Deem graças ao Senhor dos senhores, porque o seu amor fiel dura para sempre. Louvem o único que faz grandes maravilhas, porque o seu amor fiel dura para sempre. Louvem aquele que criou os céus com grande sabedoria, porque o seu amor fiel dura para sempre. Louvem aquele que colocou a terra sobre as águas, porque o seu amor fiel dura para sempre. Louvem aquele que fez os grandes luminares, porque o seu amor fiel dura para sempre. Louvem aquele que criou o sol para iluminar o dia, porque o seu amor fiel dura para sempre. Louvem aquele que criou a lua e as estrelas para iluminar a noite, porque o seu amor fiel dura para sempre. Louvem aquele que matou todos os filhos mais velhos do Egito, porque o seu amor fiel por Israel dura para sempre. Louvem aquele que livrou os israelitas da escravidão no Egito, porque o seu amor fiel dura para sempre. Louvem aquele que com a mão poderosa e o braço forte livrou os israelitas, porque o seu amor fiel dura para sempre. Louvem aquele que abriu o mar Vermelho ao meio, porque o seu amor fiel dura para sempre. Louvem aquele que abriu um caminho para o povo de Israel passar, porque o seu amor fiel dura para sempre, Louvem aquele que afogou nas águas do mar Vermelho o rei do Egito e seus exércitos, porque o seu amor fiel por Israel dura para sempre. Louvem aquele que guiou o seu povo através do deserto, porque o seu amor fiel dura para sempre. Louvem aquele que destruiu grandes reis, porque o seu amor fiel por Israel dura para sempre. Louvem aquele que matou reis poderosos, porque o seu amor fiel por Israel dura para sempre. Louvem aquele que matou Seom, rei dos amorreus, porque o seu amor fiel por Israel dura para sempre. Louvem aquele que matou Ogue, rei de Basã, porque o seu amor fiel por Israel dura para sempre. Louvem aquele que entregou as terras desses povos como herança aos israelitas, porque o seu amor fiel dura para sempre. Sim, como herança ao seu servo, o povo de Israel, porque o seu amor fiel dura para sempre. Louvem aquele que cuidou de nós quando fomos humilhados, porque o seu amor fiel dura para sempre. Louvem aquele que nos arrancou do meio de nossos inimigos, porque o seu amor fiel dura para sempre. Louvem aquele que dá o alimento a todos os seres vivos, porque o seu amor fiel dura para sempre. Sim, deem graças ao Deus dos céus, porque o seu amor fiel dura para sempre. Junto aos rios da Babilônia nós nos sentamos e choramos, lembrando de Sião. Pendurávamos os nossos instrumentos musicais, as harpas e as liras, nos galhos dos salgueiros. E para aumentar nossa dor, os babilônios pediam para cantarmos canções; os nossos opressores exigiam canções alegres, dizendo: “Cantem para nós canções de Sião!” Mas como? Como cantar as canções dedicadas ao Senhor numa terra estranha, onde os homens nos maltratavam e castigavam? Que a minha mão direita se atrofie e seja incapaz de tocar a harpa, se eu me esquecer de você, ó Jerusalém! Se não preferir Jerusalém a tudo que mais me alegra, quero que minha língua fique presa e nunca mais eu possa cantar. Ó Senhor, não deixe passar sem castigo a maldade dos edomitas que atacaram Jerusalém depois que a cidade foi destruída pelos exércitos de Babilônia, dizendo: “Vamos arrasar tudo o que sobrou, até os alicerces!” E você, filha da Babilônia, será completamente destruída! Bendito aquele que vingar as horríveis maldades que você cometeu contra Israel. Bendito seja aquele que atacar as pequenas cidades em volta da Babilônia e destruir todas elas! Eu o louvarei, Senhor, de todo o meu coração! Louvarei o seu nome com cânticos diante dos reis e autoridades da terra. Eu me curvarei, com o rosto voltado para o seu santo templo, e o louvarei por causa do seu imenso amor e da sua fidelidade. Sim, as suas promessas são garantidas pela honra do seu nome. Quando orei pedindo a sua ajuda, o Senhor me respondeu e deu novas forças ao meu coração. Ó Senhor, todos os reis da terra darão graças quando entenderem as suas promessas e louvarão, cantando os seus feitos, porque a glória do Senhor é grande! Embora esteja nas alturas, assim mesmo o Senhor olha para os humildes. Mas os orgulhosos ele conhece de longe. Se estou cercado de problemas, o Senhor preserva a minha vida; estende a sua mão contra a ira dos meus inimigos, e com a sua mão direita me salva. O Senhor cumprirá perfeitamente todos os seus planos a meu respeito! Ó Senhor, o seu amor cuidadoso e fiel dura para sempre; por isso eu peço, não abandone as obras das suas mãos! O Senhor me examina e conhece todas as coisas a meu respeito. Sabe quando me sento ou quando me levanto. Conhece de longe cada um dos meus pensamentos. Examina cuidadosamente todos os meus passos e observa com atenção o meu sono; sim, conhece muito bem tudo o que eu faço. O Senhor sabe tudo o que eu vou dizer antes de a palavra ser formada em minha boca. O Senhor me cerca, pela frente e por trás, e põe a sua mão sobre mim. Saber isso é algo tão maravilhoso que eu não consigo compreender! É impossível fugir do seu Espírito! Em lugar algum conseguirei me esconder da sua presença! Se eu subir bem alto em direção aos céus, lá o Senhor está; se eu quiser descansar no reino dos mortos, lá também o encontrarei. Se eu voar para as partes mais distantes do oceano com os primeiros raios da manhã, mesmo ali a sua mão direita dirigirá os meus passos e o seu poder me dará forças para ficar de pé. Se eu tentar me esconder na escuridão, o Senhor transforma a noite em dia claro. Para o Senhor, a escuridão nada esconde, a noite mais escura brilhará como o dia claro, pois para o Senhor as trevas são luz. O Senhor criou todas as partes internas do meu corpo; uniu todas essas partes para formar o meu corpo, enquanto eu ainda estava no ventre de minha mãe. Agradeço ao Senhor por me ter criado de maneira tão perfeita e maravilhosa! Suas obras são maravilhosas; e eu sei disso muito bem. O Senhor conhecia perfeitamente cada osso do meu corpo que estava sendo formado enquanto eu ainda estava no ventre da minha mãe, como a semente que cresce debaixo da terra. Antes mesmo de o meu corpo tomar forma humana, o Senhor já havia planejado todos os dias da minha vida; cada um deles estava registrado no seu livro, antes de qualquer um deles existir! Senhor, como são preciosos para mim os seus pensamentos sobre a vida, ó Deus! São tantos que não consigo contar! Se eu os contasse, seriam mais do que os grãos de areia das praias. A cada novo dia, quando acordo, sinto que fico mais perto do Senhor. Eu desejo que o Senhor destrua os rebeldes! Afaste de mim os homens maus e violentos! Eles ofendem a Deus abertamente, cheios de ódio e maldade nos corações. Ó Senhor, eu odeio os que o odeiam! Seus inimigos são meus inimigos também. Realmente odeio essa gente que despreza o Senhor; para mim, são inimigos. Examine-me, ó Deus, e conheça o meu coração! Ponha os meus pensamentos e emoções ansiosos à prova, tome conhecimento de tudo! Veja se há em mim algum caminho mau e oriente-me para que eu ande pelo caminho da vida eterna. Ó Senhor, livre-me dos homens maus, do homem violento, pois vivem planejando maldades e cada dia se reúnem para provocar brigas e problemas. As palavras deles são mais perigosas que veneno das serpentes! Têm veneno de cobra em seus lábios! Proteja-me, Senhor, das mãos dos maus! Salve-me dos homens violentos, porque eles se esforçam para me tirar do seu caminho. Cheios de orgulho, preparam armadilhas para me apanhar, laços para prenderem meus pés, redes para lançarem sobre mim. Sim, eles tentam de todos os meios armar ciladas contra mim! Eu, no entanto, digo ao Senhor: “O Senhor é o meu Deus. Ouça, Senhor, a minha oração, pedindo misericórdia! Ó Soberano Senhor, meu Salvador poderoso; o Senhor guardou a minha vida nas batalhas. Não permita que os pecadores realizem seus planos malvados para me destruir, para que não se orgulhem! Ó Deus, faça voltar contra eles mesmos a maldade que espalham com as suas palavras. Caiam brasas sobre eles, e sejam atirados dentro do fogo ou em poços bem fundos de onde jamais possam sair. Os mentirosos jamais conseguirão uma posição firme nesta terra. O homem violento será castigado com a violência, golpe sobre golpe. Sei que o Senhor cuidará pessoalmente do aflito e do necessitado e fará justiça ao pobre. Por isso, os justos darão graças ao seu nome, e os homens íntegros viverão para sempre na sua presença. Senhor, estou pedindo a sua ajuda; venha socorrer-me depressa! Ouça a minha oração, escute o meu clamor! Que a minha oração seja como incenso diante do Senhor, e as mãos levantadas sejam como a oferta da tarde. Ó Senhor, ajude-me a tomar cuidado com o que falo; ajude-me a não falar o que não agrada ao Senhor. Não permita que o meu coração seja atraído para o mal, nem que eu tenha desejo de praticar atos perversos e andar com homens violentos e maus. Não me deixe tomar parte em seus banquetes. Se alguém que ama o Senhor me ferir e castigar, isso será um favor, um remédio para a minha alma; por isso, não fugirei do castigo. E também continuarei a orar para o Senhor castigar os pecadores rebeldes. Quando seus líderes forem condenados e seus ossos estiverem espalhados no chão, finalmente vão me ouvir e saber que estou dizendo a verdade. Como a lenha é rachada e cortada em pedaços, assim os seus ossos serão espalhados diante da sepultura. Os meus olhos estão em Deus, ó Soberano Senhor; eu me refugio no Senhor; não me abandone. Salve-me das armadilhas que prepararam contra mim. Faça com que eles caiam nas armadilhas que eles mesmos prepararam e ajude-me a escapar, sem sofrer qualquer dano. Em voz alta, clamo ao Senhor; eu suplico que me ajude. Abro o meu coração e conto a ele tudo que me deixa triste e angustiado. Meus inimigos puseram armadilhas no meu caminho, e isso me deixou desanimado e triste; no entanto, sei que o Senhor conhece todos os meus caminhos. Olhe à minha direita e veja, estão me atacando! Não tenho amigos, não tenho lugar onde me esconder; ninguém se interessa por mim. Por isso, Senhor, eu clamo e digo: “O Senhor é o meu lugar seguro! O Senhor é a minha única riqueza na terra dos viventes. Responda aos meus gritos de ajuda porque estou muito fraco. Salve-me dos inimigos que me perseguem, pois eles são mais fortes do que eu. Liberte a minha alma desta prisão; assim, darei graças ao seu nome; então os justos se alegrarão comigo pela sua bondade para comigo. Ó Senhor, ouça a minha oração! Escute os meus pedidos por misericórdia e responda-me, pois o Senhor é justo e fiel. Não me ponha à prova conforme o seu padrão, porque ninguém é justo aos seus olhos. Meus inimigos me perseguem e me esmagam no chão; prenderam-me numa prisão escura e estreita como uma sepultura. Por isso, meu coração já está sem forças e em completo pânico. Eu me lembro dos tempos passados. Fico pensando nas grandes coisas que o Senhor fez e medito nas obras das suas mãos. Por isso, oro ao Senhor com as mãos levantadas; minha alma sente sede do Senhor, como a terra seca deseja as chuvas. Ó Senhor, responda-me depressa porque meu espírito já desfalece! Não se esconda de mim, pois aí nada me restará a não ser a morte. Mostre-me o seu amor fiel já pela manhã, porque confio no Senhor. Mostre-me o caminho por onde devo andar porque a minha oração é sincera. Senhor, livre-me dos meus inimigos, pois o Senhor é o meu abrigo seguro. Ensine-me a fazer a sua vontade, pois o Senhor é o meu Deus. Que o seu bom Espírito me guie por caminhos retos e seguros! Senhor, preserve a minha vida, por causa do seu nome. Demonstre a sua justiça perfeita livrando minha alma de toda esta angústia. Por causa do seu amor fiel e cuidadoso por mim, destrua os meus inimigos e todos aqueles que me oprimem a alma, pois sou seu servo. Louvado seja o Senhor, a minha Rocha firme; ele me dá força e me prepara para a guerra. Ele é meu Deus misericordioso e minha fortaleza. Ele é meu lugar seguro, o meu libertador, o meu escudo, em quem me refugio. Ele me ajuda a governar o meu povo. Senhor, que é o homem para que o Senhor se importe com ele, ou o filho do homem para que se preocupe com ele? O homem não passa de uma brisa; a sua vida é apenas uma sombra que logo desaparece! Desça, Senhor, do seu trono nos céus! Toque os montes e eles soltarão fogo e fumaça. Lance os seus relâmpagos e ponha os meus inimigos em fuga; lance as suas flechas, os raios, e espalhe os que me atacam. Estenda a sua mão desde os céus e salve-me! Tire-me das águas profundas, do poder dos meus inimigos. Eles vivem dizendo mentiras e torcendo a verdade. Cantarei um novo cântico para louvar meu Senhor! Tocarei instrumentos de dez cordas para o Senhor. O Senhor dá vitória aos reis; é ele que protege o seu servo Davi da espada mortal. Livre-me e salve-me das mãos dos meus inimigos poderosos que vivem espalhando mentiras e torcendo a verdade. Na juventude, nossos filhos serão como plantas viçosas, e as nossas filhas, como colunas que enfeitam um palácio. Os nossos depósitos estarão cheios de alimentos de todo tipo; os nossos rebanhos sadios se multiplicarão aos milhares, às dezenas de milhares em nossos pastos. O nosso gado dará suas crias e bastante leite para alimentar o povo; não haverá praga, nem guerra, nem mortos a lamentar, nem crimes violentos nas cidades. Sim, feliz é o povo que é abençoado dessa maneira. Como é feliz o povo cujo Deus é o Senhor! Cantarei a sua grandeza, ó meu Deus e meu Rei! Louvarei o seu nome durante toda a minha vida. Todos os dias bendirei e louvarei o seu nome, até o fim da minha vida. Grande é o Senhor e por isso merece todo o nosso louvor. Ninguém é capaz de imaginar a grandeza de Deus! Os pais contarão a seus filhos as coisas maravilhosas, os atos poderosos que o Senhor faz. Pensarei constantemente sobre o seu glorioso poder, meditarei sobre a sua grandeza e as maravilhas que o Senhor faz. Seus tremendos sinais de poder estarão em todas as bocas, e eu anunciarei ao mundo a sua grandeza. Por muitos e muitos anos todos se lembrarão da sua grande bondade, e os homens cantarão, louvando a sua justiça. O Senhor é cheio de graça e misericórdia; sua paciência é grande e transborda em amor. O Senhor faz o bem a todos; sua misericórdia alcança todas as suas criaturas. Todos os seres vivos darão graças ao Senhor. Os homens que amam e obedecem ao Senhor, louvarão o seu nome. Todos anunciarão a glória do seu reino e reconhecerão o seu poder. Assim, toda a humanidade conhecerá os seus feitos maravilhosos, a majestade e a glória do seu reino. O seu reino durará para sempre, e o seu domínio permanece de geração em geração. O Senhor é fiel e cumpre todas as suas promessas; ele é bondoso em tudo o que faz. O Senhor apoia os que estão caindo e levanta os que estão prostrados. Os olhos de todos se voltam em sua direção, esperando o seu sustento, sempre na hora certa. Dia e noite, sem parar, abre a sua mão e derrama a sua bondade sobre todos os seres vivos. O Senhor é justo em todos os seus planos e mostra o seu amor fiel em tudo que faz. Ele se aproxima de todos os que pedem a sua ajuda, que clamam por ele com um coração sincero. Ele atende aos pedidos daqueles que amam e obedecem as suas leis; ouve as orações e salva quem pede ajuda. O Senhor protege a todos que o amam, mas destruirá os maus. Por tudo isso eu louvarei com meus lábios o Senhor; que todo ser vivo louve o seu santo nome por toda a eternidade! Aleluia! Louve, ó minha alma o Senhor! Sim, louvarei o Senhor por toda a minha vida. Cantarei louvores ao meu Deus, enquanto eu viver. Não confiem em homens ricos e poderosos, pois são mortais, incapazes de salvar. Quando o espírito sai de seus corpos eles voltam ao pó, e todos os seus planos vão por água abaixo. Feliz mesmo é o homem que faz do Deus de Israel o seu apoio e depende completamente do Senhor, o seu Deus, o Criador dos céus, da terra, do mar e de todos os seres que neles há, o Deus que é fiel e verdadeiro para sempre. Ele faz justiça aos oprimidos, alimenta os famintos e liberta os presos. O Senhor dá vista aos cegos, o Senhor levanta os desanimados, o Senhor ama os justos. O Senhor protege os estrangeiros e ajuda os órfãos e as viúvas, mas frustra o caminho dos maus. O Senhor será Rei para sempre! O seu Deus, ó Sião, reinará de geração em geração! Aleluia! Aleluia! É maravilhoso cantar louvores ao nosso Deus; é bom e agradável louvá-lo. O Senhor constrói Jerusalém novamente e reúne os israelitas espalhados por todo o mundo. Só ele devolve a alegria aos tristes de coração e cura as suas feridas. Ele determina o número de estrelas e conhece cada uma pelo seu nome. O nosso Senhor é grande, e tremendo é o seu poder; ninguém é capaz de medir a sua sabedoria. O Senhor apoia e ajuda os humildes, mas derruba os maus até o chão. Cantem ao Senhor com ações de graças; cantem louvores ao som das harpas para o nosso Deus. Ele cobre o céu de nuvens, preparando a chuva que rega a terra e fazendo a erva crescer nos montes. Ele alimenta os animais do campo e os filhotes do corvo quando gritam pedindo comida. O prazer do Senhor não está na força do cavalo, nem na força e na coragem do soldado valente. Ele tem grande prazer e alegria nas pessoas que o amam e temem e colocam a sua esperança no seu amor fiel. Povo de Jerusalém, louve o Senhor! Louve o seu Deus, ó Sião! Pois ele reforça as trancas dos portões da cidade e abençoa os seus moradores. Ele conserva a paz perfeita nas fronteiras e alimenta os moradores de Jerusalém com o melhor trigo. Ele envia sua ordem à terra, e a sua palavra se espalha rapidamente. Faz a neve cobrir a terra como um casaco de lã; faz a geada cair sobre a terra como um manto cinza. Derrama pequenas pedras de gelo, e ninguém é capaz de escapar do frio. Mas, com uma simples ordem, o Senhor envia os ventos quentes da primavera, derrete o gelo, e os riachos transbordam. Ele revela a sua vontade e as suas leis ao povo de Israel; deixou ordens escritas para os israelitas. Ele não deu esse privilégio a nenhuma outra nação; elas vivem sem conhecer os mandamentos do Senhor. Aleluia! Aleluia! Louvem o Senhor! Louvem o Senhor nos mais altos céus! Louvem o Senhor todos os seus anjos, louvem o Senhor os seus exércitos celestes. Louvem o Senhor o sol e a lua; louvem o Senhor todas as estrelas brilhantes. Louvem o Senhor os céus imensos, as nuvens carregadas de chuva acima do firmamento. Louvem todos eles o nome do Senhor, pois ele mandou, e todos eles foram criados. Ele ordenou e todos foram firmados nos seus lugares e ali permanecerão para sempre; as leis que o Senhor determinou para o universo jamais serão mudadas. Louve o Senhor, tudo que existe na terra: monstros do mar e todas as profundezas do mar. Louvem o Senhor, relâmpagos e chuva de pedra, neve e neblina, ventos fortes que obedecem à sua ordem! Louvem o Senhor os montes e as colinas, as árvores que dão fruto e os grandes cedros, todos os animais selvagens e o gado; louvem o Senhor os animais que se arrastam e as aves, reis da terra e todas as nações, líderes e autoridades de todos os povos, moços e moças, velhos e crianças. Que todos louvem o nome do Senhor, pois somente ele é digno de ser louvado. Ele é o Rei poderoso, que está acima da terra e dos céus. Ele transforma seu povo numa nação forte e respeitada, e por isso o louvam todos os seus servos fiéis, o povo de Israel, que ele escolheu, e a quem ele tanto ama. Aleluia! Aleluia! Cantem ao Senhor um cântico novo; louvem o Senhor todos vocês na assembleia dos seus servos fiéis. Povo de Israel, cante de alegria por causa do seu Criador! Povo de Sião, cante de alegria por causa do seu rei. Louvem o Senhor com a dança; louvem o Senhor ao som das harpas e dos tamborins. Porque o Senhor tem prazer no seu povo; ele coroa de vitória os humildes. Cantem de alegria os escolhidos do Senhor, cantem de alegria em seus leitos. Que eles louvem a Deus com voz bem alta, e que haja em todas as mãos espadas de dois gumes para derrotar as nações e castigar os povos rebeldes. Os reis e líderes dessas nações serão presos com pesadas correntes de ferro, e receberão o castigo já determinado por Deus. Assim o Senhor dará vitória aos seus servos fiéis. Aleluia! Aleluia! Louvem a Deus no seu templo! Louvem o Senhor os céus que ele criou com o seu poder. Louvem o Senhor pelos seus feitos poderosos; louvem o Senhor pela sua imensa grandeza! Louvem o Senhor ao som de trombetas; louvem o Senhor com harpas e liras! Louvem o Senhor com tamborins e danças; louvem o Senhor com instrumentos de corda e com flautas! Louvem o Senhor com címbalos sonoros; louvem o Senhor com címbalos ressonantes! Todos os seres vivos louvem o Senhor! Aleluia! Estes são os provérbios de Salomão, rei de Israel, filho de Davi, escritos para se conhecer a sabedoria e a instrução; para compreender as palavras que dão entendimento; que nos ensinam a viver de maneira inteligente e disciplinada, fazendo o que é justo, correto e honesto. Esses provérbios ajudarão uma pessoa inexperiente a alcançar prudência e os jovens a enfrentar com bom senso os problemas da vida. Ouça o sábio e crescerá em prudência; o homem experiente obterá orientação para compreender os provérbios e as parábolas, os ditados e enigmas dos sábios. Mas como um homem se torna sábio? Em primeiro lugar, temendo o Senhor. Somente os tolos desprezam a sabedoria e a instrução. Por isso, meu filho, ouça a instrução de seu pai e nunca deixe de lado o ensino de sua mãe. Eles serão como um enfeite na sua cabeça e um adorno no seu pescoço. Meu filho, quando os maus quiserem enganá-lo com mentiras, não permita que isso aconteça. Se fizerem este convite: “Venha fazer parte de nosso bando! Vamos nos divertir atacando de surpresa alguém que de nada suspeita e vamos matá-lo! Vamos acabar com a vida do inocente; vamos engoli-lo vivo, como a sepultura que engole os mortos de uma vez para sempre; conseguiremos riquezas de toda espécie e encheremos as nossas casas com o que roubarmos; venha fazer parte de nosso bando; tudo que ganharmos será dividido em partes iguais!”, não siga o caminho dessa gente, meu filho! Fique longe deles, pois a inclinação natural deles é para a maldade; pensam somente em derramar sangue. Quando o pássaro vê o caçador montar a armadilha, é inútil montá-la. Esses homens não percebem que montam armadilhas contra suas próprias vidas; eles planejam a sua própria destruição! Esse é o destino de todos os que são dominados pelo desejo de possuir riquezas. Essa ambição acaba destruindo quem assim procede. A sabedoria anda pelas ruas e praças, gritando em alta voz e querendo ser ouvida; fala para o povo nas ruas, para nas portas da cidade: “Até quando vocês vão viver como tolos? E vocês, que zombam e fazem pouco caso de mim, até quando terão prazer na zombaria? Tolos, até quando desprezarão o conhecimento? Ouçam: Se aceitarem a minha correção, eu derramarei o meu espírito de sabedoria sobre vocês e lhes mostrarei o meu plano para suas vidas. Eu já chamei tantas vezes, e vocês recusaram! Estendi a mão, convidando, mas ninguém me deu importância. Vocês não deram valor aos meus conselhos e não aceitaram a minha repreensão. Por isso, quando chegarem os dias do seu sofrimento, os dias do medo e da tristeza, eu vou rir e zombar de vocês. Quando aquilo que temem ocorrer com vocês como uma tempestade, quando a desgraça cair sobre vocês como um furacão, quando vocês estiverem sufocados pela angústia e dor, então vocês me chamarão, mas não responderei. Tentarão me achar, mas não me encontrarão. “Sabem por que isso vai acontecer? Porque vocês desprezaram o conhecimento e se recusaram a temer o Senhor. Vocês não deram valor aos meus conselhos e acharam que a minha repreensão era inútil. Por isso, vocês comerão os frutos amargos de sua desobediência e se fartarão dos seus próprios conselhos. Vocês morrerão porque se afastaram de mim. Tolos! Vocês pensavam que tudo estava bem enquanto caminhavam passo a passo para a destruição. Quem me ouvir e obedecer viverá em paz e segurança, sem ter medo do mal”. Meu filho, se você tomar posse das minhas palavras e guardar os meus mandamentos em seu coração, terá ouvidos capazes de perceber a verdadeira sabedoria e um coração pronto a receber o discernimento. Se você clamar por entendimento e discernimento, se procurar a sabedoria como se procura a prata e buscá-la como quem busca um tesouro escondido, então você certamente entenderá o que significa temer o Senhor e achará o conhecimento de Deus. Pois é o Senhor quem dá a sabedoria; de sua boca vêm a compreensão e o discernimento. Tudo isso ele reserva a quem o ama e obedece. Ele é um escudo que protege aquele que anda com integridade. Ele separou o caminho da sabedoria para os justos; ele mesmo protege e guarda o caminho dos seus fiéis. Então você entenderá o que é justo, direito e honesto, e saberá tomar as decisões certas. Porque a sabedoria estará no seu coração e o conhecimento será prazeroso para a sua alma. O bom senso o guardará e o discernimento o protegerá de tomar decisões erradas; eles não deixarão que você ande pelo caminho dos maus, ou viva junto dos homens de palavras perversas, que se afastam dos caminhos da justiça para andarem pelos escuros caminhos das trevas, que têm prazer em praticar o mal e se alegram com a maldade dos perversos, que andam por caminhos tortuosos e se desviam da verdade. A sabedoria também o livrará das palavras doces e mentirosas da mulher imoral, da pervertida, da mulher que abandona aquele que desde a mocidade foi seu companheiro e ignora o compromisso assumido perante Deus. Quem frequenta a casa dessa mulher põe em risco a própria vida; quem anda com ela se dirige para o reino dos mortos. Os homens que se envolvem com ela entram num caminho do qual não há volta; não conseguem voltar para o caminho da vida. A sabedoria fará você andar pelo caminho certo e manter-se nos caminhos dos justos. Pois os justos habitarão na terra, e os íntegros permanecerão nela; mas os homens maus serão eliminados da terra, e os infiéis serão arrancados dela. Meu filho, nunca se esqueça das coisas que eu lhe ensinei. Guarde sempre no coração as minhas instruções. Se você seguir essas instruções, a sua vida será prolongada por muitos anos e isso lhe dará prosperidade e paz. Nunca abandone o amor e a fidelidade; faça disso uma regra de vida; grave isso em seu coração. Então você será honrado e compreendido por Deus e pelos homens. Confie no Senhor de todo o seu coração e não se apoie na sua própria capacidade e entendimento; lembre-se de colocar Deus em primeiro lugar, em todos os seus caminhos, e ele guiará os seus passos, e você andará pelo caminho certo. Não fique cheio de si, pensando que a sua própria sabedoria é a razão do seu sucesso. A verdadeira sabedoria é temer o Senhor e evitar o mal. Se você fizer isso, o seu corpo terá saúde e os seus ossos vigor para enfrentar a vida. Honre o Senhor, oferecendo a ele a melhor parte de tudo que a sua terra produz. Então os seus celeiros ficarão cheios de trigo e cevada, e os seus tanques de espremer uvas transbordarão de vinho! Meu filho, não fique revoltado quando for disciplinado pelo Senhor. Não fique desanimado quando ele o corrigir, pois o Senhor disciplina quem ele ama, assim como um pai cheio de amor faz ao seu filho. O homem que encontra a sabedoria e obtém entendimento é um homem feliz! A sabedoria traz mais benefícios do que a prata e tem mais valor do que o ouro. Ela vale mais do que pedras preciosas; não existe nada neste mundo que se compara a ela. Na mão direita, a sabedoria garante vida longa; na mão esquerda, riquezas e honras. Os caminhos da sabedoria tornam a vida agradável e os seus caminhos são de paz. A sabedoria é como uma árvore cujos frutos dão vida; feliz é a pessoa que sempre come esses frutos! Por meio da sabedoria o Senhor criou a terra e por meio do seu entendimento fixou os céus. Com seu grande conhecimento, ele fez as fontes brotarem na terra e as nuvens darem chuva à terra. Meu filho, tenha sempre estas duas coisas em vista: a verdadeira sabedoria e a capacidade de tomar decisões certas. Se você possuir essas duas qualidades, terá sempre forças renovadas. Elas são como uma medalha de honra ao redor do seu pescoço. Então você seguirá por caminhos seguros e não tropeçará; quando se deitar, não terá medo, e o seu sono será tranquilo. Não precisará ter medo de problemas inesperados nem da ruína que atinge os homens maus, porque o Senhor mesmo será sua segurança. Ele não deixará que você caia em qualquer armadilha. Nunca deixe de fazer o bem a quem precisar, sempre que possível. Não diga ao seu próximo: “Passe aqui amanhã e eu lhe darei algo”, se você puder fazê-lo hoje. Não faça planos maus contra o seu próximo, porque ele confia em você. Não se envolva em discussões com pessoas que não lhe fizeram mal algum. Não fique com inveja dos homens violentos nem imite os seus procedimentos, pois o Senhor odeia o perverso, mas é grande amigo dos justos. O Senhor lança sua maldição sobre a casa do perverso, mas derrama bênçãos sobre a família do justo. Deus zomba dos zombadores, mas mostra o seu amor aos humildes. Os sábios recebem honra do Senhor, mas os que desprezam a sabedoria serão cobertos de vergonha. Meus filhos, ouçam os conselhos de um pai! Prestem atenção e terão discernimento. O meu ensino é bom e verdadeiro; por isso não se desviem dele! Quando eu era filho de meu pai, ainda pequeno, filho único, amado por minha mãe, ele costumava me ensinar e dizia: “Guarde na memória as minhas palavras. Obedeça sempre aos meus mandamentos e terá uma vida feliz. Aprenda a sabedoria e o entendimento; nunca se esqueça do que eu lhe ensinei; não se afaste das minhas palavras! Não abandone a sabedoria, e ela o protegerá; ame-a, e ela cuidará de você. E para começar a ser sábio basta ter uma forte determinação, uma vontade firme de conseguir a sabedoria a qualquer preço. Dê a ela o devido valor, agarre-se a ela, e a sabedoria o cobrirá de honras. Ela dará a você um enfeite especial na sua cabeça e uma valiosa coroa. Ouça, meu filho, e coloque em prática os meus conselhos; assim você terá uma vida longa. Eu lhe mostrei como andar pelo caminho da sabedoria; guiei os seus passos pelo caminho da verdade. Assim, se você por ela seguir, seja depressa ou devagar, você nunca tropeçará. Tome posse do meu ensino e nunca o abandone, pois dele depende o sentido e a razão do seu viver. Não imite os maus nem siga os passos dos perversos. Fuja do caminho dos perversos; desvie-se deles; não se aproxime deles! Porque eles não conseguem dormir enquanto não fazem o mal; perdem o sono se não levarem alguém a fazer o mal. Eles comem o pão da maldade e bebem o vinho da violência. O caminho do justo é como a luz ao nascer do sol, que brilha cada vez mais até o dia estar totalmente claro. Mas o caminho dos perversos é escuro como a noite mais negra. Eles nem sabem em que tropeçam! Meu filho, ouça com atenção os meus conselhos! Esteja sempre pronto para escutar as minhas instruções. Elas devem estar sempre em sua mente; guarde-as no seu coração, porque delas depende a verdadeira vida e a saúde para o seu corpo. Acima de tudo, meu filho, cuide bem do seu coração porque dele depende toda a sua vida. Afaste os seus lábios da falsidade; fique longe da perversidade e olhe sempre para a frente; que os seus olhos mantenham-se fixos no que está diante de você. Pense bem antes de dar qualquer passo e você andará sempre pelo caminho do bem. Não se desvie nem para a direita nem para a esquerda! Não ande pelo caminho do mal! Meu filho, ouça os meus conselhos sábios! Escute com atenção a voz da experiência! Assim você sempre se portará decentemente e usará palavras de conhecimento em todas as ocasiões. Saiba que as palavras da mulher imoral são doces como o mel, e sua voz é suave como o azeite, mas no fim é amarga como fel, fere como uma espada afiada de dois gumes. Quem anda atrás da mulher imoral caminha para a morte; os seus passos conduzem para a sepultura. Ela nem conhece o caminho da vida e anda por caminhos tortuosos sem saber. Por isso, meu filho, ouça-me com atenção e não despreze os meus conselhos! Fuja dessa mulher! Nem sequer chegue perto da porta da casa dela; assim você não perderá sua honra nem desperdiçará sua vida, entregando sua saúde e sua força a algum homem cruel e sem coração, e não dará seu dinheiro e seus bens a pessoas estranhas e não desperdiçará o fruto do esforço de seu trabalho. Tudo isso para que na sua velhice o seu corpo e sua saúde não estejam desgastados, e você não precise dizer: “Como odiei a disciplina! Como o meu coração desprezou a correção! Não dei importância aos meus professores e conselheiros, nem escutei o que ensinavam. Agora tenho que sofrer tudo isso e passar vergonha diante de toda a comunidade!” Beba água da sua cisterna, das águas do seu próprio poço. Por que deixar que suas fontes transbordem pelas ruas, e os seus ribeiros de água pelas praças? Que elas sejam somente suas, e não repartidas com estranhos. Seja bendita a sua casa e alegre-se com a mulher da sua mocidade. Ela é o amor da sua vida. Que os seios de sua esposa o saciem todo o tempo, e você seja cativado pelo seu amor! De que adianta, meu filho, procurar o prazer com a mulher imoral? Por que desperdiçar seus carinhos com alguém que não lhe pertence? Os caminhos do homem estão diante dos olhos do Senhor; ele examina todos os seus passos! As maldades do perverso trazem seu próprio castigo; são as cordas que acabam prendendo o pecador. Ele certamente morrerá porque não deu importância à disciplina. A teimosia e desobediência levaram o pecador ao caminho da destruição. Meu filho, se você se ofereceu como fiador do seu próximo, por meio de um aperto de mão, dando a sua palavra, você agora está preso nessa armadilha. Então, meu filho, visto que você caiu nas mãos do seu próximo, faça todo o possível para sair dessa armadilha bem depressa, porque você está preso ao seu amigo pelo compromisso que assumiu. Procure esse amigo, humilhe-se e insista com ele. Não durma, nem descanse. Se você conseguir escapar, se salvará como a gazela que escapa do caçador, como um pássaro que foge do alçapão. Preguiçoso, observe bem as formigas, olhe os seus caminhos e seja sábio. Elas não têm nem supervisor, nem oficial, nem governante para dar ordens, e, mesmo assim, trabalham durante o verão, ajuntando provisão para o inverno. Ó preguiçoso, até quando você vai ficar deitado? Quando você se levantará da sua boa vida? “Ah, deixe-me descansar só um pouquinho mais!” Sim, descanse, cruze os braços mais um pouquinho, e a sua pobreza chegará de repente, como um ladrão, e a sua necessidade cairá sobre você de surpresa, como um bandido armado. O perverso, o homem inútil, não tem caráter. Suas palavras são maldosas; ele demonstra suas verdadeiras intenções com o piscar dos olhos, com o movimento dos pés e por meio de sinais com os dedos. Seu coração está cheio de engano; ele passa o tempo todo planejando novas maneiras de fazer o mal e espalhar o ódio entre outras pessoas. Por isso, a desgraça virá de repente; ele será destruído subitamente, e não haverá remédio para ele. Há seis coisas que o Senhor odeia, e uma última que ele simplesmente detesta: olhos arrogantes, a língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, o coração que só pensa em fazer o mal, pés que se apressam para fazer o mal, a testemunha falsa que profere mentiras para prejudicar alguém, e o que espalha discórdia entre irmãos. Meu filho, obedeça aos mandamentos do seu pai; nunca deixe de seguir os conselhos de sua mãe. Grave as ordens de seus pais em seu coração; tenha-as sempre diante de você e elas servirão de guia para os seus passos, dando-lhe um sono tranquilo, e a cada novo dia lhe ensinarão o que é certo. Pois esses mandamentos são como uma lâmpada, as instruções como luz, e as correções da disciplina são o caminho para uma vida feliz, para evitar que você seja vítima da mulher imoral e das palavras doces e mentirosas da mulher adúltera. Não cobice em seu coração a beleza dessa mulher nem se deixe atrair pelos seus olhares provocantes. O preço de uma prostituta se reduz a um bocado de pão, mas a mulher adúltera, que trai o marido, anda à caça de vidas preciosas. Pode alguém colocar fogo no peito sem queimar a sua roupa? Pode alguém andar sobre brasas sem queimar os pés? Assim acontece com alguém que rouba a mulher de outro homem; ninguém que a toque ficará sem castigo! Os homens não desprezam o ladrão que rouba para saciar a alma, quando ele rouba para matar a fome. Porém, se for apanhado em flagrante, terá que pagar sete vezes o valor que roubou, mesmo que para isso seja preciso vender tudo o que tem. Só mesmo um homem sem juízo seria capaz de roubar a mulher de outro homem! Só mesmo alguém que deseja destruir sua própria vida faria uma coisa dessas! O seu destino será o sofrimento, e a sua vergonha nunca se apagará, porque o marido traído ficará furioso, dominado pelo ciúme, não terá misericórdia quando se vingar. Ele não aceitará qualquer pagamento; nem os melhores presentes acabarão com a sua raiva. Meu filho, siga os meus conselhos e grave na memória as minhas instruções. Obedeça aos meus mandamentos e você viverá feliz; guarde os meus ensinamentos como a menina dos seus olhos. Amarre-os aos seus dedos; grave-os firmemente no seu coração. Diga à sabedoria: “Você é minha irmã”; ame o entendimento como a um parente muito chegado. Assim, eles não deixarão você ser enganado pela mulher imoral e pela prostituta, com suas palavras sedutoras. Certo dia, eu estava observando, da janela de minha casa, e vi um jovem sem juízo, sem a menor noção do que é certo e errado. Ele vinha pela rua, junto à casa de certa mulher, andando de lá para cá, próximo da casa dela. Era ao anoitecer, as sombras da noite se aproximavam, crescia a escuridão. A mulher saiu para se encontrar com ele; ela era bem ousada, e com muita malícia tentou provocar o jovem com suas roupas de prostituta. Ela era vulgar e atrevida, uma mulher que nunca para em casa; ora está na rua, ora nas praças, ora nas esquinas, à espreita de homens para serem seus amantes. Ela se aproximou do jovem, beijou-o e disse muito cinicamente: “Tenho em casa a carne das ofertas de paz que hoje preparei no templo para cumprir meus votos. Por isso vim procurá-lo e de repente você apareceu! Minha cama está coberta com lindos lençóis de linho colorido, importados do Egito. Minha cama está perfumada com mirra, aloés e canela. Venha, vamos nos embriagar de carícias até o amanhecer; gozemos das delícias do amor! Meu marido não está em casa, saiu para uma longa viagem e, pela quantidade de prata que levou, não voltará antes da lua cheia”. Assim, ela seduziu o jovem com suas palavras e o atraiu com sua conversa doce e mentirosa. Imediatamente ele a acompanhou, como um boi que caminha para o matadouro, ou como a corça que cai numa armadilha e espera apenas a morte quando a flecha lhe atravesse o fígado, ou como um pássaro que entra no alçapão sem saber que nunca sairá vivo de lá. Então, meu filho, ouça meus conselhos e obedeça às minhas instruções. Não permita que o seu coração se volte para os caminhos dela; não fique pensando nela nem se aproxime dos lugares que ela frequenta, porque ela já destruiu a vida de muitos jovens; muitos já perderam a vida por causa dela. A casa onde ela recebe seus amantes é o caminho que desce para a sepultura e o reino dos mortos. Ouça, você não está ouvindo a sabedoria chamar? Não ouve o discernimento da vida convidando a todos, no alto dos montes, nas estradas e encruzilhadas, nas praças e ruas da cidade, à porta de cada casa, à entrada da cidade, portas adentro? Ouça bem o que ela diz: “Escutem bem, homens, eu clamo; a todos levanto a minha voz. Vocês inexperientes, procurem entender a prudência; vocês tolos, a verdadeira compreensão. Ouçam, porque os meus conselhos são valiosos e muito importantes. E todos eles são verdadeiros e justos. Sim, eu lhes anunciarei a verdade, porque eu detesto a mentira e a maldade. Todos os meus conselhos são justos; não há neles a menor mentira ou maldade. Aqueles que têm discernimento entendem minhas palavras e percebem que elas são absolutamente certas. Prefiram a minha instrução à prata, e o meu conhecimento ao ouro mais puro, pois a sabedoria vale mais que pedras preciosas; você pode imaginar qualquer tipo de riqueza, mas isso não pode se comparar com o valor da sabedoria. “Eu sou a sabedoria, e meu companheiro é o bom senso; tenho o conhecimento que vem com os conselhos. Temer o Senhor significa odiar o mal; por isso eu, a sabedoria, odeio o orgulho e a arrogância, o mau caminho e todo o tipo de falar perverso. O conselho e a verdadeira sabedoria me pertencem. Eu possuo o entendimento e a verdadeira força e é por meu intermédio que os reis governam e os juízes julgam com justiça. Sim, por meio de mim governam os nobres, todos os juízes da terra. Amo todos os que me amam; quem me procura sempre me encontra. Eu possuo riquezas e honra, prosperidade e justiça sem fim. O que eu ofereço vale mais que o ouro, do que ouro puro; o que ofereço é mais precioso do que a prata fina. Meus caminhos são retos; são caminhos de justiça; e quem me ama receberá muitas riquezas. Encherei os cofres de quem me segue. “Eu estava junto com o Senhor quando ele criou o universo. Já existia antes da criação do mundo, antes das suas obras mais antigas. Fui formada desde a eternidade, desde o princípio do tempo, antes de existir a terra. Eu já existia quando ainda não havia abismos, antes da criação das fontes e nascentes de água. Antes de serem formadas as grandes montanhas e as colinas eu já existia. O Senhor ainda não havia criado a terra, os campos e planícies, nem mesmo o pó da terra, e eu já existia. Eu estava junto dele quando criou o céu e traçou a linha do horizonte sobre a superfície do abismo, quando formou as nuvens para a chuva em cima e estabeleceu as fontes do abismo, quando criou os limites do mar, para que as águas não desobedecessem à sua ordem, quando colocou os alicerces da terra. Eu estava junto com o Senhor e fui o seu arquiteto! Nós éramos uma constante alegria um para o outro, e eu tinha grande prazer com o mundo que ele criou e a humanidade que morava nele. “Por isso, meus filhos, ouçam-me: Felizes são aqueles que guardam os meus caminhos. Ouçam os meus conselhos e serão sábios; não os desprezem! Quem me ouve e obedece, quem procura viver sempre ao meu lado, esse será muito feliz! Porque todo aquele que me acha, acha a vida e recebe a aprovação do Senhor. Mas quem me rejeita, faz um grande mal a si mesmo; todos os que me odeiam amam a morte”. A sabedoria construiu sua grande casa sobre sete colunas e preparou uma grande festa, com bastante carne e vinho. Enviou suas servas para saírem pelas ruas da cidade, levando o convite desde o ponto mais alto da cidade, clamando: “Venham à minha casa as pessoas sem compreensão da vida”. Aos que não têm entendimento diz: “Venham e comam do meu banquete e bebam do vinho que preparei. Deixem para trás a insensatez e vocês viverão de verdade. Venham andar pelo caminho do entendimento!” “Se você tentar corrigir uma pessoa debochada, acabará sendo ofendido e odiado. Se você tentar corrigir uma pessoa perversa estará prejudicando o seu próprio nome. Por isso, não repreenda o zombador, para que ele não o odeie; repreenda o sábio, e ele o amará! Ensine a pessoa sábia, e ela será ainda mais sábia. Ensine o justo, e ele crescerá em entendimento. O temor do Senhor é a chave da sabedoria, e o conhecimento do Santo é a verdadeira compreensão da vida. Porque por meu intermédio se multiplicarão os seus dias, e os anos de vida se acrescentarão. E lembre-se que a sabedoria só traz benefícios; você mesmo tira proveito dela. Se, por outro lado, você preferir zombar dela, sofrerá as consequências. A loucura parece uma mulher dominada pelo fogo da paixão, que nada sabe nem deseja saber. Fica sentada à porta de sua casa ou senta no ponto mais alto da cidade, toma uma cadeira, e faz propostas aos que passam por ali e tratam de seus negócios; ela diz: “Venham todos os inexperientes!” E aos que não têm bom senso ela diz: “A bebida roubada é mais doce! O pão roubado que é comido às escondidas é muito mais saboroso!” E muitos vão atrás dela; sem saber que estão caminhando para as sombras da morte e que os convidados da loucura já estão nas profundezas da sepultura. Estes são os provérbios de Salomão: O filho sábio traz alegria ao pai; o filho sem juízo traz tristeza à mãe. As riquezas ganhas com desonestidade não servem para nada; uma vida honesta livra da morte. O Senhor não deixará o justo morrer de fome, mas impede que os maus consigam o que tanto desejam. Quem é preguiçoso no seu trabalho fica pobre depressa; quem trabalha com diligência acaba ficando rico. O filho sábio faz a colheita no verão, mas aquele que dorme durante a colheita é um filho que causa vergonha. O justo é coroado com bênçãos, mas na boca do perverso mora a violência. Todos lembram com alegria de um homem justo, mesmo depois de morto; mas o nome do homem mau é desprezado e jogado na lama. Os sábios aceitam com alegria as instruções que recebem, mas quem não tem cuidado com o que diz acaba arruinando sua própria vida. Quem leva uma vida decente e honesta não tem nada a temer, mas quem anda pelo mau caminho acaba sendo desmascarado. Quem esconde a verdade causa tristeza, e o insensato de lábios acaba arruinando sua vida. As palavras do justo são fonte de vida, mas as palavras dos perversos abrigam a violência. O ódio só produz brigas e confusão; mas o amor esquece e perdoa todas as ofensas. Nos lábios do prudente está a sabedoria, mas quem não tem bom senso será castigado. Os sábios acumulam conhecimento, mas o insensato fala sem pensar e logo traz a desgraça. Os bens do rico são sua cidade fortificada, e a pobreza dos pobres é a sua ruína. O justo ganha a vida com seu trabalho, mas o ganho do perverso leva ao pecado. Quem aceita ser disciplinado está andando no caminho da vida, mas quem rejeita a correção desvia outros do caminho. O coração cheio de ódio produz lábios mentirosos; quem espalha a calúnia não tem juízo. Quem fala demais acaba pecando; o sábio e ajuizado consegue controlar sua língua. A língua dos justos é como prata pura, mas as palavras de um insensato não valem nada. As palavras do justo fazem bem a muita gente, mas o insensato morre por falta de juízo. A bênção do Senhor é a base da verdadeira riqueza, pois não traz tristezas e preocupações. Para o homem tolo, praticar a maldade é um prazer, mas o homem sábio se alegra na sabedoria. O homem mau receberá como castigo exatamente aquilo que ele teme, mas os desejos do justo se tornam realidade. O perverso será destruído de repente, como a chuva de verão que cai e logo passa, mas o justo permanece firme para sempre. O empregado preguiçoso é como o vinagre para os dentes e a fumaça para os olhos. O temor do Senhor aumenta a duração de sua vida, mas a vida do perverso será curta. A esperança do justo se transforma em alegre realidade, mas os sonhos dos perversos nunca se realizam. O caminho do Senhor dá força e segurança aos íntegros, mas causa a desgraça de quem pratica o mal. Nada pode destruir a vida do justo, mas os perversos desaparecerão da face da terra. A boca do justo diz palavras sábias, mas a língua perversa será exterminada. O justo sabe dar uma resposta boa e agradável, mas a boca do perverso só conhece a maldade. O Senhor repudia as balanças desonestas, mas os pesos justos lhe dão prazer. Quando chega o orgulho, vem a desgraça, mas com os humildes está a sabedoria. O homem justo é guiado pela sua honestidade, mas a falsidade do perverso leva à destruição. Quando chegar o Dia do Juízo, as riquezas não salvarão ninguém! Só a justiça livra da morte. A honestidade do justo corrige os seus passos, mas o perverso é derrubado pela sua própria maldade. Os justos são libertados pela sua justiça, mas a maldade dos perversos será uma armadilha onde eles cairão. A morte acaba com as esperanças do perverso; tudo o que ele esperava dá em nada. O homem justo é salvo do sofrimento e este recai sobre os perversos. O homem mau usa suas palavras para destruir o próximo, mas o justo se livra pelo seu conhecimento. A cidade inteira comemora o sucesso do justo, e há canções de alegria quando morre um homem perverso. A bênção do justo faz a cidade progredir, mas a influência dos maus a destrói. Quem discute com o vizinho mostra que não tem juízo; a pessoa sábia prefere ficar calada. Quem gosta de falar mal da vida alheia vive espalhando boatos, mas a pessoa de bom senso guarda segredos. Uma nação onde faltam homens sábios cai, mas se há conselheiros prudentes o povo vive em segurança. Quem se oferece para garantir o crédito de outra pessoa acabará pagando caro por isso. Se você se negar a fazê-lo, estará seguro. A mulher bondosa e sincera ganha honra para si da mesma forma que os homens ricos usam sua riqueza para conseguir mais riquezas. Quando você faz o bem a outra pessoa, faz o bem a si mesmo; quando você faz o mal a alguém, está ferindo a si mesmo. O perverso ganha riquezas que duram apenas um momento, mas quem vive praticando a justiça terá uma recompensa segura. Duas coisas são absolutamente certas: quem pratica a justiça anda pelo caminho da vida e quem pratica a maldade caminha direto para a morte. O Senhor detesta o perverso de coração, mas se alegra com as pessoas sinceras e obedientes. Esteja certo de que os perversos não escaparão sem castigo, mas os justos serão poupados. Uma mulher bonita que não se porta decentemente é como uma joia de ouro enfeitando o focinho de um porco. O bem que os justos planejam traz felicidade. A esperança do perverso, no entanto, acaba se transformando em ira. Quem reparte generosamente seus bens vê suas riquezas aumentarem; quem procura segurar mais dinheiro do que necessita acabará na pobreza. A pessoa generosa terá sempre mais e mais; ela receberá de volta todo o bem que fez aos outros. O povo amaldiçoa o comerciante que esconde a mercadoria; mas abençoa quem vende o alimento na hora da necessidade. Se você procura fazer o bem será respeitado, mas quem procura maneiras de fazer o mal receberá o mal como recompensa. Quem confia em suas riquezas cairá, mas os justos florescerão como a folhagem verdejante. Quem se revolta contra seus pais e perturba sua família ficará sem qualquer herança. O tolo acabará sendo servo do sábio. O homem justo é como a árvore da vida, e aquele que é sábio conquista almas. Se os justos são castigados durante esta vida por causa de seus pecados, o que acontecerá ao perverso e ao pecador? Quem ama a disciplina ama o conhecimento, mas o tolo odeia a repreensão. O Senhor abençoa o homem que pratica o bem, mas condena o homem que vive planejando o mal. A maldade nunca produz uma vida feliz e bem-sucedida, mas a justiça dá ao homem uma base bem firme para a vida. Uma esposa fiel e dedicada é a coroa do seu marido, mas uma esposa leviana é como uma doença nos ossos. Os pensamentos dos justos são retos, mas o perverso só pensa em maldades e mentiras. As palavras dos perversos são armadilhas mortais, mas as palavras dos justos salvam vidas. Os perversos serão destruídos e desaparecerão, mas a casa dos justos permanecerá para sempre. Todos elogiam o homem segundo a sua sabedoria, mas o homem que tem a mente cheia de maldade e maus pensamentos é desprezado. É melhor ser humilde e aceitar um serviço pesado do que contar vantagem sobre as próprias habilidades e acabar passando fome. O justo se importa até com o bem-estar de seus rebanhos, mas no coração do perverso só há lugar para a maldade. Quem trabalha com dedicação e se cansa plantando e colhendo terá fartura de alimento para sua família, mas quem fica apenas sonhando com um serviço melhor não tem juízo. O perverso inveja o que outros conseguem com suas maldades, mas a raiz do justo floresce. Os maus estão sempre metidos em problemas por causa das suas palavras maldosas, mas o justo escapa dessas dificuldades por falar a verdade. Quem fala a verdade receberá benefícios; quem ajuda outros com as suas mãos será recompensado. O tolo sempre acha que sua opinião é a única certa, mas o sábio ouve os conselhos com atenção. O tolo logo explode de raiva por qualquer motivo, mas o homem sábio nunca perde a cabeça e ignora o insulto. Quem testemunha a verdade ajuda a justiça a triunfar, mas a testemunha falsa conta mentiras. Há palavras que ferem como uma espada afiada, mas as palavras do sábio trazem a cura. Os lábios que falam a verdade permanecem para sempre, mas a mentira tem vida curta. O coração de quem vive planejando maldades está cheio de engano e falsidade, mas quem usa suas palavras para promover a paz tem o coração cheio de alegria. O justo não passará por sofrimentos, mas o perverso está coberto de dificuldades. O Senhor odeia os lábios mentirosos, mas tem grande prazer nas pessoas que falam a verdade. O homem sensato não fica exibindo seu conhecimento, mas o tolo demonstra a todos sua ignorância. Quem se esforça ao máximo no trabalho chegará a uma posição de liderança, mas o preguiçoso acabará como escravo. Um coração ansioso deixa o homem frustrado e derrotado, mas uma palavra amiga renova as forças. O justo ajuda o próximo a vencer na vida, mas o perverso só prejudica e destrói. O preguiçoso nem se dá ao trabalho de cozinhar o animal que caçou, mas o homem trabalhador dá valor aos seus bens. Quem segue pelo caminho da justiça encontrará a vida, o caminho que nos preserva da morte. O filho sábio segue os conselhos de seu pai, mas o tolo zombador faz pouco caso da correção. O justo consegue coisas boas do fruto da sua boca, mas o perverso mostra com suas palavras que seu coração está carregado de violência e maldade. Quem toma cuidado com suas palavras protege a própria vida, mas quem fala demais acaba arruinando sua vida. O preguiçoso sonha e nunca consegue nada, mas a pessoa esforçada e trabalhadora realiza os seus ideais. Os justos detestam a mentira, mas os perversos trazem vergonha e desonra. A justiça protege o homem que procura fazer o bem, mas o pecador é derrubado pelos seus próprios pecados. Alguns fingem ser ricos sem possuir coisa alguma; outros fingem que são pobres e têm grande riqueza. O rico acaba usando a sua riqueza para pagar o resgate por sua vida, mas o pobre não recebe essas ameaças. A vida dos justos resplandece como a luz, mas a lâmpada dos perversos se apagará. Brigas e discussões são provocadas pelo orgulho, mas as pessoas humildes aceitam conselhos e se tornam sábias. O dinheiro que vem facilmente vai-se embora depressa, mas o dinheiro ganho com o suor do rosto acaba rendendo juros. Um sonho que demora a se tornar realidade acaba enchendo o coração de tristeza, mas o desejo realizado é árvore de vida. Quem despreza a instrução sofrerá o castigo, mas aquele que respeita o mandamento será recompensado. O ensino do sábio é fonte de vida e ajuda a escapar das armadilhas mortais. O homem de bom senso consegue amigos, mas a vida do infiel é um caminho difícil e cheio de perigos. O homem de bom senso sempre age com sabedoria, mas o tolo expõe a sua falta de compreensão da vida. Um mensageiro perverso causa a desgraça, mas o mensageiro cuidadoso traz cura. A pessoa que se rebela contra a disciplina acabará pobre e envergonhada, mas quem dá valor à correção receberá um tratamento honroso. O desejo que se realiza traz grande alegria ao coração; por isso os perversos nunca querem deixar de lado os seu planos maus. Aquele que procura a companhia dos sábios se tornará sábio também, mas se você está na companhia de pessoas tolas acabará mal. O mal persegue de perto o pecador, mas os justos sempre recebem a recompensa da felicidade. O homem honesto deixa herança para os seus netos, mas a riqueza do pecador é guardada para os justos. A terra dos pobres produz com fartura, mas isso será desperdiçado se eles não levarem uma vida justa. O pai que não castiga o seu filho quando é preciso mostra que não tem amor por ele. Um pai que ama o seu filho, desde cedo o disciplina. O justo sempre tem o alimento de que precisa para não passar necessidade, mas o perverso acaba passando fome. A mulher sábia edifica o seu lar, mas a mulher sem juízo, sozinha, destrói a vida de sua família. A pessoa que vive praticando a justiça prova que teme o Senhor, mas quem vive andando pelos caminhos da maldade o despreza. As palavras do insensato trazem o castigo que ele merece, mas os sábios são protegidos pelos seus lábios. Um curral sem bois não dá trabalho e está sempre limpo; em compensação, pela força do boi há abundância de colheita. Uma testemunha verdadeira nunca mente, mas a testemunha falsa está sempre contando mentiras. O zombador busca a sabedoria, mas nunca a encontra, mas o homem de bom senso encontra depressa o verdadeiro sentido da vida. Afaste-se das pessoas sem juízo, porque no conselho deles você não encontrará conhecimento. O homem prudente sabe julgar os fatos da vida, mas a mente do tolo é cheia de ilusões e enganosa. As pessoas sem juízo zombam do pecado, mas aos que obedecem, Deus oferece o seu perdão. Cada coração conhece a sua própria amargura e você não pode repartir a sua alegria com os estranhos. A casa do perverso será destruída, mas a tenda dos justos florescerá. Há certos caminhos que parecem perfeitos ao homem, mas quem os segue acabará encontrando a morte. Não existe sorriso capaz de esconder um coração triste; a alegria pode terminar em profunda tristeza. Quem despreza a Deus colhe os frutos amargos da sua conduta, mas os bons serão recompensados. Uma pessoa inexperiente acredita em tudo que ouve. A pessoa sensata examina com atenção cada passo que dá. O homem sábio cuida bem de sua vida e evita o mal, mas o tolo confia em suas próprias forças e acaba se dando mal. Quem perde a cabeça num instante acaba cometendo tolices, quem guarda a raiva e planeja vingança acaba sendo odiado. Os inexperientes herdam a insensatez, mas o conhecimento é a coroa dos prudentes. Um dia, os perversos serão servos dos justos e os maus pedirão esmolas à porta da casa dos bons. O pobre é desprezado até pelos seus vizinhos, mas o rico tem muitos amigos. Quem despreza o próximo está pecando, mas Deus abençoa quem ajuda os necessitados. Quem planeja fazer mal a outra pessoa está no caminho do pecado, mas quem planeja o bem encontra amor e fidelidade. Todo trabalho traz proveito, mas quem só conversa passará necessidade. O prêmio da sabedoria são as riquezas ganhas decentemente; o tolo, no entanto, será sempre tolo. Uma testemunha que fala a verdade salva vidas, mas a testemunha mentirosa destrói a vida do inocente. Aquele que teme o Senhor encontra um forte apoio nas horas difíceis e refúgio para os seus filhos. O temor do Senhor é a fonte de vida e ajuda a escapar dos perigos da morte. Uma população que cresce é a glória do rei; uma população que diminui é a pior desgraça do príncipe. A pessoa paciente acabará se tornando sábia, mas quem perde a paciência e é precipitado mostra que não tem juízo. A paz de espírito prolonga a vida, mas a inveja acaba destruindo a saúde. Quem maltrata o pobre ofende o seu Criador, mas quem ajuda os pobres e necessitados está honrando Deus. O perverso é destruído pelos seus próprios pecados, mas os justos diante da morte encontram refúgio. A sabedoria tem lugar garantido no coração do homem de bom senso, mas no coração do tolo ela não é conhecida. A obediência engrandece a nação, mas o pecado traz vergonha e desonra para um povo. O rei tem prazer no servo que trabalha bem, mas o servo que procede vergonhosamente o deixa furioso. Uma resposta amiga e delicada acalma o furor, mas quem responde com raiva provoca a ira. Quem é sábio ensina grandes verdades de maneira simples e agradável, mas quem é tolo só sabe ensinar o que não presta. O Senhor vê tudo que acontece em toda parte; ele observa o comportamento dos bons e dos maus. Uma língua saudável é árvore de vida, mas a língua enganosa esmaga o espírito. O jovem que despreza os conselhos de seu pai se tornará um homem tolo, mas quem aceita a repreensão se torna sábio. Na família do justo há um grande tesouro, mas os rendimentos dos maus trazem dor e tristeza. Por onde passa, o sábio espalha a sabedoria, mas o homem sem juízo espalha a sua tolice. O Senhor detesta o sacrifício dos maus, mas a oração do justo lhe traz alegria. O Senhor detesta a desobediência dos maus, mas ama quem pratica a justiça. Quem abandona o caminho do bem será castigado; se não quiser voltar ao caminho certo, será punido com a morte. O Senhor conhece a Sepultura e a Destruição; quanto mais o coração dos homens! Quem zomba da sabedoria não dá o menor valor a quem o corrige; nunca vai procurar ser amigo dos sábios. O coração alegre deixa o rosto mais bonito; um coração triste tira o ânimo e a disposição de enfrentar a vida. O coração que sabe discernir busca o conhecimento, mas os tolos estão satisfeitos com a sua própria ignorância. Quando o coração do homem está aflito, todos os dias são escuros e cinzentos. Quando o coração está alegre, todo dia é dia de festa. É melhor ser pobre e temer o Senhor do que ser rico e viver preocupado. É melhor comer um prato de verduras e ter paz na família do que um boi gordo num lar cheio de ódio. O homem de gênio irritadiço está sempre arranjando brigas, mas o homem paciente acalma a discussão. Para o preguiçoso, a vida é sempre cheia de espinhos, mas o homem justo tem sempre um caminho plano à sua frente. O filho sábio dá alegria a seu pai, mas o filho sem juízo despreza a sua mãe. Um homem que se alegra com coisas sem valor mostra que é um tolo, mas o sábio se alegra em praticar a justiça. Quem pensa que pode vencer na vida sozinho vai fracassar totalmente; quem procura ajuda e pede conselhos será bem-sucedido. A resposta apropriada é motivo de alegria; como é boa a palavra certa na hora certa! O homem justo vai subindo pelo caminho da vida, para que não desça à sepultura. O Senhor derruba a casa do orgulhoso, mas protege a propriedade da viúva. O Senhor odeia os planos do perverso, mas se alegra de palavras ditas com bondade. O homem que usa a desonestidade para ficar rico traz desgraça para sua família, mas quem é honesto e não aceita o suborno viverá. O justo pensa bem antes de responder, mas o perverso vai falando suas maldades sem pensar no que está dizendo. O Senhor está longe dos maus, mas ouve com atenção a oração dos justos. Um olhar amigo alegra o coração, e as boas notícias dão mais ânimo para enfrentar a vida. Quem aceita a repreensão justa andará na companhia dos sábios. Quem despreza a correção faz pouco caso da sua própria vida, mas quem aceita a repreensão também se tornará sábio. O temor do Senhor ensina a sabedoria, e a humildade precede a honra. Podemos muito bem fazer planos para o futuro, mas o resultado final é o Senhor que produz. Todos os caminhos do homem lhe parecem certos, mas o Senhor avalia as nossas verdadeiras intenções. Deixe nas mãos do Senhor tudo quanto você faz, e todos os seus planos serão bem-sucedidos. O Senhor criou todas as coisas de acordo com o seu plano, inclusive os maus para o dia do castigo. O Senhor detesta o orgulho no coração do homem; todos os orgulhosos serão castigados. Para se apagar o pecado é preciso haver sinceridade e um amor que perdoa; para evitar o mal é preciso temer o Senhor. Quando a vida de um homem agrada o Senhor, ele faz com que até seus inimigos vivam em paz com eles. É melhor ter pouco com retidão do que ter muito com desonestidade. Fazemos planos para nossa vida, mas é o Senhor quem determina os nossos passos. O rei toma as decisões mais importantes do país e por isso precisa julgar todos os assuntos com sabedoria. O Senhor exige honestidade total em todos os negócios. Todos os pesos da bolsa são feitos por ele. Não há nada mais detestável para um rei do que a prática da maldade, porque um governo só se torna firme através da justiça. O rei se agrada nos lábios de justiça e eles dão valor ao que fala a verdade. Quando o rei fica furioso acaba condenando alguém à morte, mas um ministro sábio faz o rei mudar de ideia. A alegria no rosto do rei é sinal de vida; sua bondade é como a chuva da primavera. Tornar-se sábio vale mais do que o ouro! É melhor obter bom senso do que a prata. Quem obedece ao Senhor procura sempre se afastar do mal. Se você andar dessa maneira, estará em segurança. A desgraça está a um passo do orgulho; logo depois da vaidade vem a queda. Mais vale ter um espírito humilde e estar junto dos oprimidos do que partilhar das riquezas dos orgulhosos. Quem acolhe a palavra receberá muitas bênçãos e quem confia no Senhor será feliz. O homem sábio se torna famoso pelo seu bom senso; quem fala com equilíbrio promove o ensino. A sabedoria é a fonte da vida para os sábios, mas o tolo será castigado pela sua própria tolice. O coração do homem sábio controla suas palavras e os seus lábios promovem a instrução. Palavras agradáveis são doces como mel, são doces para o paladar e trazem cura para a alma. Há certos caminhos que parecem perfeitos, mas quem segue por eles acabará encontrando a morte. O apetite faz o homem trabalhar com vontade, pois ele trabalha para matar a fome. O homem rebelde faz planos maldosos; sua língua destrói como um fogo ardente. O homem perverso espalha o ódio por onde passa, e o que espalha boatos separa os melhores amigos. O homem violento procura sempre conseguir companhia e leva o seu próximo para o mau caminho. Cuidado com quem pisca e sorri maliciosamente; ele faz seus planos maldosos e depois morde os lábios para esconder seu sorriso perverso de quem já fez o mal que planejou. Os cabelos brancos são uma coroa de honra para quem anda no caminho da justiça. O homem paciente vale mais que um guerreiro que venceu muitas batalhas, porque vale muito mais controlar as próprias emoções do que conquistar uma cidade. Podemos pensar que decidimos as dúvidas lançando sorte, mas é o Senhor que controla o resultado. É melhor comer um pedaço de pão seco e viver em paz do que um banquete numa casa onde só existe briga e discussão. Um servo honesto e ajuizado acabará dando ordens ao filho que envergonhou seu pai e participará da herança com os irmãos. O calor e o fogo purificam a prata e o ouro, mas o Senhor prova os corações. As pessoas perversas dão muito valor às coisas más; os mentirosos gostam muito de ouvir as mentiras de seus amigos mentirosos. Quem zomba do pobre despreza o seu Criador; quem se alegra com a desgraça dos outros receberá o devido castigo. O maior orgulho e alegria para os velhos são os seus netos; para os filhos, o maior motivo de orgulho é o seu pai. Não convém um tolo falar de forma eloquente e muito menos um governante contar mentiras. O suborno é uma pedra mágica na mão de quem o dá. Em qualquer situação produz os resultados desejados. Quem perdoa uma ofensa promove amor, mas quem vive relembrando o assunto separa os maiores amigos. A repreensão produz um resultado melhor no homem de bom senso do que cem chicotadas nas costas de um tolo. Quem se rebela contra Deus dedica sua vida à maldade; por isso, será castigado duramente. É menos perigoso dar de cara com uma ursa que perdeu os filhotes do que cair nas mãos de um homem sem juízo ocupado com suas tolices. Se você pagar o bem com o mal, jamais deixará de ter o mal no seu lar. Começar uma discussão é como a primeira rachadura numa represa: por isso, procure fazer as pazes antes que a discussão comece. O Senhor odeia quem dá razão ao perverso e condena o justo. Dinheiro na mão de um homem sem juízo não tem valor porque ele não quer usar a riqueza para obter sabedoria. O amigo é sempre leal, mas na hora da dificuldade ele se torna mais que um amigo; ele passa a ser um irmão. O homem sem juízo se compromete com um aperto de mão e se torna fiador de outra pessoa. Quem tem prazer em brigar mostra que ama o pecado; quem vive contando vantagens está procurando a sua ruína. O homem de coração perverso não prospera, e o mentiroso tropeçará em sua própria maldade. O filho sem juízo só dá tristeza ao pai, não há alegria para o pai do filho insensato. O coração alegre é bom remédio para o corpo, mas a tristeza na alma acaba com a saúde do homem. O perverso aceita o suborno às escondidas para perverter os caminhos da justiça. O objetivo do homem de bom senso é se tornar sábio; o tolo não sabe o que quer na vida e a cada dia muda de opinião. Um filho tolo é a tristeza do pai e o sofrimento daquela que o deu à luz. Não é bom punir o justo, nem espancar quem merece ser honrado. O homem que tem conhecimento sabe ficar calado; quem mantém a calma é sábio. Até o tolo passa por sábio se ficar calado, e, se controlar suas palavras, parecerá uma pessoa com discernimento. Quem procura se isolar busca interesses egoístas e rejeita os bons conselhos. O homem que não tem bom senso não se interessa pelo entendimento, mas sim em expor as suas opiniões. Com a perversidade vem o desprezo, e com a desonra vem a vergonha. A sabedoria do homem é como águas profundas, mas a fonte de sabedoria é um rio que nunca seca. Não é bom ficar do lado dos perversos e jogar a culpa sobre o inocente. O tolo provoca brigas com suas palavras, e sua conversa atrai açoites. Sim, as palavras do tolo acabam destruindo sua vida; seus lábios são uma armadilha para si mesmo. Boatos e fofocas são como prato favorito! Certas pessoas sempre querem um pouco mais, sempre estão com fome! Quem é descuidado no seu trabalho é companheiro daquele que desperdiça. O Senhor é uma fortaleza segura; nele os justos encontrarão proteção e segurança. O homem rico pensa que suas riquezas são uma proteção segura e um muro alto, impossível de ser escalado. Ele conta vantagens sobre suas riquezas, cheio de orgulho, mas está a caminho da desgraça; porém, a humildade antecede a honra. Se você se apressa em dar sua opinião, antes de ouvir os fatos, está mostrando que é um tolo e passará vergonha! A esperança e a força de vontade ajudam o homem a vencer dificuldades e doenças, mas se não houver esperança e força de vontade, o homem perde o interesse na vida. A mente do homem sábio está sempre aberta para receber o conhecimento e seu ouvido aberto para ouvir novas ideias. Um presente abre muitas portas e leva o homem à presença de homens importantes. Quem apresenta a sua causa sempre parece ter razão até surgir alguém contando o outro lado da história. Lançar sortes pode resolver questões e disputas entre homens fortes e importantes. É mais difícil ganhar de volta a amizade de uma pessoa ofendida do que conquistar uma cidade fortificada. As brigas são como portas trancadas de uma cidadela. Sempre temos que comer o fruto das palavras que semeamos. A língua tem poder para construir ou destruir uma vida. Quem usa bem suas palavras receberá seus benefícios. O homem que encontra uma esposa, encontrou algo de muito valor; recebeu uma prova viva da bênção de Deus. O pobre implora por misericórdia, mas o rico fala com orgulho e dureza. Quem tem muitos amigos pode ser levado à ruína. No entanto, há amigos mais achegados que um irmão. É melhor ser pobre e honesto do que ser tolo e mau nas suas palavras. É perigoso agir sem pensar; quem se apressa erra no caminho. O homem tolo estraga sua própria vida e depois, revoltado, joga a culpa no Senhor. Quem tem muitas riquezas sempre arranja muitos amigos, mas o pobre é abandonado até pelos seus poucos amigos. A testemunha falsa não ficará sem castigo, e o mentiroso não escapará do castigo. O homem generoso está sempre cercado por gente que quer agradá-lo, e todos são amigos de quem dá presentes. Se os parentes do homem pobre se afastam dele envergonhados, quanto mais os seus amigos! Ele pode pedir e implorar para não ser abandonado, mas ninguém atenderá aos seus pedidos. Quem dá valor à sua própria vida procura se tornar sábio; quem usa bem o seu entendimento prospera. A testemunha falsa será castigada, e o mentiroso será condenado. Certas coisas não combinam: riquezas com pessoas tolas, autoridade e poder com quem sempre foi servo. O bom senso torna o homem paciente com as outras pessoas. A sua grandeza é perdoar o ofensor! Um rei furioso é perigoso como um leão faminto, mas a bondade do rei é como o orvalho que refresca as plantas. O filho tolo é a tristeza de seu pai; e a esposa que vive discutindo é como uma torneira pingando o dia inteiro. Os pais podem deixar para o filho casas e uma grande riqueza, mas uma esposa amorosa e sensata só o Senhor pode dar. A preguiça deixa o homem constantemente com sono, e por isso o preguiçoso acaba passando fome. Quem obedece aos mandamentos protege sua própria vida, mas quem despreza os seus ensinamentos morrerá. Quem ajuda os pobres empresta ao Senhor, e ele o recompensará. Dê a seu filho o castigo necessário enquanto é criança e ainda há esperança de corrigir a desobediência. Deixar de castigar é o mesmo que condenar seu filho à morte. O homem que fica com raiva por qualquer coisa precisa ser castigado. E não adianta tentar tirar esse homem das dificuldades uma vez, porque vai ter de fazê-lo de novo. Preste sempre atenção nos conselhos e aceite os ensinos, e você se tornará sábio. O homem sonha e faz planos, mas é o Senhor que realiza a sua vontade. O que se deseja ver num homem é amor constante. Então seja bondoso e verdadeiro, e os outros não darão atenção para o fato de você ser pobre. O temor do Senhor dá paz e segurança ao homem. Os preguiçosos chegam ao extremo de não comer porque não se dão ao trabalho de levar o alimento à boca. Quando um rebelde é castigado, as pessoas inexperientes veem as consequências do pecado e se tornam sábias; quando o homem com discernimento é repreendido ele se torna mais sábio. Quem maltrata o seu pai ou expulsa sua mãe é causador de vergonha e desgraça! Meu filho, se você deixa o ensino hoje vai ficar mais longe da verdade amanhã. A testemunha falsa e mentirosa zomba da justiça; e a boca dos perversos tem a mentira como prato favorito. O castigo dos rebeldes e desobedientes já está preparado e será muito severo! O vinho é zombador, e a bebida fermentada provoca brigas. Como são tolos os homens que se entregam à bebida e acabam dominados por ela! Um rei furioso é como um leão faminto; quem deixar o rei furioso está arriscando a própria vida. Dar fim a uma briga não é vergonha, é honra; só os tolos fazem questão de brigar. O preguiçoso que não prepara a terra para o plantio, dizendo que está muito frio para trabalhar, também não terá comida quando vier a colheita. Os sentimentos e pensamentos do coração do homem são águas profundas, mas o homem sábio é capaz de trazê-los à tona. Todos gostam de anunciar sua própria fidelidade, mas como é difícil encontrar uma pessoa realmente digna de confiança! Como são felizes os filhos de um pai justo e íntegro! Quando o rei senta para julgar, com os seus olhos elimina todo o mal. Não existe uma pessoa capaz de dizer: “Purifiquei o meu coração; estou sem nenhum pecado”. O Senhor detesta a desonestidade e a mentira. É possível conhecer o caráter de uma criança pelo seu comportamento; o seu procedimento revelará se ela é pura e boa. O Senhor criou tanto o olho humano quanto o ouvido humano. Não seja preguiçoso e dorminhoco, senão você acabará ficando pobre; acorde, trabalhe, e você terá o necessário para viver. “Isso está muito caro!”, diz o comprador pechinchando o preço. Quando chega em casa, se gaba para todo mundo da boa compra que fez. O homem pode conseguir muitas riquezas, como ouro ou pedras preciosas, mas os lábios que transmitem conhecimento são uma preciosidade rara. Emprestar dinheiro a estranhos e oferecer-se para pagar dívidas de quem não conhecemos bem é arriscado e traz sérias consequências. O dinheiro ganho com desonestidade pode comprar muita coisa boa, mas depois deixa a consciência amarga e o coração doído. Fazer planos sozinho não é bom; peça conselhos a outras pessoas sábias antes de sair para a guerra. Não conte seus segredos a quem vive falando da vida alheia, pois assim todo mundo ficará conhecendo a sua vida. Quem amaldiçoa seu pai e sua mãe, a luz da sua vida será apagada na mais profunda escuridão. O filho revoltado que exige do pai uma parte da herança antes da hora certa não será abençoado no final. Nunca diga: “Eu o farei pagar pelo mal que me fez!” Confie no Senhor, e ele fará justiça a você. O Senhor detesta todo tipo de mentira e desonestidade. É o Senhor quem dirige cada um dos nossos passos. Como poderia alguém conhecer o seu próprio caminho? É uma armadilha fazer promessas a Deus e assumir compromissos com ele sem antes pensar nas consequências! Um rei sábio descobre quem está fazendo o mal e o castiga sem piedade. A consciência do homem é um farol que o Senhor colocou nele para revelar todos os pensamentos e emoções. Um rei que ama o seu povo é fiel ao Senhor e procura sempre fazer o bem terá um reinado seguro e feliz. Para os jovens, a glória é ser forte e bonito; a glória dos velhos está na sua experiência de vida. Um castigo severo que nos deixa com muitas dores ajuda a vencer o mal; os açoites penetram no mais íntimo do ser. Para o Senhor, conduzir o coração de um rei é como dirigir a correnteza de um rio; ele o dirige para onde quer. Há sempre uma maneira ou outra de justificarmos nossas ações, mas o Senhor conhece os pensamentos e as intenções. Para o Senhor é mais importante obedecer às suas leis e viver honestamente do que oferecer sacrifícios a ele. Um olhar de desprezo e um coração orgulhoso são as marcas dos perversos. Quem planeja e trabalha com dedicação terá fartura; quem quer ficar rico da noite para o dia acaba na miséria. Usar mentira e desonestidade para conseguir fortuna é vaidade, e aqueles que a isso são impelidos buscam a morte. A violência dos homens perversos será o castigo que eles receberão pela sua maldade e injustiça. Um homem com a consciência culpada está sempre se desviando dos outros para não ser acusado. O homem honesto não precisa temer, e anda tranquilo. É melhor morar sozinho num barraco do que com uma mulher briguenta e implicante numa bela casa. A mente do perverso só pensa em fazer o mal; ele não faz o bem a ninguém, nem mesmo a quem está mais próximo. Quando o zombador é castigado, a pessoa inexperiente verá as consequências do pecado e se tornará sábia; quando o sábio é corrigido, obtém conhecimento. O justo observa de perto as maldades do perverso; mais tarde trará sobre si o castigo merecido. Quem se faz de surdo para não ajudar os pobres que pedem ajuda, também será ignorado quando estiver passando necessidade. Se alguém estiver zangado com você, dê-lhe um presente em segredo! Você verá como a raiva e a mágoa passam num instante. O justo se alegra quando se faz justiça, mas os rebeldes se apavoram. Quem conhece o caminho do bem, mas prefere andar constantemente pelo caminho do mal, destruirá sua própria vida. Quem ama os prazeres passará necessidades; quem se apega aos grandes banquetes e aos melhores vinhos acabará na pobreza. O justo fica livre do castigo, mas o perverso sofre em lugar dos bons. É melhor morar numa terra seca e deserta do que numa boa casa com uma mulher briguenta e implicante. O sábio economiza e tem sempre bastante comida e dinheiro em sua casa, mas o tolo gasta todo o seu dinheiro assim que o recebe. Quem se esforça em seguir a justiça e a lealdade encontra vida longa, justiça e honra. Na hora da batalha, a sabedoria vale mais que a força bruta para obter a vitória. Tome cuidado com suas palavras e você evitará muito sofrimento. Você quer saber o que há no coração de um homem que vive zombando de tudo e de todos? Orgulho, convencimento, ódio e atrevimento. O preguiçoso morre de tanto desejar e de nunca pôr as mãos no trabalho! Certas pessoas querem possuir tudo o que veem, mas o justo tem prazer em repartir o que possui com outras pessoas. Deus despreza o sacrifício oferecido pelos perversos, ainda mais quando ele pensa que assim pode conseguir o favor de Deus. A testemunha mentirosa será castigada, mas o homem que sabe ouvir falará para sempre. O perverso é teimoso e se recusa a deixar seu mau caminho, mas o justo examina sua vida e muda o que é necessário. Ninguém, por mais sábio e esperto que seja, nem plano algum é capaz de enganar ou vencer o Senhor. O cavalo é preparado para o dia da batalha, mas é o Senhor que dá a vitória. É melhor ser respeitado do que ser rico; é melhor ser amado do que ter uma fortuna em ouro e prata. O rico e o pobre são iguais perante o Senhor, que criou os dois. O homem de bom senso percebe os perigos que tem pela frente e busca refúgio; as pessoas inexperientes avançam e sofrem as consequências. Para conseguir riqueza, respeito dos homens e uma vida feliz, você precisa ser humilde e temer o Senhor. O perverso anda por um caminho cheio de espinhos e armadilhas; quem dá valor a sua própria vida se afasta desse caminho. Instrua seu filho a formar bons hábitos enquanto ainda é pequeno. Assim, ele nunca abandonará o bom caminho, mesmo depois de adulto. Assim como os pobres são dominados pelos ricos, quem pede emprestado se torna escravo de quem empresta. Quem semeia a maldade colhe a desgraça e será castigado pela sua própria arrogância. O homem generoso será recompensado porque reparte seus bens com o pobre. Se há brigas num grupo, mande embora o zombador, e as brigas e os problemas acabarão imediatamente. O homem sincero de coração e delicado no falar ganhará a amizade do rei. O Senhor vigia e protege o conhecimento, mas ele frustra os planos dos perversos. O preguiçoso inventa desculpas para não trabalhar, dizendo: “Não posso sair de casa porque há um leão lá fora! Se eu andar pela cidade, ele me matará!” A conversa da mulher imoral é como um poço muito fundo; o homem que estiver sob a ira do Senhor acabará caindo nele. Toda criança é rebelde e desobediente por natureza, mas a vara da disciplina a ensinará a se comportar. Quem explora o pobre para enriquecer acabará na pobreza; o mesmo acontecerá a quem procura agradar os ricos para subir na vida. Ouça com atenção as palavras do sábio, e aplique o meu ensino em seu coração, porque vale a pena guardá-lo no íntimo e ter tudo na ponta da língua. Quero ensinar você a confiar somente no Senhor! Lembre-se dos conselhos e instruções que eu lhe escrevi há muito tempo, que ajudarão você a saber o que é certo. E assim quando fizerem perguntas, você poderá ajudar outras pessoas! Não explore o pobre porque ele não pode se defender! Não seja injusto ao tratar dos problemas de uma pessoa humilde que não tem quem a defenda no tribunal, pois o Senhor mesmo lutará em favor do pobre e do humilde e castigará com a morte quem explora os fracos. Não se torne amigo de quem vive de mau humor, nem ande em companhia de pessoas iradas e grosseiras, do contrário você acabará se tornando igual a elas e será castigado da mesma maneira. Não faça parte daqueles que se oferecem para pagar as dívidas de amigos e conhecidos. Para que arriscar os seus bens, se você não tem como pagá-las, chegando a perder até a cama em que dorme? Não tente aumentar sua propriedade mudando os antigos marcos! Você conhece alguém que faz seu trabalho com cuidado e perfeição? Em pouco tempo seu valor será reconhecido e ele será chamado para trabalhar para o rei. Quando você for convidado para um jantar com um governante, observe com atenção quem está diante de você! Não exagere na comida, controle seu apetite! Tome cuidado porque talvez essa pessoa esteja querendo comprar sua amizade em troca de uma comida deliciosa. Ser rico não é a coisa mais importante do mundo; por isso, não use todo o seu tempo e bom senso para ganhar dinheiro. Para que se dedicar tanto às riquezas? Elas desaparecem num instante, como uma águia que voa para longe. Não aceite presentes do homem de olhos maus! Não deseje comer a comida deliciosa que ele come, porque quando ele convida alguém e oferece do bom e do melhor, em sua mente está pensando: “Como eu posso tirar vantagem dessa pessoa?” Você acabará vomitando a comida deliciosa que comeu e será obrigado a pagar o favor. Não desperdice sua sabedoria dando conselhos a uma pessoa tola; ela não dará a menor importância ao que você diz. Não mude os antigos marcos de propriedades, nem invada as terras dos órfãos, porque o Vingador deles é forte. Ele dará a você um castigo bem severo. Preste atenção na disciplina que receber e faça um propósito de corrigir o que for necessário. Não deixe de corrigir a criança; o castigo com a vara não prejudica a criança. Castigue-a com a vara, e você a livrará da sepultura. Meu filho, ficarei muito feliz se você se tornar uma pessoa sábia. Meu coração ficará alegre ouvindo seus lábios falarem com sabedoria. Não inveje o sucesso dos pecadores; tema o Senhor com toda a confiança, porque ele lhe dará um futuro alegre e cheio de paz. Você nunca ficará decepcionado confiando no Senhor. Meu filho, ouça meus conselhos e tenha juízo; ande sempre pelo caminho do Senhor. Não se meta com pessoas que se encharcam de vinho, nem com as que se empanturram com carne. Porque tanto os beberrões como os comilões caem no sono, não trabalham e acabam na pobreza, vivendo como mendigos. Ouça os conselhos de seu pai que o gerou e aproveite a sabedoria de sua mãe, quando ela envelhecer. Por todos os meios possíveis, torne-se alguém que conhece a verdade; não abra mão da sabedoria, da disciplina e do discernimento. O pai do justo vibrará de alegria; quem tem um filho sábio se alegra nele e tem orgulho dele. Sim, que o pai e a mãe se alegrem por terem um filho como você; regozije-se a mãe que o deu à luz! Meu filho, siga meus conselhos de todo o coração! Mantenha os seus olhos nos meus caminhos. Fique longe das prostitutas! Elas são uma armadilha profunda em seu caminho, e a mulher adúltera, um poço estreito. Elas são como os assaltantes que atacam as vítimas à traição; elas levam muitos homens a serem infiéis. Quem tem o coração carregado de dor? De quem são as tristezas? Quem vive brigando e se queixando? De quem são os ferimentos desnecessários? Quem está sempre com os olhos inchados? É o homem que passa horas e horas bebendo vinho; são os que andam misturando vários tipos de bebida. Não se deixe enganar pelo vinho quando está vermelho, pelo seu brilho quando cintila no copo e escorre suavemente! Quando você acabar de beber, sentirá dores como de uma mordida de cobra ou de uma picada de víbora. Você começará a ver coisas estranhas e sua mente imaginará coisas sem sentido. Ficará tonto como um marinheiro em alto-mar, no meio de uma terrível tempestade, tropeçando e caindo sem ter no que se apoiar. Mais tarde você dirá: “Alguém me deu uma surra, mas eu não senti dor”. E ainda tonto, pensará: “Quando será que eu vou conseguir levantar? Quero beber mais um pouco”. Não tenha inveja dos homens perversos! Não deseje a companhia deles; porque eles passam o tempo todo planejando novas maneiras de fazer o mal e enganar os outros. Com a sabedoria se constrói a casa, e com prudência ela se consolida. Conhecer e entender a vida é a melhor maneira de acumular muitas riquezas e dar a sua família tudo de que ela necessita. Para vencer na vida, a sabedoria vale muito mais que a força bruta, e o bom senso muito mais que a valentia. Nunca vá para a batalha sem pedir conselhos a vários homens sábios; bons conselheiros sempre nos ajudam a vencer. A sabedoria é elevada demais para o homem sem juízo; quando são discutidos assuntos importantes, os tolos não têm nada a dizer. Aquele que planeja o mal contra os outros será conhecido como criador de problemas. Os planos malvados do insensato são pecados, e quem vive zombando de tudo e de todos é odiado pela sociedade. Se você fica desesperado quando tem que enfrentar muitos problemas, sua força será limitada. Liberte as pessoas que estão sendo levadas à morte; socorra os que caminham tropeçando para o lugar onde serão mortos. Não fuja da responsabilidade, dizendo: “Não sabia o que estava acontecendo!” Deus conhece os seus pensamentos; ele sabe muito bem o que se passa no seu coração e dará a cada um a recompensa merecida pelos seus atos. Meu filho, coma mel porque você sabe como o mel é gostoso e faz bem ao seu corpo. Saiba que a sabedoria é para a alma o que o mel é para o corpo; se você se tornar um sábio, terá um futuro brilhante e realizará todos os seus sonhos. Você, homem perverso, não tente destruir o justo à traição! Não pense em destruir a sua casa, porque ainda que o justo caia sete vezes, ele sempre terá forças para começar novamente a vida. Mas os perversos serão arrastados pela calamidade. Você, homem justo, não fique alegre quando o perverso for castigado por Deus, nem vibre quando ele tropeçar, para que o Senhor não fique sabendo e se desagrade, e desvie dele a sua ira. Não fique preocupado com o sucesso dos maus, nem inveje as riquezas dos perversos, porque para eles o futuro é negro e sem esperança. Meu filho, tema o Senhor e o rei; nunca faça parte de grupos revoltosos, porque eles serão destruídos repentinamente. Você faz ideia da destruição que Deus e o rei podem causar? Aqui estão alguns outros provérbios, escritos pelos sábios: É errado tomar partido quando se julga um caso, seja em favor do pobre ou do rico. Quem diz ao perverso: “Você está livre porque é inocente!” será amaldiçoado e desprezado por muitos povos. Mas o juiz honesto, que condena o perverso conforme a justiça, será amado pelo povo e abençoado por Deus. Você quer mostrar amor e consideração por alguém? Responda sempre a verdade com delicadeza. Cuide primeiro de seus negócios, defina sua situação financeira e depois comece a construir sua casa e formar sua família. Não prejudique seu próximo sem motivo, contando mentiras sobre ele. Não pense consigo mesmo: “Agora vou me vingar de tudo que ele fez de errado comigo”. Passei pelo sítio do preguiçoso, pela vinha do homem sem juízo, e vi que tudo estava coberto de mato e espinheiros. Havia ervas daninhas por toda parte, e o muro de pedras estava em ruínas. Vi aquilo tudo, pensei um pouco e aprendi esta lição: “Para quem sempre dorme um pouco mais, para quem sempre quer tirar uma soneca, para quem só pensa em cruzar os braços e descansar e ficar à toa, a pobreza chegará de repente, como um ladrão, e a fome atacará de surpresa, como um ladrão armado”. Estes são outros provérbios de Salomão; eles foram copiados pelos secretários do rei Ezequias, rei de Judá. Os mistérios que Deus não revelou ao homem mostram a sua glória, mas a glória dos reis está em descobri-los. Ninguém consegue medir a altura do céu e o tamanho da terra; do mesmo modo, ninguém sabe o que se passa no coração de um rei. Após retirar a terra da prata e dos metais que aparecem junto com ela, o ourives tem um metal precioso para fazer um belo vaso. Tire os ajudantes desonestos e mal-intencionados da presença do rei, e a justiça firmará o seu trono. Nunca pense em si mesmo como uma pessoa muito importante nem procure um lugar de honra junto ao rei. É melhor receber um convite do rei para ter um lugar de honra do que ter de sair de seu lugar e ser humilhado diante de outra autoridade! Não seja apressado, querendo julgar um caso que você não conhece direito. Que acontecerá quando seu próximo provar que você está errado? Por isso, trate do caso pessoalmente com o seu próximo e não revele o segredo a outra pessoa, caso contrário você corre o risco de ser chamado de mentiroso e ficar marcado para o resto da vida; você jamais perderá sua má reputação. Um bom conselho, dado na hora certa, é como uma bandeja de prata coberta de maçãs de ouro. A repreensão dada com sabedoria é como um brinco de ouro ou uma joia de ouro puro para quem se dispõe a ouvir a repreensão. Como o frescor da neve num dia de verão é o mensageiro de confiança para aqueles que o enviam; ele reanima o espírito dos seus senhores. Um homem que vive contando vantagens sobre boas ações que nunca pratica é como uma nuvem que passa sobre o deserto e não deixa cair uma gota de chuva. Seja paciente e você persuadirá o príncipe; fale sempre com delicadeza, pois assim você pode vencer todas as dificuldades. Você gosta de mel? Coma um pouco de cada vez, para que não fique enjoado e acabe vomitando. Não exagere nas visitas a seu vizinho para que ele não se canse de você e acabe ficando com raiva de você. Contar mentiras sobre outra pessoa faz tanto mal quanto bater-lhe com um porrete, com uma espada ou uma flecha bem aguda. Confiar num homem que não merece confiança na hora da dificuldade é como mastigar com dor de dente e apostar corrida com o pé quebrado. Cantar canções alegres para uma pessoa triste é como tirar o casaco num dia muito frio ou jogar vinagre numa ferida aberta. Se o seu inimigo estiver com fome, dê-lhe algo para comer; se ele estiver com sede, dê-lhe de beber. Fazendo isso, você amontoará brasas vivas sobre a cabeça dele, e o Senhor dará a você a recompensa. Como o vento norte traz a chuva, assim uma resposta atrevida sempre deixa uma pessoa com raiva. É melhor morar sozinho no canto sob o telhado do que numa bela casa com uma mulher briguenta e implicante. Boas notícias chegadas de um país distante são bem-vindas como um copo de água fresca para uma garganta sedenta. O homem justo que concorda em fazer maldades junto com o perverso é como uma fonte poluída ou um poço cheio de lama. Comer muito mel faz mal ao corpo; esforçar-se para mostrar aos outros como somos importantes faz mal ao nosso espírito. Um homem que não sabe controlar as suas emoções e vontades é como a cidade com seus muros derrubados. A honra é imprópria para o insensato, da mesma maneira que a neve no verão e a chuva forte na época da colheita. Uma maldição sem motivo nunca se cumprirá; será tão ineficaz como o pardal que voa e a andorinha que passa velozmente pelo céu. Para ensinar um cavalo é preciso um chicote; para ensinar um jumento é preciso um freio; para ensinar um homem sem juízo é preciso uma vara nas suas costas. Não tente usar argumentos com o tolo; você acabará agindo igual a ele! Responda ao tolo de acordo com a tolice dele para que não pense que está ficando sábio! Dar ao tolo a responsabilidade de levar uma mensagem importante é como cortar o próprio pé ou beber veneno. Um provérbio dito por um tolo não tem o menor valor; é como as pernas paralisadas de um aleijado. Dar honra ao insensato é como amarrar uma pedra na atiradeira. Um provérbio dito por uma pessoa sem juízo é como um ramo de roseira na mão de um bêbado. Um homem que dá emprego a um insensato ou um transgressor é como o arqueiro que a todos fere. O insensato repete seus erros, como um cão que volta ao seu vômito. Você conhece alguém que se considera sábio? Há mais esperança para o insensato do que para ele! O preguiçoso diz: “Pode haver um leão no caminho, um leão feroz rugindo nas ruas!” O preguiçoso se vira de um lado para o outro na cama, como uma porta que abre e fecha sem parar. O preguiçoso coloca a mão no prato, mas acha cansativo demais levar a comida à boca. O preguiçoso acha que sozinho é mais sábio do que sete homens capazes de dar a resposta certa. Dar opinião em problemas de outras pessoas sem que elas tenham pedido, é como puxar as orelhas de um cachorro bravo. Como um louco que atira brasas e flechas mortais, assim é o homem que engana o seu próximo e diz: “Não ligue! Era só uma brincadeira!” Uma fogueira se apaga quando acaba a lenha; da mesma maneira, as brigas acabam quando o encrenqueiro e implicante é separado do grupo. Como o carvão é para a brasa, e a lenha para o fogo, assim o homem briguento e implicante provoca discussões e brigas. Boatos e fofocas são o prato preferido de muita gente. Como gostamos de saboreálos. Como uma tinta prateada pode cobrir um vaso feito de barro comum, assim palavras amigas podem disfarçar um coração cheio de más intenções. Cuidado com o homem que fala muito mansamente e promete grandes favores! No fundo de seu coração ele abriga a falsidade. Embora a sua conversa seja mansa, não acredite nele, pois o seu coração está cheio de ódio. Ele pode disfarçar, mas todos acabarão vendo a sua maldade. Quem prepara armadilhas para outras pessoas acabará caindo nelas. Quem rola uma pedra pesada para destruir outra pessoa será esmagado por essa mesma pedra. Quem odeia a outra pessoa fere-a com mentiras; as palavras bajuladoras provocam a desgraça. Não fique orgulhoso das coisas que vai conseguir no futuro porque você não sabe o que vai acontecer amanhã. Não faça elogios a si mesmo; deixe isso por conta de outras pessoas. As pedras e a areia são pesadas, mas o peso causado pela insensatez dos tolos é ainda maior. O ódio é cruel, e a fúria é destruidora, mas a inveja é mais perigosa ainda. Uma repreensão franca vale mais que o amor escondido. Melhor é o castigo de quem nos ama de verdade do que os beijos dados por um falso amigo. Para quem está de barriga cheia, o mel mais doce não tem valor, mas para quem está com fome até a comida amarga é doce. O homem que fica muito longe de seu lar é como um pássaro que voa perdido, longe de seu ninho. Assim como os perfumes suaves alegram a vida, do conselho sincero de um homem nasce uma amizade. Não despreze o seu amigo nem o amigo de seu pai. Uma boa amizade vale muito nas horas difíceis; se você tem um bom amigo próximo de você, não precisará depender de parentes distantes. Meu filho, seja sábio, e ficarei muito feliz. Então saberei dar uma boa resposta a quem me desprezar. O homem de bom senso percebe os perigos que tem pela frente e procura um refúgio; as pessoas inexperientes avançam às cegas e sofrem as consequências. Emprestar dinheiro a estranhos, especialmente a uma mulher de má fama, é muito arriscado e traz sérias consequências. A bênção dada aos gritos, cedo de manhã, é recebida como maldição. Aquele gotejar constante que acontece quando chove e a mulher briguenta e implicante são muito parecidos. Tentar impedir que ela reclame e resmungue é como tentar segurar o vento ou como pegar o óleo com a mão. Como duas lâminas de ferro ficam mais afiadas quando são esfregadas uma contra a outra, assim dois amigos que discutem seus problemas com sinceridade acabam mais amigos e mais maduros do que antes. Quem toma conta de uma figueira tem o direito de comer do seu fruto. Quem cuida de seu senhor merece ser recompensado. Assim como a água revela a nossa aparência externa, o coração revela quem somos por dentro. O Sheol e a Destruição são muito parecidos porque nunca ficam satisfeitos, como nunca ficam satisfeitos os olhos do homem. O valor da prata e do ouro pode ser testado pelo fogo; o valor de um homem é demonstrado pela espécie de elogios que ele recebe. Ainda que você moa o insensato como o trigo no pilão, nem assim ele abandona sua insensatez. Procure saber como andam as suas ovelhas e em que condições estão os seus rebanhos, pois as riquezas não duram para sempre e nada garante que a coroa do rei passe de uma geração para a outra. Quando terminar a colheita nos campos, o feno for tirado, novas sementes estiverem brotando, e o capim das colinas for colhido, os cordeiros darão lã para as suas roupas, e com a venda dos cabritos você poderá comprar mais terra. Haverá fartura de leite de cabra para alimentar você e sua família e para o sustento das suas servas. Os perversos, por causa de sua culpa, fogem sem serem perseguidos, mas os justos são corajosos como o leão. Um povo que vive no pecado enfraquece o governo; mas um rei justo e honesto coloca o país no caminho certo. O pobre que explora os que são mais pobres do que ele é como uma chuva violenta que não deixa nenhum trigo. Quem despreza a lei apoia o perverso, mas aquele que obedece à lei despreza o perverso. Os maus não compreendem a justiça, mas os que buscam o Senhor e seguem as suas leis têm uma boa compreensão da justiça. É melhor ser pobre e obedecer a Deus de todo o coração do que ser rico e viver longe de Deus, como um perverso. Um jovem de bom senso respeita as leis, mas o companheiro dos glutões envergonha o seu pai. Quem se torna rico explorando os pobres e cobrando juros muito altos está juntando fortuna para o homem generoso que ajuda os pobres. Deus despreza as orações de quem se recusa a ouvir a sua lei. Quem leva os justos para o mau caminho cairá na própria armadilha que preparou, mas quem obedece a Deus de todo o coração receberá a recompensa justa. O homem rico pode se julgar sábio, mas o homem verdadeiramente sábio, mesmo sendo pobre, conhece o coração do rico. Quando os justos são bem-sucedidos, todos se alegram, mas quando os perversos se tornam poderosos, o povo treme de medo. Quem procura esconder seus pecados não prospera, mas quem confessa e abandona seus pecados alcança misericórdia. Quem vive diariamente no temor do Senhor será muito feliz, mas quem prefere fazer sua própria vontade cairá na desgraça. Um homem perverso que governa um povo necessitado é tão perigoso quanto um leão que ruge ou um urso faminto. Um governante sem juízo aumenta os impostos a cada dia, mas o governante que não quer enriquecer à custa do povo será mantido no cargo por muitos anos. Um assassino perseguido pela sua própria culpa será fugitivo até a morte; não tente impedi-lo. Quem obedece ao Senhor de todo o coração será salvo das dificuldades da vida, mas quem se afasta dos caminhos de Deus será derrubado pelos problemas repentinamente. Quem trabalha com dedicação sempre terá o que comer, mas quem prefere se juntar aos malandros desocupados acabará passando fome. O homem fiel receberá muitas bênçãos, mas quem procura enriquecer depressa e com desonestidade será castigado. Fazer acepção de pessoas é um erro grave; pois até por um pedaço de pão o homem se dispõe a fazer o mal. O invejoso corre atrás das riquezas alheias, mas não percebe que a miséria o aguarda. Quem repreende o próximo acabará ganhando um amigo, mas quem faz elogios mentirosos será desprezado. Quem rouba seu pai ou sua mãe e depois diz: “Não fiz nada de errado”, é tão perverso quanto aquele que destrói. Quem deseja ficar rico a qualquer preço provoca brigas, mas quem confia no Senhor prosperará. Quem confia em si mesmo é um tolo, mas o sábio confia no Senhor e será salvo das dificuldades. Quem reparte seus bens com os pobres não passará necessidade, mas quem finge não ver a necessidade deles sofrerá muitas maldições. Quando os perversos se tornam poderosos, os justos se escondem, mas quando os perversos são destruídos os justos aparecem. O homem que é corrigido muitas vezes e não muda seu comportamento errado será derrubado violentamente, de repente, e não haverá recuperação para ele. Quando o governo é formado de homens justos e honestos, o povo vive feliz, mas quando os líderes de uma nação são maus, o povo chora de tristeza. Um jovem ajuizado traz alegria ao seu pai, mas o jovem que vive correndo atrás de prostitutas joga na lama as riquezas da família. Um rei justo ajuda seu país a crescer e viver em paz, mas o rei que quer ficar rico à custa do povo acaba destruindo sua nação. Quem faz elogios falsos a seu amigo está preparando uma armadilha para si mesmo. No pecado do homem mau há uma armadilha, mas o justo está seguro e canta de alegria. O justo se preocupa em conhecer as necessidades e direitos dos pobres, mas o perverso não se importa com essas coisas. Os irresponsáveis armam confusões por toda parte, mas os sábios procuram ajudar os outros a viver em paz. Discutir com um tolo irresponsável não adianta nada! O resultado será sempre o mesmo: ele fica furioso ou zomba do que você diz. Os violentos odeiam o homem sincero e bondoso, mas os justos procuram proteger a vida desse homem. O tolo explode em gritos quando está furioso, mas o homem de bom senso controla suas reações. Quando um rei acredita em homens mentirosos, todos os oficiais acabam se tornando maus. O pobre e aquele que explora os outros têm uma coisa em comum: O Senhor deu vista a ambos. Um rei que não despreza os pobres para dar vantagens aos ricos ficará muito tempo no trono. A vara da correção dá sabedoria, mas a criança que sempre faz o que deseja envergonha a sua mãe. Quando os maus se multiplicam, multiplica-se o pecado, mas os justos verão a sua queda. Castigue o seu filho quando for necessário, e ele dará descanso e tranquilidade à sua alma. Quando não se pode contar ao povo os mandamentos de Deus, a sociedade vai de mal a pior; quando o povo obedece à lei, ele vive feliz. Para corrigir o escravo você precisa algo mais do que simples palavras, porque ele não leva a sério o que você diz. Há mais esperança na vida para um irresponsável do que para um homem que se precipita para falar. Se você dá muitas vantagens ao seu escravo, depois de algum tempo ele vai querer ser tratado como um filho, com direito à herança. O homem irado provoca brigas, e o de gênio violento comete muitos pecados. O homem é derrubado pelo seu orgulho, mas o de espírito humilde será respeitado. O homem que esconde um ladrão das autoridades está fazendo mal a si mesmo; acabará sendo condenado ao mesmo castigo que o ladrão! Quem tem medo dos homens cai em armadilhas, mas quem confia no Senhor vive tranquilo, pois sabe que está bem protegido. Não vá pedir favores às autoridades! Peça ao Senhor que é justo. Os justos odeiam a maldade dos perversos, já os perversos odeiam a justiça dos justos. Estes são os ditados de Agur, filho de Jaque, que vivia na terra de Massá. Estou cansado, ó Deus, estou cansado, ó Deus; estou desamparado. “Sou o mais tolo de todos; não tenho o entendimento de um ser humano. Não consegui entender a sabedoria, nem consegui entender o Santo! Quem subiu aos céus e desceu? Quem já pegou o vento com as mãos? Quem já embrulhou a água num manto? Quem marcou os limites da terra? Qual é o seu nome? E quem é o filho dele? Se você sabe, quem é? Cada palavra que Deus falou é verdadeira. Ele sempre protege aqueles que nele confiam. Não acrescente conselhos e ordens às palavras dele; se você fizer isso, ele o repreenderá, mostrando a todos que você é mentiroso. Ó Deus, eu peço apenas duas coisas para minha vida nesta terra: Não me deixe ser falso e mentiroso! Esse é o primeiro pedido. Além disso, não me deixe ficar muito rico nem muito pobre! Dê-me somente aquilo de que realmente preciso. Pois, tendo demais, seria ingrato e confiaria somente nas riquezas e deixaria o Senhor de lado; também não quero ficar tão desesperado por causa da pobreza a ponto de me tornar um ladrão, manchando o nome do meu Deus. “Nunca fale mal do servo diante do senhor, do contrário ele o amaldiçoará, e você será o culpado. “Há aqueles que amaldiçoam o seu pai e não abençoam a sua mãe; Há pessoas que se consideram puras aos seus olhos, mas nunca foram purificadas da sua impureza. Como são orgulhosas essas pessoas! Como são cheias de si; pessoas cujos dentes são espadas, e cujas mandíbulas são facas, para atacarem os necessitados e os pobres na terra dos aflitos. A sanguessuga tem duas filhas, e elas gritam: ‘Me dá! Me dá!’ “Há três coisas que nunca estarão satisfeitas, quatro que nunca dizem: ‘Basta!’: O mundo dos mortos, a mãe que ainda não teve filhos, a terra seca do deserto, sempre querendo mais chuva, e o fogo, sempre querendo algo mais para queimar. “Os olhos de quem zomba de seu pai ou despreza sua mãe ficarão cegos, serão arrancados pelos corvos e depois devorados pelos filhotes dos urubus. “Há três coisas que são misteriosas demais para mim, quatro que não consigo compreender: o rumo da águia voando pelo céu, o caminho da cobra se arrastando sobre a pedra, o caminho do navio nas águas do mar, e o caminho do homem com uma mulher. “É isso que faz a mulher que trai o marido: Comete o pecado e depois pergunta, com a maior inocência possível: ‘O que eu fiz de errado?’ ” Há três coisas que fazem a terra tremer, e quatro que ela não pode tolerar: o escravo que se torna rei, o insensato que tem fartura de pão, a mulher desprezada que finalmente se casa e a serva que toma o lugar de sua senhora. Há quatro animais pequenos que ensinam sabedoria ao homem: as formigas, tão pequenas, que sabem guardar comida para o inverno; os coelhos, tão fracos, que fazem sua toca no meio das pedras para se proteger; os gafanhotos, que não têm líder, mas voam juntos, em grandes bandos; as lagartixas, que podemos pegar com as mãos e, no entanto, vivem até nos palácios dos reis. Existem três criaturas que andam com passo elegante, quatro que se movem firmes e confiantes: O leão, poderoso entre os animais, que não foge de ninguém; o galo, que vive exibindo sua beleza; o bode; e o rei diante do seu exército. Se você agiu como um tolo e se tornou orgulhoso, se planejou fazer o mal a alguém, tenha vergonha de si mesmo e arrependa-se! Porque quando você bate o leite, produz manteiga; quando dá um soco no nariz, provoca sangue. Da mesma maneira, provocar a raiva acaba em briga”. Estes são os sábios ditados do rei Lemuel, lições importantes que sua mãe lhe ensinou quando ele ainda era um garoto. “Ó meu filho, filho do meu ventre, filho que eu consagrei ao Senhor, este é o meu conselho: Não jogue fora sua vida com mulheres, e seu vigor com aquelas que acabam destruindo reis. “Não convém aos reis, ó Lemuel, beber muito vinho, não convém aos governantes misturar bebidas fortes. Um rei que bebe muito acaba esquecendo suas obrigações, confunde as leis e não julga com justiça os fracos e pobres de seu país. As bebidas fortes são para os doentes, que estão a um passo da morte; o vinho é o companheiro de quem está desiludido da vida, porque ele bebe para esquecer sua pobreza e não se lembrar da sua infelicidade. Use as palavras para ajudar outras pessoas, especialmente os que são fracos e pobres e não podem cuidar de si mesmos. Use sua autoridade para fazer justiça e ajudar os pobres e necessitados. Se você encontrar uma esposa fiel e dedicada, achou um tesouro mais valioso que ouro e pedras preciosas. O marido dessa mulher fiel e dedicada está sempre tranquilo, pois ela nunca deixará faltar nada para ele. Ela sempre procura ajudar o marido; sempre procura o bem-estar dele, nunca o mal. Ela compra a lã e o linho e com prazer trabalha com as mãos. De lugares distantes ela traz comida para o lar com os navios mercantes. Antes de o sol raiar ela já está em pé, preparando a primeira refeição da família e planejando o serviço de suas servas. Ela sabe negociar! Compra um terreno e planta uma horta com o dinheiro que ganhou com seu trabalho. Ela está sempre disposta e não foge do trabalho pesado. Ela sabe que seu trabalho ajuda a sustentar a família, e ela trabalha até altas horas da noite. Com a agulha e a linha ela faz roupas e ajuda os pobres e necessitados. Quando chega o inverno, ela não precisa se preocupar porque já preparou roupas quentes para toda a família. Ela mesma faz as cobertas, e seus vestidos são de linho fino e de púrpura. Seu marido é conhecido e respeitado em sua cidade; será eleito para cargos importantes da sua terra. Ela faz roupas de linho e as vende, e fornece cintos para os comerciantes. Suas grandes virtudes são a energia e a honra. Ela não se preocupa com o futuro. Fala com sabedoria e ensina e corrige com amor. Ela cuida muito bem da sua casa e nunca dá lugar à preguiça. Seus filhos a respeitam e a elogiam; seu marido também a elogia, dizendo: “Pode haver muitas esposas exemplares neste mundo, mas eu tenho certeza que nenhuma delas é melhor que você”. Os encantos de uma mulher podem ser apenas uma ilusão, e a beleza não dura para sempre. A verdadeira beleza, a verdadeira honra de uma mulher está em temer o Senhor. A mulher que fizer isso será elogiada diante de todos; receberá a recompensa merecida. Palavra do Pregador Salomão, rei de Jerusalém, filho de Davi, rei de Jerusalém. Tudo é ilusão, diz o Pregador. Tudo é ilusão. Tudo é inútil. Qual é a vantagem que o homem consegue com o seu trabalho em que se esforça tanto debaixo do sol? Gente nasce e morre, mas a terra permanece para sempre. O sol nasce e se põe e volta ao lugar de onde nasceu. O vento sopra para o sul e para o norte, vai e vem, sopra aqui e ali, sem chegar a lugar algum. Os rios correm para o mar, mas o mar nunca fica cheio. A água volta para os rios e corre outra vez para o mar. A vida é uma canseira, nem dá para descrever! Mesmo que vejamos tudo que existe, não ficamos satisfeitos; podemos ouvir todos os sons, mas nem assim ficamos contentes. A história sempre se repete. O que foi feito se fará outra vez. Na verdade, não há nada de novo debaixo do sol. Tudo já foi dito ou feito antes. Você pode mostrar alguma coisa nova? Como é que você sabe que isso não existiu há muito tempo? Não podemos nos lembrar do que aconteceu no passado e daqui a algum tempo ninguém vai se lembrar do que nós fizemos. Eu, o Pregador, fui rei de Israel e morei em Jerusalém. Eu me esforcei para aprender bem tudo e a usar a sabedoria para explorar o que existe no universo. Descobri que Deus sobrecarregou o homem com trabalhos pesados. Tenho visto tudo o que é feito debaixo do sol; a vida é uma ilusão, é correr atrás do vento. O que está torto não pode ser endireitado; o que falta não pode ser contado. Eu disse então para mim mesmo: “Bem, eu sou muito mais estudado que todos os reis que governaram Jerusalém. Na verdade, adquiri muita sabedoria e conhecimento. Por isso me esforcei bastante para ser sábio e conhecer a loucura e a insensatez, mas agora vejo que isso também é correr atrás do vento. Pois quanto maior a sabedoria, maior o sofrimento; quanto maior o conhecimento, maior a tristeza. Eu disse a mim mesmo: “Vamos, experimente a alegria! Aproveite a vida ao máximo!” Mas acabei descobrindo que isso também era inútil. Concluí que é bobagem viver rindo o tempo todo; qual a vantagem disso? Assim, depois de pensar muito, resolvi entregar-me ao vinho e me divertir, sem, porém, deixar de procurar a sabedoria. Pensei que talvez fosse a melhor coisa que uma pessoa pudesse fazer debaixo dos céus durante a sua curta vida aqui na terra. Depois procurei encontrar a realização lançando um grande programa de obras: construí casas, plantei videiras para mim; fiz jardins e pomares, e plantei todo tipo de árvore frutífera. Mandei construir açudes onde ajuntei água para regar as minhas plantações. Comprei escravos, homens e mulheres, e muitos escravos nasceram em minha casa. E tive muitos bois e ovelhas, mais do que qualquer outro rei antes de mim. Recebi muito ouro e muita prata dos impostos que eu cobrava dos reis dos países próximos. Organizei também corais e orquestras, com bons cantores e cantoras. Além de tudo isso, eu tive muitas mulheres, as delícias dos homens. Com tanta riqueza, fui mais importante e poderoso que todos os outros reis que haviam reinado antes de mim em Jerusalém. Mas eu não abandonei a minha sabedoria. Tudo o que meus olhos desejaram consegui para mim. Provei todos os prazeres da vida. Cheguei a me alegrar em todo o meu trabalho; esse prazer foi a recompensa de todo o meu esforço. Contudo, quando vi tudo o que as minhas mãos haviam feito, e o trabalho que eu tanto me esforcei em realizar, compreendi que tudo era ilusão! Era como correr atrás do vento! Não havia nenhum proveito nisso debaixo do sol. Foi então que comecei a refletir na sabedoria, na loucura e na insensatez. O que pode fazer de novo o sucessor do rei a não ser repetir o que já foi feito? Reconheci que a sabedoria vale muito mais que a insensatez, assim como a luz é melhor que as trevas. O homem sábio tem olhos para ver, mas o tolo é cego. Apesar disso, notei que há uma coisa que acontece tanto ao sábio quanto ao tolo: ambos têm o mesmo fim! Pensei: “Um dia o tolo vai morrer, e eu também. Então para que serve a minha sabedoria?” Foi assim que compreendi que a sabedoria também não vale muita coisa. Tanto o sábio quanto o tolo morrerão um dia e logo serão esquecidos. Como o sábio morre, assim morre o tolo! Por isso, desprezei a vida, porque o trabalho que realizava debaixo do sol era muito pesado; tudo era uma grande ilusão, era como correr atrás do vento. E estou muito aborrecido porque tenho de deixar o fruto de todo o meu trabalho debaixo do sol para outra pessoa. E quem pode dizer se ele vai ser um sábio ou um tolo? Mas, mesmo assim, ele vai receber tudo o que realizei com a minha sabedoria debaixo do sol. Isso também não faz sentido! Cheguei a ponto de me desesperar por todo o trabalho duro que realizei debaixo do sol. Mesmo que eu trabalhe toda a minha vida e me esforce para ser sábio, para conhecer muitas coisas e saber executar qualquer trabalho, vou ter de deixar tudo o que ajuntei como herança para alguém que não se esforçou por aquilo! Ele vai receber de mão beijada o resultado de todo o meu esforço. Isso também é ilusão e uma grande injustiça. Afinal, o que é que um homem recebe como recompensa por todo o seu trabalho debaixo do sol? Durante toda a sua vida, seu trabalho é dor e tristeza, noites sem dormir, cheias de preocupação. Que vida sem sentido! Por isso, cheguei à conclusão de que não há nada melhor para o homem do que ter prazer em seu trabalho, comer e beber à vontade. Também vi que até mesmo esse prazer vem de Deus. Porque ninguém pode se alegrar, ou se alimentar, sem Deus. Deus dá a sabedoria aos que o agradam, além de conhecimento e de alegria; mas se um pecador fica rico, Deus tira dele a riqueza e entrega a quem o agrada. Tudo isso é ilusão. É como correr atrás do vento. Há um tempo certo para cada coisa; há um tempo certo para cada propósito debaixo do céu: Tempo para nascer e tempo para morrer; tempo para plantar e tempo para colher; tempo para matar e tempo para curar; tempo para destruir e tempo para construir de novo; tempo para chorar e tempo para rir; tempo para ficar triste e tempo para dançar de alegria; tempo para espalhar pedras e tempo para ajuntar pedras; tempo para abraçar e tempo para deixar de abraçar; tempo para procurar e tempo para perder; tempo para guardar e tempo para jogar fora; tempo para rasgar e tempo para costurar; tempo para calar e tempo para falar; tempo para amar e tempo para odiar; tempo para lutar e tempo para viver em paz. Que vantagem o homem tem com todo o trabalho pesado? Tenho visto o trabalho que Deus deu aos filhos dos homens para afligi-los. Todas as coisas têm seu valor quando são feitas na hora certa. Deus colocou o anseio pela eternidade no coração do homem, mas assim mesmo ele não consegue entender completamente os planos e as obras de Deus. Por isso, concluí que não há nada melhor para o homem que se alegrar e praticar o bem enquanto viver; descobri também que ele deve comer e beber; aproveitar o resultado de seu trabalho, porque é um presente de Deus. Também aprendi que tudo o que Deus faz permanecerá para sempre — não se pode tirar nem pôr. O que Deus quer é que os homens o temam. O que hoje existe, já existia no passado; o que vai surgir também já existiu antes. Deus faz aparecer de novo o que já tinha sido esquecido. Além disso, percebi também que debaixo do sol o crime toma o lugar da justiça; a impiedade, o lugar da honestidade. E falei comigo mesmo: Na hora certa, Deus vai julgar tanto o justo como o perverso; pois há um tempo para todo propósito, tudo que fazemos acontece na hora em que tem de acontecer. Aí compreendi que Deus prova os homens para que vejam que não são melhores do que os animais. Os homens e os animais respiram o mesmo ar e morrem da mesma maneira. Assim, o homem não tem nenhuma vantagem sobre o animal. Tudo é ilusão! Todos acabam indo para o mesmo lugar, voltam ao pó de onde vieram e para onde devem voltar. Quem pode provar que o espírito do homem vai para cima e o espírito dos animais desce para a terra? Foi assim que eu descobri que o melhor para o homem é se alegrar com o seu trabalho, porque esta é a sua recompensa. Ninguém pode fazer o homem voltar depois de morto para aproveitar aquilo que ainda vai acontecer. Depois disso, eu vi as aflições e tristezas que havia debaixo do sol. Vi as lágrimas dos aflitos, e ninguém para consolá-los! O poder está do lado dos opressores, e não há quem os console! Por isso achei que os mortos são mais felizes que os vivos. Mas o mais feliz de todos é aquele que não nasceu ainda e nunca viu toda a maldade que existe debaixo do sol. Percebi que o que faz os homens correrem atrás do sucesso é a inveja! Mas isso também é ilusão, é correr atrás do vento. O tolo cruza os braços e chega a passar fome. Vale mais a pena viver apertado com tranquilidade do que trabalhar e se cansar, pois isso, no fim das contas, é correr atrás do vento. Também vi outra situação absurda que acontece debaixo do sol: É o caso daquele homem que vive completamente sozinho, sem filhos ou irmãos ou parentes. Trabalhava sem parar para ajuntar mais dinheiro. Para quem ele vai deixar tudo o que ajuntou? Por que ele está deixando de aproveitar as coisas boas da vida? Isso também é ilusão; é um trabalho que desanima demais! Duas pessoas juntas podem lucrar muito mais do que uma sozinha, porque o seu trabalho vai render mais. Se uma delas cair, a outra a ajuda a levantar-se; mas o homem que está sozinho, quando cai, não tem ninguém para ajudá-lo a levantar-se. E quando a noite está fria, duas pessoas usando o mesmo cobertor esquentam uma à outra. Mas uma pessoa sozinha, como vai se aquecer? Uma pessoa sozinha corre o risco de ser atacada e vencida, mas duas pessoas juntas podem se defender melhor. Uma corda trançada com três fios não arrebenta facilmente. É melhor ser um jovem pobre, mas sábio, do que um rei velho e tolo, que não aceita repreensão. Um rapaz assim poderia até sair de uma prisão e atingir o sucesso. Poderia chegar a ser rei; mesmo que fosse de família pobre. Percebi que, ainda assim, o povo que vivia debaixo do sol seguia o jovem, o sucessor do rei. Ele pode se tornar o líder de milhões de pessoas, pode ser muito popular. Mas quando ficar velho, os que forem jovens não vão aceitá-lo como rei. Isso também não faz sentido, é correr atrás do vento. Quando você entrar no templo de Deus, tenha cuidado. Não ofereça o seu sacrifício como fazem os tolos, que não sabem que estão agindo mal. Não seja tolo a ponto de pensar em fazer promessas apressadas a Deus. Ele está lá no céu, e você aqui embaixo, na terra; por isso, fale bem pouco. Quando uma pessoa trabalha muito, tem muitos sonhos; quem é tolo fala demais e diz muitas bobagens. Por isso, quando você fizer um voto a Deus, não se demore em cumprir o que prometeu, porque Deus não se agrada dos tolos. Cumpra sempre as promessas que faz a Deus. É muito melhor não prometer e fazer alguma coisa do que prometer e depois não cumprir. Quando isso acontece, a sua boca fez você pecar. Não tente se defender, dizendo ao mensageiro de Deus que foi um engano fazer aquela promessa. Isso deixaria Deus muito irado, e ele poderia até destruir tudo o que você conseguiu ajuntar. Ficar apenas sonhando em vez de trabalhar é tolice, e quem fala demais acaba estragando sua vida. Em vez de viver assim, respeite e obedeça a Deus. Se em algum lugar você vir o rico explorando o pobre e vir que lhe são negados o direito e a justiça, não se surpreenda! Cada autoridade tem alguém mais importante acima dela e ela também tem superiores acima dela. Mesmo assim, é vantagem a nação ter um rei que a governe e tira proveito das colheitas. A pessoa que ama o dinheiro nunca tem o suficiente. Quem ama as riquezas jamais ficará satisfeito com o que ganha. Isso também é ilusão! Quanto mais se tem, mais se gasta. Qual é, então, a vantagem da riqueza, senão ver o dinheiro fugir rapidamente de nossas mãos? O homem que se esforça em seu trabalho dorme bem, quer coma pouco ou muito. Mas o rico fica sempre preocupado e não consegue dormir direito. Há ainda outro problema sério, que eu vi debaixo do sol: Riquezas acumuladas para a infelicidade dos seus donos e dinheiro aplicado em maus negócios que acabam com a herança que devia ficar para os filhos. O homem sai nu do ventre de sua mãe e, como veio, assim vai. Apesar de todo o seu trabalho, nada poderá levar desta vida. Isso, como já disse, é um problema sério. Nós vamos embora deste mundo do jeito que chegamos. O que o homem obtém do seu esforço tentando pegar o vento? Vai viver como um infeliz para o resto da vida, desanimado, doente e aborrecido. Pelo menos uma coisa boa há em tudo isso: Vale a pena o homem comer e beber, aceitar o seu lugar na vida e aproveitar tudo o que conseguir com o seu trabalho debaixo do sol, durante os poucos dias que Deus o deixa viver, pois essa é a sua recompensa. É claro que também é muito bom se o homem recebe riquezas do Senhor, e tem boa saúde para aproveitá-las. Aceitar o seu destino e aproveitar aquilo que ganha, isso é sem dúvida um presente de Deus. A pessoa que fizer isso não precisará olhar para trás e se preocupar com a brevidade da vida, porque Deus encheu o seu coração de alegria. Mas ainda há outro grande mal debaixo do sol: Deus dá a alguns homens riquezas, bens e honra. Eles têm tudo o que desejam; mas Deus não deu a eles a saúde necessária para desfrutarem dessas riquezas. Morrem, e outro desfruta da riqueza em seu lugar. Isso também é ilusão; é uma desgraça! Mesmo que um homem tenha cem filhos e filhas e viva muitos anos, se não desfrutar das coisas boas da vida e não tiver um enterro decente, eu digo que uma criança que nasce morta tem melhor sorte do que ele. É inútil a vinda dessa criança; ela desaparece nas trevas, e nas trevas o seu nome será esquecido. Mesmo que nunca tenha visto o sol ou que nunca soubesse o que é a vida, isso é melhor que ser um homem velho e infeliz. Que adianta ao homem viver dois mil anos sem desfrutar da felicidade? Todos trabalham duro para ter o que comer, mas nunca ficam satisfeitos. Que vantagem tem o sábio sobre o tolo? Que vantagem tem o pobre em saber enfrentar a vida? Melhor é contentar-se com o que se tem do que sempre sonhar em ter mais. Isso também é ilusão, é correr atrás do vento. O que vai existir, Deus já conhece. Ele sabe o que é o homem. Por isso não adianta brigar com alguém mais forte. Quanto mais você fala, mais tolices é capaz de dizer. Então, para que falar? Nos poucos dias de nossa vida vazia, quem pode dizer o que é melhor para alguém? Quem pode dizer o que vai dar melhores resultados no futuro, depois da sua morte? O nome limpo vale muito mais que o perfume finíssimo, e o dia da morte é melhor que o dia do nascimento! É melhor estar num velório do que ir a uma festa, pois todos vão morrer um dia, e é bom pensar nisso enquanto ainda há tempo. A tristeza é melhor que a alegria porque o rosto triste melhora o coração. É verdade, o homem sábio está na casa onde há luto, mas o tolo só quer saber de se divertir. É melhor ser corrigido por um homem sábio do que ouvir a canção dos tolos! O sorriso de um tolo some tão depressa quanto o estalo de espinhos debaixo da panela. Isso também é ilusão. A opressão transforma o sábio em tolo. O suborno corrompe o coração. Terminar algo é melhor do que começar! A paciência vale mais que o orgulho! Controle o seu gênio! Quem fica com raiva é insensato! Nunca diga: “Por que os dias do passado não voltam?” Essa não é uma pergunta sábia. Ser sábio é tão bom quanto receber uma herança; e dela tiram proveito os que veem o sol. Sendo rico e sendo sábio, você pode conseguir quase tudo, mas a sabedoria preserva a vida de quem a possui. Veja como Deus faz as coisas e procure se adaptar a elas. Não adianta lutar contra as leis da natureza. Aproveite suas riquezas enquanto pode, e quando chegarem os dias maus, pense que Deus lhe deu tanto uma coisa como a outra. Ele fez isso para todos saberem que não dá para saber o que vai acontecer amanhã. Nesta vida sem sentido, eu já vi de tudo: Um justo que morreu, apesar da sua justiça, e um perverso que teve vida longa, apesar da sua perversidade. Por isso, não se esforce muito para ser bom ou sábio demais. Senão, você vai acabar destruindo-se a si mesmo. Por outro lado, não seja muito mau, nem seja tolo! Por que morrer antes da hora? Enfrente cada problema que aparecer, e se você temer a Deus pode esperar que ele vai abençoá-lo. Um homem sábio é mais poderoso que uma cidade guardada por dez valentes! E não existe um único homem na terra que seja sempre justo e que pratique o bem e nunca peque. Não dê atenção a tudo o que o povo diz, senão você vai acabar ouvindo seu servo falar mal de você. Em seu coração, você sabe que também muitas vezes tem falado mal de outras pessoas. Eu me esforcei ao máximo para ser sábio e disse: “Vou ser sábio”, mas não adiantou. A sabedoria mora muito longe e é muito difícil de ser encontrada. Procurei por toda parte, tentando achar a sabedoria e a razão de as coisas acontecerem, tentando compreender a insensatez da maldade, a loucura dessa vida tola. Descobri que muito mais amarga que a morte é a mulher que serve de laço, cujo coração é uma armadilha e cujos braços são correntes. Que Deus permita que você escape dela, mas os pecadores não conseguem fugir das armadilhas dela. “Esta é a minha conclusão”, diz o Pregador. Depois de pesquisar em todas as partes, com muito cuidado, cheguei, por enquanto, ao seguinte resultado: Em cada mil homens, há apenas um que pode ser considerado sábio. Mas entre as mulheres, ainda não achei nenhuma! E descobri também que embora Deus tenha criado o homem justo, cada um preferiu cuidar da vida a seu modo, e todos acabaram se desviando. Quem é como o sábio? Quem sabe compreender as coisas? A sabedoria ilumina o rosto do homem e abranda o seu olhar carregado. Este é o meu conselho: Obedeça ao rei como você prometeu diante de Deus. Não se apresse em sair da presença dele, nem insista em fazer alguma coisa má, visto que o rei castiga aqueles que desobedecem às suas ordens. As ordens do rei são soberanas, e ninguém pode lhe perguntar: “O que o senhor está fazendo?” Aqueles que obedecerem ao rei não serão castigados, pois o homem sábio vai achar o tempo e o modo certo de agir. Sim, há um tempo e um modo certo para cada situação, embora os sofrimentos do homem sejam um grande peso para as suas costas, já que ninguém conhece o futuro. Quem pode lhe dizer o que vai acontecer? Ninguém tem poder para dominar o próprio espírito nem para se manter vivo para sempre ou evitar o dia de sua morte! Nessa batalha não há descanso! E a maldade do homem não vai ajudá-lo a escapar do dia da morte. Pensei muito sobre o que acontece debaixo do sol, onde as pessoas têm o poder de prejudicar umas às outras. Vi homens maus serem enterrados, e seus amigos, quando voltavam do cemitério, já haviam esquecido toda a maldade que aqueles homens haviam feito. E na própria cidade onde tinham cometido tanta perversidade eles eram elogiados. Que coisa sem sentido! Pelo fato de Deus não castigar imediatamente os pecadores, o coração do homem pensa que não há problema em fazer o mal. Mas, mesmo que um homem cometa uma centena de crimes e continue a viver, eu sei muito bem que os que abertamente respeitam e temem a Deus vão acabar em situação muito melhor. Os maus, no entanto, não terão uma vida longa e feliz, porque não temem a Deus, e os seus dias passarão depressa como sombras. Há uma coisa sem sentido na terra: Muitas vezes os justos recebem o que os perversos merecem, e os maus recebem o que os justos merecem. Isso também não faz sentido! Por isso, desfrute da vida, porque debaixo do sol não há nada melhor para o homem do que comer, beber e se alegrar. E em tudo isso há a esperança de que essas coisas boas o acompanhem durante todo o tempo em que ele se esforça no trabalho que Deus lhe der debaixo do sol! Procurando a sabedoria, observei tudo o que acontecia em toda a terra — uma atividade contínua, dia e noite, sem parar. É claro que só Deus pode ver tudo. Ninguém é capaz de entender o que se faz debaixo do sol. Por mais que se esforce para descobrir o sentido das coisas, o homem não o encontrará. O sábio pode até dizer que consegue compreender, mas na realidade ele não entende. Dediquei-me a entender tudo isto e cheguei à conclusão de que os homens bons e os que respeitam Deus dependem: ele sabe o que os espera, inclusive o amor e o ódio. O homem não sabe o que vai acontecer no seu futuro, mas isso não faz diferença! Todos partilham de um destino comum: sejam honestos ou desonestos, bons ou maus, puros ou impuros, os que oferecem sacrifícios e os que não oferecem. O que acontece com o homem bom, acontece com o pecador; o que acontece com quem faz juramentos, acontece com quem não os faz. Este é o mal que há em tudo o que acontece debaixo do sol: todos têm o mesmo destino. Isso acontece porque os homens não se preocupam em ser bons. O coração do homem está cheio de maldade e de loucura, e por fim só existe mesmo a morte. Só os vivos têm esperança. É melhor ser um cachorro vivo do que um leão morto! Os vivos sabem que vão morrer, mas os mortos não sabem nada; para eles não haverá mais recompensa; eles nem podem se lembrar de sua vida. Para eles, o amor, o ódio e a inveja há muito já passaram. Eles já não têm nada a ver com o que acontece debaixo do sol. Portanto, coma com prazer a sua comida e beba o seu vinho alegremente, pois Deus se agrada das suas obras! Use sempre roupas de festa, e unja sua cabeça com óleo. Viva feliz com a mulher que você ama todos os dias desta vida sem sentido que Deus lhe deu como prêmio por todo o seu trabalho debaixo do sol; todos os seus dias sem sentido! Pois isso é tudo que você vai receber pelo seu trabalho árduo debaixo do sol. Faça benfeita qualquer coisa que você tiver de fazer. Depois da morte, para onde você vai, não se pode fazer planos, nem trabalho; lá não há conhecimento nem sabedoria. Observei outra coisa debaixo do sol: Vi que nem sempre os mais rápidos vencem as corridas; nem sempre os mais fortes vencem na guerra; os sábios nem sempre têm comida; os prudentes nem sempre se tornam ricos; os instruídos nem sempre se tornam famosos. Tudo depende do acaso e da ocasião. Ninguém sabe quando vai chegar a sua hora. Assim como os peixes são apanhados numa rede fatal e os pássaros num alçapão, assim também os homens podem cair na desgraça quando menos esperam. Aqui está mais uma coisa que me impressionou muito enquanto eu observava a vida humana debaixo do sol: Havia uma pequena cidade, com poucos habitantes. Essa cidade foi cercada por um rei, que tinha um grande exército e muitas armas. Naquela cidadezinha havia um homem sábio, mas muito pobre. Com a sua sabedoria ele salvou a cidade. Mas depois disso, todos se esqueceram dele. Foi aí que pensei: Embora a sabedoria valha mais do que a força, a sabedoria do pobre é desprezada, e logo a sua opinião é esquecida. As palavras mansas de um homem sábio valem mais que os gritos de um rei que governa sobre tolos. A sabedoria é melhor que as armas de guerra, mas um só pecador pode destruir bons planos. Se alguém colocar moscas mortas num vidro de perfume, estraga o perfume; assim, um pouco de tolice pode destruir muita sabedoria e honra. O coração do homem sábio o leva a fazer o que é certo, mas o coração do tolo o leva a fazer o mal. É possível conhecer um tolo até pelo seu modo de andar. Ele age sem o mínimo de bom senso e mostra a todos que não tem juízo. Se a ira de uma autoridade se levantar contra você, não largue seu emprego! Uma resposta mansa pode ajudar a evitar erros sérios. Há outro mal que eu percebi debaixo do sol. E uma situação triste a respeito dos que governam: Vi homens tolos recebendo grande autoridade e homens ricos ocupando cargos inferiores. Cheguei a ver servos andando em belos cavalos e príncipes andando a pé, como servos! Quem cavar um poço pode acabar caindo nele! Quem for derrubar um muro pode ser mordido por uma cobra. Quem trabalha quebrando pedras pode se machucar com elas! O lenhador corre perigo por causa de seu machado! Um machado sem corte exige que o lenhador faça força dobrada; mas quem é sábio planeja antes de agir. Se a cobra morder antes de ser encantada, não há vantagem para o encantador. É bom escutar um sábio falar, mas a conversa do tolo o destrói. As suas ideias básicas são tolice, e suas conclusões são loucura. O tolo diz que conhece o futuro e conta tudo nos mínimos detalhes! Mas quem o fará saber o que vai acontecer depois dele? O trabalho do tolo o deixa cansado; ele nem sabe como voltar para a cidade. Pobre da terra onde o rei é jovem demais e as autoridades já fazem banquetes antes do meio-dia. Feliz é a terra onde o rei é de boa família e as autoridades trabalham bastante antes de comer; eles comem e bebem para recuperar as forças para o trabalho e não para embriagarse! O telhado da casa do preguiçoso se enverga; e por não consertá-lo, a casa fica cheia de goteiras e acaba caindo. As festas nos deixam felizes, e o vinho torna a vida alegre. O dinheiro compra essas coisas! Nunca fale mal do rei, nem em pensamento; você também não deve amaldiçoar o homem rico nem em seu quarto, porque uma ave do céu poderá levar as suas palavras a ele. Dê com generosidade o seu pão porque o que você der a outros acabará voltando para você. Divida o que você tem com sete pessoas, até mesmo com oito, porque no futuro talvez você também precise de ajuda. Quando as nuvens estão carregadas, a chuva cai; depois que a árvore cai, seja para o norte ou para o sul, ali ela ficará. Quem observar o vento não planta e quem olha para as nuvens não colhe. Assim como você não conhece o caminho do vento, nem sabe como a vida entra no corpo de uma criança enquanto ainda está sendo formada no ventre da mãe, também você não pode entender as obras de Deus, o Criador de todas as coisas. Não pare nunca de plantar suas sementes porque você não sabe qual delas vai crescer, se esta ou aquela, ou se ambas vão crescer. A luz é doce, e é agradável aos olhos ver o sol! Alegre-se em todos os dias de sua vida. Contudo, você deve lembrar-se de que há dias de trevas, e serão muitos. Tudo o que acontece é ilusão! Jovem, alegre-se na sua mocidade! Aproveite bem a sua mocidade! Faça tudo o que tiver vontade de fazer e conhecer. Experimente tudo, mas lembre-se de uma coisa: Você vai ter de prestar contas a Deus de tudo o que fez. Não permita que nada o deixe ansioso ou faça sofrer, pois a mocidade e o vigor são passageiros. Lembre-se do seu Criador enquanto você é jovem, antes que venham os dias difíceis e cheguem os anos em que você dirá: “Não tenho mais alegria de viver”. Os seus olhos ficarão tão fracos que não poderão perceber a luz do sol, da lua e das estrelas. E as nuvens voltarão depois da chuva. Os seus braços, que sempre o defenderam, começarão a tremer, e as suas pernas, que agora são fortes, ficarão fracas; os seus dentes vão cair e você não poderá mastigar direito, e os seus olhos ficarão cansados e fracos. Você ficará surdo e não poderá ouvir o barulho da rua. Você vai acordar com o barulho dos pássaros, mas não ouvirá direito o moinho moendo e a música tocando. Você terá medo de lugares altos, até o caminhar será perigoso. Os seus cabelos ficarão brancos, e você perderá o gosto pelas coisas. Então você irá para o seu lar eterno, e os pranteadores o seguirão pelas ruas. Sim, lembre-se do seu Criador agora, enquanto você é jovem, antes que o fio de prata da vida seja cortado; antes que a taça de ouro se quebre, antes que o cântaro se quebre junto à fonte e a roda se parta junto ao poço; antes que o pó volte à terra de onde veio e o espírito volte a Deus que o deu. Tudo é uma ilusão, é ilusão, diz o Pregador. Tudo é ilusão! Mas, porque era sábio, o Pregador continuou ensinando aquilo que sabia ao povo. Ele reuniu muitos provérbios e ditados. Além de ser sábio, o Pregador sabia ensinar; além de ensinar o que sabia, ele o fazia de um modo agradável e verdadeiro. As palavras do homem sábio nos forçam a tomar uma atitude. Elas explicam claramente verdades muito importantes. A coleção dos seus ditos são como pregos bem fixados, vinda do único Pastor. Mas meu filho, cuidado: Há tantas opiniões diferentes que é impossível contar. Você poderia estudar essas opiniões por toda a sua vida, ficar cansado de estudar, sem chegar ao fim! Esta é minha conclusão final: Tema a Deus e obedeça aos seus mandamentos. Isso é o resumo do que o homem deve fazer. Pois Deus vai julgar tudo o que foi feito, até aquelas coisas que ninguém conhece, sejam elas boas ou más. Esta canção, mais bonita que qualquer outra, foi escrita pelo rei Salomão: Beije-me mais uma vez porque o seu amor é mais doce que o vinho. A fragrância do seu perfume é deliciosa; o seu nome é como um perfume derramado. Não é de admirar que todas as moças o amem! Leve-me com você; venha, vamos correndo! Introduza-me o rei nos seus aposentos! Ó rei, estamos alegres e felizes por sua causa; celebraremos o seu amor que é mais agradável que o vinho. Com toda a razão você é amado! Eu sou morena, mas sou bonita; ouviram, moças de Jerusalém? A minha pele queimada é da cor das tendas escuras de Quedar, como as cortinas do palácio de Salomão. Moças da cidade, não façam pouco caso de mim só porque a minha pele é morena; estou queimada do sol. Meus irmãos se zangaram e me mandaram tomar conta das plantações de uvas. Da minha própria videira, porém, não pude cuidar. Diga-me, você, a quem amo, aonde você vai levar o seu rebanho hoje? E quando o sol esquentar, ao meio-dia, onde as suas ovelhas descansarão? Conte-me, e assim não terei de ficar procurando você entre as ovelhas dos outros pastores. Se você, a mais linda das mulheres, não sabe, basta seguir a trilha do meu rebanho até as cabanas dos pastores; lá você pode dar comida às suas ovelhas e aos seus cabritos. Você é muito linda, meu amor! E vale mais que qualquer outra coisa no mundo! Como são bonitas as suas faces, entre os brincos, e como é lindo o seu pescoço enfeitado com colares de joias. Vamos fazer brincos de ouro e enfeites de prata para você. O rei está deitado em sua cama, encantado com o meu delicioso perfume. O meu amado é para mim como uma pequena bolsa de mirra, colocado à noite entre os meus seios. O meu amado é para mim como um ramo de flores dos jardins de En-Gedi. Como você é linda, minha querida! Os seus olhos são tão suaves e meigos como os das pombas. Você é tão belo, meu amado! Como você é encantador, deitado na grama. Os cedros são as vigas da nossa casa, e os pinheiros os caibros do nosso telhado. Eu sou a rosa de Sarom, o lírio dos vales. Sim, você é um lírio entre os espinhos; assim é minha amada entre as outras moças. O meu amado é como uma macieira; comparado com outros jovens, ele é a árvore mais bonita do pomar. Tenho prazer de me sentar à sombra dele; como é gostoso o seu fruto! Ele me levou ao salão de festas e mostrou a todos o quanto me ama. Ah, mate minha fome com passas e revigore-me com maçãs, porque eu estou quase morrendo de tanto amar. Ele me abraça com a mão direita e com a mão esquerda me afaga a cabeça. Moças de Jerusalém, prometam e jurem, pelas gazelas e corças do campo, que vocês não vão acordar o meu amado, nem despertar o meu amor enquanto ele não quiser. Ah, estou ouvindo o meu amado! Vejam! Aí vem ele, saltando pelos montes, subindo as colinas. O meu amado é como uma gazela, ou um gamo. Olhem! Lá está ele, por trás do muro; e agora, observando pelas janelas, espiando pelas grades. O meu amado me disse: Levante-se, minha querida, minha bela, e venha comigo. O inverno já acabou e a chuva já passou. As flores estão crescendo e chegou o tempo de Os pássaros cantarem nas árvores. Já se ouve o arrulhar da rola. A figueira começou a dar os primeiros frutos; as videiras florescem. Que fragrância deliciosa elas têm! Levante-se, minha querida, minha linda amada, e venha comigo. A minha pomba se esconde entre as pedras, por trás de uma fenda entre as rochas; mostre-me seu rosto, deixe-me ouvir a sua bela voz, pois a sua voz é suave e o seu rosto é lindo. As raposinhas estão acabando com as plantações de uvas. Apanhem as raposas porque as vinhas estão em flor. O meu amado é meu, e eu sou dele. Ele dá de comer ao seu rebanho entre os lírios! Antes de o dia raiar, antes de as sombras sumirem, volte para mim, meu amado. Volte depressa como uma gazela ou como o gamo que corre sobre as colinas de Beter. Certa noite, o lugar do meu amado em nossa cama estava vazio. Eu me levantei para procurar por ele, mas não consegui encontrar aquele a quem amo. Saí pelas ruas da cidade e pelas praças para procurar o meu amado; busquei aquele a quem meu coração ama. Eu o procurei, mas foi tudo em vão. Os guardas me encontraram quando faziam suas rondas na cidade, e eu disse a eles: “Vocês viram aquele a quem meu coração ama?” Mas pouco depois o encontrei; abracei o meu amado e não o deixei ir embora, até levá-lo à casa onde passei a minha infância, ao quarto daquela que me deu à luz. Moças de Jerusalém, pelas gazelas e cervas do campo, eu as faço jurar: Vocês não vão acordar o meu amado, nem despertar o meu amor enquanto ele não o quiser. O que vem correndo pelo deserto, como uma nuvem de fumaça, cheirando a incenso, a mirra e vários outros perfumes? Olhem! É a liteira de Salomão, cercada por sessenta homens valentes, escolhidos entre os melhores soldados de Israel. Todos eles lutam muito bem com a espada e sabem proteger a vida do rei. Estão armados e prontos para defender o seu rei dos pavores da noite. O rei Salomão construiu para si mesmo uma liteira de madeira do Líbano. As colunas são de prata, o teto e as paredes são de ouro, o assento é de púrpura e seu interior foi cuidadosamente enfeitado pelas mulheres de Jerusalém. Saiam de casa, moças de Sião! Venham para a rua, venham ver o rei Salomão; vejam a coroa que a rainha-mãe colocou em sua cabeça no dia em que ele se casou, no dia em que seu coração se alegrou. Como você é linda minha querida! Ah, como você é linda! Seus olhos, por trás do véu, são como os olhos de pombas. Os seus cabelos caem sobre o seu rosto como um rebanho de cabras descendo pelos morros de Gileade. O seu sorriso é branco e brilhante como um rebanho de ovelhas logo depois de serem tosquiadas e lavadas; os seus dentes são perfeitos, iguais e sem a menor falha. Os seus lábios são como uma tira de pano vermelho; e a sua boca, como é benfeita! As suas faces, por trás do véu, são como as metades de uma romã. O seu pescoço é como a torre de Davi, enfeitada com os escudos dos soldados valentes. Nela estão pendurados mil escudos, todos eles escudos heroicos de guerra. Os seus dois seios são como filhotes gêmeos de uma gazela, que se alimentam entre os lírios. Antes de o dia amanhecer e de as sombras sumirem, eu irei à montanha perfumada de mirra e à colina que tem o cheiro do incenso. Você é linda demais, minha querida; em você não há o menor defeito. Venha comigo do Líbano, minha noiva. Desça do alto do Amaná, do topo do Senir, e do monte Hermom, onde vivem os leões e os leopardos. Você conquistou o meu coração, minha irmã, minha bela noiva; você me venceu com um simples olhar, só com um enfeite do seu colar. Minha querida, minha noiva, como são deliciosas as suas carícias. Suas carícias são melhor que o vinho; a fragrância do seu perfume é melhor que qualquer especiaria. Os seus lábios, minha querida, são feitos de mel, minha noiva. Sim, debaixo de sua língua há mel e leite. O perfume dos seus vestidos é como a fragrância das montanhas do Líbano. Minha irmã, minha noiva querida, você é como um jardim particular, como uma fonte só minha e de mais ninguém. Você é como um pomar de romãs, carregado de frutos preciosos, com flores de hena e nardo, nardo e açafrão, cálamo e canela, e outros tipos de madeiras perfumadas, mirra e aloés e as mais finas especiarias. Você é a fonte do jardim, uma fonte de águas correntes, como os riachos das montanhas do Líbano. Vamos, vento norte, acorde! Venha, vento sul! Soprem no meu jardim e levem esse delicioso perfume para que se espalhe no jardim. Que o meu amado venha para o seu jardim e coma das suas frutas escolhidas! Eu já estou no meu jardim, minha irmã, minha noiva! Já recolhi minha mirra e as minhas especiarias. Já comi o meu favo com mel. Já bebi o meu vinho com leite. Amigos, comam e bebam! Bebam, bebam o quanto quiserem! Certa noite, eu estava quase dormindo, mas meu coração velava como num sonho. Escutem! É a voz do meu amado; ele está batendo à porta do meu quarto. Minha irmã, abra a porta para mim. Abra, meu amor, minha pomba perfeita, porque andei toda a noite, e a minha cabeça está molhada de sereno, e os meus cabelos estão úmidos de orvalho. Eu já mudei de roupa. Vou ter de me vestir de novo? Já lavei os meus pés. Vou ter de sujálos de novo? O meu amado tentou destrancar a porta, e o meu coração começou a palpitar mais forte. Levantei-me para abrir a porta; minhas mãos estavam cobertas de mirra, gotas de mirra perfumada pingavam dos meus dedos quando tirei a tranca da porta. Abri para meu amado entrar, mas ele já tinha ido embora! Meu coração quase parou de tristeza! Procurei-o, mas não consegui encontrá-lo em lugar algum. Chamei por ele, mas ele não me respondeu. Os guardas que vigiavam a cidade me encontraram na rua, me bateram e me machucaram; e os guardas da muralha arrancaram o meu manto. Ó moças de Jerusalém, eu as faço jurar: Se encontrarem o meu amado, digam a ele que estou morrendo de amor. Você que é a mulher mais bonita do mundo, diga-nos uma coisa: O que há de tão especial no homem que você ama, que nenhum outro homem tem? Por que nos obriga a fazer esse juramento? O meu amado é bonito, queimado de sol. Ele se destaca entre dez mil homens! A cabeça do meu amado é como ouro, o ouro mais puro; e o seu cabelo, cheio de cachos, como ramos de palmeira, é preto como as penas de um corvo. Os olhos do meu amado são como pombas à beira de um riacho, lavados com leite, calmos e profundos. O seu rosto é como um canteiro de ervas e flores perfumadas. Os seus lábios são como lírios cheirosos; quando ele fala, eu sinto o perfume da mirra. Os braços do meu amado são barras redondas de ouro enfeitados com pedras preciosas; seu corpo se parece com o marfim polido adornado de safiras. As pernas do meu amado são colunas de mármore, que se apoiam em bases de ouro puro; o meu amado parece com um dos montes do Líbano, e é elegante como os cedros; não há ninguém que se compare a ele. A sua boca é muito doce; ele é totalmente desejável. Ouviram, moças de Jerusalém? Esse é o meu amado, esse é o meu noivo. Diga-nos, mais linda das mulheres, para onde foi o seu amado? Nós vamos ajudar você a encontrá-lo. Ele foi ao seu jardim; foi ver os canteiros de ervas perfumadas. Foi dar de comer aos seus rebanhos, foi colher lírios. Eu sou do meu amado, e o meu amado é meu. Ele leva o seu rebanho para pastar entre os lírios! Minha querida, você é tão linda quanto a terra de Tirza. É tão bela quanto Jerusalém; você é tão formidável como um exército e suas bandeiras. Não olhe diretamente para mim, porque os seus olhos me deixam perturbado! Seus cabelos, caindo sobre o seu rosto, são como um rebanho de cabras, descendo pelos morros de Gileade. O seu sorriso é branco e brilhante como um rebanho de ovelhas logo depois de serem tosquiadas e lavadas; os seus dentes são perfeitos, iguais e sem a menor falha. As suas faces, por trás do véu, são brilhantes e bonitas como as metades de uma romã. Pode haver sessenta rainhas e oitenta concubinas, sem contar as moças virgens que eu poderia fazer minhas esposas, mas ela é única, a minha pombinha, ela é perfeita. Ela é a filha favorita de sua mãe, a mais querida daquela que a deu à luz. Todas as mulheres olham para a minha amada e dizem que ela é muito feliz; as rainhas e as concubinas a elogiam, dizendo: Quem é essa que aparece como o alvorecer, linda como a lua, brilhante como o sol, formidável como um exército e suas bandeiras? Eu fui ver as castanheiras e também fui ao vale para ver os renovos; fui admirar a primavera chegando aos campos. Fui ver se as parreiras já estavam brotando e se os pés de romã já estavam florindo. Antes que eu percebesse, minha imaginação me colocou entre os carros do meu pobre povo. Volte, volte para junto de nós, sulamita. Volte, volte, para podermos vê-la de novo. Por que vocês querem ver a sulamita, como na dança de Maanaim? Como são bonitos os seus pés! O seu andar é belo; você tem o porte de uma rainha. As curvas das suas pernas benfeitas são como joias feitas pelo artista mais inspirado. O seu umbigo é como uma taça cheia de vinho. A sua cintura é como um feixe de trigo cercado de lírios. Os seus dois seios são como os filhotes gêmeos da gazela. O seu pescoço é imponente como uma torre de marfim; os seus olhos são claros como os açudes de Hesbom, perto do portão de Bate-Rabim. O seu nariz é como a torre do Líbano, voltada para Damasco. Sua cabeça eleva-se como o monte Carmelo, a coroa dos montes; o seu cabelo é como púrpura. As suas tranças prenderam o rei. Como você é linda! Como você é agradável, meu amor! Que prazer você me dá! Você é alta e elegante como uma palmeira, e os seus seios são os cachos de tâmara. Eu disse para mim mesmo: Vou subir naquela palmeira e me apossar dos seus frutos. Que os seus seios sejam como cachos de uvas, e o aroma da sua respiração tenha o perfume das maçãs. Que os seus beijos sejam como o melhor vinho, vinho suave e doce, o vinho que vai escorrendo suavemente sobre os lábios de quem já vai adormecendo. Eu sou do meu amado, e ele sente saudades de mim. Venha, meu amado! Vamos sair pelo campo, vamos passar a noite nas pequenas vilas. Vamos acordar cedo e ver se as plantações de uvas já estão brotando. Vamos ver se as flores já abriram, e se os pés de romã já estão floridos. Lá eu darei a você o meu amor. Lá no campo, as mandrágoras deixam o ar perfumado e no quintal há todo tipo de frutas, frescas ou secas, porque as ajuntei para você, meu amado. Quem dera você fosse meu irmão, amamentado nos seios de minha mãe! Então eu poderia beijá-lo na frente de qualquer pessoa, e ninguém me desprezaria. E o levaria à casa de minha mãe, aquela que me ensinou. Eu lhe daria vinho de romãs, o néctar das minhas romãs. Então me abraçaria com a mão direita e com a esquerda afagaria minha cabeça. Moças de Jerusalém, prometam e jurem, pelas gazelas e corças do campo, que vocês não vão acordar o meu amado, nem despertar o meu amor enquanto ele não quiser. Quem é que vem do deserto, apoiada no seu amado? Foi debaixo da macieira, onde sua mãe sofreu as dores de parto, foi ali que eu acordei o seu amor. Guarde-me em seu coração, como uma prova de amor eterno. Porque o amor é forte como a morte, e o ciúme é cruel como a sepultura. O amor é como um fogo, como labaredas do Senhor. Não há água que apague a chama do amor; nenhum rio é capaz de levá-lo na correnteza. Se alguém oferecesse toda a fortuna da sua casa para comprar o amor, seria totalmente desprezado. Nós temos uma irmãzinha que ainda é muito pequena para ter seios. O que faremos com a nossa irmã no dia em que alguém a pedir em casamento? Se ela for um muro, construiremos sobre ela uma torre de prata. Se ela for uma porta, nós a forraremos com tábuas de cedro. Eu sou um muro, e os meus seios são como suas torres. Por isso o meu amado se agradou de mim, como alguém que inspira paz. Salomão possui uma plantação de uvas em Baal-Hamom. Ele arrendou essa plantação a alguns lavradores, recebendo de cada um doze quilos de prata. Mas quanto à minha própria vinha, essa está em meu poder; os doze quilos de prata são para você, ó Salomão, e ainda darei dois quilos e meio para quem tomar conta dela. Você que mora nos jardins, os amigos desejam ouvir a sua voz. Fale, eu também quero ouvi-la. Venha depressa, meu amado; venha como a gazela ou como o gamo que salta sobre os montes perfumados. Estas são as mensagens que Isaías, filho de Amoz, recebeu de Deus nas visões que teve, durante os reinos de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá. Nessas mensagens, Deus mostrou a ele o que iria acontecer a Judá e Jerusalém. Céus, terra, escutem! Escutem o que o Senhor diz: “Os filhos que eu criei, os filhos que eu ajudei a crescer e ficar fortes, se revoltaram contra mim. O boi conhece o seu dono, e o jumento conhece o dono da sua manjedoura, mas o meu povo, Israel, não tem conhecimento, o meu povo nada compreende”. Ah, que nação pecadora, que povo carregado de pecado! A culpa do povo de Israel é tão grande que eles andam curvados com o peso do seu pecado! E isso é de família; os filhos são iguais aos pais! Eles vivem para a maldade! Abandonaram o Senhor e desprezaram o Santo de Israel. Viraram as costas para ele. Ah, meu povo, vocês ainda não se cansaram de ser castigados? Vão me obrigar a continuar castigando vocês? Vão continuar revoltados contra mim? Toda a cabeça está ferida, todo o coração está enfermo. Vocês estão doentes da cabeça aos pés, cheios de feridas abertas, sujas, cheias de sangue e de pus, feridas que nunca foram enfaixadas nem tratadas com azeite! A terra de vocês está sendo destruída. As cidades foram queimadas. As suas plantações estão sendo tomadas e devastadas pelos inimigos, enquanto vocês olham sem poder fazer nada. Só ficou a sua capital, Jerusalém, como se fosse uma tenda do vigia numa plantação de uvas, como uma cabana numa plantação de pepinos, como uma cidade sitiada. Se o Senhor Todo-poderoso não tivesse poupado alguns de nós, já estaríamos completamente arrasados como Sodoma e Gomorra. Escutem o que o Senhor diz, líderes de Israel, vocês que são iguais aos homens de Sodoma! Escutem, vocês que são iguais ao povo de Gomorra, escutem o que o Senhor tem a dizer! “Já não suporto mais os seus sacrifícios. Chega! Não quero mais a gordura dos seus carneiros. Não tenho prazer no sangue dos novilhos gordos, dos cordeiros e dos bodes. Quando vocês vêm à minha presença com seus sacrifícios, quem pediu isso de vocês? Quem pediu que viessem colocar os pés nos meus pátios? De que adianta trazerem ofertas inúteis? O incenso que vocês queimam para mim cheira mal. Suas festas religiosas — a Lua Nova, os sábados, os seus jejuns — não passam de mentiras! E não há nada que eu odeie tanto quanto uma religião fingida! Eu não aguento mais todas essas festas. Elas se tornaram um fardo para mim; já nem posso olhar para essas cerimônias! De agora em diante, vocês podem orar com as mãos levantadas para o céu, mas eu não vou atender! Podem fazer muitas orações, mas eu não ouvirei nenhuma delas. E sabem por quê? Porque as suas mãos estão sujas com o sangue das suas vítimas inocentes. Lavem-se! Limpem-se de seus pecados! Não quero mais ver todas essas maldades. Parem de fazer o mal! Aprendam a fazer o bem, a ser honestos, a agir com justiça. Ajudem aqueles que são explorados; defendam o direito dos órfãos; protejam as viúvas. “Venham, vamos discutir este assunto juntos!”, diz o Senhor “Por mais vermelhas que sejam as manchas dos pecados que vocês cometeram, eu limparei essas manchas completamente e as deixarei brancas como a neve fresca. Mesmo que os seus pecados sejam vermelhos como sangue, eu os deixarei brancos como a lã! Se ao menos vocês me obedecessem, poderiam comer dos melhores frutos que esta terra produz. Mas, se continuarem rebeldes, não se dispondo a ouvir o que eu digo, serão mortos pela espada”. Eu, o Senhor, falei! Ah, Jerusalém! Antes você era a minha esposa fiel; agora você age como uma prostituta! Antes você era cheia de justiça, na qual habitava a retidão, mas agora a cidade é habitada por bandos de assassinos! Antes você era valiosa como prata pura, agora é um monte de metal sem valor! Antes você era como o melhor vinho, mas agora o seu vinho ficou aguado! As suas autoridades se revoltaram contra Deus e fizeram amizade com ladrões. Aceitam dinheiro e presentes como suborno. Não dão atenção aos direitos dos órfãos e não defendem a causa das viúvas. Por isso, o Soberano, o Senhor dos Exércitos, o Poderoso de Israel, anuncia: “Vou ajustar as contas, vou castigar duramente os meus inimigos! Vou limpar Israel de toda a sua sujeira, como o fogo queima o metal sem valor e remove todas as suas impurezas. Restaurarei os seus juízes e conselheiros sábios, como você tinha no princípio. Então você voltará a ser chamada a cidade de justiça e a cidade fiel”. Os judeus de Jerusalém que se arrependerem e voltarem a obedecer ao Senhor, sendo justos e bondosos, serão salvos por ele. Mas os rebeldes que insistem em viver pecando e abandonam o Senhor serão completamente destruídos. Vocês, que adoravam os carvalhos sagrados e os bosques sagrados que tanto apreciavam, ficarão cobertos de vergonha. Vocês murcharão como uma árvore velha, secarão como um jardim que não é regado. O homem mais forte e poderoso em Israel será como a palha; as grandes maldades que os judeus fizeram serão a chama que queima toda a palha, e ninguém conseguirá apagar esse incêndio. Esta é a mensagem que Isaías, filho de Amoz, recebeu sobre o futuro de Judá e de Jerusalém: Nos últimos dias, o templo do Senhor será o centro das atenções de todo o mundo. Gente de todas as nações correrão para lá. O comentário geral entre os povos vai ser o seguinte: “Vamos ao monte do Senhor, ao templo do Deus de Israel. Lá ele nos ensinará as suas leis; vamos aprender a andar nos seus caminhos”. Porque a lei sairá de Sião, de Jerusalém virá a palavra do Senhor. Os grandes problemas internacionais serão resolvidos pelo Senhor; todas as armas das nações serão transformadas em ferramentas úteis, pás, arados e enxadas. Nunca mais as nações farão guerra, nem se prepararão para a batalha. Venham, descendentes de Jacó, vamos andar na luz do Senhor! O Senhor abandonou o seu povo, os descendentes de Jacó, porque eles seguiram os maus costumes do Oriente, a magia e a adivinhação dos filisteus e seguem costumes pagãos. Israel tem grandes riquezas, muito ouro e prata sem limite; o país tem muitos cavalos e carros, mais do que se pode contar. Há ídolos por toda parte. O seu povo está adorando imagens que eles mesmos fizeram! Por isso todo o povo perde a sua dignidade, o homem será humilhado. Oh, Deus, não perdoe os seus pecados. Vamos, procurem esconderijos nas cavernas! Escondam-se na terra com medo da presença espantosa do Senhor e da tremenda glória da sua majestade! O dia dos arrogantes virá, e o orgulho dos homens cairá por terra; nesse dia somente o Senhor será exaltado. Naquele dia, o Senhor Todo-poderoso será contra todo orgulhoso e arrogante; contra todo aquele que se exalta; contra os altos e sublimes cedros do Líbano e os carvalhos de Basã; contra todas as grandes montanhas, e contra todas as colinas altas; contra todas as torres altas, e contra todas as muralhas fortificadas; contra todos os navios mercantes, e contra os belos objetos que eles transportam. Naquele dia, todas as coisas de que a humanidade tanto se orgulha perderão seu valor; o orgulho do homem vai ser reduzido a zero. Somente o Senhor será honrado. Os ídolos serão completamente destruídos. Os homens, cheios de medo, fugirão para dentro das cavernas e para os buracos da terra, por causa da presença espantosa do Senhor e da tremenda glória da sua majestade, quando ele se levantar para sacudir a terra. Naquele dia, os homens jogarão fora seus ídolos, suas imagens de ouro e prata que fizeram para adorar, deixando tudo isso para os ratos e os morcegos, fugirão para as cavernas e grutas por causa do terror que vem do Senhor e da tremenda glória da sua majestade, quando ele se levantar para sacudir a terra. Por isso, parem de confiar no homem! Ele é um mero mortal. Que valor ele tem? Vejam! O Soberano, o Deus Todo-poderoso, vai cortar o sustento da cidade de Jerusalém e do povo de Judá, tanto o suprimento de pão quanto da água. Vão desaparecer o valente e o soldado, o juiz e o profeta, o adivinho e o ancião; o oficial do exército e a autoridade civil, o conselheiro, o mágico e o feiticeiro perito. O Senhor escolherá meninos irresponsáveis para governar o seu povo. O povo será oprimido; um será contra o outro, cada um contra o seu próximo. Os jovens ofenderão os idosos. O desprezível se colocará contra o homem de bem. Naqueles dias, um homem dirá a seu irmão: “Você, pelo menos, tem uma roupa decente. Você vai ser o nosso governante sobre esse montão de ruínas!” E a resposta será: “Nunca! Eu não posso ajudar ninguém. Não tenho roupas nem comida sobrando em minha casa. Não quero me envolver com isso!” Jerusalém está em ruínas, e o povo de Judá está caído porque ofenderam o Senhor, falando e desafiando sua presença gloriosa. Basta olhar para os seus rostos para ver o seu pecado. Eles não sentem nem um pouco de vergonha em mostrar publicamente os seus pecados, como fazia o povo em Sodoma. Ai deles, pois estão trazendo sobre si mesmos o castigo da sua própria maldade. Mas, para as pessoas que obedecem a Deus, tudo correrá bem. Digam a elas: “Vocês ficarão satisfeitas com o que ganharem com o seu trabalho!” Mas para os que não obedecem, digam: “O seu castigo não demora! Vocês terão a retribuição por todo o mal que fizeram!” Ah, meu pobre povo! Os seus líderes não passam de crianças, brincando de reis. Mulheres dominam sobre eles! Eles enganam o meu povo, levando-o pelo caminho da destruição. O Senhor se levanta, e como um juiz num tribunal ele se levanta para julgar o seu povo! O Senhor entra em juízo contra os anciãos e contra os líderes do seu povo. “Foram vocês que acabaram com a vinha. As suas casas estão cheias do que roubaram dessa gente pobre e humilde. Como vocês tiveram coragem de fazer tanto mal ao meu povo e de explorar tanto os pobres?” É o Senhor, o Deus Todo-poderoso, quem está falando. Diz o Senhor: “Por causa da arrogância das mulheres de Sião, que desfilam pelas ruas de cabeça erguida, com seus olhares atrevidos e que fazem barulho quando andam, o Senhor vai castigar as mulheres de Sião, rapando as suas cabeças! Vai deixá-las descobertas e envergonhadas diante de todos”. Naquele dia, o Senhor arrancará os enfeites delas; as pulseiras, os enfeites da cabeça, os colares em forma de meia-lua; os brincos, os braceletes e os véus que as deixam tão belas, os lindos chapéus, as correntes que prendem nos tornozelos para andar com elegância, os cintos, os talismãs e os amuletos; os anéis com selo e as joias do nariz; os belos vestidos de festa, os xales elegantes, os mantos e as bolsas; seus espelhos, as roupas de linho, os enfeites para o cabelo e os turbantes. Em lugar do perfume, vai haver mau cheiro; em vez de belos cintos, elas usarão pedaços de corda; em vez de penteados bonitos, calvície; em vez de belos vestidos, pano de saco. Toda a antiga beleza dessas mulheres desaparecerá; tudo que lhes resta é a vergonha e a desgraça. Seus homens morrerão na guerra e seus valentes morrerão no combate. As portas de Sião ficarão de luto e chorarão; a cidade se assentará no chão, completamente desolada. Naquele dia haverá tão poucos homens vivos em Israel que sete mulheres ao mesmo tempo atacarão um homem, dizendo: “Case-se conosco! Não precisa nos dar roupa nem comida; nós mesmas trabalharemos para nos sustentar. Só queremos casar, ter um marido e livrar-nos da vergonha de sermos solteiras!” Naquele dia, o Renovo do Senhor aparecerá em sua glória e seu poder. Os judeus que forem salvos terão os melhores frutos da terra; eles vão se orgulhar do que o seu país vai produzir. Os que forem deixados em Sião e ficarem em Jerusalém serão chamados “Povo Santo”. Quando o Senhor lavar a imundícia das filhas de Sião, por meio de um espírito de justiça e com um espírito purificador limpar o sangue derramado em Jerusalém, então o Senhor estenderá uma grande sombra sobre toda a cidade de Jerusalém — sobre as casas e as praças — uma grande camada de nuvens durante o dia. E à noite haverá uma nuvem de fogo para iluminar a cidade. A glória cobrirá e protegerá tudo. Assim, Jerusalém ficará protegida contra o calor de dia, refúgio e esconderijo contra a tempestade e a chuva. Agora eu vou cantar para o meu amado uma canção que fala da sua vinha. O meu amado teve uma vinha na encosta de uma colina muito fértil. Ele cavou a terra, tirou todas as pedras e plantou na sua vinha as melhores mudas de uva. No meio da vinha, construiu uma torre para o vigia e fez um tanque para espremer as uvas e fazer o vinho. Ele esperava que a vinha desse uvas doces, mas acabou colhendo uvas bravas, azedas. “Agora, habitantes de Jerusalém e de Judá, sejam os juízes entre mim e a minha vinha! Faltou alguma coisa à minha vinha? Houve alguma coisa que deixei de fazer por ela? Por que a minha vinha produziu uvas azedas em vez de doces? Vejam o que vou fazer com a minha vinha: Vou derrubar a cerca para que ela seja transformada em pasto para o gado; derrubarei o seu muro para que seja pisoteada. Ela vai se transformar num deserto. Não será podada; o mato e os espinhos crescerão por toda parte. Darei ordem às nuvens para que não derramem chuva sobre ela”. O que eu acabei de contar a vocês é a história do povo de Deus. Israel é a vinha do Senhor Todo-poderoso, sua bela propriedade. Ele esperava um povo justo, mas houve derramamento de sangue; ele esperava que fizessem o que era direito, mas acabou vendo a maldade e a exploração. Ai de vocês que vivem comprando casas e mais casas, propriedades e mais propriedades, até não haver mais lugar para os outros morarem, e vocês acabam se tornando os únicos donos da terra! O Senhor Todo-poderoso me disse: “Muitas casas, grandes e ricas, ficarão sem seus moradores, abandonadas. Uma vinha de dez alqueires não produzirá nem cinco litros de vinho, e para se colher vinte quilos de trigo vai ser preciso plantar duzentos quilos de semente”. Ai dos que acordam cedo e passam o dia bebendo, e se esquentam com o vinho até a noite! Há sempre harpas, liras, tamborins, flautas e vinho em suas festas; mas ninguém dá valor às grandes coisas que o Senhor fez, ninguém se interessa por ele! Por causa dessa ignorância e ingratidão, vou mandar o meu povo para o exílio. Os homens ricos e as autoridades morrerão de fome, e os mais humildes morrerão de sede. O mundo dos mortos já está esperando impaciente, de boca aberta! Os ricos de Jerusalém, com todo o barulho das suas festas, os que viviam bêbados e alegres na cidade, para lá descerão. Quando isso acontecer, os orgulhosos serão humilhados, a humanidade se curvará, os arrogantes e atrevidos terão de baixar os olhos. Mas o Senhor Todo-poderoso será honrado; ele será exaltado acima de todos os homens, porque só ele é santo, justo e bom. Quando isso acontecer, as ovelhas pastarão ali como em sua própria pastagem; e os pastores aproveitarão as ruínas dos judeus ricos para apascentar seus cordeiros. Vai ser muito triste o destino das pessoas que amarram os seus pecados com cordas de mentiras, que arrastam a sua maldade como quem puxa com cordas uma carroça, e ainda fazem pouco caso do Santo de Israel, desafiando o Senhor, dizendo: “Ande logo, Deus! Que o Santo de Israel realize depressa os seus planos, para que o conheçamos!” Ai dos que chamam o mal de bem e o bem de mal; que dizem que as trevas são luz e a luz, trevas; que afirmam que o amargo é doce e o doce é amargo! Ai dos que são sábios aos seus próprios olhos e dos que se consideram inteligentes e sensatos! Ai dos que são heróis em beber vinho e são mestres em misturar bebidas alcoólicas; gente que aceita dinheiro para torcer a justiça, dando liberdade ao culpado e negando a justiça ao inocente! Por isso, assim como a palha é consumida pelo fogo e as chamas acabam com a grama seca, assim suas raízes vão murchar e morrer; e as suas flores, como o pó, serão levadas pelo vento, pois não deram importância nem obedeceram à lei do Senhor Todo-poderoso e desprezaram as palavras do Santo de Israel. É por isso que o Senhor ficou irado com o seu povo. Por isso, na sua ira, estendeu a sua mão para castigar o seu povo. Os montes tremeram, e os cadáveres serão espalhados como lixo pelas ruas. Mesmo assim a ira do Senhor ainda não passou; sua mão continua levantada para castigar seu povo. Ele levanta uma bandeira para mandar um aviso a uma nação distante, e assobia para um povo dos confins da terra; e eles virão bem depressa! Esses exércitos nunca se cansam nem tropeçam, não cochilam nem dormem. Os seus uniformes estão bem apertados; ninguém desamarra a correia das sandálias. As flechas deles são afiadas, e os seus arcos estão sempre prontos para atirar. Quando atacam, os cascos dos seus cavalos são duros como pedra, e as rodas dos seus carros de guerra parecem redemoinhos. Eles rugem como um leão, como leões ferozes, caindo sobre a sua presa e a arrastam para um lugar onde ninguém pode socorrê-los. O barulho desse exército, quando atacar Judá, será como o barulho do mar. Sobre a terra de Israel haverá escuridão; o povo estará cheio de medo, e nuvens negras escurecerão a luz do dia. No ano em que o rei Uzias morreu, eu vi o Senhor! Ele estava assentado em um trono alto e majestoso; todo o templo estava cheio da sua glória. À sua volta voavam poderosos serafins. Cada um deles tinha seis asas: com duas asas cobriam seus rostos, com duas cobriam os pés e com duas voavam. Eles diziam em alta voz uns para os outros: “Santo, santo, santo é o Senhor Todo-poderoso; toda a terra está cheia da sua glória”. Era tão tremendo o som das suas vozes que chegou a sacudir o templo até os alicerces, e ele ficou cheio de fumaça. Então eu disse: “Chegou a minha hora! Vou morrer porque sou um pecador. Sou um homem com lábios impuros e moro no meio de um povo de lábios impuros. E agora eu vi o Rei, o Senhor Todo-poderoso”. Foi aí que um dos serafins veio voando em minha direção, trazendo uma brasa viva que ele havia tirado do altar com uma tenaz. Com ela tocou a minha boca e disse: “De agora em diante a sua culpa foi tirada, porque esta brasa tocou os seus lábios. Os seus pecados foram perdoados”. Então ouvi a voz do Senhor dizendo: “Quem será o mensageiro que eu vou enviar ao meu povo? Quem irá por nós?” E eu respondi: “Eu irei, Senhor. Envie-me!” E o Senhor me respondeu: “Sim, você irá. E esta é a mensagem que você levará a este povo: ‘Vocês vão ouvir as minhas palavras muitas vezes, mas não vão entendê-las. Vocês vão ver, mas não entenderão’. Torne insensível o coração deste povo; tampe os ouvidos e feche os olhos deles. Assim, eles não verão com os olhos, não ouvirão com os ouvidos, nem compreenderão com o coração, para que não se voltem para mim e sejam curados”. Eu perguntei então: “ Senhor, até quando isso vai durar?” E ele respondeu: “Só depois que as cidades forem destruídas e ficarem em ruínas, sem habitantes; até que as casas fiquem abandonadas e os campos completamente arrasados; até que o Senhor afaste para longe dela os homens, e a terra fique completamente destruída e abandonada! Mas mesmo que fique uma décima parte no país, ela também não vai escapar e será destruída. Israel será como um terebinto e um carvalho derrubado que deixam um toco. Esse toco representa a santa semente que voltará a crescer”. Durante o reinado de Acaz, filho de Jotão e neto de Uzias, Jerusalém foi atacada pelos reis Rezim, da Síria, e Peca, filho de Remalias, de Israel. Apesar do ataque, a cidade não foi conquistada. Mas, quando se avisou no palácio real que a Síria estava do lado de Israel na guerra contra Judá, Acaz e o povo ficaram agitados, como as árvores da floresta se agitam com o vento. Então o Senhor disse a Isaías: “Leve o seu filho Sear-Jasube com você e vá encontrar-se com o rei Acaz. Você o encontrará perto do fim do aqueduto que leva a água para o açude Superior, junto ao caminho que acaba no campo do Lavandeiro”. Diga a ele: “Fique alerta. Acalme-se, não se assuste, nem fique desanimado por causa do furor do rei Rezim, da Síria, e do rei Peca, de Israel. Eles não passam de restos de lenha soltando fumaça. “Porque a Síria, o rei Peca e os israelitas fizeram um plano para atacar você e seu país, dizendo: ‘Vamos invadir o reino de Judá, deixar o seu povo com medo; atacaremos Jerusalém, tomaremos a cidade e nomearemos o filho de Tabeal o novo rei de Judá’ ”. Mas o Senhor Deus diz: “Esse plano irá por água abaixo. Damasco continuará a ser a capital da Síria apenas, e o rei Rezim não ganhará novas terras. Em sessenta e cinco anos Efraim já não existirá como nação; será destruído. Apenas Samaria continuará sendo a capital de Efraim, e o rei Peca, filho de Remalias, não ganhará novas terras. Se vocês não tiverem uma fé firme, não poderão resistir!” Pouco depois, o Senhor mandou nova mensagem ao rei Acaz: “Acaz, peça ao Senhor, o seu Deus, um sinal miraculoso. Esse sinal poderá vir das profundezas do mundo dos mortos ou das alturas dos céus”. Mas o rei Acaz respondeu: “Não vou pedir nenhum sinal. Não vou pôr o Senhor à prova”. Então Isaías disse: “Ouçam, descendentes do rei Davi! Já não basta vocês abusarem da minha paciência? Também querem abusar da paciência do meu Deus? Por isso o Senhor vai dar um sinal: Uma virgem ficará grávida e dará à luz um filho e o chamará de Emanuel. Quando esse menino parar de mamar, ele comerá coalhada e mel até que saiba discernir o que é certo e o que é errado. Mas, mesmo antes desse tempo, ó rei Acaz, a terra dos dois reis que tanto assustam você, os reis de Israel e da Síria, ficará completamente abandonada. Mas, algum tempo depois, o Senhor vai castigar o povo de Judá e a família real; vai haver muito sofrimento, muita desgraça! Desde que o império de Salomão se dividiu em Reino de Israel e Reino de Judá, nunca houve coisa igual. O grande rei da Assíria e o seu forte exército invadirão Judá!” Naquele dia o Senhor assobiará para chamar os exércitos do Egito e da Assíria para caírem sobre Judá como moscas, como abelhas furiosas. Os soldados virão, aos milhares, e ocuparão toda a terra, os vales, as cavernas, os pastos e os desertos cheios de espinhos e todas as cisternas. Naquele dia, o Senhor vai usar a navalha que você alugou de além do rio Eufrates, o rei da Assíria, para rapar tudo o que você possui: sua terra, suas plantações e seu povo. Naquele dia, quem tiver sorte conseguirá salvar uma vaca e duas ovelhas, e terá tanto leite que poderá comer coalhada. Haverá coalhada e mel para o restante do povo que escapou com vida. Naquele dia, o que antes era uma bela plantação de mil pés de uvas no valor aproximado de doze quilos de prata será deixado para as roseiras bravas e para os espinheiros. O país vai se transformar numa floresta de espinhos, e os homens irão ali caçar com arco e flechas. Ninguém mais andará pelos morros de Judá. Antes eles eram bem cuidados, cheios de belos jardins; depois da invasão, ficarão cobertos de roseiras bravas e de espinheiros. Somente os bois e as ovelhas vão pastar por ali. O Senhor me mandou uma nova mensagem: “Faça uma grande placa e escreva com letras bem grandes, para todos poderem ler. Nessa placa você vai anunciar o nascimento de seu filho. O nome desse menino será Maher-shalal-hash-baz, que indica que os inimigos de Judá serão destruídos em breve”. Pedi a Urias, o sacerdote, e a Zacarias, filho de Jeberequias, conhecidos por todos como homens honestos, como testemunhas de confiança, antes mesmo de a criança chegar. Então minha esposa, a profetisa, e eu tivemos relações, e ela ficou grávida. Quando o menino nasceu, o Senhor me disse: “Esse menino vai se chamar Maher-shalal-hash-baz. O seu nome indica que dentro de dois anos, antes que ele aprenda a falar ‘papai’ ou ‘mamãe’, o rei da Assíria invadirá a Síria e Israel e tomará todas as riquezas desses dois países”. Mais uma vez o Senhor falou comigo e me disse: “Já que o povo de Judá não quis saber da minha carinhosa proteção, suave como o riacho de Siloé, e estão dispostos a buscar ajuda dos reis Rezim e Peca, vou trazer os poderosos exércitos assírios para atacar os judeus. Eles virão como as águas do rio Eufrates durante as enchentes, transbordarão em todos os seus canais, encobrirão todas as margens e inundarão toda a terra de Judá, cobrindo-a até o pescoço. Os braços estendidos do seu exército se espalharão por toda a sua terra, ó Emanuel”. Inimigos de Judá em todo o mundo, preparem os seus exércitos para a guerra, mas saibam que vocês serão completamente destruídos. Mesmo que vocês se preparem para o combate, serão destruídos! Mesmo que vocês façam planos de batalha e treinem as manobras de ataque, saibam que nada disso dará resultado, pois Deus está do nosso lado! O Senhor me ordenou, sem deixar dúvidas quanto à sua vontade, advertindo-me de não seguir o caminho desse povo. Ele nos disse: “Não pensem que tudo o que o povo chama de conspiração é conspiração mesmo. Não tenham medo daquilo de que eles têm medo, nem se apavorem. A única pessoa a quem vocês devem temer é o Senhor Todo-poderoso. A ele vocês devem considerar santo; dele vocês devem ter pavor. Ele será o seu refúgio, a sua proteção! Mas para o povo de Judá e de Israel, que rejeitou o cuidado e a proteção do Senhor, ele será pedra de tropeço e rocha de ofensa, laço e armadilha para os habitantes de Jerusalém. Muitos israelitas tropeçarão, cairão e se despedaçarão, presos nessa armadilha e capturados”. Escreva o que eu lhe falei com cuidado, sele a lei entre os meus discípulos. Eu esperarei pelo Senhor. Ele escondeu o seu rosto do seu povo, da descendência de Jacó. Eu sei que posso confiar nele. Eu e os filhos que o Senhor me deu temos nomes que mostram o que o Senhor Todo-poderoso, que vive em Sião, planejou para o seu povo. Por que vocês vão consultar feiticeiros e médiuns para saber o futuro? Eles falam, resmungam, mas não dizem nada. Por acaso precisamos receber mensagens de espíritos? Por acaso os mortos podem revelar o futuro aos vivos? O Senhor diz: “Comparem as palavras desses feiticeiros e médiuns com a minha lei, a Palavra de Deus! Se eles não falarem de acordo com a lei, vocês podem saber que não fui eu que os mandei, e vocês jamais verão a luz! O meu povo vai acabar andando de um lugar para outro, sem rumo, desanimado e com fome. E quando a fome apertar, eles vão amaldiçoar o seu Rei e o seu Deus, olhando para cima. Depois eles olharão para todos os lados da terra, procurando uma esperança, mas só verão angústia, trevas e desespero. E depois, serão jogados na mais terrível escuridão”. Mas essa época de escuridão e desespero não vai durar para sempre. No passado castigou a terra de Zebulom e Naftali; no futuro, porém, essa mesma terra, a Galileia dos pagãos, por onde passam os povos na estrada do mar que fica a leste do rio Jordão, será de glória. O povo que está andando na escuridão verá uma grande luz. Essa luz vai brilhar e iluminar todos os que vivem na região da sombra da morte. Deus fez crescer a grande nação e aumentou a sua alegria; eles se alegram diante do Senhor como os lavradores quando chega a colheita, como os soldados que venceram uma batalha e repartem as riquezas tomadas na guerra. Isso porque Deus quebrou as correntes que prendiam o seu povo, a canga que estava sobre os seus ombros e o bastão com que eram castigados, como na derrota do enorme exército dos midianitas. Pois todas as botas barulhentas dos soldados e os uniformes de batalha manchados de sangue serão todos queimados pelo fogo. Pois nasceu um menino; um filho nos foi dado. Ele recebe todo o poder, o governo de toda a terra. E ele será chamado de Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno e Príncipe da Paz. O seu reino sempre crescerá, e haverá completa paz. Ele governará com justiça e retidão perfeita no trono de Davi, desde agora e para sempre. O Senhor Todo-poderoso no seu grande amor vai providenciar para que tudo isso aconteça. O Senhor enviou uma mensagem contra Jacó, e ela atingiu os descendentes de Israel. Todo o povo o saberá, Efraim e especialmente os habitantes de Samaria, que com orgulho e arrogância dizem: “Nossas cidades de tijolos foram destruídas, mas nós as construiremos com pedras lavradas. As figueiras bravas foram derrubadas, mas nós plantaremos cedros em seu lugar!” Como resposta, o Senhor fortaleceu os inimigos contra vocês. Os sírios do leste e os filisteus no oeste virão e devorarão Israel com a boca bem aberta. Apesar disso tudo, o Senhor continua cheio de ira, e a sua mão continua erguida para castigar Israel. Mas, mesmo depois de tudo isso, o povo não se arrependeu nem buscou o Senhor Todo-poderoso. Por isso, num único dia, o Senhor vai cortar tanto a cabeça como a cauda do Reino de Israel; ele vai derrubar as palmeiras e o junco. Os líderes e os homens de respeito são a cabeça; os profetas que ensinam mentiras são a cauda. Porque foram eles que desorientaram Israel e conduziram o povo para o caminho da destruição. É por isso que o Senhor não se alegra com os jovens de Israel, nem terá pena dos órfãos e das viúvas, porque todos são pecadores fingidos e falam loucuras. Apesar disso tudo, o Senhor continua cheio de ira e a sua mão continua estendida para castigar Israel. A maldade do povo queima como fogo; consome roseiras bravas e espinheiros. Até as florestas serão queimadas, e a fumaça desse incêndio vai se espalhar pelo céu. A terra ficou completamente ressecada por causa da ira do Senhor Todo-poderoso, e o povo será como lenha no fogo; ninguém tem pena do seu irmão. Os que sobraram lutam entre si para conseguir comida. Um rouba do outro, mas ninguém consegue matar a fome; eles vão acabar comendo seus próprios filhos! Manassés e Efraim vão brigar um contra o outro, e juntos vão lutar contra Judá. Mesmo depois de tudo isso, a ira de Deus não terminará. Apesar disso tudo, o Senhor continua cheio de ira, e a sua mão continua estendida para castigar Israel. Ai dos juízes desonestos! Ai das autoridades que fazem leis injustas, que escrevem decretos opressores, vocês que não tratam com justiça os pobres, roubam os que já perderam quase tudo, exploram as viúvas e roubam dos órfãos! Vocês não terão meios de escapar quando eu trouxer de longe um castigo terrível! A quem vocês vão pedir ajuda? Onde vão esconder seus tesouros roubados? Eu não darei qualquer ajuda a vocês; alguns acabarão como prisioneiros, outros serão mortos. Apesar disso tudo, o Senhor continua cheio de ira e a sua mão continua estendida para castigar Israel. Ai da Assíria, a vara que eu vou usar para castigar esse povo, em cujas mãos está o bastão da minha ira! Eu os envio contra uma nação pecadora que me provocou até me enfurecer. Os assírios vão saquear e arrancar os bens, escravizar o povo de Israel e pisá-los como lama das ruas. Mas o rei da Assíria nem vai pensar que fui eu que fiz tudo isso. Ele vai pensar que esse ataque a Israel é parte do plano dele para conquistar o mundo. Ele pensa consigo mesmo: “Logo cada um dos meus príncipes vai ser rei de uma nação conquistada”. “Nós destruiremos Calno como destruímos Carquemis”, ele dirá, “e Hamate vai ser conquistada como Arpade. Nós acabaremos com Samaria do mesmo modo que fizemos com Damasco. Nós derrotaremos muitos outros reinos cujas imagens eram mais numerosas que as de Jerusalém e Samaria. E, quando acabarmos de destruir Samaria e os seus ídolos, chegará a vez de Jerusalém e os seus ídolos!” Quando o Senhor terminar de usar o rei da Assíria para corrigir Jerusalém e Sião, então ele dirá: “Castigarei o rei da Assíria pelo orgulho do seu coração e pelo olhar arrogante. “Pois ele diz: ‘Com a força da minha mão eu o fiz, e com a minha inteligência ganhamos todas essas guerras. Somos grandes, temos os melhores soldados. Nossos exércitos derrubaram muralhas, mataram muita gente e conquistaram grandes riquezas. Foi tão fácil apanhar as riquezas das nações quanto estender o braço e recolher os ovos em um ninho abandonado. Ninguém podia bater as asas, ninguém que desse um pio!’ ” Será que o machado pode se considerar mais forte que o lenhador? Ou a serra vale mais do que o carpinteiro? Seria como se um pedaço de madeira pudesse levantar uma pessoa, ou o bastão levantasse quem não é madeira. Por isso o Soberano, o Senhor Todo-poderoso, enviará contra os fortes guerreiros assírios uma praga que vai destruir boa parte do exército; no lugar da sua glória se acenderá um fogo como chama abrasadora. A Luz de Israel será o fogo, o seu Santo, uma chama. Em apenas um dia ele queimará todos esses espinheiros e as roseiras bravas. O grande exército assírio, majestoso como uma floresta, será destruído. O Senhor mesmo os matará, como um homem doente que definha aos poucos. Desse grande exército vai sobrar apenas um pequeno número de soldados. Qualquer criança poderá contar quantos são! Quando isso acontecer, finalmente, os remanescentes de Israel, os sobreviventes da descendência de Jacó, não vão mais confiar naquele que os feriu; voltarão a confiar no Senhor, o Santo de Israel, com toda a fidelidade. Um remanescente, sim, o remanescente de Jacó voltará para o Deus Poderoso. Mesmo que o povo de Israel seja como os grãos de areia do mar, apenas um pequeno número voltará. Deus, na sua justiça, já planejou castigar o seu povo. Pois o Senhor, o Deus Todo-poderoso, decidiu destruir esse país inteiro e ele executará o seu plano. É por isso que o Soberano, o Deus Todo-poderoso, diz: “Meu povo, moradores de Jerusalém, não tenham medo dos assírios quando eles vierem explorá-los e maltratá-los como os egípcios fizeram há tanto tempo. Isso não vai durar muito. Em breve o meu furor contra vocês vai passar, e então a minha ira se voltará contra os assírios”. O Senhor Todo-poderoso os castigará com um chicote como fez quando derrotou os midianitas na rocha de Orebe; ele erguerá o seu cajado contra o mar Vermelho, como fez no Egito. Naquele dia, Deus acabará com a escravidão do seu povo, tirará o fardo dos seus ombros, quebrará as correntes que prendem os judeus. Olhem, os exércitos da Assíria estão chegando! Entram em Aiate, passam por Migrom; em Micmás deixam um depósito de armas. Atravessam a estreita passagem perto de Geba. Lá eles passam a noite. A cidade de Ramá já está apavorada; os habitantes de Gibeá — terra de Saul — fogem para salvar suas vidas. Grite bem alto, povo de Galim. Avisem os habitantes de Laís. Ah, pobre cidade de Anatote! O povo de Madmena foge correndo, e os moradores de Gebim fogem para se salvar. Hoje mesmo os inimigos vão parar em Nobe para descansar. De lá eles ameaçam a cidade de Sião, a colina de Jerusalém. Mas, de repente, vejam! O Soberano, o Senhor Todo-poderoso, está derrubando as grandes árvores! Ele está destruindo o grande exército, os oficiais e os soldados como se cortam galhos altos de uma árvore! As grandes árvores serão lançadas por terra. Ele, o Poderoso, derrubará o inimigo como o machado do lenhador derruba as árvores altas na floresta do Líbano. Surgirá um descendente do rei Davi, filho de Jessé, como um rebento que brota de uma árvore, como um renovo que surge da velha raiz. O Espírito do Senhor estará nele, o Espírito de sabedoria e entendimento, o Espírito de conselho e de poder, o Espírito de conhecimento e temor do Senhor. Ele terá prazer em obedecer ao Senhor. Ele não julgará pela aparência, nem com base no que ouviu, mas fará justiça aos necessitados e defenderá os pobres. Com sua palavra como se fosse um cajado ferirá a terra; e matará o perverso com um sopro de sua boca. A retidão será a faixa do seu peito e a fidelidade, o seu cinturão. Naquele dia o lobo e a ovelha viverão juntos; o leopardo e o cabrito descansarão em paz. O bezerro, o novilho gordo e o leão comerão juntos, guiados por uma criança. A vaca e o urso serão companheiros no mesmo pasto; os bezerros e os ursinhos brincarão juntos; o leão comerá capim com o boi. A criancinha de colo brincará perto da cova da cobra, e a criança já desmamada colocará a mão na cova da víbora. Ninguém fará nenhum mal, nem haverá destruição alguma no meu reino santo, porque assim como as águas cobrem o mar, em toda a terra todos conhecerão o Senhor. Naquele dia, as nações buscarão a Raiz de Jessé, que será como uma bandeira de salvação para todos os povos. Ele morará na terra gloriosa, e todos virão procurá-lo ali. Naquele dia, pela segunda vez, o Senhor trará para Israel o remanescente de seu povo. Eles virão da Assíria, do Egito, da Etiópia, de Elão, da Babilônia, de Hamate e das terras próximas do mar. Ele levantará uma bandeira para todas as nações e reunirá os exilados de Israel espalhados pelos quatro cantos da terra. Então Judá e Israel não serão mais inimigos. Israel não terá mais inveja de Judá, e Judá não tentará destruir Israel. Mas se unirão para expulsar os que tomaram suas terras: os filisteus a oeste, Edom, Moabe e Amom a leste. O Senhor abrirá um caminho no mar Vermelho e estenderá sua mão sobre o rio Eufrates. Um forte vento dividirá esse rio em sete riachos para que qualquer pessoa possa atravessá-lo com suas sandálias. Assim, o remanescente do seu povo que for deixado na Assíria terá caminho livre para voltar à sua terra, como aconteceu com o povo de Israel quando saiu do Egito. Naquele dia, vocês farão esta oração: “Louvado seja o Senhor! Ele estava irado comigo, mas sua ira passou e agora ele me consola! Deus veio me salvar. Eu não preciso ter medo, posso confiar nele. O Senhor é a minha força, o motivo da minha canção. Ele é a minha salvação. Cheios de grande alegria, todos beberão a água da fonte da salvação!” Naquele dia maravilhoso, vocês dirão: “Agradeçam ao Senhor! Glória ao Senhor! Falem entre as nações os feitos do seu amor tão maravilhoso. Anunciem que o seu nome é poderoso!” Cantem louvores ao Senhor, porque ele fez coisas maravilhosas. O mundo inteiro precisa saber disso. Moradores de Sião, gritem bem alto e cantem de alegria, pois grande é o Santo de Israel que vive no meio de vocês! Este é o julgamento de Deus contra a Babilônia que ele revelou a Isaías, filho de Amoz, numa visão: Levantem uma bandeira no alto de uma colina para os inimigos da Babilônia atacarem. Vocês devem gritar a eles e levantar a mão como sinal quando os exércitos passarem, marchando contra a Babilônia, para destruir os palácios dos ricos e poderosos. Eu, o Senhor, formei esses exércitos para esta missão; chamei para esta guerra os que se orgulham de sua força, para executarem o meu castigo. Ouçam o barulho nas montanhas! Ouçam os exércitos marchando! É o barulho de muitas nações e povos reunidos! O Senhor Todo-poderoso está reunindo um exército para a guerra. Eles vêm de países muito distantes, além do horizonte. O Senhor vai usá-los na sua ira, para destruir a Babilônia inteira. Gritem de terror, porque o dia do Senhor está chegando, o dia em que o Todo-poderoso vai esmagar todos vocês. Os seus braços perderão a força por causa do grande medo; até os homens mais valentes tremerão de medo. Eles ficarão apavorados. Sofrerão e chorarão como uma mulher com dores de parto, se torcerão como uma mulher que está dando à luz. Sem saber o que fazer, olharão espantados uns para os outros, com os rostos em fogo. Vejam! O dia do Senhor está chegando, o terrível dia da sua ira, do seu grande furor. Nesse dia, ele vai devastar a terra e destruir os pecadores. O céu ficará escuro logo depois do nascer do sol; a lua e as estrelas do céu e as suas constelações não brilharão mais. Eu vou castigar o mundo por causa de sua maldade, e os perversos por causa do seu pecado; acabarei com a arrogância dos vaidosos e com o orgulho dos violentos. Pouca gente vai sobrar depois do meu castigo. Os homens serão mais raros do que o ouro puro, serão mais escassos do que o ouro de Ofir. Porque eu vou sacudir os céus, e a terra se moverá do seu lugar diante da ira do Senhor Todo-poderoso no dia do furor da sua ira. Os soldados da Babilônia vão cair de cansaço, fugindo como a gazela perseguida, como a ovelha que ninguém recolhe; cada um tentará voltar para sua terra. Quem for capturado pelos inimigos será morto à espada. As criancinhas serão massacradas diante dos olhos dos pais; suas casas serão saqueadas e as mulheres violentadas pelos soldados invasores. Eu farei com que os medos ataquem a Babilônia. Eles não se interessam pela prata nem pelo ouro para deixar de atacar. Suas flechas matarão os jovens, e eles não terão piedade dos bebês nem olharão com compaixão para as crianças. Assim, a Babilônia, o mais glorioso dos reinos, o esplendor do orgulho dos caldeus, será completamente destruída por Deus, à semelhança de Sodoma e Gomorra. A Babilônia nunca mais voltará a existir. Passarão gerações, e ninguém virá morar ali. Os viajantes não acamparão ali, e os pastores não passarão a noite com suas ovelhas naquele lugar. Os animais selvagens é que vão morar nas ruínas da Babilônia. As casas ficarão cheias de corujas e de avestruzes, e bodes selvagens saltarão entre as ruínas. Hienas uivarão em suas fortalezas, e os cachorros-do-mato farão suas tocas nos luxuosos palácios. Em breve vai chegar o dia do castigo da Babilônia; logo o seu destino vai se cumprir. Isso tudo vai acontecer porque o Senhor ainda tem muita compaixão de Jacó e escolherá Israel para ser o seu povo. Ele os trará de volta para morar em Israel. Muitas pessoas de outros povos se ajuntarão a eles e farão parte da sua descendência. As outras nações do mundo os levarão de volta à sua terra; os que forem morar com eles em Israel serão os seus servos e servas. As nações que antes haviam escravizado os israelitas serão escravizadas por eles e dominarão aqueles que antes as dominavam. Naquele dia em que o Senhor der descanso ao seu povo da tristeza e do medo, do sofrimento e da escravidão, vocês vão zombar do rei da Babilônia, dizendo: “Sua hora chegou, opressor! O seu grande poder acabou! O Senhor destruiu o seu perverso poder, quebrou o seu governo cheio de maldade. Você destruiu muitas nações, com seus terríveis ataques; você perseguiu o meu povo, cheio de ódio. Você dominou os povos com terrível violência. Mas agora toda a terra descansa em paz e tranquilidade! Todos irrompem de alegria. Até as árvores das florestas — os ciprestes e os cedros do Líbano — cantam de alegria: ‘Acabou o poder do rei da Babilônia! De agora em diante ninguém virá nos derrubar!’ ” Todos os habitantes das profundezas do Sheol se movimentaram para assistir à sua chegada. Reis e príncipes da terra, mortos há muito tempo, lá estão para recebê-lo. A uma só voz, todos eles lhe dirão: Agora você é tão fraco quanto nós e tornou-se como um de nós. A sua soberba foi lançada na sepultura, junto com o som das suas harpas. Sua cama é de larvas e o seu lençol de vermes! Como você caiu do céu, ó estrela da manhã, filho da alvorada! Você que atacava e conquistava outras nações, foi arrancado do seu lugar e jogado por terra. E isso aconteceu porque você dizia no seu coração: Eu vou subir bem alto nos céus; erguerei o meu trono acima das estrelas de Deus; dominarei todos os anjos, sentado no trono mais importante! Eu serei a figura principal no monte Sião, ao norte. Subirei até o último céu e serei igual ao Altíssimo. Mas você vai ser jogado violentamente nas profundezas do Sheol, no mais profundo abismo. Lá, quem olhar para você perguntará, olhando espantado: É esse o homem que fazia tremer a terra e abalava os reinos, que transformou o mundo num deserto, que destruiu as grandes cidades e não deixava que seus prisioneiros voltassem para casa? Os reis de outras nações foram enterrados em suas próprias sepulturas, com muita honra, mas o seu corpo é tirado e jogado fora, como uma planta morta, como as roupas dos mortos que foram feridos à espada, como os que descem às pedras da cova, como um cadáver pisoteado. Você não terá uma bela sepultura como os outros reis, porque destruiu sua nação e matou o seu povo. Seus filhos e netos não serão reis como você. Preparem um lugar para matar os filhos dele por causa da maldade dos seus antepassados, para que eles não venham a dominar a terra nem reconstruir as cidades do mundo. “Eu mesmo”, diz o Senhor Todo-poderoso, “serei o seu inimigo. Eu mesmo impedirei que os filhos e netos do rei da Babilônia reinem; vou riscar essa família do mapa. Transformarei a Babilônia numa terra de brejos onde só viverão as corujas. Vou varrer essa terra com a vassoura da destruição”, diz o Senhor Todo-poderoso. O Senhor Todo-poderoso fez uma promessa solene: “Vou cumprir o que planejei; como pensei, assim será. Vou destruir o exército assírio quando ele marchar em Israel; vou esmagar seus soldados sobre os montes da minha terra. Quebrarei as correntes com que os assírios prendiam os israelitas e tirarei o fardo dos seus ombros”. Esse é o meu plano para toda a terra — o plano que eu vou cumprir através do meu grande poder que se estende sobre todas as nações. Pois esse é o propósito do Senhor Todo-poderoso. Quem poderá mudar os seus planos? Ele já estendeu a sua mão; quem poderá fazê-la recuar? No ano em que o rei Acaz morreu, Deus me revelou o seguinte julgamento: Vocês, filisteus, não fiquem alegres porque a vara que os feria está quebrada! Em lugar da cobra virá uma serpente ainda mais venenosa, muito mais perigosa, que vai destruir todos vocês! Eu serei o pastor dos pobres do meu povo. Eles viverão em paz e terão bastante alimento; mas vocês, filisteus, morrerão de fome e os que escaparem da fome morrerão na guerra. Lamente, ó porta! Clame ó cidade! Todos vocês, filisteus, chorem de desespero! O seu castigo já foi determinado. Pois do Norte vem uma nuvem de pó: é um grande exército, com nenhum covarde nas suas fileiras! Que resposta daremos ao mensageiro dos filisteus? Digam a eles: “Foi o Senhor quem fundou a cidade de Jerusalém; lá os aflitos de Israel que estiveram em dificuldade encontrarão abrigo e proteção!” Esta é a mensagem de Deus para o povo de Moabe: Numa só noite, suas cidades de Ar e Quir serão destruídas. Em Dibom o povo vai aos templos para chorar, pelo triste destino dos montes Nebo e Medeba. Em sua tristeza, eles rapam suas cabeças e cortam suas barbas. Todos andam pelas ruas vestidos de pano de saco e gritam nas praças; nos terraços e nas praças públicas todos gritam e choram amargamente. Os gritos e o choro dos moradores de Hesbom e Eleale podem ser ouvidos até em Jaaz. Os soldados mais valentes de Moabe gritam, e o coração deles treme de medo. O meu coração chora por causa de Moabe! Os moabitas fogem para Zoar e Eglate. Sobem chorando a ladeira de Luíte e descem o caminho de Horonaim gritando de desespero diante da destruição, porque até as águas do rio Ninrim secaram! Os pastos verdes secaram e as plantas que havia junto ao rio sumiram; todo verde desapareceu. Desesperado, o povo de Moabe foge para o outro lado do riacho dos Salgueiros, levando a riqueza que armazenaram. De uma fronteira à outra espalha-se o clamor em Moabe; em Eglaim até Beer-Elim ouve-se o seu lamento. As águas do riacho de Dimom ficarão vermelhas de sangue. Mas esse não será todo o meu castigo contra Dimom! Leões vão atacar os sobreviventes, tanto os que fugirem de Moabe como os que ficarem em sua terra. Os que fugiram de Moabe para Selá, atravessando o deserto, enviam carneiros para o rei de Judá, como prova de amizade. Como pássaros que perderam o ninho, assim são os habitantes de Moabe nos lugares de passagem do rio Arnom. Os mensageiros, que levaram os carneiros a Jerusalém, pedem conselhos e ajuda: “Por favor, ajudem-nos! Escondam os que fugiram de Moabe; não nos entreguem aos nossos inimigos. Deixem os que escaparam de Moabe morar com vocês; escondam essa pobre gente de seus inimigos!” Quando terminar a perseguição, e o opressor tiver saído do país e essa destruição acabar, então um descendente de Davi será rei. Ele governará com fidelidade, julgará com justiça e se esforçará para fazer o que é justo. Esse é o orgulhoso povo de Moabe de quem tanto ouvimos falar? Agora a sua arrogância, o seu atrevimento e o seu furor não valem nada. Por isso, todo o povo de Moabe está chorando; todos os moabitas vão chorar de saudade dos deliciosos bolos de passas de Quir-Haresete, dos campos bem cuidados de Hesbom e das plantações de uvas de Sibma. Os governantes das nações pisotearam essas plantações, que chegavam até Jazer e estendiam-se para o deserto. Seus brotos espalhavam-se e chegavam ao mar. Por isso, eu vou chorar por Jazer e pelas vinhas de Sibma. Com as minhas lágrimas eu rego as cidades de Hesbom e Eleale, pois não se ouvem mais os gritos de alegria por seus frutos de verão e por suas colheitas. Foi-se embora a alegria da colheita! Não se ouve mais o canto de alegria nas plantações de uvas. Os tanques onde as uvas eram pisadas ficaram vazios para sempre. Eu acabei com a alegria que Moabe tinha na época da colheita. Meu coração chora de tristeza por causa de Moabe como as cordas de uma harpa; o meu coração está quebrado por causa de Quir-Heres. Quando Moabe se cansar de orar aos seus ídolos no alto dos morros e nos templos os seus habitantes fizerem os pedidos aos seus deuses, de nada vai adiantar. Ninguém virá ajudá-los. O Senhor já tinha anunciado esse julgamento contra Moabe havia muito tempo. Mas agora o Senhor diz: “Dentro de três anos, sem falta, a glória de Moabe será destruída; quase todos os moabitas morrerão e os que sobrarem serão poucos, pobres e fracos”. Este é o julgamento de Deus contra Damasco, capital da Síria: Damasco deixará de ser cidade! Ela se tornará um montão de ruínas. As suas cidades serão abandonadas. Serão ocupadas por ovelhas que por ali pastarão e se deitarão sem que ninguém as espante. Israel deixará de ser uma fortaleza, e o poder de Damasco acabará. O remanescente de Arã será como a glória dos israelitas, afirma o Senhor Todo-poderoso. Naquele dia Israel perderá o resto de sua antiga grandeza, quando a fome e a pobreza tomarem conta da terra. Será como acontece quando um ceifeiro junta o trigo e colhe as espigas com o braço, como quando se apanham os feixes de trigo no vale de Refaim. Contudo, alguns habitantes, muito poucos, vão escapar. Eles vão ser como uma oliveira que se sacode, e ficam duas ou três azeitonas nos galhos mais altos e umas quatro ou cinco nos galhos de baixo, depois da colheita, anuncia o Senhor, o Deus de Israel. Então, finalmente, os israelitas vão olhar para o seu Criador e respeitarão o Santo de Israel. Não vão mais confiar nos altares, obra de suas mãos! Eles não olharão mais para as imagens dos falsos deuses nem para os altares de incenso. Naquele dia, as suas cidades fortes ficarão tão vazias e abandonadas como quando os israelitas invadiram Canaã há tanto tempo. Elas serão como lugares entregues aos bosques e ao mato. E tudo será arrasado. E por quê? Porque vocês se afastaram de Deus, do seu Salvador, e não se lembram da sua Rocha Poderosa. Por isso, não adianta vocês plantarem belas árvores e videiras importadas. Mesmo que as plantas desses jardins brotem, floresçam e deem fruto um dia depois de plantadas, vocês não comerão os frutos. Tudo o que vocês vão colher será muita tristeza e sofrimento. Ouçam o barulho de muitas nações que se agitam e se revoltam. Parece o rugido das nações; rugem como águas impetuosas. É tão forte o barulho que parece o quebrar das ondas contra as pedras. Mas quando ele os repreender, fugirão para longe, como a palha que o vento leva em todas as direções, como palha nas colinas, como a poeira levantada por um pé-de-vento. Ao cair da tarde, os israelitas esperam o ataque, cheios de pavor; mas quando o sol nascer, eles verão que seus inimigos já não existem! Esse é o justo castigo dos que maltratam e saqueiam os nossos bens. Ai da terra que fica além do Alto Nilo, a terra onde há muitos gafanhotos! Esse país nos manda embaixadores em navios feitos de junco, descendo o rio Nilo. Os seus mensageiros vão voltar depressa para você, terra de homens altos e escuros, povo agressivo e de fala estranha, nação conquistadora, país que é dividido pelos rios. Quando a bandeira de guerra tremular sobre a montanha, todos os povos do mundo devem prestar atenção! Quando soar a trombeta, todos devem ouvir! Assim diz o Senhor: “Do meu lar, onde moro, ficarei olhando, quieto como um dia de verão ou como uma deliciosa manhã de outono na época da colheita”. Antes da colheita, quando as flores derem lugar aos frutos e as uvas começarem a ficar maduras, ele cortará os brotos com a foice e tirará os galhos que cresceram demais, e os lançará fora. Serão todos entregues aos corvos das montanhas no verão e às feras no inverno. Quando isso acontecer, vocês, povo de homens altos e pele escura, povo respeitado em todo o mundo, nação conquistadora, país dividido pelos rios, sim, vocês mandarão presentes ao Senhor Todo-poderoso em Jerusalém, a cidade onde o Senhor Todo-poderoso colocou o seu nome. Este é o julgamento contra o Egito: O Senhor se aproxima depressa, montado sobre uma nuvem veloz, para castigar o Egito. Os falsos deuses do Egito tremem diante dele, e o coração dos egípcios se derrete de medo. “Eu farei os egípcios brigarem entre si, cada um brigando com seu próprio irmão, vizinho contra vizinho, cidade contra cidade e reino contra reino. Os sábios conselheiros do Egito quebrarão a cabeça, tentando descobrir uma solução; vão pedir aos seus ídolos e necromantes uma resposta; chamarão feiticeiros, adivinhos e médiuns para resolver os problemas do país, mas farei que os seus planos resultem em nada. Então entregarei o Egito a um senhor duro e cruel, a um rei muito mau”, diz o Senhor Todo-poderoso. As águas do rio Nilo secarão; não haverá a enchente que todos os anos alaga os campos. Os canais usados para molhar as plantações ficarão entupidos de plantas podres e terão um cheiro horrível. Os juncos e as canas murcharão. Toda a terra fértil junto ao rio secará até virar pó e ser carregada pelo vento. Todas as plantações secarão e desaparecerão. Os pescadores do Nilo vão chorar, sem trabalho e sem comida. Os que usam anzóis e os que jogam redes vão ficar na miséria. Os tecelões, que faziam roupas de linho e algodão, perderão tudo porque as colheitas foram destruídas. Todos vão sofrer com a desgraça do país; os ricos perderão suas fortunas, e os trabalhadores passarão necessidade. Os príncipes de Zoã são tolos! Os melhores conselhos que eles dão ao faraó, o rei do Egito, não passam de tolices. E eles ainda contam vantagens ao faraó, dizendo: “Sou sábio, sou discípulo dos reis da antiguidade!” Onde foram parar os seus sábios, senhor rei do Egito? Onde está a sabedoria de todos eles? Se forem sábios de verdade, digam o que o Senhor Todo-poderoso tem planejado contra o Egito. Os líderes de Zoã não passam de tolos; os conselheiros de Mênfis foram enganados. As pessoas mais importantes do país acabaram arruinando o Egito com seus maus conselhos. O Senhor colocou na mente desses homens um espírito de confusão, e por isso todos os conselhos que eles dão são errados. Eles fizeram o Egito cambalear como um bêbado cambaleia em volta do seu vômito. Não há nada que o Egito possa fazer. Ninguém, seja cabeça ou cauda, palma ou junco, pode fazer alguma coisa. Naquele dia os egípcios serão como mulheres. Quando o Senhor Todo-poderoso levantar o seu braço para castigar o Egito, eles se encolherão de medo. Judá trará pavor aos egípcios. Para deixar os egípcios tremendo de medo, bastará falar o nome de Judá, por causa dos planos que o Senhor Todo-poderoso fez contra o Egito. Naquele dia, cinco cidades farão um juramento de obedecer ao Senhor Todo-poderoso e começarão a falar a língua de Judá. Uma dessas cidades será Heliópolis, a “Cidade do Sol”. Haverá também um altar dedicado ao Senhor na terra do Egito e um monumento ao Senhor na fronteira que servirão de sinal e testemunho para lembrar os egípcios de que devem obedecer ao Senhor Todo-poderoso. Quando estiverem sendo maltratados por outros povos, eles pedirão ajuda ao Senhor, e ele mandará um salvador e defensor que livrará o povo egípcio. Naquele dia o Senhor mesmo vai se revelar aos egípcios. Eles vão conhecer o Senhor e vão adorá-lo com sacrifícios e ofertas de cereal. Farão promessas ao Senhor e cumprirão o que prometeram. O Senhor vai ferir o Egito, mas depois curará as suas feridas. Eles se voltarão para o Senhor, e ele vai ouvir os seus pedidos e os curará. Naquele dia, o Egito e a Assíria serão ligados por uma estrada, pela qual os egípcios e os assírios poderão viajar livremente, de um país ao outro. Os dois povos adorarão o Senhor. Israel, Egito e Assíria serão amigos e viverão em paz. Israel será o mediador entre esses dois povos, porque o Senhor Todo-poderoso vai abençoar o Egito e a Assíria, dizendo: “Bendito seja o Egito, meu povo! Bendito seja a Assíria, a terra que eu criei! Bendito seja Israel, a minha herança!” No ano em que o exército de Sargom, rei da Assíria, comandado por Tartã, conquistou a cidade de Asdode, na Filístia, o Senhor falou por meio de Isaías, filho de Amoz, dizendo: “Tire o pano de saco do corpo e as sandálias dos pés”. Isaías fez exatamente o que o Senhor tinha mandado e passou a andar nu e descalço. Então o Senhor disse ao povo: “Assim como o meu servo Isaías andou nu e descalço durante três anos, como símbolo e advertência contra o Egito e a Etiópia, assim o rei da Assíria vai prender e escravizar os egípcios e os etíopes, levando-os para sua terra, velhos e jovens, nus e descalços, com as nádegas descobertas, para envergonhar o Egito. Quando isso acontecer, os israelitas ficarão assustados; eles esperavam que os etíopes ajudassem Israel e que os exércitos do Egito lutassem ao seu lado. Naquele dia o povo que vive deste lado do mar dirá: ‘Vejam o que aconteceu com aqueles em quem nós confiávamos e a quem fomos pedir proteção contra o rei da Assíria! Se isso aconteceu aos nossos amigos tão poderosos, o que poderá acontecer conosco?’ ” Esta é a mensagem de Deus sobre a Babilônia. Um terrível desastre se aproxima de você, vindo do deserto junto ao mar, como um vendaval em forma de redemoinhos que vem do deserto de Neguebe, ao sul de Judá, daquela terra pavorosa. Deus me mostrou uma visão assustadora: A Babilônia vive praticando o mal e destruindo outros povos. Mas ela mesma vai ser destruída pelos elamitas e medos. Então o sofrimento das outras nações vai acabar. A visão é tão terrível que me deixou angustiado; sinto dores muito fortes como a mulher que vai dar à luz. Estou ficando tão fraco que quase não posso ouvir. Estou ficando cego de tanto medo. Meu coração estremece, fiquei completamente apavorado. Eu queria que a noite chegasse para poder descansar, mas não consigo dormir; fico acordado, tremendo de medo. Eu vi na minha visão servos arrumando uma grande mesa. Havia todo tipo de comida e muita bebida. Os convidados chegaram e se sentaram para comer. Mas, de repente, alguém deu esta ordem: “Vamos, príncipes e soldados! Corram, depressa, preparem seus escudos!” E na visão o Senhor me disse: “Vá e coloque um vigia no alto do muro da cidade. Diga a ele para anunciar tudo que puder ver. Quando vierem homens montados em jumentos e camelos, andando em duplas, ele deve ficar alerta. É a hora do ataque!” Eu coloquei o vigia sobre o muro da cidade e, finalmente, ele gritou: “ Senhor, eu fiquei vigiando nesta torre dia e noite, durante muito tempo. Agora, atenção! Lá vêm eles! Os cavaleiros que andam em fila de dois!” Depois o vigia disse: “Ela caiu! A Babilônia caiu! Todas as imagens dos falsos deuses da Babilônia estão quebradas, espalhadas pelo chão”. Ah, meu povo, perseguido e maltratado como trigo malhado na eira! Eu anunciei a vocês tudo que o Senhor Todo-poderoso, o Deus de Israel, me revelou. Esta é a mensagem de Deus contra o povo de Edom: Alguém que vive em Seir grita para mim: “Guarda, que horas da noite já são? Guarda, que horas da noite já são? Quanto tempo nos resta?” O guarda responde: “A manhã vai chegar, mas a noite voltará. Se quiserem perguntar de novo, voltem e perguntem”. Esta é a mensagem contra o povo da Arábia: Dedanitas, vocês que viajam em caravanas, que se escondem nos bosques da Arábia, tragam água para os sedentos. Povo de Temã, tragam comida para os fugitivos. Eles estão fugindo da guerra, das espadas prontas para o golpe e das flechas já prontas nos arcos. “Mas daqui a um ano, e nem um dia a mais”, diz o Senhor, “a poderosa tribo de Quedar será destruída. Somente alguns dos seus valentes flecheiros vão escapar com vida”. O Senhor, o Deus de Israel, falou. Este é o julgamento de Deus contra Jerusalém. O que está acontecendo? Por que estão todos subindo para os terraços? O que estão querendo ver? A cidade virou uma grande confusão! O que aconteceu com esta cidade movimentada e alegre? Há cadáveres espalhados por toda parte! E toda essa gente não morreu na guerra! Todas as autoridades de Jerusalém estão fugindo; entregam-se ao inimigo sem lutar. Os que tentaram fugir foram apanhados e estão presos. Por isso tudo, eu peço: Deixem-me sozinho; deixem-me chorar amargamente. Não tentem me consolar por causa da destruição do meu povo. Pois o Soberano, o Senhor Todo-poderoso, enviou um dia de muito sofrimento, confusão e derrota no vale da Visão. As muralhas de Jerusalém estão cheias de grandes buracos, e a gritaria é tanta que chega até os morros fora da cidade. Esse grande exército avança com seus carros e cavalos: são os arqueiros do país de Elão, e os que carregam os escudos vieram da terra de Quir. Os vales férteis de Judá ficaram cheios de carros de guerra; a cavalaria inimiga tomou posição junto às portas das cidades. A terra de Judá está indefesa diante do inimigo. Em Jerusalém, os soldados correm ao depósito de armas guardadas no salão da Floresta! As autoridades examinaram os buracos nos muros da Cidade de Davi e encheram de água o açude inferior que ficava dentro da cidade. Examinaram as casas de Jerusalém e mandaram derrubar algumas casas e com essas pedras consertaram os muros. Vocês construíram um reservatório especial, entre o muro interno e o externo, para guardar a água que vinha do açude de baixo. Mas todos esses planos vão falhar, porque vocês não olharam para cima, para aquele que há muito tempo havia planejado todas essas coisas! Naquele dia, o Soberano, o Senhor Todo-poderoso, pediu que vocês se arrependessem; vocês deviam chorar, gemer, rapar a cabeça e usar vestes de lamento como sinal de tristeza por causa de seus pecados. Mas, em vez disso, o que é que vocês fizeram? Vocês cantaram, brincaram e se divertiram. Houve grande júbilo e alegria, abate de gado e matança de ovelhas. Vocês comeram e beberam vinho à vontade. E vocês diziam: “Vamos comer, beber e nos divertir! Afinal, vamos morrer amanhã!” O Senhor Todo-poderoso me revelou o seguinte: “Esse terrível pecado não será perdoado até o dia em que vocês morrerem. Eu, o Soberano, o Senhor Todo-poderoso, falei”. Depois disso, o Soberano, o Senhor Todo-poderoso, me disse: Isaías, vá dizer o seguinte a Sebna, o administrador do palácio: O que você faz aqui, e quem lhe deu permissão para mandar talhar um túmulo na rocha, um lugar de descanso, no lugar mais alto do monte? Fique sabendo que o Senhor vai arrancar você da sua posição importante e jogá-lo para bem longe. Ele apanhará você e o lançará numa terra seca que fica muito longe daqui. E lá você vai morrer, perto dos seus carros de guerra que o enchiam tanto de orgulho, e você será uma vergonha para a casa do seu senhor! Eu vou tirá-lo do seu cargo, vou fazer você cair de sua alta posição. Naquele dia chamarei o meu servo Eliaquim, o filho de Hilquias. Darei a ele as roupas oficiais que você usou. Eu lhe darei o cinto que você usava e passarei para ele a autoridade que você tem. Ele será um pai para o povo de Jerusalém e para os moradores de Judá. Colocarei a chave da casa de Davi sobre o seu ombro. O que ele abrir ninguém fechará, e o que ele fechar ninguém abrirá. Eu farei dele um apoio seguro para todo o meu povo como uma estaca que foi fincada firmemente no chão; ele será como um trono de honra para a casa de seu pai. Toda a glória de sua família dependerá dele: desde o mais importante até o mais humilde. Todos vão confiar totalmente nele para proteção das famílias e das coisas que possuem. Ele será o orgulho de sua família! “Naquele dia”, diz o Senhor Todo-poderoso, “a estaca fincada em chão firme cairá, e tudo que se apoiava nela cairá junto com ela”. Pois o Senhor declarou. Este é o julgamento de Deus contra Tiro: Chorem! Chorem, navios de Társis, porque Tiro foi destruída. Não sobrou nenhuma casa, nenhum porto para os navios atracarem. De Chipre veio essa mensagem! Há um silêncio de morte por todo o litoral. A cidade que ficou rica com o comércio dos navios de Sidom, a cidade que era o mercado do mundo, para onde vinham os cereais e os tecidos do rio Nilo, no Egito, que vocês vendiam a todas as nações, está completamente silenciosa. Sidom, você que é a fortaleza do mar, deve sentir uma enorme vergonha, pois o mar, a fortaleza do mar, falou: “Nunca tive dores de parto nem dei à luz; nunca criei filhos nem eduquei filhas!” Quando a notícia chegar ao Egito, haverá grande tristeza naquele país por causa de Tiro. Moradores de Tiro, cruzem o mar para Társis! Chorem, ao deixar sua terra! Vejam o que aconteceu com sua grande cidade! Vejam o destino de Tiro, cidade alegre, cidade antiga que conquistou novas cidades, muito longe do seu país. Quem foi que provocou a destruição de Tiro, a cidade que construiu outros reinos e era a rainha do comércio, cujos negociantes são famosos em toda a terra? O Senhor Todo-poderoso planejou tudo isso para acabar com o seu orgulho e vaidade e mostrar como ele rebaixa os que se consideram mais importantes. Agora vocês, povos que Tiro dominava, cultivem a sua terra como se cultivavam as margens do Nilo. Pois o seu porto, ó filha de Társis, já não existe mais. O Senhor estendeu a sua mão sobre o mar, sacudiu os seus reinos; ele mandou destruir as fortalezas da Fenícia. Ele disse: “Ó filha de Sidom, esta foi a primeira vez que você foi atacada. Você nunca mais será uma cidade alegre e poderosa como antes. Mesmo que você fuja para Chipre, não conseguirá viver em paz”. Quem destruiu os palácios de Tiro foi a Babilônia, e não a Assíria. Eles cercaram a cidade e reduziram Tiro a um monte de ruínas. Chorem, chorem navios de Társis que cortam os mares, porque o seu porto de origem foi destruído! Depois disso, Tiro ficará esquecida por setenta anos. Quando um novo rei estiver reinando, ela será reconstruída. Tiro será como a prostituta daquela canção que diz: “Ó prostituta, esquecida por todos, pegue a harpa e vá pela cidade; toque a harpa e cante as suas canções para que todos se lembrem de você novamente”. Sim, depois de setenta anos, o Senhor fará a cidade de Tiro renascer. Ela voltará a ser a prostituta de antes, vendendo-se a todos os reinos que há na face da terra. Mas vai chegar o dia em que todo o seu lucro será separado para o Senhor. As riquezas de Tiro não serão guardadas nem depositadas. Seus lucros serão dados para os que vivem na presença do Senhor, para que tenham bastante comida e roupas finas. Vejam! O Senhor está destruindo a terra, transformando-a num enorme deserto com poucos habitantes, espalhados por toda parte. A mesma coisa acontecerá com todos: os sacerdotes e os homens do povo, os patrões e os empregados, as patroas e as empregadas, os que compram e os que vendem, os que emprestam e os que tomam emprestado, os credores e os devedores. Todos sofrerão igualmente; ninguém vai escapar. A terra ficará completamente arrasada, saqueada de todas as suas riquezas. Quem prometeu isso foi o Senhor. A terra vai secando e murchando, o mundo inteiro vai se acabando, os nobres da terra definham. A terra está impura, poluída por causa dos seus moradores, porque eles torcem as leis, violam os mandamentos e quebram a aliança que devia ser eterna. Por isso, a maldição consome a terra, e o seu povo é culpado. Eles sofrem com a seca e o calor; muito poucos vão resistir com vida. A alegria que tinham na vida vai sumir. Não haverá colheita de uvas, e o vinho vai acabar. Os que viviam de coração alegre, gozando a vida, vão viver gemendo e chorando. O barulho alegre das harpas e dos tamborins acabou; os dias de festa e de alegria terminaram. Acabou a alegria dos que misturavam o vinho e a música; agora a bebida fermentada tem um gosto amargo! A cidade está em ruínas! As casas que sobraram estão trancadas para não serem invadidas. Nas ruas, as pessoas gritam pedindo vinho. O tempo da alegria acabou; não há mais celebração na terra. A cidade não passa de um monte de ruínas, com seus portões arrombados. Assim será na terra, entre as nações. Poucas pessoas escaparão com vida, como as azeitonas e uvas que sobram depois da colheita. Erguem as vozes, cantam de alegria; os que vivem no Ocidente louvam a majestade do Senhor, e os que vivem no Oriente o louvarão. Os que moram no litoral darão glória ao Senhor, o Deus de Israel. Sim, podemos ouvir gente cantando desde os confins da terra: “Glória seja dada ao Justo!” Mas eu disse: “Ai de mim! Que desgraça! Que desgraça! Sinto o coração pesado de tristeza e dor, porque a maldade continua reinando na terra; em toda parte há mentira e traição”. Os homens vão continuar com medo. Covas e armadilhas esperam por vocês, ó habitantes de toda a terra! Quem estiver fugindo apavorado do perigo cairá em uma cova; quem conseguir sair da cova ficará preso numa armadilha. Essa destruição vem do céu; o mundo inteiro está sendo abalado. A terra está tremendo e se rachando; ela ficará totalmente abalada. A terra anda aos tropeções, como um bêbado; balança de um lado para o outro como uma barraca na ventania. O peso do pecado dos homens é tão grande que a terra vai cair e nunca mais se levantar! Naquele dia, o Senhor vai castigar os poderes do céu e os reis orgulhosos das nações aqui na terra. Eles serão reunidos como um bando de presos, jogados numa prisão e, depois de algum tempo, serão julgados e condenados. Então o Senhor Todo-poderoso vai reinar em Jerusalém, com o seu trono sobre o monte Sião, diante dos líderes do seu povo. E haverá tanta glória que a lua ficará humilhada, e o sol perderá seu brilho, envergonhado. Ó Senhor, eu quero louvá-lo e honrar o seu nome, porque o Senhor é o meu Deus. Quantas coisas maravilhosas o Senhor fez conforme os seus planos eternos e verdadeiros! O Senhor transformou grandes cidades em montes de pedras, poderosas fortalezas em ruínas. Os palácios onde moravam os reis de outros povos foram derrubados e nunca mais serão construídos. Por isso, nações poderosas respeitarão o Senhor, e povos violentos obedecerão às suas leis e darão glória ao seu nome. Porque o Senhor tem sido o refúgio para os pobres, refúgio para o necessitado nas suas aflições; foi um abrigo na tempestade, uma sombra no calor; foi a proteção contra os homens malvados que destroem outras pessoas, como a tempestade contra o muro, como o calor no deserto. Como as nuvens refrescam a terra num dia de calor, assim os gritos de vitória das nações violentas são emudecidos. Aqui, no monte Sião, em Jerusalém, o Senhor Todo-poderoso dará a todos os povos da terra um grande banquete, em que não faltará o vinho envelhecido, nem a carne mais gostosa. Será uma grande festa! Neste monte, ele vai arrancar o manto da tristeza e do choro que cobre todos os homens em toda a terra. Ele acabará para sempre com a morte. Assim, o Soberano, o Senhor Todo-poderoso, vai enxugar todas as lágrimas de todo rosto; ninguém mais vai zombar de sua terra e de seu povo. Foi o Senhor quem prometeu tudo isso! Naquele dia, todos vão dizer: “Este é o nosso Deus! Foi nele que nós confiamos, porque ele nos salvou. Este é o Senhor, e nós confiamos nele. Agora podemos nos alegrar de verdade, porque ele nos salvou”. Porque o Senhor sempre protegerá o monte Sião, mas castigará Moabe, pisando-o como a palha para virar adubo. Ali Moabe fará um esforço para escapar como o faz um nadador tentando vencer a correnteza, mas o Senhor abaterá o seu orgulho, apesar das habilidades das suas mãos. Ele destruirá os altos muros e as altas torres de Moabe e os transformará em pó. Ouçam o povo cantando! Naquele dia, toda a terra de Judá vai cantar este cântico: “Nossa cidade é forte e bem protegida! Estamos cercados pelos altos muros da salvação de Deus!” Abram os portões! Deixem a nação justa entrar, a nação que se mantém fiel e obediente. O Senhor guardará em perfeita paz todos os que confiam nele, aqueles cujo propósito está firme, porque confiam no Senhor. Confiem para sempre no Senhor, pois o Senhor, somente o Senhor, é a Rocha eterna. Ele humilha os orgulhosos; rebaixa e arrasa a cidade arrogante e cheia de si, e a lança ao pó. E depois ele a entrega aos pobres e necessitados, que a pisam nas suas ruínas. Mas o caminho do homem justo é plano. O Senhor torna o caminho fácil e reto para quem obedece a ele. Andando nos caminhos dos seus mandamentos, esperamos no Senhor. O que mais desejamos é glorificar o seu nome. Durante a noite eu busco o Senhor, de toda a minha alma; e logo cedo o meu espírito anseia pelo Senhor. Quando o Senhor vier julgar o mundo é que os homens vão desviar-se do mal e aprender a fazer o que é direito. A sua bondade com os maus não os faz praticar o bem. Mesmo vivendo na terra da retidão, eles continuam fazendo o mal e desprezando a glória e o poder do Senhor. Eles não veem a sua mão levantada, pronta para o castigo. Mostre-lhes o seu amor para o com o seu povo; talvez assim eles sintam vergonha. Sim, que o fogo preparado para os inimigos de Deus os consuma. O Senhor estabelece a paz para nós, porque tudo o que somos e temos veio da sua mão. Ó Senhor, nosso Deus, temos sido dominados por outros senhores, mas agora só lembramos o seu nome. Aqueles povos estão mortos e não voltarão a viver. O Senhor castigou e destruiu todos eles, e agora já não estão mais em nossa lembrança. O Senhor fez a nossa nação crescer, aumentou as terras de nossa gente, e isso trouxe glória ao seu nome. Na hora do sofrimento, eles o buscaram, Senhor. Quando o seu castigo caiu sobre eles, derramaram suas fracas orações. Sofremos como a mulher grávida que vai dar à luz, que geme e se contorce de dor! Assim estamos diante da sua presença, ó Senhor. Nós também sofremos e gememos, ficamos em agonia. Mas de nada adiantou; não trouxemos salvação à terra, não demos à luz os habitantes do mundo. Mas temos esta certeza: os que pertencem ao Senhor voltarão a viver. Os seus corpos serão ressuscitados! Os que já foram enterrados vão despertar e cantar de alegria. A luz da vida vai cair sobre eles como o orvalho, a terra dará à luz os seus mortos. Meu povo, vá para casa! Tranque bem as portas! Fique escondido por um pouco até que passe a ira do Senhor. Vejam! O Senhor está saindo da sua morada no céu para castigar os homens por causa de seus pecados. A terra mostrará o sangue derramado sobre ela; não encobrirá mais os seus mortos. Naquele dia, o Senhor castigará com a sua espada, forte e rápida, o grande monstro veloz, a serpente que anda se contorcendo; ele matará o monstro que vive no mar. Naquele dia, o Senhor dirá: “Cantem louvores à vinha frutífera! Eu, o Senhor, cuidarei dela pessoalmente. Vou regá-la todos os dias e a vigiarei de dia e de noite para que nenhum dos inimigos faça qualquer mal contra ela. A minha ira contra Israel já acabou. Se eu encontrar espinhos e ervas bravas prejudicando a minha vinha, eu os destruirei com fogo. Só escapará quem se render e pedir a minha paz e a minha proteção”. Vai chegar o tempo em que Israel criará raízes, dará botões e flores e encherá o mundo de frutos! Por acaso Deus castigou Israel tanto quanto aos seus inimigos? Ele arrasou os inimigos, mas a Israel só deu um castigo pequeno. Ele castigou o seu povo, levando os judeus como escravos para uma terra distante, como se tivessem sido carregados por um vento forte do leste. Os pecados de Israel serão perdoados e a sua culpa tirada. Isso acontecerá quando as pedras do altar forem esmigalhadas, como se fossem pedras de cal, e quando ele destruir os falsos deuses e altares de incenso. A cidade que tinha altos muros está vazia e silenciosa, completamente abandonada, como o deserto: lá os bezerros pastam e descansam e devoram os seus ramos. Meu povo é como os galhos secos de uma árvore, arrancados e usados para acender fogueiras. Esse povo não entende nada. Por isso, aquele que o criou não se compadecerá dele, e aquele que o formou não lhe mostrará misericórdia. Mas vai chegar um dia em que o Senhor vai juntar os israelitas, um por um, como grãos escolhidos aqui e ali; isso vai acontecer quando ele recolher o seu cereal, desde o rio Eufrates até a fronteira do Egito. Naquele dia, vai ser tocada uma grande trombeta, e muitos israelitas que estavam perecendo na Assíria e exilados no Egito serão salvos e levados de volta a Jerusalém. Lá eles adorarão o Senhor no seu santo monte. Ai da cidade de Samaria, cercada por um vale fértil, orgulho e grande alegria dos bêbados de Israel! A sua beleza está acabando como uma flor que murcha; está acabando a glória de um povo de homens dominados pelo vinho! Pois o Senhor mandará um grande e poderoso exército contra ela. Esse exército vai chegar como uma tempestade, como uma chuva de pedras, como um violento aguaceiro e uma tromba d’água transbordante e a derrubará violentamente por terra. A coroa, o orgulho e alegria dos bêbados de Israel, será jogada ao chão e pisoteada. A bela cidade, rodeada por seu belo e rico vale, vai desaparecer como uma flor que murcha, como um figo que nasce antes da época da colheita. Assim que alguém o vê, logo o apanha e come. Mas, finalmente, naquele dia, o próprio Senhor Todo-poderoso será a coroa gloriosa, uma grinalda formosa para o remanescente do seu povo. Ele dará aos juízes um desejo profundo de cumprir a justiça; dará força e coragem aos soldados que estiverem lutando contra o inimigo às portas da cidade. Mas agora, também estes cambaleiam pelo efeito do vinho e não podem ficar em pé por causa da bebida fermentada! Os sacerdotes e os profetas andam aos tropeções, dominados pela bebida fermentada. Os profetas cometem erros quando recebem visões, e os sacerdotes não são capazes de dar um veredicto. Em todas as casas as mesas estão cobertas de vômito, e por toda parte há sujeira. “Quem é esse?”, perguntam eles, “para nos falar assim? Pensa que somos criancinhas de colo, que mal sabem falar? Ele vive repetindo as mesmas coisas, ordens e mais ordens, regras e mais regras, dia após dia, um pouco de cada vez!” Pois bem, com lábios trôpegos e uma língua estranha, difícil de entender, Deus falará a este povo, ao qual tinha dito: “Este é o lugar de descanso. Deixem descansar o cansado. Este é o lugar de repouso!” Mas eles não quiseram ouvir. Por isso, a mensagem do Senhor será: “Ordem e mais ordem, regra e mais regra, dia após dia, um pouco de cada vez”, com palavras bem simples. Assim mesmo, essa mensagem simples vai derrubá-los: eles vão cair, vão ser quebrados, presos e levados como escravos. Por isso, homens que gostam de zombar, vocês que dominam o povo de Jerusalém, escutem a Palavra do Senhor. Vocês dizem: “Fizemos um pacto com a morte, com o mundo dos mortos. Quando essa tempestade destruidora passar por aqui, não seremos atingidos”. Mas vocês estão confiando em mentiras e pensam que a desonestidade os protegerá. Mas o Soberano, o Senhor, diz o seguinte: “Eu coloquei em Sião uma pedra para ser a pedra principal do alicerce firme e precioso, sobre o qual se pode construir com segurança. Aquele que confia jamais será abalado!” A minha justiça será o prumo e a régua com que eu medirei o muro que vocês construíram; o seu falso refúgio será derrubado por uma chuva de pedras, e as águas inundarão o seu esconderijo. Eu mesmo vou anular o trato que vocês fizeram com a morte; seu acordo com o mundo dos mortos será desfeito. Quando o inimigo chegar, como uma terrível enchente, vocês serão pisados e esmagados por ele. Quantas vezes essa enchente vier, tantas ela os arrastará; chegará todos os dias, de manhã e de noite. Vocês tremerão de medo ao compreenderem esta mensagem. A cama que vocês fizeram é curta demais para se deitarem, e seus cobertores são estreitos demais para vocês se cobrirem. Porque o Senhor virá de repente, cheio de ira, como no monte Perazim e no vale de Gibeão, e fará uma obra muito estranha; cumprirá sua tarefa, uma tarefa muito estranha. Por isso, parem de zombar de Deus, senão as suas correntes ficarão mais pesadas. O Senhor, o Senhor Todo-poderoso, já me falou claramente da destruição decretada contra o território inteiro. Ouçam bem, prestem atenção na minha voz! Deem atenção à minha mensagem! Será que o lavrador passa a vida toda arando a terra, sem plantar as sementes? Será que ele somente prepara o terreno e nunca planta? Quando termina de arar a terra, ele não planta o endro e não espalha as sementes do cominho? Não planta o trigo no lugar certo, a cevada no lugar apropriado na terra e o trigo duro nas margens? Ele sabe exatamente o que deve fazer, porque Deus o instruiu. Ele não separa os grãos da palha da mesma maneira para todos os cereais. O endro não precisa ser esmagado com ferro; basta ser batido com um pedaço de pau. O cominho também não precisa ser esmagado; basta ser sacudido com uma vara. Quando malha o trigo, ele não continua malhando até quebrar o grão. Ele faz passar as rodas da trilhadeira sobre o trigo, mas os seus cavalos não a trituram. Toda essa sabedoria do lavrador vem do Senhor Todo-poderoso. Ele é um professor maravilhoso! Ai de Jerusalém! Jerusalém, a cidade onde viveu Davi! Ano após ano seus moradores realizam festas religiosas nas datas marcadas, mas eu vou mandar um terrível castigo sobre ela! Todos vão chorar e lamentar muito. Jerusalém será exatamente o que significa o seu nome — Ariel — um altar coberto de fogo. Eu mesmo serei seu inimigo. Cercarei Jerusalém: vou levantar torres à sua volta, para destruir você. Quando você tiver sido derrubada e misturada com a poeira, a sua voz se fará ouvir como se fossem espíritos, cochichando e murmurando como fantasmas. De repente, num instante, os seus inimigos vão desaparecer como o pó soprado pelo vento. Eles são muitos, mas vão sumir como palha carregada pelo vento, num instante. Porque eu, o Senhor Todo-poderoso, cairei em cima deles com trovões, terremotos, furacões, chuva forte e fogo. Todos os povos que vão atacar Jerusalém e todos os exércitos que estiverem cercando a cidade com rampas de ataque desaparecerão de repente como um sonho que acaba, como numa visão noturna, como um homem com muita fome sonha que está comendo, mas acorda ainda com o estômago vazio; como um homem morrendo de sede sonha que está bebendo, mas acorda sem forças, sem ter saciado a sua sede. Assim será com os inimigos que vão sonhar com uma grande vitória contra o monte Sião, mas isso não passará de um sonho. Isso os deixa espantados? Vocês não conseguem acreditar? Então continuem de olhos fechados, fiquem cegos para sempre, se quiserem! Vocês andam tontos, tropeçando como bêbados, mas não é porque beberam muito vinho! É porque o Senhor derramou sobre vocês um sono profundo! Os seus profetas, os olhos da nação, não podem mais ver! Os que tinham visões do futuro, os que tomavam decisões, não conseguem mais pensar direito! Todas essas coisas que, segundo a visão, vão acontecer daqui para a frente, são como um livro selado, que ninguém consegue compreender. Se vocês derem o livro a alguém que sabe ler, ele dirá: “Não consigo ler, está selado”. Se você pedir a um outro que leia o livro, ele responderá: “Não sei ler”. O Senhor diz: “Esse povo se aproxima de mim com a boca e me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão me adoram; seus ensinamentos não passam de regras ensinadas por homens. Por isso uma vez mais eu vou continuar a fazer uma obra maravilhosa no meio deste povo, uma obra maravilhosa e coisas estranhas; a sabedoria dos seus sábios se desvanecerá, e o entendimento dos que são instruídos se esconderá”. Ai dos que procuram esconder os seus planos de Deus, que tentam fazer tudo no escuro, pensando consigo mesmos: “Quem vai nos ver? Quem ficará sabendo?” Como vocês estão errados! Como são tolos! Será que o oleiro que faz os jarros é igual ao barro? Será que uma obra de arte poderia dizer ao artista que a criou: “Não foi você que me fez”? Por acaso o vaso poderá dizer do oleiro: “Você não sabe o que está fazendo”? Acaso as matas virgens do Líbano não serão transformadas num campo fértil? E o campo fértil não será transformado num bosque? Naquele dia os surdos ouvirão as palavras do livro, e os cegos, livres da tristeza da escuridão, verão os meus planos. Os mansos terão grande felicidade no Senhor, e os necessitados da terra vibrarão de alegria no Santo de Israel. Os que exploram outras pessoas perderão todo o seu poder; os zombadores vão desaparecer, e os que vivem planejando maldades serão eliminados, homens violentos que brigavam à toa, que planejavam atacar à traição o juiz que os condenou e que procuravam qualquer desculpa para prejudicar os inocentes. Por isso, o Senhor, que libertou Abraão, diz à descendência de Israel: “O meu povo não será mais envergonhado; e o seu rosto não mais se empalidecerá. Quando eles virem as obras das minhas mãos, vão me respeitar, proclamarão o meu santo nome, santificarão o Santo de Israel e temerão o Deus de Israel. Os que viviam no pecado compreenderão a verdade, e os que se revoltavam contra mim aceitarão a instrução”. “Ai dos meus filhos desobedientes e teimosos, que fazem planos sem ouvir as minhas ordens!”, diz o Senhor. “Vocês fazem acordos, mas não pelo meu Espírito, aumentando o número de seus pecados. Sem pedirem minha opinião, vocês desceram ao Egito para pedir ajuda e proteção ao faraó! Saibam que, confiando no faraó, vocês vão sofrer uma grande decepção, uma enorme vergonha! Ele não tem como cumprir as promessas de ajuda que fez! Os embaixadores de Judá percorrem todo o reino do Egito, de norte a sul, de Zoã até Hanes; todos se envergonharão por causa de um povo que lhes é inútil, que não traz ajuda nem vantagem, apenas vergonha e zombaria”. Esta é a mensagem do Senhor acerca dos animais do Neguebe: os mensageiros passam por uma terra deserta e perigosa, habitada por leões e leoas, por cobras venenosas e serpentes muito rápidas, levando ao Egito camelos e jumentos carregados de tesouros para pedir a ajuda dos egípcios. E tudo isso por nada, porque o Egito não vai dar nenhuma ajuda aos judeus! As promessas de auxílio feitas pelo Egito não têm o menor valor, por isso eu o chamo de “Dragão relutante”. Você, Isaías, escreva estas minhas palavras diante desses príncipes desobedientes. Escreva-as num livro para que fiquem gravadas, para que sirvam de testemunho eterno. Esse povo é rebelde; são filhos mentirosos que não querem ouvir a lei do Senhor. Eles dizem aos meus videntes: “Não queremos mais ouvir as suas visões!” e aos profetas: “Não nos digam a verdade; falem de coisas boas, profetizem coisas agradáveis e ilusões! Parem de falar desse caminho; abandonem essa vereda e parem de falar a respeito do Santo de Israel!” Esta é a resposta do Santo de Israel: “Já que vocês desprezam o que eu lhes digo, já que preferem confiar na opressão e na mentira e se apoiar no pecado, esse pecado que cometeram será para vocês como uma brecha num muro alto, que vai se inclinando e cai, de repente!” Ele o quebrará em pedaços como um vaso de barro, de tal forma que não vai sobrar um caco que sirva para tirar brasas de uma lareira ou para tirar água de uma cisterna. Porque o Soberano, o Senhor, o Santo de Israel, diz o seguinte: “Vocês só serão salvos se, arrependidos, voltarem para mim e ficarem tranquilos. No sossego e na dependência completa de mim está a sua força, mas vocês não querem saber disso! Pelo contrário, vocês dizem: ‘Nós vamos fugir a cavalo, cavalos bem velozes!’ E vocês fugirão! Só que os cavalos dos inimigos são mais ligeiros do que os seus! Cada um deles vai colocar mil de vocês em fuga! Com medo de apenas cinco deles, todos vocês fugirão. Cada um de vocês vai ficar sozinho como um mastro no alto de um monte, como uma bandeira numa colina”. Mas o Senhor ainda espera que vocês voltem para ele, para mostrar o quanto ele os ama. Ele vai demonstrar a sua compaixão, porque o Senhor é um Deus justo e fiel. Felizes são todos aqueles que nele esperam! Ó povo de Sião, moradores de Jerusalém, você não chorará mais porque o Senhor terá pena de você, ouvindo o seu lamento. Assim que ele ouvir, ele vai responder! Embora o Senhor tenha dado a vocês pão de sofrimento e água de aflição, o seu mestre não se esconderá mais; vocês o verão com seus próprios olhos. Se vocês se desviarem do caminho, indo para a direita ou para a esquerda, ouvirão atrás de vocês uma voz dizendo: “Este é o caminho certo; andem por ele!” Então vocês vão achar que suas imagens cobertas de prata e de ouro são imundas. Vocês vão jogá-las fora como um trapo imundo, dizendo: “Fora daqui!” Quando isso acontecer, o Senhor os abençoará com chuvas na época de plantar as sementes, e depois com ótimas colheitas; haverá bastante pão para vocês e grandes pastagens para o gado. Os bois e jumentos que trabalham na terra terão uma ração especial com cereais e sal, preparada cuidadosamente. No dia em que os seus inimigos forem destruídos e as suas fortalezas caírem, haverá riachos correndo em cada monte, em todas as colinas. A lua será tão brilhante quanto o sol, e o sol será sete vezes mais claro, como a luz de sete dias completos! Isso vai acontecer quando o Senhor começar a curar as feridas que lhe causou. Vejam! Lá vem o Nome do Senhor, vindo de longe, queimando como fogo na sua ira, cercado de densas nuvens de fumaça. Os seus lábios estão cheios de ira; a sua língua queima e destrói como fogo. O seu sopro é como uma enchente impetuosa que sobe até o pescoço. Ele faz sacudir as nações orgulhosas na peneira da destruição; ele põe freios na boca dos povos e os leva por caminhos errados. Mas vocês cantarão um hino de profunda alegria, como nas noites das festas sagradas. Os seus corações ficarão alegres como o homem que, com a sua flauta, conduz a multidão ao monte do Senhor, à Rocha de Israel. A voz majestosa do Senhor será ouvida, e ele esmagará os seus inimigos com seu forte braço, com grande ira e fogo consumidor, com tempestades, grandes temporais e chuvas de pedras. A Assíria tremerá de medo ao ouvir a voz do Senhor. Com seu cetro a ferirá. E quando o Senhor castigar os assírios, cada pancada da vara do Senhor será festejada com harpas e tamborins, enquanto estiver combatendo com os golpes do seu braço. Tofete está pronta faz tempo. Foi preparada para o rei. Sua fogueira é funda e larga, com muita lenha e muito fogo; o sopro do Senhor, como uma torrente de enxofre ardente porá fogo na lenha. Ai dos que correm ao Egito, pedindo socorro, que contam com cavalos! Ai de quem confia no grande número de carros de guerra e nos fortes cavaleiros egípcios, em vez de olhar para o Santo de Israel e pedir ao Senhor a sua ajuda! Mas ele é muito sábio e mandará o castigo contra seu povo; não mudará os seus planos. Ele se levantará contra os que praticam o mal, contra quem ajuda os perversos. Esses egípcios não passam de homens; eles não são Deus! Os seus cavalos são apenas carne e osso; não são espíritos poderosos! Quando o Senhor estender a sua mão, aquele que ajuda tropeçará, aquele que é ajudado cairá; ambos serão destruídos de uma só vez. Mas o Senhor me revelou o seguinte: “Quando um leão, mesmo que ainda seja jovem, ruge ao lado da presa morta, não liga para a gritaria que os pastores fazem tentando intimidá-lo, mesmo que sejam gritos bem fortes. Da mesma maneira, o Senhor Todo-poderoso descerá e lutará sobre o monte Sião. Ele, o Senhor Todo-poderoso, protegerá Jerusalém como uma ave que voa em volta de seu ninho para protegê-lo. Ele defenderá a cidade e a livrará. Ele passará por ela e a salvará”. Por isso, voltem para aquele contra quem vocês se revoltaram, voltem a confiar naquele de quem vocês se afastaram tanto, ó israelitas! Pois naquele dia glorioso, cada um de vocês rejeitará e jogará fora as imagens de ouro e de prata que vocês mesmos fizeram para pecar contra o Senhor. Os exércitos assírios serão destruídos, mas não pelas espadas dos homens. Serão mortos não por uma espada de mortais. Todos fugirão da espada de Deus, e os seus jovens se tornarão escravos. O exército assírio perderá sua segurança; os príncipes fugirão em pânico, abandonando a sua bandeira. Essa é uma promessa do Senhor. O fogo da sua presença brilha em Jerusalém. Vejam! Aí vem um rei justo. No seu reinado todos os príncipes serão honestos e honrados. Cada homem será como um abrigo contra o vento e um abrigo contra as tempestades; será como um rio que corre no meio de um deserto; será como a sombra refrescante de uma grande pedra numa terra castigada pelo sol quente. Então, finalmente, os olhos se abrirão novamente; os que quiserem, poderão ouvir livremente a sua voz. Até mesmo os rebeldes entre eles compreenderão perfeitamente, e os que gaguejam passarão a falar com clareza. O tolo já não será considerado herói. Os ricos que exploram o povo não serão chamados de benfeitores e generosos. Pois o homem mau só pensa no mal; ele pratica a maldade e o que diz a respeito do Senhor é falso. Ele nega comida ao faminto e priva de água o sedento. A falsidade desses exploradores é perversa; as mentiras que eles inventam têm como objetivo prejudicar os pobres diante dos tribunais, mesmo quando os pobres têm razão. Mas o homem que é direito planeja maneiras de ajudar os necessitados, e por isso eles perseveram em fazer o bem. Escutem bem, vocês mulheres que vivem a boa vida! Vocês, filhas, que vivem tranquilas, escutem o que eu vou lhes dizer! Daqui a pouco tempo — um pouco mais de um ano — vocês que hoje vivem tão tranquilas vão tremer de medo! Não haverá a colheita das uvas, e as outras plantações serão destruídas. Vamos, mulheres que vivem sem qualquer preocupação; comecem a se preocupar! Tremam de medo, vocês que agora estão cheias de alegria e confiança. Mostrem sua tristeza, arrancando suas belas roupas, e vistam panos de saco. Chorem e batam as mãos contra o peito porque vão perder suas belas propriedades e plantações de uvas. As suas terras ficarão cobertas de espinhos e roseiras bravas; chorem pela cidade alegre, cheia de casas onde mora a felicidade. Palácios e casas luxuosas serão abandonados, as cidades cheias de gente ficarão vazias. Onde antes havia torres para os vigias, pastarão rebanhos e os jumentos andarão soltos. Mas isso vai acabar quando o Espírito for derramado sobre nós, lá do alto. Então o deserto se transformará em campo fértil, e o campo fértil será como uma floresta. A justiça habitará no deserto, e a retidão morará no campo fértil. O fruto da justiça será paz. Haverá tranquilidade e segurança para sempre. O meu povo viverá em paz, em casas seguras, em lugares tranquilos, ainda que uma chuva de pedra destrua a floresta e a cidade seja completamente abatida. Todos vocês serão felizes; terão grandes colheitas por semearem perto das águas, e os seus jumentos e o gado terão pastagens seguras. Ai de você, inimigo destruidor! Você que destruiu muitos povos sem nunca saber o que era a destruição; você que faz promessas, mas não cumpre e exige que as outras nações cumpram seus tratos! Quando você acabar de destruir, chegará a hora da sua destruição; quando acabar de trair, será a sua hora de ser traído! Mas quanto a nós, Senhor, tenha misericórdia de nós! Nós temos confiado no Senhor. Seja a nossa força a cada nova manhã, seja a nossa salvação no tempo do sofrimento. Os povos fogem quando ouvem o trovão da sua voz. Quando o Senhor se levanta, as nações fogem apavoradas. Como os gafanhotos devoram completamente uma plantação e deixam vazio o campo, assim os homens saquearão vocês, ó nações; vão saltar sobre os despojos como os gafanhotos saltam sobre a plantação. O Senhor é grande e poderoso e vive no alto! Ele fará de Jerusalém o lar de justiça e de bondade. Haverá segurança para Jerusalém, uma grande riqueza de salvação; haverá sabedoria e conhecimento. O temor do Senhor é o tesouro mais precioso que o seu povo tem. Mas, por enquanto, os mensageiros que os judeus enviaram choram de tristeza porque os inimigos recusaram sua proposta de paz. As estradas de Judá estão destruídas e desertas; ninguém mais vai viajar por elas. O antigo tratado de paz, feito perante muitas testemunhas, foi quebrado. Não se respeita ninguém. As terras do país estão em grande sofrimento; o Líbano murcha, envergonhado. A rica planície de Sarom virou como a Arabá, e Basã e o monte Carmelo perderam suas belas árvores. Mas o Senhor diz: “Eu vou me levantar agora mesmo e mostrar o meu grande poder. Agora serei exaltado”. “Os planos de destruição de vocês são como palha, são tão sem valor como o lixo. Seu sopro será como o fogo consumidor! Vocês serão queimados e reduzidos a pó! Serão jogados no fogo e queimarão como um pedaço de lenha bem seca. “Nações distantes, prestem atenção no que eu fiz! Nações próximas, reconheçam o meu poder!” Os pecadores em Sião estão apavorados. Eles perguntam desesperados: “Quem de nós poderá conviver com o fogo consumidor? Quem de nós pode permanecer na presença desta chama eterna?” Pois bem, eu lhes direi: Os que sempre fazem o que é justo e falam a verdade, os que não procuram lucrar explorando outras pessoas, os que não aceitam suborno, os que tapam os ouvidos para não ouvir sugestões de violência e os que fecham os olhos para não serem tentados a contemplar o mal, esses habitarão nas alturas e estarão protegidos como no alto de uma grande montanha. Terão todo o suprimento de pão e água de que precisarem. Seus olhos verão o rei, em toda a sua beleza; verão o seu reino se estender por toda a terra. Então vocês vão se lembrar deste período de terror: “Onde está o oficial chefe? Onde está aquele que exigia o imposto? Onde está o que controlava as torres?” Em pouco tempo esse povo arrogante, que fala uma língua estranha e difícil de entender, vai desaparecer. Vocês nunca mais o verão! Vejam! Aí está Jerusalém, uma cidade onde celebramos as nossas festas, a morada pacífica. Os seus habitantes vivem em segurança. Ela é como uma tenda que não pode ser mudada de lugar; suas estacas jamais serão arrancadas, e nenhuma das suas cordas se romperá! O Senhor nos mostrará a sua grandeza em Jerusalém: Será um lugar de rios e canais largos, protegendo a cidade, onde nenhum navio a remo navegará e nenhum navio a vela velejará. Pois o Senhor é o nosso juiz, o Senhor é quem faz as nossas leis, o Senhor é o nosso rei. O Senhor cuidará de nós e nos salvará. As cordas estão frouxas; o mastro não está firme, as velas não estão estendidas. Então será dividida grande quantidade de despojos; haverá até para os aleijados e paralíticos. Nenhum morador de Jerusalém dirá: “Estou doente e desamparado!” porque o Senhor perdoará os seus pecados e os abençoará. Venham, aproximem-se, nações e povos da terra! Venham ouvir o que eu tenho para anunciar. Escutem-me, a terra e tudo o que existe nela! O Senhor está terrivelmente irado com os povos da terra, furioso contra todos os seus exércitos. Ele vai destruir as nações completamente, como planejou. Seus mortos não serão enterrados, e o cheiro horrível de carne podre se espalhará por toda a terra. O sangue dos cadáveres vai escorrer pelas montanhas. Então os astros do céu vão se dissolver, o céu vai desaparecer como uma folha de papel que se enrola; todas as estrelas cairão como folhas secas da videira ou da figueira. A minha espada se embriagou nos céus; ela vai descer para julgar Edom, povo que eu condenei à destruição. A espada do Senhor ficará manchada de sangue, cheia de carne e gordura, como se tivesse sido usada para matar ovelhas e cabritos para o sacrifício. Pois o Senhor realizará um grande sacrifício em Bozra, uma terrível matança na terra de Edom. Com eles também serão mortos os bois selvagens e os novilhos com os touros. A terra deles ficará ensopada de sangue; o solo ficará mais rico, de tanta gordura. Pois o Senhor terá o seu dia da vingança; esta é a hora de retribuir para defender a causa de Sião. Os riachos de Edom vão se transformar em piche, e a terra vai ficar coberta de enxofre; a sua terra se tornará em betume ardente! Esse terrível castigo não se apagará nem de dia nem de noite. A fumaça de Edom estará sempre subindo. Nunca mais haverá moradores em Edom. Ficará deserta para sempre, e ninguém voltará a passar por ela. Lá viverão pelicanos e ouriços; as corujas e os corvos farão nela os seus ninhos. Deus condenou essa terra a viver sempre assim, deserta e destruída. Deixarão de existir os nobres e os príncipes. Os palácios serão invadidos por espinheiros; as fortalezas serão cobertas por urtigas e cactos. Edom não passará de um esconderijo de chacais, de um lugar onde as avestruzes fazem seus ninhos. As feras do deserto vão se misturar às hienas; os bodes selvagens balirão uns para os outros. Ali os animais noturnos pousarão e acharão lugar para descansar. Lá a coruja fará o seu ninho e chocará os seus ovos; ela cuidará de seus filhotes à sombra das suas asas. Em Edom os abutres vão se reunir para encontrar cada um o seu companheiro. Procurem no livro do Senhor e leiam: Nenhum desses animais ficará faltando, todos estarão com os seus companheiros, seja macho ou fêmea. O Senhor mesmo prometeu isso, e o seu Espírito fará tudo acontecer. O Senhor dividirá a terra de Edom e a repartirá entre os animais; eles a possuirão para sempre, de geração em geração. As regiões desabitadas e os lugares secos se alegrarão naqueles dias. O deserto vibrará de alegria e se cobrirá de flores. Haverá muita alegria, muitas flores, muitas canções felizes! A terra seca e vazia se tornará verde como as montanhas do Líbano e tão bela como os pastos do monte Carmelo e os campos de Sarom. Lá o Senhor mostrará a sua glória, a brilhante majestade do nosso Deus. Fortaleçam as mãos cansadas, firmem os joelhos fracos; animem os que sentem medo, dizendo: “Vamos, seja forte! Não tenha medo! Veja, o seu Deus está vindo para castigar seus inimigos com a divina retribuição. Ele vai salvar você!” Quando ele vier, vai abrir os olhos dos cegos e destapar os ouvidos dos surdos. Os aleijados pularão e dançarão como os cervos, e a língua do mudo cantará de alegria! Fontes brotarão na terra seca, e rios correrão no deserto! Onde havia apenas areia quente, haverá lagos; na terra onde não caía chuva, as fontes vão borbulhar. Nos lugares onde só os chacais conseguiam viver, vão brotar a erva verde e as plantas aquáticas, juncos e bambus! Por aquela terra, antes deserta, passará um caminho largo; ele será chamado “O Caminho da Santidade”. Por esse caminho, os impuros não poderão passar; somente os que obedecem ao Senhor. Mesmo uma pessoa simples e sem instrução não se desviará dele. Nenhum leão atacará de surpresa ao longo desse caminho; ali não haverá animais ferozes. Somente os que foram salvos passarão por ele. Estes, que foram comprados pelo Senhor, passarão por esse caminho, entrarão em Sião com canções de grande alegria e ali viverão felizes para sempre. Para eles nunca mais haverá dor ou tristeza, porque eles receberam a alegria duradoura. No décimo quarto ano do reinado de Ezequias, Senaqueribe, rei da Assíria, atacou as cidades fortificadas de Judá e conquistou todas elas. Ele mandou seu comandante à frente de um grande exército ao rei Ezequias. Esse exército partiu de Laquis e acampou perto de Jerusalém, junto ao aqueduto do açude Superior, perto do caminho que leva ao campo do Lavandeiro. Então Eliaquim, filho de Hilquias, o administrador do palácio de Israel, Sebna, o secretário do rei, e Joá, filho de Asafe, que escrevia a história do reino, foram ao encontro do comandante de Senaqueribe. E o comandante ordenou: “Digam ao rei Ezequias: “Assim diz o grande rei da Assíria Senaqueribe: ‘Em que você está baseando a sua confiança? Você acha que as palavras podem tomar o lugar da estratégia e da força militar? Em quem você confia para rebelar-se contra mim? p Confiar no Egito é perigoso. O faraó é como uma cana quebrada e pontuda, que fura a mão de quem se apoia nela! Assim é o faraó, rei do Egito, para aqueles que nele confiam. Mas talvez você esteja pensando: Nós confiamos no Senhor, nosso Deus! Ora, não são dele os altos e os altares que Ezequias removeu, dizendo a Judá e a Jerusalém: Vocês só poderão adorar no altar que está em Jerusalém? “ ‘Meu senhor, o rei da Assíria, quer fazer um acordo com você, Ezequias. Eu lhe darei dois mil cavalos se você puder arranjar dois mil cavaleiros para montar neles! E, mesmo se você tiver este exército de dois mil soldados, não poderia vencer nem mesmo o oficial menos graduado do meu senhor. Então como espera que os egípcios lhe mandem carros de guerra e cavaleiros? Além disso, você pensa que eu vim lutar contra Judá sem ordem do Senhor? O próprio Senhor me mandou atacá-lo e destruí-lo’ ”. Então Eliaquim, Sebna e Joá disseram ao comandante de Senaqueribe: “Por favor, fale em aramaico aos seus servos. Nós entendemos essa língua. Não fale em hebraico, porque o povo que está sobre os muros da cidade vai entender”. O comandante, porém, respondeu: “Vocês pensam que meu senhor me mandou dizer essas coisas somente a vocês e ao seu rei e não a todos os moradores que estão sentados nas muralhas? O cerco vai durar tanto tempo que as pessoas que agora estão sobre os muros terão de comer as suas próprias fezes e beber sua própria urina!” Depois disso, o comandante se pôs em pé e gritou para o povo que estava sobre os muros, em hebraico: “Ouçam bem o que diz o grande rei, o rei da Assíria! Não deixem que Ezequias os engane. Ele não pode fazer coisa alguma para livrar vocês! Não deixem Ezequias convencê-los a confiar no Senhor, quando diz: ‘Certamente o Senhor nos livrará; ele não deixará Jerusalém ser conquistada pelo rei da Assíria’. “Não deem ouvidos a Ezequias. Vejam só a boa proposta que o rei da Assíria faz a todos vocês: Façam as pazes comigo; o rei manda que vocês saiam da cidade e se entreguem. Então eu deixarei cada um voltar à sua própria videira e à sua própria figueira, e beber da sua própria cisterna, até que eu providencie um novo país para vocês morarem, uma terra bem parecida com a sua, onde há muitas plantações de uvas, de cereais, terra de pão e de vinhas. “Não deixem Ezequias enganá-los, dizendo que o Senhor os livrará dos meus exércitos. Por acaso algum dos deuses das nações conseguiu livrar sua terra das mãos do rei da Assíria? Vocês não se lembram do que aconteceu a Hamate e Arpade? Será que os seus deuses puderam salvar essas cidades? E qual foi o fim de Sefarvaim e Samaria? Onde foram parar os seus deuses? De todos os deuses de todas as nações, qual deles foi capaz de impedir que eu conquistasse a sua terra? Como então vocês pensam que o Senhor poderá livrar Jerusalém das minhas mãos?” Mas o povo ficou em silêncio, porque o rei Ezequias havia dito: “Não respondam ao comandante do rei da Assíria”. Mas Eliaquim, filho de Hilquias, o administrador do palácio, Sebna, o secretário do rei, e Joá, filho de Asafe, que escrevia a história do reino, tristes e desesperados, rasgaram suas roupas, voltaram ao palácio e contaram a Ezequias tudo o que o comandante havia dito. Quando o rei Ezequias ouviu o que havia acontecido, rasgou suas roupas, cobriu-se de pano de saco em sinal de tristeza e sofrimento, e foi ao templo do Senhor. Também mandou Eliaquim, o primeiro-ministro, Sebna, seu secretário, e os chefes dos sacerdotes, todos vestidos de pano de saco, a Isaías, o profeta, filho de Amoz, com esta mensagem: “Assim diz Ezequias: Estamos vivendo um período de muito sofrimento, de castigo e de vergonha. É como a hora em que a mulher sofre terrivelmente para dar à luz, mas não tem forças para fazer a criança nascer. Mas quem sabe o Senhor, o seu Deus, tenha ouvido as terríveis ofensas que o comandante do rei da Assíria falou, zombando do Deus vivo. E que o Senhor, o seu Deus, o repreenda pelas ofensas que ouviu. Por favor, Isaías, ore pelos remanescentes que sobreviveram em Jerusalém!” Os mensageiros do rei Ezequias foram levar a mensagem ao profeta Isaías. O profeta disse a eles: “Levem ao rei Ezequias esta mensagem do Senhor: ‘Não tenha medo desse recado do rei da Assíria, nem das ofensas que os servos do rei da Assíria falaram contra mim. Eu vou dar a ele um espírito de medo. Ele vai receber notícias ruins da Assíria e voltará às pressas para sua terra. Lá mesmo eu farei com que ele seja morto à espada’ ”. Enquanto isso, o comandante voltou e encontrou o rei da Assíria cercando, com seu exército, a cidade de Libna. Ele já tinha ouvido que o rei havia deixado a cidade de Laquis. Enquanto lutava contra Libna, Senaqueribe foi avisado de que Tiraca, rei da Etiópia, vinha do sul para lutar contra os assírios. Quando soube disso, enviou mensageiros ao rei Ezequias com esta mensagem: “Digam a Ezequias, rei de Judá: Não seja tolo a ponto de acreditar que o Deus no qual você confia o engane quando diz: ‘Jerusalém não será conquistada pelo rei da Assíria’. Você sabe muito bem o que os outros reis da Assíria fizeram; por onde passaram, eles destruíram completamente seus inimigos. Por acaso, você pensa que poderá escapar? Por acaso os deuses das cidades de Gozã, Harã e Rezefe puderam salvá-las? E o que você me diz do povo de Éden, que morava em Telassar? Os reis da Assíria destruíram essas cidades completamente! Lembre também do que aconteceu ao rei de Hamate, ao rei de Arpade e aos reis das cidades de Sefarvaim, de Hena e de Ivã”. Assim que Ezequias acabou de ler a carta dos mensageiros, subiu até o templo do Senhor e a colocou aberta diante do Senhor, e orou dizendo: “ Senhor Todo-poderoso, Deus de Israel, cujo trono fica entre os querubins, o Senhor somente é o Deus de todos os reinos da terra. O Senhor criou os céus e a terra. Ouça, ó Senhor, a minha oração: olhe para nós, Senhor, e veja o que está acontecendo; ouça todas as palavras que Senaqueribe escreveu, as ofensas que ele enviou ao Deus vivo. “É verdade, Senhor, que os reis da Assíria transformaram todas aquelas nações e terras em um deserto, e queimaram os deuses daqueles povos. Mas isso aconteceu porque eles eram apenas ídolos, pedaços de madeira e de pedra, desenhados e moldados por mãos humanas. Foi por isso que os assírios os destruíram. Agora, Senhor, nosso Deus, salve-nos das mãos dele, para que todos os reinos da terra saibam que somente o Senhor é Deus”. Então Isaías, filho de Amoz, enviou este recado ao rei Ezequias: “Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Ouvi a sua oração sobre Senaqueribe, o rei da Assíria. Isto é o que o Senhor diz contra ele: “A virgem, a filha de Sião, despreza, zomba e balança a cabeça, fazendo pouco caso de você. Você sabe a quem ofendeu e contra quem blasfemou? Sabe contra quem você levantou a voz, cheio de orgulho e atrevimento? Contra o Santo de Israel! Você mandou mensageiros para insultar o Senhor. Você se gaba, dizendo: Com a multidão dos meus carros subi os mais elevados cumes, os lugares mais inacessíveis do Líbano. Derrubei os cedros mais altos, os ciprestes mais belos do Líbano. Conquistei as montanhas mais altas e os pomares mais férteis. Você se gaba dos poços que cavou nas terras conquistadas e fica cheio de si porque secou com a planta dos pés todos os rios do Egito! “Será que você não sabe que eu, há muito tempo, já havia planejado tudo isso? Você destruiu todas essas fortalezas e as transformou em montões de pedra, porque eu quis e fiz tudo isso acontecer. Foi por causa dos meus planos que os povos dessas terras não tiveram forças para resistir aos seus ataques; eu os tornei fracos e medrosos. Eles estavam tão indefesos como pastagens, como pequenas plantinhas, como o capim no terraço; eles eram tão fracos como plantinhas que nascem nos terraços das casas, que o sol queima num instante. “Saiba, porém, que eu o conheço muito bem, quando sai e quando retorna, e conheço o seu furor contra mim. É por causa desse furor contra mim, e porque a sua arrogância chegou até os meus ouvidos, que eu vou prender um gancho no seu nariz e colocar um freio em sua boca e levá-lo de volta para sua terra, pelo mesmo caminho por onde você veio”. “A você, Ezequias, darei este sinal: “Esta vai ser a prova de que fui eu quem livrou Jerusalém do rei da Assíria. Ainda este ano ele partirá de Judá; vocês terão de comer o que nasceu por si mesmo; no ano que vem, haverá o suficiente para uma pequena colheita. Mas no terceiro ano, semeiem e colham, plantem vinhas e comam dos seus frutos. Os remanescentes de Judá vão se firmar em sua terra; como uma árvore de raízes bem profundas crescerão e darão muitos frutos. De Jerusalém sairão alguns sobreviventes, e um remanescente do monte Sião. O zelo do Senhor Todo-poderoso fará tudo isso acontecer. “Portanto, assim diz o Senhor acerca do rei da Assíria: “Os seus exércitos não entrarão nesta cidade e seus soldados não atirarão uma única flecha. Não marcharão em torno dela carregando seus escudos, nem construirão rampas de guerra para atacar os muros. Ele voltará para sua terra pelo mesmo caminho por onde veio. Não entrará nesta cidade, declara o Senhor. “Eu mesmo defenderei esta cidade, pela minha honra e por amor ao meu servo Davi!” Naquela noite o anjo do Senhor saiu em direção ao acampamento do exército assírio, e matou cento e oitenta e cinco mil soldados. Quando o resto do exército se levantou, na manhã seguinte, havia cadáveres por todos os lados. Assim, Senaqueribe, rei da Assíria, saiu de Judá e voltou para sua própria terra, na cidade de Nínive, capital da Assíria, e lá ficou. Certo dia, quando ele estava adorando no templo de Nisroque, seu deus, dois de seus filhos, Adrameleque e Sarezer, o assassinaram com suas espadas, e fugiram para a terra de Ararate. Outro filho de Senaqueribe, chamado Esar-Hadom, foi o seu sucessor. Neste período, o rei Ezequias ficou gravemente doente. O profeta Isaías, filho de Amoz, foi visitá-lo e lhe disse: “Assim diz o Senhor: Tome as providências necessárias para a sucessão no trono de Judá, porque você não vai sarar dessa doença. Você vai morrer!” Quando Ezequias ouviu essas palavras, virou o rosto para a parede e orou ao Senhor: “Ó Senhor, lembre-se de que o tenho servido com fidelidade e de todo o coração; sempre me esforcei para lhe obedecer!” E Ezequias chorou amargamente. Então o Senhor falou o seguinte a Isaías: “Vá ao palácio e diga a Ezequias: Assim diz o Senhor, o Deus de Davi: Ouvi a sua oração e vi as suas lágrimas que derramou. Acrescentarei mais quinze anos à sua vida. Eu livrarei você e esta cidade das mãos do rei da Assíria e defenderei Jerusalém. “Esta será a prova de que o Senhor vai cumprir o que prometeu: Farei voltar, em dez graus, a sombra que o sol deixa no relógio de sol de seu pai, o rei Acaz”. Assim, a luz do sol retrocedeu dez graus! Depois de curado de sua doença, o rei Ezequias escreveu o seguinte cântico: “Eu disse: Em pleno vigor dos meus dias tenho que passar pelas portas da sepultura e ser roubado do restante dos meus anos? Eu disse: Nunca mais verei o Senhor na terra dos viventes; em breve eu não olharei mais para a humanidade, nem vou me encontrar com meus conhecidos. A minha vida foi arrancada de mim, como uma frágil tenda de pastor, carregada por um forte vento. Como alguém que, tecendo uma roupa corta um fio; dia e noite eu pensava que Deus ia tirar a minha vida. Esperei pacientemente pelo alvorecer. Mas como um leão ele quebrou todos os meus ossos; dia e noite eu pensava que Deus ia tirar a minha vida. Meus gemidos pareciam os de uma pomba, a minha fala ficou fraca como o pio de uma andorinha. Olhando para os céus, enfraqueceram-se os meus olhos. Ó Senhor, estou sofrendo muito! Ajude-me! “Mas o que posso dizer? Foi ele mesmo quem prometeu, e ele mesmo fez isso. Depois de passar por tanto sofrimento, os últimos anos da minha vida serão de humildade diante de Deus. Senhor, os homens só podem continuar vivos por suas ações, e por elas também vive o meu espírito. A minha vida depende completamente do Senhor. O Senhor me devolveu a saúde e me deixou viver! Agora eu posso compreender! Todo esse sofrimento foi para o meu próprio bem! O Senhor me amou e me libertou da cova da destruição. Além disso, perdoou todos os meus pecados. Os cânticos de louvor a Deus não partem da sepultura. Aqueles que descem à cova já não podem mais esperar e confiar no Senhor. Os vivos, somente os vivos, é que louvam o Senhor como eu estou fazendo hoje. Os pais contam aos filhos, com alegria, a sua grande fidelidade. O Senhor veio me salvar! Ele me curou! Por isso, eu o louvarei todos os dias da minha vida, no templo do Senhor, acompanhado de instrumentos musicais!” Isaías havia dito aos servos do rei Ezequias: “Façam uma pasta de figos e coloquem, como um emplastro, sobre a úlcera. Assim o rei ficará curado de sua doença”. Ezequias havia perguntado: “Que sinal o Senhor vai me dar de que eu vou ser curado e poderei subir novamente ao templo?” Nesse tempo, Merodaque-Baladã, filho de Baladã, rei da Babilônia, enviou embaixadores a Jerusalém, com uma carta de saudações e um presente para o rei, porque tinha recebido a notícia da doença e da recuperação de Ezequias. Ezequias recebeu com alegria os embaixadores da Babilônia e lhes mostrou a sua casa do tesouro, cheia de ouro, prata e perfumes muito caros. Também mostrou a casa de armas de seu exército, os tesouros que havia no templo e não deixou de mostrar aos babilônios coisa alguma que fosse importante no seu reino. Então o profeta Isaías procurou o rei Ezequias e lhe perguntou: “O que foi que aqueles homens conversaram com o senhor? De onde eles vieram?” E Ezequias respondeu: “Vieram de muito longe, da Babilônia”. “O que foi que eles viram em seu palácio?”, perguntou Isaías. Ezequias respondeu: “Bem, eu mostrei a eles tudo o que há em meu palácio. Não há nada em meus depósitos que eu não lhes tenha mostrado”. Então Isaías disse ao rei: “Ouça com atenção a palavra do Senhor Todo-poderoso: ‘Vai chegar o dia em que todas as riquezas que há no seu palácio e tudo o que os antigos reis, seus parentes, ajuntaram até hoje serão levados embora para a Babilônia. Nada vai ficar em Jerusalém’, diz o Senhor. ‘Alguns dos seus futuros netos e bisnetos serão levados e se tornarão eunucos no palácio do rei da Babilônia’ ”. “Está bem”, respondeu Ezequias. “O que o Senhor determinou é bom”. Pois pensava: “Haverá paz e segurança enquanto eu viver!” Consolem, consolem o meu povo, diz o seu Deus. Falem carinhosamente aos moradores de Jerusalém! Digam a ela que o seu tempo de sofrimento acabou. Digam que os pecados que ela cometeu já foram perdoados. Ela recebeu do Senhor duas vezes mais castigos do que os pecados que cometeu! Ouçam! Estou escutando uma voz que clama: “Preparem um caminho para o Senhor através do deserto; preparem um caminho reto e plano no deserto para o nosso Deus. Aterrem os vales, nivelem os montes e colinas; endireitem os caminhos tortos e deixem perfeitamente planos os lugares por onde ele passar. A glória do Senhor será revelada e vista por todos os homens. Pois é o Senhor quem prometeu isso!” Alguém está dizendo: “Clame!” E eu pergunto: “Mas o que é que eu devo clamar?” “Anuncie que todos os seres humanos são como a erva e que toda a sua glória é como a flor do campo. A erva murcha e as flores caem, quando o Senhor sopra sobre eles. Na verdade, o povo é como a erva. A erva seca e as flores caem, mas a palavra de nosso Deus dura para sempre!” Você, anunciador de boas notícias a Sião, suba a um monte bem alto em Jerusalém! Grite bem alto, sem medo; diga a todas as cidades de Judá: “O seu Deus está chegando!” Sim, o Soberano, o Senhor, está chegando, com seu imenso poder! Com seu braço forte ele reinará. Ele traz para cada um a recompensa e o galardão pelo que cada um fez. Ele vai cuidar do seu rebanho como um verdadeiro pastor; levará os cordeirinhos nos braços e conduzirá mansamente as ovelhas que amamentam suas crias. Quem mais poderia ter, na concha de suas mãos, os mares e oceanos? Quem mais seria capaz de medir, palmo a palmo, o céu tão imenso? Quem poderia medir o peso da terra, cada montanha e cada morro? Quem poderia orientar o Espírito do Senhor? Quem poderia ensinar alguma coisa ou dar conselhos a ele? Por acaso, alguma vez o Senhor precisou de conselhos? Será que houve alguém para lhe ensinar o conhecimento ou lhe apontou o caminho da sabedoria? As nações da terra não são nada, comparadas com ele; não passam de uma pequenina gota d’água num balde, não são nada mais do que o pó que sobra numa balança. Ele levanta as ilhas como se fossem um grão de areia! Mesmo que fosse usada toda a madeira das florestas do Líbano para queimar todos os seus animais, isso não seria suficiente para oferecer um sacrifício totalmente queimado para honrar o Senhor! Para ele as nações são como nada, são sem valor; são um grande vazio. Com que vocês podem comparar Deus? Como ele se parece? Como uma imagem feita numa forma por um homem? Um ídolo coberto de ouro, com enfeites de prata? O homem pobre que não pode ter ídolos de ouro ou prata escolhe um pedaço de madeira de lei, paga a um artista para gravar na madeira uma figura que não se pode mover. Será que vocês não entendem? Será que nunca ouviram falar? Ele não vem falando desde o princípio do mundo? Será que não lhes contaram como o mundo foi criado? Deus é quem está sentado no seu trono acima do círculo da terra. Para ele os habitantes são pequenos como gafanhotos. Ele estende os céus como uma cortina, que faz dos céus a sua tenda para neles morar. Ele humilha os poderosos; ele reduz a nada os que fazem as leis na terra. Mal são plantados, mal chegam a criar raízes, a crescer, e o sopro do Senhor passa por eles, e eles murcham. O redemoinho os carrega como palha. “Com quem vocês vão me comparar? Quem é igual a mim?”, pergunta o Santo. Olhem para o céu! Vejam todas as estrelas. Quem as criou? É ele quem comanda o movimento das estrelas e do seu exército celestial! Ele conhece cada uma delas pelo nome. A sua força e o seu poder são tão grandes que nenhuma delas deixa de comparecer! Por que então, ó Jacó, você reclama e por que você se queixa, ó Israel, dizendo: “O Senhor não sabe do meu sofrimento e não atende às minhas justas reclamações?” Será que você não sabe? Ainda não ouviu falar que o Deus eterno, o Criador de todo o mundo, nunca se cansa nem perde suas forças? Ninguém é capaz de imaginar a grandeza da sua sabedoria. Ele dá força aos cansados e vigor aos fracos e desanimados. Até os jovens se cansam, e os moços perdem as forças e caem; mas os que esperam no Senhor sempre renovam suas energias. Sobem, voando como águias; correm e não se cansam, caminham e não perdem as forças. “Calem-se e escutem em silêncio o que eu digo, povos do outro lado do mar. Preparem sua defesa; apresentem a sua causa. Venham para o julgamento para decidir a questão! “Quem mandou vir do Oriente esse que encontra vitórias a cada passo? Quem fez com que ele derrotasse as nações e com que reis fossem vencidos por ele? Com a sua espada ele os reduz a pó, e com o seu arco, os dispersa como se fossem palha que é levada pelo vento. Ele persegue os seus inimigos e continua a avançar em segurança, passando por caminhos onde nunca havia pisado. Quem fez todas essas coisas tão tremendas? Quem, desde o princípio da história, dirige as nações da terra? Eu, o Senhor, que sou o Primeiro e o Último. Eu mesmo fiz todas estas coisas!” Os países do outro lado do mar viram o que aconteceu e ficaram com muito medo. Então se reuniram e se aproximaram. Cada um procura animar o outro e diz ao seu companheiro: “Vamos, coragem!” Mas todos se apressam para fazer ídolos; o que gravou a imagem na madeira encoraja o que vai cobrir a imagem de ouro. O que prepara as formas anima o ferreiro, dizendo que o ídolo está bem feito e que ficará bem firme quando os pregos forem fixados. Mas você, Israel, meu servo; você, Jacó, a quem escolhi, você que é descendente de Abraão, meu amigo; você, a quem eu trouxe dos fins da terra, dos seus lugares mais distantes do mundo e disse: Você é o meu servo; eu o escolhi e não o rejeitei, você não precisa ter medo porque eu sou o seu Deus. Eu lhe darei forças; eu vou ajudar e manter você em pé, firme, com a minha vitoriosa mão direita. “Todos os seus inimigos, que estavam furiosos com você vão ficar confusos e desorientados. Quem lutar contra você vai desaparecer, vai ser riscado do mapa. Você poderá procurar seus inimigos, mas não vai encontrá-los porque todos eles vão desaparecer, vão ser reduzidos a nada. Pois eu, o Senhor, o seu Deus, estou segurando fortemente a sua mão direita e prometo: ‘Não tenha medo porque eu vou ajudar você’. Meu pequeno povo de Israel, você que é tão desprezado pelos outros povos, não tenha medo; eu vou ajudá-lo, diz o Senhor, seu Redentor, o Santo de Israel. “Farei com que você seja uma máquina de debulhar trigo, com lâminas duplas novas e afiadas; você debulhará os montes, os transformará em pó e reduzirá as colinas em palha. Você os jogará para cima, e eles serão espalhados pelo vento por toda parte. Mas você terá grande alegria, dada pelo Senhor, e você louvará a mim, o Santo de Israel. “Quando os pobres e desamparados procurarem água, sem achar, quando suas línguas estiverem ressequidas de sede, eu os ouvirei e lhes responderei. Eu, o Deus de Israel, não os abandonarei. Farei nascer rios no alto das montanhas, farei surgir fontes no fundo dos vales! No deserto haverá açudes e na terra mais seca brotarão mananciais! Plantarei árvores no deserto: o cedro, a acácia, a murta e a oliveira. Nas terras secas plantarei o cipreste, o olmo e o pinheiro. Todos verão esse milagre e compreenderão que foi a mão do Senhor, o Santo de Israel, quem fez tudo isso. “Agora, apresentem a sua causa”, diz o Senhor. “Apresentem as suas provas”, diz o Rei de Israel. “Venham e nos digam as coisas que vão acontecer. Anunciem as coisas passadas, para que fiquemos sabendo se elas se cumpriram. Ou digam o que vai acontecer no futuro, para podermos ver se, de fato, se cumprirá. Sim, isso mesmo! Digam o que vai acontecer no futuro, para sabermos se eles são deuses de fato. Ou então façam o que quiserem, para o bem ou para o mal, para que nos rendamos, cheios de temor! Mas vocês não são nada; não podem fazer coisa alguma. Aquele que adora os ídolos é detestável. “Mas eu chamei um homem para vir do Norte e do Oriente; ele proclamará o meu nome desde o nascente. Ele atacará as nações e vencerá seus reis e príncipes. Ele vai pisá-los como se fossem lama, como o oleiro pisa e amassa o barro para fazer os vasos. Quem, a não ser eu, anuncia com antecedência o que vai acontecer? E eu faço isso para que vocês todos fiquem sabendo. Ninguém mais é capaz de fazer isso; nenhum desses falsos deuses o revelou, ninguém o fez ouvir, ninguém ouviu uma palavra sequer deles! Eu fui o primeiro a avisar Sião: ‘Vejam! Está chegando ajuda para vocês!’ Mas entre todos os seus ídolos ninguém foi capaz de dizer uma palavra de conhecimento; nenhum deles pôde me responder. Todos eles são falsos; eles não podem fazer nada. Todas essas imagens, esses belos ídolos, não passam de uma grande ilusão. “Aí está o meu servo! Eu mesmo o sustento. Ele é o meu escolhido, em quem tenho prazer. Eu pus sobre ele o meu Espírito, e ele trará a justiça aos povos do mundo. Ele trabalhará sem provocar agitação, sem gritar e fazer tumulto nas ruas e praças. Não quebrará o caniço rachado nem apagará a pequena chama que quase não dá luz. Ele mostrará amor aos fracos e dará forças aos desanimados. Ele fará justiça com fidelidade. Ele mesmo não deixará de brilhar e ficará firme até que a justiça e a verdade sejam cumpridas em toda a terra, até que os povos mais distantes, além dos mares, confiem nele”. Deus, o Senhor, que criou e estendeu os céus, que criou a terra e tudo que existe nela, que dá vida e espírito aos homens, diz o seguinte: “Eu, o Senhor, o chamei para demonstrar a minha justiça. Eu o protegerei e sustentarei. Você vai ser o mediador do novo trato que farei com o meu povo e uma luz para guiar os outros povos até mim. Você dará vista aos cegos e libertará os que vivem prisioneiros na escuridão e no desespero. “Eu sou o Senhor! Este é o meu nome e eu não reparto a minha glória com ninguém; o louvor que eu devo receber não reparto com as imagens feitas por mãos humanas. Tudo o que eu anunciei realmente aconteceu. E outra vez eu anuncio a vocês o que vai acontecer no futuro, muito antes de tudo acontecer”. Cantem ao Senhor um novo cântico! Cantem louvores a ele todos os povos, desde os confins da terra! Cantem, vocês que viajam através dos mares! Cantem todos os seres dos mares e todos os moradores das terras do outro lado do mar! Cantem também, cidades do deserto. Quedar e Sela, cantem de alegria, vocês que moram entre rochas, no alto das montanhas! Louvem o Senhor, deem glória ao Senhor as terras do outro lado do mar! O Senhor se mostrará como um soldado forte e valente, terrivelmente furioso contra os seus inimigos. Ele dará o seu poderoso grito de guerra, atacará e vencerá os seus adversários. “Fiquei em silêncio, sem agir, durante muito tempo; mas agora, como mulher em parto, eu grito, gemo e respiro fortemente. Derrubarei os montes e colinas e secarei a erva que nasce sobre eles. Secarei completamente os rios e lagos. Guiarei os cegos por um caminho onde nunca haviam passado, por caminhos desconhecidos eu os guiarei. Transformarei as trevas em luz diante deles e tornarei planos os lugares acidentados. Eu mesmo faço esta promessa e não vou abandonar o meu povo. Mas os que confiam em ídolos feitos por mãos humanas, os que chamam os ídolos fundidos de ‘nossos deuses’, serão rejeitados por ele e ficarão terrivelmente desiludidos. Vocês, que são surdos, ouçam o que diz o Senhor! Vocês, cegos, olhem para Deus e voltarão a ver! Não há ninguém, em todo o mundo, tão cego quanto o meu servo e tão surdo como o mensageiro que enviei! Quem é tão cego como aquele que é consagrado a mim, cego como Israel, o ‘Servo do Senhor ’? Você viu muitas coisas, mas não dá atenção a elas; ouve a verdade, mas não dá importância!” O Senhor escolheu, para manter a sua honra, tornar grande e gloriosa a sua lei. Foi pela lei que ele quis fazer de seu povo uma grande nação. Mas vejam o triste papel que Israel está fazendo — um povo saqueado e roubado, escravizado, jogado em prisões, escondido em cavernas tornou-se presa, sem ninguém para resgatá-lo; tornou-se despojo, e não há ninguém que diga: “Restitua!” Será que não existe uma pessoa sequer entre todos vocês que seja capaz de entender as lições do passado e de perceber o mal que vai acontecer no futuro? Quem foi que entregou Israel para tornar-se despojo? Quem deixou que as riquezas de Israel fossem saqueadas? Não foi o Senhor, contra quem temos pecado? Pois eles não andaram nos seus caminhos e sempre desobedeceram à sua lei. É por isso que Deus os castigou tão terrivelmente; por isso Israel foi destruído na guerra. Ele os envolveu em chamas, mas os israelitas não aprenderam; mesmo assim eles não se arrependeram de seus pecados. Mas agora, Israel, o Senhor que o criou e formou diz: “Não fique com medo! Eu mesmo comprei a sua liberdade. Eu o chamei pelo nome; você é meu! Quando você passar por águas profundas, eu estarei ao seu lado; quando tiver de atravessar grandes rios, eles não o encobrirão; quando tiver de passar pelo fogo, não se queimará. As chamas não farão mal a você. Porque eu sou o Senhor, o seu Deus, o Santo de Israel, o seu Salvador. Para você receber sua liberdade, eu entreguei o Egito, a Etiópia e Sebá como resgate. Outras pessoas perderam suas vidas em seu lugar, e nações em troca da sua vida. Isso porque para mim você é muito precioso e honrado à minha vista, e porque eu o amo. Não tenha medo, porque eu estou ao seu lado. Eu vou ajuntar seus filhos desde o Oriente até o Ocidente. Direi ao Norte: Entregue-os! E ao Sul: Não os segure! Eu trarei os meus filhos e filhas de volta a Israel, dos lugares mais distantes da terra. Todo o que é chamado pelo meu nome virá; todo aquele que eu criei para a minha glória, a quem formei e fiz, voltará! Traga esse povo que tem olhos, mas não vê, que tem ouvidos, mas não ouve! “Ajuntem-se as nações! Promovam uma reunião, todos os povos da terra! Qual de seus ídolos é capaz de prometer, com tanta antecedência, coisas assim? Eles não podem nem contar o que já aconteceu! Que eles tragam suas testemunhas e provem que estão certos, para que todos ouçam e digam: É verdade mesmo. “Vocês são minhas testemunhas”, diz o Senhor, “os meus servos, o povo de Israel, a quem escolhi. Eu os escolhi para vocês me conhecerem e saberem que eu sou Deus; antes de mim, nunca existiu outro Deus, e depois de mim também não haverá! Eu, eu mesmo, sou o Senhor, e além de mim não há outro Salvador. Eu lhes mostrei o meu poder. Eu prometi salvá-los e cumpri a promessa; vocês são testemunhas de que eu sou o verdadeiro Deus”, diz o Senhor. “Muito antes de o mundo existir, desde a eternidade, eu sou. Ninguém pode livrar alguém de minha mão. Quando eu faço alguma coisa, quem é capaz de impedir?” Assim diz o Senhor, o seu Redentor, o Santo de Israel: “Pelo amor que eu tenho por vocês, mandarei um grande exército contra a Babilônia que fará fugir os soldados caldeus nos navios de que se orgulhavam. Eu sou o Senhor, o seu Santo, o Criador de Israel e o seu Rei”. Ouçam o que diz o Senhor; aquele que abriu um caminho seco pelo mar, uma estrada no meio das águas violentas, e para lá levou o grande exército do Egito, com seus carros e cavalos, que foram engolidos pelas águas! Eles caíram para nunca mais se levantar. A sua vida acabou como um pavio que se apaga. “Não fiquem lembrando o que aconteceu no passado; não continuem pensando nas coisas que fiz há muito tempo. Vejam, estou fazendo uma coisa completamente nova, algo que já comecei a realizar; será que vocês ainda não perceberam? Vou abrir uma grande estrada no deserto, e no meio da terra seca farei correr riachos! Os animais do campo me louvarão, como também os chacais e os avestruzes, porque eu fornecerei bastante água no deserto, e riachos na terra seca para o meu povo, o meu escolhido, beber à vontade, ao povo que formei para mim mesmo para me dar louvor perante o mundo. “Mas você, Jacó, meu povo, nem pensou em me pedir ajuda. Você está cansado de mim! Você já não me oferece carneiros como oferta queimada nem me reconhece como Deus, trazendo seus sacrifícios. Eu não o sobrecarreguei com ofertas de cereal e pedi tão pouco em ofertas e incenso! Mas você não me trouxe incenso de cheiro agradável, nem me deixou satisfeito, apresentando a gordura dos sacrifícios. Em vez disso, você me sobrecarregou com os seus pecados e me cansou com todas as suas maldades. “Mas sou eu, eu mesmo, que apago os seus pecados por amor de mim, e que nunca mais se lembra deles. Lembre-se do passado; vamos juntos ao tribunal! Apresente a sua defesa e veremos se você tem razão. Seu primeiro pai pecou; os seus líderes religiosos me desobedeceram. Por isso, vou humilhar os seus sacerdotes. Vou deixar que Jacó seja destruído e Israel sofra as maiores vergonhas. “Portanto escute o que eu digo, Jacó, meu servo, Israel, meu povo escolhido. Assim diz o Senhor, aquele que o criou, que o formou no ventre, e que vai ajudar você: Não tenha medo, ó Jacó, meu amado servo, a quem escolhi. Eu lhe darei água para matar a sede e para regar os campos secos. Derramarei o meu Espírito e as minhas bênçãos sobre os seus futuros filhos. Eles crescerão rapidamente como a grama nova, como os salgueiros à beira de um rio. Eles dirão com orgulho: ‘Sou do Senhor ’; outro dirá: ‘O meu nome é Jacó’. Ainda outro juntará ao seu nome a palavra Israel. “Assim diz o Senhor, o Rei de Israel, o Redentor de Israel, o Senhor Todo-poderoso: Eu sou o Primeiro e o Último, além de mim não há outro Deus. Haverá outro que seja igual a mim? Pois que apareça e me mostre que é capaz; diga o que aconteceu desde que estabeleci meu antigo povo, e ainda o que vai acontecer! Já houve alguém que desde o princípio pudesse predizer as coisas futuras? Não tenham medo, israelitas; não fiquem apavorados. Não se lembram de que eu já prometi salvá-los? Eu já os avisei com antecedência. Vocês são as minhas testemunhas: há algum outro Deus além de mim? Não, nenhum! Não há nenhuma outra Rocha!” Como são estúpidos os que fabricam imagens para seus deuses! Os ídolos que eles fazem não valem coisa alguma. Eles mesmos podem confirmar isso, porque os seus ídolos não podem ver nem entender. Não é de admirar que as pessoas que adoram essas imagens vivam tão desorientadas e confusas! É uma grande tolice fazer o seu próprio deus — uma imagem que não pode ajudar em nada! Todos os que adoram esses ídolos serão envergonhados diante do Senhor, junto com os artesãos que criaram aquelas imagens e que não passam de seres humanos. Que eles se reúnam e declarem a sua posição; eles ficarão apavorados e serão humilhados. O ferreiro coloca o ferro sobre as brasas, bate nele fortemente com o martelo e modela um ídolo. Depois forja-o com a força do braço e, cansado, com fome e sede, desfalece. Um escultor, por sua vez, mede e desenha uma imagem, corta e alisa a madeira com formões e faz a imagem de um homem, uma bela imagem, para ser colocada num santuário. O escultor derruba cedros, talvez escolha um cipreste, ou ainda um carvalho. Ele planta um pinheiro no bosque, e a chuva faz a árvore crescer. Depois de todo esse trabalho, ele usa as árvores para lenha; parte da madeira serve para aquecer sua casa e assar o seu pão, e com o resto — imaginem só — ele faz um deus para si mesmo e se ajoelha diante dele! Com parte da árvore que derrubou, esquenta sua casa, prepara sua refeição, assa um pedaço de carne, come à vontade e diz: “Ah! Um belo fogo para não sentir frio; que fogo bom!” Com o que sobrou da madeira ele faz um deus, seu ídolo! Ajoelha-se diante dele e o adora. Ora a ele, dizendo: “Proteja-me! Você é o meu deus”. Que estupidez, que loucura! Seus olhos foram fechados de tal forma que não podem mais ver, e as suas mentes não são capazes de compreender. Ninguém para pensar, ninguém tem o conhecimento ou o entendimento para dizer a si mesmo: “Ora, isso não passa de um pedaço de pau! Eu usei uma parte para esquentar minha casa, um pouco para cozinhar meu pão e assar carne. Como é que iria fazer disso um ídolo, para ofender Deus? Como é que eu iria me ajoelhar diante de um pedaço de madeira?” Mas o homem que faz isso é como quem se alimenta de cinza! Ele está confiando em coisas sem valor que não podem salvar sua alma. E o seu coração está tão iludido que ele nem é capaz de pensar: “Será que este ídolo, que eu mesmo fiz com minhas próprias mãos, não é uma mentira?” “Lembre-se bem disso, Jacó, porque você é o meu servo, ó Israel. Eu mesmo o formei para me servir e nunca o esquecerei. Eu faço desaparecer as suas ofensas, como se fossem uma nuvem; como o sol faz desaparecer a neblina da manhã, assim eu faço desaparecer os seus pecados. Volte para mim, porque eu já paguei o preço do seu resgate”. Cantem de alegria, ó céus, porque o Senhor fez isso. Gritem bem alto de alegria, ó profundezas da terra; e vocês, montanhas e florestas, todas as árvores, cantem bem alto, bem forte, porque o Senhor resgatou Jacó e mostra a sua glória em Israel! “Assim diz o Senhor, o seu Redentor, que o formou no ventre: ‘Eu sou o Senhor, que criei todas as coisas; eu estendi os céus e formei a terra e tudo o que há nela. “ ‘Eu mostro a todos como são mentirosos esses falsos profetas e transformo em fracassos as promessas dos adivinhos. Eu faço os sábios darem conselhos estúpidos e passarem por tolos. Mas eu cumpro tudo o que os meus servos, os profetas, prometeram, e digo acerca de Jerusalém: Ela será novamente habitada, e das outras cidades de Judá: Elas serão reconstruídas, e de suas ruínas: Eu as restaurarei, que digo às profundezas das águas: Fiquem secos, e eu secarei os seus rios, que digo de Ciro: Ele é meu pastor, e ele fará tudo o que eu quiser. Ele dirá de Jerusalém: Seja reconstruída, e do templo: Sejam colocados os seus alicerces’ ”. “Esta é a mensagem do Senhor a Ciro, o homem escolhido por Deus para conquistar muitas nações. Deus mesmo dará força a ele para tirar a autoridade dos reis; Deus mesmo abrirá para Ciro os grandes portões da Babilônia, e ninguém será capaz de fechá-los. Eu irei à sua frente, Ciro, tornando plano o seu caminho e quebrando as portas de bronze e as barras de ferro que protegem as cidades. Eu vou lhe dar tesouros escondidos, riquezas secretas; assim, você vai saber que eu sou o Senhor, o Deus de Israel, que o chamou pessoalmente pelo seu nome para esta missão. Eu fiz tudo isso por causa do meu amor a Jacó, meu servo, e a Israel, meu povo escolhido. Foi por isso que o chamei pessoalmente e dei a você um nome famoso, apesar de você não me reconhecer. Eu sou o Senhor, e não há nenhum outro; não há outro Deus além de mim. Eu lhe darei toda a força necessária para conseguir a vitória, apesar de você não me conhecer. Eu farei isso acontecer para que todas as nações, do nascente ao poente, saibam que não há outro Deus além de mim. Eu sou o Senhor, e não há nenhum outro. Eu crio a luz e as trevas. Eu controlo todos os acontecimentos; promovo a paz e causo a desgraça. Eu, o Senhor, faço todas essas coisas. “Abram-se os céus, e as nuvens façam chover justiça! Abra-se a terra, e brotem do chão a salvação e a justiça; eu, o Senhor, as criei. “Aquele que luta com o seu Criador está condenado! Ele não passa de um pedaço de barro. Por acaso o barro se atreve a dizer ao oleiro: ‘O que você está fazendo?’ ou: ‘Você não sabe trabalhar’? Também está perdida a criança que, gritando, pergunta a seu pai: ‘Por que você me gerou?’, ou à sua mãe: ‘Por que você deu à luz?’ “Assim diz o Senhor, o Santo de Israel, o Criador de Israel: ‘Que direito vocês têm de criticar o que eu faço? Podem me fazer perguntas sobre o futuro, mas não podem me dar ordens sobre como tratar vocês, meus filhos!’ Eu fiz a terra e nela criei a humanidade; com minhas próprias mãos estendi os céus e controlo todo o seu exército de estrelas. Eu chamei esse homem para cumprir os meus planos de justiça e eu mesmo vou orientá-lo por onde deve andar. Ele libertará o meu povo que está na escravidão e reconstruirá a minha cidade, sem exigir pagamento ou qualquer recompensa. Essa é a promessa do Senhor Todo-poderoso! “Assim diz o Senhor: As riquezas do Egito, as mercadorias da Etiópia, até os sabeus — homens muito altos e fortes — serão entregues a você, Jerusalém. Eles caminharão atrás de vocês, presos com correntes; ajoelhados, farão a vocês os seus pedidos e dirão: ‘É verdade, o único Deus que existe é o Deus de vocês!’ ” De fato, ó Deus de Israel, ó Salvador, o Senhor cumpre os seus planos de maneiras misteriosas. Todos os que fazem e adoram ídolos serão envergonhados e humilhados, de uma vez para sempre; serão desprezados por todos. Mas Israel será salvo pelo Senhor com uma salvação eterna; o seu Deus nunca deixará que vocês fiquem envergonhados e constrangidos. Porque o Senhor, que criou os céus, ele é o Deus que formou a terra e colocou todas as partes do Universo em seus devidos lugares; ele, o Deus que fez a terra para ser habitada pelo homem, e não um lugar de desordem e confusão, afirma: “Eu sou o Senhor e não há nenhum outro! Quando eu faço promessas, elas são bem claras e não são ditas de algum lugar numa terra de trevas; e falo abertamente, para todos ouvirem. Eu não prometi aos descendentes de Israel: Procurem à toa. Eu, o Senhor, sempre falo a verdade e sempre anuncio a justiça. “Vocês, nações que escaparam do poder de Ciro, reúnam-se e venham à minha presença. Os que carregam ídolos de madeira de um lado para o outro, os que fazem orações a falsos deuses que não podem salvar, são completamente ignorantes! Reúnam-se e apresentem a sua defesa! Mostrem provas de que vale a pena adorar ídolos! Quem, desde muito tempo, anunciou todas essas coisas sobre Ciro? Algum dos seus ídolos disse alguma coisa sobre isso? Somente eu, o Senhor, declarei o futuro, porque eu sou o único Deus, um Deus justo e salvador, como não existe nenhum outro! “Em qualquer lugar da terra, voltem para mim e sejam salvos, porque eu sou Deus, e não há nenhum outro. Eu jurei por mim mesmo e não vou voltar atrás, porque eu sou justo e só falo a verdade: Diante de mim todo o joelho se dobrará e todos vão jurar que me serão fiéis. Todos vão dizer a meu respeito: ‘Somente no Senhor há justiça e força’ ”. Todos os que lutarem contra o Senhor comparecerão diante dele e serão envergonhados. Mas os israelitas serão justificados pelo Senhor e terão uma profunda alegria por causa dele. Bel se inclina, Nebo se abaixa; os seus ídolos estão sendo transportados em carros de boi. Olhem, as imagens que são levadas são pesadas, por isso os animais estão tropeçando, exaustos! Os deuses se inclinam e caem no chão! Que deuses são esses? Não podem nem salvar a si mesmos; como poderão salvar os seus adoradores do cativeiro? “Escutem o que eu digo, ó casa de Jacó, todos vocês que restaram da nação de Israel, eu os criei e os sustentei desde que foram concebidos, e os tenho carregado desde o seu nascimento. Mesmo na sua velhice, eu serei o seu Deus; cuidarei de vocês quando tiverem cabelos brancos. Eu os criei e os carregarei; eu serei o seu salvador para sempre. “Há alguém com quem vocês possam me comparar? Algum desses ídolos pode ser semelhante a mim? A quem vocês me assemelharão para que sejamos comparados? Os homens pagam a um artista para fazer um deus coberto de ouro e prata, e depois se ajoelham diante da imagem e a adoram. É a essas imagens que vocês querem me comparar? São os próprios homens que levam esses ídolos de um lado para o outro sobre os ombros! Quando são colocados num lugar, esses falsos deuses não podem sequer sair dali! Então os homens fazem pedidos a eles, mas não recebem nenhuma resposta, porque os ídolos não podem livrar as pessoas de seus problemas e sofrimentos. “Não se esqueçam disso, vocês, pecadores teimosos! Levem a sério o que digo! E não se esqueçam das coisas maravilhosas que eu fiz ao povo de Israel no passado. Lembrem-se de que eu sou Deus, e não há nenhum outro; eu sou Deus, e não há ninguém que se compare a mim. Já há muito tempo venho anunciando a vocês o que vai acontecer no futuro, e agora eu prometo: Tudo o que planejei acontecerá; vou cumprir toda a minha vontade. Chamarei uma ave de rapina lá do Oriente, de uma terra bem distante, um homem que vai cumprir os meus planos. O que eu disse, isso eu farei acontecer; tudo que eu planejei isso farei. Escutem o que digo, pecadores teimosos, vocês que estão longe da justiça! Eu estou oferecendo a minha salvação. Ela não vai demorar; vai chegar em breve! Vou oferecer a minha libertação a Sião e darei novamente a minha glória a Israel! “Babilônia, cidade que nunca foi invadida, desça de sua glória e sente-se no pó! Já passaram os seus dias de poder e grandeza; arraste-se na poeira! Você, filha dos caldeus, nunca mais será bela e delicada como uma princesa. Você passará a ser uma escrava, moendo trigo para fazer farinha. Tire o seu véu e a sua capa, descubra suas pernas e atravesse os riachos. Você vai ficar nua e envergonhada diante de todos os povos. Eu me vingarei e não terei pena de nenhum de seus moradores”. Mas nós temos um Redentor que vai nos libertar, e o seu nome é o Senhor Todo-poderoso, o Santo de Israel. “Sente-se em silêncio na escuridão e sofra calada, Babilônia. Você nunca mais será chamada ‘Rainha das Nações’. Fiquei muito irado com o meu povo, deixei que você invadisse Jerusalém e entreguei os judeus nas suas mãos. Mas você não mostrou misericórdia para com eles; até os idosos tiveram de carregar pesadas cargas. E você pensava consigo mesma: ‘Eu serei a rainha para sempre!’ sem se lembrar do que aconteceu no passado aos que maltratam o meu povo Israel. “Você, Babilônia, que ama o luxo e os prazeres da vida, que vive em segurança, e que diz: ‘Sou a única, a eterna rainha das nações! Nunca serei conquistada e meus habitantes nunca morrerão na guerra!’ Essas duas desgraças acontecerão de repente, num mesmo instante, num único dia: você vai ficar viúva e perderá os filhos. Você será invadida, e os seus habitantes morrerão na guerra; e nenhuma das suas feitiçarias nem a sua magia serão capazes de impedir esses acontecimentos. Você confiou na sua maldade, pensando que ela a protegeria, e disse para si mesma: ‘Ninguém pode me ver’. Sua sabedoria e o seu conhecimento a enganaram. Você pensava assim: ‘Somente eu; não existe ninguém além de mim’. Por isso, uma terrível desgraça vai alcançar você, um castigo que você não poderá evitar com sua magia, um castigo para o qual não há perdão! Uma catástrofe que você não poderá prever cairá sobre você tão de repente que você nem vai saber como nem de onde veio. “Continue com essa magia e com essas feitiçarias sem fim; afinal, você vem fazendo isso desde o começo da sua história! Quem sabe dará resultado, quem sabe assim você vai assustar os seus inimigos! Você, Babilônia, tem conselheiros de sobra! Vejamos se os astrólogos que passam noites e noites observando o céu para anunciar o que vai acontecer no futuro são capazes de salvá-la. Eles serão destruídos num instante, como a palha seca jogada ao fogo. Não conseguirão salvar nem suas próprias vidas! Na hora da destruição eles não serão capazes de proteger você, Babilônia! Os astrólogos e adivinhos que você sustentou por tanto tempo não a ajudarão em nada. Todos eles irão embora, cada um seguindo o seu próprio caminho. Ninguém vai ser capaz de salvá-la, Babilônia! “Ouçam isto, ó casa de Jacó, vocês que são chamados pelo nome de Israel e são descendentes de Judá, vocês que juram no nome do Senhor e prometem obediência ao Deus de Israel, mas não cumprem sua promessa! Escutem bem, vocês que se orgulham de viver na cidade santa e que se gabam de confiar no Deus de Israel, o Senhor Todo-poderoso: Eu lhes anunciei várias vezes, desde o princípio de sua história, o que iria acontecer no futuro. Anunciei, e pouco tempo depois eu mesmo realizei o que havia anunciado. Pois eu sabia que vocês são um povo teimoso e endurecido; os tendões e seu pescoço eram ferro, a sua testa era bronze. Foi por isso que eu avisei a vocês sobre os fatos do futuro, muito antes de eles acontecerem. Assim, vocês não poderiam dizer: ‘Foram os meus ídolos que fizeram tudo isso; minha imagem que eu fiz é que mandou todas essas coisas acontecerem!’ Vocês ouviram as minhas profecias e viram como eu as cumpri. Será que vocês teimam em não admiti-las? “Pois agora eu vou lhes anunciar coisas novas, segredos que vocês ainda não conhecem. Elas são totalmente novas, coisas sobre as quais vocês nunca ouviram. Assim, vocês não poderão dizer mais tarde: ‘Já sabíamos disso há muito tempo!’ Eu não as contei antes porque sabia que vocês não iam acreditar em mim e continuariam a me trair com seus ídolos. Na verdade, desde que Israel começou a existir como povo, vem sendo infiel e pecador! Mas, por amor do meu nome, eu adio a minha ira; para defender a minha honra, eu adio o castigo para não acabar com vocês. Eu fiz vocês passarem pelo fogo do sofrimento para deixá-los puros, como a prata é purificada na fornalha. Mas, por amor de mim mesmo, sim, por amor de mim mesmo, é que eu não destruo todos vocês. Como posso permitir que eu mesmo seja difamado, dizendo que os seus ídolos são mais poderosos do que eu? Eu não reparto a minha glória com ninguém! “Escutem o que eu digo, ó Jacó, vocês que são o meu povo Israel, o povo que escolhi! Eu, o Senhor, sou o único Deus. Sou o primeiro e o último. Com as minhas mãos eu coloquei os alicerces da terra; a minha mão direita estendeu os céus. Eu ordenei, e a terra e o céu foram criados. “Aproximem-se, venham todos vocês e ouçam: Qual desses ídolos que vocês têm já anunciou o seguinte: O amado do Senhor fará o que eu quero. Ele cumprirá os meus planos contra a Babilônia; seu braço será estendido contra a Babilônia. Eu, somente eu, anuncio essas coisas. Sim, eu já o chamei; eu o mandei vir para atacar a Babilônia e darei a ele completa vitória. “Aproximem-se mais um pouco e escutem bem isto: Eu sempre anunciei claramente o que iria acontecer; nunca falei secretamente, e tenho governado todas as coisas desde que começaram”. Agora o Soberano, o Senhor, me enviou, com o seu Espírito para trazer a vocês esta mensagem: Assim diz o Senhor, o seu Redentor, o Santo de Israel: “Eu sou o Senhor, o seu Deus, aquele mestre que ensina o que é melhor para você, o guia que está sempre mostrando o caminho por onde você deve andar. Ah, como seria bom se você tivesse obedecido aos meus mandamentos! Você teria uma paz que não termina, como um rio que corre sem parar; teria justiça constante, como as ondas do mar que nunca deixam de quebrar na praia. Seus descendentes seriam como os grãos de areia da praia do mar; o seu nome nunca seria eliminado nem destruído de diante de mim”. Saiam da Babilônia! Abandonem a terra onde foram escravos! Deixem essa terra para trás e cantem de alegria, anunciem a todos os povos do mundo que o Senhor salvou Israel, o seu servo. Ele guiou os israelitas através dos desertos e não deixou que eles passassem sede; dividiu a rocha e fez fluir água para beberem; partiu a rocha e a água jorrou! Para os maus não há paz, diz o Senhor. Povos de terras distantes, escutem o que eu digo: O Senhor me chamou antes do meu nascimento; quando eu ainda estava no ventre de minha mãe ele me chamou pelo meu nome. Ele fez as minhas palavras serem afiadas como uma espada. Ele me escondeu com a palma da sua mão. Ele me fez como uma flecha aguda e me guardou na sua aljava para usar na hora certa. Ele me disse: “Você é o meu servo, Israel, um príncipe poderoso; você me glorificará”. Mas eu respondi: “O trabalho que eu faço por este povo é vão. Eu me esforcei e me cansei inutilmente; eu sei, porém, que Deus vai fazer justiça e recompensar o meu serviço”. Mas o Senhor me formou no ventre de minha mãe para ser o seu servo, para trazer de volta a ele o seu povo Israel; pois sou honrado aos olhos do Senhor, e o meu Deus tem sido a minha força. Agora ele me diz: “Você vai fazer mais do que ser meu servo e restaurar as tribos de Jacó e trazer Israel de volta para mim. Também farei de você uma luz para o mundo, para levar a minha salvação a todos os habitantes da terra”. O Senhor, o Redentor, o Santo de Israel, promete aos que são desprezados, rejeitados pelos povos, explorados pelos reis e governadores da terra: “Reis se levantarão para ver você passar, e os príncipes farão reverência, curvando-se até o chão, porque o Senhor, o Santo de Israel, que é fiel, o escolheu”. O Senhor ainda diz mais: “Você fez o seu pedido na hora oportuna, e eu o ajudarei no dia da salvação. Eu protegerei você do mal para ser a garantia da nova aliança que eu farei: restaurar ao meu povo a sua terra e suas propriedades abandonadas. Você vai ser o meu mensageiro para dizer aos que vivem presos: ‘Venham para a luz, vocês que estão na escuridão! Vocês estão livres!’ Eles se apascentarão junto aos caminhos e encontrarão pastagem nas colinas estéreis. Nunca mais terão sede ou fome. Não sofrerão mais com os ventos quentíssimos do deserto, nem com o calor do sol. Pois o Senhor que os ama vai levá-los mansamente às fontes de água fresca. Transformarei os meus montes em caminhos planos; os vales serão aterrados e não haverá mais caminhos perigosos para eles. O meu povo virá de longe, do Norte, do Oeste e das terras do Sul”. Cantem de alegria, ó céus! Alegre-se, ó terra! Vocês, montes, comecem a cantar, porque o Senhor consola o seu povo e terá compaixão da sua imensa tristeza. E, apesar de tudo isso, Sião reclamou: “O Senhor nos abandonou. O Senhor se esqueceu de mim!” “Será que uma mãe poderia esquecer do seu filho que ainda mama, e deixar de ter compaixão do próprio filho? Mesmo que isso acontecesse, eu nunca me esqueceria de você! O nome de Israel está gravado nas palmas das minhas mãos, e meus olhos veem, a toda hora, os seus muros. Logo seus filhos vão voltar à sua terra e os que o destruíram terão que fugir de você. Olhem à sua volta! Vejam quanta gente chega e se ajunta a você, para servi-lo como prometido pelo Senhor. Toda essa gente vai ser para Israel como um vestido de noiva, cheio de enfeites! Israel será novamente um grande povo”, declara o Senhor. “Apesar de você ter sido arruinada e abandonada e apesar de sua terra ter sido arrasada, agora a terra vai ser pequena demais para tanta gente. Os seus antigos inimigos fugirão para bem longe! Os israelitas que nasceram durante o seu luto ainda dirão: ‘Esta terra é pequena demais para todos nós! Precisamos de mais espaço!’ Então você vai ficar pensando: ‘Quem é essa gente? Quem me deu todos esses filhos? Eu estava enlutada e estéril; estava rejeitada! Mas esta gente toda, quem criou esses filhos para mim? Eu estava sozinha. De onde vieram todos eles?’ ” O Soberano, o Senhor, responde: “Veja, eu darei um sinal às nações, mostrarei a minha bandeira aos povos. Eles trarão de volta os seus filhos espalhados pelo mundo; trarão os filhos nos braços e as filhas nos ombros. Reis estrangeiros cuidarão das suas crianças, e suas rainhas serão as suas babás. Todos eles se curvarão até o chão, na sua presença, e lamberão o pó de seus pés. Então finalmente vocês vão saber que eu sou o Senhor. Quem confia em mim nunca será envergonhado”. Quem pode tirar de um homem forte o despojo que ele conquistou? Quem pode obrigar um dono de escravos a libertá-los? O Senhor, porém, respondeu: “Até os escravos do dono mais poderoso e cruel serão libertados, e o despojo será retomado dos violentos. Eu mesmo lutarei contra os que lutam contra você, Israel. Eu mesmo salvarei os seus filhos. Os seus inimigos comerão a própria carne, ficarão bêbados com o seu próprio sangue. Então todo mundo saberá que eu sou o Senhor, o seu Salvador e seu Redentor, o Poderoso de Israel”. O Senhor pergunta: “Por acaso eu os vendi a algum credor? É por isso que vocês não estão aqui? Será que sua mãe desapareceu porque eu me divorciei dela e a mandei embora?” Nada disso; vocês mesmos se venderam por causa dos seus pecados. Sua mãe foi mandada embora porque vocês viviam desobedecendo às minhas ordens. Por que, quando eu os chamei de volta, ninguém me respondeu? Por acaso eu perdi o meu poder de salvar? Por acaso acabou a minha força para libertar vocês? Com uma simples palavra eu seco os mares e transformo os rios em desertos, fazendo morrer e apodrecer todos os peixes! Eu sou capaz de fazer o céu escurecer completamente, e faço da veste de lamento a sua coberta. O Soberano, o Senhor, me ensinou suas palavras de sabedoria, para que eu possa animar o que está fraco e cansado. Todas as manhãs ele me acorda e me ensina a escutar e entender as suas palavras. O Soberano, o Senhor, falou comigo; eu ouvi e obedeci; não me revoltei nem fugi da responsabilidade. Ofereci as minhas costas ao chicote e ofereci meu rosto aos que arrancavam a minha barba. Não fugi da vergonha; eles me cuspiram no rosto! Mas o Senhor, o Soberano, me ajuda; por isso que eu não desanimarei. Assim, mesmo sofrendo, decidi firmemente fazer a sua vontade e tenho certeza de que não serei decepcionado. Aquele que vai me declarar justo está bem perto; quem se atreve a lutar contra mim? Vamos juntos à presença do Juiz! Quem é o meu acusador? Que ele me enfrente! Vejam bem, é o Soberano, o Senhor, que me ajuda. Haverá alguém que possa me condenar? Todos os meus inimigos serão destruídos, como uma roupa velha comida pelas traças! Há alguém entre vocês que respeite e obedeça ao Senhor? Há alguém que vai imitar o Servo do Senhor e que, mesmo andando na mais completa escuridão, confia no nome do Senhor e se apoia em seu Deus? Saibam vocês, que preferem acender o próprio fogo para se aquecer e iluminar o seu caminho, que viverão em sofrimento, sofrimento mandado por mim. “Escutem-me, vocês que procuram a justiça, que buscam o Senhor! Olhem para a pedreira da qual vocês foram cortados, vejam o poço de onde foram cavados! Sim, pensem em Abraão, seu pai, e em Sara, que os deu à luz. Vocês estão com medo por serem poucos em número, mas lembrem-se de que Abraão era apenas um quando eu o chamei. Apesar disso, eu o abençoei, e ele se tornou uma grande nação”. O Senhor voltará a consolar Sião; terá compaixão de sua terra destruída. Ele deixará os desertos de Israel cheios de vida como a região do Éden; a terra seca e vazia terá flores e árvores como o jardim plantado pelo Senhor. Haverá muita felicidade e alegria, hinos de gratidão e belas canções para mim. “Escutem o que eu digo, meu povo! Ouçam bem, nação minha: Eu farei a justiça se tornar uma luz para os povos, e a minha lei vai guiar as nações. A minha justiça está bem perto; a minha salvação está quase chegando. Em breve eu governarei todas as nações; as ilhas esperarão em mim para ver o meu poder. Olhem para os céus! Olhem bem para a terra! Os céus vão desaparecer como a fumaça, a terra vai se desgastar como um pedaço de roupa velha, e os seus moradores morrerão como moscas. Mas a minha salvação é eterna. Ela dura para sempre, e nada pode impedir a minha justiça. “Vocês que sabem a diferença entre o certo e o errado, vocês que têm a minha lei em seus corações, escutem o que eu digo! Não tenham medo da zombaria e dos falatórios dos homens; não se assustem com as ofensas deles! As traças vão destruir essa gente como uma roupa, o verme os devorará como se fossem lã. Mas a minha justiça durará para sempre, e a minha salvação jamais acabará”. Acorde, ó Senhor! Acorde! Levante-se, ponha em ação toda a sua força! Faça como fez no passado; mostre que ainda é o mesmo que feriu mortalmente o monstro do mar! Mostre que o Senhor é o mesmo que secou as águas e fez um caminho no fundo do mar para que o povo que o Senhor salvou pudesse passar! Estes que foram comprados pelo Senhor passarão por esse caminho, entrarão em Sião com canções de grande alegria e ali viverão felizes para sempre. Para eles nunca mais haverá dor ou tristeza, porque eles receberam a alegria duradoura. “Eu, sim, sou eu quem os consola e lhes dá toda esta alegria. Por que então vocês têm medo de homens mortais que logo murcham e somem como a palha? Como é que podem se esquecer do Senhor, o Criador de todos vocês? Por que não se lembram de quem estendeu os céus e firmou a terra? Por que vocês estão sempre com medo de inimigos cruéis que os perseguem e estão prontos para destruí-los? Pois onde está a fúria de quem os atribulava? Bem depressa os prisioneiros serão postos em liberdade; não serão escravos por muito tempo, não morrerão em terra estranha nem passarão fome. Porque eu sou o Senhor, o seu Deus. O meu nome é o Senhor Todo-poderoso! Eu tenho poder para agitar o mar e formar as suas grandes ondas. Eu coloquei as minhas palavras na sua boca; protejo vocês bem protegidos com a palma da minha mão. Com essa mão eu vou estender novos céus e firmar nova terra! Direi aos moradores de Sião: ‘Vocês são o meu povo!’ ” Acorde, ó Jerusalém, acorde! Você já bebeu bastante do cálice da ira do Senhor. Você bebeu da taça do sofrimento até a última gota que faz os homens cambalearem! Nenhum dos filhos de Jerusalém ficou vivo para guiá-la, de todos os filhos que criou não houve ninguém que a ajudou a andar. Ninguém teve compaixão de Jerusalém; de repente caíram duas desgraças sobre ela: ruína e destruição, fome e guerra! E não havia ninguém para lhe dar um pouco de consolo! Os seus filhos estão caídos pelas ruas, estão espalhados por todas as estradas, cansados de lutar e indefesos como um carneiro selvagem preso numa rede. Eles caíram por causa da ira do Senhor, por causa do castigo do seu Deus. Mas agora ouça isto, Jerusalém! Ouça com atenção, você que está aflita e bêbada, não de vinho, mas de sofrimento! Assim diz o seu Soberano, o Senhor, o seu Deus, que cuida com carinho do seu povo: “Eu estou tirando das suas mãos essa terrível taça que faz cambalear, cheia de sofrimento, cheia da minha ira. Você nunca mais beberá dela! Agora darei essa taça aos seus inimigos, aos que lhe disseram: ‘Deite-se no chão para que pisemos sobre você’. Você se deitou, e eles pisaram sobre as suas costas como se você fosse o pó da rua”. Acorde, acorde, ó Sião! Vista-se de novas forças. Enfeite-se com belos vestidos, ó Sião, cidade santa; porque nunca mais entrarão por suas portas os pagãos e os impuros. Sacuda o pó, levante-se do chão e venha sentar-se em seu devido lugar; arranque do seu pescoço as correntes da escravidão, ó cativa filha de Sião! Pois assim diz o Senhor: “Quando eu entreguei o meu povo para ser escravo, vocês foram vendidos por nada; por isso, vou resgatálos, sem pagar nada também”. Pois assim diz o Soberano, o Senhor: “O meu povo foi maltratado e explorado, sem motivo algum, primeiro pelo Egito, depois pela Assíria. “No passado eu libertei Israel, e agora, o que farei?”, pergunta o Senhor. “Pois o meu povo foi novamente escravizado e maltratado; seus exploradores gritam de alegria”, diz o Senhor. “Eles fazem terríveis ofensas contra o meu nome, dia após dia. Por isso, vou mostrar ao meu povo quem eu sou, e eles conhecerão todo o poder do meu nome. Quando isso acontecer, o meu povo vai saber que sou eu quem lhe diz: ‘Sim, sou eu que estou aqui do seu lado!’ ” Como são bonitos, andando sobre as montanhas, os pés daqueles que trazem boas notícias, que anunciam a paz, que proclamam a salvação, que dizem a Jerusalém: “O seu Deus reina!” Ouçam! Os vigias gritam e cantam de alegria! Quando o Senhor voltar a Sião, eles o verão com seus próprios olhos. Cantem de alegria, a uma só voz, ruínas de Jerusalém, pois o Senhor consolou o seu povo; ele resgatou Jerusalém! O Senhor mostrará claramente a todas as nações o seu santo poder; até o fim do mundo, os povos verão a salvação do nosso Deus. Saiam, saiam daqui! Deixem para trás as coisas imundas, não toquem nelas! Vocês que vão levar de volta a Jerusalém os objetos do templo do Senhor devem se purificar. Vocês não precisarão sair da Babilônia às pressas, fugindo para salvar suas vidas, pois o Senhor irá à frente de vocês para guiá-los; o Deus de Israel será a retaguarda de vocês para protegê-los. Vejam, o meu servo agirá com muita sabedoria! Ele será muito honrado e digno de admiração. Mas muitos ficarão espantados quando o virem. Eles verão o meu servo coberto de sangue, com suas feições completamente deformadas, a ponto de nem parecer mais gente! Até mesmo reis e nações distantes ficarão sem fala por causa dele. Pois aquilo que não lhes foi dito verão, e o que não ouviram compreenderão. Com seu sofrimento ele purificará muitas nações. Quem creu naquilo que nós anunciamos? A quem foi revelado o poder do Senhor? Aos olhos de Deus ele era um pequeno ramo, brotando de uma raiz em terra seca. Mas para nós ele não tinha beleza alguma; não havia nada em sua aparência que chamasse a nossa atenção ou que nos agradasse. Ele foi desprezado e rejeitado por todos; ele era um homem que conhecia, por experiência, a dor e o sofrimento. Era como alguém que não queremos ver; ele foi desprezado, e não demos a menor importância a ele. Apesar disso, ele tomou sobre si as nossas enfermidades, ele mesmo carregou nosso sofrimento. E nós achávamos que ele estava sendo castigado por Deus, que Deus o estava ferindo e afligindo! A verdade, porém, é esta: Ele foi ferido por causa de nossos pecados; seu corpo foi esmagado por causa das nossas maldades. O castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelos seus ferimentos nós fomos sarados! Todos nós andávamos perdidos e espalhados como ovelhas! Cada um de nós seguia o seu próprio caminho; apesar disso o Senhor fez cair sobre ele a maldade de cada um de nós. Ele foi maltratado e humilhado, mas não disse uma única palavra! Foi levado como um cordeiro vai para o matadouro; como a ovelha fica muda diante de quem corta a sua lã, ele não abriu a boca. Foi condenado num julgamento injusto e mentiroso. E quem pode falar dos seus descendentes? Pois ele foi cortado da terra dos viventes; por causa dos pecados do meu povo, ele foi castigado! Morreu como um criminoso e foi enterrado junto com os ricos, embora não tivesse cometido nenhuma injustiça ou tivesse dito uma só mentira. Apesar disso, o plano perfeito do Senhor exigia sua morte e seu sofrimento. Mas depois de dar a sua vida como oferta pelo pecado, ele verá a sua posteridade e terá vida longa; e a vontade do Senhor prosperará em suas mãos. E quando ele puder ver o resultado do seu terrível sofrimento, verá a luz e ficará satisfeito. Através de tudo o que passou, o meu servo, o justo, fará que muitos se tornem justos diante de mim, porque ele mesmo levará sobre si os pecados deles. Por isso, eu darei a ele grandes honras, e ele dividirá os despojos com os fortes, porque ele entregou sua vida à morte. Foi considerado um pecador; pois levou sobre si os pecados de muitos e orou em favor dos pecadores. “Cante alegremente, mulher que não teve filhos! Alegre-se com uma canção feliz, grite de alegria, você que nunca sentiu dores de parto! A abandonada terá mais filhos que a que mora com o marido”, diz o Senhor. Aumente a sua tenda, estenda bem as cortinas de sua tenda, e não faça economia nisso; estique as cordas, e firme bem as estacas. Em breve você vai estender as suas fronteiras para todos os lados. Os seus filhos vão habitar novamente as cidades desertas e governar as nações que antes pertenciam aos inimigos. “Não tenha medo; você não será envergonhada. A vergonha que você passou quando era jovem as tristezas da sua viuvez serão completamente esquecidas. Você não será mais humilhada! Porque o seu Criador será o seu marido, o Senhor Todo-poderoso é o seu nome, o Santo de Israel é o seu Redentor; ele é conhecido como o Deus de toda a terra. O Senhor a chamará de volta, você que era uma mulher abandonada, triste e abatida de espírito, como uma mulher que casou jovem e foi abandonada pelo marido”, diz o seu Deus. “Eu a abandonei por um breve tempo, mas agora, com um amor imenso, eu a receberei de volta. Num instante de ira, eu virei o rosto para você; mas agora, com amor eterno, eu darei a você o meu cuidado e o meu carinho”, diz o Senhor, o seu Libertador. “Como depois do dilúvio, no tempo de Noé, eu jurei nunca mais cobrir a terra com água, agora prometo nunca mais ficar irado contra você, nem tornar a castigá-la tão duramente. Os montes podem se retirar e as colinas podem desaparecer, mas nada pode separar você do meu amor eterno. A aliança de paz que eu fiz com você não pode ser quebrada”, diz o Senhor, que tem compaixão de você. “Ó cidade aflita, jogada de um lado para o outro como uma folha na tempestade, eu mesmo vou reconstruir os seus muros, usando safiras nos alicerces e assentando o fundamento com pedras preciosas. As torres da cidade serão construídas de rubis, as portas e os muros de pedras brilhantes e preciosas. Todos os seus filhos serão ensinados pelo Senhor, e as suas crianças viverão em paz e fartura. Toda a sua vida será baseada na justiça; por isso, você não terá mais medo de seus inimigos, da violência e da guerra que ficarão longe de você. Algumas nações vão tentar atacar você, mas isso não vai ser um castigo mandado por mim. É por isso que esses ataques vão falhar, você vencerá seus inimigos, e eles se renderão a você. “Eu criei o ferreiro, que sopra as brasas no fogo até produzir chamas, e assim ele forja uma arma de guerra. Também fui eu quem criou o destruidor para destruir. Mas, no futuro, quem fizer armas para destruir você vai se dar mal. Quem tentar acusar você num tribunal, acabará sendo condenado. Esta é a herança dos servos do Senhor, a bênção que eu dou a vocês”, diz o Senhor. “Venham, todos vocês que estão sofrendo de sede, venham às águas! E vocês que não têm dinheiro, venham comprar de graça vinho e leite! Venham comprar e comer! Por que vocês vivem gastando seu dinheiro naquilo que não é pão, e se esforçando à toa para comprar coisas que não matam a fome? Ouçam o que eu digo, e vocês poderão comer o que é bom. Assim, a alma de vocês se deliciará com comidas mais gostosas! Escutem-me com toda a sua atenção e venham a mim! Ouçam bem, pois a sua vida depende disso. Eu vou fazer com vocês uma aliança eterna para dar a vocês todo o amor e toda a bondade que um dia prometi ao rei Davi. Ele foi uma prova viva do meu poder, conquistando e dominando muitas nações. Vocês também darão ordens a outros povos, e eles obedecerão e virão até vocês, mas não porque vocês tenham algum poder especial. Isso vai acontecer, porque o Senhor, o seu Deus, o Santo de Israel, tem dado honra e poder a vocês”. Busquem o Senhor enquanto podem achálo. Peçam sua ajuda, enquanto ele está perto. Os pecadores devem abandonar seus maus caminhos; devem deixar de lado seus maus pensamentos. Todos devem se voltar para o Senhor, arrependidos, e ele mostrará a sua grande misericórdia. Voltem-se para o nosso Deus, pois ele mostrará como é imenso o seu perdão. “Pois os meus pensamentos são muito diferentes dos seus; a minha maneira de agir é muito diferente da sua”, declara o Senhor. “Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, os meus caminhos são mais altos do que os seus caminhos, e os meus pensamentos mais altos que os seus pensamentos. Como a chuva e a neve caem do céu e não voltam para lá sem regar a terra, fazê-la brotar, produzir e dar semente ao lavrador e pão aos famintos, assim é a minha palavra. Quando eu falo, ela sempre produz o fruto que desejo, sempre traz o resultado que determinei. Vocês sairão com alegria, e serão levados de volta à sua terra em paz. Montes e colinas cantarão de alegria à sua volta e todas as árvores do campo baterão palmas enquanto vocês caminharem. Onde havia espinheiros crescerão ciprestes; onde crescia a roseira brava, crescerá a murta. Isso trará glória ao nome do Senhor e será uma lembrança eterna que nunca desaparecerá”. Assim diz o Senhor: “Sejam justos e honestos para com todos, pois a minha salvação está se aproximando, e em breve eu mostrarei a minha justiça. Abençoarei o homem que tomar uma decisão firme de não trabalhar nos sábados para não profaná-lo, e de vigiar sua mão para não fazer o mal”. O estrangeiro que adora o Senhor não deve dizer: “É certo que o Senhor me expulsará do seu povo”. E um homem que perdeu a capacidade de ter filhos não deve pensar: “Não passo de uma árvore seca”. Pois o Senhor promete a esses homens que não podem ter filhos: “Se vocês guardarem os meus sábados, fizerem a minha vontade e se apegarem à minha aliança, eu lhes darei na minha casa, dentro dos meus muros, uma honra muito maior do que ter muitos filhos e filhas. Eu darei a vocês um nome eterno, que nunca vai ser esquecido. Quanto a essas pessoas de outros povos que se unirem ao Senhor, para amarem o nome do Senhor e o servirem, guardando o sábado, deixando de profaná-lo e para se apegarem à minha aliança, eu mesmo as levarei ao meu santo monte e lhes darei grande alegria em minha casa de oração. Aceitarei suas ofertas queimadas e demais sacrifícios no meu altar, porque a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos”. Assim diz o Soberano, o Senhor, que reuniu os israelitas exilados: “Ainda vou reunir outros àqueles que já foram reunidos”. Venham, animais do campo, animais da floresta! Venham comer! Os líderes do meu povo — os vigias do Senhor, os pastores de Israel — não são capazes de ver os perigos! Parecem cachorros mudos, incapazes de latir para avisar do perigo! Eles gostam mesmo de dormir e sonhar, cheios de preguiça! Além disso, são cachorros gulosos, nunca estão satisfeitos; são pastores sem entendimento que só cuidam de si; cada um procura vantagem própria. Cada um grita: “Venham, vamos arranjar vinho e bebida fermentada e dar uma grande festa. Isso sim, isso é que é vida! E amanhã, amanhã será ainda melhor, com mais vinho e festas do que hoje!” Os homens justos morrem, e ninguém dá importância. Homens piedosos morrem cedo, e ninguém se incomoda ou procura saber por quê. Ninguém parece perceber que os justos são tirados para serem poupados do castigo. Eles encontram a paz; para os justos, que obedecem ao Senhor, a morte é um descanso. “Mas vocês, filhos de adivinhos, venham cá! Aproximem-se, filhos de adúlteros e de prostitutas! De quem vocês estão zombando? De quem vocês estão fazendo pouco caso, fazendo caretas e mostrando a língua? Vocês são pecadores por natureza, filhos de gente falsa e mentirosa! Vocês se entregam completamente à imoralidade sexual, adorando falsos deuses debaixo das grandes árvores! Vocês sacrificam seus próprios filhos nas grutas e cavernas dos vales! Vocês escolhem pedras lisas nos riachos, e elas passam a ser os seus deuses! Fazem ofertas de bebidas e de cereais a essas pedras e as adoram. Vocês pensam que isso me agrada? No alto dos morros vocês cometem adultério, adorando outros deuses. Atrás de suas portas e dos seus batentes vocês penduram as imagens dos seus deuses pagãos. Ao me abandonar, vocês tiram a roupa e deitam-se na cama com os seus amantes, que pagam para dormir com vocês; então satisfazem os seus desejos impuros. Oferecem perfumes e incenso como oferta ao deus Moloque. Vocês foram a toda parte, até as profundezas para encontrar novos deuses. Ficaram cansados de tanto procurar, mas não desistiram. Vocês recuperaram as forças porque ficaram animados com o que estavam procurando. “Mas por que vocês tiveram mais medo desses falsos deuses do que de mim? Por que vocês mentiram e nem se lembraram de mim? Não é porque há muito tempo estou calado que vocês não me temem? Além disso, vocês confiam na sua justiça e nas suas boas obras, mas nada disso poderá salvar vocês! Quando estiverem desesperados, pedindo ajuda, vamos ver se a sua coleção de ídolos é capaz de salvá-los! Esses deuses não valem nada. O vento levará todos eles; são tão fracos que um simples sopro os fará desaparecer! Mas quem confia em mim vai possuir a terra e receberá o meu santo monte como herança”. Eu darei a seguinte ordem: “Preparem um caminho, aplanem a estrada! Tirem as pedras; tapem os buracos do caminho por onde o meu povo vai voltar!” Assim diz o Alto, o Sublime, que vive na eternidade, cujo nome é o Santo: “Eu moro naquele lugar alto e santo, mas habito também com o humilde de espírito e com o arrependido, para dar novo ânimo ao humilde e coragem e vontade de viver aos que estão tristes e abatidos por causa de seus pecados. Porque eu não vou continuar repreendendo o meu povo para sempre, nem ficarei eternamente irado. Se eu fizesse isso, o espírito do homem morreria diante de mim; acabaria toda a vida que eu mesmo criei. Por causa do terrível pecado da cobiça do meu povo fiquei irado e o castiguei. Na minha ira, eu escondi o meu rosto. Mas eles são um povo rebelde e continuaram a fazer sua própria vontade. Eu tenho visto tudo o que fazem, mas vou curá-los! Eu vou guiar o meu povo, vou consolar os que choram de tristeza pelos seus pecados. Nos lábios dos que choram, colocarei palavras de louvor. A todos ofereço a paz; paz para os que estão perto e para os que estão longe”, diz o Senhor. “Eu os curarei!” Mas os que insistem em me rejeitar serão como o mar bravo que nunca se acalma, lançando à praia lama e sujeira. “Para os pecadores nunca haverá paz”, diz o meu Deus! “Grite bem alto, sem parar! Tão alto quanto uma trombeta! Anuncie ao meu povo Israel a sua maldade e todos os seus pecados. Eles fingem ser tão religiosos! Eles vêm ao templo diariamente e se mostram muito alegres em ouvir a leitura da minha lei, como se obedecessem a ela, como se não desprezassem os mandamentos do seu Deus. Eles me fazem perguntas sobre como cumprir a lei e parecem desejosos em se chegar a Deus. Eles dizem: ‘Por que jejuamos, se o Senhor nem atenta para isso? Por que nos humilhamos, se o Senhor nem dá importância?’ Eu vou lhes explicar por quê: É que, mesmo no dia do seu jejum, vocês cuidam dos seus negócios e maltratam e exploram seus empregados. Que adianta jejuar, se vocês continuam a brigar e a fazer violência? Será que vocês pensam que, quando jejuam assim, eu vou responder às suas orações? Será que esse é o jejum que escolhi? Será que desejo que passem fome, andem curvados como junco, se vistam de pano de saco e se deitem sobre cinzas? Vocês acham que esse é o jejum que agrada o Senhor? “Não! O jejum que eu desejo ver é o seguinte: Parem de explorar seus empregados, não maltratem os seus servos, perdoem as dívidas dos que não podem pagar e não obriguem outros a trabalhar como escravos. Além disso, eu desejo que vocês repartam sua comida com os famintos, ofereçam abrigo a quem não tem casa, deem roupas aos que estão nus e não recusem ajuda ao próximo. Se vocês fizerem isso, Deus lhes dará uma luz mais brilhante que o sol. Ele vai curar todos vocês num instante! A sua retidão vai servir como proteção para os seus passos, e a glória do Senhor estará na sua retaguarda para os proteger. Então, quando vocês clamarem ao Senhor, ele responderá; quando vocês gritarem por ajuda, ele dirá: ‘Eu estou ao seu lado’. “Se vocês acabarem com todo tipo de exploração, se pararem de fazer ameaças e de espalhar mentiras, se abrirem a alma de vocês para os famintos, ajudarem e consolarem os desesperados, então a sua luz aparecerá, brilhante, nas trevas, e a sua escuridão se tornará clara como o meio-dia. O Senhor guiará vocês constantemente. Ele satisfará os seus desejos numa terra ressequida pelo sol e fortalecerá os seus ossos; vocês serão como um jardim bem regado, como uma fonte de onde a água não para de correr. Os seus filhos vão reconstruir as velhas ruínas e restaurarão os alicerces antigos. Vocês serão conhecidos como o povo que reconstruiu seus muros e restaurou suas ruas e casas. “Se vocês guardarem o meu sábado, sem correrem atrás de lucros e divertimentos no meu dia santo, se vocês tiverem verdadeiro prazer no meu descanso e disserem: ‘Este é o santo dia do Senhor!’, se vocês honrarem o Senhor em tudo que fizerem, não procurando fazer sua própria vontade, nem falarem o que não presta, então o Senhor será a sua alegria! Eu mesmo os ajudarei a vencer todas as dificuldades e ter vitória e glória na terra. Vocês receberão todas as bênçãos que eu prometi a Jacó, seu pai. Eu, o Senhor, falei”. Prestem atenção! O braço do Senhor não está encolhido para que não possa salvar! Ele não é surdo para que não possa ouvir. O problema são os seus pecados; por causa deles, vocês estão separados de Deus. Por causa dos seus pecados, Deus desviou o seu rosto de vocês e não ouve mais o que vocês pedem. As suas mãos estão manchadas de sangue, e os seus dedos estão sujos de pecado. Vocês vivem falando mentiras, e a sua língua murmura coisas que não prestam. Ninguém exige que a justiça seja cumprida. Nos tribunais, os julgamentos são baseados em mentiras! Vocês confiam em ilusões e espalham mentiras por toda parte; estão sempre planejando e realizando suas maldades. Chocam ovos de cobra e tecem teias de aranhas venenosas. Quem comer seus ovos morre, e de um ovo esmagado sai uma cobra venenosa. As suas teias não servem de roupa; não conseguem se cobrir com o que fazem. Tudo que fazem está carregado de pecado; a violência é sua marca registrada. Vocês correm rapidamente quando se trata de fazer o mal; são velozes para matar gente inocente! Os seus pensamentos estão voltados para o pecado, e vocês deixam atrás de si um rastro de ruína e destruição. Nada sabem da verdadeira paz; em suas vidas não há a menor marca de justiça. Transformaram suas vidas em caminhos tortuosos; quem andar por eles nunca conhecerá o que é paz! Por causa de todo esse pecado, a justiça está longe de nós, e a retidão não nos alcança. Procuramos a luz, mas tudo é escuridão; esperamos pela claridade, mas continuamos andando em trevas! É por isso que caminhamos como cegos, segurando aqui e ali, tropeçando em plena luz do dia, como se já fosse noite escura. É por isso que perdemos as nossas forças e parecemos como mortos no meio de homens fortes. Todos nós urramos como ursos famintos; gememos baixinho como pombas. Esperamos que ele nos salve, porém ele demora; desejamos livramento, mas ele está longe de nós. Sim, os nossos pecados se amontoam diante do Senhor; os nossos pecados nos acusam diante do Senhor. Não podemos esquecer as nossas maldades, e reconhecemos que somos culpados. Conhecemos bem a nossa desobediência. Nós mentimos ao nosso Deus, fugimos do Senhor; nós maltratamos e exploramos, e ainda nos orgulhamos disso. Fomos injustos e fizemos planos para enganar os outros. Em nossos tribunais, o justo é condenado; por isso, a justiça fugiu de nós. A verdade caiu morta em nossas ruas, e a honestidade não tem lugar em nossas cidades. A verdade sumiu! Quem procura levar uma vida decente e honesta é perseguido e arrisca-se a ser saqueado. O Senhor viu todo esse mal e ficou indignado com a falta de justiça. Ele viu que não havia ninguém para ajudar o seu povo; ficou admirado de que ninguém se apresentasse para livrá-los do pecado. Por isso, o seu braço trouxe salvação, e a sua justiça o susteve. Ele se vestiu de justiça, como uma couraça; colocou na cabeça o capacete da salvação e vestiu-se de vingança. Envolveu-se com a capa da ira divina. Ele dará aos seus inimigos o castigo justo pelos pecados que cometeram; na sua ira, recompensará os seus inimigos. Ele dará a devida retribuição aos povos mais distantes. Então, finalmente, de leste a oeste todos respeitarão e glorificarão o nome do Senhor. Ele virá como uma forte correnteza que é impelida pelo sopro do Senhor. “Sim, o Redentor virá a Sião para salvar as pessoas do meu povo que se arrependerem; esta é a promessa do Senhor. “Quanto a mim, esta é a minha aliança com eles”, diz o Senhor. “O meu Espírito, que está sobre vocês, e as minhas palavras, que eu pus em suas bocas, nunca mais se afastarão das suas bocas, nem das bocas dos seus filhos, nem das bocas dos seus netos, para todo o sempre”. “Levante-se, meu povo! Que o seu rosto brilhe de alegria, porque chegou a luz! A glória está brilhando sobre você. A terra está coberta de trevas: e os povos vivem na escuridão. Mas o Senhor está sobre você, brilhante como o sol; a sua glória se vê acima de você. Todos os povos da terra virão atraídos pela luz que você recebeu. Reis poderosos verão a glória que o Senhor lhe deu. “Levante os olhos e veja! Todos estão vindo na sua direção; os seus filhos vêm de longe e as suas filhas vêm carregadas nos braços. Você vai ver isso acontecer, e o seu rosto vai brilhar de alegria; o seu coração quase explodirá de felicidade, porque os comerciantes de todo o mundo trarão suas riquezas, os tesouros de muitas nações, e os darão a você. Enormes caravanas de camelos e dromedários, vindos de Midiã, de Efá e de Sabá, trarão a Jerusalém ouro e incenso. Todos eles anunciarão as grandes coisas que o Senhor fez. Todos os rebanhos da terra de Quedar serão entregues a você, junto com os carneiros de Nebaiote. Esses animais servirão para os sacrifícios no meu altar, e tornarei ainda mais glorioso o meu templo. “Quem são estes que vêm voando como nuvens em direção a Israel, como pombas voltando aos seus ninhos? Os povos distantes virão a mim, trazendo de volta os filhos de Israel, espalhados pelo mundo. Primeiro virão os navios de Társis, trazendo israelitas com a sua prata e o seu ouro. Essas riquezas serão usadas para louvar o nome do Senhor, o seu Deus, o Santo de Israel, porque ele tornou o seu povo famoso e respeitado por todos! “Estrangeiros virão e reconstruirão as suas muralhas. Os reis dos povos serão servos de Israel. Cheio de ira devido ao seu pecado, eu os castiguei, mas agora vou mostrar meu amor por vocês, por causa da minha graça. Os portões de Jerusalém ficarão abertos; jamais serão fechados, e por eles entrarão as riquezas de muitas nações e os reis dos povos que vêm buscar a amizade de Israel. Porque as nações que recusarem ser servas de Israel serão riscadas do mapa; sim, serão completamente destruídas. “O orgulho do Líbano — suas belas florestas de ciprestes, pinheiros e zimbros — será entregue a você, para adornar e tornar ainda mais glorioso o meu templo; e eu glorificarei o local em que pisam os meus pés. Os filhos daqueles que maltrataram e exploraram vocês no passado virão e se curvarão até o chão diante de vocês! Todos os que a desprezavam se curvarão aos seus pés. Eles chamarão Jerusalém de ‘Cidade do Senhor ’, a ‘Sião do Santo de Israel’. “Antes, você era desprezada e odiada por todos os povos; ninguém queria sequer passar por Jerusalém. Mas agora eu farei de você a mais bela cidade, o orgulho do mundo, motivo de alegria para todos os povos para todas as gerações. Reis poderosos e grandes nações darão a você o melhor de suas riquezas, de seus bens. Você será alimentada como a mãe que dá de mamar ao seu filho, então você saberá que eu sou o Senhor, o seu Redentor e Libertador, o Poderoso de Israel. Trocarei o seu bronze por ouro, o seu ferro por prata, sua madeira por bronze, suas pedras por ferro. Farei da paz o seu rei, da justiça, o seu governador! Nunca mais se ouvirá falar em violência e em destruição na terra de Israel. Seus muros serão chamados de a ‘Salvação do Senhor’ e as portas da cidade de o ‘Louvor a Deus’. Você nunca mais vai precisar da luz do sol para clarear os dias, nem da luz da lua para clarear a noite, pois o Senhor, o seu Deus, será eternamente a sua luz. Ele será a sua glória. O seu sol nunca vai se pôr, e a sua lua nunca desaparecerá, pois o Senhor será a sua luz eterna. Os seus dias de tristeza e dor terminarão para sempre. Todos os de seu povo serão justos. Possuirão sua terra para sempre. Eles são o renovo que plantei, obra das minhas próprias mãos, para a manifestação da minha glória. O menor se tornará mil. Um grupinho bem pequeno se transformará em nação poderosa. Eu sou o Senhor; farei todas essas coisas acontecerem, quando chegar a hora certa”. O Espírito do Soberano, o Senhor, está sobre mim, porque o Senhor me escolheu para levar as boas notícias de salvação aos pobres. Ele me enviou para consolar os que estão com o coração quebrantado, anunciar liberdade aos cativos e libertação das trevas aos prisioneiros. Ele me enviou para anunciar a chegada do dia em que o Senhor vai mostrar a todos a sua graça, e também o dia da vingança do nosso Deus. Ele me enviou para consolar os que choram e dar a todos os que estão de luto em Sião uma bela coroa em vez de cinzas sobre a cabeça, o óleo de alegria em vez de lágrimas, um manto de louvor em vez de um espírito triste e abatido. Eles serão chamados carvalhos da justiça, árvores que o Senhor plantou para a manifestação da sua glória. Eles vão reconstruir as cidades destruídas, as antigas ruínas; tornarão a edificar o que ficou arrasado de geração em geração. Estrangeiros virão para pastorear os seus rebanhos; vocês terão gente de outras nações servindo como lavradores nas suas plantações de cereais e de uvas. Mas vocês serão chamados sacerdotes do Senhor e servos do nosso Deus. Vocês se alimentarão das riquezas das nações e se alegrarão em possuir os tesouros de outros povos. Em lugar da vergonha e das ofensas pelas quais passaram, e que foram grandes, vocês terão honra, riquezas e alegria em dobro, para sempre. “Porque eu, o Senhor, amo a justiça e odeio o roubo e a mentira. Em minha fidelidade eu vou dar ao meu povo a recompensa justa por todos os seus sofrimentos e farei com eles uma aliança que vai durar para sempre. Os seus descendentes serão sempre honrados e respeitados por todas as nações. Todos saberão que eles são uma nação abençoada pelo Senhor ”. É grande a minha felicidade no Senhor. A minha alma se alegra em Deus! Ele me vestiu com roupas de salvação e colocou sobre os meus ombros o manto da justiça. Sou como um noivo vestido para o casamento, como a noiva enfeitada com suas joias. Porque, assim como a terra faz brotar a planta e no jardim faz germinar a semente, assim o Soberano, o Senhor, fará brotar a sua justiça e o seu louvor entre todas as nações. Por causa do meu amor a Sião eu não me calarei; pelo meu amor a Jerusalém vou insistir. Não descansarei até resplandecer a justiça como a aurora, e até surgir a forte luz da sua salvação, como uma tocha acesa. Os outros povos verão a sua justiça. Os reis ficarão admirados com a sua glória; você receberá um novo nome, dado pelo próprio Senhor. Você será como uma coroa esplêndida na mão do Senhor, um diadema real na mão do seu Deus. Você nunca mais será chamada “Abandonada”, nem “Desamparada”. O seu novo nome será “A Terra do Prazer de Deus” e a sua terra, “Minha esposa”, pois o Senhor se alegrará em você, e a sua terra será a sua esposa. Assim como um jovem se casa com sua noiva, os seus filhos se casarão com você. Deus se alegrará por você, como o noivo se alegra por sua noiva. Ó Jerusalém, eu coloquei vigias sobre os seus muros. Eles vão orar a Deus sem parar, pedindo que ele cumpra suas promessas. Vocês, vigias, orem sem parar, não se entreguem ao repouso, não lhe deem descanso até ele firmar Jerusalém e torná-la famosa e respeitada por toda a terra. O Senhor jurou por seu próprio poder: “Nunca mais deixarei que o seu trigo seja comido pelos seus inimigos, nem permitirei mais que os estrangeiros roubem os cereais e o vinho que vocês produziram com muito esforço. Vocês que plantaram o cereal comerão o pão e louvarão o Senhor. Vocês que plantaram as uvas beberão o vinho nos pátios do meu templo”. Saiam, saiam! Preparem o caminho para a volta do meu povo! Construam a estrada e tapem os buracos, tirem todas as pedras e levantem bem alto uma bandeira, para que todos os povos saibam o que está acontecendo. Vejam, o Senhor mandou esta mensagem até os confins da terra: “Digam à filha de Sião: Veja! O seu Salvador está chegando! Veja! Ele está trazendo a sua recompensa e o prêmio que ele dará a você”. Vocês serão chamados de “Povo Santo”, o “Povo que o Senhor Libertou”. E você, Jerusalém, será chamada de “Aquela que Deus Ama”, “Cidade que Deus não Abandonou”. Quem é este que vem de Edom, da cidade de Bozra, com belas roupas vermelhas? Quem é este que vem marchando cheio de força e poder, vestido de roupas reais? “Sou eu, o Senhor, anunciando a justiça! Sou eu, o Senhor, poderoso para salvar!” Por que as suas roupas estão vermelhas como as de quem amassa uvas com os pés? “Eu estava sozinho no tanque de esmagar uvas. Eu pisei as uvas sozinho, não havia ninguém para me ajudar. Na minha ira, esmaguei os meus inimigos como se fossem uvas. No meu furor, pisei os meus inimigos, e o seu sangue manchou as minhas roupas. O desejo de vingar o meu povo estava no meu coração, e a hora certa havia chegado. Sim, havia chegado a hora de libertar o meu povo da mão dos que o escravizaram. Procurei alguém que me ajudasse, mas não havia ninguém. Estranhei por não haver ninguém para apoiar-me. Por isso sozinho executei a vingança. Sem ajuda alguma trouxe salvação para o meu povo, e castiguei meus inimigos. Na minha ira, pisoteei os povos rebeldes; deixei as nações tontas com o meu ódio e derramei por terra o sangue dos meus inimigos”. Eu vou anunciar os atos de bondade de Deus. Vou louvar o Senhor por tudo de bom que ele nos fez, pelo seu grande amor pelo povo de Israel. Ele mostrou seu grande amor e a grandeza da sua bondade, repetidas vezes. Ele disse: “Eles são meus, meu próprio povo. Desta vez eles não vão mentir para mim”. Por isso ele passou a ser o Salvador de Israel. Quando o povo sofria, ele sofria também; ele mesmo, e o anjo da sua presença, os salvou. Cheio de amor e de compaixão, ele libertou, guiou e levou nos braços o povo de Israel ao longo dos anos. E como foi que o povo retribuiu todo esse amor? Foram rebeldes e desobedientes, entristeceram o seu Espírito Santo. Por causa disso, ele passou a agir como inimigo e lutou pessoalmente contra eles. Então o povo se lembrou do passado, quando Moisés, o servo de Deus, libertou Israel do Egito e reclamou: “Onde está aquele que os fez atravessar o mar, com os pastores do seu rebanho? Onde está aquele que mandou o seu Espírito Santo morar no meio do seu povo, aquele que com o seu glorioso braço esteve à direita de Moisés, que abriu as águas do mar diante deles e assim se tornou famoso e respeitado para sempre? Onde está aquele que os guiou pelo fundo do mar e que levou os israelitas em segurança, como cavalos selvagens que não tropeçam?” O Espírito do Senhor fez os israelitas descansarem como o gado que desce à planície. Assim, o Senhor guiou o seu povo e tornou o seu nome glorioso. Agora, Senhor, olhe para nós, da sua santa e gloriosa morada! Onde está o amor e o seu poder que no passado o Senhor mostrou por nós? Onde estão os grandes milagres, onde foi parar a sua compaixão? Será que acabou o seu carinho especial por nós? Entretanto, o Senhor ainda é nosso Pai. Abraão não nos conhece, e Jacó não nos reconhece; o Senhor é o nosso Pai. Desde a eternidade o Senhor é o nosso Redentor! Ó Deus, por que o Senhor endurece o nosso coração? Por que fez com que nos desviássemos dos seus caminhos e desobedecêssemos às suas leis? Por favor, Senhor, volte e ajude-nos! Volte, por amor ao seu povo! Nós possuímos o seu santo lugar por tão pouco tempo! Depois os nossos inimigos pisotearam o seu santo templo. Por que o Senhor está nos tratando como se nunca tivéssemos sido governados pelo Senhor, como os que jamais foram chamados pelo seu nome? Quem dera o Senhor abrisse os céus e viesse à terra! Os montes tremeriam na sua presença! O fogo consumidor da sua glória queimaria as florestas e secaria os oceanos. Então as nações tremeriam diante do Senhor, e os seus inimigos aprenderiam a respeitar o seu nome! Isso já aconteceu no passado. O Senhor desceu e fez coisas maravilhosas que nós nem podíamos imaginar, e os montes tremeram diante do Senhor! Porque desde que o mundo é mundo, ninguém ouviu, nenhum ouvido percebeu e olho nenhum viu um Deus como o nosso, que trabalha para aqueles que nele confiam. O Senhor recebe de braços abertos quem tem alegria em praticar a justiça, que se lembra do Senhor e quem anda nos seus caminhos. Mas nós vivemos pecando e fizemos o Senhor se irar; com todo o nosso pecado, como podemos ser salvos? Todos nós nos tornamos impuros. As nossas boas ações, que pensamos ser um lindo manto de justiça, não passam de trapos imundos. Murchamos como as folhas no outono; os nossos pecados nos levam sem destino, como o vento faz com as folhas. Não há uma pessoa sequer que clame pelo seu nome, que busque a sua ajuda. Por isso, o Senhor desviou o seu rosto de nós e nos abandonou por causa dos nossos pecados. Apesar de tudo isso, o Senhor é o nosso Pai. Nós somos o barro, e o Senhor é o oleiro que faz os vasos. Todos nós somos feitos pelas suas mãos. Por favor, Senhor, não se ire tanto conosco! Não se lembre para sempre dos nossos pecados; olhe e veja que nós somos o seu povo! As suas santas cidades sagradas se transformaram em montes de ruínas. O monte Sião está vazio como um deserto e Jerusalém completamente destruída e abandonada. O nosso templo, santo e glorioso, onde nossos pais louvavam o Senhor, foi queimado, e tudo que nos era precioso foi destruído. Será que, vendo toda essa desgraça, ó Deus, o Senhor não virá nos socorrer? Ficará calado e continuará a castigar o seu povo? O Senhor diz: “Povos que antes nunca se interessaram por mim, agora estão me procurando. Nações que nunca me haviam procurado, agora estão me encontrando. Eu mesmo me apresentei a quem não me conhecia como Deus e disse: ‘Estou aqui, eu estou aqui!’ Mas o meu povo fugiu de mim enquanto eu, dia após dia, estendia minhas mãos para recebê-lo, um povo que preferiu seguir seus caminhos errados, fazendo a sua própria vontade. Constantemente eles me provocam abertamente, adorando ídolos em jardins e queimando incenso nos terraços de suas casas. À noite eles andam no meio das sepulturas e cavernas. Comem carne de porco, e em suas panelas tem sopa de carne impura. Apesar de tudo isso, dizem uns aos outros: ‘Não se aproxime muito de mim, você pode me contaminar! Eu sou mais santo que você!’ Esse povo me sufoca de ira; a minha ira é como um fogo que não se apaga! “Olhem bem! O meu decreto já está escrito diante de mim: Eu não vou ficar calado; vou castigar esse povo. Sim, eu vou pedir contas, não só pelos pecados que cometeram, mas também pelos pecados de seus pais”, diz o Senhor. “Porque seus pais também me ofenderam, queimando incenso no alto dos montes e me desafiaram nas colinas. Eu darei a todos eles um justo castigo”. Assim diz o Senhor: “Eu não destruirei todos eles. É como quando alguém encontra uvas boas num cacho de uvas podres, e outra pessoa diz: ‘Não destrua esse cacho, há algumas uvas boas nele!’ Eu tenho alguns servos fiéis em Israel, e por isso não destruirei a nação inteira. Eu vou separar um remanescente de Jacó e do povo da tribo de Judá para receber por herança as minhas montanhas. As pessoas que eu escolhi viverão ali e serão meus servos. Para o meu povo que me buscou, a planície de Sarom servirá de pasto para os seus rebanhos de ovelhas, e o seu gado pastará tranquilo no vale de Acor. “Mas todos vocês que abandonaram o Senhor, se esqueceram do meu santo monte e preferiram adorar a deusa Sorte e encherem as taças de vinho para o deus Destino, fiquem sabendo que eu os destinarei à morte pela espada, e eu farei com que fiquem de joelhos para serem mortos. Porque eu os chamei, e vocês não responderam; eu os avisei, mas vocês não deram ouvidos. Preferiram fazer o mal, bem diante dos meus olhos; vocês escolheram exatamente as coisas que mais me desagradam”. Portanto, assim diz o Soberano, o Senhor: “Os meus servos terão comida à vontade, mas vocês passarão fome; os meus servos beberão, enquanto vocês passarão sede. Os meus servos viverão sempre alegres, enquanto vocês sofrerão tristeza e vergonha; os meus servos cantarão com alegria de coração, enquanto vocês se lamentarão e gritarão com angústia no coração e uivarão em quebrantamento de espírito. O seu nome vai virar maldição para os meus escolhidos; o Soberano, o Senhor, vai matar todos vocês, mas dará um novo nome aos seus verdadeiros servos. Então, se alguém pedir uma bênção ou fizer um juramento, pedirá e jurará pelo Deus da verdade. Eu mesmo confirmarei a bênção e o juramento, porque já terei me esquecido de todas as maldades e pecados que vocês cometeram no passado. Prestem atenção! Criarei novos céus e nova terra; as coisas passadas serão esquecidas. Ninguém lembrará delas. Alegrem-se! Cantem de alegria pelas coisas que eu estou criando! Vou transformar Jerusalém em um lugar de imensa alegria e darei muita felicidade ao seu povo! Jerusalém será a minha fonte de prazer, e eu me alegrarei muito com o meu povo. Lá, nunca mais se ouvirão o choro e os gritos de tristeza e dor. “Não haverá mais crianças que vivam poucos dias! Os homens viverão muitos e muitos anos. Aos cem anos uma pessoa ainda será considerada jovem, e somente os pecadores morrerão com essa idade! Naqueles dias, construirão casas e habitarão nelas; plantarão vinhas e comerão as suas uvas. Não construirão casas para outros morarem nelas, nem plantarão uvas para outros comerem. O meu povo terá vida longa como as árvores; os meus escolhidos aproveitarão até o fim tudo o que conseguiram com muito esforço. Nunca mais trabalharão sem proveito para outros povos comerem suas colheitas. Os seus filhos não acabarão na desgraça; pois serão um povo que o Senhor abençoou, e seus filhos também serão abençoados. Eu darei a eles o que desejam, antes mesmo de me pedirem. Enquanto eles ainda estiverem falando comigo sobre suas necessidades, eu já terei respondido às suas orações! O lobo e o cordeiro vão pastar juntos, o leão vai comer palha com o boi, mas o pó será a comida da serpente. Naquele dia, não vai haver qualquer violência ou maldade em todo o meu santo monte”, diz o Senhor. “O céu é o meu trono, e a terra o tapete para os meus pés. Que tipo de casa vocês poderiam construir para mim? É este o meu lugar de descanso? Não foram as minhas mãos que fizeram todas essas coisas, e assim vieram a existir?”, diz o Senhor. “A pessoa que me agrada é humilde de coração, se arrepende e treme diante da minha palavra. Mas aquele que sacrificar um boi sobre o altar é como quem mata uma pessoa. Se trouxer um cordeiro, é como se estivesse oferecendo um cão. Aquele que traz uma oferta de cereais é como quem apresenta o sangue de um porco no altar de Deus! Aquele que queima incenso é como quem adora um ídolo. Essas pessoas escolheram os seus caminhos e têm prazer nos seus pecados. Eu mesmo escolherei o castigo para essa gente. Farei acontecer com eles exatamente o que mais temem! Pois quando eu os chamei, ninguém respondeu; quando eu falei, eles não quiseram ouvir. Em vez disso, fizeram o que eu considero errado e escolheram exatamente aquilo que me desagrada”. Ouçam o que o Senhor diz a vocês que respeitam e obedecem às suas palavras: “Os seus irmãos, que os odeiam e os expulsam por causa do amor que vocês têm por mim, serão confundidos! Essa gente que zomba de vocês, dizendo: ‘Onde está a glória de Deus? Onde está a sua alegria?’, será envergonhada. Que barulho é esse? Que confusão é essa na cidade, essa agitação no templo? É a voz do Senhor: Ele está se vingando de seus inimigos. “Será que uma mulher dá à luz antes de sentir dores de parto? Será que pode dar à luz um filho antes de lhe sobrevirem as dores? Alguém já ouviu alguma coisa parecida com isso? Alguém já viu algo tão estranho assim? Pode uma nação nascer em um único dia, de repente, ou pode-se dar à luz um povo num instante? Mas é isso mesmo que aconteceu com Sião: assim que sentiu dores de parto, ela deu à luz os seus filhos, e surgiu a nova nação. Por acaso faço chegar a hora do parto e não faço nascer? Por acaso fecho o ventre, sendo que eu faço dar à luz? Não, nunca!”, diz o seu Deus. “Alegrem-se com Jerusalém, alegrem-se por ela, todos vocês que a amam! Cantem de alegria com ela, todos vocês que choraram quando ela foi destruída. Alimentem-se da glória que ela tem, tomem para si toda a alegria de Jerusalém, como uma criancinha mama no seio de sua mãe e mata a sua fome”. “A paz transbordará sobre Jerusalém como um rio”, diz o Senhor. “Darei a ela todas as riquezas das nações, como se fossem um rio que transborda. Vocês, os filhos de Israel, serão amamentados por ela, levados ao colo e acalentados em seus joelhos. Eu mesmo vou consolar vocês, em Jerusalém, como uma mãe consola seu filho”. Quando vocês virem este acontecimento, o seu coração saltará de alegria; suas forças vão se renovar como uma planta que cresce viçosa. Todos os servos do Senhor reconhecerão o seu poder, mas ele mostrará a sua ira contra os seus inimigos. Atenção! O Senhor virá com fogo e os seus velozes carros de guerra são como um turbilhão! Ele vai derramar a fúria de sua ira e castigar com chamas de fogo. O Senhor castigará a terra com fogo e com a sua espada, e muitos, em todo o mundo, vão ser mortos pela mão do Senhor. “Os que adoram falsos deuses escondidos em jardins e comem carne de porco, de ratos e outras comidas proibidas serão completamente destruídos”, declara o Senhor. “Eu conheço muito bem os seus atos e suas conspirações. Vou reunir todas as nações e todos os povos. Eles virão e verão o brilho da minha glória! Então estabelecerei um sinal da minha autoridade entre as nações. Os homens que escaparem do meu julgamento serão enviados como meus mensageiros aos povos distantes: a Társis, a Pul e aos lídios, países onde há ótimos flecheiros, a Tubal, à Grécia e até às terras mais distantes do mundo, que nunca ouviram falar de mim, nem viram a minha glória. Eles anunciarão a minha glória aos povos. De todos os povos, eles trarão de volta os seus irmãos ao meu santo monte em Jerusalém como uma oferta ao Senhor. Estes serão trazidos para Jerusalém sobre cavalos, jumentos, camelos, em carros e carroças”, diz o Senhor. “Esses seus patrícios serão como as ofertas de cereais, levadas ao templo nos vasos sagrados durante a época da colheita. Essa é a promessa do Senhor. Eu escolherei alguns desses israelitas para serem sacerdotes e levitas”, diz o Senhor. “Porque, assim como os novos céus e a nova terra que eu vou criar serão eternos, vocês serão o meu povo para todo o sempre, com um nome que nunca se apagará. De uma lua a outra e de um sábado a outro, toda a humanidade virá e se inclinará diante de mim”, diz o Senhor. “E todos verão os cadáveres daqueles que se rebelaram contra mim. O seu verme nunca morre, o seu fogo nunca se apaga. Eles causarão repugnância a toda a humanidade”. Estas são as palavras de Jeremias, filho de Hilquias. Ele era um dos sacerdotes da cidade de Anatote, na terra de Benjamim. Jeremias recebeu a primeira mensagem no décimo terceiro ano do reinado de Josias, filho de Amom, rei de Judá. Deus lhe deu outras mensagens durante o reinado de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá, e em várias outras ocasiões, até o quinto mês do décimo primeiro ano do reinado de Zedequias, filho de Josias, rei de Judá. Foi então que Jerusalém foi destruída, e os moradores da cidade foram levados para o exílio como escravos. O Senhor me disse: “Eu já o conhecia antes de você ser formado no ventre de sua mãe. Antes do seu nascimento, eu já havia separado e escolhido você para ser o meu profeta às nações”. Então eu respondi: “Ah, Soberano Senhor! Eu não sou capaz de falar; não passo de uma criança!” “Não diga que você é muito jovem”, respondeu o Senhor, “porque você irá aonde eu o enviar e falará tudo o que eu mandar. Você não precisa ter medo deles, pois eu, o Senhor, estarei com você para livrá-lo”. Depois disso, o Senhor tocou minha boca com a sua mão e disse: “Veja, eu estou colocando as minhas palavras na sua boca! Eu estou lhe dando poder sobre nações e reinos, para arrancar e derrubar, para destruir e arrasar, para construir e plantar”. O Senhor falou comigo e perguntou: “O que você está vendo, Jeremias?” Eu respondi: “Estou vendo um ramo de amendoeira”. O Senhor me disse: “Exatamente. Isso significa que eu estou vigiando para que a minha palavra se cumpra”. O Senhor falou comigo novamente, e me perguntou: “E agora, Jeremias, o que você está vendo?” E eu respondi: “Vejo uma panela fervendo. A boca dessa panela está inclinada do Norte para cá”. O Senhor me disse: “Do Norte virá o terrível castigo sobre o povo desta terra. Estou convocando todas as nações dos reinos do Norte. Eles virão a Jerusalém, colocarão os seus tronos diante de suas portas e ao longo dos muros da cidade. Eles farão isso em todas as cidades de Judá. Assim eu vou dar ao meu povo o castigo que havia prometido por todas as suas maldades e por terem me abandonado, queimando incenso a outros deuses, adorando ídolos que eles mesmos fizeram! “Vamos, Jeremias! Levante-se, vista-se e saia para anunciar ao povo tudo que eu ordenar. Não tenha medo deles, senão eu mesmo farei você se apavorar na presença deles. Eu hoje tornei você fortalecido; você não será destruído pelos ataques deles. Eu faço de você uma cidade fortificada, uma coluna de ferro e um muro de bronze. Eles lutarão contra você, mas não conseguirão vencê-lo, pois eu estou com você e o livrarei”, diz o Senhor. Mais uma vez o Senhor falou comigo e disse: “Vá e grite esta mensagem nas ruas de Jerusalém: Eu me lembro bem de como você procurava me agradar e demonstrar o seu amor, como uma jovem noiva. Você me seguia fielmente, pelo deserto, por uma terra onde não havia plantações. Naquela época, Israel, era santo para o Senhor, meu primeiro filho. Quem fazia mal aos israelitas era condenado pelo Senhor, e o castigo os alcançava”, diz o Senhor. Ouçam as palavras do Senhor, todos vocês, descendentes de Jacó, todos os grupos de famílias de Israel. Assim diz o Senhor: “Por que os seus antepassados me abandonaram? Por acaso eu fiz a eles alguma injustiça para se afastarem de mim e adorarem ídolos inúteis, tornando-se eles próprios inúteis? Eles nem se lembraram de que eu, o Senhor, os havia tirado do Egito, que os havia guiado no deserto árido e cheio de covas, uma terra seca e de sombra de morte, terra onde ninguém vive e pela qual ninguém passa. Eu trouxe vocês para uma terra produtiva, para que comessem das suas colheitas e aproveitassem as coisas boas que ela produzia. Mas vocês transformaram essa terra boa num lugar de pecado e maldade; tornaram a minha herança repugnante! Nem mesmo os sacerdotes deram importância ao Senhor! Os juízes não me conheceram, os governadores se revoltaram contra mim, os profetas profetizaram em nome de Baal e adoraram ídolos que não podiam ajudar ninguém! “Mas eu não vou desistir de vocês”, diz o Senhor. “Vou insistir com vocês; vou insistir para voltarem para mim. Até com os seus descendentes vou continuar insistindo! Vão até a ilha de Chipre, no Oeste. Vejam, mandem observadores a Quedar, no Leste, e prestem bastante atenção, pois uma coisa como essa nunca aconteceu antes. Alguma nação já trocou os seus deuses? Eles nem sequer são deuses de verdade! Mas o meu povo abandonou o seu Deus Glorioso e o trocou por deuses que não podem ajudá-lo! Espantem-se diante disso, ó céus! Fiquem horrorizados e apavorados”, diz o Senhor. “O meu povo cometeu dois pecados terríveis: Eles me abandonaram, a mim, a fonte da água da vida, e construíram para si cisternas, cisternas rachadas, que não retêm a água! Por acaso Israel, meu povo, é escravo, escravo de nascimento? Por que razão os israelitas foram presos e levados para longe? Grandes exércitos, como leões ferozes, deixaram a terra de Judá completamente destruída; as cidades ficaram queimadas e vazias. Até os moradores do Egito, vindos de Mênfis e Tafnes, ajudaram a destruir a glória e a beleza de Israel. E você sabe por que tudo isso aconteceu? Foi porque você abandonou o Senhor, quando ele o conduzia pelo caminho! E qual é o lucro que você tem, indo ao Egito para beber água do rio Nilo? E por que vai à Assíria beber água do rio Eufrates? Sua própria maldade o castigará. Você foi infiel e será punido por isso. Olhe bem tudo o que vai acontecer e aprenda como é mau e amargo abandonar o Senhor, o seu Deus! Veja as terríveis consequências de não respeitar o Senhor Todo-poderoso! “Há muito tempo eu o livrei da escravidão e do sofrimento, mas mesmo assim você me disse: ‘Não quero servir ao Senhor!’ Em vez disso, no alto dos morros e à sombra de cada árvore você se curvava e praticava imoralidade na adoração dos ídolos. Quando eu o plantei, você era uma semente pura e deveria ter crescido como uma videira escolhida! Como você se transformou numa videira brava, degenerada? Você pode ajuntar todo branqueador e todo sabão que quiser, isso não será suficiente para limpar a terrível mancha do seu pecado. Ele estará sempre diante dos meus olhos”, diz o Soberano Senhor. “Como você tem coragem de dizer que não se contaminou e não correu atrás de falsos deuses? Olhe bem nos vales por onde você andou, veja que pecados terríveis cometeu! Você é como uma camela inquieta no cio, que corre para todos os lados! Você é uma jumenta selvagem, que vive no deserto e fareja o vento, ansiosa, na época da reprodução. Ninguém é capaz de conter esse desejo que você tem. Os jumentos não precisam procurá-la; você mesma vai ao encontro deles! Por que você não deixa de se cansar e de ficar com a garganta seca à procura de outros deuses? Mas você disse: ‘Não adianta falar comigo. Estou apaixonada por esses estrangeiros, e continuarei a ir atrás deles!’ “Israel é como um ladrão; só se envergonha de seu crime quando é apanhado em flagrante. Reis, príncipes, sacerdotes e profetas — todos são iguais. Pois dizem à madeira: ‘Você é meu pai’ e à pedra: ‘Você é minha mãe’. Vocês viraram as costas para mim, em vez de virarem o rosto para o lado, mas quando chega a hora da aflição, é para mim que eles correm, dizendo: ‘Levante-se e livre-nos!’ Por que vocês não pedem ajuda aos deuses que fizeram com as próprias mãos? Vamos ver se eles se levantam e tiram vocês dos problemas! Vocês têm muitos deuses; eles são tão numerosos quanto as suas cidades, ó Judá. “Por que insistem em se considerar inocentes? Vocês se rebelaram contra mim”, diz o Senhor. “Eu castiguei os seus filhos, mas de nada adiantou; eles não aceitaram a correção. Vocês mesmos mataram os meus profetas, como o leão mata sua vítima. “Ó geração ingrata! Ouçam com atenção as palavras do Senhor: Por acaso eu deixei de cumprir minhas promessas? Tenho sido como uma terra sem água e sem luz? Por que então o meu povo diz: ‘Agora estamos livres; não queremos mais nada com o Senhor!’. Por acaso a moça se esquece das suas joias? Por acaso a noiva se esquece dos seus enfeites nupciais? Mas o meu povo há muitos anos se esqueceu de mim! Como você planeja bem conquistar os seus amantes! Você seria capaz de ensinar isso à prostituta mais experiente. As suas roupas estão manchadas com o sangue de pobres inocentes. Você condena como ladrões pessoas que nunca roubaram. Mas, apesar de tudo isso, você diz: ‘Sou inocente; o Senhor não está irado comigo!’ Mas eu vou castigá-la severamente, porque você teima em dizer: ‘Não pequei!’ E por que você troca tão rapidamente de amores? Por que você foi procurar ajuda no Egito? Isso não vai adiantar nada: O Egito vai abandonar você do mesmo modo que a Assíria o abandonou. Você também vai voltar do Egito escondendo o rosto com as mãos, envergonhado, porque o Senhor rejeitou aqueles em quem você confia. Você não vai ter sucesso com eles. “Se um homem se divorciar de sua mulher, e depois da separação ela se casar novamente, poderá o primeiro marido voltar a se unir a ela? Isso não mancharia completamente a terra? Você me deixou e teve muitos amantes, como uma prostituta qualquer, e agora quer voltar para mim?”, pergunta o Senhor. “Passe os olhos por toda a terra; olhe bem para todos os montes e morros: Existe um único lugar onde você não tenha cometido adultério, deixando-me de lado e adorando falsos deuses? Você é como a prostituta, esperando um cliente nas esquinas escuras! Sozinha, como um nômade do deserto, você esperava os seus amantes e sujou a terra com o pecado da sua prostituição. É por isso que as chuvas da primavera não vieram, e houve seca. Mas você é mesmo uma prostituta e não sente vergonha disso. E, apesar de tudo, você ainda se dirige a mim, dizendo: ‘Meu Pai, o Senhor tem sido o meu amigo desde a minha mocidade, certamente não vai ficar irado para sempre, vai? O Senhor vai esquecer tudo, não vai?’ Você fala muito manso quando se dirige a mim, mas continua a pecar”. Eu recebi outra mensagem do Senhor, durante o reinado de Josias: “Você viu o que fez a nação de Israel? Como uma esposa infiel, que se entrega a outros homens sempre que tem oportunidade, Israel adorou outros deuses em todos os montes e debaixo de todas as grandes árvores. Eu pensei que depois de fazer tudo isso, ela se arrependeria e voltaria para mim, mas não voltou. E Judá, sua irmã infiel, viu essa constante traição, mas não deu a mínima importância, nem mesmo quando me divorciei dela e a mandei embora, porque ela me abandonou e se tornou prostituta. Pelo contrário, ela mesma se entregou abertamente à prostituição, indo adorar outros deuses, sem temor algum. Ela não ficou envergonhada. Judá manchou a terra porque cometeu adultério com ídolos de madeira e de pedra. E depois de fazer todo esse mal, a infiel Judá não voltou para mim de todo o coração; o seu arrependimento era fingido”, diz o Senhor. O Senhor me disse: “Israel, a infiel, é menos culpada que Judá, a traidora! Por isso, Jeremias, vá para os lados do norte e proclame esta mensagem: “Volte, Israel, Israel, meu povo rebelde, arrependa-se e volte para mim, e não farei cair a minha ira sobre você, porque sou bondoso”, declara o Senhor “Não continuarei irado para sempre. Você precisa reconhecer o seu pecado; confessar que se rebelou contra o Senhor, o seu Deus, e que o traiu, adorando ídolos estranhos debaixo de toda árvore grande, e confessar que você não quis ouvir a minha voz”, diz o Senhor. “Filhos rebeldes e desobedientes, arrependam-se e voltem! Eu sou o seu marido”, diz o Senhor. “Vou trazer alguns de vocês de volta a Sião — um daqui, outro de lá, desse e daquele grupo de famílias. Eu vou lhes dar pastores segundo o meu coração. Eles vão guiar todos vocês com sabedoria e entendimento. E então, quando vocês crescerem e se multiplicarem e a sua terra estiver cheia de gente naqueles dias”, diz o Senhor ”, “vocês não terão mais saudades ‘dos bons tempos’. Vocês não sentirão saudades da arca da aliança; ela não será lembrada nem construída novamente, porque o Senhor mesmo viverá entre vocês. Jerusalém será conhecida como ‘O Trono do Senhor ’, e todas as nações do mundo se reunirão ali para adorar o nome do Senhor. Nunca mais se inclinarão para fazer o que deseja o seu coração rebelde e mau. Naquele tempo, as nações de Israel e Judá voltarão juntas de sua escravidão nas terras do norte e habitarão na terra que eu dei como herança aos seus antepassados. Eu disse para mim mesmo a respeito da nação de Israel: “Com que alegria eu a trataria como um dos meus filhos. E lhe daria uma terra agradável, a mais bela herança entre as nações! Você me chamaria de ‘Pai’ e não deixaria de seguir-me. Mas o que aconteceu foi justamente o contrário: Como mulher que trai o marido, assim você tem sido infiel comigo, ó nação de Israel”, diz o Senhor. Estou ouvindo um barulho no alto dos montes, barulho de gente chorando. São os filhos de Israel que não quiseram saber do Senhor, o seu Deus, e perverteram os seus caminhos. “Voltem, meus filhos rebeldes! Voltem para mim, e eu os curarei da sua rebeldia”. E eles respondem: “Sim, nós voltaremos, porque o Senhor é o nosso Deus. Já estamos cansados de adorar ídolos sobre os montes e realizar festas imorais no alto dos montes; tudo isso não passa de ilusão. A verdade é que somente no Senhor, o nosso Deus, existe salvação para Israel. Desde a nossa mocidade temos visto nossos pais desperdiçarem tudo que tinham — ovelhas, gado, filhos e filhas — adorando a Baal, o deus da vergonha de Israel! Temos agora de nos arrastar, cobertos de pecado e de vergonha, e reconhecer que desde a nossa mocidade, nós e nossos antepassados temos pecado contra o Senhor, o nosso Deus. Nós não temos obedecido ao Senhor, o nosso Deus”. “Ah, Israel, arrependa-se e volte para mim”, diz o Senhor. “Se você jogar para longe da minha vista todos os seus ídolos detestáveis e não se desviar, se você passar a jurar apenas por mim, o Deus Vivo, e a viver honestamente, com justiça e verdade, então os outros povos poderão conhecer e amar o Senhor, recebendo suas bênçãos”. Assim diz o Senhor ao povo de Judá e de Jerusalém: “Passem o arado na terra que não foi preparada e não semeiem as sementes entre os espinhos. Façam uma nova aliança com o Senhor, povo de Judá e moradores de Jerusalém! Mas deve ser uma aliança para purificar seus corações e seus pensamentos em vez de simplesmente o seu corpo. Se vocês não fizerem isso, a minha ira vai queimar como fogo. E, por causa da maldade de seus pecados, o meu furor queimará, e ninguém será capaz de apagar esse fogo! “Anunciem em toda a Judeia! Proclamem em Jerusalém: Mandem tocar a trombeta em toda a terra! Gritem bem alto e proclamem: Ajuntem-se e fujam para salvar a vida! Corram para as cidades protegidas por muros altos! Façam um sinal indicando o caminho que vai de Sião para outros lugares. Fujam imediatamente em busca de abrigo. Porque eu, o Senhor, estou trazendo o castigo do Norte, uma terrível destruição”. Um leão saiu da sua toca, um destruidor de nações caminha para cá. Ele saiu de onde vive para arrasar a terra. Em breve destruirá completamente todas as cidades desta terra que ficarão sem um único habitante. Por isso, vistam roupas de luto, chorem e gritem de tristeza e dor, pois o fogo da ira do Senhor contra nós ainda não passou. “E quando a invasão começar”, diz o Senhor, “os reis e seus príncipes perderão a coragem, os sacerdotes serão dominados pelo medo e os profetas perderão a noção das coisas”. Então eu disse: “Ah, Soberano Senhor, o povo foi enganado pelas suas palavras. O Senhor prometeu paz para Jerusalém, mas na verdade a espada já está em nossa garganta!” Naquele dia será dito ao povo de Judá e a Jerusalém: “Vindo do deserto, um vento muito quente vai soprar sobre a minha família, o meu povo, mas não será um vento fraco para peneirar a palha do trigo. É um vento muito forte, que vem ao meu comando. Então anunciarei a vocês a condenação de seus pecados”. Vejam! O inimigo avança sobre nós como nuvens que cobrem o céu; os seus carros de guerra são como a tempestade, e os seus cavalos são mais ligeiros do que as águias. Ai de nós! Chegou o nosso fim! Ó Jerusalém, limpe o mal do seu coração enquanto ainda há tempo para se salvar. Até quando permanecerão em seu íntimo esses maus pensamentos? O castigo pela sua idolatria já foi proclamado da região de Dã, e dos montes de Efraim anuncia-se calamidade. “Anunciem às outras nações que os exércitos inimigos vêm de longe para cercar Jerusalém, fazendo ameaças de destruição contra todas as cidades de Judá. Eles cercam Jerusalém como homens que guardam um campo, o meu povo se rebelou contra mim”, diz o Senhor. O seu mau comportamento, o seu próprio pecado é que trouxe a desgraça sobre você. Como é amargo esse seu castigo. Ele atinge o seu próprio coração!” Meu coração, ai meu coração; estou me torcendo de dor! Ó meu coração! O meu coração está disparando dentro do meu peito! Não posso ficar quieto, porque já ouvi o som da trombeta e os gritos de guerra do inimigo. Ondas e ondas de destruição caem sobre a terra, até ela ficar completamente destruída! De repente, num instante, minhas tendas foram derrubadas e os meus abrigos destruídos. Quanto tempo isso vai durar? Até quando terei de ver o sinal levantado e ouvir o toque da trombeta na batalha? “O meu povo não tem juízo e não me conhece. São crianças tolas que não compreendem as coisas; não têm juízo. São muito espertos para praticar o mal, mas não sabem fazer o bem!” Olhei para a terra, e ela havia se transformado em total confusão, completamente vazia. Olhei para os céus, e a sua luz havia desaparecido. Olhei para os montes, e eles tremiam; olhei para as colinas, e elas estavam sendo sacudidas. Olhei em volta procurando alguém, mas todos os homens haviam desaparecido; no céu não havia uma ave sequer. Todas haviam fugido. Olhei, e os vales de terra boa e produtiva haviam se transformado em desertos; todas as cidades haviam sido derrubadas diante da presença do Senhor e estavam em ruínas, por causa do Senhor, por causa do fogo da sua ira. Assim diz o Senhor: Toda essa terra ficará devastada, embora não a consuma de todo. Por causa disso, a terra ficará de luto; os céus se cobrirão de preto; porque eu falei e não me arrependi, nem voltarei atrás”. Todas as cidades fogem, cheias de medo, ao ouvir o barulho dos exércitos, dos cavalos e dos soldados. Os moradores se escondem nas matas e outros escalam as rochas. As cidades ficaram completamente vazias, sem ninguém para defendê-las. O que você está fazendo, ó cidade devastada? Por que você se veste de vermelho, enfeita-se de joias de ouro e pinta os olhos? Isso não adianta nada! Os seus antigos amantes a desprezam e tentarão matar você! Ouvi gritos desesperados como os de uma mulher em trabalho de parto, como a agonia de uma mulher ao dar à luz pela primeira vez. É o grito da cidade de Sião, respirando com dificuldade, estendendo os braços pedindo ajuda e dizendo: “Ai de mim! Estou perdida! Ajudem-me! A minha alma desfalece por causa dos assassinos!” “Suba e desça pelas ruas de Jerusalém, ande por toda a cidade!” “Procure em cada praça, para ver se encontra pelo menos uma pessoa honesta e que busque a verdade! E se houver, eu perdoarei a cidade e não a destruirei! Embora digam: ‘Juro pelo nome do Senhor ’, ainda assim estão jurando falsamente. Ah, Senhor, a única coisa que o deixa satisfeito é a verdade! Bem que o Senhor tentou ensinar isso ao povo, castigando-o, mas eles não se importaram! O Senhor os esmagou, mas eles não aproveitaram a sua correção. Endureceram o seu coração mais que a rocha, e recusaram-se a se arrepender. Mas eu pensei comigo: O que se pode esperar desses pobres e ignorantes? Eles não conhecem os caminhos do Senhor, e não sabem obedecer às leis de Deus! Vou procurar os líderes, as pessoas importantes, e falarei com eles. Com certeza eles conhecem o caminho do Senhor e sabem que Deus julga o pecado. Mas todos eles também não quiseram obedecer a Deus e se revoltaram contra ele. Por causa disso, serão castigados pelo leão da floresta; o lobo do deserto cairá sobre eles, e um leopardo ficará escondido nos arredores das suas cidades; quem sair, será despedaçado. Isso vai acontecer porque a sua rebeldia é grande e eles me desobedeceram muitas e muitas vezes. “Vocês acham que, vendo isso, eu ainda deveria perdoar? Seus filhos me abandonaram e adoram ídolos que não são deuses. Eu dei de comer ao meu povo e, quando já estavam satisfeitos, cometeram adultério, reunindo-se em casas de prostituição. Eles são belos cavalos, bem alimentados e cheios de desejos, cada um relinchando para a mulher do próximo. Não devo castigá-los por isso?”, pergunta o Senhor. “Não devo vingar-me dessa nação? “Subam e destruam as suas videiras! Mas não acabem totalmente com elas. Cortem os ramos de cada videira, pois não pertencem ao Senhor. Pois o povo de Israel e o povo de Judá têm me traído”, declara o Senhor. Eles não aceitaram as minhas palavras e disseram: “Não é ele quem está falando! Nada de mau nos acontecerá; não haverá fome nem guerra! Os profetas de Deus não passam de um bando de faladores que não têm autoridade para falar. Todas essas ameaças de castigo vão cair sobre eles mesmos, mas não sobre nós!” Portanto, assim diz o Senhor Todo-poderoso: “Já que esse povo zomba dos meus profetas, eu vou transformar em fogo as palavras que falei através de você; vou fazer desse povo lenha, e eles serão destruídos quando as profecias forem cumpridas. “Ouça, povo de Israel”, declara o Senhor, “vou fazer uma nação antiga e distante atacar a sua terra; essa nação é muito poderosa, e fala uma língua que vocês não entendem. As suas armas são mortais; todos os soldados dessa nação são homens valentes. Eles tomarão os campos onde vocês plantaram, e comerão todo o pão; matarão seus filhos e suas filhas, matarão as ovelhas e o gado para alimentar os soldados; tomarão para si os figos e as uvas que vocês plantaram. Além disso, destruirão as cidades protegidas por muros, em que vocês tanto confiam. “Mas, mesmo quando tudo isso acontecer, eu não vou destruir vocês completamente”, declara o Senhor. “Quando o povo perguntar: ‘Por que o Senhor, o nosso Deus, fez tudo isso conosco?’, você deve responder: Vocês abandonaram o Senhor e se entregaram aos deuses dos estrangeiros em sua própria terra. É por isso que, agora, vocês serão escravos em terra alheia! “Anunciem isto aos descendentes de Jacó e ao povo de Judá: Escute bem, povo tolo e ignorante, gente que tem olhos mas não vê, que tem ouvidos mas não ouve. Será que vocês não têm respeito por mim?”, pergunta o Senhor. “Será que vocês não tremem diante da minha presença? Porque fui eu que fiz da areia o limite para o mar, um limite eterno, que ele nunca vai ultrapassar; mesmo que as ondas se levantem e o mar fique muito bravo, dali não passará! Mas o coração do meu povo é tão mau e rebelde; eles se afastaram e me abandonaram. Eles não dizem no seu íntimo: ‘Temamos o Senhor, o nosso Deus, aquele que sempre dá as chuvas da primavera e do outono no tempo certo, e ano após ano manda a colheita no tempo certo’. Por isso, eu vou tirar de suas mãos todas essas bênçãos maravilhosas, por causa dos pecados e maldades que vocês cometeram. “No meio do meu povo existem homens perversos; cada um anda vigiando o outro, como um caçador escondido espera o animal chegar. Eles preparam armadilhas para apanhar o outro. Como um viveiro cheio de pássaros, as suas casas estão cheias de planos maldosos. E assim eles se tornaram ricos e poderosos, bem alimentados e sadios. Mas a sua maldade vai além dos limites; não cuidam dos órfãos, não dão importância aos sofrimentos dos pobres, não se incomodam em fazer justiça. Seria possível fechar os meus olhos diante de todo esse pecado?”, pergunta o Senhor. “Seria justo deixar de castigar essa nação tão má? Está acontecendo uma coisa horrível, difícil de acreditar, nesta terra: Os profetas não falam a verdade, e, apoiados por eles, os sacerdotes enganam o povo com a sua própria autoridade, e o meu povo fica feliz com isso! Mas o que vocês vão fazer quando toda essa situação chegar ao fim? “Povo de Benjamim, fuja de Jerusalém se quiser salvar sua vida! Toquem a trombeta em Tecoa! Mandem um sinal para Bete-Haquerém! Avisem por toda parte que o castigo divino se aproxima, e a destruição está chegando do Norte! Eu destruirei a cidade de Sião; você que é bela e formosa, para onde os pastores vêm com seus rebanhos; armam as suas tendas em volta de seus muros, cada um no seu lugar. “Vejam como se preparam para atacar Jerusalém! Fiquem prontos porque o ataque vai começar ao meio-dia! Ai de nós! A tarde já está terminando, as sombras da noite se aproximam. Preparem-se! Vamos atacar durante a noite e destruir as fortalezas! Assim diz o Senhor Todo-poderoso: “Cortem árvores e construam rampas de guerra para atacar os muros de Jerusalém. Esta cidade deve ser castigada, porque dentro dela só existe opressão. Como a água de um poço está sempre fresca, a maldade de Jerusalém está sempre bem viva dentro dela. Pelas ruas só se ouve o som da violência e do crime; cada vez que olho para ela, vejo a sua maldade como uma ferida aberta, como uma doença incurável. Jerusalém, este é o último aviso! Se você não escutar, eu me afastarei de você e transformarei essa terra num lugar desolado e vazio”. Assim diz o Senhor Todo-poderoso: Um após outro, terríveis desastres acontecerão na terra de Israel. Até o remanescente do povo que ficar vai passar por maus bocados. Vai acontecer em Israel o que acontece nas plantações de uvas, onde o colhedor volta e examina cada parreira para colher o que deixou escapar da primeira vez”. A quem posso me dirigir e advertir? E, mesmo que eu fale, quem vai me ouvir? Não adianta falar a esse povo; eles têm ouvidos tapados e não escutam o que eu digo. Eles desprezam a palavra do Senhor e não têm prazer nela. Por tudo isso, estou cheio da ira do Senhor contra eles; já não aguento mais reter essa ira dentro de mim. “Derrama-a sobre Jerusalém, sobre as crianças que brincam na rua, sobre os grupos de jovens, sobre os maridos e mulheres, os velhos de idade bem avançada. As casas onde eles moravam serão habitadas por outros. Estes tomarão para si as mulheres e os campos, quando eu estender a minha mão sobre os moradores desta terra”, declara o Senhor. “Todo eles, do mais humilde ao mais poderoso, são gananciosos. Todos usam a mentira e o engano, inclusive os sacerdotes e profetas! É impossível curar a ferida do meu povo dizendo que ela não existe; mas os sacerdotes e profetas enganam o meu povo com falsas promessas, dizendo: ‘Paz, paz’, quando a guerra se aproxima rapidamente. O meu povo, que nunca sentiu vergonha em adorar ídolos, vai passar muita vergonha! Eles cairão entre os que caem; serão humilhados quando eu os castigar”, diz o Senhor. Assim diz o Senhor: “Parem um pouco e pensem! Perguntem qual é o bom caminho, aquele caminho por onde vocês andavam há muito tempo. Se vocês andarem por ele, encontrarão paz e segurança. Mas vocês respondem: ‘Não é esse o caminho que queremos seguir!’ Coloquei vigias para avisar vocês: Escutem com atenção! Quando ouvirem o som da trombeta, vocês saberão que o perigo está perto! Mas vocês responderam: ‘Não daremos atenção!’ “Portanto, aqui está o decreto do meu castigo contra o meu povo. Ouçam bem, terras distantes! Ouça bem, povo de Jerusalém! Ouça, toda a terra! Eu trarei um grande castigo contra este povo, fruto de seus pensamentos carregados de pecado, porque eles se recusam a ouvir as minhas palavras. Eles rejeitaram a minha lei. De que me adianta o doce e perfumado incenso de Sabá? Guardem os seus caros perfumes! Não aceito as suas ofertas queimadas. Os sacrifícios que vocês trazem ao templo não me agradam. Assim diz o Senhor: “Farei do caminho do meu povo uma estrada cheia de buracos e barreiras; pais e filhos tropeçarão juntos e ficarão sem esperanças; vizinhos e amigos morrerão”. Assim diz o Senhor: “Vejam os exércitos marchando, vindo do norte; uma grande nação surgindo dos confins da terra. Os seus soldados vêm armados de carros e lanças, marchando em perfeita ordem de batalha. Eles são cruéis e não têm misericórdia. O barulho do exército é forte como o mar. Eles vêm para atacá-la, ó cidade de Sião”. Já ouvimos a fama desse exército, e as nossas mãos ficaram fracas de medo. O desespero tomou conta de nós; dores nos dominam, como dominam a mulher que dá à luz. Não saiam da cidade para o campo! Não andem pelas estradas porque os soldados inimigos estão espalhados por todo o país, prontos para matar! Estamos vivendo sob o domínio do terror. Ó minha filha, meu povo, vista roupas de luto, sente-se sobre a cinza e chore amargamente, como a viúva que perdeu seu único filho! De repente, o exército da destruição cairá sobre você. “Jeremias, eu fiz de você um homem como o que analisa os metais, para examinar o meu povo e determinar o seu valor. Você será uma torre para vigiar o meu povo e provar a conduta deles. Todos eles são rebeldes da pior espécie e vivem espalhando calúnias; são endurecidos como o bronze e o ferro. Todos eles são corruptos. O fole assopra com força o fogo para separar o chumbo com o fogo, mas as impurezas prosseguem em vão — não se separam do metal. Por mais que se esquente o fogo, não é possível separar esse povo de seus pecados. Por isso, serão conhecidos como ‘prata impura’, porque o Senhor os rejeitou”. O Senhor mandou esta mensagem a Jeremias: “Vá até a porta do templo e proclame esta mensagem ao povo: Povo de Judá, ouça esta mensagem do Senhor! Escutem, todos vocês que atravessam estas portas para adorar o Senhor! Assim diz o Senhor Todo-poderoso, o Deus de Israel: Apesar de todos os seus pecados, se vocês abandonarem seus maus caminhos, eu deixarei que vocês vivam em sua própria terra. Não se deixem levar pelas mentiras de quem diz: ‘O templo é do Senhor! Este é o templo do Senhor, este é o templo do Senhor!’. Vocês só poderão continuar vivendo aqui se deixarem de lado seus maus pensamentos e suas maldades, se procurarem ser justos uns com os outros, se pararem de explorar os estrangeiros, os órfãos e as viúvas, se não derramarem sangue inocente neste lugar e se deixarem de adorar falsos deuses como fazem hoje, para sua própria desgraça. Então eu permitirei que vocês continuem vivendo nesta terra, a terra que dei aos seus antepassados desde a antiguidade para sempre. Mas ouçam! Vocês estão confiando em mentiras, em palavras enganosas e sem valor! “Afinal de contas, vocês pensam que podem roubar, matar, mentir, cometer adultério, jurar falsamente, queimar incenso a Baal e seguir outros deuses que vocês nem conheceram, e depois aparecer diante de mim neste templo que leva o meu nome, e dizer: ‘Estamos seguros!’ para depois seguirem nas suas práticas repugnantes? Vocês pensam que o meu templo é um esconderijo de ladrões? Eu vejo muito bem tudo o que está acontecendo”, diz o Senhor. “Vão até Siló, a primeira cidade onde o povo de Israel me adorou; vejam o que eu fiz com ela, por causa da grande maldade do meu povo, Israel! E agora, farei o mesmo aqui, por causa dos terríveis pecados que vocês cometem. E não foi por falta de aviso, porque todos os dias, desde o nascer do sol, eu falei e avisei, mas vocês não quiseram me escutar; chamei muitas vezes, mas vocês não responderam. Eu vou destruir este templo, que é conhecido como ‘o templo do Senhor’, no qual vocês confiam, o lugar de adoração que dei a vocês e aos seus antepassados, o mesmo que fiz a Siló. Expulsarei todos vocês da minha presença, como escravos, exatamente como fiz com seus compatriotas, o povo de Efraim. “Por isso, Jeremias, não faça orações a favor deste povo. Não chore por causa dele, não faça súplicas ou pedidos de ajuda, porque eu não ouvirei uma palavra sequer. Será que você não enxerga o que esse povo anda fazendo nas cidades de Judá e pelas ruas de Jerusalém? Veja as crianças apanhando lenha, os pais acendendo o fogo e as mulheres amassando a farinha para fazer bolos! Depois oferecem esses bolos à Rainha do Céu. Além disso, derramam ofertas a outros deuses para provocarem a minha ira. Mas será que é a mim que eles estão ofendendo?”, pergunta o Senhor. “Não estão prejudicando a si mesmos, procurando a sua própria desgraça?” Por isso, assim diz o Soberano, o Senhor: “Vou derramar sobre este lugar a minha ira e o meu furor sobre os homens, os animais e as árvores do campo, como também sobre a plantação. Tudo será destruído com fogo que não se apaga”. Assim diz o Senhor Todo-poderoso, o Deus de Israel: “Chega de ofertas queimadas e sacrifícios! Eles nada valem para mim; aproveitem toda essa carne como alimento. Quando tirei seus pais do Egito, não eram sacrifícios e ofertas queimadas que eu desejava deles. A minha ordem foi a seguinte: Obedeçam a mim, e eu serei o seu Deus e vocês serão o meu povo. Vocês andarão em todo o caminho que eu lhes mostrar, para que tudo corra bem! Mas eles nem quiseram saber disso. Preferiam fazer sua própria vontade, continuar com seus maus costumes e agir baseados em seu coração pecador e rebelde. Andaram para trás, em vez de andar para a frente. Desde o dia em que seus pais saíram do Egito, até hoje, eu venho enviando os meus servos, profetas, dia após dia. Mas nem eles nem vocês quiseram ouvir as minhas palavras ou obedecer à minha lei. E vocês foram mais teimosos e desobedientes que seus pais. “Quando você, Jeremias, anunciar ao povo de Judá tudo o que eu vou fazer com eles, não espere que deem atenção às suas palavras. Quando você anunciar em alta voz o que vai acontecer, saiba desde já que ninguém vai se importar. Diga a eles: Vocês são o povo que se recusa obedecer ao Senhor, o seu Deus, e que não aceita a sua correção. Mesmo sendo castigado, não aprende a verdade e se afunda cada vez mais na mentira. Ah, Jerusalém, corte seus lindos cabelos! Raspe a cabeça, envergonhada! Chore sua desgraça no alto dos montes estéreis, porque o Senhor já rejeitou e abandonou esta geração, que provocou a sua ira. “O povo de Judá pecou sem parar bem à minha frente”, diz o Senhor. “Puseram suas imagens horríveis no templo que leva o meu nome, poluindo a minha casa. Construíram um altar chamado Tofete no vale de Hinom. Sobre ele, queimam seus filhos e filhas, como sacrifícios aos seus deuses — uma maldade tão horrível que eu nem sequer poderia imaginar, quanto mais ordenar que eles a fizessem! Mas está chegando o dia em que aquele lugar não será mais chamado Tofete ou vale de Hinom, mas vale da Matança, pois ali enterrarão os corpos até que não haja mais lugar. Os corpos mortos do meu povo servirão de comida às aves e aos animais e não haverá ninguém para espantá-los. Farei sumir das cidades de Judá e das ruas de Jerusalém as cantigas alegres e o riso; farei desaparecer as vozes do noivo e da noiva, e a terra se tornará um monte de ruínas! “Naquele tempo”, diz o Senhor, “os ossos dos reis e príncipes de Judá, dos sacerdotes, dos profetas e dos moradores de Jerusalém serão retirados dos seus túmulos. Esses ossos serão espalhados pelo chão, diante do sol, da lua e das estrelas, a quem os israelitas adoraram como seus deuses! Os ossos não serão recolhidos nem enterrados de novo; eles permanecerão espalhados sobre a terra e servirão de esterco. Os que escaparem com vida da destruição de Judá preferirão a morte à vida, nos lugares para onde eu os espalhar”, diz o Senhor Todo-poderoso. “Anuncie ao povo: Assim diz o Senhor: Quando uma pessoa cai, logo se levanta; quando alguém entra por um caminho errado e descobre o erro, volta para o caminho certo. Mas este povo é teimoso; desviou-se de mim e não para de se afastar! Por que Jerusalém persiste em desviar-se? Eles apegaram-se ao engano e não pensam em voltar. Eu escutei suas conversas, prestei atenção no que fazem. Ninguém fala a verdade, ninguém se arrepende de sua maldade, ninguém para e diz: ‘O que foi que eu fiz?’ Todos seguem seu caminho de pecado sem desviar os olhos, como o cavalo correndo em direção à batalha. Até a cegonha, a rola, a andorinha e o tordo sabem exatamente quando devem voar para outras terras por causa do inverno; também sabem a época de voltar. Mas o meu povo não respeita as leis do Senhor. “Por que, então, vocês insistem em dizer: ‘Isso não é verdade! Nós conhecemos e obedecemos perfeitamente a lei do Senhor ’. Seus falsos mestres torceram a lei e transformaram a verdade em mentira, ensinando coisas que eu nunca ordenei. Esses sábios cairão na desgraça, serão presos e levados para longe como escravos. Isso vai acontecer porque rejeitaram a palavra do Senhor. Que sabedoria é essa que eles têm? Por isso, entregarei suas esposas a outros homens e darei suas terras a outros proprietários. Farei isso porque todos eles, do mais humilde ao mais poderoso, são gananciosos! Para conseguir dinheiro, todos usam a mentira e o engano, inclusive os sacerdotes e os profetas! Eles dão ao meu povo remédios inúteis, tentando curar feridas profundas. ‘Paz, paz’, eles dizem, quando a guerra se aproxima rapidamente. O meu povo nunca sentiu vergonha por adorar ídolos, nem mesmo ficou corado. Eles serão encontrados entre os mortos na batalha. Tropeçarão e cairão mortos debaixo da minha ira’, diz o Senhor. “Eu quis reunir a colheita deles”, declara o Senhor. “Mas eles são como videiras sem uvas e como figueiras sem figos; até as folhas estão secas. O que lhes dei será tomado deles”. Então o povo dirá: ‘Para que vamos ficar aqui sentados, esperando a morte chegar? Vamos para as cidades protegidas por muros e morramos dentro delas! Pois o Senhor, o nosso Deus, já decretou nossa destruição; ele nos deu água envenenada para beber, porque nós temos pecado contra ele. Nós esperávamos viver em paz, mas a paz não veio; esperávamos a chegada de um tempo de saúde e cura, mas o que chegou foi somente terror. O barulho dos seus cavalos já se ouve desde Dã. A terra treme com o relinchar da sua cavalaria; os inimigos chegaram para devorar esta terra — os campos, as cidades e todos os seus moradores’. “Eu mesmo mandei esses inimigos, e eles serão como cobras venenosas, que vocês não conseguirão encantar. Elas os morderão e não haverá remédio”, diz o Senhor. Ah, como é grande a minha tristeza! Há uma profunda dor no meu coração. Ouçam o choro da minha filha, do meu povo, vindo de uma terra distante! “O Senhor não está em Sião?”, eles perguntaram. “O Rei de Sião não está mais lá?” “Por que eles acenderam a minha ira, adorando imagens feitas por homens e ídolos inúteis de outros povos?”, pergunta o Senhor. A colheita terminou; acabou o verão, e nós não estamos salvos. Eu choro de dor por causa da devastação sofrida pelo meu povo. Choro muito, e o desânimo se apoderou de mim. Já não existe remédio em Gileade? Não há um médico capaz de curar? Então por que o meu povo não foi curado? Ah, quem dera que a minha cabeça fosse uma fonte de água e os meus olhos fossem uma manancial de lágrimas! Eu choraria noite e dia pela morte dos moradores do meu povo. Quem me dera ter uma cabana bem longe, no deserto! Assim eu poderia me afastar desse povo traidor e infiel. Curvam suas línguas como arcos para atirar suas flechas de mentira. Não dão importância à verdade. Eles vão de um crime a outro e nem se lembram de que eu existo”, diz o Senhor. “Abram os olhos quanto aos seus amigos! Não confiem nem em seus irmãos! Os irmãos enganam uns aos outros, e os amigos espalham mentiras e intrigas. Eles zombam abertamente uns dos outros e nunca falam a verdade. Estão viciados na mentira; eles se cansam de tanto pecar. Amontoam maldade sobre maldade; estão tão carregados de mentira que se recusam a me conhecer”, diz o Senhor. Por isso, assim diz o Senhor Todo-poderoso. “Vou purificar o meu povo como se purifica um metal; Depois eles passarão por uma prova, como se examina um metal qualquer. O que mais posso fazer pelo meu povo? A língua deles fala mentiras, como se fossem flechas envenenadas. Falam palavras amáveis ao próximo enquanto preparam uma armadilha. Eu não posso deixar de vingar tantos crimes e maldades que esse povo praticou; não posso deixar que fiquem sem castigo”, diz o Senhor. Eu chorarei e soluçarei de tristeza pelo que aconteceu aos campos e montes do meu país. Tudo foi queimado e está completamente abandonado. Não se ouve mais o mugido do gado; as aves e os animais do campo fugiram. “Eu vou transformar Jerusalém em um monte de ruínas, um lugar onde somente os chacais viverão. As cidades de Judá ficarão vazias até não restar um único habitante”. Quem, no meio de todo esse povo, é capaz de responder por que a terra de Judá foi destruída, queimada e vazia como um deserto por onde ninguém passa? Quem ouviu a explicação dada pelo Senhor? Onde estão os sábios e os entendidos? E foi o Senhor mesmo que respondeu: “Isso aconteceu porque o meu povo não deu atenção à minha lei; não obedeceram nem seguiram a minha lei. Em vez disso, preferiram fazer a vontade de seus corações pecadores e maus. Aprenderam com os pais e adoraram os ídolos de Baal”. Por causa disso, assim diz o Senhor Todo-poderoso: “Vou alimentar este povo com comida amarga e com água envenenada. Vou espalhar os moradores de Judá entre as nações; eles serão estrangeiros em terras completamente desconhecidas tanto para eles como para os seus antepassados. Mesmo lá, eles serão perseguidos pela espada da destruição, até serem exterminados”. Assim diz o Senhor Todo-poderoso: “Chamem depressa as pranteadoras profissionais; chamem as mais hábeis entre elas. Vamos, mulheres, chorem bastante! Lamentem por nós, até que os nossos olhos se encham de lágrimas e elas corram de nossas pálpebras! Já se pode ouvir o choro de Sião: ‘Pobres de nós, perdemos tudo! Que desgraça horrível! Perdemos nossa terra, e o inimigo destruiu nossas casas!’ ” Vocês, mulheres que estão chorando, ouçam a palavra do Senhor! Abram os seus ouvidos às suas palavras. Ensinem suas filhas a chorar; ensinem suas vizinhas a prantear. A morte subiu pelas janelas das nossas casas, invadiu as nossas fortalezas, acabou com as crianças que brincavam nas ruas, com os jovens reunidos nas praças. “Diga: Assim diz o Senhor: Corpos serão espalhados no campo como adubo, como trigo deixado para trás pelo ceifeiro, e não há ninguém que o ajunte”. Assim diz o Senhor: “Quem tem muito conhecimento não deve se orgulhar disso; o homem poderoso não deve se orgulhar do seu poder, nem o rico de suas riquezas. O único motivo de se gloriar diante de todo esse povo deve ser me conhecer de fato e saber que eu sou o Senhor que mostra ao mundo o verdadeiro amor, a verdade e a justiça, pois é dessas coisas que me agrado”, declara o Senhor. “Vai chegar um dia”, declara o Senhor, “em que castigarei todos os circuncidados apenas no corpo, como também os povos do Egito, Judá, Edom, Amom, Moabe e todos os que costumam rapar a cabeça e vivem no deserto. Todas essas nações são incircuncisas, mas se os israelitas não me obedecerem no fundo do coração, sua circuncisão será apenas uma cerimônia qualquer”. Povo de Israel, ouça esta mensagem do Senhor: Assim diz o Senhor: “Não peguem o mau costume dos outros povos. Eles podem ficar assustados quando aparecem coisas estranhas nos céus, mas vocês não devem se assustar. Os hábitos religiosos dessas nações são loucura! Eles derrubam uma árvore e dela fazem um ídolo, com o trabalho cuidadoso de um artista. Depois enfeitam a imagem com ouro e prata e a prendem firmemente, com pregos e martelo, para não ser derrubada. Esses ídolos têm tanto valor quanto um espantalho no meio de uma plantação de pepinos; não são capazes sequer de falar! Precisam ser transportados, porque não conseguem andar! Vocês não devem ter medo deles, porque eles não podem fazer nenhum mal, muito menos o bem”. Não há absolutamente nenhum deus igual ao Senhor! O Senhor é grande, e grande é o poder do seu nome. Quem vai deixar de respeitar o rei das nações? O Senhor é o único rei, e por isso merece ser respeitado! Entre todos os homens sábios das nações, em todos os reinos do mundo, não há ninguém comparável ao Senhor. Quem adora os ídolos vai se tornado cada vez mais ignorante e tolo. Os ensinos dessa gente são inúteis; não valem a madeira com que fizeram o seu ‘deus’! Eles trazem placas de prata de Társis, e de ouro, de Ufaz; então os artistas trabalham a madeira e os metais, fazendo uma bela imagem. Os seus vestidos são roxos e vermelhos; tudo não passa de uma obra de hábeis artesãos. Mas o Senhor é o único Deus verdadeiro; ele é o Deus vivo, o rei eterno. Quando ele se ira, a terra treme; as nações não podem suportar a sua ira. “Diga a essa gente que adora ídolos: Essas imagens que vocês chamam de deuses, que não fizeram a terra e os céus, desaparecerão da terra e de debaixo dos céus!” Quem fez a terra pelo seu poder foi o Senhor; com a sua sabedoria, ele firmou o mundo, e com seu entendimento ele estendeu os céus! Quando Deus dá a ordem por meio do trovão, as águas rugem no céu e formam-se as grandes nuvens de chuva desde os confins da terra. Ele cria os relâmpagos que acompanham a tempestade; abre seu depósito e lança os ventos sobre a terra. Por isso, quem adora ídolos vai se tornando estúpido e tolo! Cada ourives que fabrica uma imagem vai cair no ridículo porque, quando estiver em dificuldades, os falsos deuses que fizeram não serão capazes de dar a menor ajuda. Eles não têm o fôlego da vida. Os ídolos são pura ilusão, são objetos de zombaria. Serão destruídos quando os seus fabricantes forem castigados pelo Senhor. Mas o Deus de Jacó não é igual a essas imagens sem vida e poder; foi ele que fez todas as coisas e fez de Israel o seu povo escolhido. O seu nome é o Senhor Todo-poderoso. Prepare-se, povo de Jerusalém, porque sua cidade será cercada pelo inimigo! Pois assim diz o Senhor: “Eu vou lançar vocês para fora desta terra; vou lhes dar grandes sofrimentos e assim vocês sentirão toda a minha ira”. Ai de mim; estou gravemente ferido! O meu sofrimento é grande; o meu mal não tem cura, mas eu devo suportar tudo isso! A minha tenda foi derrubada; todas as cordas da minha tenda arrebentaram. Levaram embora os meus filhos, os filhos que eu nunca mais verei! E não sobrou uma pessoa para me ajudar a armar a minha tenda e não tenho ninguém para ajudar a reconstruir o meu abrigo! Os pastores do meu povo perderam a razão e não procuram saber o que Deus pensa. Por isso não prosperaram e o seu rebanho foi espalhado. Ouçam! Ouçam o barulho dos exércitos vindo do Norte! Eles vão transformar as cidades de Judá em montes de ruínas, em tocas de chacais. Ó Senhor, eu sei que o homem é incapaz de traçar o rumo de sua vida; eu sei que o homem não pode planejar o seu futuro. Por isso, Senhor, corrija-me, não com ira, mas com amor, para que não me reduza a nada. Derrame a sua ira sobre essas nações que não obedecem ao Senhor, sobre os povos que não invocam o seu nome; pois eles arrasaram Israel, devoraram-no e destruíram completamente a sua terra. Esta é mais uma mensagem que veio da parte do Senhor para Jeremias: “Preste atenção nos termos desta aliança que fiz com os primeiros israelitas. Você deve fazer o povo de Judá e os moradores de Jerusalém recordarem essa aliança que eu fiz com seus pais. Diga-lhes que assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Quem não obedecer aos termos desta aliança será maldito! Quando eu tirei os israelitas do Egito, onde sofriam muito como escravos, disse a eles o seguinte: ‘Se vocês ouvirem minhas ordens e as obedecerem fielmente, serão o meu povo e eu serei o seu Deus’. Por isso, israelitas, obedeçam às minhas ordens! Se fizerem isso, eu darei a vocês todas as coisas boas que prometi e deixarei que vocês continuem vivendo nessa terra boa e rica, fonte de leite e mel, a terra que vocês hoje possuem”. Então eu respondi: Assim seja, Senhor! E o Senhor me ordenou: “Proclame esta mensagem pelas ruas de Jerusalém! Vá a todas as cidades de Judá e diga aos seus moradores: ‘Lembrem-se dos termos da aliança que seus pais fizeram com o Senhor! Cumpram esta aliança!’ Porque desde o primeiro dia, quando tirei os seus antepassados do Egito, até hoje, eu venho repetindo aos israelitas: ‘Obedeçam às minhas ordens!’ Mas a triste verdade é que eles nunca me obedeceram, nem quiseram me ouvir. Foram teimosos e preferiram seguir sua própria vontade e seu coração orgulhoso e mau; por isso trouxe sobre eles todas as maldições desta aliança, porque eles não cumpriram a sua parte da aliança!”. O Senhor falou comigo novamente e disse: “O povo de Judá e os habitantes de Jerusalém estão fazendo planos de revolta contra mim. Eles voltaram a fazer as maldades dos seus pais que teimaram em não me obedecer e seguiram outros deuses para adorá-los. O povo de Israel e de Judá quebrou a aliança que eu tinha feito com os seus antepassados. Por isso, assim diz o Senhor: “Eu vou lhes dar um terrível castigo, do qual não conseguirão escapar. Eles vão chorar e gritar, pedindo a minha ajuda, mas eu não os ouvirei. Então todas as cidades de Judá e os habitantes de Jerusalém clamarão aos seus deuses, aos quais eles costumavam adorar com incenso. Será inútil, porque eles não poderão livrar Judá do meu castigo. Ah, meu povo! Vocês têm um deus para cada cidade, e os altares de Baal, onde vocês queimam incenso, estão espalhados pelas ruas de Jerusalém! Isso é uma loucura, é uma vergonha! “Por isso, Jeremias, não ore mais em favor desse povo, não chore nem me ofereça súplicas e outros pedidos por eles, porque eu não darei ouvidos a eles quando vierem finalmente, em desespero, e clamarem a mim no tempo do seu sofrimento. “Que direito tem o meu povo de continuar vindo ao meu templo, depois de tamanha infidelidade? Meu povo amado, será que os seus votos e a carne consagrada evitarão o castigo e lhes devolverão a antiga alegria?” No passado, o Senhor chamava vocês de oliveira verdejante, carregada de bons frutos. Mas agora, no meio do barulho da batalha, ele acenderá uma grande fogueira ao seu redor e queimará os ramos e os frutos. O Senhor Todo-poderoso, que plantou a oliveira, ordenou a sua destruição por causa da maldade que Israel e Judá fizeram, para sua própria desgraça, queimando incenso a Baal. Depois disso, o Senhor me revelou os planos malvados que os inimigos estavam tramando. E eu não desconfiava de nada; era inocente como um cordeiro que caminha para o matadouro. Eu não tinha percebido que tramavam contra mim, dizendo: “Vamos destruir a árvore e a sua seiva! Vamos cortá-lo da terra dos viventes e apagar a lembrança dele”. Ó Senhor Todo-poderoso, eu entrego ao Senhor a minha causa. O Senhor é o justo juiz que conhece o coração e a mente dos homens. Espero ver a sua vingança sobre eles, pois coloquei a minha causa em suas mãos. Portanto, assim diz o Senhor a respeito dos homens de Anatote, que procuram a minha morte e dizem: “Pare de anunciar as mensagens em nome do Senhor, senão você vai morrer!” Portanto, assim diz o Senhor Todo-poderoso: “Eu vou castigar essa gente: eles e seus filhos morrerão à espada; seus filhos e filhas morrerão de fome. Não vai sobrar ninguém deles quando chegar a desgraça sobre os homens de Anatote no ano do seu castigo”. Meu Deus, o Senhor sempre age com justiça quando apresento uma causa na sua presença. Agora eu gostaria de falar com o Senhor a respeito da justiça: Por que as pessoas más e desonestas prosperam? Por que os falsos e traidores vivem sem problemas? O Senhor planta essas pessoas, elas criam raízes e enriquecem. Seus lucros aumentam a cada dia. Elas dizem ‘Graças a Deus!’, mas é tudo da boca para fora. O coração delas está longe do Senhor. Mas veja o que acontece comigo. O Senhor conhece bem o meu coração, sabe como eu o amo. Ó Deus, arranque os maus como ovelhas destinadas para o matadouro! Separe-os para o dia do castigo! Até quando nossa terra vai ter de suportar as maldades dessa gente? A relva do campo seca por causa desses pecados, os animais e as aves morrem porque os homens desobedecem a Deus, e eles ainda dizem: “Essas ameaças de castigo que Jeremias anda anunciando nunca acontecerão!” A resposta do Senhor foi esta: “Se você se cansa correndo com homens — seus inimigos em Anatote — como vai aguentar uma corrida com cavalos? Se você tropeça numa terra segura, o que fará quando o Jordão inundar? Até mesmo os seus irmãos e a sua própria família o traíram. Todos o criticam pelas costas. Não acredite em uma palavra do que eles disserem, por melhor que pareça! “Eu abandonei a minha família, joguei fora a minha herança. Entreguei aquela que eu mais amava nas mãos dos seus inimigos. O povo da minha propriedade tornou-se para mim como um leão bravo na floresta. Ele ruge contra mim, por isso eu o detesto. O povo de minha propriedade tornou-se para mim como ave de rapina de várias cores. Ele será atacado por bandos de animais selvagens para o devorarem. Muitos pastores destruíram a minha bela vinha, maltrataram a minha terra escolhida e fizeram dela um deserto devastado. Deixaram a terra devastada e vazia; eu posso ouvir o seu choro triste. Toda a terra está morrendo, e ninguém se importa com isso. Em todas as planícies do deserto os destruidores atacam. A espada do Senhor devora de uma ponta à outra do país. Ninguém consegue escapar da destruição! O meu povo semeou trigo, mas acabou colhendo espinhos. Esforçaram-se muito, mas de nada adiantou todo o seu trabalho. A colheita deles de nada valeu, porque o fogo da ira do Senhor está sobre eles”. Assim diz o Senhor a respeito de todos os meus vizinhos, as nações ímpias que atacam e roubam a herança que dei a Israel, o meu povo: “Eu vou expulsar todos vocês de suas terras, da mesma maneira como o povo de Judá vai ser levado para longe. Mas depois de arrancá-los, terei compaixão de novo e trarei cada um deles de volta à sua própria terra, cada homem à sua propriedade e à sua terra. Se essas nações passarem a viver como o meu povo e jurarem pelo nome do Senhor, dizendo: ‘Juro pelo nome do Senhor ’ — como no passado ensinaram o meu povo a jurar por Baal — então eles poderão viver e se estabelecer no meio do meu povo, Israel. Mas a nação que não quiser me obedecer será expulsa de sua terra mais uma vez e destruída para sempre”, declara o Senhor. Novamente me falou o Senhor. “Compre e use um cinto de linho, mas não o lave nem o ponha na água”. Obedeci ao Senhor, comprei e passei a usar o cinto. Algum tempo depois, o Senhor tornou a falar comigo e disse: “Leve o cinto que você comprou e está usando, vá até Perate e esconda-o ali num buraco entre as pedras”. E assim fiz eu; escondi o cinto num buraco entre as pedras junto ao rio, conforme o Senhor me havia dito. Depois de muito tempo, o Senhor me disse: “Jeremias, vá novamente a Perate e apanhe o cinto que mandei você esconder”. Fui até Perate, cavei o lugar onde havia escondido o cinto e o tirei dali. Mas o cinto estava podre e não servia para mais nada! Então o Senhor me explicou a razão de tudo aquilo: “Assim diz o Senhor: Esse cinto estragado mostra como vou destruir o orgulho exagerado de Judá e de Jerusalém. Esse povo rebelde se recusa a me obedecer, segue com teimosia suas próprias ideias erradas e corre atrás de outros deuses para prestar-lhes culto e adorá-los; por isso, acabarão como esse cinto, completamente estragado e inútil. Eu trouxe Israel e Judá para bem junto de mim, como o cinto fica preso à cintura de quem o usa, para que fossem o meu povo. Eles mostrariam ao mundo quem eu sou, e através deles os outros povos me dariam louvor e glória. Mas eles não quiseram saber disso e se afastaram de mim”, declara o Senhor. “Diga-lhes também o seguinte: Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Encham de vinho todas as vasilhas de couro! E se eles disserem: ‘Isso você não precisa dizer; todos sabem que se deve encher de vinho toda vasilha de couro’, então você deve dizer a eles: Assim diz o Senhor: “Eu vou deixar todo este povo completamente embriagado, desde o rei, assentado no trono de Davi, até os sacerdotes e profetas, e todos os habitantes de Jerusalém. Então quebrarei a todos, colocando uns contra os outros. Vou jogar os pais contra os filhos, os filhos contra os pais. Esse povo vai ficar em pedaços”, diz o Senhor. “Nem a minha compaixão, nem a minha bondade me impedirão de destruir todos eles”. Não sejam orgulhosos! Escutem e obedeçam, pois foi o Senhor quem falou! Deem glória ao Senhor, ao seu Deus, antes que seja tarde demais, antes que ele mande os dias negros do castigo, e vocês sejam mortos nos montes de Judá; antes que ele transforme a luz, que vocês tanto esperam, na escuridão profunda; sim, em densas trevas. Mas, se vocês teimarem em não obedecer ao Senhor, eu chorarei em segredo por causa desse terrível orgulho de vocês! Meus olhos vão derramar muitas lágrimas, porque o rebanho do Senhor vai ser levado para o exílio. Diga ao rei e à rainha-mãe: “Desçam de seus tronos e sentem-se no pó! Suas belas e gloriosas coroas serão arrancadas de suas cabeças!” Até as cidades do Neguebe, ao sul, foram destruídas na invasão. E não há ninguém para reconstruir essas cidades, porque todos os moradores de Judá foram exilados. Erga os olhos, Jerusalém, olhe para o norte, e veja os exércitos se aproximando! Onde está o rebanho, as ovelhas que Deus havia colocado sob a sua responsabilidade, e das quais você se orgulhava? Sabe o que vai acontecer quando o Senhor colocar seus antigos aliados para dominar você? Você vai gemer de dor, como a mulher que está em trabalho de parto. E quando você questionar a razão de tanto sofrimento, eu darei a seguinte resposta: “Isso aconteceu por causa dos seus muitos pecados. Por isso as suas vestes foram rasgadas, e você foi violentada”. Por acaso o etíope pode mudar a cor da sua pele? Ou o leopardo pode tirar as manchas de seu pelo? É claro que não. Da mesma forma, vocês são incapazes de fazer o que é certo, porque já estão acostumados a fazer o mal! “Vocês serão espalhados como a palha do trigo que é levada pelo vento que vem do deserto. Esse será o seu castigo, o destino que eu lhes dou. Vocês me esqueceram e correram atrás da ilusão dos deuses falsos. Eu mesmo vou levantar as suas vestes até o seu rosto e vou mostrar sua triste situação, nua e envergonhada. Pois eu conheço muito bem a sua infidelidade. Vejo bem como você adora ídolos nos campos e no alto dos montes, como você ama os falsos deuses e se entrega a eles como uma prostituta! Ai de você, Jerusalém! Quando será que você vai se purificar de todo esse pecado?” O Senhor explicou a Jeremias por que estava havendo uma grande seca em Judá. “Judá anda chorando, nos mercados nada há para vender ou comprar. O povo anda curvado e se prostra no chão de tristeza! E os moradores de Jerusalém gritam desesperados. As pessoas ricas mandam seus servos buscar água nas cisternas. Mas as cisternas estão secas, e os seus servos voltam para casa com os jarros vazios, e, decepcionados e desesperados, cobrem a cabeça. A terra está seca e rachada e nada produziu pela falta de chuva; os lavradores já estão desesperados e cobrem a cabeça. Até as cervas no campo abandonam suas crias, porque não encontram capim para comer. Os jumentos selvagens sobem aos montes secos. Cansados, procuram tomar fôlego, como fazem os chacais quando estão com sede. Esforçam-se para encontrar o que comer, mas não encontram nada”. Ó Deus, nós pecamos contra o Senhor muitas e muitas vezes. Fomos desobedientes e rebeldes; mas, apesar de tudo isso, aja por amor do seu nome, ó Senhor! Ó Esperança de Israel, nosso Salvador nas horas de sofrimento, por que o Senhor age como se nem nos conhecesse? Por que o Senhor age como se fosse um viajante que passa pela terra sem ter interesse pelos problemas do povo, que passa uma noite, e depois vai embora? Por que age como um homem apanhado de surpresa, como um soldado que não tem poder de salvar? Ó Deus, o Senhor vive entre nós; nós somos conhecidos como o seu povo. Por favor, não nos abandone agora! Assim diz o Senhor a respeito desse povo: “Esse povo gosta mesmo é de andar longe de mim; nunca se esforçou para me seguir. Por isso, não vou mais mostrar amor para com ele; não vou esquecer os pecados que ele cometeu, e vou lhe dar o castigo merecido”. Então o Senhor me disse: “Não me peça mais para orar pelo bem-estar deste povo. Quando eles jejuarem, não darei atenção ao seu clamor. Quando trouxerem ofertas queimadas e sacrifícios, não os aceitarei. Castigarei duramente este povo, pela guerra, pela fome e por meio de doenças”. Então eu disse: “Ah, Soberano Senhor, os profetas dizem ao povo: ‘Vocês não verão a guerra nem a fome; eu lhes darei completa paz neste lugar’. Então o Senhor me disse: “Esses profetas estão anunciando mentiras em meu nome, porque eu nunca enviei nenhum deles, nem entreguei qualquer mensagem a eles, nem falei com eles. As visões que eles anunciam são falsas, são pura ilusão. Suas profecias são adivinhações inventadas por suas mentes”. Por isso, assim diz o Senhor: “Vou castigar esses profetas mentirosos que andam espalhando falsas promessas de paz em meu nome, sem terem sido enviados por mim. Eles dizem que não vai haver guerra nem fome nesta terra, mas eles mesmos vão morrer de fome e na guerra! E aqueles que gostam tanto de ouvir essas falsas profecias serão jogados pelas ruas de Jerusalém por causa da fome e da guerra. E não vai sobrar ninguém para enterrar os mortos, nem para enterrar as suas esposas, os seus filhos e as suas filhas. Eles sofrerão a consequência justa dos seus pecados! “Por isso, Jeremias, diga ao povo o seguinte: Meus olhos não param de chorar, dia e noite; pois a minha filha virgem, o meu povo, foi mortalmente ferida, atravessada por uma espada. Quando eu saio ao campo, vejo espalhados no chão os corpos dos que morreram na batalha; quando entro nas cidades, vejo o povo morrendo de fome e doença. Até os profetas e sacerdotes andam perdidos pela terra, sem nada compreender”. Ó Deus, será que o Senhor rejeitou Judá para sempre? O Senhor desprezou Sião? Por que, mesmo depois de tanto castigo, não podemos ter paz? Não podemos ser curados das nossas feridas? A paz não veio, não fomos curados, e há somente terror. Senhor, reconhecemos os nossos pecados e reconhecemos as maldades de nossos pais. É verdade, nós pecamos contra o Senhor. Por favor, não nos rejeite! Não deixe que seja humilhada a cidade de Jerusalém, o lugar do seu trono glorioso. Lembre-se da aliança que fez conosco; não nos abandone! Nenhum desses falsos deuses de outros povos é capaz de nos mandar a chuva. Podem os céus, por si mesmos, produzir chuvas? Somente o Senhor, nosso Deus, pode fazer isso. É por isso que a nossa esperança está no Senhor, porque o Senhor é aquele que faz todas estas coisas. Mas o Senhor deu a seguinte resposta à minha oração: “Mesmo que Moisés e Samuel viessem à minha presença e me pedissem para perdoar esse povo, meu coração não mudaria de ideia! Expulse-os da minha presença! Fora com eles! E se eles perguntarem: ‘Para onde iremos?’, diga que esta é a resposta do Senhor: “Quem foi destinado à morte, para a morte; quem foi destinado a morrer na guerra, morrerá na guerra; quem deve morrer de fome, vai morrer de fome; quem foi destinado para o cativeiro, será levado para o cativeiro. “Eu vou puni-los com quatro destruidores”, diz o Senhor: “a espada para matar, os cachorros para arrastar os corpos mortos, as aves do céu e os animais ferozes do campo para devorar o que sobrar. Por causa de todos os pecados e maldades que Manassés, filho de Ezequias, fez e ensinou em Jerusalém, esse terrível castigo virá sobre o povo. “Quem vai ter compaixão de você, ó Jerusalém? Quem vai chorar pelo que aconteceu a você? Quem ao menos vai perguntar como você está? Você me abandonou”, diz o Senhor. “Você virou as costas para mim. Por isso, vou descer a minha mão sobre você e a destruirei. Já me cansei de sempre mostrar compaixão. Vou espalhá-los ao vento como palha nas cidades desta terra. Deixei muitas mães sem filhos; destruí o meu povo, pois não quiseram deixar os seus maus caminhos. Haverá tantas viúvas que será impossível contar; serão mais numerosas do que a areia do mar. Ao meio-dia eu matarei os jovens e farei as mães chorarem de tristeza. Mandarei repentina angústia e pavor sobre todos eles. A mãe que teve sete filhos desmaia ao saber que eles morreram. O sol de sua vida se esconde em pleno dia; ela perde a noção das coisas e se afunda no desespero e na vergonha. Eu mesmo levarei os sobreviventes para a morte, diante dos seus inimigos”, declara o Senhor. Então Jeremias desabafa: “Ai de mim, minha mãe! Eu acabei como um homem odiado em toda a terra! Nunca fiquei devendo a ninguém, nunca emprestei, e mesmo assim, quando passo na rua, todos me amaldiçoam e fazem ameaças. O Senhor disse: “Certamente o fortaleci para o bem; no tempo da calamidade e no tempo da angústia eu intervim por você, por causa do inimigo. “Haverá alguém capaz de quebrar barras de ferro ou de bronze que vem do Norte? Diga a esse povo: Entregarei aos seus inimigos as riquezas e tesouros que ajuntaram como despojo, por causa de todos os pecados que praticaram em toda a sua terra. Os inimigos de Judá vão levar o povo como escravo para uma terra que ele não conhece, porque a minha ira está ardendo como fogo, e arderá contra vocês”. Meu Deus, o Senhor sabe por que estou sendo perseguido. Proteja-me e castigue os meus inimigos. Pelo seu amor, não deixe que eles me matem. Eu estou sofrendo tudo isso porque amo o Senhor! As suas palavras são o meu alimento; elas enchem o meu coração de alegria! Eu tenho orgulho de ser conhecido como uma pessoa que ama o Senhor, o Deus Todo-poderoso! Nunca participei das festas e alegrias do povo; eu já sentia na carne o sofrimento que o Senhor prometeu ao povo por causa do pecado, e por isso vivi sozinho, afastado de todos. Por que o Senhor não cura essa dor, essa ferida na minha alma? Por que não me livra dos meus inimigos? Sua ajuda parece um riacho do deserto: um dia com água de sobra, outro dia completamente seco! Então o Senhor respondeu: “Você precisa se arrepender. Só assim você continuará sendo meu profeta! Se você disser palavras de valor, e não inúteis, será o meu porta-voz. O povo se voltará para você, mas você não deve se voltar para eles. Eles vão atacar você como um exército cercando os muros de uma cidade, mas não o destruirão. Eu farei de você uma muralha de bronze fortificada diante deste povo! Eu estou com você e o salvarei e livrarei dos seus inimigos”, diz o Senhor. “Vou livrar você das mãos dos pecadores e resgatá-lo das garras dos homens violentos”. Em outra ocasião, o Senhor me deu a seguinte ordem: “Você não deve se casar, nem ter filhos e filhas nesta cidade”, porque assim diz o Senhor a respeito dos filhos e das filhas que nascerem aqui, assim como de seus pais e suas mães: “Eles morrerão de terríveis doenças. Ninguém vai chorar por eles, e os seus corpos não serão enterrados; vão apodrecer e servir de adubo para a terra. Os moradores desta cidade morrerão pela espada e de fome; e os animais ferozes e as aves comerão os seus cadáveres. Porque assim diz o Senhor: “Não fique com pena desse povo, nem chore por sua causa. Eu tirei dele a proteção e a paz que tinha dado; retirei o meu grande amor e a minha compaixão”, declara o Senhor. “Os grandes e os humildes vão morrer juntos nesta terra, e não serão enterrados. Ninguém vai chorar por eles, ninguém se cortará, nem vai raspar a cabeça em sinal de tristeza. Ninguém vai procurar consolar os parentes, levando uma refeição. Ninguém vai mandar um copo de vinho em sinal de tristeza para os filhos que estão de luto pela morte do pai ou da mãe. “Você também não deve ir a banquetes e reuniões alegres, onde há comida e bebida à vontade”. Porque assim diz o Senhor Todo-poderoso, o Deus de Israel: “Eu vou acabar, ainda durante esta geração, na presença de vocês, com toda a alegria! Não vão mais se ouvir as vozes felizes e o riso, as canções alegres e a conversa cheia de sonhos do noivo e da noiva. “Quando você anunciar isto ao povo, eles vão perguntar: ‘Por que o Senhor promete nos castigar desse jeito? O que fizemos de mal para merecer tanto sofrimento? Qual foi o nosso pecado contra o Senhor, contra o nosso Deus?’ Então você deve dar a minha resposta: Foi porque os seus pais me abandonaram. Procuraram outros deuses e prestaram culto e adoraram a eles; eles deixaram de lado a mim e a minha lei. E vocês, vocês foram piores que seus pais! Vocês são teimosos, têm o coração mau, duro como pedra. Preferem fazer sua própria vontade a obedecer-me. Por isso, expulsarei todos vocês desta terra e os jogarei numa terra estranha e distante, onde os seus antepassados nunca estiveram. Lá vocês continuarão a adorar deuses falsos dia e noite, pois não terei misericórdia de vocês! “Apesar de tudo isso, vai chegar um dia maravilhoso”, diz o Senhor, “quando ninguém mais vai comentar como Deus tirou os israelitas do Egito. O assunto será a libertação dos israelitas, que eram escravos na terra do Norte e estavam espalhados por todo o mundo. Todos vão comentar como o Senhor tirou o povo de Israel da escravidão e o levou de volta à sua antiga terra, prometida aos seus antepassados! “Mas agora vou mandar pescadores”, declara o Senhor, “e eles os pescarão. Depois mandarei chamar caçadores, e eles os caçarão nas florestas, nos montes, nas colinas e até nas cavernas. Eles não escaparão do meu castigo, porque os meus olhos veem tudo o que eles fazem de errado. Ninguém é capaz de esconder-se de mim; homem nenhum poderá me impedir de ver os seus pecados. Eu os castigarei em dobro pelos seus pecados e desobediências, porque contaminaram a minha terra com as carcaças de seus de ídolos detestáveis e ofereceram criancinhas aos seus falsos deuses! Toda a minha terra ficou cheia de pecado”. Ó Senhor, minha força e minha fortaleza, meu refúgio no sofrimento; povos desde os confins da terra virão ao Senhor e dirão: “Nossos pais correram atrás de ilusões, adorando ídolos que nada valiam e que não fizeram bem algum! Seria possível ao homem criar os seus próprios deuses? Os ídolos feitos pelo homem não têm nada de Deus, são falsos deuses!” “Quando vierem a mim com esse espírito, mostrarei a todo o mundo o meu poder e a minha força. Então, finalmente, saberão que o meu nome é Senhor!” “Parece que o pecado foi gravado no coração de tábua do povo de Judá com um ferro bem afiado, com a ponta de um diamante, bem como nas pontas dos seus altares. Os seus filhos lembram dos altares dos falsos deuses, debaixo das grandes árvores, no alto dos montes e sobre as montanhas do campo. Por isso, vou entregar aos inimigos as riquezas e tesouros do povo de Judá; eu os darei como despojo. Eles dominarão sobre a terra, inclusive os montes onde vocês pecaram, em todo o país; esse vai ser o castigo pelo pecado do povo. Vocês mesmos serão culpados de perder a maravilhosa herança que eu lhes dei. Vocês serão levados como escravos dos seus inimigos para uma terra estranha e distante, pois acendeu-se a minha ira, e ela vai queimar para sempre”. Assim diz o Senhor: “Maldito é o homem que confia nas suas próprias forças e na capacidade humana, afastando o seu coração do Senhor. Ele será como uma pequena árvore seca no meio do deserto. A sua vida será como o deserto de Judá, seco e salgado, uma terra onde ninguém é capaz de viver. A verdadeira felicidade passa muito longe dele! “Mas o homem que confia no Senhor, que colocou no Senhor toda a sua esperança, esse sim é muito feliz! A sua vida é cheia de bênçãos. Ele será como uma árvore plantada à beira de um rio; as suas raízes entram profundamente na terra, em direção à água. Por isso, ele não se incomodará com o calor, e suas folhas continuam sempre verdes; mesmo no tempo da seca ele não fica ansioso, nem deixa de produzir frutos. O coração é mais mentiroso e traiçoeiro que qualquer outra coisa; o coração do homem é terrivelmente cheio de maldade. Não há ninguém capaz de saber até que ponto é mau e pecador o coração humano! Somente o Senhor sabe! Ele examina cuidadosamente o coração e os pensamentos do homem para dar a cada um a justa recompensa, de acordo com a sua conduta e de acordo com as suas obras”. O homem que consegue muitas riquezas com a desonestidade é como a perdiz que choca ovos de outros pássaros. Quando os filhotes crescerem, eles a abandonarão, assim também as riquezas do homem desonesto desaparecerão, e no final ele não passará de um tolo. Um trono glorioso, exaltado desde o princípio, é o lugar do nosso templo. Ó Senhor, esperança de Israel, quem o abandona acabará na maior desgraça; quem se afasta do Senhor será levado embora, como palavras escritas no pó. Tudo isso porque abandonaram o Senhor, a fonte das águas vivas. Ó Deus, só o Senhor pode me curar, somente o Senhor pode me salvar. Por isso, eu louvo apenas o Senhor! O povo zomba de mim e pergunta: “Como é, Jeremias? Onde estão as ameaças que você anda fazendo em nome do Senhor? Quando elas vão ser cumpridas?” Senhor, eu não desobedeci às suas ordens e me tornei profeta; mas não estou torcendo para o meu povo ser castigado com tanto sofrimento. Tudo que anunciei ao povo é do seu conhecimento. Senhor, não seja para mim motivo de pavor! O Senhor é minha única esperança no dia da desgraça. Castigue essa gente que deseja me matar; faça cair sobre eles a vergonha e a desgraça que desejam para mim. Apresse sobre eles o dia da desgraça; dê a todos eles um castigo dobrado! Então o Senhor me respondeu: “Vá e fique junto à porta do Povo, ao portão por onde os reis entram e saem da cidade. Depois faça o mesmo junto de cada portão de Jerusalém e anuncie ao povo: Ouçam a palavra do Senhor, reis de Judá e todo o povo de Judá e habitantes de Jerusalém, vocês que passam por estas portas”. Assim diz o Senhor: “Se vocês amam suas próprias vidas, não façam comércio no dia de sábado! Não levem cargas nem passem pelas portas de Jerusalém no dia de sábado. Não façam trabalho algum; não levem carga alguma para fora de casa, mas separem para o Senhor o dia de sábado, como dia santo, como ordenei aos seus pais. Mas eles não me deram ouvidos. Foram teimosos e desobedientes, não quiseram ser ensinados por mim. Mas, se vocês me obedecerem”, diz o Senhor, “e deixarem de trabalhar no meu dia de descanso, não fizerem passar carga alguma pelas portas desta cidade no sábado, mas separarem o dia de sábado como dia consagrado, então esta nação continuará existindo. Sempre haverá reis, da família de Davi, assentados no trono de Judá; os reis e os príncipes marcharão pelas ruas e passarão pelos portões de Jerusalém, em belos cavalos e carruagens! Jerusalém será habitada para sempre. Virá gente de todas as partes de Judá, das cidades de Benjamim, das vilas próximas a Jerusalém e da Sefelá, das montanhas do Neguebe, para apresentar ofertas queimadas de animais e cereais. Eles trarão incenso e farão ofertas de gratidão, para louvar o Senhor no seu templo. Mas, se vocês não me obedecerem e continuarem a fazer comércio, a trazer mercadorias pelos portões, deixando de guardar o sábado como dia consagrado, vou pôr fogo nos portões de Jerusalém onde vocês negociam. Esse fogo vai se espalhar pelos palácios, e ninguém será capaz de apagar o incêndio!” Esta é outra mensagem que o Senhor mandou a Jeremias: “Desça à casa onde se fazem panelas e jarros de barro, porque lá vou falar com você”. Então fui à casa do oleiro que o Senhor me tinha indicado. Lá encontrei o oleiro trabalhando na sua roda. Mas o vaso de barro que ele estava formando não saiu do seu agrado; por isso amassou novamente o barro e começou a fazer um novo jarro conforme queria. Então o Senhor falou comigo: “Ó povo de Israel, por acaso não posso fazer com vocês a mesma coisa que este oleiro fez com o barro?”, pergunta o Senhor. “Como o barro está nas mãos do oleiro, assim vocês estão na minha mão, ó casa de Israel. Em qualquer momento, posso dizer que vou arrancar, derrubar ou destruir qualquer nação ou reino. Se esse povo se arrepender dos seus pecados e deixar de fazer maldades, eu não destruirei o país como tinha planejado. Por outro lado, se eu prometer tornar forte e poderosa uma nação, e ela se entregar ao pecado, desobedecendo às minhas ordens, então me arrependerei e não darei mais as bênçãos prometidas. “Por isso, Jeremias, diga ao povo de Judá e aos moradores de Jerusalém: Assim diz o Senhor: Estou planejando uma desgraça para vocês, um futuro de sofrimento, e não de paz; já estou preparando o meu castigo. Por isso, arrependam-se, abandonem os seus pecados e as suas maldades; voltem a fazer o bem e andem pelo caminho certo. Mas eles responderam: ‘Não perca seu tempo pedindo para mudarmos nossa maneira de viver! Não queremos viver sob as ordens de Deus; preferimos fazer o que o nosso próprio coração deseja, com toda nossa maldade e teimosia’ ”. Portanto, assim diz o Senhor: “Que coisa incrível! Nem os povos que adoram falsos deuses poderiam fazer uma coisa tão ruim assim! Que pecado horrível você cometeu, ó virgem Israel! Poderá desaparecer a neve nas encostas rochosas do Líbano? Poderão os riachos de água bem fria que descem pelas encostas do monte Hermom parar de fluir? São coisas dignas de confiança! Mas o meu povo não é; todos, todos eles se esqueceram de mim e agora adoram ídolos inúteis. Esses ídolos os fizeram tropeçar em seus caminhos, fazendo os israelitas andarem por caminhos cheios de perigos em estradas não aterradas. Por causa dessa adoração de falsos deuses, a terra de Israel ficará deserta e será tema de constante zombaria! Quem passar por ela, ficará chocado ao ver tamanha destruição, e balançarão a cabeça. Vou espalhar o povo de Israel pelo mundo, como o vento leste espalha a poeira do deserto. Quando eles estiverem sofrendo com o meu castigo, eu lhes mostrarei as costas, e não o meu rosto”. Então disseram: “Venham! Vamos nos livrar de Jeremias! Nós temos nossos próprios sacerdotes; eles poderão nos ensinar o certo e o errado. Nós temos sábios para nos dar conselhos e profetas para nos dizer o que vai acontecer. Vamos fechar a boca desse Jeremias para que não fale mais contra nós, nem nos aborreça”. Senhor, por favor, ajude-me! Veja o que meus acusadores estão dizendo! Será que o Senhor vai deixar essa gente pagar mal por bem? Eles preparam uma armadilha para mim. Lembre que compareci diante do Senhor, pedindo para não destruir o povo na sua ira, pedindo o bem para toda essa gente! Mas agora, Senhor, eu peço: Entregue os filhos deles à fome e também à espada! Que as suas mulheres se transformem em viúvas; faça com que percam também os seus filhos! Morram os maridos de peste e os filhos à espada na batalha! Faça essa gente gritar de terror quando bandos de inimigos entrarem por suas casas, porque eles planejaram a minha morte e prepararam armadilhas para me destruir. Mas Deus, o Senhor, conhece bem os planos que eles traçaram para me matar. Não perdoe os seus crimes nem apague os seus pecados diante dos seus olhos! Castigue esse povo com toda a sua ira! Assim diz o Senhor: “Compre um vaso de barro de um oleiro; chame alguns líderes do povo e sacerdotes e vá ao vale de Hinom, perto da porta do Oleiro. Lá você deve anunciar as palavras que eu lhe falar”. Diga: Ouçam a palavra do Senhor, reis de Judá e moradores de Jerusalém! Assim diz o Senhor Todo-poderoso, o Deus de Israel: “Vou trazer um terrível castigo sobre este lugar; quem ouvir o que aconteceu a Jerusalém vai sentir os ouvidos zumbirem. Porque esse povo me abandonou e fez deste vale um lugar vergonhoso. Aqui eles queimavam incenso a ídolos, a falsos deuses, que os antigos israelitas e os primeiros reis de Judá jamais adoraram. Eles encheram este vale com o sangue de inocentes! Construíram nos montes altares dedicados ao deus Baal para queimarem seus filhos como sacrifício oferecido a Baal, um pecado tão horrível que eu não seria capaz de imaginar, quanto mais ordenar! Mas está chegando o dia”, diz o Senhor, “em que este vale não será mais chamado Tofete, nem vale de Hinom, mas vale da Matança. “Aqui os planos de defesa de Judá e de Jerusalém irão por água abaixo. Aqui os soldados de Judá serão mortos pelos inimigos, pelas mãos daqueles que os perseguem, e os corpos ficarão espalhados sobre a terra para serem comidos pelas aves e pelas feras. Vou riscar esta cidade do mapa e ela vai virar alvo de zombaria; quem passar por aqui vai abrir a boca de espanto ao ver a desgraça que eu trouxe sobre esta cidade. Farei o inimigo cercar Jerusalém por tanto tempo que a comida e a água acabarão. Então os moradores de Jerusalém começarão a comer os seus próprios filhos e filhas, cada um comerá a carne do seu próximo. “Então quebre o vaso de barro à vista de todos esses homens que vieram com você, e diga a eles o seguinte: Assim diz o Senhor Todo-poderoso: Vou quebrar esta cidade e seu povo em pedaços, como se quebra um vaso de oleiro! E, da mesma maneira como é impossível restaurar este vaso, será impossível restaurar este povo e esta cidade. A matança será tão horrível que não será possível enterrar os mortos; os corpos serão até mesmo enterrados em Tofete. Assim farei a Jerusalém e aos seus moradores”, declara o Senhor, “farei que ela fique como o vale de Tofete, um lugar imundo e nojento. Eu mesmo farei isso acontecer. Eu mesmo encherei as casas de Jerusalém de gente morta. Eu mesmo vou deixar impuras as casas de Jerusalém, inclusive os palácios, como o vale de Tofete; sim, todas as casas em cujos terraços os moradores de Jerusalém queimaram incenso às estrelas e derramaram vinho como oferta a seus ídolos ficarão cheias de cadáveres”. Quando Jeremias voltou do vale de Tofete, onde o Senhor mandou que ele profetizasse, foi ao pátio do templo do Senhor e de lá disse a todo o povo: Assim diz o Senhor Todo-poderoso, o Deus de Israel: ‘Ouçam! Vou trazer sobre esta cidade e sobre as vilas ao seu redor todas as desgraças que prometi, porque vocês se recusaram a ouvir e obedecer as minhas palavras’ ”. Quando o sacerdote Pasur, filho do sacerdote Imer, responsável pelo templo do Senhor, ouviu Jeremias anunciando essas coisas, mandou prender o profeta. Jeremias foi espancado e amarrado ao tronco que estava junto à porta Superior de Benjamim, no templo do Senhor. Pasur deixou Jeremias preso ao tronco durante toda a noite. Na manhã seguinte, quando Pasur mandou soltá-lo do tronco, Jeremias lhe disse: “O Senhor já não o chama de Pasur. Ele mudou o seu nome; de hoje em diante o seu nome será ‘O Homem Cercado de Terror por Todos os Lados’. Pois assim diz o Senhor: ‘Farei que você seja um terror para você mesmo e para todos os seus amigos: você verá cada um deles morrer à espada pelos seus inimigos. Entregarei todo o povo de Judá nas mãos do rei da Babilônia. Esse rei levará o povo para a Babilônia como escravo e matará outros. Eu entregarei nas mãos dos inimigos todas as riquezas de Jerusalém; toda a sua produção, todas as coisas de valor e os tesouros ajuntados pelos reis de Judá: o ouro, a prata e as pedras preciosas. Levarão tudo isso como despojo para a Babilônia. E quanto a você, Pasur, será levado como escravo para a Babilônia, com toda a sua família. Lá vocês vão morrer e serão enterrados, você e todos os seus amigos a quem você anda profetizando mentiras’ ”. Ó Senhor, o Senhor me convenceu a ser profeta, e eu aceitei pensando que seria protegido. O Senhor foi mais forte do que eu e me obrigou a anunciar suas palavras. E veja o resultado! Hoje toda a população de Jerusalém zomba de mim, caçoando o dia inteiro! Sempre que falo é para gritar, anunciando castigo e destruição. Por causa disso, todos zombam de mim, e já não posso sair à rua sem ser desprezado! E apesar de tudo isso, não posso deixar de falar. Se eu digo: ‘Não mencionarei nem mais falarei em seu nome’, as suas palavras queimam como fogo no meu coração e nos meus ossos; estou exausto tentando contê-lo; já não posso aguentar mais! Por todos os lados, gente me ameaça, dizendo baixinho: “Há terror por todos os lados!” E dizem: “Acusem Jeremias! Vamos denunciá-lo!” Até meus amigos íntimos estão esperando que eu cometa algum erro. Eles dizem: “Ele vai cair na sua própria armadilha, e então nos vingaremos dele!” Mas o Senhor está ao meu lado, como um guerreiro valente e forte! Por isso os planos dos meus inimigos falharão, e eles não conseguirão me destruir. Em vez disso, eles é que serão envergonhados e desprezados, e ficarão marcados para sempre; ninguém vai esquecer a desgraça deles. Ó Senhor Todo-poderoso, o Senhor sabe quem é justo e conhece bem os pensamentos e emoções de todos os homens. Permita que eu veja o seu castigo sobre essa gente, porque eu entreguei minha vida nas suas mãos. Cantem ao Senhor! Louvem o Senhor! Porque ele livra o pobre do poder dos maus. Maldito seja o dia em que eu nasci! Nunca se diga que o dia em que minha mãe me deu à luz foi um dia abençoado. Maldito o homem que disse a meu pai: “Nasceu! É um menino!” Tomara que esse homem seja destruído como as antigas cidades que o Senhor destruiu, sem dó nem piedade. Que ele viva cheio de medo, ouvindo barulho de guerra ao meio-dia! Por que Deus não me matou enquanto eu ainda estava no ventre da minha mãe? Por que o ventre de minha mãe não foi também a minha sepultura? Por que ela não permaneceu grávida perpetuamente? Afinal, por que saí do ventre materno? Toda a minha vida foi só sofrimento e tristeza; e agora, de dia e de noite, eu passo vergonha em toda parte! Certa ocasião, o rei Zedequias mandou Pasur, filho de Malquias, e o sacerdote Sofonias, filho de Maaseia, pedirem o seguinte ao profeta Jeremias: “Peça ao Senhor para nos ajudar. Nabucodonosor, rei da Babilônia, está nos atacando! Quem sabe o Senhor não faria novamente um de seus grandes milagres, obrigando Nabucodonosor a nos deixar em paz”. Então Jeremias respondeu: “Digam a Zedequias: Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: ‘Hoje vocês estão combatendo os exércitos de Nabucodonosor fora de Jerusalém, mas eu vou obrigar seus soldados a recuar! Eles não conseguirão deter o avanço dos caldeus e acabarão cercados em Jerusalém, lutando dentro dos muros da cidade. Eu mesmo vou lutar contra vocês, com meu grande poder, com ira, indignação e grande furor. Vou encher Jerusalém com uma terrível epidemia; os moradores e os animais morrerão dessa epidemia. Depois de tudo isso’, declara o Senhor, ‘entregarei Zedequias, rei de Judá, os seus servos e todo o povo que conseguir escapar da guerra, da fome e da peste, nas mãos de Nabucodonosor, rei da Babilônia, nas mãos dos inimigos deles e daqueles que querem tirar-lhes a vida. Nabucodonosor não vai ter piedade nem misericórdia de ninguém; mandará matar muita gente à espada’. “Digam a esse povo: Assim diz o Senhor: ‘Vocês têm uma escolha a fazer: o caminho da vida e o caminho da morte! Quem vier se proteger em Jerusalém, acabará morrendo pela espada, pela fome ou pela peste. Mas quem sair de Jerusalém e se render aos exércitos caldeus que cercam a cidade, viverá; este escapará com vida. Estou firmemente decidido a fazer o mal e não o bem a esta cidade’, diz o Senhor. ‘Sou inimigo de Jerusalém e entregarei a cidade nas mãos do rei da Babilônia. Jerusalém será queimada de alto a baixo, de um lado ao outro’. “E este é o aviso do Senhor ao rei de Judá e à família real: Ouçam o que diz o Senhor! Ó dinastia de Davi, assim diz o Senhor: “ ‘Comecem imediatamente a fazer justiça; não deixem mais o pobre ser explorado pelo rico. Se vocês não fizerem isso, o fogo da minha ira vai se acender por causa dos seus terríveis pecados, um fogo que ninguém será capaz de apagar! Eu vou lutar contra Jerusalém, contra você que está entronizada acima deste vale no planalto rochoso’, declara o Senhor. ‘Vou lutar contra esse povo que diz: Estamos seguros aqui. Quem seria capaz de chegar até aqui para nos atacar? Eu mesmo vou castigar todos vocês por causa de todas as suas obras’, diz o Senhor. ‘Esta cidade vai ser como uma floresta em chamas; o fogo que vou acender vai consumir tudo o que está ao seu redor’ ”. Assim diz o Senhor: “Vá ao palácio real e, na presença do rei, anuncie esta mensagem: ‘Escute bem as palavras do Senhor, ó rei de Judá, que está assentado no trono de Davi! Escutem todos vocês, servos do rei! Escute você também, povo que passa por estas portas’ ”. Assim diz o Senhor: “Sejam honestos e justos! Não deixem o pobre ser explorado pelo rico! Não maltratem os estrangeiros, cuidem dos órfãos e das viúvas! Parem imediatamente de derramar sangue inocente neste lugar! Se vocês cumprirem minha ordem, então os reis que se assentarem no trono de Davi entrarão pelas portas deste palácio com suas belas carruagens e cavalos, junto com seus oficiais e com o povo. “Mas, se vocês não me obedecerem, juro por mim mesmo”, diz o Senhor, “que este palácio será transformado num monte de ruínas”. E esta é a mensagem do Senhor a respeito do palácio do rei de Judá: “Para mim, você é belo e precioso como os campos de Gileade e as florestas do Líbano, mas eu o destruirei; você ficará reduzido a um monte de ruínas desertas e vazias. Já escolhi os homens que vão destruir você; eles trarão as ferramentas, arrancarão as belas tábuas de cedro e as lançarão no fogo. “Pessoas de vários povos passarão por aqui e perguntarão uns aos outros: ‘Por que o Senhor fez isso? Por que destruiu completamente esta grande cidade?’ E a resposta será: ‘Porque os moradores desta cidade não cumpriram a aliança que tinham feito com o Senhor, o seu Deus, e adoraram e serviram outros deuses’ ”. Não chorem pelo rei morto, nem lamentem a sua perda! Chorem amargamente, porém, pelo rei que está sendo levado prisioneiro para o exílio, porque ele nunca mais verá o seu país, não voltará jamais à sua terra natal. Isto é o que o Senhor diz a respeito de Jeoacaz, que se tornou rei em lugar de seu pai, Josias, e foi arrancado do trono: “Ele nunca mais voltará. Morrerá na terra para onde foi levado como escravo; nunca mais verá esta terra. “Ai daquele que constrói o seu belo palácio e está obrigando homens a trabalhar como escravos. Você não dá aos trabalhadores o salário, e assim cada parede está cheia de injustiça, cada quarto está cheio de violência e exploração. Ele pensa consigo mesmo: ‘Vou construir um palácio magnífico, com salas espaçosas e janelas amplas. Vou revestir as paredes com tábua de cedro e pintar as salas de vermelho’. “Mas um belo palácio não faz um bom rei! Sua nova casa pode ter tanto cedro quanto o antigo palácio, mas isso não vai firmar o seu reino. Você sabe por que seu pai teve um reinado longo e abençoado por Deus? Porque foi um rei justo e bondoso! Ele cuidou dos pobres e resolveu os problemas dos necessitados. Por isso, tudo correu bem para ele. Não é isso que significa conhecer-me?”, diz o Senhor. “Mas você só pensa em ajuntar riquezas e para isso faz planos desonestos. Você derrama sangue inocente, explora os pobres e arranca dinheiro de quem já não tem mais nada para dar”. Por causa disso, esta é a ordem do Senhor acerca de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá: “Ninguém vai chorar de tristeza quando ele morrer. Não clamarão: ‘Ah, meu irmão’ ou ‘Ah, minha irmã!’ Nem lamentarão, dizendo: ‘Ah, meu senhor!’ ou ‘Ah, meu rei!’ Ele será enterrado como se enterra um jumento: Seu corpo será arrastado pelas ruas de Jerusalém e jogado fora dos portões de Jerusalém. “Jerusalém, chore de desespero porque todos os seus antigos aliados desapareceram! Suba as montanhas do Líbano e grite por eles! Seja ouvida a sua voz em Basã! Vá às montanhas de Abarim e chame seus amigos! Todos eles foram esmagados! Quando você era rica e vivia em paz, eu a adverti dos perigos, mas você respondeu: ‘Não me aborreça!’ Esse sempre foi seu procedimento desde que você ainda era uma cidade jovem; você nunca quis me ouvir. Agora, de repente, todos os seus governantes serão levados pelo vento; as nações aliadas irão para o exílio como escravas. Dentro em breve, com certeza, você também será envergonhada e humilhada por causa de toda a sua maldade! Você, que está entronizada no Líbano, que vive à vontade no luxo de um palácio coberto de cedro, vai gemer e gritar de sofrimento e de dor como uma mulher que está para dar à luz! “Juro pelo meu nome”, diz o Senhor, “que ainda que você, Conias, filho de Jeoaquim, rei de Judá, fosse um anel com que eu selo as minhas ordens, eu o arrancaria e jogaria fora. Ouça bem, Conias! Eu vou entregar você nas mãos daqueles que querem tirar a sua vida, daqueles que você teme, nas mãos de Nabucodonosor, rei da Babilônia, e dos exércitos caldeus. Você e sua mãe, a mulher que o deu à luz, serão expulsos para uma terra distante, onde vocês não nasceram, e lá morrerão. Jamais voltarão a esta terra, da qual tanto gostam”. Conias não passa de um vaso desprezível e quebrado, jogado fora, que ninguém mais quer! Ele e seus descendentes serão expulsos e levados para longe, para uma terra que não conhecem. Ó terra, terra, terra, ouça a palavra do Senhor! Assim diz o Senhor: Quando for feita a contagem do povo de Judá, Conias deve ser registrado como um homem que não teve filhos. A sua vida não valeu nada, e a dos seus descendentes também não vai valer. Por isso, nenhum deles vai se assentar no trono de Davi, para reinar em Judá. O Senhor declara: “Vou castigar severamente os líderes do meu povo — os pastores das minhas ovelhas — porque espalham e destroem as ovelhas do meu pasto!” Portanto, assim diz o Senhor, o Deus de Israel, a esses maus pastores que dirigem o povo de Judá: “Vocês espalharam e expulsaram o meu rebanho, e não cuidaram das ovelhas. Por causa disso, eu mesmo vou cuidar para que vocês sejam castigados por essa grande maldade. Eu mesmo recolherei os remanescentes do meu rebanho. Irei buscar as minhas ovelhas em todas as terras para onde os expulsei e trarei cada uma das ovelhas à sua pastagem. Elas terão muitas crias, e o meu rebanho vai crescer bastante. Eu escolherei bons pastores para cuidar das ovelhas e lhes dar alimento. Nunca mais sentirão medo, nem ficarão espantadas. E os novos pastores não deixarão que nenhuma ovelha se perca”, diz o Senhor. “Está para chegar o dia”, diz o Senhor, “em que farei brotar um ramo justo da família de Davi. Ele será rei e governará com justiça e sabedoria, e no seu reinado a justiça se espalhará por toda a terra. Quando ele reinar, Judá será salvo e Israel viverá em perfeita paz; e todos vão chamá-lo pelo seu nome: O Senhor é a Nossa Justiça. “Vai ser exatamente nessa época que quando alguém fizer uma promessa ou um juramento não dirá: ‘Juro pelo nome do Senhor, que trouxe os israelitas do Egito’; em vez disso, dirá: ‘Juro pelo nome do Senhor, que trouxe de volta os israelitas da terra do Norte e de todas as nações para onde os expulsou’, para morarem em sua própria terra. O meu coração está quebrado por causa dos falsos profetas. Todo o meu corpo treme; eu ando aos tropeções, como um bêbado vencido pelo vinho por causa do Senhor e por causa das suas santas palavras. Esta terra está cheia de adúlteros, e, por causa da maldição de Deus, a terra chora. As pastagens estão secas porque os profetas fazem o mal e usam seu poder de maneira errada. “E não são apenas os profetas! Os sacerdotes fazem a mesma coisa. Já vi as imoralidades que eles cometem dentro do meu templo”, diz o Senhor. “Por isso a vida deles será como andar no escuro, sobre um terreno onde se escorrega facilmente; eles serão perseguidos pelo inimigo e cairão, porque eu mesmo vou colocar muito sofrimento e desgraça em suas vidas. Quando chegar a hora certa, darei a eles o justo castigo por todos os seus pecados”, diz o Senhor. “Eu vi o pecado dos profetas de Samaria: Eles profetizavam em nome de Baal e fizeram Israel, meu povo, pecar contra mim. Entre os profetas de Jerusalém vi algo horrível: Eles traem as esposas e vivem uma mentira. Apoiam quem pratica a maldade, em vez de fazer os pecadores se arrependerem de seus pecados. Esses falsos profetas são, para mim, tão pecadores como os moradores de Sodoma; e o povo de Jerusalém é como os moradores de Gomorra”. Por isso, assim diz o Senhor Todo-poderoso a respeito dos profetas: “Farei com que comam comida estragada e bebam água envenenada. Foi por causa desses profetas de Jerusalém que a terra ficou infestada pelo pecado”. Assim diz o Senhor Todo-poderoso: “Não acreditem nas profecias desses falsos profetas; não alimentem falsas esperanças. O que eles anunciam para o futuro não passa de visões que tiveram por conta própria; elas não vêm da boca do Senhor. Àqueles que desprezam a palavra do Senhor, eles afirmam: ‘O Senhor disse que vocês viverão em perfeita paz!’ Aos pecadores teimosos, que me desobedecem e fazem sua própria vontade, eles prometem: ‘A desgraça não cairá sobre vocês’. Mas quem pode me dizer o nome de um, de pelo menos um, desses falsos profetas que ande bem perto do Senhor para ver ou ouvir a sua palavra? Qual deles obedece ao Senhor quando ele fala? O Senhor vai mandar uma tempestade! Na sua fúria ele vai mandar um vendaval contra esses homens perversos. A ira do Senhor não vai passar até que ele tenha cumprido totalmente os seus planos; quando o castigo chegar, vocês entenderão perfeitamente! Não enviei nenhum desses profetas, mas eles saíram correndo, dizendo que foram mandados por mim. Eu não falei com eles, mas eles profetizam em meu nome. Se eles fossem meus profetas, conheceriam a minha vontade. Anunciariam as minhas palavras ao meu povo, tentariam fazer o meu povo se arrepender dos seus pecados e deixar os seus maus atos. “Por acaso eles acham que não sou capaz de ver o que fazem? Será que pensam que estou apenas em um lugar? Haverá alguém que possa se esconder de mim? Será que eles não sabem que eu estou em todos os lugares do universo?”, pergunta o Senhor. Ouço cada dia as mentiras desses profetas. Eles dizem: ‘Escutem só o sonho que o Senhor me deu esta noite’ e assim mentem em meu nome. Até quando isso vai continuar? Até quando esses profetas continuarão a profetizar mentiras e as ilusões que eles mesmos inventam? Espalhando esses sonhos uns aos outros, eles procuram fazer o meu povo se esquecer de mim, como seus pais esqueceram o meu nome por causa de Baal. Quem tiver um sonho, diga que foi apenas um sonho. Mas quem ouvir a palavra do Senhor, anuncie a minha palavra com fidelidade! Pois o que tem a palha a ver com o trigo?”, pergunta o Senhor. “Não é a minha palavra como fogo”, pergunta o Senhor, “como um martelo que quebra a pedra mais dura?” “Por isso, vou lutar contra os profetas que roubam as palavras uns dos outros e as anunciam como se fossem a minha mensagem. Serei o inimigo dos profetas que espalham por toda parte suas próprias palavras e dizem: ‘Foi o Senhor quem disse isso!’ Vou castigar esses homens que fazem profecias baseadas em sonhos mentirosos”, diz o Senhor, “que espalham suas mentiras e ilusões e fazem o meu povo cometer pecado. Falam com muito orgulho, mas nunca mandei esses homens profetizarem; nunca dei ordem para falarem em meu nome. Tudo o que eles falaram não trouxe benefício algum ao meu povo”, diz o Senhor. “Por isso, Jeremias, quando uma pessoa qualquer ou um desses profetas, ou até mesmo um sacerdote perguntar: ‘Quais são as más notícias que o Senhor manda hoje?’, você deve responder: ‘Vocês são as más notícias! Eu os abandonarei!’, diz o Senhor. “Se um profeta ou um sacerdote ou alguém do povo afirmar: ‘Esta é a mensagem do Senhor ’, eu castigarei esse homem e toda sua família. Em vez disso cada um devia perguntar aos seus amigos ou parentes: ‘O que foi que o Senhor respondeu? Qual foi a resposta do Senhor?’ Mas nunca mais devem dizer estas palavras: “Essas são as más notícias do Senhor ”. Quem falar assim, eu farei com que o meu castigo caia sobre ele mesmo. Vocês estão torcendo o sentido das minhas palavras, as palavras do Deus vivo, do Senhor Todo-poderoso, do nosso Deus. Quem falar com Jeremias, deve perguntar: ‘O que foi que o Senhor disse? Que resposta ele deu a você?’ Mas, se vocês insistirem em dizer: ‘Estas são as más notícias do Senhor para hoje’ ”, assim diz o Senhor: “Vocês dizem: ‘Estas são as más notícias do Senhor para hoje’, depois que proibi vocês de usarem essa expressão. Por isso eu os castigarei. Jogarei vocês para longe da minha presença. Além disso, destruirei esta cidade que dei a vocês e aos seus antepassados. Trarei sobre vocês a eterna vergonha; a sua desgraça nunca mais será esquecida”. Depois que Nabucodonosor levou para o exílio na Babilônia a Jeconias, filho de Jeoaquim, rei de Judá, os príncipes de Judá e os melhores artesãos e ferreiros, o Senhor me deu a seguinte visão: dois cestos cheios de figos estavam postos diante do templo em Jerusalém. Um dos cestos estava cheio de figos bons, maduros e bonitos, de dar água na boca! O outro também estava cheio, mas os figos eram feios, estavam estragados e não serviam para comer. Então o Senhor me perguntou: “O que você está vendo, Jeremias?” Eu respondi: “Figos. Alguns são muito bons, mas os ruins são tão ruins que não podem ser comidos”. Então o Senhor me falou o seguinte: “Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Os figos bons representam o povo que expulsei daqui e foi levado preso para a Babilônia. Eu mesmo os mandei para lá, para o seu próprio bem! Cuidarei deles com muito amor e os trarei de volta à terra de onde foram levados. Eu os ajudarei a crescer, em vez de castigar com a destruição. Eles serão plantados como árvores, e não os arrancarei. Darei a todos eles corações que saibam me reconhecer como Senhor. Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus, porque voltarão a me obedecer de todo o coração. “Mas esses figos ruins, os estragados”, diz o Senhor, “representam Zedequias, rei de Judá, os seus príncipes, o restante do povo que ficou em Jerusalém e os que fugiram para o Egito. Eles serão desprezados por todos os povos. Aonde forem, sofrerão vergonha e zombaria; serão malditos em todos os lugares por onde eu os espalhar. Serão mortos na guerra; morrerão de fome e de doença. Mandarei essas coisas, até que sejam eliminados da terra que dei a eles e aos seus antepassados”. No quarto ano do reinado de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá, Jeremias recebeu esta mensagem para transmitir a todo o povo de Judá. Foi exatamente nesse ano que Nabucodonosor começou a reinar na Babilônia. O profeta Jeremias anunciou a mensagem a todo o povo de Jerusalém e de Judá, e disse: “Durante vinte e três anos, desde o décimo terceiro ano do reinado de Josias até hoje, o Senhor vem me revelando a sua palavra. E durante todo esse tempo, diariamente, desde a madrugada, eu anuncio a todos vocês o que o Senhor me revela. Mas vocês nunca me deram ouvidos. “E isso não vem de hoje! Há muitos e muitos anos que Deus manda seus servos, os profetas, mas vocês também não deram ouvidos a eles; aliás, vocês nunca quiseram ouvir, quando eles disseram: ‘Abandonem esse caminho mau e os pecados que vocês vêm cometendo! Essa é a única maneira de vocês continuarem vivendo na terra que o Senhor deu a vocês e a seus pais, desde os seus antepassados para sempre. Não provoquem a minha ira, adorando e servindo outros deuses ou adorando os ídolos que vocês mesmos fizeram. Se vocês forem fiéis a mim, não trarei nenhuma desgraça sobre vocês’. “ ‘Mas vocês nunca me ouviram”, diz o Senhor, ‘mas preferiram provocar a minha ira, adorando suas imagens. Com isso, vocês mesmos causaram todo o mal que hoje estão sofrendo’. “Por isso, assim diz o Senhor Todo-poderoso: ‘Já que vocês não quiseram me obedecer, vou trazer os exércitos dos povos do Norte e o meu servo Nabucodonosor, rei da Babilônia’, diz o Senhor, ‘e os trarei para marchar contra esta terra, os seus moradores e contra todas as nações vizinhas. Eu destruirei completamente essas nações. Farei de vocês e de seus vizinhos motivo de pavor e zombaria! Serão um monte de ruínas para sempre. Acabarei com a sua felicidade, com as canções alegres e as conversas felizes e carinhosas entre os noivos. Não vai se ouvir mais o som das mulheres moendo o cereal, e à noite todas as casas ficarão escuras. Esta terra virá a ser uma terra deserta e causará espanto a quem passar por aqui. Israel e as nações vizinhas servirão ao rei da Babilônia durante setenta anos. “ ‘E então, depois de setenta anos de escravidão, castigarei o rei e o povo da Babilônia por causa de seus pecados. A terra dos babilônios ficará sendo um monte de ruínas para sempre’, diz o Senhor. ‘Cumprirei todas as ameaças que eu fiz às nações e que Jeremias escreveu neste livro e profetizou contras todas as nações. Os próprios caldeus serão escravos de muitas outras nações e reis. Como fizeram com o meu povo, assim farão com eles. É assim que vou retribuir conforme as suas ações e maldades’ ”. Assim me disse o Senhor, o Deus de Israel: “Tome este cálice que está na minha mão. Ele está cheio até a borda com o vinho da minha ira, e faça com que todas as nações a quem eu o enviar bebam desse cálice. Beberão e andarão aos tropeções como bêbados, por causa dos golpes mortais que farei cair sobre elas”. Então peguei o cálice do furor da ira da mão do Senhor. Levei-o a todas as nações às quais o Senhor me tinha enviado, e cada uma delas bebeu do cálice: Fui a Jerusalém e às cidades de Judá; o rei e os príncipes beberam do cálice, e por isso o país está hoje destruído e vazio. Quem passa por aqui fica chocado com a maldição e zombaria que se vê hoje. Fui a faraó, rei do Egito, e lá beberam do cálice, faraó, seus príncipes, seus líderes e todo o povo. Também beberam os estrangeiros que lá habitam: todos os reis de Uz, os reis dos filisteus — das cidades de Ascalom, Gaza, Ecrom e o que restou de Asdode; os reis de Edom, Moabe e Amom, os reis de Tiro e de Sidom; os reis das terras que ficam do outro lado do mar; de Dedã, Temá e Buz e todos os que rapam a cabeça; e os reis da Arábia e todos os reis das tribos que vivem no deserto; todos os reis de Zinri, de Elão e da Média; e todos os reis das terras do Norte, dos reinos próximos e distantes, um após o outro; e de todas as nações da face da terra. Finalmente, levei a taça ao rei da Babilônia. Diga a todos esses reis o seguinte: ‘Assim diz o Senhor Todo-poderoso, o Deus de Israel: Bebam desse cálice! Bebam até ficarem embriagados, vomitem e caiam para nunca mais se levantar por causa da espada que vou enviar no meio de vocês. Mas se eles não quiserem beber do cálice, diga-lhes: Assim diz o Senhor Todo-poderoso: Vocês serão obrigados a beber! Começo o meu castigo pela cidade que leva o meu próprio nome. Por que vocês pensam que vão escapar impunes do sofrimento? Não, vocês não conseguirão escapar do meu castigo! Estou trazendo a espada contra todos os habitantes desta terra’, diz o Senhor Todo-poderoso. “Por isso, Jeremias, profetize todas essas palavras contra essas nações, dizendo: “O Senhor vai rugir do alto, da sua santa morada; ruge poderosamente contra todos os moradores da terra. Ele vai gritar como os homens que amassam as uvas nos tanques. Esse grito de ameaça do Senhor será ouvido em todos os cantos da terra porque o Senhor vai julgar toda a humanidade: ele destruirá todos os pecadores”, diz o Senhor. Assim diz o Senhor: “Vejam! O castigo está se espalhando de uma nação para outra. Vejam como uma grande tempestade está se formando desde os confins da terra”. Naquele dia, as pessoas que o Senhor fizer morrer encherão todo o lugar, de um lado ao outro da terra. Ninguém vai chorar por elas; não haverá enterro para elas, mas servirão de adubo para a terra. Chorem e gritem de dor, vocês, pastores! Vocês, líderes do rebanho, arrastem-se no meio das cinzas. Chegou a sua vez de serem destruídos, esmiuçados como vasos de porcelana. Os pastores não encontrarão lugar para se esconderem. Não haverá salvação nem jeito de escapar para os chefes do rebanho. Ouçam os gritos desesperados dos pastores, o lamento dos chefes do rebanho, porque o Senhor está destruindo as suas pastagens. Os povos que hoje vivem em paz e segurança serão destruídos por causa do fogo da ira do Senhor. Ele saiu como um leão que deixa a sua toca à procura de alimento. A terra desses maus pastores será destruída pela espada do inimigo e por causa do fogo da ira do Senhor! No início do reinado de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá, o Senhor deu a seguinte ordem a Jeremias: “Assim diz o Senhor: Vá ao pátio do templo do Senhor e anuncie a todos os moradores das cidades de Judá que vêm ao templo do Senhor. Diga-lhes tudo o que eu lhe ordenar. Não deixe de falar uma palavra sequer. Quem sabe eles escutem e deixem os seus maus caminhos! Se isso acontecer, eu me arrependerei e não trarei o castigo que preparei para eles por causa de seus pecados. Diga a eles: Assim diz o Senhor: Se vocês não me escutarem nem obedecerem à minha lei que dei a vocês e se não derem importância às palavras dos meus servos, os profetas, que desde o início da história eu tenho enviado a vocês, embora vocês não tenham obedecido às suas palavras, eu destruirei este templo tal como destruí a tenda que servia de templo em Siló e farei desta cidade motivo de maldição entre todos os povos da terra”. Os sacerdotes, os profetas e todo o povo que estavam no templo do Senhor ouviram o que Jeremias falou. Quando Jeremias terminou de dizer ao povo tudo o que o Senhor tinha ordenado, os sacerdotes, os profetas e todo o povo o cercaram, o agarraram e gritaram: “Você vai morrer por causa disso! Vamos acabar com Jeremias! Com que direito você profetiza em nome do Senhor e afirma que este templo será destruído como ocorreu com o santuário de Siló?” E outros perguntavam agitados: “E que história é essa de que esta cidade será destruída e abandonada?” A essa altura, Jeremias estava cercado por uma furiosa multidão. Quando os líderes de Judá ouviram o que estava acontecendo, correram do palácio do rei para o templo do Senhor. Lá chegando, sentaram junto à porta Nova do templo do Senhor e formaram o tribunal. Então os sacerdotes e profetas acusaram Jeremias, diante dos líderes e da multidão, dizendo: “Este homem deve ser condenado à morte! É um traidor! Os senhores ouviram muito bem que ele profetizou a destruição de nossa cidade!” Depois, Jeremias falou a todos os líderes e a todo o povo: “O Senhor me mandou profetizar contra este templo e contra esta cidade. Ele mesmo me disse cada palavra que vocês ouviram! Agora, deixem seus caminhos errados, corrijam as suas ações e obedeçam ao Senhor, ao seu Deus. Então o Senhor se arrependerá do castigo que pronunciou contra vocês. Quanto a mim, estou em suas mãos. Façam comigo o que acharem certo, mas saibam de uma coisa: Se vocês me matarem, derramarão sangue inocente, e a culpa vai cair sobre vocês, sobre esta cidade e sobre os seus moradores. Foi o próprio Senhor quem me mandou dizer todas essas coisas que vocês ouviram”. Então os líderes e todo o povo disseram aos sacerdotes e aos profetas: “Este homem não deve ser condenado à morte. Ele falou conosco, em nome do Senhor, o nosso Deus”. Alguns líderes mais velhos e experientes pediram a palavra e disseram à multidão: “Esta é a decisão certa. No passado, quando Ezequias era o rei de Judá, o profeta Miqueias, da cidade de Moresete, disse o seguinte ao povo de Judá: ‘Assim diz o Senhor Todo-poderoso: Sião ficará limpo como um campo preparado para o plantio; Jerusalém vai se transformar num monte de casas destruídas, e o lugar do templo ficará coberto de mato! “Acaso o rei Ezequias e o povo mataram Miqueias? Ezequias não temeu o Senhor e não buscou ganhar o seu favor? E o Senhor não se arrependeu da desgraça que tinha dito que faria cair sobre eles? Se matarmos Jeremias porque ele anunciou o que o Senhor disse, vamos chamar uma terrível desgraça sobre nós!” Nessa mesma época, outro profeta do Senhor, chamado Urias, filho de Semaías, de Quiriate-Jearim, profetizou em nome do Senhor. Ele também profetizou contra esta cidade e contra esta terra, tal como Jeremias sempre anunciou. Quando o rei Jeoaquim, todos os seus nobres do palácio e os generais do exército ouviram o que ele andava dizendo, o rei ordenou a morte de Urias. Quando Urias ouviu, teve medo e fugiu para o Egito. O rei Jeoaquim, no entanto, mandou ao Egito um grupo de homens liderados por Elnatã, filho de Acbor, para prender Urias. Esse grupo prendeu o profeta e o trouxe de volta a Jerusalém, onde foi entregue ao rei, que o matou sem piedade, atravessando seu corpo com uma espada. Depois, jogaram o corpo do profeta numa cova qualquer. Aicam, filho de Safã, o secretário real, protegeu Jeremias, impedindo que ele fosse entregue ao povo para ser linchado. Esta mensagem do Senhor foi entregue a Jeremias no princípio do reinado de Zedequias, filho de Josias, rei de Judá: Assim diz o Senhor: “Faça uma canga e coloque-a sobre o seu pescoço. Amarre a canga com cordas de couro, como se amarra um boi para puxar o arado. Depois mande uma mensagem por meio de embaixadores aos reis de Edom, de Moabe, de Amom, de Tiro e de Sidom, levando a canga sobre o pescoço. Diga-lhes para levarem uma mensagem aos reis dos países que eles representam no palácio de Zedequias, rei de Judá, em Jerusalém. Diga a eles que esta é a mensagem que devem transmitir aos seus senhores: Assim diz o Senhor Todo-poderoso, o Deus de Israel: Eu criei a terra, os homens e os animais com o meu grande poder e com o meu braço estendido. Por isso posso entregar o que criei a quem eu quiser. Agora dou todos esses reinos a Nabucodonosor, rei da Babilônia — o homem que vai cumprir o meu plano. Todos os animais de seus países foram dados a ele, para seu uso. Todas as nações servirão a ele, a seu filho e a seu neto, até chegar a hora do castigo da Babilônia. Outros reis poderosos conquistarão aquela terra e farão dos caldeus seus escravos. “Submetam-se ao rei Nabucodonosor, sirvam a ele — coloquem seus pescoços debaixo da canga da Babilônia! Vou castigar com a guerra, a fome e a doença qualquer nação que se recusar a servir o rei da Babilônia! E esse castigo destruirá completamente a nação. Não confiem em seus profetas, nos adivinhos, nos seus intérpretes de sonhos, nos seus médiuns e astrólogos que afirmam que vocês não devem se sujeitar ao rei da Babilônia. Porque as suas profecias são mentiras! Se vocês acreditarem nessas mentiras, serão levados para longe de sua terra; eu banirei vocês, e vocês morrerão. Mas a nação que colocar o pescoço debaixo da canga do rei da Babilônia e a ela se sujeitar ficará em paz na sua própria terra, plantando e colhendo com toda a segurança”, diz o Senhor. Depois, repeti as mesmas palavras ao rei Zedequias, de Judá, dizendo-lhe: Coloque seu pescoço debaixo da canga do rei da Babilônia. Obedeça a ele e sirva os babilônios. Se o povo de Judá fizer isso, estará salvo da destruição. Para que morrer à toa? Para que enfrentar guerra, fome e doença que o Senhor prometeu a quem não obedecer e servir ao rei da Babilônia? Não deem ouvidos a esses profetas mentirosos que dizem: ‘Vocês não serão escravos do rei da Babilônia’. Eles estão profetizando mentiras. Não fui eu quem enviou esses profetas”, diz o Senhor. “Eles profetizam mentiras em meu nome. Se vocês acreditarem nisso, eu os expulsarei de seu país, e vocês morrerão numa terra distante, juntamente com os profetas que lhes estão profetizando”. Depois disso, ainda repeti a mesma coisa aos sacerdotes e a todo o povo: Assim diz o Senhor: “Não acreditem em uma palavra do que falam os seus profetas, que andam dizendo que em breve os tesouros do templo do Senhor, que foram levados para a Babilônia, serão trazidos de volta para Jerusalém. Isso é pura mentira”. Não percam tempo escutando esses profetas. Rendam-se ao rei da Babilônia e sirvam a ele; essa é a condição para vocês continuarem vivendo. Para que desobedecer e provocar a destruição de sua cidade? Se esses homens são profetas de verdade, se recebem suas mensagens do Senhor, que implorem ao Senhor Todo-poderoso que o restante dos tesouros do templo do Senhor, os objetos preciosos que sobraram no palácio do rei de Judá e em Jerusalém, não sejam levados para a Babilônia. Porque esta é a mensagem do Senhor Todo-poderoso acerca das colunas de bronze à entrada do templo, do grande tanque de bronze que ficava no pátio do templo, dos suportes e dos outros objetos usados nas cerimônias do templo, os quais Nabucodonosor, rei da Babilônia, não levou para sua terra quando prendeu Jeconias, filho de Jeoaquim, rei de Judá, e as pessoas nobres de Judá e Jerusalém. Assim diz o Senhor Todo-poderoso, o Deus de Israel, a respeito dos tesouros que restaram no templo do Senhor, no palácio real em Jerusalém: “Serão levados para a Babilônia e lá ficarão até o dia em que voltarem a ter importância para mim”, diz o Senhor. “Então os trarei de volta e os devolverei a este lugar”. Naquele mesmo ano, o quarto ano do reinado de Zedequias, no quinto mês, Hananias, filho de Azur, um profeta de Gibeom, se dirigiu a mim, publicamente, diante dos sacerdotes e de uma grande multidão, no pátio do templo, dizendo: “Assim diz o Senhor Todo-poderoso, o Deus de Israel: ‘Eu arranquei dos seus pescoços a canga da escravidão ao rei da Babilônia. Daqui a dois anos, trarei de volta a Jerusalém os objetos sagrados do templo do Senhor, que Nabucodonosor, rei da Babilônia, tirou daqui e levou para a sua terra. Também trarei de volta para este lugar Jeconias, filho de Jeoaquim, rei de Judá, e todos os exilados de Judá que foram levados presos para a Babilônia’, diz o Senhor, ‘pois quebrei a canga que o rei da Babilônia colocou sobre os seus pescoços’ ”. Mas Jeremias, o profeta, respondeu ao profeta Hananias diante dos sacerdotes e de todo o povo que estava no pátio do templo do Senhor: “Amém! Tomara que as suas palavras se cumpram! Espero que o Senhor faça exatamente o que você anunciou; que ele traga de volta os objetos sagrados do templo do Senhor, e todos os exilados que foram levados para a Babilônia. Mas agora, ouça bem o que eu vou dizer a você e a toda esta multidão: Os antigos profetas, que vieram antes de você e de mim, falaram contra muitas nações e anunciaram sempre três coisas: guerra, fome e doença. Por isso, o profeta que anuncia paz precisa esperar sua profecia se cumprir antes de ser considerado um profeta realmente enviado pelo Senhor ”. Então Hananias arrancou a canga do pescoço de Jeremias, quebrou-a e falou a toda a multidão: “Assim diz o Senhor: O Senhor promete que dentro de dois anos quebrará a canga da escravidão que Nabucodonosor, rei da Babilônia, colocou sobre o pescoço de todas as nações”. Diante disso o profeta Jeremias foi embora dali. Pouco tempo depois de Hananias ter quebrado a canga que Jeremias usava no pescoço, o Senhor mandou a seguinte mensagem a Jeremias: “Vá dizer a Hananias: Assim diz o Senhor: Você quebrou uma canga de madeira, mas em seu lugar eu farei uma canga de ferro. Assim diz o Senhor Todo-poderoso, o Deus de Israel: Eu mesmo colocarei uma canga de ferro no pescoço de todas essas nações para servirem como escravos a Nabucodonosor, rei da Babilônia. Até mesmo os animais selvagens darei a ele”. E Jeremias ainda disse a Hananias: “Escute bem, Hananias! O Senhor não enviou você como seu profeta; você enganou o povo, e agora todos acreditam em suas mentiras. Por isso, assim diz o Senhor: Você vai morrer. Ele vai acabar com a sua vida ainda este ano, porque você ensinou o povo a desobedecer ao Senhor ”. E, de fato, naquele mesmo ano, no sétimo mês, morreu Hananias. Jeremias escreveu uma carta. São estas as palavras da carta que Jeremias, o profeta, enviou de Jerusalém aos líderes que ainda restavam entre os exilados, aos sacerdotes, aos profetas e a todo o povo que o rei Nabucodonozor tinha levado para a Babilônia. Isso aconteceu depois que o rei Jeconias e a rainha-mãe, os nobres e as pessoas importantes do governo, os ferreiros e artesãos de Judá e Jerusalém, foram levados presos para a Babilônia. Jeremias enviou a carta por intermédio de Elasa, filho de Safã, e Gemarias, filho de Hilquias, ambos mensageiros do rei Zedequias, rei de Judá, a Nabucodonosor, rei da Babilônia. A carta dizia o seguinte: “Assim diz o Senhor Todo-poderoso, o Deus de Israel, a todo o povo exilado, que deportei de Jerusalém para a Babilônia: Construam casas e morem nelas. Plantem pomares e esperem, porque vocês vão comer os seus frutos. Casem-se e tenham filhos e filhas; escolham mulheres para os seus filhos e deem suas filhas em casamento para que também tenham filhos. Aumentem a população de Judá na Babilônia e não a diminuam. Trabalhem para a prosperidade e paz da cidade para a qual eu os deportei e orem em favor dela. Enquanto ela estiver em paz, vocês viverão em segurança. Porque assim diz o Senhor Todo-poderoso, o Deus de Israel: Não se deixem enganar pelos falsos profetas, os adivinhos; não deem atenção aos sonhos deles. Eles só vão dizer o que vocês têm vontade de ouvir. Eles estão profetizando mentiras em meu nome. Fiquem sabendo que eu não enviei esses homens como meus profetas, diz o Senhor. “Assim diz o Senhor: Vocês viverão na Babilônia por setenta anos! Depois que esse tempo passar, eu voltarei a lhes dar atenção. Cumprirei as minhas promessas e trarei vocês de volta para este lugar. Porque sou eu que conheço os meus planos sobre vocês, diz o Senhor, planos de bem; não são planos de sofrimento. Eu lhes darei aquilo que mais desejam: um futuro de paz em sua própria terra. Naqueles dias, vocês clamarão a mim, e eu ouvirei e responderei às suas orações. Vocês me procurarão e me encontrarão quando me procurarem de todo o coração. É verdade, diz o Senhor, vocês me encontrarão! Eu me deixarei ser encontrado por vocês, diz o Senhor. Vou mudar o rumo de suas vidas; reunirei todos vocês, espalhados entre todos os povos do mundo, e os trarei de volta à terra de onde os deportei, diz o Senhor. “Mas, vocês pensam: O Senhor escolheu alguns de nós aqui na Babilônia para serem nossos profetas, mas assim diz o Senhor sobre o rei que ocupa o trono de Davi e a respeito dos moradores que permanecem nessa cidade, seus patrícios que não foram com vocês para o exílio. Assim diz o Senhor Todo-poderoso: Vou mandar guerra, fome e doença contra eles; farei com eles o que se faz com figos ruins, que não se pode comer. Eu os perseguirei e espalharei com a guerra, a fome e a doença. Em todo o mundo eles serão símbolos de vergonha, terror e maldição; eles vão provocar espanto e zombaria entre as nações para onde os dispersei. Isso vai acontecer porque eles não deram atenção às minhas palavras, diz o Senhor, palavras que os meus servos, os profetas, anunciam desde o princípio da sua nação. Mas vocês não deram atenção, diz o Senhor. “Por isso, ouçam com atenção a mensagem do Senhor, todos vocês exilados, que deportei de Jerusalém para a Babilônia! Assim diz o Senhor Todo-poderoso, o Deus de Israel, a respeito de Acabe, filho de Colaías, e Zedequias, filho de Maaseias, que andam profetizando mentiras em meu nome, entre vocês: Eu os entregarei nas mãos de Nabucodonosor, rei da Babilônia. Ele vai executar esses homens em público, diante de todos vocês. Quando aqueles que foram levados exilados de Jerusalém para a Babilônia quiserem amaldiçoar alguém, dirão o seguinte: O Senhor faça com você o que fez com Acabe e Zedequias, que foram queimados vivos pelo rei da Babilônia. Porque esses dois homens fizeram coisas horríveis entre o meu povo em Israel: Cometeram adultério com as esposas de seus companheiros e espalharam mentiras em meu nome, profetizando falsamente. Eu conheço muito bem os seus atos, porque vi tudo que eles fizeram, diz o Senhor. “Diga o seguinte a Semaías, de Neelam, o sonhador: Assim diz o Senhor Todo-poderoso, o Deus de Israel: Você escreveu uma carta ao sacerdote Sofonias, filho de Maaseias, e mandou cópias dessa carta a todos os sacerdotes e ao povo de Jerusalém. Você disse a Sofonias: O Senhor indicou você para ser sacerdote encarregado do templo do Senhor, no lugar de Joiada. Você tem a obrigação de prender todos esses fanáticos que dizem ser profetas e colocá-los no tronco. Por que você ainda não tomou uma providência contra Jeremias, de Anatote, que se apresenta como profeta entre vocês? Ele mandou uma carta ao povo de Judá que está na Babilônia; nessa carta ele afirma que ainda vamos ficar no exílio na Babilônia por muito tempo. Ele manda o povo construir casas duráveis para morar por muitos anos; manda plantar pomares para aproveitar os frutos das árvores durante muito tempo”. Mas o sacerdote Sofonias procurou Jeremias e leu a carta para ele. Então o Senhor deu a seguinte mensagem a Jeremias: “Envie esta mensagem a todos os exilados da Babilônia: Assim diz o Senhor a respeito de Semaías, natural de Neelam: Ele profetizou, mas não foi escolhido por mim como profeta; e o que ele profetizou é mentira, e vocês acreditaram nele! Por isso, assim diz o Senhor: Eu vou castigar Semaías, de Neelam, e a sua descendência. Nenhum de seus filhos verá o que vai acontecer de bom para o meu povo”, diz o Senhor, “porque Semaías levou o povo a se revoltar contra o Senhor ”. Esta é mais uma das mensagens do Senhor a Jeremias: “Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Escreva num livro todas as palavras que eu lhe falei. Certamente vai chegar o dia em que vou mudar o destino do meu povo, Israel e Judá, e trarei o meu povo de volta à terra que dei aos seus antepassados, e lá eles viverão e tomarão posse da terra”, diz o Senhor. O Senhor também falou as seguintes palavras a respeito de Israel e Judá: “Assim diz o Senhor: Onde encontraremos paz?, perguntaram eles. Só ouvimos gritos de medo e de pavor. Parem e pensem! Por acaso pode um homem dar à luz uma criança? Então, por que andam todos pálidos, apertando as mãos contra a barriga, como a mulher em trabalho de parto? Ah, em toda a história nunca houve uma ocasião tão terrível quanto este dia que está se aproximando! Nessa época, o meu povo Jacó vai sofrer terrivelmente, como nunca sofreu antes. No entanto, ele será salvo! “Naquela ocasião”, diz o Senhor Todo-poderoso, “quebrarei a canga sobre o pescoço deles e as correntes da escravidão. Nunca mais serão escravizados por outras nações. Servirão ao Senhor, o seu Deus, e a Davi, o seu rei, escolhido por mim”, diz o Senhor. “Por isso, meu servo Jacó, não tenha medo! Não desanime, ó Israel!”, diz o Senhor. “Eu os trarei de volta de terras distantes, trarei os seus descendentes de muito longe, da terra do seu exílio. Jacó voltará e viverá na mais perfeita paz, ninguém o assustará. Porque eu estou ao seu lado, e o salvarei”, diz o Senhor. “Mesmo que destrua completamente as nações onde foram escravos, vocês não serão destruídos completamente. Serão castigados, isso sim, e com justiça. Não passarei por cima dos seus pecados”. Assim diz o Senhor: “O seu ferimento é grave, é uma doença incurável, uma ferida muito profunda. Não há quem seja capaz de mudar sua situação, não há médico ou remédio que cure a sua ferida. Todos os seus antigos amantes se esqueceram de você; eles nem se interessam em saber o que lhe aconteceu. E fui eu quem causou essa ferida, como se fosse seu inimigo mortal; dei-lhe um castigo cruel, porque os pecados são muitos e a sua maldade é grande! Por que você grita por causa do ferimento, por sua ferida que não tem cura? Eu precisei dar a você esse castigo por causa da quantidade de seus pecados, pela sua culpa tão grande! “Mas, passado o castigo, todos os que a destruíram serão destruídos. Todos os inimigos de Israel irão para o exílio. Quem saqueou as riquezas de Israel será saqueado. Quem despojou meu povo será despojado. Eu farei cicatrizar e curar as suas feridas” diz o Senhor, “porque hoje a chamam de rejeitada, o lugar que ninguém deseja”. Assim diz o Senhor: “Vou mudar a sorte dos descendentes de Jacó e mostrarei o meu amor pelas suas moradas. Jerusalém será reconstruída sobre suas ruínas; o palácio real voltará a ser habitado pelos reis como antes. O povo cantará, nas ruas das cidades, canções de alegria e de gratidão. Farei o meu povo crescer e transformarei Israel em uma nação forte e respeitada. A nação se firmará como nos dias do passado e o povo será forte novamente diante de mim. Castigarei todas as nações que fizerem mal a Israel! Seu rei será um israelita verdadeiro. Não serão mais governados por estrangeiros. Esse rei se aproximará de mim, pois quem se arriscaria aproximar-se de mim?”, diz o Senhor. “Vocês serão o meu povo, e eu serei o seu Deus”. Vejam, aí vem a tempestade do Senhor! Aí vem o castigo do Senhor sobre a cabeça dos pecadores, terrível como um vendaval! O Senhor não deixará que o fogo da sua ira se apague, até completar o castigo que planejou. Vocês compreenderão isto perfeitamente, em dias vindouros. “Naquele tempo”, diz o Senhor, “serei o Deus de todas as famílias de Israel, e elas serão o meu povo”. Assim diz o Senhor: “No deserto, tive pena daqueles que haviam escapado da morte”. Quando o povo de Israel buscava descanso, o Senhor apareceu a nós vindo de longe, e disse a Israel: “Eu amei você, meu povo, desde a eternidade! Com muita bondade eu o trouxe para bem perto de mim. Vou reconstruir a sua nação, ó virgem Israel. Bela e enfeitada, você cantará e dançará de alegria, ao som dos pandeiros! Mais uma vez você plantará videiras nos montes de Samaria; videiras que os lavradores plantarão e cujo fruto colherão. Virá o dia em que os vigias nas colinas de Efraim gritarão: ‘Vamos todos subir a Sião, à presença do Senhor, o nosso Deus!’ ” Assim diz o Senhor: “Cantem de alegria por causa de Israel! Agora ela é a principal nação da terra! Cantem alegres louvores, dizendo: ‘O Senhor salvou o seu povo, o remanescente de Israel!’ Porque os trarei de volta da terra do norte; reunirei os que estão espalhados desde os confins da terra. Trarei com cuidado os cegos e aleijados, as mulheres grávidas e as que estão para dar à luz. Haverá grande multidão voltando para cá! Haverá lágrimas, mas eu os guiarei com grande cuidado. Eles andarão junto a correntes de águas mansas, e eu os guiarei por um caminho seguro, onde não tropeçarão, porque eu sou o pai de Israel, e Efraim é o meu filho mais velho. “Ouçam esta mensagem do Senhor, ó nações da terra! Anunciem estas palavras nas terras distantes: ‘Aquele que espalhou o povo de Israel pela terra vai reuni-lo e vigiá-lo como um pastor vigia o seu rebanho’. O Senhor livrará Israel dos inimigos mais fortes do que ele. Voltarão para a sua terra; cantarão de felicidade no alto do monte Sião, cheios de alegria pelas provas da bondade do Senhor  — pelas belas colheitas de cereais e de uvas, muito vinho e azeite puro, grandes rebanhos de gado e ovelhas. A vida dos israelitas será bela e feliz como um jardim regado; para eles, a tristeza vai acabar. Então as moças dançarão de alegria, e todos, jovens e velhos, tomarão parte na alegria. Transformarei as suas lágrimas em sorrisos. Darei consolo aos israelitas e os farei esquecer a sua dor e o sofrimento, e eles serão um povo realmente feliz! Nunca mais faltará alimento para os sacerdotes e suas famílias; e o povo não vai parar de trazer ofertas ao templo. Deixarei o meu povo satisfeito com as riquezas da minha bondade”, diz o Senhor. Assim diz o Senhor: “Ouve-se um choro triste, amargo, em Ramá! Raquel está chorando pelos seus filhos. Ela não quer ser consolada, porque todos os seus filhos já não existem”. Assim diz o Senhor: “Pare de chorar, enxugue as suas lágrimas! Ouvi os seus pedidos, e você verá seus filhos novamente. Eles voltarão da terra do inimigo. Você pode ter esperança; o seu futuro será mais feliz”, diz o Senhor, “porque os seus filhos voltarão para casa. “Ouvi Efraim gemendo e dizendo: ‘O Senhor me castigou severamente, mas eu merecia esse castigo. Sou como um bezerro indomado que precisa ser disciplinado. Mude de novo o meu coração, e eu voltarei, porque o Senhor é o meu Deus. De fato, eu me afastei do Senhor, mas depois me arrependi! Depois que fui castigado, reconheci o meu erro. Fiquei envergonhado e humilhado comigo mesmo, vendo as coisas horríveis que fiz quando era jovem’. Efraim ainda é meu filho querido, o filho que eu amo. Mesmo depois do castigo, eu ainda amo Efraim. O meu coração bate mais forte por causa dele. Não posso deixar de mostrar o meu amor por Efraim!”, diz o Senhor. Coloquem sinais na estrada por onde passaram rumo à terra da escravidão! Prestem bem atenção, porque vocês hão de voltar por esse mesmo caminho! Volte, ó virgem Israel! Volte para sua própria terra, cada um para sua cidade! Até quanto você vai andar perdida, ó filha desobediente? O Senhor criou algo novo nesta terra: uma mulher protegendo um homem”. Assim diz o Senhor Todo-poderoso, o Deus de Israel: “Quando eu trouxer o meu povo de volta à sua terra, o povo de Judá e de suas cidades dirá novamente: ‘O Senhor o abençoe, ó morada da justiça, ó santo monte’. O povo viverá em Judá e em todas as suas cidades, bem como os lavradores e os pastores com seus rebanhos. Haverá paz e segurança porque eu dei alívio aos cansados e forças aos fracos”, diz o Senhor. Então acordei e olhei ao redor e disse: “Que sonho maravilhoso o Senhor me deu!” Mas o Senhor continuou e disse: “Virão dias em que farei aumentar o número de pessoas e de animais em Israel e Judá. Como no passado fui cuidadoso em castigar Israel, destruindo suas cidades e arrancando o povo de sua terra, também serei cuidadoso em plantar e reconstruir a nação. “Quando isso acontecer, ninguém mais vai citar o provérbio: “ ‘Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se tornaram ásperos’. “Ao contrário, cada um morrerá pelos seus próprios pecados. Quem comer uvas verdes é que vai ter os dentes ásperos. “Vai chegar o dia”, diz o Senhor, “em que farei uma nova aliança com o povo de Israel e de Judá. Essa aliança será diferente da que fiz com seus antepassados, quando tomei os israelitas pela mão e tirei o meu povo do Egito. Eu tinha escolhido Israel como minha esposa, mas o povo não me quis; quebrou a minha aliança, por isso também o rejeitei”, diz o Senhor. “Esta é a aliança que farei com o povo de Israel depois daqueles dias”, diz o Senhor. “Gravarei as minhas leis no coração e na mente deles. Serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Já não será necessário ensinarem uns aos outros como conhecer o Senhor. Todos eles me conhecerão, tanto os grandes quanto os pequenos”, diz o Senhor. “Perdoarei todas as desobediências do meu povo e esquecerei completamente os seus pecados”. Assim diz o Senhor, que nos dá o sol para iluminar o dia, que marcou o tempo certo para a lua e as estrelas aparecerem no céu à noite, que agita o mar e levanta com grande barulho as ondas; o seu nome é o Senhor Todo-poderoso: “Somente se algum dia essas leis falharem diante de mim”, diz o Senhor, “deixará a descendência de Israel de ser uma nação na minha presença”. Assim diz o Senhor: “Se alguém conseguir medir os céus e explorar o interior da terra, então eu rejeitarei o povo de Israel para sempre por tudo o que eles fizeram”, diz o Senhor “Vem aí o tempo”, diz o Senhor, “em que Jerusalém será reconstruída para o Senhor, desde a torre de Hananeel, a nordeste, até o portão da Esquina, a noroeste da cidade. Os pedreiros trabalharão do morro de Garebe, a sudoeste, até Goa, a sudeste da cidade. E toda a cidade, incluindo o cemitério e o vale onde se jogavam as cinzas, serão santos para o Senhor. O mesmo vai acontecer com os campos em direção ao riacho de Cedrom, e de lá ao portão dos Cavalos, a leste da cidade. Jerusalém nunca mais será conquistada ou destruída”. Jeremias recebeu esta mensagem do Senhor no décimo ano do reinado de Zedequias, rei de Judá. Naquele ano, Nabucodonosor já ocupava o trono da Babilônia havia dezoito anos. Naquela ocasião, Jeremias estava preso em uma cela que ficava junto ao alojamento dos guardas do palácio real de Judá. Enquanto isso, os exércitos da Babilônia cercavam Jerusalém. Jeremias tinha sido preso por ordem de Zedequias, rei de Judá, porque anunciava sem parar a seguinte profecia: O Senhor entregará a cidade nas mãos do rei da Babilônia, e este conquistará a cidade; Zedequias, rei de Judá, será preso, entregue nas mãos do rei da Babilônia, que falará face a face com ele e o verá com seus próprios olhos. E Nabucodonosor levará Zedequias para a Babilônia. Lá ele vai ficar preso até que o Senhor determine o seu fim. Se eles lutarem contra os babilônios, não poderão vencer. E Jeremias disse: “O Senhor me disse o seguinte: ‘Seu primo Hanameel, filho de seu tio Salum, virá aqui e dirá: Compre a minha propriedade que tenho em Anatote; compre-a antes de qualquer outra pessoa, segundo a lei’. “Então, exatamente como o Senhor tinha dito, meu primo Hanameel veio me visitar no palácio da guarda e me propôs o negócio: ‘Compre o meu campo em Anatote, na terra de Benjamim”, disse ele, “porque pela lei você tem direito de comprar minha terra antes de qualquer pessoa’. “Então vi que a mensagem que eu tinha ouvido era, de fato, do Senhor. Assim, comprei o campo de Anatote. Por ele, paguei a Hanameel dezessete moedas de prata. Assinei e selei o contrato de compra diante de algumas testemunhas. Depois pesei a prata e paguei a Hanameel. Então peguei o contrato selado, uma obrigação da lei, e a cópia não selada, e, na presença de meu primo Hanameel, das testemunhas que também assinaram o contrato e de algumas pessoas que estavam no alojamento dos guardas, entreguei os documentos a Baruque, filho de Nerias e neto de Maaseias. “Na presença deles dei as seguintes instruções a Baruque: Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: ‘Pegue este documento de compra, o contrato selado e a cópia não selada, e coloque tudo em um vaso de barro. O contrato valerá muito no futuro, e dentro do vaso ele se conservará por bastante tempo’. Porque assim diz o Senhor Todo-poderoso, o Deus de Israel: ‘Daqui a algum tempo, o povo voltará a possuir terras em Judá, a vender e comprar casas, campos e plantações de uvas’. “Depois de entregar a escritura a Baruque, filho de Nerias, orei ao Senhor, dizendo: “Ah, Soberano Senhor! O Senhor criou a terra e os céus com o seu grande poder e com o seu braço estendido; para o Senhor, nada é impossível! O Senhor mostra o seu grande amor até mil gerações, mas não impede que os filhos sofram as consequências dos pecados dos pais. Ó grande e poderoso Deus, cujo nome é o Senhor Todo-poderoso, a sua sabedoria é grande e as suas obras são poderosas. Os seus olhos veem tudo que os homens fazem e pensam. Assim, o Senhor dá a cada um a recompensa que merece, de acordo com a sua conduta. O Senhor fez sinais e maravilhas no Egito e continua fazendo até hoje pelo nosso povo, tanto em Israel como em todas as outras nações. Por isso, o seu nome se tornou famoso e admirado por toda parte. O Senhor tirou Israel do Egito com sinais e maravilhas, com sua forte mão e com o braço estendido, causando grande medo por causa do seu grande poder! O Senhor deu aos israelitas esta terra maravilhosa, fonte de leite e mel, terra que Deus tinha prometido sob juramento aos nossos antepassados. Eles chegaram aqui e conquistaram a terra; mas não quiseram obedecer ao Senhor, nem cumprir as suas leis. Todas as suas ordens foram desobedecidas e por isso, agora, o Senhor trouxe toda esta desgraça sobre eles. “Agora, os soldados da Babilônia já estão levantando rampas junto aos muros de Jerusalém para invadir a cidade. Não há salvação para Jerusalém; ela será destruída pela guerra, pela fome e pela doença. Tudo o que o Senhor anunciou está acontecendo, de acordo com os seus planos. Apesar disso, ó Soberano Senhor, o Senhor mandou comprar um campo, pagar um bom preço por ele, diante de testemunhas. Fiz isso pela fé, porque Jerusalém já está sendo conquistada pelos nossos inimigos, os babilônios! “Então o Senhor disse a mim: ‘Eu sou o Senhor, o Deus de toda a humanidade! Por acaso haverá algo que seja impossível para mim?’ Portanto, assim diz o Senhor: ‘Eu darei esta cidade a Nabucodonosor, rei da Babilônia. Ele vai conquistar Jerusalém! Os soldados babilônios que estão cercando os muros entrarão na cidade, queimarão todas as casas em cujos terraços o povo queimou incenso a Baal e derramou vinho como oferta aos outros deuses. Foi exatamente isso que provocou a minha ira! “ ‘Desde o começo de sua história, o povo de Israel e Judá não fez outra coisa além de me desobedecer. Os israelitas nada têm feito além de provocar a minha ira com toda a sua maldade’, diz o Senhor. ‘Desde o dia em que esta cidade foi construída, só têm despertado o meu furor. É por isso que agora vou tirá-la da minha frente. Os pecados de Israel e Judá — os pecados do povo, dos reis, das autoridades, dos sacerdotes e profetas — me fazem ficar indignado. Eles me viraram as costas e não o rosto. Desde o princípio, dia após dia, lhes ensinei a diferença entre o certo e o errado, mas eles não quiseram ouvir nem aceitar a correção. Pelo contrário, transformaram o meu santo templo num lugar impuro, cheio de pecado, adorando suas imagens e seus ídolos dentro dele. Além disso, construíram altares a Baal, no vale de Hinom. Sacrificaram seus filhos e filhas como ofertas ao deus Moloque, maldade tão grande que eu nunca poderia imaginar, quanto mais ordenar! E todo o povo de Judá aprendeu a pecar assim’. “Portanto, assim diz o Senhor a esta cidade, da qual vocês estão dizendo que será entregue nas mãos de Nabucodonosor, rei da Babilônia, por meio de guerra, fome e doença: ‘Sim, isso vai acontecer. Mas, no futuro, trarei o meu povo de volta de todos os países por onde espalhei os israelitas, no tempo da minha ira e do meu furor. Voltarão para esta terra, e farei com que eles vivam em paz e segurança. Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. Darei a todos eles um só coração e um só pensamento para que me temam para sempre. Isso acontecerá para o bem deles, de seus filhos e das suas futuras gerações. Farei com eles uma aliança eterna, na qual eu afirmo que só farei o bem a eles. Colocarei nos seus corações o desejo de me obedecer e respeitar, e eles nunca mais me abandonarão. Eles serão a minha alegria; ficarei contente em lhes dar coisas boas. Plantarei firmemente os israelitas nesta terra, de todo o meu coração e de toda a minha alma. Sim, é o que farei’. “Assim diz o Senhor: ‘Assim como eu trouxe todo este sofrimento, trarei também todas as coisas boas que estou prometendo. Mais uma vez o povo vai comprar e vender propriedades nesta terra, da qual vocês dizem: É uma terra arrasada, sem homens nem animais, pois foi entregue nas mãos dos babilônios. Sim, os campos voltarão a ser comprados por prata e haverá novamente contratos assinados e selados diante de testemunhas na terra de Benjamim, nos povoados ao redor de Jerusalém, nas cidades de Judá, nas cidades dos montes da Sefelá e na planície junto ao mar e até no sul, perto do deserto do Neguebe. Eu vou mudar o destino de Israel; voltarão os dias de riqueza e de paz’, diz o Senhor ”. O Senhor voltou a falar com Jeremias, enquanto ele continuava preso junto ao alojamento dos guardas do palácio: “Assim diz o Senhor, que fez, formou e firmou a terra — o Senhor é o seu nome —, ele diz o seguinte: Fale comigo e eu responderei. Pergunte-me e contarei a você coisas grandiosas e maravilhosas que você não conhece”. Porque assim diz o Senhor, o Deus de Israel: “Vocês derrubam casas e até palácios dos reis de Judá para reforçar os muros contra as rampas de cerco e a espada do inimigo. Mas, apesar disso, os babilônios invadirão Jerusalém e encherão as ruas de cadáveres, gente castigada pelo meu furor. Eu abandonei os moradores de Jerusalém por causa de sua grande maldade. Não terei pena quando gritarem pedindo a minha ajuda. “Mas virá o dia em que vou reparar os danos causados a Jerusalém e curar as feridas dos seus moradores. Eles viverão em paz e segurança. Mudarei o destino de Judá e Israel; voltarei a construir as suas cidades destruídas pelo inimigo. Eu mesmo purificarei de todo pecado e maldade os israelitas que me desobedecerem. Perdoarei cada pecado que cometerem contra mim, quebrando a minha lei. Então Jerusalém será um motivo de glória para o meu nome. Todos os povos da terra me louvarão, vendo as coisas boas que fiz por ela, dando-lhe paz. A humanidade temerá e tremerá diante da paz e da prosperidade que estou trazendo para esta cidade”. Assim diz o Senhor: “Neste lugar, que todos afirmam ter virado um deserto, sem homens ou animais, e em todas as cidades destruídas de Judá, voltarão a ser ouvidas as vozes alegres do noivo e da noiva, as canções felizes de gente levando ofertas de gratidão ao Senhor e dizendo: ‘Louvem ao Senhor Todo-poderoso, pois ele é bom, e a sua misericórdia dura para sempre!’ “Porque eu mudarei o destino desta terra para o que era antigamente”, diz o Senhor. Assim diz o Senhor Todo-poderoso: “Apesar de esta terra estar vazia, abandonada pelos homens e animais, voltará a ver pastores guiando os seus rebanhos em todas as suas cidades. Os rebanhos aumentarão e voltarão a encher os campos em volta das vilas na região dos montes, da Sefelá, na planície junto ao mar, nas cidades do sul no Neguebe, na terra de Benjamim, como nos povoados ao redor de Jerusalém e nas cidades de Judá”, diz o Senhor. “Sim, vai chegar o tempo em que eu cumprirei todas as promessas de paz e felicidade que fiz a Israel e Judá”, diz o Senhor. “Nesses dias e nesse tempo, farei brotar o ramo de justiça, da árvore da família de Davi. Ele executará justiça sobre a terra! Nesses dias, Judá será salvo e Jerusalém será uma cidade segura para seus moradores. E este é o nome pelo qual ela será chamada: ‘O Senhor é Nossa Justiça’ ”. Porque assim diz o Senhor: Então será cumprida a promessa feita a Davi: ‘Nunca deixará de haver um herdeiro de Davi para ocupar o trono de Israel!’ E também não faltarão sacerdotes que são levitas, para trazerem ao altar do Senhor as ofertas queimadas e ofertas de cereais continuamente”. O Senhor disse mais a Jeremias: “Assim diz o Senhor: Se alguém fosse capaz de alterar a lei que eu estabeleci para o dia e a noite, se alguém puder impedir que o dia venha depois da noite, e a noite depois do dia, então seria possível anular a aliança que fiz com Davi, meu servo. Só assim deixaria de haver um herdeiro de Davi para reinar sobre Israel; só assim deixaria haver levitas que são sacerdotes para serem meus servos. Como é impossível contar as estrelas do céu ou os grãos de areia das praias, assim será impossível contar a família de Davi, meu servo, e os levitas, que me servem”. E mais uma vez o Senhor falou a Jeremias: “Por acaso você ainda não viu o que esse povo anda dizendo? Dizem que o Senhor escolheu Israel e Judá, mas depois os abandonou! Eles estão desprezando sua própria nação, achando que deixaram de ser meu povo”. Assim diz o Senhor: “Tal como não vou mudar as leis fixas que estabeleci para o dia e a noite, para o céu e a terra, jamais rejeitarei os israelitas e a família real de Davi, meu servo. Não mudarei meu plano de escolher o descendente de Davi como rei do povo de Abraão, Isaque e Jacó. Muito pelo contrário, restaurarei a Israel a antiga glória e mostrarei todo o amor que sinto por ele”. Esta mensagem Jeremias recebeu do Senhor quando Nabucodonosor, rei da Babilônia, com seu exército composto de soldados de todos os reinos que ele havia reunido sob seu comando, estava lutando contra Jerusalém e as cidades de Judá: “Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Vá dizer a Zedequias, rei de Judá: Assim diz o Senhor: Entregarei esta cidade nas mãos de Nabucodonosor, rei da Babilônia. Ele queimará Jerusalém de alto a baixo. Você não conseguirá escapar; será preso, levado perante Nabucodonosor. Com seus próprios olhos você verá o rei, e ele falará com você face a face. Depois disso, será levado como escravo para a Babilônia. “Mas escute bem a promessa do Senhor, ó Zedequias, rei de Judá: Assim diz o Senhor a seu respeito: O Senhor diz que você não morrerá na guerra, mas em paz entre o seu povo. Eles queimarão incenso perfumado em sua memória, como fizeram aos antigos reis de Israel. O povo vai chorar por você e lamentar: ‘Ah, morreu o nosso rei!’ Eu mesmo decretei isso”, diz o Senhor. Assim, Jeremias entregou todas essas palavras a Zedequias, rei de Judá, em Jerusalém. Naquela ocasião o exército do rei da Babilônia estava atacando Jerusalém, Laquis e Azeca — as únicas cidades protegidas por muros que os babilônios ainda não haviam conquistado. Esta é a mensagem que o Senhor deu a Jeremias, depois que o rei Zedequias concedeu liberdade a todos os escravos de Jerusalém, fazendo um acordo com o povo. Ele tinha mandado todas as pessoas que possuíam escravos ou escravas israelitas darem liberdade a seus patrícios. Ninguém podia mais possuir escravos israelitas. As autoridades e todo o povo obedeceram à ordem do rei, libertando os escravos, sem exigir pagamento algum pela liberdade. Mas, pouco tempo depois, mudaram de ideia e voltaram a escravizar homens e mulheres. Então o Senhor dirigiu a seguinte mensagem a Jeremias, dizendo: “Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Fiz uma aliança com os seus antepassados quando os tirei da escravidão no Egito. Eu disse: Quando vocês comprarem um servo israelita, devem devolver-lhe sua liberdade depois de seis anos de trabalho, sem exigir qualquer pagamento por isso. Mas os seus antepassados não quiseram me obedecer nem me deram atenção. Há pouco tempo, vocês começaram a agir da maneira certa, dando liberdade aos escravos israelitas. Vocês prometeram solenemente, no templo que leva o meu nome, que obedeceriam à minha ordem. Mas agora vocês voltaram atrás, negaram sua promessa e obrigaram os servos a voltar ao trabalho como escravos, depois de terem devolvido a cada um a sua liberdade. Com isso, vocês mancharam o meu nome”. Por causa disso, assim diz o Senhor: “Vocês não me obedeceram! Vocês não deram liberdade aos seus irmãos israelitas! Por isso vou dar liberdade à espada, à fome e à doença, para destruírem todos vocês. Vocês servirão de exemplo, um triste exemplo, a todos os povos da terra. Entregarei os homens que violaram a minha aliança e não cumpriram os termos da minha aliança que fizeram na minha presença, quando cortaram um bezerro ao meio, separaram as duas metades e caminharam entre elas. Como aconteceu com o bezerro, acontecerá com todos os que não cumpriram a aliança, sejam eles líderes de Judá, os oficiais do palácio real, os sacerdotes e todo o povo da terra que andou entre as partes do bezerro. Eu os entregarei aos seus inimigos que os querem matar. Depois de mortos, eu darei seus corpos como alimento para as aves e para os animais selvagens. “Entregarei Zedequias, rei de Judá, e os seus líderes nas mãos dos seus inimigos, que os querem matar, e do exército da Babilônia, que se retiraram de Jerusalém, mas que ainda querem matar Zedequias. Eu mesmo darei ordem aos exércitos da Babilônia”, diz o Senhor, “e eles voltarão a atacar Jerusalém. Conquistarão a cidade e depois queimarão Jerusalém de alto a baixo. Destruirei completamente as cidades de Judá; elas ficarão completamente devastadas e desabitadas”. Esta mensagem foi dada pelo Senhor a Jeremias, durante o reinado de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá: “Vá ao local onde mora a família dos recabitas. Convide-os para irem com você ao templo do Senhor. Quando estiverem lá, leve todos para uma das salas internas e ofereça-lhes vinho para beber”. Então fui procurar Jazanias, filho de Jeremias e neto de Habazinias, seus irmãos e todos os seus filhos da família dos recabitas. Eu os levei ao templo do Senhor, à sala da família de Hanã, filho de Jigdalias, homem de Deus. Essa sala fica junto à sala dos líderes e debaixo da sala de Maaseias, filho de Salum, que era um dos porteiros do templo. Então coloquei diante dos recabitas vasilhas com vinho e algumas taças, e disse: “Bebam um pouco”. Mas eles disseram. “Não beberemos vinho, porque nosso antepassado Jonadabe, filho de Recabe, deixou a seguinte ordem: ‘Nem vocês nem os seus descendentes devem beber vinho. Vocês não construirão casas nem possuirão terras; não plantarão vinhas nem as possuirão. Vocês terão de viver em tendas. Assim vocês terão uma vida longa e feliz, neste mundo onde estão de passagem’. E nós, de fato, temos obedecido ao pé da letra a todas as ordens de Jonadabe, filho de Recabe. Nunca bebemos vinho, nem nós, nem nossas mulheres, nem nossos filhos e filhas. Nunca construímos casas nem possuímos terras, vinhas, campos e lavoura. Temos vivido em tendas até hoje e obedecido a todas as ordens do nosso antepassado Jonadabe. Mas, quando Nabucodonosor, rei da Babilônia, atacou esta terra, dissemos: Venham, vamos para Jerusalém para fugir dos exércitos babilônios e sírios. Por isso permanecemos nesta cidade”. Então o Senhor falou com Jeremias: “Assim diz o Senhor Todo-poderoso, o Deus de Israel: Pergunte ao povo de Judá e aos habitantes de Jerusalém: Quando vocês vão obedecer aos meus ensinos e às minhas ordens? Por que não aprendem uma lição com a família dos recabitas?”, pergunta o Senhor. “Jonadabe, filho de Recabe, ordenou a seus filhos que não bebessem vinho, e até hoje eles obedecem. Eles não bebem vinho porque obedecem à ordem do seu antepassado. Mas vocês não querem saber de me obedecer, apesar de eu os avisar diariamente, há muito tempo. Desde o princípio de sua nação tenho enviado os meus servos, os profetas, com a mesma mensagem: ‘Arrependam-se! Cada um deve deixar seus maus caminhos e passar a fazer o que é direito. Não adorem nem sirvam a outros deuses! Assim vocês viverão para sempre na terra que dei aos seus antepassados’. Mas vocês nunca me deram ouvidos, nunca me obedeceram! Os descendentes de Recabe obedecem fielmente às ordens de Jonadabe, seu fundador. Vocês, no entanto, nunca me obedeceram”. Portanto, assim diz o Senhor Todo-poderoso, o Deus de Israel: “Já que vocês não me obedecem quando dou uma ordem, já que não respondem quando chamo, castigarei Judá e os habitantes de Jerusalém com toda a desgraça que venho prometendo”. Então Jeremias se voltou para a família dos recabitas e disse: “Assim diz o Senhor Todo-poderoso, o Deus de Israel: ‘Já que vocês obedeceram fielmente às ordens de Jonadabe, seu antigo parente, já que cumpriram cada uma das instruções que ele deixou, assim diz o Senhor Todo-poderoso, o Deus de Israel: ‘Eu prometo que sempre haverá descendentes recabitas que vêm me adorar’ ”. No quarto ano do reinado de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá, o Senhor deu esta mensagem a Jeremias: “Apanhe um rolo e anote as mensagens contra Israel, Judá e todas as outras nações. Comece com a primeira mensagem que lhe dei, ainda no reinado de Josias, e escreva todas elas, até hoje. Quem sabe assim o povo de Judá dê atenção a toda a desgraça que eu planejo lançar sobre eles! Talvez assim eles se arrependam de seus pecados, e eu perdoe a maldade e as desobediências deles”. Então Jeremias mandou chamar Baruque, filho de Nerias, para que escrevesse num rolo, conforme Jeremias ditava, todas as palavras recebidas do Senhor. Quando terminou de ditar, Jeremias disse a Baruque: “Estou proibido de ir ao templo do Senhor. Por isso, você irá ao templo no próximo dia de jejum. Diante de todo o povo presente, quer de Jerusalém, quer de outras cidades de Judá, você deve ler todas as palavras da parte do Senhor que eu ditei, as quais você escreveu. Talvez assim eles se arrependam e peçam, humildemente, perdão a Deus. Quem sabe assim o Senhor perdoe os pecados do povo, porque é grande o seu furor contra o seu povo”. E Baruque, filho de Nerias, fez exatamente o que Jeremias mandou. Foi ao templo do Senhor e leu o rolo com as profecias do Senhor para todo o povo. Isso aconteceu no dia de jejum, celebrado no nono mês, no quinto ano do reinado de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá. Todo o povo de Judá e Jerusalém foi convocado à reunião do templo do Senhor. Para ler o rolo a todo o povo que estava reunido no templo do Senhor, Baruque subiu à sala de Gemarias, o escrivão, filho de Safã. Essa sala ficava junto ao pátio superior, perto da entrada da porta Nova do templo. Quando Micaías, filho de Gemarias e neto de Safã, ouviu todas as palavras do Senhor lidas por Baruque, correu ao palácio onde estavam reunidos, na sala de registros, os oficiais de governo do rei Jeoaquim. Lá estavam o secretário Elisama, Delaías, filho de Semaías, Elnatã, filho de Acbor, Gemarias, filho de Safã, Zedequias, filho de Hananias, e todos os outros líderes. Quando Micaías contou aos líderes tudo que ouvira Baruque anunciar ao povo, os líderes mandaram por intermédio de Jeudi, filho de Netanias, filho de Selemias, filho de Cusi, a seguinte mensagem a Baruque: “Pegue o rolo que você leu ao povo e venha aqui”. Baruque, filho de Nerias, pegou o rolo e foi até eles. Os líderes disseram a ele: “Sente-se, Baruque, e leia para nós o rolo com as profecias”. E Baruque obedeceu. Quando Baruque terminou de ler, todos estavam com muito medo, olhando uns para os outros. “Precisamos relatar tudo isso ao rei”, disseram os líderes. Mas antes perguntaram a Baruque: “Diga-nos, como foi que você escreveu todas estas profecias? Por acaso Jeremias as ditou para você?” E Baruque respondeu: “Sim, Jeremias ditou pessoalmente todas as profecias, palavra por palavra, e eu escrevi com tinta neste rolo”. Ouvindo a resposta, os oficiais disseram a Baruque: “Escute bem, Baruque! Você e Jeremias devem se esconder imediatamente! E não digam a ninguém onde vocês estão”. Depois que Baruque se retirou, os oficiais guardaram o rolo na sala de Elisama, o secretário, e foram dar as notícias ao rei. Jeoaquim, ouvindo os fatos, mandou Jeudi buscar o rolo. Jeudi foi à sala de Elisama, o secretário, e de lá trouxe o rolo com as profecias. Chegando diante do rei e dos líderes do governo, Jeudi leu as mensagens do Senhor. O rei estava numa parte do palácio especialmente construída para enfrentar o frio do inverno, sentado diante de um braseiro. Cada vez que Jeudi terminava de ler três ou quatro colunas, aquele pedaço era cortado pelo rei, com uma faca, e depois jogado ao fogo. Assim, pedaço por pedaço, o rolo foi completamente destruído! O rei e todas as autoridades que ouviram aquelas palavras não se alarmaram nem rasgaram as suas roupas em sinal de tristeza ou arrependimento. Apenas Elnatã, Delaías e Gemarias insistiram com o rei para não destruir o rolo, mas Jeoaquim nem quis saber a opinião dos seus oficiais. Em vez disso, o rei mandou Jerameel, membro da família real, Seraías, filho de Azriel, e Selemias, filho de Abdeel, prenderem Baruque e Jeremias. Mas o Senhor os havia escondido. Depois de o rei Jeoaquim ter queimado o rolo que continha as palavras ditadas por Jeremias e escritas por Baruque, o Senhor falou a Jeremias: “Pegue outro rolo e escreva novamente todas as palavras que foram escritas no rolo queimado por Jeoaquim, rei de Judá. Além disso, diga a Jeoaquim, rei de Judá, o seguinte: Assim diz o Senhor: ‘Você queimou o primeiro rolo e perguntou: Por que você escreveu nele que o rei da Babilônia virá atacar e conquistar esta terra, destruindo homens e animais?’ ”. Pois assim diz o Senhor acerca de Jeoaquim, rei de Judá: “Ele não terá nenhum descendente que vai se assentar no trono de Davi. O seu corpo será lançado fora e exposto ao calor do dia e à geada da noite. Eu castigarei a ele, os seus filhos e os seus servos por causa dos pecados que cometeram. Trarei sobre eles, sobre os moradores de Jerusalém e sobre o povo de Judá toda a desgraça que venho prometendo, porque não me deram ouvidos”. Então Jeremias pegou outro rolo e ditou novamente a Baruque, filho de Nerias, todas as palavras escritas no primeiro rolo, queimado por Jeoaquim, rei de Judá. Mas este segundo rolo continha muitas outras profecias e ameaças semelhantes! Quando Jeoaquim morreu, o povo de Judá colocou Jeconias, seu filho, no trono. Mas Nabucodonosor, rei da Babilônia, indicou Zedequias, filho de Josias, irmão do ex-rei Jeoaquim, como rei de Judá. Assim, Zedequias reinou em lugar de Joaquim, filho de Jeoaquim. Nem ele, nem os seus conselheiros, nem o povo de Judá deram atenção às palavras que o Senhor tinha falado através de Jeremias, o profeta. Porém, o rei Zedequias mandou Jucal, filho de Selemias, e o sacerdote Sofonias, filho de Maaseias, a Jeremias com esta mensagem: “Ore ao Senhor, ao nosso Deus, por nós”. Jeremias ainda não havia sido preso e podia circular livremente entre o povo. Nessa época, o exército do faraó chegou à fronteira sul de Judá para libertar Jerusalém, que estava cercada pelos exércitos da Babilônia. Nabucodonosor mandou suspender o cerco da cidade e partiu para o Sul, para combater o exército egípcio. Então o Senhor falou mais uma vez a Jeremias, o profeta: “Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Esta é a resposta que vocês devem dar ao rei Zedequias, que me pediu ajuda. O exército do faraó, que se aproxima para ajudar Jerusalém, será obrigado a fugir de volta para o Egito! Os babilônios vão voltar e atacar esta cidade; eles a conquistarão e a queimarão de alto a baixo”. Assim diz o Senhor: “Não fiquem enganando a si mesmos, dizendo: ‘Os babilônios certamente irão embora para sempre’. Eles voltarão! E mesmo que vocês derrotassem todo o exército da Babilônia que está cercando Jerusalém, mesmo que só restassem alguns soldados babilônios, feridos em suas tendas, eles se levantariam e destruiriam Jerusalém, incendiando a cidade”. Quando o exército babilônio se retirou de Jerusalém para combater os egípcios, ao sul de Judá, por causa do exército do faraó, Jeremias saiu de Jerusalém para ir à terra de Benjamim tomar posse do campo que havia comprado em Anatote. Quando estava passando pelo portão de Benjamim, um guarda que vigiava o portão prendeu Jeremias, dizendo: “Você é um traidor! Está querendo fugir para junto do exército da Babilônia!” O nome do guarda era Jerias, filho de Selemias e neto de Hananias. “Isso é mentira”, exclamou Jeremias. “Não sou traidor e não estou passando para o lado dos babilônios”. Mas Jerias não quis saber de explicações e levou Jeremias às autoridades. Estas ficaram furiosas com o profeta. Mandaram que Jeremias fosse chicoteado e preso na casa de Jônatas, o secretário. Essa casa tinha sido transformada em prisão, e lá Jeremias ficou preso numa cela subterrânea por um longo tempo. Mas o rei Zedequias, em segredo, mandou buscar Jeremias e levá-lo ao palácio real. Lá, perguntou: “O Senhor mandou alguma mensagem a você?” “Sim”, respondeu Jeremias. “Você será completamente derrotado pelo rei da Babilônia”. Então Jeremias perguntou ao rei a razão de ter sido preso: “O que fiz para ser preso? Que crime cometi contra o rei, ou contra as autoridades, ou contra o povo, para ser jogado naquela prisão? Quem merece a prisão são os profetas que profetizam: ‘O rei da Babilônia não atacará nem a vocês nem esta terra’. Onde estão eles? Agora, ó rei Zedequias, meu senhor, escute-me, por favor. Não me mande voltar à prisão da casa de Jônatas, o secretário, senão morrerei ali”. Então o rei Zedequias ordenou que Jeremias não fosse levado de volta para a prisão. Ele foi mantido prisioneiro em uma cela junto ao alojamento dos guardas do palácio. Ali, recebeu diariamente um pão fresco da rua dos padeiros, enquanto havia pão na cidade. Assim Jeremias ficou no pátio da guarda. Sefatias, filho de Matã, Gedalias, filho de Pasur, Jucal, filho de Selemias, e Pasur, filho de Malquias, ouviram tudo que Jeremias estava dizendo a todo o povo: “Assim diz o Senhor: ‘Quem ficar em Jerusalém morrerá pela espada, pela fome ou pela doença. Mas quem se render aos babilônios escapará com vida, mesmo perdendo tudo o que tem’. Assim diz o Senhor: ‘Sem a menor sombra de dúvida, Jerusalém será conquistada pelo exército do rei da Babilônia. Nabucodonosor tomará posse desta cidade’ ”. Então os quatro oficiais procuraram o rei e disseram: “Este homem deve morrer! As suas palavras vão deixar todos os nossos soldados e cidadãos completamente desanimados! Ninguém mais vai querer lutar para defender a cidade. Jeremias não tem boas intenções com o povo; ele quer ver a sua ruína”. O rei Zedequias concordou e disse: “Façam o que bem entenderem com ele. De qualquer maneira, eu não poderia impedir vocês”. Os oficiais foram à cela onde estava Jeremias. Tiraram o profeta de lá e o jogaram dentro de um poço vazio no pátio da guarda do palácio. Esse poço pertencia a Malquias, filho do rei. Eles baixaram Jeremias com cordas. No fundo do poço não havia água, mas uma grossa camada de lama, e Jeremias ficou atolado nela. Quando Ebede-Meleque, o etíope responsável pelas esposas e filhos do rei Zedequias, soube que Jeremias tinha sido jogado dentro do poço, correu até o portão de Benjamim, onde o rei estava julgando um caso, e lhe disse: “Ó rei, meu senhor”, disse ele, “seus oficiais fizeram uma coisa muito má, jogando Jeremias dentro do poço. Lá dentro ele vai morrer de fome, porque já não há pão na cidade”. Então o rei ordenou a Ebede-Meleque, o etíope: “Leve trinta homens sob as suas ordens e tire o profeta Jeremias de dentro do poço, antes que ele morra”. Ebede-Meleque escolheu os trinta homens. Chegando ao palácio, foi a um quarto onde se jogavam trapos e coisas velhas. Pegou uns pedaços de pano e, por meio de cordas, desceu-os a Jeremias no fundo do poço. Então Ebede-Meleque, o etíope, gritou para Jeremias: “Coloque esses trapos debaixo dos braços para servirem de almofada. Assim as cordas não cortarão suas axilas”. Jeremias fez conforme Ebede-Meleque sugeriu e foi puxado para cima, por meio de cordas. Depois que saiu do poço, Jeremias foi levado de volta para a prisão do palácio, junto ao alojamento dos guardas. Algum tempo depois, o rei Zedequias mandou buscar Jeremias, para encontrar-se com ele junto à terceira porta do templo do Senhor. Lá ele disse ao profeta: “Vou lhe fazer uma pergunta; quero que me responda apenas a verdade e não esconda coisa alguma!” Jeremias respondeu a Zedequias: “Se eu lhe disser a verdade, você não me matará? E, mesmo que eu lhe dê um bom conselho, você não me escutaria”. Então, em segredo, Zedequias jurou a Jeremias: “Juro pelo nome do Senhor, de quem recebemos a vida, que não o matarei. Também não o entregarei aos homens que tentam tirar a sua vida”. Então Jeremias disse a Zedequias: “Assim diz o Senhor Todo-poderoso, o Deus de Israel: ‘Se você se entregar imediatamente aos oficiais do rei da Babilônia, salvará sua vida, salvará Jerusalém da destruição e poderá viver com sua família, e esta cidade não será incendiada. Mas, se você não se render imediatamente, esta cidade será entregue nas mãos dos babilônios, eles a incendiarão, e você não conseguirá escapar dos soldados de Nabucodonosor’ ”. “Tenho medo de me render”, disse o rei a Jeremias, “ser entregue aos judeus que passaram para o lado dos babilônios, e eles me maltratarem”. Jeremias respondeu: “Basta você obedecer a estas ordens do Senhor, e nada de mal acontecerá. Você não será entregue aos inimigos e escapará com vida. Mas, se você teimar em não se render, é esta a profecia que o Senhor me autoriza a dar: Todas as suas mulheres serão entregues aos oficiais do rei da Babilônia! Elas lhe dirão: ‘Belos amigos você arranjou, esses egípcios! Quando a situação ficou ruim, eles nos abandonaram à nossa própria sorte!’ Todas as suas mulheres e todos os seus filhos serão levados como escravos para a Babilônia. Você não conseguirá escapar. Será preso pelo rei da Babilônia, e esta cidade de Jerusalém será destruída a fogo!” Quando terminou a conversa, Zedequias disse a Jeremias: “Não conte uma palavra desta conversa a pessoa alguma! Se alguém souber que estivemos conversando, você morrerá. Se algum oficial vier perguntar sobre o que conversamos e ameaçar tirar a sua vida se você não contar, diga que você apenas me pediu para não ser levado de volta à prisão da casa de Jônatas, porque você tem medo de morrer ali”. De fato, pouco tempo depois, os oficiais da cidade vieram interrogar Jeremias sobre a conversa entre ele e o rei. Ele disse exatamente o que Zedequias tinha mandado, e os oficiais partiram sem descobrir nada, deixando Jeremias em paz. E Jeremias continuou preso no pátio do palácio até o dia em que Jerusalém foi conquistada pelos exércitos da Babilônia. No nono ano do reinado de Zedequias, Nabucodonosor, rei da Babilônia, voltou a atacar Jerusalém com todo o seu exército. Sitiaram a cidade durante dois anos. Então no décimo primeiro ano do reinado de Zedequias, no quarto mês, os soldados babilônios conseguiram abrir uma brecha no muro e penetrar na cidade. Todos os oficiais do rei Nabucodonosor entraram em Jerusalém e reuniram um conselho, junto ao portão do Meio, que separava a parte alta e a parte baixa da cidade. Nesse conselho estavam Nergal-Sarezer, Sangar-Nebo, Sarsequim, Nergal-Sarezer, conselheiro-chefe do rei Nabucodonosor, e muitos outros. Quando Zedequias e alguns soldados viram a reunião dos oficiais caldeus e compreenderam que tudo estava perdido, fugiram durante a noite, saindo da cidade, na direção do jardim do palácio, onde havia uma porta entre os muros; e foram rumo ao vale do rio Jordão. Mas quando estavam nas planícies próximos a Jericó, foram perseguidos e alcançados pelos soldados babilônios e levados presos à presença do rei Nabucodonosor, em Ribla, na terra de Hamate. Lá, o rei da Babilônia julgou Zedequias, rei de Judá. Zedequias foi obrigado a ver seus filhos e os nobres do palácio serem mortos pelos babilônios. Depois disso, Nabucodonosor mandou furar os olhos de Zedequias, prendeu suas mãos e pés com correntes de bronze e levou o rei de Judá como escravo para a Babilônia. Enquanto isso, o exército babilônio incendiava Jerusalém, o palácio e todas as casas, e derrubava completamente os muros da cidade. Nebuzaradã, o capitão da guarda, e seus homens ajuntaram o povo que tinha ficado na cidade e as pessoas que tinham se rendido a ele e os mandaram cativos à Babilônia. Ele escolheu algumas pessoas, as mais pobres, e essas ficaram na terra de Judá. Além disso, Nebuzaradã lhes deu campos e plantações de uvas. Mas o rei da Babilônia, Nabucodonosor, tinha dado ordem a Nebuzaradã, chefe da guarda, para encontrar Jeremias e cuidar dele: “Encontre esse homem, cuide dele e faça tudo o que ele pedir”, foi a ordem do rei. Então Nebuzaradã, o chefe da guarda, Nebusazdã, chefe dos oficiais do rei, Nergal-Sarezer, conselheiro-chefe do rei, e os outros oficiais do rei mandaram soldados para tirar Jeremias do pátio da guarda e entregaram o profeta aos cuidados de Gedalias, filho de Aicão e neto de Safã. Gedalias deveria levar Jeremias para sua casa. Assim, Jeremias voltou à liberdade, vivendo entre o povo que tinha ficado em Judá. Enquanto Jeremias ainda estava preso no pátio da guarda, o Senhor mandou a seguinte mensagem: “Vá dizer o seguinte a Ebede-Meleque, o etíope: Assim diz o Senhor Todo-poderoso, o Deus de Israel: Farei a esta cidade todo o mal que prometi! Você verá com os próprios olhos a destruição de Jerusalém. Mas eu o resgatarei naquele dia”, diz o Senhor; “você não será preso pelos babilônios, de quem você tem tanto medo. Você me obedeceu e confiou em mim! Em troca disso, eu o protegerei e salvarei a sua vida”, diz o Senhor. Jeremias foi levado junto com outros moradores de Jerusalém para Ramá. Lá, Nebuzaradã, o chefe da guarda, encontrou o profeta acorrentado entre todos os cativos de Jerusalém e de Judá que estavam sendo levados para o exílio na Babilônia e o libertou. Quando Nebuzaradã encontrou Jeremias, disse-lhe: “O Senhor, o seu Deus, fez acontecer toda essa destruição em Judá, tal como havia falado. Isso aconteceu porque vocês pecaram contra o Senhor e não obedeceram às suas ordens. Sim, foi por isso que houve toda essa destruição! Mas hoje eu o liberto das correntes que prendem as suas mãos. Você está livre para fazer o que quiser; se preferir ir comigo para a Babilônia, está bem, eu tomarei conta de você. Se preferir ficar por aqui mesmo, está bem. Veja! Toda esta terra está diante de você; basta escolher e ir para onde melhor lhe parecer”. Jeremias demorou a decidir, e Nebuzaradã acrescentou: “Vá procurar Gedalias, filho de Aicão, neto de Safã. Ele foi escolhido pelo rei Nabucodonosor como governador das cidades de Judá. Viva entre o povo, como um homem comum. A escolha é sua; faça o que achar melhor”. Então Nebuzaradã deu a Jeremias um pouco de alimento, algum dinheiro e o deixou partir. Jeremias foi para Gedalias, filho de Aicão, na cidade de Mispá. Ficou vivendo entre o povo que foi deixado em Judá. Quando os líderes dos grupos de soldados espalhados pelo interior de Judá souberam que o rei da Babilônia tinha nomeado Gedalias para governar a terra e cuidar dos pobres, homens, mulheres e crianças, e souberam que nem todo o povo tinha sido deportado para a Babilônia, foram a Mispá procurar Gedalias. Estes eram os líderes: Ismael, filho de Netanias, Joanã e Jônatas, filhos de Careá, Seraías, filho de Tanumete, os filhos de Efai, natural de Netofate, e Jezanias, filho de um sírio de Maaca, juntamente com seus soldados. Gedalias, filho de Aicão, neto de Safã, fez um juramento a eles e aos seus soldados: “Fiquem conosco e sirvam ao rei da Babilônia, porque assim vocês viverão em paz e sem preocupações. Eu ficarei aqui em Mispá; quando o rei mandar supervisores para examinar minha administração, apresentarei um pedido em favor de vocês. Mas é preciso que vocês escolham cidades onde morar, colham as uvas, os figos, as azeitonas para fazer azeite, e ajuntem em toda a colheita. Todos os judeus que haviam fugido para as terras de Moabe, Amom e Edom ouviram que havia ficado um remanescente do povo na terra de Judá. Também ficaram sabendo que havia um governador escolhido pelo rei da Babilônia, Gedalias, filho de Aicão e neto de Safã. Por causa disso, resolveram todos voltar para Judá, de todas as terras para onde tinham fugido. Apresentaram-se a Gedalias, em Mispá, tomaram posse de campos e fazendas e colheram muitas uvas para o vinho e frutas de verão. Algum tempo depois, Joanã, filho de Careá, e os outros comandantes do exército que ainda estavam em campo aberto, vieram procurar Gedalias em Mispá e lhe disseram: “Tome cuidado porque Baalis, rei dos amonitas, contratou Ismael, filho de Netanias, para matá-lo”. Gedalias, no entanto, não acreditou neles. Então Joanã, filho de Careá, procurou Gedalias em particular e propôs o seguinte: “Olhe, que tal eu ir sozinho, sem ninguém saber, e matar Ismael, filho de Netanias? Por que ele deveria fazer com que esse remanescente do povo que ficou, os judeus que voltaram de outras terras, fosse novamente espalhado? Isso será uma desgraça para todo o povo que ficou em Judá”. Mas Gedalias, filho de Aicão, respondeu a Joanã, filho de Careá: “Você está proibido de fazer isso! Você está espalhando mentiras sobre Ismael”. Mas, no sétimo mês, Ismael, filho de Netanias e neto de Elisama, que era membro da família real, em companhia de dez oficiais do exército, procurou Gedalias, filho de Aicão, em Mispá. Enquanto tomavam uma refeição juntos, Ismael e seus companheiros puxaram suas espadas e assassinaram Gedalias, filho de Aicão, o governador de Judá, escolhido pelo rei Nabucodonosor. Depois saíram e mataram todos os soldados judeus e babilônios que o rei da Babilônia tinha colocado à disposição de Gedalias em Mispá. No dia seguinte, sem que ninguém soubesse o que havia acontecido a Gedalias, oitenta homens vindos de Siquém, Siló e Samaria se aproximaram de Mispá. Estavam com as barbas raspadas, as roupas rasgadas e os corpos cheios de cortes e feridas, em sinal de tristeza. Traziam oferta de cereal e incenso para oferecer no templo do Senhor. Ismael, filho de Netanias, saiu de Mispá ao encontro desses homens, chorando e dizendo: “Ah, venham ver o que aconteceu a Gedalias, filho de Aicão”. Quando os homens entraram na cidade, Ismael, filho de Netanias, e seu bando atacaram o grupo e mataram setenta deles. Depois jogaram os cadáveres dentro de um poço. Os outros dez escaparam porque prometeram dar a Ismael uma reserva de trigo e cevada, azeite e mel, escondida no campo. O poço no qual Ismael jogou os cadáveres dos setenta homens era o grande poço cavado no tempo do rei Asa, quando ele mandou cercar a cidade de Mispá com muros altos para defender sua terra dos ataques de Baasa, rei de Israel. Ismael, filho de Netanias, encheu-o com os mortos. Ismael prendeu as filhas do rei e todas as pessoas que Nebuzaradã havia deixado em Mispá, sob o cuidado de Gedalias, filho de Aicão, o governador. Ismael, filho de Netanias, levou os seus prisioneiros e se dirigiu para o território dos amonitas. Quando Joanã, filho de Careá, e os oficiais do exército que estavam com ele ouviram falar dos crimes que Ismael, filho de Netanias, tinha cometido, reuniram todos os seus soldados e partiram para lutar contra ele e seus homens. Eles o alcançaram junto ao grande açude de Gibeom. Os prisioneiros gritaram de alegria ao ver Joanã, filho de Careá, e os comandantes do exército que estavam com ele, avançando em sua direção. Todo o povo que Ismael tinha levado como prisioneiros de Mispá saiu correndo em direção de Joanã, filho de Careá, e todos passaram para o lado dele. Enquanto isso, Ismael, filho de Netanias, e oito de seus companheiros conseguiram escapar para o território dos amonitas. Então Joanã, filho de Careá, e todos os seus comandantes do exército e os seus soldados além de todo o povo que tinham livrado das mãos de Ismael, filho de Netanias, depois que ele tinha assassinado Gedalias, filho de Aicão — os soldados, as mulheres, as crianças e os oficiais da corte, que ele tinha trazido de Gibeom — partiram para a vila de Gerute-Quimã, que fica perto de Belém. O seu plano era fugir para o Egito, porque estavam com medo dos babilônios. Temiam um castigo do rei da Babilônia pelo fato de Ismael, filho de Netanias, ter assassinado Gedalias, filho de Aicão, o homem que o rei da Babilônia tinha nomeado para ser governador de Judá. Então Joanã, filho de Careá, e Jezanias, filho de Hosaías, e os líderes dos soldados judeus, junto com todo o povo, adultos e crianças, procuraram Jeremias e disseram: “Por favor ouça o nosso pedido e ore ao Senhor, o seu Deus, em favor de todo esse remanescente. Como você bem sabe, somos o pouco que sobrou da nossa grande nação. Peça ao Senhor para nos dizer o que devemos fazer e para onde devemos ir”. “Está bem”, respondeu Jeremias. “Eu vou orar ao Senhor, ao seu Deus, conforme vocês pediram. E quando ele responder, eu lhes direi a resposta, palavra por palavra. Não esconderei nada de vocês”. Então o povo respondeu a Jeremias: “Queremos que a maldição de Deus caia sobre todos nós, se deixarmos de obedecer ao que o Senhor nos ordenar por seu intermédio. Sejam as ordens boas ou ruins, gostemos delas ou não, nós obedeceremos ao Senhor, o nosso Deus, com quem você vai falar em nosso favor. Sabemos que tudo sairá bem, se obedecermos ao Senhor, o nosso Deus”. Dez dias depois, o Senhor mandou sua resposta a Jeremias. Então ele chamou Joanã, filho de Careá, os comandantes do exército que estavam com ele e todo o povo, adultos e crianças. Disse a todos eles: “Assim diz o Senhor, o Deus de Israel, a quem vocês me enviaram para apresentar o pedido de vocês: ‘Se vocês ficarem nesta terra, eu os protegerei e farei vocês crescerem em paz, como uma planta bem cuidada. A minha ira já passou; a desgraça que fiz cair sobre o povo me deixou muito triste. Não tenham mais medo do rei da Babilônia, a quem vocês agora temem. Não tenham medo dele’, diz o Senhor, ‘pois eu estou do seu lado. Eu os protegerei dos exércitos e do grande poder do rei da Babilônia. Mostrarei o meu cuidado e a minha compaixão por vocês, fazendo o rei da Babilônia ter compaixão de vocês, deixando que vivam em sua própria terra’. “Mas, se vocês disserem: ‘Não permaneceremos nesta terra’, e assim desobedecerem às ordens do Senhor, o seu Deus, e disserem: ‘Não! Iremos para o Egito de qualquer maneira; porque lá não há guerra, nem fome e poderemos viver tranquilos’, então ouçam bem a resposta do Senhor, ó remanescente de Judá. Assim diz o Senhor Todo-poderoso, o Deus de Israel: ‘Se vocês teimarem e insistirem em ir para o Egito, a guerra que tanto temem os alcançará no Egito; a fome, de que têm tanto medo, os perseguirá no Egito, e lá vocês morrerão. Isso é exatamente o que vai acontecer com todos os que resolverem fugir para o Egito. Lá morrerão pela guerra, pela fome e pela doença. Ninguém ficará vivo para contar a história, ninguém escapará do castigo que eu trarei sobre vocês’. Assim diz o Senhor Todo-poderoso, o Deus de Israel: ‘Tal como derramei a minha ira contra os moradores de Jerusalém, assim derramarei o meu furor sobre vocês, quando forem morar no Egito! Lá vocês serão recebidos com desprezo e zombaria; serão amaldiçoados e ofendidos. Nunca mais voltarão para sua própria terra’. Escutem bem todos vocês, ó remanescente de Judá. É o Senhor quem diz: ‘Não entrem no Egito’. E Jeremias concluiu: Não se esqueçam das minhas palavras, desta advertência que eu fiz hoje. Vocês estão enganando a si mesmos; sabem qual será o preço desse engano? Suas próprias vidas! Vocês me pediram para orar ao Senhor, ao seu Deus, dizendo que queriam saber a sua vontade e prometendo obediência total. Mas, quando eu anunciei as ordens do Senhor, o seu Deus, vocês não quiseram ouvir; não obedeceram à mínima parte da mensagem que eu trouxe da parte do Senhor. Por isso, fiquem certos de uma coisa: vocês morrerão pela guerra, pela fome e pela doença, lá mesmo no Egito, no lugar onde vocês desejam viver”. Quando Jeremias terminou de falar ao povo a mensagem que o Senhor seu Deus tinha mandado anunciar, Azarias, filho de Hosaías, e Joanã, filho de Careá, junto com todos os homens, cheios de orgulho, responderam a Jeremias. “Você está mentindo! Não foi o Senhor quem mandou você nos dizer para não irmos viver no Egito. Nós sabemos muito bem que foi Baruque, filho de Nerias, quem lhe disse isso; ele está planejando nos entregar aos babilônios. Ele quer nos ver mortos ou levados para o exílio na Babilônia”. Assim, Joanã, filho de Careá, todos os comandantes do exército e todo o povo preferiram desobedecer à ordem do Senhor. Em vez de ficarem em Judá, resolveram partir para o Egito. E Joanã, filho de Careá, e todos os comandantes do exército reuniram todo o povo, incluindo as pessoas que haviam voltado de todas as nações próximas a Judá, para onde tinham fugido: todos os homens, as mulheres e crianças, as filhas do rei, enfim, todas as pessoas que Nebuzaradã, chefe da guarda imperial, tinha deixado em Judá, aos cuidados de Gedalias, filho de Aicão, neto de Safã. Além disso, obrigaram o profeta Jeremias e Baruque, filho de Nerias, a irem com eles para o Egito. Chegaram ao Egito e foram viver na cidade de Tafnes, desobedecendo completamente às ordens do Senhor. Então, em Tafnes, o Senhor falou a Jeremias o seguinte: Reúna os líderes judeus diante do palácio do faraó em Tafnes. Deixe que eles observem enquanto você coloca pedras grandes entre os tijolos do calçamento da entrada do palácio. Depois anuncie o seguinte: Assim diz o Senhor Todo-poderoso, o Deus de Israel: Eu mesmo farei o meu servo, Nabucodonosor, rei da Babilônia, atacar a terra do Egito. Ele colocará o seu trono sobre as pedras que eu enterrei na calçada do palácio. Ele armará a tenda real sobre essas pedras. Ele virá com seus exércitos e destruirá a terra do Egito. Ele matará quem destinei para ser castigado com a morte; levará como escravos as pessoas que eu destinei à escravidão. Ele queimará os templos dos deuses egípcios. Levará para sua terra as imagens dos deuses. Recolherá um por um os tesouros do Egito, como um pastor tira os piolhos do seu manto! Sairá do Egito vitorioso, sem ter sofrido a menor derrota. Ele derrubará as altas colunas do templo da cidade de Heliópolis, no Egito, e queimará os templos dos deuses do Egito”. Esta é a palavra que o Senhor deu a Jeremias sobre os judeus que estavam vivendo no Egito, nas cidades de Migdol, Tafnes e Mênfis, e também na região sul do Egito, chamada Patros: “Assim diz o Senhor Todo-poderoso, o Deus de Israel: Vocês viram muito bem o tremendo castigo que eu trouxe sobre Jerusalém e sobre todas as cidades de Judá. Hoje elas estão em ruínas e desabitadas por causa da desobediência do povo que me deixou irado ao queimar incenso para adorar falsos deuses — deuses desconhecidos deles e dos antigos israelitas. Antes do castigo, porém, eu mandei profetas, os meus servos, dia após dia desde o começo da nação, para avisar o povo: ‘Não cometam esse pecado tão terrível. O Senhor detesta a idolatria!’ Mas o povo não me obedeceu, nem sequer me deu atenção! Não quiseram abandonar seus pecados, não quiseram deixar de adorar os deuses falsos com incenso e sacrifícios. Foi por isso que a minha ira e o meu furor arderam como fogo e destruíram as cidades de Judá e as ruas de Jerusalém. Até hoje tudo por lá continua deserto e destruído. Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: “Por que vocês insistem em provocar sua própria destruição? Nenhum de vocês vai ficar vivo; nenhum homem, mulher, criança ou recém-nascido que veio de Judá para o Egito se salvará. Vocês estão mais uma vez provocando a minha ira, queimando incenso para adorar outros deuses até aqui, no Egito, onde vieram morar. Vocês estão me forçando a castigar este resto de povo, a transformar os judeus em um povo desprezado e odiado por todas as nações da terra. Já se esqueceram das maldades de seus pais, das maldades dos reis e rainhas de Judá, das maldades que vocês e suas mulheres cometeram nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém? Até hoje vocês não se humilharam, nem sentiram tristeza pelos seus pecados. Vocês não me respeitam, não obedecem à minha lei e aos decretos que eu ordenei aos primeiros israelitas. Por isso, assim diz o Senhor, o Deus de Israel: “O meu plano é castigar todos vocês e destruir completamente todo o povo de Judá. Tomarei o remanescente de Judá, que teimou em vir morar no Egito, e todos morrerão no Egito. Cairão pela guerra ou pela fome; desde o mais humilde ao mais importante morrerá pela espada ou pela fome. Serão amaldiçoados, desprezados e odiados. Da mesma maneira como castiguei os moradores de Jerusalém — com a guerra, a fome e a doença  —, castigarei os judeus que fugiram para o Egito. Ninguém entre os remanescentes de Judá que foi morar no Egito escapará ou sobreviverá para voltar à terra de Judá, para a qual todos gostariam de voltar. Somente alguns poucos, arrependidos, voltarão para Judá fugindo do Egito”. Então as mulheres presentes e os homens que sabiam que suas esposas queimavam incenso a deuses falsos — já havia uma grande multidão de judeus vivendo no sul do Egito — responderam a Jeremias: “Não vamos dar atenção à mensagem que você nos apresenta em nome do Senhor! Vamos fazer nossa própria vontade! Vamos continuar queimando incenso para adorar a Rainha do Céu, vamos continuar oferecendo sacrifícios, derramando ofertas de bebidas a ela — como nossos pais, como os reis e autoridades de Judá fizeram em Jerusalém e nas outras cidades. Naquela época, nunca passamos fome; tínhamos muitas riquezas e vivíamos tranquilos e em paz. Mas veja o que aconteceu depois que paramos de queimar incenso e derramar oferta de bebidas para adorar a Rainha do Céu! Nossas riquezas foram roubadas; perdemos nossas casas e fomos destruídos pela guerra e pela fome”. E as mulheres ainda disseram: “Não pense você que estamos adorando a Rainha do Céu — queimando incenso, derramando ofertas de bebidas e fazendo bolos para a sua imagem — sem o conhecimento e a ajuda de nossos maridos”. Ouvindo a resposta do povo, Jeremias disse o seguinte a todo o povo, tanto aos homens como às mulheres que estavam reunidos ali: Vocês pensam que o Senhor não via seus pais queimando incenso para adorar deuses falsos? Pensam que ele não sabia como os reis, as autoridades e todo o povo faziam isso em todas as cidades de Judá, inclusive em Jerusalém? O Senhor castigou Judá com a destruição, castigou o seu povo com sofrimento e vergonha, porque já não aguentava mais os terríveis pecados que vocês estavam cometendo! E até hoje Judá continua deserta, tornou-se objeto de maldição para quem passa por lá. A razão dessa desgraça toda que se vê hoje foi a sua desobediência; vocês pecaram contra o Senhor, desobedeceram à sua lei, aos seus decretos e às suas instruções, e queimaram incenso para adorar falsos deuses!” Além disso, Jeremias transmitiu esta outra mensagem a todo o povo judeu, inclusive às mulheres: “Ouçam a palavra do Senhor, todos vocês judeus que vivem no Egito. Assim diz o Senhor Todo-poderoso, o Deus de Israel: ‘Vocês e as suas mulheres prometeram continuar adorando a Rainha do Céu. E, de fato, não ficaram só na promessa; queimaram incenso e derramaram vinho para adorar a Rainha do Céu. “Por isso, continuem a cumprir suas promessas a ela! Mas ouçam com atenção a palavra do Senhor! Escutem bem, todos vocês, judeus que vivem no Egito: ‘Eu juro, pelo meu grande nome, diz o Senhor, ‘que nenhum de vocês voltará a invocar o meu nome ou a jurar pela vida do Soberano, o Senhor! Eu mesmo vou cuidar da sua situação, mas não para o seu bem. Vou cuidar para que a desgraça apanhe todos vocês em cheio! Cada um de vocês será morto, pela guerra e pela fome; até que todos sejam destruídos. Só quem voltar para Judá será salvo. Mas serão poucos os que vão escapar do meu castigo. Quando o castigo chegar, todo o remanescente que insistir em ficar no Egito saberá qual palavra se concretiza, a minha ou a deles. “ ‘E esta será a prova de que as minhas ameaças são verdadeiras’, diz o Senhor, ‘e de que vocês serão castigados aqui: Assim diz o Senhor: ‘Entregarei o faraó Hofra, rei do Egito, nas mãos dos seus inimigos, que desejam tirar-lhe a vida. Farei com ele o mesmo que fiz com Zedequias, rei de Judá, que entreguei nas mãos de Nabucodonosor, rei da Babilônia, seu inimigo mortal’ ”. Esta foi a mensagem que Jeremias deu a Baruque, filho de Nerias, no quarto ano de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá, depois que Baruque terminou de escrever o rolo com as profecias de Jeremias, ditadas pelo profeta: “Assim diz o Senhor, o Deus de Israel, a você, Baruque: Você anda reclamando: ‘Pobre de mim! Será que já não tenho sofrido o bastante? Por que o Senhor ainda me dá mais esta tristeza? Já não aguento mais; é um fardo pesado demais para mim’. Mas o Senhor manda-me dizer o seguinte a você, Baruque: ‘Assim diz o Senhor: Estou destruindo o que construí e arrancando o que plantei em toda esta terra. E você pensa em obter grandezas? Pare de pensar nisso! Vou trazer desgraça sobre toda a humanidade’, diz o Senhor, ‘mas deixarei você escapar com vida, esteja onde estiver’ ”. Estas são as mensagens que o Senhor deu ao profeta Jeremias a respeito das nações: Acerca do Egito: Esta é a mensagem que foi anunciada contra o exército do rei do Egito por ocasião da batalha de Carquemis, junto ao rio Eufrates, quando o faraó Neco e seu exército foram derrotados por Nabucodonosor, rei da Babilônia. Isso aconteceu no quarto ano do reinado de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá: “Preparem-se para a batalha, protejam-se com os escudos grandes e pequenos! Avancem para a batalha! Selem os cavalos! Montem, soldados da cavalaria! Coloquem seus capacetes, afiem as lanças e vistam suas armaduras. Mas o que está acontecendo? O exército do Egito foge, apavorado! Os soldados mais valentes fogem, correndo, sem ao menos olhar para trás. Estão cercados de terror, por todos os lados”, diz o Senhor. “Os mais ligeiros não conseguem fugir, os mais fortes não escapam. No norte, junto ao rio Eufrates, eles tropeçam e caem. “Que exército é este, marchando pela terra como o rio Nilo em época de cheia? É o exército do Egito que se espalha como o rio Nilo na enchente da primavera. O faraó pensa consigo mesmo, muito convencido: ‘Inundarei a terra como uma enchente! Destruirei as cidades e todos os seus habitantes!’ Vamos então! Avancem, soldados da cavalaria! Ataquem carros de guerra! Marchem, soldados valentes! Venham para a luta, soldados da Etiópia e da Líbia, peritos em atacar com arco e flecha, que se defendem tão bem com os escudos. Mas aquele dia pertence ao Soberano, ao Senhor Todo-poderoso. Será o dia de vingança, o dia em que ele vai se vingar de seus inimigos. A sua espada vai devorar vidas e mais vidas, até perder o corte, até ficar embriagada de sangue! Porque o Soberano, o Senhor Todo-poderoso, oferecerá em sacrifício suas vítimas na terra do Norte, junto ao rio Eufrates. “Suba aos montes de Gileade à procura de remédio para suas feridas, ó virgem, filha do Egito! Nem lá você encontrará remédio capaz de curar seus ferimentos. Todos os povos já ouviram falar da sua derrota, da sua humilhação! Por todo o mundo se ouvem os seus gritos de medo e dor. Os seus soldados mais valentes fugiram apavorados, tropeçaram uns nos outros e caíram juntos”. Mais tarde, o Senhor deu a Jeremias a seguinte mensagem a respeito da invasão do Egito por Nabucodonosor, rei da Babilônia: “Anunciem esta mensagem no Egito! Gritem a plenos pulmões esta mensagem nas ruas de Migdol, Tafnes e Mênfis! ‘Preparem-se para a luta! Todos os povos ao seu redor já foram conquistados; chegou a sua vez!’ Por que seu deus-touro, Ápis, foi derrubado do seu altar? Ele não teve força para resistir ao Senhor, que derrubou o seu deus na presença dos inimigos do Egito. O Senhor fará multidões tropeçarem e caírem. Quando isso acontecer, alguns dirão: ‘Levantem-se! Vamos voltar para nossa terra! Assim escaparemos dessa terrível matança!’ Lá mudarão o nome do faraó Hofra, o rei do Egito. Ele será chamado de ‘O Homem de Muita Conversa e Pouco Poder’, que perdeu a oportunidade de viver em paz. “Tão certo como eu vivo”, diz o Rei, cujo nome é o Senhor Todo-poderoso, “ele virá como o monte Tabor entre os outros montes, como o monte Carmelo junto ao mar! Junte suas coisas e faça a sua bagagem para o exílio, povo do Egito! A cidade de Mênfis será completamente destruída, será desolada e ficará sem os seus moradores. “O Egito tem a força e a beleza de uma novilha. Apesar disso, uma mutuca vinda do norte espantará a novilha! Os mercenários que o Egito contrata a peso de ouro serão destruídos pelo inimigo como bezerros cevados num matadouro; fugirão da batalha, apavorados, porque vão perceber que chegou o dia de serem castigados. O Egito está fugindo; mas foge assobiando como uma cobra, à medida que o inimigo avança com grande força. O exército inimigo ataca com machados, como se fossem cortadores de lenha. Eles derrubarão a sua floresta com seus machados”, diz o Senhor, “por mais densa que seja. Eles são mais numerosos do que gafanhotos! A filha do Egito sofre a mesma vergonha; será conquistada pelo povo do Norte”. O Senhor Todo-poderoso, o Deus de Israel, diz: “Castigarei Amom, deus de Tebas, e todos os outros deuses do Egito. Castigarei o faraó, os seus reis e todos os que confiam no faraó. Eu entregarei as autoridades egípcias nas mãos de seu inimigo mortal, Nabucodonosor, rei da Babilônia, e de seus oficiais, que desejam tirar-lhes a vida. Cairão nas mãos do exército da Babilônia, mas depois de tudo isso o Egito voltará a ser um país habitado, como nas épocas passadas”, diz o Senhor. “Mas quanto a você, meu servo Jacó, não tema! E vocês, povo de Israel, não tenham medo! Eu mesmo os trarei de volta da terra do seu exílio. O meu povo voltará para sua terra, onde viverá tranquilo e em segurança; ninguém fará que fiquem com medo. Não tenha medo, Jacó, meu servo, porque eu estou ao seu lado”, diz o Senhor. “Destruirei completamente todas as nações entre as quais eu o dispersei, mas você não será destruído completamente. Darei a você apenas o castigo que você merece; não serei severo demais”. Esta é a mensagem que o Senhor deu a Jeremias sobre os filisteus, antes de o faraó atacar e conquistar a cidade de Gaza. Assim diz o Senhor: “Uma enchente está vindo do norte para inundar a terra dos filisteus; destruirá as cidades e os campos, inundará esta terra e tudo o que nela existe, as cidades e os seus moradores. Eles vão gritar de medo, todos os filisteus vão gritar de dor quando ouvirem o barulho dos cavalos e carros de guerra. Os pais fogem, dominados pelo medo, e abandonam seus filhos à própria sorte, porque os seus braços estarão fracos, caídos. Porque chegou a hora da destruição para todos os filisteus e seus aliados em Tiro e Sidom. O Senhor mesmo destruirá os filisteus, o remanescente da ilha de Caftor, no meio do grande Mar. As cidades de Gaza e Ascalom estão caladas; as ruínas serão espalhadas até não ficar pedra sobre pedra. E vocês, remanescentes da planície, vão chorar e se lamentar profundamente! “ ‘Ah, espada do Senhor, quando você vai descansar? Volte para a sua bainha; descanse e fique quieta.’ Mas como poderia ela ficar quieta? Foi o Senhor quem lhe deu a ordem! Ele ordena a destruição de Ascalom e das outras cidades do litoral”. Acerca de Moabe: Esta é a mensagem do Senhor Todo-poderoso, o Deus de Israel: “A cidade de Nebo está condenada; será completamente destruída! A cidade de Quiriataim e suas fortalezas foram conquistadas; o orgulho de Moabe foi envergonhado. Ninguém mais se orgulha de Moabe. Em Hesbom foram feitos planos para a sua ruína. ‘Venham! Vamos riscar o povo de Moabe do mapa!’ A cidade de Madmém acabará como um monte de ruínas silenciosas. O ruído da batalha chega a Horonaim. ‘Devastação! Grande destruição! Toda a terra de Moabe está sendo destruída!’ Os gritos do povo são ouvidos por todo o país, até Zoar. Os que escaparam sobem a ladeira para Luíte, chorando sem parar; enquanto isso, embaixo, em Horonaim, ouvem-se gritos desesperados por causa da destruição. Fujam! Fujam para salvar suas vidas. Mesmo que você se torne como um arbusto no deserto, fuja! Vocês confiavam em sua riqueza e habilidade; por isso, seu país será conquistado. O seu deus, Camos, será levado para longe, junto com seus sacerdotes e príncipes, que se tornarão escravos. Todas as cidades serão destruídas. Quer fiquem nos vales, quer nos planaltos, ninguém escapará da destruição. Esta é a ordem do Senhor. Preparem uma pedra para o túmulo de Moabe, pois logo estará em ruínas; suas cidades ficarão desertas, sem nenhum morador. “Maldito aquele que faz o trabalho do Senhor negligentemente! Maldito aquele que impede a sua espada de derramar sangue. Desde o começo de sua história, Moabe viveu tranquilamente, sem sofrer invasões de outros povos. Era como o vinho que ficou algum tempo misturado com as uvas amassadas para ganhar sabor. Não foi passado de uma vasilha para outra, e assim conservou sem alteração o seu gosto e o seu cheiro. Nunca foi para o exílio. Mas em breve”, diz o Senhor, “mandarei inimigos contra Moabe. Eles passarão o vinho de uma vasilha para outra, esvaziarão as suas jarras e por fim as quebrarão! Então, finalmente, Moabe terá vergonha de seu deus Camos, como os israelitas se envergonharam de seu deus-bezerro, que ficava em Betel. “E antes vocês diziam: ‘Somos soldados valentes, fortes e preparados para a batalha!’ Lembram disso? Mas Moabe será destruída, e suas cidades invadidas. Os melhores jovens do país serão enviados a uma batalha perdida, a uma triste e inútil matança”, diz o Rei, cujo nome é o Senhor Todo-poderoso. “Os destruidores de Moabe estão se aproximando; o terrível castigo se aproxima rapidamente. Povos vizinhos de Moabe, chorem de tristeza por ele! Vocês que conhecem Moabe, vejam como o cajado forte, o cetro glorioso, foi quebrado em pedaços! “Povo de Dibom, desça do seu orgulho e riqueza! Venha se sentar no pó, no meio de uma terra seca. Os destruidores de Moabe também arrasarão Dibom e as suas fortalezas. Os moradores de Aroer ficam ansiosos, à beira do caminho, e perguntam aos fugitivos que passam: ‘O que aconteceu?’ E a resposta é a seguinte: ‘A desgraça caiu sobre Moabe; nosso país foi destruído. Gritem e chorem de tristeza! Anunciem, nas margens do rio Arnom, que Moabe foi destruído!’ Todas as cidades da campina foram destruídas, porque o julgamento de Deus também chegou ao planalto: a Holom, Jaza e Mefaate, a Dibom, Nebo e Bete-Diblataim, a Quiriataim, Bete-Gamul e Bete-Meom, a Queriote e Bozra, a todas as cidades de Moabe, distantes e próximas. Acabou a força de Moabe; o seu braço foi quebrado”, diz o Senhor. “Deixem-na embriagada de sofrimento, porque se revoltou contra o Senhor. Moabe se arrastará no próprio vômito, e será objeto de zombaria. Vocês, moabitas, zombaram de Israel, como se os israelitas fossem ladrões apanhados em flagrante. Agora, chegou a sua vez de sofrer zombaria. Moabitas, fujam de suas cidades! Vão morar nas cavernas das rochas, como as pombas que fazem seus ninhos nos buracos dos rochedos. “Todos nós já ouvimos falar do orgulho de Moabe. Sabemos dos ares de superioridade que os moabitas sempre tiveram; conhecemos seu atrevimento. Conhecemos a arrogância do seu coração”, diz o Senhor. “Eu conheço a insolência de Moabe, mas isso não o ajudará em nada. Os moabitas se gabam de suas forças, mas isso não evitará o castigo. Por isso, eu vou chorar por causa de Moabe; vou lamentar por causa dos moradores de Quir-Heres. Eu vou chorar mais pelas videiras Sibma do que por Jazer! As suas belas plantações de uvas chegavam até o mar e estendiam-se até o lago de Jazer! Mas, de repente, o inimigo destruiu os frutos de verão, toda a sua colheita! Toda a alegria e felicidade sumiram dos campos férteis de Moabe. Nos tanques de espremer uvas já não há mais vinho. Os fabricantes de vinho não pisarão as uvas cantando de alegria; a alegria se transformou em gritos de dor. Esses gritos se ouvem em toda a terra de Moabe, desde Hesbom até Eleale e Jaaz, desde Zoar até Horonaim e Eglate-Selisia. Até as águas do rio Ninrim secaram, e a região está abandonada. Não deixarei em Moabe uma pessoa sequer que adore falsos deuses ou queime incenso a ídolos”, diz o Senhor. “O meu coração geme de tristeza por causa de Moabe, como uma flauta, e chora por causa de Quir-Haresete; toda riqueza dos moabitas se foi! Os homens rapam a cabeça e a barba de tristeza. Fazem cortes nas mãos e se vestem com pano grosso de saco para mostrar seu sofrimento. Em todos os terraços, em todas as ruas e praças de Moabe há choro e gritos de desespero, porque eu destruí a nação! Quebrei Moabe como um jarro de barro que não agrada ao oleiro que o fez”, diz o Senhor. “E que terrível destruição! Ouçam o choro do povo! Sintam a vergonha do povo de Moabe! Seu país virou motivo de riso e zombaria para todos os seus vizinhos”. Assim diz o Senhor: “Vejam! O inimigo se aproxima de Moabe, rápido como uma águia, estende as suas asas sobre Moabe. As cidades serão conquistadas, as fortalezas, ocupadas pelos soldados inimigos. Naquele dia, os soldados mais valentes de Moabe ficarão cheios de medo, como a mulher que está para dar à luz. Moabe deixará de ser uma nação, porque foi orgulhosa e se revoltou contra o Senhor. O seu destino, ó povo de Moabe, é medo, armadilhas e traição!”, diz o Senhor. “Quem escapar do medo cairá na armadilha; se escapar da armadilha, será vítima de traição. Eu mesmo trarei sobre Moabe a hora do seu castigo”, diz o Senhor. “Os moabitas fugirão, mas não terão forças para ir além de Hesbom. É de Hesbom, do centro de Siom, que surgirá o fogo que vai destruir a fronte de Moabe e o crânio dos turbulentos! Ai de você, ó Moabe! O povo do deus Camos será destruído; seus filhos serão levados para o exílio, e suas filhas como escravas, mas no futuro vou restaurar a nação de Moabe”, diz o Senhor. Aqui termina o julgamento do Senhor contra Moabe. Acerca dos amonitas: Assim diz o Senhor: “Por acaso Israel não tem filhos? Será que não há ninguém que defenda a sua herança? Por que então esse povo que adora Moloque ocupou as cidades da tribo de Gade e mora lá? Como castigo”, diz o Senhor “levarei a guerra ao coração do país de Amom, à cidade de Rabá. Ela será destruída e transformada num monte de ruínas. Os povoados em volta de Rabá serão incendiados. Então o povo de Israel expulsará aqueles que o expulsaram”, diz o Senhor. “Grite de dor, Hesbom, porque Ai foi destruída! Chorem, moradores de Rabá, vistam-se de luto! Chorem e gemam, escondam-se entre os muros, porque o seu deus Moloque será levado para longe, juntamente com seus sacerdotes e os príncipes de Amom. De que adianta você se orgulhar dos seus belos e ricos vales? Em breve eles serão destruídos. Ó filha infiel! Você confia em suas riquezas e diz: ‘Quem me atacará?’ Saiba, porém, que eu trarei o terror à sua terra”, diz o Senhor Todo-poderoso. “Os países vizinhos invadirão a terra de Amom. Vocês serão expulsos de suas cidades, e nenhuma nação receberá os amonitas que fogem! “Mas, depois de todo esse sofrimento, darei alívio aos amonitas”, diz o Senhor. Acerca de Edom: Assim diz o Senhor Todo-poderoso: “Onde estão os sábios do passado? Não existem mais sábios em Temã? Será que todos eles perderam sua sabedoria, sua ciência? Fujam, saiam daí, vão morar nas cavernas, moradores de Dedã! Quando castigar Edom, sua terra também será castigada, e a hora do seu castigo se aproxima! Quando os colhedores de uvas fazem a colheita, deixam alguns cachos para os pobres. Se os ladrões chegassem à noite, não roubariam apenas o que interessa? Mas quando eu castigar Edom, acabarei com todas as suas riquezas! A terra será destruída a tal ponto que não vai sobrar nem mesmo um lugar onde alguém possa se esconder. Os filhos de Edom, seus irmãos, seus vizinhos — todos serão destruídos. Não escapará ninguém. Mas eu cuidarei dos órfãos edomitas; as viúvas de Edom poderão confiar em mim”. Assim diz o Senhor: “Se até as nações inocentes passaram por terríveis sofrimentos, você pensa que escapará, sendo tão culpado? Seus pecados não ficarão sem castigo; você beberá o cálice do julgamento até a última gota! Jurei por mim mesmo”, diz o Senhor, “que a cidade de Bozra se transformará em montões de ruínas! Serão motivo de espanto e zombaria, e todas as suas cidades ficarão arrasadas para sempre”. Ouvi esta mensagem da parte do Senhor: Um mensageiro foi enviado aos povos da terra para dizer: “Reúnam-se e formem um grande exército para atacar Edom. Preparem-se para a batalha!” “Eu farei de Edom um povo fraco e desprezado pelas outras nações. Você foi enganado pela sua antiga fama e pelo seu orgulho. Você mora nas fendas das rochas que ocupam os altos dos montes. Mas isso de nada vai adiantar. Mesmo que faça o seu ninho nas alturas como fazem as águias, eu o farei cair de lá”, diz o Senhor. “Será triste o fim de Edom; quem passar por aquela terra ficará aterrorizado, assustado com o aspecto do lugar e com o castigo que Edom sofreu. As cidades de Edom ficarão desertas como Sodoma, Gomorra e as cidades próximas, destruídas pelo Senhor. Nunca mais serão habitadas, nem mesmo por pouco tempo”, diz o Senhor. “De repente, como o leão jovem que sai da mata do Jordão para atacar os rebanhos de ovelhas, subitamente eu mandarei um inimigo caçar Edom. Arrancarei os edomitas de sua terra e colocarei ali o povo que eu quiser. Quem se atreveria a me pedir as razões dos meus atos? Que pastor é capaz de impedir a realização dos meus planos?” Ouçam bem o plano do Senhor, seu projeto já decidido contra Edom e Temã: todos, inclusive os menores do rebanho, serão arrastados! E as pastagens ficarão devastadas. A terra tremerá com o barulho da queda de Edom. O grito do povo edomita se ouvirá no distante mar Vermelho. Vejam! O inimigo virá ligeiro como uma águia; estenderá suas asas sobre Bozra. Naquele dia, os soldados mais valentes de Edom ficarão cheios de medo, como a mulher que está para dar à luz! Acerca de Damasco: “As cidades de Hamate e Arpade estão dominadas pelo medo. Ouviram as notícias da invasão inimiga. Seus corações estão agitados como o mar em dia de tempestade. Damasco se transformou numa cidade frágil; o seu povo prefere fugir a lutar, pois está dominado pelo medo. Damasco está sofrendo angústia e dor, como a mulher que vai dar à luz. Vejam como está triste e deserta a cidade que antes era tão alegre! Os rapazes sírios cairão pelas ruas; no dia do castigo, todos os seus guerreiros se calarão naquele dia”, diz o Senhor Todo-poderoso. “Acenderei um fogo nos muros de Damasco! Esse fogo destruirá os palácios de Ben-Hadade, rei da Síria”. Esta profecia trata de Quedar e dos reinos de Hazor, que serão destruídos por Nabucodonosor, rei da Babilônia. Assim diz o Senhor: “Prepare o seu exército, ataquem Quedar e destruam o povo do Oriente!” Tomem suas tendas, as riquezas e os rebanhos, suas cortinas com todos os seus utensílios e camelos. Gritem contra eles: ‘Há terror por toda parte!’ “Fujam, fujam para o coração do deserto! Escondam-se entre as rochas, vocês habitantes de Hazor”, diz o Senhor. “Nabucodonosor, rei da Babilônia, traçou um plano para atacar e destruir completamente a sua terra! O Senhor ordenou a Nabucodonosor: “Reúna seus exércitos e ataque uma nação que vive no deserto, viajando entre os oásis. Eles não têm muros para proteger suas tendas e vivem tranquilos, pensando que estão em segurança. Vocês ganharão muitos camelos e muito gado! Espalharei aos quatro ventos aqueles que rapam a cabeça. A destruição os cercará por todos os lados”, diz o Senhor. “Hazor se transformará em tocas para os chacais e animais do deserto. Nunca mais alguém viverá ali; Hazor ficará deserta para sempre!” Esta mensagem do Senhor contra Elão foi dada a Jeremias no início do reinado de Zedequias, rei de Judá: Assim diz o Senhor Todo-poderoso: “Vejam, destruirei o arco de Elão, a base do seu poder. Espalharei os elamitas pelos quatro cantos da terra, levados pelos quatro ventos. Não haverá um país no mundo para onde não fuja algum elamita! Farei com que os soldados de Elão tremam de medo diante dos seus inimigos, diante daqueles que desejam tirar-lhes a vida. No fogo da minha ira, castigarei os elamitas com tamanha destruição que acabarei com todos eles”, diz o Senhor. Colocarei o meu trono em Elão”, diz o Senhor, e destruirei seu rei e os príncipes daquela terra. Porém, no futuro farei com que o país de Elão volte a ser como era antes”, diz o Senhor. Esta é a mensagem do Senhor contra a Babilônia e a terra dos babilônios. A mensagem foi anunciada por Jeremias, o profeta: “Anunciem entre todas as nações; ergam um sinal e proclamem. Não escondam nada. Digam: ‘A Babilônia foi conquistada! O deus dos babilônios, Merodaque, vai ser envergonhado! As imagens da Babilônia estão humilhadas e seus ídolos apavorados’. Babilônia será atacada por uma nação vinda do Norte. O ataque será tão violento que toda a terra dos babilônios será destruída; ninguém mais viverá ali, nem homens nem animais. “Quando isso acontecer”, diz o Senhor, “os povos de Israel e Judá voltarão juntos da sua escravidão, chorando de arrependimento e buscando o Senhor, o seu Deus. Pedirão informações sobre como voltar a Sião e iniciarão a viagem de volta à sua terra. Dirão uns aos outros: ‘Venham! Vamos voltar e fazer uma aliança permanente com o Senhor. Essa aliança nunca será quebrada.’ “Meu povo tem vivido como ovelhas perdidas. Seus pastores deixaram que elas se desviassem e ficassem perdidas pelos montes. Elas vaguearam por montes e colinas e se esqueceram de seu antigo curral. Qualquer pessoa que encontrasse uma das minhas ovelhas, as devorava. Os seus adversários disseram: ‘Podemos atacar os israelitas à vontade. Eles pecaram contra o Senhor, a fonte de justiça, a esperança de seus antepassados’. Mas, agora, fujam da Babilônia, saiam da terra dos babilônios! Sejam um exemplo para os outros estrangeiros que vivem na cidade, como os bodes que lideram o rebanho. Vejam! Eu ajuntarei um grande exército formado pelos povos do Norte para atacar a Babilônia. A cidade será conquistada. Os arqueiros inimigos não perdem uma flechada sequer; todas acertam seu alvo! A Babilônia será saqueada; todos os que a saquearem ficarão carregados de tesouros”, diz o Senhor. “Vocês se alegraram, babilônios, quando destruíram o meu povo. Vocês vivem felizes como bezerros bem alimentados e cavalos soltos nos pastos, mas em breve sua mãe será envergonhada. Aquela que deu à luz ficará constrangida. A Babilônia se tornará a menor das nações; sua terra será um deserto, seca e vazia. A ira do Senhor impedirá a Babilônia de voltar a ser habitada. Ela será um eterno deserto, um monte de ruínas. Quem passar por ela ficará chocado e zombará dela por causa de sua grande destruição. “Nações ao redor da Babilônia, preparem-se para o ataque! Arqueiros, preparem suas flechas! Atirem sem parar, porque ela pecou contra o Senhor. Cerquem a cidade, façam soar contra ela um grito de guerra de todos os lados! Vejam, a Babilônia está se rendendo! Suas torres caem e seus muros estão sendo derrubados. Chegou a hora da vingança do Senhor; façam à Babilônia o mesmo que ela fez às outras nações! Eliminem da Babilônia os lavradores e os ceifeiros com sua foice na colheita! Os estrangeiros que vivem na Babilônia devem fugir cada um para seu próprio país, por causa do ataque inimigo. “O povo de Israel é como um rebanho disperso, afugentado por leões. O primeiro a devorá-lo foi o rei da Assíria; e depois, Nabucodonosor, rei da Babilônia, esmagou os seus ossos”. Por isso, assim diz o Senhor Todo-poderoso, o Deus de Israel: “Agora vou castigar o rei da Babilônia e sua terra, como castiguei o rei da Assíria. Trarei Israel de volta à sua própria terra; ele pastará nos campos do Carmelo e em Basã; saciará seu apetite novamente nos montes de Efraim e Gileade. Naqueles dias”, diz o Senhor, “não se encontrará pecado em Israel ou Judá, pois perdoarei todos os pecados do remanescente do povo que eu separei e protegi. “Avancem, meus guerreiros! Ataquem a terra de Merataim, ataquem o povo de Pecode! Destruam completamente esse povo rebelde, arrasem essa terra que eu condenei”, declara o Senhor. “Façam o que eu ordenei. Façam toda a terra dos babilônios ouvir os gritos de batalha, o barulho da destruição! A Babilônia, o mais poderoso martelo de todo o mundo, está quebrada em pedaços! A Babilônia se tornou motivo de espanto para todas as nações. Eu armei uma armadilha para você, ó Babilônia, e você caiu nela sem saber. Foi apanhada de surpresa. Esse foi o resultado por se revoltar contra o Senhor. O Senhor abriu o seu depósito de armas. Retirou de lá as armas da sua ira que vai usar contra a terra dos babilônios. Pois o Soberano, o Senhor Todo-poderoso, vai realizar uma grande destruição na terra da Babilônia. Venham atacar a Babilônia, povos de toda a terra! Arrombem os seus depósitos de alimentos, transformem a Babilônia num monte de ruínas! Destruam completamente essa cidade, não deixem pedra sobre pedra! Matem todos os jovens guerreiros da Babilônia, não deixem escapar um sequer! Chegou o dia do castigo para os babilônios! Morrerão como bois que descem para o matadouro. Mas o meu povo escapou com vida! Eles voltarão a Sião para contar como foi que o Senhor nosso Deus vingou a destruição do seu templo. “Reúnam arqueiros para atacar a Babilônia, todos que empunham o arco! Os exércitos devem cercar a cidade, de maneira que ninguém possa sair ou entrar. Façam à Babilônia o mesmo que ela fez a outras cidades; esse será o castigo por ter desafiado o Senhor, o Santo de Israel. Os jovens cairão nas ruas da Babilônia e todos os guerreiros se calarão naquele dia”, diz o Senhor. “Eu mesmo estou contra você, cidade arrogante!”, diz o Soberano, o Senhor Todo-poderoso. “Chegou a sua hora, o tempo em que eu a castigarei severamente. Nesse dia de castigo, você cairá apesar de todo o seu orgulho. Não haverá ninguém para ajudar você a se levantar. Eu incendiarei as suas cidades, e ninguém será capaz de apagar o incêndio!” Assim diz o Senhor Todo-poderoso: “O povo de Israel e Judá está sendo oprimido. Maltratam os israelitas e não deixam o meu povo voltar à sua própria terra. Mas acontece que o Redentor deles é forte e poderoso. O seu nome é o Senhor Todo-poderoso. Ele defenderá os interesses do seu povo e fará os israelitas voltarem para sua terra natal. Por outro lado, ele acabará com a paz e a tranquilidade dos moradores da Babilônia. A guerra da destruição final cairá de repente sobre os babilônios!”, diz o Senhor, “sobre sua capital, Babilônia, sobre os príncipes e sobre os sábios. A destruição virá de repente sobre os seus falsos profetas! O povo que vivia se gabando de seu poder acabará passando por louco! Os soldados mais valentes ficarão paralisados de medo! A guerra destruirá todos os carros e cavalos de guerra da Babilônia; a morte se espalhará entre os estrangeiros que vivem na cidade e não sabem se defender. Os soldados inimigos tomarão para si os tesouros guardados nos templos e palácios! Os inimigos farão secar as fontes de água da cidade. Por que tudo isso vai acontecer? Porque a Babilônia é uma terra cheia de ídolos, porque o povo babilônio enlouqueceu por causa dos seus ídolos horríveis. “Por isso, a Babilônia virá a servir de esconderijo para os chacais e animais do deserto. Avestruzes farão seus ninhos nela; a cidade nunca mais será habitada! O Senhor avisa que a Babilônia acabará deserta para sempre, como Sodoma e Gomorra, as cidades que Deus destruiu”, diz o Senhor. “Nunca mais será habitada! “Vejam! Um grande exército, composto de muitas nações, se aproxima vindo do Norte! Muitos reis comandam o exército, reis de países distantes. Os soldados estão armados com arcos e lanças; são cruéis, e não sabem o que é ter pena de alguém. O barulho do exército em marcha é forte como o do mar, das ondas quebrando nas rochas. Os batalhões de cavalaria marcham em ordem, prontos para atacar a cidade da Babilônia. Quando o rei da Babilônia ouviu as notícias da invasão de seu país, perdeu completamente o ânimo. Foi dominado pela angústia e pelo medo, como a mulher que está para dar à luz. Como o leão jovem sai da mata do Jordão para atacar as ovelhas que pastam nos campos, eu subitamente caçarei a Babilônia, pondo-a para fora de sua terra. Ela será dominada pela pessoa que eu escolher. Quem se atreveria a me pedir as razões dos meus atos? Quem é o pastor capaz de impedir a realização dos meus planos? Ouçam com atenção o plano do Senhor contra a Babilônia, os projetos que ele preparou contra a terra dos babilônios! O país será invadido, até mesmo os menores do rebanho serão arrastados e as pastagens ficarão devastadas por causa deles. Todos ficarão horrorizados vendo o que aconteceu à Babilônia. A terra inteira tremerá com a queda da Babilônia, e seu grito será ouvido por todos os povos. Assim diz o Senhor: “Vejam! Mandarei o vento da destruição soprar sobre a Babilônia e sobre toda a terra da Babilônia. Mandarei inimigos contra a Babilônia. Eles passarão a terra dos babilônios pela peneira, como se faz com o trigo. A Babilônia será a palha que o vento da destruição levará para longe. Será cercada pelos soldados inimigos, e as flechas adversárias matarão os arqueiros e soldados da Babilônia, furando suas armaduras. Ninguém escapará com vida; jovens e adultos, todo o seu exército será destruído. Os defensores da Babilônia cairão mortos nas ruas da cidade, ficarão espalhados no solo de sua terra os soldados babilônios. Israel e Judá não foram abandonados como viúvas pelo seu Deus, o Senhor Todo-poderoso, mas a terra dos babilônios está cheia de culpa diante do Santo de Israel. “Fujam da Babilônia para salvar a vida! Não fiquem dentro da cidade, pois aí serão castigados pelos pecados que a Babilônia cometeu! Chegou o tempo da vingança do Senhor; ele dará à Babilônia o castigo merecido. A Babilônia foi como uma taça de ouro nas mãos do Senhor. Nela, as nações beberam o vinho da ira de Deus e foram destruídas. Mas agora, de repente, chegou a vez de a Babilônia ficar arruinada. Chorem por ela, procurem remédios para curar suas feridas; talvez ela ainda possa ser curada. “ ‘Bem que tentamos curar a Babilônia, mas não houve cura para sua doença! Estrangeiros, saiam dessa cidade; fujam, cada um para seu próprio país! Os crimes da Babilônia são tão grandes que o castigo de Deus vai cair do céu sobre ela; eleva-se tão alto quanto as nuvens. ‘O Senhor está vingando o nosso sofrimento, está fazendo justiça! Venham a Jerusalém, anunciemos o que o Senhor, o nosso Deus, fez!’ Afiem as pontas das flechas! Preparem os escudos! O Senhor colocou no coração dos reis dos medos um forte desejo de atacar a Babilônia; eles desejam destruir a cidade. Assim o Senhor vai executar a sua vingança pela destruição do seu templo. Coloquem no topo do mastro a bandeira que indica o ataque à Babilônia! Coloquem sentinelas, reforcem a guarda; preparem emboscadas e não deixem ninguém sair da cidade! O Senhor realizou tudo o que tinha prometido a respeito da Babilônia. Você, Babilônia, cortada por rios e canais, cidade de grande comércio, cheia de tesouros, saiba que chegou a hora do seu castigo, o resultado da sua sede de riqueza! O Senhor Todo-poderoso jurou por si mesmo e disse: a Babilônia será invadida pelos soldados inimigos! Eles encherão a cidade como os gafanhotos invadem um campo! Gritarão de alegria pela vitória, como os homens gritam ao pisar as uvas no tanque de fazer vinho. “Deus criou a terra pelo seu poder; firmou o mundo com a sua sabedoria. Com a sua inteligência ele estendeu o céu. Ao som do trovão no céu, as chuvas caem. As águas sobem da terra em forma de vapor; ele cria os relâmpagos para as grandes tempestades e tira o vento dos seus depósitos. “O homem, ao contrário, não tem sabedoria alguma; ele é um tolo. Quem faz ídolos para adorar, acabará sendo envergonhado porque suas imagens não têm vida, não passam de uma ilusão! Elas não têm fôlego de vida. Os ídolos são inúteis, são objetos de zombaria! Deus, na hora certa, vai destruir cada um deles. Mas o Deus de Israel não é igual aos ídolos! Ele é o criador de todas as coisas; ele escolheu Israel para ser o seu povo. O nome do nosso Deus é Senhor Todo-poderoso. Você, Babilônia, foi o meu martelo e a minha espada. Com você, eu quebrei nações em pedaços e destruí muitos reinos. Usei você para partir em pedaços o cavalo e seu cavaleiro, os carros de guerra e seus condutores; você foi usada para destruir o povo comum, o velho, o homem, a mulher, o rapaz e a moça; usei você para destruir pastores e rebanhos, o lavrador e o boi que puxava o arado, autoridades e governadores. “Mas agora chegou a hora de você pagar por todos os pecados e maldades que cometeu em Sião, contra o meu povo. Todos os moradores de seu país pagarão pelos seus crimes”, diz o Senhor. “Eu sou seu inimigo, reino destruidor de nações!”, diz o Senhor. “Estenderei a minha mão contra você e a arrancarei dos seus alicerces; farei de você um reino destruído pelo fogo. Depois do meu castigo, as grandes pedras com que você foi construída ficarão tão quebradas que não servirão para construir uma pequena casa. Você será transformada num eterno monte de ruínas”, diz o Senhor. “Façam sinal para todos os povos da terra! Toquem a trombeta para reunir os exércitos das nações que vão atacar a Babilônia. Chamem para entrar na guerra os reinos de Ararate, Mini e Asquenaz. Escolham um comandante para comandar os batalhões! Tragam milhares de cavalos para os carros e a cavalaria, como um enxame de gafanhotos. Reúnam contra ela os exércitos dos reis da Média com seus governadores! Venham as pequenas nações com seus governadores e oficiais, indicados pelo rei da Média! A terra treme e se agita de dor, porque os planos do Senhor contra a Babilônia continuam inalterados. A Babilônia será destruída e se transformará num lugar deserto, onde nunca mais viverá homem algum! Os soldados mais valentes da Babilônia abandonaram a luta e se esconderam nas fortalezas. Perderam a coragem, estão fracos e medrosos como mulheres. Os inimigos arrombaram os portões da cidade e incendiaram as casas. De toda parte, mensageiros correm velozmente para anunciar ao rei que a Babilônia, a capital do seu império, está completamente dominada pelo inimigo. Eles avisam que é impossível fugir pelos canais mais rasos do rio Eufrates, porque foram tomados pelo inimigo. As fortalezas que defendem a cidade estão em chamas; os soldados fogem de suas posições, apavorados. Assim diz o Senhor Todo-poderoso, o Deus de Israel: “O que estou fazendo agora com a Babilônia é apenas preparar um terreiro plano para separar o trigo da palha. Em breve essa separação será iniciada, quando chegar o tempo da colheita”. Os judeus, escravos na Babilônia, reclamam dizendo: “Nabucodonosor, rei da Babilônia, nos devorou, nos esmagou e nos deixou sem forças. Ele nos engoliu como um monstro, matou sua fome com as nossas riquezas e então nos vomitou. Tomara que as maldades que a Babilônia fez a Judá sejam devolvidas uma por uma! Tomara que o sangue dos judeus mortos seja vingado com o sangue dos moradores da Babilônia”, diz Jerusalém. Por isso, assim diz o Senhor: “Vejam, eu cuidarei do seu caso; eu serei o seu advogado e vingarei o sofrimento pelo qual vocês passaram. Secarei o rio Eufrates, deixarei vazias as fontes de água e transformarei a Babilônia num montão de ruínas. Ela servirá apenas para tocas de chacais; será motivo de pavor e zombaria em toda parte; ficará abandonada para sempre. Quando se reúnem para grandes festas e bebem demais, os babilônios são fortes e valentes como leões. Quando estiverem entusiasmados de tanto vinho, prepararei para eles outro tipo de festa. Eles beberão o vinho do meu julgamento, até caírem em um sono eterno do qual nunca acordarão”, diz o Senhor. “Eu os levarei para o matadouro, como carneiros e bodes. “Sesaque, a grande cidade, o orgulho da terra, vai ser conquistada e destruída de surpresa! Como isso acontecerá à Babilônia? O mundo mal pode acreditar na queda da Babilônia. O mar invadiu a Babilônia; a cidade foi coberta pelas ondas agitadas. Todas as cidades dos babilônios foram destruídas, ficaram vazias e desertas, sem um único morador. Nem mesmo os viajantes passam por elas! Castigarei a Bel, o deus da Babilônia; arrancarei de sua boca tudo o que devorou. Nunca mais outros povos virão à Babilônia para adorar esse falso deus. O muro da cidade cairá. “Meu povo, saia depressa da Babilônia! Vamos, fujam do calor da ira do Senhor! Não fiquem com medo quando ouvirem as primeiras notícias sobre a invasão. Surgirão boatos num ano, outros boatos no ano seguinte, e depois acontecerá uma série de lutas entre os governantes da Babilônia. Depois disso virão os dias em que castigarei as imagens esculpidas da Babilônia. Toda a terra dos babilônios sofrerá os horrores da guerra, e o povo da Babilônia ficará espalhado pelas ruas, mortos sem sepultura. Os céus e a terra vibrarão de alegria pela destruição da Babilônia! Os destruidores da grande cidade virão do Norte”, diz o Senhor. “Como os exércitos da Babilônia mataram milhares de israelitas em Jerusalém e Judá, assim os babilônios serão mortos aos milhares em seu país e na Babilônia, a capital. Fujam para bem longe, todos vocês que escaparam da destruição! Não parem nem olhem para trás! Lembrem-se de Jerusalém, lembrem-se do Senhor e voltem para sua própria terra! “Vocês dirão: ‘Estamos muito envergonhados! Ouvimos dizer que estrangeiros entraram no templo do Senhor! Agora ele já não é mais um lugar santo para o Senhor ’. “É verdade, tudo isso aconteceu”, diz o Senhor. “Mas em breve eu castigarei as suas imagens esculpidas. Nas ruas da cidade vai se ouvir o gemido das pessoas feridas na guerra. A Babilônia poderia construir muros altos como o céu e edificar uma fortaleza ali; poderia tornar-se a mais poderosa nação do mundo; mesmo assim eu a destruiria”, diz o Senhor. “Ouçam! Escutem os gritos que vêm da Babilônia; escutem o barulho de destruição que vem da terra dos babilônios! O Senhor está destruindo a Babilônia! A sua poderosa voz some em meio ao barulho da invasão inimiga, que cobre a terra dos babilônios como as grandes ondas do mar. Grandes exércitos marcham contra a Babilônia. Os soldados babilônios são presos, suas armas são destruídas. Chegou o tempo da vingança do Senhor, do justo castigo para a Babilônia. Deixarei os príncipes, os sábios, as autoridades, os governadores, os capitães e os soldados completamente bêbados com o vinho do meu julgamento. Todos eles cairão em sono eterno para nunca mais acordar!”, afirma o Rei, cujo nome é Senhor Todo-poderoso. Assim diz o Senhor: “Os largos muros que cercam a Babilônia serão derrubados até chegarem ao nível do chão; os grandes portões serão completamente queimados. Os trabalhadores escravos, vindos de muitas nações, trabalharam em vão! O resultado de seu esforço será destruído pelo fogo!” No quarto ano de Zedequias, rei de Judá, Jeremias mandou esta mensagem a Seraías, filho de Nerias e neto de Maaseias. Seraías era o chefe de uma caravana que o rei Zedequias tinha mandado à Babilônia. Jeremias escreveu num rolo todas as desgraças que o Senhor fará contra a Babilônia, todas as profecias anteriores, e entregou o rolo a Seraías, com a seguinte ordem: “Quando chegar à Babilônia, leia em público tudo o que eu escrevi; e depois diga: ‘Ó Deus! O Senhor prometeu destruir este lugar; prometeu deixar a Babilônia sem um único habitante, nem mesmo um simples animal; prometeu transformar esta terra num lugar vazio e deserto’. Então, quando terminar de ler, amarre o rolo a uma pedra, jogue tudo no rio Eufrates e diga: ‘Assim afundará a Babilônia e nunca mais levantará, por causa do castigo terrível que eu vou trazer contra ela. E o seu povo cairá”. Aqui terminam as mensagens de Jeremias. Zedequias tinhas vinte e um anos de idade quando se tornou rei em Jerusalém, e reinou por onze anos. O nome de sua mãe era Hamutal, filha de Jeremias, de Libna. Ele fez o que era mau aos olhos do Senhor, como fez Jeoaquim. O Senhor ficou tão irado com o povo de Judá e de Jerusalém que o lançou fora da sua presença. Ora, Zedequias se rebelou contra o rei da Babilônia. No nono ano do reinado de Zedequias, no décimo mês, o rei da Babilônia, Nabucodonosor, atacou Jerusalém com todo o seu exército. Cercaram a cidade e construíram rampas para atacar os muros. Jerusalém ficou cercada pelos babilônios até o décimo primeiro ano do rei Zedequias. Finalmente, no nono dia do quarto mês, quando os moradores de Jerusalém já estavam morrendo de fome pela absoluta falta de comida, o muro da cidade foi rompido. O rei e todos os soldados fugiram e saíram da cidade durante a noite, por uma pequena porta entre as duas paredes junto ao jardim do palácio. Apesar de a cidade estar cercada pelos soldados da Babilônia, os soldados judeus conseguiram chegar à estrada para o rio Jordão. Mas os soldados babilônios perseguiram os fugitivos e conseguiram prender o rei Zedequias nas planícies de Jericó. A essa altura, o pequeno exército que acompanhava Zedequias se dispersou e o deixou nas mãos do inimigo. Os soldados babilônios levaram o rei de Judá à cidade de Ribla, em Hamate, onde se encontrava Nabucodonosor, rei da Babilônia. Lá, Nabucodonosor julgou Zedequias. Em Ribla, o rei da Babilônia obrigou Zedequias a assistir à morte de seus filhos e dos nobres de Judá e depois mandou furar os olhos do rei de Judá. Cego, Zedequias foi preso com duas correntes de bronze e levado para a Babilônia, onde ficou até morrer. No décimo dia do quinto mês do décimo nono ano do reinado de Nabucodonosor, rei da Babilônia, Nebuzaradã — o comandante da guarda do rei da Babilônia — chegou a Jerusalém. Ele incendiou o templo do Senhor, o palácio real e todas as casas de Jerusalém. Todos os edifícios importantes foram incendiados. Os soldados babilônios comandados por Nebuzaradã derrubaram os muros que cercavam a cidade. O comandante da guarda imperial deportou para a Babilônia os mais pobres entre o povo e as pessoas que tinham escapado à destruição de Jerusalém, os que tinham se rendido ao exército babilônio, juntamente com o resto dos artesãos e aqueles que tinham se rendido ao rei da Babilônia. Porém, Nebuzaradã deixou ficar em Judá algumas pessoas bem pobres para cuidar das plantações de uvas e arar os campos. Os babilônios cortaram em pedaços as colunas de bronze que ficavam à entrada do templo do Senhor, o enorme tanque de bronze e os touros sobre os quais ficava o tanque. Todo esse material foi levado para a Babilônia. Também foram levados para a Babilônia as panelas, as pás de recolher a cinza do altar, os apagadores de velas, as bacias, as vasilhas onde era guardado o pó de incenso e todos os objetos de bronze usados no serviço do templo. Além disso, o comandante da guarda imperial mandou levar para sua terra os copos, os braseiros, as bacias, as panelas, os candeeiros, as vasilhas para guardar o incenso e as taças, todos os objetos feitos de ouro e de prata. O peso das duas enormes colunas de bronze, do grande tanque e dos touros que serviam de suporte para o tanque era tanto que não pôde ser calculado. Essas partes do templo do Senhor tinham sido construídas durante o governo do rei Salomão. As colunas tinham oito metros e dez centímetros de altura e cinco metros e quarenta centímetros de circunferência. Eram ocas, e o bronze tinha quatro dedos de espessura. Os dois metros superiores de cada coluna eram enfeitados com romãs de bronze, trançadas em toda a volta da coluna. Havia noventa e seis romãs nos lados, e na parte trançada havia cem romãs de bronze. O comandante da guarda imperial também levou prisioneiro para a Babilônia o sumo sacerdote Seraías, o segundo sacerdote Sofonias e os três porteiros do templo. Prendeu ainda um dos comandantes do exército judeu, sete conselheiros reais, o secretário, responsável pelo alistamento militar, e sessenta homens importantes que estavam escondidos na cidade. Todas essas pessoas foram levadas ao rei Nabucodonosor em Ribla, por Nebuzaradã, comandante da guarda. Em Ribla, na terra de Hamate, o rei fez que todos fossem executados. Assim aconteceu a deportação dos judeus para a Babilônia. No sétimo ano do reinado de Nabucodonosor, 3.023 judeus foram levados para o exílio por Nebuzaradã. No décimo oitavo ano, mais 832 tiveram o mesmo destino; em seu vigésimo terceiro ano, Nabucodonosor mandou Nebuzaradã, comandante da guarda imperial, a Judá, e ele levou mais 745 judeus para o exílio na Babilônia. Ao todo foram 4.600 judeus. No trigésimo sétimo ano do exílio do rei Joaquim de Judá, no vigésimo quinto dia do décimo segundo mês, no ano em que Evil-Merodaque tinha se tornado rei da Babilônia, ele libertou Joaquim, rei de Judá, da prisão. Evil-Merodaque foi muito bondoso para com Joaquim e lhe deu um lugar de honra entre os outros reis que viviam na Babilônia. Joaquim ganhou novas e belas roupas e participou das refeições no palácio real até o fim de sua vida. Além disso, ele recebeu até o dia de sua morte uma pensão diária do rei da Babilônia. A cidade que antes vivia cheia de gente está deserta! Chora de tristeza a mulher que perdeu o marido. Antes ela era a rainha entre as províncias, mas agora não passa de uma escrava. Durante a noite, ela chora sem parar. As lágrimas escorrem pelo seu rosto, e nenhum dos seus antigos amantes vem consolá-la. Os que antes eram seus amigos a traíram e se tornaram seus inimigos. Os judeus foram transformados em escravos, sofrendo com o trabalho pesado; eles foram espalhados entre as outras nações; agora não têm lar para descansar. Os inimigos de Judá se vingaram e fizeram os judeus sofrer muito. As estradas de Sião estão tristes e vazias; não há ninguém para ir às festas religiosas no templo; os portões da cidade estão desertos. Os sacerdotes gemem de tristeza. As jovens de Jerusalém estão desesperadas. A cidade de Sião está em angústia profunda. Os inimigos de Jerusalém estão alegres, satisfeitos com sua vitória. O Senhor castigou Jerusalém por causa dos terríveis pecados que ela cometeu. As criancinhas da cidade foram feitas escravas e levadas para longe. Toda a beleza, toda a glória de Jerusalém acabou. Os seus príncipes são cervos que não acham pasto; sem forças fugiram do perseguidor. Agora que é escrava, que está cheia de tristeza e sem lar, Jerusalém se lembra da riqueza e da alegria do passado. Quando os inimigos chegaram e prenderam todo o povo, ninguém veio ajudá-la. E Jerusalém se lembra de como os seus inimigos zombaram dela, quando foi destruída! Os pecados de Jerusalém foram tão terríveis que ela se tornou impura. Os que antes eram seus amigos, hoje a desprezam porque viram Jerusalém nua e humilhada. Por isso, ela chora e esconde o rosto, envergonhada. Ela praticou a imoralidade, e nem quis pensar no castigo que viria. Por isso o seu fim foi tão terrível; ela não tem ninguém que a console. “Ó Senhor ”, ela pede chorando, “veja o meu sofrimento. O inimigo me venceu e zomba de mim”. Os inimigos de Jerusalém roubaram as coisas que eram mais preciosas para ela. Os judeus viram outras nações entrando no templo, as quais Deus tinha proibido de participar das assembleias. Os moradores de Jerusalém gemem de fome, pedem chorando um pedaço de pão; trocam seus tesouros por comida para não morrer de fome. “Olha, ó Senhor, como tenho sido desprezada”. Será que o meu sofrimento não significa nada para vocês que passam por mim? Vocês nunca acharão alguém que esteja sofrendo mais do que eu. O Senhor me castigou terrivelmente no dia da sua ira. Ele mandou fogo do céu que está queimando os meus ossos; ele colocou uma armadilha para os meus pés e me abandonou, doente e sozinha, o dia inteiro. Ele amarrou os meus pecados com uma corda num jugo e os colocou em meu pescoço. O Senhor tirou a minha força e me entregou na mão dos meus inimigos; estou completamente indefesa. O Senhor dispersou os meus soldados mais valentes. Reuniu um grande exército para destruir os jovens mais nobres. O Senhor esmagou a virgem filha de Judá como alguém esmaga as uvas com os pés. É por isso que eu estou chorando; eu estou me desmanchando em lágrimas. O meu Consolador está longe de mim; só ele poderia restaurar o meu espírito. Não há esperança para meus filhos porque o inimigo prevaleceu. Sião pede ajuda, mas não há quem a console. O Senhor ordenou: “Os vizinhos de Israel serão seus inimigos! Todos vão considerar Jerusalém uma coisa imunda!” E o Senhor tem toda a razão em me castigar porque eu teimei em desobedecer às suas ordens. E agora, povos e nações, vejam como é grande o meu sofrimento! Meus filhos e minhas filhas foram levados como escravos. Pedi socorro aos meus aliados. Esperei em vão — porque eles me enganaram. Os sacerdotes e os homens experientes da cidade também morreram enquanto procuravam algum resto de comida para matar sua fome. Senhor, veja o meu sofrimento; estou desesperada, o meu coração está quebrado de tanta dor. E tudo isso porque eu me revoltei contra o Senhor. Nas ruas, os inimigos matam os filhos; em casa impera a morte. Os meus gemidos têm sido ouvidos, mas não aparece ninguém para me consolar. Os meus inimigos ouviram da minha triste situação e ficaram muito contentes com o castigo que o Senhor me deu. Mas eles também vão ser castigados, no dia que o Senhor já anunciou. Então eles vão sofrer e chorar como eu. Olhe para todos os pecados que eles cometeram, Senhor. Dê a eles o mesmo castigo que deu a mim por causa dos meus pecados. Estou gemendo e soluçando sem parar e o meu coração já está fraco. As nuvens da ira do Senhor cobriram Jerusalém. Lançou por terra a glória e o esplendor de Israel que se elevava para os céus, e não se lembrou do estrado dos seus pés no dia da sua ira. O Senhor não teve pena; destruiu todas as casas de Israel. Na sua ira, ele derrubou todas as fortalezas da filha de Judá. Jogou por terra o reino de Judá e humilhou os seus príncipes. Ardendo de indignação, ele acabou com a força de Israel. Retirou a sua proteção na hora do ataque do inimigo. Ele foi como um fogo ardente, queimando toda a terra de Israel. Como um inimigo, preparou o seu arco; como um adversário, firmou a sua mão direita. Ele usou toda a sua força para matar os jovens formosos do seu povo. A ira do Senhor foi como um fogo sobre a tenda da cidade de Sião. É verdade, o Senhor atacou Israel como se fosse seu inimigo. Derrubou violentamente os palácios e as fortalezas. Deixou os habitantes da filha de Judá chorando e gemendo de tristeza e dor. O Senhor destruiu a sua morada com violência, como se desmancha um canteiro de jardim. O lugar onde o povo de Deus se reunia foi destruído e o Senhor fez o povo esquecer as suas festas religiosas e os sábados. Cheio de ira, rejeitou o rei e o sacerdote. O Senhor não deu importância ao seu altar e abandonou o seu santuário. Ele entregou os palácios de Jerusalém nas mãos dos inimigos de Israel, e estes gritaram de alegria na casa do Senhor, como os judeus faziam nos dias de festa. O Senhor decidiu derrubar os muros da cidade de Sião. Mediu e marcou exatamente o que devia ser destruído. Ele fez gemer o muro e o antemuro e os derrubou. Os portões de Jerusalém já não servem para nada. As trancas foram quebradas pelo Senhor. Os reis e príncipes de Jerusalém agora são escravos em países distantes, onde ninguém conhece ou respeita a lei do Senhor. Os seus profetas já não recebem visões do Senhor. Os anciãos de Jerusalém se sentam na terra, em silêncio, vestidos de pano de saco e jogam terra sobre as cabeças. As moças de Jerusalém abaixam a cabeça até o chão. Já chorei tanto que não tenho mais lágrimas; a minha alma está atormentada e o meu coração está apertado de dor, vendo a desgraça que aconteceu ao meu povo. As crianças e bebês desfalecem pelas ruas da cidade. Eles pedem às suas mães, chorando: “Onde está o pão e o vinho?” Eles desfalecem pelas ruas da cidade, como os feridos, e derramam a sua alma nos braços de suas mães. Ah, Jerusalém! Que posso dizer a seu favor? Com que posso compará-la? Com quem a assemelharei, para consolá-la? É impossível; nunca houve no mundo um sofrimento igual ao seu. A sua desgraça é tão grande como o mar; quem poderá socorrê-la? Os seus “profetas” tiveram visões falsas e insensatas. Eles não mostraram a você os seus pecados. Se tivessem feito isso, você não seria escrava hoje. Em vez disso, as suas mensagens eram falsas e enganosas. Quem passa perto de Jerusalém, bate palmas, balança a cabeça e diz, zombando: “Esta é a cidade que era conhecida como a mais bela do mundo e a alegria de toda a terra?” Todos os seus inimigos zombam de você; eles assobiam, e rangem os dentes, e dizem: “Finalmente destruímos Jerusalém! A hora da vingança, que nós tanto esperávamos, chegou! Nós vimos a destruição de Jerusalém com os nossos próprios olhos!” Mas isso tudo foi obra do Senhor. Ele planejou a destruição de Jerusalém. Ele cumpriu as promessas de castigo que tinha feito há tanto tempo. Ele destruiu Jerusalém, sem piedade. Deixou que os inimigos de Jerusalém se alegrassem com a sua desgraça; exaltou o poder dos seus adversários. Agora o povo chora e se lamenta perante o Senhor. Muros da cidade de Sião, que as lágrimas corram como um rio; chorem, chorem sem parar, chorem de dia e de noite! Não se permita nenhum descanso. Levantem-se no meio da noite e chorem, gritem ao seu Deus. Derramem o seu coração como água diante do Senhor. Levantem a ele as suas mãos, e peçam que ele salve os seus filhinhos; supliquem para que não morram de fome pelas ruas e esquinas da cidade. “ Senhor, olhe e considere! Veja, é ao seu próprio povo que o Senhor fez acontecer tudo isso! Será que as mães vão ter de comer seus próprios filhos, que criaram com tanto amor? Será que os profetas e sacerdotes serão mortos dentro do templo do Senhor? Veja os moços e velhos espalhados em meio ao pó das ruas; rapazes e moças, mortos pelas espadas do inimigo. O Senhor matou toda essa gente, no dia da sua ira. O Senhor os matou sem piedade. O medo que eu sinto e a destruição que eu vejo, foi o Senhor que trouxe, de todos os lados: nesse dia terrível, o dia da sua ira, ninguém conseguiu escapar. Os meus filhinhos, que criei com tanto carinho, foram mortos pelo inimigo. Eu vi o terrível sofrimento que o Senhor mandou pela vara da sua ira. Ele me fez andar na mais completa escuridão; eu não podia ver a luz. É verdade, ele voltou a sua mão contra mim. De dia e de noite a sua mão pesava sobre mim. Ele me fez ficar velho, por fora e por dentro. Quebrou os meus ossos. Ele declarou guerra contra mim. Cercou a minha vida de dor e sofrimento. Ele me obrigou a morar em lugares escuros como os que há muito morreram. Ele me cercou com paredes altas. Estou preso! Não posso escapar! Além disso, ele colocou pesadas correntes nos meus pés. Mesmo quando grito e clamo por socorro, ele não quer ouvir a minha oração! Ele colocou grandes pedras no meu caminho, para não me deixar passar; a minha estrada ficou cheia de desvios. Ele se escondeu como um urso, como um leão, para me atacar de surpresa. Ele me agarrou, me arrastou para fora do caminho, e me despedaçou. Lá fiquei, sozinho, abandonado. O Senhor preparou o seu arco e disparou as suas flechas contra mim. As flechas da sua aljava se cravaram no meu coração. Todo o meu povo ri às minhas custas. Chegaram a fazer música, zombando de mim, sem parar. Ele me encheu de amargura e saciou-me de fel. Minha comida foi pó e pedra; quebrei os meus dentes. Ele me cobriu de cinza e pó. A paz e a tranquilidade sumiram da minha vida. Já não sei o que é a alegria. A minha força se foi, bem como a esperança que eu tinha no Senhor. Ó Deus, lembre-se do meu sofrimento, da dor e da amargura. Eu nunca poderei esquecer aqueles dias tão horríveis; quando me lembro, perco até a vontade de viver. Eu quero lembrar aquilo que pode me dar esperança na vida. O grande amor de Deus nunca termina. A única razão por não sermos completamente destruídos é a misericórdia do Senhor. Ela é inesgotável. Ela se renova a cada manhã; grande é a sua fidelidade. O que eu realmente quero na vida é o Senhor; viver junto dele. Por isso colocarei toda a minha esperança nele. O Senhor é bom para aqueles que confiam nele, para aqueles que o procuram de coração. Vale muito esperar com paciência a salvação do Senhor. É bom que o homem aguente a carga enquanto é jovem, que aprenda a ficar sentado, sozinho e em silêncio, porque o Senhor a colocou sobre ele. O jovem deve se humilhar diante de Deus, porque finalmente a esperança pode surgir. Quando alguém lhe bater, mostre a outra face e aceite os insultos; porque o Senhor não o rejeitará para sempre. Mesmo que ele faça uma pessoa sofrer, também vai mostrar a sua compaixão, porque grande é o seu amor. Deus não tem prazer em dar sofrimento e tristeza aos filhos dos homens. Quando pisam debaixo dos pés a todos os presos da terra, quando negam o direito do homem perante o Altíssimo, tiram os direitos dos oprimidos e torcem a justiça, não veria o Senhor tais coisas? Pois quem é aquele que diz, e assim acontece, sem a ordem do Senhor? Não é da boca do Altíssimo que saem tanto a alegria como o sofrimento? Por que então um simples homem reclama quando recebe o castigo pelos seus pecados? Em vez disso, devemos examinar nossa própria vida, nos arrepender de nossos pecados e voltar para o Senhor. Vamos levantar as nossas mãos e os nossos corações a Deus, que está nos céus, e confessar: “Pecamos e fomos rebeldes e o Senhor não nos perdoou. A sua ira, Senhor, foi como uma enchente que nos arrastou. O Senhor nos perseguiu e nos matou sem piedade. O Senhor se escondeu atrás de um véu de nuvens, para que as nossas orações não chegassem aos seus ouvidos. O Senhor nos transformou no lixo e refugo das nações da terra. Todos os nossos inimigos abriram as suas bocas contra nós. Vivemos cheios de medo; a solidão, a destruição e a morte são as nossas companheiras”. Os meus olhos choram, sem parar. Rios contínuos de lágrimas correm dos meus olhos por causa da destruição do meu povo. Meus olhos choram sem parar, sem descanso algum. Quem dera o Senhor olhasse lá do céu e atendesse aos meus pedidos! Quando eu vejo o que acontece às moças de Jerusalém, o meu coração se quebra de tanta dor! Os meus inimigos, a quem eu nunca fiz mal algum, me caçaram como se eu fosse um passarinho. Eles me jogaram dentro de um poço e lançaram pedras sobre mim. A água chegou à altura da minha cabeça; eu pensei: “Chegou o meu fim”. Mas lá no fundo do poço, clamei pelo seu nome, e o Senhor me ouviu; não fechou os seus ouvidos aos meus gritos por socorro. Sim, o Senhor ouviu o meu pedido desesperado e me disse: “Não tenha medo”. Ó Deus, o Senhor foi o meu advogado de defesa. O Senhor salvou a minha vida. O Senhor viu a injustiça que estavam fazendo comigo. Seja o meu advogado; mostre a todos que eu estou certo. O Senhor viu os planos terríveis que os meus inimigos fizeram contra mim, todas as suas ciladas. O Senhor ouviu os insultos, conheceu todos os seus pensamentos contra mim, tudo o que disseram sobre mim e seus planos secretos ditos de ouvido em ouvido. O Senhor vê tudo o que eles fazem. De pé ou sentados eles cantam e zombam de mim! Ó Senhor, castigue esses homens conforme a maldade das suas obras. Coloque um véu sobre o seu coração! Lance sobre eles a sua maldição! Ó Senhor, persiga-os na sua ira e elimine-os de debaixo dos céus! O ouro perdeu o brilho! As paredes do templo, que eram revestidas de ouro, foram derrubadas e as suas pedras sagradas estão espalhadas pelas ruas! Os preciosos filhos de Sião, que antes valiam o seu peso em ouro, agora valem menos que um vaso de barro, obra das mãos de um oleiro! Até os chacais dão de amamentar aos seus filhotes, mas a filha do meu povo tornou-se cruel como as avestruzes do deserto. A língua dos bebês fica presa no céu da boca, por causa da sede; as crianças pedem um pedacinho de pão, mas nem isso sobrou. Os que comiam sempre do bom e do melhor desmaiam em plena rua. As pessoas que viviam em palácios, agora reviram os montes de lixo! O pecado da filha do meu povo é maior que o de Sodoma, que foi destruída de repente, sem qualquer socorro humano. Os seus príncipes eram mais alvos que a neve, mais brancos que o leite, e tinham a pele mais rosada que um coral e a sua aparência era parecida com a safira. Mas agora a sua pele está escura como carvão. Já nem se pode reconhecê-los na rua! A sua pele enrugou-se sobre os seus ossos; secou-se, tornou-se como madeira seca. As pessoas que morreram na guerra foram mais felizes que os que morreram de fome, por falta de frutos no campo. As mães que antes eram cheias de amor, cozinharam e comeram os seus próprios filhos para não morrerem de fome no meio da destruição do meu povo. Mas agora a ira do Senhor já passou. Ele já despejou sobre nós toda sua fúria. Ele acendeu um fogo que queimou os alicerces de Sião. Nenhum rei da terra poderia imaginar que um exército inimigo conseguisse entrar pelas portas de Jerusalém; ninguém poderia pensar que isso pudesse acontecer! Mas tudo aconteceu por causa dos pecados dos profetas e sacerdotes, que mataram gente inocente dentro de Jerusalém. Agora esses homens andam sem destino pelas ruas, como cegos. Vivem sujos de sangue, e todos têm nojo deles; são imundos, e ninguém se atreve a tocar nas suas roupas. “Sumam daqui! Vão embora!”, o povo grita nas ruas. “Vocês são imundos!” Eles fogem para outros países, mas lá também ninguém os deixa habitar! O Senhor castigou esses homens, espalhando-os pelo mundo. Ele nem dá mais atenção a eles, porque perseguiram os sacerdotes e não respeitaram os anciãos. Esperamos que nossos aliados viessem nos salvar, mas foi tudo em vão. Do alto dos muros de Jerusalém, esperamos ajuda de um povo que não podia nos ajudar. Quem saía de casa e andava pelas ruas, corria perigo de ser morto. O nosso fim estava próximo; nossos dias estavam contados. Não tínhamos como escapar. Nossos inimigos eram mais rápidos que as águias nos céus; fugimos para as montanhas, mas eles nos alcançaram; corremos para o deserto, porém eles já tinham preparado uma armadilha para nos prender. O nosso rei, a fonte da nossa vida, o homem escolhido pelo Senhor  — foi preso numa dessas armadilhas que nossos inimigos armaram. E nós pensávamos que viveríamos sob a sua sombra entre as outras nações! Povo de Edom, por enquanto você pode se alegrar, você que vive na terra de Uz. Mas logo você também tomará o cálice. Você vai cair como bêbado e sofrerá uma grande vergonha. O castigo de Sião acabará, quando terminar sua escravidão; depois disso os judeus nunca mais serão escravos. Mas ele punirá a sua maldade, ó filha de Edom, e exporá o seu pecado. Senhor, lembre-se de tudo o que aconteceu conosco! Veja a nossa desgraça e vergonha! A nossa terra agora pertence a estranhos; nossas casas, a estrangeiros. Somos órfãos! Nosso pai morreu, nossa mãe ficou viúva. Temos de pagar a água que bebemos; até a lenha temos de comprar! Os que nos venceram na guerra nos obrigam a trabalhar como animais de carga, sem descanso. Para conseguir comida e não morrer de fome, precisamos pedir esmolas, pedir ajuda ao Egito e à Assíria. Nossos pais pecaram, mas morreram antes de o castigo chegar. Nós é que estamos pagando pelos pecados deles. Os povos que antes dominávamos, agora controlam nossa vida. Não há ninguém que possa nos tirar dessa situação tão triste. Quem sai de casa para tentar conseguir comida para sua família, corre perigo de ser morto pela espada do deserto. A nossa pele está abrasada e escurece por causa da fome. Em Jerusalém e nas outras cidades de Judá, as mulheres e moças são violentadas em plena rua. O inimigo enforcou nossos príncipes e maltratou nossos anciãos. Obrigaram os jovens a moer cereal com pedras muito pesadas; os meninos caem com o peso da lenha que são obrigados a carregar! Os anciãos já não podem mais sentar calmamente e observar o movimento na entrada da cidade; os jovens já não cantam. Desapareceu a alegria que havia em nossos corações; nossas danças se transformaram em lamentos! Caiu a coroa das nossas cabeças! Ai de nós, porque temos pecado! Nossos corações estão fracos; nem temos mais vontade de viver. Nossos olhos perderam o brilho. O monte de Sião está destruído e deserto; por ali perambulam os chacais. Mas Senhor, o Senhor reina para sempre! O seu trono permanece de geração em geração. Por que o Senhor se esqueceria de nós para sempre? Por que nos abandonaria por tanto tempo? Restaure-nos, ó Senhor! Faça-nos voltar para o Senhor. Renove os nossos dias como os de antigamente! Será que o Senhor nos abandonou para sempre e a sua ira contra nós não tem limite? Certo dia, no quinto dia do quarto mês do trigésimo ano, eu, o sacerdote Ezequiel, estava entre os exilados, junto ao rio Quebar. E aconteceu que o céu se abriu de repente, e Deus me mostrou muitas visões. Isso ocorreu cinco anos depois de o rei Joaquim ter sido levado preso para a Babilônia. A palavra do Senhor veio ao sacerdote Ezequiel, filho de Buzi, junto ao rio Quebar. E a mão do Senhor esteve sobre ele. Nessa visão, uma grande tempestade vinha do norte em minha direção. A tempestade empurrava uma grande nuvem, muito brilhante, carregada de fogo. Dentro da nuvem, no meio do fogo, havia algo que brilhava como bronze bem polido. Do centro dessa nuvem surgiram quatro criaturas semelhantes a seres viventes. A forma delas era de gente, e cada criatura tinha quatro rostos e quatro asas! As suas pernas eram retas; seus pés tinham cascos de boi que brilhavam como se fossem de metal. Além disso, debaixo das suas asas eu pude ver mãos humanas. As quatro criaturas eram todas iguais, com rostos e asas, e as asas de cada ser tocavam nas pontas das asas de outro ser; moviam-se sempre para a frente, sem se virarem. O primeiro rosto dessas criaturas era de homem; o rosto da direita era de leão, o da esquerda era de boi, e o de trás era rosto de águia. Duas asas de cada criatura se abriam para cima e tocavam as asas das criaturas que estavam ao seu lado; e com as outras duas asas elas cobriam seus corpos. Elas se moviam na direção em que o Espírito queria, sempre para a frente, e sem se virar para os lados. As quatro criaturas eram brilhantes como brasas acesas, como uma tocha. Entre elas corria um fogo muito brilhante, do qual saíam relâmpagos e faíscas. As criaturas voavam em todas as direções, rápidas como relâmpagos. Depois de ter visto tudo isso, vi quatro rodas no chão, uma ao lado de cada criatura. As rodas pareciam feitas de um metal dourado e brilhante. Eram todas semelhantes, e parecia haver uma outra roda dentro de cada uma delas. As rodas podiam andar em qualquer direção, sem precisar fazer curvas ou voltas. Os aros das rodas me deixaram impressionado porque eram altos, e estavam cheios de olhos ao seu redor. Quando as criaturas se moviam para a frente, as rodas se moviam para a frente. Quando as criaturas subiam, as rodas também subiam. As criaturas e as rodas iam sempre na direção em que o Espírito queria. Quando as criaturas se moviam, as rodas também se moviam; bastava as criaturas pararem, para as rodas pararem também; e quando as criaturas se elevavam do chão, as rodas também se elevavam com elas, porque o mesmo Espírito que dirigia as criaturas, dirigia as rodas. Acima das criaturas, havia uma superfície brilhante como cristal, parecida com uma cobertura curva, reluzente como um cristal, que me deixou muito impressionado. As asas das criaturas estavam estendidas por debaixo daquela superfície e tocando umas nas outras. As outras duas asas de cada criatura cobriam seus corpos. Quando elas voavam, o barulho de suas asas parecia o som das ondas do mar quebrando na praia; parecia a própria voz do Deus Todo-poderoso, de um tropel de um grande exército em marcha. Quando as criaturas paravam, abaixavam suas asas. Eu ouvia uma voz que vinha daquela superfície brilhante acima das cabeças das criaturas, enquanto ficavam de asas fechadas. E, sobre essa superfície brilhante, havia alguma coisa parecida com um trono azul, feito de safira. Assentado no trono estava alguém que se parecia com um homem! Da cintura para cima era brilhante como metal no meio do fogo; da cintura para baixo parecia feito de fogo puro, muito brilhante. Tudo em volta dele brilhava, com muitas cores, como o arco-íris nas nuvens de um dia chuvoso. Foi assim que eu vi a glória do Senhor. Ao ver tudo isso, caí por terra e escondi o meu rosto. Então ouvi a voz de alguém falando! Ele me disse: “Levante-se, filho do homem! Ouça o que eu tenho para dizer a você”. No mesmo instante em que ele falava comigo, o Espírito entrou em mim e me fez ficar em pé, e escutei o que ele me dizia. “Filho do homem”, disse ele, “eu o mandarei como meu mensageiro ao povo de Israel, essa nação desobediente que se revoltou contra mim. Até hoje, os israelitas e seus antepassados nunca deixaram de me desobedecer. Eles são um povo teimoso, de coração duro! Você será mandado por mim e anunciará aos israelitas as minhas mensagens. Diga a eles: Assim diz o Soberano, o Senhor. E, quer ouçam ou não as suas palavras (pois são um povo terrivelmente rebelde e teimoso), saberão que um profeta do Senhor esteve no meio deles. Por isso, filho do homem, não tenha medo desse povo. Não se assuste com as suas ameaças, mesmo que as palavras firam como espinhos, e sejam venenosas como escorpiões. Não se assuste com os seus gritos, nem fique apavorado, porque eles são uma nação rebelde! Você deve anunciar minhas mensagens, quer os israelitas ouçam ou não, porque são um povo teimoso e rebelde! Filho do homem, escute bem o que eu lhe digo! Não queira ser rebelde você também, como o resto do seu povo. Abra sua boca e coma o que eu vou lhe dar”. Então olhei e vi uma estranha mão estendida para mim, segurando um rolo. O rolo estava escrito por dentro e por fora. Quando a mão abriu o rolo à minha frente, vi que ele estava cheio de ameaças, desgraças e condenações. E ele me ordenou: “Filho do homem, coma o que eu lhe mostrei. Coma este rolo! Depois vá e anuncie as minhas mensagens ao povo de Israel”. Fiz o que ele mandou e comi o rolo. “Coma tudo”, disse ele. “Encha o seu estômago com este rolo que eu lhe dei”. Quando comi o rolo, percebi que era doce como mel. Depois de comer o rolo, ele me disse: “Filho do homem, vá viver entre os israelitas e anuncie a eles as minhas mensagens. Você não terá que ir a terras e povos distantes, de línguas desconhecidas, mas à nação de Israel. Você não será meu mensageiro a povos cuja língua é difícil de aprender e entender. Se você fosse meu mensageiro a esses povos, com toda a certeza eles ouviriam e aceitariam as suas mensagens. Você será meu mensageiro ao povo de Israel — a um povo onde todos são rebeldes e teimosos. Eles não darão importância ao que você falar, porque não se importam com as minhas palavras! Mas eu transformei você numa pessoa tão inflexível e endurecida quanto eles! Tornei a sua testa dura como o diamante, mais dura que a pedra. Por isso, não tenha medo deles, das ameaças e olhares cheios de ódio. Isso é natural, pois eles são um povo desobediente e teimoso”. Ele ainda me disse: “Filho do homem, deixe as minhas palavras entrarem até o fundo do seu coração. Ouça as minhas mensagens com muita atenção! Então, vá procurar os israelitas que estão no exílio, o seu próprio povo, para anunciar as minhas mensagens. Quer eles ouçam, quer se façam de surdos, diga-lhes: ‘Assim diz o Soberano, o Senhor!’ ” Então o Espírito me fez ficar em pé. Ouvi uma voz atrás de mim, forte como o barulho de um terremoto, dizendo: “Que a glória do Senhor seja louvada nos altos céus!” Ouvi o barulho das asas das criaturas, batendo umas contra as outras; ouvi o barulho das rodas, e um barulho como de um terremoto! O Espírito me levantou e me tirou de lá. Eu estava muito emocionado — irado e cheio de amargura, mas o poder do Senhor estava sobre mim. Fui até Tel-Abibe, uma colônia de israelitas exilados na Babilônia, que ficava junto ao canal de Quebar. Quando cheguei a Tel-Abibe, onde comecei a viver, fiquei sete dias sentado entre eles, muito confuso, sem saber o que fazer. Depois de passados esses sete dias, o Senhor falou comigo e disse: “Filho do homem, eu o escolhi para ser o vigia do povo de Israel. Quando você receber as minhas mensagens, deve transmitir cada uma delas ao povo, sem demora. Quando eu disser ao pecador que ele vai morrer, e você não entregar a ele a minha mensagem, se não mostrar que ele precisa mudar de vida para ser salvo, ele será castigado com a morte por causa de seus pecados, mas você será responsável pela morte dessa pessoa. No entanto, quando você advertir o pecador, e ele não se arrepender de seus pecados e desobediências, ele será castigado com a morte por causa de seus pecados, mas você estará livre dessa culpa. “Da mesma forma, quando um homem bom deixar de fazer o que é justo e passar a fazer o mal, e eu puser diante dele um tropeço, ele morrerá se você não o avisar. Ele morrerá por causa dos seus pecados. As boas obras que ele antes fazia não o livrarão do castigo, mas eu pedirei contas a você pela vida daquele homem. Mas, se você avisar o homem bom para não pecar, e ele obedecer, certamente ele viverá, e você também estará livre dessa culpa”. Novamente senti o poder do Senhor me dominar, e ele me disse: “Vá até o vale; lá eu falarei com você”. Saí de onde estava e fui para o vale. Quando cheguei ali vi novamente a glória do Senhor como na primeira visão junto ao canal de Quebar! Caí ajoelhado, com o rosto no chão! Então o Espírito entrou em mim e me fez levantar. Falou comigo e me deu a seguinte ordem: “Vá para sua casa e tranque-se! Pois você, filho do homem, será amarrado com cordas e não poderá escapar. Eu farei você ficar mudo; sozinho você não poderá condenar o seu povo — apesar de ser uma nação rebelde. Mas, quando eu falar com você, farei voltar a sua voz, e você dirá aos israelitas: ‘Assim diz o Soberano, o Senhor! Quem for obediente, ouça; quem for desobediente, não ouça; pois os israelitas são um povo rebelde’ ”. “Agora, filho do homem, pegue um tijolo de barro ainda mole e grave nele um desenho da cidade de Jerusalém. Grave também figuras de rampas de terra construídas junto aos muros; desenhe acampamentos militares em volta da cidade e os grandes troncos usados para arrombar os portões. Apanhe uma panela de ferro e a coloque entre você e a cidade gravada no tijolo. Ela estará cercada, e é você que a está cercando! Cada detalhe tem um significado; isso servirá de sinal para os israelitas. “De agora em diante você deve dormir deitado sobre o lado esquerdo do seu corpo. Você terá de carregar a culpa de Israel durante o número de dias que estiver deitado sobre o lado esquerdo. Cada dia em que você se deitar sobre o lado esquerdo do corpo representará um ano de castigo para Israel, ou seja, por trezentos e noventa dias você carregará a culpa da nação de Israel. “Depois disso, passe a dormir sobre o lado direito do corpo, durante quarenta dias, para indicar o castigo de Judá pelos seus pecados. Cada dia vai significar um ano. Enquanto isso, você deve continuar representando o cerco de Jerusalém. Deve ficar com o rosto virado para o desenho da cidade; com o braço nu estendido em sua direção, profetize contra a cidade. Vou paralisar você com cordas, obrigando-o a ficar na mesma posição, até terminarem os dias da sua aflição. Você não poderá se virar para o outro lado! “Durante os trezentos e noventa dias que estiver deitado sobre o seu lado, você deverá comer pães feitos de uma mistura de trigo, cevada, lentilhas e favas. Misture tudo isso numa vasilha, e depois prepare o seu pão. Você deve fazer um racionamento de comida; deve comer duzentos e cinquenta gramas por dia, em horas determinadas. Também deve racionar a água, bebendo apenas meio litro por dia, um pouco de cada vez, em horas determinadas. Prepare o seu pão como quem prepara broas de cevada. Leve a massa para um lugar onde todos possam ver, e lá asse tudo ao fogo. Para acender o fogo, você deve usar fezes secas de homem”. Porque o Senhor afirma: “O povo de Israel vai comer comida impura, proibida pela Lei, em terras estranhas, por onde eu espalhar o meu povo”. Então eu respondi: “Ah, Soberano Senhor! Eu nunca me contaminei comendo comida impura. Desde minha infância eu sempre evitei comer animais mortos por doença ou despedaçados por animais selvagens; nunca comi alimentos proibidos pela Lei!” Então ele me respondeu: “Está bem! Você pode usar esterco de vaca, em lugar de fezes humanas, para fazer o seu pão”. Depois acrescentou: “Filho do homem, eu provocarei falta de alimento em Jerusalém. A comida será tão pouca que vai ser cuidadosamente dividida entre os moradores. Também vai faltar água, e será necessário beber apenas alguns goles por dia. O povo todo ficará ansioso para beber, com medo de a água acabar. Por causa da falta de comida e água, todos terão medo uns dos outros. Os moradores de Jerusalém sentirão no corpo e na alma o castigo de seus pecados”. “Agora, filho do homem, arranje uma espada bem afiada. Use essa espada para raspar seus cabelos e sua barba, como se ela fosse uma navalha. Use uma balança para dividir os cabelos em três partes iguais. Coloque uma terça parte no centro do desenho da cidade. Quando terminar o cerco, queime esses cabelos. Espalhe outra terça parte em volta da cidade e corte os cabelos com a espada. Finalmente jogue a última terça parte ao vento, porque eu perseguirei o meu povo com a espada. Guarde algumas mechas de cabelo da última terça parte. Prenda esses fios ao seu manto; depois, apanhe alguns desses fios de cabelo e lance-os ao fogo, onde serão queimados. Assim, um fogo se espalhará por toda a nação de Israel”. Assim diz o Soberano Senhor: “Isso mostra o que vai acontecer a Jerusalém, a cidade que eu coloquei entre muitos povos. Em sua maldade ela desobedeceu às minhas leis, quebrou meus mandamentos, muito mais que os outros povos ao seu redor. Ela rejeitou as minhas leis e não guardou os meus mandamentos. “Portanto, assim diz o Soberano, o Senhor: Vocês têm se tornado mais pecadores e rebeldes do que as nações à sua volta. Vocês não obedeceram às minhas leis, nem guardaram os meus mandamentos. Vocês nem ao menos têm procedido segundo os padrões das nações ao seu redor”. “Por causa disso”, diz o Soberano Senhor, “eu mesmo estou contra você, Jerusalém; vou castigar você diante das nações vizinhas. Vou castigar você como nunca fiz antes, nem voltarei a fazer, por causa de seus horríveis pecados. Os moradores de Jerusalém comerão seus próprios filhos; os filhos comerão os próprios pais. Quem escapar da destruição de Jerusalém será espalhado em todas as direções. “Portanto, esta é a palavra do Soberano, o Senhor: Vocês transformaram o meu templo num lugar de vergonha, adorando ídolos e fazendo sacrifícios impuros; por isso serão castigados sem dó nem piedade. Eu não os pouparei! A terça parte dos seus moradores morrerá de fome e de doença! Outra terça parte será destruída pelo inimigo na guerra fora da cidade! E eu mesmo espalharei a última terça parte por toda a terra. Onde quer que estejam, eu os perseguirei com a espada! “Depois de tudo isso, a minha ira contra eles passará, o furor da minha justiça se cumprirá. E quando tiver esgotado a minha ira sobre vocês, israelitas, saberão que eu, o Senhor, sempre cumpro o que prometo. “Você, Jerusalém, será completamente destruída, e a tornarei desprezível entre as nações ao seu redor, à vista de todos que passarem por você. Você vai ser motivo de riso e zombaria para outros povos. As nações ao redor ficarão apavoradas quando eu castigar você com a minha ira e indignação. Eu, o Senhor, falei! “Farei chover sobre os seus moradores as flechas mortais da fome, para acabar com todos eles. A fome vai aumentar tanto que toda a comida vai desaparecer, até a última migalha. E a fome não será o único castigo! Mandarei animais ferozes para matarem os seus filhos. Além disso, haverá a peste e as armas dos soldados inimigos, matando gente por todos os lados. Eu, o Senhor, falei!” Recebi uma nova mensagem do Senhor. “Filho do homem, olhe na direção dos montes de Israel e profetize contra eles. Diga-lhes o seguinte: Montes de Israel, morros, riachos e vales, ouçam a mensagem do Soberano, o Senhor, contra vocês! Eu mesmo trarei a guerra à sua terra e destruirei os altares dos falsos deuses, no alto dos morros. Os altares ficarão em pedaços, seus altares de incenso serão esmigalhados, e os seus adoradores serão mortos diante deles. Espalharei os cadáveres dos israelitas; os ossos deles ficarão espalhados em volta dos ídolos. Todas as cidades serão destruídas, os altares serão derrubados, os ídolos serão quebrados em pedaços e esquecidos para sempre. Os montes com seus altares de incenso ficarão abandonados; tudo o que vocês fizeram será destruído e desaparecerá, e os mortos de Israel ficarão espalhados pela terra. Assim, vocês finalmente saberão que eu sou o Senhor. “No entanto, um pequeno grupo escapará à destruição. Serão espalhados pelo mundo afora e conseguirão fugir da espada que os persegue. Então, perdidos no meio de outros povos, escravos de outras nações, eles se lembrarão de mim; lembrarão como fiquei muito triste porque seus corações adúlteros se desviaram de mim, porque eles foram infiéis a mim e correram atrás de outros deuses. Mas, depois do castigo, eles terão vergonha e nojo de si mesmos, por causa de todos os pecados horríveis que praticaram. Eles compreenderão que eu sou o Senhor, o único Deus, e que não foi à toa que prometi lhes trazer esse tremendo castigo”. “Assim diz o Soberano, o Senhor: Bata palmas! Bata os pés e grite: ‘Esse é o castigo justo pelos horríveis pecados cometidos pelo povo de Israel!’ Ele será destruído pela guerra, pela fome e pela doença. Quem for levado para longe como escravo morrerá de doença; quem estiver vivendo nos campos de Israel será morto pelos soldados inimigos, e quem escapar à guerra morrerá de fome, durante o cerco das cidades. Assim, a minha justa ira será cumprida contra eles. Quando seus mortos ficarem espalhados entre os ídolos, ao redor dos altares, no alto dos montes e dos morros, debaixo das grandes árvores verdes, dos grandes carvalhos — em todos os lugares onde eles adoravam com perfumes ou incenso aromático seus falsos deuses — então saberão que eu sou o Soberano, o Senhor. Estenderei a minha mão para castigar o meu povo; deixarei toda a terra de Israel completamente destruída, como um deserto, desde o sul até Ribla, no extremo norte. Não terei pena de nenhum lugar onde estiverem vivendo. Então, finalmente, eles saberão que eu sou o Senhor ”. Mais uma vez eu recebi uma mensagem do Senhor: “Filho do homem, assim diz o Soberano, o Senhor Deus, à terra de Israel! O fim está se aproximando; a destruição vem sobre Israel, dos quatro cantos da terra. Está chegando a hora da sua destruição! Lançarei sobre você a minha ira! Eu julgarei Israel por todos os seus maus caminhos, e darei o castigo justo por toda prática imoral. O meu olhar não será de amor, mas de vingança; não terei a menor piedade. Darei a Israel a recompensa merecida pelos seus pecados; cobrarei de vocês a sua horrível idolatria. Assim vocês saberão que eu sou o Senhor ”. Assim diz o Soberano, o Senhor: “Os castigos virão um atrás do outro. A destruição final se aproxima, já está a caminho. Já está despontando o dia de sua destruição, ó Israel. Está chegando a hora, o dia está se aproximando. Em vez da alegria das festas imorais dos falsos deuses, haverá lágrimas de tristeza e dor no alto dos seus montes! Muito em breve lançarei sobre você a minha ira! Eu condenarei Israel por todos os seus maus caminhos, eu julgarei de acordo com as suas práticas nojentas. O meu olhar não será de amor, mas de vingança; não terei a menor piedade. Vocês serão castigados com justiça por todos os seus maus caminhos; punirei vocês por seus horríveis pecados. Assim, vocês saberão que eu sou o Senhor. “Está chegando o dia! A sentença já foi dada, a vara do castigo já está preparada, o orgulho de Israel provocou a sua destruição. A violência dos poderosos vai cair sobre eles mesmos. Nenhum desses homens ricos e orgulhosos vai escapar. Suas fortunas serão destruídas; as vantagens que eles contavam desaparecerão! Ninguém vai se importar com a morte dessa gente, ninguém vai chorar por eles. “Está chegando, está chegando o tempo do castigo! Quem comprar não se alegre, pensando que fez um grande negócio. Quem foi obrigado a vender, não fique triste pensando que teve prejuízo. A ira de Deus cairá igualmente sobre todos. Mesmo que a vida do comerciante seja poupada, ele não viverá o suficiente para recuperar aquilo que vendeu. A ameaça de Deus contra o povo de Israel será cumprida; todos vão ser destruídos. Os maus não continuarão a viver. As trombetas foram tocadas para convocar o exército! As armas foram preparadas, mas nenhum soldado apareceu para a guerra, porque a minha ira está sobre todo o povo de Israel. Fora das cidades está o inimigo; dentro das cidades estão a fome e a doença. Quem anda pelo campo é morto pelos inimigos, quem fica na cidade será devorado pela fome ou pela doença. Os poucos que conseguirem escapar, irão se esconder no alto dos montes chorando de tristeza, como pombas, por causa de seus pecados. Todas as mãos ficarão fracas, todos os joelhos ficarão frouxos como a água. Eles se vestirão de panos de saco e ficarão completamente dominados pelo medo e pela vergonha. Rasparão as cabeças em sinal de sofrimento e profunda tristeza. No dia do castigo, eles jogarão fora a prata e o ouro, como se fossem coisa impura. Sua prata e seu ouro não poderão livrar o meu povo da ira do Senhor e não serão capazes de encher os seus estômagos e matar a sua fome. E foi exatamente por amor às riquezas que eles mergulharam no pecado e na maldade. Com as riquezas que eu lhes dei, eles fabricaram joias para orgulho próprio e depois fizeram ídolos repugnantes, imagens detestáveis. Foi por isso que essas coisas se tornaram em algo impuro para eles. Os tesouros serão tomados pelos inimigos que os tratarão como se fossem uma coisa imunda; para eles, os ídolos de Israel não passam de pedaços de ouro e prata conquistados na batalha. Eles entrarão no meu templo, mas eu não darei importância quando profanarem o lugar santo; tomarão para si os tesouros do templo, e deixarão em ruínas a minha casa. “Façam correntes. Em toda terra há derramamento de sangue; a cidade está cheia de violência. Quebrarei o orgulho deste povo, trazendo para ocupar Jerusalém a pior espécie de gente. Eles deixarão impuros os lugares sagrados onde vocês adoram. A destruição se aproxima; eles desejarão encontrar a paz, mas ela já não existirá mais. As desgraças virão uma atrás da outra; os boatos também. Eles procurarão um profeta para lhes dar orientação, mas não vão encontrar. Os sacerdotes não saberão como aplicar as leis, e os sábios perderão sua sabedoria. O rei e as autoridades chorarão de desespero e medo, e todo o povo ficará apavorado porque eu lhes darei o justo castigo pelos seus pecados. Eles mesmos, com suas ações, pediram esse castigo. Assim saberão que eu sou o Senhor ”. No quinto dia do sexto mês do sexto ano do exílio, eu e as autoridades de Judá estávamos em minha casa, quando o poder do Soberano, o Senhor, veio sobre mim. Vi uma figura que se parecia com um homem. Da cintura para baixo ele era como fogo; da cintura para cima sua aparência era de um metal brilhante. Estendeu algo parecido com um braço, e pegou-me pelos cabelos. O Espírito me levantou no ar entre o céu e a terra, e me levou até Jerusalém, numa visão dada por Deus. Cheguei à entrada da porta do norte, onde estava o grande ídolo que tanto ofendeu o Senhor. De repente, vi diante de mim a glória do Deus de Israel, tal como eu tinha visto antes no vale. Então ele me disse: “Filho do homem, olhe para o norte!” Olhei, e lá estava, junto à porta do altar, o grande ídolo que era uma ofensa contra Deus. E ele me perguntou: “Filho do homem, você vê o que estão fazendo? Está vendo os terríveis pecados que eles estão cometendo? Isso me obriga a abandonar o meu templo! Mas não é tudo; você ainda verá práticas mais horríveis”. Então me levou até a porta do pátio, onde havia um pequeno buraco na parede. Ele me disse: “Filho do homem, aumente esse buraco na parede”. Quando eu aumentei o buraco na parede, descobri que dava para uma porta secreta. Então ele me disse: “Entre e veja os pecados horríveis que são cometidos aqui!” Entrei e vi. As paredes estavam cobertas de desenhos de cobras, lagartos, animais impuros e de todos os ídolos adorados pelo povo de Israel. Setenta líderes de Israel ali estavam, acompanhando Jaazanias, filho de Safã, adorando aquelas imagens. Cada um deles tinha uma vasilha onde queimavam pó de incenso. A sala estava cheia de fumaça perfumada. Então o Senhor me perguntou: “Filho do homem, você está vendo o que fazem os líderes do povo, nessas salas cheias de imagens pintadas? Eles pensam: ‘O Senhor não está vendo o que fazemos. Ele abandonou o país’ ”. E acrescentou: “Você vai ver pecados ainda piores do que estes!” Ele me levou ao portão norte do templo. Lá, sentadas, estavam algumas mulheres chorando por Tamuz, seu deus. Ele me perguntou: “Filho do homem, você está vendo o que está acontecendo aqui? Mas há pecados ainda piores do que estes”. Então me levou ao pátio interno da casa do Senhor. Lá, entre a porta do templo e o altar de bronze, uns vinte e cinco homens, de costas para o templo do Senhor, virados para o oriente, estavam se prostrando diante do sol! Mais uma vez ele perguntou: “Você está vendo isso, filho do homem? Será que essas práticas nojentas são suficientes para o povo de Judá? Eles encheram a terra de violência e me deixam furioso com toda essa maldade. Veja como eles cheiram ervas perfumadas enquanto adoram. Por isso, eu castigarei o povo de Judá com toda a minha ira. Não terei pena; não olharei para Judá com amor. Eles podem pedir a minha ajuda e o meu perdão em altos gritos, mas eu não os ouvirei”. Então eu o ouvi clamar em alta voz: “Venham! Aproximem-se os homens convocados para destruir esta cidade. Venham armados e prontos para o combate!” Em resposta ao seu chamado, surgiram seis homens vindos pelo portão superior, do lado norte. Cada um deles estava armado com um machado de guerra, e no meio dos seis guerreiros havia um homem vestido de linho. Na sua cintura levava material para escrever. Eles entraram no templo e ficaram ao lado do altar de bronze. Nisso, a glória do Deus de Israel abandonou o lugar onde havia ficado até então, acima dos querubins no lugar santo, e se moveu para a entrada do templo. Então o Senhor chamou o homem vestido de linho que levava o material de escrever e disse a ele: “Dê uma volta pelas ruas de Jerusalém, e faça um sinal na testa de todas as pessoas que choram e gemem de tristeza por causa de todos esses horríveis pecados que o povo anda cometendo”. Ouvi também quando ele ordenou aos outros seis: “Vão atrás dele e matem, sem dó nem piedade, todas as pessoas cuja testa não esteja marcada. Matem a todos — velhos, rapazes, moças, mulheres e crianças —, acabem com eles! Mas não toquem nas pessoas que tiverem a marca na testa. Comecem o seu trabalho aqui mesmo com as autoridades que estão na frente do meu templo! Então o Senhor ordenou: “Deixem o templo imundo de sangue; encham de mortos o pátio! Agora saiam pelas ruas de Jerusalém!” Os guerreiros saíram e mataram muita gente na cidade. Quando eles terminaram de cumprir as ordens, fiquei sozinho no templo. Então eu me ajoelhei, abaixei o rosto até o chão e, chorando, perguntei: “Ah, Soberano Senhor! Será que o Senhor vai destruir todo o povo de Israel, lançando a sua ira contra Jerusalém?” Ele me respondeu: “Os pecados e desobediências de Israel e Judá são grandes demais. A terra está cheia de derramamento de sangue de gente inocente; a injustiça é que manda em Jerusalém. Eles dizem para si mesmos: ‘O Senhor abandonou o seu povo; ele não vê o que fazemos’. Por isso eu não terei misericórdia deles, não terei pena. Devolverei todo o mal que fizeram, castigarei Israel por todos os seus pecados, um a um”. Então o homem que carregava o estojo de escrivão apresentou-se ao Senhor e disse: “Já cumpri as suas ordens!” Olhei para cima e vi, sobre a superfície brilhante acima das quatro criaturas, que eram querubins, um trono que parecia de safira. O Senhor falou ao homem vestido de linho: “Passe por entre as rodas que giram, até ficar sob os querubins. Apanhe um punhado de brasas ardentes e espalhe por toda a cidade de Jerusalém”. Ele fez o que o Senhor havia mandado, e eu fiquei olhando. Os querubins estavam na parte sul do templo quando o homem vestido de linho entrou. A nuvem da glória do Senhor encheu o pátio interno. Então a glória do Senhor saiu de sobre os querubins e se colocou na entrada do templo. O templo ficou cheio da nuvem da glória, enquanto o pátio brilhava com a maravilhosa luz da glória do Senhor. O barulho das asas dos querubins parecia a voz do Deus todo-poderoso. Eu podia ouvir tudo muito bem, no pátio externo. Quando o Senhor mandou o homem vestido de linho passar por entre os querubins e apanhar algumas brasas do fogo que estava entre as rodas, ele entrou no pátio interno e ficou parado ao lado de uma das rodas. Então um dos querubins estendeu sua mão para o fogo e pegou algumas brasas e as colocou nas mãos do homem vestido de linho, que as recebeu e saiu do pátio interno. Eles possuíam uma espécie de mão humana debaixo das asas. Olhei bem para o que estava acontecendo e vi quatro rodas, uma ao lado de cada querubim. As rodas brilhavam e pareciam pedras preciosas. Eram todas iguais: dentro de cada uma delas havia uma segunda roda. Eu vi que elas podiam se movimentar em qualquer direção, sem precisar fazer curvas ou voltas. Andavam sempre juntas, e os seus aros estavam cheios de olhos em redor. Havia olhos espalhados por todo o corpo dos querubins que ficavam acima das rodas: nas costas, nas asas e nas mãos. Quanto às rodas, ouvi que eram chamadas de giratórias. Cada querubim tinha quatro rostos — o primeiro era rosto de boi, o segundo de homem, o terceiro de leão, o quarto de águia. Os querubins eram exatamente as mesmas criaturas que eu tinha visto um ano antes às margens do canal de Quebar. Então eles se elevaram. Quando esses querubins se moviam, as rodas se moviam com eles, subindo e descendo. Quando eles abriam as asas e voavam, as rodas também iam com eles. Quando os querubins paravam, as rodas paravam também; quando subiam, as rodas subiam junto com eles, porque o espírito dos seres vivos estava nas rodas. Então, a glória do Senhor saiu de sobre a entrada do templo e se colocou acima dos querubins. Vi os querubins começarem a voar, acompanhados pelas rodas. Chegaram à porta oriental do templo do Senhor e ali pararam; a glória do Deus de Israel estava acima dos querubins. Estas são as mesmas criaturas que eu tinha visto sustentando o trono de Deus, às margens do canal de Quebar. Durante a visão, fiquei sabendo que eram querubins. Cada um deles tinha quatro asas e quatro rostos; além disso, debaixo das asas havia algo parecido com mãos humanas. Seus rostos também eram iguais aos rostos das criaturas que eu tinha visto junto ao canal de Quebar. Tinham o mesmo aspecto e eram os mesmos seres. Todos andavam juntos, sempre numa mesma direção. Então o Espírito me levantou no ar e me levou até a entrada oriental do templo do Senhor. Lá, na entrada da porta, eu vi vinte e cinco homens. No meio daquele grupo estavam Jaazanias, filho de Azur, e Pelatias, filho de Benaia, autoridades do povo. Enquanto eu olhava, o Senhor me disse: “Filho do homem, estes são os homens responsáveis pela desobediência dos moradores de Jerusalém. Eles aconselham o povo a fazer coisas erradas, contra a minha vontade. Eles dizem ao povo: ‘Jerusalém não será destruída. Podemos construir casas e viver em paz. Estamos seguros aqui em Jerusalém, protegidos dos nossos inimigos’. Por isso, filho do homem, profetize contra eles. Anuncie os castigos futuros!” Então o Espírito do Senhor veio sobre mim e disse: “Assim diz o Senhor: Vocês afirmam que estão seguros dentro de Jerusalém! Eu sei muito bem o que vocês estão pensando! Vocês cometeram crimes nesta cidade; encheram Jerusalém de sangue, e de cadáveres as ruas da cidade. “Portanto, assim diz o Soberano, o Senhor: De fato, esta cidade é uma panela e os corpos que vocês jogaram nas ruas são a carne. Mas vocês serão expulsos desta cidade. Vocês têm medo da guerra. Eu vou trazer a guerra até Jerusalém. Palavra do Soberano, o Senhor. Eu arrancarei todos vocês de sua cidade, e os entregarei nas mãos do inimigo, um povo que vocês não conhecem. Eles darão a vocês o justo castigo! Vocês serão perseguidos e mortos por toda a terra de Israel. Então saberão que eu sou o Senhor! Esta cidade não será uma panela para vocês, nem vocês serão carne dentro dela; vocês serão castigados em toda a terra de Israel. Então saberão que eu sou o Senhor! Até hoje, vocês não obedeceram às minhas leis, não fizeram a minha vontade. Pelo contrário, vocês imitaram os maus costumes dos povos vizinhos”. Enquanto eu dizia estas palavras ao grupo, Pelatias, filho de Benaia, morreu de repente. Então eu caí ajoelhado, com o rosto junto ao chão, e perguntei gritando: “Ah, Soberano Senhor! O Senhor vai destruir os poucos israelitas que sobraram?” E o Senhor me respondeu com a seguinte mensagem: “Filho do homem, esse resto do povo que ficou em Jerusalém fala dos israelitas levados para a Babilônia — os seus parentes e amigos — dizendo: ‘Foi por causa da sua maldade que o Senhor os mandou embora! Agora, ele nos deu esta terra, para ser nossa propriedade!’ “Portanto, diga: Assim diz o Soberano, o Senhor: Embora eu os tenha espalhado entre os outros povos do mundo e vocês estejam longe de sua terra natal, não se desesperem! Será por um breve período. Eu estarei junto a vocês, eu serei o seu templo no pouco tempo em que vocês ficarem longe de Israel. “Portanto, diga: Assim diz o Soberano, o Senhor: Dentro em breve, vou reunir todos vocês, de todas as terras para onde foram levados. Vocês receberão de volta a posse da sua terra de Israel. “Eles voltarão para lá e acabarão de uma vez por todas com todas as suas imagens nojentas e os ídolos que eu detesto. O povo inteiro vai ter apenas um pensamento, uma só vontade. Darei um novo espírito ao meu povo. Trocarei seus corações desobedientes e rebeldes, duros como pedra, por corações de carne, cheios de amor por mim. Assim, vocês obedecerão às minhas leis, cumprirão as minhas ordens. Vocês serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. Mas esse povo que ficou em Jerusalém, que tem tanto amor pelos ídolos que eu detesto, receberá o castigo justo por todos os seus pecados!” Palavra do Soberano, o Senhor. Então os querubins levantaram voo, acompanhados pelas rodas. A glória do Senhor estava sobre a superfície brilhante acima deles. A glória do Senhor subiu de onde estava, no meio da cidade, e foi parar sobre o monte que fica a leste de Jerusalém. Depois disso, o Espírito de Deus me levou de volta à Babilônia, entre o povo cativo. Assim, terminou a minha visão do que estava acontecendo em Jerusalém. Contei aos que estavam na Babilônia tudo aquilo que o Senhor havia me mostrado. Recebi uma mensagem do Senhor que dizia: “Filho do homem, você mora no meio de um povo rebelde. Gente que tem olhos para ver, mas não vê, e ouvidos para ouvir, mas não ouve. Sabe por quê? Porque são um povo rebelde! “Por isso, filho do homem, prepare sua bagagem para uma longa viagem ao exílio. Faça como alguém que é expulso de sua terra. Saia de sua casa de dia, e vá para um outro lugar onde os israelitas possam vê-lo. Talvez assim eles compreendam, apesar de serem um povo tão rebelde. Traga sua bagagem para fora de casa, durante o dia. Depois, ao pôr do sol, saia para essa longa viagem como fazem os cativos que vão para um país distante. E que os outros o vejam partir. Enquanto eles o observam, faça um buraco no muro da cidade, e saia com a sua bagagem por ele à vista do povo. Enquanto eles observam, apanhe sua bagagem e coloque tudo sobre os ombros. Parta quando já estiver escuro e cubra o seu rosto para não ver o que acontece em volta. Isso servirá para mostrar aos israelitas o que vai acontecer a eles”. Fiz exatamente o que o Senhor havia mandado. Levei para fora de casa, durante o dia, toda a minha bagagem, como alguém que vai embora para nunca mais voltar. Então, ao pôr do sol, cavei com minhas próprias mãos um buraco na parede. Quando já estava escuro, coloquei sobre os ombros toda a minha bagagem e parti. Muita gente estava me observando enquanto eu fazia essas coisas. Na manhã seguinte, recebi nova mensagem do Senhor: “Filho do homem, esses rebeldes não lhe perguntaram o significado de tudo isso? Pois vá dizer a eles o seguinte: ‘Assim diz o Soberano, o Senhor: Esta mensagem é para o príncipe de Jerusalém, e para o povo que vive em Jerusalém’. Diga-lhes: ‘O que eu fiz é um sinal do que vai acontecer aos moradores de Jerusalém. Eles farão uma longa viagem, para uma terra onde serão escravos’. “O príncipe que os está governando será obrigado a fugir de Jerusalém, durante a noite, por um buraco feito no muro, carregando sua bagagem. Sairá com o rosto coberto, para não ver o que acontece em redor. Mas eu o apanharei na minha rede. Ele será levado para a Babilônia, terra dos caldeus, e ali morrerá. Espalharei os seus oficiais e os seus soldados por todos os cantos da terra. A morte violenta vai perseguir todos eles, em toda parte. “Quando eu os espalhar por todo o mundo, entre todos os povos, então eles saberão que eu sou o Senhor. Deixarei alguns escaparem da morte pela guerra, fome e doença. Eles irão pelo mundo afora, declarando como foram culpados de sua própria destruição, por causa de seus muitos pecados. Assim, eles saberão que eu sou o Senhor ”. O Senhor me enviou uma nova mensagem que dizia: “Filho do homem, quando você comer, trema como se estivesse com muito medo. Quando beber, tome um pouquinho de água de cada vez, como quem sente muita sede e tem pouca água. Além disso, diga ao povo: ‘Assim diz o Senhor, o Soberano, a respeito dos moradores de Jerusalém, em Judá: Eles vão dividir seus alimentos e sua água com muita ansiedade e medo. Isso vai acontecer porque os inimigos acabarão com as plantações e com os alimentos da terra. Esse será o castigo pela maldade e violência do povo que vive em Jerusalém. As cidades de Judá serão completamente destruídas, a terra ficará vazia e deserta. Então vocês acreditarão finalmente que eu sou o Senhor ’ ”. Mais tarde recebi outra mensagem do Senhor: “Filho do homem, que provérbio é esse tão comum entre os moradores de Judá: ‘O tempo vai passando e as profecias dão em nada’? Diga, pois, ao povo: Assim diz o Soberano, o Senhor: Eu acabarei com o uso desse provérbio. Ele não mais será citado em Israel. Esta é a frase verdadeira para o povo de Israel: ‘Está chegando o dia em que as profecias se realizarão’. Nesse dia vocês verão como eram mentirosas as promessas de segurança para Jerusalém feitas pelos falsos profetas! Nesse dia darei fim aos falsos profetas e adivinhadores mentirosos. Cumprirei todas as ameaças que fiz! Eu sou o Senhor. E as ameaças que fiz a Jerusalém, de destruir completamente a cidade, vão se cumprir em seus dias, diz o Soberano, o Senhor ”. Por fim, recebi ainda esta mensagem do Senhor: “Filho do homem, o povo de Israel anda dizendo: ‘As visões que Ezequiel tem anunciado ainda vão levar muito tempo para acontecer. Suas profecias demorarão muito para se cumprir’. Por isso, diga ao meu povo: ‘Assim diz o Soberano, o Senhor: As minhas ameaças se cumprirão em breve. Não vai haver mais demora; tudo já vai acontecer, como foi anunciado! Palavra do Soberano, o Senhor ’ ” O Senhor enviou outra mensagem a mim, com a seguinte ordem: “Filho do homem, profetize contra esses falsos profetas de Israel, que andam anunciando suas próprias ideias loucas: Ouçam a palavra do Senhor! Assim diz o Soberano, o Senhor: Esses profetas tolos, que inventam visões que não receberam e espalham suas próprias ideias, já estão condenados à destruição! “Esses falsos profetas são inúteis e mentirosos como uma raposa que se esconde entre as ruínas. Falsos profetas, vocês nada fizeram para corrigir os defeitos do povo de Israel. Não ajudaram a consertar o muro da obediência a Deus, para Israel escapar à ruína quando chegar o dia do Senhor! Pelo contrário! Só espalharam mentiras e visões falsas, dizendo ao povo ‘O Senhor diz que’, quando eu nunca lhes mandei dizer uma palavra sequer ao meu povo. E ainda esperam que eu cumpra o que vocês dizem? Por acaso não foram visões falsas, não foram adivinhações mentirosas, que vocês anunciaram ao povo, dizendo: ‘O Senhor diz que’, quando não fui eu quem falei? “Por isso, assim diz o Soberano, o Senhor: Vocês andaram espalhando mentiras e visões falsas em meu nome e eu os destruirei. Serei inimigo feroz dos profetas que têm visões falsas, dos adivinhos que só querem enganar. Eles serão eliminados do meio dos líderes de Israel. Suas famílias não serão consideradas como casa de Israel, e eles serão expulsos da terra para sempre. Então vocês saberão que eu sou o Senhor. “Esses homens andam enganando o meu povo, prometendo paz, quando não há paz. O povo constrói um muro fino para se proteger, e os falsos profetas os iludem dizendo que ele é bem forte. Para completar a mentira, dão uma mão de cal no muro. Por isso, Ezequiel, diga a esses profetas: Seu muro pintado vai cair! Haverá chuva e uma grande inundação; chuva de pedras e um vento muito forte acabarão jogando por terra seu muro fraco. E quando ele cair, o povo vai perguntar aos caiadores: ‘Por que vocês não nos avisaram que esse muro estava mal construído? Por que cobriram as falhas com cal?’ “Assim diz o Soberano, o Senhor: Na minha ira lançarei um terrível furacão, uma chuva forte contra esse muro. Além disso, haverá uma chuva de pedras que mandarei na minha ira, para destruir essa falsa proteção do meu povo. Podem estar bem certos de que vou derrubar seu muro. Ele será destruído, a ponto de aparecerem os alicerces. Quando cair, vocês serão destruídos, e então vão saber que eu sou o Senhor. Assim, a minha ira contra o muro e os homens que o deixaram bonito por fora, mas cheio de falhas, será cumprida. Então direi a eles: O muro caiu e os que o pintaram com cal foram destruídos. Os profetas de Israel não passavam de um bando de profetas mentirosos, anunciando visões de paz para Jerusalém, quando não existe paz, diz o Soberano, o Senhor. “Agora, filho do homem, acuse perante o povo essas mulheres que profetizam mentiras do seu próprio coração. Profetize contra essas falsas profetisas e diga: Assim diz o Soberano, o Senhor: Essas mulheres que vendem amuletos para colocar nos pulsos e no pescoço, que ensinam o povo a usar véus mágicos, armadilhas para destruir as vidas das pessoas, já estão condenadas. Vocês pensam que podem destruir as almas do meu povo e que conseguirão salvar outras almas do meu castigo? A troco de um punhado de cevada ou de alguns pedaços de pão, vocês me desonraram diante do povo! Vocês anunciaram castigo eterno para pessoas que não deviam morrer, e prometeram vida eterna e feliz a quem não vai receber! Vocês fizeram o meu povo acreditar nas mentiras que andam espalhando em Israel! “Por isso, assim diz o Soberano, o Senhor: Eu destruirei os amuletos e véus mágicos que vocês usaram para escravizar as pessoas. Libertarei os prisioneiros de sua magia, e acabarei com os seus encantamentos. Rasgarei as redes e livrarei as almas que vocês pensam que prenderam. Essas almas, livres como pássaros, nunca mais serão enganadas, e então vocês saberão que eu sou o Senhor. As suas mentiras acabaram com a alegria dos justos, coisa que eu nunca desejei para eles. Vocês convenceram os pecadores a continuar nos seus caminhos errados, e dessa forma não salvarem a sua vida! Mas agora chegou o fim de suas mentiras, sonhos e adivinhações! Libertarei o meu povo do seu poder, e então vocês saberão que eu sou o Senhor ”. Então alguns líderes de Israel me procuraram em minha casa, e esta foi a mensagem que o Senhor mandou entregar a eles: “Filho do homem, esses homens continuam adorando ídolos lá no fundo de seus corações. Como posso permitir que eles venham me consultar? Diga-lhes: Assim diz o Soberano, o Senhor: Qualquer pessoa em Israel que adorar ídolos em seu coração e procurar a minha ajuda através de um profeta receberá de mim uma resposta bem adequada aos seus muitos pecados de idolatria. Farei isto para reconquistar o coração da nação de Israel. Esse será o castigo para quem me deixou de lado para adorar ídolos. “Portanto, avise a Israel: Assim diz o Soberano, o Senhor: Mudem de vida, abandonem seus ídolos e renunciem a todas as práticas detestáveis! “Qualquer pessoa que se afastar de mim, seja israelita ou estrangeiro que viva entre o povo de Israel, e adorar ídolos em seu coração, será duramente castigada por mim, se vier perguntar a um profeta qual é a minha vontade. Eu me voltarei contra essa pessoa; ela será destruída e servirá de sinal e exemplo para todo o povo de Israel. Então vocês saberão que eu sou o Senhor! “E, se, por acaso, o profeta der uma mensagem a uma dessas pessoas, fiquem sabendo que ele é um falso profeta. Eu o fiz cair na sua própria mentira, e destruirei esse falso profeta do meio do meu povo Israel. O profeta será tão culpado quanto aquele que o consultar; os dois serão castigados. Assim, o povo de Israel não se desviará mais de mim, nem continuará contaminando a sua vida com todos os seus pecados. Quando isso acontecer, eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus, diz o Soberano, o Senhor ”. Recebi ainda uma outra mensagem do Senhor: “Filho do homem, se o povo de uma terra pecar contra mim, desobedecendo constantemente à minha Lei, estenderei a minha mão para dar o castigo merecido. A terra não vai produzir comida suficiente, e eu mandarei a fome para destruir homens e animais. Mesmo que Noé, Daniel e Jó vivessem naquela terra, com toda a justiça deles, só conseguiriam salvar suas próprias vidas, diz o Soberano, o Senhor. “Se além da fome eu mandasse animais ferozes para atacar e matar muitas pessoas, a ponto de ninguém mais atravessar aquela terra, pode ter absoluta certeza de que nem a presença daqueles três homens salvaria o povo. Eles não conseguiriam salvar sequer suas próprias famílias! Só os três escapariam, e a terra seria castigada. Palavra do Soberano, o Senhor. “Ou, se depois disso eu trouxer soldados inimigos para invadir e destruir completamente aquela terra, matando homens e animais, não tenha a menor dúvida de que somente Noé, Jó e Daniel se salvariam. A justiça deles não seria capaz de salvar seus próprios filhos ou filhas! Palavra do Soberano, o Senhor. “Ou então, se eu espalhar naquela terra terríveis doenças para matar homens e animais na minha ira, mesmo que Noé, Daniel e Jó estivessem lá, eu juro pela minha própria vida que eles não conseguiriam livrar seus filhos e suas filhas. Por sua justiça eles se salvariam a si mesmos! Palavra do Soberano, o Senhor. “E o Soberano, o Senhor, diz: Imagine então, quando eu mandar os meus quatro castigos: a guerra, a fome, os animais ferozes e a doença contra Jerusalém! Todos serão destruídos, tanto homens como animais! Apenas poucos vão escapar, levando seus filhos e filhas. Virão se encontrar com vocês aqui na Babilônia. Então vocês poderão compreender como eram grandes os pecados daquela gente; verão como foi justo todo o castigo que eu lancei sobre Jerusalém. Vocês se convencerão ao virem a conduta e as ações deles. Afinal, saberão que não foi sem motivo que eu trouxe todo esse castigo sobre Jerusalém! Palavra do Soberano, o Senhor ”. Voltei a receber outra mensagem do Senhor, que dizia: “Filho do homem, por acaso um galho de videira brava vale mais que as outras árvores? Por acaso ele é mais valioso do que os galhos de outras árvores? Não! Alguma vez a madeira dele é usada para fazer algo útil? Não serve para fazer objetos, nem mesmo para ser um suporte simples para pendurar jarros e panelas! Quando as pontas se transformarem em cinzas, e o meio estiver queimado, será que terá a menor utilidade? Se inteiro o galho de videira brava não valia quase nada, depois de queimado vale menos ainda. Não serve para coisa alguma. “Por isso, diz o Soberano, o Senhor: Jerusalém e seus habitantes são como um galho de videira brava jogado no fogo para ser destruído — inúteis antes e depois de queimados! Eu me voltarei contra eles! Se escaparem de uma fogueira, cairão em outra. Vocês saberão que eu sou o Senhor, quando o fogo do meu castigo cair sobre Jerusalém. Deixarei a terra de Judá destruída e deserta, por causa da grande desobediência e infidelidade do povo. Palavra do Soberano, o Senhor. O Senhor voltou a falar comigo e me disse: “Filho do homem, mostre a Jerusalém os terríveis pecados que ela cometeu. Diga a eles: Assim diz o Soberano, o Senhor, a Jerusalém: Você não é melhor que uma cidade fundada por gente estranha, na terra dos cananeus. Seu pai era um amorreu e sua mãe descendia dos heteus! Quando você nasceu, ninguém se importou, ninguém cortou o cordão umbilical, ninguém se preocupou em lavar e esfregar seu corpo com sal, ninguém a vestiu. Foi assim que eu a encontrei. Ninguém teve pena, ninguém se interessou por você, para dar um pouco de carinho e compaixão. Mal nasceu, você foi abandonada num campo para morrer. Seus pais tinham vergonha de você! “Mas, passando por ali, eu a vi coberta ainda de sangue e disse: ‘Viva! Cresça como uma planta no campo!’ Isso aconteceu; você cresceu e se desenvolveu, bela como ninguém. Tornou-se uma linda moça, com os seios formados e cabelos crescidos. Mas você continuava nua e desprotegida. “Mais tarde, quando passei por ali novamente, você já era moça feita, pronta para o casamento. Eu a envolvi com o meu manto, mostrando assim que você passaria a ser minha esposa. Fiz uma aliança com você; jurei ser seu marido, e você se tornou minha. Palavra do Soberano, o Senhor. “Então eu lavei você com água, limpei o sangue que cobria o seu corpo e passei óleo perfumado no seu corpo. Dei a você belas roupas bordadas, de linho e de seda; calcei seus pés com sandálias feitas de couro de foca. Também lhe dei joias para enfeitar ainda mais sua beleza, pulseiras para os braços e colares para o pescoço, brincos para o nariz e as orelhas, e uma linda coroa para sua cabeça. Assim, você foi enfeitada com ouro e prata; foi vestida com linho, sedas e bordados. Dei a você a melhor comida, a farinha mais fina, mel e azeite de oliva! Você se tornou linda, muito linda, e se transformou numa grande rainha! Você ficou famosa entre as outras nações pela sua beleza. De fato, era uma beleza perfeita, porque foi criada por mim. Era a minha glória que tornava você tão linda. Palavra do Soberano, o Senhor. “Mas você confiou em sua beleza — achou que não precisava mais de mim. Acabou usando a sua fama para se tornar uma prostituta, entregando-se a qualquer um que passasse perto de você. A sua beleza se tornou deles. Você usou os belos vestidos que eu lhe dei como enfeite para os altares idólatras, aos quais você se entregou como uma prostituta. Isso é uma coisa incrível! Isso nunca aconteceu antes, em parte alguma do mundo, e nunca vai se repetir! As joias, o ouro e a prata, presentes tão lindos e valiosos, foram usados para fazer ídolos em forma de homens. Você adorou essas estátuas; isso foi um ato de traição e infidelidade contra mim! Seus belos vestidos bordados foram usados para cobrir essas estátuas! O meu óleo e o meu incenso perfumado foram oferecidos a essas imagens! E até os cereais, a farinha, o óleo e o mel que eu lhe dei para servir de alimento, você ofereceu como incenso aromático e como um sacrifício de amor, diz o Soberano, o Senhor. “Como se não bastasse, também os seus filhos e filhas, que você deu à luz, foram oferecidos como sacrifício a essas imagens. Você acha que não basta ser uma prostituta? Você matou os meus filhos e os sacrificou aos ídolos falsos! E enquanto você cometia todas essas práticas detestáveis na sua prostituição, você nunca foi capaz de se lembrar do tempo da sua infância em que estava nua e toda suja de sangue! “Palavra do Soberano, o Senhor: Ai de você! Sim! Ai de você! Depois de toda essa maldade, você levantou grandes altares aos deuses falsos nas praças públicas e construiu altares e santuários elevados, para ali praticar a prostituição. Em cada esquina você levantou um altar, e manchou um pouco mais a sua antiga beleza. Sem a menor vergonha, você convidava abertamente a quem passasse para ser seu amante. Dia e noite, você não parava de se prostituir. Para provocar ainda mais a minha ira, você se entregou aos egípcios, os vizinhos cobiçosos, homens muito viris, fazendo tratos de amizade com o Egito. “Foi por isso que eu estendi o meu braço contra você e a castiguei! Você perdeu terras para seus inimigos! Foi por isso que eu deixei os filisteus fazerem de você o que bem entendessem! Até eles ficaram chocados com os atos imorais que você praticava! O seu desejo era tão forte que você foi se entregar aos assírios como uma prostituta vulgar. Mesmo depois disso, você ainda não ficou satisfeita. Depois você se prostituiu com os deuses da Babilônia, uma terra de comerciantes, mas ainda assim não conseguiu se satisfazer! “Você não teve forças para resistir a esses maus desejos. Palavra do Soberano, o Senhor. Você acabou se transformando numa prostituta barata, sem a mínima noção de vergonha. Construiu casas de prostituição em cada esquina, e em lugares elevados em cada praça pública! Acabou sendo pior do que a prostituta, porque desprezou o pagamento. “Você foi como a mulher que traiu seu marido. Prefere estranhos ao seu próprio marido. As prostitutas cobram de quem se deita com elas, mas você oferece presentes aos seus amantes! E não importa se eles são conhecidos ou não. Você é diferente das outras prostitutas; elas cobram, você paga! Elas são procuradas, você corre atrás de amantes, porque não há quem a deseje; ninguém vem procurar o seu ‘amor’. “Por isso, prostituta, ouça o que lhe diz o Senhor! “Assim diz o Soberano, o Senhor: Você abusou da prostituição! Diante dos meus olhos, você se despiu para satisfazer os seus amantes, você se prostituiu com esses ídolos e matou seus filhos inocentes, queimando-os como ofertas a deuses falsos! Por isso, eu vou reunir todos os seus antigos amantes e companheiros de pecado — os que você amou e os que você desprezou. Transformarei todos eles em inimigos, e colocarei você completamente nua, diante de todos eles. Eu a castigarei como se castiga uma mulher adúltera e a que derrama sangue. Você será vítima do meu zelo e da minha ira! Eu a entregarei aos seus amantes, que derrubarão os altares dos ídolos — as casas de prostituição que você construiu. Rasgarão seus belos vestidos, tomarão para si as suas preciosas joias. Você será abandonada por eles, ficará ferida, nua e desprotegida. Você será invadida por uma multidão! Será castigada, apedrejada e cortada por muitas espadas. Eles queimarão as suas casas e a castigarão diante de muitas mulheres. Toda a sua riqueza será roubada; assim, você deixará de ser prostituta, por não ter com que atrair seus amantes. Depois de tudo isso, a minha ira contra você se acalmará. O zelo que tenho de você se acalmará. Farei parar o meu castigo, e acabará o fogo da minha ira. “Mas agora, por causa de sua ingratidão, esquecendo-se de tudo que eu fiz por você na sua mocidade, e por causa dos pecados que você cometeu, provocando a minha ira, darei a você o castigo merecido. Palavra do Soberano, o Senhor. Pois você foi ingrata além de todas as suas práticas imorais. “Tal mãe, tal filha — esse será o provérbio que citarão a seu respeito. Sua mãe odiava o marido e os filhos. E você é exatamente como suas irmãs que faziam o mesmo. Sua mãe era descendente dos heteus e o seu pai amorreu. Sua irmã mais velha era Samaria, que vivia com suas filhas ao norte. Sua irmã mais nova era Sodoma, que vivia com suas filhas ao sul. Mas o que você fez não foi simplesmente imitar os pecados e maldades de suas irmãs. Você se tornou muito pior do que elas em tudo que fazia. Juro pela minha vida, palavra do Soberano, o Senhor, que Sodoma e suas filhas nunca pecaram como você e suas filhas pecaram. “Estes foram os pecados de Sodoma, sua irmã: Ela e suas filhas eram orgulhosas, tinham fartura de comida e viviam despreocupadas; desprezaram os pobres e os necessitados. Elas foram muito atrevidas. Mesmo sabendo que eu observava sua vida, elas se entregaram à imoralidade. Foi por isso que eu as destruí completamente! Samaria não cometeu metade dos pecados que você cometeu. Você adorou muitos ídolos, muito mais que ela. Você foi tão ruim, que ao seu lado suas irmãs parecem inocentes! Por isso, aguente calada o seu sofrimento. Os pecados que você cometeu foram muito mais terríveis que os de Samaria e Sodoma, as suas irmãs. Elas são mais justas que você, e mereceram um castigo menor. Você fez com que as suas irmãs parecessem justas! “Mas, se no futuro eu mudar a sorte de Sodoma e Samaria, também devolverei a Judá sua antiga prosperidade. O terrível castigo que você sofreu servirá de consolo para elas, e de humilhação para você. “Quando as suas irmãs, Sodoma e suas filhas, Samaria e suas filhas, forem restabelecidas, você e suas filhas também serão o que eram antes. Quando você era rica e poderosa, costumava desprezar sua irmã Sodoma. Mas agora seus grandes pecados foram mostrados a todo o mundo! Agora você é desprezada pelas filhas de Edom e de todos os seus vizinhos, e das filhas dos filisteus e de todos os seus vizinhos que a odeiam! Sim, você terá que sofrer o justo castigo por todos os seus pecados, da sua lascívia e das suas práticas repugnantes, diz o Senhor. “Assim diz o Soberano, o Senhor: Eu a tratarei de acordo com o que você fez comigo. Você anulou a aliança, nosso antigo compromisso ficou sem valor por causa de sua infidelidade. Mas eu me lembrarei das promessas que fiz a você nos dias da sua infância, e com você farei uma nova aliança, uma aliança que vai durar para sempre. Então você vai se envergonhar, lembrando-se de seus antigos pecados. Sentirá vergonha quando eu a colocar lado a lado com suas irmãs mais velha e mais nova. Eu as darei a você como filhas, embora não tenha a mesma base da aliança que tenho com você. Firmarei a minha aliança com você, e então finalmente compreenderá que eu sou o Senhor. Você se lembrará com vergonha de seus antigos pecados, e isso acabará com seu orgulho, quando eu perdoar o mal que você fez contra mim. Palavra do Soberano, o Senhor ”. Depois disso, recebi a seguinte mensagem do Senhor: “Filho do homem, apresente esta charada ao povo de Israel. Diga a eles: Assim diz o Soberano, o Senhor: Uma grande águia, com asas poderosas, garras afiadas e penas de várias cores, chegou ao Líbano e arrancou a ponta do cedro mais alto, levando-o para uma terra de comerciantes, onde o plantou numa cidade de mercadores. Lá a águia apanhou um pouco de sementes da sua terra e as plantou numa terra fértil, às margens de um rio bem largo, onde cresceram como um salgueiro. Ele criou raízes, cresceu e se tornou uma videira baixa, mas muito larga. Os ramos cresciam em direção à águia, mas suas raízes permaneceram debaixo da videira. A videira ficou cada vez maior e cobriu-se de ramos, brotos e folhas. “Então surgiu outra grande águia, com grandes asas e penas de muitas cores. A videira, na terra onde estava plantada, começou a crescer na direção dessa segunda águia. Os seus ramos se estenderam para ela, em busca de água, apesar de estar plantada em boa terra, com bastante água para produzir muitos ramos e frutos. “Diga a eles: Assim pergunta o Soberano, o Senhor: Deixarei esta parreira continuar crescendo assim? De jeito nenhum! A primeira águia vai arrancar suas raízes, cortará os seus ramos, fazendo secar as folhas e os frutos. E para fazer isso não precisará de muito esforço. Apesar de crescer depressa a princípio, essa videira não viverá muito tempo. Murchará completamente quando bater o vento leste; morrerá na terra boa onde foi plantada”. Depois disso, recebi outra mensagem do Senhor: “Pergunte a esse povo rebelde: Vocês não percebem o significado desta charada? Vou lhes contar. O rei da Babilônia, a primeira águia, atacou Jerusalém, e prendeu o rei e as autoridades principais, levando os prisioneiros para a Babilônia. Depois escolheu um membro da família real, obrigando-o a jurar lealdade à Babilônia. Além disso, levou para sua terra as pessoas mais importantes de Judá. Ele deixou o reino bastante fraco para não se revoltar; se Judá ficasse fiel à Babilônia, poderia continuar a existir como nação. “Mas o rei se revoltou contra ele. Mandou embaixadores ao Egito, pedindo ajuda militar, soldados e cavalos. Será que Judá terá sucesso, quebrando seu juramento de lealdade, deixando de cumprir o trato de paz? Não! “Tão certo como eu vivo, diz o Soberano, o Senhor, o rei de Judá será levado para a Babilônia e lá morrerá, na terra do rei que o pôs no trono e cujo juramento ele desprezou e cuja aliança ele rompeu! Os exércitos do faraó, rei do Egito, não poderão prestar auxílio aos judeus quando os caldeus cercarem Jerusalém, fazendo rampas para atacar os muros e matando milhares de pessoas. Esse será o resultado por ter quebrado o juramento de lealdade, selado com um aperto de mãos. Por isso, ele não conseguirá escapar do castigo! “Assim diz o Soberano, o Senhor: Tão certo como o fato de eu estar vivo, castigarei o rei de Judá por ter quebrado a minha aliança e desprezado o juramento que fez em meu nome. Jogarei sobre ele a minha rede; ele será preso em meu laço. Eu o levarei para a Babilônia, e ali o condenarei pela sua desobediência contra mim. Seus melhores soldados serão mortos na invasão de Judá. Os que escaparem serão espalhados por toda parte. Então vocês compreenderão que fui eu, o Senhor, quem anunciou todas essas coisas. “Assim promete o Soberano, o Senhor: Eu mesmo plantarei um broto da ponta de um cedro bem alto; arrancarei um renovo do seu maior ramo e o plantarei num monte elevado. Nos montes altos de Israel eu o plantarei. Lá ele crescerá e produzirá galhos bem fortes, até se transformar num grande e forte cedro, com muitos frutos. Debaixo desse grande cedro os animais encontrarão abrigo; e nos seus ramos, as aves farão seus ninhos. Assim, todas as árvores do campo saberão que eu, o Senhor, derrubo as grandes árvores e faço crescer as pequenas; eu seco a árvore verde e dou vida à árvore seca”. “Eu, o Senhor, falei, e cumprirei o que prometi”. Algum tempo depois, recebi nova mensagem do Senhor: “Por que andam dizendo que em Israel os filhos pagam pelos pecados dos pais? “Tão certo como eu vivo, diz o Soberano, o Senhor, ninguém voltará a citar esse provérbio tão popular em Israel. Pois todos me pertencem. Tanto o pai como o filho me pertencem. A pessoa que pecar é que morrerá. “Imaginem que haja um homem verdadeiramente justo, que pratica a verdade e a justiça. Ele não participa das festas imorais realizadas para adorar ídolos nos montes de Israel, não rouba a mulher alheia, nem se deita com mulher no tempo da sua menstruação. Ele não explora outras pessoas, é paciente com quem lhe deve dinheiro; devolve os objetos deixados como garantia de pagamento da dívida quando os devedores precisam; reparte sua comida com os pobres, e suas roupas com quem anda coberto de farrapos. Ele empresta seu dinheiro sem cobrar juros, afasta-se das coisas erradas, e não faz diferença entre rico e pobre, poderoso e humilde. Ele trata todos os homens com igual justiça. Um homem assim, que obedece às minhas leis, é justo de verdade, e sem dúvida alguma viverá! Palavra do Soberano, o Senhor. “Se esse homem justo tiver um filho ladrão ou assassino, que fizer as maldades que seu pai evitou, e deixar de lado sua obrigação de fazer o bem — adorando ídolos no alto dos montes, adulterando, explorando os fracos e os pobres, roubando, não devolvendo o que foi dado como garantia, adorando imagens e cometendo práticas detestáveis, cobrando juros altos quando empresta dinheiro — por acaso esse homem viveria às custas da justiça de seu pai? De jeito nenhum! Ele será responsável pela sua própria morte. “Mas, se esse homem pecador tiver um filho capaz de perceber a maldade de seu pai e não cometer os mesmos pecados, não comer a carne oferecida aos ídolos no alto dos montes, não fizer pedidos às imagens dos falsos deuses, não se contaminar com a mulher do próximo, não explorar seus semelhantes, não guardar consigo o que foi dado como garantia, não roubar, repartir sua comida e suas roupas com os necessitados, ajudar os pobres, não emprestar dinheiro a juros, enfim, se ele cumprir as minhas leis e obedecer aos meus mandamentos, não morrerá pelo fato de seu pai ser um pecador desobediente. Ele viverá; sem dúvida alguma ele viverá. Mas seu pai, que é ladrão, explorador, adúltero e perverso, e fez o que era errado no meio do seu povo, será castigado. Ele morrerá por causa de seus pecados! “E vocês podem até perguntar: ‘Por que o filho não é castigado pelos pecados do pai?’ Ora! Ele obedeceu aos mandamentos, fez o que é certo e justo e, por isso, sem sombra de dúvida, viverá. Quem vive pecando é que será castigado com a morte. O filho não sofrerá as consequências dos pecados do pai, e o pai não levará a culpa do filho. O justo será recompensado pela sua justiça, e o perverso será castigado pelos seus pecados. “Apesar disso, se um homem pecador se arrepender dos pecados que cometeu e passar a obedecer aos meus mandamentos, fazendo o que é certo e justo diante de mim, sem dúvida alguma viverá. Não morrerá por causa dos seus antigos pecados. O passado não será lembrado, com todas as suas desobediências e maldades. Ele viverá devido a sua justiça. “Vocês acreditam que eu tenho alegria na morte de um perverso?” Palavra do Soberano, o Senhor. “Muito pelo contrário! A minha vontade é que ele abandone os seus maus caminhos e viva. “Por outro lado, se uma pessoa que sempre viveu fazendo o que é certo se desviar de sua justiça e se entregar ao pecado, fazendo as mesmas maldades que fazem os perversos, conseguirá ela escapar do castigo? Todas as coisas boas e justas que fez antes serão esquecidas; será castigada com a morte, porque escolheu seguir o caminho do pecado. “Agora vocês vão reclamar: ‘O Senhor não está sendo justo no seu julgamento!’ Pense bem, Israel! Quem está sendo injusto, eu ou vocês? Se o justo deixa de lado a justiça para viver no pecado, e morre sem se arrepender disso, morrerá por causa do mal que cometeu. Mas, se uma pessoa que vivia no pecado se arrepender de suas maldades e desobediências, e passar a praticar a justiça, não será castigada com a morte. Ele salvará a sua vida. Quem considerar os seus pecados e se arrepender deles, será perdoado e viverá; não será castigado com a morte. Apesar de isso ser uma coisa tão clara, vocês continuam reclamando: ‘O Senhor está sendo injusto no seu julgamento!’ Os seus caminhos é que são injustos, não os meus. “É por isso que vocês serão julgados, ó povo de Israel. Eu mesmo julgarei cada um segundo as suas próprias ações. Palavra do Soberano, o Senhor. Arrependam-se, abandonem os seus pecados! Essa é a única maneira de escapar ao castigo do pecado e da maldade. Livrem-se de todos os pecados que vocês vêm cometendo há tanto tempo! Assim vocês ganharão um coração novo e um espírito novo. Para que morrer? Para que ser condenado, ó povo de Israel? Eu não tenho prazer na morte de ninguém. Palavra do Soberano, o Senhor. Arrependam-se! Arrependam-se e vivam!” “Cante esta canção de tristeza, lamentando pelos príncipes de Israel, e diga: “Que leoa era a sua mãe! Ela andava no meio dos leõezinhos e ali criava os seus filhotes. Um dos seus filhotes cresceu e se tornou um jovem leão, belo e forte. Aprendeu a caçar, atacou e devorou muitos homens. As nações ouviram falar desse leão, prepararam uma armadilha para ele. O leão foi apanhado e levado para o Egito, preso por correntes. “Quando Judá, a leoa, viu que a sua esperança não se cumpriria, quando percebeu que a sua expectativa se fora, escolheu outro de seus filhotes. E fez dele um leão feroz. Vivendo entre outros leões, pois agora era um leão forte, aprendeu a caçar e despedaçar a presa, e devorou muitos homens. Destruiu os palácios das nações vizinhas e matou os habitantes das cidades em torno do seu reino. Todos tremiam de medo ao ouvir o seu rugido. Finalmente, os exércitos vizinhos se reuniram, cercaram o leão, jogaram uma rede sobre ele e o prenderam na sua armadilha. Colocaram o leão numa jaula, e assim ele foi levado ao rei da Babilônia. Lá ficou preso até morrer, para que nunca mais seu rugido fosse ouvido nos montes de Israel. “Sua mãe era como uma videira plantada junto a um ribeirão; ela deu muitos frutos e os seus ramos cresceram, pois eram bem regados. Seus ramos mais fortes se transformaram em cetros de poderosos reis, o símbolo da autoridade real. Essa videira podia ser vista de longe por todos, porque tinha muitos ramos altos. Mas, de repente, a videira foi arrancada violentamente e jogada ao solo. O vento leste, muito quente, a fez murchar, e seus frutos foram arrancados; os fortes ramos secaram e depois foram queimados. Agora a videira está plantada numa terra muito seca e vazia, numa terra seca e sem água. A videira acabou sendo destruída; o fogo começou no tronco e consumiu todos os ramos. Agora não há ramo capaz de servir como cetro real, que seja autoridade sobre um país”. Este é o lamento, esta é a canção triste. Será cantada por muitos anos, como prova de tristeza pelo que aconteceu aos príncipes de Israel. No décimo dia do quinto mês do sétimo ano do exílio, alguns homens idosos, líderes de Israel, vieram à minha casa para pedir orientação do Senhor. Eles ficaram sentados diante de mim, esperando a resposta. E esta foi a resposta do Senhor: “Filho do homem, responda assim aos líderes de Israel: Assim diz o Soberano, o Senhor: Como vocês se atrevem a me pedir orientação? Juro, pela minha própria vida, que não lhes direi uma só palavra! Palavra do Soberano, o Senhor. “Você os julgará? Você os julgará, filho do homem? Então mostre a eles os horríveis pecados que seus antepassados cometeram. Diga-lhes: Assim diz o Soberano, o Senhor: Quando escolhi Israel para ser meu povo, jurei com mão erguida para meu povo que eu, o Senhor, seria o seu Deus. Mostrei-lhes quem eu era, e eles me conheceram. Prometi tirar Israel do Egito, e jurei que lhe daria uma terra onde manam leite e mel, escolhida para eles havia muito tempo, a melhor terra de todas as terras. Mas exigi deles uma coisa: Joguem fora os ídolos repugnantes que vocês têm adorado aqui no Egito! Limpem suas vidas da impureza espiritual do Egito! Eu sou o Senhor, o seu Deus. “Mas eles não me obedeceram! Não quiseram deixar de lado as imagens dos deuses do Egito; estavam muito felizes e satisfeitos com aqueles ídolos. Eu poderia muito bem lançar sobre eles toda a minha ira, destruí-los antes mesmo de saírem do Egito. Mas, por amor do meu nome, eu não castiguei ali mesmo o povo de Israel. Se isso acontecesse, os outros povos iriam zombar de mim, porque eu já tinha mostrado ao mundo quem eu era. Por isso, livrei-os da escravidão no Egito e os levei para o deserto. Ali, lhes dei os meus mandamentos. Quem cumprir fielmente esses mandamentos, viverá. Para se lembrarem de que fui eu, o Senhor, quem escolheu Israel para ser o meu povo santo, separado do pecado, criei o sábado — o dia do descanso — um dia separado na semana. “Apesar disso, ainda no deserto eles se revoltaram contra mim. Desobedeceram aos meus mandamentos, que são fonte de vida para quem obedece! Não respeitaram os meus sábados. Mais uma vez, tive motivos suficientes para lançar sobre eles a minha ira e acabar com Israel, ali mesmo, no meio do deserto. “Mas, novamente, para proteger a honra do meu nome da zombaria dos povos que me tinham visto libertar Israel do Egito, não destruí o povo. Aí as outras nações diriam: ‘Ele não foi capaz de cuidar de Israel e, por isso, o destruiu’. Mas, como castigo, jurei que nenhum daqueles desobedientes entraria na terra prometida, terra onde há leite e mel em abundância, a melhor terra de todas as terras. Foi esse o resultado da desobediência às minhas leis! Eles não seguiram os meus mandamentos e não respeitaram os dias de descanso, pois os seus corações ainda amavam os seus ídolos do Egito. Apesar de todos esses pecados, eu não os destruí completamente no deserto. Depois, avisei a geração seguinte: Não cometam os mesmos pecados de seus pais! Não adorem os ídolos do Egito como eles fizeram! Eu sou o Senhor, eu sou o seu Deus! Obedeçam às minhas leis, ponham em prática os meus mandamentos. Respeitem os meus sábados! Ele é um sinal da aliança que eu fiz com Israel. O sábado fará com que lembrem de que eu sou o Senhor, o seu Deus. “Mas aquela geração também se revoltou contra mim. Não obedeceram às minhas leis, nem puseram em prática os meus mandamentos que dão vida a quem os cumpre fielmente. Pelo contrário, eles também desprezaram os meus sábados. Era mais do que justo derramar a minha ira sobre aquele povo no deserto. Mas, para que o meu nome não fosse alvo de zombarias e gracejos entre as outras nações que viram que eu os havia tirado do Egito, eu contive o meu braço e não os destruí no deserto. Enquanto ainda marchavam sem rumo, pelo deserto, jurei que haveria de espalhá-los por todas as nações da terra, porque tinham sido desobedientes, porque não tinham cumprido as minhas leis, porque haviam desprezado os meus sábados e porque continuavam a amar os falsos deuses que seus pais tinham adorado no Egito. Por causa disso, deixei que eles adotassem costumes e leis sem o menor valor, pelos quais eles jamais poderiam receber vida. Na esperança de que se afastassem horrorizados, deixei que eles se afundassem no pecado. Eles chegaram a oferecer seus primeiros filhos como sacrifício aos ídolos. Isso aconteceu para que ficassem cheios de pavor e reconhecessem que eu sou o Senhor. “Portanto, filho do homem, diga o seguinte ao povo de Israel: Assim diz o Soberano, o Senhor: Seus antepassados continuaram a me ofender e desobedecer quando entraram na terra que eu havia preparado para eles, e prometido com juramento. Bastava descobrirem um monte alto, uma grande árvore, e corriam para oferecer sacrifícios, queimar incenso perfumado e derramar vinho para adorar os seus ídolos, fazendo crescer cada vez mais a minha ira. Eu lhes perguntei: Que lugar de sacrifício é esse? O que vocês vão fazer lá? Por isso, até hoje, esses lugares altos são conhecidos como ‘Lugares de Sacrifício’. “Portanto, diga à nação de Israel: Assim diz o Soberano, o Senhor: Vocês que vivem na Babilônia vão continuar a viver na impureza espiritual como fizeram seus antepassados? Vão continuar adorando seus ídolos? Quando vocês oferecem seus filhos aos ídolos no fogo, continuam a contaminar-se com todos os seus ídolos até o dia de hoje. Deverei ouvir o que dizem, ou responder a esse falso pedido de orientação, ó nação de Israel? Juro pela minha vida, palavra do Soberano, o Senhor, que não lhes darei a menor ajuda; mesmo que me peçam! “Vocês dizem: ‘Queremos nos tornar iguais às outras nações, adorando deuses feitos de madeira e de pedra’. Mas o que vocês planejam jamais acontecerá! Juro pela minha vida, palavra do Soberano, o Senhor, que hei de reinar sobre Israel com mão poderosa, com todo o meu poder e cheio de ira. Mostrarei a vocês o meu poder e a minha ira, quando trouxer os israelitas de volta à sua terra, de todas as nações para onde foram espalhados. Vou levar vocês para o meio de um deserto. Ali, julgarei vocês face a face. Como julguei os seus antepassados depois de saírem do Egito, no deserto, assim também vou julgar pessoalmente todos vocês. Palavra do Soberano, o Senhor. Vocês serão contados cuidadosamente, enquanto passarem debaixo da minha vara, e farei com que obedeçam à minha aliança. Os outros, os rebeldes — que vivem me desobedecendo —, serão separados do povo. Serão tirados dos países para onde foram levados, mas não voltarão à terra de Israel. Então vocês saberão que eu sou o Senhor! “E vocês, ó nação de Israel, escutem o que diz o Soberano, o Senhor: Todos vocês continuem a adorar seus ídolos. Mas depois disso vocês terão de me obedecer e nunca mais desonrarão o meu nome com as suas ofertas e com os seus ídolos! É em Jerusalém, no meu santo monte, o monte mais importante de Israel, que vocês vão me adorar e servir. Lá aceitarei o seu culto; pedirei que vocês tragam ofertas e o melhor de tudo que vocês possuírem para dedicar a mim. Vocês serão como uma oferta de incenso perfumado; eu terei prazer em vocês. Isso acontecerá quando eu reunir todo o meu povo espalhado entre as nações da terra. Assim mostrarei aos outros povos que eu sou santo no meio de vocês. Quando vocês estiverem de volta na terra que eu jurei de mão erguida dar aos seus antepassados, vocês acreditarão de fato que eu sou o Senhor. Ali vocês se lembrarão da sua vida cheia de pecado, de toda a impureza espiritual em que viveram, e sentirão profunda vergonha por toda a sua maldade. Vocês compreenderão que eu sou o Senhor quando eu tratar vocês com amor e não de acordo com os seus pecados e suas práticas perversas para mostrar ao mundo quem sou eu, ó nação de Israel. Palavra do Soberano, o Senhor ”. Depois disso, recebi a seguinte mensagem do Senhor: “Filho do homem, olhe para o sul, na direção de Jerusalém, e profetize contra ela. Anuncie o castigo que virá contra a terra de Judá, contra a floresta do Neguebe. Diga à floresta do Neguebe: Ouça a palavra do Senhor! Assim diz o Soberano, o Senhor: Acenderei um fogo em Judá que vai queimar todas as árvores, as verdes e as secas. Esse fogo não vai se apagar, mas queimará todos os rostos, desde o sul até o norte. Então todos hão de compreender que esse fogo é um castigo dado pelo Senhor, e que ninguém será capaz de apagar”. Então eu disse: “Ah, Soberano Senhor! O povo de Israel aqui na Babilônia está dizendo que eu não passo de um contador de histórias!” Depois, recebi uma nova mensagem do Senhor: “Filho do homem, vire-se na direção de Jerusalém! Anuncie notícias de destruição para os altares dos falsos deuses; profetize contra a terra de Israel dizendo: Assim diz o Senhor: Eu agora sou seu inimigo, Israel! Vou tirar minha espada da bainha e destruir todos do seu povo, os bons e os maus, sem distinção. Sim, todos serão castigados, até mesmo os justos. Desde o deserto do Neguebe ao sul até a fronteira norte, todo o povo será castigado com a minha espada. Então todos vão saber que eu, o Senhor, tirei minha espada da bainha para cumprir o castigo. Ela não descansará até terminar o seu trabalho. “Portanto, filho do homem, comece a gemer! Quando estiver junto com os cativos de Israel, dê suspiros e gemidos! Suspiros de dor e profunda tristeza de coração. Quando alguém perguntar por que você está gemendo, responda o seguinte: Por causa das terríveis notícias que recebi do Senhor. Quando vocês receberem essas notícias, quando souberem o que aconteceu, todo coração se derreterá, todos os braços ficarão moles, todo espírito ficará angustiado, e não aguentarão ficar em pé! Palavra do Soberano, o Senhor. Essas notícias más são verdadeiras; em pouco tempo se cumprirão”. E voltei a receber uma mensagem do Senhor: “Filho do homem, profetize e diga: Assim diz o Senhor: “Uma espada, uma espada já está afiada e polida, afiada e pronta para a matança, polida para luzir como relâmpago! Apesar disso, Israel continua a dizer: ‘Vamos aproveitar a vida!’ Eles pensam que nunca serão destruídos por outra nação. “A espada está sendo polida; está pronta para ser usada. Ela já foi entregue ao carrasco — aquele que vai castigar Israel. Filho do homem, além de gemer e soluçar, bata no peito em sinal de desespero, porque o meu povo e as autoridades de Israel serão destruídos pela espada. “Certamente haverá um grande castigo! Imaginem o que vai acontecer quando o reino que se achava invencível for destruído completamente? Palavra do Soberano, o Senhor. “Por isso, filho do homem, profetize o castigo futuro da seguinte maneira: Bata palmas, apanhe uma espada e dê dois ou três golpes com ela para mostrar aos israelitas a matança, a grande matança que está avançando sobre eles de todos os lados. Eles perderão a vontade de viver, pois a espada matará gente por todos os lados, junto a todos os portões. Ah, essa espada é rápida como um raio, e foi feita para matar. Ó espada, golpeie à direita, golpeie à esquerda, para onde se virar a sua lâmina. Como você bateu palmas, eu também baterei, e a minha ira diminuirá. Eu, o Senhor, falei”. Então recebi esta mensagem do Senhor: “Filho do homem, desenhe um mapa com duas estradas para o rei da Babilônia escolher para vir com a sua espada. Essas estradas devem sair do mesmo lugar, começando no caminho de entrada para a cidade. Coloque marcos na encruzilhada, uma estrada indicando para a direção da cidade de Rabá e a outra estrada para Jerusalém, a cidade-fortaleza, em Judá. O rei da Babilônia vai parar nessa encruzilhada, com os seus exércitos, sem saber que cidade atacar primeiro. Chamará os mágicos do seu reino para decidir. Eles tirarão a sorte sacudindo duas flechas na caixa onde são guardadas; oferecerão sacrifícios aos seus ídolos e tentarão ler o futuro examinando o fígado do animal sacrificado. Finalmente, decidirão atacar Jerusalém, seguindo o caminho da direita. Cercarão a cidade, tentarão derrubar os portões e os muros com grandes troncos, gritarão as ordens de batalha e ameaças de morte aos moradores da cidade, construirão rampas de terra para atacar os soldados que defendem os muros, farão torres de madeira para atirar flechas contra os homens de Jerusalém. Os judeus, ouvindo notícias do ataque, dirão que os magos mentiram, que tudo não passa de um engano. Afinal de contas, o rei da Babilônia fez um juramento solene de não atacar Jerusalém! Mas essa profecia os fará lembrar dos seus pecados que eles cometeram, e que é um sinal de que eles serão presos. “Portanto, assim diz o Soberano, o Senhor: Volta e meia vocês se lembram das suas desobediências, mostrando abertamente suas maldades, mostrando seus pecados em tudo que fazem, e é por isso que vocês serão castigados. “E você, ó príncipe perverso, infiel a Deus e mentiroso aos homens, chegou o dia do seu ajuste de contas. Assim diz o Soberano, o Senhor: Tire da cabeça sua coroa coberta de joias. O velho sistema de vida será modificado! Os humildes e fracos serão exaltados e os poderosos e fortes serão humilhados. Destruição! Destruição! Eu destruirei completamente a cidade de Jerusalém! Ela não será restaurada, até que esse novo sistema de vida comece a funcionar quando vier o homem que, por direito, será o líder. Eu mesmo entregarei tudo em suas mãos! “Filho do homem, profetize e diga: Assim diz o Soberano, o Senhor, acerca dos amonitas, porque zombaram do meu povo quando Judá foi invadido pelos seus inimigos: “Uma espada, uma espada já está pronta para a matança, polida para consumir! Ela é brilhante e rápida como um relâmpago, muito afiada para matar. Ela será usada para matar os falsos profetas e adivinhos pagãos que enganaram, vocês amonitas. O dia do castigo e do julgamento está se aproximando depressa. A espada cairá sobre o pescoço de vocês. Amonitas, ponham a sua espada na bainha. Eu os julgarei no mesmo lugar onde sua nação foi formada, na terra dos seus antepassados. Derramarei a minha ira sobre vocês, soprarei o fogo do meu furor para queimar ainda mais. Eu os entregarei aos homens brutais, acostumados à destruição. Vocês serão a lenha para a fogueira; seu sangue cairá sobre a sua terra. Amom será destruído, a ponto de ninguém mais se lembrar de vocês como uma nação. Eu, o Senhor, falei”. O Senhor voltou a falar comigo e disse: “Filho do homem, você julgará essa cidade assassina! Denuncie seus pecados, mostre-lhe uma por uma as maldades que ela cometeu! Diga a ela: Assim diz o Soberano, o Senhor: Ó cidade, você está perdida! Cidade de Ídolos, você se tornou impura com todos os seus falsos deuses, e o castigo está se aproximando. Por causa do sangue que derramou, por causa dos ídolos que você mesma fabricou, você é culpada, é impura para mim. Você apressou o dia do seu castigo! Chegou o fim dos seus anos! Eu farei de você motivo de zombaria, exemplo de vergonha para todos os povos. Seus vizinhos e os povos mais distantes vão rir de você, ó cidade impura e desordeira. “As autoridades de Israel só pensam em derramar sangue. Quanto mais poderosas, mais sede de sangue elas têm. Desprezam abertamente pais e mães, exploram os estrangeiros, roubam os órfãos e as viúvas. Você não deu o mínimo valor às minhas coisas santas; você desrespeitou os meus sábados. Os maus usam testemunhas falsas para condenar os inocentes à morte; abertamente os moradores comem carne que foi oferecida a falsos deuses nos santuários dos montes! Existe imoralidade por toda parte. Em seu meio há homens que têm relações sexuais com as mulheres do seu próprio pai e aqueles que têm relações com as mulheres durante a sua menstruação. Cometer adultério com a mulher do seu próximo é normal; alguns têm relações sexuais com suas próprias noras, e outros chegam a desonrar a sua irmã, filha de seu pai. Em seu meio há assassinos de aluguel; gente que explora os pobres cobrando juros altos, visando lucro, obtendo ganhos injustos e explorando seu próximo. Mas de mim, não há ninguém que se lembre. Palavra do Soberano, o Senhor. “Mas agora chega! Basta de exploração e derramamento de sangue. No dia em que eu lhe pedir contas, o seu coração aguentará? No dia do castigo, você será capaz de resistir? Eu, o Senhor, farei tudo o que disse a seu respeito. Espalharei os seus moradores entre as nações, acabarei com seus pecados imundos. Você será desonrada por causa dos pecados que cometeu. Todos os povos verão sua destruição, e finalmente você saberá que eu sou o Senhor ”. O Senhor ainda me disse o seguinte: “Filho do homem, o povo de Israel é como as impurezas que aparecem junto com a prata. São a sujeira que o fogo tira do metal precioso; são o cobre, o estanho, o ferro e o chumbo misturado com a prata. Por isso, assim diz o Soberano, o Senhor: Já que vocês se tornaram impurezas do metal, eu os ajuntarei em Jerusalém. Vou assoprar o fogo da minha ira, e, lá em Jerusalém, todos vocês serão fundidos numa fornalha, na minha ira e na minha indignação, como se funde o cobre, o ferro, o chumbo e o estanho. Juntarei todos vocês em Jerusalém e soprarei sobre vocês o fogo da minha ira, e vocês serão derretidos. Acabarão como uma mistura de prata com outros metais, sendo derretida no forno. Serão derretidos em Jerusalém, e então saberão que eu, o Senhor, derramei a minha ira sobre vocês”. Mais uma vez recebi a mensagem do Senhor, que me disse: “Filho do homem, diga ao povo de Israel: No dia da minha ira, vocês serão como uma terra cheia de mato bravo, uma terra seca e sem chuva. As suas autoridades parecem leões perseguindo suas presas para despedaçá-las. Eles devoram muitas pessoas, roubam para si as riquezas das pessoas que destruíram e fazem muitas e muitas viúvas entre o meu povo. Seus sacerdotes desobedecem à minha lei abertamente, desprezam as minhas coisas santas. Não ensinaram o povo a separar o que é sagrado e o que é comum, a fazer diferença entre o certo e o errado. Desrespeitaram os meus sábados! Eles ensinam o povo a não respeitar a minha santidade. As autoridades de Israel são como lobos, que despedaçam suas presas; derramam sangue e matam os inocentes para enriquecer de maneira injusta. Seus profetas inventam visões, profetizam mentiras, dizendo: ‘Assim diz o Soberano, o Senhor ’, quando o Senhor não lhes disse nada. Em lugar de consertarem o muro, pintam-no de branco para tapar os buracos! O povo da terra já se acostumou a roubar e maltratar os pobres, os necessitados e os estrangeiros que não sabem se defender. “Procurei um homem, um único homem que consertasse o muro, um homem que se pusesse na brecha onde os muros desmoronaram, um homem que fosse justo e bom, para impedir que eu destrua sua terra. Procurei, mas não consegui achar nenhum! Por isso, diz o Soberano, o Senhor, derramarei sobre os israelitas a minha ira. Destruirei o meu povo com o fogo do meu furor. Eu lhes darei o castigo merecido por todos os seus pecados!” Mais uma vez recebi uma mensagem do Senhor que dizia: “Filho do homem, havia duas mulheres, filhas da mesma mãe. Ainda jovens, no Egito, elas se tornaram prostitutas. Naquela terra os seus peitos foram acariciados e os seus seios virgens foram apalpados. A mais velha se chamava Oolá, e a mais nova, Oolibá. Na verdade, Oolá é Samaria, e Oolibá é Jerusalém. Casei-me com elas e tiveram filhos e filhas. Mas, sendo minha esposa, Oolá me traiu e foi dar seu amor aos assírios, seus vizinhos, adorando seus deuses. Esses assírios, governadores e comandantes, eram todos belos jovens, vestidos de azul, montados em velozes cavalos. Oolá se entregou como prostituta aos melhores jovens da Assíria, cometeu seus pecados imorais com eles. Cheia de desejos, ela adorou os ídolos da Assíria. O seu hábito de se entregar como prostituta não ficou no Egito, quando ela saiu de lá. No Egito ela se entregava aos carinhos dos egípcios; eles tiraram a virgindade de Oolá, que ficou impura com toda essa imoralidade. “Como castigo, eu a deixei completamente indefesa nas mãos dos seus amantes, os assírios, por quem ela sentia tão fortes desejos. Eles mostraram ao mundo a sua nudez, arrancando a sua roupa. Levaram presos seus filhos e filhas e, depois, a mataram à espada. Assim, a sua triste fama ficou conhecida pelas outras mulheres, a infiel que foi castigada com justiça! “Sua irmã, Oolibá, mesmo vendo o triste fim de sua irmã, continuou cometendo os mesmos pecados. Na verdade, na sua prostituição ela foi ainda mais depravada do que a sua irmã. Ela sentiu o fogo da paixão pelos assírios, príncipes e governadores bem vestidos, montados em belos cavalos, homens bonitos que atraíram sua atenção. Vi que o caminho de Oolibá era igual ao de Oolá; vi que ela também era uma prostituta, impura e infiel. “Mas Oolibá rebaixou-se ainda mais que sua irmã, pois apaixonou-se por desenhos na parede, figuras de caldeus, com belos uniformes vermelhos, cintos largos e turbantes de pano fino cobrindo suas cabeças. Eram figuras de altos oficiais da Babilônia. Vendo os desenhos, sentiu grande desejo de ter os caldeus como amantes; para conseguir isso, mandou uma embaixada à Babilônia. Então os babilônios foram procurá-la e se deitaram com ela, deixando Oolibá mais impura do que antes. Mas, depois de se entregar a seus amantes, Oolibá ficou com ódio deles e os abandonou com nojo deles. Por causa de toda a sua infidelidade e imoralidade, eu me separei por completo dela, como já tinha acontecido com sua irmã. No entanto, ela aumentou mais e mais a sua prostituição, lembrando a sua mocidade no Egito onde havia se tornado uma prostituta. Sentiu novamente desejo pelos seus antigos amantes — os egípcios — fortes e viris, de membros grandes e tão fogosos no seu desejo como jumentos e cavalos. Assim, ela matou as saudades da sua juventude, quando se entregava aos egípcios. Lá seus seios foram apalpados, e ela perdeu a sua virgindade. “Por isso, assim diz o Soberano, o Senhor: Transformarei em inimigos os seus antigos amantes, que você abandonou depois de se entregar a eles. Eles a cercarão, vindo contra você por todos os lados. Virão os babilônios e todos os caldeus, os homens de Pecode, de Soa e de Coa. Virão junto com eles os assírios, belos príncipes e governadores, soldados famosos, todos montados em cavalos. Eles virão do norte para atacar você com carros de guerra, carroças cheias de armas e um grande exército. Você será cercada por soldados bem armados, protegidos por escudos e capacetes. Eles cumprirão o meu julgamento à sua maneira, matando e destruindo sem piedade. Mostrarei toda a ira do meu zelo através deles; seus antigos amantes a destruirão, cheios de ódio! Eles cortarão o seu nariz e suas orelhas; quem escapar com vida, será morto logo depois do cerco. Levarão seus filhos e filhas para longe como escravos. O que sobrar dessa destruição, acabará sendo queimado! Eles arrancarão seus belos vestidos e tomarão as suas lindas joias. Assim eu vou acabar com a imoralidade e prostituição que você trouxe da terra do Egito. Você nunca mais sentirá saudades do Egito e de seus ídolos. Pois assim diz o Soberano, o Senhor: Eu a entregarei nas mãos dos seus inimigos, dos antigos amantes que você abandonou cheia de ódio e de nojo. Eles vão castigar você, carregados de ódio. Roubarão todas as suas riquezas pelas quais você trabalhou. Eles a deixarão despida, nua e envergonhada diante de todo o mundo. Todos ficarão conhecendo sua prostituição e sua imoralidade. Tudo isso vai lhe acontecer porque você se prostituiu, confiando no poder de outras nações, contaminando-se com os seus ídolos. Você seguiu os passos de sua irmã, e por isso eu lhe dei o mesmo destino que dei a ela”. “Assim diz o Soberano, o Senhor: “Você terá o mesmo destino de sua irmã — a destruição completa, a destruição total. O mundo inteiro rirá de você, porque será muito grande o castigo que vai receber. Tal como aconteceu com Samaria, sua irmã, você se arrastará como um bêbado, sofrendo golpe após golpe, destruição sobre destruição. Este será o seu destino. Você beberá da taça do meu furor, beberá até a última gota. Mastigará os cacos, e com eles rasgará os seus próprios seios, no mais completo desespero. Eu, o Soberano, o Senhor, falei! “Agora, assim diz o Soberano, o Senhor: Este será o resultado de você ter me esquecido e desprezado: pagará caro pelos seus pecados de traição e imoralidade. O Senhor me disse: “Filho do homem, você julgará Oolá e Oolibá? Diga claramente quais foram os seus terríveis pecados. São culpadas ao mesmo tempo de adultério e assassinato! Elas me traíram com seus ídolos e assassinaram seus filhos — meus filhos também — oferecendo-os como sacrifícios aos seus ídolos. Ainda mais: ao mesmo tempo, encheram o meu templo de ídolos e desrespeitaram meus sábados! Depois de sacrificarem seus filhos aos ídolos, vinham ao templo para o profanar. Assim elas transformaram o meu templo num lugar impuro. “Além disso, mandaram vir de longe homens de outras nações, embaixadores de nações poderosas. Mandaram grupos pedindo que viessem a Jerusalém e Samaria. Para ficar mais atraentes para os convidados, vocês tomaram banho, pintaram os olhos e se enfeitaram com joias. Estenderam-se num belo sofá, com uma mesa farta à sua frente, onde estavam o meu óleo e o meu perfume. “Do seu quarto vinha o barulho de uma festa imoral, com homens bêbados e rudes trazidos do deserto se divertindo, colocando pulseiras e coroas preciosas nas mãos e cabeças das duas irmãs. Então eu disse sobre a prostituta, gasta pelo adultério: Não há jeito mesmo! Ela continuará a ser prostituta até morrer. As nações mais indignas continuaram a dormir com Jerusalém e Samaria como quem frequenta a casa de uma prostituta. Elas são mesmo prostitutas sem-vergonha! Por isso, serão castigadas com justiça, conforme manda a lei. Serão castigadas por homens escolhidos por mim, porque foram assassinas e prostitutas! “Assim diz o Soberano, o Senhor: Trarei um grande exército para destruir essas duas irmãs prostitutas. Elas serão destruídas e as suas riquezas serão saqueadas. A multidão as apedrejará e depois as cortará em pedaços com suas espadas. Os seus filhos e filhas serão mortos e suas casas queimadas. “Assim, eu acabarei com a prostituição e a imoralidade na terra. As outras mulheres aprenderão a lição e terão medo de fazer o mesmo. Vocês receberão o castigo justo pela sua infidelidade, por esse pecado de adorar ídolos. Assim, saberão que eu sou o Soberano, o Senhor ”. No décimo dia do décimo mês do nono ano, o Senhor me enviou outra mensagem: “Filho do homem, anote esta data, porque hoje o rei da Babilônia começou a sitiar Jerusalém. Use uma ilustração para mostrar a esses rebeldes de Israel o meu plano e diga-lhes: Assim diz o Soberano, o Senhor: “Ponha uma panela ao fogo e encha de água. Depois, coloque dentro dela pedaços da melhor carne de carneiro que encontrar; coxas, quartos dianteiros, enfim a melhor carne com osso. Escolha para isso as melhores ovelhas do rebanho. Coloque lenha sob a panela, faça a água ferver e cozinhe a carne e os ossos. “Porque assim diz o Soberano, o Senhor: Ai da Cidade Assassina, você está condenada! Você é uma panela completamente enferrujada por dentro, cuja ferrugem não desaparecerá! Por isso, tirem os pedaços de carne da panela, pedaço por pedaço! Tirem todos eles, sem fazer diferença! “Pois o sangue que ela derramou está à vista de todos. O sangue do inocente deixou sua marca nas rochas nuas, ninguém se preocupou em esconder esse crime tão terrível! Eu mesmo fiz esse sangue ficar à vista, exigindo um castigo aos criminosos, exigindo a minha vingança contra ela. “Portanto, assim diz o Soberano, o Senhor: “Ai da cidade assassina, você está condenada! Eu ajuntarei um grande monte de lenha debaixo dela. Ajunte muita lenha, acenda o fogo, cozinhe bem a carne e, quando o caldo estiver bem grosso, esvazie a panela e queime os ossos, reduzindo-os a cinzas. Então, coloque a panela vazia sobre as brasas para o metal ficar bem quente e as impurezas e a ferrugem se desprenderem dela. Mas isso não adianta! A ferrugem não sai nem mesmo com o fogo mais quente! “Ora, essa ferrugem é a sua imoralidade, a sua prostituição espiritual. Eu quis purificá-la, mas você se recusou a ser purificada. Por isso, você será destruída com impurezas e tudo, sem ser purificada; assim a minha justa ira será cumprida contra você! “Eu, o Senhor, falei. Não voltarei atrás, não mudarei os meus planos. Não terei piedade. Você será julgada de acordo com seus pecados, conforme o caminho errado que escolheu. Palavra do Soberano, o Senhor ”. E o Senhor falou comigo mais uma vez, dizendo: “Filho do homem, com um único golpe eu vou tirar de você o prazer dos seus olhos. Apesar disso, você não vai chorar por ela em público, nem vai se lamentar ou derramar lágrimas por ela. Sofra calado, longe de outras pessoas. Quando ela for enterrada, não deixe haver choro nem lamentação. Não use roupa de luto. Não descubra sua cabeça nem ande descalço. Não aceite a comida trazida pelos amigos em sinal de consolo”. Anunciei a mensagem do Senhor ao povo pela manhã. Naquela mesma tarde minha esposa morreu. Na manhã seguinte fiz tudo que o Senhor havia mandado. Então começaram a me perguntar: “O que significa o que você anda fazendo? O que quer dizer com tudo isso?” Eu respondi: “O Senhor me mandou dizer ao povo de Israel: Diga à nação de Israel: Assim diz o Soberano, o Senhor: Destruirei o meu templo, de que vocês tanto se orgulham, o templo tão lindo que vocês tanto amam. E seus filhos e suas filhas, que ficaram em Judá, serão mortos na guerra! Vocês devem fazer exatamente o que eu fiz; não demonstrarão sua tristeza, nem aceitarão as comidas trazidas pelos amigos em sinal de consolo. Não usarão roupas de luto, não descobrirão as cabeças, nem andarão descalços. Não chorarão em público, não se lamentarão. Vocês devem chorar, isto sim, pelos seus próprios pecados! Devem lamentar uns pelos outros, pelos pecados que cometeram. O Senhor disse: ‘Ezequiel servirá de exemplo. Tudo que vocês viram o profeta fazer, façam também. Quando essas coisas acontecerem, vocês saberão que eu sou o Soberano, o Senhor ’ ”. “Filho do homem, no dia em que eu acabar de tirar dos habitantes de Jerusalém o motivo de seu orgulho, sua alegria e esperança, o prazer dos seus olhos, e também os seus filhos e suas filhas, nesse dia um homem conseguirá escapar e virá ao seu encontro para dar a notícia pessoalmente. No dia em que ele chegar, você vai recuperar sua voz e poderá conversar normalmente com ele. Você será um símbolo para o povo de Israel, e os israelitas saberão que eu sou o Senhor ”. Voltei a receber uma mensagem do Senhor, que dizia: “Filho do homem, vire-se na direção da terra de Amom e profetize contra os seus moradores. Diga-lhes: Ouçam a palavra do Soberano, o Senhor: Vocês zombaram quando o meu templo foi destruído, riram de Israel quando foi arrasada pelos assírios e se alegraram quando o povo de Judá foi levado para o exílio na Babilônia. Por isso, os entregarei na mão dos moradores do deserto da Arábia. Eles montarão suas tendas na terra de Amom, comerão os frutos que vocês plantaram e beberão o leite do seu gado. Farei de Rabá, sua capital, uma estrebaria para camelos; a terra de Amom será transformada num grande pasto para ovelhas. Então vocês saberão que eu sou o Senhor! “Assim diz o Soberano, o Senhor: Já que vocês pularam e bateram palmas de alegria quando o meu povo foi destruído, já estendi o meu braço para castigar vocês. Muitas nações atacarão sua terra e roubarão todas as suas riquezas. Vocês serão riscados do mapa; todos os amonitas serão destruídos. Destruirei completamente a sua nação, e vocês saberão que eu sou o Senhor. “Assim diz o Soberano, o Senhor: Os moabitas andam dizendo que Judá não vale nada, e se tornou como todas as outras nações. Por isso, rasgarei as costas de Moabe e destruirei as cidades de sua fronteira leste, que são o orgulho do país, Bete-Jesimote, Baal-Meom e Quiriataim. Essas cidades serão ocupadas pelos moradores do deserto da Arábia, como aconteceu com a terra de Amom. Os moabitas também serão esquecidos entre as nações. Eu farei justiça a Moabe, e assim eles saberão que eu sou o Senhor. “Assim diz o Soberano, o Senhor: Os edomitas foram muito cruéis, vingando-se de Judá na hora do sofrimento. Por isso, são culpados de um pecado muito grave. Assim diz o Soberano, o Senhor: Estenderei meu braço para castigar Edom. Destruirei os edomitas e seus animais. Transformarei Edom num deserto, desde Temã até Dedã, deixando a terra completamente destruída pela guerra. A minha vingança contra Edom será feita pelo meu próprio povo Israel. Ele castigará Edom conforme a minha ira. Assim os edomitas conhecerão a minha vingança. Palavra do Soberano, o Senhor. “Assim diz o Soberano, o Senhor: Os filisteus quiseram ir à forra e com o coração carregado de maldade e desprezo se vingaram de Judá. Por isso, assim diz o Soberano, o Senhor: Estenderei o meu braço para castigar os filisteus; eliminarei os queretitas e destruirei as cidades do litoral. Castigarei esse povo duramente; e me vingarei dos filisteus na minha ira. Quando isso acontecer, eles saberão que eu sou o Senhor ”. No décimo primeiro ano, no primeiro dia do mês, recebi outra mensagem da parte do Senhor: “Filho do homem, Tiro ficou muito contente com a queda de Jerusalém, e disse: ‘Ah, ah! Bem feito! A cidade que controlava o comércio desta região foi destruída. Chegou a minha vez de enriquecer, de tomar conta dos negócios! Eu herdarei as riquezas de Jerusalém, agora que ela foi destruída’. Por isso, o Soberano, o Senhor, afirma: Eu serei seu inimigo, ó cidade de Tiro! Mandarei muitas nações para atacar sua terra; os exércitos cairão sobre você como as ondas que cobrem a areia da praia. Os inimigos destruirão os muros de Tiro, derrubarão as torres de guerra da cidade. Aí eu varrerei o chão onde ficava a cidade; nada haverá ali, a não ser uma rocha nua! Tiro acabará como uma ilha deserta que só será útil para os pescadores estenderem as redes para secar. Muitas nações levarão para longe as riquezas de Tiro. Eu, o Soberano, o Senhor, falei. As vilas que ficam em volta de Tiro também serão destruídas na guerra. Assim, o povo daquele lugar ficará sabendo que eu sou o Senhor. “E assim diz o Soberano, o Senhor: Eu farei o grande rei do norte, Nabucodonosor, rei da Babilônia, atacar a cidade de Tiro, com um grande exército, com muitos carros de guerra e uma cavalaria poderosa. Primeiro, ele destruirá as vilas próximas à cidade. Depois, cercará Tiro, mandará construir rampas para atacar os muros, e uma barreira de escudos para proteger seus soldados. Mandará preparar grandes toras de madeira com ponta de ferro para bater e derrubar os muros que cercam a cidade. Seus soldados usarão marretas para demolir as torres de guerra de Tiro. A poeira levantada pelos cavalos e carros de guerra vai cobrir a cidade; os muros tremerão com o barulho e a vibração dos cascos dos cavalos e das rodas dos carros de guerra entrando na cidade, pelos lugares arrombados. As ruas de Tiro ficarão cheias de soldados da cavalaria; eles matarão muita gente, por toda parte. As famosas colunas de Tiro ruirão! Os soldados inimigos roubarão as suas riquezas, tomarão posse dos artigos de comércio que houver na cidade, e depois destruirão completamente os muros e as belas casas. O material que sobrar da destruição, terra e pedaços de pedra e madeira, será jogado ao mar. Eu acabarei com o som de suas belas músicas; nunca mais se ouvirá o som dos instrumentos musicais de Tiro. Farei de Tiro uma rocha nua; você acabará sendo um lugar onde os pescadores estendem suas redes para secar. Tiro nunca mais será reconstruída, porque eu, o Senhor, falei. Palavra do Soberano, o Senhor. “Assim diz o Soberano, o Senhor, a Tiro: Todas as cidades do litoral ficarão assustadas quando souberem da sua destruição, quando souberem que enquanto os feridos gemiam de dor, milhares de pessoas estavam sendo mortas em Tiro. Então os líderes das nações à beira-mar descerão dos seus tronos e tirarão seus belos mantos e suas roupas bordadas. Cheios de medo, eles se sentarão no chão; cada vez que lembrarem o que aconteceu a Tiro, ficarão espantados e tremerão de medo. Chorarão de medo por sua causa e cantarão este lamento: “ ‘A cidade da ilha, cheia de gente e cheia de fama, está destruída! Forte no mar e rica na terra! Cidade impressionante e respeitada. O povo desta cidade dominava os mares; você impunha medo a todos os que viviam no litoral. As colônias que você fundou mar afora estão desesperadas; já não sabem o que fazer, agora que você foi destruída’. “Assim diz o Soberano, o Senhor: Cidade de Tiro, eu a destruirei completamente, e você ficará deserta. Farei seus inimigos virem sobre você, como as ondas que cobrem a areia da praia. Depois, você será enterrada para sempre junto com as nações muito antigas; você será lançada ao fundo da terra, ao lugar dos mortos, e nunca mais será uma nação. Você não verá as coisas maravilhosas que eu farei na terra dos viventes! O seu triste fim servirá de exemplo para outras nações. Você desaparecerá para sempre, e ninguém será capaz de lhe dar vida outra vez. Palavra do Soberano, o Senhor ”. Depois disto, recebi outra mensagem do Senhor na qual ele me disse: “Filho do homem, cante este lamento pela cidade de Tiro: Diga a Tiro, que fica junto à entrada para o mar, e que faz comércio com todos os povos que vivem no litoral: Assim diz o Soberano, o Senhor: “Você pensa consigo mesma, ó Tiro: ‘Sou a mais bela cidade do mundo!’ Você estendeu seu território pelo mar afora. Seus construtores fizeram de você uma cidade bonita. Você é como um belo navio, construído com boa madeira de cipreste da terra de Senir. Seus mastros foram construídos com madeira de cedro do Líbano. Fizeram seus remos com madeira de carvalho da terra de Basã. Os bancos e o interior da cabine foram feitos de marfim, vindo da ilha de Chipre. E as suas velas, que lindas! Eram feitas de linho fino e bordado, trazido do Egito. Além disso, havia coberturas para proteger do sol, feitas do melhor pano tingido com púrpura e azul, trazido das ilhas do mar Egeu. Os remadores desse barco foram homens de Sidom e Arvade. Os marinheiros foram os sábios mestres que viviam em Tiro. Antigos e sábios trabalhadores de Gebal taparam com muito cuidado todas as frestas, para o barco flutuar com segurança. Navios e marinheiros de todas as nações vinham até você para negociar as suas mercadorias. “Você contratou soldados de outras nações — homens da Pérsia, de Lídia e de Fute — para formar seu exército. Os escudos e capacetes desses soldados pendurados no alto dos muros foram o toque final de sua grande beleza. Andando sobre os muros, vigiando a cidade, estavam os soldados de Arvade e Heileque. Nas torres de guerra montavam guarda os soldados de Gamade. Como de costume, todos eles penduravam seus escudos no alto dos muros, o ponto alto de sua glória como cidade. “Trocando seus produtos com a colônia de Társis, você conseguia prata, ferro, estanho e chumbo. Comerciantes de Javã, Tubal e Meseque faziam negócios com você, dando escravos e objetos de bronze pelas suas mercadorias. “Com o povo de Togarma, você conseguia cavalos de guerra, cavalos de carga e mulas, dando em troca os seus produtos. “Da terra de Dedã vinham também comerciantes. As suas colônias espalhadas pelo mar eram obrigadas a negociar com você, pagando seus produtos com madeira de ébano e marfim. “A Síria também estava na lista dos que comerciavam com você. Pelos seus inúmeros produtos eles ofereciam esmeraldas, púrpura para tingir tecidos, belos bordados, linho fino, coral e pedras preciosas. Antes de serem destruídos, Israel e Judá também eram seus fregueses. Em troca de seus produtos, eles ofereciam trigo da melhor qualidade, nozes, mel, azeite e perfumes. Damasco também foi atraído pelo grande número de produtos que você apresentava para o comércio; em troca deles, oferecia vinho de Helbom, muito famoso e apreciado, e lã de Zaar. Na lista de seus fregueses também estavam Dã e Javã, que traziam de Uzal objetos de ferro, remédios à base de cálamo e também canela silvestre. Dedã negociou com você mantos para selas. “Os príncipes da Arábia também negociavam com você, oferecendo ovelhas, cabras e carneiros para seus mercados. Os mercadores de Sabá e Raamá faziam comércio com você; em troca de seus produtos, eles ofereciam os mais finos perfumes, pedras preciosas e ouro. “Além de todos esses, havia ainda negociantes de Harã, Cane, Éden, e os mercadores de Sabá, Assíria e Quilmade. Desses lugares você recebia toda espécie de tecidos, tingidos e bordados; recebia também tapetes e cordas bem resistentes e de nós firmes. Você formava suas caravanas marítimas com navios de Társis. Assim, você enriqueceu e ficou famosa em todo o mundo. Quanta carga pesada você tem no coração do mar. “Mas agora, os seus remadores levaram seu barco para dentro de uma terrível tempestade. Um vento leste muito forte arrebentou seu belo navio no meio do mar! As suas grandes riquezas, suas mercadorias, seus tesouros, seus marinheiros e homens do mar, os homens que constroem navios, os negociantes e soldados, todos, todos afundarão no mar, no dia do seu naufrágio. “As cidades do litoral tremerão ao ouvir os gritos desesperados dos marinheiros. Todos os homens do mar, os remadores, marinheiros e marujos, abandonarão seus navios e virão à praia para chorar. Vão chorar por você, Tiro, e gritar de dor e sofrimento. Por causa disso, jogarão poeira para o ar e rolarão nas cinzas. Rasparão as cabeças em sinal de dor, vestirão pedaços de pano grosseiro. Chorarão com a mais profunda tristeza, lamentando por você com o coração cheio de amargura. E a triste cantiga com que eles lamentarão a sua destruição é a seguinte: ‘Onde, em todo o mundo, existiu uma cidade tão bela e importante quanto Tiro, que agora está em silêncio cercada pelo mar?’ Exportando seus produtos em navios, ela satisfez os desejos de muitas nações. Seu comércio era tão fabuloso que deixou ricos os reis de várias nações da terra. Agora você foi destruída pelo mar; todas as suas riquezas, todas as suas mercadorias valiosas, todo o seu povo, tudo isso afundou e desapareceu completamente com você. Todos os povos que vivem junto ao mar estão olhando espantados; os reis tremem de medo e preocupação ao ver o que aconteceu com você. Os mercadores e negociantes em todo o mundo balançam a cabeça, desanimados com a sua destruição. E, para todo o sempre, você servirá de exemplo, triste exemplo, para outros povos. E você nunca mais será reconstruída”. O Senhor falou comigo e disse: “Filho do homem, anuncie ao príncipe de Tiro: Assim diz o Soberano, o Senhor: “O seu coração está cheio de orgulho e você diz: ‘Sou um deus; assento-me num trono divino no meio do mar’. Mas você não passa de um homem qualquer, mesmo querendo dar aos outros a impressão de ser um deus. Você pensa que tem mais conhecimentos do que o próprio Daniel? Você pensa que não existem segredos que lhe são ocultos? Com a sua sabedoria e inteligência, você conseguiu todo o seu poder e todas as suas riquezas. Você soube negociar com inteligência, e assim aumentou suas riquezas; e foi por causa delas que seu coração ficou cada vez mais orgulhoso. “Por isso, assim diz o Soberano, o Senhor: “Já que você se considera tão sábio e poderoso quanto Deus, trarei contra você os mais terríveis inimigos dentre os povos da terra. Eles atacarão sua maravilhosa sabedoria com espadas e mancharão sua grande beleza! Eles o levarão até o reino dos mortos; você será morto com muitos golpes em sua própria cidade-ilha, no coração do mar. Será que, diante da espada do seu matador, você ainda vai querer insistir que é um deus? Para seus inimigos, você será nada além de um simples homem, e não um deus. Você morrerá sem honra, como uma pessoa desconhecida nas mãos de estrangeiros. Eu, o Soberano, o Senhor, falei”. E logo depois disso recebi uma nova mensagem do Senhor: “Filho do homem, cante este lamento pelo rei de Tiro. Diga a ele: Assim diz o Soberano, o Senhor: “Você era um exemplo de perfeição, cheio de sabedoria e uma beleza radiante. Você vivia no Éden, o jardim de Deus. Suas roupas eram enfeitadas com toda espécie de pedras preciosas — rubis, topázios, diamantes, berilo, ônix, jaspe, safiras, carbúnculos e esmeraldas. Essas pedras eram presas às roupas dentro de pedaços de ouro puro. Tudo isso foi preparado para você no dia em que foi criado. Eu mesmo o escolhi e dei a você a posição especial de querubim da guarda. Você tinha livre acesso ao monte santo de Deus e andava no brilho das pedras. Você foi criado perfeito e viveu na mais completa perfeição, até aquele dia em que a maldade achou lugar no seu coração. A sua grande importância e riqueza deixou seu coração cheio de cuidados, e você pecou. Por isso, perdeu sua honra, e eu o expulsarei do monte santo de Deus. Eu o destruirei, querubim da guarda, no meio das pedras brilhantes. O seu coração se encheu de orgulho por causa da sua beleza; querendo se tornar ainda mais sábio, você corrompeu a sua sabedoria. Por isso, eu o castigarei, fazendo você ser humilhado diante de todos os reis da terra. Por meio do grande número de seus pecados, sua desonestidade e injustiça no comércio você profanou os seus santuários. O fogo do meu castigo, que o destruiu completamente diante de todas as outras nações, é o resultado natural dos pecados que você cometeu. Todos os que o conheceram estão espantados, vendo o que lhe aconteceu. Você passou a ser um triste exemplo para outros povos; você será destruído de uma vez para sempre!” Voltei a receber uma mensagem do Senhor, que dizia: “Filho do homem, olhe na direção da cidade de Sidom, e profetize contra ela e diga: Assim diz o Soberano, o Senhor: “Eu sou seu inimigo; você servirá como prova do meu grande poder. O mundo saberá que eu sou o Senhor quando lhe der o justo castigo, quando mostrar ao mundo a minha perfeita santidade. Mandarei contra Sidom uma peste. As ruas da cidade ficarão cobertas de sangue e você será atacada de todos os lados, e haverá cadáveres por toda parte. Então eles saberão que eu sou o Senhor! “Então Sidom e outras nações próximas a Israel deixarão de ser espinhos que machucam e incomodam o meu povo. Todos saberão que eu sou o Soberano, o Senhor. “Assim diz o Soberano, o Senhor: Eu reunirei todo o Israel dentre as nações por onde anda espalhado. Julgarei o meu povo conforme a minha santidade diante de todas as nações. Depois disso, lhes darei novamente como moradia a terra que no passado eu tinha dado ao meu servo Jacó. Lá eles viverão em paz e segurança. Construirão suas casas e plantarão vinhas. Sim, depois que eu castigar as nações que maltrataram e desprezaram Israel, o meu povo habitará em segurança na sua terra. Então eles saberão que eu sou o Senhor, o seu Deus”. No décimo segundo dia do décimo mês do décimo ano do exílio, o Senhor me enviou esta mensagem: “Filho do homem, olhe em direção ao Egito e profetize contra o faraó, rei do Egito. Profetize também contra toda a terra do Egito. Diga a ele: Assim diz o Soberano, o Senhor: “Eu sou seu inimigo, faraó, rei do Egito! Você é como um enorme crocodilo, deitado entre os canais do rio Nilo, que pensa consigo mesmo: ‘O rio Nilo é meu! Eu mesmo o criei para mim!’ Mas eu vou amarrar e deixar bem presa essa sua enorme boca. Eu vou arrancar você de dentro de seus rios, junto com todos os peixes que vivem ao seu lado. Jogarei você e seus peixes no meio do deserto, espalhados na areia. Lá você ficará sem ser enterrado, servindo de alimento aos animais selvagens e às aves do céu. “Os egípcios ficarão sabendo que eu sou o Senhor. “Você tem sido um bordão de junco para os israelitas. Quando os israelitas quiseram se apoiar nos egípcios, você rachou e quebrou os ombros deles; quando eles se apoiaram em você, você quebrou e fez com que eles torcessem as suas costas. “Por causa disso, assim diz o Soberano, o Senhor: Trarei a guerra contra vocês, egípcios. Vocês e seus animais morrerão. A terra do Egito se transformará num lugar vazio e deserto. Assim os egípcios saberão que eu sou o Senhor. “Já que pensa consigo mesmo: ‘O rio Nilo é meu; eu o criei’, eu estou contra você e contra os seus rios. Transformarei a terra do Egito num deserto, desde Migdol até Seveno, desde o mar até a fronteira da Etiópia. O Egito ficará completamente deserto. Nenhum pé de homem ou pata de animal o atravessará por quarenta anos. Farei do Egito uma nação destruída, cercada de outras nações destruídas. Suas cidades ficarão devastadas durante quarenta anos! Espalharei os egípcios entre todas as nações e os dispersarei entre os povos do mundo! “Por outro lado, assim diz o Soberano, o Senhor: Depois desses quarenta anos, reunirei os egípcios dentre as terras por onde foram espalhados. Mudarei o destino do Egito e levarei o seu povo de volta à terra de Patros, onde começaram a existir como nação. Lá eles formarão um reino pequeno e fraco. O Egito será a mais humilde das nações; nunca mais será um país que domina outros povos, nunca mais terá poder suficiente para isso. Israel nunca mais confiará no Egito para resolver seus problemas. O Egito não fará voltar à minha memória o pecado de traição cometido por Israel, quando corria para pedir ajuda aos egípcios. Então eles saberão que eu sou o Senhor ”. No primeiro dia do primeiro mês do vigésimo sétimo ano de exílio, o Senhor falou comigo e me disse: “Filho do homem, o exército do rei Nabucodonosor me prestou um grande serviço atacando a cidade de Tiro. Os soldados ficaram cansados e doentes. Toda a cabeça foi esfregada até perderem todos os cabelos, e todo o ombro foi esfolado. Apesar de todo esse esforço, Nabucodonosor não conseguiu conquistar os tesouros de Tiro, e seus soldados ficaram sem pagamento. Por isso, assim diz o Soberano, o Senhor: Entregarei a Nabucodonosor, rei da Babilônia, toda a terra do Egito. Ele transformará os egípcios em escravos, tomará para si os tesouros do Egito, e seus soldados saquearão e dividirão entre si as riquezas que encontrarem por lá. Assim, Nabucodonosor e seu exército serão pagos pelo serviço que me prestaram. Sim, o salário de seu serviço, atacando a cidade de Tiro, será tomar posse da terra do Egito. Palavra do Soberano, o Senhor. “Quando isso acontecer, devolverei a Israel sua antiga glória. Suas palavras serão finalmente respeitadas, e o Egito saberá que eu sou o Senhor ”. Novamente o Senhor falou comigo. Ele disse: “Filho do homem, profetize e anuncie: Assim diz o Soberano, o Senhor: “Chorem e digam: “Ai! Dia de terror! Chorem porque aquele dia terrível se aproxima. É o dia do Senhor, um dia de nuvens escuras, um dia de castigo para as nações! A guerra cairá sobre o Egito; haverá grande sofrimento na Etiópia quando os mortos cobrirem o Egito. Os egípcios serão levados como escravos, as riquezas do país serão tomadas pelos inimigos, e os seus alicerces serão despedaçados. “Todos os povos aliados do Egito, a Etiópia, Fute e Lude, a Arábia e a Líbia, serão destruídos juntamente com o Egito na guerra. “Assim diz o Senhor: “Todas as nações que sustentam o Egito serão castigadas; ele será transformado numa nação fraca, sem nenhum motivo de orgulho. Seus moradores serão mortos em todo o país, desde Migdol até Seveno. O Egito se transformará num país deserto entre outros países igualmente desertos. As suas cidades ficarão em ruínas, cercadas de outras cidades destruídas. Quando eu destruir o Egito e seus aliados no fogo, eles saberão que eu sou o Senhor. “Nessa mesma ocasião mandarei mensageiros em navios; as suas notícias deixarão os etíopes muito assustados, mesmo que agora se sintam seguros. Eles sentirão a mesma angústia que os egípcios sentiram. Tudo isso se aproxima bem depressa. “Assim diz o Soberano, o Senhor: “Eu vou acabar com a glória do Egito! Farei isso através de Nabucodonosor, rei da Babilônia. Ele irá com seus exércitos, formados pelos soldados mais temidos do mundo, para destruir o Egito. Farão guerra contra os egípcios, e encherão a terra de cadáveres. Secarei o rio Nilo e venderei toda a terra do Egito a homens maus. Usarei estrangeiros para destruir a terra do Egito e todas as riquezas que lá existirem. “Eu, o Senhor, falei! “Assim diz o Soberano, o Senhor: Além de tudo, também destruirei os ídolos; acabarei com as imagens que existem em Mênfis. O Egito ficará sem rei; deixarei a terra em grande confusão! Destruirei a cidade de Patros, na parte superior do rio Nilo. Deixarei em ruínas as cidades de Zoã e Tebas. Derramarei toda a minha ira sobre a poderosa fortaleza de Sim, e acabarei com o povo de Tebas. Incendiarei o Egito. Sim, a fortaleza do Egito sofrerá terrivelmente: Tebas será destruída e Mênfis será atacada em pleno dia. Os jovens de Heliópolis e de Bubastis serão mortos à espada. Os moradores serão levados para o cativeiro. No dia em que eu castigar o Egito, as trevas cobrirão Tafnes em pleno dia. A cidade perderá seu grande orgulho, seu grande poder. Será coberta por nuvens escuras, e os moradores das pequenas vilas irão para o cativeiro. Assim eu castigarei o Egito, e todos os egípcios saberão que eu sou o Senhor ”. No sétimo dia do primeiro mês do décimo segundo ano, recebi uma mensagem do Senhor, que dizia: “Filho do homem, eu já quebrei o braço do faraó, rei do Egito. Esse braço não foi tratado, não foi enfaixado com ataduras, nem imobilizado para recuperar sua força e voltar a usar uma espada. Portanto, assim diz o Soberano, o Senhor: Eu estou contra o faraó, rei do Egito. Além do braço que está quebrado, quebrarei o outro também, e jogarei a sua espada ao chão. Depois disso, espalharei os egípcios entre as nações e os dispersarei entre os povos do mundo. Darei mais e mais força aos braços do rei da Babilônia; colocarei a minha espada na mão dele. Mas o faraó, com seus braços quebrados, gemerá de dor como um homem mortalmente ferido. Tornarei cada vez mais fortes os braços do rei da Babilônia, mas os braços do faraó ficarão caídos, completamente inúteis. Todos saberão que eu sou o Senhor, quando puser a minha espada na mão do rei da Babilônia, e ele destruir a terra do Egito. Espalharei os egípcios entre as nações e os dispersarei em todas as terras do mundo. Então eles saberão que eu sou o Senhor ”. No primeiro dia do terceiro mês do décimo primeiro ano, o Senhor me revelou a seguinte mensagem: “Filho do homem, diga ao faraó, rei do Egito, e a todo o povo egípcio: Como você é poderoso! Quem é comparável a você em majestade? Você é semelhante à Assíria, outrora nação grande e poderosa, como um cedro do Líbano, bem alto, com ramos e galhos bem fortes, com muitas folhas, provendo uma boa sombra. Esse cedro estava junto a fontes de água; assim ele cresceu bastante e das fontes profundas saíam pequenos canais, levando água às árvores menores que ficavam por perto. Assim, o cedro se tornou mais alto que todas as outras árvores, e os seus galhos e ramos se tornaram mais fortes, porque ele estava plantado junto a uma grande fonte de água. As aves vinham fazer ninhos nos ramos do cedro, e os animais do campo se reproduziam e tinham seus filhotes debaixo dele. Todas as nações do mundo viviam debaixo da sombra dessa grande árvore. O cedro era de uma beleza majestosa, com ramos bem grandes e cheios de folhas, porque tinha raízes bem fundas e ficava junto a uma grande fonte de água. Ele era mais alto que todas as árvores do jardim de Deus. Os ramos dos ciprestes não eram belos como os do cedro; os brotos das outras árvores não eram verdes como os do cedro. Nenhuma árvore do jardim de Deus era tão linda quanto aquela! Eu mesmo dei àquele cedro sua grande beleza; todas as árvores do jardim de Deus tinham inveja dele. “Portanto, assim diz o Soberano, o Senhor: Esse cedro cresceu até chegar às nuvens, e por isso seu coração se encheu de orgulho. Por isso, eu entregarei o cedro nas mãos da nação mais poderosa do mundo. Assim, ele receberá o castigo justo pela sua maldade; eu mesmo destruirei a bela árvore. Os soldados mais temidos em toda a terra derrubaram o cedro e cortaram seu tronco em pedaços. Os seus ramos ficaram caídos e espalhados pelos montes e vales; foram arrastados para longe pelos rios e riachos. Os povos que antes viviam debaixo de sua sombra abandonaram o cedro. As aves do céu e os animais do campo aproveitarão o que sobrou do tronco e dos ramos para fazer seus ninhos e para descansar. Isso vai acontecer para que outras árvores do jardim não fiquem orgulhosas de sua riqueza e de seu poder. Nenhuma outra árvore igualmente bem regada chegará a essa altura; estão todas condenadas à destruição e à morte e serão lançadas para debaixo da terra, entre homens mortais, com os que descem à cova. “Assim diz o Soberano, o Senhor: Quando o cedro foi derrubado e desceu ao mundo dos mortos, eu fiz a terra ficar de luto. Parei o movimento das fontes, rios e mares. Quando ele foi para o além, eu vesti a floresta do Líbano de preto, e as outras árvores choraram de tristeza. Fiz as nações ficarem com medo quando souberam que o cedro tinha sido derrubado e levado para o além. Lá, todas as árvores do Éden, as mais belas e melhores do Líbano, e outras árvores do jardim de Deus ficaram satisfeitas ao verem o cedro junto com elas no reino dos mortos. E, junto com o cedro, também foram para o mundo dos mortos os seus aliados, que viviam debaixo da sua sombra. “E agora, faraó, rei do Egito, eu pergunto: Você é semelhante, em poder e altura, a esse grande cedro que foi a Assíria? Você não é a maior árvore no jardim de Deus? Apesar de tudo isso, você também será jogado nas profundezas junto com as outras árvores. Você morrerá junto com os povos que hoje despreza, e não será enterrado. Esse é o seu destino, e o destino de toda a sua riqueza e glória. Palavra do Soberano, o Senhor ”. No primeiro dia do décimo segundo mês do décimo segundo ano, recebi esta mensagem do Senhor: “Filho do homem, cante este lamento pelo faraó, rei do Egito, e diga-lhe: Você já foi elogiado, chamado de leão entre os povos, mas não passa de um crocodilo vivendo às margens do rio Nilo, agitando e sujando a água com os pés. “Assim diz o Soberano, o Senhor: “Mandarei muitas nações para apanhar você com a minha rede, e com ela eles o puxarão para cima. Elas o tirarão de dentro da água; você será jogado em campo aberto. Vou trazer as aves do céu e os animais que comem carne para devorarem o seu corpo morto até fartar-se! Espalharei pedaços de sua carne pelos montes, e encherei os vales com os seus restos. Encharcarei a terra com o seu sangue por todo o caminho, e ele cobrirá os montes, e os rios serão invadidos pelo seu sangue também! Quando eu acabar com você, cobrirei o céu e tirarei o brilho das estrelas. Taparei o sol com uma nuvem, e a lua não iluminará a noite. Por sua causa, apagarei a luz das estrelas brilhantes e deixarei seu país na mais completa escuridão. Palavra do Soberano, o Senhor. Darei profunda tristeza a muitas nações que você nem conhece, quando elas ficarem sabendo que você foi destruído. Deixarei muitos povos espantados e com medo; os reis dessas nações tremerão de medo quando virem a minha espada se agitando diante deles. Vendo a sua destruição, cada um deles viverá com muito medo, por suas vidas. “Assim diz o Soberano, o Senhor: “A espada do rei da Babilônia cairá sobre você. Matarei uma grande multidão de egípcios pelas armas dos soldados caldeus, os mais temidos em toda a terra. Eles destruirão o poder do Egito e tomarão as suas riquezas. E toda a sua população será vencida. Destruirei todos os seus animais, todos os seus rebanhos que pastam junto ao rio Nilo. As águas não serão mais agitadas pelos pés de homens ou enlameadas pelas patas do gado. Assim, deixarei as águas dos rios do Egito claras e limpas, correndo mansamente como azeite, diz o Soberano, o Senhor. E quando eu destruir o Egito e acabar com todas as suas riquezas, quando castigar todo o seu povo, então os egípcios saberão que eu sou o Senhor. Chorem, povos! Chorem pelo Egito. As filhas das nações entoarão um lamento por causa do Egito e de todo o seu povo. Palavra do Soberano, o Senhor ”. No décimo quinto dia do mês do décimo segundo ano, recebi nova mensagem do Senhor, que dizia: “Filho do homem, chore pelo povo do Egito e pelas outras nações poderosas. Mande essa gente toda ir fazer companhia a outros povos poderosos que já estão no reino dos mortos, no fundo da terra. Diga ao povo: Você pensa que é mais bonita que outras nações do passado? Você vai acabar como todas elas; quando morrer, você estará junto com os povos que sempre desprezou. Os egípcios farão parte da multidão de gente morta na guerra, porque a espada do inimigo já está pronta para cair sobre o Egito. Arrastem o Egito e seu povo para dentro do reino dos mortos. Grandes soldados do passado e povos amigos do Egito receberão os egípcios quando eles chegarem ao reino dos mortos. Ali eles viverão junto aos povos que o Egito sempre considerou inferiores, também mortos na guerra. “Lá estão os reis da Assíria, cercados por todo o seu exército. Eles também foram destruídos na guerra, mortos à espada. Eles estão enterrados na parte mais profunda do reino dos mortos, cercados pelo seu povo. Enquanto estavam na terra, espalhavam o medo, mas foram destruídos na guerra. “Lá estão os reis de Elão, cercados no sepulcro por todo o seu povo, gente morta nas batalhas. Enquanto estavam vivos, espalhavam terror por toda parte. Agora que estão mortos, seu destino é o mesmo do homem comum! Carregam sua vergonha com os que descem à cova. Os reis de Elão têm lugar reservado bem no meio de seu povo. Os elamitas são um povo que não merece respeito; todos eles morreram na guerra. Enquanto viviam, deixaram outras nações em pânico; ao morrer, levaram para o reino dos mortos o desprezo de outros povos, e a vergonha de terem sido derrotados e mortos na guerra. “Os reis de Meseque e Tubal também estão lá, cercados pelos seus exércitos — todos idólatras. Eles são dignos de desprezo; morreram na guerra, depois de levarem o medo a muita gente na terra dos viventes. Todavia, eles não ficarão em companhia dos grandes guerreiros do passado, que foram enterrados com suas roupas de batalha e suas armas, com suas espadas debaixo da cabeça. Ficarão cobertos pelos seus pecados, apesar de terem sido temidos até pelos homens mais valentes da terra dos viventes. “Você também, faraó, rei do Egito, estará entre essa gente indigna; fará companhia aos que morreram na batalha. “Lá está Edom, com todos os seus reis e príncipes. Eles eram poderosos, mas acabaram junto com os povos destruídos na guerra. Fazem companhia aos povos idólatras, no fundo do reino dos mortos. Todos os príncipes do norte estão lá; também os príncipes de Sidom, todos eles mortos na guerra, atravessados pela espada. Aqui eles foram o terror de muitos povos; lá eles vivem na mais profunda vergonha. Como os outros povos destruídos na guerra, eles são idólatras e levaram para o reino dos mortos a sua vergonha. “Quando chegarem ao reino dos mortos, o faraó e os egípcios ficarão consolados vendo todos esses povos em sua companhia. Sim, o faraó e todo o seu exército estarão entre os que foram destruídos na guerra, atravessados pelas espadas inimigas, diz o Soberano, o Senhor. Eu fiz com que o rei do Egito deixasse os vivos apavorados; o faraó e todo o seu povo acabarão em companhia dos povos que desprezaram, no reino dos mortos. Palavra do Soberano, o Senhor ”. Recebi nova mensagem do Senhor. Ele me disse: “Filho do homem, diga o seguinte ao seu povo: Quando eu trouxer a guerra contra um país, e os seus moradores escolherem um homem para servir de vigia, e este, ao ver o avanço do inimigo, der o sinal de alarme avisando o povo, quem ouvir o sinal e não der importância será responsável pela sua própria morte, se for morto pelo inimigo. Ele ouviu o sinal de perigo e não procurou se esconder; ele mesmo será responsável pela sua morte. Quem ouve o sinal de perigo e toma as providências necessárias salva a sua vida. Mas, se o vigia vê o inimigo se aproximando e não dá o sinal de perigo, ele será responsável se o inimigo tirar a vida de alguma pessoa. Essa pessoa ainda assim será culpada de seus pecados, mas eu cobrarei o preço de sua vida do vigia que não deu o sinal de perigo. “O mesmo acontece com você, filho do homem. Eu o coloquei como vigia para o povo de Israel. Você ouvirá as minhas palavras e dará o meu aviso ao povo. Quando eu disser ao perverso: ‘Pecador, você está condenado!’, se você não lhe der o meu aviso, ele morrerá com a culpa de seus pecados, mas eu pedirei contas a você pelo preço da vida desse homem pecador. Mas, se você avisar o pecador e lhe disser para se arrepender de seus pecados, e ele não der importância, ele morrerá com a culpa de seus pecados, mas você não será responsável por isso. “Por isso, filho do homem, diga o seguinte ao povo de Israel: Vocês andam dizendo: ‘Nossas ofensas e pecados são um peso para nós! Assim não podemos viver!’ Diga-lhes: Juro pela minha vida, palavra do Soberano, o Senhor: Vocês podem ter absoluta certeza de que não fico contente quando o pecador morre com a culpa de seus pecados. Minha maior alegria é ver o pecador se arrepender, deixar seu mau caminho e viver. Por isso, povo de Israel, arrependa-se! Arrependa-se! Abandone seus maus caminhos! Para que morrer sem razão, Israel? Por isso, filho do homem, diga a Israel: As boas obras que uma pessoa fez no passado não podem impedir que ela seja castigada por seus pecados. Por outro lado, o pecador que se arrepende de seus maus caminhos não será castigado pelos antigos pecados. O justo não escapará do castigo, se deixar a justiça e se entregar ao pecado. Eu já disse que o justo viverá. Mas, se alguém confiar em sua justiça e se entregar ao pecado, eu deixarei de lado sua antiga justiça, e ele será condenado pelo seu pecado; ele morrerá por causa do mal que fez. E quando eu disser: ‘O perverso morrerá!’, se ele se arrepender de seu pecado e começar a praticar o que é certo e justo, devolvendo objetos dados como garantia de pagamento de dívidas, obedecendo aos meus mandamentos e deixando de lado a desobediência, é certo que viverá! Não será condenado à morte! Eu não levarei em conta nenhum de seus antigos pecados; ele praticou o que é certo, praticou a justiça. Certamente viverá! “Apesar disso, o povo de Israel anda dizendo: ‘O Senhor não está sendo justo em seu julgamento’. Mas a triste verdade é que eles são os injustos! Mais uma vez eu afirmo: Se um homem justo se entregar ao pecado, será castigado com a morte. Se um homem pecador se arrepender de seus pecados e começar a praticar a justiça e a fazer o que é certo, receberá a vida. Mas vocês continuam dizendo: ‘O Senhor não está sendo justo!’ Apesar disso, meu povo, eu julgarei cada um de vocês conforme as suas ações!” No quinto dia do décimo mês do décimo segundo ano do primeiro grupo de Israel ter sido levado para o exílio na Babilônia, um homem que tinha escapado de Jerusalém me procurou e disse: “A cidade foi destruída!” Pois bem, na noite anterior o Senhor tinha colocado a sua mão sobre mim. Naquela mesma manhã, antes de o mensageiro chegar, ele me curou da mudez. Assim, quando o homem de Jerusalém me procurou, eu já podia falar perfeitamente. Foi então que recebi a seguinte mensagem do Senhor: “Filho do homem, os moradores de Judá, que ficaram espalhados pelas ruínas das cidades de Israel, andam dizendo: ‘Abraão era um só e acabou sendo dono de toda esta terra. Nós somos muitos e podemos muito bem voltar a tomar posse de nosso país!’ Então diga a eles: Assim diz o Soberano, o Senhor: Como é que vocês pensam em reconquistar sua terra? Vocês continuam a viver em pecado, comendo carne com sangue, adorando ídolos e derramando sangue inocente! Vocês confiam em suas espadas, fazem coisas nojentas, e cada um de vocês contamina a mulher do seu próximo! Como é que vocês pensam em voltar a dominar sua terra? “Diga a essa gente: Assim diz o Soberano, o Senhor: Juro pela minha vida: O resto do povo que está vivendo nas ruínas das cidades de Judá será morto na guerra; quem ficou vivendo no campo será morto pelas feras; quem se escondeu em cavernas e fortalezas, morrerá de doença. Deixarei a terra de Judá deserta e vazia; ela será humilhada e perderá todo o orgulho de seu antigo poder. Os montes de Israel ficarão tão destruídos que nem os viajantes passarão por eles. Assim, os israelitas aprenderão que eu sou o Senhor, quando eu transformar sua terra num deserto abandonado por causa dos pecados horríveis que eles cometeram. “Filho do homem, o povo de Israel anda fazendo comentários sobre você! Falam sobre você em rodinhas junto aos muros e às portas de suas casas. Eles dizem: ‘Vamos, venham conosco! Vamos ouvir a última mensagem do Senhor!’ Eles chegam diante de você como costumavam vir à minha presença no templo. Eles se assentam e ouvem o que você diz, mas não colocam uma palavra em prática. Falam muito em amar o Senhor, mas o seu coração só pensa em ganhar mais e mais riquezas. Você não passa de um divertimento para eles, como um cantor que canta belas canções de amor, ou como um músico que toca bem o seu instrumento. Ouvem o que você fala, mas não põem uma palavra em prática. “Mas, quando suas profecias se cumprirem em Israel — e isso não vai demorar muito — eles saberão que havia um verdadeiro profeta entre eles”. Recebi nova mensagem do Senhor que dizia: “Filho do homem, profetize contra os pastores de Israel. Diga o seguinte: Assim diz o Soberano, o Senhor: Ai dos pastores de Israel que cuidam apenas de si mesmos. Não deveriam eles cuidar das ovelhas? Vocês comem a coalhada, matam as melhores ovelhas, comem a carne e usam a lã para fazer belas roupas, mas não cuidam do rebanho. Vocês não cuidaram da ovelha fraca, não curaram as doentes e machucadas, não trouxeram de volta as ovelhas que se afastaram do rebanho, nem foram procurar as ovelhas perdidas. E, além de tudo isso, dominam o rebanho pela força, com muita violência. Por falta de pastores, as ovelhas se espalharam pelo campo, ficaram perdidas e foram devoradas pelos animais ferozes. As minhas ovelhas andam espalhadas e perdidas pelos montes e morros da terra. Elas andam perdidas e não há ninguém para procurar e reunir o meu rebanho. “Por isso, pastores, ouçam a palavra do Senhor: Juro pela minha vida, palavra do Soberano, o Senhor: Por não terem pastor, as minhas ovelhas foram roubadas por estranhos e devoradas pelas feras. E visto que os meus pastores não se preocupam com o meu rebanho, mas cuidam de si mesmos em vez de cuidarem do rebanho, ouçam a palavra do Senhor, pastores: Assim diz o Soberano, o Senhor: De agora em diante eu serei inimigo dos pastores. Pedirei contas de todas as minhas ovelhas a vocês. Não deixarei que continuem como pastores. Livrarei o meu rebanho da sua boca. Não deixarei que se alimentem das minhas ovelhas. “Assim diz o Soberano, o Senhor: Eu mesmo vou procurar e encontrar minhas ovelhas e vou cuidar delas. Farei como o pastor que procura as ovelhas perdidas de seu rebanho. Tomarei conta das minhas ovelhas. Resgatarei minhas ovelhas de todos os lugares por onde elas foram espalhadas no dia de nuvens e escuridão. Tirarei o meu rebanho do meio dos povos, reunirei as minhas ovelhas que se acham espalhadas pelas nações, e depois reunirei todas elas em sua própria terra novamente. Cuidarei delas pessoalmente sobre os montes de Israel, junto aos riachos mansos onde a terra é boa, e em todos os povoados. Darei às minhas ovelhas bons pastos nos montes verdes de Israel. Lá elas se deitarão, tranquilas e bem alimentadas, tendo sempre pastos ricos. Eu mesmo tomarei conta das minhas ovelhas. Eu mesmo lhes darei descanso. Palavra do Soberano, o Senhor. Procurarei a ovelha perdida, trarei de volta a ovelha que se afastou do rebanho, curarei a ovelha machucada e cuidarei da ovelha doente. Mas destruirei as ovelhas gordas e fortes. Cuidarei do rebanho com justiça. “E quanto a você, meu rebanho, assim diz o Soberano, o Senhor: Julgarei entre uma ovelha e outra. Também vou separar os carneiros dos bodes. Vocês, ovelhas e carneiros fortes, não se contentam com o bom capim? Precisam amassar com as patas o resto do pasto? Não é suficiente beber a água mais pura e fresca? Também precisam sujar a água com as patas? As minhas ovelhas são obrigadas a comer o capim amassado que vocês deixaram; são obrigadas a beber a água que vocês sujaram com as patas. “Por isso, assim diz o Soberano, o Senhor: Certamente farei separação entre as ovelhas fortes e fracas. Vocês, ovelhas fortes, empurram e chifram as ovelhas fracas até elas fugirem e se perderem. Por isso, eu mesmo livrarei as minhas ovelhas. Elas não servirão mais de alimento para as feras. Além disso, julgarei entre uma ovelha e outra. Darei às minhas ovelhas um pastor especial. Ele cuidará delas e lhes dará alimento. Esse pastor será o meu servo, o rei Davi. Eu, o Senhor, serei o seu Deus, e o meu servo Davi será o seu governador. Eu, o Senhor, falei! “Farei uma aliança de paz com elas; acabarei com os animais ferozes da terra. Minhas ovelhas poderão viver em segurança no deserto e dormir nos bosques e florestas. Farei das minhas ovelhas e dos lugares próximos ao meu monte uma bênção; farei as chuvas caírem na época certa, e serão chuvas de bênçãos. As árvores darão os seus frutos e a terra produzirá muito alimento. Minhas ovelhas viverão em segurança na sua terra. Elas saberão que eu sou o Senhor, quando eu quebrar as correntes do seu jugo, quando libertar o meu rebanho das mãos daqueles que as escravizaram. Não serão mais atacadas por outras nações, nem servirão de alimento aos animais ferozes. Habitarão seguras em sua terra e viverão em perfeita segurança; ninguém lhes causará medo. Eu lhes darei terras boas, e minhas ovelhas nunca mais passarão fome. Nunca mais serão envergonhadas por outras nações mais fortes! Elas saberão que eu, o Senhor, o seu Deus, estou bem junto delas, e que a nação de Israel é o meu povo. Palavra do Soberano, o Senhor. Vocês, minhas ovelhas, ovelhas do meu pasto, vocês são o meu povo, e eu, eu sou o seu Deus. Palavra do Soberano, o Senhor ”. O Senhor voltou a falar comigo e me disse: “Filho do homem, vire-se em direção à terra de Edom, ao monte Seir, profetize contra ele e diga: Assim diz o Soberano, o Senhor: Eu sou seu inimigo e castigarei seu país com o meu grande poder, monte Seir. Estenderei o meu braço contra você e farei de você um deserto sem moradores. Deixarei suas cidades em ruínas, deixarei sua terra arrasada, e assim você saberá que eu sou o Senhor. “E sabe qual é a causa desse terrível castigo? O seu ódio constante pelo povo de Israel! O seu ataque cruel ao meu povo quando Judá foi castigado por mim! Por isso, juro pela minha vida, palavra do Soberano, o Senhor: Já que vocês gostam tanto de derramar sangue, vou derramar o seu sangue! O seu sangue será derramado em todos os lugares para onde vocês forem! Transformarei o monte Seir num lugar vazio e deserto. Matarei todos os que passarem por lá. Cobrirei os seus montes com gente morta; por toda parte, nas colinas, nos vales e nos riachos haverá corpos de gente morta violentamente na guerra. Você será um deserto para sempre! Suas cidades nunca mais serão habitadas! Assim vocês saberão que eu sou o Senhor. “Você pensou consigo mesmo: ‘Agora Israel e Judá serão minhas nações; vamos nos apossar deles. E que diferença faz se o Senhor vive ali?’ Por isso, juro pela minha vida, palavra do Soberano, o Senhor, que darei a você o castigo merecido pelo seu ódio, pela sua inveja, pelas maldades que você fez a Israel. Eles me conhecerão melhor quando virem o castigo que dei a você. Então você vai saber que eu, o Senhor, ouvi muito bem as ofensas que fez quando disse: ‘A terra de Israel já foi destruída. Eles foram entregues para que os devoremos’. Quando você disse essas palavras, estava querendo ser maior do que eu, o Senhor. Eu ouvi muito bem o que você disse! “Por isso, diz o Soberano, o Senhor: A terra inteira vai se alegrar quando eu destruir seu país. Você vibrou de alegria com a destruição de Israel. Mas agora chegou a hora da sua destruição. Eu tratarei vocês da mesma maneira. Monte Seir, você será destruído! Povo de Edom, acabarei com todos vocês, e assim saberão que eu sou o Senhor! “Filho do homem, profetize para os montes de Israel. Anuncie o seguinte: Ó montes de Israel, ouçam a mensagem do Senhor! “Assim diz o Soberano, o Senhor: Seus inimigos disseram ‘Bem feito!’ quando Israel foi castigado. Eles pensaram: ‘Agora tomaremos posse dos lugares sagrados de Israel’. Por isso profetize e diga: Assim diz o Soberano, o Senhor: Seus inimigos atacaram Israel por todos os lados, cada um tentando conseguir para si um pouco do que havia sobrado, prendendo e vendendo o meu povo como escravos, transformando-os em motivo de zombaria por toda a terra. Por isso, ó montes de Israel, ouçam a mensagem do Soberano, o Senhor: Assim diz o Soberano, o Senhor, aos montes e colinas, aos riachos e vales, aos campos vazios e às cidades desertas, alvo de roubos e zombarias para as nações próximas. Assim diz o Soberano, o Senhor: O fogo da minha ira está ardendo contra seus vizinhos e especialmente contra Edom, porque com prazer e com maldade no coração eles invadiram a minha terra para roubar e matar, fazendo pouco caso de mim! Por isso, profetize a respeito da terra de Israel e diga aos montes e às colinas, aos riachos e aos vales, dizendo: Assim diz o Soberano, o Senhor: Estou dominado pela minha ira, porque vocês foram terrivelmente envergonhados pelas nações vizinhas. Agora, assim diz o Soberano, o Senhor: Juro com a mão levantada: Essas nações vizinhas passarão a vergonha que fizeram Israel passar. “Mas vocês, ó montes de Israel, voltarão a produzir bastante fruto, grandes colheitas para o meu povo Israel, que em breve há de voltar para sua terra. Eu estou bem junto de vocês, para ajudar no que for preciso. Vocês voltarão a ser cuidados; vocês serão arados e semeados novamente. Eu multiplicarei toda a população de Israel. As cidades destruídas voltarão a ser habitadas; o que foi derrubado será reconstruído. Multiplicarei os homens e os animais; farei nascer muitos animais, e eles viverão sobre os montes como antes. O meu cuidado com vocês será ainda maior do que no passado. Assim vocês saberão que eu sou o Senhor! O meu povo, Israel, voltará a caminhar sobre vocês; eles serão seus donos. Essa terra será propriedade deles, e nunca mais seus filhos vão morrer de fome. “Assim diz o Soberano, o Senhor: Agora outras nações zombam de vocês dizendo: ‘Israel é uma terra assassina, terra que mata seu próprio povo!’ Mas isso é coisa do passado. Os montes de Israel não deixarão mais os lares de Israel sem filhos; a terra de Israel não destruirá mais os seus moradores. Palavra do Soberano, o Senhor. Nunca mais permitirei que outros povos zombem de vocês. Israel não sofrerá mais vergonha diante de outras nações, nem fará mais a sua nação cair. Palavra do Soberano, o Senhor ”. Então recebi mais uma mensagem do Senhor. “Filho do homem, quando meu povo vivia em Israel, deixou a terra impura com seus maus caminhos e pecados. Aos meus olhos, as ações do meu povo eram imundas como a impureza menstrual de uma mulher. Eles mancharam esta terra com muitos assassinatos, com a adoração de ídolos, e foi por isso que eu lancei sobre Israel o meu terrível furor. Espalhei-os pelas nações e terras do mundo. Esse foi o castigo que lhes dei, conforme a conduta e as ações deles. Quando chegaram às terras para onde foram levados, eles se transformaram em motivo de vergonha para o meu santo nome, porque os outros povos diziam: ‘Vejam! Esse é o tal povo do Senhor; que Deus é esse que não consegue proteger seu povo e sua terra?’ Mas eu não podia deixar o meu santo nome ser desonrado daquela maneira pelo meu povo entre as nações por onde ele tinha sido espalhado. “Por isso, anuncie a Israel: Assim diz o Soberano, o Senhor: O que vou fazer, ó nação de Israel, não farei porque vocês mereçam. Levarei todos vocês de volta para sua terra, mas somente para mostrar às nações, onde vocês andam espalhados, quem eu sou; farei isso por causa do meu santo nome. Vou mostrar a santidade do meu santo nome que foi profanado entre os povos nos quais vocês andaram espalhados, fazendo do meu nome motivo de riso e zombaria. Então as nações saberão que eu sou o Senhor, palavra do Soberano, o Senhor, quando lhes mostrar que o meu nome é santo por meio de vocês diante das nações! “Pois eu os reunirei dentre todas as nações por onde vocês andam espalhados. Depois os levarei de volta para sua própria terra! Então, jogarei água pura sobre vocês para limpar todos os seus pecados. Vocês ficarão purificados de todas as coisas erradas que fizeram e do terrível pecado da adoração de imagens. Darei a vocês um coração novo. Darei a vocês um espírito novo. Em vez de terem corações duros como pedra, vocês receberão corações de carne. Colocarei dentro de vocês o meu Espírito; assim vocês serão capazes de viver conforme as minhas leis, e obedecer aos meus mandamentos. Vocês viverão na terra de Israel, a terra que há muito tempo eu dei aos seus antepassados. Vocês serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. Libertarei o meu povo de todas as coisas que o tornavam impuro. Darei a vocês grandes colheitas de trigo; nunca mais deixarei o meu povo passar fome. Haverá frutos e cereais em grande quantidade. Assim vocês nunca mais passarão vergonha diante de outras nações por causa da fome. Quando tudo isso estiver acontecendo, vocês olharão para trás e lembrarão de seus horríveis pecados, de seus maus caminhos. Vocês ficarão com nojo de si mesmos por causa da antiga desobediência, de sua adoração de imagens e de seus terríveis pecados contra mim. Mas lembrem sempre de uma coisa! Eu não estou fazendo isso por causa de vocês. Palavra do Soberano, o Senhor. Vocês devem ser humildes, lembrando-se de seus maus caminhos e chorando de tristeza e vergonha por seus antigos pecados, ó nação de Israel! “Assim diz o Soberano, o Senhor: Quando eu purificar Israel de todas as suas desobediências e pecados, farei com que suas cidades sejam novamente habitadas. As ruínas das vilas e povoados de Israel serão reconstruídas. Onde antes só havia terra arrasada e seca, os israelitas cultivarão a terra; não permanecerá arrasada diante de todos que passarem por ela. Espantados, os outros povos vão dizer: ‘Vejam, essa terra parecia um deserto, mas agora parece o jardim do Éden! As cidades que estavam em ruínas foram reconstruídas. Antes estavam desertas, mas agora estão fortificadas e habitadas’. Então as nações vizinhas, as poucas que não foram destruídas, saberão que eu, o Senhor, reconstruí esta nação! Levantei as cidades derrubadas e fiz os campos secos produzirem belas colheitas. Eu, o Senhor, falei, e cumprirei a minha promessa! “Assim diz o Soberano, o Senhor: Além de tudo isso, estou disposto a atender a esta oração do povo de Israel; tornarei o seu povo tão numeroso como um rebanho de ovelhas. Encherei esta terra de homens. As cidades desertas ficarão cheias de gente, como as ruas de Jerusalém se enchiam de rebanhos de ovelhas quando chegava a época dos sacrifícios. E todos saberão que eu sou o Senhor ”. O poder do Senhor estava sobre mim. Pelo seu Espírito ele me levou até um vale que estava cheio de ossos secos. Ele me fez andar entre os ossos: havia um número muito grande de ossos, todos eles sequíssimos. Depois disso, o Senhor me perguntou: “Filho do homem, você acha que esses ossos poderão voltar a viver?” Eu respondi: “Ó Soberano Senhor, essa resposta só o Senhor pode dar”. Então ele me disse “Profetize a esses ossos secos! Diga-lhes o seguinte: Ossos secos, ouçam a palavra do Senhor! Assim diz o Soberano, o Senhor, a estes ossos: Farei a vida entrar novamente em vocês! Colocarei tendões e músculos, carne e pele sobre vocês, e depois lhes darei vida novamente. Assim vocês saberão que eu sou o Senhor ”. Obedeci ao Senhor e disse as palavras que ele tinha ordenado. Enquanto eu ainda estava profetizando, comecei a ouvir um barulho estranho, barulho de ossos batendo uns contra os outros. Os ossos estavam se juntando, cada um ocupando seu próprio lugar! Quando olhei novamente, os ossos foram cobertos de tendões e músculos, de carne e depois de pele! Apesar disso, os corpos não tinham vida. Então o Senhor me disse: “Filho do homem, profetize ao espírito e diga: Assim diz o Soberano, o Senhor: Ó espírito, venha dos quatro cantos da terra e sopre nestes corpos mortos para que eles vivam novamente!” Profetizei conforme a ordem recebida, e o espírito entrou neles. E os corpos ganharam vida e se levantaram! Eram muitos, tantos que podiam formar um grande exército! Depois disso, o Senhor me disse: “Filho do homem, esses ossos representam o povo de Israel. Eles andam dizendo: ‘Nós não passamos de um monte de ossos secos. Já não temos mais esperança, nossa nação acabou’. Por isso, Ezequiel, anuncie ao meu povo: Assim diz o Soberano, o Senhor: Ó meu povo, abrirei as sepulturas do exílio, povo de Israel! Farei vocês se levantarem e levarei o meu povo de volta à terra de Israel. E quando eu abrir as suas sepulturas e os fizer sair, finalmente, meu povo, vocês saberão que eu sou o Senhor. Colocarei o meu Espírito em vocês, e assim vocês voltarão a viver. Então, eu lhes darei novamente a posse de sua terra. E, finalmente, vocês saberão que eu, o Senhor, fiz estas promessas e vou cumprir o que prometi. Palavra do Senhor ”. Voltei a receber uma mensagem do Senhor, que dizia: “Filho do homem, apanhe um pedaço de madeira e grave nele as seguintes palavras: ‘Judá e os israelitas, seus companheiros’. Pegue outro pedaço de madeira e grave nele o seguinte: ‘Tribo de Efraim e as outras tribos de Israel, seus companheiros’. Agora, junte esses dois pedaços de madeira, até que os dois sejam como um só. Quando alguém perguntar o significado disso, você deve dizer o seguinte: Assim diz o Soberano, o Senhor: Eu unirei a vara das tribos de Israel, lideradas por Efraim, à vara da tribo de Judá. Elas se transformarão numa só vara na minha mão. Você deve aparecer diante do povo segurando esses dois pedaços de madeira bem unidos, e dizer-lhes: Assim diz o Soberano, o Senhor: Reunirei meu povo dentre todas as nações, nas quais estão espalhados. Reunirei o meu povo e os levarei de volta à sua própria terra. Lá, farei de Israel e Judá uma única nação. Terão um único rei e nunca mais se dividirão em duas nações! Nunca mais eles mancharão sua vida com seus ídolos e imagens detestáveis. Abandonarão seus antigos pecados. Eu mesmo libertarei o meu povo de seus pecados e apostasias. Eu mesmo purificarei o meu povo! Assim, eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. “O meu servo Davi será o seu rei, o único pastor dos israelitas. Eles obedecerão aos meus mandamentos e viverão conforme as minhas leis. Viverão na terra que dei ao meu servo Jacó, a mesma terra onde viveram os primeiros filhos de Israel. Lá viverão para sempre; lá viverão seus filhos, netos e bisnetos. E o meu servo Davi os governará para sempre. Farei uma aliança de paz com eles, uma aliança que durará para sempre. Abençoarei e multiplicarei Israel, e o meu santuário estará entre eles para sempre. E habitarei para sempre entre eles. Eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Os outros povos saberão que eu sou o Senhor, o Deus que separou Israel para receber minhas bênçãos, quando o meu templo estiver para sempre no meio deles”. Mais uma vez, recebi a mensagem do Senhor que dizia: “Filho do homem, vire-se para o norte, para a terra de Magogue. Profetize contra Gogue, príncipe e general de Meseque e Tubal. Anuncie a mensagem do Senhor: Assim diz o Soberano, o Senhor: Eu sou seu inimigo, Gogue, príncipe e general de Meseque e Tubal. Eu dirigirei seus passos, colocarei uma argola no seu nariz e obrigarei você e seus exércitos — com muitos cavalos e cavaleiros vestidos de armaduras, levando lanças e escudos, armados também de espadas — a marchar na direção em que eu quero. Junto a seus soldados, marcharão persas e etíopes; também virão soldados da terra de Fute, todos protegidos por escudos e capacetes. Também serão seus aliados Gômer e seu exército, as tribos de Togarma, do extremo norte com muitos soldados; enfim, você terá um grande exército. “Prepare suas tropas! Deixe seu exército de prontidão! Você é o chefe de toda essa gente, Gogue. Daqui a muito tempo eu o obrigarei a entrar em ação. No fim dos tempos, você e seus exércitos atacarão Israel. Nessa ocasião, os israelitas estarão vivendo em paz, livres da guerra, reunidos de todas as partes e povos do mundo. Viverão tranquilos sobre os montes de Israel, que antes estavam desertos. Você e seus exércitos cairão sobre eles com violência, como uma grande tempestade, como uma grande nuvem negra que cobre toda a terra. “Assim diz o Soberano, o Senhor: Naquele dia você estará dominado por um plano perverso que vai surgir em sua mente. Você dirá: ‘Vou atacar essa terra onde as cidades não são protegidas por muros, ferrolhos nem portões. Eles estão vivendo em paz, tranquilos, e nem imaginam que podem ser atacados! Atacarei as cidades que estiveram desertas, mas agora estão cheias de gente. Conseguirei grandes riquezas, roubarei o gado do povo que andou espalhado pelo mundo e que foi reunido dentre as nações, e obterei riquezas. Eles têm muito gado e a terra toda gira em torno deles’. Mas Sabá e Dedã, e os príncipes mercadores de Társis, hão de perguntar: ‘Você veio para roubar as riquezas? Esse grande exército foi montado para tomar pela força os bens desse povo, a prata, o ouro, o gado e as terras?’ “Filho do homem, profetize a Gogue: Assim diz o Soberano, o Senhor: Naquele dia, quando o meu povo estiver vivendo em paz na sua própria terra, você logo ficará sabendo. Você sairá de seu país, ao norte, acompanhado pelos exércitos de muitos povos; haverá grandes batalhões de cavalaria, e um exército numeroso. As suas tropas avançarão contra Israel, atacando de repente como uma nuvem de tempestade que cobre num instante todo o céu. Sim, no fim dos tempos você vai atacar o meu povo. Isso vai servir para as nações do mundo me conhecerem, quando eu mostrar a minha santidade e o meu poder contra você, Gogue, diante de todos os povos da terra. “Assim diz o Soberano, o Senhor: Você não é aquele de quem os meus antigos profetas falaram há muitos anos, anunciando que viria do norte para atacar Israel? Quando isso afinal acontecer, a minha ira será muito grande. Palavra do Soberano, o Senhor. Com o meu grande zelo por Israel, no fogo do meu furor, sacudirei violentamente a terra de Israel. O terremoto será tão forte que todos os seres vivos da terra — peixes, aves, animais do campo, cobras e lagartos, e todos os homens — tremerão de medo. Os montes cairão, os abismos desaparecerão e todas as paredes vão desabar. Trarei morte violenta contra Gogue e seus exércitos no alto dos montes de Israel, diz o Soberano, o Senhor. A confusão será tão grande que seus próprios soldados vão se matar uns aos outros. Além disso, mandarei doenças mortais contra seu exército de muitas nações. Haverá chuva forte, enchentes e chuva de pedras. Farei cair fogo e enxofre sobre você e seus soldados. Assim eu mostrarei ao mundo o meu grande poder, cumprirei a minha justiça e a minha santidade. Então os povos da terra saberão que eu sou o Senhor! “Filho do homem, continue profetizando os meus planos contra Gogue e diga: Assim diz o Soberano, o Senhor: Eu sou seu inimigo, Gogue, príncipe e general de Meseque e Tubal. Eu mesmo traçarei o seu caminho; obrigarei você e seus exércitos a virem do norte e invadirem a terra de Israel. Sobre os montes de Israel, arrancarei o arco de sua mão esquerda e as flechas de sua mão direita. Você e seu grande exército serão destruídos sobre os montes de Israel. Servirão de alimento para as aves que comem carniça e os animais ferozes. Seu ataque não chegará até as cidades; você será derrotado em campo aberto. Palavra do Soberano, o Senhor. Farei chover fogo sobre Magogue e seus aliados, que vivem em segurança no litoral. Assim eles reconhecerão que eu sou o Senhor. “Assim farei o meu povo de Israel conhecer o meu santo nome. Nunca mais permitirei que eles desonrem o meu nome diante de outras nações. Assim todas as nações saberão que eu sou o Senhor, o Santo de Israel. Com toda a certeza, o dia de julgamento prometido por mim está se aproximando. Palavra do Soberano, o Senhor. “Os moradores das cidades de Israel irão ao campo de batalha. Lá, apanharão todas as armas, os escudos pequenos e grandes, os arcos e as flechas, as lanças e os dardos, e usarão tudo isso como lenha para suas fogueiras. Durante sete anos não precisarão derrubar árvores nas florestas, nem apanhar pedaços de madeira nos campos para fazer fogo! Usarão para isso as armas do exército que invadiu sua terra. Eles tirarão as coisas daqueles que os roubaram e saquearão aqueles que os saquearam. Palavra do Soberano, o Senhor. “Prepararei um enorme cemitério para Gogue e seu exército no vale dos Viajantes, a leste do mar Morto. Será impossível passar por aquele vale depois disso. Ali serão enterrados Gogue e seu exército. Por isso, o nome do lugar será mudado para “vale do Exército de Gogue”. “O povo de Israel levará sete meses para enterrar todos os mortos e purificar a terra! Todo o povo tomará parte nessa tarefa. O dia em que eu mostrar a Israel a minha glória será lembrado para sempre pelo meu povo. Palavra do Soberano, o Senhor. “Depois de sete meses, alguns homens serão indicados para percorrer a terra de alto a baixo, procurando corpos mortos ainda não enterrados, para deixar a terra completamente purificada. Quando encontrarem algum corpo morto, colocarão ao lado um sinal. Vendo esse sinal, os coveiros levarão o corpo para o vale do Exército de Gogue, e ali ele será enterrado. Aquela grande cidade de mortos será chamada “Multidão”. Assim, afinal, a terra ficará completamente purificada. “Agora, filho do homem, assim diz o Soberano, o Senhor: Chame para a terra de Israel todas as aves que comem carne, todos os animais ferozes, e diga: Venham! Ajuntem-se em bandos e venham, de onde estiverem, para o meu grande sacrifício. Eu vou lhes oferecer uma grande festa de sacrifícios em que vocês poderão comer carne humana e beber sangue à vontade sobre os montes de Israel! Venham devorar a carne e beber o sangue de príncipes, generais e soldados valentes. Eles é que serão os cordeiros, carneiros, cabritos e touros do meu sacrifício; todos eles animais grandes e gordos como os animais de Basã. Venham! Podem comer carne até não aguentar mais! Podem beber sangue até ficar bêbados! Sou eu quem oferece a vocês essa festa de sacrifício. Fartem-se, comendo à minha mesa! Haverá carne de cavalos e cavaleiros, de soldados valentes e homens de guerra. Palavra do Soberano, o Senhor. “Assim, mostrarei aos povos do mundo a minha glória. Todos hão de ver o castigo recebido por Gogue e seus aliados, e saberão que fui eu quem dei o castigo. Daquele dia em diante meu povo há de saber com certeza que eu sou o Senhor, o seu Deus. Os povos do mundo saberão por que eles foram levados para longe de sua terra, como escravos; foi por causa da sua desobediência! Foi por causa da sua infidelidade a mim! Por isso escondi deles o meu rosto, entreguei o meu povo nas mãos de seus inimigos, e muitos foram mortos; castiguei Israel conforme seus pecados exigiam. Foi pela maldade de seus pecados que escondi deles o meu rosto. “Mas agora, assim diz o soberano, o Senhor: Mudarei o rumo da história do meu povo Israel! Mostrarei meu amor a todo o meu povo, para que o mundo saiba quem sou eu na verdade. Protegerei o meu santo nome! Eles se esquecerão de seu tempo de traição e da vergonha que sua infidelidade trouxe à nação. Voltarão para sua própria terra, vivendo em paz e segurança, sem que ninguém lhes cause medo. Eles se esquecerão de seu passado cheio de pecados, quando eu escolher o meu povo, que anda espalhado entre os povos. Na história de Israel, mostrarei ao mundo como é grande a minha santidade e a minha justiça. Quando virem que eu, o Senhor, mandei Israel para longe de sua terra, como uma nação escrava, e quando virem que eu, o Senhor, trouxe o meu povo de volta à sua terra, sem deixar um sequer longe de Israel, então, finalmente, eles saberão que eu sou o Senhor, o seu Deus. Nunca mais voltarei a esconder deles o meu rosto; pelo contrário, derramarei o meu Espírito sobre a nação de Israel. Palavra do Soberano, o Senhor ”. No início do vigésimo quinto ano do exílio, no início do ano, no décimo dia do mês, no décimo quarto ano depois da queda da cidade, a mão do Senhor veio sobre mim e me levou para lá. Em visões, Deus me levou à terra de Israel e me colocou sobre um monte muito alto. Lá, havia os edifícios de uma cidade à minha frente, em direção ao sul. O Senhor me levou mais perto, e eu vi um homem que brilhava como metal polido. Ele estava parado em frente a um portão; na sua mão havia um fio de linho e uma régua de medir. E o homem me disse: “Filho do homem, observe bem, ouça com atenção; decore tudo o que vou lhe mostrar. Foi para isso que você foi trazido até aqui. Seu dever é contar ao povo de Israel tudo o que você vai ver aqui”. Vi, então, o homem medir o muro que cercava o templo, usando aquela régua de medir. A régua na mão do homem tinha seis medidas longas, cada uma com meio metro de comprimento. Depois de medir, ele me disse: “Este muro tem três metros de espessura e três metros de altura”. A seguir, me levou até a porta leste do muro. Subimos os sete degraus que davam num corredor. Esse corredor tinha três metros de extensão. Atravessando o corredor, descobri três salas dos guardas de cada lado. As salas eram quadradas e tinham três metros de comprimento e três metros de largura, e as paredes entre uma sala e outra tinham dois metros e meio de espessura. Depois ele mediu o pórtico, que tinha quatro metros de extensão e seus batentes tinham um metro de espessura. O pórtico estava voltado para o templo. Da porta oriental para dentro havia três salas de cada lado; elas tinham as mesmas medidas, e as paredes entre as salas eram todas da mesma espessura. Depois de passarmos pelas salas, havia uma porta de cinco metros de largura que dava para um salão com seis metros e meio de comprimento. Em frente a cada uma das salas havia uma mureta, que media meio metro de altura e meio metro de espessura. Essas salas tinham três metros de cada lado. Depois disso, o homem mediu o comprimento total do corredor de entrada, de uma porta à outra, por cima do teto. A distância era de doze metros e meio. Medindo a parede do salão que havia no pátio interno, ele declarou que tinha trinta metros. A medida era até o pórtico que dá para o pátio. Ao todo, a passagem de entrada, o corredor, mais o pátio interno, mediam vinte e cinco metros de comprimento. Havia janelas em cada sala, de ambos os lados do corredor. Também havia janelas ao redor nos dois salões de saída e de entrada. Enfeitando as colunas havia palmeiras gravadas na pedra. Passando pelo corredor, o homem me levou ao pátio externo do templo. Construídas junto aos muros havia trinta salas; em frente a essas salas, em toda a extensão dos muros, havia uma calçada de pedra. Esta era chamada “calçada inferior”. Contando a partir do muro, para dentro, a calçada tinha o mesmo comprimento da passagem de entrada. Então, o homem mediu a largura do pátio externo do templo, encontrando cinquenta metros, até a parede do pátio interno tanto do lado leste como do lado norte. Atravessando o pátio, fui com o homem até a porta da parede norte do templo. Ele mediu a largura e a altura da porta. Havia uma passagem semelhante à da parede leste, com três salas de cada lado do corredor, com as mesmas medidas da passagem de entrada leste. Tinham vinte e cinco metros de comprimento por doze metros e meio de largura, medidos na parte superior da passagem, por cima do teto. Havia janelas, uma varanda e palmeiras enfeitando as colunas, tal como na entrada leste. Também havia sete degraus que davam para o pátio interno. Quem caminhasse através da entrada norte, atravessando diretamente o pátio externo, iria encontrar uma entrada para o pátio interior, no muro interno. A distância entre as duas passagens de entrada era de cinquenta e três metros. O homem me levou à parte sul do pátio, onde havia uma passagem de entrada igual às duas primeiras. Tinha janelas nas salas laterais como as outras, e um pátio interno de entrada. Seu comprimento total era de vinte e cinco metros, e doze metros e meio de largura. Havia uma escada com sete degraus levando aos salões. Também havia palmeiras gravadas na pedra, enfeitando as colunas. Nesse lado do templo, quem entrasse pela passagem externa e atravessasse o pátio externo chegaria ao muro interno onde havia uma outra passagem para o pátio interno. A distância entre as passagens era de cinquenta metros. Meu companheiro me levou em direção ao muro interno, e entramos pela passagem interna sul, saindo no pátio interno. Enquanto passávamos por ali, ele mediu a porta da passagem. As medidas eram iguais às outras. Suas salas, suas paredes e seu pórtico tinham as mesmas medidas das passagens externas. Também havia janelas nas salas e salões. Os tamanhos eram os mesmos das passagens anteriores, ou seja, vinte e cinco de comprimento e doze metros e meio de largura. Havia salões à volta da passagem, com doze metros e meio de comprimento por dois metros e meio de largura. A única diferença entre as passagens externas e internas era o número de degraus das escadas. Na passagem interna havia oito degraus. Havia pátios internos que davam para o pátio externo, e nas colunas havia desenhos de palmeiras, como nas outras passagens. Feitas estas medições, ele me levou para o lado leste do pátio interno, onde havia uma passagem semelhante à do lado sul, inclusive com as mesmas medidas. As salas, o pórtico e as paredes tinham as mesmas medidas das anteriores. À volta dos salões havia janelas. As medidas dessa passagem eram, mais uma vez, vinte e cinco metros de comprimento por doze metros e meio de largura. Seu pórtico dava para o pátio externo. Havia palmeiras gravadas nas colunas, e a escada de acesso possuía oito degraus. Depois, fomos juntos até a passagem interna do lado norte do muro interno, que tinha as mesmas medidas das passagens anteriores. Todos os detalhes eram iguais: as salas, as paredes e seu pórtico e as janelas à sua volta. O comprimento era de vinte e cinco metros, e a largura de doze metros e meio. Seu pórtico ficava do lado de fora, dando para o pátio externo; os batentes também eram enfeitados com palmeiras. Sua escada tinha oito degraus. No salão de entrada dessa passagem, havia uma porta que dava para uma sala lateral, onde a carne dos sacrifícios era lavada antes de ser conduzida ao altar. Em cada lado do pórtico de entrada da passagem havia duas mesas. Nelas os animais para os sacrifícios queimados e para os sacrifícios pelo pecado e pela culpa eram mortos antes de serem apresentados no templo. Fora do pórtico, de ambos os lados da escada da porta norte, havia mais duas mesas. Ao todo, havia oito mesas; quatro dentro do pórtico e quatro fora do pórtico, junto à escada. Sobre essas mesas, os animais eram mortos e preparados para o sacrifício. As mesas onde se preparavam os sacrifícios queimados eram de pedra, e mediam setenta e cinco centímetros de comprimento e de largura, e cinquenta centímetros de altura. Sobre elas ficavam os instrumentos para matar e cortar os animais. Havia ganchos de duas pontas, cada um com quatro dedos de extensão, pendurados nas paredes do pórtico. A carne dos sacrifícios voluntários era colocada sobre as mesas. No pátio interno, havia duas salas destinadas aos cantores do templo. Uma ficava ao lado da entrada norte, a outra ao lado da entrada sul, uma de frente para a outra. E o homem que me acompanhava me disse: “A sala ao lado da porta interna norte pertence aos sacerdotes que cuidam da conservação do templo. A sala ao lado da porta sul, que dá para o altar, pertence aos sacerdotes que dirigem os sacrifícios. Eles são membros da família de Zadoque, os únicos levitas que podem vir à presença do Senhor para servir diante dele”. Então ele mediu o pátio interno, que era um quadrado, medindo cinquenta metros de comprimento e cinquenta de largura. Nesse pátio havia um altar, bem em frente ao templo. Atravessamos o pátio interno, e ele me levou ao pórtico de entrada do templo. À entrada do templo havia duas colunas de dois metros e meio de largura; essas colunas sustentavam uma porta dupla. A largura da entrada era de sete metros, e suas paredes tinham um metro e meio de largura de cada lado. O pórtico tinha dez metros de largura e seis metros da frente aos fundos. Para se chegar do pátio interno ao templo, havia um lance de escadas com dez degraus. Havia duas colunas, uma de cada lado da entrada. Depois o homem me levou para dentro do templo propriamente dito. Mediu as colunas que sustentavam a entrada até a sala maior do edifício; elas tinham lados iguais, com três metros de largura em cada lado. A entrada tinha cinco metros de largura por dois metros e meio de profundidade. O santuário externo tinha ao todo vinte metros de comprimento por dez metros de largura. O homem entrou no santuário interno, ao fundo do santuário externo. Mediu a largura da entrada daquele santuário; eram três metros de largura por um metro de comprimento. Dos dois lados da entrada havia paredes de três metros e meio de espessura. Ao todo, o santuário interno era quadrado e media dez metros. Então, o homem me disse: “Agora nós estamos dentro do Lugar Santíssimo”. Logo depois, ele mediu as paredes do templo, verificando que elas tinham três metros de espessura. Do lado de fora, junto à parede, havia salas, tendo cada uma dois metros quadrados. As salas eram quadradas e ficavam em três andares. Em cada andar havia trinta salas. A estrutura não ficava presa às paredes do templo; era sustentada por meio de traves e vigas. Cada andar destas salas era um pouco mais largo que o anterior, acompanhando o ângulo de inclinação das paredes do templo. Para se chegar aos andares superiores, havia uma escada ao lado do templo. Observei que o templo tinha sido construído sobre uma plataforma, e que o andar inferior, com suas salas, avançava três metros sobre ela. A parede externa das salas tinha dois metros e meio de espessura. A área aberta entre os quartos laterais do templo e os cômodos dos sacerdotes eram de dez metros de largura ao redor do templo. Nessa fileira de salas havia duas portas, uma dando para o norte, e outra para o sul. Em volta das salas havia um espaço livre de dois metros e meio de largura ao redor de todo o templo. A oeste do templo havia um grande edifício; suas medidas eram de trinta e cinco metros de largura por quarenta e cinco metros de comprimento. Suas paredes em toda a sua volta tinham uma espessura de dois metros e meio. O homem mediu o templo e as áreas livres ao seu redor. Juntas, elas formavam um quadrado de cinquenta metros de comprimento, e o pátio do templo e o edifício com suas paredes também tinham cinquenta metros de comprimento. Da mesma forma, o pátio interno a leste do templo era quadrado com cinquenta metros. Ele então mediu o comprimento do edifício que ficava em frente do pátio, na parte de trás do templo, inclusive suas galerias em cada lado; media cinquenta metros. O santuário externo, o santuário interno e o pórtico de entrada eram forrados e possuíam janelas de encaixe. As paredes internas eram cobertas de madeira desde o chão até o teto. A parede acima da porta do santuário interno também era coberta de madeira, e, por dentro e por fora, havia desenhos gravados na madeira. Os desenhos eram de palmeiras e querubins, alternados. E cada querubim tinha dois rostos. Um rosto, de homem, ficava virado para uma palmeira; outro rosto, de leão, ficava virado para a palmeira seguinte. Em todo o revestimento interno do templo havia esses desenhos gravados; desde o chão até acima da entrada havia querubins e palmeiras em relevo na parede do santuário externo. Havia batentes quadrados nas portas do santuário externo. À entrada do santuário interno havia algo parecido com um altar, mas que era feito de madeira. Esse altar de madeira era quadrado e tinha um metro e meio de altura e um metro de cada lado. Era todo feito de madeira: os cantos, as paredes e a base. Meu acompanhante me disse: “Esta é a mesa do Senhor ”. Tanto o santuário externo quanto o santuário interno tinham portas com folha dupla, que se abriam em ambas as direções. As portas de entrada do santuário externo eram enfeitadas com gravuras de querubins e palmeiras, como os que havia nas paredes internas. E, acima do pórtico de entrada, havia uma cobertura de madeira. Havia janelas de encaixe e palmeiras gravadas em ambas as paredes laterais do salão de entrada. O mesmo acontecia nas salas ao lado do templo, e na cobertura de madeira que havia no pórtico de entrada. Depois de tudo isso, o homem me levou para o pátio externo, em direção ao norte. Fomos às salas que ficavam no lado norte do pátio, de frente para o edifício separado. Ao todo, aquela fileira de salas media cinquenta metros de comprimento e vinte e cinco metros de largura. As fileiras de salas ficavam lado a lado com a parede do pátio interno. Havia três andares, dando as salas para o pátio externo de um lado, e deixando um espaço livre de dez metros até o pátio interno. Em frente às salas, havia uma calçada de cinco metros de largura, ao longo de toda a extensão das salas, cinquenta metros. As entradas das salas ficavam voltadas para o norte. As salas dos andares superiores eram mais estreitas que as salas do andar térreo, porque os corredores eram mais largos; assim, as salas do segundo andar eram mais estreitas que as do primeiro andar, e estas, mais estreitas que as do térreo. Ao contrário das salas que ficavam junto ao templo, estas não eram sustentadas com traves e vigas. Por isso, os andares superiores eram mais estreitos que o térreo. No lado norte, junto ao pátio externo, havia um muro de vinte e cinco metros de comprimento que tapava o primeiro andar das salas. Ali, em lugar de terem cinquenta metros de extensão como nos outros lados, elas tinham apenas metade, ou seja, vinte e cinco metros. E havia uma entrada para as salas do primeiro andar, no lado leste, para quem vinha do pátio externo. Do outro lado do templo, no lado sul do pátio interno, havia um edifício igual, com dois andares, situado entre o santuário externo e o pátio externo. Havia uma calçada entre as duas partes do edifício, exatamente como no edifício oposto, com as mesmas medidas, com saídas e portas iguais. Nesse edifício havia uma porta para o pátio externo, voltada para o lado leste. Então, o homem me disse: “Essas salas ao norte e ao sul do templo, que dão para o pátio interno e ficam ao lado do edifício separado, são santas. Nelas, os sacerdotes que servem na presença do Senhor comerão suas refeições e guardarão as coisas mais santas, isto é, as ofertas de cereais, os sacrifícios pelo pecado e pela culpa. Este local é santo! Quando os sacerdotes saírem do Lugar Santo, não poderão ir diretamente para o pátio externo. Nessas salas eles trocarão suas roupas santas, as roupas usadas para oferecer os sacrifícios. Só depois de trocar de roupa, eles poderão vir para o lugar destinado ao povo”. Quando ele terminou de medir o templo e suas dependências, levou-me para fora, pela porta leste, e mediu toda a área ao redor do templo. Usando a régua, mediu o lado leste, encontrando duzentos e cinquenta metros. Achou a mesma medida no lado norte, ou seja, duzentos e cinquenta metros, segundo a régua de medir. Mediu o lado sul; tinha duzentos e cinquenta metros, segundo a régua de medir. Depois ele mediu o lado oeste; também duzentos e cinquenta metros, segundo a régua de medir. Em torno do templo, havia um muro quadrado, de duzentos e sessenta e sete metros. Esse muro separava as coisas santas das coisas comuns. Depois de tudo isso, o homem me levou de volta ao muro externo, à porta que dava para o leste, e, de repente, lá estava ela! Vindo do oriente, a glória do Deus de Israel se aproximava! O som de sua voz parecia o barulho de uma grande queda d’água. Toda a paisagem se iluminou com a glória divina. A visão era igual às duas outras que eu tivera, a primeira junto ao canal de Quebar, quando ele veio destruir a cidade; a segunda quando o Espírito me levou a Jerusalém para profetizar a sua destruição. Ao ver a maravilhosa glória do Senhor, eu me ajoelhei, colocando o meu rosto junto ao chão. A glória do Senhor entrou no templo pela porta leste do muro externo. No mesmo instante, o Espírito me suspendeu no ar e me levou até o pátio interno do templo. Lá eu vi que a glória do Senhor enchia completamente o templo! E, do interior do templo, o Senhor me chamou! O homem que tomara as medidas continuava ao meu lado, enquanto o Senhor falava comigo. Ele disse: “Filho do homem, este é o lugar do meu trono, o lugar onde descanso os meus pés. Neste lugar eu viverei para sempre entre o meu povo. Nunca mais o povo e os reis de Israel mancharão o meu nome santo, misturando minha adoração com o culto de imagens; nunca mais farão colunas para os seus reis, nem enterrarão os reis mortos em seus santuários nos montes. Nunca mais construirão templos a seus ídolos bem ao lado da minha casa, como fizeram no passado. Eles mancharam a pureza do meu nome com a sua horrível adoração de imagens; foi por isso que eu castiguei o meu povo, com toda a minha ira. Por isso, a partir de agora, eles devem acabar com a adoração de ídolos; devem jogar fora do meu monte os ídolos e postes-ídolos levantados pelos antigos reis de Israel. Assim, eu viverei entre eles para sempre. “Filho do homem, você deve contar ao meu povo todos os detalhes da construção deste templo. Mostre-lhes a perfeição que existe em cada parte, para que o meu povo se envergonhe dos pecados cometidos no passado. Se eles ficarem realmente envergonhados de seus pecados, você deve explicar-lhes a planta do templo, a colocação dos edifícios, as suas saídas e entradas, com todos os detalhes. Também deve escrever todas essas instruções diante do povo, para serem obedecidas fielmente no futuro. E a lei mais importante do templo, é esta: Santidade absoluta! Toda área ao redor no alto do monte onde fica o templo será santa. Esta é a lei do templo! “Estas são as medidas do altar que fica no pátio interno: a base tem meio metro de altura, com uma borda de meio metro em toda a sua volta. Essa borda é mais larga que a base do altar, com um palmo em torno da beirada. A primeira parte do altar é um bloco de pedra de um metro de altura e um metro de largura. Acima deste bloco, há outro; desde a saliência menor até a saliência maior, esse segundo bloco tem dois metros e meio de altura. Acima dele há outro bloco mais estreito, com dois metros de altura. Este bloco é a parte mais alta do altar; é um fogareiro de pedra, com quatro pontas, salientes e viradas para cima, uma em cada canto do bloco. Esse último bloco, o fogareiro onde as ofertas eram queimadas, é um quadrado, medindo seis metros de cada lado. A parte de cima do altar era quadrada, medindo sete metros de cada lado. E havia uma beirada de vinte e cinco centímetros e uma calha de meio metro em toda a sua extensão ao redor. No lado oeste, há degraus para o sacerdote subir para o altar”. E ele continuou falando comigo. “Filho do homem, assim diz o Soberano, o Senhor: Estas medidas que eu lhe dei devem ser obedecidas quando o altar for construído para queimar os sacrifícios e derramar o sangue em favor do povo. Antes de o altar começar a ser usado, a família de Zadoque, da tribo de Levi — a família dos sacerdotes que servem no meu altar — deverá receber um touro jovem para servir como sacrifício pelo pecado. Palavra do Soberano, o Senhor. Quando o animal for morto, você pegará um pouco de sangue e esfregará esse sangue nas quatro pontas do altar, nos quatro cantos da saliência e ao redor de toda a beirada dele. Isso purificará o altar e cobrirá sua impureza. Depois disso, o touro do sacrifício pelo pecado deve ser queimado fora do templo, no lugar apropriado. “No segundo dia, a oferta deverá ser de um bode. Você oferecerá um bode sem defeito, como sacrifício pelo pecado, para purificar o altar, como aconteceu com o touro. Quando terminar a purificação do altar, você deve oferecer um touro jovem e um carneiro, tirados do rebanho, ambos sem defeito. Você deve apresentar os animais perante o Senhor; os sacerdotes colocarão sal sobre a carne e queimarão os dois animais. Serão um sacrifício queimado para dedicação do altar ao Senhor. “Durante uma semana, diariamente, você preparará um bode para o sacrifício pelo pecado; além disso, os sacerdotes prepararão um touro jovem e um carneiro sem defeito. Assim, durante sete dias, os sacrifícios pelo pecado cobrirão dos meus olhos as impurezas. Assim, o altar será dedicado ao Senhor! Do oitavo dia em diante, os sacerdotes oferecerão sobre o altar os sacrifícios queimados e as ofertas de gratidão trazidas pelo povo. Assim, eu aceitarei o louvor do povo, e darei aos israelitas a minha bênção. Palavra do Soberano, o Senhor ”. Então o Senhor me levou de volta ao muro externo do templo, para junto da porta leste. A porta estava fechada. Chegando lá, o Senhor me disse: “Esta porta permanecerá fechada; nunca será aberta, porque o Senhor, o Deus de Israel, entrou por ela. Por isso, ela ficará fechada. Apenas o príncipe, por ser o príncipe, poderá se sentar em frente à porta para festejar diante do Senhor. Mas ele só poderá entrar e sair pelo pórtico da passagem leste”. Em seguida, ele me levou para o pátio interno, através da passagem norte. Quando chegamos diante do templo propriamente dito, eu vi que a glória do Senhor enchia completamente a casa. Cheio de temor, eu me ajoelhei e coloquei o rosto junto ao chão. Então o Senhor me disse o seguinte: “Filho do homem, preste bastante atenção! Fique de olhos e ouvidos bem abertos, porque vou lhe mostrar as leis e mandamentos a respeito do templo, a casa do Senhor. Note bem quem são as pessoas que poderão entrar no templo, e aquelas que terão de ficar fora. E diga à rebelde nação de Israel: Assim diz o Soberano, o Senhor! Chega! Chega de tanto pecado, ó povo de Israel. Vocês trouxeram infiéis ao meu templo, gente que não trazia a marca do trato com Deus, nem no corpo nem no coração! Eles mancharam a santidade da minha casa, enquanto vocês pensavam estar me agradando, oferecendo pão, gordura e sangue sobre o altar! Vocês romperam a minha aliança! Vocês não obedeceram às minhas ordens quanto às coisas santas. Chegaram a contratar estrangeiros para ocupar o lugar dos levitas, que trabalhavam no meu templo! Assim diz o Soberano, o Senhor: Nenhum estrangeiro que viva entre os israelitas poderá entrar no meu templo. Só poderá entrar se receber no corpo a marca do nosso trato e me obedecer de coração. “E os homens da tribo de Levi que se afastaram de mim, no tempo em que Israel andou desviado do Senhor, serão punidos. Eles me deixaram de lado e preferiram seguir seus ídolos; por isso, sofrerão as consequências de seu pecado. No máximo, poderão ser guardas das portas do templo, matar os animais que o povo traz para sacrifícios, ou colocar-se diante do povo e servi-lo. Foram eles que animaram o povo a adorar as imagens dos falsos deuses. Foram eles que fizeram os israelitas caírem em pecado! Por isso, eu jurei, com a mão levantada, que eles sofrerão as consequências desses pecados. Palavra do Soberano, o Senhor. Eles não me servirão diretamente, como sacerdotes. Também não tocarão nos objetos sagrados do templo, porque são coisas muito santas. Terão de arcar com as consequências dos pecados horríveis que cometeram. Essa vergonha, eles vão carregar para sempre! No entanto, deixarei que eles sejam os guardas e limpadores do templo, ajudando o povo e fazendo o serviço mais humilde na minha casa. “Houve, porém, uma família, na tribo de Levi, que permaneceu fiel a mim quando Israel se afastou; foi a família de Zadoque. Eles nunca deixaram de me oferecer sacrifícios no templo, e por isso servirão diretamente na minha presença, como sacerdotes, levando ao meu altar a gordura e o sangue. Palavra do Soberano, o Senhor. Entrarão em minha casa; chegarão até a minha mesa para me servir. Eles cumprirão minhas ordens sobre as ofertas e sacrifícios. “Sempre que entrarem no pátio interno, deverão usar roupas de linho. Dentro do pátio interno ou no templo não poderão usar nenhuma veste de lã! Na cabeça usarão tiras de linho bem enroladas. Para o corpo, usarão calções de linho. Nunca poderão usar roupas que os façam transpirar. Quando voltarem ao pátio externo, deverão trocar suas roupas de linho por roupas comuns. As roupas de linho são santas e, por isso, devem ficar nas salas destinadas aos sacerdotes. Para não santificarem o povo, os sacerdotes devem deixar as suas roupas de trabalho nas salas do pátio interno. “Os sacerdotes não poderão usar cabelo muito comprido. Por outro lado, também não poderão raspar a cabeça. Devem ter o cabelo aparado regularmente, tendo sempre o comprimento normal. Não poderão beber vinho antes de entrarem no pátio interno para servir no altar do Senhor. Os sacerdotes não poderão se casar com mulheres divorciadas; também não poderão se casar com viúvas, a não ser que seja uma viúva de outro sacerdote. Deverão se casar com moças israelitas, ainda virgens. “O sacerdote deverá ensinar o meu povo a saber o que é santo e o que é comum, a diferença entre o puro e impuro. “Além disso, o sacerdote servirá como juiz, para resolver problemas entre pessoas do meu povo. Os meus mandamentos serão o seu código de leis. Eles mesmos terão de obedecer às minhas leis sobre as festas religiosas e dias especiais. Também terão a responsabilidade de levar o povo a manter santos os meus sábados”. “O sacerdote não deve manchar sua santidade permanecendo junto a uma pessoa morta. As únicas exceções a essa regra são seu pai, sua mãe, seu filho ou sua filha, irmão e irmã solteira. Mesmo assim, terá de passar por um período de purificação de sete dias. E depois desses sete dias, quando entrar no pátio interno, para me servir no Lugar Santo, deverá oferecer um animal sobre o altar como o sacrifício pelo pecado por si mesmo. Palavra do Soberano, o Senhor. “No que diz respeito a propriedades, os sacerdotes nada terão. Eu mesmo serei a herança dos sacerdotes. Por isso, eles não precisam possuir terras em Israel! “O alimento dos sacerdotes será tirado das ofertas trazidas ao templo pelo povo. As ofertas de cereais, as ofertas pelo pecado e as ofertas pela culpa. E tudo que os israelitas oferecerem ao Senhor pertencerá aos sacerdotes. A melhor parte da primeira colheita de todos os frutos será dada aos sacerdotes; todas as ofertas serão dadas a eles. A primeira colheita de cereais também será dada aos sacerdotes; se vocês fizerem isso, o Senhor dará paz e prosperidade às suas famílias. Os sacerdotes são proibidos de comer carne de animal morto por doença ou velhice ou ainda que foi morto por outros animais”. “Portanto, quando a terra for repartida por sorteio entre as tribos de Israel, vocês deverão oferecer uma parte dela ao Senhor. Essa parte será terra santa. Essa faixa de terra terá doze quilômetros e meio de comprimento por dez quilômetros de largura. “Dentro da faixa, uma área quadrada com duzentos e cinquenta metros de lado será separada para o templo. Além dessa área, deverá haver um espaço livre de vinte e cinco metros de cada lado do espaço reservado ao templo. O templo será construído nessa faixa maior, que tem doze quilômetros e meio de comprimento por cinco quilômetros de largura; ali estará o Lugar Santíssimo. Essa faixa será separada; será o Lugar Santo da terra de Israel. Servirá para os sacerdotes construírem suas casas e viverem; será a morada dos que servem no templo. Em resumo, essa faixa de terra é santa e pertence ao templo. Acima dessa faixa, ao lado da terra dos sacerdotes, haverá outra faixa de terra, com as mesmas dimensões de doze quilômetros e meio de comprimento por cinco quilômetros de largura. Essa faixa será destinada aos levitas, que servem ao povo na casa do Senhor. Ali eles construirão suas casas. “Abaixo da área separada para o templo haverá uma faixa menor com as seguintes dimensões: doze quilômetros e meio de comprimento por dois quilômetros de largura. Nessa faixa será construída uma cidade aberta a todo o meu povo. “Duas faixas especiais da terra serão separadas para a propriedade do príncipe. Ficarão ao lado das faixas separadas para os levitas, o templo e a cidade. Terão ambas doze quilômetros e meio de largura, e suas divisas de leste e oeste serão as mesmas das faixas destinadas a cada uma das tribos, o mar Mediterrâneo e o rio Jordão, respectivamente. Esta será a parte separada para o príncipe. Nunca mais os meus príncipes explorarão o meu povo, roubando-lhe a terra. Pelo contrário, dividirão a terra igualmente, entre as tribos. “Assim diz o Soberano, o Senhor, às autoridades israelitas: Parem com a exploração e a violência! Ajam com honestidade e justiça! Não obriguem a gente simples a vender suas propriedades por quase nada. Palavra do Soberano, o Senhor. Usem pesos, medidas e balanças honestos no comércio. O ômer será a sua medida padrão, para secos e molhados; as medidas menores serão o efa, a décima parte de um ômer, para medidas secas, e o bato, também a décima parte de um ômer, para líquidos. A unidade de peso será o siclo de prata. E cada siclo deverá valer exatamente vinte geras! Não roubem no peso! Cinco siclos devem ser cinco siclos mesmo; dez siclos devem ser dez siclos de verdade. Cinquenta siclos valerão uma mina. “Este é o imposto que eles devem pagar ao príncipe. Um litro de trigo ou cevada para cada sessenta litros colhidos. Um litro de azeite para cada cem litros, ou seja, um por cento. Uma ovelha para cada duzentas ovelhas do rebanho. Esses impostos são destinados às ofertas de cereais, para sacrifícios queimados e para ofertas de gratidão. Servirão como sacrifício para cobrir os pecados do povo. Todos vocês terão obrigação de pagar esses impostos ao príncipe de Israel. “Por outro lado, o príncipe terá a responsabilidade de oferecer os animais para os sacrifícios, os cereais para as ofertas de cereais e o azeite para ser derramado sobre as ofertas, em favor do povo, em todas as festas religiosas; nas cerimônias da lua nova, nos sábados e ocasiões especiais. Sim, o príncipe tem por obrigação oferecer os animais e os alimentos para o sacrifício pelo pecado, para a oferta de cereais, para os sacrifícios queimados, e para as ofertas de gratidão, para cobrir os pecados do povo de Israel. “Assim diz o Soberano, o Senhor: No primeiro dia do primeiro mês, vocês sacrificarão um novilho sem defeito para purificar o templo. O sacerdote levará o sangue do animal numa vasilha. Esfregará um pouco de sangue no batente da porta do templo; esfregará mais um pouco nos quatro cantos da base do altar, e mais um pouco no batente da porta do pátio interno. No sétimo dia do primeiro mês, sacrificarão outro novilho, da mesma maneira, por causa das pessoas que pecaram sem saber que estavam pecando. Assim o templo ficará purificado. “No décimo quarto dia do primeiro mês, meu povo celebrará a Páscoa. Haverá uma semana de festa. Durante os sete dias, todo o povo comerá pão sem fermento. Naquele dia o príncipe oferecerá um novilho, como sacrifício pelo pecado, por si mesmo, e por todo o povo. A cada dia, durante a semana da Páscoa, o príncipe oferecerá um sacrifício queimado. Oferecerá sete novilhos e sete carneiros, todos eles sem o menor defeito. Além disso, também oferecerá um bode por dia, como sacrifício pelo pecado. Também, diariamente, fará uma oferta de cereais: para cada novilho haverá uma oferta de uma arroba de trigo ou cevada; para cada carneiro haverá a mesma medida, uma arroba de trigo ou cevada. Junto com os cereais, deverá ser derramado azeite sobre o altar, um galão de azeite para cada arroba de cereais. “No décimo quinto dia do sétimo mês, durante os sete dias da festa anual, o príncipe fará as mesmas ofertas que fez durante a semana da Páscoa; sacrifícios pelo pecado, sacrifícios queimados, ofertas de gratidão e azeite derramado sobre o altar”. “Assim diz o Soberano, o Senhor: A porta leste do pátio interior ficará fechada durante os seis dias de trabalho. Mas no sábado e no dia da lua nova ficará aberta. O príncipe chegará até o pórtico de entrada da passagem e ficará junto à porta. Os sacerdotes prepararão para ele o seu sacrifício queimado e as ofertas de gratidão; ele poderá adorar dali, mas não entrará no pátio interno por aquela porta. Apesar disso, ela ficará aberta todo o dia, até o pôr-do-sol. O povo adorará o Senhor em frente a essa passagem para o pátio interno, nos sábados e nas luas novas. O sacrifício queimado trazido pelo príncipe diante do Senhor, no dia de sábado, será de seis cordeiros e um carneiro adulto, todos sem defeito. Fará uma oferta de cereais, uma arroba de trigo ou cevada pelo carneiro adulto, e a quantidade que quiser para cada um dos cordeiros. Para cada arroba, deverá derramar um galão de azeite sobre a oferta, no altar. Na comemoração do novo mês, no entanto, além dos seis cordeiros e um carneiro adulto, o príncipe deverá sacrificar um novilho. Os animais terão de ser perfeitos. Como oferta de cereais, dará uma arroba de trigo ou cevada pelo novilho e pelo carneiro. Dará o que puder para cada cordeiro. Também dará um galão de azeite para cada arroba de cereal. Quando vier adorar, o príncipe entrará no salão da passagem leste e voltará pelo mesmo caminho. “Mas o povo que vier adorar o Senhor nas festas anuais terá de atravessar o pátio externo. Quem entrar pelo portão norte terá de sair pelo portão sul, e quem entrar pelo portão sul terá de sair pelo portão norte. Ninguém sairá pelo portão por onde entrou. Nessas ocasiões o príncipe entrará no templo junto com o povo. Quando o povo se retirar, o príncipe sairá também. “Nas festas especiais e solenidades anuais, a oferta de cereais será sempre uma arroba de cereais para cada novilho ou carneiro adulto; pelos cordeiros, o príncipe oferecerá quanto quiser. Para cada arroba, será oferecido um galão de azeite. Quando o príncipe vier ao templo para oferecer um sacrifício queimado ou uma oferta de gratidão, os sacerdotes abrirão a porta leste do pátio interno. Ele fará seu sacrifício queimado, suas ofertas de gratidão, como faz nos sábados. Quando ele se retirar, os sacerdotes fecharão a porta da passagem leste do pátio interno. “A cada manhã, os sacerdotes oferecerão um cordeiro de um ano como sacrifício queimado ao Senhor. Também trarão uma oferta de cereais diariamente, pela manhã; essa oferta será de um sexto de arroba de trigo ou cevada, misturado a um terço de galão de azeite. Esta ordem deverá ser obedecida sem falta, para sempre. Todos os dias, pela manhã, os sacerdotes prepararão o cordeiro, a oferta de cereais e o azeite. Essas três coisas serão completamente queimadas sobre o altar, pela manhã, diariamente. “Assim diz o Soberano, o Senhor: Quando o príncipe der um pedaço de suas terras como presente a um de seus filhos, ele se tornará dono daquelas terras para sempre. É sua herança para sempre. Se o príncipe der um pedaço de terra a um de seus servos, como presente, a terra só pertencerá ao servo até o ano da libertação. Depois disso, a terra voltará a pertencer ao príncipe. Somente a terra dada aos filhos do príncipe como herança não voltará a pertencer a ele. O príncipe fica proibido de tomar para si terras que pertençam ao povo. Ele não poderá explorar o povo! Quando quiser deixar herança a seus filhos, que deixe de suas próprias terras! Assim o meu povo não perderá suas terras e não precisará ficar mudando sua morada de um lado para outro”. Depois de ouvir tudo isso o homem me levou através da porta lateral que fica junto à entrada principal do pátio interno até as salas separadas para os sacerdotes, as salas que davam para o lado norte. Bem no fundo da fileira de salas, havia uma porta que abria para o oeste. Ele me disse: “É ali que os sacerdotes cozinham e comem a carne dos sacrifícios pela culpa, dos sacrifícios pelo pecado e as ofertas de cereais. Entrando por aquela porta lateral, eles não precisam levar as ofertas santificadas ao pátio externo, onde elas entrariam em contato com o povo ainda impuro”. Então ele me levou para o pátio externo e me mostrou os quatro cantos do pátio. Em cada canto havia uma área cercada. As quatro áreas eram do mesmo tamanho: vinte metros de comprimento por quinze metros de largura, incluindo as paredes. Na parte baixa dos muros que cercavam as quatro áreas, havia fogões de pedra, com fornos na parte de baixo. O homem me explicou que naquelas áreas os levitas que serviam o povo cozinhavam os sacrifícios trazidos pelas pessoas. Depois dessas instruções, ele me levou de volta à entrada do templo. Vi uma corrente de águas saindo dos alicerces do templo, passando à direita do altar, ou seja, pelo lado sul. Então me levou para fora do templo, pela passagem externa norte. Paramos do lado de fora da porta leste, que estava fechada. A corrente de águas corria por baixo dela, na direção leste. Meu guia e eu acompanhamos a corrente, indo para o leste. Ele tinha na mão um fio; com esse fio, mediu quinhentos metros e então mandou que eu atravessasse o pequeno riacho. A água mal chegava aos meus tornozelos! Continuamos andando em direção leste, e ele mediu mais quinhentos metros. Mandou-me atravessar o riacho mais uma vez, e a água já chegava aos meus joelhos. Depois de mais quinhentos metros, o riacho já era um rio cujas águas chegavam até a minha cintura. Andamos mais quinhentos metros, sempre medidos pelo fio que meu guia levava. Agora o rio era tão fundo que eu só o consegui atravessar a nado. Já não era possível atravessá-lo andando! Meu guia me disse: “Filho do homem, preste bastante atenção e guarde na memória tudo que viu!” Depois, ele me fez voltar, subindo o rio junto com ele. Enquanto voltava, fiquei muito espantado! Às margens do rio havia muitas árvores! O homem me disse: “Este rio corre na direção leste, atravessa o sertão da Judeia e deságua no mar Morto. Ele transformará o mar Morto, tornando suas águas puras e saudáveis. Por onde este rio passar, a vida surgirá ricamente! Animais aparecerão em grandes grupos, e as plantas brotarão às margens do rio. Haverá peixes no mar Morto, porque as águas do rio tornarão puras as águas do mar; de modo que onde o rio fluir tudo viverá. Às margens do mar Morto, em En-Gedi até En-Eglaim, os pescadores apanharão peixes e estenderão suas redes ao sol, para secar. O mar Morto dará tanto peixe quanto o mar Mediterrâneo; peixes de todos os tipos! Os brejos e pântanos em volta do mar Morto não serão purificados; serão deixados para dar sal. Ao longo das margens do rio, nascerão árvores frutíferas de todo tipo. Elas não perderão suas folhas, nem deixarão de dar fruto durante todo o ano. Produzirão seus frutos mensalmente, sem nunca falhar. A razão disso tudo são as águas que nascem debaixo do santuário do Senhor. Os frutos dessas árvores servirão para alimentar os povos da terra; as folhas servirão como remédio para curar as pessoas. Assim diz o Soberano, o Senhor: “Estas serão as fronteiras da terra de Israel, quando ela for dividida entre as doze tribos de Israel. A tribo de José receberá duas partes. As partes serão rigorosamente iguais para cada tribo. Eu jurei, com mão levantada, dar esta terra a seus antepassados. Vocês receberão exatamente o que eu prometi dar como herança a eles no passado! “Estas serão as fronteiras da terra: “Ao norte, desde o mar Mediterrâneo, seguindo pelo caminho de Hamate, até Zedade. Dali seguindo em direção a Berota e Sibraim, que fica a meio caminho entre Damasco e Hamate, indo até Hazer-Haticom, nos limites de Haurã. Assim, a fronteira norte irá do mar Mediterrâneo até Hazar-Enom; essa localidade faz divisa com Hamate ao norte e com Damasco ao sul. “A fronteira leste começará em Hazar-Enom, seguindo em direção a Haurã. Daí, acompanhará o curso do rio Jordão. Irá desde o mar da Galileia até o mar Morto, separando Israel de Damasco e de Gileade. “A fronteira sul é marcada pela cidade de Tamar, ao sul do mar Morto. De lá, ela segue até as fontes de Cades, até Meribá. Das fontes de Cades ela corre até o riacho do Egito, e acompanha o riacho até chegar ao mar Mediterrâneo. “A fronteira oeste será o próprio mar Mediterrâneo, desde o riacho do Egito até os limites do território de Hamate. “Vocês deverão repartir esta terra entre si, conforme as doze tribos de Israel. Distribuam a terra entre suas famílias; repartam a terra com os estrangeiros que vivem entre vocês, e criem seus filhos como se fossem israelitas. Vocês devem considerar essa gente parte do seu próprio povo, com os mesmos direitos que vocês têm. Cada estrangeiro receberá seu pedaço de terra na parte destinada à tribo em que ele vive”. Palavra do Soberano, o Senhor. “Aqui está a lista das tribos e dos territórios dados a cada uma delas. O território da tribo de Dã será o seguinte: Começa na fronteira norte, vai até o mar Mediterrâneo, passando por Hetlom até Hazar-Enom, que faz divisa com Hemate ao norte e Damasco ao sul, terminando no mar da Galileia. O território de Aser fica imediatamente ao sul do território de Dã, e tem as mesmas fronteiras a leste e a oeste. A parte da terra que pertence à tribo de Naftali fica ao sul da terra de Aser, com as mesmas fronteiras a leste e a oeste. Fazendo divisa com Naftali, tendo as mesmas fronteiras a leste e a oeste, vem o território de Manassés. A seguir, sempre em direção ao sul, com as mesmas fronteiras a leste e a oeste, vem o território da tribo de Efraim, que margeará o território, de Manassés do leste ao oeste. Rúben terá o seu território que margeará o de Manassés do leste ao oeste. Judá terá o seu território, que margeará o de Rúben do leste ao oeste. “Ao sul do território de Judá fica a parte santa da terra, separada para o Senhor. Esta parte mede doze quilômetros e meio de largura, e tem as mesmas fronteiras leste e oeste que os territórios das tribos. No meio dessa faixa de terra fica o templo do Senhor. A área especialmente destinada para o templo terá doze quilômetros e meio de comprimento por cinco quilômetros de largura. Em volta do templo, nessa área separada de doze quilômetros e meio de comprimento ao norte e ao sul, e cinco quilômetros a leste e a oeste, viverão os sacerdotes que servem no templo, a família de Zadoque. Eles cumpriram seu dever, e não se deixaram levar pelos pecados do povo de Israel, como aconteceu com os outros levitas. Por isso, terão essa parte muito especial na terra, quando ela for dividida. Essa parte será santíssima, e fará divisa com a faixa de terra separada para os levitas. Esta terá as mesmas medidas da área separada para o templo e os sacerdotes, doze quilômetros e meio de comprimento por cinco quilômetros de largura. Esta terra separada não poderá ser vendida, trocada nem arrendada a outras pessoas, porque é terra santificada, separada para o Senhor. “A faixa de terra ao sul da área destinada ao templo, com doze quilômetros e meio de comprimento por dois quilômetros de largura, será aberta ao povo, para construir casas e plantar jardins e pomares. No meio dessa faixa de terra ficará a cidade. A cidade terá a forma de um quadrado, com dois mil e duzentos e cinquenta metros de lado. Em toda a volta da cidade haverá um espaço verde de cento e vinte e cinco metros de largura. No resto da faixa de terra, para leste e oeste, numa extensão de cinco quilômetros, haverá áreas de plantação para alimentar as pessoas que trabalham na cidade. Será cultivada pelos moradores da cidade, por gente de todas as tribos de Israel. Toda essa área que inclui as terras santas e a faixa destinada à cidade mede doze quilômetros e meio de lado, e tem a forma de um quadrado. É uma dádiva sagrada, que como tal vocês reservarão. “O que restar nessa faixa de terra de doze quilômetros e meio de largura, entre a fronteira leste e as terras santas, e entre as terras santas e a fronteira oeste, pertencerá ao príncipe. As terras do príncipe ficarão ao lado dos territórios das tribos. Entre elas ficarão as terras santas e o espaço destinado à cidade, inclusive o santuário do templo estará no centro delas. Os dois lotes de terra do príncipe ficarão entre os territórios das tribos de Judá e Benjamim. “E estes são os territórios destinados às outras cinco tribos: Logo abaixo das terras santas e das terras do príncipe vem o território de Benjamim, estendendo-se da fronteira leste até a fronteira oeste. “Fazendo divisa com o território de Benjamim vêm as terras de Simeão, que também vão da fronteira leste à fronteira oeste. “A seguir vêm as terras de Issacar, tendo por fronteiras o mar Mediterrâneo e o rio Jordão, como as outras tribos. “Logo abaixo vem o território de Zebulom, ocupando toda a terra de leste a oeste. “Ao sul de Zebulom, indo do mar Mediterrâneo até o rio Jordão, fica o território de Gade. A fronteira sul de Gade começa na cidade de Tamar, junto ao mar Morto. Segue pelo deserto até as fontes de Cades, e dali ao riacho do Egito, seguindo por ele até o mar Mediterrâneo. “Estes são os territórios que serão propriedade exclusiva de cada tribo de Israel. Palavra do Soberano, o Senhor. “Estas serão as saídas da cidade: Começando pelo lado norte, que tem dois mil duzentos e cinquenta metros de comprimento. Cada porta receberá o nome de uma das tribos de Israel. A cidade, em forma de um quadrado, terá três portas em cada lado de seu muro. As três portas do lado norte serão chamadas Rúben, Judá e Levi. “No lado leste, medindo também dois mil duzentos e cinquenta metros, haverá outras três portas com os nomes de José, Benjamim e Dã. “O lado sul do muro terá o mesmo comprimento e o mesmo número de portas, chamadas Simeão, Issacar e Zebulom. “Finalmente, no lado oeste do muro, com seus dois mil duzentos e cinquenta metros de comprimento, estarão as três últimas portas, chamadas Gade, Aser e Naftali. “Uma volta completa em torno dos muros da cidade será de nove quilômetros. O nome dessa cidade separada será chamada daquele momento em diante de ‘O Senhor está aqui’ ”. No terceiro ano do reinado de Jeoaquim em Judá, Nabucodonosor, rei da Babilônia, atacou Jerusalém com o seu grande exército e cercou a cidade. O Senhor deu a Nabucodonosor uma grande vitória sobre Jeoaquim, rei de Judá e, quando ele voltou para a Babilônia, levou alguns dos vasos sagrados que havia no templo de Deus e os colocou na casa do seu deus, na terra de Sinear. Lá, ele mandou Aspenaz, chefe dos oficiais do palácio real, escolher alguns rapazes entre os judeus que haviam sido presos em Jerusalém — rapazes da família real e das famílias ricas e importantes de Judá. Eles deveriam aprender a língua, os costumes e a ciência dos caldeus. “Escolha rapazes fortes, sem defeitos físicos, com boa saúde e de boa aparência”, disse o rei; “eles devem ter boa instrução, boa cultura geral e ser capacitados para viverem no palácio real”. O próprio rei escolheu a comida que devia ser dada aos jovens — tudo do bom e do melhor, da própria despensa do rei, vinhos e carnes. Eles deveriam se alimentar dessa comida por três anos. Quando terminasse o treinamento, passariam a servir o rei. Entre os escolhidos estavam Daniel, Hananias, Misael e Azarias, todos eles da tribo de Judá. Mas Aspenaz, o chefe do pessoal do palácio, deu aos quatro rapazes outros nomes: o nome de Daniel passou a ser Beltessazar; o de Hananias, Sadraque; o de Misael, Mesaque; o de Azarias, Abede-Nego. Daniel decidiu firmemente que nunca iria comer a comida ou beber os vinhos que o rei tinha dado a eles, porque eram coisas proibidas para os judeus. Ele pediu ao chefe dos oficiais permissão para comer outros alimentos. Sem Daniel saber, Deus tinha colocado no coração do supervisor uma simpatia e bondade por ele. Apesar disso, Aspenaz ficou alarmado com a sugestão e disse a Daniel: “Eu tenho medo do rei! Ele já determinou o que vocês devem comer. Se o rei os vir magros e fracos em comparação com os outros rapazes da sua idade, vai mandar cortar a minha cabeça porque não obedeci às ordens que ele me deu!” Daniel procurou o mordomo que o chefe dos oficiais tinha indicado para cuidar dele e de Hananias, de Misael e Azarias, e disse: “Peço que o senhor faça uma experiência com os seus servos durante dez dias: Não nos dê nada além de legumes para comer e água para beber. Quando terminarem os dez dias, compare a nossa aparência com a dos outros rapazes que comem a comida fina dada pelo rei, e decida se deveremos continuar com a nossa dieta de legumes e água ou não”. O mordomo acabou concordando com a sugestão deles por dez dias. Dez dias depois, Daniel e seus três amigos estavam com melhor aparência, mais fortes e saudáveis que os rapazes que haviam comido das comidas finas dadas pelo rei! Depois disso, o mordomo só lhes deu legumes e água, deixando de lado a comida especial e o vinho dado pelo rei. Deus deu aos quatro rapazes sabedoria e inteligência para aprenderem toda a cultura e a ciência de sua época. Além disso, Deus deu a Daniel uma capacidade especial para interpretar os significados dos sonhos e visões. Quando os três anos de treinamento terminaram, o chefe dos empregados levou todos os rapazes diante do rei Nabucodonosor, conforme as ordens que tinha recebido. O rei conversou longamente com cada um deles, mas nenhum dos rapazes o impressionou tanto quanto Daniel, Hananias, Misael e Azarias. Por isso, eles passaram a servir o rei. Em todos os assuntos que exigiam conhecimento e capacidade de julgar, o rei descobriu que os conselhos daqueles quatro rapazes eram melhores que os dos magos e astrólogos do seu reino. Daniel continuou no palácio real até o primeiro ano do reinado de Ciro. Certa noite, no segundo ano de seu reinado, Nabucodonosor teve um sonho. Acordou com muito medo e perdeu o sono. Imediatamente, mandou chamar os magos, os encantadores, os feiticeiros e astrólogos e ordenou que eles lhe dissessem qual tinha sido o seu sonho. Quando eles vieram e se apresentaram ao rei, Nabucodonosor disse: “Eu tive um sonho. Contem-me o meu sonho, porque eu tenho medo de que alguma coisa muito ruim me aconteça”. Então os astrólogos, falando em aramaico, disseram ao rei: “Que o rei viva para sempre! Senhor, conte-nos o sonho, e então poderemos dizer qual é o seu significado”. Mas o rei respondeu aos astrólogos: “Se vocês não me disserem qual foi o sonho e qual o seu significado, vocês todos serão cortados em pedaços, e destruirei completamente suas casas! Mas se vocês me revelarem o sonho e explicarem o significado, eu lhes darei presentes, recompensas e muitas honras. Portanto, digam-me qual foi o sonho e qual é a sua interpretação!” Mas eles responderam ao rei: “Como podemos explicar o significado do sonho, se o senhor não nos disser como ele foi?” Então o rei respondeu: “Já descobri o seu plano! Vocês estão tentando ganhar tempo porque conhecem a minha decisão. Se vocês não podem me dizer qual foi o sonho, vou dar a todos o mesmo castigo. Vocês combinaram enganar-me com mentiras e falsidades, esperando que a situação mude. Como pensam que vou acreditar na interpretação se não me contarem o sonho?” Os sábios responderam ao rei: “Não há ninguém, em toda a terra, que possa dizer a uma pessoa o que ela sonhou! E nenhum rei deste mundo, por maior que seja, chegou a pedir uma coisa dessas dos seus sábios, adivinhos e astrólogos! O que o rei está exigindo é impossível. Ninguém pode lhe contar o seu sonho. Só os deuses, e eles não vivem entre nós mortais para ajudar a resolver esse pedido”. Quando o rei ouviu essa resposta, ficou cheio de ira e mandou matar todos os sábios da Babilônia. E assim foi emitido o decreto para que fossem mortos todos os sábios. Daniel e seus amigos foram procurados para que também fossem mortos junto com os outros. Mas quando Arioque, comandante da guarda do rei, que estava encarregado de matar os sábios, veio procurar os quatro, Daniel, dirigiu-se a ele com sabedoria. Ele perguntou a Arioque: “Por que o rei está tão furioso? Por que ele deu uma ordem tão severa?” Aí Arioque lhe contou tudo o que havia acontecido. Então Daniel foi ver o rei. “Dê-me um pouco de tempo, senhor. Eu lhe contarei o sonho e o seu significado”, disse Daniel ao rei. Então Daniel foi para casa e contou o caso a seus amigos Hananias, Misael e Azarias. Juntos, eles pediram misericórdia ao Deus dos céus; pediram que Deus lhes revelasse o segredo, para não morrerem junto com os outros sábios da Babilônia. Naquela noite, Deus revelou a Daniel numa visão o sonho do rei e seu significado. Daniel louvou o Deus dos céus, dizendo: “Bendito seja o nome de Deus, para sempre, porque só ele tem sabedoria e poder. É ele que faz mudar os tempos e as estações; é ele que derruba os reis de seus tronos e coloca outros em seu lugar. É ele quem dá sabedoria aos sábios e inteligência aos inteligentes. Ele revela mistérios e segredos profundos que o homem não pode conhecer. Ele conhece tudo o que está escondido nas trevas, porque a luz habita com ele. Deus dos meus antepassados, eu lhe agradeço e louvo o seu grande nome porque o Senhor me deu sabedoria e poder, e também porque agora o Senhor me revelou aquilo que pedimos, o sonho do rei e o seu significado”. Então Daniel procurou Arioque, que estava encarregado de matar todos os sábios da Babilônia, e disse: “Não mate esses homens. Leve-me ao rei, e eu interpretarei o seu sonho”. Arioque, mais do que depressa, levou Daniel à presença do rei, dizendo: “Encontrei um homem entre os exilados judeus que vai revelar o sonho ao rei!” O rei falou a Daniel, também chamado de Beltessazar: “Isso é verdade? Você pode me dizer qual foi o meu sonho e o que ele significa?” Daniel respondeu: “Nenhum sábio, astrólogo, mago ou adivinho poderia revelar isso ao rei, mas há um Deus nos céus que revela segredos. Ele mostrou ao rei Nabucodonosor, nesse sonho, o que vai acontecer no futuro. O sonho e as visões do senhor rei foram os seguintes: “Quando o rei estava deitado, o senhor sonhou com acontecimentos futuros. Aquele que revela os segredos mostrou ao senhor o que vai acontecer. Lembre-se, senhor, de que conheço este segredo não porque eu seja melhor ou mais sábio que os outros homens, mas porque Deus me revelou para o benefício do rei, para o senhor entender seus pensamentos. “Rei Nabucodonosor, o senhor viu uma grande imagem, uma estátua de homem. A estátua era impressionante, brilhava muito e causava medo e espanto ao rei. A cabeça da estátua era feita de ouro puro; o peito e os braços eram de prata; a barriga e os quadris eram de bronze; as pernas eram de ferro, e os pés eram feitos parte de ferro e parte de barro. Enquanto o rei olhava para a estátua, uma pedra foi cortada na montanha, sem o uso de força humana. Essa pedra caiu sobre os pés de ferro e barro da estátua e os destruiu. Então toda a estátua veio abaixo, numa mistura de ferro, barro, bronze, prata e ouro. Tudo ficou reduzido a pó, como a palha da debulha de trigo na eira durante o verão. Mas a pedra que tinha destruído a estátua cresceu e se tornou uma grande montanha e ocupou toda a terra. “Este foi o sonho. Agora, senhor, ouça a interpretação: “Majestade, o senhor é o rei dos reis, domina sobre muitas nações, pois o Deus dos céus lhe deu o reino, o poder, a força e a glória. O senhor reina sobre os lugares mais distantes do mundo, até mesmo sobre os animais e as aves, porque Deus assim mandou. O senhor, rei Nabucodonosor, é a cabeça de ouro. “Mas, quando o seu reino terminar, outra grande nação dominará o mundo. Esse reino será inferior ao seu. Depois que esse reino cair, uma terceira nação dominará toda a terra, representada pela barriga e os quadris de bronze da estátua. A seguir, virá o quarto reino, que será forte como o ferro: esse reino vai ferir, esmagar e conquistar outras nações. Os pés e dedos que o rei viu, feitos de uma mistura de ferro e barro, mostram que, mais tarde, esse reino será dividido. Algumas de suas partes serão fortes como ferro, e outras fracas como o barro. Essa mistura de ferro e barro também mostra que os reinos procurarão se fortalecer através de alianças entre os seus líderes. Mas isso não dará certo porque ferro e barro não se misturam. “Mas, quando esses reis estiverem no poder, o Deus do céu estabelecerá um reino que jamais será destruído; nenhuma nação conquistará esse reino. Ele reduzirá os outros reinos a nada, e esse reino durará para sempre. Este é o significado da pedra que foi cortada da montanha sem uso de força humana — a pedra que reduziu a pó todo o ferro, o bronze, o barro, a prata e o ouro. “O grande Deus revelou ao rei o que vai acontecer no futuro. O sonho é verdadeiro e a interpretação do sonho do rei é certa e fiel”. Admirado, o rei Nabucodonosor se ajoelhou diante de Daniel e colocou o seu rosto em terra. Ordenou que seus servos fizessem ofertas especiais e queimassem incenso diante de Daniel. “É verdade, Daniel”, disse o rei. “O seu Deus é o Deus dos deuses, o Senhor dos reis, o Revelador de mistérios, porque ele revelou a você este segredo”. Depois disso, o rei fez com que Daniel se tornasse famoso e respeitado. Deu a ele muitos presentes valiosos e escolheu Daniel para ser governador da província da Babilônia. Além disso, Daniel foi escolhido para chefe de todos os sábios. A pedido de Daniel, o rei indicou Sadraque, Mesaque e Abede-Nego para seus auxiliares, responsáveis pelos negócios da província da Babilônia. Daniel permaneceu no palácio real. O rei Nabucodonosor fez uma estátua dourada de vinte e sete metros de altura por dois metros e setenta centímetros de largura, e a colocou na planície de Dura, na província da Babilônia. Depois disso, mandou mensagens a todos os príncipes, governadores, capitães, tesoureiros, juízes, conselheiros e oficiais das províncias para que viessem à festa de dedicação da estátua feita pelo rei. Quando todos os príncipes, governadores, capitães, tesoureiros, juízes, conselheiros e oficiais tinham chegado e se reunido diante da estátua, o homem que anunciava as ordens do rei gritou: “Povos de toda a terra, homens de todas as línguas, ouçam a ordem do rei: Quando ouvirem o som das trombetas, das flautas, das cítaras, das liras, das harpas e dos outros instrumentos, todos devem se curvar até o chão e adorar a imagem de ouro que o rei Nabucodonosor construiu. Qualquer pessoa que não se prostrar em terra e não a adorar será imediatamente jogada na grande fornalha acesa”. Assim, quando os instrumentos começaram a tocar, todos aqueles homens, de todo povo, nação ou língua, se curvaram até o chão e adoraram a estátua de ouro do rei Nabucodonosor. Mas alguns astrólogos foram até onde estava o rei e acusaram os judeus de não adorarem a estátua, dizendo ao rei Nabucodonosor: “Que o rei viva para sempre! O senhor baixou uma lei dizendo que todos devem se curvar e adorar a estátua de ouro quando os instrumentos começarem a tocar, e que qualquer pessoa que se recusar será jogada na grande fornalha acesa. Há alguns judeus — Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, aos quais o rei entregou os negócios da província da Babilônia — que desobedeceram às suas ordens e se recusaram a servir aos deuses do rei e a adorar a estátua de ouro que o senhor levantou”. Então, Nabucodonosor ficou furioso e mandou seus servos trazerem Sadraque, Mesaque e Abede-Nego perante ele. “É verdade, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego”, perguntou o rei Nabucodonosor, “que vocês se recusam a servir a meus deuses e a adorar a estátua de ouro que eu mandei construir? Vou dar mais uma oportunidade a vocês. Quando a música da trombeta, da flauta, da cítara, do saltério, da flauta dupla e de todo tipo de instrumento for tocada, se vocês se curvarem e adorarem a estátua, nada lhes acontecerá. Mas se vocês não fizerem isso, serão jogados imediatamente na grande fornalha acesa. E qual é o deus que vai poder livrar vocês de minhas mãos?” Sadraque, Mesaque e Abede-Nego responderam ao rei: “Ó rei Nabucodonosor, nós não precisamos defender-nos diante do senhor. Se o nosso Deus, a quem nós servimos, quiser nos livrar, ele nos livrará da grande fornalha e também das suas mãos, ó rei. Mas, se ele não nos livrar, saiba, ó rei, nós nunca serviremos aos seus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que o senhor levantou”. Nabucodonosor ficou tão furioso com Sadraque, Mesaque e Abede-Nego que o seu rosto mudou. Ele ordenou aos seus servos que a fornalha fosse aquecida sete vezes mais que de costume! Chamou os homens mais fortes de seu exército e mandou amarrar Sadraque, Mesaque e Abede-Nego e jogá-los na grande fornalha em chamas. Assim, os três foram vestidos com seus mantos, capas, turbantes e as outras roupas, foram bem amarrados com cordas e jogados dentro da grande fornalha. O fogo, por causa da ordem do rei, estava tão forte que matou os soldados que jogaram os três judeus na fornalha! Sadraque, Mesaque e Abede-Nego caíram amarrados dentro das chamas terríveis da fornalha. Então, o rei Nabucodonosor, que assistia a tudo, se levantou espantado e perguntou aos seus conselheiros: “Nós não jogamos três homens no fogo?” “Sim, ó rei”, responderam eles. “Mas olhem!”, gritou o rei Nabucodonosor. “Eu estou vendo quatro homens, desamarrados, andando pelo fogo. Eles nem se queimaram com as chamas! Além disso, o quarto homem parece ser um filho dos deuses!” Nabucodonosor se aproximou o máximo possível da grande fornalha e gritou: “Servos do Deus Altíssimo, saiam da fornalha! Venham até aqui!” Então Sadraque, Mesaque e Abede-Nego saíram do meio do fogo. Todos os príncipes, governadores, oficiais e conselheiros se ajuntaram à volta de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego e viram que o fogo não tinha sequer tocado neles — nem um fio de cabelo havia sido queimado! As suas roupas não estavam queimadas! Nem cheiro de fumaça havia neles! Então Nabucodonosor disse: “Bendito seja o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, porque ele mandou o seu anjo para salvar seus servos fiéis, que não quiseram obedecer às ordens do rei e preferiram morrer a adorar outro deus que não fosse o seu próprio Deus! Por causa disso, agora baixo este decreto: Se qualquer pessoa, de qualquer povo, nação ou língua, falar uma palavra contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, será cortada em pedaços, e a sua casa, completamente destruída. Porque nenhum outro Deus é capaz de livrar alguém como esse”. Depois disso, o rei promoveu Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. Eles se tornaram homens importantes na província da Babilônia. Esta é a proclamação que o rei Nabucodonosor enviou a todos os povos, de todas as línguas, em todo o mundo: Saudações! Paz a todos! Quero que todos saibam dos sinais e maravilhas que o Deus Altíssimo realizou em meu favor. É quase impossível acreditar — foi um grande milagre! Agora eu tenho certeza de que o seu reino é eterno. Agora sei que ele reina para sempre! Eu, Nabucodonosor, vivia tranquilo e feliz no meu palácio. Certa noite, tive um sonho que me deixou muito assustado. Estando deitado em minha cama, os pensamentos e visões que passaram pela minha mente me deixaram horrorizado. Por isso chamei ao palácio todos os sábios da Babilônia e determinei que me dissessem o significado do sonho, mas quando os magos, os encantadores, os astrólogos e os adivinhos vieram e eu contei meu sonho a eles, nenhum deles foi capaz de me dizer o que significava. Finalmente, apareceu Daniel, a quem eu chamei Beltessazar, em honra ao meu deus, o homem em quem há o espírito dos deuses santos. Então eu contei a ele o meu sonho. Disse a ele: “Beltessazar, chefe dos magos, sei que o espírito dos deuses santos está em você, e que nenhum mistério é difícil demais para você; explique a visão que vi no meu sonho, com a sua interpretação. Escute: Estas são as visões que tive quando estava deitado em minha cama: Eu vi uma grande árvore no meio da terra. Essa árvore crescia sem parar, forte e alta, que encostou com a copa no céu, até que podia ser vista em todo o mundo. As folhas da árvore eram bem verdes e bonitas, seus ramos estavam carregados de frutos, suficientes para todos se alimentarem. Os animais do campo vinham descansar à sombra da árvore, e as aves faziam seus ninhos em seus ramos. Então, deitado em minha cama, vi uma sentinela, um anjo de Deus descendo do céu. Ele gritou em alta voz: “Derrubem a árvore; cortem os seus ramos, arranquem suas folhas e espalhem os seus frutos. Espantem os animais da sua sombra e tirem as aves dos seus ramos, mas deixem as raízes e o toco, amarrado com uma grossa corrente de ferro e bronze, cercado de erva. Ele será molhado com o orvalho do céu e se alimentará da erva do campo, como os animais! Durante sete anos, terá pensamentos de animal, em vez de pensamentos de homem. Isso foi decretado pelos vigilantes, por ordem dos santos anjos. O decreto foi dado para que todos os homens saibam que o Altíssimo domina sobre os reinos do mundo. Ele dá os reinos a quem bem entende, até ao mais humilde dos homens!” “Este, Beltessazar, foi o meu sonho. Agora, diga-me o seu significado. Ninguém mais pode me ajudar na interpretação. Todos os sábios do meu reino falharam. Mas eu sei que você pode responder, porque o espírito dos deuses vive em você”. Então Daniel, também chamado de Beltessazar, ficou por algum tempo sentado em silêncio, aterrorizado pelo sonho. Finalmente, o rei disse: “Beltessazar, não tenha medo de me contar o significado do sonho”. Beltessazar respondeu: “Majestade, gostaria que os acontecimentos revelados pelo sonho fossem destinados aos seus inimigos, e não ao rei! A árvore que o rei viu crescer até os céus, que era vista por todo o mundo, com suas belas folhas verdes, com os ramos carregados de frutos, dando sombra aos animais e ninho às aves — aquela árvore, Majestade, é o senhor mesmo. O senhor cresceu e se tornou muito forte. A sua grandeza chega até o céu, e o seu reino até os confins da terra. “Então, Majestade, o senhor viu um anjo de Deus descendo do céu e gritando: ‘Cortem e destruam a árvore, mas deixem as raízes e o toco, cercado de erva, amarrado com uma grossa corrente de ferro e bronze. Ele ficará molhado do orvalho do céu e durante sete anos comerá erva como os animais!’ “Majestade, foi o Deus altíssimo quem deu essa ordem. Isso vai acontecer, sem dúvida! O senhor será expulso do palácio e vai viver pelos campos, como um animal, comendo capim como um boi, molhado pelo orvalho da noite. E assim o senhor vai viver durante sete anos, até aprender que o Deus Altíssimo é o dono de todos os reinos dos homens, que ele dá o poder a quem bem entende. Mas as raízes e o toco ficaram na terra! Isso significa que o senhor receberá o seu reino de volta, depois de aprender que o céu domina sobre a terra. “Portanto, ó rei Nabucodonosor, escute o que eu digo — pare de pecar! Faça o que o senhor já sabe que é certo! Nada de injustiça! Tenha compaixão dos pobres, seja bom para eles. Quem sabe assim Deus terá pena do senhor e não o castigará”. Mas tudo isso acabou acontecendo mesmo ao rei Nabucodonosor. Doze meses depois do sonho, ele estava passeando pelo terraço do palácio real, dizendo, cheio de orgulho: “Eu mesmo, com o meu grande poder construí esta bela cidade de Babilônia para ser a minha casa, a capital do meu grande império”. Ele ainda estava falando quando ouviu uma voz, que vinha do céu: “Rei Nabucodonosor, esta mensagem é para você: Você já não é o rei deste grande império! Você será expulso do seu palácio e vai viver com os animais do campo; vai comer capim como os bois durante sete anos, até compreender que Deus é quem domina sobre os reinos da terra e os dá a quem ele quer”. E naquela mesma hora a profecia se cumpriu. Nabucodonosor foi expulso do seu palácio e passou a comer capim como os bois. Vivendo ao ar livre, ficou molhado com o orvalho da noite. Seu cabelo cresceu como penas de águias, e as suas unhas ficaram enormes como garras dos pássaros. Ao fim daqueles sete anos, eu, Nabucodonosor, olhei o céu, minha mente voltou a funcionar como mente de homem, e louvei e adorei o Deus Altíssimo e dei glória àquele que vive para sempre, cujo domínio é eterno, e cujo reino dura para sempre. Quando comparamos a ele todos os moradores da terra, eles não valem nada. Ele é tão poderoso que faz o que quer com os anjos e com os moradores deste mundo. Não há ninguém capaz de fazê-lo parar. Ninguém pode dizer a ele: ‘O Senhor não pode fazer isso!’ Quando minha mente voltou ao normal, recebi de volta a minha honra, o meu poder e o meu reino. Meus conselheiros e auxiliares me procuraram, e fui novamente proclamado rei, com muito mais honra do que antes. Agora, eu, Nabucodonosor, louvo, glorifico e honro o Rei do céu, o grande Juiz, porque todos os seus atos são justos e bons. Ele pode humilhar os orgulhosos, fazendo-os arrastar-se no pó. O rei Belsazar organizou uma grande festa e convidou mil homens importantes do seu reino. Nessa festa, o vinho correu livremente. Durante a festa, enquanto todos bebiam, Belsazar se lembrou dos vasos de ouro e prata que haviam sido levados para a Babilônia muitos anos antes, por Nabucodonosor, quando ele destruiu o templo em Jerusalém. Belsazar ordenou que as taças e vasos fossem trazidos para a festa, para que ele, os príncipes e suas mulheres bebessem dessas taças. Então trouxeram as taças de ouro que tinham sido tomadas do templo de Deus em Jerusalém, e o rei, os príncipes e as suas mulheres beberam das taças. Enquanto bebiam o vinho, usando as taças sagradas, faziam votos e louvores aos seus deuses, feitos de ouro e prata, bronze e ferro, madeira e pedra. De repente, enquanto eles bebiam nas taças sagradas, todos viram dedos de uma mão de homem escrevendo algo na parede do palácio que ficava em frente às lâmpadas! E o rei viu claramente os dedos escrevendo! O seu rosto ficou pálido e assustado. Ele ficou tão apavorado que seus joelhos batiam um contra o outro e suas pernas vacilaram! “Tragam os encantadores e astrólogos!”, ele gritou. “Tragam os adivinhos! Qualquer pessoa que conseguir ler o que está escrito na parede e me disser o significado daquelas palavras será vestida com a roupa real, feita de púrpura. No seu pescoço será colocada uma corrente de ouro, e ela se tornará a terceira autoridade do reino!” Mas, quando os sábios chegaram, nenhum deles conseguiu entender a mensagem, ou dizer ao rei o seu significado. O rei estava ficando cada vez mais desesperado. O medo que ele sentia era tão grande que o seu rosto ficou aterrorizado! E toda aquela gente importante também ficou apavorada! Quando a rainha-mãe soube o que estava acontecendo, correu até a sala do banquete e disse a Belsazar: “Que o rei viva para sempre! Acalme-se! Não fique tão desesperado por causa disso. Há um homem no seu reino que tem em si o espírito dos deuses santos. Na época de seu pai, esse homem era cheio de inteligência e sabedoria. Ele parecia ser um deus! No reinado de Nabucodonosor, seu predecessor, ele foi nomeado chefe dos magos, encantadores, astrólogos e adivinhos de toda a Babilônia. Pois Daniel, esse homem a quem o rei deu o nome de Beltessazar, era cheio da sabedoria e da inteligência divina. Ele tem a capacidade de interpretar sonhos ou resolver enigmas e mistérios muito difíceis e solucionar qualquer caso. Mande chamar Daniel. Ele poderá dizer ao rei o que significam as palavras escritas na parede”. Assim, Daniel foi levado às pressas à presença do rei, que lhe perguntou: “Você é aquele Daniel que o rei Nabucodonosor trouxe como exilado de Judá? Ouvi dizer que você tem o espírito dos deuses santos, que é um homem iluminado e cheio de inteligência e sabedoria. Os meus sábios e encantadores tentaram ler as palavras escritas na parede e explicar o que elas significam, mas não conseguiram. Eu ouvi dizer que você é capaz de resolver qualquer tipo de mistério. Se você me disser o que significam aquelas palavras, eu o vestirei de roupas reais, colocarei no seu pescoço uma corrente de ouro, e você passará a ser a terceira autoridade deste reino”. Então Daniel respondeu ao rei: “Majestade, guarde os seus presentes, ou então ofereça tudo isso a outra pessoa. Eu lerei a inscrição para o rei e lhe direi o significado das palavras. “Ó rei, o Deus Altíssimo deu ao rei Nabucodonosor, que viveu antes do senhor, um grande reino, muito poder, honra e glória. Era tão grande o poder que Nabucodonosor recebeu de Deus que todos os povos tremiam de medo diante dele. Mandava matar quem ele queria e deixava com vida as pessoas de quem gostava. Conforme os caprichos do rei, ele promovia a quem queria promover e humilhava a quem queria humilhar. Mas, quando o coração de Nabucodonosor ficou cheio de orgulho, Deus o arrancou de seu trono e acabou com a glória que ele tinha. Foi expulso do meio dos homens e começou a pensar e agir como um animal; passou a viver com os jumentos selvagens e a comer capim como os bois. Seu corpo era diariamente coberto com o orvalho, até que entendeu que o Deus Altíssimo domina sobre os reinos dos homens e ele mesmo escolhe quem quer para governá-los. “E o senhor, rei Belsazar, que reina no mesmo trono, mesmo sabendo de tudo isso, não se humilhou. Mas desafiou o Senhor dos céus e trouxe para esta festa as taças sagradas do seu templo. O senhor, seus convidados, suas esposas e outras mulheres beberam dessas taças enquanto louvavam deuses feitos de ouro, prata, bronze, ferro, madeira e pedra — deuses que não veem nem ouvem, deuses que não conhecem coisa alguma. Mas nenhum de vocês louvou o Deus que dá vida, o Deus que controla as suas vidas! Por isso, Deus mandou aqueles dedos para escrever as palavras da inscrição “Esta é a inscrição: MENE, MENE, TEQUEL, PARSIM. “E este é o significado da mensagem: MENE significa ‘contado’ — Deus contou os dias do seu reinado, e determinou o seu fim. TEQUEL significa ‘pesado’ — o senhor foi pesado na balança de Deus e não atingiu o peso necessário. PARSIM significa ‘dividido’ — o seu reino será dividido e entregue aos medos e aos persas”. Então, por ordem de Belsazar, Daniel foi vestido com as roupas reais, feitas de tecido vermelho. No seu pescoço foi colocada uma corrente de ouro, e ele foi proclamado a terceira autoridade no reino. Naquela mesma noite, Belsazar, rei dos babilônios foi morto, e Dario, o medo, tomou a cidade de Babilônia e começou a reinar, com a idade de sessenta e dois anos. O rei Dario decidiu dividir seu reino em cento e vinte províncias, escolhendo um governador para cada uma. Esses governadores tinham de prestar contas a três ministros — um dos quais era Daniel — para que o reino fosse bem governado. Em pouco tempo, Daniel mostrou que era mais capaz que todos os outros ministros e governadores. Ele era mais inteligente e sábio, por isso o rei pensava em tornar Daniel o primeiro-ministro. Com isso, os outros ministros e governadores ficaram cheios de inveja. Começaram a procurar alguma coisa do que acusar Daniel, um roubo ou desonestidade, mas não acharam nada. Daniel era muito fiel e honesto no seu trabalho. Não puderam achar nele falta alguma, pois ele era fiel; ninguém podia acusá-lo diante do rei. Assim, chegaram à conclusão de que não encontrariam acusação contra Daniel a menos que fosse algo relacionado com a lei do Deus dele! Assim, os ministros e governadores se reuniram, foram se encontrar com o rei e disseram: “Ó rei Dario, nós desejamos ao senhor uma vida longa e feliz! Nós, os ministros, governadores, conselheiros e oficiais, decidimos unanimemente sugerir que o senhor crie uma lei que não possa ser mudada de jeito algum. Essa lei diz que, durante trinta dias, qualquer pessoa que fizer um pedido ao seu deus, ou a outro homem, fora o senhor, ó rei, será jogada na cova dos leões. Agora, ó rei, nós pedimos que o senhor assine essa lei, para que ela não possa ser mudada, conforme a lei dos medos e persas. As leis assinadas pelos reis nunca podem ser revogadas”. E o rei Dario assinou a lei. Mas Daniel, apesar de saber que o rei havia assinado a lei, foi para casa e, como de costume, se ajoelhou para orar, no seu quarto. Esse quarto ficava no segundo andar, com as janelas abertas na direção de Jerusalém. Ali, Daniel orava ajoelhado, três vezes por dia, dando graças ao seu Deus. Então os ministros e governadores foram juntos à casa de Daniel. Lá encontraram Daniel orando, pedindo a ajuda ao seu Deus. Correram de volta ao palácio e disseram ao rei: “Majestade, o senhor não assinou uma lei que proíbe qualquer pedido a qualquer deus ou homem — a não ser ao rei — durante trinta dias? E quem desobedecesse a essa lei seria jogado na cova dos leões?” “Sim”, respondeu o rei. “É uma lei que não pode ser mudada, assinada pelo rei da Média e da Pérsia”. Então eles disseram ao rei: “Daniel, esse exilado judeu, não está dando a menor importância à lei, nem ao senhor, ó rei. Ele continua orando ao Deus dele, três vezes por dia”. Quando o rei ouviu isso, ficou muito contrariado consigo mesmo por ter assinado a tal lei e decidiu fazer todo o possível para salvar Daniel. Por isso, passou o resto do dia tentando encontrar uma maneira de salvar Daniel. À noite, os homens voltaram juntos ao palácio e insistiram com o rei. “Lembre, ó rei, é costume do nosso povo: Uma lei assinada pelo rei não pode ser mudada”. Afinal, o rei assinou a ordem para prenderem Daniel, que, assim, foi levado até a cova dos leões. Lá, o rei disse a Daniel: “Eu espero que o seu Deus, a quem você serve e adora continuamente, o salve dos leões”. Então Daniel foi jogado na cova. Uma pedra foi colocada na entrada da cova, e o rei marcou a pedra com o seu anel e com o selo do reino, para que a decisão sobre Daniel não se modificasse. Depois disso, o rei voltou ao palácio. Perdeu o apetite e foi deitar sem comer. Não quis se divertir ouvindo música, como de costume; perdeu o sono e ficou acordado toda a noite. Bem cedinho, o rei se levantou e correu à cova dos leões e, quando ia se aproximando da cova, cheio de tristeza, gritou: “Daniel, servo do Deus Vivo, será que o seu Deus, a quem você adora, foi capaz de salvá-lo dos leões?” Daniel respondeu: “Ó rei, eu lhe desejo uma vida longa e feliz!” “O meu Deus mandou o seu anjo para fechar as bocas dos leões. Eles não me tocaram! Isso porque eu sou inocente diante de Deus e do senhor, ó rei; eu não cometi crime algum”. O rei ficou muito alegre! Mandou que tirassem Daniel da cova. Quando o tiraram da cova, viram que não havia o menor arranhão nele, porque ele tinha confiado no seu Deus. Então o rei Dario deu uma nova ordem, para trazerem os homens que com maldade haviam acusado Daniel. Eles e suas famílias foram jogados na cova dos leões. Antes que chegassem ao fundo da cova, os leões os atacaram e os despedaçaram. Depois de tudo isso, o rei Dario escreveu outra mensagem, que foi anunciada aos homens de todas as nações, povos e línguas de todo o seu reino. “Paz para todos! “Eu decreto que todos, em todo o meu reino, temam e respeitem o Deus de Daniel. “Pois ele é o Deus vivo, o Deus que nunca muda. O seu reino nunca será destruído e o seu poder nunca acabará. Ele liberta e salva o seu povo. Ele faz grandes milagres e maravilhas nos céus e na terra. Foi ele quem livrou Daniel do poder dos leões”. Assim, Daniel continuou sendo uma autoridade importante durante os reinados de Dario e de Ciro, o persa. Certa noite, durante o primeiro ano do reinado de Belsazar, rei da Babilônia, Daniel teve um sonho, trazendo visões à sua mente, estando ele deitado em sua cama. Ele escreveu o que viu, e aqui está a sua visão: “No meu sonho, vi uma grande tempestade no mar, os ventos soprando de todos os lados. Quatro grandes animais, todos diferentes, saíam de dentro do mar. O primeiro parecia um leão, mas tinha asas de águia! Eu continuei a olhar para ele e vi que as asas foram arrancadas. Ele não podia mais voar, mas se levantou como um homem e ganhou uma mente humana. “O segundo animal parecia um urso, com uma das patas levantada, pronto para atacar. Na sua boca havia três costelas, e eu ouvi uma voz dizendo ao animal: ‘Levante-se! Mate e coma o quanto puder!’ “O terceiro desses animais estranhos parecia um leopardo, mas tinha quatro asas como as de ave nas costas; além disso, tinha quatro cabeças! Esse animal recebeu um grande poder sobre o mundo. “Enquanto continuava a sonhar à noite, um quarto animal apareceu saindo de dentro do mar, muito forte, terrível e assustador! Esse animal tinha dentes de ferro; antes de comer alguma coisa, rasgava-a em pedaços com os dentes. O que ele não comia, pisava e esmagava com os pés. Ele era muito mais feroz que os outros três animais e tinha dez chifres. “Comecei a prestar atenção nos chifres e, de repente, apareceu outro pequeno chifre entre eles. Três chifres foram arrancados para dar lugar ao pequeno, que tinha olhos de homem e uma boca que falava com arrogância. “Continuei a olhar e vi uns tronos sendo colocados. Num deles assentou-se um ancião, aquele que sempre existiu. A sua roupa era branca como a neve e o seu cabelo era branco como a lã. Ele estava sentado num trono de fogo que se movia sobre rodas também feitas de fogo. Defronte dele nascia e corria um rio de fogo. Milhares de milhares de anjos o serviam e milhões de milhões estavam diante dele. O tribunal do julgamento foi instalado e os livros foram abertos. “Continuei olhando e vi que o quarto animal, tão violento, cujo chifre pequeno falava palavras arrogantes, foi morto, e o seu corpo foi entregue para ser queimado. Quanto aos outros três animais, eles perderam seus reinos, mas puderam continuar vivos por mais algum tempo. “Depois disso, em uma visão à noite, vi alguém semelhante a um filho do homem chegar vindo no meio das nuvens do céu. Aproximou-se do ancião e foi apresentado a ele. Ele recebeu autoridade, glória e poder para dominar todas as nações do mundo. Todos os homens, de todos os povos, nações e raças deviam obedecer-lhe. O poder que ele recebeu é eterno — nunca terminará. O seu reino jamais será destruído. “Eu, Daniel, fiquei muito confuso e perturbado com o que vi. Por isso, me aproximei de um dos que estavam perto do trono e perguntei o que significava tudo aquilo que eu tinha visto. “Então ele me explicou: ‘Esses quatro grandes animais representam quatro reis que vão dominar a terra. Mas, perto do fim dos tempos, os santos do Deus Altíssimo vão dominar todos os reinos do mundo, para sempre e eternamente’. “Então eu queria saber acerca daquele quarto animal, feroz e violento, que tinha dentes de ferro e unhas de bronze, o animal que despedaçava e devorava suas vítimas e que esmagava com as patas aquilo que sobrava. Perguntei também sobre aqueles dez chifres. Além disso, quis saber sobre o pequeno chifre que apareceu depois e destruiu três dos dez — o chifre que tinha olhos e falava com muita arrogância, que parecia ser mais forte que os outros dez. Enquanto eu olhava, vi aquele pequeno chifre lutar contra os santos e os vencia, até que o ancião instalou o seu tribunal e fez justiça aos olhos do Deus Altíssimo, dando a eles o governo de toda a terra. “Então ele me respondeu: ‘O quarto animal é o quarto reino que dominará a terra. Ele será muito mais violento que os outros. Vai devorar a terra inteira, destruindo tudo o que estiver em seu caminho. Os dez chifres desse animal são dez reis que vão aparecer desse império. Então, vai entrar em cena um outro rei, ainda mais cruel que os outros dez. Ele vai destruir três dos dez reis. Vai desafiar o Deus Altíssimo e maltratar os seus santos com perseguições e tentará mudar todas as leis, os costumes dos povos e os padrões morais. Durante três anos e meio, fará o que bem entender com o povo de Deus. “ ‘Mas o tribunal o julgará, vai tirar desse rei todo o seu poder, para acabar com ele de uma vez por todas. Então todas as nações da terra com todas as suas riquezas e glórias serão dadas aos santos, o povo do Deus Altíssimo. O reino dele será um reino eterno, e todos os reis e povos o servirão’. “E assim terminou a minha visão. Eu, Daniel, fiquei muito perturbado, pálido de medo, mas não contei a ninguém o que tinha visto”. No terceiro ano do reinado de Belsazar, eu Daniel, tive outra visão, parecida com a primeira. Na minha visão, eu estava na cidade de Susã, uma das capitais do império, que fica na província de Elão. Eu estava em pé, junto ao rio Ulai. Ao olhar em volta, vi um carneiro na outra margem do rio. Ele tinha dois chifres, e eu percebi que um dos chifres se tornou maior que o outro. O carneiro atacava com chifradas enquanto avançava para o oeste, para o norte e para o sul. Ninguém conseguia resistir ao carneiro nem salvar suas vítimas. Ele fazia o que bem queria e crescia muito. Enquanto eu olhava para o carneiro e pensava no que aquilo poderia significar, apareceu de repente, do oeste, um bode. Ele corria tão depressa que nem chegava a tocar no chão. Esse bode tinha um grande chifre, bem entre os olhos, e atacou furiosamente o carneiro de dois chifres que eu tinha visto do lado do rio. O bode estava furioso e quebrou os dois chifres do carneiro, que não tinha forças para resistir-lhe. O bode o derrubou e pisou nele, e ninguém foi capaz de libertar o carneiro do seu poder. O bode ficou muito poderoso e orgulhoso, mas quando estava no máximo de seu poder, o grande chifre foi quebrado e em seu lugar apareceram quatro chifres compridos, apontando para quatro direções diferentes da terra. De um desses chifres nasceu um chifre pequeno, que começou a crescer bem devagar, mas logo se tornou forte. Ele atacou o sul e o leste, fazendo guerra contra a terra magnífica. Cresceu tanto até alcançar o exército dos céus, e atirou na terra parte do exército de estrelas e os pisoteou. Chegou a desafiar o Comandante do exército do céu, interrompendo os sacrifícios que eram oferecidos diariamente a Deus e manchando a pureza do seu templo. Por causa dessa rebelião, o exército dos santos e o sacrifício diário foram dados ao chifre. O resultado disso foi que a verdade e a justiça desapareceram, e a maldade se espalhou. Então ouvi dois anjos conversando. O primeiro dizia: “Quanto tempo vai passar até que a visão do sacrifício diário seja cumprida? Até quando irá a rebelião que causa desolação? Quando é que a destruição do templo vai ser vingada? Quando o exército do céu vai vencer a sua luta?” E o outro anjo respondeu: “Isso ainda vai demorar dois mil e trezentos dias. Então o santuário será reconsagrado”. Eu me esforcei para entender o que significava a visão. De repente, apareceu na minha frente um ser que parecia um homem e ouvi uma voz de homem, vinda da outra margem do rio Ulai: “Gabriel, ensine a Daniel o significado da visão!” Então, Gabriel começou a andar em minha direção. Mas eu fiquei tão apavorado que caí por terra e escondi o rosto. “Filho do homem”, ele disse, “você precisa saber que essa visão só vai acontecer no fim dos tempos”. Aí eu desmaiei, caído de bruços no chão. Mas Gabriel me tocou, me ajudou a levantar e disse: “Eu estou aqui para dizer a você o que vai acontecer nos últimos dias, no tempo da ira, porque o que você viu vai acontecer no fim da história. Os dois chifres do carneiro que você viu representam os reis da Média e da Pérsia. Aquele bode peludo é o rei da Grécia, e o grande chifre entre os olhos do bode é o primeiro rei daquele país. Você viu o chifre ser quebrado e quatro chifres menores aparecerem em seu lugar; isso significa que o Império Grego será dividido em quatro partes, cada uma com seu rei. Mas nenhum deles será tão poderoso como o primeiro, o grande chifre. “Quando esses reinos estiverem chegando ao seu fim, quando a rebelião e a maldade tiverem chegado ao máximo, vai subir ao poder um rei muito mau, astuto, mestre em fazer tratos e não cumprir. Ele será muito poderoso, mas não pelo seu próprio poder. Ele será bem-sucedido em tudo o que fizer. Destruirá todos os seus inimigos, mesmo se tiverem grandes exércitos. Além disso, fará muito mal ao povo santo. Será tão astuto nas suas mentiras e enganos que vai derrotar muitos inimigos, apanhando-os desprevenidos, enquanto pensam que estão em segurança. Aí, ele se achará tão poderoso que vai se insurgir contra o Príncipe dos príncipes numa batalha. Mas, quando isso acontecer, ele vai ser destruído não pela força humana. “Depois disso, em seu sonho, você ouviu falar de dois mil e trezentos dias até o povo poder adorar a Deus novamente. Esse número é exato, nem um dia a mais ou a menos. Mas essas coisas só vão acontecer daqui a muito tempo. Por isso, você deve guardar em segredo o seu sonho”. Por causa de tudo isso, eu, Daniel, fiquei fraco e doente por vários dias. Depois, quando melhorei, voltei a tratar dos negócios do rei. Mas ainda estava perturbado com minha visão, sem conseguir entendê-la. Dario, filho de Xerxes, da Média, foi indicado para rei dos babilônios. No primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, compreendi lendo as Escrituras conforme a palavra do Senhor ao profeta Jeremias, que Jerusalém ficaria desolada por setenta anos. Por isso, orei ao Senhor Deus, com fervor. Orei, jejuei e usei panos de saco como roupa. Joguei cinza sobre a cabeça e confessei os meus pecados e os pecados do meu povo ao Senhor, o meu Deus. Orei assim: Ó Senhor, o Senhor é um Deus grande e impressionante; o Senhor sempre mantém a aliança de amor às pessoas que o amam e obedecem às suas leis. Mas nós temos pecado e somos culpados. Nós fizemos coisas más e fomos rebeldes contra o Senhor e nos afastamos dos seus mandamentos. Nós nem quisemos ouvir os seus servos, os profetas, que o Senhor mandou tantas vezes para avisar os nossos reis, príncipes, os nossos antepassados e todo o povo. Ó Deus, o Senhor é justo. Nós é que somos pecadores, e estamos envergonhados, como está acontecendo agora; sim, todos nós — os homens de Judá, os moradores de Jerusalém e todo o Israel, todos os que estão perto e os que estão longe, espalhados por causa de nossa infidelidade. Ó Senhor, nós, nossos reis e nossos príncipes e nossos antepassados estamos envergonhados por causa de todos os nossos pecados. Mas o Senhor nosso Deus é cheio de amor e perdoa até aqueles que se revoltam contra o Senhor. Ó Senhor, nosso Deus, nós fomos desobedientes e zombamos das leis que o Senhor nos deu pelos seus servos, os profetas. Todo o povo de Israel desobedeceu e se desviou; nenhum judeu quis ouvir a sua voz. Por isso, a terrível maldição do Senhor caiu sobre nós — a maldição que Moisés, o servo de Deus, descreveu na Lei. O Senhor fez exatamente o que nos avisou que iria fazer contra o povo e os líderes. Nunca, em toda a história humana, aconteceu um desastre tão terrível quanto a destruição de Jerusalém e de seus habitantes! Tudo aconteceu exatamente como Moisés escreveu na Lei. Todos os males que ele tinha profetizado aconteceram conosco! Assim mesmo, nós teimamos e continuamos a cometer pecados, sem pedir perdão a Deus, e sem voltar a fazer o que agrada a ele. Por isso, o Senhor não hesitou em trazer essa terrível tragédia que quase destruiu nosso povo, pois o Senhor, nosso Deus, é justo em tudo o que faz. Também em nos castigar, porque nós desobedecemos às suas ordens. Ó Senhor, nosso Deus, que tornou o seu nome famoso e respeitado quando tirou o seu povo do Egito, mostrando grande poder. A sua fama continua até hoje. Embora nós tenhamos pecado tanto, embora estejamos cheios de maldade, mesmo assim, Senhor, por causa da sua justiça e do seu amor, deixe de lado a sua ira contra Jerusalém, a sua cidade, o seu monte santo! Agora, os povos vizinhos vivem rindo de nós por causa do que aconteceu a Jerusalém, como resultado de nossos pecados. Ó nosso Deus, ouça as orações do seu servo! Ouça os meus pedidos! Demonstre mais uma vez o seu amor pelo seu templo destruído, faça resplandecer o seu rosto sobre o seu santuário abandonado, Senhor! “Ó meu Deus, incline os seus ouvidos para mim e ouça a minha oração. Abra os seus olhos e veja a nossa desgraça, veja a nossa cidade — a sua cidade — completamente destruída! Nós não estamos pedindo porque somos bons ou merecemos alguma coisa, mas por causa da sua misericórdia. “Ó Senhor, ouça! Ó Senhor, perdoe! Ó Senhor, ouça o que eu peço e faça alguma coisa! Não se demore, ó meu Deus, porque todos chamam o seu povo e Jerusalém pelo seu nome”. Enquanto eu ainda estava orando, confessando o meu pecado e o pecado do meu povo, Israel, e pedindo a Deus por Jerusalém, o seu santo monte, Gabriel, a quem eu tinha visto na minha visão anterior, voou rapidamente e me tocou, na hora do sacrifício da tarde. “Daniel”, ele me disse, “eu vim para ajudá-lo a entender os planos de Deus. No instante em que você começou a orar, foi dada uma ordem. Eu vim para dizer a você o que é essa ordem, porque Deus tem um amor muito especial por você. Escute e procure entender a visão que você teve. “O Senhor determinou setenta semanas de castigo sobre Jerusalém e seu povo para restringir a transgressão e acabar com o pecado; toda a culpa do povo será apagada. Então, o reino da eterna justiça começará, e o Lugar Santíssimo será ungido para cumprir a visão e a profecia. Agora ouça bem! Vão passar sete semanas mais sessenta e duas semanas a partir do dia em que for assinado o decreto para a reconstrução de Jerusalém até a chegada do Ungido! O povo judeu vai passar por maus momentos, mas Jerusalém vai ser reconstruída, junto com seus muros e suas ruas. No fim desse período das sessenta e duas semanas, o Ungido será morto sem estabelecer o seu reino e vai surgir um rei que, com seus exércitos, destruirá a cidade e o Lugar Santo. Mas eles serão destruídos por uma inundação. Até o fim dos tempos estão determinadas guerras e todos os sofrimentos que elas trazem. Esse rei fará uma aliança de paz com Israel, que deverá durar uma semana. No meio da semana, ele quebrará sua palavra. Vai obrigar o povo a parar com todos os sacrifícios e ofertas, e, depois, como ponto alto de todas as suas maldades, esse inimigo vai desrespeitar horrivelmente o templo de Deus. Mas, na hora exata em que Deus planejou, o terrível castigo acontecerá de repente contra esse perverso”. No terceiro ano do reinado de Ciro, rei da Pérsia, Daniel, também chamado Beltessazar, teve outra visão. Essa visão mostrava alguns fatos que, com toda a certeza, iriam acontecer no futuro; tempos muito difíceis que haveriam de vir, tempos de guerra e sofrimento. Desta vez Daniel entendeu perfeitamente a visão. Eu, Daniel, tive a visão, depois de passar três semanas lamentando e chorando. Durante essas três semanas, não comi nem bebi nada, nem carne nem vinho, nem as gostosas sobremesas do palácio. Também não usei nenhuma essência aromática. Então, um dia, no vigésimo quarto dia do primeiro mês, eu estava andando pela margem do grande rio Tigre. Olhei para cima e vi um homem vestido com uma roupa de linho, usando um cinto de ouro puro. A pele desse homem brilhava; do seu rosto saía uma luz parecida com a dos relâmpagos e os seus olhos eram chamas de fogo. Os seus braços e pés pareciam feitos de bronze polido, de tanto que brilhavam, e, quando ele falou, eu tive a impressão de estar ouvindo uma grande multidão. Somente eu, Daniel, enxerguei aquela visão; os meus companheiros não viram coisa alguma, mas, de repente, ficaram completamente apavorados e correram procurando um lugar para se esconder. Assim, fiquei sozinho. Quando vi aquela pessoa tão impressionante, perdi completamente as forças. Fiquei muito pálido, pronto a desmaiar de tanto medo! Quando ele falou comigo, caí com o som da sua voz, prostrado no chão, e perdi os sentidos. Mas uma mão me tocou e me levantou, deixando-me apoiado nos joelhos vacilantes e nas mãos. Aí, ouvi uma voz que dizia: “Daniel, Deus o ama muito. Levante-se e ouça o que vou dizer, porque Deus me mandou falar com você”. Então me levantei, ainda tremendo. Ele continuou e disse: “Não fique assustado, Daniel. Os seus pedidos foram ouvidos no céu e respondidos no primeiro dia! Quando você começou a jejuar diante de Deus e a orar pedindo sabedoria, eu fui enviado para encontrá-lo. Mas durante vinte e um dias o príncipe que domina o reino da Pérsia me impediu. Foi então que Miguel, um dos príncipes mais importantes, veio me ajudar. Assim, eu consegui vencer os soberanos do reino da Pérsia. Eu vim para contar a você o que vai acontecer ao seu povo, no fim da história — porque o cumprimento desta profecia ainda está muito longe”. Enquanto ele falava, eu olhava para o chão, sem poder dizer uma única palavra. Aí, alguém que parecia ser um homem tocou nos meus lábios, e eu abri a minha boca e voltei a falar. Então disse àquele mensageiro celeste: “Meu senhor, fiquei com muito medo ao vê-lo. Perdi as forças, completamente. Como é que uma pessoa como eu pode falar com o meu senhor? Não tenho mais forças, mal posso respirar!” Então aquele que parecia ser um homem me tocou mais uma vez, e senti minhas forças voltarem. “Deus o ama muito”, ele me disse. “Não tenha medo! Que a paz esteja com você! Seja forte! Seja forte!” Quando ele falou isso, eu me senti forte como nunca e disse a ele: “Agora o senhor pode continuar a falar, porque me fez ficar forte novamente”. Então ele me disse: “Você sabe por que eu vim até aqui? Depois, quando eu partir, terei de lutar novamente contra o príncipe da Pérsia, e depois contra o príncipe da Grécia. Vim para contar a você o que está escrito no Livro da Verdade. E o único que vai me ajudar nessa luta é Miguel, o príncipe que protege o seu povo, Israel”. No primeiro ano do reinado de Dario, rei dos medos, eu fui mandado para animá-lo e ajudá-lo. Agora vou mostrar a você o que vai acontecer no futuro. A Pérsia ainda vai ter três reis. Estes serão seguidos por um quarto rei, mais rico que todos eles. Ele vai usar sua riqueza para formar um grande exército e tentará destruir o reino da Grécia. Depois disso, um grande rei vai surgir e dominar um enorme império. Tudo que desejar fazer, ele vai conseguir. Mas quando estiver no máximo do poder, seu reino será quebrado e dividido em quatro partes mais fracas. Esses quatro novos reinos não vão ser dominados pelos filhos do grande rei. O seu reino será arrancado e entregue a outros. “Um desses novos reis, o rei do sul, criará uma nação poderosa, mas seus generais vão se revoltar. O rei perderá o trono, porém os generais acabarão deixando o reino ainda mais forte que antes. Mas depois de alguns anos, eles farão um tratado de paz. Como prova de amizade e confiança, a filha do rei do sul se casará com o rei do norte, mas ele não manterá o seu poder e sua descendência não sobreviverá. Aí ela será assassinada, junto com sua escolta real e com seu filho. Porém, quando seu irmão se tornar rei no lugar dela, fará guerra contra o rei do norte e o vencerá, entrando na sua fortaleza. Ao voltar para o Egito, levará os ídolos e imagens deles. Além disso, levará para sua terra muitos objetos de ouro e de prata. Depois, haverá paz entre eles por alguns anos. Após esse período de paz, o rei do norte fará um ataque rápido contra o rei do sul, mas voltará depressa para sua terra. Porém os filhos desse rei vão reunir um grande exército e, passando por Israel, atacarão as fortalezas do rei do sul. O rei do sul vai reagir valentemente, atacando e derrotando o grande exército do rei do norte. Então, cheio de orgulho, o rei do sul mandará matar milhares de soldados inimigos. Apesar disso, a alegria da vitória vai durar pouco tempo. “Alguns anos depois, o rei do norte voltará à guerra, com um exército maior e mais bem treinado que o anterior. “Além disso, outras nações vão se unir contra o rei do sul. Até alguns judeus revoltados vão se juntar a esse exército, para cumprirem a profecia, mas não conseguirão nada com isso. O rei do norte e seus aliados cercarão algumas fortalezas do rei do sul e vencerão as batalhas. Os orgulhosos soldados do rei do sul serão completamente derrotados, e os melhores deles não resistirão. O rei do norte continuará avançando com seus exércitos, e ninguém será capaz de deter o seu avanço. Ele invadirá a terra magnífica, e levará consigo todas as riquezas. Para conquistar completamente o rei do sul, ele tentará fazer uma aliança com ele; dará a sua filha em casamento ao rei do sul. Ela será uma espiã para seu pai, mas o plano não vai dar resultado. Depois disso, esse rei atacará as cidades do litoral e conquistará muitas delas. Mas um certo comandante vai derrotá-lo numa batalha, fazendo seu exército se retirar envergonhado. Durante a volta para as fortalezas da sua terra, esse rei tropeçará e cairá, e assim desaparecerá. “O rei que virá depois dele será lembrado como o rei que mandou um cobrador de impostos para enriquecer a sua terra. O seu reinado será curto, e ele morrerá misteriosamente, mas não na guerra ou no conflito. “O rei que virá a seguir será um homem muito mau, a quem o reino não pertencerá por direito de família. Ele se tornará rei fazendo intrigas, em pleno tempo de paz. Ao se tornar rei, vai eliminar todos os seus inimigos, inclusive o príncipe da aliança. As promessas desse rei não valerão coisa alguma! Sua maneira de conseguir realizar a sua vontade será a mentira. Mesmo tendo poucos seguidores, ele se tornará um rei muito poderoso. Ele invadirá as terras mais ricas sem aviso e fará algo que nunca tinha sido feito antes: vai dividir as terras dos ricos com o povo. Conseguirá conquistar muitas fortalezas poderosas, mas isso durará pouco tempo. Depois disso, com coragem, formará um grande exército para atacar o rei do sul. Por seu lado, o rei do sul também vai formar grandes tropas para a luta, mas, apesar disso, os planos secretos do rei do norte darão resultado. Espiões do rei do norte que viviam no próprio palácio do rei do sul causarão a derrota do rei do sul; o seu exército vai perder muitos soldados, entre mortos, feridos e os que fugirão do combate. Quando estiverem reunidos para tratar da paz, esses dois reis farão planos para enganar um ao outro, mas sem resultado, pois o fim só virá no tempo determinado. O rei do norte voltará para a sua terra carregado de riquezas. Planejará acabar com a santa aliança e fará grandes estragos, matando e destruindo. Depois voltará para a sua terra. “Depois, no tempo determinado, o rei do norte voltará a atacar o sul. Dessa vez, porém, a história vai ser diferente. Aparecerão alguns navios de guerra vindos da costa ocidental. Ele ficará com medo e voltará para sua terra. Furioso por ter sido obrigado a fugir da batalha, o rei do norte atacará novamente a santa aliança, fazendo o que quiser. Desta vez ele tratará com bondade aqueles que abandonaram a santa aliança. “Suas forças se levantarão para desrespeitar a fortaleza e o templo, acabando com os sacrifícios diários, e estabelecerão um sacrilégio terrível. Ele prometerá muitas vantagens aos que violaram a santa aliança, e assim eles passarão a colaborar com o rei do norte. Apesar disso, as pessoas que conhecem o seu Deus serão corajosas e resistirão com firmeza! “Aqueles que compreenderem as verdades espirituais ensinarão muita gente naqueles dias. Mas estarão sempre correndo grande perigo! Muitos morrerão queimados; outros morrerão pela espada; alguns serão presos, capturados e saqueados. De vez em quando eles receberão ajuda, mesmo que pequena. Mas alguns desses amigos serão falsos, fingindo ajudar, mas querendo na verdade tirar proveito para si mesmos. Alguns desses homens que entendem melhor as coisas espirituais tropeçarão e cairão. Mas isso vai servir para deixá-los mais firmes, mais puros e limpos até chegar o fim de seus sofrimentos, no tempo determinado. “Esse rei fará o que bem entender, dizendo ser maior que todos os deuses, ofendendo terrivelmente o Deus dos deuses e aumentando o poder — até que chegue a sua hora. Isso porque os planos de Deus nunca podem ser mudados. Ele não terá o mínimo respeito pelos deuses de seus antepassados, nem pelo deus preferido das mulheres, nem dará importância a qualquer deus que apareça. Dirá que é maior que todos os deuses! O único deus que ele adorará será o deus da guerra — um deus que seus pais nunca adoraram — a este ele oferecerá grandes riquezas! Dizendo que é protegido por esse deus, ele conseguirá grandes vitórias contra os seus inimigos. Aos que obedecerem às suas ordens ele dará posições importantes no seu reino e grandes áreas de terra, mas por um preço elevado! “Quando o fim da história estiver chegando, o rei do sul se envolverá no combate. Além disso, o rei do norte também lutará contra ele, com um grande exército e muitos navios, invadindo e destruindo muitos países como uma inundação. Também invadirá a terra magnífica. Somente Moabe, Edom e parte da terra de Amom escaparão a essa invasão. O Egito e muitos outros países serão conquistados. O mau rei tomará para si todos os tesouros do Egito; a Líbia e a Etiópia obedecerão às suas ordens. Mas do leste e do norte virão más notícias que deixarão o mau rei muito preocupado. Cheio de ódio, ele sairá com o seu exército determinado a matar muitas pessoas. Montará o seu quartel-general entre o mar e o belo monte, mas a sua hora chegará. Ele será destruído, e ninguém poderá socorrê-lo”. “Nessa época, Miguel, o grande príncipe que protege o povo de Deus, se levantará para defender o seu povo. E haverá aqui na terra um tempo de terrível sofrimento como nunca houve até então. Mas todos os que tiverem seu nome inscrito no Livro serão salvos quando o sofrimento acabar. E muitas pessoas cujos corpos estão enterrados ressuscitarão. Alguns receberão a vida eterna; alguns receberão castigo para a vergonha eterna. Então os sábios brilharão como o sol, e os que levaram outras pessoas a obedecer a Deus brilharão para sempre como as estrelas. Mas você, Daniel, guarde segredo sobre essa profecia. Deixe-a selada para que ela só seja entendida perto do fim dos tempos, quando haverá grande busca de conhecimento por todo o mundo!” Então eu, Daniel, olhei e vi dois homens, um em cada margem do rio. E um desses dois perguntou ao que estava vestido de roupas de linho e se achava sobre as águas do rio: “Quanto tempo vai passar até essas coisas extraordinárias acontecerem?” O homem vestido de linho, que estava acima das águas do rio, respondeu, levantando as mãos para o céu e jurando por aquele que vive para sempre, que tudo isso aconteceria depois de o povo de Deus ter perdido o seu poder, por três anos e meio. Eu ouvi o que ele disse, mas não entendi o que ele queria dizer. Então perguntei: “Meu senhor, qual será o resultado de tudo isso?” Ele me respondeu: “Deixe isso comigo, Daniel. O que eu falei só vai ser entendido quando chegar o fim dos tempos. Muitos serão purificados por grandes sofrimentos e perseguições. Os perversos, entretanto, continuarão a fazer o mal e nunca entenderão esta profecia. Só os que querem mesmo aprender compreenderão o que ela significa. “A partir do dia em que os sacrifícios diários forem interrompidos e o sacrilégio terrível for colocado no templo para ser adorado haverá ainda mil duzentos e noventa dias. Felizes são as pessoas que esperam e alcançam o fim dos mil trezentos e trinta e cinco dias! “Você, Daniel, deve levar sua vida normalmente, até o fim. O dia do seu descanso vai chegar, e então, depois de muito tempo, você vai ressuscitar para receber o seu justo prêmio”. Aqui estão as mensagens que o Senhor deu a Oseias, filho de Beeri, durante os reinados de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá; e de Jeroboão, rei de Israel, filho de Joás. Esta é a primeira mensagem: O Senhor disse a Oseias: “Vá, e tome uma mulher adúltera, uma mulher que dará a você filhos de prostituta. Isso servirá para mostrar como o meu povo tem sido infiel a mim, cometendo adultério abertamente, por afastar-se do Senhor ”. Assim, Oseias se casou com Gômer, filha de Diblaim. Gômer ficou grávida e deu um filho a Oseias. O Senhor ordenou a Oseias: “Dê a esse menino o nome de Jezreel, porque no vale de Jezreel eu vou castigar a família do rei Jeú. Eu vou vingar os crimes de morte que ele cometeu. De fato, vou destruir Israel como nação. Naquele dia vou acabar com os exércitos de Israel no vale de Jezreel”. Algum tempo depois, Gômer teve outro filho, desta vez uma menina. E Deus disse a Oseias: “Essa menina vai se chamar Lo-Ruhamah — que na língua hebraica quer dizer ‘Não-Amada’ — porque não vou mais ter compaixão de Israel, para perdoar sua desobediência outra vez. Mas da tribo de Judá terei compaixão e a libertarei pessoalmente de seus inimigos, não pelo arco, pela espada ou por combate, nem por cavalos e cavaleiros, mas pelo Senhor, o seu Deus”. Depois que “Não Amada” parou de mamar, Gômer ficou grávida mais uma vez e deu à luz um filho. Então o Senhor ordenou: “Chame esse menino de Lo-Ami — que na língua de Oseias quer dizer ‘Não Meu Povo — porque Israel não é meu povo, e eu não sou o Deus de Israel”. “Apesar disso, virá o tempo em que Israel crescerá e se tornará uma grande nação. Haverá tantos israelitas que será impossível contá-los; serão como a areia na praia! Quando isso acontecer, em vez de dizer a eles: ‘Vocês não são meu povo’, direi: ‘Vocês são meus filhos, filhos do Deus vivo’. Nesse tempo, os povos de Judá e Israel se unirão e terão um só líder; os dois povos voltarão juntos do exílio. E que dia lindo será aquele — o dia em que Deus plantar o seu povo no solo fértil de sua terra mais uma vez”. “Você, Jezreel, troque os nomes de seu irmão e de sua irmã. Chame seu irmão de ‘Meu Povo’ e sua irmã de ‘Amada’! “Chame a atenção de sua mãe, porque ela se tornou mulher de outro homem. Eu já não sou mais o marido dela. Digam para ela parar com o seu adultério, que deixe de se entregar a outros homens. Se ela não fizer isso, vou deixá-la nua como no dia em que nasceu. Vou tirar tudo o que ela possui, vou deixá-la morrer de sede como se estivesse perdida num deserto, sem comida e sem água. Além disso, não vou favorecer os outros filhos que ela teve, como se fossem meus filhos, porque esses outros não são meus, são filhos de adultério. “A mãe dessas crianças cometeu adultério, traiu seu marido. O que ela fez foi uma vergonha. Ela disse: ‘Irei atrás de outros homens para me oferecer a eles em troca de comida, água, lã, linho, azeite e bebida.’ Por isso, vou bloquear seus caminhos com espinhos, de tal modo que ela não poderá encontrar o caminho. E quando ela sair atrás de seus amantes, não vai alcançá-los. Ela vai procurá-los, mas não encontrará seus amantes. Pensará então: ‘Bem que eu podia voltar para meu marido, como no início, porque eu estava muito melhor do que agora’. “Ela não compreende que tudo o que tem foi dado por mim. Fui eu que dei o trigo, o vinho, o azeite, quem a cobriu de ouro e prata que depois ela usou para adorar a Baal, seu ídolo! “Mas agora não vou dar a ela o meu trigo quando chegar o tempo da colheita e o meu vinho quando estiver pronto. Vou tirar dela as roupas que escondem a sua nudez. Vou deixar que ela fique nua, em público, para todos os seus amantes verem, e ninguém será capaz de livrá-la das minhas mãos. “Vou dar fim a todas as suas alegrias. Vou acabar com suas festas anuais, suas luas novas, seus dias de sábado e todas as outras festas. Destruirei as videiras e pomares que ela possui — presentes que ela diz ter recebido de seus amantes — e deixarei que se transformem em mato. Os animais selvagens comerão as frutas dessas árvores. “Vou castigá-la por causa do incenso que ela queimou como oferta a Baal, seu ídolo. Vou castigá-la pelas muitas vezes em que se enfeitou com suas joias e saiu atrás de seus amantes, deixando-me de lado. Eu, o Senhor, falei. “Apesar disso, voltarei a gostar dela. Eu a levarei ao deserto e falarei do meu grande amor por ela. Lá, eu lhe darei de volta as suas videiras e transformarei o vale da desgraça em uma porta de esperança. Ela corresponderá ao meu amor e cantará de alegria como nos velhos dias da sua juventude, quando foi tirada por mim do Egito. “Naquele dia, diz o Senhor, ela me chamará ‘Meu Marido’ em vez de ‘Meu Baal’. Nunca mais deixarei que ela diga o nome Baal; nunca mais ele será invocado; nunca mais! “Naquele dia, farei um acordo entre vocês e os animais selvagens, as aves do céu e com os animais que rastejam no chão. Os homens não terão medo dos animais, nem os animais terão medo do homem. Destruirei todas as armas e todas as guerras acabarão, para que todos possam viver em paz e segurança. Eu me casarei com você para sempre, e você será minha legítima esposa para sempre; nós seremos unidos por laços de justiça, de retidão, de amor e misericórdia. Eu me casarei com você com fidelidade e amor, e então você se dedicará a mim, o Senhor. “Naquele dia eu responderei”, diz o Senhor. “Responderei aos céus que pedem às nuvens para derramarem água sobre a terra em resposta aos pedidos desesperados de chuva. Assim, a terra poderá responder aos cereais, ao vinho e ao azeite que pedem umidade e orvalho. Então um grande coro cantará a uma só voz: ‘Deus Semeia!’ ‘É ele quem dá vida a tudo!’ “Naquele tempo, plantarei o meu povo na terra e os farei crescer para mim mesmo! Terei compaixão daquela que se chama ‘Não Amada’ e direi àquele que hoje é chamado ‘Não Meu Povo’: ‘Agora vocês são meu povo’. E ele responderá: ‘O Senhor é nosso Deus’ ”. Então o Senhor me deu uma ordem: “Vá procurar sua mulher e volte com ela para casa. Ame-a, embora ela goste de trair você com outros homens. Porque o Senhor ainda ama Israel, embora os israelitas se voltem para outros deuses e lhes ofereçam bolos de passas”. Assim, eu a comprei de volta por quinze moedas de prata e um barril e meio de cevada. E eu disse a ela: “Você vai ficar sozinha em casa por muitos dias. Não vai sair para se prostituir com outros homens. Vai me esperar, e eu também esperarei por você”. Isso mostrará como o povo de Israel ficará muito tempo sem um rei ou um príncipe, sem um altar, sem templo, sem sacerdotes e sem ídolos de família! Depois disso os israelitas voltarão ao Senhor seu Deus e ao Messias, seu Rei. Eles se aproximarão, tremendo, muito humildes, do Senhor e de suas bênçãos. Isso vai acontecer nos últimos dias. Ouçam a palavra do Senhor, israelitas. O Senhor tem uma acusação contra vocês que vivem nesta terra: “Não há fidelidade, nem amor, nem conhecimento de Deus nesta terra. Vocês todos juram falsamente, mentem, matam, roubam e cometem adultério. Em toda parte há violência, com um assassinato atrás do outro. “Por isso a sua terra não está produzindo nada. Ela está cheia de tristeza, e todos os animais que existem em Israel adoecem e morrem. O gado, os pássaros do céu e até mesmo os peixes estão morrendo. “Ninguém deve apontar para outra pessoa, tentando jogar sua própria culpa sobre ela! Você, sacerdote, é a você que estou acusando! Como castigo dos seus crimes, vocês, sacerdotes, tropeçarão em dia claro e à noite. Os falsos ‘profetas’ que vocês arranjaram tropeçarão também. E eu vou destruir Israel, a mãe de vocês. O meu povo é destruído porque não me conhece, e a culpa é de vocês, sacerdotes, porque se recusam a me conhecer. Por isso eu não os reconhecerei como sacerdotes; já que se esqueceram da lei do seu Deus, eu também ignorarei seus filhos. Quanto maior o número de sacerdotes, mais eles pecaram contra mim. Trocaram a glória de Deus pela vergonha dos ídolos. “Os sacerdotes vibram de alegria com os pecados do povo. Eles se alimentam com isso e estão sempre com fome, pedindo mais! E assim é: ‘Tal sacerdote, tal povo’ — os sacerdotes são perversos, e por isso o povo é perverso. Por isso, castigarei os sacerdotes e o povo por causa de sua maldade. Comerão bastante, mas sentirão fome. Ganharão muito dinheiro com a prostituição, mas não terão filhos porque abandonaram o Senhor e adoraram outros deuses. “O vinho, a prostituição e as orgias acabaram com o discernimento do meu povo. Eles pedem a um pedaço de pau que lhes ensine o que fazer, e fazem perguntas a uma coluna de madeira para saber o futuro. Como uma mulher que se torna prostituta, eles me abandonaram e se tornaram infiéis ao seu Deus. Fazem sacrifícios aos ídolos no alto dos montes de Israel; lá, eles queimam incenso, na sombra gostosa dos carvalhos, dos choupos e outras árvores. Lá as moças de Israel, as filhas e noivas dos israelitas, se tornam prostitutas e adúlteras. “E vocês acham que eu não devia castigar suas filhas por se prostituírem nem suas noras por adulterarem? Pois vocês, homens, estão fazendo a mesma coisa, pecando com prostitutas de rua e com as dos santuários. Tolos! O julgamento de vocês já está decretado, porque é um povo sem entendimento. “Mesmo que Israel adultere, você, Judá, não caia nesse mesmo pecado. Não se ajunte com esses que me adoram falsamente em Gilgal e em Betel. Sua adoração é fingida. Ó Judá, não seja como Israel, rebelde como uma bezerra indomável. Tão rebelde que não deixou o Senhor levá-lo a pastos verdes. Israel se entregou à adoração de ídolos; deixem-no só. “Os homens de Israel bebem muito, e, quando ficam bêbados, saem atrás das prostitutas. Eles amam a vergonha mais que a honra. Por isso, um forte vento os arrastará para longe de sua terra; e sentirão vergonha da sua idolatria”. “Ouçam isto, sacerdotes e líderes de Israel! Escutem, membros da família real! A sentença é contra vocês porque foram como uma armadilha em Mispá, armaram um rede sobre o monte Tabor, e cavaram um poço fundo para o povo cair, em Sitim. Mas não se esqueçam! Eu vou acertar contas com vocês. “Conheço seus pecados, Israel! Você me deixou, como uma prostituta abandona seu marido; você é totalmente depravado. As coisas que você faz não o deixam voltar a Deus; no fundo do coração de cada israelita existe um espírito de adultério, e por isso não reconhecem o Senhor. “O terrível orgulho é que testifica contra Israel no meu tribunal. O peso dos pecados que cometeu vai fazê-lo tropeçar, e Judá também acabará caindo. Então, trarão seus rebanhos para sacrificar a Deus, mas já será tarde demais. Eles não encontrarão o Senhor, porque ele se afastou deles, e por isso ficarão sozinhos e abandonados. Quebraram a aliança que tinham feito com o Senhor, gerando filhos que não eram dele. Por isso, de repente eles e toda a sua riqueza desaparecerão. “Toquem bem alto a trombeta para avisar o povo em Gibeá e em Ramá. Deem o grito de guerra em Bete-Áven. Estejam alertas, ó homens de Benjamim! Escute este aviso, Israel: Quando chegar o dia do seu castigo, você acabará em ruína. Entre as tribos de Israel eu anuncio o que acontecerá! “Os líderes de Judá são como os que mudam os marcos dos limites da sua terra! Por isso, a minha ira cairá sobre eles como uma tempestade de verão. Israel será esmagado e quebrado pelo meu castigo, porque está decidido a ir atrás de ídolos. Israel será destruído como a traça acaba com um pedaço de pano; farei apodrecer a força de Judá. “Quando Israel e Judá viram o quanto estavam doentes, Israel voltou-se para a Assíria, e mandou pedir ajuda ao grande rei da Assíria, mas ele não tem condições de curar vocês, nem pode sarar os seus tumores! “Partirei Israel e Judá em pedaços, como o leão rasga o animal que matou, e serão levados de sua terra, e espantarei todos os que quiserem ajudá-los. Serão abandonados, e voltarei ao meu lugar até que Israel e Judá reconheçam sua culpa e busquem a minha face. Eu sei que em sua aflição eles me procurarão. “Venham, vamos voltar ao Senhor. Foi ele quem nos feriu e vai nos curar. Ele nos feriu, mas sarará nossas feridas. Em dois ou três dias, no máximo, ele nos restaurará, e nos colocará em pé, para vivermos no seu amor! “Ah, precisamos muito conhecer o Senhor! Vamos nos esforçar para conhecê-lo, e ele nos responderá, tão certo quanto a manhã que vem depois da noite ou a chuva que chega com a primavera e rega a terra. “Ah, Israel e Judá! O que será que vou fazer com vocês? O seu amor se desmancha como a neblina da manhã e some depressa como o orvalho. Mandei meus profetas para avisar vocês do castigo. Condenei todos à morte com as palavras da minha boca, ameaçando de morte. O meu julgamento cairá sobre vocês, tão certo como o dia segue a noite. “Não quero sacrifícios: quero o seu amor. Não me interesso por suas ofertas; o que eu quero é que vocês me conheçam. “Mas, como aconteceu com Adão, vocês quebraram a aliança e foram infiéis a mim. Gileade é uma cidade cheia de pecadores, cheia de marcas de sangue. Os seus moradores são um bando de ladrões, que atacam suas vítimas à traição. Os sacerdotes formam bandos de assassinos na estrada de Siquém; além disso, praticam pecados vergonhosos. Sim, estou vendo uma coisa horrível: Israel está correndo atrás de outros ídolos e está totalmente corrompido. “Ah, Judá! Para você também há um julgamento terrível, já preparado — e eu queria tanto abençoá-lo!” “Gostaria de curar o povo de Israel, mas os seus pecados são grandes demais. É impossível uma pessoa viver em Samaria e não ver a sua maldade. Pois praticam o engano, ladrões roubam as casas e assaltam pessoas na rua! “Os moradores de Samaria nem sequer imaginam que eu os observo. As suas obras más os cercam, e eu os vejo constantemente. O rei se alegra com a maldade dos habitantes de seu país, e os príncipes riem das mentiras que eles contam. Todos são adúlteros, ardendo como o forno, cujo fogo o padeiro não precisa atiçar, desde quando amassa o pão até que esteja pronto para assar. “No dia da festa do rei, os príncipes o deixam bêbado; então o rei faz papel de tolo e bebe com os que zombam dele. Os corações dos príncipes são como um forno aceso, cheios de intriga. Seus planos são como brasas acesas enquanto dormem, e, quando acordam, já queimam como chama abrasadora! “Matam seus governantes sem piedade, um atrás do outro. Todos os reis caem, e ninguém me procura para pedir socorro! “O povo de Israel se mistura com os povos idólatras e adota seus maus costumes. Por isso, se tornam tão inúteis quanto um pão que não foi bem assado! “Começaram a adorar deuses estranhos, e isso acabou com suas forças, mas eles não sabem disso. O cabelo de Israel embranquece, mas ele nem sequer percebe como está fraco e velho! Seu orgulho em outros deuses condenou Israel abertamente. Apesar disso, ele não se volta para o Senhor, para o seu Deus, e não tenta procurá-lo. “Israel é como uma pomba tola, sem juízo, que pede ajuda ao Egito e voa na direção da Assíria. Mas eu jogarei sobre eles a minha rede e os farei descer como as aves do céu. Castigarei Israel por toda a maldade que praticou, conforme minha palavra pregada entre eles. “Pobre do meu povo, que me abandonou! Todos morrerão porque pecaram contra mim, porque se rebelaram contra mim. Eu queria perdoá-los, mas seus corações são tão duros que dizem mentiras a meu respeito! Perdem o sono e gemem de medo, mas não oram do fundo do coração pedindo ajuda. Em vez disso, adoram deuses estranhos, pedindo trigo e vinho. “Eu os ajudei e deixei todos bem fortes, mas de nada adiantou, pois se revoltaram contra mim. “Procuram ajuda em toda parte, porém não olham para o céu, para o Deus Altíssimo. São como um arco defeituoso que nunca acerta o alvo. Seus líderes serão mortos pela espada dos seus inimigos por causa das suas palavras insolentes. E lá no Egito, todos rirão deles!” “Toquem a trombeta! Os inimigos estão chegando! Como uma águia, os inimigos atacam o povo de Deus, porque eles quebraram a aliança que fizeram comigo e desobedeceram às minhas leis. “Agora Israel clama a mim, pedindo socorro: ‘Ajude-nos, pois o Senhor é o nosso Deus!’ Mas já é tarde demais! Israel, cheio de orgulho, desperdiçou suas oportunidades, e agora seus inimigos o perseguirão. Os israelitas escolheram reis e príncipes sem a minha ordem. Com as próprias mãos fizeram imagens de ouro e de prata e as adoraram; por isso, não merecem a minha ajuda. “Ó Samaria, lance fora esse bezerro — esse ídolo que você criou! A minha ira se acende contra você. Quanto tempo vai passar até aparecer um homem puro entre os seus habitantes? O bezerro vem de Israel. Este bezerro que vocês adoram foi feito por homens comuns. Esse bezerro não é Deus! Por isso, ele vai ser despedaçado! “Os israelitas semeiam vento e colhem tempestade! Não vai haver colheita. As espigas murcharão e morrerão, sem dar o alimento; se produzirem alguma coisa, os estrangeiros o devorarão! “Israel está destruído. Seus pedaços estão espalhados entre as nações, como um vaso quebrado. Israel é como um jumento selvagem que anda perdido pelas montanhas. Eles foram pedir ajuda para a Assíria e se venderam para os seus amantes. “Embora tenham se vendido às nações, agora os ajuntarei. Mas eu vou castigar os israelitas e levá-los para o exílio, onde, por algum tempo, sofrerão opressão de um poderoso rei. “O povo de Israel construiu muitos altares, mas não são altares para me adorar! São altares do pecado! Mesmo que eu desse aos israelitas milhares de leis, eles diriam: ‘Isso não é para nós! As leis são para outras nações.’ Israel ama fazer os rituais dos sacrifícios e comer carne, mas o Senhor não se agrada deles! Por isso, vou pedir conta dos pecados que eles cometem e vou castigá-los: eles voltarão ao Egito. “Israel construiu grandes palácios. Judá construiu fortalezas para defender suas cidades. Mas eles se esqueceram do seu Criador! Por isso vou mandar fogo contra os palácios e incendiar as fortalezas”. Israel, não se alegre como fazem os outros povos, porque você se prostitui, abandonando o seu Deus; você ama o salário da prostituição em cada local onde o trigo é malhado. Por isso, suas colheitas serão pequenas e as uvas morrerão no pé. Vocês já não podem mais ficar nesta terra do Senhor. Serão levados embora, para o Egito e a Assíria, e lá vão comer comida impura! Longe de casa, não poderão mais derramar o vinho como oferta ao Senhor. Nenhum sacrifício realizado nesses lugares pode agradar a Deus. Será contaminado, como comida de pranteadores. Qualquer pessoa que comer desses sacrifícios ficará contaminada. Podem usar essa comida como alimento, mas não entrará no templo do Senhor. Então, o que vão fazer nos dias santos, nas festas dedicadas ao Senhor? Vão fugir para não serem destruídos. Quem vai herdar as terras e casas que vocês vão deixar para trás? — Os egípcios! Eles vão recolher os israelitas mortos, e os habitantes de Mênfis enterrarão os cadáveres. Espinhos e urtigas cobrirão os seus preciosos objetos de valor, e o mato cobrirá as suas casas. Chegou o tempo do castigo de Israel. Está bem perto a hora de os israelitas receberem o que merecem, e que o povo de Israel fique sabendo disso! Mas vocês dizem: “Os profetas estão loucos”; “Os homens inspirados por Deus são uns doidos”. É assim que vocês zombam, porque a nação está carregada de pecado e odeia aqueles que amam a Deus. Escolhi profetas para orientar o meu povo, mas o povo rejeitou meus mensageiros e anunciou abertamente o seu ódio, até mesmo no templo do Senhor. O meu povo faz hoje as mesmas coisas depravadas que faziam nos dias de Gibeá. O Senhor não esquece, e com certeza vai castigar Israel pelos seus pecados. “Ah, Israel! Eu me lembro tão bem daqueles primeiros dias, quando os guiei pelo deserto; foi como encontrar uvas no deserto! O seu amor era delicioso, como os primeiros figos que nascem no verão! Mas você logo me abandonou por causa de Baal-Peor, e entregou-se a outros deuses! Logo vocês se tornaram tão repugnantes e inúteis quanto eles. A glória de Israel fugirá como uma ave: não haverá nascimento; as mulheres não ficarão grávidas e não darão à luz! E se os filhos crescerem, eu os tirarei de vocês. Todos eles estão condenados. Vai ser um dia muito triste aquele, quando eu der as costas a Israel e o deixar sozinho, abandonado. Eu vi Israel como se fosse a cidade de Tiro, plantado num lugar agradável; mas Israel levará os seus filhos para o massacre!” Ó Senhor, que devo pedir para o seu povo? Pedirei que o Senhor dê a Israel mulheres que não podem ter filhos, nem amamentar. “Toda a maldade do povo de Israel começou em Gilgal; foi ali que minha ira contra eles começou. Eu os expulsarei da minha terra, por causa da idolatria. Eu não os amarei mais porque todos os líderes de Israel são rebeldes. Israel foi ferido. As raízes de Israel secaram; não darão mais fruto. Mesmo que dê à luz, matarei seus filhos queridos”. O meu Deus rejeitará o seu povo, porque não ouve nem obedece. Eles andarão sem rumo e sem pátria, peregrinando entre as nações. “Israel é como uma videira de uvas, bem carregada! Mas quanto mais produzia, mais altares idólatras construía. Quanto mais ricas as suas colheitas, mais enfeitava suas estátuas e imagens. Os israelitas são falsos de coração. São culpados e, por isso, devem ser castigados. Deus quebrará os seus altares e destruirá os seus ídolos. Então eles dirão: ‘Nós deixamos o Senhor de lado, e ele nos tirou o rei. E daí? O rei não faz falta mesmo!’ “Eles fazem promessas que nem pensam em cumprir. Por isso, o castigo vai se espalhar entre eles como o mato bravo cresce num campo arado. Os habitantes de Samaria tremem de medo de que o seu bezerro de ouro de Bete-Áven seja destruído. Os sacerdotes idólatras e o povo prantearão porque a glória do seu deus foi tirada deles e levada para o exílio. Esse ídolo — esse deus-bezerro — será arrastado junto com os israelitas para a escravidão na Assíria, como um presente para o grande rei daquela nação. Todos vão zombar de Israel, porque confiou nesse ídolo de madeira. Israel sofrerá muita vergonha! Quanto a Samaria, o seu rei vai desaparecer como uma lasca de madeira perdida no oceano. Os altares dos ídolos de Áven, em Betel, onde Israel pecou, cairão. À sua volta vão crescer urtigas e espinheiros, e os homens vão gritar para as montanhas: ‘Caiam em cima de nós!’, ‘Esmaguem-nos!’ “Ó Israel, desde aquela noite pavorosa em Gibeá, a única coisa que vocês fizeram foi pecar, pecar, pecar! Vocês não melhoraram nem um pouquinho! Não foi com razão que os homens de Gibeá foram todos mortos? Eu também vou castigá-los por sua desobediência. Vou reunir os exércitos de muitas nações para castigá-los pelos pecados que foram acumulados durante todos esses anos. “Israel estava acostumado a amassar os grãos de trigo, como uma bezerra treinada. Eu nunca pus uma canga pesada no seu pescoço. Tive pena dele. Mas agora, agora vou atrelar Israel e Judá ao arado! Acabaram-se os dias de vida boa! “Plantem as boas sementes da justiça e colherão o meu amor. Passem arado no chão duro de seus corações. Porque chegou o dia de buscar o Senhor, para que ele venha e faça chover a justiça sobre vocês. “Mas vocês plantaram a maldade e acabaram colhendo só pecado. Receberam o preço justo por acreditar numa mentira — pensar que forças militares e muitos soldados podem dar tranquilidade a um país. “Portanto, os horrores e o medo da guerra surgirão no meio do povo de Israel, e todas as fortalezas do país serão derrubadas. Como aconteceu em Bete-Arbel, que Salmã destruiu. Lá, até mulheres e crianças foram partidas em pedaços. Este será, também, ó Betel, o seu destino, por causa de sua grande maldade. Em apenas uma manhã, o rei de Israel será completamente destruído”. “Quando Israel era uma criança, eu o amei como meu filho e do Egito chamei o meu filho. Mas quanto mais os chamava, mais rebeldes eles se tornavam. Ofereciam sacrifícios a Baal e queimavam incenso aos ídolos. Ensinei Israel a andar, como a mãe ensina seu filhinho. Segurei-os em meus braços, mas eles não perceberam que fui eu quem os curou. Com laços de amor e bondade, eu os trouxe para perto de mim; eu os segurei nos meus braços; tirei o jugo do seu pescoço e eu mesmo me abaixei e lhes dei comida. “O meu povo não voltará ao Egito, mas será escravo em outro país, a Assíria, porque não quer se converter e voltar para mim. “A guerra varrerá as cidades de Israel. Os inimigos arrombarão os portões das cidades e prenderão os israelitas nas fortalezas onde vão se esconder. O meu povo está decidido a me abandonar, e por isso eu o condenei à escravidão; ninguém será capaz de livrar Israel. “Ah, Israel, como é que vou abandoná-lo! Nunca seria capaz de fazer isto! Nunca poderia fazer com você o que fiz com Admá e Zeboim! O meu coração grita dentro de mim! Ah, como gostaria de ajudá-lo! Não, não vou castigar os israelitas conforme a minha forte ira exige. Esta é a última vez que vou destruir Israel. Eu sou Deus e não um simples homem. Eu sou o Santo que vive entre vocês. Eu não vim para destruir. “Pois o povo vai seguir ao Senhor. Rugirei como um leão para espantar os inimigos de Israel, e o meu povo, tremendo, voltará do ocidente. Como um bando de pássaros, eles virão do Egito e voando como pombas virão da Assíria. Eu os trarei de volta para seus lares”. Palavra do Senhor! Israel me cercou com mentiras e falsidades, e Judá é rebelde contra Deus, contra o Santo fiel. Israel está correndo atrás do vento, está alimentando um redemoinho. Os israelitas estão brincando com fogo! Eles mandam azeite de presente ao Egito e fazem tratados com a Assíria para conseguir ajuda. Mas o Senhor também tem uma acusação contra Judá. Judá também será castigada com justiça por causa de seus maus caminhos. Quando Jacó nasceu, lutou com seu irmão. Quando já era homem feito, chegou a lutar com Deus. Sim, lutou com o Anjo e levou vantagem. Chorou e implorou uma bênção para si. Ele se encontrou com Deus, frente a frente, em Betel. Lá Deus falou a Jacó. Sim, o próprio Senhor, o Deus dos Exércitos, o Senhor é o seu nome. Oh, voltem-se para o seu Deus! Pratiquem os princípios da lealdade e da justiça e confiem sempre em Deus! Mas isso não acontece. O meu povo se parece com os descendentes de Canaã, comerciantes desonestos, que usam balanças falsas. Eles amam o roubo e a mentira. Israel, cheio de si, afirma: “Sou muito rico! E consegui tudo isso sozinho!” E ninguém pode nos acusar de termos ajuntado a nossa riqueza por meio de crime ou pecado. “Eu sou o mesmo Senhor, o seu Deus, que tirou os israelitas do Egito. Vou fazer vocês morarem em cabanas novamente, como faziam quando eu me encontrei com vocês no deserto. Mandei os meus profetas para avisá-los com muitas visões, sonhos e parábolas”. Apesar disso, os pecados de Gilgal continuam crescendo. Filas e filas de altares, como valetas num campo pronto para a plantação, onde fazem sacrifícios aos seus deuses. E Gileade também está cheia de gente que não vale nada, que vive adorando ídolos. Jacó fugiu para a Síria e lá trabalhou para obter sua esposa, tomando conta de ovelhas. Depois disso, o Senhor tirou o seu povo do Egito por meio de um profeta, que guiou e protegeu Israel. Mas Israel provocou terrivelmente a ira do Senhor. Por isso, ele fará com que paguem pelos crimes que cometeram e os castigará por causa dos seus pecados. Já houve tempo em que Efraim falava, e as nações tremiam de medo. Ele era exaltado em Israel. Mas o povo começou a adorar Baal e provocou a sua própria destruição. Agora, eles me desobedecem cada vez mais. Derretem sua prata para fazer ídolos, com muita arte e perfeição. Dizem desse povo: “Eles oferecem sacrifício humano e beijam os ídolos feitos em forma de bezerro”. Por isso, eles desaparecerão como a neblina da manhã, como o orvalho que logo seca, como a palha que o vento leva, como a fumaça que sai de uma chaminé. “Eu sou o Senhor, o seu Deus, desde que vocês foram tirados por mim da terra do Egito. Vocês não têm outro Deus além de mim, porque não existe outro Salvador. Eu tomei conta de vocês no deserto, naquela terra seca, sem vida. Mas quando vocês receberam a boa terra, comeram e ficaram satisfeitos, então se tornaram orgulhosos e me esqueceram! Por isso, avançarei sobre vocês como um leão; como um leopardo que se esconde e ataca de surpresa. Eu os rasgarei em pedaços, como faz uma ursa cujos filhotes foram roubados. Vou devorá-los como um leão. Vocês serão comidos por feras. “Oh, Israel! Vocês produziram a sua própria desgraça! Só eu poderia salvá-los! E agora? Onde está o seu rei? Por que não pedem ajuda a ele? Onde estão as autoridades do país? Vocês pediram um rei e príncipes! Agora, eles que tratem de salvá-los! Eu lhes dei reis na minha ira e os tirei no meu furor. Os pecados de Israel foram anotados; as suas maldades foram guardadas para o dia do castigo. “Um novo nascimento foi oferecido a Israel, mas ele é como uma criança que se recusa a nascer. Como ele é teimoso, como é insensato! “Será que eu os resgatarei do poder da sepultura? Pagarei um preço para livrá-lo da morte? Ó morte, onde estão as suas pragas? Onde está, ó morte, a sua destruição? Eu não terei mais compaixão deste povo! “Israel foi chamado o mais rico dos filhos de Jacó, mas o vento leste — que o Senhor mandou do deserto — vai soprar sobre ele, e sua fonte falhará e seu poço secará! Todas as riquezas serão saqueadas e levadas embora. O povo de Samaria vai carregar sua culpa porque se revoltou contra Deus. Seus habitantes serão mortos pelos soldados invasores. As criancinhas serão jogadas violentamente ao chão, e as mulheres grávidas serão abertas ao meio pelas espadas”. Israel, Israel, volte para o Senhor, o seu Deus, pois por causa dos seus pecados você ficou nessa situação terrível! Faça seus pedidos! Diga ao Senhor: “Ó Senhor, perdoe os nossos pecados e por sua misericórdia receba nossos novos sacrifícios, o louvor dos nossos lábios! A Assíria não pode nos salvar, e a cavalaria não pode nos salvar! Nunca mais chamaremos de “nossos deuses” àquilo que as nossas próprias mãos fizeram, porque somente no Senhor os órfãos encontram socorro e amor!” “Quando Israel fizer isso, eu o curarei de sua infidelidade. Nada poderá deter o meu amor por eles, e a minha ira desaparecerá para sempre! Eu cairei sobre Israel como o orvalho cai sobre as flores. Israel crescerá como o lírio, e as suas raízes serão profundas como as dos cedros que crescem no Líbano! Seus brotos se espalharão, belos como oliveiras, perfumados como as florestas do Líbano. O povo de Israel voltará de longe, do exílio, e todos descansarão à minha sombra. Serão como campo de trigo, crescerão como uma plantação de uvas, e a fama de Israel será como o vinho do Líbano. “Ó Efraim, fuja dos ídolos! Eu sou vivo e forte! Vou tomar conta de você. Eu sou como uma árvore que nunca perde suas folhas, e darei a você o meu fruto durante o ano todo. A minha misericórdia nunca falha”. Quem for sábio, deve entender essas coisas. Quem tem discernimento, ouça com atenção. Pois os caminhos do Senhor são verdadeiros e justos, e os justos andarão neles, mas os pecadores tropeçarão. O Senhor enviou esta mensagem a Joel, filho de Petuel: Escutem bem, anciãos! Ouça todo o povo! Já aconteceu alguma coisa assim nos seus dias ou nos dias dos seus antepassados? Contem isso a seus filhos; que eles contem a seus filhos e que estes falem sobre isso às gerações seguintes. Depois que o gafanhoto cortador deixou de devorar suas plantações, o gafanhoto migrador veio e comeu o que sobrou. Depois dele veio o gafanhoto saltador e comeu o que o gafanhoto migrador deixou, e finalmente o gafanhoto devorador comeu o que foi deixado pelo gafanhoto saltador. Bêbados, acordem e chorem! Pois todas as uvas foram destruídas e o vinho novo foi tirado de seus lábios. Um grande exército invadiu a minha terra. É um exército poderoso que não se pode contar, e seus dentes são tão afiados como os dos leões, e suas presas são como de uma leoa! Eles acabaram com as minhas vinhas e arruinaram as minhas figueiras. Arrancaram a casca das figueiras, deixando brancos o tronco e os galhos. Chorem de tristeza e fiquem de luto, como a jovem que chora a morte do seu noivo antes do casamento. As ofertas de cereais e de vinho que antes eram levadas ao templo do Senhor foram cortadas; os sacerdotes, servos do Senhor, estão de luto. Os campos estão vazios de colheitas. Em toda parte a terra pranteia. O cereal está destruído, o vinho novo e o azeite acabaram. Vocês, agricultores, têm toda a razão para estarem abalados e desesperados; e vocês, que plantam uvas, têm toda razão para chorar. Chorem pelo trigo e pela cevada também, porque toda a colheita foi destruída. A videira está seca; a figueira também secou; a tâmara e a romeira estão murchando; a macieira e todas as árvores do campo secaram, e por isso toda a alegria murchou no coração dos homens. Sacerdotes, vistam-se de pano de saco! Ministros do meu Deus, ajoelhem-se, chorem, a noite toda, em frente do altar! Pois não haverá mais ofertas de cereais e de vinho no templo do seu Deus. Convoquem um jejum; anunciem que vai haver uma reunião solene. Reúnam os mais velhos, todo o povo no templo do Senhor, o seu Deus, e ali orem e clamem ao Senhor. Ah! Está chegando o dia do Senhor e o castigo está próximo. A destruição que vem do Deus Todo-poderoso está bem próxima! Nossa comida vai desaparecer da nossa frente: toda alegria e satisfação acabarão no templo do nosso Deus. As sementes apodrecem no solo; os celeiros e depósitos estão em ruínas; os cereais secaram nos campos. O gado muge de fome; os rebanhos andam inquietos, pois não há pasto para eles; até os rebanhos de ovelhas estão morrendo. Senhor, ajude-nos! O fogo destruiu os pastos e queimou todas as árvores do campo. Até mesmo os animais selvagens gritam pedindo a sua ajuda porque para eles também não há água. Os córregos secaram e os pastos estão completamente queimados e secos. Toquem a trombeta em Sião! Que o grito de alerta seja ouvido no meu santo monte! Que todos tremam de medo porque o dia do julgamento do Senhor está chegando. Ele está próximo! É um dia de escuridão e de sombras, de nuvens negras e trevas profundas. Que exército enorme! Ele cobre as montanhas como a luz da aurora! Como é grande e poderoso esse exército! Nunca se viu nada parecido e jamais se verá algo semelhante nas gerações futuras! À frente deles e à sua volta, marcha o fogo! Antes de eles passarem, a terra parece o jardim do Éden em toda a sua beleza; depois que eles passam, parece um deserto arrasado. Eles destroem tudo: nada escapa. Eles se parecem com cavalos e são igualmente velozes. Olhem para eles, saltando pelos picos das montanhas! Ouçam o barulho que fazem, semelhante ao dos carros de guerra, ou ao som do fogo queimando um campo, ou também a um grande exército entrando em formação de combate. O medo toma conta dos povos que esperam; seus rostos ficam pálidos de pavor. Eles atacam como uma divisão de infantaria; escalam as muralhas das cidades como soldados escolhidos e bem treinados. Marcham sempre em frente, sem desviar-se do curso. Eles não se atropelam. Cada um fica no seu próprio lugar e não há arma que possa detê-los. Lançam-se de repente sobre a cidade, sobem pelas paredes e invadem as casas, entrando pelas janelas, como ladrões. Com o seu avanço, a terra treme e os céus são sacudidos. O sol e a lua escurecem e as estrelas deixam de brilhar. O Senhor comanda esse exército com um grito. Este é o seu poderoso exército, e todos obedecem às suas ordens. O dia do julgamento do Senhor é uma coisa espantosa, terrível. Quem poderá suportá-lo? “Mas agora”, diz o Senhor, “voltem-se para mim, enquanto ainda há tempo. Entreguem-se a mim de todo o coração, com jejum, lamento e choro”. Rasguem os seus corações e não apenas as suas roupas. Voltem para o Senhor, o seu Deus, pois ele é misericordioso e compassivo. Ele é paciente e cheio de amor e está sempre pronto a arrepender-se e não castigar. Quem sabe? Talvez ele ainda mude de ideia e resolva abençoá-los, dando boas colheitas a vocês. Assim será possível oferecerem ao Senhor, o seu Deus, ofertas de cereais e ofertas de vinho! “Toquem a trombeta em Sião! Convoquem um jejum santo e reúnam todo o povo para uma reunião solene. Que venham todos: reúnam os anciãos, as crianças e até mesmo os que mamam no peito. O noivo e a noiva devem deixar seus aposentos particulares. Que os sacerdotes, que ministram perante o Senhor, fiquem entre o pórtico do templo e o altar, chorando, e façam a seguinte oração: “ Senhor, poupe o seu povo; não deixe que as nações pagãs o dominem, porque ele pertence ao Senhor. Não deixe que a sua herança seja objeto de zombaria e humilhação entre os povos pagãos, para que não digam: ‘Onde está o Deus deles?’ ” Então, o Senhor terá misericórdia do seu povo e, pela honra de sua terra, mostrará o seu zelo! O Senhor respondeu ao seu povo: “Vejam, eu vou dar a vocês cereais, vinho novo e azeite suficientes para acabar com suas necessidades. Vocês nunca mais serão motivo de zombaria entre os povos. Eu removerei esses exércitos que vêm do norte e os lançarei longe de vocês. Vou jogá-los em uma terra seca e deserta, e lá eles morrerão. Metade das tropas será levada para o mar Morto e a outra metade para o mar Mediterrâneo e o cheiro dos corpos apodrecidos encherá a terra”. O Senhor tem feito grandes coisas em favor de vocês! “Não tema, meu povo; alegrem-se todos, alegrem-se muito porque o Senhor tem feito grandes coisas por vocês. “Não tenham medo, animais do campo, pois os pastos voltarão a ficar verdes. As árvores darão os seus frutos; as figueiras e videiras florescerão mais uma vez. “Alegre-se, ó povo de Sião, alegre-se no Senhor, o seu Deus! Pois as chuvas que ele manda são provas da sua justiça. As chuvas do outono e da primavera voltarão a cair como antes. As eiras ficarão cheias de trigo novamente e os tanques de espremer se encherão de vinho novo e de azeite. Eu devolverei a vocês as colheitas devoradas pelos gafanhotos, o grande exército dos migradores, dos saltadores e dos cortadores que eu enviei contra vocês. Mais uma vez vocês terão comida até ficarem satisfeitos. “Louvem ao Senhor, o seu Deus, que fez milagres a favor de vocês. O meu povo jamais sofrerá outra vergonha semelhante. Assim, vocês saberão que eu estou no meio do meu povo Israel. Eu sou o Senhor, o seu Deus. Não existe outro Deus. O meu povo jamais sofrerá outra vergonha semelhante. “E, depois disso, eu derramarei o meu Espírito sobre todos os povos! Seus filhos e filhas profetizarão. Os velhos terão sonhos e os jovens terão visões. Naqueles dias derramarei o meu Espírito até sobre os meus servos e minhas servas, e colocarei sinais estranhos na terra e no céu: sangue, fogo e colunas de fumaça. “O sol vai escurecer, e a lua vai ficar vermelha como sangue, antes de chegar o grande e terrível dia do Senhor. “Todo aquele que pedir socorro ao nome do Senhor será salvo. Até mesmo no monte Sião e em Jerusalém alguns escaparão, assim como o Senhor prometeu. Aqueles que o Senhor escolheu serão salvos. “Naquele tempo, quando eu devolver a Judá e Jerusalém sua antiga prosperidade, diz o Senhor, ajuntarei os exércitos do mundo no “Vale Onde o Senhor Julga” e castigarei os povos por maltratarem o meu povo, por terem espalhado a minha herança entre as nações e por terem repartido a minha terra. “Eles dividiram meu povo como se fossem seus escravos: trocaram um rapaz por uma prostituta, e uma menina por vinho suficiente para se embriagarem. Tiro e Sidom, nem tentem interferir! E vocês, cidades da Filístia, estão pensando em se vingar de mim? Cuidado porque eu também estou pronto a contra-atacar e me vingar de vocês! Vocês carregaram a minha prata e o meu ouro, todos os meus preciosos tesouros, e os puseram em seus templos. Vocês venderam o povo de Judá e o de Jerusalém aos gregos, que os levaram para longe de sua terra natal. Mas eu os trarei de volta de todos aqueles lugares para os quais vocês os venderam e farei com vocês o que vocês fizeram com eles: venderei seus filhos e filhas ao povo de Judá, e ele os venderá aos sabeus, uma nação muito distante. Assim diz o Senhor. Anunciem isso em toda parte: Preparem-se para a guerra! Convoquem seus melhores soldados! Ajuntem todos os seus exércitos. Aproximem-se e ataquem. Derretam os seus arados, façam deles espadas, e transformem suas foices em lanças. Que até os fracos digam: “Eu sou forte!” Ajuntem-se e venham, nações de todo o mundo! E agora, ó Senhor, envie os seus guerreiros! “Despertem, ó nações; que venham ao vale de Josafá, porque ali me assentarei para julgar todas as nações vizinhas. A foice deve cumprir sua tarefa; a colheita está madura. Venham, pisem o tanque de espremer uvas, pois ele está cheio até às bordas com a perversidade dessas nações!” Multidões, multidões esperando no vale pela sua sentença no julgamento! O dia do Senhor está perto, no vale do Julgamento. O Sol e a Lua escurecerão, e as estrelas não brilharão mais. O Senhor rugirá de Sião e de Jerusalém levantará a sua voz, e a terra e o céu começarão a tremer. Mas o Senhor é um refúgio para o seu povo e uma força para Israel. “Então vocês saberão que eu sou o Senhor, o seu Deus, em Sião, meu monte santo. Jerusalém será minha para sempre; virá o tempo em que nenhum exército estrangeiro a conquistará. Um vinho doce escorrerá das montanhas, e o leite vai correr dos morros. A água correrá nos leitos secos dos rios de Judá. Uma fonte nascerá no templo do Senhor para regar o vale das Acácias. O Egito será destruído, e Edom se tornará um deserto desolado, por causa da violência contra o povo de Judá, pois derramaram sangue inocente. Judá, porém, prosperará para sempre, e Jerusalém, por todas as gerações. “Eu vingarei o sangue do meu povo; não me esquecerei da culpa dos que os maltrataram, pois Jerusalém é o meu lar, junto com o meu povo”. Amós era um pastor que vivia na vila de Tecoa, onde cuidava dos seus rebanhos. Certo dia, numa visão, Deus mostrou a ele algumas das coisas que iriam acontecer à sua nação, Israel. Isso aconteceu quando Uzias era rei de Judá e Jeroboão, filho de Joás, era rei de Israel, dois anos antes de acontecer o terremoto. Aqui está o registro do que Amós viu e ouviu: “O Senhor ruge de Sião. E, de Jerusalém, fala alto, e a sua voz parece um trovão. Os pastos verdes do monte Carmelo ficaram murchos e secos. Assim diz o Senhor: “O povo de Damasco peca sem parar. Por isso, não deixarei que fiquem sem castigo por mais tempo. Eles feriram o meu povo em Gileade com trilhos de ferro. Por isso, porei fogo no palácio do rei Hazael, e as chamas destruirão as fortalezas de Ben-Hadade. Arrancarei as barras de ferro que trancavam os portões de Damasco e matarei seus habitantes até as planícies de Áven. O povo da Síria voltará a Quir como escravo”, diz o Senhor. Assim diz o Senhor: “Gaza peca sem parar. Por isso, não a deixarei sem castigo por mais tempo. Ela enviou meu povo para longe, vendendo-o como escravo a Edom. Portanto, incendiarei os muros de Gaza e todas as suas fortalezas serão destruídas. Matarei os habitantes de Asdode, destruirei Ecrom e o rei de Ascalom; até que morra o último filisteu”, diz o Soberano, o Senhor. Assim diz Senhor: “O povo de Tiro peca sem parar. Não deixarei que fiquem sem castigo por mais tempo. Eles não se lembraram do tratado de amizade; e venderam meu povo como escravos a Edom. Por isso, queimarei as muralhas de Tiro e incendiarei completamente todas as suas fortalezas”. Assim diz o Senhor: “O povo de Edom peca sem parar. Eu não o deixarei sem castigo por mais tempo. Ele perseguiu a seu irmão, com a espada na mão; e reprimiu-o sem misericórdia, atacando-o furiosamente; sua ira permanece para sempre. Por isso, porei fogo em Temã e esse fogo se estenderá até queimar as fortalezas de Bozra”. Assim diz o Senhor: “Os moradores de Amom pecam sem parar. Não os deixarei sem castigo por mais tempo porque, em suas guerras contra Gileade, para aumentar seu território, eles fizeram muitas crueldades, matando à espada mulheres grávidas e seus futuros filhos. Por causa disso, incendiarei as muralhas de Rabá e queimarei as suas fortalezas. Haverá gritos furiosos de combate, como o barulho do vento da tempestade. O rei e os príncipes de Amom irão juntos para o exílio”, diz o Senhor. Assim diz o Senhor: “Os habitantes de Moabe pecam sem parar. Não os deixarei sem castigo por mais tempo porque queimaram os ossos do rei de Edom, até reduzi-los a cinzas. Por isso, mandarei fogo contra Moabe, que destruirá as fortalezas de Queriote. Moabe será destruído em meio a grande tumulto, entre guerreiros gritando e trombetas ressoando. Destruirei o governante no meio deles e todas as autoridades sob seu comando”, diz o Senhor. Assim diz o Senhor: “Os habitantes de Judá pecam sem parar. Não os deixarei sem castigo por mais tempo. Eles rejeitaram as leis de Deus e se recusaram a lhe obedecer. Enganados pelos seus corações, pecaram do mesmo modo que seus antepassados. Por isso, destruirei Judá com fogo; queimarei as fortalezas de Jerusalém”. Assim diz o Senhor: “Os habitantes de Israel pecam sem parar. Não os deixarei sem castigo por mais tempo, porque venderam por prata o justo, e por um par de sandálias o pobre. Eles pisam os pobres e negam a justiça às pessoas simples. Além disso, pai e filho têm relações com a mesma sacerdotisa dos templos pagãos, manchando o meu santo nome. Em suas festas religiosas eles se esparramam sobre roupas tomadas como penhor, e em meu próprio templo oferecem sacrifícios de vinho recebido como multa. “Expulsei desta terra os amorreus, altos como cedros e fortes como carvalhos! Eu arranquei os seus frutos e cortei suas raízes. Eu trouxe os israelitas do Egito e os guiei pelo deserto durante quarenta anos, para lhes dar a terra dos amorreus. Escolhi seus filhos para serem nazireus e profetas; vocês são capazes de negar isso, Israel?”, diz o Senhor. “Mas vocês fizeram os nazireus pecar, forçando-os a beber vinho, e silenciaram meus profetas, ordenando: ‘Parem de falar!’ “Por isso, eu farei vocês gemerem como uma carroça carregada de feixes de trigo. Os seus soldados mais velozes tropeçarão na fuga. Os fortes serão fracos e os poderosos não serão capazes de se salvar. A mira do arqueiro falhará, os corredores mais rápidos não serão rápidos o bastante para fugir, e até mesmo os melhores cavaleiros não conseguirão escapar do perigo. Até os guerreiros mais corajosos jogarão fora as suas armas e fugirão para salvar a vida naquele dia”. Eu, o Senhor, falei. Ouçam este julgamento! Ele é pronunciado pelo Senhor contra vocês, ó israelitas; contra toda esta família que eu tirei do Egito: “Dentre todos os povos da terra, eu escolhi exatamente vocês. É por isso que devo castigá-los por todos os seus pecados. Como é que duas pessoas poderão caminhar juntas, se não estiverem de acordo? “Será que o leão ruge na floresta se não apanhou alguma presa? Por acaso o leão novo ruge em sua toca se nada caçou? A armadilha não se fecha a menos que o pássaro pise nela. Será que a armadilha se desarma sem que nada tenha sido apanhado? Já soou o alarme, escutem e tremam de medo! Porque eu, o Senhor, vou mandar a calamidade contra a sua terra. “Mas como sempre, antes do castigo, eu, o Senhor, o Soberano, revelo os meus planos por meio dos meus servos, os profetas”. O leão rugiu, quem não temerá? Quando o Senhor, o Soberano, anunciou seu julgamento, quem não profetizará? Anunciem nos palácios de Asdode e do Egito e digam a eles: “Reúnam-se nos montes de Samaria para serem testemunhas do grande tumulto que há ali e dos crimes cometidos em Israel. O meu povo esqueceu o que significa fazer o que é correto”, diz o Senhor. “Suas belas casas estão cheias de riquezas obtidas com roubo e violência”. Por isso, assim diz o Senhor, o Soberano: “Um inimigo se aproxima! Ele cerca os israelitas e acabará destruindo suas fortalezas e suas lindas casas”. O Senhor faz uma comparação: “Um pastor tentou livrar a sua ovelha da boca de um leão, mas já era tarde demais; conseguiu arrancar da boca do leão duas pernas e um pedaço da orelha. Isso vai acontecer quando os israelitas em Samaria forem finalmente socorridos: o que vai sobrar de tudo o que possuíam é uma cadeira de descanso e uma cama quebrada. “Escutem esse aviso e espalhem a notícia em todo o Israel”, diz o Senhor, o Soberano, o Deus dos Exércitos. “No mesmo dia em que eu castigar Israel por causa de seus pecados, também destruirei os altares de ídolos que há em Betel. As pontas do altar serão arrancadas e jogadas ao chão. Eu destruirei as belas mansões dos ricos, suas residências de inverno e suas residências de verão. E também demolirei os palácios cobertos de marfim, e as mansões desaparecerão”, diz o Senhor. Escutem essas palavras, vocês, “vacas gordas” de Basã, que vivem em Samaria, vocês que oprimem os pobres e maltratam os necessitados, e ficam pedindo aos seus maridos: “Tragam mais vinho e vamos beber!” O Senhor, o Soberano, jurou pela sua santidade que vai chegar o dia em que ele colocará ganchos em suas narinas e os levará para longe de sua terra como se leva o gado. Todos vocês serão levados para fora da cidade, arrastados, presos por anzóis! Vocês serão arrancados de suas belas casas e empurrados para fora da cidade pela brecha mais próxima das muralhas, na direção do Hermom, diz o Senhor. “Andem, continuem sacrificando aos ídolos em Betel e em Gilgal. Continuem desobedecendo; os seus pecados se amontoam. Ofereçam sacrifícios pela manhã, diariamente, e tragam os dízimos no terceiro dia! Apresentem os pães da oferta de gratidão e proclamem suas ofertas voluntárias. Isso os deixa muito orgulhosos e vocês contam tudo aos quatro ventos”, diz o Senhor, o Soberano. “Eu fiz vocês passarem fome em cada cidade”, diz o Senhor, “mas mesmo assim vocês não se voltaram para mim”, diz o Senhor. “Eu arruinei as suas plantações, impedindo que chovesse três meses antes da colheita. Deixei chover numa cidade e em outra não. Enquanto chovia numa plantação, a outra ficava seca e morria. Gente de duas, três cidades, caminhava cansada até um lugar onde houvesse chovido para conseguir um pouco d’água, mas não havia água suficiente para todos. Apesar disso, vocês não se voltaram para mim”, diz o Senhor. “Castiguei seus jardins e vinhas com pragas e ferrugem; os gafanhotos comeram as suas figueiras e oliveiras e, apesar disso tudo, vocês não se voltaram para mim”, diz o Senhor. “Mandei contra vocês pragas semelhantes às do Egito. Matei os seus jovens na guerra e espalhei os seus cavalos. O cheiro dos cadáveres era insuportável. Apesar disso, vocês não se voltaram para mim”, diz o Senhor. Destruí algumas de suas cidades como fiz com Sodoma e Gomorra. Os sobreviventes pareciam pedaços de lenha, meio queimados, tirados da fogueira. Mas mesmo assim vocês não se voltaram para mim”, diz o Senhor. “Por tudo isso, trarei sobre vocês todos os males de que falei, ó Israel. Prepare-se para enfrentar o julgamento do seu Deus, ó povo de Israel! Vocês estão enfrentando aquele que formou as montanhas e criou os ventos, aquele que conhece cada um de seus pensamentos. Ele transforma o dia claro em escuridão e esmaga as montanhas com seus passos. O Senhor, o Deus dos Exércitos, é o seu nome”. Cheio de dor, eu canto esta canção triste para você, ó nação de Israel: “A bela virgem Israel foi atirada ao chão, pisada, esmagada, para nunca mais se levantar. Ninguém vem ajudá-la. Foi abandonada em sua própria terra”. Assim diz o Soberano, o Senhor: “Se uma cidade mandar mil soldados para a guerra, apenas cem voltarão. Se outra cidade mandar cem, voltarão apenas dez com vida”. Assim diz o Senhor à nação de Israel: “Busquem-me e vocês viverão. Não vão atrás de ídolos em Betel; não vão a Gilgal ou Berseba. Os moradores de Gilgal serão levados para o exílio e os de Betel certamente serão destruídos”. Busquem o Senhor e vivam, senão ele passará por toda a nação como um fogo e destruirá completamente a Israel. E ninguém em Betel poderá apagar esse fogo. Vocês, homens maus, transformam a “justiça” num remédio amargo para os pobres e oprimidos. “Honestidade” e “decência” não têm o mínimo valor para vocês! Procurem aquele que criou as Plêiades e a constelação do Órion, que transforma a escuridão em dia claro, o dia em noite, que chama a água do mar e a derrama como chuva sobre a face da terra. O Senhor é o seu nome. Com tremenda rapidez e violência ele traz a destruição sobre o homem forte, destruindo todas as defesas. E vocês, que tanto odeiam os juízes honestos e desprezam as pessoas que falam a verdade! Vocês pisam o pobre e roubam sua última migalha com todos os seus impostos e multas, com a ganância que têm. Por isso, vocês jamais morarão nas belas casas que estão construindo, nem beberão vinho das videiras verdejantes que estão plantando. Porque os seus pecados são muitos! Como são grandes as suas transgressões! Vocês são inimigos de tudo o que é bom; vocês aceitam suborno; vocês se recusam a fazer justiça ao pobre nos tribunais. Quem for sábio, entre vocês, não tentará impedir o castigo do Senhor, naquele dia terrível. Procurem fazer o bem. Fujam do mal e vocês viverão! Quando isso acontecer, o Senhor, o Deus dos Exércitos, será de fato o seu Auxiliador, como vocês afirmam. Odeiem o mal e amem o bem. Restabeleçam a justiça em seus tribunais. Talvez assim o Senhor, o Deus dos Exércitos, tenha misericórdia do remanescente de José. Por tudo isso, assim diz o Senhor, o Deus dos Exércitos, o Soberano: “Haverá choro em todas as praças e gritos de angústia nas ruas. Chamem os lavradores para chorarem junto com vocês; chamem as pranteadoras para gemerem e lamentarem. Haverá tristeza e choro em cada vinha porque eu passarei no meio de vocês, diz o Senhor. Vocês dizem: ‘Se ao menos o dia do Senhor chegasse! Mas vocês nem sabem o que estão pedindo. Aquele dia não será uma época de luz e prosperidade, mas de trevas e de castigo! E que terrível será a escuridão em que vocês ficarão; sem o menor raio de alegria ou esperança! Naquele dia, vocês serão como um homem que foge de um leão e acaba caindo nas garras de um urso; ou como um homem que se refugia na sua casa e, cansado, apoia sua mão na parede, e é picado por uma serpente. Sim, o dia do Senhor será de trevas e não de luz. Aquele dia será de completa escuridão, sem nenhuma claridade. “Eu odeio e desprezo as suas festas religiosas; não aguento as suas assembleias solenes. Eu não aceitarei as ofertas queimadas e as ofertas de gratidão. Nem sequer vou olhar para as ofertas de paz. Acabem com esse barulho das suas canções; elas são um barulho que incomoda meus ouvidos. Não ouvirei as músicas das suas liras, por mais belas que sejam. “O que eu quero ver é a justiça correndo como um rio. Quero ver uma correnteza de justiça e retidão que não pare de correr. “Vocês me ofereceram sacrifícios e ofertas no deserto por quarenta anos, ó povo de Israel, mas sempre seu verdadeiro interesse estava nos deuses pagãos; em Sicute, o seu rei, em Quium, imagens dos deuses das estrelas, e em todas as imagens que vocês fizeram. Por isso, vou mandar todos vocês e todos os seus ídolos para o exílio, para muito além de Damasco”, diz o Senhor, o Deus dos Exércitos. Ai de vocês que vivem confortavelmente, cheios de luxo, em Sião e se sentem seguros no monte de Samaria; vocês homens famosos e populares, aos quais o povo de Israel recorre. Vão a Calné e vejam o que aconteceu ali. Depois, visitem a grande Haná e desçam até Gate, na terra dos filisteus. Já foram melhores e maiores do que vocês, mas vejam o que lhes aconteceu! Vocês afastam qualquer pensamento do castigo que os espera, mas as suas obras acabam apressando o dia do Julgamento. Vocês se deitam em camas de marfim e se espreguiçam em seus leitos luxuosos. Comem a carne das ovelhas mais novas e dos novilhos especialmente escolhidos. Vocês cantam preguiçosamente ao som da harpa e se divertem em ser músicos como o rei Davi. Vocês bebem vinho à vontade e usam os perfumes mais caros sem dar a mínima importância a seus irmãos, que precisam de ajuda! Por isso, vocês estarão entre os primeiros a ir para o exílio. De repente, a sua grande farra terá um fim! O Senhor, o Soberano, jurou pelo seu próprio nome. Assim declara o Senhor, o Deus dos Exércitos: “Detesto o orgulho e a glória falsa de Jacó. Odeio suas belas mansões. Entregarei esta cidade e tudo o que nela existe aos seus inimigos”. Se sobrarem apenas dez homens numa casa, também serão destruídos. Um parente será a única pessoa que restou para enterrar alguém, e quando estiver carregando o corpo para ser enterrado, perguntará ao único sobrevivente, que ficou dentro de casa: “Há mais alguém junto com você?” A resposta será: “Cale a boca! Não devemos nem mencionar o nome do Senhor ”. Porque o Senhor ordenou isto: As casas, grandes e pequenas, serão despedaçadas. Acaso os cavalos podem correr sobre as rochas? Os bois podem arar o mar? Que pergunta estúpida; mas vocês fizeram uma estupidez ainda maior: transformaram o direito em veneno e a justiça em injustiça. Vocês que se alegram pela conquista de Lo-Debar e se gabam, dizendo: “Pela nossa própria força nos apoderaremos de Carnaim”, ouçam isto: “Ó nação de Israel, eu vou trazer uma nação para atacá-los; essa nação os apertará desde a fronteira norte até a extremidade sul, desde Lebo-Hamate até o córrego de Arabá”, diz o Senhor, o Deus dos Exércitos. Foi isto que o Senhor, o Soberano, me mostrou em uma visão: Ele estava preparando uma grande nuvem de gafanhotos para destruir todas as plantações que haviam crescido depois da primeira colheita que pertence ao rei. Os gafanhotos devoraram tudo o que se podia ver de verde na terra. Então eu clamei: “ Senhor Soberano, por favor, perdoe o seu povo! Não mande essa praga contra eles! Se o Senhor se voltar contra Jacó, que esperança haverá para eles? Israel é uma nação muito pequena!” Assim, o Senhor abandonou essa ideia e não cumpriu a visão e disse: “Não vou fazer isso”. Então o Soberano, o Senhor, me mostrou um grande fogo que havia preparado para castigar os moradores de Israel; o fogo tinha secado os rios e mares, e devorado toda a terra. Vendo isso, eu disse: “ Senhor Deus, por favor, não faça isso. Se o Senhor se voltar contra Israel, que esperança haverá para eles? Israel é uma nação muito pequena!” Assim, o Senhor também abandonou essa ideia e respondeu: “Também não vou fazer isso”. Depois o Senhor me mostrou o seguinte: O Senhor estava de pé, ao lado de um muro construído com um prumo, verificando, com um fio de prumo, se o muro estava perfeito. Então, o Senhor me perguntou: “Amós, o que você está vendo?” E eu respondi: “Um fio de prumo”. Ele me disse: “Eu vou medir o meu povo Israel com o prumo. Não vou mais adiar o castigo. Os lugares altos em que os descendentes de Isaque adoravam serão destruídos, e eu destruirei a família real de Jeroboão, por meio da guerra”. Quando Amazias, o sacerdote de Betel, ouviu o que Amós estava dizendo, enviou uma mensagem ao rei Jeroboão: “Amós é um traidor de nosso país e está planejando matar o senhor. Isso é intolerável. Vai provocar uma revolta em todo o país. Amós está dizendo o seguinte: ‘Jeroboão será morto à espada, e certamente o povo de Israel será levado para o exílio, para um país distante’ ”. Em seguida, Amazias mandou uma ordem a Amós: “Vá embora daqui, ó profeta! Fuja para a terra de Judá e ganhe o seu pão por lá. Não venha nos incomodar aqui, em Betel, com as suas visões, pois este é o santuário do rei e a casa do reino!” Amós respondeu a Amazias: “Eu não sou um profeta, nem nasci em uma família de profetas. Sou apenas um boiadeiro e cultivador de sicômoros. Mas o Senhor me tirou de junto dos rebanhos e me ordenou: ‘Vá e profetize para o meu povo, Israel’. Por isso, ouça esta mensagem que o Senhor manda para você. Você ordena: ‘Não profetize contra Israel, e pare de pregar contra a descendência de Isaque’. “Mas esta é a resposta do Senhor: ‘Sua esposa se tornará uma prostituta nesta cidade, e os seus filhos e filhas serão mortos e a sua terra dividida entre estranhos. Você morrerá numa terra estranha, e o povo de Israel, certamente, será levado para o exílio, longe de sua terra natal’ ”. Depois disso, o Senhor Deus me mostrou, numa visão, um cesto cheio de frutas maduras. “O que você está vendo, Amós?”, ele perguntou. Eu respondi: “Um cesto cheio de frutas maduras”. Aí o Senhor me disse: “Essas frutas representam o meu povo, Israel, maduro para receber o castigo. Não o pouparei mais! Naquele dia, os alegres hinos do templo se transformarão em choro. Haverá cadáveres espalhados por toda parte. Os mortos serão levados para fora da cidade sem cerimônia de enterro, silenciosamente”, diz o Senhor. Escutem, comerciantes! Vocês roubam os pobres e destroem os necessitados da terra, dizendo: “Quando acabará a lua nova para que vendamos o cereal? E quando terminará o sábado para que comercializemos o trigo, usando balanças falsas e medidas erradas, comprando o pobre com uma moeda de prata e o necessitado com um par de sandálias, vendendo aos pobres a palha com o trigo?” O Senhor jurou pela glória de Jacó: “Não me esquecerei dessas obras más que eles fizeram! Acaso a terra não tremerá, esperando o castigo, e não chorarão todos os que vivem nela? A terra se levantará como o rio Nilo na época das enchentes, será agitada e afundará, como baixam as águas do rio Nilo. “Naquele dia”, declara o Senhor, o Soberano: “Farei o sol se pôr ao meio-dia e escurecerei a terra em plena luz do dia! “Transformarei as suas festas em velório e as alegres cantigas em gritos de desespero. Vocês se vestirão de luto e rasparão a cabeça em sinal de tristeza, como se o seu único filho tivesse morrido! Aquele dia será amargo, muito amargo! Está chegando o tempo”, diz o Senhor, o Soberano, “em que farei vir fome à terra. E não será fome de pão ou água, mas fome de ouvir a Palavra do Senhor! Os homens andarão por toda a terra, de mar a mar, do Norte ao Oriente, buscando a Palavra do Senhor, mas não a encontrarão. “Naqueles dias as belas jovens e os rapazes fortes cairão de cansaço, morrendo de sede. Os que juram pelo ídolo de Samaria e os que dizem: ‘Juro pelo nome do seu deus, ó Dã’ ou: ‘Juro pelo poder de Berseba’, cairão e nunca mais se levantarão”. Eu vi o Senhor em pé, junto ao altar. Ele me ordenou: “Quebre os topos das colunas para que tremam os umbrais do templo até que as colunas caiam e o telhado desabe sobre o povo. Mesmo que corram, eles não escaparão. E os que sobrarem, matarei à espada. “Mesmo que cavem um esconderijo nas profundezas, eu os arrancarei dali. Mesmo que eles subam aos céus, de lá os farei descer. Mesmo que eles se escondam entre as pedras no pico do monte Carmelo, eu irei buscá-los e os tirarei dali. Mesmo que se escondam no fundo das águas do oceano, eu mandarei a serpente marinha atacá-los e destruí-los. Mesmo que eles sejam levados para o exílio por seus inimigos, darei ordens à espada para que os mate na terra de seu cativeiro. Eu mesmo farei planos para que eles recebam o mal e não o bem”. O Senhor, o Senhor dos Exércitos, toca a terra, e ela se derrete; todos os seus habitantes choram de dor e tristeza. A terra sobe como as águas do rio Nilo no Egito e volta a descer, como o ribeiro do Egito. A habitação do Senhor se estende até os céus, e coloca o céu sobre a terra; ele ordena ao vapor que suba do oceano e o derrama como chuva sobre a terra. Senhor é o seu nome. “Povo de Israel, vocês pensam que são melhores para mim do que os etíopes”, diz o Senhor. “Não veem que eu, que tirei vocês da terra do Egito, tirei os filisteus de Caftor e os sírios de Quir? “Os olhos do Senhor, o Soberano, observam Israel com atenção, vendo como essa nação peca terrivelmente. Eu a arrancarei de sua terra e espalharei seus habitantes por todo o mundo. Mas prometo que não destruirei completamente a descendência de Jacó”, diz o Senhor. “Pois ordenei que Israel seja sacudido pelas nações como o trigo é peneirado, sem que um único grão seja desperdiçado. Mas todos esses pecadores que dizem: ‘Deus não nos castigará’ serão mortos à espada. “Naquele dia, reconstruirei a tenda caída de Davi, que agora está em ruínas. Consertarei o que estiver quebrado, e restaurarei as suas ruínas. Eu a reerguerei, e ela terá novamente a sua antiga glória. Israel tomará posse do remanescente de Edom e de todas as nações que pertencem a mim”, declara o Senhor, que planeja todas essas coisas. “Virá o tempo”, diz o Senhor, “em que as colheitas serão tão formidáveis que, logo após ter sido feita uma colheita, os lavradores começarão a plantar de novo. As vinhas plantadas nos montes de Israel produzirão tantas uvas que o vinho vai correr à vontade de todas as colinas! Eu mudarei a sorte do meu povo, Israel. Eles reconstruirão suas cidades destruídas e morarão nelas mais uma vez. Eles plantarão suas vinhas e pomares, comerão os frutos e beberão do seu vinho. Eu plantarei Israel em sua própria terra; nunca mais serão arrancados da terra que lhe dei”, diz o Senhor, o seu Deus. Numa visão, o Senhor, o Soberano, mostrou a Obadias o futuro da terra de Edom. “Chegou uma notícia da parte do Senhor ”, contou Obadias, “dizendo que ele mandou um embaixador às nações com a seguinte mensagem: ‘Atenção! Todas as nações devem mandar seus exércitos contra Edom e destruir esse povo!’ “Eu vou fazer com que as outras nações o desprezem, Edom. Vou torná-lo um povo insignificante. “Os seus habitantes são muito orgulhosos porque vivem nessas rochas tão altas que ninguém mais pode alcançar. ‘Quem poderá nos derrubar daqui?’, dizem com arrogância. Não se enganem! Mesmo que vocês subam tão alto como as águias e construam seus ninhos entre as estrelas, eu os derrubarei de lá”, diz o Senhor. “Seria melhor para vocês que, durante a noite, ladrões tivessem assaltado suas casas, pois eles não roubariam tudo! Ou que as uvas de suas plantações fossem roubadas — porque pelo menos sobrariam alguns cachos! Mas agora, povo de Edom, todos os cantinhos e brechas de suas casas serão vasculhados e todos os tesouros que forem encontrados serão roubados. “Todos os seus aliados se tornarão seus inimigos e ajudarão a arrancar vocês de sua terra. Eles vão prometer paz enquanto planejam sua destruição. Os amigos em quem vocês confiam vão preparar ciladas, e toda a sabedoria de Edom de nada adiantará. Naquele dia não sobrará um homem sábio sequer em toda a terra de Edom!”, diz o Senhor. “Isso porque eu vou transformar os sábios em tolos! Os soldados mais valentes de Temã tremerão de medo, e serão eliminados todos os homens dos montes de Esaú. “E por quê? Por causa do que vocês fizeram contra o seu irmão Jacó. Vou mostrar para todo o mundo os seus pecados. Envergonhados e sem defesa, vocês serão completamente destruídos. Vocês abandonaram Judá quando ele estava em dificuldades. Ficaram de lado e se recusaram a levantar um dedo para ajudar seus irmãos quando os invasores carregaram todas as riquezas de Israel e, fazendo sorteios, dividiram entre si a cidade de Jerusalém. Vocês foram iguais aos inimigos de Judá. “Vocês não deviam ter feito isso. Não deviam ter ficado satisfeitos no dia da desgraça de seu irmão. Não deviam ter-se alegrado no dia da infelicidade de Judá. Não deviam ter zombado no dia da desgraça alheia. Vocês chegaram a invadir Judá na época da sua calamidade para matar e roubar. Ficaram satisfeitos com o sofrimento do meu povo. Vocês enriqueceram à custa de seus irmãos. Vocês pararam nas encruzilhadas e mataram os fugitivos desorientados. Quando os refugiados judeus estavam em completo desespero, vocês os entregaram na mão dos inimigos. “A vingança do Senhor contra as nações vai chegar muito rapidamente. Como vocês fizeram a Judá, outros vão fazer a vocês. Porque semearam maldade, vão colher maldade. Vocês beberam o cálice do meu castigo no meu santo monte, e todas as nações à sua volta também beberão. Sim, beberão e, cambaleando como bêbados, serão como se nunca tivessem existido. “Mas o monte Sião se tornará um refúgio, um lugar de livramento. A descendência de Jacó voltará a ocupar a terra prometida. A descendência de Jacó será um fogo e a casa de José uma chama; a descendência de Edom será a palha. Eles a incendiarão e a consumirão. E não haverá sobreviventes da descendência de Edom”, diz o Senhor. “Então o meu povo que vive no deserto do Neguebe ocupará as montanhas de Edom. Os que moram na planície da Judeia tomarão posse das terras dos filisteus e recuperarão os campos de Efraim e Samaria. O povo da tribo de Benjamim possuirá a terra de Gileade. “Os exilados judeus voltarão e ocuparão as terras do litoral até a cidade de Sarepta, ao norte. Os exilados de Jerusalém que foram levados para Sefarade voltarão à sua terra natal e conquistarão as cidades próximas do deserto do Neguebe. Os vitoriosos subirão ao monte Sião e governarão a terra de Edom. E o Senhor será Rei!” O Senhor enviou esta mensagem a Jonas, filho de um homem chamado Amitai: “Apronte-se e vá à grande cidade de Nínive e anuncie a seus habitantes esta mensagem do Senhor: ‘Vou destruir esta cidade por causa de sua grande maldade: seus pecados são tão horríveis que chegaram até a minha presença!’ ” Jonas, porém, preferiu fugir da presença do Senhor. Foi até o mar, ao porto de Jope, onde encontrou um navio que ia para Társis. Comprou sua passagem e embarcou para se esconder do Senhor. Mas, durante a viagem, de repente, o Senhor fez soprar um forte vento que agitou o mar e formou uma grande tempestade, tão violenta que o navio estava quase se partindo ao meio. Com muito medo, os marinheiros, desesperados, gritavam pedindo ajuda aos próprios deuses. Para o navio ficar mais leve, começaram a jogar a carga ao mar. Enquanto tudo isso acontecia, Jonas, que havia descido ao porão, dormia tranquilamente. O capitão do navio desceu para falar com ele. “O que há com você?”, gritou. “Como é que você fica dormindo numa hora dessas? Levante-se e fale com o seu Deus, para ver se ele tem piedade de nós e não nos deixa morrer!” Enquanto isso, os marinheiros decidiram tirar a sorte para ver quem havia ofendido os deuses e provocado aquela tremenda tempestade. Lançaram a sorte, e a sorte caiu sobre Jonas! “O que foi que você fez”, perguntaram, “para provocar essa tempestade que está quase nos destruindo? Quem é você? Qual é a sua profissão? De onde você vem? Qual é sua terra e a que povo você pertence?” Jonas respondeu: “Eu sou hebreu; adoro ao Senhor, o Deus dos céus, que fez a terra e o mar”. Então Jonas contou aos marinheiros que estava fugindo do Senhor. Quando os marinheiros ouviram isso, ficaram apavorados e gritaram: “Mas por que você fez uma coisa dessas?” “O que vamos fazer com você para a tempestade parar?”, pois o mar estava ficando cada vez mais agitado. “Joguem-me ao mar”, disse Jonas, “e ele ficará calmo de novo. Eu sei que sou o culpado dessa horrível tempestade”. Enquanto isso, os marinheiros remavam com todas as suas forças, tentando alcançar a terra, mas não conseguiam. Era impossível lutar contra a tempestade, porque o mar tinha ficado ainda mais violento! Então fizeram uma oração ao Senhor, o Deus de Jonas. “Ó Senhor ”, pediram, “não nos mate por causa do pecado deste homem; não nos condene pela morte de um inocente, porque essa tempestade caiu sobre ele por razões que o Senhor mesmo sabe”. Depois disso, agarraram Jonas e o lançaram ao mar enfurecido, e a tempestade se aquietou! Os marinheiros ficaram espantados, sentindo ao mesmo tempo respeito pelo Senhor. Eles ofereceram sacrifícios a ele e lhe fizeram promessas. Mas o Senhor tinha levado até aquele lugar um grande peixe para engolir Jonas. E durante três dias e três noites, Jonas ficou dentro do peixe. Lá dentro do peixe, Jonas orou ao Senhor, o seu Deus. Ele orou assim: “Em meu desespero gritei ao Senhor pedindo ajuda, e ele me respondeu. Quando eu já estava às portas da morte clamei por socorro, e o Senhor ouviu o meu clamor! O Senhor me lançou ao fundo do oceano, no coração dos mares; afundei até ficar completamente coberto pelas grandes ondas do mar. Foi aí que eu disse: ‘Ó Deus, o Senhor me rejeitou e me expulsou da sua presença. Será que algum dia voltarei a ver o seu santo templo?’ Afundei sob as ondas. As águas se fecharam sobre mim. As algas se enrolaram na minha cabeça. Cheguei até a base das montanhas, ao fundo do mar. Fui separado do mundo dos vivos e fiquei prisioneiro na terra da morte para sempre. Porém, o Senhor, o meu Deus, me arrancou das garras da morte! “Quando eu já tinha perdido toda a esperança, lembrei-me mais uma vez do Senhor, e a minha oração mais sincera subiu até o seu santo templo. “Os que adoram ídolos inúteis perdem a oportunidade de receber todas as provas de bondade que Deus oferece! “Como poderia agradecer tudo o que o Senhor fez por mim? Prometo cumprir todas as promessas que lhe fiz, pois só o Senhor é capaz de me salvar”. Então o Senhor ordenou ao peixe que vomitasse Jonas em terra firme, e assim aconteceu. Depois disso, o Senhor falou pela segunda vez com Jonas, dizendo: “Vá à grande cidade de Nínive e avise seus habitantes do castigo que virá contra eles, como eu já havia ordenado a você”. Dessa vez, Jonas obedeceu à palavra do Senhor e foi para Nínive. Ora, Nínive era uma cidade muito grande, tão grande que uma pessoa levaria três dias para atravessá-la a pé. Jonas entrou na cidade, andou nela por um dia e começou a proclamar: “Daqui a quarenta dias Nínive será destruída”. O povo creu em Deus, e decidiram proclamar um jejum, e todos os habitantes, desde o maior até o menor, vestiram-se de panos de saco. Isso porque, quando o rei de Nínive ouviu o que Jonas estava falando, desceu do trono, trocou suas roupas reais por pano de saco e se assentou sobre cinza. O rei e seus ministros mandaram a seguinte mensagem para toda a cidade: “Ninguém, nem homem nem animal, bois ou ovelhas, poderá se alimentar ou beber água. Todos devem se cobrir de pano de saco, homens e animais, e clamar a Deus com fervor. Deixem seus maus caminhos, suas violências e seus roubos. Assim, quem sabe Deus permita que continuemos a viver e não ficará tão furioso a ponto de querer nos destruir”. E, quando Deus viu que haviam deixado de lado seus maus costumes, abandonou seu plano de destruir os habitantes de Nínive. Ao perceber que Deus não destruiria os ninivitas, Jonas ficou muito aborrecido. Ele reclamou com o Senhor por causa disso: “Foi isso mesmo que eu pensei que o Senhor ia fazer, meu Deus, quando eu ainda estava na minha terra e o Senhor me disse, pela primeira vez, que viesse até aqui. Foi por isso que fugi para Társis. Eu sabia que o Senhor é um Deus misericordioso e compassivo, que demora a perder a paciência e é cheio de amor, e está sempre pronto a mudar de ideia e não castigar. Por favor, Senhor, tire a minha vida. Eu prefiro estar morto a viver, porque nada do que eu disse vai acontecer”. Então o Senhor perguntou a Jonas: “Há alguma boa razão para você ficar com tanta raiva assim?” Jonas saiu da cidade e, resmungando, se assentou a leste de Nínive. Ali ele construiu um abrigo com ramos e folhas e ficou esperando para ver se ia acontecer alguma coisa à cidade. Então o Senhor fez crescer uma planta que com suas grandes folhas desse sombra para Jonas para livrá-lo do calor. Isso deu grande alegria a Jonas. Mas Deus também mandou umas lagartas! E na manhã seguinte, as lagartas roeram a raiz da planta, que foi murchando e acabou morrendo. Então, quando o sol começou a aparecer, Deus mandou um vento muito quente, vindo do deserto, e o sol forte bateu na cabeça de Jonas, que, já quase desmaiando, pediu para morrer! Ele disse: “Para mim é melhor morrer do que viver!” Mas Deus perguntou a Jonas: “Você tem razão de ficar tão aborrecido por causa da planta?” “Sim”, respondeu Jonas, “tenho razão de ficar aborrecido a ponto de querer morrer!” Então o Senhor disse: “Você fica com pena dessa planta, embora não a tenha podado nem a tenha feito crescer. Essa planta cresceu numa noite e na noite seguinte morreu. E por que você acha que eu não deveria sentir compaixão de uma cidade tão grande como Nínive, com cento e vinte mil pessoas, que não sabem distinguir entre o certo e o errado, além de todos os seus animais?” Estas são as mensagens que o Senhor transmitiu a Miqueias, que vivia na cidade de Moresete, durante os reinados de Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá. As mensagens eram endereçadas tanto a Samaria quanto a Jerusalém, e foram entregues a Miqueias em forma de visões. Atenção! Ouçam todos os povos da terra, pois o Senhor, o Soberano, em seu santo templo, fez acusações contra vocês! Vejam! Ele se aproxima! Deixa o seu trono no céu e vem à terra, andando sobre os lugares mais altos da terra. Eles se dissolvem sob seus pés e escorrem para os vales como cera derretida diante do fogo, como a água da chuva desce pela encosta de um morro. E por que tudo isso acontece? Por causa dos pecados de Jacó e da transgressão de Israel. Qual é o pecado de Jacó? Não é Samaria? E quem é o responsável por haver um altar idólatra em Judá? Acaso não é Jerusalém? “Por isso, farei toda a cidade de Samaria virar um monte de entulho, um campo aberto, um lugar para plantar videiras! Derrubarei as muralhas e torres, farei seus alicerces aparecerem, e rolarei suas pedras morro abaixo. Todas as imagens talhadas serão esmigalhadas. Seus templos de ídolos, bem enfeitados, construídos com as ofertas dos adoradores, serão todos queimados. Por isso, eu vou chorar e lamentar, uivando como um chacal e chorando como uma avestruz andando à noite nas areias do deserto. Vou andar nu e descalço em sinal de sofrimento e vergonha! Porque a ferida do meu povo é profunda demais para ser curada. O Senhor está às portas de Jerusalém, pronto para puni-la. Pobre cidade de Gate! Chorem, homens de Baca. Moradores de Bete-Le-Afra, arrastem-se na poeira por causa de sua angústia e vergonha. Lá vão os habitantes de Safir, levados como escravos, nus, descalços e envergonhados. Os moradores de Zaanã não têm coragem de sair dos muros da cidade. Os moradores de Bete-Ezel estão em prantos porque a sua proteção foi tirada! O povo de Marote espera em vão por dias melhores, mas aquele que os espera só encontra amargura, pois o Senhor está em posição de combate contra Jerusalém. Depressa! Usem seus carros mais rápidos e fujam, habitantes de Laquis! Porque vocês foram a primeira cidade a dar início ao pecado da cidade de Sião e a seguir Israel no pecado de adoração de ídolos. Depois disso, todas as cidades de Israel começaram a seguir o seu exemplo. Por isso darão presentes de despedida a Moresete de Gate. A cidade de Aczibe enganou os reis de Israel, prometendo ajuda que não podia dar. Vocês, moradores de Maressa, serão um prêmio dado a seus inimigos. Aquele que é a glória de Israel vai chegar a Adulão. Rapem a cabeça e chorem por causa de seus filhinhos, que dão tanta alegria a vocês. Fiquem calvos como a águia porque eles serão tirados à força de suas mãos e serão levados para o exílio. Ai daqueles que ficam acordados à noite, planejando a maldade; vocês que se levantam pela manhã para executar seus projetos; vocês têm poder e por isso fazem o que querem. Quando querem um terreno ou a casa de certa pessoa, apesar de ser isso a única coisa que ela possui, vocês a tomam, usando de roubo, ameaças e violências. Fazem violência ao homem e à sua família; a ele e aos seus herdeiros. Portanto, assim diz o Senhor: “Eu vou retribuir sua maldade com maldade. Nada pode me deter. Depois que eu terminar de castigá-los, vocês nunca mais serão orgulhosos e insolentes. Então, os seus inimigos zombarão de vocês com este lamento: “Estamos destruídos, arruinados. Deus tomou nossa terra, mandou-nos para longe e deu o que era nosso aos nossos invasores”. Quando isso acontecer, outras pessoas marcarão os limites de suas propriedades na assembleia do Senhor, e vocês terão de viver nos lugares aonde forem mandados. “Não fale desse jeito”, diz o povo. “Não diga coisas assim. Esse tipo de conversa negativa é prejudicial. Essas coisas ruins nunca acontecerão conosco”. Seria essa a resposta certa que vocês deveriam dar a Deus, filhos de Jacó? Vocês pensam que o Espírito do Senhor gosta de falar coisas tão ruins contra vocês? Não! As ameaças que ele faz são para o bem de vocês, para colocá-los novamente no caminho certo. Mas vocês, como se fossem inimigos, atacaram o meu povo. Os homens voltam da guerra, pensando que estão salvos em casa, mas lá estão vocês esperando para roubar a capa das costas dos que confiaram em vocês. Vocês expulsam as viúvas de seus lares e negam aos filhos delas todos os direitos que Deus lhes deu. Levantem-se! Sumam! Este lugar não é mais a sua terra e a sua casa, porque vocês o encheram de pecado. Este lugar está contaminado e arruinado e não há mais solução. Se um mentiroso e enganador disser: “Eu vou proclamar para vocês as alegrias do vinho e da bebida fermentada” — é de profetas assim que vocês gostam! “Vai chegar o tempo, povo de Israel, em que ajuntarei vocês, todos os que sobrarem, e os reunirei novamente, como ovelhas no curral, como um rebanho numa pastagem, uma multidão alegre e barulhenta. Aquele que abre o caminho para o seu povo, irá adiante deles. Ele conduzirá todos vocês através das portas. O seu rei irá à frente de vocês. O Senhor os guiará”. Ouçam, líderes de Jacó, governantes da nação de Israel! Vocês têm obrigação de saber a diferença entre o certo e o errado, mas vocês amam o que é mau e odeiam o que é bom. Vocês esfolam o meu povo e arrancam a carne até deixar os ossos à vista. Vocês devoram pessoas, dão chicotadas, quebram seus ossos e os cortam, como se fossem carne para a panela, e ainda têm a coragem de pedir o auxílio do Senhor nas horas de aflição! Vocês realmente esperam que ele ouça esses apelos? Ele vai virar as costas a vocês por causa das suas maldades. Assim diz o Senhor a vocês, falsos profetas, que guiam o meu povo por caminhos errados e que prometem “paz” aos que lhes dão comida, e que ameaçam com guerra os que não lhes dão nada! Esta é a mensagem do Senhor para esses profetas: “A noite se fechará em volta de vocês e acabará com as suas visões. A escuridão os cobrirá e vocês não adivinharão. O sol irá se pôr sobre os falsos profetas, e o dia se escurecerá para eles. Os videntes esconderão o rosto de tanta vergonha e reconhecerão que as mensagens que falaram não vinham de Deus”. Mas, quanto a mim, estou cheio do poder do Espírito do Senhor, do amor pela justiça e da coragem para anunciar, sem medo, o castigo que Deus dará a Israel por causa de seus pecados. Escutem, líderes e governantes de Israel, vocês que odeiam a justiça e amam a desonestidade, que constroem Sião, a cidade santa, com derramamento de sangue e pecados violentos de todo tipo. Suas autoridades aceitam suborno para torcer a justiça. Os sacerdotes cobram para ensinar a Lei, e os profetas adivinham em troca de prata, e apesar de tudo isso, se apoiam no Senhor e dizem: “Está tudo bem, o Senhor está conosco. Nada de mau pode nos acontecer!” É por sua causa que Jerusalém será arada como um campo e se tornará um monte de entulho. O monte onde está o templo ficará coberto de mato. Nos últimos dias o monte do templo do Senhor em Sião será estabelecido como o monte mais conhecido entre os montes, e se elevará acima das colinas, e gente de toda a terra fará peregrinações até ele. Esses povos dirão: “Venham, vamos visitar o monte do Senhor, vamos ver o templo do Deus de Israel. Ele nos dirá o que devemos fazer, e assim faremos”. Pois a lei virá de Sião, e a palavra do Senhor, de Jerusalém. Ele julgará entre muitas nações, e vai ditar a lei para nações poderosas e distantes. Os homens derreterão suas espadas e farão arados, das suas lanças farão foices. As nações não lutarão mais entre si, porque as guerras acabarão, nem se prepararão novamente para a guerra. Todos viverão tranquilamente em sua própria casa, debaixo das suas videiras e debaixo das suas figueiras, porque não haverá nada a temer. Pois assim prometeu o Senhor dos Exércitos. Por isso seguiremos o Senhor, o nosso Deus, para sempre, mesmo que todas as nações que nos rodeiam adorem ídolos! “Naquele dia”, diz o Senhor, “reunirei aqueles que sofrem, os dispersos, todos os que castiguei, e farei do remanescente uma nação poderosa em sua terra. O Senhor mesmo será o seu rei, no monte Sião, para sempre. Ó Jerusalém, torre de vigia do povo de Deus, a força e o poder real lhe serão devolvidos, tal como antes”. Agora, porém, você grita de terror. Você não tem rei para dirigi-lo? Onde estão os seus sábios? Desapareceram todos! A dor tomou conta de você, como uma mulher que está para dar à luz? Contorça-se e gema por causa de sua terrível dor, ó povo de Sião, como a mulher em trabalho de parto, pois vocês devem deixar esta cidade e morar nos campos; vocês serão levados para longe, para o exílio na Babilônia. Lá, porém, o Senhor os socorrerá e os libertará do poder dos seus inimigos. É verdade que muitas nações se ajuntaram para atacar você, Israel. Eles dizem: “Que Sião seja destruída e profanada diante dos nossos olhos”. Mas eles não conhecem os pensamentos do Senhor; não entendem o seu plano, pois vai chegar o dia em que o Senhor reunirá os inimigos do seu povo como feixes de cereal num campo, sem defesa diante de Israel. “Levante-se e debulhe, filha de Sião. Eu darei a você chifres de ferro e cascos de bronze. Você consagrará os ganhos ilícitos e as riquezas ao Senhor, ao Soberano de toda a terra”. Formem os batalhões. O inimigo está cercando Jerusalém! Eles ferirão o rosto do juiz de Israel com uma vara. Ó Belém Efrata, você é apenas uma pequena vila da Judeia, mas será o lugar onde vai nascer o rei de Israel. Ele será descendente de uma família que vem de um passado distante, de tempos antigos! Deus entregará seu povo aos inimigos até chegar o tempo em que aquela que está em trabalho de parto dê à luz. Então, finalmente, o remanescente do povo se reunirá a seus irmãos em sua própria terra. Ele se levantará com decisão e, na força do Senhor, alimentará o seu rebanho, na majestade do nome do Senhor, o seu Deus. O seu povo viverá em segurança, porque ele será respeitado e temido em todo o mundo. Ele trará a paz. Quando os assírios invadirem nossa terra e marcharem sobre as nossas fortalezas, ele indicará sete pastores para tomar conta de nós, oito príncipes para nos conduzir. Eles governarão a Assíria com a espada na mão e invadirão a terra de Ninrode. Eles nos livrarão quando os assírios invadirem nossa terra e entrarem por nossas fronteiras. Então o remanescente de Israel será no meio de muitos povos, como o orvalho da parte do Senhor, como chuva que cai sobre as plantas. Ele não colocará sua esperança no homem, mas em Deus. O remanescente de Jacó estará entre outros povos como um leão entre os animais da floresta; como um leão entre rebanhos de ovelhas que as agarra e despedaça, sem que ninguém as possa livrar! Ele vencerá todos os seus inimigos; seus adversários serão eliminados. “Naquele dia”, diz o Senhor, “eu matarei todos os seus cavalos e destruirei todos os seus carros de guerra. Derrubarei as suas muralhas e demolirei as fortalezas de suas cidades. Darei fim a todo tipo de feitiçaria. Não haverá mais adivinhos entre vocês. Destruirei todos os seus ídolos e as suas colunas sagradas. Vocês nunca mais se curvarão diante daquilo que fizeram com suas próprias mãos. Eu acabarei com os santuários pagãos em sua terra e destruirei as cidades em que existam templos de ídolos. “Vou derramar minha vingança contra as nações que se recusam a me obedecer”. Ouçam o que o Senhor está dizendo ao seu povo: “Levantem-se e apresentem sua queixa contra mim. Chamem os montes para serem testemunhas. “E agora, montes, ouçam a acusação do Senhor! Ouçam, alicerces eternos da terra! Pois o Senhor tem uma acusação contra o seu povo. Ele vai prosseguir com as acusações até que Israel seja condenado. Meu povo, o que foi que eu fiz para vocês me abandonarem assim? Será que exigi demais de vocês? Respondam-me! Eu os tirei do Egito, quebrei as correntes de sua escravidão e lhes dei Moisés, Arão e Miriam para conduzi-los. “Vocês não se lembram de como Balaque, rei de Moabe, tentou destruir vocês com a maldição de Balaão, filho de Beor, e de como eu fiz Balaão abençoá-los? Foi essa mesma bondade que eu mostrei a vocês tantas outras vezes. Por acaso já não se lembram do que aconteceu desde que saíram do acampamento de Sitim até Gilgal, de como eu os abençoei ali? Reconheçam que os atos do Senhor são justos”. “Como eu poderia comparecer diante do Senhor e curvar-me diante do Deus Altíssimo? Será que devo apresentar um bezerro de um ano como oferta queimada? Será que o Senhor se agrada se eu oferecer milhares de carneiros com dez mil rios de azeite? Será que ele ficará satisfeito? Será que devo oferecer o meu filho mais velho, por causa da minha transgressão? Será que com tudo isso ele perdoará meus pecados? Não! Ele já disse o que deseja, e isso se resume em ser honesto e justo, saber amar a fidelidade, e ser humilde diante do seu Deus. A voz do Senhor grita a toda a Jerusalém — e se você for sábio, ouça ao Senhor! “Ouçam, tribo de Judá e suas assembleias: Os seus pecados são enormes. Não haverá fim para o enriquecimento desonesto? As casas dos perversos estão cheias de riquezas roubadas e de balanças falsas. Será que alguém poderia aprovar todos os seus comerciantes, que têm em suas bolsas pesos falsos, adulterados? Os ricos enriqueceram por meio da violência. Os seus moradores estão tão acostumados a mentir que já não sabem mais dizer a verdade! “Por isso, eu os farei sofrer! Vou deixar seus corações angustiados por causa dos pecados que vocês cometeram. Vocês comerão, mas nunca ficarão satisfeitos. Sentirão um vazio no estômago e as dores da fome. Mesmo que vocês tentem economizar dinheiro, o que conseguirem ajuntar perderá todo o valor, e o pouco que conseguirem poupar darei aos que conquistarem sua terra! Vocês vão plantar, mas não vão colher. Espremerão as azeitonas para conseguir azeite, mas não conseguirão o bastante para ungirem a si mesmos! Espremerão as uvas, mas não beberão o seu vinho. “Os únicos mandamentos que vocês obedecem são os de Onri; o único exemplo são as práticas da família de Acabe! Por isso, farei de vocês um terrível exemplo. Eu os destruirei. O seu povo será motivo de desprezo e zombaria. Vocês serão insultados por todos os povos”. Ai de mim! É tão difícil encontrar um homem honesto quanto achar uvas ou figos depois de terminada a colheita. Nem um cacho de uvas para provar, nem um único figo temporão, embora eu tenha uma vontade enorme de comer! Os homens bons desapareceram da terra! Não sobrou um homem reto sequer! Todos são assassinos, tentando destruir até mesmo seus irmãos! Avançam para suas maldades com as mãos estendidas, e como sabem usá-las para fazer o mal! O governador e o juiz exigem suborno. A pessoa rica paga o que eles pedem e diz a quem devem condenar. A justiça é torcida nos planos que fazem. O melhor desses homens fere como se fosse um espinheiro. O mais correto é pior que uma cerca de espinheiros! Mas o dia do julgamento se aproxima com rapidez. O tempo de castigo de Deus anunciado pelas suas sentinelas está quase chegando. Naquele dia haverá uma confusão geral. Não confiem em ninguém, nem mesmo em seu melhor amigo. Tenham cuidado no que dizem até com aquela com quem estão abraçados. Pois o filho despreza o pai; a filha provoca a mãe; a nora amaldiçoa a sogra. Sim, os inimigos do homem se encontram em sua própria casa! Mas eu, eu me dirijo ao Senhor e espero a ajuda dele. Espero por Deus, pois ele é o meu Salvador. O meu Deus me ouvirá. Não se alegre com meu fracasso, meu inimigo. Mesmo que caia, eu me levantarei novamente. Se tiver de viver na escuridão, o Senhor mesmo será a minha luz. Eu serei paciente enquanto o Senhor me castiga, porque pequei contra ele. Depois disso, ele me defenderá contra os meus inimigos e os castigará por todo o mal que me fizeram. Deus me tirará da escuridão, me levará para a luz, e verei a sua justiça. Quando isso acontecer, os meus inimigos verão que Deus está do meu lado e terão vergonha de terem zombado de mim, perguntando: “Onde está o Senhor, o seu Deus?” Agora mesmo, vejo com meus próprios olhos esses inimigos pisados como o barro das ruas! Povo de Deus, está chegando o dia da reconstrução dos muros da cidade e de ampliar as suas fronteiras! Gente de várias nações virá a Israel para honrar vocês. Da Assíria ao Egito e do Egito ao rio Eufrates, de um mar ao outro, e das montanhas e colinas distantes! Antes disso, porém, a terra será desolada por causa dos seus moradores, em consequência das suas obras. Ó Senhor, venha e governe o seu povo. Guie o seu rebanho. Faça-os viver em paz e prosperidade! Leve-os a pastar nos campos verdes de Basã e Gileade, como faziam há muito tempo. “Sim”, responde o Senhor, “eu farei grandes milagres em benefício deles, como quando os tirei do Egito”. Todas as nações ficarão admiradas com o que ele fará por vocês. Os povos sentirão vergonha do seu pequeno poder. Ficarão mudos de espanto e surdos a tudo o que acontece em volta deles! Eles verão que não passam de répteis, de vermes insignificantes se arrastando para fora de seus esconderijos! Sairão de suas fortalezas, para encontrar-se com o Senhor, o nosso Deus, tremendo de medo diante dele! Onde haverá outro Deus como o Senhor, que perdoa os pecados e esquece a transgressão do remanescente de seu povo? O Senhor não fica irado para sempre, porque tem prazer em amar e perdoar. O Senhor terá compaixão de nós mais uma vez. O Senhor pisará e esmagará as nossas maldades e jogará todos os nossos pecados no fundo do mar! O Senhor nos abençoará como prometeu a Jacó há muito tempo. O Senhor estenderá o seu amor sobre nós, conforme prometeu aos descendentes de Abraão! Esta é a visão que o Senhor deu a Naum, que vivia em Elcós. Ela trata do julgamento prestes a acontecer contra Nínive: O Senhor é um Deus zeloso com aqueles a quem ele ama. É por isso que se vinga dos que os maltratam. Ele destrói furiosamente os inimigos do seu povo. O Senhor é muito paciente e o seu poder é imenso. O Senhor não deixará de punir o culpado. Ele mostra seu poder nas grandes tempestades e nos furiosos temporais. As nuvens imensas são como poeira debaixo de seus pés! À sua ordem os oceanos e rios se transformam em terra seca. Os pastos verdejantes de Basã e do Carmelo secam, e as florestas do Líbano murcham completamente. Em sua presença os montes estremecem e os morros se derretem; a terra se desfaz e seus habitantes são destruídos. Quem pode resistir a um Deus enfurecido? Quem fica firme quando ele está zangado? A sua fúria é como o fogo. As montanhas desmoronam diante dele. O Senhor é bom. Quando chega a aflição, ele é o lugar em que nós podemos nos esconder! Ele conhece todos os que nele confiam, mas arrasa seus inimigos com uma tremenda inundação. Ele os arrasta para a escuridão. E assim será com Nínive. Que planos vocês fazem para desafiar o Senhor? Com um só golpe ele os deterá. Nem vai ser preciso um segundo golpe! Ele lança seus inimigos ao fogo como um monte de ramos de espinheiro. Eles queimarão como palha seca. Foi de você, ó Nínive, que saiu a audácia de fazer planos perversos contra o Senhor? Assim diz o Senhor: “Mesmo que arme um exército de milhões de soldados”, diz o Senhor, “serão ceifados e destruídos e desaparecerão; mas você, Judá, é o meu povo. Eu já os castiguei o bastante! Agora vou quebrar suas cadeias e libertá-los da escravidão”. E ao rei da Assíria ele diz: “Já decretei o fim de sua família real. Seus filhos não se sentarão no trono, e o seu nome desaparecerá! Destruirei seus deuses de pedra e metal e seus templos. Eu mesmo cavarei a sua sepultura, porque você é desprezível!” Olhem! Os mensageiros vêm correndo montanha abaixo, trazendo as boas notícias: “Os invasores foram completamente destruídos! Estamos salvos! Salvos!” Ó Judá, anunciem um dia de agradecimento ao Senhor. Adorem somente a ele, como prometeram. O perverso nunca mais marchará contra vocês. Foi destruído para sempre, nunca mais será visto. Nínive, a sua hora chegou! Você já está cercada pelos exércitos inimigos! Deem o alarme! Soldados, ocupem seus postos! Organizem os batalhões. Armem-se fortemente e vigiem com toda a atenção para saber o instante exato do ataque inimigo. O Senhor restaurará a honra e o poder de Israel, embora a terra tenha ficado arrasada e os saqueadores tenham destruído as suas videiras. Brilham ao sol os escudos vermelhos dos soldados inimigos! Começou o ataque! Vejam, seus uniformes são vermelhos! Olhem os seus brilhantes carros de guerra avançando lado a lado, puxados por fogosos cavalos! Seus próprios carros, Nínive, correm loucamente pelas ruas e praças, rápidos como relâmpagos, brilhando como tochas! O rei, gritando, chama seus generais. De tanta pressa, eles saem tropeçando, correndo em direção aos muros para organizar a defesa. Já é tarde demais! As comportas do rio foram abertas! O inimigo entrou na cidade! O palácio entrou em pânico! A rainha de Nínive é trazida descoberta às ruas, e levada embora como escrava, com suas servas caminhando e chorando atrás dela. Ouçam! Elas gemem como pombas e batem as mãos contra o peito! Nínive é como um açude rompido! Seus soldados fogem sem lutar: ela é incapaz de detê-los. “Parem! Parem!”, grita, mas eles continuam a fugir. Saqueiem a prata! Saqueiem o ouro! Há tesouros sem fim. A riqueza de Nínive é incalculável. Ela está repleta de objetos de valor. Nínive está destruída, deserta, desolada! Os corações se derretem de pavor. Os joelhos estremecem. O povo de Nínive assiste a tudo isso horrorizado, pálido e tremendo de medo. Onde está agora a cova dos leões, o lugar em que os filhotes eram alimentados, onde iam juntos o leão, a leoa e os filhotes sem temer? Ó Nínive, que já foi um poderoso leão! Você esmigalhava seus animais para alimentar seus filhotes e suas leoas. Você enchia as suas cavernas de presas e as suas covas de vítimas. Agora, porém, o Senhor dos Exércitos se voltou contra você. Ele destruirá todos os seus carros de guerra e a espada devorará os seus leõezinhos. Eliminarei da terra as suas presas. Nunca mais a voz dos seus embaixadores será ouvida! Pobre Nínive, cidade sanguinária, cheia de mentiras, repleta de roubos, sempre fazendo suas vítimas! Ouçam! Escutem o estalar dos chicotes, o barulho dos carros de guerra avançando contra ela, o estrondo das rodas, o galope ritmado dos cascos dos cavalos, o sacudir dos carros de guerra! Vejam as espadas brilhantes e as lanças faiscantes nos braços erguidos dos soldados da cavalaria! Os mortos espalhados pelo chão, os corpos, montões de cadáveres, em toda parte. Os vivos tropeçam nos mortos, levantam-se e caem novamente. Tudo isso acontece por causa do desejo insaciável da prostituta sedutora, dona de encantamentos mortais. Ela seduzia as nações com a sua beleza e depois as ensinava a adorar seus falsos deuses, enfeitiçando pessoas em toda parte. “Eu me levantei contra você”, diz o Senhor dos Exércitos; “agora todas as nações verão a sua nudez e aos reinos mostrarei a sua vergonha. Eu a cobrirei de sujeira e mostrarei ao mundo como você é desprezível”. Todos os que virem a cidade fugirão cheios de horror: “Nínive foi completamente destruída!” Mas ninguém ficará triste com o que aconteceu a você! Ninguém a consolará! Por acaso você é melhor que Tebas, situada junto ao Nilo, protegida como um muro de todos os lados pelos braços do rio? A Etiópia e toda a terra do Egito eram aliados de Tebas, que podia depender delas para uma ajuda constante, bem como de Fute e da Líbia. Apesar de tudo isso, Tebas foi conquistada e seus habitantes foram levados como escravos. Seus filhos foram mortos, lançados violentamente contra as pedras das ruas. Os soldados assírios tiravam a sorte para ver o destino dos nobres. Todos os líderes foram acorrentados. Nínive também vai tropeçar como um embriagado e vai se esconder do inimigo, cheia de medo. Todas as suas fortalezas cairão. Serão devoradas como os primeiros figos maduros que caem na boca dos que sacodem as árvores. Seus soldados ficarão fracos e indefesos como mulheres. Os portões de sua terra serão inteiramente abertos aos seus inimigos e o fogo devorará as suas trancas. Preparem-se para o cerco! Ajuntem água! Reforcem as fortalezas! Façam tijolos suficientes para consertar os muros! Cavem buracos, amassem o barro e coloquem massa nas formas! Mas, no meio dos preparativos, o fogo vai devorar vocês. A espada os matará. O inimigo os consumirá como os gafanhotos fazem com tudo o que está à sua frente. Não há jeito de resistir, mesmo que vocês se multipliquem como gafanhotos devastadores e peregrinos! Os negociantes, tão numerosos quanto as estrelas do céu, encheram sua cidade de riquezas incontáveis, mas os seus inimigos avançam como gafanhotos devastadores e devorarão todas as riquezas e depois voarão para longe. Os seus príncipes e generais se amontoam feito gafanhotos nas cercas de plantas durante o frio, mas todos voarão e desaparecerão sem deixarem sinal, como fazem os gafanhotos quando o sol se levanta e aquece a terra. Ó rei da Assíria, os seus príncipes estão mortos no pó, e os seus nobres também morreram. Seu povo está espalhado pelos montes. Não há ninguém para reuni-los. Não há cura para a sua ferida, ela é profunda demais! Todos que ouvirem o que aconteceu a você baterão palmas pela sua queda, pois onde se pode achar alguém que não tenha sofrido com a sua crueldade? Esta é a mensagem que veio ao profeta Habacuque, numa visão que ele recebeu de Deus: Ó Senhor, quanto tempo ainda vou ter de pedir ajuda antes que o Senhor me ouça? Eu grito ao Senhor, mas é em vão. Não recebo resposta. “Socorro! Violência!” é o meu grito, mas ninguém aparece para socorrer! Por que o Senhor me faz ver a injustiça e contemplar toda essa maldade? Para qualquer lugar que eu olhe, existe violência e destruição. Há luta e briga por todo lado. A lei não é cumprida, nem nos tribunais se faz justiça, pois os perversos são muito mais numerosos que os justos e com isto a justiça é torcida. O Senhor respondeu: “Prestem atenção e ficarão de boca aberta! Vocês ficarão espantados com o que eu vou fazer muito em breve! Ainda enquanto estiverem vivos, eu farei uma coisa que vocês terão de ver para crer. Eu estou preparando os caldeus, uma nação cruel e violenta que marchará por toda a terra para apoderar-se de moradias que não são suas. É uma nação apavorante e temível. Fazem o que bem entendem, criando as suas próprias leis e ordens. Seus cavalos são mais velozes que os leopardos, mais ferozes que os lobos quando anoitece. As suas tropas de cavalaria marcham orgulhosamente, vindas de uma terra distante. Caem de repente sobre suas vítimas, como fazem as águias quando estão caçando. Quando eles surgem para atacar, todos ficam tão apavorados que não é possível organizar a reação. Fazem tantos prisioneiros que é impossível contar! Zombam de reis, de príncipes e das fortalezas de seus inimigos. Constroem rampas de terra contra os muros das fortalezas e as conquistam. Atacam e se retiram com a rapidez do vento. Mas a sua culpa é grande, pois têm como deus a sua própria força. Ó Senhor, meu Deus, meu Santo, o Senhor é eterno. Será que o seu plano em tudo isso é nos destruir? É claro que não! Ó Deus, nossa Rocha, o Senhor resolveu dar poder aos caldeus para nos castigar e corrigir por causa de nossos pecados. Nós somos perversos, mas eles são piores que nós! Será que o Senhor, que não tolera o pecado de maneira alguma, vai ficar assistindo calmamente enquanto eles nos devoram? O Senhor poderia ficar quieto enquanto os perversos destroem os que são mais justos do que eles? O Senhor tornou os homens como peixes do mar ou como um enxame de insetos que não têm um líder para liderá-los? Será que acabaremos fisgados pelos anzóis e apanhados pelas redes dos inimigos, enquanto eles festejam? Então eles adorarão seus equipamentos de guerra e queimarão incenso a eles! E dirão: “Estes são os deuses que nos deram toda essa riqueza!” O Senhor vai permitir que eles façam isso para sempre? Será que sempre sairão vitoriosos em suas guerras tão cruéis? Agora vou subir à minha torre de vigia e esperar para ver que resposta o Senhor vai dar à minha queixa. E o Senhor me disse: “Escreva a minha resposta em tábuas, em letras bem grandes, para que qualquer pessoa possa ler a mensagem facilmente e saia correndo para contar a outros! Essas coisas que planejei, porém, não acontecerão imediatamente. Devagar, mas com determinação, certamente vai se aproximando o tempo em que a visão será cumprida. Se aparentemente está demorando muito, não se desespere, porque tudo vai acontecer mesmo! Seja paciente! O cumprimento dessa promessa certamente ocorrerá e não se atrasará! “Anote isto: Os homens perversos confiam em si mesmos, seus desejos não são bons e acabam fracassando. O justo, porém, confia em mim e viverá! Além do mais, como a riqueza é ilusória, o ímpio é arrogante, cheio de ambição. Ele é voraz, mas como a sepultura e a morte, ele nunca se satisfaz. Apanha para si todas as nações e ajunta para si todos os povos. “Logo vai chegar o dia em que os seus escravos zombarão deles, dizendo: ‘Ladrões! Finalmente a justiça acertou as contas com vocês! Agora vocês vão ter o que merecem pela violência e pela exploração que praticaram!’ De repente os credores surgirão, furiosos, e carregarão consigo tudo o que eles têm, enquanto vocês assistem a tudo, indefesos e tremendo de medo! Vocês saquearam muitas nações. Agora, elas vão saquear vocês! Vocês derramaram muito sangue e semearam a violência entre os moradores dos campos e das cidades. “Ai de vocês, que ficaram ricos praticando a maldade, tentando com a riqueza escapar do perigo. Com os crimes que cometeram, vocês apenas envergonharam suas próprias casas e condenaram sua vida. As próprias pedras nas paredes das casas gritarão, condenando-os, e as vigas do telhado farão eco. “Ai de vocês, que constroem cidades com o dinheiro ganho em assassinatos e roubos! O Senhor dos Exércitos já decretou que as riquezas das nações sem ele se transformarão em cinzas nas suas mãos! Elas se esforçam desesperadamente, mas em vão! Vai chegar o dia em que toda a terra ficará cheia do conhecimento da glória do Senhor, tal como as águas enchem o mar. “Ai de vocês, que fizeram seus vizinhos cambalear e se arrastar como bêbados, fazendo-os sofrer com sua violência e rindo quando eles ficavam nus e envergonhados! Logo a sua própria glória será transformada em vergonha. A taça da mão direita do Senhor é dada a vocês. Tropecem e caiam! Vocês derrubaram as florestas do Líbano e agora serão derrubados! Vocês aterrorizaram os animais selvagens que apanharam em suas armadilhas e agora o terror vai cair sobre vocês por causa de toda a violência e derramamento de sangue que cometeram contra os moradores das cidades em toda parte. “Qual foi o proveito de adorar ídolos feitos por homens? Que mentira estúpida dizer que eles poderiam ajudar! Como vocês foram tolos em confiar em ídolos que não são capazes de falar! Ai daqueles que ordenam a seus ídolos de madeira, sem vida, que os salvem! Ai dos que gritam à pedra muda, pedindo que ela lhes diga o que fazer! Quando é que imagens poderiam falar em lugar de Deus? Elas são cobertas de ouro e prata, mas dentro delas não há o menor sinal de vida! Mas o Senhor está em seu santo templo. Todos os habitantes da terra devem se calar diante dele”. Esta é a oração de triunfo que Habacuque cantou ao Senhor: Ó Senhor, agora que ouvi falar dos seus planos, eu o adoro, cheio de espanto pelas coisas tremendas que o Senhor vai fazer! Nesta hora em que precisamos tanto de ajuda, ajude-nos novamente, como fez no passado! Mostre o seu poder que pode nos salvar. E mesmo na sua ira, lembre-se da sua misericórdia. Deus veio de Temã, o Santo veio do monte Parã. Seu brilhante esplendor enche a terra e o céu. Sua glória enche os céus. A terra fica cheia do seu louvor! Que Deus maravilhoso é o Senhor! Seu esplendor era como a luz do sol. De suas mãos partem raios de luz brilhante, onde ele esconde o seu tremendo poder! A peste vai à sua frente e a praga vem logo atrás dele. Ele para e se detém por um momento, observando a terra. Então, sacode as nações, destruindo os montes velhíssimos e nivelando as colinas muito antigas. O seu poder nunca muda! Vejo os povos de Midiã e Cusã mortalmente amedrontados! Foi cheio de ira, ó Deus, que o Senhor feriu os rios e dividiu o mar? O Senhor estava zangado com eles quando enviou as suas carruagens sobre as nuvens com os seus cavalos vitoriosos? Todos viram o seu poder! O Senhor pega o arco e pede muitas flechas para encher a sua aljava. E as fontes brotaram da terra quando o Senhor ordenou! Os montes viram isso e tremeram. Grandes ondas de água avançaram. O grande abismo gritou, anunciando sua rendição ao Senhor. O sol e a lua, tão brilhantes, pararam em suas moradas, escurecidos pelo brilho de suas flechas e pelo fulgor de sua lança brilhante. O Senhor marchou pela terra com tremenda indignação, pisando as nações na sua ira. Saiu para salvar seu povo escolhido, para libertar o seu ungido. O Senhor esmagou a cabeça do líder da nação perversa, despindo-o da cabeça aos pés. O Senhor destruiu com as suas próprias flechas aqueles que, vindo como um furacão, pensavam que Israel seria uma presa fácil. Montando nos seus cavalos marchou mar adentro. As águas se agitaram. Eu tremo ouvindo essas coisas. Meus lábios tremem de medo. Minhas pernas vacilam, e eu estremeço de pavor! Esperarei em silêncio o dia em que toda essa tragédia vai acontecer ao povo que está para nos invadir. Embora as figueiras e videiras tenham sido totalmente destruídas e não haja flores nem frutos; embora as colheitas de azeitonas sejam um fracasso e os campos estejam imprestáveis; embora os rebanhos morram nos pastos e os currais estejam vazios, eu me alegrarei no Senhor! Ficarei muito feliz no Deus da minha salvação! O Senhor, o Soberano, é a minha força. Ele faz os meus pés como os da corça e me guia em segurança por sobre as montanhas. (Orientação para o regente do coro: Quando este cântico for cantado, o coro deve ser acompanhado por instrumentos de corda.) Esta é a mensagem do Senhor, entregue a Sofonias, filho de Cuchi, neto de Gedalias, bisneto de Amarias, trineto de Ezequias, durante o reinado de Josias, filho de Amom, rei de Judá. “Eu vou arrasar tudo o que existe na terra”, diz o Senhor. “Vou destruí-la completamente. Vou destruir os homens e os animais. Até mesmo as aves nos ares e os peixes nas águas serão mortos. Os perversos terão apenas montões de ruínas quando eu exterminar os homens da face da terra, diz o Senhor. Eu, com meu próprio punho, esmagarei Judá e Jerusalém e destruirei o restante das pessoas que adoram Baal. Eliminarei os sacerdotes idólatras a ponto de ninguém mais se lembrar deles. Acabarei com todos os que sobem aos seus terraços e se inclinam diante do sol, da lua e das estrelas. Eliminarei aqueles que adoram a mim, o Senhor, juram em meu nome, mas fazem o mesmo pelo nome do deus Moloque! Eu vou destruir também aqueles que antes adoravam ao Senhor mas já se desviaram dele, que não o buscam nem perguntam por ele. Fiquem calados na presença do Soberano, o Senhor, porque o terrível dia de seu julgamento chegou. Ele preparou a derrota de seu povo e escolheu os carrascos de sua gente. Nesse dia de julgamento, castigarei os líderes e os príncipes de Judá e todos os que usam roupas estrangeiras. Sim, castigarei os que adotam costumes estrangeiros quando me adoram, que roubam e enchem as casas de seus senhores com lucros desonestos, conseguidos com violência e engano. “Naquele dia”, diz o Senhor, “um grito de alarme vai se ouvir da porta dos Peixes. Haverá gente gritando no bairro novo da cidade e um grande lamento nos altos dos montes. Chorem e lamentem de tristeza, moradores da cidade baixa de Jerusalém. Todos os seus comerciantes gananciosos serão completamente destruídos e os que negociam com prata serão arruinados. Eu irei procurar, com lanternas, nos becos mais escuros de Jerusalém os que vivem acomodados em seus pecados, indiferentes, pensando assim: ‘O Senhor não nos incomodará’. Quando achar esses homens, vou castigá-los terrivelmente. As propriedades que eles compraram serão roubadas e suas casas reviradas em busca de riquezas. Eles nem chegarão a morar nas novas mansões que construíram. Jamais beberão vinho das vinhas que plantaram. “Esse grande dia do Senhor está muito perto! Vai chegar muito depressa. O dia do Senhor será terrível; até os homens fortes e valentes chorarão amargamente! Será um dia em que a ira do Senhor vai ser derramada. Um dia de terrível angústia e sofrimento, um dia de ruína e desolação, de escuridão e de nuvens sombrias. É um dia de trombetas de guerra soando e gritos de batalha. Caem as cidades cercadas de muros e as fortalezas mais poderosas! Eu farei com que os homens fiquem tão indefesos como um cego que procura achar o seu caminho, porque eles pecaram contra o Senhor. Por causa disso, o sangue deles será derramado no pó, e seus corpos apodrecerão no solo. A sua prata e o seu ouro não terão nenhum valor no dia da ira do Senhor para comprarem a sua liberdade. Toda a terra será devorada pelo fogo do zelo do Senhor. Ele acabará rapidamente com todos os moradores da terra”. Ajunte os seus habitantes e ore, nação sem vergonha, enquanto ainda há tempo, antes que comece o julgamento e a sua oportunidade seja levada embora como palha ao vento. Antes que a ira violenta do Senhor seja despejada e o terrível dia do Senhor a alcance. Supliquem ao Senhor que os salve, todos vocês que são humildes, todos os que obedeceram às suas leis. Vivam humildemente e façam o que é certo. Talvez vocês escapem do castigo no dia da ira do Senhor. A cidade de Gaza ficará deserta, Ascalom ficará abandonada, Asdode será exilada ao meio-dia, e Ecrom será esvaziada de seus habitantes. Ai de vocês, filisteus, que vivem no litoral da terra de Canaã, porque esse julgamento também é para vocês. O Senhor destruirá todos os seus moradores! O litoral vai virar pastagem, um lugar de pastores e currais de ovelhas. Ali será alimentado e protegido o remanescente da tribo de Judá. Eles se deitarão para descansar nas casas abandonadas de Ascalom, pois o Senhor, o seu Deus, cuidará de seu povo com amor e lhes devolverá o que tinham perdido. “Eu ouvi as zombarias dos habitantes de Moabe e Amom, rindo de meu povo e ameaçando conquistar a sua terra. “Por isso, tão certo como eu vivo”, diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel, “Moabe e Amom serão destruídos como Sodoma e Gomorra e se tornarão um lugar de urtigas e poços de sal, em completo abandono. O remanescente do meu povo saqueará essas nações e as possuirá”. Elas receberão o justo castigo por seu orgulho, porque zombaram e insultaram o povo do Senhor dos Exércitos. O Senhor fará coisas terríveis com elas. Ele destruirá todos os deuses das outras nações, e todos os homens o adorarão, cada um em sua própria terra, em todo o mundo. “Vocês também, etíopes, serão mortos pela espada do Senhor ” Ele estenderá a mão contra as terras do Norte. Ele destruirá a Assíria e fará da grande capital daquela nação, Nínive, um campo seco e vazio como um deserto. Aquela cidade, antes tão orgulhosa, será transformada num pasto de ovelhas. Todos os animais selvagens farão ali as suas tocas. Os ouriços e as corujas morarão nas ruínas de seus palácios; haverá aves piando nas janelas. Os corvos gritarão em suas portas. Todas as lindas paredes cobertas de cedro ficarão expostas ao tempo e ao vento. Este é o destino daquela grande e orgulhosa cidade, que vivia em completa segurança e dizia para si mesma: “Em todo o mundo não há cidade tão poderosa!” Mas agora, vejam como ela se tornou um lugar de completa ruína, um lugar onde os animais selvagens se escondem! Todos os que por lá passarem zombarão e sacudirão a cabeça, com desprezo. Ai de Jerusalém, cidade impura e pecaminosa, cidade violenta e opressora! Ela é tão orgulhosa que nem sequer ouve a voz do Senhor. Ela não aceita conselhos de ninguém, não aceita correções. Ela não confia no Senhor nem procura o seu Deus. Seus líderes são como leões que rugem, caçando suas vítimas e destruindo tudo o que podem. Seus juízes são como lobos famintos ao cair da noite que ao chegar a madrugada já devoraram suas vítimas completamente. Seus profetas são mentirosos e enganadores. Seus sacerdotes profanam o templo, desobedecendo às leis de Deus. Apesar disso, o Senhor permanece na cidade e sempre faz o que é justo e jamais comete uma injustiça. A cada dia a sua justiça se torna mais visível, mas ninguém dá importância. Os perversos não se sentem envergonhados. “Eu destruí muitas nações, deixando-as arrasadas até as fronteiras mais distantes. Fiz suas ruas ficarem destruídas e desertas e deixei as cidades vazias, sem um sobrevivente sequer. E pensei: ‘Com certeza, agora eles me ouvirão; com certeza darão atenção aos meus avisos, e não vou precisar destruir sua terra’. Mas isso não aconteceu. Por mais que eu os castigue, eles continuam a andar em seus maus caminhos. Mas o Senhor diz: “Sejam pacientes. Logo chegará o tempo em que eu me levantarei e acusarei essas nações perversas. Meu plano é reunir todos os reinos da terra e derramar todo o meu furor e toda a minha ira sobre eles. Toda a terra será devorada pelo fogo do meu zelo. “Então eu mudarei a língua dos povos para que todos invoquem o nome do Senhor e para que todos possam adorar juntos ao Senhor. O meu povo que vive espalhado além dos rios da Etiópia virá trazendo suas ofertas, pedindo para ser novamente o seu Deus. Quando chegar aquele dia, vocês não precisarão se envergonhar de si mesmos, porque já não serão mais rebeldes contra mim. Eu vou eliminar do seu meio todos os homens orgulhosos e arrogantes. Não haverá orgulho ou atrevimento no meu santo monte. Só ficarão os mansos e humildes, e eles confiarão no nome do Senhor. O remanescente do povo de Israel não cometerá injustiças, nem estará cheio de mentira e engano. Viverá tranquilamente, em paz, e se deitará em segurança. Ninguém o assustará”. Cante, ó filha de Sião. Grite de alegria, ó Israel. Alegre-se e vibre de felicidade de todo o coração, ó filha de Jerusalém. Pois o Senhor removeu as suas acusações contra vocês e fez debandar os exércitos de seu inimigo. O Senhor mesmo, o Rei de Israel, está no meio de vocês! Todas as suas tristezas acabarão — vocês não precisarão mais ter medo de coisa alguma. Naquele dia, o aviso que se dará a Jerusalém será: “Não tenha medo, ó Sião. Não fiquem fracos nem desanimados. Pois o Senhor, o seu Deus, está no meio de vocês. Ele é um Salvador poderoso. Ele lhes dará a vitória. Ele se alegrará em vocês com imensa alegria! Ele vai amar vocês e não os acusará. Ele se alegra em vocês com gritos de alegria”. “Eu ajuntarei os seus feridos e acabarei com tudo aquilo que os envergonhava. Castigarei duramente todos os que maltrataram vocês. Salvarei os fracos e indefesos e reunirei os que foram expulsos da terra onde viviam. Darei glória aos que, quando foram levados presos, receberam ofensas e zombarias. Naquele tempo, vou reunir todos vocês e os trarei de volta à sua terra. Darei a vocês um nome respeitado e honrado por todos os povos da terra. As nações os louvarão, quando eu mudar sua sorte diante de seus próprios olhos”, diz o Senhor. No primeiro dia do sexto mês do segundo ano do reinado de Dario I, veio a mensagem do Senhor ao profeta Ageu, que a entregou a Zorobabel, filho de Sealtiel, governador de Judá, e a Josué, filho de Jeozadaque, o sumo sacerdote, dizendo: “Por que todos andam dizendo que ainda não chegou a hora da reconstrução da casa do Senhor?”, pergunta o Senhor dos Exércitos. Por isso a resposta do Senhor veio novamente ao povo por meio de Ageu: “Acaso é hora de vocês morarem em casas luxuosas e confortáveis, enquanto a minha casa continua em ruínas?” Assim diz o Senhor dos Exércitos: “Veja o resultado disso. Vocês plantam muito, mas colhem pouco. Têm muito pouco para comer e beber, têm roupas mas não se aquecem no frio. Seus salários desaparecem como se vocês o colocassem em bolsos furados!” “Pensem bem nisto!”, diz o Senhor dos Exércitos. “Pensem em como vocês têm agido, e vejam qual foi o resultado! Então, subam os montes e de lá tragam madeira para reconstruir o meu templo. Eu me alegrarei nele e aparecerei ali em toda a minha glória”, diz o Senhor. “Vocês alimentam grandes esperanças, mas conseguem muito pouco. Quando trazem esse pouco para casa, eu o faço desaparecer com um leve sopro. O pouco que vocês ajuntam não dura quase nada. Por quê? Porque o meu templo continua em ruínas e vocês nem ligam. Só se preocupam com suas belas casas. É por isso que eu não deixo os céus darem chuva e as suas colheitas são tão fracas. Na verdade, eu já ordenei que venha uma seca sobre a terra, até mesmo sobre os montes tão férteis. Uma seca que vai fazer murchar os cereais, as uvas e azeitonas e todas as outras plantações. Uma seca que vai castigar vocês e o gado e que vai destruir tudo aquilo que vocês trabalharam tanto para conseguir”. Então Zorobabel, filho de Sealtiel, o governador de Judá, e Josué, filho de Jeozadaque, o sumo sacerdote, e o restante do povo que havia ficado na terra, obedeceram à mensagem que o Senhor, o seu Deus, tinha enviado por meio de Ageu. Eles começaram a adorar a Deus de todo o coração. E o Senhor enviou mais uma vez a mensagem por Ageu, seu mensageiro: “Eu estou do seu lado: Vou abençoar vocês”. E o Senhor encorajou Zorobabel, filho de Sealtiel, o governador de Judá, e Josué, filho de Jeozadaque, o sumo sacerdote, e o restante do povo, e todos começaram a trabalhar no templo do Senhor dos Exércitos, o seu Deus. Assim, no vigésimo quarto dia do sexto mês do segundo ano do reinado de Dario I, todos se reuniram e voluntariamente começaram a trabalhar. No vigésimo primeiro dia do sétimo mês, o Senhor enviou esta palavra por meio do profeta Ageu: “Faça esta pergunta a Zorobabel, filho de Sealtiel, governador de Judá, e a Josué, filho de Jeozadaque, o sumo sacerdote e ao restante do povo: Quem de vocês pode se lembrar do templo antigo? Era uma coisa fabulosa! Este que vocês estão construindo agora, em comparação, não parece insignificante? “Não desanime, Zorobabel”, diz o Senhor. “Não desanime, Josué, filho de Jeozadaque, sumo sacerdote. Tenham coragem e trabalhem, ó povo da terra!”, diz o Senhor, “porque eu estou do seu lado”, diz o Senhor dos Exércitos. “Porque quando Israel saiu do Egito eu prometi que o meu Espírito habitaria entre vocês; por isso, não fiquem com medo”. Assim diz o Senhor dos Exércitos: “Mais um pouco de tempo e começarei a sacudir os céus e a terra, os mares e a terra seca. Vou sacudir os alicerces das nações, e elas vão trazer para cá os seus tesouros, e encherei este lugar com a minha glória”, diz o Senhor dos Exércitos. “Toda a prata e todo o ouro me pertencem”, diz o Senhor dos Exércitos. “A glória deste templo será maior que a glória do primeiro”, diz o Senhor dos Exércitos. “E será neste lugar que estabelecerei a paz”, diz o Senhor dos Exércitos. No vigésimo quarto dia do nono mês, no segundo ano do reinado de Dario I, o Senhor enviou esta mensagem por meio do profeta Ageu: Assim diz o Senhor dos Exércitos: “Pergunte aos sacerdotes sobre a Lei: Se alguém leva um sacrifício santo em suas roupas, e por acaso o esfrega num pedaço de pão ou de carne, ou num jarro de vinho, ou em azeite ou em qualquer comida, isso ficará consagrado?” “Não”, responderam os sacerdotes. Então Ageu perguntou: “Mas, se alguém tocar num cadáver, e ficar impuro pela lei cerimonial, e depois tocar em alguma dessas coisas, ela ficará contaminada?” Os sacerdotes responderam: “Sim, ficará contaminada”. Então Ageu transmitiu a resposta do Senhor: “Vocês estavam contaminando seus sacrifícios com sua vida cheia de egoísmo e maldade. E não contaminavam só os sacrifícios, mas tudo que vocês ofereciam a mim. “Por isso, tudo que vocês faziam dava errado. Mas de agora em diante reconsiderem. Antes de vocês terem começado a construção do templo do Senhor, quando vocês esperavam uma colheita de trigo procurando vinte medidas, havia apenas dez. Quando vocês iam ao depósito de vinho para tirar cinquenta medidas, só encontravam vinte. Eu castiguei todo o seu trabalho com ferrugem, bolor e granizo. Apesar disso, vocês teimavam em não voltar para mim”, diz o Senhor. “Mas agora, prestem atenção nisso: A partir de hoje, vigésimo quarto dia do nono mês, dia em que foram colocados os alicerces do templo do Senhor, eu os abençoarei. Notem bem que estou lhes fazendo esta promessa antes mesmo de vocês começarem a levantar a estrutura do templo, antes de terem colhido os cereais e antes de as uvas, os figos, as romãs e as azeitonas surgirem. A partir de hoje eu os abençoarei”. Ageu recebeu outra mensagem do Senhor, no vigésimo quarto dia do nono mês: “Diga a Zorobabel, o governador de Judá: Estou prestes a sacudir os céus e a terra, a derrubar reis e destruir a força dos reinos da terra. Arrasarei seus exércitos, seus carros e seus condutores; os próprios companheiros se matarão um ao outro. “Mas, quando isso acontecer”, diz o Senhor dos Exércitos, “vou separar você, meu servo Zorobabel, filho de Sealtiel”, diz o Senhor, “e você vai ser tão importante para mim quanto o anel com que um rei confirma seus decretos. Porque eu o escolhi”, diz o Senhor dos Exércitos. Estas mensagens do Senhor foram transmitidas ao profeta Zacarias, filho de Baraquias, neto de Ido, no oitavo mês do segundo ano do reinado de Dario: “O Senhor ficou muito irado com os seus antepassados. Por isso diga ao povo: Assim diz o Senhor dos Exércitos: Voltem para mim, e eu me voltarei para vocês. Não sejam como seus antepassados, com os quais os primeiros profetas insistiram: ‘Assim diz o Senhor dos Exércitos: Deixem os seus maus caminhos e abandonem as suas más ações, disse o Senhor. Mas eles não quiseram ouvir; não deram a mínima atenção”, diz o Senhor. Seus pais e os profetas daquela época já morreram há muito tempo, mas o que o Senhor disse aos seus antepassados aconteceu, palavra por palavra, e eles foram severamente castigados. Depois de tudo aquilo, finalmente eles se arrependeram”. “O Senhor dos Exércitos nos deu aquilo que merecíamos”, disseram. “Ele fez exatamente o que havia prometido fazer”. No vigésimo quarto dia do décimo primeiro mês, o mês de sebate, no segundo ano do reinado de Dario, a mensagem do Senhor foi entregue ao profeta Zacarias, filho de Baraquias, neto de Ido. Numa visão, durante a noite eu vi um homem montado num cavalo vermelho, parado entre pés de murtas, num desfiladeiro. Atrás dele havia outros cavalos, vermelhos, malhados e brancos, cada um com seu cavaleiro. Ao meu lado havia um anjo, e eu perguntei a ele: “Para que servem estes cavalos, senhor?” “Vou lhe mostrar”, ele me disse. Então o cavaleiro do cavalo vermelho entre as murtas, que era o Anjo do Senhor, me respondeu: “O Senhor os mandou para observarem a terra”. Aí os outros cavaleiros apresentaram seu relatório ao Anjo do Senhor que estava entre as murtas: “Nós acabamos de observar a terra, e em toda parte há tranquilidade e paz”. Ao ouvir os relatórios, o Anjo do Senhor orou: “Ó Senhor dos Exércitos, há setenta anos a sua ira ferve contra Jerusalém e as cidades de Judá. Quanto tempo ainda vai demorar para o Senhor exercer a sua misericórdia?” E o Senhor respondeu ao anjo que estava ao meu lado, com palavras de consolo e segurança. Então o anjo me disse: “Proclame para todos ouvirem esta mensagem do Senhor dos Exércitos: ‘Vocês pensam que eu não me importo com o que aconteceu? Eu tenho muito amor por Jerusalém e Sião, mas estou muito irado com as nações pagãs que vivem ricas e tranquilas; eu estava apenas um pouco irado com o meu povo, mas essas nações fizeram que Jerusalém sofresse muito’. Por isso, assim declara o Senhor: ‘Eu me voltarei para Jerusalém cheio de misericórdia; o meu templo será reconstruído e toda a cidade de Jerusalém junto com ele, diz o Senhor dos Exércitos. “Repita a mensagem: Assim diz o Senhor dos Exércitos: ‘As minhas cidades voltarão a se encher de riquezas, e o próprio Senhor voltará a consolar Sião. Ele fará de Jerusalém a sua cidade escolhida’ ”. Olhei em outra direção e vi quatro chifres de animais. “Que significam estes quatro chifres?”, perguntei ao anjo. Ele me respondeu: “Representam as quatro grandes nações que espalharam Judá, Israel e Jerusalém”. Depois disso, o Senhor me mostrou quatro ferreiros. “O que estes quatro vieram fazer?”, perguntei. O anjo respondeu: “Eles vieram atacar as quatro nações que espalharam o povo judeu pelo mundo, a ponto de ninguém conseguir levantar a cabeça. Mas os ferreiros vão aterrorizar e quebrar os chifres das nações que se levantaram contra a terra de Judá e espalharam o seu povo”. Voltei a levantar os meus olhos e vi um homem levando uma corda de medir. “Aonde você vai?”, perguntei. “Vou medir Jerusalém para saber seu comprimento e a sua largura”, ele disse. Então o anjo que estava ao meu lado foi se encontrar com outro anjo que vinha em sua direção e lhe disse: “Corra e diga àquele jovem que um dia Jerusalém ficará tão cheia de gente que quase não haverá espaço para todos! Muitas pessoas morarão fora dos muros da cidade, junto com seus rebanhos e, apesar disso, estarão em perfeita segurança. Isso porque o Senhor mesmo será uma muralha de fogo, protegendo Jerusalém e seus habitantes. Ele será a glória da cidade”. “Atenção! Atenção! Fujam da terra do norte”, diz o Senhor a todos os seus que foram levados para longe de sua terra. “Eu espalhei vocês aos quatro ventos”. “Atenção, ó Sião! Fujam! Fujam agora mesmo, vocês que moram na cidade da Babilônia!”, diz o Senhor dos Exércitos. O Senhor da glória me enviou para lutar contra as nações que os oprimiram, porque quem faz mal a vocês toca na menina dos olhos do Senhor! Eu esmagarei essas nações com minhas próprias mãos, e os que são escravos serão os seus senhores! Quando isso acontecer, vocês saberão que foi o Senhor dos Exércitos que me enviou. “Cante de alegria, ó cidade de Sião! Porque venho morar com vocês”, diz o Senhor. E, quando isso acontecer, muitas nações se converterão ao Senhor e passarão a ser, também, meu povo. Eu morarei junto com elas, e então vocês saberão que foi o Senhor dos Exércitos quem me enviou a vocês. Judá será a herança do Senhor na terra santa, porque mais uma vez o Senhor escolherá Jerusalém e a abençoará. Calem-se, cheios de respeito, diante do Senhor, todos os homens, porque ele se levantou do seu santo lar. Depois disso, Deus me mostrou, na minha visão, o sumo sacerdote Josué, em pé diante do Anjo do Senhor. Satanás estava ali também, ao lado direito do Anjo, para acusar Josué. E o Anjo do Senhor disse a Satanás: “Suas acusações são inúteis, Satanás. O Senhor, que escolheu Jerusalém, o repreenda! Esse homem é como um tição tirado da fogueira”. As roupas de Josué estavam impuras enquanto continuava de pé diante do Anjo do Senhor. Então o Anjo disse aos que estavam junto a ele: “Tirem as roupas impuras deste homem”. Depois voltou-se a Josué e disse: “Veja, eu removi o seu pecado e agora vou lhe dar roupas novas de festa”. Em seguida o Anjo do Senhor disse: “Coloquem um turbante limpo em sua cabeça. Colocaram o turbante nele e o vestiram; e o anjo do Senhor continuava ali de pé. Quando Josué estava vestido, o Anjo do Senhor falou solenemente ao sumo sacerdote, dizendo: “Assim diz o Senhor dos Exércitos: ‘Se você observar cuidadosamente o que eu ordeno, andar nos meus caminhos e me obedecer fielmente, ficará sendo o responsável pelo meu templo, para conservá-lo sempre santo. Você poderá entrar na minha presença quando quiser, junto com estes que nos cercam. “ ‘Portanto, ouça o que estou dizendo, sumo sacerdote Josué e todos os outros sacerdotes que estão com você! O que está acontecendo com vocês é uma antecipação das belas coisas que acontecerão no futuro. Vou enviar o meu servo, o Ramo Novo. Coloquei diante de Josué uma pedra com sete faces, e nessa pedra gravarei um nome’, diz o Senhor dos Exércitos, ‘e tirarei os pecados desta terra num único dia’. ‘E depois disso’, diz o Senhor dos Exércitos, ‘vocês todos viverão em paz e com muitas riquezas. Todos terão sua própria casa e poderão convidar seus amigos para assentar-se debaixo da sua videira e das figueiras’ ”. Depois disso, o anjo que conversava comigo me acordou, como se eu tivesse estado dormindo. “O que é que você está vendo agora?”, ele perguntou. Eu respondi: “Vejo um castiçal dourado, com sete lâmpadas. Acima do castiçal há um vaso de azeite que abastece as lâmpadas, deixando o azeite correr por sete tubos. E há duas oliveiras junto ao vaso, uma à direita e outra à esquerda”. “O que é isto, senhor?”, eu perguntei ao anjo que falava comigo, “o que significa?” E o anjo perguntou: “Você não sabe mesmo?” Eu respondi: “Não, meu senhor. Não sei”. Então ele me disse: “Esta é a mensagem do Senhor a Zorobabel: ‘Não é pela força, nem pela violência que vocês vencerão. Será pelo meu Espírito’, diz o Senhor dos Exércitos. “Portanto, não há obstáculo, por maior que seja, que possa parar Zorobabel! Todos os obstáculos cairão diante dele, e Zorobabel colocará a pedra principal deste templo. E o povo vai gritar: “Só pela graça de Deus é que fizemos tudo isso!” Uma outra mensagem que recebi do Senhor dizia o seguinte: “Zorobabel colocou os alicerces do templo e vai completá-lo. Assim vocês vão saber que estas mensagens vieram do Senhor dos Exércitos. “Não desprezem esse começo humilde, porque vocês se alegrarão vendo o trabalho começar, e a pedra principal nas mãos de Zorobabel”. Então ele me disse: “As sete lâmpadas do castiçal representam os olhos do Senhor que veem tudo o que se passa na terra”. Então eu perguntei sobre as duas oliveiras que estavam junto ao castiçal, e sobre os dois ramos de oliveira pelos quais corria o azeite, que caía em duas vasilhas por dois tubos dourados. “Você não sabe?”, perguntou ele. E eu respondi: “Não, meu senhor”. Então ele me disse: “Eles representam os dois ungidos que o Senhor usa para cumprir a sua vontade na terra”. Levantei outra vez os olhos e vi um rolo de pergaminho voando pelo ar. “O que é que você está vendo?”, me perguntou o anjo. “Um rolo de pergaminho que voa!”, respondi. “Deve ter nove metros de comprimento por quatro e meio de largura!”. “Esse rolo”, disse o anjo, “representa a maldição que Deus mandou sobre toda a terra. Nele está escrito que todos os que roubam, mentem e fazem juízos falsos serão expulsos, de acordo com essa maldição. Assim diz o Senhor dos Exércitos: ‘Vou lançar essa maldição sobre a casa de cada ladrão e de todas as pessoas que juram falsamente pelo meu nome. Minha maldição permanecerá sobre a casa deles e a destruirá’ ”. Depois disso, o anjo me deixou sozinho por algum tempo, mas voltou e me disse: “Olhe para cima! Há alguma coisa voando pelo céu!” “O que é aquilo?”, eu perguntei. Ele respondeu: “É um grande cesto com o pecado que se espalhou por toda a terra”. De repente a tampa de chumbo do cesto foi levantada, e eu pude ver uma mulher sentada dentro do cesto. O anjo explicou: “Essa mulher representa a maldade”. Quando disse isso, empurrou a mulher para o fundo do cesto e o tampou novamente. Então eu vi duas mulheres voando em nossa direção. As suas asas pareciam asas de cegonha. Apanharam o cesto e o carregaram pelos ares. Quando vi tudo isso, perguntei ao anjo: “Para onde estão levando o cesto?” Ele respondeu: “Para a Babilônia, seu verdadeiro lugar. Lá ela terá um templo e colocarão o cesto num pedestal”. Então voltei a olhar para cima e vi quatro carros de guerra que saíam de entre dois montes de bronze. O primeiro carro era puxado por cavalos vermelhos, o segundo por cavalos pretos, o terceiro por cavalos brancos e o quarto por cavalos malhados. Todos eram fortes. Sem entender, perguntei ao anjo: “Quem são estes, meu senhor?” O anjo me respondeu: “Estes são os quatro espíritos celestiais que estão sempre à disposição do Senhor de toda a terra. Estão partindo para cumprir suas ordens. O carro de guerra puxado pelos cavalos pretos irá para a terra do Norte, e o que é puxado pelos cavalos brancos logo o seguirá, ao passo que os cavalos malhados irão para o Sul”. Os fortes cavalos estavam avançando, impacientes para percorrer a terra de alto a baixo, e assim o anjo ordenou: “Vão! Percorram toda a terra”. Os cavalos partiram imediatamente. Então o Senhor me chamou e disse: “Os que foram para a terra do Norte cumpriram o meu castigo e acalmaram o meu Espírito contra aquela terra”. Numa outra mensagem, o Senhor me disse: “Os exilados Heldai, Tobias e Jedaías vão trazer presentes de prata e de ouro que os judeus prisioneiros na Babilônia mandaram. No mesmo dia em que eles chegarem, vá encontrá-los na casa de Josias, filho de Sofonias, onde eles se hospedarão. Receba os presentes que trouxeram e faça uma coroa com a prata e o ouro. Depois disso, coloque a coroa sobre a cabeça do sumo sacerdote Josué, filho de Jeozadaque. Diga a ele que o Senhor dos Exércitos afirmou: ‘Você é o homem, cujo nome é Ramo Novo. Ele brotará das suas próprias raízes e edificará o templo do Senhor. Ele construirá o templo do Senhor. É a ele que pertence o título de Rei. Ele será ao mesmo tempo Rei e Sacerdote e vai realizar as duas funções perfeitamente!’ Depois disso, coloque a coroa no templo do Senhor, para honrar aqueles que a ofereceram, Heldai, Tobias, Jedaías e também Josias, filho de Sofonias. Esses três representam as pessoas que virão de longe para reconstruir o templo do Senhor. Quando isso acontecer, vocês saberão que as minhas mensagens vieram do Senhor dos Exércitos. Mas nada disso acontecerá se vocês não obedecerem de coração os mandamentos do Senhor, o seu Deus’ ”. O Senhor me enviou outra mensagem, no quarto ano do reinado de Dario, no quarto dia do nono mês, o mês de quisleu. Os judeus da cidade de Betel haviam mandado um grupo de homens liderados por Sarezer, o chefe do pessoal do palácio real, e Regém-Meleque, ao templo do Senhor em Jerusalém para buscar a ajuda do Senhor, e para perguntarem aos sacerdotes do templo do Senhor dos Exércitos e aos profetas se deveriam continuar com seu costume tradicional de jejuar e chorar no quinto mês, como já vinham fazendo há tantos anos. Foi esta a resposta do Senhor dos Exércitos que veio por meu intermédio: “Quando vocês voltarem a Betel, digam a todo o povo e aos sacerdotes de lá: ‘Durante os setenta anos de cativeiro, quando vocês jejuavam e choravam, no quinto e no sétimo mês, estavam mesmo deixando de lado os seus pecados e se voltando para mim? E mesmo agora, vocês só pensam em satisfazer seus próprios desejos quando comem e bebem. Há muitos anos, quando Jerusalém era uma cidade rica e o Neguebe e a Sefelá viviam cheios de gente, os profetas avisaram aos judeus que essa mesma atitude acabaria por destruí-los, e isso de fato aconteceu’ ”. Então a seguinte mensagem do Senhor foi dada a Zacarias: “Assim diz o Senhor dos Exércitos: Sejam honestos e corretos, não aceitem gorjetas desonestas e sejam bondosos e saibam perdoar a todos. Parem de oprimir as viúvas e os órfãos, os estrangeiros e os pobres, e parem de planejar coisas ruins uns contra os outros”. “Seus antepassados não quiseram ouvir esta mensagem. Rebeldemente viraram as costas para mim e taparam os ouvidos para não ouvir! Endureceram seus corações e não ouviram as palavras que o Senhor dos Exércitos ordenou, as leis que foram reveladas a eles pelo seu Espírito por meio dos antigos profetas. Foi por isso que a terrível ira do Senhor dos Exércitos veio sobre eles. “Eu os chamei, mas eles se recusaram a ouvir. Por isso, quando gritarem por mim, pedindo socorro, eu também não os ouvirei”, diz o Senhor dos Exércitos. “Como um vendaval eu os espalhei entre as nações mais distantes. A terra em que viviam virou um deserto; ninguém passava por ela. A terra agradável ficou deserta e vazia”. A mensagem do Senhor veio a mim outra vez: Assim diz o Senhor dos Exércitos: “Tenho grande zelo por Sião; estou terrivelmente zangado com o que os inimigos de Jerusalém fizeram à cidade”. Assim diz o Senhor: “Voltarei para Sião, a minha terra, e morarei em Jerusalém. Então Jerusalém será chamada ‘A Cidade Fiel’, e o monte do Senhor dos Exércitos será chamado ‘O Monte Santo’ ”. Assim diz o Senhor dos Exércitos: “Jerusalém terá paz e prosperidade por tanto tempo que mais uma vez haverá homens e mulheres idosos que se sentarão nas praças e andarão lentamente pelas ruas, apoiados em suas bengalas, e as ruas e praças da cidade estarão sempre cheias de meninos e meninas brincando. O Senhor dos Exércitos diz: “Mesmo que isso pareça impossível para vocês, remanescente do povo, para mim isso é algo muito simples”. Assim diz o Senhor dos Exércitos: “Vocês podem ficar certos de que vou salvar o meu povo, os que foram espalhados para o oriente e os que foram levados para o ocidente. Onde quer que estejam, eu os salvarei! Eu os trarei de volta à sua terra, para viverem seguros em Jerusalém. Eles serão o meu povo e eu serei o seu Deus, justo e verdadeiro, e que perdoa os seus pecados!” Assim diz o Senhor dos Exércitos: “Fortaleçam as suas mãos para que o templo seja construído! Vocês já ouviram o bastante! Desde que começaram a lançar os alicerces do templo do Senhor dos Exércitos, vêm ouvindo os profetas contarem das bênçãos que esperam por vocês quando terminarem de construir. Antes de começar a construção não havia empregos, nem salários, nem segurança. Quem saísse da cidade não sabia sequer se iria voltar por causa dos seus adversários, porque eu tinha colocado cada um contra o seu próximo. Mas agora não vou mais tratar com o remanescente deste povo como fiz no passado”, diz o Senhor dos Exércitos. “Agora estou semeando a paz e o bem-estar entre vocês. As suas plantações produzirão bastante. As videiras ficarão carregadas de saborosas uvas. O solo será fértil e haverá toda a chuva de que os lavradores precisam. Todas essas bênçãos serão oferecidas ao remanescente deste povo. Até agora, quando os povos queriam ofender alguém, diziam: ‘Que Deus os castigue como castigou o povo de Judá e de Israel’. Mas isso acabou. Eu vou salvar vocês, e vocês serão uma bênção. Por isso, não tenham medo nem desanimem!” Assim diz o Senhor dos Exércitos: “Eu os abençoarei com certeza. E não pensem que vou mudar de ideia. Fiz o que havia prometido quando seus antepassados me enfureceram”, diz o Senhor dos Exércitos, “e disse que os castigaria. Também agora decidi abençoar o povo de Jerusalém e de Judá e não mudarei a minha decisão. O que vocês precisam fazer é o seguinte: Falem sempre a verdade. Julguem com honestidade e retidão nos seus tribunais. Vivam em paz com todos. Não façam planos para prejudicar outras pessoas. Não jurem falsamente, porque eu odeio todas essas coisas!”, diz o Senhor. E o Senhor dos Exércitos me deu outra mensagem. Assim diz o Senhor dos Exércitos: “Os jejuns e dias de choro, que vocês têm observado no quarto mês, bem como os do quinto, do sétimo e do décimo mês chegaram ao fim. Eles vão se transformar em festas de alegria para o povo de Judá, se vocês amarem a verdade e a paz”. Assim diz o Senhor dos Exércitos: “Gente de todo o mundo fará viagens a Jerusalém, que ficará cheia de pessoas de muitas outras cidades, que virão assistir às festas. Amigos que moram longe se encontrarão e combinarão: ‘Vamos a Jerusalém pedir ao Senhor que nos abençoe e seja bom para nós. Venha! Eu já estou indo, vamos agora!’ Sim, muita gente, até as nações poderosas virão a Jerusalém para pedir a ajuda e a bênção do Senhor dos Exércitos”. Assim diz o Senhor dos Exércitos: “Naqueles dias, dez homens de países diferentes se agarrarão às barras das vestes de um judeu e dirão: ‘Por favor, nós queremos ir com você, porque ouvimos que Deus está com você’ ”. Esta mensagem fala acerca da maldição que Deus lançou contra as terras de Hadraque e Damasco, porque o Senhor vigia de perto todos os homens, do mesmo modo que vigia todas as tribos de Israel. Hamate, próxima a Damasco, já está condenada. Tiro e Sidom também, apesar de toda a sua sabedoria. Apesar de Tiro possuir muitas fortalezas e soldados bem armados, apesar de ser tão rica que a prata e o ouro valem menos que pó, o Senhor vai destruir suas riquezas e jogar as fortalezas de Tiro dentro do mar. A cidade será incendiada e totalmente arrasada pelo fogo. Ao ver isso, Ascalom ficará com muito medo. Em Gaza o desespero causará enorme confusão, e o povo de Ecrom ficará cheio de terror porque todas essas cidades esperavam que Tiro acabasse com o avanço do inimigo. Agora suas esperanças desapareceram. Gaza será conquistada, o seu rei será morto e Ascalom ficará completamente deserta. Os estrangeiros tomarão posse de Asdode, e eu acabarei com o orgulho dos filisteus. Eles não vão mais comer carne com sangue ou outra comida proibida. Todas as pessoas que restarem adorarão ao Senhor e se tornarão uma nova família do povo de Israel. Os filisteus de Ecrom se casarão com israelitas, como os jebuseus fizeram há tanto tempo. Cercarei o meu templo de proteção, para impedir os exércitos invasores de atacarem Israel. Vou vigiar de perto os seus movimentos e os manterei longe de Israel. Nenhum opressor passará por cima do meu povo. Alegre-se muito, ó filha de Sião! Grite de felicidade, Jerusalém! Vejam todos, o seu Rei está chegando! Ele é o justo, o vencedor, humilde e vem montado num jumento, um jumentinho, filho de jumenta! Ele vai acabar com os carros de guerra de Israel e os cavalos de Jerusalém, e os arcos usados na batalha serão destruídos. Ele trará paz a todos os povos do mundo. O seu reino irá de mar a mar, do rio Eufrates aos confins da terra. Eu libertarei os seus prisioneiros de um poço seco, por causa da minha aliança que fiz com vocês, selada com sangue. Voltem para a fortaleza, vocês que são prisioneiros. Aqui há esperança; pois hoje eu prometo dar duas vezes mais bênçãos do que as tristezas que vocês passaram! Judá, você é o meu arco! Israel, você é a minha flecha! Os filhos de Sião serão a minha espada, a espada de um valente soldado, atacando os filhos da Grécia. O Senhor dirigirá o seu povo na batalha! As suas flechas cortarão o ar como relâmpagos. O Senhor tocará a trombeta de guerra e avançará contra seus inimigos, como os redemoinhos que vêm do deserto do Sul. O Senhor dos Exércitos defenderá o seu povo, e eles dominarão seus inimigos, pisando-os com os pés. Eles sentirão o gosto da vitória, gritarão excitados pelo vinho e derramarão o sangue dos seus inimigos; o sangue fluirá como o sangue de um sacrifício derramado sobre o altar. O Senhor, o seu Deus os salvará naquele dia, como o pastor cuida das suas ovelhas. Eles brilharão em sua terra como as joias cintilantes de uma coroa. Tudo vai ser belo e maravilhoso! Vai haver tanto alimento para o povo que o trigo dará força aos rapazes, e o vinho novo fortalecerá as moças. Peça ao Senhor chuva na primavera, e ele responderá com relâmpagos e aguaceiros. Todos os campos se tornarão verdes e viçosos. As promessas dos adivinhadores são um monte de mentiras bobas. Promessas assim não adiantam nada; nunca se realizam. Judá e Israel andam perdidos como ovelhas, e todos os atacam porque não há pastor para protegê-los. “A minha ira contra os seus pastores, seus líderes, está fervendo e eu os castigarei. O Senhor dos Exércitos chegou para ajudar o seu rebanho, o povo de Judá. E farei dele um povo forte e orgulhoso, como um corajoso cavalo na batalha. Do meio dele surgirá a pedra de esquina, a estaca que firma a tenda da esperança, o arco que vence as batalhas, os governantes. O povo de Judá será valente como guerreiros que pisam com os pés os seus inimigos na lama. O Senhor está do lado deles na luta, e assim derrotarão os inimigos montados a cavalo. “Eu fortalecerei a tribo de Judá, e salvarei a casa de José. Eu os restabelecerei porque os amo. E será como se eu nunca os tivesse rejeitado, porque eu sou o Senhor, o seu Deus, e responderei às suas orações. Os homens de Israel serão como guerreiros valentes. Serão alegres como quem tomou bom vinho. Seus filhos também verão a bondade do Senhor e ficarão contentes. Os seus corações se alegrarão no Senhor. Quando assobiar para eles, virão correndo porque eu os comprei novamente para mim. Eles serão novamente tão numerosos como antes. Embora eu os tenha espalhado entre as nações e povos distantes, eles se lembrarão de mim. Viverão com seus filhos e voltarão para a sua terra. Eu os trarei de volta do Egito e da Assíria e os levarei para as terras de Gileade e do Líbano. Crescerão tanto que não haverá espaço para todos. Eles atravessarão em segurança o mar da angústia, porque eu vou segurar as ondas. O rio Nilo secará, o orgulho da Assíria será abatido e o poder do Egito se acabará”. O Senhor diz ainda: “Eu fortalecerei o meu povo com o meu poder, e andarão em meu nome”. Abra as suas portas, ó Líbano, para que o fogo acabe com os seus cedros. Chorem, ciprestes, porque os cedros foram derrubados. Os cedros mais altos e majestosos caíram. Chorem e gemam, carvalhos de Basã, pois a mata densa está sendo derrubada. Ouçam o lamento dos pastores, porque os seus formosos pastos foram destruídos. Ouçam os jovens leões rugindo, porque o belo vale do Jordão foi destruído. Assim diz o Senhor meu Deus: “Vá arranjar emprego como pastor de um rebanho que está destinado para a matança, porque os compradores do meu rebanho o matam e eles não foram castigados por isso. ‘Graças a Deus, ficamos ricos!’, dizem aqueles que vendem o rebanho. Os seus próprios pastores não têm piedade dele. E eu também não terei mais pena dos habitantes dessa terra”, diz o Senhor, “e os deixarei cair nas garras de seus líderes malvados e dos seus reis. Eles transformarão a terra em um deserto, e eu não livrarei o meu povo das suas mãos”. Eu me tornei o pastor do rebanho que ia ser morto, as pobres ovelhas do rebanho. Então apanhei duas varas para fazer meu serviço de pastor das ovelhas de corte. E dei às varas os nomes “Graça” e “União” e com elas pastoreei o rebanho. Em apenas um mês eu me livrei dos seus três pastores, mas me cansei das ovelhas, e elas me detestam. Por isso, eu lhes disse: “Não vou mais ser o seu pastor. Se quiserem morrer, morram. Se alguém as matar, não me importa. E as que sobrarem, comam a carne umas das outras!” Peguei a minha vara “Graça” e quebrei-a ao meio, mostrando que eu tinha desfeito a minha aliança que tinha feito com todas as nações. Assim, acabou a aliança naquele dia. Então os que assistiam a tudo o que se passava compreenderam que o Senhor lhes estava mostrando alguma coisa através do que eu tinha feito. E eu disse a eles: “Se vocês acham que é justo, paguem o meu salário; mas, se não quiserem pagar, não me paguem”. E assim eles me pagaram com trinta moedas de prata. Então o Senhor me ordenou: “Lance isto ao oleiro, esse preço fabuloso pelo qual me avaliaram!” Peguei as trinta moedas de prata, e as lancei ao oleiro, no templo do Senhor. Depois disso, quebrei minha segunda vara, que chamei “União”, para mostrar que o laço de união entre Judá e Israel tinha quebrado. Foi então que o Senhor me ordenou: “Procure um novo emprego como pastor. Dessa vez faça o papel de um pastor mau e insensato. Eu darei a esta nação um pastor que não vai cuidar das ovelhas que estiverem em perigo, nem se importará com aquelas que se perderam. Não curará as feridas, nem alimentará as ovelhas saudáveis. Em vez disso, ele comerá a carne das ovelhas mais gordas, arrancando os cascos delas. Ai desse pastor insensato; ele abandonou o rebanho e será castigado. Que a espada fira o seu braço direito e fure o seu olho direito. Que o seu braço fique paralisado, e o seu olho cego!” Esta é a palavra do Senhor para Israel. Anúncio do Senhor que estendeu os céus, colocou os alicerces da terra e formou o espírito do homem dentro dele: “Eu farei de Jerusalém uma taça de vinho que embriague todas as nações vizinhas que mandarem seus exércitos cercarem Judá e Jerusalém. Jerusalém será uma pedra pesada. Embora as nações se unam para tentar tirá-la do seu lugar, acabarão sendo esmagadas pela pedra. “Naquele dia”, diz o Senhor, “farei com que os cavalos fiquem apavorados e os cavaleiros loucos. Tomarei conta do povo de Judá, mas cegarei os cavalos dos seus inimigos. As famílias dos judeus dirão umas às outras: ‘O povo de Jerusalém achou força no Senhor dos Exércitos, o seu Deus!’ “Naquele dia farei das famílias de Judá um pequeno fogo que queima uma grande floresta, como uma pequena tocha entre os gravetos. Eles incendiarão as nações vizinhas a Leste e a Oeste, enquanto o povo de Jerusalém permanece seguro em sua própria cidade. “O Senhor salvará primeiro as tendas de Judá, para que a honra dos habitantes de Jerusalém e da família real de Davi não seja superior à de Judá. O Senhor protegerá os habitantes de Jerusalém: o mais fraco entre eles será forte e valente como o rei Davi! A família real será como Deus, como o Anjo do Senhor que irá diante deles! “Naquele dia o meu plano é destruir todas as nações que marcharem contra Jerusalém. Então derramarei o espírito de ação de graça e de oração sobre a família de Davi e sobre todo o povo de Jerusalém, e todos olharão para aquele a quem atravessaram com a lança. Vão chorar por causa dele como uma família chora a morte do filho único, e todos ficarão tão tristes como se tivessem perdido o filho mais velho. Naquele dia o choro em Jerusalém vai ser ainda maior do que quando o povo, cheio de tristeza, lamentou a morte do bom rei Josias, que foi morto na batalha do vale de Megido. Todo o povo de Israel vai chorar; cada família separadamente chorará: a família dos descendentes de Davi, a família dos descendentes de Natã, a família dos descendentes de Levi, a família dos descendentes de Simei, e todas as demais famílias. Cada família vai chorar em particular, os maridos separados das esposas. “Naquele dia haverá uma fonte que jorrará para o povo de Israel e os habitantes de Jerusalém, para limpá-los de todos os seus pecados e impurezas. E o Senhor dos Exércitos declara: “Naquele dia acabarei com qualquer adoração aos ídolos da terra de Israel. Até os nomes dos ídolos serão esquecidos. Todos os falsos profetas e o espírito da impureza serão eliminados. Se alguém quiser começar novamente a profetizar falsamente, seu próprio pai e sua mãe lhe dirão: ‘Você deve morrer, porque está profetizando mentiras no nome do Senhor ’. Quando ele profetizar, os próprios pais o matarão. “Naqueles dias nenhum profeta vai contar vantagem e se envergonhará de sua visão profética. Ninguém vai usar roupas de profeta para tentar enganar o povo! E se perguntarem a alguém se é profeta, ele responderá: ‘Eu? Eu não sou profeta. Sou lavrador; trabalho no campo desde criança’. E, se alguém lhe perguntar: ‘E onde você arranjou essas cicatrizes no peito e nas costas?’, ele responderá: ‘É que eu me meti numa briga na casa de uns amigos!’ “Acorde, ó espada, ataque o meu pastor, o homem que é o meu companheiro”, diz o Senhor dos Exércitos. “Fira o pastor, e as ovelhas se espalharão, mas eu voltarei para cuidar das pequeninas e consolá-las. Dois terços do povo de Israel serão mortos, mas sobrará um terço sobre a terra”, diz o Senhor. Eu farei essa terça parte passar pelo fogo e a purificarei, como o ouro e a prata que são purificados pelo fogo. Eles confiarão em mim e invocarão o meu nome. Eu os ouvirei e direi: ‘Vocês são o meu povo’, e eles dirão: ‘O Senhor é nosso Deus’.” Fiquem atentos, porque o Dia do Senhor está se aproximando. Nesse dia o Senhor reunirá as nações para lutarem contra Jerusalém. A cidade será conquistada, as casas saqueadas, as mulheres violentadas e metade da população será levada para o cativeiro. A outra metade ficará em Jerusalém. Então o Senhor aparecerá, totalmente preparado para a guerra, pronto para lutar contra essas nações. Naquele dia, os seus pés pisarão o monte das Oliveiras, que fica a leste de Jerusalém. O monte se dividirá ao meio, formando um vale muito largo, de Leste a Oeste; metade do monte se deslocará para o Norte e metade para o Sul. Vocês escaparão pelo vale, porque ele se estenderá até os portões da cidade. Sim, vocês fugirão como o povo de Israel fugiu do terremoto, no tempo de Uzias, rei de Judá. Então o Senhor, o meu Deus, virá com todos os seus santos. Naquele dia não haverá mais calor nem frio. Só o Senhor sabe como isso vai acontecer! Não vai haver o dia e a noite como sempre houve — mesmo à noite haverá claridade! Em Jerusalém haverá uma fonte de águas frescas que fluirão. As águas dessa fonte correrão para o mar Morto e para o mar Mediterrâneo, tanto no inverno como no verão. O Senhor será Rei em toda a terra. Naquele dia haverá apenas um Senhor e o seu nome será o único nome. Toda a terra, desde Geba, a fronteira norte de Judá, até Rimom, a fronteira sul de Judá, se transformará numa enorme planície. Mas Jerusalém ficará no seu lugar elevado, indo desde a porta de Benjamim até o lugar da velha Porta; daí até a porta da Esquina, e desde a torre de Hananeel aos tanques de prensar uvas do rei. Jerusalém será habitada, finalmente, em segurança; nunca mais será amaldiçoada ou destruída. O Senhor mandará uma praga contra todos os que lutaram contra Jerusalém. Eles se transformarão em cadáveres ambulantes, com a carne apodrecendo. Os seus olhos secarão em suas órbitas, e as suas línguas apodrecerão nas bocas. Naquele dia, o Senhor deixará as nações completamente confusas e apavoradas. Soldados de um mesmo exército vão lutar uns contra os outros, e se matarão com as próprias mãos. Todo o povo de Judá estará lutando em Jerusalém. Toda a riqueza das nações vizinhas será recolhida — grandes quantidades de ouro e prata, e belas roupas. A mesma praga matará os cavalos, as mulas, os camelos, os jumentos e todos os outros animais dos acampamentos do inimigo. No final, os que, entre as nações que atacaram Jerusalém, sobreviverem à praga subirão a Jerusalém de ano em ano para adorar o Rei, o Senhor dos Exércitos, para celebrar a festa dos tabernáculos. E se uma nação do mundo não for a Jerusalém para adorar o Rei, o Senhor dos Exércitos, não haverá chuva na sua terra. Se o povo do Egito não quiser vir, não terá chuva. Assim, o Egito e qualquer outra nação serão castigados se recusarem a vir a Jerusalém para a festa de gratidão. Naquele dia, os sinos dos cavalos terão gravadas as seguintes palavras: “Propriedade Sagrada”. As panelas do templo do Senhor serão tão santas como as bacias que ficam ao lado do altar. A verdade é que todas as panelas e vasilhas de Judá e Jerusalém serão consagradas ao Senhor dos Exércitos. Todos os que vierem adorar poderão usar essas vasilhas para cozinhar os seus sacrifícios. Naquele dia, não haverá comerciantes no templo do Senhor dos Exércitos! Esta é a mensagem do Senhor ao povo de Israel, enviada pelo profeta Malaquias: “Eu sempre amei vocês profundamente”, diz o Senhor. Mas vocês me perguntam: “De que maneira o Senhor nos amou?” E o Senhor responde: “Eu mostrei meu amor por vocês amando seu pai, Jacó. Cheguei até a rejeitar o irmão de Jacó, Esaú; destruí as montanhas de seu reino e dei aquelas terras aos chacais do deserto”. Se os descendentes de Esaú disserem: “Fomos esmagados, mas vamos reconstruir as ruínas”, o Senhor dos Exércitos dirá: “Podem construir, mas eu destruirei tudo outra vez, porque o país de Esaú será chamado ‘A Terra da Maldade’, e o povo será chamado ‘Aqueles com quem o Senhor ficará irado para sempre’. Ó povo de Israel, levantem os olhos e vejam o que Deus está fazendo. Assim, todos dirão: ‘É verdade! O grande poder do Senhor vai muito além das fronteiras de Israel!’ ” “O filho respeita seu pai; o escravo respeita seu senhor. Sacerdotes, se eu sou o pai de vocês, por que não me respeitam? Se eu sou o senhor, por que não me temem?”, pergunta o Senhor dos Exércitos. “Vocês desprezam o meu nome!” “Quem? Nós?”, vocês perguntam. “De que maneira desprezamos o seu nome?” “Ao oferecerem sacrifícios impuros sobre o meu altar”. E vocês ainda perguntam: “Sacrifícios impuros? Quando fizemos uma coisa dessas?” “Sempre que dizem: ‘Não é necessário trazer as melhores ofertas para entregar ao Senhor ’ ”. “Vocês dizem ao povo: ‘Não faz mal oferecer animais cegos sobre o altar do Senhor ’. Vocês também não veem mal algum em oferecer animais aleijados ou doentes. Experimentem oferecê-los ao governador! Deem a ele um animal assim como presente e vejam se ele ficará satisfeito! Será que ele os aceitará?”, pergunta o Senhor dos Exércitos. “ ‘Deus, tenha compaixão de nós’, vocês repetem em seus pedidos. Mas, trazendo tais ofertas, por que eu deveria conceder alguma graça a vocês?”, pergunta o Senhor dos Exércitos. “Quem me dera achar, no meio de todos vocês, um sacerdote que fechasse as portas do templo e recusasse esse tipo de sacrifícios! Eu não tenho prazer em vocês”, diz o Senhor dos Exércitos, “e não aceitarei as suas ofertas. O meu nome, porém, será respeitado pelas outras nações, do oriente até o ocidente. Em todo o mundo os homens oferecerão incenso e sacrifícios puros para me honrar. Isso porque o meu nome será respeitado entre as nações”, diz o Senhor dos Exércitos. “Mas vocês desonram o meu nome, dizendo que o meu altar não é importante, e que os animais que sacrificam são desprezíveis. Vocês dizem: ‘Ah, é tão difícil servir ao Senhor e fazer o que ele pede!’ ”, diz o Senhor dos Exércitos. “Vocês não dão a mínima importância às leis que eu dei para vocês obedecerem. Animais roubados, aleijados e doentes como ofertas a Deus! Será que posso aceitar ofertas dessa espécie?”, pergunta o Senhor. “Maldito o homem que promete um carneiro forte de seu rebanho e oferece, como oferta ao Senhor, um animal doente”, diz o Senhor dos Exércitos; “pois eu sou o Grande Rei, e meu nome deve ser profundamente respeitado entre as nações”. Sacerdotes, ouçam esta advertência: “Se vocês não mudarem seu modo de viver e não derem glória ao meu nome”, diz o Senhor dos Exércitos, “ao invés de lhes dar bênçãos, como eu gostaria de fazer, vou lançar maldições sobre vocês. E até vou transformar as suas bênçãos em maldições. Na verdade, eu já os amaldiçoei, porque vocês não levaram a sério as coisas que me honram de coração. “Vou rejeitar seus filhos e esfregar em seus rostos os excrementos dos animais impuros que vocês me oferecem em suas festas. Vou jogá-los fora, junto com os excrementos. Assim vocês saberão que fui eu quem mandou esse aviso para voltarem às leis que dei a Levi, seu pai”, diz o Senhor dos Exércitos. “O propósito dessas leis era dar a Levi vida e paz. Elas eram um meio de mostrar respeito e temor a mim, se fossem obedecidas. E ele mostrou esse respeito e temor por mim. Ele transmitiu ao povo todas as verdades que recebeu de mim. Não mentiu nem roubou; ele andou junto comigo, vivendo uma vida justa e pacífica, e tirou muita gente dos caminhos do pecado. “Os lábios do sacerdote deveriam guardar o conhecimento de Deus para o povo aprender as suas leis. Os sacerdotes são mensageiros do Senhor dos Exércitos, e os homens deveriam procurar com eles a orientação de que precisam. Mas vocês deixaram os caminhos do Senhor. A orientação que vocês dão já fez muita gente cair no pecado. Vocês quebraram a aliança que fiz com Levi”, diz o Senhor dos Exércitos. “Por isso, eu fiz com que o povo desprezasse e humilhasse vocês, porque não me obedeceram, mas deixaram seus protegidos quebrar a Lei, sem sequer repreendê-los”. Não somos filhos do mesmo pai? Não fomos todos criados pelo mesmo Deus? Por que será que somos desleais entre nós mesmos, quebrando a aliança de nossos antepassados? Em Judá, em Israel e em Jerusalém existe traição, pois os homens desrespeitaram o templo, santo e amado, casando-se com mulheres pagãs, que adoram imagens de deuses estrangeiros. Que o Senhor elimine do seu pacto de amor todo aquele que fizer isso, seja ele sacerdote ou homem comum, mesmo que esteja trazendo ofertas ao Senhor dos Exércitos! Mas, apesar disso, vocês cobrem de lágrimas o altar do Senhor; choram e gemem porque o Senhor não dá mais atenção às suas ofertas, nem tem prazer nelas. “Por que Deus nos abandonou?”, vocês perguntam chorando. Eu vou dizer. É porque o Senhor viu a traição que vocês cometeram, abandonando suas esposas, que foram fiéis desde a mocidade. Aquelas companheiras a quem prometeram cuidado e sustento. Ninguém com um pouco de juízo faria isso. “Mas que fez um patriarca?”, dirão vocês. Bem, ele procurava uma descendência prometida por Deus. Portanto, tenham cuidado em seu espírito, e ninguém seja infiel à sua esposa! Pois o Senhor, o Deus de Israel, diz: “Eu odeio o divórcio e os homens violentos”. Então, tenham cuidado em seu espírito e não sejam infiéis! Vocês cansaram o Senhor com suas reclamações e ainda perguntam, com falsa surpresa: “Como temos cansado o Senhor?” Quando afirmam: “Os que fazem o mal são bons, e isso agrada ao Senhor ” e também quando perguntam: “Onde está o Deus da justiça?” “Ouçam: vou enviar o meu mensageiro, que irá antes de mim para preparar o caminho. De repente, o Senhor a quem vocês procuram virá ao seu templo; o mensageiro prometido por Deus, que lhes dará grande alegria. Sim, com certeza ele virá”, diz o Senhor dos Exércitos. “Mas quem sobreviverá no dia em que ele aparecer? Quem pode suportar a sua presença? Ele é como o fogo que purifica o ouro, como um sabão que limpa as roupas mais sujas! Vai sentar-se, como o purificador de prata, vigiando com atenção, até que todo o refugo tenha sido queimado. Purificará os levitas, os servos de Deus, e os limpará como se limpa o ouro e a prata. Assim, eles servirão ao Senhor com corações puros. Então as ofertas que o povo de Judá e Jerusalém trazem agradarão ao Senhor novamente, como nos tempos antigos. “Nessa época, vou levar o meu castigo: Serei rápido para testemunhar contra os feiticeiros, os adúlteros, os mentirosos, os que roubam o salário de seus empregados, os que exploram as viúvas e os órfãos, os que privam os estrangeiros dos seus direitos, enfim todos os que não me respeitam”, declara o Senhor dos Exércitos. “Pois eu sou o Senhor e não mudo. Por isso, vocês, descendentes de Jacó, ainda não foram totalmente destruídos. Desde o princípio vocês têm desprezado as minhas leis e não as têm obedecido. Ainda é tempo de voltar para mim”, diz o Senhor dos Exércitos, “e eu voltarei para vocês”. “Mas vocês perguntam: ‘Quando foi que deixamos o Senhor?’ “Pode o homem roubar a Deus? Vocês, porém, têm roubado de mim. ‘O que o Senhor quer dizer com isso? Quando foi que o roubamos?’ “Vocês me roubaram nos dízimos e nas ofertas. Por isso, a terrível maldição de Deus caiu sobre vocês. Toda a nação está me roubando. Tragam todos os dízimos aos depósitos do templo, para haver alimento suficiente em minha casa. “Ponham-me à prova”, diz o Senhor dos Exércitos, “e eu abrirei as janelas do céu e derramarei uma bênção tão grande que não terão lugar onde guardá-la. Suas colheitas serão formidáveis porque eu as protegerei dos bichos e das pragas. As uvas não murcharão antes de amadurecer”, diz o Senhor dos Exércitos. “Todas as nações dirão que vocês são abençoados porque a sua terra vibrará de alegria. Estas são as promessas do Senhor dos Exércitos”. “Vocês têm sido arrogantes e orgulhosos comigo”, diz o Senhor. “Mas vocês replicam: ‘O que o Senhor quer dizer com isso? O que temos falado contra o Senhor?’ “Ouçam! Foi isto que vocês disseram: ‘É bobagem adorar e obedecer a Deus. Qual é a vantagem de obedecer às suas leis, de ficar triste e chorar diante do Senhor dos Exércitos? Por isso, no que nos diz respeito, a lei é esta: Felizes os arrogantes e orgulhosos. Porque são os maus que prosperam, e os que desafiam o castigo de Deus nada sofrem de mau’.” Então os que obedeciam e amavam o Senhor conversavam uns com os outros. O Senhor tinha à sua frente um livro em que registrava os nomes dos que lhe obedeciam e honravam o seu nome. “Eles serão meus”, diz o Senhor do Universo, “no dia que eu preparei. Não deixarei que sofram, como o pai não castiga o filho obediente. Então vocês verão a diferença entre o tratamento que Deus dá aos justos e aos maus, entre os que o servem e os que não o servem”. “Atenção”, proclama o Senhor dos Exércitos, “o dia do julgamento se aproxima, queimando como uma fornalha. Os orgulhosos e os maus serão queimados como palha. Serão completamente destruídos, como uma árvore queimada das raízes até os ramos”. “Mas para vocês, os que me obedecem, nascerá o sol da justiça, trazendo cura em seus raios. Vocês serão curados e saltarão de alegria, como bezerros soltos no pasto. E pisarão os perversos como se eles fossem cinza debaixo dos seus pés”, diz o Senhor dos Exércitos. “Lembrem de obedecer às leis que eu dei a todo o povo de Israel por meio de Moisés, meu servo, no monte Horebe. “E eu enviarei a vocês o profeta Elias, antes da vinda do grande e terrível dia do julgamento do Senhor. A pregação desse profeta fará os pais e os filhos se unirem de coração novamente; e todos saberão que, se não se arrependerem, eu virei e castigarei a terra com maldição”. Estes são os antepassados de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão. Abraão foi o pai de Isaque; Isaque foi o pai de Jacó; Jacó foi o pai de Judá e seus irmãos. Judá foi o pai de Perez e Zerá, e a mãe deles foi Tamar; Perez foi o pai de Esrom; Esrom foi o pai de Arão; Arão foi o pai de Aminadabe; Aminadabe foi o pai de Naassom; Naassom foi o pai de Salmom; Salmom foi o pai de Boaz, e a mãe deste foi Raabe; Boaz foi o pai de Obede, e a mãe deste foi Rute; Obede foi o pai de Jessé; Jessé foi o pai do rei Davi. Davi foi o pai de Salomão, e a mãe deste foi a viúva de Urias; Salomão foi o pai de Roboão; Roboão foi o pai de Abias; Abias foi o pai de Asa; Asa foi o pai de Josafá; Josafá foi o pai de Jorão; Jorão foi o pai de Uzias; Uzias foi o pai de Jotão; Jotão foi o pai de Acaz; Acaz foi o pai de Ezequias; Ezequias foi o pai de Manassés; Manassés foi o pai de Amom; Amom foi o pai de Josias; Josias foi o pai de Jeconias e seus irmãos, nascidos na época do exílio na Babilônia. Após o exílio: Jeconias foi o pai de Salatiel; Salatiel foi o pai de Zorobabel; Zorobabel foi o pai de Abiúde; Abiúde foi o pai de Eliaquim; Eliaquim foi o pai de Azor; Azor foi o pai de Sadoque; Sadoque foi o pai de Aquim; Aquim foi o pai de Eliúde; Eliúde foi o pai de Eleazar; Eleazar foi o pai de Matã; Matã foi o pai de Jacó; Jacó foi o pai de José, que foi o marido de Maria, a mãe de Jesus Cristo, o Messias. Assim houve quatorze gerações desde Abraão até o rei Davi; quatorze desde o tempo do rei Davi até o exílio, e quatorze desde o exílio até Cristo. Eis os fatos relativos ao nascimento de Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava prometida para casar-se com José. Mas enquanto ela ainda era virgem, ficou grávida pelo Espírito Santo. Então José, seu noivo, sendo um homem justo, decidiu romper o noivado, mas em segredo, porque não queria desonrar Maria publicamente. Ele estava deitado em vigília pensando nisso, depois dormiu e teve um sonho; viu um anjo do Senhor de pé ao seu lado que disse. “José, filho de Davi, não tenha medo em tomar Maria como sua esposa, pois a criança que está no seu ventre foi concebida pelo Espírito Santo. E ela dará à luz um filho, que será chamado Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles”. Isso aconteceu para que se cumprisse a mensagem que o Senhor tinha dito pelo seu profeta: “Ouçam! A virgem ficará grávida e dará à luz um filho, que será chamado Emanuel”, que significa “Deus está conosco”. Quando José acordou, fez como o anjo do Senhor tinha mandado, e trouxe Maria para casa como sua esposa. Porém José não teve relações com ela até o seu filho nascer; e ele deu-lhe o nome Jesus. Jesus nasceu na cidade de Belém, na Judeia, durante o reinado do rei Herodes. Nesse tempo, alguns sábios das terras do Oriente chegaram a Jerusalém e perguntaram: “Onde está o recém-nascido rei dos judeus? Pois nós vimos a sua estrela nas distantes terras do Oriente, e viemos adorar o menino”. O rei Herodes ficou muitíssimo perturbado com a pergunta deles, e Jerusalém inteira ficou cheia de rumores. Ele convocou uma reunião dos líderes religiosos dos judeus. “Os profetas nos informaram onde o Messias nasceria?”, perguntou. “Sim”, responderam eles, “em Belém da Judeia porque foi isto que escreveu o profeta: ‘Ó pequena cidade de Belém, você é apenas uma pequena vila da Judeia, mas será o lugar onde vai nascer o rei de Israel para dirigir o meu povo de Israel’ ”. Então Herodes mandou um recado secreto aos sábios, pedindo que viessem falar com ele; nessa reunião, obteve deles a época exata em que viram a estrela pela primeira vez. Disse ele: “Vão a Belém e procurem o menino. E quando o encontrarem, voltem e me digam para que eu possa ir adorá-lo também!” Depois desse encontro, os sábios seguiram o seu caminho. Então a estrela que tinham visto no Oriente apareceu-lhes novamente, foi adiante deles e parou acima do lugar onde estava o menino. E vendo a estrela, a alegria deles foi imensa! Entrando na casa onde estavam o menino e Maria, sua mãe, eles se ajoelharam diante dele, para o adorar. Então abriram seus tesouros e lhe deram presentes: ouro, incenso e mirra. Mas quando voltaram para a sua terra, eles não foram por Jerusalém para contar a Herodes, porque Deus lhes tinha avisado num sonho que voltassem por outro caminho. Depois que eles foram embora, um anjo do Senhor apareceu a José num sonho. “Levante-se e fuja para o Egito com o menino e a mãe”, disse o anjo, “e fique lá até que eu mande você voltar, porque o rei Herodes vai tentar matar o menino”. Naquela mesma noite ele partiu para o Egito, com Maria e o menino, e ficou lá até a morte do rei Herodes. E assim se cumpriu o que o Senhor tinha dito por meio do profeta: “Eu chamei o meu filho do Egito”. Herodes ficou furioso quando descobriu que os sábios o tinham enganado. Mandando soldados a Belém, ele ordenou que matassem todos os meninos de dois anos de idade para baixo, tanto na cidade como nos arredores, de acordo com a informação que havia obtido dos sábios. Essa ação brutal de Herodes cumpriu a profecia de Jeremias: “Ouve-se um choro triste, amargo, em Ramá, Raquel está chorando pelos seus filhos. Ela não quer ser consolada, porque todos os seus filhos já não existem”. Quando Herodes morreu, um anjo do Senhor apareceu em sonho a José no Egito e lhe disse: “Levante-se e leve o menino e sua mãe de volta à terra de Israel, porque aqueles que estavam procurando matar o menino já morreram”. Assim ele voltou imediatamente para a terra de Israel, levando Jesus e sua mãe. Mas no caminho ele teve medo, ao saber que o novo rei era Arquelau, filho de Herodes. Num outro sonho, ele foi avisado de que não fosse para a Judeia; então eles foram para a região da Galileia, e foram morar numa cidade chamada Nazaré. Assim cumpriu-se a predição dos profetas a respeito do Messias: “Ele será chamado Nazareno”. Enquanto eles ainda estavam morando em Nazaré, João Batista começou a pregar no deserto da Judeia. Seu assunto constante era: “Abandonem os seus pecados, voltem-se para Deus, porque o Reino dos céus está para chegar logo”. O profeta Isaías tinha anunciado o seguinte a respeito do ministério de João: “Eu ouço uma voz que clama no deserto: ‘Preparem o caminho para o Senhor; endireitem o caminho por onde ele andará’.” A roupa de João era feita de pelo de camelo; ele usava também um cinto de couro, comia gafanhotos e mel do campo. O povo de Jerusalém, de todo o vale do Jordão e de toda a região da Judeia, saía ao deserto para ouvir João pregar. E quando eles confessavam os seus pecados, eram batizados no rio Jordão. Mas quando ele viu muitos fariseus e saduceus vindo para serem batizados, disse a eles: “Filhos de serpentes! Quem disse que vocês poderiam escapar da futura ira de Deus? Antes de serem batizados, provem que vocês abandonaram o pecado, praticando obras dignas de arrependimento. Não tentem escapar dessa forma, pensando: ‘Nós estamos salvos, porque somos judeus — somos descendentes de Abraão!’ Isso não prova coisa alguma! Deus pode transformar até estas pedras em descendentes de Abraão! E o machado do julgamento de Deus já está pronto para cortar pela raiz cada árvore que não produz bons frutos. Elas serão derrubadas e queimadas. “Eu batizo com água aqueles que se arrependem dos seus pecados; mas está vindo um outro, muito maior do que eu, tão poderoso que eu não sou digno de carregar suas sandálias! Ele batizará vocês com o Espírito Santo e com fogo. Ele separará a palha do grão; queimará a palha com fogo que nunca vai se apagar, e guardará o grão no celeiro”. Então Jesus foi da sua casa na Galileia ao rio Jordão, para ser batizado por João. João não queria fazer isso. “Isso não está certo”, dizia ele. “Eu é que preciso ser batizado pelo Senhor”. Mas Jesus disse: “Deixe que seja assim agora, porque eu devo fazer tudo o que Deus quer”. Então João o batizou. Depois do seu batismo, logo que Jesus saiu da água, os céus se abriram e ele viu o Espírito de Deus descendo na forma de uma pomba e pousando sobre ele. Então uma voz do céu disse: “Este é o meu Filho amado, em quem tenho grande alegria”. Então Jesus foi conduzido pelo Espírito Santo ao deserto, para ser tentado pelo Diabo. Depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, ficou com muita fome. Então o Diabo tentou Jesus, sugerindo: “Já que você é Filho de Deus, transforme estas pedras em pães”. Mas Jesus respondeu: “As Escrituras nos dizem que não é só de pão que vive o homem; mas de toda palavra que procede da boca de Deus”. Então o Diabo o levou a Jerusalém, a cidade santa, para o lugar mais alto do templo. “Salte dai”, disse ele, “já que é o Filho de Deus; porque as Escrituras declaram: “ ‘Porque o Senhor dará instruções especiais aos seus anjos para o protegerem em todos os seus caminhos. Eles o apoiarão com as mãos, para que você não tropece em alguma pedra no caminho’ ”. Jesus replicou: “Porém as Escrituras também dizem: Não ponha à prova o Senhor, o seu Deus!” A seguir, o Diabo levou Jesus a um monte muito alto e mostrou-lhe as nações do mundo e toda a glória delas. “Eu lhe darei tudo isso”, disse ele, “se você ajoelhar-se e me adorar”. “Saia daqui, Satanás”, disse-lhe Jesus. “As Escrituras ordenam: ‘Adore somente o Senhor, o seu Deus. Sirva somente a ele’ ”. Então o Diabo foi embora, e os anjos vieram e cuidaram de Jesus. Quando Jesus ouviu dizer que João tinha sido preso, voltou para a Galileia. Ele voltou para Nazaré, na Galileia, mas logo mudou-se para Cafarnaum, na margem do mar da Galileia, perto de Zebulom e Naftali, para se cumprir a profecia de Isaías: “Terra de Zebulom e terra de Naftali, na margem do mar; território além do rio Jordão, e a Galileia Superior onde tantos estrangeiros moram, ouçam: O povo que está andando na escuridão verá uma grande luz. Essa luz vai brilhar e iluminar todos os que vivem na região da sombra da morte”. Daí em diante, Jesus começou a pregar: “Deixem o pecado e voltem-se para Deus, porque o Reino dos céus está próximo”. Um dia, quando estava andando à beira da praia do mar da Galileia, Jesus viu dois irmãos: Simão, também chamado Pedro, e seu irmão André. Eles estavam num barco pescando com uma rede, pois eram pescadores por profissão. Jesus gritou: “Venham comigo e eu lhes mostrarei como se tornar pescadores de homens!” No mesmo instante eles deixaram as suas redes e o seguiram! Um pouco mais adiante na praia ele viu outros dois irmãos, Tiago e João, sentados num barco com Zebedeu, o pai deles, consertando as suas redes; e ele os chamou para que viessem também. Os dois irmãos pararam de trabalhar na mesma hora e, deixando o pai, seguiram Jesus. Jesus ia por toda a Galileia, ensinando nas sinagogas dos judeus, e pregando por toda parte as boas-novas acerca do Reino dos céus; ia curando toda espécie de mal e doenças entre o povo. A notícia dos seus milagres espalhou-se além das fronteiras da Galileia, de tal modo que começou a vir gente para ser curada, até mesmo de regiões distantes, como a Síria. Qualquer doença ou sofrimento — se estivessem endemoninhados, fossem epilépticos ou paralíticos — ele curava a todos. Multidões enormes o seguiam: gente da Galileia, da Decápolis, de Jerusalém, de toda a Judeia e até do outro lado do rio Jordão. Um dia, quando as multidões estavam reunidas, Jesus subiu a encosta do monte com seus discípulos, sentou-se e ensinava a todos ali, dizendo: “Felizes são os humildes, porque o Reino dos céus é dado a eles. Felizes são os que choram, porque serão consolados. Felizes são os mansos, porque receberão a terra por herança. Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão satisfeitos. Felizes os que são misericordiosos, porque Deus mostrará a eles a sua misericórdia. Felizes os que têm um coração puro, porque verão a Deus. Felizes aqueles que procuram promover a paz, pois serão chamados filhos de Deus. Felizes aqueles que são perseguidos por serem justos, pois deles é o Reino dos céus. “Felizes serão vocês quando forem maltratados, perseguidos e caluniados por serem meus seguidores! Fiquem contentes com isso! Fiquem muito contentes! Porque uma grandiosa recompensa espera vocês lá nos céus. E lembrem-se: Os profetas antigos foram perseguidos antes de vocês. “Vocês são o sal da terra. Se o sal perder o seu sabor, como restaurá-lo? Não servirá para coisa alguma, a não ser para ser jogado fora e ser pisado pelos homens. “Vocês são a luz do mundo; uma cidade sobre um monte não pode ser escondida. Ninguém acende uma lamparina e a coloca debaixo de uma vasilha. Pelo contrário, ela é colocada no lugar adequado e, desse modo, brilha para todos. Assim também a luz de vocês deve brilhar diante dos homens, para que vejam as boas obras de vocês e louvem o Pai de vocês, que está nos céus. “Não entendam de modo errado a razão da minha vinda. Não vim abolir a Lei de Moisés e as advertências dos profetas. Eu vim para cumprir a Lei. Eu afirmo a vocês: enquanto existirem céus e terra, a menor letra ou o menor traço da Lei continuará de pé até que o seu objetivo seja alcançado. E assim, se alguém quebrar o menor mandamento, e ensinar outros a fazê-lo também, ele será o menor no Reino dos céus. Mas aqueles que ensinam as leis de Deus e as praticam serão grandes no Reino dos céus. Porém eu advirto a todos: a menos que vocês tenham justiça melhor que a dos fariseus e mestres da lei, não poderão de maneira alguma entrar no Reino dos céus. “De acordo com a Lei de Moisés, a regra é: ‘Não mate! Se você matar deve ser julgado’. Porém eu digo que basta que vocês fiquem com raiva, mesmo que seja do seu irmão, e serão julgados! Se vocês chamarem um amigo de tolo serão levados perante o tribunal. E se amaldiçoarem alguém, correm o risco de ir para as chamas do inferno. “Portanto, se você estiver diante do altar no templo, oferecendo um sacrifício a Deus, e de repente se lembrar de que seu irmão tem alguma coisa contra você, deixe seu sacrifício ali, ao lado do altar, vá e faça as pazes com ele, depois volte e ofereça o seu sacrifício a Deus. “Chegue depressa a um acordo com o seu inimigo, antes que seja tarde demais e ele o arraste ao tribunal. Lá você será entregue ao juiz, que o entregará ao carcereiro, para que seja lançado na prisão como devedor. Eu lhe garanto que você ficará ali até pagar o último centavo. “A Lei de Moisés diz: ‘Não cometa adultério’. Porém eu digo: Qualquer um que olhar para uma mulher e desejar possuí-la, em seu coração já cometeu adultério com ela. Portanto, se o seu olho — o olho com o qual você enxerga melhor — faz você pecar, arranque-o e atire-o para longe. É melhor que seja destruída uma parte de você do que o corpo todo ser lançado no inferno. E se a sua mão — até mesmo a sua mão direita — faz você pecar, corte-a e jogue-a fora. É melhor perder uma parte do seu corpo do que ir todo ele para o inferno. “A Lei de Moisés diz: ‘Se alguém quiser divorciar-se de sua esposa, deverá entregar-lhe um documento de divórcio’. Porém eu digo que se um homem se divorciar de sua esposa, a não ser por causa de infidelidade, faz com que ela, casando-se de novo, cometa adultério. E aquele que se casar com ela, também comete adultério. “Vocês ouviram o que está escrito na Lei de Moisés: ‘Você não deve quebrar seus juramentos diante do Senhor, e sim cumprir todos eles’. Porém eu digo: Não façam juramentos de forma alguma! Até mesmo dizer: ‘Juro pelo céu!’ é um voto sagrado a Deus, porque os céus são o trono de Deus. E se vocês disserem: ‘Juro pela terra!’, isso é um voto sagrado, porque a terra é para Deus o estrado de seus pés. E não jurem: ‘Por Jerusalém!’ porque Jerusalém é a cidade do grande Rei. Nem mesmo digam: ‘Juro pela minha cabeça!’ porque vocês não podem tornar um cabelo branco ou preto. Digam simplesmente: ‘Sim, eu farei’, ou: ‘Não, eu não farei’. Sua palavra basta. O que passar disso vem do Maligno. “A Lei de Moisés diz: ‘Se um homem arrancar o olho de um outro, deve pagar com seu próprio olho. Se um dente for arrancado, que seja arrancado da mesma forma o dente daquele que fez isso’. Porém eu digo: Não resistam ao perverso! Se lhe baterem na face direita, apresente a outra também. Se você for levado ao tribunal, e lhe tomarem a túnica, dê a eles também a capa. Se um soldado exigir que você carregue a mochila dele por um quilômetro, carregue-a por dois quilômetros. Dê àqueles que lhe pedem, e não fuja daqueles que querem tomar emprestado de você. “Há um ditado assim: ‘Ame o seu próximo e odeie seus inimigos’. Porém eu digo: Amem os seus inimigos! Orem por aqueles que perseguem vocês! Dessa forma vocês estarão agindo como verdadeiros filhos do seu Pai que está nos céus. Porque ele envia a luz do sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e derrama a chuva sobre os justos e sobre os injustos. Se vocês amarem apenas aqueles que amam vocês, que adianta isso? Até mesmo os cobradores de impostos fazem isso. Se vocês forem amigos apenas dos seus amigos, em que são diferentes de qualquer outro? Até mesmo os pagãos fazem isso. Mas vocês devem ser perfeitos, como o seu Pai celestial é perfeito. “Cuidado! Não pratiquem suas boas obras publicamente, para serem admirados, porque assim vocês não receberão nenhuma recompensa do seu Pai celestial. “Quando derem esmola, não fiquem contando a todo mundo a respeito disso, como fazem os hipócritas — tocando trombetas nas sinagogas e nas ruas, chamando atenção para os seus atos de caridade! Verdadeiramente eu digo: Eles já receberam toda a sua recompensa. Mas quando vocês fizerem um favor a alguém, façam-no secretamente — não contem à sua mão esquerda aquilo que a sua mão direita está fazendo. Prestem a sua ajuda em segredo, e o seu Pai, que conhece todos os segredos, recompensará vocês. “Quando orarem, não sejam como os hipócritas, que oram publicamente nas esquinas das ruas e nas sinagogas, para todo mundo ver. Verdadeiramente, essa é toda a recompensa que eles receberão. Mas você, quando orar, vá para o seu quarto, feche a porta atrás de você, e ore ao seu Pai que está em secreto; e seu Pai, que conhece os seus segredos, recompensará você. “Não fiquem recitando sempre a mesma oração, como fazem os pagãos, que pensam que as orações repetitivas é que são eficientes. Não sejam iguais a eles. Lembrem-se: seu Pai sabe exatamente o que vocês precisam, até mesmo antes que vocês peçam a ele! Orem desta maneira: “ ‘Nosso Pai do céu, seja santificado o seu nome. Venha o seu reino. Que a sua vontade seja feita aqui na terra, como é feita no céu. Dê-nos hoje, novamente, o nosso alimento. Perdoe-nos as nossas ofensas, tal como nós temos perdoado aqueles que nos ofenderam. Não nos deixe cair em tentação, mas livre-nos do Maligno. Amém!’ “Seu Pai celeste perdoará a vocês se vocês perdoarem àqueles que pecaram contra vocês; mas se vocês se recusarem a perdoá-los, o Pai celestial também não perdoará a vocês. “Quando jejuarem, não façam isso publicamente como os hipócritas, que procuram parecer abatidos e desarrumados para serem notados pelos outros! Verdadeiramente, essa é a única recompensa que eles terão. Mas, quando você estiver jejuando, lave o rosto e penteie o cabelo, de tal maneira que ninguém perceba que você está em jejum, e sim apenas o seu Pai que conhece todos os segredos. E ele recompensará você. “Não se preocupem em acumular riquezas aqui na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e roubam. Guardem, sim, tesouros preciosos no céu, onde a traça e a ferrugem não destroem, e onde os ladrões não arrombam nem roubam! Pois onde estiverem as suas riquezas, lá estará também o seu coração. “Os olhos são como uma luz para o corpo. Se os seus olhos forem bons, haverá luz em todo o seu corpo. Mas se os seus olhos forem maus, seu corpo estará em profunda escuridão espiritual. E como essa escuridão pode ser terrível! “Vocês não podem servir a dois patrões. Porque vocês odiarão um e amarão o outro, ou serão fiéis a um e desprezarão o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro. “Portanto, minha palavra é a seguinte: Não fiquem preocupados a respeito de coisas: com a própria vida, quanto ao que comer ou beber, nem com seu próprio corpo, quanto ao que vestir. Não é a vida mais importante que a comida, e o corpo mais importante que a roupa? Olhem os passarinhos do céu! Eles não se preocupam com a comida; eles não precisam semear, nem colher, ou guardar a comida em depósitos, pois o Pai celeste os alimenta. Será que vocês não valem muito mais do que os passarinhos? Será que com todas as preocupações juntas poderão acrescentar um único momento à vida de vocês? “E por que ficar preocupado com a roupa? Olhem os lírios do campo! Eles não trabalham nem tecem. No entanto, nem o rei Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer um deles. Se Deus cuida tão maravilhosamente das flores, que hoje estão aqui e amanhã já desaparecem, será que ele não vai, com toda a certeza, cuidar de vocês, gente de pequena fé? “Portanto não se preocupem de forma alguma com a necessidade de comida ou bebida ou com a roupa. Não sejam como os pagãos! Pois eles é que têm intenso interesse nessas coisas. Mas o Pai celeste sabe muito bem que vocês precisam delas. Coloquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e ele dará a vocês todas essas coisas. “Portanto, não fiquem preocupados com o dia de amanhã. Deus cuidará do dia de amanhã para vocês também. Já é suficiente a carga de cada dia. “Não julguem, e assim vocês não serão julgados! Porque como vocês julgarem os outros, vocês também serão julgados. E a medida que usarem, também será usada para medir vocês. “E por que se preocupar com um cisco no olho de um irmão, quando você tem uma tábua no seu próprio olho? Você dirá: ‘Amigo, deixe-me ajudar a tirar esse cisco do seu olho’, quando você mesmo nem pode enxergar, por causa da tábua que está no seu próprio olho? Hipócrita! Livre-se da tábua primeiro, assim você poderá enxergar para tirar o cisco do olho do seu irmão. “Não deem para os cães o que é sagrado, pois eles se virarão contra vocês e os atacarão; nem atirem pérolas aos porcos, porque eles pisarão nas pérolas! “Peçam, e vocês receberão aquilo que pedirem. Procurem e vocês acharão. Batam, e a porta se abrirá. Pois todo aquele que pede, recebe. Qualquer um que procura, acha. Se vocês baterem, a porta será aberta. “Se um filho pedir ao pai um pão, receberá uma pedra em seu lugar? Se ele pedir peixe, receberá uma serpente venenosa? Claro que não! E se vocês, que têm um coração duro e são pecadores, sabem dar bons presentes aos seus filhos, quanto mais o seu Pai, que está nos céus, dará seguramente coisas boas àqueles que lhe pedirem. “Façam aos outros aquilo que vocês querem que eles façam a vocês. Isto é em poucas palavras o ensino da Lei de Moisés e dos Profetas. “Só se pode entrar no céu pela porta estreita! O caminho que leva para a perdição é amplo, e sua porta é bastante larga; multidões escolhem passar por ela. Mas a porta que leva à vida é estreita e o caminho é apertado, e poucos o encontram. “Cuidado com os falsos profetas que vêm disfarçados em peles de ovelhas, mas são lobos devoradores. Vocês podem descobri-los pela maneira como agem, assim como podem identificar uma árvore pelo seu fruto. Vocês nunca confundirão uma videira com um espinheiro! Ou figos com ervas daninhas! As diversas qualidades de árvores frutíferas podem ser rapidamente identificadas pelos seus frutos. Uma árvore boa nunca dá frutos que não se podem comer. E uma árvore que sempre dá frutos ruins, não pode dar um fruto que se pode comer. Por isso, as árvores que dão frutos que não se podem comer são cortadas e atiradas no fogo. Assim, o meio de identificar uma árvore ou uma pessoa é pela qualidade dos seus frutos. “Nem todo aquele que se refere a mim como ‘Senhor’ entrará no Reino dos céus. A questão decisiva é se a pessoa faz a vontade do meu Pai que está nos céus. “No dia do Juízo muitos me dirão: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos a seu respeito, e usamos o seu nome para expulsar demônios e para fazer muitos milagres?’ Mas eu responderei: ‘Vocês nunca foram meus. Vão embora, porque as suas obras são más’. “Todos os que ouvem os meus ensinos e os praticam são ajuizados, como um homem que constrói sua casa na rocha sólida. Embora a chuva caia em torrentes, as enchentes subam e os ventos de tempestades soprem contra sua casa, ela não cairá, porque está construída sobre a rocha. “Mas aqueles que ouvem os meus ensinos e não obedecem são insensatos, como um homem que constrói sua casa sobre a areia. Porque quando as chuvas e as enchentes vierem, e os ventos de tempestades soprarem contra sua casa, ela cairá fazendo um barulho medonho”. As multidões ficaram maravilhadas com o ensino de Jesus, porque ele ensinava como alguém que tinha grande autoridade e não como os mestres da lei. Grandes multidões seguiram a Jesus quando ele desceu a encosta do monte. Um leproso se aproximou. Ajoelhou-se diante dele para adorá-lo. “Senhor”, suplicou o leproso, “se o Senhor quiser, pode curar-me”. Jesus estendeu a mão e tocou no homem. “Eu quero”, disse ele, “fique curado”. E na mesma hora a lepra desapareceu. Então Jesus lhe disse: “Não conte a ninguém; vá diretamente ao sacerdote para ser examinado, e leve com você a oferta exigida pela lei de Moisés aos leprosos que são curados — um testemunho público da sua cura”. Quando Jesus chegou a Cafarnaum, um capitão do exército romano veio e suplicou-lhe ajuda: “Senhor, meu servo está em casa de cama, paralítico e sofrendo muitas dores”. Jesus lhe disse: “Eu vou curá-lo”. Então o oficial disse: “Eu não sou digno de que o Senhor entre em minha casa. Se apenas ficar aqui e disser: ‘Seja curado’, o meu servo ficará bem! Eu sei disso, porque também obedeço às ordens dos meus superiores, e tenho autoridade sobre os meus soldados. Quando digo a um deles: ‘Vá’, ele vai; e a outro: ‘Venha’, ele vem; e ao meu servo: ‘Faça isto ou aquilo’, ele faz. Por isso sei que o Senhor tem autoridade para dizer à doença dele que saia, e ela sairá!” Jesus ficou maravilhado! Voltando-se para a multidão, disse: “Eu ainda não vi uma fé assim em toda a terra de Israel! E eu digo isto a vocês: Muitos que não são judeus virão do Oriente e do Ocidente, e se sentarão no Reino dos céus com Abraão, Isaque e Jacó. E muitos israelitas serão lançados para fora, na escuridão, no lugar de choro e ranger de dentes”. Então Jesus disse ao oficial romano: “Vá para casa. Aquilo em que você tinha fé, já aconteceu!” E o rapaz foi curado naquela mesma hora! Quando Jesus chegou à casa de Pedro, a sogra de Pedro estava de cama com febre. Mas quando Jesus pegou na mão dela, a febre passou, ela se levantou e começou a servi-los! Naquela tarde foram trazidas a Jesus diversas pessoas endemoninhadas; e quando ele falava apenas uma palavra, todos os demônios eram expulsos, e todos os doentes eram curados. Isso cumpriu a profecia de Isaías: “Ele tomou sobre si as nossas enfermidades, ele mesmo carregou as nossas doenças”. Quando Jesus viu a multidão ao seu redor, deu ordens a seus discípulos para atravessar para o outro lado do mar. Nesse exato momento um dos mestres da lei disse a ele: “Mestre, eu seguirei o Senhor aonde quer que for!” Mas Jesus respondeu: “As raposas têm tocas e os passarinhos têm ninhos, porém, o Filho do Homem não tem um lugar para repousar a sua cabeça”. Um outro discípulo disse: “Senhor, deixe-me primeiro ir enterrar meu pai”. Mas Jesus lhe disse: “Siga-me agora! Deixe que os mortos sepultem os seus próprios mortos”. Então ele entrou num barco e começou a atravessar o mar com seus discípulos. De repente levantou-se uma terrível tempestade, de tal maneira que as ondas começaram a inundar o barco. Mas Jesus estava dormindo. Os discípulos foram acordar Jesus, gritando: “Senhor, salve-nos! Estamos afundando!” Mas Jesus respondeu: “Ó homens de tão pouca fé! Por que vocês estão com tanto medo?” Então ele se levantou, repreendeu o vento e as ondas, e a tempestade passou e tudo ficou calmo! Os discípulos ficaram admirados! “Quem é este”, perguntavam uns aos outros, “que até mesmo os ventos e o mar lhe obedecem?” Quando eles chegaram ao outro lado do lago, na região dos gadarenos, dois homens endemoninhados foram ao encontro dele. Viviam num cemitério e eram tão violentos que ninguém podia passar por aquela região. Eles começaram a gritar para ele: “Que quer conosco, ó Filho de Deus? O Senhor veio aqui para nos atormentar antes do tempo”. Uma manada de porcos estava pastando à distância; então os demônios suplicaram: “Se nos expulsar, mande-nos para aquela manada de porcos”. “Está bem”, disse-lhes Jesus. “Vão”. Eles saíram dos homens e entraram nos porcos, e a manada inteira jogou-se precipício abaixo e afogou-se no mar. Os que cuidavam da manada fugiram para a cidade, contando a história do que tinha acontecido. E a população toda veio correndo para ver Jesus e suplicar-lhe que fosse embora e deixasse todos em paz. Então Jesus subiu num barco e atravessou o mar para ir a Cafarnaum, a cidade onde morava. Logo alguns homens lhe trouxeram numa esteira um rapaz paralítico. Quando Jesus viu a fé que eles tinham, disse ao paralítico: “Anime-se, filho! Porque os seus pecados estão perdoados!” “Blasfêmia! Esse homem está dizendo que é Deus!”, disseram a si mesmos alguns mestres da lei. Jesus sabia o que eles estavam pensando e perguntou: “Por que vocês estão com esses pensamentos ruins? Que é mais fácil dizer: ‘Os seus pecados estão perdoados’ ou: ‘Levante-se e ande’? Mas, para provar que o Filho do Homem tem autoridade aqui na terra para perdoar pecados” — voltando-se para o rapaz paralítico — disse: “Levante-se, enrole a sua esteira e caminhe para casa!” E ele levantou-se e foi para casa! Um arrepio de medo passou pela multidão quando viu isso acontecer bem diante dos seus olhos e louvaram a Deus por ter dado tal autoridade aos seres humanos! Quando Jesus descia a estrada, viu um cobrador de impostos, chamado Mateus, sentado na coletoria. “Venha tornar-se meu discípulo”, disse-lhe Jesus, e Mateus levantou-se e o acompanhou. Mais tarde, quando Jesus e seus discípulos almoçavam na casa de Mateus, muitos cobradores de impostos e “pecadores” estavam lá como convidados! Os fariseus ficaram indignados. “Por que o mestre de vocês come com homens como esses cobradores de impostos e ‘pecadores’?” “As pessoas que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes”, foi a resposta de Jesus. Depois ele acrescentou: “Vão aprender o significado deste versículo da Escritura: ‘Não são os sacrifícios de vocês que me interessam — mas que tenham misericórdia’! Meu trabalho aqui na terra é chamar os pecadores, e não aqueles que se acham bons, para que voltem para Deus”. Um dia os discípulos de João Batista vieram a Jesus e lhe perguntaram: “Por que os seus discípulos não jejuam, como nós fazemos, e como fazem os fariseus?” “Os convidados do noivo devem chorar enquanto ele está com eles?”, perguntou Jesus. “Vai chegar o tempo em que o noivo será tirado deles; então jejuarão. “E quem remendaria uma roupa velha com um pano novo? O remendo rasgaria a roupa e tornaria o buraco ainda maior. E quem usaria vasilhas de couro velhas para guardar vinho novo? Pois as vasilhas velhas arrebentariam com a pressão, o vinho se derramaria e as vasilhas se estragariam. Para guardar vinho novo só se usam vasilhas de couro novas. Desta maneira, ambos se conservam”. Enquanto ele estava dizendo isso, o chefe da sinagoga local chegou, ajoelhou-se diante de Jesus e disse: “Minha filhinha acaba de morrer. Porém o Senhor pode fazer com que volte à vida, se somente vier e tocá-la”. Jesus e os discípulos foram para a casa dele. No caminho, uma mulher que durante doze anos vinha sofrendo de uma hemorragia, veio por trás dele e tocou na barra do seu manto, pois ela pensava: “Se eu apenas tocar em seu manto, serei curada”. Jesus voltou-se e falou com ela. “Filha”, disse ele, “anime-se! A sua fé a curou”. E a mulher ficou curada a partir daquele momento. Quando Jesus chegou à casa do chefe da sinagoga e viu as multidões barulhentas e ouviu a música do enterro, disse: “Ponham todos para fora, porque a menina não está morta; ela só está dormindo!” Então, começaram a zombar e caçoar dele! Quando a multidão finalmente saiu, Jesus entrou e tomou a menina pela mão, e ela se levantou e viveu novamente! A notícia a respeito desse acontecimento espalhou-se por toda a região. Quando Jesus estava saindo da casa da menina, dois cegos apareceram gritando: “Ó Filho de Davi, tenha piedade de nós”. Eles foram até a casa onde ele morava, e Jesus lhes perguntou: “Vocês creem que eu posso fazê-los enxergar?” “Sim, Senhor”, disseram eles, “nós cremos”. Então ele pôs a mão nos olhos deles e disse: “Que seja feito a vocês conforme a fé que vocês têm!” E eles puderam ver! Jesus avisou os dois energicamente para que não contassem isso a ninguém. Eles, porém, espalharam sua fama pela cidade inteira. Deixando aquele lugar, Jesus encontrou um homem que não podia falar porque estava endemoninhado. Jesus expulsou o demônio, e imediatamente o homem começou a falar. Como as multidões ficaram maravilhadas! “Nunca se viu nada parecido em Israel!”, exclamavam todos. Mas os fariseus diziam: “É o príncipe dos demônios que dá poder a ele para expulsar demônios!” Jesus andava por todas as cidades e vilas daquela região, ensinando nas sinagogas dos judeus e anunciando as boas-novas do Reino. Em todo lugar aonde ele ia, curava as pessoas de todas as enfermidades e doenças. Ao ver as multidões ficou com pena delas, porque estavam aflitas e desamparadas, como ovelhas sem pastor! “A colheita é grande, mas os trabalhadores são tão poucos”, disse ele aos seus discípulos. “Portanto, peçam ao Senhor da colheita que chame mais trabalhadores para os seus campos de colheita”. Jesus chamou seus doze discípulos para junto dele e lhes deu autoridade para expulsar espíritos maus e para curar toda espécie de doenças e enfermidades. Estes são os nomes dos seus doze discípulos: Simão, também chamado Pedro, André, irmão de Pedro; Tiago, filho de Zebedeu, e João, irmão de Tiago; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o cobrador de impostos; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, membro do partido político nacionalista dos zelotes, e Judas Iscariotes, aquele que traiu Jesus. Jesus os enviou com as seguintes instruções: “Não vão aos outros povos nem entrem nas cidades dos samaritanos, porém vão às ovelhas perdidas de Israel. Vão anunciar que o Reino dos céus está perto. Curem os doentes, ressuscitem os mortos, curem os leprosos e expulsem os demônios. Deem tão liberalmente como vocês receberam! Não levem ouro, nem prata, nem moedas de cobre com vocês. Não levem nenhum saco de viagem, nem túnica extra, nem sandálias, nem bengala para se apoiar, pois quem trabalha tem direito ao sustento. “Sempre que entrarem numa cidade ou vila, procurem ali um homem piedoso e fiquem na casa dele até saírem para a cidade seguinte. Quando entrarem na casa digam: ‘Que a paz esteja nesta casa!’. Se acontecer de aquele ser um lar piedoso, que a paz de vocês repouse sobre ela; caso contrário, retirem a saudação de paz. Qualquer cidade ou qualquer casa que não receber vocês, sacudam de seus pés o pó daquele lugar quando saírem. Verdadeiramente, as cidades perversas de Sodoma e Gomorra estarão em situação melhor do que essas cidades no Dia do Juízo. Eu estou enviando vocês como ovelhas para o meio de lobos. Portanto, sejam cautelosos como as serpentes e inofensivos como as pombas. Mas, cuidado! Pois vocês serão presos, processados nos tribunais e chicoteados nas sinagogas. E vocês sofrerão julgamento diante de governadores e reis por minha causa. Isso lhes dará a oportunidade de falar a eles a meu respeito, e de dar testemunho aos gentios. Quando forem presos, não se preocupem com o que vão dizer em seu julgamento, porque vocês receberão as palavras exatas no tempo certo. Pois não serão vocês que estarão falando, mas o Espírito do seu Pai celeste falará por meio de vocês! “Um irmão entregará à morte outro irmão, os pais entregarão seus próprios filhos; os filhos se levantarão e matarão seus pais. Vocês serão odiados porque me pertencem. Mas todo aquele que perseverar até o fim será salvo. Quando forem perseguidos numa cidade, fujam para outra! Eu voltarei antes de vocês terem percorrido todas elas! “Um discípulo não é maior do que seu mestre. Um servo não está acima do seu patrão. O discípulo participa dos problemas do seu mestre. O servo participa das mesmas dificuldades do seu patrão! E se eu, o dono da casa, tenho sido chamado de ‘Belzebu’, quanto mais vocês, membros da família! “Mas não tenham medo daqueles que ameaçam vocês. Porque está chegando a hora em que a verdade será revelada: tudo o que está escondido será reconhecido. “O que eu lhes digo agora enquanto está escuro, gritem ao vento quando amanhecer. O que é cochichado nos seus ouvidos, proclamem nos telhados! Não tenham medo daqueles que só podem matar o seu corpo, mas não podem tocar na alma de vocês! Antes, temam aquele que pode destruir no inferno tanto a alma como o corpo. Por acaso não é verdade que se vendem dois pardais por uma moedinha? No entanto, nenhum deles pode cair no chão sem que o Pai de vocês saiba disso. E até os próprios cabelos da cabeça de vocês estão todos contados. Portanto, não se preocupem! Vocês valem mais para ele do que muitos pardais. “Se alguém me reconhecer em público, eu o reconhecerei abertamente diante do meu Pai que está nos céus. Mas se alguém me negar em público, eu o negarei abertamente diante do meu Pai que está nos céus. “Não imaginem que eu vim trazer paz à terra! Não vim trazer paz; vim trazer a espada. Eu vim para lançar o homem contra seu pai e a filha contra sua mãe e a nora contra sua sogra. “Os piores inimigos de um homem estarão justamente dentro da sua própria casa! Quem amar a seu pai ou a sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim; e se você ama o seu filho ou a sua filha mais do que a mim, não é digno de mim. Se você se recusa a tomar a sua cruz e seguir-me, não é digno de mim. Se você tentar salvar a sua vida, você a perderá; mas se a perder por minha causa, você a salvará. “Aqueles que acolhem vocês, a mim estão acolhendo. E quando me acolhem, estão acolhendo aquele que me enviou. Se vocês acolherem um profeta porque ele é um homem de Deus, receberão a mesma recompensa que um profeta obtém. E se vocês acolherem homens bons e piedosos por causa da sua piedade, receberão recompensa igual à deles. E se vocês derem até mesmo um copo d’água fria ao menor dos meus seguidores, porque ele é meu discípulo, serão seguramente recompensados”. Quando Jesus tinha acabado de dar estas instruções aos seus doze discípulos, saiu pregando nas cidades da região. João Batista, que agora estava na prisão, soube de todos os milagres que Cristo estava fazendo e, portanto, enviou seus discípulos para perguntar a Jesus: “O Senhor é realmente aquele que nós estamos esperando, ou devemos continuar esperando algum outro?” Jesus lhes disse: “Voltem a João e contem-lhe dos milagres que vocês me viram fazer: Os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são sarados, os surdos ouvem, os mortos são levantados para a vida; e as boas-novas são pregadas aos pobres, e feliz é aquele que não se escandaliza por minha causa”. Quando os discípulos de João tinham ido embora, Jesus começou a falar a respeito de João às multidões. “Quando vocês saíram ao deserto, o que vocês esperavam ver? Uma cana agitada pelo vento? Ou vocês estavam esperando ver um homem vestido com roupas finas? Ora, quem se veste assim vive como um príncipe nos palácios reais. Ou o que foram ver? Um profeta de Deus? Sim, e ele é mais do que um simples profeta. Porque João é o homem de quem está escrito: “ ‘Ouçam: vou enviar o meu mensageiro, que irá antes de mim; ele vai preparar o caminho diante de vocês’. Na verdade, de todos os homens que já nasceram, nenhum foi tão grande como João Batista. E, no entanto, até o menor no Reino dos céus será maior do que ele! E desde o tempo em que João Batista começou a pregar e batizar, até agora, multidões ansiosas vão abrindo caminho em direção ao Reino dos céus. Toda a Lei e os Profetas profetizaram até que apareceu João, e se vocês estão dispostos a aceitar o que eu quero dizer, ele é Elias, aquele que os profetas disseram que viria. Se vocês têm ouvidos para ouvir, então ouçam! “Que direi eu a respeito desta nação? São como crianças que estão sentadas nas praças e dizem aos seus amiguinhos: “ ‘Nós tocamos música de casamento, mas vocês não se alegraram! Então, cantamos música de enterro, e vocês não ficaram tristes’. “Porque João Batista não bebe nem vinho e muitas vezes jejua, então vocês dizem: ‘Ele está dominado por um demônio’. Veio o Filho do Homem, participando de festas, comendo e bebendo, e vocês se queixam: ‘Vejam! Este homem é um comilão e beberrão, um homem que vive andando por aí com cobradores de impostos e “pecadores!” ’. Mas a sabedoria pode ser comprovada pelas obras que a acompanham!” Então Jesus começou a clamar contra as cidades onde havia feito a maior parte dos seus milagres, porque elas não se haviam voltado para Deus. “Ai de você, Corazim, e ai de você, Betsaida! Porque se os milagres que eu realizei entre vocês tivessem sido realizados em Tiro e Sidom há muito tempo aqueles povos teriam se arrependido, vestindo roupas de pano de saco e cobrindo-se de cinzas. Mas eu afirmo a vocês, Tiro e Sidom estarão em melhor situação no Dia do Juízo do que Corazim e Betsaida! E você, Cafarnaum, embora altamente honrada, descerá até o inferno! Porque se os admiráveis milagres que eu operei aí tivessem sido realizados em Sodoma, aquela cidade existiria até hoje. Pois eu afirmo a vocês, a situação de Sodoma será melhor do que a sua no Dia do Juízo”. E Jesus fez esta oração: “Ó Pai, Senhor do céu e da terra, eu te agradeço porque o Senhor escondeu a verdade daqueles que se julgam sábios e instruídos, e a revelou às crianças! Sim, Pai, porque foi do seu agrado fazer isso desta forma!” “Toda a verdade foi confiada a mim por meu Pai. Só o Pai conhece o Filho, e o Pai é conhecido somente pelo Filho e por aqueles a quem o Filho o quiser revelar. “Venham a mim, todos vocês que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Levem o meu jugo e deixem que eu lhes ensine; porque eu sou manso e humilde de coração, e vocês acharão descanso para suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu ensino é leve”. Naquela época Jesus estava andando com seus discípulos pelos campos de trigo. Era sábado, e seus discípulos estavam com fome e começaram a arrancar espigas de trigo e comer o grão. Mas alguns fariseus os viram fazendo isso e protestaram: “Os seus discípulos estão quebrando a Lei no dia de sábado!” Mas Jesus lhes disse: “Vocês não leram o que o rei Davi fez quando ele e seus amigos estavam com fome? Ele entrou na casa de Deus e todos comeram os pães da Presença, o que só era permitido aos sacerdotes. Isto também era quebrar a Lei! E vocês nunca leram na Lei de Moisés como os sacerdotes de serviço no templo podem trabalhar no sábado e, no entanto, ficam sem culpa? Eu afirmo a vocês que aqui está alguém que é maior do que o templo! Mas se vocês soubessem o significado destas palavras das Escrituras: ‘Desejo misericórdia, não seus sacrifícios’, não teriam condenado aqueles que não têm culpa! Porque o Filho do Homem é Senhor até mesmo do sábado”. Então ele foi para a sinagoga e notou ali um homem com uma das mãos defeituosa. Os fariseus perguntaram a Jesus: “É permitido pela Lei operar curas no sábado?” Eles estavam esperando que Ele dissesse “Sim”, para que desta forma pudessem acusá-lo! Sua resposta foi a seguinte: “Se um de vocês tivesse uma ovelha e no sábado ela caísse num poço, trabalharia para salvá-la naquele dia? E quanto mais vale uma pessoa do que uma ovelha! Portanto, é certo fazer o bem no sábado!” Então ele disse ao homem: “Estenda o braço”. E quando ele fez isso, sua mão foi restaurada! Então os fariseus convocaram uma reunião para planejar a morte de Jesus. Mas Jesus sabia o que estavam planejando e deixou a sinagoga. Muita gente veio atrás dele, e Jesus curou todos os doentes que havia entre eles. Mas advertia os curados de que não saíssem contando quem os havia curado. Isto cumpriu a profecia de Isaías a respeito dele: “Olhem para o meu Servo. Vejam o meu Escolhido. Ele é o meu Amado, em quem a minha alma se alegra. Eu vou pôr o meu Espírito sobre ele. E ele julgará as nações. Ele não guerreia nem grita; Ele não levanta a sua voz! Ele não esmaga o galho que está quebrado, Nem apagará a luz que está fraca; a sua justiça vencerá no final. E o seu nome será a esperança de todos os povos”. Então um homem possesso de demônio, que era cego e não podia falar, foi trazido a Jesus, que o curou, de modo que o homem podia falar e enxergar. A multidão ficou admirada e exclamava: “Será que este homem é o Filho de Davi?” Mas, quando os fariseus ouviram acerca do milagre, disseram: “Ele expulsa os demônios por Belzebu, o príncipe dos demônios”. Jesus conhecia seus pensamentos e respondeu: “Um reino dividido acaba em ruína. Uma cidade ou uma casa dividida contra si mesma não pode permanecer. E se Satanás está expulsando Satanás, está lutando contra si mesmo e destruindo o seu próprio reino. E se, como vocês acusam, estou expulsando demônios por invocação dos poderes de Belzebu, então que poder utilizam os outros quando expulsam demônios? Que eles julguem a acusação de vocês! Mas se eu estou expulsando demônios pelo Espírito de Deus, então o Reino de Deus já chegou a vocês. “Uma pessoa não pode entrar na casa de um homem forte e roubar os seus bens sem primeiro amarrá-lo. Só então poderá roubar a casa dele! “Todo aquele que não está comigo é contra mim; e quem não me ajuda a ajuntar, espalha. Por isso eu afirmo a vocês: Todo pecado e até a blasfêmia podem ser perdoados, mas a blasfêmia contra o Espírito Santo nunca será perdoada. Se alguém disser alguma coisa contra o Filho do Homem, será perdoado; mas quem falar contra o Espírito Santo não será perdoado, nem neste mundo, nem no mundo futuro. “Uma árvore é conhecida pelo seu fruto. Uma árvore de boa qualidade dá bom fruto; a de má qualidade dá fruto ruim. Ó filhos de serpentes! Como podem homens maus como vocês falar o que é bom e certo? Pois a boca fala do que está cheio o coração. A palavra de um homem bom revela os ricos tesouros do seu íntimo. Um homem de mau coração está cheio de veneno e sua palavra revela isso. Mas eu lhes digo: No Dia do Juízo, vocês terão de prestar conta de cada palavra que tiverem falado à toa. As suas palavras agora refletem o seu destino depois: Por elas vocês serão justificados ou condenados”. Um dia, alguns mestres da lei, incluindo alguns fariseus, vieram a Jesus e lhe disseram: “Mestre, queremos ver um milagre que prove que o Senhor realmente é o Messias”. Mas Jesus respondeu: “Só uma nação perversa e infiel pediria mais alguma prova; e não receberá nenhuma a não ser o sinal do profeta Jonas! Pois assim como Jonas esteve três dias e três noites dentro do grande peixe, assim também o Filho do Homem estará no fundo da terra por três dias e três noites. Os homens de Nínive se levantarão contra esta nação no Juízo e a condenarão. Pois quando Jonas lhes pregou, todos se arrependeram, e se voltaram dos seus maus caminhos para Deus. Agora, aqui está quem é maior do que Jonas — e vocês se recusam a crer nele. A rainha de Sabá se levantará contra esta nação no Juízo e a condenará; pois ela veio de uma terra distante para ouvir a sabedoria de Salomão; e agora aqui está quem é maior do que Salomão. “Quando um espírito imundo sai de um homem, vai para lugares desertos durante algum tempo, procurando repouso, sem achar. Então diz: ‘Vou voltar para a casa de onde saí’. Assim ele volta e encontra a casa desocupada, varrida e arrumada! Então o espírito imundo vai buscar outros sete espíritos piores do que ele, e todos entram no homem e ficam morando nele. Desta forma ele fica numa situação pior do que antes. Assim acontecerá a esta geração perversa”. Como Jesus Cristo estava falando numa casa cheia de gente, sua mãe e seus irmãos estavam do lado de fora, querendo falar com ele. Alguém lhe disse: “Sua mãe e seus irmãos estão lá fora e querem falar com o senhor”. Ele observou: “Quem é minha mãe e quem são os meus irmãos?” E apontou para os seus discípulos: “Vejam!”, disse ele. “Estes são minha mãe e meus irmãos”. E acrescentou: “Todo aquele que obedece ao meu Pai que está nos céus é meu irmão, minha irmã e minha mãe!” Mais tarde, naquele mesmo dia, Jesus saiu de casa e desceu para a beira da praia onde logo se ajuntou uma multidão tão grande que ele entrou num barco e ensinava dali, enquanto o povo ouvia da praia. Jesus usou muitas parábolas em seu sermão, tais como esta: “Um lavrador saiu a semear. Enquanto espalhava a semente pelo solo, uma parte dela caiu à beira do caminho, e vieram as aves e a comeram. Outra parte caiu em solo cheio de pedras, onde a terra era pouco profunda; as plantas brotaram muito depressa no solo raso, mas o sol quente logo queimou as plantas e elas murcharam e morreram, porque tinham pouca raiz. Outras sementes caíram entre espinhos, que cresceram e sufocaram as plantas novas. Mas outra parte caiu em solo bom, e deram uma colheita que era 30, 60 e até mesmo 100 vezes aquilo que ele tinha plantado. Aquele que tem ouvidos para ouvir, que ouça!” Seus discípulos vieram e lhe perguntaram: “Por que o Senhor fala ao povo por meio de parábolas difíceis de entender?” Então ele explicou: “A vocês foi permitido entender a respeito dos mistérios do Reino dos céus, mas aos outros não. Porque aquele que tem, receberá mais, e terá em grande quantidade; mas aquele que não tem, até mesmo o pouco que tem será tirado dele. É por isso que eu falo por meio de parábolas para que o povo veja, mas não enxergue; para que ouça, mas não entenda. “Isto cumpre a profecia de Isaías: ‘Eles ouvem, mas não entendem; eles olham, mas não veem! O coração deste povo se tornou insensível; eles taparam os ouvidos e fecharam os olhos. Se não fosse assim, veriam com os seus olhos, ouviriam com os seus ouvidos, e compreenderiam com o coração e se voltariam para mim e eu os curaria’. “Mas benditos são os olhos de vocês, porque veem; e seus ouvidos, porque ouvem. Eu afirmo a vocês a verdade: Muitos profetas e homens justos desejaram ver o que vocês têm visto, e ouvir o que vocês têm ouvido, mas não puderam. “Agora, esta é a explicação da parábola do lavrador plantando a semente: O caminho onde algumas sementes caíram representa o coração de uma pessoa que ouve a boa-nova do Reino e não entende; então o Maligno vem e arranca as sementes do coração dela. O solo raso cheio de pedras representa o coração de um homem que ouve a mensagem e a recebe com verdadeira alegria, porém ela não tem muita profundidade em sua vida, e as sementes não lançam raízes profundas; quando vem a dificuldade, ou começa a perseguição por causa da sua fé, ele a abandona. O terreno coberto de espinheiros representa um homem que ouve a mensagem, mas as preocupações desta vida e o engano das riquezas sufocam a palavra e ele não produz fruto. O terreno bom representa o coração de um homem que ouve a mensagem e a entende, e dá uma colheita de 30, 60 e até 100 vezes o que foi plantado”. Esta foi outra parábola que Jesus usou: “O Reino dos céus é como um agricultor que semeou boa semente em seu campo. Mas uma noite, enquanto todos dormiam, seu inimigo veio e semeou joio entre o trigo e se foi. Quando a plantação começou a crescer, o joio cresceu também. “Os servos do agricultor vieram e lhe contaram: ‘Patrão, o campo onde o senhor semeou aquela semente escolhida está cheia de joio!’ “ ‘Foi um inimigo que fez isso’, explicou ele. “ ‘Devemos arrancar o joio?’, perguntaram os servos. “ ‘Não’, respondeu ele. ‘Porque, ao tirar o joio, vocês poderão arrancar com ele o trigo. Deixem os dois crescerem juntos até a colheita, e então eu mandarei que os ceifeiros separem primeiro o joio e o amarrem em feixes para ser queimado; e depois juntem o trigo e o guardem no depósito’ ”. Jesus contou outra parábola ao povo: “O Reino dos céus é como uma minúscula semente de mostarda plantada num campo. É a menor entre todas as sementes, mas se torna a maior das plantas e cresce até se transformar numa árvore em que as aves podem vir e encontrar abrigo”. Ele contou-lhes também esta parábola: “O Reino dos céus pode ser comparado a uma mulher que está fazendo pão. Ela toma uma medida de farinha e mistura o fermento, até que ele se espalhe por toda a massa”. Jesus usava sempre estas parábolas quando falava à multidão, cumprindo-se, assim, o que tinha sido dito pelo profeta: “Eu falarei por meio de parábolas; explicarei mistérios escondidos desde o princípio dos tempos”. Então ele entrou em casa, deixando o povo do lado de fora. Seus discípulos pediram que explicasse a parábola do joio e do trigo. Ele respondeu: “O Filho do Homem é o agricultor que lançou a semente escolhida. O campo é o mundo, e a boa semente representa os filhos do Reino; o joio são os filhos do Maligno. O inimigo que o semeou entre o trigo é o Diabo; a colheita é o fim dos tempos, e os trabalhadores da colheita são os anjos. “Como o joio é separado e queimado no fogo, assim será no fim dos tempos. O Filho do Homem enviará os seus anjos e eles separarão do Reino tudo que faz as pessoas tropeçarem e todos os que praticam o mal. Estes serão lançados na fornalha ardente, onde queimarão. Ali haverá choro e ranger de dentes. Então os piedosos brilharão como o sol no Reino de seu Pai. Aquele que tem ouvidos, ouça! “O Reino dos céus é como um tesouro que um homem descobriu num campo. Na sua alegria, ele vendeu tudo quanto possuía para poder comprar aquele campo! “O Reino dos céus é como um negociante de pérolas em busca de pérolas escolhidas. Ele descobriu uma pérola de grande valor, foi e vendeu tudo o que tinha para adquiri-la! “O Reino dos céus pode ser ilustrado por pescadores que lançam a rede na água e juntam peixes de todas as qualidades, bons e ruins. Quando a rede está cheia, eles a arrastam para a praia, sentam-se e separam nos cestos os que servem para comer, e jogam fora os ruins. É assim que será no fim dos tempos. Os anjos virão e separarão os ímpios dos piedosos, e lançarão os ímpios na fornalha ardente; ali haverá choro e ranger de dentes”. Então Jesus perguntou: “Vocês estão entendendo?” “Sim”, disseram eles. Então ele acrescentou: “Aqueles que são os mestres da lei e são versados nos assuntos do Reino dos céus são como um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e coisas velhas!” Quando Jesus terminou de contar estas parábolas, saiu dali e voltou para a cidade onde morava, Nazaré da Galileia, e lá ensinava na sinagoga. Todos ficaram admirados e perguntavam: “De onde vêm a sabedoria e o poder que ele tem para realizar os milagres? Como é possível isto?”, exclamava o povo. “Não é ele apenas o filho do carpinteiro? Não é Maria a sua mãe e não são Tiago, José, Simão e Judas os seus irmãos? Não moram suas irmãs todas aqui? De onde ele consegue todas essas coisas?” E ficaram escandalizados com ele! Então Jesus lhes disse: “Um profeta é prestigiado em toda parte, menos na sua própria terra e entre seu próprio povo!” E por isso ele só fez ali uns poucos milagres, por causa da falta de fé daquelas pessoas. Quando o rei Herodes ouviu a respeito de Jesus, disse aos homens que o serviam: “Esse deve ser João Batista, que ressuscitou dos mortos! É por isso que ele pode fazer esses milagres”. Pois Herodes tinha mandado acorrentar João na prisão por causa de sua esposa Herodias, esposa de seu irmão Filipe. Porque João tinha dito a ele que estava errado casando-se com ela. Ele queria matar João, mas estava com medo do povo, porque todos acreditavam que João era um profeta. Mas, numa festa de aniversário de Herodes, a filha de Herodias dançou diante de todos e agradou muito ao rei; por isso ele jurou dar-lhe qualquer coisa que ela lhe pedisse! Então, por insistência de sua mãe, a moça pediu a cabeça de João Batista numa bandeja! O rei ficou aflito, mas por causa do seu juramento, e porque não queria voltar atrás diante dos seus convidados, ordenou que lhe fosse dado o que ela pedia. E assim João foi decapitado na prisão, e sua cabeça foi trazida numa bandeja e entregue à moça, que a levou à sua mãe. Então os discípulos de João vieram e levaram o seu corpo e o sepultaram; depois foram contar a Jesus o que havia acontecido. Logo que Jesus recebeu a notícia, saiu sozinho num barco para uma região distante, a fim de ficar só. Mas o povo viu para onde ele tinha ido, e pessoas vindas de muitas vilas seguiram a Jesus por terra. Quando Jesus saiu do barco e viu a vasta multidão que estava esperando por ele, teve compaixão e curou os seus doentes. Naquela tarde os discípulos vieram a ele e disseram: “Está ficando tarde, e não há nada para comer aqui neste lugar deserto; mande este povo embora, para que eles possam ir às vilas e comprar alguma comida”. Mas Jesus respondeu: “Isto não é necessário. Vocês é que devem dar de comer a esta multidão!” “Como!?”, exclamaram eles. “Nós temos somente cinco pãezinhos e dois peixes!” “Tragam isso para mim”, disse ele. Então ele mandou o povo sentar-se na grama; tomou os cincos pães e os dois peixes, levantou os olhos para o céu, deu graças, partiu os pães e deu aos discípulos para distribuírem ao povo. E cada um comeu até ficar satisfeito! Quando os restos foram recolhidos, havia doze cestos cheios de pedaços que sobraram! Cerca de 5.000 homens estavam na multidão naquele dia, além de mulheres e crianças. Logo depois, Jesus mandou que seus discípulos entrassem no barco e atravessassem para o outro lado, enquanto ele permanecia ali, a fim de despedir o povo para suas casas. Tendo despedido a multidão, ele subiu sozinho ao monte para orar. Ao anoitecer, ele estava ali sozinho, e no lago os discípulos estavam em dificuldades, pois o vento tinha se levantado, e eles lutavam contra o mar agitado. Já de madrugada, Jesus veio até eles, caminhando em cima da água! Eles gritaram de medo, pois pensaram que fosse um fantasma. Mas Jesus logo os tranquilizou, dizendo: “Não tenham medo. Coragem! Sou eu!” Então Pedro gritou: “Senhor, se realmente é o Senhor, diga-me para eu ir caminhando em cima da água até onde o Senhor está”. “Venha”, disse o Senhor. Assim Pedro saiu do barco e caminhou por cima da água na direção de Jesus. Mas quando ele olhou em volta e sentiu a força do vento, ficou cheio de pavor, começou a afundar e gritou: “Salve-me, Senhor!” No mesmo instante Jesus estendeu-lhe a mão e o segurou. “Ó homem de pequena fé, por que você duvidou?”, disse Jesus. E quando eles subiram no barco, o vento parou. Os outros ficaram muito admirados e o adoraram, dizendo: “Realmente o Senhor é o Filho de Deus!” Depois de atravessarem o mar, chegaram a Genesaré. A notícia da chegada deles espalhou-se depressa por toda aquela região, e logo o povo trouxe seus doentes para serem curados. Os doentes pediam-lhe que os deixasse tocar mesmo que fosse na barra do seu manto, e todos os que faziam isso foram curados! Então chegaram de Jerusalém alguns fariseus e mestres da lei e perguntaram a Jesus: “Por que os seus discípulos desobedecem às antigas tradições judaicas? Pois eles não obedecem à nossa cerimônia de lavar as mãos antes de comer”. Jesus respondeu: “E por que as tradições de vocês desobedecem aos mandamentos diretos de Deus? Por exemplo, a lei de Deus diz: ‘Honre o seu pai e a sua mãe; qualquer um que amaldiçoar seu pai ou sua mãe deve morrer’. Mas vocês ensinam que se um jovem disser aos seus pais: ‘O que vocês poderiam receber de mim é uma oferta ao Senhor’, esse jovem está desobrigado de honrar seu pai. Assim, por meio da sua regra feita pelos homens, vocês anulam a ordem direta de Deus. Seus hipócritas! Bem que Isaías profetizou acerca de vocês: ‘Esse povo se aproxima de mim com a boca e me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão me adoram; seus ensinamentos não passam de regras ensinadas por homens’ ”. Então Jesus chamou o povo e disse: “Ouçam o que eu digo e procurem entender: Você não se torna impuro com o que entra na sua boca. Mas o que sai da sua boca, isto é que o torna impuro”. Então os discípulos vieram e lhe disseram: “O Senhor ofendeu os fariseus com aquela observação”. Jesus respondeu: “Toda planta que não foi plantada por meu Pai celestial será arrancada. Portanto, não façam caso deles. São guias cegos guiando cegos. Se um cego conduz outro cego, ambos cairão num buraco”. Então Pedro pediu a Jesus que explicasse o que ele queria dizer quando declarou que não é a comida que contamina o homem. “Vocês não entendem?”, perguntou-lhe Jesus. “Vocês não veem que qualquer coisa que se come passa pelo estômago e mais tarde é expelida? Porém as palavras que saem da boca vêm do coração, e contaminam o homem que fala essas palavras. Porque do coração saem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as imoralidades sexuais, os roubos, as mentiras e as calúnias. São estas coisas que contaminam o homem; mas não há contaminação espiritual em comer sem primeiro cumprir a cerimônia de lavar as mãos!” Jesus então deixou aquela parte do país e caminhou para a região de Tiro e Sidom. Uma mulher de Canaã, que estava morando ali, veio a ele implorando: “Tenha pena de mim, ó Senhor, Filho de Davi! Porque a minha filha está endemoninhada e é atormentada constantemente”. Mas Jesus não lhe deu resposta alguma, nem mesmo uma palavra! Então seus discípulos insistiram para que a mandasse embora. “Mande que ela vá andando”, diziam eles, “porque ela continua gritando atrás de nós”. Então ele disse à mulher: “Eu fui enviado para socorrer as ovelhas perdidas de Israel”. Porém ela ajoelhou-se e adorou a Jesus, suplicando novamente: “Senhor, socorra-me!” “Não parece direito tirar o pão das crianças para jogá-lo aos cachorros”, disse ele. “Sim, Senhor!”, respondeu ela, “porém até os cachorros podem comer as migalhas que caem da mesa dos seus donos”. “Mulher”, disse Jesus, “sua fé é grande, e o seu pedido será atendido”. E a filha dela foi curada naquele mesmo instante. Então Jesus voltou para o mar da Galileia, subiu a um monte e sentou-se ali. E uma enorme multidão dirigiu-se a ele, trazendo os paralíticos, os aleijados, os cegos, os mudos e muitos outros, e os colocavam aos pés de Jesus, e ele curou a todos. O povo ficou admirado quando viu os mudos falando, os aleijados curados, os paralíticos andando e saltando, e os cegos enxergando! As multidões ficaram admiradas e louvavam o Deus de Israel. Então Jesus chamou seus discípulos para perto dele e disse: “Eu tenho compaixão desta gente; eles estão aqui comigo há três dias, e não têm nada para comer; eu não quero mandar ninguém embora com fome, senão podem desmaiar no caminho”. Os discípulos responderam: “E onde conseguiríamos o suficiente aqui no deserto para alimentar tanta gente?” Jesus perguntou-lhes: “Quantos pães vocês têm?” Eles responderam: “Sete pães e alguns peixinhos!” Então Jesus mandou todo o povo sentar-se no chão. Tomou os sete pães e os peixes, deu graças, dividiu-os em pedaços e os entregou aos discípulos para distribuí-los à multidão. E cada um comeu até fartar-se. Depois disso, quando as sobras foram recolhidas, havia sete cestos cheios de comida! Os que comeram foram 4.000 homens, além de mulheres e crianças! Então Jesus mandou o povo para casa, entrou no barco e foi para a região de Magadã. Um dia os fariseus e os saduceus vieram pôr Jesus à prova, pedindo-lhe que lhes apresentasse alguma demonstração de poder dos céus. Ele respondeu: “Vocês são espertos para ler os sinais dos céus. Quando o céu está vermelho hoje à noite, vocês dizem que o tempo será bom amanhã. Quando o céu está vermelho de manhã, vocês dizem que o tempo será mau o dia todo. Vocês sabem como vai ser o tempo, mas não sabem ler os sinais evidentes dos tempos! Esta geração má e sem fé está pedindo um sinal milagroso dos céus, mas não lhe será dada mais nenhuma prova a não ser o sinal de Jonas”. E então Jesus deixou a todos e retirou-se. Quando estavam chegando ao outro lado do mar, os discípulos descobriram que tinham esquecido de levar pão. “Cuidado!”, advertiu-os Jesus. “Tomem cuidado com o fermento dos fariseus e dos saduceus”. Eles pensavam que ele estava dizendo isso porque tinham esquecido de trazer pão. Jesus sabia o que eles estavam discutindo e perguntou-lhes: “Ó homens de tão pequena fé! Por que vocês estão preocupados por não terem comida? Vocês não entenderam ainda? Não se lembram dos cinco pães para os 5.000 e os cestos cheios que sobraram? Não se lembram dos sete pães para os 4.000 e de quantos cestos sobraram? Como poderiam ainda pensar que eu estava falando de comida? Mais uma vez eu lhes digo: Tomem cuidado com o fermento dos fariseus e dos saduceus”. Então eles entenderam finalmente que por fermento ele queria dizer o ensino errado dos fariseus e saduceus. Quando Jesus chegou à região da Cesareia de Filipe, perguntou aos seus discípulos: “Quem o povo está dizendo que o Filho do Homem é?” Eles responderam: “Alguns dizem que o Senhor é João Batista; outros, que é Elias; e ainda outros, que é Jeremias ou um dos outros profetas”. Então ele perguntou: “E vocês, quem vocês dizem que eu sou?” Simão Pedro respondeu: “O Senhor é o Cristo, o Filho do Deus vivo”. “Deus abençoou você, Simão, filho de Jonas”, disse Jesus, “porque meu Pai que está no céu revelou isto pessoalmente a você. Isto não vem de nenhuma fonte humana. Você é Pedro, e sobre esta rocha edificarei a minha igreja; e todas as forças do inferno não prevalecerão contra ela. E eu darei a você as chaves do Reino dos céus; as coisas que você atar na terra serão atadas no céu; e as coisas que você desatar na terra serão desatadas no céu!” Então advertiu aos discípulos que não contassem aos outros que ele era o Messias. Daí em diante, Jesus começou a falar claramente aos seus discípulos sobre a sua ida a Jerusalém, e o que aconteceria com ele ali, que ele sofreria nas mãos dos líderes religiosos dos judeus, dos chefes dos sacerdotes e dos mestres da lei, que seria morto, e que três dias depois ressuscitaria. Mas Pedro levou Jesus para um lado para censurá-lo, dizendo: “Que Deus não permita isso, Senhor”, disse ele. “Isso não lhe acontecerá!” Jesus voltou-se para Pedro e disse: “Afaste-se de mim, Satanás! Você é uma armadilha perigosa para mim. Você está pensando apenas do ponto de vista humano, e não do ponto de vista de Deus”. Então Jesus disse aos discípulos: “Se alguém quer ser um dos meus seguidores, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Porque todo aquele que quiser conservar a sua vida, vai perdê-la; e todo aquele que perder a sua vida por minha causa, vai encontrá-la novamente. Que vantagem há em alguém ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? O que se pode comparar com o valor da sua alma? Porque o Filho do Homem virá com os seus anjos na glória do seu Pai, e julgará cada pessoa de acordo com as suas obras. E garanto que alguns de vocês que estão aqui neste momento viverão para ver o Filho do Homem chegando em seu Reino”. Seis dias depois, Jesus levou consigo Pedro, Tiago e seu irmão João para o topo de um monte alto e solitário. Enquanto observavam, o seu aspecto mudou de tal maneira que seu rosto brilhava como o sol e suas roupas tornaram-se brancas como a luz. De repente Moisés e Elias apareceram diante deles, conversando com Jesus. Então Pedro disse a Jesus: “Senhor, é maravilhoso podermos estar aqui! Se o Senhor quiser, farei três abrigos: um para o Senhor, outro para Moisés e outro para Elias”. Mas assim que ele disse isso, uma nuvem brilhante veio sobre eles, e uma voz disse: “Este é o meu Filho amado, em quem tenho muita alegria. Ouçam-no”. Com isso os discípulos caíram ao chão com o rosto em terra, tremendamente assustados. Jesus veio e os tocou. “Levantem-se”, disse ele, “não tenham medo”. E quando eles levantaram os olhos, não viram mais ninguém a não ser Jesus. Enquanto desciam do monte, Jesus ordenou: “Não contem a ninguém o que vocês viram, até que o Filho do Homem seja ressuscitado”. Seus discípulos perguntaram: “Por que os mestres da lei insistem que Elias deve voltar antes que o Messias venha?” Jesus respondeu: “Eles têm razão. Elias deve vir e pôr tudo em ordem. Mas eu lhes digo: Elias já veio, mas não foi reconhecido, e foi maltratado por muita gente. Da mesma forma o Filho do Homem também sofrerá nas mãos deles”. Então os discípulos entenderam que ele estava falando de João Batista. Quando acabaram de descer o monte, uma imensa multidão estava esperando por eles. Veio um homem, que se ajoelhou diante de Jesus e disse: “Senhor, tenha misericórdia de meu filho, porque ele tem ataques e está em grande aflição, pois muitas vezes cai no fogo ou na água. Eu trouxe o meu filho aos seus discípulos, porém eles não puderam curá-lo”. Jesus respondeu: “Ó geração teimosa e sem fé! Até quando terei de suportar vocês? Tragam-me aqui o menino”. Então Jesus repreendeu o demônio que estava no menino e ele o deixou, e a partir daquele momento o menino ficou curado. Depois disso os discípulos, em particular, perguntaram a Jesus: “Por que nós não pudemos expulsar aquele demônio?” “Por causa da fé pequenina de vocês”, disse Jesus. “Porque se vocês tivessem fé ao menos do tamanho de uma minúscula semente de mostarda, poderiam dizer a esta montanha: ‘Saia daqui!’, e ela iria para bem longe. Nada seria impossível. Porém esta espécie não sairá se vocês não tiverem orado e jejuado”. Um dia, enquanto eles ainda estavam na Galileia, Jesus lhes disse: “O Filho do Homem será entregue ao poder dos homens. Eles o matarão, e no terceiro dia, ele ressuscitará”. E o coração dos discípulos encheu-se de tristeza. Ao chegarem a Cafarnaum, os cobradores de impostos do templo vieram a Pedro e lhe perguntaram: “O mestre de vocês não paga o imposto do templo?” “Claro que paga”, respondeu Pedro. Então ele entrou em casa para falar a Jesus sobre isto, mas antes que ele tivesse oportunidade de falar, Jesus perguntou: “O que você acha, Pedro? Os reis cobram impostos do seu próprio povo ou dos estrangeiros?” “Dos estrangeiros”, respondeu Pedro. Disse-lhe Jesus: “Então os cidadãos não pagam! Contudo, nós não queremos ofender ninguém; portanto, vá ao mar e lance um anzol, e abra a boca do primeiro peixe que pegar. Você vai achar uma moeda de valor suficiente para pagar os impostos por nós dois; pegue a moeda e pague o imposto devido”. Nessa ocasião os discípulos vieram a Jesus para perguntar qual deles seria o maior no Reino dos céus! Jesus chamou para perto dele uma criança, e a colocou no meio deles. Depois disse: “Se vocês não mudarem de vida e não se tornarem como crianças, nunca entrarão no Reino dos céus. Portanto, todo aquele que se humilha como esta criança, é o maior no Reino dos céus. “E qualquer um de vocês que acolhe uma criança como esta em meu nome, está me recebendo. Mas se qualquer um de vocês fizer um destes pequeninos que creem em mim tropeçar, seria melhor ser jogado nas profundezas do mar com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço. “Ai do mundo, por causa de todas as suas maldades. A tentação para fazer o mal é inevitável, mas ai do homem que provoca a tentação. Portanto, se a sua mão ou o seu pé faz você pecar, corte-os e jogue-os fora. É melhor entrar no céu mutilado ou aleijado do que ser lançado no fogo eterno com as duas mãos e os dois pés. E se o seu olho faz você pecar, arranque-o e jogue fora. É melhor entrar no céu com um olho só do que ser lançado no fogo do inferno com os dois olhos. “Tomem cuidado para não desprezar nenhum só destes pequeninos. Porque eu lhes digo que no céu os seus anjos sempre estão na presença de meu Pai. O Filho do Homem veio para salvar os perdidos. “O que vocês acham? Se um homem tiver cem ovelhas, e uma se desviar e se perder, o que ele fará? Não deixará as outras noventa e nove e sairá pelos montes em busca da perdida? E se a encontrar, ele se alegra por causa dela mais do que pelas outras noventa e nove que não se perderam! Assim também, a vontade do meu Pai é que não se perca nenhum destes pequeninos. “Se um irmão pecar contra você, vá e fale com ele em particular para que ele possa ficar frente a frente com sua falta. Se ele o ouvir e confessar, você ganhou de volta esse irmão. Mas se não ouvir, leve então um ou dois outros com você e vá a ele novamente, provando tudo quanto você diz por meio dessas testemunhas. Se ainda assim ele se recusar a ouvi-los, então leve o caso à igreja, e se ele se recusar também a ouvir a igreja, trate-o como um pagão ou cobrador de impostos. “Eu lhes digo a verdade: Tudo o que vocês atarem na terra será atado no céu, e tudo o que vocês desatarem na terra será desatado no céu. “Eu lhes digo isto também: Se dois de vocês concordarem aqui na terra a respeito de qualquer assunto sobre o qual pedirem, isso será feito por meu Pai que está nos céus. Pois onde dois ou três se reunirem em meu nome, eu estarei ali no meio deles”. Então Pedro se aproximou de Jesus e perguntou-lhe: “Senhor, quantas vezes eu devo perdoar um irmão que peca contra mim? Sete vezes?” “Não sete vezes!”, respondeu Jesus. “Mas até setenta vezes sete! “O Reino dos céus pode ser comparado a um rei que decidiu pôr em ordem suas contas com os seus servos. E quando estava fazendo isso, foi-lhe trazido um dos seus servos que lhe devia muita prata. Como ele não tinha condições de pagar; o rei ordenou que fosse vendido para pagar a dívida, bem como sua esposa, seus filhos e tudo o que ele tinha. “Mas o servo prostrou-se diante do rei, com o rosto em terra, e disse: ‘Ó senhor, tenha paciência comigo, e eu pagarei tudo’. Então o rei teve compaixão dele, o soltou e perdoou a sua dívida. “Mas quando aquele servo saiu da presença do rei encontrou um dos seus companheiros de trabalho que lhe devia 100 denários, o agarrou pela garganta e exigiu que lhe pagasse na hora. “O homem prostrou-se diante dele e suplicava que ele lhe desse um pouco mais de tempo. ‘Tenha paciência que eu lhe pagarei’, implorava ele. “Mas o seu credor não queria esperar. Mandou prender e encarcerar o homem, até que a dívida estivesse totalmente paga. Então os amigos do homem viram o que havia acontecido, ficaram tristes e foram contar tudo ao rei. “Então o rei chamou à sua presença o servo que ele havia perdoado e disse: ‘Você é um servo mau! Eu lhe perdoei aquela dívida enorme, só porque você me implorou. Você não devia ter misericórdia do seu companheiro, do mesmo modo como eu tive de você?’ Então o rei, irado, mandou o homem ser duramente castigado até pagar o último centavo que devia. “Assim meu Pai celeste fará com vocês, se cada um de vocês se recusar a perdoar verdadeiramente a seu irmão”. Depois que Jesus terminou esse discurso, deixou a Galileia e foi para o outro lado do rio Jordão, voltando para a região da Judeia. Grandes multidões o seguiam, e ele curou todos os doentes. Alguns fariseus vieram interrogar Jesus, procurando fazê-lo cair numa armadilha. “É permitido ao homem divorciar-se de sua mulher por qualquer motivo?”, perguntaram eles. “Vocês não leem as Escrituras?”, respondeu ele. “Nelas está escrito que no começo Deus criou o homem e a mulher, e que o homem deve deixar seu pai e sua mãe, e unir-se à sua esposa e os dois se tornarão uma só carne. Assim, eles não mais serão dois, mas sim uma só carne! Portanto, que ninguém separe o que Deus uniu”. Perguntaram eles: “Então, por que Moisés disse que um homem pode divorciar-se de sua esposa, mandando-a embora e entregando-lhe um documento escrito?” Jesus respondeu: “Moisés fez isso por causa dos corações duros e maus de vocês, mas não foi isso o que Deus estabeleceu no princípio. E eu lhes digo: Todo aquele que se divorciar de sua esposa, a não ser por causa de infidelidade, e casar-se com outra mulher, comete adultério”. Então os discípulos de Jesus disseram-lhe: “Se essa é a situação entre homem e mulher, é melhor não casar!” “Nem todos podem aceitar essa declaração”, disse Jesus. “Só aqueles a quem Deus deu entendimento vão ser capazes de aceitar essa palavra. Alguns nascem sem a capacidade de casar-se, alguns são incapacitados pelos homens, e outros recusam-se a casar por causa do Reino dos céus. Todo aquele que puder, aceite o que eu digo”. Depois trouxeram crianças a Jesus, para que ele pusesse suas mãos sobre elas e orasse por elas. Mas os discípulos repreendiam aqueles que as traziam. “Não o incomodem”, diziam eles. Então Jesus disse: “Não proíbam que as crianças venham a mim, porque o Reino dos céus pertence àqueles que são como estas crianças”. E ele impôs suas mãos sobre elas e as abençoou antes de ir embora. Alguém veio a Jesus com esta pergunta: “Bom Mestre, que devo fazer para herdar a vida eterna?” “Bom?”, perguntou ele. “Só há um que é realmente bom — e esse é Deus. Mas se você quer entrar na vida, guarde os mandamentos”. “Quais?”, perguntou o homem. E Jesus respondeu: “Não mate, não cometa adultério, não roube, não minta, honre o seu pai e a sua mãe e ame ao seu próximo como a você mesmo!” “Eu sempre tenho obedecido a cada um deles”, respondeu o jovem. “Que mais preciso fazer?” Jesus lhe disse: “Se quer ser perfeito, vá e venda tudo o que tem, dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois venha e siga-me”. Mas quando o jovem ouviu isto, foi embora triste, porque era muito rico. Então Jesus disse aos seus discípulos: “É quase impossível um rico entrar no Reino dos céus. Eu lhes digo ainda: É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus!” Esta observação confundiu os discípulos. “Então, quem neste mundo pode ser salvo?”, perguntaram. Jesus olhou atentamente para eles e disse: “Humanamente falando, ninguém. Mas para Deus, tudo é possível”. Então Pedro lhe disse: “Nós deixamos tudo para seguir o Senhor. O que nós vamos ganhar?” E Jesus respondeu: “Digo a verdade a vocês: Quando chegar o tempo em que Deus vai renovar tudo, e o Filho do Homem se assentar no seu glorioso trono no Reino, vocês, os meus discípulos, se sentarão em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel. E todo aquele que deixar o lar, irmãos, irmãs, o pai, a mãe, a esposa, os filhos ou propriedades para me seguir, receberá cem vezes mais e herdará a vida eterna. Mas muitos que agora são os primeiros serão os últimos; e muitos que são os últimos serão os primeiros”. “O Reino dos céus é como o dono de uma propriedade que saiu certa manhã para contratar trabalhadores para a sua colheita. Ele combinou com eles pagar um denário por dia e mandou todos trabalharem na sua plantação. “Por volta das nove horas da manhã, ele estava passando por uma praça e viu alguns homens por ali, desocupados, à espera de serviço, então mandou aqueles também para os seus campos, dizendo que pagaria no fim do dia aquilo que fosse justo. E eles foram. “Ao meio-dia, e novamente por volta das três horas da tarde, ele fez a mesma coisa. “Por volta das cinco horas daquela tarde ele estava novamente na cidade, viu mais alguns homens por ali, e perguntou: ‘Por que vocês estão parados o dia inteiro?’ ‘Porque ninguém nos contratou’, responderam eles. “ ‘Então vão e juntem-se aos outros na minha plantação’, disse ele. “No fim do dia, o dono da plantação disse ao seu administrador que chamasse os homens e lhes pagasse o salário, começando pelos últimos contratados e terminando com os primeiros. “Quando os homens contratados às cinco horas vieram, cada um recebeu um denário. Assim, quando os homens contratados mais cedo vieram para receber o que era seu, pensavam que receberiam mais. Porém, eles também receberam um denário. “Quando receberam o seu denário, começaram a se queixar do dono da plantação, dizendo-lhe: ‘Aqueles companheiros só trabalharam uma hora, e o senhor assim mesmo pagou-lhes exatamente a mesma quantia que pagou a nós que trabalhamos o dia inteiro e nos cansamos do calor’. “ ‘Amigo’, respondeu o homem a um deles, ‘eu não fui injusto com você! Você não aceitou trabalhar o dia inteiro por um denário? Receba o denário e vá embora. É meu desejo pagar o mesmo a todos. É contra a lei usar o meu dinheiro como eu quero? Ou você está com inveja porque fui bondoso para com eles?’ “Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos”. Quando Jesus estava a caminho de Jerusalém, chamou os doze discípulos à parte e lhes disse: “Ouçam! Estamos indo para Jerusalém, onde o Filho do Homem será entregue aos principais sacerdotes e aos mestres da lei. Eles o condenarão à morte, e o entregarão aos gentios. Ele será zombado, açoitado e crucificado, mas no terceiro dia ressuscitará”. Nisso a mãe de Tiago e João, filhos de Zebedeu, trouxe os dois filhos a Jesus, inclinou-se e pediu um favor. “Qual é o seu pedido?”, perguntou ele. Ela respondeu: “Permita que, no seu Reino, os meus dois filhos se sentem em dois tronos, um à sua direita e outro à sua esquerda”. Mas Jesus lhe disse: “Vocês não sabem o que estão pedindo!” Então voltou-se para Tiago e João, e perguntou-lhes: “Vocês são capazes de beber do terrível cálice do qual eu logo vou beber?” “Sim”, responderam eles! “É certo que vocês beberão dele”, disse ele. “Mas não me cabe dizer quem sentará nos tronos perto do meu. Esses lugares estão reservados para as pessoas que meu Pai escolher”. Os outros dez discípulos ficaram revoltados quando souberam o que Tiago e João haviam pedido. Mas Jesus os reuniu e disse: “Entre os ímpios, os reis são tiranos, e cada oficial domina sobre aqueles que estão abaixo dele. Mas entre vocês deve ser diferente. Todo aquele que quiser ser importante entre vocês deverá ser um servo. E quem quiser ser o primeiro, deverá servir como um escravo. A atitude de vocês deve ser igual ao Filho do Homem que não veio para ser servido, mas para servir, e dar a sua vida para salvar a muitos”. Quando Jesus e os discípulos deixavam a cidade de Jericó, foram seguidos por uma grande multidão. Dois cegos estavam sentados à beira da estrada, e quando ouviram que Jesus vinha por aquele caminho, começaram a gritar: “Senhor, Filho de Davi, tenha misericórdia de nós!” A multidão mandou que ficassem quietos, mas não adiantou, pois eles gritaram ainda mais alto: “Senhor, Filho de Davi, tenha misericórdia de nós!” Quando Jesus chegou ao lugar onde estavam, parou na estrada e perguntou-lhes: “O que vocês querem que eu lhes faça?” “Senhor”, disseram eles, “queremos enxergar!” Jesus encheu-se de compaixão por eles e tocou seus olhos. Imediatamente eles puderam enxergar, e o seguiram. Quando Jesus e os discípulos se aproximavam de Jerusalém e estavam perto da cidade de Betfagé, no monte das Oliveiras, Jesus enviou dois deles na frente até a vila. “Logo ao entrar”, disse ele, “vocês verão uma jumenta amarrada ali, com um jumentinho ao seu lado. Desamarrem-nos e tragam-nos para cá. E se alguém perguntar o que estão fazendo, digam apenas: ‘O Mestre precisa deles’, e não haverá dificuldade”. Isto foi feito para cumprir a antiga profecia: “Digam à cidade de Sião: ‘Vejam todos, o seu Rei está chegando, humilde e vem montado num jumento, num jumentinho, filho de jumenta!’ ” Os dois discípulos fizeram como Jesus disse. Trouxeram a jumenta e o jumentinho, e puseram suas roupas sobre os animais, para que Jesus montasse. Uma grande multidão estendeu seus mantos ao longo da estrada à frente dele, e outros cortavam ramos das árvores e espalhavam no chão. Então o povo ia adiante dele, e os que o seguiam gritavam: “Hosana ao Filho de Davi!” “Louvem aquele que vem em nome do Senhor!” “Hosana nas alturas!” Toda a cidade de Jerusalém ficou agitada quando ele entrou. “Quem é este?” perguntavam. E o povo respondia: “É Jesus, o profeta de Nazaré da Galileia”. Então Jesus entrou no templo, expulsou os negociantes; derrubou as barracas, as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas. “As Escrituras dizem: ‘A minha casa será chamada casa de oração’ ”, declarou ele, “mas vocês a transformaram num ‘covil de ladrões’ ”. Enquanto isso os cegos e aleijados vinham a ele e eram curados ali no templo. Mas quando os principais sacerdotes e mestres da lei viram os maravilhosos milagres que Jesus fazia, e ouviram até as crianças gritando no templo: “Hosana ao Filho de Davi”, ficaram perturbados e revoltados, e perguntaram a ele: “Está ouvindo o que estas crianças estão dizendo?” “Sim”, respondeu Jesus. “Vocês nunca leram: “ ‘Os lábios das crianças e até dos recém-nascidos o louvarão’ ”? Então ele voltou para Betânia, onde passou a noite. De manhã, quando Jesus estava voltando para Jerusalém, sentiu fome, e viu uma figueira ao lado da estrada. Foi até lá para ver se havia algum figo, mas só havia folhas. Então disse à figueira: “Não dê frutos nunca mais!” E logo a figueira secou! Os discípulos ficaram muito admirados e perguntaram: “Como é que a figueira secou tão depressa?” Então Jesus disse: “Eu afirmo a vocês que se tiverem fé e não duvidarem, poderão fazer coisas iguais a essa, e muito mais. Vocês poderão até dizer a este monte: ‘Levante-se e atire-se no mar’, e assim será feito. Se crerem, receberão tudo o que pedirem em oração”. Jesus voltou ao templo e, enquanto ensinava, os principais sacerdotes e outros líderes dos judeus vieram a ele e perguntaram: “Com que autoridade você está fazendo essas coisas? Quem lhe deu tal autoridade?” “Eu lhes direi, se vocês primeiro responderem à pergunta que farei a vocês”, respondeu Jesus. “Quem deu autoridade para João Batista batizar? Foi Deus ou foram os homens?” Então eles conversaram entre si: “Se dissermos: ‘Foi Deus’, então ele perguntará por que nós não cremos no que João dizia. E se negarmos que Deus enviou João Batista, seremos atacados, porque esta multidão toda pensa que João era um profeta”. Finalmente eles responderam a Jesus: “Não sabemos!” E Jesus lhes disse: “Então eu também não responderei com que autoridade estou fazendo estas coisas. “Mas o que acham vocês disto? Um homem que tinha dois filhos disse ao mais velho: ‘Filho, saia e vá trabalhar na plantação hoje’. “ ‘Não vou’, respondeu ele, porém mais tarde resolveu ir. Depois o pai disse ao mais novo: ‘Vá você!’, e ele disse: ‘Sim, senhor, eu vou’. Mas não foi. Qual dos dois estava obedecendo ao pai?” Eles responderam: “O primeiro”. Então Jesus explicou-lhes: “Digo a verdade a vocês: Os cobradores de impostos e as prostitutas arrependidos entrarão no Reino de Deus antes de vocês. Porque João Batista pregou para que se arrependessem e se voltassem para Deus, e vocês não creram nele, ao passo que os cobradores de impostos e as prostitutas creram. E mesmo quando vocês viram tudo acontecendo, recusaram-se a se arrepender e crer nele. “Agora ouçam outra parábola: Certo proprietário fez uma plantação de uvas com uma cerca ao redor, construiu um tanque para prensar as uvas e uma plataforma para o vigia; então arrendou a plantação a alguns lavradores querendo receber em troca uma parte da colheita; e foi fazer uma viagem. No tempo da colheita da uva, ele mandou seus servos aos lavradores, para receber a sua parte. “Mas os lavradores atacaram os servos: bateram em um deles, mataram outro e apedrejaram o terceiro. Então ele mandou um grupo ainda maior de servos, mas eles foram tratados da mesma maneira. Finalmente o proprietário mandou seu filho, pensando: ‘Eles respeitarão meu filho’. “Porém quando aqueles lavradores viram o filho chegando, disseram uns aos outros: ‘Aí vem o herdeiro; vamos matá-lo e ficaremos com a herança’. Assim eles o arrastaram para fora da plantação e o mataram. “Quando o proprietário da plantação voltar, que vocês acham que ele fará com aqueles lavradores?” Eles responderam: “Ele dará aos homens maus uma morte horrível e arrendará a vinha a outros que lhe deem a sua parte com honestidade”. Então Jesus lhes perguntou: “Vocês nunca leram nas Escrituras: ‘A pedra rejeitada pelos construtores tornou-se a pedra mais importante de todas, que é a de esquina. Que notável! Que coisa admirável o Senhor fez!’? “O que eu quero dizer é que o Reino de Deus será tirado de vocês, e entregue a um povo que dê os respectivos frutos. Todo aquele que tropeçar nesta pedra será destruído; e aqueles sobre os quais ela cair serão reduzidos a pó”. Quando os principais sacerdotes e os outros líderes dos judeus perceberam que Jesus estava falando deles — que eles eram os lavradores da sua história — quiseram livrar-se dele, mas tinham medo de tentar fazer isso por causa do povo, porque todos aceitavam Jesus como um profeta. Jesus contou diversas parábolas para mostrar com o que se parece o Reino dos céus, dizendo: “O Reino dos céus pode ser ilustrado com a história de um rei que preparou um grande banquete de casamento para o seu filho. Muitas pessoas foram convidadas pelos seus servos, e quando o banquete estava pronto, ele mandou mensageiros para avisar a cada um que estava na hora de ir. Mas todos recusaram o convite! “Então mandou outros criados e disse: ‘Digam aos convidados que preparei o banquete: meus bois e meus novilhos gordos foram abatidos, e tudo está pronto. Venham depressa para o banquete do casamento!’ “Mas os que ele havia convidado não lhes deram atenção e foram tratar dos seus negócios, um para a sua fazenda, outro para o seu armazém; outros bateram nos servos, os maltrataram e os mataram. Então o rei, irado, mandou o seu exército, destruiu os assassinos e pôs fogo na cidade deles. “Então disse aos seus servos: ‘O banquete do casamento está pronto, mas os que eu convidei não são dignos dessa honra. Saiam pelas esquinas e convidem todos os que vocês acharem’. Assim fizeram os servos; trouxeram todos os que puderam achar, tanto os bons como os maus; e o salão do banquete de casamento ficou cheio de convidados. “Mas quando o rei entrou para conhecer os convidados, notou um homem que não estava usando a roupa de casamento. ‘Amigo’, perguntou ele, ‘como é possível você estar aqui sem a roupa de casamento?’ E o homem não teve resposta. “Então o rei disse aos seus auxiliares: ‘Amarrem suas mãos e pés, e joguem esse homem na escuridão, onde haverá choro e ranger de dentes’. “Porque muitos são chamados, mas poucos são escolhidos”. Então os fariseus se reuniram para tentar achar um jeito de apanhar Jesus dizendo alguma coisa errada que servisse de motivo para o prenderem. Decidiram enviar alguns de seus discípulos juntamente com os herodianos para fazer-lhe esta pergunta: “Mestre, nós sabemos que o Senhor é sincero e íntegro e ensina o caminho de Deus conforme a verdade sem se preocupar com as influências e opinião dos outros e nem julga pela aparência. Agora, diga-nos: Está certo pagarmos impostos a César ou não?” Jesus, contudo, percebeu a má intenção deles e perguntou: “Seus hipócritas! A quem vocês estão querendo fazer de tolo com suas perguntas astutas? Vamos, mostrem-me uma moeda usada para pagar impostos”. Eles puseram na mão dele uma moeda pequena. “De quem é o retrato desenhado nela?”, perguntou Jesus. “E de quem é este nome abaixo do retrato?” “De César”, responderam. “Então”, disse ele, “deem a César o que é dele, e deem a Deus tudo quanto pertence a Deus”. A resposta dele surpreendeu e confundiu a todos, e eles foram embora. Mas naquele mesmo dia alguns dos saduceus, que dizem que não há ressurreição, vieram a ele e perguntaram: “Senhor, Moisés disse que se um homem morresse sem filhos, seu irmão deveria casar-se com a viúva e dar-lhe descendência. Ora, tivemos entre nós uma família de sete irmãos. O primeiro destes homens casou-se e logo morreu, sem filhos, e assim sua viúva se tornou esposa do segundo irmão. Esse irmão também morreu sem filhos, e a esposa passou para o irmão seguinte, e assim por diante, até que ela veio a ser esposa de todos eles. E depois ela também morreu. Então, de quem ela será esposa na ressurreição, porque foi esposa de todos os sete?” Jesus respondeu: “O erro de vocês é causado pela sua ignorância das Escrituras e do poder de Deus! Na ressurreição, as pessoas não se casam, nem são dadas em casamento; cada um será como os anjos do céu. E quanto à ressurreição dos mortos, vocês nunca leram as Escrituras? Não compreendem o que Deus disse a vocês: ‘Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó’? Ora, Deus não é Deus de mortos, mas de vivos”. O povo estava muito impressionado com as suas respostas. Mas os fariseus, quando souberam que ele tinha derrotado os saduceus com sua resposta, pensaram numa nova pergunta para apresentar a ele. Um deles, um mestre da lei, o pôs à prova com a seguinte pergunta: “Mestre, qual é o mandamento mais importante da Lei de Moisés?” Jesus respondeu: “ ‘Ame ao Senhor seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua mente e de toda a sua alma’. Esse é o primeiro e maior mandamento. E o segundo em importância é parecido: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Toda a Lei e os Profetas dependem desses dois mandamentos”. Então, rodeado pelos fariseus, ele fez uma pergunta a eles: “O que vocês pensam do Messias? De quem ele é filho?” “É filho de Davi”, responderam eles. “Então por que Davi, falando sob inspiração do Espírito Santo, chama-o de ‘Senhor’?”, perguntou Jesus. “Pois Davi disse: ‘Disse o Senhor ao meu Senhor: Sente-se à minha direita, até que eu ponha os seus inimigos debaixo dos seus pés’. “Visto que Davi chamou-o de ‘Senhor’, como pode ele ser filho de Davi?” Eles não puderam responder mais nada. E depois disso ninguém mais tinha coragem de fazer alguma nova pergunta. Então Jesus disse ao povo e aos seus discípulos: “Os mestres da lei e os fariseus têm autoridade para explicar a Lei de Moisés! Obedeçam ao que eles dizem, mas não sigam o exemplo deles. Porque eles não fazem o que mandam vocês fazerem. Exigem de vocês coisas pesadas, mas eles mesmos não estão dispostos a ajudá-los, nem ao menos a levantar um dedo para carregar esses fardos. “Tudo o que fazem é para se mostrar. Eles se fingem de santos, levam afixados aos braços extensas orações com versículos das Escrituras e alongam as barras dos seus mantos. E como gostam de tomar os principais lugares nos banquetes e os assentos mais importantes na sinagoga! Como apreciam a consideração que se presta a eles nas praças e serem chamados de ‘mestre’! “Nunca deixem que alguém chame vocês de ‘mestre’, porque existe um só Mestre e todos vocês estão no mesmo nível, como irmãos. Não se dirijam a ninguém aqui na terra chamando-o de ‘Pai’, porque vocês só têm um Pai, que está nos céus. E não se deixem chamar de ‘chefe’, porque somente um é o chefe de vocês, isto é, o Messias. “Quanto mais humilde for o serviço de vocês aos outros, maiores vocês serão. Para ser o maior de todos, é preciso ser servo. Mas aqueles que se acham grandes sofrerão humilhação; e aqueles que se humilham serão engrandecidos. “Ai de vocês, fariseus, e demais mestres da lei! Hipócritas! Pois vocês não entram no Reino dos céus e não deixam os outros entrarem. “Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês parecem santos, com todas as suas longas orações públicas nas ruas, enquanto exploram as viúvas nas casas delas. Por isso o castigo de vocês será maior! “Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas, porque vão a qualquer distância, percorrendo terra e mar para converter alguém, e depois fazem a mesma pessoa duas vezes mais digna do inferno do que vocês. “Ai de vocês, guias cegos, porque dizem: ‘Se alguém jurar “pelo templo de Deus” não tem importância — pode-se quebrar tal voto, mas um juramento “pelo ouro do templo” deve ser cumprido’. “Cegos insensatos! Que é maior, o ouro ou o templo que santifica o ouro? E vocês dizem que um juramento feito ‘pelo altar’ pode ser quebrado, mas um juramento feito ‘pelas ofertas que estão sobre o altar’ deve ser cumprido! Cegos! Pois que é mais importante: a oferta que está sobre o altar, ou o próprio altar que santifica a oferta? Portanto, aquele que jura ‘pelo altar’, está jurando por ele e por tudo quanto está sobre ele, e quando jura ‘pelo templo’, jura por ele e por aquele que mora nele. E aquele que jura ‘pelos céus’, está jurando pelo trono de Deus e por aquele que está sentado nele. “Ai de vocês, fariseus e mestres da lei, hipócritas! Vocês dão o dízimo até da folha de hortelã, da erva-doce e do cominho, mas se esquecem das coisas importantes — a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Sim, vocês devem dar o dízimo, mas não devem deixar de fazer as coisas mais importantes. Guias cegos! Vocês coam um mosquito e engolem um camelo. “Ai de vocês, fariseus e mestres da lei, hipócritas! Vocês são tão cuidadosos em limpar a parte exterior da taça e do prato, mas o interior está imundo, cheio de ganância e de cobiça. Fariseus cegos! Limpem primeiro o interior da taça e do prato, e então o seu exterior também ficará limpo. “Ai de vocês, fariseus e mestres da lei! Vocês são como belos túmulos pintados: bonitos por fora, mas por dentro cheios de ossos de homens mortos, de podridão e sujeira. Vocês procuram parecer homens santos, mas por baixo desses mantos de bondade estão corações manchados de toda espécie de fingimento e maldade. “Ai de vocês, fariseus e mestres da lei, hipócritas! Pois constroem monumentos aos profetas mortos pelos seus pais, depositam flores nos túmulos dos homens bondosos que eles destruíram, e dizem: ‘É claro que se tivéssemos vivido no tempo dos nossos antepassados, não teríamos feito o que eles fizeram; não teríamos derramado o sangue dos profetas’. Dizendo isso, vocês estão acusando-se a si mesmos de serem os filhos dos homens perversos que assassinaram os profetas. E vocês estão seguindo os passos deles, enchendo a medida da maldade dos seus antepassados. “Serpentes! Filhos de víboras! Como vocês escaparão da condenação do inferno? Eu enviarei a vocês profetas, homens sábios e mestres, e vocês matarão alguns pela crucificação, ferirão os outros com chicotes em suas sinagogas, e perseguirão todos de cidade em cidade. E vocês se tornarão culpados de todo o sangue dos homens justos, desde Abel até o sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que vocês mataram no templo, entre o altar e o santuário. Sim, toda a condenação acumulada nestes séculos cairá sobre esta geração. “Jerusalém, Jerusalém, cidade que mata os profetas e apedreja todos aqueles que Deus lhe envia! Quantas vezes eu quis juntar os seus filhos como uma galinha junta seus pintinhos debaixo das asas, mas vocês não quiseram. E agora a sua casa será deixada ao abandono. Pois eu digo isto a vocês: nunca mais me verão, até que digam: ‘Bendito é o que vem em nome do Senhor’ ”. Quando Jesus estava deixando a área do templo, seus discípulos se aproximaram dele querendo mostrar-lhe as construções do templo. Porém ele lhes disse: “Vocês estão vendo tudo isto? Todos estes edifícios serão derrubados, e não será deixada uma pedra em cima da outra!” “Quando vai acontecer isso?”, perguntaram-lhe os discípulos mais tarde, quando ele se sentou nas encostas do monte das Oliveiras. “Que acontecimentos marcarão a sua volta e o fim dos tempos?” Jesus disse-lhes: “Não deixem que ninguém engane vocês. Porque muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Eu sou o Cristo!’, procurando enganar muitas pessoas. Quando vocês ouvirem falar de guerras e rumores de guerras, não tenham medo; elas devem vir, mas ainda não é o fim. As nações e os reinos da terra se levantarão uns contra os outros; haverá fome e terremotos em muitos lugares. Mas tudo isso será apenas o princípio dos horrores futuros. “Então vocês serão perseguidos e condenados à morte, e vocês serão odiados no mundo todo por minha causa. Muitos de vocês vão abandonar a fé, e trairão e odiarão uns aos outros. Aparecerão falsos profetas, que enganarão a muitos. O pecado aumentará por toda parte, e esfriará o amor de muitos. Mas aqueles que ficarem firmes até o fim serão salvos. E as boas-novas do Reino serão pregadas pelo mundo inteiro, para que todas as nações as ouçam, e depois virá o fim. “Portanto, quando vocês virem a ‘coisa horrível’, a respeito da qual falou o profeta Daniel, no Lugar Santo; que o leitor entenda! Então aqueles que estiverem na Judeia devem fugir para os montes. Aqueles que estiverem no terraço superior não devem entrar em casa nem mesmo para pegar alguma coisa antes de fugir. Aqueles que estiverem no campo, não devem voltar à casa para apanhar seu manto. Ai das mulheres grávidas e daquelas que estiverem amamentando seus filhos naqueles dias. Orem para que a fuga de vocês não seja no inverno, nem no sábado. Porque haverá então grande tribulação, tal como o mundo nunca viu em toda a sua história, e nunca mais verá. De fato, se aqueles dias não fossem encurtados, a humanidade inteira se perderia. Porém eles serão encurtados por causa do povo escolhido de Deus. Então se alguém lhes disser: ‘O Messias chegou em tal e tal lugar, ele apareceu aqui, ali, ou naquela vila mais adiante’, não acreditem nisso. Porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas, que farão sinais e maravilhas, de tal maneira que, se possível, enganariam até os escolhidos de Deus. Vejam que eu lhes avisei antecipadamente. “Portanto, se alguém lhes disser: ‘O Messias voltou e está lá no deserto’, não se deem ao trabalho de ir ver. Ou que ele está em certo lugar, não creiam nisso! Porque assim como o relâmpago brilha pelo céu de leste a oeste, assim será a vinda do Filho do Homem. E onde o cadáver estiver, ali os urubus se ajuntarão. “Imediatamente depois da perseguição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua ficará negra, as estrelas cairão do céu, e as forças que sustentam a terra serão abaladas. “Depois, finalmente, aparecerá no céu um sinal da minha vinda e haverá profunda lamentação ao redor de toda a terra. As nações do mundo verão o Filho do Homem chegar nas nuvens do céu, com poder e grande glória. Ele enviará seus anjos com o som de um poderoso toque de trombeta, e eles reunirão os seus escolhidos dos pontos mais distantes da terra e do céu. “Agora aprendam a lição da figueira. Quando o ramo dela está novo e as folhas começam a brotar, vocês sabem que o verão está chegando. Da mesma forma, quando vocês puderem ver todas estas coisas começando a acontecer, podem saber que minha volta está bem próxima. Então, finalmente esta era chegará ao fim. Os céus e a terra passarão, porém as minhas palavras permanecerão para sempre. “Mas ninguém sabe o dia e a hora em que o fim virá — nem mesmo os anjos dos céus, nem o Filho de Deus. Somente o Pai sabe. “A vinda do Filho do Homem será como foi nos tempos de Noé. Pois, antes do dilúvio, o povo comia e bebia, e os homens e as mulheres se casavam, até o dia em que Noé entrou na arca; o povo não queria acreditar no que estava para acontecer, até que o dilúvio realmente veio e os levou a todos. Assim será a vinda do Filho do Homem. Dois homens estarão trabalhando juntos no campo; um será levado, e o outro será deixado. Duas mulheres estarão cuidando do seu trabalho no moinho; uma será levada, e a outra será deixada. “Portanto, estejam vigiando, porque vocês não sabem em que dia o seu Senhor virá. Tal como um homem pode evitar problemas com os ladrões mantendo vigilância contra eles, assim também vocês podem evitar dificuldades, estando sempre preparados, porque o Filho do Homem virá numa hora em que vocês menos esperarem. “Você é um servo do Senhor sábio e fiel? Então eu lhe entregarei a tarefa de cuidar da minha casa e dar de comer aos seus conservos dia a dia! Feliz o servo que seu senhor encontrar fazendo fielmente o seu trabalho. Eu vou pôr servos fiéis assim para cuidar de tudo o que possuo! Mas se você for mau e disser consigo mesmo: ‘Meu Senhor não voltará tão cedo’, e começar a maltratar os outros servos, seus companheiros, e a comer e beber com os bêbados, o seu Senhor chegará sem avisar e sem ser esperado, e vai castigá-lo duramente, e o mandará para a condenação junto com os hipócritas; ali haverá choro e ranger de dentes. “O Reino dos céus pode ser ilustrado pela história de dez damas de honra virgens que tomaram suas lamparinas e foram ao encontro do noivo. Cinco delas eram insensatas e cinco eram prudentes. As insensatas pegaram suas lamparinas, mas não levaram óleo de reserva. As prudentes, no entanto, levaram óleo em suas vasilhas, junto com as suas lamparinas. E, como o noivo estava demorando, elas se deitaram para descansar e adormeceram. “À meia-noite, elas foram acordadas pelo grito: ‘O noivo está chegando! Saiam para recebê-lo!’ “Todas as moças acordaram e prepararam suas lamparinas. Então as cinco insensatas que não tinham azeite de reserva pediram às prudentes: ‘Deem um pouco de óleo para nós, porque as nossas lamparinas estão se apagando’. “Mas as outras responderam: ‘Nós temos apenas o suficiente para nós. Vão e comprem óleo para vocês’. “Mas quando elas foram, o noivo chegou, e aquelas que estavam prontas entraram com ele para o banquete de casamento, e a porta foi trancada. “Mais tarde, quando as outras cinco voltaram, ficaram lá fora, chamando: ‘Senhor! Senhor! Abra a porta para nós!’ “Porém ele respondeu: ‘A verdade é que eu não as conheço!’ “Portanto, vigiem e estejam preparados, porque vocês não sabem o dia nem a hora da minha volta. “O Reino dos céus pode ser ilustrado também com a história de um homem que ia para um outro país e, então, reuniu os seus servos e confiou-lhes os seus bens. “A um deu cinco talentos, a outro dois, e a outro um, divididos de acordo com a competência deles, e então partiu para sua viagem. O homem que recebeu cinco talentos saiu imediatamente para negociar e ganhou outros cinco talentos. O homem que tinha dois talentos ganhou outros dois talentos. Mas o homem que tinha recebido um talento saiu e cavou um buraco no chão e escondeu o dinheiro, para guardá-lo em segurança. “Depois de muito tempo, o senhor deles voltou da viagem e chamou os três para prestarem contas. O homem a quem ele tinha dado cinco talentos trouxe-lhe outros cinco e disse: ‘O senhor me confiou cinco talentos. Veja! Aqui estão mais cinco’. “O senhor elogiou o servo: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Você foi fiel no pouco, eu o porei sobre muito. Venha festejar com o seu senhor!’ “Depois veio o homem que tinha recebido dois talentos e disse: ‘Patrão, o senhor me deu dois talentos; veja, eu ganhei mais dois’. “ ‘Muito bem, servo bom e fiel!’, respondeu o seu senhor. ‘Você foi fiel no pouco, agora eu lhe darei muito mais. Venha festejar com o seu senhor!’. “Então o homem que tinha recebido um talento disse: ‘Patrão, eu sabia que o senhor era um homem severo, que colhe onde não plantou e junta onde não semeou. Por isso tive medo, saí e escondi o seu talento na terra e aqui está ele!’ “Mas o seu senhor respondeu: ‘Servo mau e preguiçoso! Já que sabia que eu colho onde não plantei e junto onde não semeei, você devia pelo menos ter posto meu dinheiro no banco, de maneira que eu pudesse ganhar algum juro. “ ‘Tirem o talento deste homem e deem ao homem que tem dez. Porque aquele que usa bem o que lhe dão, a este será dado ainda mais, e terá grande quantidade. Mas o homem que é infiel, até mesmo o pouco que tem será tirado dele. E joguem o servo inútil lá fora no escuro; ali haverá choro e ranger de dentes’. “Mas quando o Filho do Homem vier em sua glória com todos os anjos, ele se assentará no seu trono de glória celestial. Todas as nações serão reunidas diante dele, e ele separará as pessoas, como um pastor separa as ovelhas dos bodes, e colocará as ovelhas à sua direita, e os bodes à sua esquerda. “Então o Rei dirá àqueles à sua direita: ‘Venham, benditos do meu Pai, para o Reino preparado para vocês desde a criação do mundo. Porque eu tive fome, e vocês me deram de comer; eu tive sede, e vocês me deram de beber; eu era um estranho, e vocês me convidaram para suas casas; eu estive nu, e vocês me vestiram; eu estive doente, e vocês cuidaram de mim; estive na prisão, e vocês me visitaram’. “Então os justos responderão: ‘Senhor, quando foi que nós vimos o Senhor com fome, e lhe demos de comer? Ou com sede, e lhe demos alguma coisa para beber? Ou como estranho, e o socorremos? Ou nu, e o vestimos? Quando foi que vimos o Senhor doente, ou na prisão, e o visitamos?’ “E o Rei lhes dirá: ‘Digo a verdade a vocês: Quando vocês fizeram isso ao menor destes meus irmãos, estavam fazendo a mim!’ “Então ele se voltará para aqueles que estiverem à sua esquerda e dirá: ‘Fora daqui, malditos, para o fogo eterno preparado para o Diabo e seus anjos. Porque eu tive fome, e vocês não me deram de comer; eu tive sede, e vocês não me deram nada para beber; eu fui um estranho, e vocês me recusaram hospedagem; eu estive nu, e vocês não quiseram vestir-me; eu estive doente, e na prisão, e vocês não me visitaram’. “Então eles responderão: ‘Senhor, quando foi que vimos o Senhor com fome, com sede, estranho, nu, doente, ou na prisão, e não socorremos o Senhor?’ “E ele responderá: ‘Digo a verdade a vocês: Quando se recusaram a socorrer ao menor destes meus irmãos, vocês estavam recusando ajuda a mim’. “E eles irão para o castigo eterno; mas os justos irão para a vida eterna”. Quando Jesus terminou essa conversa com os seus discípulos, disse-lhes: “Como vocês sabem, a celebração da Páscoa começa dentro de dois dias, e o Filho do Homem será entregue e crucificado”. Naquele exato momento, os sacerdotes principais e outros oficiais religiosos dos judeus estavam reunidos no palácio de Caifás, o sumo sacerdote, para discutir meios de prender Jesus sem o povo saber, e matá-lo. “Mas não durante a celebração da Páscoa”, concordaram eles, “porque assim haveria uma revolta entre o povo”. Jesus seguiu dali para Betânia, para a casa de Simão, o leproso. Enquanto ele estava comendo, uma mulher entrou com um frasco de perfume muito caro, e o derramou sobre a cabeça de Jesus, quando ele estava reclinado à mesa. Os discípulos, ao verem isso, ficaram revoltados. “Por que jogar dinheiro fora?”, disseram eles. “Ela poderia ter vendido esse perfume por uma fortuna e ter dado o dinheiro aos pobres”. Jesus sabia o que eles estavam pensando e disse: “Por que vocês estão aborrecendo esta mulher? Pois ela realizou uma boa ação para mim. Vocês sempre terão os pobres aqui, mas nem sempre terão a mim. Ela derramou este perfume em mim para preparar o meu corpo para o sepultamento. E ela será sempre lembrada por este feito. A história dela será contada pelo mundo todo, em todos os lugares onde a boa-nova for anunciada”. Então Judas Iscariotes, um dos doze discípulos, foi aos sacerdotes principais e perguntou: “Quanto vocês me pagarão se eu entregar Jesus?” E eles lhe deram trinta moedas de prata. Daquela hora em diante, Judas procurava uma oportunidade para entregar Jesus a eles. No primeiro dia da festa da Páscoa, quando o pão feito com fermento era retirado de todos os lares dos judeus, os discípulos vieram a Jesus e perguntaram: “Onde faremos os preparativos para comermos a Páscoa?” Ele respondeu: “Vão à cidade e procurem determinado homem, e digam-lhe: ‘O nosso Mestre falou: Chegou a minha hora, e eu celebrarei a festa da Páscoa com meus discípulos em sua casa’.” Então os discípulos fizeram como ele havia instruído e prepararam a ceia da Páscoa. Naquela noite, Jesus se acomodou à mesa com os doze discípulos. E, enquanto comiam, ele disse: “Eu afirmo que um de vocês vai me trair”. A tristeza caiu sobre os corações deles, e cada um perguntou: “Serei eu?” Ele respondeu: “É aquele que eu servi primeiro. Porque o Filho do Homem deve morrer, tal como foi profetizado, mas ai do homem que trai o Filho do Homem. Seria muito melhor que nunca tivesse nascido”. Judas, então, lhe disse: “Mestre, certamente não serei eu?” E Jesus respondeu: “Sim, é você”. Quando eles estavam comendo, Jesus tomou o pão e deu graças, partiu-o em pedaços e deu aos seus discípulos, dizendo: “Tomem e comam, porque isto é o meu corpo”. Tomou um cálice de vinho, deu graças e o entregou aos discípulos, dizendo: “Cada um beba dele, porque isto é o meu sangue da nova aliança, que é derramado para perdoar os pecados de muitos. Prestem atenção às minhas palavras: Eu não beberei deste vinho outra vez até o dia em que beba um vinho novo com vocês no Reino do meu Pai”. E depois que cantaram um hino, saíram para o monte das Oliveiras. Então Jesus lhes disse: “Esta noite vocês todos me abandonarão. Porque está escrito nas Escrituras ‘Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho serão espalhadas’. “Mas, depois que eu tiver ressuscitado, irei para a Galileia, e me encontrarei com vocês ali”. Pedro disse: “Se todos os outros abandonarem o Senhor, eu não o abandonarei”. Jesus lhe respondeu: “A verdade é que esta noite mesmo, antes que o galo cante, você me negará três vezes!” “Mesmo que seja necessário que eu morra com o Senhor, nunca o negarei!”, insistiu Pedro. E todos os outros discípulos disseram a mesma coisa. Então Jesus os levou a um lugar chamado Getsêmani, e os mandou sentar e esperar, enquanto ia adiante para orar. Levou com ele Pedro e os dois filhos de Zebedeu, Tiago e João, e começou a sentir angústia e tristeza. Então disse-lhes: “Minha alma está cheia de tristeza, a ponto de morrer. Fiquem aqui e vigiem comigo”. Ele avançou um pouco, inclinou-se com o rosto no chão, e orou: “Meu Pai! Se for possível, afaste este cálice de mim. Contudo, eu quero que seja feita a sua vontade, e não a minha”. Depois voltou aos três discípulos, e os encontrou dormindo. “Pedro”, perguntou ele, “vocês não puderam ficar acordados comigo nem mesmo uma hora? Vigiem e orem. De outro modo a tentação vencerá vocês. Pois o espírito na verdade está disposto, mas o corpo é fraco!” Outra vez ele os deixou e foi orar: “Meu Pai! Se este cálice não puder ser tirado de mim, então cumpra-se a sua vontade”. Ele voltou aos discípulos novamente e os achou dormindo, porque os olhos deles estavam pesados de sono. Então ele voltou à oração pela terceira vez, dizendo novamente as mesmas coisas. Então voltou aos discípulos e disse: “Vocês ainda dormem e descansam? Chegou a hora de o Filho do Homem ser entregue nas mãos de homens pecadores! Levantem-se! Vamos andando! Aí vem o homem que está me traindo!” Naquela mesma hora, enquanto ele ainda falava, Judas, um dos Doze, chegou com uma grande multidão armada de espadas e porretes, enviada pelos sacerdotes principais e líderes religiosos do povo. O traidor havia combinado com eles um sinal. Ele havia dito: “Prendam o homem que eu cumprimentar com um beijo, pois é ele”. Então, naquela hora Judas veio diretamente a Jesus e disse: “Olá, Mestre!” e o beijou. Jesus disse: “Amigo, faça logo o que você veio fazer”. Então os outros homens se aproximaram, agarraram Jesus e o prenderam. Um dos homens que estavam com Jesus puxou sua espada e cortou a orelha do servo do sumo sacerdote. “Guarde a sua espada”, disse Jesus. “Aqueles que usam espada, acabarão morrendo pela espada. Você não percebe que eu poderia pedir ao meu Pai mais de doze legiões de anjos para nos protegerem, e ele os mandaria no mesmo instante? Mas se eu fizesse isso, como iriam se cumprir as Escrituras que descrevem o que está acontecendo agora?” Então Jesus falou à multidão: “Será que eu sou algum assaltante perigoso, para que vocês tivessem que se armar de espadas e porretes para poderem me prender? Todos os dias eu estava com vocês, ensinando no templo, e vocês não me prenderam. Mas tudo isto está acontecendo para cumprir as palavras dos profetas registradas nas Escrituras”. Então todos os discípulos abandonaram Jesus e fugiram. Então a multidão o levou para a casa do sumo sacerdote Caifás, onde todos os mestres da lei e os líderes religiosos estavam reunidos. Enquanto isso, Pedro ia seguindo Jesus de longe, e chegou ao pátio do sumo sacerdote. Entrou ali, e sentou-se com os soldados, esperando para ver o que seria feito com Jesus. Os sacerdotes principais e todo o Sinédrio reuniram-se e procuravam testemunhas falsas para falar contra Jesus, a fim de formarem contra ele um processo que resultaria na sentença de morte. Embora eles achassem muitos que concordassem em ser testemunhas falsas, elas entravam em contradição. Finalmente encontraram dois homens que declararam: “Este homem disse: ‘Sou capaz de destruir o templo de Deus e reconstruí-lo em três dias’ ”. Então o sumo sacerdote levantou-se e disse a Jesus: “Então? Você não vai responder à acusação que eles fazem?” Mas Jesus permaneceu calado. Nisso, o sumo sacerdote disse a ele: “Eu ordeno no nome do Deus vivo que nos declare se você é o Cristo, o Filho de Deus”. “É o senhor que está dizendo isso”, disse Jesus. “Mas eu afirmo que de agora em diante vocês verão o Filho do Homem assentado à direita do Deus Todo-poderoso, voltando nas nuvens do céu”. Então o sumo sacerdote rasgou suas vestes, gritando: “Blasfêmia! Que necessidade nós temos de outras testemunhas? Todos ouviram o que ele disse! Qual é a sentença de vocês?” Eles bradaram: “Ele é culpado de morte!” Então alguns deles cuspiram-lhe no rosto e bateram nele a socos e tapas, dizendo: “Cristo, profetize para nós! Quem foi que lhe bateu?” Enquanto isso, Pedro estava sentado do lado de fora do pátio. Veio uma criada e disse-lhe: “Você estava com Jesus, porque vocês dois são da Galileia”. Mas Pedro negou em voz alta, dizendo: “Eu não sei do que você está falando”. Mais tarde, fora do portão, outra criada viu Pedro e disse aos que estavam por perto: “Este homem estava com Jesus de Nazaré”. Pedro negou novamente, desta vez com juramento. “Não conheço esse homem”, disse ele. Pouco depois, os homens que estavam ali vieram a ele e disseram: “Nós sabemos que você é um dos discípulos dele, pelo seu modo de falar!” Pedro começou a amaldiçoar e jurar: “Eu não conheço esse homem”. E imediatamente o galo cantou. Então Pedro lembrou-se do que Jesus tinha dito: “Antes que o galo cante, você me negará três vezes”. Então saiu, chorando amargamente. Quando amanheceu, os sacerdotes principais e os líderes religiosos do povo judeu reuniram-se outra vez para discutir a maneira de convencer o governo romano a sentenciar Jesus à morte. Então eles mandaram Jesus amarrado a Pilatos, o governador romano. Quando Judas, o traidor, viu que Jesus tinha sido condenado à morte, ficou com muito remorso pelo que tinha feito e trouxe de volta o dinheiro aos sacerdotes principais e aos outros líderes religiosos. “Eu pequei”, declarou ele, “pois traí um homem inocente”. “O problema é seu”, responderam eles. Então ele atirou o dinheiro no chão do templo, saiu e foi enforcar-se. Os sacerdotes principais ajuntaram as moedas. “Não podemos pôr o dinheiro na coleta”, disseram eles, “porque é contra as nossas leis aceitar dinheiro pago por assassinato”. Eles discutiram a questão e finalmente decidiram comprar certo campo, onde o barro era usado pelos oleiros, e transformá-lo num cemitério para os estrangeiros que morressem em Jerusalém. Por isso o cemitério se chama “O Campo de Sangue” até o dia de hoje. Isto cumpriu a profecia de Jeremias que diz: “Tomaram as trinta peças de prata, preço pelo qual ele foi avaliado pelo povo de Israel, e compraram um campo dos oleiros, como o Senhor me orientou”. Agora Jesus estava de pé diante de Pilatos, o governador romano. “Você é o rei dos judeus?”, perguntou-lhe o governador. Jesus respondeu: “O senhor é que está dizendo”. Mas quando os sacerdotes principais e os outros líderes religiosos dos judeus fizeram numerosas acusações contra ele, Jesus ficou calado. “Você não ouve o que eles estão fazendo contra você?”, perguntou Pilatos. Mas Jesus não disse nada, para a surpresa do governador. Ora, o governador tinha o costume de todo ano durante a celebração da Páscoa soltar um prisioneiro judeu escolhido pela multidão. Nesse ano estava preso um criminoso muito conhecido, chamado Barrabás, e quando o povo se reuniu diante da casa de Pilatos naquela manhã, ele perguntou a eles: “Quem vocês querem que eu solte: Barrabás ou Jesus, chamado Cristo?” Pois ele sabia muito bem que os líderes dos judeus tinham prendido Jesus por inveja. Nesse momento, enquanto Pilatos estava presidindo o tribunal, a esposa dele mandou-lhe este recado: “Deixe esse bom homem em paz; porque na noite passada eu tive um pesadelo com ele”. Enquanto isso, os sacerdotes principais e os oficiais religiosos convenceram o povo a pedir a liberdade de Barrabás, e a morte de Jesus. Então, quando o governador perguntou outra vez: “Qual destes dois eu devo soltar para vocês?”, a multidão respondeu gritando: “Barrabás!” “E que farei de Jesus, chamado Cristo?”, perguntou Pilatos. Eles gritaram: “Crucifique-o!” “Por quê?”, perguntou Pilatos. “Que crime ele cometeu?” Porém eles continuaram gritando: “Crucifique! Crucifique!” Quando Pilatos viu que não estava chegando a resultado algum, e que começava a se formar uma confusão, mandou buscar uma bacia d’água e lavou as mãos diante da multidão, dizendo: “Eu estou inocente do sangue deste homem. A responsabilidade é de vocês!” E a multidão gritou: “Que o sangue dele caia sobre nós e sobre os nossos filhos!” Então Pilatos soltou-lhes Barrabás. Depois mandou chicotear Jesus, e o entregou aos soldados romanos para que fosse crucificado. Mas primeiro os soldados levaram Jesus para o pátio do quartel e chamaram a tropa toda. Tiraram-lhe a roupa e vestiram-lhe um manto vermelho. Fizeram uma coroa de espinhos e a colocaram em sua cabeça; depois puseram-lhe uma vara na mão direita, como se fosse um cetro, e se ajoelharam diante dele em sinal de zombaria. “Salve, rei dos judeus”, gritavam eles. E cuspiam nele, tomavam a vara da mão dele e batiam com ela na cabeça dele. Depois da zombaria, eles tiraram o manto e o vestiram novamente com as suas próprias roupas; aí o levaram para fora, a fim de crucificá-lo. Quando estavam a caminho do lugar de execução, encontraram um homem de Cirene, chamado Simão, e o forçaram a carregar a cruz de Jesus. Então saíram para um lugar conhecido como Gólgota, isto é, “monte da Caveira”, onde os soldados lhe deram para beber vinho para aliviar a dor; mas depois de prová-lo, rejeitou-o. Depois da crucificação, os soldados tiraram a sorte para dividir entre si as roupas dele. Então sentaram-se em volta e ficaram montando guarda, enquanto ele estava pendurado ali. E puseram uma tabuleta por cima da sua cabeça com a acusação feita contra ele: “Este é Jesus, o Rei dos Judeus”. Dois assaltantes foram também crucificados ali, um à sua direita e outro à sua esquerda. E o povo que passava dirigia-lhe ofensas, sacudindo a cabeça para ele e dizendo: “É! Você pode destruir o templo e construí-lo outra vez em três dias, não é? Ora, desça da cruz e salve sua vida se é o Filho de Deus!” E os sacerdotes principais e os mestres da lei também zombaram dele. “Ele salvou os outros”, caçoavam, “mas não pode salvar-se a si mesmo! Então ele é o rei de Israel? Pois desça da cruz e nós creremos nele! Ele confiou em Deus. Deus que mostre sua aprovação a ele, livrando-o! Ele não disse: ‘Sou o Filho de Deus’?” E os assaltantes que haviam sido crucificados com ele também faziam-lhe as mesmas acusações. Naquela tarde, a terra inteira ficou escura durante três horas, desde o meio-dia até as três da tarde. Perto das três horas, Jesus clamou: “Eli, Eli, lamá sabactâni?”, que quer dizer: “Meu Deus, meu Deus, por que o Senhor me abandonou?” Alguns dos que estavam presentes ouviram isso e disseram: “Ele está chamando Elias”. Um deles correu e ensopou uma esponja com vinho azedo, pôs numa vara e suspendeu-a para que ele bebesse. Mas os outros diziam: “Deixe-o sozinho. Vamos ver se Elias vem salvá-lo”. Então Jesus clamou outra vez, entregou o espírito e morreu. Naquele mesmo instante a cortina que separava o Lugar Santíssimo do Templo foi rasgada de cima até embaixo; a terra estremeceu, e as rochas se partiram. Os túmulos se abriram e muitos homens e mulheres piedosos que tinham morrido ressuscitaram! E, saindo dos túmulos, depois da ressurreição de Jesus, entraram em Jerusalém, e lá apareceram a muita gente! Os soldados da crucificação e o centurião tiveram muito medo do terremoto e de tudo que aconteceu e exclamaram: “Verdadeiramente, este era o Filho de Deus”. E muitas mulheres que tinham vindo da Galileia com Jesus para cuidar dele olhavam de longe. Entre elas estavam Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu. Quando anoitecia, um homem rico de Arimateia, chamado José, um dos seguidores de Jesus, foi a Pilatos e pediu o corpo dele. Pilatos deu ordem para que fosse entregue a ele. José pegou o corpo, enrolou-o num lençol limpo de linho e o colocou no seu próprio túmulo aberto havia pouco tempo na rocha. Quando foi embora, rolou uma grande pedra para fechar a entrada do túmulo. Tanto Maria Madalena como a outra Maria estavam sentadas ali perto em frente ao túmulo. No dia seguinte, no encerramento do primeiro dia das cerimônias da Páscoa, os sacerdotes principais e os fariseus foram a Pilatos, e lhe disseram: “Senhor, aquele mentiroso enquanto ainda estava vivo, disse: ‘Depois de três dias vou ressuscitar!’ Portanto, pedimos que o senhor guarde o túmulo até o terceiro dia, para que os discípulos dele não venham roubar o seu corpo, e depois digam ao povo que ele ressuscitou dentre os mortos! Se isto acontecer, nós estaremos em pior situação do que antes”. “Levem um destacamento”, disse-lhes Pilatos. “Guardem o sepulcro como acharem melhor”. Assim eles lacraram a pedra e puseram guardas para proteger o túmulo contra qualquer pessoa que aparecesse lá. Depois do sábado, no domingo pela manhã bem cedo, quando um novo dia estava nascendo, Maria Madalena e a outra Maria foram ao túmulo. De repente houve um grande terremoto, porque um anjo do Senhor desceu dos céus, rolou a pedra da entrada e se sentou sobre ela. O rosto dele brilhava como um relâmpago e a roupa dele era branca como a neve. Quando viram o anjo, os guardas tremeram de medo, desmaiaram e ficaram como mortos. Então o anjo falou às mulheres: “Não tenham medo!”, disse ele. “Sei que vocês procuram Jesus, que foi crucificado, porém ele não está aqui! Ressuscitou, tal como havia dito. Entrem e vejam onde o seu corpo estava deitado. Agora, vão depressa e contem aos seus discípulos que ele ressuscitou dos mortos e que vai para a Galileia, a fim de encontrar todos lá. Era isto que eu tinha a dizer para vocês”. As mulheres correram do túmulo, muito assustadas, mas também cheias de alegria, e foram depressa procurar os discípulos para dar o recado do anjo a respeito de Jesus. Quando elas estavam correndo, de repente apareceu Jesus na frente delas! “Que a paz esteja com vocês!”, disse ele. Elas caíram no chão diante dele, abraçando seus pés e o adoraram. Então Jesus disse a elas: “Não tenham medo! Vão dizer aos meus irmãos que se dirijam imediatamente para a Galileia, para se encontrar comigo lá”. Enquanto as mulheres iam para a cidade, alguns dos guardas que estavam guardando o túmulo foram para a cidade e contaram aos sacerdotes principais o que tinha acontecido. Quando os sacerdotes principais se reuniram com os líderes religiosos, elaboraram um plano. Decidiram pagar uma grande soma de dinheiro aos guardas, e disseram a eles: “Vocês devem declarar o seguinte: Enquanto todos estávamos dormindo, os discípulos de Jesus vieram durante a noite e roubaram o corpo dele. Se o governador ouvir a respeito disso”, prometeram eles, “nós defenderemos vocês e tudo ficará bem”. Assim os guardas aceitaram o dinheiro e falaram o que lhes foi instruído. A história deles espalhou-se entre os judeus, e ainda é repetida até o dia de hoje. Então os onze discípulos partiram para a Galileia e foram para o monte onde Jesus tinha dito que eles o encontrariam. Lá, eles o encontraram e o adoraram, mas alguns deles não estavam convencidos de que era realmente Jesus! Então Jesus aproximou-se dos seus discípulos e disse: “Toda a autoridade no céu e na terra foi entregue a mim. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os no nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e ensinando esses novos discípulos a obedecerem a todas as ordens que eu lhes dei. E tenham certeza disto: Eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos”. Aqui começa a boa notícia de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Como está escrito no profeta Isaías: “Vou enviar o meu mensageiro, que irá antes de mim para preparar o caminho”. “Estou ouvindo uma voz que clama no deserto: ‘Preparem um caminho para o Senhor; preparem um caminho reto e plano para o nosso Deus’ ”. Esse mensageiro foi João Batista. Ele batizava no deserto e ensinava que todos deviam ser batizados, como demonstração pública da sua decisão de voltar as costas para o pecado, para que Deus os perdoasse. Gente de Jerusalém e de toda a Judeia ia para os lugares desertos da Judeia, para ver e ouvir João; e quando confessavam seus pecados, ele os batizava no rio Jordão. A roupa de João era tecida de pêlo de camelo, e ele usava um cinto de couro; gafanhotos e mel do campo eram a sua comida. Esta era a sua mensagem: “Em breve chegará alguém que é muito mais importante do que eu, tanto que não sou digno de abaixar-me e desamarrar as correias das suas sandálias. Eu batizo vocês com água, porém ele os batizará com o Espírito Santo!” Então, num daqueles dias Jesus veio de Nazaré da Galileia, e foi batizado por João no rio Jordão. No momento em que Jesus saiu da água, viu os céus abertos e o Espírito Santo na forma de uma pomba descendo sobre ele. Uma voz dos céus disse: “Você é meu Filho amado. Você é minha alegria”. Logo depois o Espírito levou Jesus para o deserto, onde ficou por quarenta dias, sozinho, em meio aos animais selvagens. Ali, ele foi submetido às tentações de Satanás. E os anjos vieram e cuidaram dele. Mais tarde, depois que João foi preso, Jesus foi para a Galileia, a fim de pregar as boas-novas de Deus. “Finalmente chegou o tempo!” anunciava ele. “O Reino de Deus está próximo! Arrependam-se dos seus pecados e creiam nesta gloriosa mensagem!” Um dia, quando Jesus estava andando ao longo da praia do mar da Galileia, viu Simão e seu irmão André, lançando as suas redes, pois eram pescadores por profissão. Jesus os chamou: “Venham, sigam-me! E farei de vocês pescadores de homens!” No mesmo momento eles deixaram as redes e o seguiram. Um pouco mais adiante, na praia, ele viu os filhos de Zebedeu, Tiago e João, em um barco remendando as redes. Jesus chamou os dois, e imediatamente eles deixaram o pai Zebedeu no barco com os empregados e seguiram a Jesus. Jesus e seus companheiros chegaram à cidade de Cafarnaum, e no sábado de manhã foram à sinagoga e ali começou a ensinar. Todos ficaram admirados com o seu ensino, porque ele falava com autoridade, e não como os mestres da lei! Achava-se presente ali um homem possesso de um espírito imundo, que começou a gritar: “Por que o Senhor está nos incomodando, Jesus de Nazaré? Veio para nos destruir? Sei quem é o Senhor: o santo de Deus!” Jesus repreendeu o espírito imundo: “Cale-se e saia desse homem”. O espírito imundo deu um grito forte, agitou violentamente o homem e saiu dele. O espanto tomou conta de todos, e eles começaram a discutir o que tinha acontecido: “O que é isto? É um ensinamento novo com autoridade! Imaginem, até os espíritos imundos obedecem às ordens dele!” A notícia a respeito dele espalhou-se rapidamente por toda a região da Galileia. Depois, quando saíram da sinagoga, ele e os seus discípulos foram para a casa de Simão e André, onde encontraram a sogra de Simão doente, de cama, com febre. Imediatamente falaram a Jesus a respeito dela. Ele foi para o lado da cama dela, tomou a sua mão e a ajudou a levantar-se. A febre a deixou, e ela começou a servir a todos. Quando o sol se pôs, o povo levou os doentes e os endemoninhados a Jesus para serem curados; uma enorme multidão da cidade de Cafarnaum juntou-se do lado de fora da porta. Então, naquela noite Jesus curou um grande número de pessoas doentes e expulsou muitos demônios. Ele não deixava que os demônios falassem, porque sabiam quem ele era. No outro dia de manhã Jesus se levantou antes do amanhecer, e foi sozinho a um lugar deserto para orar. Mais tarde, Simão e os outros saíram para procurá-lo e ao encontrá-lo disseram: “Todos estão perguntando pelo Senhor”. Porém, ele respondeu: “Devemos prosseguir para outros lugares aqui por perto, e apresentar-lhes também a minha mensagem, porque foi para isso que eu vim”. Então ele viajava por toda a província da Galileia, pregando nas sinagogas e libertando muitos do poder dos demônios. Um leproso veio, ajoelhou-se diante dele e suplicou: “Se o Senhor quiser, pode curar-me”. E Jesus, levado pela compaixão, estendeu a mão, tocou nele e disse: “Sim, eu quero! Seja curado!” Imediatamente a lepra desapareceu e o homem ficou curado! Jesus então lhe disse energicamente: “Vá pedir para o sacerdote que examine você. Não pare pelo caminho para falar com ninguém. Leve com você a oferta que Moisés mandou que um leproso apresentasse, para que sirva de testemunho”. Mas enquanto o homem seguia pelo caminho, começou a espalhar a boa-nova de que estava curado. Por isso, grandes multidões logo cercaram Jesus; ele não podia entrar publicamente em qualquer cidade, tendo de ficar fora, nos lugares desertos. E de toda parte vinha gente encontrar-se com ele ali. Alguns dias depois ele voltou a Cafarnaum, e a notícia da sua chegada espalhou-se depressa pela cidade. Logo a casa onde ele se achava ficou tão cheia que não havia lugar nem junto à porta. E Jesus pregava a palavra a eles. Chegaram quatro homens carregando um paralítico numa esteira. Eles não podiam chegar até Jesus por causa da multidão, e por isso fizeram um buraco no teto por cima de onde estava Jesus, e fizeram descer o homem paralítico na esteira bem na frente dele. Quando Jesus viu a fé tão intensa deles, disse ao paralítico: “Filho, os seus pecados estão perdoados!” Mas alguns dos mestres da lei que estavam sentados ali pensavam no seu íntimo: “Isto é uma blasfêmia! Será que ele acha que é Deus? Quem pode perdoar pecados a não ser Deus?” Jesus logo percebeu em seu íntimo o que eles estavam pensando e lhes disse: “Por que isso está perturbando vocês? O que é mais fácil dizer ao paralítico: ‘Os seus pecados estão perdoados’ ou ‘Levante-se, pegue a sua cama e ande’? Mas, para que vocês saibam que o Filho do Homem tem autoridade na terra para perdoar pecados, disse ao paralítico: Eu digo a você: ‘Pegue a sua esteira e vá para casa!’ ” No mesmo instante o homem se levantou, pegou a sua esteira, e saiu diante de todos os presentes, que ficaram admirados e louvaram a Deus, dizendo: “Nunca vimos nada igual!” Logo depois Jesus saiu outra vez para a beira da praia, e ensinava a uma grande multidão que se reuniu em volta dele. Enquanto ele andava pela praia, viu Levi, filho de Alfeu, sentado no seu guichê de cobrança de impostos. “Siga-me”, disse-lhe Jesus. Levi levantou-se depressa e o seguiu. Naquela noite Levi convidou os colegas cobradores de impostos e muitos outros pecadores para um jantar, junto com Jesus e os seus discípulos, pois havia muitos que seguiam Jesus. Mas quando os mestres da lei viram Jesus comendo com homens de má reputação e cobradores de impostos, perguntaram aos seus discípulos: “Como ele come com cobradores de impostos e pecadores?” Quando Jesus soube o que eles estavam falando, disse-lhes: “Os doentes é que precisam de médico, e não os que gozam de saúde! Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores”. Os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando. Algumas pessoas vieram a Jesus e perguntaram: “Por que os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam, mas os seus não?” Jesus respondeu: “Como podem os amigos do noivo jejuar enquanto ele está com eles? Enquanto ele estiver com eles, certamente não jejuarão. Mas virá o dia em que o noivo será tirado deles, então jejuarão. “Ninguém remenda uma roupa velha com um pedaço de pano novo! Porque o remendo repuxa e rasga a roupa velha, deixando um buraco. É como se alguém pusesse vinho novo em odres velhos. Os odres velhos arrebentariam. O vinho se derramaria e os odres se estragariam. Vinho novo precisa de odres novos”. Certo sábado, enquanto Jesus atravessava os campos de cereal, seus discípulos arrancavam espigas de trigo e comiam o grão. Alguns fariseus perguntaram a Jesus: “Por que os seus discípulos estão colhendo grãos, o que é proibido fazer no sábado?” Mas Jesus respondeu: “Vocês nunca leram o que o rei Davi e os companheiros dele fizeram quando estavam com fome? Nos tempos do sumo sacerdote Abiatar, Davi entrou na casa de Deus e comeu o pão especial, que só os sacerdotes tinham permissão de comer, e os deu também aos seus companheiros”. E Jesus concluiu: “O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado. Assim, pois, o Filho do Homem tem autoridade até mesmo sobre o dia de sábado!” Enquanto estava em Cafarnaum, Jesus foi à sinagoga novamente, e notou que havia ali um homem com uma mão aleijada. Visto que era sábado, os inimigos vigiavam Jesus de perto, procurando um motivo para acusar Jesus. Iria Jesus curar a mão do homem? Jesus disse ao homem da mão aleijada: “Levante-se e venha para cá”. Então voltando-se para os outros, perguntou: “O que é permitido realizar no sábado: o bem ou o mal? Salvar vidas ou destruir vidas?”. Porém eles permaneceram em silêncio. Jesus olhou para os que estavam à sua volta e, profundamente entristecido por causa do coração endurecido deles, disse ao homem: “Estenda a mão”. Ele o fez, e imediatamente a mão dele foi curada! E no mesmo instante os fariseus saíram e se encontraram com os herodianos, a fim de discutir um plano para matar Jesus. Enquanto isso, Jesus e os seus discípulos retiraram-se para o mar, seguidos por uma enorme multidão vinda de toda a Galileia, da Judeia, de Jerusalém, da Idumeia, da região do outro lado do rio Jordão e até da região de Tiro e Sidom. Porque a notícia dos milagres dele havia-se espalhado para longe, e multidões vinham para ver Jesus com os próprios olhos. Ele ordenou aos discípulos que arranjassem um barco para evitar que a multidão o comprimisse na praia. Porque ele tinha curado a muitos naquele dia, e grande número de doentes estava aglomerado ao seu redor, procurando tocar nele. Em qualquer lugar onde os espíritos imundos o viam, caíam aos pés de Jesus, gritando: “O Senhor é o Filho de Deus!” Porém ele os advertia severamente de que não contassem quem ele era. Depois Jesus subiu um monte e convidou alguns a subir e reunir-se com ele ali; e eles foram. Então ele escolheu doze deles para estarem com ele e serem enviados para anunciar o evangelho. A esses doze ele chamou de apóstolos. Eles receberam autoridade para expulsar demônios. Estes são os nomes dos doze que ele escolheu: Simão, a quem ele deu o nome de Pedro; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que Jesus chamou Boanerges, que quer dizer “filhos do trovão”; André; Filipe; Bartolomeu; Mateus; Tomé; Tiago, filho de Alfeu; Tadeu; Simão, membro do partido dos Zelotes; e Judas Iscariotes, aquele que traiu Jesus. Quando Jesus voltou para a casa onde estava hospedado, o povo começou a se reunir outra vez, e logo veio tanta gente que não podiam achar tempo nem para comer. Quando os familiares dele souberam do que estava acontecendo, vieram tentar levá-lo consigo para casa. “Ele está fora de si”, diziam eles. Mas os mestres da lei que haviam chegado de Jerusalém diziam: “O problema dele é que está dominado por Belzebu, o príncipe dos demônios. É por meio dele que ele expulsa os demônios”. Jesus chamou a todos e começou a ensiná-los por meio de parábolas: “Como pode Satanás expulsar Satanás? Um reino dividido contra si mesmo cairá. Uma casa que estiver dividida contra si mesma será destruída. E se Satanás está lutando contra si mesmo, como pode ele realizar qualquer coisa? Ele não subsistiria. Ninguém pode entrar na casa de um homem forte e levar os seus bens, sem antes amarrá-lo. Somente então a sua casa poderá ser saqueada e roubada. Eu afirmo a vocês a verdade: qualquer pecado e blasfêmia do homem podem ser perdoados, mas a blasfêmia contra o Espírito Santo nunca será perdoada. É um pecado eterno”. Ele lhes disse isto porque eles estavam afirmando: “Ele está com um espírito imundo”. Então sua mãe e seus irmãos chegaram à casa onde ele estava ensinando. Eles ficaram do lado de fora e mandaram chamá-lo. Muitas pessoas estavam sentadas ao seu redor e lhe disseram: “Sua mãe e seus irmãos estão lá fora e querem vê-lo”. Ele perguntou: “Quem é minha mãe? Quem são meus irmãos?” Depois olhou para aqueles que estavam assentados em volta dele e disse: “Estes são minha mãe e meus irmãos! Todo aquele que faz a vontade de Deus é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. Mais uma vez uma imensa multidão ajuntou-se na praia ao redor de Jesus, quando ele estava ensinando, e ele teve de entrar num barco perto da praia e assentar-se nele, enquanto o povo ficava na beira da praia. Seu método costumeiro de ensinar o povo era por meio de parábolas. Uma delas dizia o seguinte: “Ouçam! Um lavrador saiu para semear. Enquanto espalhava a semente, uma parte dela caiu à beira do caminho; as aves vieram e a comeram. Outra parte caiu em solo raso, com pedras por baixo. A semente cresceu muito depressa, porque a terra não era profunda, mas logo murchou debaixo do sol quente e morreu, porque não tinha raiz. Outras sementes caíram entre espinhos, que cresceram e sufocaram as plantas, de modo que elas não produziram fruto. Mas algumas sementes caíram em terra boa, brotaram, cresceram e produziram na base de trinta, sessenta e até cem grãos por um!” E Jesus concluiu, dizendo: “Se vocês têm ouvidos para ouvir, ouçam!” Depois disso, quando ele estava sozinho com os Doze e com os outros discípulos, eles lhe perguntaram a respeito das parábolas. Ele respondeu: “A vocês é permitido saber o mistério a respeito do Reino de Deus, mas aos que estão fora tudo é ensinado por meio de parábolas, conforme está escrito: ‘Vocês vão ouvir as minhas palavras muitas vezes, mas não vão entendê-las. Vocês vão ver, mas não entenderão, para que não se voltem para mim e sejam curados!’ ”. Então Jesus perguntou: “Vocês não entendem esta parábola? Que farão com todas as outras que eu ainda contarei? O lavrador sobre o qual falei semeia a palavra de Deus aos outros. O caminho duro, onde parte da semente caiu, representa o coração duro de alguns daqueles que ouvem a mensagem de Deus; Satanás vem imediatamente e retira a palavra que foi semeada no coração deles. O terreno pedregoso representa o coração daqueles que ouvem a mensagem com alegria. Mas visto que as raízes não vão muito fundo, essas pessoas permanecem por pouco tempo. Quando surgem os sofrimentos e as perseguições por causa da palavra, logo abandonam a fé. Ainda outras pessoas são parecidas com as sementes que foram semeadas no meio dos espinhos. Elas ouvem as boas novas e as recebem: porém, quando chegam as preocupações deste mundo, a ilusão da riqueza e a sedução das coisas boas, estas coisas sufocam a mensagem de Deus no coração delas, de modo que não produzem fruto. Mas a terra boa representa o coração daqueles que verdadeiramente ouvem e aceitam a mensagem divina e dão uma colheita de 30, 60 e até mesmo 100 vezes por um”. Então Jesus lhes perguntou: “Por acaso alguém acende uma lamparina e a põe debaixo de um cesto ou de uma cama? Não se poderia ver nem utilizar a luz. Uma lamparina é colocada em um pedestal, para brilhar e ser útil. Pois tudo que está escondido será revelado, e tudo quanto agora está oculto algum dia virá à luz. Se vocês têm ouvidos para ouvir, ouçam! “Mas tenham cuidado para pôr em prática o que ouvem. Vocês serão julgados com a mesma medida que julgarem os outros; e acrescentarão ainda mais. Aquele que tem, receberá mais; mas aquele que não tem, dele será tirado o pouco que tiver”. Jesus prosseguiu dizendo: “O Reino de Deus se parece com um lavrador que lançou a semente na terra. Enquanto os dias e as noites se passavam, as sementes germinaram e cresceram sem ele saber como isso acontecia, pois a própria terra produz o fruto: primeiro, o talo, depois as espigas de trigo, e finalmente os grãos que enchem a espiga. Quando as espigas ficam maduras, o lavrador começa a cortá-las com a foice, pois chegou o tempo da colheita”. Jesus perguntou: “Com o que posso comparar o Reino de Deus? Que parábola usarei para descrevê-lo? É como uma semente de mostarda! Embora esta seja uma das menores sementes que se plantam na terra, ainda assim cresce até tornar-se uma das maiores plantas, com ramos grandes, onde as aves podem fazer seus ninhos e abrigar-se”. Ele usava muitas parábolas semelhantes para ensinar o povo, conforme eles estavam em condições de entender. Aliás, a multidão ele só ensinava por meio de parábolas, mas depois, quando estava sozinho com os seus discípulos, explicava-lhes o que queria dizer. Quando caiu a tarde, Jesus disse aos seus discípulos: “Vamos atravessar para o outro lado do mar”. Então eles foram, deixando a multidão, embora outros barcos fossem atrás deles. Logo levantou-se uma terrível tempestade. Ondas enormes começaram a rebentar sobre o barco, de forma que ele estava ficando cheio de água, prestes a afundar. Jesus estava dormindo na popa do barco com a cabeça numa almofada. Os discípulos o acordaram, bradando: “Mestre, nós estamos quase nos afogando, e o Senhor nem se importa?” Então ele se levantou, repreendeu o vento e disse ao mar: “Cale-se! Aquiete-se”! O vento se aquietou, e tudo ficou calmo! Ele perguntou-lhes: “Por que vocês estão com tanto medo? Vocês ainda não têm fé?” Eles ficaram cheios de espanto e diziam uns para os outros: “Quem é este, que até os ventos e as ondas lhe obedecem?” Quando eles chegaram ao outro lado do mar, foram para a região dos gadarenos. Um homem dominado por um espírito imundo veio correndo do cemitério, no momento em que Jesus estava saindo do barco. Esse homem morava entre os túmulos, e tinha tal força que sempre que era preso com algemas e correntes, como muitas vezes aconteceu, quebrava as algemas dos pulsos, despedaçava as correntes e ia embora. Ninguém tinha força suficiente para dominá-lo. Dia e noite ele vagava entre os túmulos e pelos montes desertos, gritando e cortando-se com pedras. Quando Jesus ainda estava longe, o homem o viu e correu ao seu encontro, prostrando-se diante dele, e gritou em alta voz: “Jesus, Filho do Deus Altíssimo, o que o Senhor quer de mim? Peço por Deus que não me maltrate!” Pois Jesus havia falado ao demônio que estava no homem, dizendo: “Saia deste homem, espírito imundo!” “Qual é o seu nome?”, perguntou Jesus, e o demônio respondeu: “Meu nome é Legião, porque há muitos de nós neste homem”. Ele suplicava com insistência que não os expulsasse para fora daquela região. Ora, havia uma grande manada de porcos ali por perto, no monte acima do mar. “Manda-nos para aqueles porcos”, imploraram os demônios. Jesus deu-lhes permissão. Então os espíritos maus saíram do homem e entraram nos porcos, e a manada de cerca de dois mil porcos atirou-se pelo precipício da encosta do monte e caiu dentro do lago, onde os porcos se afogaram. Os que cuidavam dos porcos fugiram para os lugares e os campos próximos, espalhando a notícia enquanto corriam. Todos saíram para ver o que havia acontecido. E uma grande multidão se reuniu onde Jesus estava; mas assim que viram o homem que fora possesso da legião de demônios, sentado ali, completamente vestido e perfeitamente são, ficaram com medo. Aqueles que viram o que tinha acontecido contavam a todos o que acontecera ao endemoninhado e aos porcos. E a multidão começou a insistir com Jesus que fosse embora, e deixasse o seu território! Jesus voltou para o barco e o homem que tinha estado endemoninhado suplicou a Jesus que o deixasse ir com ele. Mas Jesus não o permitiu e disse: “Volte para a sua casa e conte aos seus familiares as coisas maravilhosas que o Senhor fez por você; e como ele foi misericordioso”. Então o homem partiu e começou a visitar as dez cidades daquela região, e contar a todo mundo as grandes coisas que Jesus tinha feito por ele; e todos ficavam admirados. Quando Jesus tinha atravessado no barco para o outro lado do lago, uma enorme multidão ajuntou-se ao redor dele na praia. O líder da sinagoga do lugar, chamado Jairo, veio e prostrou-se diante dele, suplicando-lhe que curasse a sua filhinha. “Ela está a ponto de morrer”, dizia ele em desespero. “Por favor, venha pôr suas mãos sobre ela para que viva”. Jesus foi com ele. Uma multidão o seguia tão de perto que o comprimia. Entre a multidão estava uma mulher que sofria havia doze anos de uma hemorragia. Havia consultado muitos médicos, e tinha gasto tudo o que tinha sem ter melhorado; na verdade, piorava. Ela tinha ouvido tudo sobre os maravilhosos milagres que Jesus fazia, e foi por isso que veio por trás dele no meio da multidão e tocou em seu manto. Porque ela pensava consigo mesma: “Se eu apenas tocar no manto dele, serei curada”. E, de fato, logo que ela tocou nele, a hemorragia parou e ela percebeu que estava curada. Jesus sentiu imediatamente que dele havia saído poder, e por isso olhou para a multidão ao redor e perguntou: “Quem tocou em meu manto?” Os discípulos dele disseram-lhe: “Esta multidão toda está apertando o Senhor de todos os lados, e ainda pergunta: ‘Quem tocou em mim?’ ” Porém Jesus continuou olhando para ver quem tinha feito aquilo. Então a mulher, amedrontada e tremendo por compreender o que havia acontecido a ela, veio, caiu aos pés dele e contou-lhe o que ela havia feito. Então ele disse: “Filha, a sua fé a salvou! Vá em paz e fique livre do seu sofrimento”. Enquanto Jesus ainda estava falando com ela, chegaram mensageiros da casa de Jairo, o dirigente da sinagoga, e disseram a ele: “Sua filha morreu. Não há mais necessidade de incomodar o mestre!” Porém Jesus não fez caso dos comentários deles e disse a Jairo: “Não tenha medo. Apenas creia”. Então Jesus fez a multidão parar e não deixou ninguém ir com ele à casa de Jairo, a não ser Pedro, Tiago e João. Quando chegaram, Jesus viu que tudo estava numa grande confusão, com choro e lamentação em alta voz. Ele entrou e disse: “Por que todo este choro e alvoroço? A criança não morreu, está apenas dormindo!” Então todos começaram a rir de Jesus. Ele, porém, mandou todos saírem, e, tomando o pai e a mãe da criança e seus três discípulos, entrou no quarto onde ela estava deitada. Segurando a menina pela mão, ele disse: “Talita cumi!”, que quer dizer: “Menina, eu ordeno, levante-se!” Imediatamente a menina, que tinha doze anos de idade, levantou-se e começou a andar! E todos ficaram muito admirados. Jesus os proibiu de contar o que tinha acontecido, e mandou-lhes dar alguma coisa para ela comer. Logo depois disto, Jesus deixou aquela região do país e voltou com os seus discípulos para a sua cidade. No sábado seguinte ele foi à sinagoga ensinar, e muitos dos que o ouviam estavam admirados. “De onde vêm estas coisas?”, perguntavam. “De onde vem a sua sabedoria? Como ele faz esses milagres? Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, e irmão de Tiago, José, Judas e Simão? E as irmãs dele moram aqui entre nós”. E ficaram escandalizados com ele! Então Jesus lhes disse: “Um profeta é respeitado em qualquer lugar, menos na sua terra, entre os seus parentes e pela sua própria família”. Por causa da incredulidade deles, ele não pôde fazer nenhum milagre poderoso ali; a não ser impor as mãos sobre uns poucos doentes e curá-los. Ele ficou admirado com a falta de fé deles. Então saiu dali e foi ensinar nas aldeias vizinhas. Reuniu os Doze, e os enviou de dois em dois, e deu-lhes autoridade para expulsar demônios. Estas foram as suas instruções: “Não levem nada com vocês, a não ser o bordão. Não levem comida, nem sacola, nem dinheiro em seus cintos, calcem sandálias, mas não levem uma túnica extra. Fiquem numa mesma casa em cada vila; não mudem de uma casa para outra enquanto estiverem ali. E sempre que uma vila não receber nem ouvir vocês, sacudam a poeira dos seus pés quando saírem; isso será um sinal de advertência para eles”. Então os discípulos saíram, dizendo a todos os que encontravam que se arrependessem. Expulsaram muitos demônios e curaram muitos doentes, ungindo-os com óleo. Logo o rei Herodes ouviu a respeito de Jesus, porque os milagres dele eram comentados em toda parte. O rei pensava que Jesus era João Batista, que havia ressuscitado. Por isso o povo estava dizendo: “Não admira que ele possa fazer tais milagres”. Outros pensavam que Jesus era Elias, o antigo profeta, que agora retornava à vida; ainda outros afirmavam que ele era um novo profeta igual aos grandes profetas do passado. “Não”, dizia Herodes; “é João, o homem cuja cabeça cortei. Ele ressuscitou dentre os mortos”. Pois Herodes havia mandado que soldados prendessem João, o amarrassem e o colocassem na prisão, por causa de Herodias, mulher de Filipe, seu irmão, com a qual havia se casado. João dizia a Herodes: “Está errado viver com a mulher do seu irmão”. Herodias o odiava e queria que João fosse morto, mas sem a aprovação de Herodes ela não podia fazê-lo. Herodes respeitava João, sabendo que ele era um homem justo e santo, e assim o mantinha debaixo da sua proteção. E Herodes ficava perturbado sempre que falava com João, mas mesmo assim gostava de ouvi-lo. Finalmente chegou a oportunidade de Herodias. Era o aniversário de Herodes; ele ofereceu um banquete e convidou os principais líderes do palácio, os oficiais do exército e os cidadãos importantes da Galileia. Foi quando a filha de Herodias entrou, dançou diante deles e agradou a Herodes e aos seus convidados. “Peça-me qualquer coisa que você quiser”, prometeu o rei, “ainda que seja a metade do meu reino, e eu o darei a você!” Ela saiu e consultou a mãe, que lhe disse: “Peça a cabeça de João Batista!” Então a jovem voltou depressa ao rei e disse: “Eu quero a cabeça de João Batista, agora mesmo, numa bandeja!” Com isso o rei se entristeceu, mas sentiu-se acanhado de quebrar o juramento diante dos seus convidados. Portanto, mandou um dos seus soldados à prisão cortar a cabeça de João e trazê-la. O soldado foi, decapitou João na prisão, e trouxe a cabeça dele numa bandeja, deu à moça, e ela a levou à mãe. Quando os discípulos de João souberam o que tinha acontecido, vieram buscar o corpo e o colocaram num túmulo. Chegou o dia em que os apóstolos voltaram da viagem. Vieram a Jesus e lhe contaram tudo o que tinham feito, e o que haviam dito ao povo que visitaram. Então Jesus sugeriu: “Vamos sair por um instante do meio do povo, para descansar”. Porque tanta gente ia e vinha que mal tinham tempo para comer. Então eles saíram de barco para um lugar mais tranquilo. Mas muitas pessoas os viram saindo e correram de todas as cidades, e chegaram lá antes dele. Quando Jesus desceu do barco, ele viu uma grande multidão e teve compaixão deles, porque eram como ovelhas sem pastor, e lhes ensinou muitas coisas. Mais adiante, ao entardecer, os discípulos de Jesus vieram a ele e disseram: “Este lugar é deserto e está ficando tarde. Diga ao povo que vá embora às vilas e às propriedades próximas, e compre alimento para si, porque não há nada para comer aqui”. Mas Jesus disse: “Deem-lhes vocês algo para comer”. “Com quê?”, perguntaram eles. “Seria necessário muito dinheiro para comprar comida para esta multidão!” “Quantos pães vocês têm?”, perguntou ele. “Vão verificar”. Eles voltaram e informaram que havia cinco pães e dois peixes. Então Jesus disse à multidão que se assentasse em grupos na grama verde. Assim, eles se assentaram em grupos de 50 e de 100. Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes, levantou os olhos para o céu e deu graças. Depois partiu os pães e entregou-os aos seus discípulos. E também dividiu os dois peixes com todos. A multidão comeu até ficar bem satisfeita! Os discípulos recolheram doze cestos cheios de pedaços de pão e de peixe. Havia cerca de 5.000 homens ali para aquela refeição! Imediatamente depois disso Jesus ordenou aos discípulos que voltassem para o barco e atravessassem o mar para Betsaida, onde ele os encontraria mais tarde, enquanto isso ele iria despedir a multidão. Depois de despedir a multidão, Jesus subiu um monte para orar. Durante a noite, enquanto os discípulos estavam no barco no meio do lago, e Jesus estava sozinho em terra, ele viu que os discípulos se encontravam em sérios apuros, remando muito e lutando contra o vento e as ondas. Por volta das três horas da madrugada, Jesus dirigiu-se a eles, caminhando por sobre a água, e estava se aproximando deles. Quando eles o viram andando ao seu lado, gritaram de medo, pensando que fosse um fantasma, porque todos eles o viram e estavam aterrorizados. Porém Jesus imediatamente falou: “Vai tudo bem”, disse ele. “Sou eu! Não tenham medo”. Então Jesus subiu no barco e o vento parou! Os discípulos ficaram assustados, sem poder compreender aquilo, pois não tinham entendido o milagre dos pães, pois seus corações estavam endurecidos! Quando chegaram a Genesaré, no outro lado do mar, desceram do barco. O povo que estava ali reconheceu Jesus imediatamente. Correram logo pela região toda espalhando a notícia da chegada dele, e começaram a trazer-lhe os doentes em esteiras. Em todo lugar aonde ele ia — em vilas, em cidades ou nos campos ao redor — eles levavam os doentes nas praças e nas ruas, rogando-lhe que os deixasse pelo menos tocar nas pontas do seu manto; e todos os que o tocavam ficavam curados. Certo dia alguns fariseus e mestres da lei chegaram de Jerusalém e se reuniram ao redor de Jesus, e notaram que alguns dos discípulos dele deixavam de seguir os rituais judaicos comuns antes de comer, isto é, o de lavar as mãos. (Porque os judeus, especialmente os fariseus, não comem enquanto não lavam as mãos, conforme suas antigas tradições exigiam. Por isso, quando eles voltam da rua para casa, devem sempre lavar-se desta maneira antes de tocar em qualquer comida. Este é apenas um de muitos exemplos de leis e regulamentos aos quais eles se apegaram durante séculos, e ainda seguem, tais como sua cerimônia de purificação de vasilhas, panelas e pratos.) Então os fariseus e os mestres da lei lhe perguntaram: “Por que os seus discípulos não seguem os nossos antigos e tradicionais costumes, pois eles comem sem primeiro seguir a cerimônia de lavar-se?” Jesus respondeu: “Seus hipócritas! O profeta Isaías descreveu vocês muito bem quando disse: ‘Esse povo se aproxima de mim com a boca e me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão me adoram; seus ensinamentos não passam de regras ensinadas por homens’. Porque vocês desprezam as ordens expressas de Deus e põem no lugar delas as próprias tradições de vocês”. E disse-lhes: “Vocês estão sempre encontrando uma maneira de rejeitar as leis de Deus, a fim de obedecerem às suas tradições. Por exemplo: Moisés lhes deu esta lei: ‘Honre o seu pai e a sua mãe’ e ‘Quem amaldiçoar seu pai e sua mãe deverá morrer’. Mas vocês afirmam que está perfeitamente certo que um homem despreze seus pais necessitados, dizendo-lhes: ‘Eu não posso ajudar vocês! Porque o que podia dar é uma oferta a Deus’. Assim vocês o desobrigam de qualquer dever com seu pai ou sua mãe, e quebram a lei de Deus para proteger a sua tradição que vocês mesmos transmitiram. E vocês fazem muitas outras coisas semelhantes a esta”. Então Jesus chamou a multidão novamente para que viesse ouvir. “Ouçam vocês todos”, disse ele, “e procurem entender: Nada que venha de fora da pessoa e entre nela pode torná-la ‘impura’, mas o que sai de dentro da pessoa, isso a torna ‘impura’. Se alguém tem ouvidos para ouvir, que ouça”. Depois ele entrou numa casa para afastar-se do povo, e os seus discípulos lhe perguntaram o que ele queria dizer com a parábola. “Nem vocês entendem?”, perguntou ele. “Vocês não percebem que o que entra no homem não pode torná-lo ‘impuro’? Pois a comida não entra em contato com o seu coração, mas apenas com seu estômago, sendo depois eliminada”. Ao dizer isso, ele mostrou que todo tipo de comida era “puro”. Então ele acrescentou: “O que sai da pessoa é que a torna ‘impura’. Porque de dentro, do coração dos homens, vêm os maus pensamentos, as imoralidades sexuais, os roubos, os assassínios, os adultérios, os desejos de possuir o que pertence aos outros, a falta de temor a Deus, o engano, as paixões carnais, a inveja, a calúnia, o orgulho, e todas as outras loucuras. Todas essas coisas ruins procedem de dentro; são elas que tornam as pessoas ‘impuras’ ”. Jesus deixou a Galileia e foi para a região de Tiro e Sidom; e procurava conservar em segredo o fato de que estava ali, mas não foi possível. Porque, como de costume, a notícia da sua chegada espalhou-se depressa. Imediatamente veio a ele uma mulher, cuja filhinha estava dominada por um espírito imundo. Tendo ouvido falar de Jesus, ela veio e caiu aos pés dele. Suplicava-lhe que livrasse a filha dela do poder do demônio. A mulher era estrangeira, de nacionalidade siro-fenícia. Jesus lhe disse: “Deixe que os filhinhos comam primeiro. Não é correto tirar o pão dos filhos e jogá-lo aos cachorrinhos”. Ela respondeu: “É verdade, Senhor, mas até mesmo os cachorrinhos debaixo da mesa comem as migalhas das crianças”. Jesus respondeu: “Por causa desta resposta você pode voltar para casa, porque o demônio já a deixou!” E quando ela chegou em casa, sua filha estava deitada na cama, e o demônio já a havia deixado. De Tiro, ele foi para Sidom, e depois voltou ao mar da Galileia pelo caminho das dez cidades. Trouxeram-lhe um homem surdo e gago; todos pediam a Jesus que pusesse as mãos sobre o homem e o curasse. Jesus o retirou do meio da multidão, pôs os dedos nos ouvidos do homem e depois cuspiu e tocou na língua dele com a saliva. Então, levantando os olhos para o céu, ele suspirou profundamente e ordenou: “Efatá!”, que significa: “Abra-se!” Naquele mesmo instante o homem pôde ouvir perfeitamente e começou a falar corretamente! Jesus ordenou à multidão que não espalhasse a notícia: porém, quanto mais ele os proibia, mais eles tornavam o fato conhecido, porque estavam simplesmente maravilhados, e diziam: “Tudo o que ele faz é maravilhoso; ele até faz o surdo ouvir e o mudo falar!” Certo dia, quando uma grande multidão estava reunida outra vez, o povo ficou novamente sem comida. Jesus chamou seus discípulos e disse-lhes: “Tenho compaixão desta gente, porque já estão aqui há três dias, e eles não têm nada para comer. Se eu os mandar para casa assim sem dar-lhes de comer, vão cair de fraqueza pelo caminho, pois alguns deles vieram de longe”. “Onde vamos achar comida suficiente para alimentá-los aqui no deserto?”, perguntaram-lhe os discípulos. “Quantos pães vocês têm?”, perguntou Jesus. “Sete”, responderam eles. Então mandou a multidão sentar-se no chão. Tomou os sete pães e deu graças; partiu-os em pedaços e os entregou aos seus discípulos, que serviram o povo. Eles encontraram também alguns peixinhos; ele deu graças igualmente por eles e mandou que os discípulos distribuíssem. A multidão comeu até fartar-se, e ainda ajuntaram sete cestos de pedaços que sobraram. Havia cerca de 4.000 homens naquele dia. Depois disso ele os despediu, entrou com seus discípulos num barco e foi para a região de Dalmanuta. Quando os fariseus souberam da sua chegada, vieram interrogar a Jesus. “Faça um milagre para nós”, disseram eles. “Algum sinal vindo do céu”. Ele suspirou profundamente quando ouviu isso e disse: “Por que esta geração pede um sinal vindo do céu? Certamente nenhum sinal lhes será dado”. Então ele entrou de volta no barco e os deixou, atravessando para o outro lado do lago. Mas os discípulos se esqueceram de levar pães antes de saírem, de modo que só tinham um pão no barco. Quando estavam fazendo a travessia, Jesus lhes advertiu: “Tomem cuidado com o fermento dos fariseus e com o fermento de Herodes”. “Que será que ele quer dizer?” perguntavam os discípulos uns aos outros. Eles concluíram que ele devia estar falando a respeito do seu esquecimento de levar pão. Jesus percebeu o que eles estavam discutindo e disse: “Por quer vocês estão discutindo acerca de não terem pão? Vocês ainda não entenderam? O coração de vocês está duro demais para perceber isto? Vocês têm olhos, mas não veem? Vocês têm ouvidos, mas não ouvem? Vocês não se lembram mesmo? Como foi com os 5.000 homens que foram alimentados com cinco pães? Quantos cestos cheios de sobras vocês recolheram depois?” “Doze”, disseram eles. “E quando eu parti os sete pães para os 4.000, quantos cestos cheios de pedaços vocês recolheram?” “Sete”, disseram. “Será que vocês ainda não entendem?” Quando chegaram a Betsaida, algumas pessoas trouxeram-lhe um homem cego e rogaram a Jesus que o tocasse e o curasse. Jesus tomou o cego pela mão e o levou para fora da aldeia, cuspiu nos olhos do homem e pôs as mãos sobre ele. “Pode ver alguma coisa?”, perguntou-lhe Jesus. O homem olhou em volta. “Sim!”, disse ele. “Vejo homens! Mas não posso vê-los claramente; eles parecem árvores andando!” Então Jesus colocou novamente as mãos em cima dos olhos do homem, e quando seus olhos foram abertos, a sua vista estava completamente recuperada, e ele via tudo claramente. Jesus mandou-o para casa, para junto da família. “Não passe pela aldeia”, disse ele. Nisso Jesus e os seus discípulos deixaram a Galileia e saíram para as vilas de Cesareia de Filipe. Enquanto caminhavam, ele perguntou-lhes: “Quem o povo pensa que eu sou? Que estão eles dizendo a meu respeito?” “Alguns deles dizem que o Senhor é João Batista”, responderam os discípulos, “e outros dizem que é Elias, ou algum outro profeta antigo”. Então ele perguntou: “Quem vocês dizem que eu sou?” Pedro respondeu: “O Senhor é o Cristo”. Mas Jesus ordenou-lhes que não contassem isso a ninguém! E daí em diante começou a ensinar os discípulos, dizendo: “O Filho do Homem terá de sofrer muito. Ele será rejeitado pelos líderes religiosos, pelos sacerdotes principais e pelos mestres da lei. Ele será morto e, depois de três dias, ressuscitará”. Ele falava sobre isso com eles muito abertamente, de modo que Pedro o levou a um lado e chamou a sua atenção. Jesus voltou-se, olhou para os discípulos, e repreendeu a Pedro: “Satanás, vá para trás de mim! Você está olhando para isto apenas de um ponto de vista humano, e não do ponto de vista de Deus”. Depois ele chamou seus discípulos e o povo e disse: “Se qualquer um de vocês quiser ser meu seguidor, deve pôr de lado os seus próprios interesses, tomar sobre os ombros a sua cruz, e seguir-me. Se você insistir em salvar a sua própria vida, você a perderá. Somente aqueles que põem de lado a sua vida por minha causa e por causa da boa-nova é que a salvarão. E qual é o proveito que um homem tira se ele ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou, o que o homem poderia dar em troca de sua alma? E todo aquele que se envergonhar de mim e da minha mensagem nesta geração de incredulidade e pecado, o Filho do Homem se envergonhará dele quando voltar na glória do seu Pai com os santos anjos”. Jesus prosseguiu dizendo: “Alguns de vocês que estão aqui de modo nenhum experimentarão a morte antes de verem o Reino de Deus chegar com grande poder!” Seis dias depois Jesus levou Pedro, Tiago e João para o cume de um monte. Ninguém mais estava ali. De repente o seu rosto começou a brilhar com glória. E sua roupa se tornou branca e resplandecia, muito mais gloriosa do que qualquer processo terreno poderia jamais branqueá-la! Então apareceram Elias e Moisés, e começaram a falar com Jesus! “Mestre, isto é maravilhoso!”, exclamou Pedro. “Vamos fazer aqui três abrigos, um para o Senhor, um para Moisés e um para Elias”. Ele disse isso só para falar, porque não sabia o que dizer, pois estavam todos apavorados. Mas quando ele ainda falava essas palavras, uma nuvem os cobriu, e uma voz vinda da nuvem disse: “Este é o meu Filho amado. Escutem o que ele diz!” Foi quando eles olharam em volta e não viram mais ninguém, a não ser Jesus. Enquanto estavam descendo a encosta do monte, Jesus proibiu de contarem o que haviam visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos. Portanto eles guardaram aquilo para si mesmos, mas discutiam entre si a respeito, e perguntaram o que ele queria dizer por “ressuscitar dos mortos”. Então eles começaram a perguntar a Jesus: “Por que os mestres da lei dizem que Elias deve vir primeiro?” Jesus respondeu: “Na verdade, Elias vem primeiro para preparar o caminho. Mas por que está escrito que é necessário que o Filho do Homem sofra muito e seja rejeitado? Mas eu digo a vocês: Elias já veio, e o maltrataram como quiseram, como está escrito a seu respeito”. Quando chegaram perto dos outros discípulos, encontraram uma grande multidão ao redor dos outros discípulos, enquanto alguns mestres da lei discutiam com eles. A multidão olhou admirada para Jesus quando ele veio na direção deles, e então correram para cumprimentá-lo. “Sobre o que é toda esta discussão?”, perguntou Jesus. Um dos homens no meio da multidão tomou a palavra e disse: “Mestre, eu trouxe o meu filho para que o Senhor o curasse — ele não pode falar — porque está com um espírito que o impede de falar. E sempre que o espírito toma conta dele, atira-o no chão. Ele espuma pela boca, range os dentes e fica rígido. Então eu pedi aos seus discípulos que expulsassem o demônio, mas eles não conseguiram”. Jesus disse: “Oh, que fé pequena vocês têm! Quanto tempo mais devo ficar com vocês até que finalmente creiam? Quanto tempo mais esperarei? Tragam-me o menino”. Então o trouxeram, mas o espírito, quando viu Jesus, imediatamente causou uma convulsão no menino. Ele caiu no chão, contorcendo-se e espumando pela boca. “Há quanto tempo ele está assim?”, perguntou Jesus ao pai do menino. Ele respondeu: “Ele está assim desde que era pequeno. Muitas vezes o espírito o faz cair no fogo ou na água para matá-lo. Oh, tenha misericórdia de nós e, se o Senhor pode fazer alguma coisa, por favor, ajude-nos”. “Se eu posso?”, perguntou Jesus. “Qualquer coisa é possível para aquele que crê”. O pai imediatamente respondeu: “Eu creio; ajude-me a ter mais fé!” Quando Jesus viu que a multidão estava se ajuntando, repreendeu o espírito. “Espírito surdo e mudo”, disse ele, “eu ordeno a você que saia desse menino e nunca mais entre nele!” Então o espírito deu um grito terrível, agitou o menino violentamente e o deixou; o menino ficou deitado ali, com a aparência de morto. Correu um murmúrio pela multidão — “Ele está morto”. Mas Jesus o tomou pela mão e o ajudou a ficar em pé; ele levantou-se e estava bem! Depois disso, quando Jesus estava sozinho com os seus discípulos em casa, eles lhe perguntaram: “Por que nós não pudemos expulsar aquele espírito?” Jesus respondeu: “Essa espécie só sai com oração e jejum”. Eles deixaram aquela região e atravessaram a Galileia. Jesus tentava evitar que alguém soubesse onde eles estavam, a fim de poder passar mais tempo com os seus discípulos, ensinando-lhes. Ele lhes dizia: “O Filho do Homem será entregue nas mãos dos homens e será morto, e três dias depois ele ressuscitará”. Porém eles não entendiam e tinham medo de perguntar o que ele queria dizer. Assim chegaram a Cafarnaum. Quando eles estavam acomodados na casa onde iam ficar, ele perguntou-lhes: “Que era o que vocês estavam discutindo no caminho?” Porém eles ficaram em silêncio, porque discutiram sobre qual deles era o maior! Ele se sentou e chamou os Doze para que o rodeassem, e disse: “Todo aquele que quiser ser o primeiro, será o último, e o servo de todos!” E então pôs uma criança no meio deles; tomou a criança nos braços e disse-lhes: “Todo aquele que acolher em meu nome uma criança como esta, estará me acolhendo; e todo aquele que me acolher, não está apenas me acolhendo, mas também àquele que me enviou!” João disse-lhe certa vez: “Mestre, nós vimos um homem utilizando o seu nome para expulsar demônios; nós o proibimos, porque ele não é do nosso grupo”. “Não o proíbam”, disse Jesus, “porque ninguém que faça milagres em meu nome se voltará contra mim em seguida. Todo aquele que não é contra nós está a favor de nós. Eu afirmo a vocês a verdade: Se alguém lhes der um copo de água em meu nome, porque vocês são de Cristo, eu afirmo que de modo nenhum perderá a sua recompensa. “Mas, se alguém fizer tropeçar um destes pequeninos que creem em mim, seria melhor para esse homem que amarrasse uma enorme pedra de moinho em volta do seu pescoço e fosse jogado no mar. Se a sua mão o leva a praticar o mal, corte-a! É melhor viver para sempre mutilado do que ter as duas mãos e ser jogado no inferno, onde as chamas nunca se apagam, onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga. E se o seu pé o leva a praticar o mal, corte-o! É melhor ser coxo e viver para sempre do que ter dois pés e ser lançado no inferno, onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga. “E se o seu olho o leva a praticar o mal, arranque-o fora. É melhor entrar no Reino de Deus com um olho só do que ter os dois olhos e ser lançado no inferno, onde os vermes nunca morrem e o fogo nunca se apaga. “Cada um será salgado com fogo. “O sal é bom, mas não vale nada se perder o seu sabor; aí não tem como restaurá-lo. Tenham sal em vocês e vivam em paz uns com os outros”. Então Jesus deixou Cafarnaum e seguiu em direção ao sul, para a região da Judeia e para o outro lado do rio Jordão. Novamente, lá estavam as multidões; e, como de costume, ele as ensinava. Alguns fariseus vieram e lhe perguntaram: “É permitido ao homem divorciar-se da sua mulher?” Naturalmente eles estavam tentando apanhá-lo numa armadilha. “Que ordenou Moisés sobre o divórcio?”, perguntou-lhes Jesus. “Ele permitiu o divórcio”, responderam. “Ele disse que tudo que um homem precisa fazer é mandar a esposa embora e entregar-lhe um documento de divórcio escrito”. “E por que ele disse isso?”, perguntou Jesus. “Eu vou lhes dizer — era uma tolerância à maldade do coração endurecido de vocês. Mas desde o princípio da criação Deus ‘os fez homem e mulher’. ‘Portanto o homem deve deixar o pai e a mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne’, e ele e a esposa estarão unidos de tal maneira que não serão mais dois, porém uma só pessoa. E nenhum homem deve separar o que Deus uniu”. Mais tarde, quando ele estava sozinho com os discípulos em casa, o assunto surgiu outra vez. Ele lhes disse: “Quando um homem se divorcia da esposa para casar-se com outra mulher, comete adultério contra ela. E se a esposa se divorciar do marido e se casar com outro homem, ela também comete adultério”. Depois disso algumas mães trouxeram suas crianças para que Jesus tocasse nelas e as abençoasse, mas os discípulos as repreendiam, dizendo-lhes que não o incomodassem. Mas quando Jesus viu o que estava acontecendo, ficou muito indignado com os discípulos e lhes disse: “Deixem que as crianças venham a mim, porque o Reino de Deus pertence àqueles que são semelhantes a uma criança. Eu lhes digo a verdade: Todo aquele que se recusar a vir a Deus como uma criança, nunca lhe será permitido entrar no seu Reino”. Então ele tomou as crianças nos braços, pôs as mãos sobre a cabeça delas, e as abençoou. Quando ele estava saindo, veio um homem correndo em sua direção, ajoelhou-se diante dele e perguntou: “Bom mestre, que devo fazer para receber a vida eterna?” “Por que você me chama de bom?”, perguntou Jesus. “Ninguém é bom, a não ser Deus! Mas quanto à sua pergunta, você conhece os mandamentos: ‘Não mate, não cometa adultério, não roube, não minta, não engane, respeite seu pai e sua mãe’ ”. “Mestre”, respondeu o homem, “não quebrei nenhuma dessas leis, desde a minha mocidade”. Jesus contemplou-o e o amou: “Falta-lhe só uma coisa: Vá vender tudo o que você tem; dê o dinheiro aos pobres e você terá um tesouro no céu; então venha e siga-me”. Mas o homem, contrariado, foi embora triste, porque era muito rico. Jesus, olhando ao redor, disse aos seus discípulos: “É quase impossível um rico entrar no Reino de Deus!” Eles ficaram admirados com essas palavras. Por isso Jesus disse outra vez: “Meus queridos filhos, como é difícil para aqueles que confiam nas riquezas entrar no Reino de Deus! É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um homem rico entrar no Reino de Deus”. Os discípulos estranharam muito essa afirmação! “Então, quem neste mundo pode ser salvo?”, perguntaram. Jesus olhou atentamente para eles e então disse: “Para os homens é impossível. Mas para Deus, tudo é possível”. Então Pedro começou a mencionar tudo o que ele e os outros discípulos haviam deixado para trás. “Nós abandonamos tudo para segui-lo”, disse ele. E Jesus respondeu: “Eu quero garantir-lhes que não há ninguém que tendo abandonado lar, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou propriedades, por amor de mim, para contar aos outros a boa-nova, não receba de volta, cem vezes mais, lares, irmãos, irmãs, mães, pais, filhos e terras, com perseguições! Tudo isso será dele aqui na terra, e, no mundo futuro, terá a vida eterna. Mas muitas pessoas que agora são os primeiros, serão os últimos, e muitos que agora são os últimos serão os primeiros”. Por esse tempo eles caminhavam para Jerusalém, e Jesus ia à frente; enquanto os discípulos o estavam seguindo, ficaram cheios de medo e apreensão. Jesus chamou os Doze para um lado e mais uma vez começou a descrever tudo o que estava para acontecer a ele quando chegassem a Jerusalém. “Quando chegarmos lá”, disse-lhes, “o Filho do Homem será preso e levado à presença dos sacerdotes principais e dos mestres da lei. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos gentios para ser morto. Eles zombarão dele, cuspirão nele, o açoitarão com os seus chicotes e o matarão; mas depois de três dias ele ressuscitará”. Então Tiago e João, os filhos de Zebedeu, se aproximaram dele e falaram com ele: “Mestre, nós queremos que nos faça um favor”. “O que vocês querem?”, perguntou ele. “Queremos sentar-nos à sua direita e à sua esquerda na sua glória”, disseram eles. Mas Jesus respondeu: “Vocês não sabem o que estão pedindo! Vocês são capazes de beber do cálice amargo de tristeza do qual eu devo beber ou ser batizado com o batismo de sofrimento com o qual eu vou serem batizados?” “Podemos”, disseram! E Jesus disse: “Vocês realmente beberão do meu cálice e serão batizados com o meu batismo, mas quanto a assentar-se à minha direita ou à minha esquerda, não cabe a mim resolver; esses lugares pertencem àqueles a quem foram preparados”. Quando os outros discípulos descobriram o que Tiago e João haviam pedido, ficaram muito indignados. Então Jesus os chamou e disse: “Como vocês sabem, os reis e os homens importantes da terra dominam sobre o povo. Porém entre vocês é diferente. Todo aquele que quiser ser importante deve ser o servo. Todo aquele que quiser ser o primeiro, deve ser o escravo de todos. Porque até o Filho do Homem não está aqui para ser servido, mas para servir os outros e dar a sua vida a fim de salvar a muitos”. E assim eles chegaram a Jericó. Mais tarde, quando deixavam a cidade, uma grande multidão o seguia. Aconteceu que um mendigo cego chamado Bartimeu, filho de Timeu, estava sentado à beira da estrada. Quando Bartimeu soube que Jesus de Nazaré estava perto, começou a clamar: “Jesus, Filho de Davi, tenha misericórdia de mim!” “Cale a boca!”, alguns gritaram para ele. Porém ele clamava ainda mais alto, sem parar: “Ó Filho de Davi, tenha misericórdia de mim!” Quando Jesus o ouviu, parou na estrada e disse: “Digam-lhe que venha para cá!” Então chamaram o cego. “Anime-se”, disseram eles. “Venha, ele o está chamando!” Bartimeu arrancou a capa, a atirou para o lado e, de um salto, ficou em pé e dirigiu-se a Jesus. “Que quer que eu faça para você?”, perguntou Jesus. “Mestre”, disse o cego, “eu quero ver!” Jesus lhe disse: “Vá! A sua fé curou você”. No mesmo instante o cego pôde ver e seguiu Jesus pela estrada! Quando eles estavam se aproximando de Betfagé e Betânia, na redondeza de Jerusalém, perto do monte das Oliveiras, Jesus mandou na frente dois dos seus discípulos. “Vão até aquela vila ali”, disse-lhes ele, “e logo que entrarem vocês verão um jumentinho amarrado, que nunca foi montado. Desamarrem-no e tragam-no aqui. E se alguém lhes perguntar o que estão fazendo, digam apenas: ‘O nosso Mestre precisa dele e o devolverá daqui a pouco’ ”. Os dois homens saíram e encontraram o jumentinho na rua, amarrado do lado de fora de uma casa. Quando o estavam desamarrando, algumas pessoas perguntaram: “Que vocês estão fazendo, desamarrando esse jumentinho?” Então eles falaram o que Jesus lhes tinha dito, e dessa forma os homens concordaram. Assim trouxeram o jumentinho a Jesus; os discípulos puseram seus mantos sobre ele para que Jesus o montasse. Nisso muitos da multidão espalharam seus mantos ao longo da estrada na frente dele, enquanto outros espalhavam ramos que haviam apanhado nos campos. Ele ia no centro do cortejo, com o povo na frente e atrás, e todos eles gritavam: “Hosana!” “Bendito seja aquele que vem em nome do Senhor!” “Bendito seja o Reino do nosso pai Davi!” “Hosana a Deus nas alturas”! Quando Jesus entrou em Jerusalém, foi para o templo, onde observou tudo, e mais tarde dirigiu-se para Betânia, com os doze discípulos. No dia seguinte de manhã, quando saíam de Betânia, Jesus sentiu fome. A pouca distância do caminho notou uma figueira cheia de folhas e por isso foi ver se podia encontrar figos nela. Mas ele nada encontrou; só havia folhas, porque ainda era muito cedo para o tempo dos frutos. Então Jesus disse à árvore: “Você nunca mais dará fruto!” E os discípulos ouviram-no dizer isso. Quando chegaram de volta a Jerusalém, Jesus foi para o templo e começou a expulsar os negociantes e seus fregueses, derrubando as mesas dos cambistas e as barracas dos vendedores de pombas, impedindo que alguém carregasse mercadorias pelo templo. Dizia-lhes: “Está escrito: ‘A minha casa será chamada casa de oração para todos os povos’, mas vocês a transformaram num esconderijo de ladrões”. Quando os sacerdotes principais e os mestres da lei souberam do que tinha feito, começaram a planejar o melhor meio de matá-lo. Porém, eles tinham medo porque o povo estava maravilhado com o ensino de Jesus. À tarde, saíram da cidade. Na manhã seguinte, quando os discípulos passaram pela figueira que Jesus havia amaldiçoado, viram que ela estava seca desde as raízes! Então Pedro lembrou-se do que Jesus havia dito à árvore no dia anterior, e exclamou: “Olha, Mestre! A figueira que o Senhor amaldiçoou secou!” Em resposta, Jesus disse aos discípulos: “Tenham fé em Deus. Verdadeiramente eu afirmo a vocês que se alguém disser a este monte: ‘Levante-se e jogue-se no mar’ e não duvidar no seu coração, mas crer que acontecerá o que disser, assim será feito! Ouçam-me! Tudo o que vocês pedirem em oração, se crerem, vocês receberão! Mas, quando estiverem orando, primeiro perdoem aqueles por quem foram ofendidos, para que seu Pai que está nos céus também perdoe os seus pecados. Mas se não perdoarem os outros, o seu Pai, que está nos céus, também não perdoará os seus pecados”. Eles voltaram novamente a Jerusalém e, quando Jesus estava andando pelo templo, os sacerdotes principais, os mestres da lei e outros líderes religiosos judaicos vieram a ele, perguntando: “Com que autoridade você faz essas coisas? Quem lhe deu autoridade para isso?” Jesus respondeu: “Eu lhes direi se vocês responderem a uma pergunta. Respondam-me, e eu lhes direi com que autoridade estou fazendo estas coisas: O batismo de João era do céu ou dos homens? Respondam-me!” Eles conversaram entre si: “Se respondermos que foi dos céus, logo ele perguntará: ‘Muito bem, por que vocês não creram nele?’ Mas, se dissermos que foi dos homens, logo o povo fará um tumulto”, porque todos acreditavam que João era profeta. Por isso eles disseram: “Não podemos responder. Não sabemos”. A isso Jesus respondeu: “Então eu tampouco responderei com que autoridade estou fazendo estas coisas!” Depois Jesus começou a falar por meio de parábolas: “Certo homem plantou uma vinha, fez uma cerca ao redor dela, construiu um tanque para espremer o suco da uva e uma torre para o vigia. Depois arrendou a propriedade a uns lavradores e saiu do seu país. No tempo da colheita ele mandou um dos seus servos para receber a sua parte do fruto da vinha. Mas os lavradores o agarraram, o espancaram e o mandaram de volta com as mãos vazias. Então o dono enviou outro servo, o qual foi espancado na cabeça e insultado. O próximo servo que ele mandou foi morto; depois, outros foram espancados ou mortos. “Ficou faltando apenas um para mandar: o seu filho amado. Finalmente ele o mandou, pensando: ‘A meu filho eles vão respeitar’. “Mas quando os lavradores o viram, disseram entre si: ‘Ele vai ser o herdeiro da propriedade. Vamos matá-lo, e então a herança será nossa!’ Assim foi que eles o agarraram, mataram e jogaram o corpo fora da vinha. “Que acham vocês que o dono da vinha fará quando souber o que aconteceu? Virá, matará todos os lavradores e dará a vinha a outros. Vocês não leram o que as Escrituras dizem? “ ‘A pedra que os construtores rejeitaram acabou se tornando a pedra mais importante de toda a construção; Isso vem do Senhor e é uma coisa maravilhosa’ ”. Os líderes judaicos queriam prender Jesus, pois sabiam que era contra eles que ele havia contado aquela parábola. Porém tinham medo do povo; então desistiram da ideia e foram embora. Mais tarde mandaram alguns fariseus e herodianos para falar com ele e tentar apanhá-lo em alguma coisa que dissesse. Eles se aproximaram e falaram: “Mestre, nós sabemos que o Senhor é íntegro e diz a verdade sem se importar com mais nada! O Senhor não se deixa influenciar pelas opiniões dos homens, mas ensina verdadeiramente os caminhos de Deus. Agora, diga-nos: Está certo pagar impostos a César ou não? Devemos pagar ou não?” Jesus percebeu a malícia deles e disse: “Por que vocês estão me pondo à prova? Mostrem-me uma moeda e eu lhes direi”. Quando eles lhe puseram a moeda na mão, ele perguntou: “De quem é esta figura e este título na moeda?” Eles responderam: “De César”. Disse-lhes então Jesus: “Deem a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Muitos se admiraram com sua resposta. Depois aproximaram-se os saduceus, homens que diziam não haver ressurreição. Esta foi a pergunta deles: “Mestre, Moisés nos deu uma lei dizendo que quando um homem morre sem deixar filhos, o irmão dele deve casar-se com a viúva e suscitar descendência a seu irmão. Ora, havia sete irmãos, e o mais velho casou-se e morreu, não deixando descendência. Assim o segundo irmão casou-se com a viúva, mas morreu logo também, e não deixou filhos. Então o irmão seguinte casou-se com ela, morrendo sem deixar filhos, e assim por diante até que todos morreram, sem deixar filhos; no fim de tudo, a mulher morreu também. O que nós queremos saber é isto: Na ressurreição, ela será esposa de quem, visto que foi esposa de todos eles?” Jesus respondeu a eles: “O seu problema é que vocês não conhecem as Escrituras, nem o poder de Deus. Porque quando os mortos ressuscitam, não se casam nem são dados em casamento, mas são como os anjos nos céus. Mas agora, se haverá ressurreição ou não — vocês nunca leram no livro de Moisés a respeito da sarça que queimava? Deus disse a Moisés: ‘Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó’. Deus não é um Deus de mortos, e sim de vivos. Vocês estão cometendo um erro grave”. Um dos mestres da lei que estava ali ouvindo a discussão percebeu que Jesus tinha respondido bem. Então perguntou: “De todos os mandamentos, qual é o mais importante?” Jesus respondeu: “O mais importante é este: ‘Ouça, ó Israel! O Senhor, o nosso Deus, é o único Senhor. Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento e com todas as suas forças’. O segundo é este: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Não há mandamento maior do que estes”. O mestre da lei respondeu: “O Senhor falou uma palavra verdadeira ao dizer que há um único Deus. Eu sei que amar a Deus de todo o meu coração, de todo o meu entendimento e com todas as forças, e amar o próximo como a mim mesmo, é mais importante do que oferecer toda espécie de sacrifícios e ofertas”. Percebendo a compreensão deste homem, Jesus lhe disse: “Você não está longe do Reino de Deus”. Depois disto, nenhum outro teve coragem de fazer-lhe pergunta alguma. Mais tarde, quando Jesus ensinava ao povo no templo, fez a todos esta pergunta: “Por que os mestres da lei afirmam que o Cristo é filho de Davi? Pois o próprio Davi falou por intermédio do Espírito Santo: ‘O Senhor disse ao meu Senhor: “Sente-se em seu trono à minha direita. Eu derrotarei todos os seus inimigos, e eles serão humilhados diante de você” ’. Visto que Davi o chamou de seu ‘Senhor’, como é que ele pode ser filho de Davi?” A grande multidão o ouvia com grande interesse. Estas são algumas outras coisas que Jesus lhes ensinou nessa ocasião: “Cuidado com os mestres da lei! Porque eles gostam de usar as vestes especiais e ver todo mundo curvar-se diante deles quando andam pelas praças. Eles gostam de ocupar os melhores lugares nas sinagogas e nos banquetes. Entretanto, sem nenhuma vergonha, eles exploram as viúvas e tomam os seus bens, e, para disfarçar, fingem-se de piedosos, fazendo longas orações em público. Por causa disso, o castigo deles será ainda maior”. Então Jesus passou para onde estavam os cofres de ofertas do templo. Sentou-se e ficou observando o povo colocar seu dinheiro. Alguns que eram ricos punham grandes quantias. Nisso veio uma viúva pobre e colocou duas moedinhas de cobre, de pouco valor. Jesus chamou seus discípulos e disse: “Aquela viúva pobre deu mais do que todos aqueles ricos juntos! Porque eles deram das sobras da sua riqueza, enquanto ela, na sua pobreza, deu tudo o que possuía para viver”. Quando ele estava saindo do templo naquele dia, um dos seus discípulos disse: “Olha, Mestre, que belas pedras e construções!” Jesus perguntou: “Você está vendo estas construções enormes? Porque não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído”. Jesus estava sentado no monte das Oliveiras, do outro lado do vale fora de Jerusalém, quando Pedro, Tiago, João e André lhe perguntaram, em particular: “Conta-nos, quando acontecerão aquelas coisas, e que sinal haverá para anunciar quando tudo isso vai acontecer?” Então Jesus lhes disse: “Não deixem que ninguém engane vocês. Porque muitos virão dizendo que são o Messias de vocês, e enganarão a muita gente. E quando ouvirem falar em guerras perto e longe, não tenham medo. É preciso que tais coisas aconteçam, mas ainda não é o fim. Porque nações e reinos declararão guerra uns contra os outros; haverá terremotos em vários lugares e também fomes. Isto anunciará apenas o início da angústia. “Mas quando essas coisas começarem a acontecer, tomem cuidado, porque vocês estarão correndo grande perigo. Vocês serão arrastados para os tribunais, açoitados nas sinagogas. Por minha causa vocês serão levados diante de governadores e reis, e acusarão vocês de serem meus seguidores. Esta é a oportunidade que vocês têm de contar-lhes a boa-nova. E a boa-nova deve primeiro tornar-se conhecida em todas as nações, antes que venha o fim. Mas quando vocês forem presos e submetidos a julgamento, não se preocupem com o que dizer em sua defesa. É só falarem o que Deus mandar. Nessa hora não serão vocês que estarão falando, e sim o Espírito Santo. “Irmãos entregarão uns aos outros à morte, pais entregarão seus filhos. Filhos se rebelarão contra seus próprios pais e os matarão. E todos os odiarão porque vocês são meus. Mas todos os que perseverarem até o fim serão salvos. “Quando vocês virem a coisa horrorosa no lugar que não deve estar — que o leitor entenda o que isso quer dizer — os que estiverem na Judeia fujam para os montes. Apressem-se! Quem estiver no seu terraço, não desça nem entre em casa. Quem estiver fora nos campos, não volte para buscar o seu manto. “Ai das mulheres que estiverem grávidas naqueles dias, e das mães que estiverem amamentando seus filhos. Orem para que a fuga de vocês não se dê no inverno. Porque aqueles serão dias de tanta angústia como nunca houve desde o começo da criação de Deus, e jamais haverá outra vez. E se o Senhor não encurtar aquele tempo de angústia, nenhuma alma em toda a terra sobreviverá. Mas por amor dos seus escolhidos, ele limitará aqueles dias. E então se alguém lhes disser: ‘Este é o Cristo’, ou, ‘Ali está ele’, não lhes deem atenção. Porque haverá muitos falsos cristos e falsos profetas que realizarão sinais e maravilhas para enganar, se possível, até os escolhidos de Deus. Fiquem de prontidão! Eu já os avisei antes que aconteça! “Depois de terminar a tribulação, ‘o sol ficará escuro, a lua não brilhará, as estrelas cairão do céu e os poderes dos céus serão abalados’. “Então a humanidade toda verá o Filho do Homem, vindo nas nuvens com grande poder e glória. Ele enviará os seus anjos para reunir os seus escolhidos dos quatro cantos, desde os limites mais distantes da terra e do céu. “Ora, esta é a lição tirada de uma figueira. Quando os brotos dela ficam macios e as folhas começam a crescer, vocês sabem que o verão está próximo. E quando vocês virem acontecer estas coisas, podem estar certos de que ele está muito próximo, à porta. Eu lhes asseguro que não passará esta geração até que todos estes acontecimentos ocorram. Os céus e a terra desaparecerão, mas as minhas palavras permanecem para sempre. “Contudo, ninguém sabe, nem os anjos no céu, nem o Filho, o dia ou a hora em que estas coisas acontecerão; somente o Pai sabe. E já que vocês não sabem quando isso acontecerá, fiquem atentos. Estejam vigilantes! Essa época pode ser comparada com um homem que sai de viagem para outro país. Ele distribuiu as tarefas para os seus servos e manda o porteiro ficar vigiando na espera pela volta dele. Portanto, vigiem, porque vocês não sabem quando o dono da casa voltará: se à tarde, à meia-noite, de madrugada ou pela manhã. Se ele vier de repente, que vocês não sejam encontrados dormindo. Vigiem na espera da minha volta! Esta é a minha ordem a vocês e a todos os demais”. Faltavam dois dias para o início da festa da Páscoa, quando não se comia pão feito com fermento. Os sacerdotes principais e mestres da lei ainda estavam procurando uma oportunidade para prender Jesus secretamente e entregá-lo à morte. “Mas não podemos fazer isso durante a Páscoa”, diziam eles, “senão haverá uma revolta no meio do povo”. Enquanto isso, Jesus estava em Betânia, na casa de Simão, o leproso; durante o jantar, entrou uma mulher com um frasco de alabastro contendo um perfume muito caro, de nardo puro. Quebrando o frasco, ela derramou o perfume sobre a cabeça de Jesus. Alguns dos que estavam à mesa ficaram indignados e disseram uns aos outros: “Por que esse desperdício de perfume. Isso podia ser vendido por trezentos denários e o dinheiro dado aos pobres!” E repreenderam a mulher severamente. Mas Jesus disse: “Deixem-na em paz; por que criticá-la por haver feito uma coisa boa? Vocês sempre têm os pobres entre vocês, e eles necessitam grandemente de auxílio; e podem socorrê-los sempre que quiserem, porém eu não vou ficar aqui por muito tempo. Ela fez o que podia, e antes do tempo ungiu o meu corpo, preparando-o para o sepultamento. Eu afirmo a vocês que em todo lugar onde a boa-nova for pregada em todo o mundo, o feito desta mulher será lembrado”. Então Judas Iscariotes, um dos Doze, foi aos sacerdotes principais para combinar como lhes entregaria Jesus. Quando os sacerdotes principais souberam por que ele tinha vindo, ficaram alegres e lhe prometeram uma recompensa. Então ele começou a procurar o momento e o lugar certo para entregá-lo. No primeiro dia da festa dos pães sem fermento, quando os cordeiros eram sacrificados, os discípulos perguntaram a Jesus onde ele queria comer a ceia tradicional da Páscoa. Ele mandou dois de seus discípulos a Jerusalém fazer os preparativos. “Quando estiverem andando para lá”, disse-lhes ele, “vocês verão um homem que vem em sua direção carregando uma vasilha de água. Vão atrás dele. Onde ele entrar, digam ao dono da casa: ‘O Mestre pergunta: Onde fica a sala em que eu e os meus discípulos poderemos comer a ceia da Páscoa?’ Ele levará vocês para uma sala grande toda arrumada no andar superior. Preparem a nossa ceia ali”. Então os dois discípulos foram para a cidade, acharam tudo como Jesus tinha dito, e prepararam a Páscoa. Ao anoitecer, Jesus chegou com os Doze. E quando eles estavam reclinados à mesa, comendo, Jesus disse: “Eu afirmo a vocês que verdadeiramente um de vocês vai me trair, um de vocês que está aqui, comendo comigo”. Uma tristeza enorme tomou conta deles, e perguntavam-lhe um a um: “Por acaso sou eu?” Jesus respondeu: “É um de vocês doze, um que está comendo do mesmo prato comigo agora. O Filho do Homem deve morrer, como os profetas declararam há muito tempo; mas, ai daquele que trai o Filho do Homem! Antes ele nunca tivesse nascido!” Enquanto eles estavam comendo, Jesus tomou um pão, deu graças, e partiu-o; depois deu a eles e disse: “Comam-no. Isto é o meu corpo”. Depois tomou um cálice de vinho, deu por ele graças e lhes ofereceu; e todos beberam. Em seguida disse-lhes: “Isto é o meu sangue, derramado em favor de muitos, para firmar a nova aliança entre Deus e o homem. Eu afirmo a vocês que não mais provarei deste vinho até o dia em que beber com vocês o vinho novo no Reino de Deus”. Então eles cantaram um hino e saíram para o monte das Oliveiras. “Todos vocês vão me abandonar”, disse-lhes Jesus, “porque está escrito: ‘Ferirei o pastor, e as ovelhas se espalharão’. “Mas depois de ressuscitar, irei para a Galileia e lá me encontrarei com vocês”. Pedro disse a ele: “Eu nunca o abandonarei; não importa o que os outros façam!” “Pedro”, disse Jesus, “eu afirmo a você que antes que o galo cante a segunda vez nesta noite, você me negará três vezes”. “Não!” insistiu Pedro. “Nem que eu tenha de morrer com o Senhor, eu nunca o negarei!” E todos disseram o mesmo. Nisso eles chegaram a um bosque de oliveiras chamado Getsêmani, onde Jesus ordenou aos discípulos: “Sentem-se aqui, enquanto vou orar”. Levou consigo Pedro, Tiago e João, e começou a encher-se de profunda aflição e angústia. E disse-lhes: “A minha alma está esmagada pela tristeza a ponto de morrer; fiquem aqui e vigiem comigo”. Ele foi um pouco mais adiante, prostrou-se e orou para que, se fosse possível, a hora horrível que o esperava não chegasse. “Pai, ó Pai!”, dizia ele. “Tudo é possível para o Senhor. Afaste esse cálice de mim. Contudo, seja feita a sua vontade, e não a minha”. Então voltou aos três discípulos e os encontrou dormindo. “Simão”, disse ele a Pedro, “você está dormindo? Você não pôde vigiar comigo nem mesmo uma hora? Vigiem e orem para que não caiam em tentação. Pois embora o espírito esteja preparado, o corpo é fraco”. Ele retirou-se outra vez e orou, repetindo suas súplicas. Novamente voltou a eles e os encontrou dormindo, porque seus olhos estavam pesados. Eles não sabiam o que dizer. Voltando pela terceira vez, ele lhes disse: “Vocês ainda dormem e descansam? Basta! Chegou a hora, e o Filho do Homem será entregue nas mãos dos pecadores. Venham! Levantem-se! Precisamos ir embora. Vejam! O meu traidor está se aproximando!” Imediatamente, enquanto ele ainda estava falando, apareceu Judas, um dos Doze. Ele chegou com uma multidão armada de espadas e cacetes, enviada pelos sacerdotes principais, mestres da lei e outros líderes religiosos. O traidor Judas havia combinado com eles um sinal: “Vocês devem prender aquele a quem eu saudar com um beijo; procurem levá-lo em segurança”. Portanto, logo que chegaram, ele caminhou para Jesus. “Mestre!” exclamou, e o cumprimentou com um beijo. Então a multidão agarrou Jesus e o prenderam. Mas alguém puxou uma espada e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha. Jesus lhes perguntou: “Eu sou algum assaltante perigoso, para que vocês venham assim, armados para me prender? Por que não me prenderam no templo? Eu estive lá ensinando todos os dias. Porém estas coisas estão acontecendo para cumprir as profecias a respeito de mim”. Então todos os seus discípulos o abandonaram e fugiram. Havia um jovem que estava seguindo a Jesus, vestido apenas com um lençol de linho. Quando a multidão tentou agarrá-lo, ele escapou nu, deixando seu lençol para trás. Jesus foi conduzido à casa do sumo sacerdote, onde todos os sacerdotes principais, os líderes religiosos e os mestres da lei se reuniram. Pedro seguia Jesus de longe e então entrou pelo portão da residência do sumo sacerdote e agachou-se junto à fogueira, entre os guardas. Lá dentro, os sacerdotes principais e todo o Sinédrio estavam tentando encontrar alguma coisa contra Jesus para poder condená-lo à morte. Mas seus esforços eram em vão. Muitas falsas testemunhas se apresentaram, porém se contradiziam umas às outras. Finalmente uns homens se levantaram para testemunhar falsamente contra ele, e disseram: “Nós o ouvimos dizer: ‘Destruirei este templo feito por mãos humanas e em três dias construirei outro, não feito por mãos humanas!’ ” Mas mesmo nessa hora eles não conseguiram ser coerentes no seu depoimento! Então o sumo sacerdote levantou-se diante deles e perguntou a Jesus: “Você se recusa a responder a esta acusação? Que tem a dizer em sua defesa?” Mas Jesus não deu nenhuma resposta. Então o sumo sacerdote perguntou-lhe: “Você é o Cristo, o Filho do Deus Bendito?” Jesus disse: “Sou, e vocês verão o Filho do Homem assentado à direita do Deus Todo-poderoso, vindo com as nuvens do céu”. Então o sumo sacerdote rasgou as suas roupas e disse: “Para que esperar por testemunhas? Vocês ouviram sua blasfêmia. Qual é a sentença de vocês?” E todos votaram pela sentença de morte. Alguns deles começaram então a cuspir nele, vendaram-lhe os olhos e deram-lhe socos no rosto. “Ó profeta, quem foi que bateu em você agora?”, zombavam eles. E os guardas davam-lhe socos enquanto o levavam para fora. Enquanto isso Pedro estava lá embaixo, no pátio. Umas das criadas que trabalhavam para o sumo sacerdote passou por ali. Ela viu Pedro aquecendo-se na fogueira, olhou bem para ele e disse: “Você também estava com Jesus, o Nazareno”. Pedro, porém, negou, dizendo: “Eu não sei o que você está dizendo”, e saiu para o canto do pátio. Nessa mesma hora um galo cantou. A criada o viu de pé ali e começou a dizer aos outros: “Está ali! Ele é um deles”. Pedro negou outra vez. Um pouco mais tarde, outros que estavam ao redor da fogueira começaram a dizer a Pedro: “Você também é um deles, porque é da Galileia!” Ele começou a praguejar e a jurar: “Eu não sei nem quem é esse homem de quem vocês estão falando”. E imediatamente o galo cantou pela segunda vez. Então as palavras de Jesus voltaram à mente de Pedro: “Antes que o galo cante duas vezes, você me negará três vezes”. E ele começou a chorar. De manhã bem cedo os sacerdotes principais se reuniram com os líderes religiosos, os mestres da lei e todo o Sinédrio para discutir as medidas seguintes que precisavam tomar. Eles amarraram Jesus e o levaram debaixo de guarda armada a Pilatos. Pilatos perguntou a Jesus: “Você é o rei dos judeus”? “Sim”, respondeu Jesus, “é como o senhor está dizendo”. Então os sacerdotes principais faziam muitas acusações, e Pilatos perguntou-lhe: “Por que você não diz alguma coisa? Veja quantas acusações há contra a sua pessoa!” Mas Jesus não disse mais nada, para o espanto de Pilatos. Por ocasião da festa da Páscoa, era costume soltar um prisioneiro, a pedido do povo. Um dos presos chamava-se Barrabás, condenado juntamente com outros por assassinato durante uma revolta. Então começou a reunir-se uma multidão diante de Pilatos, pedindo que soltasse um preso, como sempre. “Vocês querem que eu solte o ‘rei dos judeus’?”, perguntou Pilatos. A essa altura ele já havia percebido que aquilo era uma trama, apoiada pelos sacerdotes principais, porque invejavam a popularidade de Jesus. Mas os sacerdotes principais incitaram a multidão para pedir a libertação de Barrabás em lugar de Jesus. “Se eu soltar Barrabás”, perguntou-lhes Pilatos, “que farei com este homem que vocês chamam de rei dos judeus?” Eles responderam gritando: “Crucifique-o!” “Mas por quê?”, indagou Pilatos. “Que crime ele fez?” Mas eles gritaram ainda mais alto: “Crucifique-o!” Então Pilatos, ansioso por agradar ao povo, soltou-lhes Barrabás, e ordenou que açoitassem Jesus e o entregassem para ser crucificado. Com isto os soldados romanos o levaram para dentro do pátio interno do palácio e convocaram a guarda toda; vestiram Jesus com um manto de púrpura e fizeram uma coroa de espinhos, e a puseram na cabeça dele. Então o saudavam, gritando em coro: “Salve, rei dos judeus!” Batiam na cabeça dele com uma vara, cuspiam nele e caíam de joelhos para “adorá-lo”. Quando eles finalmente se cansaram da sua zombaria, tiraram o manto de púrpura, vestiram-lhe novamente as suas próprias roupas e o conduziram para fora, a fim de ser crucificado. No caminho, os soldados encontraram certo homem de Cirene, chamado Simão, pai de Alexandre e de Rufo, chegando do campo. Ele foi obrigado a carregar a cruz de Jesus. Assim eles levaram Jesus para um lugar chamado Gólgota, que significa lugar da Caveira. Ofereceram-lhe vinho misturado com ervas amargas, porém ele o recusou. Então o crucificaram. Eles tiraram sorte para dividir a roupa dele, para saber qual seria a parte de cada um. Eram cerca de nove horas da manhã quando o crucificaram. Eles pregaram uma tabuleta na cruz por cima da sua cabeça, anunciando a acusação contra ele: “O Rei dos Judeus”. Dois assaltantes foram crucificados com Jesus e suas cruzes ficavam uma à sua esquerda e outra à sua direita. Assim cumpriu-se a Escritura que dizia: “Ele foi contado entre transgressores”. O povo que passava caçoava dele, e balançava a cabeça, dizendo: “Você pode destruir o templo e reconstruí-lo em três dias; salve-se a si mesmo e desça da cruz”. Os sacerdotes principais e os mestres da lei também zombavam de Jesus, dizendo: “Ele ‘salvou’ os outros, mas não pode salvar-se a si mesmo! Seu Messias! Seu Rei de Israel! Desça da cruz e nós creremos em você!” Até os dois assaltantes que estavam crucificados com ele zombavam dele. Ao meio-dia, caiu uma escuridão sobre toda a terra; e durou até as três horas daquela tarde. Então Jesus clamou com grande voz: “Eloí, Eloí, lamá sabactâni?”, que quer dizer: “Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonou?” Algumas das pessoas que estavam ali pensaram que ele estivesse chamando o profeta Elias. Então um homem correu, apanhou uma esponja, encheu-a de vinagre e a suspendeu até Jesus numa vara. “Esperem! Vamos ver se Elias virá tirá-lo!”, disse ele. Então Jesus soltou outro forte grito e entregou o espírito. E o véu do templo rasgou-se em dois, de cima até embaixo. Quando o centurião romano que estava ao lado da cruz de Jesus ouviu o seu grito e viu como ele entregou o espírito, exclamou: “Verdadeiramente, este homem era o Filho de Deus!” Estavam ali algumas mulheres olhando à distância. Entre elas estava Maria Madalena, Salomé, Maria, a mãe de Tiago, o mais jovem, e de José. Elas e muitas outras mulheres da Galileia, que eram seguidoras de Jesus, o haviam servido, prestando-lhe serviços quando ele estava na Galileia e tinham vindo com ele para Jerusalém. Tudo isso aconteceu no dia antes do sábado, no Dia da Preparação. No fim daquela tarde, José de Arimateia, um membro do Sinédrio, muito respeitado, que pessoalmente estava aguardando a chegada do Reino de Deus, tomou coragem e foi a Pilatos pedir o corpo de Jesus. Pilatos não podia acreditar que Jesus já houvesse morrido e por isso chamou o centurião romano encarregado para lhe perguntar. O centurião confirmou o fato, e Pilatos disse a José que ele podia levar o corpo. José comprou um lençol de linho, desceu da cruz o corpo de Jesus, envolveu-o no lençol e colocou-o num sepulcro aberto na rocha. Depois rolou uma pedra para fechar a entrada do sepulcro. Maria Madalena e Maria, mãe de José, estavam observando enquanto ele era colocado ali. Na tarde do outro dia, passado o sábado, Maria Madalena, Salomé e Maria, mãe de Tiago, foram comprar perfumes para embalsamar o corpo de Jesus. Levaram-nos ao túmulo na manhã seguinte bem cedo, logo ao nascer do sol. No caminho elas iam discutindo como poderiam rolar para o lado a enorme pedra da entrada do sepulcro. Mas quando chegaram, viram que a pedra — uma pedra muito pesada — já havia sido tirada, e a entrada estava aberta! Então elas entraram no sepulcro e viram assentado à direita um jovem vestido de branco. As mulheres ficaram assustadas. Mas o anjo disse: “Não fiquem com medo. Vocês não estão procurando Jesus, o Nazareno, que foi crucificado? Ele não está aqui! Ele ressuscitou! Vejam o lugar onde estava o seu corpo. Agora vão e digam aos seus discípulos, incluindo Pedro: “ ‘Jesus vai adiante de vocês para a Galileia. Vocês o verão ali, tal como ele lhes disse’ ”. As mulheres saíram e fugiram do túmulo, amedrontadas e assustadas, e, por causa do medo, não disseram nada a ninguém. Era domingo de manhã quando Jesus ressuscitou, e a primeira pessoa que o viu foi Maria Madalena, a mulher de quem ele havia expulsado sete demônios. Ela encontrou os discípulos lamentando e com os olhos cheios de lágrimas. Então ela disse que tinha visto Jesus, e que ele estava vivo! Porém eles não acreditaram. Depois Jesus apareceu a dois homens que iam andando de Jerusalém para o campo, porém eles a princípio não o reconheceram, porque ele apareceu em uma forma diferente. Quando finalmente eles perceberam quem ele era, voltaram correndo a Jerusalém para contar aos outros, mas também não acreditaram neles. Ainda mais tarde Jesus apareceu aos onze quando estavam comendo juntos. Ele os censurou por causa da sua incredulidade e a dureza de coração, porque não acreditaram naqueles que o haviam visto ressuscitado. Então disse-lhes: “Vão ao mundo inteiro e preguem a boa-nova a todas as pessoas. Aqueles que crerem e forem batizados serão salvos. Porém aqueles que se recusarem a crer serão condenados. E aqueles que crerem utilizarão minha autoridade para expulsar demônios, e falarão em novas línguas. Poderão pegar em serpentes com toda a segurança, e se beberem alguma coisa venenosa, não lhes fará mal; e quando puserem as mãos sobre os doentes, estes ficarão curados”. Quando o Senhor Jesus acabou de falar com eles, foi levado para os céus e assentou-se à direita de Deus. E os discípulos foram a toda parte pregando, e o Senhor estava com eles e confirmava o que eles diziam por meio dos milagres que seguiam sua mensagem. Diversos relatos sobre Cristo já foram escritos, usando como fonte de informação as narrações existentes entre nós, transmitidas pelos primeiros discípulos e outras testemunhas oculares e servos da palavra. Contudo, pareceu-me que seria bom, depois de uma investigação completa, mandar-lhe este resumo, querido amigo Teófilo, para que tenha plena certeza de todas as verdades que foram ensinadas. Vou começar com um sacerdote judaico, Zacarias, que viveu quando Herodes era o rei da Judeia. Zacarias pertencia ao grupo sacerdotal de Abias. Sua esposa era da família de Arão e se chamava Isabel. Zacarias e Isabel eram pessoas piedosas aos olhos de Deus e observavam fielmente todas as leis e mandamentos do Senhor. Porém eles não tinham filhos, porque Isabel não podia ter filhos; e ambos já estavam bem velhos. Um dia, quando Zacarias estava cuidando do seu trabalho de sacerdote no templo, porque naquela semana a sua turma estava de serviço diante de Deus, caiu-lhe por sorteio, de acordo com o costume do sacerdócio, entrar no santuário interno e queimar o incenso diante do Senhor. Enquanto isso, uma grande multidão estava do lado de fora no pátio do templo, orando, enquanto o incenso estava sendo queimado. Zacarias estava no santuário quando de repente apareceu um anjo do Senhor de pé à direita do altar do incenso! Zacarias ficou perturbado e cheio de medo. Mas o anjo lhe disse: “Não tenha medo, Zacarias, porque eu vim para dizer-lhe que Deus ouviu a sua oração, e sua esposa Isabel vai dar à luz um filho seu! Você o chamará de João. Haverá grande prazer pelo nascimento dele, e muitos se alegrarão com você. Pois ele será grande aos olhos do Senhor. Ele nunca deverá tocar em vinho ou bebida forte, e será cheio do Espírito Santo, antes mesmo do seu nascimento! E convencerá muitos judeus a voltarem para o Senhor, o seu Deus. Ele irá adiante do Senhor no espírito e poder de Elias, para fazer voltar o coração dos pais a seus filhos e os desobedientes à sabedoria dos justos, preparando o povo para a chegada do Senhor”. Zacarias disse ao anjo: “Como vou saber que isso é verdade? Eu já sou um homem velho, e minha esposa também é muito idosa”. Então o anjo disse: “Eu sou Gabriel, e estou sempre na presença de Deus. Foi ele quem me enviou a você para transmitir estas boas-novas! E agora, porque não creu em mim, você vai ficar mudo, incapaz de falar até a criança nascer. Porque as minhas palavras se cumprirão no tempo oportuno”. Enquanto isto o povo do lado de fora estava esperando que Zacarias aparecesse, e procurava saber por que estava demorando tanto no santuário. Quando ele finalmente saiu, não podia falar com eles, e viram pelos seus gestos que ele tinha tido uma visão no santuário. Zacarias permaneceu no templo os dias restantes do seu serviço e depois voltou para casa. Depois disso, sua esposa Isabel ficou grávida; e durante cinco meses não saiu de casa. “Como o Senhor é bom”, ela dizia, “ele olhou para mim favoravelmente e tirou a minha humilhação perante o povo por não ter filhos!” No sexto mês, Deus enviou o anjo Gabriel a Nazaré, uma cidade da Galileia, a uma virgem, chamada Maria, prometida em casamento a um homem chamado José, descendente do rei Davi. Gabriel apareceu a ela e disse: “Alegre-se, jovem agraciada! O Senhor está com você!” Muito perturbada com essas palavras, Maria tentava imaginar o que o anjo quis dizer. Mas o anjo lhe disse: “Não tenha medo, Maria; porque Deus resolveu abençoá-la maravilhosamente! Muito em breve você ficará grávida, dará à luz um menino, e lhe dará o nome de ‘Jesus’. Ele será muito importante, e será chamado de Filho do Deus Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono do seu antepassado Davi; e ele reinará sobre o povo de Jacó para sempre; e o seu Reino nunca acabará!” Maria perguntou ao anjo: “Mas como posso ter um filho? Eu sou uma virgem”. O anjo respondeu: “O Espírito Santo virá sobre você e o poder do Altíssimo a cobrirá com a sua sombra; por isso a criança que vai nascer de você será chamada de santo e Filho de Deus. Além disso, há seis meses sua prima Isabel, aquela que diziam ser estéril, ficou grávida em sua avançada idade! Sim, porque para Deus nada é impossível”. Maria disse: “Eu sou a serva do Senhor, e estou pronta a fazer tudo quanto for necessário. Que aconteça tudo o que o Senhor me disse”. Então o anjo a deixou. Uns poucos dias mais tarde Maria foi às pressas à região montanhosa da Judeia, ao lugar onde Zacarias morava, e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança de Isabel agitou-se dentro dela, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Isabel deu um grito de alegria e exclamou: “Você é abençoada por Deus entre as outras mulheres, e bendito é o filho que você dará à luz. Que grande honra é esta, que a mãe do meu Senhor me visite! Quando você entrou e me saudou, no momento em que ouvi sua voz, de alegria o meu bebê moveu-se dentro do meu ventre! Você creu que Deus faria o que disse; e por isso é que ele deu-lhe essa maravilhosa bênção”. Então Maria disse: “A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador! Porque ele prestou atenção na humildade da sua serva. De agora em diante todas as gerações vão me chamar de bendita de Deus. Pois o Poderoso fez grandes coisas comigo. Santo é o seu nome. A sua misericórdia vai de geração em geração, a todos os que o temem. Como o seu braço é cheio de poder! Como ele derrota os orgulhosos e os arrogantes! Derrubou governantes dos seus tronos e exaltou os humildes. Satisfez os corações famintos e despediu os ricos com as mãos vazias. Ele socorreu o seu servo Israel, não esquecendo sua promessa de ser misericordioso, pois prometera a Abraão e seus descendentes ser misericordioso com eles para sempre”. Maria ficou com Isabel cerca de três meses e depois voltou para casa. Ao completar o tempo de Isabel dar à luz, ela teve um filho. A notícia de como o Senhor havia sido bondoso com ela espalhou-se depressa pelos vizinhos e parentes, e todo mundo se alegrou com ela. Quando a criança estava com oito dias de idade, todos os parentes e amigos vieram para a cerimônia da circuncisão. Julgavam que o nome da criança seria Zacarias, como o pai. Mas Isabel disse: “Não! Ele deverá chamar-se João!” “Quê!?”, exclamaram eles. “Não há ninguém em sua família com esse nome”. Então perguntaram ao pai da criança, falando-lhe por gestos. Ele pediu por sinais uma tabuinha e, para surpresa de todo mundo, escreveu: “O nome dele é João!” Imediatamente Zacarias pôde falar novamente, e começou a louvar a Deus. A admiração tomou conta de toda a vizinhança, e a notícia do que havia acontecido espalhou-se pela região montanhosa da Judeia. Cada um que ouvia isso ficava pensando e perguntava: “Que será que esse menino vai ser? Porque a mão do Senhor está de fato sobre ele de uma maneira especial”. Então o seu pai Zacarias ficou cheio do Espírito Santo e profetizou: “Louvai ao Senhor, o Deus de Israel, porque veio visitar e libertar o seu povo. Ele nos está mandando um Poderoso Salvador da família real do seu servo Davi, tal como tinha prometido por meio dos seus santos profetas na antiguidade, alguém para nos livrar dos nossos inimigos, de todos os que nos odeiam, para mostrar a sua misericórdia aos nossos antepassados e lembrar a sua santa aliança, sim, com o próprio Abraão, recordando-se da sagrada promessa feita a ele, e concedendo-nos o privilégio de servir a Deus livres do medo, libertos dos nossos inimigos, fazendo-nos santos e aceitáveis, prontos para estar na sua presença todos os dias da nossa vida. E você, menino, será chamado de profeta do Deus Altíssimo, porque irá adiante do Senhor a fim de preparar o caminho para ele. Você dirá ao povo de Deus como encontrar a salvação por meio do perdão dos seus pecados. Porque o nosso Deus é misericordioso e bondoso, e o sol nascente vai raiar sobre nós, para dar luz àqueles que se acham na escuridão e na sombra da morte, e para guiar os nossos passos no caminho da paz”. E o menino cresceu e se fortaleceu no espírito; e viveu no deserto, solitário, até que começou a apresentar-se ao povo de Israel. Por esse tempo César Augusto, o imperador, decretou que se fizesse um recenseamento de todo o império romano. Esse recenseamento foi feito quando Quirino era governador da Síria. Exigia-se que todos fossem à sua terra natal para se registrar. E como José era da linhagem de Davi, teve de ir a Belém, na Judeia, terra natal do rei Davi, viajando de Nazaré, na Galiléia, para lá. Ele levou consigo Maria, sua esposa, que estava grávida. Estando ali, chegou a hora de nascer o filho dela; e ela deu à luz seu primeiro filho, um menino. Enrolou-o num cobertor e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria. Naquela noite alguns pastores estavam nos campos, guardando seus rebanhos de ovelhas. De repente um anjo do Senhor apareceu ao redor deles, e ficaram cercados do brilho da glória do Senhor. Eles ficaram muito aterrorizados, mas o anjo os acalmou. “Não tenham medo!”, disse ele. “Eu lhes trago boas notícias de grande alegria, e isso é para todo o povo! Hoje, na cidade de Davi nasceu o Salvador, que é o Cristo, o Senhor. Como vocês vão reconhecê-lo? Vocês encontrarão uma criancinha enrolada num cobertor, deitada numa manjedoura!” De repente, juntou-se ao anjo uma grande multidão de anjos, o exército celestial, louvando a Deus e cantando: “Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra para todos aqueles que ele quer bem”. Quando os anjos voltaram para os céus, os pastores disseram uns aos outros: “Vamos! Vamos a Belém! Vamos ver essa coisa maravilhosa que aconteceu, a respeito da qual o Senhor nos falou”. Eles correram para lá e encontraram Maria e José, e lá estava a criancinha, deitada na manjedoura. Depois de o verem, os pastores falavam a todos o que havia acontecido, e o que o anjo lhes havia dito a respeito daquele menino. E todos os que ouviam a história dos pastores ficaram admirados. Maria, porém, guardava todas essas coisas em seu coração e muitas vezes refletia sobre elas. Então os pastores voltaram aos seus campos e rebanhos, glorificando e louvando a Deus por tudo que tinham visto e ouvido, assim como o anjo havia dito. Oito dias depois, na cerimônia de circuncisão do menino, deram-lhe o nome de Jesus, como o anjo tinha dito, antes mesmo que ele nascesse. Quando chegou o tempo de ser levada ao templo a oferta da purificação de Maria, de acordo com a Lei de Moisés, José e Maria o levaram a Jerusalém para apresentá-lo ao Senhor; porque as leis do Senhor diziam: “Todo primeiro filho do sexo masculino será consagrado ao Senhor”. Nessa ocasião, os pais de Jesus ofereceram também o sacrifício deles pela purificação, conforme a Lei do Senhor: um par de rolinhas, ou dois filhotes de pombo. Naquele dia, um homem chamado Simeão, morador de Jerusalém, estava no templo. Era ele um homem bom, muito devoto, cheio do Espírito Santo, e vivia esperando a consolação de Israel. O Espírito Santo lhe havia revelado que ele não morreria enquanto não visse o Cristo enviado pelo Senhor. O Espírito Santo o impulsionou a ir ao templo naquele dia; então, quando Maria e José chegaram para apresentar o menino Jesus ao Senhor, em obediência à lei, Simeão estava lá e tomou a criança nos braços e louvou a Deus, dizendo: “Ó Soberano, agora já pode despedir o seu servo em paz! Pois eu já vi com meus próprios olhos a sua salvação, que o Senhor preparou na presença de todos os povos. Ele é a luz que trará iluminação espiritual às nações, e será a glória do seu povo Israel”. O pai e a mãe do menino estavam admirados com o que se dizia a respeito de Jesus. Simeão os abençoou e disse a Maria, mãe de Jesus: “Esta criança será rejeitada por muitos em Israel, e isto para própria destruição deles. Ele será motivo de contradição, mas uma grande alegria para outros. E os pensamentos mais profundos de muitos corações serão revelados. E a tristeza, como uma espada, atravessará a sua alma”. Ana, uma profetisa, também estava ali no templo naquele dia. Ela era filha de Fanuel, da tribo de Aser, e era muito idosa. Ela tinha vivido com seu marido por sete anos depois de se casar e era viúva de 84 anos. Ela nunca saía do templo, mas permanecia lá, adorando a Deus, jejuando e orando dia e noite. Chegando naquela hora, também começou a dar graças a Deus e a proclamar publicamente a respeito do menino a todos aqueles de Jerusalém que haviam esperado a vinda do Salvador. Quando os pais de Jesus acabaram de cumprir todas as exigências da Lei do Senhor, voltaram para a sua própria cidade, Nazaré, na Galileia. Ali o menino começou a ficar forte e sadio, enchendo-se de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele. Todos os anos os pais de Jesus iam para Jerusalém para a festa da Páscoa. Quando Jesus completou 12 anos de idade, acompanhou seus pais para a festa, conforme o costume. Depois que terminou a comemoração, eles tomaram o caminho de volta para casa, mas o menino Jesus ficou para trás em Jerusalém. Seus pais não notaram a falta dele. Eles pensavam que estivesse com amigos entre os outros viajantes. Mas quando notaram sua falta, começaram a procurá-lo entre seus parentes e amigos; não o encontrando, voltaram a Jerusalém para procurá-lo ali. Três dias depois eles finalmente o acharam. Ele estava no templo, sentado entre os mestres da lei, discutindo com eles questões profundas, e deixando todo mundo admirado com o seu entendimento e com as suas respostas. Seus pais não sabiam nem o que pensar quando o viram sentado ali tão calmamente. “Filho!”, disse-lhe a sua mãe. “Por que você fez isso conosco? Eu e seu pai estávamos desesperados, procurando você por toda parte”. “Mas por que estavam me procurando?”, perguntou ele. “Não sabiam que eu deveria estar na casa do meu Pai?” Porém eles não entenderam o que ele quis dizer. Então ele voltou para Nazaré, e era obediente a eles. Sua mãe, porém, guardava todas estas coisas no coração. Assim, Jesus crescia em sabedoria e estatura e era amado por Deus e pelos homens. No décimo quinto ano do reinado do imperador Tibério César, Pilatos era governador da Judeia; Herodes, o tetrarca da Galileia; seu irmão Filipe, tetrarca da Itureia e Traconites; e Lisânias, tetrarca de Abilene; Anás e Caifás eram os sumos sacerdotes judaicos. Foi nesse ano que veio uma mensagem do Senhor a João, filho de Zacarias, enquanto ele estava no deserto. Então João ia de lugar em lugar, em ambos os lados do rio Jordão, pregando que as pessoas deviam batizar-se para mostrar que se haviam voltado para Deus e abandonado seus pecados, a fim de serem perdoadas. Como está escrito no livro das palavras do profeta Isaías: “Ouçam! Estou ouvindo uma voz que clama: ‘Preparem um caminho para o Senhor através do deserto; preparem um caminho reto e plano no deserto para o nosso Deus. Aterrem os vales, nivelem os montes e colinas; endireitem os caminhos tortos e deixem perfeitamente planos os lugares por onde ele passar. A glória do Senhor será revelada e vista por todos as pessoas’ ”. João dizia às multidões que vinham para o batismo: “Filhos de serpentes! Vocês estão procurando escapar do terrível castigo sem voltar-se verdadeiramente para Deus! É por isso que estão querendo batizar-se! Primeiramente deem frutos que mostrem que vocês realmente se arrependeram. E não pensem que estão livres porque são da família de Abraão. Isso não basta. Destas pedras do deserto Deus pode fazer nascer filhos de Abraão! O machado do seu julgamento está posto à raiz das árvores. Sim, toda árvore que não der bom fruto será derrubada e atirada no fogo”. A multidão perguntou: “O que devemos fazer?” “Se alguém tem duas túnicas”, respondeu ele, “dê uma a quem não tiver nenhuma. Quem tiver comida de sobra, dê àqueles que estão com fome”. Até os cobradores de impostos vieram para serem batizados. Eles perguntaram: “Mestre, o que devemos fazer?” Ele respondeu: “Cuidem para que não cobrem mais impostos do que o governo romano exige de vocês”. “E nós”, perguntaram alguns soldados, “o que devemos fazer?” João respondeu: “Não tomem dinheiro com ameaças nem violência; não acusem ninguém falsamente; contentem-se com o seu salário!” Todos estavam esperando que o Messias chegasse em breve, e estavam impacientes para saber se João era ele, ou não. João respondeu a todos: “Eu os batizo com água; mas em breve virá alguém que tem autoridade muito maior do que a minha; de fato, eu não sou digno nem de desamarrar as correias das suas sandálias. Ele batizará vocês com o Espírito Santo e com fogo. Ele traz a pá em sua mão, a fim de separar a palha do trigo, armazenar o trigo e queimar a palha com fogo que nunca se apaga”. João fazia muitas outras advertências e anunciava a boa-nova ao povo. Mas, depois que João repreendeu publicamente Herodes, o tetrarca, governador da Galileia, por ter se casado com Herodias, esposa do seu próprio irmão, e por muitas outras maldades que ele tinha praticado, Herodes prendeu João na cadeia, acrescentando assim mais esse pecado a todos os outros. Então um dia o próprio Jesus juntou-se ao povo que era batizado por João. E depois que ele foi batizado, e estava orando, os céus se abriram, e o Espírito Santo desceu sobre ele na forma de uma pomba, e uma voz do céu disse: “Você é meu Filho muito amado; em você está o meu prazer”. Jesus estava com cerca de 30 anos de idade quando começou o seu ministério público. Jesus era conhecido como o filho de José; o pai de José foi Heli; o pai de Heli foi Matã; o pai de Matã foi Levi; o pai de Levi foi Melqui; o pai de Melqui foi Janai; o pai de Janai foi José; o pai de José foi Matatias; o pai de Matatias foi Amós; o pai de Amós foi Naum; o pai de Naum foi Esli; o pai de Esli foi Nagaí; o pai de Nagaí foi Maate; o pai de Maate foi Matatias; o pai de Matatias foi Semei; o pai de Semei foi Joseque; o pai de Joseque foi Jodá; o pai de Jodá foi Joanã; o pai de Joanã foi Ressa; o pai de Ressa foi Zorobabel; o pai de Zorobabel foi Salatiel; o pai de Salatiel foi Neri; o pai de Neri foi Melqui; o pai de Melqui foi Adi; o pai de Adi foi Cosã; o pai de Cosã foi Elmadã; o pai de Elmadã foi Er; o pai de Er foi Josué; o pai de Josué foi Eliézer; o pai de Eliézer foi Jorim; o pai de Jorim foi Matate; o pai de Matate foi Levi; o pai de Levi foi Simeão; o pai de Simeão foi Judá; o pai de Judá foi José; o pai de José foi Jonã; o pai de Jonã foi Eliaquim; o pai de Eliaquim foi Meleá; o pai de Meleá foi Mená; o pai de Mená foi Matatá; o pai de Matatá foi Natã; o pai de Natã foi Davi; o pai de Davi foi Jessé; o pai de Jessé foi Obede; o pai de Obede foi Boaz; o pai de Boaz foi Salá; o pai de Salá foi Naassom; o pai de Naassom foi Aminadabe; o pai de Aminadabe foi Admin; o pai de Admin foi Arni; o pai de Arni foi Esrom; o pai de Esrom foi Perez; o pai de Perez foi Judá; o pai de Judá foi Jacó; o pai de Jacó foi Isaque; o pai de Isaque foi Abraão; o pai de Abraão foi Terá; o pai de Terá foi Naor; o pai de Naor foi Serugue; o pai de Serugue foi Ragaú; o pai de Ragaú foi Faleque; o pai de Faleque foi Éber; o pai de Éber foi Salá; o pai de Salá foi Cainã; o pai de Cainã foi Arfaxade; o pai de Arfaxade foi Sem; o pai de Sem foi Noé; o pai de Noé foi Lameque; o pai de Lameque foi Metusalém; o pai de Metusalém foi Enoque; o pai de Enoque foi Jarede; o pai de Jarede foi Maalaleel; o pai de Maalaleel foi Cainã; o pai de Cainã foi Enos; o pai de Enos foi Sete; o pai de Sete foi Adão; o pai de Adão foi Deus. Então Jesus, cheio do Espírito Santo, deixou o rio Jordão, e foi levado pelo Espírito às terras áridas e desertas da Judeia, onde o diabo o tentou durante 40 dias. Ele não comeu nada durante esse tempo, e no final ficou com muita fome. O diabo disse: “Se você é o Filho de Deus, mande que esta pedra se transforme em pão”. Mas Jesus respondeu: “Está nas Escrituras: ‘Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus’ ”. Então o diabo o levou para o alto e mostrou-lhe num momento todos os reinos do mundo. Depois disse-lhe: “Eu darei a você todos estes magníficos reinos e sua glória porque eles me foram dados e posso dá-los a quem eu quiser, se tão somente você cair de joelhos e me adorar”. Jesus respondeu: “Está nas Escrituras: ‘Adore o Senhor, o seu Deus, e sirva somente a ele’ ”. Então o diabo o levou a Jerusalém, colocou-o no alto do templo, e disse: “Se você é o Filho de Deus, salte! Pois está nas Escrituras: ‘Porque o Senhor dará instruções especiais aos seus anjos para protegerem você em todos os seus caminhos. Eles o apoiarão com as mãos, para que você não tropece em alguma pedra!’ ” Jesus respondeu: “As Escrituras também dizem: ‘Não ponha à prova o Senhor, o seu Deus’ ”. Quando o diabo terminou todas as tentações, deixou Jesus até ocasião oportuna. Jesus então voltou para a Galileia, cheio do poder do Espírito. Logo ele ficou bem conhecido em toda aquela região. Por causa dos seus ensinamentos nas sinagogas, todos o elogiavam. Estando na cidade de Nazaré, terra da sua infância, como de costume foi à sinagoga no sábado, e se levantou para ler as Escrituras. Entregaram-lhe o livro do profeta Isaías. Ele abriu no lugar onde está escrito: “O Espírito do Soberano, o Senhor, está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para levar as boas notícias de salvação aos pobres. Ele me enviou para consolar os que estão com o coração quebrantado, anunciar liberdade aos cativos e dar vista aos cegos e proclamar o ano da graça do Senhor”. Então Jesus fechou o livro, devolveu-o ao assistente e assentou-se, enquanto todo mundo na sinagoga olhava atentamente para ele. Então acrescentou: “Hoje estas Escrituras se cumpriram!” Todos os que se achavam ali falavam bem dele e estavam admirados com as palavras de graça que saíam dos seus lábios. “Como pode ser isto?”, perguntavam eles. “Este não é o filho de José?” Então ele disse: “Provavelmente vocês citarão para mim aquele provérbio: ‘Médico, cure-se a si mesmo! Por que você não opera aqui, na sua própria cidade, milagres iguais àqueles que fez em Cafarnaum?’ “Porém eu lhes afirmo que de fato nenhum profeta é aceito em sua própria terra! Havia muitas viúvas judias em Israel no tempo de Elias, precisando de ajuda naqueles dias de crise, porque por três anos e meio não tinha chovido, e a fome espalhava-se pela terra; todavia Elias não foi enviado a nenhuma delas, a não ser à viúva de Sarepta, na região de Sidom. Ou pensem no profeta Eliseu, que purificou Naamã, o sírio, todavia nenhum dos leprosos em Israel foi purificado”. Essas observações provocaram a ira de todos os que estavam na sinagoga. Levantando-se, amotinaram-se contra Jesus, expulsaram-no da cidade e o levaram à encosta do monte sobre o qual a cidade estava construída, para empurrá-lo precipício abaixo. Porém ele passou por entre a multidão e os deixou. Depois voltou para Cafarnaum, uma cidade da Galileia, e começou a ensinar na sinagoga todos os sábados. Ali também o povo estava maravilhado com as coisas que ele ensinava, porque ele falava com autoridade. Certa ocasião, quando estava ensinando na sinagoga, um homem dominado por um demônio começou a gritar para Jesus: “Nós não queremos nada com você, Jesus de Nazaré. O Senhor veio para nos destruir. Eu sei quem o Senhor é: o Santo de Deus”. Jesus o repreendeu e disse: “Cale-se! E saia dele!” O demônio jogou o homem no chão à vista da multidão, e depois o deixou sem lhe fazer mal. Admirado, o povo perguntava: “Que palavra é esta? Até aos espíritos imundos ele dá ordens com autoridade e poder, e eles vão embora!” E as notícias a seu respeito espalharam-se rapidamente por toda aquela região. Depois de deixar a sinagoga naquele dia, ele foi para a casa de Simão, onde encontrou a sogra dele muito doente, com febre alta. “Faça algo para curá-la”, suplicavam todos. Chegando ao lado dela, inclinou-se, repreendeu a febre, e a febre a deixou; e ela se levantou e começou a servi-los! Quando o sol se pôs naquela tarde, trouxeram a Jesus todos os que apresentavam algum tipo de doença; e ele os curou impondo as mãos sobre cada um deles! Alguns estavam dominados por demônios, e os demônios, diante da sua ordem, saíam gritando: “O Senhor é o Filho de Deus”. Mas porque sabiam que ele era o Cristo, Jesus os repreendia e não permitia que falassem. No outro dia de manhã, Jesus saiu a um lugar deserto. O povo o procurava por toda parte, e quando finalmente o encontraram, pediram-lhe que não os deixasse. Porém, ele respondeu: “Eu preciso pregar a boa-nova do Reino de Deus em outros lugares também, porque foi para isso que fui enviado”. Por isso ele continuou a viajar de um lado para outro, pregando nas sinagogas de toda a Judeia. Certo dia, quando Jesus estava perto do lago de Genesaré, uma multidão se apertava em volta dele para ouvir a Palavra de Deus. Ele notou que havia à beira do lago dois barcos, deixados ali desocupados, enquanto os pescadores lavavam as redes. Entrando num dos barcos, Jesus pediu a Simão, seu dono, que o afastasse um pouco da praia, para que ele pudesse sentar-se no barco e dali ensinar o povo. Quando acabou de falar, Jesus disse a Simão: “Agora vá onde as águas são mais fundas”. Então disse a todos: “Lancem as redes para pescar!” “Mestre”, respondeu Simão, “nós trabalhamos durante a noite toda e não pegamos nada. Porém, se o Senhor diz assim, vamos lançar as redes novamente”. Quando eles lançaram as redes, elas ficaram tão cheias que começaram a romper-se! Então fizeram sinais a seus companheiros do outro barco para que viessem ajudá-los, e em pouco tempo os dois barcos estavam tão cheios de peixes que quase afundaram. Quando Simão Pedro percebeu o que havia acontecido, caiu de joelhos diante de Jesus e disse: “Ó Senhor, deixe-me, por favor, porque sou pecador demais para andar ao seu lado”. Pois ele assustou-se com a pesca, como também os outros que estavam com ele, inclusive seus sócios, Tiago e João, filhos de Zebedeu. Jesus disse a Simão: “Não tenha medo! De agora em diante você será pescador de homens!” Eles arrastaram os barcos até a praia, deixaram tudo e o seguiram. Um dia, em certa cidade que ele estava visitando, havia um homem com um sério caso de lepra. Quando ele viu Jesus, caiu ao chão diante dele com o rosto em terra, e suplicou: “Senhor, se tão somente quiser, o Senhor pode limpar-me de qualquer vestígio da minha doença”. Jesus estendeu a mão, tocou no homem e disse: “Claro que eu quero. Seja curado”. E a lepra o deixou no mesmo instante! Então Jesus ordenou-lhe que fosse imediatamente, sem contar a ninguém o que havia acontecido, para ser examinado pelo sacerdote. “Vá oferecer o sacrifício que a lei de Moisés exige dos leprosos que são curados, para que sirva de testemunho”, disse Jesus. Ora, a notícia a respeito dele espalhou-se mais e mais; enormes multidões vinham ouvi-lo pregar, e também para serem curadas de suas doenças. Porém Jesus muitas vezes se afastava para lugares desertos, a fim de orar. Um dia, quando ele estava ensinando, alguns fariseus e mestres da lei estavam sentados ali perto. Estes homens surgiam de todas as aldeias da Galileia, da Judeia e de Jerusalém. E o poder do Senhor estava sobre ele para curar os doentes. Nisto chegaram alguns homens trazendo um paralítico numa maca. Tentaram forçar a passagem pelo meio da multidão até Jesus. Mas não puderam chegar a ele. Como não puderam chegar até ele, subiram ao teto acima dele, tiraram algumas telhas e desceram o doente no meio da multidão, ainda em sua maca, bem em frente de Jesus. Vendo a fé que eles demonstravam, Jesus disse ao homem: “Amigo, os seus pecados estão perdoados!” “Quem é este homem que blasfema contra Deus?”, pensavam os fariseus e os mestres da lei. “Quem pode perdoar pecados, a não ser Deus?” Jesus sabia o que eles estavam pensando, e perguntou: “Por que vocês estão pensando assim? Que é mais fácil dizer: ‘Os seus pecados estão perdoados’, ou: ‘Levante-se e ande’? Pois para provar a vocês que o Filho do Homem tem na terra autoridade para perdoar pecados”, disse ao paralítico, “eu lhe digo: Levante-se, pegue a sua maca e vá para casa”. Imediatamente, à vista de todos, o homem saltou sobre seus pés, pegou a sua maca em que estava deitado e foi para casa glorificando a Deus! Todos que estavam ali ficaram cheios de espanto e temor e glorificavam a Deus, dizendo: “Hoje vimos coisas realmente notáveis”. Mais tarde, quando Jesus deixava a cidade, viu um cobrador de impostos, chamado Levi, sentado no guichê da coletoria. Jesus lhe disse: “Venha comigo!” Então Levi deixou tudo, levantou-se e o seguiu! Então Levi ofereceu um grande banquete em sua casa, tendo Jesus como convidado de honra. Muitos dos cobradores de impostos, colegas de Levi, e outros convidados estavam ali. Mas os fariseus e os mestres da lei queixavam-se amargamente aos discípulos de Jesus: “Por que vocês comem com publicanos e pessoas de má fama?”. Jesus respondeu-lhes: “São os doentes que precisam de médico, não aqueles que têm boa saúde. Meu propósito é convidar os pecadores a se arrependerem dos seus pecados, e não aqueles que se acham muito justos”. E eles disseram a Jesus: “Os discípulos de João Batista estão constantemente jejuando e orando, e os discípulos dos fariseus também fazem o mesmo. Por que os seus vivem comendo e bebendo?” Jesus respondeu: “Será que os convidados do noivo vão jejuar enquanto estão festejando com o noivo? Mas chegará o tempo em que o noivo será tirado deles, então eles jejuarão”. Depois Jesus usou esta parábola: “Ninguém corta um pano novo para fazer remendos em roupas velhas. Porque se o fizer, estragará o pano novo sem melhorar a aparência da roupa velha. E ninguém põe vinho novo em odres velhos, pois o vinho novo rebenta os odres velhos, estragando-se os odres e derramando-se o vinho. Vinho novo deve ser posto em odres novos. Todavia ninguém, depois de beber vinho velho, parece querer o vinho novo, pois diz: ‘O vinho velho é melhor!’ ” Certo sábado, quando Jesus e os seus discípulos estavam passando por um campo de trigo, os discípulos iam quebrando e debulhando as espigas de trigo com as mãos, comendo os grãos. Mas alguns fariseus disseram: “Seus discípulos estão colhendo grão, o que não é permitido no sábado”. Jesus lhes respondeu: “Vocês não leem as Escrituras? Nunca leram o que o rei Davi fez quando ele e seus homens estavam com fome? Ele entrou na casa de Deus e tomou os pães da Oferta, o pão especial que era colocado diante do Senhor, e comeu o que apenas era permitido aos sacerdotes, e o repartiu com os outros”. E Jesus acrescentou: “O Filho do Homem é o Senhor do sábado”. Num outro sábado, ele estava ensinando na sinagoga, e se achava presente um homem que tinha a mão direita aleijada. Os mestres da Lei e os fariseus observavam atentamente para ver se ele curaria o homem naquele dia, visto que era sábado. Eles estavam ansiosos para encontrar algum motivo para acusar Jesus. Como Jesus conhecia os pensamentos deles! Mesmo assim, disse ao homem com a mão aleijada: “Venha cá e fique aqui, onde todos possam vê-lo”. Ele levantou-se e foi. Então Jesus lhes disse: “Eu tenho uma pergunta para vocês. É correto fazer o bem no sábado, ou fazer o mal? Salvar a vida, ou destruí-la?” Depois correu os olhos em volta, olhando um a um, e disse ao homem: “Estenda a mão”. Logo que ele a estendeu, a mão ficou completamente restaurada! Com isso, os inimigos de Jesus ficaram cheios de raiva, e começaram a planejar o que poderiam fazer com Jesus. Certo dia, Jesus foi para o monte orar, e orou a Deus a noite toda. Na manhã seguinte, reuniu seus seguidores e escolheu doze deles para serem o círculo mais íntimo dos seus discípulos. Eles foram nomeados seus apóstolos: Simão, a quem chamou de Pedro; André, irmão de Simão; Tiago; João; Filipe; Bartolomeu; Mateus; Tomé; Tiago, filho de Alfeu; Simão, também chamado de zelote; Judas, filho de Tiago; e Judas Iscariotes, que mais tarde o traiu. Jesus desceu com eles e se acharam numa região plana e ampla, rodeados por muitos dos seus seguidores e por uma imensa multidão, que tinham vindo de toda a Judeia, de Jerusalém e das cidades de Tiro e Sidom, para ouvi-lo ou para serem curados. Os que eram atormentados por espíritos imundos também eram curados. Todos procuravam tocar nele, porque quando conseguiam, saía dele poder curativo, e eles eram sarados. Então ele voltou-se para os seus discípulos e disse: “Felizes são vocês, os pobres, pois o Reino de Deus pertence a vocês! Felizes são vocês que agora sentem fome, porque vão ter fartura! Felizes são vocês que agora choram, porque haverão de rir de alegria! Felizes são vocês, quando forem odiados e os expulsarem e disserem que são maus por causa do Filho do Homem! “Quando isso acontecer, alegrem-se! Sim, pulem de alegria! Porque haverá uma grande recompensa esperando por vocês no céu, juntamente com os profetas antigos, que foram tratados da mesma maneira! “Porém ai de vocês os ricos, pois já receberam felicidade aqui na terra. Ai de vocês, que agora têm fartura e riqueza, porque mais adiante passarão fome. Ai de vocês, que agora riem despreocupados, pois haverão de se lamentar e chorar. Ai de vocês, quando todos falarem bem de vocês, pois os falsos profetas sempre foram tratados assim! “Mas eu digo a vocês que estão me ouvindo: Amem os seus inimigos. Façam o bem àqueles que os odeiam. Abençoem aqueles que amaldiçoam vocês; orem por aqueles que prejudicam vocês. Se alguém lhe bater numa face, deixe-o bater na outra também! Se alguém exigir a sua capa, dê-lhe também a túnica. Dê o que você tem a quem lhe pedir, e quando lhe tomarem as coisas, não exija que as devolvam. Tratem os outros como vocês querem que os outros tratem vocês. “Vocês pensam que merecem elogios só porque amam aqueles por quem são amados? Até os ímpios fazem isso! E se fizerem o bem somente àqueles que fazem bem a vocês, isso é tão extraordinário assim? Até as pessoas de má fama fazem isso! E se vocês emprestarem dinheiro somente a quem pode pagar de volta, que mérito há nisso? Até as pessoas de má fama emprestam a outras esperando receber de volta o que emprestaram. Amem seus inimigos! Façam-lhes o bem! Emprestem a eles! Não se preocupem com o fato de que eles não pagarão de volta. Assim a recompensa que virá do céu para vocês será muito grande, e verdadeiramente vocês serão filhos do Deus Altíssimo; porque ele é bondoso com os ingratos e os maus. Sejam misericordiosos, assim como o Pai de vocês é misericordioso. “Não julguem, e vocês não serão julgados. Não condenem, e vocês não serão condenados. Perdoem, e serão perdoados. Deem aos outros, e será dado a vocês! Suas dádivas voltarão a vocês em medida cheia, calcada, sacudida e transbordante. A medida que vocês usarem, será usada para medir vocês”. Jesus fez as seguintes comparações: “Que adianta um cego guiar outro cego? Ele cairá no buraco e puxará o outro consigo. O discípulo não está acima do seu mestre, mas, se ele se esforçar, poderá aprender tanto quanto o seu mestre. “E por que reparar o cisco no olho do irmão quando não percebe que tem uma viga no seu próprio olho? Como você pode pensar em dizer-lhe: ‘Irmão, eu o ajudo a livrar-se desse cisco no seu olho’, quando você não pode ver a viga que está em seu próprio olho? Hipócrita! Livre-se primeiro da viga do seu olho, e então você poderá ver claramente para cuidar do cisco do seu irmão! “Uma árvore de boa qualidade não dá fruto ruim, nem uma árvore de má qualidade dá fruto bom. Uma árvore é conhecida pela qualidade do seu fruto. Ninguém colhe figos de espinheiros, nem uvas em árvores espinhosas! Um homem bom, de seu bom coração produz boas obras. E um homem mau, da sua maldade produz más obras. Porque a sua boca fala do que está cheio o coração. “Por que vocês me chamam ‘Senhor, Senhor’, se não me obedecem? Porém todo aquele que vem a mim, ouve as minhas palavras e me obedece, é como um homem que constrói uma casa sobre um alicerce sólido, posto em cima da rocha firme. Quando vier a inundação, e as águas baterem contra aquela casa, ela continuará em pé, pois está solidamente construída. Porém aquele que ouve a minha palavra e não obedece é como um homem que constrói uma casa sem alicerce. Quando as águas baterem naquela casa, cairá e será desmanchada num montão de ruínas”. Quando Jesus terminou seu sermão dirigido ao povo, voltou para a cidade de Cafarnaum. Bem naquela ocasião estava doente e prestes a morrer um escravo muito estimado por seu senhor, um centurião do exército romano. Quando o centurião ouviu falar a respeito de Jesus, mandou alguns anciãos judaicos pedirem ao Mestre que fosse curar o servo dele. Chegando a Jesus, começaram a pedir com insistência a Jesus que fosse com eles e socorresse o homem. Contaram-lhe que pessoa admirável era o centurião. “Se alguém merece a sua ajuda, é ele”, diziam, “porque ama o nosso povo, e até construiu uma sinagoga para nós!” Então Jesus foi com eles; porém pouco antes de chegar lá, o centurião romano mandou alguns amigos para dizer: “Senhor, não se incomode em vir à minha casa, porque eu não sou digno de tanta honra, nem de ir ao seu encontro. Fale apenas uma palavra, e o meu servo será curado! Eu sei, porque eu também estou debaixo da autoridade dos meus oficiais superiores, e tenho autoridade sobre os meus homens. Só preciso dizer a um deles: ‘Vá’, e ele vai; e a outro: ‘Venha’, e ele vem; digo a meu servo: ‘Faça isto’, e ele faz”. Ao ouvir isso, Jesus ficou maravilhado. Voltando-se para a multidão, disse: “Nunca encontrei entre todos os judeus de Israel um homem com tanta fé!” E quando os amigos do centurião voltaram para a casa dele, acharam o servo completamente curado! Não passou muito tempo depois disso, e Jesus foi com os seus discípulos a uma cidade chamada Naim, sendo acompanhados pelos seus discípulos e uma grande multidão. Quando ele se aproximou do portão da cidade, estava saindo um enterro. O rapaz que havia morrido era o único filho de uma viúva, e uma grande multidão da cidade estava com ela. Quando Jesus a viu, o coração dele encheu-se de compaixão. “Não chore!”, disse. E indo até o caixão, tocou nele, e os carregadores pararam. “Jovem”, disse Jesus, “eu lhe digo: levante-se”. Então o jovem sentou-se e começou a falar com aqueles que estavam ao seu redor! E Jesus o entregou à sua mãe. Todos ficaram com muito medo, e glorificavam a Deus, dizendo: “Um poderoso profeta levantou-se entre nós. Vimos a mão de Deus agindo hoje em favor do seu povo”. A notícia sobre Jesus espalhava-se pela Judeia de ponta a ponta, e regiões circunvizinhas. Os discípulos de João Batista logo souberam de tudo o que Jesus estava fazendo. Quando eles falaram a João a respeito disso, ele mandou dois dos seus discípulos a Jesus para perguntar-lhe: “O Senhor é realmente o Messias, ou devemos esperar algum outro?” Os dois discípulos encontraram Jesus e disseram: “João Batista nos enviou para perguntarmos ao Senhor: ‘O Senhor é realmente o Messias, ou devemos esperar algum outro?’ ” Naquele momento Jesus estava curando muita gente de diversas doenças, devolvendo a vista aos cegos e expulsando espíritos malignos. Quando eles fizeram a pergunta, foi esta a resposta de Jesus: “Voltem a João e digam-lhe tudo o que vocês viram e ouviram: Os cegos veem! Os coxos andam! Os leprosos estão curados! Os surdos ouvem! Os mortos ressuscitaram! E os pobres estão ouvindo as boas-novas! E digam-lhe: ‘Feliz é aquele que não me considera uma causa de tropeço’ ”. Depois que os mensageiros foram embora, Jesus falou à multidão a respeito de João. “Quem é esse homem que vocês saíram para ver no deserto da Judeia?”, perguntou ele. “Um homem fraco como um caniço, que se agita por qualquer sopro de vento? Ou o que vocês foram ver? Vocês encontraram um homem vestido de roupas finas? Ora, os homens que vivem no luxo ficam nos palácios, não no deserto. Mas o que vocês foram ver? Um profeta? Ele é mais do que um profeta. É a ele que as Escrituras se referem quando dizem: ‘Vejam! Eu estou mandando um mensageiro adiante do Senhor, para preparar o seu caminho’. Eu lhes digo que entre os que nasceram de mulher não há ninguém maior do que João. Mas o menor no Reino de Deus é maior do que ele”. E todos os que ouviam João pregar, até os cobradores de impostos, ouvindo a palavra de Jesus, reconheciam a justiça de Deus, e eram batizados por João. Menos os fariseus e os mestres da lei. Estes rejeitavam o plano de Deus para eles e não aceitaram o batismo de João. “Que posso dizer a respeito de tais homens?”, perguntou Jesus. “Com quem posso comparar os homens desta geração? São como um grupo de crianças, sentadas na praça gritando com seus amigos: ‘Vocês não gostam quando tocamos música alegre, e também não gostam quando tocamos música de enterro’. Pois João Batista costumava jejuar e não beber vinho, em toda a sua vida, e vocês diziam: ‘Ele está dominado por um demônio!’ Então veio o Filho do Homem, comendo e bebendo vinho; e vocês dizem: ‘Que comilão é Jesus! E ele bebe vinho também, e é amigo de cobradores de impostos e pessoas de má fama’. Mas aqueles que aceitam a sabedoria mostram que ela é verdadeira”. Um dos fariseus pediu a Jesus que fosse almoçar em sua casa, e Jesus aceitou o convite. Quando eles se acomodaram para comer, uma mulher, prostituta, soube que ele estava lá e trouxe um delicado frasco de alabastro com um perfume caro. Ela se ajoelhou atrás de Jesus, a seus pés, chorando, até que os pés dele ficaram molhados com as lágrimas dela. Depois ela os enxugou com os cabelos, e os beijou, derramando o perfume sobre eles. Quando o dono da casa, que era fariseu, viu o que estava acontecendo e quem era a mulher, disse consigo mesmo: “Isso prova que Jesus não é um profeta, porque se fosse ele saberia quem está tocando nele e que espécie de mulher ela é: uma ‘pecadora’ ”. Então Jesus falou ao fariseu: “Simão, tenho algo para dizer-lhe”. “Pois não, Mestre”, respondeu Simão, “diga”. “Um homem emprestou dinheiro a duas pessoas. Um lhe devia quinhentas moedas de prata e o outro cinquenta. Porém nenhum dos dois podia pagar-lhe, então ele generosamente perdoou a dívida de ambos! Qual você pensa que o amará mais depois disto?” “Suponho que aquela pessoa a quem foi perdoada a dívida maior”, respondeu Simão. “Você está certo”, concordou Jesus. Então ele se voltou para a mulher e disse a Simão: “Olhe! Veja esta mulher ajoelhada aqui! Quando eu entrei na sua casa, você não se deu ao trabalho de me oferecer água para lavar a poeira dos pés, porém ela os lavou com suas lágrimas e os enxugou com os cabelos! Você deixou de me dar o costumeiro beijo de saudação, porém ela beijou meus pés diversas vezes desde a hora em que eu entrei aqui. Você se esqueceu da cortesia comum de colocar óleo em minha cabeça, porém ela me cobriu os pés com um perfume raro. Portanto, os pecados dela — que são muitos — foram perdoados, pois ela me amou muito; mas aquele a quem pouco foi perdoado, pouco ama”. Ele disse à mulher: “Os seus pecados estão perdoados”. Então os homens que estavam à mesa disseram consigo mesmos: “Quem este homem pensa que é, andando por aí a perdoar pecados?” E Jesus disse à mulher: “A sua fé salvou você; vá em paz”. Não muito tempo depois disso, ele passou pelas cidades e aldeias da Galileia para anunciar a vinda do Reino de Deus; e levava consigo os seus doze discípulos. Iam também algumas mulheres que ele havia curado, ou de quem havia expulsado espíritos malignos; entre elas estavam Maria Madalena (de quem Jesus havia expulsado sete demônios), Joana, esposa de Cuza, administrador do rei Herodes e que estava a cargo do palácio e dos seus negócios domésticos, Suzana, e muitas outras que contribuíam com seus recursos próprios para o sustento de Jesus e seus discípulos. Um dia ele contou esta parábola para uma grande multidão que queria ouvi-lo, enquanto muitos outros ainda estavam vindo de outras cidades: “Um lavrador saiu ao campo para semear. Quando lançava as sementes no solo, algumas caíram à beira do caminho e eram pisadas; as aves vieram e as comeram. Outras sementes caíram em solo raso, com pedra por baixo. Estas começaram a crescer, mas logo murcharam e morreram por falta de umidade. Outras caíram entre os espinhos, que sufocaram todas elas enquanto cresciam juntos. Ainda outras caíram em terra boa; estas cresceram e deram boa colheita, de 100 por um”. Ao terminar, disse: “Aquele que tem ouvidos para ouvir, que ouça!” Seus discípulos perguntaram-lhe o que significava aquela parábola. E Jesus respondeu: “Deus lhes deixou saber os mistérios do seu Reino. Porém a este povo falo por meio de parábolas, para que ‘vendo, não vejam; e ouvindo, não entendam’. “Este é o significado da parábola: A semente é a palavra de Deus. O caminho duro onde caíram algumas sementes representa os corações duros daqueles que ouvem as palavras de Deus, mas o diabo logo vem e rouba as palavras do coração para que não creiam e não sejam salvos. As sementes que caíram sobre as pedras representam aqueles que têm prazer em ouvir a palavra, mas não têm raiz. Eles creem por algum tempo, mas quando sopram os ventos fortes da provação, perdem o interesse. As sementes que caíram entre os espinhos representam aqueles que ouvem as palavras de Deus, mas são sufocados pela preocupação, pelas riquezas, responsabilidades e prazeres da vida. Assim, eles nunca amadurecem. Mas a terra boa representa as pessoas que, com coração bom e generoso, ouvem as palavras de Deus e as retêm, e dão fruto com perseverança”. “Quem alguma vez já ouviu alguém acender uma lamparina e logo colocá-la debaixo de uma cama, para que não brilhe? Na verdade as lamparinas são colocadas em um lugar próprio onde todos os que entram possam ver a luz. Isso mostra a verdade de que não há nada oculto que não venha a ser revelado, e nada escondido que não venha a ser descoberto e trazido à luz. Portanto, tomem cuidado na maneira como ouvem; a qualquer um que tiver, lhe será dado mais; qualquer que não tiver, até o que ele pensa que tem, será tirado dele”. Certa vez, quando a mãe e os irmãos de Jesus vieram vê-lo, não podiam entrar na casa onde ele estava ensinando por causa da multidão. Então alguém lhe disse: “Sua mãe e seus irmãos estão lá fora e querem vê-lo”. Mas Jesus disse: “Minha mãe e meus irmãos são todos aqueles que ouvem a mensagem de Deus e a praticam”. Certo dia, quando Jesus e os discípulos estavam num barco, ele quis que atravessassem para o outro lado do lago. Durante a travessia, deitou-se para dormir, e enquanto estava dormindo, o vento começou a aumentar. Levantou-se uma grande tempestade, que estava enchendo o barco, e eles corriam sério perigo. Os discípulos foram depressa e o despertaram. “Mestre, Mestre estamos naufragando!”, gritavam eles. Então ele se levantou e repreendeu a tempestade, e o vento e as ondas acalmaram-se, ficando tudo tranquilo! Aí ele lhes perguntou: “Onde está a sua fé?” Ele ficaram cheios de espanto e admirados, e diziam uns aos outros: “Quem é este, que até os ventos e as ondas lhe obedecem?” Nisso chegaram ao outro lado do lago, para a região dos gadarenos em frente da Galileia. Quando Jesus estava saindo do barco, um homem da cidade de Gadara veio-lhe ao encontro; estava endemoninhado havia muito tempo. Sem casa e sem roupa, vivia no cemitério, entre os sepulcros. Logo que viu Jesus, deu um grito e caiu aos seus pés, e disse em alta voz: “Que quer comigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Por favor, eu suplico, não me atormente!” Pois Jesus já havia ordenado ao demônio que saísse dele. Este muitas vezes havia dominado o homem, de tal modo que mesmo quando preso com correntes nos pés e nas mãos, aos cuidados de guardas, logo arrebentava tudo e corria para o deserto, inteiramente dominado pelo demônio. “Qual é o seu nome?”, perguntou Jesus. “Legião”, respondeu ele, porque o homem estava dominado por muitos demônios! E imploraram para que não os mandasse para o Abismo. Ali perto havia uma grande manada de porcos comendo na encosta da colina, e os demônios rogavam-lhe que os deixasse entrar nos porcos. E Jesus lhes deu permissão. Então os demônios deixaram o homem e entraram nos porcos, que imediatamente se jogaram por um despenhadeiro abaixo, em direção ao lago, onde todos se afogaram. Vendo o que acontecera, os que cuidavam dos porcos fugiram para a cidade próxima, espalhando a notícia, enquanto corriam pelo campo. Logo uma multidão saiu para ver com os próprios olhos o que havia acontecido, e viram o homem que tinha estado endemoninhado sentado calmamente aos pés de Jesus, vestido e em perfeito juízo! A multidão toda ficou com medo. Então aqueles que haviam visto isso acontecer, contavam como o homem possesso de demônio tinha sido libertado. E todo mundo pediu a Jesus que fosse embora e os deixasse em paz, pois uma onda de grande medo tinha tomado conta deles. Então ele voltou ao barco e partiu, atravessando outra vez o lago. O homem que tinha estado possesso de demônio pediu para ir também, mas Jesus não deixou. “Volte para sua família”, disse-lhe ele, “e conte-lhes que coisa maravilhosa Deus fez com você”. Então, o homem foi pela cidade inteira contando a todos o que Jesus havia feito por ele. No outro lado do lago o povo recebeu Jesus de braços abertos, pois o estavam esperando. Então um homem chamado Jairo, dirigente de uma sinagoga judaica, veio e caiu aos pés de Jesus, pedindo-lhe que fosse à sua casa com ele, porque estava à morte sua única filha, uma menina de doze anos. Jesus foi com ele, abrindo caminho no meio da multidão que o comprimia. Enquanto eles iam, veio uma mulher que queria ser curada, porque sofria de uma hemorragia havia doze anos. Embora tivesse gasto com médicos tudo o que tinha, ela não tinha sido curada. Ela veio por trás e tocou na borda do seu manto e no mesmo instante a hemorragia parou. “Quem tocou em mim?”, perguntou Jesus. Todos negaram, e Pedro disse: “Mestre, são tantos os que se juntam em torno do Senhor”. Mas Jesus lhe disse: “Alguém tocou em mim, porque eu senti que saiu poder de mim”. Quando a mulher percebeu que Jesus já sabia, começou a tremer e caiu de joelhos diante dele. Diante de todo o povo contou por que tinha tocado nele e como tinha sido curada na hora. “Filha”, disse-lhe Jesus, “a sua fé curou você! Vá em paz”. Enquanto Jesus ainda estava falando com a mulher, chegou um mensageiro da casa de Jairo, o dirigente da sinagoga, e disse a Jairo: “A sua filha morreu. Não adianta incomodar o Mestre agora”. Porém quando Jesus soube o que havia acontecido, disse a Jairo: “Não tenha medo! Apenas confie em mim, e ela será curada”. Quando eles chegaram à casa de Jairo, Jesus não deixou entrar ninguém no quarto, a não ser Pedro, João e Tiago e o pai e a mãe da menina. A casa estava cheia de gente se lamentando e chorando, porém ele disse: “Parem de chorar! Ela não está morta; está apenas dormindo!” Isso fez com que zombassem e rissem dele, porque todos sabiam que ela estava morta. Então Jesus a tomou pela mão e disse: “Menina, levante-se!” Naquele mesmo instante a vida dela voltou e logo ficou em pé! “Deem alguma coisa para ela comer!”, disse Jesus. Os pais dela ficaram maravilhados, mas Jesus insistiu em que eles não contassem a ninguém o que tinha acontecido. Um dia Jesus reuniu seus doze discípulos e deu-lhes poder e autoridade para expulsar todos os demônios e para curar doenças. Depois os enviou para falar a todo mundo a respeito da vinda do Reino de Deus e para curar os enfermos. “Não levem com vocês nem um bordão”, recomendou-lhes, “nem sacola, nem pão, nem dinheiro, nem mesmo uma túnica de sobra. Hospedem-se em apenas uma casa em cada aldeia. Se o povo de uma cidade não quiser ouvir vocês quando entrarem, sacudam a poeira dos seus pés quando saírem daquela cidade, como sinal de protesto contra a cidade”. Então eles começaram a percorrer as aldeias, pregando a boa-nova e curando os doentes por toda parte. Quando as informações dos milagres de Jesus chegaram ao governador Herodes, o tetrarca, ele ficou perturbado e confuso, pois alguns estavam dizendo: “Este é João Batista, que ressuscitou dos mortos”; e outros: “É Elias ou algum outro profeta antigo que se levantou dentre os mortos”. Esses boatos estavam circulando por toda a região. “Eu cortei a cabeça de João”, dizia Herodes, “portanto, quem é esse homem, de quem eu ouço essas coisas?” E ele procurava ver Jesus. Depois que os discípulos voltaram a Jesus e contaram o que haviam feito, eles se retiraram para a cidade de Betsaida. Mas o povo descobriu para onde ele estava indo, e foi atrás. Ele os recebeu bem, ensinando-lhes mais uma vez acerca do Reino de Deus e curando os que estavam doentes. Ao fim da tarde os doze discípulos vieram e lhe sugeriram que mandasse o povo embora para as aldeias e propriedades dos arredores, a fim de arranjarem comida e abrigo para a noite: “Pois não há nada para comer aqui neste lugar deserto”, disseram eles. Mas Jesus respondeu: “Deem vocês comida a eles!” “Como, se temos apenas cinco pães e dois peixes?”, protestaram eles. “Nem poderíamos comprar comida para toda essa multidão”. Havia ali cerca de 5.000 homens! “Digam-lhes apenas que se sentem no chão em grupos de cinquenta”, respondeu Jesus. E assim fizeram eles, e todos se assentaram. Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes, levantou os olhos para o céu e deu graças; depois partiu em pedaços para os discípulos servirem à multidão. Todos comeram à vontade; e ainda foram recolhidos doze cestos cheios de pedaços que sobraram! Um dia, quando estava orando sozinho, com os seus discípulos por perto, Jesus aproximou-se e perguntou-lhes: “Quem o povo está dizendo que eu sou?” “João Batista”, disseram-lhe eles, “outros, Elias, ou um dos outros profetas antigos que se levantou dentre os mortos”. Então ele perguntou-lhes: “Quem vocês dizem que eu sou?” Pedro respondeu: “O Cristo de Deus!” Jesus deu-lhes ordens rigorosas para não falarem isso a ninguém. “Porque é necessário que o Filho do Homem sofra muito”, disse ele, “seja rejeitado pelos líderes religiosos, pelos sacerdotes principais e pelos mestres da lei e seja morto e ressuscitado no terceiro dia!” Então ele disse a todos: “Aquele que quiser me seguir, deve pôr de lado seus próprios desejos e carregar sua cruz cada dia, e me acompanhar! Quem insistir em salvar a sua vida, a perderá; mas quem perder a sua vida por minha causa, a salvará; e que vantagem há em ganhar o mundo inteiro, e perder a vida ou ser destruído? Quando o Filho do Homem vier na sua glória e na glória do Pai e dos anjos, ele se envergonhará de todos aqueles que agora se envergonham dele e das suas palavras. Porém, esta é a pura verdade: alguns de vocês que se acham aqui não morrerão antes de verem o Reino de Deus!” Oito dias depois Jesus levou consigo Pedro, João e Tiago e subiu num monte para orar. E quando ele estava orando, seu rosto começou a se transformar, e suas roupas ficaram brancas e brilhantes como o brilho de um relâmpago. Então apareceram dois homens e começaram a falar com Jesus. Eram Moisés e Elias! Eram de uma aparência esplendorosa e gloriosa; estavam falando da partida de Jesus de Jerusalém, que iria acontecer de acordo com os planos de Deus. Pedro e os outros estavam muito sonolentos e adormeceram. Mas acordaram e viram Jesus cercado de brilho e de glória, e dois homens que estavam com ele. Quando Moisés e Elias iam se retirando, Pedro, todo confuso e não sabendo nem o que estava dizendo, falou: “Mestre, isso é maravilhoso! Vamos armar três abrigos, um para o Senhor, um para Moisés e outro para Elias!” Mas, no mesmo instante em que ele estava dizendo isto, uma nuvem surgiu e os envolveu, e o medo tomou conta deles quando a nuvem os cobriu. E uma voz da nuvem disse: “Este é meu Filho, meu escolhido, a quem vocês devem ouvir”. Então, quando a voz parou de falar, Jesus estava sozinho com seus discípulos. Eles não contaram a ninguém o que tinham visto até muito tempo depois. No outro dia, quando desceram do monte, uma enorme multidão veio ao encontro dele, e um homem da multidão gritou: “Mestre, este menino aqui é o meu único filho, e um espírito o domina, fazendo-o gritar. Ele tem convulsões, de modo que espuma pela boca; o demônio dificilmente o deixa em paz e o está maltratando. Eu pedi aos seus discípulos que o expulsassem, porém eles não conseguiram”. “Ó geração sem fé!”, disse Jesus aos seus discípulos. “Até quando estarei com vocês e terei de suportá-los? Tragam o menino aqui”. Quando o menino ia chegando, foi jogado no chão pelo demônio, numa violenta convulsão. Mas Jesus repreendeu o espírito imundo, e curou o menino, entregando-o ao seu pai. O espanto apoderou-se do povo diante da grandeza e poder de Deus. Enquanto isso, como estavam admirados de todas as coisas maravilhosas que ele estava fazendo, Jesus disse aos seus discípulos: “Ouçam-me e lembrem-se do que eu vou dizer a vocês: O Filho do Homem será traído e entregue nas mãos dos homens”. Mas os discípulos não sabiam o que ele queria dizer, porque suas mentes estavam fechadas, e tinham medo de perguntar-lhe a respeito dessa palavra. Ora, surgiu entre eles uma discussão sobre qual deles seria o maior. Mas Jesus, conhecendo os pensamentos deles, pôs uma criancinha em pé, ao seu lado, dizendo-lhes: “Quem recebe esta criança em meu nome, está recebendo a mim! E quem me recebe, está recebendo aquele que me enviou. O seu cuidado pelos outros é a medida da grandeza de vocês”. Seu discípulo João veio a ele e disse: “Mestre, nós vimos alguém usando o seu nome para expulsar demônios, e lhe proibimos de fazê-lo. Afinal, ele não está no nosso grupo”. Mas Jesus disse: “Vocês não deviam ter agido assim! Porque todo aquele que não está contra vocês, está a favor de vocês”. Como se aproximava o tempo da sua volta para o céu, Jesus resolveu decididamente ir para Jerusalém. Ele enviou mensageiros adiante a fim de reservarem hospedagem numa aldeia samaritana, Porém foram mandados embora! O povo da aldeia não quis recebê-los, porque se dirigiam a Jerusalém. Quando veio a notícia do que tinha acontecido, os discípulos Tiago e João disseram a Jesus: “Senhor, podemos pedir que caia fogo do céu para queimar todos eles?” Mas Jesus voltou-se e chamou a atenção deles, dizendo: “Vocês não percebem com que se parece o coração de vocês. Porque o Filho do Homem não veio para destruir a vida dos homens, mas para salvá-la”. E eles foram adiante, para outra aldeia. Quando iam passando, alguém disse a Jesus: “Eu o seguirei sempre, aonde quer que for”. Mas Jesus respondeu: “Eu não possuo nem um lugar para encostar a cabeça. As raposas têm covas para morar, e os pássaros têm ninhos, porém o Filho do Homem não tem onde repousar a sua cabeça aqui na terra”. A outro ele disse: “Siga-me”. Mas o homem respondeu: “Senhor, permita-me ir primeiro sepultar meu pai”. Jesus respondeu: “Deixe que os mortos sepultem seus próprios mortos; o seu dever é vir e proclamar o Reino de Deus”. Ainda outro disse: “Sim, Senhor, eu irei, mas deixa-me primeiro voltar e despedir-me da minha casa”. Mas Jesus lhe disse: “Todo aquele que põe a mão no arado e olha para trás não está apto para o Reino de Deus”. Depois disto o Senhor escolheu outros 70 discípulos e os enviou na frente, dois a dois, às cidades e aldeias que ele pretendia visitar mais tarde. Estas foram suas instruções a eles: “Roguem ao Senhor da colheita que envie mais trabalhadores para ajudarem vocês, porque a safra é grande, mas os trabalhadores são poucos. Agora vão, e lembrem-se de que estou enviando vocês como cordeiros no meio de lobos. Não levem dinheiro algum, nem saco de viagem, nem mesmo um par de sandálias extras. E não percam tempo saudando pessoas pelo caminho. “Sempre que entrarem em uma casa, digam primeiro: Paz nesta casa. Havendo ali um homem de paz, a paz de vocês repousará sobre ele; se não, ela voltará a vocês. Quando entrarem numa aldeia, fiquem em uma casa só, comendo e bebendo o que os moradores oferecerem. Podem aceitar hospedagem, porque o trabalhador é digno do seu salário! Não fiquem mudando de casa em casa. “Se uma cidade os acolher, comam qualquer alimento que puserem diante de vocês. Curem os enfermos dali e digam-lhes: ‘O Reino de Deus agora está muito perto de vocês!’ Porém, se não forem recebidos numa cidade, saiam às ruas e digam: ‘Nós estamos limpando dos nossos pés o pó desta cidade como um anúncio público contra vocês. Nunca se esqueçam de que o Reino de Deus está próximo!’ Eu digo a vocês: Até Sodoma estará em melhor situação no Dia do Juízo do que aquela cidade. “Que sofrimentos estão reservados às cidades de Corazim e Betsaida! Porque se os milagres que foram realizados entre vocês tivessem sido feitos nas cidades de Tiro e Sidom, há muito tempo teriam se arrependido, vestindo-se de pano de saco e jogando cinza na cabeça como sinal de sua tristeza. Sim, Tiro e Sidom receberão menos castigo no Dia do Juízo do que estas cidades. E você, Cafarnaum, que direi a seu respeito? Será exaltada até o céu? Não, será levada às profundezas do inferno”. Então ele disse aos discípulos: “Aqueles que derem ouvidos a vocês estão dando ouvidos a mim. Aqueles que rejeitarem vocês estão me rejeitando. E aqueles que me rejeitam estão rejeitando aquele que me enviou”. Quando os 70 discípulos voltaram, contaram-lhe alegres: “Senhor, até os demônios nos obedecem, em seu nome”. “Sim”, disse-lhes ele, “eu vi Satanás caindo do céu como o clarão de um relâmpago! Eu lhes dei autoridade sobre as forças do inimigo para pisar sobre serpentes e escorpiões! Nada fará mal a vocês! Contudo, o maior motivo de alegria não é que os demônios obedecem a vocês, mas que os seus nomes estão registrados nos céus”. Nisto Jesus ficou cheio da alegria do Espírito Santo e disse: “Eu o louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, por ter escondido estas coisas dos intelectuais e dos sábios, e revelado aos pequeninos. Sim, eu lhe agradeço, Pai, porque isso foi do seu agrado. “Tudo me foi entregue por meu Pai; e ninguém conhece realmente o Filho, a não ser o Pai; e ninguém conhece realmente o Pai, a não ser o Filho e aqueles a quem o Filho o quiser revelar”. Então, voltando-se para os doze discípulos, ele lhes disse em particular: “Felizes aqueles que podem ver o que vocês estão vendo! Pois eu lhes digo que muitos profetas e reis do passado desejaram muito ver e ouvir o que vocês têm visto e ouvido, mas não ouviram!” Um dia um especialista da Lei veio para pôr Jesus à prova, fazendo-lhe esta pergunta: “Mestre, o que preciso fazer para herdar a vida eterna?” Jesus respondeu: “Que diz a lei de Moisés a esse respeito?” Ele respondeu: “ ‘Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todas as suas forças, e de todo o seu entendimento’ e ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’ ”. “Você respondeu corretamente!”, disse-lhe Jesus. “Faça isso e viverá!” Mas o homem queria justificar-se, e por isso perguntou a Jesus: “Quem é o meu próximo?” Jesus respondeu com a seguinte história: “Certo homem que fazia uma viagem descendo de Jerusalém para Jericó foi atacado por bandidos. Estes tiraram suas roupas, bateram nele e o deixaram caído quase morto ao lado da estrada. Por acaso, passou por ali um sacerdote; quando ele viu o homem caído ali, atravessou para o outro lado da estrada e passou de longe. E assim também passou um levita; quando chegou ao lugar e viu o homem, também deixou o homem caído ali. Porém veio um samaritano, e quando o viu, sentiu grande pena dele. Ajoelhando-se ao lado dele, o samaritano derramou vinho e óleo nas feridas e fez os curativos. Depois colocou o homem em seu jumento e levou-o até uma hospedaria, onde cuidou dele. No dia seguinte entregou ao dono da hospedaria duas moedas e disse a ele: ‘Cuide dele. Quando eu voltar, pagarei o que você gastar a mais com ele’. “Ora, qual destes três você diria que foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos bandidos?” O especialista da lei respondeu: “Aquele que mostrou misericórdia por ele”. Então Jesus disse: “Correto. Agora vá e faça o mesmo”. Quando Jesus e os seus discípulos continuavam em seu caminho para Jerusalém, chegaram a uma aldeia onde uma mulher chamada Marta deu-lhes hospedagem. Maria, irmã dela, sentou-se aos pés de Jesus, ouvindo o que ele tinha para falar. Porém Marta se preocupava com todo o serviço. Então ela veio a Jesus e disse: “Senhor, não lhe parece injusto que minha irmã fique sentada aqui, enquanto eu faço todo o trabalho? Diga-lhe que venha me ajudar”. Mas o Senhor respondeu: “Marta, Marta, você se encontra tão preocupada com todos esses serviços caseiros! Há realmente apenas uma coisa necessária com que devemos nos preocupar. E Maria descobriu o que é, e ninguém poderá tirar isso dela!” Numa ocasião em que Jesus estava fora, orando, um dos seus discípulos veio, quando ele terminou, e disse-lhe: “Senhor, ensine-nos a orar, como João ensinou aos seus discípulos”. Esta foi a oração que ele lhes ensinou: “Pai! Que o seu nome seja reverenciado pela sua santidade; venha o seu Reino. Dê-nos o nosso alimento dia a dia, e perdoe os nossos pecados, porque nós também perdoamos aqueles que pecaram contra nós. E não nos deixe cair em tentação”. Depois, ensinando-lhes mais a respeito da oração, ele disse: “Suponhamos que à meia-noite você fosse à casa de um amigo e dissesse a ele: ‘Amigo, empreste-me três pães, porque um amigo meu acaba de chegar para visitar-me e eu não tenho nada para lhe oferecer’. “Ele responde então do quarto: ‘Por favor, não peça para eu me levantar. A porta já está trancada para passar a noite, e eu e meus filhos já estamos na cama. Desta vez, infelizmente, não posso me levantar e dar a você o que me pede’ Eu digo a vocês: Embora ele não o faça por ser seu amigo, se você continuar a bater na porta, ele se levantará e lhe dará tudo quanto você precisar, por causa da sua insistência. “Por isso eu lhes digo: Peçam e vocês receberão; procurem e vocês acharão; batam, e a porta se abrirá. Pois todo aquele que pede, recebe; todos os que buscam, encontram; e a porta se abre a todo aquele que bate. “Pergunto a vocês que são pais: Se o seu filho pedir pão, você como pai lhe dará uma pedra? Se ele pedir peixe, você lhe dará uma cobra? Ou se ele pedir um ovo, você lhe dará um escorpião? E se pecadores como vocês dão aos filhos o que eles precisam, quanto mais o Pai que está nos céus dará o Espírito Santo àqueles que o pedirem”. Certa ocasião Jesus estava expulsando um demônio de um homem mudo. Quando o demônio saiu, o mudo voltou a falar e a multidão ficou admirada. Mas alguns deles disseram: “Não admira que ele possa expulsar os demônios. Ele consegue fazer isso pelo poder de Belzebu, o príncipe dos demônios!” Outros pediam que fizesse um sinal do céu para colocá-lo à prova. Mas Jesus, conhecendo os pensamentos de cada um deles, disse: “Qualquer reino dividido estará condenado; assim também o lar dividido será destruído. Portanto, se o que vocês dizem é verdade, que Satanás está guerreando consigo mesmo, dando-me poder para expulsar os seus demônios, como pode sobreviver o reino dele? E se eu estou autorizado por Belzebu para expulsar demônios, por quem os expulsam os filhos de vocês? Eles, pois, serão os juízes sobre vocês. Porém, se eu estou expulsando demônios por meio do poder de Deus, isso prova que o Reino de Deus chegou a vocês. “Pois quando um homem forte e bem armado guarda a sua casa, seus bens estão seguros, até que alguém mais forte e mais bem armado o ataque e derrote, tirando as armas em que confiava, e reparta tudo o que roubou. “Aquele que não é por mim é contra mim; se comigo não ajunta, espalha. “Quando um espírito imundo é expulso de um homem, vai para lugares secos, procurando descanso ali, porém, não achando, volta para a casa que ele deixou, e descobre que sua antiga morada está toda varrida e limpa. Então vai e procura outros sete espíritos piores do que ele, e eles passam a morar ali. Assim o homem fica numa situação pior do que antes”. Enquanto Jesus estava falando, certa mulher da multidão gritou: “Bendita seja a mulher que o deu à luz e o amamentou”. Ele respondeu: “Sim, mas ainda mais abençoados são todos aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática”. Juntando-se à multidão, Jesus começou a dizer: “Estes são tempos maus, de gente má. Insistem em pedir um sinal dos céus, porém a única prova que eu lhes darei é um sinal igual àquele de Jonas, cujas experiências provaram ao povo de Nínive que Deus o havia enviado. Assim o Filho do Homem provará que Deus o enviou a esta geração. E no Dia do Juízo a rainha de Sabá vai levantar-se e apontar o dedo para esta geração, condenando-a, porque ela fez uma longa e cansativa viagem para ouvir a sabedoria de Salomão; mas aqui está um que é maior do que Salomão. Os homens de Nínive também se levantarão para condenar esta geração, porque eles se arrependeram com a pregação de Jonas; e aqui está alguém que é maior do que Jonas. “Ninguém acende uma lamparina e depois a coloca num lugar onde fique escondida ou debaixo de um cesto! Pelo contrário, procura colocar num lugar apropriado para fornecer luz a todos aqueles que entrarem. Os olhos iluminam o corpo. Se os olhos forem puros, todo o seu corpo estará cheio de luz. Mas quando os olhos forem maus, o seu corpo ficará na escuridão. Portanto, tome cuidado para que a luz dentro de você não fique cheia de trevas. Se todo o seu corpo estiver repleto de luz, sem que partes dele estejam em trevas, então tudo estará iluminado, como se uma lamparina estivesse sobre você”. Enquanto ele estava falando, um dos fariseus pediu que fosse à sua casa para uma refeição. Quando Jesus chegou, tomou lugar para comer, sem realizar a cerimônia de lavar-se, segundo o costume judaico. O fariseu estranhou esse fato. Então o Senhor disse a ele: “Vocês, fariseus, lavam o exterior do copo e do prato, porém por dentro ainda continuam sujos, cheios de ganância e maldade! Que tolos! Quem fez o exterior não fez também o interior? A pureza é mais bem demonstrada pela generosidade, por isso deem o que vocês têm, e verão que tudo ficará limpo. “Porém, ai de vocês, fariseus! Pois embora sejam cuidadosos em dar o dízimo até da hortelã, da arruda e de todas as verduras, esquecem completamente a justiça e o amor de Deus. Vocês deveriam dar o dízimo, mas sem deixar de fazer essas outras coisas. “Ai de vocês, fariseus! Como vocês gostam dos lugares de honra nas sinagogas e dos cumprimentos respeitosos de todo mundo quando vão passando pelas praças! “Ai de vocês, porque são como sepulturas escondidas. Os homens passam por cima delas sem o saber”. “Mestre”, disse um dos estudiosos das leis que se achava ali, “minha classe também foi atingida com o que o Senhor acaba de dizer”. “Sim”, disse Jesus, “quanto a vocês especialistas na lei, ai de vocês também, porque esmagam os homens debaixo de fardos difíceis de carregar, e vocês mesmos não levantam um dedo para ajudá-los. “Ai de vocês, porque fazem túmulos bonitos para os profetas, os mesmos profetas que os seus antepassados mataram. Assim vocês se mostram cúmplices naquilo que os seus pais fizeram, pois eles mataram os profetas e vocês edificam seus túmulos. Isto é o que Deus diz a esse respeito: ‘Eu lhes enviarei profetas e apóstolos, e vocês matarão alguns e a outros perseguirão’. E vocês, desta geração, serão considerados responsáveis pelo sangue dos servos de Deus desde a fundação do mundo: desde o sangue de Abel até o sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o santuário. Sim, eu afirmo a vocês que esta geração será considerada responsável por tudo isso. “Ai de vocês, especialistas da Lei! Pois guardam a chave que abre a porta do conhecimento. Vocês mesmos não entram, e impedem os outros de terem uma oportunidade de entrar”. Os fariseus e os mestres da lei ficaram furiosos; daquela hora em diante, eles fizeram uma porção de perguntas, tentando apanhá-lo em alguma contradição. Enquanto isso, as multidões cresciam até o ponto de milhares de pessoas estarem se atropelando e pisando umas nas outras. Então Jesus voltou-se para os seus discípulos e os advertiu: “Mais do que qualquer outra coisa, tomem cuidado com o fermento dos fariseus, isto é, com a hipocrisia. Não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou o que está oculto que não venha a ser conhecido. Tudo o que foi dito no escuro, será ouvido na claridade, e o que se sussurrou dentro de casa, será anunciado dos telhados, para que todos ouçam! “Queridos amigos, não tenham medo dos que podem matar o corpo, mas depois não podem fazer mais. Porém eu lhes direi a quem temer: Temam aquele que, depois de matar o corpo, tem poder de lançar a pessoa no inferno. Sim, eu repito, esse vocês devem temer. Qual é o preço de cinco pardais? Não são duas moedinhas? Mesmo assim, Deus não esquece nem um só deles. Ele sabe até o número dos cabelos da cabeça de vocês! Nunca tenham medo, pois vocês valem muito mais para ele do que muitos pardais. “Eu lhes garanto: Quem me confessar diante das pessoas, também o Filho do Homem o confessará diante dos anjos de Deus. Porém aqueles que me negarem aqui diante das pessoas, serão negados diante dos anjos de Deus. Aqueles que falam contra mim podem ser perdoados, mas os que falam contra o Espírito Santo não serão perdoados. “E, quando vocês forem levados à presença destes governantes judaicos e das autoridades das sinagogas, não se preocupem com o que dizer em sua defesa. Porquanto o Espírito Santo lhes dará as palavras certas no momento oportuno”. Então alguém gritou no meio da multidão: “Mestre, por favor, diga ao meu irmão que divida comigo a herança do meu pai”. Mas Jesus respondeu: “Homem, quem me pôs como juiz sobre vocês para decidir coisas assim? Cuidado! Não andem sempre querendo o que vocês não têm. Porque o valor da vida que alguém tem não depende da quantidade de bens que possui”. Então contou a seguinte parábola: “Um homem rico tinha uma fazenda que deu boas colheitas. Com isso seus depósitos ficaram cheios, e ele não tinha mais onde colocar a sua colheita. O homem pensou no seu problema. ‘Que devo fazer?’ “Finalmente exclamou: ‘Já sei o que vou fazer. Derrubarei os meus celeiros e construirei outros maiores! Assim terei espaço suficiente para guardar tudo. Depois eu vou descansar e dizer para mim mesmo: Amigo, você guardou o suficiente para os anos futuros. Agora, sim! Descanse, coma, beba e alegre-se’. “Mas Deus lhe disse: ‘Louco! Você morrerá esta noite. E então, quem ficará com tudo que você preparou?’ “Sim, assim acontece com todo aquele que junta riquezas para si mesmo, mas não é rico para com Deus”. Então, voltando-se para os seus discípulos, disse: “É por isso que eu digo a vocês: Não se preocupem com a vida quanto ao que comer ou com o corpo quanto às roupas para vestir. Porque a vida é muito mais importante do que a comida, e o corpo, mais importante do que as roupas. Olhem para os corvos; eles não plantam, não colhem, nem têm depósitos para guardar seu alimento, e mesmo assim passam bem; pois Deus cuida deles. E vocês valem muito mais para Deus do que as aves! Além disso, qual é a vantagem de preocupar-se? Que bem faz? Quem de vocês por mais que se preocupe pode acrescentar um dia sequer à vida de vocês? E se a preocupação não pode nem mesmo fazer coisas tão pequenas, qual é a vantagem de preocupar-se com coisas maiores? “Olhem para os lírios! Eles não trabalham nem tecem, e nem Salomão em toda a sua glória se vestiu como eles. Se Deus dá esta roupagem para as flores que hoje estão aqui e amanhã desaparecem e são lançadas no fogo, vocês não acham que ele proverá roupa para vocês, homens de pequena fé? Não se preocupem com o que comer e o que beber; não se preocupem com nada. A humanidade cansa-se em correr atrás da comida de cada dia, mas o Pai celeste conhece as necessidades de todos. Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus, e ele lhes dará todas essas coisas. “Portanto, não tenha medo, pequeno rebanho, porque é uma grande felicidade para o Pai dar o Reino a vocês. Vendam o que têm e deem aos que estão em necessidade. Isto aumentará seus tesouros no céu, onde não há ladrão para roubar, nem traça para destruir. Pois, onde estiver o seu tesouro, ali estará também o seu coração. “Estejam preparados para servir, e conservem acesas as suas lamparinas, para quando o Senhor voltar da festa de casamento. Assim poderão abrir a porta e deixá-lo entrar no momento em que ele chegar e bater. Felizes os servos que estiverem prontos, esperando a volta dele. Eu lhes afirmo que ele colocará todos à mesa, e se vestirá para servi-los. Ele pode vir às nove horas da noite, ou até à meia-noite. Porém, felizes são os servos que o senhor encontrar prontos! Lembrem-se disto: Se o dono da casa soubesse a que horas o ladrão viria, não o deixaria arrombar a porta. Portanto, estejam sempre preparados; pois o Filho do Homem virá quando menos se esperar”. Pedro perguntou: “O Senhor está contando esta parábola só a nós, ou para todos?” E o Senhor respondeu: “Estou falando a qualquer homem fiel e ajuizado, cujo patrão lhe dá a responsabilidade de alimentar os outros servos. Se o seu patrão voltar e verificar que ele fez um bom trabalho, haverá uma recompensa: seu patrão o encarregará de todos os seus bens. Mas, se o homem começar a pensar: ‘Meu senhor não voltará tão cedo’, e começar a bater nos servos e servas, e a gastar o tempo com festas e bebedeira, o seu senhor voltará sem aviso e o afastará do seu cargo de confiança, e o castigará severamente. “Aquele servo que conhece a vontade do seu patrão e não se prepara e não faz o que ele quer, será castigado com muitos açoites. Mas todo aquele que sabe que a sua conduta é má, será castigado com poucos açoites. A quem muito é dado, muito será exigido; e a quem foi confiado muito, deste muito mais será pedido. “Eu vim lançar fogo à terra, e gostaria que já estivesse aceso. Há um terrível batismo diante de mim, e como eu me sinto aflito até que tudo se realize! Vocês pensam que vim trazer paz à terra? Não! Pelo contrário, vim trazer divisão! De agora em diante famílias inteiras se dividirão: três contra dois e dois contra três. Os pais ficarão contra os filhos, e os filhos, contra os pais. As mães ficarão contra as filhas, e as filhas, contra as mães. As sogras ficarão contra as noras, e as noras, contra as sogras”. Então ele voltou-se para a multidão e disse: “Quando vocês veem as nuvens começando a formar-se no ocidente, logo dizem: ‘Vai chover’. E têm razão. Quando sopra o vento sul, vocês dizem: ‘Hoje vai fazer calor’. E assim ocorre. Hipócritas! Vocês interpretam o céu tão bem, mas não sabem interpretar o tempo presente. “Por que se recusam a ver por si mesmos o que é correto? Se você encontrar com o seu acusador no caminho para o tribunal, procure resolver a questão antes que cheguem ao juiz, para que este não o entregue ao oficial de justiça, e o oficial de justiça não o jogue na prisão. Porque se isso acontecer, você não ficará livre outra vez enquanto o último centavo não for totalmente pago”. Por esta época informaram a Jesus que Pilatos havia matado alguns judeus da Galileia quando eles estavam oferecendo sacrifícios no templo de Jerusalém. “Vocês pensam que eles eram pecadores piores do que os outros homens da Galileia?”, perguntou ele. “Foi por isso que eles sofreram? Eu lhes digo que não! Vocês também perecerão se não deixarem seus maus caminhos e se voltarem para Deus. E que acham dos 18 homens que morreram quando a Torre de Siloé caiu em cima deles? Eram eles os piores pecadores de Jerusalém? Não, não eram! Mas vocês também morrerão, se não se arrependerem”. Então ele contou esta parábola: “Um homem plantou uma figueira em sua vinha, e veio muitas vezes ver se podia achar algum fruto nela, porém nunca achava nada. Finalmente ele disse ao que cuidava da vinha: ‘Já faz três anos que venho procurar fruto nesta figueira e não acho! Por que me incomodar mais com ela? Corte-a, pois está ocupando lugar que podemos usar para outra coisa’. “O homem respondeu: ‘Dê a ela mais uma oportunidade, e eu lhe darei atenção especial, cavando ao redor dela e colocando bastante adubo. Se conseguirmos figos no próximo ano, muito bem; se não, eu a cortarei’ ”. Certo sábado, quando Jesus estava ensinando numa sinagoga, viu uma mulher que andava encurvada havia 18 anos. Ela tinha um espírito que a mantinha doente e era incapaz de endireitar-se. Chamando-a para perto, Jesus disse: “Mulher, você está curada da sua doença!” Ele impôs as mãos sobre ela, e imediatamente ela pôde endireitar-se, e começou a louvar a Deus! Porém, o dirigente da sinagoga ficou muito indignado com aquilo, pois Jesus a havia curado no dia de sábado. “Há seis dias na semana para trabalhar”, disse para a multidão. “Esses são os dias para vir em busca de cura, e não no sábado!” Mas o Senhor respondeu: “Hipócritas! Vocês também trabalham no sábado! Vocês não desamarram no sábado o seu boi ou o jumento no estábulo para dar-lhes água? E está errado que eu liberte esta mulher judia de 18 anos que ficou presa por Satanás, só porque hoje é sábado?” Isto envergonhou os seus inimigos. E todo o povo se alegrava com as coisas maravilhosas que Jesus fazia. Então Jesus começou novamente a ensinar-lhes a respeito do Reino de Deus: “Com que se parece o Reino?”, perguntou: “Com que o posso comparar? Ele é como uma pequena semente de mostarda plantada numa horta; logo se transforma numa árvore em que as aves fazem seus ninhos em seus ramos”. Mais uma vez Jesus perguntou: “Com que posso comparar o Reino de Deus? É como o fermento que uma mulher mistura com três medidas de farinha até que o fermento se espalhe por toda a massa”. Jesus andava de cidade em cidade, e de aldeia em aldeia, ensinando enquanto caminhava, sempre avançando em direção a Jerusalém. Alguém lhe perguntou: “Senhor, só poucos serão salvos?” E ele respondeu: “A porta para o céu é estreita. Façam força para entrar, porque a verdade é que muitos tentarão entrar, mas quando o dono da casa se levantar e trancar a porta, será tarde demais. Então, se vocês ficarem do lado de fora batendo e pedindo: ‘Senhor, abra-nos a porta’, ele responderá: ‘Eu não conheço vocês. Não sei de onde vocês são!’ “ ‘Mas nós comemos com o Senhor. O Senhor ensinou em nossas ruas’, dirão vocês. “Mas ele responderá: ‘Eu digo que não conheço vocês. Nem sei de onde vocês são. Afastem-se de mim, porque praticam o mal!’ “E haverá choro e ranger de dentes quando vocês estiverem do lado de fora e puderem ver Abraão, Isaque, Jacó e todos os profetas no Reino de Deus. Pois virá gente do oriente e do ocidente, do norte e do sul, tomar seus lugares à mesa no Reino de Deus. E vejam isto: os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos”. Poucos minutos depois alguns fariseus disseram: “Vá embora daqui se quer continuar vivo, porque o rei Herodes quer matá-lo!” Jesus respondeu: “Vão dizer àquela raposa: Continuarei expulsando demônios e curarei o povo, hoje e amanhã, e no terceiro dia cumprirei meu trabalho. Mas preciso prosseguir meu caminho hoje, amanhã e depois de amanhã, pois é certo que nenhum profeta deve ser morto fora de Jerusalém! “Ó Jerusalém, Jerusalém, cidade que mata os profetas e que apedreja aqueles que são enviados para socorrê-la. Quantas vezes eu quis ajuntar os seus filhos como uma galinha protege a sua ninhada debaixo das asas, mas vocês não quiseram. E agora a sua casa ficará deserta. E vocês nunca mais me verão até que digam: ‘Bendito aquele que vem em nome do Senhor’ ”. Num sábado, quando Jesus se achava na casa de um líder fariseu para uma refeição, as pessoas que estavam ali observavam Jesus atentamente. Diante deles estava um homem doente que estava com o corpo inchado. Jesus disse aos fariseus e especialistas da Lei que se achavam em volta dele: “Será que a Lei autoriza curar um homem no dia de sábado ou não?” E quando eles se recusaram a responder, Jesus tomou o doente pela mão, curou-o e o mandou embora. Depois voltou-se para eles e perguntou: “Qual de vocês não trabalha no sábado se um filho ou um boi de algum de vocês cair num poço no dia de sábado. Vocês não iriam tirá-lo imediatamente?” Novamente eles não puderam responder. Quando ele viu que todos os convidados para o jantar estavam escolhendo os melhores lugares da mesa, contou-lhes esta parábola: “Se você for convidado para uma festa de casamento, não procure o melhor lugar, pois se aparecer alguém mais importante do que você, o dono da casa poderá dizer a você: ‘Deixe este homem ficar aqui em seu lugar’, e você, envergonhado, terá de ocupar um lugar menos importante! Em vez disso, faça assim: Quando for convidado, fique em um lugar menos importante, e quando o seu hospedeiro o vir, vai dizer: ‘Amigo, temos um lugar melhor do que este!’ Assim você será honrado diante de todos os outros convidados! Porque todo aquele que procura ser importante, será humilhado; e aquele que se humilha, será exaltado”. Então Jesus voltou-se para o que o tinha convidado e disse: “Quando você oferecer um banquete ou jantar, não convide os amigos, os irmãos, os parentes e os vizinhos ricos, que poderão convidar você depois, e assim você será recompensado. Em vez disso, quando oferecer um banquete, convide os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. Feliz será você, porque estes não têm como lhe retribuir. Então na ressurreição dos justos você receberá a sua recompensa”. Ouvindo isso, um homem que estava à mesa com Jesus exclamou: “Que privilégio será comer no banquete do Reino de Deus!” Jesus respondeu: “Certo homem preparou um grande banquete e convidou muitas pessoas. Quando tudo estava pronto, seu servo foi avisar os convidados: ‘Venham, está na hora da festa. Tudo está pronto’. “Mas todos eles começaram a dar desculpas, um por um. O primeiro disse: ‘Acabei de comprar um campo, e preciso ir vê-lo. Peço que me desculpe’. “Outro disse: ‘Acabei de comprar cinco juntas de bois e quero experimentá-las. Peço que me desculpe’. “Outro disse: ‘Acabo de casar-me e por este motivo não posso ir’. “O servo voltou e informou ao seu senhor o que eles haviam dito. Então o dono da casa irou-se e deu a seguinte ordem ao seu servo: ‘Vá depressa pelas ruas e becos da cidade e convide os pobres, os aleijados, os cegos e coxos. “E o servo disse: ‘O que o senhor ordenou foi feito, mas mesmo assim, ainda há lugar!’ “Então o senhor disse ao servo: ‘Está bem, então vá lá fora nas entradas e caminhos, e todos que encontrar, convide e obrigue-os a entrar, para que a casa fique cheia’. Pois eu afirmo a vocês: Nenhum daqueles que foram convidados primeiro provará do meu banquete”. Grandes multidões estavam seguindo Jesus. Então ele voltou-se para elas e disse: “Todo aquele que quer ser meu seguidor e amar o seu pai, sua mãe, sua esposa, seus filhos, seus irmãos e irmãs, sim, mesmo a própria vida, mais do que a mim, não pode ser meu discípulo. E ninguém pode ser meu discípulo se não carregar sua própria cruz e seguir-me. “Pois quem começaria a construção de uma torre sem primeiro fazer os cálculos e depois verificar se tem dinheiro suficiente para completá-la? De outra forma só poderia completar os alicerces e não completaria a obra, e todos os que vissem o que aconteceu iriam rir dele e dizer: ‘Estão vendo aquele sujeito ali? Começou aquela construção e ficou sem dinheiro para terminá-la!’ “E qual é o rei que algum dia pensou em ir à guerra sem primeiro sentar-se com os seus conselheiros e discutir se seu exército de 10.000 homens é capaz de derrotar os 20.000 homens que vêm marchando contra ele? Se acharem que não, enquanto as tropas inimigas ainda estão longe, enviará uma comissão para combinar as condições de paz. Assim ninguém pode ser meu discípulo se não renunciar a tudo que possui. “O sal é bom; mas para que servirá se perder o seu sabor? Sal sem sabor não presta para nada, nem para adubo. É jogado fora. “Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça”. Todos os cobradores de impostos e outras pessoas de má fama estavam reunidos para ouvir Jesus. Mas os fariseus e os mestres da lei começaram a se queixar: Este homem está fazendo amizade com aquelas pessoas de má fama e até está comendo com elas! Então Jesus contou esta parábola: “Se você tivesse 100 ovelhas e uma delas se perdesse, não deixaria as outras 99 para ir à procura da perdida até conseguir encontrá-la? E quando a encontrasse você a carregaria nos ombros, todo alegre e viria para casa. Quando chegasse, reuniria os seus amigos e vizinhos e diria: ‘Alegrem-se comigo, pois encontrei a minha ovelha perdida’. Ora, da mesma forma há muito mais alegria no céu por causa de um pecador que volta para Deus do que por 99 justos que não precisam se arrepender”. Jesus continuou: “Se uma mulher tem 10 valiosas moedas de prata e perde uma delas, ela não vai acender uma lamparina e olhar em cada canto da casa para achá-la? E depois de encontrá-la, não vai convidar suas amigas e vizinhas e dizer: ‘Alegrem-se comigo, pois encontrei minha moeda perdida’? Eu afirmo a vocês que da mesma forma há alegria entre os anjos de Deus quando um pecador se arrepende”. Para explicar ainda melhor esse assunto, contou-lhes a seguinte parábola: “Um homem tinha dois filhos. Quando o mais jovem disse ao pai: ‘Pai, eu quero agora a minha parte da herança’, o pai concordou em dividir a fortuna entre os filhos. “Poucos dias depois este filho mais jovem juntou toda a parte dele, viajou para uma terra distante, e ali gastou todo o dinheiro de maneira irresponsável. Quando o dinheiro dele acabou, uma grande fome espalhou-se sobre a terra, e ele começou a passar necessidade. Foi então a um fazendeiro local pedir para trabalhar na fazenda; este o mandou para o seu campo para cuidar dos porcos. O jovem andava com tanta fome que desejava encher seu estômago com as vagens que os porcos comiam, mas ninguém lhe dava nada. “Quando ele finalmente voltou ao seu juízo, disse consigo mesmo: ‘Lá em casa até os empregados do meu pai têm comida de sobra, e aqui estou eu, morrendo de fome! Eu vou para casa, junto do meu pai, e lhe direi: “Pai, eu pequei contra o céu e contra o senhor. E já não mereço ser chamado seu filho. Por favor, trate-me como um dos seus empregados” ’. Então ele levantou-se e voltou para casa, para junto de seu pai. “E quando ainda estava longe, seu pai o viu, e seu coração se encheu de compaixão, e ele correu em direção ao seu filho, o abraçou e beijou. “E o filho disse: ‘Pai, eu pequei contra o céu e contra o senhor, e não mereço ser chamado seu filho’. “Mas o pai disse aos seus servos: ‘Depressa! Tragam a melhor roupa da casa para vestir nele. Coloquem um anel em seu dedo e sandálias em seus pés! Matem o novilho gordo. Precisamos fazer uma festa e alegrar-nos. Porque este meu filho estava morto e voltou à vida. Estava perdido e foi achado’. E começaram a festa. “Mas o filho mais velho estava nos campos trabalhando; quando ele voltava para casa, ouviu a música das danças e perguntou a um dos servos o que estava acontecendo. ‘Seu irmão voltou’, contou ele, ‘e o seu pai matou o novilho gordo e preparou uma grande festa para comemorar a volta dele ao lar, vivo e com saúde’. “O filho mais velho ficou muito irado e não queria entrar. O pai saiu e insistiu com ele. Porém ele respondeu ao pai: ‘Estes anos todos eu tenho trabalhado como um escravo para o senhor, e nunca me recusei a obedecer às suas ordens; e durante todo este tempo o senhor nunca me deu nem mesmo um cabrito para festejar com os meus amigos. Mas quando volta esse seu filho, depois de gastar o dinheiro do senhor com prostitutas, o senhor comemora matando o novilho gordo!’ “ ‘Olhe, meu filho’, disse-lhe o pai, ‘você está sempre comigo e tudo o que tenho é seu. Porém é justo comemorarmos, pois ele é o seu irmão; estava morto e voltou a viver, estava perdido e foi achado!’ ” Depois Jesus disse aos seus discípulos: “Um homem rico contratou um administrador para administrar seus negócios, mas logo correram boatos de que o administrador estava desperdiçando os seus bens. Então o patrão o chamou e disse: ‘Que história é essa que eu estou ouvindo, que você está me roubando? Ponha suas contas em ordem, porque você vai ser despedido’. “O administrador pensou consigo mesmo: ‘E agora? Meu patrão está me despedindo. Que farei? Não tenho força para a lavoura, e sou orgulhoso demais para pedir esmolas. Já sei o que vou fazer! Desta forma eu terei uma porção de amigos para cuidarem de mim quando eu for embora!’ “Então ele convidou todos que deviam dinheiro ao patrão dele para virem acertar a sua situação. Perguntou ao primeiro deles: ‘Quanto você deve ao patrão?’ ‘Minha dívida é de cem potes de azeite’, respondeu o homem. “ ‘Bem, aqui está o contrato que você assinou’, disse-lhe o administrador. ‘Rasgue-o e escreva cinquenta!’ “A seguir ele perguntou ao segundo: ‘E você, quanto deve a ele?’ ‘Cem tonéis de trigo’, foi a resposta. “O administrador disse: ‘Tome a sua nota e escreva oitenta tonéis!’ “O homem rico elogiou o administrador desonesto por ser tão prudente. É verdade que as pessoas deste mundo são mais prudentes no trato entre si do que aqueles que amam a Deus. Eu, porém, lhes digo: usem as riquezas deste mundo para conseguir amigos a fim de que, quando as riquezas faltarem, eles os recebam nas moradas eternas. “Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito, e quem é desonesto no pouco, também é desonesto no muito. E se vocês não são dignos de confiança em lidar com as riquezas deste mundo, quem confiará os verdadeiros tesouros a vocês? E se vocês não forem dignos de confiança com o dinheiro dos outros, como poderão assumir a responsabilidade pelo seu próprio dinheiro? “Nenhum servo pode servir a dois patrões. Vocês odiarão a um e mostrarão lealdade ao outro, ou gostarão de um e desprezarão o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro”. Os fariseus que amavam profundamente o seu dinheiro ouviam isso e zombavam de Jesus. Então Jesus disse: “Vocês são os que se justificam a si mesmos aos olhos dos homens, mas Deus conhece o coração de vocês. Pois aquilo que as pessoas acham que vale muito é detestável aos olhos de Deus. “Até quando João Batista começou a pregar, a Lei e os Profetas eram a orientação que vocês tinham. Mas João trouxe a boa-nova do Reino de Deus, e agora as multidões ansiosas estão forçando a entrada nele. É mais fácil o céu e a terra desaparecerem do que cair um simples traço da Lei. “Portanto, quem se divorciar de sua esposa e se casar com outra mulher, pratica adultério; e quem se casar com a mulher divorciada, também pratica adultério”. “Era uma vez um homem rico que se vestia de púrpura e linho fino e vivia em prazer e luxo todos os dias. Lázaro, um mendigo coberto de feridas, que costumavam deixar perto da porta do rico, ficava sempre ali. E desejava comer o que caía da mesa do homem rico, e os cachorros vinham lamber as suas feridas. “Finalmente o mendigo morreu, e foi levado pelos anjos para a presença de Abraão. O rico também morreu e foi sepultado. No inferno, sofrendo, ele podia ver Lázaro de longe com Abraão ao seu lado. Então clamou: ‘Pai Abraão, tenha compaixão de mim e mande Lázaro ao menos molhar a ponta do dedo e refrescar a minha língua, pois eu estou sofrendo nestas chamas’. “Mas Abraão lhe disse: ‘Filho, lembre-se de que durante a sua vida você teve tudo quanto queria, e Lázaro não teve nada. Agora, porém, ele está aqui sendo consolado e você sofrendo tormentos. Além disso, há um grande abismo separando-nos, de modo que quem quiser ir daqui para lá, é impedido, e ninguém pode chegar do seu lado para o nosso’. “Então o rico disse: ‘Ó Pai Abraão, então por favor mande Lázaro à casa do meu pai, pois tenho cinco irmãos, para avisar todos a respeito deste lugar de sofrimento, a fim de que eles não venham parar aqui quando morrerem’. “Mas Abraão respondeu: ‘Os seus irmãos têm Moisés e os profetas; que eles os ouçam’. “O rico respondeu: ‘Não, pai Abraão, eles não se darão ao trabalho de ler. Mas se alguém for mandado dos mortos a eles, então abandonarão os seus pecados’. “Porém Abraão disse: ‘Se eles não prestam atenção em Moisés e nos profetas, também não ouvirão, mesmo que alguém ressuscite dos mortos’ ”. Jesus disse aos seus discípulos: “Sempre haverá coisas que levem as pessoas a tropeçar, mas ai daquele por meio de quem elas acontecerem. Seria muito melhor para ele que fosse jogado no mar com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço do que levar um desses pequeninos a pecar. Eu estou avisando a vocês! “ ‘Chame a atenção de seu irmão se ele pecar, e perdoe-lhe se ele se arrepender. Mesmo que ele pecar sete vezes por dia contra você, se ele voltar e disser: Estou arrependido, todas as sete vezes você deve perdoar-lhe’ ”. Um dia os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumente a nossa fé!” Jesus respondeu: “Se vocês tivessem a fé do tamanho de um grão de mostarda, ela seria suficientemente grande para dizer a esta amoreira: ‘Arranque-se e plante-se no mar’; a ordem de vocês seria logo obedecida! “Qual de vocês que tendo um servo que esteja arando no campo ou cuidando das ovelhas, vai dizer a ele quando ele voltar do campo: ‘Venha depressa e sente-se para comer’? Na verdade você dirá: ‘Prepare primeiro a minha refeição, apronte-se e sirva-me enquanto como e bebo; depois você pode comer e beber’. Nem assim ele recebe agradecimentos, porque está apenas fazendo o que deve fazer. Assim, pois, se vocês obedecerem a tudo o que foi mandado, devem dizer: ‘Somos servos inúteis, porque apenas cumprimos o nosso dever!’ ” Continuando eles o caminho para Jerusalém, chegaram à divisa entre a Galileia e Samaria. E quando entraram em uma aldeia dali, dez leprosos dirigiram-se a ele, ficaram a certa distância e gritaram: “Jesus, Mestre, tenha misericórdia de nós!” Ele olhou para eles e disse: “Vão aos sacerdotes e peçam que examinem vocês!” E enquanto eles iam, a lepra desapareceu! Um deles voltou a Jesus, louvando a Deus em alta voz. E lançou-se aos pés de Jesus, com o rosto em terra, agradecendo-lhe pelo que ele havia feito. Este homem era um samaritano. Jesus perguntou: “Não foram dez homens que eu curei? Onde estão os outros nove? Só este estrangeiro voltou para louvar a Deus?” E Jesus disse ao homem: “Levante-se e vá embora; a sua fé o salvou”. Um dia, os fariseus perguntaram a Jesus: “Quando vai começar o Reino de Deus?” Jesus respondeu: “O Reino de Deus não vem acompanhado por sinais visíveis. Não se poderá dizer: ‘Começou aqui neste lugar, ou ali naquela parte do país’, porque o Reino de Deus está entre vocês”. Mais tarde ele voltou a falar sobre isso com os seus discípulos: “Chegará o tempo em que vocês desejarão que o Filho do Homem esteja com vocês nem que seja por um dia só, porém ele não estará aqui. Dirão a vocês: ‘Lá está ele!’ ou ‘Ele está aqui!’ Não creiam nisso nem saiam para procurar. Porque quando o Filho do Homem voltar, vocês saberão, sem sombra de dúvida. Será tão evidente como o relâmpago cujo brilho vai de uma extremidade à outra do céu. Mas primeiro é necessário que ele sofra muito e seja desprezado por toda esta nação. “Assim como foi com o povo no tempo de Noé, também será nos dias do Filho do Homem. Eles comiam, bebiam, e se casavam, tudo como de costume, até o dia em que Noé entrou na arca; então veio o dilúvio e destruiu a todos. “A mesma coisa aconteceu nos dias de Ló. O povo andava para lá e para cá em seus negócios diários, comendo e bebendo, comprando e vendendo, cultivando e construindo. No dia em que Ló deixou Sodoma, fogo e enxofre caíram do céu, e todos foram destruídos. “Assim será o dia em que o Filho do Homem se manifestar. Aqueles que estiverem no telhado de sua casa naquele dia, não devem descer para arrumar sua bagagem dentro de casa; aqueles que estiverem nos campos, não devem voltar para a cidade. Lembrem-se do que aconteceu com a esposa de Ló! Todo aquele que tentar salvar a sua vida, a perderá, e quem perder a sua, vai salvá-la. Naquela noite duas pessoas estarão dormindo no mesmo quarto; uma será levada, e a outra será deixada. Duas mulheres estarão trabalhando juntas moendo trigo; uma será levada, e a outra será deixada; da mesma forma será com as pessoas que estiverem trabalhando lado a lado nos campos; uma será tirada e a outra deixada”. “Senhor, para onde serão levados?”, perguntaram os discípulos. Jesus respondeu: “Onde houver um cadáver, ali os urubus se ajuntarão!” Um dia Jesus contou aos seus discípulos uma parábola para mostrar a necessidade que eles tinham de orar sempre, e que deviam continuar orando sem desanimar. Ele disse: “Havia numa cidade um juiz, homem muito mau, que não temia a Deus e que fazia pouco caso de todos. Uma viúva daquela cidade vinha frequentemente suplicar justiça contra um homem que lhe havia causado prejuízos. “O juiz não fez caso dela durante algum tempo, mas finalmente ele disse a si mesmo: ‘Eu não temo a Deus nem os homens, porém esta mulher está me incomodando. Vou fazer-lhe justiça, pois está me cansando com as suas queixas constantes!’ ” Então o Senhor disse: “Prestem atenção naquilo que aquele juiz desonesto disse. Vocês não acham que Deus fará justiça ao seu povo, que lhe suplica dia e noite? Será que ele vai demorar para ajudá-lo? Eu afirmo a vocês que ele lhes responderá depressa! Mas a questão é: Quando o Filho do Homem voltar, será que encontrará fé na terra?” Depois ele contou uma parábola a alguns que se orgulhavam das suas boas qualidades e desprezavam as outras pessoas: “Dois homens foram ao templo orar. Um deles era um fariseu e o outro um cobrador de impostos. Em pé, o fariseu orava assim: ‘Eu lhe agradeço, ó Deus, porque não sou como os outros homens: ladrões, corruptos, adúlteros; especialmente como aquele cobrador de impostos ali! Jejuo duas vezes por semana e dou a Deus o dízimo de tudo quanto ganho’. “Mas o cobrador de impostos ficou em pé de longe e não tinha coragem nem de levantar os olhos ao céu quando orava, porém batia no peito e exclamava: ‘Ó Deus, tenha misericórdia de mim, um pecador!’ “Eu lhes digo que este, e não o fariseu, voltou para casa perdoado! Porque quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado”. Um dia algumas mães trouxeram suas criancinhas para que Jesus tocasse nelas e as abençoasse. Mas os discípulos as repreendiam. Então Jesus chamou as criancinhas para junto de si e disse aos discípulos: “Deixem as crianças vir a mim! Pois o Reino de Deus pertence àqueles que são semelhantes a elas. Eu afirmo a vocês: Quem não receber o Reino de Deus como uma criança, nunca entrará nele”. Certa vez um líder religioso judeu fez-lhe esta pergunta: “Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?” “Por que você me chama bom?”, perguntou-lhe Jesus. “Só Deus é verdadeiramente bom, ninguém mais. Mas quanto à sua pergunta, você conhece os mandamentos que dizem: ‘Não cometa adultério, não mate, não furte, não dê falso testemunho, honre seu pai e sua mãe’?” O homem respondeu: “Eu tenho obedecido a cada uma dessas leis desde minha infância”. Ao ouvir isso, disse Jesus: “Há uma coisa ainda que lhe falta. Venda tudo o que tem e dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois venha e siga-me”. Mas, quando o homem ouviu isso, foi-se embora triste, porque era muito rico. Jesus ficou olhando para ele com tristeza e disse aos seus discípulos: “Como é difícil para os ricos entrarem no Reino de Deus! É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus!” Aqueles que o ouviram dizer isso exclamaram: “Se é tão difícil assim, como pode alguém ser salvo?” Ele respondeu: “O que é impossível para os homens é possível para Deus!” E Pedro disse: “Nós deixamos nossas casas e famílias para segui-lo”. Respondeu Jesus: “Eu afirmo a vocês a verdade: Todo aquele que tiver feito como vocês, deixando casa, esposa, irmãos, pais ou filhos por causa do Reino de Deus, receberá agora uma recompensa muitas vezes maior, e, na era futura, a vida eterna”. Reunindo os Doze ao seu redor, Jesus lhes disse: “Como vocês sabem, nós estamos subindo para Jerusalém. E, quando chegarmos lá, todas as profecias dos antigos profetas a respeito do Filho do Homem se cumprirão. Ele será entregue nas mãos dos gentios para ser zombado, maltratado, cuspido, açoitado e morto. Mas ao terceiro dia ele ressuscitará”. Porém os discípulos não entenderam nenhuma palavra do que ele dizia; porque o significado das palavras era difícil para eles entenderem. Quando se aproximaram de Jericó, um cego estava sentado à beira da estrada, pedindo esmola. Ouvindo o barulho de uma multidão passando, perguntou o que estava acontecendo. Disseram-lhe: “Jesus de Nazaré está passando”. Então ele começou a clamar: “Jesus, Filho de Davi, tenha misericórdia de mim!” O povo que ia na frente de Jesus tentou fazer o homem ficar quieto, mas ele gritava ainda mais alto: “Filho de Davi, tenha misericórdia de mim!” Quando Jesus chegou ao local, parou e ordenou que o homem fosse trazido. Quando ele chegou perto, Jesus perguntou-lhe: “O que quer que eu faça a você?” “Senhor”, suplicou ele, “eu quero ver!” E Jesus disse: “Está bem, comece a ver! Sua fé o curou!” Imediatamente o homem começou a enxergar, e seguia a Jesus, louvando a Deus. E todo o povo que viu isso acontecer também louvou a Deus. Quando Jesus entrou em Jericó e estava passando pela cidade, um homem chamado Zaqueu, um dos mais influentes no negócio de cobrança de impostos dos romanos, procurava ver quem era Jesus, porém ele era muito baixo e não conseguia olhar por cima do povo. Por isso ele correu na frente e subiu em um pé de sicômoro ao lado da estrada, para ver Jesus passar ali. Quando Jesus chegou àquele lugar, levantou o olhar para Zaqueu e disse: “Zaqueu, desça depressa, pois hoje preciso me hospedar em sua casa!” Zaqueu desceu apressadamente e levou Jesus para casa, com grande alegria. Mas o povo viu isso e começou a se queixar: “Ele foi logo se hospedar na casa de um pecador tão conhecido”. Mas Zaqueu levantou-se diante do Senhor e disse: “Senhor, de agora em diante eu darei a metade da minha riqueza aos pobres e, se eu cobrei demais os impostos de alguém, devolverei quatro vezes mais!” Jesus lhe disse: “Hoje chegou a salvação a esta casa. Este homem também é um filho de Abraão. Pois o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido”. Jesus estava se aproximando de Jerusalém e contou uma parábola para corrigir a impressão de que o Reino de Deus estava para começar logo. Ele disse: “Um homem nobre que morava em certa província foi chamado à distante capital do império para ser coroado rei da sua província. Antes de partir, ele reuniu dez dos seus servos e deu a cada um deles certa quantia em dinheiro, e disse-lhes: ‘Façam esse dinheiro render enquanto eu estiver ausente’. “Mas o seu povo o odiava, e enviaram uma declaração de independência, dizendo: ‘Não queremos que este homem seja nosso rei’. “Ao voltar, ele chamou os homens a quem tinha dado o dinheiro, para saber o que haviam feito com ele, e quais haviam sido os lucros. “O primeiro homem veio e disse; ‘Senhor, o seu dinheiro rendeu dez vezes mais a quantia recebida!’ “ ‘Muito bem!’, exclamou o seu senhor. ‘Você é um servo eficiente. Foi fiel no pouco que lhe confiei, e como recompensa, será governador sobre dez cidades’. “O servo seguinte também conseguiu um bom lucro e disse: ‘Senhor, o seu dinheiro rendeu cinco vezes a quantia recebida’. “ ‘Muito bem!’, disse o seu senhor. ‘Você será governador sobre cinco cidades’. “Mas o terceiro servo disse: ‘Senhor, aqui está o seu dinheiro. Eu o guardei bem seguro, porque fiquei com medo do senhor, que é um homem severo. Tira o que não é seu e colhe o que não plantou!’ “O seu senhor respondeu: ‘Seu servo mau. Eu o julgarei pelas suas próprias palavras! Se você sabia que eu sou um homem severo, que tiro o que não é meu e colho o que não plantei, então por que não depositou o dinheiro no banco, para que pelo menos eu recebesse os juros?’ “Assim, pois, voltando-se para os outros que se achavam ali, disse: ‘Tomem o dinheiro dele e deem ao homem que ganhou dez vezes mais’. “ ‘Mas, senhor’, disseram, ‘ele já tem dez!’ “Ele respondeu: ‘Eu afirmo a vocês que aquele que tem muito receberá mais ainda, mas aquele que não tem, até o pouco que tem lhe será tirado. E agora, quanto a estes meus inimigos que se revoltaram, tragam todos aqui para que sejam mortos na minha presença’ ”. Depois de dizer isso, Jesus continuou a viagem para Jerusalém, caminhando na frente dos seus discípulos. Quando chegaram aos arredores de Betfagé e Betânia, no monte das Oliveiras, ele enviou dois dos seus discípulos dizendo-lhes: “Vão até a aldeia próxima e ao entrarem procurem um jumentinho amarrado ao lado da estrada, e que nunca tenha sido montado. Desamarrem-no e tragam o animal aqui. E se alguém perguntar: ‘O que vocês estão fazendo? Por que estão desamarrando o animal, digam apenas: O Senhor precisa dele’ ”. Eles foram e encontraram o jumentinho, como Jesus tinha dito. E quando o estavam desamarrando, os donos lhes perguntaram: “Que estão fazendo? Por que estão desamarrando o nosso jumentinho?” Os discípulos responderam: “O Senhor precisa dele!” Assim eles trouxeram o jumentinho a Jesus e lançaram seus mantos sobre o lombo do jumentinho e ajudaram Jesus a montar. Então o povo espalhou seus mantos pela estrada diante dele e, quando começaram a descer do monte das Oliveiras, a multidão gritava e cantava enquanto caminhavam, louvando a Deus alegremente por todos os maravilhosos milagres que tinham visto. Eles exclamavam: “Bendito é aquele que vem em nome do Senhor!” “Que o céu inteiro se alegre! Glória a Deus nos mais altos céus!” Mas alguns dos fariseus que estavam no meio da multidão disseram a Jesus: “Mestre, chame a atenção dos seus seguidores para que não digam estas coisas!” Ele respondeu: “Eu afirmo a vocês que, se eles ficarem calados, as pedras gritarão!” Mas quando chegaram mais perto de Jerusalém, e ele viu a cidade lá adiante, começou a chorar sobre ela, e disse: “Se hoje você compreendesse que a paz eterna esteve ao seu alcance, ó Jerusalém, mas essas coisas agora estão ocultas aos seus olhos. Virão dias em que seus inimigos amontoarão terra contra os seus muros, e a cercarão e cerrarão fileiras contra você. Arrasarão tudo e esmagarão os seus filhos dentro de você, Jerusalém. E não deixarão pedra sobre pedra, porque você não aceitou a oportunidade que Deus lhe ofereceu”. Então ele entrou no templo e começou a expulsar os negociantes das suas barracas, dizendo: “As Escrituras declaram: ‘A minha casa será casa de oração; mas vocês a transformaram em um covil de ladrões’ ”. Depois disso, ele ensinava todos os dias no templo, mas os sacerdotes principais, os mestres da lei e os homens importantes do povo procuravam um jeito de livrar-se dele. Porém não podiam imaginar nenhum, porque ele era um herói para o povo, que dava ouvidos a cada palavra que ele dizia. Naqueles dias, quando ele estava pregando e ensinando a boa-nova no templo, foi interrogado pelos sacerdotes principais e mestres da lei e outros líderes religiosos, e lhe perguntaram: “Com que autoridade o senhor está fazendo essas coisas? Quem lhe deu essa autoridade?” Ele respondeu: “Eu lhes farei uma pergunta. Digam-me: O batismo de João era do céu, ou estava agindo apenas por sua própria autoridade?” Eles conversavam entre si: “Se dissermos que o batismo dele era do céu, cairemos na armadilha, porque ele perguntará: ‘Então por que vocês não creram nele?’ Mas se dissermos que João não foi enviado por Deus, o povo nos apedrejará, porque todos estão convencidos de que João era profeta”. Finalmente eles responderam: “Nós não sabemos quem deu autoridade a João para batizar!” E Jesus respondeu: “Neste caso, eu também não responderei com que autoridade estou fazendo estas coisas”. Então Jesus voltou-se outra vez para o povo e contou-lhes esta parábola: “Um homem plantou uma vinha, arrendou-a a alguns lavradores, e foi embora para uma terra distante, por um longo tempo. Quando chegou a época da colheita, ele enviou um dos seus servos à propriedade para receber a sua parte do fruto da vinha. Mas os lavradores bateram nele e o mandaram de volta de mãos vazias. Então ele mandou outro servo, mas aconteceu a mesma coisa; ele foi espancado, trataram-no de maneira humilhante, e o mandaram embora sem receber nada. Foi mandado um terceiro servo e aconteceu a mesma coisa. Este também foi ferido e expulso da vinha. “Então o dono da vinha disse: ‘Que vou fazer? Já sei! Enviarei o meu filho amado. Certamente eles mostrarão respeito por ele’. “Mas quando os lavradores viram o filho, disseram: ‘Esta é a nossa hora! Este é o herdeiro. Vamos! Vamos matá-lo, e assim a herança será nossa’. Então eles o arrastaram para fora da vinha e o mataram. “Que acham vocês que o dono da vinha fará? Eu lhes direi. Ele virá e matará aqueles lavradores e dará a vinha para outros”. Quando o povo ouviu isso, disse: “Que Deus não permita que isso aconteça”. Jesus olhou bem para eles e disse: “Então que significa a Escritura que diz: ‘A pedra que os construtores rejeitaram acabou se tornando a pedra mais importante de toda a construção’?” E ele acrescentou: “Qualquer que tropeçar nessa pedra será despedaçado; e aqueles sobre quem ela cair serão transformados em pó”. Quando os mestres da lei e os sacerdotes principais ouviram essa parábola, quiseram prendê-lo imediatamente, porque entenderam que era deles que estava falando. Porém tiveram medo de que houvesse uma revolta do povo se o prendessem. Então, esperavam que ele dissesse alguma coisa que pudesse ser denunciada ao governador romano como razão para que este o prendesse. Assim, mandaram espiões fingindo ser homens justos. Estes disseram a Jesus: “Mestre, nós sabemos que o Senhor é um mestre sincero. Fala sempre o que é certo e que não mostra parcialidade, mas ensina os caminhos de Deus, conforme a verdade. Agora, diga-nos: É certo pagar impostos ao governador romano ou não?” Jesus percebeu o fingimento deles e disse: “Mostrem-me um denário. De quem é este retrato que está nele? E de quem é o nome?” Eles responderam: “De César, imperador romano”. Ele lhes disse: “Então, entreguem a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus!” Assim falhou a tentativa de confundir Jesus diante do povo; maravilhados da resposta dele, ficaram calados. Então alguns saduceus, homens que acreditavam que a morte é o fim da existência, e que não há ressurreição, vieram a Jesus com esta pergunta: “Mestre, as leis de Moisés declaram que, se um homem morrer sem filhos, o irmão dele se casará com a viúva, e os filhos deles pertencerão legalmente ao irmão morto, para manter o seu nome. Havia uma família de sete irmãos. O mais velho casou-se e logo morreu sem deixar filhos. O irmão dele casou com a viúva, mas ele também morreu, e o terceiro também, e assim foi, um após outro, até que cada um dos sete havia se casado com ela e morrido, não deixando filhos. Finalmente morreu também a mulher. Agora, esta é a nossa pergunta: De quem ela será esposa na ressurreição, pois todos eles foram casados com ela!” Jesus respondeu: “O casamento é para pessoas aqui na terra. Mas quando chegarem ao céu os que forem considerados dignos de alcançar a ressurreição dos mortos e a vida futura não se casarão. E não morrerão nunca mais; nesse aspecto, serão como os anjos, e serão filhos de Deus, porque são filhos da ressurreição. Mas, quanto à verdadeira pergunta de vocês — se há ou não ressurreição — ora, os escritos do próprio Moisés provam isso. Pois quando descreve como Deus lhe apareceu na sarça ardente, ele fala de Deus como ‘o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó’. Ele não é Deus de mortos, mas de vivos, pois para ele todos vivem”. “Bem respondido, Senhor!”, afirmaram alguns dos mestres da lei, que estavam ali. E aquilo acabou com as perguntas deles, porque não tiveram coragem de perguntar mais nada! Então ele fez a eles uma pergunta: “Como dizem que o Cristo, o Messias, é Filho do rei Davi? “Pois o próprio Davi escreveu no livro dos Salmos: ‘O Senhor disse ao meu Senhor: Sente-se à minha direita até que eu ponha os seus inimigos debaixo dos seus pés’. Portanto, se Davi chama o Messias de ‘Senhor’, como é que o Messias poder ser seu filho?” Então, com o povo ouvindo, ele voltou-se para seus discípulos e disse: “Cuidado com os mestres da lei, porque eles gostam de andar com roupas caras e querem que o povo se curve diante deles quando caminham pelas praças. E como gostam dos lugares mais importantes nas sinagogas e os lugares de honra nas festas! Porém, no mesmo momento em que fazem longas orações para o povo escutar e procuram mostrar grande bondade, fazem planos para explorar as viúvas. Portanto, está reservado para esses homens o mais duro castigo de Deus”. Quando Jesus estava no templo, observava os ricos colocarem suas ofertas na caixa de ofertas. Então uma viúva pobre deu somente duas moedinhas de cobre. Diante disso, Jesus disse: “Eu afirmo a vocês, esta viúva pobre deu mais do que todos os outros. Pois eles deram um pouco do que lhes sobrava, porém ela, na sua pobreza, deu tudo o que tinha para viver”. Alguns dos discípulos começaram a falar a respeito das belas pedras do templo e dos enfeites das paredes. Mas Jesus disse: “Vai chegar o momento em que todas estas coisas que vocês estão admirando serão derrubadas, e não será deixada pedra sobre pedra; tudo se transformará em enorme monte de lixo”. “Mestre!”, disseram eles. “Quando acontecerão essas coisas? E haverá algum aviso antes dessa hora?” Ele respondeu: “Não deixem que ninguém engane vocês. Porque virão muitos, dizendo: ‘Eu sou o Messias’ e que chegou a hora. Mas não vão atrás deles! E quando vocês ouvirem o começo de guerras e revoluções, não tenham medo. É certo que devem vir as guerras, mas o fim não será logo em seguida”. Então continuou: “Porque se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá grandes terremotos, fomes e epidemias de doenças em vários lugares da terra, e coisas terríveis com grandes sinais acontecendo nos céus. “Porém antes de tudo isso, haverá um tempo de tremenda perseguição, e por causa do meu nome vocês serão arrastados para as sinagogas e prisões, levados diante de reis e governadores; tudo por causa do meu nome. Isso dará a vocês uma grande oportunidade para dar testemunho. Portanto, não se preocupem com a maneira de responder às acusações contra vocês, porque eu lhes darei as palavras adequadas e a sabedoria que nenhum dos seus inimigos será capaz de resistir ou contradizer! Até aqueles que são mais chegados a vocês, seus pais, irmãos, parentes e amigos, trairão vocês, mandando-os prender; e alguns de vocês serão mortos, e todos os odiarão porque vocês são meus e são chamados pelo meu nome. Porém, não se perderá nem um fio de cabelo das suas cabeças! E se vocês perseverarem, obterão a vida. “Mas, quando vocês virem que Jerusalém está cercada de exércitos, então saberão que chegou o tempo da destruição dela. Nessa época, o povo da Judeia deve fugir para os montes. Os que estiverem na cidade devem fugir dela. Os que estiverem fora da cidade não devem tentar voltar. Pois aqueles serão os dias do julgamento de Deus, e as palavras escritas pelos profetas nas antigas Escrituras se cumprirão. Ai das mulheres que estiverem esperando filhos naqueles dias, e das que estiverem amamentando! Porque haverá grande sofrimento sobre a terra e furioso ódio sobre os filhos deste povo. Eles serão mortos pelas armas inimigas, ou expulsos de suas terras para se tornarem escravos de todas as nações do mundo; e Jerusalém será conquistada e pisada pelos homens que não temem a Deus, até que o período da vitória dos maus se cumpra. “Então haverá sinais estranhos nos céus, sinais no sol, na lua, e nas estrelas; aqui na terra, as nações estarão em angústia e apavoradas com o barulho terrível dos mares. Muitas pessoas desmaiarão por causa da terrível destruição que elas verão chegando sobre a terra, porque até os poderes dos céus serão abalados. Então os povos da terra verão o Filho do Homem vindo do céu, numa nuvem, com poder e grande glória. Portanto, quando todas essas coisas começarem a acontecer, levantem-se e ergam a cabeça com ânimo, pois a salvação de vocês estará próxima”. Ele lhes contou esta parábola: “Vejam a figueira, e todas as árvores. Quando aparecem as folhas, vocês mesmos percebem e sabem sem ninguém dizer que o verão está próximo. Da mesma forma, quando vocês puderem ver os acontecimentos que eu descrevi, fiquem certos de que o Reino de Deus está próximo. “Eu afirmo a vocês que essas coisas vão acontecer antes que essa geração passe. Embora o céu e a terra desapareçam, as minhas palavras permanecerão para sempre. “Vigiem! Que a minha vinda repentina não apanhe vocês desprevenidos e eu não encontre vocês vivendo à toa, em festas e bebedeiras, ou ocupados com os problemas desta vida. Porque o dia virá sobre todos no mundo inteiro Tomem cuidado! Orem sempre para que possam escapar de tudo o que vai acontecer e possam estar de pé na presença do Filho do Homem”. Todos os dias Jesus ia ao pátio do templo para ensinar, e à tarde ele voltava para passar a noite no monte das Oliveiras. Todo o povo se reunia de manhã bem cedo para ouvi-lo no templo. Nesse tempo estava se aproximando a Páscoa, festa judaica durante a qual só se comia pão sem fermento. Os sacerdotes principais e os mestres da lei estavam planejando a morte de Jesus, tentando encontrar uma maneira de fazer isso sem provocar uma revolta, pois eles tinham medo do povo. Então Satanás entrou em Judas chamado Iscariotes, um dos Doze. E ele foi falar com os sacerdotes principais e com os oficiais da guarda do templo para discutir qual seria o melhor jeito de lhes entregar Jesus. Todos ficaram muito satisfeitos, naturalmente, de saber que ele queria ajudá-los e lhe prometeram uma recompensa. Então Judas começou a procurar uma boa oportunidade em que eles pudessem prender Jesus, quando o povo não estivesse em volta. Ora, chegou o dia da comemoração da Páscoa, quando o cordeiro da festa era morto e comido com o pão sem fermento. Então Jesus mandou Pedro e João na frente, para procurarem um lugar onde preparar a refeição da Páscoa. “Onde o Senhor quer que a gente vá e a prepare?”, perguntaram eles. Ele respondeu: “Logo que vocês entrarem na cidade, verão um homem que vai andando e carregando um pote de água. Sigam esse homem até a porta em que ele entrar. E digam ao dono da casa: O Mestre pergunta: Onde é o salão de hóspede onde poderei comer a refeição da Páscoa com os meus discípulos? Ele levará vocês ao andar superior, a um aposento espaçoso, todo mobiliado. Aquele é o lugar. Façam os preparativos ali”. Eles foram à cidade e acharam tudo tal como Jesus tinha dito, e prepararam a ceia da Páscoa. Então chegaram Jesus e os outros discípulos, e na hora certa todos se reuniram à mesa. E ele disse: “Eu estava esperando muito ansiosamente esta hora, desejoso de comer a refeição da Páscoa com vocês, antes de começar o meu sofrimento. Porque eu lhes digo: Não tornarei a comê-la até que ela se cumpra no Reino de Deus”. Ele tomou um cálice de vinho e, depois que deu graças, disse: “Tomem isto e partilhem entre vocês. Porque eu lhes digo que não beberei do fruto da videira outra vez até que venha o Reino de Deus”. A seguir ele pegou um pão; depois que deu graças, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: “Isto é o meu corpo, entregue por vocês. Comam dele em memória de mim”. Depois da ceia, Jesus tomou o cálice de vinho, dizendo: “Este cálice é a nova aliança do meu sangue, derramado em favor de vocês. “Mas aqui nesta mesa, entre nós, está o homem que me trairá. O Filho do Homem vai morrer. Isso faz parte do plano de Deus. Porém, ai do homem que o trai”. Os discípulos perguntavam então uns aos outros qual deles faria tal coisa. Depois começaram a discutir entre si quem deles era considerado o maior. Jesus lhes disse: “Neste mundo, os reis e os homens poderosos mandam os seus escravos para todos os lados e são chamados benfeitores! Mas entre vocês não deve ser assim. Ao contrário, o maior entre vocês deve ser como o menos importante; e o que manda deve ser como o que é mandado. Pois quem é o maior, o que se acomoda à mesa e é servido, ou o que serve? Claro que é o que está sentado à mesa. Mas entre vocês eu estou como quem serve. Contudo, por vocês terem continuado fiéis a mim durante as minhas provações, e como meu Pai me deu um Reino, eu dou a vocês o direito de participar do Reino, e de comer e beber à minha mesa naquele Reino e de sentar-se em tronos para julgar as doze tribos de Israel. “Simão, Simão, Satanás pediu vocês, para peneirá-los como trigo quando se separa a palha. Porém eu, em oração, supliquei por você, para que não lhe falte fé. Portanto, quando você tiver se arrependido e voltado a mim, fortaleça a fé dos seus irmãos”. Mas Simão disse: “Senhor, eu estou pronto a ir para a prisão, e até a morrer com o Senhor”. Mas Jesus disse: “Pedro, eu vou dizer uma coisa a você. Entre agora e amanhã de manhã, antes de o galo cantar, você me negará três vezes, afirmando que não me conhece”. Depois Jesus lhes perguntou: “Quando eu os mandei pregarem a boa-nova e vocês saíram sem dinheiro, sem sacola, ou sem sandálias, faltou-lhes alguma coisa?” “Nada”, responderam. “Mas agora”, disse ele, “peguem sacola, se tiverem, e também o seu dinheiro. E quem não tem espada, é melhor vender a sua capa e comprar uma! Pois chegou a hora de cumprir-se esta profecia a meu respeito: ‘Ele será condenado como um criminoso!’ Sim, tudo o que está escrito a meu respeito pelos profetas será cumprido”. “Mestre”, responderam eles, “temos aqui duas espadas conosco”. “É suficiente!”, disse ele. Então, acompanhado pelos discípulos, ele deixou a sala do andar superior e foi, como de costume, para o monte das Oliveiras. Ali, ele disse-lhes: “Orem a Deus para não serem vencidos pela tentação”. Ele afastou-se um pouco, ajoelhou-se e começou a oração: “Pai, se o Senhor quiser, afaste de mim este cálice. Porém, eu quero fazer a sua vontade, e não a minha”. Então apareceu um anjo do céu que o fortalecia, porque ele estava em tal agonia de espírito que começou a suar sangue, com gotas caindo ao chão enquanto orava cada vez mais fervorosamente. Finalmente, Jesus se levantou e voltou aos discípulos e os encontrou dormindo, cansados e dominados pela tristeza. “Por que estão dormindo?”, perguntou-lhes. “Levantem-se! Orem para que vocês não caiam em tentação”. Porém, mal ele acabara de dizer isso, aproximou-se uma multidão, conduzida por Judas, um dos Doze. Judas aproximou-se de Jesus e o beijou na face. Mas Jesus lhe perguntou: “Judas, com um beijo você está traindo o Filho do Homem?” Quando os outros discípulos viram o que estava para acontecer, disseram: “Senhor, podemos lutar? Nós trouxemos as espadas!” E um deles avançou contra o servo do sumo sacerdote, cortando sua orelha direita. Mas Jesus disse: “Não resistam mais”. E tocando na orelha do homem, ele o curou. Depois Jesus dirigiu-se aos sacerdotes principais, aos oficiais da guarda do templo e aos líderes religiosos que vinham à frente da multidão. “Por acaso estou chefiando uma rebelião”, perguntou ele, “para que vocês tenham vindo armados de espadas e cacetes para me apanhar? Por que não me prenderam no templo? Eu estava lá todos os dias! Porém esta é a hora de vocês — a hora do poder das trevas”. Então eles o prenderam e o conduziram à casa do sumo sacerdote, enquanto Pedro acompanhava tudo à distância. Os soldados acenderam uma fogueira no pátio e sentaram em volta para esquentar-se; Pedro uniu-se a eles ali. Uma criada viu Pedro à luz da fogueira e começou a olhar para ele. Por fim, ela disse: “Este homem estava com Jesus!” Mas Pedro negou! “Mulher”, disse ele, “eu não conheço esse homem!” Depois, um outro olhou para ele e disse: “Você deve ser um deles!” “Não, senhor, não sou!”, respondeu Pedro. Cerca de uma hora mais tarde, um outro homem afirmou: “Eu sei que este é um dos discípulos de Jesus, porque também é da Galileia”. Mas Pedro respondeu: “Homem, eu não sei do que você está falando”. E, logo que ele disse essas palavras, um galo cantou. Naquele momento, Jesus voltou o olhar para Pedro. Então Pedro lembrou-se da palavra que o Senhor lhe havia dito: “Hoje, antes que o galo cante, você me negará três vezes”. Então Pedro foi para fora do pátio, chorando amargamente. Nisso os guardas responsáveis por Jesus começaram a zombar dele. Tapavam seus olhos, davam-lhe socos e perguntavam: “Adivinhe, profeta, quem bateu em você?” E diziam muitas outras coisas para insultá-lo. Cedinho, na manhã seguinte, reuniu-se o Sinédrio, inclusive os sacerdotes principais e todos os mestres da Lei. Jesus foi conduzido à presença desse grupo. “Se você é o Cristo, diga-nos”, intimaram eles. Porém Jesus respondeu: “Se eu lhes disser, vocês não acreditarão em mim, nem me deixarão explicar nada. Mas de agora em diante o Filho do Homem se assentará à direita do Deus Todo-poderoso”. Eles gritaram: “Então você diz que é o Filho de Deus?” E ele respondeu: “São vocês que estão dizendo”. “Que necessidade temos de outras testemunhas?”, disseram eles, “pois nós mesmos ouvimos dos próprios lábios de Jesus!” Então resolveram levar Jesus ao governador Pilatos. Começaram logo a acusá-lo: “Ele tem levado o nosso povo à ruína, dizendo que não pague seus impostos a César e alegando ser ele mesmo o Cristo, o rei”. Então Pilatos perguntou-lhe: “Você é o rei dos judeus?” “É o senhor quem está dizendo”, respondeu Jesus. Depois Pilatos voltou-se para os sacerdotes principais e a multidão, e disse: “Não vejo nesse homem nenhum motivo de acusação!” Mas eles insistiram: “Acontece que ele está provocando revoltas contra o governo nos diversos lugares aonde vai, em toda a Judeia, na Galileia e agora aqui!” “Então ele é galileu?”, perguntou Pilatos. Quando eles disseram que sim, Pilatos ordenou que o levassem ao rei Herodes, porque a Galileia estava sob o comando de Herodes. Acontece que Herodes estava em Jerusalém naqueles dias. Herodes ficou alegre com a oportunidade de ver Jesus, porque tinha ouvido falar a seu respeito e esperava vê-lo realizar um milagre. Ele fez a Jesus uma pergunta atrás da outra, mas não obteve nenhuma resposta. Enquanto isso, os sacerdotes principais e os mestres da lei permaneciam ali gritando suas acusações. Então Herodes e seus soldados começaram a zombar dele e a ridicularizá-lo. Vestiram nele um manto real e o mandaram de volta a Pilatos. Naquele dia Herodes e Pilatos — que antes eram inimigos — tornaram-se amigos. Então Pilatos reuniu os sacerdotes principais e as outras autoridades judaicas, juntamente com o povo, e anunciou sua sentença: “Vocês me trouxeram este homem acusando-o de provocar uma revolta contra o governo. Eu o interroguei na presença de vocês e não encontro nenhuma base para as acusações que fazem contra ele. Herodes chegou à mesma conclusão e o devolveu a nós. Nada do que este homem tem feito merece a pena de morte. Portanto, eu mandarei açoitá-lo e o soltarei”. Na Festa da Páscoa, Pilatos tinha o costume de soltar um preso, a pedido do povo. Mas nesse momento um poderoso clamor levantou-se da multidão, como se fosse uma só voz: “Mate-o, e solte-nos Barrabás!” Barrabás estava na prisão por ter começado em Jerusalém uma revolta contra o governo e por ter praticado um assassinato. Pilatos discutia com eles, porque queria soltar Jesus. Porém eles continuavam gritando: “Crucifique! Crucifique!” Pela terceira vez, ele perguntou: “Por quê? Que crime ele cometeu? Eu não achei razão nenhuma para condená-lo. Portanto, será castigado e solto”. Porém eles gritavam cada vez mais alto pedindo a morte de Jesus. E o pedido deles prevaleceu. Portanto, Pilatos sentenciou Jesus à morte conforme a vontade daquelas pessoas. E soltou Barrabás, o homem preso por revolta e assassinato, a pedido deles. Mas entregou-lhes Jesus, para fazerem com ele o que quisessem. Enquanto a multidão estava levando Jesus para a morte, Simão de Cirene, que estava naquela hora chegando do campo, foi obrigado a carregar a cruz de Jesus. Grandes multidões o seguiam, e muitas mulheres, que lamentavam e choravam por ele. Mas Jesus voltou-se e lhes disse: “Filhas de Jerusalém, não chorem por mim, mas por vocês mesmas e por seus filhos. Porque estão chegando dias em que vocês dirão: ‘Felizes as mulheres que não tiverem filhos, os ventres que nunca geraram e os seios que nunca amamentaram’. Nesses dias, ‘todos dirão às montanhas: “Caiam em cima de nós!” e dirão às colinas: “Cubram-nos!” ’ Pois, se fazem estas coisas à árvore verde, o que não farão quando ela estiver seca?” Outros dois, que eram criminosos, foram conduzidos para fora, a fim de serem executados com Jesus. Quando chegaram ao lugar chamado Caveira, ali todos os três foram crucificados — Jesus na cruz do meio, e os dois criminosos, um de cada lado. Jesus disse: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que estão fazendo”. Os soldados tiraram sortes sobre a roupa dele, jogando dados para cada peça. A multidão olhava. E os líderes riam e caçoavam dele. “Ele foi tão bom salvando os outros”, diziam, “vamos ver se ele se salva a si mesmo, se é o Cristo de Deus, o Escolhido”. Os soldados também caçoavam dele, oferecendo-lhe vinagre para beber. E lhe diziam: “Se você é de fato o rei dos judeus, salve-se a si mesmo!” Na cruz, por cima dele, estava escrito: “ESTE É O REI DOS JUDEUS”. Um dos criminosos ao lado zombava: “Então você é o Cristo, não é? Prove isso, salvando-se a si mesmo e a nós também!” Mas o outro criminoso o repreendeu, dizendo: “Você não teme a Deus, nem estando sob a mesma sentença? Nós merecemos morrer pelos nossos crimes, mas este homem não cometeu nenhum mal”. E em seguida disse: “Jesus, lembre-se de mim quando o Senhor entrar em seu Reino”. E Jesus respondeu: “Eu afirmo a você: Hoje você estará comigo no paraíso”. A esta altura era meio-dia, e a escuridão cobriu toda a terra até as 3 horas da tarde. A luz do sol desapareceu — e de repente o véu do santuário rasgou-se no meio. Nessa hora Jesus gritou em alta voz: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”, e, com estas palavras, morreu. Quando o centurião que dirigia as execuções viu o que tinha acontecido, louvou a Deus e disse: “Verdadeiramente este homem era inocente”. E a multidão que veio para ver a crucificação, quando viu que Jesus estava morto, começou a bater no peito e a afastar-se. Enquanto isso, os amigos de Jesus, incluindo as mulheres que o seguiram desde a Galileia, estavam olhando de longe, observando essas coisas. Havia um homem chamado José, membro do Conselho, homem bom e justo, que não concordava com a decisão e os atos dos outros líderes judaicos. Ele era de Arimateia, na Judeia, e esperava a vinda do Reino de Deus. José foi a Pilatos e pediu o corpo de Jesus. Assim ele desceu o corpo de Jesus da cruz e o enrolou numa longa peça de linho, colocando o corpo num sepulcro novo, cavado na rocha, que ainda não havia sido usado. Isso foi feito bem à tardinha, na sexta-feira, o Dia da Preparação; e estava para começar o sábado. As mulheres da Galileia seguiram José e viram o sepulcro, e como o corpo de Jesus fora carregado para dentro do sepulcro. Dali elas foram para casa e prepararam perfumes para embalsamar o corpo. E descansaram no sábado, conforme o mandamento da lei dos judeus. Porém, bem cedo, no primeiro dia da semana, as mulheres levaram os perfumes e as especiarias aromáticas ao sepulcro. E verificaram que a enorme pedra que fechava a entrada havia sido rolada para um lado. Quando entraram, não encontraram o corpo do Senhor Jesus! Ficaram ali assustadas, procurando imaginar o que poderia ter acontecido com o corpo. De repente apareceram dois homens, vestidos de mantos tão brilhantes como a luz do sol, que se colocaram ao lado delas. As mulheres ficaram amedrontadas e se curvaram diante deles. Então os homens perguntaram: “Por que vocês estão procurando entre os mortos aquele que está vivo? Ele não está aqui! Ressuscitou! Não se lembram do que ele disse a vocês na Galileia: ‘É necessário que o Filho do Homem seja entregue ao poder dos homens pecadores, seja crucificado, e ressuscite ao terceiro dia’?” Elas então se lembraram das palavras de Jesus. Então voltaram depressa do sepulcro, a fim de contar aos onze discípulos e a todos os outros o que havia acontecido. As mulheres que foram ao túmulo eram Maria Madalena, Joana, Maria mãe de Tiago e diversas outras. Mas eles não acreditaram nas mulheres. As palavras lhes pareciam tolice. Contudo, Pedro levantou-se e correu para o sepulcro. Abaixando-se, olhou atentamente para dentro e viu os panos de linho vazios; e então voltou para casa, surpreso com o que havia acontecido! Naquele mesmo dia, dois dos seguidores de Jesus estavam caminhando para o povoado de Emaús, a onze quilômetros de Jerusalém. Enquanto eles caminhavam, iam falando a respeito de tudo que tinha acontecido, quando de repente o próprio Jesus veio, uniu-se a eles e começou a andar ao lado deles! Porém os olhos deles estavam fechados, de sorte que não o reconheceram. “Vocês parecem estar conversando muito sério sobre alguma coisa”, disse ele. “Com que estão tão preocupados?” Eles pararam, muito tristes. E um deles, Cléopas, respondeu: “Você deve ser a única pessoa em Jerusalém que não sabe das coisas terríveis que aconteceram nestes dias”. “Que coisas?”, perguntou Jesus. “As coisas que aconteceram com Jesus, o Nazareno”, disseram eles. “Ele era um profeta, poderoso em palavras e em obras diante de Deus e de todo o povo. Mas os sacerdotes principais e os nossos líderes religiosos o prenderam e o entregaram ao governo romano para ser condenado à morte e o crucificaram. E nós pensávamos que era ele que ia libertar o povo de Israel. E agora, já faz três dias que tudo isso aconteceu. Algumas mulheres do nosso grupo estiveram no seu sepulcro hoje de manhã cedinho. Voltaram com a história surpreendente de que o corpo dele havia desaparecido, e que lá encontraram anjos, que disseram que Jesus está vivo! Alguns homens do nosso grupo correram para ver, e, de fato, o corpo de Jesus havia desaparecido, tal como as mulheres tinham dito!” Então Jesus lhes disse: “Como vocês custam a entender e como demoram para crer em tudo o que os profetas disseram nas Escrituras! Não foi profetizado que o Cristo teria de sofrer todas estas coisas antes de voltar à sua glória?” Então Jesus citou para eles um texto após outro, começando por Moisés e todos os profetas, e, através das Escrituras, explicou o que os textos diziam a respeito dele mesmo. A essa altura estavam chegando perto de Emaús e do fim da sua viagem. Jesus fez como quem continuaria sua viagem. Porém eles insistiram muito com ele, dizendo: “Fique conosco, pois está ficando tarde. O dia está quase terminando”. Então ele ficou com eles. Quando iam comer, ele tomou um pão, deu graças, partiu-o e o deu a eles, quando, de repente, os seus olhos foram abertos e eles o reconheceram! Mas naquele momento ele desapareceu da vista deles! Começaram então a perguntar um ao outro: “Não estava queimando o nosso coração quando ele nos falava e nos explicava as Escrituras durante a caminhada pela estrada?” Na mesma hora eles se levantaram e voltaram para Jerusalém, onde os onze discípulos e outros seguidores de Jesus os saudaram, dizendo: “É verdade! O Senhor ressuscitou realmente! Ele apareceu a Simão!” Então os dois homens de Emaús contaram como Jesus tinha aparecido quando estavam caminhando pela estrada, e como eles o haviam reconhecido na hora em que partiu o pão. E enquanto estavam contando isso, o próprio Jesus apresentou-se entre eles e lhes disse: “Paz seja com vocês!” Mas o grupo todo ficou muito assustado, pensando que estavam vendo um espírito! “Por que estão tão perturbados?”, perguntou ele. “Por que duvidam em seus corações? Olhem para as minhas mãos! Olhem para os meus pés! Vocês podem ver que sou eu mesmo! Toquem-me e vejam; um espírito não tem carne nem ossos, como estão vendo que eu tenho!” Assim falando, ele estendeu as mãos para eles verem, e mostrou-lhes os pés. Eles ainda não creram e ficaram admirados, cheios de alegria e de dúvida. Então ele perguntou: “Vocês têm aqui alguma coisa para comer?” Eles lhe deram um pedaço de peixe assado, e ele o comeu diante de todos! Então Jesus disse: “Enquanto estava ainda com vocês, eu lhes falei: Era necessário que se cumprisse tudo o que a meu respeito está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos!” Assim abriu-lhes as mentes para que entendessem as Escrituras! E lhes disse: “Sim, estava escrito há muito tempo que o Cristo devia sofrer, morrer e ressuscitar dos mortos ao terceiro dia. Também estava escrito que deveria ser levada a mensagem de salvação, isto é, o arrependimento para o perdão de pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vocês são testemunhas do cumprimento destas coisas. E agora eu enviarei sobre vocês a promessa de meu Pai. Fiquem aqui na cidade até serem revestidos do poder do alto”. Depois Jesus os levou para as proximidades de Betânia e, levantando as mãos para o céu, os abençoou. Estando ainda a abençoá-los, ele os deixou e foi elevado ao céu. Então eles o adoraram e voltaram para Jerusalém, cheios de grande alegria, e estavam sempre no templo, louvando a Deus. No princípio era aquele que é a Palavra, e ele estava com Deus e era Deus. Ele estava com Deus no princípio. Por seu intermédio tudo o que existe foi criado. Não existe nada que tenha sido feito sem ele. Nele estava a vida, e esta vida era a luz de toda a humanidade. A vida dele é a luz que brilha no meio da escuridão, e nunca pode ser apagada pela escuridão. Deus enviou um homem chamado João como testemunha do fato de que Jesus Cristo é a verdadeira luz, a fim de que por meio dele todos os homens cressem. João mesmo não era a luz; ele era apenas uma testemunha da luz. Estava chegando ao mundo aquele que é a verdadeira luz, que veio para brilhar sobre todos os que vêm ao mundo. Aquele que é a Palavra estava no mundo, e o mundo foi feito por meio dele, mas não foi reconhecido pelo mundo. Ele veio em sua própria terra e entre seu próprio povo, os judeus, mas ele não foi aceito. Mas a todos que o receberam, aos que creram nele, ele deu o direito de se tornarem filhos de Deus. Eles não se tornaram filhos de Deus pelos meios naturais, como resultado do desejo humano, mas da vontade de Deus. Aquele que é a Palavra tornou-se um ser humano e morou aqui na terra entre nós, cheio de graça e de verdade. E vimos a sua glória, a glória do Filho único do Pai celeste! João mostrou Cristo ao povo, dizendo às multidões: “Este é aquele a respeito de quem eu estava falando quando disse: ‘Está para chegar alguém que é muitíssimo mais importante do que eu, porque ele já existia muito antes de mim!’ ” Todos nós temos tirado proveito das ricas dádivas que ele nos trouxe, dádiva sobre dádiva! Porque Moisés nos deu a Lei, enquanto Jesus Cristo nos trouxe a graça e a verdade. Ninguém jamais viu realmente a Deus, porém o seu Filho único certamente o viu, porque ele vive com o Pai e o tornou conhecido. Os líderes judaicos enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para perguntarem a João quem ele era. Ele confessou sem rodeios: “Eu não sou o Cristo”, disse. “Nesse caso, quem é você?”, perguntaram eles. “É Elias?” “Não sou”, respondeu. “Você é o profeta?” “Não”, respondeu ele outra vez. “Então, quem é você? Diga-nos, para que possamos dar uma resposta aos que nos enviaram. Que tem você a dizer de si mesmo?” João respondeu, citando as palavras do profeta Isaías: “Eu sou uma voz que clama no deserto: ‘Preparem um caminho para o Senhor!’ ” Então aqueles que foram enviados pelos fariseus perguntaram-lhe: “Se você não é o Cristo, nem Elias, nem o profeta, por que você batiza?” João lhes disse: “Eu simplesmente batizo com água, mas entre vocês está alguém que vocês nunca conheceram, que vem depois de mim, e eu não sou digno de desamarrar as correias das sandálias dele”. Isso aconteceu em Betânia, uma aldeia do outro lado do rio Jordão, onde João estava batizando. No dia seguinte, João viu Jesus caminhando em sua direção e disse: “Vejam! Aí está o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo! Era dele que eu estava falando quando disse: ‘Logo vai chegar um homem muito mais importante do que eu, o qual já existia muito antes de mim!’ Eu não o conhecia, porém estou aqui batizando com água a fim de revelá-lo à nação de Israel”. Então João deu o seguinte testemunho: “Eu vi o Espírito descendo dos céus na forma de uma pomba e permanecer sobre Jesus. Eu não sabia quem era ele, mas aquele que me enviou para batizar, disse-me: ‘Quando você vir o Espírito descer e pousar sobre alguém, esse é aquele que batiza com o Espírito Santo’. Eu vi acontecer isso com esse homem, e, portanto, sou testemunha que ele é o Filho de Deus”. No outro dia, quando João se achava com dois dos seus discípulos, viu Jesus passando. João olhou atentamente para ele e então declarou: “Vejam! Aí está o Cordeiro de Deus!” Então os dois discípulos de João seguiram a Jesus! Jesus olhou em volta e viu os dois seguindo atrás dele. “O que vocês querem?”, perguntou-lhes. Eles disseram: “Rabi” (que significa “Mestre”), “onde é que o Senhor mora?” “Venham ver”, disse ele. Então eles o acompanharam ao lugar onde ele estava morando e ficaram com ele das quatro horas da tarde, mais ou menos, até o anoitecer. André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que tinham ouvido o que João dissera e que haviam seguido Jesus. André foi então procurar seu irmão Simão e lhe disse: “Nós encontramos o Messias (isto é, o Cristo)”. E o levou para conhecer Jesus. Jesus olhou fixamente para ele e disse: “Você é Simão, filho de João, mas será chamado de Cefas”, que traduzido quer dizer “Pedro!” No dia seguinte, Jesus decidiu ir para a Galileia. Ele encontrou Filipe e lhe disse: “Siga-me!” Filipe era de Betsaida, cidade natal de André e Pedro. Então Filipe saiu à procura de Natanael e lhe disse: “Nós encontramos o Messias! — aquele de quem Moisés e os profetas falaram! O nome dele é Jesus, o filho de José de Nazaré!” “Nazaré!”, exclamou Natanael. “Pode vir alguma coisa boa de lá?” “Venha e veja você mesmo”, disse Filipe. Ao ver Natanael se aproximando, disse Jesus: “Vem aí um verdadeiro israelita, um homem direito e sincero”. “Como o Senhor sabe quem eu sou?”, perguntou Natanael. E Jesus respondeu: “Eu pude ver você debaixo da figueira, antes que fosse encontrado por Filipe”. Então Natanael respondeu: “Mestre, o Senhor é o Filho de Deus, o Rei de Israel!” Jesus lhe perguntou: “Você crê porque eu lhe disse que o tinha visto debaixo da figueira? Você verá provas maiores do que esta”. Então acrescentou: “Vocês verão o céu se abrir e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem”. No terceiro dia foi realizado um casamento no povoado em Caná da Galileia. A mãe de Jesus estava ali. Jesus e seus discípulos também foram convidados para o casamento. Durante a festa o vinho acabou, e a mãe de Jesus veio a ele e disse: “Eles não têm mais vinho”. “Mulher, que tenho eu com você?”, disse ele. “Ainda não chegou a minha hora”. Todavia, a mãe disse aos empregados: “Façam tudo o que ele disser a vocês”. Havia ali seis talhas de pedra; elas eram utilizadas nas cerimônias de purificação, e em cada uma cabiam entre 80 e 120 litros. Então Jesus disse aos empregados: “Encham as talhas de água”. Quando isso foi feito, ele disse: “Tirem um pouco e levem ao mestre de cerimônias”. E eles levaram. Quando o mestre de cerimônias experimentou a água, que já tinha sido transformada em vinho, não sabendo de onde vinha (embora os empregados soubessem), chamou o noivo e disse: “O senhor é diferente de todos os outros! Geralmente o dono da festa serve primeiro o vinho melhor, e depois, quando todo mundo está satisfeito e não se importa mais, o vinho inferior é servido. Mas o senhor guardou o melhor para o fim!” Este milagre em Caná da Galileia foi o primeiro que Jesus realizou. Ele revelou a sua glória, e os seus discípulos creram nele. Depois desse casamento, ele foi com sua mãe, seus irmãos e seus discípulos passar alguns dias em Cafarnaum. Quando chegou a época da comemoração anual da Páscoa dos judeus, Jesus foi para Jerusalém. No pátio do templo, ele achou os comerciantes vendendo bois, ovelhas e pombos para sacrifícios; e os homens de negócios nas suas mesas, trocando dinheiro. Jesus fez um chicote com umas cordas e expulsou todos do templo, bem como as ovelhas e os bois, espalhando no chão as moedas dos negociantes, virando as mesas deles! Depois ele chegou aos homens que vendiam pombos, e disse: “Tirem essas coisas daqui! Não transformem a casa do meu Pai em um mercado!” Então seus discípulos se lembraram desta profecia das Escrituras: “O grande zelo que tenho pela sua casa me consome”. “Que direito o Senhor tem de mandar todos saírem?”, perguntaram os judeus. “Se recebeu essa autoridade de Deus, mostre-nos um milagre que prove isso”. “Pois bem”, respondeu Jesus. “Destruam este santuário, e em três dias eu o levantarei!” “Como?”, exclamaram eles. “Levou 46 anos para construir-se este templo, e o Senhor vai levantá-lo em três dias?” Acontece que o templo do qual ele falava era o seu corpo. Mais tarde, quando Jesus ressuscitou, os seus discípulos se lembraram que ele havia dito isso. Então creram na Escritura e na palavra que Jesus dissera. Por causa dos milagres que Jesus fez em Jerusalém durante a comemoração da Páscoa, muitos creram em seu nome. Mas Jesus não confiava neles, porque os conhecia muito bem. Ninguém precisava dar testemunho acerca do homem, pois ele bem conhecia a natureza humana! Havia uma autoridade religiosa entre os judeus cujo nome era Nicodemos. Ele veio a Jesus à noite e disse: “Mestre, todos nós sabemos que Deus enviou o Senhor para nos ensinar. Os seus milagres são uma prova suficiente disto”. Jesus respondeu: “Verdadeiramente, digo-lhe isto: Se alguém não nascer de novo, nunca poderá ver o Reino de Deus”. “Nascer de novo!”, exclamou Nicodemos. “O que o Senhor quer dizer? Como pode um homem velho voltar para o ventre da mãe e nascer outra vez?” Jesus respondeu: “O que eu lhe estou dizendo é verdade: Se alguém não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus. O que nasce da carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito. Portanto, não se admire da minha declaração de que é preciso nascer de novo! Assim como você pode ouvir o vento, mas não pode dizer de onde ele vem ou para onde vai, assim acontece com todos os nascidos do Espírito”. “Como pode ser isso?”, perguntou Nicodemos. Jesus respondeu: “Você é mestre em Israel e ainda assim não entende estas coisas? Eu afirmo a você que isto é verdade: Nós falamos daquilo que sabemos e testemunhamos do que vimos, e mesmo assim vocês não querem crer em mim. Se vocês não creem em mim nem quando falo sobre coisas como estas que acontecem aqui entre os homens, como vocês crerão se eu falar de coisas celestes? Ninguém jamais subiu ao céu, a não ser aquele que veio do céu, ou seja, o Filho do Homem. E como Moisés no deserto levantou numa estaca uma serpente de bronze, assim também é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todo aquele que nele crer tenha a vida eterna. Porque Deus amou tanto o mundo que deu o seu Filho único para que todo aquele que crer nele não pereça, mas tenha a vida eterna. Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por meio dele. “Não há condenação reservada para aqueles que creem nele como Salvador. Mas aqueles que não creem nele já estão condenados por não crerem no Filho único de Deus. A sentença deles está baseada neste fato: A luz veio ao mundo, porém os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Os que praticam o mal odeiam a luz e ficam longe dela, com medo de que seus pecados sejam revelados. Mas aqueles que praticam a verdade têm prazer em vir para a luz, a fim de que todos vejam que as suas obras são realizadas por intermédio de Deus”. Depois disso, Jesus e seus discípulos foram para a região da Judeia, onde passou um tempo com eles e batizava. Nessa época, João também batizava em Enom, perto de Salim, porque ali havia bastante água, e o povo vinha para ser batizado. (Isto ocorreu antes de João ser preso.) Um dia alguém começou uma discussão com alguns dos discípulos de João sobre a cerimônia da purificação. Eles foram falar com João e lhe disseram: “Mestre, o homem que o senhor encontrou no outro lado do rio Jordão, aquele do qual o senhor testemunhou, também está batizando, e todos estão indo atrás dele, em vez de virem a nós aqui”. João respondeu: “O homem não pode receber nada se do céu não lhe for concedido. Vocês são testemunhas de que eu disse: Eu não sou o Cristo. Eu estou aqui para preparar o caminho para ele; isso é tudo. A noiva irá para onde o noivo está! Os amigos do noivo alegram-se com ele. Eu sou o amigo do noivo, e estou cheio de alegria com o sucesso dele. Ele deve tornar-se cada vez maior, e eu devo diminuir cada vez mais. “Aquele que veio do céu é maior do que qualquer outro; aquele que é da terra pertence à terra e fala das coisas da terra. Aquele que vem dos céus é mais importante do que todos. Ele fala do que viu e ouviu, mas são poucos os que creem no que ele fala! Aqueles que creem nele descobrem que Deus é a fonte da verdade. Pois, sendo enviado por Deus, ele fala as palavras de Deus, porque ele dá o Espírito sem medida nem limite. O Pai ama o Filho e entregou tudo o que existe em suas mãos. Quem crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que rejeita o Filho não verá a vida; pelo contrário, a ira de Deus permanece sobre ele”. Quando o Senhor ouviu dizer que os fariseus sabiam que ele estava fazendo mais discípulos e batizava mais pessoas do que João, embora Jesus mesmo não as batizasse, e sim os seus discípulos, deixou a Judeia e voltou novamente para a Galileia. No caminho, teve de passar por Samaria. Assim, ele chegou a uma cidade de Samaria chamada Sicar, situada na propriedade que Jacó tinha dado ao seu filho José. Havia ali o poço de Jacó. Era mais ou menos meio-dia quando Jesus, cansado da longa caminhada, chegou e sentou-se ao lado do poço. Logo uma mulher samaritana veio tirar água, e Jesus lhe disse: “Dê-me um pouco de água”. (Ele estava sozinho naquela hora, porque os discípulos tinham ido à cidade comprar comida.) A mulher samaritana ficou surpresa e lhe perguntou: “Como o Senhor, sendo um judeu, pede a mim, uma samaritana, água para beber?” (Ela disse isso porque os judeus não se dão com os samaritanos.) Jesus respondeu: “Se ao menos soubesse o presente maravilhoso que Deus tem para você, e quem está lhe pedindo água, você lhe pediria, e ele lhe daria a água da vida!” “Mas o Senhor não tem como tirar água”, disse ela, “e este é um poço muito fundo! De onde tiraria essa água viva? Além do mais, o Senhor é mais importante do que o nosso antepassado Jacó? Como pode oferecer uma água melhor do que esta que ele, seus filhos e seu gado, beberam à vontade?” Jesus respondeu: “As pessoas voltam logo a ter sede depois de beber esta água, mas quem beber da água que eu dou nunca mais terá sede. Porque a água que eu dou se tornará dentro de todos uma fonte a jorrar para a vida eterna”. “Por favor, Senhor”, disse a mulher, “me dê dessa água! Assim eu nunca mais terei sede, nem terei de fazer esta longa caminhada até aqui para tirar água”. “Vá buscar seu marido”, disse Jesus. “Mas eu não tenho marido”, respondeu a mulher. “Isso é verdade, que você não tem marido!”, falou Jesus. “Pois você já teve cinco maridos e o homem com o qual está vivendo agora não é seu marido. Sim, você falou a verdade!” “Senhor”, disse a mulher, “percebo que o Senhor é um profeta. Mas me diga uma coisa: Por que vocês, os judeus, insistem em que Jerusalém é o único lugar de adoração, enquanto nós, os samaritanos, dizemos que é aqui neste monte, onde os nossos antepassados adoraram?” Jesus respondeu: “Creia em mim, mulher: Está chegando a hora quando não nos preocuparemos mais em adorar o Pai nem neste monte, nem em Jerusalém. Mas vocês, os samaritanos, sabem muito pouco a respeito dele; nós adoramos o que conhecemos, pois a salvação vem dos judeus. Mas virá o tempo, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. Pois são esses adoradores que o Pai procura. Porque Deus é Espírito, e é preciso que seus adoradores o adorem em espírito e em verdade”. A mulher disse: “Eu sei que o Messias virá, aquele que se chama Cristo, e quando ele vier, explicará tudo para nós”. Então Jesus lhe disse: “Eu sou o Messias! Eu, que estou falando com você”. Naquele momento chegaram os seus discípulos. Eles ficaram surpresos de encontrar Jesus falando com uma mulher, mas nenhum deles perguntou a Jesus o motivo de ele estar conversando com ela. Nisso a mulher deixou o seu cântaro ao lado do poço, voltou à aldeia e disse a todo mundo: “Venham conhecer um homem que me disse tudo quanto eu já fiz na vida! Será que este não pode ser o Cristo?” Então o povo veio da cidade correndo para ver Jesus. Enquanto isso, os discípulos insistiam com ele: “Mestre, coma alguma coisa”. Mas ele respondeu: “Eu tenho uma comida que vocês não conhecem”. “Quem terá trazido essa comida?”, perguntavam os discípulos uns aos outros. Foi quando Jesus explicou: “A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e terminar a sua obra. Vocês costumam dizer: ‘O trabalho da colheita só começará quando terminar o verão, daqui a quatro meses’. Eu lhes digo: Olhem em volta de vocês e vejam os campos. Eles já estão maduros para a colheita. Os ceifeiros já recebem seus salários, e eles estão colhendo fruto para a vida eterna! Que alegrias estão reservadas tanto para o semeador como para o ceifeiro juntos! Pois é verdadeiro o ditado: ‘Um semeia e outro faz a colheita’. Eu enviei vocês para colher onde não plantaram; outros fizeram o serviço duro e vocês aproveitaram o trabalho deles”. E muitos samaritanos daquela cidade creram nele por causa da declaração da mulher: “Ele me disse tudo quanto eu já fiz na vida!” Quando saíram para ver Jesus junto ao poço, os samaritanos rogaram-lhe que ficasse com eles, e ele ficou dois dias. Muitos outros crerem nele, ao ouvir a sua palavra. Então disseram à mulher: “Agora nós cremos porque ouvimos Jesus por nós mesmos, e não somente por causa do que você nos contou. Ele é na verdade o Salvador do mundo”. Depois de dois dias, ele partiu para a Galileia, (pois como Jesus costumava dizer: “Um profeta é honrado em toda parte, menos em sua própria terra”). Quando chegou à Galileia, os galileus receberam Jesus de braços abertos, porque tinham estado em Jerusalém durante a comemoração da Páscoa e viram tudo o que ele fizera. Em sua viagem pela Galileia, Jesus chegou à cidade de Caná, onde havia transformado água em vinho. E havia ali um homem da cidade de Cafarnaum, oficial do governo, cujo filho estava muito doente. Quando ele soube que Jesus tinha chegado da Judeia e viajava pela Galileia, este homem foi procurar Jesus e pediu a ele que viesse a Cafarnaum para curar o seu filho, que a essa altura se achava às portas da morte. Jesus disse: “Nenhum de vocês vai crer em mim, se eu não fizer sinais e maravilhas”. O oficial do rei implorava: “Senhor, por favor, venha já, antes que meu filho morra”. Então Jesus lhe disse: “Volte para casa. O seu filho está curado!” O homem creu em Jesus e foi para casa. Enquanto ele estava a caminho, alguns dos seus servos vieram ao seu encontro com a notícia de que tudo ia bem — o filho dele estava vivo! Ele perguntou quando o rapaz havia começado a sentir-se melhor, e eles responderam: “Ontem à tarde, em torno da uma hora, a febre o deixou!” Então o pai percebeu que aquele era o momento exato em que Jesus havia dito: “O seu filho está curado”. E o oficial, juntamente com toda a sua família, creu em Jesus. Este foi o segundo sinal miraculoso de Jesus na Galileia, depois de chegar à Judeia. Depois Jesus voltou a Jerusalém, para uma das festas judaicas. Dentro da cidade, perto do portão das Ovelhas, estava o tanque de Betesda, rodeado por cinco terraços ou alpendres cobertos. Multidões de doentes e inválidos — cegos, coxos, paralíticos — esperavam pelo mover da água, porque um anjo do Senhor vinha de vez em quando e agitava a água; e a primeira pessoa a descer no tanque depois disso ficava curada. Um dos homens que se achavam ali estava paralítico havia 38 anos. Quando Jesus viu esse homem e soube quanto tempo estava doente, perguntou a ele: “Você gostaria de ser curado?” “Eu não posso, Senhor”, respondeu o paralítico, “porque não tenho ninguém para me ajudar a entrar no tanque depois do movimento da água. Quando tento chegar lá, sempre entra um outro antes de mim”. Então Jesus lhe disse: “Levante-se! Pegue a sua maca e ande!” Imediatamente o homem ficou curado! Ele pegou a sua maca e começou a caminhar! Porém era sábado quando esse milagre foi realizado. Por isso, os líderes judeus acharam ruim e disseram ao homem que tinha sido curado: “Você não pode trabalhar no sábado! Pela Lei não é permitido carregar essa maca!” Mas ele respondeu: “O homem que me curou disse: ‘Pegue a sua maca e ande’ ”. “Quem foi que lhe mandou pegar a maca e andar?”, perguntaram eles. O homem que havia sido curado não sabia quem era, e Jesus havia desaparecido entre a multidão. Mais tarde Jesus encontrou o homem no templo e lhe disse: “Agora você está curado; não volte a pecar, senão poderá acontecer uma coisa pior a você”. Então o homem foi procurar os líderes judeus e lhes disse que tinha sido Jesus quem o havia curado. Em consequência disso, os judeus começaram a perseguir Jesus como uma pessoa que não guardava o sábado conforme a Lei de Moisés mandava. Mas Jesus respondeu: “Meu Pai trabalha até agora e eu trabalho também”. Por essa razão, todos os líderes judeus ficaram ainda com mais vontade de matar Jesus porque, além de desobedecer às leis a respeito do sábado, ele estava dizendo que Deus era o seu próprio Pai, igualando-se, desse modo, a Deus. Jesus respondeu: “Eu afirmo a vocês que o Filho não pode fazer nada de si mesmo. Ele só faz o que vê o Pai fazer, porque o que o Pai faz o Filho também faz. Porque o Pai ama o Filho, e lhe mostra tudo o que está fazendo; e o Filho fará obras muito maiores do que a cura deste homem! Porque, assim como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá vida, o Filho também dá vida a quem ele quer. E o Pai não julga a ninguém, pois deixou todo julgamento ao Filho, a fim de que todos honrem o Filho tal como honram o Pai. Mas se vocês se recusam a honrar o Filho, que ele enviou a vocês, então é certo que não estão honrando o Pai. “Eu digo sinceramente a vocês: Aquele que ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e jamais será condenado, mas já passou da morte para a vida. E eu declaro solenemente que está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e aqueles que a ouvirem viverão. Assim como o Pai tem a vida em si mesmo, e concedeu ao Filho também ter vida em si mesmo, deu-lhe autoridade para julgar, porque ele é o Filho do Homem. “Não se admirem disto! Na verdade vem o tempo em que todos os mortos, em seus túmulos, ouvirão a voz do Filho de Deus, e vão ressuscitar; aqueles que fizeram o bem ressuscitarão para a vida; e aqueles que continuaram a fazer o mal ressuscitarão para a condenação. Eu, porém, nada posso fazer de mim mesmo. Eu julgo pelo que ouço. E o meu julgamento é absolutamente imparcial e justo, pois não procuro agradar a mim mesmo, mas àquele que me enviou. “Quando eu faço declarações a respeito de mim mesmo, o meu testemunho não é válido, porém um outro está fazendo também estas declarações sobre mim, e sei que o seu testemunho a meu respeito é válido. “Vocês saíram para ouvir a pregação de João, e ele testemunhou da verdade! Porém o testemunho mais verdadeiro que eu tenho não vem de um homem, embora eu tenha feito lembrar o testemunho de João para que vocês creiam em mim e sejam salvos. João era como uma lamparina que queimava e brilhava bastante por um certo tempo, e vocês gostaram dele e ficaram alegres com a sua luz. “Porém, eu tenho um testemunho maior que o de João; a própria obra que eu faço, que o meu Pai me deu para concluir, testemunha que o Pai me enviou. E o próprio Pai que me enviou também testificou a meu respeito, embora ele não aparecesse a vocês pessoalmente, nem falasse diretamente com vocês. A sua palavra não habita em vocês, porque se recusam a crer naquele que ele enviou. Vocês estudam cuidadosamente as Escrituras, porque creem que elas têm a vida eterna. E são as Escrituras que testemunham a meu respeito! Mesmo assim vocês não querem vir a mim para que eu lhes dê a vida eterna! “A aprovação ou não de vocês não vale nada para mim, pois como eu os conheço muito bem, sei que vocês não têm o amor de Deus. Eu sei, porque vim a vocês representando o meu Pai e vocês recusam acolher-me, embora recebam muito depressa aqueles que não são enviados dele, mas vêm em seu próprio nome! Não me admira que vocês não possam crer, porque vocês aceitam a glória uns dos outros, mas não se importam com a glória que vem do único Deus! “Apesar disso, não sou eu quem acusará vocês disso diante do Pai — é Moisés! E é nas leis de Moisés que vocês depositam a esperança do céu. Mas vocês se recusam a crer em Moisés. Ele escreveu a meu respeito, e vocês se recusam a crer nele; por isso se recusam a crer em mim. E visto que não creem no que ele escreveu, não me admira que também não creem no que eu digo”. Depois disso, Jesus atravessou o mar da Galileia (conhecido também como o mar de Tiberíades), e uma enorme multidão o estava seguindo a todos os lugares aonde ele ia, porque viram os sinais miraculosos que ele tinha realizado nos doentes. Então Jesus subiu ao monte e sentou-se com os seus discípulos em volta dele. Estava próximo da comemoração anual da Páscoa. Jesus viu uma grande multidão de pessoas que subiam o monte, procurando por ele. Voltando-se para Filipe, perguntou: “Filipe, onde poderemos comprar pão para alimentar toda essa gente?” Ele estava colocando Filipe à prova, porque já sabia o que ia fazer. Filipe respondeu: “Seria preciso uma fortuna. Duzentos denários não seriam suficientes para que cada uma dessas pessoas recebesse um pedaço de pão!” Então um outro discípulo chamado André, irmão de Simão Pedro, falou: “Aqui está um rapaz com cinco pães de cevada e dois peixes! Mas que adianta isto para toda esta multidão?” Jesus ordenou: “Digam para todo mundo assentar-se”. E todos eles — só os homens eram aproximadamente 5.000 — sentaram-se no gramado do monte. E assim Jesus tomou os pães, deu graças e os repartiu entre o povo. Depois disso fez o mesmo com os peixes. E todo mundo comeu até ficar satisfeito! Depois que todos comeram o suficiente, disse aos seus discípulos: “Agora ajuntem os pedaços que sobraram, para que não se perca nada”. Então eles encheram 12 cestos com os pedaços que sobraram dos cinco pães de cevada! Quando o povo percebeu que grande milagre Jesus havia realizado, exclamou: “Não há dúvida, este é o profeta que estávamos esperando!” Jesus viu que eles estavam prontos para fazer com que ele fosse o rei deles à força, então voltou sozinho para o monte. Ao anoitecer, os discípulos dele desceram à praia. Entraram no barco e atravessaram o mar em direção a Cafarnaum. Já estava escuro e Jesus ainda não tinha voltado. Logo uma ventania caiu sobre eles enquanto remavam, e o mar ficou muito agitado. Eles estavam a uns cinco ou seis quilômetros da margem quando de repente viram Jesus andando sobre o mar em direção ao barco! Eles ficaram apavorados! Porém ele lhes disse: “Sou eu! Não tenham medo!” Então de boa vontade deixaram Jesus entrar no barco, e logo chegaram ao lugar onde queriam chegar! No dia seguinte de manhã, no outro lado do lago, o povo começou a reunir-se na praia, esperando para ver Jesus. Porque sabiam que ele e seus discípulos tinham chegado juntos e que os discípulos haviam ido embora no barco deles, deixando Jesus para trás. Então alguns barcos chegaram da cidade de Tiberíades e aproximaram-se do lugar onde o povo tinha comido o pão depois de o Senhor Jesus ter dado graças. Quando o povo viu que Jesus não estava lá, nem seus discípulos, entrou nos barcos e atravessou para Cafarnaum, a fim de procurar Jesus. Quando chegaram e se encontraram com ele, disseram: “Mestre, como foi que o Senhor chegou aqui?” Jesus respondeu: “O fato é que vocês querem estar comigo não porque entenderam os sinais miraculosos, mas porque lhes dei de comer e ficaram satisfeitos. Vocês não devem trabalhar pela comida que se estraga, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do Homem dará a vocês. Porque Deus, o Pai, me enviou justamente com esta finalidade”. Então eles perguntaram: “Que devemos fazer para agradar a Deus?” Jesus lhes disse: “A vontade de Deus é esta: que vocês creiam naquele que ele enviou”. Eles responderam: “O Senhor deve nos mostrar mais sinais miraculosos, se quiser que nós creiamos no Senhor. O que é que o Senhor pode fazer? Nossos pais comeram o maná no deserto, como dizem as Escrituras: ‘Ele deu ao povo pão do céu’ ”. Jesus disse: “Não foi Moisés quem deu o pão do céu. Foi meu Pai. Agora ele oferece a vocês o verdadeiro pão do céu. Porque o pão que Deus dá é aquele que desceu do céu e é ele quem dá vida ao mundo”. “Senhor”, disseram eles, “dê-nos desse pão todos os dias da nossa vida!” Então Jesus respondeu: “Eu sou o pão da vida. Aquele que vem a mim nunca terá fome. Aquele que crê em mim nunca terá sede. Mas o problema é que, conforme eu disse, vocês não creram, nem mesmo depois de me terem visto. Todo aquele que o Pai me der virá a mim, e quem vier a mim, a esse jamais rejeitarei. Pois eu vim do céu aqui para fazer a vontade de Deus, que me enviou, e não para seguir minha própria vontade. E esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca um só de todos que ele me deu, mas que ressuscite todos para a vida eterna no último dia. Pois é a vontade do Pai que todo aquele que olhar para o Filho dele creia nele, tenha a vida eterna, e eu o ressuscite no último dia”. Então os judeus começaram a murmurar contra Jesus, porque dissera ser o pão do céu. “Quê!”, exclamaram eles. “Ele não é apenas Jesus, o filho de José? Nós conhecemos seu pai e sua mãe. Como ele pode dizer: ‘Desci do céu’?” Mas Jesus respondeu: “Não murmurem entre vocês porque eu disse isto. Pois ninguém pode vir a mim, a não ser que o Pai, que me enviou, o traga, e no último dia eu vou ressuscitá-lo. Como está escrito nos Profetas: ‘Todos eles serão ensinados por Deus’. Aqueles a quem o Pai fala, que aprendem dele a verdade, serão atraídos a mim. Ninguém viu o Pai, a não ser aquele que vem de Deus; ele já viu o pai. Eu asseguro a vocês que todo aquele que crê em mim tem a vida eterna! Sim, eu sou o pão da vida! Os pais de vocês comeram o maná no deserto, mas morreram. Mas aqui está o pão do céu que dá a vida eterna a todo aquele que o comer. E eu sou esse pão vivo que desceu do céu. Todo aquele que comer deste pão viverá eternamente. Minha carne é este pão, entregue a todos para salvar a humanidade”. Então os judeus começaram a discutir uns com os outros a respeito do que ele queria dizer. “Como pode este homem nos dar a sua carne para comer?”, perguntavam. Então Jesus disse outra vez: “Com toda a sinceridade eu afirmo: Se vocês não comerem a carne do Filho do Homem e não beberem o seu sangue, não terão a vida. Mas todo aquele que realmente come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne é verdadeira comida, e o meu sangue é verdadeira bebida. Todo aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue está em mim, e eu nele. Eu vivo pelo poder do Pai que me enviou, e da mesma forma, aqueles que se alimentam de mim viverão por minha causa! Eu sou o verdadeiro pão que desceu do céu; não como o maná que os pais de vocês comeram e mesmo assim morreram. Mas quem comer deste pão viverá para sempre”. Ele disse isso quando ensinava na sinagoga de Cafarnaum. Até mesmo os seus discípulos disseram: “Isto é muito difícil de entender. Quem poderá aceitar esses ensinamentos?” Jesus sabia que os seus discípulos estavam reclamando e disse-lhes: “Isso perturba vocês? Então que pensarão vocês se virem a mim, o Filho do Homem, voltar para o céu onde estava antes? Somente o Espírito dá vida. A carne para nada serve. As palavras que eu lhes disse são espírito e vida. Mas alguns ainda não creem em mim”. Pois Jesus sabia desde o princípio quem não cria nele e por quem seria traído. Depois observou: “Isso é o que eu queria dizer quando afirmei que ninguém pode vir a mim se meu Pai não atrair a pessoa a mim”. Nesse ponto, muitos dos seus discípulos voltaram atrás e o abandonaram. Então Jesus voltou-se para os Doze e perguntou: “Vocês também querem ir embora?” Simão Pedro respondeu: “Mestre, para quem iremos nós? Só o Senhor tem as palavras que dão a vida eterna, e nós cremos e sabemos que o Senhor é o Santo Filho de Deus”. Então Jesus disse: “Eu escolhi vocês Doze; contudo, um é um diabo”. (Ele estava falando de Judas, filho de Simão Iscariotes, um dos Doze, por quem seria traído.) Depois disto, Jesus foi para a Galileia, e andava de aldeia em aldeia, porque queria permanecer fora da Judeia, onde os líderes judaicos estavam planejando a morte dele. Mas logo chegou o tempo da Festa dos Tabernáculos, uma das comemorações dos judeus, e os irmãos de Jesus disseram: “Você deve sair daqui e ir para a Judeia, a fim de que os seus discípulos vejam o que você está fazendo, pois quem quer ser conhecido não pode agir em segredo! Já que você está fazendo estas coisas, deixe que todos o conheçam!” Pois nem mesmo seus irmãos criam nele. Jesus respondeu: “Agora não é o tempo certo para eu ir. Mas para vocês qualquer hora serve. O mundo não pode odiar a vocês; mas a mim, sim, porque eu o acuso de pecado e maldade. Vão vocês para a festa, mas eu não subirei ainda, porque para mim ainda não chegou a época certa”. Assim ele ficou na Galileia. Mas depois que os irmãos dele partiram para a festa, ele foi também, embora secretamente, ficando longe dos olhos do público. Os líderes judaicos procuravam achar Jesus na festa e andavam perguntando por ele. Havia uma grande discussão a seu respeito entre o povo. Alguns diziam: “Ele é um homem bom”, enquanto outros diziam: “Não, ele está enganando o povo”. Mas ninguém tinha coragem de falar a favor dele em público, com medo dos líderes judaicos. Então, quando a festa já estava na metade, Jesus subiu ao templo e começou a ensinar abertamente. Os líderes judaicos ficaram surpresos com o que dizia. “Como é que ele sabe tanto, pois nunca esteve em nossas escolas?”, perguntavam eles. Jesus respondia assim: “Eu não estou ensinando a vocês as minhas ideias, mas os ensinos daquele que me enviou. Se qualquer um de vocês realmente decidir fazer a vontade de Deus, então saberá com certeza se o meu ensino vem de Deus ou se falo por mim mesmo. Todo aquele que apresenta suas próprias ideias está procurando aplauso para si mesmo, porém todo o que procura honrar aquele que o enviou é uma pessoa verdadeira; não há falsidade nele. Moisés não lhes deu a Lei? No entanto, nenhum de vocês obedece à Lei. Por que é que vocês procuram matar-me?” A multidão respondeu: “O Senhor está dominado por um demônio! Quem está procurando matá-lo?” Jesus respondeu: “Eu fiz uma obra, e todos vocês ficaram admirados. Mas vocês circuncidam um menino até no sábado, toda vez que obedecem à Lei de Moisés (embora, na verdade, a lei da circuncisão não tinha começado com Moisés, mas com os patriarcas); pois se o tempo certo de circuncidar os seus filhos for num sábado, vocês fazem o que a Lei de Moisés manda, aliás, como deve ser mesmo. Ora, pois, por que vocês ficam cheios de ira contra mim pelo fato de curar um homem no sábado? Parem de julgar apenas pela aparência, mas julguem com justiça”. Alguns do povo, que moravam ali em Jerusalém, diziam aos outros: “Não é este o homem que estão procurando matar? Porém aqui está ele falando publicamente, e não lhe dizem nada. Será que as nossas autoridades reconheceram que ele é de fato o Cristo? Mas como pode ser ele? Pois nós sabemos onde esse homem nasceu; quando o Cristo vier, ele simplesmente aparecerá, e ninguém saberá de onde vem”. Enquanto Jesus ensinava no pátio do templo, ele disse: “Sim, vocês me conhecem e sabem onde eu nasci e me criei, mas eu fui enviado por alguém que vocês não conhecem, e ele é a verdade. Eu o conheço, porque eu estava com ele, e ele me enviou a vocês”. Então os líderes judaicos procuraram prender Jesus, mas ninguém pôs a mão nele, porque ainda não havia chegado a sua hora. Muitos entre a multidão creram nele e diziam: “Afinal de contas, que milagres se esperam que o Cristo faça que este homem não tenha feito?” Quando os fariseus ouviram a multidão comentando essas coisas a respeito de Jesus, eles e os sacerdotes principais enviaram guardas do templo para prender Jesus. Mas Jesus lhes disse: “Eu vou ficar aqui um pouco mais. Então voltarei para aquele que me enviou. Vocês me procurarão, mas não me acharão. Vocês não poderão ir aonde eu vou estar”. Os líderes judaicos disseram uns aos outros: “Para onde será que ele está planejando ir? Pode ser que ele esteja pensando em deixar o país e ir para o nosso povo em outras terras, ou pode ser que até mesmo aos povos que não são judeus! Que será que ele quis dizer quando falou: ‘Vocês me procurarão, mas não me acharão’ e: ‘Vocês não poderão ir aonde eu vou estar’?” No último e mais importante dia da festa, Jesus disse ao povo em alta voz: “Se alguém está com sede, venha a mim e beba. Porque as Escrituras declaram que rios de água viva correrão do íntimo de todo aquele que crer em mim”. Ele estava falando do Espírito que seria dado mais tarde a todo aquele que cresse nele; até então o Espírito ainda não tinha sido dado, porque Jesus ainda não havia voltado para a glória dele no céu. Quando o povo o ouviu dizer isto, alguns declararam: “Este homem de fato é o profeta”. Outros diziam: “Ele é o Cristo”. E ainda outros perguntaram: “Mas como pode o Cristo vir da Galileia? As Escrituras afirmam claramente que o Cristo virá da linhagem real de Davi, da cidade de Belém, onde Davi morou”. Assim a multidão estava dividida a respeito de Jesus. Alguns queriam prendê-lo, mas ninguém tocou nele. Os guardas do templo que tinham sido enviados para prender Jesus voltaram aos sacerdotes principais e aos fariseus. “Por que vocês não trouxeram o acusado?”, perguntaram eles. Eles responderam. “Nós nunca ouvimos alguém falar assim”. “Então vocês também foram enganados?”, perguntaram os fariseus. “Existe pelo menos um de nós, entre as autoridades ou fariseus, que creu nele? Mas esse povo ignorante que não conhece a lei é maldito!” Então Nicodemos, um deles, que antes foi secretamente procurar Jesus, tomou a palavra e perguntou-lhes: “A nossa lei permite condenar um homem antes mesmo que ele seja julgado?” Eles responderam: “Você por acaso também é da Galileia? Procure nas Escrituras e veja você mesmo — da Galileia não saem profetas!” Então a reunião terminou, e cada um foi para a sua casa. Jesus, porém, voltou para o monte das Oliveiras. Mas no outro dia de manhã, bem cedo, estava de volta no templo. Logo se reuniu uma multidão, e ele se assentou para falar a eles. Quando estava falando, os mestres da lei e os fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério e a colocaram diante da multidão. “Mestre”, disseram a Jesus, “esta mulher foi surpreendida no próprio ato de adultério. A Lei de Moisés manda que seja apedrejada. E o Senhor, o que diz?” Eles estavam procurando apanhar Jesus dizendo alguma coisa que pudessem usar contra ele. Mas Jesus se inclinou e escrevia na terra com o dedo. Como eles continuaram a fazer a mesma pergunta, ele se levantou e disse: “Quem de vocês estiver sem pecado, que seja o primeiro a atirar uma pedra nela!” Depois abaixou-se de novo e voltou a escrever na terra. Quando ouviram isso, foram saindo, um a um, começando pelos mais idosos, até que deixaram sozinhos Jesus com a mulher em pé diante dele. Então Jesus se ergueu novamente e perguntou a ela: “Mulher, onde estão os seus acusadores? Nenhum deles condenou você?” “Ninguém, Senhor”, disse ela. E Jesus disse: “Eu também não a condeno. Vá embora e não peque mais”. Depois, em um de seus ensinos, Jesus disse ao povo: “Eu sou a luz do mundo. Se vocês me seguirem, não vão tropeçar na escuridão, mas terão a luz da vida”. Os fariseus disseram: “Você está testemunhando acerca de si mesmo. Por isso o seu testemunho não tem valor!” Jesus lhes disse: “Embora eu testemunhe a meu favor, o meu testemunho é válido, porque eu sei de onde vim, e para onde vou; mas vocês não sabem de onde eu vim e para onde vou. Vocês me julgam sem conhecer os fatos. Eu não julgo ninguém. Mesmo se estivesse julgando, seria um julgamento absolutamente correto em todos os sentidos, porque eu não estou sozinho. Eu estou com o Pai, que me enviou. As leis de vocês afirmam que se dois homens concordarem sobre alguma coisa que aconteceu, o testemunho deles é válido. Ora, eu testemunho de mim mesmo; e meu Pai, que me enviou, é a outra testemunha”. “Onde está o seu Pai?”, perguntaram eles. Jesus respondeu: “Vocês não sabem quem sou eu, portanto não sabem quem é o meu Pai. Se me conhecessem, então vocês também conheceriam o Pai”. Jesus fez essas declarações enquanto estava na parte do templo perto da caixa de ofertas. Mas ele não foi preso porque a sua hora ainda não havia chegado. Depois ele disse outra vez: “Eu vou embora; vocês me procurarão, e morrerão em seus pecados. Vocês não podem ir para onde eu vou”. Isso levou os judeus a perguntar: “Estará ele pensando em se matar? O que ele quer dizer com ‘Vocês não podem ir para onde eu vou’?” Então ele continuou: “Vocês são daqui de baixo; eu sou lá de cima. Vocês são deste mundo; eu não sou deste mundo. Foi por isso que eu disse que vocês morrerão em seus pecados. Se vocês não crerem que Eu Sou, de fato morrerão em seus pecados”. “Diga-nos quem é você”, exigiram eles. Jesus respondeu: “Eu sou aquele que sempre disse que era. Eu poderia julgar vocês por muitas coisas, e ensinar-lhes muitas coisas, mas não farei isso, porque digo apenas o que ouvi daquele que me enviou”. Porém ninguém entendeu que ele estava falando a respeito do Pai. Então Jesus disse: “Quando vocês levantarem o Filho do Homem, então perceberão que Eu Sou, e que não tenho falado a respeito das minhas próprias ideias; mas, pelo contrário, falo exatamente o que o Pai me ensinou. E aquele que me enviou está comigo; ele não me abandonou, porque sempre faço as coisas que o agradam”. Quando Jesus disse isso, muitos creram nele. E Jesus falou aos judeus que creram nele: “Vocês são verdadeiramente meus discípulos se permanecerem na minha palavra, e conhecerão a verdade, e a verdade os libertará”. “Mas nós somos descendentes de Abraão”, disseram eles, “e nunca fomos escravos de nenhum homem na terra! Que quer você dizer com ‘libertará’?” Jesus respondeu: “Vocês são escravos do pecado, todos vocês. E os escravos não têm direitos permanentes com a família, mas o filho tem todos os direitos para sempre! Portanto, se o Filho os libertar, vocês serão livres de verdade. Sim, eu sei que vocês são descendentes de Abraão! E, apesar disso, alguns estão querendo matar-me porque a minha palavra não acha lugar dentro do coração de vocês. Eu estou dizendo o que vi quando estava com meu Pai. Mas vocês estão seguindo a orientação do pai de vocês”. “Nosso pai é Abraão”, afirmaram eles. Disse Jesus: “Se vocês fossem filhos de Abrão, seguiriam o bom exemplo dele. Mas em vez disso, estão procurando matar-me — e tudo porque eu disse a vocês a verdade que ouvi de Deus. Abraão não faria uma coisa dessas! Vocês estão obedecendo ao seu pai quando agem dessa forma”. Eles responderam: “Nós não somos filhos ilegítimos. O único Pai que temos é o próprio Deus”. Jesus continuou: “Se Deus fosse o Pai de vocês, vocês me amariam, porque eu vim a vocês da parte de Deus. Eu não estou aqui por mim mesmo, mas foi ele que me enviou. Por que vocês não podem entender o que eu estou dizendo? É porque são impedidos de fazê-lo! “Vocês são filhos do seu pai, o Diabo, e gostam de realizar o desejo dele. Ele foi assassino desde o princípio, e também sempre odiou a verdade; não há nenhum sinal de verdade nele. Quando mente, isso lhe é perfeitamente normal; porque ele é mentiroso e pai da mentira. Assim sendo, quando eu falo a verdade, vocês naturalmente não creem em mim! Quem de vocês pode verdadeiramente acusar-me de um único pecado? E já que eu estou falando a verdade, por que vocês não creem em mim? Todo aquele que pertence a Deus ouve as palavras de Deus. E como vocês não ouvem, isto prova que não são dele”. Eles disseram a Jesus: “Por acaso não temos razão em dizer que você é samaritano e está dominado por um demônio?” “Não”, disse Jesus. “Não estou dominado por nenhum demônio. Porque eu honro o meu Pai, e vocês me desonram. Não estou buscando glória para mim mesmo; mas existe alguém que a busque para mim, e ele é o Juiz. A verdade é que todos que obedecem à minha palavra jamais morrerão!” Então os líderes dos judeus disseram: “Agora sabemos que você está dominado pelo demônio. Até Abraão e os profetas mais poderosos morreram, e você ainda diz que obedecer-lhe vai livrar um homem da morte! Quer dizer que você é maior do que o nosso pai Abraão, que morreu? E maior do que os profetas, que morreram? Quem você pensa que é?” Então Jesus disse isto: “Se eu estou apenas glorificando a mim mesmo, isto não tem valor algum. Porém é o meu Pai, que vocês dizem que é o seu Deus, quem está me glorificando. Mas vocês não o conhecem, mas eu o conheço. Se eu dissesse que não o conheço, seria mentiroso tanto quanto vocês! Mas a verdade é que eu conheço o Pai e obedeço à sua palavra. Abraão, o pai de vocês, exultou ao ver o tempo da minha vinda; ele viu e ficou alegre”. Os líderes judaicos disseram: “Você não tem nem cinquenta anos de idade e viu Abraão?” Jesus respondeu: “A verdade é que antes de Abraão nascer, Eu Sou!” Neste ponto os líderes judaicos apanharam pedras para matar Jesus, mas ele se ocultou deles e deixou o templo. Enquanto prosseguia caminhando, Jesus viu um homem que tinha nascido cego. “Mestre”, perguntaram seus discípulos, “quem pecou; este homem ou seus pais para que nascesse cego?” “Nem uma coisa nem outra”, respondeu Jesus, “mas isso aconteceu para que o poder de Deus se manifestasse na vida dele. Todos nós devemos cumprir as tarefas que nos foram dadas por aquele que me enviou, enquanto é dia. A noite se aproxima, quando ninguém pode trabalhar. Mas enquanto eu ainda estiver no mundo, eu sou a luz do mundo”. Então Jesus cuspiu no chão, fez barro com a saliva, aplicou-a nos olhos do cego e disse: “Vá lavar-se no Tanque de Siloé” (a palavra “Siloé” significa “enviado”). Assim o homem foi, lavou-se e voltou enxergando! Seus vizinhos, e outros que conheciam o homem como um mendigo, perguntavam uns aos outros: “Este é o homem que costumava ficar sentado pedindo esmolas?” Alguns diziam que sim, outros diziam que não. “Não pode ser o mesmo homem”, pensavam eles, “mas sem dúvida se parece com ele!” Mas ele dizia: “Eu sou aquele homem!” “Então, como foram abertos os seus olhos?”, perguntaram eles. Ele disse: “Um homem chamado Jesus misturou terra com saliva e colocou-a nos meus olhos; depois me mandou ir ao Tanque de Siloé e lavar-me. Eu fui, lavei-me e agora posso ver!” “E onde está esse homem?”, perguntaram. “Não sei”, respondeu. Então levaram o homem aos fariseus. Tudo isso aconteceu num sábado. Então os fariseus perguntaram ao homem como ele recuperara a visão, e o homem respondeu: “Ele colocou barro e saliva em meus olhos, e depois que lavei o barro comecei a enxergar!” Alguns dos fariseus disseram: “Neste caso, esse Jesus não é de Deus, porque não guarda o sábado”. Mas outros perguntavam: “Mas como um pecador comum poderia fazer tais milagres?” E assim houve divisão de opiniões entre eles. Nisto os fariseus voltaram ao homem que tinha sido cego e perguntaram: “Esse homem que abriu os seus olhos, quem você diz que ele é?” “Ele deve ser um profeta”, respondeu o homem. Os líderes judaicos não queriam acreditar que ele havia sido cego, até que chamaram seus pais e perguntaram: “Este é filho de vocês? Nasceu cego? Se foi, como é que está enxergando agora?” Os pais dele responderam: “Sabemos que este é nosso filho e que nasceu cego. Mas não sabemos o que aconteceu para ele sarar, ou quem fez isso. Ele tem idade bastante para falar por si mesmo. Perguntem a ele”. Eles disseram isso com medo dos líderes judaicos, que já tinham avisado que qualquer um que dissesse que Jesus era o Cristo seria expulso da sinagoga. Foi por isso que seus pais disseram: “Ele é maior de idade; perguntem a ele”. Portanto, pela segunda vez, chamaram o homem que tinha sido cego e disseram: “Para a glória de Deus, diga a verdade. Nós sabemos que esse homem é pecador”. “Eu não sei se ele é pecador ou não”, respondeu o homem, “porém isto eu sei: eu era cego e agora vejo!” “Mas o que foi que ele fez?”, perguntaram. “Como foi que ele abriu os seus olhos?” “Olhem!”, exclamou o homem, “eu já contei tudo uma vez; não ouviram? Por que querem ouvir outra vez? Será que vocês também querem se tornar discípulos dele?” Com isso eles ofenderam o homem e disseram: “Você, sim, que é discípulo dele! Nós somos discípulos de Moisés! Sabemos que Deus falou a Moisés, mas quanto a esse, nem mesmo sabemos de onde ele é”. “Pois isso é muito esquisito!”, respondeu o homem. “Ele pode curar os cegos, e apesar disso os senhores não sabem de onde ele vem! Ora, sabemos que Deus não atende pecadores, mas tem os ouvidos abertos para aqueles que o adoram e fazem a sua vontade. Desde o princípio do mundo nunca houve ninguém que pudesse abrir os olhos de uma pessoa que nasceu cega. Se este homem não fosse de Deus, não poderia fazer isto”. “Você nasceu em pecado!”, gritaram eles. “Quem é você para ensinar a nós?” E o expulsaram. Quando Jesus soube que o haviam expulsado, procurou o homem e lhe disse: “Você crê no Filho do Homem?” Ele respondeu: “Quem é ele, Senhor, para que eu creia nele?” “Você já o viu”, disse Jesus, “é aquele que está falando com você!” “Sim, Senhor”, disse o homem, “eu creio!” E adorou a Jesus. Então Jesus disse: “Eu vim ao mundo para julgamento, a fim de que os cegos vejam e os que veem fiquem cegos”. Alguns fariseus que estavam ali perguntaram: “Será que isso quer dizer que nós também somos cegos?” “Se vocês fossem cegos, não teriam culpa de pecado”, respondeu Jesus. “Mas a culpa de vocês permanece porque vocês dizem que podem ver”. Jesus disse: “Eu afirmo a vocês que todo aquele que se recusa a entrar no curral das ovelhas pela porta, e entra às escondidas por outro lugar, é certamente um ladrão e assaltante! Porque o pastor das ovelhas entra pela porta. O porteiro abre a porta para ele, e as ovelhas ouvem a sua voz. Ele chama suas ovelhas pelo nome e leva todas para fora. Depois de conduzir todas para fora, vai andando na frente delas, e elas o seguem, porque reconhecem a sua voz. Elas nunca seguirão um estranho; antes fugirão dele, porque não reconhecem a voz de estranhos”. Aqueles que ouviram Jesus usar essa parábola não entenderam o que ele queria dizer. Por isso Jesus continuou: “Eu afirmo a vocês a verdade: Eu sou a porta das ovelhas. Todos os que vieram antes de mim eram ladrões e assaltantes. Porém as ovelhas não atenderam à voz deles. Sim, eu sou a porta. Aquele que entrar por mim será salvo; entrará e sairá, e encontrará pastagens verdes. A intenção do ladrão é só roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham vida, e vida completa. “Eu sou o bom Pastor. O bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas. Um simples empregado não é o pastor a quem as ovelhas pertencem. Assim, se perceber que o lobo vem chegando, ele deixa as ovelhas e foge. Com isso o lobo ataca e espalha o rebanho. O empregado foge porque é apenas uma pessoa que trabalha por dinheiro, e não tem interesse real pelas ovelhas. “Eu sou o bom Pastor, conheço minhas próprias ovelhas, e elas me conhecem. Assim como o Pai me conhece, eu conheço o Pai, e entrego a minha vida pelas ovelhas. Eu ainda tenho outras ovelhas, que não são deste curral. Eu tenho de conduzir essas também, e elas atenderão à minha voz; e haverá um só rebanho e um só pastor. O Pai me ama porque eu entrego a minha vida para poder ter a vida de volta outra vez. Ninguém a tira de mim, mas eu a entrego de livre vontade. Pois tenho autoridade de entregar a minha vida quando quiser, e também tomá-la de novo, porque o Pai me deu esta ordem”. Quando Jesus disse estas coisas, os judeus se dividiram novamente em suas opiniões a respeito dele. Alguns diziam: “Ele tem um demônio, ou então está louco. Para que ouvi-lo?” Outros diziam: “Isto não nos parece o jeito de falar de um homem dominado pelo demônio! Pode um demônio abrir os olhos dos cegos?” Era inverno, e Jesus estava em Jerusalém na época da celebração da festa da Dedicação. Ele estava no templo, caminhando pela parte conhecida como o Alpendre de Salomão. Os judeus rodearam Jesus e perguntaram: “Quanto tempo o Senhor ainda vai nos deixar na dúvida? Se o Senhor é o Cristo, diga de uma vez!” “Eu já lhes disse, e vocês não creram em mim”, respondeu Jesus. “A prova está nas obras que eu faço em nome de meu Pai. Mas vocês não creem em mim porque não são minhas ovelhas. As minhas ovelhas reconhecem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna, e elas nunca morrerão. Ninguém poderá arrancá-las da minha mão, porque meu Pai me deu todas elas, e ele é mais poderoso do que todos; por isso, ninguém pode arrancar nenhuma delas da sua mão. Eu e o Pai somos um”. Então os líderes judaicos novamente pegaram em pedras para apedrejá-lo. Mas Jesus disse: “Por orientação do Pai, eu tenho feito muitas obras. Por qual delas vocês querem me apedrejar?” Eles responderam: “Não é por nenhuma boa obra que vamos apedrejá-lo, mas por blasfêmia, porque você é um simples homem e declara que é Deus”. “Na própria Lei de vocês não está escrito: ‘Eu disse: Vocês são deuses’? Portanto, se a Escritura, que não pode ser anulada, chama de deuses aqueles a quem veio a palavra de Deus, vocês dizem que é blasfêmia quando aquele que foi santificado e enviado ao mundo pelo Pai diz: ‘Eu sou o Filho de Deus’? Não creiam em mim, se eu não faço as obras de meu Pai. Mas se as realizo, creiam nelas, mesmo que vocês não creiam em mim. Com isso vocês se convencerão de que o Pai está em mim, e eu no Pai”. Mais uma vez eles tentaram prender Jesus, porém ele escapou das mãos dele. Então Jesus atravessou novamente o rio Jordão, e foi para o lugar onde João esteve batizando no princípio do seu ministério. Muitos seguiram Jesus. “Embora João nunca tenha realizado milagres”, diziam uns aos outros, “tudo o que ele disse a respeito deste homem tem-se cumprido”. E muitos creram em Jesus naquele lugar. Havia um homem chamado Lázaro que estava doente. Ele era de Betânia, do povoado de Maria e de sua irmã Marta. Maria, sua irmã, era aquela que derramou o perfume caro nos pés de Jesus, e depois enxugou-os com os cabelos. Por isso as duas irmãs mandaram um recado a Jesus, dizendo: “Senhor, o amigo que o Senhor ama está doente”. Mas quando Jesus ouviu isso, disse: “O propósito da doença dele não é a morte, mas a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por meio dessa doença”. Jesus amava Marta, Maria e Lázaro. No entanto, ele ainda ficou mais dois dias onde estava, depois de receber notícias de que Lázaro estava doente. Só depois disso disse aos seus discípulos: “Vamos voltar para a Judeia”. Porém os discípulos disseram: “Mestre, apenas uns dias atrás os líderes judaicos tentaram apedrejar o Senhor, e assim mesmo deseja voltar para lá?” Jesus respondeu: “Há doze horas de luz do sol todos os dias, e durante cada hora do dia um homem pode andar com segurança sem tropeçar. Só à noite é que há o perigo de tropeçar, por causa da escuridão”. Depois ele disse: “Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas eu vou despertá-lo!” Seus discípulos responderam: “Senhor, se ele dorme, isto quer dizer que está bem”. Eles pensavam que Jesus falava do repouso do sono, mas, na verdade, Jesus tinha falado da morte de Lázaro. Então ele disse claramente: “Lázaro está morto. E por causa de vocês, alegro-me de que eu não estivesse lá, porque isso vai ser mais uma oportunidade para que vocês creiam. Venham, vamos até ele”. Então Tomé, apelidado de “Dídimo”, disse aos outros discípulos: “Vamos até lá para morrermos com o Mestre”. Quando eles chegaram a Betânia, disseram-lhes que Lázaro já estava no sepulcro havia quatro dias. Betânia ficava a cerca de 3 quilômetros de Jerusalém, e muitas pessoas vieram visitar e consolar Marta e Maria pela perda do irmão. Quando Marta recebeu a notícia de que Jesus estava chegando, foi ao encontro dele, porém Maria ficou em casa. Marta disse a Jesus: “Se o Senhor estivesse aqui, meu irmão não teria morrido. Porém eu sei que, mesmo assim, Deus lhe dará tudo o que o Senhor pedir a ele”. Jesus disse: “O seu irmão vai ressuscitar”. “Sim”, disse Marta, “eu sei que ele vai ressuscitar no dia da ressurreição, no último dia”. Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Todo aquele que crê em mim, mesmo que morra, viverá, e quem vive e crê em mim não morrerá eternamente. Você crê nisto, Marta?” “Sim, Senhor”, disse ela. “Eu creio que o Senhor é o Cristo, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo”. Nisto ela deixou Jesus, voltou para casa, e chamando Maria separadamente, disse: “O Mestre está aqui e quer falar com você”. Então Maria levantou-se imediatamente e foi ao encontro dele. Jesus tinha ficado fora do povoado, no lugar onde Marta havia se encontrado com ele. Quando os judeus que estavam na casa, procurando consolar Maria, viram que ela saiu depressa, pensaram que estivesse indo ao sepulcro de Lázaro para chorar; eles a seguiram. Ao chegar ao lugar onde Jesus estava, vendo-o, Maria caiu aos pés dele, dizendo: “Se o Senhor estivesse aqui, meu irmão não teria morrido”. Quando Jesus viu Maria chorar, e os judeus também, ficou muito perturbado e comovido. “Onde ele está sepultado?”, perguntou. Eles disseram: “Venha ver, Senhor”. Jesus chorou. Então os judeus disseram: “Vejam como ele o amava”. Mas alguns deles diziam: “Ele que curou um cego, por que não pôde impedir este homem de morrer?” E outra vez Jesus ficou muito comovido. Nisso chegaram ao sepulcro. Era uma gruta, com uma pedra pesada fechando a entrada. “Tirem a pedra”, disse Jesus. Porém Marta, a irmã do morto, falou: “Mas o mau cheiro será terrível, porque ele já está morto há quatro dias”. “Eu já não disse que, se você cresse, veria a glória de Deus?” disse Jesus. Então tiraram a pedra para um lado. Foi quando Jesus levantou os olhos ao céu e disse: “Pai, graças dou ao Senhor, porque me ouviu. Eu sei que o Senhor sempre me ouve, mas eu disse isso por causa destas pessoas que se encontram aqui, para que creiam que o Senhor me enviou”. Então Jesus gritou bem alto: “Lázaro, venha para fora!” E Lázaro saiu, preso com faixas de linho nas mãos e nos pés e com o rosto envolto num pano. Jesus disse: “Desamarrem as faixas e deixem-no ir!” Assim, muitos dos judeus que estavam com Maria e viram isso acontecer creram nele! Porém alguns saíram, foram aos fariseus e contaram o que Jesus tinha feito. Então os sacerdotes principais e os fariseus convocaram uma reunião do Sinédrio. “Que vamos fazer?”, perguntavam uns aos outros, “pois este homem evidentemente faz milagres. Se nós o deixarmos em paz, todos crerão nele e então o exército romano virá para tirar tanto o nosso lugar como a nossa nação”. Então um deles, Caifás, que era o sumo sacerdote naquele ano, disse: “Vocês não sabem! Será que não entendem que é melhor que morra só esse homem pelo povo do que deixar que morra uma nação inteira?” Essa palavra não veio dele mesmo, mas na qualidade de supremo sacerdote, ele profetizou que Jesus morreria pela nação, e não somente por aquela nação, mas por todos os filhos de Deus espalhados ao redor do mundo, para reuni-los num povo. Por isso, daquele dia em diante, os líderes judaicos começaram a planejar a morte de Jesus. Então Jesus parou com o seu ministério público e deixou Jerusalém; foi para próximo do deserto, no povoado de Efraim, onde ficou com os seus discípulos. A Páscoa, uma festa judaica, estava próxima, e muita gente do campo chegou a Jerusalém dias antes, para poder participar da cerimônia de purificação, antes de começar a Páscoa. Eles queriam ver Jesus, e, nas conversas no templo, perguntavam uns aos outros: “Que acha? Será que ele vem para a festa da Páscoa?” Enquanto isso os sacerdotes principais e os fariseus tinham anunciado publicamente que qualquer um que soubesse onde estava Jesus deveria denunciá-lo imediatamente, para que fosse preso. Seis dias antes de começar a Páscoa, Jesus chegou a Betânia, onde vivia Lázaro, a quem ele havia ressuscitado dos mortos. Prepararam um banquete em homenagem a Jesus. Marta servia, e Lázaro sentou-se à mesa com ele. Então Maria tomou um frasco de perfume caro feito de essência de nardo e derramou-o sobre os pés de Jesus, enxugando-os com os cabelos dela. A casa encheu-se com a fragrância do perfume. Mas Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que haveria de trair Jesus, disse: “Esse perfume vale trezentos denários. Deveria ser vendido, e o dinheiro dado aos pobres”. Judas não se importava com os pobres, mas tomava conta da caixa dos discípulos e era ladrão! Jesus respondeu: “Deixem Maria em paz. Ela fez isto como preparação para o meu sepultamento. Vocês sempre terão os pobres com vocês, porém eu não estarei com vocês por muito tempo mais”. Quando o povo de Jerusalém soube da chegada dele, correu para ver Jesus e Lázaro, a quem havia ressuscitado dos mortos. Por isso os sacerdotes principais resolveram matar também a Lázaro, pois por causa dele muitos dos judeus haviam mudado de ideia e criam em Jesus. No dia seguinte, correu pela cidade a notícia de que Jesus estava a caminho de Jerusalém; então uma enorme multidão que viera para a Páscoa tomou folhas de palmeiras e saíram ao encontro de Jesus, gritando: “Hosana!” “Bendito é aquele que vem em nome do Senhor!” “Bendito é o Rei de Israel!” Jesus vinha montado num jumentinho, para cumprir o que está escrito: “Não tenha medo, ó cidade de Sião, aí vem o seu Rei, montado num jumentinho!” Seus discípulos na ocasião não perceberam que aquilo era o cumprimento de uma profecia; mas depois que Jesus voltou para a sua glória no céu, eles se lembraram de quantas coisas estavam escritas a respeito dele e se realizaram diante dos seus olhos. E aqueles da multidão que tinham visto Jesus ressuscitar a Lázaro continuavam a espalhar o fato. Esta era a principal razão por que tantos saíram para encontrar Jesus, pois tinham ouvido falar desse poderoso milagre. Então os fariseus disseram uns aos outros: “Estão vendo que nada conseguimos? Vejam! Todo mundo vai atrás dele!” Alguns gregos que tinham vindo a Jerusalém para adorar a Deus durante a festa da Páscoa se aproximaram de Filipe, que era de Betsaida, da Galileia, e disseram: “Senhor, nós queremos ver a Jesus”. Filipe falou com André a respeito disso, e os dois foram juntos falar com Jesus. Jesus respondeu: “Chegou a hora de o Filho do Homem ser glorificado. Eu afirmo a vocês que se um grão de trigo não cair na terra e não morrer ficará ele uma semente isolada. Porém, se morrer, produzirá muitos novos grãos de trigo. Aquele que amar a sua vida, a perderá. Mas aquele que desprezar sua vida neste mundo, ganhará para sempre a vida eterna. Se alguém quer me servir, que venha e me siga, pois os meus servos devem estar onde eu estou. Se me servir, o Pai o honrará. “Agora a minha alma está muito perturbada. Deverei orar dizendo: ‘Pai salve-me daquilo que está por vir’? Não; essa é a razão pela qual eu vim! Ó Pai, glorifique e honre o seu nome!” Então uma voz falou do céu, dizendo: “Eu já o glorifiquei e o farei outra vez”. Quando a multidão ouviu a voz, alguns deles pensaram que era um trovão, enquanto outros afirmavam que um anjo havia falado com ele. Então Jesus disse: “A voz foi por causa de vocês, e não por minha causa. A hora do julgamento do mundo chegou, e a hora em que o príncipe deste mundo será expulso. E, quando eu for levantado, atrairei todo o mundo a mim”. Ele disse isso para dar a entender como ia morrer. A multidão falou: “A Lei nos ensina que o Cristo vai viver para sempre. Como é que o Senhor pode dizer: ‘O Filho do Homem precisa ser levantado’? Quem é esse ‘Filho do Homem’?” Jesus respondeu: “Minha luz brilhará para vocês só mais um pouco. Andem nela enquanto podem, antes que a escuridão os surpreenda, porque quem anda nas trevas não consegue achar o caminho. Creiam na luz enquanto é tempo; assim vocês se tornarão filhos da luz”. Depois de dizer essas coisas, Jesus foi embora e ocultou-se deles. Mas apesar de todos os milagres que Jesus havia feito, não creram nele. Foi justamente isso que o profeta Isaías havia predito: “Senhor, quem creu em nossa mensagem, A quem foi revelado o braço do Senhor?” Porém eles não podiam crer, porque, como disse Isaías: “Cegou os seus olhos e endureceu o seu coração para que não possam ver com os olhos, nem entender com o coração, nem voltar-se para mim, para que eu os cure”. Isaías se referiu a Jesus quando fez essa predição, porque teve uma visão da glória dele, e profetizou acerca dele. Contudo, mesmo entre os líderes judaicos, muitos creram nele; mas não declaravam isso a ninguém porque tinham medo de serem expulsos da sinagoga pelos fariseus; pois eles preferiam a aprovação dos homens à aprovação de Deus. Jesus disse às multidões em alta voz: “Quem crê em mim, não crê somente em mim, mas naquele que me enviou. Pois quem vê a mim, vê aquele que me enviou. Eu vim como uma luz para brilhar neste mundo, para que todo aquele que crê em mim não permaneça na escuridão. “Se alguém me ouvir e não me obedecer, não sou eu o juiz dele; pois eu vim salvar, e não julgar o mundo. Mas todo aquele que me rejeita e despreza a minha mensagem, será julgado no dia do juízo pelas verdades que eu tenho falado. Porque estas não são minhas próprias ideias; pelo contrário, o Pai que me enviou me disse o que eu deveria falar a vocês. E eu sei que os ensinos dele conduzem à vida eterna; por isso, tudo o que eu digo é exatamente o que o Pai me mandou dizer!” Pouco antes da festa da Páscoa, Jesus sabia que tinha chegado a hora de deixar este mundo e ir para o Pai. E tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim. Durante a ceia, o diabo já havia induzido Judas Iscariotes, filho de Simão, que aquela era a noite para ele executar o seu plano de trair Jesus. Jesus sabia que recebera do Pai todas as coisas, que tinha vindo de Deus e voltaria para Deus. Assim foi que ele se levantou da mesa da ceia, tirou a capa, enrolou uma toalha na cintura, derramou água numa bacia, e começou a lavar os pés dos seus discípulos, enxugando-os com a toalha que tinha à sua volta. Quando chegou a Simão Pedro, este lhe disse: “Mestre, o Senhor vai lavar os meus pés?” Jesus respondeu: “Você não entende agora por que eu estou fazendo isso; mais tarde, porém, entenderá”. “Não”, protestou Pedro. “O Senhor nunca lavará os meus pés!” “Mas se eu não lavar, você não terá parte comigo”, respondeu Jesus. Simão Pedro exclamou: “Então, Senhor, lave-me as mãos e a cabeça também, e não somente os pés!” Jesus respondeu: “Aquele que tomou um banho completo só necessita lavar os pés para ficar totalmente limpo. Ora, vocês estão limpos; isto, porém, não é verdade a respeito de todos aqui”. Pois Jesus sabia por quem seria traído. Era isso que ele queria dizer quando falou: “Nem todos vocês estão limpos”. Depois de lavar os pés deles, Jesus vestiu a capa outra vez, acomodou-se e perguntou: “Vocês entendem o que eu estava fazendo? Vocês me chamam ‘Mestre’ e ‘Senhor’, e fazem bem, porque eu sou. E já que, sendo o Senhor e o Mestre de vocês, lavei os seus pés, vocês também devem lavar os pés uns dos outros. Eu dei um exemplo para ser seguido: façam como eu fiz com vocês. A verdade é que nenhum escravo é maior do que o seu senhor. Nem um mensageiro é mais importante do que aquele que o envia. Agora que vocês já sabem estas coisas, serão felizes se as praticarem. “Não estou dizendo estas coisas a vocês todos; eu conheço muito bem cada um, pois eu escolhi vocês. A Escritura declara: ‘Um dos que comem a ceia comigo me trairá’, e isto vai acontecer logo. “Estou dizendo isso antes que aconteça, para que, quando acontecer, vocês creiam em mim. Verdadeiramente eu afirmo a vocês: Qualquer um que receber aquele que eu enviar, estará recebendo a mim; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou”. Nisto, Jesus sentiu uma profunda tristeza de espírito e exclamou: “Digo-lhes a verdade: Um de vocês me trairá”. Seus discípulos olharam uns para os outros, sem saber de quem ele poderia estar falando. Ao lado de Jesus estava sentado um deles, a quem Jesus amava. Simão Pedro fez um sinal para esse discípulo e disse: “Pergunte-lhe a quem ele está se referindo”. Então esse discípulo inclinou-se para mais perto de Jesus e perguntou: “Quem é ele, Senhor?” Jesus respondeu-lhe: “É aquele a quem eu der esse pão molhado”. Então molhou o pedaço de pão e o deu a Judas, filho de Simão Iscariotes. Logo que Judas comeu o pão, Satanás entrou nele. Então Jesus disse: “O que você vai fazer, faça depressa”. Nenhum dos outros à mesa soube o que Jesus quis dizer. Alguns pensavam que Jesus estava dizendo-lhe que fosse comprar a comida ou dar algum dinheiro aos pobres, visto que Judas era o que tomava conta do dinheiro. Judas comeu o pão e saiu, desaparecendo na noite. Logo que ele saiu, Jesus disse: “Chegou a hora de o Filho do Homem ser glorificado, e Deus será glorificado nele. E se Deus é glorificado nele, também Deus o glorificará nele mesmo; e o glorificará imediatamente. “Meus amados filhos, estarei com vocês mais um pouco. Vocês vão me procurar, mas, como eu disse aos líderes judaicos, para onde eu vou, vocês não poderão ir. “Por isso eu estou dando a vocês um novo mandamento: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros. Esse profundo amor que vocês tiverem uns pelos outros provará ao mundo que vocês são meus discípulos”. Simão Pedro lhe perguntou: “Senhor, para onde o Senhor vai?” E Jesus respondeu: “Para onde vou, vocês não podem ir agora; porém mais tarde poderão me seguir”. “Senhor, mas por que eu não posso ir agora?”, perguntou ele. “Pois estou pronto a morrer pelo Senhor”. Jesus respondeu: “Morrer por mim? Pois eu afirmo que antes que o galo cante, você negará três vezes que me conhece! “Que o coração de vocês não fique aflito. Creiam em Deus; creiam também em mim. Existem muitas moradas na casa do meu Pai; se não fosse assim, eu lhes diria. Vou preparar moradas para vocês. E quando tudo estiver pronto, então eu virei buscar todos, para que possam sempre estar onde eu estiver. E vocês conhecem o caminho para onde eu vou”. “Senhor, nós não sabemos para onde o Senhor vai”, disse Tomé. “Como então podemos saber o caminho?” Jesus disse: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém pode chegar ao Pai, a não ser por mim. Se vocês realmente me conhecessem, então saberiam quem é o meu Pai. Desde agora vocês o conhecem e o têm visto”. Filipe disse: “Senhor, mostre-nos o Pai, e ficaremos satisfeitos”. Jesus respondeu: “Você nem sabe ainda quem sou eu, Filipe, mesmo depois de todo esse tempo que tenho estado com vocês? Qualquer um que me vê, vê o Pai! Portanto, como você está pedindo para ver meu Pai? Você não crê que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu digo não são propriamente minhas, mas do Pai que vive em mim. E ele faz a sua obra por meu intermédio. Basta vocês crerem em mim quando eu digo que estou no Pai e que o Pai está em mim. Creiam nisto ao menos por causa das mesmas obras. Digo a verdade a vocês: Aquele que crê em mim fará as mesmas obras que eu tenho realizado, e fará ainda maiores do que estas, porque eu vou para a presença do Pai. Vocês podem pedir a ele qualquer coisa em meu nome, e eu o farei, e assim o Pai será glorificado por meio do Filho. Sim, peçam qualquer coisa em meu nome, e eu o farei! “Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos; e eu pedirei ao Pai e ele dará a vocês outro Consolador, que nunca deixará vocês. É o Espírito da verdade. O mundo não o pode receber, porque não o vê nem o conhece. Mas vocês o conhecem, porque ele mora com todos agora e estará em vocês. Não, eu não abandonarei vocês nem os deixarei como órfãos. Eu voltarei para vocês. Daqui a pouco eu terei ido embora do mundo, mas continuarei presente com vocês. Porque eu vivo, vocês também viverão. Quando eu tornar a viver, vocês compreenderão que eu estou em meu Pai, vocês em mim, e eu em vocês. Aquele que tem os meus mandamentos e lhes obedece, esse é o que me ama. Aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei, e me revelarei a ele”. Judas (não o Iscariotes) disse: “Por que o Senhor vai se revelar somente a nós e não ao mundo?” Jesus respondeu: “Quem me ama guardará a minha palavra. O Pai também o amará, e nós haveremos de vir e morar nele. Todo aquele que não me ama não obedece às minhas palavras. E lembrem-se: Não sou eu que estou inventando essa resposta para a pergunta de vocês! É a resposta dada pelo Pai, que me enviou. “Eu digo essas coisas agora, enquanto ainda estou com vocês. Mas, quando o Pai enviar o Consolador, o Espírito Santo, que virá em meu nome, ele ensinará todas as coisas a vocês, e fará lembrar todas as coisas que eu mesmo tenho dito a vocês. Deixo a paz com vocês! E minha paz eu dou a vocês. Não é como a paz que o mundo dá. Portanto, não se aflijam nem tenham medo. “Lembrem-se do que eu lhes disse: Vou embora, mas voltarei para vocês. Se vocês realmente me amarem, ficarão muito contentes comigo, porque agora eu posso ir para o Pai, que é maior do que eu. Eu lhes disse essas coisas antes que elas aconteçam para que, quando acontecerem, vocês creiam. Não tenho muito tempo mais para falar com vocês, porque o príncipe deste mundo está se aproximando. Ele não tem nenhum poder sobre mim. Porém eu farei de espontânea vontade o que o Pai manda, para que o mundo saiba que eu amo o Pai. Levantem-se, vamos sair daqui”. “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador. Todo ramo que, estando em mim, não dá fruto, ele corta; e poda os ramos que dão fruto, para que produzam ainda mais fruto. Ele já limpou vocês pela palavra que lhes tenho falado. Permaneçam em mim, e eu permanecerei em vocês. Pois nenhum ramo pode dar fruto quando está separado da videira. Nem vocês podem produzir frutos se não permanecerem em mim. “Sim, eu sou a videira; vocês são os ramos. Todo aquele que permanecer em mim, e eu nele, esse produzirá muito fruto. Porque separados de mim vocês não podem fazer coisa alguma. Quando alguém não permanece em mim, é jogado fora como um ramo imprestável, seca-se, é ajuntado num montão com todos os outros, e depois é lançado no fogo e queimado. Mas, se vocês permanecerem em mim e obedecerem às minhas ordens, podem fazer o pedido que quiserem, e isso será concedido! Os meus verdadeiros discípulos dão colheitas abundantes. Isso resulta em grande glória para o meu Pai. “Eu tenho amado a vocês, tal como o Pai me amou. Permaneçam no meu amor. Se vocês obedecerem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como eu obedeço aos mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor. Eu lhes disse isso para que a minha alegria esteja em vocês. Sim, vocês vão ficar transbordando com a minha alegria! O meu mandamento é este: Amem uns aos outros como eu amo a vocês. E esta é a maneira de medir o amor — o maior amor é demonstrado quando uma pessoa entrega a vida pelos seus amigos. Vocês serão meus amigos se me obedecerem. Eu já não os chamo de escravos, porque um escravo não sabe o que o seu senhor faz; agora vocês são meus amigos, e a prova é o fato de que eu lhes disse tudo o que o Pai me disse. Vocês não escolheram a mim! Eu é que escolhi vocês! Eu os chamei para irem e darem fruto, fruto que permanece, para que tudo o que pedirem ao Pai, em meu nome, ele conceda a vocês. Este é o meu mandamento: Amem-se uns aos outros. “Se o mundo os odeia, lembrem-se: o mundo me odiou antes de odiar a vocês. O mundo amaria a vocês, se pertencessem a ele; todavia vocês não são do mundo, pois eu escolhi vocês, tirando-os do mundo; por isso é que são odiados pelo mundo. Lembrem-se do que eu lhes disse: ‘Nenhum escravo é maior do que o seu senhor!’ Portanto, já que eles me perseguiram, naturalmente perseguirão vocês. E se eles me tivessem ouvido, ouviriam a vocês! O povo do mundo os perseguirá, por causa de mim, pois eles não conhecem aquele que me enviou. “Eles não seriam culpados, se eu não tivesse vindo, nem tivesse falado. Porém agora eles não têm desculpa pelo seu pecado. Todo aquele que me odiar, também odeia a meu Pai. Se eu não tivesse realizado obras que ninguém mais fez, não seriam considerados culpados. Mas agora, eles as viram, e mesmo assim odeiam a mim e ao meu Pai. Mas isso aconteceu para que se cumprisse o que está escrito na Lei deles: ‘Eles me odiaram sem motivo’. “Porém eu enviarei o Consolador a vocês, o Espírito da verdade. Ele virá do Pai para vocês e testemunhará a meu respeito. E vocês também devem testemunhar a meu respeito, porque têm estado comigo desde o princípio. “Eu lhes disse estas coisas para que vocês não sejam abalados por tudo o que virá depois. Porque vocês serão expulsos das sinagogas, e na verdade chegará o tempo em que aqueles que matarem vocês pensarão que estão prestando um serviço a Deus. Isso é porque eles nunca conheceram o Pai, nem a mim. Sim, eu estou lhes dizendo estas coisas agora para que, quando elas acontecerem, vocês se lembrem de que eu os avisei. Eu não lhes disse antes porque iria ficar com vocês mais um pouco. “Mas agora vou para aquele que me enviou; e nenhum de vocês me pergunta: ‘Para onde o Senhor vai?’ Pelo contrário, vocês apenas ficam cheios de tristeza por causa do que eu disse. Mas a verdade é que é melhor para vocês que eu vá porque, se eu não for, o Consolador não virá para vocês. Se eu for, eu o enviarei a vocês. E quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Do pecado, porque os homens não creem em mim. Da justiça divina, porque eu vou para o Pai, e vocês não me verão mais. E do juízo porque o príncipe deste mundo já está julgado. “Oh, há tanta coisa que eu ainda quero dizer, mas agora vocês não podem suportar. Quando vier o Espírito da verdade, ele guiará vocês em toda a verdade, pois não estará falando de si mesmo, mas falará aquilo que ouviu. Ele falará a vocês a respeito do futuro. Ele me glorificará, e trará grande honra para mim ao mostrar a vocês a minha glória. Porque tudo o que pertence ao Pai é meu. Por isso eu posso dizer-lhes que ele mostrará a vocês a minha glória. Mais um pouco e não me verão mais; porém um pouco mais, e me verão novamente!” “Que será que ele está dizendo?”, perguntavam alguns dos seus discípulos entre si. “Que será isso que ele quer dizer com ‘mais um pouco e não me verão mais’; e ‘um pouco mais e me verão novamente’, e ‘porque vou para o Pai’?” E perguntavam: “Que quer dizer ‘um pouco mais’? Nós não sabemos o que ele quer dizer”. Jesus percebeu que eles queriam perguntar a respeito disso, então disse: “Vocês estão perguntando entre si o que eu queria dizer quando falei: Mais um pouco e não me verão; um pouco mais e me verão novamente? O mundo se alegrará grandemente com o que está para acontecer, e vocês chorarão e se lamentarão. Vocês se entristecerão, mas essa tristeza de vocês se tornará em maravilhosa alegria. Será semelhante à alegria de uma mulher em trabalho de parto quando seu filho nasceu; a sua aflição dá lugar a uma alegria imensa por ter vindo ao mundo uma criança. Assim ocorre com vocês: Agora vocês sentem tristeza, porém eu os verei outra vez, e então todos se alegrarão; e ninguém poderá roubar essa alegria de vocês. Naquele tempo não terão necessidade de me perguntar mais nada. Se pedirem algo ao Pai, ele dará a vocês tudo o que pedirem em meu nome. Até agora vocês não pediram nada em meu nome. Peçam e receberão, para que a alegria de vocês seja completa. “Eu tenho falado por meio de ilustrações; chegará o momento em que isso não será mais necessário, e eu falarei claramente a respeito do Pai. Então vocês devem pedir em meu nome, e eu não precisarei pedir ao Pai que conceda esses pedidos, pois o próprio Pai ama a vocês, porque vocês me amaram e creram que eu vim do Pai. Sim, eu vim do Pai e entrei no mundo; agora deixarei o mundo e voltarei para o Pai”. “Finalmente o Senhor está falando claramente”, disseram os seus discípulos, “e não mais por meio de ilustrações. Agora entendemos que o Senhor sabe todas as coisas e não precisa que ninguém pergunte nada. Por isso nós cremos que o Senhor veio de Deus”. Respondeu Jesus: “Então agora vocês creem? Mas chegará o tempo, e já é agora, em que vocês serão espalhados, cada um para a sua casa; vocês me deixarão sozinho. Mas ainda assim eu não ficarei sozinho, porque o Pai está comigo. “Eu falei tudo isso para que tenham paz em mim. No mundo vocês terão muitos sofrimentos e tristezas; mas, tenham bom ânimo, porque eu venci o mundo”. Quando Jesus acabou de dizer todas essas coisas, levantou os olhos ao céu e disse: “Pai, chegou a hora. Glorifique o seu Filho, para que o seu Filho possa glorificar o Senhor. Pois o Senhor tem dado autoridade sobre toda a humanidade, para que ele dê a vida eterna a cada um que o Senhor deu a ele. E esta é a vida eterna: conhecer o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, que o Senhor enviou! Eu glorifiquei o Senhor sobre a terra, completando a obra que me mandou fazer. E agora, Pai, glorifique-me junto ao Senhor, com a glória que tínhamos juntos, antes do princípio do mundo. “Eu revelei a estes homens que o Senhor tirou do mundo e me deu quem o Senhor é. Realmente, eles sempre foram seus, e eu os recebi, e eles obedeceram à sua palavra. Agora eles sabem que tudo o que eu tenho provém do Senhor, porque eu transmiti a eles as ordens que o Senhor me deu; eles as aceitaram e sabem com plena certeza que eu vim do Senhor, e creem que o Senhor me enviou. “Eu peço em favor deles. Meu pedido não é pelo mundo, mas por aqueles que o Senhor me deu, porque eles são seus. E tudo o que tenho é seu, e tudo o que o Senhor tem é meu. E eu tenho sido glorificado por meio deles! Agora eu estou saindo do mundo, e deixando todos aqui, e eu vou para a sua presença. Pai santo, guarde-os com o seu nome, o nome que o Senhor deu a mim, para que, tal como nós, eles sejam um. Durante minha permanência aqui com eles, eu os protegi e os guardei em segurança no nome que o Senhor me deu. Eu os guardei de tal maneira que nenhum deles se perdeu, a não ser o filho da perdição, como as Escrituras tinham predito. “E agora vou para a sua presença. Eu lhes disse estas coisas enquanto estava com eles no mundo, para que ficassem transbordando da minha alegria. Eu lhes transmiti a sua palavra. E o mundo os odeia, porque eles não são do mundo, como eu também não sou. Não estou pedindo que o Senhor os tire do mundo, mas que o Senhor os proteja do Maligno. Eles não são deste mundo, como eu também não sou. Que o Senhor faça todos puros e santos, ensinando-lhes a verdade; a sua palavra é a verdade. Assim como o Senhor me enviou ao mundo, eu os estou enviando ao mundo. Eu me santifico em favor deles, para que também eles sejam santificados pela verdade. “Não estou orando somente por eles, mas também por aqueles que crerão em mim no futuro por causa do testemunho deles. Minha oração por todos eles é que sejam um, tal como eu e o Senhor somos, ó Pai. Porque assim como o Senhor está em mim e eu no Senhor, assim estejam eles em nós, para que o mundo creia que o Senhor me enviou. Eu dei a eles a glória que o Senhor me deu, para serem um, como nós somos um: eu neles e o Senhor em mim, para que todos sejam levados à completa unidade, para que o mundo saiba que o Senhor me enviou, e compreenda que o Senhor os ama tanto quanto me ama. “Pai, eu os quero comigo, estes que o Senhor me deu, para que eles possam ver a minha glória, a glória que o Senhor me deu porque me amou antes da criação do mundo. “Ó Pai justo, o mundo não conhece o Senhor, mas eu o conheço, e estes sabem que o Senhor me enviou. E eu revelei a eles o seu nome, e continuarei a fazê-lo, para que o amor que o Senhor tem por mim possa estar neles, e eu esteja neles”. Depois de dizer essas coisas, Jesus atravessou o riacho de Cedrom com seus discípulos e entrou em um bosque de oliveiras. Judas, o traidor, conhecia aquele lugar, pois Jesus havia ido ali com seus discípulos muitas vezes. Os sacerdotes principais e os fariseus haviam dado a Judas um pelotão de soldados e alguns guardas. Então eles chegaram ali com tochas, lanternas e armas. Jesus, sabendo perfeitamente tudo o que ia acontecer, foi ao encontro deles e perguntou: “A quem vocês estão procurando?” “A Jesus de Nazaré”, responderam. “Sou eu”, disse Jesus. (E Judas, o traidor, estava com eles.) Quando Jesus disse: “Sou eu”, eles recuaram e caíram para trás, na terra! Mais uma vez ele perguntou: “A quem vocês estão procurando?” E outra vez responderam: “A Jesus de Nazaré”. “Eu já disse que sou eu”, disse Jesus; “e já que é a mim que vocês estão procurando, deixem estes outros ir embora”. Ele disse isso para que se cumprisse o que ele tinha dito antes: “Não perdi nem um só daqueles que o Senhor me deu”. Nisto, Simão Pedro puxou uma espada e cortou a orelha direita de Malco, o servo do sumo sacerdote. Mas Jesus disse a Pedro: “Guarde a sua espada. Acaso não beberei o cálice que o Pai me deu?” Então, o pelotão de soldados com o seu comandante e os guardas dos judeus prenderam e amarraram Jesus. Primeiramente o levaram a Anás, que era sogro de Caifás, o sumo sacerdote naquele ano. Caifás foi quem disse aos outros líderes judaicos: “Seria melhor que um homem morresse pelo povo”. Simão Pedro foi seguindo Jesus, como fazia um dos discípulos que era conhecido do sumo sacerdote. Portanto aquele outro discípulo teve licença de entrar no pátio com Jesus, enquanto Pedro ficou do lado de fora do portão esperando. Então o outro discípulo, que era conhecido do sumo sacerdote, falou com a moça que tomava conta do portão, e ela deixou Pedro entrar. Ela então perguntou a Pedro: “O senhor não é um dos discípulos daquele homem?” “Não”, disse ele, “eu não sou!” Os guardas e os servos achavam-se ao redor de uma fogueira que tinham feito, porque fazia frio; e Pedro estava ali com eles, aquecendo-se. Lá dentro, o sumo sacerdote começou a fazer perguntas a Jesus a respeito dos seus discípulos e dos seus ensinamentos. Jesus respondeu: “O que eu ensinei é muito conhecido, porque eu tenho pregado abertamente na sinagoga e no templo; eu tenho sido ouvido por todos os líderes judaicos e não ensino em particular nada que não tenha dito em público. Por que o senhor está me fazendo estas perguntas? Pergunte àqueles que me ouviram. Certamente eles sabem o que eu disse”. Quando Jesus disse isso, um dos guardas que estavam ali deu um soco no rosto de Jesus. “Isso é maneira de responder ao sumo sacerdote?” perguntou ele. “Se eu disse algo errado, dê testemunho disso”, respondeu Jesus. “Se, contudo, disse a verdade, porque você me feriu?” Então Anás enviou Jesus amarrado a Caifás, o sumo sacerdote. Enquanto isso, Simão Pedro ainda estava perto da fogueira se aquecendo, e perguntaram novamente a ele: “Você não é um dos discípulos dele?” Ele negou, dizendo: “Claro que não”. Mas um dos servos da casa do sumo sacerdote, parente do homem de quem Pedro havia cortado a orelha, perguntou: “Eu não vi você lá no bosque de oliveiras com ele?” Outra vez Pedro negou. E no mesmo instante um galo cantou. O julgamento de Jesus diante de Caifás terminou nas primeiras horas da manhã. Daí ele foi levado ao palácio do governador romano. Os seus acusadores não entraram para evitar a contaminação cerimonial, pois queriam comer o cordeiro da Páscoa. Então o governador Pilatos saiu ao encontro deles e perguntou: “Qual é a acusação que vocês fazem contra este homem?” “Nós não o teríamos prendido se ele não fosse um criminoso!”, disseram eles. “Então levem o acusado para ser julgado por vocês mesmos, conforme a lei de vocês”, disse Pilatos. “Mas nós não temos o direito de executar ninguém”, disseram eles, “e é necessária a sua aprovação”. Isso aconteceu para que se cumprisse o que Jesus havia dito a respeito do modo pelo qual morreria. Então Pilatos entrou novamente no palácio e ordenou que trouxessem Jesus. “Você é o Rei dos Judeus?”, inquiriu. Perguntou-lhe Jesus: “Essa pergunta é sua, ou os outros falaram a meu respeito?” “Acaso sou judeu?”, respondeu Pilatos. “O seu próprio povo e os sacerdotes principais entregaram você a mim. Por quê? Que foi que você fez?” Então Jesus respondeu: “O meu reino não é deste mundo. Se fosse, os meus seguidores teriam lutado quando eu fui preso pelos líderes judeus. Mas o meu Reino não é daqui”. Pilatos respondeu: “Então você é rei?” “O senhor está dizendo que sou rei”, disse Jesus. “Eu nasci para isso. Eu vim a este mundo para testemunhar da verdade. Todos os que estão do lado da verdade ouvem a minha voz”. “Que é a verdade?” perguntou Pilatos. Depois ele saiu outra vez para onde o povo estava e disse: “Pelo meu exame, não há nada contra ele. Mas vocês têm um costume de cada ano pedir que na Páscoa eu solte alguém da prisão. Portanto, se vocês quiserem, soltarei o ‘Rei dos Judeus’ ”. Porém eles gritaram: “Não! Esse homem, não. Queremos Barrabás!” Barrabás era um assaltante. Então Pilatos mandou os soldados açoitarem Jesus. E eles fizeram uma coroa de espinhos, puseram na cabeça dele e vestiram Jesus com um manto real vermelho. “Salve, ‘rei dos judeus’!”, caçoavam eles, e davam socos no seu rosto. Pilatos saiu outra vez e disse aos judeus: “Agora eu vou trazer Jesus aqui fora para vocês, mas entendam que eu não acho nele motivo algum de acusação”. Então Jesus saiu com a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Pilatos disse: “Aqui está o homem!” Ao ver Jesus, os sacerdotes principais e os guardas do templo começaram a gritar: “Crucifique! Crucifique!” “Vocês o crucifiquem”, disse Pilatos. “Não encontro nele base para acusá-lo”. Mas os judeus insistiram: “Pelas nossas leis Jesus deve morrer, porque chamou-se a si mesmo de Filho de Deus”. Quando Pilatos ouviu isso, ficou ainda com mais medo. Por isso levou Jesus novamente para o palácio e perguntou: “De onde você vem?” Mas Jesus não deu nenhuma resposta. “Você se nega a falar comigo?”, perguntou Pilatos. “Não compreende que eu tenho autoridade para soltá-lo ou para crucificá-lo?” Então Jesus disse: “O senhor não teria nenhuma autoridade sobre mim se esta não lhe fosse dada de cima. Portanto, aquele que me trouxe ao senhor tem um pecado maior”. Com isso, Pilatos tentava libertar Jesus, mas os líderes judaicos diziam: “Se o senhor soltar este homem, não é amigo de César. Todo aquele que se declara rei está em revolta contra César”. Ao ouvir estas palavras, Pilatos novamente trouxe Jesus para fora, e sentou-se no tribunal, num lugar conhecido como “Calçada de Pedras”. A essa hora já era cerca de meio-dia, do Dia da Preparação, véspera da Páscoa. E Pilatos disse aos judeus: “Aqui está o rei de vocês!” “Fora com ele!”, gritaram. “Fora com ele — crucifique Jesus!” “Quê? Devo crucificar o rei de vocês?”, perguntou Pilatos. “Nós não temos outro rei, além de César”, gritaram os sacerdotes principais. Então Pilatos entregou-lhes Jesus para ser crucificado. E os soldados colocaram as mãos nele; Jesus foi levado para fora da cidade, carregando a sua cruz, ao lugar conhecido como “A Caveira” (que em aramaico é chamado de “Gólgota”). Ali eles crucificaram Jesus e outros dois com ele, um de cada lado, e Jesus no meio. Pilatos pregou por cima dele uma tabuleta que dizia: “JESUS DE NAZARÉ, REI DOS JUDEUS”. O lugar onde Jesus foi crucificado ficava perto da cidade; e a tabuleta estava escrita em hebraico, latim e grego, de modo que muitas pessoas puderam ler a inscrição. Então os sacerdotes principais disseram a Pilatos: “Mude isso de ‘Rei dos Judeus’ para ‘Ele disse: Eu sou o rei dos judeus’.” Pilatos respondeu: “O que escrevi, escrevi”. Quando os soldados acabaram de crucificar a Jesus, dividiram suas roupas em quatro partes, uma para cada um deles. E disseram: “Não vamos rasgar a túnica dele”, porque era sem costura, tecida numa única peça, de alto a baixo. “Não vamos rasgar a túnica. Vamos jogar os dados para ver quem ganha o manto”. Isso cumpriu a Escritura que diz: “Eles dividiram entre si as minhas roupas, e tiraram sortes sobre a minha túnica”. E foi isso que os soldados fizeram. Perto da cruz de Jesus encontravam-se Maria, mãe de Jesus, Maria, a esposa de Clopas, e Maria Madalena. Quando Jesus viu que a mãe dele se achava ali junto ao discípulo que Jesus amava, disse a ela: “Aí está o seu filho”, e ao discípulo ele disse: “Aí está a sua mãe!” Daí em diante, o discípulo a recebeu em sua casa. Jesus sabia que tudo já estava terminado, e para cumprir as Escrituras, disse: “Eu estou com sede”. Havia ali uma jarra de vinho azedo, de modo que ensoparam uma esponja nele, puseram num caniço e suspenderam até os lábios de Jesus. Tendo Jesus provado, disse: “Está tudo consumado”; aí inclinou a cabeça e entregou o espírito. Era o Dia da Preparação, e o dia seguinte seria o sábado sagrado. Os líderes judaicos não queriam que os corpos permanecessem pendurados ali no dia seguinte, por isso pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas dos crucificados, a fim de apressar sua morte; assim os seus corpos poderiam ser tirados das cruzes. Então os soldados vieram e quebraram as pernas dos dois homens crucificados com Jesus; mas quando chegaram a Jesus, viram que já estava morto, e por isso não quebraram as suas pernas. Contudo, um dos soldados furou seu lado com uma lança, e daí correu sangue com água. Aquele que viu isso com os seus próprios olhos deu testemunho, e o seu testemunho é verdadeiro. Ele sabe que esta narração é fiel e dela testemunha para que vocês também possam crer. Os soldados fizeram isso em cumprimento da Escritura que diz: “Nenhum dos seus ossos será quebrado”, e como diz nas Escrituras em outro lugar: “Eles olharão para aquele a quem atravessaram com a lança”. Depois disso José de Arimateia, que tinha sido um discípulo oculto de Jesus, porque tinha medo dos líderes judaicos, corajosamente pediu a Pilatos autorização para retirar o corpo de Jesus; e Pilatos o permitiu. Então ele veio e levou o corpo embora. Nicodemos, o homem que tinha ido de noite a Jesus, veio também, trazendo cerca de trinta e quatro quilos de perfume, próprio para embalsamar, feito com mirra e aloés. E os dois juntos enrolaram o corpo de Jesus em um pano de linho comprido cheio desses perfumes, como é o costume judaico para o sepultamento. O lugar da crucificação estava próximo a um jardim, onde existia um sepulcro novo, que nunca tinha sido usado. Assim, por ser o Dia da Preparação dos judeus, e visto que o sepulcro ficava perto, eles puseram Jesus ali. No primeiro dia da semana, de manhã bem cedo, enquanto ainda estava escuro, Maria Madalena foi ao sepulcro e encontrou a pedra rolada para um lado da entrada. Ela correu e achou a Simão Pedro e o outro discípulo, aquele a quem Jesus amava, dizendo: “Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram!” Pedro e o outro discípulo correram ao sepulcro para ver; os dois corriam, mas o outro discípulo foi mais rápido e passou à frente de Pedro e chegou primeiro ao sepulcro. Ele abaixou-se, olhou para dentro e viu as faixas de linho ali; mas não entrou. Então Simão Pedro, que vinha atrás dele, chegou e entrou no sepulcro. Ele também viu as faixas de linho ali, e o pedaço de pano que cobria a cabeça de Jesus estava enrolado e posto de lado. Foi quando o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, também entrou, viu e creu! Porque até então eles não haviam percebido que as Escrituras diziam que era necessário que Jesus ressuscitasse dos mortos! Os discípulos voltaram para casa, e Maria tinha voltado ao sepulcro e estava do lado de fora, chorando. Enquanto chorava, ela se abaixou, olhou para dentro do sepulcro, e viu dois anjos vestidos de branco, sentados na cabeça e nos pés do lugar em que o corpo de Jesus tinha estado. “Mulher, por que você está chorando?”, perguntaram os anjos. “Porque levaram o meu Senhor embora”, respondeu ela, “e eu não sei onde o colocaram”. Depois de dizer isso, ela virou e viu Jesus ali em pé; porém, não o reconheceu! “Mulher, por que você está chorando?”, perguntou ele. “A quem está procurando?” (Ela pensava que era o guarda do jardim.) “Senhor”, disse ela, “se o senhor o levou embora, diga-me onde o colocou, que eu vou buscar o corpo”. “Maria!”, disse Jesus. Ela voltou-se para ele e exclamou em aramaico: “Rabôni” (que quer dizer “Mestre!”). “Não me toque”, disse Jesus, “porque eu ainda não subi ao Pai. Mas vá procurar os meus irmãos e diga-lhes: Eu vou subir para o meu Pai e Pai de vocês, para o meu Deus e Deus de vocês”. Maria Madalena foi ao encontro dos discípulos e disse: “Eu vi o Senhor!” Então deu a eles o seu recado. Naquela tarde os discípulos estavam reunidos com as portas trancadas, com medo dos líderes judaicos, quando, de repente, Jesus apareceu no meio deles e disse: “Paz seja com vocês!” Em seguida mostrou a eles as suas mãos e o seu lado. Que alegria maravilhosa sentiram quando viram o seu Senhor! Ele falou-lhes novamente: “Paz seja com vocês! Assim como o Pai me enviou, eu os estou enviando”. Depois Jesus assoprou neles e disse: “Recebam o Espírito Santo. Se vocês perdoarem os pecados de alguém, eles estarão perdoados. Se vocês se recusarem a perdoar, eles ficarão sem perdão”. Um dos Doze, Tomé, chamado Dídimo (ou “Gêmeo”), naquela ocasião não estava com os discípulos quando Jesus apareceu. Quando eles contaram a ele: “Nós vimos o Senhor”, ele respondeu: “Eu não acreditarei nisso, se não vir as marcas dos cravos nas suas mãos e não puser os meus dedos na marca no seu lado”. Oito dias depois os discípulos estavam juntos novamente, e desta vez Tomé estava com eles. As portas estavam trancadas; porém, de repente, como da outra vez, Jesus veio e ficou de pé entre eles e disse: “Paz seja com vocês!” Então Jesus disse a Tomé: “Ponha o seu dedo aqui nas minhas mãos. Estenda a sua mão aqui no meu lado. Pare de duvidar e creia!” “Meu Senhor e meu Deus!”, disse Tomé. Então Jesus lhe disse: “Você creu porque me viu. Felizes são aqueles que não me viram e mesmo assim creram”. Os discípulos de Jesus o viram fazer muitos outros sinais miraculosos além dos que são mencionados neste livro, mas estes estão registrados para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e crendo nele tenham vida em seu nome. Depois disso Jesus apareceu novamente aos discípulos na beira do mar da Galileia. Foi assim que aconteceu: Estava ali um grupo: Simão Pedro; Tomé, chamado Dídimo; Natanael, de Caná da Galileia; os filhos de Zebedeu; além de outros dois discípulos. Simão Pedro disse: “Vou pescar”. “Nós vamos também”, disseram os outros. Eles foram, entraram no barco, mas não pegaram nada a noite toda. Ao amanhecer, Jesus estava na praia, mas os discípulos não podiam perceber quem era. Ele lhes perguntou: “Filhos, pegaram muito peixe?” “Não”, responderam. Então ele disse: “Atirem a rede do lado direito do barco, que vocês vão conseguir pescar muitos!” Fizeram assim, e não podiam recolher a rede, por causa da enorme quantidade de peixes! Então o discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: “É o Senhor!” Nisso Simão Pedro vestiu a capa, porque estava só com a roupa de baixo, saltou na água e nadou até a praia. Os outros discípulos ficaram no barco e puxaram a rede carregada para a praia, distante cerca de 90 metros. Quando chegaram, viram uma fogueira acesa com peixe sobre as brasas. Também havia pão. “Tragam um pouco do peixe que vocês acabaram de pegar”, disse Jesus. Simão Pedro entrou no barco e arrastou a rede para a praia. Havia 153 peixes grandes; nem assim a rede rebentou! “Agora venham comer um pouco!”, disse Jesus; e ninguém tinha coragem de perguntar se ele realmente era o Senhor, porque estavam bem certos disso. Então Jesus aproximou-se, tomou o pão e o deu a eles, e fez o mesmo com o peixe. Essa foi a terceira vez que Jesus apareceu aos seus discípulos, desde que ressuscitou dos mortos. Depois da refeição, Jesus perguntou a Simão Pedro: “Simão, filho de João, você me ama mais do que estes outros?” “Sim”, respondeu Pedro, “o Senhor sabe que eu sou seu amigo”. “Então pastoreie os meus cordeiros”, disse Jesus. Jesus repetiu a pergunta: “Simão, filho de João, você me ama de verdade?” “Sim, Senhor”, disse Pedro. “O Senhor sabe que eu sou seu amigo”. “Então cuide das minhas ovelhas”, disse Jesus. Mais uma vez ele perguntou: “Simão, filho de João, você é mesmo meu amigo?” Pedro ficou triste porque Jesus fez a pergunta pela terceira vez. “O Senhor conhece todas as coisas; o Senhor sabe quem eu sou”, disse ele. Jesus disse: “Então pastoreie as minhas ovelhas. Quando você era jovem, era capaz de fazer o que gostava, e de ir aonde queria ir; mas quando for velho, você estenderá as mãos, outros guiarão você e o levarão aonde você não quer ir”. Jesus disse isso para indicar com que tipo de morte ele iria glorificar a Deus. Depois Jesus disse: “Siga-me”. Pedro voltou-se e viu seguindo a Jesus o discípulo que ele amava, aquele que se havia reclinado durante a ceia para perguntar a Jesus: “Mestre, qual de nós trairá o Senhor?” Pedro perguntou a Jesus: “Senhor, e quanto a ele?” Jesus respondeu: “Se eu quiser que ele permaneça vivo até eu voltar, que tem você com isso? Siga-me você”. Portanto, espalhou-se o rumor de que aquele discípulo não morreria! Mas não foi isso absolutamente o que Jesus disse! Ele quis dizer: “Se eu quiser que ele permaneça vivo até que eu volte, que tem você com isso?” Eu sou aquele discípulo! Eu sou testemunha destes acontecimentos e os registrei aqui. E todos nós sabemos que o seu testemunho é verdadeiro. Eu penso que se todos os outros acontecimentos da vida de Jesus também fossem escritos, os livros não poderiam caber no mundo inteiro! No meu primeiro livro eu relatei a você, Teófilo, a respeito da vida e dos ensinos de Jesus, e de como ele foi elevado para o céu depois de dar aos seus apóstolos as instruções por meio do Espírito Santo. Durante os 40 dias depois do seu sofrimento ele apareceu aos apóstolos diversas vezes, provando para eles de muitas maneiras que realmente estava vivo. Nessas ocasiões falou a eles a respeito do Reino de Deus. Num desses encontros, enquanto comia com eles, deu-lhes esta ordem: “Não saiam de Jerusalém até que o Espírito Santo venha sobre vocês em cumprimento da promessa do Pai, conforme eu disse a vocês. Pois, na verdade, João batizou com água, mas vocês serão batizados com o Espírito Santo dentro de poucos dias”. Então lhe perguntaram: “É agora que o Senhor vai restaurar o Reino para o povo de Israel?” “Não cabe a vocês saber a ocasião ou as datas que o Pai determinou pela sua própria autoridade”, respondeu ele. “Mas quando o Espírito Santo descer sobre vocês, receberão poder para serem minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até nos confins da terra”. Depois de ter falado isso, ele foi elevado ao céu e desapareceu numa nuvem, enquanto todos olhavam para ele. Eles ficaram com os olhos fixos no céu enquanto Jesus subia. De repente, dois homens vestidos de branco apareceram ali diante deles e lhes disseram: “Homens da Galileia, por que vocês estão olhando para o céu? Esse Jesus, que estava com vocês e que foi elevado ao céu, voltará do mesmo modo que vocês o viram subir!” Eles estavam no monte das Oliveiras quando isto aconteceu, de modo que caminharam cerca de um quilômetro de volta para Jerusalém. Quando chegaram, subiram ao cômodo do andar superior da casa onde se reuniam. Esta é a lista dos que se achavam presentes ali: Pedro, João, Tiago e André; Filipe, Tomé, Bartolomeu e Mateus; Tiago, filho de Alfeu, Simão, também chamado “o zelote”, e Judas, filho de Tiago. Todos estes perseveravam em oração com as mulheres, com Maria, a mãe de Jesus, e com os irmãos de Jesus. Durante esse tempo, num dia em que cerca de 120 pessoas estavam presentes, Pedro se levantou entre os irmãos, dizendo o seguinte: “Irmãos, era necessário que se cumprissem as Escrituras a respeito de Judas, guiando a multidão para prender Jesus, pois isso foi profetizado há muito tempo pelo Espírito Santo, por meio do rei Davi. Judas era um de nós, escolhido para ser apóstolo tal como nós fomos”. Com o dinheiro que ele recebeu pelo seu pecado, foi comprado um campo. O próprio Judas, na sua queda, rebentou-se, e suas entranhas se esparramaram. A notícia da morte dele espalhou-se rapidamente no meio do povo de Jerusalém, e puseram no lugar o nome de Aceldama, que quer dizer, “Campo de Sangue”. Pedro continuou: “Porque está escrito no Livro dos Salmos: ‘Que a sua casa fique deserta, sem ninguém morando nela’. E ainda: ‘Que o trabalho dele seja entregue para um outro fazer’. “Portanto, nós devemos escolher agora um outro para ocupar o lugar de Judas e unir-se a nós. Escolhamos alguém que tenha estado constantemente conosco enquanto o Senhor Jesus viveu entre nós, desde o batismo de João até o dia em que Jesus foi elevado do nosso meio para o céu, alguém que tenha sido testemunha da ressurreição de Jesus”. A assembleia mencionou dois homens: José, chamado Barsabás, também conhecido como Justo, e Matias. Então todos eles oraram para que fosse escolhido o homem certo. “Ó Senhor”, disseram, “o Senhor conhece todos os corações; mostre-nos qual destes dois homens o Senhor escolheu como apóstolo para substituir o ministério que Judas abandonou quando foi para o lugar que merecia”. Depois lançaram sortes, e Matias foi escolhido e tornou-se apóstolo como os outros onze. Havia chegado o Dia de Pentecoste. Quando os crentes se reuniram todos no mesmo lugar, naquele dia, de repente veio do céu um som, semelhante ao rugido de um poderoso vendaval, que encheu toda a casa onde estavam assentados. Então, viu-se algo parecido com línguas de fogo, que pousaram sobre a cabeça de cada um deles. Todos os presentes ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas que não conheciam, conforme o Espírito Santo os capacitava. Muitos judeus piedosos tinham vindo de todas as nações do mundo para Jerusalém. E quando se ouviu aquele som, multidões vieram correndo para ver do que se tratava, e ficaram espantadas ao ouvir que seus próprios idiomas estavam sendo falados. “Como pode ser isto?”, exclamavam maravilhados. “Estes homens são da Galileia. Como então ouvimos todos eles falando as línguas das terras onde nascemos? Aqui estão homens partos, medos, elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia, da Capadócia, do Ponto e da província da Ásia, da Frígia, da Panfília, do Egito, das regiões da Líbia ao redor de Cirene, visitantes de Roma, tanto judeus como convertidos ao judaísmo, cretenses e árabes. E todos nós ouvimos estes homens falando em nossas próprias línguas a respeito das maravilhas de Deus!” E ali estavam eles, maravilhados e confusos. “Que quer dizer isto?”, perguntavam uns aos outros. Porém outros da multidão zombavam deles. “Eles estão bêbados, isso sim!”, diziam. Nisso, Pedro deu um passo à frente com os onze apóstolos e dirigiu-se à multidão em alta voz: “Ouçam, todos vocês, homens da Judeia, e todos os visitantes e moradores de Jerusalém! Prestem muita atenção: Alguns de vocês estão dizendo que estes homens estão bêbados! Não é verdade! Estes homens não estão bêbados. É muito cedo para isto! Ninguém fica embriagado às nove horas da manhã! Pelo contrário! O que vocês estão vendo foi profetizado há séculos pelo profeta Joel: ‘E, depois disso, eu derramarei o meu Espírito sobre todos os povos! Seus filhos e filhas profetizarão. Os velhos terão sonhos e os jovens terão visões. Naqueles dias derramarei o meu Espírito até sobre os meus servos e minhas servas, e eles profetizarão, e farei coisas espantosas na terra e no céu: sangue, fogo e colunas de fumaça. O sol vai se tornar em trevas e a lua em sangue, antes de chegar o grande e terrível dia do Senhor. Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo!’ “Homens de Israel, ouçam estas palavras: Deus apoiou publicamente Jesus de Nazaré diante de vocês ao fazer milagres, maravilhas e sinais por meio dele, como vocês bem sabem. Porém, seguindo um plano já estabelecido por Deus, vocês, com a ajuda de homens maus, mataram Jesus, pregando-o na cruz. Então Deus ressuscitou o seu Filho, livrando-o do poder da morte, sendo impossível a morte dominá-lo. O rei Davi disse o seguinte a respeito de Jesus: ‘Fiz do Senhor a minha companhia constante. Enquanto ele estiver do meu lado, não tropeçarei. Por isso a minha alma se alegra e a minha língua exulta, e o meu corpo repousará tranquilo. O Senhor não deixará o meu corpo abandonado no sepulcro; nem permitirá que o seu santo sofra decomposição. O Senhor restituirá a minha vida, e me dará a maravilhosa alegria na sua presença’. “Queridos irmãos, meditem nisto! Davi não estava se referindo a si mesmo quando falou estas palavras que eu citei, pois ele morreu e foi sepultado, e o seu túmulo ainda está aqui entre nós! Porém ele era profeta e sabia que Deus havia prometido com juramento infalível que um dos seus descendentes se sentaria no seu trono. Davi estava olhando para o futuro distante e predizendo a ressurreição do Cristo, que não foi abandonado no sepulcro e cujo corpo não entrou em decomposição. Davi estava falando de Jesus, e todos nós somos testemunhas de que Deus ressuscitou este Jesus dentre os mortos. E agora Jesus está sentado no trono da mais alta honra no céu, à direita de Deus. E tal como prometeu, o Pai enviou o Espírito Santo e derramou o que vocês estão vendo e ouvindo hoje. Não, Davi não estava falando de si mesmo nestas palavras dele que eu citei, pois ele nunca subiu aos céus. Além disso, ele declarou: ‘O Senhor falou ao meu Senhor: Sente-se aqui à minha direita até que eu ponha os seus inimigos debaixo dos seus pés’. “Portanto, eu garanto a todos em Israel que este Jesus, que vocês crucificaram, Deus o fez Senhor e Cristo!” Estas palavras de Pedro comoveram a todos profundamente, e disseram a Pedro e aos outros apóstolos: “Irmãos, que devemos fazer?” Pedro respondeu: “Cada um de vocês deve abandonar o pecado, voltar-se para Deus e ser batizado no nome de Jesus Cristo para o perdão dos seus pecados. Então vocês também receberão o dom do Espírito Santo. Porque Cristo prometeu esse dom para cada um de vocês que tenha sido chamado pelo Senhor, o nosso Deus, para os filhos de vocês e até para os que estão longe!” Então Pedro, com muitas palavras, procurando convencer todos os seus ouvintes, continuou: “Salvem-se desta geração perversa!” E aqueles que acreditaram na mensagem de Pedro foram batizados, e naquele dia se uniram aos seguidores de Jesus cerca de 3.000 pessoas! E todos continuavam firmes no ensino dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em todos eles havia um profundo respeito, e os apóstolos faziam muitas maravilhas e sinais. Todos os que criam estavam juntos e unidos e tinham tudo em comum. Vendendo suas propriedades e bens, repartiam com os que tinham necessidade. Todos os dias eles adoravam juntos no templo, reuniam-se nas casas para o partir do pão e participavam das suas refeições com grande alegria e gratidão, louvando a Deus. Todo o povo tinha simpatia por eles, e cada dia o Senhor acrescentava à igreja todos os que estavam sendo salvos. Certa tarde, Pedro e João foram ao templo para participar da reunião diária de oração, às três horas. Quando eles se aproximavam, viram um homem coxo de nascimento ser carregado pela rua e ser colocado ao lado da porta do templo chamada Formosa, como era seu costume todos os dias. Quando Pedro e João estavam passando, o pobre homem pediu-lhes esmola. Os dois olharam bem para ele, então Pedro disse: “Olhe para nós!” O coxo prestou atenção neles, esperando uma esmola. Mas Pedro disse: “Não tenho prata nem ouro para você, mas eu vou dar uma outra coisa que eu tenho! Em nome de Jesus Cristo de Nazaré, eu digo: Ande!” Com isso Pedro tomou o coxo pela mão e o ajudou a levantar-se. Ao fazer isso, os pés e os tornozelos do homem foram curados e ficaram tão fortes que ele se levantou de um pulo e começou a caminhar! Então, caminhando, pulando e louvando a Deus, entrou no pátio do templo com eles. Quando os que estavam lá dentro viram o homem andando e louvando a Deus, reconheceram que ele era o mendigo coxo que haviam visto tantas vezes na porta do templo chamada Formosa; ficaram surpresos e admirados com o que tinha acontecido! Todos correram para o Alpendre de Salomão, onde o coxo estava com Pedro e João, e não se separava deles! Todo mundo ali ficou maravilhado. Pedro então dirigiu-se à multidão: “Israelitas”, disse ele, “que existe de tão admirável nisto? E por que estão olhando para nós, como se pelo nosso próprio poder ou virtude tivéssemos feito este homem andar? Porque é o Deus de Abraão, de Isaque e Jacó, e de todos os antepassados de vocês, quem glorificou o seu servo Jesus, que vocês negaram diante de Pilatos, apesar de Pilatos ter decidido soltá-lo, e vocês entregaram à morte. Vocês não o quiseram solto, o Santo e Justo. Em lugar dele, exigiram a libertação de um assassino. E vocês mataram o autor da vida, mas Deus o ressuscitou dos mortos. E nós somos testemunhas deste fato! Foi o nome de Jesus que curou este homem — e vocês sabem que ele era coxo antes. A fé no nome de Jesus, a fé que vem por meio dele é que produziu esta cura perfeita, como todos podem ver. “Queridos irmãos, eu entendo que o que vocês fizeram com Jesus foi por ignorância; e a mesma coisa se pode dizer dos seus líderes. Porém Deus estava cumprindo seu plano, por meio dos profetas, de que o Cristo devia sofrer todas estas coisas. Agora, mudem de ideia e de atitude para com Deus, voltando-se para ele, a fim de que ele possa cancelar os pecados de vocês e mandar, da presença do Senhor, tempos maravilhosos de alívio, e enviar-lhes novamente Jesus, o Cristo de vocês. Porque ele deve permanecer no céu até o tempo da restauração de todas as coisas, conforme foi profetizado desde os tempos antigos. Moisés, por exemplo, disse há muito tempo: ‘O Senhor Deus levantará entre vocês um profeta, que se parecerá comigo! Prestem atenção com cuidado em tudo quanto ele disser a vocês. Todo aquele que não ouvir seu ensinamento será completamente destruído’. “Samuel e os outros profetas há muito tempo falaram a respeito do que está acontecendo hoje. Vocês são os herdeiros daqueles profetas e estão incluídos na promessa de Deus aos seus antepassados de abençoar todos os povos da terra por meio da sua descendência. Essa foi a promessa que Deus fez a Abraão. E logo que Deus ressuscitou seu Servo ele o enviou primeiro a vocês, homens de Israel, para abençoar a todos, fazendo com que se convertam dos seus pecados”. Enquanto Pedro e João estavam falando ao povo, os sacerdotes principais, o comandante da guarda do templo e alguns dos saduceus vieram a eles, muito incomodados porque os apóstolos estavam ensinando ao povo que Jesus havia ressuscitado dos mortos. Eles prenderam Pedro e João e, como já havia anoitecido, puseram os dois no cárcere até o dia seguinte. Porém muitos que ouviram a mensagem deles creram, de modo que o número de crentes agora já atingia cerca de 5.000 pessoas! No outro dia, aconteceu que um conselho de todas as autoridades e líderes religiosos e os mestres da lei estava reunido em Jerusalém. Ali estavam o sumo sacerdote Anás, Caifás, João, Alexandre e outros parentes do sumo sacerdote. Mandaram buscar Pedro e João e começaram a interrogá-los: “Com que poder ou pela autoridade de quem vocês fizeram isto?” Então Pedro, cheio do Espírito Santo, disse: “Ilustres autoridades e anciãos da nossa nação! Se os senhores se referem ao ato de bondade realizado na cura do aleijado, e como aconteceu, permitam que eu claramente afirme aos senhores e a todo o povo de Israel que isso foi feito por intermédio do nome de Jesus Cristo de Nazaré, a quem os senhores crucificaram, mas a quem Deus ressuscitou dos mortos. É pela autoridade dele que este homem se acha aqui curado diante dos senhores! Porque esse Jesus é ‘a pedra rejeitada pelos construtores e que se tornou a pedra principal’. “Não há salvação em nenhum outro, pois debaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual possamos ser salvos”. Quando os membros do Sinédrio viram a coragem de Pedro e João, e percebendo que eles eram evidentemente homens simples e sem cultura, ficaram admirados e reconheceram o que a convivência com Jesus havia feito neles! Mas o Sinédrio dificilmente poderia desmentir a cura, visto que o homem que eles haviam curado estava bem ali ao lado deles! Portanto, mandaram os dois saírem do Sinédrio e começaram a discutir. “Que vamos fazer com estes homens?”, perguntavam uns aos outros. “Nós não podemos negar que eles fizeram um milagre tremendo, e todo mundo em Jerusalém sabe disso. Porém, talvez possamos impedir que se espalhe a propaganda deles. Devemos adverti-los de que não falem mais acerca desse nome”. Então eles chamaram os dois de volta e lhes ordenaram que não falassem nem ensinassem a respeito de Jesus. Mas Pedro e João responderam: “Decidam os senhores se é justo aos olhos de Deus que obedeçamos a vocês em vez de obedecer a Deus! Nós não podemos deixar de falar das coisas maravilhosas que vimos e ouvimos”. Então eles tornaram a ameaçá-los e, finalmente, mandaram os dois embora porque não sabiam como dariam um castigo a eles sem provocar tumulto. Porque todo o povo estava louvando a Deus pelo que havia acontecido, pois o homem que havia sido curado milagrosamente tinha mais de 40 anos! Logo que foram soltos, Pedro e João encontraram-se com os discípulos e contaram tudo o que os sacerdotes principais e os líderes religiosos lhes tinham dito. Ouvindo isto, todos se uniram nesta oração a Deus: “Ó Soberano Senhor, criador do céu, da terra, do mar e de tudo o que há neles, o Senhor falou há muito tempo pelo Espírito Santo, através do nosso antepassado rei Davi, seu servo, dizendo: ‘Por que as nações se reúnem e planejam revoltas? Por que os povos fazem planos tolos, tramando em vão? Os reis das nações se reuniram e os governantes traçam planos para unidos derrotarem o Senhor e o seu Ungido!’ “Isso é o que aconteceu nesta cidade! Pois o rei Herodes, o governador Pôncio Pilatos, todos os gentios e o povo de Israel se uniram contra Jesus, o seu Filho ungido, o seu santo servo. Eles se reuniram para fazer tudo o que, pelo seu poder e pela sua vontade, o Senhor já havia decidido de antemão que acontecesse. E agora, ó Senhor, preste atenção às ameaças deles e conceda aos seus servos que anunciem a sua palavra com coragem. Estenda a mão para curar e realizar sinais e maravilhas pelo nome do seu santo servo Jesus”. Depois dessa oração, o lugar onde eles estavam reunidos foi sacudido, e todos eles ficaram cheios do Espírito Santo e anunciavam corajosamente a mensagem de Deus. Todos os que creram eram um só na mente e no coração, e ninguém pensava que aquilo que possuía era só seu; todo mundo repartia o que tinha. Os apóstolos anunciavam de maneira poderosa a ressurreição do Senhor Jesus, e havia uma abundante fraternidade entre todos os crentes. Não havia pessoas necessitadas entre eles, pois todos os que possuíam terra ou casas vendiam tudo e traziam o dinheiro da venda para que os apóstolos dessem aos outros de acordo com a necessidade de cada um. José, um levita de Chipre, a quem os apóstolos deram o nome de Barnabé, que significa “encorajador”, vendeu um campo que possuía e trouxe o dinheiro aos pés dos apóstolos. Havia um homem chamado Ananias, com sua esposa Safira, que vendeu uma propriedade, reteve uma parte e levou o restante do dinheiro aos pés dos apóstolos, afirmando que era o preço total; a esposa dele tinha concordado com essa mentira. Mas Pedro perguntou: “Ananias, Satanás encheu o seu coração. Por que você permitiu isso? Quando você afirmou que este era o preço total, estava mentindo ao Espírito Santo. A propriedade era sua para vender ou não, como quisesse. E depois de vendê-la, você podia decidir quanto ia dar. O que o levou a pensar em fazer tal coisa? Você não estava mentindo somente a nós, mas também a Deus”. Logo que Ananias ouviu estas palavras, caiu morto! Todos os que ouviram o que tinha acontecido ficaram com medo. Então os jovens cobriram o morto com um lençol, levaram-no para fora e o sepultaram. Cerca de três horas depois entrou a esposa dele, sem saber o que tinha acontecido. Pedro perguntou-lhe: “Diga-me, vocês venderam aquela terra por este preço?” “Sim”, respondeu ela, “vendemos”. Então Pedro disse: “Como é que você e seu marido puderam até mesmo pensar em fazer uma coisa dessa — conspirar contra o Espírito do Senhor? Veja! Do lado de fora daquela porta estão os jovens que sepultaram o seu marido. Eles vão levar você também”. Imediatamente ela caiu morta no chão; os jovens entraram e, ao ver que Safira havia morrido, carregaram o corpo para fora e o sepultaram ao lado do marido. Um profundo temor se apoderou de toda a igreja e de todos os outros que souberam o que tinha acontecido. Enquanto isso, os apóstolos se reuniam regularmente no templo, na parte conhecida como o Alpendre de Salomão, e Deus operava muitos sinais e maravilhas notáveis entre o povo pelas mãos dos apóstolos. Entretanto, os de fora não tinham coragem de juntar-se a eles, mas todos tinham para com eles a maior consideração. E o número de crentes era cada vez maior; tanto homens como mulheres criam no Senhor, e o grupo crescia cada vez mais. Traziam gente doente em camas e macas para as ruas, a fim de que pelo menos a sombra de Pedro cobrisse alguns deles enquanto o apóstolo passava! E das cidades vizinhas de Jerusalém vinham multidões trazendo seus doentes e aqueles que eram atormentados pelos espíritos imundos; e cada um deles era curado. O sumo sacerdote, e todos os que estavam com ele, membros do partido dos saduceus, reagiram com inveja. E prenderam os apóstolos, pondo todos numa prisão pública. Porém um anjo do Senhor veio de noite, abriu os portões da prisão e levou os apóstolos para fora, dizendo: “Vão para o templo e anunciem ao povo toda a mensagem do evangelho!” Eles chegaram ao pátio do templo perto do amanhecer e imediatamente começaram a pregar ao povo, conforme haviam sido instruídos! Mais tarde, naquela manhã, o sumo sacerdote e seus auxiliares chegaram ao templo e convocaram o Sinédrio, toda a assembleia dos líderes religiosos judaicos, e mandaram buscar os apóstolos na prisão. Mas, quando os guardas chegaram à prisão, os homens não estavam lá, e por isso voltaram e informaram: “As portas da prisão estavam trancadas, e os guardas se achavam do lado de fora, mas quando abrimos os portões, não havia ninguém lá!” Quando o comandante da guarda do templo e os sacerdotes principais souberam disto, ficaram agitados, querendo saber o que teria acontecido! Foi então que chegou alguém com a seguinte notícia: “Os homens que os senhores colocaram na prisão estão no pátio do templo, ensinando o povo!” O comandante da guarda foi com os seus guardas e trouxe os apóstolos, mas sem violência, porque estavam com medo de que o povo os apedrejasse se eles tratassem os apóstolos com brutalidade. Tendo levado os apóstolos, apresentaram-nos ao Sinédrio para ser interrogados pelo sumo sacerdote, que disse a eles: “Nós não dissemos a vocês que nunca mais tornassem a ensinar acerca deste Jesus? E, em vez disso, vocês encheram Jerusalém toda com o seu ensino e pretendem pôr a culpa do sangue desse homem em nós!” Porém, Pedro e os apóstolos responderam: “Devemos primeiro obedecer a Deus, e depois aos homens. O Deus dos nossos antepassados trouxe Jesus de volta à vida depois que foi morto pelos senhores, quando o levantaram num madeiro. O Deus dos nossos antepassados glorificou Jesus, colocando-o à sua direita para ser Príncipe e Salvador, para dar ao povo de Israel arrependimento e perdão de pecados. Nós somos testemunhas destas coisas, e assim é também o Espírito Santo, que Deus concede a todos os que lhe obedecem”. Com isso, os líderes religiosos ficaram furiosos e decidiram matá-los. Mas um dos seus membros, um fariseu chamado Gamaliel, mestre da lei e muito estimado entre o povo, levantou-se no Sinédrio e pediu que os apóstolos fossem retirados por um momento, enquanto ele falava. Depois dirigiu-se aos colegas, dizendo: “Homens de Israel, cuidado com o que vocês estão planejando fazer com estes homens! Há algum tempo, apareceu um certo Teudas, que tinha a pretensão de ser alguém importante. Cerca de outros 400 se juntaram a ele, porém foi morto e os seus seguidores foram dispersos sem prejuízo para ninguém. Depois dele, na época do recenseamento, surgiu Judas, da Galileia. Este arrastou consigo algumas pessoas como discípulos; porém ele também morreu, e os seus seguidores se espalharam. “Portanto, a minha opinião é esta: deixem estes homens em paz e soltem-nos. Se o que eles ensinam e realizam é de origem puramente humana, isso logo será desfeito. Porém, se é de Deus, vocês não serão capazes de impedi-los, e não é bom que aconteça que vocês acabem lutando contra Deus”. Eles aceitaram o conselho de Gamaliel. Chamaram os apóstolos, mandaram açoitá-los e depois disseram a eles que não mais falassem no nome de Jesus; e finalmente os deixaram sair em liberdade. Os apóstolos deixaram o Sinédrio sentindo alegria porque Deus os tinha achado dignos de serem humilhados por amor ao nome do Senhor Jesus Cristo. E todos os dias, no templo e de casa em casa, continuavam a ensinar e pregar que Jesus é o Cristo. Com a rápida multiplicação dos crentes, houve murmúrios de descontentamento. Os judeus de fala grega queixavam-se de que as viúvas deles estavam sendo postas de lado, e que na distribuição diária não estavam dando tanto alimento a elas como às viúvas de fala hebraica. Então os Doze convocaram uma reunião de todos os crentes e disseram: “Não é certo deixarmos de anunciar a palavra de Deus, a fim de dirigirmos a distribuição de alimentos. Portanto, escolham entre vocês mesmos, queridos irmãos, sete homens, sábios e cheios do Espírito Santo, que tenham bom testemunho. Nós colocaremos esses servos de Deus a cargo dessa questão. Então poderemos gastar o nosso tempo na oração, na pregação e no ensino da palavra”. Isso agradou a todos. E eles elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timom, Pármenas e Nicolau de Antioquia, um estrangeiro convertido à fé judaica que tinha se tornado seguidor de Cristo. Estes sete foram apresentados aos apóstolos, que oraram por eles e lhes impuseram as mãos. A mensagem de Deus se espalhava cada vez mais, e o número dos discípulos aumentava rapidamente em Jerusalém; muitos dos sacerdotes judaicos também se converteram. Estêvão, homem cheio de graça e do poder de Deus, fazia maravilhas e sinais entre o povo. Porém, um dia, alguns dos homens da chamada sinagoga dos “Libertos” começaram uma discussão com ele, e em breve se juntaram ao grupo alguns judeus de Cirene, de Alexandria do Egito, das províncias turcas da Cilícia e da Ásia. Mas nenhum deles podia resistir à sabedoria e ao Espírito pelo qual ele falava. Então subornaram alguns homens para mentirem a respeito dele, dizendo: “Ouvimos Estêvão falar blasfêmias contra Moisés, e até contra Deus”. Essa acusação alvoroçou o povo contra Estêvão de tal forma que os líderes judaicos e os mestres da lei prenderam e levaram Estêvão diante do Sinédrio. As testemunhas mentirosas depuseram novamente contra Estêvão, dizendo: “Este homem fala constantemente contra este santo lugar e contra as leis de Moisés. Nós ouvimos Estêvão dizer que esse Jesus de Nazaré destruirá este lugar e acabará com todas as leis de Moisés”. Então todos os que estavam sentados no Sinédrio viram que o rosto de Estêvão parecia o rosto de um anjo! Então o sumo sacerdote perguntou a Estêvão: “Essas acusações são verdadeiras?” Estêvão respondeu: “Irmãos e pais, ouçam-me! O glorioso Deus apareceu ao nosso antepassado Abraão estando ele ainda na Mesopotâmia, antes que ele se mudasse para Harã, e disse: ‘Saia da sua terra, do meio dos seus parentes, e vá para a terra que eu lhe mostrarei’. “Então ele deixou a terra dos caldeus e morou em Harã, até a morte do seu pai. Depois Deus trouxe Abraão para esta terra, onde vocês agora moram. Mas Deus não deu a ele nenhuma herança aqui, nem um pedaço de terra. Entretanto, Deus prometeu que no fim de tudo ele e, depois dele, os seus descendentes possuiriam a terra, embora, na época, ele ainda não tivesse filhos! Mas Deus falou a ele dessa forma: ‘Os seus descendentes vão ser peregrinos em uma terra estrangeira e ali se tornarão escravos e serão maltratados por 400 anos. Porém eu castigarei a nação que escravizar vocês, e depois sairão dali, voltarão a esta terra e me adorarão neste lugar’. Deus também deu a Abraão, naquele tempo, a cerimônia da circuncisão, como sinal da aliança entre Deus e o povo de Abraão. Por isso Isaque, filho de Abraão, foi circuncidado quando estava com oito dias de idade. Isaque tornou-se o pai de Jacó, e Jacó foi o pai dos doze patriarcas da nação judaica. “Os patriarcas tiveram muita inveja de José e venderam o irmão como escravo para o Egito. Porém Deus estava com ele e o livrou de todas as suas angústias, fazendo com que caísse na simpatia do faraó, rei do Egito. Deus também deu a José uma sabedoria excepcional, de modo que foi nomeado pelo faraó governador de todo o Egito, e encarregado de todos os assuntos do palácio. “Depois veio uma fome sobre o Egito e Canaã, trazendo grande sofrimento para os nossos antepassados. Quando a comida deles se acabou, Jacó soube que ainda havia trigo no Egito e então mandou nossos antepassados em sua primeira viagem para comprar trigo. Quando foram a segunda vez, José revelou a sua identidade aos seus irmãos, e eles foram apresentados ao faraó. Então José mandou trazer Jacó, o pai dele, para o Egito, e toda a sua família, que eram ao todo setenta e cinco pessoas. Assim Jacó foi para o Egito, onde morreu, e também todos os nossos antepassados. Seus corpos foram levados de volta para Siquém e sepultados no túmulo que Abraão tinha comprado dos filhos de Hamor, pai de Siquém, por um certo preço. “Quando se aproximou o tempo de Deus cumprir sua promessa a Abraão, em libertar seus descendentes da escravidão, o povo judeu havia se multiplicado grandemente no Egito; então foi coroado um rei que nada sabia a respeito de José. Esse rei conspirou contra o nosso povo, forçando os pais a abandonarem seus filhos recém-nascidos, para que não sobrevivessem. “Por aquela época nasceu Moisés, uma criança bonita aos olhos de Deus. Ele foi escondido em casa por três meses. E, quando finalmente seus pais não podiam mais conservar escondido o menino, o abandonaram, e a filha do faraó encontrou Moisés e adotou o nenê como seu próprio filho. Moisés foi educado em toda a sabedoria dos egípcios e tornou-se poderoso em palavras e ações. “Um dia, quando ele estava com 40 anos, veio-lhe a ideia de visitar seus irmãos israelitas. Nessa visita, viu um egípcio maltratando um homem de Israel. Então Moisés defendeu o israelita e o vingou, matando o egípcio. Moisés esperava que seus irmãos entendessem que ele tinha sido mandado por Deus para socorrer a todos eles, porém eles não entenderam. No outro dia viu dois homens de Israel brigando. Tentou agir como um pacificador. ‘Senhores’, disse ele, ‘vocês são irmãos e não deviam estar brigando assim! Isso está errado!’ “Porém o homem que era culpado pela briga recusou a ajuda de Moisés. ‘Quem o nomeou autoridade e juiz sobre nós?’, perguntou ele. ‘Você vai me matar como matou aquele egípcio ontem?’ Ouvindo isso, Moisés fugiu do país e morou como estrangeiro na terra de Midiã, onde nasceram seus dois filhos. “Quarenta anos depois, no deserto próximo ao monte Sinai, um anjo apareceu a ele, num arbusto em chamas. Moisés viu aquilo e perguntou a si mesmo o que seria. Ao chegar perto para ver, ouviu a voz do Senhor: ‘Eu sou o Deus dos seus antepassados, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó’. Moisés tremeu de medo e não tinha coragem de olhar. “Depois o Senhor disse: ‘Tire as sandálias, porque você está pisando em terra sagrada. Eu tenho visto a aflição do meu povo no Egito e ouvi os seus clamores. Desci para libertar Israel. Venha, que eu vou enviar você ao Egito’. “Assim Deus mandou de volta o mesmo homem que o povo de Israel tinha desprezado antes, quando perguntaram a ele: ‘Quem fez de você autoridade e juiz sobre nós?’ Moisés foi enviado para ser a autoridade e o libertador deles, depois que o anjo lhe apareceu no arbusto. Por meio de muitos sinais e maravilhas ele os conduziu para fora do Egito, através do mar Vermelho e pelo deserto durante 40 anos. “O próprio Moisés disse ao povo de Israel: ‘Deus levantará entre os irmãos de vocês um profeta semelhante a mim’. Pois no deserto Moisés foi o mediador entre o povo de Israel e o anjo que deu a eles a Lei de Deus — a palavra viva — no monte Sinai, para transmiti-las a nós. “Mas os nossos antepassados recusaram-se a obedecer a ele, desprezaram Moisés e quiseram voltar ao Egito. Disseram a Arão: ‘Faça ídolos para nós, para que tenhamos deuses que nos levem adiante; porque não sabemos o que aconteceu com Moisés, que nos tirou do Egito’. Assim eles fizeram um bezerro como ídolo, ofereceram sacrifício a ele e celebraram aquela coisa que tinham feito. Então Deus lhes deu as costas e abandonou a todos eles, deixando que servissem ao sol, à lua e às estrelas como deuses deles, conforme foi escrito no livro dos profetas: ‘Foi a mim que vocês ofereceram sacrifícios naqueles quarenta anos no deserto, ó povo de Israel? Não! O interesse verdadeiro de vocês estava nos seus deuses pagãos — em Moloque, na estrela do seu deus Renfã e em todas as imagens que vocês fizeram para adorar. Portanto, eu enviarei vocês para o exílio, para além da Babilônia’. “Os nossos antepassados levavam com eles o tabernáculo da aliança, através do deserto. O tabernáculo foi fabricado exatamente de acordo com o plano que Deus tinha mostrado a Moisés. Anos depois, quando Josué conduziu as batalhas contra as nações estrangeiras, esse tabernáculo foi levado com eles para o seu novo território e usado até o tempo do rei Davi. Deus abençoou grandemente a Davi, que pediu que lhe permitisse construir uma habitação permanente para o Deus de Jacó. Porém foi Salomão quem construiu esta casa. “Contudo, Deus não habita em casas feitas por mãos humanas. Como diz o profeta: ‘O céu é o meu trono’, e ‘a terra é o estrado dos meus pés. Que espécie de casa vocês poderiam construir?’, diz o Senhor, ou, ‘onde seria o meu lugar de descanso? Por acaso não fui eu que fiz todas essas coisas?’ “Como vocês são rebeldes e duros de coração! Será que resistirão para sempre ao Espírito Santo? Seus antepassados agiram assim e vocês agem da mesma maneira! Digam o nome de um profeta que os antepassados de vocês não perseguiram! Eles até mataram aqueles que profetizaram sobre a vinda do Justo, a quem vocês traíram e assassinaram. Sim, e vocês de propósito desobedeceram às Leis de Deus, embora fossem recebidas das mãos de anjos”. Os líderes judaicos ficaram ardendo em raiva com a acusação de Estêvão e rangiam os dentes de fúria. Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, olhou para o céu e viu a glória de Deus, e Jesus em pé, à direita de Deus. Então disse a eles: “Olhem, eu estou vendo os céus abertos e o Filho do Homem em pé, à direita de Deus!” Mas todos se revoltaram contra ele, taparam os ouvidos e, gritando bem alto, avançaram contra Estêvão, arrastaram-no para fora da cidade e começaram a apedrejá-lo. As testemunhas tiraram os casacos e os puseram aos pés de um jovem chamado Saulo. Enquanto as pedras eram atiradas sobre Estêvão, ele orava: “Senhor Jesus, receba meu espírito”. Depois caiu de joelhos e gritou: “Senhor, não condene essa gente por causa deste pecado!” E, com isto, morreu. Saulo aprovou a morte de Estêvão, e começou naquela ocasião uma grande onda de perseguição aos crentes, a qual atingiu a igreja de Jerusalém. Todos foram dispersos para a Judeia e Samaria, com exceção dos apóstolos. Mas alguns judeus piedosos vieram e com grande tristeza sepultaram Estêvão. Saulo, por sua vez, ia a todos os lugares para devastar a igreja, indo de casa em casa, arrastando para fora tanto homens como mulheres, lançando todos na prisão. Mas os santos que tinham sido dispersos iam por todos os lugares pregando a boa-nova de Jesus! Filipe foi para a cidade de Samaria e falou a respeito de Cristo ao povo dali. As multidões ouviram atentamente o que ele tinha a dizer e viu os sinais miraculosos que fazia. Muitos espíritos imundos eram expulsos e gritavam ao deixar suas vítimas; muitos paralíticos e coxos eram curados, de modo que havia grande alegria naquela cidade! Um homem chamado Simão, que havia já algum tempo praticava feitiçaria, era homem de muita fama e orgulhoso por causa das feitiçarias que podia fazer. Todo o povo, do mais simples ao mais rico, escutava com muita atenção o que ele dizia. Todos afirmavam: “Este homem é o poder divino conhecido como ‘Grande Poder’ ”. Eles o seguiam porque Simão os havia iludido com suas feitiçarias durante muito tempo. Porém, logo creram na mensagem de Filipe a respeito da boa-nova do Reino de Deus e a respeito de Jesus Cristo; e muitos homens e mulheres foram batizados. Então o próprio Simão creu e foi batizado, e começou a seguir Filipe a todos os lugares; estava maravilhado com os sinais e milagres que eram realizados. Quando os apóstolos souberam em Jerusalém que o povo de Samaria havia aceitado a mensagem de Deus, mandaram Pedro e João até lá. Logo que eles chegaram, começaram a orar para que esses novos irmãos recebessem o Espírito Santo, pois até então ele não tinha descido sobre nenhum deles, porque somente tinham recebido o batismo no nome do Senhor Jesus. Então Pedro e João puseram as mãos sobre eles, e receberam o Espírito Santo. Quando Simão viu que o Espírito Santo era dado quando os apóstolos punham as mãos sobre a cabeça das pessoas, ofereceu dinheiro para comprar esse poder, e disse: “Permitam que eu também tenha desse poder, para que, quando eu puser as mãos sobre as pessoas, elas recebam o Espírito Santo!” Mas Pedro respondeu: “Que o seu dinheiro morra com você, por pensar que o dom de Deus pode ser comprado com dinheiro! Você não pode ter parte nenhuma nesse ministério, porque o seu coração não é honesto diante de Deus. Arrependa-se dessa grande maldade e ore ao Senhor, pedindo que ele perdoe os seus maus pensamentos, pois eu posso ver que há grande amargura e tendência ao pecado no seu coração”. “Orem por mim ao Senhor”, exclamou Simão, “para que essas coisas terríveis não me aconteçam”. Depois de pregar e dar testemunho em Samaria, Pedro e João voltaram a Jerusalém, parando em diversas aldeias samaritanas pelo caminho para pregar a boa-nova. Mas quanto a Filipe, um anjo do Senhor lhe disse: “Vá para o sul, para a estrada que leva de Jerusalém ao deserto de Gaza”. Ele fez assim, e lá estava, descendo pela estrada, um eunuco, tesoureiro da Etiópia, um oficial de grande autoridade sob as ordens da rainha Candace. Ele tinha ido a Jerusalém adorar a Deus. Agora estava voltando na sua carruagem, lendo em voz alta o livro do profeta Isaías. E o Espírito Santo disse a Filipe: “Avance e acompanhe a carruagem!” Filipe correu, ouviu o que ele estava lendo do profeta Isaías e lhe perguntou: “O senhor entende o que está lendo?” Ele respondeu: “Como posso entender, se não há ninguém para me explicar?” E ele convidou Filipe a subir na carruagem e assentar-se ao seu lado! O trecho das Escrituras que o eunuco estava lendo era este: “Ele foi levado como uma ovelha para o matadouro, e como um cordeiro quieto e mudo diante dos tosquiadores ele não abriu a boca. Na sua humilhação, negaram justiça a ele; e quem pode falar dos seus descendentes? Pois a vida dele foi tirada da terra”. O eunuco perguntou a Filipe: “Diga-me, por favor: de quem o profeta estava falando? A respeito de si mesmo ou de outro?” Então Filipe começou com esta mesma passagem da Escritura e explicou a ele a boa-nova da salvação em Jesus. Enquanto viajavam, chegaram a um lugar onde havia água, e o eunuco disse: “Veja, aqui tem água! Por que eu não posso ser batizado?” “O senhor pode”, respondeu Filipe, “se o senhor crê de todo o seu coração”. E o eunuco respondeu: “Eu creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus”. Ele parou o carro, os dois desceram para dentro da água, e Filipe o batizou. E, quando saíram da água, o Espírito do Senhor levou Filipe para outro lugar, e o eunuco não o viu mais, porém continuou o seu caminho com alegria. Enquanto isso, Filipe apareceu em Azoto! Pregou a boa-nova ali e em cada cidade pelo caminho, à medida que ia para Cesareia. Enquanto isso, Saulo ameaçava de morte os discípulos do Senhor. Dirigindo-se ao sumo sacerdote de Jerusalém, pediu-lhe uma carta para as sinagogas de Damasco, pedindo a cooperação delas na perseguição a todos os seguidores de Cristo que encontrasse ali, tanto homens como mulheres, seguidores do Caminho, para que pudesse levá-los presos para Jerusalém. Quando Saulo estava se aproximando de Damasco em sua missão, de repente uma luz do céu brilhou ao redor dele! Ele caiu no chão e ouviu uma voz dizendo: “Saulo! Saulo! Por que você está me perseguindo?” “Quem é o Senhor?”, perguntou Saulo. E a voz respondeu: “Eu sou Jesus, aquele que você está perseguindo! Agora levante-se, entre na cidade e lá espere minhas próximas instruções”. Os homens que estavam com Saulo ficaram mudos, porque ouviam a voz, mas não viam ninguém! Quando Saulo se levantou do chão, percebeu que estava cego. Ele teve de ser conduzido para Damasco e esteve lá três dias cego; ele ficou sem comer e beber. Ora, havia em Damasco um crente chamado Ananias. O Senhor falou com ele numa visão: “Ananias!” “Pronto, Senhor!”, respondeu ele. O Senhor lhe disse: “Vá à rua chamada Direita e procure a casa de um homem chamado Judas; lá pergunte por Saulo de Tarso. Ele está orando. Eu lhe mostrei numa visão um homem chamado Ananias entrando e impondo as mãos sobre ele, para que voltasse a enxergar!” “Mas Senhor”, exclamou Ananias, “eu sei das terríveis coisas que esse homem vem fazendo aos santos em Jerusalém! E ouvimos que ele traz consigo ordens de prisão, da parte dos sacerdotes principais, para todos os que invocam o seu nome!” Porém o Senhor disse a Ananias: “Vá fazer o que eu digo, porque esse homem é o meu instrumento escolhido para levar o meu nome aos gentios e seus reis, e perante o povo de Israel. E eu mostrarei a ele quanto deve sofrer pelo meu nome”. Então Ananias foi, encontrou Saulo em casa, pôs as mãos sobre ele e disse: “Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que apareceu a você na estrada, me enviou para que você possa ficar cheio do Espírito Santo e recupere a sua vista”. No mesmo instante, foi como se tivessem caído escamas dos olhos dele, e Saulo pôde enxergar outra vez e foi batizado. Então ele comeu e ficou forte novamente. Saulo permaneceu com os discípulos em Damasco vários dias e foi para a sinagoga, a fim de anunciar que Jesus é o Filho de Deus! E todos os que ouviam Saulo ficavam maravilhados. “Este não é o mesmo homem que perseguia tão ferozmente os seguidores de Jesus em Jerusalém?”, perguntavam eles. “E nós sabemos que ele veio aqui para prender a todos e levá-los presos aos sacerdotes principais”. Saulo se fortalecia cada vez mais na pregação, e os judeus de Damasco não podiam resistir às suas provas de que Jesus era verdadeiramente o Cristo. Depois de algum tempo os líderes judaicos resolveram, de comum acordo, matá-lo. Mas Saulo foi informado dos planos deles, de que estavam vigiando os portões da cidade dia e noite, preparados para matá-lo. Então, durante a noite alguns dos discípulos desceram Saulo num cesto, através de uma janela no muro da cidade! Ao chegar a Jerusalém, ele tentou encontrar-se com os discípulos, porém todos estavam com medo dele. Pensavam que estava fingindo e que não fosse realmente um discípulo! Então Barnabé levou Saulo aos apóstolos e contou como ele tinha visto o Senhor no caminho de Damasco, o que o Senhor tinha dito e tudo a respeito da sua poderosa pregação no nome de Jesus. Assim eles receberam Saulo, e depois disto ele andava livremente em Jerusalém, pregando corajosamente em nome do Senhor. Foi então que alguns dos judeus de língua grega, com os quais ele tinha discutido, conspiraram para matar Saulo. Contudo, quando os outros crentes souberam desse perigo, levaram-no a Cesareia e o enviaram à cidade dele, Tarso. Enquanto isso, a igreja tinha paz em toda a Judeia, Galileia e Samaria e crescia em força e em número. Os crentes aprendiam a andar no temor do Senhor e na consolação do Espírito Santo. Pedro viajava de um lugar para outro a fim de visitar a todos e em uma de suas viagens foi visitar os crentes na cidade de Lida. Ali ele encontrou um homem paralítico, chamado Eneias, acamado havia oito anos. Pedro disse: “Eneias! Jesus Cristo vai curar você! Levante-se e faça a sua cama!” E ele levantou-se no mesmo instante. Então a população inteira de Lida e de Sarona voltou-se para o Senhor, quando viram Eneias curado. Na cidade de Jope havia uma mulher chamada Tabita, que em grego é Dorcas, uma crente que estava sempre praticando boas obras e dando esmolas. Por esse tempo ela ficou doente e morreu. Os amigos dela prepararam o sepultamento e puseram Dorcas numa sala elevada. Mas, quando souberam que Pedro estava perto de Lida, mandaram dois homens dizer-lhe: “Por favor, venha depressa para Jope”. Assim Pedro foi com eles, e, logo que chegou, levaram Pedro para cima, ao lugar onde Dorcas estava. A sala se encontrava cheia de viúvas que choravam e mostravam-lhe os vestidos e outras roupas que Dorcas tinha feito para elas. Mas Pedro pediu que saíssem todas do quarto; e então se ajoelhou e orou. Voltando-se para a mulher morta, disse: “Levante-se, Tabita”, e ela abriu os olhos! Quando viu a Pedro, sentou-se! Tomando-a pela mão ajudou-a a levantar-se. Então chamou os santos e as viúvas, apresentando-a viva! A notícia correu por toda a cidade, e muitos creram no Senhor. Pedro permaneceu muitos dias em Jope, morando com Simão, o curtidor. Morava em Cesareia um centurião do exército romano chamado Cornélio, comandante de um regimento conhecido como Italiano. Ele era um homem piedoso que tinha fé em Deus como também toda sua família. Praticava a caridade com boa vontade e orava continuamente a Deus. Certa tarde, por volta das três horas, ele teve uma visão. Nessa visão ele viu claramente um anjo de Deus, que veio na direção dele e disse: “Cornélio!” Cornélio ficou olhando para ele, cheio de medo. “O que o Senhor quer?”, perguntou ao anjo. O anjo respondeu: “As suas orações e suas boas obras subiram como oferta diante de Deus! Agora, mande alguns homens a Jope procurar um certo Simão, também conhecido como Pedro, que está hospedado com Simão, o curtidor, na beira da praia, e peça que venha visitar você”. Logo que o anjo foi embora, Cornélio chamou dois dos servos da sua casa e um soldado piedoso da sua guarda pessoal, disse o que tinha acontecido e enviou todos a Jope. No outro dia, quando eles estavam se aproximando da cidade, por volta do meio-dia Pedro subiu ao terraço da casa dele para orar. Ele estava com fome, porém, enquanto preparavam o almoço, teve uma visão. Ele viu o céu aberto e um grande lençol de pano grosso, preso pelas quatro pontas, que descia ao chão. No lençol havia toda espécie de animais, répteis da terra e aves do céu. Então uma voz lhe disse: “Levante-se, Pedro; mate e coma”. “Nunca, Senhor”, disse Pedro, “pois em toda a minha vida nunca comi algo impuro ou imundo conforme as nossas leis judaicas”. A voz falou pela segunda vez: “Não contradiga a Deus! Não chame de impuro o que Deus purificou!” A mesma visão repetiu-se três vezes! Depois o lençol foi recolhido ao céu novamente! Enquanto Pedro refletia acerca do significado da visão, os homens enviados por Cornélio haviam encontrado a casa e achavam-se do lado de fora do portão, perguntando se aquele era o lugar onde morava Simão, conhecido como Pedro! Nesse tempo, enquanto Pedro ainda estava meditando sobre o significado da visão, o Espírito Santo disse a ele: “Simão, estão aí três homens para falar com você. Levante-se e desça para encontrar os três e vá com eles. Fui eu que os enviei”. Assim, Pedro desceu. “Eu sou o homem que vocês estão procurando”, disse ele. “Qual é o motivo que os trouxe até aqui?” Os homens responderam: “Nós fomos enviados pelo centurião romano Cornélio. Ele é um homem justo e temente a Deus, que tem um bom nome entre o povo judeu. Um santo anjo lhe disse que chamasse o senhor à casa dele para que viesse e falasse a ele o que Deus quer que seja feito”. Então Pedro convidou os três para entrar e ser seus hóspedes aquela noite. No outro dia foi com eles, acompanhado por alguns irmãos de Jope Chegaram a Cesareia no dia seguinte. Cornélio estava esperando por ele, e havia reunido seus parentes e amigos íntimos para conhecerem a Pedro. Quando Pedro entrou na casa, Cornélio prostrou-se diante dele em adoração. Mas Pedro disse: “Levante-se! Eu não sou um deus; sou homem como você!” Então ele se levantou, e os dois conversaram durante um momento, e depois entraram onde muitas pessoas estavam reunidas. Pedro disse: “Vocês sabem muito bem que é contra as leis judaicas que eu entre na casa de um gentio. Mas Deus me mostrou numa visão que não devo chamar ninguém de impuro ou imundo. Por isso, eu vim logo que fui procurado. Agora, digam o que querem?” Cornélio respondeu: “Há quatro dias eu estava orando como de costume, a esta hora da tarde, quando de repente um homem apareceu em minha frente vestido com um manto brilhante! Ele me disse: ‘Cornélio, Deus ouviu as suas orações e as suas boas obras foram observadas por Deus! Envie agora alguns homens a Jope buscar Simão, chamado Pedro, que está na casa de Simão, o curtidor, na beira da praia’. Por isso, imediatamente mandei procurar o senhor, que fez bem em vir tão depressa. E agora nós estamos aqui, esperando na presença de Deus, desejosos de ouvir o que o Senhor ordenou que nos falasse!” Então Pedro respondeu: “Agora vejo claramente que os judeus não são os únicos preferidos de Deus. Em cada nação ele tem aqueles que o adoram, praticam boas obras e são aceitáveis a ele. Tenho certeza de que vocês ouviram a respeito da mensagem enviada por Deus ao povo de Israel, que fala das boas-novas de paz por meio de Jesus Cristo, que é Senhor de todos. Essa mensagem tem se espalhado por toda a Judeia, começando na Galileia, depois do batismo de João Batista. E vocês naturalmente sabem que Jesus de Nazaré foi ungido por Deus com o Espírito Santo e com poder; viveu fazendo o bem e curando todos os que estavam dominados pelo diabo, porque Deus estava com ele. “E nós somos testemunhas de tudo o que ele fez em todo o Israel e em Jerusalém, onde o mataram, levantando-o num madeiro. Mas Deus o ressuscitou no terceiro dia e fez com que ele fosse visto, não por todo o povo, mas por certas testemunhas que o mesmo Deus tinha escolhido de antemão, nós, que comemos e bebemos com ele, depois que ressuscitou dos mortos. E ele nos mandou pregar a boa-nova em toda parte e testemunhar que Deus o colocou como Juiz de vivos e de mortos. E todos os profetas escreveram a respeito dele, dizendo que todo aquele que crer em Jesus terá os seus pecados perdoados por meio do seu nome”. Quando Pedro ainda estava falando essas palavras, o Espírito Santo desceu sobre todos aqueles que ouviam a Palavra de Deus! Os judeus convertidos que tinham ido com Pedro ficaram admirados de que a dádiva do Espírito Santo fosse derramada até sobre os gentios. Não podia haver dúvida sobre isso, porque eles os ouviram falar em línguas e louvar a Deus. Pedro perguntou: “Será que alguém vai proibir que eles sejam batizados com água, agora que eles receberam o Espírito Santo, como nós?” Então mandou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo. Depois disso, pediram que Pedro ficasse com eles alguns dias. A notícia chegou até os apóstolos e outros irmãos da Judeia de que muitos gentios também tinham recebido a palavra de Deus! De modo que, quando Pedro voltou a Jerusalém, o partido dos circuncisos discutia com ele, dizendo: “Você ficou hospedado na casa de homens incircuncisos, e até comeu com eles”. Então Pedro contou a eles tudo o que tinha acontecido: “Um dia em Jope”, disse ele, “enquanto eu estava orando, tive uma visão. Vi um enorme lençol, baixado do céu pelas quatro pontas. Dentro do lençol havia todo tipo de animais quadrúpedes da terra, animais selvagens, répteis e aves do céu. E ouvi uma voz dizer: ‘Levante-se, Pedro; mate e coma’. “ ‘Nunca, Senhor’, foi a minha resposta. ‘Porque eu nunca comi nada impuro ou imundo segundo as nossas leis judaicas!’. “Mas a voz do céu falou outra vez: ‘Não chame de impuro o que Deus purificou!’ Isso aconteceu três vezes, antes que o lençol e tudo o que ele continha fosse recolhido ao céu. “Nessa hora chegaram à casa onde eu estava hospedado três homens que tinham sido enviados de Cesareia! O Espírito Santo me disse para ir com eles e não me preocupar com o fato de não serem judeus! Estes seis irmãos aqui me acompanharam, e logo chegamos à casa do homem que tinha mandado os mensageiros. Ele nos contou como um anjo tinha aparecido em sua casa e tinha dito: ‘Mande buscar Simão em Jope; ele também é chamado Pedro! Ele dirá como você e toda a sua família podem ser salvos!’. “Pois bem, quando comecei a falar, porém, o Espírito Santo desceu sobre eles, tal como desceu sobre nós no princípio! Então lembrei das palavras do Senhor, quando ele disse: ‘João batizava com água, mas vocês serão batizados com o Espírito Santo’. E já que Deus deu a estes não judeus o mesmo dom que concedeu a nós quando cremos no Senhor Jesus Cristo, quem era eu para discutir com Deus?” Quando os outros ouviram isso, ficaram sem o que dizer e começaram a louvar a Deus! “Sim”, diziam, “então Deus concedeu também aos que não são judeus o privilégio de se arrependerem e receberem a vida eterna!” Enquanto isso, os crentes que tinham sido dispersos de Jerusalém durante a perseguição depois da morte de Estêvão viajaram até a Fenícia, Chipre e Antioquia, espalhando a boa-nova, mas apenas aos judeus. Entretanto, alguns dos crentes, que vieram de Chipre e de Cirene para Antioquia, começaram também a anunciar a alguns gregos a mensagem a respeito do Senhor Jesus. O poder do Senhor estava com eles, de modo que muitos creram e se converteram ao Senhor. Quando a igreja de Jerusalém soube o que tinha acontecido, enviou Barnabé a Antioquia. Quando ele chegou ali e viu as maravilhosas coisas que Deus estava fazendo, ficou cheio de ânimo e de alegria, e animava os crentes a continuar firmes no Senhor. Barnabé era um homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé. Como resultado, muitas pessoas se uniram ao Senhor. Então Barnabé foi a Tarso em busca de Saulo. Quando o encontrou, levou o amigo para Antioquia. Assim, Barnabé e Paulo ficaram lá um ano inteiro, reunindo-se com a igreja e ensinando um grande número de novos convertidos. Foi ali em Antioquia que os discípulos foram chamados de “cristãos” pela primeira vez. Durante esse tempo, chegaram a Antioquia alguns profetas vindos de Jerusalém. Um deles, chamado Ágabo, levantou-se numa das reuniões para profetizar pelo Espírito que uma grande fome estava para vir sobre o mundo romano; isso de fato aconteceu durante o reinado de Cláudio. Então os discípulos resolveram mandar socorro aos irmãos da Judeia, cada um de acordo com as suas possibilidades. Eles entregaram seus donativos a Barnabé e Saulo para levarem aos presbíteros da igreja. Por essa época o rei Herodes começou a perseguir e prender alguns que pertenciam à igreja, e mandou matar à espada Tiago, irmão de João. Quando Herodes viu que isso agradava os líderes judaicos, prendeu Pedro durante a comemoração dos pães sem fermento, e o pôs na prisão, guardado por quatro escoltas de quatro soldados em cada escolta. A intenção de Herodes era apresentá-lo aos judeus para julgamento público depois da Páscoa. Porém durante todo o tempo em que ele estava na prisão, a igreja orava fervorosamente a Deus. Na noite anterior ao dia em que Herodes iria submetê-lo a julgamento, Pedro estava dormindo, preso com duas correntes entre dois soldados, com outros montando guarda na frente do portão da prisão. De repente brilhou uma luz na cela e um anjo do Senhor se colocou ao lado de Pedro! O anjo tocou no lado de Pedro e o acordou. “Depressa! Levante-se!”, disse ele. E as correntes caíram dos pulsos de Pedro! Então o anjo lhe disse: “Vista-se e coloque as sandálias”. Ele obedeceu. “Agora vista a capa e siga-me!”, mandou o anjo. Então Pedro deixou a cela, seguindo o anjo. Mas o tempo todo ele pensava que era um sonho ou uma visão, e não acreditava que aquilo estivesse realmente acontecendo. Eles passaram o primeiro e o segundo postos de guarda e chegaram ao portão de ferro da rua, e este abriu-se por si mesmo para eles! Então eles passaram e foram caminhando juntos um quarteirão, e de repente o anjo o deixou. Pedro finalmente percebeu o que tinha acontecido! “É verdade mesmo!”, disse consigo. “O Senhor enviou o anjo dele e me salvou de Herodes e de tudo o que os judeus queriam me fazer!” Depois de pensar um pouco, ele foi para a casa de Maria, mãe de João, também chamado Marcos, onde muitos estavam juntos para orar. Pedro bateu à porta da frente, e uma serva chamada Rode veio atender. Quando ela reconheceu a voz de Pedro, ficou tão contente que, em vez de abrir a porta, voltou correndo para dentro, e exclamou: “Pedro está lá fora!” Eles não acreditaram nela. “Você está fora do juízo”, disseram. Quando ela insistiu que era Pedro, eles pensaram: “Deve ser o anjo dele”. Enquanto isso Pedro continuava batendo! Quando finalmente foram e abriram a porta, a surpresa foi enorme. Ele fez sinal para ficarem quietos e contou o que tinha acontecido e como o Senhor o tinha tirado da prisão. “Contem a Tiago e aos outros o que aconteceu”, disse ele. Então saiu dali e foi para outro lugar. Ao amanhecer, houve grande alvoroço entre os soldados na prisão quanto ao que tinha acontecido com Pedro. Quando Herodes mandou buscar o preso, soube que ele não estava lá. Depois de fazer perguntas aos guardas, mandou matá-los. Depois disso Herodes partiu da Judeia e foi morar algum tempo em Cesareia. Enquanto Herodes estava lá, chegou uma delegação de Tiro e Sidom para falar com ele. Herodes estava muito irado com o povo daquelas duas cidades, mas os delegados se fizeram amigos de Blasto, secretário real, e pediram paz, pois as cidades deles dependiam economicamente do comércio com o país de Herodes. Herodes concedeu uma entrevista a eles, e, quando chegou o dia, pôs as vestes reais, sentou-se no trono e fez um discurso para o povo. O povo fez uma grande aclamação a ele, gritando: “É a voz de um deus, e não de um homem!” No mesmo instante, um anjo do Senhor feriu Herodes, de modo que ele ficou cheio de bichos e morreu, visto que aceitou a adoração do povo, em lugar de dar glória a Deus. A boa-nova de Deus ia se espalhando rapidamente e havia muitos novos crentes. Barnabé e Saulo por esse tempo visitaram Jerusalém e, logo que terminaram sua missão, levaram João Marcos consigo. Entre os profetas e mestres da igreja de Antioquia estavam Barnabé e Simeão, chamado “o Negro”, Lúcio de Cirene, Manaém, que fora criado por Herodes, o tetrarca, e Saulo. Enquanto estes homens estavam em adoração ao Senhor e jejuavam, o Espírito Santo disse: “Separem-me Barnabé e Saulo para realizar o trabalho para o qual os chamei”. Então, depois de jejuar e orar, os homens impuseram as mãos sobre eles e os enviaram. Dirigidos pelo Espírito Santo, eles desceram para Selêucia e daí navegaram para Chipre. Na cidade de Salamina, foram à sinagoga judaica e pregaram a Palavra de Deus. João estava com eles como ajudante. Depois disso eles pregaram de lugar em lugar pela ilha toda, até que finalmente chegaram a Pafos, onde encontraram um feiticeiro judeu e falso profeta chamado Barjesus. Ele era amigo do governador Sérgio Paulo, homem de grande inteligência. O governador convidou Barnabé e Saulo, porque desejava ouvir a mensagem de Deus que eles levavam. Mas Elimas, o feiticeiro (esse é o significado do seu nome em grego), intrometia-se e falava com o governador para não dar atenção ao que Saulo e Barnabé diziam, tentando impedir Sérgio Paulo de confiar no Senhor. Então Saulo, também chamado de Paulo, cheio do Espírito Santo, olhou bem firme nos olhos de Elimas e disse: “Filho do Diabo, inimigo de tudo o que é justo! Você está cheio de engano e de maldade. Quando você vai deixar de perturbar os caminhos retos do Senhor? E agora o Senhor colocou a sua mão contra você, e você ficará cego por algum tempo”. Imediatamente uma neblina e a escuridão caíram sobre ele, e começou a andar de um lado para o outro, tateando, pedindo que alguém pegasse em suas mãos e o guiasse. Quando o governador viu o que tinha acontecido, creu e ficou profundamente impressionado com o ensinamento a respeito do Senhor. Depois disso, Paulo e os que estavam com ele deixaram Pafos em um navio para a Panfília e aportaram na cidade de Perge. Ali João se separou deles e voltou para Jerusalém. Mas Barnabé e Paulo prosseguiram para Antioquia, cidade da província da Pisídia. No sábado eles foram à sinagoga e se assentaram. Depois da leitura da Lei e dos Profetas, os responsáveis da sinagoga mandaram a eles este recado: “Irmãos, se vocês têm alguma palavra de instrução para nós, podem falar!” Então Paulo se levantou, fez um sinal com a mão e começou a falar. Ele disse: “Homens de Israel e gentios que respeitam a Deus, ouçam-me! O Deus desta nação de Israel escolheu os nossos antepassados e cuidou deles no Egito. Conduzindo o povo gloriosamente para fora daquele país, os aturou durante cerca de 40 anos de caminhada através do deserto. Depois ele destruiu sete nações em Canaã e deu o território delas como herança a Israel. Tudo isso levou cerca de 450 anos. “Depois disso, ele lhes deu juízes até o tempo do profeta Samuel. Então o povo pediu um rei, e Deus deu a eles Saul, filho de Quis, homem da tribo de Benjamim, que reinou 40 anos. Mas Deus afastou Saul do trono e colocou Davi em seu lugar; Deus disse o seguinte a respeito dele: ‘Davi, filho de Jessé, é um homem de acordo com o meu coração; ele me obedecerá’. “Da descendência de Davi Deus trouxe a Israel o Salvador Jesus, como tinha prometido! Porém, antes da vinda de Jesus, João Batista pregou o batismo do arrependimento para todo o povo de Israel. Quando estava terminando o seu trabalho, perguntou: ‘Quem é que vocês pensam que eu sou? Eu não sou aquele que vocês pensam que eu sou. Mas ouçam! Eis que vem depois de mim aquele cujas sandálias não sou digno de desatar’. “Irmãos, vocês que são filhos de Abraão, e também todos vocês, não judeus presentes aqui que respeitam a Deus, esta mensagem da salvação é para todos nós! Os judeus de Jerusalém e os seus líderes cumpriram a profecia e mataram Jesus, pois eles não o reconheceram, nem perceberam que Jesus era aquele de quem os profetas tinham escrito, embora ouvissem a leitura dos profetas todos os sábados na sinagoga. Eles não encontraram motivo justo para matá-lo, mas pediram a Pilatos que o matasse de qualquer maneira. E quando tinham cumprido todas as profecias sobre a sua morte, ele foi tirado da cruz e colocado no sepulcro. Porém Deus ressuscitou Jesus dos mortos! E durante muitos dias ele foi visto muitas vezes por aqueles que o seguiram da Galileia para Jerusalém. Esses homens são testemunhas que falam a respeito dele para o povo. “E agora nós estamos aqui para trazer esta boa-nova a vocês — que a promessa de Deus aos nossos antepassados cumpriu-se em nosso próprio tempo, no qual Deus ressuscitou Jesus, como está escrito no Salmo segundo: ‘Você é meu filho! Hoje o gerei’. “Pois Deus tinha prometido ressuscitar Jesus para que não fosse destruído pela morte. Isto é afirmado no trecho das Escrituras que diz: ‘Eu vou dar a vocês as bênçãos sagradas e fiéis que prometi a Davi’. Em outro Salmo ele explicou de forma mais completa, dizendo: ‘Deus não permitirá que o seu Santo sofra decomposição’. “Isto não era uma referência a Davi, porque depois que Davi serviu à geração dele de acordo com a vontade de Deus, morreu e foi sepultado com os seus antepassados, e seu corpo entrou em decomposição. Era uma referência a Jesus, a quem Deus ressuscitou, cujo corpo não sofreu decomposição. “Irmãos! Ouçam! Anunciamos que por meio de Jesus há perdão para os pecados. Todo aquele que crê em Jesus fica livre de toda a culpa e é declarado justo, algo que a Lei de Moisés não pôde fazer. Oh! Tomem cuidado! Não deixem que sejam aplicadas a vocês as palavras dos profetas! Porque eles disseram: ‘Olhem e morram, vocês, que desprezam a verdade, porque eu estou fazendo uma coisa na época de vocês, uma coisa em que vocês não acreditarão. Eu farei uma coisa que vocês terão de ver para crer!’ ” Quando o povo deixou a sinagoga naquele dia, pediram a Paulo e Barnabé que voltassem e falassem a eles novamente no sábado seguinte. E muitos judeus e estrangeiros tementes a Deus, que adoravam na sinagoga, seguiram a Paulo e Barnabé, enquanto os dois homens insistiam com eles para que continuassem firmes na graça de Deus. No sábado seguinte quase toda a cidade compareceu para ouvir a Palavra do Senhor. Mas quando os líderes judaicos viram as multidões, ficaram com inveja, praguejaram e falaram contra tudo o que Paulo dizia. Então Paulo e Barnabé declararam corajosamente: “Era necessário que esta boa-nova de Deus primeiro fosse anunciada a vocês, os judeus. Mas já que vocês não aceitaram e não se julgam dignos da vida eterna, agora nos voltamos para os gentios. Pois foi assim que o nosso Senhor ordenou, quando disse: ‘Eu fiz de você uma luz para os outros povos, para que você leve a salvação até os lugares mais distantes da terra’.” Quando os não judeus ouviram isso, ficaram muito contentes e se alegraram com a palavra do Senhor; e creram todos os que tinham sido designados para a vida eterna. Então, a mensagem do Senhor se espalhou por toda aquela região. Mas os líderes judaicos se revoltaram, incitaram as mulheres piedosas de elevada posição e os líderes civis da cidade, e provocaram uma perseguição contra Paulo e Barnabé e os expulsaram da cidade. Porém eles sacudiram o pó dos pés contra aquele lugar e foram para a cidade de Icônio. E os discípulos estavam repletos de alegria e do Espírito Santo. Em Icônio, Paulo e Barnabé foram juntos à sinagoga, como de costume, e pregaram com tal poder que muitos creram — tanto judeus como gentios. Mas os judeus que desprezaram a mensagem de Deus despertaram desconfiança contra Paulo e Barnabé entre os gentios. Apesar disso, eles ficaram lá um longo tempo, pregando corajosamente, e o Senhor dava provas de que a mensagem deles vinha mesmo de Deus, dando aos dois o poder de fazer grandes sinais e maravilhas. Mas o povo da cidade ficou dividido. Uns concordavam com os líderes judaicos, e outros apoiavam os apóstolos. Quando Paulo e Barnabé souberam de uma conspiração para provocar uma revolta de gentios e de judeus e seus líderes contra eles para maltratá-los e apedrejá-los, fugiram para salvar a vida, e foram para as cidades de Licaônia, Listra, Derbe e a região próxima, e pregaram a boa-nova por ali. Enquanto eles estavam em Listra, encontraram um homem paralítico dos pés, aleijado desde o nascimento, e que, por isso, nunca tinha andado. Ele estava ouvindo Paulo pregar. Quando Paulo olhou diretamente para ele e viu que ele tinha fé para ser curado, disse em alta voz: “Levante-se e fique em pé!” O homem pulou sobre os pés e começou a caminhar! Quando a multidão que ouvia Paulo viu o que ele tinha feito, gritou na língua licaônica: “Estes homens são deuses que vieram a nós em forma humana!” A conclusão deles era que Barnabé era o deus grego Júpiter, e que Paulo, por ser o principal orador, era Mercúrio! O sacerdote do templo local de Júpiter, situado na frente dos portões da cidade, trouxe carros cheios de flores para eles, oferecendo bois em sacrifício à porta do templo, diante do povo. Mas quando os apóstolos Barnabé e Paulo viram o que estava acontecendo, rasgaram as suas roupas e correram para o meio do povo, gritando: “Homens! Que estão fazendo? Nós somos simplesmente seres humanos como vocês! Nós viemos anunciar a boa-nova a vocês para que abandonem a adoração destas coisas sem valor e passem a orar ao Deus vivo que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que há neles. Nos dias passados ele permitiu às nações seguirem os seus próprios caminhos, mas Deus nunca ficou sem testemunho; sempre houve as coisas que lembravam a existência dele — as coisas boas que ele fazia, tais como mandar a chuva do céu e boas colheitas no tempo certo e dar a vocês sustento com fartura e um coração cheio de alegria”. Mas, mesmo assim, só com muito custo Paulo e Barnabé conseguiram impedir que o povo oferecesse sacrifício a eles! Todavia, chegaram de Antioquia e Icônio alguns judeus, que mudaram o ânimo do povo. Eles apedrejaram Paulo e o arrastaram para fora da cidade, pensando que estivesse morto! Mas, enquanto os discípulos rodeavam Paulo, ele se levantou e entrou novamente na cidade! E no outro dia partiu com Barnabé para Derbe. Depois de pregar a boa-nova ali e de fazer muitos discípulos, eles voltaram a Listra, Icônio e Antioquia, fortalecendo os discípulos e encorajando-os a permanecer na fé. Eles animaram todos a continuar na fé, apesar da perseguição, lembrando a eles que deviam entrar no Reino de Deus através de muitos sofrimentos. Paulo e Barnabé também nomearam presbíteros em cada igreja e oraram e jejuaram por eles, entregando todos aos cuidados do Senhor, em quem confiavam. Então viajaram de volta para a Panfília, através da Pisídia, pregaram outra vez em Perge e prosseguiram para Atália. De Atália voltaram de navio para Antioquia, onde a viagem deles tinha começado, e onde tinham sido consagrados a Deus para a obra que agora estava terminada. Ao chegar, eles convocaram a igreja e deram um relatório da viagem, contando como Deus tinha aberto a porta da fé aos gentios. E permaneceram lá com os discípulos de Antioquia durante um longo tempo. Enquanto Paulo e Barnabé estavam em Antioquia, chegaram uns homens da Judeia e começaram a ensinar aos crentes que, se eles não seguissem o antigo costume judaico da cerimônia da circuncisão, não podiam ser salvos. Paulo e Barnabé debateram e discutiram isto com eles longamente, e por fim os crentes enviaram os dois a Jerusalém, acompanhados de alguns homens do lugar, para falar aos apóstolos e presbíteros de lá a respeito desta questão. Então a igreja de Antioquia os enviou e, parando pelo caminho nas cidades da Fenícia e de Samaria para visitar os santos, contaram, para intensa alegria de todos, que também os gentios estavam se convertendo. Ao chegar a Jerusalém, eles se encontraram com os líderes da igreja — todos os apóstolos e presbíteros estavam presentes — e Paulo e Barnabé contaram o que Deus estava fazendo por meio do trabalho deles. Foi então que alguns homens do partido dos fariseus que haviam crido colocaram-se em pé e disseram: “É necessário que todos os gentios convertidos sejam circuncidados e obedeçam à Lei de Moisés”. Por isso os apóstolos e os presbíteros da igreja marcaram uma nova reunião para decidir a questão. Nessa reunião, depois de longa discussão, Pedro levantou-se e dirigiu a palavra a eles, dizendo o seguinte: “Irmãos, todos vocês sabem que Deus há muito tempo me escolheu para pregar a boa-nova aos gentios, a fim de que eles também pudessem crer. Deus, que conhece os corações dos homens, confirmou o fato de que ele aceita também os que não são judeus ao dar a estes o Espírito Santo, tal como ele deu a nós. E não fez distinção entre nós e eles, porque purificou a vida deles por meio de fé, tal como fez com a nossa. E agora vocês vão pôr Deus à prova, sobrecarregando os gentios com um jugo que nem nós, nem os nossos pais, foram capazes de suportar? Vocês não creem que todos são salvos pela graça de nosso Senhor Jesus, tanto nós como eles?” Não houve mais discussão, e toda a assembleia agora ouvia, enquanto Barnabé e Paulo falavam a respeito dos sinais e maravilhas que Deus tinha feito por meio deles entre os gentios. Quando eles terminaram de falar, Tiago tomou a palavra. “Irmãos”, disse ele, “ouçam-me. Simão falou a vocês a respeito da ocasião em que Deus primeiramente visitou os gentios a fim de separar dentre as nações um povo para honrar o seu nome. E este fato da conversão destes povos concorda com o que os profetas predisseram: “ ‘Depois disso voltarei e reconstruirei a tenda caída de Davi, que agora está em ruínas. Consertarei o que estiver quebrado, e restaurarei as suas ruínas. Para que também o restante dos homens busque o Senhor, e todos os gentios sobre os quais tem sido invocado o meu nome, diz o Senhor que faz estas coisas’. É isto que o Senhor diz, pois ele revela os seus planos feitos desde o princípio. “Portanto, a minha opinião é que nós não devemos insistir que os gentios que se convertem a Deus devam obedecer às nossas leis judaicas. Devemos apenas escrever a eles para que deixem de comer carne sacrificada aos ídolos, deixem toda imoralidade sexual e deixem também de comer carne de animais estrangulados sem sangrar. Porque se tem pregado contra estas coisas nas sinagogas judaicas em cada cidade todos os sábados, desde os tempo antigos”. Então os apóstolos e os presbíteros e toda a igreja resolveram mandar representantes a Antioquia juntamente com Paulo e Barnabé, para informar sobre essa decisão. Os homens escolhidos foram dois dos líderes da igreja — Judas, também chamado Barsabás, e Silas. Esta foi a carta que eles levaram consigo: “Os irmãos apóstolos e presbíteros, aos seguidores de Cristo gentios de Antioquia, da Síria e da Cilícia. “Saudações! “Soubemos que alguns crentes daqui têm perturbado vocês e transtornado sua mente, porém eles não tinham tais instruções de nossa parte. Portanto, pareceu-nos sábio, de acordo com a nossa decisão geral, mandar a vocês estes dois representantes oficiais, juntamente com os nossos amados irmãos Barnabé e Paulo. Estes homens que têm arriscado a vida pela causa do nosso Senhor Jesus Cristo, confirmarão pessoalmente o que decidimos a respeito da pergunta de vocês. “Portanto, estamos enviando Judas e Silas para confirmarem verbalmente o que estamos escrevendo. Porque pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não impor a vocês nada, além de se guardarem de usar comida oferecida aos ídolos, da carne de animais estrangulados sem sangrar e da imoralidade sexual. Se vocês fizerem isso, é o bastante. “Saúde a todos”. Os quatro mensageiros foram imediatamente para Antioquia, onde convocaram toda a igreja e entregaram a carta. Houve uma grande alegria em toda a igreja no dia em que a carta foi lida. Judas e Silas, que eram também profetas, encorajaram e fortaleceram a fé dos irmãos com muitas palavras. Permaneceram diversos dias, e depois Judas e Silas voltaram a Jerusalém, levando saudações e gratidão a todos de lá. [Porém Silas decidiu ficar ali.] Paulo e Barnabé permaneceram em Antioquia para ajudar a diversos outros que estavam pregando e ensinando ali a palavra do Senhor. Algum tempo depois, Paulo sugeriu a Barnabé: “Vamos voltar para visitar os irmãos em todas as cidades onde pregamos a palavra do Senhor, para ver como os novos convertidos estão indo”. Barnabé concordou, mas queria levar João, chamado Marcos, com eles. Porém Paulo não achava prudente levá-lo, porque João os tinha abandonado na Panfília, não permanecendo com eles no trabalho. O desentendimento deles em torno disso foi tão sério que se separaram. Barnabé levou Marcos consigo e navegou para Chipre. Mas Paulo escolheu Silas e, com a graça do Senhor encomendada pelos irmãos, partiu para a Síria e a Cilícia, a fim de animar as igrejas de lá. Paulo e Silas foram primeiro a Derbe e daí para Listra, onde encontraram um discípulo chamado Timóteo. Sua mãe era uma judia cristã, mas o pai era grego. Timóteo era respeitado pelos irmãos de Listra e de Icônio, e por isso Paulo pediu que ele participasse da viagem com eles. Em atenção aos judeus da região, ele circuncidou Timóteo antes de partirem, pois todos sabiam que o pai dele era grego. Então eles iam de cidade em cidade, comunicando a decisão a respeito dos gentios tomada pelos apóstolos e os presbíteros da igreja em Jerusalém. E assim a igreja era fortalecida na fé e crescia em número a cada dia. Logo depois eles viajaram através da Frígia e da Galácia, porque o Espírito Santo tinha dito para eles não entrarem na província da Ásia para pregar naquela ocasião. Por isso eles foram pelas fronteiras da Mísia até o Norte, na província da Bitínia, porém uma vez mais o Espírito de Jesus os impediu. Então, eles contornaram a província da Mísia e desceram a Trôade. Naquela noite Paulo teve uma visão. Em seu sonho ele viu um homem da Macedônia, na Grécia, suplicando: “Venha para cá e nos ajude”. Ora, aquilo decidiu a questão. Nós tínhamos de ir à Macedônia, porque só podíamos concluir que Deus estava nos mandando para pregar a boa-nova ali. Embarcamos num navio em Trôade e navegamos diretamente para a Samotrácia, e no outro dia para Neápolis; finalmente alcançamos Filipos, numa colônia romana, já dentro das fronteiras da Macedônia; e permanecemos ali diversos dias. No sábado, saímos da cidade e fomos à margem do rio, onde achamos que íamos encontrar um lugar de oração. Sentamo-nos e começamos a conversar com algumas mulheres que chegaram ali. Uma delas era Lídia, da cidade de Tiatira, vendedora de tecido de púrpura. Ela já era uma mulher adoradora de Deus, e, quando nos ouviu, o Senhor abriu seu coração e ela aceitou tudo o que Paulo estava falando. Ela foi batizada, com toda a sua casa, e nos pediu que ficássemos como seus hóspedes. “Se os senhores concordam que eu sou fiel ao Senhor”, disse ela, “venham ficar em minha casa”. E ela insistiu, até que fomos convencidos. Certo dia, quando estávamos descendo ao lugar de oração, encontramos uma moça escrava, possessa de um espírito, que predizia o futuro, e ganhava muito dinheiro para os seus donos. Ela seguia a Paulo e a nós, gritando: “Estes homens são servos do Deus Altíssimo e vieram contar como vocês podem ser salvos”. Isso continuou dia após dia, até que Paulo, já muito indignado, voltou-se e falou ao espírito que estava nela: “Eu lhe ordeno, em nome de Jesus Cristo, que saia dela”. E o espírito deixou a moça imediatamente. Com isso acabaram as esperanças de riqueza dos donos da escrava; eles então agarraram Paulo e Silas e os arrastaram à presença das autoridades, na praça do mercado. E diante dos magistrados, disseram: “Estes judeus estão perturbando a nossa cidade. Estão ensinando o povo a fazer coisas contrárias às leis romanas”. Logo formou-se uma revolta popular contra Paulo e Silas, e os juízes ordenaram que tirassem a roupa deles e os açoitassem. Depois de serem severamente açoitados, foram jogados no cárcere. O carcereiro recebeu instruções para vigiá-los com cuidado, e por isso os pôs no cárcere interno com os pés presos no tronco. Por volta da meia-noite, enquanto Paulo e Silas estavam orando e cantando hinos ao Senhor, os outros presos ouviam. De repente houve um terremoto tão violento que os alicerces da prisão foram sacudidos, todas as portas se abriram e as correntes de todos os presos se soltaram! O carcereiro acordou e, ao ver as portas abertas, julgou que os presos haviam fugido e por isso puxou a espada para matar-se. Mas Paulo gritou para ele: “Não faça isso! Todos nós estamos aqui!” Tremendo de medo, o carcereiro pediu uma luz, correu para dentro do cárcere e prostrou-se diante de Paulo e Silas. Depois levou-os para fora e suplicou: “Senhores, que devo fazer para ser salvo?” Eles responderam: “Creia no Senhor Jesus, e será salvo você e a sua casa”. Então contaram a ele e a toda a sua casa a boa-nova do Senhor. Naquela mesma hora da noite ele lavou as feridas das chicotadas, e em seguida ele e toda a sua casa foram batizados. Depois levou-os para a sua casa e serviu-lhes uma refeição. Ele e toda a sua casa sentiam alegria por crerem em Deus agora! Na manhã seguinte, os juízes mandaram os seus soldados ao carcereiro com esta ordem: “Solte estes homens!” Então o carcereiro disse a Paulo: “Os juízes deram ordens para que você e Silas sejam libertados. Podem sair. Vão em paz!” Mas Paulo respondeu aos soldados: “Isto não! Eles nos bateram publicamente sem julgamento e nos puseram no cárcere; além disso, somos cidadãos romanos! Agora querem que vamos embora às escondidas? Nada disso! Que venham eles mesmos e nos soltem!” Os soldados informaram isso aos juízes, os quais ficaram atemorizados quando souberam que Paulo e Silas eram cidadãos romanos. E assim eles vieram ao cárcere, suplicaram a eles que saíssem, trouxeram-nos para fora e rogaram-lhes que deixassem a cidade. Depois de saírem do cárcere, Paulo e Silas voltaram à casa de Lídia, onde se encontraram com os crentes e os encorajaram, antes de deixarem a cidade. Então eles viajaram através das cidades de Anfípolis e Apolônia e chegaram a Tessalônica, onde havia uma sinagoga judaica. Como era costume de Paulo, ele foi à sinagoga e durante três semanas seguidas discutiu as Escrituras com o povo, explicando as profecias a respeito dos sofrimentos do Cristo e da sua ressurreição, e dizia: “Este Jesus que proclamo a vocês é o Cristo”. Alguns judeus ouviram e acreditaram e se converteram, inclusive um grande número de homens gregos piedosos, e também muitas mulheres de alta posição na cidade. Mas os líderes judaicos ficaram com inveja e incitaram alguns homens perversos das ruas a se revoltarem e atacarem a casa de Jasom, pretendendo levar Paulo e Silas ao conselho da cidade, para serem castigados. Como não encontraram os dois ali, arrastaram Jasom e alguns outros irmãos, e os levaram diante dos oficiais da cidade. “Esses homens viraram o resto do mundo de cabeça para baixo, e agora estão aqui perturbando a nossa cidade”, clamavam eles, “e Jasom deixou os dois entrar em sua casa. Todos eles são culpados de traição, porque estão agindo contra os decretos de César, dizendo que há um outro rei, chamado Jesus”. O povo da cidade, como também os juízes, ficaram inquietos com essas informações, e só deixaram Jasom e os outros acusados irem embora depois de pagarem a fiança. Naquela noite os irmãos fizeram Paulo e Silas saírem depressa para Bereia; ali, eles foram à sinagoga judaica. Entretanto o povo de Bereia tinha a mente mais aberta do que o de Tessalônica, de modo que ouviram com mais interesse a mensagem. E examinaram dia a dia as Escrituras, para conferir as declarações de Paulo e Silas, a fim de ver se tudo o que diziam era verdade. Como resultado, muitos deles creram, inclusive diversas mulheres gregas de elevada posição e também muitos homens. Mas quando os judeus de Tessalônica souberam que Paulo estava pregando a Palavra de Deus em Bereia, foram para lá e alvoroçaram a multidão. Os irmãos agiram imediatamente, e enviaram Paulo para a beira-mar, enquanto Silas e Timóteo permaneceram em Bereia. Aqueles que acompanhavam Paulo seguiram com ele até Atenas, e depois voltaram a Bereia, com um recado para Silas e Timóteo andarem depressa e irem ao encontro dele. Enquanto Paulo estava esperando por eles em Atenas, sentia-se muitíssimo perturbado com todos os ídolos que via por toda parte, na cidade inteira. Ele ia à sinagoga para debater com os judeus e os gregos tementes a Deus, e falava diariamente na praça pública a todos que ali se encontravam. Paulo teve também um debate com alguns dos filósofos epicureus e estoicos. A reação destes, quando ele falou de Jesus e da sua ressurreição, foi: “O que este tagarela está tentando dizer?”; ou: “Ele está fazendo propaganda de alguma religião estrangeira”. Porém eles convidaram Paulo para ir ao fórum do monte de Marte. “Venha nos falar mais a respeito desta nova religião”, disseram, “pois você está dizendo umas coisas bem estranhas e nós queremos ouvir mais”. Todos os atenienses, bem como os estrangeiros de Atenas, pareciam gastar todo o seu tempo discutindo as últimas novidades! Então Paulo, ficando em pé diante deles no fórum do monte de Marte, falou assim: “Homens de Atenas, eu noto que vocês são muito religiosos, pois enquanto andava por aí, vi os muitos altares de vocês, e um deles tinha esta inscrição: ‘Ao Deus Desconhecido’. Vocês têm adorado a Deus sem saber quem ele é, e agora eu quero falar a respeito dele a vocês. “O Deus que fez o mundo e tudo que nele há e que é o Senhor do céu e da terra não mora em templos feitos por mãos humanas. Ele não é servido por mãos de homens, porque ele não precisa disso! Ele mesmo dá a vida e a respiração a tudo, e satisfaz todas as necessidades que existem. Ele criou, partindo de um só homem, todas as pessoas do mundo, e espalhou as nações pela face da terra. Ele determinou previamente qual delas se levantaria e qual cairia, e quando. E determinou as fronteiras das nações. O seu objetivo em tudo isso foi que eles buscassem a Deus, e andassem ainda que tateando em sua direção, para encontrá-lo, embora ele não esteja longe de nenhum de nós. ‘Porque nele nós vivemos, e nos movemos, e existimos!’, como diz um dos próprios poetas de vocês: ‘Nós também somos descendência dele’. “Assim, visto que somos descendência de Deus, não devemos imaginar Deus como um ídolo de ouro, ou de prata, ou feito de pedra pela imaginação de homens. Deus tolerou a ignorância passada do homem a respeito destas coisas, mas agora ele ordena a todo mundo que se arrependa. Porque determinou um dia para julgar com justiça o mundo por meio do homem que ele destinou, e já mostrou quem é ao ressuscitá-lo dos mortos”. Quando ouviram Paulo falar da ressurreição dos mortos, alguns deles zombaram, mas outros disseram: “Outro dia nós queremos ouvir mais a respeito disso”. Com isso Paulo terminou a discussão e retirou-se do meio deles. Mas alguns homens se juntaram a ele e creram. Entre estes estava Dionísio, membro do Areópago, e também uma mulher chamada Dâmaris, entre outros. Então Paulo deixou Atenas e foi para Corinto. Ali ele encontrou um judeu chamado Áqüila, natural do Ponto, que tinha chegado recentemente da Itália com sua esposa Priscila. Eles tinham sido expulsos de Roma por causa da ordem de Cláudio César. Paulo foi visitá-los e morou e trabalhou com eles, pois eram fabricantes de tendas, como ele. Todos os sábados Paulo estava na sinagoga, procurando convencer tanto os judeus como os gregos. Depois que Silas e Timóteo chegaram da Macedônia, Paulo dedicou-se exclusivamente à pregação, dando testemunho aos judeus de que Jesus era o Cristo. Mas, quando os judeus foram contra ele e lançaram insultos contra Jesus, Paulo sacudiu o pó da roupa e disse a eles: “Caia sobre a cabeça de vocês o seu sangue. Eu estou livre da minha responsabilidade. De agora em diante vou pregar aos gentios”. Depois disso ele saiu da sinagoga e foi para a casa de Tício Justo, que adorava a Deus e morava vizinho à sinagoga. Crispo, o líder da sinagoga, e toda a família dele creram no Senhor e foram batizados, e com eles muitos outros em Corinto. Certa noite o Senhor falou a Paulo numa visão e disse: “Não tenha medo! Fale! Não se cale! Pois eu estou com você, e ninguém vai lhe fazer nenhum mal. Muita gente aqui nesta cidade me pertence”. Então Paulo permaneceu ali um ano e meio, ensinando a palavra de Deus. Mas quando Gálio tornou-se governador da Acaia, os judeus se levantaram numa ação coletiva contra Paulo, e o levaram diante do governador, para ser processado, com a seguinte acusação: “Este homem procura convencer os homens a adorar a Deus de maneira contrária à lei”. Mas logo que Paulo ia começar a fazer a sua defesa, Gálio voltou-se para os acusadores dele e disse: “Olhem aqui, judeus, se isto fosse um caso envolvendo algum crime, eu seria obrigado a escutar vocês, mas já que é simplesmente uma questão de sentido de palavras e nomes de suas leis judaicas, cuidem vocês mesmos disso. Eu não estou interessado e não serei o juiz dessas coisas”. E ele os expulsou da sala do tribunal. Então a multidão agarrou Sóstenes, o novo líder da sinagoga, e o espancou do lado de fora do tribunal! Porém Gálio não demonstrou nenhuma preocupação com isso. Paulo permaneceu muitos dias depois disso em Corinto; então despediu-se dos irmãos e navegou para a costa da Síria, levando Priscila e Áqüila com ele. Em Cencreia, Paulo rapou a cabeça, devido a um voto que tinha feito. Ao chegar ao porto de Éfeso, ele deixou Priscila e Áqüila, enquanto ia à sinagoga para debater com os judeus. Eles pediram que permanecesse por mais alguns dias, porém ele achava que não podia perder tempo. “Eu voltarei, se for da vontade de Deus”, prometeu ele; e aí partiu de Éfeso. A escala seguinte foi o porto de Cesareia, de onde ele subiu para a igreja de Jerusalém para saudá-la e então navegou para Antioquia. Depois de passar algum tempo em Antioquia, ele partiu e viajou por toda a região da Galácia e da Frígia, em visita a todos os irmãos, animando e ajudando todos os discípulos a crescer no Senhor. Um judeu chamado Apolo, nascido na cidade de Alexandria, tinha chegado a Éfeso. Ele era um admirável pregador e mestre da Bíblia. Era bem instruído no caminho do Senhor, falava com entusiasmo e ensinava de modo correto a respeito de Jesus, embora tivesse conhecimento apenas a respeito do batismo de João. Quando Priscila e Áqüila ouviram Apolo pregar na sinagoga, o convidaram a ir à sua casa. Então explicaram, com mais detalhes, o caminho de Deus. Apolo estava querendo ir para a Acaia, e os irmãos animaram o jovem a isso. Escreveram aos crentes de lá, pedindo que o recebessem. Quando ele chegou lá, foi grandemente usado por Deus para fortalecer a igreja, porque rejeitava com coragem em discussão pública todos os argumentos dos judeus, mostrando pelas Escrituras que Jesus é o Cristo. Enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo viajava pela regiões altas da província da Ásia e chegou a Éfeso, onde encontrou diversos discípulos. “Vocês receberam o Espírito Santo quando creram?”, perguntou-lhes Paulo. “Não”, responderam, “nós nem sequer sabemos que existe o Espírito Santo”. “Neste caso, que batismo vocês receberam?”, perguntou ele. “O batismo de João Batista”, disseram eles. Então Paulo mostrou-lhes que o batismo de João era um batismo de arrependimento, e também disse que eles deviam prosseguir e crer em Jesus, aquele que João disse que viria depois dele. Logo que eles ouviram isso, foram batizados no nome do Senhor Jesus. E depois, quando Paulo impôs as mãos sobre a cabeça deles, o Espírito Santo veio sobre eles, e começaram a falar em outras línguas e a profetizar. Eram ao todo uns doze homens. Então Paulo foi à sinagoga e pregou corajosamente todas as semanas durante três meses, argumentando de forma convincente a respeito do Reino de Deus. Porém alguns rejeitaram a mensagem dele e falaram publicamente contra o Caminho; por causa disso ele saiu de lá, recusando-se a pregar novamente para eles. Depois tomou os discípulos e passou a falar diariamente na escola de um homem chamado Tirano. Isso continuou durante os dois anos seguintes, de modo que todos na província da Ásia, tanto judeus como gregos, ouviram a palavra do Senhor. E Deus fazia milagres extraordinários pelas mãos de Paulo. De modo que até quando os lenços ou peças da roupa que ele usava eram levados e colocados sobre os doentes, estes ficavam curados das suas doenças, e os espíritos malignos que estavam neles saíam. Um grupo de judeus viajantes que ia de lugar em lugar expulsando espíritos imundos tentou usar o nome do Senhor Jesus, dizendo: “Em nome de Jesus, a quem Paulo prega, eu lhes ordeno que saiam!” Quem estava fazendo isso eram os sete filhos de Cevá, um dos sacerdotes principais dos judeus. Mas quando eles tentaram isso com um homem dominado com um espírito imundo, o espírito respondeu: “Eu conheço Jesus e conheço Paulo, mas quem são vocês?” Então o homem dominado pelo espírito mau saltou em cima deles e os espancou, de modo que fugiram da casa dele, nus e feridos. A história do que tinha acontecido espalhou-se rapidamente por toda a Éfeso, tanto entre os judeus como entre os gregos; e um grande temor desceu sobre a cidade, e o nome do Senhor Jesus era grandemente reverenciado. Então muitos dos que creram confessavam em público as obras más que tinham feito antes. Muitos dos crentes, que tinham praticado ocultismo, confessaram as suas obras. Trouxeram seus livros de magia e bruxaria e os queimaram numa fogueira pública. Alguém calculou o valor dos livros em 50.000 denários. Assim, de maneira poderosa, a região toda foi muito abalada pela palavra do Senhor. Depois disso, Paulo sentiu-se impulsionado pelo Espírito a passar pela Macedônia e Acaia antes de voltar a Jerusalém. “E depois de lá”, dizia ele, “eu devo seguir para Roma!” Assim Paulo enviou Timóteo e Erasto, seus dois ajudantes, à Macedônia, enquanto ele permanecia mais um pouco na Ásia. Mas por aquele tempo surgiu um enorme alvoroço em Éfeso por causa do Caminho. Começou com Demétrio, um ourives que empregava muitos operários na fabricação de modelos de prata do templo da deusa grega Ártemis, que dava muito lucro aos artífices. Ele convocou uma reunião dos seus homens, juntamente com outros empregados em ofícios parecidos, e disse: “Senhores, este negócio é a nossa fonte de renda. Como vocês sabem muito bem, por aquilo que já viram e ouviram, esse sujeito, Paulo, convenceu muita gente de que deuses feitos por mãos humanas não são deuses. Como resultado, o volume das nossas vendas está caindo! E esta tendência é evidente não apenas aqui em Éfeso, mas na província toda! E eu não estou falando apenas sobre os aspectos comerciais desta situação e do nosso prejuízo, mas também da possibilidade de que o templo da grande deusa Ártemis perca a sua influência, esta magnífica deusa adorada não somente em toda esta parte da Ásia mas em todo o mundo, e seja destituída de sua majestade divina!” Com isso a fúria deles aumentou e começaram a gritar: “Grande é a Ártemis dos efésios!” Começou a juntar-se uma multidão e daí a pouco a cidade toda estava em confusão. O povo correu para o anfiteatro, e arrastaram com eles os macedônios Gaio e Aristarco, companheiros de viagem de Paulo. Paulo queria falar ao povo, mas os discípulos não o permitiram. Alguns amigos de Paulo, que eram autoridades da província, mandaram também um recado a ele, suplicando-lhe que não arriscasse a vida entrando lá. Dentro, o povo todo estava gritando, cada pessoa uma coisa diferente. Aliás, a maioria deles nem mesmo sabia por que estava ali. Alguns judeus descobriram Alexandre no meio da multidão, e o empurraram para a frente. Ele fez sinal pedindo silêncio, e tentou falar, com a intenção de fazer a sua defesa diante do povo. Mas quando a multidão percebeu que ele era judeu, todos começaram a gritar novamente, por cerca de duas horas: “Grande é a Ártemis dos efésios! Grande é a Ártemis dos efésios!” Por fim o escrivão da cidade conseguiu silêncio e falou: “Homens de Éfeso”, disse ele, “todo mundo sabe que Éfeso é o centro da religião da grande Ártemis, cuja imagem caiu do céu para nós. E já que isto é um fato sem discussão, vocês não devem ficar perturbados, digam o que disserem, e não façam nada sem pensar primeiro. Todavia, vocês trouxeram aqui estes homens que não roubaram nada do templo dela, nem difamaram a deusa. Se Demétrio e seus companheiros de profissão têm alguma queixa contra eles, os tribunais estão abertos normalmente e os juízes podem cuidar do caso bem depressa. Deixem que eles tratem do assunto pelos meios legais. E se há queixas a respeito de outros assuntos, elas podem ser apresentadas nas reuniões regulares da assembleia da cidade, conforme a lei. Pois corremos o perigo de ser acusados pelo governo romano por causa deste tumulto de hoje, visto que não existe motivo para ele. E se Roma exigir uma explicação, eu nem sei o que dizer”. Com isto ele mandou todos embora e encerrou a assembleia. Quando o tumulto tinha passado, Paulo mandou chamar os discípulos, e os animou. Depois despediu-se e partiu para a Macedônia. Viajou por aquela região, exortando os irmãos com muitas palavras, em todas as cidades por onde passava e, por fim, chegou à Grécia, onde ficou três meses. Estava preparando-se para navegar para a Síria, quando descobriu uma conspiração dos judeus contra a vida dele; por isso decidiu seguir primeiro em direção ao norte, para a Macedônia. Diversos homens iam viajando com ele, e chegaram até a Ásia. Eram eles: Sópatro, filho de Pirro, de Bereia; Aristarco e Secundo, de Tessalônica; Gaio, de Derbe; e Timóteo, além de Tíquico e Trófimo, que moravam na Ásia, e estavam voltando para casa. Eles tinham ido na frente e estavam esperando por nós em Trôade. Logo que terminaram as comemorações da festa dos pães sem fermento, nós embarcamos num navio em Filipos, e cinco dias depois chegamos a Trôade, onde permanecemos sete dias. No primeiro dia da semana nos reunimos para o partir do pão e Paulo falou ao povo. E visto que ele ia partir no dia seguinte, falou até a meia-noite! O cômodo do andar superior onde estávamos reunidos achava-se iluminado com muitas lamparinas. E visto que Paulo falava sem parar, um jovem chamado Êutico, que estava sentado no parapeito da janela, adormeceu profundamente e caiu da altura de três andares. Quando o levantaram, estava morto. Paulo desceu e apanhou o moço nos braços. “Não se assustem”, disse ele, “o jovem está bem!” E estava! Em seguida Paulo subiu de novo, partiu o pão e comeu. E Paulo falou ainda por muito tempo, até o amanhecer. Depois partiu. Então levaram o jovem, vivo, para a casa dele, e isso provocou uma onda de alegria e de ânimo. Paulo preferiu ir por terra, e nós prosseguimos de navio até Assôs, onde iríamos recebê-lo a bordo. Ele se ajuntou a nós em Assôs, e navegamos juntos para Mitilene; no outro dia passamos por Quios; em seguida descemos em Samos; e um dia depois chegamos a Mileto. Paulo havia decidido não parar em Éfeso dessa vez, visto que estava se apressando para chegar a Jerusalém, se fosse possível, para a comemoração do Pentecoste. Mas quando o navio chegou a Mileto, ele mandou um recado aos presbíteros da igreja de Éfeso. Quando chegaram, ele falou: “Vocês sabem como vivi todo o tempo que estive com vocês, desde o dia em que pus o pé na Ásia até agora. Tenho feito humildemente o trabalho do Senhor e com lágrimas, tenho sido provado seriamente pelas conspirações dos judeus contra a minha vida. Mesmo assim vocês sabem que não deixei de anunciar o que fosse proveitoso para vocês, tanto publicamente como de casa em casa. Eu tenho tido só uma mensagem, tanto para os judeus como para os gregos: É necessário que se voltem do pecado para Deus, por meio da fé em nosso Senhor Jesus Cristo. “E agora vou para Jerusalém, obedecendo o Espírito Santo, não sabendo o que me espera ali, a não ser o que o Espírito Santo me tem dito de cidade em cidade que eu tenho pela frente prisão e sofrimento. Mas eu não dou valor à minha própria vida, a menos que eu possa terminar a carreira e completar a obra que o Senhor Jesus me destinou a realizar, a obra de contar aos outros a boa-nova da graça e do amor de Deus. “E agora sei que nenhum de vocês, entre os quais andei ensinando o Reino, verá outra vez a minha face. Quero dizer-lhes claramente que a culpa pela perdição de alguém não pode ser lançada sobre mim, porque eu não deixei de contar a vocês todo o plano de Deus. E agora, cuidem de vocês e não deixem de alimentar e pastorear o rebanho de Deus, a igreja dele, comprada com o seu próprio sangue, pois o Espírito Santo os constituiu bispos. Eu sei com certeza que, depois que eu for, falsos mestres aparecerão como lobos ferozes no meio de vocês e não terão pena do rebanho. Alguns de vocês mesmos torcerão a verdade para conseguir discípulos. Por isso, vigiem! Lembrem-se de que durante três anos estive com vocês, ensinando noite e dia a cada um com muitas lágrimas. “Agora eu entrego todos a Deus, ao cuidado dele e à sua graça, que pode edificá-los na fé e dar a vocês toda a herança daqueles que estão separados para ele. Nunca mostrei cobiça por prata ou ouro ou pelas roupas de alguém. Vocês sabem que estas minhas mãos trabalharam para pagar minhas próprias despesas e até as despesas daqueles que estavam comigo. E em tudo tenho mostrado a vocês que com trabalho árduo podemos ajudar os necessitados, pois me lembrava das palavras do Senhor Jesus: ‘Há maior bênção em dar do que em receber’ ”. Quando acabou de falar, ajoelhou-se e orou com eles. Todos choraram em voz alta enquanto abraçavam Paulo e o beijavam. O que mais os entristecia era a declaração de que nunca mais veriam a sua face. Então eles acompanharam Paulo até o navio. Depois de nos despedirmos, navegamos direto para Cós. No outro dia alcançamos Rodes, e então fomos para Pátara. Ali tomamos um navio que estava partindo para a província da Fenícia. Ao avistarmos a ilha de Chipre, passamos por ela à nossa esquerda e aportamos em Tiro, na Síria, onde o navio descarregou. Descemos em terra, procuramos os crentes do lugar e ficamos com eles sete dias. Esses discípulos recomendaram a Paulo, movidos pelo Espírito Santo, que não seguisse para Jerusalém. No fim da semana, quando voltamos para o navio, todos os discípulos, com suas esposas e filhos, desceram conosco à praia, onde nos ajoelhamos e oramos e fizemos a nossa despedida. Então subimos a bordo, e eles voltaram para casa. A escala seguinte, depois de deixarmos Tiro, foi Ptolemaida, onde saudamos os irmãos, mas só ficamos um dia com eles. Dali prosseguimos para Cesareia, onde ficamos na casa do evangelista Filipe, um dos primeiros sete diáconos. Ele tinha quatro filhas virgens que possuíam o dom da profecia. Durante a nossa permanência ali de vários dias, um homem chamado Ágabo, que também tinha o dom da profecia, chegou da Judeia e nos visitou. Ágabo tomou o cinto de Paulo, amarrou com ele os próprios pés e as mãos, e disse: “O Espírito Santo afirma: ‘Assim o dono deste cinto será amarrado pelos judeus de Jerusalém e entregue aos gentios’ ”. Ao ouvir isto, todos nós — os servos de Cristo do lugar e os companheiros dele de viagem — suplicávamos a Paulo que não seguisse para Jerusalém. Porém Paulo disse: “Por que vocês estão chorando? Por que vocês estão despedaçando o meu coração? Pois eu estou pronto não somente a ser preso em Jerusalém, mas também a morrer por causa do Senhor Jesus!” Quando se tornou evidente que não podíamos mudar a opinião de Paulo, desistimos e dissemos: “Seja feita a vontade do Senhor”. Logo depois disso, arrumamos a nossa bagagem e partimos para Jerusalém. Alguns discípulos de Cesareia nos acompanharam, e ao chegar nos hospedamos na casa de Mnasom, nascido em Chipre, um dos primeiros discípulos. Quando chegamos em Jerusalém, os irmãos nos receberam com muita alegria. No segundo dia, Paulo nos levou com ele para nos encontrarmos com Tiago e com todos os presbíteros da igreja de Jerusalém. Depois que nos cumprimentamos, Paulo contou as muitas coisas que Deus havia realizado entre os gentios por meio do seu ministério. Ao ouvirem isso, eles louvaram a Deus, mas depois disseram a Paulo: “Você sabe, querido irmão, quantos milhares de judeus também creram, e todos eles insistem muito em que os judeus devam continuar a seguir as tradições e os costumes judaicos. Eles foram informados de que você é contrário às leis de Moisés e aos nossos costumes judaicos, e proíbe a circuncisão dos filhos deles. Que se pode fazer agora? Porque é certo que eles saberão que você chegou. Nós sugerimos o seguinte: Temos aqui quatro homens que estão se preparando para rapar a cabeça e fazer um voto. Vá com esses homens participar da cerimônia de purificação, rapando a sua própria cabeça também — e pague para que eles rapem. Assim todos saberão que você aprova este costume para os judeus, e que você mesmo obedece às leis judaicas e está de acordo com a nossa maneira de pensar nestes assuntos. Quanto aos gentios convertidos, não estamos pedindo de modo nenhum que sigam estes costumes judaicos — a não ser aqueles pontos sobre os quais já escrevemos a eles: não comer alimento oferecido aos ídolos, não comer carne de animais estrangulados sem sangrar e não praticar a imoralidade sexual”. Diante disso Paulo concordou com a exigência deles, e no dia seguinte foi com os homens para a cerimônia de purificação. Depois foi ao templo para tornar público o prazo do cumprimento dos dias de purificação, até que se fizesse a oferta em favor de cada um deles. Quando os sete dias estavam quase no fim, alguns judeus da província da Ásia viram Paulo no templo e levantaram um motim contra ele. Agarraram-no, gritando: “Homens de Israel, Ajudem-nos! Este é o homem que prega contra o nosso povo e diz a todos em toda parte que não obedeçam às leis judaicas. Ele não respeita nem o templo. Ele está trazendo gregos para dentro da área do templo, profanando assim este santo lugar”. Porque antes eles tinham visto Paulo na cidade com Trófimo, estrangeiro de Éfeso, e pensaram que Paulo tinha levado Trófimo para dentro do templo. Toda a população da cidade ficou alvoroçada com essas acusações e se ajuntou uma grande multidão. Arrastaram Paulo para fora do templo, e imediatamente as portas foram fechadas. Quando procuravam matar Paulo, chegou ao comandante da guarnição romana a notícia de que toda a Jerusalém estava em confusão. Ele mandou sair apressadamente os soldados e os oficiais, e correu para o meio da multidão. Quando o povo viu as tropas chegando, deixaram de espancar Paulo. O comandante o prendeu e mandou que o amarrassem com duas correntes. Então perguntou à multidão quem ele era e o que tinha feito. Uns gritavam uma coisa e outros gritavam outra. Quando ele viu que não conseguia saber ao certo o que havia acontecido, por causa de todo aquele tumulto, mandou que levassem Paulo para uma fortaleza. Quando eles chegaram às escadarias, a multidão havia-se tornado tão violenta que os soldados levantaram Paulo nos ombros, para protegê-lo, e a multidão ia atrás gritando: “Acabe com ele, acabe com ele!” Quando Paulo estava para ser posto dentro da fortaleza, disse ao comandante: “Posso ter uma palavra com o senhor?” “Você fala grego?”, perguntou o comandante, surpreso. “Você não é aquele egípcio que chefiou uma rebelião, há poucos anos, e levou com ele ao deserto 4.000 assassinos?” “Não”, respondeu Paulo; “eu sou judeu, cidadão de Tarso, importante cidade da Cilícia. Peço permissão para falar ao povo”. O comandante concordou; então Paulo ficou de pé nas escadarias, e fez sinal ao povo para que fizessem silêncio; logo um profundo silêncio dominou a multidão, e ele falou em hebraico, dizendo o seguinte: “Irmãos e pais, ouçam-me enquanto apresento a minha defesa”. Quando ouviram que ele falava em hebraico, o silêncio foi absoluto. Então Paulo disse: “Eu sou judeu, nascido em Tarso, cidade da Cilícia, mas educado aqui em Jerusalém por Gamaliel, a cujos pés aprendi a seguir muito cuidadosamente as nossas leis e costumes judaicos. Tornei-me muito zeloso honrando a Deus em tudo que fazia, tal como vocês procuraram fazer hoje. E andei perseguindo os seguidores deste Caminho até a morte, prendendo e pondo na prisão tanto homens como mulheres. O sumo sacerdote ou qualquer membro do Sinédrio podem testemunhar que isto é verdade. Pois eu pedi cartas deles para seus irmãos em Damasco, com instruções e permissão para prender e trazer a Jerusalém para ser castigado qualquer seguidor de Cristo que encontrasse. “Quando estava na estrada, chegando perto de Damasco, por volta do meio-dia, de repente brilhou ao meu redor uma luz muito forte que vinha do céu, e eu caí no chão e ouvi uma voz dizer-me: ‘Saulo, Saulo, por que você está me perseguindo?’ “ ‘Quem é, Senhor, que está falando comigo?’, perguntei. E ele respondeu: ‘Eu sou Jesus de Nazaré, a quem você está perseguindo’. Os homens que estavam comigo viram a luz, mas não entenderam a voz daquele que falava comigo. “E eu perguntei: ‘Que devo fazer, Senhor?’ “E o Senhor me disse: ‘Levante-se e entre em Damasco, e lá dirão o que você deve fazer’. Eu fiquei cego com a luz intensa, e tive que ser levado para Damasco pelos meus companheiros. “Ali, um homem chamado Ananias, fiel na obediência à Lei e muito respeitado por todos os judeus que viviam em Damasco, veio a mim, colocou-se ao meu lado e disse: ‘Irmão Saulo, recupere a visão!’ E naquela mesma hora eu pude enxergar! “Então ele me disse: ‘O Deus dos nossos antepassados escolheu você para saber a vontade dele, para ver o Justo e ouvir as palavras da sua boca. Você levará a mensagem dele a toda parte, contando o que tem visto e ouvido. E agora, por que demorar? Levante-se e seja batizado, e fique limpo dos seus pecados, invocando o seu nome’. “Um dia depois da minha volta a Jerusalém, enquanto estava orando no templo, eu tive uma visão. Ouvi o Senhor me dizendo: ‘Ande depressa e deixe Jerusalém, porque o povo daqui não aceitará o seu testemunho a meu respeito’. “ ‘Senhor’, eu disse, ‘eles sabem que eu prendia e açoitava em cada sinagoga aqueles que criam no Senhor. E quando derramaram o sangue da sua testemunha Estêvão, eu estava lá e concordei — tomando conta das capas que eles colocavam de lado enquanto o apedrejavam’. “Então o Senhor me disse: ‘Saia de Jerusalém, porque eu o enviarei para muito longe, para os gentios!’ ” A multidão ouviu Paulo até que chegou a esta palavra e depois gritaram a uma voz: “Fora com esse sujeito! Matem esse homem! Ele não merece viver!” Gritavam, atiravam suas capas para cima e jogavam punhados de terra para o ar. Então o comandante pôs Paulo para dentro e mandou que fosse açoitado e interrogado. Ele queria descobrir por que a multidão tinha ficado tão furiosa! Quando estavam amarrando Paulo para açoitá-lo, ele disse ao centurião que estava ali: “A lei permite a vocês açoitar um cidadão romano sem que ele tenha sido julgado?” O centurião foi ao comandante e perguntou: “O que o senhor vai fazer? Este homem é cidadão romano!” Com isto o comandante foi perguntar a Paulo: “Diga-me, você é cidadão romano?” “Sim, de fato sou”, respondeu Paulo. “Eu também sou”, disse o comandante, “mas isso me custou muito dinheiro!” “Mas eu sou cidadão por nascimento!”, disse Paulo. Os soldados, que já estavam prontos para interrogá-lo, quando ouviram que Paulo era cidadão romano, saíram rapidamente, e o comandante ficou com medo, por haver dado ordem para que ele fosse amarrado. O comandante queria descobrir exatamente por que Paulo estava sendo acusado pelos judeus. Então, no dia seguinte soltou Paulo e mandou que os sacerdotes principais se reunissem em sessão com todo o Sinédrio. E fez trazer Paulo à presença deles. Paulo olhou fixamente para o Sinédrio e depois disse: “Irmãos, eu tenho cumprido o meu dever diante de Deus, com toda a boa consciência até o dia de hoje!” Diante disso, o sumo sacerdote Ananias ordenou aos que estavam perto de Paulo que lhe dessem uma bofetada na boca. Então Paulo disse a ele: “Deus ferirá você, parede branqueada! Que espécie de juiz você é, quando você mesmo quebra a lei, mandando me bater dessa forma?” Os que estavam perto de Paulo disseram a ele: “Você ousa insultar o sumo sacerdote de Deus dessa maneira?” “Eu não sabia que ele era o sumo sacerdote, irmãos”, respondeu Paulo, “porque as Escrituras dizem: ‘Nunca ofenda uma das autoridades do seu povo’.” Paulo sabia que alguns deles eram saduceus e outros fariseus! Então ele gritou: “Irmãos, eu sou fariseu, como foram todos os meus antepassados! E estou sendo julgado hoje aqui, porque creio na ressurreição dos mortos!” Isto dividiu a assembleia e houve uma violenta discussão entre os fariseus e os saduceus. Pois os saduceus dizem que não há ressurreição, nem anjos, nem mesmo espírito, mas os fariseus creem em tudo isso. Então levantou-se um grande alvoroço. Alguns dos mestres da lei que eram fariseus saltaram no meio para dizer que Paulo tinha toda a razão. “Nós não vemos nada errado neste homem”, gritavam. “Quem sabe se algum espírito ou um anjo falou a ele?” A gritaria aumentava cada vez mais, e os homens de ambos os lados se empurravam e puxavam Paulo para cá e para lá. Finalmente o comandante, com medo que eles despedaçassem o apóstolo, mandou que os soldados retirassem Paulo à força do meio deles e o levassem de volta para a fortaleza. Na noite seguinte o Senhor apareceu ao lado de Paulo e disse: “Tenha coragem, Paulo; assim como você testemunhou a meu respeito ao povo em Jerusalém, você também deve testemunhar em Roma”. No outro dia pela manhã, os judeus tramaram uma conspiração e juraram que não comeriam nem beberiam enquanto não matassem Paulo! Juntaram-se mais de 40 homens debaixo dessa conspiração. Então foram aos principais sacerdotes e líderes dos judeus e disseram: “Juramos solenemente, sob maldição, que não comeremos enquanto não matarmos Paulo. Peçam ao comandante que traga Paulo outra vez diante do Sinédrio. Finjam que os senhores querem fazer mais algumas perguntas. Nós estamos prontos para matá-lo no caminho”. Mas o sobrinho de Paulo, filho de sua irmã, ficou sabendo do plano deles e foi à fortaleza contar tudo a Paulo. Este chamou um dos centuriões e disse: “Leve este rapaz ao comandante. Ele tem algo importante para contar-lhe”. Assim ele o levou ao comandante. Então o centurião disse: “O preso Paulo me chamou e me pediu que trouxesse este jovem ao senhor, para contar-lhe algo”. O comandante pegou o rapaz pela mão, levou-o à parte e perguntou: “Que é que você quer me contar?” “Amanhã”, disse ele, “os judeus planejam pedir ao senhor que leve Paulo diante do Sinédrio novamente, fingindo que querem obter mais alguma informação a respeito dele. Mas não acredite nisso! Há mais de 40 homens escondidos ao longo da estrada, preparando uma emboscada para Paulo. Eles juraram não comer nem beber enquanto não o matarem. Eles já estão lá, esperando que o senhor atenda ao pedido deles”. “Não deixe ninguém saber que você me contou isto”, disse o comandante ao jovem quando ele partiu. Então o comandante chamou dois dos seus centuriões e ordenou: “Preparem um destacamento de 200 soldados para partirem para Cesareia, hoje às nove horas da noite! Levem 200 lanceiros e 70 homens da cavalaria. Entreguem a Paulo um cavalo para montar e levem o acusado em segurança ao governador Félix”. Então o comandante escreveu esta carta ao governador: “Cláudio Lísias ao Excelentíssimo Governador Félix. “Saudações! “Este homem foi preso pelos judeus e quase foi morto; aí enviei soldados para salvá-lo, porque soube que era cidadão romano. Depois foi levado ao Sinédrio deles para tentar descobrir por que o acusavam. Logo descobri que era algo a respeito das crenças judaicas, nada então digno de prisão ou de morte. Mas quando fui informado de uma conspiração para matar o acusado, decidi mandar Paulo a V. Exa., e direi aos acusadores dele que levem suas denúncias à sua presença”. Assim, naquela noite, conforme foi ordenado, os soldados levaram Paulo para Antipátride. Eles voltaram à fortaleza no dia seguinte, deixando Paulo com a cavalaria para ir até Cesareia, onde apresentaram Paulo e a carta ao governador. O governador leu e perguntou a Paulo de onde ele era. Ele foi informado que Paulo era da Cilícia. “Bem, eu ouvirei o seu caso quando chegarem os seus acusadores”, disse-lhe o governador e ordenou que mantivessem Paulo na prisão do palácio do rei Herodes. Cinco dias depois o sumo sacerdote Ananias chegou com alguns dos líderes judaicos e um advogado chamado Tértulo, para apresentarem as acusações deles contra Paulo. Quando Tértulo foi chamado à frente, fez as acusações contra Paulo no seguinte discurso ao governador Félix: “Vossa Excelência tem dado a nós, os judeus, tranquilidade e paz durante o seu governo, e o seu cuidado providencial resultou em notáveis reformas em benefício deste povo. Por isso nós somos muitíssimo agradecidos ao senhor. Mas para não cansar V. Exa., peço sua atenção só por um momento, enquanto eu conto resumidamente a nossa questão contra este homem. É que nós descobrimos que este homem é um perturbador, um homem que está sempre levando os judeus pelo mundo todo a se revoltarem contra o governo romano. Ele é o cabeça principal da seita conhecida como dos nazarenos. Além disso, ele estava tentando profanar o templo quando foi preso. “Queríamos julgá-lo de acordo com a nossa lei, mas o comandante Lísias veio e arrancou o acusado violentamente das nossas mãos e ordenou que os seus acusadores se apresentassem. Vossa Excelência poderá descobrir a verdade das nossas acusações, examinando Paulo pessoalmente”. Então todos os outros judeus concordaram com ele, afirmando que tudo quanto Tértulo tinha dito era verdade. Nisso chegou a vez de Paulo. O governador fez sinal para que ele se levantasse e falasse. Paulo então disse: “Eu sei que o senhor tem sido por muitos anos juiz de questões judaicas, e isto me dá confiança em apresentar a minha defesa. O senhor poderá facilmente descobrir que não fazia mais do que doze dias que eu tinha chegado a Jerusalém para adorar a Deus, e descobrirá que eu nunca provoquei nenhum motim em nenhuma sinagoga, nem nas ruas da cidade; e estes homens evidentemente não podem provar as acusações que agora estão levantando contra mim. Mas uma coisa eu confesso, que é crer no Caminho ao qual eles se referem como uma seita; eu sigo esse modo de servir ao Deus dos nossos antepassados; creio firmemente na Lei e em tudo o que está escrito nos Profetas, e creio, tal como creem estes homens, que haverá uma ressurreição, tanto dos justos como dos injustos. Por causa disto, procuro com toda a minha força manter sempre uma consciência limpa diante de Deus e dos homens. “Depois de estar ausente vários anos, voltei a Jerusalém para trazer esmolas ao meu povo e para oferecer ofertas a Deus. Os meus acusadores me viram no templo, quando eu estava apresentando a minha oferta de gratidão. Eu tinha rapado a cabeça, como as leis deles exigem, e estava cerimonialmente puro, e não havia multidão nenhuma ao meu redor, e nenhuma confusão! Mas estavam lá alguns judeus da província da Ásia, os quais deveriam estar aqui diante do senhor apresentando acusações, se eles têm alguma coisa contra mim. Pergunte a estes homens que estão aqui que culpa o Sinédrio deles achou em mim, quando estive lá, a não ser que eu tivesse dito o seguinte quando me apresentei a eles: ‘Eu estou aqui diante do Sinédrio para me defender por causa da crença de que os mortos ressuscitarão!’ ” Então Félix, que estava bem informado a respeito do Caminho, disse: Agora pode ir. Quando chegar o comandante Lísias, decidirei a causa de vocês. Mandou Paulo para o cárcere, mas instruiu ao centurião que ele fosse tratado com alguma liberdade e não proibisse nenhum dos amigos dele de visitá-lo e servi-lo, para tornar mais confortável sua permanência ali. Vários dias depois veio Félix com sua própria esposa Drusila, que era judia. Mandou buscar Paulo, e os dois ouviram falar a respeito da fé em Cristo Jesus. E enquanto Paulo falava com eles a respeito da justiça divina, do domínio próprio e do juízo final, Félix teve medo. “Por agora basta”, respondeu ele, “e quando eu tiver uma ocasião mais conveniente, chamarei você outra vez”. Ele esperava também que Paulo desse dinheiro para ficar livre, e por isso estava sempre mandando buscá-lo para conversar com ele. Desta forma passaram-se dois anos; então Félix foi substituído por Pórcio Festo. E como Félix queria ganhar a simpatia dos judeus, manteve Paulo na prisão. Três dias depois que Festo chegou a Cesareia para assumir seu posto, partiu para Jerusalém, onde os sacerdotes principais e outros líderes judaicos apresentaram as acusações deles contra Paulo. Pediram a Festo que trouxesse imediatamente Paulo a Jerusalém, contra o interesse de Paulo, pois o plano deles era preparar uma emboscada para matá-lo no caminho. Mas Festo respondeu: “Paulo está preso em Cesareia e eu mesmo voltarei para lá em breve. Alguns líderes que entendem desta questão apresentem ali as acusações que têm contra esse homem, se ele realmente fez algum mal”. Entre oito a dez dias depois ele voltou a Cesareia, e no dia seguinte convocou o tribunal e mandou que trouxessem Paulo. Na chegada de Paulo ao tribunal, os judeus vindos de Jerusalém se juntaram em volta dele, fazendo muitas acusações sérias que não podiam provar. Então Paulo fez a sua defesa: “Eu sou inocente. Nada fiz de errado contra a lei dos judeus, nem contra o templo, nem contra César”. Então Festo, ansioso para agradar aos judeus, perguntou: “Você está disposto a ir a Jerusalém para lá ser julgado diante de mim, acerca dessas acusações?” Mas Paulo respondeu: “Eu invoco o meu privilégio de uma audiência diante do próprio César. O senhor sabe muito bem que eu não tenho culpa nenhuma. Se fiz alguma coisa para merecer a morte, não me recuso a morrer! Mas, se sou inocente, nem o senhor, nem outro qualquer tem o direito de me entregar a estes homens para que me matem. Eu apelo para César”. Festo consultou os seus conselheiros e então respondeu: “Muito bem! Você apelou para César, e para César irá!” Poucos dias depois chegou a Cesareia o rei Agripa com Berenice para uma visita a Festo. Como a permanência deles durou diversos dias, Festo discutiu com o rei o caso de Paulo. “Existe aqui um preso”, disse ele, “cuja causa me foi deixada por Félix. Quando estive em Jerusalém, os sacerdotes principais e outros líderes judaicos fizeram diversas acusações contra ele e pediram que fosse condenado. “Naturalmente eu chamei logo a atenção para o fato de que a lei romana não condena um homem antes de ele ser julgado. Concede-se a ele uma oportunidade de defesa, face a face com os seus acusadores. Quando chegaram aqui para o julgamento, logo no outro dia eu tratei do caso e mandei trazer Paulo. Porém as acusações feitas contra ele não foram absolutamente o que eu esperava que fossem. Ao contrário, tinham alguma divergência a respeito da religião deles, e de um certo Jesus, que morreu, que Paulo insiste que está vivo! Eu fiquei sem saber como resolver um caso desta natureza e perguntei a ele se estava disposto a ser julgado por estas acusações em Jerusalém. Mas Paulo apelou para César! Então o mandei de volta à prisão até poder enviá-lo a César”. “Eu gostaria de ouvir pessoalmente esse homem”, disse Agripa a Festo. E Festo respondeu: “O senhor o ouvirá amanhã!” No dia seguinte, depois que o rei e Berenice tinham chegado com grande pompa à sala do tribunal, acompanhados de oficiais militares e homens importantes da cidade, Festo mandou trazer Paulo. Então Festo disse: “Ó rei Agripa e demais pessoas presentes, este é o homem cuja morte é exigida tanto pelos judeus aqui em Cesareia como pelos judeus de Jerusalém! Porém, na minha opinião, ele não fez nada para merecer a morte. Contudo, ele requereu que o seu caso fosse a César. Decidi então enviá-lo a César. Mas que vou escrever ao imperador? Porque não há nenhuma acusação real contra ele! Por isso eu o trouxe diante dos senhores todos, e especialmente do rei Agripa, a fim de que seja interrogado e depois eu possa saber o que escrever. Porque não parece sensato mandar um preso sem poder especificar alguma acusação contra ele!” Então Agripa disse a Paulo: “Você pode apresentar a sua defesa”. E assim Paulo fez um sinal com a mão e começou a sua defesa, dizendo: “Estou muito contente, rei Agripa, em poder apresentar minha defesa, diante de Vossa Majestade, contra todas as acusações dos judeus, pois eu sei que é um conhecedor das leis e dos costumes dos judeus. Portanto, queira ouvir-me com paciência! “Todos os judeus estão muito bem informados que recebi uma educação judaica completa desde a minha infância em Tarso e depois em Jerusalém. E se eles quiserem testemunhar, sabem que eu sempre tenho sido o mais severo entre os fariseus, quando se trata da obediência às leis e aos costumes dos judeus. Porém a verdadeira razão por trás das acusações deles tem a ver com a minha esperança no cumprimento da promessa de Deus feita aos nossos antepassados. As 12 tribos de Israel esforçam-se na religião noite e dia para alcançar esta mesma esperança que eu tenho! Todavia, ó rei, é por causa dessa esperança que estou sendo acusado pelos judeus. Por que vocês, judeus, julgam incrível crer que Deus ressuscite os mortos? “Eu costumava pensar que devia fazer todo possível para me opor à causa de Jesus de Nazaré. E foi o que fiz em Jerusalém. Aprisionei muitos dos seguidores de Cristo de Jerusalém, com autorização dos sumos sacerdotes; e quando eram condenados à morte, dava o meu voto contra eles. Durante muito tempo eu ia de sinagoga em sinagoga forçando-os a blasfemar ou negar a sua fé. Eu me opunha a eles com tal violência que os perseguia até em cidades distantes, em terras estrangeiras. “Eu ia numa missão assim para Damasco, com a autorização e permissão dos sacerdotes principais, quando no caminho, perto do meio-dia, ó rei, brilhou sobre mim e meus companheiros uma luz do céu mais resplandecente que a do sol. Todos nós caímos no chão, e eu ouvi uma voz que dizia em aramaico: ‘Saulo, Saulo, por que você está me perseguindo? Você está apenas fazendo mal a você mesmo’. “ ‘Quem é o Senhor?’, perguntei. “E o Senhor respondeu: ‘Eu sou Jesus, a quem você está perseguindo. Agora, levante-se e fique em pé. Pois eu apareci para nomear você meu servo para testemunhar ao mundo a respeito desta experiência e das outras que eu vou mostrar a você. Você será protegido por mim, tanto do seu próprio povo como dos gentios, aos quais eu o envio, a fim de abrir os olhos deles para a sua verdadeira situação, para que eles possam se converter das trevas para a luz, e do poder de Satanás para Deus; para que possam receber perdão dos seus pecados e a herança eterna juntamente com todos aqueles cujos pecados são purificados, e que são separados pela fé em mim’. “E portanto, ó rei Agripa, eu não fui desobediente àquela visão do céu! Preguei primeiramente aos que estavam em Damasco, e depois em Jerusalém e em toda a Judeia, e também aos gentios, dizendo que abandonassem seus pecados e voltassem para Deus, e provassem seu arrependimento com a prática de obras dignas. Os judeus me prenderam no templo por pregar isto e tentaram matar-me, mas Deus tem me protegido, de modo que eu ainda estou vivo hoje para testemunhar estes fatos a todos, tanto aos grandes como aos pequenos. Eu não ensino nada além do que os profetas e Moisés disseram que haveria de acontecer; que o Cristo sofreria e seria o primeiro a ressuscitar dentre os mortos, para trazer a luz ao seu próprio povo e também para os gentios”. De repente Festo interrompeu a defesa de Paulo e disse em voz alta: “Paulo, você está louco. As muitas letras o fazem delirar!” Mas Paulo respondeu: “Não estou louco, excelentíssimo Festo. Eu falo palavras verdadeiras e com o juízo perfeito, e o rei Agripa sabe destas coisas. Falo abertamente porque tenho certeza de que estes acontecimentos são todos do seu conhecimento, pois não se passaram às escondidas. Rei Agripa, Vossa Majestade crê nos profetas? Eu sei que sim”. Agripa interrompeu a Paulo: “Você acha que em tão pouco tempo pode convencer-me a tornar-me seguidor de Cristo?” E Paulo respondeu: “Que Deus permitisse que, em pouco ou em muito tempo, tanto Vossa Majestade como todos os demais que estão aqui pudessem tornar-se como eu sou, mas sem estas correntes”. Então o rei, o governador, Berenice e todos os outros se levantaram. Quando saíam do salão, conversavam entre si e concordaram: “Este homem não fez nada que mereça a morte ou a prisão”. E Agripa disse a Festo: “Ele poderia ser posto em liberdade, se não tivesse apelado para César!” Foi resolvido assim que partiríamos para a nossa viagem de navio a Roma; de modo que Paulo e diversos outros presos foram postos debaixo da guarda de um centurião chamado Júlio, membro da guarda imperial. Partimos num navio de Adramito, com destino à Ásia, o qual deveria fazer diversas escalas ao longo da costa asiática. Aristarco, um macedônio de Tessalônica, estava conosco. No dia seguinte, quando ancoramos em Sidom, Júlio foi muito bondoso com Paulo e permitiu que ele descesse em terra para visitar amigos e receber os cuidados deles. Dali embarcamos e encontramos ventos contrários, que tornavam difícil conservar o navio na rota, de modo que navegamos ao norte de Chipre, entre a ilha e a terra firme, e passamos ao longo da costa das províncias da Cilícia e da Panfília, chegando a Mirra, na província de Lícia. Ali o nosso centurião encontrou um navio alexandrino que estava de partida para a Itália, e nos fez embarcar. Tivemos diversos dias de navegação difícil, e por fim nos aproximamos de Cnido, porém os ventos contrários haviam se tornado muito fortes, de modo que atravessamos para Creta, passando o porto de Salmona. Lutamos sem resultado contra o vento e com grande dificuldade navegamos devagar ao longo da costa sul, até que chegamos a Bons Portos, perto da cidade de Laseia. Ali passamos diversos dias. O tempo estava ficando perigoso para viagens longas naquela época, porque já havia passado o Jejum, e Paulo avisou: “Senhores, eu vejo que vamos ter dificuldades pela frente se prosseguirmos. Acarretará prejuízos para o navio, para a carga e para as nossas vidas”. Mas o centurião responsável pelos presos deu mais ouvidos ao capitão e ao proprietário do navio do que a Paulo. E já que Bons Portos era uma enseada aberta, imprópria para passar o inverno, a maioria da tripulação aconselhou que deveríamos continuar navegando, com a esperança de alcançar a costa de Fenice, a fim de passarmos o inverno ali; Fenice era um porto de Creta, com abertura apenas para o noroeste e o sudoeste. Nesse momento um vento leve começou a soprar do sul, e pareceu um dia perfeito para a viagem; então eles levantaram âncora e navegaram costeando bem perto de Creta. Porém logo depois disto o tempo mudou de repente, e um forte vento com a força de um furacão, chamado Nordeste, se abateu sobre o navio e o empurrou para o mar. Eles tentaram a princípio virar a proa para a praia, mas não puderam, de modo que desistiram e deixaram o navio à deriva. Finalmente navegamos por trás de uma ilha pequena chamada Clauda, onde com grande dificuldade levantamos para bordo o bote salva-vidas que viajava rebocado, e então amarramos o navio com cordas para fortalecer o casco. Os marinheiros estavam com medo de serem arrastados para os bancos de areia de Sirte, de modo que baixaram as velas superiores e se deixaram levar pelo vento. No dia seguinte, como as ondas se tornaram ainda mais violentas, a tripulação começou a jogar a carga ao mar. No terceiro dia eles jogaram fora com as próprias mãos a armação do navio. A terrível tempestade continuou sem diminuir durante muitos dias, não nos deixando ver o sol nem as estrelas, até que finalmente toda a esperança de salvamento acabou. Ninguém tinha comido por um longo tempo, mas Paulo finalmente se levantou no meio da tripulação e disse: “Homens, vocês deveriam ter-me dado ouvidos no início e não ter deixado Bons Portos, pois assim teriam evitado todo este prejuízo e esta perda! Mas tenham ânimo! Nenhum de nós perderá a vida; somente o navio será destruído, porque ontem à noite um anjo do Deus a quem eu pertenço e a quem sirvo se pôs de pé ao meu lado, dizendo: ‘Não tenha medo, Paulo, porque você sem falta será julgado diante de César! Deus concedeu o seu pedido e salvará a vida de todos os que navegam com você’. Portanto, tenham coragem! Pois eu creio em Deus que ocorrerá exatamente como ele disse! Iremos ser arrastados para uma ilha”. Na décima quarta noite de tempestade, perto da meia-noite, enquanto éramos jogados de um lado para o outro no mar Adriático, os marinheiros desconfiaram que a terra estava próxima. Lançaram a sonda e verificaram que a profundidade era de 37 metros. Um pouco adiante, lançaram novamente a sonda e acharam apenas 27 metros. Nessa proporção, eles sabiam que dali a pouco seriam levados à praia; e com medo de que houvesse rochedos ao longo da costa, lançaram quatro âncoras pela popa e oravam para que amanhecesse o dia. Alguns dos marinheiros planejaram escapar do navio, e baixaram o bote salva-vidas, dando como desculpa que iam lançar âncoras pela proa. Mas Paulo disse aos soldados e ao centurião: “Vocês vão morrer todos, se esses homens não ficarem a bordo”. Então os soldados cortaram as cordas e deixaram o barco salva-vidas cair. Quando a escuridão deu lugar à primeira luz da manhã, Paulo insistiu que todos comessem. “Vocês não têm comido nada há duas semanas”, dizia ele. “Eu aconselho que comam alguma coisa agora para salvarem suas próprias vidas! Porque não se perderá nem um cabelo da cabeça de vocês!” Então ele tomou pão, deu graças a Deus na presença de todos, partiu em pedaços e comeu. De repente todos se sentiram melhor e também começamos a comer. Estavam a bordo duzentas e setenta e seis pessoas. Depois de comer até ficar satisfeitos, a tripulação aliviou o navio mais um pouco, jogando ao mar todo o trigo. Quando amanheceu, eles não reconheceram a terra, mas notaram uma enseada com uma praia; e faziam cálculos se podiam passar entre os rochedos e ser levados até a praia. Finalmente decidiram tentar. Cortaram as âncoras e as deixaram no mar; baixaram os lemes, levantaram a vela da proa e rumaram para a praia. Mas o navio deu num banco de areia onde batiam ondas dos dois lados e encalhou. A proa ficou bem presa, enquanto a popa ficou exposta à violência das ondas e começou a partir-se em pedaços. Os soldados resolveram matar os presos, para que nenhum deles nadasse para a praia e fugisse. Mas o centurião queria poupar a vida de Paulo, e não permitiu que executassem seu plano. Então ordenou que todos os que sabiam nadar saltassem ao mar e fossem para a terra. E mandou que os outros se salvassem segurando-se em tábuas ou pedaços do navio. Assim todos escaparam e alcançaram a praia em segurança! Uma vez que todos alcançaram a terra com vida, logo descobrimos que estávamos na ilha de Malta. O povo da ilha foi muito bondoso conosco, e fez uma fogueira na praia para nos aquecer do frio e da chuva. Enquanto Paulo estava juntando uma braçada de gravetos para pôr no fogo, uma cobra venenosa, que fugia do calor, prendeu-se na mão dele! O povo da ilha viu a cobra pendurada na mão de Paulo e diziam uns aos outros: “Sem dúvida ele é um assassino! Embora escapasse do mar, a Justiça não permite que ele viva!” Mas Paulo sacudiu a cobra no fogo e não sofreu nenhum dano. O povo esperava que ele começasse a inchar ou caísse morto de repente; mas, depois que esperaram muito tempo e não aconteceu nada, mudaram de opinião e concluíram que ele era um deus. Perto da praia onde descemos havia uma fazenda de propriedade de Públio, o homem principal da ilha. Ele nos recebeu em sua casa e nos deu comida durante três dias. O pai de Públio estava doente de febre e disenteria. Paulo entrou para vê-lo e orou por ele, impôs as mãos sobre sua cabeça, e ele foi curado! Então todos os outros doentes da ilha, sabendo do milagre, vieram e foram curados. Como resultado ganhamos muitos presentes, e quando chegou o tempo de partirmos, o povo pôs a bordo toda espécie de suprimentos que precisávamos para a viagem. Passaram-se três meses depois do naufrágio, antes de nos fazermos ao mar novamente, e desta vez fomos no navio que tinha na proa a figura dos deuses gêmeos Cástor e Pólux, um navio que vinha de Alexandria e tinha passado o inverno na ilha. Nossa primeira escala foi em Siracusa, onde permanecemos três dias. Dali rodeamos até Régio; um dia depois um vento sul começou a soprar, e, por isso, no dia seguinte chegamos a Potéoli, onde encontramos alguns irmãos! Eles nos convidaram para que ficássemos com eles uma semana. Depois navegamos para Roma. Os irmãos de Roma tinham sabido que estávamos chegando e vieram encontrar-se conosco no fórum da via Ápia. Outros se reuniram a nós nas Três Vendas. Quando Paulo os viu, deu graças a Deus e sentiu-se animado. Ao chegarmos a Roma, Paulo teve permissão para morar onde quisesse, embora sob a custódia de um soldado. Três dias depois da chegada dele, convocou os líderes judaicos do lugar e falou o seguinte: “Meus irmãos, eu fui preso pelos judeus de Jerusalém e entregue ao governo romano para ser processado, embora não tenha causado prejuízo a ninguém, nem desobedecido aos costumes dos nossos antepassados. Eles me interrogaram e queriam me soltar, porque não acharam causa para a sentença de morte exigida pelos líderes judaicos. Mas quando os judeus protestaram contra a decisão, fui obrigado a apelar a César, não, porém, por ter alguma acusação contra o meu povo. Pedi a vocês que viessem até aqui hoje para que pudéssemos nos conhecer e eu pudesse contar-lhes por que estou preso com estas algemas. É por causa daquele que o povo de Israel espera”. Eles responderam: “Nós não temos ouvido nada contra você! Não recebemos nenhuma carta da Judeia, nem informação daqueles que chegam de Jerusalém, falando mal contra você. Mas queremos saber em que você crê, porque a única coisa que sabemos a respeito desses seguidores de Cristo é que eles são combatidos em toda parte!” Assim foi que eles marcaram uma ocasião, e naquele dia um grande número de judeus veio à casa dele. Paulo testemunhou do Reino de Deus e ensinou-lhes a respeito de Jesus, usando as Escrituras — os cinco livros de Moisés e os Profetas. Ele começou a conferência de manhã e prosseguiu até a noite! Alguns creram, e outros não. Mas, depois que eles haviam discutido contra e a favor entre si, retiraram-se com esta palavra final de Paulo, ressoando nos ouvidos deles: “O Espírito Santo estava certo, quando disse por meio do profeta Isaías: ‘Digam aos judeus: Ainda que estejam sempre ouvindo, vocês nunca entenderão; ainda que estejam sempre vendo, jamais perceberão. “ ‘Torne insensível o coração deste povo; tampe os ouvidos e feche os olhos deles. Assim, eles não verão com os olhos, não ouvirão com os ouvidos, nem compreenderão com o coração, para que não se voltem para mim e sejam curados’. “Portanto eu quero que vocês entendam que esta salvação vinda de Deus vai ser pregada aos gentios, e eles a ouvirão”. Depois disso, os judeus foram embora discutindo intensamente entre si. Paulo morou durante dois anos na casa que alugou, e recebia a todos os que iam visitá-lo. Falava a eles com toda a coragem a respeito do Reino de Deus e ensinava acerca do Senhor Jesus Cristo; e tinha toda liberdade para fazer assim. Paulo, servo de Jesus Cristo, escolhido para ser apóstolo e enviado a pregar o evangelho de Deus. Este evangelho foi prometido há muito tempo pelos profetas nas Escrituras Sagradas. É a boa-nova a respeito de seu Filho, que tomou a forma humana, tendo nascido da linhagem e da descendência de Davi, e que mediante o Espírito de santidade foi declarado Filho de Deus com poder, ressurgindo dentre os mortos: Jesus Cristo, nosso Senhor. Agora, por meio dele, recebemos graça e apostolado para chamar entre as nações um povo para a obediência da fé. E vocês também estão entre os chamados para pertencerem a Jesus Cristo. Por isso eu escrevo a todos os que estão em Roma, que ele ama com ternura: Vocês, de igual modo, são chamados por Jesus Cristo para pertencerem a Deus — sim, para fazerem parte de seu santo povo. Que todas as misericórdias e a paz divina sejam com vocês, vindas de Deus, nosso Pai, e de Jesus Cristo, nosso Senhor. Em primeiro lugar, saibam que, por onde quer que eu vá, ouço a respeito de vocês! A fé que vocês têm em Deus está sendo conhecida por todo mundo. Quão grato sou a Deus, através de Jesus Cristo, por esta notícia tão boa e pelo que diz respeito a cada um de vocês. Deus é testemunha de quantas vezes me lembro de vocês. Dia e noite levo vocês e todas as suas necessidades em oração àquele a quem eu sirvo com todas as minhas forças, contando aos outros a boa-nova sobre o seu Filho. E uma das coisas pelas quais continuo a orar é a oportunidade de eu finalmente ir vê-los, se Deus quiser, e, sendo possível, fazer uma boa viagem. Quero muito vê-los, para que assim possa repartir com vocês algum dom espiritual para fortalecê-los, quer dizer, para que eu e vocês sejamos animados mutuamente pela fé. Quero que vocês saibam, amados irmãos, que planejei ir aí muitas vezes antes disso, mas fui impedido, a fim de trabalhar entre vocês e obter bons resultados, como tenho conseguido entre outras igrejas de povos gentios. Tenho uma grande dívida para com vocês e para com todos, tanto os povos civilizados como as nações pagãs; tanto para com pessoas cultas como incultas. Portanto, também estou pronto a ir ver vocês em Roma para pregar o evangelho de Deus. Não estou envergonhado do evangelho a respeito de Cristo, porque é poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. Esta mensagem foi primeiramente pregada só aos judeus, mas agora também aos gregos. Esta boa-nova nos diz que o homem só pode ser justo diante de Deus através da fé, de fato, a justiça de Deus, do princípio ao fim é pela fé. Tal como a Escritura afirma: “O justo viverá por fé”. Deus, entretanto, mostra do céu a sua ira contra todos os homens pecadores, maldosos, que repelem a verdade em troca da injustiça. Pois a verdade sobre Deus é revelada entre eles porque Deus a manifestou. Desde a criação do mundo, as qualidades invisíveis de Deus, ou seja, o seu poder eterno e a sua natureza divina, são vistas pelos homens claramente. Elas podem ser compreendidas por meio das coisas criadas. Assim, eles não terão desculpa alguma. Sim, eles bem sabiam de Deus, mas não admitiram, nem o adoraram, nem mesmo agradeceram a ele. O resultado foi que suas mentes insensatas ficaram confusas e em trevas. Dizendo-se sábios, tornaram-se completamente tolos. E então, em vez de adorarem ao Deus imortal, vivente, tomaram madeira e pedra e fizeram ídolos para si, esculpindo-os na forma de simples aves, animais, serpentes e homens mortais. E assim Deus os entregou a toda espécie de pecados sexuais para que fizessem tudo de acordo com os desejos pecaminosos do seu coração, para terem relações vergonhosas uns com os outros. Em vez de crerem naquilo que eles próprios sabiam ser a verdade sobre Deus, escolheram crer em mentiras. E assim adoraram e serviram as coisas criadas e seres criados, em lugar do Criador, que deve ser louvado para sempre. Amém. Esta é a razão pela qual Deus os entregou a paixões pecaminosas, a tal ponto que até suas mulheres se voltaram contra o plano natural que Deus tinha para elas e cederam aos pecados sexuais entre elas mesmas. E os homens, em vez de terem relações sexuais naturais cada qual com sua mulher, arderam em paixão uns pelos outros, homens praticando coisas vergonhosas com outros homens, e, como resultado disso, receberam o castigo merecido pela sua perversão. Assim, quando eles abandonaram a Deus e nem mesmo o reconheceram, Deus os deixou fazer tudo quanto suas mentes malignas poderiam imaginar. Suas vidas ficaram cheias de toda espécie de maldade e pecado, ganância e ódio, inveja, homicídio, brigas, mentira, malícia e mexericos. Falam mal uns dos outros com mentiras, estão cheios de ódio contra Deus, insolentes, orgulhosos, pensando sempre em novas maneiras de pecar, e são continuamente desobedientes a seus pais. São insensatos, quebram suas promessas e tornaram-se criaturas sem amor pela família, sem nenhuma compaixão. São perfeitamente sabedores de que são dignos de morte todos que praticam tais coisas; contudo, continuam assim mesmo e as praticam de todas as maneiras, encorajando outros a agir do mesmo modo. Você não tem desculpa quando julga os outros. Quando você afirma que alguém é mau e deveria ser castigado, você está falando de si mesmo, pois faz essa mesma coisa, e está condenando a si mesmo. E sabemos que Deus, com justiça, castigará qualquer um que fizer coisas como essas. Você pensa que Deus julgará e condenará os outros por fazê-las, e poupará você quando as fizer também? Será que você não compreende quão paciente ele está sendo com você? Ou você não se incomoda com isso? Não vê que ele tem esperado todo esse tempo sem castigá-lo, a fim de dar tempo para que abandone o pecado? Sua bondade tem a finalidade de levá-lo ao arrependimento. Mas, você não quer ouvir; assim, você está guardando um castigo terrível para si mesmo, devido à sua teimosia em recusar-se a abandonar seus pecados; pois virá o dia da ira, quando Deus será o justo Juiz do mundo inteiro. Ele dará a cada um o que suas obras merecem. Ele dará a vida eterna àqueles que pacientemente fazem a vontade de Deus, procurando a glória invisível, a honra e a vida eterna que ele oferece. Porém haverá ira e indignação para aqueles que são egoístas e lutam contra a verdade divina e andam em maus caminhos. Haverá tristeza e angústia para todo ser humano que pratica o mal; primeiro para os judeus, depois para os gregos, para aqueles que continuarem pecando. Mas haverá glória, honra e paz para todos quantos praticarem o bem: primeiro para os judeus, depois para os gregos. Isso porque Deus trata a todos com igualdade. Deus punirá o pecado em qualquer situação. Ele castigará os pagãos quando pecarem, embora eles nunca tenham ouvido a respeito da Lei. E Deus castigará aqueles que pecarem sob a Lei; pela Lei eles serão julgados. Porque não são aqueles que ouvem a Lei que são justos aos olhos de Deus; mas os que obedecem à Lei, estes são considerados justos. Na verdade, os gentios não têm a Lei. Mas, quando fazem pela própria vontade o que a Lei manda, eles são a sua própria lei, embora não tenham lei. Eles mostram, pela sua maneira de agir, que no fundo de seus corações sabem fazer a diferença entre o certo e o errado. A Lei está escrita dentro deles; a sua própria consciência e os seus pensamentos mostram que isso é verdade, pois às vezes os acusam e às vezes os desculpam. Não há dúvida alguma de que chegará o dia quando Deus, por meio de Jesus Cristo, julgará a vida íntima de todos, seus pensamentos e seus motivos mais secretos, de acordo com o grande plano de Deus que eu anuncio. Vocês, os judeus, pensam que tudo vai bem entre vocês e Deus por ele ter-lhes dado sua Lei; orgulham-se de Deus. Sim, vocês bem sabem qual é a vontade de Deus; vocês conhecem o certo e o errado, porque foram instruídos pela Lei. Estão tão seguros do caminho para Deus que poderiam apontá-lo a um cego. Pensam que são luz para aqueles que estão perdidos na escuridão. E pensam poder instruir as pessoas insensatas e simples e até mesmo ensinar às crianças tudo quanto se refere a Deus porque realmente vocês conhecem sua Lei, que é a expressão do conhecimento e da verdade. Vocês, que ensinam aos outros, por que não ensinam a si mesmos? Dizem aos outros para não roubar, mas vocês mesmos roubam? Vocês afirmam que está errado cometer adultério, mas vocês mesmos adulteram? Vocês dizem: “Não se ora aos ídolos”, mas roubam as coisas do templo. Vocês, que têm tanto orgulho de conhecer a Lei, desonram a Deus, quebrando a Lei? Não é de admirar que as Escrituras digam: “Os gentios blasfemam de Deus por causa de vocês”. A circuncisão tem valor se vocês, que são judeus, obedecem à Lei; mas se vocês não cumprem a Lei, é como se vocês não tivessem sido circuncidados. E se os que não são circuncidados obedecem à Lei, será que eles não serão considerados circuncidados? De fato, aquele que não é circuncidado fisicamente, mas obedece à Lei, condenará vocês que, tendo a Lei e a circuncisão, não obedecem à Lei. Vocês, na realidade, não são judeus só porque nasceram de pais judeus ou porque passaram pela cerimônia da circuncisão para serem admitidos no judaísmo. Não! Judeu verdadeiro é qualquer um cujo coração seja reto diante de Deus. Deus não procura aqueles que cortam seu corpo através da circuncisão física, mas procura aqueles cujos corações e mentes foram mudados pelo Espírito e não pela Lei escrita. Qualquer um que tiver esse tipo de mudança em sua vida receberá o louvor de Deus e não de homens. Então, qual a vantagem de ser judeu? Será que existem quaisquer benefícios especiais para eles, vindos de Deus? Será que há algum valor na cerimônia judaica da circuncisão? Sim, ser judeu tem muitas vantagens. Principalmente porque Deus confiou-lhes suas palavras para que assim pudessem conhecer e fazer sua vontade. É verdade que alguns deles foram infiéis, mas será que a infidelidade deles anulará a fidelidade de Deus? Naturalmente que não! Ainda que todos sejam mentirosos, Deus não o é. Lembrem-se de que está escrito que as palavras de Deus serão sempre provadas como verdade e justiça, não importando quem as discuta. Mas se as injustiças que cometemos servem para ressaltar ainda mais claramente a justiça de Deus, o que é que podemos dizer? Que Deus é injusto quando nos castiga? (Esta é a maneira de algumas pessoas falarem.) É claro que não! Então, que tipo de Deus seria ele para não tomar conhecimento do pecado? Como é que ele poderia julgar alguém? Ele não poderia me julgar e condenar-me como pecador, se minha desonestidade lhe trouxesse glória, mostrando sua honestidade em contraste com minhas mentiras. Se vocês seguirem nessa linha de pensamento, chegarão a isto: Façamos o mal, para que nos venha o bem! Entretanto, a condenação daqueles que afirmam essas coisas é justa. Bem, então nós, os judeus, somos melhores do que os outros? Não! Nada disso! Pois já mostramos que todos os homens são igualmente pecadores, quer sejam judeus ou gentios. Como afirmam as Escrituras: “Ninguém é justo, nenhum sequer. Ninguém jamais seguiu realmente as veredas de Deus, nem mesmo desejou verdadeiramente fazê-lo. Todos se desviaram; todos caíram no erro. Não há ninguém que faça o bem, nenhum sequer”. “O que falam é abominável e tão sujo quanto o mau cheiro de uma sepultura aberta. Suas línguas estão cheias de mentiras”. “Tudo o que dizem tem o ferrão e o veneno de serpentes mortíferas”. “Suas bocas estão cheias de maldição e de amargura”. “Estão prontos para matar, odiando qualquer um que não concorde com eles. Por onde quer que vão eles deixam a miséria e a desgraça atrás de si. Não conhecem o caminho da paz”. “Não se importam em temer a Deus, tampouco com o que ele pensa deles”. Assim tudo o que a Lei diz, diz aos que vivem sob ela, para que todos fiquem calados e sejam culpáveis diante de Deus. Vocês podem ver agora? Ninguém pode jamais ser declarado justo aos olhos de Deus por fazer o que a Lei ordena. Quanto mais conhecemos a Lei, mais claro fica que não lhe obedecemos, pois mediante a sua Lei nos tornamos plenamente conscientes do pecado. Agora, porém, se manifestou uma justiça que vem de Deus, que não tem nada a ver com a Lei, da qual testemunham a Lei de Moisés e os Profetas. Agora Deus diz que nos aceitará e nos absolverá. Ele nos declarará sem culpa mediante a fé em Jesus Cristo, justiça para todos os que creem, sem qualquer distinção. Pois todos pecaram; todos fracassaram, e estão afastados da glória de Deus; no entanto, Deus nos declara agora justificados das ofensas que lhe fizemos, através da redenção que há em Jesus Cristo, aquele que em sua graça tira os nossos pecados gratuitamente. Deus foi quem enviou Cristo Jesus para levar o castigo pelos nossos pecados, e assim pôr fim à ira de Deus contra nós. Ele usou o seu sangue para, mediante a fé, nos salvar da sua ira. Deste modo, ele foi justo, mesmo não tendo castigado aqueles que pecaram em tempos passados. Isto porque aguardava a chegada do dia quando Cristo viria e apagaria os pecados anteriormente cometidos. Agora, no tempo presente, ele demonstrou a sua justiça, e pode receber pecadores do mesmo modo, porque Jesus tirou os pecados deles. Ele é justo e justificador daqueles que têm fé em Jesus. Então, será que podemos nos vangloriar? De modo algum! Por quê? Porque a nossa absolvição não está baseada em nossas boas obras ou na obediência à Lei. Está baseada na fé em Cristo. Assim, somos salvos pela fé em Cristo, e não pelas coisas boas que fazemos, de acordo com a Lei. E será que Deus é apenas Deus dos judeus? Ele não é Deus também dos gentios? Claro que é! Deus trata a todos com igualdade; sejam judeus ou não, circuncisos e incircuncisos. Eles são justificados se tiverem fé. Bem, então, se somos salvos pela fé, isso significa que não precisamos mais obedecer às leis divinas? Ao contrário! De fato, é assim que confirmamos a Lei. Então o que podemos dizer do nosso antepassado Abraão? Quais foram as experiências dele com respeito a essa questão de ser salvo pela fé? Será que foi por causa de suas boas obras que Deus o aceitou? Se assim fosse, então ele teria alguma coisa de que se orgulhar. Mas, do ponto de vista divino, Abraão não tinha nenhum fundamento para se orgulhar. As Escrituras nos afirmam que Abraão creu em Deus, e foi por isso que Deus riscou seus pecados e declarou-o sem culpa. O salário do homem que trabalha não é considerado como favor, mas como direito. No entanto, para aquele que não trabalha, mas crê naquele que justifica o pecador, a sua fé faz que ele seja aceito por Deus. O rei Davi falou a esse respeito, descrevendo a felicidade de um pecador indigno que é declarado sem culpa por Deus, independentemente de obras. “Como é feliz o homem que tem suas transgressões perdoadas e os seus pecados apagados! Como é feliz aquele cujos pecados não são mais contados contra ele pelo Senhor!” Agora, então, a pergunta: Será que esse perdão só é dado àqueles que têm fé em Cristo mas também guardam as leis judaicas, inclusive a circuncisão, ou o perdão é dado também àqueles que não guardam as leis judaicas (ou seja, os incircuncisos), mas tão somente confiam em Cristo? Bem, que dizer de Abraão? Dizemos que ele recebeu a salvação por meio da sua fé. Foi somente pela sua fé! Quando foi que Deus deu a salvação a Abraão? Foi antes que ele se tornasse judeu — antes que passasse pelo rito de circuncisão da iniciação judaica. Foi só mais tarde que Abraão foi circuncidado. O rito da circuncisão foi um sinal de que Abraão já tinha fé e que Deus já o tinha aceito, declarando-o justo, antes que o rito fosse praticado. Assim, Abraão é o pai espiritual de todo os que creem e são salvos sem passarem pelo rito da circuncisão. Portanto, aqueles que não guardam essas leis são justificados por Deus por meio da fé. E Abraão é também o pai espiritual daqueles judeus que foram circuncidados. Eles podem ver pelo seu exemplo que não é esse rito que os salva, pois Abraão achou a misericórdia divina só pela fé, antes de ter sido circuncidado. Portanto, é claro que a promessa divina de dar a terra a Abraão e seus descendentes não foi porque Abraão obedecia à Lei de Deus, mas isso aconteceu por meio da justiça que vem da fé. Pois, se ainda vocês alegam que as bênçãos de Deus são para aqueles que vivem pela Lei, a fé não tem valor, e a promessa é inútil. A questão, porém, é esta: Quando procuramos ganhar a bênção e a salvação de Deus, guardando a Lei, terminamos sempre debaixo da sua ira, porque falhamos sempre em guardá-la. O único jeito de podermos evitar a quebra da sua Lei é não termos nenhuma para quebrar! As promessas de Deus, portanto, são concedidas a nós por meio da fé, como presente, de graça; temos certeza de recebê-las, quer sigamos ou não os costumes judaicos, se tivermos fé como a de Abraão. Pois ele é o pai de todos nós quanto à fé. Isso é o que as Escrituras querem dizer quando afirmam que Deus fez de Abraão o pai de muitas nações. E essa promessa é do próprio Deus, em quem Abraão creu, o Deus que dá vida aos mortos, e ele fala de acontecimentos futuros com tanta convicção como se eles já pertencessem ao passado! Assim, quando Deus disse a Abraão que ele lhe daria um filho que, por sua vez, teria muitos filhos e se tornaria uma grande nação, Abraão creu em Deus, embora essa promessa lhe parecesse impossível de cumprir-se! E, porque sua fé era forte, ele nem se preocupou com o fato de já ser idoso demais para ser pai, pois já tinha cerca de cem anos, e Sara, sua mulher, também ser idosa demais para ter um filho. Entretanto, Abraão nunca duvidou. Creu em Deus, pois a sua fé e a sua confiança em relação à promessa de Deus tornaram-se ainda mais fortes. Ele ainda louvou a Deus por essa promessa, antes mesmo de acontecer o que havia sido prometido. Ele estava absolutamente certo de que Deus tinha todo o poder de cumprir qualquer coisa que havia prometido. E foi por causa da fé que Abraão foi aceito por Deus. Agora, esta declaração magnífica — que ele foi aceito e aprovado mediante a sua fé — não foi somente para benefício de Abraão. Ela também foi escrita para nós, assegurando-nos de que Deus nos aceitará do mesmo modo como aceitou Abraão — quando crermos naquele que ressuscitou dos mortos a Jesus, nosso Senhor. Ele morreu pelos nossos pecados e foi ressuscitado a fim de fazer-nos retos para com Deus, enchendo-nos com a justiça divina. Portanto, agora, desde que fomos declarados justos à vista de Deus, pela fé, podemos ter paz com Deus por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor. Pois, devido à nossa fé, ele nos colocou nesse lugar do mais alto privilégio onde agora nos encontramos, e nos levou a essa graça na qual agora estamos firmes, e nos alegramos na esperança de participar da glória de Deus. Podemos nos alegrar, igualmente, quando nos encontrarmos diante de sofrimentos pois, sabemos que os sofrimentos produzem a paciência. E a paciência desenvolve em nós a força de caráter, e a força de caráter desenvolve em nós a esperança. E a esperança não nos decepciona, porque Deus derramou seu amor em nossos corações, por meio do Espírito Santo que ele nos deu. Quando estávamos totalmente desamparados, Cristo veio na hora certa e morreu pelos pecadores. Mesmo que fôssemos justos, realmente não esperaríamos que alguém morresse por nós, embora alguém tivesse coragem de morrer por uma pessoa boa. Deus, no entanto, mostrou seu grande amor por nós, enviando Cristo para morrer por nós enquanto ainda éramos pecadores. E já que por seu sangue ele justificou a nós pecadores, quanto mais ele não fará por nós agora que nos declarou sem culpa? Agora ele nos salvará de toda a ira divina que está por vir. E se quando ainda éramos inimigos de Deus, fomos reconciliados com Deus pela morte do seu Filho, quanto mais agora, tendo sido reconciliados, seremos salvos pela vida de Cristo! Agora nós nos alegramos em Deus, por meio do nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio de quem agora alcançamos a reconciliação. Quando o pecado entrou no mundo por meio de um homem, o pecado entrou na raça humana inteira. O pecado dele trouxe consigo a morte a todos os homens, porque todos pecaram. Assim, o pecado já existia no mundo antes mesmo do advento da Lei, mas não podia ser levado em conta, uma vez que a Lei não fora dada. Todavia, a morte reinou desde o tempo de Adão até o tempo de Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram como Adão, quando ele desobedeceu à ordem de Deus. Na verdade, Adão era uma figura daquele que haveria de vir. E também não há comparação entre o pecado do homem e o perdão de Deus: Pois este único homem, Adão, trouxe a morte para muitos por meio do seu pecado. Porém este outro homem, Jesus Cristo, trouxe perdão para muitos por meio da graça divina. E existe uma diferença entre a dádiva de Deus e o pecado de um só homem: Por um só pecado veio o julgamento que trouxe condenação, mas a dádiva veio de muitos pecados e trouxe a justificação. O pecado de um único homem fez com que a morte reinasse sobre todos, porém todos quantos receberam o presente divino da graça e a dádiva da justiça reinarão em vida, por causa deste único homem, Jesus Cristo. Portanto, como o pecado de um único homem trouxe a condenação para todos, assim também o ato de justiça de um só resultou na justificação que traz vida a todas as pessoas. Portanto, assim como por meio da desobediência de um só homem muitos foram feitos pecadores, assim por meio da obediência de um só homem muitos serão feitos justos. A Lei foi dada a fim de que todos pudessem perceber os seus pecados. Entretanto, onde o pecado surgiu em excesso, a graça foi ainda mais abundante. Primeiramente o pecado reinou sobre todos os homens e os levou à morte, mas agora reina em seu lugar a graça de Deus, pela justiça, e como resultado a vida eterna por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor. O que diremos então? Continuaremos a pecar para que a graça de Deus aumente cada vez mais? Naturalmente que não! Nós, os que morremos para o pecado, como deveríamos continuar vivendo nele? O poder do pecado sobre nós foi quebrado quando fomos batizados em sua morte. No batismo fomos sepultados com ele na morte para que, assim como Cristo foi ressuscitado pelo Pai com poder glorioso, também nós vivamos uma vida nova. Vocês se uniram com ele na sua morte e ressuscitarão como ele ressuscitou. Os antigos desejos malignos de vocês foram pregados na cruz juntamente com ele; aquela parte que em cada um de vocês tem a tendência de continuar pecando foi esmagada e mortalmente ferida, de maneira tal que esse corpo, amante do pecado, não está mais sob o controle do pecado e não necessita mais ser escravo dele. Quando vocês morrem para o pecado, libertam-se de todos os seus atrativos e do seu poder sobre vocês. E visto que morremos com Cristo, cremos que participaremos da sua vida nova. Cristo ressuscitou dentre os mortos e não poderá morrer outra vez: a morte não tem mais poder algum sobre ele. Ele morreu de uma vez por todas, a fim de acabar com o poder do pecado, e agora vive para sempre em contínua comunhão com Deus. Portanto, considerem-se mortos para o pecado, enquanto, por outro lado, estão vivos para Deus, em Jesus Cristo. Não deixem que o pecado controle esse corpo mortal de vocês; e não cedam aos seus desejos pecaminosos. Não deixem que nenhuma parte de seus corpos seja instrumento de injustiça. Antes, entreguem-se inteiramente a Deus, pois vocês voltaram da morte para a vida. Sejam, portanto, instrumentos de justiça nas mãos de Deus. Nunca mais o pecado deverá voltar a dominar vocês, pois agora vocês não estão mais debaixo da Lei, mas livres sob a graça de Deus. Isso significa que agora nós podemos ir avante e pecar sem nos incomodarmos com o pecado, pois nossa salvação não depende de guardar a Lei, mas de receber a graça divina? É claro que não! Será que vocês não compreendem que podem escolher seu próprio senhor? Podem escolher o pecado que leva a morte ou então a obediência que leva à justiça. Aquele a quem você mesmo se oferecer, este será o seu senhor, e você será escravo dele. Mas, graças a Deus, que vocês, embora antigamente tivessem escolhido ser escravos do pecado, agora obedecem de todo o coração ao ensino que Deus lhes entregou. E agora estão livres do velho senhor, o pecado; e tornaram-se escravos do novo senhor, a justiça. Falo dessa maneira, utilizando-me da ilustração de escravos e senhores, porque é fácil de compreender: Tal como vocês costumavam ser escravos da impureza e da maldade que leva à maldade, assim também agora é preciso que vocês se deixem escravizar pela justiça que leva à santidade. Naqueles dias, quando vocês ainda eram escravos do pecado, vocês estavam isentos da justiça. E qual foi o resultado? Evidentemente não foi nada bom, visto que agora vocês se envergonham até mesmo em pensar naquelas coisas que costumavam fazer, pois o fim delas é a morte. Agora, no entanto, estão livres do poder do pecado e são escravos de Deus. E entre os benefícios que ele dispensa a vocês, está a santidade cujo fim é a vida eterna. Pois o salário do pecado é a morte, mas a dádiva gratuita de Deus é a vida eterna por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor. Meus irmãos, será que vocês que conhecem a lei ainda não compreendem que, quando uma pessoa morre, a lei não tem mais nenhum poder sobre ela? Deixem-me ilustrar: Quando uma mulher se casa, fica presa pela lei ao marido enquanto ele viver. Se, contudo, ele morrer, ela não estará mais ligada a ele. As leis do casamento não mais se aplicam a ela. Ela poderá, então, casar-se com outra pessoa se assim o quiser. Isso estaria errado enquanto ele estivesse vivo, porém está perfeitamente certo depois da morte do marido. Assim, meus irmãos, vocês também morreram para a Lei; e isso aconteceu por meio do corpo de Cristo, para pertencerem a outro, isto é, àquele que ressuscitou dos mortos, para que vocês também possam produzir bom fruto, isto é, boas obras para Deus. Quando a velha natureza ainda os dominava, havia desejos pecaminosos agindo dentro de vocês, dando-lhes vontade de fazer tudo aquilo que Deus não quer, produzindo obras pecaminosas, o fruto para a morte. Agora, entretanto, vocês foram libertos da Lei, porque morreram para aquilo que antes os prendia. Assim, agora vocês são livres para servir a Deus não da maneira antiga, obedecendo à velha forma da Lei escrita, mas da maneira nova, obedecendo ao Espírito de Deus. Será que estou sugerindo que a Lei de Deus é má? Claro que não! Eu não teria conhecido o pecado, a não ser pela Lei. Eu não conheceria o que é cobiça se a lei não dissesse: “Não cobice!” O pecado, no entanto, se aproveitou dessa Lei para despertar em mim todo tipo de desejo cobiçoso. Somente se não houvesse leis para serem quebradas é que não haveria pecado. Antes eu vivia sem a Lei, mas quando a Lei veio ela despertou o pecado em mim e então eu morri. Portanto, no que dizia respeito a mim, a boa Lei que deveria mostrar-me o caminho da vida, em vez disso me trouxe a morte. O pecado me enganou, tomando as boas leis de Deus e usando-as para me fazer culpado de morte. Mas, como vocês veem, a Lei em si é santa, justa e boa. Mas como pode ser isso? A Lei que era boa me levou à morte? De forma alguma! Foi o pecado que fez isso. Pois o pecado, usando o que era bom, me trouxe a morte para que ficasse bem claro o que o pecado realmente é. Porquanto o pecado utilizou-se das boas leis de Deus para seus próprios fins perversos. Sabemos que a Lei é espiritual, e a dificuldade não está com ela e sim comigo, pois estou vendido como escravo ao pecado. Não entendo o que faço. Pois realmente quero fazer o que é correto, porém não consigo. Faço, sim, aquilo que eu odeio. Se faço o que não quero, isso prova que a Lei em si é boa. Nesse caso, não o posso evitar por mim mesmo, porque já não sou eu que estou fazendo, mas o pecado que está dentro de mim. Eu sei que estou completamente corrompido no que diz respeito à minha velha natureza pecaminosa. Porque tenho o desejo de fazer o que é bom, mas não consigo fazê-lo. Quando quero fazer o bem, não o faço; e o mal que não quero fazer, esse eu acabo fazendo. Ora, se estou fazendo aquilo que não quero, é simples dizer onde está a dificuldade: É o pecado que ainda está dentro de mim. Quando quero fazer o bem, faço inevitavelmente o que é mau. Quanto à minha nova natureza, eu tenho prazer na Lei de Deus; contudo existe uma outra lei atuando nos membros do meu corpo, que está em guerra com a minha mente, fazendo-me prisioneiro da lei do pecado que age no meu corpo. Que situação terrível, esta em que me encontro! Quem é que me livrará deste corpo que me leva à morte? Mas graças a Deus por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor! Em minha mente eu sou escravo da Lei de Deus; mas na minha natureza carnal sirvo a lei do pecado. Portanto, agora já não há nenhuma condenação para aqueles que pertencem a Cristo Jesus. Portanto o poder do Espírito doador da vida — e eu recebo este poder por meio de Cristo Jesus — livrou-me da lei do pecado e da morte. Não estamos a salvo das garras do pecado só pelo fato de conhecermos os mandamentos de Deus, pois não podemos guardá-los, mas Deus pôs em ação um plano diferente a fim de nos salvar. Ele enviou seu próprio Filho, em corpo humano como o nosso, a fim de destruir o controle do pecado sobre nós, dando-se a si mesmo como sacrifício por nossos pecados. Assim, agora podemos obedecer às leis divinas se seguirmos o Espírito Santo e não mais obedecermos à velha natureza pecaminosa que está dentro de nós. Aqueles que se deixam controlar por sua natureza humana vivem tão somente para agradar a si próprios; mas aqueles que vivem de acordo com o Espírito constatam que têm a sua mente controlada pelo Espírito. Seguir o Espírito Santo conduz à vida e à paz, mas seguir a velha natureza leva à morte, porque a velha natureza pecaminosa dentro de nós é inimiga de Deus. Ela nunca se submete à Lei de Deus, e nunca o fará. É por essa razão que aqueles que ainda estão sob o controle de sua própria natureza pecaminosa não podem agradar a Deus. Vocês, porém, não são controlados pela natureza humana. Vocês são controlados pelo Espírito, se de fato o Espírito de Deus está morando em vocês. E lembrem-se de que, se alguém não tiver o Espírito de Cristo, esse não pertence a Cristo. Mas se Cristo vive dentro de vocês, seus corpos estão mortos por causa do pecado; no entanto, o espírito está vivo por causa da justiça. E se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos vive em vocês, aquele que ressuscitou a Cristo dentre os mortos também fará com que seus corpos mortais vivam de novo, por meio desse mesmo Espírito que mora em vocês. Portanto, irmãos, vocês não têm para com a velha natureza pecaminosa qualquer obrigação de fazer o que ela lhes pede. Pois se vocês continuarem a segui-la, estão perdidos e perecerão; mas se a destruírem, juntamente com suas más obras, por meio do poder do Espírito, vocês viverão. Porque todos que são dirigidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Pois vocês não receberam o espírito que os torne escravos medrosos e servis, mas receberam o Espírito que os adota como verdadeiros filhos, pelo qual clamamos: “Aba, Pai”. O próprio Espírito fala no íntimo dos nossos corações, dizendo-nos que somos realmente filhos de Deus. E se somos os seus filhos, então somos herdeiros — herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo. Mas se vamos participar da sua glória, precisamos também participar dos seus sofrimentos. Contudo, aquilo que sofremos agora é insignificante, se compararmos com a glória que ele nos dará mais tarde. Toda a criação espera com expectativa que os filhos de Deus sejam revelados. Pois toda a criação foi submetida à inutilidade, não pela sua própria vontade, mas por causa da vontade daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria criação seja libertada da escravidão da decadência em que se encontra, e participe da gloriosa liberdade que os filhos de Deus desfrutam. Sabemos que até mesmo a natureza criada geme até agora, como uma mulher que está em trabalho de parto. E mesmo nós, os santos, embora tenhamos o Espírito Santo em nós como uma amostra que nos permite conhecer o sabor da glória futura, também gememos interiormente para ser libertados da dor e do sofrimento. Nós também esperamos ansiosamente aquele dia quando Deus nos dará plenos direitos nos adotando como seus filhos, inclusive a redenção dos nossos corpos. Somos salvos por essa esperança. E esperar quer dizer: esperar ansiosamente conseguir algo que ainda não temos. Quem espera aquilo que está vendo? Entretanto, se precisamos continuar a esperar em Deus por algo que ainda não aconteceu, isso nos ensina a esperar com paciência. E desse mesmo modo, o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar. O Espírito, porém, ora por nós com gemidos que não podem ser expressos em palavras. E aquele que conhece todos os corações sabe a intenção do Espírito, porque o Espírito intercede pelos santos em harmonia com a própria vontade divina. E sabemos que tudo quanto nos acontece está operando para o nosso próprio bem, se amarmos a Deus e estivermos ajustados aos seus planos. Desde o princípio de tudo, Deus já conhecia os seus escolhidos, e ele também os predestinou para que se tornassem semelhantes à imagem de seu Filho, de tal modo que seu Filho seja o primeiro entre muitos irmãos. E aos que predestinou, ele também chamou; não somente chamou, como também justificou; e aos que justificou, também glorificou. Que podemos dizer diante de coisas tão magníficas quanto estas? Se Deus está do nosso lado, quem é que pode estar contra nós? Visto que ele não poupou nem o seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, será que certamente não nos dará, e de graça, todas as coisas? Quem se atreve a acusar os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem nos condenará, então? Foi Cristo quem morreu por nós e ressuscitou por nossa causa, e agora está sentado à direita de Deus, e também intercede por nós. Quem, então, pode nos separar do amor de Cristo? Será sofrimento ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou a própria morte? Como está escrito: “Mas o fato é que por sermos fiéis ao Senhor estamos sofrendo perigo de morte a todo instante; somos como ovelhas destinadas ao matadouro”. Mas apesar de tudo isso, temos uma vitória esmagadora por meio daquele que nos amou. Estou convencido de que nada poderá nos separar do seu amor: nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem principados e potestades, nem o presente nem o futuro, nem um lugar bem alto no céu, ou nas profundezas do mar, nem qualquer outra coisa será capaz de separar-nos do amor de Deus que está em Cristo Jesus, o nosso Senhor. O que digo é a verdade. Sou de Cristo e não minto; pois a minha consciência, que é controlada pelo Espírito Santo, também confirma que não minto. Meu coração está abatido dentro de mim, e eu me entristeço amargamente no meu coração por causa do meu povo, que é a minha raça e o meu sangue. Para o bem desse povo eu digo que estaria pronto a ser condenado eternamente, se isso pudesse salvá-los. Ó povo de Israel, Deus lhes deu tanto, mas vocês ainda não querem escutá-lo. Vocês foram adotados como filhos, receberam a glória divina e a aliança. Ele deu-lhes suas leis, a fim de que soubessem o que ele desejava que vocês fizessem. Permitiu que o adorassem no templo, e deu-lhes promessas maravilhosas. Vocês são descendentes dos patriarcas, e a partir deles se traça a linhagem humana do próprio Cristo, que é Deus que reina sobre todas as coisas. Glória a Deus para sempre. Amém. Bem, então as promessas de Deus a Israel ficaram sem valor? Naturalmente que não. Nem todo aquele que é nascido de família judaica é verdadeiramente judeu. O simples fato de terem vindo da descendência de Abraão não os faz, na verdade, filhos de Abraão. As Escrituras dizem que as promessas se destinam somente ao filho de Abraão, Isaque, e aos descendentes de Isaque. Isso significa que nem todos os filhos de Abraão são filhos de Deus, mas somente aqueles que creem na promessa de salvação que ele fez a Abraão. Deus havia prometido: “No tempo devido darei um filho a você e Sara”. E, anos mais tarde, os dois filhos de Rebeca tinham o mesmo pai, o nosso antepassado Isaque. E antes mesmo que as crianças tivessem nascido, antes que tivessem feito qualquer coisa boa ou má — a fim de que o propósito de Deus conforme a eleição permanecesse, não por causa do que os filhos fizeram, mas por aquele que chama — Deus disse a ela que Esaú, o filho que nasceria primeiro, seria servo de Jacó, seu irmão gêmeo. Como está escrito: “Escolhi amar Jacó, e não Esaú”. Será que Deus estava sendo injusto? Claro que não. Deus disse a Moisés: “Terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia, e me compadecerei de quem eu quiser me compadecer”. Assim, as misericórdias de Deus não são dadas só porque alguém decide recebê-las ou trabalhar arduamente para consegui-las. São dadas porque Deus tem misericórdia de quem ele quer ter. Pois a Escritura diz ao faraó, rei do Egito: “Mas conservei a sua vida para mostrar-lhe o meu poder, e para anunciar o meu nome em toda a terra”. Assim, vocês percebem que Deus tem misericórdia de quem ele quer, e faz que outros se recusem a ouvi-lo. Mas algum de vocês me dirá: “Então por que Deus os culpa por não o ouvirem? Pois quem resiste à sua vontade?” Mas quem são vocês homens para criticarem a Deus? Acaso aquilo que é formado pode dizer àquele que o fez: “Por que é que você me fez deste jeito?” Quando o oleiro faz um vaso de barro, ele não tem o direito de usar o mesmo barro para fazer um vaso bonito para uso especial, e outro para uso comum? Será que Deus não tem perfeitamente o direito de mostrar a sua ira e o seu poder contra aqueles que estão prontos para a destruição, aqueles com quem ele tem sido paciente todo esse tempo? E ele também quis mostrar como é grande a sua glória, que ele derramou sobre nós, que somos aqueles de quem ele teve misericórdia, que ele havia preparado para receberem a sua glória. Pois nós somos aqueles a quem ele também chamou, quer sejamos judeus ou gentios. Como diz a profecia de Oseias: “Aqueles que não eram meu povo eu chamarei de ‘meu povo’. A nação que eu não amava chamarei de ‘minha amada’ ”. “E no mesmo lugar onde certa vez foi dito: ‘Vocês não são meu povo’, eles serão chamados ‘filhos do Deus vivo’ ”. O profeta Isaías, falando de Israel, clamava que embora houvesse milhões deles, somente um remanescente seria salvo. “Pois o Senhor executará sua sentença sobre a terra, e apressará o seu intento”. E, em outra parte, disse Isaías: “Se o Senhor Todo-poderoso não tivesse poupado alguns de nós, já estaríamos completamente arrasados como Sodoma e Gomorra”. Bem, então que vamos dizer disso tudo? Tão somente isto: Que Deus deu aos gentios a oportunidade de obterem uma justiça que vem da fé, muito embora eles não estivessem realmente buscando a justiça. E os israelitas, porém, que tão arduamente buscavam uma lei que trouxesse justiça, nunca tiveram resultado. E por que não? Porque não a buscavam pela fé, mas por meio de suas boas ações. Assim, tropeçaram na pedra de tropeço. Deus os advertiu disso nas Escrituras, quando disse: “Eu coloquei em Sião uma pedra, uma pedra de tropeço e uma rocha que vai fazê-los cair; aquele que nela confia, jamais será abalado”. Queridos irmãos, o desejo do meu coração e a minha oração são que os israelitas possam ser salvos. Eu sei que eles têm zelo por Deus, mas esse é um zelo mal dirigido. Pois eles não conhecem a justiça que vem de Deus e procuram estabelecer a sua própria justiça; assim acabam rejeitando a justiça de Deus. Porque o fim da lei é Cristo, para que todo que crer nele seja declarado justo. Pois Moisés escreveu a respeito da justiça que vem da Lei: Viverá aquele que fizer o que a Lei manda. Entretanto, a justiça que vem pela fé diz: “Você não precisa fazer uma busca nos céus para encontrar Cristo e trazê-lo aqui embaixo para que ele o ajude”; ou “Você não precisa descer os abismos” (a fim de fazer Cristo subir dentre os mortos). Mas o que diz a justiça? A palavra — aquela que pregamos — já é de fácil acesso a cada um de nós; de fato, ela está em sua boca e em seu coração, isto é, a palavra da fé que estamos anunciando: Pois, se você confessar com seus próprios lábios que Jesus Cristo é o seu Senhor, crendo do fundo do coração que Deus o levantou dentre os mortos, você será salvo. Porque é crendo de coração que um homem se torna reto para com Deus; e com a boca é que se confessa a sua salvação. As Escrituras nos dizem: “Todo aquele que crê em Deus jamais será decepcionado”. Não há diferença entre judeus e gentios, pois todos eles têm o mesmo Senhor, aquele que dá generosamente de suas riquezas a todos quantos lhe pedem. Porque todo aquele que chamar pelo nome do Senhor será salvo. Como, porém, eles pedirão a ele que os salve, se não crerem nele? E como podem crer nele, se nunca ouviram falar dele? E como podem ouvir acerca dele, sem que alguém fale a eles? E como é que irão falar, sem que sejam enviados? É sobre isso que as Escrituras falam, quando afirmam: “Como são bonitos os pés daqueles que pregam o evangelho da paz com Deus, e trazem notícias alegres de coisas boas”. Em outras palavras, como são bem-vindos aqueles que vêm anunciando o evangelho! Entretanto, nem todos que ouvem o evangelho o aceitam, pois o profeta Isaías disse: “Senhor, quem creu na nossa mensagem?” Assim é que a fé vem pelo ouvir o evangelho a respeito de Cristo. Mas eu pergunto: Será que eles não ouviram a palavra de Deus? É claro que ouviram! Como dizem as Escrituras: “A sua voz ressoa por toda a terra, e as suas palavras até os confins do mundo”. Eu pergunto outra vez: Será que o povo de Israel não entendeu que Deus daria a sua salvação para outros se eles se recusassem a recebê-la? Sim, pois Moisés já disse: “Vou fazer o mesmo com Israel: vou provocar ciúmes nele! Vou dedicar afeição a um povo que não é meu; provocarei sua ira por meio de uma nação insensata”. E mais tarde Isaías afirmou ousadamente: “Povos que antes nunca se interessaram por mim, agora estão me procurando. Nações que nunca haviam me procurado, agora estão me encontrando”. Mas a respeito de Israel, ele disse: “Mas o meu povo fugiu de mim enquanto eu, dia após dia, estendia minhas mãos para recebê-lo, um povo que preferiu seguir seus caminhos errados, fazendo a sua própria vontade”. Pergunto então: Será que Deus rejeitou e desamparou seu povo? De maneira nenhuma. Lembrem-se de que eu mesmo sou israelita, descendente de Abraão e membro da família de Benjamim. Não, Deus não rejeitou o seu próprio povo, a quem ele escolheu desde o princípio de tudo. Vocês se lembram do que as Escrituras dizem a respeito do profeta Elias se queixando a Deus contra Israel? “Senhor, o povo de Israel matou todos os seus profetas. Sou o único que sobrou; e agora estão tentando matar-me também”. E estão lembrados de qual foi a resposta de Deus? Ele disse: “Não, você não foi o único que sobrou. Tenho sete mil outros, além de você, que ainda me amam e não se curvaram aos ídolos!” Assim hoje há um remanescente escolhido pela graça. E se isso é devido à graça de Deus, então não é mais pelas obras. Se fosse, então a graça não seria a verdadeira graça. Assim, a situação é esta: A maioria dos israelitas não encontrou a misericórdia divina que eles tanto buscavam. Poucos a encontraram — aqueles que Deus escolheu — enquanto os outros foram endurecidos. É isto que as Escrituras dizem: “Mas, apesar disso tudo, até hoje o Senhor não deu a vocês coração para entender, nem olhos para ver, nem ouvidos para ouvir!”. E o rei Davi tocou neste mesmo ponto, quando afirmou: “Que a mesa deles se transforme em laço; a sua tranquilidade acabe em sofrimento. A luz de seus olhos se transforme em trevas para que não vejam; faça com que percam completamente as forças”. Pergunto mais uma vez: Será que isto significa que Deus rejeitou para sempre o seu povo? De maneira nenhuma! Ao contrário, por causa da transgressão deles, a salvação se tornou acessível aos gentios para provocar ciúme em Israel. Agora, se o mundo inteiro ficou rico como resultado da oferta da salvação que Deus fez quando os judeus tropeçaram nela e a rejeitaram, imaginem que bênção maior ainda o mundo não desfrutará quando também os judeus se voltarem para Deus. Como vocês sabem, Deus nomeou-me como um mensageiro especial para vocês, os gentios. Eu dou muita ênfase a isso porque sou apóstolo para os gentios, para que, se possível, eu faça com que eles desejem aquilo que vocês, os gentios, têm, e desse modo possa salvar alguns deles. Se a rejeição deles trouxe reconciliação com o resto do mundo, o que será a sua aceitação senão vida entre os mortos! Se o primeiro pão assado depois da colheita é oferecido a Deus, isso quer dizer que todos os outros pães também são dedicados a ele. Se as raízes da árvore são santas, também os ramos serão santos. No entanto, alguns desses ramos da árvore foram cortados, e vocês, que eram ramos de uma oliveira brava, foram enxertados. Assim, agora vocês também participam da seiva da raiz da oliveira cultivada. É preciso, porém, que vocês tomem cuidado para não se vangloriarem por aí de terem sido postos no lugar dos ramos que foram cortados. Lembrem-se de que vocês só são importantes porque agora são uma parte da árvore de Deus; vocês são apenas o ramo, e não a raiz. “Bem”, dirão vocês, “aqueles ramos foram cortados para que nós pudéssemos ser enxertados”. Tomem cuidado! Lembrem-se de que aqueles ramos foram cortados por causa da sua incredulidade, e vocês estão ali pela fé. Não fiquem orgulhosos; sejam humildes e temam. Pois se Deus não poupou os ramos naturais, ele tampouco poupará vocês. Observem como Deus é bondoso e severo ao mesmo tempo. Ele é severo com aqueles que desobedecem, mas bondoso com vocês, se continuarem a amá-lo e a confiar nele. Senão, vocês também serão cortados. Por outro lado, se eles deixarem a sua incredulidade para trás e se voltarem para Deus, ele os enxertará na árvore outra vez. Pois se Deus esteve pronto a tomar vocês, que estavam tão longe dele, sendo parte de uma oliveira brava, e enxertá-los em sua própria oliveira cultivada — de uma maneira antinatural — vocês não veem que ele estará muito mais pronto a enxertar os ramos naturais em sua própria oliveira? Quero que vocês, queridos irmãos, conheçam esta verdade que vem de Deus para que não fiquem orgulhosos e comecem a se vangloriar. Sim, é bem verdade que os israelitas agora se puseram contra o evangelho em parte, porém isso vai durar somente até que o número completo de gentios venha a Cristo. E então todo o Israel será salvo, como está escrito: “De Sião sairá um Libertador, e ele afastará os judeus de toda a impiedade. Eu, o Senhor, farei esta aliança com eles, quando remover os seus pecados”. Muitos israelitas agora são inimigos do evangelho por causa de vocês. Isso, porém, tem sido um benefício para vocês, pois teve como consequência Deus dar os seus dons a vocês, os gentios. Entretanto, os judeus ainda são amados por Deus, por causa de suas promessas aos patriarcas. Pois os dons de Deus e o seu chamado nunca podem ser revogados. Antigamente vocês foram rebeldes contra Deus, porém quando eles foram desobedientes a Deus, vocês receberam a misericórdia. E agora os israelitas é que são os rebeldes, porém algum dia eles também participarão da misericórdia que Deus tem tido para com vocês. Porque Deus colocou todos sob a desobediência, para que ele pudesse exercer misericórdia para com todos igualmente. Que Deus maravilhoso nós temos! Como é profunda a riqueza da sabedoria e do conhecimento de Deus! Como é impossível a nós compreendermos suas decisões e seus caminhos! “Quem dentre nós conheceu a mente do Senhor? Quem é que sabe o suficiente para ser seu conselheiro?” “E quem já deu alguma coisa a Deus para que ele pudesse recompensá-lo?” Todas as coisas vêm única e exclusivamente dele, por ele e para ele. A ele seja a glória para todo o sempre. Amém. Portanto, queridos irmãos, eu apelo pelas misericórdias de Deus que vocês ofereçam seus corpos a Deus. Que eles sejam um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Esta é a verdadeira adoração que vocês devem oferecer a Deus. Não imitem a conduta e os costumes deste mundo, mas seja, cada um, uma pessoa nova e diferente, mostrando uma sadia renovação em tudo quanto faz e pensa. E assim vocês aprenderão, de experiência própria, a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Como mensageiro de Deus, digo a cada um de vocês: Sejam honestos na avaliação de si mesmos, medindo seu próprio valor pela quantidade de fé que Deus lhes concedeu. Pois tal como existem muitos membros em nosso corpo, e esses membros têm um trabalho diferente a executar, assim também é com o corpo de Cristo. Todos nós somos parte dele, e cada um de nós é necessário para fazê-lo completo. Assim, pertencemos uns aos outros, e cada um está ligado a todos os demais. Deus deu a cada um de nós dons de fazer bem determinadas coisas, de acordo com a sua graça. Assim, se Deus deu a você o dom de profetizar, então profetize, de acordo com a proporção da sua fé. Se tiver o dom de prestar serviço a outros, então sirva bem. Se alguém tem o dom de ensinar, ensine. Se é de animar os outros, então anime. Se Deus lhe deu o dom de contribuir, ajude os outros com generosidade. Se Deus lhe deu capacidade administrativa de liderança, então exerça esse cargo com seriedade. Aqueles que levam o consolo aos entristecidos, devem fazê-lo com alegria. Não finjam apenas amar aos outros: amem com sinceridade. Odeiem tudo aquilo que está errado. Coloquem-se ao lado do bem. Amem-se uns aos outros com amor fraternal e tenham prazer em honrar uns aos outros mais do que a si próprios. Não sejam nunca preguiçosos no trabalho, porém sirvam fervorosamente ao Senhor. Fiquem alegres na esperança, sejam pacientes na dificuldade e sempre perseverantes na oração. Quando os filhos de Deus estiverem em necessidade, sejam vocês os primeiros a ajudá-los. E criem o hábito de ser hospitaleiros. Se alguém os perseguir, não o destratem; abençoem e não amaldiçoem. Quando outros estiverem alegres, alegrem-se com eles. Se estiverem chorando, chorem com eles. Trabalhem juntos com alegria. Não sejam orgulhosos. Não procurem cair nas boas graças de gente importante, mas tenham prazer na companhia de gente comum. E não sejam sábios aos seus próprios olhos! Nunca paguem o mal com o mal. Façam as coisas de maneira tal que todos possam ver que vocês são absolutamente honestos. Não contendam com ninguém. Tanto quanto possível, vivam em paz com todos. Amados, nunca se vinguem. Deixem a ira com Deus, pois está escrito: “Minha é a vingança; eu retribuirei”. Pelo contrário: “Se o seu inimigo estiver com fome, dê-lhe algo para comer; se ele estiver com sede, dê-lhe de beber. Fazendo isso, você amontoará brasas vivas sobre a cabeça dele”. Não deixem que o mal prevaleça, mas triunfem sobre o mal, praticando o bem. Obedeçam às autoridades governamentais, porque Deus foi quem estabeleceu todas elas. Não há governo, em parte alguma, que Deus não tenha colocado no poder. Portanto, aqueles que se recusam a obedecer às autoridades estão se recusando a obedecer a Deus, e o castigo virá sobre eles. Pois os governantes devem ser temidos apenas por aqueles que praticam o mal. Assim, se você não quiser ter medo da autoridade, guarde as leis e pratique o bem e tudo irá bem. Pois a autoridade é enviada por Deus para o seu bem. Mas, se você estiver fazendo algo errado, é natural que deve ter medo, pois ela terá de castigá-lo. Ela é serva de Deus, agente da justiça para castigar quem pratica o mal. Assim, vocês precisam obedecer às autoridades por duas razões: para evitar o castigo e por uma questão de consciência. Paguem também seus impostos, por essas mesmas razões. Porque as autoridades do governo estão a serviço de Deus, dedicadas a continuar a fazer essa obra. Deem a cada um o que lhe é devido; paguem seus impostos e tributos, obedeçam aos seus superiores, e honrem e respeitem a todos aqueles a quem isso for devido. Não devam nada a ninguém, exceto a dívida do amor de uns para com os outros! Se vocês amarem aos outros, estarão obedecendo a toda a Lei de Deus, e satisfazendo todas as suas exigências. Os seguintes mandamentos: “Não adultere, não mate, não roube, não cobice”, e qualquer outro mandamento, todos se resumem num só mandamento: “Ame o seu próximo como a si mesmo”. O amor não faz mal ao próximo. Essa é a razão pela qual ele satisfaz plenamente todas as exigências da Lei. Outra razão para uma vida correta é esta: Vocês sabem como já é tarde. O tempo está se escoando. Despertem do sono, pois a vinda do Senhor está mais próxima agora do que quando cremos no princípio. A noite está quase terminando e o dia logo vem. Portanto, deixemos as más obras das trevas e revistamo-nos da armadura da luz, como devem fazer os que vivem na luz do dia! Sejamos modestos e verdadeiros em tudo o que fizermos, como quem age à luz do dia, a fim de que todos possam aprovar a nossa conduta. Não gastem o tempo em festanças desenfreadas, nem em bebedeiras, ou na imoralidade sexual e depravação, não em brigas ou ciumeiras. Mas revistam-se do Senhor Jesus Cristo e não façam planos para deleitar-se nos desejos da natureza humana. Deem uma calorosa acolhida a qualquer irmão que deseje unir-se a vocês, mesmo que a sua fé seja fraca. Não o censurem por ele ter ideias diferentes das suas a respeito daquilo que está certo ou errado. Por exemplo, não discutam com ele a respeito de comer ou não carne. Pode ser que vocês creiam que não há nenhum mal nisso, porém outros têm a fé mais fraca; pensam que está errado, e não comerão carne alguma; eles preferem comer verduras a comer aquela espécie de carne. Aqueles que pensam que está certo comer esse tipo de carne não devem desprezar aqueles que não a comem. E se você faz parte daqueles que não comem, não acuse de erro aqueles que comem. Porque Deus os aceitou. Eles são servos de Deus, e não de vocês. Eles são responsáveis perante Deus, e não perante vocês. Deixem que ele lhes diga se eles estão certos ou errados. E Deus mesmo é capaz de levá-los a agir como devem. Alguns pensam que se deve observar os feriados judaicos como dias especiais para se adorar a Deus; já outros dizem que é um erro todo esse incômodo, visto que todos os dias pertencem igualmente a Deus. Em questões desse tipo, cada um deve decidir por si mesmo. Se vocês têm dias especiais para adorar ao Senhor e estão procurando honrá-lo, fazem uma boa coisa. Assim também a pessoa que come carne; ela come para o Senhor, pois dá graças a Deus. E a pessoa que não toca em tal carne também está desejosa em agradar ao Senhor, e também dá graças a Deus. Não mandamos em nós mesmos para vivermos ou morrermos como se nós mesmos pudéssemos escolher. Se vivemos, vivemos para o Senhor; se morremos, morremos para o Senhor. Assim, quer vivamos, quer morramos, somos do Senhor. Cristo morreu e ressuscitou por esta razão, para que pudesse ser Senhor tanto de vivos como de mortos. Vocês não têm nenhum direito de julgar um irmão ou olhar com desprezo para ele. Lembre-se de que cada um de nós comparecerá individualmente perante o tribunal de Deus. Porque está escrito: “Juro por mim mesmo”, diz o Senhor, “todo joelho se curvará diante de mim e toda língua confessará que sou Deus”. Assim, cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus. Assim, não julguemos mais uns aos outros. Em vez disso, procurem viver de tal modo que nunca façam um irmão tropeçar, se ele vir vocês fazerem alguma coisa que ele pensa que está errada. Quanto a mim, estou perfeitamente seguro, baseado na autoridade do Senhor Jesus, de que nenhuma comida é por si mesma impura. Entretanto, se alguém achar que isso está errado, então não deve comê-la, pois para essa pessoa ela é impura. Se um irmão ficar incomodado por causa daquilo que você come, você não estará procedendo com amor se continuar a comer. Não deixe que a sua comida faça perder-se alguém por quem Cristo morreu. Não faça nada que motive censura contra você, mesmo sabendo que aquilo que você faz está certo. Afinal de contas, o Reino de Deus não é o que comemos ou bebemos, mas sim a justiça, a paz e a alegria que vêm do Espírito Santo. Se vocês deixarem Cristo ser Senhor nessas coisas, Deus se agradará; e vocês serão aprovados pelos homens. Desta forma, tenhamos como alvo a harmonia e a edificação de uns para com os outros. Não desfaça a obra de Deus por causa da comida. Lembre-se: Não há nada errado com a carne, mas está errado comê-la se isso fizer uma outra pessoa tropeçar. A coisa certa a fazer é deixar de comer carne, ou de beber vinho, ou de fazer qualquer outra coisa que leve o seu irmão a pecar. Você pode saber que não há nada de errado na forma de crer a respeito destas coisas, mas que isso permaneça entre você e Deus. Nessa situação, feliz é o homem que não se condena quando faz aquilo que sabe que está certo. Entretanto, quando alguém acha que comer alguma coisa está errado, não deve fazê-lo. Ele peca se o fizer, pois não come com fé; e tudo o que não provém de fé é pecado. Mesmo que acreditemos que não faz diferença para o Senhor se praticarmos essas coisas, ainda assim não podemos ir adiante e praticá-las para agradarmos a nós mesmos; é preciso carregar o peso de termos consideração para com as dúvidas e temores de outras pessoas — daqueles que sentem que essas coisas estão erradas. Agrademos ao outro, e não a nós mesmos, e façamos aquilo que é para o seu bem e assim o edificaremos no Senhor. Pois Cristo também não procurou agradar a si mesmo. Tal como disse o salmista: “Os insultos daqueles que te insultam caíram sobre mim”. Essas coisas que foram registradas nas Escrituras no passado, servem para nos ensinar a paciência e para nos animar, a fim de que mantenhamos a nossa esperança. Que Deus, aquele que dá paciência e ânimo, possa ajudá-los a viver em completa harmonia uns com os outros — cada um tendo para com o outro a mesma atitude de Cristo. E, então, todos nós podemos juntos louvar ao Senhor a uma voz, dando glória a Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, acolham-se calorosamente uns aos outros, tal como Cristo os acolheu calorosamente; e então Deus será glorificado. Lembrem-se que Jesus Cristo veio para mostrar que Deus é fiel às suas promessas para os que são da circuncisão por amor à verdade de Deus, para que se cumprissem as promessas feitas aos patriarcas. E lembrem-se que ele veio também para que os gentios dessem glória a Deus pelas suas misericórdias para com eles. Isso foi o que o salmista quis dizer, quando escreveu: “Eu o louvarei entre os que não são israelitas, e cantarei ao seu nome”. E em outro lugar diz: “Regozijem-se, vocês gentios, juntamente com o seu povo”. E mais uma vez: “Louvem ao Senhor, todos vocês, gentios; que todos os povos o louvem”. E o profeta Isaías também disse: “Haverá um herdeiro na casa de Jessé, e ele será rei sobre os gentios; eles porão suas esperanças somente nele”. Que o Deus da esperança os encha de alegria e de paz, enquanto crerem nele. Oro para que vocês transbordem de esperança nele, mediante o poder do Espírito Santo. Eu sei, meus irmãos, que vocês são cheios de bondade e de sabedoria, e que conhecem essas coisas tão bem que são capazes de ensinar aos outros tudo a respeito delas. Mas mesmo assim tenho sido bastante ousado em dar ênfase a alguns destes pontos, sabendo que tudo quanto vocês precisam é esse lembrete de minha parte. Por causa da graça de Deus, eu sou um mensageiro especial da parte de Jesus Cristo a vocês, os gentios, levando-lhes o evangelho e oferecendo-os como um sacrifício aceitável a Deus, santificados pelo Espírito Santo. Assim, tenho direito de me gloriar em Cristo Jesus pelo serviço realizado a Deus. Não me atrevo a julgar quão efetivamente ele usou os outros, porém isto eu sei: Ele me usou para ganhar para Deus os gentios, pelo poder de sinais e maravilhas e por meio do poder do Espírito de Deus. Desse modo eu preguei o evangelho completo de Cristo por todo o caminho, desde Jerusalém e arredores, até o Ilírico. Entretanto, meu objetivo o tempo todo tem sido ir ainda mais longe, e pregar onde o nome de Cristo nunca foi ouvido antes, em vez de edificar sobre alicerce de outro. Tenho seguido o plano já delineado nas Escrituras, onde diz: “Aqueles que nunca ouviram falar dele o verão, e o compreenderão aqueles que não haviam ouvido falar dele”. De fato, esse é o verdadeiro motivo pelo qual tenho sido impedido de chegar até vocês. Agora, porém, estou finalmente terminando o meu trabalho aqui, e estou pronto a ir, depois de todos esses longos anos de espera. Estou planejando fazer uma viagem à Espanha, e quando for, passarei aí em Roma; e depois de termos desfrutado um pouco da companhia de vocês, vocês poderão me ajudar a ir até lá. Mas, antes de ir, eu preciso descer a Jerusalém, a serviço dos santos que vivem ali. Porque, como vocês sabem, os santos da Macedônia e da Acaia contribuíram com uma coleta para os santos de Jerusalém, que estão passando dificuldades. Eles ficaram muito contentes em fazer isso, pois sentem que têm uma verdadeira dívida para com os irmãos de Jerusalém. Por quê? Porque as notícias a respeito de Cristo lhes chegaram através da igreja de Jerusalém. Visto que os gentios receberam essa magnífica dádiva espiritual do evangelho dos judeus, sentem que o mínimo que podem fazer em retribuição é dar-lhes alguma ajuda material. Assim que tiver completado essa tarefa e tiver certeza de que eles receberam esse fruto, irei ver vocês a caminho da Espanha. E estou certo de que, quando eu for, levarei comigo muitas bênçãos do Senhor. Vocês querem ser meus companheiros de oração? Pelo amor do Senhor Jesus Cristo, e por causa do amor que vocês têm para comigo — e que lhes foi dado pelo Espírito Santo — unam-se a mim em minha luta e orem a Deus em meu favor. Orem para que lá em Jerusalém eu seja protegido daqueles que são incrédulos. Orem também para que os santos de lá se prontifiquem a aceitar o dinheiro que lhes estou levando. Então, poderei ir visitar vocês com um coração alegre pela vontade de Deus, e assim poderemos reanimar-nos mutuamente. E agora, que o nosso Deus, que concede a paz, seja com todos vocês. Amém. Febe, uma estimada irmã, serva da igreja em Cencreia, irá visitá-los em breve. Ela trabalhou arduamente naquela igreja. Recebam-na como irmã no Senhor, dando-lhe uma calorosa acolhida cristã. Ajudem-na de todos os modos que puderem, pois ela auxiliou a muitos em suas necessidades, inclusive a mim mesmo. Deem minhas saudações a Priscila e a Áqüila. Eles foram meus colaboradores nos trabalhos de Cristo Jesus. De fato, eles arriscaram suas próprias vidas por mim; e eu não sou o único a ser-lhes agradecido — todas as igrejas gentias também o são. Saúdem também a igreja que se reúne na casa deles. Saúdem meu amado irmão Epêneto. Ele foi o primeiro na Ásia a aceitar o evangelho de Cristo. Saúdem a Maria, que tanto trabalhou por vocês. Saúdem Andrônico e Júnias, meus parentes, que estiveram comigo na prisão. Eles são respeitados entre os apóstolos, tendo-se tornado servos de Cristo antes de mim. Saúdem Amplíato, meu amado irmão no Senhor. Saúdem também a Urbano, nosso colaborador em Cristo, e ao amado irmão Estáquis. Saúdem Apeles, um bom homem aprovado por Cristo. Saúdem aqueles que trabalham na casa de Aristóbulo. Saúdem Herodião, meu parente. Saúdem os irmãos no Senhor da casa de Narciso. Saudações a Trifena e Trifosa, obreiras fiéis do Senhor; e à estimada Pérside, que tanto tem trabalhado para o Senhor. Saúdem Rufo, aquele que o Senhor escolheu, e também à sua querida mãe, a qual tem sido verdadeira mãe para mim. Saúdem Asíncrito, Flegonte, Hermes, Pátrobas, Hermas, e também os irmãos que estão com eles. Saúdem Filólogo, Júlia, Nereu e sua irmã, bem como Olimpas e todos os santos que estão com eles. Saúdem uns os outros com o beijo santo. Todas as igrejas daqui enviam suas saudações a vocês. E agora tenho mais uma coisa a dizer-lhes antes de terminar esta carta. Conservem-se distantes daqueles que causam divisões e estão perturbando a fé do povo, ensinando sobre Cristo coisas que são contrárias aos ensinos que vocês receberam. Esses mestres não trabalham para nosso Senhor Jesus, mas tão somente desejam proveito para si próprios. São bons oradores e bajuladores, e gente ingênua tem sido enganada por eles muitas e muitas vezes. No entanto, todo mundo sabe que vocês continuam leais e verdadeiros. Isso na verdade me deixa muito contente. Eu quero que vocês permaneçam sempre muito seguros a respeito do que é correto, e vivam livres de qualquer mal. O Deus de paz dentro de pouco tempo esmagará Satanás debaixo dos pés de vocês. Que a graça do nosso Senhor Jesus Cristo seja com vocês. Timóteo, meu companheiro de trabalho, envia-lhes saudações, bem como Lúcio, Jasom e Sosípatro, meus parentes. Eu, Tércio, aquele que está redigindo esta carta, envio também minhas saudações no Senhor. Gaio pede que eu os saúde por ele. Sou seu hóspede, e a igreja que se reúne aqui em sua casa. Erasto, o administrador da cidade, envia-lhes saudações, e assim também Quarto, um irmão em Cristo. Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos vocês. Amém. Eu os entrego a Deus, aquele que é capaz de fazê-los fortes e firmes no Senhor, tal como diz o evangelho, e tal como eu lhes tenho falado. Este é o plano divino de salvação, conservado em segredo desde o princípio dos tempos. Agora, porém, tal como os profetas predisseram e conforme Deus ordena, esta mensagem está sendo pregada em toda parte, para que todo o povo ao redor do mundo venha a crer em Cristo e lhe obedeça. A Deus, que é o único sábio, seja a glória para todo o sempre por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém. Paulo, escolhido por Deus para ser apóstolo de Cristo, e o irmão Sóstenes, à igreja de Deus que está na cidade de Corinto, aos separados em Cristo Jesus para serem santos, juntamente com todos os que, em toda parte, invocam o nome de Jesus Cristo, Senhor deles e nosso também: Que a graça e a paz de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo estejam com vocês! Nunca deixo de agradecer ao meu Deus por vocês por causa da graça que ele tem dado a vocês por meio de Jesus Cristo. Ele os enriqueceu em tudo e os ajudou a testificar dele, e deu-lhes uma compreensão total da palavra; o que eu lhes disse que Cristo podia fazer por vocês foi confirmado entre vocês! Agora vocês desfrutam de toda a graça e todas as bênçãos, de modo que não falta nenhum dom espiritual a vocês, e vocês têm todo o poder para executar a vontade dele durante este período de espera pela volta de nosso Senhor Jesus Cristo. E ele garante, até o fim, que vocês serão considerados isentos de qualquer pecado ou culpa naquele dia quando ele voltar. Certamente Deus é fiel, e foi ele quem os convidou a essa maravilhosa comunhão com seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor. Queridos irmãos, suplico-lhes em nome do nosso Senhor Jesus Cristo que parem essas discussões entre vocês. Que haja verdadeira harmonia, a fim de que não apareçam divisões na igreja. Eu lhes imploro que tenham o mesmo modo de pensar, unidos na mente e nas intenções. Meus irmãos, alguns que moram na casa de Cloe me contaram a respeito das discussões e contendas entre vocês. Uns estão dizendo: “Eu sou seguidor de Paulo”. Outros dizem que estão do lado de Apolo ou de Pedro; e outros ainda que só eles são os verdadeiros seguidores de Cristo. Por acaso Cristo foi dividido em várias partes? Será que eu, Paulo, fui crucificado pelos seus pecados? Foram vocês batizados em nome de Paulo? Dou graças a Deus por não ter batizado nenhum de vocês, a não ser Crispo e Gaio. Porque agora ninguém pode dizer que foi batizado em meu nome. Ah, sim! Batizei a família de Estéfanas. E não me recordo de ter batizado mais alguém. Pois Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar o evangelho; e até minha pregação parece simples, pois não prego com palavras de sabedoria humana, com receio de esvaziar o poder grandioso que há na mensagem da cruz de Cristo. Sei perfeitamente bem como parece loucura, àqueles que estão perdidos, quando ouvem a mensagem da cruz. Nós, porém, que somos salvos, reconhecemos que esta mensagem é o próprio poder de Deus. Pois está escrito: “A sabedoria dos seus sábios se desvanecerá, e o entendimento dos que são instruídos será rejeitado”. Então, onde estão esses sábios, esses eruditos, esses brilhantes comentaristas das grandes questões desta era? Deus fez com que todos eles parecessem ridículos, e mostrou que a sua sabedoria é loucura. Deus, em sua sabedoria, providenciou para que o mundo nunca encontrasse a Deus através da sabedoria humana. E então ele se manifestou e salvou todos quantos creram em sua mensagem — essa mesma que o mundo considera loucura. Parece absurda para os judeus, porque eles desejam sinais miraculosos como prova de que o que está sendo pregado é verdadeiro; e é loucura para os gentios, porque eles creem somente naquilo que concorde com a sua filosofia e lhes pareça sábio. Por isso, quando pregamos o Cristo crucificado, os judeus se ofendem e os gentios afirmam que tudo isso é um disparate. Deus, porém, abriu os olhos dos que foram chamados para a salvação, tanto judeus como gentios, para verem que Cristo é o grandioso poder de Deus para salvá-los; o próprio Cristo é o centro do sábio plano de Deus para a salvação deles. Esse plano de Deus, chamado de “loucura”, é bem mais sábio do que o plano mais sábio do homem mais sábio, e a fraqueza de Deus é muito mais forte do que a força do homem. Observem entre vocês mesmos, queridos irmãos, que poucos de vocês que foram chamados eram sábios de acordo com os padrões humanos, poucos eram poderosos ou de nobre nascimento. Pelo contrário, Deus deliberadamente escolheu valer-se de ideias que o mundo considera loucura para envergonhar aqueles indivíduos que o mundo considera sábios e grandes e escolheu o que o mundo acha fraco para envergonhar o que é forte. Ele escolheu o que é insignificante e desprezado pelo mundo, e que não é levado em conta absolutamente para nada, e o utilizou para reduzir a nada aqueles que o mundo considera grandes, para que ninguém, em parte alguma, se vanglorie na presença de Deus. Porque é exclusivamente por iniciativa de Deus que vocês têm essa vida por meio de Cristo Jesus. Jesus se tornou sabedoria de Deus para nós, ou seja, justiça, santidade e salvação. Tal como se diz nas Escrituras: “Se alguém quiser se gloriar, que se glorie somente no Senhor”. Queridos irmãos, mesmo quando estive com vocês, não usei palavras eloquentes nem de grande sabedoria para lhes apresentar o mistério de Deus. Porque decidi nada saber entre vocês, a não ser Jesus Cristo e de sua morte na cruz. Fui até vocês em fraqueza, temor, e muito trêmulo, e a mensagem e minha pregação foram muito simples, não com oratória persuasiva e sabedoria humana; entretanto, o poder do Espírito estava em minhas palavras, provando a todos quantos as ouviram que a mensagem vinha de Deus. Fiz isso, porque desejava que vocês tivessem a sua fé firmemente baseada no poder de Deus, e não na sabedoria humana. Contudo, quando estou entre servos de Cristo já maduros, falo com palavras de grande sabedoria, porém não aquela sabedoria que é daqui da terra, nem aquela sabedoria que apela para os grandes homens deste mundo, que estão condenados a perecer. Ao contrário, nossas palavras são sábias, porque vêm de Deus, descrevendo o sábio plano de Deus para nos levar às glórias do céu. Esse plano estava oculto em tempos passados, embora tivesse sido preparado para nosso benefício antes do princípio do mundo. Entretanto, os poderosos homens do mundo não o compreenderam; se tivessem compreendido, nunca teriam crucificado o Senhor da glória. Este é o significado das Escrituras: “Olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, nem jamais o coração do homem percebeu, as coisas maravilhosas que Deus preparou para aqueles que amam o Senhor”. Nós, porém, sabemos dessas coisas, porque Deus enviou seu Espírito para as revelar a nós. O seu Espírito investiga todas as coisas, até mesmo os segredos mais profundos de Deus. Ninguém, na verdade, pode saber o que outra pessoa está pensando, ou como ela é na realidade, exceto a própria pessoa. E ninguém pode conhecer os pensamentos de Deus, a não ser o próprio Espírito de Deus. Nós, porém, não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito enviado por Deus, para que possamos entender os admiráveis dons de graça e bênção concedidos por Deus a nós. Ao falar a vocês acerca desses dons, temos empregado as próprias palavras que nos foram dadas pelo Espírito, e não palavras ensinadas pela sabedoria humana. Assim explicamos as verdades espirituais aos que são espirituais. Entretanto, o homem que não tem o Espírito não pode entender nem aceitar esses pensamentos que nos são ensinados pelo Espírito de Deus. Parecem-lhe loucura, porque só aqueles que têm o Espírito Santo em si mesmos é que podem compreender o que só pode ser entendido de maneira espiritual. O homem espiritual, porém, tem a percepção de todas as coisas, e isso incomoda e confunde o homem do mundo, que não pode de maneira nenhuma entender o homem espiritual, pois “Quem conheceu a mente do Senhor? Quem poderia ensinar alguma coisa ou dar conselhos a ele?” Mas nós possuímos efetivamente a mente de Cristo. Queridos irmãos, estou-lhes falando como se vocês ainda fossem apenas criancinhas, que não estão seguindo ao Senhor como deveriam, mas os seus próprios desejos; não posso falar-lhes como falaria a homens fortes, cheios do Espírito. Eu os tenho nutrido com leite, e não alimento sólido, pois vocês não podiam digerir nada mais forte. E mesmo agora vocês ainda precisam ser alimentados com leite. Vocês ainda são homens de primeira infância, controlados por seus próprios desejos e não pelos de Deus. Quando vocês sentem inveja uns dos outros e se dividem em grupos que guerreiam entre si, isso não é uma prova de que vocês ainda são crianças que só querem fazer a sua própria vontade? Pois se entre vocês há pessoas que dizem: “Eu sou de Paulo”, ou: “Eu sou de Apolo”, estão agindo como pessoas mundanas. Afinal de contas, quem é Apolo? Quem é Paulo? Ora, nós somos apenas servos de Deus. E com nossa ajuda é que vocês vieram a crer, conforme o ministério que o Senhor deu a cada um de nós. Meu trabalho foi o de plantar, o de Apolo foi regar, porém foi Deus, e não nós, quem fez crescer. De modo que a pessoa que planta ou rega não é muito importante, mas sim Deus é que é importante, porquanto é ele que realiza o crescimento. O que planta e o que rega têm o mesmo alvo, e cada um será recompensado pelo trabalho que cada um realizou. Pois somos apenas colaboradores de Deus. Vocês são lavoura de Deus e edifício de Deus. Deus, em sua graça, ensinou-me a ser um construtor sábio. Eu assentei o alicerce e outro construiu sobre ele. Entretanto, aquele que constrói sobre o alicerce precisa tomar muito cuidado como constrói. Porque ninguém pode colocar qualquer outro alicerce além do que já está posto, que é Jesus Cristo. No entanto, existem vários tipos de materiais que podem ser usados para construir sobre esse alicerce. Alguns usam ouro, prata e pedras preciosas; e outros constroem com madeira, com feno e até mesmo com palha! Está prestes a chegar um tempo de prova, no Dia de Cristo, para verificar que tipo de material cada construtor usou. O trabalho de cada um será provado pelo fogo, para que todos possam ver se ele conserva seu valor ou não, e o que verdadeiramente foi realizado. Então, todo construtor que edificou sobre o alicerce com materiais certos, cujo trabalho permanecer, esse receberá a sua recompensa. Entretanto, se o que alguém construiu queimar-se, ele terá um grande prejuízo. Ele mesmo será salvo, mas como um homem fugindo através duma barreira de chamas. Vocês não compreendem que todos juntos são a casa de Deus, e que o Espírito de Deus vive em vocês, em sua casa? Se alguém desonrar e estragar a casa de Deus, Deus o destruirá. Porque a casa de Deus é santa e limpa, e vocês são essa casa. Deixem de enganar-se a si mesmos. Se você pensa que é sábio, conforme os padrões deste mundo, faria melhor se pusesse tudo de lado e se tornasse um louco, para que se torne sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura para Deus. Tal como está escrito: “Deus apanha os sábios na astúcia deles”. E também: “O Senhor conhece os pensamentos do homem, e sabe que eles não passam de ilusão!” Portanto, não tenham orgulho de seguir os homens sábios deste mundo. Porque Deus já lhes deu tudo quanto vocês precisam. Ele deu-lhes Paulo, Apolo e Pedro para ajudá-los. Ele deu-lhes o mundo inteiro para usarem, a vida, a morte, o presente e o futuro. Tudo é de vocês, e vocês são de Cristo, e Cristo de Deus. Assim, eu e Apolo devemos ser considerados como servos de Cristo encarregados da realização dos mistérios de Deus. Agora, a coisa mais importante a respeito de um servo é que seja fiel ao seu Senhor. E quanto a mim? Tenho sido um bom servo? Bem, não me preocupa o que vocês pensem disso, ou o que qualquer outra pessoa pense. Na verdade, nem eu julgo a mim mesmo. Minha consciência está limpa, mas mesmo isso não é a prova final. É o Senhor quem me julga. Assim, tenham cuidado de não tirarem conclusões apressadas, antes da volta do Senhor. Quando o Senhor voltar, derramará luz sobre o que está oculto nas trevas e mostrará as intenções do coração. Então todos saberão com que intenção temos feito a obra do Senhor. Naquele momento cada um receberá a aprovação de Deus que merecer. Usei Apolo e a mim mesmo como exemplos, para ilustrar o que lhes digo: que vocês não devem ter preferências pessoais. Dentre aqueles que lhes ensinam a respeito de Deus, vocês não devem orgulhar-se mais por uma pessoa do que por outra. Que é que faz vocês superiores a qualquer outra pessoa? Que é que vocês têm que Deus não lhes tenha dado? E, se tudo quanto vocês têm vem de Deus, por que proceder como se fossem tão grandes e como se tivessem realizado algo por si mesmos? Parece que vocês pensam que já têm tudo que precisam. Já são ricos! Vocês já se tornaram reis, deixando-nos para trás! Eu gostaria que, na realidade, vocês já estivessem em seus tronos, pois quando aquele momento chegar, podem estar certos de que nós também estaremos lá, reinando com vocês. Por vezes penso que Deus nos colocou a nós, os apóstolos, em último lugar, como prisioneiros prestes a ser executados, postos como espetáculo para o mundo, tanto diante de anjos como de homens. Por causa de Cristo nós somos loucos, mas, sem dúvida, vocês todos são sensatos! Nós somos fracos, mas vocês são fortes! Vocês são bem considerados, e nós, desprezados. Até este momento temos passado fome e sede, sem roupas suficientes para nos aquecermos. Temos sido tratados brutalmente, sem um lar que nos pertença. Temos trabalhado sem descanso com nossas próprias mãos, a fim de ganhar a vida. Temos abençoado aqueles que nos amaldiçoaram. Temos sido pacientes com aqueles que nos perseguem. Temos respondido com mansidão quando se diziam coisas más a nosso respeito que não eram verdade. Até agora, somos como a sujeira debaixo dos pés, como lixo do mundo. Não lhes estou escrevendo sobre essas coisas para envergonhá-los, mas para advertir e aconselhá-los como a filhos amados. Ainda que vocês possam ter dez mil outros tutores para ensiná-los a respeito de Cristo, lembrem-se que vocês não têm muitos pais. Porque fui eu que os gerei por meio do evangelho, em Cristo Jesus. Portanto, suplico-lhes que sejam meus imitadores. É exatamente por esta razão que eu lhes estou enviando Timóteo. Ele é meu filho amado e fiel no Senhor. Ele recordará a vocês a maneira de viver em Cristo Jesus, segundo o que eu ensino em todas as igrejas, em qualquer lugar aonde eu vou. Eu sei que alguns de vocês se tornaram arrogantes, como se eu não fosse mais visitá-los. Porém eu irei, e dentro em breve, se o Senhor me permitir; então verei não apenas o que esses homens arrogantes estão falando, mas que poder eles têm. Pois o reino de Deus não consiste em palavras; mas em poder. O que é que vocês escolhem? Querem que eu vá com vara, ou querem que eu vá com amor e espírito de mansidão e bondade? Por toda parte estão falando que há imoralidade entre vocês, algo tão pecaminoso que nem mesmo os pagãos o fazem. É que vocês ainda conservam em sua igreja um homem que está vivendo em pecado com a mulher do seu próprio pai. E vocês ainda são tão presunçosos? Por que não estão se lamentando em tristeza e vergonha, e se apressando em expulsar esse homem da comunhão de vocês? Embora eu não esteja aí com vocês fisicamente, estou com vocês em espírito, e em nome do Senhor Jesus Cristo já condenei aquele que fez isso, como se aí estivesse. Quando vocês estiverem reunidos em nome do nosso Senhor Jesus, e eu também estarei aí em espírito, estando presente o poder de nosso Senhor Jesus Cristo, entreguem esse homem a Satanás, para que o corpo seja destruído, na esperança de que o seu espírito seja salvo no Dia do Senhor. Que coisa terrível o orgulho de vocês! Vocês não sabem que um pouco de fermento fermenta toda a massa? Livrem-se do fermento velho, para que vocês sejam massa nova e sem fermento, como vocês de fato são. Pois Cristo, o Cordeiro de Deus, foi sacrificado por nós. Portanto, celebremos a festa com esse Cordeiro, não com fermento velho, nem com o fermento da maldade e da imoralidade. Em seu lugar, festejemos com os pães sem fermento, com o pão puro da honra, da sinceridade e da verdade. Quando lhes escrevi por carta, pedi que vocês não se misturassem com pessoas imorais. Porém, quando eu disse isso, não estava falando de descrentes que vivem em pecados sexuais, ou são trapaceiros gananciosos, ou ladrões, ou adoradores de ídolos. Porque se assim fosse, vocês precisariam sair deste mundo. O que eu queria dizer era que vocês não devem fazer companhia a ninguém que se diz irmão em Cristo, porém está envolvido em pecados sexuais, ou é ganancioso, ou adora ídolos, ou é um bêbado, ou um ladrão. Nem ao menos comam com alguém assim. Não é de nossa responsabilidade julgar os de fora da igreja. Mas não há dúvida de que é nossa obrigação julgar e tratar com rigor aqueles que são membros da igreja e estão pecando nessas coisas. Só Deus é o juiz daqueles que estão de fora. Expulsem do meio de vocês esse homem imoral. Se algum de vocês tem alguma coisa contra outro irmão, como se atreve a ir à justiça e pedir a um tribunal pagão que decida a questão, em vez de levá-la aos santos para decidirem quem de vocês está certo? Vocês não sabem que os santos irão julgar o mundo? Assim sendo, se vocês vão julgar o mundo, por que é que não podem decidir nem mesmo essas causas menores, sem importância, entre vocês? Vocês não sabem que nós, os santos, julgaremos até mesmo os anjos? Portanto, vocês deveriam ser capazes de resolver seus problemas aqui na terra com toda a facilidade. Por que, então, ir a juízes de fora que nem mesmo são da igreja para resolver uma questão entre irmãos? Estou tentando dizer isso para vocês sentirem vergonha. Por acaso não existe ninguém, em toda a igreja, que seja bastante sábio para resolver essas disputas? Mas, em vez disso, um irmão processa o outro e acusa o seu irmão em Cristo diante de descrentes! Só o fato de existirem tais questões entre vocês já significa uma verdadeira derrota para vocês como servos de Cristo. Por que não sofrer a injustiça? Seria muitíssimo mais honroso para o Senhor que vocês sofressem o prejuízo. Em vez disso, vocês mesmos são os que erram, causando injustiças e prejuízos a outros, e isso contra seus próprios irmãos. Vocês não sabem que os que fazem tais coisas não têm parte no reino de Deus? Não se enganem a si próprios. Os imorais, os adoradores de ídolos, os adúlteros ou os homossexuais, os efeminados, os ladrões, os gananciosos, os bêbados, os caluniadores e os salteadores não terão parte no Reino de Deus. Houve tempo quando alguns de vocês eram exatamente isso, porém agora seus pecados foram lavados; vocês foram santificados e justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus. “Posso fazer qualquer coisa que eu quiser”, mas algumas dessas coisas não são boas para mim. Mesmo que me seja permitido fazê-las, eu recusarei, se achar que elas terão um domínio sobre mim que não poderei facilmente deixar quando quiser. Por exemplo, tomemos a questão da comida. Deus nos deu apetite pelo alimento e estômago para digeri-lo. Não pensem no comer como uma coisa importante, pois dia virá quando Deus acabará tanto com o estômago quanto com o alimento. Já a imoralidade sexual nunca está certa: Nossos corpos não foram feitos para isso, mas sim para o Senhor, e o Senhor deseja ser o dono do nosso corpo. E Deus, pelo seu poder, ressuscitará os nossos corpos dentre os mortos, tal como ressuscitou o Senhor. Vocês não sabem que os seus corpos são, na realidade, membros de Cristo? Assim, poderia eu ser membro de Cristo e unir-me a uma prostituta? De maneira nenhuma! Vocês não sabem que, se um homem se unir a uma prostituta, é um corpo com ela? Porque está escrito: “Os dois se tornam uma só pessoa”. Entretanto, se vocês se unem ao Senhor, vocês se tornam um espírito com ele. Eis por que eu digo: Fujam da imoralidade sexual. Nenhum outro pecado atinge o corpo como este. Quando vocês cometem este pecado, é contra o seu próprio corpo que vocês estão pecando. Será que vocês não sabem que o seu corpo é a morada do Espírito Santo que Deus lhes deu? Seu próprio corpo não lhes pertence. Porque Deus comprou vocês por preço elevado. Portanto, glorifiquem a Deus com o seu corpo. Agora, meu irmãos, vou tratar das perguntas que vocês fizeram na última carta. É bom que o homem não toque em mulher. Geralmente, porém, é melhor ser casado, todo homem tendo sua própria esposa, e cada mulher tendo seu próprio marido, por causa da imoralidade. O marido deve cumprir os seus deveres conjugais em relação à sua esposa, e a esposa deve fazer o mesmo com o seu marido, pois a mulher que se casa não tem mais autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim o seu marido. E, do mesmo modo, o marido não tem mais autoridade sobre o próprio corpo, mas sim a sua esposa. Portanto, não se recusem um ao outro. A única exceção a essa regra seria o acordo entre marido e mulher para se absterem de ter relações sexuais por tempo limitado, a fim de que possam dedicar-se à oração. Depois disso, eles devem unir-se novamente, tendo relações, para que Satanás não possa tentá-los por causa da sua falta de domínio próprio. Não estou dizendo que vocês precisam se casar; é certo que poderão, se assim o quiserem. Mas isto não é um mandamento. Eu gostaria que todos os homens ficassem sem casar, tal como eu. Mas não somos todos iguais. Deus dá um dom a cada um: um tem este dom, o outro aquele. Digo, porém, àqueles que não são casados, e às viúvas — é melhor que fiquem sem se casar, assim como eu. Entretanto, se não puderem controlar-se, sigam adiante e casem-se. É melhor casar-se do que arder em desejo. Agora, para aqueles que são casados, eu tenho uma ordem que é do Senhor. A esposa não deve se separar do marido. Entretanto, se ela se separar dele, que permaneça sem se casar, ou então volte para ele novamente. E o marido não deve divorciar-se da esposa. Agora eu mesmo quero dar orientações sobre assuntos que o Senhor, enquanto esteve aqui, não tratou. Se um irmão tiver uma esposa descrente e ela quiser ficar com ele assim mesmo, ele não deve deixá-la nem divorciar-se dela. E se uma mulher tiver um marido incrédulo, caso ele queira que ela permaneça com ele, ela não deve deixá-lo nem se divorciar dele. Porque o marido incrédulo é santificado por meio da mulher. E a esposa incrédula é santificada por meio do marido. Do contrário, os filhos seriam impuros, mas agora são santos. No entanto, se o marido ou a esposa incrédula se separar, que se separe. Em tais casos, o irmão ou a irmã não deve insistir que o outro fique, pois Deus nos chama para vivermos em paz e harmonia. Esposa, como você poderá ter certeza de que seu marido se converterá? Ou você, marido, como você poderá ter certeza se a sua esposa se converterá? Mas, ao decidir tais assuntos, tenham certeza de que vocês estão vivendo como Deus planejou, casando-se ou não se casando, de acordo com a direção divina, e aceitando a situação em que Deus os colocar. Este é o meu critério para todas as igrejas. Por exemplo, um homem que já passou pelo rito judaico da circuncisão antes de se converter não deve se preocupar com isso; e se não foi circuncidado, não deve fazê-lo agora. Porque não faz diferença alguma se um santo passou pela circuncisão ou não. Entretanto, faz muita diferença se ele está agradando a Deus e guardando os mandamentos de Deus. De modo geral, uma pessoa deve continuar na condição em que estava quando Deus a chamou. Você é escravo? Não deixe que isso o atormente — mas, naturalmente, se lhe vier a oportunidade de ficar livre, aproveite-a. Se o Senhor o chamou sendo escravo, lembre-se que você é um homem livre que pertence ao Senhor. Semelhantemente, aquele que era livre quando foi chamado por Cristo é escravo de Cristo. Vocês foram comprados por um preço alto; portanto, vocês pertencem a ele. Não se tornem escravos de seres humanos. Portanto, queridos irmãos, em qualquer situação em que alguém estiver quando se tornar servo de Cristo, que fique como estava quando foi chamado por Deus. Agora, procurarei responder à outra pergunta de vocês. E as moças solteiras? Devem permitir-lhes que se casem? Não tenho um mandamento especial para elas, da parte do Senhor. Entretanto, em sua bondade, o Senhor me deu sabedoria na qual se pode confiar, e eu terei prazer em dizer-lhes o que penso. Nós, os servos de Cristo, estamos enfrentando grandes perigos, neste momento. Em tempos como este eu penso que é melhor para uma pessoa que continue solteira. Naturalmente, se você já estiver casado, não procure se separar. Mas se você é solteiro? Então não procure esposa. Entretanto, se você, homem, decidir-se casar agora, está bem, não comete pecado; e se uma moça virgem casar-se agora, está bem, não comete pecado. Contudo, o casamento trará outros problemas dos quais eu gostaria de poupá-los. Irmãos, a coisa importante é lembrar que o tempo que ainda nos resta é muito curto. Por esta razão, aqueles que têm esposa devem viver como se não tivessem. Os que choram, como se não estivessem chorando; os que estão felizes, como se não estivessem; os que compram, como se não fosse deles o que compraram; os que tratam de coisas deste mundo, como se não estivessem ocupadas com elas. Porque o mundo, em sua forma atual, bem depressa se acabará. Em tudo quanto vocês fizerem, eu gostaria de vê-los livres de preocupação. Um homem solteiro pode gastar seu tempo ocupado com a obra do Senhor e pensando no modo de agradá-lo. Mas um homem casado não pode fazer isso tão bem; ele precisa pensar em suas responsabilidades aqui na terra e em como agradar a sua esposa. Seus interesses estão divididos. O mesmo acontece com uma jovem que se casa. Ela enfrenta o mesmo problema. Uma jovem não casada está ansiosa por agradar ao Senhor em tudo quanto ela é e faz. Uma mulher casada, porém, precisa considerar outras coisas deste mundo, em agradar seu marido. Digo-lhes isto para ajudá-los e não para impedi-los de casar. Quero que façam tudo quanto venha a ajudá-los a melhor servir ao Senhor, tendo o mínimo possível de outras coisas para distrair sua atenção e consagrar-se plenamente ao Senhor. Se alguém sentir que está agindo de forma indevida diante da moça, que ela está passando da idade, achando que deve se casar, faça o que achar melhor. Que se case. Não é pecado. Mas se um homem tem força de vontade para não casar-se e decidir que ele não precisa fazê-lo e não o faz, tomou uma sábia decisão. Portanto, a pessoa que se casa faz bem e a que não se casa faz melhor ainda. A esposa está ligada ao marido enquanto este viver; se o esposo morrer, ela então poderá casar-se novamente, mas somente se ela se casar com um servo de Cristo. Mas na minha opinião ela será mais feliz se não se casar de novo; e eu penso que estou dando a vocês um conselho da parte do Espírito de Deus quando digo isso. A seguir vem a pergunta de vocês a respeito de comer alimentos que foram sacrificados aos ídolos. Quanto a esse assunto, cada um acha que a sua resposta é a certa! Porém esse tipo de conhecimento traz orgulho, mas o amor edifica. Se alguém pensa que sabe todas as respostas, está apenas mostrando sua própria ignorância. Aquele, porém, que verdadeiramente ama a Deus, esse é conhecido por ele. Então, o que dizer sobre isso? Devemos comer carne sacrificada aos ídolos? Ora, todos sabemos que um ídolo representa uma coisa que realmente não existe, e que há um único Deus e nenhum outro. De acordo com algumas pessoas, há os chamados deuses, tanto no céu como na terra. Nós, porém, sabemos que há um só Deus, o Pai que criou todas as coisas e nos fez para que fôssemos dele; e um só Senhor, Jesus Cristo, que fez todas as coisas e por meio de quem vivemos. Contudo, alguns santos não compreendem isso. Foram acostumados a pensar nos ídolos como se tivessem vida, e que a comida oferecida a eles foi oferecida a deuses verdadeiros. Assim, quando comem essa comida, a sua consciência é fraca e fica contaminada. Lembrem-se tão somente que Deus não se importa se comemos isso ou não. Não ficaremos piores se não o comermos, nem melhores se o comermos. Tenham cuidado, entretanto, de não usarem sua liberdade a fim de se tornarem pedra de tropeço para os fracos. Vejam, é isto o que pode acontecer: Alguém que pensa que está errado comer desse alimento vê vocês comendo à mesa de um templo de um ídolo, pois vocês sabem que não há nenhum mal nisso. Então ele terá bastante coragem para também fazer o mesmo. Entretanto, durante todo o tempo ele ainda sentirá que isso está errado. Assim, porque vocês imaginam saber o que é certo, serão responsáveis por causar um grave dano espiritual a um irmão cuja consciência é sensível, e por quem Cristo morreu. E pecar contra seu irmão, encorajando-o a fazer algo que ele pensa que está errado, é um pecado contra Cristo. Portanto, se comer carne oferecida a ídolos fizer meu irmão pecar, não comerei mais carne, porque não quero fazer meu irmão tropeçar. Não sou livre? Não sou um apóstolo? Não sou alguém que realmente viu Jesus, nosso Senhor, com os próprios olhos? E as vidas transformadas de vocês não são o resultado do meu árduo trabalho para Deus? Se na opinião de outros eu não sou apóstolo, certamente o sou para vocês, pois vocês foram ganhos para Cristo por meu intermédio. Esta é a minha resposta àqueles que questionam os meus direitos. Ou será que eu não tenho direito algum? Será que não posso pretender o mesmo privilégio dos outros apóstolos, o de ser hóspede na casa de vocês e comer e beber? Se eu tivesse uma esposa, eu não poderia levá-la nas minhas viagens, tal como fazem os outros apóstolos, e como fazem os irmãos do Senhor e Pedro? Será que só eu e Barnabé devemos continuar a trabalhar para nosso sustento? Qual o soldado no exército que tem de pagar suas próprias despesas? Vocês já ouviram falar de alguém que planta uma vinha e não tenha direito de comer do seu fruto? Qual o pastor que toma conta de um rebanho e não tem o direito de tomar do seu leite? Não estou simplesmente citando as opiniões dos homens quanto ao que está certo. Estou-lhes dizendo o que a Lei de Deus diz. Na Lei de Moisés está escrito: “Não amordacem a boca do boi quando estiver debulhando o cereal”. Vocês acham que Deus estava pensando só nos bois quando disse isso? Será que ele não estava pensando em nós também? Naturalmente que sim. Ele disse isso porque aqueles que aram e debulham devem esperar receber sua parte da colheita. Nós temos plantado boa semente espiritual entre vocês. Seria demais recebermos de vocês alguma recompensa material? Vocês dão isso aos outros que pregam a vocês, e é justo. Mas será que nós não temos muito mais direito do que eles? No entanto, nunca usamos tal direito, mas suprimos as nossas próprias necessidades sem a ajuda de vocês. Nunca exigimos pagamento de qualquer espécie para não colocar obstáculo algum ao evangelho de Cristo. Vocês não sabem que Deus disse aos que trabalhavam no templo que dos alimentos levados ali como ofertas a ele tirassem uma parte para o seu próprio alimento? E os que servem diante do altar recebem uma parte do alimento que é levado ali por aqueles que o oferecem ao Senhor. Do mesmo modo, o Senhor deu ordens para que aqueles que pregam o evangelho sejam sustentados pelo evangelho. Contudo, eu não tenho usado nenhum desses direitos. E não lhes escrevo isso para insinuar que estou exigindo esses direitos para mim mesmo. De fato, eu preferiria morrer a perder a satisfação que encontro em pregar a vocês sem cobrar nada. Contudo, pregar o evangelho não é nenhum mérito especial para mim — eu não poderia deixar de pregá-lo mesmo que o quisesse. Eu seria completamente infeliz. Ai de mim se não o fizer! Se eu estivesse oferecendo voluntariamente meus serviços de minha própria e espontânea vontade, então o Senhor me daria uma recompensa especial; essa, porém, não é a situação, pois Deus me escolheu e me impôs este dever sagrado, e assim não tenho escolha. Nesse caso, qual é a minha recompensa? É a alegria especial que eu obtenho ao pregar o evangelho sem despesas para ninguém, e nunca exigindo os meus direitos. E isso tem uma real vantagem: Embora seja livre de todos, fiz-me escravo de todos a fim de ganhar o maior número possível de pessoas. Quando estou com os judeus, vivo como judeu, para que eles ouçam o evangelho e eu possa ganhá-los para Cristo. Quando estou entre os que estão debaixo da Lei, não discuto com eles, embora não concorde, porque desejo ganhá-los. Quando estou com os que estão sem lei, concordo com eles tanto quanto possível, com a exceção naturalmente de que, como servo de Cristo, eu devo fazer sempre o que é correto. E assim, concordando com eles, posso ganhá-los também. Quando estou com aqueles cuja consciência é fraca, torno-me fraco. Sim, qualquer que seja o tipo de pessoa, eu procuro achar um terreno comum com ela, para que me permita falar-lhe de Cristo e eu possa salvar alguns. Faço isso para levar o evangelho a eles e também pela bênção que eu recebo quando os vejo vir a Cristo. Numa corrida todos correm, porém só uma pessoa ganha o prêmio. Portanto, disputem sua corrida para ganhar o prêmio. Para vencer a competição vocês precisam renunciar a muitas coisas que os impediriam de fazer o melhor que podem. Um atleta faz todo esse sacrifício só para obter uma coroa que não dura muito, porém nós o fazemos para obter uma coroa que dura para sempre. Portanto, eu corro direto para o alvo, com esse propósito em cada passo. Quando luto, não luto como quem esmurra o ar. Eu castigo o meu corpo como um atleta faz, tratando-o com dureza, como o meu escravo. De outro modo, eu temo que, depois de ter pregado aos outros, eu mesmo seja reprovado. Nunca devemos esquecer, amados irmãos, aquilo que aconteceu ao nosso povo no deserto, há muito tempo. Deus os guiou enviando uma nuvem que se movia à frente deles. Assim, ele os levou em segurança através do mar. Isso poderia ser chamado seu batismo — batizados tanto no mar como na nuvem! — como seguidores de Moisés, representando sua submissão a ele como seu líder. E, por um milagre, todos comeram da mesma comida espiritual e beberam da mesma bebida espiritual; pois eles beberam da rocha espiritual que os acompanhava. Cristo estava lá com eles, como uma rocha espiritual. Entretanto, depois de tudo isso, Deus não se agradou da maioria deles, por isso os seus corpos foram espalhados pelo deserto. Com essa lição somos advertidos de que não devemos desejar coisas más, como eles fizeram, nem adorar ídolos, como alguns deles adoraram. As Escrituras nos dizem que “o povo se sentou para comer e beber e depois se levantou para dançar”. Não pratiquemos a imoralidade sexual, como alguns deles fizeram e 23.000 caíram mortos num só dia. E não ponham o Senhor à prova, como alguns deles fizeram e foram mortos pelas cobras. Não se queixem como fizeram alguns deles; porque foi por isso que Deus enviou seu anjo destruidor. Todas essas coisas sucederam a eles como exemplos, como lições objetivas para nós, a fim de advertir-nos contra a prática das mesmas coisas; foram escritas para que sirvam de aviso para nós. Pois os tempos estão chegando ao fim. Portanto, tenham cuidado. Se você está pensando: “Eu nunca faria uma coisa dessas”, que isso lhe sirva de advertência. Porque você também pode cair em pecado. Lembrem-se que as tentações que vocês têm de enfrentar são as mesmas que os outros enfrentam. E nenhuma tentação é irresistível. Vocês podem confiar que Deus impedirá que a tentação se torne tão forte que não a possam enfrentar, visto que ele assim prometeu e cumprirá o que diz. Deus dará a vocês forças para suportá-la. Portanto, meus queridos amigos, evitem cuidadosamente prestar adoração a ídolos de qualquer espécie. Vocês são pessoas inteligentes. Julguem e vejam por si mesmos se não é verdade o que eu agora vou dizer. Quando pedimos a bênção do Senhor quanto ao que bebemos do cálice de vinho à mesa do Senhor, isto significa que todos quantos bebem dele estão participando juntos da bênção do sangue de Cristo. E quando partimos os pedaços de pão para comer juntos ali, isso mostra que estamos participando conjuntamente do corpo de Cristo. Não importa quantos somos, todos nós comemos do mesmo pão, mostrando assim que todos somos partes de um só corpo. E, entre o povo de Israel, todos os que comem dos sacrifícios tomam parte no altar. Que é que estou procurando dizer? Estou acaso dizendo que os ídolos, a quem os pagãos levam sacrifícios, são alguma coisa? Ou que esses sacrifícios têm algum valor? Não, absolutamente. O que estou dizendo é que aqueles que oferecem alimentos a esses ídolos estão unidos no sacrifício aos demônios, e não a Deus, certamente. Não desejo que nenhum de vocês seja participante com os demônios ao comer, junto com os pagãos, da mesma comida que foi oferecida aos ídolos. Vocês não podem beber do cálice à mesa do Senhor e também à mesa dos demônios. Não podem comer pão tanto à mesa do Senhor como à mesa dos demônios. Vocês estão provocando o Senhor a irar-se contra vocês? Será que vocês são mais fortes do que ele? Certamente vocês são livres para comer alimentos oferecidos aos ídolos, se assim o quiserem; não é contra a lei de Deus comer tal carne, porém isso não significa que vocês deveriam comê-los. Pode ser perfeitamente legal, mas pode não ser a melhor coisa ou a coisa mais edificante. Não pensem só em si mesmos. Procurem pensar no seu semelhante também e no que é melhor para ele. Eis o que vocês devem fazer: Comam tudo o que for vendido no mercado. Não perguntem se a carne foi oferecida aos ídolos ou não, por causa da consciência de vocês. Porque “do Senhor é a terra e todas as boas coisas que nela existem”. Se um incrédulo convidá-los para uma refeição, vão, aceitem o convite, se assim o desejarem. Comam de tudo quanto estiver sobre a mesa, porém não perguntem nada por causa da consciência. Entretanto, se alguém avisar-lhes que essa carne foi oferecida aos ídolos, então não a comam, por causa do homem que lhes disse isso e por causa da consciência. Isto é, da consciência dele e não da sua. Pois por que a minha liberdade deveria ser julgada pela consciência do outro? Se eu posso agradecer a Deus pelo alimento e saboreá-lo, por que devo ser condenado só porque outro pensa que eu estou errado? Portanto, quando vocês comem ou bebem ou fazem uma outra coisa qualquer, vocês devem fazer tudo para a glória de Deus. Portanto, não sejam motivo de tropeço para ninguém, quer sejam eles judeus, gentios ou a igreja de Deus. Esse é o plano que eu também sigo. Procuro agradar a todos em tudo quanto faço, não fazendo aquilo que gosto, mas o que é melhor para muitos, a fim de que possam ser salvos. Sigam o meu exemplo, como eu sigo o de Cristo. Estou muito contente, amados irmãos, porque vocês têm-se lembrado de mim e têm feito tudo quanto eu lhes ensinei. Entretanto, há um assunto acerca do qual quero lembrá-los: Que Cristo tem autoridade sobre todo o marido, que o marido tem autoridade sobre a esposa e que Deus tem autoridade sobre Cristo. Se um homem recusar-se a descobrir a sua cabeça enquanto está orando ou profetizando, desrespeita a sua cabeça. Se uma mulher que ora ou profetiza publicamente sem que sua cabeça esteja coberta, desrespeita a sua cabeça. Nesse caso, não há diferença entre ela e a mulher que está com a cabeça rapada. Se ela se recusa a cobrir a cabeça, neste caso ela também deve rapar o cabelo. E se é vergonhoso para uma mulher ter a cabeça rapada, então deve cobri-la. Um homem, porém, não deve cobrir a cabeça, porque ele é a imagem e glória de Deus, e a glória do homem é a mulher. O homem não veio da mulher, e sim a mulher veio do homem. O homem não foi feito por causa da mulher, e sim a mulher por causa do homem. Assim, por causa dos anjos, uma mulher deve cobrir a cabeça como sinal de que está sob autoridade. Lembrem-se, porém, que no plano do Senhor o homem e a mulher precisam um do outro. Eles não são independentes. Pois assim como a mulher veio do homem, também o homem nasce da mulher, e tanto os homens como as mulheres vêm de Deus, seu Criador. Julguem entre vocês mesmos: Está certo uma mulher orar em público sem cobrir a cabeça? O próprio instinto não nos ensina que é uma desonra para o homem ter o cabelo comprido? Mas as mulheres sentem orgulho do seu cabelo comprido. Pois o cabelo comprido lhe foi dado como véu. Entretanto, se alguém deseja questionar a esse respeito, tudo o que posso dizer é que nunca ensinamos mais do que isso a esse respeito. E todas as igrejas de Deus pensam da mesma maneira. A seguir, vem outra coisa com que não posso concordar. Parece que quando vocês se reúnem para os cultos de comunhão, eles fazem mais mal do que bem. Tenho ouvido da discussão que ocorre durante as suas reuniões, e das divisões que surgem entre vocês, e eu posso realmente crer nisso. Mas suponho que isso seja necessário, para que sejam conhecidos quais dentre vocês são aprovados por Deus! Quando vocês se reúnem para comer, não é a Ceia do Senhor que estão comendo, mas sim a ceia de vocês mesmos, sem esperar para repartir com os outros, de tal maneira que um não consegue obter o suficiente e sai com fome, enquanto o outro fica embriagado. Isso realmente é verdade? Vocês não podem comer e beber em casa, para evitar desmoralização para a igreja de Deus e para não humilhar aqueles que são pobres e não têm o suficiente? O que vocês esperam que eu diga a respeito dessas coisas? Ora, é claro que não vou elogiá-los! Pois isto é o que o próprio Senhor disse com relação à sua mesa, e que eu antes já lhes havia transmitido: Que na noite em que o Senhor Jesus foi traído, ele tomou o pão, e, depois de haver agradecido a Deus, partiu-o e o deu aos seus discípulos, dizendo: “Tomem e comam. Isto é o meu corpo, que é entregue por vocês. Façam isso para se lembrarem de mim”. De igual modo, ele tomou o cálice de vinho depois da ceia, dizendo: “Este cálice é a nova aliança do meu sangue. Façam isso em memória de mim, toda vez que o beberem”. Porque cada vez que vocês comerem esse pão e beberem esse cálice, estão anunciando a mensagem da morte do Senhor, morte que ele sofreu por vocês. Façam isso até que ele venha. Portanto, se alguém comer esse pão e beber desse cálice do Senhor de maneira indigna, é culpado de pecado contra o corpo e o sangue do Senhor. É por isso que um homem deve examinar-se cuidadosamente a si mesmo, antes de comer o pão e beber do cálice. Porque, se ele comer o pão e beber do cálice indignamente, sem reconhecer que se trata do corpo do Senhor, está comendo e bebendo o julgamento de Deus sobre a sua própria vida. É por isso que muitos de vocês estão fracos e doentes, e alguns até já morreram. Entretanto, se examinássemos cuidadosamente a nós mesmos, não precisaríamos ser julgados e punidos. Contudo, quando somos julgados e castigados pelo Senhor, é para não sermos condenados com o resto do mundo. Assim, queridos irmãos, quando se reunirem para a Ceia do Senhor, esperem uns pelos outros; se alguém estiver com fome, que primeiro coma em casa, para não atrair castigo sobre si mesmo quando vocês todos se reunirem. Falarei com vocês a respeito dos outros assuntos depois que chegar aí. E agora, irmãos, quero escrever sobre os dons espirituais, pois não desejo que vocês sejam ignorantes a esse respeito. Vocês estão lembrados de que, antes de se tornarem servos de Cristo, andavam para lá e para cá, de um ídolo a outro, nenhum dos quais podia falar uma única palavra. Agora, porém, vocês estão encontrando pessoas que alegam que transmitem mensagens da parte do Espírito de Deus. Como é que vocês podem saber se elas são realmente inspiradas por Deus ou não? Eis o critério: Ninguém, falando pelo poder do Espírito de Deus, pode amaldiçoar Jesus, e ninguém pode dizer “Jesus é Senhor” a não ser que seja pelo Espírito Santo. Ora, Deus nos dá diferentes tipos de dons, porém o Espírito Santo é a fonte de todos eles. Há diferentes espécies de serviço a Deus, porém é ao mesmo Senhor que estamos servindo. Há muitos modos pelos quais Deus opera em nossas vidas, porém é o mesmo Deus quem faz a obra em nós e através de todos nós, os que lhe pertencemos. O Espírito Santo manifesta o poder de Deus através de cada um de nós visando o bem comum de toda a igreja. A um o Espírito concede a palavra de sabedoria; a outro a palavra de conhecimento, e este dom vem do mesmo Espírito. Ele dá uma fé toda especial a um; e a outro, dons de curar, pelo mesmo Espírito. A um ele dá o poder de fazer milagres; e a outro o poder de profetizar. A outro, ainda, o poder de discernir espíritos que estão falando através daqueles que afirmam proclamar as mensagens de Deus — ou de perceber se realmente é o Espírito de Deus quem está falando. A um ele dá o dom de falar em línguas que jamais aprendeu; e outro, que também não conhece aquela língua, recebe o dom de interpretá-las. É o mesmo e único Espírito Santo que dá todos esses dons, e ele os distribui individualmente, a cada um como quer. Nossos corpos têm muitos membros, porém esses muitos membros formam um só corpo. Assim acontece com Cristo. Cada um de nós é um membro desse corpo único de Cristo. Alguns de nós são judeus; outros, gentios; alguns são escravos, e outros, livres. Entretanto, o Espírito Santo encaixou-nos todos juntos num só corpo. Todos nós fomos batizados no corpo de Cristo pelo único Espírito, e a todos nós foi dado beber do mesmo Espírito Santo. Ora, o corpo não é feito de um só membro, mas de muitos. Se o pé disser: “Não sou membro do corpo porque não sou mão”, nem por isso deixa de ser um membro do corpo. E que pensariam vocês se ouvissem uma orelha dizer: “Não sou membro do corpo, porque sou apenas orelha, e não olho”? Será que isso a faria menos parte do corpo? Suponhamos que o corpo inteiro fosse olho — então como é que vocês ouviriam? Ou, se o corpo todo fosse orelha, como é que vocês poderiam sentir o cheiro de alguma coisa? Entretanto, Deus criou muitos membros para os nossos corpos e colocou cada um desses membros conforme ele quis. Que coisa esquisita seria um corpo, se tivesse somente um único membro! Assim foi que ele fez muitos membros em um só corpo. O olho não pode dizer à mão: “Não preciso de você”. A cabeça não pode dizer aos pés: “Não preciso de vocês”. E alguns dos membros que parecem ser os mais fracos e menos importantes são, na realidade, os mais necessários. E aqueles membros que achamos ser menos honrosos, nós os protegemos, com todo o cuidado. E os membros que parecem ser feios recebem um tratamento especial, enquanto outros membros não exigem esse cuidado especial. Assim, Deus armou o corpo de maneira tal que se dão cuidado e honra maiores àqueles membros que, de outro modo, poderiam parecer menos importantes. Isso produz harmonia entre os membros, não havendo divisão no corpo. Todos os membros têm o mesmo interesse uns pelos outros. Se um membro sofrer, todos os outros sofrem com ele, e se um membro for honrado, todos os outros se alegram com ele. Eis o que eu estou procurando dizer: Todos vocês juntos são o corpo de Cristo, e cada um de vocês é um membro separado e necessário desse corpo. Na igreja, Deus colocou tudo no seu devido lugar: Em primeiro lugar, os apóstolos; em segundo lugar, os profetas; em terceiro lugar, os mestres; depois os que fazem milagres, os que têm dons de curas, os que podem ajudar os outros, os que podem fazer que outros trabalhem juntos e os que falam línguas que nunca aprenderam. São todos apóstolos? Não. São todos profetas? Naturalmente que não. São todos mestres? Também não. Têm todos o poder de fazer milagres? É claro que não. Podem todos curar? Deus dá a todos o poder de falar em línguas que nunca aprenderam antes? Todos interpretam essas línguas? Não, mas façam todo o possível para terem os dons mais importantes. Quero falar-lhes a respeito do caminho que é o melhor de todos! Se eu tivesse o dom de falar em outras línguas sem tê-las aprendido, e se pudesse falar em qualquer idioma dos homens ou dos anjos, e, no entanto, não tivesse amor, eu seria como o sino que ressoa ou um prato que estaria só fazendo barulho. Se eu tivesse o dom de profetizar e conhecesse todos os mistérios e todo o conhecimento, mesmo que eu tivesse o dom da fé, a ponto de falar a uma montanha e fazê-la sair do lugar, se não tivesse amor, nada seria. Se eu desse aos pobres tudo quanto tenho e entregasse meu corpo para ser queimado vivo, e, contudo, não tivesse amor, isso não teria valor algum. O amor é paciente e bondoso, nunca é invejoso ou ciumento, nunca é presunçoso nem orgulhoso, nunca é grosseiro, nem egoísta. Não é irritadiço, nem melindroso. Não guarda rancor. O amor nunca está satisfeito com a injustiça, mas se alegra quando a verdade triunfa. O amor tudo sofre, sempre crê, sempre espera o melhor, tudo suporta. Todos os dons e poderes especiais que vêm de Deus terminarão um dia, porém o amor continuará para sempre. Algum dia, a profecia, o falar em línguas desconhecidas e o conhecimento passarão. Porquanto agora sabemos muito pouco, mesmo com nossos dons; e a profecia dos mais dotados é imperfeita. Entretanto, quando tivermos sido aperfeiçoados, então o que é imperfeito desaparecerá. Quando eu era criança, falava, pensava e raciocinava como criança. Mas quando me tornei homem, meus pensamentos se desenvolveram muito além dos pensamentos da minha infância, e deixei para trás as coisas de criança. De igual modo, agora só podemos ver e compreender em parte a respeito de Deus, como se estivéssemos observando o reflexo num espelho embaçado, mas o dia chegará quando o veremos integralmente, face a face. Tudo quanto sei agora é obscuro e confuso, mas depois conhecerei perfeitamente, assim como sou conhecido. Há três coisas que permanecem: a fé, a esperança e o amor — e a maior destas é o amor. Que o amor seja o maior alvo de vocês; contudo, peçam também os dons espirituais, particularmente o dom de profecia. Entretanto, aquele que tem o dom de falar em línguas está falando a Deus, não aos outros, visto que eles não podem compreendê-lo. Ele está falando pelo poder do Espírito, fala em mistérios. Entretanto, aquele que profetiza, anunciando as mensagens de Deus, está ajudando os outros a crescer no Senhor, animando-os e confortando-os. Uma pessoa que fala em línguas está edificando-se a si mesma, porém quem profetiza edifica toda a igreja. Eu gostaria que todos vocês tivessem o dom de falar em línguas, porém desejaria ainda mais que todos fossem capazes de profetizar, anunciando mensagens de Deus, pois este é um poder maior e mais útil do que falar em línguas desconhecidas; a não ser que alguém interprete as línguas, a fim de que a igreja possa tirar proveito disso. Queridos amigos, ainda que eu mesmo fosse visitá-los falando em línguas, como é que isso os ajudaria? Entretanto, se eu falar com simplicidade o que Deus me revelou, contando-lhes as coisas de que tenho conhecimento, ou uma profecia, bem como as grandes verdades da Palavra de Deus, isso os ajudaria. Mesmo os instrumentos musicais — tais como a flauta ou a harpa  — são exemplos da necessidade de tocar sons claros. Pois ninguém reconhecerá a melodia que a flauta está tocando, a não ser que cada nota soe bem claro. E se o corneteiro do exército não tocar as notas certas, como é que os soldados saberão que estão sendo chamados para a batalha? Do mesmo modo, se vocês falarem palavras que não são compreensíveis, como alguém saberá o que vocês querem dizer? Seria a mesma coisa que falar ao vento. Há muitas línguas diferentes neste mundo, e todas são excelentes para aqueles que as compreendem: para mim, porém, não significam nada. Uma pessoa que me fale numa dessas línguas será um estranho para mim, e eu também serei um estranho para ela. Já que vocês se encontram tão ansiosos para receber dons especiais do Espírito Santo, peçam-lhe aqueles que serão de ajuda real para toda a igreja. Se alguém receber o dom de falar línguas desconhecidas, deverá orar também pelo dom para interpretar essa língua, a fim de que possa depois explicar ao povo o que foi dito na língua desconhecida. Porque, se eu orar numa língua que não compreendo, meu espírito estará orando, mas a minha mente não saberá o que estou dizendo. Bem, então que devo fazer? Farei as duas coisas. Orarei em línguas desconhecidas e também no idioma comum que todos compreendem. Cantarei em línguas desconhecidas e também no idioma comum. Pois, se vocês louvarem e agradecerem a Deus só em espírito, como podem aqueles que não compreendem vocês estar louvando a Deus junto com vocês? Como eles se unirão a vocês para dar graças, quando não sabem o que vocês estão dizendo? Não há dúvida, que vocês estarão dando graças primorosamente, porém as outras pessoas presentes não estarão sendo ajudadas. Dou graças a Deus porque falo em línguas mais do que vocês todos. No entanto, no culto público eu prefiro falar cinco palavras que o povo possa compreender e ser auxiliado por elas a falar dez mil palavras falando em línguas num idioma desconhecido. Queridos irmãos, não sejam infantis na compreensão dessas coisas. Sejam criancinhas inocentes quando se trata de maquinar o mal, porém sejam adultos inteligentes na compreensão de assuntos dessa espécie. Pois está escrito na Lei: “Por meio de pessoas que falam em outras línguas eu falarei a este povo. Falarei por meio de lábios de estrangeiros, mas mesmo assim o meu povo não me ouvirá”, diz o Senhor. Assim, o falar em línguas não é um sinal para os que creem, mas sim um sinal para os descrentes. A profecia, por sua vez, é para os que creem, não para os descrentes. Assim, se uma pessoa ainda não é salva, ou alguém que não tem esses dons, vai à igreja e ouve todos vocês falando em outras línguas, não dirá que vocês estão loucos? Mas, se todos vocês profetizarem, anunciando a Palavra de Deus, e entrar um descrente, ou crente novo que não compreende essas coisas, isso o convencerá de que ele é um pecador, e ele será julgado pelo que ouvir. Enquanto ele ouve, seus pensamentos secretos serão postos a descoberto e ele cairá de joelhos e adorará a Deus, exclamando: “Deus realmente está no meio de vocês!” Bem, meus irmãos, o que vamos dizer? Quando vocês se reúnem, alguém terá um salmo, outro ensinará, outro transmitirá alguma informação especial que Deus lhe deu, outro falará numa língua desconhecida, ou explicará o que está falando na língua desconhecida. Tudo deve ser feito para o crescimento espiritual da igreja. Se falarem em línguas desconhecidas, não mais do que dois ou três devem falar. E é preciso que fale um de cada vez, e que alguém esteja preparado para interpretar o que eles estão dizendo. Entretanto, se não estiver presente ninguém que possa interpretar, não devem falar em voz alta na igreja. Poderão falar silenciosamente para si mesmos e para Deus na língua desconhecida. Dois ou três podem profetizar, um de cada vez, se tiverem esse dom, enquanto todos os outros escutam e julgam cuidadosamente o que foi dito. Contudo, se enquanto alguém está profetizando, outro receber uma mensagem ou uma revelação do Senhor, então cale-se o primeiro e fique em silêncio. Dessa maneira podem falar todos quantos têm o dom de profecia, um depois do outro, e todos aprenderão e serão instruídos e encorajados. Lembrem-se que uma pessoa que tem o dom de profecia para anunciar uma mensagem de Deus tem a capacidade de conter-se ou esperar a sua vez. Pois Deus não é um Deus de desordem, mas de paz. Como em todas as igrejas dos santos, as mulheres devem permanecer em silêncio durante as reuniões da igreja. Não devem tomar parte na discussão, porque elas devem permanecer em submissão, como diz a Lei. Se tiverem alguma pergunta, façam aos maridos em casa, pois é inconveniente as mulheres expressarem suas opiniões nas reuniões da igreja. Vocês discordam? Vocês estão pensando que o conhecimento da vontade divina começa e termina com vocês? Você que diz ter o dom de profecia ou qualquer outro dom do Espírito Santo deve ser o primeiro a perceber que o que estou dizendo é mandamento da parte do próprio Senhor. Mas, se alguém ainda discordar — bem, deixaremos que ele permaneça na sua ignorância. Portanto, meus irmãos na fé, anseiem por ser profetas, a fim de que possam anunciar com clareza a mensagem de Deus; e não proíbam o falar em línguas. Entretanto, façam questão de que tudo seja feito com decência e ordem. Agora, irmãos, quero que lembrem do evangelho que eu anunciei a vocês. Vocês o receberam e a sua fé está solidamente edificada sobre esta mensagem. E é esta a boa-nova que os salva se vocês ainda crerem firmemente na palavra que eu anunciei a vocês. Se não, vocês creram em vão. Eu lhes transmiti desde o início o que me foi transmitido, isto é, que Cristo morreu por nossos pecados, de acordo com as Escrituras, e que foi sepultado, e ressuscitou três dias depois segundo as Escrituras. Ele apareceu a Pedro e mais tarde aos Doze. Depois disso, ele apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, muitos dos quais ainda estão vivos, embora alguns já tenham morrido. Depois, apareceu a Tiago e, mais tarde, a todos os apóstolos. Por último, ele apareceu também a mim, bem depois dos outros, como se eu tivesse nascido fora de tempo. Pois sou o menos merecedor de todos os apóstolos; nem deveria ser chamado de apóstolo, porque persegui a igreja de Deus. Mas, pela graça de Deus, eu sou o que sou, e a graça que ele me concedeu não ficou sem resultados, pois tenho trabalhado mais arduamente do que todos eles, embora não fosse eu que efetivamente estivesse fazendo a obra, e sim a graça de Deus que está comigo. Não faz diferença alguma quem trabalhou mais arduamente, se eu ou eles; o importante é que nós pregamos o evangelho a vocês, e vocês creram nele. Mas, se vocês creram no que nós pregamos, ou seja, que Cristo ressuscitou dentre os mortos, por que alguns de vocês andam dizendo que não existe ressurreição dos mortos? Pois, se não há ressurreição dos mortos, nem Cristo ressuscitou. E, se ele ainda está morto, então toda a nossa pregação é inútil, e a fé que vocês têm também é inútil. E nós, os apóstolos, seremos todos considerados falsas testemunhas de Deus, porque dissemos que Deus ressuscitou Cristo, e isto logicamente não é verdade, se os mortos não ressuscitam. Se eles, os mortos, não ressuscitam, então Cristo também não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, a fé que vocês têm é inútil e vocês ainda estão sob condenação dos seus pecados; nesse caso, todas as pessoas que já morreram em Cristo estão perdidas! E, se o fato de sermos servos de Cristo só nos traz esperança para esta vida, então somos os mais infelizes de todos os homens. Mas o fato é que Cristo realmente ressuscitou dentre os mortos e tornou-se o primeiro entre muitos dos que já morreram. A morte veio ao mundo por meio de um só homem, e a ressurreição dos mortos também veio por meio de um só homem. Pois assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. Cada um, entretanto, por sua vez: Cristo, o primeiro; depois, quando Cristo voltar, todo o seu povo viverá de novo. Depois disso virá o fim, quando ele devolverá o Reino a Deus, o Pai, depois de destruir todo domínio, autoridade e poder. Porque Cristo reinará até que tenha colocado todos os seus inimigos debaixo dos seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte. Porque o Pai “sujeitou tudo debaixo dos seus pés”; exceto, naturalmente, que Cristo não domina sobre o próprio Pai, que lhe deu esse poder de dominar. Quando Cristo finalmente tiver ganho a batalha contra todos os seus inimigos, então o próprio Filho também se colocará sob as ordens daquele que lhe deu a vitória sobre todas as coisas, a fim de que Deus seja tudo em todos. Se os mortos não ressuscitam, que farão aqueles que se batizam pelos mortos? Por que batizar-se pelos mortos, se eles não ressuscitarão algum dia? E por que devemos nós mesmos estar arriscando continuamente nossas vidas, enfrentando perigos a todo instante? Pois eu enfrento a morte diariamente, irmãos; isso é tão verdadeiro quanto o meu orgulho em ver o crescimento de vocês em Cristo Jesus, nosso Senhor. E que vantagem há em lutar contra os animais selvagens em Éfeso, se é somente pelo que eu ganho nesta vida aqui na terra? Se é verdade que os mortos não ressuscitam, façamos conforme diz o ditado: “Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos”. Não se deixem enganar: As más companhias corrompem os bons costumes. Tomem juízo e deixem de pecar. Para sua vergonha, eu lhes digo que alguns de vocês nunca realmente conheceram a Deus. Alguém, entretanto, poderá perguntar: “Como é que os mortos ressuscitarão”? “Que tipo de corpo terão eles?” Não façam essas perguntas tolas! Vocês encontrarão a resposta em seu próprio quintal! Quando se enterra uma semente no chão, ela não se transforma numa planta a não ser que morra primeiro. E quando você semeia, não semeia o corpo já formado da planta. Tudo o que se enterra no chão é uma semente de trigo ou outra semente qualquer. Deus, então, lhe dá um corpo novo bem bonito — exatamente a espécie que ele deseja que ela tenha; e uma espécie diferente de planta cresce de cada espécie de semente. Tal como há tipos diferentes de sementes e plantas, assim também existem espécies diferentes de carne. Os homens, os animais, os passarinhos, os peixes, todos têm uma espécie de carne diferente. Há corpos celestes e corpos terrestres, sendo a beleza dos celestes diferente da beleza dos terrestres. O sol tem uma espécie de esplendor, enquanto a lua e as estrelas têm outra espécie. E as estrelas diferem umas das outras em sua beleza e seu brilho. De igual modo será com a ressurreição dos mortos. O corpo que é semeado é mortal, mas quando ressuscita é imortal. Os corpos que agora possuímos causam-nos desonra; entretanto, estarão cheios de glória quando ressuscitarmos. Eles são semeados em fraqueza, porque agora são corpos mortais, mas quando ressuscitarmos, eles estarão cheios de força. Quando morrem são apenas corpos humanos, porém, quando ressuscitam, são corpos espirituais. Como existem corpos naturais, assim também há corpos espirituais. As Escrituras nos dizem que o primeiro homem, Adão, recebeu um corpo humano natural, mas o último Adão é mais do que isso, pois ele é espírito vivificante. Nós temos primeiramente estes corpos humanos e mais tarde Deus nos dará corpos espirituais. O primeiro homem foi feito do pó da terra, mas o segundo homem veio dos céus. Todo ser humano tem um corpo terreno, mas todos quantos passam a pertencer a Cristo terão um corpo celestial. Tal como cada um de nós tem agora um corpo igual ao de Adão, assim também algum dia teremos um corpo igual ao de Cristo. Digo-lhes isto, meus irmãos: Um corpo terreno, feito de carne e sangue, não pode herdar o Reino de Deus. Estes nossos corpos mortais não podem herdar o que é imortal. Eis que eu lhes estou contando este segredo maravilhoso: Nem todos morreremos, porém todos seremos transformados. Tudo acontecerá num instante, num piscar de olhos, quando for tocada a última trombeta. Porque virá do céu um toque de trombeta, e todos os que já morreram, de repente ressuscitarão com novos corpos que jamais morrerão, e todos nós seremos transformados. Porque os nossos corpos terrenos, os que temos agora e que são mortais, precisam ser transformados em corpos imortais, que não podem morrer. Assim, quando o que é corruptível se revestir do que é incorruptível, e o que é mortal se revestir do que é imortal, então, finalmente, se tornará verdadeira esta Escritura: “A morte foi tragada na vitória”. “Ó morte, onde está a sua vitória? Onde está, ó morte, o seu aguilhão?” O aguilhão que causa a morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Como agradecemos a Deus por tudo isso! É ele quem nos faz vitoriosos por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor! Portanto, meus queridos irmãos, já que é certa a vitória futura, sejam fortes e firmes, sempre dedicados ao trabalho do Senhor, pois vocês sabem que nada do que vocês fazem para o Senhor é inútil. Agora darei instruções com respeito ao dinheiro que vocês estão coletando para enviar aos santos de Jerusalém. Estas instruções são as mesmas que eu dei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vocês deve separar uma quantia de acordo com o seu ganho. Não esperem até que eu chegue para daí coletar tudo de uma vez. Quando eu for, enviarei para Jerusalém essa sua oferta de amor junto com uma carta. Tudo será levado por mensageiros de confiança que vocês mesmos escolherão. E, se for conveniente que eu também vá, eles viajarão comigo. Irei visitá-los depois de passar pela Macedônia, pois vou passar por lá. Pode ser que eu fique mais tempo com vocês, quem sabe o inverno todo. E, assim, vocês poderão me ajudar a continuar a minha viagem aonde quer que eu vá. Desta vez, não quero fazer apenas uma visita de passagem e logo prosseguir viagem; quero ficar algum tempo com vocês, se o Senhor o permitir. Permanecerei aqui em Éfeso até o Pentecoste, porque se abriu uma porta bem ampla e promissora para mim, embora haja muitos inimigos. Se Timóteo for, façam tudo para que ele se sinta em casa, pois ele está fazendo a obra do Senhor, assim como eu. Não deixem ninguém desprezá-lo, mas enviem-no de volta a mim em paz, pois espero ansiosamente vê-lo, assim como os outros irmãos. Pedi a Apolo que, junto com os irmãos, visitasse vocês, porém ele achou que este não era o momento; ele irá vê-los mais tarde, quando tiver boa oportunidade. Estejam vigilantes; permaneçam fiéis ao Senhor; portem-se como homens de coragem e sejam fortes; e tudo quanto fizerem, façam com amor. Vocês se lembram de Estéfanas e sua família? Eles foram os primeiros a se tornar servos de Cristo na província da Acaia e estão se dedicando na ajuda e serviço aos santos. Eu lhes peço, irmãos, que sigam a orientação deles e façam tudo quanto puderem a fim de ajudá-los, bem como a todos os outros semelhantes a eles, que cooperam e trabalham incansavelmente conosco. Estou muito contente que Estéfanas, Fortunato e Acaico tenham chegado aqui para uma visita. Eles trouxeram a ajuda que vocês, por não estarem aqui, não puderam me dar. Eles me têm animado grandemente e têm sido um maravilhoso estímulo para mim, como estou certo de que foram para vocês também. Espero que vocês valorizem o trabalho de homens como estes. As igrejas daqui da Ásia enviam saudações afetuosas a vocês. Áqüila e Priscila os saúdam afetuosamente no Senhor, bem como todos os outros que se reúnem na casa deles. Todos os irmãos daqui me pediram que os saudasse. Saúdem uns aos outros com um beijo de irmão. Eu escrevi as palavras finais desta carta com meu próprio punho: Se alguém não ama o Senhor, essa pessoa é maldita. Vem, Senhor Jesus! Que a graça do Senhor Jesus Cristo esteja sobre vocês. Que o meu amor esteja com todos vocês, pois todos nós pertencemos a Cristo Jesus. Amém. Esta carta é enviada por mim, Paulo, nomeado pela vontade de Deus para ser apóstolo de Jesus Cristo e pelo querido irmão Timóteo. Estamos escrevendo a todos vocês, os santos de Corinto e de toda a Acaia. Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo abençoem poderosamente a cada um de vocês com sua graça e paz. Que Deus maravilhoso nós temos! Ele é o Pai do nosso Senhor Jesus Cristo, Pai de toda a misericórdia e Deus de toda consolação. Ele é aquele que tão maravilhosamente nos conforta e fortalece nas dificuldades e provações, para que, quando os outros estiverem aflitos, necessitados da nossa compaixão e do nosso estímulo, possamos transmitir-lhes esse mesmo consolo que Deus nos deu. Podem estar seguros de que, quanto mais suportarmos sofrimento por causa de Cristo, mais ele derramará sobre nós o seu consolo. Se sofremos, é para levar-lhes o consolo e a salvação de Deus. Mas em nossa dificuldade Deus nos tem confortado, e vocês também receberão forças para suportar com paciência os mesmos sofrimentos que nós suportamos. Desse modo, a nossa esperança em relação a vocês está firme, porque sabemos que, da mesma forma que vocês participam dos nossos sofrimentos, também participarão do nosso conforto. Vocês devem saber, amados irmãos, que passamos por tempos difíceis na província da Ásia. Fomos realmente esmagados e oprimidos, a tal ponto que perdemos a esperança de conseguir sobreviver. Sentimos que estávamos condenados à morte e percebemos que éramos fracos demais para confiarmos em nós mesmos; isso, porém, foi bom, porque assim nós colocamos tudo nas mãos de Deus, o único que ressuscita os mortos. E ele nos livrou e nos salvou de uma morte terrível; sim, nele temos colocado a nossa esperança e esperamos que ele continuará a livrar-nos. Mas vocês também precisam ajudar-nos, orando por nós. Muita gratidão e louvor serão oferecidos a Deus por vocês, por causa das respostas às orações feitas a favor da nossa segurança! Estamos tão satisfeitos que podemos dizer, com toda a franqueza, que em toda a nossa conduta temos sido puros e sinceros confiando na graça do Senhor e não na sabedoria do mundo. Temos sido francos e sinceros ao escrevermos a vocês; e escrevemos de tal forma que vocês pudessem ler e entender. E já que, mesmo assim, vocês ainda não me entenderam bem, espero que um dia vocês me entenderão plenamente, para que possam orgulhar-se de mim, tal como nos orgulharemos de vocês naquele dia quando nosso Senhor Jesus voltar. Em vista de estar tão certo da compreensão e da confiança de vocês foi que planejei vê-los para que pudessem ser abençoados duplamente em minha viagem para a Macedônia, assim como depois, quando eu voltasse, pudessem me ajudar na minha jornada para a Judeia. Então, poderão estar indagando vocês, por que mudei de plano? Será que eu realmente ainda não me havia decidido? Ou serei eu como um homem do mundo, que diz “sim”, quando na realidade quer dizer “não”? Nunca! Tão certo como Deus é fiel, eu não sou esse tipo de pessoa. Meu “sim” quer dizer “sim”. Timóteo, Silvano e eu temos falado a vocês a respeito de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Ele não é alguém que diga “sim” quando quer dizer “não”. Ele sempre faz exatamente como diz. Ele cumpre todas as promessas divinas, não importa quantas delas existam; e nós temos mostrado a todos como ele é fiel, e com isso damos glória ao seu nome. Foi este Deus quem nos transformou, a mim e a vocês, para que permaneçamos firmes em Cristo, e nos ungiu. Ele gravou em nós a sua marca  — seu sinal de propriedade — e nos deu seu Espírito Santo em nosso coração como garantia de que nós lhe pertencemos e das coisas que ele vai nos dar. Invoco a Deus como testemunha de que foi para não entristecê-los com uma severa repreensão que ainda não fui para Corinto visitá-los. Não estamos querendo dominar sobre a sua fé; desejamos poder fazer algo para a alegria de vocês, pois é pela fé que vocês permanecem firmes. Por isso resolvi não deixá-los tristes com outra visita dolorosa. Porque, se eu os entristecer, quem é que vai me alegrar? Como poderão me alegrar se eu lhes causar tristeza? Foi por isso que eu lhes escrevi daquela maneira em minha última carta, a fim de que vocês acertassem as coisas erradas antes que eu fosse. Então, quando eu for, não serei entristecido justamente por aqueles que compartilhariam da minha alegria. Eu tinha certeza de que a felicidade de vocês estava tão ligada a mim que vocês não se sentiriam felizes, a não ser que eu fosse com alegria. Escrevi aquela carta com aflição e angústia! Ela quase despedaçou meu coração, e digo-lhes francamente que chorei por causa dela. Eu não queria entristecê-los, mas tinha que mostrar-lhes quão profundamente os amava e me preocupava com o que estava acontecendo a vocês. Lembrem-se de que o homem acerca do qual escrevi, aquele que causou todo aquele transtorno, não me causou tanta tristeza quanto a vocês. Não quero ser mais severo com ele do que devo. Ele já foi suficientemente castigado com a reprovação da maioria de vocês. Agora é o momento de perdoá-lo e confortá-lo. Caso contrário, ele poderá ficar excessivamente desanimado. Assim, eu lhes peço que mostrem a ele agora que vocês verdadeiramente ainda o amam muito. E lhes escrevi daquele modo para poder verificar até que ponto vocês seriam obedientes ao meu ensino. Quando vocês perdoam alguém, eu também perdoo. E tudo quanto eu perdoei, se é que havia alguma coisa para perdoar, perdoei-o na presença de Cristo, para o bem de vocês, a fim de que Satanás, com a sua astúcia, não obtivesse vantagens sobre nós; pois conhecemos bem tudo o que ele está procurando fazer. Ora, quando cheguei à cidade de Trôade, o Senhor me deu oportunidades enormes para pregar o evangelho de Cristo. Contudo, Tito, meu querido irmão, não estava lá para me encontrar e eu não tive sossego no meu espírito, procurando saber onde ele estaria e o que lhe teria acontecido. Assim, despedi-me deles e fui direto para a Macedônia. Mas, demos graças a Deus, porque Cristo, por meio daquilo que fez, sempre nos conduz em vitória, de modo que agora, aonde quer que vamos, ele nos usa para falarmos aos outros a respeito do Senhor, e para espalharmos o evangelho como um perfume suave. Para com Deus, somos um aroma refrescante e saudável de Cristo, um perfume tanto para os salvos como para os que estão se perdendo. Para aqueles que estão se perdendo, somos um odor temível de morte e condenação, enquanto para aqueles que conhecem a Cristo somos um perfume vivificante. Mas quem é capacitado para uma tarefa dessas? Só aqueles que, como nós mesmos, são homens verdadeiros, enviados por Deus, falando com o poder de Cristo, e com o olhar divino sobre nós. Porque não somos como aqueles cujo propósito é negociar a palavra de Deus para conseguir com isso um bom lucro. Estaremos nós começando a ser como aqueles falsos mestres entre vocês, que precisam lhes contar tudo a respeito de si mesmos, e levar consigo longas cartas de recomendação? Creio que vocês não precisam de uma carta de alguém para falar-lhes a nosso respeito. E nós também não precisamos de uma recomendação de vocês! A única carta que eu necessito são vocês, vocês mesmos! Vocês são a nossa carta, escrita em nosso coração, conhecida e lida por todos. Eles podem ver que vocês são uma carta de Cristo, escrita por nós. Carta escrita não com pena e tinta, mas pelo Espírito do Deus vivo; não esculpida em tábuas de pedra, mas em corações humanos. Dizemos isso por causa da grande confiança que temos em Deus, por meio de Cristo. Não porque pensemos que podemos fazer por nós mesmos qualquer coisa de valor duradouro. O único poder que possuímos e o êxito que obtemos vêm de Deus. Ele é quem nos tem ajudado a contar aos outros a sua nova aliança. Nós não pregamos a Lei, mas anunciamos a aliança do Espírito, pois a letra mata, mas o Espírito lhes dá a vida. Entretanto, aquele velho sistema de lei, gravado com letras em pedras, que terminava em morte, veio com tal glória que o povo não podia fixar os olhos no rosto de Moisés, por causa do resplendor do seu rosto, ainda que esse brilho já estivesse se desvanecendo. Não deveríamos esperar uma glória muito maior nestes dias quando o Espírito Santo está concedendo vida? Se o plano que trouxe condenação era glorioso, muito mais glorioso ainda é o plano que justifica os homens perante Deus. De fato, aquela primeira glória, tal como foi mostrada no rosto de Moisés, não vale nada em comparação com a glória deslumbrante da nova aliança. Portanto, se o velho sistema, que se desvaneceu até acabar, era cheio de glória celestial, a glória do novo plano de Deus para a nossa salvação sem dúvida nenhuma é muito maior, pois é eterna. E, porque temos essa esperança, agimos com grande confiança. Não como Moisés fez, quando colocou um véu sobre o rosto para que os israelitas não pudessem ver a glória desvanecer-se. Não só o rosto de Moisés estava coberto com o véu, mas a mente e o entendimento do seu povo também estavam vendados e obscurecidos. Ainda agora, quando a antiga aliança é lida, os corações e as mentes dos judeus estão cobertos com um grosso véu, porque eles não podem ver nem entender o sentido verdadeiro da antiga aliança. Porque este véu só pode ser removido por meio de Cristo. Até o dia de hoje, quando eles leem os escritos de Moisés, um véu cobre os seus corações. Mas sempre que alguém se volta de seus pecados para o Senhor, o véu é retirado. O Senhor é o Espírito que lhes concede a vida, e onde está o Espírito, aí há liberdade. E todos nós, no entanto, não temos um véu sobre nosso rosto e podemos ser espelhos que refletem claramente a glória do Senhor. À medida que o Espírito do Senhor trabalha dentro de nós, somos transformados com glória cada vez maior, e tornamo-nos mais e mais semelhantes a ele. Foi o próprio Deus, em sua misericórdia, que nos deu este trabalho maravilhoso, e por isso nunca desanimamos. Não procuramos enganar o povo para que creia — não estamos interessados em fazer trapaça com ninguém. Nunca procuramos fazer com que alguém creia que a palavra de Deus ensina o que ela não ensina. Nós nos abstemos de todos esses métodos vergonhosos. Achamo-nos na presença de Deus quando expomos a palavra, e por isso dizemos a verdade, como todos quantos nos conhecem concordarão. Se para alguém o evangelho que pregamos está oculto, ele está oculto para aquele que está se perdendo. Satanás, o deus deste mundo pecaminoso, o fez cego, incapaz de ver a luz do evangelho da glória de Cristo, que mostra como Deus realmente é. Nós não vamos de um lado para outro pregando-nos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor. Tudo quanto dizemos de nós mesmos é que somos escravos de vocês por causa daquilo que Jesus fez por nós. Pois Deus, que disse: “Haja luz na escuridão”, nos fez compreender que é o brilho da sua glória que se vê no rosto de Jesus Cristo. Entretanto, este tesouro precioso está encerrado num vaso de barro, isto é, no nosso corpo fraco. Todo mundo pode ver que o poder glorioso que está dentro provém de Deus, e não de nós. De todos os lados somos oprimidos pelas dificuldades, porém não somos esmagados. Ficamos perplexos porque não sabemos a razão de certas coisas nos acontecerem, mas não desesperados. Somos perseguidos, mas não abandonados. Somos abatidos, mas não somos destruídos. Este nosso corpo está constantemente enfrentando a morte, tal como aconteceu com Jesus; assim, fica bem claro a todos que a vida de Jesus é revelada em nosso corpo. Sim, vivemos sob constante perigo de morte para nossas vidas por amor a Jesus, para que a sua vida também se manifeste em nossos corpos mortais. De modo que a morte está agindo em nós, porém isso resulta em vida para vocês. Está escrito: “Cri, por isso falei” Pois assim nós, que temos a mesma fé em Deus, também falamos porque cremos. E sabemos que o mesmo Deus que ressuscitou o Senhor Jesus da morte também nos ressuscitará com Jesus, e nos apresentará a ele juntamente com vocês. Estes nossos sofrimentos são para o benefício de vocês. E, quantos mais dentre vocês forem ganhos para Cristo pela sua graça, maior será o número de pessoas que farão orações de agradecimento para a glória de Deus. Por isso nunca desanimamos. Embora os nossos corpos se gastem, a força interior vai se renovando dia a dia. Estes nossos sofrimentos e aflições, leves e momentâneos, não durarão muito tempo. Entretanto, este curto tempo de angústia resultará em uma glória eterna sobre nós para todo o sempre! Portanto, não olhamos para aquilo que podemos ver atualmente, mas olhamos para aquilo que não se vê. Pois o que se pode ver dura apenas pouco tempo, mas o que não se vê durará eternamente. Porque nós sabemos que quando morrermos e deixarmos este corpo teremos um maravilhoso corpo novo no céu, um lar que será nosso para todo o sempre, feito para nós pelo próprio Deus, e não por mãos humanas. Como vamos ficando cada vez mais cansados deste corpo atual! Eis por que esperamos com ansiedade o dia quando teremos um corpo celestial, que vestiremos com roupas novas. Porque nós não seremos apenas espíritos sem corpo. Este nosso corpo terreno nos faz gemer e suspirar, porém não gostaríamos de pensar em morrer e depois não possuir corpo algum. Desejamos revestir-nos do nosso novo corpo, de maneira tal que este corpo mortal seja absorvido pela vida. Isso é o que Deus preparou para nós e, como garantia, ele nos deu o seu Espírito Santo. Agora estamos confiantes e compreendemos que cada instante que gastamos neste corpo terreno é tempo gasto longe do nosso lar eterno, com o Senhor. Sabemos que essas coisas são verdadeiras pelo que cremos, e não pelo que vemos. E não estamos com medo, e sim bem animados para deixar de viver neste corpo, porque assim habitaremos com o Senhor. Assim, o nosso alvo é agradá-lo sempre em tudo quanto fazemos, quer estejamos aqui neste corpo ou fora deste corpo. Porque todos nós teremos de comparecer diante do tribunal de Cristo para sermos julgados. Cada um de nós receberá o que merecer pelas coisas boas ou más que tiver feito neste corpo terreno. É por causa desse reverente temor ao Senhor, sempre presente em nossas vidas, que trabalhamos tão arduamente para ganhar os outros. Deus conhece nosso coração, e sabe que ele é sincero nessa questão; e eu espero que vocês, bem no íntimo, verdadeiramente o saibam também. Estamos nós procurando elogiar-nos a nós mesmos outra vez? Na verdade estamos dando a oportunidade de exultarem em nós. Vocês podem usar isso com aqueles que andam se gabando de terem boa aparência e não têm corações verdadeiros e sinceros. Estaremos loucos (em dizer tais coisas sobre nós mesmos)? Se assim for, é para dar glória a Deus. E se estamos em são juízo, é para benefício de vocês. Qualquer coisa que nós façamos, não é certamente para o nosso próprio proveito, mas porque o amor de Cristo agora nos governa. Visto que cremos que Cristo morreu por todos, devemos crer também que já morremos para a velha vida. Ele morreu por todos, para que todos quantos vivem — tendo recebido dele a vida eterna — possam viver não mais para si mesmos, para agradar-se a si mesmos, mas para aquele que morreu e novamente ressuscitou por eles. Portanto, deixem de ficar avaliando os servos de Cristo pelo que o mundo pensa a respeito deles, ou por aquilo que aparentam ser exteriormente. Antigamente, erradamente considerávamos Cristo como um simples ser humano igual a nós. Como pensamos de modo diferente agora! Quando alguém está em Cristo, torna-se uma pessoa totalmente nova por dentro. Já não é mais a mesma pessoa. As coisas antigas já passaram e teve início uma nova vida! Todas essas coisas novas vêm de Deus, que nos trouxe de volta a si mesmo por meio daquilo que Cristo Jesus fez. E Deus nos deu o privilégio de insistir com todos para que se reconciliem com ele. Pois Deus estava em Cristo, reconciliando o mundo para si, não levando mais em conta os pecados dos homens contra eles, e sim apagando-os. Esta mensagem maravilhosa da reconciliação ele nos deu para transmitir aos outros. Somos embaixadores de Cristo. Deus nos está usando para falar a vocês. Nós lhes imploramos, como se o próprio Cristo estivesse aqui suplicando a vocês: Aceitem o amor que ele lhes oferece — reconciliem-se com Deus. Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós, para que nele nos tornássemos justiça de Deus. Como cooperadores de Deus, nós imploramos a vocês que não desprezem essa mensagem maravilhosa da graça de Deus. Pois Deus diz: “Seu clamor chegou a mim numa época favorável, quando as portas do acolhimento estavam bem abertas. Eu ajudei a você num dia quando a salvação estava sendo oferecida”. Agora mesmo Deus está pronto a dar-lhes acolhida. Hoje é o dia da salvação! Nós procuramos viver de tal maneira que ninguém jamais fique ofendido ou se retraia de buscar o Senhor pelo modo como agimos, a fim de que ninguém possa encontrar falta em nós, e nossa mensagem caia em descrédito! De fato, em tudo o que fazemos procuramos mostrar que somos verdadeiros servos de Deus. Suportamos, com toda a paciência, o sofrimento, a fadiga e as aflições de toda espécie. Já fomos espancados, fomos postos em prisão, enfrentamos multidões furiosas, trabalhamos até a exaustão, ficamos acordados em noites insones de vigília e estivemos sem ter o que comer. Já demonstramos que somos aquilo que afirmamos ser, por meio das nossas vidas íntegras, por meio da nossa pureza, conhecimento, paciência e bondade. Temos sido amorosos e cheios do Espírito Santo. Temos sido verdadeiros, com o poder de Deus ajudando-nos em tudo quanto fazemos; batalhamos com as armas da justiça, armas de defesa e armas de ataque. Permanecemos leais ao Senhor, quer os outros nos honrem ou nos desonrem, quer nos difamem ou nos elogiem. Somos sinceros, porém nos chamam de mentirosos. Somos tratados como desconhecidos, embora sejamos conhecidos por todos; vivemos à beira da morte, mas eis-nos aqui, ainda bem vivos. Temos sido maltratados, porém guardados da morte. Nossos corações doem, mas ao mesmo tempo temos a alegria do Senhor. Somos pobres, porém damos ricos presentes espirituais aos outros. Nada nos pertence, mas na verdade possuímos tudo. Meus queridos amigos de Corinto! Eu contei-lhes tudo quanto sentia; eu os amo de todo o coração. Qualquer frieza que haja entre nós não é por falta de amor de minha parte, mas vocês estão limitando o amor que têm por nós. Eu lhes falo agora como se vocês fossem verdadeiramente meus filhos. Abram seus corações para nós! Retribuam o nosso amor! Não entrem debaixo do mesmo jugo daqueles que não amam o Senhor, pois que tem o povo de Deus em comum com o povo do pecado? Como pode a luz conviver com as trevas? E que harmonia pode haver entre Cristo e o diabo? Como pode um crente ser companheiro de alguém que não crê? E que união pode existir entre o templo de Deus e os ídolos? Pois vocês são o templo de Deus, a casa do Deus vivo, e Deus disse a respeito de vocês: “Eu morarei neles e andarei entre eles; serei seu Deus e eles serão meu povo”. É por isso que o Senhor disse: “Larguem deles; separem-se deles; não toquem nas suas coisas imundas, e eu receberei vocês”, “Eu serei um Pai para vocês, e vocês serão meus filhos e minhas filhas, diz o Senhor Todo-poderoso”. Queridos amigos, tendo promessas tão grandes como estas, afastemo-nos de tudo o que contamina o corpo e o espírito, e nos purifiquemos, vivendo no temor a Deus, dedicando-nos somente a ele. Eu lhes peço que abram seus corações novamente para nós, pois nenhum de vocês sofreu de nós qualquer injustiça. Nem um só dentre vocês foi desencaminhado. Não enganamos a ninguém, e não nos aproveitamos de ninguém. Não estou dizendo isso para repreendê-los ou censurá-los, pois, como eu já disse antes, vocês estão para sempre em nosso coração; e estejamos juntos, tanto para morrer como para viver. Eu tenho em vocês a maior confiança, e me orgulho grandemente de vocês. Vocês me têm encorajado muitíssimo; minha alegria transborda, apesar de todo o meu sofrimento. Quando nós chegamos à Macedônia nem pudemos descansar; por fora, havia aborrecimentos por toda parte ao nosso redor; e dentro de nós, os nossos corações se encheram de temor. Foi então que Deus, aquele que anima os abatidos, revigorou-nos com a chegada de Tito. Não só a sua presença foi uma alegria, mas também as notícias que ele nos trouxe a respeito da esplêndida temporada que passou com vocês. Quando ele me contou como vocês estavam ansiosos por minha visita e como estavam tristes pelo que tinha sucedido, assim como da lealdade e caloroso afeto que vocês têm para comigo, exultei de alegria! Não estou arrependido por ter-lhes enviado aquela carta, ainda que estivesse muito triste durante algum tempo, percebendo como ela seria dolorosa para vocês. Entretanto, ela só os entristeceu por um curto momento. Agora, alegro-me por tê-la remetido, não porque ela os entristeceu, mas porque a dor fez com que vocês se voltassem para Deus. Foi uma espécie de tristeza que Deus quer que o seu povo tenha, e assim não causamos nenhum mal a vocês. Porque Deus às vezes utiliza a tristeza em nossas vidas para nos ajudar a nos afastarmos do pecado, nos arrependermos, para, assim, nos levar à salvação. Já a tristeza do homem incrédulo não é a tristeza do arrependimento verdadeiro e produz a morte. Vejam só quanto bem lhes fez essa tristeza enviada pelo Senhor! Vocês não encolheram mais os ombros, mas tornaram-se fervorosos e sinceros, e muito ansiosos para se libertarem do pecado acerca do qual eu lhes tinha escrito. Ficaram preocupados e com medo com o que sucedera. Vocês fizeram tudo que podiam para corrigir a situação. Escrevi-lhes daquela maneira para que o Senhor pudesse revelar quanto vocês na realidade nos consideram e não por causa de quem ofendeu, nem por causa da pessoa que foi ofendida. Pelo contrário, escrevi essa carta para tornar claro a vocês que Deus sabe da dedicação de vocês para conosco. Além do estímulo que vocês nos deram com o seu afeto, nós ficamos ainda mais alegres vendo o contentamento de Tito porque vocês lhe deram uma acolhida tão boa, e o seu espírito recebeu refrigério de todos vocês. Eu disse a ele como ia ser — e contei-lhe, antes que ele fosse, do meu orgulho por vocês — e vocês não me desapontaram. Eu sempre lhes disse a verdade e agora ficou provado que eu me orgulhei diante de Tito com razão. A sua estima por vocês fica maior ainda, quando lembra da maneira pela qual vocês o escutaram de tão bom grado, recebendo-o com tanto temor e tremor. Como isso me deixa feliz em poder ter plena confiança em vocês. Agora, irmãos, queremos contar-lhes o que Deus, em sua graça, tem feito pelas igrejas da Macedônia. Apesar de terem elas passado por muitas dificuldades e apertos, misturaram sua grande alegria com sua profunda pobreza, e o resultado foi uma generosidade transbordante. Eles deram não somente aquilo que podiam dar, mas muito mais do que isso; e posso testemunhar que assim o fizeram de vontade própria. Eles nos suplicaram que levássemos o dinheiro, a fim de poderem participar da alegria de ajudar os santos. Eles fizeram além das nossas expectativas, porque a primeira atitude deles foi entregarem-se ao Senhor e, depois, a nós, para quaisquer ordens que Deus lhes pudesse dar por nosso intermédio. E ficaram tão entusiasmados com isso que insistimos com Tito, que primeiramente já havia incentivado vocês a contribuir, que os visitasse e animasse a completar sua participação nesse ministério da contribuição. Vocês têm se destacado em tantos sentidos: na fé, na palavra, no saber, no entusiasmo e no amor por nós. Eu desejo, agora, que também se destaquem no espírito de contribuir com alegria. Não lhes estou dando uma ordem; não estou dizendo que vocês precisam fazê-lo, mas há outros que estão ansiosos para isso. Este é um modo de provar que o amor de vocês é verdadeiro, que vai além de simples palavras. Vocês sabem como o nosso Senhor Jesus era cheio de graça: Embora fosse tão rico, ele se fez tão pobre para ajudá-los, de tal maneira que, tornando-se pobre, vocês se tornassem muito ricos. Eu quero aconselhar que terminem o que vocês começaram a fazer há um ano, pois vocês foram não só os primeiros a propor tal ideia, mas os primeiros a começar a fazer alguma coisa nesse sentido. E já que começaram a agir de modo tão entusiasta, vocês devem prosseguir até o fim com a mesma alegria, dando tudo quanto puderem de tudo quanto possuem, com o mesmo entusiasmo que tiveram no princípio. Se vocês, na realidade, estão prontos para dar, então não importa quanto têm para dar. Deus quer que vocês deem aquilo que possuem, não o que não possuem. Não quero dizer que aqueles que recebem as ofertas de vocês devem ter a vida facilitada à custa de vocês, mas sim que vocês devem repartir com eles. Agora mesmo vocês têm abundância e podem ajudá-los; depois, numa outra ocasião, eles poderão repartir com vocês, quando vocês precisarem. Dessa maneira, cada um terá tanto quanto necessitar. Lembrem o que as Escrituras dizem a respeito disso: “Àquele que juntou muito, nada lhe restou, e aquele que juntou pouco teve o suficiente”. Sou grato a Deus por ele ter dado a Tito o mesmo interesse profundo por vocês que eu tenho. É com prazer que ele está seguindo minha sugestão de visitá-los de novo — e eu acho que ele teria ido por iniciativa própria, porque está muito entusiasmado para vê-los! Com ele estamos enviando outro irmão bem conhecido, e que é muito elogiado em todas as igrejas por seu serviço no evangelho. De fato, esse homem foi eleito pelas igrejas para viajar em nossa companhia, a fim de levar a oferta a Jerusalém. Isso honrará o Senhor e mostrará nossa disposição em ajudar-nos mutuamente. Viajando juntos, nós nos guardaremos de qualquer suspeita, pois queremos evitar que alguém encontre falta no modo pelo qual estamos lidando com essa oferta generosa. Deus sabe que somos honestos, mas eu desejo que todas as pessoas também tenham a mesma impressão. E estou enviando ainda outro irmão, que nós sabemos, por experiência, que é um servo de Cristo fervoroso. Ele está particularmente interessado, enquanto aguarda essa viagem, porque eu lhe contei a respeito do entusiasmo de vocês em ajudar. Quanto a Tito, digam que ele é meu companheiro e meu auxiliar na ajuda que lhes dou, e podem também dizer que os outros dois irmãos representam as igrejas daqui, e que são admiráveis exemplos daqueles que pertencem a Cristo. Assim, eu lhes peço que mostrem amor para com esses homens diante das demais igrejas, e façam por eles tudo quanto eu alardeara publicamente que vocês fariam. Entendo que, na realidade, nem preciso lhes falar acerca do auxílio ao povo de Deus. Pois eu sei como vocês estão dispostos para fazê-lo e eu mostrei o meu orgulho aos macedônios de que vocês da Acaia há um ano estavam prontos a enviar uma oferta. De fato, foi esse entusiasmo de vocês que impulsionou muitos deles a começarem a ajudar. Entretanto, estou enviando esses homens só para ter certeza de que vocês estão realmente prontos, como eu disse a eles que estariam, com seu dinheiro já todo coletado: não desejo que desta vez pareça que eu estava errado, ao orgulhar-me de vocês. Eu ficaria grandemente envergonhado — e vocês também — se alguns destes macedônios fossem comigo e percebessem que vocês ainda não estão prontos, mesmo depois de tudo o que lhes contei! Portanto, pedi a esses outros irmãos que chegassem aí na minha frente, a fim de cuidar que já esteja em mãos e à nossa espera a contribuição que vocês prometeram. Eu quero que ela seja verdadeiramente uma oferta generosa, e não que pareça que foi dada por obrigação. Lembrem-se, porém, disto: se vocês derem pouco, receberão pouco. O lavrador que planta só algumas sementes terá uma colheita pequena, mas se plantar muito, colherá muito. Cada um deve resolver por si mesmo quanto vai dar. Não forcem ninguém a dar mais do que realmente deseja, pois Deus ama os que dão com alegria. Deus pode ajeitar isso para vocês, dando-lhes tudo o que necessitam — e mais ainda — para que não só haja o suficiente para suas próprias necessidades, mas também sobre em abundância para darem prazerosamente aos outros. Como dizem as Escrituras: “O homem piedoso dá generosamente aos pobres. As boas obras dele permanecerão para sempre”. Porque Deus, que dá a semente para o lavrador plantar e, mais tarde, boa produção para colher e gastar, dará a vocês todas as sementes que vocês precisam. Ele as fará crescer, a fim de que vocês possam colher da sua colheita os frutos da sua justiça. Sim, Deus lhes dará muito, a fim de que vocês possam dar com generosidade, e quando nós levarmos suas ofertas àqueles que as necessitam, a sua generosidade resulte em gratidão e louvor a Deus pela ajuda de vocês. Assim, duas coisas boas acontecem como resultado das ofertas de vocês — os necessitados do povo de Deus são ajudados e eles transbordarão de gratidão a Deus. Com o serviço que vocês estão prestando, mostram a eles como vocês são dedicados ao evangelho de Cristo. Eles ficarão satisfeitos e louvarão a Deus pelas generosas ofertas para eles e para outros. E eles orarão por vocês com profundo fervor e amor, por causa da maravilhosa graça de Deus manifestada por meio de vocês. Graças a Deus pela sua dádiva maravilhosa, uma dádiva que não podemos descrever com palavras. Eu, Paulo, apelo para vocês, com mansidão e bondade, em nome de Cristo. Alguns de vocês estão dizendo que sou corajoso quando estou longe, mas quando estou como vocês sou humilde. Espero não precisar mostrar-lhes, quando estiver com vocês, quão audaz e severo posso ser. Não quero levar a efeito meus planos atuais contra alguns de vocês que, segundo parece, pensam que minhas ações e palavras são simplesmente as de um homem comum. É verdade que somos humanos, mas não empregamos planos e métodos humanos para ganhar batalhas. As armas que usamos não são humanas; ao contrário, são poderosas armas de Deus para derrubar fortalezas. Estas armas podem derrubar todo argumento e pretensão contra o conhecimento de Deus. Com estas armas podemos dominar todo pensamento humano para torná-lo obediente a Cristo. E usaremos tais armas contra todo ato de desobediência, quando estivermos completamente obedientes a Deus. A dificuldade de vocês é que olham para a aparência. Se alguém tem certeza que pertence a Cristo, deveria considerar novamente consigo mesmo que, assim como ele, nós também pertencemos a Cristo. Eu posso dar a ideia de que estou alardeando mais do que devia a minha autoridade sobre vocês — autoridade que o Senhor me deu para ajudá-los e não para prejudicá-los — porém eu demonstrarei cada afirmação que fiz. Digo isto a fim de que vocês não pensem que eu estou querendo amedrontá-los quando os repreendo em minhas cartas. “Não se incomodem com as cartas dele”, dizem alguns. “Ele parece importante, mas é só aparência. Quando ele vier aqui, vocês verão que ele é tímido e a sua palavra é desprezível!” Que estas pessoas saibam que aquilo que somos em carta, quando estamos ausentes, seremos em atos, quando estivermos presentes! Não se preocupem, eu não me atreveria a dizer que sou tão admirável como esses outros homens que vivem dizendo-lhes como eles são bons! A dificuldade deles é que só se comparam uns aos outros, medindo-se pelos seus próprios conceitos mesquinhos. Mas nós não nos gloriaremos além do limite apropriado. Nosso objetivo é estar à altura do plano de Deus para nós, e este plano inclui o nosso trabalho com vocês. Não estamos indo longe demais quando reivindicamos autoridade sobre vocês, pois fomos os primeiros a chegar aí com o evangelho de Cristo. Não é que estejamos procurando exigir para nós o mérito pela obra que outro tenha realizado entre vocês. Em vez disso, esperamos que cresça a fé que vocês têm e que, ainda dentro dos limites estabelecidos para nós, a nossa obra entre vocês seja grandemente aumentada. Então poderemos pregar o evangelho às outras cidades que estão muito além de vocês, onde nenhum outro está trabalhando; então não serei acusado de estar me vangloriando em campo alheio. Como dizem as Escrituras: “Se alguém vai gloriar-se, que se glorie no Senhor”. Quando alguém se gloria de si mesmo, isso não tem valor. Mas quando é o Senhor quem o elogia, é bem diferente! Espero que vocês sejam pacientes comigo, enquanto continuo falando com certa insensatez. Tolerem-me e deixem-me dizer o que vai em meu coração. Tenho um profundo zelo por vocês, que vem do próprio Deus — zelo de que o amor de vocês seja somente por Cristo, tal como uma virgem reserva o seu amor para um homem apenas, aquele que será seu marido. Mas estou amedrontado, temendo que de alguma forma vocês sejam desviados da sua devoção simples e pura ao nosso Senhor, tal como Eva foi enganada pela astúcia da serpente. Vocês parecem tão ingênuos: creem em qualquer coisa que alguém lhes diz, mesmo que esteja pregando sobre outro Jesus, diferente daquele que nós pregamos, ou um espírito diferente do Espírito de Deus que vocês receberam, ou mostrando outro caminho para a salvação. Entretanto, eu não creio que esses sublimes “apóstolos de Deus”, como eles se chamam a si mesmos, sejam em nada superiores a mim. Se eu sou um pregador fraco, pelo menos conheço aquilo de que estou falando, como penso que vocês agora já perceberam, pois nós o temos provado repetidamente. Será que fiz mal, quando me rebaixei e fiz com que vocês me menosprezassem, só porque lhes preguei o evangelho de Deus sem cobrar-lhes coisa alguma? Enquanto trabalhava com vocês, fui sustentado por outras igrejas recebendo aquilo que me enviaram. Por assim dizer, eu estava privando outras igrejas para ajudar vocês. Eu estava servindo vocês, sem custar-lhes nada. E quando acabou o sustento, eu comecei a passar necessidade; mesmo assim não lhes pedi coisa alguma, pois os irmãos da Macedônia trouxeram-me outra oferta. Fiz tudo para não ser pesado a vocês, e continuarei agindo desta forma. Tão certo como a verdade de Cristo está em mim, eu contarei isso a todo mundo lá na Acaia! Por quê? Porque não os amo? Deus sabe que os amo. Mas eu farei isso a fim de tirar a oportunidade daqueles que se gabam de estarem fazendo a obra divina do mesmo modo que nós. Deus jamais enviou tais homens; eles são fingidos, enganaram vocês, fazendo-se passar por apóstolos de Cristo. Ainda assim não estou surpreendido, pois o próprio Satanás pode transformar-se num anjo de luz. Portanto, não é de admirar que os seus servos possam fazer o mesmo, fingindo ser ministros de Deus. No fim eles receberão todo o castigo que suas obras malignas merecem. Se estou argumentando de novo com vocês, não pensem que eu perdi o juízo por lhes falar assim; porém, mesmo que eu perdesse, ouçam-me de qualquer maneira, como um desajuizado para que eu tenha alguma coisa com que me orgulhar. Não é segundo o Senhor que me vanglorio assim, porque eu estou agindo como um insensato. Visto que existem tantas pessoas que se orgulham por motivos humanos eu também me orgulharei. Vocês que são tão sábios ainda ouvem com boa vontade esses insensatos; e nem se incomodam quando eles os fazem de escravos, tirando tudo quanto vocês têm, aproveitando-se de vocês, contando vantagem e ferindo-os no rosto. Sinto vergonha de dizer que não sou tão forte e ousado assim! Todavia, qualquer coisa de que eles se atrevem vangloriar-se — estou falando de novo como um insensato — eu também me atrevo. Eles se vangloriam de ser hebreus, não é? Ora, eu também sou. E eles dizem que são israelitas? Eu também sou. E eles são descendentes de Abraão? Pois eu também sou. Eles dizem que servem a Cristo? Mas eu o tenho servido muito mais! Será que enlouqueci para me vangloriar desse jeito? Tenho trabalhado mais arduamente; tenho sido posto na prisão mais vezes, e chicoteado mais severamente; e tenho enfrentado a morte muitas vezes. Em cinco ocasiões diferentes os judeus aplicaram-me seu terrível castigo de trinta e nove chibatadas. Apanhei de vara três vezes. Fui apedrejado uma vez. Três vezes sofri naufrágio. Numa ocasião fiquei exposto em alto-mar a noite inteira e durante todo o dia seguinte. Tenho viajado muito e estado frequentemente em grandes perigos nos rios, perigos por causa de salteadores, e perigos por causa do meu próprio povo, os judeus, assim como nas mãos dos gentios. Enfrentei grandes perigos nas cidades, perigos no deserto, perigos no mar, e perigos por causa de falsos irmãos. Tenho trabalhado arduamente e experimentado cansaço, muitas vezes fiquei noites sem dormir. Tenho passado fome e sede, e muitas vezes ficado em jejum; e muitas vezes suportei o frio, sem roupa suficiente para me agasalhar. Além de tudo isso, tenho a constante preocupação com todas as igrejas. Quem está fraco, que eu também não sinta fraqueza? Quem cai que eu não anseie ajudá-lo? Quem é ferido espiritualmente que minha fúria não se levante contra aquele que o feriu? Mas se devo me gloriar, eu preferiria gloriar-me nas minhas fraquezas. Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, aquele que deve ser louvado para todo o sempre, sabe que eu digo a verdade. Em Damasco, o governador nomeado pelo rei Aretas manteve guardas nos portões da cidade para me prender; porém, fui baixado numa cesta atada a uma corda, de uma janela do muro da cidade, e assim escapei da mão dele! Esta vanglória toda pode parecer absurda, mas eu vou continuar. Vou contar-lhes das visões que tive e das revelações do Senhor. Conheço um homem que há catorze anos foi levado para visitar o céu. Não me perguntem se seu corpo estava lá ou se apenas o seu espírito, porque eu mesmo não sei; só Deus é quem pode responder isso. Mas de qualquer maneira, eu sei que esse homem — se no corpo ou em espírito, não sei, mas Deus sabe — foi levado ao paraíso e ouviu coisas tão surpreendentes que estão além da capacidade humana para descrevê-las ou expressá-las em palavras, e, de qualquer modo, não me é permitido contá-las. Duma experiência assim vale a pena gloriar-se, porém não vou fazê-lo. Vou apenas gloriar-me nas minhas fraquezas. Tenho muito de que me gloriar e não seria imprudente fazê-lo, porém não quero que ninguém forme de mim uma ideia mais elevada do que deve por aquilo que, na realidade, pode ver em minha vida e minha mensagem. Uma coisa eu digo: Por serem tão extraordinárias essas experiências, Deus impediu que eu me exaltasse. Por isso, foi-me dado um espinho em minha carne, um mensageiro de Satanás, para me ferir e me atormentar. Em três ocasiões diferentes implorei ao Senhor que o tirasse de mim. E cada vez ele disse: “A minha graça é tudo de que você precisa, pois o meu poder se revela melhor nos fracos”. Agora, sinto-me feliz em me gloriar em minhas fraquezas; estou feliz em ser uma demonstração viva do poder de Cristo. Já que eu sei que tudo é para o bem de Cristo, alegro-me nas fraquezas, nos insultos, nas durezas, nas perseguições e nas dificuldades; porque quando estou fraco, então sou forte. Vocês me fizeram proceder como um insensato — gabando-me desta maneira — pois vocês é que deveriam escrever a meu respeito, e não fazer que eu escrevesse sobre mim mesmo. Não existe uma única coisa que esses tais “superapóstolos” têm que eu não tenha também, mesmo que eu não tenha realmente valor nenhum. Quando eu estava aí, sem dúvida nenhuma, dei-lhes todas as provas de ser verdadeiramente um apóstolo, enviado a vocês pelo próprio Deus, porque, com toda a persistência, fiz muitas maravilhas, sinais e obras poderosas entre vocês. A única coisa que não fiz por vocês, e que faço nas igrejas de todos os outros lugares, foi tornar-me um fardo para vocês. Peço-lhes que me perdoem esta injustiça! Agora, irei vê-los novamente, pela terceira vez; e ainda não lhes custará coisa alguma, pois não quero os seus recursos. Quero, sim, vocês! E, seja como for, não são os filhos que devem ajuntar riquezas para os pais, mas os pais para os filhos. Sinto-me feliz em dar-me a mim mesmo a vocês e também tudo quanto tenho para o seu bem espiritual. Se eu tanto os amo, devo ser menos amado? Vocês terão de concordar comigo que não lhes tenho sido um peso. Porém alguém poderá dizer que sou astuto e os enganei com minha astúcia. Mas como? Alguns dos homens que lhes enviei tirou algum proveito material de vocês? Quando recomendei a Tito que os visitasse, e enviei com ele outro irmão, eles tiraram algum proveito disso? Não, naturalmente que não. Porque nós temos o mesmo espírito e andamos nos passos um do outro, fazendo as coisas do mesmo modo. Suponho que vocês pensam que eu estou dizendo tudo isto a fim de nos defendermos diante de vocês. Absolutamente, não se trata disso. Digo-lhes diante de Deus como alguém que está em Cristo, que está me ouvindo enquanto falo, que eu disse isto para ajudar a vocês, amados irmãos — para edificá-los espiritualmente e não para ajudar-me a mim mesmo. Tenho receio de que quando for visitá-los não vou gostar daquilo que encontrar, e vocês não vão gostar do modo pelo qual eu terei de agir. Receio também encontrar desavenças, inveja, ira, insultos, calúnias, intrigas, presunção e discórdia. Sim, tenho receio de que, quando for visitá-los outra vez, Deus me humilhe diante de vocês e eu fique triste e pesaroso porque muitos de vocês pecaram e nem mesmo se importam com as coisas vis e indecentes que têm praticado: a impureza, a imoralidade e a sedução que praticaram. Esta é a terceira vez que irei visitá-los. As Escrituras dizem que se dois ou três virem algum delito, ele deve ser castigado. Ora, este é o meu terceiro aviso, enquanto vou agora para esta visita. Já avisei aqueles que estavam pecando quando estive aí da última vez; agora eu os aviso de novo, e a todos os outros, tal como fiz naquela ocasião, que desta vez não terei pena de ninguém e não os pouparei. Darei toda a prova que vocês desejarem de que Cristo fala por meu intermédio. Cristo não é fraco em seu modo de tratar com vocês, mas poderoso entre vocês. Seu corpo humano e fraco morreu na cruz, mas agora ele vive pelo poder grandioso de Deus. Nós também somos fracos em nossos corpos, tal como ele era, mas agora estamos vivos e somos fortes, tal como ele é, e pelo poder de Deus serviremos vocês. Examinem-se vocês mesmos. Vocês estão realmente firmes na fé? Passam pela prova? Sentem cada vez mais a presença e o poder de Cristo dentro de vocês? A não ser que tenham sido reprovados! Espero que vocês possam concordar que nós fomos aprovados e pertencemos verdadeiramente ao Senhor. Minha oração é que vocês vivam decentemente, não porque isso será motivo de orgulho para nós, provando que o nosso ensino está certo; não porque nós desejamos que vocês procedam corretamente, ainda que nós mesmos sejamos desprezados. Porque nada podemos contra a verdade, senão a favor da verdade. Estamos contentes em ser fracos e desprezados, se vocês forem realmente fortes; nosso maior desejo e a nossa oração são que vocês se tornem servos de Cristo maduros. Estou-lhes escrevendo isto agora na esperança de que não precise ser rigoroso no uso da autoridade que o Senhor me deu. Essa autoridade tem o objetivo de fazê-los crescer espiritualmente e não para destruí-los. E agora, irmãos, termino minha carta com estas últimas palavras! Procurem ser corretos em todas as ocasiões, prestem atenção na minha exortação. Vivam em harmonia e paz. E que o Deus de amor e paz esteja com vocês. Saúdem uns aos outros com um beijo santo. Todos os santos daqui lhes enviam suas cordiais saudações. Que a graça do nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vocês. Paulo, o apóstolo chamado não por intermédio de homens, pois minha chamada vem do próprio Jesus Cristo, e de Deus o Pai, que o ressuscitou dos mortos, e todos os outros cristãos daqui, às igrejas da Galácia: Que a graça e a paz de Deus o nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo estejam com vocês. Jesus Cristo morreu por nossos pecados como fora planejado por Deus nosso Pai, e nos resgatou deste mundo mau em que vivemos. A Deus toda a glória para todo o sempre. Amém. Estou admirado de que vocês tão depressa estejam desviando-se daquele que pela graça de Cristo chamou vocês; e agora já estão seguindo outro evangelho. Porque não existe outro evangelho, a não ser aquele que nós proclamamos. O que ocorre é que vocês estão sendo enganados por aqueles que torcem e mudam a verdade concernente ao evangelho de Cristo. Que as maldições de Deus caiam sobre qualquer um, incluindo eu mesmo, que pregar qualquer outro evangelho, além daquele a respeito do qual lhes falamos; sim, mesmo se um anjo vier do céu e pregar outro evangelho, que seja maldito para sempre. Digo e repito: se alguém anunciar qualquer outro evangelho diferente daquele que vocês acolheram, que seja amaldiçoado. Vejam que não estou procurando agradar a homens; estou buscando agradar a Deus. Se eu ainda estivesse procurando agradar a homens, não poderia ser servo de Cristo. Irmãos, afirmo solenemente que o evangelho que eu anuncio não está baseado em mera fantasia ou sonho dos homens. Minha mensagem não vem de pessoa alguma, e sim eu a recebi do próprio Jesus Cristo, que me instruiu sobre o que dizer. Vocês sabem como eu era quando seguia a religião judaica — como perseguia sem misericórdia a igreja de Deus, fazendo de tudo para me livrar deles todos. Fui um dos judeus mais religiosos da minha idade e procurava tão rigidamente quanto possível seguir todas as tradições dos meus antepassados. Antes mesmo de eu nascer, Deus tinha me escolhido para ser dele, chamando-me por sua graça! Assim ele resolveu revelar o seu Filho em mim, a fim de que eu pudesse anunciá-lo aos gentios. Quando tudo isso me aconteceu, não fui discuti-lo com nenhuma outra pessoa. Também não fui a Jerusalém para trocar ideias com aqueles que eram apóstolos antes de mim. Pelo contrário, fui para os desertos da Arábia, e depois voltei à cidade de Damasco. Depois de três anos, fui até Jerusalém, para uma visita a Pedro pessoalmente, permanecendo com ele quinze dias. Não vi nenhum dos outros apóstolos, a não ser Tiago, irmão de nosso Senhor. Ouçam o que estou dizendo, pois lhes falo isso na própria presença de Deus. Foi exatamente isso que aconteceu; não estou mentindo. Então, depois dessa visita, fui para as regiões da Síria e da Cilícia. Entretanto, as igrejas da Judeia nem ao menos sabiam quem eu era. Tudo quanto sabiam era o que ouviam o povo dizer: “O nosso antigo inimigo que nos perseguia agora está anunciando a fé que ele antes tentava destruir”. E davam glória a Deus por minha causa. Então, depois de quatorze anos voltei novamente a Jerusalém, dessa vez com Barnabé; e Tito também foi junto. Fui até lá devido a ordens expressas de Deus, para falar com os irmãos a respeito do evangelho que eu estava anunciando aos gentios. Falei particularmente aos líderes da igreja, para que todos eles entendessem claramente aquilo que eu estava ensinando. Eu não queria que o trabalho que estava fazendo fosse um trabalho perdido. E eles concordaram; nem ao menos exigiram que Tito, meu companheiro, se circuncidasse, embora ele fosse grego. Essa questão não teria surgido, se não fosse por alguns que se diziam irmãos — na realidade, falsos irmãos — que se infiltraram em nosso meio para nos espionar e ver que espécie de liberdade gozávamos em Cristo Jesus. Eles procuravam fazer com que nos tornássemos escravos novamente. Assim, não prestamos atenção a eles nem por um momento, pois queríamos que o verdadeiro evangelho permanecesse com vocês. E os grandes líderes da Igreja que estavam presentes lá nada tiveram a acrescentar àquilo que eu anunciava. Aliás, o fato de serem eles grandes líderes não fez diferença nenhuma para mim, pois todos somos iguais diante de Deus. Eles viram como Deus tinha me usado tão extraordinariamente para ganhar os incircuncisos, tal como Pedro havia sido grandemente abençoado em sua pregação aos circuncisos. Pois pelo poder de Deus, Pedro foi usado como apóstolo aos circuncisos, assim como eu fui feito apóstolo para anunciar o evangelho aos gentios. E quando Pedro, Tiago e João, reconhecidos como colunas — porque o mesmo Deus a cada um de nós concedeu dons especiais — estenderam a mão direita a mim e a Barnabé, encorajaram-nos a continuar a nossa pregação aos gentios, enquanto eles prosseguiriam sua obra com os judeus. A única coisa sugerida por eles foi que deveríamos sempre nos lembrar de ajudar os pobres, o que eu tenho procurado fazer. Contudo, quando Pedro veio a Antioquia tive de me opor publicamente a ele, falando bem duro contra o que ele andava fazendo, por sua atitude condenável. Porque, quando ele chegou lá, no princípio comia com os gentios. Mas depois, quando chegaram alguns judeus amigos de Tiago, ele não queria mais comer com os gentios porque estava com medo daquilo que diriam os que eram da circuncisão. E depois, todos os outros judeus, e até mesmo Barnabé, seguiram o exemplo de Pedro nessa hipocrisia. Quando vi o que estava acontecendo, que eles não estavam sendo sinceros quanto àquilo em que realmente criam, e não estavam seguindo a verdade do evangelho, eu disse a Pedro diante de todos os outros: “Embora seja você judeu de nascimento, não está vivendo como judeu, e sim como gentio; então, por que, duma hora para outra, está obrigando esses gentios a viverem como judeus? Tanto eu como você somos judeus de nascimento, e não gentios pecadores; sabemos muito bem que não podemos tornar-nos justos diante de Deus pela obediência às nossas leis judaicas, mas somente pela fé em Cristo Jesus, para que ele tire os nossos pecados. E assim nós também já confiamos em Cristo Jesus, crendo que podíamos ser justificados por Deus devido à fé — e não porque tivéssemos obedecido às leis judaicas. Porque ninguém jamais será justificado pela obediência às leis judaicas”. Mas que sucederia se confiássemos em Cristo para sermos justificados e depois víssemos que somos pecadores? Seria Cristo então ministro do pecado? De forma alguma. Pelo contrário, estamos em pecado se começarmos a edificar aquilo que já derrubamos uma vez, porque quanto à lei, estou morto, morto para a lei, a fim de viver para Deus. Eu já fui crucificado com Cristo: eu próprio não vivo mais, e sim é Cristo quem vive em mim. E a vida genuína que tenho agora dentro deste corpo é resultado da minha fé no Filho de Deus, o qual me amou e a si mesmo se entregou por mim. Não sou daqueles que consideram sem sentido a graça de Deus. Se pudéssemos ser justificados pela guarda das leis judaicas, então não haveria nenhuma necessidade de Cristo morrer. Ó gálatas insensatos! Quem os enfeitiçou? Porque vocês costumavam ver o significado da morte de Jesus Cristo tão claramente como se eu tivesse exibido diante de vocês um quadro com o retrato de Cristo morrendo na cruz. Só gostaria de saber uma coisa: Vocês receberam o Espírito Santo pela tentativa de guardar as leis judaicas ou pela fé naquilo que ouviram? Será que vocês ficaram completamente loucos? Pois, se a tentativa de obedecer às leis judaicas nunca lhes deu vida espiritual no princípio, por que vocês pensam que a tentativa em obedecê-las agora os fará cristãos mais fortes? Vocês sofreram tanto pelo evangelho. E agora vão simplesmente jogar tudo pela janela? Mal posso acreditar nisso! E eu lhes pergunto de novo: Aquele que lhes dá o poder do Espírito Santo e opera milagres no meio de vocês faz isso como resultado das suas tentativas de obediência às leis judaicas ou pela fé com a qual receberam a palavra? Abraão teve a mesma experiência. “Ele creu em Deus, e isso lhe foi creditado como justiça”. Daí se pode ver que os verdadeiros filhos de Abraão são aqueles que têm fé. As Escrituras previram esse tempo quando Deus justificaria também os gentios mediante a sua fé. Deus falou a esse respeito a Abraão muito tempo atrás quando disse: “Eu abençoarei aqueles que, em todas as nações, confiarem em mim como você”. E assim acontece: Todos aqueles que são da fé participam da mesma bênção que Abraão, homem de fé, recebeu. Já aqueles que confiam que as leis judaicas podem salvá-los estão debaixo da maldição, pois as Escrituras dizem: “Maldito todo aquele que, em qualquer tempo, quebrar uma só das leis que estão escritas no Livro da Lei”. Por conseguinte, é claro que ninguém jamais pode ser justificado pela tentativa de guardar as leis judaicas, porque Deus mesmo disse que “o justo viverá pela fé”. Como esse caminho de fé é diferente do caminho da lei! Como dizem as Escrituras: “Aquele que praticar o que a lei manda, viverá por ela”. Entretanto, Cristo nos comprou e nos redimiu da maldição da Lei, quando se tornou maldição em nosso lugar. Porque está escrito nas Escrituras: “Maldito todo aquele que for pendurado num madeiro”. Agora Deus pode abençoar os gentios também, com esta mesma bênção que ele prometeu a Abraão; e todos nós podemos receber o Espírito Santo prometido por meio da fé. Caros irmãos, mesmo na vida diária, uma promessa feita por um homem a outro, se estiver escrita e assinada, não pode ser mudada. Depois disso, ele não pode acrescentar coisa alguma. Assim Deus fez algumas promessas a Abraão e ao seu descendente. E notem que não diz que as promessas eram aos seus filhos, como diria se estivesse falando de muitos, mas ao seu descendente, a saber, Cristo. Eis o que eu estou procurando dizer: A promessa de Deus, de salvar por meio da fé — e Deus escreveu e assinou esta aliança — não podia ser cancelada nem mudada quatrocentos e trinta anos mais tarde quando a Lei foi dada por Deus. Se a obediência a essas leis pudesse nos salvar, já não dependeríamos da sua promessa. Deus, porém, concedeu-a de graça a Abraão, pois ele aceitou a promessa de Deus. Então qual é o propósito da Lei? Ela foi acrescentada, depois que a promessa foi dada, a fim de mostrar aos homens quanto eles são culpados em quebrar as leis de Deus. Entretanto, esse sistema de lei era para durar somente até a vinda de um mediador a quem a promessa de Deus fora feita. Esta Lei foi entregue por anjos; Porém não é necessário haver intermediário quando se está falando de uma só pessoa; Deus, porém, é um. Então as leis de Deus são contra as promessas de Deus? Naturalmente que não! Se nós pudéssemos ser salvos por suas leis, então Deus não precisaria ter-nos dado um meio diferente de nos libertarmos. Mas as Escrituras sustentam que todos nós somos prisioneiros do pecado a fim de que a promessa, que é pela fé em Jesus Cristo, fosse concedida aos que creem nele. Mas antes que chegasse essa fé, nós éramos prisioneiros da Lei, até que fosse revelada a fé que devia vir. Assim as leis judaicas eram nosso mestre e guia até que Cristo viesse para nos dar uma posição correta perante Deus por meio da nossa fé. Mas agora que já veio a fé, não precisamos mais daquelas leis para tomar conta de nós. Porque agora todos vocês são filhos de Deus por meio da fé em Jesus Cristo, e os que fomos batizados em união com Cristo somos revestidos por ele. Já não somos mais judeus, nem gregos, nem escravos, nem livres, nem simplesmente homens ou mulheres, porém somos todos iguais; somos um em Cristo Jesus. E, agora que somos de Cristo, somos os verdadeiros descendentes de Abraão, e todas as promessas que Deus fez a ele pertencem a nós. Lembrem-se, porém, disto, que se um pai morrer e deixar uma grande herança para seu filho pequeno, essa criança até crescer não difere de um escravo, apesar de ser o dono de tudo. Ele tem de fazer aquilo que seus tutores e administradores mandarem, até atingir a idade determinada por seu pai. E era assim que acontecia conosco antes da vinda de Cristo. Éramos escravos dos rudimentos elementares que dominam este mundo. Mas, quando chegou o tempo certo, o tempo determinado por Deus, ele enviou seu Filho, nascido de mãe humana e viveu debaixo da lei, para comprar a liberdade para nós que éramos escravos da lei, a fim de que ele nos pudesse adotar como seus próprios filhos. E, porque vocês são seus filhos, Deus enviou o Espírito de seu Filho aos corações de vocês, que clama: “Abba, Pai”. Assim vocês não são mais escravos, mas verdadeiros filhos. E uma vez que são filhos, Deus lhes dará tudo o que ele tem. Antes de conhecerem a Deus, vocês eram escravos daqueles que por natureza não eram deuses. E agora que conheceram a Deus, ou melhor, agora que Deus conheceu vocês, como é possível que vocês queiram voltar atrás e tornar-se mais uma vez escravos desses rudimentos deficientes, fracos e inúteis? Vocês estão observando dias especiais, ou meses, ou épocas, ou anos. Eu temo por vocês. Tenho receio de que todo o meu árduo trabalho em seu beneficio tenha sido inútil. Irmãos, eu lhes peço que tenham a mesma ideia que eu a respeito dessas coisas, pois eu estou tão livre dessas cadeias quanto vocês costumavam estar. Vocês não me desprezaram naquela ocasião em que preguei pela primeira vez a vocês, embora eu estivesse na fraqueza da carne quando pela primeira vez levei-lhes o evangelho de Cristo. No entanto, ainda que a minha condição física lhes fosse uma provação, vocês não me rejeitaram nem me mandaram embora. Ao contrário, vocês me receberam e cuidaram de mim como se eu fosse um anjo de Deus, ou até mesmo como o próprio Jesus Cristo. O que aconteceu com aquele espírito feliz que sentimos juntos naquela ocasião? Porque eu sei que naqueles dias vocês, com toda a alegria, teriam arrancado os próprios olhos e os teriam dado para substituir os meus, se aquilo tivesse me ajudado. E agora eu me tornei inimigo de vocês por lhes dizer a verdade? Esses falsos mestres que estão tão ansiosos em agradá-los não estão fazendo isso para o bem de vocês. O que eles estão procurando fazer é separá-los de mim, para que vocês prestem mais atenção neles. É bom zelar pelo bem sempre, e não apenas quando estou entre vocês. Meus filhos, mais uma vez estou sofrendo as dores de parto por sua causa, até que Cristo seja formado em vocês. Como eu gostaria de poder estar aí com vocês agora mesmo e não ter de discutir com vocês dessa maneira, pois a essa distância, francamente, eu não sei o que fazer. Escutem-me, vocês que pensam que precisam obedecer às leis judaicas para serem salvos: Por que vocês não aprendem o verdadeiro significado dessas leis? Pois está escrito que Abraão teve dois filhos: um da mulher escrava e outro da mulher livre. Não houve nada de extraordinário quanto ao nascimento do bebê da mulher escrava, mas o bebê da mulher livre só nasceu mediante promessa. Ora, essa história verdadeira é uma ilustração das duas alianças que essas mulheres representam. Uma aliança procede do monte Sinai e está representada por Hagar. Os que pertencem a esta aliança nascem escravos. Hagar representa o monte Sinai, na Arábia, e Hagar é o símbolo da atual cidade de Jerusalém, que está escravizada com todos os seus filhos. Mas a nossa cidade-mãe é a Jerusalém celestial, e ela é livre. Pois está escrito: “Agora você, mulher sem filhos, pode se alegrar; grite de alegria, você que nunca esteve em trabalho de parto. Porque a mulher abandonada terá mais filhos do que a mulher que tem marido”. Vocês, irmãos, são os filhos prometidos por Deus, tal como foi Isaque. E assim, o filho nascido de modo natural perseguiu o filho nascido do Espírito. E a mesma coisa está acontecendo agora. Entretanto, o que dizem as Escrituras? “Mande embora a mulher escrava e seu filho, pois o filho da mulher escrava jamais será herdeiro junto com o filho da mulher livre”. Irmãos, nós não somos filhos da escrava, mas filhos da mulher livre. Foi assim que Cristo nos libertou. Agora, cuidem de permanecer livres e não fiquem novamente presos pelas cadeias da escravidão. Escutem bem o que eu, Paulo, digo a vocês: Se vocês estão contando com a circuncisão e a guarda das leis judaicas para fazê-los justos diante de Deus, então Cristo não pode salvá-los. E vou repetir: Qualquer um que se deixa circuncidar precisa obedecer a toda a Lei. Cristo é inútil para vocês se estão achando que podem saldar a sua dívida para com Deus pela guarda daquela Lei; vocês se privaram da graça de Deus. Mas nós, pela ajuda do Espírito, estamos aguardando pela fé a justiça que é a nossa esperança. Porque os que estão em Jesus Cristo não precisam se preocupar em serem circuncidados ou não, porque a circuncisão não tem efeito algum, pois tudo quanto precisamos é a fé operando pelo amor. Vocês estavam indo tão bem. Que foi que aconteceu com vocês para impedi-los de seguir a verdade? Certamente que não foi Deus. “Basta um pouco de fermento para levedar toda a massa”. Estou confiando no Senhor para fazê-los voltar a crer como eu a respeito dessas coisas. Deus se encarregará daquela pessoa, seja quem for, que vem perturbando e confundindo vocês. Irmãos, eu não prego que a circuncisão e as leis judaicas são necessárias ao plano da salvação. Se eu pregasse tal coisa, não seria mais perseguido — pois essa mensagem não desagrada a ninguém. O fato de ainda estar sendo perseguido prova que eu continuo pregando o escândalo da cruz. Quanto a esses mestres que perturbam vocês, eu gostaria que eles mesmos se mutilassem! Porque vocês, caros irmãos, receberam a liberdade: não a liberdade para dar lugar à vontade da carne, mas a liberdade para amarem e servirem uns aos outros. Pois toda a Lei pode ser resumida neste único mandamento: “Ame o seu próximo como a si mesmo”. Mas se, em lugar de mostrarem amor entre si, vocês estão sempre se mordendo e se devorando, cuidado para não se destruírem mutuamente. Eu os aconselho a obedecerem somente às instruções do Espírito Santo. Ele lhes dirá aonde ir e o que fazer, e assim vocês não estarão sempre satisfazendo os desejos da natureza pecaminosa. Porque nós por natureza gostamos de fazer as coisas ruins que são justamente o oposto das coisas que o Espírito nos manda fazer; e as coisas boas que desejamos fazer quando o Espírito nos domina são justamente o oposto dos nossos desejos naturais. Estas duas forças dentro de nós estão lutando constantemente uma contra a outra, a fim de ganharem o domínio sobre nós, e os nossos desejos nunca estão livres de suas pressões. Se vocês são guiados pelo Espírito Santo, não estão mais debaixo da Lei. Ora, as obras da natureza humana produzirão os seguintes resultados: imoralidade sexual; impureza e libertinagem; idolatria e feitiçaria; ódio e discórdia; ciúme e ira; esforço constante para conseguir o melhor para si próprio; queixas e críticas; dissensões, facções, inveja, embriaguez, orgias e toda essa espécie de coisas. Vou dizer-lhes novamente, como já o fiz antes, que todo aquele que levar esse tipo de vida não herdará o reino de Deus. Mas, quando o Espírito Santo controlar as nossas vidas, ele produzirá em nós esta espécie de fruto: amor, alegria, paz, paciência, retidão, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio; e aqui não há conflito algum com as leis judaicas. Aqueles que pertencem a Cristo Jesus crucificaram seus maus desejos e paixões. Se agora estamos vivendo pelo poder do Espírito Santo, sigamos a liderança do Espírito Santo em todos os aspectos da nossa vida. Então não precisaremos mais andar em busca de honras e de popularidade, que levam à inveja e aos maus sentimentos. Irmãos, se alguém for vencido por algum pecado, vocês, que são espirituais, devem ajudá-lo, com mansidão e humildade, a voltar ao caminho certo, lembrando-se que da próxima vez poderá ser um de vocês a ser tentado. Partilhem as dificuldades e problemas uns dos outros, obedecendo dessa forma à lei de Cristo. Se alguém pensar que é importante quando na verdade não é, está se enganando a si próprio. Que cada um de vocês esteja seguro de estar fazendo o melhor, pois assim terá a satisfação pessoal de uma obra benfeita e não precisará se comparar com outra pessoa. Cada um deverá suportar seus próprios fardos. Aqueles que aprendem a Palavra de Deus devem repartir todas as suas coisas boas com seus instrutores. Não se iludam; lembrem-se de que vocês não podem enganar a Deus e escapar impunes. O homem sempre colherá aquilo que semeou! Se ele plantar a fim de agradar aos seus próprios desejos maus, estará plantando as sementes do mal e logicamente fará uma colheita de ruína espiritual e morte; mas se plantar as coisas boas do Espírito, ele colherá a vida eterna que o Espírito Santo lhe dá. E não nos cansemos de fazer o bem, porque em pouco tempo teremos uma colheita de bênção, se não desanimarmos nem desistirmos. É por isso que, tanto quanto pudermos, devemos sempre fazer o bem a todos, e especialmente aos nossos irmãos cristãos. Eu vou escrever estas palavras finais com a minha própria mão. Vejam as letras grandes que estou escrevendo! Aqueles mestres no meio de vocês que estão procurando convencê-los a se circuncidarem estão fazendo isso por uma única razão: desejam causar uma boa impressão e evitar a perseguição que sofreriam se admitissem que somente a cruz de Cristo pode salvar. E nem mesmo aqueles mestres que se submetem à circuncisão guardam as outras leis judaicas; no entanto, querem que vocês sejam circuncidados para poderem gabar-se por terem colocado o sinal da circuncisão no corpo de vocês. Quanto a mim, não permita Deus que eu me gabe de coisa alguma, a não ser da cruz de nosso Senhor Jesus Cristo. Por causa dessa cruz meu interesse por todas as coisas atraentes do mundo já foi morto há muito tempo, e o interesse do mundo em mim também há muito está morto. Não faz diferença nenhuma agora se fomos circuncidados ou não; o que vale é se fomos realmente mudados em pessoas novas. Que a paz e misericórdia de Deus sejam com todos vocês que vivem por esta norma, e com todos quantos, em toda parte, pertencem realmente ao povo de Deus. Daqui por diante ninguém procure discutir comigo sobre estas coisas, pois eu carrego em meu corpo as cicatrizes de Jesus. Queridos irmãos, que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vocês. Amém. Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, escolhido por Deus, aos santos e fiéis em Cristo Jesus que estão em Éfeso. Que a sua graça e sua paz estejam com vocês, enviadas por Deus nosso Pai e por Jesus Cristo nosso Senhor. Como louvamos a Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com todas as bênçãos do céu por pertencermos a Cristo! Muito antes de criar o mundo, Deus nos escolheu para pertencermos a ele; naquela época ele decidiu fazer-nos santos aos seus olhos, sem uma única falta — a nós, que nos encontramos diante dele cobertos com o seu amor. Seu plano imutável sempre foi adotar-nos em sua própria família, por meio de Jesus Cristo, pois esse era o seu propósito e sua vontade. Agora, todo o louvor seja dado a Deus por sua maravilhosa graça derramada sobre nós porque pertencemos ao seu amado Filho. Ele nos redimiu por meio do seu sangue, perdoando os nossos pecados, de acordo com a abundante graça de Deus, que ele derramou generosamente sobre nós com toda a sabedoria e entendimento! Deus nos revelou sua razão secreta para enviar Cristo, um plano que ele em misericórdia traçou há muito tempo; e este era o seu propósito: na plenitude do tempo, ele reunirá tudo o que existe — no céu e na terra — debaixo da autoridade de Cristo. Nele, nós fomos escolhidos e predestinados como parte do plano soberano de Deus, que faz tudo conforme a sua vontade. O propósito de Deus nisso era que louvássemos a Deus e déssemos glória a ele por ter feito essas coisas poderosas por nós, que fomos os primeiros a confiar em Cristo. E por causa daquilo que Cristo fez, também todos vocês que ouviram o evangelho sobre a maneira de ser salvos e creram em Cristo foram marcados pelo Espírito Santo como pertencentes a Cristo, o qual há muito tempo havia sido prometido. Sua presença em nosso íntimo é a garantia de que Deus realmente nos dará tudo quanto prometeu; e o sinal do Espírito em nós significa que Deus já nos comprou e que ele garante levar-nos para si mesmo. Esta é mais uma razão para que louvemos o nosso glorioso Deus. É por isso que, desde que eu soube da fé firme que vocês têm no Senhor Jesus e do amor que demonstram pelos santos de toda parte, nunca deixei de dar graças a Deus por vocês. Oro constantemente por todos vocês, pedindo que Deus, o glorioso Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, lhes dê o espírito de sabedoria para que vejam claramente e realmente compreendam quem é Cristo e tudo o que ele fez por vocês. Oro para que seus corações sejam inundados de luz, a fim de que vocês possam conhecer a esperança para a qual ele os chamou, as riquezas da gloriosa herança que ele prometeu ao seu povo. Oro para que vocês comecem a compreender como é incrivelmente grande o seu poder para conosco, os que creem nele. Foi esse mesmo grandioso poder que ressuscitou a Cristo dentre os mortos e o fez sentar-se no lugar de honra no céu, à mão direita de Deus, muitíssimo acima de qualquer governo celestial, autoridade, força e domínio. Sim, sua honra é muito mais gloriosa do que a de qualquer outro ser, seja neste mundo, seja no mundo futuro. E Deus colocou todas as coisas debaixo de seus pés e o fez cabeça de todas as coisas para a igreja, que é o seu corpo, repleto dele mesmo, que é o autor e doador de todas as coisas em toda parte. Antigamente, vocês estavam mortos por causa dos seus pecados. Seguiam a multidão e eram iguais a todos os outros, cheios de pecado e obedientes à ordem deste mundo e ao poderoso príncipe do poder do ar, que está operando agora mesmo no coração daqueles que vivem em desobediência ao Senhor. Todos nós costumávamos viver entre eles, manifestando pelas nossas vidas o mal que havia dentro de nós, e fazendo todas as coisas ruins para as quais as nossas paixões ou os nossos maus pensamentos pudessem nos arrastar. Estávamos debaixo da ira de Deus tal como todos os demais. Deus, porém, é tão rico em misericórdia! Ele nos amou tanto que, embora estivéssemos espiritualmente mortos e condenados pelos nossos pecados, ele nos deu vida juntamente com Cristo — somente pela sua graça imerecida é que nós fomos salvos. Deus nos ressuscitou com Cristo, e nos assentou com ele nas regiões celestiais e agora Deus pode nos mostrar nas eras vindouras a incomparável riqueza de sua graça, que é revelada em tudo quanto ele fez por nós por intermédio de Jesus Cristo. Pois é pela graça que vocês são salvos, mediante a fé em Cristo. Isso não vem de vocês mesmos; é uma dádiva de Deus. A salvação não é uma recompensa pelo bem que fizemos, portanto nenhum de nós tem mérito nisso. Foi o próprio Deus quem fez de nós o que somos e nos deu uma vida nova da parte de Cristo Jesus para que realizássemos as boas obras que ele planejou para nós há muito tempo atrás. Nunca se esqueçam de que antigamente vocês eram gentios, e de que eram chamados de incircuncisos pelos que se chamam circuncisão, feita no corpo por mãos humanas. Lembrem-se que naqueles dias vocês estavam vivendo completamente afastados de Cristo; eram inimigos da comunidade de Israel e não tinham parte nas alianças que eram baseadas nas promessas de Deus. Vocês estavam sem Deus e sem esperança no mundo. Agora, porém, vocês pertencem a Cristo Jesus e, ainda que antigamente estivessem muito longe de Deus, agora foram trazidos para muito perto dele por causa daquilo que Jesus Cristo fez por vocês com o seu sangue. Porque o próprio Cristo é a nossa paz. Ele fez a paz entre nós, os judeus, e vocês, os gentios, fazendo de todos nós uma só família, derrubando a muralha de desprezo que nos separava. Ele acabou em seu corpo com a lei, juntamente com os seus mandamentos na forma de ordenanças. Ele tomou os dois grupos que se opunham e os fez parte dele mesmo e formou um só povo, e finalmente houve paz. Como membros do mesmo corpo, desapareceu o rancor que tínhamos um contra o outro, pois ambos fomos reconciliados com Deus. E assim, finalmente, a inimizade se acabou na cruz. E ele trouxe este evangelho da paz a vocês, que estavam tão longe dele, e a nós, que estávamos perto. Agora todos nós, quer sejamos judeus, quer gentios, por causa daquilo que Cristo fez por nós, temos acesso ao Pai, pelo poder de um só Espírito. Agora vocês já não são mais estranhos a Deus nem forasteiros, mas sim membros da própria família de Deus e cidadãos que pertencem ao povo dele. Vejam o alicerce sobre o qual vocês se encontram agora: os apóstolos e os profetas; e a pedra de esquina do edifício é o próprio Jesus Cristo! Nós, os que cremos, somos cuidadosamente colocados juntamente com Cristo como parte de um templo dedicado a Deus, que está em constante crescimento. E vocês também são unidos a ele e uns aos outros pelo Espírito, e fazem parte desta morada de Deus. Eu, Paulo, servo de Cristo, estou aqui na prisão por amor a vocês — por pregar que vocês, os gentios, fazem parte da casa de Deus. Não há dúvida que vocês já sabem que Deus, pela sua graça, me entregou esse trabalho especial de mostrar o favor divino a vocês, os gentios. Como antes mencionei em poucas palavras, o próprio Deus me mostrou este mistério por revelação. Ao lerem o que escrevi, vocês poderão entender como eu estou a par do mistério de Cristo. Nos tempos antigos Deus não fez o seu povo participante desse mistério; agora, porém, ele o revelou através do Espírito Santo aos seus santos apóstolos e profetas. E este é o mistério: que os gentios terão total participação com os judeus em todas as riquezas herdadas pelos filhos de Deus; ambos são convidados a pertencer à sua igreja e a participar de todas as promessas divinas de bênçãos poderosas por meio de Cristo Jesus. Deus me concedeu o privilégio maravilhoso de contar a todo mundo o dom da sua graça; e me deu o seu poder e uma capacidade especial para fazê-lo. Embora eu nada tivesse feito para merecê-lo, e ainda que eu seja o menor de todos que pertencem a Deus, ainda assim foi me dada a graça de anunciar aos gentios a alegre nova dos tesouros infindáveis acessíveis a eles em Cristo e explicar a todos o mistério que Deus é o Salvador dos gentios também, o mesmo Deus que fez todas as coisas e que tinha mantido isso em segredo desde o princípio. E para quê? Para mostrar a todas as autoridades e poderes nas regiões celestiais, por meio da igreja, como Deus é perfeitamente sábio, tal como ele sempre tinha planejado fazer por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor, por meio de quem temos livre acesso à presença de Deus, com toda a confiança, por meio da nossa fé nele. Portanto, eu lhes peço que não percam o ânimo com os meus sofrimentos. É por vocês que eu estou sofrendo, e vocês devem sentir-se honrados e animados com isso. Quando penso na sabedoria e na extensão do seu plano, eu caio de joelhos e rogo ao Pai de toda a grande família de Deus — alguns deles lá em cima no céu e outros aqui embaixo na terra. Oro que das suas riquezas gloriosas e ilimitadas ele conceda a vocês o poderoso fortalecimento interior por meio do seu Espírito Santo. E oro para que Cristo habite em seus corações, à medida que confiarem nele, e que vocês aprofundem suas raízes no solo do amor maravilhoso de Deus; e que vocês, junto com todos os filhos de Deus, possam compreender a largura, o comprimento, a altura e a profundidade do amor de Cristo; e por si mesmos possam experimentar esse amor, embora seja ele tão grande que vocês nunca verão o seu fim, nem o poderão conhecer ou compreender completamente. E dessa maneira, vocês ficarão cheios de toda a plenitude do próprio Deus. Agora, glória seja dada a Deus, que pelo seu grandioso poder operando em nós é capaz de fazer muito mais do que jamais ousaríamos pedir ou mesmo imaginar, infinitamente além de nossas mais altas orações, anseios, pensamentos ou esperanças. A ele seja dada glória para todo o sempre, por todas as gerações, na igreja por meio de Jesus Cristo. Amém! Eu lhes suplico, como prisioneiro que serve o Senhor, que vivam e se comportem de maneira digna daqueles que foram escolhidos para receber bênçãos tão maravilhosas como essas. Sejam humildes e amáveis. Sejam pacientes, tendo tolerância uns pelos outros por causa do amor entre vocês. Procurem de todas as formas conservar, por meio da paz que une vocês, a unidade que o Espírito dá. Nós somos todos membros de um só corpo, temos o mesmo Espírito e uma só esperança para a qual todos fomos chamados. Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai, o qual está sobre todos nós e em todos nós, agindo por meio de todos nós. Entretanto, Cristo concedeu aptidões especiais a cada um — qualquer coisa que ele deseja que recebamos do seu rico depósito de dons. Por isso foi dito: “Quando ele subiu triunfalmente ao céu, levou consigo muitos prisioneiros e concedeu dons aos homens”. Notem que diz que ele subiu ao céu; isso significa que primeiramente ele desceu das alturas do céu, até as regiões mais inferiores da terra. Aquele que desceu é o mesmo que subiu acima de todos os céus, a fim de que pudesse encher consigo mesmo, em toda parte, todas as coisas. E ele escolheu alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas; outros, ainda, para pastores e mestres. Ele fez isso para que o povo de Deus esteja mais bem aparelhado para fazer uma obra melhor para ele, edificando a igreja — o corpo de Cristo — e elevando-a a uma condição de vigor e maturidade; até que finalmente todos tenhamos a mesma fé quanto à nossa salvação e quanto ao conhecimento de nosso Salvador, o Filho de Deus, e todos nos tornemos maduros no Senhor. Sim, para que cresçamos a ponto de que Cristo ocupe completamente todo o nosso ser. Então não seremos mais como crianças, sempre mudando nossa ideia a respeito daquilo que cremos porque alguém nos disse uma coisa diferente, ou habilmente mentiu para nós, e fez que a mentira soasse como verdade. Em vez disso, seguiremos com amor a verdade em todo tempo — falando com verdade, tratando com verdade, vivendo em verdade — e assim nos tornaremos cada vez mais, e de todas as maneiras, semelhantes a Cristo, que é o Cabeça do seu corpo, a igreja. Sob a direção dele todo o corpo se ajusta perfeitamente, e cada um dos membros em sua maneira particular auxilia os outros membros, de tal modo que todo o corpo seja saudável e cresça em amor. Então, eu lhes digo isto, falando pelo Senhor: não vivam mais como os incrédulos, pois eles estão cegos e confundidos. Seus corações fechados estão cheios de trevas; eles estão muito distantes da vida de Deus porque fecharam seus corações e não podem compreender seus caminhos. Não se preocupam mais com o que está certo ou errado e se entregaram a práticas impuras. Nada os detêm e são guiados pelas suas mentes malvadas e sua imoralidade desenfreada. Esse, porém, não é o caminho que Cristo ensinou a vocês! Se realmente vocês ouviram sua voz e aprenderam de Jesus as verdades relacionadas a ele, então desfaçam-se dessa velha maneira de viver — a velha natureza que era parceira nos seus maus caminhos — completamente corrompida, cheia de imoralidade e engano. Agora as suas atitudes e os seus pensamentos devem ser constantemente renovados. Sim, vocês devem revestir-se do novo ser, criado por Deus, que é parecido com a sua natureza, santa e justa, proveniente da verdade. Deixem de mentir uns aos outros; falem a verdade, pois somos membros do mesmo corpo. Quando estiverem irados, não pequem alimentando seu próprio rancor. Não deixem que o sol se ponha antes de resolverem as suas diferenças; não deem oportunidade para o diabo. Se alguém anda roubando deve parar com isso e começar a utilizar suas mãos para trabalhar honestamente, a fim de poder repartir com aqueles que estão necessitados. Evitem a boca suja. Digam só o que é bom e útil àqueles com quem vocês estiverem falando, e o que resulta em bênção para eles. Não façam o Espírito Santo entristecer-se pelo modo de vocês viverem. Lembrem-se que é ele quem garante que vocês estarão presentes no dia da redenção. Abandonem toda a amargura, todo o ódio e toda a raiva. Evitem toda a gritaria, insultos e maldades. Em vez disso, sejam bondosos uns para com os outros, compassivos, perdoando-se mutuamente, assim como Deus os perdoou por pertencerem a Cristo. Sigam o exemplo de Deus em tudo quanto fizerem, como filhos muito amados. Sejam cheios de amor pelos outros, seguindo o exemplo de Cristo, que amou vocês e se entregou a Deus como sacrifício a fim de tirar os seus pecados. E Deus ficou satisfeito, porque o amor de Cristo por vocês foi para ele como suave perfume. Que não haja pecado sexual, impureza ou ganância entre vocês. Que isso não seja nem mesmo assunto de conversa entre os santos. As histórias sujas, a conversa indecente e gracejos inconvenientes, estas coisas não são para vocês. Em vez disso, relembrem uns aos outros da bondade de Deus e sejam agradecidos. Podem estar certos disto: o reino de Cristo e de Deus nunca será de ninguém que é imoral ou impuro ou ganancioso ou idólatra. Esses não têm herança no Reino de Cristo e de Deus. Não se deixem enganar por aqueles que procuram justificar esses pecados, porque a terrível ira de Deus está sobre todos aqueles que os praticam. Não andem nem mesmo na companhia de tais pessoas. Porque, embora antigamente o coração de vocês estivesse cheio de escuridão, agora está cheio da luz que vem do Senhor. Vivam como filhos da luz. Por que o fruto desta luz consiste em bondade, justiça e verdade. À medida que prosseguirem na vida, aprendam a discernir aquilo que agrada ao Senhor. Não participem dos prazeres indignos do mal e das trevas, mas, em vez disso, tragam todas estas coisas para a luz. Seria vergonhoso até mencionar aqui esses prazeres das trevas aos quais os ímpios se entregam. Mas quando vocês expõem à luz aquilo que é oculto, torna-se visível, pois a luz torna visíveis todas as coisas. É por isso que foi dito: “Desperte, você que está dormindo, e levante-se dentre os mortos e Cristo iluminará você”. Portanto, sejam cuidadosos no seu modo de proceder. Não sejam insensatos; sejam sábios e aproveitem ao máximo cada oportunidade que tiverem de fazer o bem, porque os dias são maus. Não procedam imprudentemente, mas procurem descobrir e fazer tudo o que o Senhor quer que vocês façam. Não bebam muito vinho, porque muita depravação se encontra nesse caminho; em vez disso, sejam cheios do Espírito Santo e governados por ele. Conversem entre si a respeito do Senhor, citando salmos e hinos, entoando cânticos espirituais, cantando e louvando ao Senhor de coração. Sempre deem graças por tudo a nosso Deus e Pai, no nome do nosso Senhor Jesus Cristo. Honrem a Cristo pela submissão uns aos outros. Vocês, esposas, devem ser submissas à orientação de seus maridos, do mesmo modo como se submetem ao Senhor. Porque o marido lidera a esposa da mesma maneira como Cristo lidera o seu corpo, do qual ele é o Salvador. Portanto, vocês, esposas, devem atentar de bom grado para a orientação de seus maridos em tudo, tal como a igreja segue a direção de Cristo. E vocês, maridos, mostrem pelas suas esposas o mesmo tipo de amor que Cristo mostrou pela igreja quando se entregou por ela, para fazê-la santa e purificada pelo lavar da água mediante a palavra; a fim de que ele pudesse apresentá-la a si mesmo como uma igreja gloriosa sem uma única mancha, ou ruga, ou qualquer outro defeito, mas sim, santa e sem nenhuma imperfeição. É assim que os maridos devem tratar suas esposas, amando-as como aos seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher ama a si mesmo. Ninguém jamais odiou o seu próprio corpo, mas cuida dele com todo o amor, tal como Cristo cuida do seu corpo, a igreja, do qual nós todos somos membros. “Por esta razão um homem deve deixar seu pai e sua mãe a fim de que possa estar perfeitamente unido à sua esposa, e os dois se tornarão uma só carne”. Eu sei que isto é um mistério, porém é uma ilustração de Cristo e a igreja. Portanto, eu torno a dizer: um homem deve amar sua esposa como a si próprio; e a esposa deve respeitar o marido. Filhos, obedeçam aos seus pais; essa é a atitude correta que vocês devem ter, porque o Senhor os colocou numa posição de autoridade sobre vocês. “Honre seu pai e sua mãe”. Este é o primeiro mandamento com promessa, “para que tudo corra bem e você tenha uma vida longa sobre a terra”. Pais, não vivam irritando seus filhos, deixando-os irados e rancorosos. Antes, eduquem-nos com a disciplina amorosa que o próprio Senhor aprova, com recomendações e conselhos. Escravos, obedeçam a seus senhores com respeito e temor. E façam isso com sinceridade como o fariam a Cristo. Não agradem aos seus senhores só enquanto eles estão vigiando, mas, como escravos de Cristo, façam de coração o que Deus quer. Trabalhem alegremente e com dedicação, como se estivessem trabalhando para Cristo, e não para pessoas. Lembrem-se de que o Senhor lhes recompensará cada coisa boa que fizerem, quer vocês sejam escravos, quer sejam livres. E vocês, senhores, tratem seus escravos da mesma forma. Não fiquem ameaçando-os o tempo todo; lembrem-se que vocês mesmos são escravos de Cristo e que vocês têm o mesmo Senhor que eles. Ele não faz diferença entre as pessoas. Por último, quero recordar-lhes que a força de vocês deve vir do imenso poder do Senhor dentro de vocês. Vistam-se de toda a armadura de Deus, a fim de que possam permanecer a salvo das táticas e das artimanhas de Satanás. Porque nós não estamos lutando contra gente feita de carne e sangue, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais. Portanto, usem cada peça da armadura de Deus para resistir ao inimigo sempre que ele atacar e, quando tudo estiver acabado, vocês ainda estejam de pé. Mas para fazer isso vocês necessitam do cinturão da verdade e da couraça da aprovação de Deus. Calcem sapatos que possam fazê-los andar depressa ao pregarem o evangelho da paz. Em cada batalha vocês precisarão da fé como escudo para deter as setas ardentes disparadas pelo Maligno contra vocês. Vocês precisarão do capacete da salvação e da espada do Espírito — que é a palavra de Deus. Orem no Espírito em todas as ocasiões, com toda oração e súplica. Fiquem alertas. Não desanimem e continuem orando fervorosamente por todos os cristãos em toda parte. Orem também por mim e peçam que Deus me dê as palavras certas enquanto eu falo corajosamente aos outros acerca do mistério do evangelho. Eu sou embaixador a serviço desse evangelho, embora esteja preso em correntes. Mas orem para que eu continue a falar dele corajosamente, até mesmo aqui na prisão, como é o meu dever. Tíquico, que é um irmão muito amado e cooperador fiel na obra do Senhor, informará vocês tudo a respeito de como estou passando. Estou enviando-o a vocês justamente com esse propósito, para que vocês saibam como estamos, e fiquem animados por meio das suas informações. Que Deus lhes dê paz, meus irmãos, e amor, além da fé proveniente de Deus o Pai e do Senhor Jesus Cristo. Que a graça esteja com todos os que amam sinceramente o nosso Senhor Jesus Cristo. Paulo e Timóteo, escravos de Jesus Cristo, a todos os santos em Cristo Jesus que estão na cidade de Filipos, e também aos bispos e diáconos. A minha oração é que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo, deem a cada um de vocês a sua graça e a sua paz no coração e na vida de vocês. Agradeço ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vocês! Quando oro por vocês, meu coração se enche de alegria, por causa de toda a maravilhosa ajuda de vocês em fazer conhecido o evangelho de Cristo, desde a ocasião em que vocês o ouviram pela primeira vez até agora. E eu tenho a certeza de que Deus, que começou a boa obra em vocês, continuará ajudando-os a crescer em sua graça até quando sua tarefa em vocês estiver finalmente terminada naquele dia quando Jesus Cristo voltar. É bem natural que eu sentisse o que sinto a respeito de vocês, porque vocês têm um lugar muito especial em meu coração. Nós temos participado juntos da graça de Deus, mesmo eu estando na prisão ou ainda quando eu defendo a verdade e falo de Cristo aos outros. Só Deus sabe como é profundo o meu amor e a saudade que tenho de vocês, com a ternura de Jesus Cristo. Minha oração por vocês é que cada vez mais vocês transbordem de amor, e que, ao mesmo tempo, continuem a crescer em conhecimento e compreensão espiritual, pois eu desejo que vocês sempre vejam com toda a clareza a diferença entre o certo e o errado, e que sejam intimamente puros, para que ninguém possa censurá-los desde agora até que Cristo volte. Que vocês possam estar sempre fazendo coisas boas, pois isso resultará em muito louvor e glória ao Senhor. E quero que vocês saibam, irmãos: Tudo quanto me aconteceu aqui tem sido uma grande ajuda para o progresso do evangelho de Cristo. Porque todo mundo aqui, incluindo toda a guarda do palácio, e todos os demais, sabem que estou na cadeia por causa de Cristo. E por causa da minha prisão muitos dos santos daqui parecem ter perdido o medo de ser presos! De algum modo motivados no Senhor, eles começaram a ter cada vez mais coragem e determinação para falar de Cristo aos outros. Alguns, naturalmente, estão pregando o evangelho por inveja e rivalidade. Eles querem ter também a reputação de pregadores destemidos! Outros, porém, têm motivos puros, e pregam por amor, pois sabem que o Senhor me trouxe até aqui a fim de me usar para defender a verdade do evangelho. Alguns pregam a Cristo para fazer-me inveja, pensando que seu êxito aumentará minhas tristezas aqui no cárcere! Mas não importa a razão pela qual eles o estão fazendo, por motivos falsos ou verdadeiros; o que importa é que o evangelho de Cristo está sendo pregado, e eu fico alegre. Na verdade, continuarei a alegrar-me, porque sei que, à medida que vocês oram por mim e o Espírito de Jesus Cristo me ajuda, tudo isto vai resultar em minha libertação. Porque eu vivo em ansiosa expectativa e esperança de que nunca farei nada que me faça envergonhar-me de mim mesmo; mas sim que sempre estarei pronto a falar corajosamente de Cristo enquanto estou passando por todas estas provações aqui, tal como no passado; e também que eu sempre serei uma honra para Cristo, quer pela vida, quer pela morte. Porque, para mim, viver significa oportunidades para Cristo, e o morrer é melhor ainda! Mas se viver me der mais oportunidade para ganhar pessoas para Cristo, então na realidade não sei o que é melhor — viver ou morrer! Estou pressionado dos dois lados. Às vezes tenho desejo de ir e ficar com Cristo. Certamente seria muito melhor para mim do que estar aqui! Porém, a realidade é que eu posso ajudar mais a vocês permanecendo aqui! Sim, eu sou necessário aqui e, portanto, tenho certeza de que permanecerei com vocês um pouco mais, para ajudá-los a crescer e se tornarem felizes na fé. Minha permanência alegrará vocês e lhes dará motivos para glorificarem a Cristo Jesus por me ter conservado são, quando eu voltar para visitá-los novamente! Contudo, seja o que for que me acontecer, lembrem-se sempre de viver de maneira digna do evangelho de Cristo, de tal maneira que, quer os veja de novo, quer não, eu continue a ouvir boas notícias de que vocês permanecem lado a lado com um só e forte propósito — anunciar o evangelho sem temor algum, não importa o que os seus inimigos possam fazer. Eles verão nisto um sinal da sua própria desgraça, porém para vocês será um sinal claro de salvação da parte de Deus. Porque foi dado a vocês o privilégio não só de crer em Cristo, mas também de sofrer por ele. Nesta luta nós estamos juntos. Vocês me viram sofrer por ele no passado; e ainda estou agora no meio de um grande e terrível conflito, como vocês sabem tão bem. Se há algum conforto em Cristo, se há alguma consolação de amor, se há alguma comunhão no Espírito, se há alguma profunda ternura e compaixão, então, façam-me completamente feliz, amando-se uns aos outros e concordando uns com os outros de todo o coração, trabalhando juntos com um só coração, uma só mente e um só propósito. Não sejam egoístas; não vivam para causar boa impressão aos outros. Sejam humildes, pensando dos outros como sendo melhores do que vocês mesmos. Não pensem unicamente em seus próprios interesses, mas preocupem-se também com os outros e com o que eles estão fazendo. A atitude de vocês deve ser semelhante àquela que nos foi mostrada por Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não exigiu nem se apegou a seus direitos como Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo e tornando-se semelhante aos homens. E se humilhou a si mesmo, e foi obediente até a morte, e morte de cruz! Contudo, foi por causa disso que Deus o elevou até a mais alta posição e lhe deu um nome que está acima de qualquer outro nome, para que ao nome de Jesus todo joelho se dobre no céu, na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus o Pai. Amados, quando eu estava aí, vocês eram sempre muito cuidadosos em seguir minhas instruções. E agora que estou longe vocês devem ser ainda mais cuidadosos em fazer as coisas boas que resultam do fato de sermos salvos, obedecendo a Deus com profunda reverência e temor. Porque Deus está operando em vocês o desejo de obedecer-lhe e a realização daquilo que ele quer. Façam tudo sem queixas e discussões, de modo que ninguém possa dizer nenhuma palavra de censura contra vocês. Vocês devem levar uma vida pura e imaculada como filhos de Deus num mundo em trevas, cheio de gente desonesta e obstinada. Brilhem entre eles como as estrelas do universo, mostrando-lhes a palavra da vida. Então, quando Cristo voltar, como ficarei satisfeito sabendo que não corri nem me esforcei em vão! E, mesmo que eu esteja sendo derramado como oferta de bebida em cima do sacrifício e serviço que provém da fé que vocês têm, mesmo assim ficarei contente e repartirei minha alegria com cada um de vocês. Vocês também devem ficar alegres com isto e se regozijar comigo. Se for da vontade do Senhor, brevemente enviarei Timóteo para vê-los. Assim, na volta ele poderá me animar contando-me tudo a respeito de vocês e de como estão passando. Não há ninguém que tenha esse interesse verdadeiro por vocês como Timóteo. Cada um parece preocupar-se com os seus próprios planos, e não com os de Jesus Cristo. Mas vocês conhecem Timóteo. Ele tem sido como um filho para mim, ajudando-me a anunciar o evangelho. Espero enviá-lo a vocês assim que souber o que vai me acontecer aqui. E estou confiando no Senhor que eu mesmo possa ir vê-los em breve. Nesse meio-tempo, pensei que devia mandar Epafrodito de volta a vocês. Vocês o enviaram para que me ajudasse em minha necessidade, e nós dois temos sido verdadeiros irmãos, trabalhando e lutando lado a lado. Agora eu o estou enviando de volta para casa, pois ele tem tido saudades de todos vocês e está aflito porque vocês souberam que ele estava doente. De fato, ficou doente e quase morreu. Deus, porém, teve misericórdia dele, e de mim também, não permitindo que eu tivesse tristeza sobre tristeza. Por isso, eu estou ainda mais ansioso de tê-lo de volta entre vocês novamente, pois eu sei quão agradecidos vocês ficarão em revê-lo e isso fará com que eu tenha menos tristeza. Deem-lhe uma boa acolhida no Senhor com grande alegria, e mostrem-lhe o seu reconhecimento, porque ele arriscou a vida pela obra de Cristo, e esteve a ponto de morrer, enquanto procurava fazer por mim aquilo que vocês mesmos não podiam fazer. Haja o que houver, meus irmãos, alegrem-se no Senhor. Nunca me canso de dizer-lhes isto e é bom para vocês ouvir muitas vezes a mesma coisa. Cuidado com esses homens maus — eu os chamo cães perigosos — os que dizem que vocês devem circuncidar-se para serem salvos. Porque não é a circuncisão que nos torna filhos de Deus. Nós adoramos a Deus por meio do seu Espírito. Essa é a única circuncisão verdadeira. Nós nos gloriamos naquilo que Cristo Jesus fez por nós e compreendemos que não temos confiança alguma na carne. Ainda mais, eu também poderia colocar a minha confiança nessas coisas, pois se alguém tem motivos para confiar na carne, esse alguém seria eu. Porque eu passei pela cerimônia de iniciação judaica, sendo circuncidado quando tinha oito dias de idade, pertencente ao povo de Israel, à tribo de Benjamim, genuíno hebreu. Além do mais, era membro da seita dos fariseus, que exigiam a mais estrita obediência a todas as leis e costumes judaicos. Eu era sincero, a ponto de perseguir grandemente a igreja; e procurava obedecer minuciosamente até o extremo a cada preceito e regulamento judaicos. Entretanto, todas estas coisas que eu antigamente julgava muito valiosas, agora, lancei-as todas fora, a fim de poder colocar minha confiança e esperança somente em Cristo. Sim, todas as outras coisas perdem o valor quando comparadas com o ganho inestimável de conhecer a Cristo Jesus, meu Senhor. Eu pus de lado tudo o mais, achando que valia menos do que nada, a fim de poder ganhar a Cristo, e tornar-me um com ele, não contando mais em salvar-me por ser suficientemente bom ou por obedecer às leis de Deus, mas pela fé em Cristo como meu Salvador; porque a maneira de Deus nos fazer justos diante dele se baseia na fé. Eu renunciei a todas as outras coisas — descobri que este era o único meio de realmente conhecer a Cristo e ter a experiência do imenso poder que o ressuscitou dos mortos, e conhecer o que significa sofrer e morrer com ele, com a esperança de que eu mesmo possa alcançar a ressurreição dos mortos. Não que eu já tenha obtido tudo isso, ou já tenha me tornado perfeito. Até agora ainda não aprendi tudo quanto devia, mas continuo trabalhando para aquele dia, quando finalmente eu serei tudo aquilo para o que Cristo me salvou e quer que eu seja. Não, caros irmãos, não sou ainda tudo quanto deveria ser, porém estou concentrando todas as minhas energias para insistir nesta única coisa: Esquecendo o passado e aguardando esperançoso aquilo que está à frente, esforço-me para chegar ao fim da corrida e receber o prêmio para o qual Deus está nos chamando ao céu, em Cristo Jesus. Todos nós que somos maduros devemos ver as coisas dessa forma, e, se discordarem em alguns pontos, eu confio que Deus manifestará isso a vocês, se obedecermos plenamente à verdade que já alcançamos. Caros irmãos, modelem suas vidas pela minha e observem quem está vivendo de acordo com o meu exemplo. Porque eu já lhes disse antes muitas vezes, e agora o digo novamente com lágrimas nos olhos: há muitos que vivem como inimigos da cruz de Cristo. O futuro deles é a perdição eterna, pois seu deus é o apetite; eles têm orgulho daquilo que deveria envergonhá-los; e tudo em que pensam é nesta vida, aqui na terra. Mas a nossa pátria está no céu, com o nosso Salvador, o Senhor Jesus Cristo; e nós estamos aguardando esperançosos a sua volta. Quando ele voltar, tomará estes nossos corpos mortais e os mudará em corpos gloriosos semelhantes ao dele, usando o mesmo grandioso poder que ele usará para conquistar todas as outras coisas em toda parte. Queridos irmãos em Cristo, eu os amo e anseio vê-los, pois vocês são minha alegria e a recompensa do meu trabalho. Permaneçam firmes no Senhor, meus amados. E agora eu quero suplicar àquelas duas estimadas senhoras, Evódia e Síntique: Por favor, com a ajuda do Senhor, vivam em harmonia. E peço a você, meu fiel companheiro de jugo, que ajude essas mulheres, pois elas trabalharam lado a lado comigo anunciando o evangelho aos outros; e trabalharam também com Clemente e com meus outros companheiros de trabalho, cujos nomes estão escritos no livro da vida. Estejam sempre cheios de alegria no Senhor; e digo outra vez: Alegrem-se! Que todo mundo veja que vocês são amáveis em tudo quanto fazem. O Senhor virá em breve. Não se aflijam com nada; em vez disso, orem a respeito de tudo; contem a Deus as necessidades de vocês, e não se esqueçam de agradecer-lhe. Se fizerem isto, vocês experimentarão que a paz de Deus, que excede todo o entendimento, conservará a mente e o coração de vocês em Cristo Jesus. E agora, irmãos, ao terminar esta carta, quero dizer-lhes mais uma coisa. Firmem seus pensamentos naquilo que é verdadeiro, nobre e direito. Pensem em coisas que sejam puras e agradáveis e detenham-se nas coisas excelentes. Pensem em todas as coisas pelas quais vocês possam louvar a Deus. Continuem a pôr em prática tudo quanto aprenderam, receberam, ouviram de mim e me viram fazer, e o Deus de paz estará com vocês. Como estou grato e como louvo ao Senhor porque vocês estão me ajudando novamente! Eu sei que vocês têm estado sempre desejosos para enviar-me o que podiam, mas por algum tempo não tiveram oportunidade. Não estou dizendo isto porque estava precisando, pois aprendi a viver satisfeito, tendo muito ou tendo pouco. Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter tudo. Já aprendi o segredo para viver contente em qualquer circunstância, quer com o estômago satisfeito, quer na fome, na fartura ou na necessidade; eu posso fazer todas as coisas que Deus me pede com a força que Cristo me dá. Mesmo assim, vocês fizeram bem em ajudar-me na minha dificuldade atual. Como vocês bem sabem, quando eu levei o evangelho a vocês pela primeira vez, e depois segui meu caminho, deixando a Macedônia, só vocês, os filipenses, se associaram a mim para dar e receber. Nenhuma outra igreja fez isso. Até mesmo estando em Tessalônica, vocês me enviaram ajuda por duas vezes, quando tive necessidade. Entretanto, embora eu aprecie as dádivas de vocês, o que me faz mais feliz é a recompensa que vocês terão em virtude dessa bondade. No momento eu tenho tudo de que preciso — até mais do que necessito! Estou amplamente suprido com as dádivas que vocês me mandaram quando Epafrodito veio. Elas são um sacrifício de aroma suave que muito agrada a Deus. E o meu Deus suprirá todas as necessidades que vocês têm, por meio das suas gloriosas riquezas em Jesus Cristo. Agora, a Deus, nosso Pai, seja a glória para todo o sempre. Amém. Saúdem todos os santos daí; os irmãos que estão comigo enviam lembranças também. E todos os outros fiéis daqui enviam lembranças a vocês, especialmente aqueles que trabalham no palácio de César. A graça do nosso Senhor Jesus Cristo seja com o espírito de vocês. Amém. Paulo, escolhido por Deus para ser apóstolo de Cristo Jesus, e o irmão Timóteo, aos santos e fiéis irmãos em Cristo da cidade de Colossos: Que a graça e paz de nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo estejam com vocês. Todas as vezes que oramos por vocês, sempre damos graças a Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, pois temos ouvido falar da fé que vocês têm em Cristo Jesus e do amor para com o seu povo, e que vocês estão aguardando com ansiedade as alegrias do céu, e têm estado sempre assim desde que o evangelho lhes foi anunciado a primeira vez. O mesmo evangelho que chegou até vocês está frutificando pelo mundo todo e transformando vidas em toda parte, tal como mudou a de vocês, desde o dia em que ouviram e compreenderam a graça e conheceram a verdade. Epafras, nosso mui amado companheiro de trabalho, foi quem lhes levou esse evangelho. Ele é um servo de Jesus Cristo e está aqui em lugar de vocês para nos ajudar. Foi ele quem nos contou acerca do grande amor que vocês têm no Espírito. Assim, desde que ouvimos falar a respeito de vocês, não deixamos de orar por vocês e pedir a Deus que os ajude a compreender o que ele deseja que vocês façam, e que os torne sábios nas coisas espirituais, a fim de que a maneira de vocês viverem sempre agrade ao Senhor e o glorifique, para que vocês sempre façam pelos outros coisas boas e agradáveis, crescendo no conhecimento de Deus. Estamos orando também para que vocês sejam cheios da sua gloriosa e poderosa força, de tal maneira que possam continuar avançando com perseverança, paciência e com alegria, e sejam sempre agradecidos ao Pai, que nos fez dignos de participar de todas as coisas maravilhosas que pertencem àqueles que vivem no reino da luz. Porque ele nos resgatou das trevas e nos trouxe para o reino do seu Filho amado, que comprou a nossa liberdade com o seu sangue e perdoou todos os nossos pecados. Ele é a semelhança perfeita do Deus invisível. Ele já existia antes de Deus criar qualquer coisa, pois nele foram criadas todas as coisas no céu e na terra, as coisas que podemos ver e as que não podemos; o mundo espiritual com seus tronos e reinos, seus governantes e suas autoridades: todas as coisas foram criadas por ele e para ele. Ele existia antes que tudo o mais começasse e é o seu poder que sustém todas as coisas. Ele é a cabeça do corpo que é a igreja; ele é o princípio e o primeiro a levantar dentre os mortos, de modo que ele é primeiro em tudo; porque Deus queria que a plenitude estivesse em seu Filho. Foi por meio do seu Filho que Deus reconciliou consigo todas as coisas, no céu e na terra, pois a morte de Cristo na cruz trouxe para todos a paz com Deus através de seu sangue. Isso inclui vocês, que antes estavam separados de Deus. Vocês eram inimigos dele e o odiavam, e estavam separados dele pelos seus maus pensamentos e ações; contudo, agora ele fez vocês voltarem a ser seus amigos por meio do seu próprio corpo, através da morte, e agora, como resultado, Cristo trouxe vocês à presença do próprio Deus, e vocês permanecem firmes diante dele, nada mais havendo contra vocês, isto é, livres de qualquer acusação. A única condição é que vocês creiam inteiramente na verdade, ficando firmes e seguros nela, fortes no Senhor, convictos do evangelho de que Jesus morreu por vocês, e nunca vacilando na confiança nele como Salvador. Esta é a notícia maravilhosa que chegou a cada um de vocês e agora está se espalhando pelo mundo inteiro. E eu, Paulo, me tornei ministro deste evangelho. Entretanto, parte do meu trabalho é sofrer por vocês; estou alegre, pois estou ajudando a completar o resto dos sofrimentos de Cristo pelo seu corpo, a igreja. Deus me enviou para ajudar a sua igreja e para revelar seu plano secreto a vocês. Porque através de séculos e gerações passadas ele guardou esse mistério. Porém, agora finalmente foi do seu agrado revelá-lo àqueles que o amam e vivem para ele; e as riquezas e a glória do seu plano são também para vocês, os gentios. E este é o mistério: Cristo no coração de vocês é a esperança da glória. E assim, aonde quer que vamos, falamos de Cristo a todos quantos ouvirem, admoestando-os e ensinando-os com toda a sabedoria. Queremos ser capazes de apresentar a Deus cada um deles, aperfeiçoado por causa daquilo que Cristo fez em favor de cada um deles. Esta é a minha obra, para a qual eu me esforço, lutando conforme a sua força que atua poderosamente em mim. Eu gostaria que vocês pudessem saber quanto tenho lutado em oração por vocês e pela igreja de Laodiceia, e por muitos outros que nunca me conheceram pessoalmente. Eis o que eu tenho pedido a Deus para vocês: que sejam encorajados e unidos por fortes laços de amor, e que tenham a preciosa experiência de conhecerem a Cristo com real convicção e clara compreensão. Porque o plano misterioso de Deus, agora finalmente revelado, é o próprio Cristo. Nele estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. Estou dizendo isto porque tenho receio de que alguém possa enganar vocês com palavras persuasivas. Porque embora eu esteja fisicamente longe, meu coração está com vocês, feliz porque vocês estão progredindo tão bem e por causa da fé firme que têm em Cristo. E agora, assim como vocês receberam Cristo Jesus, o Senhor, continuem a viver nele. Deixem que as raízes de vocês se aprofundem nele e extraiam dele a nutrição. Continuem crescendo no Senhor, e tornem-se fortes e vigorosos na fé, como foram ensinados. E que a vida de vocês transborde de alegria e gratidão. Não permitam que outros lhes estraguem a fé e a alegria com suas filosofias erradas e superficiais baseadas em ideias e tradições humanas e nos rudimentos elementares deste mundo, em lugar daquilo que Cristo disse. Porque em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da natureza de Deus. Portanto, vocês têm a plenitude de Deus por meio da sua união com ele. Ele é o cabeça de todo poder e autoridade. Quando vocês foram a Cristo, ele os libertou dos seus maus desejos, não por meio de uma operação física de circuncisão, mas de uma operação espiritual feita por Cristo, pela qual somos libertados do poder da natureza pecadora. No batismo a sua velha natureza pecaminosa foi sepultada com ele; e então vocês ressuscitaram da morte com ele para uma nova vida, porque confiaram na palavra do poderoso Deus que levantou Cristo dentre os mortos. Vocês estavam mortos em pecados, e seus desejos pecaminosos ainda não tinham sido afastados. Então ele deu-lhes participação na própria vida de Cristo, porque lhes perdoou todos os pecados, e apagou as acusações confirmadas que havia contra vocês, a lista dos mandamentos aos quais vocês não tinham obedecido. Tomando essa lista de pecados, ele a destruiu, pregando-a na cruz de Cristo. Deste modo ele venceu os governos e autoridades espirituais do mal e exibiu publicamente ao mundo inteiro o triunfo de Cristo na cruz, onde foram tirados todos os pecados de vocês. Portanto, que ninguém censure vocês por aquilo que comem ou bebem, ou por não comemorarem as festas religiosas, ou as cerimônias de lua nova, ou os sábados. Esses eram preceitos apenas temporários, que terminaram quando Cristo veio. Eram apenas sombras da realidade — do próprio Cristo. Que ninguém afirme que é melhor do que vocês porque diz ter visões e tem prazer em uma falsa humildade e na adoração de anjos, e dessa forma os impeça de alcançar o prêmio. Esses homens vaidosos têm uma mente muito carnal e orgulhosa. Mas eles não estão ligados a Cristo, a cabeça à qual todos nós, que somos o seu corpo, estamos unidos; porque somos unidos pelos seus fortes ligamentos e só crescemos à medida que recebemos de Deus a nutrição e a força. Já que vocês morreram com Cristo, e isto os libertou de seguirem as ideias do mundo sobre a maneira de ser salvo — fazendo o bem e obedecendo a diversos preceitos — por que de alguma forma continuam seguindo justamente isso, ainda presos a regras tais como não comer ou não provar ou nem mesmo tocar determinados alimentos? Tais regras são meros ensinamentos humanos, pois o alimento foi feito para ser comido e consumido. Essas regras têm aparência de sabedoria, pois prescrições deste tipo exigem uma religiosidade fingida, uma falsa humildade e uma disciplina para com o corpo, porém não têm efeito algum quando se trata de subjugar os maus pensamentos e desejos de uma pessoa. Já que vocês ressuscitaram quando Cristo se levantou dentre os mortos, ponham agora os seus olhos nos ricos tesouros e alegrias que esperam por vocês no céu, onde Cristo está assentado à direita de Deus. Que as coisas do alto ocupem os pensamentos de vocês e não as coisas daqui de baixo. Porque vocês já morreram, e agora a sua vida está escondida em Cristo e em Deus. E quando Cristo, que é a nossa vida verdadeira, vier de novo, então vocês brilharão com ele e participarão de toda a sua glória. Portanto, fora com as coisas pecaminosas e terrenas: a imoralidade sexual, a impureza, a paixão, os desejos vergonhosos, e a ganância, pois ela é idolatria. A ira terrível de Deus está sobre aqueles que vivem em desobediência. Vocês costumavam fazê-las quando sua vida ainda era parte deste mundo; entretanto, agora é o momento de arrancar e lançar fora todas estas coisas: ira, ódio, maldade, blasfêmia e palavras obscenas. Não mintam uns aos outros; a vida velha que vocês levavam, com toda a sua perversidade, é que fazia essa espécie de coisas; agora ela está morta e desapareceu. Vocês estão vivendo uma espécie de vida totalmente nova, que consiste em estar continuamente aprendendo cada vez mais o que é correto, e procurando constantemente ser cada vez mais semelhantes a Cristo, que criou essa vida nova no íntimo de vocês. Nessa vida nova já não há diferença entre grego e judeu, circunciso e incircunciso, bárbaro e cita, escravo e livre. O que importa é que a pessoa tenha Cristo, e ele é igualmente acessível a todos. Visto que vocês foram escolhidos por Deus, que lhes deu um novo tipo de vida, e por causa do seu profundo e santo amor, também vocês devem pôr em prática a compaixão, a bondade, a humildade, a mansidão e a paciência. Sejam amáveis uns com os outros e prontos a perdoar; jamais guardem rancor. Perdoem como o Senhor perdoou vocês. Acima de tudo, deixem que o amor dirija a vida de vocês, porque assim toda a igreja permanecerá unida em perfeita harmonia. Que a paz de Cristo esteja sempre presente no coração e na vida de vocês, pois isso é a responsabilidade e o privilégio que vocês têm como membros do seu corpo. E sejam sempre agradecidos. Lembrem-se do que Cristo ensinou, e que as suas palavras enriqueçam a vida de vocês e os tornem sábios; aconselhem e ensinem essas palavras uns aos outros com toda a sabedoria e cantem salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando a Deus com corações agradecidos. E tudo quanto fizerem ou disserem, seja como se vocês fossem representantes do Senhor Jesus, dando por meio dele graças a Deus o Pai. Vocês, esposas, submetam-se aos seus maridos, porque isso é agradável ao Senhor. E vocês, maridos, amem as suas esposas, e não as tratem com amargura nem aspereza. Vocês, filhos, devem sempre obedecer a seus pais em tudo, pois isso agrada ao Senhor. Pais, não irritem seus filhos, a ponto de eles ficarem desanimados. Vocês, escravos, devem sempre obedecer aos seus senhores, não procurando agradá-los apenas quando eles os estão vigiando, porém o tempo todo; obedeçam-lhes de bom grado, devido ao amor que vocês têm ao Senhor e porque desejam agradá-lo. Trabalhem arduamente e de bom ânimo em tudo quanto fizerem, como se estivessem trabalhando para o Senhor e não simplesmente para os homens, lembrando-se que o Senhor Jesus é quem vai dar-lhes a recompensa da herança. É para Cristo, o Senhor, que vocês estão verdadeiramente trabalhando. E quem cometer injustiça receberá de volta injustiça, pois Deus não tem pessoas favoritas. Vocês, senhores de escravos, devem ser justos e amáveis com todos os seus escravos. Tenham sempre na lembrança que vocês também têm um Senhor no céu. Não se cansem de orar; perseverem nisso; estejam vigilantes e lembrem-se de ser gratos. Não se esqueçam de orar por nós também, a fim de que Deus nos dê muitas oportunidades de pregar o evangelho, a fim de que possamos proclamar o mistério de Cristo pelo qual eu estou aqui na prisão. Orem para que eu seja bastante corajoso para falar do evangelho livre e abertamente, e explicá-lo como devo naturalmente fazer. Aproveitem o máximo as suas oportunidades para contar o evangelho aos de fora. Sejam sábios em todos os seus contatos com eles. Tenham uma conversa agradável, temperada com sal, pois assim vocês terão a resposta certa para cada um. Tíquico, nosso irmão muito amado, lhes contará como estou passando. Ele é um obreiro incansável e serve ao Senhor juntamente comigo. Eu o envio a vocês, nesta viagem especial, apenas para saber como vocês estão, bem como para confortá-los e animá-los. Estou também enviando Onésimo, um irmão fiel e muito amado, conterrâneo de vocês. Eles lhes contarão tudo o que está acontecendo aqui. Aristarco, que está aqui comigo como prisioneiro, envia-lhes saudações, e assim também Marcos, primo de Barnabé. Como já lhes disse, se Marcos passar por aí, deem-lhe uma acolhida cordial. Jesus, chamado Justo, também manda recomendações. São estes os únicos irmãos judeus que são meus cooperadores em favor do Reino de Deus, e que consolo eles têm sido para mim! Epafras, daí da cidade de vocês, um servo de Cristo Jesus, envia-lhes saudações. Ele está sempre orando fervorosamente por vocês, pedindo que Deus os faça fortes e amadurecidos e os ajude a conhecer a sua vontade em tudo quanto fizerem. Posso assegurar-lhes que ele tem trabalhado incansavelmente por vocês e também pelos cristãos de Laodiceia e de Hierápolis. Lucas, o médico amado, manda-lhes recomendações, assim como Demas. Deem minhas saudações aos irmãos de Laodiceia, e a Ninfa, bem como à igreja que se reúne na sua casa. A propósito, depois de lerem esta carta, vocês poderiam passá-la adiante para a igreja de Laodiceia? E leiam também a carta de Laodiceia. Digam a Arquipo: “Não deixe de fazer tudo quanto o Senhor lhe mandou fazer”. Deixo aqui de próprio punho minha saudação: Lembrem-se de mim aqui na prisão. Que a graça esteja com vocês. Paulo, Silas e Timóteo à igreja de Tessalônica — a vocês que pertencem a Deus o Pai e ao Senhor Jesus Cristo: Que a graça e a paz de Deus nosso Pai e de Jesus Cristo nosso Senhor estejam com vocês. Sempre damos graças a Deus por vocês e oramos constantemente por vocês. Quando falamos com o nosso Deus e Pai a respeito de vocês, nunca nos esquecemos do trabalho que resulta da fé, do esforço motivado pelo amor, e da perseverança que vem da esperança em nosso Senhor Jesus Cristo. Sabemos que Deus escolheu vocês, irmãos muito amados por Deus. Porque quando levamos o evangelho a vocês, ele não lhes pareceu mera tagarelice sem sentido, mas vocês escutaram com grande interesse. O que nós lhes contamos produziu um resultado poderoso em vocês, pois o Espírito Santo lhes deu a profunda e plena certeza de que o que nós dizíamos era verdadeiro. E vocês sabem como as nossas próprias vidas foram para vocês uma prova a mais da veracidade da nossa mensagem. E assim vocês se tornaram imitadores nossos e do Senhor; porque vocês receberam nossas mensagens com a alegria que vem do Espírito Santo, apesar das provações e sofrimentos que isso lhes acarretou. Desta forma vocês mesmos se tornaram um exemplo para todos os outros cristãos da Macedônia e da Acaia. E agora a palavra do Senhor se espalhou de vocês aos outros por toda parte, e não somente aos fiéis da Macedônia e da Acaia, pois por toda parte que vamos encontramos gente que nos fala da fé que vocês têm em Deus. Não necessitamos contar a eles sobre essa fé, porque eles é que estão sempre nos falando da excelente acolhida que vocês nos deram, e como se voltaram dos seus ídolos para Deus, de tal maneira que agora só o Deus vivo e verdadeiro é o Senhor de vocês. E contam como vocês estão aguardando o seu Filho voltar do céu — Jesus, aquele que Deus ressuscitou dos mortos e que é o único que nos pode salvar da ira que está para vir. Vocês mesmos sabem, irmãos, quão valiosa foi aquela visita que lhes fizemos. Sabem como fomos maltratados e insultados em Filipos pouco antes de chegarmos aí e quanto sofremos lá. Entretanto, Deus nos deu coragem para repetir com toda a intrepidez a mesma mensagem a vocês, em meio a muita luta. Assim vocês percebem que nós não estávamos pregando com quaisquer motivos falsos ou maus propósitos em mente; não tínhamos intenção de enganá-los. Porque nós falamos como mensageiros de Deus, credenciados por ele para anunciar a verdade; não mudamos nem uma vírgula da sua mensagem para acomodá-la ao gosto daqueles que a ouvem; porque servimos exclusivamente a Deus, aquele que sonda os pensamentos mais profundos dos nossos corações. Nunca procuramos em nenhuma ocasião ganhá-los com bajulação, como vocês sabem muito bem, e Deus também é testemunha que nós não estávamos fingindo ser amigos de vocês somente por ganância! Quanto ao reconhecimento humano, nunca o pedimos, nem de vocês nem de outros, embora como apóstolos de Cristo tivéssemos certamente direito a alguma honra da parte de vocês. No entanto, entre vocês éramos tão amáveis como uma mãe que alimenta e cuida dos próprios filhos. Nós amamos vocês afetuosamente — tão afetuosamente que lhes demos não só a mensagem de Deus, mas também nossas próprias vidas. Vocês não se recordam, irmãos, como trabalhamos tão arduamente no meio de vocês? Noite e dia nos fatigamos e suamos a fim de ganhar o suficiente para viver, de maneira que as nossas despesas não fossem uma carga para ninguém enquanto pregávamos o evangelho de Deus entre vocês. Vocês próprios são nossas testemunhas — como Deus também é — de que temos sido puros, sinceros e irrepreensíveis perante cada um de vocês. Pois vocês sabem que tratamos cada um de vocês como um pai trata seus próprios filhos, exortando, incentivando para que vivam de maneira digna diante de Deus, que chamou vocês para terem parte no seu Reino e na sua glória. E nós nunca deixaremos de agradecer a Deus o fato de que quando lhes anunciamos a mensagem, vocês não pensaram que as palavras que lhes falávamos eram apenas palavras nossas, mas aceitaram o que dizíamos como a própria palavra de Deus, que foi eficaz na vida de vocês quando creram nela. E então, irmãos, vocês sofreram o mesmo que as igrejas de Deus na Judeia, com o povo dali que pertence a Cristo Jesus. Vocês sofreram perseguição dos seus próprios patrícios, tal como eles sofreram do seu próprio povo, os judeus. Eles, depois de matarem os seus próprios profetas, levaram à morte o Senhor Jesus; e agora eles também nos têm perseguido. Eles estão contra Deus e contra os homens, procurando impedir-nos de pregar aos gentios, com receio de que alguns sejam salvos; e assim os pecados deles continuam aumentando, mas a ira de Deus finalmente os alcançou. Irmãos, depois que nós os deixamos e tínhamos estado longe de vocês por um breve tempo, embora nosso coração nunca os tivesse deixado, procuramos de todas as maneiras voltar para vê-los pessoalmente mais uma vez, pela saudade que temos de vocês. Queríamos muitíssimo ir visitá-los; e eu, Paulo, tentei não apenas uma vez, porém Satanás nos deteve. Pois qual é o objetivo da nossa vida, que nos traz esperanças e alegria, e é a nossa esplêndida recompensa e coroa? São vocês! Sim, vocês nos darão muita alegria ao nos apresentarmos juntos diante de nosso Senhor Jesus Cristo quando ele voltar. Porque vocês são a nossa glória e a nossa alegria. Finalmente, quando não pude mais aguentar, decidimos ficar sozinhos em Atenas e mandar Timóteo, nosso irmão e companheiro de trabalho, ministro de Deus, a fim de visitá-los para fortalecer-lhes a fé e animá-los, para que vocês não ficassem abalados com todas as aflições que estavam sofrendo. Vocês sabem, naturalmente, que tais aflições fazem parte do plano de Deus para nós, os santos. Mesmo quando ainda estávamos com vocês, nós os advertimos antecipadamente de que logo viria o sofrimento, o que, de fato, ocorreu. E como eu estava dizendo, quando não pude mais suportar a saudade, enviei Timóteo para que verificasse se vocês ainda estavam fortes na fé. Eu tinha receio de que o tentador tivesse seduzido vocês, e todo o nosso trabalho tivesse sido inútil. E agora Timóteo acaba de regressar, trazendo notícias boas de que vocês estão mais fortes do que nunca na fé e no amor, e que se lembram da nossa visita com alegria e querem ver-nos tanto quanto nós desejamos vê-los. Assim, queridos irmãos, nós nos sentimos grandemente confortados em todas as nossas esmagadoras aflições e no sofrimento aqui, agora que sabemos que vocês permanecem firmes na fé ao Senhor. Podemos aguentar qualquer coisa enquanto soubermos que vocês permanecem firmes no Senhor. Como poderemos ser suficientemente gratos a Deus por vocês, e por toda a alegria e satisfação que vocês nos têm dado? Porque noite e dia nós oramos continuamente por vocês, rogando a Deus que nos permita vê-los novamente, a fim de suprir o que porventura falte à sua fé. Que o próprio Deus, nosso Pai, e nosso Senhor Jesus outra vez nos mandem de volta a vocês. E que o Senhor faça o amor de vocês crescer e transbordar uns para com os outros e para com todo mundo, a exemplo do nosso amor por vocês; o resultado disso é que Deus nosso Pai tornará forte, santo e sem pecado o coração de vocês, a fim de que possam comparecer sem culpa diante dele naquele dia quando o nosso Senhor Jesus Cristo voltar com todos quantos lhe pertencem. E ainda quero acrescentar isto, irmãos: Vocês já sabem como agradar a Deus em sua vida diária, pois conhecem as determinações que lhes demos da parte do próprio Senhor Jesus. Agora nós lhes suplicamos — sim, exortamos a vocês em nome do Senhor Jesus — que vivam cada vez mais próximos daquele ideal. Porque vocês conhecem os mandamentos que lhes demos pela autoridade do Senhor Jesus. Deus deseja que vocês sejam santos e puros, e se conservem afastados de todo pecado sexual, a fim de que cada um de vocês saiba controlar o seu próprio corpo em santificação e honra, não dominado pela paixão carnal e por desejos desenfreados, como fazem os pagãos, na sua ignorância de Deus e de seus caminhos. E esta é também a vontade de Deus: Que neste assunto nenhum de vocês se aproveite de seu irmão, porque o Senhor os castigará por estas práticas, como nós antes já os advertimos severamente. Porque Deus não nos chamou para vivermos na impureza nem cheios de imoralidade, mas para sermos santos e puros. Se alguém se recusar a viver de acordo com estes mandamentos, não estará desobedecendo às leis dos homens, mas de Deus, que dá o seu Santo Espírito a vocês. Mas, quanto ao amor fraternal puro que deve existir entre o povo de Deus, eu não preciso falar muito, porque o próprio Deus está ensinando vocês a se amarem uns aos outros. Na verdade, já é forte o amor que vocês têm por todos os irmãos em Cristo em toda a Macedônia. Mesmo assim, amigos, nós lhes rogamos que amem cada vez mais. Esta deve ser a ambição de vocês — esforçar-se para levar uma vida tranquila, se importando com seus próprios negócios e fazendo seu próprio trabalho, tal como já lhes instruímos anteriormente. Como resultado, as pessoas de fora da igreja vão confiar em vocês e respeitá-los, e vocês não precisarão viver à custa dos outros. E agora, irmãos, quero que vocês saibam o que sucede a um fiel quando ele morre, para que não fiquem cheios de tristeza como aqueles que não têm esperança. Visto que nós cremos que Jesus morreu e depois voltou à vida, podemos também crer que, quando Jesus voltar, Deus trará de volta com ele todos os irmãos que já morreram. Posso dizer-lhes, diretamente do Senhor, que nós, os que ainda estivermos vivos quando o Senhor voltar, não subiremos para encontrá-lo antes daqueles que já morreram. Pois o próprio Senhor descerá do céu com um potente clamor, com o brado do arcanjo e com o toque da trombeta de Deus, e o Senhor descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Então nós, os que ainda estivermos vivos, seremos arrebatados até eles nas nuvens, a fim de nos encontrarmos com o Senhor nos ares e ficarmos com ele para sempre. Portanto, confortem-se e encorajem-se mutuamente com essas palavras. Quando é que tudo isso vai acontecer? Eu não preciso realmente dizer nada a esse respeito, irmãos, porque vocês sabem muito bem que o dia do Senhor virá inesperadamente, como um ladrão de noite. Quando o povo estiver dizendo: “Vai tudo bem, está tudo calmo, está tudo em paz”, então, de repente, o desastre virá sobre eles, tão súbito como as dores de parto a uma mulher quando nasce o seu filho. E essa gente não poderá fugir para parte alguma — não haverá lugar onde se esconder. Porém vocês, irmãos, não estão na escuridão a respeito destas coisas e não serão surpreendidos, como por um ladrão. Porque todos vocês são filhos da luz e do dia e não pertencem à escuridão e à noite. Estejam vigilantes e não adormecidos, como os outros. Estejam atentos à volta do Senhor e permaneçam sóbrios. À noite é que as pessoas dormem; à noite se embriagam. Mas nós, que somos do dia, conservemo-nos sóbrios, protegidos com a couraça da fé e do amor e usando como nosso capacete a esperança da salvação. Porque Deus não nos escolheu para derramar a sua ira sobre nós, mas para nos salvar por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele morreu por nós, para que possamos viver com ele para sempre, estejamos vivos ou mortos na hora da sua volta. Portanto, animem-se uns aos outros e edifiquem-se uns aos outros, tal como já estão fazendo. Agora, pedimos a vocês, irmãos, honrem aqueles que trabalham incansavelmente entre vocês, os que foram escolhidos pelo Senhor para guiá-los e aconselhá-los. Tenham grande consideração e respeito por eles, com amor, por causa do trabalho deles. Vivam em paz uns com os outros. Irmãos, admoestem aqueles que são preguiçosos ou rebeldes; confortem aqueles que estão atemorizados; tenham um carinhoso cuidado por aqueles que são fracos; e tenham paciência com todos. Cuidem que ninguém retribua mal por mal, mas procurem sempre fazer o bem uns aos outros e para todos. Estejam sempre alegres. Permaneçam sempre em oração. Estejam sempre agradecidos, haja o que houver, porque esta é a vontade de Deus para com vocês que pertencem a Cristo Jesus. Não abafem o Espírito Santo. Não zombem daqueles que profetizam, mas ponham à prova tudo e fiquem com o que é bom. Afastem-se de toda espécie de mal. Que o próprio Deus de paz faça vocês completamente puros, e que o espírito, a alma e o corpo de vocês sejam conservados irrepreensíveis até o dia quando nosso Senhor Jesus Cristo voltar. Aquele que os chama é fiel, tal como prometeu. Irmãos, orem por nós. Cumprimentem em meu nome todos os irmãos daí com um beijo santo. Ordeno-lhes, em nome do Senhor, que leiam esta carta a todos os irmãos. E que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com cada um de vocês. Paulo, Silas e Timóteo, à igreja de Tessalônica — guardada em segurança em Deus nosso Pai e no Senhor Jesus Cristo: A vocês, graça e paz da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo. Irmãos, dar graças a Deus por vocês não é somente o que temos a fazer de correto, mas é nosso dever para com Deus, por causa da maneira verdadeiramente maravilhosa como tem crescido a fé que vocês têm e por causa do crescente amor que vocês revelam uns para com os outros. Nós temos prazer em contar às outras igrejas a perseverança de vocês e a sua plena fé em Deus, apesar de todas as perseguições e tribulações pelas quais vocês estão passando. Isso é apenas um exemplo do modo justo e correto como Deus faz as coisas, pois ele está usando os sofrimentos de vocês a fim de prepará-los para o seu Reino, enquanto ao mesmo tempo está preparando o julgamento e o castigo para aqueles que estão afligindo vocês. E portanto eu quero dizer a vocês que estão sofrendo: Deus lhes dará alívio juntamente conosco quando o Senhor Jesus aparecer subitamente, descendo do céu em fogo ardente, com seus poderosos anjos, trazendo o julgamento sobre aqueles que não querem conhecer a Deus, e que se recusam a aceitar o seu plano de salvá-los por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. Eles serão castigados numa destruição eterna, expulsos para sempre da presença do Senhor e da glória do seu poder quando ele vier para receber louvor e admiração por causa de tudo aquilo que fez por aqueles que creram. E vocês estarão com ele, porque creram na palavra que anunciamos a vocês. E assim continuamos a orar por vocês, pedindo que o nosso Deus os torne dignos da sua vocação, e cumpra todo o bom propósito e toda boa obra, recompensando-lhes a fé com o seu poder. Então, o nome do nosso Senhor Jesus Cristo será glorificado por causa dos resultados de vocês. A terna graça do nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo tornou tudo isso possível a vocês. E agora, uma palavra sobre a volta do nosso Senhor Jesus Cristo e a nossa reunião com ele. Pedimos a vocês que não fiquem, absolutamente, perturbados e aflitos, irmãos, com o rumor de que o dia do Senhor já começou. Se vocês ouvirem de pessoas que têm uma profecia, uma palavra, ou de uma carta que dizem ter sido mandada por nós, não creiam nisso. Não se deixem enganar por ninguém, não obstante o que eles digam. Porque aquele dia não chegará enquanto não acontecerem duas coisas: primeiramente, haverá uma época de grande rebelião contra Deus, e depois virá o homem da rebelião, o filho da perdição. Ele se oporá a qualquer deus que houver e derrubará qualquer outro objeto de culto e adoração. Ele se assentará como Deus no templo de Deus, alegando ser o próprio Deus. Vocês não se lembram de que eu lhes falei a este respeito quando estava aí? E vocês sabem quem o está impedindo de já estar aqui; pois ele só pode vir quando tiver chegado a sua hora. A obra desse homem da rebelião já está em marcha, mas ainda aguarda que se afaste do caminho aquele que a detém. E então aparecerá o perverso, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro da sua boca, e o destruirá com sua presença quando voltar. Esse perverso virá como instrumento de Satanás, cheio de poder e falsos milagres e maravilhas. Ele enganará completamente aqueles que estão perecendo porque rejeitaram a verdade; recusaram-se a crer nela e a amá-la, e a deixar que ela os salvasse. Portanto, Deus permitirá que eles creiam nessas mentiras, por meio do seu poder sedutor, e todos eles serão julgados com justiça por terem crido na falsidade, rejeitando a verdade e sentindo prazer na injustiça. Mas nós devemos dar para sempre graças a Deus por vocês, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus escolheu desde o princípio dar-lhes a salvação, purificando-os pela obra do Espírito Santo e pela fé na verdade. Por nosso intermédio ele apresentou o evangelho a vocês. Por nosso intermédio ele os chamou para participarem da glória do nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, irmãos, permaneçam firmes e mantenham-se fortemente seguros na verdade que nós lhes ensinamos em nossas cartas e durante o tempo que estivemos aí. Que o próprio Jesus Cristo, nosso Senhor, e Deus, nosso Pai, que nos amou e nos deu consolo e esperança eterna, que não merecemos, anime seus corações com todo o consolo, e os ajude a fazer sempre o bem, tanto em atos como em palavras. Finalmente, queridos irmãos, chegando ao fim desta carta, peço-lhes que orem por nós. Orem para que a mensagem do Senhor se espalhe rapidamente e triunfe por onde quer que vá, como aconteceu quando ela chegou a vocês. Orem também para que sejamos salvos das garras dos homens perversos e maus, pois nem todos creem na Palavra. Mas o Senhor é fiel; ele fará vocês fortes e os guardará dos ataques do Maligno. E confiamos no Senhor que vocês estejam pondo em prática as coisas que nós lhes ensinamos, e que continuarão a fazer isso. Que o Senhor faça vocês se aprofundarem cada vez mais na compreensão do amor de Deus e na perseverança que vem de Cristo. Agora eis aqui uma ordem, irmãos, que eu dou em nome do nosso Senhor Jesus Cristo, por sua autoridade: Afastem-se de qualquer irmão que gaste os dias na preguiça e que não siga o que nós prescrevemos para vocês. Porque vocês sabem muito bem que devem seguir o nosso exemplo: Vocês nunca nos viram ociosos quando estivemos com vocês; nunca aceitamos comida de ninguém sem pagar; trabalhamos duramente dia e noite pelo dinheiro que necessitávamos para nos mantermos, a fim de não sermos uma carga para nenhum de vocês. Não era porque não tivéssemos o direito de pedir-lhes que nos sustentassem, mas porque queríamos mostrar-lhes pelo exemplo como vocês deviam trabalhar para viver. Mesmo enquanto ainda estávamos aí, nós lhes demos este preceito: “Aquele que não trabalha, não deve comer”. Soubemos que alguns de vocês estão vivendo na ociosidade, recusando-se a trabalhar, e gastando o tempo metendo-se na vida alheia. No nome do Senhor Jesus Cristo fazemos um apelo a tais pessoas — e lhes ordenamos — que se aquietem, arranjem trabalho e ganhem seu próprio sustento. E aos demais, digo-lhes, queridos irmãos: Nunca se cansem de fazer o bem. Se alguém se recusar a obedecer ao que dizemos nesta carta, vejam quem é e afastem-se dele, a fim de que ele se sinta envergonhado. Não olhem para ele como um inimigo, porém falem com ele como a um irmão que necessita ser admoestado. Que o próprio Senhor da paz lhes dê a sua paz, aconteça o que acontecer, e que o Senhor esteja com todos vocês. Agora, a minha saudação, que estou escrevendo de próprio punho, como faço no final de todas as minhas cartas, como prova de que ela é na realidade proveniente de mim. Esta é minha própria letra. Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo esteja sobre todos vocês. Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, enviado por Deus, nosso Salvador, e por Jesus Cristo, nossa única esperança, a Timóteo, meu verdadeiro filho na fé. Que Deus, nosso Pai, e Jesus Cristo, nosso Senhor, lhe mostrem a sua graça, misericórdia, e paz. Como lhe disse quando viajei para a Macedônia, espero que você fique aí em Éfeso, e procure impedir os homens que estão ensinando doutrinas falsas. Ponha fim aos mitos e fábulas deles, e à ideia que eles têm de valorizar genealogias, gerando questões e discussões em vez de ajudarem o povo a aceitar o plano de Deus, que é pela fé. O meu alvo é que todos os cristãos daí sejam cheios do amor que provém de um coração puro, e que suas mentes sejam limpas e a sua fé seja sincera. Mas esses mestres perderam essa ideia salutar e gastam seu tempo discutindo e falando tolices. Querem tornar-se famosos como mestres das leis, quando não têm a menor ideia do que tais leis realmente nos mostram. Sabemos que as leis são boas, quando utilizadas de acordo com a intenção divina; mas não foram feitas para nós, a quem Deus salvou; são para os pecadores que odeiam a Deus, que têm coração rebelde, que praguejam e blasfemam, que matam seus pais e suas mães e que cometem homicídio, para os que praticam a imoralidade sexual e os homossexuais, para os raptores, os mentirosos e todos os outros que fazem coisas que se opõem ao verdadeiro ensinamento. Esse verdadeiro ensinamento é o evangelho glorioso do nosso bendito Deus, de quem eu sou mensageiro. Sou muito grato a Cristo Jesus, nosso Senhor, por ter me escolhido para ser um de seus mensageiros, e por ter me dado forças para ser fiel a ele, embora eu costumasse zombar do nome de Cristo. Persegui o seu povo, causando-lhe todo o mal que podia. Mas Deus teve misericórdia de mim, porque eu não sabia o que estava fazendo, pois naquele tempo ainda não conhecia a Cristo. Como nosso Senhor foi bom, pois me mostrou como confiar nele e obter a plenitude do amor de Cristo Jesus! Esta afirmação é verdadeira, e como eu anseio que todo o mundo conheça isto: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores — e eu sou o maior de todos! Mas Deus teve misericórdia de mim, de tal maneira que Cristo Jesus pôde usar-me como exemplo para mostrar a todos como ele é paciente até mesmo com o pior dos pecadores, a fim de que os outros compreendam que eles também podem crer e ter a vida eterna. Ao Rei eterno, o Deus único, imortal e invisível — a ele sejam dadas a honra e glória para todo o sempre. Amém. Agora, Timóteo, meu filho, esta é a minha instrução a você de acordo com as profecias já proferidas a seu respeito: Seja um bom combatente nas batalhas do Senhor. Mantenha-se firme na sua fé e conserve sempre a consciência limpa, fazendo aquilo que você sabe que está certo. Porque alguns desobedeceram à consciência e fizeram deliberadamente o que sabiam que estava errado e por isso perderam a fé em Cristo. Himeneu e Alexandre são dois exemplos disto. Tive que entregá-los a Satanás para serem castigados para aprenderem a não blasfemar mais. Estas são as minhas instruções: Ore, faça súplicas, pedidos e dê graças por todos os homens. Ore dessa forma pelos reis e por todos os outros que exercem autoridade sobre nós ou que ocupam cargos de alta responsabilidade, a fim de que possamos viver em paz e tranquilidade, passando o nosso tempo vivendo piedosa e dignamente. Isto é bom e agrada a Deus, nosso Salvador. Pois ele deseja que todos sejam salvos e compreendam esta verdade: Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus, que deu a sua vida em resgate por toda a humanidade. Essa é a mensagem que no momento oportuno Deus entregou ao mundo. E eu fui escolhido — isso é a pura verdade, pois não estou mentindo — como ministro e apóstolo de Deus, para ensinar essa verdade aos gentios, e mostrar-lhes o plano divino de salvação pela fé. Assim, eu quero que em toda parte os homens orem com mãos santas erguidas para Deus, livres da ira e sem brigas. E as mulheres sejam, do mesmo modo, calmas e sensatas nas atitudes e na maneira de se vestir, não pela maneira como arrumam o cabelo ou por causa das joias ou roupas extravagantes. As mulheres cristãs devem ser notadas por suas boas obras e virtude, como devem ser as mulheres que dizem que são dedicadas a Deus! As mulheres devem ouvir e aprender em silêncio e com toda a sujeição. Não permito que as mulheres ensinem aos homens ou tenham autoridade sobre eles. Que elas fiquem caladas nas reuniões da igreja. Por quê? Porque primeiro Deus fez Adão, e depois fez Eva. E não foi Adão quem foi enganado, mas sim Eva, e o resultado foi o pecado. Mas a mulheres serão salvas dando à luz filhos — se elas permanecerem na fé, no amor e na santificação. É uma afirmação verdadeira que, se um homem deseja ser bispo, tem uma boa ambição. Porque um bispo deve ser um homem bom, contra cuja vida não se possa falar nada. Deve ter apenas uma mulher, e deve ser trabalhador cuidadoso, sensato e respeitável. Deve ter prazer em receber hóspedes em casa, e deve ser um bom mestre das Escrituras. Não deve ter o vício da bebida, nem ser violento, mas deve ser amável e pacífico, e não ter amor ao dinheiro. Ele deve governar bem a sua família, com filhos que obedeçam com todo o respeito. Porque se um homem não consegue governar a sua própria família, como poderá cuidar da igreja de Deus? O bispo não deve ser um novato na fé, pois poderia ficar orgulhoso, e o orgulho vem antes da queda, como aconteceu com o diabo. De igual modo, ele deve ser bem conceituado entre as pessoas de fora da igreja, a fim de que o diabo não o enlace com muitas acusações e o deixe sem credibilidade para guiar seu rebanho. Os diáconos também devem ser homens dignos e de palavra. Não devem ser muito dados à bebida, nem gananciosos por dinheiro. Devem seguir a verdade revelada da fé e ter uma consciência limpa. Antes de lhes pedirem que sejam diáconos, eles devem receber outras tarefas na igreja, como experiência do seu caráter e da sua capacidade; se eles se saírem bem, então poderão ser escolhidos como diáconos. As mulheres devem ser cuidadosas, não mexeriqueiras, mas sóbrias e fiéis em tudo quanto fazem. O diácono deve ser marido de uma só mulher e governar bem a sua própria casa. Aqueles que servirem bem serão bem recompensados, tanto pelo respeito dos outros como pelo crescimento da sua própria convicção na fé em Cristo Jesus. Estou escrevendo-lhe estas coisas agora, mesmo esperando vê-lo em breve, mas se eu demorar, fique sabendo como as pessoas devem comportar-se na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a qual é a coluna e alicerce da verdade divina. É bem verdade que é grande o mistério da vida piedosa: Aquele que se tornou um ser humano, foi justificado no Espírito, foi visto pelos anjos, proclamado entre as nações, aceito com fé pelos homens em toda parte e recebido novamente na glória. Entretanto, o Espírito de Deus nos diz claramente que nos últimos tempos alguns na igreja se desviarão de Cristo e se tornarão zelosos seguidores de espíritos enganadores e ensinamentos de inspiração demoníaca. Tais ensinamentos vêm de pessoas hipócritas e mentirosas, e eles farão isso tantas vezes que nem mesmo a consciência os incomodará. Dirão que está errado casar-se e que é errado o consumo de alimentos que Deus criou para serem recebidos com gratidão. Pois tudo quanto Deus fez é bom, e podemos comer com satisfação se for recebido com ação de graças, porque a palavra de Deus e a oração tornam todos os alimentos santificados. Se você transmitir essas instruções aos outros, estará cumprindo o seu dever como um ministro digno, alimentado pela fé e pelo ensinamento verdadeiro que você tem seguido. Não desperdice o tempo discutindo ideias tolas nem mitos e lendas absurdas. Gaste seu tempo e sua energia na prática de conservar-se espiritualmente apto. O exercício físico é bom, porém o exercício espiritual é muito mais proveitoso. Portanto, exercite-se espiritualmente porque isso o ajudará, não só agora, nesta vida, mas também na vida futura. Esta é a verdade e deve ser aceita por todos. Nós trabalhamos incansavelmente e lutamos muito, a fim de que as pessoas possam crer nela, pois nossa esperança está no Deus vivo, o Salvador de todos, e especialmente dos que creem. Ensine estas coisas e certifique-se de que todos as aprendam bem. Ninguém faça pouco caso de você porque você ainda é moço. Seja exemplo para eles, para que sigam o caminho que você ensina e vive; seja modelo para eles no amor, na fé e na pureza. Até a minha chegada, dedique-se à leitura das Escrituras, à exortação e ao ensino. Não deixe de usar o dom que Deus lhe deu por meio dos profetas quando os líderes da igreja colocaram as mãos sobre a sua cabeça. Ponha essas coisas em ação; dedique-se inteiramente a elas, de tal maneira que todos percebam o seu aperfeiçoamento e progresso. Mantenha-se vigilante em tudo quanto faz e pensa. Permaneça fiel ao ensinamento e você salvará tanto a você mesmo como aos que o ouvem. Nunca fale asperamente a um homem mais velho, mas exorte-o respeitosamente, como se ele fosse seu próprio pai. Fale aos homens mais jovens como a irmãos amados. Trate as mulheres mais velhas como mães, e as moças como irmãs, tendo pensamentos puros. A igreja deve cuidar com carinho das viúvas, se elas não tiverem ninguém mais para ajudá-las. Mas se uma viúva tem filhos ou netos, são estes que devem tomar a responsabilidade, pois a bondade deve começar em casa, com o sustento dos pais necessitados, retribuindo desta forma o bem recebido de seus pais e avós. Isto é uma coisa que agrada a Deus. A viúva necessitada e sozinha no mundo põe a sua esperança em Deus, dedicando-se à oração e súplica dia e noite; mas se ela procura apenas os prazeres está morta mesmo que esteja viva. Esta deve ser a sua norma na igreja, a fim de que os cristãos conheçam e façam aquilo que é correto. Mas qualquer um que não cuida dos seus próprios parentes quando eles necessitam de ajuda, especialmente aqueles da sua própria família, negou a fé e é pior do que os que não creem. Coloque na lista das viúvas somente a que tiver pelo menos sessenta anos e que tenha sido casada apenas uma vez. Deve gozar de estima de todos por causa do bem que praticou, como criar bem os filhos, ser amável com os estranhos, lavar os pés dos fiéis, ajudar os aflitos e estar sempre pronta a fazer todo tipo de boa obra. As viúvas mais moças não devem participar deste grupo especial porque é comum, depois de algum tempo, que seus desejos façam com que queiram casar de novo, desrespeitando seu voto com Cristo. E assim elas cairão em condenação, porque quebraram a sua primeira promessa. Além disso, costumam ser ociosas e gastar o tempo mexericando de casa em casa, intrometendo-se na vida dos outros e falando coisas que não devem. Portanto, aconselho que é melhor essas viúvas mais jovens se casarem novamente e terem filhos, e cuidarem dos seus próprios lares. Assim ninguém poderá dizer nada contra elas. Porque eu tenho receio de que algumas delas já tenham se desviado para seguir a Satanás. Quero lembrar-lhe mais uma vez que se uma mulher crente tem viúvas em sua casa, ela deve cuidar delas e não sobrecarregar a igreja. A igreja, então, pode cuidar de viúvas que realmente estão necessitadas. Os líderes da igreja que fazem bem o seu trabalho devem ser bem pagos e altamente estimados, de maneira especial aqueles cujo trabalho é pregar e ensinar. Porque as Escrituras dizem: “Nunca amarre a boca de um boi quando ele está debulhando o cereal” e “o trabalhador merece o seu salário!” Não aceite acusação contra um líder, a não ser que haja duas ou três testemunhas. Se ele realmente pecou, então deve ser repreendido diante da igreja toda, a fim de que ninguém mais siga seu exemplo. Com toda a solenidade eu exorto, na presença de Deus e do Senhor Jesus Cristo, e dos santos anjos, que você faça o seguinte: Em tudo que você fizer, obedeça a estas instruções sem parcialidade. Todos devem ser tratados da mesma maneira. Nunca tenha pressa em impor as mãos sobre alguém, e não participe dos pecados de outros. Conserve-se puro. Não beba somente água; tome também um pouco de vinho, por causa do seu estômago e das suas frequentes enfermidades. Lembre-se que alguns homens levam uma vida pecaminosa, e todo mundo sabe disso. Em tais casos você poderá fazer alguma coisa. Em outros, porém, os pecados só serão revelados mais tarde. Do mesmo modo, as boas obras são evidentes, mas às vezes as obras deles não são conhecidas até muito depois. Os escravos que abraçaram a fé devem trabalhar arduamente para os seus senhores e respeitá-los; que nunca se diga que os seguidores de Cristo são maus trabalhadores, para que ninguém fale mal do nome de Deus e dos seus ensinamentos. Se os senhores deles forem crentes, isso não é desculpa para perderem o respeito; pelo contrário, devem trabalhar ainda mais ardorosamente porque um irmão na fé está sendo ajudado pelos esforços deles. Ensine estas verdades e incentive todos a obedecê-las. Se alguém ensina uma doutrina falsa e não concorda com os ensinos sadios e proveitosos do nosso Senhor Jesus Cristo, e com o ensino de uma vida piedosa, é orgulhoso e nada entende. Esta pessoa tem um interesse doentio, provocando discussões acerca de palavras, que acabam em inveja e cólera, e que só conduzem à difamação, a acusações e suspeitas malignas. Estes que vivem discutindo, cujas mentes estão pervertidas pelo pecado, não sabem dizer a verdade. Para eles o evangelho é simplesmente um meio de ganhar dinheiro. Afaste-se deles. Você será verdadeiramente próspero se exercer a piedade com contentamento. Afinal de contas, não trouxemos nenhum dinheiro conosco quando viemos ao mundo, e nada podemos levar quando morrermos. Portanto, devemos sentir-nos bem satisfeitos se tivermos alimento e roupa suficiente. Mas as pessoas que querem se tornar ricas caem em tentações e ciladas e em muitos desejos tolos e nocivos, que lhes causam dano e ruína, e finalmente levam à destruição. Pois o amor ao dinheiro é a raiz de todos os tipos de males. Algumas pessoas até voltaram as costas a Deus por causa do amor ao dinheiro e, como resultado, afligiram a si mesmas com muitos sofrimentos. Você, porém, é um homem de Deus. Fuja de todas essas coisas nocivas e busque a justiça, a piedade, a fé, o amor, a perseverança e a mansidão. Lute o bom combate da fé. Agarre-se com firmeza à vida eterna que Deus lhe concedeu e que você reconheceu numa confissão tão notável diante de tantas testemunhas. Recomendo-lhe diante de Deus, que a tudo dá vida, e diante de Cristo Jesus, que deu um testemunho perante Pôncio Pilatos, que você cumpra tudo quanto ele lhe mandou fazer, a fim de que ninguém ache falta alguma em você, desde agora até a volta do nosso Senhor Jesus Cristo. Porque no devido tempo Cristo será revelado. Ele é o bendito e único Deus Todo-poderoso, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, o único imortal, e que mora em luz tão estupenda que nenhum ser humano pode aproximar-se dele. Nenhum homem jamais o viu, nem nunca o verá. A ele seja honra e poder e domínio para todo o sempre. Amém. Diga àqueles que são ricos no presente mundo que não se orgulhem disso nem confiem no dinheiro, que logo acabará; mas que seu orgulho e sua confiança devem estar no Deus vivente, que sempre nos dá abundantemente tudo quanto necessitamos, para nossa satisfação. Ordene a eles que pratiquem o bem. Eles devem ser ricos em boas obras e devem dar com alegria aos que estão em necessidade, e estar sempre prontos a repartir com os outros aquilo que Deus lhes deu. Fazendo isso, eles estarão acumulando um tesouro real para si mesmos no céu — este é o único investimento seguro para a eternidade — e estarão levando uma vida frutífera. Timóteo, não deixe de fazer essas coisas que Deus confiou a você. Evite as discussões inúteis e profanas com aqueles que se gabam de seu conhecimento e assim provam a própria falta dele. Algumas destas pessoas acabaram perdendo a coisa mais importante da vida, se desviando do caminho da fé. Que a graça divina esteja com vocês. Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, enviado por Deus para falar, por toda parte, a homens e mulheres, a respeito da vida que ele lhes prometeu por meio da fé em Jesus Cristo, a Timóteo, meu amado filho. Que Deus, o Pai, e Cristo Jesus, nosso Senhor, derramem a sua graça, misericórdia e paz sobre você. Como sou grato a Deus por você! Oro todos os dias por você e muitas vezes durante as longas noites suplico ao meu Deus por vocês. Ele é o Deus de meus antepassados e o meu único propósito é servi-lo com a consciência limpa. Como estou ansioso por vê-lo de novo! Como eu ficaria feliz com isso, pois me recordo das suas lágrimas quando nos separamos. Lembro-me da sua fé não fingida, tal como ocorreu com a sua mãe Eunice e sua avó Lóide; e estou certo de que esta mesma fé continua em você. Assim sendo, quero lembrá-lo de conservar viva a chama do dom de Deus que você recebeu quando coloquei minhas mãos sobre a sua cabeça. Pois o Espírito que Deus nos deu não é de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio. Por isso, nunca tenha medo de falar do nosso Senhor aos outros, nem de que eles saibam que eu sou seu amigo, muito embora eu esteja aqui na prisão por causa de Cristo. Você deve estar pronto a sofrer comigo de acordo com o poder de Deus, pois ele lhe dará forças no sofrimento. Foi ele quem nos salvou e nos escolheu para o seu santo trabalho, não porque merecêssemos, mas porque esse era o seu plano muito antes do princípio do mundo: mostrar o seu amor e a sua graça para conosco por meio de Cristo Jesus. E agora ele tornou isso bem claro para nós, mediante a vinda do nosso Salvador Jesus Cristo, que quebrou o poder da morte e nos mostrou o caminho da vida eterna por meio da confiança nele. E Deus me escolheu para ser seu pregador e apóstolo e mestre. É por isso que eu estou sofrendo aqui na prisão e não estou envergonhado disso, pois conheço aquele em quem confio e tenho certeza de que ele é capaz de guardar em segurança tudo quanto lhe confiei até o dia da sua volta. Agarre-se firmemente ao modelo de verdade que eu lhe ensinei, especialmente no tocante à fé e ao amor que Cristo Jesus lhe oferece. Conserve bem a capacidade que Deus lhe concedeu e que você recebeu por meio do Espírito Santo que mora em nós. Como você sabe, todos os santos que vieram da província da Ásia me abandonaram, inclusive Fígelo e Hermógenes. Que o Senhor abençoe Onesíforo e toda a sua família, pois ele me visitou e me animou muitas vezes. Suas visitas me revigoraram como um sopro de ar fresco, e ele nunca se envergonhou por eu estar na prisão. De fato, quando ele veio a Roma, procurou por toda parte, tentando encontrar-me, e finalmente conseguiu. Que o Senhor dê a ele uma bênção especial no dia da volta de Cristo. E você sabe, melhor do que eu lhe posso contar, quanto ele me ajudou em Éfeso. E você, meu filho, torne-se forte com a graça que há em Cristo Jesus. Pois você deve ensinar aos outros essas coisas que você e muitos outros me ouviram falar. Ensine estas grandes verdades a homens de confiança que, por seu turno, as transmitirão a outros. Tome parte nos meus sofrimentos como um bom soldado de Jesus Cristo. E como soldado, não se deixe prender pelos negócios deste mundo, porque se fizer assim você não poderá satisfazer aquele que o alistou em seu exército. Siga as determinações do Senhor para a execução da sua obra, como um atleta que ou obedece às regras, ou é desclassificado e não recebe prêmio nenhum. Trabalhe arduamente, como um lavrador, e você será o primeiro a receber a sua parte na colheita. Pense bem no que estou dizendo, e que o Senhor o ajude a entender de que forma isso se aplica a você. Não se esqueça nunca do fato de que Jesus Cristo foi ressuscitado dos mortos, era descendente da família do rei Davi, de acordo com o evangelho que eu anuncio. E é por causa disso que eu estou sofrendo e fui posto na prisão como um criminoso. Mas a palavra de Deus não está em cadeias, embora eu esteja. Estou muito disposto a sofrer, se isso trouxer salvação e glória eterna em Cristo Jesus para aqueles que Deus escolheu. Sou confortado com o seguinte ensino verdadeiro: “Quando morremos por Cristo, isto apenas quer dizer que viveremos com ele. E se continuarmos a suportar o sofrimento com paciência, lembre-se de que algum dia iremos governar com ele. Entretanto, se desistirmos e o negarmos, então ele também nos negará. Mesmo quando formos infiéis, ele continua fiel para conosco, pois não pode negar-se a si mesmo”. Lembre estes grandes fatos ao seu povo, ordenando-lhes em nome do Senhor que não discutam a respeito de coisas sem importância. Essas discussões são inúteis e só causam confusão, e acabam prejudicando os que estão presentes. Seja um bom obreiro, um obreiro que não precisa ficar envergonhado quando Deus examina o seu trabalho e que ensina corretamente a palavra da verdade. Evite as discussões tolas que levam as pessoas ao pecado e a se afastar de Deus. O ensino dos falsos mestres se espalha como a gangrena. Himeneu e Fileto, com suas discussões, são homens assim. Deixaram o caminho da verdade, pregando a mentira de que a ressurreição dos mortos já aconteceu; e enfraqueceram a fé de alguns que creram neles. Entretanto, a verdade de Deus continua firme como uma grande rocha, e nada a poderá abalar. Ela é um alicerce sobre o qual estão escritas estas palavras: “O Senhor conhece aqueles que realmente são dele” e “todo aquele que pertence ao Senhor não deve fazer coisas erradas”. Em algumas casas abastadas há vasilhas feitas de ouro e de prata, bem como algumas feitas de madeira e de barro. As vasilhas caras são usadas para ocasiões especiais, e as vasilhas baratas são usadas no dia a dia. Se você ficar afastado do pecado, será como uma dessas vasilhas feitas do mais puro ouro — a melhor da casa — de tal maneira que o próprio Cristo poderá usá-lo para toda boa obra. Fuja dos pensamentos impuros da mocidade e aproxime-se de qualquer coisa que o leve a querer fazer o bem. Tenha fé, amor e paz e sinta prazer na companhia daqueles que amam o Senhor e têm coração puro. Eu digo novamente: Não se deixe envolver em discussões tolas que só perturbam as pessoas e acabam em brigas. O servo do Senhor não deve ser dado a discussões e brigas; deve ser amável para com todos e um mestre paciente. Seja humilde quando estiver procurando corrigir aqueles que se opõem à verdade. Porque se você lhes falar com brandura e mansidão, é mais provável que eles, com a ajuda de Deus, abandonem suas ideias e creiam na verdade. Então eles cairão em si e escaparão da armadilha da escravidão ao pecado, que o diabo utiliza, e assim poderão voltar a fazer a vontade de Deus. É importante para você saber isto também, Timóteo, que nos últimos dias vai ser muito difícil ser servo de Cristo. Porque as pessoas só amarão a si mesmas e ao dinheiro; serão incapazes de se controlarem, orgulhosas, zombarão de Deus, desobedecendo aos pais, sendo ingratas e completamente más. Serão duras de coração e nunca se submeterão aos outros; serão sempre mentirosas e desordeiras, e não se incomodarão com a imoralidade. Serão rudes e cruéis, e escarnecerão daqueles que procuram ser bons. Serão traidoras dos seus amigos, atrevidas, inchadas de orgulho, e preferirão ser amantes do prazer a amar a Deus. Terão aparência de piedade, porém não acreditarão realmente em nada do que ouvem. Não se deixe enganar por gente assim. Elas são da espécie que penetram sorrateiramente nas casas dos outros e fazem amizades com as mulheres ignorantes e carregadas de pecados, e que são levadas por todo tipo de desejos. Mulheres assim estão continuamente seguindo novos mestres, porém nunca entendem a verdade. E os mestres delas combatem a verdade, tal como Janes e Jambres se opuseram a Moisés. Têm uma mente suja, depravada e se rebelaram contra a fé. Mas eles não escaparão impunemente para sempre. Um dia a falsidade deles será notória a todos, como foi o pecado de Janes e Jambres. Mas você tem me observado, e sabe que eu não sou dessa espécie de pessoa. Sabe o que eu creio, a maneira como eu vivo e o que eu quero. Conhece minha fé em Cristo e sabe como tenho sofrido. Conhece o meu amor por você e a minha perseverança. Você sabe quantas aflições eu tenho tido como resultado da minha pregação do evangelho. Sabe a respeito de tudo quanto me fizeram enquanto eu visitava Antioquia, Icônio e Listra, porém o Senhor me livrou de todas essas coisas. Sim, a perseguição virá para todos os que decidiram levar uma vida piedosa em Cristo Jesus. De fato, os homens malignos e os falsos mestres tornar-se-ão cada vez piores, enganando a muitos, e sendo eles próprios enganados. Mas você deve continuar a crer nas coisas que lhe foram ensinadas. Você sabe que elas são verdadeiras porque sabe que pode confiar naqueles de quem você aprendeu. Você sabe como as Sagradas Escrituras lhe foram ensinadas quando você ainda era bem pequeno; e são elas que o fazem sábio para aceitar a salvação de Deus mediante a fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura nos foi dada por inspiração de Deus e é útil para nos ensinar o que é verdadeiro e para nos fazer compreender o que está errado em nossas vidas; ela nos endireita e nos ajuda a fazer o que é correto. Ela é o meio que Deus utiliza para nos tornar bem preparados em todos os pontos, perfeitamente habilitados para toda boa obra. Portanto, eu insisto, diante de Deus e diante de Cristo Jesus — que um dia julgará os vivos e os mortos, quando aparecer para estabelecer o seu reino — que pregue insistentemente a palavra de Deus em todos os momentos, sempre que tiver a oportunidade, a tempo e fora de tempo, quando for conveniente e quando não for. Corrija e repreenda, estimule-os a fazer o bem, e esteja todo o tempo alimentando as pessoas pacientemente com a palavra de Deus. Porque chegará uma época quando as pessoas não suportarão a verdade, mas andarão de um lado para outro procurando mestres que lhes digam apenas aquilo que desejam ouvir. Elas se recusarão a ouvir aquilo que as Escrituras dizem, mas seguirão suas próprias ideias desorientadas. Você precisa estar alerta e vigilante contra todos esses perigos. E não tenha medo de sofrer pelo Senhor. Leve outros a Cristo. Não deixe por fazer nada que você deve fazer. Digo isso porque eu não estarei por perto para auxiliá-lo muito tempo mais. Meu tempo está quase terminado. Daqui a pouco eu estarei a caminho do céu. Muito tempo lutei incansavelmente por meu Senhor e no meio de tudo eu me conservei fiel a ele. E agora chegou a hora de eu parar de lutar e descansar. Lá no céu me espera uma coroa de justiça, a qual o Senhor, o justo Juiz, me dará naquele grande dia. E não só a mim, mas a todos aqueles cujas vidas mostram que eles estão aguardando a sua vinda. Por favor, venha tão logo puder, pois Demas me abandonou. Ele ama o presente mundo e foi para Tessalônica. Crescente foi embora para a Galácia e Tito para a Dalmácia. Apenas Lucas está comigo. Quando vier, traga Marcos com você, pois necessito dele no ministério. Tíquico também foi embora, pois o enviei a Éfeso. Quando vier, não se esqueça de trazer a capa que deixei em Trôade, com o irmão Carpo, assim como os livros, especialmente os pergaminhos. O ferreiro Alexandre tem-me feito muito mal. O Senhor o retribuirá de acordo com o que ele fez. Mas tome cuidado com ele, pois combateu contra tudo quanto nós dissemos. A primeira vez que eu fui levado perante o juiz ninguém estava aqui para me ajudar. Todos me abandonaram. Espero que eles não levem sobre si essa culpa. Entretanto, o Senhor permaneceu comigo e me ajudou de tal maneira que eu pude corajosamente anunciar a mensagem completa para os gentios. E o Senhor livrou-me da boca do leão. Sim, o Senhor sempre me livrará de todo o mal e me levará para seu Reino celestial. A Deus seja a glória para todo o sempre. Amém. Peço-lhe que envie saudações a Prisca e Áqüila, e aos que moram na casa de Onesíforo. Erasto ficou em Corinto, e deixei Trófimo doente em Mileto. Procure estar aqui antes do inverno. Êubulo manda lembranças a você, bem como Prudente, Lino, Cláudia e todos os outros irmãos. Que o Senhor Jesus Cristo seja com o seu espírito. A graça seja com vocês! Paulo, escravo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo. Fui enviado para levar a fé àqueles que Deus escolheu e ensinar-lhes a conhecer a verdade de Deus — a verdade que transforma vidas  — a fim de que tenham a vida eterna, que Deus lhes prometeu antes do princípio do mundo; e ele não pode mentir. E agora, em seu próprio e devido tempo, ele revelou essa palavra para que eu a anuncie a todo mundo. Por ordem de Deus, nosso Salvador, eu fui encarregado de fazer essa obra para ele. A Tito, que é verdadeiramente meu filho na fé, sua e minha. Graça e paz de Deus, o Pai, e de Cristo Jesus, o nosso Salvador. Deixei-o aí, na ilha de Creta, a fim de que você pudesse fazer tudo quanto fosse necessário e pusesse em ordem o que ainda faltava e que nomeasse, em cada cidade, líderes que seguissem as instruções que eu lhe dei. Os líderes que você escolher devem ser bem conceituados, e que ninguém possa culpá-los de nada; devem ser maridos de uma só mulher, e seus filhos devem amar ao Senhor e não ter fama de desordeiros ou ser desobedientes a seus pais. Os bispos devem ser homens de vida irrepreensível, porque são ministros de Deus. Não devem ser orgulhosos, nem briguentos; não devem ter o vício da bebida, nem ser violentos, nem ser gananciosos por dinheiro. Devem gostar de ter hóspedes em casa e amar o bem. Devem ser homens sensatos e justos. Devem ter a mente pura e ser dotados de domínio próprio. Sua crença na verdade que lhes foi ensinada deve ser forte e firme, a fim de que possam ensiná-la aos outros e mostrar aos que discordam deles onde é que estão errados. Pois há muitos que se recusam a obedecer. Isto é verdade especialmente entre aqueles que dizem que todos os fiéis devem ser circuncidados. Eles não passam de faladores e enganadores. E é preciso fazê-los calar. Famílias inteiras já foram desviadas da graça de Deus. Esses mestres estão apenas atrás do dinheiro de vocês. Um deles, um profeta nascido em Creta, disse a respeito deles: “Estes homens de Creta são todos mentirosos; são como animais preguiçosos e só vivem para encher a barriga”. E isso é uma verdade. Portanto, fale aos fiéis daí tão severamente quanto necessário para fazê-los fortes na fé, para que deixem de dar ouvidos às lendas judaicas e às exigências de homens que se tornaram surdos à verdade. Uma pessoa pura de coração vê virtude e pureza em tudo; mas uma pessoa cujo coração é maligno e descrente acha maldade em tudo, pois sua mente impura e sua consciência rebelde estão corrompidas. Tais pessoas alegam que conhecem a Deus, mas seus atos o negam. São corruptas e desobedientes, imprestáveis para fazer qualquer coisa boa. Mas quanto a você, defenda a vida decente que acompanha o verdadeiro cristianismo. Ensine os homens mais velhos a serem moderados e dignos de respeito; eles devem ser sensatos, devem conhecer e crer na verdade e fazer todas as coisas com amor e perseverança. Ensine as mulheres mais idosas a serem calmas e atenciosas em tudo quanto fizerem. Não devem andar de um lado para o outro falando mal dos outros e não devem estar escravizadas ao vinho, e sim ser mestras do bem. Essas mulheres mais idosas devem instruir as mulheres mais jovens a amarem seus maridos e seus filhos, e a serem sensatas e terem a mente pura, a estarem ocupadas em seus próprios lares, serem bondosas e obedientes ao marido, de maneira tal que a fé cristã não possa ser difamada por aqueles que as conhecem. Do mesmo modo exorte os jovens a que se conduzam com todo o cuidado, levando a vida a sério. E nisto você mesmo deve ser para eles um exemplo nas boas obras. Que tudo o que você fizer revele o seu amor pela verdade, e no ensino seja íntegro e sincero. Sua linguagem deve ser tão sensata e equilibrada que alguém que quiser questionar sinta vergonha de si mesmo, porque não haverá nada a censurar em tudo o que você diz! Exorte os escravos a que obedeçam aos seus senhores e façam o melhor possível para deixá-los satisfeitos. Não devem ser respondões, nem roubar, mas devem mostrar-se dignos de inteira confiança. Dessa maneira levarão as pessoas a desejarem crer no ensino de Deus, nosso Salvador. Porque o dom gratuito da salvação eterna agora está sendo oferecido a todos; e junto com esse dom vem a compreensão de que Deus quer que nos voltemos da vida ímpia e dos prazeres pecaminosos para uma vida correta no temor de Deus, na era presente, aguardando esperançosamente aquele tempo quando se verá a sua glória — a glória do nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo, que se deu a si mesmo por nós, a fim de livrar-nos dos nossos pecados e nos purificar, para fazer de nós o seu próprio povo, dedicado a fazer boas obras. Você deve ensinar essas coisas e estimular o seu povo a fazê-las, corrigindo-o quando for necessário, com toda a autoridade. Não permita que ninguém pense que o que você diz não tem importância. Lembre ao seu povo o dever de obedecer ao governo e às suas autoridades, que estejam sempre submissos e prontos para qualquer trabalho honesto. Não devem falar mal de ninguém, nem contender, mas sim ser bondosos e verdadeiramente atenciosos para com todos. Antigamente nós mesmos também éramos insensatos e desobedientes; éramos enganados pelos outros e nos tornamos escravos de muitos prazeres malignos e desejos ruins. Nossas vidas estavam cheias de rancor e inveja, sendo detestáveis e odiando uns aos outros. Mas, quando chegou o tempo de se manifestarem a bondade e o amor de Deus, nosso Salvador, então ele nos salvou — não porque fôssemos suficientemente bons para sermos salvos, mas por causa da sua bondade e compaixão, pelo lavar regenerador e renovador dos nossos pecados por meio do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós com maravilhosa abundância — e tudo por causa daquilo que Jesus Cristo, nosso Salvador, fez, a fim de que ele nos pudesse declarar justos aos olhos de Deus — tudo por causa da sua grande graça, tornando-nos seus herdeiros. E agora podemos participar da esperança da vida eterna que ele nos dá. Esse ensinamento que eu lhes compartilhei é verdadeiro; insista nele, a fim de que os fiéis não deixem de praticar boas obras o tempo todo, pois isso é bom e útil para todos. Não se envolva em discussões sobre questões tolas e ideias controvertidas; afaste-se de disputas e contendas a respeito da obediência às leis judaicas, pois esse tipo de assunto não tem nenhum valor; só prejudica. Se alguém está provocando divisões entre vocês, devem ser-lhe feitas uma primeira e uma segunda advertência. Depois disso, cortem as relações com ele, pois tal pessoa tem um senso de valores errado. Está pecando e por si mesma está condenada. Estou planejando enviar-lhe Ártemas ou, então, Tíquico. Logo que algum deles chegar aí, por favor procure vir encontrar-se comigo em Nicópolis o mais depressa possível, pois decidi ficar lá durante o inverno. Faça tudo o que puder para ajudar Zenas, o advogado, e Apolo na viagem deles; veja que eles tenham tudo de que precisam. O nosso povo deve aprender a dedicar-se à prática das boas obras e a ajudar os outros em caso de necessidade, para que assim as suas vidas sejam frutíferas. Todos os que estão comigo mandam lembranças. Peço-lhe que apresente a minha saudação a todos os amigos na fé. Que a graça seja com todos vocês. Paulo, prisioneiro por anunciar a Boa Nova de Jesus Cristo, e da parte do irmão Timóteo, a você, Filemom, nosso mui amado colaborador, e para a igreja que se reúne em sua casa; para Áfia, nossa irmã, e Arquipo, que, como eu, é um soldado da cruz. Que a graça e paz de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo, estejam com vocês. Sempre dou graças ao meu Deus quando estou orando por você, porque ouço continuamente a respeito da sua fé no Senhor Jesus e do seu amor por todo o povo. E oro que, à medida que você partilha sua fé com os outros, ela seja eficaz e conduza ao pleno conhecimento de todas as coisas boas que temos em Cristo. Eu mesmo recebi muita alegria e consolo do seu amor, meu irmão, porque a sua bondade tem revigorado os corações do povo de Deus. Agora eu quero pedir-lhe um favor. Eu poderia exigi-lo de você no nome de Cristo, porque isso é exatamente o que você deve fazer, porém eu o amo e prefiro apenas pedir-lhe — eu, Paulo, agora já velho e aqui na prisão por causa de Jesus Cristo. Minha súplica é que você mostre bondade para com o meu filho Onésimo, a quem eu ganhei para o Senhor enquanto estava aqui na prisão. Onésimo não lhe foi de muita utilidade no passado, porém agora vai ser de real utilidade para nós dois. Eu o estou mandando de volta a você, e com ele vai o meu próprio coração. Na verdade eu queria conservá-lo aqui comigo enquanto continuo preso por anunciar o evangelho, e assim você estaria me ajudando por meio dele, mas não quis fazê-lo sem o seu consentimento. Eu desejava que o favor fosse espontâneo e não forçado. Você talvez pudesse pensar nisto da seguinte maneira: ele fugiu de você por algum tempo, mas agora poderá pertencer-lhe para sempre, não mais apenas como um escravo, porém algo muito melhor — um irmão amado, especialmente para mim. Agora ele significará muito mais para você também, porque é não somente um servo, mas também seu irmão em Cristo. Se eu sou verdadeiramente seu companheiro na fé, dê-lhe a mesma acolhida que daria a mim. Se ele prejudicou você de alguma forma, ou lhe roubou algo, cobre isso de mim. Eu, Paulo, escrevendo aqui de próprio punho, pagarei e garanto isso pessoalmente; apesar de você me dever a própria vida! Sim, irmão, dê-me alegria com esse ato de amor, e o meu coração será reanimado em Cristo. Escrevi-lhe esta carta porque estou persuadido de que você fará o que eu estou pedindo e até mais! Peço-lhe que conserve um quarto de hóspedes pronto para mim, pois espero que Deus responda às suas orações e me permita logo ir até aí. Epafras, meu companheiro de prisão, que também está aqui por anunciar a Cristo Jesus, envia-lhe lembranças. Assim também Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, meus cooperadores. Que a graça do Senhor Jesus Cristo esteja com o espírito de todos vocês. Há muito tempo Deus falou de muitas maneiras diferentes aos nossos pais por intermédio dos profetas. Mas agora, nos dias atuais, ele nos falou por intermédio do seu Filho a quem ele deu todas as coisas e por meio de quem ele fez o universo e tudo quanto nele existe. O Filho resplandece a glória de Deus e tudo quanto ele é e faz. Ele põe em ordem o universo com a poderosa força da sua autoridade. Ele nos purificou de todos os nossos pecados, e depois se assentou no lugar de mais elevada honra do lado direito da Majestade nas alturas. Assim ele tornou-se muito superior aos anjos, como se prova pelo fato de que o seu nome, que ele herdou do seu Pai, é muito superior aos nomes e títulos dos anjos. Deus nunca disse a nenhum anjo: “Você é meu Filho; hoje é o dia da sua coroação”. Noutra ocasião ele disse: “Eu serei seu Pai e ele será meu Filho”. E ainda numa outra vez — quando seu Filho primogênito veio ao mundo — Deus disse: “Que todos os anjos de Deus o adorem”. Ele fala o seguinte dos seus anjos: “Deus faz com que seus anjos se tornem mensageiros velozes como o vento, e como servos feitos de fogo reluzente”. Entretanto, do seu Filho ele diz: “O seu Reino, ó Deus, durará para todo o sempre; seus decretos são sempre justos e retos. O Senhor ama o que está certo e odeia o mal; portanto, Deus, o seu Deus, derramou mais alegria sobre ele do que sobre qualquer outro”. E também disse: “No princípio, o Senhor fez a terra, e os céus são a obra das suas mãos. Eles desaparecerão, transformando-se em nada, porém o Senhor permanecerá para sempre. Eles ficarão velhos como roupa e um dia o Senhor os enrolará como um manto e serão trocados como se troca uma roupa. Porém o Senhor mesmo nunca mudará, e os seus dias nunca acabarão”. E alguma vez Deus já disse a um anjo, como diz ao seu Filho: “Sente-se aqui à minha direita, no lugar de honra, até que eu tenha esmagado todos os seus inimigos debaixo dos seus pés”? Não, pois os anjos são apenas espíritos mensageiros, enviados para ajudar e cuidar daqueles que herdarão a sua salvação. Portanto, precisamos prestar muita atenção às verdades que temos ouvido, senão podemos nos desviar delas. Porque, se é certo que as mensagens vindas dos anjos sempre têm se mostrado verdadeiras, e o povo tem sido sempre castigado por lhes desobedecer, que é que nos leva a pensar que podemos escapar, se formos indiferentes a essa grande salvação anunciada pelo próprio Senhor Jesus, e que nos foi transmitida por aqueles que o ouviram falar? Deus sempre tem nos mostrado que estas mensagens são verdadeiras, por meio de sinais, maravilhas e diferentes milagres, e concedendo certos dons especiais da parte do Espírito Santo àqueles que creem, de acordo com a sua vontade. E o mundo futuro a respeito do qual estamos falando não será dirigido por anjos, porque em certo lugar das Escrituras alguém diz: “Que é o homem, para que o Senhor se preocupe tanto com ele? E quem é este Filho do homem para que o honre tão magnificamente? Porque embora o tivesse feito, durante pouco tempo, menos do que os anjos, agora o coroou de glória e de honra. E o colocou como responsável absoluto por tudo quanto existe. Não fica nada fora do seu domínio”. Ainda não vimos tudo isso acontecer, mas vemos, sim, Jesus — que por um momento foi feito menor do que os anjos — coroado agora por Deus, com glória e honra, porque ele sofreu a morte por nós. Ora, pela graça de Deus, Jesus provou a morte por todas as pessoas. E era justo e conveniente que Deus, de quem tudo provém e por meio de quem tudo existe, permitisse que Jesus sofresse, porque ao fazê-lo ele estava levando filhos à glória; porquanto por meio do sofrimento Jesus tornou-se perfeito como autor da salvação deles. Ora, tanto aquele que santifica quanto os que são santificados têm agora o mesmo Pai. É por isso que Jesus não se envergonha de nos chamar seus irmãos. Porque ele diz: “Falarei aos meus irmãos do seu nome e cantaremos seus louvores na reunião do povo”. Noutra ocasião ele disse: “Porei minha confiança em Deus”. E ainda numa outra vez: “Vejam, aqui estou com os filhos que Deus me deu”. Visto que nós, os filhos, somos seres humanos, feitos de carne e sangue, ele se tornou carne e sangue também pelo nascimento em forma humana; pois somente como ser humano ele poderia morrer, e morrendo derrotar o poder do diabo, que tinha o poder da morte. Só dessa maneira é que ele poderia libertar aqueles que durante a vida toda estiveram escravizados pelo medo da morte. Todos nós sabemos que ele não veio socorrer anjos, mas sim os descendentes de Abraão. E era necessário que Jesus fosse como nós, os seus irmãos, a fim de que ele pudesse ser, diante de Deus, o nosso sumo sacerdote, misericordioso e fiel, para perdoar os pecados do povo. Pois visto que ele próprio agora já passou pelo sofrimento e pela tentação, quando sofremos e somos tentados, ele sabe como é isso, e assim é capaz de nos ajudar. Portanto, meus irmãos na fé, a quem Deus separou para si mesmo — vocês que são escolhidos para o céu — pensem nesse Jesus como aquele que é o mensageiro de Deus e o supremo sacerdote da nossa fé. Pois Jesus foi fiel a Deus, que o escolheu, assim como Moisés também servia fielmente na casa de Deus. Porém Jesus foi considerado de maior glória do que Moisés, assim como um homem que constrói uma casa recebe mais honra do que a própria casa. Uma casa tem de ser construída por alguém, mas Deus é quem edifica tudo. Ora, Moisés fez uma boa obra trabalhando na casa de Deus, porém ele era apenas um servo; e sua obra foi esclarecer e lembrar aquelas coisas que aconteceriam no futuro. Mas Cristo, o Filho de Deus, é fiel e é o responsável absoluto pela casa de Deus. E nós, os servos de Cristo, somos a casa de Deus — ele mora em nós — se conservarmos a nossa coragem firme até o fim, bem como a nossa alegria e a nossa esperança no Senhor. E, uma vez que Cristo é tão superior, o Espírito Santo nos adverte: “Hoje, se vocês ouvirem a sua voz, não permitam que o coração de vocês se endureça, como fez o povo de Israel. Eles se rebelaram durante o tempo da provação no deserto. Ali os seus antepassados me desafiaram e me puseram à prova, apesar da paciência que tive com eles durante quarenta anos e de terem visto tudo o que eu fiz. Por isso, fiquei muito irado com eles, pois seus corações estavam sempre olhando para outro lugar em vez de levantarem os olhos para mim, e não reconheceram os meus caminhos. Assim, eu fiquei irado e fiz este juramento: Jamais permitirei que eles entrem no lugar do meu descanso”. Portanto, tomem cuidado com seus próprios corações, irmãos, para que não se tornem maus e incrédulos, levando vocês para longe do Deus vivo. Falem diariamente uns com os outros a respeito destas coisas durante o dia de hoje, para que nenhum de vocês seja cegado e endurecido pelo engano do pecado. Porque se formos fiéis até o fim, confiando em Deus tal como fizemos no princípio, quando nos tornamos servos de Cristo, participaremos de tudo quanto pertence a Cristo. Nunca se esqueçam da advertência: “Hoje, se ouvirem a sua voz, não endureçam seus corações, como fez o povo de Israel quando se rebelou contra ele no deserto”. E quem eram essas pessoas que ouviram a voz de Deus, porém depois se rebelaram contra ele? Não foram aqueles que saíram do Egito com o seu líder Moisés? E quem deixou Deus irado durante aqueles quarenta anos? Não foram essas mesmas pessoas que pecaram e, como consequência, morreram no deserto? E a quem Deus estava falando quando declarou com juramento que eles jamais poderiam entrar no descanso? Não foi àqueles que lhe desobedeceram? E por que não puderam entrar? Porque não confiaram nele. Considerando sua promessa de entrarmos no lugar de descanso, ninguém deve pensar que essa promessa falhou. Porque essa maravilhosa notícia de que Deus deseja nos salvar foi-nos dada tal como foi àqueles que viveram no tempo de Moisés. Entretanto, de nada lhes valeu, porque eles não creram nela. Pois somente nós, os que cremos, podemos entrar no seu lugar de descanso. Deus afirmou: “Jurei na minha ira que aqueles que não creem em mim nunca entrarão no meu descanso”, apesar de suas obras estarem concluídas e, assim, seu descanso já ter sido inaugurado desde a criação do mundo. Nós sabemos que ele está preparado e esperando porque está escrito que Deus descansou no sétimo dia da criação, depois que terminou tudo quanto tinha planejado fazer. Mesmo assim eles não entraram, pois Deus finalmente disse: “Eles nunca entrarão no meu descanso”. Entretanto, a promessa continua, e alguns entraram naquele descanso; mas não aqueles que tiveram a primeira oportunidade, pois desobedeceram a Deus e não conseguiram entrar. Mas ele fixou outra ocasião para que possam entrar, e esta ocasião é hoje. Ele anunciou isso por meio do rei Davi, muitos anos depois do primeiro fracasso do homem na tentativa de entrar, dizendo nas palavras já citadas: “Hoje, se ouvirem a sua voz, não endureçam seus corações”. Este novo lugar de descanso acerca do qual ele está falando não quer dizer a terra de Israel, para a qual Josué os conduziu. Se Deus quisesse dizer isso, não teria falado muito depois a respeito de “hoje” como a ocasião para entrar. Portanto, há um descanso completo e perfeito para o povo de Deus. Porque todo aquele que entra no descanso de Deus também vai descansar de todas as suas obras, assim como Deus descansou após a criação. Façamos o melhor que pudermos para entrar também naquele lugar de descanso, tomando cuidado para não cair, seguindo aquele exemplo de desobediência. Pois a palavra de Deus é viva e poderosa e mais cortante do que uma espada afiada dos dois lados, que penetra fundo a ponto de separar alma e espírito, juntas e medulas, pensamentos e desejos do coração, mostrando-nos como somos na realidade. Não há nada que se possa esconder de Deus. Cada coisa a respeito de nós está descoberta e escancarada aos olhos penetrantes do nosso Deus vivente; nada pode se esconder dele, a quem devemos prestar contas de tudo o que fizemos. Portanto, Jesus, o Filho de Deus, é o nosso grande sumo sacerdote que foi diretamente para o céu, a fim de nos ajudar; portanto não deixemos nunca de confiar nele. Esse nosso sumo sacerdote compreende as nossas fraquezas, visto que ele passou pelas mesmas tentações que nós passamos, ainda que ele nunca tenha cedido a elas nem pecado. Portanto, vamos ousadamente até o próprio trono de Deus e permaneçamos lá para recebermos a sua misericórdia e acharmos a sua graça para nos ajudar em tempos de necessidade. Todo sumo sacerdote judaico é simplesmente um homem como qualquer outro, porém é escolhido para falar por todos os outros homens naquilo que eles têm a tratar com Deus. Ele apresenta as ofertas deles a Deus e oferece a ele o sangue dos animais que são sacrificados. E, porque é homem, pode tratar com bondade os outros homens, embora estes sejam insensatos e ignorantes, pois ele também está sujeito à fraqueza. Por isso ele precisa oferecer sacrifícios para cobrir os pecados do povo e os seus próprios pecados. Ninguém pode ser sumo sacerdote só porque deseja ser. Tem de ser chamado por Deus para esse trabalho, da mesma forma como Deus escolheu Arão. Da mesma forma, Cristo não tomou para si próprio a honra de se tornar sumo sacerdote. Ele foi escolhido por Deus. Deus lhe disse: “Você é meu Filho; hoje é o dia da sua coroação”. E noutra ocasião Deus lhe falou: “Você foi escolhido para ser sacerdote para sempre, de acordo com a ordem de Melquisedeque”. Enquanto esteve aqui na terra, Cristo suplicou a Deus, orando com lágrimas e agonia de alma ao único que poderia salvá-lo da morte. E Deus ouviu as orações dele por causa do seu intenso desejo de obedecer a Deus em todos os momentos. E embora Jesus fosse o Filho de Deus, teve de aprender por experiência própria o que era obedecer, por meio daquilo que sofreu. Foi depois dessa experiência, quando ele provou que era perfeito, que Jesus se tornou o doador da salvação eterna a todos os que lhe obedecem. Lembrem-se que Deus o escolhera para ser sumo sacerdote de acordo com a ordem de Melquisedeque. Existe muito mais que eu gostaria de falar nestas linhas, mas vocês parecem não prestar atenção, portanto é difícil fazê-los compreender. Vocês agora já são servos de Cristo há muito tempo e já deviam estar ensinando aos outros, mas em vez disso vocês estão regredindo, a tal ponto que precisam de alguém que lhes ensine tudo de novo, até mesmo as primeiras noções da palavra de Deus. Vocês são como criancinhas que só podem beber leite, sem idade suficiente para alimento sólido. E quando uma pessoa ainda se alimenta de leite, isso demonstra que ela ainda não foi muito longe na vida cristã, e não sabe muito sobre a diferença entre o certo e o errado. Vocês nunca poderão comer alimento espiritual sólido, nem compreender as coisas mais profundas da palavra de Deus enquanto não se tornarem adultos e não aprenderem a distinguir o certo do errado por meio de constante exercício. Paremos de ficar voltando sempre aos mesmos assuntos antigos, sempre ensinando aquelas primeiras lições sobre Cristo. Em vez disso, avancemos para outras coisas e nos tornemos amadurecidos no nosso entendimento. Certamente não precisamos falar mais acerca de atos que conduzem à morte, nem sobre a necessidade da fé em Deus. Vocês não necessitam de mais instruções acerca do batismo, da imposição de mãos, da ressurreição dos mortos, e do juízo eterno. Se Deus permitir, faremos isso. Não adianta nada procurar novamente trazer de volta ao Senhor aqueles que já compreenderam o evangelho e experimentaram por si próprios as coisas boas do céu, e participaram do Espírito Santo, e conhecem a boa palavra de Deus, e sentiram as forças poderosas do mundo que está para vir, e depois se voltaram contra Deus. É impossível tornarem a se arrepender, pois é como se estivessem pregando novamente o Filho de Deus na cruz, exibindo-o à zombaria e à vergonha pública. Quando a terra de um lavrador recebeu muitas chuvas e surgiram boas colheitas, aquela terra obteve a bênção de Deus sobre ela. Porém, se continuar produzindo safras de ervas daninhas e espinhos, essa terra é considerada imprestável e será amaldiçoada, pronta para ser queimada. Caros irmãos, muito embora eu esteja falando assim, na realidade não creio que se aplique a vocês o que eu estou dizendo. Estou certo de que vocês estão produzindo o bom fruto que acompanha a salvação de vocês. Porque Deus não é injusto. Como é que ele pode esquecer-se do trabalho incansável de vocês por ele, ou esquecer-se do modo pelo qual vocês costumavam mostrar o seu amor por ele — e ainda mostram auxiliando seus irmãos na fé? E o nosso desejo sincero é que vocês continuem com a mesma prontidão até o fim, a fim de que tenham a plena certeza da esperança. Então, sabendo o que está guardado para vocês lá adiante, não se tornem espiritualmente insensíveis e indiferentes, mas sigam o exemplo daqueles que recebem tudo quanto Deus lhes prometeu por causa do vigor da sua fé e da sua paciência. Quando Deus fez a promessa a Abraão, Deus jurou pelo seu próprio nome, visto que não havia ninguém maior por quem jurar. Ele disse a Abraão: “Eu prometo abençoar você constantemente e lhe darei um filho e o farei pai de uma grande nação”. Abraão, então, esperou com paciência até que finalmente Deus lhe deu um filho, Isaque, tal como havia prometido. Quando um homem faz um juramento, está jurando por alguém maior do que ele próprio; o juramento confirma o que foi dito e esse juramento termina com toda a discussão sobre o assunto. Deus também se comprometeu fazendo um juramento, a fim de que os herdeiros da promessa soubessem com toda a certeza e nunca precisassem recear que ele mudaria seus planos. Ele nos deu tanto sua promessa como seu juramento, duas coisas em que podemos confiar inteiramente, pois é impossível que Deus minta. Agora, todos quantos se refugiam nele para ser salvos podem tomar posse da esperança quando recebem tais garantias da parte de Deus. Essa esperança segura é para as nossas almas uma âncora forte e de confiança, que nos liga ao próprio Deus, do outro lado do véu no santuário interior do céu, onde Cristo penetrou à nossa frente para interceder por nós, valendo-se da sua posição de nosso sumo sacerdote, de acordo com a ordem de Melquisedeque. Esse Melquisedeque era rei da cidade de Salém, e também um sacerdote do Deus Altíssimo. Quando Abraão estava regressando para casa depois de ter ganhado uma grande batalha contra muitos reis, Melquisedeque foi ao seu encontro e o abençoou. Abraão, então, tomou a décima parte de tudo quanto havia ganho na batalha e deu a Melquisedeque. O nome de Melquisedeque significa “rei de justiça”. O seu nome também quer dizer “rei da paz”, por causa do nome da cidade dele, Salém, que quer dizer “Paz”. Melquisedeque aparece na história sem pai nem mãe, e não existem anotações sobre nenhum dos seus antepassados. Não há menção da origem nem do fim dos seus dias, sendo semelhante ao Filho de Deus; ele permanece sacerdote para sempre. Vejam então como este Melquisedeque é importante: Até mesmo Abraão, o primeiro e o mais respeitado de todo o povo escolhido de Deus, deu a Melquisedeque a décima parte dos despojos que ele tomou dos reis com quem estivera lutando. Conforme a Lei de Moisés, os sacerdotes, que são descendentes de Levi, recebiam do povo a décima parte de tudo, isto é, dos seus irmãos, embora estes fossem descendentes de Abraão. Este homem, entretanto, não pertencia à descendência de Levi, e mesmo assim recebeu a décima parte de Abraão. Ele abençoou a Abraão, que havia recebido as promessas. E como todos sabem, uma pessoa que tem poder para abençoar é sempre mais importante do que a que é abençoada. Os sacerdotes judaicos, embora fossem mortais, recebiam dízimos; somos informados, porém, que no caso de Melquisedeque, o dízimo foi recebido por alguém que continua vivo. Poder-se-ia dizer que o próprio Levi, o antecessor de todos os sacerdotes judaicos, de todos os que recebem dízimos, pagou dízimos a Melquisedeque por meio de Abraão. Embora Levi ainda não tivesse nascido, a semente da qual ele veio estava em Abraão quando Abraão pagou os dízimos a Melquisedeque. Se os sacerdotes judaicos e as suas leis fossem capazes de nos salvar, por que então Deus precisou mandar Cristo como sacerdote da mesma ordem de Melquisedeque, em vez de mandar alguém da ordem de Arão — a ordem à qual pertenciam todos os outros sacerdotes? E quando se muda o sacerdócio, a lei também muda. Ora, aquele de quem se dizem estas coisas pertencia a outra tribo. E nenhum membro dessa tribo jamais serviu como sacerdote. Como todos sabemos, o nosso Senhor é descendente da tribo de Judá, que não havia sido escolhida para o sacerdócio; Moisés nunca lhes dera aquele serviço. Portanto, podemos ver claramente que o método divino mudou, pois Cristo, o novo sumo sacerdote que veio da ordem de Melquisedeque, não se tornou sacerdote satisfazendo a antiga exigência de pertencer à tribo de Levi, mas de acordo com o poder que deriva de uma vida que não pode acabar. Porque as Escrituras falam o seguinte a respeito dele: “Você é para sempre sacerdote da ordem de Melquisedeque”. Assim, o antigo sistema de sacerdócio baseado no parentesco foi cancelado, porque era fraco e inútil para salvar o povo. A Lei nunca tornou ninguém realmente justo para com Deus. Agora, porém, temos uma esperança superior, pela qual podemos aproximar-nos dele. Deus fez um juramento de que Cristo seria sempre sacerdote, embora nunca tivesse dito isso de outros sacerdotes. Houve juramento quando ele se tornou sacerdote, pois Deus disse: “O Senhor jurou e nunca mudará de ideia: Você é sacerdote para sempre”. Devido ao juramento de Deus, Jesus é a garantia de uma aliança superior. No sistema antigo era preciso haver muitos sacerdotes, a fim de que quando os mais velhos morressem, o sistema ainda pudesse continuar com os outros que ocupavam o lugar deles. Mas Jesus vive para sempre e continua a ser sacerdote, de modo que o seu sacerdócio é permanente. Ele pode salvar completamente todos quantos vão a Deus por meio dele. Uma vez que viverá eternamente, estará sempre ali intercedendo em favor deles. Portanto, ele é exatamente o tipo de sumo sacerdote que nós necessitamos; pois é santo e irrepreensível; não foi manchado pelo pecado, foi separado dos pecadores e foi exaltado nos céus. Ele não precisa oferecer sacrifícios diários de sangue de animais, como os outros sacerdotes, para cobrir primeiro os seus próprios pecados e depois os pecados do povo; porque ele acabou com todos os sacrifícios, de uma vez por todas, quando se ofereceu a si próprio. No sistema antigo, mesmo os sumos sacerdotes eram homens fracos e pecadores que não podiam evitar praticar o mal, porém mais tarde Deus, por seu juramento, nomeou seu Filho, que é perfeito para sempre. O que nós estamos afirmando é o seguinte: Cristo, cujo sacerdócio acabamos de descrever, é o nosso sumo sacerdote, e está no céu, assentado à direita do trono da Majestade. Ele ministra no templo do céu, o verdadeiro tabernáculo, construído pelo Senhor, e não por mãos humanas. E visto que todo sumo sacerdote é nomeado para apresentar ofertas e sacrifícios, Cristo também deve oferecer alguma coisa. O sacrifício oferecido por ele é muito melhor do que aqueles oferecidos pelos sacerdotes terrenos. Mas assim mesmo, se ele estivesse aqui na terra, nem seria sumo sacerdote, visto que já existem os sacerdotes que ainda seguem o velho sistema judaico de sacrifícios. O trabalho deles está ligado a um simples modelo terreno do verdadeiro tabernáculo do céu; porque quando Moisés estava se preparando para construir o tabernáculo, Deus o advertiu de seguir exatamente o modelo do tabernáculo celestial que lhe tinha sido mostrado no monte Sinai. Mas Jesus, como ministro do céu, foi recompensado com um trabalho superior do que os que servem sob as leis antigas, pois o novo acordo que ele nos oferece da parte de Deus contém promessas superiores. Pois, se a velha aliança fosse perfeita, não teria havido nenhuma necessidade de outra para substituí-la. O próprio Deus vê que o povo é culpado, pois disse: “Virá o dia, declara o Senhor, quando farei uma nova aliança com o povo de Israel e com o povo de Judá. Esta nova aliança não será como a antiga que eu dei aos seus antepassados no dia em que os tomei pela mão para tirá-los da terra do Egito; eles não cumpriram a sua parte naquele aliança, e por isso eu tive de me afastar deles”, diz o Senhor. Porém, esta é a nova aliança que eu farei com o povo de Israel, declara o Senhor. “Eu porei as minhas leis em suas mentes e as escreverei em seus corações. Eu serei o Deus deles e eles serão o meu povo. E então ninguém precisará falar ao seu amigo, ou ao seu vizinho, ou ao seu irmão, dizendo: ‘Você também precisa conhecer o Senhor’, pois todos, grandes e pequenos, me conhecerão. Pois eu perdoarei as suas más obras, e não me lembrarei mais dos seus pecados”. Deus fala destas novas promessas, desta nova aliança, como tomando o lugar da antiga; porque esta agora é antiquada e foi posta de lado para sempre. Ora, naquela primeira aliança entre Deus e o seu povo havia normas para a adoração e havia um tabernáculo aqui na terra. Dentro deste tabernáculo havia dois compartimentos. O primeiro compartimento, chamado de Lugar Santo, continha o castiçal de ouro e uma mesa com os pães sagrados. Depois, havia uma cortina e, atrás da cortina, um compartimento chamado o Santo dos Santos. Nesse compartimento havia o altar do incenso, todo de ouro, e a arca da aliança, inteiramente coberta de ouro puro. Dentro da arca estavam as tábuas da aliança, um vaso de ouro com um pouco de maná e a vara de Arão que floresceu. Em cima da arca de ouro havia estátuas de anjos chamados querubins — as sentinelas da glória de Deus — com as suas asas estendidas por cima da cobertura de ouro da arca, chamada o propiciatório. Mas basta destes pormenores. Bem, quando tudo estava preparado, os sacerdotes entravam e saíam regularmente do Lugar Santo do tabernáculo, para fazer o seu trabalho. Mas somente o sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos, apenas uma vez por ano, completamente só, e sempre levando sangue do sacrifício que ele salpicava sobre o propiciatório, como uma oferta a Deus para cobrir seus próprios pecados e os pecados que o povo havia cometido por ignorância. E o Espírito Santo utiliza tudo isso para nos mostrar que, sob o sistema antigo, o povo não podia entrar no Santo dos Santos, enquanto ainda estivesse em uso o primeiro tabernáculo. Isso tem um ensinamento importante para nós no dia de hoje. Porque, no sistema antigo, ofereciam-se ofertas e sacrifícios, porém estes não conseguiam purificar o coração do povo que os oferecia. Pois o sistema antigo tratava somente de certas cerimônias relacionadas à comida, bebidas e purificação com água. O povo precisava guardar esses regulamentos que o ajudariam a sustentar a situação até que viesse um novo e melhor caminho da parte de Deus. Quando Cristo veio como sumo sacerdote deste sistema melhor que nós agora temos, ele entrou naquele tabernáculo do céu, maior e mais perfeito, que não foi feito por homens nem faz parte desta criação. E, uma vez por todas, levou sangue para dentro do Santo dos Santos, e o salpicou sobre o propiciatório; mas não era sangue de bodes nem de bezerros. Lá, ele levou o seu próprio sangue e, com esse sangue, ele garantiu a nossa salvação eterna. E se, sob o sistema antigo, o sangue dos touros e bodes e as cinzas das novilhas eram espalhadas sobre as pessoas impuras e tornavam as pessoas exteriormente puras, quanto mais o sangue de Cristo transformará as nossas vidas e os nossos corações. O sacrifício dele purificará a nossa consciência de atos que levam à morte e nos faz desejar servir ao Deus vivente; pois, com a ajuda do eterno Espírito Santo, Cristo de bom grado entregou-se a Deus para morrer pelos nossos pecados — ele, que era perfeito, sem uma única falta ou pecado. Cristo veio para ser o mediador desta nova aliança para que todos os que são convidados possam vir e herdar para sempre todas as maravilhas que Deus lhes prometeu. Porque Cristo morreu para livrá-los do castigo dos pecados que eles tinham cometido enquanto ainda estavam debaixo da primeira aliança. Agora, se alguém morrer e deixar um testamento — uma relação de coisas a serem doadas a determinadas pessoas quando ele morrer — ninguém recebe nada até provar-se que a pessoa que escreveu o testamento está morta. O testamento só começa a ter efeito depois da morte da pessoa que o escreveu. Enquanto ela ainda estiver viva, ninguém pode utilizá-lo para obter nenhuma daquelas coisas que ela lhe prometeu. É por isso que o sangue foi salpicado antes mesmo que aquela primeira aliança entrasse em vigor. Depois que Moisés deu todas as leis divinas ao povo, tomou do sangue dos bezerros e bodes, juntamente com água, e salpicou o sangue sobre o livro da Lei e sobre todo o povo, usando ramos de plantas de hissopo e lã escarlate para salpicar, dizendo: “Este é o sangue que marca o começo da aliança entre vocês e Deus, a aliança que Deus mandou que vocês obedecessem”. E do mesmo modo salpicou o sangue sobre o tabernáculo e sobre todos os utensílios usados nas cerimônias. De fato, podemos dizer que sob a antiga aliança quase todas as coisas eram purificadas com sangue, e sem derramamento de sangue não há perdão de pecados. É por isso que essas coisas aqui na terra e tudo quanto se achava nela — tudo copiado das coisas que estão no céu — tinham de ser purificadas desta maneira, salpicando tudo com o sangue de animais. Mas as coisas reais do céu, das quais estas daqui debaixo são simples cópias, foram purificadas com ofertas muito mais preciosas. Porque Cristo entrou no próprio céu, a fim de aparecer agora diante de Deus em nosso favor. Não foi no lugar terreno de adoração que ele fez isso, porque aquilo era simplesmente uma cópia do templo real que está no céu. Não, porém, para se oferecer muitas vezes, como o sumo sacerdote aqui na terra oferecia, o sangue de animais, anualmente, no Santo dos Santos. Se isso tivesse sido necessário, então Cristo teria de morrer muitas vezes, desde o princípio do mundo. Mas não! Quando chegou o tempo certo, ele veio uma vez por todas, a fim de afastar para sempre o poder do pecado, mediante o sacrifício de si mesmo. E tal como está determinado que os homens morram só uma vez, e depois disso vem o julgamento, assim também Cristo morreu uma vez só como uma oferta pelos pecados de muitos; e ele virá de novo, porém não para tratar dos nossos pecados novamente. Dessa vez ele virá trazer salvação a todos quantos estão pacientemente esperando por ele. O antigo sistema das leis judaicas deu apenas uma fraca amostra das coisas boas que Cristo faria por nós. Nesse antigo sistema, os sacrifícios se repetiam muitas vezes, ano após ano, porém mesmo assim eles nunca puderam salvar aqueles que viviam debaixo desses regulamentos. Se isso fosse possível, uma oferta só teria sido suficiente; os adoradores teriam sido purificados de uma vez por todas, e seu sentimento de culpa teria desaparecido. Mas aconteceu justamente o contrário: aqueles sacrifícios anuais lembravam-lhes a desobediência e a culpa deles, em vez de aliviá-los. Porque é impossível que o sangue de touros e de bodes tire pecados. Foi por isso que Cristo disse, quando veio ao mundo: “Ó Deus, o Senhor não quer sangue de animais ou ofertas de cereais, mas o Senhor me preparou um corpo, a fim de que eu o deposite como sacrifício sobre o seu altar. O Senhor não se satisfez com o sacrifício dos animais mortos e queimados como ofertas pelo pecado. Então eu disse: ‘Eis que eu vim para depositar a minha vida, justamente como está escrito no livro a meu respeito. Vim para fazer a sua vontade, ó Deus’ ”. Depois que Cristo disse isso, a respeito de não ficar satisfeito com os vários sacrifícios e ofertas que o antigo sistema exigia, acrescentou: “Aqui estou; vim para fazer a sua vontade”. Ele cancela o primeiro sistema em favor de outro muito melhor. Neste novo plano nós fomos perdoados e purificados pelo sacrifício de Jesus Cristo, ao morrer por nós uma vez por todas. Segundo a antiga aliança, os sacerdotes permaneciam diante do altar dia após dia, oferecendo sacrifícios que jamais podiam tirar os nossos pecados. Mas quando esse sacerdote entregou-se a si mesmo a Deus pelos nossos pecados, como um único sacrifício duma vez para sempre, assentou-se no lugar de maior honra à direita de Deus, esperando que os seus inimigos sejam postos debaixo dos seus pés. Pois, por meio daquele único sacrifício, ele tornou perfeitos para sempre aos olhos de Deus todos quantos ele está santificando. E o Espírito Santo também testifica que isso é assim, porque ele disse: “Esta é a aliança que eu farei com o povo de Israel, embora eles tenham rompido a primeira aliança, diz o Senhor. Porei as minhas leis em seus corações e as escreverei em suas mentes”. E depois ele acrescenta: “Nunca mais me lembrarei dos seus pecados nem das suas maldades”. Ora, onde os pecados já foram perdoados de uma vez para sempre, não há necessidade de oferecer mais sacrifícios por eles. E assim, queridos irmãos, por causa do sangue de Jesus, nós agora podemos entrar no Santo dos Santos. Este é o caminho novo, recém-aberto e vivificante que Cristo nos franqueou por meio da cortina, isto é, do seu corpo humano. E, visto que esse nosso grande sumo sacerdote governa sobre a casa de Deus, vamos diretamente ao próprio Deus, com o coração sincero e uma fé firme, com a consciência limpa da culpa, confiando plenamente que ele nos receberá, porque o sangue de Cristo já foi salpicado em nós para nos purificar, e porque já fomos lavados com a água pura. Agora podemos aguardar a salvação que Deus nos prometeu. Já não há mais lugar para a dúvida, pois aquele que prometeu é fiel. Em reconhecimento por tudo quanto ele fez por nós, vamos procurar animar uns aos outros a sermos amorosos e praticarmos o bem. Não descuidemos dos nossos deveres na igreja, nem das suas reuniões, como algumas pessoas fazem, mas animemo-nos e nos admoestemos uns aos outros, especialmente agora que o dia da sua volta está se aproximando. Se alguém viver deliberadamente em pecado, depois de ter conhecido a verdade, nenhum outro sacrifício poderá solucionar essa situação. Restará apenas uma terrível expectativa de juízo e de fogo intenso que destruirá todos os inimigos de Deus. O homem que se recusasse a obedecer às leis dadas por Moisés era morto sem misericórdia se houvesse duas ou três testemunhas do seu pecado. Imaginem como será muito mais terrível o castigo daqueles que desprezaram o Filho de Deus e trataram o sangue purificador da aliança como se fosse comum e profano, e insultaram o Espírito Santo, que traz a graça de Deus ao seu povo. Porque conhecemos aquele que disse: “A vingança me pertence; eles receberão a minha retribuição”; e aquele que disse também: “O Senhor mesmo julgará o seu povo”. É uma coisa terrível cair nas mãos do Deus vivo. Não se esqueçam nunca daqueles dias maravilhosos, quando vocês ouviram de Cristo pela primeira vez. Lembrem-se de como vocês perseveraram no Senhor, mesmo que isso significasse muita luta e sofrimento. Algumas vezes vocês foram escarnecidos e passaram por tribulações, e outras vezes vocês acompanharam e sofreram juntamente com outros que estavam padecendo as mesmas coisas. Vocês sofreram com aqueles que foram jogados na prisão, e ficaram realmente alegres quando tudo o que vocês possuíam foi-lhes tirado, sabendo que coisas melhores os estavam esperando no céu, bens superiores e permanentes. Haja o que houver, não deixem desfalecer a sua confiança no Senhor. Lembrem-se que vocês serão ricamente recompensados! Vocês precisam continuar fazendo com toda a paciência a vontade de Deus, se quiserem receber tudo quanto lhes prometeu. Pois, como ele diz nas Escrituras: “Um pouco mais de tempo, e virá aquele que há de vir; ele não vai demorar. E aqueles cuja fé os tornou justos aos olhos de Deus devem viver pela fé, confiando nele em tudo. Do contrário, se eles recuarem, Deus não terá prazer neles”. Nós, porém, nunca demos as costas a Deus para decretarmos a nossa própria destruição. Nós somos dos que creem e são salvos. Que é a fé? A fé é a certeza de que o que nós esperamos está nos aguardando e a prova de que existem coisas que não podemos ver adiante de nós. Pessoas, em tempos passados, deram bom testemunho da sua fé. Pela fé entendemos que o mundo foi formado pela ordem de Deus; e que aquilo que se vê não foi feito daquilo que se vê! Foi pela fé que Abel apresentou um sacrifício superior ao de Caim. Deus aceitou Abel e deu prova disso aceitando a sua dádiva; e, embora Abel esteja morto há muito tempo, por meio da fé ainda fala. Pela fé Enoque foi levado por Deus para o céu sem ele morrer; subitamente ele desapareceu, porque Deus o levou. Porque, antes que isso acontecesse, Deus tinha dito como ele se havia agradado de Enoque. Sem fé é impossível agradar a Deus. Qualquer um que quer se aproximar de Deus deve crer que ele existe, e que recompensará aqueles que sinceramente o procuram. Pela fé Noé, quando ouviu o aviso de Deus acerca das coisas que ainda iriam acontecer e que ainda não podiam ser vistas, obedeceu a Deus, e, sem perder tempo, construiu a arca e salvou a sua família. Pela fé Noé condenou o mundo e pela fé tornou-se herdeiro da justiça. Pela fé Abraão, quando Deus lhe disse que deixasse a sua pátria e fosse para uma outra terra que ele prometera dar-lhe como herança, obedeceu. Ele foi, sem ao menos saber para onde estava indo. Pela fé, mesmo depois que chegou à terra prometida por Deus, ele morou em tendas como um estranho, como fizeram Isaque e Jacó, a quem Deus fez a mesma promessa. Abraão fez isso porque estava esperando que Deus o levaria àquela cidade celestial que tem alicerces, cujo arquiteto e construtor é Deus. Pela fé Abraão se tornou pai, embora fosse de idade avançada, e pela fé Sara pôde tornar-se mãe, apesar da sua idade avançada, pois ela compreendeu que Deus, que lhe fez a sua promessa, sem nenhuma dúvida faria o que disse. E, assim, uma nação inteira veio de Abraão, que era velho demais para ter filhos; uma nação tão numerosa como as estrelas do céu e incontáveis como a areia da praia do mar. Todos estes viveram pela fé e morreram sem jamais terem recebido tudo quanto Deus lhes prometeu; mas viram tudo que os esperava adiante, e ficaram contentes, pois concordavam que esta terra não era a sua verdadeira pátria, mas que eles eram apenas estrangeiros e forasteiros nesta terra. E muito logicamente, quando eles falavam assim, estavam com os olhos fixos na sua verdadeira pátria no céu. Se eles tivessem desejado voltar para a terra de onde tinham saído, poderiam ter voltado. Mas não quiseram. Eles estavam esperando por uma pátria melhor. E agora Deus não se envergonha de ser chamado o Deus deles, pois preparou uma cidade para eles. Pela fé Abraão, quando Deus o pôs à prova, ofereceu seu filho Isaque. Ele cria nas promessas recebidas e estava pronto para sacrificar o seu único filho; por meio de quem Deus havia prometido: “Por meio de Isaque é que você terá descendentes”. Abraão creu que se Isaque morresse Deus o ressuscitaria; e, por assim dizer, Abraão recebeu da morte o seu filho Isaque! Foi pela fé que Isaque soube que Deus daria bênçãos futuras aos seus dois filhos, Jacó e Esaú. Pela fé Jacó, quando já estava velho e para morrer, abençoou cada um dos dois filhos de José e adorou a Deus, e, apoiado sobre a ponta do bordão, orou. Pela fé José, ao se aproximar do fim da vida, falou com toda a confiança sobre Deus levar o povo de Israel para fora do Egito e deu ordens acerca do que deveria acontecer com os seus ossos. Pela fé Moisés, quando nasceu, foi escondido por seus pais. Quando viram que Deus lhes tinha dado uma criança fora do comum, esconderam-na por três meses e não tiveram medo do decreto do rei. Pela fé Moisés, quando cresceu, recusou ser tratado como filho da filha do faraó, e escolheu partilhar os maus-tratos do povo de Deus, em vez de desfrutar os prazeres passageiros do pecado. Ele achou que era melhor sofrer pelo Cristo prometido do que possuir todos os tesouros do Egito, pois aguardava ansiosamente a grande recompensa que Deus lhe daria. Pela fé saiu do Egito e não teve medo da ira do rei. Assim Moisés prosseguiu seu caminho e perseverou, porque via aquilo que é invisível. Pela fé celebrou a Páscoa, ordenando que matassem um cordeiro, como Deus lhes dissera que fizessem, e salpicassem o sangue sobre os umbrais das portas de suas casas, a fim de que o Anjo da Morte não tocasse no filho mais velho dos israelitas. Pela fé o povo atravessou o mar Vermelho, como se estivesse passando em terra seca. Mas, quando os egípcios procuraram fazer o mesmo, morreram afogados. Pela fé caíram as muralhas de Jericó, depois que o povo de Israel tinha andado ao redor delas durante sete dias. Pela fé Raabe, a prostituta, não morreu com todos os outros da sua cidade quando eles se recusaram a obedecer a Deus, pois ela deu uma acolhida amigável aos espiões. Bem, quanto mais eu preciso dizer? Tomaria muito tempo para narrar as histórias da fé demonstrada por Gideão, Baraque, Sansão, Jefté, Davi, Samuel e os profetas. Todas essas pessoas, pela fé, ganharam batalhas, conquistaram reinos, governaram com justiça o seu próprio povo e receberam o que Deus lhes prometera; fecharam a boca de leões, apagaram o poder do fogo e escaparam de morrer à espada. Alguns tornaram-se fortes novamente e receberam grande força na batalha; fizeram exércitos inteiros recuar e fugir. E algumas mulheres, por meio da fé, receberam de volta seus queridos já mortos. Mas outros confiaram em Deus e foram espancados até a morte, preferindo morrer em lugar de abandonarem a Deus para ficar livres — confiando que, depois disso, eles alcançariam uma ressurreição superior. Alguns foram escarnecidos, e suas costas foram dilaceradas com chicotes, e outros foram acorrentados em prisões. Alguns morreram apedrejados e outros serrados ao meio; a outros foi prometida a liberdade se renegassem a fé; outros foram mortos à espada. Alguns andaram de um lado para o outro em peles de ovelhas e de bodes, vagando pelos desertos e montanhas. Passaram fome, ficaram doentes e foram maltratados. O mundo não era digno deles. Vagaram pelos desertos e montes, vivendo em cavernas e em buracos na terra. Todos estes, embora tivessem fé, receberam a aprovação de Deus; no entanto, nenhum deles recebeu o que Deus lhes havia prometido. Deus tinha preparado um plano melhor para nós, a fim de que, somente conosco, eles fossem aperfeiçoados. Visto que temos uma multidão de testemunhas ao nosso redor, afastemos de nós qualquer coisa que nos torne vagarosos ou nos atrase, e especialmente aqueles pecados que se enroscam tão fortemente em nossos pés e nos derrubam; e corramos com perseverança a corrida que Deus propôs para nós. Mantenham o olhar firme em Jesus, autor e consumador da nossa fé. Ele esteve pronto a padecer uma morte vergonhosa na cruz por causa da alegria que sabia que teria depois; e agora está assentado à direita do trono de Deus. Se vocês querem evitar se sentirem desanimados e cansados, pensem na resignação dele enquanto homens pecadores faziam essas coisas tão terríveis com ele. Afinal de contas, vocês ainda não lutaram contra o pecado a ponto de derramar o próprio sangue. E já esqueceram completamente as palavras animadoras que Deus falou a vocês, que são seus filhos? Ele disse: “Meu filho, não despreze a disciplina do Senhor. Não fique desanimado quando ele repreender você. Pois o Senhor corrige a quem ama, e açoita todo aquele que aceita como filho”. Permitam que Deus eduque vocês, pois ele está fazendo o que qualquer pai amoroso faz com seus filhos. Pois quem já ouviu falar de um filho que nunca foi corrigido pelo seu pai? Se Deus não os castiga quando é preciso, como outros pais castigam seus filhos, então isso significa que, na verdade, vocês não são filhos legítimos, mas sim ilegítimos. Visto que nós respeitamos os nossos pais aqui na terra, que nos corrigiam, não devemos com muito maior satisfação nos submeter à educação do Pai dos espíritos, a fim de que possamos realmente começar a viver? Nossos pais terrenos nos disciplinaram por pouco tempo, fazendo por nós o melhor que eles sabiam fazer, porém a correção de Deus é sempre boa e para o nosso bem, a fim de podermos participar da sua santidade. Não é nada agradável ser corrigido; na hora em que está acontecendo, ela causa tristeza. Mas depois podemos ver que produz fruto de justiça e paz, para aqueles que pela correção foram exercitados. Portanto, tomem um novo vigor para as suas mãos cansadas, e firmem-se em seus joelhos trêmulos, e tracem um caminho reto e plano para os pés para que aqueles que seguem vocês, embora fracos e mancos, não caiam nem se desviem, mas tornem-se fortes. Procurem viver em paz com todos e busquem levar uma vida pura e santa, porque aquele que não é santo não verá o Senhor. Cuidem uns dos outros, para que nenhum de vocês deixe de alcançar a graça de Deus. Vigiem para que nenhuma amargura crie raiz entre vocês, pois, quando ela brota, causa profunda perturbação, contaminando muitos na sua vida espiritual. Vigiem para que ninguém se deixe arrastar por pecado sexual ou se torne negligente para com Deus, tal como fez Esaú, que, por uma simples refeição, vendeu seus direitos de herança como filho mais velho. E mais tarde, quando novamente ele quis aqueles direitos de volta, era tarde demais, embora tivesse chorado lágrimas amargas. Portanto, lembrem-se disso e tenham cuidado. Vocês não tiveram de ficar face a face com o terror, o fogo ardente, a escuridão, as trevas e uma terrível tempestade, como os israelitas no monte, quando Deus lhes deu as suas leis. Pois houve um toque de trombeta e uma voz com uma mensagem tão terrível que o povo rogou a Deus que parasse de falar. Eles recuaram atordoados diante da ordem de Deus, de que até mesmo um animal que tocasse na montanha devia ser apedrejado. O próprio Moisés estava tão amedrontado com aquela visão que tremia de medo. Vocês, contudo, chegaram até o monte Sião, à cidade do Deus vivente, à Jerusalém celestial; à reunião de milhares de milhares de anjos jubilosos; e à igreja dos filhos mais velhos, composta de todos cujos nomes estão escritos nos céus; e a Deus, que é o Juiz de todos; e aos espíritos dos redimidos no céu, que já se tornaram perfeitos; e ao próprio Jesus, que nos trouxe uma nova aliança, e ao sangue salpicado, que perdoa gratuitamente, em vez de clamar por vingança, como fez o sangue de Abel. Portanto, tenham cuidado e procurem obedecer àquele que está falando a vocês. Porque se o povo de Israel não escapou quando se recusou a ouvir Moisés, que era um mensageiro terreno, como nós escaparemos se rejeitarmos ouvir aquele que nos fala dos céus? Quando ele falou do monte Sinai, sua voz fez a terra tremer: porém, “da próxima vez”, diz ele, “farei tremer não só a terra, mas também os céus”. As palavras “da próxima vez” indicam que ele removerá tudo quanto não tem alicerces sólidos, de modo que apenas as coisas inabaláveis serão deixadas. Visto que nós temos um reino que nada pode destruir, sejamos agradecidos, servindo a Deus com corações gratos, e com santo temor e reverência. Porque nosso Deus é fogo consumidor. Continuem a amar-se uns aos outros com amor fraternal. Não se esqueçam de ser bondosos com os estranhos, porque alguns que fizeram isso hospedaram anjos sem percebê-lo! Não se esqueçam daqueles que estão na prisão. Sofram com eles, como se vocês próprios estivessem aprisionados com eles. Partilhem o sofrimento daqueles que estão sendo maltratados, pois vocês sabem o que eles estão passando. Honrem o seu casamento e os seus respectivos votos; honrem também o leito conjugal que é sem mácula; porque Deus julgará todos os que são imorais ou cometem adultério. Afastem-se do amor ao dinheiro; sintam-se satisfeitos com o que vocês têm. Porque Deus disse: “Eu nunca abandonarei você, nem o desampararei”. É por isso que nós podemos afirmar com toda a confiança: “O Senhor é o meu ajudador, e eu não terei medo. O que os simples homens podem me fazer?”. Lembrem-se dos seus líderes, que têm ensinado a palavra de Deus a vocês. Pensem em todo o bem que proveio da vida deles, e procurem imitar a sua fé. Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e para sempre. Portanto, não se deixem atrair por ideias novas e estranhas, pois a força espiritual de vocês vem como uma dádiva de Deus, e não de preceitos cerimoniais sobre comer certos alimentos — um método que, aliás, não ajudou aqueles que o experimentaram! Nós temos um altar, do qual não têm direito de comer os que ministram no tabernáculo. No sistema das leis judaicas, o sumo sacerdote trazia o sangue dos animais sacrificados para o santuário como um sacrifício pelo pecado, e depois os corpos dos animais eram queimados fora da cidade. Foi por isso que Jesus sofreu e morreu fora das portas da cidade, para santificar o povo por intermédio do seu próprio sangue. Portanto, saiamos até ele, fora do acampamento, para sofrer com ele ali e levar sobre nós a sua vergonha. Porque este mundo não é nossa pátria; nós estamos aguardando a nossa pátria eterna no céu. Com o auxílio de Jesus, nós ofereceremos continuamente o nosso sacrifício de louvor a Deus, ao confessar aos outros a glória do seu nome. Não se esqueçam de fazer o bem e de repartir o que vocês têm com os que passam necessidade, pois sacrifícios como esse são muito agradáveis a ele. Obedeçam aos seus líderes espirituais e estejam prontos a fazer o que eles disserem. Porque o trabalho deles é cuidar de vocês, e Deus julgará se eles fazem isso bem. Deem-lhes motivo para prestarem contas de vocês ao Senhor com alegria, e não com tristeza, pois nesse caso vocês também sofrerão com isso. Orem por nós, pois a nossa consciência está limpa, e nós desejamos conservá-la assim. Eu especialmente estou precisando agora mesmo das orações de vocês, para que possa voltar a vocês o mais breve possível. E agora, que o Deus de paz, que trouxe de volta dos mortos o nosso Senhor Jesus, o grande Pastor do rebanho, supra vocês de tudo o que necessitam para fazer a sua vontade, por meio do sangue da aliança eterna entre Deus e vocês. E que ele faça surgir em vocês, mediante o poder de Cristo, tudo o que é agradável a ele, a quem seja a glória para todo o sempre. Amém. Irmãos, eu lhes peço que prestem atenção, com toda a paciência, na minha palavra de exortação, pois a minha carta é curta. Quero que vocês saibam que o irmão Timóteo já está fora da prisão; se ele chegar logo, irei vê-los com ele. Apresentem as minhas saudações a todos os seus líderes e aos outros crentes daí. Os cristãos da Itália enviam saudações. Que a graça de Deus seja com todos vocês. Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo, ao povo de Deus espalhado entre as nações. Saudações! Meus irmãos, a vida de vocês está cheia de dificuldades e de provações? Então, considerem isto motivo de grande alegria, porque, quando a sua fé é provada, a perseverança de vocês tem uma oportunidade de crescer. Portanto, deixem a perseverança crescer, agindo plenamente em vocês. Porque, quando a perseverança de vocês estiver afinal plenamente crescida, vocês estarão preparados para qualquer coisa, e serão fortes de caráter, íntegros, sem que lhes falte coisa alguma. Se quiserem saber o que Deus quer que vocês façam, perguntem-lhe, e ele alegremente lhes dirá, pois está sempre pronto a dar uma farta provisão de sabedoria a todos os que lhe pedem. Mas, quando lhe pedirem, estejam certos de que vocês realmente esperam que ele lhes diga, pois uma mente duvidosa é tão inconstante como uma onda do mar que é empurrada e agitada pelo vento. Quando pedirem sem fé, não esperem que o Senhor lhes dê alguma resposta concreta, pois a pessoa que age assim é insegura e dividida, voltando-se ora para um lado, ora para o outro. O irmão que não goza de muito prestígio neste mundo deve orgulhar-se quando estiver em posição elevada. Mas o homem rico deve sentir-se alegre caso fique pobre, porque as suas riquezas não significam nada para o Senhor, pois o rico logo passará, como uma flor do campo. Quando o sol se levanta, traz o calor abrasador e a planta murcha e seca. Assim é com os ricos. Eles murcharão logo e deixarão para trás todos os seus afazeres. Feliz é o homem que não cede e continua fiel quando é provado, porque depois receberá como recompensa a coroa da vida que Deus prometeu àqueles que o amam. Quando alguém for tentado, nunca diga: “Esta tentação vem de Deus”. Pois Deus nunca pode ser tentado pelo mal, e ele próprio nunca tenta alguém. Mas a tentação vem da fascinação dos próprios pensamentos e desejos maus do homem. Estes maus pensamentos levam ao pecado, e, quando o pecado é consumado, leva à morte. Portanto, não se deixem enganar, caros irmãos. Mas tudo quanto é bom e perfeito vem de Deus, o Criador de toda luz, e que resplandece para sempre, sem mudança nem sombra. E foi pela sua própria vontade que ele nos deu a vida nova, por meio da verdade da sua palavra, e nos tornamos os primeiros frutos de tudo que ele criou. Queridos irmãos, nunca se esqueçam de que cada um deve estar pronto para ouvir, mas demorar para falar e ficar irado; pois a ira humana não produz a justiça de Deus. Portanto, livrem-se de toda impureza e da maldade, tanto interior quanto exterior, e alegrem-se humildemente com a palavra maravilhosa que foi implantada em vocês, pois ela é capaz de nos salvar à medida que se desenvolve em nossos corações. E lembrem-se: Coloquem em prática a palavra, e não sejam apenas ouvintes. Portanto, não se enganem: pois se uma pessoa apenas ouvir e não a colocar em prática é semelhante a um homem que olha o seu próprio rosto num espelho; e, depois de olhar para si mesmo, logo que se afasta não se lembra de como é a sua aparência. Entretanto, se continuar olhando com firmeza na lei de Deus que traz a liberdade e não a esquecer, mas praticar o que ela diz, Deus abençoará grandemente essa pessoa em tudo quanto fizer. Se alguém se considera religioso, mas não refreia a sua língua ferina, está apenas enganando-se a si mesmo, e a sua religião não vale nada. A religião que Deus, o nosso Pai, aceita como pura e sem falhas é aquela que cuida dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades, e que permanece fiel ao Senhor — sem se contaminar com o mundo. Meus irmãos, como vocês podem alegar que pertencem ao Senhor Jesus Cristo, o Senhor da glória, se mostrarem preferência por certas pessoas? Se entrar na igreja de vocês um homem vestido de roupas finas e com preciosos anéis de ouro nos dedos, e também entrar outro homem, pobre e vestido de roupas velhas e sujas, e vocês derem atenção especial ao homem rico, e lhe derem o melhor assento da casa, e disserem ao homem pobre: “Você pode ficar em pé ali, se quiser, ou então sente-se no chão, perto dos meus pés”, neste caso vocês estão discriminando pessoas, baseando-se em motivos errados ao julgar uns aos outros. Ouçam-me, meus queridos irmãos: Deus escolheu gente pobre aos olhos do mundo para ser rica na fé, e o Reino do céu lhe pertence, pois essa é a dádiva que Deus prometeu àqueles que o amam. E, no entanto, vocês desprezaram o homem pobre. Vocês não percebem que geralmente são os ricos que perseguem vocês e os arrastam aos tribunais? E grande parte das vezes são eles que riem do nome honroso que vocês invocam. De fato é bom quando vocês verdadeiramente obedecem à lei do Reino, pois está escrito nas Escrituras: “Ame o seu próximo, como a si mesmo”. Mas vocês estão quebrando esta lei do nosso Senhor e serão condenados por ela quando tratam os outros com parcialidade; isso é pecado. E a pessoa que guarda todas as leis de Deus, mas comete só um pequeno deslize é culpada, como se tivesse quebrado todas as leis. Porque o mesmo Deus que disse: “Não adulterarás”, também disse: “Não matarás”. Portanto, mesmo que não tenha quebrado as leis do casamento por cometer adultério, se você já matou alguém, então já quebrou a Lei de Deus e é culpado diante dele. Vocês serão julgados pela lei da liberdade em relação ao que vocês falam e como agem; pois não haverá misericórdia para com aqueles que não tenham mostrado misericórdia. Mas, se vocês tiverem sido misericordiosos, a misericórdia de Deus triunfará sobre o juízo. Queridos irmãos, que proveito há se alguém disser que tem fé, se não tiver obras? Acaso, esse tipo de fé pode salvá-lo? Se vocês tiverem um irmão ou irmã que está necessitado de alimento e vestuário, e vocês disserem: “Bem, que Deus o abençoe; aqueça-se e coma bem”, e depois não lhe derem roupas ou alimentos, de que adianta isso? Portanto, vocês veem que não é suficiente apenas ter fé. É também preciso que façam o bem para provarem que a têm. A fé que não se manifesta por meio de boas obras é morta. Mas alguém poderá argumentar: “Você acha que o caminho para Deus é pela fé, sem nada mais, e eu tenho as obras”. Ora, eu digo que essa pessoa mostre sua fé sem as obras, e eu, pelas obras, mostrarei minha fé. Vocês creem que existe um único Deus? Ora, lembrem-se que os demônios também creem nisso e tremem de terror! Ó homem insensato! Quando finalmente você compreenderá que a fé sem obras é inútil? Vocês não se recordam de que até mesmo o pai Abraão foi declarado justo por causa das suas obras, quando estava pronto para obedecer a Deus, mesmo que isso significasse oferecer seu filho Isaque para morrer no altar? Como vocês veem, a sua fé e as suas obras agiram juntas; a sua fé foi aperfeiçoada pelas suas obras. E assim aconteceu tal como as Escrituras dizem: “Abraão creu em Deus, e o Senhor o declarou justo”, e ele até foi chamado “amigo de Deus”. Vejam, portanto, que uma pessoa é salva pelo que ela faz, e não somente pela fé. Raabe, a prostituta, é outro exemplo disso. Ela foi justificada por causa do que ela fez quando escondeu os espias e os mandou embora em segurança por uma estrada diferente. Tal como o corpo está morto quando não há espírito nele, assim também a fé está morta se não for acompanhada de boas obras. Meus irmãos, não sejam muitos de vocês mestres na igreja, pois nós mestres, os que ensinamos, seremos julgados com maior rigor do que os outros. Todos nós cometemos erros. Se alguém pode dominar a sua língua, isso prova que ele tem perfeito domínio sobre si próprio em tudo o mais. Podemos fazer com que um cavalo grande se volte, e vá para onde quisermos, por meio de freios em sua boca. E um leme minúsculo faz com que um navio enorme se volte para qualquer lado que o piloto queira que ele vá, mesmo que os ventos sejam fortes. Assim também a língua é um pequeno órgão, mas se orgulha de grandes coisas! Uma grande floresta pode incendiar-se por meio de uma fagulha pequenina. E a língua é uma chama de fogo. Está cheia de maldade e envenena todos os membros do corpo. E é o próprio inferno que ateia fogo à língua, que pode transformar toda a nossa vida numa chama ardente de destruição e desastre. Os homens têm domesticado, ou podem domesticar, qualquer espécie de animal ou ave que tem vida, e qualquer réptil e criaturas do mar, mas nenhum ser humano consegue domar a língua. Ela é incontrolável e está sempre pronta a expelir seu veneno mortífero. Com a língua damos louvores ao nosso Senhor e Pai, e com ela rompemos em maldições contra os homens que são feitos à semelhança de Deus. E assim a bênção e a maldição vêm brotando da mesma boca. Meus irmãos, é evidente que isso não está certo! Acaso pode uma fonte d’água jorrar primeiro água doce e depois água amarga? Meus irmãos, acaso podemos colher azeitonas de uma figueira, ou figos de uma videira? Não, e não se pode tampouco tirar água doce de um poço salgado. Se vocês forem sábios, vivam uma vida de constante bondade, para que dela manem somente as boas ações. E se vocês as praticarem com humildade, então serão verdadeiramente sábios! Contudo, não se gloriem de serem sábios e bons se vocês forem amargos, invejosos e egoístas; esse é o pior tipo de mentira. Porque a inveja e o egoísmo não são a espécie de sabedoria de Deus. Essas coisas são terrenas, materiais e demoníacas. Onde houver inveja ou ambições egoístas, aí haverá desordem e todos os males. Entretanto, a sabedoria que vem do céu é antes de tudo pura; depois calma, amável, compreensiva, repleta de misericórdia e de boas obras. É cheia de bons frutos, não trata os outros pela aparência e é sincera. E todos aqueles que são pacificadores plantarão sementes de paz e colherão o fruto da justiça. O que está causando as discussões e as lutas entre vocês? Não é porque existe um exército inteiro de maus desejos dentro de vocês? Vocês querem o que não possuem, a tal ponto que matam para consegui-lo. Desejam o que os outros têm, e não podem adquirir, portanto começam a lutar para tomar deles. Contudo, a razão pela qual vocês não têm o que desejam é que não pedem a Deus. E mesmo quando pedem, não recebem, porque o objetivo de vocês está todo errado — vocês só querem o que dará prazer a vocês. Gente infiel! Vocês não percebem que o envolvimento com os prazeres pecaminosos deste mundo torna vocês inimigos de Deus? Eu volto a dizer que se o objetivo de vocês é desfrutar o prazer pecaminoso do mundo perdido, vocês também se tornam inimigos de Deus. Ou o que vocês acham que as Escrituras querem dizer quando afirmam que o Espírito, que Deus fez habitar em nós, vigia sobre nós com fortes ciúmes? Mas ele nos dá cada vez mais graça para resistirmos a todos esses maus desejos. Como dizem as Escrituras: “Deus dá graça ao humilde, mas se opõe aos orgulhosos”. Portanto, submetam-se humildemente a Deus. Resistam ao diabo, e ele fugirá de vocês. E quando vocês se achegarem a Deus, ele se achegará a vocês. Lavem as mãos, pecadores, e vocês, hipócritas, purifiquem os seus corações! Haja lágrimas pelas coisas erradas que vocês fizeram. Haja arrependimento e aflição sincera. Haja lamento em vez de riso, e tristeza em vez de alegria. E então, quando vocês se humilharem diante do Senhor, ele levantará e animará vocês. Não falem mal uns dos outros, irmãos. Se vocês fizerem isso, ou julgarem o seu irmão, estarão lutando contra a lei de Deus e a estarão julgando. Pois, se você julga a lei, não a está cumprindo, mas está se colocando na posição de juiz. Só aquele que fez a lei é que pode julgar corretamente entre nós. Só ele decide salvar-nos ou destruir-nos. Portanto, que direito têm vocês de julgar os outros? Prestem atenção, vocês que dizem: “Hoje ou amanhã vamos a esta ou àquela cidade, ficaremos lá um ano, e exploraremos um negócio lucrativo”. Como é que sabem o que vai acontecer amanhã? A duração das suas vidas é tão incerta quanto a neblina do amanhecer; que aparece por um pouco de tempo agora, mas logo desaparece! O que vocês devem dizer é: “Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo”. Caso contrário, vocês estarão vangloriando-se dos seus próprios planos, e uma presunção assim não agrada a Deus e é maligna. Lembrem-se também: Quem sabe que deve fazer o bem, e não o faz, comete pecado. Prestem atenção, vocês, ricos: Agora é a hora de chorar e gemer com extrema aflição, por causa de todas as angústias que estão para vir sobre vocês. A riqueza de vocês agora mesmo está apodrecendo e suas roupas luxuosas estão se tornando trapos corroídos pelas traças. O seu ouro e a sua prata estão enferrujando, e isso ficará como uma prova contra vocês, e lhes comerá a carne como fogo. Vocês amontoaram riquezas nestes últimos tempos. Pois escutem! Ouçam os clamores dos trabalhadores que ceifaram os seus campos, e que vocês fraudaram no pagamento. Os clamores deles chegaram até os ouvidos do Senhor dos Exércitos. Vocês gastaram seus anos aqui na terra divertindo-se, satisfazendo todos os seus caprichos, e agora estão gordos como o gado pronto para a matança. Vocês condenaram e mataram homens justos que não tinham nenhuma força para se defender contra vocês. Agora, quanto a vocês, irmãos, que estão esperando a volta do Senhor, sejam pacientes, como o lavrador que espera até a vinda da chuva do outono e da primavera, para que a sua preciosa colheita amadureça. Sim, sejam perseverantes. E tenham coragem, pois a vinda do Senhor está próxima. Não murmurem uns contra os outros, irmãos. Será que vocês próprios estão acima de qualquer censura? Pois vejam! O grande Juiz já vem. Para exemplos de paciência no sofrimento, olhem para os profetas que falaram em nome do Senhor. Nós os consideramos felizes porque permaneceram leais a ele, no tempo da sua vida, mesmo quando sofreram grandemente por isso. Vocês ouviram falar da perseverança de Jó; por meio das experiências dele podemos ver como o plano do Senhor finalmente terminou em bem, e que o Senhor é cheio de ternura e de misericórdia. Porém, mais do que tudo, meus irmãos, não jurem nem pelo céu, nem pela terra, nem por qualquer outra coisa; digam apenas um simples “sim” ou “não”, a fim de que vocês não pequem e não recebam a maldição de Deus. Algum de vocês está sofrendo? Deve continuar orando sobre isso; e todos quantos têm motivo para ser gratos devem estar continuamente cantando louvores ao Senhor. Alguém está doente? Que mande chamar os líderes da igreja, e estes devem orar sobre ele e derramar azeite sobre ele, em nome do Senhor. E as orações deles, se oferecidas com fé, curarão o doente, pois o Senhor o fará ficar bom; e se houver cometido pecados, o Senhor o perdoará. Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros, a fim de que vocês possam ser curados. A oração fervorosa de um homem justo tem grande poder e resultados maravilhosos. Elias era tão humano quanto nós, e, entretanto, quando orou fervorosamente para que não chovesse, não choveu durante três anos e meio! Depois ele orou de novo, desta vez para que chovesse, e a chuva desceu e a terra produziu seus frutos. Meus irmãos, se algum de vocês se desviar da verdade e alguém ajudá-lo a compreender a verdade novamente, essa pessoa que o trouxer de volta salvará a vida dessa pessoa e fará com que muitos pecados sejam perdoados. Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos santos judeus eleitos, peregrinos espalhados pelo Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia. Deus, o Pai, escolheu vocês há muito tempo e, por isso, sabia que se tornariam seus filhos. E o Espírito Santo tem operado no coração de vocês, purificando-o com o sangue de Jesus Cristo e fazendo-os desejosos de agradar-lhe. Que a graça e paz de Deus lhes sejam multiplicados. Toda a honra seja a Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo; porque é a sua misericórdia ilimitada que nos deu o privilégio de nascer de novo, de maneira que agora nós já somos membros da própria família de Deus. E agora vivemos na esperança da vida eterna, porque Cristo Jesus levantou-se novamente dentre os mortos. E Deus reservou para os seus filhos a herança inestimável da vida eterna; essa herança está guardada no céu para vocês, pura e imaculada, sem perigo de sofrer alteração ou de estragar-se. E Deus, em seu grandioso poder, garantirá que vocês cheguem até lá em segurança para recebê-la, por meio da fé. Essa herança lhes pertencerá naquele último dia, prestes a ser revelado. Portanto, alegrem-se verdadeiramente! Há uma felicidade maravilhosa no futuro, embora sejam entristecidos durante algum tempo aqui na terra por todo tipo de provações. Essas provações apenas põem à prova a fé que vocês têm, para verificar se ela é forte e pura ou não. Ela está sendo experimentada como o fogo prova o ouro e o purifica — e a fé que vocês têm é muito mais preciosa para Deus do que o simples ouro; portanto, se essa fé permanecer firme, isso redundará em muito louvor, glória e honra no dia em que Jesus Cristo for revelado. Vocês o amam, embora nunca o tenham visto; ainda que não o vejam, creem nele; e até mesmo agora vocês estão felizes com aquela alegria indizível que vem do próprio céu. E a recompensa final que vocês terão por crerem nele será a salvação das suas almas. Essa salvação foi algo que os profetas não compreenderam inteiramente. Embora eles tenham escrito sobre ela, tinham muitas indagações a respeito do que tudo isso poderia significar. Queriam saber a respeito de que o Espírito de Cristo estava falando no seu íntimo, pois ele lhes mandava escrever os fatos que, de lá para cá, têm acontecido com Cristo: seu sofrimento e sua grande glória depois disso. E eles queriam saber quando e a quem tudo isso iria acontecer. Foi-lhes dito que essas coisas não aconteceriam no tempo deles, e sim muitos anos mais tarde, no tempo de vocês. E agora, por fim, este evangelho foi claramente anunciado a todos nós. Ele foi pregado a nós no poder do mesmo Espírito Santo enviado do céu que falou a eles; e tudo isso é tão notável e tão maravilhoso que até os anjos do céu dariam tudo para saber mais a respeito. Portanto, agora estejam prontos para agir; estejam alertas e coloquem toda a sua esperança na graça de Deus que será dada a vocês quando Jesus Cristo voltar. Obedeçam a Deus porque vocês são filhos dele; não voltem atrás aos seus velhos caminhos — a prática do mal — porque naquele tempo não conheciam nada melhor. Mas agora, sejam santos em tudo quanto fizerem tal como é santo o Senhor que os convidou para serem seus filhos. O próprio Senhor disse: “Sejam santos, pois eu sou santo”. E lembrem-se de que seu Pai celestial, a quem vocês oram, não julga de maneira parcial. Ele julgará vocês com perfeita justiça por tudo quanto fizerem; portanto, procedam com temor a ele durante o restante da jornada de vocês. Deus pagou um resgate para livrar vocês do caminho que seus antepassados tentaram seguir para chegar ao céu, e o resgate que ele pagou não foi simples ouro ou prata, como vocês sabem muito bem, mas o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem defeito e sem mancha. Deus o escolheu para esse propósito muito antes da criação do mundo, mas ele manifestou isso publicamente, nestes últimos dias, como uma bênção para vocês. Por causa disso, vocês podem pôr sua confiança em Deus, que levantou a Cristo dentre os mortos e lhe deu grande glória. Agora, a fé e a esperança de vocês podem descansar somente em Deus. Agora vocês podem ter amor verdadeiro por todos, porque as almas de vocês foram purificadas; portanto, procurem amar na verdade uns aos outros ardentemente, de todo o coração. Porque vocês foram regenerados não por meio de uma semente que perece, mas por meio da palavra de Deus viva e permanente. Como dizem as Escrituras: “Toda a humanidade é como a erva, e toda a sua grandeza é como a flor da erva; a erva murcha e a flor cai; mas a palavra do Senhor permanecerá para sempre”. E a sua mensagem é o evangelho que foi anunciado a vocês. Portanto, libertem-se dos seus sentimentos de maldade e de todo engano! Acabem com a falta de sinceridade e o ciúme, e parem de falar dos outros por trás. Sejam como bebês, desejando o puro leite espiritual, para que, bebendo dele, vocês cresçam e sejam salvos. Vocês já experimentaram que o Senhor é bom. Cheguem-se a Cristo, que é a pedra viva; embora os homens o tenham rejeitado, ele é muito precioso para Deus, que o escolheu acima de todos os outros. E agora vocês também se tornaram pedras vivas para Deus utilizar na edificação da sua casa espiritual. Vocês são seus sacerdotes santos, por isso ofereçam sacrifícios espirituais agradáveis a Deus, por meio de Jesus Cristo. As Escrituras declaram: “Eis que eu estou colocando em Sião uma pedra principal do alicerce. Ela é preciosa e foi cuidadosamente escolhida, e eu nunca decepcionarei aqueles que confiam nela”. Sim, essa pedra é muito preciosa para vocês, os que creem; e para aqueles que o rejeitam, “a pedra que foi rejeitada pelos construtores tornou-se a pedra de esquina, a parte mais honrosa e mais importante do edifício”. E as Escrituras dizem também: “Esta é a pedra na qual as pessoas tropeçarão, e a rocha que as fará cair”. Os que não creem tropeçarão, porque não atenderão à palavra de Deus, nem lhe obedecerão, pois para isso foram destinados. Mas vocês não são assim, pois foram escolhidos pelo próprio Deus — vocês são sacerdotes do Rei, são santos e puros, um povo que pertence ao próprio Deus — tudo isso para que vocês possam anunciar como Deus os chamou da escuridão para a sua maravilhosa luz. Antes vocês não chegavam a ser povo; agora são o povo de Deus. Antes vocês sabiam muito pouco da misericórdia de Deus; agora a própria vida de vocês foi mudada por ela. Queridos irmãos, vocês são apenas estrangeiros e peregrinos aqui na terra. Por isso, eu lhes suplico que se afastem dos prazeres carnais deste mundo, pois eles lutam contra suas próprias almas. Tomem cuidado com o modo como vocês se comportam entre seus semelhantes não salvos; porque assim, mesmo que eles acusem e falem mal de vocês, acabarão louvando a Deus pelas boas obras de vocês no dia da sua vinda. Pelo amor que vocês têm ao Senhor, obedeçam a todas as leis do governo; sejam as do rei, como autoridade maior, sejam as que são dos oficiais do rei, pois ele os enviou para castigar todos os que fazem o mal e honrar aqueles que fazem o bem. É da vontade de Deus que a vida correta de vocês faça com que se calem aqueles que insensatamente condenam o evangelho sem saberem o que ele pode fazer por eles, pois nunca experimentaram o seu poder. Vocês estão livres da lei, porém isso não quer dizer que estão livres para fazer o mal. Vivam como aqueles que são livres para fazer somente a vontade de Deus em todas as ocasiões. Mostrem respeito para com todos. Amem os irmãos em toda parte. Temam a Deus e respeitem o governo. Escravos, vocês devem respeitar seus senhores e fazer tudo o que eles mandarem; não apenas se eles forem bondosos e justos, mas até mesmo se forem rudes e injustos. Louvem ao Senhor se vocês forem injustiçados por terem feito o que é direito! Naturalmente vocês não têm nenhum mérito em se conformar se forem espancados por terem feito o mal; mas, se fizerem o bem e suportarem os açoites, Deus se agradará muito de vocês. Para isso vocês foram chamados, pois Cristo, que sofreu por vocês, é o seu exemplo. Sigam em seus passos: “Ele nunca pecou, e nenhum engano foi encontrado em sua boca”, nunca retrucou quando foi insultado; quando sofreu, não fez ameaças; deixou seu caso nas mãos de Deus, que sempre julga com justiça. Ele carregou pessoalmente o fardo dos nossos pecados em seu próprio corpo, quando morreu na cruz, a fim de que morrêssemos para o pecado e vivêssemos, daqui em diante, uma vida santa. Pois os seus ferimentos curaram os nossos! Tal como ovelhas, vocês vaguearam longe de Deus, mas agora voltaram para o seu pastor, o guardião das suas almas. Esposas, sujeitem-se aos seus maridos; porque assim eles serão ganhos, sem palavras, mas pelo comportamento respeitoso e puro de vocês, observando a vida piedosa e honesta de vocês. Não se preocupem com a beleza exterior que depende de joias, ou de roupas bonitas, ou de penteados exagerados. Ao contrário, sejam belas interiormente, em seus corações, com um espírito amável e manso, que é tão precioso para Deus. Esse tipo de beleza interior foi o que se viu nas santas mulheres do passado, as quais colocavam sua esperança em Deus e se sujeitavam aos planos do seu marido. Sara, por exemplo, obedecia ao seu esposo Abraão, respeitando-o como o cabeça da casa, chamando-o de senhor. E vocês, se fizerem o mesmo, estarão seguindo os passos dela, como boas filhas, e fazendo o bem; assim vocês não precisarão ter medo. Vocês, maridos, devem ser cuidadosos com suas esposas, estando atentos às necessidades delas e respeitando-as como o sexo mais frágil; lembrem-se que vocês e suas esposas são co-herdeiros do dom da graça da vida. Ajam assim para que as suas orações não sejam interrompidas. Finalmente, todos vocês tenham o mesmo modo de pensar, estejam cheios de compaixão, amando-se uns aos outros, com corações ternos e humildes. Não paguem mal por mal, nem ofensa por ofensa. Em vez disso, orem para que Deus ajude essas pessoas, pois devemos ser bondosos para com os outros, e Deus nos abençoará por isso. As Escrituras dizem: “Se vocês quiserem uma vida feliz e boa, mantenham domínio sobre a língua e guardem os lábios de dizerem mentiras. Desviem-se do mal e façam o bem. Procurem viver em paz, e façam tudo para alcançá-la! Pois o Senhor está observando seus filhos, atento às suas orações; mas o rosto do Senhor volta-se contra aqueles que fazem o mal”. Quem lhes fará mal se desejarem de todo o coração fazer o bem? Todavia, vocês serão felizes se tiverem de sofrer por fazerem o bem. Não tenham medo das suas ameaças e não se preocupem. Entreguem-se aos cuidados de Cristo, seu Senhor, e se alguém perguntar acerca da esperança que vocês têm, estejam preparados para contar-lhe, e façam-no de uma maneira amável e respeitosa. Tenham sempre a consciência limpa; se as pessoas falarem mal de vocês e os difamarem por serem seguidores de Cristo, elas se envergonharão de si mesmas por tê-los acusado falsamente. Lembrem-se: Se for da vontade de Deus que vocês sofram, é melhor sofrer por fazer o bem do que por fazer o mal! Cristo também sofreu uma vez por todas pelos pecados de todos nós, pecadores culpados, embora ele mesmo fosse inocente de qualquer pecado em qualquer tempo, para que pudesse levar-nos de volta a Deus. Mas, embora o seu corpo estivesse morto, o seu Espírito continuou vivendo, e foi no espírito que ele foi e proclamou aos espíritos que agora estão em prisão — os espíritos daqueles que, muito tempo atrás, nos dias de Noé, tinham-se recusado a ouvir a Deus, embora ele esperasse por eles com a toda paciência enquanto Noé estava construindo a arca. Entretanto, apenas oito pessoas foram salvas pela água. Isso, aliás, é o que o batismo retrata para nós: No batismo mostramos que fomos salvos da morte e da condenação pela ressurreição de Cristo, não porque nossos corpos são purificados pela lavagem com água, mas porque, ao ser batizados, estamos nos voltando para Deus e pedindo que ele purifique os nossos corações do pecado. E Cristo foi para o céu, sentado à direita de Deus, com todos os anjos e poderes do céu curvando-se diante dele e obedecendo-lhe. Uma vez que Cristo sofreu e suportou a dor no seu corpo, vocês devem ter uma atitude semelhante; devem estar prontos a sofrer também. Lembrem-se: o sofrimento físico enfraquece a força do pecado, e vocês não estarão gastando o resto da sua vida andando atrás de desejos humanos, mas estarão desejosos de fazer a vontade de Deus. No passado vocês já gastaram bastante tempo fazendo as coisas pecaminosas que os ímpios gostam de fazer. Naquele tempo vocês viviam na imoralidade, nos desejos carnais, na embriaguez, nas orgias, nas bebedeiras e na adoração dos ídolos. Naturalmente seus velhos amigos estranham quando vocês não se juntam mais a eles nas coisas pecaminosas que fazem, e tratarão vocês com desdém e escárnio. Entretanto, lembrem-se apenas de que eles terão de enfrentar aquele que vai julgar a todos, vivos e mortos; e eles terão de prestar contas da maneira como têm vivido. É por isso que o evangelho foi pregado também a mortos, para que, embora seus corpos tenham sido castigados na carne como homens, eles ainda pudessem viver em seus espíritos, como Deus vive. O fim de todas as coisas chegará logo. Portanto, sejam homens de oração, fervorosos e diligentes. O mais importante de tudo é continuarem a mostrar um profundo amor uns pelos outros, pois o amor perdoa muitos pecados. Abram de bom grado os seus lares para aqueles que necessitarem de uma refeição ou de um lugar para passar a noite. Deus deu a cada um de vocês algumas capacidades especiais; estejam certos de que as estão utilizando para se ajudarem mutuamente, transmitindo aos outros as muitas formas da graça de Deus. Se você é chamado para falar, então fale como se o próprio Deus estivesse falando através de você. Se você é chamado para ajudar os outros, faça-o com todas as forças e a energia que Deus lhe concede, a fim de que ele seja glorificado por meio de Jesus Cristo — a ele seja a glória e o poder para todo o sempre. Amém. Queridos amigos, não se assustem nem se admirem quando vocês passarem pelas provas ardentes que estão por vir, pois não é coisa estranha nem fora do comum o que lhes vai acontecer. Pelo contrário, alegrem-se verdadeiramente, pois essas provações farão com que vocês participem do sofrimento de Cristo, e depois terão a maravilhosa alegria de participar da sua glória quando ela for manifestada. Alegrem-se ao serem insultados por causa do nome de Cristo, pois, quando isso acontecer, lembrem-se que sobre vocês repousa o Espírito da glória de Deus. Não quero ouvir falar de vocês sofrerem por cometer assassinato, ou roubar, ou causar desordem, ou por se intrometer nos negócios dos outros. Mas não é vergonha nenhuma sofrer por seguir a Cristo. Deem graças a Deus pelo privilégio de estarem na família de Cristo e serem chamados pelo seu nome maravilhoso! Porque a hora do julgamento chegou, e deve começar primeiro entre os próprios filhos de Deus. E se até mesmo nós, que somos salvos, devemos ser julgados, qual será o destino que aguarda aqueles que nunca obedeceram ao evangelho de Deus? Como dizem as Escrituras: “Se os justos se salvam com dificuldade, o que será do ímpio e pecador?” Portanto, se vocês estiverem sofrendo segundo a vontade divina, continuem a fazer o que é direito e entreguem-se aos cuidados do fiel Criador, pois ele sempre cumpre as suas promessas. E agora, uma palavra a vocês, os líderes da igreja. Eu também sou um líder; com os meus próprios olhos vi Cristo morrer na cruz; e eu também participarei da sua glória e da sua honra quando ele voltar. Colegas anciãos, este é o meu apelo a vocês: Pastoreiem o rebanho de Deus; cuidem dele com boa disposição e não de má vontade; não pelo que vocês ganharão com isso, mas pelo desejo de servir ao Senhor. Não sejam tiranos, mas guiem o rebanho com o seu bom exemplo. E, quando vier o Supremo Pastor, a recompensa de vocês será uma coroa gloriosa, que nunca perde o brilho. Vocês, homens mais jovens, sigam a liderança daqueles que são mais velhos. E todos vocês sirvam uns aos outros com um espírito humilde, pois Deus concede bênçãos especiais àqueles que são humildes, mas se opõe àqueles que são orgulhosos. Se vocês se humilharem debaixo da poderosa mão de Deus, em sua ocasião oportuna ele exaltará vocês. Deixem com ele todas as suas preocupações e ansiedades, pois ele está sempre cuidando de vocês. Estejam alertas e vigilantes porque o inimigo de vocês, o diabo, ronda em volta, como um leão faminto, que ruge à procura de alguma vítima para devorar. Fiquem firmes. Confiem no Senhor; e lembrem-se de que outros cristãos ao redor do mundo estão passando pelos mesmos sofrimentos. Depois que vocês tiverem sofrido por um pouco de tempo, o nosso Deus de toda a graça lhes dará por meio de Cristo a sua glória eterna. Ele virá pessoalmente, tomará vocês e os colocará num lugar firme, e os fará mais fortes do que nunca. A ele seja todo o poder sobre todas as coisas, para todo o sempre. Amém. Estou enviando esta pequena carta com a ajuda de Silvano, a quem considero um irmão muito fiel. Espero tê-los animado por meio desta carta, pois eu lhes fiz uma demonstração da verdadeira graça de Deus. O que eu lhes disse aqui deverá ajudar vocês a permanecerem firmes nessa graça. A igreja que está em Babilônia, também escolhida, envia-lhes saudações; e meu filho Marcos também. Cumprimentem uns aos outros com um beijo santo. Que a paz esteja com todos vocês que estão em Cristo. Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, a todos vocês que por meio da justiça de nosso Deus e Salvador Jesus Cristo receberam a fé que é preciosa como a nossa! Que a graça e a paz aumentem cada vez mais, pelo grande conhecimento de Deus e de Jesus Cristo, o nosso Senhor. Porque, à medida que vocês o conhecerem melhor, ele lhes dará, por intermédio do seu grande poder, tudo quanto vocês necessitam para viverem uma vida cheia de piedade; ele nos chamou a sermos participantes da sua própria glória e virtude! E por esse mesmo grandioso poder ele nos concedeu todas as suas ricas e maravilhosas promessas, para nos salvar da imoralidade e dos desejos deste mundo, e fazer-nos participantes da natureza divina. Por isso, vocês precisam acrescentar à sua fé a virtude; à virtude o conhecimento; ao conhecimento o domínio próprio; ao domínio próprio a perseverança; à perseverança a piedade; à piedade a amizade cristã; e à amizade cristã o amor. Quanto mais seguirem nesse caminho, tanto mais vocês ficarão fortes espiritualmente, e se tornarão frutíferos e úteis no pleno conhecimento do nosso Senhor Jesus Cristo. Mas qualquer um que deixar de seguir estes complementos da fé enxerga só o que está perto, e se esquece de que Deus o libertou da velha vida de pecado. Portanto, queridos irmãos, trabalhem com ardor para provar que vocês estão realmente entre aqueles que Deus chamou e escolheu, e assim vocês nunca abandonarão a fé. E Deus abrirá as portas do céu para que vocês entrem no Reino eterno do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Meu plano é continuar a relembrar-lhes estas coisas, embora vocês já as saibam e estejam realmente firmados na verdade! Enquanto ainda estiver aqui na terra, no tabernáculo deste corpo, pretendo continuar lembrando-lhes destas coisas. O Senhor Jesus Cristo, porém, mostrou-me que os meus dias aqui na terra já estão contados e que em breve deixarei este tabernáculo. Espero gravar estas coisas tão claramente em vocês que se lembrarão delas muito tempo depois da minha partida. Porque nós não temos contado fábulas a vocês quando lhes explicamos o poder do nosso Senhor Jesus Cristo e da sua vinda. Nossos próprios olhos viram o esplendor da sua majestade, pois ele recebeu honra e glória da parte de Deus, o seu Pai, quando pela suprema glória lhe foi dirigida a voz dizendo: “Este é o meu Filho muito amado, em quem me agrado”. Nós mesmos ouvimos essa voz vinda dos céus quando estávamos com ele no monte sagrado. Portanto, nós vimos e tivemos a prova de que tudo quanto os profetas disseram cumpriu-se. Vocês farão bem em prestar toda a atenção a tudo o que eles escreveram, como luzes que brilham em lugares escuros até que o dia clareie e a estrela que anuncia uma nova manhã brilhe em seus corações. Acima de tudo, saibam que nenhuma profecia da Escritura jamais foi inventada pelo próprio profeta. Porque jamais uma profecia veio da vontade humana. Foi o Espírito Santo quem lhes concedeu mensagens verdadeiras da parte de Deus. No passado também havia falsos profetas no meio do povo, tal como haverá falsos mestres entre vocês. Esses contarão com habilidade as suas mentiras sobre Deus, até mesmo voltando-se contra o seu próprio Senhor, que os comprou; porém o fim deles será repentino e terrível. Muitos seguirão seus ensinos imorais. E, por causa deles, Cristo e o seu caminho serão escarnecidos. Esses mestres, em sua ganância, dirão qualquer coisa para se apossarem do dinheiro de vocês. Mas Deus já os condenou há muito tempo, e a destruição deles está a caminho. Porque Deus não poupou nem os anjos que pecaram, mas os lançou no inferno, acorrentados em abismos escuros até o dia do juízo. E ele não poupou nenhuma das pessoas que viveram nos tempos antigos, antes do dilúvio, com exceção de Noé, o único homem que falava a favor de Deus, e a sua família de sete pessoas. Naquela ocasião, Deus destruiu completamente o mundo inteiro de homens ímpios, por meio do dilúvio. Mais tarde, ele transformou as cidades de Sodoma e Gomorra em montões de cinzas e as fez desaparecer da terra, pondo-as como exemplo para que todos os ímpios no futuro recordem e temam. Mas ao mesmo tempo o Senhor resgatou Ló de Sodoma, porque ele era um homem justo, aflito com a tremenda maldade que via por toda parte ao redor dele, pois, vivendo entre eles dia a dia, aquele justo vivia muito agoniado ao ver e ouvir as coisas más que eles faziam. Assim também o Senhor pode salvar os piedosos das aflições que os rodeiam e castigar os ímpios, até que chegue o dia do juízo final. Ele é particularmente severo com aqueles que seguem os seus próprios pensamentos imorais de natureza pecaminosa, e aqueles que são orgulhosos e obstinados e se atrevem até a zombar dos seres celestiais, sem ao menos estremecer; todavia os anjos no céu, que permanecem na própria presença do Senhor, e são muito maiores em poder e em força do que estes falsos mestres, nunca falam de maneira insultuosa contra aqueles seres. Mas os falsos mestres são insensatos — são criaturas irracionais. Eles fazem tudo o que lhes dá vontade; nascidos somente para ser apanhados e destruídos, riem-se daquilo que não entendem. Por isso eles serão destruídos pela sua própria corrupção. Essa é a retribuição que estes mestres terão pela sua própria injustiça. Pois eles vivem dia a dia em prazeres pecaminosos. São uma vergonha e uma mancha no meio de vocês, e os enganam, vivendo em pecado repugnante, enquanto juntam-se a vocês em suas festas fraternais, como se fossem homens sinceros. Eles têm os olhos cheios de adultério e são insaciáveis no pecado. Exercitam-se em ser gananciosos. Filhos malditos! Desviaram-se do caminho e perderam-se como Balaão, filho de Beor, que se deixou levar pelo amor ao dinheiro que poderia ganhar fazendo o mal. Porém Balaão foi impedido em seu procedimento louco quando a sua jumenta, um animal mudo, lhe falou com voz humana, recriminou e repreendeu as loucuras do profeta. Esses homens são tão inúteis quanto fontes d’água que secaram, prometendo muito e não dando nada; são inconstantes como nuvens levadas por ventos tempestuosos. Estão condenados aos abismos eternos das trevas. Eles se gabam orgulhosamente dos seus pecados e das suas conquistas e se utilizam da imoralidade como isca para atrair de volta ao pecado aqueles que acabaram de livrar-se dessa vida pecaminosa. Prometem liberdade a essas pessoas, mas eles mesmos são escravos da corrupção, porque a pessoa é escrava daquilo que a domina. Pois, quando uma pessoa se livra dos caminhos pecaminosos do mundo ao aprender acerca do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, e depois se deixa emaranhar pelo pecado e se torna novamente escrava dele, fica em pior estado do que antes. Seria melhor nunca ter sabido nada acerca do caminho da justiça do que aprender a respeito dele e depois disso dar as costas aos mandamentos santos que lhe foram dados. Há um velho ditado que diz o seguinte: “O cachorro volta a comer a comida que vomitou” e ainda: “A porca é lavada apenas para voltar e revolver-se de novo na lama”. Isto é o que acontece com aqueles que se voltam novamente para o seu próprio pecado. Esta é minha segunda carta a vocês, queridos irmãos, e em ambas eu tenho procurado relembrar-lhes fatos que vocês já conhecem, fatos que aprenderam dos santos profetas e de nós, os apóstolos, que lhes levamos as palavras do nosso Senhor e Salvador. Em primeiro lugar, desejo lembrar-lhes que nos últimos dias haverá escarnecedores que farão todo o mal que eles mesmos puderem imaginar, e se rirão da verdade. Esta será a sua maneira de argumentar: “Jesus prometeu voltar, não foi? Então, onde está ele? Ele não virá nunca! Ora, até onde qualquer um pode lembrar-se, tudo tem permanecido exatamente como era desde o primeiro dia da criação”. Eles esquecem deliberadamente este fato: Deus, há muito tempo, fez os céus pela palavra da sua ordem e usou as águas para formar a terra e cercá-la. E pela água Deus destruiu o mundo com um poderoso dilúvio. E Deus ordenou que a terra e os céus fossem reservados para o fogo, guardados para o dia do juízo, quando todos os homens ímpios perecerão. Mas não se esqueçam disto, queridos amigos: Para o Senhor um dia é como mil anos, e mil anos são como um dia. Ele não está sendo vagaroso com a sua volta prometida, embora por vezes pareça assim. Mas ele está esperando com paciência, porque não quer que ninguém pereça, e está dando mais tempo para os pecadores se arrependerem. O dia do Senhor virá com toda a certeza, tão inesperadamente como um ladrão. Então os céus desaparecerão com um terrível estrondo, e os corpos celestes serão consumidos pelo fogo e a terra e tudo quanto está nela serão queimados. E assim, já que tudo ao nosso redor se derreterá, que vidas santas e piedosas nós devemos viver! Vocês devem aguardar ansiosamente aquele dia e apressá-lo — o dia em que os céus serão destruídos pelo fogo e os elementos se derreterão e desaparecerão em chamas. Nós, porém, estamos aguardando ansiosamente a promessa divina de novos céus e nova terra depois disso tudo, onde habita a justiça. Queridos amigos, enquanto vocês estão esperando que essas coisas aconteçam, esforcem-se para viver sem pecar; e andem em paz com todo mundo, inculpáveis, a fim de que ele se agrade de vocês quando voltar. E lembrem-se por que ele está esperando. Ele nos está dando tempo para anunciar a sua mensagem de salvação aos outros. O nosso amado irmão Paulo já falou com grande sabedoria acerca dessas mesmas coisas em muitas das suas cartas. Algumas explicações dele não são fáceis de entender, e há pessoas instáveis e ignorantes que sempre estão buscando alguma interpretação fora do comum; elas torceram as cartas dele de todos os lados, dando um significado completamente diferente daquilo que ele queria dizer, tal como fazem com as outras partes das Escrituras. Mas o resultado será a ruína deles. Eu estou advertindo vocês de antemão, queridos irmãos, para que possam vigiar e não ser levados pelos erros desses homens maus, a fim de que vocês mesmos não sejam confundidos também e caiam. Mas cresçam em força espiritual e conheçam melhor o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, tanto agora como eternamente! Amém. Cristo já existia quando o mundo começou, entretanto eu mesmo o vi com os meus próprios olhos e o ouvi falar. Eu toquei nele com as minhas próprias mãos — e isso proclamo a respeito da Palavra da vida, enviada por Deus. Este que é a vida que vem de Deus foi revelado a nós, e nós asseguramos que o vimos e proclamamos a vocês a vida eterna, que estava com o Pai e depois foi revelada a nós. Eu repito que lhes estamos falando a respeito do que realmente nós mesmos vimos e ouvimos, a fim de que vocês possam participar da comunhão e das alegrias que nós temos com o Pai e com Jesus Cristo, seu Filho. Escrevemos estas coisas para que vocês fiquem cheios de alegria. Esta é a mensagem que Deus nos deu para transmiti-la a vocês: Deus é luz e nele não há escuridão nenhuma. Portanto, se dissermos que temos comunhão com ele e continuarmos a viver na escuridão espiritual, estamos mentindo e a verdade não está em nós. Mas, se estivermos vivendo na luz como ele está na luz, então temos uma comunhão maravilhosa uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Se dissermos que não temos pecado, só estamos nos enganando a nós mesmos e recusando aceitar a verdade. Mas, se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos limpar de toda maldade. Se alegarmos que não pecamos, estamos mentindo e chamando Deus de mentiroso, e a sua palavra não está em nós. Meus filhinhos, estou lhes dizendo isso a fim de que vocês fiquem longe do pecado. Mas se vocês pecarem, existe alguém para interceder por vocês diante do Pai. O nome dele é Jesus Cristo, aquele que é tudo quanto é bom e que agrada completamente a Deus. Foi ele quem levou sobre si a ira de Deus contra os nossos pecados e nos levou à comunhão com Deus; e ele tornou possível o perdão para os nossos pecados, e não somente para os nossos, mas também para os do mundo inteiro. E como podemos ter certeza de que pertencemos a ele? Obedecendo aos seus mandamentos. Alguém poderá dizer: “Eu o conheço”, mas se não fizer o que Cristo manda, é um mentiroso, e a verdade não está nele. Mas aqueles que fazem o que Cristo manda aprenderão a amar a Deus cada vez mais. Essa é a maneira de saber se você é ou não seguidor de Cristo. Qualquer um que diga que é servo de Cristo deve viver como Cristo viveu. Queridos irmãos, eu não estou escrevendo um novo preceito para vocês obedecerem, pois é coisa antiga, que vocês sempre tiveram, desde o princípio: a mensagem que vocês já ouviram antes. Ainda assim o que escrevo a vocês é um mandamento novo, e é verdadeiro para vocês tal como é para Cristo; e, à medida que obedecemos a este mandamento de amarmos uns aos outros, desaparece a escuridão em nossas vidas e brilha a nova luz. Qualquer um que diz que está andando na luz de Cristo mas odeia o seu irmão, ainda está na escuridão. Mas todo aquele que ama o seu irmão permanece na luz e pode ver o caminho sem andar tropeçando de lá para cá, na escuridão e no pecado. Porém aquele que odeia o seu irmão anda errante em escuridão espiritual, e não sabe para onde vai, pois a escuridão o deixou cego, de maneira que ele não pode ver o caminho. Estou escrevendo estas coisas para todos vocês, meus filhinhos, porque os seus pecados foram perdoados em nome de Jesus. Estou escrevendo estas coisas a vocês, pais, porque vocês conhecem realmente aquele que está vivo desde o princípio. E estou escrevendo a vocês, jovens, porque vocês venceram a batalha contra o Maligno. E estou escrevendo a vocês, filhinhos, porque vocês também aprenderam a conhecer o Pai. Eu escrevo a vocês, pais, porque conhecem aquele que é desde o princípio. Eu escrevo a vocês, jovens, porque vocês são fortes, e têm a palavra de Deus em seus corações, e triunfaram contra o Maligno. Deixem de amar este mundo mau e tudo o que ele lhes oferece, pois quando vocês amam estas coisas mostram que realmente não amam o Pai; porque todas estas coisas mundanas — os maus desejos da natureza humana, os maus desejos dos olhos, a ambição pelas coisas desta vida — não provêm de Deus, e sim do próprio mundo pecaminoso. E este mundo está perecendo, e essas coisas más e proibidas perecerão com ele, mas todo aquele que perseverar em fazer a vontade de Deus viverá para sempre. Filhinhos, chegou a hora final deste mundo. Vocês já ouviram falar do anticristo que vem, e já apareceram muitas pessoas assim. Isso nos deixa ainda mais convencidos de que o fim está próximo. Essas pessoas costumavam ser membros das nossas igrejas, mas na realidade nunca foram dos nossos, senão teriam permanecido conosco. Quando nos deixaram, isso provou que elas não eram absolutamente dos nossos. Mas vocês não são assim, porque o Espírito Santo veio sobre vocês e vocês conhecem a verdade. Portanto, eu não estou escrevendo a vocês como aqueles que precisam conhecer a verdade, mas eu os advirto como aqueles que podem perceber a diferença entre a verdade e a mentira. E quem é o maior mentiroso? É aquele que afirma que Jesus não é o Cristo. Tal pessoa é o anticristo, porque nega o Pai e o seu Filho. Porque uma pessoa que nega o Filho também não pode ter o Pai. Mas aquele que confessa o Filho tem também o Pai. Portanto, continuem crendo no que lhes foi ensinado desde o começo. Se vocês fizerem assim, então estarão sempre em comunhão íntima tanto com o Pai como com o seu Filho. E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna. Estas minhas observações são a respeito daqueles que desejam enganar vocês. Mas vocês receberam o Espírito Santo, que vive em vocês, dentro dos seus corações, a fim de que não precisem de ninguém para ensinar-lhes a verdade. Porque ele lhes ensina todas as coisas, e ele é a verdade, e não um mentiroso; portanto, tal como ele disse, vocês devem viver e permanecer em Cristo. E agora, meus filhinhos, permaneçam em comunhão com Cristo, a fim de que, quando ele vier, vocês tenham a certeza de que tudo vai bem, e não tenham de que se envergonhar na vinda dele. Visto que sabemos que Deus é sempre justo e só faz o bem, podemos corretamente supor que todos aqueles que fazem o bem são seus filhos. Vejam como é grande o amor do nosso Pai: pois ele permite sermos chamados filhos de Deus, o que realmente nós somos. Entretanto, visto que tanta gente não conhece a Deus, não compreende que somos seus filhos. Sim, queridos amigos, nós já somos filhos de Deus, e não podemos nem imaginar como vai ser mais tarde. Mas sabemos que quando ele vier seremos semelhantes a ele, pois o veremos como ele realmente é. E todo aquele que verdadeiramente crê nisso procurará permanecer puro, porque Cristo é puro. Mas aqueles que continuam a pecar transgridem a lei de Deus, porque todo pecado é a transgressão da Lei. E vocês sabem que ele se tornou homem a fim de poder tirar os nossos pecados, e que nele não há pecado. Portanto, se permanecermos junto dele e lhe formos obedientes, não pecaremos também; mas aqueles que continuam pecando devem entender isto: eles pecam porque realmente nunca o viram nem o conheceram. Meus filhinhos, não deixem que ninguém engane vocês acerca disto: se vocês estão constantemente fazendo o que é justo, é porque vocês são justos, assim como ele é justo. Mas, se vocês continuarem a pecar, isso demonstra que vocês são do diabo, porque o diabo peca desde a criação do mundo. Mas o Filho de Deus veio para destruir essas obras do diabo. A pessoa que nasceu na família de Deus não faz do pecado um hábito, porque agora a vida de Deus está nela e, portanto, ela não pode continuar pecando, pois essa vida nova nasceu dentro dela e a domina — ela nasceu de Deus. Assim, agora podemos saber quem são os filhos de Deus e quem são os filhos do diabo. Todo aquele que não faz o que é certo e não ama a seu irmão mostra que não é filho de Deus. Porque a mensagem enviada a nós desde o princípio é que devemos amar uns aos outros. Não devemos ser como Caim, que era do Maligno e matou a seu irmão. Por que ele o matou? Porque Caim estava praticando o mal e sabia que o seu irmão praticava o bem. Portanto, não se admirem, queridos amigos, se o mundo odiar vocês. Se amarmos os outros cristãos, isso prova que passamos da morte para a vida. Mas uma pessoa que não tem amor pelos outros permanece na morte. Qualquer um que odeia seu irmão em Cristo já é, na realidade, um assassino; e vocês sabem que nenhum assassino tem a vida eterna dentro de si. Nós sabemos o que é o amor verdadeiro pelo exemplo de Jesus Cristo, ao dar a sua vida por nós. E, portanto, nós devemos dar a nossa vida pelos nossos irmãos em Cristo. Mas, se alguém que se considera seguidor de Cristo possuir o suficiente para viver bem e, vendo um irmão em necessidade, não o ajudar, como é que o amor de Deus pode estar nele? Filhinhos, deixemos de dizer apenas que amamos as pessoas; vamos amá-las realmente e mostrar isso pelas nossas ações. Então saberemos com toda a certeza pelas nossas ações que estamos do lado de Deus, e a nossa consciência estará limpa. Mas, se a nossa consciência estiver pesada e sentirmos que fizemos o mal, o Senhor é maior que a nossa consciência e sabe tudo quanto fazemos. No entanto, meus queridos amigos, se a nossa consciência estiver limpa, podemos ir ao Senhor com segurança e confiança, e receber tudo o que pedirmos, porque estamos obedecendo a ele e fazendo as coisas que lhe agradam. E é isto o que Deus diz que nós devemos fazer: crer no nome do seu Filho Jesus Cristo e amar-nos uns aos outros, como ele nos mandou fazer. Aqueles que obedecem aos seus mandamentos, esses estão vivendo em Deus e Deus neles. Sabemos que isto é verdade porque o Espírito Santo, que ele nos deu, confirma isso. Meus queridos, não creiam em qualquer espírito, só porque alguém diz que está trazendo uma mensagem de Deus. Examinem primeiro os espíritos, para ver se realmente são de Deus. Porque há muitos falsos mestres saindo pelo mundo. E o meio para descobrir se a inspiração vem da parte do Espírito de Deus é o seguinte: Todo ser que confessa realmente que Jesus Cristo tornou-se verdadeiramente homem com um corpo humano vem de Deus. Mas todo ser que não confessa Jesus, não vem de Deus. Este é aquele que é contra Cristo, o anticristo, acerca do qual vocês já ouviram que ele viria, e agora ele já está no mundo. Meus filhinhos, vocês são de Deus e já ganharam a luta contra aqueles que se opõem a Cristo, porque aquele que está no coração de vocês é mais forte do que aquele que está no mundo. Esses homens são deste mundo e, portanto, estão preocupados com os assuntos mundanos, e o mundo lhes presta atenção. Mas nós somos filhos de Deus, e, portanto, somente aqueles que conhecem a Deus nos ouvirão. Aqueles que não vêm de Deus não nos ouvem. Esse é outro modo de reconhecer o Espírito da verdade e o espírito do erro. Queridos amigos, amemo-nos uns aos outros, pois o amor provém de Deus, e aqueles que amam mostram que são filhos de Deus e conhecem a Deus. Mas, se alguém não ama demonstra que não conhece a Deus, porque Deus é amor. Deus mostrou quanto nos amou enviando o seu único Filho a este mundo pecaminoso para que pudéssemos viver por meio dele. Nisto sabemos o que é o verdadeiro amor: Não é o nosso amor por Deus, mas sim o seu amor por nós, quando nos enviou o seu Filho para acalmar a ira de Deus contra os nossos pecados. Queridos, visto que Deus nos amou tanto assim, é evidente que nós também devemos amar-nos uns aos outros. Porque, embora nós nunca tenhamos visto a Deus, quando nos amamos uns aos outros, Deus vive em nós, e o seu amor em nós torna-se cada vez mais visível. Ele colocou o seu próprio Espírito Santo dentro dos nossos corações, como prova de que estamos vivendo nele e ele em nós. Além disso, nós vimos com os nossos próprios olhos e agora testemunhamos que Deus enviou o seu Filho para ser o Salvador do mundo. Qualquer um que confessar publicamente que Jesus é o Filho de Deus tem Deus vivendo nele, e ele está vivendo em Deus. Nós sabemos quanto Deus nos ama porque já sentimos o seu amor e porque cremos nele quando ele nos diz que nos ama profundamente. Deus é amor, e qualquer um que vive em amor está vivendo em Deus e Deus está vivendo nele. E, à medida que vivemos em Cristo, o nosso amor se torna mais perfeito e completo; e, assim, nós não nos envergonharemos nem ficaremos perturbados no dia do juízo, mas poderemos apresentar-nos diante dele com confiança, porque a nossa vida neste mundo é como a vida de Cristo. No amor não existe medo; seu perfeito amor por nós afasta todo o medo. Se estamos com medo, é porque tememos o seu castigo, e isso mostra que não estamos completamente convencidos de que ele realmente nos ama. Portanto, o nosso amor por ele vem como resultado de ele nos ter amado primeiro. Se alguém disser: “Eu amo a Deus”, porém continua odiando a seu irmão, é um mentiroso; porque, se não ama a seu irmão que está bem diante dele, como pode amar a Deus, a quem nunca viu? E foi o próprio Deus quem nos deu este mandamento: quem ama a Deus, que ame também o seu irmão. Todos aqueles que creem que Jesus é o Cristo são filhos de Deus. E todos os que amam ao Pai amam também os seus filhos. Portanto, você pode saber quanto ama os filhos de Deus pelo grau do seu amor e da sua obediência a Deus. Amar a Deus significa obedecer aos seus mandamentos. E os seus mandamentos, na realidade, não são difíceis, pois todo filho de Deus pode obedecer-lhe, derrotando o mundo. Com a nossa fé conseguimos a vitória sobre o mundo. Mas quem teria possibilidades de lutar e vencer o mundo, a não ser crendo que Jesus é verdadeiramente o Filho de Deus? E nós sabemos quem ele é, porque Jesus Cristo veio por meio da água e do sangue: não apenas por água, mas por água e sangue. E o Espírito Santo, que é eternamente verdadeiro, é o que dá testemunho. Portanto, temos estes três que dão testemunho: o Espírito, a água, e o sangue. E todos eles dizem a mesma coisa: que Jesus Cristo é o Filho de Deus. Nós cremos nos homens que servem como testemunhas, mas o testemunho de Deus tem valor maior, pois é o testemunho de Deus. E afirma que Jesus é seu Filho. Todos os que creem no Filho de Deus sabem, em seus próprios corações, que isto é verdade. Se alguém não crê nisto, na realidade está chamando Deus de mentiroso, porque não crê no que Deus afirmou a respeito do seu Filho. E que foi que Deus afirmou? Que ele nos deu a vida eterna, e que esta vida está no seu Filho. Portanto, todo aquele que tem o Filho de Deus tem a vida; todo aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida. Eu escrevi isto a vocês que creem no nome do Filho de Deus, a fim de que vocês possam saber que têm a vida eterna. E esta é a confiança quando estamos na presença de Deus: que ele nos ouvirá todas as vezes que lhe pedirmos alguma coisa que esteja de acordo com sua vontade. E se nós realmente sabemos que ele está ouvindo quando falamos com ele e fazemos os nossos pedidos, então podemos ter a certeza de que ele nos responderá. Se vocês virem um irmão pecar de uma forma que não cause a morte, devem pedir a Deus que o perdoe, e Deus lhe dará a vida, a não ser que ele tenha cometido pecado que leva à morte. Pois há pecado que causa a morte e por este não digo que se deva orar. É claro que toda injustiça é pecado. Mas há pecados que não levam à morte. Ninguém que passou a fazer parte da família de Deus faz do pecado um hábito, pois Cristo, o Filho de Deus, o protege com segurança, e o Maligno não pode pôr as mãos nele. Nós sabemos que somos filhos de Deus e que o mundo todo ao nosso redor está sob o poder e o domínio do Maligno. E sabemos também que o Filho de Deus veio para ajudar-nos a compreender e encontrar o verdadeiro Deus. E agora estamos em Deus, porque estamos em Jesus Cristo seu Filho, que é o único Deus verdadeiro; e ele é a vida eterna. Meus queridos filhos, afastem-se de qualquer coisa que possa tomar o lugar de Deus no coração de vocês. Amém. João, o ancião, à senhora eleita, e aos seus filhos a quem tanto amo na verdade, como fazem todos os outros que conhecem a verdade, por causa da verdade que está para sempre nos nossos corações. A graça, a misericórdia e a paz de Deus, o Pai, e de Jesus Cristo, seu Filho, estejam conosco em verdade e amor. Como eu me sinto feliz por encontrar alguns dos seus filhos aqui, e ver que eles estão vivendo como devem, seguindo a verdade e obedecendo aos mandamentos que recebemos do Pai! E agora eu quero lembrar-lhe insistentemente, querida senhora, o velho mandamento que Deus nos deu bem no princípio: que nos amemos uns aos outros. Se amamos a Deus, faremos tudo quanto ele nos manda. E, desde o começo mesmo, ele nos mandou que amássemos uns aos outros. Tomem cuidado com os falsos líderes que têm saído pelo mundo, que não creem que Jesus Cristo veio à terra como um ser humano, com um corpo como o nosso. Quem faz isso é o enganador e o anticristo. Tenham cuidado para não serem como eles e perderem o prêmio pelo qual eu e vocês temos trabalhado tão duramente. Procurem ganhar do Senhor a recompensa completa. Se vocês forem além do ensino de Cristo, perderão a Deus de vista; mas se forem leais aos ensinos de Cristo, terão a Deus também. E então, terão tanto o Pai como o Filho. Se alguém for ensinar a vocês e não crê no que Cristo ensinou, nem sequer o convidem a entrar em suas casas, nem o saúdem. Se vocês o fizerem, estarão tornando-se companheiros dele e das suas obras malignas. Bem que eu gostaria de dizer muito mais; porém não quero fazê-lo por intermédio desta carta, porque espero ir vê-los face a face em breve, e então poderemos conversar juntos a respeito destas coisas, para que a minha alegria seja completa. Saudações dos filhos da sua irmã escolhida por Deus. João, o ancião, ao querido Gaio, a quem amo verdadeiramente. Querido amigo, estou orando para que tudo esteja correndo bem aí e que o seu corpo esteja tão sadio como eu sei que a sua alma está. Alguns dos irmãos que vieram aqui de viagem deixaram-me muito satisfeito ao contar-me que a sua vida continua limpa e verdadeira, e que você está vivendo conforme a verdade. Eu não podia ter maior alegria do que ouvir que meus filhos estão andando na verdade. Querido amigo, você está fazendo uma boa obra para Deus ao cuidar dos mestres e missionários que passam por aí em viagem. Eles contaram à igreja daqui a respeito do seu amor e das suas ações generosas. Eu fico contente quando você os despede do modo que agrada a Deus. Porque eles estão viajando por causa do Nome, sem receber ajuda alguma dos gentios. Portanto, nós mesmos devemos recebê-los bem, a fim de que possamos nos tornar cooperadores deles na obra do Senhor. Eu escrevi à igreja a respeito disto, porém o orgulhoso Diótrefes, que gosta de aparecer como líder dos cristãos daí, se recusa a ouvir-nos. Quando eu for, contarei a você algumas das coisas que ele está fazendo, e as coisas perversas que anda falando a meu respeito, e a linguagem insultuosa que está usando. Ele não somente se recusa a acolher os irmãos em viagem, mas diz aos outros que não o façam e procura expulsá-los da igreja. Querido amigo, não deixe que este mau exemplo influencie você. Siga só o que é bom. Lembre-se que aqueles que fazem o bem provam que são filhos de Deus; e aqueles que continuam no mal provam que estão longe de Deus. Entretanto, todos falam bem de Demétrio, inclusive a própria verdade testemunha a seu favor. Nós também podemos dizer o mesmo dele, e você sabe que falamos a verdade. Tenho muito que dizer, porém não quero escrever. Pois espero vê-lo em breve, e então teremos muito o que conversar juntos. A paz esteja com você. Os amigos daqui enviam lembranças. Saúde cada um dos amigos daí. Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago, aos que foram chamados, amados por Deus Pai e que Jesus Cristo tem guardado em segurança. Que vocês possam receber mais e mais da misericórdia, da paz e do amor de Deus. Meus amigos queridos, eu estive planejando escrever-lhes a respeito da salvação que Deus nos deu, porém agora vejo que em vez disso devo escrever-lhes de outra coisa, insistindo com vocês para que defendam bravamente a fé que Deus, uma vez por todas, entregou ao seu povo. Digo isso porque alguns homens ímpios infiltraram-se entre vocês sem serem notados, dizendo que depois que nos tornamos cristãos podemos andar como quisermos. Esses ímpios transformaram a graça de nosso Deus, e o destino de tais pessoas já está traçado há muito tempo, pois elas se voltaram contra o nosso único Mestre e Senhor, Jesus Cristo. Lembrem-se deste fato — que vocês já conhecem — que o Senhor salvou da terra do Egito uma nação inteira de pessoas e depois matou cada uma delas que não confiou nele e não lhe obedeceu. E lembro a vocês aqueles anjos que não ficaram dentro dos limites da autoridade concedida a eles, mas que abandonaram sua própria morada; Deus os conserva acorrentados em prisões de escuridão, aguardando o juízo do grande dia. E não se esqueçam das cidades de Sodoma e Gomorra, e as cidades vizinhas, todas cheias de imoralidade de toda espécie, inclusive a paixão de homens por outros homens. Aquelas cidades foram destruídas pelo fogo e continuam a servir de advertência para nós de que existe o castigo do fogo eterno. E ainda assim esses homens sonhadores continuam a viver vidas pecaminosas e imorais, desonrando seus próprios corpos, e rejeitam aqueles que têm autoridade sobre eles, até mesmo escarnecendo dos gloriosos seres celestiais. O próprio Miguel, um dos anjos mais poderosos, quando estava discutindo com o Diabo a respeito do corpo de Moisés, não se atreveu a acusar ou zombar dele, mas simplesmente lhe disse: “Que o Senhor o repreenda!” Mas esses homens zombam e praguejam contra tudo o que não compreendem; e, como animais irracionais, fazem tudo o que lhes dá vontade de fazer e, desse modo, se corrompem. Ai deles! Porque estão seguindo o exemplo de Caim e, como Balaão, eles fazem qualquer coisa na esperança de obter lucro, e foram destruídos na rebelião de Coré. Quando esses homens se juntam a vocês nas festas fraternais da igreja, são manchas malignas no meio de vocês, dando escândalo, comendo gulosamente e empanturrando-se, sem se preocuparem com os outros. São pastores que cuidam de si mesmos. São como nuvens sem chuva que o vento carrega. São como árvores frutíferas no outono sem nenhum fruto na ocasião da colheita. Não estão apenas mortos, mas duplamente mortos, pois foram arrancados, com raízes e tudo. Tudo o que eles deixam atrás de si é vergonha e desonra, como a espuma suja deixada pelas ondas bravias do mar. Andam vagueando de um lado para o outro, como estrelas errantes, mas adiante deles estão as densas trevas eternas que Deus preparou para eles. Enoque, que viveu há muito tempo, a sétima geração depois de Adão, sabia a respeito desses homens e sobre eles disse o seguinte: “Eis que o Senhor virá, acompanhado de milhares e milhares de seus santos, para trazer o juízo a todas as pessoas do mundo e convencer todos os perversos das coisas terríveis que fizeram em rebelião contra Deus, e revelar todas as palavras terríveis que esses pecadores ímpios disseram contra ele”. Essas pessoas são exploradores constantes, eternos insatisfeitos, fazendo todo o mal que lhes dá vontade; são uns exibicionistas espalhafatosos, e quando mostram interesse para com os outros, é só para conseguir deles alguma coisa em retribuição. Queridos amigos, lembrem-se do que os apóstolos do nosso Senhor Jesus Cristo profetizaram. Eles disseram a vocês: “Nos últimos tempos aparecerão escarnecedores, cujo único propósito na vida é deleitar-se em todas as formas de maldade que se possam imaginar”. Eles provocam divisões entre vocês; amam os desejos pecaminosos da sua alma e não têm o Espírito de Deus morando neles. Mas vocês, queridos amigos, devem edificar as suas vidas firmemente sobre o alicerce da santíssima fé que vocês têm, e devem orar no poder e na força do Espírito Santo. Continuem vivendo no amor de Deus, enquanto esperam pacientemente que a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo lhes dê a vida eterna. Tenham compaixão daqueles que duvidam. Salvem alguns, arrebatando-os do fogo. E quanto aos outros, ajudem-nos a encontrar o Senhor, sendo misericordiosos com eles, mas tomem cuidado para que vocês mesmos não sejam arrastados para os mesmos pecados deles. Detestem qualquer vestígio do pecado deles, mesmo a sua roupa, contaminada pelos seus desejos pecaminosos. Àquele que é poderoso para guardá-los de escorregar e cair e de levá-los, perfeitos e sem pecado, à sua gloriosa presença, com vigorosas aclamações de alegria perpétua, àquele que é o único Deus, que nos salva por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor, sim, a ele toda a glória, todo o esplendor e majestade, todo o poder e autoridade, que pertencem a ele desde o princípio, agora e para todo o sempre. Amém. Revelação de Jesus Cristo sobre acontecimentos que em breve devem acontecer. Deus permitiu que numa visão ele revelasse estas coisas aos seus servos. Ele enviou um anjo do céu para explicar o significado da visão. João pôs tudo por escrito — as palavras de Deus e de Jesus Cristo, e tudo o que ele ouviu. Feliz aquele que lê as palavras desta profecia e felizes aqueles que ouvem e guardam o que nela está escrito, pois está próximo o tempo quando todas estas coisas se cumprirão. João, às sete igrejas da província da Ásia. A vocês graça e paz de Deus, aquele que é, que era e que virá, e dos sete espíritos que se acham diante do trono dele; e de Jesus Cristo, que revela fielmente toda a verdade a nós. Ele foi o primeiro a se levantar da morte, para não morrer mais. Ele é muitíssimo mais importante do que qualquer rei em toda a terra. Ele nos ama sempre e nos libertou dos nossos pecados ao derramar o seu sangue por nós. Ele nos reuniu no seu reino e nos fez sacerdotes de Deus, o seu Pai. A ele seja dada glória eterna! Ele reina para sempre! Amém! Vejam! Ele vem chegando, com as nuvens; e todo olho o verá — incluindo aqueles que o traspassaram. E todas as nações da terra se lamentarão de tristeza por causa dele. Certamente assim será! Amém! “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim de todas as coisas”, diz Deus, que é o Senhor, o Todo-poderoso, o que é, o que era e que virá outra vez! Sou eu, João, irmão de vocês e companheiro no sofrimento por causa do Senhor, quem lhes está escrevendo esta carta. Eu também tenho participado da perseverança que Jesus concede, e nós participaremos do reino dele! Eu estava na ilha de Patmos, para onde tinha sido levado por causa da palavra de Deus e por causa do que sabia a respeito de Jesus. Era o dia do Senhor, e eu estava adorando e achei-me no Espírito, quando subitamente ouvi uma forte voz atrás de mim. Era uma voz que soava como um toque de trombeta, dizendo: “Ponha por escrito tudo o que você vê e mande a sua carta às sete igrejas: à igreja de Éfeso, à de Esmirna e às de Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodiceia”. Quando me voltei para ver quem estava falando, ali atrás de mim estavam sete castiçais de ouro. E entre os castiçais achava-se alguém “semelhante a um filho de homem”, vestido de um manto comprido que chegava aos seus pés, e uma faixa de ouro ao redor do peito. O cabelo dele era branco como a lã ou a neve, e os olhos eram labaredas de fogo. Os pés brilhavam como o bronze polido e a sua voz ressoava como o som de muitas águas. Ele segurava na mão direita sete estrelas e da sua boca saía uma afiada espada de dois gumes; e o rosto dele brilhava como a força do sol do meio-dia. Quando eu o vi, caí aos pés dele como morto; porém ele pôs a mão direita em cima de mim e disse: “Não tenha medo! Eu sou o primeiro e o último, o vivente que morreu, mas que agora está vivo para sempre. Eu tenho as chaves da morte e do inferno! Ponha por escrito o que você acaba de ver e as coisas que acontecerão depois. Este é o significado das sete estrelas que você viu na minha mão direita e dos sete castiçais de ouro: As sete estrelas são os sete anjos das sete igrejas, e os sete castiçais são as sete igrejas. “Ao anjo da igreja em Éfeso escreva esta carta: “Escrevo para transmitir-lhe uma mensagem daquele que tem as sete estrelas na mão direita e os sete castiçais de ouro. Eu sei quantas coisas boas você está fazendo. Tenho contemplado o seu árduo trabalho e a sua perseverança; sei que você não tolera o pecado, que tem examinado cuidadosamente as pretensões daqueles que dizem ser apóstolos mas não são, e já descobriu que eles são mentirosos. Você tem sofrido por mim com perseverança, sem desistir. “Todavia tenho uma coisa contra você: você não me ama como no princípio! Lembre-se de onde você caiu outra vez e trabalhe como fazia no início; caso contrário, eu virei e tirarei o seu castiçal do lugar dele. “Porém, há isto de bom a seu respeito: você detesta as obras dos nicolaítas, como eu também as detesto. “Que todo aquele que pode ouvir ouça o que o Espírito está dizendo às igrejas: A todos os que forem vitoriosos eu darei o direito de comer do fruto da árvore da vida que está no paraíso de Deus. “Ao anjo da igreja em Esmirna escreva esta carta: “Esta mensagem vem daquele que é o Primeiro e o Último, que esteve morto e depois voltou à vida. “Eu sei quanto você sofre pelo Senhor e sei tudo a respeito da sua pobreza, mas você tem riquezas! Conheço a calúnia daqueles que se opõem a você, que dizem que são judeus, mas não são, porque sustentam a causa de Satanás. Não tenha medo do que você está prestes a sofrer — pois o diabo brevemente lançará alguns de vocês na prisão para experimentá-los. Vocês serão perseguidos durante dez dias. Mostre-se fiel até mesmo quando estiver enfrentando a morte e eu lhe darei a coroa da vida. Que todo aquele que pode ouvir ouça o que o Espírito está dizendo às igrejas: Aquele que for vitorioso não sofrerá a segunda morte. “Ao anjo da igreja em Pérgamo escreva: “Esta mensagem vem daquele que empunha a afiada espada de dois gumes. Eu estou bem ciente de que você mora na cidade onde está o trono de Satanás. Apesar disso você tem permanecido fiel a mim, e recusou negar-me mesmo quando Antipas, minha testemunha fiel, foi morto entre vocês, onde habita Satanás. “Todavia, eu tenho algumas coisas contra você. Você tolera no seu meio alguns que seguem os ensinos de Balaão, que ensinou Balaque a armar ciladas contra o povo de Israel envolvendo-o em pecados sexuais e estimulando-o a ir às festas de ídolos. Sim, existem alguns desses mesmos seguidores de Balaão entre vocês que seguem os ensinos dos nicolaítas! “Mude a sua mente e a sua atitude; caso contrário, eu virei a você subitamente e lutarei contra eles com a espada da minha boca. “Que todo aquele que pode ouvir ouça o que o Espírito está dizendo às igrejas: Todo aquele que for vitorioso comerá do maná escondido; e a cada um eu darei uma pedra branca, e na pedra estará gravado um nome novo que ninguém mais conhece, a não ser aquele que o recebe. “Ao anjo da igreja em Tiatira escreva esta carta: “Esta é uma mensagem que vem do Filho de Deus, cujos olhos penetram como labaredas de fogo, cujos pés brilham como o bronze reluzente. “Eu estou ciente de todas as suas obras, o seu amor, a sua fé, o seu serviço e a sua paciência, e observo o seu constante progresso, fazendo mais agora do que no princípio. “Todavia, tenho contra você o seguinte: Você está permitindo que Jezabel, aquela mulher que se diz profetisa, instigue os meus servos a praticar a imoralidade sexual e a comer carne que foi sacrificada aos ídolos. Eu dei tempo a ela para mudar a sua mente e a atitude da sua imoralidade sexual, porém ela recusou. Agora preste atenção ao que estou dizendo: Eu a prostrarei doente numa cama, numa tremenda aflição, juntamente com todos os seus seguidores imorais, a menos que se voltem para mim novamente, arrependidos do pecado que ela pratica; e ferirei de morte os filhos dela. E todas as igrejas saberão que eu sou aquele que sonda profundamente o coração e a mente dos homens; eu darei a cada um de vocês aquilo que merecer. “Quanto aos restantes de vocês de Tiatira, que não seguiram o falso ensino dela, ‘as verdades mais profundas’, como eles as chamam, os profundos segredos de Satanás, não pedirei de vocês mais nada além do que já pedi; tão somente segurem com firmeza o que vocês têm, até que eu venha. “A cada um que vencer, que continuar fazendo as coisas que me agradam até o fim, darei autoridade sobre as nações. Ele as governará com uma vara de ferro, elas serão esmigalhadas como um vaso de barro quando é quebrado em pedaços. Eu lhe darei a mesma autoridade que recebi de meu Pai, e também darei a vocês a estrela da manhã! “Que todo aquele que pode ouvir ouça o que o Espírito está dizendo às igrejas. “Ao anjo da igreja em Sardes escreva esta carta: “Esta mensagem é enviada a você por aquele que tem os sete espíritos de Deus e as sete estrelas. “Eu conheço as suas obras; você tem a fama de igreja viva e ativa, mas está morta. Portanto, acorde! Fortaleça o pouco que resta, porque até mesmo o que restou está a ponto de morrer. As suas obras estão longe de ser corretas aos olhos de Deus. Volte ao que você ouviu e creu no princípio; retenha-o firmemente e volte-se para mim outra vez. Se não o fizer, eu virei subitamente a você, sem ser esperado, como um ladrão, e o castigarei. “Todavia, mesmo aí em Sardes alguns não mancharam suas roupas com a imundícia do mundo; eles andarão comigo vestidos de branco, porque são dignos. Todo aquele que vencer será vestido de branco, eu não apagarei o nome dele do Livro da Vida e o reconhecerei diante do meu Pai e dos seus anjos. “Que todo aquele que pode ouvir ouça o que o Espírito está dizendo às igrejas. “Ao anjo da igreja em Filadélfia escreva esta carta: “Esta mensagem é enviada a você por aquele que é santo e verdadeiro, que tem a chave de Davi para abrir o que ninguém pode fechar e fechar o que ninguém pode abrir. “Conheço bem as suas obras! Você não é forte, mas tem procurado obedecer à minha palavra e não tem negado o meu nome. Portanto, eu lhe abri uma porta que ninguém pode fechar. “Veja o que eu farei com todos aqueles que sustentam as causas de Satanás enquanto afirmam ser judeus, mas não são; eles são mentirosos. Farei com que caiam aos seus pés e reconheçam que é você aquele que eu amo. “Pelo fato de que você me obedeceu com perseverança apesar da perseguição, eu o protegerei do tempo do grande sofrimento e provação que virá sobre o mundo para pôr à prova todos os habitantes da terra. Atenção, eu volto logo! Guarde firmemente o que você tem, para que ninguém tome a sua coroa. “Quanto àquele que vencer, eu o farei uma coluna no templo do meu Deus; ele estará firme, e não sairá mais; e eu escreverei nele o nome do meu Deus, e será cidadão na cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu vinda do meu Deus; e terá o meu novo nome gravado nele. “Que todo aquele que pode ouvir ouça o que o Espírito está dizendo às igrejas. “Ao anjo da igreja de Laodiceia escreva esta carta: “Esta mensagem vem daquele que permanece firme, a testemunha fiel e verdadeira, a fonte primitiva da criação de Deus: “Eu conheço bem as suas obras, sei que você não é quente nem frio; eu desejaria que você fosse ou uma coisa ou outra! Porém já que você é meramente morno, eu estou a ponto de cuspir você da minha boca! “Você diz: ‘Eu sou rico, tenho tudo o que necessito; não preciso de coisa alguma’. E não percebe que espiritualmente você é um desgraçado, um miserável, um pobre, cego e nu. “O meu conselho a você é que compre de mim ouro puro, ouro purificado pelo fogo — só então você será verdadeiramente rico. E que adquira de mim vestes brancas, limpas e puras, para cobrir a sua vergonha e nudez; e compre de mim remédio para curar os seus olhos e devolver-lhe a sua vista. Eu corrijo e disciplino todo aquele a quem amo; portanto, abandone a sua indiferença e se torne um entusiasta das coisas de Deus. “Atenção! Eu tenho permanecido à porta e estou batendo constantemente. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, eu entrarei e farei companhia a ele, e ele a mim. E permitirei que cada um que vencer se sente ao meu lado no meu trono, assim como eu ocupei o meu lugar com o meu Pai em seu trono quando me tornei vencedor. Que todo aquele que pode ouvir ouça o que o Espírito está dizendo às igrejas”. Então, quando olhei, vi uma porta aberta no céu, e a mesma voz que eu tinha ouvido antes, que tinha soado como um poderoso toque de trombeta, falou comigo e disse: “Suba para cá e eu lhe mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas!” E no mesmo instante eu fui dominado pelo Espírito. E vi um trono no céu e alguém sentado nele! O seu rosto brilhava como as pedras de jaspe e sardônio e um arco-íris fulgurante como uma esmeralda envolvia o trono. Esse trono estava rodeado por vinte e quatro tronos, com vinte e quatro anciãos sentados neles, todos vestidos de branco, com coroas de ouro na cabeça. Do trono saíam relâmpagos e trovões, e havia vozes nos trovões. Bem na frente do trono dele havia sete lâmpadas acesas, que são os sete espíritos de Deus. Diante do trono achava-se estendido um brilhante mar de cristal. Nos quatro lados do trono estavam quatro seres viventes, cobertos de olhos na frente e atrás. O primeiro destes seres viventes tinha a forma de um leão; o segundo parecia um boi; o terceiro tinha o rosto de um homem; e o quarto tinha a forma de uma águia, com as asas abertas como se estivesse voando. Cada um desses seres viventes tinha seis asas, e a parte central das asas deles estava coberta de olhos. Dia e noite eles viviam dizendo: “Santo! Santo! Santo é o Senhor Deus Todo-poderoso, que era, que é, e que virá”. E, quando os seres viventes deram glória, honra e agradecimentos ao que está sentado no trono, que vive para todo o sempre, os vinte e quatro anciãos caíram diante dele e adoraram aquele que vive eternamente; e depositaram suas coroas diante do trono, dizendo: “Ó Senhor, e Deus nosso, digno é de receber a glória, a honra e o poder, porque o Senhor criou todas as coisas. Elas foram criadas e chamadas à existência por um ato da sua vontade”. Então vi na mão direita daquele que está assentado no trono um livro em forma de rolo de pergaminho; e o rolo estava escrito por dentro e por fora, e estava fechado com sete selos. Vi um anjo poderoso proclamando com uma forte voz: “Quem é digno de quebrar os selos deste rolo e abri-lo?” Mas ninguém em todo o céu, nem na terra toda, nem dentre os mortos, tinha permissão para abrir e ler o rolo. Então eu chorei muito, porque ninguém em parte alguma era digno de abrir o livro, nem mesmo de olhar para ele. Porém um dos anciãos me disse: “Pare de chorar! O Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu e mostrou que é digno de abrir o livro e quebrar os sete selos”. Eu olhei e vi ali um Cordeiro em pé, diante dos vinte e quatro anciãos, na frente do trono e dos seres viventes. Parecia que o Cordeiro tinha sido oferecido em sacrifício. Ele tinha sete chifres e sete olhos, que representam os sete espíritos de Deus enviados a todas as partes do mundo. Ele deu um passo à frente e recebeu o livro da mão direita daquele que estava assentado no trono. E quando ele recebeu o livro, os vinte e quatro anciãos caíram de joelhos diante do Cordeiro, cada um com uma harpa e com taças de ouro cheias de incenso, que são as orações do povo de Deus! Eles cantavam-lhe um cântico novo com estas palavras: “O Senhor é digno de receber o livro e quebrar os seus selos e abri-lo; porque foi morto, e com o seu sangue comprou para Deus pessoas de toda tribo, língua, povo e nação. E os reuniu num reino e os fez sacerdotes do nosso Deus; e eles reinarão sobre a terra”. Então na minha visão eu ouvi a voz de muitos anjos, milhares, milhares de milhares e milhões de milhões. Eles rodeavam o trono, bem como os seres viventes e os anciãos, e cantavam com voz forte: “O Cordeiro que foi morto é digno de receber o poder, e a riqueza, e a sabedoria, e a força, e a honra, e a glória, e o louvor!” E então ouvi todas as criaturas que há no céu, na terra, debaixo da terra e no mar, e tudo que neles existe, exclamando: “Ao que está sentado no trono e ao Cordeiro pertencem o louvor, e a honra, e a glória, e o poder, para todo o sempre”. E os quatro seres viventes ficavam dizendo: “Amém!” E os vinte e quatro anciãos caíram por terra e o adoraram. Enquanto eu observava, o Cordeiro quebrou o primeiro dos sete selos. Então um dos quatro seres viventes, com uma voz que soava como o trovão, disse: “Venha!” Olhei, e ali na minha frente estava um cavalo branco. Aquele que o montava levava um arco, e puseram-lhe uma coroa na cabeça; ele saiu cavalgando para vencer e conquistar. Então o Cordeiro quebrou o segundo selo. E ouvi o segundo ser vivente dizer: “Venha!” Desta vez surgiu um cavalo vermelho. Ao que o montava foi dada uma espada comprida e a autoridade de tirar a paz da terra e fazer com que os homens se matassem uns aos outros. Quando o Cordeiro quebrou o terceiro selo, ouvi o terceiro ser vivente dizer: “Venha!” e vi um cavalo negro, com aquele que o montava segurando uma balança na mão. E uma voz que vinha dentre os quatro seres viventes disse: “Só um quilo de trigo ou três quilos de cevada por um denário, mas não há azeite de oliva nem vinho”. E quando o Cordeiro abriu o quarto selo, ouvi o quarto ser vivente dizer: “Venha!” Então vi um cavalo amarelo, e o nome daquele que o montava era Morte. E seguia atrás dele outro cavalo, e o nome do que montava neste era Inferno. Eles receberam domínio sobre a quarta parte da terra, para matar pela guerra, pela fome, pela doença e por intermédio dos animais selvagens da terra. E quando ele quebrou o quinto selo, vi um altar e, debaixo dele, todas as almas dos que tinham sido mortos como mártires por pregarem a palavra de Deus e por serem fiéis em seu testemunho. Eles clamavam em voz alta ao Senhor e diziam: “Ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, quanto tempo ainda vai passar antes que o Senhor julgue os povos da terra? Quando vingará o nosso sangue?” E foi entregue um manto branco a cada um deles, e lhes disseram que descansassem mais um pouco até que os outros irmãos deles, irmãos em Jesus, sofressem o martírio na terra e se unissem a eles. Eu estava contemplando quando ele quebrou o sexto selo, e houve um grande terremoto; o sol ficou escuro como pano negro, e a lua ficou da cor de sangue. Então parecia que as estrelas do céu estavam caindo sobre a terra como figos verdes das figueiras sacudidas por ventos fortes. E o céu estrelado desapareceu, como se tivesse sido enrolado à maneira de um rolo de pergaminho e tirado dali; e cada montanha e cada ilha foram removidas de seus lugares. Os reis da terra e os príncipes do mundo, os oficiais militares, os ricos, os poderosos — todos os homens grandes e pequenos, escravos e livres, escondiam-se nas cavernas e nas rochas das montanhas, e gritavam às montanhas e às rochas, suplicando: “Caiam em cima de nós e escondam-nos do rosto daquele que está assentado no trono e da ira do Cordeiro, porque o grande dia da ira do Cordeiro chegou, e quem pode sobreviver a ele?” Então vi quatro anjos em pé nos quatro cantos da terra, impedindo os quatro ventos de soprarem na terra, no mar e em qualquer árvore. E vi outro anjo que vinha do leste, trazendo o grande sinete do Deus vivente. E gritou em alta voz para aqueles quatro anjos que tinham recebido poder para fazer mal à terra e ao mar: “Esperem! Não façam nada ainda — não façam mal nem à terra, nem ao mar, nem às árvores — até que tenhamos posto a marca de Deus nas testas dos seus servos”. Eu ouvi o número dos que receberam esta marca. Eram 144.000, de todas as tribos de Israel. Da tribo de Judá foram selados 12.000, da tribo de Rúbem, 12.000, da tribo de Gade, 12.000, da tribo de Aser, 12.000, da tribo de Naftali, 12.000, da tribo de Manassés, 12.000, da tribo de Simeão, 12.000, da tribo de Levi, 12.000, da tribo de Issacar, 12.000, da tribo de Zebulom, 12.000, da tribo de José, 12.000, da tribo de Benjamim, 12.000. Depois disto, eu vi uma imensa multidão, grande demais para ser contada, de todas as nações, tribos, povos e línguas, que estava em pé diante do trono e diante do Cordeiro, com vestes brancas e com folhas de palmeiras nas mãos. E estavam gritando com um grande clamor: “A salvação vem do nosso Deus que está assentado no trono, e do Cordeiro”. E nesse momento todos os anjos estavam reunidos em pé ao redor do trono, dos anciãos e dos quatro seres viventes, e caindo com o rosto em terra diante do trono adoravam a Deus, dizendo: “Amém! Louvor, e glória, e sabedoria, e agradecimentos, e honra, e força e poder sejam ao nosso Deus para sempre e sempre. Amém!” Então um dos vinte e quatro anciãos me perguntou: “Você sabe quem são estes que estão vestidos de branco e de onde eles vieram?” “Eu não sei, Senhor”, respondi. “O Senhor sabe”. “Estes são aqueles que saíram da grande tribulação”, disse ele. “Lavaram suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro. É por isso que eles estão aqui diante do trono de Deus, servindo-o de dia e de noite no seu templo. Aquele que está sentado no trono os abrigará na sua morada. Eles nunca mais terão fome, nem sede, e serão totalmente protegidos do sol e do calor escaldante do meio-dia. Porque o Cordeiro que está diante do trono será o pastor deles e os guiará às fontes da água da vida. E Deus enxugará dos seus olhos toda lágrima”. Quando o Cordeiro quebrou o sétimo selo, houve silêncio no céu inteiro durante cerca de meia hora. E eu vi os sete anjos que ficam diante de Deus, aos quais foram entregues sete trombetas. Então veio outro anjo com um incensário de ouro e colocou-se junto do altar; e lhe deram uma grande quantidade de incenso, para que ele o misturasse com as orações do povo de Deus, para oferecer sobre o altar de ouro diante do trono. E das mãos do anjo subia para Deus o perfume do incenso com as orações do povo de Deus. Nisso o anjo encheu o incensário com fogo tirado do altar e o jogou sobre a terra; e houve trovões, vozes, relâmpagos e um terremoto. Então os sete anjos com as sete trombetas prepararam-se para tocá-las. O primeiro anjo tocou a sua trombeta, e foram jogados sobre a terra fogo e uma chuva de pedras, misturados com sangue. Uma terça parte da terra pegou fogo, de maneira que foi queimada uma terça parte das árvores e toda erva verde. Depois o segundo anjo tocou sua trombeta, e o que parecia uma enorme montanha em chamas foi jogado no mar, e uma terça parte do mar ficou vermelha como sangue; morreu uma terça parte das criaturas do mar e foi destruído um terço de todos os navios e barcos. O terceiro anjo tocou a sua trombeta, e uma grande estrela chamejante caiu do céu em cima de uma terça parte dos rios e das fontes de água. A estrela foi chamada “Amargura”, porque ela envenenou uma terça parte de toda a água da terra e morreu muita gente. O quarto anjo tocou a sua trombeta e imediatamente a terça parte do sol, da lua e das estrelas foi ferida e escureceu. Deste modo a luz do dia diminuiu em uma terça parte e a escuridão da noite cresceu. Enquanto eu estava contemplando, vi uma águia voando sozinha pelos céus; e gritava em alta voz: “Ai, ai, ai dos que moram na terra por causa das terríveis coisas que brevemente acontecerão quando os três anjos restantes tocarem suas trombetas”. Nisso o quinto anjo tocou a sua trombeta, e eu vi uma estrela que caiu do céu na terra, e foi-lhe entregue a chave do abismo insondável. Quando ela abriu o abismo, saiu fumaça como se fosse duma imensa fornalha, e o sol e o céu ficaram escurecidos pela fumaça que saía do abismo. Então saíram gafanhotos da fumaça e desceram sobre a terra; e foi-lhes dado poder para ferroar como escorpiões da terra. Foi-lhes dito que não prejudicassem a erva, nem as plantas, nem as árvores, mas sim que atacassem as pessoas que não tivessem a marca de Deus na testa. Eles não deviam matá-las, e sim torturá-las durante cinco meses com sofrimento semelhante à dor da ferroada de escorpião. Naqueles dias os homens procurarão matar-se mas não poderão fazê-lo — a morte não virá. Suspirarão por morrer — mas a morte fugirá! Os gafanhotos pareciam cavalos armados para a batalha. Tinham na cabeça o que pareciam coroas de ouro, e o rosto deles era semelhante a rostos de homens. O cabelo deles era como o das mulheres, e os dentes como os de leão. Levavam couraças que pareciam feitas de ferro, e as asas deles roncavam como um exército de carruagens correndo para a batalha. Tinham caudas com ferrão, como escorpiões, e o seu poder de ferir, dado a eles por cinco meses, estava na cauda. O rei deles é o príncipe do Abismo insondável, cujo nome em hebraico é Abadom, e em grego, Apoliom. Um terror termina aqui, porém há mais dois que ainda vêm! O sexto anjo tocou sua trombeta e eu ouvi uma voz que vinha dos quatro chifres do altar de ouro que está diante do trono de Deus, dizendo ao sexto anjo que tinha a trombeta: “Solte os quatro anjos que estão amarrados junto ao grande rio Eufrates”. Os quatro anjos estavam de prontidão para aquele ano, mês, dia e hora, e então foram soltos para matar uma terça parte da humanidade. Eles dirigiam um exército de duzentos milhões de guerreiros — eu ouvi um anúncio de quantos havia. E vi os cavalos deles espalhados diante de mim, na minha visão; os seus cavaleiros levavam couraças vermelhas como fogo, embora algumas fossem azul-celeste como o jacinto e outras amarelas como o enxofre. A cabeça dos cavalos parecia muito com a de um leão, e das suas bocas lançavam fumaça, fogo e enxofre incandescente; e mataram uma terça parte da humanidade pelas três pragas: fogo, fumaça e enxofre que saíam das suas bocas. O seu poder de matar não estava só na boca, mas também na cauda, porque suas caudas eram semelhantes à cabeça de serpentes com as quais feriam as pessoas. Mas os homens que foram deixados vivos depois destas pragas ainda se recusaram a arrepender-se das obras das suas mãos. Não quiseram deixar o seu culto aos demônios, nem seus ídolos feitos de ouro, prata, bronze, pedra e madeira, ídolos que nem podem ver, nem ouvir, nem andar! Tampouco mudaram de opinião ou de atitude a respeito de todos os seus assassinatos e atos de feitiçaria, das suas imoralidades sexuais e dos seus roubos. Então vi um outro anjo poderoso descendo do céu, rodeado por uma nuvem e com um arco-íris sobre a cabeça; o rosto dele brilhava como o sol e os pés chamejavam como fogo. E segurava na mão um livrinho aberto. Ele pôs o pé direito no mar e o pé esquerdo na terra, e deu um grande brado — como o rugido de um leão — e os sete trovões falaram. Eu estava para escrever o que os trovões disseram, quando uma voz do céu me chamou: “Guarde o que disseram. As palavras deles não devem ser reveladas”. Então o anjo poderoso que estava sobre o mar e a terra levantou a mão direita para o céu e jurou por aquele que vive para todo o sempre, que criou o céu e tudo o que nele existe, e a terra e tudo o que nela existe, e o mar e tudo o que nele habita, que não haveria mais demora, mas que, quando o sétimo anjo tocasse sua trombeta, então se cumpriria o plano de Deus — o mistério que foi anunciado pelos seus servos, os profetas. Nisto a voz do céu falou novamente comigo: “Vá receber o livro aberto do anjo poderoso que está ali sobre o mar e a terra”. Por isso eu me aproximei do anjo e pedi-lhe que me desse o livrinho. “Pois não, tome-o e coma-o”, disse ele. “No princípio terá o sabor de mel, mas, quando o engolir, se tornará amargo em seu estômago”. Assim, eu o recebi da mão dele e comi! E, tal como ele tinha falado, era doce na minha boca, mas se tornou amargo no meu estômago, quando o engoli. Então ele me disse: “Você deve profetizar de novo a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis”. Depois disto deram-me um caniço semelhante a uma vara de medir e me disseram que fosse medir o templo de Deus, incluindo o pátio inteiro onde fica o altar, e contasse o número de adoradores. “Mas não meça o pátio externo”, disseram-me, “porque ele foi entregue às nações. Elas pisarão a cidade santa durante quarenta e dois meses. E eu darei poder às minhas duas testemunhas para profetizarem 1.260 dias vestidas de pano de saco”. Essas duas testemunhas são as duas oliveiras e os dois castiçais colocados diante da terra. Todo aquele que tentar fazer-lhes qualquer mal será morto pelo fogo que sairá de suas bocas. E assim deverá morrer qualquer pessoa que tenha a intenção de lhes causar dano. Esses homens têm poder de fechar os céus para que não caia chuva durante o tempo que profetizarem, de transformar os rios e oceanos em sangue e de enviar sobre a terra todas as espécies de praga tantas vezes quantas eles quiserem. Quando completarem seu testemunho solene, a besta que sai do abismo insondável vai declarar guerra a eles; ela irá vencê-los e matá-los; e os corpos deles ficarão expostos na rua principal da grande cidade, a cidade convenientemente descrita como Sodoma ou Egito — o mesmo lugar onde o seu Senhor foi crucificado. Durante três dias e meio, ninguém terá licença para sepultá-los, e gente de todos os povos, tribos, línguas e nações se amontoará em volta deles. E as pessoas em toda parte se alegrarão, trocarão presentes entre si e darão festas para comemorar a morte dos dois profetas que tinham atormentado os que habitam na terra. Mas, depois de três dias e meio, o espírito de vida procedente de Deus entrou neles, e eles se levantaram! E caiu grande temor sobre aqueles que os viram! Então uma forte voz bradou do céu: “Subam aqui!” E os dois profetas subiram ao céu numa nuvem enquanto seus inimigos os contemplavam. Na mesma hora houve um violento terremoto que arrasou uma décima parte da cidade e deixou 7.000 mortos. Então cada um dos que foram deixados, com muito medo deram glória ao Deus do céu. O segundo ai já passou, mas o terceiro vem logo depois. O sétimo anjo tocou sua trombeta, e houve vozes altas bradando dos céus: “O reino deste mundo agora pertence ao nosso Senhor e ao seu Cristo; e ele reinará para todo o sempre”. E os vinte e quatro anciãos sentados em seus tronos diante de Deus prostraram-se, com os rostos no chão em adoração a Deus, dizendo: “Nós lhe agradecemos, Senhor Deus Todo-poderoso, que é, e que era, porque agora o Senhor tomou posse do seu grande poder e começou a reinar. As nações ficaram iradas contra o Senhor, porém agora é a sua vez de ficar irado contra elas. É tempo de julgar os mortos e recompensar os seus servos — tanto os profetas como o seu povo e todos os que temem o seu nome, tanto grandes como pequenos — e de destruir aqueles que causaram destruição sobre a terra”. Então, no céu, abriu-se o templo de Deus e a arca da sua aliança pôde ser vista. E houve relâmpagos, vozes, trovões, um terremoto e uma grande tempestade de pedras. Então apareceu no céu um grande sinal: Vi uma mulher vestida de sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça. Ela estava grávida e gritava com as dores do parto, esperando a hora de dar à luz. Subitamente apareceu um outro sinal: Um enorme dragão vermelho, com sete cabeças e dez chifres, e sete coroas nas cabeças. Com a cauda ele puxou atrás de si uma terça parte das estrelas do céu, que depois lançou na terra. O dragão ficou na frente da mulher enquanto ela estava para dar à luz, pronto para devorar o filho logo que nascesse. A mulher deu à luz um menino que devia governar todas as nações com mão forte, e ele foi arrebatado para junto de Deus e de seu trono. A mulher fugiu para o deserto, onde Deus lhe tinha preparado um lugar, para cuidar dela durante 1.260 dias. Então houve guerra no céu; Miguel e os anjos debaixo do comando dele lutaram contra o dragão e os seus exércitos de anjos. O dragão não foi suficientemente forte, e perdeu a batalha e foi expulso dos céus. Esse grande dragão — a antiga serpente chamada diabo ou Satanás, aquele que engana o mundo todo — foi lançado sobre a terra com todos os seus anjos. Depois ouvi uma forte voz que bradava pelos céus: “Por fim aconteceu! A salvação, o poder e o Reino do nosso Deus e a autoridade do seu Cristo finalmente se manifestaram aqui; porque o acusador dos nossos irmãos foi lançado fora, aquele que os acusa dia e noite diante do nosso Deus. Eles o derrotaram pelo sangue do Cordeiro e pelo testemunho deles; pois não amaram suas vidas, nem diante da própria morte. Portanto, alegrem-se, ó céus! Vocês, cidadãos do céu, alegrem-se! Fiquem contentes! Porém ai da terra e do mar, pois o diabo desceu até vocês com grande fúria, sabendo que lhe resta pouco tempo”. E quando o dragão viu que tinha sido jogado na terra, perseguiu a mulher que tinha dado à luz o menino. Mas a mulher recebeu duas asas como as de uma grande águia, a fim de voar para o deserto ao lugar preparado para ela, onde foi cuidada e protegida da serpente por três anos e meio. E a serpente, num esforço para alcançar a mulher, fez jorrar da sua boca uma enorme torrente de água para arrastá-la com a correnteza; mas a terra ajudou a mulher, porque abriu a boca e engoliu a torrente que o dragão tinha feito jorrar da sua boca! Então o dragão, furioso, desfechou um ataque ao restante da sua descendência — todos aqueles que guardam os mandamentos de Deus e confessam que pertencem a Jesus. E para isso o dragão ficou em pé numa praia. E agora, em minha visão, eu vi uma besta levantando-se do mar. Tinha sete cabeças e dez chifres, e dez coroas nos chifres. E em cada cabeça estavam escritos nomes insultuosos, cada um deles blasfemando contra Deus. Esta besta parecia um leopardo, mas tinha pés como os de urso e boca como a de leão! E o dragão deu à besta o seu próprio poder, o seu trono e grande autoridade. E eu vi que uma das cabeças dela parecia ferida, sem possibilidade de cura — mas a ferida mortal foi curada! O mundo inteiro ficou maravilhado com esse milagre e, com grande medo, seguiu a besta. Todos adoravam o dragão por ter dado a ela tal poder, e adoravam também a besta, dizendo: “Onde haverá alguém tão grande como a besta?” “Quem é capaz de lutar contra ela?” Então foi permitido à besta falar palavras arrogantes e blasfêmias contra o Senhor; e lhe foi dada autoridade para governar a terra durante quarenta e dois meses. Todo aquele tempo ela blasfemou contra o nome de Deus, o tabernáculo dele e todos aqueles que moram no céu. Ela recebeu poder para lutar contra o povo de Deus e vencê-lo, e governar sobre toda tribo, povo, língua e nação. E toda a humanidade, cujos nomes não estavam escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a criação do mundo, adorará a besta. Todo aquele que pode ouvir, ouça com cuidado: Do povo de Deus, aqueles que se destinam ao cárcere, serão presos e levados; aqueles que se destinam à morte pela espada, serão mortos pela espada. Mas não se espantem, porque esta é a oportunidade de vocês serem perseverantes e fiéis. Depois eu vi outra besta; essa outra surgiu da terra, com dois chifres como os de um cordeiro, mas com voz de um dragão. Ela exercia toda a autoridade da besta cuja ferida mortal havia sido curada, e exigia que todos os habitantes da terra adorassem a primeira besta. E operava milagres inacreditáveis, tais como fazer cair fogo do céu à terra diante dos olhos de todo o mundo. Ao fazer esses milagres, ela enganava o povo em toda parte. E podia fazer essas coisas admiráveis todas as vezes que a primeira besta estava lá para contemplá-la. E ela ordenou ao povo do mundo que fizesse uma grande estátua da primeira besta, que tinha sido mortalmente ferida e depois tinha voltado à vida. Foi-lhe permitido dar fôlego a essa estátua e até fazê-la falar! Então a estátua ordenou que todo aquele que se recusasse a adorá-la morresse! Depois ela exigiu que todos — grandes e pequenos, ricos e pobres, escravos e livres — fossem marcados com determinado sinal na mão direita ou na testa. E ninguém podia comprar ou vender sem aquele sinal, que era o nome da besta ou o número do nome dela em código. Este é um enigma que exige um estudo cuidadoso para solucioná-lo. Aqueles que são capazes calculem o número da besta, pois é o número de homem. Seu número é 666! Então eu vi o Cordeiro em pé no monte Sião, e com ele estavam 144.000 que tinham o nome dele e o nome do seu Pai escritos nas suas testas. E ouvi um som que vinha do céu como o rugir de uma grande cachoeira e o estrondo de um poderoso trovão; era como o som de um coro acompanhado por harpas. Este som era um maravilhoso cântico novo entoado diante do trono de Deus, diante dos quatro seres viventes e dos anciãos; e ninguém podia aprender este cântico, a não ser estes 144.000 que haviam sido comprados da terra. Porquanto eles se conservaram puros por não terem tido relações com mulheres, e seguem o Cordeiro por todo lugar aonde ele vai. Foram comprados dentre os homens da terra como uma oferta consagrada a Deus e ao Cordeiro. E não podem ser acusados de nenhuma mentira; são irrepreensíveis. Então vi outro anjo voando pelos céus, levando o evangelho eterno para anunciar àqueles que estão na terra — a toda nação, tribo, língua e povo. “Temam a Deus”, disse ele em alta voz, “e louvem a grandeza dele, porque chegou o tempo em que ele vai julgar a humanidade. Adorem aquele que fez os céus e a terra, o mar e todas as fontes das águas”. Então um segundo anjo o seguiu pelos céus, dizendo: “Caiu! Caiu a Babilônia, a grande cidade, porque ela seduziu as nações do mundo e as fez participar do vinho da sua terrível imoralidade”. E um terceiro anjo os seguiu, dizendo em alta voz: “Todo aquele que adorar a besta e a estátua dela, e receber o seu sinal na testa ou na mão, deve beber do vinho do furor de Deus; este é derramado sem mistura na taça da ira de Deus. E serão atormentados com fogo e enxofre incandescente, na presença dos santos anjos do Cordeiro. A fumaça do tormento deles sobe para todo o sempre, e eles não terão alívio de dia nem de noite, porque adoraram a besta e a sua estátua, e foram marcados com o sinal do nome dela”. Que isso anime o povo de Deus a suportar com perseverança cada provação e perseguição, porque os santos dele são os que até o fim permanecem firmes na obediência às suas ordens e permanecem fiéis a Jesus. E ouvi uma voz nos céus, dizendo: “Ponha isto por escrito: Finalmente chegou o tempo dos seus mártires entrarem na plena recompensa deles. Sim, diz o Espírito, eles são verdadeiramente felizes, pois agora descansarão de todas as suas fadigas e provações; porque as suas boas obras os acompanharão!” Então o cenário mudou e vi uma nuvem branca; e assentado nela estava alguém que se parecia com um filho do homem, com uma coroa de ouro maciço na cabeça e uma foice afiada na mão. Nisso um outro anjo veio do templo e bradou em alta voz para aquele que estava sentado na nuvem: “Comece a usar a foice, porque chegou o tempo de ceifar, pois a colheita está madura na terra”. Portanto, aquele que estava sentado na nuvem passou a foice pela terra, e fez a colheita. Depois outro anjo saiu do templo dos céus e este também tinha uma foice afiada. Nesse exato momento um outro anjo que tem poder sobre o fogo saiu do altar e bradou em alta voz ao anjo com a foice afiada: “Utilize agora a sua foice afiada para cortar os cachos de uvas da vinha da terra, porque as suas uvas estão maduras!” Assim foi que o anjo passou a foice pela terra e encheu de uvas o grande lagar da ira de Deus. E as uvas foram esmagadas no lagar, fora da cidade, e correu sangue do lagar numa torrente de cerca de 300 quilômetros de comprimento, e chegava até as rédeas dos cavalos. Vi no céu outro sinal, grande e maravilhoso, mostrando coisas que estão para acontecer: sete anjos foram designados para carregar para a terra as sete últimas pragas — e, com isto, finalmente se completa a ira de Deus. Diante de mim achava-se estendido o que parecia um mar de fogo e vidro, e nele estavam em pé todos aqueles que tinham sido vitoriosos sobre a besta, a sua estátua, o seu sinal e o seu número. Todos estavam segurando harpas que tinham sido dadas por Deus, e estavam entoando o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro: “Grandes e maravilhosos São os seus feitos, Senhor Deus Todo-poderoso. Justos e verdadeiros são os seus caminhos, Rei das nações. Quem não o temerá, ó Senhor? Quem não glorificará o seu nome? Pois só o Senhor é santo. Todas as nações virão e adorarão diante do Senhor, porque os seus feitos de justiça têm sido manifestos”. Nisto olhei e vi que se abriu nos céus o templo, a morada da aliança! Então vieram do templo os sete anjos que foram designados para derramar as sete pragas, vestidos de linho imaculadamente branco e resplandecente, com cintos de ouro ao redor do peito. E um dos quatro seres viventes entregou a cada um dos sete anjos uma taça de ouro cheia da ira do Deus que vive para todo o sempre. O templo ficou cheio de fumaça da glória e do poder de Deus; e ninguém podia entrar enquanto os sete anjos não tivessem acabado de derramar as sete pragas. E ouvi uma poderosa voz bradando do templo aos sete anjos: “Agora sigam o seu caminho e esvaziem sobre a terra as sete taças da ira de Deus”. Assim foi que o primeiro anjo saiu do templo e derramou a taça dele sobre a terra; e abriram-se feridas horríveis e malignas em todo aquele que tinha o sinal da besta e estava adorando a sua estátua. O segundo anjo derramou sua taça sobre o mar; e ele se transformou em sangue como de um morto, e morreu toda criatura que vivia no mar. O terceiro anjo derramou a taça dele sobre os rios e as fontes; e eles se transformaram em sangue. E eu ouvi este anjo das águas afirmando: “O Senhor é justo ao enviar este julgamento, ó Santo, que é e que era, pois os seus santos e profetas foram mortos como mártires e o sangue deles foi derramado sobre a terra; e agora, em troca, o Senhor deu o sangue para eles beberem. Eles estão recebendo o que merecem”. E ouvi uma voz que vinha do altar. A voz dizia: “Sim, Senhor Deus Todo-poderoso, os seus juízos são justos e verdadeiros”. Então o quarto anjo derramou a taça dele sobre o sol; e fez o sol queimar as pessoas com fogo. Elas foram queimadas por esse sopro de calor, e amaldiçoaram o nome de Deus que enviou as pragas; no entanto, elas não mudaram sua mente nem sua atitude para dar glória a ele. Então o quinto anjo derramou a taça dele sobre o trono da besta; e o reino dela foi mergulhado na escuridão. E os súditos dela mordiam a língua de angústia, e blasfemavam o Deus do céu pelas dores e as feridas que sofriam, mas se recusaram a arrepender de todas as suas más obras. O sexto anjo derramou a taça dele sobre o grande rio Eufrates; e ele secou, de modo que os reis que vinham do Oriente pudessem marchar com os seus exércitos para o Ocidente sem impedimento. Então vi saltarem da boca do dragão, da boca da besta e da boca do seu falso profeta três espíritos imundos semelhantes a sapos. Estes são espíritos de demônios operadores de milagres; eles combinaram reunir-se com todos os governantes do mundo para a batalha contra o Senhor naquele grande dia do Deus Todo-poderoso. “Tome nota: Eu virei tão inesperadamente como um ladrão! Felizes todos aqueles que estão me esperando, que mantêm os seus mantos de prontidão e não precisam andar nus para não ficarem envergonhados”. E eles juntaram todos os exércitos do mundo perto de um lugar chamado em hebraico Armagedom. O sétimo anjo derramou a taça dele no ar; e do trono do templo veio um poderoso clamor, dizendo: “Está terminado!” Então houve relâmpagos, vozes, trovões e um grande terremoto de intensidade sem precedentes na história do mundo. A grande cidade partiu-se em três pedaços, e as cidades ao redor do mundo caíram em montões de ruínas; e assim todos os pecados da grande Babilônia foram lembrados por Deus, e ela foi castigada até a última gota do cálice de vinho do furor da sua ira. As ilhas desapareceram e as montanhas sumiram, e houve uma incrível tempestade de pedras caídas do céu; pedras de granizo do peso de 35 quilos caíram do céu em cima das pessoas, e eles blasfemavam contra Deus por causa da terrível chuva de pedras. Um dos sete anjos que tinham derramado as pragas veio falar comigo. “Venha comigo”, disse ele, “e eu lhe mostrarei o que vai acontecer à grande prostituta, que está sentada sobre as muitas águas. Os reis do mundo tiveram relações imorais com ela, e os habitantes da terra ficaram embriagados com o vinho da imoralidade dela”. Então o anjo me levou em espírito ao deserto. Ali eu vi uma mulher sentada numa besta vermelha que tinha sete cabeças e dez chifres, toda coberta de blasfêmias escritas contra Deus. A mulher usava uma roupa de púrpura e escarlata, e estava adornada de joias, feitas de ouro, pedras preciosas e pérolas. Tinha na mão uma taça de ouro cheia de coisas repugnantes e da impureza da sua prostituição. Na testa dela estava escrito um título misterioso: “A Grande Babilônia, Mãe das Prostitutas e da Adoração aos Ídolos em Todos os Lugares ao Redor do Mundo”. E eu pude ver que ela estava embriagada com o sangue dos mártires de Jesus que ela havia matado. Eu a olhei fixamente, cheio de espanto. “Por que você está assim tão admirado?”, perguntou o anjo. “Eu lhe direi quem é ela e o que representa a besta sobre a qual está montada, que tem sete cabeças e dez chifres. “A besta que você viu era e já não é. E apesar disso, brevemente surgirá do abismo insondável e irá para a destruição eterna; e o povo da terra, cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida desde a criação do mundo, ficará atordoado com o reaparecimento da besta, porque ela era, agora não é, e entretanto virá. “E aqui se exige sabedoria e entendimento: as sete cabeças dela representam certa cidade construída sobre sete montes, onde esta mulher está sentada. Representam também sete reis. Cinco já caíram, o sexto está governando, e o sétimo ainda virá, mas quando aparecer, precisará governar por pouco tempo. A besta que era, e agora não é, é o oitavo rei, tendo reinado antes como um dos sete; depois do seu segundo reinado, ele também seguirá para a perdição. “Os dez chifres que você viu são dez reis que ainda não subiram ao poder; eles serão nomeados para os seus reinos por um breve momento, para reinarem com a besta. Todos eles assinarão um tratado entregando o seu poder e a sua autoridade à besta. Juntos eles guerrearão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá; porque ele é o Senhor dos senhores, e Rei dos reis; e vencerão com ele os seus chamados, os escolhidos e fiéis”. Então o anjo também me disse: “As águas que você viu, sobre as quais a mulher prostituta está sentada, são povos, raças, nações e línguas. “A besta e os seus dez chifres que você viu odiarão a prostituta, e a atacarão e a deixarão nua e devastada pelo fogo. Porque Deus lhes porá um plano na mente, um plano que executará os propósitos dele; eles concordarão mutuamente em dar a autoridade deles à besta, para que as palavras de Deus se cumpram. E esta mulher que você viu na sua visão representa a grande cidade que governa sobre os reis da terra”. Depois de tudo isto eu vi outro anjo descer dos céus com grande autoridade; e a terra ficou brilhante com o seu esplendor. Ele deu um poderoso brado: “Caiu! Caiu a grande Babilônia; ela se tornou um esconderijo de demônios, uma toca de espíritos imundos e de toda espécie de aves e feras impuras e detestáveis. Porque todas as nações beberam do vinho mortal da tremenda imoralidade dela. Os governantes da terra se prostituíram com ela, e negociantes do mundo todo se tornaram ricos com toda a sua vida luxuosa”. Então ouvi outra voz chamando do céu: “Saiam dela, meu povo; não tomem parte nos seus pecados, senão vocês serão castigados juntamente com ela. Porque os pecados da Babilônia se amontoaram até o céu, e Deus está pronto para julgá-la pelos seus crimes. Façam com ela como tem ela feito com vocês, e mais: deem o dobro do castigo por todas as suas más obras. Ela preparou muitas taças de desgraça para os outros — deem-lhe duas vezes tanto. Ela tem vivido no luxo e no prazer — agora deem-lhe igual quantidade de tormentos e tristeza. Ela se vangloria, dizendo: ‘Eu sou rainha no meu trono. Não sou uma viúva desamparada. Nunca provarei o pranto’. Portanto, as tristezas da morte, do pranto e da fome a alcançarão num único dia, e ela será completamente devorada pelo fogo; porque o Senhor Deus que a julga é poderoso”. “E os reis da terra, que participaram dos atos imorais dela e desfrutaram seus favores, chorarão e lamentarão por ela quando virem a fumaça subindo dos restos carbonizados. Eles ficarão à distância, tremendo de medo e clamando: ‘Ai da Babilônia, aquela grande cidade! Em apenas uma hora a sua condenação caiu sobre ela’. “Os comerciantes da terra chorarão e se lamentarão por causa dela, porque não restou ninguém para comprar as suas mercadorias. Ninguém compra o seu ouro, prata, pedras preciosas, pérolas, linho fino, sedas de púrpura e escarlata; toda espécie de madeira perfumada e artigos de marfim; muitas esculturas de madeira preciosa, bronze, ferro e mármore; canela, perfumes e incenso; unguento e bálsamo; vinho, azeite de oliva e farinha fina; trigo, gado, ovelhas, cavalos e carruagens e escravos — e até almas humanas. “Todas as coisas extravagantes de que você gostava tanto já se acabaram”, choravam eles. “Todo o luxo elegante e o esplendor que você apreciava nunca mais será seu outra vez. Foram-se para sempre”. E assim os comerciantes que se tinham tornado ricos vendendo estas coisas a ela ficarão à distância, com medo do tormento dela, lamentando e chorando: “Ai daquela grande cidade, tão bonita — como uma mulher vestida da púrpura mais fina e de linho vermelho, adornada de ouro, pedras preciosas e pérolas! Em apenas uma hora toda a riqueza da cidade se foi!” “E todos os capitães de navios e dos barcos mercantes e as tripulações que ganham a vida no mar ficarão à distância, chorando enquanto contemplam a fumaça subir, dizendo: ‘Onde no mundo inteiro existe outra cidade como esta?’ E na sua tristeza eles lançarão pó na cabeça e, lamentando-se, dirão: ‘Ai! Ai daquela grande cidade! Graças à sua riqueza, todos os que tinham navios prosperaram. E agora, em apenas uma hora ela ficou em ruínas!’ “Mas vocês, ó céus, alegrem-se com a condenação dela; e vocês, ó filhos de Deus, e profetas, e apóstolos, celebrem! Porque finalmente Deus a julgou e condenou pelo que ela fez a vocês!” Então um anjo poderoso levantou uma pedra de forma semelhante a uma pedra de moinho, jogou-a no mar e disse: “Babilônia, aquela grande cidade será atirada fora, como eu atirei esta pedra, e desaparecerá para sempre. Nunca mais haverá ali o som da música — não haverá mais os tocadores de harpas, de flautas, nem de trombetas. Nenhum artífice de qualquer profissão existirá lá novamente, e nunca mais se ouvirá o barulho das pedras de moinho. Escuras, bem escuras serão as noites dela; nem uma única lamparina se verá outra vez. Nunca mais se ouvirão as vozes alegres dos noivos e das noivas. Seus negociantes eram conhecidos ao redor do mundo e ela enganava todas as nações com as suas feitiçarias. E ela foi também responsável pelo sangue de todos os profetas e santos mortos como mártires na terra”. Depois disto eu ouvi a voz de uma enorme multidão nos céus, que exclamava: “Aleluia! A salvação vem do nosso Deus. A honra e a autoridade pertencem somente ao nosso Deus; porque as suas sentenças são justas e verdadeiras. Ele castigou a grande prostituta que corrompia a terra com o pecado dela, e vingou o assassinato dos seus servos”. As vozes da multidão soavam cada vez mais forte: “Aleluia! A fumaça do incêndio dela sobe para todo o sempre!” Então os vinte e quatro anciãos e os quatro seres viventes se prostraram e adoraram a Deus, que estava sentado no trono, e clamaram: “Amém! Aleluia!” E do trono veio uma voz que clamava: “Louvem ao nosso Deus todos vocês, seus servos, vocês que o temem, tanto grandes como pequenos”. Nisso ouvi outra voz que soava como o clamor de uma enorme multidão, como as ondas de muitas águas ou como fortes trovões: “Aleluia! Porque o Senhor nosso Deus, o Todo-poderoso, reina. Alegremo-nos, exultemos e vamos dar glória a ele, porque chegou a hora do casamento do Cordeiro, e a noiva dele já se preparou. Ela tem permissão para usar o linho mais puro, mais branco e mais fino”. O linho fino representa as obras justas praticadas pelo povo de Deus. E o anjo disse para mim: “Escreva: Felizes aqueles que são convidados para o banquete de casamento do Cordeiro”. E acrescentou: “Estas são as palavras verdadeiras de Deus”. Então caí aos pés dele para adorá-lo, porém ele disse: “Não! Não faça isto! Pois eu sou servo de Deus, como você e como os seus irmãos que se mantêm fiéis, os quais testificam de Jesus. Adore a Deus. O propósito central da profecia é dar testemunho de Jesus”. Nisso vi os céus abertos e um cavalo branco diante de mim; e aquele que estava montado no cavalo chamava-se “Fiel e Verdadeiro”. Ele é aquele que julga e guerreia com justiça. Os olhos dele eram como labaredas de fogo, e na sua cabeça havia muitas coroas. Na testa dele estava escrito um nome, e só ele sabia o seu significado. Estava vestido com roupas mergulhadas em sangue, e o título dele era “Palavra de Deus”. Os exércitos do céu, vestidos do linho mais fino, branco e limpo, seguiam-no montados em cavalos brancos. Da sua boca saía uma afiada espada para derrubar as nações. Ele as governou com uma vara de ferro; e pisou o lagar do furor da ira do Deus Todo-poderoso. No manto e na coxa dele estava escrito: Rei dos Reis e Senhor dos Senhores. Então vi um anjo de pé na claridade do sol, bradando em voz alta às aves: “Venham! Juntem-se para a ceia do grande Deus! Venham comer a carne de reis, de grandes generais e de soldados, de cavalos e cavaleiros e de toda a humanidade, tanto os grandes como os pequenos, tanto os escravos como os livres”. Depois vi a besta, reunindo os governos da terra e os exércitos deles para lutarem contra aquele que está montado no cavalo e contra o seu exército. E a besta foi aprisionada, e com ela o falso profeta, que podia fazer poderosos milagres em nome dela — milagres que enganavam a todos os que tinham aceitado o sinal da besta e adoravam a estátua dela. Ambos — a besta e o seu falso profeta — foram jogados vivos no lago de fogo que queima com enxofre. E todo o exército deles foi morto com a afiada espada que saía da boca do que montava o cavalo branco, e todas as aves do céu se fartaram com a carne deles. Nisso vi um anjo descer dos céus com a chave do abismo insondável e uma corrente pesada na mão. Ele prendeu o dragão — aquela velha serpente, que é o diabo, Satanás — amarrou-o com correntes durante mil anos e o jogou dentro do abismo insondável; depois o fechou e pôs nele um lacre, de modo que ele não podia mais enganar as nações até que os mil anos tivessem terminado. Depois disso ele seria solto novamente por um pouco de tempo. Então vi tronos, e neles estavam sentados aqueles que tinham recebido o direito de julgar. E vi as almas daqueles que tinham sido decapitados pelo seu testemunho a respeito de Jesus, por proclamarem a palavra de Deus, e que não tinham adorado a besta ou a sua estátua, nem aceitado o sinal dela na testa ou na mão. Eles ressuscitaram e aí reinaram com Cristo durante mil anos. O restante dos mortos não voltou à vida enquanto os mil anos não tinham terminado. Esta é a primeira ressurreição. Felizes e santos aqueles que tomam parte na primeira ressurreição. Para eles a segunda morte não representa nenhum terror, porque serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos. Quando os mil anos terminarem, Satanás será solto da sua prisão. E ele sairá para enganar as nações do mundo e reuni-las para a batalha, juntamente com Gogue e Magogue — um exército poderoso, inumerável como a areia do mar. As nações subiram pela vasta planície da terra e cercaram o acampamento do povo de Deus e a amada cidade por todos os lados. Mas um fogo do céu desceu e as consumiu. Então o diabo que as tinha enganado foi jogado dentro do lago de fogo que queima com enxofre, onde já tinham sido lançados a besta e o falso profeta, e serão atormentados dia e noite para todo o sempre. E vi um grande trono branco e aquele que estava sentado nele, de cuja presença fugiram a terra e o céu, mas não encontraram lugar nenhum para se esconder. E vi os mortos, grandes e pequenos, em pé diante do trono; e foram abertos os livros, incluindo o Livro da Vida. E os mortos foram julgados de acordo com as coisas escritas nos livros, cada um de acordo com as obras que tinha praticado. O mar entregou os corpos sepultados neles; e a terra e o Hades entregaram os mortos que estavam neles. Cada um foi julgado de acordo com as suas obras. E a morte e o Hades foram jogados no lago de fogo. Esta é a segunda morte — o lago de fogo. E se o nome de alguém não estava registrado no Livro da Vida, esse foi lançado no lago de fogo. Então vi uma nova terra e um novo céu, porque a primeira terra e o primeiro céu haviam desaparecido; e o mar já não existia mais. Eu, João, vi a cidade santa, a nova Jerusalém, descendo de Deus e vindo do céu. Era uma vista gloriosa, linda como uma noiva que vai se encontrar com o seu noivo. Eu ouvi um alto brado que vinha do trono, dizendo: “Atenção, a morada de Deus agora está entre os homens, e ele morará com eles e eles serão o seu povo; sim, o próprio Deus estará entre eles e será o seu Deus. Ele enxugará todas as lágrimas dos olhos deles, e não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor. As coisas antigas já passaram”. E aquele que estava sentado no trono, disse: “Veja, eu estou fazendo novas todas as coisas!” E então ele me disse: “Ponha isto por escrito, porque o que eu lhe digo é verdadeiro e digno de confiança”. E continuou: “Está terminado! Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. A quem tiver sede, eu darei de graça as fontes da água da vida! Aquele que vencer herdará todas estas bênçãos, eu serei o seu Deus e ele será meu filho. Mas os covardes, aqueles que são infiéis a mim, os corruptos, os assassinos, os que cometem imoralidade sexual, aqueles que praticam feitiçaria, os adoradores de ídolos e todos os mentirosos — o destino deles é o lago de fogo que arde como enxofre. Esta é a segunda morte”. Então um dos sete anjos que haviam derramado os vasos que continham as sete últimas pragas veio e me disse: “Venha comigo, que eu lhe mostrarei a noiva, a esposa do Cordeiro”. Numa visão ele me levou em espírito ao pico muito alto de uma montanha e de lá eu contemplei aquela magnífica cidade, a santa Jerusalém, descendo dos ares, vinda de Deus. Estava cheia da glória de Deus, e cintilava e fulgurava como uma pedra preciosa, de cristal puro como o jaspe. Os muros dela eram grandes e altos, com doze portões guardados por doze anjos. E nos portões estavam escritos os nomes das doze tribos de Israel. Havia três portões de cada lado — norte, sul, leste e oeste. Os muros tinham doze pedras nos alicerces, e nelas estavam escritos os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro. O anjo segurava na mão uma vara de medir feita de ouro, para medir a cidade, os seus portões e os seus muros. Quando ele a mediu, descobriu que era quadrada, com a mesma largura que o comprimento. Ele mediu a cidade com a vara; tinha 2.200 quilômetros de comprimento; a largura e a altura eram iguais ao comprimento. Então ele mediu os muros e viu que tinham 64 metros de espessura, segundo a medida padrão usada pelo anjo. A cidade era de ouro puro, transparente como vidro! O muro era feito de jaspe, e foi construído sobre 12 camadas de pedras de alicerce ornamentadas de pedras preciosas: A primeira camada era de jaspe; A segunda de safira; A terceira de calcedônia; A quarta de esmeralda; A quinta de sardônio; A sexta camada era de sárdio; A sétima de crisólito; A oitava de berilo; A nona de topázio; A décima de crisópraso; A décima primeira de jacinto; A décima segunda de ametista. Os doze portões eram feitos de pérolas — cada portão de uma única pérola! E a rua principal era de ouro puro, como vidro transparente. Não se podia ver nenhum templo na cidade, porque o Senhor Deus Todo-poderoso e o Cordeiro são o seu templo. E a cidade não tem necessidade de sol nem de lua para iluminá-la, porque a glória de Deus a ilumina e o Cordeiro é a sua candeia. A luz dela iluminará as nações da terra, e os governantes do mundo virão trazer-lhe a sua glória. Os portões dela nunca se fecharão, pois ali não haverá noite! E a glória e a honra de todas as nações serão trazidas para ela. Nenhum mal será permitido nela — ninguém que seja imoral ou enganador — mas somente aqueles cujos nomes estão escritos no Livro da Vida do Cordeiro. Então o anjo me mostrou o rio da água da vida, limpa como cristal, que fluía do trono de Deus e do Cordeiro, e que passava no meio da rua principal. De cada lado do rio estava a árvore da vida, que dá frutas doze vezes por ano, uma em cada mês; as folhas eram utilizadas como remédio para curar as nações. Na cidade não haverá maldição nenhuma, porque o trono de Deus e do Cordeiro estará ali, e os servos dele o adorarão. Eles verão o seu rosto; e o nome dele estará escrito nas suas testas. E ali não haverá mais noite; não haverá necessidade de luz de candeia ou de luz de sol, porque o Senhor Deus será a luz deles; e eles reinarão para todo o sempre. Então o anjo me disse: “Estas palavras são verdadeiras e dignas de confiança. O Senhor Deus, que dá o seu Espírito aos profetas, enviou o seu anjo para dizer a você que isto acontecerá brevemente ‘Eis que venho em breve!’. Felizes aqueles que guardam as palavras da profecia deste livro”. Eu, João, vi e ouvi todas estas coisas, e caí no chão para adorar o anjo que as mostrava a mim; porém ele me disse outra vez: “Não, não faça isso! Eu também sou servo como você e seus irmãos, os profetas, bem como todos aqueles que atendem à verdade declarada neste livro. Adore a Deus”. Então ele me ordenou: “Não esconda o que você escreveu, porque o tempo do cumprimento está próximo. E quando chegar aquele tempo, todos os que praticam o mal o praticarão cada vez mais; aquele que é imundo se tornará cada vez mais depravado; os homens de bem continuarão a praticar o bem; aqueles que são santos prosseguirão em santificar-se”. “Escutem, eu venho em breve! A minha recompensa está comigo para retribuir a cada um de acordo com as obras que praticou. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim. Felizes todos os que lavam as suas vestes, para terem o direito de comer do fruto da árvore da vida e de entrar pelos portões da cidade. “Do lado de fora da cidade estão aqueles que cometem pecados nojentos, os feiticeiros, os que praticam a imoralidade sexual, os assassinos, os idólatras e todos os que praticam a mentira. Eu, Jesus, enviei o meu anjo a vocês para contar todas estas coisas às igrejas. Eu tanto sou a Raiz quanto o Descendente de Davi. E sou a brilhante Estrela da Manhã”. O Espírito e a noiva dizem: “Venha!”. Que cada um que os ouve diga: “Venha!”. Que aquele que tem sede venha — todo aquele que quiser; que venha beber de graça da água da vida. Declaro a todo aquele que ouve as palavras deste livro: Se alguém acrescentar qualquer coisa ao que está escrito aqui, Deus acrescentará a ele as pragas descritas neste livro. E se alguém tirar qualquer parte destas profecias, Deus tirará a sua participação na árvore da vida e na cidade santa que são descritas neste livro. Aquele que disse todas estas coisas declara: “Sim, eu venho em breve!” Amém! Vem, Senhor Jesus! A graça do nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos vocês. Amém!