No princípio, Deus criou os céus e a terra. A terra era sem forma e vazia, a escuridão cobria as águas profundas, e o Espírito de Deus se movia sobre a superfície das águas. Então Deus disse: “Haja luz”, e houve luz. E Deus viu que a luz era boa, e separou a luz da escuridão. Deus chamou a luz de “dia” e a escuridão de “noite”. A noite passou e veio a manhã, encerrando o primeiro dia. Então Deus disse: “Haja um espaço entre as águas, para separar as águas dos céus das águas da terra”. E assim aconteceu. Deus criou um espaço para separar as águas da terra das águas dos céus. Deus chamou o espaço de “céu”. A noite passou e veio a manhã, encerrando o segundo dia. Então Deus disse: “Juntem-se as águas que estão debaixo do céu num só lugar, para que apareça uma parte seca”. E assim aconteceu. Deus chamou a parte seca de “terra” e as águas de “mares”. E Deus viu que isso era bom. Então Deus disse: “Produza a terra vegetação: toda espécie de plantas com sementes e árvores que dão frutos com sementes. As sementes produzirão plantas e árvores, cada uma conforme a sua espécie”. E assim aconteceu. A terra produziu vegetação: toda espécie de plantas com sementes e árvores que dão frutos com sementes. As sementes produziram plantas e árvores, cada uma conforme a sua espécie. E Deus viu que isso era bom. A noite passou e veio a manhã, encerrando o terceiro dia. Então Deus disse: “Haja luzes no céu para separar o dia da noite e marcar as estações, os dias e os anos. Que essas luzes brilhem no céu para iluminar a terra”. E assim aconteceu. Deus criou duas grandes luzes: a maior para governar o dia e a menor para governar a noite, e criou também as estrelas. Deus colocou essas luzes no céu para iluminar a terra, para governar o dia e a noite e para separar a luz da escuridão. E Deus viu que isso era bom. A noite passou e veio a manhã, encerrando o quarto dia. Então Deus disse: “Encham-se as águas de seres vivos, e voem as aves no céu acima da terra”. Assim, Deus criou os grandes animais marinhos e todos os seres vivos que se movem em grande número pelas águas, bem como uma grande variedade de aves, cada um conforme a sua espécie. E Deus viu que isso era bom. Então Deus os abençoou: “Sejam férteis e multipliquem-se. Que os seres encham os mares e as aves se multipliquem na terra”. A noite passou e veio a manhã, encerrando o quinto dia. Então Deus disse: “Produza a terra grande variedade de animais, cada um conforme a sua espécie: animais domésticos, animais que rastejam pelo chão e animais selvagens”. E assim aconteceu. Deus criou grande variedade de animais selvagens, animais domésticos e animais que rastejam pelo chão, cada um conforme a sua espécie. E Deus viu que isso era bom. Então Deus disse: “Façamos o ser humano à nossa imagem; ele será semelhante a nós. Dominará sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos, sobre todos os animais selvagens da terra e sobre os animais que rastejam pelo chão”. Assim, Deus criou os seres humanos à sua própria imagem, à imagem de Deus os criou; homem e mulher os criou. Então Deus os abençoou e disse: “Sejam férteis e multipliquem-se. Encham e governem a terra. Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que rastejam pelo chão”. Então Deus disse: “Vejam! Eu lhes dou todas as plantas com sementes em toda a terra e todas as árvores frutíferas, para que lhes sirvam de alimento. E dou todas as plantas verdes como alimento a todos os seres vivos: aos animais selvagens, às aves do céu e aos animais que rastejam pelo chão”. E assim aconteceu. Então Deus olhou para tudo que havia feito e viu que era muito bom. A noite passou e veio a manhã, encerrando o sexto dia. Desse modo, completou-se a criação dos céus e da terra e de tudo que neles há. No sétimo dia, Deus havia terminado sua obra de criação e descansou de todo o seu trabalho. Deus abençoou o sétimo dia e o declarou santo, pois foi o dia em que ele descansou de toda a sua obra de criação. Esse é o relato da criação dos céus e da terra. Quando o S enhor Deus criou a terra e os céus, nenhuma planta silvestre nem grãos haviam brotado na terra, pois o S enhor Deus ainda não tinha mandado chuva para regar a terra, e não havia quem a cultivasse. Mas do solo brotava água, que regava toda a terra. Então o S enhor Deus formou o homem do pó da terra. Soprou o fôlego da vida em suas narinas, e o homem se tornou ser vivo. O S enhor Deus plantou um jardim no Éden, para os lados do leste, e ali colocou o homem que havia criado. O S enhor Deus fez brotar do solo árvores de todas as espécies, árvores lindas que produziam frutos deliciosos. No meio do jardim, colocou a árvore da vida e a árvore do conhecimento do bem e do mal. Da terra do Éden nascia um rio que regava o jardim e depois se dividia em quatro braços. O primeiro braço, chamado Pisom, rodeava toda a terra de Havilá, onde existe ouro. O ouro dessa terra é de grande pureza; lá também há resina aromática e pedra de ônix. O segundo braço, chamado Giom, rodeava toda a terra de Cuxe. O terceiro braço, chamado Tigre, corria para o leste da terra da Assíria. O quarto braço era chamado de Eufrates. O S enhor Deus colocou o homem no jardim do Éden para cultivá-lo e tomar conta dele, mas o S enhor Deus lhe ordenou: “Coma à vontade dos frutos de todas as árvores do jardim, exceto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Se você comer desse fruto, com certeza morrerá”. O S enhor Deus disse: “Não é bom que o homem esteja sozinho. Farei alguém que o ajude e o complete”. O S enhor Deus formou da terra todos os animais selvagens e todas as aves do céu. Trouxe-os ao homem para ver como os chamaria, e o homem escolheu um nome para cada um deles. Deu nome a todos os animais domésticos, a todas as aves do céu e a todos os animais selvagens. O homem, porém, continuava sem alguém que o ajudasse e o completasse. Então o S enhor Deus o fez cair num sono profundo. Enquanto o homem dormia, tirou dele uma das costelas e fechou o espaço que ela ocupava. Dessa costela o S enhor Deus fez uma mulher e a trouxe ao homem. “Finalmente!”, exclamou o homem. “Esta é osso dos meus ossos, e carne da minha carne! Será chamada ‘mulher’, porque foi tirada do ‘homem’”. Por isso o homem deixa pai e mãe e se une à sua mulher, e os dois se tornam um só. O homem e a mulher estavam nus, mas não sentiam vergonha. A serpente era o mais astuto de todos os animais selvagens que o S enhor Deus havia criado. Certa vez, ela perguntou à mulher: “Deus realmente disse que vocês não devem comer do fruto de nenhuma das árvores do jardim?”. “Podemos comer do fruto das árvores do jardim”, respondeu a mulher. “É só do fruto da árvore que está no meio do jardim que não podemos comer. Deus disse: ‘Não comam e nem sequer toquem no fruto daquela árvore; se o fizerem, morrerão’.” “É claro que vocês não morrerão!”, a serpente respondeu à mulher. “Deus sabe que, no momento em que comerem do fruto, seus olhos se abrirão e, como Deus, conhecerão o bem e o mal.” A mulher viu que a árvore era linda e que seu fruto parecia delicioso, e desejou a sabedoria que ele lhe daria. Assim, tomou do fruto e o comeu. Depois, deu ao marido, que estava com ela, e ele também comeu. Naquele momento, seus olhos se abriram, e eles perceberam que estavam nus. Por isso, costuraram folhas de figueira umas às outras para se cobrirem. Quando soprava a brisa do entardecer, o homem e sua mulher ouviram o S enhor Deus caminhando pelo jardim e se esconderam dele entre as árvores. Então o S enhor Deus chamou o homem e perguntou: “Onde você está?”. Ele respondeu: “Ouvi que estavas andando pelo jardim e me escondi. Tive medo, pois eu estava nu”. “Quem lhe disse que você estava nu?”, perguntou Deus. “Você comeu do fruto da árvore que eu lhe ordenei que não comesse?” O homem respondeu: “Foi a mulher que me deste! Ela me ofereceu do fruto, e eu comi”. Então o S enhor Deus perguntou à mulher: “O que foi que você fez?”. “A serpente me enganou”, respondeu a mulher. “Foi por isso que comi do fruto.” Então o S enhor Deus disse à serpente: “Uma vez que fez isso, maldita é você entre todos os animais, domésticos e selvagens. Você se arrastará sobre o próprio ventre, rastejará no pó enquanto viver. Farei que haja inimizade entre você e a mulher, e entre a sua descendência e o descendente dela. Ele lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar”. À mulher ele disse: “Farei mais intensas as dores de sua gravidez, e com dor você dará à luz. Seu desejo será para seu marido, e ele a dominará”. E ao homem ele disse: “Uma vez que você deu ouvidos à sua mulher e comeu da árvore cujo fruto ordenei que não comesse, maldita é a terra por sua causa; por toda a vida, terá muito trabalho para tirar da terra seu sustento. Ela produzirá espinhos e ervas daninhas, mas você comerá de seus frutos e grãos. Com o suor do rosto você obterá alimento, até que volte à terra da qual foi formado. Pois você foi feito do pó, e ao pó voltará”. O homem, Adão, deu à sua mulher o nome de Eva, pois ela seria a mãe de toda a humanidade. E o S enhor Deus fez roupas de peles de animais para Adão e sua mulher. Então o S enhor Deus disse: “Vejam, agora os seres humanos se tornaram semelhantes a nós, pois conhecem o bem e o mal. Se eles tomarem do fruto da árvore da vida e dele comerem, viverão para sempre”. Para impedir que isso acontecesse, o S enhor Deus os expulsou do jardim do Éden, e Adão passou a cultivar a terra da qual tinha sido formado. Depois de expulsá-los, colocou querubins a leste do jardim do Éden e uma espada flamejante que se movia de um lado para o outro, a fim de guardar o caminho até a árvore da vida. Adão teve relações com Eva, sua mulher, que engravidou. Quando deu à luz Caim, ela disse: “Com a ajuda do S enhor, tive um filho!”. Tempos depois, deu à luz o irmão de Caim e o chamou de Abel. Quando os meninos cresceram, Abel se tornou pastor de ovelhas, e Caim cultivava o solo. No tempo da colheita, Caim apresentou parte de sua produção como oferta ao S enhor. Abel, por sua vez, ofertou as melhores porções dos cordeiros dentre as primeiras crias de seu rebanho. O S enhor aceitou Abel e sua oferta, mas não aceitou Caim e sua oferta. Caim se enfureceu e ficou transtornado. “Por que você está tão furioso?”, o S enhor perguntou a Caim. “Por que está tão transtornado? Se você fizer o que é certo, será aceito. Mas, se não o fizer, tome cuidado! O pecado está à porta, à sua espera, e deseja controlá-lo, mas é você quem deve dominá-lo.” Caim sugeriu a seu irmão: “Vamos ao campo”. E, enquanto estavam lá, Caim atacou seu irmão Abel e o matou. Então o S enhor perguntou a Caim: “Onde está seu irmão? Onde está Abel?”. “Não sei”, respondeu Caim. “Por acaso sou responsável por meu irmão?” Então Deus disse: “O que você fez? Ouça! O sangue de seu irmão clama a mim da terra! O próprio solo, que bebeu o sangue de seu irmão, sangue que você derramou, amaldiçoa você. O solo não lhe dará boas colheitas, por mais que você se esforce! E, de agora em diante, você não terá um lar e andará sem rumo pela terra”. Caim disse ao S enhor: “Meu castigo é pesado demais. Não posso aguentá-lo! Tu me expulsaste da terra e de tua presença e me transformaste num andarilho sem lar. Qualquer um que me encontrar me matará!”. O S enhor respondeu: “Eu castigarei sete vezes mais quem matar você”. Então o S enhor pôs em Caim um sinal para alertar qualquer um que tentasse matá-lo. Caim saiu da presença do S enhor e se estabeleceu na terra de Node, a leste do Éden. Caim teve relações com sua mulher, que engravidou e deu à luz Enoque. Então Caim fundou uma cidade, à qual deu o nome de Enoque, como seu filho. Enoque teve um filho chamado Irade. Irade gerou Meujael; Meujael gerou Metusael; Metusael gerou Lameque. Lameque se casou com duas mulheres. A primeira se chamava Ada, e a segunda, Zilá. Ada deu à luz Jabal; ele foi o precursor dos que criam rebanhos e moram em tendas. Seu irmão se chamava Jubal, o precursor dos que tocam harpa e flauta. Zilá, a outra mulher de Lameque, deu à luz um filho chamado Tubalcaim, que se tornou mestre em criar ferramentas de bronze e ferro. Tubalcaim teve uma irmã chamada Naamá. Certo dia, Lameque disse a suas mulheres: “Ada e Zilá, ouçam minha voz; escutem o que vou dizer, mulheres de Lameque. Matei um homem que me atacou, um rapaz que me feriu. Se aquele que matar Caim será castigado sete vezes, quem me matar será castigado setenta e sete vezes!”. Adão teve relações com sua mulher novamente, e ela deu à luz outro filho. Chamou-o de Sete, pois disse: “Deus me concedeu outro filho no lugar de Abel, a quem Caim matou”. Quando Sete chegou à idade adulta, teve um filho e o chamou de Enos. Nessa época, as pessoas começaram a invocar o nome do S enhor. Este é o relato dos descendentes de Adão. Quando Deus criou os seres humanos, formou-os semelhantes a ele. Criou-os homem e mulher; quando foram criados, Deus os abençoou e os chamou de “humanidade”. Aos 130 anos, Adão teve um filho chamado Sete, que era semelhante a ele, à sua imagem. Depois do nascimento de Sete, Adão viveu mais 800 anos e teve outros filhos e filhas. Adão viveu 930 anos e morreu. Aos 105 anos, Sete gerou Enos. Depois do nascimento de Enos, Sete viveu mais 807 anos e teve outros filhos e filhas. Sete viveu 912 anos e morreu. Aos 90 anos, Enos gerou Cainã. Depois do nascimento de Cainã, Enos viveu mais 815 anos e teve outros filhos e filhas. Enos viveu 905 anos e morreu. Aos 70 anos, Cainã gerou Maalaleel. Depois do nascimento de Maalaleel, Cainã viveu mais 840 anos e teve outros filhos e filhas. Cainã viveu 910 anos e morreu. Aos 65 anos, Maalaleel gerou Jarede. Depois do nascimento de Jarede, Maalaleel viveu mais 830 anos e teve outros filhos e filhas. Maalaleel viveu 895 anos e morreu. Aos 162 anos, Jarede gerou Enoque. Depois do nascimento de Enoque, Jarede viveu mais 800 anos e teve outros filhos e filhas. Jarede viveu 962 anos e morreu. Aos 65 anos, Enoque gerou Matusalém. Depois do nascimento de Matusalém, Enoque viveu em comunhão com Deus por mais 300 anos e teve outros filhos e filhas. Enoque viveu 365 anos, andando em comunhão com Deus até que, um dia, desapareceu, porque Deus o levou para junto de si. Aos 187 anos, Matusalém gerou Lameque. Depois do nascimento de Lameque, Matusalém viveu mais 782 anos e teve outros filhos e filhas. Matusalém viveu 969 anos e morreu. Aos 182 anos, Lameque gerou um filho. Chamou-o de Noé, pois disse: “Que ele nos traga alívio de nossas tarefas e do trabalho doloroso de cultivar esta terra que o S enhor amaldiçoou”. Depois do nascimento de Noé, Lameque viveu mais 595 anos e teve outros filhos e filhas. Lameque viveu 777 anos e morreu. Depois que completou 500 anos, Noé gerou três filhos: Sem, Cam e Jafé. Os seres humanos começaram a se multiplicar na terra e tiveram filhas. Os filhos de Deus perceberam que as filhas dos homens eram belas, tomaram para si as que os agradaram e se casaram com elas. Então o S enhor disse: “Meu Espírito não tolerará os humanos por muito tempo, pois são apenas carne mortal. Seus dias serão limitados a 120 anos”. Naqueles dias, e por algum tempo depois, havia na terra gigantes, pois quando os filhos de Deus tiveram relações com as filhas dos homens, elas deram à luz filhos que se tornaram os guerreiros famosos da antiguidade. O S enhor observou quanto havia aumentado a perversidade dos seres humanos na terra e viu que todos os seus pensamentos e seus propósitos eram sempre inteiramente maus. E o S enhor se arrependeu de tê-los criado e colocado na terra. Isso lhe causou imensa tristeza. O S enhor disse: “Eliminarei da face da terra esta raça humana que criei. Sim, e também destruirei todos os seres vivos: as pessoas, os grandes animais, os animais que rastejam pelo chão e até as aves do céu. Arrependo-me de tê-los criado”. Noé, porém, encontrou favor diante do S enhor. Este é o relato de Noé e sua família. Noé era um homem justo, a única pessoa íntegra naquele tempo, e andava em comunhão com Deus. Noé gerou três filhos: Sem, Cam e Jafé. Deus viu que a terra tinha se corrompido e estava cheia de violência. Deus observou a grande maldade no mundo, pois todos na terra haviam se corrompido. Assim, Deus disse a Noé: “Decidi acabar com todos os seres vivos, pois encheram a terra de violência. Sim, destruirei todos eles e também a terra! “Construa uma grande embarcação, uma arca de madeira de cipreste, e cubra-a com betume por dentro e por fora, para que não entre água. Divida toda a parte interna em pisos e compartimentos. A arca deve ter 135 metros de comprimento, 22,5 metros de largura e 13,5 metros de altura. Deixe uma abertura de 45 centímetros debaixo do teto ao redor de toda a arca. Coloque uma porta lateral e construa três pisos na parte interna: inferior, médio e superior. “Preste atenção! Em breve, cobrirei a terra com um dilúvio que destruirá todos os seres vivos que respiram. Tudo que há na terra morrerá. Com você, porém, firmarei minha aliança. Portanto, entre na arca com sua mulher, seus filhos e as mulheres deles. Leve na arca com você um casal de cada espécie de animal selvagem e doméstico, um macho e uma fêmea, para mantê-los com vida. Um casal de cada espécie de ave, de cada espécie de animal e de cada espécie de animal que rasteja pelo chão virá até você, para que os mantenha com vida. Cuide bem para que haja alimento suficiente para sua família e para todos os animais”. Noé fez tudo exatamente como Deus lhe havia ordenado. O S enhor disse a Noé: “Entre na arca com toda a sua família, pois vejo que, de todas as pessoas na terra, apenas você é justo. Leve com você sete casais, macho e fêmea, de cada espécie de animal puro, e um casal, macho e fêmea, de cada espécie de animal impuro. Leve também sete casais de cada espécie de ave. Cada casal deve ter um macho e uma fêmea para garantir que todas as espécies sobreviverão na terra depois do dilúvio. Daqui a sete dias, farei chover sobre a terra. Choverá por quarenta dias e quarenta noites, até que eu tenha eliminado da terra todos os seres vivos que criei”. Noé fez tudo exatamente como o S enhor lhe havia ordenado. Noé tinha 600 anos quando o dilúvio cobriu a terra. Entrou na arca, junto com a mulher, os filhos e as mulheres deles, para escapar do dilúvio. Entraram com eles animais de todas as espécies: os puros e os impuros, as aves e todos os animais que rastejam pelo chão. Entraram na arca em pares, macho e fêmea, como Deus tinha ordenado a Noé. Depois de sete dias, vieram as águas do dilúvio e cobriram a terra. Quando Noé tinha 600 anos, no décimo sétimo dia do segundo mês, todas as fontes subterrâneas de água jorraram da terra, e a chuva caiu do céu em grandes temporais e continuou sem parar por quarenta dias e quarenta noites. Naquele mesmo dia, Noé tinha entrado na arca com a esposa, os filhos, Sem, Cam e Jafé, e as mulheres deles. Entraram com eles na arca casais de todas as espécies de animais: animais domésticos e selvagens, grandes e pequenos, e aves de toda espécie. Entraram de dois em dois na arca, representando todos os seres vivos que respiram. Um macho e uma fêmea de cada espécie entraram, como Deus tinha ordenado a Noé. Então o S enhor fechou a porta. Durante quarenta dias, as águas do dilúvio se tornaram cada vez mais profundas, cobriram o solo e elevaram a arca bem acima da terra. Enquanto as águas subiam cada vez mais acima do solo, a arca flutuava em segurança em sua superfície. Por fim, as águas cobriram até as montanhas mais altas da terra e se elevaram quase sete metros acima dos picos mais altos. Todos os seres vivos que havia na terra morreram: as aves, os animais domésticos, os animais selvagens, os animais que rastejavam pelo chão e todos os seres humanos. Tudo que respirava e vivia em terra firme morreu. Deus exterminou todos os seres vivos que havia na terra: os seres humanos, os animais domésticos, os animais que rastejavam pelo chão e as aves do céu. Todos foram destruídos. Apenas Noé e os que estavam com ele na arca sobreviveram. E as águas do dilúvio cobriram a terra por 150 dias. Então Deus se lembrou de Noé e de todos os animais selvagens e domésticos que estavam com ele na arca. Deus fez soprar um vento sobre a terra, e as águas do dilúvio começaram a baixar. As fontes subterrâneas pararam de jorrar, e as chuvas torrenciais cessaram. As águas do dilúvio foram baixando aos poucos. Depois de 150 dias, exatamente cinco meses depois do início do dilúvio, a arca repousou sobre as montanhas de Ararate. Dois meses e meio depois, à medida que as águas continuaram a baixar, apareceram os picos de outras montanhas. Passados mais quarenta dias, Noé abriu a janela que havia feito na arca e soltou um corvo, que ia e voltava até as águas do dilúvio secarem sobre a terra. Noé também soltou uma pomba para ver se as águas tinham baixado e se ela encontraria terra seca, mas a pomba não encontrou lugar para pousar, pois a água ainda cobria todo o solo. Então a pomba retornou à arca, e Noé estendeu a mão e a trouxe de volta para dentro. Depois de esperar mais sete dias, Noé soltou a pomba mais uma vez. Quando ela voltou ao entardecer, trouxe no bico uma folha nova de oliveira. Noé concluiu que restava pouca água do dilúvio. Esperou outros sete dias e soltou a pomba novamente. Dessa vez, ela não voltou. Noé tinha completado 601 anos. No primeiro dia do novo ano, dez meses e meio depois do início do dilúvio, quase não havia mais água sobre a terra. Noé levantou a cobertura da arca e viu que o solo estava praticamente seco. Mais dois meses se passaram e, por fim, a terra estava completamente seca. Então Deus disse a Noé: “Saiam da arca, você, sua mulher, seus filhos e as mulheres deles. Solte todos os animais, as aves, os animais domésticos e os animais que rastejam pelo chão, para que sejam férteis e se multipliquem na terra”. Noé, sua mulher, seus filhos e as mulheres deles desembarcaram. Todos os animais, grandes e pequenos, e as aves saíram da arca, um casal de cada vez. Em seguida, Noé construiu um altar ao S enhor e ali ofereceu como holocaustos alguns animais e aves puros. O aroma do sacrifício agradou ao S enhor, que disse consigo: “Nunca mais amaldiçoarei a terra por causa do ser humano, embora todos os seus pensamentos e seus propósitos se inclinem para o mal desde a infância. Nunca mais destruirei todos os seres vivos. Enquanto durar a terra, haverá plantio e colheita, frio e calor, verão e inverno, dia e noite”. Então Deus abençoou Noé e seus filhos e lhes disse: “Sejam férteis e multipliquem-se. Encham a terra. Todos os animais da terra, todas as aves do céu, todos os animais que rastejam pelo chão e todos os peixes do mar terão medo e pavor de vocês. Eu os coloquei sob o seu domínio. Assim como dei a vocês os cereais e os vegetais por alimento, também lhes dou os animais. Mas nunca comam carne com sangue, pois sangue é vida. “Exigirei o sangue de todo aquele que tirar a vida de alguém. Se um animal selvagem matar alguém, deverá ser morto; quem cometer assassinato, também deverá morrer. Quem tirar a vida humana, por mãos humanas perderá a vida. Pois eu criei o ser humano à minha imagem. Agora, sejam férteis e multipliquem-se, povoem a terra outra vez”. Então Deus disse a Noé e seus filhos: “Confirmo aqui a minha aliança com vocês, seus descendentes e todos os animais que estavam com vocês na embarcação: as aves, os animais domésticos e os animais selvagens, todos os seres vivos da terra. Sim, confirmo a minha aliança com vocês. Nunca mais os seres vivos serão exterminados pelas águas; nunca mais a terra será destruída por um dilúvio”. Então Deus disse: “Eu lhes dou um sinal da minha aliança com vocês e com todos os seres vivos, para todas as gerações futuras. Coloquei o arco-íris nas nuvens. Ele é o sinal da minha aliança com toda a terra. Quando eu enviar nuvens sobre a terra, nelas aparecerá o arco-íris, e eu me lembrarei da minha aliança com vocês e com todos os seres vivos. Nunca mais as águas de um dilúvio destruirão toda a vida. Ao olhar para o arco-íris nas nuvens, eu me lembrarei da aliança eterna entre Deus e todos os seres vivos da terra”. Então Deus disse a Noé: “Este arco-íris é o sinal da aliança que confirmo com todas as criaturas da terra”. Os filhos de Noé que saíram da arca com o pai foram Sem, Cam e Jafé. (Cam é o pai de Canaã.) Desses três filhos de Noé vêm todas as pessoas que agora povoam a terra. Depois do dilúvio, Noé começou a cultivar o solo e plantou uma videira. Certo dia, bebeu do vinho que ele próprio havia produzido, ficou embriagado e foi deitar-se nu em sua tenda. Cam, pai de Canaã, viu que seu pai estava nu e saiu para contar aos irmãos. Então Sem e Jafé pegaram um manto e o colocaram sobre os ombros. Em seguida, entraram na tenda de costas e, olhando para o outro lado a fim de não ver a nudez do pai, cobriram-no com o manto. Quando Noé se recuperou da bebedeira e descobriu o que Cam, seu filho mais novo, havia feito, exclamou: “Maldito seja Canaã! Que ele seja o servo mais insignificante de seus parentes!”. E disse ainda: “Bendito seja o S enhor, o Deus de Sem, e que Canaã seja servo de seu irmão! Que Deus amplie o território de Jafé! Que Jafé compartilhe da prosperidade de Sem e Canaã seja seu servo”. Depois do dilúvio, Noé viveu mais 350 anos. Viveu, ao todo, 950 anos e morreu. Este é o relato das famílias de Sem, Cam e Jafé, os três filhos de Noé, que geraram muitos filhos depois do dilúvio. Os descendentes de Jafé foram: Gômer, Magogue, Madai, Javã, Tubal, Meseque e Tirás. Os descendentes de Gômer foram: Asquenaz, Rifate e Togarma. Os descendentes de Javã foram: Elisá, Társis, Quitim e Rodanim. Seus descendentes se espalharam por vários territórios junto ao mar, formando nações de acordo com suas línguas, seus clãs e seus povos. Os descendentes de Cam foram: Cuxe, Mizraim, Pute e Canaã. Os descendentes de Cuxe foram: Sebá, Havilá, Sabtá, Raamá e Sabtecá. Os descendentes de Raamá foram: Sabá e Dedã. Cuxe também foi o antepassado de Ninrode, o primeiro guerreiro valente da terra. Porque era o mais corajoso dos caçadores, seu nome deu origem ao provérbio: “Este homem é como Ninrode, o mais corajoso dos caçadores”. Ninrode construiu seu reino na terra da Babilônia, fundando as cidades de Babel, Ereque, Acade e Calné. Expandiu seu território até a Assíria, onde construiu as cidades de Nínive, Reobote-Ir, Calá e Resém, a grande cidade situada entre Nínive e Calá. Mizraim foi o antepassado dos luditas, anamitas, leabitas, naftuítas, patrusitas, casluítas e dos caftoritas, dos quais descendem os filisteus. O filho mais velho de Canaã foi Sidom, antepassado dos sidônios. Canaã foi o antepassado dos hititas, jebuseus, amorreus, girgaseus, heveus, arqueus, sineus, arvadeus, zemareus e hamateus. Com o tempo, os clãs cananeus se espalharam. O território de Canaã se estendia desde Sidom, ao norte, até Gerar e Gaza, ao sul, e, a leste, até Sodoma, Gomorra, Admá e Zeboim, próximo a Lasa. Esses foram os descendentes de Cam, de acordo com seus clãs, línguas, territórios e povos. Sem, irmão mais velho de Jafé, também teve filhos. Sem foi o antepassado de todos os descendentes de Héber. Os descendentes de Sem foram: Elão, Assur, Arfaxade, Lude e Arã. Os descendentes de Arã foram: Uz, Hul, Géter e Más. Arfaxade gerou Salá, e Salá gerou Héber. Héber teve dois filhos. O primeiro recebeu o nome de Pelegue, pois em sua época a terra foi dividida. O irmão de Pelegue recebeu o nome de Joctã. Joctã foi o antepassado de Almodá, Salefe, Hazarmavé, Jerá, Adorão, Uzal, Dicla, Obal, Abimael, Sabá, Ofir, Havilá e Jobabe. Todos eles foram descendentes de Joctã. O território que ocupavam se estendia desde Messa até Sefar, nas montanhas ao leste. Esses foram os descendentes de Sem, de acordo com seus clãs, línguas, territórios e povos. Esses foram os clãs descendentes dos filhos de Noé, de acordo com suas linhagens. Todas as nações da terra vieram desses clãs depois do dilúvio. Houve um tempo em que todos os habitantes do mundo falavam a mesma língua e usavam as mesmas palavras. Ao migrarem do leste, encontraram uma planície na terra da Babilônia, onde se estabeleceram. Começaram a dizer uns aos outros: “Venham, vamos fazer tijolos e endurecê-los no fogo”. (Naquela região, era costume usar tijolos em vez de pedras, e betume em vez de argamassa.) Depois, disseram: “Venham, vamos construir uma cidade com uma torre que chegue até o céu. Assim, ficaremos famosos e não seremos espalhados pelo mundo”. O S enhor, porém, desceu para ver a cidade e a torre que estavam construindo. “Vejam!”, disse o S enhor. “Todos se uniram e falam a mesma língua. Se isto é o começo do que fazem, nada do que se propuserem a fazer daqui em diante lhes será impossível. Venham, vamos descer e confundi-los com línguas diferentes, para que não consigam mais entender uns aos outros.” Assim, o S enhor os espalhou pelo mundo inteiro, e eles pararam de construir a cidade. Ela recebeu o nome de Babel, pois ali o S enhor confundiu as pessoas com línguas diferentes e as espalhou pelo mundo. Este é o relato da família de Sem. Dois anos depois do dilúvio, aos 100 anos, Sem gerou Arfaxade. Depois do nascimento de Arfaxade, Sem viveu mais 500 anos e teve outros filhos e filhas. Aos 35 anos, Arfaxade gerou Salá. Depois do nascimento de Salá, Arfaxade viveu mais 403 anos e teve outros filhos e filhas. Aos 30 anos, Salá gerou Héber. Depois do nascimento de Héber, Salá viveu mais 403 anos e teve outros filhos e filhas. Aos 34 anos, Héber gerou Pelegue. Depois do nascimento de Pelegue, Héber viveu mais 430 anos e teve outros filhos e filhas. Aos 30 anos, Pelegue gerou Reú. Depois do nascimento de Reú, Pelegue viveu mais 209 anos e teve outros filhos e filhas. Aos 32 anos, Reú gerou Serugue. Depois do nascimento de Serugue, Reú viveu mais 207 anos e teve outros filhos e filhas. Aos 30 anos, Serugue gerou Naor. Depois do nascimento de Naor, Serugue viveu mais 200 anos e teve outros filhos e filhas. Aos 29 anos, Naor gerou Terá. Depois do nascimento de Terá, Naor viveu mais 119 anos e teve outros filhos e filhas. Depois que completou 70 anos, Terá gerou Abrão, Naor e Harã. Este é o relato da família de Terá, pai de Abrão, Naor e Harã. Harã, que foi o pai de Ló, morreu em Ur dos caldeus, sua terra natal, enquanto seu pai, Terá, ainda vivia. Tanto Abrão como Naor se casaram. A mulher de Abrão se chamava Sarai, e a mulher de Naor, Milca. (Milca e sua irmã, Iscá, eram filhas de Harã, irmão de Naor.) Sarai, porém, não conseguia engravidar e não tinha filhos. Certo dia, Terá tomou seu filho Abrão, sua nora Sarai (mulher de seu filho Abrão) e seu neto Ló (filho de seu filho Harã) e se mudou de Ur dos caldeus. Partiram em direção à terra de Canaã, mas pararam em Harã e se estabeleceram ali. Terá viveu 205 anos e morreu enquanto ainda estava em Harã. O S enhor tinha dito a Abrão: “Deixe sua terra natal, seus parentes e a família de seu pai e vá à terra que eu lhe mostrarei. Farei de você uma grande nação, o abençoarei e o tornarei famoso, e você será uma bênção para outros. Abençoarei os que o abençoarem e amaldiçoarei os que o amaldiçoarem. Por meio de você, todas as famílias da terra serão abençoadas”. Então Abrão partiu, como o S enhor havia instruído, e Ló foi com ele. Abrão tinha 75 anos quando saiu de Harã. Tomou sua mulher, Sarai, seu sobrinho Ló e todos os seus bens, os rebanhos e os servos que havia agregado à sua casa em Harã, e seguiu para a terra de Canaã. Quando chegaram a Canaã, Abrão atravessou a terra até Siquém, onde acampou junto ao carvalho de Moré. Naquele tempo, os cananeus habitavam a região. Então o S enhor apareceu a Abrão e disse: “Darei esta terra a seus descendentes”. Abrão construiu um altar ali e o dedicou ao S enhor, que lhe havia aparecido. Dali, Abrão viajou para o sul e acampou na região montanhosa, entre Betel, a oeste, e Ai, a leste. Construiu ali mais um altar dedicado ao S enhor e invocou o nome do S enhor. Abrão prosseguiu em sua jornada para o sul, acampando ao longo do caminho em direção ao Neguebe. Naquele tempo, uma fome terrível atingiu a terra de Canaã, e Abrão foi obrigado a descer ao Egito, onde viveu como estrangeiro. Aproximando-se da fronteira do Egito, Abrão disse a Sarai, sua mulher: “Você é muito bonita. Quando os egípcios a virem, dirão: ‘É mulher dele. Vamos matá-lo para ficarmos com ela’. Diga, portanto, que é minha irmã. Eles pouparão minha vida e, por sua causa, me tratarão bem”. De fato, chegando Abrão ao Egito, todos notaram a grande beleza de sua mulher. Quando os oficiais do palácio a viram, falaram maravilhas dela ao faraó e a levaram para o palácio. Por causa de Sarai, o faraó deu muitos presentes a Abrão: ovelhas, bois, jumentos e jumentas, servos e servas, e camelos. Mas, por causa de Sarai, mulher de Abrão, o S enhor enviou pragas terríveis sobre o faraó e sobre os membros de sua casa. Por isso, o faraó mandou chamar Abrão e disse: “O que você fez comigo? Por que não me disse que ela era sua mulher? Por que disse que era sua irmã e permitiu que eu a tomasse como esposa? Aqui está sua mulher. Tome-a e vá embora daqui!”. O faraó ordenou que alguns de seus homens escoltassem Abrão, com sua mulher e todos os seus bens, para fora de sua terra. Abrão saiu do Egito e subiu para o Neguebe, junto com sua mulher, com Ló e com tudo que possuíam. (Abrão era muito rico e tinha muitos rebanhos, prata e ouro.) Do Neguebe, prosseguiram em sua jornada, acampando ao longo do caminho em direção a Betel. Por fim, armaram as tendas entre Betel e Ai, onde haviam acampado anteriormente, e onde Abrão havia construído um altar. Ali, Abrão invocou o nome do S enhor outra vez. Ló, que viajava com Abrão, também havia enriquecido e possuía rebanhos de ovelhas, gado e muitas tendas. Os recursos da terra, porém, não eram suficientes para sustentar Abrão e Ló, com todos os seus rebanhos, vivendo tão próximos um do outro. Logo, surgiram desentendimentos entre os pastores de Abrão e os de Ló. (Naquele tempo, os cananeus e os ferezeus também viviam na terra.) Então Abrão disse a Ló: “Não haja conflito entre nós, ou entre nossos pastores. Afinal, somos parentes próximos! A região inteira está à sua disposição. Escolha a parte da terra que desejar e nos separaremos. Se você escolher as terras à esquerda, ficarei com as terras à direita. Se preferir as terras à direita, ficarei com as terras à esquerda”. Ló olhou demoradamente para as planícies férteis do vale do Jordão, na direção de Zoar. A região toda era bem irrigada, como o jardim do S enhor, ou como a terra do Egito. (Isso foi antes de o S enhor destruir Sodoma e Gomorra.) Ló escolheu para si todo o vale do Jordão a leste de onde estavam. Partiu para lá e se separou de seu tio Abrão. Assim, Abrão continuou na terra de Canaã, e Ló mudou suas tendas para um lugar próximo de Sodoma e se estabeleceu entre as cidades da planície. O povo dessa região, porém, era extremamente perverso e vivia pecando contra o S enhor. Depois que Ló partiu, o S enhor disse a Abrão: “Olhe até onde sua vista alcançar, em todas as direções: norte e sul, leste e oeste. Toda esta terra que você está vendo, até onde sua vista alcança, eu dou a você e a seus descendentes como propriedade para sempre. Eu lhe darei tantos descendentes quanto o pó da terra, de modo que, se fosse possível contar o pó da terra, seria possível contar seus descendentes! Vá e percorra a terra em todas as direções, porque eu a dou a você”. Então Abrão mudou seu acampamento para Hebrom e se estabeleceu junto ao bosque de carvalhos que pertencia a Manre. Ali, construiu mais um altar ao S enhor. Por esse tempo, houve guerra na região. Anrafel, rei da Babilônia, Arioque, rei de Elasar, Quedorlaomer, rei de Elão, e Tidal, rei de Goim, lutaram contra Bera, rei de Sodoma, Birsa, rei de Gomorra, Sinabe, rei de Admá, Semeber, rei de Zeboim, e contra o rei de Belá (também chamada Zoar). Esse segundo grupo de reis reuniu suas tropas no vale de Sidim (ou seja, no vale do mar Morto). Por doze anos, estiveram sob o domínio do rei Quedorlaomer, mas no décimo terceiro ano se rebelaram contra ele. Um ano depois, Quedorlaomer e seus aliados vieram e derrotaram os refains em Asterote-Carnaim, os zuzins em Hã, os emins em Savé-Quiriatim, e os horeus no monte Seir, até El-Parã, à beira do deserto. Em seguida, voltaram e foram a En-Mispate (hoje chamada Cades) e conquistaram o território dos amalequitas e dos amorreus que viviam em Hazazom-Tamar. Então os reis de Sodoma, Gomorra, Admá, Zeboim e Belá (também chamada Zoar) se prepararam para a batalha no vale do mar Morto. Lutaram contra Quedorlaomer, rei de Elão, Tidal, rei de Goim, Anrafel, rei da Babilônia, e Arioque, rei de Elasar, quatro reis contra cinco. Acontece que o vale do mar Morto era cheio de poços de betume. Quando o exército dos reis de Sodoma e Gomorra fugiu, alguns dos soldados caíram nos poços de betume, enquanto o restante escapou para as montanhas. Os invasores vitoriosos saquearam Sodoma e Gomorra e partiram para casa, levando consigo todos os espólios da guerra e os mantimentos. Também capturaram Ló, o sobrinho de Abrão que morava em Sodoma, e tudo que ele possuía. Um dos homens de Ló, porém, conseguiu escapar e contou tudo a Abrão, o hebreu, que morava junto ao bosque de carvalhos pertencente a Manre, o amorreu. Manre e seus parentes, Escol e Aner, eram aliados de Abrão. Quando Abrão soube que seu sobrinho Ló havia sido capturado, mobilizou os 318 homens treinados que tinham nascido em sua casa. Perseguiu o exército de Quedorlaomer até alcançá-los em Dã, onde dividiu os homens em grupos e atacou durante a noite. O exército de Quedorlaomer fugiu, mas Abrão o perseguiu até Hobá, ao norte de Damasco. Abrão recuperou todos os bens saqueados e trouxe de volta Ló, seu sobrinho, com todos os seus bens, as mulheres e os outros prisioneiros. Depois que Abrão regressou vitorioso do conflito com Quedorlaomer e todos os seus aliados, o rei de Sodoma saiu ao seu encontro no vale de Savé (conhecido como vale do Rei). Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, trouxe pão e vinho e abençoou Abrão, dizendo: “Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, Criador dos céus e da terra. E bendito seja o Deus Altíssimo, que derrotou seus inimigos por você”. Então Abrão entregou a Melquisedeque um décimo de todos os bens que havia recuperado. O rei de Sodoma disse a Abrão: “Devolva-me apenas as pessoas que foram capturadas. Fique com os bens que você recuperou”. Abrão respondeu ao rei de Sodoma: “Juro solenemente diante do S enhor, o Deus Altíssimo, Criador dos céus e da terra, que não ficarei com coisa alguma do que é seu, nem sequer um fio ou uma correia de sandália. Do contrário, o rei poderia dizer: ‘Fui eu que enriqueci Abrão’. Aceito apenas aquilo que meus jovens guerreiros comeram e peço que dê uma parte justa dos bens a Aner, Escol e Manre, meus aliados”. Algum tempo depois, o S enhor falou a Abrão em uma visão e lhe disse: “Não tenha medo, Abrão, pois eu serei seu escudo, e sua recompensa será muito grande”. Abrão, porém, respondeu: “Ó S enhor Soberano, de que me adiantam todas as tuas bênçãos se eu nem mesmo tenho um filho? Uma vez que não me deste filhos, Eliézer de Damasco, servo em minha casa, herdará toda a minha riqueza. Não me deste nenhum descendente próprio e, por isso, um dos meus servos será meu herdeiro”. O S enhor lhe disse: “Não, não será esse o seu herdeiro; você terá seu próprio filho, e ele será seu herdeiro”. Em seguida, levou Abrão para fora e lhe disse: “Olhe para o céu e conte as estrelas, se for capaz. Este é o número de descendentes que você terá”. Abrão creu no S enhor, e assim foi considerado justo. Então o S enhor lhe disse: “Eu sou o S enhor, que o tirei de Ur dos caldeus para lhe dar esta terra como posse”. Abrão perguntou: “Ó S enhor Soberano, como posso ter certeza de que a possuirei de fato?”. O S enhor respondeu: “Traga-me uma novilha, uma cabra e um carneiro, todos com três anos, mais uma rolinha e um pombinho”. Abrão lhe apresentou todos esses animais e os matou. Em seguida, cortou cada um deles ao meio e colocou as metades lado a lado; as aves, porém, não cortou ao meio. Aves de rapina mergulharam para comer as carcaças, mas Abrão as afugentou. Enquanto o sol se punha, Abrão caiu em sono profundo, e uma escuridão apavorante desceu sobre ele. Então o S enhor disse a Abrão: “Esteja certo de que seus descendentes serão forasteiros em terra alheia, onde sofrerão opressão como escravos por quatrocentos anos. Mas eu castigarei a nação que os escravizar e, por fim, eles sairão de lá com grande riqueza. (Você, por sua vez, morrerá em paz e será sepultado em idade avançada.) Depois de quatro gerações, seus descendentes voltarão a esta terra, pois a maldade dos amorreus ainda não chegou ao ponto de provocar meu castigo”. Quando o sol se pôs e veio a escuridão, Abrão viu um fogareiro fumegante e uma tocha ardente passarem por entre as metades das carcaças. Então o S enhor fez uma aliança com Abrão naquele dia e disse: “Dei esta terra a seus descendentes, desde a fronteira com o Egito até o grande rio Eufrates, a terra hoje ocupada pelos queneus, quenezeus, cadmoneus, hititas, ferezeus, refains, amorreus, cananeus, girgaseus e jebuseus”. Sarai, mulher de Abrão, não havia conseguido lhe dar filhos. Tinha, porém, uma serva egípcia chamada Hagar. Sarai disse a Abrão: “O S enhor me impediu de ter filhos. Vá e deite-se com minha serva. Talvez, por meio dela, eu consiga ter uma família”. Abrão aceitou a proposta de Sarai. Então Sarai, mulher de Abrão, tomou Hagar, a serva egípcia, e a entregou a Abrão como mulher. (Isso aconteceu dez anos depois que Abrão havia se estabelecido na terra de Canaã.) Abrão teve relações com Hagar, e ela engravidou. Quando Hagar soube que estava grávida, começou a tratar Sarai, sua senhora, com desprezo. Então Sarai disse a Abrão: “Você é o culpado da vergonha que estou passando! Entreguei minha serva a você, mas, agora que engravidou, ela me trata com desprezo. O S enhor mostrará quem está errado: você ou eu!”. Abrão respondeu: “Hagar é sua serva. Faça com ela o que lhe parecer melhor”. Então Sarai a tratou tão mal que, por fim, Hagar fugiu. O anjo do S enhor encontrou Hagar no deserto, perto de uma fonte de água junto à estrada para Sur, e perguntou: “Hagar, serva de Sarai, de onde você vem e para onde vai?”. “Estou fugindo de minha senhora, Sarai”, respondeu ela. Então o anjo do S enhor disse: “Volte para sua senhora e sujeite-se à autoridade dela”. E acrescentou: “Eu lhe darei tantos descendentes que será impossível contá-los”. O anjo do S enhor também disse: “Você está grávida e dará à luz um filho. Dê a ele o nome de Ismael, pois o S enhor ouviu seu clamor angustiado. Seu filho será um homem solitário e indomável, como um jumento selvagem. Levantará o punho contra todos, e todos serão contra ele. Sim, ele viverá em franca oposição a todos os seus parentes”. Então Hagar passou a usar outro nome para se referir ao S enhor, que havia falado com ela. Chamou-o de “Tu és o Deus que me vê”, pois tinha dito: “Aqui eu vi aquele que me vê!”. Por isso, aquela fonte que fica entre Cades e Berede recebeu o nome de Beer-Laai-Roi. Assim, Hagar deu um filho a Abrão, e Abrão o chamou de Ismael. Quando Ismael nasceu, Abrão tinha 86 anos. Quando Abrão estava com 99 anos, o S enhor lhe apareceu e disse: “Eu sou o Deus Todo-poderoso. Seja fiel a mim e tenha uma vida íntegra. Farei uma aliança com você e lhe darei uma descendência incontável”. Ao ouvir essas palavras, Abrão se prostrou com o rosto no chão, e Deus lhe disse: “Esta é a minha aliança com você: farei de você o pai de numerosas nações! Além disso, mudarei seu nome. Você já não será chamado Abrão, mas sim Abraão, pois será o pai de muitas nações. Eu o tornarei extremamente fértil. Seus descendentes formarão muitas nações, e haverá reis entre eles. “Confirmarei a minha aliança com você e seus descendentes, de geração em geração. Esta é a aliança sem fim: serei sempre o seu Deus e o Deus de seus descendentes. Darei a você e a seus descendentes toda a terra de Canaã, onde hoje você vive como estrangeiro. Será propriedade deles para sempre, e eu serei o seu Deus”. Então Deus disse a Abraão: “É sua responsabilidade permanente, e de seus descendentes, obedecer aos termos da aliança. Este é o sinal da aliança que você e seus descendentes devem guardar: todo indivíduo do sexo masculino entre vocês deve ser circuncidado. Cortem a carne do prepúcio como sinal da aliança entre mim e vocês. Todo menino deve ser circuncidado no oitavo dia depois do nascimento, de geração em geração. Isso se aplica não apenas aos membros de sua família, mas também aos servos nascidos em sua casa e aos servos estrangeiros que você comprou. Quer sejam nascidos em sua casa, quer os tenha comprado, todos devem ser circuncidados. Terão no corpo o sinal da minha aliança sem fim. O indivíduo do sexo masculino que não for circuncidado será excluído do seu povo, pois quebrou a minha aliança”. Deus também disse a Abraão: “Quanto à sua mulher, não se chamará mais Sarai. De agora em diante ela se chamará Sara. Eu a abençoarei e por meio dela darei a você um filho! Sim, eu a abençoarei, e ela se tornará mãe de muitas nações. Haverá reis de nações entre seus descendentes”. Abraão se prostrou com o rosto no chão e riu consigo. Pensou: “Como eu, aos 100 anos, poderia ser pai? E como Sara, aos 90 anos, teria um filho?”. Então Abraão disse a Deus: “Que Ismael viva sob a tua bênção!”. Mas Deus respondeu: “Na verdade, Sara, sua mulher, lhe dará um filho. Você o chamará Isaque, e eu confirmarei com ele e com seus descendentes, para sempre, a minha aliança. Quanto a Ismael, também o abençoarei, como você pediu. Eu o tornarei extremamente fértil e multiplicarei seus descendentes. Ele será pai de doze príncipes, e farei dele uma grande nação. Minha aliança, porém, será confirmada com Isaque, filho que Sara lhe dará por esta época, no ano que vem”. Quando Deus terminou de falar, retirou-se da presença de Abraão. Naquele mesmo dia, Abraão tomou Ismael, seu filho, e todos os indivíduos do sexo masculino em sua casa, tanto os nascidos ali como os comprados, e os circuncidou, removendo o prepúcio, como Deus havia ordenado. Abraão tinha 99 anos quando foi circuncidado, e Ismael, seu filho, tinha 13 anos. Ambos foram circuncidados naquele mesmo dia, junto com todos os outros homens e meninos da casa, tanto os nascidos ali como os comprados. Todos foram circuncidados com Abraão. O S enhor apareceu novamente a Abraão junto ao bosque de carvalhos que pertencia a Manre. Abraão estava sentado à entrada de sua tenda na hora mais quente do dia. Olhando para fora, viu três homens em pé, próximos à tenda. Quando os viu, correu até onde estavam e lhes deu as boas-vindas, curvando-se até o chão. Abraão disse: “Meu senhor, se assim desejar, pare aqui um pouco. Descanse à sombra desta árvore enquanto mando trazer água para lavarem os pés. E, uma vez que honraram seu servo com esta visita, prepararei uma refeição para restaurar suas forças antes de seguirem viagem”. “Está bem”, responderam eles. “Faça como você disse.” Abraão voltou correndo para a tenda e disse a Sara: “Rápido! Pegue três medidas da melhor farinha, amasse-a e faça alguns pães”. Em seguida, Abraão correu ao rebanho, escolheu um novilho tenro e o entregou a seu servo, que o preparou rapidamente. Quando a comida estava pronta, Abraão pegou coalhada, leite e a carne assada e os serviu aos visitantes. Enquanto comiam, Abraão permaneceu à disposição deles, à sombra das árvores. “Onde está Sara, sua mulher?”, perguntaram os visitantes. “Está dentro da tenda”, respondeu Abraão. Então um deles disse: “Voltarei a visitar você por esta época, no ano que vem, e sua mulher, Sara, terá um filho”. Sara estava ouvindo a conversa de dentro da tenda. Abraão e Sara já eram bem velhos, e Sara tinha passado, havia muito tempo, da idade de ter filhos. Por isso, riu consigo e disse: “Como poderia uma mulher da minha idade ter esse prazer, ainda mais quando meu senhor, meu marido, também é idoso?”. Então o S enhor disse a Abraão: “Por que Sara riu? Por que disse: ‘Pode uma mulher da minha idade ter um filho’? Existe alguma coisa difícil demais para o S enhor? Voltarei por esta época, no ano que vem, e Sara terá um filho”. Sara teve medo e, por isso, mentiu: “Eu não ri”. Mas ele disse: “Não é verdade. Você riu”. Depois da refeição, os visitantes se levantaram e olharam em direção a Sodoma. Quando partiram, Abraão os acompanhou para despedir-se deles. Então o S enhor disse: “Devo esconder meu plano de Abraão? Afinal, Abraão certamente se tornará uma grande e poderosa nação, e todas as nações da terra serão abençoadas por meio dele. Eu o escolhi para que ordene a seus filhos e às famílias deles que guardem o caminho do S enhor, praticando o que é certo e justo. Então farei por Abraão tudo que prometi”. Portanto, o S enhor disse a Abraão: “Ouvi um grande clamor vindo de Sodoma e Gomorra, porque o pecado dessas duas cidades é extremamente grave. Descerei para investigar se seus atos são, de fato, tão perversos quanto tenho ouvido. Se não forem, quero saber”. Os outros visitantes partiram para Sodoma, mas Abraão permaneceu diante do S enhor. Aproximou-se dele e disse: “Exterminarás tanto os justos como os perversos? Suponhamos que haja cinquenta justos na cidade. Mesmo assim os exterminarás e não a pouparás por causa deles? Claro que não farias tal coisa: destruir o justo com o perverso. Afinal, estarias tratando o justo e o perverso da mesma maneira! Certamente não farias isso! Acaso o Juiz de toda a terra não faria o que é certo?”. O S enhor respondeu: “Se eu encontrar cinquenta justos em Sodoma, pouparei a cidade toda por causa deles”. Abraão voltou a falar: “Embora eu seja apenas pó e cinza, permita-me dizer mais uma coisa ao meu Senhor. Suponhamos que haja apenas quarenta e cinco justos, e não cinquenta. Destruirás a cidade toda por falta de cinco justos?”. O S enhor disse: “Se encontrar ali quarenta e cinco justos, não a destruirei”. Abraão levou seu pedido ainda mais longe: “Suponhamos que haja apenas quarenta”. O S enhor respondeu: “Por causa dos quarenta, não a destruirei”. “Por favor, não fiques irado comigo, meu Senhor”, suplicou Abraão. “Permita-me falar. Suponhamos que haja apenas trinta justos.” O S enhor disse: “Se encontrar ali trinta justos, não a destruirei”. Abraão prosseguiu: “Uma vez que tive a ousadia de falar ao Senhor, permita-me continuar. Suponhamos que haja apenas vinte”. O S enhor respondeu: “Por causa dos vinte, não a destruirei”. Por fim, Abraão disse: “Senhor, não fiques irado comigo por eu falar mais uma vez. Suponhamos que haja apenas dez”. O S enhor respondeu: “Por causa dos dez, não a destruirei”. Quando terminou a conversa com Abraão, o S enhor partiu, e Abraão voltou para sua tenda. Ao anoitecer, os dois anjos chegaram à entrada da cidade de Sodoma. Ló estava sentado ali. Ao avistá-los, levantou-se para recebê-los. Deu-lhes boas-vindas, curvou-se com o rosto no chão e disse: “Meus senhores, venham à minha casa para lavar os pés e sejam meus hóspedes esta noite. Amanhã, poderão levantar-se cedo e seguir viagem”. “Não”, responderam eles. “Passaremos a noite aqui, na praça da cidade.” Mas Ló insistiu muito e, por fim, eles o acompanharam até sua casa. Ló lhes preparou um banquete completo, com pão fresco sem fermento, e eles comeram. Ainda não tinham ido se deitar quando todos os homens de Sodoma, jovens e velhos, chegaram de toda parte da cidade e cercaram a casa. Gritaram para Ló: “Onde estão os homens que vieram passar a noite em sua casa? Traga-os aqui fora para nós, para que tenhamos relações com eles!”. Ló saiu para conversar com os homens e fechou a porta atrás de si. “Por favor, meus irmãos, não cometam tamanha maldade”, suplicou. “Escutem, tenho duas filhas virgens. Deixem-me trazê-las para fora, e vocês poderão fazer com elas o que desejarem. Mas, por favor, deixem os homens em paz, pois são meus hóspedes e estão sob minha proteção.” “Saia da frente!”, gritaram eles. “Esse sujeito é um estrangeiro que se mudou para a cidade e, agora, age como se fosse nosso juiz! Faremos a você coisas bem piores do que a seus hóspedes!” Então partiram para cima de Ló, tentando arrombar a porta. Os dois anjos, porém, estenderam a mão, puxaram Ló para dentro da casa e trancaram a porta. Depois, cegaram todos os homens, jovens e velhos, que estavam à porta, de modo que eles se cansaram e desistiram de invadir a casa. Os anjos perguntaram a Ló: “Você tem outros parentes na cidade? Tire-os todos daqui: genros, filhos, filhas ou qualquer outro parente, pois estamos prestes a destruir toda a cidade. O clamor contra ela é tão grande que chegou ao S enhor, e ele nos enviou para destruí-la”. Então Ló correu para avisar os noivos de suas filhas: “Saiam depressa da cidade! O S enhor está prestes a destruí-la”. Os rapazes, porém, pensaram que ele estava brincando. No dia seguinte, ao amanhecer, os anjos insistiram: “Rápido! Tome sua mulher e suas duas filhas que estão aqui! Saia agora mesmo, ou também morrerá quando a cidade for castigada!”. Visto que Ló ainda hesitava, os anjos o tomaram pela mão, e também sua mulher e as duas filhas, e correram com eles para um lugar seguro, fora da cidade, pois o S enhor foi misericordioso. Quando estavam em segurança, fora da cidade, um dos anjos ordenou: “Corram e salvem-se! Não olhem para trás nem parem no vale! Fujam para as montanhas, ou serão destruídos!”. Mas Ló suplicou: “Não, meu senhor! Os senhores foram muito bondosos comigo, salvaram minha vida e mostraram grande compaixão. Não posso, contudo, ir para as montanhas. A calamidade também me alcançaria ali, e bem depressa eu morreria. Vejam, aqui perto há um vilarejo. É um lugar bem pequeno. Por favor, deixem-me ir para lá, e minha vida será salva”. “Está bem”, disse o anjo. “Atenderei a seu pedido. Não destruirei o vilarejo. Mas vá logo! Fuja para ele, pois não posso fazer nada enquanto você não chegar lá.” (Isso explica por que a vila era conhecida como Zoar. ) Ló chegou a Zoar quando o sol aparecia no horizonte. Então o S enhor fez chover do céu fogo e enxofre sobre Sodoma e Gomorra. Destruiu-as completamente, além de outras cidades e vilas da planície, e exterminou todos os habitantes e toda a vegetação. A mulher de Ló, porém, olhou para trás enquanto o seguia e se transformou numa coluna de sal. Naquela manhã, Abraão se levantou cedo e correu para o lugar onde tinha estado na presença do S enhor. Olhou para a planície, em direção a Sodoma e Gomorra, e viu colunas de fumaça subindo do lugar onde antes ficavam as cidades, como fumaça de uma fornalha. Contudo, Deus atendeu ao pedido de Abraão e salvou Ló, tirando-o do meio da destruição que engoliu as cidades da planície. Algum tempo depois, Ló deixou Zoar, pois tinha medo do povo de lá, e foi morar numa caverna nas montanhas com suas duas filhas. Certo dia, a filha mais velha disse à irmã: “Nesta região não resta homem algum com quem possamos ter relações, como fazem todas as pessoas. E logo nosso pai será velho demais para ter filhos. Vamos embebedá-lo com vinho e então nos deitaremos com ele. Com isso, preservaremos nossa descendência por meio de nosso pai”. Naquela noite, portanto, embebedaram o pai com vinho, e a filha mais velha teve relações com ele. E ele não percebeu quando ela se deitou nem quando se levantou. Na manhã seguinte, a filha mais velha disse à irmã mais nova: “Ontem à noite, tive relações com nosso pai. Vamos embebedá-lo com vinho outra vez hoje à noite, e você terá relações com ele. Com isso, preservaremos nossa descendência por meio de nosso pai”. Naquela noite, portanto, voltaram a embebedar o pai com vinho, e a filha mais nova teve relações com ele. Mais uma vez, ele não percebeu quando ela se deitou nem quando se levantou. Como resultado, as duas filhas de Ló engravidaram do próprio pai. Quando a filha mais velha deu à luz um menino, chamou-o de Moabe. Ele se tornou o antepassado do povo conhecido até hoje como moabitas. Quando a filha mais nova deu à luz um menino, chamou-o de Ben-Ami. Ele se tornou o antepassado do povo conhecido até hoje como amonitas. Abraão se mudou para o Neguebe, ao sul. Permaneceu por algum tempo entre Cades e Sur e depois seguiu até Gerar. Enquanto morava ali como estrangeiro, Abraão apresentava Sara, sua mulher, dizendo: “Ela é minha irmã”. Por isso, o rei Abimeleque, de Gerar, mandou buscar Sara para seu palácio. Naquela noite, Deus apareceu a Abimeleque num sonho e lhe disse: “Você vai morrer! A mulher que tomou já é casada!”. Abimeleque, porém, ainda não havia dormido com ela. Assim, disse: “Senhor, castigarás uma nação inocente? Não foi Abraão quem me disse: ‘Ela é minha irmã’? E ela própria afirmou: ‘Sim, ele é meu irmão’? Agi com total inocência. Minhas mãos estão limpas!”. No sonho, Deus respondeu: “Sim, eu sei que você é inocente. Por isso o impedi de pecar e não deixei que a tocasse. Agora, devolva a mulher ao marido dela, e ele orará por você, pois é profeta. Então você viverá. Mas, se não a devolver, esteja certo de que você e todo o seu povo morrerão”. Na manhã seguinte, Abimeleque se levantou cedo e, sem demora, reuniu todos os seus servos. Quando contou o que havia acontecido, seus homens se encheram de medo. Então Abimeleque mandou chamar Abraão. “O que você fez conosco?”, perguntou. “Que crime cometi para merecer este tratamento que nos torna, a mim e ao meu reino, culpados deste grande pecado? O que você me fez não se faz a ninguém! O que deu em você para agir desse jeito?” Abraão respondeu: “Pensei comigo: ‘Este é um lugar onde ninguém teme a Deus, e vão me matar para ficarem com minha mulher’. Além do mais, ela é, de fato, minha irmã por parte de pai, mas não de mãe, e eu me casei com ela. Quando Deus me chamou para deixar a casa de meu pai e viajar de um lugar para outro, eu disse a ela: ‘Faça-me este favor: por onde formos, diga que eu sou seu irmão’”. Então Abimeleque pegou ovelhas e bois, servos e servas, e os deu de presente a Abraão. Também lhe devolveu Sara, sua mulher. Abimeleque disse: “Veja, minha terra está à sua disposição. More onde lhe parecer melhor”. E disse a Sara: “Estou dando a seu irmão mil peças de prata diante de todas estas testemunhas para reparar qualquer dano que eu lhe tenha causado. Assim, todos saberão que você é inocente”. Então Abraão orou a Deus, e Deus curou Abimeleque, sua mulher e suas servas, de modo que pudessem ter filhos, pois o S enhor havia tornado estéreis todas as mulheres do harém de Abimeleque por causa do que tinha acontecido com Sara, mulher de Abraão. O S enhor agiu em favor de Sara e cumpriu o que lhe tinha prometido. Ela engravidou e deu à luz um filho para Abraão na velhice dele, exatamente no tempo indicado por Deus. Abraão deu o nome Isaque ao filho que Sara lhe deu. No oitavo dia depois do nascimento de Isaque, Abraão o circuncidou, como Deus havia ordenado. Abraão tinha 100 anos quando Isaque nasceu. Sara declarou: “Deus me fez sorrir. Todos que ficarem sabendo do que aconteceu vão rir comigo!”. E disse mais: “Quem diria a Abraão que sua mulher amamentaria um bebê? E, no entanto, em sua velhice, eu lhe dei um filho!”. Quando Isaque cresceu e estava para ser desmamado, Abraão preparou uma grande festa para comemorar a ocasião. Sara, porém, viu Ismael, filho de Abraão e da serva egípcia Hagar, caçoar de seu filho, Isaque, e disse a Abraão: “Livre-se da escrava e do filho dela! Ele jamais será herdeiro junto com meu filho, Isaque!”. Abraão ficou muito perturbado com isso, pois Ismael era seu filho. Deus, porém, lhe disse: “Não se perturbe por causa do menino e da serva. Faça tudo que Sara lhe pedir, pois Isaque é o filho de quem depende a sua descendência. Contudo, também farei uma nação dos descendentes do filho de Hagar, pois ele é seu filho”. Na manhã seguinte, Abraão se levantou cedo, preparou mantimentos e uma vasilha cheia de água e os pôs sobre os ombros de Hagar. Então, mandou-a embora com seu filho, e ela andou sem rumo pelo deserto de Berseba. Quando acabou a água, Hagar colocou o menino à sombra de um arbusto e foi sentar-se sozinha, uns cem metros adiante. “Não quero ver o menino morrer”, disse ela, chorando sem parar. Mas Deus ouviu o choro do menino e, do céu, o anjo de Deus chamou Hagar: “Que foi, Hagar? Não tenha medo! Deus ouviu o menino chorar, dali onde ele está. Levante-o e anime-o, pois farei dos descendentes dele uma grande nação”. Então Deus abriu os olhos de Hagar, e ela viu um poço cheio de água. Sem demora, encheu a vasilha de água e deu para o menino beber. Deus estava com o menino enquanto ele crescia no deserto. Ismael se tornou flecheiro e se estabeleceu no deserto de Parã, e sua mãe conseguiu para ele uma esposa egípcia. Por esse tempo, Abimeleque, acompanhado de Ficol, comandante do seu exército, foi visitar Abraão. “É evidente que Deus está com você, ajudando-o em tudo que faz”, disse Abimeleque. “Jure, em nome de Deus, que não enganará nem a mim, nem a meus filhos, nem a nenhum de meus descendentes. Tenho sido leal a você, por isso jure que será leal a mim e a esta terra onde vive como estrangeiro.” Abraão respondeu: “Eu juro!”. Contudo, Abraão reclamou com Abimeleque sobre um poço que os servos de Abimeleque lhe haviam tomado à força. “Eu não sabia disso”, respondeu Abimeleque. “Não faço ideia de quem seja o responsável. Você nunca se queixou a esse respeito.” Então Abraão deu ovelhas e bois a Abimeleque, e os dois fizeram um acordo. Quando Abraão também separou do rebanho mais sete cordeirinhas, Abimeleque lhe perguntou: “Por que você separou estas sete das demais?”. Abraão respondeu: “Por favor, aceite estas sete cordeirinhas como testemunho de que eu cavei este poço”. Por isso Abraão chamou o lugar de Berseba, porque ali os dois fizeram o juramento. Depois de firmarem a aliança em Berseba, Abimeleque e Ficol, comandante do seu exército, voltaram para a terra dos filisteus. Abraão plantou uma tamargueira em Berseba e ali invocou o nome do S enhor, o Deus Eterno. E Abraão morou na terra dos filisteus como estrangeiro por longo tempo. Algum tempo depois, Deus pôs Abraão à prova. “Abraão!”, Deus chamou. “Sim”, respondeu Abraão. “Aqui estou!” Deus disse: “Tome seu filho, seu único filho, Isaque, a quem você tanto ama, e vá à terra de Moriá. Lá, em um dos montes que eu lhe mostrarei, ofereça-o como holocausto”. Na manhã seguinte, Abraão se levantou cedo e preparou seu jumento. Levou consigo dois de seus servos e seu filho Isaque. Cortou lenha para o fogo do holocausto e partiu para o lugar que Deus tinha indicado. No terceiro dia da viagem, Abraão levantou os olhos e viu o lugar de longe. “Fiquem aqui com o jumento”, disse ele aos servos. “O rapaz e eu iremos mais adiante. Vamos adorar e depois voltaremos.” Abraão pôs a lenha para o holocausto nos ombros de Isaque, e ele próprio levou o fogo e a faca. Enquanto os dois caminhavam juntos, Isaque se virou para Abraão e disse: “Pai?”. “Sim, meu filho”, respondeu Abraão. “Temos fogo e lenha”, disse Isaque. “Mas onde está o cordeiro para o holocausto?” “Deus providenciará o cordeiro para o holocausto, meu filho”, respondeu Abraão. E continuaram a caminhar juntos. Quando chegaram ao lugar que Deus havia indicado, Abraão construiu um altar e arrumou a lenha sobre ele. Em seguida, amarrou seu filho Isaque e o colocou no altar, sobre a lenha. Então, pegou a faca para sacrificar o filho. Nesse momento, o anjo do S enhor o chamou do céu: “Abraão! Abraão!”. “Aqui estou!”, respondeu Abraão. “Não toque no rapaz”, disse o anjo. “Não lhe faça mal algum. Agora sei que você teme a Deus de fato. Não me negou nem mesmo seu filho, seu único filho!” Então Abraão levantou os olhos e viu um carneiro preso pelos chifres num arbusto. Pegou o carneiro e o ofereceu como holocausto em lugar do filho. Abraão chamou aquele lugar de Javé-Jiré. Até hoje, as pessoas usam esse nome como provérbio: “No monte do S enhor se providenciará”. Então o anjo do S enhor chamou Abraão novamente do céu: “Assim diz o S enhor: Uma vez que você me obedeceu e não me negou nem mesmo seu filho, seu único filho, juro pelo meu nome que certamente o abençoarei. Multiplicarei grandemente seus descendentes, e eles serão como as estrelas no céu e a areia na beira do mar. Seus descendentes conquistarão as cidades de seus inimigos e, por meio deles, todas as nações da terra serão abençoadas. Tudo isso porque você me obedeceu”. Então voltaram até onde estavam os servos e partiram para Berseba, onde Abraão continuou a morar. Pouco tempo depois, Abraão ficou sabendo que Milca, mulher de Naor, irmão dele, lhe tinha dado filhos. O mais velho recebeu o nome de Uz, o segundo mais velho, Buz, seguido de Quemuel (antepassado dos arameus), Quésede, Hazo, Pildás, Jidlafe e Betuel (que foi o pai de Rebeca). Esses foram os oito filhos que Milca deu a Naor, irmão de Abraão. Além desses, Reumá, sua concubina, lhe deu quatro filhos: Tebá, Gaã, Taás e Maaca. Quando Sara estava com 127 anos, morreu em Quiriate-Arba (hoje chamada Hebrom), na terra de Canaã. Abraão lamentou a morte de Sara e chorou por ela. Depois, deixou ali o corpo de sua mulher e disse aos hititas: “Tenho vivido como forasteiro e estrangeiro entre vocês. Por favor, vendam-me um pedaço de terra, para que eu possa dar um sepultamento digno à minha mulher”. Os hititas responderam a Abraão: “Ouça-nos; o senhor é um príncipe honrado em nosso meio. Escolha o melhor dos nossos túmulos e nele sepulte sua mulher. Nenhum de nós se recusará a dar ao senhor o local para a sepultura”. Abraão curvou-se diante dos hititas e disse: “Visto que estão dispostos a me dar o local para a sepultura, façam a gentileza de pedir a Efrom, filho de Zoar, que me permita comprar sua caverna em Macpela, na fronteira do seu campo. Ele me venderá a terra pelo preço que vocês considerarem justo, e assim terei uma sepultura permanente para minha família”. Efrom estava sentado no meio do seu povo e respondeu a Abraão enquanto os demais ouviam, pronunciando-se publicamente diante dos hititas que se reuniam à porta da cidade. “Não, meu senhor”, disse ele a Abraão. “Ouça-me; eu lhe dou o campo e a caverna. Aqui, na presença do meu povo, eu lhe dou a propriedade. Vá e sepulte a sua falecida.” Abraão se curvou outra vez diante do povo daquela terra e respondeu a Efrom, enquanto todos ouviam: “Ouça-me, por favor; eu os comprarei de você. Deixe-me pagar o preço justo pelo campo, para que possa sepultar ali a minha falecida”. Efrom respondeu a Abraão: “Meu senhor, ouça-me; a propriedade vale quatrocentas peças de prata, mas o que é isso entre amigos? Vá e sepulte a sua falecida”. Abraão concordou com o preço e pagou a quantia que Efrom sugeriu: quatrocentas peças de prata, pesadas de acordo com o padrão do mercado. E os hititas testemunharam a transação. Assim, Abraão comprou o pedaço de terra pertencente a Efrom em Macpela, perto de Manre. A propriedade incluía o campo, a caverna e todas as árvores ao redor. Foi transferida a Abraão como sua propriedade permanente, na presença dos anciãos hititas à porta da cidade. Então Abraão sepultou Sara, sua mulher, em Canaã, na caverna de Macpela, perto de Manre (também chamado Hebrom). O campo e a caverna foram transferidos dos hititas para Abraão como sepultura permanente. Abraão estava bem velho, e o S enhor o havia abençoado em tudo. Certo dia, Abraão disse a seu servo mais antigo, o homem encarregado de sua casa: “Faça um juramento colocando a mão debaixo da minha coxa. Jure pelo S enhor, o Deus dos céus e da terra, que não deixará meu filho se casar com uma das mulheres cananeias que aqui vivem, mas irá à minha terra natal, aos meus parentes, procurar uma mulher para meu filho Isaque”. O servo perguntou: “E se eu não encontrar uma moça disposta a viajar para um lugar tão distante de sua terra? Devo levar Isaque para morar entre seus parentes na terra de onde o senhor veio?”. “Não!”, respondeu Abraão. “Cuidado! Não leve meu filho para lá de jeito nenhum. O S enhor, o Deus dos céus, que me tirou da casa de meu pai e de minha terra natal, prometeu solenemente dar esta terra a meus descendentes. Ele enviará um anjo à sua frente e providenciará para que você encontre ali uma mulher para meu filho. Se ela não estiver disposta a acompanhá-lo de volta, você estará livre do seu juramento. Mas não leve meu filho para lá, de maneira nenhuma.” Então o servo colocou a mão debaixo da coxa de Abraão, seu senhor, e jurou seguir suas instruções. Em seguida, pegou dez camelos de Abraão, carregou-os com presentes valiosos de todo tipo da parte de seu senhor e viajou para a terra distante de Arã-Naaraim. Chegando lá, dirigiu-se à cidade onde Naor, irmão de Abraão, havia se estabelecido. Ao entardecer, quando as mulheres saíam para tirar água, ele fez os camelos se ajoelharem perto de um poço nos arredores da cidade. Então o servo orou: “Ó S enhor, Deus do meu senhor Abraão, por favor, dá-me sucesso hoje e sê bondoso com o meu senhor Abraão. Como vês, estou aqui junto desta fonte, e as moças da cidade estão vindo tirar água. Esta é minha súplica. Pedirei a uma delas: ‘Por favor, dê-me um pouco de água do seu cântaro para eu beber’. Se ela disser: ‘Sim, beba. Também darei água a seus camelos’, que seja ela a moça que escolheste para ser mulher do teu servo Isaque. Desse modo, saberei que foste bondoso com o meu senhor”. Antes de terminar a oração, o servo viu aproximar-se uma moça chamada Rebeca, que trazia um cântaro no ombro. Ela era filha de Betuel, filho do irmão de Abraão, Naor, e de sua mulher, Milca. Rebeca era muito bonita, tinha idade para casar e era virgem. Ela desceu à fonte, encheu o cântaro e voltou. O servo de Abraão correu até ela e lhe pediu: “Por favor, dê-me um pouco de água do seu cântaro para eu beber”. “Sim, meu senhor, beba”, respondeu ela e, prontamente, baixou o cântaro do ombro e lhe deu de beber. Depois que lhe deu de beber, disse: “Tirarei água para seus camelos também, até que estejam satisfeitos”. Esvaziou depressa o cântaro no bebedouro e correu de volta ao poço a fim de tirar água para todos os camelos. O homem a observou em silêncio, pensando se o S enhor lhe tinha dado sucesso em sua missão. Por fim, quando os camelos terminaram de beber, o servo deu à moça uma argola de ouro para o nariz e duas pulseiras grandes de ouro para os braços. “De quem você é filha?”, perguntou ele. “Diga-me, por favor, se seu pai tem lugar para nos hospedar esta noite.” “Sou filha de Betuel, e meus avós são Naor e Milca”, respondeu ela. “Temos bastante palha e forragem para os camelos e espaço para hóspedes.” O homem se prostrou e adorou o S enhor. “Louvado seja o S enhor, Deus do meu senhor Abraão!”, disse ele. “O S enhor demonstrou bondade e fidelidade ao meu senhor, pois me conduziu até seus parentes.” A moça correu para casa e contou à família tudo que havia acontecido. Rebeca tinha um irmão chamado Labão, que foi prontamente à fonte para conhecer o homem. Ele havia visto a argola para o nariz e as pulseiras nos braços da irmã, e tinha ouvido Rebeca contar o que o homem dissera. Assim, apressou-se até a fonte, onde o homem ainda estava parado perto dos camelos. Labão lhe disse: “Venha e fique conosco, abençoado do S enhor! Por que ficar aí fora? Já mandei arrumar acomodações para você e seus homens e lugar para os camelos”. Então o homem foi com ele para casa. Labão mandou descarregar os camelos, dar palha para os animais se deitarem e forragem para comerem, e água para o homem e seus ajudantes lavarem os pés. Quando a refeição foi servida, porém, o servo de Abraão disse: “Não comerei enquanto não explicar o motivo da minha vinda”. “Está bem”, disse Labão. “Fale.” “Sou servo de Abraão”, explicou ele. “O S enhor abençoou grandemente o meu senhor, e ele se tornou um homem rico. O S enhor lhe deu rebanhos de ovelhas e bois, uma fortuna em prata e ouro, e muitos servos e servas, camelos e jumentos. “Quando Sara, mulher do meu senhor, era muito idosa, deu à luz o filho dele. Meu senhor deu tudo que possui a esse filho e me fez jurar, dizendo: ‘Não permita que meu filho se case com uma das mulheres cananeias que aqui vivem. Vá à casa de meu pai, aos meus parentes, procurar uma mulher para meu filho’. “Mas eu perguntei ao meu senhor: ‘E se eu não encontrar uma moça disposta a voltar comigo?’. Ele respondeu: ‘O S enhor, em cuja presença tenho vivido, enviará um anjo com você e lhe dará sucesso em sua missão. Encontre uma mulher para meu filho entre os meus parentes, da família de meu pai. Então você terá cumprido sua obrigação. Se, porém, você for aos meus parentes e eles não deixarem a moça acompanhá-lo, estará livre do juramento’. “Hoje, quando cheguei à fonte, fiz a seguinte oração: ‘Ó S enhor, Deus do meu senhor Abraão, por favor, dá-me sucesso em minha missão. Como vês, estou aqui junto desta fonte. Esta é minha súplica. Quando uma jovem vier tirar água, eu lhe direi: ‘Por favor, dê-me um pouco de água do seu cântaro’. Se ela disser: ‘Sim, beba. Também darei água a seus camelos’, que seja ela a moça que escolheste para ser mulher do filho do meu senhor’. “Antes de terminar de orar em meu coração, vi Rebeca vindo com o cântaro no ombro. Ela desceu à fonte e tirou água. Eu lhe disse: ‘Por favor, dê-me um pouco de água do seu cântaro para eu beber’. Prontamente, ela baixou o cântaro do ombro e disse: ‘Sim, beba. Também darei água aos seus camelos’. Eu bebi, e ela deu água aos camelos. “Em seguida, perguntei-lhe: ‘De quem você é filha?’. Ela respondeu: ‘Sou filha de Betuel, e meus avós são Naor e Milca’. Então coloquei a argola em seu nariz e as pulseiras em seus braços. “Depois, prostrei-me e adorei o S enhor. Louvei o S enhor, Deus do meu senhor Abraão, pois ele havia me conduzido até a sobrinha-neta do meu senhor, para que ela seja mulher do filho do meu senhor. Agora, digam-me se mostrarão bondade e fidelidade ao meu senhor. Por favor, respondam-me ‘sim’ ou ‘não’, para que eu saiba o que fazer em seguida.” Labão e Betuel responderam: “É evidente que o S enhor o trouxe até aqui. Sendo assim, não há nada que possamos dizer. Aqui está Rebeca; tome-a e leve-a com você. Que ela seja mulher do filho do seu senhor, como disse o S enhor ”. Quando o servo de Abraão ouviu a resposta, prostrou-se no chão e adorou o S enhor. Em seguida, entregou a Rebeca joias de prata e ouro e vestidos. Também deu presentes valiosos ao irmão e à mãe de Rebeca. Então o servo e os homens que o acompanhavam comeram e passaram a noite ali. Logo cedo na manhã seguinte, o servo de Abraão disse: “Enviem-me de volta ao meu senhor”. Mas o irmão e a mãe de Rebeca disseram: “Queremos que Rebeca fique conosco pelo menos dez dias; depois, ela poderá partir”. O servo, porém, disse: “Não me detenham. O S enhor me deu sucesso em minha missão; agora, enviem-me de volta ao meu senhor”. “Pois bem”, disseram eles. “Chamaremos Rebeca e pediremos a opinião dela.” Chamaram Rebeca e lhe perguntaram: “Você está disposta a ir com este homem?”. E ela respondeu: “Sim, estou”. Com isso, eles se despediram de Rebeca e a enviaram com o servo de Abraão e seus homens. A serva que havia amamentado Rebeca a acompanhou. Na hora da partida, abençoaram Rebeca, dizendo: “Nossa irmã, que você se torne mãe de muitos milhares! Que seus descendentes conquistem as cidades de seus inimigos!”. Então Rebeca e suas servas montaram nos camelos e seguiram o homem. Assim, o servo de Abraão partiu levando Rebeca. Nesse meio-tempo, Isaque, que morava no Neguebe, havia regressado de Beer-Laai-Roi. Ao entardecer, enquanto caminhava pelo campo e meditava, levantou os olhos e viu que camelos se aproximavam. Quando Rebeca levantou os olhos e viu Isaque, desceu do camelo no mesmo instante e perguntou ao servo: “Quem é aquele homem que vem pelo campo ao nosso encontro?”. Quando ele respondeu: “É meu senhor”, Rebeca cobriu o rosto com o véu. Depois, o servo contou a Isaque tudo que havia feito. Isaque a levou para a tenda de Sara, sua mãe, e Rebeca se tornou sua mulher. Ele a amava profundamente e nela encontrou consolação depois que sua mãe morreu. Abraão se casou outra vez, com uma mulher chamada Quetura. Ela deu à luz Zinrã, Jocsã, Medã, Midiã, Isbaque e Suá. Jocsã gerou Sabá e Dedã. Os descendentes de Dedã foram os assuritas, os letusitas e os leumitas. Os filhos de Midiã foram Efá, Éfer, Enoque, Abida e Elda. Todos eles foram descendentes de Abraão por meio de Quetura. Abraão deu tudo que possuía a seu filho Isaque. Antes de morrer, porém, deu presentes aos filhos de suas concubinas e os separou de Isaque, enviando-os para as terras do leste. Abraão viveu 175 anos e morreu em boa velhice, depois de uma vida longa e feliz. Deu o último suspiro e, ao morrer, reuniu-se a seus antepassados. Seus filhos Isaque e Ismael o sepultaram na caverna de Macpela, perto de Manre, no campo de Efrom, filho de Zoar, o hitita. Esse era o campo que Abraão havia comprado dos hititas e onde havia sepultado Sara, sua mulher. Depois da morte de Abraão, Deus abençoou Isaque, e ele se estabeleceu perto de Beer-Laai-Roi, no Neguebe. Este é o relato da família de Ismael, filho de Abraão com Hagar, serva egípcia de Sara. São estes os descendentes de Ismael por nome e clã: Nebaiote, o mais velho, seguido de Quedar, Adbeel, Misbão, Misma, Dumá, Massá, Hadade, Temá, Jetur, Nafis e Quedemá. Esses doze filhos de Ismael deram origem a doze tribos, cada uma com o nome de seu fundador, relacionadas de acordo com o lugar onde se estabeleceram e acamparam. Ismael viveu 137 anos. Deu o último suspiro e, ao morrer, reuniu-se a seus antepassados. Os descendentes de Ismael ocuparam a região que vai de Havilá a Sur, a leste do Egito, na direção de Assur. Ali, viveram em franca oposição a todos os seus parentes. Este é o relato da família de Isaque, filho de Abraão. Quando Isaque tinha 40 anos, casou-se com Rebeca, filha de Betuel, o arameu de Padã-Arã, e irmã de Labão, o arameu. Isaque orou ao S enhor em favor de sua mulher, pois ela não podia ter filhos. O S enhor ouviu a oração de Isaque, e Rebeca ficou grávida de gêmeos. Os dois bebês lutavam um com o outro no ventre da mãe, de modo que ela consultou o S enhor a esse respeito. “Por que isso está acontecendo comigo?”, perguntou ela. O S enhor respondeu: “Os filhos em seu ventre se tornarão duas nações. Desde o começo, elas serão rivais. Uma nação será mais forte que a outra, e seu filho mais velho servirá a seu filho mais novo”. Quando chegou a hora de dar à luz, Rebeca descobriu que, de fato, eram gêmeos. O primeiro a nascer era ruivo e coberto de pelos; por isso o chamaram de Esaú. Depois, nasceu o outro gêmeo, com a mão agarrada ao calcanhar de Esaú; por isso o chamaram de Jacó. Isaque tinha 60 anos quando os gêmeos nasceram. Os meninos cresceram. Esaú se tornou um caçador habilidoso que vivia ao ar livre, enquanto Jacó era mais pacato e preferia ficar em casa. Isaque amava Esaú porque gostava de comer a carne de caça que ele trazia, mas Rebeca amava Jacó. Certo dia, quando Jacó preparava um ensopado, Esaú chegou do deserto, exausto e faminto. “Estou faminto!”, disse ele a Jacó. “Dê-me um pouco desse ensopado vermelho!” (Por isso Esaú também ficou conhecido como Edom. ) “Está bem”, respondeu Jacó. “Mas, em troca, dê-me seus direitos de filho mais velho.” “Estou morrendo de fome!”, disse Esaú. “De que me servem meus direitos de filho mais velho?” Mas Jacó disse: “Primeiro, jure que seus direitos de filho mais velho agora são meus”. Esaú fez um juramento e, desse modo, vendeu todos os seus direitos de filho mais velho a seu irmão, Jacó. Então Jacó deu a Esaú um pedaço de pão e o ensopado de lentilhas. Esaú comeu, levantou-se e foi embora. Assim, ele desprezou seu direito de filho mais velho. Uma fome terrível atingiu a região, como havia acontecido antes no tempo de Abraão. Por isso, Isaque se mudou para Gerar, onde vivia Abimeleque, rei dos filisteus. O S enhor apareceu a Isaque e disse: “Não desça ao Egito. Faça o que eu mandar. Habite aqui como estrangeiro, e eu estarei com você e o abençoarei. Com isso, confirmo que darei todas estas terras a você e a seus descendentes, conforme prometi solenemente a Abraão, seu pai. Farei que seus descendentes sejam tão numerosos quanto as estrelas do céu e darei a eles todas estas terras. Por meio de sua descendência, todas as nações da terra serão abençoadas. Farei isso porque Abraão me deu ouvidos e obedeceu ao que lhe ordenei: meus mandamentos, decretos e instruções”. Portanto, Isaque ficou em Gerar. Quando os homens que viviam na região perguntaram a Isaque sobre Rebeca, sua mulher, ele disse: “É minha irmã”. Teve medo de dizer “É minha mulher”, pois pensou: “Ela é tão bonita que os homens vão me matar por causa dela”. Algum tempo depois, porém, Abimeleque, rei dos filisteus, olhou pela janela e viu Isaque acariciar Rebeca. No mesmo instante, Abimeleque mandou chamar Isaque e exclamou: “É evidente que ela é sua mulher! Por que você disse que era sua irmã?”. “Porque tive medo que alguém me matasse por causa dela”, respondeu Isaque. “Como você pôde fazer uma coisa dessas conosco?”, exclamou Abimeleque. “Um dos meus homens poderia ter tomado sua mulher e dormido com ela e, por sua causa, seríamos culpados de grande pecado!” Então Abimeleque declarou a todo o povo: “Quem tocar neste homem ou em sua mulher será executado!”. Naquele ano, quando Isaque plantou lavouras, colheu cem vezes mais cereais do que havia semeado, pois o S enhor o abençoou. Isaque prosperou e se tornou rico e influente. Adquiriu tantos rebanhos de ovelhas e bois e tantos servos que os filisteus o invejaram. Por isso, os filisteus fecharam com terra todos os poços de Isaque, que tinham sido cavados pelos servos de seu pai, Abraão. Por fim, Abimeleque ordenou que Isaque deixasse aquela terra. “Vá para outro lugar”, disse ele. “Você se tornou poderoso demais para nós.” Então Isaque partiu de onde estava e se estabeleceu no vale de Gerar, onde armou suas tendas. Reabriu os poços que seu pai havia cavado e que os filisteus haviam fechado depois da morte de Abraão e lhes deu os mesmos nomes que Abraão tinha dado. Os servos de Isaque também cavaram no vale de Gerar e encontraram uma fonte de água corrente. Contudo, os pastores de Gerar entraram em conflito com os pastores de Isaque. “Esta água é nossa!”, diziam eles. Por isso, Isaque chamou o poço de Eseque. Em seguida, os homens de Isaque cavaram outro poço, mas, novamente, houve conflito por causa dele. Por isso, Isaque o chamou de Sitna. Isaque abandonou esse poço e mandou cavar outro mais adiante. Dessa vez, ninguém discutiu por causa dele, de modo que Isaque o chamou de Reobote, pois disse: “Finalmente o S enhor criou espaço suficiente para prosperarmos nesta terra!”. Dali, Isaque se mudou para Berseba, onde o S enhor lhe apareceu na noite de sua chegada e disse: “Eu sou o Deus de seu pai, Abraão. Não tenha medo, pois estou com você e o abençoarei. Multiplicarei seus descendentes, e eles se tornarão uma grande nação. Farei isso por causa da minha promessa ao meu servo, Abraão”. Isaque construiu ali um altar e invocou o nome do S enhor. Armou acampamento naquele local, e seus servos cavaram outro poço. Certo dia, o rei Abimeleque veio de Gerar com Auzate, seu conselheiro, e com Ficol, comandante do seu exército. “Por que vocês vieram?”, perguntou Isaque. “É evidente que me odeiam, já que me expulsaram de sua terra.” Eles responderam: “Podemos ver claramente que o S enhor está com você. Por isso, queremos fazer com você um acordo sob juramento, uma aliança. Jure que não nos fará mal, assim como nós nunca lhe fizemos mal. Sempre o tratamos bem e o despedimos em paz. E agora, veja como o S enhor o abençoou!”. Então Isaque lhes preparou um banquete, e eles comeram e beberam juntos. Logo cedo, na manhã seguinte, cada um fez o juramento solene de não interferir com o outro. Isaque se despediu deles, e partiram em paz. Naquele mesmo dia, os servos de Isaque vieram lhe falar de um novo poço que tinham cavado. “Encontramos água!”, exclamaram. Por isso, Isaque chamou o poço de Seba. E, até hoje, a cidade que se formou ali é conhecida como Berseba. Quando Esaú tinha 40 anos, casou-se com duas mulheres hititas: Judite, filha de Beeri, e Basemate, filha de Elom. Essas duas mulheres causaram grande desgosto a Isaque e Rebeca. Certo dia, quando Isaque era velho e estava ficando cego, chamou Esaú, seu filho mais velho: “Meu filho!”. Esaú respondeu: “Aqui estou!”. Isaque disse: “Estou velho e não sei quando vou morrer. Pegue suas armas, o arco e as flechas, e vá ao campo caçar um animal para mim. Depois, prepare meu prato favorito e traga-o aqui para eu comer. Então pronunciarei a bênção que pertence a você, meu filho mais velho, antes de eu morrer”. Rebeca, porém, ouviu o que Isaque tinha dito a seu filho Esaú. Quando Esaú saiu para caçar, ela disse a seu filho Jacó: “Ouvi seu pai dizer a Esaú: ‘Traga-me uma carne de caça e prepare-me uma refeição saborosa. Então abençoarei você na presença do S enhor antes de eu morrer’. Agora, meu filho, preste atenção e faça exatamente o que lhe direi. Vá ao rebanho e traga-me dois dos melhores cabritos. Eu os usarei para preparar o prato favorito de seu pai. Depois, leve a comida para seu pai, para que ele a coma e o abençoe antes de morrer”. Jacó respondeu a Rebeca: “Mas meu irmão Esaú é peludo, enquanto eu tenho pele lisa. E se meu pai me tocar? Perceberá que estou tentando enganá-lo e, em vez de me abençoar, me amaldiçoará!”. Sua mãe, porém, respondeu: “Que caia sobre mim essa maldição, meu filho! Apenas faça o que lhe digo. Vá e traga-me os cabritos”. Jacó foi e trouxe os cabritos para sua mãe. Rebeca os usou para preparar uma refeição saborosa, do jeito que Isaque gostava. Em seguida, pegou as roupas prediletas de Esaú que estavam na casa dela e as entregou a Jacó, seu filho mais novo. Com a pele dos cabritos, cobriu-lhe os braços e a parte lisa do pescoço. Depois, entregou-lhe a refeição saborosa, acompanhada do pão que havia acabado de assar. Jacó levou a comida para o pai e disse: “Meu pai?”. “Sim, meu filho”, respondeu Isaque. “Quem é você, Esaú ou Jacó?” Jacó disse: “Sou Esaú, seu filho mais velho. Fiz o que o senhor mandou. Aqui está a carne de caça. Sente-se e coma, para que me dê sua bênção”. Isaque perguntou: “Como encontrou a caça tão depressa, meu filho?”. Jacó respondeu: “O S enhor, seu Deus, a colocou no meu caminho”. Então Isaque disse a Jacó: “Chegue mais perto, para que eu possa tocá-lo e ter certeza de que você é mesmo Esaú”. Jacó se aproximou do pai, e Isaque o tocou e disse: “A voz é de Jacó, mas as mãos são de Esaú”. Não o reconheceu, porém, pois as mãos de Jacó estavam peludas, como as de Esaú. Assim, Isaque se preparou para abençoar Jacó. “Mas você é mesmo meu filho Esaú?”, perguntou ele. “Sim, eu sou”, respondeu Jacó. Então Isaque disse: “Agora, meu filho, traga-me a carne de caça. Depois que comer, eu lhe darei a minha bênção”. Jacó trouxe a comida para o pai, e Isaque comeu. Também bebeu o vinho que Jacó lhe serviu. Por fim, Isaque disse a Jacó: “Aproxime-se, por favor, e dê-me um beijo, meu filho”. Jacó se aproximou e o beijou. Quando Isaque sentiu o cheiro das roupas, finalmente abençoou o filho. Disse: “Ah! O cheiro de meu filho é como o cheiro do campo que o S enhor abençoou! “Do orvalho do céu e da riqueza da terra, Deus lhe conceda fartas colheitas de cereais e vinho novo de sobra. Que muitas nações o sirvam e se curvem à sua frente. Que você seja senhor de seus irmãos e os filhos de sua mãe se curvem à sua frente. Todos que o amaldiçoarem serão amaldiçoados, e todos que o abençoarem serão abençoados”. Assim que Isaque terminou de abençoar Jacó, e logo depois de Jacó ter saído da presença de seu pai, Esaú voltou da caçada. Preparou uma refeição saborosa, levou-a para seu pai e disse: “Sente-se, meu pai, e coma da minha caça, para me abençoar”. Isaque lhe perguntou: “Quem é você?”. Ele respondeu: “Sou Esaú, seu filho mais velho”. Isaque começou a tremer incontrolavelmente e disse: “Então quem me serviu a carne de caça? Acabei de comê-la, pouco antes de você chegar, e abençoei quem a trouxe. Essa bênção deve permanecer!”. Quando Esaú ouviu as palavras do pai, soltou um forte grito amargurado e suplicou: “Ah, meu pai, e eu? Abençoe-me também!”. Mas Isaque disse: “Seu irmão esteve aqui e me enganou. Levou embora a bênção que pertencia a você!”. Esaú exclamou: “Não é de admirar que ele se chame Jacó, pois é a segunda vez que me engana. Primeiro, tomou meus direitos de filho mais velho e, agora, roubou minha bênção. O senhor não guardou uma bênção sequer para mim?”. Isaque disse a Esaú: “Fiz de Jacó o seu senhor e declarei que todos os irmãos dele o servirão. Garanti a ele fartura de cereais e vinho. O que me resta para dar a você, meu filho?”. Esaú suplicou: “Por acaso o senhor tem apenas uma bênção? Ah, meu pai, abençoe-me também!”. Então Esaú chorou em alta voz. Por fim, seu pai, Isaque, lhe disse: “Você viverá longe das riquezas da terra e longe do orvalho do alto céu. Viverá por sua espada e servirá a seu irmão. Quando, porém, conseguir se libertar, sacudirá do pescoço esse jugo”. Daquele momento em diante, Esaú passou a odiar Jacó porque seu pai o havia abençoado. Começou a tramar: “Em breve meu pai morrerá. Então, matarei meu irmão Jacó”. Quando Rebeca soube das intenções de Esaú, mandou chamar Jacó e lhe disse: “Ouça, Esaú se consola com planos para matar você. Portanto, preste atenção, meu filho. Apronte-se e fuja para a casa de meu irmão Labão, em Harã. Fique lá até que diminua a fúria de seu irmão. Quando ele se acalmar e se esquecer do que você lhe fez, mandarei buscá-lo. Por que eu perderia meus dois filhos no mesmo dia?”. Depois, Rebeca disse a Isaque: “Estou cansada dessas mulheres hititas que vivem aqui! Prefiro morrer a ver Jacó se casar com uma delas!”. Então Isaque mandou chamar Jacó, o abençoou e disse: “Não se case com uma mulher cananeia. Em vez disso, vá de imediato a Padã-Arã, à casa de seu avô Betuel, e case-se com uma das filhas de seu tio Labão. Que o Deus Todo-poderoso o abençoe e lhe dê muitos filhos, e que eles se multipliquem e venham a ser muitas nações. Que Deus dê a você e a seus descendentes as bênçãos que ele prometeu a Abraão. Que você venha a possuir esta terra na qual vive agora como estrangeiro, pois Deus entregou esta terra a Abraão”. Assim, Isaque se despediu de Jacó, que foi a Padã-Arã morar com seu tio Labão, irmão de Rebeca, filho de Betuel, o arameu. Esaú soube que seu pai, Isaque, havia abençoado Jacó e o enviado a Padã-Arã para encontrar uma esposa e que, ao abençoá-lo, tinha advertido a seu irmão: “Não se case com uma mulher cananeia”. Também soube que Jacó havia obedecido aos pais e ido a Padã-Arã. Quando ficou evidente que seu pai não aprovava as mulheres cananeias, Esaú foi visitar a família de seu tio Ismael e, além das duas mulheres cananeias com as quais havia se casado, tomou para si uma das filhas de Ismael. O nome de sua nova mulher era Maalate, irmã de Nebaiote e filha de Ismael, filho de Abraão. Nesse meio-tempo, Jacó partiu de Berseba e rumou para Harã. Quando o sol se pôs, chegou a um bom local para acampar e ali passou a noite. Encontrou uma pedra para descansar a cabeça e se deitou para dormir. Enquanto dormia, sonhou com uma escada que ia da terra ao céu e viu os anjos de Deus, que subiam e desciam pela escada. No topo da escada estava o S enhor, que lhe disse: “Eu sou o S enhor, o Deus de seu avô, Abraão, e o Deus de seu pai, Isaque. A terra na qual você está deitado lhe pertence. Eu a darei a você e a seus descendentes. Seus descendentes serão tão numerosos quanto o pó da terra! Eles se espalharão por todas as direções: leste e oeste, norte e sul. E todas as famílias da terra serão abençoadas por seu intermédio e de sua descendência. Além disso, estarei com você e o protegerei aonde quer que vá. Um dia, trarei você de volta a esta terra. Não o deixarei enquanto não tiver terminado de lhe dar tudo que prometi”. Então Jacó acordou e disse: “Certamente o S enhor está neste lugar, e eu não havia percebido!”. Contudo, também teve medo e disse: “Como é temível este lugar! Não é outro, senão a casa de Deus; é a porta para os céus!”. Na manhã seguinte, Jacó se levantou bem cedo. Pegou a pedra na qual havia descansado a cabeça, colocou-a em pé, como coluna memorial, e derramou azeite de oliva sobre ela. Chamou o lugar de Betel, embora anteriormente se chamasse Luz. Então Jacó fez o seguinte voto: “Se, de fato, Deus for comigo e me proteger nesta jornada, se ele me providenciar alimento e roupa, e se eu voltar são e salvo à casa de meu pai, então o S enhor certamente será o meu Deus. E esta coluna memorial que eu levantei será um lugar de adoração a Deus, e eu entregarei a Deus a décima parte de tudo que ele me der”. Jacó seguiu viagem e, por fim, chegou à terra do leste. Viu um poço ao longe e, junto ao poço, no campo, três rebanhos de ovelhas, à espera de que lhes dessem água. Uma pedra pesada cobria a boca do poço. Era costume naquele lugar esperar que todos os rebanhos chegassem para, então, remover a pedra e dar água aos animais. Depois, a pedra era recolocada na boca do poço. Jacó se aproximou dos pastores e perguntou: “De onde vocês são, amigos?”. “Somos de Harã”, disseram eles. “Conhecem um homem chamado Labão, neto de Naor?”, perguntou Jacó. “Sim, conhecemos”, responderam eles. “Ele vai bem?”, perguntou Jacó. “Sim, vai bem”, disseram. “Olhe, ali vem Raquel, filha dele, com o rebanho.” Jacó disse: “Ainda é dia claro, cedo demais para recolher os animais. Por que vocês não dão de beber às ovelhas, para que elas possam voltar a pastar?”. “Não podemos dar de beber aos animais enquanto não chegarem todos os rebanhos”, responderam. “Só então os pastores removem a pedra da boca do poço e damos de beber a todas as ovelhas.” Jacó ainda conversava com eles quando Raquel chegou com o rebanho de seu pai, pois era pastora. Uma vez que Raquel era sua prima, filha de Labão, irmão de sua mãe, e as ovelhas pertenciam a seu tio Labão, Jacó foi até o poço, removeu a pedra que o cobria e deu de beber ao rebanho de seu tio. Então Jacó beijou Raquel e chorou em alta voz. Explicou para Raquel que era seu primo por parte do pai dela e filho de Rebeca, tia dela. Raquel foi correndo contar a seu pai, Labão. Assim que Labão soube que seu sobrinho Jacó havia chegado, correu ao seu encontro. Ele o abraçou, o beijou e o levou para casa. Depois que Jacó lhe contou sua história, Labão exclamou: “Você é, de fato, sangue do meu sangue!”. Quando Jacó estava na casa de Labão havia cerca de um mês, Labão lhe disse: “Você não deve trabalhar de graça para mim só porque somos parentes. Diga-me qual deve ser o seu salário”. Labão tinha duas filhas. A mais velha se chamava Lia, e a mais nova, Raquel. Os olhos de Lia eram sem brilho, mas Raquel tinha bela aparência e rosto atraente. Visto que Jacó estava apaixonado por Raquel, disse a Labão: “Trabalharei para o senhor por sete anos se me der Raquel, sua filha mais nova, para ser minha esposa”. “Melhor entregá-la a você do que a qualquer outro”, respondeu Labão. “Fique aqui e trabalhe comigo.” Então Jacó trabalhou sete anos por Raquel. Ele a amava tanto que lhe pareceram apenas alguns dias. Chegada a hora, Jacó disse a Labão. “Cumpri minha parte do acordo. Agora, dê-me minha esposa, para que eu me deite com ela.” Labão convidou toda a vizinhança e preparou uma grande festa de casamento. À noite, porém, quando estava escuro, Labão tomou Lia e a entregou a Jacó, e Jacó se deitou com ela. (Labão deu sua serva Zilpa a Lia para servi-la.) Na manhã seguinte, quando Jacó acordou, viu que era Lia. Então Jacó perguntou a Labão: “O que o senhor fez comigo? Trabalhei sete anos por Raquel! Por que o senhor me enganou?”. Labão respondeu: “Aqui não é costume casar a filha mais nova antes da mais velha. Espere, contudo, até terminar a semana de núpcias, e eu também lhe entregarei Raquel, desde que você prometa trabalhar mais sete anos para mim”. Jacó concordou em trabalhar mais sete anos. Uma semana depois de Jacó ter se casado com Lia, Labão lhe entregou Raquel. (Labão deu sua serva Bila a Raquel para servi-la.) Jacó se deitou também com Raquel, a quem ele amava muito mais que a Lia. Então permaneceu ali e trabalhou mais sete anos para Labão. Quando o S enhor viu que Lia não era amada, permitiu que ela tivesse filhos; Raquel, porém, era estéril. Lia engravidou e deu à luz um filho. Chamou-o de Rúben, pois disse: “O S enhor viu minha infelicidade, e agora meu marido me amará”. Pouco tempo depois, Lia engravidou novamente e deu à luz outro filho. Chamou-o de Simeão, pois disse: “O S enhor ouviu que eu não era amada e me deu outro filho”. Lia engravidou pela terceira vez e deu à luz outro filho. Chamou-o de Levi, pois disse: “Certamente, desta vez meu marido terá afeição por mim, pois lhe dei três filhos!”. Lia engravidou mais uma vez e deu à luz outro filho. Chamou-o de Judá, pois disse: “Agora louvarei ao S enhor!”. Então, parou de ter filhos. Quando Raquel viu que não dava filhos a Jacó, teve inveja da irmã e implorou a Jacó: “Dê-me filhos, ou morrerei!”. Jacó se enfureceu com Raquel. “Por acaso sou Deus?”, perguntou ele. “Foi ele que não permitiu que você tivesse filhos!” Raquel lhe disse: “Tome minha serva Bila e deite-se com ela. Ela dará à luz filhos em meu lugar e, por meio dela, também terei uma família”. Então Raquel entregou sua serva Bila a Jacó por mulher, e Jacó se deitou com ela. Bila engravidou e deu um filho a Jacó. Raquel o chamou de Dã, pois disse: “Deus me fez justiça! Ouviu meu pedido e me deu um filho!”. Bila engravidou novamente e deu a Jacó o segundo filho. Raquel o chamou de Naftali, pois disse: “Tive uma luta intensa com minha irmã e venci!”. Quando Lia percebeu que tinha parado de engravidar, tomou sua serva Zilpa e a entregou a Jacó por mulher. Pouco tempo depois, Zilpa deu um filho a Jacó. Lia o chamou de Gade, pois disse: “Como sou afortunada!”. Então Zilpa deu a Jacó o segundo filho. Lia o chamou de Aser, pois disse: “Como estou alegre! Agora as outras mulheres celebrarão comigo”. Certo dia, durante a colheita do trigo, Rúben encontrou algumas mandrágoras que cresciam no campo e as trouxe para Lia, sua mãe. Raquel suplicou a Lia: “Por favor, dê-me algumas das mandrágoras de seu filho”. Lia, porém, respondeu: “Não basta ter roubado meu marido? Agora também quer roubar as mandrágoras de meu filho?”. Raquel propôs: “Em troca de algumas mandrágoras, deixarei que Jacó se deite com você esta noite”. Ao entardecer, quando Jacó estava voltando do campo, Lia foi ao seu encontro e disse: “Esta noite você deve se deitar comigo. Paguei por você com algumas mandrágoras que meu filho encontrou”. Assim, naquela noite Jacó se deitou com Lia. Deus respondeu às orações de Lia, que engravidou novamente e deu a Jacó o quinto filho. Chamou-o de Issacar, pois disse: “Deus me recompensou porque entreguei minha serva por mulher a meu marido”. Lia engravidou outra vez e deu a Jacó o sexto filho. Chamou-o de Zebulom, pois disse: “Deus me deu uma boa recompensa. Agora meu marido me tratará com respeito, porque lhe dei seis filhos”. Depois, Lia deu à luz uma filha e a chamou de Diná. Então Deus se lembrou de Raquel e, em resposta a suas orações, permitiu que ela se tornasse fértil. Ela engravidou e deu à luz um filho. “Deus tirou a minha humilhação”, declarou, e o chamou de José, pois disse: “Que o S enhor me acrescente ainda outro filho!”. Logo depois que Raquel deu à luz José, Jacó disse a Labão: “Por favor, libere-me para que eu volte à minha terra natal. Permita-me levar minhas mulheres e meus filhos, pelos quais o servi, e deixe-me partir. O senhor sabe muito bem como trabalhei arduamente a seu serviço”. Labão respondeu: “Se mereço seu favor, fique. Eu enriqueci, pois o S enhor me abençoou por sua causa. Diga-me qual será seu salário e, qualquer que seja o valor, eu lhe pagarei”. Jacó respondeu: “O senhor sabe como trabalhei arduamente a seu serviço e como seus rebanhos cresceram sob meus cuidados. De fato, o senhor tinha pouco antes de eu chegar, mas sua riqueza aumentou consideravelmente. O S enhor o abençoou por meio de tudo que eu fiz. Mas e quanto a mim? Quando começarei a cuidar de minha própria família?”. “Quanto quer receber de salário?”, perguntou Labão mais uma vez. Jacó respondeu: “Não me dê coisa alguma. Se o senhor fizer o que lhe direi, continuarei a cuidar de seus rebanhos: deixe-me inspecionar seus rebanhos hoje e remover todas as ovelhas e cabras salpicadas e malhadas, além de todas as ovelhas pretas. Elas serão o meu salário. No futuro, quando o senhor conferir os animais que me deu como salário, verá que fui honesto. Se encontrar em meu rebanho alguma cabra que não seja salpicada ou malhada, ou alguma ovelha que não seja preta, saberá que as roubei do senhor”. “Está bem”, respondeu Labão. “Será como você diz.” Naquele mesmo dia, porém, Labão saiu e tirou do rebanho todos os bodes listrados e malhados, todas as cabras salpicadas e malhadas ou com manchas brancas, e todas as ovelhas pretas. Colocou os animais sob os cuidados de seus filhos, que os levaram a um lugar a três dias de viagem de onde Jacó estava. Assim, Jacó ficou e tomou conta do resto do rebanho de Labão. Então Jacó pegou alguns galhos verdes de álamo, amendoeira e plátano e removeu tiras das cascas, formando listras brancas nos galhos. Em seguida, colocou os galhos descascados junto aos bebedouros onde os rebanhos iam beber água, pois era ali que se acasalavam. Quando se acasalavam diante desses galhos descascados com listras brancas, davam crias listradas, salpicadas e malhadas. Jacó separava esses cordeiros do rebanho de Labão. Na época do cio, colocava o rebanho de frente para os animais listrados e pretos de Labão. Assim, Jacó foi formando seu próprio rebanho, que mantinha separado do de Labão. Sempre que as fêmeas mais fortes estavam no cio, Jacó colocava os galhos descascados nos bebedouros em frente delas, para que se acasalassem diante dos galhos. Não fazia o mesmo, porém, com as fêmeas mais fracas, de modo que as crias mais fracas ficavam com Labão, e as mais fortes, com Jacó. O resultado foi que Jacó se tornou muito rico, dono de grandes rebanhos e também de servos e servas e muitos camelos e jumentos. Logo, porém, Jacó percebeu que os filhos de Labão estavam reclamando dele: “Jacó roubou tudo que era de nosso pai! À custa de nosso pai, adquiriu toda a sua riqueza!”. Jacó também começou a notar uma mudança na atitude de Labão para com ele. Então o S enhor disse a Jacó: “Volte para a terra de seu pai e de seu avô, a terra de seus parentes, e eu estarei com você”. Jacó mandou chamar Raquel e Lia ao campo onde ele cuidava de seus rebanhos e disse a elas: “Notei que seu pai mudou de atitude em relação a mim. O Deus de meu pai, porém, tem estado comigo. Vocês sabem como tenho trabalhado arduamente a serviço de seu pai. Contudo, ele me enganou e mudou meu salário dez vezes. Mas Deus não permitiu que ele me prejudicasse. Se ele dizia: ‘Os salpicados serão o seu salário’, o rebanho começava a dar crias salpicadas. E, quando mudava de ideia e dizia: ‘Os listrados serão o seu salário’, então o rebanho inteiro dava crias listradas. Desse modo, Deus tirou os animais de seu pai e os deu a mim. “Certa vez, na época do acasalamento, tive um sonho e vi que os bodes que se acasalavam com as cabras eram listrados, salpicados e malhados. Então, em meu sonho, o anjo de Deus me disse: ‘Jacó!’. E eu respondi: ‘Aqui estou!’. “E o anjo disse: ‘Levante os olhos e você verá que apenas os machos listrados, salpicados e malhados estão se acasalando com as fêmeas de seu rebanho, pois vejo como Labão tem tratado você. Eu sou o Deus que lhe apareceu em Betel, o lugar onde você ungiu a coluna de pedra e fez seu voto a mim. Agora, apronte-se, saia desta terra e volte à sua terra natal’”. Raquel e Lia responderam: “Da nossa parte, tudo bem! Afinal, não herdaremos coisa alguma da riqueza de nosso pai. Ele reduziu nossos direitos aos mesmos que têm as mulheres estrangeiras. Depois que nos vendeu, desperdiçou todo o dinheiro que você pagou por nós. Toda a riqueza que Deus tirou de nosso pai e deu a você é, por direito, nossa e de nossos filhos. Por isso, faça o que Deus ordenou”. Então Jacó montou suas mulheres e seus filhos em camelos e conduziu adiante todos os seus rebanhos. Juntou todos os bens que havia adquirido em Padã-Arã e partiu para a terra de Canaã, onde vivia Isaque, seu pai. Quando partiram, Labão estava num lugar afastado, tosquiando suas ovelhas. Raquel roubou os ídolos da casa que pertenciam a seu pai e os levou consigo. Assim, Jacó enganou Labão, o arameu, partindo sem avisá-lo de que iam embora. Jacó levou todos os seus bens e atravessou o rio Eufrates, rumo à região montanhosa de Gileade. Três dias depois, Labão foi informado de que Jacó havia fugido. Reuniu um grupo de parentes e saiu em perseguição a Jacó. Sete dias depois o alcançou, na região montanhosa de Gileade. Na noite anterior, porém, Deus havia aparecido em sonho a Labão, o arameu, e dito a ele: “Estou avisando: deixe Jacó em paz!”. Labão o alcançou enquanto Jacó estava acampado na região montanhosa de Gileade e armou seu acampamento ali perto. “O que você fez?”, perguntou Labão. “Como ousou me enganar e levar minhas filhas embora, como se fossem prisioneiras de guerra? Por que fugiu em segredo? Por que me enganou? E por que não avisou que desejava partir? Eu lhe teria dado uma festa de despedida, com canções e música, ao som de tamborins e harpas. Por que não me deixou beijar minhas filhas e meus netos e me despedir deles? Você agiu de forma extremamente tola! Eu poderia destruí-lo, mas o Deus de seu pai me apareceu ontem à noite e me advertiu: ‘Deixe Jacó em paz!’. Entendo sua vontade de partir e seu desejo de voltar à casa de seu pai. Mas por que roubou meus deuses?” Jacó respondeu: “Fugi porque tive medo. Pensei que o senhor tiraria suas filhas de mim à força. Quanto a seus deuses, veja se consegue encontrá-los, e quem os tiver roubado deve morrer! Se encontrar qualquer outra coisa que lhe pertença, identifique-a diante de todos estes nossos parentes, e eu a devolverei”. Jacó, porém, não sabia que Raquel havia roubado os ídolos da casa. Labão foi procurar primeiro na tenda de Jacó e, depois, nas tendas de Lia e das duas servas, mas nada encontrou. Por fim, entrou na tenda de Raquel. Acontece que Raquel havia pego os ídolos da casa e os escondido na sela do seu camelo, e estava sentada em cima deles. Quando Labão terminou de vasculhar toda a sua tenda sem encontrar os ídolos, Raquel disse ao pai: “Por favor, perdoe-me por não me levantar para o senhor, mas estou em meu período menstrual”. Labão continuou a busca, mas não encontrou os ídolos da casa. Jacó se enfureceu e discutiu com Labão. “Qual foi o meu crime?”, perguntou ele. “O que fiz de errado para o senhor me perseguir como se eu fosse um criminoso? O senhor vasculhou todos os meus bens. Por acaso encontrou algum objeto que lhe pertença? Coloque-o aqui, diante de nossos parentes, para que todos vejam. Que eles julguem entre nós dois! “Estive vinte anos com o senhor, cuidando de seus rebanhos. Ao longo de todo esse tempo, suas ovelhas e cabras nunca abortaram. Não me servi de um carneiro sequer de seu rebanho para alimento. Quando algum deles era despedaçado por um animal selvagem, eu nunca lhe mostrava a carcaça. Não, eu mesmo arcava com o prejuízo! O senhor me obrigava a pagar por todo animal roubado, quer à plena luz do dia, quer na escuridão da noite. “Trabalhei para o senhor em dias de calor escaldante e também em noites frias e insones. Sim, por vinte anos trabalhei feito um escravo em sua casa! Trabalhei catorze anos por suas duas filhas e, depois, mais seis anos para formar meu rebanho. E dez vezes o senhor mudou meu salário. De fato, se o Deus de meu pai não estivesse comigo, o Deus de Abraão e o Deus temível de Isaque, o senhor teria me mandado embora de mãos vazias. Mas Deus viu como fui maltratado, apesar de meu árduo trabalho. Por isso ele lhe apareceu na noite passada e o repreendeu!” Labão respondeu a Jacó: “Essas mulheres são minhas filhas, as crianças são meus netos, e os rebanhos são meus rebanhos. Na verdade, tudo que você vê é meu. Mas o que posso fazer agora por minhas filhas e pelos filhos delas? Façamos, portanto, você e eu, uma aliança que sirva de testemunho do nosso compromisso”. Então Jacó pegou uma pedra e a colocou em pé como monumento. Em seguida, disse aos membros de sua família: “Juntem algumas pedras”. Eles pegaram as pedras e as amontoaram. Jacó e Labão se sentaram perto do monte de pedras e fizeram uma refeição para selar a aliança. A fim de comemorar a ocasião, Labão chamou o lugar de Jegar-Saaduta, e Jacó o chamou de Galeede. Labão declarou: “Este monte de pedras servirá de testemunha para nos lembrar da aliança que fizemos hoje”. Isso explica por que o lugar foi chamado de Galeede. Também foi chamado de Mispá, pois Labão disse: “Vigie o S enhor a você e a mim para garantir que guardaremos esta aliança quando estivermos longe um do outro. Se você maltratar minhas filhas ou se casar com outras mulheres, mesmo que ninguém mais veja, Deus verá. Ele é testemunha desta aliança entre nós.” “Veja este monte de pedras”, prosseguiu Labão. “Veja também este monumento que levantei entre nós dois. Estão entre mim e você como testemunhas dos nossos votos. Nunca atravessarei para o lado de lá do monte de pedras a fim de prejudicá-lo, e você jamais deve atravessar para o lado de cá a fim de prejudicar-me. Invoco o Deus de nossos antepassados, o Deus de seu avô Abraão e o Deus de meu avô Naor, para que sirva de juiz entre nós.” Assim, diante do Deus temível de seu pai Isaque, Jacó jurou respeitar a linha divisória. Então Jacó ofereceu sacrifício a Deus na montanha e convidou todos para a refeição comemorativa. Depois de comerem, passaram a noite ali. Na manhã seguinte, Labão se levantou cedo, beijou seus netos e suas filhas e os abençoou. Depois, partiu e voltou para casa. Quando Jacó seguiu viagem, anjos de Deus vieram encontrar-se com ele. Ao vê-los, Jacó exclamou: “Este é o acampamento de Deus!”. Por isso, chamou o lugar de Maanaim. Então Jacó enviou adiante dele mensageiros a seu irmão Esaú, que vivia na região de Seir, na terra de Edom. Disse-lhes: “Deem a seguinte mensagem ao meu senhor Esaú: ‘Assim diz seu servo Jacó: Até o momento, estava morando com nosso tio Labão e, agora, tenho bois, jumentos, rebanhos de ovelhas e cabras, além de muitos servos e servas. Enviei estes mensageiros para informar meu senhor da minha chegada, na esperança de que me receba amistosamente”. Depois de transmitirem a mensagem, voltaram a Jacó e lhe disseram: “Estivemos com seu irmão Esaú, e ele está vindo ao seu encontro com um bando de quatrocentos homens!”. Quando ouviu a notícia, Jacó ficou apavorado. Dividiu em dois grupos sua família e seus servos, e também os rebanhos, os bois e os camelos, pois pensou: “Se Esaú encontrar um dos grupos e atacá-lo, talvez o outro consiga escapar”. Então Jacó orou: “Ó Deus de meu avô, Abraão, e Deus de meu pai, Isaque; ó S enhor, tu me disseste: ‘Volte para sua terra natal, para seus parentes’. E prometeste: ‘Tratarei bem de você’. Não sou digno de toda a bondade e fidelidade que tens mostrado a mim, teu servo. Quando saí de casa e atravessei o rio Jordão, não possuía nada além de um cajado. Agora, minha família e meus servos formam duas caravanas! Por favor, salva-me de meu irmão, Esaú. Estou com medo de que ele venha atacar tanto a mim quanto a minhas mulheres e meus filhos. Mas tu prometeste: ‘Certamente tratarei bem de você e multiplicarei seus descendentes até que se tornem tão numerosos quanto a areia à beira do mar, que não se pode contar’”. Jacó passou a noite ali. Depois, escolheu entre seus bens os seguintes presentes para seu irmão, Esaú: duzentas cabras, vinte bodes, duzentas ovelhas, vinte carneiros, trinta fêmeas de camelo com seus filhotes, quarenta vacas, dez touros, vinte jumentas e dez jumentos. Dividiu esses animais em rebanhos, entregou cada rebanho a um servo e lhes disse: “Vão à minha frente com os animais, mas mantenham certa distância entre os rebanhos”. Aos homens encarregados do primeiro grupo, deu as seguintes instruções: “Quando meu irmão, Esaú, se encontrar com vocês, ele perguntará: ‘De quem são servos? Para onde vão? Quem é o dono destes animais?’. Respondam: ‘Eles pertencem ao seu servo Jacó, mas são um presente para Esaú, o senhor dele. Veja, ele está vindo atrás de nós’”. Jacó deu a mesma instrução aos encarregados do segundo e do terceiro grupo e a todos que seguiam os rebanhos: “Digam a mesma coisa a Esaú quando o encontrarem, e não se esqueçam de acrescentar: ‘Veja, seu servo Jacó está vindo atrás de nós’”. Jacó pensou: “Tentarei apaziguá-lo com os presentes que estou enviando à minha frente. Quando o vir, quem sabe ele me receberá amistosamente”. Assim, os presentes foram enviados à frente, enquanto Jacó passou aquela noite no acampamento. Durante a noite, Jacó se levantou, tomou suas duas mulheres, suas duas servas e seus onze filhos e atravessou com eles o rio Jaboque. Depois de levá-los para a outra margem, fez passar todos os seus bens. Com isso, Jacó ficou sozinho no acampamento. Veio então um homem, que lutou com ele até o amanhecer. Quando o homem viu que não poderia vencer, tocou a articulação do quadril de Jacó e a deslocou. O homem disse: “Deixe-me ir, pois está amanhecendo!”. Jacó, porém, respondeu: “Não o deixarei ir enquanto não me abençoar”. “Qual é seu nome?”, perguntou o homem. “Jacó”, respondeu ele. O homem disse: “Seu nome não será mais Jacó. De agora em diante, você se chamará Israel, pois lutou com Deus e com os homens e venceu”. “Por favor, diga-me qual é seu nome”, disse Jacó. “Por que quer saber meu nome?”, replicou o homem. E abençoou Jacó ali. Jacó chamou aquele lugar de Peniel, pois disse: “Vi Deus face a face e, no entanto, minha vida foi poupada”. O sol estava nascendo quando Jacó partiu de Peniel, mancando por causa do quadril deslocado. (Até hoje, o povo de Israel não come o tendão perto da articulação do quadril, por causa do que aconteceu naquela noite em que o homem feriu o tendão do quadril de Jacó.) Jacó levantou os olhos e viu Esaú aproximando-se com seus quatrocentos homens. Assim, dividiu os filhos entre Lia, Raquel e as duas servas. Colocou as servas e os filhos delas à frente, Lia e seus filhos em seguida, e Raquel e José por último. Jacó passou à frente e, ao aproximar-se de seu irmão, curvou-se até o chão sete vezes. Esaú correu ao encontro de Jacó e o abraçou; pôs os braços em volta do pescoço do irmão e o beijou. E os dois choraram. Então Esaú viu as mulheres e as crianças e perguntou: “Quem são estas pessoas que estão com você?”. Jacó respondeu: “São os filhos que Deus, em sua bondade, concedeu a seu servo”. As servas e seus filhos se aproximaram e se curvaram diante de Esaú. Em seguida, Lia e seus filhos vieram e se curvaram diante dele. Por fim, José e Raquel se aproximaram e se curvaram diante dele. “E o que eram todos aqueles rebanhos que encontrei no caminho?”, perguntou Esaú. Jacó respondeu: “São presentes, meu senhor, para garantir sua amizade”. “Meu irmão, eu já tenho muitos bens”, disse Esaú. “Guarde para você o que é seu.” Mas Jacó insistiu: “Não! Se obtive seu favor, peço que aceite meu presente. E que alívio é ver seu sorriso amigável! É como ver a face de Deus! Por favor, aceite o presente que eu lhe trouxe, pois Deus tem sido muito bondoso comigo. Tenho mais que suficiente”. Diante da insistência de Jacó, Esaú acabou aceitando o presente. Então Esaú disse: “Vamos andando. Eu o acompanharei”. Jacó, porém, respondeu: “Como meu senhor pode ver, algumas das crianças são bem pequenas, e os rebanhos também têm crias. Se os forçarmos demais, mesmo que por um dia, pode ser que os animais morram. Por favor, meu senhor, vá adiante do seu servo. Seguiremos mais devagar, em um ritmo que os rebanhos e as crianças possam acompanhar. Encontrarei com meu senhor em Seir”. “Está bem”, disse Esaú. “Mas, pelo menos, permita-me deixar alguns dos meus homens para acompanhá-lo.” Jacó respondeu: “Não é necessário. Para mim, ter sido bem recebido por meu senhor já é o bastante!”. Esaú deu meia-volta e regressou a Seir naquele mesmo dia. Jacó, por sua vez, viajou até Sucote, onde construiu uma casa para si e abrigos para seus rebanhos. Por isso, aquele lugar é chamado de Sucote. Depois de percorrer todo o caminho desde Padã-Arã, Jacó chegou em segurança à cidade de Siquém, na terra de Canaã, e acampou em seus arredores. Jacó comprou da família de Hamor, pai de Siquém, o terreno onde estava acampado, por cem peças de prata. Ali, construiu um altar e o chamou de El-Elohe-Israel. Certa vez, Diná, filha de Jacó e Lia, saiu para visitar algumas moças que viviam na região. O príncipe daquela terra era Siquém, filho de Hamor, o heveu. Quando ele viu Diná, a agarrou e a violentou, mas depois apaixonou-se por ela e tentou conquistar sua afeição com palavras carinhosas. Disse a seu pai, Hamor: “Consiga-me essa moça, pois quero me casar com ela”. Jacó logo soube que Siquém tinha violentado Diná, sua filha. Mas, como seus filhos estavam no campo cuidando dos rebanhos, não disse nada até que eles voltassem. Hamor, pai de Siquém, foi tratar da questão com Jacó. Nesse meio-tempo, os filhos de Jacó voltaram do campo assim que souberam o que havia acontecido. Ficaram abalados e furiosos porque sua irmã havia sido violentada. Siquém tinha cometido um ato vergonhoso contra a família de Jacó, algo que jamais se deve fazer. Hamor fez um pedido a Jacó e seus filhos: “Meu filho Siquém se apaixonou por sua filha. Por favor, permitam que ele se case com ela. Aliás, podemos arranjar outros casamentos: vocês entregam suas filhas para nossos filhos, e nós entregamos nossas filhas para seus filhos. Vocês poderão viver em nosso meio; a terra está à sua disposição! Estabeleçam-se aqui e façam negócios conosco. Fiquem à vontade para comprar propriedades na região”. Então o próprio Siquém falou ao pai e aos irmãos de Diná: “Por favor, sejam bondosos comigo e deixem que eu me case com ela”, implorou. “Eu lhes darei o que me pedirem. Seja qual for o dote ou o presente que pedirem, eu o pagarei, por maior que seja; só peço que me entreguem a moça para ser minha mulher.” Os filhos de Jacó responderam com falsidade a Siquém e a seu pai, Hamor, uma vez que Siquém tinha violado Diná, a irmã deles. Disseram: “Não podemos permitir uma coisa dessas, pois você não é circuncidado. Seria uma vergonha para nossa irmã casar-se com um homem como você. Porém, temos uma solução. Se todos os homens do seu povo forem circuncidados, como nós somos, entregaremos nossas filhas e nos casaremos com suas filhas. Viveremos entre vocês e nos tornaremos um só povo. Mas, se não concordarem em ser circuncidados, tomaremos nossa irmã e iremos embora”. Hamor e seu filho Siquém aceitaram a proposta. Sem demora, Siquém fez o que tinham pedido, pois desejava ardentemente a filha de Jacó. Siquém era o mais respeitado dos membros de sua família e foi com seu pai, Hamor, apresentar a proposta aos líderes que estavam à porta da cidade. “Esses homens são nossos amigos”, disseram eles. “Devemos convidá-los para viver entre nós e negociar livremente conosco. Há bastante espaço para eles nesta terra. Podemos nos casar com as filhas deles, e eles, com as nossas. Mas eles só aceitarão ficar aqui e tornar-se um só povo conosco se todos os nossos homens forem circuncidados, como eles são. Se o fizermos, todos os seus rebanhos e bens passarão, com o tempo, a ser nossos. Aceitemos a condição deles e deixemos que se estabeleçam entre nós.” Todos os membros do conselho da cidade concordaram com Hamor e Siquém, e todos os homens da cidade foram circuncidados. Três dias depois, quando eles ainda sentiam dores, dois filhos de Jacó, Simeão e Levi, irmãos de Diná por parte de pai e mãe, tomaram suas espadas e entraram na cidade sem encontrar resistência. Então, massacraram todos os homens de lá e mataram Hamor e seu filho Siquém ao fio da espada. Depois, tiraram Diná da casa de Siquém e voltaram para o acampamento. Enquanto isso, os outros filhos de Jacó chegaram à cidade. Vendo eles que todos os homens estavam mortos, saquearam a cidade, pois sua irmã tinha sido violentada ali. Levaram as ovelhas, os bois e os jumentos, tudo que conseguiram encontrar dentro da cidade e nos campos. Tomaram todas as riquezas, saquearam as casas e levaram as crianças e mulheres como prisioneiras. Depois de tudo isso, Jacó disse a Simeão e a Levi: “Vocês arruinaram minha vida! Serei odiado por todos os povos desta terra, pelos cananeus e ferezeus. Somos tão poucos que eles se unirão e nos esmagarão. Eles me atacarão, e toda a minha família será exterminada!”. Mas eles responderam: “Por acaso deveríamos permitir que nossa irmã fosse tratada como prostituta?”. Deus disse a Jacó: “Apronte-se, mude-se para Betel e estabeleça-se ali. Ao chegar, construa um altar para o Deus que lhe apareceu quando você estava fugindo de seu irmão, Esaú”. Jacó disse à sua família e a todos que estavam com ele: “Joguem fora todos os seus ídolos pagãos, purifiquem-se e vistam roupas limpas. Vamos a Betel, onde construirei um altar para o Deus que respondeu às minhas orações quando eu estava angustiado. Ele tem estado comigo por onde ando”. Então entregaram a Jacó todos os ídolos pagãos e as argolas que usavam nas orelhas, e ele os enterrou ao pé da grande árvore perto de Siquém. Quando partiram, o terror de Deus se espalhou de tal forma entre os moradores das cidades próximas que ninguém atacou a família de Jacó. Por fim, Jacó e todos que estavam com ele chegaram a Luz (também chamada Betel), em Canaã. Jacó construiu um altar ali e chamou o lugar de El-Betel, pois Deus lhe havia aparecido em Betel quando ele estava fugindo de seu irmão. Pouco tempo depois, Débora, a serva que havia amamentado Rebeca, morreu e foi sepultada ao pé do carvalho no vale perto de Betel. Desde então, a árvore é chamada de Alom-Bacute. Agora que Jacó havia regressado de Padã-Arã, Deus lhe apareceu outra vez em Betel e o abençoou: “Seu nome é Jacó, mas você não se chamará mais Jacó. De agora em diante, seu nome será Israel”. Assim, Deus deu a ele o nome de Israel. Deus também lhe disse: “Eu sou o Deus Todo-poderoso. Seja fértil e multiplique-se. Você se tornará uma grande nação, até mesmo muitas nações. Haverá reis entre seus descendentes. Eu lhe darei a terra que dei a Abraão e Isaque. Sim, eu a darei a você e a seus descendentes”. Em seguida, Deus se elevou do lugar onde havia falado a Jacó. Jacó levantou uma coluna de pedra para marcar o lugar onde Deus lhe havia falado. Depois, derramou vinho sobre a coluna, como oferta a Deus, e a ungiu com azeite de oliva. Chamou o lugar de Betel, pois ali Deus lhe havia falado. Depois que partiram de Betel, rumaram para Efrata. Raquel, porém, sentiu fortes dores e entrou em trabalho de parto quando ainda estavam a certa distância da cidade. As dores de parto aumentaram, e a parteira lhe disse: “Não tenha medo! Você terá outro menino!”. Raquel estava quase morrendo, mas, com seu último suspiro, chamou o menino de Benoni. O pai do bebê, no entanto, o chamou de Benjamim. Assim, Raquel morreu e foi sepultada junto ao caminho para Efrata (ou seja, Belém). Sobre o túmulo de Raquel, Jacó levantou um monumento de pedra, que está lá até hoje. Então Jacó seguiu viagem e acampou além de Migdal-Éder. Enquanto moravam ali, Rúben teve relações com Bila, concubina de seu pai, e Jacó ficou sabendo disso. Estes são os nomes dos doze filhos de Jacó: Os filhos de Lia foram Rúben (o filho mais velho de Jacó), Simeão, Levi, Judá, Issacar e Zebulom. Os filhos de Raquel foram José e Benjamim. Os filhos de Bila, serva de Raquel, foram Dã e Naftali. Os filhos de Zilpa, serva de Lia, foram Gade e Aser. Esses são os filhos que nasceram a Jacó em Padã-Arã. Então Jacó voltou à casa de seu pai, Isaque, em Manre, perto de Quiriate-Arba (hoje chamada Hebrom), onde Abraão e Isaque viveram como estrangeiros. Isaque viveu 180 anos. Deu o último suspiro e, ao morrer em boa velhice, reuniu-se a seus antepassados. Seus filhos, Esaú e Jacó, o sepultaram. Este é o relato dos descendentes de Esaú (também chamado Edom). Esaú se casou com duas moças de Canaã: Ada, filha de Elom, o hitita, e Oolibama, filha de Aná e neta de Zibeão, o heveu. Também se casou com sua prima Basemate, que era filha de Ismael e irmã de Nebaiote. Ada deu à luz um filho chamado Elifaz. Basemate deu à luz um filho chamado Reuel. Oolibama deu à luz filhos chamados Jeús, Jalão e Corá. Todos esses filhos nasceram a Esaú na terra de Canaã. Esaú tomou suas mulheres, seus filhos e filhas e todos os de sua casa, além de seus rebanhos e o gado, toda a riqueza que havia adquirido na terra de Canaã, e se mudou para longe de seu irmão, Jacó. Seus rebanhos e bens eram tantos que a terra onde moravam não era suficiente para sustentá-los. Portanto, Esaú (também chamado Edom) se estabeleceu na região montanhosa de Seir. Este é o relato dos descendentes de Esaú, os edomitas, que viviam na região montanhosa de Seir. Estes são os nomes dos filhos de Esaú: Elifaz, filho de Ada, mulher de Esaú; e Reuel, filho de Basemate, mulher de Esaú. Os descendentes de Elifaz foram: Temã, Omar, Zefô, Gaetã e Quenaz. Timna, concubina de Elifaz, filho de Esaú, deu à luz um filho chamado Amaleque. Esses são os descendentes de Ada, mulher de Esaú. Os descendentes de Reuel foram: Naate, Zerá, Samá e Mizá. Esses são os descendentes de Basemate, mulher de Esaú. Esaú também teve filhos com Oolibama, filha de Aná, neta de Zibeão. Seus nomes eram: Jeús, Jalão e Corá. Estes são os descendentes de Esaú que se tornaram chefes de vários clãs: Os descendentes de Elifaz, filho mais velho de Esaú, se tornaram chefes dos clãs de Temã, Omar, Zefô, Quenaz, Corá, Gaetã e Amaleque. Esses são os chefes de clãs descendentes de Elifaz na terra de Edom. Todos eles foram descendentes de Ada, mulher de Esaú. Os descendentes de Reuel, filho de Esaú, se tornaram chefes dos clãs de Naate, Zaerá, Samá e Mizá. Esses são os chefes dos clãs descendentes de Reuel na terra de Edom. Todos eles foram descendentes de Basemate, mulher de Esaú. Os descendentes de Esaú e sua mulher Oolibama se tornaram os chefes dos clãs de Jeús, Jalão e Corá. Esses são os chefes dos clãs descendentes de Oolibama, mulher de Esaú, filha de Aná. Esses são os clãs que descenderam de Esaú (também chamado de Edom), cada um identificado pelo nome de seu chefe. Estes são os nomes das tribos que descenderam de Seir, o horeu, que habitavam na terra de Edom: Lotã, Sobal, Zibeão e Aná, Disom, Ézer e Disã. Estes são os chefes dos clãs horeus, descendentes de Seir, que habitavam na terra de Edom. Os descendentes de Lotã foram: Hori e Hemã. A irmã de Lotã se chamava Timna. Os descendentes de Sobal foram: Alvã, Manaate, Ebal, Sefô e Onã. Os descendentes de Zibeão foram: Aiá e Aná. (Foi este Aná que descobriu as fontes de águas quentes no deserto enquanto levava os jumentos de seu pai para pastar.) Os descendentes de Aná foram: seu filho Disom e sua filha Oolibama. Os descendentes de Disom foram: Hendã, Esbã, Itrã e Querã. Os descendentes de Ézer foram: Bilã, Zaavã e Acã. Os descendentes de Disã foram Uz e Arã. Estes, portanto, foram os chefes dos clãs horeus: Lotã, Sobal, Zibeão, Aná, Disom, Ézer e Disã. Os clãs horeus são identificados pelo nome de seus chefes, que habitavam na terra de Seir. Estes são os reis que governaram na terra de Edom antes de os israelitas terem rei: Belá, filho de Beor, reinou em Edom, na cidade de Dinabá. Quando Belá morreu, Jobabe, filho de Zerá, de Bozra, foi seu sucessor. Quando Jobabe morreu, Husã, da terra dos temanitas, foi seu sucessor. Quando Husã morreu, Hadade, filho de Bedade, foi seu sucessor na cidade de Avite. Foi Hadade quem derrotou os midianitas na terra de Moabe. Quando Hadade morreu, Samlá, da cidade de Masreca, foi seu sucessor. Quando Samlá morreu, Saul, da cidade de Reobote, próxima ao Eufrates, foi seu sucessor. Quando Saul morreu, Baal-Hanã, filho de Acbor, foi seu sucessor. Quando Baal-Hanã, filho de Acbor, morreu, Hadade foi seu sucessor na cidade de Paú. Sua mulher era Meetabel, filha de Matrede e neta de Mezaabe. Estes são os nomes dos chefes dos clãs descendentes de Esaú, que habitavam nos lugares que têm seus nomes: Timna, Alvá, Jetete, Oolibama, Elá, Pinom, Quenaz, Temã, Mibzar, Magdiel e Irã. Esses são os chefes dos clãs de Edom, relacionados de acordo com seus assentamentos na terra que ocupavam. Todos eles foram descendentes de Esaú, antepassado dos edomitas. Jacó passou a morar na terra de Canaã, onde seu pai tinha vivido como estrangeiro. Este é o relato de Jacó e sua família. Quando José tinha 17 anos, cuidava dos rebanhos de seu pai. Trabalhava com seus meios-irmãos, os filhos de Bila e Zilpa, mulheres de seu pai, e contava para seu pai algumas das coisas erradas que seus irmãos faziam. Jacó amava José mais que a qualquer outro de seus filhos, pois José havia nascido quando Jacó era idoso. Por isso, certo dia Jacó encomendou um presente especial para José: uma linda túnica. Os irmãos de José, por sua vez, o odiavam, pois o pai deles o amava mais que a todos os outros filhos. Não eram capazes de lhe dizer uma única palavra amigável. Certa noite, José teve um sonho e, quando o contou a seus irmãos, eles o odiaram ainda mais. “Ouçam este sonho que tive”, disse ele. “Estávamos no campo, amarrando feixes de trigo. De repente, meu feixe se levantou e ficou em pé, e seus feixes se juntaram ao redor do meu e se curvaram diante dele!” Seus irmãos responderam: “Você imagina que será nosso rei? Pensa mesmo que nos governará?”. E o odiaram ainda mais por causa de seus sonhos e da maneira como os contava. Pouco tempo depois, José teve outro sonho e, mais uma vez, contou-o a seus irmãos. “Ouçam, tive outro sonho”, disse ele. “O sol, a lua e onze estrelas se curvavam diante de mim!” Dessa vez, contou o sonho não apenas aos irmãos, mas também ao pai, que o repreendeu, dizendo: “Que sonho é esse? Por acaso eu, sua mãe e seus irmãos viremos e nos curvaremos até o chão diante de você?”. Os irmãos de José ficaram com inveja dele, mas seu pai se perguntou qual seria o significado dos sonhos. Pouco depois, os irmãos de José levaram os rebanhos de seu pai para pastar junto de Siquém. Então Jacó disse a José: “Seus irmãos estão cuidando das ovelhas em Siquém. Apronte-se, e eu o enviarei até eles”. “Estou pronto para ir”, respondeu José. “Vá ver como estão seus irmãos e os rebanhos”, disse Jacó. “E traga-me notícias deles.” Jacó o enviou, e José viajou de sua casa no vale de Hebrom até Siquém. Quando José chegou a Siquém, um homem da região notou que ele andava perdido pelos campos. “O que você está procurando?”, perguntou o homem. “Estou procurando meus irmãos”, respondeu José. “O senhor sabe onde eles estão cuidando dos rebanhos?” O homem lhe disse: “Sim, eles foram embora daqui, mas eu os ouvi dizer: ‘Vamos a Dotã’”. Então José foi atrás de seus irmãos e os encontrou em Dotã. Quando os irmãos de José o viram, o reconheceram de longe. Antes que ele se aproximasse, planejaram uma forma de matá-lo. “Lá vem o sonhador!”, disseram uns aos outros. “Vamos matá-lo e jogá-lo numa dessas cisternas. Diremos a nosso pai: ‘Um animal selvagem o devorou’. Então veremos o que será dos seus sonhos!” Mas, quando Rúben ouviu o plano, tratou de livrar José. “Não o matemos”, disse ele. “Por que derramar sangue? Joguem-no nesta cisterna vazia aqui no deserto e não toquemos nele.” Rúben planejava resgatar José e levá-lo de volta ao pai. Assim, quando José chegou, os irmãos lhe arrancaram a linda túnica que ele estava usando, o agarraram e o jogaram na cisterna vazia, ou seja, sem água. Mais tarde, quando se sentaram para comer, viram ao longe uma caravana de camelos vindo em sua direção. Era um grupo de negociantes ismaelitas, que transportavam especiarias, bálsamo e mirra de Gileade para o Egito. Judá disse a seus irmãos: “O que ganharemos se matarmos nosso irmão e encobrirmos o crime? Em vez de matá-lo, vamos vendê-lo aos negociantes ismaelitas. Afinal, ele é nosso irmão, sangue do nosso sangue!”. Seus irmãos concordaram. Então, quando os ismaelitas, que eram negociantes midianitas, se aproximaram, os irmãos de José o tiraram da cisterna e o venderam para eles por vinte peças de prata. E os negociantes o levaram para o Egito. Algum tempo depois, Rúben voltou para tirar José da cisterna. Quando descobriu que seu irmão não estava lá, rasgou as roupas. Voltou a seus irmãos e lamentou-se: “O menino sumiu! E agora, o que farei?”. Então os irmãos mataram um bode e mergulharam a túnica de José no sangue do animal. Enviaram a linda túnica para o pai, com a seguinte mensagem: “Veja o que encontramos. Não é a túnica de seu filho?”. O pai a reconheceu de imediato e disse: “Sim, é a túnica de meu filho. Um animal selvagem o deve ter devorado. Com certeza José morreu despedaçado!”. Jacó rasgou suas roupas e vestiu-se de pano de saco. Por longo tempo, lamentou profundamente a morte do filho. A família toda tentou consolá-lo, mas ele se recusava. “Descerei à sepultura lamentando a morte de meu filho”, dizia, e continuou a lamentar-se. Enquanto isso, os negociantes midianitas chegaram ao Egito, onde venderam José a Potifar, oficial e capitão da guarda do faraó. Por essa época, Judá saiu de casa e se mudou para Adulão, onde foi morar na casa de um homem chamado Hira. Ali, Judá viu uma mulher cananeia, filha de Suá, e se casou com ela. Teve relações com a mulher, e ela engravidou e deu à luz um filho, que ele chamou de Er. Ela engravidou novamente e deu à luz outro filho, que chamou de Onã. Quando estavam morando em Quezibe, ela deu à luz o terceiro filho e o chamou de Selá. No devido tempo, Judá arranjou o casamento de Er, seu filho mais velho, com uma moça chamada Tamar. Mas Er era um homem perverso aos olhos do S enhor, por isso o S enhor lhe tirou a vida. Então Judá disse a Onã, irmão de Er: “Case-se com Tamar, como é exigido para com a viúva do irmão. Você deve gerar um herdeiro para seu irmão”. Onã, porém, não estava disposto a ter um filho que não seria seu herdeiro. Por isso, cada vez que tinha relações com a mulher de seu irmão, derramava o sêmen no chão. Desse modo, evitava que Tamar tivesse um filho que pertenceria ao irmão dele. O S enhor, porém, considerou maldade a sua atitude e, por isso, também tirou a vida de Onã. Então Judá disse à sua nora Tamar: “Volte para a casa de seus pais e permaneça viúva até que meu filho Selá tenha idade suficiente para se casar com você”. (Na verdade, Judá disse isso apenas porque temia que Selá também morresse, como seus dois irmãos.) Assim, Tamar voltou para a casa do pai. Alguns anos depois, a mulher de Judá morreu. Quando terminou o período de luto, Judá e seu amigo Hira, o adulamita, subiram a Timna para supervisionar a tosquia das ovelhas de Judá. Alguém disse a Tamar: “Seu sogro está subindo a Timna para tosquiar as ovelhas”. Tamar sabia que Selá já era adulto, mas nenhuma providência havia sido tomada para que ela se casasse com ele. Por isso, trocou suas roupas de viúva e, para disfarçar-se, cobriu-se com um véu. Depois, foi sentar-se junto à entrada da vila de Enaim, no caminho para Timna. Judá a viu e pensou que fosse uma prostituta, pois ela estava com o rosto coberto. Ele parou à beira da estrada e, sem saber que era sua própria nora, disse: “Quero me deitar com você”. “Quanto você me pagará para deitar-se comigo?”, perguntou Tamar. “Eu lhe mandarei um cabrito do meu rebanho”, prometeu Judá. “Mas o que me dá como garantia de que mandará o cabrito?”, perguntou ela. “Que tipo de garantia você quer?”, replicou ele. Ela disse: “Deixe comigo seu selo pessoal, junto com o cordão dele e o cajado que você está segurando”. Judá entregou os objetos. Depois, teve relações com Tamar, e ela engravidou. Em seguida, Tamar voltou para casa, tirou o véu e tornou a vestir as roupas de viúva, como de costume. Mais tarde, Judá pediu que seu amigo Hira, o adulamita, levasse o cabrito para a mulher e pegasse de volta as coisas que ele havia deixado como garantia. Hira, porém, não conseguiu encontrá-la. Perguntou aos homens que moravam lá: “Onde posso encontrar a prostituta do templo que estava sentada junto à entrada de Enaim?”. “Aqui nunca houve uma prostituta do templo”, responderam eles. Então Hira voltou para onde Judá estava e lhe disse: “Não consegui encontrá-la em lugar algum, e os homens da vila disseram que lá nunca houve uma prostituta do templo”. “Que ela fique com as minhas coisas”, disse Judá. “Mandei o cabrito como tínhamos combinado, mas você não a encontrou. Se voltássemos para procurá-la, o povo da vila zombaria de nós.” Uns três meses depois, disseram a Judá: “Sua nora, Tamar, se comportou como prostituta e, por isso, está grávida”. Judá ordenou: “Tragam-na para fora e queimem-na!”. Quando a estavam tirando de casa para matá-la, ela enviou a seguinte mensagem a seu sogro: “Estou grávida do homem que é dono destes objetos. Olhe com atenção. De quem são este selo, este cordão e este cajado?”. Judá os reconheceu de imediato e disse: “Ela é mais justa que eu, pois não tomei as providências para que ela se casasse com meu filho Selá”. E Judá nunca mais teve relações com Tamar. Quando chegou a época de Tamar dar à luz, descobriu que teria gêmeos. Durante o trabalho de parto, um dos bebês pôs a mão para fora. A parteira segurou a mão do bebê, amarrou um fio vermelho no pulso e anunciou: “Este saiu primeiro”. O bebê, porém, recolheu a mão, e seu irmão saiu. Então a parteira disse: “Como você conseguiu sair primeiro?”. Por isso, ele recebeu o nome de Perez. Logo depois, o bebê com o fio vermelho no pulso nasceu e recebeu o nome de Zerá. Quando José foi levado para o Egito pelos negociantes ismaelitas, eles o venderam a Potifar, um oficial egípcio. Potifar era capitão da guarda do faraó, o rei do Egito. O S enhor estava com José, por isso ele era bem-sucedido em tudo que fazia no serviço da casa de seu senhor egípcio. Potifar percebeu que o S enhor estava com José e lhe dava sucesso em tudo que ele fazia. Satisfeito com isso, nomeou José seu assistente pessoal e o encarregou de toda a sua casa e de todos os seus bens. A partir do dia em que José foi encarregado de toda a casa e de todas as propriedades de Potifar, o S enhor começou a abençoar a casa do egípcio por causa de José. Tudo corria bem na casa, e as plantações e os animais prosperavam. Assim, Potifar entregou tudo que possuía aos cuidados de José e, tendo-o como administrador, não se preocupava com nada, exceto com o que iria comer. José era um rapaz muito bonito, de bela aparência, e logo a esposa de Potifar começou a olhar para ele com desejo. “Venha e deite-se comigo”, ordenou ela. José recusou e disse: “Meu senhor me confiou todos os bens de sua casa e não precisa se preocupar com nada. Ninguém aqui tem mais autoridade que eu. Ele não me negou coisa alguma, exceto a senhora, pois é mulher dele. Como poderia eu cometer tamanha maldade? Estaria pecando contra Deus!”. A mulher continuava a assediar José diariamente, mas ele se recusava a deitar-se com ela. Certo dia, porém, quando José entrou para fazer seu trabalho, não havia mais ninguém na casa. Ela se aproximou, agarrou-o pelo manto e exigiu: “Venha, deite-se comigo!”. José se desvencilhou e fugiu da casa, mas o manto ficou na mão da mulher. Quando ela viu que José tinha fugido, mas que o manto havia ficado na mão dela, chamou seus servos. “Vejam!”, disse ela. “Meu marido trouxe esse escravo hebreu para nos fazer de bobos! Ele entrou no meu quarto para me violentar, mas eu gritei. Quando ele me ouviu gritar, saiu correndo e escapou, mas largou seu manto comigo.” Ela guardou o manto até o marido voltar para casa. Então, contou-lhe sua versão da história. “O escravo hebreu que você trouxe para nossa casa tentou aproveitar-se de mim”, disse ela. “Mas, quando eu gritei, ele saiu correndo e largou seu manto comigo!” Ao ouvir a mulher contar como José a havia tratado, Potifar se enfureceu. Pegou José e o lançou na prisão onde ficavam os prisioneiros do rei, e ali José permaneceu. Mas o S enhor estava com ele na prisão e o tratou com bondade. Fez José conquistar a simpatia do carcereiro, que, em pouco tempo, encarregou José de todos os outros presos e de todas as tarefas da prisão. O carcereiro não precisava mais se preocupar com nada, pois José cuidava de tudo. O S enhor estava com ele e lhe dava sucesso em tudo que ele fazia. Algum tempo depois, o chefe dos copeiros e o chefe dos padeiros do faraó ofenderam seu senhor, o rei do Egito. O faraó se enfureceu com os dois oficiais e os mandou para a prisão onde José estava, no palácio do capitão da guarda. Eles ficaram presos por um bom tempo, e o capitão da guarda os colocou sob a responsabilidade de José, para que cuidasse deles. Certa noite, enquanto estavam presos, o copeiro e o padeiro tiveram, cada um, um sonho, e cada sonho tinha o seu significado. Quando José os viu no dia seguinte, notou que os dois estavam perturbados e perguntou: “Por que vocês estão preocupados?”. Eles responderam: “Esta noite, nós dois tivemos sonhos, mas ninguém sabe nos dizer o que significam”. “A interpretação dos sonhos vem de Deus”, disse José. “Contem-me o que sonharam.” O chefe dos copeiros foi o primeiro a relatar seu sonho a José. “Em meu sonho, vi na minha frente uma videira”, disse ele. “Havia três ramos que começaram a brotar e florescer e, em pouco tempo, produziram cachos de uvas. Eu tinha na mão o copo do faraó. Tomei um dos cachos de uva, espremi o suco na taça e a coloquei na mão do faraó.” José disse: “Este é o significado do sonho: os três ramos representam três dias. Dentro de três dias, o faraó o elevará de volta ao seu cargo de chefe dos copeiros. Quando a situação estiver bem para você, peço que se lembre de mim. Fale de mim ao faraó, para que ele me tire deste lugar, pois fui trazido à força da minha terra natal, a terra dos hebreus, e agora estou nesta prisão, onde fui lançado sem motivo justo”. Ao ouvir a interpretação favorável de José para o primeiro sonho, o chefe dos padeiros lhe disse: “Também tive um sonho. Nele, havia três cestos de pães brancos empilhados sobre a minha cabeça. No cesto de cima, havia pães e doces de todo tipo para o faraó, mas as aves vieram e comeram do cesto que estava sobre a minha cabeça”. José lhe disse: “Este é o significado do sonho: os três cestos também representam três dias. Dentro de três dias, o faraó pendurará sua cabeça em um poste, e as aves comerão sua carne”. Três dias depois, era o aniversário do faraó, e ele preparou um banquete para todos os seus oficiais e funcionários. Convocou o chefe dos copeiros e o chefe dos padeiros para comparecerem à festa. Elevou o chefe dos copeiros de volta a seu cargo, para que voltasse a entregar o copo ao faraó. Quanto ao chefe dos padeiros, mandou enforcá-lo, como José havia previsto ao interpretar o sonho dele. O chefe dos copeiros, porém, se esqueceu completamente de José e não pensou mais nele. Dois anos inteiros se passaram, e o faraó sonhou que estava em pé na margem do rio Nilo. Em seu sonho, viu sete vacas gordas e saudáveis saírem do rio e começarem a pastar no meio dos juncos. Em seguida, viu outras sete vacas saírem do Nilo. Eram feias e magras e pararam junto das vacas gordas à beira do rio. Então as vacas feias e magras comeram as sete vacas gordas e saudáveis. Nessa parte do sonho, o faraó acordou. Depois, voltou a dormir e teve outro sonho. Dessa vez, viu sete espigas de trigo, cheias e boas, que cresciam em um só talo. Em seguida, apareceram mais sete espigas, mas elas eram murchas e ressequidas pelo vento do leste. Então as espigas miúdas engoliram as sete espigas cheias e bem formadas. O faraó acordou novamente e percebeu que era um sonho. Na manhã seguinte, perturbado com os sonhos, o faraó chamou todos os magos e os sábios do Egito. Contou-lhes os sonhos, mas ninguém conseguiu interpretá-los. Por fim, o chefe dos copeiros se pronunciou. “Hoje eu me lembrei do meu erro”, disse ao faraó. “Algum tempo atrás, o senhor se irou com o chefe dos padeiros e comigo e mandou prender-nos no palácio do capitão da guarda. Certa noite, o chefe dos padeiros e eu tivemos, cada um, um sonho, e cada sonho tinha o seu significado. Estava conosco na prisão um rapaz hebreu que era escravo do capitão da guarda. Contamos a ele nossos sonhos, e ele explicou o que cada um significava. E tudo aconteceu exatamente como ele havia previsto. Fui restaurado ao meu cargo de chefe dos copeiros, e o chefe dos padeiros foi enforcado em público.” Na mesma hora, o faraó mandou chamar José, e ele foi trazido depressa da prisão. Depois de barbear-se e trocar de roupa, apresentou-se ao faraó. Disse o faraó a José: “Tive um sonho esta noite e ninguém aqui conseguiu me dizer o que ele significa. Soube, porém, que ao ouvir um sonho você é capaz de interpretá-lo”. José respondeu: “Essa capacidade não está em minhas mãos, mas Deus pode revelar o significado ao faraó e acalmá-lo”. Então o faraó contou o sonho a José: “Em meu sonho, eu estava em pé na margem do rio Nilo e vi sete vacas gordas e saudáveis saírem do rio e começarem a pastar no meio dos juncos. Em seguida, vi saírem do rio sete vacas feias e magras que pareciam doentes. Nunca vi animais tão horríveis em toda a terra do Egito. Essas vacas feias e magras comeram as sete vacas gordas. Contudo, não parecia que haviam acabado de comer as outras vacas, pois continuavam tão magras e feias quanto antes. Então, acordei. “Em meu sonho, também vi sete espigas de trigo, cheias e boas, que cresciam em um só talo. Em seguida, apareceram outras sete espigas, mas elas eram murchas, miúdas e ressequidas pelo vento do leste. As espigas miúdas engoliram as sete espigas saudáveis. Contei os sonhos aos magos, mas ninguém foi capaz de dizer o que significam”. José respondeu: “Os dois sonhos do faraó significam a mesma coisa. Deus está dizendo ao faraó de antemão o que ele vai fazer. As sete vacas saudáveis e as sete espigas de trigo cheias representam sete anos de prosperidade. As sete vacas feias e magras e as sete espigas miúdas e ressequidas pelo vento do leste representam sete anos de fome. “Acontecerá exatamente como eu descrevi, pois Deus revelou ao faraó de antemão o que ele vai fazer. Os próximos sete anos serão um período de grande prosperidade em toda a terra do Egito. Depois, haverá sete anos de fome tão grande que toda essa prosperidade será esquecida no Egito, pois a fome destruirá a terra. A escassez de alimento será tão terrível que apagará até a lembrança dos anos de fartura. Quanto ao fato de terem sido dois sonhos parecidos, significa que esses acontecimentos foram decretados por Deus, e ele os fará ocorrer em breve. “Portanto, o faraó deve encontrar um homem inteligente e sábio e encarregá-lo de administrar o Egito. O faraó também deve nomear supervisores sobre a terra, para que recolham um quinto de todas as colheitas durante os sete anos de fartura. Encarregue-os de juntar todo o alimento produzido nos anos bons que virão e levá-lo para os armazéns do faraó. Mande-os estocar e guardar os cereais, para que haja mantimento nas cidades. Desse modo, quando os sete anos de fome vierem sobre a terra do Egito, haverá comida suficiente. Assim, a fome não destruirá a terra”. O faraó e seus oficiais gostaram das sugestões de José. Por isso, o faraó perguntou aos oficiais: “Será que encontraremos alguém como este homem? Sem dúvida, há nele o espírito de Deus!”. Então o faraó disse a José: “Uma vez que Deus lhe revelou o significado dos sonhos, é evidente que não há ninguém tão inteligente ou sábio quanto você. Ficará encarregado de minha corte, e todo o meu povo obedecerá às suas ordens. Apenas eu, que ocupo o trono, terei uma posição superior à sua”. O faraó acrescentou: “Eu o coloco oficialmente no comando de toda a terra do Egito”. Então o faraó tirou do dedo o seu anel com o selo real e o pôs no dedo de José. Mandou vesti-lo com roupas de linho fino e pôs uma corrente de ouro em seu pescoço. Também o fez andar na carruagem reservada para quem era o segundo no poder, e, por onde José passava, gritava-se a ordem: “Ajoelhem-se!”. Assim, o faraó colocou José no comando de todo o Egito e lhe disse: “Eu sou o faraó, mas ninguém levantará a mão ou o pé em toda a terra do Egito sem a sua permissão”. O faraó deu a José um nome egípcio: Zafenate-Paneia. Também lhe deu uma mulher, que se chamava Azenate. Ela era filha de Potífera, sacerdote de Om. Assim, José recebeu autoridade sobre todo o Egito. Tinha 30 anos quando começou a servir na corte do faraó, o rei do Egito. Depois de sair da presença do faraó, José foi inspecionar toda a terra do Egito. Como previsto, durante sete anos a terra produziu fartas colheitas. Ao longo desse tempo, José juntou todas as colheitas do Egito e armazenou nas cidades os cereais produzidos nos campos ao redor. Armazenou uma quantidade imensa de cereais, como a areia do mar. Por fim, parou de manter registros, pois havia demais para medir. Durante esse tempo, antes do primeiro ano de fome, José e sua mulher, Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om, tiveram dois filhos. José chamou o filho mais velho de Manassés, pois disse: “Deus me fez esquecer todas as minhas dificuldades e toda a família de meu pai”. José chamou o segundo filho de Efraim, pois disse: “Deus me fez prosperar na terra da minha aflição”. Por fim, terminaram os sete anos de colheitas fartas em toda a terra do Egito, e começaram os sete anos de fome, como José havia previsto. A fome também afetou as regiões vizinhas, mas havia alimento de sobra em todo o Egito. Depois de algum tempo, porém, a fome também se espalhou pelo Egito. Quando o povo clamou ao faraó para que lhe desse alimento, ele respondeu a todos os egípcios: “Dirijam-se a José e sigam as instruções dele”. Quando faltou alimento em toda parte, José mandou abrir os armazéns e vendeu cereais aos egípcios, pois a fome era terrível em toda a terra do Egito. Gente de todos os lugares ia ao Egito comprar cereais de José, pois a fome era terrível no mundo inteiro. Quando Jacó soube que no Egito havia cereais, disse a seus filhos: “Por que vocês estão aí parados, olhando uns para os outros? Ouvi dizer que há cereais no Egito. Desçam até lá e comprem cereais em quantidade suficiente para nos mantermos vivos. Do contrário, morreremos”. Então os dez irmãos mais velhos de José desceram ao Egito para comprar cereais. Mas Jacó não deixou Benjamim, o irmão mais novo de José, ir com eles, pois tinha medo de que algum mal lhe acontecesse. Os filhos de Jacó chegaram ao Egito junto com outros para comprar mantimentos, porque também havia fome em Canaã. Uma vez que José era governador do Egito e o encarregado de vender cereais a todos, foi a ele que seus irmãos se dirigiram. Quando chegaram, curvaram-se diante dele com o rosto no chão. José reconheceu os irmãos de imediato, mas fingiu não saber quem eram e lhes perguntou com aspereza: “De onde vocês vêm?”. “Da terra de Canaã”, responderam eles. “Viemos comprar mantimentos.” Embora José tivesse reconhecido seus irmãos, eles não o reconheceram. José se lembrou dos sonhos que tivera a respeito deles muitos anos antes e lhes disse: “Vocês são espiões! Vieram para descobrir os pontos fracos de nossa terra”. “Não, meu senhor!”, responderam eles. “Seus servos vieram apenas para comprar mantimentos. Somos todos irmãos, membros da mesma família. Somos homens honestos, meu senhor, e não espiões!” Mas José insistiu: “São espiões, sim! Vieram para descobrir os pontos fracos de nossa terra”. Eles disseram: “Senhor, na verdade, nós, seus servos, éramos doze irmãos, todos filhos de um homem que vive na terra de Canaã. Nosso irmão mais novo está em casa com o pai, e um de nossos irmãos já não está conosco.” José, porém, continuou a insistir: “Como eu disse, vocês são espiões! Mas há uma forma de verificar sua história. Juro pela vida do faraó que vocês só deixarão o Egito quando seu irmão mais novo vier para cá. Um de vocês deve buscá-lo. Os outros ficarão presos aqui. Então veremos se sua história é verdadeira ou não. Pela vida do faraó, se não tiverem um irmão mais novo, saberei com certeza que são espiões”. Então José os colocou na prisão por três dias. No terceiro dia, José lhes disse: “Sou um homem temente a Deus. Façam o que direi e viverão. Se são mesmo homens honestos, escolham um de seus irmãos para continuar preso. Os demais podem voltar para casa com cereais para seus parentes que estão passando fome. Tragam-me, porém, seu irmão mais novo. Com isso, provarão que estão dizendo a verdade e não morrerão”. Eles concordaram e, conversando entre si, disseram: “É evidente que estamos sendo castigados por aquilo que fizemos a José tanto tempo atrás. Vimos sua angústia quando ele implorou por sua vida, mas nós o ignoramos. Por isso estamos nesta situação difícil”. Rúben disse: “Não lhes falei que não pecassem contra o rapaz? Mas vocês não quiseram me ouvir. Agora, temos de prestar contas pelo sangue dele!”. Não sabiam, porém, que José os entendia, pois falava com eles por meio de um intérprete. José se afastou dos irmãos e começou a chorar. Quando se recompôs, voltou a falar com eles. Escolheu Simeão e mandou amarrá-lo diante dos demais. Em seguida, José ordenou que seus servos enchessem de cereais os sacos que os irmãos haviam trazido e, em segredo, devolvessem o pagamento, colocando o dinheiro na boca de cada saco. Também mandou que lhes dessem mantimentos para a viagem, e assim fizeram. Os irmãos colocaram os sacos de cereal sobre seus jumentos e partiram de volta para casa. Contudo, quando um deles abriu a bagagem a fim de pegar cereal para seu jumento, encontrou o dinheiro na boca do saco. “Vejam só!”, exclamou para seus irmãos. “Devolveram meu dinheiro; está aqui no saco!” O coração deles desfaleceu e, tremendo, disseram uns aos outros: “O que Deus fez conosco?”. Quando os irmãos chegaram à casa de Jacó, seu pai, na terra de Canaã, relataram-lhe tudo que havia acontecido com eles. Disseram: “O homem que governa o país falou conosco asperamente e nos acusou de sermos espiões em sua terra, mas nós lhe garantimos: ‘Somos homens honestos, e não espiões. Somos doze irmãos, filhos do mesmo pai. Um de nossos irmãos já não está conosco, e o mais novo está em casa com nosso pai, na terra de Canaã’. “Então o homem que governa o país disse: ‘Saberei com certeza se vocês são homens honestos da seguinte forma: deixem um de seus irmãos comigo e voltem para casa levando cereais para seus parentes que estão passando fome. Tragam-me, porém, seu irmão mais novo e saberei que são homens honestos, e não espiões. Então eu lhes devolverei seu irmão, e vocês poderão negociar livremente nesta terra’”. Ao esvaziarem os sacos, viram que dentro de cada um havia uma bolsa com o dinheiro do pagamento pelos cereais. Os irmãos e o pai ficaram apavorados quando viram as bolsas de dinheiro. Jacó disse: “Vocês estão tirando meus filhos de mim! José se foi, Simeão não está aqui, e agora querem levar Benjamim também. Tudo está contra mim!”. Então Rúben disse ao pai: “Se eu não trouxer Benjamim de volta, o senhor pode matar meus dois filhos. Eu me responsabilizo por ele e prometo trazê-lo de volta”. Jacó, porém, respondeu: “Meu filho não descerá com vocês. Seu irmão José morreu, e Benjamim é tudo que me resta. Se alguma coisa acontecesse com ele na viagem, vocês me mandariam velho e infeliz para a sepultura”. A fome se agravou na terra de Canaã. Quando os cereais que eles haviam trazido do Egito estavam para acabar, Jacó disse a seus filhos: “Voltem e comprem um pouco mais de mantimento para nós”. Judá, porém, respondeu: “O homem estava falando sério quando nos advertiu: ‘Vocês não me verão novamente se não trouxerem seu irmão’. Se o senhor enviar Benjamim conosco, desceremos e compraremos mais mantimento, mas, se não deixar Benjamim ir, nós também não iremos. Lembre-se de que o homem disse: ‘Vocês não me verão novamente se não trouxerem seu irmão’”. “Por que vocês foram tão cruéis comigo?”, lamentou-se Jacó. “Por que disseram ao homem que tinham outro irmão?” “Ele fez uma porção de perguntas sobre nossa família”, responderam. “Quis saber: ‘Seu pai ainda está vivo? Vocês têm outro irmão?’. Nós apenas respondemos às perguntas dele. Como poderíamos imaginar que ele diria: ‘Tragam seu irmão’?” Judá disse a seu pai: “Deixe o rapaz ir comigo e partiremos. Do contrário, todos nós morreremos de fome, e não apenas nós, mas também nossos pequeninos. Garanto pessoalmente a segurança dele. O senhor pode me responsabilizar se eu não o trouxer de volta. Carregarei a culpa para sempre. Se não tivéssemos perdido todo esse tempo, poderíamos ter ido e voltado duas vezes”. Por fim, Jacó, seu pai, lhes disse: “Se não há outro jeito, pelo menos façam o seguinte. Coloquem na bagagem os melhores produtos desta terra: bálsamo, mel, especiarias e mirra, pistache e amêndoas, e levem de presente para o homem. Levem também o dobro do dinheiro que foi devolvido, pois alguém deve tê-lo colocado nos sacos por engano. Depois, peguem seu irmão e voltem àquele homem. Que o Deus Todo-poderoso lhes conceda misericórdia quando estiverem diante daquele homem, para que ele liberte Simeão e deixe Benjamim voltar. Mas, se devo perder meus filhos, que assim seja”. Então os homens pegaram os presentes de Jacó e o dobro do dinheiro e partiram com Benjamim. Por fim, chegaram ao Egito e se apresentaram a José. Quando José viu Benjamim com eles, disse ao administrador de sua casa: “Estes homens almoçarão comigo ao meio-dia. Leve-os ao palácio, mate um animal e prepare um grande banquete”. O homem fez conforme José ordenou e os levou ao palácio de José. Quando os irmãos viram que estavam sendo levados à casa de José, ficaram apavorados. “É por causa do dinheiro que alguém colocou de volta nos sacos da outra vez que estivemos aqui”, disseram uns aos outros. “Ele planeja nos acusar de roubo e, depois, nos prender, nos tornar escravos e tomar nossos jumentos.” À entrada do palácio, os irmãos se dirigiram ao administrador de José e lhe disseram: “Ouça, senhor. Viemos ao Egito anteriormente para comprar mantimentos. No caminho de volta para casa, paramos para pernoitar e abrimos os sacos. Descobrimos que o dinheiro de cada um, a quantia exata que havíamos pago, estava na boca do saco. Trouxemos o dinheiro de volta. Aqui está. Também trouxemos mais dinheiro para comprar mantimentos. Não fazemos ideia de quem colocou o dinheiro nos sacos”. “Fiquem tranquilos”, disse o administrador. “Não tenham medo. Seu Deus, o Deus de seu pai, deve ter colocado esse tesouro nos sacos. Tenho certeza de que recebi seu pagamento.” Depois disso, soltou Simeão e o levou até onde eles estavam. Em seguida, o administrador os conduziu para dentro do palácio de José. Deu-lhes água para lavar os pés e providenciou ração para seus jumentos. Quando foram avisados que almoçariam lá, os irmãos prepararam os presentes para a chegada de José ao meio-dia. Assim que José chegou em casa, entregaram-lhe os presentes que haviam trazido e curvaram-se até o chão diante dele. Depois de cumprimentá-los, José quis saber: “Como está seu pai, o senhor idoso do qual me falaram? Ainda está vivo?”. “Sim”, responderam eles. “Nosso pai, seu servo, ainda está vivo e vai bem.” E curvaram-se mais uma vez. Então José olhou para seu irmão Benjamim, o filho de sua mãe, e perguntou: “Este é o irmão mais novo de que vocês me falaram?”. E disse a Benjamim: “Deus seja bondoso com você, meu filho”. Muito emocionado por causa do irmão, José saiu depressa da sala. Foi para o quarto, onde chorou. Depois de lavar o rosto, voltou mais controlado e ordenou: “Tragam a comida!”. José foi servido em sua própria mesa, e seus irmãos, em uma mesa separada. Os egípcios que comiam com José, por sua vez, foram servidos em outra mesa, pois os egípcios desprezavam os hebreus e se recusavam a comer com eles. José disse a cada um dos irmãos onde deviam sentar-se e, para espanto deles, colocou-os ao redor da mesa em ordem de idade, do mais velho para o mais novo. Mandou encher os pratos deles com comida de sua própria mesa, e deram a Benjamim uma porção cinco vezes maior que a dos outros. E eles comeram e beberam à vontade com José. Então José deu a seguinte ordem ao administrador do palácio: “Coloque nos sacos que eles trouxeram todo o cereal que puderem carregar, e coloque o dinheiro de cada um de volta no saco. Depois, coloque meu copo de prata na boca do saco de mantimento do mais novo, junto com o dinheiro dele”. O administrador fez tudo conforme José ordenou. Assim que amanheceu, os irmãos se levantaram e partiram com os jumentos carregados. Quando haviam percorrido apenas uma distância curta e mal haviam saído da cidade, José disse ao administrador do palácio: “Vá atrás deles e detenha-os. Quando os alcançar, diga-lhes: ‘Por que retribuíram o bem com o mal? Por que roubaram o copo de prata do meu senhor, que ele usa para prever o futuro? Vocês agiram muito mal!’”. Quando o administrador do palácio alcançou os homens, repetiu para eles as palavras de José. “Do que o senhor está falando?”, disseram os irmãos. “Somos seus servos e jamais faríamos uma coisa dessas! Por acaso não devolvemos o dinheiro que encontramos nos sacos? Nós o trouxemos de volta da terra de Canaã. Por que roubaríamos ouro ou prata da casa do seu senhor? Se encontrar o copo de prata com um de nós, que morra quem estiver com ele! E nós, os restantes, seremos seus escravos.” “Sua proposta é justa”, respondeu ele. “Mas apenas aquele que roubou o copo de prata se tornará meu escravo. Os outros estarão livres.” Sem demora, eles descarregaram os sacos e os abriram. O administrador do palácio examinou a bagagem de cada um, começando pelo mais velho até o mais novo. E o copo foi encontrado no saco de mantimento de Benjamim. Quando os irmãos viram isso, rasgaram as roupas. Depois, colocaram a carga de volta sobre os jumentos e retornaram à cidade. José ainda estava em seu palácio quando Judá e seus irmãos chegaram, e eles se curvaram até o chão diante dele. “O que vocês fizeram?”, exigiu ele. “Não sabem que um homem como eu é capaz de prever o que vai acontecer?” Judá respondeu: “Meu senhor, o que podemos dizer? Que explicação podemos dar? Como podemos provar nossa inocência? Deus está nos castigando por causa de nossa maldade. Todos nós voltamos para ser seus escravos, todos nós, e não apenas nosso irmão com quem foi encontrado o copo de prata”. José, no entanto, disse: “Eu jamais faria uma coisa dessas! Apenas o homem que roubou o copo será meu escravo. Os outros podem voltar em paz para a casa de seu pai”. Então Judá deu um passo à frente e disse: “Por favor, meu senhor, permita que seu servo lhe diga apenas uma palavra. Peço que não perca a paciência comigo, embora o senhor seja tão poderoso quanto o próprio faraó. “Meu senhor perguntou a nós, seus servos: ‘Vocês têm pai ou irmão?’. E nós respondemos: ‘Sim, meu senhor, nosso pai é idoso e tem um filho mais novo, nascido em sua velhice. O irmão desse filho, por parte de pai e mãe, morreu. Ele é o único filho de sua mãe, e nosso pai o ama muito’. “O senhor nos disse: ‘Tragam-no aqui para que eu possa vê-lo com os próprios olhos’. E nós respondemos: ‘Meu senhor, o rapaz não pode deixar o pai, pois, se o fizesse, o pai morreria’. Mas o senhor nos disse: ‘Vocês não me verão novamente se não trouxerem seu irmão’. “Assim, voltamos para seu servo, nosso pai, e contamos a ele o que o senhor tinha dito. Passado algum tempo, quando ele disse: ‘Voltem e comprem mais mantimentos’, nós respondemos: ‘Só poderemos voltar se nosso irmão mais novo nos acompanhar. Não temos como ver o homem outra vez, a menos que nosso irmão mais novo esteja conosco’. “Então meu pai nos disse: ‘Como vocês sabem, minha mulher teve dois filhos, e um deles foi embora e nunca mais voltou. Sem dúvida, foi despedaçado por algum animal selvagem, e eu nunca mais o vi. Se agora vocês levarem de mim o irmão dele e lhe acontecer algum mal, vocês me mandarão velho e infeliz para a sepultura’. “E agora, meu senhor, não posso voltar para a casa de meu pai sem o rapaz. A vida de nosso pai está ligada à vida do rapaz. Quando ele vir que o rapaz não está conosco, morrerá. Nós, seus servos, seremos, de fato, responsáveis por mandar para a sepultura seu servo, nosso pai, em profunda tristeza. Meu senhor, garanti a meu pai que levaria o rapaz de volta. Disse-lhe: ‘Se não o trouxer de volta, carregarei a culpa para sempre’. “Por isso, peço ao senhor que me permita ficar aqui como escravo no lugar do rapaz e que o deixe voltar com os irmãos dele. Pois, como poderei voltar a meu pai sem o rapaz? Não suportaria ver a angústia que isso lhe causaria!”. José não conseguiu mais se conter. Havia muita gente na sala, e ele disse a seus assistentes: “Saiam todos daqui!”. Assim, ficou a sós com seus irmãos e lhes revelou sua identidade. José se emocionou e começou a chorar. Chorou tão alto que os egípcios o ouviram, e logo a notícia chegou ao palácio do faraó. “Sou eu, José!”, disse a seus irmãos. “Meu pai ainda está vivo?” Mas seus irmãos ficaram espantados ao se dar conta de que o homem diante deles era José e perderam a fala. “Cheguem mais perto”, disse José. Quando eles se aproximaram, José continuou: “Eu sou José, o irmão que vocês venderam como escravo ao Egito. Agora, não fiquem aflitos ou furiosos uns com os outros por terem me vendido para cá. Foi Deus quem me enviou adiante de vocês para lhes preservar a vida. A fome que assola a terra há dois anos continuará por mais cinco anos, e não haverá plantio nem colheita. Deus me enviou adiante para salvar a vida de vocês e de suas famílias, e para salvar muitas vidas. Portanto, foi Deus quem me mandou para cá, e não vocês! E foi ele quem me fez conselheiro do faraó, administrador de todo o seu palácio e governador de todo o Egito. “Agora, voltem depressa a meu pai e digam-lhe: ‘Assim diz seu filho José: Deus me fez senhor de toda a terra do Egito. Venha para cá sem demora! O senhor poderá viver na região de Gósen, onde estará perto de mim com todos os seus filhos e netos, rebanhos e gado, e todos os seus bens. Ali eu cuidarei do senhor, pois ainda haverá cinco anos de escassez. Do contrário, o senhor e toda a sua família perderão tudo que têm’”. José acrescentou: “Vejam! Vocês podem comprovar com seus próprios olhos, e também meu irmão Benjamim, que sou eu mesmo, José, que falo com vocês! Contem a meu pai a posição de honra que ocupo aqui no Egito. Descrevam para ele tudo que viram e tragam-no para cá o mais rápido possível”. Chorando de alegria, ele abraçou Benjamim, e Benjamim também o abraçou e chorou. Então José beijou cada um de seus irmãos e chorou com eles; depois os irmãos conversaram à vontade com ele. A notícia não demorou a chegar ao palácio do faraó: “Os irmãos de José estão aqui!”. O faraó e seus oficiais se alegraram muito quando souberam disso. O faraó disse a José: “Diga a seus irmãos: ‘Coloquem as cargas em seus animais e voltem depressa à terra de Canaã. Tragam seu pai e todas as suas famílias para cá. Eu lhes darei a melhor terra do Egito, e vocês comerão do que esta terra produz de melhor’”. O faraó prosseguiu: “Diga a seus irmãos: ‘Levem carruagens do Egito para transportar as crianças pequenas, as mulheres e também seu pai. Não se preocupem com seus pertences, pois o melhor de toda a terra do Egito será de vocês’”. Os filhos de Jacó seguiram essas instruções. José providenciou carruagens, conforme o faraó havia ordenado, e lhes deu mantimentos para a viagem. Também presenteou cada irmão com um traje novo, mas a Benjamim deu cinco roupas novas e trezentas peças de prata. E, a seu pai, enviou dez jumentos carregados com os melhores produtos do Egito e dez jumentas carregadas com cereais, pães e outros mantimentos para a viagem. Depois, José se despediu de seus irmãos e, enquanto partiam, disse a eles: “Não briguem no caminho por causa do que aconteceu”. Eles saíram do Egito e voltaram a seu pai, Jacó, na terra de Canaã. “José ainda está vivo!”, eles disseram a seu pai. “É o governador de toda a terra do Egito!” Jacó ficou atônito com a notícia. Não podia acreditar. Quando, porém, repetiram para Jacó tudo que José lhes tinha dito, e quando ele viu as carruagens que José havia mandado para levá-lo, encheu-se de ânimo. Então Jacó exclamou: “Deve ser verdade! Meu filho José está vivo! Preciso ir e vê-lo antes que eu morra!”. Jacó partiu para o Egito com todos os seus bens. Quando chegou a Berseba, ofereceu sacrifícios ao Deus de Isaque, seu pai. Durante a noite, Deus lhe falou numa visão. “Jacó! Jacó!”, chamou ele. “Aqui estou!”, respondeu Jacó. “Eu sou Deus, o Deus de seu pai”, disse a voz. “Não tenha medo de descer ao Egito, pois lá farei de sua família uma grande nação. Descerei com você ao Egito e certamente o trarei de volta. E José estará ao seu lado quando você morrer.” Então Jacó saiu de Berseba, e seus filhos o levaram para o Egito. Transportaram o pai, as crianças e as mulheres nas carruagens que o faraó lhes havia providenciado. Também levaram todos os seus rebanhos e os bens que haviam adquirido na terra de Canaã. Assim, Jacó e toda a sua família foram para o Egito: filhos e netos, filhas e netas, todos os seus descendentes. Estes são os nomes dos descendentes de Israel, os filhos de Jacó, que foram ao Egito: Rúben foi o filho mais velho de Jacó. Os filhos de Rúben foram: Enoque, Palu, Hezrom e Carmi. Os filhos de Simeão foram: Jemuel, Jamim, Oade, Jaquim, Zoar e Saul. (A mãe de Saul era cananeia.) Os filhos de Levi foram: Gérson, Coate e Merari. Os filhos de Judá foram: Er, Onã, Selá, Perez e Zerá (embora Er e Onã tivessem morrido na terra de Canaã). Os filhos de Perez foram: Hezrom e Hamul. Os filhos de Issacar foram: Tolá, Puá, Jasube e Sinrom. Os filhos de Zebulom foram: Serede, Elom e Jaleel. Esses foram os filhos de Lia e Jacó nascidos em Padã-Arã, além de sua filha Diná. Por meio de Lia, Jacó teve 33 descendentes, tanto homens quanto mulheres. Os filhos de Gade foram: Zefom, Hagi, Suni, Esbom, Eri, Arodi e Areli. Os filhos de Aser foram: Imná, Isvá, Isvi e Berias. A irmã deles se chamava Sera. Os filhos de Berias foram: Héber e Malquiel. Esses foram os filhos de Zilpa, serva dada a Lia por Labão, seu pai. Por meio de Zilpa, Jacó teve dezesseis descendentes. Os filhos de Raquel, mulher de Jacó, foram: José e Benjamim. Os filhos de José, nascidos no Egito, foram: Manassés e Efraim. Sua mãe foi Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om. Os filhos de Benjamim foram: Belá, Bequer, Asbel, Gera, Naamã, Eí, Rôs, Mupim, Hupim e Arde. Esses foram os filhos de Raquel e Jacó. Por meio de Raquel, Jacó teve catorze descendentes. O filho de Dã foi Husim. Os filhos de Naftali foram: Jazeel, Guni, Jezer e Silém. Esses foram os filhos de Bila, serva dada a Raquel por Labão, seu pai. Por meio de Bila, Jacó teve sete descendentes. No total, 66 descendentes diretos de Jacó foram com ele para o Egito, sem contar as esposas de seus filhos. Além deles, José teve dois filhos que nasceram no Egito, totalizando setenta membros da família de Jacó no Egito. Quando estavam quase chegando, Jacó enviou Judá adiante para encontrar-se com José e pedir-lhe informações sobre o caminho para Gósen. José mandou preparar sua carruagem e partiu para Gósen, a fim de encontrar-se com seu pai, Jacó. Quando José chegou, abraçou fortemente seu pai e, sem soltá-lo, chorou por longo tempo. Por fim, Jacó disse a José: “Agora estou pronto para morrer, pois vi seu rosto novamente e sei que você está vivo”. José disse a seus irmãos e a toda a família de seu pai: “Irei ao faraó e lhe direi: ‘Meus irmãos e toda a família de meu pai chegaram da terra de Canaã. Eles são pastores e criadores de gado. Trouxeram consigo seus rebanhos, seu gado e todos os seus bens’”. Disse também: “Quando o faraó mandar chamá-los e perguntar-lhes em que vocês trabalham, digam o seguinte: ‘Durante toda a vida, nós, seus servos, criamos rebanhos e gado, como sempre fizeram nossos antepassados’. Quando lhe disserem isso, ele permitirá que vivam aqui na região de Gósen, pois os egípcios desprezam os pastores”. José foi ver o faraó e lhe disse: “Meu pai e meus irmãos chegaram da terra de Canaã. Trouxeram seus rebanhos, seu gado e todos os seus bens, e agora estão na região de Gósen”. José levou consigo cinco de seus irmãos e os apresentou ao faraó. “Em que vocês trabalham?”, o faraó perguntou aos irmãos. Eles responderam: “Nós, seus servos, somos pastores, como nossos antepassados. Viemos morar no Egito por algum tempo, pois não há pastagem para nossos rebanhos em Canaã. A fome é terrível naquela região. Por isso, pedimos sua permissão para morar na região de Gósen”. Então o faraó disse a José: “Agora que seu pai e seus irmãos estão com você, escolha qualquer lugar em todo o Egito para morarem. Dê-lhes a melhor terra do Egito. Que vivam na região de Gósen. Se você descobrir entre eles homens capazes, coloque-os para cuidar de meus rebanhos”. Em seguida, José trouxe seu pai, Jacó, e o apresentou ao faraó. E Jacó abençoou o faraó. “Quantos anos o senhor tem?”, perguntou o faraó. Jacó respondeu: “Tenho andado por este mundo há 130 árduos anos. Comparada à vida de meus antepassados, minha vida foi curta”. Então Jacó abençoou o faraó novamente antes de deixar a corte. José deu a seu pai e a seus irmãos a melhor terra do Egito, a região de Ramessés, e os acomodou ali, conforme o faraó havia ordenado. José também providenciou mantimentos para seu pai e seus irmãos, em quantidades proporcionais ao número de seus dependentes, incluindo as crianças pequenas. A essa altura, a escassez era tanta que se esgotaram todos os mantimentos, e havia gente passando fome em toda a terra do Egito e de Canaã. Com o tempo, vendendo cereais para o povo, José arrecadou todo o dinheiro do Egito e de Canaã e o depositou no tesouro do faraó. Quando acabou o dinheiro do povo do Egito e de Canaã, todos os egípcios foram implorar a José: “Não temos mais dinheiro! Mas, por favor, dê-nos alimento, ou morreremos de fome diante dos seus olhos!”. José respondeu: “Visto que seu dinheiro acabou, tragam-me seus animais. Eu lhes darei alimento em troca”. Então eles entregaram seus animais a José em troca de alimento. José lhes forneceu mantimentos para mais um ano em troca de seus cavalos, rebanhos de ovelhas, bois e jumentos. Mas aquele ano chegou ao fim e, no ano seguinte, o povo voltou a José, dizendo: “Não podemos esconder a verdade. Nosso dinheiro acabou, e nossos rebanhos e gado lhe pertencem. Não nos resta coisa alguma para oferecer além de nosso corpo e nossas terras. Por que morreríamos de fome diante dos seus olhos? Compre nossas terras em troca de mantimento; oferecemos nossas propriedades e a nós mesmos como servos do faraó. Dê-nos cereais para que vivamos e não morramos, e para que a terra não fique vazia e desolada”. Assim, José comprou toda a terra do Egito para o faraó. Todos os egípcios venderam seus campos, pois a fome era terrível, e em pouco tempo todas as terras passaram a ser propriedade do faraó. Quanto ao povo, José os tornou todos escravos, de uma extremidade do Egito à outra. As únicas terras que ele não comprou foram as dos sacerdotes. Eles recebiam do faraó uma porção regular de mantimentos, por isso não precisaram vender suas terras. Então José disse ao povo: “Hoje eu comprei vocês e suas terras para o faraó. Em troca, fornecerei sementes para cultivarem os campos. Quando vocês os ceifarem, um quinto da colheita será do faraó. Fiquem com os outros quatro quintos e usem como alimento para vocês, para os membros de sua casa e para suas crianças”. “O senhor salvou nossa vida!”, exclamaram. “Permita-nos servir ao faraó.” Então José mandou publicar um decreto que vale até hoje na terra do Egito, segundo o qual um quinto de todas as colheitas pertence ao faraó. Apenas as terras dos sacerdotes não foram entregues ao faraó. Enquanto isso, o povo de Israel se estabeleceu na região de Gósen, no Egito. Ali, adquiriram propriedades e tiveram muitos filhos, e sua população cresceu rapidamente. Depois de chegar ao Egito, Jacó viveu mais dezessete anos; portanto, viveu ao todo 147 anos. Quando se aproximava a hora de sua morte, Jacó chamou seu filho José e lhe disse: “Peço que me faça um favor. Coloque sua mão debaixo da minha coxa e jure que mostrará sua bondade e lealdade a mim atendendo a este último desejo: não me sepulte no Egito. Quando eu morrer, leve meu corpo para fora do Egito e sepulte-me com meus antepassados”. José prometeu: “Farei como o senhor me pede”. “Jure que o fará”, insistiu. José fez o juramento, e Jacó se curvou humildemente à cabeceira de sua cama. Certo dia, não muito tempo depois, avisaram José: “Seu pai está bastante doente”. José foi visitá-lo e levou consigo seus dois filhos, Manassés e Efraim. Quando José chegou, anunciaram a Jacó: “Seu filho José está aqui para vê-lo”. Com as forças que lhe restavam, Jacó se sentou na cama. Jacó disse a José: “O Deus Todo-poderoso me apareceu em Luz, na terra de Canaã, e me abençoou. Ele me disse: ‘Eu o tornarei fértil e multiplicarei seus descendentes. Farei de você muitas nações e darei esta terra de Canaã a seus descendentes como propriedade permanente’. “Agora, tomo para mim, como meus próprios filhos, seus dois rapazes, Efraim e Manassés, nascidos aqui na terra do Egito antes de minha chegada. Eles serão meus filhos, como são Rúben e Simeão. Os filhos que você tiver depois deles, porém, serão seus e herdarão propriedades dentro do território dos irmãos deles, Efraim e Manassés. “Muito tempo atrás, quando eu voltava de Padã-Arã, Raquel morreu na terra de Canaã. Ainda estávamos viajando, a certa distância de Efrata (ou seja, Belém). Com grande tristeza, sepultei-a ali mesmo, junto ao caminho para Efrata”. Em seguida, Jacó olhou para os dois rapazes e perguntou: “Quem são estes?”. José respondeu: “Estes são os filhos que Deus me deu aqui no Egito”. Jacó disse: “Traga-os mais perto, para que eu os abençoe”. Os olhos de Jacó estavam enfraquecidos por causa da idade, e ele quase não conseguia enxergar. José levou os rapazes para perto dele, e Jacó os beijou e abraçou. Então Jacó disse a José: “Nunca imaginei que voltaria a ver seu rosto, mas agora Deus me permitiu ver também seus filhos!”. José tirou os rapazes de junto dos joelhos do avô e se curvou com o rosto no chão. Em seguida, colocou os rapazes na frente de Jacó. Com a mão direita, colocou Efraim diante da mão esquerda de Jacó e, com a mão esquerda, colocou Manassés sob a mão direita de Jacó. Mas, ao estender as mãos para colocá-las sobre a cabeça dos rapazes, Jacó cruzou os braços. Pôs a mão direita sobre a cabeça de Efraim, embora fosse o mais novo, e a mão esquerda sobre a cabeça de Manassés, embora fosse o mais velho. Em seguida, abençoou José, dizendo: “Que o Deus diante do qual andaram meu avô, Abraão, e meu pai, Isaque, o Deus que tem sido meu pastor toda a minha vida, até o dia de hoje, o Anjo que me resgatou de todo o mal, abençoe estes rapazes. Que eles preservem meu nome e o nome de Abraão e Isaque, e seus descendentes se multipliquem grandemente na terra”. José, porém, não se agradou quando viu o pai colocar a mão direita sobre a cabeça de Efraim. Por isso, levantou-a para passá-la da cabeça de Efraim para a cabeça de Manassés. “Não, meu pai”, disse ele. “Este é o mais velho; coloque a mão direita sobre a cabeça dele.” Mas seu pai se recusou e disse: “Eu sei, meu filho; eu sei. Manassés também se tornará um grande povo, mas seu irmão mais novo será ainda maior. E seus descendentes se tornarão muitas nações”. Assim, Jacó abençoou os rapazes naquele dia com a seguinte bênção: “O povo de Israel usará seus nomes quando pronunciarem uma bênção. Dirão: ‘Deus os faça prosperar como Efraim e Manassés!’”. Desse modo, Jacó pôs Efraim adiante de Manassés. Então Jacó disse a José: “Morrerei em breve, mas Deus estará com vocês e os levará de volta a Canaã, a terra de seus antepassados. Em razão de sua autoridade sobre seus irmãos, eu lhe dou uma porção a mais da terra, que tomei dos amorreus com a minha espada e o meu arco”. Então Jacó mandou chamar todos os seus filhos e lhes disse: “Reúnam-se ao meu redor, e eu direi o que acontecerá a cada um de vocês nos dias que virão. “Venham e ouçam, filhos de Jacó, ouçam Israel, seu pai! “Rúben, você é meu filho mais velho, minha força, o filho da minha juventude vigorosa; é o primeiro em importância e o primeiro em poder. É, contudo, impetuoso como uma enchente, e não será mais o primeiro. Pois deitou-se em minha cama, desonrou meu leito conjugal. “Simeão e Levi são iguais em tudo; suas armas são instrumentos de violência. Que eu jamais esteja presente em suas reuniões e nunca participe de seus planos. Pois, em sua ira, mataram homens e, por diversão, aleijaram bois. Maldita seja sua ira, pois é feroz; maldita sua fúria, pois é cruel. Eu os espalharei entre os descendentes de Jacó, eu os dispersarei por todo o Israel. “Judá, seus irmãos o louvarão; você agarrará seus inimigos pelo pescoço, e todos os seus parentes se curvarão à sua frente. Judá, meu filho, é um leão novo que acabou de comer sua presa. Como o leão, ele se agacha, e como a leoa, se deita; quem tem coragem de acordá-lo? O cetro não se afastará de Judá, nem o bastão de autoridade de seus descendentes, até que venha aquele a quem pertence, aquele que todas as nações honrarão. Ele amarra seu potro a uma videira, seu jumentinho a uma videira seleta. Lava suas roupas em vinho, suas vestes, no sangue das uvas. Seus olhos são mais escuros que o vinho, seus dentes, mais brancos que o leite. “Zebulom se estabelecerá à beira-mar e será um porto para os navios; suas fronteiras se estenderão até Sidom. “Issacar é um jumento forte, que descansa entre dois sacos de carga. Quando vir como o campo é bom e como a terra é agradável, curvará seus ombros para a carga e se sujeitará a trabalhos forçados. “Dã governará seu povo, como qualquer outra tribo de Israel. Dã será uma serpente à beira da estrada, uma víbora junto ao caminho que morde o calcanhar do cavalo e faz o cavaleiro cair. Ó S enhor, espero pelo teu livramento! “Gade será atacado por bandos de saqueadores, mas os atacará quando baterem em retirada. “Aser se alimentará de comidas deliciosas e produzirá iguarias dignas de reis. “Naftali é uma gazela solta que dá à luz lindos filhotes. “José é árvore frutífera, árvore frutífera junto à fonte; seus ramos se estendem por cima do muro. Arqueiros o atacaram brutalmente; atiraram nele e o atormentaram. Seu arco, porém, permaneceu esticado, e seus braços foram fortalecidos pelas mãos do Poderoso de Jacó, pelo Pastor, a Rocha de Israel. Que o Deus de seu pai o ajude; o Todo-poderoso o abençoe com bênçãos dos altos céus, bênçãos das profundezas das águas, bênçãos dos seios e do ventre. Que as bênçãos de seu pai ultrapassem as bênçãos de meus antepassados e alcancem as alturas das antigas colinas. Que essas bênçãos descansem sobre a cabeça de José, que é príncipe entre seus irmãos. “Benjamim é um lobo voraz; pela manhã devora seus inimigos, ao entardecer divide o despojo”. Essas são as doze tribos de Israel, e foi isso que seu pai disse ao despedir-se de seus filhos. Deu a cada um deles a bênção que lhe era adequada. Em seguida, Jacó lhes deu a seguinte instrução: “Em breve morrerei e me reunirei a meus antepassados. Sepultem-me com meu pai e com meu avô na caverna no campo de Efrom, o hitita. É a caverna de Macpela, perto de Manre, em Canaã, que Abraão comprou do hitita como sepultura permanente. Ali estão sepultados Abraão e sua mulher, Sara. Ali também estão sepultados Isaque e sua mulher, Rebeca. E ali sepultei Lia. É o campo e a caverna que meu avô, Abraão, comprou dos hititas”. Quando Jacó terminou de dar essa instrução a seus filhos, deitou-se em sua cama, deu o último suspiro e, ao morrer, reuniu-se a seus antepassados. José atirou-se sobre seu pai, chorou sobre ele e o beijou. Em seguida, deu ordens aos médicos que o serviam para que embalsamassem o corpo de seu pai, e Jacó foi embalsamado. O processo de embalsamamento levou os quarenta dias habituais. E os egípcios lamentaram sua morte durante setenta dias. Quando terminou o período de luto, José procurou os conselheiros do faraó e lhes disse: “Por gentileza, peço que falem com o faraó em meu favor. Digam-lhe que meu pai me fez prestar um juramento. Disse: ‘Morrerei em breve. Leve meu corpo de volta para a terra de Canaã e coloque-me na sepultura que preparei para mim’. Portanto, peço que me deixe ir sepultar meu pai; depois, voltarei sem demora”. O faraó atendeu ao pedido de José e disse: “Vá e sepulte seu pai, como ele o fez prometer”. Então José partiu para sepultar seu pai. Foi acompanhado de todos os oficiais do faraó, todos os membros mais importantes da casa do faraó e todos os oficiais de alto escalão do Egito. José também levou consigo toda a sua família, seus irmãos e a família deles. As crianças pequenas, os rebanhos e o gado, porém, deixaram na terra de Gósen. Muitas carruagens e seus condutores acompanharam José, formando um grande cortejo. Quando chegaram à eira de Atade, perto do rio Jordão, realizaram uma grande cerimônia fúnebre, com um período de sete dias de luto pelo pai de José. Os cananeus que moravam na região os viram chorar na eira de Atade e mudaram o nome do lugar (que fica próximo ao Jordão) para Abel-Mizraim, pois disseram: “Este é um lugar de lamento profundo para esses egípcios”. Assim, os filhos de Jacó fizeram o que ele lhes havia ordenado. Levaram seu corpo para a terra de Canaã e o sepultaram na caverna no campo de Macpela, perto de Manre. Essa é a caverna que Abraão havia comprado de Efrom, o hitita, como sepultura permanente. Depois de sepultar Jacó, José voltou para o Egito com seus irmãos e com todos que o haviam acompanhado. Uma vez que seu pai estava morto, porém, os irmãos de José ficaram temerosos e disseram: “Agora José mostrará sua ira e se vingará de todo o mal que lhe fizemos”. Por isso, enviaram a seguinte mensagem a José: “Antes de morrer, nosso pai mandou que lhe disséssemos: ‘Por favor, perdoe seus irmãos pelo grande mal que eles lhe fizeram, pelo pecado que cometeram ao tratá-lo com tanta crueldade’. Por isso, nós, servos do Deus de seu pai, suplicamos que você perdoe nosso pecado”. Quando José recebeu a mensagem, começou a chorar. Depois, seus irmãos chegaram e se curvaram com o rosto no chão diante de José. “Somos seus escravos!”, disseram eles. José, porém, respondeu: “Não tenham medo de mim. Por acaso sou Deus para castigá-los? Vocês pretendiam me fazer o mal, mas Deus planejou tudo para o bem. Colocou-me neste cargo para que eu pudesse salvar a vida de muitos. Não tenham medo. Continuarei a cuidar de vocês e de seus filhos”. Desse modo, ele os tranquilizou ao tratá-los com bondade. José, seus irmãos e suas famílias continuaram a viver no Egito. José viveu 110 anos. Chegou a ver três gerações de descendentes de seu filho Efraim e o nascimento dos filhos de Maquir, filho de Manassés, os quais ele tomou para si como se fossem seus. José disse a seus irmãos: “Em breve morrerei, mas certamente Deus os ajudará e os tirará desta terra. Ele os levará de volta para a terra que prometeu solenemente dar a Abraão, Isaque e Jacó”. Então José fez os filhos de Israel prestarem um juramento e disse: “Quando Deus vier ajudá-los e conduzi-los de volta, levem meus ossos com vocês”. José morreu com 110 anos. Os egípcios o embalsamaram e o colocaram em um caixão no Egito. Estes são os nomes dos filhos de Israel que se mudaram para o Egito com Jacó, cada um com sua família: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Issacar, Zebulom, Benjamim, Dã, Naftali, Gade e Aser. Ao todo, desceram ao Egito setenta descendentes de Jacó, incluindo José, que já estava lá. Com o tempo, José e seus irmãos morreram, e toda aquela geração chegou ao fim. Mas seus descendentes, os israelitas, tiveram muitos filhos e netos. Multiplicaram-se tanto que se fortaleceram e encheram a terra. Por fim, subiu ao poder no Egito um novo rei, que não sabia coisa alguma sobre José. O rei disse a seu povo: “Vejam, agora o povo de Israel é mais numeroso e mais forte que nós. Precisamos tramar um plano para evitar que se tornem ainda mais numerosos. Se não o fizermos e houver guerra, eles se unirão a nossos inimigos, lutarão contra nós e depois fugirão desta terra”. Assim, os egípcios nomearam capatazes para dirigir o trabalho do povo. Sob opressão, os israelitas construíram Pitom e Ramessés, duas cidades que serviam de centros de armazenamento para o faraó. Porém, quanto mais eram oprimidos, mais os israelitas se multiplicavam e se espalhavam, e mais preocupados os egípcios ficavam. Por isso, os egípcios os forçavam com crueldade a trabalhar pesado. Tornaram a vida deles amarga, obrigando-os a preparar argamassa, produzir tijolos e fazer todo o trabalho nos campos. Eram cruéis em todas as suas exigências. O faraó, rei do Egito, deu a seguinte ordem às parteiras hebreias Sifrá e Puá: “Quando ajudarem as hebreias a dar à luz, prestem atenção durante o parto. Se for menino, matem o bebê; se for menina, deixem que viva”. Mas as parteiras temiam a Deus e se recusaram a obedecer à ordem do rei; assim, deixaram os meninos viver. Então o rei do Egito mandou chamar as parteiras e lhes perguntou: “Por que fizeram isso? Por que deixaram os meninos viver?”. “As mulheres hebreias não são como as egípcias”, responderam as parteiras ao faraó. “São mais vigorosas e dão à luz com tanta rapidez que não conseguimos chegar a tempo.” Deus foi bondoso com as parteiras, e os israelitas continuaram a multiplicar-se e tornaram-se cada vez mais fortes. E, porque as parteiras temeram a Deus, ele deu a cada uma delas a sua própria família. Então o faraó deu a seguinte ordem a todo o seu povo: “Lancem no rio Nilo todos os meninos hebreus recém-nascidos, mas deixem as meninas viver”. Por essa época, um homem e uma mulher da tribo de Levi se casaram. A mulher engravidou e deu à luz um menino. Viu que era um lindo bebê e o escondeu por três meses. Quando não conseguia mais escondê-lo, pegou um cesto feito de juncos de papiro e o revestiu com betume e piche. Acomodou o bebê no cesto e o colocou entre os juncos, à margem do rio Nilo. A irmã do bebê ficou observando a certa distância, para ver o que lhe aconteceria. Pouco depois, a filha do faraó desceu ao Nilo para tomar banho, e suas servas foram caminhar pela margem do rio. Quando a princesa viu o cesto entre os juncos, mandou sua serva buscá-lo. Ao abrir o cesto, a princesa viu o bebê. O menino chorava, e ela sentiu pena dele. “Deve ser um dos meninos hebreus”, disse ela. Então a irmã do menino se aproximou e perguntou à princesa: “A senhora quer que eu chame uma mulher hebreia para amamentar o bebê?”. “Quero”, respondeu a princesa. A moça foi e chamou a mãe do bebê. A princesa disse à mãe do bebê: “Leve este menino e amamente-o para mim. Eu pagarei por sua ajuda”. A mulher levou o bebê para casa e o amamentou. Quando o menino cresceu, ela o levou de volta à filha do faraó, que o adotou como seu próprio filho. A princesa o chamou de Moisés, pois disse: “Eu o tirei da água”. Anos depois, já adulto, Moisés foi visitar seu povo e descobriu que eles eram forçados a realizar trabalhos pesados. Durante sua visita, viu um egípcio espancar um hebreu, um homem de seu povo. Olhou para todos os lados e, não avistando ninguém por perto, matou o egípcio. Em seguida, escondeu o corpo na areia. No dia seguinte, quando Moisés saiu novamente para visitar seu povo, viu dois hebreus brigando. “Por que você está espancando seu amigo?”, perguntou Moisés ao que havia começado a briga. O homem respondeu: “Quem o nomeou nosso príncipe e juiz? Vai me matar como matou o egípcio?”. Moisés teve medo e pensou: “Com certeza todos já sabem o que aconteceu!”. E, de fato, o faraó tomou conhecimento do que havia acontecido e tentou matar Moisés, mas ele fugiu e foi morar na terra de Midiã. Quando chegou a Midiã, estabeleceu-se junto a um poço. O sacerdote de Midiã tinha sete filhas, que foram ao poço tirar água e encher os bebedouros para o rebanho de seu pai. Então alguns pastores chegaram e as expulsaram de lá. Moisés, porém, defendeu as moças e tirou água para o rebanho delas. Quando as moças voltaram para seu pai, Reuel, ele lhes perguntou: “Por que voltaram tão cedo hoje?”. Elas responderam: “Um egípcio nos defendeu dos pastores; depois, tirou água e deu de beber ao nosso rebanho”. “E onde está ele?”, perguntou o pai. “Por que o deixaram lá? Convidem-no para comer conosco.” Moisés aceitou o convite e foi morar com Reuel. Depois de algum tempo, Reuel entregou sua filha Zípora em casamento a Moisés. Mais tarde, ela deu à luz um menino, a quem Moisés chamou de Gérson, pois disse: “Sou forasteiro em terra alheia”. Depois de muitos anos, o rei do Egito morreu. Os israelitas, porém, continuavam a gemer sob o peso da escravidão. Clamaram por socorro, e seu clamor subiu até Deus. Ele ouviu os gemidos e se lembrou da aliança que havia feito com Abraão, Isaque e Jacó. Olhou para os israelitas e percebeu sua necessidade. Certo dia, Moisés estava cuidando do rebanho de seu sogro, Jetro, sacerdote de Midiã. Ele levou o rebanho para o deserto e chegou ao Sinai, o monte de Deus. Ali, o anjo do S enhor lhe apareceu no fogo que ardia no meio de um arbusto. Moisés olhou admirado, pois embora o arbusto estivesse envolto em chamas, o fogo não o consumia. “Que coisa espantosa!”, pensou ele. “Por que o fogo não consome o arbusto? Preciso ver isso de perto.” Quando o S enhor viu Moisés se aproximar para observar melhor, Deus o chamou do meio do arbusto: “Moisés! Moisés!”. “Aqui estou!”, respondeu ele. “Não se aproxime mais”, o S enhor advertiu. “Tire as sandálias, pois você está pisando em terra santa. Eu sou o Deus de seu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó.” Quando Moisés ouviu isso, cobriu o rosto, porque teve medo de olhar para Deus. Então o S enhor lhe disse: “Por certo, tenho visto a opressão do meu povo no Egito. Tenho ouvido seu clamor por causa de seus capatazes. Sei bem quanto eles têm sofrido. Por isso, desci para libertá-los do poder dos egípcios e levá-los do Egito a uma terra fértil e espaçosa. É uma terra que produz leite e mel com fartura, onde hoje habitam os cananeus, os hititas, os amorreus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus. Sim, o clamor do povo de Israel chegou até mim, e eu tenho visto como os egípcios os tratam cruelmente. Agora vá, pois eu o envio ao faraó. Você deve tirar meu povo, Israel, do Egito”. Moisés, porém, disse a Deus: “Quem sou eu para me apresentar ao faraó? Quem sou eu para tirar o povo de Israel do Egito?” Deus respondeu: “Eu estarei com você. Este é o sinal de que eu sou aquele que o envia: depois que você tirar o povo do Egito, vocês adorarão a Deus neste monte”. Moisés disse a Deus: “Se eu for aos israelitas e lhes disser: ‘O Deus de seus antepassados me enviou a vocês’, eles perguntarão: ‘Qual é o nome dele?’. O que devo dizer?”. Deus respondeu a Moisés: “Eu Sou o que Sou. Diga ao povo de Israel: Eu Sou me enviou a vocês”. Deus também instruiu Moisés: “Diga ao povo de Israel: Javé, o Deus de seus antepassados, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, me enviou a vocês. Esse é meu nome para sempre, o nome pelo qual serei lembrado de geração em geração. “Agora vá e reúna os líderes de Israel. Diga-lhes que Javé, o Deus de seus antepassados, o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, lhe apareceu e disse: ‘Tenho observado atentamente e vejo como os egípcios os têm tratado. Prometi libertá-los da opressão no Egito e levá-los a uma terra que produz leite e mel com fartura, onde hoje habitam os cananeus, os hititas, os amorreus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus’. “Os líderes de Israel aceitarão sua mensagem. Em seguida, você e eles se apresentarão ao rei do Egito e lhe dirão: ‘O S enhor, o Deus dos hebreus, veio ao nosso encontro. Agora, pedimos que nos permita fazer uma viagem de três dias ao deserto para oferecermos sacrifícios ao S enhor, nosso Deus’. “Eu sei que o rei do Egito não os deixará ir, a não ser que uma mão poderosa o force. Por isso, levantarei minha mão e ferirei os egípcios com todo tipo de milagres que farei no meio deles. Então, por fim, o faraó os deixará ir. Farei que os egípcios sejam bondosos com os israelitas, e assim vocês não sairão do Egito de mãos vazias. Toda mulher israelita pedirá de suas vizinhas egípcias e das mulheres que as visitam artigos de ouro e prata e roupas caras, com as quais vestirão seus filhos e suas filhas. Desse modo, vocês tomarão para si as riquezas dos egípcios”. Moisés respondeu: “E se não acreditarem em mim ou não quiserem me ouvir? E se disserem: ‘O S enhor nunca lhe apareceu’?”. Então o S enhor lhe perguntou: “O que você tem na mão?”. “Uma vara”, respondeu Moisés. “Jogue-a no chão”, disse o S enhor. Moisés jogou a vara no chão, e ela se transformou numa serpente. Moisés fugia dela, mas o S enhor lhe disse: “Estenda a mão e pegue-a pela cauda”. Moisés estendeu a mão e pegou a serpente, e ela voltou a ser uma vara. Então o S enhor lhe disse: “Faça esse sinal e eles acreditarão que o S enhor, o Deus de seus antepassados, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, de fato lhe apareceu”. O S enhor também disse a Moisés: “Agora, coloque a mão dentro do seu manto”. Moisés colocou a mão dentro do manto e, quando a tirou, ela estava com lepra, branca como neve. “Coloque a mão dentro do manto outra vez”, disse o S enhor. Moisés colocou a mão dentro do manto outra vez e, quando a tirou, ela estava tão saudável quanto o resto do corpo. Disse ainda: “Se eles não acreditarem em você e não se deixarem convencer pelo primeiro sinal, serão convencidos pelo segundo. E, se não acreditarem em você nem o ouvirem depois desses dois sinais, tire um pouco de água do rio Nilo e derrame-a sobre a terra seca. Quando o fizer, a água do Nilo se transformará em sangue na terra”. Moisés, porém, disse ao S enhor: “Ó Senhor, não tenho facilidade para falar, nem antes, nem agora que falaste com teu servo! Não consigo me expressar e me atrapalho com as palavras”. O S enhor perguntou a Moisés: “Quem forma a boca do ser humano? Quem torna o homem mudo ou surdo? Quem o torna cego ou o faz ver? Por acaso não sou eu, o S enhor? Agora vá! Eu estarei com você quando falar e o instruirei a respeito do que deve dizer”. “Por favor, Senhor!”, suplicou Moisés. “Envia qualquer outra pessoa!” Então o S enhor se irou com Moisés e lhe disse: “E quanto a seu irmão Arão, o levita? Sei que ele fala bem. Veja, ele está vindo ao seu encontro e se alegrará em vê-lo. Fale com ele e diga as palavras que ele deve transmitir. Estarei com vocês dois quando falarem e os instruirei a respeito do que devem fazer. Arão falará por você diante do povo. Ele será seu porta-voz, e você será como Deus para ele. Leve com você a vara e use-a para realizar os sinais que eu lhe mostrei”. Moisés voltou à casa de Jetro, seu sogro, e lhe disse: “Por favor, permita-me voltar ao Egito para procurar meus parentes. Nem sei se ainda vivem”. “Vá em paz”, respondeu Jetro. Antes de Moisés partir de Midiã, o S enhor lhe disse: “Volte ao Egito, pois todos que queriam matá-lo já morreram”. Então Moisés tomou sua mulher e seus filhos, montou-os num jumento e voltou para a terra do Egito. Levava na mão a vara de Deus. O S enhor disse a Moisés: “Quando chegar ao Egito, apresente-se ao faraó e faça todos os milagres para os quais eu o capacitei. Contudo, endurecerei o coração dele, para que se recuse a deixar o povo sair. Você dirá ao faraó: ‘Assim diz o S enhor: Israel é meu filho mais velho. Ordenei que você deixasse meu filho sair para me adorar. Mas, uma vez que você se recusou, matarei seu filho mais velho’”. No caminho para o Egito, no lugar onde Moisés e sua família haviam parado a fim de passar a noite, o S enhor o confrontou e estava prestes a matá-lo. Mas Zípora pegou uma faca de pedra e circuncidou seu filho. Com o prepúcio, tocou os pés de Moisés e lhe disse: “Agora você é para mim um marido de sangue”. (Quando disse “um marido de sangue”, estava se referindo à circuncisão.) Depois disso, o S enhor deixou Moisés. O S enhor tinha dito a Arão: “Vá ao deserto, ao encontro de Moisés”. Arão foi, encontrou Moisés no monte de Deus e o saudou com um beijo. Moisés contou a Arão tudo que o S enhor havia ordenado que ele dissesse e falou também sobre os sinais que deveria realizar. Então Moisés e Arão voltaram ao Egito e convocaram uma reunião com todos os líderes de Israel. Arão lhes comunicou tudo que o S enhor tinha dito a Moisés, que realizou os sinais diante deles. O povo de Israel se convenceu de que o S enhor tinha enviado Moisés e Arão. Quando ouviram que o S enhor se preocupava com eles e tinha visto seu sofrimento, prostraram-se e o adoraram. Depois disso, Moisés e Arão foram ver o faraó e declararam: “Assim diz o S enhor, o Deus de Israel: ‘Deixe meu povo sair para celebrar uma festa em minha honra no deserto’”. “Quem é o S enhor?”, retrucou o faraó. “Por que devo dar ouvidos a ele e deixar Israel sair? Não conheço o S enhor e não deixarei Israel sair.” Então Arão e Moisés disseram: “O Deus dos hebreus se encontrou conosco. Portanto, deixe-nos fazer uma viagem de três dias ao deserto para oferecermos sacrifícios ao S enhor, nosso Deus. Do contrário, ele nos castigará com alguma praga ou pela espada”. O rei do Egito respondeu: “Moisés e Arão, por que distraem o povo de suas tarefas? Voltem ao trabalho! Olhem! Há muitos do seu povo nesta terra, e vocês os estão impedindo de trabalhar!”. Naquele mesmo dia, o faraó deu a seguinte ordem aos capatazes egípcios e aos supervisores israelitas: “Não forneçam mais palha para o povo fazer tijolos. De agora em diante, eles mesmos devem juntá-la! No entanto, continuem a exigir que produzam a mesma quantidade de tijolos que antes. Não reduzam a cota. Eles são preguiçosos e, por isso, clamam: ‘Deixe-nos sair para sacrificar ao nosso Deus’. Aumentem a carga de trabalho deles e cobrem o cumprimento das tarefas. Isso os ensinará a não dar ouvidos a mentiras!”. Os capatazes e os supervisores saíram e informaram o povo: “Assim diz o faraó: ‘Vocês não receberão mais palha. Saiam e juntem-na onde puderem encontrá-la. No entanto, continuarão a produzir a mesma quantidade de tijolos que antes’”. Então o povo se espalhou por toda a terra do Egito para juntar a palha que sobrava das colheitas. Enquanto isso, os capatazes egípcios continuavam a pressioná-los: “Completem sua cota diária de tijolos, como faziam quando nós lhes fornecíamos palha!”. E açoitavam os supervisores israelitas que haviam sido encarregados das equipes de trabalhadores. “Por que não completaram as cotas nem ontem nem hoje?”, perguntavam. Então os supervisores israelitas foram suplicar ao faraó: “Por favor, não trate seus servos desse modo. Não recebemos palha, mas os capatazes continuam a exigir: ‘Façam tijolos!’. Somos açoitados constantemente, mas a culpa é do seu próprio povo!”. O faraó, porém, gritou: “Vocês são preguiçosos! Preguiçosos! Por isso, andam dizendo: ‘Deixe-nos sair para oferecer sacrifícios ao S enhor ’. Voltem agora mesmo ao trabalho! Não receberão palha, mas terão de produzir a mesma cota de tijolos”. Quando os supervisores israelitas ouviram: “Vocês não poderão reduzir a quantidade de tijolos produzidos por dia”, perceberam que estavam em sérios apuros. Ao sair do palácio do faraó, encontraram Moisés e Arão, que os esperavam do lado de fora. Eles disseram aos dois irmãos: “O S enhor os julgue e os castigue por terem feito o faraó e seus oficiais nos odiarem. Vocês colocaram uma espada na mão deles e lhes deram uma desculpa para nos matar!”. Moisés voltou ao S enhor e disse: “Por que trouxeste toda essa desgraça sobre este povo, Senhor? Por que me enviaste? Desde que me apresentei ao faraó como teu porta-voz, ele passou a tratar teu povo com ainda mais crueldade. E tu não fizeste coisa alguma para libertá-lo!”. Então o S enhor disse a Moisés: “Agora você verá o que vou fazer ao faraó. Quando ele sentir o peso de minha mão forte, deixará o povo sair. Sim, pelo peso de minha mão forte, fará o povo ir embora de sua terra!”. Deus também disse a Moisés: “Eu sou Javé, ‘o S enhor ’. Apareci a Abraão, Isaque e Jacó como El-Shaddai, ‘o Deus Todo-poderoso’, mas não lhes revelei meu nome, Javé. Estabeleci com eles a minha aliança, mediante a qual prometi lhes dar a terra de Canaã, onde viviam como estrangeiros. Esteja certo de que ouvi os gemidos dos israelitas, que agora são escravos dos egípcios, e me lembrei da aliança que fiz com eles. “Portanto, diga ao povo de Israel: ‘Eu sou o S enhor. Eu os libertarei da opressão e os livrarei da escravidão no Egito. Eu os resgatarei com meu braço poderoso e com grandes atos de julgamento. Eu os tomarei como meu povo e serei o seu Deus. Então vocês saberão que eu sou o S enhor, seu Deus, que os libertou da opressão no Egito. Eu os levarei à terra que jurei dar a Abraão, Isaque e Jacó. Eu a darei a vocês como propriedade. Eu sou o S enhor!’”. Moisés transmitiu ao povo essa mensagem do S enhor, mas eles já não quiseram lhe dar ouvidos. Estavam desanimados demais por causa da escravidão brutal que sofriam. Então o S enhor disse a Moisés: “Volte ao faraó, o rei do Egito, e diga a ele que deixe o povo de Israel sair de sua terra”. “Mas S enhor!”, retrucou Moisés. “Os israelitas já não querem me dar ouvidos. Como posso esperar que o faraó me escute? Tenho tanta dificuldade para falar!” O S enhor, porém, falou com Moisés e Arão e lhes deu ordens, sobre os israelitas e sobre o faraó, rei do Egito, para tirarem o povo de Israel do Egito. Estes são os chefes de clãs dos antepassados de Israel: Os filhos de Rúben, o filho mais velho de Israel, foram: Enoque, Palu, Hezrom e Carmi. Seus descendentes formaram os clãs de Rúben. Os filhos de Simeão foram: Jemuel, Jamim, Oade, Jaquim, Zoar e Saul. (A mãe de Saul era cananeia.) Seus descendentes se tornaram os clãs de Simeão. Estes são os descendentes de Levi, conforme relacionados nos registros de família. Os filhos de Levi foram Gérson, Coate e Merari. (Levi viveu 137 anos.) Os descendentes de Gérson foram: Libni e Simei; cada um deles se tornou antepassado de um clã. Os descendentes de Coate foram: Anrão, Isar, Hebrom e Uziel. (Coate viveu 133 anos.) Os descendentes de Merari foram: Mali e Musi. Estes são os clãs dos levitas, conforme relacionados nos registros de família. Anrão se casou com Joquebede, irmã de seu pai, e ela deu à luz dois filhos: Arão e Moisés. (Anrão viveu 137 anos.) Os filhos de Isar foram: Corá, Nefegue e Zicri. Os filhos de Uziel foram: Misael, Elzafã e Sitri. Arão se casou com Eliseba, filha de Aminadabe e irmã de Naassom. Ela deu à luz seus filhos Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar. Os filhos de Corá foram: Assir, Elcana e Abiasafe. Eleazar, filho de Arão, se casou com uma das filhas de Putiel, e ela deu à luz seu filho Fineias. Esses são os chefes dentre os antepassados das famílias levitas, relacionados de acordo com seus clãs. Foi a estes dois, Arão e Moisés, que o S enhor disse: “Tirem os israelitas do Egito, organizados segundo seus clãs”. Foram eles, Moisés e Arão, que se dirigiram ao faraó, rei do Egito, para falar sobre a saída dos israelitas daquela terra. Quando o S enhor falou com Moisés na terra do Egito, disse-lhe: “Eu sou o S enhor! Transmita ao faraó, rei do Egito, tudo que eu lhe disser”. Contudo, Moisés questionou o S enhor e disse: “Não posso fazer isso! Tenho tanta dificuldade para falar! Por que o faraó me daria ouvidos?”. Então o S enhor disse a Moisés: “Preste atenção ao que vou dizer. Eu o farei parecer Deus para o faraó, e Arão, seu irmão, será seu profeta. Diga a Arão tudo que eu lhe ordenar, e Arão mandará o faraó deixar o povo de Israel sair de sua terra. Contudo, endurecerei o coração do faraó e depois multiplicarei meus sinais e maravilhas na terra do Egito. Mesmo assim, o faraó se recusará a ouvi-lo, de modo que farei minha mão pesar sobre o Egito. Então resgatarei meu exército — meu povo, os israelitas — da terra do Egito com grandes atos de julgamento. Quando eu levantar minha mão e tirar os israelitas do meio deles, os egípcios saberão que eu sou o S enhor ”. Moisés e Arão fizeram conforme o S enhor lhes ordenou. Quando falaram com o faraó, Moisés tinha 80 anos, e Arão, 83. O S enhor disse a Moisés e a Arão: “O faraó exigirá: ‘Mostre-me um milagre’. Quando ele o fizer, diga a Arão: ‘Tome sua vara e jogue-a no chão, na frente do faraó, e ela se transformará numa serpente’”. Então Moisés e Arão foram ver o faraó e fizeram conforme o S enhor havia ordenado. Arão jogou a vara no chão, diante do faraó e de seus oficiais, e ela se transformou numa serpente. O faraó mandou chamar seus sábios e feiticeiros e, por meio de suas artes mágicas, esses magos egípcios fizeram a mesma coisa: jogaram suas varas no chão, e elas também se transformaram em serpentes. Mas a vara de Arão engoliu as varas dos magos. O coração do faraó, porém, permaneceu endurecido. Ele continuou se recusando a ouvir, exatamente como o S enhor tinha dito. O S enhor disse a Moisés: “O coração do faraó é duro, e ele continua se recusando a deixar o povo sair. Portanto, vá ao faraó pela manhã, quando ele estiver descendo até o rio. Pare à margem do Nilo e encontre-se com ele ali. Não se esqueça de levar a vara que se transformou em serpente. Então diga-lhe: ‘O S enhor, o Deus dos hebreus, me enviou para lhe falar: ‘Deixe meu povo sair para me adorar no deserto’. Até agora, você se recusou a ouvi-lo, por isso, assim diz o S enhor: ‘Eu lhe mostrarei que sou o S enhor ’. Veja! Com esta vara que tenho na mão, baterei nas águas do Nilo, e elas se transformarão em sangue. Os peixes do rio morrerão, e o rio ficará malcheiroso. Os egípcios não poderão beber de sua água’”. O S enhor disse a Moisés: “Diga a Arão: ‘Tome sua vara e estenda a mão sobre as águas do Egito, sobre todos os seus rios, canais, açudes e reservatórios. Toda a água se transformará em sangue, até mesmo a água armazenada em vasilhas de madeira e pedra’”. Moisés e Arão fizeram conforme o S enhor ordenou. Diante dos olhos do faraó e de todos os seus oficiais, Arão levantou a vara e bateu nas águas do Nilo, e o rio inteiro se transformou em sangue. Os peixes do rio morreram, e a água ficou tão malcheirosa que os egípcios não podiam bebê-la. Havia sangue em toda a terra do Egito. Mais uma vez, porém, os magos do Egito usaram sua mágica e também transformaram água em sangue, e o coração do faraó continuou endurecido. Ele se recusou a ouvir Moisés e Arão, como o S enhor tinha dito. O faraó voltou para seu palácio e não pensou mais no assunto. Todos os egípcios cavaram às margens do rio para encontrar água potável, pois não podiam beber da água do Nilo. Sete dias se passaram desde o momento em que o S enhor feriu o Nilo. Então o S enhor disse a Moisés: “Volte ao faraó e anuncie: ‘Assim diz o S enhor: Deixe meu povo sair para me adorar. Se você se recusar a deixá-lo sair, enviarei uma praga de rãs sobre todo o seu território. O rio Nilo fervilhará de rãs. Elas subirão do rio e invadirão seu palácio, e até mesmo seu quarto e sua cama. Entrarão nas casas de seus oficiais e de seu povo. Saltarão para dentro dos fornos e das tigelas de amassar pão. As rãs avançarão sobre você, sobre seu povo e sobre todos os seus oficiais’”. O S enhor também disse a Moisés: “Diga a Arão: ‘Estenda a vara que traz em sua mão sobre todos os rios, canais e açudes do Egito e faça subir rãs sobre toda a terra’”. Arão estendeu a mão sobre as águas do Egito, e as rãs subiram e cobriram toda a terra. Os magos, porém, usaram suas artes mágicas para imitar a praga e também fizeram aparecer rãs sobre a terra do Egito. Então o faraó convocou Moisés e Arão e disse: “Supliquem ao S enhor que afaste as rãs de mim e de meu povo. Deixarei seu povo sair para oferecer sacrifícios ao S enhor ”. “Pois escolha a hora!”, respondeu Moisés. “Diga-me quando deseja que eu suplique pelo faraó, por seus oficiais e por seu povo. Então o faraó e suas casas ficarão livres das rãs, e elas permanecerão apenas no rio Nilo.” “Que seja amanhã”, disse o faraó. “Será como o faraó disse”, respondeu Moisés. “Então saberá que não há ninguém como o S enhor, nosso Deus. As rãs deixarão o faraó e suas casas, seus oficiais e seu povo e permanecerão apenas no rio Nilo.” Moisés e Arão saíram do palácio do faraó, e Moisés clamou ao S enhor a respeito das rãs que ele havia mandado para afligir o faraó. O S enhor fez exatamente conforme Moisés tinha dito. Todas as rãs nas casas, nos pátios e nos campos morreram. Os egípcios as juntaram em montões, e um fedor terrível encheu a terra. Mas, quando o faraó percebeu que a situação havia melhorado, seu coração se endureceu, e ele se recusou a dar ouvidos a Moisés e a Arão, como o S enhor tinha dito. Então o S enhor disse a Moisés: “Diga a Arão: ‘Estenda a vara e bata no chão. O pó se transformará em enxames de piolhos em toda a terra do Egito’”. Moisés e Arão assim fizeram. Quando Arão estendeu a mão e bateu no chão com a vara, piolhos infestaram toda a terra e cobriram os egípcios e seus animais. Todo o pó da terra do Egito se transformou em piolhos. Os magos do faraó tentaram fazer o mesmo com suas artes mágicas, mas não conseguiram. E os piolhos cobriram tudo, tanto as pessoas como os animais. “Isso é o dedo de Deus!”, exclamaram os magos ao faraó. Mas o coração do faraó continuou endurecido. Recusou-se a ouvi-los, como o S enhor tinha dito. Em seguida, o S enhor disse a Moisés: “Levante-se cedo amanhã e coloque-se diante do faraó quando ele descer ao rio. Diga-lhe: ‘Assim diz o S enhor: Deixe meu povo sair para me adorar. Se você se recusar, enviarei enxames de moscas sobre você, seus oficiais, seu povo e sobre todas as casas. Os lares dos egípcios e todo o chão ficarão cheios de moscas. Desta vez, porém, pouparei a região de Gósen, onde meu povo vive. Lá, não aparecerão moscas. Então você saberá que eu sou o S enhor e que estou presente até mesmo no meio de sua terra. Farei clara distinção entre o meu povo e o seu. Esse sinal acontecerá amanhã’”. O S enhor fez exatamente o que disse. Um denso enxame de moscas encheu o palácio do faraó e as casas de seus oficiais. Todo o Egito ficou em estado de calamidade por causa das moscas. O faraó mandou chamar Moisés e Arão e disse: “Vão e ofereçam sacrifícios ao seu Deus. Mas façam-no aqui mesmo, nesta terra”. “Não seria certo”, respondeu Moisés. “Os sacrifícios que oferecemos ao S enhor, nosso Deus, são detestáveis aos egípcios. Se apresentarmos aqui mesmo nossos sacrifícios, que os egípcios consideram detestáveis, eles nos apedrejarão. Para oferecer sacrifícios ao S enhor, nosso Deus, precisamos fazer uma viagem de três dias ao deserto, como ele ordenou.” “Podem ir”, respondeu o faraó. “Deixarei que viajem ao deserto para oferecer sacrifícios ao S enhor, seu Deus, mas não se afastem demais. E supliquem por mim.” Moisés respondeu: “Assim que sairmos de sua presença, suplicaremos ao S enhor, e amanhã os enxames de moscas deixarão o faraó, seus oficiais e todo o seu povo. Mas fique avisado, ó faraó, de que não deve mentir novamente, recusando-se a deixar o povo sair para sacrificar ao S enhor ”. Moisés saiu do palácio do faraó e suplicou ao S enhor que removesse todas as moscas. O S enhor atendeu Moisés e fez os enxames de moscas deixarem o faraó, seus oficiais e seu povo. Não restou uma só mosca. Mas o coração do faraó se endureceu outra vez, e ele se recusou a deixar o povo sair. O S enhor ordenou a Moisés: “Volte ao faraó e diga-lhe: ‘Assim diz o S enhor, o Deus dos hebreus: Deixe meu povo sair para me adorar. Se você continuar a detê-lo e a recusar-se a deixá-lo sair, a mão do S enhor ferirá com uma praga mortal todos os seus animais: cavalos, jumentos, camelos, bois e ovelhas. Mais uma vez, porém, o S enhor fará distinção entre os animais dos israelitas e os dos egípcios. Não morrerá um só animal de Israel. O S enhor já definiu quando a praga começará: amanhã o S enhor ferirá a terra’”. O S enhor fez como tinha dito. Na manhã seguinte, todos os animais dos egípcios morreram, mas os israelitas não perderam um só animal. O faraó mandou investigar e confirmou que o povo de Israel não havia perdido um só animal. Ainda assim, o coração do faraó permaneceu endurecido, e ele continuou se recusando a deixar o povo sair. O S enhor disse a Moisés e a Arão: “Peguem um punhado de cinzas de um forno de olaria. Moisés deve lançá-las no ar, diante dos olhos do faraó. As cinzas se espalharão sobre a terra do Egito como poeira fina e provocarão feridas purulentas nas pessoas e nos animais em todo o Egito”. Então Moisés e Arão pegaram um punhado de cinzas de um forno de olaria e se colocaram diante do faraó. Moisés lançou as cinzas no ar, e surgiram feridas tanto nas pessoas como nos animais. Nem mesmo os magos conseguiram permanecer diante de Moisés, pois surgiram feridas neles, e também em todos os egípcios. Mas o S enhor endureceu o coração do faraó e, como o S enhor tinha dito a Moisés, o faraó se recusou a ouvir. O S enhor disse a Moisés: “Amanhã, levante-se cedo, vá até o faraó e diga-lhe: ‘Assim diz o S enhor, o Deus dos hebreus: Deixe meu povo sair para me adorar. Do contrário, enviarei mais pragas sobre você, sobre seus oficiais e sobre seu povo. Então você saberá que não há ninguém como eu em toda a terra. A esta altura, eu poderia ter estendido minha mão e ferido você e seu povo com uma praga que os apagaria da face da terra. Mas eu o poupei a fim de lhe mostrar meu poder e propagar meu nome por toda a terra. Ainda assim, você se exalta sobre meu povo, recusando-se a deixá-lo sair. Por isso, amanhã, a esta hora, enviarei a tempestade de granizo mais devastadora de toda a história do Egito. Rápido! Mande seus animais e servos deixarem os campos e procurarem abrigo. Quando o granizo cair, todas as pessoas e animais que estiverem ao ar livre morrerão’”. Alguns dos oficiais do faraó se atemorizaram com o que o S enhor tinha dito. Sem demora, recolheram seus servos e animais dos campos. Mas aqueles que não deram atenção à palavra do S enhor deixaram seus rebanhos e servos no campo. Então o S enhor disse a Moisés: “Estenda a mão em direção ao céu para que caia granizo sobre toda a terra do Egito, sobre as pessoas, sobre os animais e sobre todas as plantas em toda a terra do Egito”. Moisés estendeu a vara em direção ao céu, e o S enhor mandou trovões e granizo, além de raios que caíam sobre a terra. O S enhor enviou uma horrível tempestade de granizo sobre todo o Egito. Nunca em toda a história do Egito houve uma tempestade como aquela, com granizo tão devastador e raios tão constantes. A chuva de granizo deixou toda a terra do Egito em ruínas. Destruiu tudo que estava no campo, tanto pessoas como animais e plantas, e até mesmo as árvores foram despedaçadas. O único lugar em que não caiu granizo foi a região de Gósen, onde vivia o povo de Israel. Então o faraó mandou chamar Moisés e Arão. “Desta vez eu pequei”, disse ele. “O S enhor é justo, e eu e meu povo somos culpados. Por favor, supliquem ao S enhor que ele ponha fim à tempestade horrível de trovões e granizo. Já chega! Eu os deixarei ir. Não precisam mais ficar aqui.” Moisés respondeu: “Assim que eu sair da cidade, estenderei as mãos ao S enhor. Os trovões e o granizo cessarão, e o faraó saberá que a terra pertence ao S enhor. Mas sei que o faraó e seus oficiais ainda não temem o S enhor Deus.” (Todo o linho e a cevada foram destruídos pelo granizo, pois a cevada estava na espiga, e o linho, em flor. O trigo comum e o trigo candeal, porém, foram poupados, pois ainda não tinham brotado do solo.) Moisés deixou a corte do faraó e saiu da cidade. Quando estendeu as mãos ao S enhor, os trovões e o granizo cessaram, e a chuva torrencial parou. Ao perceber que a chuva, o granizo e os trovões haviam cessado, o faraó voltou a pecar, e seu coração mais uma vez se endureceu, assim como o de seus oficiais. Uma vez que seu coração continuava endurecido, o faraó se recusou a deixar o povo sair, como o S enhor tinha dito por meio de Moisés. O S enhor disse a Moisés: “Volte ao faraó, pois endureci o coração dele e o de seus oficiais, para que eu demonstre meus sinais entre eles, e também para que você conte a seus filhos e netos como eu ridicularizei os egípcios e lhes fale dos sinais que realizei no meio deles. Assim, vocês saberão que eu sou o S enhor ”. Moisés e Arão foram ver o faraó novamente e lhe disseram: “Assim diz o S enhor, o Deus dos hebreus: ‘Até quando você se recusará a submeter-se a mim? Deixe meu povo sair para me adorar. Se você se recusar, tome cuidado! Amanhã trarei sobre seu território uma nuvem de gafanhotos. Cobrirão toda a terra, de modo que não se poderá ver o chão. Devorarão o que restou de suas colheitas depois da tempestade de granizo, e também todas as árvores que estiverem crescendo nos campos. Invadirão seus palácios, as casas de seus oficiais e todas as casas do Egito. Nunca em toda a história do Egito seus antepassados viram uma praga como esta!’”. Quando terminou de falar, Moisés deu as costas ao faraó e saiu. Os oficiais da corte se aproximaram do faraó e suplicaram: “Até quando o faraó permitirá que esse Moisés seja uma ameaça para nós? Deixe os homens saírem para adorar o S enhor, o Deus deles! O faraó não vê que o Egito está em ruínas?”. Logo, Moisés e Arão foram trazidos de volta à presença do faraó. “Está bem”, disse ele. “Vão e adorem o S enhor, seu Deus. Mas quem exatamente irá?” Moisés respondeu: “Iremos todos: jovens e velhos, nossos filhos e filhas, e todos os nossos rebanhos, pois celebraremos uma festa em honra ao S enhor ”. O faraó retrucou: “Sem dúvida precisarão que o S enhor esteja com vocês se eu permitir que levem seus filhos pequenos! Eu sei do seu plano mal-intencionado. De jeito nenhum! Só os homens poderão sair para adorar o S enhor, pois foi isso que vocês pediram”. E o faraó mandou expulsá-los do palácio. Então o S enhor disse a Moisés: “Estenda a mão sobre a terra do Egito para que venham os gafanhotos. Que eles cubram a terra do Egito e devorem todas as plantas que sobreviveram à tempestade de granizo”. Assim, Moisés estendeu a vara sobre a terra do Egito, e o S enhor fez soprar um vento leste sobre a terra durante todo o dia e toda a noite. Quando amanheceu, o vento leste havia trazido os gafanhotos. Eles invadiram todo o Egito e desceram em nuvens densas sobre seu território, de uma extremidade à outra. Foi a pior praga de gafanhotos em toda a história do Egito e jamais houve outra igual, pois os gafanhotos cobriram toda a superfície e escureceram a terra. Devoraram todas as plantas nos campos e todas as frutas nas árvores que tinham sobrevivido à tempestade de granizo. Não restou uma só folha nas árvores nem nas plantas em toda a terra do Egito. Sem demora, o faraó mandou chamar Moisés e Arão e lhes disse: “Pequei contra o S enhor, seu Deus, e contra vocês. Perdoem meu pecado apenas mais esta vez e supliquem ao S enhor, seu Deus, que ele me livre desta morte”. Moisés deixou a corte do faraó e suplicou ao S enhor. O S enhor respondeu e mudou a direção do vento. Fez soprar um forte vento oeste que levou os gafanhotos para o mar Vermelho. Não sobrou um só gafanhoto em toda a terra do Egito. Mas o S enhor endureceu o coração do faraó, e ele se recusou a deixar o povo de Israel sair. O S enhor disse a Moisés: “Estenda a mão em direção ao céu, e a terra do Egito ficará coberta de escuridão tão densa que poderá ser apalpada”. Moisés estendeu a mão em direção ao céu, e uma escuridão profunda cobriu toda a terra do Egito por três dias. Nesse período, as pessoas não conseguiam ver umas às outras e ninguém saía do lugar. Mas, onde viviam os israelitas, havia luz, como de costume. Por fim, o faraó mandou chamar Moisés. “Vão e adorem o S enhor ”, disse ele. “Podem até levar seus filhos pequenos, mas deixem seus rebanhos aqui.” “De jeito nenhum!”, respondeu Moisés. “Por acaso o faraó nos daria os animais necessários para as ofertas e os holocaustos ao S enhor, nosso Deus? Todos os nossos animais devem ir conosco; não podemos deixar nem um casco para trás. Temos de escolher dentre esses animais para adorar o S enhor, nosso Deus, e só saberemos como adorar o S enhor quando chegarmos lá.” Mais uma vez, porém, o S enhor lhe endureceu o coração, e o faraó se recusou a deixá-los sair. “Fora daqui!”, gritou para Moisés. “Estou avisando: nunca mais apareça diante de mim! No dia em que vir meu rosto, você morrerá!” “Muito bem”, respondeu Moisés. “Nunca mais verei seu rosto novamente.” Então o S enhor disse a Moisés: “Atingirei o faraó e a terra do Egito com mais uma praga. Depois disso, o faraó os deixará sair de seu território. Quando, por fim, ele permitir que saiam, praticamente os expulsará. Diga a todos os homens e mulheres israelitas que peçam objetos de prata e ouro a seus vizinhos egípcios”. (O S enhor havia feito os egípcios verem o povo com bons olhos. Moisés era tido em alta consideração na terra do Egito e respeitado tanto pelos oficiais do faraó como pelo povo egípcio.) Moisés disse: “Assim diz o S enhor: À meia-noite de hoje, passarei pelo meio do Egito. Morrerão todos os filhos mais velhos do sexo masculino, em todas as famílias do Egito, desde o filho mais velho do faraó, sentado em seu trono, até o filho mais velho da serva mais humilde que trabalha no moinho. Até mesmo os primeiros machos dentre todos os animais morrerão. Então se ouvirá um grande lamento na terra do Egito, um lamento como nunca houve e nunca mais haverá. Quanto aos israelitas, porém, nem um cão latirá contra eles ou seus animais. Com isso vocês saberão que o S enhor faz distinção entre os egípcios e os israelitas. Todos os oficiais do Egito virão até mim e se curvarão, suplicando: ‘Por favor, vá embora! Saia logo do Egito e leve com você todo este povo que o segue!’. Só então eu sairei!”. E, ardendo de ira, Moisés saiu da presença do faraó. O S enhor tinha avisado a Moisés: “O faraó não lhe dará ouvidos, por isso farei milagres ainda mais poderosos na terra do Egito”. Moisés e Arão fizeram todos esses milagres na presença do faraó, mas o S enhor lhe endureceu o coração, e ele se recusou a deixar o povo de Israel sair de sua terra. Então o S enhor disse a Moisés e a Arão no Egito: “De agora em diante, este mês será para vocês o primeiro do ano. Anunciem a toda a comunidade de Israel que, no décimo dia deste mês, cada família escolherá um cordeiro ou um cabrito para fazer um sacrifício, um animal para cada casa. A família que for pequena demais para comer um animal inteiro deverá compartilhá-lo com outra família da vizinhança. O animal será dividido de acordo com o número de pessoas e a quantidade que cada um puder comer. O animal escolhido deverá ser um cordeiro ou um cabrito de um ano, sem defeito algum. “Guardem bem o animal escolhido até a tarde do décimo quarto dia do primeiro mês. Nesse dia, toda a comunidade de Israel sacrificará seu cordeiro ou cabrito ao anoitecer. Em seguida, tomarão um pouco do sangue e o passarão nos batentes laterais e no alto das portas das casas onde comerem o animal. Nessa mesma noite, assarão a carne no fogo e a comerão acompanhada de folhas verdes amargas e de pão sem fermento. Não comerão a carne crua nem cozida. O animal todo, incluindo a cabeça, as pernas e as vísceras, deverá ser assado no fogo. Não deixem sobras para a manhã seguinte. Queimem o que não for consumido antes do amanhecer. “Estas são as instruções para quando fizerem a refeição. Estejam vestidos para a viagem, de sandálias nos pés e cajado na mão. Façam a refeição apressadamente, pois é a Páscoa do S enhor. Nessa noite, passarei pela terra do Egito e matarei todos os filhos mais velhos e todos os primeiros machos dentre os animais na terra do Egito. Executarei juízo sobre todos os deuses do Egito, pois eu sou o S enhor. Mas o sangue nos batentes das portas servirá de sinal e marcará as casas onde vocês estão. Quando eu vir o sangue, passarei por sobre aquela casa. E, quando eu ferir a terra do Egito, a praga de morte não os tocará. “Este será um dia a ser recordado. Todo ano, de geração em geração, vocês o celebrarão como festa especial para o S enhor. Essa é uma lei permanente. Durante sete dias, comerão pão sem fermento. No primeiro dia da festa, removerão das casas qualquer mínima quantidade de fermento. Quem comer pão com fermento durante algum dos sete dias da festa será eliminado do meio de Israel. No primeiro e no sétimo dia da festa, todo o povo celebrará um dia oficial de reunião sagrada. Não será permitido nenhum tipo de trabalho nessas datas, exceto o preparo da comida. “Celebrem a Festa dos Pães sem Fermento, pois ela os lembrará de que eu tirei suas multidões da terra do Egito exatamente nesse dia. A festa será uma lei permanente para vocês; celebrem-na nesse dia de geração em geração. O pão que comerem será preparado sem fermento desde a tarde do décimo quarto dia do primeiro mês até a tarde do vigésimo primeiro dia do mesmo mês. Durante os sete dias, não deverá haver qualquer mínima quantidade de fermento em suas casas. Quem comer algo preparado com fermento durante a semana será eliminado do meio de Israel. Essas regras se aplicam tanto aos estrangeiros que vivem entre vocês como aos israelitas de nascimento. Durante esses dias, não comam coisa alguma preparada com fermento. Onde quer que morarem, comam apenas pão sem fermento”. Em seguida, Moisés mandou chamar todos os líderes de Israel e lhes disse: “Vão, escolham um cordeiro ou um cabrito para cada família e sacrifiquem o animal para a Páscoa. Deixem o sangue escorrer para uma vasilha. Tomem um feixe de ramos de hissopo e molhem-no com o sangue. Usando o hissopo, passem o sangue nos batentes laterais e no alto da porta das casas. Ninguém saia de casa até o amanhecer, pois o S enhor passará pela terra para ferir mortalmente os egípcios. Mas, quando ele vir o sangue nas laterais e no alto da porta, passará por sobre aquela casa. Não permitirá que o anjo da morte entre em suas casas para matar vocês. “Lembrem-se de que estas instruções são uma lei que vocês e seus descendentes deverão cumprir para sempre. Quando entrarem na terra que o S enhor prometeu lhes dar, continuarão a realizar essa cerimônia. Então seus filhos perguntarão: ‘O que significa esta cerimônia?’, e vocês responderão: ‘É o sacrifício da Páscoa para o S enhor, pois ele passou por sobre as casas dos israelitas no Egito. E, embora tenha abatido os egípcios, poupou nossas famílias’”. Então todos que ali estavam se prostraram e adoraram. Assim, o povo de Israel fez conforme o S enhor havia ordenado por meio de Moisés e Arão. À meia-noite, o S enhor feriu mortalmente todos os filhos mais velhos da terra do Egito, desde o filho mais velho do faraó, sentado em seu trono, até o filho mais velho do prisioneiro no calabouço. Até mesmo os primeiros machos dentre os animais foram mortos. O faraó, todos os seus oficiais e todo o povo egípcio acordaram durante a noite, e ouviu-se um grande lamento em toda a terra do Egito. Não houve uma só casa onde não morresse alguém. No meio da noite, o faraó mandou chamar Moisés e Arão. “Saiam daqui!”, ordenou ele. “Deixem meu povo e levem os demais israelitas com vocês. Vão e adorem o S enhor, como pediram. Levem seus rebanhos, como disseram, e sumam daqui! Vão embora, mas abençoem-me ao sair.” Os egípcios pressionavam o povo de Israel para que deixasse a terra quanto antes, pois pensavam: “Vamos todos morrer!”. Os israelitas levaram a massa de pão sem fermento, embrulharam as vasilhas em seus mantos e as colocaram sobre os ombros. Seguindo as instruções de Moisés, pediram aos egípcios que lhes dessem roupas e objetos de prata e ouro. O S enhor fez os egípcios serem bondosos com o povo, de modo que lhes entregaram tudo que pediram. Assim, os israelitas tomaram para si as riquezas dos egípcios. Naquela mesma noite, os israelitas partiram de Ramessés rumo a Sucote. Havia cerca de seiscentos mil homens, além das mulheres e crianças. Saiu com eles uma mistura de gente que não era israelita, além de imensos rebanhos de ovelhas, bois e outros animais. Com a massa sem fermento que haviam levado do Egito, assaram pães achatados. A massa era sem fermento, pois foram expulsos do Egito com tanta pressa que não tiveram tempo de preparar alimento para a viagem. O povo de Israel tinha vivido 430 anos no Egito. Na verdade, essa grande multidão do S enhor deixou a terra exatamente no dia em que se completaram os 430 anos. O S enhor passou a noite toda em vigília para tirar seu povo do Egito. Essa, portanto, é a noite do S enhor e deverá ser celebrada por todos os israelitas, de geração em geração. Então o S enhor disse a Moisés e a Arão: “Estas são as instruções para a festa da Páscoa. Nenhum estrangeiro poderá comer a ceia de Páscoa. O escravo comprado poderá participar se for circuncidado. Os residentes temporários e os empregados não poderão participar. Cada cordeiro de Páscoa será comido em uma só casa. Nenhum pedaço de carne será levado para fora, e nenhum osso do cordeiro será quebrado. Toda a comunidade de Israel celebrará a festa da Páscoa. “Se os estrangeiros que vivem entre vocês quiserem celebrar a Páscoa do S enhor, todos os homens dentre eles devem ser circuncidados. Só então poderão celebrar a Páscoa com vocês, como qualquer israelita de nascimento. Os homens que não forem circuncidados, porém, jamais poderão participar da ceia de Páscoa. Essa instrução se aplica a todos, tanto aos israelitas de nascimento como aos estrangeiros que vivem entre vocês”. Todo o povo de Israel seguiu as ordens que o S enhor deu a Moisés e a Arão. Naquele mesmo dia, o S enhor tirou os israelitas da terra do Egito como um exército. O S enhor disse a Moisés: “Consagre a mim todos os primeiros filhos homens dos israelitas. O primeiro filho de cada família e a primeira cria dos animais me pertencem”. Então Moisés disse ao povo: “Este é um dia a ser lembrado: é o dia em que vocês deixaram o Egito, onde eram escravos. Hoje o S enhor os tirou de lá pela força de sua mão poderosa. (Lembrem-se de não comer coisa alguma com fermento.) Neste dia, no mês de abibe, vocês foram libertos. Depois que o S enhor os fizer entrar na terra dos cananeus, dos hititas, dos amorreus, dos heveus e dos jebuseus, celebrem esta cerimônia neste mesmo mês, a cada ano. (Ele jurou a seus antepassados que lhes daria essa terra, uma terra que produz leite e mel com fartura.) Durante sete dias, vocês deverão comer pão sem fermento. No sétimo dia, façam uma festa ao S enhor. Comam pão sem fermento nos sete dias. Nesse período, não deverá haver nenhuma comida fermentada nem a mínima quantidade de fermento dentro do seu território. “No sétimo dia, cada um explique a seus filhos: ‘Hoje celebro aquilo que o S enhor fez por mim quando saí do Egito’. Essa festa anual será um sinal visível para vocês, como uma marca gravada na mão ou um símbolo colocado na testa. Ela servirá para lembrá-los sempre de manter as instruções do S enhor em seus lábios, pois o S enhor os resgatou do Egito com mão poderosa. Portanto, cumpram a ordem de realizar a festa a cada ano na data estabelecida. “É isto que farão quando o S enhor cumprir o juramento dele a seus antepassados. Quando ele lhes der a terra onde hoje vivem os cananeus, apresentem ao S enhor todos os primeiros filhos homens e todos os machos das primeiras crias, pois pertencem ao S enhor. Para resgatar a primeira cria dos jumentos, entreguem ao S enhor, como substituto, um cordeiro ou um cabrito. Caso não resgatem o animal, terão de quebrar o pescoço dele. Quanto aos primeiros filhos homens, será obrigatório resgatá-los. “No futuro, seus filhos lhes perguntarão: ‘O que significa tudo isso?’, e vocês responderão: ‘Com a força de sua mão poderosa, o S enhor nos tirou do Egito, onde éramos escravos. O faraó se recusou teimosamente a nos deixar sair, por isso o S enhor matou todos os primeiros filhos homens da terra do Egito, e também os machos das primeiras crias dos animais. É por isso que hoje sacrificamos todos os machos das primeiras crias ao S enhor, mas sempre resgatamos os primeiros filhos homens’. Essa cerimônia será como uma marca gravada na mão ou um símbolo colocado na testa. É uma lembrança de que a força da mão poderosa do S enhor nos tirou do Egito”. Quando, por fim, o faraó deixou o povo sair, Deus não os conduziu pela estrada principal que corta o território dos filisteus, embora fosse o caminho mais curto. Deus disse: “Se eles tiverem de enfrentar uma batalha, pode ser que mudem de ideia e voltem ao Egito”. Por isso, Deus fez o povo dar a volta pelo deserto, rumo ao mar Vermelho. Assim, os israelitas saíram do Egito como um exército preparado para marchar. Moisés levou consigo os ossos de José, pois José havia feito os filhos de Israel jurarem, dizendo: “Deus certamente virá ajudá-los. Quando isso acontecer, levem meus ossos daqui com vocês”. O povo saiu de Sucote e acampou em Etã, à beira do deserto. O S enhor ia adiante deles. Durante o dia, guiava-os com uma coluna de nuvem e, durante a noite, fornecia luz com uma coluna de fogo. Isso permitia que caminhassem de dia e de noite. E a coluna de nuvem não se afastava do povo durante o dia, nem a coluna de fogo durante a noite. O S enhor disse a Moisés: “Ordene aos israelitas que deem a volta e acampem em Pi-Hairote, entre Migdol e o mar. Acampem ali, à beira do mar, em frente a Baal-Zefom. O faraó pensará: ‘Os israelitas estão vagando perdidos, prisioneiros do deserto!’. Mais uma vez, endurecerei o coração do faraó, e ele os perseguirá. Planejei tudo isso para mostrar minha glória por meio do faraó e de todo o seu exército. Então os egípcios saberão que eu sou o S enhor ”. E os israelitas assim fizeram. Quando o rei do Egito soube que o povo de Israel havia fugido, ele e seus oficiais mudaram de ideia. “O que fizemos?”, perguntavam. “Como pudemos deixar todos os escravos israelitas escaparem?” Então o faraó mandou preparar sua carruagem e convocou suas tropas. Levou consigo seiscentos dos melhores carros de guerra, além das demais carruagens de batalha do Egito, cada uma com seu comandante. O S enhor endureceu o coração do faraó, rei do Egito, para que ele perseguisse os israelitas, que haviam partido triunfantemente. Os egípcios os perseguiram com todas as forças do exército do faraó — todos os seus cavalos e carros de guerra, cavaleiros e tropas — e os alcançaram no acampamento em Pi-Hairote, à beira do mar, em frente a Baal-Zefom. Quando o faraó se aproximava, os israelitas levantaram os olhos e viram os egípcios marchando contra eles. Em pânico, clamaram ao S enhor e disseram a Moisés: “Por que você nos trouxe ao deserto para morrer? Não havia sepulturas no Egito? O que você fez conosco? Por que nos forçou a sair do Egito? Quando ainda estávamos no Egito, não lhe avisamos que isso aconteceria? Dissemos: ‘Deixe-nos em paz! Continuaremos a servir os egípcios. Afinal, é melhor ser escravo no Egito que ser um cadáver no deserto!’”. Moisés, porém, disse: “Não tenham medo. Apenas permaneçam firmes e vejam como o S enhor os resgatará neste dia. Vocês nunca mais verão os egípcios que estão vendo hoje. O próprio S enhor lutará por vocês. Fiquem calmos!”. Então o S enhor disse a Moisés: “Por que você está clamando a mim? Diga ao povo que marche! Tome sua vara e estenda a mão sobre o mar. Divida as águas para que os israelitas atravessem pelo meio do mar, em terra seca. Endurecerei o coração dos egípcios, e eles virão atrás de vocês. Mostrarei minha glória por meio do faraó e de suas tropas, seus carros de guerra e seus cavaleiros. Quando minha glória se manifestar por meio do faraó e de seus carros de guerra e seus cavaleiros, todo o Egito a verá e saberá que eu sou o S enhor ”. Então o anjo de Deus que ia adiante do acampamento de Israel se posicionou atrás do povo. A coluna de nuvem também mudou de lugar; foi para a retaguarda e ficou entre o acampamento egípcio e o acampamento de Israel. A nuvem escura trouxe trevas para os egípcios, mas luz para os israelitas. Com isso, os dois grupos não se aproximaram durante toda a noite. Então Moisés estendeu a mão sobre o mar e, com um forte vento leste, o S enhor abriu caminho no meio das águas. O vento soprou a noite toda, transformando o fundo do mar em terra seca. E o povo de Israel atravessou pelo meio do mar, caminhando em terra seca, com uma parede de água de cada lado. Os egípcios, com todos os seus cavalos, carros de guerra e cavaleiros, perseguiram o povo até o meio do mar. Mas, pouco antes de amanhecer, do alto da coluna de fogo e de nuvem o S enhor olhou para o exército dos egípcios e causou grande confusão entre eles. Ele travou as rodas dos carros, dificultando sua condução. “Fujamos daqui, para longe do povo de Israel!”, gritaram os egípcios. “O S enhor está lutando por eles e contra o Egito!” Então o S enhor disse a Moisés: “Estenda a mão sobre o mar outra vez, e as águas correrão fortemente de volta a seu lugar e cobrirão os egípcios, seus carros de guerra e seus cavaleiros”. Assim, ao amanhecer, Moisés estendeu a mão sobre o mar, e as águas voltaram fortemente a seu lugar. Quando os egípcios tentaram escapar, foram de encontro às águas, e o S enhor os arrastou para dentro do mar. As águas voltaram e cobriram todos os carros de guerra e cavaleiros, todo o exército do faraó. Nenhum dos egípcios que havia perseguido os israelitas até o meio do mar sobreviveu. O povo de Israel, por sua vez, atravessou pelo meio do mar, em terra seca, enquanto as águas formavam uma parede de cada lado. Foi assim que o S enhor libertou Israel das mãos dos egípcios naquele dia, e os israelitas conseguiam ver os cadáveres dos egípcios na praia. Quando o povo de Israel viu o grande poder do S enhor contra os egípcios, encheu-se de temor diante dele e passou a confiar no S enhor e em seu servo Moisés. Então Moisés e o povo de Israel entoaram este cântico ao S enhor: “Cantarei ao S enhor, pois ele triunfou gloriosamente; lançou no mar o cavalo e seu cavaleiro. O S enhor é minha força e minha canção; ele é meu salvador. É o meu Deus e eu o louvarei; é o Deus de meu pai e eu o exaltarei. O S enhor é guerreiro; Javé é seu nome! Lançou no mar os carros de guerra e as tropas do faraó; os melhores oficiais egípcios se afogaram no mar Vermelho. Águas profundas os encobriram, e afundaram como pedra. “Tua mão direita, ó S enhor, é gloriosa em poder. Tua mão direita, ó S enhor, despedaça o adversário. Na grandeza de tua majestade, derrubas os que se levantam contra ti. Envias tua fúria ardente, que os consome como palha. Com o forte sopro de tuas narinas, as águas se amontoaram; como muralhas se levantaram e no coração do mar se endureceram. “O inimigo dizia: ‘Eu os perseguirei e os alcançarei; eu os saquearei e deles me vingarei. Puxarei minha espada e com forte mão os destruirei’. Mas tu sopraste com teu fôlego, e o mar os encobriu. Afundaram como chumbo nas águas poderosas. “Quem entre os deuses é semelhante a ti, ó S enhor, glorioso em santidade, temível em esplendor, autor de grandes maravilhas? Estendeste tua mão direita, e a terra engoliu nossos inimigos. “Com o teu fiel amor, conduzes o povo que resgataste. Com teu poder, o guias à tua santa habitação. Os povos ouvem e estremecem, a angústia se apodera dos que vivem na Filístia. Aterrorizam-se os líderes de Edom, estremecem os nobres de Moabe. Desfalecem os habitantes de Canaã; espanto e terror caem sobre eles. O poder do teu braço os deixa paralisados, como pedra, até teu povo passar, ó S enhor, até passar o povo que compraste. Tu os trarás e os plantarás em teu próprio monte, no lugar reservado, ó S enhor, para tua habitação: o santuário, ó Soberano, que tuas mãos estabeleceram. O S enhor reinará para todo o sempre!”. Quando os cavalos, os carros de guerra e os cavaleiros do faraó entraram no mar, o S enhor fez as águas do mar voltarem sobre eles. Mas o povo de Israel atravessou pelo meio do mar em terra seca. Então a profetisa Miriã, irmã de Arão, pegou um tamborim e todas as mulheres a seguiram, tocando tamborins e dançando. E Miriã entoava esta canção: “Cantem ao S enhor, pois ele triunfou gloriosamente; lançou no mar o cavalo e seu cavaleiro”. Em seguida, Moisés conduziu o povo de Israel do mar Vermelho para o deserto de Sur. Caminharam pelo deserto por três dias sem encontrar água. Quando chegaram a Mara, descobriram que a água era amarga demais para beber. Por isso chamaram aquele lugar de Mara. O povo começou a se queixar e se voltou contra Moisés. “O que beberemos?”, perguntavam. Então Moisés clamou ao S enhor, e o S enhor lhe mostrou um pedaço de madeira. Moisés o jogou na água, e ela se tornou boa para beber. Foi em Mara que o S enhor instituiu o seguinte decreto como norma, para provar a fidelidade do povo. Ele disse: “Se ouvirem com atenção a voz do S enhor, seu Deus, e fizerem o que é certo aos olhos dele, obedecendo a seus mandamentos e cumprindo todos os seus decretos, não os farei sofrer nenhuma das doenças que enviei sobre o Egito, pois eu sou o S enhor que os cura”. Depois que saíram de Mara, os israelitas viajaram até Elim, onde encontraram doze fontes de água e setenta palmeiras, e acamparam ali, junto às águas. A comunidade de Israel partiu de Elim e chegou ao deserto de Sim, entre Elim e o monte Sinai, no décimo quinto dia do segundo mês, após a saída do Egito. Também ali, toda a comunidade de Israel se queixou de Moisés e Arão. “Se ao menos o S enhor tivesse nos matado no Egito!”, lamentavam-se. “Lá, nós nos sentávamos em volta de panelas cheias de carne e comíamos pão à vontade. Mas agora vocês nos trouxeram a este deserto para nos matar de fome!” Então o S enhor disse a Moisés: “Vejam, farei chover comida do céu para vocês. Diariamente o povo sairá e recolherá a quantidade de alimento que precisar para aquele dia. Com isso, eu os provarei para ver se seguirão ou não minhas instruções. No sexto dia, quando recolherem o alimento e o prepararem, haverá o dobro do normal”. Assim, Moisés e Arão disseram a todos os israelitas: “Ao entardecer, vocês saberão que foi o S enhor quem os tirou da terra do Egito. Pela manhã, verão a glória do S enhor, pois ele ouviu suas queixas, que são contra ele, e não contra nós. O que fizemos para vocês se queixarem de nós?”. E Moisés acrescentou: “O S enhor lhes dará carne para comer à tarde e os saciará com pão pela manhã, pois ouviu suas queixas contra ele. O que fizemos? Sim, suas queixas são contra o S enhor, e não contra nós”. Em seguida, Moisés disse a Arão: “Anuncie a toda a comunidade de Israel: ‘Apresentem-se diante do S enhor, pois ele ouviu suas queixas’”. Enquanto Arão falava a toda a comunidade de Israel, o povo olhou em direção ao deserto e viu a glória do S enhor na nuvem. O S enhor disse a Moisés: “Ouvi as queixas dos israelitas. Agora diga-lhes: ‘Ao entardecer, vocês terão carne para comer e, pela manhã, pão à vontade. Assim, saberão que eu sou o S enhor, seu Deus’”. Ao entardecer, muitas codornas apareceram, cobrindo o acampamento. Na manhã seguinte, os arredores do acampamento estavam úmidos de orvalho. Quando o orvalho se evaporou, havia sobre o chão uma camada de flocos finos como geada. Quando os israelitas viram aquilo, perguntaram uns aos outros: “O que é isso?”, pois não faziam ideia do que era. Moisés lhes disse: “Este é o alimento que o S enhor lhes deu para comer. E estas são as instruções do S enhor: ‘Cada família deve recolher a quantidade necessária, dois litros para cada pessoa de sua tenda’”. Os israelitas seguiram as instruções. Alguns recolheram mais, outros menos. Contudo, quando mediram, cada um tinha o suficiente. Não sobrou alimento para os que recolheram mais nem faltou para os que recolheram menos. Cada família recolheu exatamente a quantidade necessária. Moisés lhes disse: “Não guardem coisa alguma para o dia seguinte”. Alguns deles, porém, não deram ouvidos e guardaram um pouco de alimento até a manhã seguinte. A essa altura, a comida estava cheia de vermes e cheirava muito mal. Moisés ficou furioso com eles. Depois disso, as famílias passaram a recolher, a cada manhã, a quantidade necessária de alimento. E, quando o sol esquentava, os flocos que não tinham sido recolhidos derretiam e desapareciam. No sexto dia, recolheram o dobro do habitual, ou seja, quatro litros para cada pessoa. Então todos os líderes da comunidade se dirigiram a Moisés e o informaram a esse respeito. Moisés lhes disse: “Foi o que o S enhor ordenou: ‘Amanhã será um dia de descanso, o sábado consagrado para o S enhor. Portanto, assem ou cozinhem hoje a quantidade que desejarem e guardem o restante para amanhã’”. Eles separaram uma porção para o dia seguinte, como Moisés havia ordenado. Pela manhã, a comida restante não tinha mau cheiro nem vermes. Moisés disse: “Comam o alimento hoje, pois é o sábado do S enhor. Hoje não haverá alimento no chão para recolher. Durante seis dias vocês podem recolher alimento, mas o sétimo dia é o sábado, quando não haverá alimento algum no chão”. Ainda assim, algumas pessoas saíram para recolhê-lo no sétimo dia, mas não o encontraram. O S enhor disse a Moisés: “Até quando este povo se recusará a obedecer às minhas ordens e instruções? Entendam que o sábado é um presente do S enhor para vocês. Por isso, no sexto dia, ele lhes dá uma porção dobrada de alimento, suficiente para dois dias. No sábado, cada um deve ficar onde está. Não saiam para recolher alimento no sétimo dia”. No sétimo dia, portanto, o povo descansou. Os israelitas chamaram aquela comida de maná. Era branco como a semente de coentro e tinha gosto de massa folhada de mel. Então Moisés disse: “É isto que o S enhor ordenou: ‘Encham uma vasilha de dois litros com maná e preservem-no para seus descendentes. Assim, as gerações futuras poderão ver o alimento que eu lhes dei no deserto quando os libertei do Egito’”. Moisés disse a Arão: “Pegue uma vasilha e encha-a com dois litros de maná. Em seguida, coloque-a diante do S enhor, a fim de preservar o maná para as gerações futuras”. Arão fez conforme o S enhor havia ordenado a Moisés e colocou a vasilha de maná diante das tábuas da aliança, para guardá-la. Os israelitas comeram maná durante quarenta anos, até chegarem à terra onde se estabeleceriam. Comeram maná até chegarem à fronteira da terra de Canaã. (A vasilha usada para medir o maná continha um ômer, que era a décima parte da medida padrão. ) Por ordem do S enhor, toda a comunidade de Israel partiu do deserto de Sim e andou de um lugar para outro. Por fim, acamparam em Refidim, mas ali não havia água para beberem. Mais uma vez, o povo se queixou de Moisés e exigiu: “Dê-nos água para beber!”. Moisés retrucou: “Por que brigam comigo? Por que põem o S enhor à prova?”. Afligido pela sede, o povo continuou a se queixar de Moisés. “Por que você nos tirou do Egito? Quer matar de sede a nós, nossos filhos e nossos animais?”. Então Moisés clamou ao S enhor: “O que devo fazer com este povo? Estão a ponto de me apedrejar!”. O S enhor disse a Moisés: “Passe à frente do povo. Leve sua vara, aquela que você usou para bater nas águas do Nilo, e chame alguns dos líderes de Israel para acompanhá-lo. Eu me colocarei diante de você sobre a rocha no monte Sinai. Bata na rocha e dela jorrará água que o povo poderá beber”. Assim, na presença dos líderes de Israel, Moisés fez conforme ordenado. Moisés chamou aquele lugar de Massá e Meribá, pois o povo de Israel discutiu com Moisés e pôs o S enhor à prova, dizendo: “O S enhor está conosco ou não?”. Quando os israelitas ainda estavam em Refidim, os guerreiros de Amaleque os atacaram. Moisés ordenou a Josué: “Escolha homens para saírem e lutarem contra o exército de Amaleque. Amanhã, ficarei no alto da colina, segurando em minha mão a vara de Deus”. Josué fez o que Moisés lhe ordenou e lutou contra o exército de Amaleque. Moisés, Arão e Hur subiram até o topo de uma colina que ficava perto dali. Enquanto Moisés mantinha os braços erguidos, os israelitas tinham a vantagem. Quando abaixava os braços, a vantagem era dos amalequitas. Os braços de Moisés, porém, logo se cansaram. Então Arão e Hur encontraram uma pedra para Moisés se sentar e, um de cada lado, mantiveram as mãos dele erguidas. Assim, as mãos permaneceram firmes até o pôr do sol. Como resultado, Josué aniquilou o exército de Amaleque na batalha. Então o S enhor disse a Moisés: “Escreva isto em um rolo como lembrança permanente e leia-o em voz alta para Josué: ‘Apagarei toda e qualquer recordação de Amaleque de debaixo do céu’”. Moisés construiu um altar ali e o chamou de Javé-Nissi. E disse: “Uma mão foi erguida perante o trono do S enhor; de geração em geração, o S enhor guerreará contra os amalequitas”. Jetro, sogro de Moisés e sacerdote de Midiã, soube de tudo que Deus havia feito por Moisés e seu povo, os israelitas, e de como o S enhor os havia tirado do Egito. Moisés tinha mandado Zípora, sua mulher, e seus dois filhos de volta para a casa de Jetro, que os acolheu. (O primeiro filho de Moisés se chamava Gérson, pois quando o menino nasceu, Moisés disse: “Sou forasteiro em terra alheia”. O segundo filho se chamava Eliézer, pois Moisés disse: “O Deus de meus antepassados foi meu ajudador e me livrou da espada do faraó”.) Jetro, sogro de Moisés, foi visitá-lo no deserto, levando consigo a mulher e os dois filhos de Moisés. Quando chegaram, Moisés e o povo estavam acampados perto do monte de Deus. Jetro havia mandado um recado a Moisés, dizendo: “Eu, seu sogro Jetro, estou indo vê-lo com sua mulher e seus dois filhos”. Então Moisés saiu ao encontro de seu sogro, curvou-se e o beijou. Depois de perguntarem um ao outro se estavam bem, entraram na tenda de Moisés. Ele contou ao sogro tudo que o S enhor havia feito ao faraó e aos egípcios em favor de Israel. Contou também dos apuros que tinham passado ao longo do caminho e de como o S enhor os tinha livrado de todas as dificuldades. Jetro se alegrou imensamente ao ouvir tudo de bom que o S enhor havia feito por Israel ao libertar o povo das mãos dos egípcios. “Louvado seja o S enhor!”, disse Jetro. “Ele os libertou da mão dos egípcios e do faraó! Agora sei que o S enhor é maior que todos os outros deuses, pois libertou seu povo da opressão dos arrogantes egípcios.” Em seguida, Jetro, sogro de Moisés, ofereceu um holocausto e outros sacrifícios a Deus. Arão e os líderes de Israel vieram e, na presença de Deus, participaram com ele da refeição. No dia seguinte, Moisés sentou-se para resolver problemas que surgiram entre os israelitas. O povo esperou diante dele, em pé, desde a manhã ate a tarde. Quando o sogro de Moisés viu tudo que ele tentava fazer pelo povo, perguntou: “O que você está fazendo com este povo? Por que você se senta sozinho para julgar e os obriga a ficarem de pé diante de você o dia inteiro?”. Moisés respondeu: “O povo me procura para conhecer as decisões de Deus. Quando surge algum problema, eles me procuram e eu resolvo a questão entre as partes em conflito. Informo o povo sobre os decretos de Deus e transmito suas instruções”. “O que você está fazendo não é bom”, disse o sogro de Moisés. “Você ficará esgotado e deixará o povo exausto. É um trabalho pesado demais para uma pessoa só. Agora ouça-me e escute meu conselho, e Deus esteja com você. Continue a ser o representante do povo diante de Deus, apresentando-lhe as questões trazidas pelo povo. Ensine a eles os decretos e as instruções de Deus. Mostre aos israelitas como devem viver e o que devem fazer. No entanto, escolha dentre todo o povo homens capazes e honestos que temam a Deus e odeiem suborno. Nomeie-os líderes de grupos de mil, cem, cinquenta e dez pessoas. Eles deverão estar sempre disponíveis para resolver os problemas cotidianos do povo e só lhe trarão os casos mais difíceis. Deixe que os líderes decidam as questões mais simples por conta própria. Eles dividirão com você o peso da responsabilidade e facilitarão seu trabalho. Se você seguir esse conselho, e se Deus assim lhe ordenar, poderá suportar as pressões, e todo este povo voltará para casa em paz.” Moisés aceitou o conselho do sogro e seguiu todas as suas recomendações. Escolheu homens capazes dentre todo o povo de Israel e os nomeou líderes de grupos de mil, cem, cinquenta e dez pessoas. Os homens ficavam à disposição para resolver os problemas cotidianos do povo. Traziam para Moisés os casos mais difíceis, mas cuidavam, eles mesmos, das questões mais simples. Pouco tempo depois, Moisés se despediu de seu sogro, que voltou para sua terra. Exatamente dois meses depois de saírem do Egito, chegaram ao deserto do Sinai. Depois de levantar acampamento em Refidim, chegaram ao deserto do Sinai e acamparam ao pé do monte. Então Moisés subiu ao monte para apresentar-se diante de Deus. Lá de cima, o S enhor o chamou e disse: “Transmita esta mensagem à família de Jacó; anuncie-a aos descendentes de Israel: ‘Vocês viram o que fiz aos egípcios. Sabem como carreguei vocês sobre asas de águias e os trouxe para mim. Agora, se me obedecerem e cumprirem minha aliança, serão meu tesouro especial dentre todos os povos da terra, pois toda a terra me pertence. Serão meu reino de sacerdotes, minha nação santa’. Essa é a mensagem que você deve transmitir ao povo de Israel”. Moisés voltou do monte, convocou os líderes do povo e lhes comunicou tudo que o S enhor havia ordenado. Todo o povo respondeu a uma só voz: “Faremos tudo que o S enhor ordenou!”. E Moisés comunicou ao S enhor a resposta do povo. O S enhor disse a Moisés: “Virei até você numa nuvem densa, para que o povo me ouça quando eu lhe falar e, assim, confie sempre em você”. Moisés relatou ao S enhor o que o povo tinha declarado. Então o S enhor disse a Moisés: “Desça e consagre o povo, hoje e amanhã. Providencie que eles lavem suas roupas e estejam prontos no terceiro dia, pois nesse dia o S enhor descerá sobre o monte Sinai à vista de todos. Marque um limite ao redor de todo o monte e avise o povo: ‘Tenham cuidado! Não subam ao monte, nem mesmo toquem o limite. Quem tocar o monte certamente será morto. Ninguém ponha a mão na pessoa ou no animal que ultrapassar o limite; antes, apedreje-o ou atravesse-o com flechas. Quem cruzar o limite não poderá continuar a viver’. Mas, quando soar o toque longo da trombeta, o povo poderá subir ao monte”. Moisés desceu do monte e foi até onde o povo estava. Ele os consagrou, providenciou que lavassem suas roupas e lhes disse: “Preparem-se para o terceiro dia e, até lá, não tenham relações sexuais”. Na manhã do terceiro dia, houve estrondo de trovões e clarão de raios, e uma nuvem densa envolveu o monte. Um toque longo de trombeta ressoou, e todo o povo que estava no acampamento tremeu. Moisés conduziu o povo para fora do acampamento, ao encontro de Deus, e todos pararam ao pé do monte. O monte Sinai estava todo coberto de fumaça, pois o S enhor havia descido em forma de fogo. Nuvens de fumaça subiam ao céu, como de uma imensa fornalha, e todo o monte tremia violentamente. Enquanto o barulho da trombeta aumentava, Moisés falava e Deus respondia com voz de trovão. O S enhor desceu sobre o topo do Sinai e chamou Moisés para o alto do monte, e ele subiu. Então o S enhor disse a Moisés: “Desça e alerte o povo que não ultrapasse o limite para ver o S enhor. Do contrário, muitos morrerão. Até mesmo os sacerdotes, que se aproximam do S enhor, deverão purificar-se para que o S enhor não os destrua”. Moisés respondeu ao S enhor: “Mas o povo não pode subir ao monte Sinai. Tu já nos advertiste: ‘Marque um limite ao redor de todo o monte para separá-lo como lugar sagrado’”. O S enhor, porém, disse: “Desça do monte e depois suba de novo, acompanhado de Arão. Enquanto isso, não permita que os sacerdotes nem o povo ultrapassem o limite para se aproximar do S enhor. Do contrário, ele os destruirá”. Moisés desceu até onde o povo estava e lhes comunicou o que tinha sido dito. Então o S enhor deu ao povo todas estas palavras: “Eu sou o S enhor, seu Deus, que o libertou da terra do Egito, onde você era escravo. “Não tenha outros deuses além de mim. “Não faça para si espécie alguma de ídolo ou imagem de qualquer coisa no céu, na terra ou no mar. Não se curve diante deles nem os adore, pois eu, o S enhor, seu Deus, sou um Deus zeloso. Trago as consequências do pecado dos pais sobre os filhos até a terceira e quarta geração dos que me rejeitam, mas demonstro amor por até mil gerações dos que me amam e obedecem a meus mandamentos. “Não use o nome do S enhor, seu Deus, de forma indevida. O S enhor não deixará impune quem usar o nome dele de forma indevida. “Lembre-se de guardar o sábado, fazendo dele um dia santo. Você tem seis dias na semana para fazer os trabalhos habituais, mas o sétimo dia é o sábado do S enhor, seu Deus. Nesse dia, ninguém em sua casa fará trabalho algum: nem você, nem seus filhos e filhas, nem seus servos e servas, nem seus animais, nem os estrangeiros que vivem entre vocês. O S enhor fez os céus, a terra, o mar e tudo que neles há em seis dias; no sétimo dia, porém, descansou. Por isso o S enhor abençoou o sábado e fez dele um dia santo. “Honre seu pai e sua mãe. Assim você terá vida longa e plena na terra que o S enhor, seu Deus, lhe dá. “Não mate. “Não cometa adultério. “Não roube. “Não dê falso testemunho contra o seu próximo. “Não cobice a casa do seu próximo. Não cobice a mulher dele, nem seus servos ou servas, nem seu boi ou jumento, nem qualquer outra coisa que lhe pertença”. Quando o povo ouviu os trovões e o som forte da trombeta, e quando viu o clarão dos raios e a fumaça que subia do monte, ficou a distância, tremendo de medo. Disseram a Moisés: “Fale você conosco e ouviremos; mas não deixe que Deus nos fale diretamente, pois morreríamos!”. Moisés respondeu: “Não tenham medo, pois Deus veio desse modo para prová-los e para que o temor a ele os impeça de pecar”. Enquanto o povo continuava a distância, Moisés se aproximou da nuvem escura onde Deus estava. O S enhor disse a Moisés: “Diga ao povo de Israel: Vocês viram com os próprios olhos que eu lhes falei do céu. Lembrem-se de que não devem fazer ídolos de prata ou ouro que tomem o meu lugar. “Construam para mim um altar feito de terra e nele ofereçam holocaustos e ofertas de paz, sacrifícios de ovelhas e bois. Em todo lugar onde eu exaltar meu nome, construam um altar. Eu virei até vocês e os abençoarei. Se usarem pedras para construir meu altar, que sejam apenas pedras inteiras, em sua forma natural. Não alterem a forma das pedras com alguma ferramenta, pois isso tornaria o altar impróprio para o uso sagrado. E não usem degraus para chegarem diante do meu altar, para que sua nudez não seja exposta.” “Estes são os decretos que você apresentará a Israel: “Se você comprar um escravo hebreu, ele não poderá servi-lo por mais de seis anos. Liberte-o no sétimo ano, e ele nada lhe deverá pela liberdade. Se ele era solteiro quando se tornou seu escravo, partirá solteiro. Mas, se era casado antes de se tornar seu escravo, a esposa deverá ser liberta com ele. “Se seu senhor lhe deu uma mulher em casamento enquanto ele era escravo, e se o casal teve filhos e filhas, somente o homem será liberto no sétimo ano. A mulher e os filhos continuarão a pertencer ao senhor. O escravo, contudo, poderá declarar: ‘Amo meu senhor, minha esposa e meus filhos. Não desejo ser liberto’. Nesse caso, seu senhor o apresentará aos juízes. Em seguida, o levará até a porta ou até o batente da porta e furará a orelha dele com um furador. Depois disso, o escravo servirá a seu senhor pelo resto da vida. “Quando um homem vender a filha como escrava, ela não será liberta como os homens. Se ela não agradar seu senhor, ele permitirá que alguém lhe pague o resgate, mas não poderá vendê-la a estrangeiros, pois rompeu o contrato com ela. Mas, se o senhor da escrava a entregar como mulher ao filho dele, não a tratará mais como escrava, mas sim como filha. “Se um homem que se casou com uma escrava tomar para si outra esposa, não deverá descuidar dos direitos da primeira mulher com respeito a alimentação, vestuário e intimidade sexual. Se ele não cumprir alguma dessas obrigações, ela poderá sair livre, sem pagar coisa alguma.” “Quem agredir e matar outra pessoa será executado, mas se for apenas um acidente permitido por Deus, definirei um lugar de refúgio para onde o responsável pela morte possa fugir. Se, contudo, alguém matar outra pessoa intencionalmente, o assassino será preso e executado, mesmo que tenha buscado refúgio em meu altar. “Quem agredir seu pai ou sua mãe será executado. “Quem sequestrar alguém será executado, quer a vítima seja encontrada em seu poder, quer ele a tenha vendido como escrava. “Quem ofender a honra de seu pai ou de sua mãe será executado. “Se dois homens brigarem e um deles acertar o outro com uma pedra ou com o punho e o outro não morrer, mas ficar de cama, o agressor não será castigado se, posteriormente, o que foi ferido conseguir voltar a andar fora de casa, mesmo que precise de muletas; o agressor indenizará a vítima pelos salários que ela perder e se responsabilizará por sua total recuperação. “Se um senhor espancar seu escravo ou sua escrava com uma vara e, como resultado, o escravo morrer, o senhor será castigado. Mas, se o escravo se recuperar em um ou dois dias, o senhor não receberá castigo algum, pois o escravo é sua propriedade. “Se dois homens brigarem e um deles atingir, por acidente, uma mulher grávida e ela der à luz prematuramente, sem que haja outros danos, o homem que atingiu a mulher pagará a indenização que o marido dela exigir e os juízes aprovarem. Mas, se houver outros danos, o castigo deverá corresponder à gravidade do dano causado: vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida, contusão por contusão. “Se um senhor ferir seu escravo ou sua escrava no olho e o cegar, libertará o escravo como compensação pelo olho. Se quebrar o dente de seu escravo ou de sua escrava, libertará o escravo como compensação pelo dente. “Se um boi matar a chifradas um homem ou uma mulher, o boi será apedrejado, e não será permitido comer sua carne. Nesse caso, porém, o dono do boi não será responsabilizado. Mas, se o boi costumava chifrar pessoas e o dono havia sido informado, porém não manteve o animal sob controle, se o boi matar alguém, será apedrejado, e o dono também será executado. Os parentes do morto, no entanto, poderão aceitar uma indenização pela vida perdida. O dono do boi poderá resgatar a própria vida ao pagar o que for exigido. “A mesma lei se aplica se o boi chifrar um menino ou uma menina. Mas, se o boi chifrar um escravo ou uma escrava, o dono do boi pagará trinta moedas de prata ao senhor do escravo, e o boi será apedrejado. “Se alguém cavar ou destampar um poço e um boi ou jumento cair dentro dele, o proprietário do poço indenizará totalmente o dono do animal, mas poderá ficar com o animal morto. “Se o boi de alguém ferir o boi do vizinho e o animal ferido morrer, os dois donos venderão o animal vivo e dividirão o dinheiro entre si em partes iguais; também dividirão entre si o animal morto. Mas, se o boi costumava chifrar e o dono não manteve o animal sob controle, o dono entregará um boi vivo como indenização pelo boi morto e poderá ficar com o animal morto.” “Se alguém roubar um boi ou uma ovelha e matar o animal ou vendê-lo, o ladrão pagará cinco bois para cada boi roubado e quatro ovelhas para cada ovelha roubada. “Se um ladrão for pego em flagrante arrombando uma casa e for ferido e morto no confronto, a pessoa que matou o ladrão não será culpada de homicídio. Mas, se isso acontecer durante o dia, a pessoa que matou o ladrão será culpada de homicídio. “O ladrão que for pego restituirá o valor total daquilo que roubou. Se não puder restituir o valor, será vendido como escravo para pagar pelos bens roubados. Se alguém roubar um boi, um jumento ou uma ovelha e o animal for encontrado vivo, em poder do ladrão, ele pagará o dobro do valor do animal roubado. “Se um animal estiver pastando no campo ou na videira e o dono o soltar para pastar no campo de outra pessoa, o dono do animal entregará como indenização o melhor de seus cereais ou de suas uvas. “Se alguém estiver queimando espinheiros e o fogo se espalhar para o campo de outra pessoa e destruir o cereal já colhido, ou a plantação pronta para a colheita, ou a lavoura inteira, aquele que começou o fogo pagará por todo o prejuízo. “Se alguém entregar valores ou bens a um vizinho para que este os guarde e eles forem roubados da casa do vizinho, o ladrão, se for pego, restituirá o dobro do valor dos itens roubados. Mas, se o ladrão não for pego, o dono da casa comparecerá diante dos juízes para que se determine se foi ele quem roubou os bens. “Em qualquer caso de disputa entre vizinhos em que ambos afirmem ser donos de determinado boi, jumento, ovelha, peça de roupa ou objeto perdido, as duas partes comparecerão diante dos juízes, e a pessoa que eles considerarem culpada pagará o dobro à outra. “Se alguém deixar um jumento, um boi, uma ovelha ou outro animal sob os cuidados de outra pessoa e o animal morrer, for ferido ou levado embora, e ninguém vir o que aconteceu, a pessoa que estava cuidando do animal fará diante do S enhor um juramento de que não roubou o animal; o dono aceitará o juramento e não será exigido pagamento algum. Mas, se o animal for roubado do vizinho, ele indenizará o dono. Se tiver sido despedaçado por um animal selvagem, o que restou da carcaça será apresentado como prova, e não será exigido pagamento algum. “Se alguém pedir um animal emprestado ao vizinho e o animal for ferido ou morrer na ausência do dono, a pessoa que pediu o animal emprestado indenizará o dono totalmente. Mas, se o dono estiver presente, não será exigido pagamento algum. Também não será exigida indenização alguma se o animal tiver sido alugado, pois o valor do aluguel cobrirá a perda.” “Se um homem seduzir uma moça virgem que não esteja comprometida e tiver relações sexuais com ela, pagará à família dela o preço costumeiro do dote e se casará com ela. Mas, se o pai da moça não permitir o casamento, o homem lhe pagará o equivalente ao dote de uma virgem. “Não deixe que a feiticeira viva. “Quem tiver relações sexuais com um animal certamente será executado. “Quem sacrificar a qualquer outro deus além do S enhor será destruído. “Não maltrate nem oprima os estrangeiros. Lembre-se de que vocês também foram estrangeiros na terra do Egito. “Não explore a viúva nem o órfão. Se você os explorar e eles clamarem a mim, certamente ouvirei seu clamor. Minha ira se acenderá contra você e o matarei pela espada. Então sua esposa ficará viúva e seus filhos ficarão órfãos. “Se você emprestar dinheiro a alguém do meu povo que esteja necessitado, não cobre juros visando lucro, como fazem os credores. Se tomar a capa do seu próximo como garantia para um empréstimo, devolva-a antes do pôr do sol. Talvez a capa seja a única coberta que ele tem para se aquecer. Como ele poderá dormir sem ela? Se não a devolver e se o seu próximo pedir socorro a mim, eu o ouvirei, pois sou misericordioso. “Não blasfeme contra Deus nem amaldiçoe as autoridades do seu povo. “Quando entregar as ofertas das colheitas, do vinho e do azeite, não retenha coisa alguma. “Consagre a mim seu primeiro filho. “Também entregue a mim os machos das primeiras crias das vacas, das ovelhas e das cabras. Deixe o animal com a mãe por sete dias e, no oitavo, entregue-o a mim. “Vocês serão meu povo santo. Por isso, não comam a carne de animais despedaçados e mortos por feras no campo; joguem a carne para os cães.” “Não espalhe boatos falsos. Não coopere com pessoas perversas sendo falsa testemunha. “Não se deixe levar pela maioria na prática do mal. Quando o chamarem para testemunhar em um processo legal, não permita que a multidão o influencie a perverter a justiça. E não incline seu testemunho em favor de uma pessoa só porque ela é pobre. “Se você deparar com o boi ou o jumento perdido de seu inimigo, leve-o de volta ao dono. Se vir o jumento de alguém que o odeia cair sob o peso de sua carga, não faça de conta que não viu. Pare e ajude o dono a levantá-lo. “Não negue a justiça ao pobre em um processo legal. “Jamais acuse alguém falsamente. Jamais condene à morte uma pessoa inocente ou íntegra, pois eu nunca declaro inocente aquele que é culpado. “Não aceite subornos, pois eles o levam a fazer vista grossa para algo que se pode ver claramente. O suborno faz até o justo distorcer a verdade. “Não explore os estrangeiros. Vocês sabem o que significa viver em terra estranha, pois foram estrangeiros no Egito. “Plantem e colham os produtos da terra por seis anos, mas, no sétimo ano, deixem que ela se renove e descanse sem cultivo. Permitam que os pobres do povo colham o que crescer espontaneamente durante esse ano. Deixem o resto para servir de alimento aos animais selvagens. Façam o mesmo com os vinhedos e os olivais. “Vocês têm seis dias da semana para realizar suas tarefas habituais, mas não devem trabalhar no sétimo. Desse modo, seu boi e seu jumento descansarão, e os escravos e estrangeiros que vivem entre vocês recuperarão as forças. “Prestem muita atenção a todas as minhas instruções. Não invoquem o nome de outros deuses; nem mesmo mencionem o nome deles.” “A cada ano, celebrem três festas em minha honra. Primeiro, celebrem a Festa dos Pães sem Fermento. Durante sete dias, o pão que vocês comerem será preparado sem fermento, conforme eu lhes ordenei. Celebrem essa festa anualmente no tempo determinado, no mês de abibe, pois é o aniversário de sua partida do Egito. Ninguém deve se apresentar diante de mim de mãos vazias. “Celebrem também a Festa da Colheita, quando me trarão os primeiros frutos de suas colheitas. “Por fim, celebrem a Festa da Última Colheita no final da safra, quando tiverem colhido todos os produtos de seus campos. A cada ano, nessas três ocasiões, todos os homens de Israel devem comparecer diante do Soberano, o S enhor. “Não ofereçam o sangue de meus sacrifícios com pão que contenha fermento. E não guardem até a manhã seguinte a gordura das ofertas da festa. “Quando fizerem a colheita, levem à casa do S enhor, seu Deus, o melhor de seus primeiros frutos. “Não cozinhem o cabrito no leite da mãe dele.” “Vejam, eu enviarei um anjo à sua frente para protegê-los ao longo da jornada e conduzi-los em segurança ao lugar que lhes preparei. Prestem muita atenção nele e obedeçam a suas instruções. Não se rebelem contra ele, pois é meu representante e não perdoará sua rebeldia. Mas, se tiverem o cuidado de lhe obedecer e de seguir todas as minhas instruções, serei inimigo de seus inimigos e farei oposição aos que se opuserem a vocês. Meu anjo irá à sua frente e os conduzirá à terra dos amorreus, hititas, ferezeus, cananeus, heveus e jebuseus, e eu destruirei todas essas nações. Não adorem seus deuses, nem os sirvam de maneira alguma, e nem sequer imitem suas práticas. Antes, destruam-nas completamente e despedacem suas colunas sagradas. “Sirvam somente ao S enhor, seu Deus, e eu os abençoarei com alimento e água e os protegerei de doenças. Em sua terra, nenhuma grávida sofrerá aborto e nenhuma mulher será estéril. Eu lhes darei vida longa e plena. “Enviarei pavor à sua frente e criarei pânico entre os povos cujas terras vocês invadirem. Farei todos os seus inimigos darem meia-volta e fugirem. Sim, enviarei terror adiante de vocês para expulsar os heveus, os cananeus e os hititas, mas não os expulsarei num só ano, pois a terra ficaria deserta e os animais se multiplicariam e se tornariam uma ameaça para vocês. Eu os expulsarei aos poucos, até que sua população tenha aumentado o suficiente para tomar posse da terra. Estabelecerei os limites de seu território desde o mar Vermelho até o mar Mediterrâneo, e do deserto do leste até o rio Eufrates. Entregarei em suas mãos os povos que hoje vivem na terra e os expulsarei de diante de vocês. “Não façam tratados com eles nem com seus deuses. Esses povos não devem habitar em sua terra, pois os fariam pecar contra mim. Se vocês servirem aos deuses deles, cairão na armadilha da idolatria”. Então o S enhor disse a Moisés: “Suba ao monte para encontrar-se comigo e traga Arão, Nadabe, Abiú e setenta líderes de Israel. Todos devem adorar de longe. Somente Moisés está autorizado a se aproximar do S enhor. Os outros não devem chegar perto, e ninguém mais do povo tem permissão de subir ao monte com ele”. Moisés desceu e transmitiu ao povo todas as instruções e ordens do S enhor, e todo o povo respondeu em uma só voz: “Faremos tudo que o S enhor ordenou!”. Moisés anotou com exatidão todas as instruções do S enhor. Logo cedo na manhã seguinte, levantou-se e construiu um altar ao pé do monte. Também ergueu doze colunas, uma para cada tribo de Israel. Em seguida, enviou alguns rapazes israelitas para apresentarem ao S enhor holocaustos e touros sacrificados como ofertas de paz. Moisés colocou em vasilhas metade do sangue desses animais e aspergiu a outra metade sobre o altar. Depois, pegou o Livro da Aliança e o leu em voz alta para o povo. Mais uma vez, todos responderam: “Obedeceremos ao S enhor! Faremos tudo que ele ordenou!”. Moisés pegou o sangue das vasilhas, aspergiu-o sobre o povo e declarou: “Este sangue confirma a aliança que o S enhor fez com vocês quando lhes deu estas instruções”. Depois, Moisés, Arão, Nadabe, Abiú e os setenta líderes de Israel subiram ao monte, onde viram o Deus de Israel, e sob os pés dele havia uma superfície azulada como a safira e clara como o céu. E, embora esses nobres de Israel tenham visto Deus, ele não os destruiu, e eles participaram de uma refeição na presença dele. Então o S enhor disse a Moisés: “Suba ao monte para encontrar-se comigo. Fique lá e eu lhe darei tábuas de pedra nas quais gravei a lei e os mandamentos para ensinar ao povo”. Moisés e seu auxiliar, Josué, partiram e subiram ao monte de Deus. “Esperem aqui até voltarmos”, disse Moisés aos líderes. “Arão e Hur ficarão com vocês. Quem tiver algum problema para resolver durante minha ausência poderá consultá-los.” Então Moisés subiu ao monte, e a nuvem cobriu o monte. A glória do S enhor pousou sobre o monte Sinai, e a nuvem o cobriu por seis dias. No sétimo dia, o S enhor chamou Moisés de dentro da nuvem. Para os israelitas que estavam ao pé do monte, a glória do S enhor no alto do Sinai parecia um fogo consumidor. Moisés desapareceu na nuvem ao subir ao monte e ali permaneceu quarenta dias e quarenta noites. O S enhor disse a Moisés: “Diga ao povo de Israel que me traga suas ofertas. Aceite as contribuições de todos cujo coração os dispuser a doar. Aqui está uma lista das ofertas que você aceitará deles: ouro, prata e bronze; fios de tecido azul, roxo e vermelho; linho fino e pelos de cabra para confeccionar tecido; peles de carneiro tingidas de vermelho e couro fino; madeira de acácia; óleo de oliva para as lâmpadas; especiarias para o óleo da unção e para o incenso perfumado; pedras de ônix e outras pedras preciosas para serem fixadas no colete e no peitoral do sacerdote. “Instrua os israelitas a construírem para mim um santuário, para que eu viva no meio deles. Devem fazer esse tabernáculo e sua mobília de acordo com o modelo que eu lhe mostrarei.” “Faça para mim uma arca de madeira de acácia, com 1,15 metro de comprimento, 67,5 centímetros de largura e 67,5 centímetros de altura. Revista-a com ouro puro por dentro e por fora e coloque uma moldura de ouro ao seu redor. Mande fundir quatro argolas de ouro e prenda-as aos quatro pés da arca, duas argolas de cada lado. Faça varas de madeira de acácia e revista-as com ouro. Passe-as por dentro das argolas dos lados da arca para transportá-la. Essas varas ficarão dentro das argolas; nunca as remova. Coloque dentro da arca as tábuas da aliança que eu lhe darei. “Faça a tampa da arca, que é o lugar de expiação, de ouro puro. Deve medir 1,15 metro de comprimento e 67,5 centímetros de largura. Em seguida, faça dois querubins de ouro batido e coloque um em cada extremidade da tampa. Modele um querubim em cada extremidade da tampa, para formar uma só peça de ouro com a tampa. Os querubins ficarão de frente um para o outro, com o rosto voltado para a tampa da arca. Estenderão as asas sobre a tampa para protegê-la. Coloque dentro da arca as tábuas da aliança que eu lhe darei. Ponha a tampa sobre a arca. Ali, sobre a tampa, que é o lugar de expiação, entre os querubins de ouro que estão sobre a arca da aliança, virei ao seu encontro e falarei com você. Dali eu lhe darei meus mandamentos para o povo de Israel.” “Faça também uma mesa de madeira de acácia com 90 centímetros de comprimento, 45 centímetros de largura e 67,5 centímetros de altura. Revista-a com ouro puro e coloque uma moldura de ouro ao seu redor. Enfeite-a com uma borda de 8 centímetros de largura e com uma moldura de ouro ao redor da borda. Faça quatro argolas de ouro para a mesa e prenda-as aos quatro cantos, junto aos quatro pés. Prenda as argolas junto à borda para sustentar as varas que serão usadas para transportar a mesa. Faça essas varas de madeira de acácia e revista-as com ouro; com elas a mesa será carregada. Faça recipientes especiais de ouro puro para a mesa: tigelas, colheres, vasilhas e jarras, que serão usados para as ofertas derramadas. Coloque sobre a mesa os pães da presença, de modo que fiquem diante de mim o tempo todo.” “Faça um candelabro de ouro puro batido. Todo o candelabro e seus enfeites formarão uma só peça: a base, a haste central, as lâmpadas, os botões e as flores. Da haste central sairão seis ramos, três de cada lado. Cada um dos seis ramos terá três lâmpadas em forma de flor de amendoeira, com botões e pétalas. A haste central do candelabro terá quatro lâmpadas em forma de flor de amendoeira, cada uma com botões e flores. Também haverá um botão de amendoeira debaixo de cada par dos seis ramos que saem da haste central. Os botões de amendoeira e os ramos formarão uma só peça com a haste central e serão feitos de ouro puro batido. Em seguida, faça sete lâmpadas para o candelabro e posicione-as de modo que reflitam a luz para a frente. Os cortadores de pavio e os apagadores também serão de ouro puro. Serão necessários 35 quilos de ouro puro para o candelabro e seus acessórios. “Cuide para que tudo seja feito de acordo com o modelo que eu lhe mostrei aqui no monte.” “Faça o tabernáculo com dez cortinas de linho finamente tecido. Enfeite as cortinas com fios de tecido azul, roxo e vermelho e com querubins bordados com habilidade. Essas dez cortinas devem ser todas exatamente do mesmo tamanho, com 12,6 metros de comprimento e 1,8 metro de largura. Junte cinco cortinas para formar uma cortina longa e depois junte as cinco restantes para formar outra cortina longa. Faça laços de tecido azul na borda da última cortina de cada conjunto. Os cinquenta laços ao longo da borda da cortina do primeiro conjunto devem coincidir com os cinquenta laços da cortina do outro conjunto. Em seguida, faça cinquenta colchetes de ouro e use-os para prender as cortinas longas uma à outra. Desse modo, o tabernáculo será formado de uma só peça contínua. “Faça onze cortinas de tecido de pelo de cabra para cobrir o tabernáculo. Essas onze cortinas devem ser todas exatamente do mesmo tamanho, com 13,5 metros de comprimento e 1,8 metro de largura. Junte cinco cortinas para formar uma cortina longa e depois junte as seis restantes para formar outra cortina longa. No segundo conjunto de cortinas, deixe uma sobra de 90 centímetros de tecido pendurada sobre a parte da frente da tenda. Faça cinquenta laços para a borda de cada cortina longa. Em seguida, faça cinquenta colchetes de bronze e prenda com eles os laços das cortinas longas. Assim, a cobertura da tenda será formada de uma só peça contínua. Os 90 centímetros restantes do tecido da cobertura ficarão pendurados na parte de trás do tabernáculo. Deixe pendurados de cada lado os 45 centímetros restantes de tecido, para que o tabernáculo fique inteiramente coberto. Complete a cobertura da tenda com uma camada protetora feita de peles de carneiro tingidas de vermelho e uma camada de couro fino. “Para a estrutura do tabernáculo, construa armações de madeira de acácia. Cada armação deve ter 4,5 metros de altura e 67,5 centímetros de largura, com duas hastes na parte inferior de cada armação. Todas as armações devem ser idênticas. Construa vinte armações para sustentar as cortinas do lado sul do tabernáculo. Faça também quarenta bases de prata, duas para cada armação, para que as hastes se encaixem firmemente nas bases. Para o lado norte do tabernáculo, construa outras vinte armações, com quarenta bases de prata, duas bases para cada armação. Construa seis armações para a parte de trás, o lado oeste do tabernáculo, junto com mais duas armações para reforçar os cantos das duas extremidades do tabernáculo. As armações dos cantos serão emparelhadas na parte inferior e firmemente ligadas uma à outra na parte superior com uma argola, formando um só suporte de canto. Siga o mesmo procedimento para ambos os suportes de canto. O tabernáculo, portanto, terá oito armações na parte de trás, encaixadas sobre dezesseis bases de prata, duas bases para cada armação. “Faça travessões de madeira de acácia para ligar as armações, cinco travessões para o lado norte do tabernáculo e cinco travessões para o lado sul. Faça também cinco travessões para a parte de trás do tabernáculo, que ficará virada para o oeste. O travessão central, ligado a meia altura às armações, se estenderá de uma ponta à outra do tabernáculo. Revista as armações com ouro e faça argolas de ouro para sustentar os travessões. Também revista com ouro os travessões. “Arme o tabernáculo de acordo com o modelo que lhe foi mostrado no monte. “Para o interior do tabernáculo, confeccione uma cortina especial de linho finamente tecido. Enfeite-a com fios de tecido azul, roxo e vermelho e com querubins bordados com habilidade. Pendure a cortina em ganchos de ouro presos em quatro colunas de madeira de acácia revestidas de ouro e apoiadas sobre quatro bases de prata. Pendure a cortina interna com colchetes e coloque a arca da aliança atrás da cortina. Essa cortina separará o lugar santo do lugar santíssimo. “Coloque a tampa, o lugar de expiação, sobre a arca da aliança, dentro do lugar santíssimo. Coloque a mesa do lado de fora da cortina interna, no lado norte do tabernáculo, e posicione o candelabro em frente à mesa, ou seja, no lado sul. “Confeccione outra cortina para a entrada da tenda. Ela deve ser de linho finamente tecido e artisticamente bordada com fios de tecido azul, roxo e vermelho. Faça cinco colunas de madeira de acácia, revista-as com ouro e pendure nelas a cortina com ganchos de ouro. Mande fundir cinco bases de bronze para as colunas.” “Usando madeira de acácia, construa um altar quadrado com 2,25 metros de largura e comprimento e 1,35 metro de altura. Faça uma ponta em forma de chifre para cada um dos quatro cantos, de modo que as pontas e o altar formem uma só peça. Revista o altar com bronze. Faça baldes para recolher as cinzas, e também pás, bacias, garfos para a carne e braseiros, todos de bronze. Faça ainda uma grelha de bronze e quatro argolas de bronze, uma para cada canto da grelha. Coloque-a a meia altura do altar, debaixo da borda. Para transportar o altar, faça varas de madeira de acácia e revista-as com bronze. Passe as varas por dentro das argolas dos dois lados do altar quando ele for transportado. O altar deve ser oco e feito de tábuas. Faça-o de acordo com o que lhe foi mostrado no monte.” “Em seguida, faça um pátio para o tabernáculo, fechado com cortinas de linho finamente tecido. As cortinas do lado sul terão 45 metros de comprimento e serão penduradas em vinte colunas apoiadas firmemente em vinte bases de bronze. Pendure as cortinas com ganchos e argolas de prata. Coloque do lado norte cortinas idênticas a essas, com 45 metros de comprimento, penduradas em vinte colunas apoiadas firmemente em vinte bases de bronze. Pendure as cortinas com ganchos e argolas de prata. As cortinas do lado oeste do pátio terão 22,5 metros de comprimento e serão penduradas em dez colunas apoiadas em dez bases. No lado leste do pátio, ou seja, na parte da frente, as cortinas também terão 22,5 metros de comprimento. A entrada do pátio ficará do lado leste, situada entre duas cortinas. A cortina do lado direito terá 6,75 metros de comprimento e será pendurada em três colunas apoiadas em três bases. A cortina do lado esquerdo também terá 6,75 metros de comprimento e será pendurada em três colunas apoiadas em três bases. “Para a entrada do pátio, confeccione uma cortina com 9 metros de comprimento. Faça-a de linho finamente tecido e enfeite-a com lindos bordados de fio azul, roxo e vermelho. Pendure-a em quatro colunas, cada uma firmemente apoiada em sua própria base. Todas as colunas ao redor do pátio devem ter argolas e ganchos de prata e bases de bronze. No total, o pátio terá 45 metros de comprimento e 22,5 metros de largura, com divisórias feitas de cortinas de linho finamente tecido com 2,25 metros de altura. As bases das colunas serão de bronze. “Serão de bronze todos os utensílios para as cerimônias do tabernáculo, além das estacas usadas para sustentar o santuário e as cortinas do pátio.” “Ordene aos israelitas que lhe tragam óleo puro de oliva para a iluminação, a fim de manter as lâmpadas sempre acesas. O candelabro ficará na tenda do encontro, do lado de fora da cortina interna que protege a arca da aliança. Arão e seus filhos manterão as lâmpadas acesas na presença do S enhor a noite toda. Essa é uma lei permanente para o povo de Israel e deve ser cumprida de geração em geração.” “Mande chamar seu irmão Arão e os filhos dele, Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar. Separe-os dos demais israelitas para que me sirvam e sejam meus sacerdotes. Faça para Arão roupas sagradas, trajes de grande beleza e esplendor. Instrua todos os artesãos habilidosos que eu enchi de espírito de sabedoria a fim de que confeccionem para Arão roupas que o consagrarão como sacerdote para o meu serviço. Estas são as roupas que devem confeccionar: um peitoral, um colete, um manto, uma túnica bordada, um turbante e um cinturão. Devem fazer essas roupas sagradas para seu irmão Arão e para os filhos deles vestirem quando me servirem como sacerdotes. Dê a eles, portanto, linho finamente tecido com fios de ouro e de tecido azul, roxo e vermelho.” “Os artesãos devem fazer o colete sacerdotal de linho finamente tecido e artisticamente bordado, usando fios de ouro e fios de tecido azul, roxo e vermelho. O colete terá duas peças, unidas nos ombros por duas ombreiras. O cinturão decorativo será feito dos mesmos materiais: linho finamente tecido bordado com fios de ouro e fios de tecido azul, roxo e vermelho. “Grave em duas pedras de ônix os nomes das tribos de Israel, seis nomes em cada pedra, organizados de acordo com a ordem de nascimento dos filhos de Israel. Grave esses nomes nas duas pedras da mesma forma que o ourives grava um selo. Em seguida, encrave-as em suportes de filigranas de ouro. Prenda-as às ombreiras do colete sacerdotal como recordação de que Arão representa os israelitas. Arão levará esses nomes sobre seus ombros como lembrança contínua sempre que se apresentar diante do S enhor. Faça suportes para as pedras com filigranas de ouro, trance duas correntes de ouro puro e prenda-as aos suportes de filigrana sobre as ombreiras do colete.” “Em seguida, faça com grande habilidade o peitoral para decisões. Confeccione-o de modo que combine com o colete sacerdotal, usando linho finamente tecido com fios de ouro e fios de tecido azul, roxo e vermelho. Faça o peitoral de uma só peça dobrada de tecido, formando um bolso quadrado com 22,5 centímetros de lado. Fixe no peitoral quatro fileiras de pedras preciosas. A primeira fileira terá um rubi, um topázio e um berilo. A segunda fileira será composta de uma turquesa, uma safira e uma esmeralda. A terceira fileira será composta de um jacinto, uma ágata e uma ametista. A quarta fileira terá um crisólito, um ônix e um jaspe. Todas essas pedras serão presas a suportes de filigranas de ouro. Cada pedra representará um dos doze filhos de Israel, e o nome da tribo correspondente será gravado na pedra como um selo. “Para prender o peitoral ao colete sacerdotal, faça correntes de fios trançados de ouro puro. Faça também duas argolas de ouro e prenda-as aos cantos superiores do peitoral. Amarre as duas correntes de ouro nas duas argolas dos cantos superiores do peitoral. Amarre as outras pontas das correntes às filigranas de ouro sobre as ombreiras do colete. Em seguida, faça mais duas argolas de ouro e prenda-as às bordas interiores do peitoral, junto ao colete. Faça outras duas argolas de ouro e prenda-as à parte da frente do colete, abaixo das ombreiras e logo acima do nó com o qual o cinturão decorativo é amarrado ao colete. Depois, prenda as argolas inferiores do peitoral às argolas do colete com cordões azuis, para que o peitoral fique firmemente preso ao colete acima do cinturão decorativo. “Com isso, Arão levará os nomes das tribos de Israel sobre seu coração no peitoral para decisões quando entrar no lugar santo. Essa será uma lembrança contínua de que ele representa o povo diante do S enhor. Dentro do peitoral para decisões, coloque o Urim e o Tumim para que Arão os leve sobre o coração quando se apresentar diante do S enhor. Assim, sempre que se apresentar diante do S enhor, Arão levará sobre o coração os objetos usados para determinar as decisões a respeito do povo de Israel.” “De uma só peça de tecido azul, confeccione o manto que é usado com o colete sacerdotal. Faça uma abertura para a cabeça de Arão no meio da peça e reforce a abertura com uma gola, para que não se rasgue. Faça romãs de fios de tecido azul, roxo e vermelho e prenda-as à borda do manto, com sinos de ouro entre elas. Os sinos de ouro e as romãs serão intercalados por toda a volta da borda. Arão vestirá esse manto sempre que servir diante do S enhor, e os sinos tocarão quando ele entrar na presença do S enhor no lugar santo e também quando sair. Se ele usar o manto, não morrerá. “Em seguida, faça uma tiara de ouro puro e grave nela, como em um selo, as palavras Santo para o S enhor. Prenda a tiara com um cordão azul à parte da frente do turbante de Arão. Arão a usará na testa, para que tome sobre si toda a culpa dos israelitas quando consagrarem suas ofertas sagradas. Terá de usá-la sempre na testa para que o S enhor aceite seu povo. “Teça a túnica bordada de Arão com linho fino. Com o mesmo linho, faça o turbante. Confeccione também um cinturão e enfeite-o com bordados coloridos. “Para os filhos de Arão, confeccione túnicas, cinturões e turbantes especiais, trajes de grande beleza e esplendor. Vista seu irmão Arão e os filhos dele com essas roupas e, em seguida, unja-os e consagre-os. Santifique-os para que sirvam como meus sacerdotes. Faça também roupas de baixo de linho para serem usadas diretamente sobre a pele, indo da cintura até as coxas. Arão e seus filhos deverão usar esses calções sempre que entrarem na tenda do encontro ou se aproximarem do altar para servir no lugar santo. Desse modo, não levarão culpa alguma sobre si e não morrerão. Essa é uma lei permanente para Arão e todos os seus descendentes.” “Quando consagrar Arão e seus filhos para me servirem como sacerdotes, realize a seguinte cerimônia: tome um novilho e dois carneiros sem defeito. Em seguida, usando farinha de trigo da melhor qualidade e sem fermento, faça pães, bolos misturados com azeite e pães finos untados com azeite. Coloque-os em um só cesto e apresente-os, junto com o novilho e os dois carneiros. “Apresente Arão e seus filhos à entrada da tenda do encontro e lave-os com água. Vista Arão com as roupas sacerdotais: a túnica, o manto usado com o colete sacerdotal, o colete propriamente dito e o peitoral. Amarre o cinturão do colete na cintura. Ponha-lhe o turbante na cabeça e prenda no devido lugar a tiara sagrada do turbante. Unja Arão derramando o óleo da unção sobre a cabeça dele. Em seguida, apresente os filhos de Arão e vista-os com as respectivas túnicas. Amarre o cinturão em volta da cintura de Arão e de seus filhos e coloque o turbante especial na cabeça de cada um. Assim, o direito de sacerdócio lhes pertencerá por lei para sempre. Desse modo, você consagrará Arão e seus filhos. “Leve o novilho até a entrada da tenda do encontro, onde Arão e seus filhos colocarão as mãos sobre a cabeça do animal. Sacrifique o novilho na presença do S enhor, à entrada da tenda do encontro. Com o dedo, coloque um pouco do sangue do animal nas pontas do altar e derrame o restante na base do altar. Tome toda a gordura que envolve os órgãos internos, o lóbulo do fígado, os dois rins e a gordura ao redor deles e queime tudo no altar. Depois, tome o restante do novilho, incluindo o couro, a carne e o excremento, e queime-o fora do acampamento como oferta pelo pecado. “Em seguida, Arão e seus filhos colocarão as mãos sobre a cabeça de um dos carneiros. Sacrifique o carneiro e derrame o sangue dele em todos os lados do altar. Corte o carneiro em pedaços e lave os órgãos internos e as pernas. Coloque-os junto à cabeça e aos demais pedaços do corpo e queime o animal inteiro no altar. Esse é um holocausto ao S enhor, é aroma agradável, uma oferta especial apresentada ao S enhor. “Tome o outro carneiro e peça a Arão e seus filhos que coloquem as mãos sobre a cabeça do animal. Sacrifique-o e coloque um pouco do sangue na ponta da orelha direita de Arão e seus filhos. Coloque também um pouco do sangue no polegar da mão direita e do pé direito de cada um deles. Derrame o sangue restante em todos os lados do altar. Recolha um pouco do sangue do altar e um pouco do óleo da unção e aspirja sobre Arão e seus filhos e sobre as roupas deles. Desse modo, tanto eles como as roupas serão consagrados. “Uma vez que esse é o carneiro da consagração de Arão e seus filhos, pegue a gordura do animal, incluindo a parte gorda da cauda, a gordura que envolve os órgãos internos, o lóbulo do fígado, os dois rins, a gordura em volta deles e a coxa direita. Pegue também um pão redondo, um bolo misturado com azeite e um pão fino de dentro do cesto de pães sem fermento colocado na presença do S enhor. Coloque todo o alimento nas mãos de Arão e seus filhos para que seja movido para o alto como oferta especial para o S enhor. Depois, tome os pães das mãos deles e queime-os no altar junto com o holocausto. É aroma agradável, uma oferta especial apresentada ao S enhor. Separe o peito do carneiro da consagração de Arão e mova-o para o alto na presença do S enhor como oferta especial para ele. Depois, tome-o para si como sua porção. “Divida as porções do carneiro da consagração pertencentes a Arão e seus filhos, incluindo o peito e a coxa que foram movidos para o alto diante do S enhor como oferta especial. No futuro, sempre que os israelitas moverem para o alto uma oferta de paz, uma parte dela deverá ser separada para Arão e seus descendentes. Será direito permanente deles e oferta sagrada dos israelitas para o S enhor. “As roupas sagradas de Arão deverão ser preservadas para seus descendentes, que as vestirão quando forem ungidos e consagrados. O descendente que o suceder como sumo sacerdote vestirá essas roupas por sete dias quando entrar na tenda do encontro para servir no lugar santo. “Tome o carneiro usado na cerimônia de consagração e cozinhe a carne dele em um lugar sagrado. Arão e seus filhos comerão a carne, junto com os pães do cesto, à entrada da tenda do encontro. Somente eles poderão comer a carne e o pão usados para sua expiação na cerimônia de consagração. Ninguém mais poderá consumir esses alimentos, pois são sagrados. Se sobrar alguma carne ou pão da consagração até a manhã seguinte, essa sobra deverá ser queimada. Não se deve comer desse alimento, pois é sagrado. “É desse modo que você realizará a consagração de Arão e seus filhos, de acordo com todas as minhas instruções. A cerimônia de consagração durará sete dias. A cada dia, sacrifique um novilho como oferta pelo pecado, para fazer expiação. Depois, purifique o altar, fazendo expiação por ele, e unja-o com óleo, para consagrá-lo. Faça expiação pelo altar e consagre-o diariamente por sete dias. No final desse período, o altar será absolutamente santo, e tudo que o tocar se tornará santo. “Estes são os sacrifícios que você deve oferecer regularmente sobre o altar: a cada dia, ofereça dois cordeiros de um ano, um pela manhã e outro ao entardecer. Junto com um deles, ofereça duas medidas de farinha da melhor qualidade misturada com um litro de azeite puro de azeitonas prensadas; ofereça também um litro de vinho como oferta derramada. Ofereça o outro cordeiro ao entardecer, junto com ofertas de farinha e vinho iguais às da manhã. Será aroma agradável, uma oferta especial apresentada ao S enhor. “Esses holocaustos devem ser oferecidos todos os dias, de geração em geração. Ofereça-os à entrada da tenda do encontro, na presença do S enhor; ali eu virei ao encontro do povo e falarei com você. Eu me reunirei ali com os israelitas, no lugar santificado por minha presença gloriosa. Sim, consagrarei a tenda do encontro e o altar e consagrarei Arão e seus filhos para me servirem como sacerdotes. Então viverei no meio dos israelitas e serei seu Deus, e eles saberão que eu sou o S enhor, seu Deus. Eu os tirei da terra do Egito a fim de viver no meio deles. Eu sou o S enhor, seu Deus.” “Construa um altar de madeira de acácia para queimar incenso. Faça-o quadrado, com 45 centímetros de lado e 90 centímetros de altura, com pontas em forma de chifre nos cantos entalhados da mesma peça de madeira que o altar. Revista o topo, os lados e as pontas do altar com ouro puro e coloque uma moldura de ouro ao seu redor. Faça duas argolas de ouro e prenda-as nos lados opostos do altar, debaixo da moldura de ouro, para sustentar as varas usadas para transportá-lo. Faça as varas de madeira de acácia e revista-as com ouro. Coloque o altar de incenso diante da cortina que protege a arca da aliança, em frente à tampa da arca, o lugar de expiação, que cobre as tábuas da aliança. Ali eu me encontrarei com você. “Todas as manhãs, quando cuidar das lâmpadas, Arão queimará incenso perfumado no altar. E todas as noites, quando acender as lâmpadas, ele queimará incenso novamente na presença do S enhor. Esse ato deverá ser repetido de geração em geração. Não ofereçam sobre o altar incenso algum que não seja sagrado e não o usem para holocaustos, ofertas de cereal ou ofertas derramadas. “Uma vez por ano, Arão fará expiação pelo altar, aplicando em suas pontas o sangue da oferta realizada para a expiação pelo pecado do povo. Essa cerimônia será realizada todos os anos de geração em geração, pois esse é o altar santíssimo do S enhor ”. Então o S enhor disse a Moisés: “Toda vez que você fizer o censo dos israelitas, cada homem que for contado pagará ao S enhor um resgate por si mesmo. Com isso, nenhuma praga ferirá o povo quando você o contar. Cada pessoa contada entregará uma pequena quantidade de prata como oferta sagrada ao S enhor. (O pagamento corresponderá a meio siclo, com base no siclo padrão do santuário, equivalente a doze gramas. ) Todos os homens de 20 anos para cima entregarão ao S enhor essa oferta sagrada. Quando entregarem ao S enhor a oferta para fazer expiação pela vida deles, os ricos não darão mais que a quantia especificada, e os pobres não darão menos. Receba o dinheiro de resgate dos israelitas e use-o para cuidar da tenda do encontro. Será uma lembrança diante do S enhor em favor dos israelitas e fará expiação pela vida deles”. O S enhor também disse a Moisés: “Faça uma bacia de bronze com um suporte de bronze para a lavagem cerimonial. Coloque-a entre a tenda do encontro e o altar e encha-a de água. Ali, Arão e seus filhos lavarão as mãos e os pés. Cada vez que entrarem na tenda do encontro, deverão se lavar com água; do contrário, morrerão. Cada vez que se aproximarem do altar para servir ao S enhor e queimar ofertas especiais para ele, deverão lavar as mãos e os pés; do contrário, morrerão. Essa é uma lei permanente para Arão e seus descendentes e deve ser cumprida de geração em geração”. O S enhor disse ainda a Moisés: “Junte as seguintes especiarias da melhor qualidade: seis quilos de mirra líquida, três quilos de canela perfumada, três quilos de cálamo perfumado, e seis quilos de cássia, medidos de acordo com o siclo do santuário. Junte também quatro litros de azeite. Usando as técnicas de um perfumista habilidoso, misture esses ingredientes para fazer o óleo sagrado para a unção. Use esse óleo sagrado para ungir a tenda do encontro, a arca da aliança, a mesa e todos os seus utensílios, o candelabro e todos os seus acessórios, o altar de incenso, o altar do holocausto e todos os seus utensílios, e a bacia com o seu suporte. Consagre-os para que sejam absolutamente santos. Depois disso, tudo que tiver contato com eles também se tornará santo. “Unja também Arão e seus filhos e consagre-os para que me sirvam como sacerdotes. E diga ao povo de Israel: ‘Este óleo sagrado é reservado para mim de geração em geração. Jamais usem o óleo para ungir qualquer outra pessoa e nunca preparem uma mistura igual a essa para si mesmos. Ele é sagrado e deve ser tratado como tal. Quem preparar uma mistura igual a essa ou ungir com ela alguém que não seja sacerdote será eliminado do meio do povo’”. Em seguida, o S enhor disse a Moisés: “Junte especiarias perfumadas: gotas de resina, conchas de moluscos e gálbano. Misture-as com incenso puro, tudo em quantidades iguais. Usando as técnicas de um perfumista, misture as especiarias e acrescente um pouco de sal, a fim de produzir um incenso puro e santo. Moa uma parte da mistura até formar um pó bem fino e coloque-o diante da arca da aliança, na tenda do encontro, onde me encontrarei com você. Considerem o incenso algo santíssimo. Jamais usem essa fórmula para preparar incenso para si mesmos. Ele é reservado para o S enhor e deve ser considerado santo. Quem fizer incenso igual a esse para uso pessoal será eliminado do meio do povo”. O S enhor disse a Moisés: “Veja, escolhi especificamente Bezalel, filho de Uri e neto de Hur, da tribo de Judá. Enchi-o do Espírito de Deus e lhe dei grande sabedoria, habilidade e perícia para trabalhos artísticos de todo tipo. Ele é exímio artesão, perito no trabalho com ouro, prata e bronze. Tem aptidão para gravar e encravar pedras preciosas e entalhar madeira. É mestre em todo trabalho artístico. “Para ajudá-lo, designei pessoalmente Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã. Além disso, conferi habilidade especial a todos os artesãos de talento para que façam tudo que lhe ordenei: a tenda do encontro; a arca da aliança; a tampa da arca, que é o lugar de expiação; todos os objetos do tabernáculo; a mesa e seus utensílios; o candelabro de ouro puro e todos os seus acessórios; o altar de incenso; o altar do holocausto e todos os seus utensílios; a bacia de bronze e seu suporte; o vestuário finamente confeccionado: as roupas sagradas para o sacerdote Arão e as roupas para seus filhos usarem em seu serviço como sacerdotes; o óleo da unção; o incenso perfumado para o lugar santo. Os artesãos deverão fazer tudo conforme eu lhe ordenei”. Em seguida, o S enhor disse a Moisés: “Diga ao povo de Israel: ‘Guardem o meu sábado, pois ele é um sinal entre mim e vocês de geração em geração, para que saibam que eu sou o S enhor, que os santifica. Guardem o sábado, pois é dia santo para vocês. Quem o profanar será executado; quem trabalhar nesse dia será eliminado do meio do povo. Vocês têm seis dias na semana para fazer os trabalhos habituais, mas o sétimo dia será um sábado de descanso total, um dia consagrado ao S enhor. Quem trabalhar no sábado será executado. Os israelitas guardarão o sábado, celebrando-o de geração em geração, como uma aliança para sempre. É um sinal permanente entre mim e o povo de Israel, pois em seis dias o S enhor fez os céus e a terra, mas no sétimo dia descansou e se revigorou”. Quando o S enhor terminou de falar com Moisés no monte Sinai, entregou-lhe as duas tábuas de pedra gravadas com os termos da aliança, escritas pelo dedo de Deus. Quando o povo viu que Moisés demorava a descer do monte, reuniu-se ao redor de Arão e disse: “Tome uma providência! Faça para nós deuses que nos guiem. Não sabemos o que aconteceu com esse Moisés, que nos trouxe da terra do Egito para cá”. Arão respondeu: “Tirem as argolas de ouro das orelhas de suas mulheres e de seus filhos e filhas e tragam-nas para mim”. Todos tiraram as argolas de ouro e as levaram a Arão. Ele recebeu o ouro, derreteu-o e trabalhou nele, dando-lhe a forma de um bezerro. Quando o povo viu o bezerro, começou a exclamar: “Ó Israel, estes são os seus deuses que o tiraram da terra do Egito!”. Percebendo o entusiasmo do povo, Arão construiu um altar diante do bezerro e anunciou: “Amanhã haverá uma festa para o S enhor!”. Na manhã seguinte, o povo se levantou cedo para apresentar holocaustos e ofertas de paz. Depois, todos comeram e beberam e se entregaram à farra. O S enhor disse a Moisés: “Rápido! Desça do monte! Seu povo, que você tirou da terra do Egito, se corrompeu. Como se desviaram depressa do caminho que eu lhes havia ordenado! Derreteram ouro e fizeram um bezerro, curvaram-se diante dele e lhe ofereceram sacrifícios. Dizem: ‘Ó Israel, estes são os seus deuses que o tiraram da terra do Egito!’”. Então o S enhor declarou: “Vi como este povo é teimoso e rebelde. Agora fique de lado, e eu lançarei contra eles minha ira ardente e os destruirei. Depois, farei de você, Moisés, uma grande nação”. Moisés, porém, tentou apaziguar o S enhor, seu Deus. “Ó S enhor!”, exclamou ele. “Por que estás tão irado com teu próprio povo, que tiraste do Egito com tão grande poder e mão forte? Por que deixar os egípcios dizerem: ‘O Deus deles os resgatou com a má intenção de exterminá-los nos montes e apagá-los da face da terra’? Deixa de lado tua ira ardente! Arrepende-te quanto a esta calamidade terrível que ameaçaste enviar sobre teu povo! Lembra-te dos teus servos Abraão, Isaque e Jacó. Assumiste um compromisso com eles por meio de juramento, dizendo: ‘Tornarei seus descendentes tão numerosos quanto as estrelas do céu. Eu lhes darei toda esta terra que lhes prometi, e eles a possuirão para sempre’.” Então o S enhor se arrependeu da calamidade terrível que havia ameaçado enviar sobre seu povo. Em seguida, Moisés se virou e desceu o monte. Trazia nas mãos as duas tábuas da aliança, que estavam escritas dos dois lados, frente e verso. As tábuas eram obra de Deus; cada palavra tinha sido gravada pelo próprio Deus. Quando Josué ouviu o alvoroço do povo que gritava lá embaixo, disse a Moisés: “Parece que há guerra no acampamento!”. Moisés respondeu: “Não são gritos de vitória nem lamentos de derrota. Ouço barulho de festa”. Quando se aproximaram do acampamento, Moisés viu o bezerro e as danças e ficou furioso. Jogou as tábuas de pedra no chão e as despedaçou ao pé do monte. Tomou o bezerro que haviam feito e o queimou. Moeu-o até virar pó, jogou-o na água e obrigou os israelitas a bebê-la. Por fim, dirigiu-se a Arão e perguntou: “O que este povo lhe fez para que você os levasse a cometer tamanho pecado?”. “Não fique tão furioso comigo, meu senhor”, respondeu Arão. “Você sabe como este povo é mau. Eles me disseram: ‘Faça para nós deuses que nos guiem. Não sabemos o que aconteceu com esse Moisés, que nos trouxe da terra do Egito para cá’. Então eu lhes disse: ‘Quem tiver joias de ouro, tire-as’. Quando eles as trouxeram para mim, simplesmente as joguei no fogo e saiu este bezerro!” Moisés viu que Arão havia permitido que o povo se descontrolasse completamente, dando motivo de zombaria a seus inimigos. Portanto, colocou-se à entrada do acampamento e gritou: “Todos que estiverem do lado do S enhor, venham até aqui e juntem-se a mim!”. E todos os levitas se reuniram ao redor dele. Moisés lhes disse: “Assim diz o S enhor, o Deus de Israel: ‘Cada um de vocês pegue sua espada e vão e voltem de uma extremidade à outra do acampamento. Matem todos, até mesmo seus irmãos, amigos e vizinhos’”. Os levitas obedeceram à ordem de Moisés, e cerca de três mil pessoas morreram naquele dia. Então Moisés disse aos levitas: “Hoje vocês se consagraram para o serviço do S enhor, pois lhe obedeceram mesmo quando tiveram de matar seus próprios filhos e irmãos. Hoje vocês receberam dele uma bênção”. No dia seguinte, Moisés disse ao povo: “Vocês cometeram um pecado terrível, mas eu subirei ao monte e me encontrarei com o S enhor outra vez. Talvez eu consiga fazer expiação por este pecado!”. Moisés voltou ao S enhor e disse: “Que pecado terrível este povo cometeu! Fizeram para si deuses de ouro. Agora, porém, eu te suplico que lhes perdoes o pecado; do contrário, apaga meu nome do registro que escreveste!”. O S enhor, porém, respondeu a Moisés: “Apagarei o nome de todos que pecaram contra mim. Agora vá e leve o povo ao lugar do qual eu lhe falei. Veja, meu anjo irá à sua frente. E, no dia do acerto de contas, certamente eu castigarei este povo pelo pecado que cometeram”. Então o S enhor castigou severamente o povo, por causa do que fizeram com o bezerro que Arão lhes tinha construído. O S enhor disse a Moisés: “Ponha-se a caminho, junto com o povo que você tirou da terra do Egito. Subam à terra que eu jurei dar a Abraão, Isaque e Jacó, dizendo: ‘Darei esta terra a seus descendentes’. Enviarei um anjo à sua frente para expulsar os cananeus, os amorreus, os hititas, os ferezeus, os heveus e os jebuseus. Subam à terra que produz leite e mel com fartura. Mas eu não viajarei no meio de vocês, pois são um povo teimoso e rebelde. Se eu os acompanhasse, certamente os destruiria ao longo do caminho”. Quando o povo ouviu essas palavras severas, chorou e deixou de usar seus ornamentos. Pois o S enhor havia ordenado a Moisés: “Diga ao povo de Israel: ‘Vocês são um povo teimoso e rebelde. Se eu os acompanhasse, mesmo que só por um momento, eu os destruiria. Deixem de usar seus ornamentos enquanto decido o que fazer com vocês’”. Assim, desde quando partiram do monte Sinai, os israelitas deixaram de usar ornamentos. Moisés costumava montar uma tenda fora do acampamento, a certa distância dele, e a chamava de tenda da reunião. Quem quisesse fazer uma petição ao S enhor ia até essa tenda, fora do acampamento. Sempre que Moisés se dirigia a essa tenda, todo o povo se levantava e permanecia em pé, cada um junto à entrada de sua própria tenda. Observavam Moisés até ele entrar na tenda. Logo que Moisés entrava, uma coluna de nuvem descia e ficava suspensa no ar, à entrada da tenda, enquanto o S enhor falava com ele. Quando o povo via a nuvem à entrada da tenda, cada um permanecia em frente à própria tenda e se curvava. Ali o S enhor falava com Moisés face a face, como quem fala com um amigo. Depois Moisés voltava ao acampamento, mas seu jovem auxiliar Josué, filho de Num, ficava na tenda. Então Moisés disse ao S enhor: “Tu me ordenaste: ‘Leve este povo’, mas não disseste quem enviarias comigo. Declaraste: ‘Eu o conheço pelo nome e me agrado de você’. Se é verdade que te agradas de mim, permita-me conhecer teus caminhos para que eu te conheça melhor e continue a contar com teu favor. E lembra-te de que esta nação é teu povo”. O S enhor respondeu: “Acompanharei você pessoalmente e lhe darei descanso”. Então Moisés disse: “Se não nos acompanhares pessoalmente, não nos faças sair deste lugar. Se não nos acompanhares, como os outros saberão que teu povo e eu contamos com teu favor? Pois é tua presença em nosso meio que nos distingue, teu povo e eu, de todos os outros povos da terra”. O S enhor respondeu a Moisés: “Certamente farei o que me pede, pois me agrado de você e o conheço pelo nome”. Moisés disse: “Então peço que me mostres tua presença gloriosa”. O S enhor respondeu: “Farei passar diante de você toda a minha bondade e anunciarei diante de você o meu nome, Javé. Pois terei misericórdia de quem eu quiser, e mostrarei compaixão a quem eu quiser. Mas você não poderá olhar diretamente para minha face, pois ninguém pode me ver e continuar vivo”. O S enhor disse ainda: “Fique nesta rocha, perto de mim. Quando minha presença gloriosa passar, eu o colocarei numa abertura da rocha e o cobrirei com minha mão até que eu tenha passado. Depois, tirarei minha mão e você me verá pelas costas. Meu rosto, porém, ninguém poderá ver”. O S enhor disse a Moisés: “Corte duas tábuas de pedra como as primeiras. Nelas escreverei as mesmas palavras que estavam nas tábuas que você despedaçou. Esteja pronto amanhã cedo para subir ao Sinai e apresentar-se diante de mim no topo do monte. Ninguém deve acompanhá-lo. Aliás, ninguém deve aparecer em parte alguma do monte. Não permita sequer que os rebanhos pastem próximo ao monte”. Moisés cortou as duas tábuas de pedra como as primeiras. Logo de manhã, subiu ao monte Sinai conforme o S enhor havia ordenado, levando nas mãos as duas tábuas de pedra. Então o S enhor desceu em uma nuvem, ficou ali com Moisés e anunciou seu nome, Javé. O S enhor passou diante de Moisés, proclamando: “Javé! O S enhor! O Deus de compaixão e misericórdia! Sou lento para me irar e cheio de amor e fidelidade. Cubro de amor mil gerações e perdoo o mal, a rebeldia e o pecado. Contudo, não absolvo o culpado; trago as consequências do pecado dos pais sobre os filhos até a terceira e quarta geração”. No mesmo instante, Moisés se prostrou com o rosto no chão e adorou. Em seguida, disse: “Senhor, se é verdade que te agradas de mim, peço que nos acompanhes na jornada. É verdade que o povo é teimoso e rebelde, mas eu te peço que perdoes nossa maldade e nosso pecado. Toma-nos como tua propriedade especial”. O S enhor respondeu: “Faço hoje uma aliança com você na presença de todo o seu povo. Realizarei maravilhas jamais vistas em nação alguma ou lugar algum da terra. E todos ao seu redor verão o poder do S enhor, o poder temível que demonstrarei em seu favor. Observe com atenção, porém, tudo que eu lhe ordeno hoje. Irei à sua frente e expulsarei os amorreus, os cananeus, os hititas, os ferezeus, os heveus e os jebuseus. “Tenha muito cuidado para não assinar tratados com os povos que vivem na terra para a qual você está indo. Se o fizer, seguirá pelos maus caminhos deles e cairá numa armadilha. Em vez disso, destrua os altares idólatras, despedace as colunas sagradas e derrube os postes dedicados à deusa Aserá. Não adore outros deuses, pois o S enhor, cujo nome é Zeloso, é Deus zeloso de seu relacionamento com vocês. “Não faça tratado algum com os povos que vivem na terra. No culto a seus deuses, eles se prostituem e oferecem sacrifícios. Eles o convidarão para comer dessas ofertas, e você aceitará o convite. Depois, aceitará que as filhas deles, as quais sacrificam a outros deuses, se casem com seus filhos. Elas seduzirão seus filhos para que se prostituam adorando outros deuses. Não faça para si deuses de metal fundido. “Celebre a Festa dos Pães sem Fermento. Durante sete dias, coma seu pão sem fermento, conforme eu lhe ordenei. Celebre essa festa anualmente no tempo determinado, no mês de abibe, pois é o aniversário de sua partida do Egito. “As primeiras crias de todos os animais me pertencem, incluindo os machos das primeiras crias de seus rebanhos de bois e ovelhas. Para resgatar a primeira cria de uma jumenta, entregue ao S enhor, como substituto, um cordeiro ou um cabrito. Caso você não resgate o animal, terá de quebrar o pescoço dele. Quanto aos primeiros filhos homens, será obrigatório resgatá-los. “Ninguém deve se apresentar diante de mim de mãos vazias. “Você tem seis dias na semana para fazer os trabalhos habituais, mas no sétimo dia não deve trabalhar, mesmo nas épocas de arar e colher. “Celebre a Festa da Colheita com os primeiros frutos da colheita do trigo. Celebre também a Festa da Última Colheita no final da safra. Três vezes por ano, todos os homens de Israel comparecerão diante do Soberano, o S enhor, o Deus de Israel. Expulsarei as outras nações de diante de você e aumentarei seu território, para que ninguém cobice sua terra enquanto você comparece diante do S enhor, seu Deus, três vezes por ano. “Não ofereça o sangue de meus sacrifícios com pão que contenha fermento. Não guarde até a manhã seguinte carne alguma do sacrifício de Páscoa. “Quando fizer a colheita, leve à casa do S enhor, seu Deus, o melhor de seus primeiros frutos. “Não cozinhe o cabrito no leite da mãe dele”. O S enhor também disse a Moisés: “Escreva todas essas palavras, pois elas representam os termos da aliança que eu faço com você e com Israel”. Moisés permaneceu no monte com o S enhor quarenta dias e quarenta noites. Durante todo esse tempo, não comeu pão nem bebeu água. E escreveu os termos da aliança, os dez mandamentos, nas tábuas de pedra. Quando Moisés desceu do monte Sinai carregando as duas tábuas da aliança, não percebeu que seu rosto brilhava, pois ele havia falado com o S enhor. Quando Arão e os israelitas viram o brilho do rosto de Moisés, tiveram medo de se aproximar dele. Moisés, porém, chamou Arão e os líderes da comunidade, que se aproximaram, e Moisés falou com eles. Em seguida, todo o povo se aproximou, e Moisés lhes transmitiu todas as instruções que o S enhor lhe tinha dado no monte Sinai. Quando Moisés terminou de falar com eles, cobriu o rosto com um véu. No entanto, sempre que entrava na tenda da reunião para falar com o S enhor, tirava o véu até sair. Depois, transmitia ao povo as instruções que o S enhor lhe dava, e os israelitas viam o brilho de seu rosto. Então Moisés cobria novamente o rosto com o véu até voltar para falar com o S enhor. Moisés reuniu toda a comunidade de Israel e disse: “Estas são as instruções que o S enhor mandou que seguissem. Vocês têm seis dias na semana para fazer o trabalho habitual, mas o sétimo dia será um sábado de descanso total, um dia consagrado ao S enhor. Quem trabalhar no sábado será executado. Nem sequer acendam fogo em suas casas no sábado”. Então Moisés disse a toda a comunidade de Israel: “Foi isto que o S enhor ordenou: entreguem uma oferta ao S enhor. Todas as pessoas de coração generoso apresentem as seguintes ofertas ao S enhor: ouro, prata e bronze; fios de tecido azul, roxo e vermelho; linho fino e pelos de cabra para confeccionar tecidos; peles de carneiro tingidas de vermelho e couro fino; madeira de acácia; óleo de oliva para as lâmpadas; especiarias para o óleo da unção e para o incenso perfumado; pedras de ônix e outras pedras preciosas para serem fixadas no colete e no peitoral do sacerdote. “Todos que são artesãos talentosos, venham e façam tudo que o S enhor ordenou: o tabernáculo, tanto a tenda como a cobertura, os colchetes, as armações, os travessões, as colunas e as bases; a arca e as varas para transportá-la; a tampa da arca, que é o lugar de expiação; a cortina interna que protege a arca; a mesa, as varas para transportá-la e todos os seus utensílios; os pães da presença; o candelabro, seus acessórios, as lâmpadas e o óleo de oliva para a iluminação; o altar de incenso e as varas para transportá-lo; o óleo da unção e o incenso perfumado; a cortina para a entrada do tabernáculo; o altar do holocausto; a grelha de bronze do altar, as varas para transportá-lo e seus utensílios; a bacia de bronze e seu suporte; a cortina para as divisórias do pátio; as colunas e suas bases; a cortina para a entrada do pátio; as estacas do tabernáculo e do pátio e suas cordas; as roupas finamente confeccionadas para os sacerdotes vestirem durante o serviço no lugar santo, as roupas sagradas do sacerdote Arão e de seus filhos que também são sacerdotes”. Então toda a comunidade de Israel se despediu de Moisés. Todos aqueles cujo coração foi movido e cujo espírito foi tocado voltaram com ofertas para o S enhor. Trouxeram todos os materiais necessários para a construção da tenda do encontro, para a realização das cerimônias e para a confecção das roupas sagradas. Todos os que tinham o coração disposto, tanto homens como mulheres, vieram e trouxeram para o S enhor suas ofertas de ouro na forma de argolas, brincos, anéis e colares. Apresentaram todo tipo de objeto de ouro como oferta especial para o S enhor. Todos os que tinham fios de tecido azul, roxo e vermelho, linho fino e pelo de cabra para fazer tecidos, peles de carneiro tingidas de vermelho e couro fino os trouxeram. Todos os que tinham objetos de prata e bronze os entregaram como oferta para o S enhor. E todos os que tinham madeira de acácia a trouxeram para ser usada na obra. Todas as mulheres com habilidade para costurar e fiar prepararam fios de tecido azul, roxo e vermelho e tecido de linho fino. Todas as mulheres que se dispuseram usaram sua habilidade para fiar o pelo de cabra. Os líderes trouxeram pedras de ônix e as outras pedras preciosas para serem colocadas no colete sacerdotal e no peitoral das decisões. Trouxeram também especiarias e óleo de oliva para a iluminação, para o óleo da unção e para o incenso perfumado. Assim, todos os israelitas, todos os homens e mulheres dispostos a ajudar no trabalho que o S enhor havia ordenado por meio de Moisés, trouxeram suas ofertas e as entregaram de bom grado ao S enhor. Então Moisés disse ao povo de Israel: “O S enhor escolheu especificamente Bezalel, filho de Uri e neto de Hur, da tribo de Judá. O S enhor encheu Bezalel com o Espírito de Deus e lhe deu grande sabedoria, habilidade e perícia para trabalhos artísticos de todo tipo. Ele é exímio artesão, perito no trabalho com ouro, prata e bronze. Tem aptidão para gravar e encravar pedras preciosas e entalhar madeira. É mestre em todo trabalho artístico. O S enhor capacitou tanto Bezalel como Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã, para ensinarem suas aptidões a outros. O S enhor lhes deu habilidade especial para gravar, projetar, tecer e bordar linho fino com fios de tecido azul, roxo e vermelho. São excelentes artesãos e projetistas.” “O S enhor deu sabedoria a Bezalel, a Aoliabe e aos demais artesãos talentosos e os capacitou com habilidade e entendimento para realizarem todas as tarefas relacionadas à construção do tabernáculo. Eles o construirão conforme o S enhor ordenou”. Moisés chamou Bezalel, Aoliabe e os demais artesãos especialmente capacitados pelo S enhor e que estavam dispostos a realizar a obra. Moisés lhes deu os materiais doados pelos israelitas como ofertas para a construção do santuário. O povo, porém, continuava a trazer voluntariamente mais ofertas todas as manhãs. Por fim, os artesãos que estavam trabalhando no santuário interromperam a obra e informaram a Moisés: “O povo trouxe mais que o suficiente para completarmos o trabalho que o S enhor nos ordenou!”. Então Moisés deu a seguinte ordem, que foi transmitida a todo o acampamento: “Homens e mulheres, não preparem mais ofertas para o santuário. Temos o suficiente!”. Assim, o povo parou de trazer suas ofertas. Suas contribuições foram mais que suficientes para completar todo o projeto. Os artesãos habilidosos fizeram para o tabernáculo dez cortinas de linho finamente tecido. Bezalel enfeitou as cortinas com fios de tecido azul, roxo e vermelho e com querubins bordados com habilidade. As dez cortinas eram exatamente do mesmo tamanho, com 12,6 metros de comprimento e 1,8 metro de largura. Juntaram cinco das cortinas para formar uma cortina longa e depois juntaram as cinco restantes para formar outra cortina longa. Bezalel fez cinquenta laços de tecido azul e prendeu-os ao longo da borda da última cortina de cada conjunto. Os cinquenta laços ao longo da borda de uma cortina coincidiam com os cinquenta laços ao longo da borda da outra cortina. Em seguida, fez cinquenta colchetes de ouro e prendeu as cortinas longas uma à outra. Desse modo, o tabernáculo foi formado de uma só peça contínua. Fez também onze cortinas de tecido de pelo de cabra para cobrir o tabernáculo. Essas onze cortinas eram todas exatamente do mesmo tamanho, com 13,5 metros de comprimento e 1,8 metro de largura. Bezalel juntou cinco das cortinas para formar uma cortina longa e depois juntou as seis restantes para formar outra cortina longa. Fez cinquenta laços para a borda de cada cortina longa. Fez ainda cinquenta colchetes de bronze para prender as cortinas longas uma à outra. Desse modo, a cobertura da tenda foi formada de uma só peça contínua. Por fim, completou a cobertura da tenda com uma camada protetora feita de peles de carneiro tingidas de vermelho e uma camada de couro fino. Para a estrutura do tabernáculo, Bezalel construiu armações de madeira de acácia. Cada armação tinha 4,5 metros de altura e 67,5 centímetros de largura, com duas hastes na parte inferior de cada armação. Todas as armações eram idênticas. Construiu vinte armações para sustentar as cortinas do lado sul do tabernáculo. Fez também quarenta bases de prata, duas para cada armação, de modo que as hastes se encaixavam firmemente nas bases. Para o lado norte do tabernáculo, construiu outras vinte armações, com quarenta bases de prata, duas bases para cada armação. Fez seis armações para a parte de trás, o lado oeste do tabernáculo, junto com mais duas armações para reforçar os cantos das duas extremidades do tabernáculo. As armações dos cantos foram emparelhadas na parte inferior e firmemente ligadas uma à outra na parte superior com uma argola, formando um só suporte de canto. Ambos os suportes de canto foram feitos dessa maneira. Havia, portanto, oito armações na parte de trás do tabernáculo, encaixadas sobre dezesseis bases de prata, duas bases debaixo de cada armação. Em seguida, fez travessões de madeira de acácia para ligar as armações, cinco travessões para o lado norte do tabernáculo e cinco travessões para o lado sul. Fez também cinco travessões para a parte de trás do tabernáculo, que ficava virada para o oeste. Fez o travessão central ligado a meia altura às armações, estendendo-se de uma ponta à outra do tabernáculo. Revestiu as armações com ouro e fez argolas de ouro para sustentar os travessões. Depois, revestiu com ouro os travessões. Para o interior do tabernáculo, Bezalel confeccionou uma cortina especial de linho fino, trançado com fios de tecido azul, roxo e vermelho e com querubins bordados com habilidade. Fez para a cortina quatro colunas de madeira de acácia e quatro ganchos de ouro. Revestiu as colunas com ouro e apoiou-as sobre quatro bases de prata. Em seguida, fez outra cortina para a entrada da tenda. Confeccionou-a com linho finamente tecido e bordou-a artisticamente, usando fios de tecido azul, roxo e vermelho. Pendurou a cortina em ganchos de ouro presos a cinco colunas. Revestiu com ouro as colunas, seus capitéis e seus ganchos e mandou fundir para elas cinco bases de bronze. Em seguida, Bezalel fez uma arca de madeira de acácia, com 1,15 metro de comprimento, 67,5 centímetros de largura e 67,5 centímetros de altura. Revestiu-a com ouro puro por dentro e por fora e fez uma moldura de ouro ao seu redor. Mandou fundir quatro argolas de ouro e prendeu-as aos quatro pés da arca, duas argolas de cada lado. Fez varas de madeira de acácia e revestiu-as com ouro. Passou-as por dentro das argolas dos lados da arca para transportá-la. Fez ainda a tampa da arca, o lugar de expiação, de ouro puro. Media 1,15 metro de comprimento e 67,5 centímetros de largura. Fez dois querubins de ouro batido e colocou um em cada extremidade da tampa. Modelou o querubim em cada extremidade da tampa de modo a formar uma só peça de ouro com a tampa. Os querubins ficavam de frente um para o outro, com o rosto voltado para a tampa da arca. Estendiam suas asas sobre a tampa para cobri-la. Bezalel fez a mesa de madeira de acácia com 90 centímetros de comprimento, 45 centímetros de largura e 67,5 centímetros de altura. Revestiu-a com ouro puro e colocou uma moldura de ouro ao seu redor. Enfeitou-a com uma borda de 8 centímetros de largura e com uma moldura de ouro ao redor da borda. Fez quatro argolas de ouro para a mesa e prendeu-as aos quatro cantos, junto aos quatro pés. Prendeu as argolas junto da borda para sustentar as varas usadas para transportar a mesa. Fez essas varas de madeira de acácia e revestiu-as com ouro. Fez ainda recipientes especiais de ouro puro para a mesa: tigelas, colheres, vasilhas e jarras para as ofertas derramadas. Bezalel fez um candelabro de ouro puro batido. Todo o candelabro e seus enfeites formavam uma só peça: a base, a haste central, as lâmpadas, os botões e as flores. Da haste central saíam seis ramos, três de cada lado. Cada um dos seis ramos tinha três lâmpadas em forma de flor de amendoeira, com botões e flores. A haste central do candelabro tinha quatro lâmpadas em forma de flor de amendoeira, cada uma com botões e flores. Havia um botão de amendoeira debaixo de cada par dos seis ramos que saíam da haste central. Os botões de amendoeira e os ramos formavam uma só peça com a haste central e eram feitos de ouro puro batido. Fez também sete lâmpadas para o candelabro, cortadores de pavio e apagadores, todos de ouro puro. Foram necessários 35 quilos de ouro puro para o candelabro e seus acessórios. Depois, Bezalel usou madeira de acácia para construir o altar de incenso. Ele o fez quadrado, com 45 centímetros de lado e 90 centímetros de altura, com pontas em forma de chifre nos cantos entalhados da mesma peça de madeira que o altar. Revestiu o topo, os lados e as pontas do altar com ouro puro e fez uma moldura de ouro ao seu redor. Fez duas argolas de ouro e prendeu-as nos lados opostos do altar, debaixo da moldura de ouro, para sustentar as varas usadas para transportá-lo. Fez as varas de madeira de acácia e revestiu-as com ouro. Em seguida, preparou o óleo sagrado da unção e o incenso perfumado usando as técnicas de um perfumista. Usando madeira de acácia, Bezalel construiu um altar quadrado para o holocausto, com 2,25 metros de largura e comprimento e 1,35 metro de altura. Fez uma ponta em forma de chifre para cada um dos quatro cantos, de modo que as pontas e o altar formavam uma só peça. Revestiu o altar com bronze. Depois, fez os utensílios do altar: baldes para recolher as cinzas, pás, bacias, garfos para a carne e braseiros, todos de bronze. Fez também uma grelha de bronze e a colocou a meia altura do altar, debaixo da borda. Fez quatro argolas de bronze e prendeu-as aos cantos da grelha de bronze, para sustentar as varas usadas para carregar o altar. Fez as varas de madeira de acácia e as revestiu com bronze. Por dentro das argolas dos dois lados do altar, passou as varas usadas para transportá-lo. O altar era oco e feito de tábuas. Bezalel fez a bacia de bronze e seu suporte de bronze com espelhos doados pelas mulheres que serviam à entrada da tenda do encontro. Bezalel fez ainda o pátio, que era fechado com cortinas de linho finamente tecido. As cortinas do lado sul tinham 45 metros de comprimento e eram penduradas em vinte colunas apoiadas firmemente em vinte bases de bronze. Pendurou as cortinas com ganchos e argolas de prata. Colocou do lado norte cortinas idênticas a essas, com 45 metros de comprimento, penduradas em vinte colunas apoiadas firmemente em bases de bronze. Pendurou as cortinas com ganchos e argolas de prata. As cortinas do lado oeste do pátio tinham 22,5 metros de comprimento e eram penduradas com ganchos e argolas de prata em dez colunas apoiadas em dez bases. O lado leste do pátio também tinha 22,5 metros de comprimento. A entrada do pátio ficava do lado leste, situada entre duas cortinas. A cortina do lado sul tinha 6,75 metros de comprimento e era pendurada em três colunas apoiadas em três bases. A cortina do lado norte também tinha 6,75 metros de comprimento e era pendurada em três colunas apoiadas em três bases. Todas as cortinas ao redor do pátio eram de linho finamente tecido. Cada uma das colunas tinha uma base de bronze, e todos os ganchos e argolas eram de prata. Os capitéis das colunas do pátio eram revestidos de prata, e as argolas usadas para pendurar as cortinas eram de prata. Para a entrada do pátio, confeccionou uma cortina de linho finamente tecido e a enfeitou com lindos bordados de fios de tecido azul, roxo e vermelho. A cortina tinha 9 metros de comprimento e 2,25 metros de altura, como as cortinas das divisórias do pátio. Era pendurada em quatro colunas, cada uma apoiada firmemente em sua própria base de bronze. Os capitéis das colunas eram revestidos de prata, e os ganchos e argolas também eram de prata. Todas as estacas usadas para sustentar o tabernáculo e o pátio eram de bronze. Esta é uma relação dos materiais usados na construção do tabernáculo, o santuário da aliança. Os levitas registraram os valores totais conforme Moisés os havia instruído, e Itamar, filho do sacerdote Arão, supervisionou esse trabalho. Bezalel, filho de Uri e neto de Hur, da tribo de Judá, fez tudo exatamente conforme o S enhor havia ordenado a Moisés. Recebeu a ajuda de Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã, artesão perito em gravar, projetar e bordar em linho fino com fios de tecido azul, roxo e vermelho. O povo contribuiu com ofertas especiais de ouro que totalizaram 1.024 quilos, calculados de acordo com o siclo do santuário. Esse ouro foi usado em toda a construção do santuário. A comunidade toda de Israel contribuiu com 3.520 quilos de prata, calculados de acordo com o siclo do santuário. Essa prata veio do imposto recolhido de cada homem registrado no censo (o imposto era de uma beca, isto é, meio siclo, conforme o siclo do santuário). O imposto foi arrecadado de 603.550 homens de 20 anos para cima. Para fazer as cem bases para as armações das paredes do santuário e das colunas que sustentavam a cortina interna foram necessários 3.500 quilos de prata, cerca de 35 quilos para cada base. Os 20 quilos de prata restantes foram usados para fazer os ganchos e argolas e para revestir os capitéis das colunas. O povo também contribuiu com uma oferta especial de 2.480 quilos de bronze, usados para fundir as bases das colunas à entrada da tenda do encontro e para o altar de bronze com sua grelha de bronze e todos os utensílios do altar. O bronze também foi usado para fazer as bases das colunas nas quais era pendurada a cortina da entrada do pátio e para todas as estacas ao redor do tabernáculo e o pátio. Os artesãos confeccionaram belas roupas sagradas de tecido azul, roxo e vermelho para Arão vestir ao servir no lugar santo, conforme o S enhor havia ordenado a Moisés. Bezalel fez o colete sacerdotal de linho finamente tecido e bordou-o usando fios de ouro e fios de tecido azul, roxo e vermelho. Para fazer os fios de ouro, bateu o metal até formar lâminas finas e as cortou em fios. Com grande habilidade e cuidado, bordou os fios de ouro no linho fino, com fios de tecido azul, roxo e vermelho. O colete sacerdotal tinha duas peças, unidas nos ombros por duas ombreiras. O cinturão decorativo era feito dos mesmos materiais: linho finamente tecido bordado com fios de ouro e fios de tecido azul, roxo e vermelho, conforme o S enhor havia ordenado a Moisés. Duas pedras de ônix foram presas em suportes de filigranas de ouro. Nas pedras tinham sido gravados os nomes das tribos de Israel, da mesma forma que se grava um selo. Bezalel prendeu as pedras às ombreiras do colete como recordação de que o sacerdote representa os israelitas. Tudo isso foi feito conforme o S enhor havia ordenado a Moisés. Bezalel fez o peitoral com grande habilidade e cuidado. Confeccionou-o de modo que combinasse com o colete sacerdotal, usando linho finamente tecido, bordado com ouro e com fios de tecido azul, roxo e vermelho. Fez o peitoral de uma só peça dobrada de tecido, formando um bolso quadrado com 22,5 centímetros de lado. Fixou no peitoral quatro fileiras de pedras preciosas. A primeira fileira tinha um rubi, um topázio e um berilo. A segunda fileira era composta de uma turquesa, uma safira e uma esmeralda. A terceira fileira era composta de um jacinto, uma ágata e uma ametista. A quarta fileira tinha um crisólito, um ônix e um jaspe. Todas essas pedras eram presas a suportes de filigranas de ouro. Cada pedra representava um dos doze filhos de Israel e trazia gravado o nome da tribo correspondente, como em um selo. Para prender o peitoral ao colete sacerdotal, fizeram correntes de fios trançados de ouro puro. Fizeram também dois suportes de filigranas de ouro e duas argolas de ouro, que foram presas aos cantos superiores do peitoral. Amarraram as duas correntes de ouro nas duas argolas do peitoral. Amarraram as outras pontas das correntes aos suportes de filigrana de ouro sobre as ombreiras do colete. Em seguida, fizeram mais duas argolas de ouro e as prenderam às bordas interiores do peitoral, junto ao colete. Fizeram outras duas argolas de ouro e as prenderam à parte da frente do colete, abaixo das ombreiras e logo acima do nó que amarrava o cinturão decorativo ao colete. Prenderam as argolas inferiores do peitoral às argolas do colete com cordões azuis, para que o peitoral ficasse firmemente preso ao colete acima do cinturão. Tudo isso foi feito conforme o S enhor havia ordenado a Moisés. Bezalel fez de uma só peça de tecido azul o manto que é usado com o colete sacerdotal, com uma abertura no meio da peça para a cabeça de Arão. A abertura foi reforçada com uma gola, para que não se rasgasse. Fizeram romãs de fios de tecido azul, roxo e vermelho e as prenderam à borda do manto. Fizeram também sinos de ouro puro e os prenderam entre as romãs à borda do manto, intercalando sinos e romãs por toda a volta da borda. Esse manto deveria ser usado sempre que o sacerdote realizasse seu serviço, conforme o S enhor havia ordenado a Moisés. Confeccionaram para Arão e seus filhos túnicas de linho fino. O turbante especial e os outros turbantes também foram confeccionados de linho fino, e as roupas de baixo foram feitas de linho finamente tecido. Os cinturões foram feitos de linho finamente tecido e bordados com fios de tecido azul, roxo e vermelho, conforme o S enhor havia ordenado a Moisés. Fizeram de ouro puro a tiara sagrada, o emblema de santidade. Gravaram nela, como em um selo, as palavras Santo para o S enhor. Prenderam a tiara com um cordão azul à parte da frente do turbante de Arão, conforme o S enhor havia ordenado a Moisés. Assim, a construção do tabernáculo, a tenda do encontro, foi concluída. Os israelitas fizeram tudo conforme o S enhor havia ordenado a Moisés. Então apresentaram a Moisés o tabernáculo completo: a tenda com toda a sua mobília, os colchetes, as armações, os travessões, as colunas e as bases; as coberturas da tenda, feitas de peles de carneiro tingidas de vermelho e couro fino; a cortina interna que protegia a arca; a arca da aliança e as varas para transportá-la; a tampa da arca, que é o lugar de expiação; a mesa e todos os seus utensílios; os pães da presença; o candelabro de ouro puro, com suas lâmpadas simétricas, todos os seus acessórios e o óleo de oliva para a iluminação; o altar de ouro; o óleo da unção e o incenso perfumado; a cortina para a entrada da tenda; o altar de bronze com a grelha de bronze, as varas para transportá-lo e seus utensílios; a bacia de bronze e seu suporte; a cortina para as divisórias do pátio; as colunas e suas bases; a cortina para a entrada do pátio; as cordas e as estacas; todos os utensílios a serem usados durante as cerimônias no tabernáculo, a tenda do encontro; as roupas finamente confeccionadas para os sacerdotes vestirem enquanto estiverem servindo no lugar santo, as roupas sacerdotais sagradas de Arão e as roupas que seus filhos vestiriam durante o serviço. Os israelitas seguiram todas as instruções que o S enhor tinha dado a Moisés acerca da obra. Então Moisés inspecionou todo o trabalho. Quando verificou que tinha sido feito conforme o S enhor havia ordenado, abençoou o povo. O S enhor disse a Moisés: “Arme o tabernáculo, a tenda do encontro, no primeiro dia do primeiro mês. Coloque a arca da aliança dentro dele e pendure a cortina interna para proteger a arca. Depois, traga a mesa para dentro e coloque sobre ela os utensílios. Traga também o candelabro e instale suas lâmpadas. “Ponha o altar de ouro para o incenso diante da arca da aliança e pendure a cortina à entrada do tabernáculo. Coloque o altar do holocausto diante da entrada do tabernáculo, a tenda do encontro. Ponha a bacia entre a tenda do encontro e o altar e encha-a de água. Em seguida, arme o pátio ao redor da tenda e pendure a cortina da entrada do pátio. “Pegue o óleo da unção e unja o tabernáculo e toda a sua mobília, para consagrá-los; assim, ele será santo. Unja o altar do holocausto e seus utensílios para consagrá-los; assim, ele será santíssimo. Depois, unja a bacia e seu suporte para consagrá-los. “Traga Arão e seus filhos até a entrada da tenda do encontro e lave-os com água. Vista Arão com as roupas sagradas, unja-o e consagre-o, para que me sirva como sacerdote. Traga os filhos de Arão e vista-os com as túnicas. Unja-os como ungiu o pai deles, para que também me sirvam como sacerdotes. Com a unção, os descendentes de Arão são separados para o sacerdócio para sempre, de geração em geração”. Moisés fez tudo que o S enhor lhe havia ordenado. O tabernáculo foi armado no primeiro dia do primeiro mês do segundo ano. Para armar o tabernáculo, Moisés colocou as bases em seus lugares, encaixou as armações, prendeu os travessões e levantou as colunas. Em seguida, estendeu a tenda sobre a estrutura do tabernáculo e, por cima, colocou a cobertura, conforme o S enhor havia ordenado. Pegou as tábuas da aliança e as colocou dentro da arca. Prendeu à arca as varas para transportá-la e a cobriu com a tampa, o lugar de expiação. Depois, trouxe a arca da aliança para dentro da tenda do encontro e pendurou a cortina interna que a protegia, conforme o S enhor havia ordenado. Em seguida, Moisés colocou a mesa da tenda do encontro do lado norte do lugar santo, do lado de fora da cortina interna. Arrumou sobre a mesa os pães da presença diante do S enhor, conforme o S enhor havia ordenado. Pôs o candelabro dentro da tenda do encontro, em frente à mesa, do lado sul do lugar santo. Acendeu as lâmpadas na presença do S enhor, conforme o S enhor havia ordenado. Colocou também o altar de ouro para o incenso na tenda do encontro diante da cortina interna e queimou sobre ele incenso perfumado, conforme o S enhor havia ordenado. Pendurou a cortina à entrada do tabernáculo e colocou o altar do holocausto perto da entrada do tabernáculo, a tenda do encontro. Apresentou sobre o altar um holocausto e uma oferta de cereal, conforme o S enhor havia ordenado. Em seguida, Moisés colocou a bacia entre a tenda do encontro e o altar e encheu-a de água para que os sacerdotes pudessem se lavar. Moisés, Arão e os filhos de Arão usavam a água da bacia para lavar as mãos e os pés. Lavavam-se cada vez que se aproximavam do altar e entravam na tenda do encontro, conforme o S enhor havia ordenado. Moisés pendurou as cortinas que cercavam o pátio ao redor do tabernáculo e do altar e colocou a cortina à entrada do pátio. Assim, Moisés finalmente terminou o trabalho. Então a nuvem cobriu a tenda do encontro, e a glória do S enhor encheu o tabernáculo. Moisés não podia mais entrar na tenda do encontro, pois a nuvem estava sobre ela, e a glória do S enhor a enchia. Sempre que a nuvem se levantava de cima do tabernáculo, os israelitas seguiam viagem. Mas, se a nuvem não se levantava, permaneciam onde estavam até a nuvem se elevar. Durante o dia, a nuvem do S enhor pairava no ar acima do tabernáculo e, à noite, fogo ardia dentro da nuvem, de modo que todo o povo de Israel podia vê-la. E isso ocorreu ao longo de todas as jornadas dos israelitas. Da tenda do encontro, o S enhor chamou Moisés e lhe disse: “Dê as seguintes instruções ao povo de Israel. Quando você apresentar um animal como oferta para o S enhor, escolha-o dos rebanhos de gado, ovelhas ou cabras. “Se o animal que apresentar como holocausto for do rebanho de gado, deverá ser um macho sem defeito. Leve-o até a entrada da tenda do encontro, para que seja aceito pelo S enhor. Coloque a mão sobre a cabeça do animal, para que seja aceito em seu lugar como expiação. Mate o novilho na presença do S enhor, e os filhos de Arão, os sacerdotes, oferecerão o sangue do animal, derramando-o em todos os lados do altar que está à entrada da tenda do encontro. Depois, tire a pele do animal e corte-o em pedaços. Os filhos do sacerdote Arão acenderão o fogo no altar e ali arrumarão a lenha. Arrumarão também os pedaços da oferta, incluindo a cabeça e a gordura, sobre a lenha acesa no altar, mas os órgãos internos e as pernas serão lavados primeiro com água. Então o sacerdote queimará tudo no altar como holocausto. É uma oferta especial, um aroma agradável ao S enhor. “Se o animal que apresentar como holocausto for um carneiro ou um cabrito, deverá ser um macho sem defeito. Mate o animal junto ao lado norte do altar, na presença do S enhor, e os filhos de Arão, os sacerdotes, derramarão o sangue do animal em todos os lados do altar. Depois, corte o animal em pedaços, incluindo a cabeça e a gordura. Os sacerdotes arrumarão os pedaços da oferta sobre a lenha acesa no altar, mas os órgãos internos e as pernas serão lavados primeiro com água. Então o sacerdote queimará tudo no altar como holocausto. É uma oferta especial, um aroma agradável ao S enhor. “Se apresentar ao S enhor uma ave como holocausto, deverá ser uma rolinha ou um pombinho. O sacerdote levará a ave até o altar, destroncará a cabeça dela e deixará o sangue escorrer na lateral do altar. Em seguida, queimará a ave. O sacerdote removerá o papo e as penas da cauda da ave e os lançará do lado leste do altar, sobre as cinzas. Depois, segurando a ave pelas asas, o sacerdote a partirá, mas sem despedaçá-la, e a apresentará como holocausto sobre a lenha acesa no altar. É uma oferta especial, um aroma agradável ao S enhor.” “Quando apresentar ao S enhor uma oferta de cereal, deverá ser de farinha da melhor qualidade. Derrame azeite sobre a farinha, acrescente um pouco de incenso e leve-a aos filhos de Arão, os sacerdotes. O sacerdote pegará um punhado da farinha umedecida com azeite, junto com todo o incenso, e queimará essa porção memorial no altar. É uma oferta especial, um aroma agradável ao S enhor. O restante da oferta de cereal será entregue a Arão e a seus filhos. Essa oferta será considerada parte santíssima das ofertas especiais apresentadas ao S enhor. “Se a oferta for de cereal assado no forno, deverá ser de farinha da melhor qualidade, mas sem fermento: bolos misturados com azeite ou pães finos untados com azeite. Se a oferta de cereal for preparada numa assadeira, deverá ser de farinha da melhor qualidade misturada com azeite, mas sem fermento. Divida-a em pedaços e derrame azeite sobre ela. É oferta de cereal. Se a oferta de cereal for preparada numa panela, deverá ser de farinha da melhor qualidade misturada com azeite. “Quando trouxer a oferta de cereal que foi preparada para o S enhor, entregue-a ao sacerdote, que a apresentará no altar. O sacerdote tomará uma porção memorial da oferta de cereal e a queimará no altar. É uma oferta especial, um aroma agradável ao S enhor. O restante da oferta de cereal será entregue a Arão e a seus filhos como alimento. Essa oferta será considerada parte santíssima das ofertas especiais apresentadas ao S enhor. “Não use fermento ao preparar qualquer das ofertas de cereal a ser apresentada ao S enhor, pois nem fermento nem mel devem ser queimados como oferta especial apresentada ao S enhor. É permitido acrescentar fermento e mel às ofertas dos primeiros frutos da colheita, mas nunca devem ser oferecidos no altar como aroma agradável ao S enhor. Tempere com sal todas as suas ofertas de cereal. Não deixe de usar o sal da aliança do seu Deus em todas as suas ofertas de cereal. Todas as ofertas que trouxerem deverão ter sal. “Se apresentar ao S enhor uma oferta de cereal dos primeiros frutos de sua colheita, apresente grãos frescos moídos grosseiramente e tostados no fogo. Derrame azeite sobre essa oferta de cereal e acrescente um pouco de incenso. O sacerdote tomará uma porção memorial dos grãos umedecidos com azeite, junto com todo o incenso, e queimará como oferta especial apresentada ao S enhor.” “Se apresentar ao S enhor um animal do rebanho de gado como oferta de paz, poderá ser macho ou fêmea, desde que seja sem defeito. Coloque a mão sobre a cabeça do animal e mate-o à entrada da tenda do encontro. Os filhos de Arão, os sacerdotes, derramarão o sangue do animal em todos os lados do altar. Dessa oferta de paz, uma parte será apresentada como oferta especial para o S enhor. Incluirá toda a gordura que envolve os órgãos internos, os dois rins, a gordura ao redor deles perto dos lombos e o lóbulo do fígado. Todas essas partes serão removidas junto com os rins, e os filhos de Arão queimarão tudo sobre a lenha acesa no altar. É uma oferta especial, um aroma agradável ao S enhor. “Se apresentar ao S enhor um animal dos rebanhos de ovelhas ou de cabras como oferta de paz, poderá ser macho ou fêmea, desde que seja sem defeito. Se apresentar como oferta um cordeiro, traga-o perante o S enhor, coloque a mão sobre a cabeça do animal e mate-o à entrada da tenda do encontro. Os filhos de Arão derramarão o sangue do cordeiro em todos os lados do altar. Dessa oferta de paz, a gordura será apresentada como oferta especial para o S enhor. Incluirá a gordura da parte gorda da cauda, cortada rente à espinha, toda a gordura que envolve os órgãos internos, os dois rins, a gordura ao redor deles perto dos lombos e o lóbulo do fígado. Todas essas partes serão removidas junto com os rins, e o sacerdote queimará tudo no altar. É uma oferta especial de alimento apresentado ao S enhor. “Se apresentar um cabrito como oferta, traga-o perante o S enhor, coloque a mão sobre a cabeça do animal e mate-o à entrada da tenda do encontro. Os filhos de Arão derramarão o sangue do cabrito em todos os lados do altar. Dessa oferta, uma parte será apresentada como oferta especial para o S enhor. Incluirá toda a gordura que envolve os órgãos internos, os dois rins, a gordura ao redor deles perto dos lombos e o lóbulo do fígado. Todas essas partes serão removidas junto com os rins, e o sacerdote queimará tudo no altar. É uma oferta especial de alimento, um aroma agradável ao S enhor. Toda a gordura pertence ao S enhor. “Jamais coma a gordura ou o sangue. Essa é uma lei permanente para você e deve ser cumprida de geração em geração, onde quer que morarem”. Então o S enhor disse a Moisés: “Dê as seguintes instruções ao povo de Israel. É isto que devem fazer aqueles que pecam sem intenção, quebrando algum dos mandamentos do S enhor. “Se o sacerdote ungido pecar, trazendo culpa sobre todo o povo, apresentará ao S enhor um novilho sem defeito como oferta pelo pecado que cometeu. Trará o novilho perante o S enhor à entrada da tenda do encontro, colocará a mão sobre a cabeça do animal e o matará diante do S enhor. O sacerdote ungido levará um pouco do sangue do novilho para dentro da tenda do encontro, molhará o dedo no sangue e com ele aspergirá sete vezes diante do S enhor, em frente à cortina interna do santuário. Em seguida, o sacerdote colocará um pouco do sangue nas pontas do altar de incenso perfumado que está na presença do S enhor, dentro da tenda do encontro. O restante do sangue do novilho ele derramará na base do altar do holocausto, à entrada da tenda do encontro. Depois, removerá toda a gordura do novilho a ser apresentado como oferta pelo pecado, incluindo a gordura que envolve os órgãos internos, os dois rins, a gordura ao redor deles perto dos lombos e o lóbulo do fígado. Removerá todas essas partes junto com os rins, como se faz com os animais apresentados como oferta de paz, e queimará tudo no altar do holocausto. Mas o que restar do novilho — o couro, a carne, a cabeça, as pernas, os órgãos internos e os excrementos — ele tomará e levará para um lugar cerimonialmente puro, fora do acampamento, onde são jogadas as cinzas. Ali, sobre o monte de cinzas, queimará os restos num fogo feito com lenha. “Se toda a comunidade de Israel pecar, quebrando algum dos mandamentos do S enhor, mas não se der conta disso, ainda assim será culpada. Quando perceber seu pecado, o povo trará um novilho como oferta pelo pecado e o apresentará à entrada da tenda do encontro. As autoridades da comunidade colocarão as mãos sobre a cabeça do novilho e o matarão diante do S enhor. O sacerdote ungido levará um pouco do sangue do novilho para dentro da tenda do encontro, molhará o dedo no sangue e com ele aspergirá sete vezes diante do S enhor, em frente à cortina interna. Em seguida, colocará um pouco do sangue nas pontas do altar que está na presença do S enhor, dentro da tenda do encontro. O restante do sangue do novilho ele derramará na base do altar do holocausto, à entrada da tenda do encontro. Depois, removerá toda a gordura do novilho e a queimará no altar, como se faz com o novilho apresentado como oferta pelo pecado. Desse modo, o sacerdote fará expiação pelo povo, e eles serão perdoados. Então o sacerdote tomará o que restar do novilho, levará para fora do acampamento e o queimará ali, como se faz com a oferta pelo pecado. Essa oferta é pelo pecado de toda a comunidade de Israel. “Se um dos líderes do povo pecar, quebrando algum dos mandamentos do S enhor, seu Deus, mas não se der conta disso, ainda assim será culpado. Quando perceber seu pecado, o líder apresentará como oferta um bode sem defeito. Colocará a mão sobre a cabeça do bode e o matará diante do S enhor, no mesmo lugar onde são mortos os animais para os holocaustos. É uma oferta pelo pecado. O sacerdote molhará o dedo no sangue da oferta pelo pecado e o colocará nas pontas do altar do holocausto. O restante do sangue ele derramará na base do altar. Em seguida, queimará no altar toda a gordura do bode, como se faz com a oferta de paz. Desse modo, o sacerdote fará expiação pelo líder, e ele será perdoado. “Se outra pessoa do povo pecar, quebrando algum dos mandamentos do S enhor, mas não se der conta disso, ainda assim será culpada. Quando perceber seu pecado, ela apresentará como oferta pelo pecado uma cabra sem defeito. Colocará a mão sobre a cabeça do animal da oferta pelo pecado e o matará no mesmo lugar onde são mortos os animais para os holocaustos. O sacerdote molhará o dedo no sangue e o colocará nas pontas do altar do holocausto. O restante do sangue ele derramará na base do altar. Em seguida, removerá toda a gordura da cabra, como se faz com a oferta de paz, e a queimará sobre o altar como um aroma agradável ao S enhor. Desse modo, o sacerdote fará expiação pela pessoa, e ela será perdoada. “Se alguém trouxer uma ovelha como oferta pelo pecado, deverá ser sem defeito. A pessoa colocará a mão sobre a cabeça do animal da oferta pelo pecado e o matará no mesmo lugar onde são mortos os animais para os holocaustos. O sacerdote molhará o dedo no sangue da oferta pelo pecado e o colocará nas pontas do altar do holocausto. O restante do sangue ele derramará na base do altar. Em seguida, removerá toda a gordura da ovelha, como se faz com a gordura do cordeiro apresentado como oferta de paz, e a queimará no altar como oferta especial apresentada ao S enhor. Desse modo, o sacerdote fará expiação pela pessoa, e ela será perdoada.” “Se alguém for chamado para testemunhar a respeito de algo que tenha visto ou que seja de seu conhecimento, mas se recusar a fazê-lo, comete pecado e deverá ser castigado por causa de seu pecado. “Se alguém, mesmo sem saber, tocar em algo cerimonialmente impuro, como o cadáver de um animal impuro, seja um animal selvagem, um animal doméstico ou um animal que rasteja pelo chão, quando perceber o que aconteceu, deverá reconhecer sua contaminação e culpa. “Se alguém, mesmo sem saber, tocar em algo que o torne impuro, quando perceber o que aconteceu, deverá reconhecer sua culpa. “Se alguém, mesmo sem saber, fizer um voto impensado de qualquer tipo, para o bem ou para o mal, quando perceber a imprudência do voto, deverá reconhecer sua culpa. “Quando alguém perceber sua culpa, em qualquer um desses casos, deverá confessar seu pecado. Como castigo pelo pecado, trará ao S enhor uma ovelha ou uma cabra do rebanho. É uma oferta pelo pecado, com a qual o sacerdote fará expiação pelo pecado da pessoa. “Se a pessoa não tiver recursos para oferecer uma ovelha, trará ao S enhor duas rolinhas ou dois pombinhos como castigo pelo pecado. Uma das aves será para a oferta pelo pecado, e a outra, para o holocausto. Ela as entregará ao sacerdote, que apresentará a primeira ave como oferta pelo pecado. Ele torcerá o pescoço da ave, mas não arrancará a cabeça. Em seguida, aspergirá os lados do altar com um pouco do sangue da oferta pelo pecado e deixará o sangue restante escorrer para a base do altar. É uma oferta pelo pecado. Depois disso, o sacerdote preparará a segunda ave como holocausto, de acordo com a forma prescrita. Desse modo, o sacerdote fará expiação pelo pecado da pessoa, e ela será perdoada. “Se a pessoa não tiver condições de oferecer sequer duas rolinhas ou dois pombinhos, trará dois litros de farinha da melhor qualidade como oferta pelo pecado. Uma vez que é uma oferta pelo pecado, não misturará azeite com a farinha nem acrescentará incenso. Trará a farinha ao sacerdote, que pegará um punhado como porção memorial e queimará a porção no altar, sobre as ofertas especiais apresentadas ao S enhor. É uma oferta pelo pecado. Desse modo, o sacerdote fará expiação por aqueles que forem culpados de algum desses pecados, e eles serão perdoados. O restante da farinha será do sacerdote, como se faz com a oferta de cereal”. O S enhor disse a Moisés: “Se alguém cometer um delito religioso, violando, mesmo sem intenção, algum mandamento sobre as coisas consagradas do S enhor, deverá trazer ao S enhor uma oferta pela culpa. A oferta será um carneiro sem defeito do seu próprio rebanho, calculado em prata de acordo com o siclo do santuário. A pessoa pagará uma indenização referente ao delito religioso que cometeu, com um acréscimo de um quinto do valor. Quando entregar o pagamento ao sacerdote, ele fará expiação pela pessoa com o carneiro sacrificado como oferta pela culpa, e ela será perdoada. “Se alguém pecar, quebrando algum dos mandamentos do S enhor, mesmo que não tenha consciência do que fez, é culpado e será castigado por causa de seu pecado. Como oferta pela culpa, trará ao sacerdote um carneiro sem defeito do próprio rebanho, devidamente avaliado. Desse modo, o sacerdote fará expiação pelo pecado não intencional que a pessoa cometeu, e ela será perdoada. Essa é uma oferta pela culpa, pois a pessoa certamente se tornou culpada diante do S enhor ”. Então o S enhor disse a Moisés: “Quando alguém pecar, enganando seu próximo, também estará cometendo um delito contra o S enhor. Se esse alguém for desonesto num negócio que envolve depósito como garantia, ou roubar, ou praticar extorsão, ou encontrar um objeto e negar que o encontrou, ou mentir depois de jurar dizer a verdade a respeito desse pecado, ou alguma prática semelhante, será culpado pelo pecado que cometeu. Devolverá o que roubou, ou o valor que extorquiu, ou o depósito feito como garantia, ou o objeto perdido que encontrou, ou qualquer coisa que tenha obtido com juramento falso. Fará restituição pagando à pessoa prejudicada o total, com um acréscimo de um quinto do valor. No mesmo dia, apresentará uma oferta pela culpa. Como oferta pela culpa para o S enhor, trará ao sacerdote um carneiro sem defeito do próprio rebanho, devidamente avaliado. Desse modo, o sacerdote fará expiação pela pessoa diante do S enhor, e ela será perdoada de qualquer desses pecados que tenha cometido”. Então o S enhor disse a Moisés: “Dê a Arão e a seus filhos as seguintes instruções para os holocaustos. Os holocaustos serão deixados sobre o altar até a manhã seguinte, e o fogo sobre o altar será mantido aceso a noite toda. Pela manhã, depois que o sacerdote de serviço tiver vestido suas roupas oficiais de linho e as roupas de baixo, também de linho, limpará as cinzas do holocausto e as colocará ao lado do altar. Em seguida, removerá as roupas de linho, vestirá suas roupas habituais e levará as cinzas para fora do acampamento, até um lugar cerimonialmente puro. Enquanto isso, o fogo do altar será mantido aceso; nunca deverá se apagar. A cada manhã, o sacerdote acrescentará mais lenha ao fogo, arrumará sobre ele o holocausto e queimará nele a gordura das ofertas de paz. Lembrem-se de que o fogo deverá ser mantido aceso no altar o tempo todo; nunca deverá se apagar.” “Estas são as instruções para as ofertas de cereal. Os filhos de Arão apresentarão esta oferta ao S enhor diante do altar. O sacerdote de serviço pegará da oferta de cereal um punhado de farinha da melhor qualidade, umedecida com azeite, junto com todo o incenso, e queimará essa porção memorial no altar como aroma agradável ao S enhor. Arão e seus filhos poderão comer o restante da farinha, mas deverão assá-la sem fermento e comê-la num lugar sagrado dentro do pátio da tenda do encontro. Lembrem-se de que essa oferta nunca deverá ser preparada com fermento. Eu a dei aos sacerdotes como porção das ofertas especiais apresentadas a mim. É santíssima, como a oferta pelo pecado e a oferta pela culpa. Todos os homens descendentes de Arão poderão comer das ofertas especiais apresentadas ao S enhor. É seu direito permanente, de geração em geração. Qualquer pessoa ou objeto que tocar nessas ofertas se tornará santo”. Então o S enhor disse a Moisés: “No dia em que Arão e seus filhos forem ungidos, apresentarão ao S enhor a oferta padrão de cereal de dois litros de farinha da melhor qualidade; metade pela manhã e metade à tarde. Misture-a cuidadosamente com azeite e cozinhe-a numa assadeira. Corte em fatias a oferta de cereal e apresente-a como aroma agradável ao S enhor. A cada geração, o sacerdote ungido que suceder a Arão preparará essa mesma oferta. Ela pertence ao S enhor e será totalmente queimada. Essa é uma lei permanente. Todas as ofertas de cereal do sacerdote serão totalmente queimadas. Nenhuma parte poderá ser consumida como alimento”. O S enhor também disse a Moisés: “Dê a Arão e a seus filhos as seguintes instruções para a oferta pelo pecado. O animal apresentado como oferta pelo pecado é oferta santíssima e será morto diante do S enhor, onde são mortos os animais para os holocaustos. O sacerdote que apresentar o sacrifício como oferta pelo pecado comerá sua porção num lugar sagrado dentro do pátio da tenda do encontro. Qualquer pessoa ou objeto que tocar a carne do sacrifício se tornará santo. Se o sangue do sacrifício respingar na roupa de alguém, a peça manchada será lavada num lugar sagrado. Se for usada uma panela de barro para cozinhar a carne do sacrifício, terá de ser quebrada em seguida. Se for usada uma panela de bronze, terá de ser esfregada e bem enxaguada com água. Qualquer homem da família dos sacerdotes poderá comer dessa oferta. É oferta santíssima. Mas a oferta pelo pecado não poderá ser comida se o sangue for levado à tenda do encontro como oferta para fazer expiação no lugar santo. Nesse caso, será totalmente queimada no fogo.” “Estas são as instruções para a oferta pela culpa. É oferta santíssima. O animal sacrificado como oferta pela culpa será morto onde são mortos os animais para os holocaustos, e seu sangue será derramado em todos os lados do altar. Em seguida, o sacerdote oferecerá toda a gordura sobre o altar, incluindo a gordura da parte gorda da cauda, a gordura que envolve os órgãos internos, os dois rins, a gordura ao redor deles perto dos lombos e o lóbulo do fígado. Ele removerá todas essas partes junto com os rins e queimará tudo no altar como oferta especial apresentada ao S enhor. É a oferta pela culpa. Qualquer homem da família dos sacerdotes poderá comer a carne. Deverá comê-la num lugar sagrado, pois é santíssima. “As mesmas instruções se aplicam tanto à oferta pela culpa como à oferta pelo pecado. Ambas pertencem ao sacerdote que as utiliza para fazer expiação. No caso dos holocaustos, o sacerdote poderá ficar com o couro do animal sacrificado. Toda oferta de cereal assada no forno, preparada numa panela ou cozida numa assadeira, pertence ao sacerdote que a apresenta. Todas as outras ofertas de cereal, preparadas com farinha seca ou farinha umedecida com azeite, deverão ser divididas em partes iguais entre todos os sacerdotes, os descendentes de Arão.” Instruções adicionais para a oferta de paz “Estas são as instruções sobre os diferentes tipos de oferta de paz que podem ser apresentados ao S enhor. Se alguém apresentar sua oferta de paz para expressar gratidão, o animal que normalmente é oferecido será acompanhado de bolos sem fermento misturados com azeite, pães finos sem fermento untados com azeite e bolos feitos de farinha da melhor qualidade misturada com azeite. Essa oferta de paz para expressar gratidão também será acompanhada de pães preparados com fermento. Um pão de cada tipo será apresentado como oferta para o S enhor. Os pães serão do sacerdote que derramar o sangue da oferta de paz no altar. A carne da oferta de paz para expressar gratidão será comida no mesmo dia em que for oferecida. Nada poderá ser guardado até a manhã seguinte. “Se alguém apresentar uma oferta como cumprimento de um voto ou como oferta voluntária, a carne será comida no mesmo dia em que o sacrifício for oferecido, mas o que restar poderá ser comido no dia seguinte. A carne que restar até o terceiro dia deverá ser totalmente queimada. Se alguma porção da carne da oferta de paz for comida no terceiro dia, a pessoa que a trouxe não será aceita pelo S enhor e a oferta não terá valor. A essa altura, a carne estará contaminada, e quem a comer será castigado por causa de seu pecado. “A carne que tocar qualquer coisa cerimonialmente impura não poderá ser comida; deverá ser totalmente queimada. Mas a carne do sacrifício poderá ser comida por quem estiver cerimonialmente puro. Se alguém estiver cerimonialmente impuro e comer a carne da oferta de paz apresentada ao S enhor, será eliminado do meio do povo. Se tocar em algo impuro, seja contaminação humana, de um animal impuro ou de qualquer outra coisa impura e detestável, e depois comer a carne de uma oferta de paz apresentada ao S enhor, será eliminado do meio do povo”. O sangue e a gordura são proibidos Então o S enhor disse a Moisés: “Dê as seguintes instruções ao povo de Israel. Jamais comam gordura, seja de boi, carneiro ou cabrito. A gordura de um animal encontrado morto ou despedaçado por animais selvagens jamais deverá ser comida, embora possa ser usada para outros fins. Quem comer a gordura de um animal apresentado como oferta especial para o S enhor será eliminado do meio do povo. Onde quer que morarem, jamais consumam o sangue de qualquer ave ou animal. Quem consumir sangue será eliminado do meio do povo”. A porção dos sacerdotes O S enhor disse a Moisés: “Dê as seguintes instruções ao povo de Israel. Quando apresentarem uma oferta de paz ao S enhor, levem uma parte dela como oferta para o S enhor. Apresentem-na com suas próprias mãos como oferta especial para o S enhor. Levem a gordura do animal junto com o peito e movam o peito para o alto como oferta especial para o S enhor. Em seguida, o sacerdote queimará a gordura no altar, mas o peito será de Arão e seus descendentes. Entreguem como oferta ao sacerdote a coxa direita da oferta de paz. A coxa direita será sempre a porção entregue ao sacerdote que apresentar o sangue e a gordura da oferta de paz. Pois reservei para os sacerdotes o peito da oferta especial e a coxa direita da oferta sagrada. Arão e seus descendentes têm o direito permanente de participar das ofertas de paz que os israelitas apresentarem. Essa é sua porção por direito das ofertas especiais apresentadas ao S enhor, reservada para Arão e seus descendentes desde o dia em que eles foram separados para servir ao S enhor como sacerdotes. No dia em que foram ungidos, o S enhor ordenou que os israelitas entregassem essas partes aos sacerdotes como sua porção permanente, de geração em geração”. Essas são as instruções para o holocausto, a oferta de cereal, a oferta pelo pecado e a oferta pela culpa e também para a oferta de consagração e a oferta de paz. O S enhor deu essas instruções a Moisés no monte Sinai, quando ordenou que os israelitas apresentassem suas ofertas ao S enhor no deserto do Sinai. Então o S enhor disse a Moisés: “Traga Arão e seus filhos, as roupas sagradas, o óleo da unção, o novilho para a oferta pelo pecado, os dois carneiros e o cesto de pães sem fermento, e reúna toda a comunidade à entrada da tenda do encontro”. Moisés seguiu as instruções do S enhor, e toda a comunidade se reuniu à entrada da tenda do encontro. “É isto que o S enhor ordenou que façamos!”, anunciou Moisés. Em seguida, apresentou Arão e seus filhos e os lavou com água. Colocou a túnica oficial em Arão e amarrou o cinturão ao redor de sua cintura. Vestiu-o com o manto, sobre o qual colocou o colete sacerdotal, que prendeu firmemente com o cinturão decorativo. Colocou em Arão o peitoral e, dentro dele, o Urim e o Tumim. Pôs na cabeça de Arão o turbante e, na parte da frente do turbante, prendeu a tiara sagrada, o emblema de santidade, conforme o S enhor havia ordenado. Depois, Moisés pegou o óleo da unção e ungiu o tabernáculo e tudo que nele havia, a fim de consagrá-los. Aspergiu o altar com óleo sete vezes para ungi-lo, bem como todos os seus utensílios, a bacia e seu suporte, para também consagrá-los. Derramou um pouco do óleo sobre a cabeça de Arão, para ungi-lo e consagrá-lo. Em seguida, Moisés apresentou os filhos de Arão. Vestiu-os com as túnicas, amarrou neles o cinturão e pôs-lhes na cabeça o turbante especial, conforme o S enhor tinha ordenado. Então Moisés apresentou o novilho para a oferta pelo pecado. Arão e seus filhos colocaram as mãos sobre a cabeça do novilho, e Moisés o matou. Pegou um pouco do sangue e, com o dedo, colocou-o nas quatro pontas do altar, a fim de purificá-lo. O restante do sangue ele derramou na base do altar. Desse modo, consagrou o altar e fez expiação por ele. Depois, pegou toda a gordura que envolvia os órgãos internos, o lóbulo do fígado, os dois rins e a gordura ao redor deles e os queimou no altar. Pegou o restante do novilho, incluindo o couro, a carne e os excrementos, e o queimou num fogo fora do acampamento, conforme o S enhor tinha ordenado. Então Moisés apresentou o carneiro para o holocausto. Arão e seus filhos colocaram as mãos sobre a cabeça do animal, e Moisés o matou. Pegou o sangue do carneiro e o derramou em todos os lados do altar. Cortou o carneiro em pedaços e o queimou no altar, junto com a cabeça e a gordura. Depois de lavar os órgãos internos e as pernas com água, queimou todo o carneiro sobre o altar como holocausto. Foi um aroma agradável, uma oferta especial apresentada ao S enhor, conforme o S enhor tinha ordenado. Então Moisés apresentou o outro carneiro, o carneiro da consagração. Arão e seus filhos colocaram as mãos sobre a cabeça do animal, e Moisés o matou. Pegou um pouco do sangue e o colocou na ponta da orelha direita, no polegar da mão direita e no polegar do pé direito de Arão. Depois, apresentou os filhos de Arão e colocou um pouco do sangue na ponta da orelha direita, no polegar da mão direita e no polegar do pé direito deles. O restante do sangue ele derramou em todos os lados do altar. Em seguida, pegou a gordura, incluindo a gordura da parte gorda da cauda, a gordura que envolve os órgãos internos, o lóbulo do fígado, os dois rins e a gordura ao redor deles, bem como a coxa direita. Sobre essas partes colocou um pão sem fermento, um pão de massa misturada com azeite e um pão fino untado com azeite, que tirou do cesto de pães sem fermento que estava na presença do S enhor. Colocou tudo nas mãos de Arão e seus filhos e moveu os alimentos para o alto como oferta especial para o S enhor. Pegou as ofertas de volta das mãos deles e as queimou no altar, sobre o holocausto. Essa foi a oferta de consagração. Foi um aroma agradável, uma oferta especial apresentada ao S enhor. Moisés pegou o peito e o moveu para o alto como oferta especial para o S enhor. Era a porção de Moisés do carneiro da consagração, conforme o S enhor tinha ordenado. Então Moisés pegou um pouco do óleo da unção e um pouco do sangue que estava sobre o altar e aspergiu sobre Arão e suas roupas e sobre seus filhos e suas roupas. Desse modo, consagrou Arão, seus filhos e suas roupas. Por fim, Moisés disse a Arão e a seus filhos: “Cozinhem o restante da carne das ofertas à entrada da tenda do encontro e comam-na ali, junto com os pães que estão no cesto de ofertas para a consagração, conforme ordenei quando disse: ‘Arão e seus filhos os comerão’. Queimem qualquer carne ou pão que sobrar. Não saiam da entrada da tenda do encontro por sete dias, pois só então estará concluída a cerimônia de consagração. Tudo que fizemos hoje foi ordenado pelo S enhor a fim de fazer expiação por vocês. Agora, permaneçam à entrada da tenda do encontro dia e noite por sete dias e cumpram todas as exigências do S enhor. Se não o fizerem, morrerão, pois foi isso que o S enhor me ordenou”. Arão e seus filhos fizeram tudo que o S enhor tinha ordenado por meio de Moisés. No oitavo dia, depois da cerimônia de consagração, Moisés reuniu Arão, seus filhos e os líderes de Israel e disse a Arão: “Escolha um bezerro para a oferta pelo pecado e um carneiro para o holocausto, ambos sem defeito, e apresente-os ao S enhor. Depois, diga aos israelitas: ‘Escolham um bode para a oferta pelo pecado e um bezerro e um cordeiro, ambos de um ano e sem defeito, para o holocausto. Escolham também um boi e um carneiro para a oferta de paz, além de farinha misturada com azeite para a oferta de cereal. Apresentem todas essas ofertas ao S enhor, pois hoje o S enhor aparecerá a vocês’”. O povo trouxe todas essas coisas à entrada da tenda do encontro, conforme Moisés tinha ordenado. Assim, toda a comunidade se aproximou e permaneceu em pé diante do S enhor. Então Moisés disse: “É isto que o S enhor ordenou que façam para que a glória do S enhor lhes apareça”. Em seguida, Moisés disse a Arão: “Venha até o altar e apresente sua oferta pelo pecado e seu holocausto para fazer expiação por si mesmo e pelo povo. Apresente as ofertas do povo para fazer expiação por eles, conforme o S enhor ordenou”. Arão foi até o altar e matou o bezerro como oferta pelo pecado por si mesmo. Seus filhos lhe trouxeram o sangue, e Arão molhou o dedo nele e o colocou nas pontas do altar. O restante do sangue ele derramou na base do altar. Queimou no altar a gordura, os rins e o lóbulo do fígado da oferta pelo pecado, conforme o S enhor havia ordenado a Moisés. A carne e o couro, porém, queimou fora do acampamento. Então Arão matou o animal para o holocausto. Seus filhos lhe trouxeram o sangue, e ele o derramou em todos os lados do altar. Entregaram-lhe cada um dos pedaços do holocausto, incluindo a cabeça, e ele os queimou no altar. Lavou os órgãos internos e as pernas e os queimou no altar junto com o restante do holocausto. Em seguida, Arão apresentou as ofertas do povo. Matou o bode do povo e o apresentou como oferta pelo pecado deles, como havia feito com a oferta por seu próprio pecado. Depois, apresentou o holocausto e o ofereceu de acordo com a forma prescrita. Apresentou também a oferta de cereal e queimou no altar um punhado dela, além do holocausto da manhã. Arão matou o boi e o carneiro para a oferta de paz do povo. Seus filhos lhe trouxeram o sangue, e ele o derramou em todos os lados do altar. Depois, pegou a gordura do boi e do carneiro, incluindo a gordura da parte gorda da cauda e a gordura que envolve os órgãos internos, bem como os rins e o lóbulo do fígado de cada animal, colocou as porções de gordura sobre o peito dos animais e as queimou no altar. Arão moveu o peito e a coxa direita dos animais para o alto como oferta especial para o S enhor, conforme Moisés havia ordenado. Por fim, Arão ergueu as mãos na direção do povo e o abençoou. Depois de apresentar a oferta pelo pecado, o holocausto e a oferta de paz, desceu do altar. Então Moisés e Arão entraram na tenda do encontro e, quando voltaram, abençoaram o povo novamente, e a glória do S enhor apareceu a todo o povo. Fogo saiu da presença do S enhor e consumiu o holocausto e a gordura no altar. Quando eles viram isso, gritaram de alegria e se prostraram com o rosto no chão. Nadabe e Abiú, filhos de Arão, colocaram brasas em seus incensários e as salpicaram com incenso. Com isso, trouxeram fogo estranho diante do S enhor, diferente do que ele havia ordenado. Por isso, fogo saiu da presença do S enhor e os devorou, e eles morreram diante do S enhor. Então Moisés disse a Arão: “Foi isto que o S enhor declarou: ‘Mostrarei minha santidade entre aqueles que se aproximarem de mim. Mostrarei minha glória diante de todo o povo’”. E Arão ficou em silêncio. Moisés chamou Misael e Elzafã, primos de Arão e filhos de Uziel, tio de Arão, e lhes disse: “Venham cá e levem o corpo de seus parentes da frente do santuário para um lugar fora do acampamento”. Eles se aproximaram e os puxaram pelas roupas para fora do acampamento, conforme Moisés havia ordenado. Então Moisés disse a Arão e a seus filhos Eleazar e Itamar: “Não deixem o cabelo despenteado nem rasguem suas roupas em sinal de luto. Se o fizerem, morrerão, e a ira do S enhor ferirá toda a comunidade de Israel. Mas outros israelitas, seus parentes, poderão ficar de luto porque o S enhor destruiu Nadabe e Abiú com fogo. Não saiam da entrada da tenda do encontro, ou morrerão, pois foram ungidos com o óleo da unção do S enhor ”. E fizeram conforme Moisés ordenou. Instruções para a conduta sacerdotal Então o S enhor disse a Arão: “Você e seus descendentes jamais deverão beber vinho ou qualquer outra bebida fermentada antes de entrar na tenda do encontro. Se o fizerem, morrerão. Essa é uma lei permanente para vocês e deve ser cumprida de geração em geração. Façam distinção entre o que é santo e o que é comum, entre o que é impuro e o que é puro, e ensinem aos israelitas todos os decretos que o S enhor lhes deu por meio de Moisés”. Moisés disse a Arão e aos filhos que lhe restaram, Eleazar e Itamar: “Peguem o que sobrar da oferta de cereal depois que uma porção tiver sido apresentada como oferta especial para o S enhor e comam-na junto do altar. Não deverá conter fermento, pois é santíssima. Comam-na num lugar sagrado, pois foi dada a vocês e a seus descendentes como sua porção das ofertas especiais apresentadas ao S enhor. Foram essas as ordens que recebi. Quanto ao peito e à coxa que foram movidos para o alto como oferta especial, poderão comê-los em qualquer lugar cerimonialmente puro. Essas são as partes que foram dadas a você e a seus descendentes como sua porção das ofertas de paz apresentadas pelos israelitas. Movam para o alto o peito e a coxa como oferta especial para o S enhor, junto com a gordura das ofertas especiais. Essas partes pertencerão a vocês e a seus descendentes como direito permanente, conforme o S enhor ordenou”. Depois, Moisés procurou cuidadosamente pelo bode da oferta pelo pecado. Quando descobriu que tinha sido queimado, ficou furioso com Eleazar e Itamar, os filhos que restaram a Arão, e lhes disse: “Por que não comeram a oferta pelo pecado no lugar sagrado? É uma oferta santíssima! O S enhor a deu a vocês para remover a culpa da comunidade e fazer expiação por ela. Uma vez que o sangue do animal não foi levado ao lugar santo, vocês tinham a obrigação de comer a carne no lugar sagrado, conforme eu ordenei!”. Arão respondeu a Moisés: “Hoje meus filhos apresentaram ao S enhor sua oferta pelo pecado e seu holocausto. E, no entanto, esta tragédia aconteceu comigo. Será que o S enhor teria se agradado se eu tivesse comido a oferta pelo pecado do povo num dia como este?”. Quando Moisés ouviu isso, deu-se por satisfeito. O S enhor disse a Moisés e a Arão: “Deem as seguintes instruções ao povo de Israel. “De todos os animais que vivem em terra, estes são os que vocês poderão consumir como alimento: qualquer animal que tenha os cascos divididos em duas partes e que rumine. Mas, se o animal não apresentar essas duas características, não pode ser consumido. O camelo rumina, mas não tem os cascos divididos, de modo que é impuro para vocês. O coelho silvestre rumina, mas não tem cascos divididos, por isso é impuro. A lebre rumina, mas não tem cascos divididos, de modo que é impura. O porco, embora tenha os cascos divididos, não rumina e, portanto, também é impuro. Não comerão a carne desses animais nem tocarão em seu cadáver. São cerimonialmente impuros para vocês. “De todos os animais que vivem nas águas, estes são os que vocês poderão consumir como alimento: qualquer animal aquático que tenha barbatanas e escamas, seja de água salgada ou de rios. Contudo, jamais comerão animais de mar ou de rio que não tenham barbatanas e escamas. São detestáveis para vocês. Isso se aplica tanto às criaturas pequenas que vivem em águas rasas como a todas as criaturas que vivem em águas profundas. Serão sempre detestáveis para vocês. Não comerão a carne delas nem tocarão em seu cadáver. Qualquer animal aquático que não tem barbatanas e escamas é detestável para vocês. “Estes são os animais voadores que vocês considerarão detestáveis e não comerão: o abutre-fouveiro, o abutre-barbudo, o abutre-fusco, o milhafre e todas as espécies de falcão, todas as espécies de corvos, a coruja-de-chifres, a coruja-do-campo, a gaivota, todas as espécies de gaviões, o mocho-galego, o cormorão, o corujão, a coruja-das-torres, a coruja-do-deserto, o abutre-do-egito, a cegonha, todas as espécies de garças, a poupa e o morcego. “Não comerão insetos alados que rastejam pelo chão, pois são detestáveis para vocês. Contudo, poderão comer insetos alados que andam pelo chão e têm pernas articuladas para saltar. Os insetos que vocês poderão comer incluem todas as espécies de gafanhotos, gafanhotos migradores, grilos e gafanhotos devoradores. Todos os outros insetos alados que andam pelo chão são detestáveis para vocês. “Por causa dessas criaturas vocês se tornarão cerimonialmente impuros. Quem tocar em seus cadáveres ficará contaminado até o entardecer. Quem carregar o cadáver delas deverá lavar as roupas e ficará contaminado até o entardecer. “Todo animal com cascos divididos de forma desigual ou que não rumina é impuro para vocês. Quem tocar em algum desses animais ficará contaminado. Dentre os quadrúpedes, aqueles que andam sobre a planta dos pés são impuros. Se alguém tocar no cadáver de algum desses animais, ficará impuro até o entardecer. Se carregar o cadáver deles, deverá lavar as roupas e ficará contaminado até o entardecer. Esses animais são impuros para vocês. “Dos animais pequenos que rastejam pelo chão, estes são impuros para vocês: a doninha, o rato, todas as espécies de lagartos grandes, a lagartixa, o lagarto pintado, o lagarto comum, o lagarto da areia e o camaleão. Todos esses animais pequenos são impuros para vocês. Se alguém tocar no cadáver de um deles, ficará contaminado até o entardecer. Se um deles morrer e cair sobre algo, tornará impuro esse objeto, seja de madeira, tecido, couro ou pano de saco. Qualquer que seja seu uso, deverá ser colocado de molho em água e ficará impuro até o entardecer. Depois disso, estará cerimonialmente puro e poderá ser usado novamente. “Se um desses animais cair numa vasilha de barro, tudo que estiver dentro da vasilha ficará contaminado, e a vasilha deverá ser despedaçada. Se a água dessa vasilha cair sobre algum alimento, ele ficará contaminado. Qualquer bebida que estiver dentro da vasilha ficará contaminada. Qualquer objeto no qual o cadáver de um desses animais cair ficará contaminado. Se o objeto for um fogão ou um forno de barro, deverá ser destruído, pois está contaminado e deverá ser tratado como tal. “Se o cadáver de um desses animais cair numa fonte ou cisterna, a água continuará pura. Quem tocar no cadáver, porém, ficará cerimonialmente impuro. Se o cadáver cair sobre sementes a serem plantadas no campo, ainda assim as sementes serão consideradas puras. Mas, se já tiverem sido regadas quando o cadáver cair sobre elas, as sementes serão impuras. “Se morrer um animal que vocês têm permissão de comer e alguém tocar no cadáver, ficará impuro até o entardecer. Se alguém comer da carne do animal ou carregar o cadáver, deverá lavar as roupas e ficará impuro até o entardecer. “Todos os animais pequenos que rastejam pelo chão são detestáveis, e vocês jamais devem comê-los. Isso inclui todos os animais que se arrastam sobre o ventre, bem como os que têm quatro pernas e os que têm muitas patas. Todos esses animais que rastejam pelo chão são detestáveis, e vocês jamais devem comê-los. Não se contaminem com eles. Não se tornem cerimonialmente impuros por causa deles, pois eu sou o S enhor, seu Deus. Consagrem-se e sejam santos, pois eu sou santo. Não se contaminem com nenhum desses animais pequenos que rastejam pelo chão. Eu, o S enhor, sou aquele que os tirou da terra do Egito para ser o seu Deus. Por isso, sejam santos, pois eu sou santo. “Essas são as instruções acerca dos animais que vivem em terra, dos animais voadores, das criaturas aquáticas e dos animais que rastejam pelo chão. Com essas instruções, vocês saberão o que é impuro e o que é puro, os animais que vocês podem comer e os que não podem”. O S enhor disse a Moisés: “Dê as seguintes instruções ao povo de Israel. Se uma mulher engravidar e der à luz um filho, ficará cerimonialmente impura por sete dias, como acontece durante a menstruação. No oitavo dia, circuncidem o menino. Depois de esperar 33 dias, a mulher estará purificada do sangramento do parto. Durante o período de purificação, não deverá tocar em coisa alguma que seja consagrada. Também não poderá entrar no santuário enquanto não terminar o período de purificação. Se a mulher der à luz uma filha, ficará cerimonialmente impura por duas semanas, como acontece durante a menstruação. Depois de esperar 66 dias, estará purificada do sangramento do parto. “Quando se completar o tempo de purificação pelo nascimento de um filho ou de uma filha, a mulher levará um cordeiro de um ano como holocausto e um pombinho ou rolinha para a oferta pelo pecado. Levará as ofertas ao sacerdote à entrada da tenda do encontro. O sacerdote as apresentará ao S enhor para fazer expiação pela mulher. Ela voltará a ficar cerimonialmente pura depois do sangramento do parto. Essas são as instruções para a mulher depois do nascimento de um filho ou de uma filha. “Se a mulher não tiver condições de levar um cordeiro, levará duas rolinhas ou dois pombinhos. Um será para o holocausto, e o outro, para a oferta pelo pecado. O sacerdote os sacrificará para fazer expiação pela mulher, e ela ficará cerimonialmente pura”. O S enhor disse a Moisés e a Arão: “Se alguém tiver um inchaço, uma erupção ou uma descoloração que possa ser sinal de lepra, essa pessoa será levada ao sacerdote Arão ou a um de seus filhos. O sacerdote examinará a região afetada da pele. Se houver ali pelos que ficaram brancos e parecer que o problema é mais profundo que a pele, é lepra, e o sacerdote que examinar a pessoa a declarará cerimonialmente impura. “Se, contudo, a região afetada da pele apresentar apenas uma descoloração branca e a mancha não for mais profunda que a pele, e se os pelos da região não se tornaram brancos, o sacerdote isolará a pessoa por sete dias. No sétimo dia, ele a examinará novamente. Se constatar que a região afetada não mudou e o problema não se espalhou pela pele, isolará a pessoa por mais sete dias. No sétimo dia, voltará a examiná-la. Se constatar que a área afetada diminuiu e não se espalhou, o sacerdote declarará a pessoa cerimonialmente pura; era apenas uma erupção. A pessoa lavará suas roupas e ficará pura. Mas, se a erupção vier a se espalhar depois de o sacerdote examinar a pessoa e a declarar pura, ela voltará para ser examinada. Se o sacerdote constatar que a erupção se espalhou, declarará a pessoa cerimonialmente impura, pois é, de fato, lepra. “Quem apresentar algum sinal de lepra irá ao sacerdote para ser examinado. Se o sacerdote encontrar um inchaço branco na pele, se alguns pelos sobre a mancha tiverem ficado brancos e se houver uma ferida aberta na região afetada, é um caso crônico de lepra, e o sacerdote declarará a pessoa cerimonialmente impura. Nesses casos, não será necessário isolar a pessoa para avaliá-la, pois é evidente que a pele está contaminada pela doença. “Se a lepra se espalhar por toda a pele da pessoa e cobrir seu corpo da cabeça aos pés, o sacerdote examinará a pessoa infectada. Se constatar que a doença cobre todo o corpo, declarará a pessoa cerimonialmente pura. Uma vez que a pele se tornou completamente branca, a pessoa está pura. Mas, se aparecerem feridas abertas, a pessoa infectada será declarada cerimonialmente impura. O sacerdote fará essa declaração assim que vir uma ferida aberta, pois esse tipo de ferida indica a presença de lepra. Se, contudo, as feridas sararem e se tornarem brancas como o resto da pele, a pessoa voltará ao sacerdote para ser examinada. Se as regiões afetadas tiverem, de fato, se tornado brancas, o sacerdote declarará a pessoa cerimonialmente pura, e assim ela estará. “Se alguém tiver na pele uma ferida purulenta e ela sarar, mas surgir em seu lugar um inchaço branco ou uma mancha branca avermelhada, a pessoa irá ao sacerdote para ser examinada. Se o sacerdote a examinar e constatar que a mancha é mais profunda que a pele, e se os pelos da região afetada tiverem ficado brancos, o sacerdote declarará a pessoa cerimonialmente impura. A ferida purulenta indica lepra. Mas, se o sacerdote não encontrar pelos brancos na região afetada e parecer que a mancha não é mais profunda que a pele, e até diminuiu, o sacerdote isolará a pessoa por sete dias. Se, nesse período, a mancha ou o inchaço se espalharem na pele, o sacerdote declarará a pessoa cerimonialmente impura, pois é sinal de lepra. Se, contudo, a região afetada não aumentar nem se espalhar, é apenas a cicatriz da ferida, e o sacerdote declarará a pessoa cerimonialmente pura. “Se alguém sofrer uma queimadura na pele e aparecerem na região feridas abertas de cor branca avermelhada ou completamente branca, o sacerdote a examinará. Se constatar que os pelos na região afetada ficaram brancos, e se parecer que a mancha é mais profunda que a pele, surgiu lepra na queimadura. O sacerdote declarará a pessoa cerimonialmente impura, pois, sem dúvida, é lepra. Mas, se não encontrar pelos brancos na região afetada, e se parecer que a ferida não é mais profunda que a pele e tiver diminuído, o sacerdote isolará a pessoa por sete dias. No sétimo dia, examinará a pessoa novamente. Se o problema tiver se espalhado na pele, o sacerdote declarará a pessoa cerimonialmente impura, pois, sem dúvida, é lepra. Se, contudo, a região afetada não tiver mudado ou se o problema não tiver se espalhado na pele, mas tiver diminuído, é apenas o inchaço da queimadura. O sacerdote declarará a pessoa cerimonialmente pura, pois é apenas a cicatriz da queimadura. “Se um homem ou uma mulher tiver uma ferida na cabeça ou no queixo, o sacerdote a examinará. Se constatar que a mancha é mais profunda que a pele e tem pelos amarelados e finos, o sacerdote declarará a pessoa cerimonialmente impura. É uma ferida causada por sarna na cabeça ou no queixo. Se o sacerdote examinar a ferida e constatar que não é mais profunda que a pele, mas não tem pelos escuros, isolará a pessoa por sete dias. No sétimo dia, o sacerdote examinará a ferida novamente. Se constatar que ela não se espalhou, que não há pelos amarelados e que não parece mais profunda que a pele, a pessoa raspará todos os pelos, exceto na região afetada. Em seguida, o sacerdote isolará a pessoa infectada por mais sete dias. No sétimo dia, examinará a ferida novamente. Se ela não tiver se espalhado, e se não parecer mais profunda que a pele, o sacerdote declarará a pessoa cerimonialmente pura. A pessoa lavará suas roupas e ficará pura. Mas, se a ferida de sarna começar a se espalhar depois de a pessoa ter sido declarada cerimonialmente pura, o sacerdote a examinará novamente. Se constatar que a ferida se espalhou, não é necessário procurar pelos amarelados; a pessoa infectada está cerimonialmente impura. Se, contudo, a cor da ferida de sarna não mudar e pelos pretos voltarem a crescer na região afetada, a sarna está curada, e o sacerdote declarará a pessoa cerimonialmente pura. “Se um homem ou uma mulher tiver manchas brancas na pele, o sacerdote examinará a região afetada. Se constatar que as manchas brancas são opacas, é uma simples erupção de pele, e a pessoa está cerimonialmente pura. “Se os cabelos de um homem caírem e ele ficar calvo, continua cerimonialmente puro. Se caírem os cabelos da parte da frente da cabeça, ele simplesmente ficou calvo na frente e continua puro. Mas, se uma ferida branca avermelhada aparecer na região calva no alto ou na parte de trás da cabeça, é lepra. O sacerdote o examinará e, se constatar que há inchaço ao redor da ferida branca avermelhada em qualquer parte da calva do homem com aparência de lepra, o homem está, de fato, infectado com lepra e está impuro. O sacerdote o declarará cerimonialmente impuro por causa da ferida na cabeça. “Quem sofrer de lepra rasgará as roupas e deixará o cabelo despenteado. Cobrirá a boca e gritará: ‘Impuro! Impuro!’. Enquanto durar a lepra, ficará cerimonialmente impuro e viverá isolado, fora do acampamento.” O procedimento para roupas contaminadas “Quando o mofo contaminar uma peça de roupa de lã ou de linho, um tecido de lã ou de linho, a pele de um animal ou qualquer objeto de couro, e quando a região contaminada da roupa, da pele do animal, do tecido liso ou trançado, ou do artigo de couro se tornar esverdeada ou avermelhada, está contaminada com mofo e deverá ser mostrada ao sacerdote. Depois de examinar a região afetada, o sacerdote isolará o objeto afetado por sete dias. No sétimo dia, examinará o objeto novamente. Se a região afetada tiver se espalhado, a peça de roupa, o tecido liso ou trançado ou o artigo de couro foi, sem dúvida, contaminado por mofo corrosivo e está cerimonialmente impuro. O sacerdote queimará a peça de roupa, o tecido de lã ou de linho ou o artigo de couro, pois foi contaminado por mofo corrosivo. Deve ser completamente destruído com fogo. “Se, contudo, o sacerdote examinar o objeto e constatar que a região contaminada não se espalhou pela peça de roupa, pelo tecido liso ou trançado, ou pelo artigo de couro, ordenará que o objeto seja lavado e, depois, isolado por mais sete dias. O sacerdote examinará novamente o objeto depois de lavado. Se constatar que a região contaminada não mudou de cor depois de ser lavada, mesmo que a mancha não tenha se espalhado, o objeto está contaminado. Deve ser completamente queimado, quer o mofo esteja do lado de dentro ou de fora. Mas, se o sacerdote examinar o objeto e constatar que a região contaminada diminuiu depois de ser lavada, cortará a mancha da peça de roupa, do tecido liso ou trançado, ou do couro. Se a mancha reaparecer na peça de roupa, no tecido liso ou trançado, ou no artigo de couro, é evidente que o mofo está se espalhando, e o objeto contaminado deverá ser queimado. Se, contudo, a mancha desaparecer da peça de roupa, do tecido, ou do artigo de couro depois de ter sido lavado, o objeto será lavado novamente e, por fim, estará cerimonialmente puro. “Essas são as instruções referentes ao mofo que contamina roupas de lã ou linho, tecidos lisos ou trançados ou qualquer objeto de couro. É dessa forma que o sacerdote determinará se os objetos estão cerimonialmente puros ou impuros”. O S enhor disse a Moisés: “Estas são as instruções a respeito da purificação da pessoa com lepra. Ela deverá comparecer perante o sacerdote, que a levará para fora do acampamento e examinará a infecção. Se o sacerdote constatar que a lepra foi curada, realizará uma cerimônia de purificação usando duas aves vivas cerimonialmente puras, um pedaço de madeira de cedro, um pano vermelho e um ramo de hissopo. O sacerdote mandará matar uma das aves sobre uma vasilha de barro cheia de água limpa. Em seguida, pegará a ave viva, o pedaço de madeira de cedro, o pano vermelho e o ramo de hissopo e os molhará no sangue da ave que foi morta sobre a água limpa. Depois disso, o sacerdote aspergirá sete vezes o sangue da ave morta sobre a pessoa que está sendo purificada da lepra. Quando o sacerdote tiver purificado a pessoa, soltará a ave viva em campo aberto. “A pessoa que está sendo purificada lavará suas roupas, raspará todos os pelos e se banhará com água. Estará cerimonialmente pura e poderá voltar ao acampamento. Contudo, ficará fora de sua tenda por sete dias. No sétimo dia, raspará novamente todos os pelos, cabelos, pelos faciais e sobrancelhas. Lavará também suas roupas e se banhará com água. Desse modo, estará cerimonialmente pura. “No oitavo dia, a pessoa que está sendo purificada trará dois cordeiros sem defeito e uma cordeira de um ano e sem defeito, junto com uma oferta de cereal de seis litros de farinha da melhor qualidade umedecida com azeite e uma caneca de azeite. O sacerdote encarregado da cerimônia apresentará a pessoa a ser purificada, junto com as ofertas, diante do S enhor, à entrada da tenda do encontro. O sacerdote pegará um dos cordeiros e o azeite e os apresentará como oferta pela culpa, movendo-os para o alto como oferta especial para o S enhor. Em seguida, matará o cordeiro no lugar sagrado onde são mortos os animais para as ofertas pelo pecado e para os holocaustos. Assim como a oferta pelo pecado, a oferta pela culpa pertence ao sacerdote. É uma oferta santíssima. Depois disso, o sacerdote pegará um pouco do sangue da oferta pela culpa e o colocará na ponta da orelha direita, no polegar da mão direita e no polegar do pé direito da pessoa que está sendo purificada. “O sacerdote também colocará um pouco do azeite na palma de sua mão esquerda. Molhará o dedo direito no azeite na palma da mão esquerda e com ele aspergirá sete vezes diante do S enhor. Parte do azeite que está em sua mão ele colocará na ponta da orelha direita, no polegar da mão direita e no polegar do pé direito da pessoa que está sendo purificada, em cima do sangue da oferta pela culpa. O sacerdote colocará o azeite restante em sua mão na cabeça da pessoa que está sendo purificada. Desse modo, o sacerdote fará expiação pela pessoa diante do S enhor. “Então o sacerdote apresentará a oferta pelo pecado para fazer expiação pela pessoa que foi curada da lepra. Em seguida, o sacerdote matará o animal para o holocausto e o apresentará sobre o altar junto com a oferta de cereal. Desse modo, o sacerdote fará expiação pela pessoa que foi curada, e ela ficará cerimonialmente pura. “Quem for muito pobre e não tiver recursos para apresentar essas ofertas poderá levar um cordeiro para a oferta pela culpa, que será movido para o alto como oferta especial para a purificação. Levará também dois litros de farinha da melhor qualidade umedecida com azeite para a oferta de cereal e uma caneca de azeite. A oferta incluirá ainda duas rolinhas ou dois pombinhos, de acordo com os recursos da pessoa. Uma das aves será usada para a oferta pelo pecado, e a outra, para o holocausto. No oitavo dia da cerimônia de purificação, a pessoa que está sendo purificada levará as ofertas ao sacerdote na presença do S enhor, à entrada da tenda do encontro. O sacerdote pegará o cordeiro para a oferta pela culpa, junto com o azeite, e os moverá para o alto como oferta especial para o S enhor. Depois disso, o sacerdote matará o cordeiro para a oferta pela culpa. Pegará um pouco do sangue e o colocará na ponta da orelha direita, no polegar da mão direita e no polegar do pé direito da pessoa que está sendo purificada. “O sacerdote também derramará um pouco do azeite na palma de sua mão esquerda. Molhará o dedo direito no azeite na palma de sua mão esquerda e com ele aspergirá sete vezes diante do S enhor. Parte do azeite que está em sua mão ele colocará na ponta da orelha direita, no polegar da mão direita e no polegar do pé direito da pessoa que está sendo purificada, em cima do sangue da oferta pela culpa. O sacerdote colocará o azeite restante em sua mão na cabeça da pessoa que está sendo purificada. Desse modo, o sacerdote fará expiação pela pessoa diante do S enhor. “Então o sacerdote oferecerá as duas rolinhas ou os dois pombinhos, de acordo com os recursos da pessoa. Uma das aves é uma oferta pelo pecado, e a outra é um holocausto; serão apresentadas junto com a oferta de cereal. Desse modo, o sacerdote fará expiação pela pessoa diante do S enhor. Essas são as instruções para a purificação daqueles que se recuperaram da lepra, mas que não têm recursos para levar as ofertas requeridas para a cerimônia de purificação”. Então o S enhor disse a Moisés e a Arão: “Quando chegarem a Canaã, a terra que eu lhes dou como propriedade, e eu contaminar com manchas de mofo algumas das casas de sua terra, o dono de uma dessas casas irá ao sacerdote e dirá: ‘Minha casa parece ter manchas de mofo’. Antes de entrar para examinar a casa, o sacerdote mandará esvaziá-la, a fim de que nada dentro dela seja declarado cerimonialmente impuro. Em seguida, entrará na casa e examinará o mofo nas paredes. Se encontrar manchas esverdeadas ou avermelhadas e a contaminação parecer mais profunda que a superfície da parede, o sacerdote sairá pela porta e isolará a casa por sete dias. No sétimo dia, o sacerdote voltará para examiná-la. Se constatar que as manchas se espalharam nas paredes, o sacerdote ordenará que as pedras das áreas afetadas sejam removidas e levadas para fora da cidade, até um lugar cerimonialmente impuro. Depois disso, as paredes internas da casa serão inteiramente raspadas, e o material raspado será jogado num lugar impuro fora da cidade. Outras pedras serão trazidas para substituir as que foram removidas, e as paredes serão rebocadas com barro novo. “Se, contudo, o mofo reaparecer depois de todas as pedras terem sido substituídas e de a casa ter sido raspada e rebocada de novo, o sacerdote voltará e examinará a casa. Se constatar que as manchas de mofo se espalharam, é evidente que as paredes foram contaminadas por mofo corrosivo, e a casa está impura. Será demolida e suas pedras, madeiras e todo o seu reboco serão levados para fora da cidade, até um lugar cerimonialmente impuro. Quem entrar na casa durante o período de isolamento ficará cerimonialmente impuro até o entardecer. Quem dormir ou comer na casa deverá lavar suas roupas. “Se, contudo, o sacerdote voltar para examinar a casa e constatar que as manchas de mofo não reapareceram depois de colocado o reboco novo, ele a declarará pura, pois é evidente que o mofo desapareceu. A fim de purificar a casa, o sacerdote pegará duas aves, um pedaço de madeira de cedro, um pano vermelho e um ramo de hissopo. Matará uma das aves sobre uma vasilha de barro cheia de água limpa. Pegará o pedaço de madeira de cedro, o ramo de hissopo, o pano vermelho e a ave viva e os molhará no sangue da ave morta e na água limpa. Em seguida, aspergirá a mistura sobre a casa sete vezes. Quando o sacerdote tiver purificado a casa exatamente dessa forma, soltará a ave viva em campo aberto fora da cidade. Desse modo, o sacerdote fará expiação pela casa, e ela ficará cerimonialmente pura. “Essas são as instruções para lidar com a lepra, incluindo feridas de sarna, com manchas de mofo sobre peças de roupa ou numa casa, e com inchaços, erupções ou descolorações da pele. Esse procedimento determinará se a pessoa ou objeto está cerimonialmente puro ou impuro. “Essas são as instruções a respeito da lepra e do mofo”. O S enhor disse a Moisés e a Arão: “Deem as seguintes instruções ao povo de Israel. “Qualquer homem que tiver fluxo corporal estará cerimonialmente impuro. A contaminação é causada pelo fluxo, prosseguindo ou não. De qualquer modo, o homem está impuro. A cama onde o homem com o fluxo se deitar e qualquer coisa sobre a qual ele se sentar ficará cerimonialmente impura. Se alguém tocar na cama dele, terá de lavar as roupas e banhar-se com água, e ficará impuro até o entardecer. Se alguém se sentar onde ele se sentou, terá de lavar as roupas e banhar-se com água, e ficará impuro até o entardecer. Se alguém tocar nesse homem que tiver fluxo, terá de lavar as roupas e banhar-se com água, e ficará impuro até o entardecer. Se o homem cuspir em alguém cerimonialmente puro, essa pessoa terá de lavar as roupas e banhar-se com água, e ficará impura até o entardecer. Qualquer manta de sela sobre a qual o homem se sentar quando cavalgar ficará cerimonialmente impura. Se alguém tocar em qualquer coisa que tenha estado debaixo dele, ficará impuro até o entardecer; terá de lavar as roupas e banhar-se com água, e ficará impuro até o entardecer. Se o homem tocar em alguém sem antes lavar as mãos, essa pessoa terá de lavar as roupas e banhar-se com água, e ficará impura até o entardecer. Qualquer vasilha de barro em que o homem tocar terá de ser quebrada, e qualquer utensílio de madeira em que o homem tocar terá de ser lavado com água. “Quando o fluxo do homem cessar, ele contará sete dias para o período de purificação. Em seguida, lavará suas roupas e se banhará em água limpa, e ficará cerimonialmente puro. No oitavo dia, pegará duas rolinhas ou dois pombinhos, se apresentará diante do S enhor à entrada da tenda do encontro e entregará suas ofertas ao sacerdote. O sacerdote apresentará uma ave como oferta pelo pecado, e a outra, como holocausto. Desse modo, o sacerdote fará expiação pelo homem diante do S enhor por causa do fluxo. “Quando um homem expelir sêmen, lavará o corpo todo com água e ficará cerimonialmente impuro até o entardecer. Qualquer peça de roupa ou de couro que tiver sêmen será lavada com água, e ficará impura até o entardecer. Depois que um homem e uma mulher tiverem relações sexuais, ambos terão de banhar-se com água, e ficarão impuros até o entardecer. “Quando uma mulher tiver sua menstruação, ficará cerimonialmente impura por sete dias. Quem tocar nela durante esse período ficará impuro até o entardecer. Qualquer coisa sobre a qual a mulher se deitar ou se sentar durante a menstruação ficará cerimonialmente impura. Se alguém tocar na cama dela, terá de lavar as roupas e banhar-se com água, e ficará impuro até o entardecer. Se alguém tocar em alguma coisa sobre a qual ela se sentou, terá de lavar as roupas e banhar-se com água, e ficará impuro até o entardecer. Isso inclui a cama e qualquer outro objeto sobre o qual ela tenha se sentado; se alguém os tocar, ficará impuro até o entardecer. Se um homem tiver relações sexuais com ela e o sangue dela o tocar, a impureza menstrual será transmitida para ele; ficará impuro por sete dias, e qualquer cama onde ele se deitar ficará impura. “Se uma mulher tiver por muitos dias um fluxo de sangue que não seja sua menstruação normal, ou se ela continuar a sangrar depois da menstruação normal, ficará cerimonialmente impura. Enquanto durar o sangramento, a mulher ficará impura, como acontece durante a menstruação. Qualquer cama onde ela se deitar e qualquer objeto sobre o qual ela se sentar durante esse período ficará impuro, como em sua menstruação normal. Se alguém tocar nessas coisas ficará cerimonialmente impuro. Terá de lavar as roupas e banhar-se com água, e ficará impuro até o entardecer. “Quando o sangramento da mulher parar, ela contará sete dias e depois estará cerimonialmente pura. No oitavo dia, tomará duas rolinhas ou dois pombinhos e os entregará ao sacerdote à entrada da tenda do encontro. O sacerdote apresentará uma das aves como oferta pelo pecado, e a outra, como holocausto. Desse modo, o sacerdote fará expiação por ela diante do S enhor por causa da impureza cerimonial causada pelo sangramento. “Agindo assim, você manterá os israelitas separados da impureza cerimonial. Do contrário, eles morreriam, pois sua impureza contaminaria meu tabernáculo que está no meio deles. Essas são as instruções referentes a qualquer pessoa que tenha um fluxo que sai do corpo, seja um homem que está impuro por expelir sêmen ou uma mulher durante sua menstruação. Aplicam-se a qualquer homem ou mulher que tiver fluxo e ao homem que tiver relações sexuais com uma mulher cerimonialmente impura”. O S enhor falou com Moisés depois que os dois filhos de Arão morreram ao entrar na presença do S enhor. Disse o S enhor a Moisés: “Avise seu irmão Arão que não entre quando bem entender no lugar santíssimo, atrás da cortina interna; se o fizer, morrerá. Ali fica a tampa da arca, o lugar de expiação, e eu mesmo estou presente na nuvem sobre a tampa da arca. “Quando Arão entrar no santuário, seguirá todas estas instruções. Levará um novilho para oferta pelo pecado e um carneiro para holocausto. Vestirá a túnica sagrada de linho e a roupa de baixo de linho, diretamente sobre a pele. Amarrará na cintura o cinturão de linho e colocará na cabeça o turbante de linho. As roupas são sagradas, de modo que ele deverá se banhar com água antes de vesti-las. Arão receberá da comunidade de Israel dois bodes para uma oferta pelo pecado e um carneiro para um holocausto. “Arão apresentará seu próprio novilho como oferta pelo pecado para fazer expiação por si mesmo e por sua família. Em seguida, pegará os dois bodes e os apresentará ao S enhor à entrada da tenda do encontro. Depois, fará um sorteio para determinar qual bode será separado como oferta para o S enhor e qual levará os pecados do povo para o deserto de Azazel. Então Arão apresentará ao S enhor o bode escolhido por sorteio e o sacrificará como oferta pelo pecado. O outro animal, o bode escolhido por sorteio para ser enviado para o deserto, será apresentado vivo diante do S enhor. Ao ser enviado para Azazel no deserto, servirá para fazer expiação pelo povo. “Arão apresentará seu próprio novilho como oferta pelo pecado para fazer expiação por si mesmo e por sua família. Depois de matar o novilho como oferta pelo pecado, pegará um incensário e o encherá com brasas ardentes do altar que está diante do S enhor. Pegará também dois punhados do incenso perfumado em pó e levará o incensário e o incenso para trás da cortina interna. Ali, na presença do S enhor, colocará o incenso sobre as brasas ardentes, para que uma nuvem de incenso se eleve sobre a tampa da arca, o lugar de expiação, que está sobre a arca da aliança. Se seguir essas instruções, não morrerá. Depois, pegará um pouco do sangue do novilho, molhará nele o dedo e aspergirá o lado leste da tampa. Então, com o dedo, aspergirá com o sangue sete vezes diante da tampa. “Arão matará o primeiro bode como oferta pelo pecado em favor do povo e levará o sangue para trás da cortina interna. Ali, aspergirá o sangue do bode sobre a tampa e diante dela, como fez com o sangue do novilho. Desse modo, fará expiação pelo lugar santíssimo e fará o mesmo com toda a tenda do encontro por causa da contaminação pelo pecado e da rebeldia do povo. Ninguém mais poderá ficar na tenda do encontro quando Arão entrar para realizar a cerimônia de expiação no lugar santíssimo. Ninguém entrará até que ele saia depois de fazer expiação por si mesmo, por sua família e por toda a comunidade de Israel. “Em seguida, Arão sairá para fazer expiação pelo altar que está diante do S enhor. Para isso, pegará um pouco do sangue do novilho e do bode e o colocará em cada ponta do altar. Então, com o dedo, aspergirá o sangue sete vezes sobre o altar. Desse modo, ele o purificará da contaminação dos israelitas e o tornará santo. “Quando Arão terminar de fazer expiação pelo lugar santíssimo, pela tenda do encontro e pelo altar, apresentará o bode vivo. Colocará as duas mãos sobre a cabeça do bode e confessará sobre ele toda a maldade, a rebeldia e os pecados dos israelitas. Assim, transferirá os pecados do povo para a cabeça do bode. Depois, um homem escolhido especialmente para essa tarefa levará o bode para o deserto. Ao sair para o deserto, o bode levará sobre si todos os pecados do povo para um lugar distante. “Quando Arão voltar para dentro da tenda do encontro, tirará as roupas de linho que vestia ao entrar no lugar santíssimo e as deixará ali. Ele se banhará com água num lugar sagrado, vestirá suas roupas habituais e sairá para apresentar um holocausto para si mesmo e um holocausto para o povo. Desse modo, fará expiação por si mesmo e pelo povo. Por fim, queimará no altar toda a gordura da oferta pelo pecado. “O homem escolhido para levar o bode expiatório para o deserto de Azazel lavará suas roupas e se banhará com água antes de voltar ao acampamento. “O novilho e o bode apresentados como ofertas pelo pecado, cujo sangue Arão trouxer ao lugar santíssimo para a cerimônia de expiação, serão levados para fora do acampamento. O couro, a carne e os excrementos dos animais serão queimados. O homem que os queimar lavará suas roupas e se banhará com água antes de voltar ao acampamento. “No décimo dia do sétimo mês, vocês se humilharão. Nem os israelitas de nascimento nem os estrangeiros que vivem entre vocês farão qualquer tipo de trabalho. Essa é uma lei permanente para vocês. Nesse dia, serão apresentadas ofertas de expiação por vocês, a fim de purificá-los, e vocês serão purificados de todos os seus pecados na presença do S enhor. Será um sábado de descanso absoluto, no qual se humilharão. Essa é uma lei permanente para vocês. Nas gerações futuras, a cerimônia de expiação será realizada pelo sacerdote ungido e consagrado para servir como sacerdote no lugar de seu antepassado Arão. Ele vestirá as roupas sagradas de linho e fará expiação pelo lugar santíssimo, pela tenda do encontro, pelo altar, pelos sacerdotes e por toda a comunidade. Essa é uma lei permanente para vocês, para que se faça expiação pelos pecados dos israelitas uma vez por ano”. Moisés seguiu todas essas instruções exatamente conforme o S enhor havia ordenado. Então o S enhor disse a Moisés: “Dê as seguintes instruções a Arão, a seus filhos e a todo o povo de Israel. Isto é o que o S enhor ordenou. “Se algum israelita de nascimento sacrificar um boi, um cordeiro ou um cabrito em qualquer lugar dentro ou fora do acampamento em vez de levá-lo à entrada da tenda do encontro e apresentá-lo como oferta ao S enhor, será tão culpado quanto um assassino. Derramou sangue e será eliminado do meio do povo. A finalidade é evitar que os israelitas sacrifiquem animais em campo aberto. Isso garantirá que levem os sacrifícios ao sacerdote à entrada da tenda do encontro, para que ele os apresente ao S enhor como ofertas de paz. Então o sacerdote derramará o sangue no altar do S enhor à entrada da tenda do encontro e queimará a gordura como aroma agradável ao S enhor. Não deverão mais oferecer sacrifícios a ídolos em forma de bode, cometendo prostituição. Essa é uma lei permanente para eles e deverá ser cumprida de geração em geração. “Dê-lhes também a seguinte ordem. Se um israelita de nascimento ou um estrangeiro que vive entre vocês apresentar um holocausto ou outro sacrifício, mas não o trouxer à entrada da tenda do encontro para oferecê-lo ao S enhor, será eliminado do meio do povo. “Se algum israelita de nascimento ou um estrangeiro que vive entre vocês comer sangue, sob qualquer circunstância, eu me voltarei contra ele e o eliminarei do meio do povo, pois a vida do corpo está no sangue. Eu lhes dei o sangue no altar para fazer expiação por vocês. É o sangue oferecido que faz a expiação em lugar de uma vida. Por isso eu disse aos israelitas: ‘Jamais comam sangue, nem vocês, nem os estrangeiros que vivem entre vocês’. “Se um israelita de nascimento ou um estrangeiro que vive entre vocês sair para caçar e matar um animal ou uma ave que lhes é permitido comer, deixará o sangue do animal escorrer e o cobrirá com terra. A vida de toda criatura está no sangue. Por isso eu disse aos israelitas: ‘Jamais comam sangue, pois a vida de toda criatura está no sangue’. Quem consumir sangue será eliminado. “E, se um israelita de nascimento ou um estrangeiro comer a carne de um animal que morreu de forma natural ou foi despedaçado por animais selvagens, lavará as roupas e se banhará com água. Ficará cerimonialmente impuro até o entardecer, mas depois disso estará puro. Se, contudo, não lavar as roupas e não se banhar, será castigado por causa de seu pecado”. Então o S enhor disse a Moisés: “Dê as seguintes instruções ao povo de Israel. Eu sou o S enhor, seu Deus. Portanto, não se comportem como o povo do Egito, onde vocês viviam, nem como o povo de Canaã, para onde os estou levando. Não imitem o estilo de vida deles. Obedeçam aos meus estatutos e cumpram os meus decretos, pois eu sou o S enhor, seu Deus. Sim, obedeçam aos meus decretos e aos meus estatutos; quem os praticar viverá por eles. Eu sou o S enhor. “Jamais tenha relações sexuais com uma parenta próxima, pois eu sou o S enhor. “Não desonre seu pai, tendo relações sexuais com sua mãe. Ela é sua mãe; não tenha relações sexuais com ela. “Não tenha relações sexuais com nenhuma das esposas de seu pai, pois isso desonraria seu pai. “Não tenha relações sexuais com sua irmã ou meia-irmã, filha de seu pai ou de sua mãe, nascida em sua casa ou em outra casa. “Não tenha relações sexuais com sua neta, filha de seu filho ou de sua filha, pois com isso você desonraria a si mesmo. “Não tenha relações sexuais com a filha de nenhuma das esposas de seu pai, pois ela é sua irmã. “Não tenha relações sexuais com sua tia, irmã de seu pai, pois ela é parenta próxima de seu pai. “Não tenha relações sexuais com sua tia, irmã de sua mãe, pois ela é parenta próxima de sua mãe. “Não desonre seu tio, irmão de seu pai, tendo relações sexuais com a mulher dele, pois ela é sua tia. “Não tenha relações sexuais com sua nora; ela é mulher de seu filho, de modo que você não deve ter relações sexuais com ela. “Não tenha relações sexuais com a mulher de seu irmão, pois desonraria seu irmão. “Não tenha relações sexuais com uma mulher e a filha dela. E não tome a neta dela, filha do filho ou da filha dela, e tenha relações sexuais com ela, pois são parentas próximas. Isso é perversão. “Enquanto sua esposa estiver viva, não se case nem tenha relações sexuais com a irmã dela, pois elas se tornariam rivais. “Não tenha relações sexuais com uma mulher durante o período de impureza menstrual dela. “Não tenha relações sexuais com a mulher do seu próximo, contaminando-se com ela. “Não permita que nenhum de seus filhos seja oferecido como sacrifício a Moloque. Não desonre o nome do seu Deus. Eu sou o S enhor. “Não pratique a homossexualidade, tendo relações sexuais com outro homem como se fosse com uma mulher. Isso é detestável. “Homem nenhum deve se contaminar tendo relações sexuais com um animal. E mulher nenhuma deve se oferecer para um animal macho para ter relações com ele. Isso é depravação. “Não se contaminem de nenhuma dessas formas, pois os povos que expulsarei da presença de vocês se contaminaram com todas essas práticas. Uma vez que a terra toda foi contaminada, castigarei seus habitantes. Farei a terra vomitá-los. Obedeçam aos meus decretos e aos meus estatutos. Não cometam nenhum desses atos detestáveis. Isso se aplica tanto aos israelitas de nascimento como aos estrangeiros que vivem entre vocês. “Todos esses atos detestáveis são praticados pelos povos da terra para onde eu os estou levando, e foi assim que a terra ficou contaminada. Por isso, não contaminem a terra e não lhe deem motivo para vomitá-los, como fará com os povos que agora vivem ali. Quem cometer algum desses pecados detestáveis será eliminado do meio do povo. Portanto, obedeçam às minhas instruções e não se contaminem por adotar alguma dessas práticas detestáveis dos povos que viveram na terra antes de vocês. Eu sou o S enhor, seu Deus”. O S enhor também disse a Moisés: “Dê as seguintes instruções a toda a comunidade de Israel. Sejam santos, pois eu, o S enhor, seu Deus, sou santo. “Mostrem respeito, cada um de vocês, por sua mãe e por seu pai; guardem também meus sábados. Eu sou o S enhor, seu Deus. “Não depositem sua confiança em ídolos nem façam para si imagens de metal representando deuses. Eu sou o S enhor, seu Deus. “Quando sacrificarem uma oferta de paz ao S enhor, apresentem-na de forma apropriada, para que sejam aceitos. Comam o sacrifício no mesmo dia em que o oferecerem, ou no dia seguinte. O que restar até o terceiro dia será completamente queimado. Se algo do sacrifício for comido no terceiro dia, estará contaminado e não será aceito. Quem o comer no terceiro dia será castigado, pois contaminou aquilo que é santo ao S enhor, e será eliminado do meio do povo. “Quando fizerem a colheita de sua terra, não colham as espigas nos cantos dos campos nem apanhem aquilo que os ceifeiros deixarem cair. O mesmo se aplica à colheita da uva. Não cortem até o último cacho de cada videira nem apanhem as uvas que caírem no chão. Deixem-nas para os pobres e estrangeiros que vivem entre vocês. Eu sou o S enhor, seu Deus. “Não roubem. “Não mintam nem enganem uns aos outros. “Não desonrem o nome do seu Deus, usando-o para jurar falsamente. Eu sou o S enhor. “Não explorem nem roubem o seu próximo. “Não fiquem até o dia seguinte com o pagamento de seus empregados. “Não insultem o surdo nem façam o cego tropeçar. Temam o seu Deus. Eu sou o S enhor. “Não distorçam a justiça em questões legais, favorecendo os pobres ou tomando partido dos ricos e poderosos. Julguem sempre com imparcialidade. “Não vivam como difamadores no meio do povo. “Não fiquem de braços cruzados quando a vida do seu próximo correr perigo. Eu sou o S enhor. “Não alimentem ódio no coração contra algum de seus parentes. Confrontem sem rodeios aqueles que errarem, para não serem responsabilizados pelo pecado deles. “Não procurem se vingar nem guardem rancor de alguém do seu povo, mas cada um ame o seu próximo como a si mesmo. Eu sou o S enhor. “Obedeçam a todos os meus decretos. “Não cruzem dois animais de espécies diferentes. Não plantem em seu campo duas espécies de sementes. Não usem roupas tecidas com dois tipos de pano. “Se um homem tiver relações sexuais com uma escrava cuja liberdade não foi comprada, mas que está prometida para ser mulher de outro, indenizará totalmente o senhor da escrava. Uma vez que ela não é livre, nem o homem nem a mulher serão mortos. O homem levará um carneiro como oferta pela culpa e o apresentará ao S enhor à entrada da tenda do encontro. O sacerdote fará expiação por ele com o carneiro da oferta pela culpa, e seu pecado será perdoado. “Quando entrarem na terra e plantarem árvores frutíferas de todo tipo, não colham os frutos nos três primeiros anos. Considerem esses frutos proibidos e não os comam. No quarto ano, consagrem toda a colheita ao S enhor como uma celebração de louvor. Por fim, no quinto ano, vocês poderão comer os frutos. Se procederem desse modo, sua colheita aumentará. Eu sou o S enhor, seu Deus. “Não comam carne em que ainda houver sangue. “Não pratiquem adivinhação nem feitiçaria. “Não cortem o cabelo dos lados da cabeça nem raspem a barba rente à pele. “Quando lamentarem a morte de alguém, não façam cortes no corpo nem marcas na pele. Eu sou o S enhor. “Ninguém contamine sua filha tornando-a uma prostituta, pois a terra ficaria cheia de prostituição e perversão. “Guardem meus sábados e tratem meu santuário com reverência. Eu sou o S enhor. “Não se contaminem procurando médiuns e os que consultam os espíritos dos mortos. Eu sou o S enhor, seu Deus. “Levantem-se na presença dos idosos e honrem os anciãos. Temam o seu Deus. Eu sou o S enhor. “Não se aproveitem dos estrangeiros que vivem entre vocês na terra. Tratem-nos como se fossem israelitas de nascimento e amem-nos como a si mesmos. Lembrem-se de que vocês eram estrangeiros quando moravam na terra do Egito. Eu sou o S enhor, seu Deus. “Não usem medidas desonestas ao medirem comprimento, peso ou volume. Suas balanças e seus pesos devem ser exatos, assim como suas vasilhas para medir produtos secos ou líquidos. Eu sou o S enhor, seu Deus, que os tirou da terra do Egito. “Obedeçam a todos os meus decretos e a todos os meus estatutos pondo-os em prática. Eu sou o S enhor ”. O S enhor disse a Moisés: “Dê as seguintes instruções ao povo de Israel. Elas se aplicam tanto aos israelitas de nascimento como aos estrangeiros que vivem em Israel. “Se algum deles oferecer seus filhos como sacrifício a Moloque, será executado. Os membros da comunidade o apedrejarão até que ele morra. Eu mesmo me voltarei contra ele e o eliminarei do meio do povo, pois contaminou meu santuário e desonrou meu nome santo ao oferecer seus filhos a Moloque. E, se os membros da comunidade fizerem vista grossa àquele que ofereceu seus filhos a Moloque e se recusarem a executá-lo, eu mesmo me voltarei contra ele e sua família. Eu eliminarei do meio do povo tanto aquele homem como os que o seguiram em sua prostituição, no culto a Moloque. “Também me voltarei contra aqueles que procuram médiuns ou que consultam os espíritos dos mortos, cometendo prostituição. Eu os eliminarei do meio do povo. Portanto, consagrem-se e sejam santos, pois eu sou o S enhor, seu Deus. Guardem meus decretos pondo-os em prática, pois eu sou o S enhor, que os santifica. “Quem ofender a honra de seu pai ou sua mãe será executado; decretou a própria morte quando amaldiçoou seus pais. “Se um homem cometer adultério com a mulher do seu próximo, o homem e a mulher que cometeram adultério serão executados. “Se um homem desonrar seu pai tendo relações sexuais com qualquer das esposas de seu pai, o homem e a mulher serão executados; decretaram a própria morte. “Se um homem tiver relações sexuais com sua nora, ambos serão executados, pois cometeram uma depravação; decretaram a própria morte. “Se um homem adotar práticas homossexuais e tiver relações sexuais com outro homem como se fosse com uma mulher, os dois cometem um ato detestável e serão executados; decretaram a própria morte. “Se um homem se casar com uma mulher e com a mãe dela, comete uma perversão; o homem e as duas mulheres serão queimados vivos para acabar com a perversidade entre vocês. “Se um homem tiver relações sexuais com um animal, ele deverá ser executado, e o animal será morto. “Se uma mulher se entregar a um animal macho para ter relações sexuais com ele, tanto ela como o animal serão executados. Matem ambos; decretaram a própria morte. “Se um homem se casar com sua irmã, filha de seu pai ou de sua mãe, e se tiverem relações sexuais, cometeram uma infâmia. Ambos serão eliminados do meio do povo, à vista de todos. Uma vez que o homem desonrou sua irmã, será castigado por causa de seu pecado. “Se um homem tiver relações sexuais com uma mulher durante a menstruação, ambos serão eliminados do meio do povo, pois, juntos, expuseram a fonte do fluxo de sangue da mulher. “Não tenha relações sexuais com sua tia, irmã de sua mãe ou de seu pai, pois causaria desonra a uma parenta próxima. As duas partes são culpadas e serão castigadas por causa de seu pecado. “Se um homem tiver relações sexuais com a mulher de seu tio, desonrou seu tio. O homem e a mulher serão castigados por causa de seu pecado e morrerão sem filhos. “Se um homem se casar com a mulher de seu irmão, comete um ato de impureza. Desonrou seu irmão, e o casal culpado ficará sem filhos. “Guardem todos os meus decretos e todos os meus estatutos pondo-os em prática; do contrário, a terra para onde os estou levando para ser seu novo lar os vomitará. Não vivam de acordo com os costumes dos povos que expulsarei de diante de vocês. Eu os detesto porque praticam essas coisas vergonhosas. A vocês, porém, prometi: ‘Possuirão a terra deles, pois a darei a vocês como sua propriedade, uma terra que produz leite e mel com fartura’. Eu sou o S enhor, seu Deus, que os separou de todos os outros povos. “Portanto, façam distinção entre animais puros e impuros e entre aves puras e impuras. Não se contaminem com nenhum animal, ave ou criatura que rasteja pelo chão; eu determinei o que é impuro para vocês. Sejam santos, pois eu, o S enhor, sou santo. Separei-os de todos os outros povos para serem meus. “Os homens e mulheres entre vocês que forem médiuns ou que consultam espíritos dos mortos serão apedrejados até morrer; decretaram a própria morte”. O S enhor disse a Moisés: “Dê as seguintes instruções aos sacerdotes, os filhos de Arão. “Nenhum sacerdote deverá se tornar cerimonialmente impuro por causa da morte de alguém do povo. As únicas exceções são seus parentes mais próximos: mãe ou pai, filho ou filha, irmão ou irmã virgem que dependa dele, uma vez que não tem marido. Nesse caso, poderá contaminar-se. O sacerdote não deverá contaminar-se e tornar-se cerimonialmente impuro por causa de algum parente de sua esposa. “Os sacerdotes não rasparão a cabeça, não rasparão a barba rente à pele, nem farão cortes no corpo. Serão consagrados ao seu Deus e jamais desonrarão o nome de Deus, pois são eles que apresentam as ofertas especiais para o S enhor, ofertas de alimento para o seu Deus. “Os sacerdotes não se casarão com uma mulher contaminada pela prostituição, nem se casarão com uma mulher divorciada do marido, pois o sacerdote é consagrado ao seu Deus. Tratem-no como santo, pois ele traz as ofertas de alimento perante o seu Deus. Considerem-no santo, pois eu, o S enhor, sou santo e santifico vocês. “Se a filha de um sacerdote se tornar prostituta e, desse modo, se contaminar, também contamina a santidade de seu pai e deverá morrer queimada. “O sumo sacerdote ocupa a posição mais elevada entre todos os sacerdotes. O óleo da unção foi derramado sobre sua cabeça, e ele foi consagrado para vestir as roupas sacerdotais. Nunca deixará o cabelo despenteado nem rasgará suas roupas em sinal de luto. Não se contaminará por aproximar-se de um cadáver. Não se tornará cerimonialmente impuro nem mesmo por causa de seu pai ou de sua mãe. Não deixará o santuário, nem contaminará o santuário do seu Deus, pois foi consagrado pelo óleo da unção de seu Deus. Eu sou o S enhor. “O sumo sacerdote somente se casará com uma virgem. Não se casará com uma viúva, nem com uma mulher divorciada, nem com uma mulher contaminada pela prostituição. Sua esposa deverá ser uma virgem de seu próprio clã, para que ele não desonre seus descendentes entre o povo, pois eu sou o S enhor, que o santifico”. Então o S enhor disse a Moisés: “Dê as seguintes instruções a Arão. Nas gerações futuras, nenhum de seus descendentes portador de algum defeito físico estará qualificado para trazer ofertas de alimento ao seu Deus. Nenhum homem que tenha algum defeito estará qualificado, seja ele cego, aleijado, mutilado ou deformado, ou tenha o pé ou braço quebrado, ou seja corcunda, ou anão, ou tenha um olho defeituoso, ou feridas na pele ou sarna, ou testículos defeituosos. Nenhum descendente de Arão que tenha algum defeito se aproximará do altar para apresentar ofertas especiais para o S enhor. Uma vez que tem defeito, não poderá se aproximar do altar para trazer ofertas de alimento ao seu Deus. No entanto, poderá comer do alimento oferecido a Deus, das ofertas santas e das ofertas santíssimas. Mas, por causa de seu defeito físico, não passará adiante da cortina interna nem se aproximará do altar, pois contaminaria meus lugares santos. Eu sou o S enhor, que santifico esses lugares”. Moisés deu essas instruções a Arão, a seus filhos e a todos os israelitas. O S enhor disse a Moisés: “Diga a Arão e a seus filhos que tenham muito respeito pelas ofertas sagradas que os israelitas consagrarem a mim, a fim de não desonrarem meu santo nome. Eu sou o S enhor. Dê a eles as seguintes instruções. “Nas gerações futuras, se algum de seus descendentes estiver cerimonialmente impuro ao se aproximar das ofertas sagradas que os israelitas consagrarem ao S enhor, ele será eliminado de minha presença. Eu sou o S enhor. “Se algum dos descendentes de Arão tiver lepra ou qualquer tipo de fluxo que o torne cerimonialmente impuro, não comerá das ofertas sagradas enquanto não for declarado puro. Também se tornará impuro se tocar num cadáver, expelir sêmen, tocar num animal que rasteja pelo chão e seja impuro ou tocar em alguém que, por qualquer motivo, esteja cerimonialmente impuro. Quem se contaminar de alguma dessas formas ficará impuro até o entardecer. Não comerá das ofertas sagradas enquanto não tiver se banhado com água. Depois do pôr do sol, estará cerimonialmente puro outra vez e poderá comer das ofertas sagradas, pois são seu alimento. Não comerá um animal que morreu de forma natural ou que foi despedaçado por animais selvagens, pois se contaminaria. Eu sou o S enhor. “Os sacerdotes obedecerão fielmente às minhas ordens. Do contrário, serão culpados de pecado e morrerão, pois menosprezaram o que lhes ordenei. Eu sou o S enhor, que os santifica. “Ninguém de fora da família do sacerdote comerá das ofertas sagradas. Nem mesmo hóspedes e empregados da casa do sacerdote poderão comê-las. Mas, se o sacerdote comprar um escravo, esse escravo poderá comer das ofertas sagradas. E, se o escravo tiver filhos, eles também poderão comer de seu alimento. Se a filha do sacerdote se casar com alguém de fora da família sacerdotal, não poderá mais comer das ofertas sagradas. Se, contudo, ficar viúva ou divorciar-se, sem ter filhos para sustentá-la, e voltar a morar na casa do pai, como quando era jovem, poderá comer novamente do alimento do pai. Com exceção desses casos, ninguém de fora da família do sacerdote comerá das ofertas sagradas. “Se alguém não autorizado comer das ofertas sagradas por engano, pagará ao sacerdote aquilo que comeu, mais um quinto do valor. Os sacerdotes não contaminarão as ofertas sagradas apresentadas pelos israelitas ao S enhor, permitindo que sejam consumidas por pessoas não autorizadas. Elas se tornariam culpadas e teriam de fazer reparação. Eu sou o S enhor, que os santifica”. O S enhor também disse a Moisés: “Dê as seguintes instruções a Arão, a seus filhos e a todo o povo de Israel. Elas se aplicam tanto aos israelitas de nascimento como aos estrangeiros que vivem entre vocês. “Se alguém apresentar ao S enhor um holocausto, seja como cumprimento de um voto ou como oferta voluntária, só será aceito se o animal oferecido for um macho sem defeito. Poderá ser um boi, um carneiro ou um bode. Não apresentem um animal defeituoso, pois o S enhor não o aceitará em favor de vocês. “Se alguém apresentar ao S enhor uma oferta de paz, seja como cumprimento de um voto ou como oferta voluntária, escolha do gado ou do rebanho um animal perfeito, sem defeito algum. Não ofereçam um animal cego, aleijado, ferido, ou que tenha um quisto, um ferimento na pele, ou sarna. Nunca ofereçam nenhum desses animais no altar como ofertas especiais para o S enhor. Se um boi ou um cordeiro tiver uma perna mais comprida ou mais curta que as outras, poderá ser apresentado como oferta voluntária, mas não como cumprimento de um voto. Se um animal tiver testículos danificados ou for castrado, não poderá ser oferecido ao S enhor. Nunca façam isso em sua própria terra e não recebam de estrangeiros animais como esses em pagamento, para depois oferecê-los como sacrifício a Deus. Não serão aceitos em seu favor, pois são mutilados ou defeituosos”. E o S enhor disse a Moisés: “Quando nascer um bezerro, cordeiro ou cabrito, ficará sete dias com a mãe. Do oitavo dia em diante, será aceitável como oferta especial para o S enhor. Não matem a mãe e sua cria no mesmo dia, seja uma vaca, uma ovelha ou uma cabra. Quando levarem uma oferta de gratidão ao S enhor, sacrifiquem-na corretamente para que sejam aceitos. Comam todo o animal sacrificado no dia em que for apresentado. Não deixem parte alguma do animal até a manhã seguinte. Eu sou o S enhor. “Guardem fielmente meus mandamentos pondo-os em prática, pois eu sou o S enhor. Não desonrem meu santo nome, pois demonstrarei minha santidade no meio dos israelitas. Eu sou o S enhor, que os santifica. Eu os libertei da terra do Egito para ser o seu Deus. Eu sou o S enhor ”. O S enhor disse a Moisés: “Dê as seguintes instruções ao povo de Israel. Estas são as festas que o S enhor estabeleceu e que vocês proclamarão como reuniões sagradas. “Vocês têm seis dias na semana para fazer os trabalhos habituais, mas o sétimo dia é o sábado, o dia de descanso absoluto e de reunião sagrada. Não façam trabalho algum, pois é o sábado do S enhor e deve ser guardado onde quer que morarem. “Além do sábado, estas são as festas que o S enhor estabeleceu, as reuniões sagradas que serão celebradas anualmente no devido tempo.” A Páscoa e a Festa dos Pães sem Fermento “A Páscoa do S enhor começa ao entardecer do décimo quarto dia do primeiro mês. No dia seguinte, o décimo quinto dia, comecem a celebrar a Festa dos Pães sem Fermento. Essa celebração em homenagem ao S enhor continuará por sete dias e, durante esse tempo, o pão que comerem será preparado sem fermento. No primeiro dia da festa, todos suspenderão seus trabalhos habituais e realizarão uma reunião sagrada. Durante sete dias, apresentarão ofertas especiais para o S enhor. No sétimo dia, suspenderão novamente seus trabalhos habituais para realizar uma reunião sagrada”. O S enhor disse a Moisés: “Dê as seguintes instruções ao povo de Israel. Quando entrarem na terra que eu lhes dou e começarem a primeira colheita, levem ao sacerdote um feixe dos primeiros cereais que colherem. No dia depois do sábado, o sacerdote moverá o feixe para o alto diante do S enhor, para que seja aceito em favor de vocês. Nesse mesmo dia, ofereçam um cordeiro de um ano, sem defeito, como holocausto para o S enhor. Junto com o sacrifício, apresentem uma oferta de cereal de quatro litros de farinha da melhor qualidade umedecida com azeite. Será uma oferta especial, um aroma agradável ao S enhor. Ofereçam também um litro de vinho como oferta derramada. Nesse dia, não comam pão algum, nem cereal torrado ou fresco, enquanto não apresentarem a oferta ao seu Deus. Essa é uma lei permanente para vocês e deve ser cumprida de geração em geração, onde quer que morarem.” A Festa da Colheita “A partir do dia seguinte ao sábado, o dia em que levarem o feixe de cereal a fim de ser movido para o alto como oferta especial, contem sete semanas completas. Continuem contando até o dia depois do sétimo sábado, isto é, cinquenta dias depois. Então apresentem uma oferta de cereal novo para o S enhor. Onde quer que morarem, levem dois pães que serão movidos para o alto como oferta especial diante do S enhor. Preparem os pães com quatro quilos de farinha da melhor qualidade e assem-nos com fermento. Serão uma oferta para o S enhor dos primeiros frutos de sua colheita. Junto com o pão, apresentem sete cordeiros de um ano e sem defeito, um novilho e dois carneiros como holocaustos para o S enhor. Esses holocaustos, junto com as ofertas de cereal e ofertas derramadas, serão uma oferta especial, um aroma agradável ao S enhor. Em seguida, ofereçam um bode como oferta pelo pecado e dois cordeiros de um ano como ofertas de paz. “O sacerdote levantará os dois cordeiros como oferta especial para o S enhor, junto com os pães que representam os primeiros frutos de suas colheitas. Essas ofertas, que são santas para o S enhor, pertencem aos sacerdotes. Esse mesmo dia será declarado dia de reunião sagrada, um dia em que não farão nenhum trabalho habitual. Essa é uma lei permanente para vocês e deve ser cumprida de geração em geração, onde quer que morarem. “Quando fizerem a colheita da sua terra, não colham as espigas nos cantos dos campos e não apanhem aquilo que cair das mãos dos ceifeiros. Deixem esses grãos para os pobres e estrangeiros que vivem entre vocês. Eu sou o S enhor, seu Deus”. O S enhor disse a Moisés: “Dê as seguintes instruções ao povo de Israel. No primeiro dia do sétimo mês, tenham um dia de descanso absoluto. Será uma reunião sagrada, uma celebração memorial comemorada com toques de trombeta. Não façam nenhum trabalho habitual nesse dia, mas apresentem ofertas especiais para o S enhor ”. O S enhor disse a Moisés: “Comemorem o Dia da Expiação no décimo dia do mesmo sétimo mês. Celebrem-no como uma reunião sagrada, um dia para se humilharem e apresentarem ofertas especiais para o S enhor. Não façam trabalho algum durante todo esse dia, pois é o Dia da Expiação, no qual se fará expiação em seu favor diante do S enhor, seu Deus. Todos aqueles que não se humilharem nesse dia serão eliminados do meio do povo. Destruirei aqueles que, dentre vocês, trabalharem em algo nesse dia. Não façam trabalho algum. Essa é uma lei permanente para vocês e deve ser cumprida de geração em geração, onde quer que morarem. Será um sábado de descanso absoluto para vocês e, nesse dia, deverão se humilhar. O dia de descanso começará ao entardecer do nono dia do mês e se estenderá até o entardecer do décimo dia”. O S enhor também disse a Moisés: “Dê as seguintes instruções ao povo de Israel. Comecem a celebrar a Festa das Cabanas no décimo quinto dia do sétimo mês. Essa festa em homenagem ao S enhor durará sete dias. O primeiro dia da festa será declarado reunião sagrada, na qual não farão nenhum trabalho habitual. Durante sete dias, vocês apresentarão ofertas especiais para o S enhor. No oitavo dia, haverá outra reunião sagrada, na qual apresentarão ofertas especiais para o S enhor. Será uma ocasião solene, e ninguém fará nenhum trabalho habitual. (“Essas são as festas que o S enhor estabeleceu. Celebrem-nas a cada ano como reuniões sagradas, apresentando para o S enhor, no dia apropriado, as ofertas especiais de sacrifícios queimados, ofertas de cereal, sacrifícios e ofertas derramadas. Celebrem-nas além dos sábados habituais do S enhor e apresentem as ofertas além das ofertas pessoais que vocês trazem no cumprimento de votos e das ofertas voluntárias para o S enhor.) “Lembrem-se de que essa festa de sete dias em homenagem ao S enhor, a Festa das Cabanas, começa no décimo quinto dia do sétimo mês, depois de terem colhido tudo que a terra produziu. Celebrem a festa do S enhor por sete dias. O primeiro e o oitavo dia da festa serão de descanso absoluto. No primeiro dia, recolham galhos das mais belas árvores, folhagens de palmeiras, ramos de árvores verdejantes e de salgueiros que crescem junto dos riachos. Celebrem com alegria diante do S enhor, seu Deus, por sete dias. Comemorem essa festa em homenagem ao S enhor por sete dias a cada ano. Essa é uma lei permanente para vocês e deve ser cumprida no sétimo mês, de geração em geração. Durante sete dias, morarão ao ar livre em pequenas cabanas. Todos os israelitas de nascimento morarão em cabanas. Desse modo, lembrarão cada nova geração de israelitas que eu fiz seus antepassados morarem em cabanas quando os libertei da terra do Egito. Eu sou o S enhor, seu Deus”. Assim, Moisés transmitiu aos israelitas essas instruções sobre as festas anuais do S enhor. O S enhor disse a Moisés: “Ordene aos israelitas que tragam óleo puro de azeitonas prensadas para a iluminação do candelabro, a fim de manter as lâmpadas sempre acesas. É o candelabro que fica na tenda do encontro, em frente à cortina interna que protege a arca da aliança. Arão manterá as lâmpadas acesas na presença do S enhor a noite toda. Essa é uma lei permanente para vocês e deve ser cumprida de geração em geração. Arão e os sacerdotes manterão sempre em ordem, na presença do S enhor, as lâmpadas do candelabro de ouro puro. “Asse doze pães de farinha da melhor qualidade usando quatro litros de farinha para cada pão. Coloque os pães diante do S enhor sobre a mesa de ouro puro e arrume-os em duas fileiras, com seis pães em cada fileira. Coloque um pouco de incenso sobre cada fileira como oferta memorial, uma oferta especial apresentada ao S enhor. A cada sábado, coloque regularmente diante do S enhor esses pães como oferta da parte dos israelitas; é uma expressão contínua da aliança sem fim. Os pães pertencerão a Arão e seus descendentes, que os comerão num lugar sagrado, pois são santíssimos. Os sacerdotes terão direito permanente a essa porção das ofertas especiais apresentadas ao S enhor ”. A pena para quem blasfemar Certo dia, um homem, filho de uma israelita e de um egípcio, saiu de sua tenda e se envolveu numa briga com um dos israelitas. Durante a briga, o filho da israelita blasfemou o Nome com uma maldição. Por isso, foi levado a Moisés para ser julgado. A mãe dele se chamava Selomite, filha de Dibri, da tribo de Dã. O homem foi mantido preso até ficar clara a vontade do S enhor a respeito de sua situação. Então o S enhor disse a Moisés: “Leve o blasfemador para fora do acampamento e diga a todos que ouviram a maldição que coloquem as mãos sobre a cabeça dele. Depois, a comunidade toda o executará por apedrejamento. Diga ao povo de Israel: Quem amaldiçoar o seu Deus será castigado por causa do seu pecado. Quem blasfemar o nome do S enhor será morto por apedrejamento por toda a comunidade de Israel. Qualquer israelita de nascimento ou estrangeiro entre vocês que blasfemar o Nome será morto. “Quem tirar a vida de outra pessoa será morto. “Quem matar um animal pertencente a outra pessoa a indenizará com um animal vivo. “Quem ferir outra pessoa será tratado de acordo com o ferimento que causou: fratura por fratura, olho por olho, dente por dente. O dano que alguém fizer a outra pessoa, será feito a ele. “Quem matar um animal indenizará seu dono totalmente, mas quem matar uma pessoa será morto. “A mesma lei se aplica tanto aos israelitas de nascimento como aos estrangeiros que vivem entre vocês. Eu sou o S enhor, seu Deus”. Depois que Moisés transmitiu todas essas instruções aos israelitas, eles levaram o blasfemador para fora do acampamento e o executaram por apedrejamento. Os israelitas fizeram exatamente conforme o S enhor havia ordenado a Moisés. Quando Moisés estava no monte Sinai, o S enhor lhe disse: “Dê as seguintes instruções ao povo de Israel. Quando entrarem na terra que eu lhes dou, a terra deverá observar um sábado para o S enhor a cada sete anos. Durante seis anos, vocês semearão os campos, podarão os vinhedos e farão a colheita, mas no sétimo ano a terra terá um ano sabático de descanso absoluto. É o sábado do S enhor. Durante esse ano, não semeiem os campos nem façam a poda dos vinhedos. Não ceifem o que crescer espontaneamente nem colham as uvas dos vinhedos não podados. A terra terá um ano de descanso absoluto. Comam o que a terra produzir espontaneamente durante seu descanso. Isso se aplica a vocês, a seus filhos, a seus servos e servas, e também aos trabalhadores contratados e aos residentes temporários que vivem em seu meio. Seus rebanhos e todos os animais selvagens de sua terra também poderão comer o que a terra produzir.” O Ano do Jubileu “Contem sete anos sabáticos, sete vezes sete anos, no total de 49 anos. Então, no Dia da Expiação do ano seguinte, façam soar por toda a terra um toque longo e alto de trombeta. Consagrem esse ano, o quinquagésimo ano, como um tempo de proclamar a liberdade por toda a terra para todos os seus habitantes. Será um ano de jubileu para vocês, no qual cada um poderá voltar à terra que pertencia a seus antepassados e regressar a seu próprio clã. O quinquagésimo ano será um jubileu para vocês. Nesse ano, não semearão os campos, nem ceifarão o que crescer espontaneamente, nem colherão as uvas dos vinhedos não podados. Será um ano de jubileu para vocês e deverão mantê-lo santo. Comam o que a terra produzir espontaneamente. No Ano do Jubileu, cada um poderá retornar à terra que pertencia a seus antepassados. “Quando alguém fizer um acordo com o seu próximo para comprar ou vender uma propriedade, não deverá tirar vantagem do outro. Ao comprar um terreno do seu próximo, o preço a ser pago será baseado no número de anos desde o último jubileu. O vendedor estipulará o preço levando em conta os anos que ainda restam de colheitas. Quanto mais colheitas faltarem para o próximo jubileu, mais alto será o preço; quanto menos anos faltarem, mais baixo será o preço. Afinal, o que ele está vendendo é certo número de colheitas. Mostrem seu temor a Deus não tirando vantagem um do outro. Eu sou o S enhor, seu Deus. “Se quiserem viver seguros na terra, sigam os meus decretos e obedeçam aos meus estatutos. Então a terra produzirá colheitas fartas, vocês comerão até se saciarem e viverão em segurança. Talvez vocês perguntem: ‘O que comeremos no sétimo ano, uma vez que não temos permissão de semear nem de colher nesse ano?’. Podem ter certeza de que no sexto ano eu lhes enviarei a minha bênção, de modo que a terra produzirá o suficiente para três anos. No oitavo ano, quando semearem seus campos, ainda estarão comendo da colheita farta do sexto ano. De fato, ainda estarão comendo dessa colheita quando fizerem a nova colheita no nono ano.” O resgate de propriedades “A terra jamais será vendida em caráter definitivo, pois ela me pertence. Vocês são apenas estrangeiros e arrendatários que trabalham para mim. “Sempre que uma propriedade for negociada, o vendedor deverá ter o direito de comprá-la de volta. Se alguém do seu povo empobrecer e for obrigado a vender parte das terras da família, um parente próximo deverá comprar a propriedade de volta para ele. Se não houver qualquer parente próximo para comprar a propriedade, mas a pessoa que a vendeu conseguir dinheiro suficiente para comprá-la de volta, terá o direito de resgatá-la de quem a comprou. Do preço da terra será descontado um valor proporcional ao número de anos até o próximo Ano do Jubileu. Desse modo, o primeiro dono da propriedade terá condições de retornar à sua terra. Se, contudo, o primeiro dono não tiver condições de comprar de volta a propriedade, ela ficará com o novo dono até o Ano do Jubileu seguinte. Nesse ano, a propriedade será devolvida aos primeiros donos, a fim de que voltem à terra de sua família. “Quem vender uma casa dentro de uma cidade murada terá, por um ano completo, o direito de comprá-la de volta. Durante esse ano, o vendedor poderá resgatar a casa. Mas, se não a comprar de volta durante esse ano, a venda da casa dentro da cidade murada não poderá ser revertida. A casa se tornará propriedade permanente do comprador. Não será devolvida ao primeiro dono no Ano do Jubileu. Já uma casa num povoado, num assentamento sem muros ao redor, será considerada uma propriedade rural. Poderá ser comprada de volta a qualquer momento e será devolvida ao primeiro proprietário no Ano do Jubileu. “Os levitas sempre terão o direito de comprar de volta uma casa que tiverem vendido dentro das cidades reservadas para eles. Qualquer propriedade vendida pelos levitas, ou seja, todas as casas dentro das cidades deles, será devolvida no Ano do Jubileu. Afinal, essas casas são suas únicas propriedades em todo o Israel. As pastagens em volta das cidades dos levitas não serão vendidas. São propriedade permanente deles.” O resgate dos pobres e dos escravos “Se alguém do seu povo empobrecer e não puder se sustentar, ajudem-no como ajudariam um estrangeiro ou residente temporário e permitam que ele more com vocês. Não cobrem juros nem tenham lucro à custa dele. Em vez disso, mostrem seu temor a Deus permitindo que ele viva como parente com vocês. Lembrem-se de não cobrar juros sobre o dinheiro que lhe emprestarem nem de ter lucro com o alimento que lhe venderem. Eu sou o S enhor, seu Deus, que os tirou da terra do Egito para lhes dar a terra de Canaã e ser o seu Deus. “Se alguém do seu povo empobrecer e for obrigado a se vender para vocês, não o tratem como escravo. Tratem-no como empregado ou residente temporário que mora com vocês e os servirá apenas até o Ano do Jubileu. Então ele e seus filhos estarão livres e voltarão aos clãs e à propriedade que pertencia a seus antepassados. Os israelitas são os meus servos que eu tirei da terra do Egito, de modo que jamais devem ser vendidos como escravos. Mostrem seu temor a Deus tratando-os sem violência. “Vocês poderão comprar escravos e escravas de nações vizinhas. Também poderão comprar os filhos de residentes temporários que moram com vocês, incluindo os que nasceram em sua terra. Poderão considerá-los sua propriedade e deixá-los para seus filhos como herança permanente. Poderão tratá-los como escravos, mas jamais oprimirão alguém do seu povo. “Se algum estrangeiro ou residente temporário enriquecer enquanto vive entre vocês, e se algum do seu povo empobrecer e for obrigado a se vender para esse estrangeiro ou para um membro da família dele, continuará a ter o direito de ser resgatado, mesmo depois de comprado. Poderá ser comprado de volta por um irmão, tio ou primo. Aliás, qualquer parente próximo poderá resgatá-lo. Se prosperar, também poderá resgatar a si mesmo. Negociará o preço de sua liberdade com a pessoa que o comprou. O preço será baseado no número de anos transcorridos desde que foi vendido até o próximo Ano do Jubileu, ou seja, o equivalente ao custo de um trabalhador contratado para esse período. Se ainda faltarem muitos anos para o jubileu, pagará na devida proporção aquilo que recebeu quando vendeu a si mesmo. Se faltarem apenas poucos anos até o Ano do Jubileu, pagará proporcionalmente aos anos que faltarem. O estrangeiro o tratará como um empregado com contrato anual. Não permitam que um estrangeiro trate israelitas com violência. Se algum israelita não tiver sido comprado de volta, será liberto quando chegar o Ano do Jubileu, ele e seus filhos, pois os israelitas me pertencem. São meus servos que eu tirei da terra do Egito. Eu sou o S enhor, seu Deus.” “Não façam ídolos nem imagens para si, nem levantem em sua terra colunas sagradas ou pedras esculpidas para adorá-las. Eu sou o S enhor, seu Deus. Guardem os meus sábados e tenham reverência pelo meu santuário. Eu sou o S enhor. “Se seguirem os meus decretos e obedecerem diligentemente aos meus mandamentos, enviarei as chuvas nas estações próprias. A terra dará suas colheitas, e as árvores do campo produzirão seus frutos. A época de debulhar cereais se estenderá até o início da colheita das uvas, e a colheita das uvas, até o início do plantio dos cereais. Vocês comerão até se saciarem e viverão em segurança em sua terra. “Eu lhes darei paz na terra, e vocês poderão dormir sem medo. Tirarei da terra os animais ferozes e manterei os inimigos afastados de seu território. De fato, vocês perseguirão seus inimigos e os matarão à espada. Cinco de vocês perseguirão cem, e cem de vocês perseguirão dez mil. Todos os seus inimigos cairão pela sua espada. “Olharei para vocês com favor, os tornarei férteis e multiplicarei seu povo. Cumprirei minha aliança com vocês. Suas colheitas serão tão fartas que vocês terão de se desfazer dos cereais velhos a fim de dar espaço à nova safra. Habitarei no meio de vocês e não os desprezarei. Andarei em seu meio; serei o seu Deus, e vocês serão o meu povo. Eu sou o S enhor, seu Deus, que os tirou da terra do Egito para que não fossem mais escravos. Quebrei o jugo de servidão que vocês carregavam sobre o pescoço e os fiz andar de cabeça erguida.” Castigos pela desobediência “Mas, se vocês não me derem ouvidos e não obedecerem a todos esses mandamentos, e se quebrarem a minha aliança rejeitando meus decretos, desprezando meus estatutos e recusando-se a cumprir meus mandamentos, eu os castigarei. Trarei sobre vocês terrores repentinos, doenças debilitantes e febres ardentes que farão seus olhos escurecerem e sua vida definhar. Semearão em vão, pois seus inimigos comerão suas colheitas. Eu me voltarei contra vocês, e seus inimigos os derrotarão. Aqueles que odeiam vocês os dominarão, e vocês fugirão mesmo quando ninguém os estiver perseguindo. “E se, apesar disso tudo, vocês continuarem a me desobedecer, eu os castigarei sete vezes mais por seus pecados. Quebrarei seu forte orgulho ao tornar o céu tão duro quanto o ferro e a terra tão impenetrável quanto o bronze. Todo o seu trabalho será inútil, pois a terra não dará colheitas, e as árvores não produzirão frutos. “Se, ainda assim, continuarem se opondo a mim e se recusarem a me obedecer, causarei desastres sete vezes piores por causa de seus pecados. Enviarei animais selvagens que tomarão seus filhos de vocês e destruirão seus rebanhos. Sua população se tornará cada vez menor, e seus caminhos ficarão desertos. “E, se vocês não aprenderem a lição e insistirem em se opor a mim, eu mesmo me oporei a vocês e trarei calamidades sete vezes piores por causa de seus pecados. Trarei contra vocês a guerra como maldição da aliança que vocês quebraram. Quando correrem para as cidades em busca de segurança, enviarei uma praga que os destruirá ali, e vocês serão entregues nas mãos de seus inimigos. Destruirei seus mantimentos, de modo que dez mulheres precisarão de apenas um forno para assar pão para suas famílias. Racionarão o alimento por peso e, mesmo tendo o que comer, não se saciarão. “Se, apesar disso tudo, ainda se recusarem a me obedecer e continuarem se opondo a mim, eu me oporei a vocês furiosamente. Eu mesmo os castigarei sete vezes mais por seus pecados. Então vocês comerão a carne de seus próprios filhos e filhas. Destruirei seus altares idólatras e derrubarei seus lugares de culto. Amontoarei seus cadáveres por sobre seus ídolos mortos e os desprezarei por completo. Farei suas cidades ficarem desoladas e destruirei seus santuários. Não terei prazer em suas ofertas, que deveriam ser um aroma agradável para mim. Sim, eu mesmo devastarei sua terra, e os inimigos que virão ocupá-la ficarão horrorizados com aquilo que virem. Eu os espalharei entre as nações e empunharei minha espada contra vocês. A terra ficará desolada, e as cidades, em ruínas. Então, enquanto ela estiver desolada e vocês estiverem exilados na terra de seus inimigos, a terra desfrutará os anos sabáticos que lhe foram negados. Finalmente ela descansará e desfrutará os sábados que perdeu. Durante todo o tempo em que a terra permanecer em ruínas, desfrutará o descanso que vocês não permitiram que ela tivesse a cada sete anos quando moravam nela. “Quanto àqueles que sobreviverem, eu lhes causarei desespero na terra de seus inimigos. Viverão com tanto medo que até o som de uma folha levada pelo vento os fará fugir. Correrão como se fugissem de uma espada e cairão mesmo quando ninguém os estiver perseguindo. Ainda que não haja ninguém atrás deles, tropeçarão uns nos outros como quem foge de uma espada. Não terão forças para resistir a seus inimigos. Morrerão em nações estrangeiras, e a terra de seus inimigos os devorará. Aqueles que sobreviverem definharão nas terras de seus inimigos por causa de seus pecados e dos pecados de seus antepassados. “Enfim, porém, meu povo confessará seus pecados e os pecados de seus antepassados por serem infiéis e se oporem a mim. Quando eu me opuser a eles e os levar à terra de seus inimigos, seu coração obstinado se humilhará e receberão o castigo de seus pecados. Então me lembrarei de minha aliança com Jacó, de minha aliança com Isaque e de minha aliança com Abraão, e certamente me lembrarei da terra. Pois a terra precisará ser abandonada para desfrutar os anos sabáticos de descanso enquanto permanecer deserta. Por fim, o povo receberá o castigo de seus pecados, pois rejeitaram continuamente meus estatutos e desprezaram meus decretos. “Apesar disso tudo, não os rejeitarei completamente nem os desprezarei enquanto estiverem exilados na terra de seus inimigos. Não cancelarei minha aliança com eles exterminando-os, pois eu sou o S enhor, seu Deus. Em favor deles, eu me lembrarei da antiga aliança que fiz com seus antepassados, os quais tirei da terra do Egito diante dos olhos de todas as nações, para ser o Deus deles. Eu sou o S enhor ”. Esses são os decretos, os estatutos e as instruções que o S enhor estabeleceu entre ele próprio e os israelitas por meio de Moisés no monte Sinai. O S enhor disse a Moisés: “Dê as seguintes instruções ao povo de Israel. Se alguém fizer um voto especial de dedicar uma pessoa ao S enhor mediante o pagamento do valor dessa pessoa, deve usar a seguinte escala de valores. Um homem de 20 a 60 anos vale 600 gramas de prata, de acordo com o siclo do santuário; uma mulher da mesma idade vale 360 gramas de prata. Um menino ou rapaz de 5 a 20 anos vale 240 gramas de prata; uma menina ou moça da mesma idade vale 120 gramas de prata. Um menino de 1 mês a 5 anos vale 60 gramas de prata; uma menina da mesma idade vale 36 gramas de prata. Um homem de mais de 60 anos vale 180 gramas de prata; uma mulher da mesma idade vale 120 gramas de prata. Quem desejar fazer o voto, mas não puder pagar a quantia exigida, levará a pessoa ao sacerdote, e ele determinará a quantia a ser paga com base nos recursos de quem fez o voto. “Se alguém fizer o voto de entregar um animal como oferta para o S enhor, toda oferta ao S enhor será considerada santa. Não trocará nem substituirá o animal por outro, seja um animal bom por um ruim ou um animal ruim por um bom. Mas, se trocar um animal por outro, tanto o primeiro como o segundo serão considerados santos. Se o voto for a entrega de um animal impuro que não é aceitável como oferta para o S enhor, levará o animal até o sacerdote, e ele determinará o valor, e sua avaliação, alta ou baixa, será definitiva. Quem desejar comprar de volta o animal pagará o valor estipulado pelo sacerdote, mais um quinto do valor. “Se alguém dedicar uma casa ao S enhor, o sacerdote a avaliará. Sua avaliação, seja alta ou baixa, será definitiva. Se a pessoa que dedicou a casa quiser comprá-la de volta, pagará o valor estipulado pelo sacerdote, mais um quinto do valor. Desse modo, a casa voltará a ser sua. “Se alguém dedicar ao S enhor uma parte de sua propriedade familiar, o valor será determinado de acordo com a quantidade de sementes necessária para semeá-la: 600 gramas de prata por um campo semeado com 220 litros de sementes de cevada. Se o campo for dedicado ao S enhor no Ano do Jubileu, será aplicado o valor total. Mas, se o campo for dedicado depois do Ano do Jubileu, o sacerdote calculará o valor da terra de modo proporcional ao número de colheitas restantes até o próximo Ano do Jubileu. O valor calculado será reduzido a cada ano que passar. Se a pessoa que dedicou o campo desejar comprá-lo de volta, pagará o valor estipulado pelo sacerdote, mais um quinto do valor. O campo voltará a ser legalmente seu. Se, contudo, não quiser reavê-lo e ele for vendido a outra pessoa, o campo não poderá mais ser comprado de volta. Quando o campo for liberado no Ano do Jubileu, será santo, totalmente dedicado ao S enhor, e se tornará propriedade dos sacerdotes. “Se alguém dedicar ao S enhor um campo que comprou, mas que não faz parte de sua propriedade familiar, o sacerdote determinará o valor com base no número de colheitas restantes até o próximo Ano do Jubileu. Nesse mesmo dia, a pessoa entregará o valor do campo como doação sagrada para o S enhor. No Ano do Jubileu, o campo será devolvido a quem o herdou como propriedade familiar. (Todos os pagamentos serão calculados de acordo com o peso do siclo do santuário, equivalente a doze gramas. ) “O macho da primeira cria de um animal não poderá ser dedicado ao S enhor, pois a primeira cria de seu gado, de suas ovelhas e de suas cabras já pertence a ele. É possível, porém, comprar de volta a primeira cria de um animal impuro mediante o pagamento do valor estipulado pelo sacerdote, mais um quinto do valor. Se o animal não for comprado de volta, o sacerdote o venderá pelo valor estipulado. “Contudo, qualquer coisa totalmente dedicada ao S enhor, seja uma pessoa, um animal ou uma propriedade familiar, jamais será vendida ou comprada de volta. Tudo que é assim consagrado é santíssimo e pertence ao S enhor. Nenhuma pessoa que tenha sido definitivamente marcada para destruição poderá ser comprada de volta; deverá ser executada. “A décima parte dos produtos da terra, sejam os cereais dos campos ou os frutos das árvores, pertence ao S enhor e deve ser consagrada a ele. Se você desejar comprar de volta a décima parte dos cereais ou frutos pertencente ao S enhor, pagará o seu valor, mais um quinto do valor. Conte um de cada dez animais do seu gado e dos seus rebanhos e separe-os para o S enhor, considerando-os santos. Não faça distinção entre animais bons e ruins nem substitua um pelo outro. Mas, se trocar um animal por outro, tanto o primeiro como o seu substituto serão considerados santos e não poderão ser comprados de volta”. Esses são os mandamentos que o S enhor deu aos israelitas por meio de Moisés no monte Sinai. No primeiro dia do segundo mês, no segundo ano desde a saída dos israelitas do Egito, o S enhor falou a Moisés na tenda do encontro, no deserto do Sinai, e disse: “Realize um censo de toda a comunidade de Israel, de acordo com seus clãs e famílias. Faça uma lista de todos os homens de 20 anos para cima, aptos para irem à guerra. Você e Arão registrarão os soldados com a ajuda do chefe dos clãs de cada uma das tribos. “Estes são os chefes dos clãs que os ajudarão, conforme suas tribos: da tribo de Rúben, Elizur, filho de Sedeur; da tribo de Simeão, Selumiel, filho de Zurisadai; da tribo de Judá, Naassom, filho de Aminadabe; da tribo de Issacar, Natanael, filho de Zuar; da tribo de Zebulom, Eliabe, filho de Helom; da tribo de Efraim, filho de José, Elisama, filho de Amiúde; da tribo de Manassés, filho de José, Gamaliel, filho de Pedazur; da tribo de Benjamim, Abidã, filho de Gideoni; da tribo de Dã, Aieser, filho de Amisadai; da tribo de Aser, Pagiel, filho de Ocrã; da tribo de Gade, Eliasafe, filho de Deuel; da tribo de Naftali, Aira, filho de Enã. Esses são os representantes escolhidos da comunidade, líderes das tribos de seus antepassados, chefes dos clãs de Israel”. Assim, Moisés e Arão convocaram os líderes nomeados e, naquele mesmo dia, reuniram toda a comunidade. Todos foram registrados conforme sua linhagem, de acordo com seus clãs e famílias. Os homens de 20 anos para cima foram registrados um a um, como o S enhor tinha ordenado a Moisés. Desse modo, Moisés registrou seus nomes enquanto estavam no deserto do Sinai, na seguinte ordem: Da tribo de Rúben, o filho mais velho de Jacó, os homens de 20 anos para cima, aptos para irem à guerra, conforme os nomes anotados nos registros de seus clãs e famílias, totalizaram 46.500. Esse é o número da tribo de Rúben. Da tribo de Simeão, os homens de 20 anos para cima, aptos para irem à guerra, conforme os nomes anotados nos registros de seus clãs e famílias, totalizaram 59.300. Esse é o número da tribo de Simeão. Da tribo de Gade, os homens de 20 anos para cima, aptos para irem à guerra, conforme os nomes anotados nos registros de seus clãs e famílias, totalizaram 45.650. Esse é o número da tribo de Gade. Da tribo de Judá, os homens de 20 anos para cima, aptos para irem à guerra, conforme os nomes anotados nos registros de seus clãs e famílias, totalizaram 74.600. Esse é o número da tribo de Judá. Da tribo de Issacar, os homens de 20 anos para cima, aptos para irem à guerra, conforme os nomes anotados nos registros de seus clãs e famílias, totalizaram 54.400. Esse é o número da tribo de Issacar. Da tribo de Zebulom, os homens de 20 anos para cima, aptos para irem à guerra, conforme os nomes anotados nos registros de seus clãs e famílias, totalizaram 57.400. Esse é o número da tribo de Zebulom. Da tribo de Efraim, filho de José, os homens de 20 anos para cima, aptos para irem à guerra, conforme os nomes anotados nos registros de seus clãs e famílias, totalizaram 40.500. Esse é o número da tribo de Efraim. Da tribo de Manassés, filho de José, os homens de 20 anos para cima, aptos para irem à guerra, conforme os nomes anotados nos registros de seus clãs e famílias, totalizaram 32.200. Esse é o número da tribo de Manassés. Da tribo de Benjamim, os homens de 20 anos para cima, aptos para irem à guerra, conforme os nomes anotados nos registros de seus clãs e famílias, totalizaram 35.400. Esse é o número da tribo de Benjamim. Da tribo de Dã, os homens de 20 anos para cima, aptos para irem à guerra, conforme os nomes anotados nos registros de seus clãs e famílias, totalizaram 62.700. Esse é o número da tribo de Dã. Da tribo de Aser, os homens de 20 anos para cima, aptos para irem à guerra, conforme os nomes anotados nos registros de seus clãs e famílias, totalizaram 41.500. Esse é o número da tribo de Aser. Da tribo de Naftali, os homens de 20 anos para cima, aptos para irem à guerra, conforme os nomes anotados nos registros de seus clãs e famílias, totalizaram 53.400. Esse é o número da tribo de Naftali. Moisés, Arão e os doze líderes de Israel registraram esses homens, todos incluídos na lista de acordo com suas famílias. Todos os homens de Israel de 20 anos para cima, aptos para irem à guerra, foram registrados de acordo com suas famílias. No total, 603.550 homens. Esse total, porém, não incluía os clãs dos levitas, pois o S enhor tinha dito a Moisés: “Não inclua a tribo de Levi no censo e não conte seus membros com o restante dos israelitas. Encarregue os levitas de cuidarem do tabernáculo da aliança e de toda a sua mobília e todos os seus utensílios. Eles transportarão o tabernáculo e todos os seus utensílios, cuidarão dele e acamparão ao seu redor. Sempre que o tabernáculo tiver de ser transportado, os levitas o desmontarão. Na hora de acampar, eles o armarão novamente. Qualquer pessoa não autorizada que se aproximar do tabernáculo será executada. Os israelitas acamparão de acordo com suas divisões numa área designada por sua bandeira. Os levitas, por sua vez, acamparão ao redor do tabernáculo da aliança para proteger a comunidade de Israel da ira do S enhor. É responsabilidade dos levitas montar guarda ao redor do tabernáculo da aliança”. Os israelitas fizeram exatamente conforme o S enhor havia ordenado a Moisés. Então o S enhor deu as seguintes instruções a Moisés e Arão: “Quando os israelitas acamparem, cada tribo terá sua própria área designada. As divisões das tribos acamparão ao redor de sua bandeira nos quatro lados da tenda do encontro, a certa distância. As divisões da tribo de Judá acamparão na direção do nascer do sol, do lado leste, ao redor de sua bandeira. Naassom, filho de Aminadabe, será seu líder. Seu número de soldados registrados é de 74.600. A tribo de Issacar acampará ao lado da tribo de Judá. Natanael, filho de Zuar, será seu líder. Seu número de soldados registrados é de 54.400. A tribo de Zebulom acampará logo em seguida. Eliabe, filho de Helom, será seu líder. Seu número de soldados registrados é de 57.400. O total de soldados no acampamento do lado de Judá é de 186.400. Essas tribos marcharão sempre à frente. As divisões da tribo de Rúben acamparão no lado sul da tenda do encontro, ao redor de sua bandeira. Elizur, filho de Sedeur, será seu líder. Seu número de soldados registrados é de 46.500. A tribo de Simeão acampará ao lado da tribo de Rúben. Selumiel, filho de Zurisadai, será seu líder. Seu número de soldados registrados é de 59.300. A tribo de Gade acampará logo em seguida. Eliasafe, filho de Deuel, será seu líder. Seu número de soldados registrados é de 45.650. O total de soldados no acampamento do lado de Rúben é de 151.450. Essas tribos marcharão sempre em segundo lugar. “Em seguida, os levitas sairão do meio do acampamento transportando a tenda do encontro. Todas as tribos marcharão na mesma ordem em que acamparem, cada uma em sua posição, ao redor de sua bandeira. As divisões da tribo de Efraim acamparão no lado oeste da tenda do encontro, ao redor de sua bandeira. Elisama, filho de Amiúde, será seu líder. Seu número de soldados registrados é de 40.500. A tribo de Manassés acampará ao lado da tribo de Efraim. Gamaliel, filho de Pedazur, será seu líder. Seu número de soldados registrados é de 32.200. A tribo de Benjamim acampará logo em seguida. Abidã, filho de Gideoni, será seu líder. Seu número de soldados registrados é de 35.400. O total de soldados no acampamento do lado de Efraim é de 108.100. Essas tribos marcharão sempre em terceiro lugar. As divisões da tribo de Dã acamparão no lado norte da tenda do encontro, ao redor de sua bandeira. Aieser, filho de Amisadai, será seu líder. Seu número de soldados registrados é de 62.700. A tribo de Aser acampará ao lado da tribo de Dã. Pagiel, filho de Ocrã, será seu líder. Seu número de soldados registrados é de 41.500. A tribo de Naftali acampará logo em seguida. Aira, filho de Enã, será seu líder. Seu número de soldados registrados é de 53.400. O total de soldados no acampamento no lado de Dã é de 157.600. Essas tribos sempre marcharão por último e marcharão ao redor de sua respectiva bandeira”. Esses são os soldados registrados de acordo com suas famílias. O número de israelitas contados nos acampamentos, segundo suas divisões, totalizou 603.550. Por ordem do S enhor a Moisés, os levitas não foram incluídos no registro. Os israelitas fizeram tudo conforme o S enhor havia ordenado a Moisés. Cada clã e cada família acampavam e marchavam ao redor de sua bandeira. Esta é a descendência de Arão e de Moisés, registrada quando o S enhor falou a Moisés no monte Sinai. Os nomes dos filhos de Arão eram Nadabe, o mais velho, Abiú, Eleazar e Itamar. Esses filhos de Arão foram ungidos e consagrados para o serviço sacerdotal. Nadabe e Abiú, porém, morreram na presença do S enhor, no deserto do Sinai, quando trouxeram fogo estranho diante do S enhor. Como não tinham filhos, restaram somente Eleazar e Itamar para servir como sacerdotes junto com seu pai, Arão. Então o S enhor disse a Moisés: “Chame à frente os membros da tribo de Levi e apresente-os ao sacerdote Arão para serem seus assistentes. Eles servirão a Arão e a todo o povo no desempenho das funções na tenda do encontro e no serviço do tabernáculo. Cuidarão de todos os utensílios da tenda do encontro e servirão no tabernáculo como representantes dos israelitas. Nomeie os levitas como assistentes de Arão e de seus filhos, pois, dentre todos os israelitas, eles foram designados para esse propósito. Encarregue Arão e seus filhos de realizarem as funções do serviço sacerdotal. Qualquer pessoa não autorizada que se aproximar do santuário será executada”. O S enhor também disse a Moisés: “Veja, escolhi os levitas dentre os israelitas como substitutos de todos os filhos mais velhos de Israel. Os levitas me pertencem, pois todos os filhos mais velhos são meus. No dia em que feri mortalmente todos os filhos mais velhos dos egípcios, consagrei para mim todos os filhos mais velhos de Israel e todos os machos das primeiras crias dos animais. Eles são meus. Eu sou o S enhor ”. O S enhor falou ainda a Moisés no deserto do Sinai: “Registre os nomes dos membros da tribo de Levi por famílias e clãs. Faça uma lista de todos os indivíduos do sexo masculino de um mês de idade para cima”. Moisés fez a lista, conforme o S enhor havia ordenado. Levi teve três filhos: Gérson, Coate e Merari. Os clãs de Gérson receberam os nomes de seus descendentes: Libni e Simei. Os clãs de Coate receberam os nomes de seus descendentes: Anrão, Isar, Hebrom e Uziel. Os clãs de Merari receberam os nomes de seus descendentes: Mali e Musi. Esses foram os clãs levitas, registrados de acordo com os grupos de suas famílias. Os descendentes de Gérson eram constituídos dos clãs de Libni e Simei. Nos clãs gersonitas havia 7.500 indivíduos do sexo masculino de um mês de idade para cima. A área designada para seu acampamento ficava no lado oeste, atrás do tabernáculo. O líder dos clãs gersonitas era Eliasafe, filho de Lael. Os dois clãs eram encarregados de cuidar das seguintes partes da tenda do encontro: a tenda com sua cobertura, a cortina da entrada da tenda, as cortinas do pátio ao redor do tabernáculo e do altar, a cortina da entrada do pátio, as cordas e todos os objetos relacionados ao seu uso. Os descendentes de Coate eram constituídos dos clãs de Anrão, Isar, Hebrom e Uziel. Nos clãs coatitas havia 8.600 indivíduos do sexo masculino de um mês de idade para cima. Eram encarregados de cuidar do santuário, e a área designada para seu acampamento ficava no lado sul do tabernáculo. O líder dos clãs coatitas era Elisafã, filho de Uziel. Eram encarregados de cuidar da arca, da mesa, do candelabro, dos dois altares, dos diversos utensílios do santuário, da cortina interna e de todos os objetos relacionados ao seu uso. Eleazar, filho do sacerdote Arão, era o líder principal de todos os levitas e responsável pela supervisão do santuário. Os descendentes de Merari eram constituídos dos clãs de Mali e Musi. Nos clãs meraritas havia 6.200 indivíduos do sexo masculino de um mês de idade para cima. A área designada para seu acampamento ficava no lado norte do tabernáculo. O líder dos clãs meraritas era Zuriel, filho de Abiail. Os meraritas eram encarregados de cuidar das armações que sustentavam o tabernáculo, além dos travessões, das colunas, das bases e de todos os objetos relacionados ao seu uso. Também eram responsáveis pelas colunas do pátio e por todas as suas bases, estacas e cordas. A área na frente do tabernáculo, na direção do nascer do sol, do lado leste da tenda do encontro, era reservada para Moisés, Arão e seus filhos, os responsáveis finais pelo santuário em favor do povo de Israel. Qualquer um que não fosse sacerdote ou levita e se aproximasse do santuário seria executado. Quando Moisés e Arão contaram os clãs levitas, conforme a ordem do S enhor, chegaram ao total de 22.000 indivíduos do sexo masculino de um mês de idade para cima. Então o S enhor disse a Moisés: “Conte todos os filhos mais velhos que há em Israel de um mês de idade para cima e registre os nomes numa lista. Os levitas serão reservados para mim como substitutos dos filhos mais velhos dos israelitas. Eu sou o S enhor. Os animais dos levitas serão reservados para mim como substitutos dos machos das primeiras crias dos animais de todo o povo de Israel”. Moisés contou os filhos mais velhos dos israelitas, exatamente conforme o S enhor havia ordenado. O número de filhos mais velhos de um mês de idade para cima foi de 22.273. O S enhor também disse a Moisés: “Tome os levitas como substitutos dos filhos mais velhos dos israelitas e tome os animais dos levitas como substitutos dos machos das primeiras crias dos animais de todos os israelitas. Os levitas me pertencem. Eu sou o S enhor. O número de filhos mais velhos de Israel excede em 273 o número de levitas. Para resgatar o excedente de filhos mais velhos, recolha cinco peças de prata para cada um deles, com base no siclo do santuário, equivalente a doze gramas cada peça. Entregue a prata a Arão e a seus filhos como resgate pelo número excedente de filhos mais velhos”. Moisés recolheu a prata para o resgate dos filhos mais velhos de Israel que excediam o número de levitas. Arrecadou 1.365 peças de prata, com base no siclo do santuário, em lugar dos filhos mais velhos de Israel. Moisés entregou a prata do resgate a Arão e a seus filhos, conforme o S enhor havia ordenado. Então o S enhor disse a Moisés e a Arão: “Realizem um censo dos membros dos clãs e das famílias da divisão coatita da tribo de Levi. Façam uma lista de todos os homens de 30 a 50 anos qualificados para servir na tenda do encontro. “Os deveres dos coatitas na tenda do encontro serão relacionados aos objetos mais sagrados. Quando o acampamento se deslocar de um lugar para outro, Arão e seus filhos entrarão primeiro na tenda do encontro para remover a cortina interna e usá-la para cobrir a arca da aliança. Depois, cobrirão a cortina interna com couro fino e, por cima do couro, estenderão uma peça única de pano azul. Por fim, colocarão no devido lugar as varas usadas para transportar a arca. “Em seguida, estenderão um pano azul sobre a mesa onde ficam expostos os pães da presença, e sobre o pano azul colocarão as tigelas, as colheres, as jarras e as vasilhas para as ofertas derramadas e o pão da presença. Sobre tudo isso estenderão um pano vermelho e, por cima dele, uma cobertura de couro fino. Por fim, colocarão no devido lugar as varas usadas para transportar a mesa. “Depois, cobrirão com um pano azul o candelabro, suas lâmpadas, os cortadores de pavio, os apagadores e as vasilhas especiais para o óleo. Cobrirão o candelabro e seus acessórios com couro fino e os colocarão sobre o suporte usado para transportá-los. “Em seguida, estenderão um pano azul sobre o altar de ouro e cobrirão o pano com couro fino. Por fim, colocarão no devido lugar as varas usadas para transportar o altar. Os demais utensílios usados no serviço do santuário serão embrulhados em pano azul, cobertos com couro fino e colocados sobre o suporte usado para transportá-los. “Removerão as cinzas do altar de sacrifícios e o cobrirão com um pano roxo. Colocarão todos os utensílios do altar — os braseiros, os garfos para a carne, as pás, as bacias e todos os recipientes — sobre o pano e os cobrirão com couro fino. Por fim, colocarão no devido lugar as varas usadas para transportar o altar. O acampamento estará pronto para se deslocar quando Arão e seus filhos tiverem terminado de cobrir o santuário e todos os objetos sagrados. Os coatitas virão e transportarão tudo até o lugar de destino. Contudo, não tocarão nos objetos sagrados, pois, se o fizerem, morrerão. Esses são os utensílios da tenda do encontro que os coatitas transportarão. “Eleazar, filho do sacerdote Arão, será responsável pelo óleo usado no candelabro, pelo incenso perfumado, pelas ofertas diárias de cereal e pelo óleo da unção. De fato, será responsável por todo o tabernáculo e tudo que nele há, incluindo o santuário e seus objetos”. Então o S enhor disse a Moisés e a Arão: “Não permitam que os clãs coatitas sejam eliminados do meio dos levitas. Para que eles vivam e não morram quando se aproximarem dos objetos mais sagrados, vocês devem fazer o seguinte: Arão e seus filhos sempre entrarão com os coatitas e dirão a cada um o que deve fazer ou carregar. Os coatitas jamais entrarão para ver os objetos sagrados, nem mesmo por um momento, pois, se o fizerem, morrerão”. O S enhor disse a Moisés: “Realize um censo dos membros dos clãs e das famílias da divisão gersonita da tribo de Levi. Faça uma lista de todos os homens de 30 a 50 anos qualificados para servir na tenda do encontro. “Os clãs gersonitas serão responsáveis pelo serviço geral e pelo transporte de cargas. Levarão as cortinas do tabernáculo, a tenda do encontro com suas coberturas, a cobertura externa de couro fino e a cortina da entrada da tenda do encontro. Levarão também as cortinas divisórias do pátio ao redor do tabernáculo e do altar, a cortina da entrada do pátio, as cordas e todos os objetos relacionados ao seu uso. Os gersonitas são responsáveis por todos esses itens. Arão e seus filhos orientarão os gersonitas a respeito de suas funções, seja o transporte dos objetos ou a execução de outras tarefas. Encarregarão os gersonitas daquilo que devem transportar. Essas são as funções dos clãs gersonitas na tenda do encontro. Prestarão contas de suas responsabilidades diretamente a Itamar, filho do sacerdote Arão.” “Registre agora os nomes dos membros dos clãs e das famílias da divisão merarita da tribo de Levi. Faça uma lista de todos os homens de 30 a 50 anos qualificados para servir na tenda do encontro. “Sua única função na tenda do encontro será transportar cargas. Levarão as armações do tabernáculo, os travessões, as colunas e as bases, as colunas das divisórias do pátio com suas bases, estacas e cordas, e todos os utensílios e objetos relacionados ao seu uso. Encarregue cada um, por nome, daquilo que deve transportar. Essa é a função dos clãs meraritas na tenda do encontro. Prestarão contas de sua responsabilidade diretamente a Itamar, filho do sacerdote Arão”. Moisés, Arão e os líderes da comunidade fizeram uma lista com os nomes dos membros da divisão coatita de acordo com seus clãs e famílias. A lista incluía todos os homens de 30 a 50 anos qualificados para servir na tenda do encontro, totalizando 2.750, de acordo com seus clãs. Esse foi, portanto, o total dos membros dos clãs coatitas qualificados para servir na tenda do encontro. Moisés e Arão os registraram conforme o S enhor havia ordenado por meio de Moisés. Fizeram uma lista da divisão gersonita de acordo com seus clãs e famílias. A lista incluía todos os homens de 30 a 50 anos qualificados para servir na tenda do encontro, totalizando 2.630, de acordo com seus clãs e famílias. Esse foi, portanto, o total dos membros dos clãs gersonitas qualificados para servir na tenda do encontro. Moisés e Arão os registraram conforme o S enhor havia ordenado. Fizeram uma lista da divisão merarita de acordo com seus clãs e famílias. A lista incluía todos os homens de 30 a 50 anos qualificados para servir na tenda do encontro, totalizando 3.200. Esse foi, portanto, o total dos membros dos clãs meraritas. Moisés e Arão os registraram conforme o S enhor havia ordenado por meio de Moisés. Assim, Moisés, Arão e os líderes de Israel fizeram uma lista de todos os levitas de acordo com seus clãs e famílias. O total de homens de 30 a 50 anos qualificados para servir na tenda do encontro e para transportá-la foi de 8.580. Quando registraram os nomes, conforme o S enhor havia ordenado, encarregaram cada homem de sua tarefa e lhe disseram o que devia transportar. Desse modo, o registro foi completado, conforme o S enhor havia ordenado a Moisés. O S enhor disse a Moisés: “Ordene aos israelitas que removam do acampamento todo aquele que sofrer de lepra ou fluxos corporais ou que tiver se tornado cerimonialmente impuro ao tocar num cadáver. Isso se aplica tanto a homens como a mulheres, para que não contaminem seu próprio acampamento, onde eu habito no meio deles”. Os israelitas fizeram conforme o S enhor havia ordenado a Moisés e removeram essas pessoas do acampamento. Então o S enhor disse a Moisés: “Dê as seguintes instruções ao povo de Israel. Se alguém do povo, homem ou mulher, ofender ao S enhor prejudicando outra pessoa, será culpado. Confessará seu pecado e pagará indenização completa pelo dano causado, com um acréscimo de um quinto do valor, e entregará o total à pessoa prejudicada. Mas, se a pessoa prejudicada não tiver parentes próximos para receber a indenização, o valor pertencerá ao S enhor e será entregue ao sacerdote. O culpado também levará um carneiro como sacrifício para fazer expiação por ele. Todas as ofertas sagradas que os israelitas levarem ao sacerdote serão dele. O sacerdote ficará com todas as dádivas sagradas que receber”. O S enhor também disse a Moisés: “Dê as seguintes instruções ao povo de Israel. “Se a esposa de alguém se desviar, for infiel ao marido e tiver relações sexuais com outro homem, sem que o marido ou qualquer outra pessoa fique sabendo, ainda que não haja testemunhas e a esposa não tenha sido pega em flagrante, ela ficará contaminada. Se o marido tiver ciúmes, suspeitar da esposa e precisar saber se ela se contaminou ou não, levará a esposa ao sacerdote. Apresentará em favor dela uma oferta de dois litros de farinha de cevada. Não a misturará com azeite nem incenso, pois é uma oferta pelo ciúme, isto é, uma oferta de testemunho da suspeita, para provar se a mulher é culpada ou não. “O sacerdote a apresentará para ser julgada diante do S enhor. Numa vasilha de barro, colocará um pouco de água sagrada e a misturará com pó do chão do tabernáculo. Uma vez que o sacerdote tiver apresentado a mulher diante do S enhor, soltará o cabelo dela e colocará em suas mãos a oferta pelo ciúme como testemunho da suspeita. O sacerdote se colocará diante dela, segurando a vasilha de água amarga que traz maldição sobre os culpados. Em seguida, o sacerdote fará a mulher jurar e lhe dirá: ‘Se nenhum outro homem teve relações sexuais com você, e se você não se desviou nem se contaminou enquanto estava debaixo da autoridade de seu marido, que você permaneça imune aos efeitos desta água amarga que traz a maldição. Mas, se você se desviou sendo infiel a seu marido, e contaminou a si mesma tendo relações sexuais com outro homem…’ “Nesse momento, o sacerdote fará a mulher jurar: ‘Que o povo saiba que a maldição do S enhor está sobre você quando ele a tornar estéril, fizer seu útero encolher e seu abdômen inchar. Que esta água que traz a maldição entre no seu corpo e faça seu abdômen inchar e seu útero encolher’. E a mulher responderá: ‘Amém. Que assim seja’. O sacerdote escreverá essas maldições num pedaço de couro, as raspará de modo que caiam na água amarga, e fará a mulher beber a água amarga que traz a maldição. Se a mulher for culpada, quando a água entrar em seu corpo lhe causará amargo sofrimento. “Em seguida, o sacerdote tirará a oferta pelo ciúme da mão da mulher e a moverá para o alto diante do S enhor. Depois, levará a oferta até o altar. Tomará um punhado da farinha como oferta simbólica, queimando-a no altar, e exigirá que a mulher beba a água. Se a mulher tiver se contaminado sendo infiel a seu marido, a água que traz a maldição lhe causará amargo sofrimento. Seu abdômen inchará e seu útero encolherá, e ela se tornará maldição entre seu povo. Mas, se ela não tiver se contaminado e estiver pura, não sofrerá castigo e poderá ter filhos. “Essa é a lei ritual para lidar com a suspeita do marido. Se uma esposa se desviar e se contaminar enquanto estiver debaixo da autoridade do marido, ou o marido tiver ciúme e suspeitar que sua esposa foi infiel, ele a apresentará diante do S enhor, e o sacerdote aplicará em sua totalidade essa lei ritual. O marido será isento de toda a culpa nesse caso, mas a esposa será punida por seu pecado”. Então o S enhor disse a Moisés: “Dê as seguintes instruções ao povo de Israel. “Se alguém do povo, homem ou mulher, fizer o voto especial de nazireu e se consagrar ao S enhor, deixará de beber vinho e outras bebidas fermentadas. Não usará vinagre feito de vinho nem de outras bebidas fermentadas, e não beberá suco de uva nem comerá uvas ou passas. Enquanto estiver sob o voto de nazireu, não beberá nem comerá coisa alguma que venha da videira, nem mesmo sementes ou cascas de uvas. “Enquanto durar o voto, o nazireu será consagrado ao S enhor e não cortará o cabelo. Deixará o cabelo crescer até concluir o voto. Não se aproximará de cadáver enquanto estiver consagrado ao S enhor. Mesmo que o falecido seja seu pai, mãe, irmão ou irmã, o nazireu não se contaminará, pois o cabelo em sua cabeça simboliza sua consagração a Deus. Essa exigência é válida enquanto ele estiver consagrado ao S enhor. “Se alguém cair morto ao lado do nazireu, o cabelo que ele consagrou ficará contaminado. Esperará sete dias e depois raspará a cabeça. Então, estará purificado de sua contaminação. No oitavo dia, levará duas rolinhas ou dois pombinhos para o sacerdote à entrada da tenda do encontro. O sacerdote oferecerá uma das aves como oferta pelo pecado, e a outra, como holocausto. Desse modo, fará expiação pela culpa resultante do contato com o cadáver. O nazireu reafirmará seu compromisso e deixará o cabelo crescer outra vez. Os dias de voto cumpridos antes da contaminação não serão contados. Ele se consagrará novamente ao S enhor por todo o período do voto e apresentará um cordeiro de um ano como oferta pela culpa. “Essa é a lei ritual para o nazireu. Quando chegar ao fim do período de consagração, irá até a entrada da tenda do encontro e trará suas ofertas ao S enhor: um cordeiro de um ano e sem defeito como holocausto, uma cordeira de um ano e sem defeito como oferta pelo pecado, um carneiro sem defeito como oferta de paz, um cesto de pães sem fermento, bolos de farinha da melhor qualidade misturada com azeite e pães finos untados com azeite, junto com as ofertas de cereal e ofertas derramadas. O sacerdote apresentará as ofertas diante do S enhor: primeiro a oferta pelo pecado e o holocausto, depois o carneiro para a oferta de paz, junto com o cesto de pães sem fermento. O sacerdote também apresentará ao S enhor as ofertas de cereal e ofertas derramadas. “Em seguida, o nazireu raspará a cabeça à entrada da tenda do encontro. Pegará o cabelo que consagrou e o colocará no fogo embaixo do sacrifício da oferta de paz. Depois que o nazireu tiver raspado a cabeça, o sacerdote pegará um ombro cozido de carneiro e, de dentro do cesto, pegará um bolo e um pão fino sem fermento e colocará tudo nas mãos do nazireu. Por fim, o sacerdote os moverá para o alto como oferta especial diante do S enhor. Essas são as porções santas para o sacerdote, junto com o peito da oferta movida e a coxa da oferta sagrada movidos diante do S enhor. Depois dessa cerimônia, o nazireu poderá voltar a beber vinho. “Essa é a lei ritual dos nazireus que fazem o voto de apresentar essas ofertas para o S enhor. Se tiverem recursos materiais, apresentarão outras ofertas além dessas. Devem cumprir o voto que fizeram quando se consagraram como nazireus”. Então o S enhor disse a Moisés: “Diga a Arão e a seus filhos que abençoem o povo de Israel com esta bênção especial: ‘Que o S enhor o abençoe e o proteja. Que o S enhor olhe para você com favor e lhe mostre bondade. Que o S enhor se agrade de você e lhe dê paz’. Assim, Arão e seus filhos colocarão meu nome sobre os israelitas, e eu mesmo os abençoarei”. No dia em que Moisés terminou de armar o tabernáculo, ele o ungiu e o consagrou, junto com toda a sua mobília, o altar e seus utensílios. Então os líderes de Israel, os chefes das tribos que haviam realizado o censo dos soldados, chegaram com suas ofertas. Trouxeram seis carroças cobertas e doze bois, uma carroça para cada dois líderes e um boi para cada líder, e apresentaram essas ofertas ao S enhor na frente do tabernáculo. O S enhor disse a Moisés: “Receba as ofertas deles para usar no serviço na tenda do encontro. Distribua-as entre os levitas conforme o trabalho de cada um”. Então Moisés recebeu as carroças e os bois e os entregou aos levitas. Deu duas carroças e quatro bois à divisão gersonita para seu trabalho e quatro carroças e oito bois à divisão merarita para seu trabalho. Todos realizavam suas tarefas sob a supervisão de Itamar, filho do sacerdote Arão. À divisão dos coatitas, porém, não deu carros nem bois, pois era seu dever carregar nos ombros os objetos sagrados. Quando o altar foi ungido, os líderes das tribos apresentaram ofertas para a consagração do altar. Cada um colocou sua oferta diante do altar. O S enhor disse a Moisés: “Cada dia um líder trará sua oferta para a consagração do altar”. No primeiro dia, Naassom, filho de Aminadabe e líder da tribo de Judá, apresentou sua oferta. Ela consistia em uma bandeja de prata que pesava 1.560 gramas e uma bacia de prata que pesava 840 gramas, com base no peso do siclo do santuário, ambas cheias de ofertas de cereal de farinha da melhor qualidade umedecida com azeite. Trouxe também uma vasilha de ouro que pesava 120 gramas, cheia de incenso. Apresentou ainda um novilho, um carneiro e um cordeiro de um ano como holocausto, e um bode como oferta pelo pecado. Para a oferta de paz, trouxe dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano. Essa foi a oferta apresentada por Naassom, filho de Aminadabe. No segundo dia, Natanael, filho de Zuar e líder da tribo de Issacar, apresentou sua oferta. Ela consistia em uma bandeja de prata que pesava 1.560 gramas e uma bacia de prata que pesava 840 gramas, com base no peso do siclo do santuário, ambas cheias de ofertas de cereal de farinha da melhor qualidade umedecida com azeite. Trouxe também uma vasilha de ouro que pesava 120 gramas, cheia de incenso. Apresentou ainda um novilho, um carneiro e um cordeiro de um ano como holocausto, e um bode como oferta pelo pecado. Para a oferta de paz, trouxe dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano. Essa foi a oferta apresentada por Natanael, filho de Zuar. No terceiro dia, Eliabe, filho de Helom e líder da tribo de Zebulom, apresentou sua oferta. Ela consistia em uma bandeja de prata que pesava 1.560 gramas e uma bacia de prata que pesava 840 gramas, com base no peso do siclo do santuário, ambas cheias de ofertas de cereal de farinha da melhor qualidade umedecida com azeite. Trouxe também uma vasilha de ouro que pesava 120 gramas, cheia de incenso. Apresentou ainda um novilho, um carneiro e um cordeiro de um ano como holocausto, e um bode como oferta pelo pecado. Para a oferta de paz, trouxe dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano. Essa foi a oferta apresentada por Eliabe, filho de Helom. No quarto dia, Elizur, filho de Sedeur e líder da tribo de Rúben, apresentou sua oferta. Ela consistia em uma bandeja de prata que pesava 1.560 gramas e uma bacia de prata que pesava 840 gramas, com base no peso do siclo do santuário, ambas cheias de ofertas de cereal de farinha da melhor qualidade umedecida com azeite. Trouxe também uma vasilha de ouro que pesava 120 gramas, cheia de incenso. Apresentou ainda um novilho, um carneiro e um cordeiro de um ano como holocausto, e um bode como oferta pelo pecado. Para a oferta de paz, trouxe dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano. Essa foi a oferta apresentada por Elizur, filho de Sedeur. No quinto dia, Selumiel, filho de Zurisadai e líder da tribo de Simeão, apresentou sua oferta. Ela consistia em uma bandeja de prata que pesava 1.560 gramas e uma bacia de prata que pesava 840 gramas, com base no peso do siclo do santuário, ambas cheias de ofertas de cereal de farinha da melhor qualidade umedecida com azeite. Trouxe também uma vasilha de ouro que pesava 120 gramas, cheia de incenso. Apresentou ainda um novilho, um carneiro e um cordeiro de um ano como holocausto, e um bode como oferta pelo pecado. Para a oferta de paz, trouxe dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano. Essa foi a oferta apresentada por Selumiel, filho de Zurisadai. No sexto dia, Eliasafe, filho de Deuel e líder da tribo de Gade, apresentou sua oferta. Ela consistia em uma bandeja de prata que pesava 1.560 gramas e uma bacia de prata que pesava 840 gramas, com base no peso do siclo do santuário, ambas cheias de ofertas de cereal de farinha da melhor qualidade umedecida com azeite. Trouxe também uma vasilha de ouro que pesava 120 gramas, cheia de incenso. Apresentou ainda um novilho, um carneiro e um cordeiro de um ano como holocausto, e um bode como oferta pelo pecado. Para a oferta de paz, trouxe dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano. Essa foi a oferta apresentada por Eliasafe, filho de Deuel. No sétimo dia, Elisama, filho de Amiúde e líder da tribo de Efraim, apresentou sua oferta. Ela consistia em uma bandeja de prata que pesava 1.560 gramas e uma bacia de prata que pesava 840 gramas, com base no peso do siclo do santuário, ambas cheias de ofertas de cereal de farinha da melhor qualidade umedecida com azeite. Trouxe também uma vasilha de ouro que pesava 120 gramas, cheia de incenso. Apresentou ainda um novilho, um carneiro e um cordeiro de um ano como holocausto, e um bode como oferta pelo pecado. Para a oferta de paz, trouxe dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano. Essa foi a oferta apresentada por Elisama, filho de Amiúde. No oitavo dia, Gamaliel, filho de Pedazur e líder da tribo de Manassés, apresentou sua oferta. Ela consistia em uma bandeja de prata que pesava 1.560 gramas e uma bacia de prata que pesava 840 gramas, com base no peso do siclo do santuário, ambas cheias de ofertas de cereal de farinha da melhor qualidade umedecida com azeite. Trouxe também uma vasilha de ouro que pesava 120 gramas, cheia de incenso. Apresentou ainda um novilho, um carneiro e um cordeiro de um ano como holocausto, e um bode como oferta pelo pecado. Para a oferta de paz, trouxe dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano. Essa foi a oferta apresentada por Gamaliel, filho de Pedazur. No nono dia, Abidã, filho de Gideoni e líder da tribo de Benjamim, apresentou sua oferta. Ela consistia em uma bandeja de prata que pesava 1.560 gramas e uma bacia de prata que pesava 840 gramas, com base no peso do siclo do santuário, ambas cheias de ofertas de cereal de farinha da melhor qualidade umedecida com azeite. Trouxe também uma vasilha de ouro que pesava 120 gramas, cheia de incenso. Apresentou ainda um novilho, um carneiro e um cordeiro de um ano como holocausto, e um bode como oferta pelo pecado. Para a oferta de paz, trouxe dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano. Essa foi a oferta apresentada por Abidã, filho de Gideoni. No décimo dia, Aieser, filho de Amisadai e líder da tribo de Dã, apresentou sua oferta. Ela consistia em uma bandeja de prata que pesava 1.560 gramas e uma bacia de prata que pesava 840 gramas, com base no peso do siclo do santuário, ambas cheias de ofertas de cereal de farinha da melhor qualidade umedecida com azeite. Trouxe também uma vasilha de ouro que pesava 120 gramas, cheia de incenso. Apresentou ainda um novilho, um carneiro e um cordeiro de um ano como holocausto, e um bode como oferta pelo pecado. Para a oferta de paz, trouxe dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano. Essa foi a oferta apresentada por Aieser, filho de Amisadai. No décimo primeiro dia, Pagiel, filho de Ocrã e líder da tribo de Aser, apresentou sua oferta. Ela consistia em uma bandeja de prata que pesava 1.560 gramas e uma bacia de prata que pesava 840 gramas, com base no peso do siclo do santuário, ambas cheias de ofertas de cereal de farinha da melhor qualidade umedecida com azeite. Trouxe também uma vasilha de ouro que pesava 120 gramas, cheia de incenso. Apresentou ainda um novilho, um carneiro e um cordeiro de um ano como holocausto, e um bode como oferta pelo pecado. Para a oferta de paz, trouxe dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano. Essa foi a oferta apresentada por Pagiel, filho de Ocrã. No décimo segundo dia, Aira, filho de Enã e líder da tribo de Naftali, apresentou sua oferta. Ela consistia em uma bandeja de prata que pesava 1.560 gramas e uma bacia de prata que pesava 840 gramas, com base no peso do siclo do santuário, ambas cheias de ofertas de cereal de farinha da melhor qualidade umedecida com azeite. Trouxe também uma vasilha de ouro que pesava 120 gramas, cheia de incenso. Apresentou ainda um novilho, um carneiro e um cordeiro de um ano como holocausto, e um bode como oferta pelo pecado. Para a oferta de paz, trouxe dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano. Essa foi a oferta apresentada por Aira, filho de Enã. Estas foram as ofertas de consagração apresentadas pelos líderes de Israel quando o altar foi ungido: 12 bandejas de prata, 12 bacias de prata e 12 vasilhas de ouro com incenso. Cada bandeja de prata pesava 1.560 gramas e cada bacia de prata pesava 840 gramas. Ao todo, os objetos de prata pesavam 28,8 quilos, com base no peso do siclo do santuário. Cada uma das vasilhas de ouro cheias de incenso pesava 120 gramas, com base no peso do siclo do santuário. Ao todo, as vasilhas de ouro pesavam 1.440 gramas. Para os holocaustos foram apresentados 12 novilhos, 12 carneiros e 12 cordeiros de um ano, junto com as ofertas obrigatórias de cereal. Para as ofertas pelo pecado, foram apresentados 12 bodes. Para as ofertas de paz, foram apresentados 24 bois, 60 carneiros, 60 bodes e 60 cordeiros de um ano. Essas foram as ofertas para a consagração do altar depois que este foi ungido. Cada vez que Moisés entrava na tenda do encontro para falar com o S enhor, ouvia uma voz que falava com ele por entre os dois querubins em cima da tampa da arca, o lugar de expiação, que fica sobre a arca da aliança. De lá o S enhor falava com Moisés. O S enhor disse a Moisés: “Dê as seguintes instruções a Arão. Quando você colocar as sete lâmpadas, posicione-as de modo que iluminem o espaço à frente do candelabro”. Arão seguiu essa instrução. Posicionou as sete lâmpadas de modo que iluminassem o espaço à frente do candelabro, conforme o S enhor havia ordenado a Moisés. O candelabro todo, desde a base até as flores, era de ouro batido. Foi feito exatamente de acordo com o modelo que o S enhor havia mostrado a Moisés. O S enhor disse a Moisés: “Agora, separe os levitas do restante dos israelitas e torne-os cerimonialmente puros. Para isso, você aspergirá sobre eles a água da purificação e os fará raspar todo o corpo e lavar as roupas. Assim, estarão cerimonialmente puros. Instrua-os a trazerem um novilho e uma oferta de cereal de farinha da melhor qualidade umedecida com azeite, junto com outro novilho como oferta pelo pecado. Reúna toda a comunidade de Israel e apresente os levitas à entrada da tenda do encontro. Quando você trouxer os levitas diante do S enhor, os israelitas colocarão as mãos sobre eles. Com as mãos levantadas, Arão apresentará os levitas ao S enhor como oferta especial dos israelitas e, desse modo, os consagrará ao serviço do S enhor. “Em seguida, os levitas colocarão as mãos sobre a cabeça dos novilhos. Você sacrificará um novilho ao S enhor como oferta pelo pecado, e o outro, como holocausto, a fim de fazer expiação pelos levitas. Coloque os levitas em pé diante de Arão e de seus filhos e, com as mãos levantadas, apresente-os como oferta especial para o S enhor. Assim, você separará os levitas do restante dos israelitas, e os levitas serão meus. Depois disso, eles entrarão na tenda do encontro para realizar o trabalho deles, pois você os purificou e os apresentou como oferta especial. “Dentre todos os israelitas, os levitas são reservados para mim. Tomei-os para mim em lugar de todos os filhos mais velhos dos israelitas; tomei os levitas como seus substitutos. Pois todos os filhos mais velhos e todos os machos das primeiras crias dos animais em Israel são meus. Eu os separei para mim no dia em que feri mortalmente todos os filhos mais velhos dos egípcios e os machos das primeiras crias de seus animais. Sim, tomei para mim os levitas em lugar de todos os filhos mais velhos de Israel. E, dentre todos os israelitas, designei os levitas para Arão e seus filhos. Eles servirão na tenda do encontro em favor dos israelitas e oferecerão sacrifícios para fazer expiação pelo povo, de modo que nenhuma praga os atinja quando se aproximarem do santuário”. Assim, Moisés, Arão e toda a comunidade de Israel consagraram os levitas, seguindo todas as instruções que o S enhor deu a Moisés. Os levitas se purificaram e lavaram as roupas, e Arão os apresentou ao S enhor como oferta especial. Em seguida, ofereceu um sacrifício e fez expiação por eles, a fim de purificá-los. Depois disso, os levitas entraram na tenda do encontro para realizar suas tarefas como assistentes de Arão e seus filhos. Assim, fizeram tudo que o S enhor havia ordenado a Moisés a respeito dos levitas. O S enhor também disse a Moisés: “Dê a seguinte instrução aos levitas. Começarão a servir na tenda do encontro aos 25 anos e deixarão o serviço aos 50 anos. Depois que deixarem o serviço, ajudarão seus colegas levitas no trabalho de cuidar da tenda do encontro, mas não realizarão mais as cerimônias. Assim você designará as funções dos levitas”. No primeiro mês do segundo ano desde a saída de Israel do Egito, o S enhor falou com Moisés no deserto do Sinai e disse: “Instrua os israelitas a celebrarem a Páscoa no tempo determinado, ao entardecer do décimo quarto dia do primeiro mês. Siga todos os meus decretos e estatutos a respeito dessa celebração”. Então Moisés instruiu o povo a celebrar a Páscoa no deserto do Sinai, ao entardecer do décimo quarto dia do primeiro mês. Eles celebraram a festa ali, conforme o S enhor havia ordenado a Moisés. Alguns dos homens, porém, estavam cerimonialmente impuros por terem tocado num cadáver, e não puderam celebrar a Páscoa naquele dia. Eles se dirigiram a Moisés e Arão no mesmo dia e disseram: “Ficamos cerimonialmente impuros, pois tocamos num cadáver. Mas por que estamos impedidos de apresentar a oferta do S enhor no devido tempo como os demais israelitas?”. Moisés respondeu: “Esperem aqui até eu receber instruções do S enhor para vocês”. Então o S enhor disse a Moisés: “Dê as seguintes instruções ao povo de Israel. Se alguém do povo, agora ou nas gerações futuras, estiver cerimonialmente impuro no tempo da Páscoa por haver tocado num cadáver, ou se estiver viajando e não puder comparecer à cerimônia, ainda assim celebrará a Páscoa do S enhor. Oferecerá um sacrifício de Páscoa um mês depois, ao entardecer do décimo quarto dia do segundo mês. Nessa ocasião, comerá o cordeiro de Páscoa, acompanhado de folhas verdes amargas e pão sem fermento. Não deixará sobrar coisa alguma do cordeiro até a manhã seguinte, e não quebrará osso algum do animal. Seguirá todos os decretos acerca da Páscoa. “Aquele que estiver cerimonialmente puro e não estiver viajando, mas ainda assim não celebrar a Páscoa, será eliminado do meio do povo. Se não apresentar a oferta do S enhor no devido tempo, sofrerá as consequências de sua culpa. E, se algum estrangeiro que vive entre vocês desejar celebrar a Páscoa do S enhor, deverá seguir os mesmos decretos. Esses decretos se aplicam tanto aos israelitas de nascimento como aos estrangeiros que vivem entre vocês”. No dia em que foi armado o tabernáculo, a tenda da aliança, a nuvem o cobriu. Desde o entardecer até o amanhecer, a nuvem sobre o tabernáculo parecia uma coluna de fogo. Era assim que sempre acontecia: à noite, a nuvem que cobria o tabernáculo tinha a aparência de fogo. Cada vez que a nuvem se elevava da tenda, o povo de Israel levantava acampamento e a seguia. No lugar onde a nuvem parava, eles acampavam. Assim, viajavam e acampavam por ordem do S enhor, para onde ele os conduzia. Enquanto a nuvem estava sobre o tabernáculo, permaneciam acampados. Se a nuvem ficava sobre o tabernáculo por muito tempo, os israelitas permaneciam ali e cumpriam suas obrigações para com o S enhor. Às vezes a nuvem permanecia apenas alguns dias sobre o tabernáculo, de modo que o povo também ficava apenas alguns dias, conforme o S enhor ordenava. Então, por ordem do S enhor, levantavam acampamento e seguiam viagem. Às vezes a nuvem parava apenas durante a noite e se elevava na manhã seguinte. Dia ou noite, porém, quando a nuvem se elevava, os israelitas levantavam acampamento e seguiam viagem. Se a nuvem permanecia sobre o tabernáculo por dois dias, um mês ou um ano, ficavam acampados e não seguiam viagem. Mas, assim que a nuvem se elevava, levantavam acampamento e seguiam viagem. Com isso, acampavam por ordem do S enhor e viajavam por ordem do S enhor, e cumpriam tudo que o S enhor lhes ordenava por meio de Moisés. O S enhor também disse a Moisés: “Faça duas trombetas de prata batida. Com elas você chamará a comunidade para se reunir e dará o sinal para levantar acampamento. Quando as duas trombetas soarem, todos se reunirão diante de você à entrada da tenda do encontro. Se apenas uma trombeta soar, somente os líderes, os chefes dos clãs de Israel, se apresentarão a você. “Quando o sinal para seguir viagem soar, as tribos acampadas do lado leste levantarão acampamento e avançarão. Quando o sinal soar pela segunda vez, as tribos acampadas do lado sul virão em seguida. Mande soar dois toques curtos para indicar que devem partir. Mas, quando convocar o povo para uma reunião sagrada, mande soar um toque diferente. Apenas os sacerdotes, os descendentes de Arão, tocarão as trombetas. Essa é uma lei permanente para vocês, a ser cumprida de geração em geração. “Quando chegarem à sua própria terra e guerrearem contra os inimigos que os atacarem, usem as trombetas para soar o alarme. Então o S enhor, seu Deus, se lembrará de vocês e os livrará de seus inimigos. Façam soar as trombetas também em ocasiões alegres, nas festas anuais e no começo de cada mês, e toquem as trombetas ao apresentarem holocaustos e ofertas de paz. As trombetas lhes servirão de recordação diante de seu Deus. Eu sou o S enhor, seu Deus”. No segundo ano desde a saída de Israel do Egito, no vigésimo dia do segundo mês, a nuvem se elevou acima do tabernáculo da aliança. Então os israelitas saíram do deserto do Sinai e viajaram de um lugar para outro até a nuvem pousar no deserto de Parã. Da primeira vez que o povo partiu, seguindo as instruções do S enhor a Moisés, o exército da tribo de Judá foi à frente. Marchava atrás de sua bandeira e seu comandante era Naassom, filho de Aminadabe. Em seguida, vieram o exército da tribo de Issacar, comandado por Natanael, filho de Zuar, e o exército da tribo de Zebulom, comandado por Eliabe, filho de Helom. O tabernáculo foi desmontado, e os levitas das divisões gersonita e merarita vieram na sequência, carregando o tabernáculo. O exército de Rúben veio depois, marchando atrás de sua bandeira. Seu comandante era Elizur, filho de Sedeur. Em seguida, vieram o exército da tribo de Simeão, comandado por Selumiel, filho de Zurisadai, e o exército da tribo de Gade, comandado por Eliasafe, filho de Deuel. Então vieram os levitas da divisão coatita carregando os objetos sagrados. Antes que o povo chegasse ao próximo acampamento, o tabernáculo deveria estar armado em seu novo local. O exército de Efraim veio depois, marchando atrás de sua bandeira, comandado por Elisama, filho de Amiúde. Em seguida, vieram o exército da tribo de Manassés, comandado por Gamaliel, filho de Pedazur, e o exército da tribo de Benjamim, comandado por Abidã, filho de Gideoni. O exército de Dã veio por último, marchando atrás de sua bandeira e formando a retaguarda de todos os acampamentos das tribos. Seu comandante era Aieser, filho de Amisadai. Em seguida, vieram o exército da tribo de Aser, comandado por Pagiel, filho de Ocrã, e o exército da tribo de Naftali, comandado por Aira, filho de Enã. Era nessa sequência que os israelitas marchavam, exército após exército. Moisés disse a seu cunhado Hobabe, filho do midianita Reuel: “Estamos a caminho do lugar que o S enhor nos prometeu, pois ele disse: ‘Eu o darei a vocês’. Venha conosco e o trataremos bem, pois o S enhor prometeu boas coisas a Israel!”. “Não irei”, respondeu Hobabe. “Preciso voltar para minha própria terra e para minha família.” “Por favor, não nos deixe”, pediu Moisés. “Você conhece os lugares do deserto onde poderemos acampar. Venha e seja nosso guia. Se nos acompanhar, compartilharemos com você todas as boas coisas que o S enhor nos der.” Depois de partirem do monte do S enhor, marcharam por três dias. A arca da aliança do S enhor ia à frente deles para lhes mostrar onde parar e descansar. A cada dia, enquanto seguiam viagem, a nuvem do S enhor permanecia sobre eles. Sempre que a arca partia, Moisés exclamava: “Levanta-te, ó S enhor! Que teus inimigos se dispersem e teus adversários fujam de diante de ti!”. E, quando a arca parava, ele dizia: “Volta, ó S enhor, aos muitos milhares de Israel!”. O povo começou a reclamar de sua situação ao S enhor, que ouviu tudo que diziam. Então a ira do S enhor se acendeu, e ele enviou fogo que ardeu entre o povo, devorando alguns que viviam nas extremidades do acampamento. O povo gritou, pedindo ajuda a Moisés, e quando ele orou ao S enhor, o fogo se apagou. Depois disso, aquele lugar foi chamado de Taberá, pois o fogo do S enhor ardeu ali entre eles. Então o bando de estrangeiros que viajava com os israelitas começou a desejar intensamente a comida do Egito. E o povo de Israel também começou a se queixar: “Ah, se tivéssemos carne para comer! Que saudade dos peixes que comíamos de graça no Egito! Também tínhamos pepinos, melões, alhos-porós, cebolas e alhos à vontade. Mas, agora, perdemos o apetite. Não vemos outra coisa além desse maná!”. O maná era como semente de coentro e tinha aparência de resina. O povo saía e o recolhia do chão. Usava-o para fazer farinha, triturando-o em moinhos manuais ou socando-o em pilões. Depois, cozinhava o maná numa panela e fazia bolos achatados, que tinham gosto de massa folheada assada com azeite. O maná caía sobre o acampamento durante a noite, com o orvalho. Moisés ouviu todas as famílias reclamando à entrada de suas tendas, e a ira do S enhor se acendeu. Com isso, Moisés se revoltou e disse ao S enhor: “Por que tratas a mim, teu servo, com tanta crueldade? Tem misericórdia de mim! O que fiz para merecer o peso de todo este povo? Por acaso gerei ou dei à luz este povo? Por que me pedes para carregá-lo nos braços como a mãe carrega o bebê que mama? Como o levarei à terra que juraste dar a seus antepassados? Onde conseguirei carne para todo este povo? Eles vêm a mim reclamando dizendo: ‘Dê-nos carne para comer!’. Sozinho, não sou capaz de carregar todo este povo! O peso é grande demais! Se é assim que pretendes me tratar, mata-me de uma vez; para mim seria um favor, pois eu não veria esta calamidade!”. Então o S enhor disse a Moisés: “Reúna diante de mim setenta homens reconhecidos como autoridades e líderes de Israel. Leve-os à tenda do encontro, para que permaneçam ali com você. Eu descerei e falarei com você. Tomarei um pouco do Espírito que está sobre você e o colocarei sobre eles. Assim, dividirão com você o peso do povo, para que não precise carregá-lo sozinho. “Diga ao povo: ‘Consagrem-se, pois amanhã terão carne para comer. Vocês reclamaram e o S enhor os ouviu quando disseram: ‘Ah, se tivéssemos carne para comer! Estávamos melhor no Egito!’. Agora o S enhor lhes dará carne, e vocês terão de comê-la. E não será apenas um dia, ou dois, ou cinco, ou dez ou mesmo vinte. Comerão carne por um mês inteiro, até lhes sair pelo nariz e vocês enjoarem dela, pois rejeitaram o S enhor que está aqui entre vocês e reclamaram contra ele, dizendo: ‘Por que saímos do Egito?’’”. Moisés, porém, respondeu ao S enhor: “Tenho comigo um exército de seiscentos mil soldados e, no entanto, dizes: ‘Eu lhes darei carne durante um mês inteiro!’. Mesmo que abatêssemos todos os nossos rebanhos, bastaria para satisfazê-los? Mesmo que pegássemos todos os peixes do mar, seria suficiente?”. Então o S enhor disse a Moisés: “Você duvida do meu poder? Agora você verá se minha palavra se cumprirá ou não!”. Moisés saiu e transmitiu as palavras do S enhor ao povo. Reuniu os setenta líderes e os colocou ao redor da tenda da reunião. O S enhor desceu na nuvem e falou com ele. Depois, deu aos setenta líderes o mesmo Espírito que estava sobre Moisés. E, quando o Espírito pousou sobre eles, os líderes profetizaram, algo que nunca mais aconteceu. Dois homens, Eldade e Medade, haviam permanecido no acampamento. Faziam parte da lista de autoridades, mas não tinham ido à tenda da reunião. E, no entanto, o Espírito também pousou sobre eles, de modo que profetizaram ali no acampamento. Um rapaz correu e contou a Moisés: “Eldade e Medade estão profetizando no acampamento!”. Josué, filho de Num, que desde jovem era auxiliar de Moisés, protestou: “Moisés, meu senhor, faça-os parar!”. Moisés, porém, respondeu: “Você está com ciúmes por mim? Que bom seria se todos do povo do S enhor fossem profetas e se o S enhor colocasse seu Espírito sobre todos eles!”. Então Moisés voltou ao acampamento com as autoridades de Israel. O S enhor mandou um vento que trouxe codornas do lado do mar e as fez voar baixo por todo o acampamento. Numa área de vários quilômetros em todas as direções, voavam a uma altura de quase um metro do chão. O povo saiu e pegou codornas durante todo aquele dia, toda aquela noite e todo o dia seguinte. Ninguém recolheu menos de dez cestos grandes. Em seguida, espalharam as codornas por todo o acampamento para secá-las. Mas, enquanto ainda se empanturravam, com a boca cheia de carne, a ira do S enhor se acendeu contra o povo, e ele os feriu com uma praga terrível. Por isso, aquele lugar foi chamado de Quibrote-Hataavá, pois ali sepultaram o povo que cobiçou a carne do Egito. De Quibrote-Hataavá o povo viajou para Hazerote, onde ficou algum tempo. Miriã e Arão criticaram Moisés porque ele havia se casado com uma mulher cuxita. Disseram: “Acaso o S enhor fala apenas por meio de Moisés? Também não falou por meio de nós?”. E o S enhor ouviu isso. (Ora, Moisés era muito humilde, mais que qualquer outra pessoa na terra.) No mesmo instante, o S enhor chamou Moisés, Arão e Miriã e disse: “Vão à tenda do encontro, vocês três!”, e eles foram para lá. Então o S enhor desceu na coluna de nuvem e parou à entrada da tenda do encontro. “Arão e Miriã!”, chamou ele. Os dois se aproximaram, e o S enhor lhes disse: “Ouçam o que vou dizer: “Se houver profeta entre vocês, eu, o S enhor, me revelarei em visões; falarei com ele em sonhos. Não é assim, porém, com meu servo Moisés; ele tem sido fiel em toda a minha casa. Falo com ele face a face, claramente, e não por meio de enigmas; ele vê a forma do S enhor. Como vocês ousaram criticar meu servo Moisés?”. A ira do S enhor se acendeu contra eles, e ele se retirou. Enquanto a nuvem se afastava da tenda, Miriã ficou ali, com a pele branca como a neve, leprosa. Quando Arão viu o que havia acontecido com ela, clamou a Moisés: “Ó meu senhor! Por favor, não nos castigue pelo pecado que insensatamente cometemos. Não permita que ela fique como um bebê que nasce morto, já em decomposição”. Então Moisés clamou ao S enhor: “Ó Deus, eu suplico que a cures!”. O S enhor respondeu a Moisés: “Se o pai de Miriã tivesse apenas cuspido no rosto dela, não ficaria contaminada por sete dias? Portanto, mantenham-na fora do acampamento por sete dias. Depois disso, ela poderá ser aceita de volta”. Miriã foi mantida fora do acampamento por sete dias, e o povo esperou até ela ser trazida de volta para seguir viagem. Então saíram de Hazerote e acamparam no deserto de Parã. O S enhor disse a Moisés: “Envie homens para fazer o reconhecimento da terra de Canaã, a terra que eu dou aos israelitas. Mande um líder de cada tribo de seus antepassados”. Moisés fez conforme o S enhor ordenou. Do acampamento no deserto de Parã, enviou doze homens, todos eles chefes das tribos de Israel. Estas eram as tribos e os nomes de seus líderes: da tribo de Rúben, Samua, filho de Zacur; da tribo de Simeão, Safate, filho de Hori; da tribo de Judá, Calebe, filho de Jefoné; da tribo de Issacar, Igal, filho de José; da tribo de Efraim, Oseias, filho de Num; da tribo de Benjamim, Palti, filho de Rafu; da tribo de Zebulom, Gadiel, filho de Sodi; da tribo de Manassés, filho de José, Gadi, filho de Susi; da tribo de Dã, Amiel, filho de Gemali; da tribo de Aser, Setur, filho de Micael; da tribo de Naftali, Nabi, filho de Vofsi; da tribo de Gade, Geuel, filho de Maqui. Esses são os nomes dos homens que Moisés enviou para explorar a terra. (Moisés deu a Oseias, filho de Num, o nome de Josué.) Quando Moisés os enviou para fazer o reconhecimento da terra, deu-lhes as seguintes instruções: “Subam pelo Neguebe até a região montanhosa. Vejam como é a terra e descubram se seus habitantes são fortes ou fracos, poucos ou muitos. Observem em que tipo de terra vivem, se é boa ou ruim. As cidades têm muralhas ou são desprotegidas como campos abertos? O solo é fértil ou pobre? A região tem muitas árvores? Façam todo o possível para trazer de volta amostras das colheitas que encontrarem”. (Era a época da colheita das primeiras uvas maduras.) Eles subiram e fizeram o reconhecimento da terra, desde o deserto de Zim até Reobe, perto de Lebo-Hamate. Subiram pelo Neguebe e chegaram a Hebrom, onde viviam Aimã, Sesai e Talmai, todos descendentes de Enaque. (A antiga cidade de Hebrom foi fundada sete anos antes da cidade egípcia de Zoã.) Quando chegaram ao vale de Escol, cortaram um ramo com um só cacho de uvas tão grande que dois deles precisaram carregá-lo numa vara. Levaram também amostras de romãs e figos. Aquele lugar recebeu o nome de vale de Escol, por causa do cacho de uvas que os israelitas cortaram ali. Depois de passarem quarenta dias explorando a terra, os homens retornaram a Moisés, a Arão e a toda a comunidade de Israel em Cades, no deserto de Parã. Relataram o que tinham visto a toda a comunidade e mostraram os frutos que trouxeram da terra. Este foi o relatório que deram a Moisés: “Entramos na terra à qual você nos enviou e, de fato, é uma terra que produz leite e mel com fartura. Aqui está o tipo de fruto que nela há. Contudo, o povo que vive ali é poderoso, e suas cidades são grandes e fortificadas. Vimos até os descendentes de Enaque! Os amalequitas vivem no Neguebe, e os hititas, jebuseus e amorreus vivem na região montanhosa. Os cananeus vivem perto do litoral do mar Mediterrâneo e no vale do Jordão”. Calebe tentou acalmar o povo que estava diante de Moisés. “Vamos partir agora mesmo para tomar a terra!”, disse ele. “Com certeza podemos conquistá-la!” Mas os outros homens que tinham feito com ele o reconhecimento da terra discordaram: “Não podemos enfrentá-los! São mais fortes que nós!”. Então espalharam entre os israelitas um relatório negativo sobre a terra, dizendo: “A terra que atravessamos ao fazer o reconhecimento devorará quem for morar ali! Todas as pessoas que vimos são enormes. Vimos até gigantes, os descendentes de Enaque! Perto deles, nos sentimos como gafanhotos, e também era assim que parecíamos para eles”. Então toda a comunidade começou a chorar em voz alta e continuou em prantos a noite toda. Suas vozes se elevaram em grande protesto contra Moisés e Arão. “Ah, se ao menos tivéssemos morrido no Egito, ou mesmo aqui no deserto!”, diziam. “Por que o S enhor está nos levando para essa terra só para morrermos em combate? Nossas esposas e crianças serão capturadas como prisioneiros de guerra! Não seria melhor voltarmos para o Egito?” E disseram uns aos outros: “Vamos escolher um novo líder e voltar para o Egito!”. Moisés e Arão se curvaram com o rosto em terra diante de toda a comunidade de Israel. Dois dos homens que tinham feito o reconhecimento da terra, Josué, filho de Num, e Calebe, filho de Jefoné, rasgaram suas roupas e disseram a toda a comunidade de Israel: “A terra da qual fizemos o reconhecimento é muito boa! E, se o S enhor se agradar de nós, ele nos levará em segurança até ela e a dará a nós. É uma terra que produz leite e mel com fartura. Não se rebelem contra o S enhor e não tenham medo dos povos da terra. Diante de nós, eles estão indefesos! Não têm quem os proteja, mas o S enhor está conosco! Não tenham medo deles!”. Ainda assim, toda a comunidade começou a falar em apedrejar Josué e Calebe. Então a presença gloriosa do S enhor apareceu na tenda do encontro a todos os israelitas, e o S enhor disse a Moisés: “Até quando este povo me tratará com desprezo? Será que nunca confiarão em mim, mesmo depois de todos os sinais que realizei entre eles? Eu os deserdarei e os destruirei com uma praga. Então, farei de você um povo ainda maior e mais poderoso que eles!”. Moisés, porém, respondeu ao S enhor: “O que os egípcios pensarão? Eles sabem muito bem do poder que mostraste ao resgatar o teu povo do meio deles. Os egípcios informarão isso aos habitantes dessa terra, que já ouviram falar que vives entre o teu povo. Sabem, S enhor, que apareces ao teu povo face a face e que a tua nuvem permanece sobre ele e que vais adiante dele na coluna de nuvem de dia e na coluna de fogo à noite. Se exterminares todo este povo com um só golpe, as nações que ouviram falar de tua fama dirão: ‘O S enhor não foi capaz de levá-los à terra que jurou lhes dar, por isso os matou no deserto’. “Por favor, Senhor, mostra que o teu poder é tão grande quanto declaraste. Pois disseste: ‘O S enhor é lento para se irar, é cheio de amor e perdoa todo tipo de pecado e rebeldia. Contudo, não absolve o culpado; traz as consequências do pecado dos pais sobre os filhos até a terceira e quarta geração’. De acordo com o teu grande amor, peço que perdoes os pecados deste povo, como os tens perdoado desde que saíram do Egito”. Então o S enhor disse: “Eu os perdoarei, como você me pediu. Mas, tão certo quanto eu vivo e tão certo quanto a terra está cheia da glória do S enhor, nenhuma dessas pessoas entrará na terra. Todas elas viram a minha presença gloriosa e os sinais que realizei no Egito e no deserto. Repetidamente, porém, me puseram à prova, recusando-se a ouvir a minha voz. Jamais verão a terra que jurei dar a seus antepassados. Nenhum daqueles que me trataram com desprezo a verá. Meu servo Calebe, no entanto, teve uma atitude diferente dos demais. Permaneceu fiel a mim, por isso eu o farei entrar na terra da qual fez o reconhecimento, e seus descendentes tomarão posse dela. Agora, deem meia-volta e não sigam rumo à terra onde habitam os amalequitas e cananeus. Amanhã partirão para o deserto, em direção ao mar Vermelho”. Então o S enhor disse a Moisés e a Arão: “Até quando precisarei tolerar esta comunidade perversa e suas queixas contra mim? Sim, ouvi as queixas dos israelitas contra mim. Agora, digam-lhes o seguinte: ‘Tão certo quanto eu vivo, declara o S enhor, farei com vocês exatamente aquilo que os ouvi dizerem. Todos vocês cairão mortos neste deserto! Uma vez que se queixaram contra mim, todos com mais de 20 anos que foram contados no censo morrerão. Não entrarão nem tomarão posse da terra que eu jurei lhes dar, para que nela morassem. As únicas exceções serão Calebe, filho de Jefoné, e Josué, filho de Num. “‘Vocês disseram que seus filhos seriam tomados como prisioneiros de guerra. Pois bem, eu os farei entrar na terra em segurança, e eles desfrutarão daquilo que vocês desprezaram. Mas, quanto a vocês, cairão mortos neste deserto. Seus filhos serão como pastores, andando sem rumo pelo deserto durante quarenta anos. Desse modo, sofrerão a consequência de sua infidelidade, até que o último de vocês morra no deserto. “‘Uma vez que seus espiões passaram quarenta dias fazendo o reconhecimento da terra, vocês andarão sem rumo pelo deserto durante quarenta anos, um ano para cada dia, como punição por sua culpa. Assim, saberão o resultado de se opor a mim’. Eu, o S enhor, falei! Certamente farei essas coisas a todos os membros da comunidade que conspiraram contra mim. Serão destruídos neste deserto, e aqui morrerão!”. Os homens que Moisés tinha enviado para fazer o reconhecimento da terra, aqueles que instigaram a rebelião contra ele com seu relatório negativo, morreram repentinamente de uma praga diante do S enhor. Dos homens que haviam feito o reconhecimento da terra, apenas Josué e Calebe sobreviveram. Quando Moisés transmitiu essas palavras aos israelitas, eles se encheram de tristeza. No dia seguinte, levantaram-se cedo e subiram em direção ao alto dos montes. “Vamos!”, disseram. “Reconhecemos que pecamos, mas agora estamos prontos para entrar na terra que o S enhor nos prometeu.” Moisés, porém, disse: “Por que desobedecem à ordem do S enhor? Isso não dará certo! Não subam para a terra agora, pois o S enhor não estará com vocês. Seus inimigos os aniquilarão! Quando enfrentarem os amalequitas e cananeus na batalha, serão massacrados. Porque vocês abandonaram o S enhor, ele os abandonará”. Arrogantemente, os israelitas avançaram até o alto dos montes, apesar de Moisés e a arca da aliança do S enhor terem ficado no acampamento. Então os amalequitas e cananeus que viviam naqueles montes desceram, derrotaram os israelitas e os perseguiram até Hormá. Então o S enhor disse a Moisés: “Dê as seguintes instruções ao povo de Israel. “Quando vocês se estabelecerem na terra que eu lhes dou, apresentarão ofertas especiais como aroma agradável ao S enhor. Essas ofertas poderão ser apresentadas de diferentes formas: um holocausto, um sacrifício para cumprir um voto, uma oferta voluntária ou uma oferta em alguma das festas anuais, e serão de seus rebanhos de bois ou ovelhas. Quando apresentarem essas ofertas, também entregarão ao S enhor uma oferta de cereal de dois litros de farinha da melhor qualidade misturada com um litro de azeite. Para cada cordeiro apresentado como holocausto ou sacrifício, vocês entregarão também um litro de vinho como oferta derramada. “Se o sacrifício for um carneiro, apresentem uma oferta de cereal de quatro litros de farinha da melhor qualidade misturada com um litro e um terço de azeite e um litro e um terço de vinho como oferta derramada. Será um aroma agradável ao S enhor. “Quando apresentarem um novilho como holocausto, como sacrifício para cumprir um voto, ou como oferta de paz ao S enhor, também entregarão uma oferta de cereal de seis litros de farinha da melhor qualidade misturada com dois litros de azeite e dois litros de vinho como oferta derramada. Será uma oferta especial, um aroma agradável ao S enhor. “Cada sacrifício de novilho, carneiro, cordeiro ou cabrito deverá ser preparado dessa maneira. Sigam essas instruções para cada sacrifício que apresentarem. Todos os israelitas de nascimento seguirão essas instruções quando apresentarem uma oferta especial como aroma agradável ao S enhor. E, se algum estrangeiro que os visita ou que vive entre vocês ou entre seus descendentes quiser apresentar uma oferta especial como aroma agradável ao S enhor, deverá seguir os mesmos procedimentos. Os israelitas de nascimento e os estrangeiros são iguais diante do S enhor e estão sujeitos aos mesmos decretos da comunidade. Essa é uma lei permanente para vocês, a ser cumprida de geração em geração. As mesmas instruções e ordens se aplicam tanto a vocês como aos estrangeiros que vivem em seu meio”. Então o S enhor disse a Moisés: “Dê as seguintes instruções ao povo de Israel. “Quando chegarem à terra para onde os levo e comerem das colheitas que ela produz, separarão uma parte como oferta para o S enhor. Apresentem um bolo feito da primeira farinha que moerem e separem-no como oferta, como fazem com os primeiros cereais da eira. Todas as gerações futuras apresentarão ao S enhor uma oferta da primeira farinha que moerem. “Se vocês, sem intenção, deixarem de cumprir todos esses mandamentos que o S enhor ordenou a Moisés, sim, tudo que o S enhor lhes ordenou por meio de Moisés, desde o dia em que ele o ordenou, para vocês e para as gerações futuras, e a comunidade não se der conta de seu erro, toda a comunidade apresentará um novilho como holocausto de aroma agradável ao S enhor. O sacrifício será apresentado junto com a oferta de cereal e a oferta derramada, conforme prescrito, e também com um bode como oferta pelo pecado. Com essa oferta, o sacerdote fará expiação por toda a comunidade de Israel, e ela será perdoada. O pecado não foi intencional e foi expiado com as ofertas apresentadas ao S enhor, a oferta especial e a oferta pelo pecado. Toda a comunidade de Israel será perdoada, incluindo os estrangeiros que vivem entre vocês, pois o pecado envolveu todo o povo. “Se um único indivíduo cometer um pecado não intencional, apresentará uma cabra de um ano como oferta pelo pecado. O sacerdote a sacrificará a fim de fazer expiação pelo culpado diante do S enhor, e ele será perdoado. Essas instruções sobre o pecado involuntário se aplicam tanto aos israelitas de nascimento como aos estrangeiros que vivem em seu meio. “Mas aquele que arrogantemente fizer algo contrário à vontade de Deus, seja israelita de nascimento ou estrangeiro, blasfema contra o S enhor e deverá ser eliminado do meio do povo. Uma vez que tratou a palavra do S enhor com desprezo e desobedeceu à sua ordem de propósito, deverá ser eliminado e sofrer o castigo por sua culpa”. Certo dia, enquanto o povo de Israel estava no deserto, encontraram um homem recolhendo lenha no sábado. As pessoas que o encontraram recolhendo lenha o levaram perante Moisés, Arão e o restante da comunidade. Como ainda não estava determinado o que fariam com ele, mantiveram o homem preso. Então o S enhor disse a Moisés: “O homem deve ser executado! Toda a comunidade o apedrejará fora do acampamento”. Assim, toda a comunidade levou o homem para fora do acampamento e o apedrejou até a morte, conforme o S enhor havia ordenado a Moisés. O S enhor disse a Moisés: “Dê as seguintes instruções ao povo de Israel. Vocês e as gerações futuras farão franjas na bainha da roupa e as prenderão com um fio azul. Quando virem as franjas, recordarão todos os mandamentos do S enhor e os cumprirão. Assim, não serão infiéis, seguindo os desejos de seu coração e de seus olhos. As franjas os ajudarão a lembrar que devem obedecer a todos os meus mandamentos e ser santos para o seu Deus. Eu sou o S enhor, seu Deus, que os tirou da terra do Egito para ser o seu Deus. Eu sou o S enhor, seu Deus”. Corá, filho de Isar, descendente de Coate, filho de Levi, armou uma conspiração com Datã e Abirão, filhos de Eliabe, e Om, filho de Pelete, da tribo de Rúben. Com outros 250 líderes israelitas, todos membros importantes da comunidade, os três instigaram uma rebelião contra Moisés. Juntaram-se contra Moisés e Arão e disseram: “Vocês foram longe demais! A comunidade foi consagrada pelo S enhor, e ele está em nosso meio. Que direito vocês têm de agir como se fossem superiores à comunidade do S enhor?”. Quando Moisés ouviu o que disseram, curvou-se com o rosto em terra. Em seguida, disse a Corá e a seus seguidores: “Amanhã cedo o S enhor nos mostrará quem pertence a ele e quem é consagrado. Só trará à sua presença aqueles que ele escolher. Você, Corá, e todos os seus seguidores, preparem incensários. Amanhã, acendam fogo neles e queimem incenso diante do S enhor. Então veremos quem o S enhor escolherá como consagrado a ele. Vocês, levitas, foram longe demais!”. Moisés falou novamente a Corá: “Agora ouçam, levitas! Acaso lhes parece de pouca importância que o Deus de Israel os tenha escolhido dentre toda a comunidade de Israel para estar perto dele a fim de trabalharem no tabernáculo do S enhor e estarem perante a comunidade para servi-la? Ele já deu a você, Corá, e a seus companheiros levitas essa função, e agora exigem também o serviço sacerdotal? Na verdade, é contra o S enhor que você e seus seguidores estão se rebelando! Afinal, quem é Arão para se queixarem dele?”. Então Moisés mandou chamar Datã e Abirão, filhos de Eliabe, mas eles responderam: “Não iremos! Não basta você nos ter tirado do Egito, uma terra que produz leite e mel com fartura, para nos matar aqui no deserto? Agora quer nos tratar como se fosse autoridade sobre nós? Além disso, você não nos levou a outra terra que produz leite e mel com fartura, e não nos deu uma nova propriedade com campos e vinhedos. Está tentando enganar estes homens? Não iremos!”. Moisés ficou furioso e disse ao S enhor: “Não aceites as ofertas de cereais deles! Não tomei deles nem sequer um jumento, e jamais lhes fiz algum mal”. E Moisés disse a Corá: “Você e seus seguidores venham aqui amanhã e apresentem-se diante do S enhor. Arão também virá. Você e cada um de seus 250 seguidores prepararão um incensário e colocarão incenso nele, a fim de apresentá-lo diante do S enhor. Arão também trará seu incensário”. Cada um deles preparou um incensário, acendeu o fogo e colocou incenso nele. Depois, todos se apresentaram à entrada da tenda do encontro com Moisés e Arão. Corá havia instigado toda a comunidade contra Moisés e Arão, e todos se reuniram à entrada da tenda do encontro. Então a presença gloriosa do S enhor apareceu a toda a comunidade, e o S enhor disse a Moisés e a Arão: “Afastem-se dessa comunidade, para que eu a destrua agora mesmo!”. Moisés e Arão, porém, se prostraram com o rosto em terra e suplicaram. “Ó Deus, tu és aquele que dá fôlego a todas as criaturas. É necessário que fiques irado com toda a comunidade quando somente um homem pecou?”. O S enhor disse a Moisés: “Então diga a toda a comunidade que se afaste das tendas de Corá, Datã e Abirão”. Moisés se levantou e foi até as tendas de Datã e Abirão, e as autoridades de Israel o seguiram. “Vamos!”, disse ele ao povo. “Afastem-se das tendas destes homens perversos e não toquem em coisa alguma que seja deles. Do contrário, vocês serão destruídos por causa dos pecados deles.” Todo o povo se afastou das tendas de Corá, Datã e Abirão, e Datã e Abirão saíram e ficaram em pé à entrada das tendas, junto com suas esposas, seus filhos e suas crianças pequenas. Então Moisés disse: “Assim vocês saberão que o S enhor me enviou para fazer todas estas coisas que tenho feito, pois não as realizei por minha própria conta. Se estes homens morrerem de causas naturais, ou se nada fora do comum acontecer, então o S enhor não me enviou. Mas, se o S enhor fizer algo completamente novo e o chão abrir sua boca e os engolir junto com todos os seus pertences, e eles descerem vivos à sepultura, vocês saberão que estes homens mostraram desprezo pelo S enhor ”. Mal ele havia acabado de dizer essas palavras, e o chão debaixo deles rachou. A terra abriu a boca e engoliu os homens, todas as suas famílias, todos os seus seguidores e tudo que possuíam. Desceram vivos à sepultura, junto com todos os seus pertences. A terra se fechou sobre eles, e desapareceram do meio da comunidade. Todo o povo que estava ao redor fugiu quando ouviu os gritos deles. “A terra nos engolirá também!”, exclamaram. Em seguida, um fogo ardente saiu do S enhor e queimou os 250 homens que ofereciam incenso. O S enhor disse a Moisés: “Ordene a Eleazar, filho do sacerdote Arão, que tire todos os incensários do meio do fogo, pois são santos. Diga-lhe também que espalhe as brasas. Pegue os incensários dos homens que pecaram e pagaram por isso com a própria vida e bata o metal com um martelo, até formar uma lâmina para revestir o altar. Uma vez que esses incensários foram usados na presença do S enhor, eles se tornaram santos. Que sirvam de advertência para o povo de Israel”. O sacerdote Eleazar recolheu os incensários de bronze usados pelos homens que morreram queimados e bateu o metal com um martelo, até formar uma lâmina para revestir o altar. Essa lâmina serviria como recordação aos israelitas; ninguém que não fosse descendente de Arão poderia entrar na presença do S enhor para queimar incenso. Se alguém o fizesse, aconteceria a ele o mesmo que havia acontecido a Corá e seus seguidores, conforme o S enhor tinha dito por meio de Moisés. Logo na manhã seguinte, porém, toda a comunidade de Israel começou a se queixar de Moisés e Arão outra vez. “Vocês mataram o povo do S enhor!”, diziam eles. Mas, enquanto se reuniam para protestar contra Moisés e Arão, voltaram-se para a tenda do encontro e viram a nuvem cobri-la, e a presença gloriosa do S enhor apareceu. Moisés e Arão foram para a frente da tenda do encontro, e o S enhor disse a Moisés: “Afaste-se desta comunidade, para que eu a destrua agora mesmo!”, e Moisés e Arão se prostraram com o rosto em terra. Então Moisés disse a Arão: “Rápido! Pegue um incensário e coloque nele brasas do altar. Acrescente incenso e leve-o para o meio da comunidade, a fim de fazer expiação por ela, pois a ira do S enhor está acesa, e a praga já começou!”. Arão seguiu a ordem de Moisés e correu para o meio da comunidade. A praga já havia começado a matá-los, mas Arão queimou o incenso e fez expiação por eles. Colocou-se entre os mortos e os vivos, e a praga cessou. Ainda assim, 14.700 pessoas morreram da praga, além daqueles que tinham morrido por causa da rebelião de Corá. Uma vez que a praga cessou, Arão voltou a Moisés, que estava à entrada da tenda do encontro. O S enhor disse a Moisés: “Diga aos israelitas que tragam doze varas de madeira, uma para cada líder das tribos de seus antepassados. Escreva o nome de cada líder em sua vara. Na vara da tribo de Levi, escreva o nome de Arão, pois é necessário que haja uma vara para cada chefe das tribos de seus antepassados. Coloque as varas na tenda do encontro, diante da arca que contém as tábuas da aliança, onde eu me encontro com você. A vara daquele que eu escolher florescerá, e eu acabarei de vez com a murmuração e as queixas dos israelitas contra vocês”. Moisés transmitiu as instruções ao povo de Israel, e cada um dos doze líderes das tribos, incluindo Arão, levou uma vara para Moisés. Então Moisés colocou as varas na presença do S enhor na tenda da aliança. No dia seguinte, quando Moisés entrou na tenda da aliança, viu que a vara de Arão, que representava a tribo de Levi, tinha florescido, produzindo brotos, botões, flores e amêndoas maduras. Depois que retirou as varas da presença do S enhor, Moisés as mostrou para o povo, e cada líder tomou de volta sua vara. O S enhor disse a Moisés: “Ponha a vara de Arão permanentemente diante da arca da aliança, para que sirva de advertência aos rebeldes. Isso acabará com as queixas deles contra mim e evitará mais mortes”. Moisés fez conforme o S enhor lhe ordenou. Então os israelitas disseram a Moisés: “Estamos condenados! Vamos morrer, vamos todos morrer! Quem se aproximar do tabernáculo do S enhor morrerá. Será que estamos todos condenados a morrer?”. O S enhor disse a Arão: “Você, seus filhos e seus parentes da tribo de Levi serão responsabilizados por quaisquer ofensas relacionadas ao santuário. Mas somente você e seus filhos serão responsabilizados por ofensas relacionadas ao serviço sacerdotal. “Traga seus parentes da tribo de Levi, a tribo de seus antepassados, para ajudarem você e seus filhos a cumprir o serviço diante da tenda da aliança. Quando os levitas realizarem as tarefas que lhes foram designadas na tenda, deverão cuidar para que não se aproximem de qualquer dos objetos sagrados nem do altar. Se o fizerem, tanto eles como vocês morrerão. Junto com vocês, os levitas cumprirão as responsabilidades de cuidar da tenda do encontro e trabalhar nela, mas ninguém que não seja autorizado poderá se aproximar. “Vocês se encarregarão pessoalmente do serviço no santuário e no altar, para que minha ira não volte a se acender contra o povo de Israel. Eu mesmo escolhi, dentre todos os israelitas, seus parentes, os levitas, como presente para vocês, consagrados ao S enhor para o serviço na tenda do encontro. Mas você e seus filhos, os sacerdotes, devem se encarregar pessoalmente de todo o serviço sacerdotal relacionado ao altar e ao que está por trás da cortina interna. Eu lhes dou o serviço sacerdotal como um presente. Qualquer pessoa não autorizada que se aproximar do santuário será morta”. O S enhor disse ainda a Arão: “Eu mesmo o encarreguei de todas as ofertas sagradas que os israelitas trazem a mim. Dou todas essas ofertas consagradas a você e a seus filhos como sua porção permanente. A parte das ofertas santíssimas que não é queimada no fogo é reservada para vocês. Essa porção de todas as ofertas santíssimas trazidas a mim, tanto das ofertas de cereal como das ofertas pelo pecado e das ofertas pela culpa, é santíssima e pertence a você e a seus filhos. Comam-na como oferta santíssima. Todos os sacerdotes a comerão e a considerarão santíssima. “Todas as ofertas sagradas e ofertas movidas que os israelitas apresentarem a mim, movendo-as para o alto diante do altar, também pertencerão a vocês. Eu as dou a você e a seus filhos e filhas como sua porção permanente. Qualquer membro de sua família que estiver cerimonialmente puro comerá dessas ofertas. “Também dou a vocês as primeiras ofertas das colheitas que o povo apresentar ao S enhor: o melhor do azeite, do vinho novo e dos cereais. Todas as primeiras colheitas da terra que o povo apresentar ao S enhor pertencem a vocês. Qualquer membro de sua família que estiver cerimonialmente puro comerá desses alimentos. “Tudo que em Israel for consagrado para o S enhor também pertence a vocês. “O primeiro filho de cada família e a primeira cria de cada animal, oferecidos ao S enhor, serão seus. Mas o primeiro filho e a primeira cria de animais cerimonialmente impuros serão sempre resgatados. Vocês deverão resgatá-los quando eles tiverem um mês de idade. (O preço do resgate é de cinco peças de prata, com base no siclo do santuário, equivalente a doze gramas cada peça. ) “Não deverão resgatar, porém, as primeiras crias das vacas, ovelhas e cabras; elas foram separadas. Aspirja seu sangue sobre o altar e queime a gordura como oferta especial, um aroma agradável ao S enhor. A carne desses animais pertencerá a vocês, como o peito e a coxa direita que são movidas para o alto como oferta especial diante do altar. Sim, eu dou a você todas essas ofertas sagradas que os israelitas apresentam ao S enhor. São para você e para seus filhos e filhas, para serem consumidos como sua porção permanente. Essa é uma aliança sem fim e irrevogável entre o S enhor e você, e também se aplica a seus descendentes”. O S enhor disse mais a Arão: “Vocês, sacerdotes, não receberão herança nem propriedade alguma na terra do povo. Eu sou sua propriedade e sua herança entre os israelitas. Darei aos levitas os dízimos de todo o povo de Israel como herança por seus serviços na tenda do encontro. “De agora em diante, nenhum israelita se aproximará da tenda do encontro. Se alguém se aproximar, será declarado culpado e morrerá. Somente os levitas servirão na tenda do encontro, e serão responsabilizados por quaisquer ofensas contra ela. Essa é uma lei permanente para vocês, a ser cumprida de geração em geração. Os levitas não herdarão porção alguma de terra entre os israelitas, pois eu lhes dou os dízimos dos israelitas, apresentados como ofertas para o S enhor. Essa será a herança dos levitas. Por isso eu disse que eles não herdariam terra alguma entre os israelitas”. O S enhor disse ainda a Moisés: “Dê as seguintes instruções aos levitas. Quando receberem dos israelitas os dízimos que eu dou a vocês como sua herança, entreguem a décima parte deles — um dízimo dos dízimos — ao S enhor como oferta. Essa será considerada sua oferta das colheitas, como se fosse o primeiro cereal de sua eira ou do vinho de sua prensa de uvas. Apresentem a décima parte do dízimo recebido dos israelitas como oferta para o S enhor. Essa é a porção sagrada do S enhor, e vocês devem apresentá-la ao sacerdote Arão. Entreguem ao S enhor as melhores porções de todas as ofertas sagradas que receberem. “Dê também as seguintes instruções aos levitas. Quando apresentarem a melhor parte como sua oferta, ela será considerada como se tivesse vindo de sua própria eira ou de sua prensa de uvas. Vocês e suas famílias comerão desse alimento onde quiserem, pois é a recompensa por seu serviço na tenda do encontro. Não serão considerados culpados por aceitarem os dízimos, desde que entreguem a melhor porção aos sacerdotes. Mas tomem cuidado para não tratar as ofertas sagradas dos israelitas como se fosse algo qualquer. Se o fizerem, morrerão”. O S enhor disse a Moisés e a Arão: “Esta é uma prescrição da lei que o S enhor ordenou: Diga aos israelitas que tragam até vocês uma novilha vermelha, um animal perfeito, sem defeito, sobre o qual nunca tenha sido colocada a canga de um arado. Entreguem a novilha ao sacerdote Eleazar. Ele a levará para fora do acampamento e, na presença dele, a novilha será morta. Eleazar pegará com o dedo um pouco do sangue e dele aspergirá sete vezes na direção da entrada da tenda do encontro. A novilha inteira — couro, carne, sangue e excrementos — será queimada na presença de Eleazar. Então ele pegará um pedaço de madeira de cedro, um ramo de hissopo e um pouco de fio vermelho e os lançará no fogo onde a novilha estiver sendo queimada. “Em seguida, o sacerdote lavará suas roupas e se banhará com água. Depois disso, voltará ao acampamento, mas ficará cerimonialmente impuro até o entardecer. O homem que queimar a novilha também lavará suas roupas e se banhará com água, e também ficará impuro até o entardecer. Então uma pessoa cerimonialmente pura juntará as cinzas da novilha e as colocará num lugar cerimonialmente puro fora do acampamento. Elas ficarão guardadas ali para que a comunidade de Israel as use na cerimônia da água de purificação, para a remoção de pecados. O homem que recolher as cinzas da novilha lavará suas roupas e ficará impuro até o entardecer. Essa é uma lei permanente para os israelitas e para os estrangeiros que vivem entre eles. “Quem tocar num cadáver humano ficará cerimonialmente impuro por sete dias. No terceiro e no sétimo dia, ele se purificará com a água da purificação; então, estará puro. Mas, se não seguir esse procedimento no terceiro e no sétimo dia, continuará impuro mesmo depois do sétimo dia. Quem toca num cadáver e não se purifica corretamente contamina o tabernáculo do S enhor e será eliminado do povo de Israel. Permanecerá impuro, uma vez que a água da purificação não foi aspergida sobre ele. “A seguinte lei se aplica quando alguém morre numa tenda. Quem entrar nessa tenda e quem estiver dentro dela quando a morte ocorrer ficarão cerimonialmente impuros por sete dias. Qualquer vasilha que não tiver sido tampada também ficará contaminada. Se, ao andar pelo campo, alguém tocar no cadáver de uma pessoa morta à espada ou que tenha morrido de causas naturais, ou tocar num osso humano ou num túmulo, ficará impuro por sete dias. “Para remover a contaminação, coloquem parte das cinzas do holocausto de purificação num jarro e derramem água corrente por cima. Então uma pessoa cerimonialmente pura pegará um ramo de hissopo e o molhará na água. Em seguida, aspergirá a água sobre a tenda, sobre todos os seus utensílios e sobre as pessoas que estavam na tenda; fará o mesmo com a pessoa que tocou num osso humano, ou num morto, ou em alguém que morreu de causas naturais, ou que tocou num túmulo. No terceiro e no sétimo dia, a pessoa cerimonialmente pura aspergirá água sobre quem estiver contaminado. No sétimo dia, aquele que está sendo purificado lavará suas roupas e se banhará e, ao entardecer, estará puro de sua contaminação. “Contudo, aquele que se contaminar e não se purificar será eliminado da comunidade, pois contaminou o santuário do S enhor. Permanecerá impuro, uma vez que a água da purificação não foi aspergida sobre ele. Essa é uma lei permanente para o povo. Quem aspergir a água da purificação lavará, depois, suas roupas, e quem tocar na água usada para a purificação ficará impuro até o entardecer. Qualquer coisa ou pessoa em que o indivíduo contaminado tocar ficará impura até o entardecer”. No primeiro mês do ano, toda a comunidade chegou ao deserto de Zim e acampou em Cades. Enquanto estavam lá, Miriã morreu e foi sepultada. Como não havia água naquele lugar, o povo se rebelou contra Moisés e Arão. Discutiram com Moisés e disseram: “Se ao menos tivéssemos morrido com nossos irmãos diante do S enhor! Por que vocês trouxeram a comunidade do S enhor até este deserto? Foi para morrermos, junto com todos os nossos animais? Por que nos obrigaram a sair do Egito e nos trouxeram para este lugar terrível? Esta terra não tem cereais, nem figos, nem uvas, nem romãs, nem água para beber!”. Moisés e Arão se afastaram do povo e foram até a frente da tenda do encontro, onde se prostraram com o rosto em terra. Então a presença gloriosa do S enhor lhes apareceu, e o S enhor disse a Moisés: “Você e Arão, peguem a vara e reúnam todo o povo. Enquanto eles observam, falem àquela rocha ali, e dela jorrará água. Vocês tirarão água suficiente da rocha para matar a sede de toda a comunidade e de seus animais”. Moisés fez conforme o S enhor havia ordenado. Pegou a vara que ficava guardada diante do S enhor e, em seguida, ele e Arão mandaram chamar o povo para se reunir em frente da rocha. “Ouçam, seus rebeldes!”, gritou Moisés. “Será que é desta rocha que teremos de tirar água para vocês?” Então Moisés levantou a mão e bateu na rocha duas vezes com a vara, e jorrou muita água. Assim, toda a comunidade e todos os seus animais beberam até matar a sede. O S enhor, porém, disse a Moisés e a Arão: “Uma vez que vocês não confiaram em mim para mostrar minha santidade aos israelitas, não os conduzirão à terra que eu lhes dou!”. Por isso aquele lugar ficou conhecido como Meribá, pois ali os israelitas discutiram com o S enhor, e ali ele mostrou sua santidade entre eles. Enquanto estava em Cades, Moisés enviou representantes ao rei de Edom com a seguinte mensagem: “É isto que dizem seus parentes, o povo de Israel: É de seu conhecimento todas as dificuldades que tivemos. Nossos antepassados desceram ao Egito, onde vivemos por muito tempo. Ali, nós e nossos antepassados fomos maltratados pelos egípcios, mas, quando clamamos ao S enhor, ele nos ouviu e enviou um anjo que nos tirou do Egito. Agora estamos acampados em Cades, cidade na fronteira de seu território. Pedimos que nos deixe atravessar sua terra. Tomaremos cuidado para não passar por seus campos e vinhedos, e não beberemos água de seus poços. Seguiremos pela estrada real e só a deixaremos quando tivermos atravessado seu território”. O rei de Edom, porém, disse: “Fiquem fora do meu território ou irei ao seu encontro com meu exército!”. Os israelitas responderam: “Ficaremos na estrada principal. Se nós ou nossos animais bebermos de sua água, pagaremos por ela. Apenas deixe-nos passar por seu território; é só o que pedimos”. O rei de Edom retrucou: “Vocês não têm permissão de passar por nossa terra!”. Em seguida, mobilizou suas tropas e marchou contra o povo de Israel com um exército poderoso. Uma vez que o povo de Edom se recusou a deixá-los passar por seu território, os israelitas foram obrigados a desviar-se dele. Então toda a comunidade de Israel partiu de Cades e chegou ao monte Hor. Ali, na fronteira com a terra de Edom, o S enhor disse a Moisés e a Arão: “É chegado o momento de Arão reunir-se a seus antepassados. Não entrará na terra que dou aos israelitas, pois vocês se rebelaram contra minhas instruções a respeito da água em Meribá. Agora, leve Arão e seu filho Eleazar ao monte Hor. Em seguida, tire as roupas sacerdotais de Arão e coloque-as em Eleazar, seu filho. Arão morrerá ali e se reunirá a seus antepassados”. Moisés fez conforme o S enhor lhe ordenou. Os três subiram juntos ao monte Hor, enquanto toda a comunidade observava. No topo, Moisés tirou as roupas sacerdotais de Arão e as colocou em Eleazar, filho de Arão. Então Arão morreu no alto do monte, e Moisés e Eleazar desceram. Quando a comunidade percebeu que Arão havia morrido, todo o povo de Israel lamentou sua morte por trinta dias. Quando o rei cananeu de Arade, que vivia no Neguebe, soube que o povo de Israel se aproximava pelo caminho que atravessava Atarim, ele os atacou e capturou alguns deles. Então o povo de Israel fez o seguinte voto ao S enhor: “Se entregares este povo em nossas mãos, destruiremos completamente todas as suas cidades”. O S enhor ouviu o pedido do povo de Israel e lhes deu vitória sobre os cananeus. Os israelitas os destruíram completamente e também suas cidades; desde então, aquele lugar passou a ser chamado de Hormá. Em seguida, partiram do monte Hor e tomaram o caminho para o mar Vermelho, a fim de contornar a terra de Edom. Mas o povo ficou impaciente e começou a se queixar contra Deus e contra Moisés: “Por que você nos tirou do Egito para morrermos aqui no deserto? Aqui não há o que comer nem o que beber. E detestamos este maná horrível!”. Então o S enhor enviou serpentes venenosas que morderam o povo, e muitos morreram. O povo clamou a Moisés: “Pecamos ao falar contra o S enhor e contra você. Ore para que o S enhor tire as serpentes de nosso meio”. E Moisés orou pelo povo. O S enhor lhe disse: “Faça a réplica de uma serpente venenosa e coloque-a no alto de um poste. Todos que forem mordidos viverão se olharem para ela”. Moisés fez uma serpente de bronze e a colocou no alto de um poste. Quem era mordido por uma serpente e olhava para a réplica de bronze era curado. Os israelitas viajaram para Obote e acamparam ali. Depois, seguiram para Ijé-Abarim, no deserto, na fronteira leste de Moabe. De lá, viajaram para o vale do ribeiro de Zerede, onde acamparam. Em seguida, partiram e acamparam do outro lado do rio Arnom, na região deserta junto ao território dos amorreus. O rio Arnom é a fronteira que separa os moabitas dos amorreus. Por isso, o Livro das Guerras do S enhor fala sobre “… Vaebe, na região de Sufá, e os riachos do rio Arnom, e os riachos que se estendem até o povoado de Ar na fronteira de Moabe”. De lá os israelitas viajaram até Beer, o poço onde o S enhor disse a Moisés: “Reúna o povo, e eu lhe darei água”. Ali os israelitas entoaram esta canção: “Jorre, ó poço! Sim, cantem seus louvores! Cantem a respeito deste poço, que príncipes cavaram, que líderes abriram com seus cetros e cajados”. Então saíram do deserto e passaram por Mataná, Naaliel e Bamote. Depois, seguiram para o vale em Moabe, onde fica o monte Pisga. Do pico desse monte se vê o deserto. O povo de Israel enviou representantes a Seom, rei dos amorreus, com a seguinte mensagem: “Permita-nos atravessar sua terra. Teremos cuidado de não passar por seus campos e vinhedos, e não beberemos água de seus poços. Seguiremos pela estrada real e só a deixaremos quando tivermos atravessado seu território”. O rei Seom, porém, não os deixou atravessar seu território. Em vez disso, mobilizou todo o seu exército e atacou o povo de Israel no deserto. A guerra ocorreu em Jaza, e o povo de Israel massacrou pela espada os amorreus e ocupou seu território desde o rio Arnom até o rio Jaboque. Avançaram apenas até a fronteira com os amonitas, pois a divisa era fortificada. O povo de Israel capturou todas as cidades dos amorreus e se estabeleceu nelas, incluindo Hesbom e os vilarejos ao redor. Hesbom era a capital de Seom, rei dos amorreus. Ele havia derrotado o rei moabita anterior e tomado todas as suas terras até o rio Arnom. Por isso os poetas dizem a seu respeito: “Venham a Hesbom! Que ela seja reconstruída! Que seja restaurada a cidade de Seom! Fogo saiu de Hesbom, uma chama da cidade de Seom. Consumiu a cidade de Ar em Moabe, destruiu os governantes dos altos do Arnom. Que aflição os espera, povo de Moabe! Estão arruinados, adoradores de Camos! Camos entregou seus filhos como refugiados, suas filhas como prisioneiras a Seom, o rei amorreu. Nós os aniquilamos, desde Hesbom até Dibom. Nós os exterminamos até lugares distantes como Nofá e Medeba”. Assim, o povo de Israel ocupou o território dos amorreus. Depois que Moisés enviou homens para fazer o reconhecimento de Jazar, os israelitas tomaram todas as cidades da região e expulsaram os amorreus que viviam ali. Em seguida, voltaram e marcharam pelo caminho até Basã, mas o rei Ogue, de Basã, e todo o seu povo os atacaram em Edrei. O S enhor disse a Moisés: “Não tenha medo dele, pois eu o entreguei a você, junto com todo o seu povo e sua terra. Faça com ele o mesmo que fez com Seom, rei dos amorreus, que vivia em Hesbom”. Desse modo, mataram o rei Ogue, seus filhos e todo o seu povo; não restou sobrevivente algum. Então ocuparam seu território. Então os israelitas viajaram para as campinas de Moabe e acamparam a leste do rio Jordão, do lado oposto de Jericó. Balaque, filho de Zipor, viu tudo que o povo de Israel havia feito aos amorreus. Quando os moabitas viram como os israelitas eram numerosos, ficaram apavorados. Disseram aos líderes de Midiã: “Essa multidão devorará tudo que estiver à vista, como um boi devora o capim no pasto!”. Então Balaque, que era rei de Moabe, enviou mensageiros para chamar Balaão, filho de Beor, que vivia em Petor, sua terra natal, perto do rio Eufrates. Sua mensagem dizia: “Um povo enorme saiu do Egito e cobre a terra, e agora está acampado perto de mim. Venha e amaldiçoe esse povo, pois é poderoso demais para mim. Então, quem sabe, poderei derrotá-lo e expulsá-lo da terra. Sei que bênçãos vêm sobre aqueles que você abençoa, e maldições caem sobre aqueles que você amaldiçoa”. Os mensageiros de Balaque, líderes de Moabe e Midiã, partiram levando o valor necessário para pagar Balaão a fim de que ele amaldiçoasse Israel. Chegaram aonde Balaão estava e lhe transmitiram a mensagem de Balaque. “Passem a noite aqui”, disse Balaão. “Pela manhã eu lhes direi que orientação recebi do S enhor.” E os oficiais de Moabe permaneceram com Balaão. Naquela noite, Deus veio a Balaão e lhe perguntou: “Quem são seus visitantes?”. Balaão respondeu a Deus: “Balaque, filho de Zipor, rei de Moabe, me enviou a seguinte mensagem: ‘Um povo enorme saiu do Egito e cobre a terra. Venha e amaldiçoe esse povo. Então, quem sabe, poderei enfrentá-lo e expulsá-lo da terra’”. Mas Deus disse a Balaão: “Não vá com eles nem amaldiçoe esse povo, pois é povo abençoado!”. Na manhã seguinte, Balaão se levantou e disse aos oficiais de Balaque: “Voltem para casa! O S enhor não me permitiu ir com vocês”. Os oficiais moabitas voltaram ao rei Balaque e lhe informaram: “Balaão se recusou a vir conosco”. Então Balaque fez outra tentativa. Dessa vez, enviou um número maior de oficiais ainda mais importantes que os homens que tinha enviado inicialmente. Eles foram até Balaão e lhe transmitiram a seguinte mensagem: “É isto que diz Balaque, filho de Zipor: Por favor, não se recuse a vir me ajudar. Pagarei muito bem e farei tudo que me pedir. Por favor, venha e amaldiçoe esse povo para mim”. Balaão, porém, respondeu aos oficiais de Balaque: “Mesmo que Balaque me desse seu palácio cheio de prata e ouro, eu não poderia fazer coisa alguma, grande ou pequena, contra a vontade do S enhor, meu Deus. Fiquem, porém, mais esta noite, e eu verei se o S enhor tem algo mais a me dizer”. Naquela noite, Deus veio a Balaão e lhe disse: “Uma vez que estes homens vieram chamá-lo, levante-se e vá com eles. Contudo, faça apenas o que eu mandar”. Na manhã seguinte, Balaão se levantou, pôs a sela sobre sua jumenta e partiu com os oficiais moabitas. A ira de Deus se acendeu porque Balaão foi com eles, de modo que enviou o anjo do S enhor para se pôr no caminho e impedir sua passagem. Enquanto Balaão ia montado na jumenta, acompanhado por dois servos, a jumenta de Balaão viu o anjo do S enhor em pé no caminho, segurando uma espada. A jumenta se desviou do caminho e saiu para um campo, mas Balaão bateu nela e a fez voltar para o caminho. Então o anjo do S enhor se pôs num lugar onde o caminho se estreitava, entre os muros de dois vinhedos. Quando a jumenta viu o anjo do S enhor, tentou passar pelo espaço apertado e espremeu o pé de Balaão contra o muro. Por isso, Balaão bateu nela outra vez. Então o anjo do S enhor foi mais adiante no caminho e se pôs num lugar estreito demais para a jumenta passar, seja pela direita ou pela esquerda. Quando a jumenta viu o anjo, ela se deitou, apesar de Balaão ainda estar montado. Num ataque de raiva, Balaão a espancou com uma vara. Então o S enhor fez a jumenta falar. “O que eu lhe fiz para você me bater três vezes?”, perguntou ela a Balaão. “Você me fez de tolo!”, gritou Balaão. “Se eu tivesse uma espada, mataria você!” “Mas eu sou a mesma jumenta que você montou a vida toda”, disse ela. “Alguma vez eu fiz algo parecido?” “Não”, respondeu Balaão. Então o S enhor abriu os olhos de Balaão, e ele viu o anjo do S enhor em pé no caminho, segurando a espada. Balaão curvou a cabeça e se prostrou diante dele com o rosto em terra. “Por que você bateu três vezes na jumenta?”, perguntou o anjo do S enhor. “Eu vim para impedir sua passagem, pois você insiste em seguir por um caminho que me desagrada. Três vezes a jumenta me viu e se afastou; se ela não tivesse se desviado, certamente eu teria matado você e poupado a vida da jumenta.” “Pequei”, disse Balaão ao anjo do S enhor. “Não percebi que estavas no caminho impedindo minha passagem. Se te opões à minha viagem, voltarei para casa.” O anjo do S enhor disse a Balaão: “Vá com os homens, mas fale apenas o que eu lhe disser”. Balaão seguiu viagem com os oficiais de Balaque. Quando o rei Balaque soube que Balaão estava a caminho, saiu para se encontrar com ele numa cidade moabita junto ao rio Arnom, na fronteira de seu território. Balaque perguntou a Balaão: “Não mandei chamá-lo com urgência? Por que não veio de imediato? Não acreditou em mim quando eu disse que lhe daria uma grande recompensa?”. Balaão respondeu: “Agora estou aqui, mas não posso falar o que bem entender. Transmitirei apenas a mensagem que Deus puser em minha boca”. Então Balaão acompanhou Balaque até Quiriate-Huzote. Ali, Balaque sacrificou bois e ovelhas e mandou entregar porções da carne a Balaão e aos oficiais que estavam com ele. Na manhã seguinte, Balaque subiu com Balaão até Bamote-Baal. De lá, podiam ver uma parte do povo. Balaão disse a Balaque: “Construa aqui sete altares e prepare sete novilhos e sete carneiros”. Balaque seguiu as instruções de Balaão, e os dois ofereceram um novilho e um carneiro em cada altar. Então Balaão disse a Balaque: “Fique aqui junto aos holocaustos enquanto eu vejo se o S enhor virá ao meu encontro. Depois lhe direi o que ele me revelar”. Em seguida, subiu sozinho até o topo de um monte sem vegetação, e Deus veio ao encontro dele. Balaão disse: “Preparei sete altares e ofereci um novilho e um carneiro em cada altar”. O S enhor deu a Balaão uma mensagem para o rei Balaque e disse: “Volte até onde Balaque está e transmita-lhe essa mensagem”. Balaão voltou e encontrou o rei junto aos holocaustos e, com ele, todos os líderes de Moabe. Esta foi a mensagem que Balaão transmitiu: “Balaque me trouxe desde Arã; o rei de Moabe me trouxe dos montes do leste. ‘Venha’, disse ele, ‘amaldiçoe Jacó para mim! Venha e anuncie a condenação de Israel!’ Mas como posso amaldiçoar aqueles que Deus não amaldiçoou? Como posso condenar aqueles que o S enhor não condenou? Do alto dos rochedos eu os vejo, dos montes os observo. Vejo um povo que vive só, separado das outras nações. Quem pode contar os descendentes de Jacó, tão numerosos quanto o pó? Quem pode contar ao menos um quarto de Israel? Que eu morra como os justos! Que meu fim seja como o deles!”. Então o rei Balaque disse a Balaão: “O que você me fez? Eu o trouxe aqui para amaldiçoar meus inimigos; em vez disso, você os abençoou!”. Balaão respondeu: “Como eu poderia transmitir algo diferente daquilo que o S enhor pôs em minha boca?”. Então Balaque lhe disse: “Venha comigo a outro lugar. Dali, você verá outra parte do povo, mas não ele todo. Amaldiçoe dali o povo!”. Então Balaque levou Balaão ao campo de Zofim, no alto do monte Pisga. Construiu ali sete altares e ofereceu um novilho e um carneiro em cada altar. Balaão disse ao rei: “Fique aqui junto aos holocaustos enquanto eu vou ao encontro do S enhor ”. Então o S enhor veio ao encontro de Balaão e lhe transmitiu uma mensagem, e depois disse: “Volte até onde Balaque está e transmita-lhe essa mensagem”. Balaão voltou e encontrou o rei junto aos holocaustos e, com ele, todos os oficiais de Moabe. “O que o S enhor disse?”, perguntou Balaque. Esta foi a mensagem que Balaão transmitiu: “Levante-se, Balaque, e preste atenção! Ouça-me, filho de Zipor! Deus não é homem para mentir, nem ser humano para mudar de ideia. Alguma vez ele falou e não agiu? Alguma vez prometeu e não cumpriu? Ouça, recebi ordem de abençoar; Deus abençoou, e não posso anular sua bênção! Quando ele olha para Jacó, não vê maldade alguma; não vê calamidade à espera de Israel. Pois o S enhor, seu Deus, está com eles; foi aclamado como seu rei. Deus os tirou do Egito; ele é forte como o boi selvagem. Encantamento algum pode tocar Jacó, magia alguma tem poder contra Israel. Agora se dirá a respeito de Jacó: ‘Vejam o que Deus fez por Israel!’. Este povo se levanta como leoa, como leão majestoso que desperta. Não descansa enquanto não devora a presa e bebe o sangue dos que foram mortos!”. Então Balaque disse a Balaão: “Pois bem! Se não os amaldiçoar, pelo menos não os abençoe!”. Mas Balaão respondeu: “Não lhe avisei que faria apenas o que o S enhor me ordenasse?”. O rei Balaque disse a Balaão: “Venha, eu o levarei a mais um lugar. Quem sabe Deus se agrade de que você os amaldiçoe dali!”. Balaque levou Balaão até o topo do monte Peor, de onde se vê o deserto. Mais uma vez, Balaão disse a Balaque: “Construa sete altares e prepare sete novilhos e sete carneiros”. Balaque seguiu as instruções de Balaão e ofereceu um novilho e um carneiro em cada altar. Quando Balaão percebeu que o S enhor se agradava de abençoar Israel, não recorreu à adivinhação como antes. Em vez disso, voltou-se em direção ao deserto, onde viu o povo de Israel acampado de acordo com suas tribos. Então o Espírito de Deus veio sobre Balaão, e ele transmitiu a seguinte mensagem: “Esta é a mensagem de Balaão, filho de Beor, a mensagem do homem cujos olhos veem com clareza, a mensagem daquele que ouve as palavras de Deus, que tem uma visão concedida pelo Todo-poderoso, que se curva com os olhos bem abertos: Como são belas suas tendas, ó Jacó! Como são lindas suas moradas, ó Israel! Estendem-se diante de mim como palmeiras, como jardins à beira do rio. São como aloés plantados pelo S enhor, como cedros junto às águas. Águas jorrarão de seus baldes, e suas sementes serão bem regadas. Seu rei será maior que Agague, e seu reino será exaltado. Deus os tirou do Egito; ele é forte como o boi selvagem. Devora todas as nações que se opõem a ele; despedaça seus ossos e com flechas as atravessa. Como leão, Israel se agacha e se deita; como a leoa, quem tem coragem de acordá-lo? Sejam abençoados os que o abençoarem e amaldiçoados os que o amaldiçoarem”. O rei Balaque se enfureceu contra Balaão e, batendo as palmas das mãos, gritou: “Eu o chamei para amaldiçoar meus inimigos; em vez disso, você os abençoou três vezes! Vá embora! Volte para casa! Eu lhe prometi uma grande recompensa, mas o S enhor o impediu de recebê-la!”. Balaão disse a Balaque: “Você não se lembra do que expliquei a seus mensageiros? Eu lhes avisei: ‘Mesmo que Balaque me desse seu palácio cheio de prata e ouro, eu não poderia fazer coisa alguma, boa ou má, contra a vontade do S enhor ’! Avisei que só poderia falar aquilo que o S enhor dissesse! Agora, volto para meu povo, mas primeiro lhe direi o que esse povo fará ao seu povo no futuro”. Balaão transmitiu a seguinte mensagem: “Esta é a mensagem de Balaão, filho de Beor, a mensagem do homem cujos olhos veem com clareza, a mensagem daquele que ouve as palavras de Deus, que possui conhecimento dado pelo Altíssimo, que tem uma visão concedida pelo Todo-poderoso, que se curva com os olhos bem abertos: Eu o vejo, mas não agora; eu o avisto, mas não de perto. Uma estrela surgirá de Jacó, um cetro se levantará de Israel. Esmagará a cabeça do povo de Moabe e rachará o crânio dos descendentes de Sete. Tomará posse de Edom e conquistará seu inimigo, Seir, enquanto Israel marcha adiante em triunfo. De Jacó surgirá um governante que destruirá os sobreviventes de Ar”. Então Balaão olhou na direção do povo de Amaleque e transmitiu a seguinte mensagem: “Amaleque era a primeira de todas as nações, mas seu destino é a destruição!”. Em seguida, Balaão olhou na direção dos queneus e transmitiu a seguinte mensagem: “Sua habitação é segura; seu ninho está apoiado nas rochas. Os queneus, porém, serão destruídos quando Assur os levar prisioneiros”. Balaão concluiu sua mensagem com estas palavras: “Ai! Quem pode sobreviver quando Deus fizer essas coisas? Navios virão do litoral de Chipre, oprimirão Assur e afligirão Héber, mas eles também serão destruídos”. Então Balaão se levantou e voltou para sua terra, e Balaque também seguiu seu caminho. Enquanto estava o povo acampado em Sitim, os homens de Israel começaram a manter relações sexuais com mulheres moabitas da região. Essas mulheres os convidaram para os sacrifícios a seus deuses, e o povo participou da festa e adorou os deuses de Moabe. Assim, os israelitas prestaram culto a Baal em Peor, e a ira do S enhor se acendeu contra o povo. O S enhor disse a Moisés: “Prenda todos os chefes do povo e execute-os diante do S enhor em plena luz do dia, para que sua ira ardente se afaste de Israel”. Então Moisés ordenou aos juízes de Israel: “Cada um de vocês executará os homens sob sua autoridade que participaram do culto a Baal em Peor”. Nesse momento, enquanto todos choravam à entrada da tenda do encontro, um israelita levou para dentro de sua tenda uma mulher midianita, diante dos olhos de Moisés e de toda a comunidade de Israel. Quando Fineias, filho de Eleazar e neto do sacerdote Arão, viu isso, levantou-se e saiu do meio do povo. Pegou uma lança, correu atrás do homem até o interior de sua tenda e atravessou o corpo do homem e da mulher, na altura do estômago, com um só golpe. Então a praga contra os israelitas cessou. A essa altura, porém, 24 mil pessoas já haviam morrido. Então o S enhor disse a Moisés: “Fineias, filho de Eleazar e neto do sacerdote Arão, afastou minha ira dos israelitas ao demonstrar tamanho zelo por mim no meio deles, evitando que eu destruísse os israelitas na ira do meu zelo. Agora, diga-lhe que faço com ele minha aliança especial de paz. Por meio dessa aliança, dou a Fineias e a seus descendentes direito permanente ao serviço sacerdotal, pois em seu zelo por mim, seu Deus, ele fez expiação pelo povo de Israel”. O homem israelita morto com a mulher midianita se chamava Zinri, filho de Salu, chefe de uma das famílias da tribo de Simeão. A mulher se chamava Cosbi e era filha de Zur, chefe de um clã midianita. O S enhor disse a Moisés: “Ataque os midianitas e destrua-os, porque eles atacaram vocês, enganando-os no incidente em Peor, e também por causa de Cosbi, filha do chefe midianita, que foi morta durante a praga causada no incidente em Peor”. Depois que a praga cessou, o S enhor disse a Moisés e a Eleazar, filho do sacerdote Arão: “Realizem um censo de toda a comunidade de Israel, de acordo com suas famílias. Façam uma lista de todos os homens de 20 anos para cima, aptos para irem à guerra”. Portanto, ali nas campinas de Moabe, junto ao rio Jordão e do lado oposto de Jericó, Moisés e o sacerdote Eleazar deram as seguintes instruções aos líderes de Israel: “Façam uma lista de todos os homens de Israel de 20 anos para cima, conforme o S enhor ordenou a Moisés”. Este é o registro dos israelitas que saíram do Egito. Estes foram os clãs descendentes dos filhos de Rúben, o filho mais velho de Jacó: O clã enoquita, assim chamado por causa de seu antepassado Enoque. O clã paluíta, assim chamado por causa de seu antepassado Palu. O clã hezronita, assim chamado por causa de seu antepassado Hezrom. O clã carmita, assim chamado por causa de seu antepassado Carmi. Esses foram os clãs de Rúben, que totalizaram 43.730 homens registrados. Palu foi antepassado de Eliabe, e Eliabe foi o pai de Nemuel, Datã e Abirão. Datã e Abirão foram os mesmos líderes da comunidade que conspiraram contra Moisés e Arão e, com os seguidores de Corá, se rebelaram contra o S enhor. Contudo, a terra abriu sua boca e os engoliu juntamente com Corá, e o fogo devorou 250 de seus seguidores. Isso serviu de advertência a todo o povo. A descendência de Corá, porém, não desapareceu por completo. Estes foram os clãs descendentes dos filhos de Simeão: O clã jemuelita, assim chamado por causa de seu antepassado Jemuel. O clã jaminita, assim chamado por causa de seu antepassado Jamim. O clã jaquinita, assim chamado por causa de seu antepassado Jaquim. O clã zoarita, assim chamado por causa de seu antepassado Zoar. O clã saulita, assim chamado por causa de seu antepassado Saul. Esses foram os clãs de Simeão, que totalizaram 22.200 homens registrados. Estes foram os clãs descendentes dos filhos de Gade: O clã zefonita, assim chamado por causa de seu antepassado Zefom. O clã hagita, assim chamado por causa de seu antepassado Hagi. O clã sunita, assim chamado por causa de seu antepassado Suni. O clã oznita, assim chamado por causa de seu antepassado Ozni. O clã erita, assim chamado por causa de seu antepassado Eri. O clã arodita, assim chamado por causa de seu antepassado Arodi. O clã arelita, assim chamado por causa de seu antepassado Areli. Esses foram os clãs de Gade, que totalizaram 40.500 homens registrados. Judá teve dois filhos, Er e Onã, que morreram na terra de Canaã. Estes foram os clãs descendentes dos filhos sobreviventes de Judá: O clã selanita, assim chamado por causa de seu antepassado Selá. O clã perezita, assim chamado por causa de seu antepassado Perez. O clã zeraíta, assim chamado por causa de seu antepassado Zerá. Estas foram as subdivisões dos descendentes dos perezitas: O clã hezronita, assim chamado por causa de seu antepassado Hezrom. O clã hamulita, assim chamado por causa de seu antepassado Hamul. Esses foram os clãs de Judá, que totalizaram 76.500 homens registrados. Estes foram os clãs descendentes dos filhos de Issacar: O clã tolaíta, assim chamado por causa de seu antepassado Tolá. O clã puíta, assim chamado por causa de seu antepassado Puá. O clã jasubita, assim chamado por causa de seu antepassado Jasube. O clã sinromita, assim chamado por causa de seu antepassado Sinrom. Esses foram os clãs de Issacar, que totalizaram 64.300 homens registrados. Estes foram os clãs descendentes dos filhos de Zebulom: O clã seredita, assim chamado por causa de seu antepassado Serede. O clã elonita, assim chamado por causa de seu antepassado Elom. O clã jaleelita, assim chamado por causa de seu antepassado Jaleel. Esses foram os clãs de Zebulom, que totalizaram 60.500 homens registrados. Os clãs de José descenderam de seus dois filhos, Manassés e Efraim. Estes foram os clãs descendentes de Manassés: O clã maquirita, assim chamado por causa de seu antepassado Maquir. O clã gileadita, assim chamado por causa de seu antepassado Gileade, filho de Maquir. Estas foram as subdivisões de descendentes dos gileaditas: O clã jezerita, assim chamado por causa de seu antepassado Jezer. O clã helequita, assim chamado por causa de seu antepassado Heleque. O clã asrielita, assim chamado por causa de seu antepassado Asriel. O clã siquemita, assim chamado por causa de seu antepassado Siquém. O clã semidaíta, assim chamado por causa de seu antepassado Semida. O clã heferita, assim chamado por causa de seu antepassado Héfer. (Zelofeade, um dos descendentes de Héfer, não teve filhos, mas suas filhas se chamavam Maala, Noa, Hogla, Milca e Tirza.) Esses foram os clãs de Manassés, que totalizaram 52.700 homens registrados. Estes foram os clãs descendentes dos filhos de Efraim: O clã sutelaíta, assim chamado por causa de seu antepassado Sutela. O clã bequerita, assim chamado por causa de seu antepassado Bequer. O clã taanita, assim chamado por causa de seu antepassado Taã. Esta foi a subdivisão de descendentes dos sutelaítas: O clã eranita, assim chamado por causa de seu antepassado Erã. Esses foram os clãs de Efraim, que totalizaram 32.500 homens registrados. Esses foram os descendentes de José, segundo seus clãs. Estes foram os clãs descendentes dos filhos de Benjamim: O clã belaíta, assim chamado por causa de seu antepassado Belá. O clã asbelita, assim chamado por causa de seu antepassado Asbel. O clã airamita, assim chamado por causa de seu antepassado Airã. O clã sufamita, assim chamado por causa de seu antepassado Sufã. O clã hufamita, assim chamado por causa de seu antepassado Hufã. Estas foram as subdivisões de descendentes dos belaítas: O clã ardita, assim chamado por causa de seu antepassado Arde. O clã naamanita, assim chamado por causa de seu antepassado Naamã. Esses foram os clãs de Benjamim, que totalizaram 45.600 homens registrados. Estes foram os clãs descendentes dos filhos de Dã: O clã suamita, assim chamado por causa de seu antepassado Suã. Esses foram os clãs suamitas de Dã, que totalizaram 64.400 homens registrados. Estes foram os clãs descendentes dos filhos de Aser: O clã imnaíta, assim chamado por causa de seu antepassado Imna. O clã isvita, assim chamado por causa de seu antepassado Isvi. O clã beriaíta, assim chamado por causa de seu antepassado Berias. Estas foram as subdivisões de descendentes dos beriaítas: O clã heberita, assim chamado por causa de seu antepassado Héber. O clã malquielita, assim chamado por causa de seu antepassado Malquiel. Aser teve uma filha chamada Sera. Esses foram os clãs de Aser, que totalizaram 53.400 homens registrados. Estes foram os clãs descendentes dos filhos de Naftali: O clã jazeelita, assim chamado por causa de seu antepassado Jazeel. O clã gunita, assim chamado por causa de seu antepassado Guni. O clã jezerita, assim chamado por causa de seu antepassado Jezer. O clã silemita, assim chamado por causa de seu antepassado Silém. Esses foram os clãs de Naftali, que totalizaram 45.400 homens registrados. Os homens registrados em Israel totalizaram 601.730. Então o S enhor disse a Moisés: “Divida a terra entre as tribos e distribua as porções de terra de acordo com o número de nomes registrados na lista. Dê mais terras às tribos maiores e menos terras às tribos menores, para que cada grupo receba uma herança proporcional ao tamanho de sua população. Distribua a terra por sorteio e dê a cada tribo de seus antepassados a sua porção de acordo com o número de nomes registrados na lista. Cada porção de terra será distribuída por sorteio entre as famílias tribais maiores e menores”. Este é o registro dos levitas que foram contados de acordo com seus clãs: O clã gersonita, assim chamado por causa de seu antepassado Gérson. O clã coatita, assim chamado por causa de seu antepassado Coate. O clã merarita, assim chamado por causa de seu antepassado Merari. Os clãs libnita, hebronita, malita, musita e coraíta eram subdivisões de descendentes dos levitas. Coate foi antepassado de Anrão, e a esposa de Anrão se chamava Joquebede. Ela também era descendente de Levi, nascida entre os levitas na terra do Egito. Anrão e Joquebede eram pais de Arão, Moisés e sua irmã Miriã. Os filhos de Arão foram Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar. Nadabe e Abiú morreram quando trouxeram fogo estranho diante do S enhor. Os homens dos clãs levitas de um mês de idade ou mais totalizaram 23.000. Os levitas, porém, não foram incluídos no registro do restante dos israelitas, pois não receberam propriedades quando a terra foi dividida. Esses foram os resultados do censo dos israelitas realizado por Moisés e pelo sacerdote Eleazar nas campinas de Moabe, junto ao rio Jordão, do lado oposto de Jericó. Ninguém dessa lista estava registrado no censo anterior dos israelitas feito por Moisés e Arão no deserto do Sinai, pois o S enhor tinha dito a respeito deles: “Todos morrerão no deserto”. Nenhum deles sobreviveu, com exceção de Calebe, filho de Jefoné, e de Josué, filho de Num. Certo dia, Maala, Noa, Hogla, Milca e Tirza, as filhas de Zelofeade, fizeram uma petição. Seu pai pertencia a um dos clãs de Manassés, pois era descendente de Héfer, filho de Gileade, filho de Maquir, filho de Manassés, filho de José. Essas mulheres se apresentaram diante de Moisés, do sacerdote Eleazar, dos líderes das tribos e de toda a comunidade à entrada da tenda do encontro e disseram: “Nosso pai morreu no deserto. Não era um dos seguidores de Corá, que se rebelaram contra o S enhor, mas morreu por causa do seu próprio pecado e não teve filhos. Por que o nome de nosso pai deveria desaparecer de seu clã só porque ele não teve filhos? Dê-nos uma propriedade entre o restante de nossos parentes”. Moisés levou o caso ao S enhor, e o S enhor respondeu a Moisés: “A reivindicação das filhas de Zelofeade é justa. Dê a elas uma porção de terra entre os parentes de seu pai, a herança que teria sido entregue a seu pai. “Dê as seguintes instruções ao povo de Israel. Se um homem morrer e não deixar filhos, passem a herança às filhas. Se ele também não tiver filhas, transfiram a herança aos irmãos dele. Se ele não tiver irmãos, deem a herança aos irmãos do pai dele. Se seu pai não tiver irmãos, deem a herança ao parente mais próximo de seu clã. Essa é uma prescrição definitiva para os israelitas, conforme o S enhor ordenou a Moisés”. Então o S enhor disse a Moisés: “Suba a um dos montes de Abarim e olhe para a terra que dou ao povo de Israel. Depois de vê-la, você será reunido a seu povo, como seu irmão Arão, pois vocês desobedeceram às minhas instruções no deserto de Zim. Quando a comunidade se rebelou, vocês não demonstraram minha santidade para eles junto às águas”. (Essas águas são as de Meribá, em Cades, no deserto de Zim.) Então Moisés disse ao S enhor: “S enhor, tu és o Deus que dá fôlego a todas as criaturas. Por favor, indica um homem para ser o novo líder da comunidade. Dá a eles alguém que os guie aonde quer que forem e os conduza nas batalhas, para que a comunidade do S enhor não seja como ovelhas sem pastor”. O S enhor respondeu: “Convoque Josué, filho de Num, em quem está o Espírito, e coloque as mãos sobre ele. Apresente-o ao sacerdote Eleazar diante de toda a comunidade e encarregue-o publicamente de liderar. Transfira a ele parte de sua autoridade, para que toda a comunidade de Israel lhe obedeça. Quando for necessário receber orientação do S enhor, Josué se apresentará diante do sacerdote Eleazar, que usará o Urim perante o S enhor para determinar sua vontade. É pela palavra de Eleazar que Josué e toda a comunidade de Israel decidirão tudo que devem fazer”. Moisés fez o que o S enhor ordenou. Apresentou Josué ao sacerdote Eleazar e a toda a comunidade, colocou as mãos sobre ele e o encarregou de liderar o povo, exatamente como o S enhor havia ordenado por meio de Moisés. O S enhor disse a Moisés: “Dê as seguintes instruções ao povo de Israel. Não deixem de trazer o alimento para as ofertas especiais que vocês apresentam a mim. São aroma agradável, que deverão ser oferecidas na ocasião certa. “Diga-lhes: Esta é sua oferta especial, que vocês apresentarão ao S enhor como holocausto diário: dois cordeiros de um ano e sem defeito. Sacrifiquem um cordeiro pela manhã e outro ao entardecer. Apresentem também uma oferta de cereal de dois quilos de farinha da melhor qualidade misturada com um litro de azeite puro de olivas prensadas. Esse é o holocausto habitual instituído no monte Sinai como oferta especial, um aroma agradável ao S enhor. Junto com cada cordeiro, apresentem no santuário um litro de bebida fermentada como oferta para o S enhor. Apresentem o segundo cordeiro ao entardecer com a mesma oferta de cereal e a oferta derramada. É uma oferta especial, um aroma agradável ao S enhor.” “No sábado, sacrifiquem dois cordeiros de um ano e sem defeito. Serão acompanhados de uma oferta de cereal de quatro quilos de farinha da melhor qualidade umedecida com azeite e de uma oferta derramada. Esse é o holocausto que será apresentado a cada sábado além do holocausto habitual e da oferta derramada que o acompanha.” “No primeiro dia de cada mês, apresentem ao S enhor um holocausto adicional de dois novilhos, um carneiro e sete cordeiros de um ano, todos sem defeito. Serão acompanhados de ofertas de cereal de farinha da melhor qualidade umedecida com azeite: seis quilos para cada novilho, quatro quilos para o carneiro e dois quilos para cada cordeiro. Esse holocausto será uma oferta especial, um aroma agradável ao S enhor. Apresentem também uma oferta derramada com cada sacrifício: dois litros de vinho para cada novilho, um litro e um terço para cada carneiro e um litro para cada cordeiro. Apresentem esse holocausto no primeiro dia de cada mês ao longo de todo o ano. “No primeiro dia de cada mês, apresentem também ao S enhor um bode como oferta pelo pecado. Esse é um acréscimo ao holocausto habitual e à oferta derramada que o acompanha.” “No décimo quarto dia do primeiro mês, celebrem a Páscoa do S enhor. No dia seguinte, o décimo quinto do mês, terá início uma festa de sete dias durante os quais ninguém comerá pão feito com fermento. O primeiro dia da festa será um dia oficial de reunião sagrada, no qual não farão nenhum trabalho habitual. Apresentarão ao S enhor como oferta especial um holocausto de dois novilhos, um carneiro e sete cordeiros de um ano, todos sem defeito. Os sacrifícios serão acompanhados de uma oferta de cereal de farinha da melhor qualidade umedecida com azeite: seis quilos para cada novilho, quatro quilos para o carneiro e dois quilos para cada um dos sete cordeiros. Apresentem também um bode como oferta pelo pecado para fazer expiação por vocês. Apresentem essas ofertas além dos holocaustos habituais da manhã. Essa é a forma como devem preparar, em cada um dos sete dias de festa, a oferta de alimento apresentada como oferta especial, um aroma agradável ao S enhor. Será apresentada além do holocausto habitual e das ofertas derramadas. O sétimo dia da festa será outro dia oficial de reunião sagrada, um dia em que não farão nenhum trabalho habitual.” “Durante a Festa da Colheita, quando apresentarem ao S enhor seus primeiros cereais novos, convoquem um dia oficial para reunião sagrada, no qual não farão nenhum trabalho habitual. Nesse dia, apresentem um holocausto adicional como aroma agradável ao S enhor. O sacrifício será constituído de dois novilhos, um carneiro e sete cordeiros de um ano. Será acompanhado de ofertas de cereal de farinha da melhor qualidade umedecida com azeite: seis quilos para cada novilho, quatro quilos para o carneiro e dois quilos para cada um dos sete cordeiros. Apresentem também um bode para fazer expiação por vocês. Preparem esses holocaustos adicionais, junto com suas ofertas derramadas, além do holocausto habitual e da oferta de cereal que o acompanha. Cuidem para que todos os animais sejam sem defeito.” “No primeiro dia do sétimo mês, celebrem a Festa das Trombetas. Convoquem um dia oficial de reunião sagrada, no qual não farão nenhum trabalho habitual. Nesse dia, apresentem um holocausto como aroma agradável ao S enhor. O sacrifício será constituído de um novilho, um carneiro e sete cordeiros de um ano, todos sem defeito. Será acompanhado de ofertas de cereal de farinha da melhor qualidade umedecida com azeite: seis quilos para o novilho, quatro quilos para o carneiro e dois quilos para cada um dos sete cordeiros. Apresentem também um bode como oferta pelo pecado para fazer expiação por vocês. Esses sacrifícios especiais são um acréscimo aos holocaustos mensais e habituais e serão apresentados com as ofertas de cereal e as ofertas derramadas prescritas que os acompanham. São uma oferta especial, um aroma agradável ao S enhor.” “No décimo dia do sétimo mês, convoquem outra reunião sagrada. Nesse dia, o Dia da Expiação, vocês se humilharão e não farão nenhum trabalho habitual. Apresentem um holocausto como aroma agradável ao S enhor. Será constituído de um novilho, um carneiro e sete cordeiros de um ano, todos sem defeito. Os sacrifícios serão acompanhados de ofertas de cereal de farinha da melhor qualidade umedecida com azeite: seis quilos de farinha da melhor qualidade para o novilho, quatro quilos de farinha da melhor qualidade para o carneiro e dois quilos de farinha da melhor qualidade para cada um dos sete cordeiros. Apresentem também um bode como oferta pelo pecado. Essa oferta é um acréscimo à oferta pelo pecado apresentada para fazer expiação e ao holocausto habitual com a oferta de cereal e as ofertas derramadas que o acompanham.” “No décimo quinto dia do sétimo mês, convoquem outra reunião sagrada. Nesse dia, não façam nenhum trabalho habitual. É o início da Festa das Cabanas, uma festa de sete dias em homenagem ao S enhor. No primeiro dia da festa, apresentem um holocausto como oferta especial, um aroma agradável ao S enhor. Será constituído de treze novilhos, dois carneiros e catorze cordeiros de um ano, todos sem defeito. Cada um desses sacrifícios será acompanhado de uma oferta de cereal de farinha da melhor qualidade umedecida com azeite: seis quilos para cada um dos treze novilhos, quatro quilos para cada um dos dois carneiros e dois quilos para cada um dos catorze cordeiros. Apresentem também um bode como oferta pelo pecado, além do holocausto habitual com a oferta de cereal e a oferta derramada que o acompanham. “No segundo dia da festa, sacrifiquem doze novilhos, dois carneiros e catorze cordeiros de um ano, todos sem defeito. Cada um desses sacrifícios de novilhos, carneiros e cordeiros será acompanhado de sua oferta de cereal e de sua oferta derramada, conforme o número prescrito. Apresentem também um bode como oferta pelo pecado, além do holocausto habitual com a oferta de cereal e a oferta derramada que o acompanham. “No terceiro dia da festa, sacrifiquem onze novilhos, dois carneiros e catorze cordeiros de um ano, todos sem defeito. Cada um desses sacrifícios de novilhos, carneiros e cordeiros será acompanhado de sua oferta de cereal e de sua oferta derramada, conforme o número prescrito. Apresentem também um bode como oferta pelo pecado, além do holocausto habitual com a oferta de cereal e a oferta derramada que o acompanham. “No quarto dia da festa, sacrifiquem dez novilhos, dois carneiros e catorze cordeiros de um ano, todos sem defeito. Cada um desses sacrifícios de novilhos, carneiros e cordeiros será acompanhado de sua oferta de cereal e de sua oferta derramada, conforme o número prescrito. Apresentem também um bode como oferta pelo pecado, além do holocausto habitual com a oferta de cereal e a oferta derramada que o acompanham. “No quinto dia da festa, sacrifiquem nove novilhos, dois carneiros e catorze cordeiros de um ano, todos sem defeito. Cada um desses sacrifícios de novilhos, carneiros e cordeiros será acompanhado de sua oferta de cereal e de sua oferta derramada, conforme o número prescrito. Apresentem também um bode como oferta pelo pecado, além do sacrifício habitual com a oferta de cereal e a oferta derramada que o acompanham. “No sexto dia da festa, sacrifiquem oito novilhos, dois carneiros e catorze cordeiros de um ano, todos sem defeito. Cada um desses sacrifícios de novilhos, carneiros e cordeiros será acompanhado de sua oferta de cereal e de sua oferta derramada, conforme o número prescrito. Apresentem também um bode como oferta pelo pecado, além do holocausto habitual com a oferta de cereal e a oferta derramada que o acompanham. “No sétimo dia da festa, sacrifiquem sete novilhos, dois carneiros e catorze cordeiros de um ano, todos sem defeito. Cada um desses sacrifícios de novilhos, carneiros e cordeiros será acompanhado de sua oferta de cereal e de sua oferta derramada, conforme o número prescrito. Apresentem também um bode como oferta pelo pecado, além do holocausto habitual com a oferta de cereal e a oferta derramada que o acompanham. “No oitavo dia da festa, declarem uma reunião solene. Não façam nenhum trabalho habitual nesse dia. Apresentem um holocausto como oferta especial, um aroma agradável ao S enhor. O sacrifício consistirá em um novilho, um carneiro e sete cordeiros de um ano, todos sem defeito. Cada um desses sacrifícios será acompanhado de sua oferta de cereal e de sua oferta derramada, conforme o número prescrito. Apresentem também um bode como oferta pelo pecado, além do holocausto habitual com a oferta de cereal e a oferta derramada que o acompanham. “Apresentem essas ofertas ao S enhor em suas festas anuais. São um acréscimo aos sacrifícios e ofertas que vocês apresentam ao cumprirem votos ou ao realizarem ofertas voluntárias, holocaustos, ofertas de cereal, ofertas derramadas e ofertas de paz”. Moisés transmitiu todas essas instruções aos israelitas, conforme o S enhor lhe havia ordenado. Moisés mandou chamar os chefes das tribos de Israel e lhes disse: “Foi isto que o S enhor ordenou: Se um homem fizer um voto ao S enhor ou uma promessa sob juramento, jamais deverá voltar atrás em sua palavra. Fará exatamente o que prometeu. “Se uma moça fizer um voto ao S enhor ou uma promessa sob juramento enquanto ainda estiver morando na casa de seu pai, e se seu pai ficar sabendo do voto e não levantar objeções, todos os seus votos e promessas continuarão a valer. Mas, se no dia em que ficar sabendo seu pai se recusar a deixá-la cumprir o voto ou a promessa, todos os seus votos ou promessas serão anulados. O S enhor a perdoará, pois o pai não permitiu que ela os cumprisse. “Se uma moça fizer um voto ou assumir um compromisso por meio de uma promessa precipitada e depois se casar, e, no dia em que ficar sabendo do voto ou da promessa, o marido não levantar objeções, os votos e as promessas que ela fez continuarão a valer. Mas, se no dia em que ficar sabendo seu marido se recusar a deixá-la cumprir o voto ou a promessa precipitada, os compromissos dela serão anulados, e o S enhor a perdoará. A mulher viúva ou divorciada, porém, deverá cumprir todos os seus votos e promessas. “Se uma mulher já for casada e morar na casa do marido quando fizer o voto ou se comprometer por meio de uma promessa, e o marido ficar sabendo e não levantar objeções, os votos ou as promessas que ela fez continuarão a valer. Mas, se no dia em que ficar sabendo o marido se recusar a aceitá-los, o voto ou a promessa dela será anulada, e o S enhor a perdoará. Portanto, qualquer voto ou promessa que a esposa tenha feito de humilhar-se, o marido poderá confirmar ou anular. Mas, se ele não levantar objeção alguma no dia em que ficar sabendo, indicará desse modo que está de acordo com todos os seus votos ou promessas. Se ele esperar mais de um dia e anular um voto ou uma promessa, sofrerá o castigo que caberia à esposa”. Essas são as ordens que o S enhor deu a Moisés a respeito do relacionamento entre um homem e sua esposa e entre um pai e sua filha moça que ainda mora na casa dele. O S enhor disse a Moisés: “Vingue-se dos midianitas pelo que fizeram aos israelitas. Depois disso, você morrerá e será reunido a seus antepassados”. Então Moisés disse ao povo: “Escolham e armem alguns homens para lutarem na vingança do S enhor contra Midiã. De cada tribo de Israel, enviem mil homens para a batalha”. Assim, escolheram mil homens de cada tribo de Israel, no total de doze mil homens armados para guerrear. Moisés enviou mil homens de cada tribo, sob o comando de Fineias, filho do sacerdote Eleazar. Fineias levou consigo os objetos sagrados e as trombetas para dar a ordem de ataque. Atacaram Midiã, como o S enhor havia ordenado a Moisés, e mataram todos os homens. Os cinco reis midianitas morreram na batalha: Evi, Requém, Zur, Hur e Reba. Também mataram à espada Balaão, filho de Beor. Os israelitas capturaram as mulheres e as crianças midianitas e tomaram como despojo o gado, os rebanhos e toda a riqueza deles. Queimaram todas as cidades e acampamentos onde os midianitas moravam. Depois de juntarem todos os despojos, tanto os prisioneiros como os animais, trouxeram tudo a Moisés, ao sacerdote Eleazar e a toda a comunidade de Israel, que estava acampada nas campinas de Moabe, junto ao rio Jordão, do lado oposto de Jericó. Moisés, o sacerdote Eleazar e todos os líderes da comunidade saíram ao encontro deles fora do acampamento. Moisés, porém, se enfureceu com os generais e os capitães que voltaram da batalha. “Por que deixaram viver todas as mulheres?”, perguntou ele. “Foram justamente elas que seguiram o conselho de Balaão e fizeram os israelitas se rebelarem contra o S enhor no incidente em Peor. Foi por causa delas que uma praga feriu o povo do S enhor. Agora, matem todos os meninos e todas as mulheres que tiveram relações sexuais com algum homem. Deixem viver somente as meninas virgens; tragam-nas para viver entre vocês. E todos que tiverem matado alguém ou tocado em algum cadáver ficarão fora do acampamento por sete dias. Purifiquem a si mesmos e às prisioneiras no terceiro e no sétimo dia. Purifiquem também todas as roupas e todos os objetos de couro, pelo de cabra ou madeira.” Então o sacerdote Eleazar disse aos homens que participaram da batalha: “O S enhor deu a Moisés as seguintes prescrições legais: Tudo que for feito de ouro, prata, bronze, ferro, estanho e chumbo, ou seja, tudo que resiste ao fogo, será passado pelo fogo para se tornar cerimonialmente puro. Em seguida, esses objetos de metal serão purificados com a água da purificação. Mas tudo que não resistir ao fogo será purificado somente com água. No sétimo dia, lavem as roupas e vocês estarão purificados. Então poderão voltar ao acampamento”. O S enhor também disse a Moisés: “Você, o sacerdote Eleazar e os chefes das famílias de cada tribo farão uma lista de todos os despojos tomados na batalha, tanto das pessoas como dos animais. Dividirão o despojo em duas partes e entregarão metade para os homens que lutaram na batalha e metade para o restante do povo. Da metade que pertence ao exército, entreguem primeiro um tributo que cabe ao S enhor, um de cada quinhentos, tanto das pessoas como do gado, dos jumentos e das ovelhas. Entreguem essa porção tirada da parte do exército ao sacerdote Eleazar como oferta ao S enhor. Da metade que pertence aos israelitas, separem um de cada cinquenta, tanto das pessoas como do gado, dos jumentos, das ovelhas e dos outros animais. Entreguem essa porção aos levitas, que estão encarregados de cuidar do tabernáculo do S enhor ”. Moisés e o sacerdote Eleazar fizeram conforme o S enhor ordenou a Moisés. O despojo restante de tudo que os soldados haviam tomado totalizou 675.000 ovelhas, 72.000 cabeças de gado, 61.000 jumentos e 32.000 virgens. Metade do despojo foi entregue aos homens que participaram da batalha. Essa parte totalizou 337.500 ovelhas, das quais 675 eram o tributo ao S enhor; 36.000 cabeças de gado, das quais 72 eram o tributo ao S enhor; 30.500 jumentos, dos quais 61 eram o tributo ao S enhor; e 16.000 virgens, das quais 32 eram o tributo ao S enhor. Moisés entregou ao sacerdote Eleazar o tributo que cabia ao S enhor como oferta movida, conforme o S enhor havia ordenado. Metade do despojo pertencia aos israelitas, e Moisés a separou da metade que pertencia aos homens que lutaram. A parte dos israelitas totalizou 337.500 ovelhas, 36.000 cabeças de gado, 30.500 jumentos e 16.000 virgens. Da metade entregue ao povo, Moisés separou um de cada cinquenta, tanto das pessoas como dos animais, e entregou aos levitas encarregados de cuidar do tabernáculo do S enhor. Tudo foi feito conforme o S enhor havia ordenado a Moisés. Então os generais e os capitães foram a Moisés e disseram: “Nós, seus servos, contamos todos os homens que saíram para a batalha sob o nosso comando; nenhum de nós está faltando! Por isso, de nossa parte do despojo, apresentamos os objetos de ouro como oferta ao S enhor: braceletes, pulseiras, anéis, brincos e colares. A oferta fará expiação por nós diante do S enhor ”. Moisés e o sacerdote Eleazar receberam deles as joias e os objetos artesanais de ouro. Ao todo, o ouro que os generais e os capitães apresentaram como oferta ao S enhor pesava por volta de duzentos quilos. Todos os homens que participaram da batalha tomaram para si uma parte do despojo. Moisés e o sacerdote Eleazar aceitaram as ofertas dos generais e dos capitães e levaram o ouro para a tenda do encontro como recordação para que o S enhor se lembrasse dos israelitas. As tribos de Rúben e Gade possuíam rebanhos enormes. Por isso, quando viram que as terras de Jazar e Gileade eram adequadas para os rebanhos, foram a Moisés, ao sacerdote Eleazar e aos outros líderes da comunidade e disseram: “Vejam as cidades de Atarote, Dibom, Jazar, Ninra, Hesbom, Eleale, Sibma, Nebo e Beom. O S enhor conquistou toda esta região para a comunidade de Israel, e ela é adequada para criar rebanhos e para nós, seus servos, que possuímos rebanhos. Se contamos com o seu favor, pedimos que nos deixem ocupar esta terra como nossa propriedade em vez de nos dar a terra do outro lado do Jordão”. Moisés perguntou aos homens de Gade e Rúben: “Então vocês querem que seus irmãos vão à guerra enquanto vocês ficam aqui? Por que querem desanimar o restante dos israelitas de atravessar o rio para a terra que o S enhor lhes deu? Seus antepassados fizeram a mesma coisa quando eu os enviei de Cades-Barneia para fazer o reconhecimento da terra. Depois que subiram até o vale de Escol e fizeram o reconhecimento da região, desanimaram os israelitas de entrarem na terra que o S enhor lhes dava. Por isso a ira do S enhor se acendeu contra eles, e ele jurou: ‘De todos aqueles que eu resgatei do Egito, ninguém com 20 anos para cima verá a terra que eu jurei dar a Abraão, Isaque e Jacó, pois não me obedeceram de todo o coração. As únicas exceções são Calebe, filho do quenezeu Jefoné, e Josué, filho de Num, pois eles seguiram o S enhor de todo o coração’. “A ira do S enhor se acendeu contra os israelitas, e ele os fez andar sem rumo pelo deserto durante quarenta anos, até que toda a geração que havia pecado contra o S enhor tivesse morrido. Mas aqui estão vocês, uma raça de pecadores, fazendo exatamente a mesma coisa, acendendo ainda mais a ira do S enhor contra Israel. Se vocês se afastarem dele e se ele abandonar o povo no deserto outra vez, vocês serão responsáveis pela destruição de todo este povo!”. Eles se aproximaram de Moisés e disseram: “Queremos construir currais para nossos animais e cidades para nossos filhos. Então nos armaremos e sairemos prontamente com os israelitas para a batalha até que os tenhamos levado em segurança para sua terra. Enquanto isso, nossos filhos ficarão nas cidades fortificadas que construirmos aqui e estarão protegidos de ataques dos povos da região. Só voltaremos a nossos lares quando todos os israelitas tiverem recebido suas porções de terra. Não exigimos, porém, terra alguma do outro lado do Jordão. Preferimos viver aqui do lado leste do Jordão e aceitamos esta região como nossa herança na terra”. Então Moisés lhes disse: “Se fizerem como prometeram e se, armadas para as batalhas do S enhor, suas tropas atravessarem o Jordão e continuarem a lutar até que o S enhor tenha expulsado seus inimigos, então poderão voltar quando o S enhor tiver conquistado a terra. Assim vocês terão cumprido seu dever para com o S enhor e para com o povo de Israel. A terra do lado leste do Jordão será sua propriedade da parte do S enhor. Mas, se não fizerem como prometeram, terão pecado contra o S enhor e não escaparão das consequências. Vão, construam cidades para suas famílias e currais para seus rebanhos, mas façam tudo que prometeram”. Os homens de Gade e Rúben responderam: “Nós, seus servos, seguiremos suas instruções. Nossos filhos, esposas, rebanhos e gado ficarão aqui nas cidades de Gileade. Mas nós, seus servos, todos armados para a guerra, atravessaremos o rio e lutaremos pelo S enhor, conforme nos ordenou”. Moisés deu ordens ao sacerdote Eleazar, a Josué, filho de Num, e aos chefes das famílias das tribos de Israel. Disse ele: “Os homens de Gade e Rúben estão armados para a batalha e atravessarão o Jordão com vocês e lutarão pelo S enhor. Se o fizerem, depois que a terra for conquistada entregue-lhes o território de Gileade como sua propriedade. Mas, se eles se recusarem a armar-se e atravessar o rio com vocês, serão obrigados a aceitar uma porção de terra com o restante de vocês em Canaã”. As tribos de Gade e Rúben disseram outra vez: “Somos seus servos e faremos o que o S enhor ordenou! Atravessaremos bem armados o Jordão até Canaã e lutaremos para o S enhor, mas nossa porção de terra estará aqui deste lado do Jordão”. Então Moisés distribuiu terras entre as tribos de Gade e Rúben e a meia tribo de Manassés, filho de José. Deu-lhes o território de Seom, rei dos amorreus, o território de Ogue, rei de Basã, toda a terra com suas cidades e o território ao redor delas. Os descendentes de Gade construíram as cidades de Dibom, Atarote, Aroer, Atarote-Sofã, Jazar, Jogbeá, Bete-Ninra e Bete-Harã, e todas eram cidades fortificadas e com currais para os rebanhos. Os descendentes de Rúben construíram as cidades de Hesbom, Eleale, Quiriataim, Nebo, Baal-Meom e Sibma, e mudaram o nome de algumas das cidades que conquistaram e reconstruíram. Os descendentes de Maquir, da tribo de Manassés, foram até Gileade, tomaram posse dela e expulsaram os amorreus que ali viviam. Moisés deu Gileade aos maquiritas, descendentes de Manassés, e eles se estabeleceram ali. O povo de Jair, outro clã da tribo de Manassés, capturou muitos dos povoados de Gileade e mudou o nome da região para Cidades de Jair. Enquanto isso, um homem chamado Noba conquistou a cidade de Quenate e as vilas ao redor e deu seu próprio nome à região, chamando-a de Noba. Este é o percurso que os israelitas fizeram quando saíram do Egito, organizados segundo suas divisões, sob a liderança de Moisés e Arão. Por ordem do S enhor, Moisés guardou um registro escrito de seu progresso. Estas são as etapas da jornada, identificadas pelos lugares onde pararam ao longo do caminho. Os israelitas partiram da cidade de Ramessés no décimo quinto dia do primeiro mês, na manhã seguinte à primeira celebração da Páscoa. Partiram triunfantemente, à vista de todos os egípcios. Enquanto isso, os egípcios sepultavam o filho mais velho de suas famílias que o S enhor havia ferido mortalmente na noite anterior. Naquela noite, o S enhor derrotou os deuses do Egito com grandes atos de julgamento. Depois de partirem de Ramessés, os israelitas acamparam em Sucote. Saíram de Sucote e acamparam em Etã, à beira do deserto. Saíram de Etã e voltaram para Pi-Hairote, de frente para Baal-Zefom, e acamparam perto de Migdol. Saíram de Pi-Hairote, atravessaram o mar Vermelho e chegaram ao deserto. Viajaram três dias pelo deserto de Etã e acamparam em Mara. Saíram de Mara e acamparam em Elim, onde havia doze fontes de água e setenta palmeiras. Saíram de Elim e acamparam junto ao mar Vermelho. Saíram do mar Vermelho e acamparam no deserto de Sim. Saíram do deserto de Sim e acamparam em Dofca. Saíram de Dofca e acamparam em Alus. Saíram de Alus e acamparam em Refidim, onde não havia água para o povo beber. Saíram de Refidim e acamparam no deserto do Sinai. Saíram do deserto do Sinai e acamparam em Quibrote-Hataavá. Saíram de Quibrote-Hataavá e acamparam em Hazerote. Saíram de Hazerote e acamparam em Ritmá. Saíram de Ritmá e acamparam em Rimom-Perez. Saíram de Rimom-Perez e acamparam em Libna. Saíram de Libna e acamparam em Rissa. Saíram de Rissa e acamparam em Queelata. Saíram de Queelata e acamparam no monte Séfer. Saíram do monte Séfer e acamparam em Harada. Saíram de Harada e acamparam em Maquelote. Saíram de Maquelote e acamparam em Taate. Saíram de Taate e acamparam em Terá. Saíram de Terá e acamparam em Mitca. Saíram de Mitca e acamparam em Hasmona. Saíram de Hasmona e acamparam em Moserote. Saíram de Moserote e acamparam em Bene-Jaacã. Saíram de Bene-Jaacã e acamparam em Hor-Gidgade. Saíram de Hor-Gidgade e acamparam em Jotbatá. Saíram de Jotbatá e acamparam em Abrona. Saíram de Abrona e acamparam em Eziom-Geber. Saíram de Eziom-Geber e acamparam em Cades, no deserto de Zim. Saíram de Cades e acamparam no monte Hor, na fronteira de Edom. Enquanto estavam ao pé do monte Hor, por ordem do S enhor o sacerdote Arão subiu ao monte e morreu ali. Isso aconteceu no primeiro dia do quinto mês, quarenta anos depois que Israel saiu do Egito. Arão tinha 123 anos quando morreu no monte Hor. O rei cananeu de Arade, que vivia no Neguebe, na terra de Canaã, soube que os israelitas se aproximavam de sua terra. Saíram do monte Hor e acamparam em Zalmona. Saíram de Zalmona e acamparam em Punom. Saíram de Punom e acamparam em Obote. Saíram de Obote e acamparam em Ijé-Abarim, na fronteira de Moabe. Saíram de Ijé-Abarim e acamparam em Dibom-Gade. Saíram de Dibom-Gade e acamparam em Almom-Diblataim. Saíram de Almom-Diblataim e acamparam nos montes de Abarim, perto do monte Nebo. Saíram dos montes de Abarim e acamparam nas campinas de Moabe, junto ao rio Jordão, do lado oposto de Jericó. Junto ao rio Jordão, acamparam desde Bete-Jesimote até Abel-Sitim nas campinas de Moabe. Enquanto estavam acampados perto do rio Jordão, nas campinas de Moabe, do lado oposto de Jericó, o S enhor disse a Moisés: “Dê as seguintes instruções ao povo de Israel. Quando atravessarem o rio Jordão para entrar na terra de Canaã, expulsem todos os povos que vivem ali. Destruam todas as imagens esculpidas ou fundidas e derrubem todos os santuários idólatras. Tomem posse da terra e estabeleçam-se nela, pois eu lhes dei a terra para a ocuparem. Distribuam a terra entre os clãs por sorteio e de forma proporcional ao tamanho de cada clã. Os clãs maiores receberão uma porção maior, e os clãs menores, uma porção menor. A decisão por sorteio é definitiva. Assim, as porções de terra serão distribuídas entre as tribos de seus antepassados. Mas, se vocês não expulsarem os povos que vivem na terra, aqueles que restarem serão como farpas em seus olhos e espinhos em suas costas. Serão um tormento para vocês na terra em que habitarem. E eu farei a vocês aquilo que planejava fazer a eles”. Então o S enhor disse a Moisés: “Dê as seguintes instruções ao povo de Israel. Quando entrarem na terra de Canaã, que eu lhes dou como sua propriedade especial, estas serão as fronteiras. A região sul se estenderá desde o deserto de Zim, ao longo da divisa com Edom. A fronteira sul começará no leste, na extremidade do mar Morto. Ela se estenderá pelo sul, passando pela ladeira do Escorpião, em direção a Zim. Seu extremo ao sul será Cades-Barneia, de onde seguirá até Hazar-Adar e, de lá, até Azmom. De Azmom, a fronteira fará uma curva em direção ao ribeiro do Egito e terminará no mar Mediterrâneo. “A fronteira oeste será o litoral do mar Mediterrâneo. “A fronteira norte começará no mar Mediterrâneo e se estenderá para o leste até o monte Hor e, de lá, até Lebo-Hamate, seguindo em direção a Zedade, e continuando até Zifrom e, daí, até Hazar-Enã. Essa será a fronteira norte. “A fronteira leste começará em Hazar-Enã, se estenderá para o sul até Sefã e descerá até Ribla, do lado leste de Aim. De lá, descerá beirando o lado leste do mar da Galileia e, depois, acompanhando o rio Jordão até o mar Morto. Essas são as fronteiras de sua terra”. Então Moisés disse aos israelitas: “Este território é a herança que vocês repartirão entre si por sorteio. O S enhor ordenou que a terra seja dividida entre as nove tribos e meia restantes. As famílias das tribos de Rúben e Gade e da metade da tribo de Manassés já receberam suas porções de terra do lado leste do Jordão, do lado oposto de Jericó, na direção do nascer do sol”. O S enhor disse a Moisés: “O sacerdote Eleazar e Josué, filho de Num, são os homens escolhidos para repartir a terra entre o povo. Nomeiem um líder de cada tribo para ajudá-los com a tarefa. Estas são as tribos e os nomes dos líderes: da tribo de Judá, Calebe, filho de Jefoné; da tribo de Simeão, Samuel, filho de Amiúde; da tribo de Benjamim, Elidade, filho de Quislom; da tribo de Dã, Buqui, filho de Jogli; da tribo de Manassés, filho de José, Haniel, filho de Éfode; da tribo de Efraim, filho de José, Quemuel, filho de Siftã; da tribo de Zebulom, Elisafã, filho de Parnaque; da tribo de Issacar, Paltiel, filho de Azã; da tribo de Aser, Aiúde, filho de Selomi; da tribo de Naftali, Pedael, filho de Amiúde. Esses são os homens que o S enhor nomeou para repartir as porções da terra de Canaã entre os israelitas”. O S enhor disse a Moisés junto ao rio Jordão, nas campinas de Moabe, do lado oposto de Jericó: “Ordene aos israelitas que, das propriedades que receberem por herança, deem algumas cidades para os levitas morarem. Entreguem também as pastagens ao redor delas. As cidades serão para moradia dos levitas, e as terras ao redor servirão de pasto para seu gado, suas ovelhas e todos os seus animais. As pastagens reservadas para os levitas ao redor dessas cidades se estenderão em todas as direções por 450 metros a partir dos muros da cidade. Meçam 900 metros fora dos muros da cidade em todas as direções — leste, sul, oeste e norte —, com a cidade no centro. Essa será a área de pastagem das cidades. “Seis das cidades que vocês derem aos levitas serão cidades de refúgio, para onde uma pessoa que tiver matado alguém acidentalmente poderá fugir e ficar a salvo. Além disso, deem a eles 42 cidades. No total, vocês darão aos levitas 48 cidades, com as pastagens ao redor. As cidades virão da herança dos israelitas. As tribos maiores darão mais cidades aos levitas, enquanto as tribos menores darão menos cidades. Cada tribo entregará propriedades de forma proporcional ao tamanho do território que receber”. O S enhor disse a Moisés: “Dê as seguintes instruções ao povo de Israel. “Quando atravessarem o Jordão para entrar na terra de Canaã, escolham cidades de refúgio para onde uma pessoa que tiver matado alguém acidentalmente poderá fugir. Essas cidades serão lugares de proteção contra os parentes da vítima que quiserem vingar sua morte. A pessoa que tirou a vida de alguém não será executada antes de ser julgada pela comunidade. Escolham para si seis cidades de refúgio: três do lado leste do rio Jordão e três do lado oeste, na terra de Canaã. Essas cidades servirão para proteger os israelitas, os estrangeiros que vivem entre vocês e os que estiverem de passagem. Qualquer um que matar alguém acidentalmente poderá fugir para lá. “Se, contudo, alguém atacar uma pessoa e matá-la com um pedaço de ferro, é assassinato e o assassino deverá ser executado. Ou, se alguém com uma pedra na mão atacar e matar outra pessoa, é assassinato e o assassino deverá ser executado. Ou ainda, se alguém atacar outra pessoa e matá-la com um pedaço de madeira, é assassinato e o assassino deverá ser executado. O parente mais próximo da vítima é responsável pela execução do assassino. Quando o encontrar, o vingador deverá executar o assassino. Portanto, se alguém odeia outra pessoa e fica à espreita dela, e a empurra ou joga contra ela um objeto perigoso e ela morre, ou se alguém odeia outra pessoa e a fere com as mãos e ela morre, é assassinato. Nesses casos, o vingador deverá executar o assassino quando o encontrar. “Se, contudo, alguém empurrar outra pessoa sem ter demonstrado anteriormente nenhuma hostilidade, ou jogar algo que acerte a pessoa acidentalmente, ou, sem intenção, deixar cair sobre ela uma pedra grande, embora não fossem inimigos, e a outra pessoa morrer, a comunidade usará as seguintes normas para julgar entre o acusado e o vingador, o parente mais próximo da vítima: a comunidade protegerá o acusado do vingador e cuidará para que ele chegue à cidade de refúgio para onde fugiu. Ali ele ficará até a morte do sumo sacerdote, que foi ungido com o óleo sagrado. “Se, contudo, o acusado sair alguma vez dos limites da cidade de refúgio e o vingador o encontrar fora da cidade e o executar, essa morte não será considerada assassinato. O acusado deveria ter ficado dentro da cidade de refúgio até a morte do sumo sacerdote. Depois da morte do sumo sacerdote, porém, o acusado poderá voltar à sua propriedade. Essas são as prescrições legais a serem cumpridas de geração em geração, onde quer que morarem. “Todos os assassinos deverão ser executados, mas apenas se mais de uma testemunha apresentar provas. Ninguém será executado com base no depoimento de apenas uma testemunha. Jamais aceitem resgate pela vida de alguém que foi declarado culpado de assassinato e condenado à morte. Os assassinos deverão sempre ser executados. E jamais aceitem resgate de alguém que fugiu para uma cidade de refúgio, permitindo, com isso, que o acusado volte à sua propriedade antes da morte do sumo sacerdote. Essa medida garantirá que a terra em que vivem não seja contaminada, pois o assassinato contamina a terra. O único sacrifício que fará expiação pela terra em caso de assassinato é a execução do assassino. Não contaminem a terra onde habitam, pois eu mesmo habito ali. Eu sou o S enhor e habito entre o povo de Israel”. Os chefes das famílias do clã de Gileade, descendentes de Maquir, filho de Manassés, filho de José, apresentaram uma petição a Moisés e aos líderes de Israel, os chefes das famílias. Disseram eles: “O S enhor o instruiu a repartir a terra por sorteio entre os israelitas. O S enhor também o instruiu a entregar a herança que pertencia a nosso irmão Zelofeade às filhas dele. Mas, se elas se casarem com homens de outra tribo de Israel, levarão consigo suas propriedades para a tribo dos homens com quem se casarem. Com isso, a área total do território de nossa tribo será reduzida. Quando chegar o Ano do Jubileu, a porção de terra que elas receberam será anexada à porção dessa nova tribo, e essa propriedade será tirada da tribo de nossos antepassados para sempre”. Então Moisés deu aos israelitas a seguinte ordem do S enhor: “A preocupação dos homens da tribo de José é justa. É isto que o S enhor ordenou acerca das filhas de Zelofeade: Elas poderão se casar com quem quiserem, desde que seja alguém da tribo de seus antepassados. Nenhuma terra poderá ser transferida de uma tribo para outra, pois a porção entregue a cada tribo deve permanecer com a tribo para a qual foi inicialmente designada. As filhas de todas as tribos de Israel que têm direito a herdar propriedades deverão se casar com homens de um dos clãs de sua própria tribo, para que todos os israelitas mantenham a propriedade de seus antepassados. Nenhuma porção de terra poderá ser transferida de uma tribo para outra; cada tribo de Israel manterá a porção de terra que recebeu como herança”. As filhas de Zelofeade fizeram conforme o S enhor ordenou a Moisés. Maala, Tirza, Hogla, Milca e Noa se casaram com primos da família de seu pai, membros dos clãs de Manassés, filho de José. Assim, sua herança permaneceu no clã e na tribo de seus antepassados. Esses são os mandamentos e os estatutos que o S enhor deu aos israelitas por meio de Moisés enquanto estavam acampados nas campinas de Moabe junto ao rio Jordão, do lado oposto de Jericó. Estas são as palavras que Moisés disse a todo o povo de Israel quando estavam no deserto, a leste do rio Jordão, acampados no vale do Jordão, perto de Sufe, entre Parã, de um lado, e Tofel, Labã, Hazerote e Di-Zaabe, do outro. Normalmente, são necessários apenas onze dias para viajar do monte Sinai até Cades-Barneia pelo caminho do monte Seir. No entanto, quarenta anos depois da saída do Egito, no primeiro dia do décimo primeiro mês, Moisés se dirigiu aos israelitas e lhes transmitiu tudo que o S enhor lhe havia ordenado. Isso aconteceu depois que ele derrotou Seom, rei dos amorreus que vivia em Hesbom, e, em Edrei, derrotou Ogue, o rei de Basã que vivia em Astarote. Enquanto estavam na terra de Moabe, a leste do Jordão, Moisés começou a lhes explicar as seguintes instruções. “Quando estávamos no monte Sinai, o S enhor, nosso Deus, nos disse: ‘Vocês já ficaram muito tempo neste monte. É hora de levantar acampamento e seguir viagem. Vão à região montanhosa dos amorreus e a todas as regiões vizinhas: o vale do Jordão, a região montanhosa, as colinas do oeste, o Neguebe e a planície costeira. Vão à terra dos cananeus e ao Líbano, e avancem até o grande rio Eufrates. Vejam, eu lhes dou toda esta terra! Entrem e tomem posse dela, pois é a terra que o S enhor jurou dar a seus antepassados Abraão, Isaque e Jacó, e a todos os seus descendentes’.” Moisés continuou: “Naquela ocasião, eu lhes disse: ‘Vocês são um peso grande demais para eu carregar sozinho. O S enhor, seu Deus, aumentou sua população e os tornou tão numerosos quanto as estrelas do céu. Que o S enhor, o Deus de seus antepassados, os multiplique mil vezes mais e os abençoe como ele prometeu. Mas vocês são um peso grande demais para mim! Como poderei lidar com todos os seus problemas e conflitos? Escolham alguns homens respeitados de cada tribo, conhecidos por sua sabedoria e entendimento, e eu os designarei para serem seus líderes’. “Então vocês responderam: ‘Seu plano é bom!’. Assim, convoquei os homens respeitados que vocês selecionaram de suas tribos e os nomeei para serem juízes e oficiais sobre vocês. Alguns ficaram responsáveis por mil pessoas, outros por cem, outros por cinquenta, e outros por dez. “Naquela ocasião, ordenei aos juízes: ‘Deem atenção aos casos de seus irmãos israelitas e também dos estrangeiros que vivem entre vocês. Sejam completamente justos em todas as suas decisões e imparciais em seus julgamentos. Cuidem tanto dos casos dos pobres como dos ricos. Não deixem que ninguém os intimide, pois Deus dará a decisão por seu intermédio. Tragam-me os casos que forem difíceis demais para vocês, e eu cuidarei deles’. “Naquela ocasião, eu lhes ordenei tudo que deveriam fazer.” “Em seguida, conforme o S enhor, nosso Deus, ordenou, partimos do monte Sinai e atravessamos o deserto imenso e assustador, como vocês lembram, e nos dirigimos à região montanhosa dos amorreus. Quando chegamos a Cades-Barneia, eu lhes disse: ‘Vocês chegaram à região montanhosa dos amorreus, que o S enhor, nosso Deus, nos dá. Vejam, o S enhor, seu Deus, colocou a terra diante de vocês! Vão e tomem posse dela, conforme o S enhor, o Deus de seus antepassados, lhes prometeu. Não tenham medo nem desanimem!’. “Então todos vocês vieram e me disseram: ‘Primeiro, enviemos espiões para que façam o reconhecimento da terra para nós. Eles recomendarão o melhor caminho e indicarão em quais cidades devemos entrar’. “A ideia me pareceu boa, por isso escolhi doze espiões, um de cada tribo. Eles foram à região montanhosa, chegaram ao vale de Escol e fizeram o reconhecimento. Pegaram alguns dos frutos da região e os trouxeram para nós. Então, relataram: ‘A terra que o S enhor, nosso Deus, nos dá é, de fato, uma terra boa’.” “Contudo, vocês se rebelaram contra a ordem do S enhor, seu Deus, e se recusaram a entrar. Queixaram-se dentro de suas tendas e disseram: ‘Com certeza o S enhor nos odeia. Por isso nos trouxe do Egito, a fim de nos entregar nas mãos dos amorreus para sermos exterminados. Para onde podemos ir? Nossos irmãos nos desanimaram com seu relatório. Eles disseram: ‘Os habitantes da terra são mais altos e poderosos que nós, e suas cidades são grandes, com muros que sobem até o céu! Vimos até os descendentes de Enaque!’. “Eu lhes disse: ‘Não entrem em pânico nem tenham medo deles! O S enhor, seu Deus, irá adiante de vocês. Ele lutará em seu favor, conforme tudo que vocês o viram fazer no Egito. Também viram como o S enhor, seu Deus, cuidou de vocês ao longo do caminho, enquanto viajavam pelo deserto, como um pai cuida de seu filho. Agora ele os trouxe a este lugar’. “No entanto, mesmo depois de tudo que ele fez, vocês se recusaram a confiar no S enhor, seu Deus, que vai adiante de vocês buscando lugares para acamparem e guiando-os com uma coluna de fogo durante a noite e uma coluna de nuvem durante o dia. “Quando o S enhor ouviu vocês se queixarem, ficou irado e, por isso, fez um juramento: ‘Nenhum de vocês desta geração perversa viverá para ver a boa terra que eu jurei dar a seus antepassados. A única exceção será Calebe, filho de Jefoné. Ele verá a terra, pois seguiu o S enhor em tudo. Darei a ele e a seus descendentes parte da terra que ele explorou durante sua missão de reconhecimento’. “Foi por causa de vocês que o S enhor se irou contra mim. Ele me disse: ‘Você também não entrará na terra! Seu auxiliar, Josué, filho de Num, entrará na terra. Encoraje-o, pois ele conduzirá o povo quando Israel tomar posse dela. Darei a terra a seus filhos pequenos, às crianças que não sabem a diferença entre certo e errado. Vocês temiam que seus pequeninos fossem capturados, mas serão eles que tomarão posse da terra. Quanto a vocês, deem meia-volta e retornem ao deserto, em direção ao mar Vermelho’. “Então vocês admitiram: ‘Pecamos contra o S enhor! Agora, subiremos e lutaremos pela terra, como o S enhor, nosso Deus, ordenou’. Seus homens se armaram para a guerra, pensando que seria fácil atacar a região montanhosa. “Mas o S enhor me encarregou de lhes dizer: ‘Não ataquem, pois não estou com vocês. Se forem por conta própria, serão derrotados por seus inimigos’. “Foi o que eu lhes disse, mas vocês não deram ouvidos. Em vez disso, rebelaram-se mais uma vez contra a ordem do S enhor e, arrogantemente, foram à região montanhosa para lutar. Os amorreus que viviam ali saíram e os atacaram como um enxame de abelhas. Eles os perseguiram e os massacraram ao longo de todo o caminho, desde Seir até Hormá. Então vocês voltaram e choraram diante do S enhor, mas o S enhor se recusou a ouvi-los. Por isso, ficaram em Cades por um longo tempo.” “Depois disso, demos meia-volta e regressamos pelo deserto, em direção ao mar Vermelho, conforme a instrução que o S enhor me deu. Por um longo tempo, vagamos de um lugar para outro na região do monte Seir. “Finalmente, o S enhor me disse: ‘Vocês andaram por esta região montanhosa tempo suficiente; agora, sigam para o norte. Dê as seguintes ordens ao povo: Vocês passarão pelo território de seus parentes edomitas, os descendentes de Esaú, que habitam em Seir. Tenham muito cuidado, pois os edomitas se sentirão ameaçados. Não os perturbem, pois eu dei a eles como propriedade toda a região montanhosa ao redor do monte Seir, e não darei a vocês um metro sequer da terra deles. Paguem por todo alimento que comerem e pela água que beberem. Pois o S enhor, seu Deus, tem abençoado vocês em tudo que têm feito. Ele tem cuidado de cada um de seus passos por este grande deserto. Durante estes quarenta anos, o S enhor, seu Deus, tem estado com vocês, e nada lhes tem faltado’. “Assim, contornamos o território de nossos parentes, os descendentes de Esaú, que habitam em Seir. Evitamos o caminho que passa pelo vale de Arabá, que sobe de Elate e Eziom-Geber. “Então, quando nos dirigimos para o norte pelo caminho do deserto de Moabe, o S enhor nos advertiu: ‘Não perturbem os moabitas, os descendentes de Ló, nem comecem uma guerra contra eles. Eu dei a eles como propriedade a região de Ar, e não darei a vocês parte alguma do território deles’. (Antigamente, um povo chamado emins havia habitado na região de Ar. Eram tão fortes, numerosos e altos quanto os enaquins. Os emins e os enaquins também eram conhecidos como refains, embora os moabitas os chamassem de emins. Em outros tempos, os horeus haviam habitado em Seir, mas os edomitas os expulsaram e ocuparam sua terra, da mesma forma que Israel expulsou os habitantes de Canaã quando o S enhor lhe deu a terra deles.) “Então o S enhor nos disse: ‘Mexam-se! Atravessem o ribeiro de Zerede’. Assim, atravessamos o ribeiro. “Trinta e oito anos se passaram desde que partimos pela primeira vez de Cades-Barneia até atravessarmos, por fim, o ribeiro de Zerede. Àquela altura, todos os homens com idade suficiente para ir à guerra tinham morrido no deserto, como o S enhor havia jurado que aconteceria. A mão do S enhor pesou sobre eles e os eliminou, e eles morreram no meio do acampamento. “Quando todos os homens com idade suficiente para ir à guerra haviam morrido, o S enhor me disse: ‘Hoje vocês atravessarão a fronteira com Moabe pela região de Ar e se aproximarão da terra dos amonitas, os descendentes de Ló. Não os perturbem nem comecem uma guerra contra eles. Eu dei a eles como propriedade a terra de Amom, e não darei a vocês parte alguma do território deles’. (Antigamente, aquela região era considerada terra dos refains que haviam habitado ali, embora os amonitas os chamassem de zanzumins. Também eram tão fortes, numerosos e altos quanto os enaquins. Mas o S enhor os destruiu para que os amonitas tomassem posse de sua terra. Ele fez o mesmo pelos descendentes de Esaú que habitavam em Seir, pois destruiu os horeus para que os descendentes de Esaú se estabelecessem no lugar deles. Os descendentes de Esaú habitam nessa terra até hoje. Algo parecido aconteceu quando os caftoritas de Creta invadiram e destruíram os aveus, que habitavam em povoados na região de Gaza.) “Então o S enhor disse: ‘Mexam-se! Atravessem o vale de Arnom. Vejam, eu lhes entregarei o amorreu Seom, rei de Hesbom, e lhes darei a terra dele. Ataquem-no e comecem a tomar posse daquele território. A partir de hoje, farei os povos de toda a terra se encherem de medo por sua causa. Quando ouvirem relatos a seu respeito, tremerão de angústia e pavor’.” “Do deserto de Quedemote, enviei embaixadores ao rei Seom de Hesbom com a seguinte proposta de paz: ‘Deixe-nos atravessar seu território. Ficaremos na estrada principal e não nos desviaremos nem para um lado nem para o outro. Venda-nos alimentos para comermos e água para bebermos, e pagaremos por tudo. Queremos apenas permissão para passar por seu território. Os descendentes de Esaú, que habitam em Seir, nos permitiram passar pelo território deles, como também fizeram os moabitas, que habitam na região de Ar. Deixe-nos passar até atravessarmos o Jordão e entrarmos na terra que o S enhor, nosso Deus, nos dá’. “Mas Seom, rei de Hesbom, não nos permitiu passar, pois o S enhor, seu Deus, endureceu-lhe o coração e o tornou hostil, a fim de entregá-lo em nossas mãos, como de fato aconteceu. “Então o S enhor me disse: ‘Veja, eu lhes entrego o rei Seom e seu território. Agora, comecem a conquistar sua terra e a tomar posse dela’. “Então o rei Seom declarou guerra contra nós e mobilizou todas as suas tropas em Jaza. Mas o S enhor, nosso Deus, o entregou a nós, e matamos a ele, seus filhos e todo o seu povo. Conquistamos todas as suas cidades e as destruímos completamente. Matamos homens, mulheres e crianças. Não poupamos ninguém. Tomamos como despojo todos os animais e todos os objetos de valor das cidades que conquistamos. “Também conquistamos Aroer, à beira do vale de Arnom, além da cidade no vale e toda a região até Gileade. Nenhuma cidade tinha muralhas fortes o suficiente para nos deter, pois o S enhor, nosso Deus, nos entregou tudo. Evitamos, porém, a terra dos amonitas, ao longo do rio Jaboque, e as cidades da região montanhosa, ou seja, todos os lugares que o S enhor, nosso Deus, havia ordenado que deixássemos em paz.” “Em seguida, voltamos e nos dirigimos à terra de Basã, onde o rei Ogue e todo o seu exército nos atacaram em Edrei. Mas o S enhor me disse: ‘Não tenha medo, pois eu lhe dei vitória sobre Ogue e todo o seu exército, e lhe darei toda a terra dele. Trate-o como você tratou Seom, rei dos amorreus, que vivia em Hesbom’. “Então o S enhor, nosso Deus, entregou em nossas mãos o rei Ogue e todo o seu povo. Nós os aniquilamos, de modo que não restaram sobreviventes. Conquistamos todas as sessenta cidades deles, a região inteira de Argobe, no reino de Basã. Não deixamos de tomar uma cidade sequer. Eram todas fortificadas com muralhas altas e portões com trancas. Na mesma ocasião, também conquistamos muitos outros povoados sem muros. Destruímos completamente o reino de Ogue, como havíamos destruído Seom, rei de Hesbom. Exterminamos todo o povo das cidades que conquistamos, tanto homens como mulheres e crianças. Ficamos, porém, com todos os animais e levamos os despojos das cidades. “Assim, tomamos o território dos dois reis amorreus a leste do rio Jordão, desde o vale de Arnom até o monte Hermom. (Os sidônios chamam o monte Hermom de Siriom, enquanto os amorreus o chamam de Senir.) A essa altura, havíamos conquistado todas as cidades do planalto e todo o território de Gileade e Basã, até as cidades de Salcá e Edrei, que faziam parte do reino de Ogue, em Basã.” (O rei Ogue de Basã foi o último sobrevivente dos refains. Sua cama era feita de ferro e media mais de quatro metros de comprimento e quase dois metros de largura. Ainda hoje é possível vê-la na cidade amonita de Rabá.) “Quando tomamos posse da terra, dei às tribos de Rúben e Gade o território para além de Aroer, ao longo do vale de Arnom, e também metade do território de Gileade com suas cidades. Depois, entreguei o restante de Gileade e toda a Basã, o antigo reino de Ogue, à meia tribo de Manassés. (Toda essa região de Argobe, em Basã, era conhecida como a terra dos refains. Jair, um dos descendentes da tribo de Manassés, conquistou toda a região de Argobe, em Basã, até a fronteira com os gesuritas e maacatitas. Jair deu à região seu próprio nome, Cidades de Jair, pelo qual ela é conhecida até hoje.) Dei Gileade ao clã de Maquir, mas também dei parte de Gileade às tribos de Rúben e Gade. A região que lhes entreguei se estende desde a metade do vale de Arnom, ao sul, até o rio Jaboque, na fronteira amonita. Eles também receberam o vale do Jordão, desde o mar da Galileia até o mar Morto, tendo o Jordão como limite a oeste e, a leste, as encostas do monte Pisga. “Naquela ocasião, dei a seguinte ordem às tribos que habitariam a leste do Jordão: ‘Embora o S enhor, seu Deus, lhes tenha dado esta terra como propriedade, todos os seus homens aptos à guerra devem atravessar o Jordão à frente de seus parentes israelitas, armados e prontos para ajudá-los. Suas esposas, filhos e rebanhos numerosos ficarão nas cidades que já lhes dei. Quando o S enhor tiver dado segurança aos demais israelitas, como deu a vocês, e quando eles tiverem tomado posse da terra que o S enhor, seu Deus, lhes dá do outro lado do Jordão, então vocês poderão voltar para esta terra que lhes dei’.” “Naquela ocasião, dei a Josué a seguinte ordem: ‘Você viu com os próprios olhos tudo que o S enhor, seu Deus, fez a esses dois reis. Ele fará o mesmo a todos os reinos do lado oeste do Jordão. Não tenham medo dessas nações, pois o S enhor, seu Deus, lutará por vocês’. “Também naquela ocasião, supliquei ao S enhor: ‘Ó S enhor Soberano, tu apenas começaste a mostrar a este teu servo a tua grandeza e a força da tua mão. Existe algum deus no céu ou na terra capaz de realizar obras tão grandiosas e poderosas como as que tu realizas? Por favor, peço que me deixes atravessar o Jordão para ver a boa terra do outro lado do rio, a bela região montanhosa e o Líbano’. “Mas o S enhor estava irado comigo por causa de vocês e não me atendeu. ‘Basta!’, declarou ele. ‘Não toque mais nesse assunto. Suba ao topo do monte Pisga e contemple a terra em todas as direções. Olhe bem, pois você não atravessará o Jordão. Encarregue Josué dessa tarefa, encoraje-o e fortaleça-o, pois ele conduzirá o povo para o outro lado do Jordão. Ele lhes dará como herança toda a terra que você está vendo.’ Assim, ficamos no vale junto a Bete-Peor.” “Agora, Israel, ouça com atenção estes decretos e estatutos que lhe ensinarei. Cumpram-nos para que vocês vivam, entrem na terra que o S enhor, o Deus de seus antepassados, lhes dá e tomem posse dela. Não acrescentem coisa alguma às ordens que eu lhes dou, nem tirem coisa alguma delas. Simplesmente obedeçam aos mandamentos do S enhor, seu Deus, que eu lhes dou. “Vocês viram com os próprios olhos o que o S enhor fez no incidente em Baal-Peor. Ali, o S enhor, seu Deus, destruiu todos aqueles que adoraram Baal, o deus de Peor. Mas vocês, que foram fiéis ao S enhor, seu Deus, estão hoje todos vivos. “Vejam, agora eu lhes ensino estes decretos e estatutos conforme me ordenou o S enhor, meu Deus, para que vocês os cumpram na terra em que estão prestes a entrar para tomar posse dela. Obedeçam-lhes por completo, e assim demonstrarão sabedoria e inteligência às nações vizinhas. Quando elas ouvirem estes decretos, exclamarão: ‘Como é sábio e prudente o povo dessa grande nação!’. Pois que grande nação tem um deus tão próximo de si como o S enhor, nosso Deus, está próximo de nós sempre que o invocamos? E que grande nação tem decretos e estatutos tão justos quanto este conjunto de leis que hoje lhes dou? “Fiquem muito atentos! Cuidem para que não se esqueçam daquilo que viram com os próprios olhos. Não deixem que essas lembranças se apaguem de sua memória enquanto viverem. Passem-nas adiante a seus filhos e netos. Nunca se esqueçam do dia em que estiveram diante do S enhor, seu Deus, no monte Sinai, onde o S enhor me disse: ‘Convoque o povo para que se apresente diante de mim, e eu os instruirei pessoalmente. Eles aprenderão a me temer enquanto viverem e ensinarão seus filhos a também me temer’. “Vocês se aproximaram e ficaram ao pé do monte, enquanto o monte ardia em chamas que subiam até o céu. Ao mesmo tempo, o monte foi envolvido por nuvens negras e densa escuridão. Então o S enhor lhes falou do meio do fogo. Vocês ouviram o som de suas palavras, mas não viram sua forma; havia apenas uma voz. Ele proclamou sua aliança, os dez mandamentos. Gravou-os em duas tábuas de pedra e ordenou que os cumprissem. Foi naquela ocasião que o S enhor me ordenou que lhes ensinasse seus decretos e estatutos, para que vocês os cumprissem na terra em que estão prestes a entrar para tomar posse dela.” “Tenham muito cuidado! No dia em que o S enhor lhes falou do meio do fogo no monte Sinai, vocês não viram forma alguma. Portanto, não se corrompam fazendo ídolos de qualquer forma, seja de homem ou de mulher, de animal terrestre, de ave no céu, de animal que rasteja pelo chão ou de peixe das profundezas do mar. E, quando olharem para o céu e virem o sol, a lua e as estrelas, todo o exército do céu, não caiam na tentação de prostrar-se diante deles e adorá-los. O S enhor, seu Deus, os deu a todos os povos da terra. Lembrem-se de que o S enhor os libertou do Egito, uma fornalha de fundir ferro, para torná-los seu povo e sua propriedade especial, como hoje se vê. “E, no entanto, o S enhor se irou contra mim por causa de vocês. Jurou que eu não atravessaria o rio Jordão para entrar na boa terra que o S enhor, seu Deus, lhes dá como propriedade. Vocês atravessarão o Jordão e tomarão posse dessa boa terra, mas eu não. Morrerei aqui, deste lado do rio. Portanto, tenham cuidado para não se esquecerem da aliança que o S enhor, seu Deus, fez com vocês. Não façam ídolos de qualquer aparência ou forma, pois o S enhor, seu Deus, proibiu isso. O S enhor, seu Deus, é fogo devorador; é Deus zeloso. “No futuro, quando vocês tiverem filhos e netos e já estiverem habitando na terra há muito tempo, não se corrompam fazendo ídolos de qualquer forma. Isso é mau aos olhos do S enhor, seu Deus, e provocará sua ira. “Hoje, apelo para o céu e para a terra como testemunhas contra vocês. Se quebrarem a aliança, desaparecerão rapidamente da terra da qual tomarão posse depois de atravessar o Jordão. Habitarão ali por pouco tempo e depois serão totalmente destruídos. O S enhor os dispersará entre as nações, onde apenas alguns de vocês sobreviverão. Lá, em terra estrangeira, adorarão deuses de madeira e pedra, feitos por mãos humanas, deuses que não podem ver, nem ouvir, nem comer, nem cheirar. De lá, porém, vocês buscarão o S enhor, seu Deus, outra vez. E, se o buscarem de todo o coração e de toda a alma, o encontrarão. “No futuro distante, quando estiverem sofrendo todas essas coisas, finalmente voltarão para o S enhor, seu Deus, e ouvirão o que ele lhes diz. Pois o S enhor, seu Deus, é Deus misericordioso; não os abandonará nem os destruirá, nem se esquecerá da aliança solene que fez com seus antepassados.” “Investiguem toda a história, desde o dia em que Deus criou os seres humanos sobre a terra até agora, e procurem desde uma extremidade do céu até a outra. Alguma vez se viu ou ouviu coisa tão grandiosa como esta? Algum outro povo ouviu a voz de Deus falar do meio do fogo, como vocês ouviram, e sobreviveu? Algum outro deus já tentou tirar uma nação do meio de outra nação e tomá-la para si com provas, sinais, maravilhas, guerra, mão forte, braço poderoso e atos temíveis? E, no entanto, foi isso que o S enhor, seu Deus, fez por vocês no Egito, bem diante de seus olhos! “Ele lhes mostrou todas essas coisas para que vocês soubessem que o S enhor é Deus, e não há outro além dele. Permitiu que vocês ouvissem sua voz que vinha do céu para instruí-los e permitiu que vissem seu grande fogo na terra para falar-lhes do meio dele. Porque amou seus antepassados, ele escolheu abençoar vocês, os descendentes, e ele mesmo os tirou do Egito com grande poder. Ele expulsou nações muito maiores e mais poderosas que vocês para estabelecê-los na terra delas e entregá-la a vocês como herança, como hoje se vê. “Portanto, reconheçam este fato e guardem-no firmemente na memória: O S enhor é Deus nos céus e na terra, e não há outro além dele. Se obedecerem a todos os decretos e mandamentos que hoje lhes dou, tudo irá bem com vocês e seus filhos, e vocês terão vida longa na terra que o S enhor, seu Deus, lhes dá para sempre”. Então Moisés separou três cidades de refúgio do lado leste do rio Jordão. Assim, alguém que tivesse matado outra pessoa acidentalmente, sem hostilidade anterior, poderia fugir para uma dessas cidades e viver em segurança. Estas eram as cidades: Bezer, no planalto do deserto, para a tribo de Rúben; Ramote, em Gileade, para a tribo de Gade; Golã, em Basã, para a tribo de Manassés. Esta é a lei que Moisés apresentou ao povo de Israel. Estes são os preceitos, decretos e estatutos que Moisés deu aos israelitas quando saíram do Egito, enquanto estavam acampados no vale junto a Bete-Peor, do lado leste do Jordão. (Em outros tempos, os amorreus ocuparam essa terra durante o reinado de Seom, que vivia em Hesbom. Mas, quando saíram do Egito, Moisés e os israelitas aniquilaram esse rei e seu povo. Os israelitas tomaram posse do território de Seom e do território de Ogue, rei de Basã, os dois reis dos amorreus que viviam a leste do Jordão. Conquistaram toda a região, desde Aroer, na beira do vale de Arnom, até o monte Siriom, também chamado de Hermom. Conquistaram também a margem leste do rio Jordão até o mar Morto, ao sul, abaixo das encostas do monte Pisga.) Moisés reuniu todo o povo de Israel e disse: “Ouça com atenção, Israel! Ouça os decretos e estatutos que hoje lhes dou, para que os aprendam e os cumpram cuidadosamente! “O S enhor, nosso Deus, fez uma aliança conosco no monte Sinai. Não foi com nossos antepassados que o S enhor fez essa aliança, mas com todos nós que hoje estamos vivos aqui. No monte, o S enhor falou com vocês face a face do meio do fogo. Eu servi de intermediário entre o S enhor e vocês, pois vocês tiveram medo do fogo e não quiseram se aproximar do monte. Ele falou comigo, e eu lhes transmiti suas palavras. Foi isto que ele disse: “Eu sou o S enhor, seu Deus, que o libertou da terra do Egito, onde você era escravo. “Não tenha outros deuses além de mim. “Não faça para si espécie alguma de ídolo ou imagens de qualquer coisa no céu, na terra ou no mar. Não se curve diante deles nem os adore, pois eu, o S enhor, seu Deus, sou um Deus zeloso. Trago as consequências do pecado dos pais sobre os filhos até a terceira e quarta geração dos que me rejeitam, mas demonstro amor por até mil gerações dos que me amam e obedecem a meus mandamentos. “Não use o nome do S enhor, seu Deus, de forma indevida. O S enhor não deixará impune quem usar o nome dele de forma indevida. “Lembre-se de guardar o sábado, fazendo dele um dia consagrado, conforme o S enhor, seu Deus, lhe ordenou. Você tem seis dias na semana para fazer os trabalhos habituais, mas o sétimo dia é o sábado do S enhor, seu Deus. Nesse dia, ninguém em sua casa fará trabalho algum: nem você, nem seus filhos e filhas, nem seus servos e servas, nem seus bois, jumentos e outros animais, nem os estrangeiros que vivem entre vocês. Todos os seus servos e servas devem descansar como você. Lembre-se de que você era escravo no Egito, e o S enhor, seu Deus, o tirou de lá com mão forte e braço poderoso. Por isso, o S enhor, seu Deus, ordenou que você guarde o sábado. “Honre seu pai e sua mãe, como o S enhor, seu Deus, lhe ordenou. Assim você terá vida longa e plena na terra que o S enhor, seu Deus, lhe dá. “Não mate. “Não cometa adultério. “Não roube. “Não dê falso testemunho contra o seu próximo. “Não cobice a mulher do seu próximo, nem sua casa, nem sua terra, nem seus servos ou servas, nem seu boi ou jumento, nem qualquer outra coisa que lhe pertença. “O S enhor dirigiu essas palavras a toda a comunidade reunida ao pé do monte. Falou em alta voz, do meio do fogo, cercado de nuvens e densa escuridão. Foi tudo que ele disse naquela ocasião. Escreveu suas palavras em duas tábuas de pedra e as entregou a mim. “Quando vocês ouviram a voz que vinha do meio da escuridão, enquanto o monte ardia em chamas, todos os líderes e autoridades de suas tribos se aproximaram de mim e disseram: ‘O S enhor, nosso Deus, nos mostrou sua glória e grandeza, e ouvimos sua voz do meio do fogo. Hoje vimos que Deus fala com os seres humanos e, no entanto, ainda estamos vivos! Mas por que colocaríamos a vida em risco outra vez? Se o S enhor, nosso Deus, falar conosco novamente, sem dúvida morreremos e seremos devorados por seu fogo temível. Pode alguém ouvir a voz do Deus vivo falando do meio do fogo, como nós ouvimos, e sobreviver? Aproxime-se você, Moisés, e ouça o que diz o S enhor, nosso Deus. Depois, volte e diga-nos tudo que o S enhor, nosso Deus, lhe disser. Nós ouviremos e obedeceremos’. “O S enhor atendeu ao pedido que vocês me fizeram e disse: ‘Ouvi o que os israelitas lhe disseram, e eles estão certos. Como seria bom se o coração deles fosse sempre assim, se estivessem dispostos a me temer e a obedecer a todos os meus mandamentos! Tudo iria bem com eles e seus descendentes para sempre. Agora, vá e diga a eles: ‘Voltem às suas tendas’. Você, porém, ficará aqui comigo, para que eu lhe dê todos os meus mandamentos, decretos e estatutos. Você os ensinará aos israelitas para que os cumpram na terra que eu lhes dou para conquistarem”. Então Moisés disse ao povo: “Tenham o cuidado de obedecer a todos os mandamentos do S enhor, seu Deus, não se desviando deles em nada. Permaneçam no caminho que o S enhor, seu Deus, ordenou que seguissem. Assim, terão vida longa e plena na terra que em breve vocês possuirão”. “Estes são os mandamentos, os decretos e os estatutos que o S enhor, seu Deus, me encarregou de lhes ensinar. Não deixem de cumpri-los na terra que em breve vocês possuirão. Vocês, seus filhos e netos temerão o S enhor, seu Deus, enquanto viverem. Se obedecerem a todos os seus decretos e mandamentos, desfrutarão de vida longa. Ouça com atenção, Israel, e tenha o cuidado de obedecer. Então tudo irá bem com vocês e terão muitos filhos na terra que produz leite e mel com fartura, exatamente como lhes prometeu o S enhor, o Deus de seus antepassados. “Ouça, ó Israel! O S enhor, nosso Deus, o S enhor é único! Ame o S enhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de toda a sua força. Guarde sempre no coração as palavras que hoje eu lhe dou. Repita-as com frequência a seus filhos. Converse a respeito delas quando estiver em casa e quando estiver caminhando, quando se deitar e quando se levantar. Amarre-as às mãos e prenda-as à testa como lembrança. Escreva-as nos batentes das portas de sua casa e em seus portões. “Em breve, o S enhor, seu Deus, os conduzirá à terra que ele jurou dar a seus antepassados Abraão, Isaque e Jacó. É uma terra com cidades grandes e prósperas que vocês não construíram. As casas estarão cheias de bens que vocês não produziram. Vocês tirarão água de cisternas que não cavaram, e comerão os frutos de vinhedos e oliveiras que não plantaram. Quando tiverem comido até se fartarem nessa terra, cuidem para não se esquecerem do S enhor, que os libertou da escravidão na terra do Egito. Temam o S enhor, seu Deus, e sirvam a ele. Quando fizerem um juramento, jurem somente pelo nome dele. “Não sigam nenhum dos deuses das nações vizinhas, pois o S enhor, seu Deus, que vive entre vocês, é Deus zeloso. Se o fizerem, a ira do S enhor, seu Deus, se acenderá contra vocês, e ele os eliminará da face da terra. Não ponham à prova o S enhor, seu Deus, como fizeram quando se queixaram em Massá. Obedeçam cuidadosamente aos mandamentos do S enhor, seu Deus, bem como a todos os preceitos e decretos que ele lhes ordenou. Façam o que é certo e bom aos olhos do S enhor, para que tudo vá bem com vocês e tomem posse da boa terra em que vão entrar, a terra que o S enhor prometeu sob juramento a seus antepassados. Vocês expulsarão todos os inimigos que vivem nela, como o S enhor disse que fariam. “No futuro, seus filhos lhes perguntarão: ‘O que significam estes preceitos, decretos e estatutos que o S enhor, nosso Deus, lhes deu?’. “Então vocês lhes dirão: ‘Éramos escravos do faraó no Egito, mas o S enhor nos tirou de lá com sua mão forte. O S enhor realizou sinais e maravilhas diante de nossos olhos e enviou castigos terríveis sobre o Egito, o faraó e todo o seu povo. Ele nos tirou do Egito para nos dar esta terra que ele havia prometido sob juramento a nossos antepassados. E o S enhor ordenou que cumpramos todos estes decretos e temamos o S enhor, nosso Deus, para que ele sempre nos abençoe e preserve nossa vida, como tem feito até hoje. Pois a nossa justiça estará em obedecermos cuidadosamente aos mandamentos que o S enhor, nosso Deus, nos ordenou’.” “Quando o S enhor, seu Deus, os fizer entrar na terra que vocês em breve possuirão, ele removerá de diante de vocês muitas nações: os hititas, os girgaseus, os amorreus, os cananeus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus. Essas sete nações são mais numerosas e mais poderosas que vocês. Quando o S enhor, seu Deus, entregá-las em suas mãos e vocês as conquistarem, destruam-nas completamente. Não façam tratados nem tenham pena delas. Não se unam a elas por meio de casamentos. Não deem suas filhas em casamento aos filhos delas, nem tomem as filhas delas como esposas para seus filhos, pois farão seus filhos se afastarem de mim para adorar outros deuses. Então a ira do S enhor arderá contra vocês e os destruirá rapidamente. Portanto, façam o seguinte: quebrem seus altares idólatras e despedacem suas colunas sagradas. Cortem os postes de Aserá e queimem seus ídolos. Vocês são um povo santo que pertence ao S enhor, seu Deus. Dentre todos os povos da terra, o S enhor, seu Deus, os escolheu para serem sua propriedade especial. “O S enhor não se afeiçoou a vocês nem os escolheu por serem mais numerosos que outras nações, pois vocês eram a menor de todas as nações! Antes, foi simplesmente porque o S enhor os amou e foi fiel ao juramento que fez a seus antepassados. Por isso o S enhor os libertou com mão forte da escravidão e da opressão do faraó, rei do Egito. Reconheçam, portanto, que o S enhor, seu Deus, é, de fato, Deus. Ele é o Deus fiel que cumpre por mil gerações sua aliança de amor com todos que o amam e obedecem a seus mandamentos. Não hesita, porém, em castigar e destruir aqueles que o rejeitam. Assim, obedeçam a todos estes mandamentos, decretos e estatutos que hoje lhes dou. “Se vocês guardarem estes estatutos e os cumprirem com cuidado, o S enhor, seu Deus, cumprirá sua aliança de amor com vocês, como prometeu sob juramento a seus antepassados. Ele os amará, os abençoará e os fará crescer, tornando férteis seus filhos, sua terra e seus animais. Quando chegarem à terra que ele jurou dar a seus antepassados, vocês terão produção farta de cereais, vinho novo e azeite, e também grandes rebanhos de bois e ovelhas. Vocês serão mais abençoados que todas as nações da terra. Nenhum de seus homens ou mulheres será estéril, e todos os seus animais darão cria. O S enhor os protegerá de toda enfermidade. Não permitirá que sofram as doenças terríveis que conheceram no Egito; em vez disso, ele as enviará sobre todos os seus inimigos! “Destruam todas as nações que o S enhor, seu Deus, lhes entregar. Não tenham pena delas nem adorem seus deuses, pois isso seria uma armadilha para vocês. Talvez vocês se perguntem: ‘Como poderemos conquistar essas nações que são muito mais numerosas que nós?’. Não tenham medo delas! Lembrem-se apenas daquilo que o S enhor, seu Deus, fez ao faraó e a toda a terra do Egito. Lembrem-se das grandes demonstrações de poder que o S enhor, seu Deus, enviou contra eles. Vocês viram com os próprios olhos! E lembrem-se dos sinais e maravilhas, da mão forte e do braço poderoso com os quais ele os tirou do Egito. O S enhor, seu Deus, usará esse mesmo poder contra todos os povos que vocês temem. Sim, o S enhor, seu Deus, enviará terror para expulsar os poucos sobreviventes que ainda estiverem escondidos de vocês! “Não tenham medo dessas nações, pois o S enhor, seu Deus, está entre vocês, e é Deus grande e temível. O S enhor, seu Deus, expulsará essas nações de diante de vocês, pouco a pouco. Vocês não as eliminarão de uma vez, pois, se assim fosse, os animais selvagens se multiplicariam rápido demais e os ameaçariam. Mas o S enhor, seu Deus, as entregará a vocês. Ele as lançará em total confusão, até que sejam destruídas. Entregará os reis dessas nações em suas mãos, e vocês apagarão o nome deles da face da terra. Ninguém poderá lhes resistir, e vocês destruirão a todos. “Queimem os ídolos das nações no fogo e não cobicem a prata nem o ouro que os revestem. Não tomem nenhum desses metais para si, pois isso seria uma armadilha para vocês; é algo detestável para o S enhor, seu Deus. Não levem para dentro de suas casas objeto algum que seja detestável, pois, como eles, vocês serão destruídos. Considerem essas coisas absolutamente detestáveis, pois estão separadas para a destruição.” “Obedeçam cuidadosamente a todos os mandamentos que hoje lhes dou. Assim, vocês viverão e se multiplicarão, e entrarão e tomarão posse da terra que o S enhor jurou dar a seus antepassados. Lembrem-se de como o S enhor, seu Deus, os guiou pelo deserto estes quarenta anos, humilhando-os e pondo à prova seu caráter, para ver se vocês obedeceriam ou não a seus mandamentos. Sim, ele os humilhou, permitindo que tivessem fome. Em seguida, ele os sustentou com maná, um alimento que nem vocês nem seus antepassados conheciam, a fim de lhes ensinar que as pessoas não vivem só de pão, mas de toda palavra que vem da boca do S enhor. Ao longo de todos estes quarenta anos, suas roupas não se gastaram e seus pés não incharam nem criaram bolhas. Pensem nisto: assim como o pai disciplina o filho, também o S enhor, seu Deus, disciplina vocês para o seu próprio bem. “Portanto, obedeçam aos mandamentos do S enhor, seu Deus, andando em seus caminhos e temendo a ele. Pois o S enhor, seu Deus, está levando vocês para uma terra boa, com riachos e tanques de água, com fontes que jorram nos vales e colinas. É uma terra de trigo e cevada, com vinhedos, figueiras e romãzeiras, com azeite e mel. É uma terra onde há muito alimento e não falta coisa alguma. É uma terra onde há ferro nas rochas e cobre em grande quantidade nos montes. Quando tiverem comido até se saciarem, lembrem-se de louvar o S enhor, seu Deus, pela boa terra que ele lhes deu. “Tenham cuidado para que, em meio à fartura, não se esqueçam do S enhor, seu Deus, e desobedeçam aos mandamentos, estatutos e decretos que hoje lhes dou. Quando ficarem satisfeitos e forem prósperos, quando tiverem construído belas casas onde morar, e quando seus rebanhos tiverem se tornado numerosos e sua prata e seu ouro tiverem se multiplicado junto com todos os seus bens, tenham cuidado! Não se tornem orgulhosos e não se esqueçam do S enhor, seu Deus, que os libertou da escravidão na terra do Egito. Ele os guiou pelo deserto imenso e assustador, cheio de serpentes venenosas e escorpiões, uma terra quente e seca. Ele lhes deu água da rocha. Sustentou-os no deserto com maná, alimento que seus antepassados não conheciam, para humilhá-los e prová-los para o seu próprio bem. Fez tudo isso para que vocês jamais viessem a pensar: ‘Conquistei toda esta riqueza com minha própria força e capacidade’. Lembrem-se do S enhor, seu Deus. É ele que lhes dá força para serem bem-sucedidos, a fim de confirmar a aliança solene que fez com seus antepassados, como hoje se vê. “Uma coisa, porém, eu lhes garanto: se vocês se esquecerem do S enhor, seu Deus, e seguirem outros deuses, adorando-os e curvando-se diante deles, certamente serão destruídos. Assim como o S enhor destruiu outras nações em seu caminho, vocês também serão destruídos caso se recusem a obedecer ao S enhor, seu Deus.” “Ouça, ó Israel! Hoje você atravessará o rio Jordão para ocupar a terra que pertence a nações muito maiores e mais poderosas que você, povos que vivem em cidades com muralhas que chegam até o céu! Seus habitantes são fortes e altos, descendentes dos famosos enaquins. Você já ouviu o ditado: ‘Quem é capaz de resistir aos enaquins?’. Esteja certo, porém, que hoje o S enhor, seu Deus, vai adiante de você como fogo devorador. Ele os derrotará e os humilhará diante de você, para que você os expulse e os destrua rapidamente, como o S enhor prometeu. “Depois que o S enhor, seu Deus, tiver feito isso por você, não diga em seu coração: ‘O S enhor me deu esta terra porque sou justo’. Não! É por causa da perversidade das outras nações que ele as expulsa de diante de você. Você não está prestes a tomar posse da terra deles porque é justo ou íntegro. O S enhor, seu Deus, expulsará essas nações de diante de você somente por causa da perversidade delas, e para cumprir o juramento que fez a seus antepassados Abraão, Isaque e Jacó. Reconheça, portanto, que o S enhor, seu Deus, não lhe dá essa boa terra como propriedade porque você é justo, pois não é. Na verdade, você é um povo teimoso.” “Lembrem-se, e jamais se esqueçam, de como vocês provocaram a ira do S enhor, seu Deus, no deserto. Desde o dia em que saíram do Egito até agora, vocês têm se rebelado contra o S enhor constantemente. Até mesmo no monte Sinai, tanto provocaram a ira do S enhor que ele esteve a ponto de destruí-los. Isso aconteceu quando eu estava no monte, recebendo as tábuas de pedra gravadas com os termos da aliança que o S enhor tinha feito com vocês. Passei quarenta dias e quarenta noites ali e, durante todo esse tempo, não comi nem bebi coisa alguma. O S enhor me deu as duas tábuas nas quais gravou com seu próprio dedo todas as palavras que lhes tinha proclamado do meio do fogo quando estavam reunidos ao pé do monte. “Passados os quarenta dias e quarenta noites, o S enhor me entregou as duas tábuas de pedra gravadas com os termos da aliança. Então o S enhor me disse: ‘Levante-se! Desça agora mesmo, pois o povo que você tirou do Egito se corrompeu. Como se desviaram depressa do caminho que eu lhes havia ordenado! Derreteram metal e fizeram um ídolo para si!’. “O S enhor também me disse: ‘Vi como este povo é teimoso e rebelde. Fique de lado, e eu os destruirei e apagarei o nome deles de debaixo do céu. Depois, farei de você e de seus descendentes uma nação mais poderosa e mais numerosa que eles’. “Então, enquanto o monte ardia em chamas, virei-me e comecei a descer, levando nas mãos as duas tábuas de pedra gravadas com os termos da aliança. Quando olhei para baixo, vi que vocês haviam pecado contra o S enhor, seu Deus. Tinham derretido metal e feito para si um ídolo em forma de bezerro. Como se desviaram depressa do caminho que o S enhor lhes havia ordenado! Então peguei as duas tábuas de pedra e as joguei no chão, despedaçando-as diante de vocês. “Em seguida, como havia feito antes, prostrei-me diante do S enhor durante quarenta dias e quarenta noites. Não comi nem bebi coisa alguma por causa do grande pecado que vocês haviam cometido ao fazer o que era mau aos olhos do S enhor, provocando sua ira. Tive muito medo por causa da ira ardente do S enhor, que ameaçava destruir vocês. Mais uma vez, porém, o S enhor me ouviu. O S enhor estava tão irado com Arão que também queria destruí-lo, mas eu também orei em favor de Arão. Tomei o pecado de vocês, o bezerro que haviam feito, o derreti no fogo e o moí até virar pó fino. Em seguida, joguei o pó no riacho que desce do monte. “Vocês também provocaram a ira do S enhor em Taberá, em Massá e em Quibrote-Hataavá. E, em Cades-Barneia, o S enhor deu a seguinte ordem: ‘Subam e tomem posse da terra que eu lhes dei’. Mas vocês se rebelaram contra a ordem do S enhor, seu Deus, e não confiaram nele nem lhe obedeceram. Sim, vocês têm se rebelado contra o S enhor desde que os conheço. “Prostrei-me diante do S enhor durante quarenta dias e quarenta noites, porque o S enhor tinha dito que os destruiria. Orei ao S enhor e disse: ‘Ó Soberano S enhor, não os destruas! Eles são o teu povo, a tua propriedade especial, a quem resgataste do Egito com teu grande poder e tua forte mão. Peço que te lembres dos teus servos Abraão, Isaque e Jacó, e não leves em conta a teimosia, a perversidade e o pecado deste povo. Se o destruíres, os egípcios dirão: ‘Eles morreram porque o S enhor não foi capaz de levá-los à terra que tinha prometido lhes dar’. Ou talvez digam: ‘Ele os destruiu porque os odiava; levou-os ao deserto de propósito para matá-los’. No entanto, eles são o teu povo e a tua propriedade especial, que tiraste do Egito com tua grande força e teu braço poderoso’.” “Naquela ocasião, o S enhor me disse: ‘Corte duas tábuas de pedra, como as anteriores. Faça também uma arca de madeira e suba ao monte para encontrar-se comigo, e eu escreverei nas tábuas as mesmas palavras que estavam nas anteriores, aquelas que você despedaçou. Em seguida, coloque as tábuas na arca’. “Fiz, portanto, a arca de madeira de acácia e cortei duas tábuas de pedra, como as anteriores. Subi ao monte levando as tábuas na mão. Mais uma vez, o S enhor escreveu os dez mandamentos nas tábuas e as entregou a mim. Eram as mesmas palavras que o S enhor lhes tinha proclamado do meio do fogo no dia em que vocês se reuniram ao pé do monte. Então virei-me, desci o monte e coloquei as tábuas na arca da aliança que eu tinha feito. As tábuas ainda estão dentro da arca, conforme o S enhor me ordenou. (Os israelitas saíram dos poços do povo de Jacã e viajaram para Moserá, onde Arão morreu e foi sepultado. Eleazar, seu filho, serviu como sacerdote em seu lugar. Em seguida, viajaram para Gudgodá e, de lá, para Jotbatá, terra com muitos ribeiros. Naquela ocasião, o S enhor separou a tribo de Levi para carregar a arca da aliança do S enhor e para estar diante do S enhor, a fim de servi-lo e de pronunciar bênçãos em seu nome. Essas são suas responsabilidades até hoje. Por isso os levitas não têm porção alguma de terra como herança entre seus irmãos israelitas. O próprio S enhor é sua herança, conforme o S enhor, seu Deus, lhes prometeu.) “Quanto a mim, fiquei no monte, na presença do S enhor, quarenta dias e quarenta noites, como da primeira vez. E, também dessa vez, o S enhor ouviu minhas súplicas e concordou em não destruí-los. Então o S enhor me disse: ‘Levante-se, siga viagem e guie o povo, para que entrem e tomem posse da terra que jurei dar a seus antepassados’.” “Agora, Israel, o que o S enhor, seu Deus, requer de você? Somente que você tema o S enhor, seu Deus, que viva de maneira agradável a ele e que ame e sirva ao S enhor, seu Deus, de todo o coração e de toda a alma. Obedeça sempre aos mandamentos e decretos do S enhor que hoje lhe dou para o seu próprio bem. “Veja, os mais altos céus e a terra, e tudo que nela há, pertencem ao S enhor, seu Deus. E, no entanto, o S enhor escolheu seus antepassados para amá-los, e escolheu vocês, descendentes deles, dentre todas as nações, como hoje se vê. Portanto, submetam-se a ele de coração e deixem de ser teimosos. “Pois o S enhor, seu Deus, é Deus dos deuses e Senhor dos senhores. É o grande Deus, o Deus poderoso e temível, que não mostra parcialidade e não aceita subornos. Ele faz justiça aos órfãos e às viúvas. Ama os estrangeiros que vivem entre vocês e lhes dá alimento e roupas. Portanto, amem também os estrangeiros, pois, em outros tempos, vocês foram estrangeiros na terra do Egito. Temam o S enhor, seu Deus, sirvam-no e apeguem-se a ele. Quando fizerem juramentos, jurem somente pelo nome dele. Somente ele é seu Deus, o único digno de seu louvor, aquele que, por vocês, fez os milagres poderosos que vocês viram com os próprios olhos. Quando seus antepassados desceram até o Egito, eram apenas setenta pessoas. Agora, porém, o S enhor, seu Deus, os tornou tão numerosos quanto as estrelas do céu!” “Amem o S enhor, seu Deus, e obedeçam sempre ao que ele exige: seus estatutos, decretos e mandamentos. Lembrem-se de que hoje não falo a seus filhos, que nunca experimentaram a disciplina do S enhor, seu Deus, nem viram a grandeza, a mão forte e o seu braço poderoso. Eles não viram os sinais e os atos poderosos que ele realizou no Egito contra o faraó e toda a sua terra. Não viram o que ele fez aos exércitos dos egípcios e a seus cavalos e carros de guerra, como ele os afogou no mar Vermelho enquanto perseguiam vocês. Ele os destruiu e até hoje não se recuperaram. “Seus filhos não viram como o S enhor cuidou de vocês no deserto até chegarem aqui. Não viram o que ele fez a Datã e Abirão (filhos de Eliabe, descendente de Rúben) quando a terra abriu a boca no acampamento israelita e os engoliu, junto com suas famílias, tendas e todos os seres vivos que pertenciam a eles. Vocês, porém, viram com os próprios olhos que o S enhor realizou todos esses atos poderosos!” “Portanto, obedeçam a todos os mandamentos que hoje lhes dou, para que tenham forças para avançar e conquistar a terra da qual estão prestes a tomar posse. Se obedecerem, terão vida longa na terra que o S enhor jurou dar a seus antepassados e a vocês, os descendentes deles, uma terra que produz leite e mel com fartura! Pois a terra em que vocês estão prestes a entrar para tomar posse não é como a terra do Egito, de onde vocês vieram e onde plantavam as sementes e faziam valas de irrigação com o pé, como numa horta. A terra da qual em breve tomarão posse é uma terra de montes e vales, com chuva em grande quantidade, terra da qual o S enhor, seu Deus, cuida continuamente, todo o ano! “Se obedecerem fielmente aos mandamentos que hoje lhes dou, e se amarem o S enhor, seu Deus, e servirem a ele de todo o seu coração e de toda a sua alma, ele mandará as chuvas na estação apropriada, as chuvas de outono e de primavera, para que vocês juntem suas colheitas de cereais e produzam vinho novo e azeite. Ele dará bons pastos para seus animais, e vocês terão alimento com fartura. “Mas tenham cuidado! Não deixem seu coração ser enganado, levando-os a afastar-se do S enhor e a adorar outros deuses. Se o fizerem, a ira do S enhor se acenderá contra vocês. Ele fechará o céu e reterá a chuva, e a terra não produzirá suas colheitas. Em pouco tempo, vocês serão removidos da boa terra que o S enhor lhes dá. “Gravem estas minhas palavras no coração e na mente. Amarrem-nas às mãos e prendam-nas à testa como lembrança. Ensinem-nas a seus filhos. Conversem a respeito delas quando estiverem em casa e quando estiverem caminhando, quando se deitarem e quando se levantarem. Escrevam-nas nos batentes das portas de suas casas e em seus portões, para que, enquanto o céu permanecer acima da terra, vocês e seus filhos prosperem neste chão que o S enhor jurou dar a seus antepassados. “Obedeçam cuidadosamente a todos os mandamentos que lhes dou. Amem o S enhor, seu Deus, andando em seus caminhos e apegando-se firmemente a ele. Então o S enhor expulsará todas as nações de diante de vocês e, embora elas sejam muito maiores e mais fortes, vocês tomarão posse de suas terras. Todo lugar em que puserem os pés será de vocês. Suas fronteiras se estenderão do deserto, ao sul, até o Líbano, ao norte, e do rio Eufrates, a leste, até o mar Mediterrâneo, a oeste. Aonde quer que forem em toda a terra, ninguém será capaz de lhes resistir, pois o S enhor, seu Deus, fará os povos se apavorarem e temerem vocês, como lhes prometeu. “Vejam, hoje lhes dou a escolha entre bênção e maldição! Vocês serão abençoados se obedecerem aos mandamentos do S enhor, seu Deus, que hoje lhes dou, mas serão amaldiçoados se rejeitarem os mandamentos do S enhor, seu Deus, afastando-se de seus caminhos e adorando deuses que vocês não conheciam. “Quando o S enhor, seu Deus, os fizer entrar na terra da qual em breve vocês tomarão posse, pronunciem a bênção no monte Gerizim e a maldição no monte Ebal. (Esses dois montes ficam a oeste do rio Jordão, na terra dos cananeus que vivem no vale do Jordão, perto da cidade de Gilgal, junto aos carvalhos de Moré.) Vocês estão prestes a atravessar o rio Jordão para tomar posse da terra que o S enhor, seu Deus, lhes dá. Quando a conquistarem e estiverem vivendo nela, tenham o cuidado de cumprir todos os decretos e estatutos que hoje lhes dou.” “Estes são os decretos e estatutos que vocês devem ter o cuidado de cumprir todos os dias em que viverem na terra que o S enhor, o Deus de seus antepassados, lhes dá para tomarem posse. “Quando expulsarem as nações que vivem ali, destruam todos os lugares em que elas adoram seus deuses: no alto dos montes, nas colinas e debaixo de toda árvore verdejante. Derrubem os altares idólatras e despedacem as colunas sagradas. Queimem os postes de Aserá e quebrem suas imagens esculpidas. Apaguem completamente o nome dos seus deuses! “Não adorem o S enhor, seu Deus, da forma como esses povos pagãos adoram os deuses deles. Em vez disso, busquem o S enhor, seu Deus, no lugar que ele escolher dentre todas as tribos para habitar e estabelecer seu nome. Ali vocês apresentarão os holocaustos, os sacrifícios, os dízimos, as ofertas sagradas, as ofertas para cumprir votos, as ofertas voluntárias e as ofertas da primeira cria do gado e dos rebanhos. Ali vocês e seus familiares comerão na presença do S enhor, seu Deus, e se alegrarão com tudo que realizaram, porque o S enhor, seu Deus, os abençoou. “Vocês mudarão sua forma de adorar. Hoje, cada um faz o que bem entende, pois ainda não chegaram ao lugar de descanso, à terra que o S enhor, seu Deus, lhes dá como herança. Em breve, porém, vocês atravessarão o rio Jordão e se estabelecerão na terra que o S enhor, seu Deus, lhes dá. Quando ele lhes der descanso de todos os inimigos à sua volta e vocês estiverem vivendo em segurança na terra, levem ao lugar que o S enhor, seu Deus, escolher para habitação do seu nome tudo que eu lhes ordeno: os holocaustos, os sacrifícios, os dízimos, as ofertas sagradas e as ofertas para cumprir um voto que fizeram ao S enhor. “Alegrem-se ali, na presença do S enhor, seu Deus, com seus filhos e filhas e com seus servos e servas. Lembrem-se de incluir os levitas que vivem em suas cidades, pois eles não receberão porção alguma de terra como herança entre vocês. Tenham o cuidado de não sacrificar seus holocaustos onde bem entenderem, mas apresentem-nos apenas no lugar que o S enhor escolher no território de uma das tribos. Ali vocês oferecerão seus holocaustos e farão tudo que lhes ordenei. “Contudo, vocês poderão abater animais e comer a carne em qualquer cidade sempre que desejarem. Comam à vontade os animais com os quais o S enhor, seu Deus, os abençoar. Qualquer pessoa poderá comê-lo, esteja ela cerimonialmente pura ou impura, assim como qualquer um pode comer carne de gazela ou de veado. Não comam, porém, o sangue; derramem-no no chão, como se fosse água. “Não comam em suas cidades o dízimo dos cereais, do vinho novo e do azeite, nem a oferta da primeira cria do gado e dos rebanhos, nem oferta alguma para cumprir votos, nem as ofertas voluntárias, nem as ofertas sagradas. Comam essas ofertas na presença do S enhor, seu Deus, no lugar que ele escolher. Comam com seus filhos e filhas, com seus servos e servas e com os levitas que vivem em suas cidades. Alegrem-se na presença do S enhor, seu Deus, em tudo que fizerem. E tenham muito cuidado para não deixar de fora os levitas enquanto vocês viverem em sua terra. “Quando o S enhor, seu Deus, expandir seu território como lhes prometeu, e vocês desejarem comer carne, poderão comer à vontade. Se o lugar que o S enhor, seu Deus, escolher para estabelecer seu nome ficar distante de onde moram, vocês poderão abater qualquer um dos animais que o S enhor lhes deu, do gado ou dos rebanhos de ovelhas, e comer a carne em suas próprias cidades, conforme lhes ordenei. Qualquer pessoa poderá comê-lo, esteja cerimonialmente pura ou impura, assim como qualquer um pode comer carne de gazela ou de veado. Mas nunca comam o sangue, pois o sangue é a própria vida, e vocês não podem comer carne com o sangue que lhe dá vida. Não comam o sangue; derramem-no no chão, como se fosse água. Não comam o sangue, para que tudo vá bem com vocês e com seus filhos, pois farão o que é certo aos olhos do S enhor. “Levem ao lugar que o S enhor escolher as ofertas sagradas e as ofertas apresentadas para cumprir um voto. Apresentem a carne e o sangue dos holocaustos no altar do S enhor, seu Deus. O sangue dos outros sacrifícios será derramado no altar do S enhor, seu Deus, mas vocês poderão comer a carne. Tenham o cuidado de obedecer a todas as instruções que lhes dou, para que tudo vá bem com vocês e com seus descendentes, pois farão o que é bom e certo aos olhos do S enhor, seu Deus. “Quando o S enhor, seu Deus, for adiante de vocês e destruir as nações, e vocês as expulsarem e se estabelecerem na terra delas, não caiam na armadilha de seguir os costumes das nações e adorar seus deuses. Não fiquem curiosos a respeito de seus deuses, nem perguntem: ‘Como essas nações adoram seus deuses? Queremos seguir seu exemplo’. Não adorem o S enhor, seu Deus, da forma como outras nações adoram os deuses delas, pois realizam para eles todo tipo de atos detestáveis que o S enhor odeia. Chegam até a queimar seus filhos e filhas como sacrifícios a seus deuses. “Portanto, tenham o cuidado de cumprir todas as ordens que lhes dou. Não acrescentem nem tirem coisa alguma.” “Surgirão entre vocês profetas ou pessoas que têm sonhos sobre o futuro, e eles prometerão sinais ou milagres. Se os sinais ou milagres preditos acontecerem, e essas pessoas disserem: ‘Venham, vamos adorar outros deuses!’, deuses que até então vocês não conheciam, não deem ouvidos às palavras deles. É um teste do S enhor, seu Deus, para ver se vocês o amam de todo o seu coração e de toda a sua alma. Sigam somente o S enhor, seu Deus, e temam a ele somente. Obedeçam a seus mandamentos, ouçam sua voz, sirvam-no e apeguem-se a ele. Os falsos profetas e sonhadores que tentarem desviá-los devem ser executados, pois incentivaram a rebelião contra o S enhor, seu Deus, que os libertou da escravidão e os tirou da terra do Egito. Uma vez que eles tentaram desviá-los do caminho que o S enhor, seu Deus, ordenou que seguissem, vocês terão de executá-los. Desse modo, vocês eliminarão o mal do seu meio. “Se alguém o instigar secretamente, seja seu irmão, seu filho ou filha, sua esposa querida ou seu amigo mais chegado, e disser: ‘Vamos adorar outros deuses!’, deuses que nem você nem seus antepassados conheceram, deuses dos povos vizinhos ou de povos dos confins da terra, não ceda nem dê ouvidos. Não tenha pena dele, não o poupe nem o proteja. Execute-o! Dê o primeiro golpe e, em seguida, todo o povo participará da execução. Apedrejem os culpados até a morte, pois eles tentaram afastá-lo do S enhor, seu Deus, que os libertou da terra do Egito, do lugar de escravidão. Então todo o Israel ouvirá e temerá, e ninguém voltará a agir tão perversamente no meio de vocês. “Quando começarem a viver nas cidades que o S enhor, seu Deus, lhes dá, e ouvirem dizer que homens perversos fizeram os habitantes da cidade se desviarem, dizendo: ‘Venham, vamos adorar outros deuses’, deuses que até então vocês não conheciam, examinem os fatos com cuidado. Se descobrirem que a informação for verdadeira e esse ato detestável foi mesmo cometido entre vocês, ataquem a cidade e matem à espada todos os habitantes e todos os animais, destruindo-os completamente. Amontoem os despojos no meio da praça pública e queimem toda a cidade como oferta ao S enhor, seu Deus. A cidade permanecerá em ruínas para sempre; jamais será reconstruída. Não guardem coisa alguma do despojo que foi separado para destruição. Então o S enhor afastará sua ira ardente e os tratará com misericórdia. Terá compaixão de vocês e os transformará numa nação numerosa, como prometeu sob juramento a seus antepassados. “O S enhor, seu Deus, só será misericordioso se vocês ouvirem sua voz e obedecerem a todos os seus mandamentos que hoje lhes dou, para que façam o que é certo aos olhos do S enhor.” “Uma vez que vocês são filhos do S enhor, seu Deus, não se cortem, nem raspem o cabelo acima da testa em sinal de luto. Vocês são um povo consagrado ao S enhor, seu Deus, e ele os escolheu dentre todas as nações da terra para serem sua propriedade especial. “Não comam animais detestáveis, cerimonialmente impuros. São estes os animais que vocês podem comer: o boi, a ovelha, o bode, o veado, a gazela, a corça, a cabra-selvagem, o íbex, o antílope e a ovelha montês. “Vocês podem comer qualquer animal que tenha os cascos divididos em duas partes e que rumine, mas, se o animal não apresentar essas duas características, não pode ser consumido. Não comam, portanto, o camelo, nem a lebre, nem o coelho silvestre. Eles ruminam, mas não têm os cascos divididos, de modo que são impuros para vocês. Também não comam o porco, pois, embora tenha os cascos divididos, não rumina e, portanto, é impuro para vocês. Não comam a carne desses animais nem toquem em seu cadáver. “De todos os animais que vivem nas águas, vocês podem comer qualquer um que tenha barbatanas e escamas. Não comam, porém, animais que vivem nas águas, mas não têm barbatanas e escamas. Eles são impuros para vocês. “Vocês podem comer qualquer criatura voadora que seja cerimonialmente pura. Estas são as criaturas voadoras que vocês não podem comer: o abutre-fouveiro, o abutre-barbudo, o abutre-fusco, o milhafre, o falcão e todas as espécies de condores, todas as espécies de corvos, a coruja-de-chifres, a coruja-do-campo, a gaivota, todas as espécies de gaviões, o mocho-galego, o corujão, a coruja-das-torres, a coruja-do-deserto, o abutre-do-egito, o cormorão, a cegonha, todas as espécies de garças, a poupa e o morcego. “Todos os insetos alados que rastejam pelo chão são impuros para vocês, de modo que não podem comê-los. Contudo, podem comer qualquer criatura voadora que seja cerimonialmente pura. “Não comam animal algum que tenha morrido de causas naturais. Podem dá-lo a um estrangeiro que vive em sua cidade ou vendê-lo a outros estrangeiros. Vocês mesmos, porém, não o comerão, pois são um povo consagrado ao S enhor, seu Deus. “Não cozinhem o cabrito no leite da mãe dele.” “Separem o dízimo de suas colheitas, um décimo de toda a sua safra anual. Levem o dízimo ao lugar que o S enhor, seu Deus, escolher para estabelecer seu nome e comam o dízimo ali, na presença do S enhor. Isso se aplica aos dízimos de cereais, do vinho novo, do azeite e dos machos das primeiras crias do gado e dos rebanhos. Com isso, aprenderão a sempre temer o S enhor, seu Deus. “Se o S enhor, seu Deus, os abençoar com uma boa colheita, mas o lugar que ele escolher para habitação do seu nome for distante demais para vocês levarem o dízimo, vendam a décima parte de suas colheitas e rebanhos, coloquem o dinheiro numa bolsa e levem-no ao lugar que o S enhor, seu Deus, escolheu. Quando chegarem, usem o dinheiro para comprar o tipo de alimento que desejarem: bois, ovelhas, vinho ou qualquer outra bebida fermentada. Então, na presença do S enhor, seu Deus, comam e alegrem-se com toda a sua família. E não se esqueçam de cuidar dos levitas de sua cidade, pois eles não receberão porção alguma de terra como herança entre vocês. “Ao final de cada três anos, levem todo o dízimo da colheita daquele ano à cidade mais próxima e armazenem-no ali. Entreguem o dízimo aos levitas, que não receberão porção alguma de terra como herança entre vocês, e também aos estrangeiros que vivem entre vocês, e aos órfãos e às viúvas de suas cidades, para que eles comam até se saciarem. Então o S enhor, seu Deus, os abençoará em todo o seu trabalho.” “Ao final de cada sete anos, cancelem as dívidas de todos a quem vocês tiverem feito um empréstimo. O cancelamento será efetuado da seguinte forma: todos cancelarão os empréstimos que fizeram a irmãos israelitas. Ninguém exigirá pagamento do seu próximo ou de seus parentes, pois chegou o tempo do S enhor para liberá-los das dívidas. Essa liberação se aplica somente aos irmãos israelitas, e não aos estrangeiros que vivem entre vocês. “Não deverá haver pobres entre vocês, pois o S enhor, seu Deus, os abençoará grandemente na terra que lhes dá como herança. Receberão essa bênção se tiverem o cuidado de obedecer ao S enhor, seu Deus, e cumprir todos estes mandamentos que hoje lhes dou. O S enhor, seu Deus, os abençoará conforme prometeu. Vocês emprestarão dinheiro a muitas nações, mas jamais precisarão tomar emprestado. Governarão muitas nações, mas não serão governados por nação alguma. “Se, contudo, houver algum israelita pobre em suas cidades quando chegarem à terra que o S enhor, seu Deus, lhes dá, não endureçam o coração e não fechem a mão para ele. Ao contrário, sejam generosos e emprestem-lhe o que for necessário. Não sejam mesquinhos nem se recusem a emprestar a alguém só porque o ano de cancelamento das dívidas está próximo. Se vocês se recusarem a fornecer o empréstimo e a pessoa necessitada clamar ao S enhor, vocês serão considerados culpados de pecado. Deem aos pobres com generosidade, e não com má vontade, pois o S enhor, seu Deus, os abençoará em tudo que fizerem. Sempre haverá pobres na terra. Por isso, ordeno que compartilhem seus bens generosamente com os pobres e com outros necessitados de sua terra.” “Se um irmão hebreu, homem ou mulher, vender-se a você como escravo, ele lhe servirá por seis anos. Depois disso, liberte-o no sétimo ano. “Quando libertar um escravo, não o mande embora de mãos vazias. Seja generoso e dê-lhe de despedida um presente dos animais de seu rebanho, dos cereais de sua eira e do vinho de sua prensa de uvas. Compartilhe com ele um pouco da fartura com a qual o S enhor, seu Deus, o abençoou. Lembre-se de que, um dia, você foi escravo na terra do Egito e o S enhor, seu Deus, o libertou. Por isso lhe dou essa ordem. “Mas, se por estar bem com você e amar você e sua família, o servo disser: ‘Não quero ir embora’, você pegará um furador e furará a ponta da orelha dele contra a porta. Depois disso, ele será seu escravo para o resto da vida. Faça o mesmo com as escravas. “Quando libertar seus escravos, não considere isso uma grande perda. Lembre-se de que, por seis anos, eles lhe prestaram serviços equivalentes a duas vezes o salário de empregados contratados, e o S enhor, seu Deus, o abençoará em tudo que você fizer.” “Separem para o S enhor, seu Deus, os machos das primeiras crias do gado e dos rebanhos. Não usem a primeira cria do gado para trabalhar no campo, e não tosquiem a primeira cria das ovelhas. Em vez disso, a cada ano, comam esses animais com sua família na presença do S enhor, seu Deus, no lugar que ele escolher. Mas, se essa primeira cria tiver algum defeito, se o animal for manco, cego ou tiver algum outro problema, não o sacrifiquem ao S enhor, seu Deus. Comam o animal na cidade em que morarem. Qualquer pessoa poderá comê-lo, esteja cerimonialmente pura ou impura, assim como qualquer um pode comer uma gazela ou um veado. Não comam, porém, o sangue do animal; derramem-no no chão, como se fosse água.” “A cada ano, no mês de abibe, celebrem a Páscoa em homenagem ao S enhor, seu Deus, pois foi nesse mês, durante a noite, que o S enhor, seu Deus, os libertou do Egito. O sacrifício de Páscoa será um animal do gado ou do rebanho, oferecido ao S enhor, seu Deus, no lugar que ele escolher para habitação do seu nome. Comam o sacrifício com pães sem fermento. Durante sete dias, comam pão sem fermento, como fizeram quando fugiram às pressas do Egito. Comam esse pão, o pão do sofrimento, para se lembrarem, por toda a vida, do dia em que saíram do Egito. Durante esses sete dias, não deve haver a mínima quantidade de fermento nas casas em toda a sua terra. E, quando sacrificarem o cordeiro de Páscoa ao entardecer do primeiro dia, não deixem sobras para a manhã seguinte. “Não ofereçam o sacrifício de Páscoa em nenhuma das cidades que o S enhor, seu Deus, lhes dá. Ofereçam-no apenas no lugar que o S enhor, seu Deus, escolher para habitação do seu nome. Sacrifiquem-no ali ao entardecer, enquanto o sol se põe, no mesmo período do dia em que saíram do Egito. Assem e comam o cordeiro no lugar que o S enhor, seu Deus, escolher. Na manhã seguinte, voltem às suas tendas. Durante os seis dias seguintes, comam pão sem fermento. No sétimo dia, declarem outra reunião sagrada em homenagem ao S enhor, seu Deus, e não façam trabalho algum.” “Contem sete semanas a partir do dia em que começarem a colheita de cereais. Então celebrem a Festa da Colheita em homenagem ao S enhor, seu Deus. Levem uma oferta voluntária proporcional às bênçãos que receberam dele. Será um tempo de celebração diante do S enhor, seu Deus, no lugar que ele escolher para habitação do seu nome. Celebrem com seus filhos e filhas, com seus servos e servas, com os levitas das suas cidades e com os estrangeiros, órfãos e viúvas que vivem entre vocês. Lembrem-se de que, um dia, vocês foram escravos no Egito e, portanto, tenham o cuidado de cumprir todos estes decretos.” “Celebrem a Festa das Cabanas durante sete dias, no final da época da colheita, depois que ajuntarem os cereais e prensarem as uvas. Essa festa será um tempo de alegria e comemoração com seus filhos e filhas, seus servos e servas, com os levitas, estrangeiros, órfãos e viúvas de suas cidades. Durante sete dias, celebrem essa festa em homenagem ao S enhor, seu Deus, no lugar que ele escolher, pois ele é quem os abençoa em todas as suas colheitas e lhes dá sucesso em todo o seu trabalho. Essa festa será um tempo de grande alegria para vocês. “A cada ano, todos os homens de Israel devem celebrar estas três festas: a Festa dos Pães sem Fermento, a Festa da Colheita e a Festa das Cabanas. Em cada uma dessas ocasiões, todos os homens devem comparecer diante do S enhor, seu Deus, no lugar que ele escolher. Não devem, porém, apresentar-se diante do S enhor de mãos vazias. Todos devem ofertar de acordo com as bênçãos que receberam do S enhor, seu Deus.” “Nomeiem juízes e oficiais de cada uma de suas tribos em todas as cidades que o S enhor, seu Deus, lhes dá. Eles julgarão o povo com justiça. Nunca distorçam a justiça nem mostrem parcialidade. Nunca aceitem subornos, pois eles cegam os olhos dos sábios e corrompem as decisões dos íntegros. Que a justiça verdadeira prevaleça sempre, para que vocês vivam e tomem posse da terra que o S enhor, seu Deus, lhes dá. “Jamais levantem um poste de madeira para Aserá junto ao altar que edificarem para o S enhor, seu Deus. Jamais levantem colunas sagradas para adoração, pois isso é detestável para o S enhor, seu Deus.” “Nunca sacrifiquem ao S enhor, seu Deus, bois ou ovelhas doentes ou defeituosos, pois esse tipo de oferta é detestável para ele. “Quando vocês começarem a viver nas cidades que o S enhor, seu Deus, lhes dá, poderá acontecer de um homem ou uma mulher do povo fazer algo mau aos olhos do S enhor, seu Deus, e quebrar a aliança. Pode ser que essa pessoa sirva outros deuses ou adore o sol, a lua ou qualquer das estrelas, o exército do céu, algo que eu proibi expressamente. Quando ficarem sabendo disso, façam uma investigação cuidadosa. Se for verdade que se fez tal coisa detestável em Israel, levem o homem ou a mulher que cometeu esse ato perverso até as portas da cidade e executem essa pessoa por apedrejamento. Jamais executem alguém com base no depoimento de apenas uma testemunha. Deve sempre haver duas ou três testemunhas. As testemunhas jogarão as primeiras pedras e, em seguida, todo o povo participará da execução. Desse modo, vocês eliminarão o mal do seu meio. “Se um caso muito difícil de resolver chegar a um tribunal local, como, por exemplo, uma decisão sobre que tipo de homicídio aconteceu, ou entre diferentes ações judiciais, ou entre tipos diferentes de agressão, levem esse caso ao lugar que o S enhor, seu Deus, escolher. Apresentem o caso aos sacerdotes levitas ou aos juízes que estiverem de serviço na ocasião, e eles ouvirão o caso e declararão o veredicto. Executem o veredicto que eles declararem no lugar que o S enhor escolher. Façam exatamente o que eles mandarem. Depois que eles tiverem interpretado a lei e declarado o veredicto, executem em sua totalidade a sentença que eles pronunciarem; não façam modificação alguma. Quem for arrogante a ponto de rejeitar o veredicto do sacerdote ou do juiz que representa o S enhor, seu Deus, naquele lugar deverá ser morto. Desse modo, vocês eliminarão o mal do meio de Israel. Então todo o povo ficará sabendo o que aconteceu e terá medo de agir novamente com tamanha arrogância.” “Vocês estão prestes a entrar na terra que o S enhor, seu Deus, lhes dá. Quando a conquistarem, se estabelecerem nela e pensarem: ‘Devemos escolher um rei para nos governar, como as outras nações ao nosso redor’, tenham cuidado de nomear como rei o homem que o S enhor, seu Deus, escolher. Deverá ser um irmão israelita; não pode ser estrangeiro. “O rei não terá muitos cavalos, nem enviará seu povo ao Egito para comprar cavalos, pois o S enhor lhes disse: ‘Jamais voltem ao Egito’. O rei não tomará para si muitas esposas, pois elas afastarão seu coração do S enhor. Também não acumulará para si grandes quantidades de prata e de ouro. “Quando sentar-se no trono para reinar, copiará esta lei para si num rolo, na presença dos sacerdotes levitas. Trará essa cópia sempre consigo e a lerá todos os dias enquanto viver. Assim, aprenderá a temer o S enhor, seu Deus, cumprindo todos os termos desta lei e destes decretos. Isso o impedirá de tornar-se orgulhoso e agir como se estivesse acima de seus irmãos israelitas. Evitará também que ele se desvie, por menos que seja, destes mandamentos, e garantirá que ele e seus descendentes tenham longos reinados em Israel.” “Lembrem-se de que os sacerdotes levitas e todos os outros membros da tribo de Levi não receberão porção alguma de terra como herança entre as outras tribos de Israel. Em vez disso, os sacerdotes e levitas comerão das ofertas especiais apresentadas ao S enhor, pois essa é parte que lhes cabe. Não terão herança entre os israelitas. O S enhor é a sua herança, conforme lhes prometeu. “Estas são as partes que os sacerdotes receberão como sua porção dos bois e das ovelhas que o povo entregar como ofertas: a espádua, as queixadas e o estômago. Deem também aos sacerdotes a primeira porção dos cereais, do vinho novo, do azeite e da lã na época da tosquia, pois o S enhor, seu Deus, escolheu a tribo de Levi dentre todas as suas tribos para servir em nome do S enhor para sempre. “Se um levita decidir sair de sua cidade em Israel, seja ela qual for, e mudar-se para o lugar que o S enhor escolher, ele servirá ali em nome do S enhor, seu Deus, da mesma forma que todos os seus companheiros levitas que servem o S enhor naquele lugar. Comerá sua porção dos sacrifícios e ofertas, mesmo que também receba sustento de sua família.” “Quando vocês entrarem na terra que o S enhor, seu Deus, lhes dá, tenham muito cuidado para não imitarem os costumes detestáveis das nações que vivem ali. Jamais deverá haver entre vocês alguém que queime seu filho ou sua filha como sacrifício. Não permitam que alguém do povo pratique adivinhação, use encantamentos, interprete agouros, envolva-se com bruxaria, lance feitiços, atue como médium ou praticante do ocultismo, ou consulte os espíritos dos mortos. Quem pratica tais coisas é detestável ao S enhor. É justamente porque as outras nações praticam essas coisas detestáveis que o S enhor, seu Deus, as expulsará de diante de vocês. Sejam inculpáveis perante o S enhor, seu Deus. As nações cujas terras vocês estão prestes a conquistar consultam feiticeiros e adivinhos, mas o S enhor, seu Deus, os proíbe de fazerem essas coisas.” “O S enhor, seu Deus, levantará um profeta como eu do meio de seus irmãos israelitas. Deem ouvidos a ele, pois foi isso que vocês pediram ao S enhor, seu Deus, quando estavam reunidos ao pé do monte Sinai. Disseram: ‘Não iremos mais ouvir a voz do S enhor, nosso Deus, nem ver este fogo ardente, pois morreríamos’. “Então o S enhor me disse: ‘Eles estão certos. Levantarei um profeta como você do meio de seus irmãos israelitas e porei minhas palavras em sua boca, e ele dirá ao povo tudo que eu lhe ordenar. Eu mesmo pedirei contas de qualquer um que não ouvir as mensagens que o profeta proclamar em meu nome. Mas o profeta que tiver a presunção de falar em meu nome algo que não lhe ordenei, ou que falar em nome de outros deuses, será morto’. “Talvez vocês se perguntem: ‘Como saberemos se uma profecia vem do S enhor ou não?’. Se o profeta falar em nome do S enhor, mas suas previsões não acontecerem nem se cumprirem, vocês saberão que a mensagem dele não vem do S enhor. Esse profeta presumiu arrogantemente que falava em meu nome, e vocês não precisam temê-lo.” “Quando o S enhor, seu Deus, destruir as nações cujo território ele lhes dá, vocês tomarão posse da terra e se estabelecerão nas cidades e casas que elas construíram. Em seguida, separarão três cidades de refúgio na terra que o S enhor, seu Deus, lhes dá. Preparem estradas e dividam em três regiões a terra que o S enhor, seu Deus, lhes dá como propriedade, com uma dessas cidades em cada região. Quem tiver matado alguém poderá fugir para uma dessas cidades de refúgio e ficar a salvo. “Isso se aplica a alguém que, sem intenção e sem mostrar hostilidade anterior, matar outra pessoa: ele poderá fugir para uma dessas cidades de refúgio e viver em segurança. Se acontecer, por exemplo, de alguém ir com um vizinho cortar lenha num bosque e, quando um deles levantar o machado para cortar uma árvore, o ferro do machado escapar do cabo, atingir a outra pessoa e causar sua morte, o homicida poderá fugir para uma das cidades de refúgio a fim de salvar a vida. “Se, contudo, a distância até a cidade de refúgio for muito grande e acontecer que, irado, o parente encarregado de vingar a morte da vítima alcance e mate o homicida, o castigo não seria merecido, pois o fugitivo não mostrou hostilidade anterior à vítima. Por isso, ordeno que separem três cidades de refúgio. “Se o S enhor, seu Deus, ampliar seu território conforme jurou a seus antepassados e lhes der toda a terra que lhes prometeu, separem mais três cidades de refúgio. (Ele lhes dará a terra se vocês cumprirem cuidadosamente todos os mandamentos que hoje lhes dou, se sempre amarem o S enhor, seu Deus, e andarem em seus caminhos.) Com isso, vocês evitarão a morte de inocentes na terra que o S enhor, seu Deus, lhes dá como herança. Do contrário, seriam culpados pelo sangue de inocentes. “Se, contudo, alguém demonstrar hostilidade a seu vizinho, ficar à espreita dele e o atacar e matar, fugindo depois para uma das cidades de refúgio, as autoridades da cidade do homicida enviarão representantes à cidade de refúgio para trazê-lo de volta e entregá-lo ao vingador da vítima, para que ele execute o homicida. Não tenham pena dele. Eliminem de Israel a culpa de matar inocentes. Assim, tudo irá bem com vocês.” “Quando tomarem posse da terra que o S enhor, seu Deus, lhes dá como herança, jamais roubem terras de outros, mudando de lugar os marcos de divisa que seus antepassados colocaram. “Não condenem alguém por um crime ou delito com base no depoimento de apenas uma testemunha. Os fatos a respeito do caso devem ser confirmados pelo depoimento de duas ou três testemunhas. “Se uma testemunha mal-intencionada se apresentar e acusar alguém de ter cometido um crime, tanto o acusador como o acusado comparecerão diante do S enhor, apresentando-se aos sacerdotes e juízes que estiverem de serviço na ocasião. Os juízes farão uma investigação cuidadosa do caso. Se a testemunha fez acusações falsas contra seu irmão israelita, apliquem-lhe a sentença que ela planejava para a outra pessoa. Desse modo, vocês eliminarão o mal do seu meio. O restante do povo ficará sabendo disso e terá medo de cometer tamanha maldade. Não tenham pena do culpado. Sua regra deve ser: vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé.” “Quando saírem para lutar contra seus inimigos e enfrentarem cavalos e carros e um exército maior que o seu, não tenham medo. O S enhor, seu Deus, que os tirou da terra do Egito, está com vocês! Quando se prepararem para a batalha, o sacerdote virá à frente e falará aos soldados. Dirá: ‘Ouçam, homens de Israel! Ao saírem hoje para lutar contra seus inimigos, sejam corajosos. Não tenham medo, nem se apavorem, nem tremam diante deles, pois o S enhor, seu Deus, vai com vocês. Ele lutará contra seus inimigos em seu favor e lhes dará vitória’. “Então os oficiais do exército se dirigirão aos soldados e dirão: ‘Alguém aqui acabou de construir uma casa, mas ainda não a dedicou? Se houver alguém nessa situação, vá para casa! Se você morresse na batalha, outra pessoa dedicaria sua casa. Alguém aqui acabou de plantar uma videira, mas ainda não comeu de seus frutos? Se houver alguém nessa situação, vá para casa! Se você morresse na batalha, outra pessoa comeria dos primeiros frutos. Alguém aqui acabou de ficar noivo de uma mulher, mas ainda não se casou? Vá para casa e tome a mulher como esposa! Se você morresse na batalha, outra pessoa a tomaria como esposa’. “Os oficiais também dirão: ‘Alguém aqui está com medo ou angustiado? Se estiver, vá para casa antes que amedronte mais alguém’. Quando os oficiais terminarem de falar aos soldados, nomearão comandantes para as tropas. “Quando vocês se aproximarem de uma cidade para atacá-la, primeiro proponham paz a seus habitantes. Se eles aceitarem suas condições e abrirem as portas, todo o povo dentro da cidade os servirá com trabalhos forçados. Se eles recusarem a proposta de paz e se prepararem para lutar, cerquem a cidade. Quando o S enhor, seu Deus, lhes entregar a cidade, matem à espada todos os homens. Contudo, poderão tomar para si as mulheres, as crianças, os animais e tudo que acharem na cidade. Poderão aproveitar todos os despojos dos inimigos que o S enhor, seu Deus, entregou em suas mãos. “Essas instruções se aplicam somente às cidades muito distantes, e não às cidades dos povos que vivem na terra em que vocês entrarão. Nessas cidades que o S enhor lhes dá como herança, destruam todo ser vivo. Destruam completamente os hititas, os amorreus, os cananeus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus, conforme o S enhor, seu Deus, lhes ordenou. Isso evitará que os povos da terra os ensinem a imitar os atos detestáveis que eles praticam quando adoram seus deuses, coisas que fariam vocês pecarem contra o S enhor, seu Deus. “Quando cercarem uma cidade e a guerra se prolongar, não cortem as árvores com machados. Comam dos frutos, mas não cortem as árvores. Acaso as árvores são inimigos para que vocês as ataquem? Cortem apenas as árvores que vocês sabem que não dão frutos e usem-nas para fazer o equipamento necessário no cerco à cidade inimiga até que ela caia.” “Quando estiverem na terra que o S enhor, seu Deus, lhes dá, e alguém for encontrado morto no campo e não se saiba quem o matou, as autoridades e os juízes medirão a distância do local onde está o cadáver até as cidades vizinhas. Quando se determinar qual é a cidade mais próxima, as autoridades da cidade escolherão do rebanho uma novilha que nunca tenha sido usada para trabalhar no campo e nunca tenha puxado um arado. Levarão a novilha a um vale que não tenha sido lavrado nem semeado e pelo qual passe um ribeiro. Ali, no vale, quebrarão o pescoço da novilha. Os sacerdotes levitas se aproximarão, pois o S enhor, seu Deus, os escolheu para servirem diante dele e pronunciarem bênçãos em seu nome. Cabe a eles decidir todos os casos legais e criminais. “As autoridades daquela cidade lavarão as mãos sobre a novilha cujo pescoço foi quebrado e dirão: ‘Nossas mãos não derramaram o sangue dessa pessoa, nem vimos o crime acontecer. Ó S enhor, perdoa o teu povo, Israel, o qual libertaste. Não culpes o teu povo pela morte de um inocente’. Assim, serão absolvidos da culpa pelo sangue da pessoa. Desse modo, vocês removerão do seu meio a culpa pela morte da vítima e farão o que é certo aos olhos do S enhor.” “Quando vocês saírem para guerrear contra seus inimigos e o S enhor, seu Deus, entregá-los em suas mãos e vocês os fizerem prisioneiros, pode acontecer de algum de vocês vir uma mulher bonita entre os cativos, sentir-se atraído por ela e desejar casar-se com ela. Nesse caso, leve-a para casa, onde ela raspará a cabeça, cortará as unhas e trocará as roupas que estava usando quando foi capturada. Ela ficará em sua casa, mas você deixará que ela fique de luto pelo pai e pela mãe por um mês inteiro. Depois disso, você se casará com ela. Passará a ser seu marido, e ela será sua esposa. Se depois do casamento ela não o agradar, liberte-a. Não a venda nem a trate como escrava, pois você a humilhou.” “Se um homem tiver duas esposas e amar apenas uma delas, mas ambas lhe derem filhos homens, e o filho mais velho for da esposa que ele não ama, quando dividir sua herança o homem não poderá dar a porção maior ao filho da esposa amada, como se este fosse o filho mais velho. Terá de reconhecer os direitos do filho mais velho, da esposa não amada, dando-lhe porção dobrada. Ele é o primeiro filho do vigor de seu pai, e os direitos do filho mais velho lhe pertencem.” “Se um homem tiver um filho teimoso e rebelde, que não obedece ao pai nem à mãe, apesar de eles o disciplinarem, o pai e a mãe levarão o filho até a porta da cidade e dirão às autoridades ali reunidas: ‘Este nosso filho é teimoso e rebelde e se recusa a obedecer. É mau-caráter e vive bêbado’. Então todos os homens da cidade o executarão por apedrejamento. Desse modo, vocês eliminarão o mal do seu meio, e todo o Israel ficará sabendo disso e temerá.” “Se alguém cometeu um crime que merece a pena de morte e, por isso, foi executado e pendurado numa árvore, não deverá permanecer pendurado ali durante a noite. Enterrem o corpo no mesmo dia, pois todo aquele que é pendurado é maldito aos olhos de Deus. Desse modo, vocês evitarão a contaminação da terra que o S enhor, seu Deus, lhes dá como herança.” “Se você vir solto por aí o boi ou a ovelha de um israelita, não fuja de sua responsabilidade. Devolva o animal ao dono. Se o dono não morar por perto ou se você não o conhecer, leve o animal para sua casa e fique com ele até o dono vir procurá-lo. Então, devolva o animal. Faça o mesmo se encontrar um jumento, uma peça de roupa ou qualquer outra coisa que alguém tenha perdido. Não fuja de sua responsabilidade. “Se você vir o jumento ou o boi de um israelita caído no caminho, não o ignore. Vá e ajude o dono a levantar o animal. “A mulher não deve usar roupas de homem, e o homem não deve usar roupas de mulher. Quem age desse modo é detestável aos olhos do S enhor, seu Deus. “Se acontecer de você encontrar o ninho de um pássaro numa árvore ou no chão, e houver nele filhotes ou ovos que a mãe esteja chocando, não leve a mãe junto com os filhotes. Leve os filhotes, mas deixe a mãe, para que você prospere e tenha vida longa. “Quando você construir uma casa nova, coloque um parapeito em torno do terraço. Desse modo, se alguém cair do terraço, você e sua família não serão culpados pela morte da vítima. “Não plantem nenhuma outra semente entre as videiras em seu vinhedo. Se o fizerem, estarão proibidos de usar tanto as uvas desse vinhedo como o fruto da outra plantação que semearam. “Não arem a terra com um boi e um jumento presos ao mesmo jugo. “Não usem roupas feitas de fios de lã e linho entrelaçados. “Coloquem franjas nas quatro pontas do manto com o qual vocês se cobrem.” “Se um homem se casar com uma mulher e, depois de ter relações com ela, rejeitá-la e acusá-la publicamente de conduta vergonhosa, dizendo: ‘Quando me casei com esta mulher, descobri que ela não era virgem’, então o pai e a mãe da mulher levarão a prova da virgindade da filha até a porta da cidade, onde as autoridades estarão reunidas. O pai lhes dirá: ‘Dei minha filha em casamento a este homem, e agora ele a rejeitou. Acusou-a de conduta vergonhosa, dizendo: ‘Descobri que sua filha não era virgem’. Aqui está, porém, a prova da virgindade de minha filha’. Então os pais estenderão o lençol da filha diante das autoridades, e eles pegarão o homem e o castigarão. Também lhe aplicarão uma multa de cem peças de prata que ele pagará ao pai da mulher, uma vez que acusou publicamente de conduta vergonhosa uma virgem de Israel. Ela continuará a ser esposa do homem, e ele jamais poderá se divorciar dela. “Mas, se as acusações do homem forem verdadeiras e ele puder provar que a mulher não era virgem, então ela será levada até a porta da casa de seu pai e ali será executada por apedrejamento pelos homens da cidade. Ela cometeu um crime vergonhoso em Israel, praticando imoralidade sexual enquanto vivia na casa de seus pais. Desse modo, vocês eliminarão o mal do seu meio. “Se um homem for flagrado cometendo adultério, ele e a mulher terão de morrer. Desse modo, vocês eliminarão o mal do meio de Israel. “Se um homem encontrar uma moça virgem, prometida em casamento, e tiver relações sexuais com ela dentro da cidade, levem os dois para a porta da cidade e executem-nos por apedrejamento. A mulher é culpada porque não gritou por socorro, e o homem deverá morrer porque humilhou a esposa de outro homem. Desse modo, vocês eliminarão o mal do seu meio. “Mas, se o homem encontrar a moça prometida em casamento no campo e a violentar, somente o homem deverá ser morto. Não façam nada à moça; não cometeu crime algum que mereça a pena de morte. É tão inocente quanto uma vítima de homicídio. Uma vez que o homem a violentou no campo, deve-se presumir que ela gritou, mas não houve quem a socorresse. “Se um homem tiver relações com uma moça virgem, mas que não esteja prometida em casamento, e eles forem descobertos, o homem pagará ao pai da moça cinquenta peças de prata. Uma vez que ele humilhou a moça, se casará com ela e jamais poderá se divorciar. “Nenhum homem tomará por mulher alguém que foi esposa de seu pai, pois isso desonraria seu pai.” “Se um homem tiver os testículos esmagados ou o membro amputado, não terá permissão de entrar nas reuniões sagradas do S enhor. “Se alguém for filho ilegítimo, nem ele nem seus descendentes, até a décima geração, terão permissão de entrar nas reuniões sagradas do S enhor. “Nenhum amonita ou moabita, e nenhum de seus descendentes, até a décima geração, terá permissão de participar das reuniões sagradas do S enhor. Essas nações não os receberam com alimento e água quando vocês saíram do Egito. Em vez disso, contrataram Balaão, filho de Beor, nascido em Petor, na Mesopotâmia, para amaldiçoá-los. Mas o S enhor, seu Deus, se recusou a ouvir Balaão e transformou a maldição em bênção, pois o S enhor, seu Deus, os ama. Enquanto viverem, jamais promovam o bem-estar e a prosperidade dos amonitas ou moabitas. “Não mostrem ódio aos edomitas, pois são seus parentes, nem aos egípcios, pois vocês viveram como estrangeiros entre eles. A terceira geração de edomitas e egípcios poderá entrar nas reuniões sagradas do S enhor.” “Quando saírem para guerrear contra seus inimigos, mantenham-se afastados de tudo que é impuro. “O homem que ficar cerimonialmente impuro por causa de uma polução noturna sairá do acampamento e ficará fora o dia todo. Ao entardecer, ele se banhará e, ao pôr do sol, poderá voltar ao acampamento. “Determinem uma área fora do acampamento onde possam fazer as necessidades. Cada um deve ter uma pá como parte de seu equipamento. Quando forem evacuar, cavem um buraco com a pá e cubram as fezes. O acampamento deverá ser santo, pois o S enhor, seu Deus, anda no meio dele para proteger vocês e derrotar seus inimigos. Cuidem para que ele não veja em seu meio qualquer coisa vergonhosa e se afaste de vocês. “Se escravos fugirem e se refugiarem com vocês, não os devolvam a seus senhores. Permitam que eles vivam em seu meio em qualquer cidade que escolherem, e não os oprimam. “Nenhum israelita, homem ou mulher, se dedicará à prostituição em templos idólatras. “Quando apresentarem uma oferta para cumprir um voto, não tragam à casa do S enhor, seu Deus, nenhuma oferta proveniente dos lucros de uma prostituta ou de um prostituto, pois ambos são detestáveis ao S enhor, seu Deus. “Não cobrem juros sobre os empréstimos que fizerem a um irmão israelita, seja de dinheiro, de alimento ou de qualquer outra coisa. Poderão cobrar juros dos estrangeiros, mas não cobrarão juros de israelitas, para que o S enhor, seu Deus, os abençoe em tudo que fizerem na terra da qual estão prestes a tomar posse. “Quando fizerem um voto ao S enhor, seu Deus, cumpram-no prontamente. O S enhor, seu Deus, cobrará de vocês o cumprimento dos votos, ou serão culpados de pecado. Não é pecado deixar de fazer voto. Mas, se fizerem um voto voluntário, cumpram cuidadosamente a promessa feita ao S enhor, seu Deus. “Quando entrarem no vinhedo de seu vizinho, poderão comer uvas até se saciarem, mas não as levem num cesto. E, quando entrarem no campo de um vizinho, poderão apanhar as espigas de cereal com a mão, mas não usem a foice para cortá-las.” “Se um homem se casar e a esposa não for do seu agrado porque ele descobriu alguma coisa vergonhosa da parte dela, ele escreverá um certificado de divórcio e o dará a ela, mandando-a embora de sua casa. Depois de partir, ela poderá casar-se com outro homem. E, se este também a rejeitar e escrever um certificado de divórcio e o der a ela, mandando-a embora de sua casa, ou até mesmo se ele morrer, o primeiro homem que a mandou embora não poderá casar-se de novo com ela, pois ela foi contaminada. Isso seria detestável para o S enhor. Não tragam culpa sobre a terra que o S enhor, seu Deus, lhes dá como herança. “O homem recém-casado não será recrutado para o serviço militar nem receberá nenhuma outra responsabilidade oficial. Estará livre para passar um ano em casa, proporcionando alegria à mulher com quem se casou. “Não tomem um conjunto de pedras de moinho, nem mesmo só a pedra de cima, como garantia de uma dívida, pois o dono precisa das pedras para obter seu sustento. “Se alguém sequestrar um irmão israelita e o tratar como escravo ou o vender, o sequestrador terá de morrer. Desse modo, vocês eliminarão o mal do seu meio. “Em todos os casos de lepra, cumpram com extremo cuidado as instruções dos sacerdotes levitas; obedeçam a todos os mandamentos que eu dei a eles. Lembrem-se daquilo que o S enhor, seu Deus, fez com Miriã durante sua jornada no deserto, depois que vocês saíram do Egito. “Se um de vocês emprestar algo a seu próximo, não entre na casa dele para pegar o objeto que ele lhe oferecer como garantia. Espere do lado de fora enquanto ele pega o objeto e o traz para você. Se ele for pobre e lhe der o manto como garantia, não o guarde consigo durante a noite. Devolva-lhe o manto ao pôr do sol, para que ele se aqueça durante a noite e abençoe você. O S enhor, seu Deus, considerará isso um ato de justiça. “Nunca se aproveitem de trabalhadores pobres e necessitados, sejam irmãos israelitas ou estrangeiros que vivem em suas cidades. Paguem o salário deles todos os dias, antes do pôr do sol, pois eles são pobres e contam com isso para viver. Do contrário, quando clamarem contra vocês ao S enhor, vocês serão culpados de pecado diante dele. “Os pais não serão executados por causa do pecado dos filhos, nem os filhos por causa do pecado dos pais. Aqueles que merecem morrer deverão ser executados por causa de seus próprios crimes. “Sejam justos com os estrangeiros e os órfãos que vivem entre vocês, e jamais aceitem a roupa de uma viúva como garantia por sua dívida. Lembrem-se sempre de que vocês foram escravos no Egito e de que o S enhor, seu Deus, os libertou da escravidão. Por isso eu lhes dou estas ordens. “Quando estiverem fazendo a colheita de suas lavouras e esquecerem um feixe de cereais no campo, não voltem para buscá-lo. Deixem-no para os estrangeiros, para os órfãos e para as viúvas. Então o S enhor, seu Deus, os abençoará em tudo que fizerem. Quando sacudirem as azeitonas de suas oliveiras, não passem pelos mesmos ramos duas vezes. Deixem as azeitonas restantes para os estrangeiros, os órfãos e as viúvas. Quando colherem uvas em seus vinhedos, não passem novamente pelas videiras. Deixem as uvas restantes para os estrangeiros, os órfãos e as viúvas. Lembrem-se de que vocês foram escravos na terra do Egito. Por isso eu lhes dou estas ordens.” “Quando duas pessoas brigarem e o caso chegar a um tribunal, os juízes declararão que uma pessoa tem razão e a outra está errada. Se a pessoa que está errada for sentenciada a receber açoites, o juiz ordenará que ela se deite e seja açoitada na presença dele, com um número de açoites proporcional ao crime. Jamais ultrapassem, porém, quarenta açoites; mais que quarenta açoites seria uma humilhação pública para seu irmão israelita. “Não amordacem o boi para impedir que ele coma enquanto debulha os cereais. “Se dois irmãos estiverem morando juntos na mesma propriedade e um deles morrer sem deixar filhos, a viúva não se casará com alguém de fora da família. O irmão de seu marido se casará com ela, e eles terão relações sexuais. Desse modo, ele cumprirá os deveres de cunhado. O primeiro filho que ela tiver com ele será considerado filho do irmão falecido, para que seu nome não seja esquecido em Israel. “Se, contudo, o homem se recusar a casar-se com a viúva de seu irmão, ela irá até a porta da cidade e dirá às autoridades ali reunidas: ‘O irmão de meu falecido esposo se recusa a preservar o nome do irmão em Israel. Não quer cumprir os deveres de cunhado, casando-se comigo’. As autoridades da cidade o convocarão e conversarão com ele. Se, ainda assim, ele insistir e disser: ‘Não quero me casar com ela’, a viúva se aproximará do homem na presença das autoridades, tirará a sandália do pé dele e cuspirá em seu rosto. Em seguida, ela declarará: ‘É isso que acontece com o homem que se recusa a dar filhos para seu irmão’. Desse dia em diante, a família dele será chamada em Israel de ‘família do descalçado’. “Se dois israelitas brigarem e a esposa de um deles, na tentativa de livrar o marido de quem o agride, agarrar os órgãos genitais do outro homem, cortem a mão da mulher. Não tenham pena dela. “Quando pesarem mercadorias, usem balanças precisas. Usem também medidas completas e justas. Sim, usem sempre pesos e medidas exatos e justos, para que tenham vida longa na terra que o S enhor, seu Deus, lhes dá. Quem engana com pesos e medidas desonestos é detestável ao S enhor, seu Deus. “Nunca se esqueçam daquilo que os amalequitas lhes fizeram quando vocês saíram do Egito. Eles os atacaram quando vocês estavam cansados e esgotados e feriram mortalmente os mais fracos que ficaram para trás. Não temeram a Deus. Portanto, quando o S enhor, seu Deus, lhes proporcionar descanso de todos os seus inimigos na terra que ele lhes dá como herança, destruam os amalequitas e apaguem a memória deles de debaixo do céu. Jamais se esqueçam disso!” “Quando tiverem entrado na terra que o S enhor, seu Deus, lhes dá como herança e a tiverem conquistado e se estabelecido nela, coloquem num cesto alguns dos primeiros frutos de cada colheita que produziram e levem-no ao lugar que o S enhor, seu Deus, escolher para habitação do seu nome. Dirijam-se ao sacerdote que estiver de serviço naquela ocasião e digam-lhe: ‘Com esta oferta reconheço diante do S enhor, seu Deus, ter entrado na terra que o S enhor jurou a nossos antepassados que nos daria’. O sacerdote pegará o cesto de suas mãos e o colocará diante do altar do S enhor, seu Deus. “Então vocês declararão na presença do S enhor, seu Deus: ‘Meu antepassado Jacó era um nômade arameu que foi viver no Egito como estrangeiro. Quando chegou, sua família não era numerosa, mas no Egito ela se tornou uma grande e poderosa nação. Quando os egípcios nos oprimiram e nos humilharam, sujeitando-nos à escravidão, clamamos ao S enhor, o Deus de nossos antepassados. O S enhor ouviu nossos clamores e viu nossas dificuldades, nosso trabalho árduo e a opressão que sofríamos. Por isso, o S enhor nos libertou do Egito com mão forte e braço poderoso, com atos temíveis, sinais e maravilhas. Trouxe-nos para este lugar e nos deu esta terra que produz leite e mel com fartura! E agora, S enhor, trago os primeiros frutos da colheita que, do solo, me deste’. Em seguida, coloquem o cesto diante do S enhor, seu Deus, e prostrem-se diante dele em adoração. Depois disso, alegrem-se por todas as coisas boas que o S enhor, seu Deus, tem dado a vocês e a suas famílias. Lembrem-se de incluir na celebração os levitas e os estrangeiros que vivem entre vocês. “A cada três anos, separem um dízimo especial de suas colheitas. Nesse ano, entreguem seus dízimos aos levitas, aos estrangeiros, aos órfãos e às viúvas, para que eles comam até se saciarem em suas cidades. Então declarem na presença do S enhor, seu Deus: ‘Dediquei, da minha casa, a oferta sagrada e a entreguei aos levitas, aos estrangeiros, aos órfãos e às viúvas, conforme ordenaste. Não quebrei nenhum dos teus mandamentos nem me esqueci de nenhum deles. Não comi coisa alguma desta oferta enquanto estava de luto, nem a toquei enquanto estava cerimonialmente impuro, e não ofereci coisa alguma dela aos mortos. Obedeci ao S enhor, meu Deus, e fiz tudo que me ordenaste. Agora, olha desde a tua santa habitação no céu e abençoa o teu povo, Israel, e a terra que juraste a nossos antepassados que nos darias, uma terra que produz leite e mel com fartura’.” “Hoje o S enhor, seu Deus, ordenou que obedeçam a todos estes decretos e estatutos. Cumpram-nos cuidadosamente, de todo o seu coração e de toda a sua alma. Hoje vocês declararam que o S enhor é o seu Deus e que andarão em seus caminhos, obedecerão a seus decretos, mandamentos e estatutos e farão tudo que ele mandar. O S enhor declarou hoje que vocês são seu povo, sua propriedade especial, conforme ele havia prometido, e que devem obedecer a todos os seus mandamentos. Se o fizerem, ele os colocará muito acima de todas as outras nações que ele fez, e vocês receberão louvores, honra e fama. Serão uma nação santa ao S enhor, seu Deus, exatamente como ele prometeu.” Então Moisés, acompanhado dos líderes de Israel, deu a seguinte ordem ao povo: “Obedeçam a todos estes mandamentos que hoje lhes dou. Quando atravessarem o rio Jordão e entrarem na terra que o S enhor, seu Deus, lhes dá, levantem pedras grandes e pintem-nas com cal. Escrevam nelas todos os termos desta lei quando atravessarem o rio para entrar na terra que o S enhor, seu Deus, lhes dá, uma terra que produz leite e mel com fartura, conforme lhes prometeu o S enhor, o Deus de seus antepassados. Depois de atravessarem o Jordão, levantem essas pedras pintadas de cal no monte Ebal, como hoje lhes ordeno. “Construam ali um altar para o S enhor, seu Deus, usando pedras inteiras, em sua forma natural. Não alterem a forma das pedras com ferramenta de ferro. Construam o altar com pedras que não foram cortadas e usem-no para oferecer holocaustos ao S enhor, seu Deus. Apresentem também sacrifícios de ofertas de paz e celebrem, comendo e alegrando-se na presença do S enhor, seu Deus. Escrevam de forma bem visível todos os termos desta lei nas pedras pintadas de cal”. Em seguida, Moisés e os sacerdotes levitas disseram a todo o Israel: “Faça silêncio e ouça, ó Israel! Hoje você se tornou o povo do S enhor, seu Deus. Obedeça, portanto, ao S enhor, seu Deus, cumprindo todos estes mandamentos e decretos que hoje lhe dou”. No mesmo dia, Moisés deu ao povo a seguinte ordem: “Quando atravessarem o rio Jordão, as tribos de Simeão, Levi, Judá, Issacar, José e Benjamim ficarão no monte Gerizim, de onde proclamarão uma bênção sobre o povo. As tribos de Rúben, Gade, Aser, Zebulom, Dã e Naftali ficarão no monte Ebal, de onde proclamarão uma maldição. “Então os levitas dirão em alta voz a todo o povo de Israel: ‘Maldito quem esculpir ou fundir um ídolo e o levantar em segredo. Os ídolos, trabalhos de artesãos, são detestáveis ao S enhor ’. E todo o povo responderá: ‘Amém!’. ‘Maldito quem desonrar pai ou mãe’. E todo o povo responderá: ‘Amém!’. ‘Maldito quem roubar a propriedade do próximo, movendo um marco de divisa’. E todo o povo responderá: ‘Amém!’. ‘Maldito quem fizer o cego se desviar de seu caminho’. E todo o povo responderá: ‘Amém!’. ‘Maldito quem negar justiça aos estrangeiros, aos órfãos ou às viúvas’. E todo o povo responderá: ‘Amém!’. ‘Maldito quem tiver relações sexuais com a esposa de seu pai, pois desonrou seu pai’. E todo o povo responderá: ‘Amém!’. ‘Maldito quem tiver relações sexuais com um animal’. E todo o povo responderá: ‘Amém!’. ‘Maldito quem tiver relações sexuais com sua irmã, seja filha de seu pai ou de sua mãe’. E todo o povo responderá: ‘Amém!’. ‘Maldito quem tiver relações sexuais com sua sogra’. E todo o povo responderá: ‘Amém!’. ‘Maldito quem matar o seu próximo em segredo’. E todo o povo responderá: ‘Amém!’. ‘Maldito quem aceitar pagamento para matar um inocente’. E todo o povo responderá: ‘Amém!’. ‘Maldito quem não confirmar e cumprir os termos desta lei’. E todo o povo responderá: ‘Amém!’.” “Se vocês obedecerem em tudo ao S enhor, seu Deus, e cumprirem fielmente todos estes mandamentos que hoje lhes dou, o S enhor, seu Deus, os colocará muito acima de todas as nações da terra. Se obedecerem ao S enhor, seu Deus, vocês receberão as seguintes bênçãos: Suas cidades e seus campos serão abençoados. Seus filhos e suas colheitas serão abençoados. As crias de seu gado e de seus rebanhos serão abençoadas. Seus cestos de frutos e tigelas de amassar pão serão abençoados. A todo lugar que forem e em tudo que fizerem, serão abençoados. “O S enhor derrotará seus inimigos quando eles os atacarem. Eles virão contra vocês de uma direção, mas serão dispersados em sete direções. “O S enhor lhes garantirá bênção em tudo que fizerem e encherá seus celeiros de cereais. O S enhor, seu Deus, os abençoará na terra que ele lhes dá. “Se obedecerem aos mandamentos do S enhor, seu Deus, e andarem em seus caminhos, o S enhor os constituirá como seu povo santo, conforme prometeu sob juramento. Assim, todas as nações da terra verão que vocês são um povo que o S enhor tomou para si e os temerão. “O S enhor lhes dará prosperidade na terra que ele jurou a seus antepassados que daria a vocês, e os abençoará com muitos filhos, rebanhos numerosos e colheitas fartas. No tempo certo, o S enhor enviará chuvas de seu rico tesouro no céu e abençoará todo o trabalho que realizarem. Vocês emprestarão a muitas nações, mas jamais precisarão tomar emprestado delas. Se derem ouvidos a estes mandamentos que hoje lhes dou e se os cumprirem fielmente, o S enhor os fará cabeça, e não cauda, e vocês estarão sempre por cima, e nunca por baixo. Não se desviem, por menos que seja, de nenhum dos mandamentos que hoje lhes dou, e não sigam outros deuses nem os adorem.” “Mas, se vocês se recusarem a dar ouvidos ao S enhor, seu Deus, e não cumprirem todos os mandamentos e decretos que hoje lhes dou, as seguintes maldições cairão sobre vocês e os atingirão: Suas cidades e seus campos serão amaldiçoados. Seus cestos de frutos e suas tigelas de amassar pão serão amaldiçoados. Seus filhos e suas colheitas serão amaldiçoados. As crias de seu gado e de seus rebanhos serão amaldiçoadas. A todo lugar que forem e em tudo que fizerem, serão amaldiçoados. “O próprio S enhor enviará maldições, confusão e frustração em tudo que fizerem, até que, por fim, vocês sejam completamente destruídos por terem praticado o mal e me abandonado. O S enhor os afligirá com pragas, até fazê-los desaparecer da terra em que estão prestes a entrar para tomar posse. O S enhor os ferirá com doenças debilitantes, com febres e inflamações, com calor ardente e secas, com ferrugem e mofo. Essas calamidades os perseguirão até que vocês morram. O céu sobre sua cabeça será tão duro quanto o bronze, e a terra debaixo de vocês será tão impenetrável quanto o ferro. O S enhor transformará em pó a chuva que rega sua terra, e cinzas cairão do céu até que vocês sejam destruídos. “O S enhor fará seus inimigos os derrotarem. Vocês os atacarão de uma direção, mas serão dispersados em sete direções. Serão motivo de horror para todos os reinos da terra. Seus cadáveres serão alimento para as aves do céu e para os animais selvagens, e não haverá ninguém para enxotá-los. “O S enhor os afligirá com as feridas purulentas do Egito e com tumores, sarna e coceira incuráveis. O S enhor os castigará com loucura, cegueira e pânico. Andarão tateando em plena luz do dia, como cegos na escuridão, mas não encontrarão o caminho. Serão oprimidos e roubados continuamente, e ninguém virá para socorrê-los. “Você ficará noivo de uma mulher, mas outro homem dormirá com ela. Construirá uma casa, mas outra pessoa morará nela. Plantará um vinhedo, mas não aproveitará seus frutos. Seu boi será abatido diante de seus olhos, mas você não provará um pedaço sequer da carne. Seu jumento lhe será tomado e não será devolvido. Suas ovelhas serão entregues a seus inimigos, e não haverá quem o ajude. Você verá seus filhos e filhas serem levados embora como escravos. Sentirá intensa saudade deles, mas nada poderá fazer. Uma nação estrangeira desconhecida consumirá as colheitas que vocês trabalharam arduamente para produzir. Vocês sofrerão opressão constante e serão tratados com crueldade. Quando virem as tragédias ao seu redor, acabarão enlouquecendo. O S enhor lhes cobrirá os joelhos e as pernas com feridas incuráveis. Terão feridas da cabeça aos pés. “O S enhor enviará vocês e seu rei para o exílio numa nação que vocês e seus antepassados não conheceram. Ali, adorarão deuses de madeira e de pedra! Serão motivo de horror, de ridículo e de zombaria entre as nações para as quais o S enhor os enviar. “Semearão muito, mas colherão pouco, pois os gafanhotos devorarão suas plantações. Plantarão vinhedos e cuidarão deles, mas não beberão o vinho nem comerão as uvas, pois vermes devorarão as videiras. Cultivarão oliveiras em todo o seu território, mas nunca usarão azeite, pois os frutos cairão antes de amadurecer. Terão filhos e filhas, mas os perderão, pois eles serão levados para o cativeiro. Enxames de insetos destruirão suas árvores e suas plantações. “Os estrangeiros que vivem entre vocês se tornarão cada vez mais fortes, enquanto vocês se tornarão cada vez mais fracos. Eles lhes emprestarão dinheiro, mas vocês não emprestarão a eles. Eles serão a cabeça, e vocês serão a cauda! “Se vocês se recusarem a dar ouvidos ao S enhor, seu Deus, e a obedecer aos mandamentos e decretos que ele lhes deu, todas estas maldições os perseguirão e os alcançarão até que sejam destruídos. Estes horrores servirão de sinal e advertência para vocês e seus descendentes para sempre. Se não servirem ao S enhor, seu Deus, com alegria e entusiasmo pelos muitos benefícios que receberam, servirão aos inimigos que o S enhor enviará contra vocês. Ficarão famintos, sedentos, despidos e desprovidos de tudo. O S enhor porá um jugo de ferro sobre seu pescoço e os oprimirá severamente até que os tenha destruído. “Dos confins da terra, o S enhor trará contra vocês uma nação distante que se lançará sobre vocês como um abutre. Será uma nação cuja língua vocês não compreendem, povo feroz e cruel, que não tem respeito pelos idosos nem pena dos jovens. Os exércitos deles devorarão seus animais e colheitas, e vocês serão destruídos. Não deixarão coisa alguma dos seus cereais, nem vinho novo, azeite, bezerros ou cordeiros, e vocês morrerão de fome. Atacarão suas cidades até derrubarem todos os muros fortificados de sua terra, as muralhas nas quais vocês confiavam como proteção. Atacarão todas as cidades da terra que o S enhor, seu Deus, lhes dá. “O cerco e a grande aflição que o ataque inimigo causará serão tão terríveis que vocês comerão a carne de seus próprios filhos e filhas, que o S enhor, seu Deus, lhes deu. Até o homem de coração mais gentil em seu meio não terá pena do próprio irmão, da esposa amada e dos filhos que sobreviverem. Ele se recusará a dividir com eles a carne que estiver devorando, a carne de um dos próprios filhos, pois não sobrará outra coisa para ele comer durante o cerco e a grande aflição que o inimigo trará sobre todas as suas cidades. A mulher de coração mais gentil entre vocês, tão delicada que nem sequer tocaria o chão com o pé, será mesquinha com o marido a quem ama e com o próprio filho ou filha. Esconderá deles a placenta e o bebê recém-nascido que ela deu à luz para comê-los sozinha em segredo. Não terá outra coisa para comer durante o cerco e a grande aflição que o inimigo trará sobre todas as suas cidades. “Se vocês se recusarem a obedecer a todos os termos desta lei escritos neste livro e se não temerem o nome glorioso e terrível do S enhor, seu Deus, o S enhor oprimirá vocês e seus filhos com pragas indescritíveis. Serão pragas intensas e sem alívio, doenças agonizantes e insuportáveis. Ele os afligirá com todas as doenças do Egito, que vocês temiam tanto, e não terão alívio. O S enhor os afligirá com todas as enfermidades e pragas que existem, mesmo aquelas que não são mencionadas neste Livro da Lei, até que sejam destruídos. Ainda que se tornem tão numerosos quanto as estrelas do céu, poucos restarão, pois não deram ouvidos ao S enhor, seu Deus. “Assim como o S enhor teve grande prazer em fazê-los prosperar e se multiplicar, também terá prazer em destruí-los. Vocês serão arrancados da terra em que estão prestes a entrar para tomar posse. O S enhor os espalhará entre todas as nações, de uma extremidade à outra do mundo. Ali, adorarão deuses estrangeiros que nem vocês nem seus antepassados conheceram, deuses de madeira e pedra. Não encontrarão paz nem lugar de descanso entre essas nações. O S enhor fará seu coração estremecer, sua vista falhar e sua alma desanimar. Sua vida estará sempre por um fio. Passarão os dias e as noites com medo, sem ter certeza se sobreviverão. Pela manhã dirão: ‘Quem nos dera já fosse noite!’, e à noite: ‘Quem nos dera já fosse dia!’. Pois se encherão de pavor com os horrores que verão ao seu redor. Então o S enhor os mandará em navios de volta para o Egito, o lugar que eu prometi que nunca mais veriam. Lá, tentarão vender a si mesmos como escravos para seus inimigos, mas ninguém os comprará”. Estes são os termos da aliança que o S enhor ordenou que Moisés fizesse com os israelitas enquanto estavam na terra de Moabe, além da aliança que havia feito com eles no monte Sinai. Moisés convocou todo o povo de Israel e lhe disse: “Vocês viram com os próprios olhos tudo que o S enhor fez na terra do Egito ao faraó, a todos os seus servos e a toda a sua terra. Presenciaram todas as grandes demonstrações de poder, os sinais e as espantosas maravilhas. Até hoje, porém, o S enhor não lhes deu mente para entender, nem olhos para ver, nem ouvidos para ouvir! Durante quarenta anos eu os conduzi pelo deserto e, no entanto, suas roupas e sandálias não se gastaram. Vocês não comeram pão nem beberam vinho ou outra bebida fermentada, mas receberam alimento para que soubessem que ele é o S enhor, seu Deus. “Quando chegamos aqui, Seom, rei de Hesbom, e Ogue, rei de Basã, nos atacaram, mas nós os derrotamos. Conquistamos seu território e o entregamos às tribos de Rúben, Gade e à meia tribo de Manassés, como sua herança. “Portanto, obedeçam aos termos desta aliança, para prosperarem em tudo que fizerem. Todos vocês — chefes de tribos, autoridades, oficiais, e todos os homens de Israel — estão hoje na presença do S enhor, seu Deus. Estão acompanhados de suas crianças e esposas, bem como dos estrangeiros que vivem em seu meio, que cortam lenha e carregam água para vocês. Estão aqui hoje para entrar na aliança solene que o S enhor, seu Deus, faz com vocês, aliança que inclui maldições. Ao entrarem na aliança hoje, ele os confirmará como seu povo e reafirmará que é o seu Deus, conforme prometeu sob juramento a vocês e a seus antepassados Abraão, Isaque e Jacó. “Não é só com vocês que faço esta aliança, incluindo suas maldições. Faço a aliança com vocês que estão hoje na presença do S enhor, nosso Deus, e também com as gerações futuras que não estão aqui. “Vocês se lembram de como vivemos na terra do Egito e passamos pelo território de nações inimigas quando saímos de lá. Viram as práticas detestáveis delas e seus ídolos de madeira, pedra, prata e ouro. Faço esta aliança com vocês para que ninguém, nenhum homem, mulher, clã ou tribo em seu meio, se afaste do S enhor, nosso Deus, para adorar os deuses das outras nações, e para que nenhuma raiz em seu meio produza frutos amargos e venenosos. “Aqueles que ouvirem as advertências desta maldição não devem se parabenizar e pensar: ‘Estou seguro, embora siga os desejos do meu coração obstinado’. Isso levaria à ruína total! O S enhor não os perdoará. Ao contrário, sua ira e seu zelo arderão contra eles. Todas as maldições escritas neste livro cairão sobre eles, e o S enhor apagará seus nomes de debaixo do céu. O S enhor os separará de todas as tribos de Israel a fim de derramar sobre eles todas as maldições da aliança registradas neste Livro da Lei. “Então as gerações futuras, tanto seus descendentes como os estrangeiros que vêm de terras distantes, verão a devastação da terra e as doenças com as quais o S enhor a aflige. Dirão: ‘A terra inteira foi devastada por enxofre e sal. É uma terra estéril, onde não há nada plantado e nada cresce, nem uma folha de grama. É como as cidades de Sodoma e Gomorra, Admá e Zeboim, que o S enhor destruiu com sua furiosa ira’. “Todas as nações vizinhas perguntarão: ‘Por que o S enhor fez isso com esta terra? Por que se irou tanto?’. “E a resposta será: ‘Foi porque o povo desta terra abandonou a aliança que o S enhor, o Deus de seus antepassados, fez com eles quando os tirou da terra do Egito. Afastaram-se dele para servir e adorar outros deuses que não conheciam, deuses que não lhes era permitido adorar. Por isso a ira do S enhor ardeu contra esta terra e trouxe sobre ela todas as maldições registradas neste livro. Com grande ira e fúria, o S enhor arrancou seu povo da terra e o baniu para outra terra, onde vivem até hoje!’. “O S enhor, nosso Deus, tem segredos que ninguém conhece. Não seremos responsabilizados por eles, mas nós e nossos filhos somos responsáveis para sempre por tudo que ele nos revelou, para que obedeçamos a todos os termos desta lei.” “No futuro, quando vocês experimentarem todas as bênçãos e maldições que lhes relatei, e quando estiverem vivendo entre as nações onde o S enhor, seu Deus, os exilou, levem todas estas instruções a sério. Se, nessa ocasião, vocês e seus filhos voltarem para o S enhor, seu Deus, e se obedecerem de todo o coração e de toda a alma a todos os mandamentos que hoje lhes dou, então o S enhor, seu Deus, restaurará sua situação. Ele terá misericórdia de vocês e os reunirá de todas as nações por onde os espalhou. Embora tenham sido banidos até os confins da terra, o S enhor, seu Deus, os juntará e de lá os trará de volta. O S enhor, seu Deus, os trará à terra que pertencia a seus antepassados, e ela será sua outra vez. Então ele os tornará ainda mais prósperos e numerosos que seus antepassados! “O S enhor, seu Deus, transformará o coração de vocês e de todos os seus descendentes, para que o amem de todo o coração e de toda a alma, e para que vivam! O S enhor, seu Deus, enviará todas essas maldições sobre seus inimigos e sobre aqueles que os odeiam e os perseguem. Então vocês voltarão a obedecer ao S enhor e a cumprir todos os mandamentos que hoje lhes dou. “O S enhor, seu Deus, lhes dará sucesso em tudo que fizerem. Também lhes dará muitos filhos e rebanhos numerosos e fará seus campos produzirem colheitas fartas, pois o S enhor voltará a ter prazer em ser bondoso com vocês, como aconteceu com seus antepassados. O S enhor, seu Deus, se alegrará em vocês se lhe obedecerem e cumprirem os mandamentos e decretos escritos neste Livro da Lei, e se voltarem para o S enhor, seu Deus, de todo o coração e de toda a alma.” “Este mandamento que hoje lhes dou não é difícil demais para vocês, nem está fora de seu alcance. Não está guardado no céu, tão longe que vocês tenham de perguntar: ‘Quem subirá ao céu a fim de trazê-lo até nós aqui embaixo, para que possamos ouvir e obedecer?’. Não está guardado além do mar, tão distante que vocês tenham de perguntar: ‘Quem atravessará o mar a fim de trazê-lo até nós, para que possamos ouvir e obedecer?’. Não, a mensagem está bem perto; está em seus lábios e em seu coração, para que possam obedecer. “Agora ouçam! Hoje lhes dou a escolha entre a vida e a morte, entre a prosperidade e a calamidade. Pois hoje ordeno que amem o S enhor, seu Deus, e guardem seus mandamentos, decretos e estatutos, andando em seus caminhos. Se o fizerem, viverão e se multiplicarão, e o S enhor, seu Deus, abençoará vocês e a terra em que estão prestes a entrar para tomar posse dela. “Se, contudo, seu coração se desviar e vocês se recusarem a ouvir, se forem levados a seguir e adorar outros deuses, eu os advirto hoje de que certamente serão destruídos. Não terão uma vida longa e boa na terra que estão atravessando o Jordão para ocupar. “Hoje lhes dei a escolha entre a vida e a morte, entre bênçãos e maldições. Agora, chamo os céus e a terra como testemunhas da escolha que fizerem. Escolham a vida, para que vocês e seus filhos vivam! Façam isso amando, obedecendo e apegando-se fielmente ao S enhor, pois ele é a sua vida! Se vocês o amarem e lhe obedecerem, ele lhes dará vida longa na terra que o S enhor jurou dar a seus antepassados Abraão, Isaque e Jacó”. Quando Moisés havia terminado de dar estas instruções a todo o povo de Israel, ele disse: “Estou com 120 anos e já não sou capaz de conduzi-los. O S enhor me disse: ‘Você não atravessará o rio Jordão’. Mas o próprio S enhor, seu Deus, atravessará adiante de vocês. Ele destruirá as nações que vivem ali, e vocês tomarão posse da terra. Josué os conduzirá até o outro lado do rio, conforme o S enhor prometeu. “O S enhor destruirá as nações que vivem na terra, como destruiu Seom e Ogue, os reis dos amorreus. O S enhor lhes entregará os povos que vivem ali, e vocês farão com eles o que eu lhes ordenei. Portanto, sejam fortes e corajosos! Não tenham medo e não se apavorem diante deles. O S enhor, seu Deus, irá adiante de vocês. Ele não os deixará nem os abandonará”. Então, enquanto todo o Israel observava, Moisés mandou chamar Josué e lhe disse: “Seja forte e corajoso, pois você conduzirá este povo à terra que o S enhor jurou a seus antepassados que lhes daria. Você a dividirá entre eles e a entregará como herança. Não tenha medo nem desanime, pois o próprio S enhor irá adiante de vocês. Ele estará com vocês; não os deixará nem os abandonará”. Moisés escreveu toda esta lei num livro e o entregou aos sacerdotes que transportavam a arca da aliança do S enhor e às autoridades de Israel. Depois, Moisés lhes deu a seguinte ordem: “Ao final de cada sete anos, no ano do cancelamento das dívidas, durante a Festa das Cabanas, leiam este Livro da Lei para todo o povo de Israel, quando estiverem reunidos diante do S enhor, seu Deus, no lugar que ele escolher. Convoquem todos: homens, mulheres, crianças e os estrangeiros que vivem em suas cidades, para que ouçam este Livro da Lei e aprendam a temer o S enhor, seu Deus, e a obedecer fielmente a todos os termos desta lei. Façam isso para que seus filhos, que não conhecem estas instruções, as ouçam e aprendam a temer o S enhor, seu Deus. Façam isso enquanto viverem na terra da qual tomarão posse ao atravessar o Jordão”. Então o S enhor disse a Moisés: “É chegada a hora de você morrer. Chame Josué e apresentem-se na tenda do encontro, onde darei minhas ordens a ele”. Moisés e Josué foram e se apresentaram na tenda do encontro. O S enhor lhes apareceu numa coluna de nuvem, que parou à entrada da tenda sagrada. O S enhor disse a Moisés: “Você está prestes a morrer e a se reunir a seus antepassados. Quando não estiver mais aqui, este povo começará a se prostituir, adorando deuses estrangeiros, os deuses da terra para onde se dirigem. Eles me abandonarão e quebrarão a aliança que fiz com eles. Então minha ira arderá contra eles. Eu os abandonarei, esconderei deles minha face, e eles serão devorados. Aflições terríveis os atingirão e, naquele dia, dirão: ‘Estas calamidades nos atingiram porque o S enhor não está mais entre nós!’. Naquele dia, esconderei deles minha face por causa de todo o mal que praticaram, adorando outros deuses. “Escrevam, portanto, as palavras desta canção e ensinem-na aos israelitas. Ajudem o povo a aprendê-la, para que ela sirva de testemunha a meu favor e contra eles. Pois eu os farei entrar na terra que jurei dar a seus antepassados, uma terra que produz leite e mel com fartura. Lá, eles se tornarão prósperos, comerão à vontade e engordarão. Contudo, começarão a adorar outros deuses; eles me desprezarão e quebrarão a minha aliança. E, quando grandes calamidades lhes ocorrerem, esta canção servirá de prova contra eles, pois seus descendentes jamais se esquecerão dela. Eu conheço as intenções deles, mesmo antes de entrarem na terra que jurei lhes dar”. Assim, naquele mesmo dia, Moisés escreveu as palavras da canção e a ensinou aos israelitas. Então o S enhor deu ordens a Josué, filho de Num, com as seguintes palavras: “Seja forte e corajoso, pois você conduzirá o povo de Israel à terra que jurei lhes dar. Eu estarei com você”. Quando Moisés terminou de escrever os termos desta lei num livro, deu a seguinte ordem aos levitas que transportavam a arca da aliança do S enhor: “Peguem este Livro da Lei e coloquem-no ao lado da arca da aliança do S enhor, seu Deus, para que ele fique ali como testemunha contra vocês. Pois eu sei como são rebeldes e teimosos. Se, mesmo agora, enquanto ainda estou vivo e em seu meio, vocês se rebelaram, quanto mais rebeldes serão depois da minha morte! “Convoquem agora todas as autoridades e os oficiais de suas tribos para que eu lhes fale diretamente e chame os céus e a terra para testemunharem contra eles. Sei que depois de minha morte vocês se tornarão inteiramente corruptos e se afastarão do caminho que lhes ordenei que seguissem. Nos dias futuros, a calamidade cairá sobre vocês, pois farão o que é mau aos olhos do S enhor e provocarão a ira dele contra seus atos”. Então Moisés recitou a canção inteira diante de toda a comunidade de Israel: “Escutem, ó céus, e falarei! Ouça, ó terra, aquilo que digo! Que meu ensino desça sobre vocês como chuva, que minhas palavras se derramem como orvalho. Caiam como chuva sobre a grama, como garoa suave sobre o capim novo. Proclamarei o nome do S enhor; exaltemos o nosso Deus! Ele é a Rocha, e suas obras são perfeitas; tudo que ele faz é certo. É um Deus fiel, que nunca erra, é justo e verdadeiro! “Seu povo o tratou de maneira desleal, agiu maldosamente, e não como seus filhos; são uma geração perversa e corrompida. É assim que retribuem ao S enhor, povo tolo e sem juízo? Não é ele o Pai de vocês, que os criou? Não foi ele que os fez e os estabeleceu? Lembrem-se dos dias de muito tempo atrás, pensem nas gerações passadas. Perguntem a seus pais, e eles os informarão; consultem os líderes, e eles lhes contarão. Quando o Altíssimo distribuiu a terra entre as nações, quando dividiu a humanidade, fixou os limites dos povos, de acordo com o número dos filhos de Israel. “Pois o povo de Israel pertence ao S enhor; Jacó é sua propriedade especial. Encontrou-os numa terra deserta, numa região desolada e de ventos uivantes. Cercou-os e cuidou deles, protegeu-os como a pupila de seus olhos. Como a águia que incentiva seus filhotes e paira sobre a ninhada, ele estendeu as asas para tomá-los e levá-los em segurança sobre suas penas. O S enhor, e mais ninguém, os guiou; nenhum deus estrangeiro os conduziu. Ele os fez cavalgar sobre os lugares altos da terra e alimentar-se dos frutos dos campos. Nutriu-os com mel da rocha e azeite dos altos rochedos. Alimentou-os com coalhada do gado e leite do rebanho, com a gordura de cordeiros, de carneiros e de bodes de Basã. Comeram o melhor do trigo e beberam do vinho mais fino que as uvas podem dar. “Mas Jesurum não demorou a engordar e se rebelar; o povo se tornou pesado, corpulento e empanturrado! Então abandonaram o Deus que os criou, fizeram pouco caso da Rocha de sua salvação. Provocaram seu zelo, adorando deuses estrangeiros; despertaram sua fúria com ídolos detestáveis. Ofereceram sacrifícios a demônios que não são Deus, a deuses que não conheciam, deuses novos, sem história, deuses que seus antepassados jamais temeram. Abandonaram a Rocha que os gerou, esqueceram-se do Deus que os fez nascer. “O S enhor viu isso e se afastou, provocado à ira por seus filhos e filhas. Disse: ‘Eu os abandonarei; veremos o que será deles! Pois são uma geração perversa, filhos infiéis. Provocaram meu ciúme adorando coisas que não são Deus; despertaram minha ira com seus ídolos inúteis. Agora, provocarei seu ciúme com uma gente que nem sequer é povo; despertarei sua ira por meio de uma nação insensata. Pois minha ira arde como o fogo e queima até as profundezas da sepultura. Devora a terra e todas as suas colheitas e incendeia os alicerces dos montes. Amontoarei calamidades sobre eles e os derrubarei com minhas flechas. Eu os enfraquecerei com fome, febre alta e enfermidade mortal. Enviarei as presas de animais selvagens, e o veneno das serpentes que se arrastam no pó. Fora de casa, a espada trará morte; dentro dela, o pavor atingirá rapazes e moças, crianças e idosos. Meu desejo era aniquilá-los, apagar até sua lembrança dentre os povos. Mas temi a reação dos inimigos de Israel, que entenderiam mal e diriam: ‘Foi o nosso poder que triunfou! O S enhor nada teve a ver com isso!’”. “Israel, porém, é uma nação sem juízo; seu povo é tolo, sem entendimento. Ah, se fossem sábios e compreendessem estas coisas! Ah, se soubessem o fim que os espera! Como poderia uma só pessoa perseguir mil deles, e duas pessoas fazer dez mil fugirem, a não ser que sua Rocha os tivesse vendido, a não ser que o S enhor os tivesse entregado? Mas a rocha de nossos inimigos não é como nossa Rocha, como até eles mesmos reconhecem. A videira deles vem da videira de Sodoma, dos campos de Gomorra. As uvas deles são veneno, e seus cachos são amargos. O vinho deles é veneno de cobras, peçonha mortal de serpentes. “O S enhor diz: ‘Acaso não selei estas coisas e as guardei em meus tesouros? A vingança cabe a mim, eu lhes darei o troco; no devido tempo, seus pés escorregarão. O dia da calamidade chegará, e seu destino os alcançará’. “Por certo o S enhor julgará seu povo, e mudará seus planos para seus servos, quando vir que a força deles se esgotou e que ninguém sobrou, nem escravo nem livre. Então ele perguntará: ‘Onde estão seus deuses, as rochas em que se refugiaram? Onde estão os deuses que comeram a gordura de seus sacrifícios e beberam o vinho de suas ofertas? Que esses deuses se levantem e os socorram! Que eles lhes deem abrigo! Vejam agora que eu sou o único; não há outro deus além de mim! Causo a morte e dou a vida, causo a ferida e faço sarar; ninguém pode escapar de minha mão poderosa! Agora, levanto minha mão para o céu e declaro: ‘Tão certo quanto eu vivo, quando eu afiar minha espada reluzente, e começar a fazer justiça, eu me vingarei de meus inimigos e darei o troco aos que me rejeitaram. Farei minhas flechas se embebedarem de sangue, e minha espada devorará carne: o sangue dos massacrados e dos prisioneiros, e as cabeças dos líderes inimigos’. “Alegrem-se com ele, ó céus, e todos os anjos de Deus o adorem. Alegrem-se com seu povo, ó nações, e todos os anjos se fortaleçam nele; Pois ele retribuirá o sangue de seus filhos e se vingará de seus inimigos. Ele dará o troco aos que o odeiam e purificará a terra de seu povo”. Então Moisés foi com Josué, filho de Num, e recitou todas as palavras dessa canção para o povo. Quando Moisés terminou de recitar todas essas palavras ao povo de Israel, acrescentou: “Levem a sério todas as advertências que hoje lhes dei. Transmitam-nas como ordens a seus filhos, para que eles cumpram fielmente todos os termos desta lei. Não são palavras vazias; são a vida de vocês! Se obedecerem a elas, terão vida longa na terra da qual tomarão posse quando atravessarem o rio Jordão”. Naquele mesmo dia, o S enhor disse a Moisés: “Vá a Moabe, às montanhas a leste do rio, e suba o monte Nebo, do lado oposto de Jericó. Veja a terra de Canaã, a terra que dou aos israelitas como sua propriedade. Você morrerá ali no monte e será reunido a seus antepassados, como Arão morreu no monte Hor e foi reunido a seus antepassados. Será assim porque vocês dois quebraram minha confiança diante dos israelitas nas águas de Meribá, em Cades, no deserto de Zim. Não honraram minha santidade para os israelitas. Por isso você verá a terra de longe, mas não entrará na terra que dou ao povo de Israel”. Esta é a bênção que Moisés, homem de Deus, deu aos israelitas antes de sua morte: “O S enhor veio do monte Sinai e alvoreceu sobre nós desde o monte Seir; resplandeceu desde o monte Parã e veio de Meribá-Cades com fogo ardente em sua mão direita. Por certo ele ama seu povo; todos os seus santos estão em suas mãos. Seguem seus passos e recebem seus ensinamentos. Moisés nos deu a lei, a propriedade especial do povo de Israel. O S enhor era rei em Jesurum, quando os líderes do povo se reuniram, quando as tribos de Israel se juntaram como uma só”. “Que a tribo de Rúben viva e não desapareça, embora não seja numerosa”. Foi isto que Moisés disse a respeito da tribo de Judá: “Ó S enhor, ouve o clamor de Judá e reúne-os como um só povo. Dá-lhes forças para defender sua causa; ajuda-os contra seus inimigos”. A respeito da tribo de Levi, disse: “Ó S enhor, deste o Tumim e o Urim, as sortes sagradas, a teus servos fiéis. Tu os provaste em Massá e lutaste com eles junto às águas de Meribá. Os levitas obedeceram à tua palavra e guardaram a tua aliança. Foram mais leais a ti que aos próprios pais. Ignoraram os parentes e não reconheceram os próprios filhos. Ensinaram teus estatutos a Jacó, deram tuas instruções a Israel. Oferecem incenso diante de ti e apresentam holocaustos inteiros no teu altar. Abençoa o serviço dos levitas, ó S enhor, e aceita todo o trabalho de suas mãos. Quebra os quadris de seus inimigos; derruba seus adversários, para que nunca voltem a se levantar”. A respeito da tribo de Benjamim, disse: “Benjamim é amado pelo S enhor e vive em segurança ao seu lado. Ele o protege continuamente e o faz descansar sobre seus ombros”. A respeito da tribo de José, disse: “O S enhor abençoe suas terras com a dádiva preciosa do orvalho do céu e água das profundezas da terra; com os ricos frutos que amadurecem ao sol e as colheitas fartas de cada mês; com as mais excelentes safras dos montes antigos, e os ricos frutos das colinas eternas; com as melhores dádivas da terra e sua fartura, e o favor daquele que apareceu no arbusto em chamas. Que essas bênçãos repousem sobre a cabeça de José e coroem a fronte do príncipe entre seus irmãos. José é majestoso como um touro jovem; tem a força de um boi selvagem. Com seus chifres expulsará as nações distantes até os confins da terra. Essa é a minha bênção para as multidões de Efraim e para os milhares de Manassés”. A respeito da tribo de Zebulom, disse: “Que o povo de Zebulom prospere em suas viagens, que o povo de Issacar prospere em suas tendas. Convocam o povo ao monte para ali oferecer os sacrifícios apropriados. Fartam-se das riquezas do mar e dos tesouros escondidos na areia”. A respeito da tribo de Gade, disse: “Abençoado é aquele que expande o território de Gade! Gade fica à espreita como leão, para arrancar um braço ou uma cabeça. O povo de Gade tomou para si a melhor parte da terra; a ele foi entregue a porção do líder. Quando os líderes do povo estavam reunidos, executou a justiça do S enhor e obedeceu a seus estatutos para Israel”. A respeito da tribo de Dã, disse: “Dã é filhote de leão, que salta de Basã”. A respeito da tribo de Naftali, disse: “Ó Naftali, você é rico em favor e repleto das bênçãos do S enhor; herdará as terras do oeste e do sul”. E, a respeito da tribo de Aser, disse: “Que Aser seja mais abençoado que os outros filhos; seja ele estimado por seus irmãos e banhe os pés em óleo de oliva. Que as trancas de suas portas sejam de ferro e bronze e sua força dure por todos os seus dias”. “Não há ninguém como o Deus de Jesurum! Ele cavalga pelos céus para ajudá-los e monta as nuvens com majestoso esplendor. O Deus eterno é seu refúgio, e seus braços eternos os sustentam. Expulsa os inimigos de diante de vocês e grita: ‘Destruam esses povos!’. Israel viverá em paz, a fonte de Jacó estará segura numa terra de cereais e vinho novo, onde os céus gotejam orvalho. Como você é feliz, ó Israel! Quem é como você, povo salvo pelo S enhor? Ele é seu escudo protetor e sua espada triunfante! Seus inimigos se encolherão de medo diante de você, e você lhes pisoteará as costas”. Então Moisés subiu das campinas de Moabe ao monte Nebo, até o topo do Pisga, do lado oposto de Jericó. Ali o S enhor lhe mostrou toda a terra, de Gileade a Dã; toda a terra de Naftali; a terra de Efraim e Manassés; a terra de Judá, que se estende até o mar Mediterrâneo; o Neguebe; o vale do Jordão, com Jericó, a cidade das palmeiras, até Zoar. O S enhor disse a Moisés: “Esta é a terra que prometi sob juramento a Abraão, Isaque e Jacó, quando disse: ‘Eu a darei a seus descendentes’. Sim, permiti que você a visse com seus próprios olhos, mas você não atravessará o rio para entrar nela”. Assim, Moisés, servo do S enhor, morreu ali na terra de Moabe, conforme o S enhor tinha dito. Ele o sepultou num vale junto a Bete-Peor, em Moabe, mas até hoje ninguém sabe o lugar exato. Moisés tinha 120 anos quando morreu e, no entanto, ainda enxergava bem e tinha todas as suas forças. Os israelitas prantearam a morte de Moisés por trinta dias nas campinas de Moabe, até se cumprir o período do ritual de luto. Josué, filho de Num, estava cheio do espírito de sabedoria, pois Moisés havia imposto as mãos sobre ele. Por isso, os israelitas lhe obedeceram e fizeram o que o S enhor havia ordenado a Moisés. Nunca houve em Israel outro profeta como Moisés, a quem o S enhor conhecia face a face. O S enhor o enviou ao Egito para realizar todos os sinais e maravilhas contra o faraó, contra todos os seus servos e contra toda a sua terra. Com grande poder, Moisés realizou atos temíveis diante dos olhos de todo o Israel. Depois que Moisés, servo do S enhor, morreu, o S enhor disse a Josué, filho de Num, auxiliar de Moisés: “Meu servo Moisés está morto; chegou a hora de você conduzir todo este povo, os israelitas, para atravessar o rio Jordão e entrar na terra que eu lhes dou. Eu darei a vocês todo o lugar em que pisarem, conforme prometi a Moisés, desde o deserto do Neguebe, ao sul, até os montes do Líbano, ao norte; desde o rio Eufrates, a leste, até o mar Mediterrâneo, a oeste, incluindo toda a terra dos hititas. Enquanto você viver, ninguém será capaz de lhe resistir, pois eu estarei com você, assim como estive com Moisés. Não o deixarei nem o abandonarei. “Seja forte e corajoso, pois você conduzirá este povo para tomar posse da terra que jurei dar a seus antepassados. Seja somente forte e muito corajoso. Tenha o cuidado de cumprir toda a lei que meu servo Moisés lhe ordenou. Não se desvie dela nem para um lado nem para o outro. Assim você será bem-sucedido em tudo que fizer. Relembre continuamente os termos deste Livro da Lei. Medite nele dia e noite, para ter certeza de cumprir tudo que nele está escrito. Então você prosperará e terá sucesso em tudo que fizer. Esta é minha ordem: Seja forte e corajoso! Não tenha medo nem desanime, pois o S enhor, seu Deus, estará com você por onde você andar”. Então Josué ordenou aos oficiais do povo: “Percorram o acampamento e digam ao povo que prepare os suprimentos, pois daqui a três dias vocês atravessarão o rio Jordão e tomarão posse da terra que o S enhor, seu Deus, lhes dá”. Em seguida, Josué convocou as tribos de Rúben e Gade e a meia tribo de Manassés e disse: “Lembrem-se do que Moisés, servo do S enhor, lhes ordenou: ‘O S enhor, seu Deus, lhes concede um lugar de descanso e lhes dá esta terra’. Suas esposas, seus filhos e seus animais ficarão na terra que Moisés designou para vocês a leste do Jordão. Mas seus guerreiros valentes, completamente armados, atravessarão o Jordão à frente das outras tribos e as ajudarão. Permaneçam com seus irmãos até que o S enhor conceda descanso a eles como concedeu a vocês, e até que eles também tomem posse da terra que o S enhor, seu Deus, lhes dá. Só então vocês voltarão e se estabelecerão na terra a leste do Jordão, o lugar que Moisés, servo do S enhor, designou para que vocês tomassem posse”. Eles responderam a Josué: “Faremos tudo que você ordenar e iremos aonde nos enviar. Obedeceremos a você como obedecemos em tudo a Moisés. Que o S enhor, seu Deus, esteja sempre com você, como esteve com Moisés. Quem se rebelar contra as suas ordens e não obedecer às suas palavras será morto. Seja somente forte e corajoso!”. Então, do acampamento em Sitim, Josué, filho de Num, enviou secretamente dois espiões, com a seguinte instrução: “Façam o reconhecimento da terra, especialmente dos arredores de Jericó”. Os dois homens partiram e chegaram à casa de uma prostituta chamada Raabe, e ali passaram a noite. A notícia chegou ao rei de Jericó: “Alguns israelitas vieram aqui esta noite para espionar a terra”. Então o rei de Jericó enviou a seguinte ordem a Raabe: “Traga para fora os homens que entraram em sua casa, pois vieram espionar toda a terra”. Raabe havia escondido os dois homens, mas respondeu: “Sim, os homens estiveram aqui, mas eu não sabia de onde eram. Foram embora da cidade ao anoitecer, quase na hora de fechar os portões. Não sei para onde foram. Se vocês os perseguirem, é provável que os alcancem”. Na verdade, ela havia levado os homens para o terraço e os escondido debaixo dos feixes de linho que tinha posto ali. Os homens do rei procuraram os espiões pelo caminho que ia até a parte rasa do Jordão, onde se podia atravessar. Assim que eles saíram, os portões de Jericó foram fechados. Antes que os espiões fossem dormir, Raabe foi ao terraço falar com eles. “Sei que o S enhor lhes deu esta terra”, disse ela. “Estamos todos apavorados por sua causa. Todos os habitantes desta terra estão desesperados, pois ouvimos que o S enhor secou as águas do mar Vermelho para que vocês passassem, quando saíram do Egito. E sabemos o que fizeram a leste do Jordão aos dois reis amorreus Ogue e Seom, cujos povos vocês destruíram completamente. Não é à toa que estamos dominados pelo medo! Ninguém tem ânimo para lutar depois de ouvir coisas como essas, pois o S enhor, seu Deus, é Deus supremo em cima no céu e embaixo na terra. “Agora, portanto, jurem-me pelo S enhor que, assim como os tratei com bondade, vocês serão bondosos comigo e com minha família. Deem-me alguma garantia de que, quando Jericó for conquistada, vocês pouparão a minha vida e a vida de meu pai e minha mãe, e também a de meus irmãos e irmãs e de suas famílias.” Os homens responderam: “Oferecemos a própria vida como garantia de sua segurança. Se você não nos entregar, cumpriremos nossa promessa e trataremos vocês com bondade quando o S enhor nos der a terra”. Então Raabe os ajudou a descer pela janela por uma corda, pois sua casa fazia parte do muro da cidade. “Fujam para a região montanhosa”, disse ela. “Escondam-se ali por três dias. Quando os homens que estão à sua procura tiverem voltado, vocês poderão seguir seu caminho.” Antes de partir, os homens disseram a Raabe: “Só estaremos obrigados pelo juramento que fizemos se você seguir nossas instruções. Quando entrarmos na terra, deixe este cordão vermelho pendurado na janela por onde você nos ajudou a descer. Todos os membros de sua família — pai, mãe, irmãos e todos os seus parentes — devem estar dentro desta casa. Se saírem na rua e forem mortos, não teremos culpa. Mas, se alguém fizer mal aos que estiverem dentro desta casa, assumiremos a responsabilidade por sua morte. E, se você falar a outros sobre nossa missão, estaremos livres do juramento que fizemos”. “Eu aceito suas condições”, respondeu ela, e despediu-se deles, deixando o cordão vermelho pendurado na janela. Os espiões subiram até a região montanhosa e ali ficaram por três dias. Seus perseguidores os procuraram por todo o caminho, mas não os encontraram e voltaram. Então os dois espiões desceram da região montanhosa, atravessaram o Jordão e relataram a Josué, filho de Num, tudo que lhes havia acontecido. “Certamente o S enhor nos deu toda a terra”, disseram eles. “Todos os seus habitantes estão desesperados por nossa causa.” No dia seguinte, logo cedo, Josué e todos os israelitas partiram de Sitim e chegaram às margens do Jordão, onde acamparam antes de atravessar o rio. Três dias depois, os oficiais percorreram o acampamento e deram a seguinte ordem ao povo: “Quando virem a arca da aliança do S enhor, seu Deus, sendo carregada pelos sacerdotes levitas, saiam de suas posições e sigam a arca. Tenham o cuidado de ficar cerca de um quilômetro atrás dela. Não se aproximem demais! Assim vocês saberão por onde ir, pois nunca passaram por este caminho”. Então Josué disse ao povo: “Purifiquem-se, pois amanhã o S enhor fará grandes maravilhas entre vocês!”. Pela manhã, Josué disse aos sacerdotes: “Levantem a arca da aliança e conduzam o povo para o outro lado do rio”. Eles levantaram a arca da aliança e foram à frente do povo. O S enhor disse a Josué: “Hoje começarei a fazer de você um grande líder aos olhos de todo o Israel. Eles saberão que estou com você, assim como estive com Moisés. Dê a seguinte ordem aos sacerdotes que carregam a arca da aliança: ‘Quando chegarem junto às margens do Jordão, parem exatamente ali’”. Então Josué disse aos israelitas: “Aproximem-se e ouçam o que diz o S enhor, seu Deus. Hoje vocês saberão que o Deus vivo está entre vocês. Ele certamente expulsará os cananeus, os hititas, os heveus, os ferezeus, os girgaseus, os amorreus e os jebuseus de diante de vocês. Vejam, a arca da aliança, que pertence ao Soberano de toda a terra, os conduzirá para o outro lado do Jordão! Escolham agora doze homens das tribos de Israel, um de cada tribo. Os sacerdotes levarão a arca do S enhor, o Soberano de toda a terra. Assim que seus pés tocarem as águas do Jordão, a correnteza será interrompida rio acima, e as águas se levantarão como um muro”. O povo deixou o acampamento para atravessar o Jordão, e os sacerdotes que levavam a arca da aliança foram à frente deles. Era a estação da colheita, e o Jordão transbordava sobre as margens. Assim que os sacerdotes que levavam a arca puseram os pés na água junto às margens do rio, a correnteza acima daquele ponto foi interrompida e começou a se acumular a uma grande distância de lá, perto da cidade chamada Adam, nos arredores de Zaretã. E a água abaixo daquele ponto correu para o mar Morto, até o leito do rio secar. Então todo o povo atravessou em frente da cidade de Jericó. Os sacerdotes que levavam a arca da aliança do S enhor ficaram parados no meio do leito do rio, em terra seca, enquanto o povo passava. Esperaram ali até que todo o Israel tivesse atravessado o Jordão em terra seca. Quando todo o povo havia atravessado o Jordão, o S enhor disse a Josué: “Escolha doze homens, um de cada tribo, e dê a eles as seguintes ordens: ‘Peguem doze pedras do local onde os sacerdotes estão parados no meio do rio. Levem as pedras com vocês e amontoem-nas no lugar onde vão acampar esta noite’”. Então Josué convocou os doze homens que havia escolhido, um de cada tribo de Israel, e lhes disse: ‘Vão até o meio do Jordão, à frente da arca do S enhor, seu Deus. Cada um de vocês pegue uma pedra e carregue-a sobre o ombro; serão doze pedras no total, uma para cada tribo de Israel. Elas serão um monumento entre vocês. No futuro, seus filhos perguntarão: ‘O que significam estas pedras?’, e vocês dirão: ‘Elas servem para nos lembrar que o rio Jordão parou de correr quando a arca da aliança do S enhor passou por ele’. Essas pedras serão uma recordação no meio dos israelitas para sempre”. Assim, os israelitas fizeram como Josué havia ordenado. Pegaram doze pedras do meio do Jordão, uma para cada tribo, exatamente como o S enhor tinha dito a Josué. Levaram as pedras ao lugar onde acamparam aquela noite e as deixaram ali. Josué também ergueu um monumento com doze pedras no meio do Jordão, no lugar onde haviam parado os sacerdotes que levavam a arca da aliança. Essas pedras estão lá até hoje. Os sacerdotes que levavam a arca ficaram parados no meio do rio até que fossem cumpridas todas as ordens do S enhor transmitidas a Josué por Moisés. E o povo se apressou em atravessar o leito do rio. Quando todos chegaram ao outro lado, os sacerdotes atravessaram com a arca do S enhor, enquanto o povo observava. Os guerreiros das tribos de Rúben e Gade e da meia tribo de Manassés atravessaram à frente dos israelitas, armados conforme Moisés havia instruído. Esses homens, cerca de quarenta mil, estavam armados para a guerra, e o S enhor ia com eles enquanto avançavam para a planície de Jericó. Naquele dia, o S enhor fez de Josué um grande líder aos olhos de todo o Israel, e eles o respeitaram enquanto ele viveu, como haviam respeitado Moisés. O S enhor disse a Josué: “Ordene aos sacerdotes que levam a arca da aliança que saiam do meio do rio”. Então Josué ordenou: “Saiam do meio do rio!”. Assim que os sacerdotes que levavam a arca da aliança do S enhor saíram do leito do rio e pisaram em terra seca, a água do Jordão voltou a fluir e transbordou sobre as margens como antes. O povo atravessou o Jordão no décimo dia do primeiro mês e acampou em Gilgal, a leste de Jericó. Foi ali, em Gilgal, que Josué ergueu o monumento com as doze pedras tiradas do Jordão. Então Josué disse aos israelitas: “No futuro, seus filhos perguntarão: ‘O que significam estas pedras?’, e vocês dirão: ‘Aqui o povo de Israel atravessou o Jordão a pés enxutos’. Pois o S enhor, seu Deus, secou o rio diante de seus olhos e o manteve seco até todos vocês atravessarem, como fez com o mar Vermelho quando o secou até que todos nós tivéssemos atravessado. Fez isso para que todas as nações da terra saibam que a mão do S enhor é poderosa e para que vocês temam o S enhor, seu Deus, para sempre”. Quando todos os reis amorreus a oeste do Jordão e todos os reis cananeus que viviam junto ao mar souberam como o S enhor havia secado o Jordão para que os israelitas atravessassem, perderam o ânimo e se encheram de medo por causa deles. Naquela ocasião, o S enhor disse a Josué: “Prepare facas de pedra e circuncide esta segunda geração de israelitas”. Então Josué preparou facas de pedra e circuncidou toda a população masculina de Israel em Gibeate-Aralote. Josué teve de circuncidá-los porque todos os homens com idade suficiente para ir à guerra quando saíram do Egito haviam morrido no deserto. Todos os que saíram haviam sido circuncidados, mas isso não aconteceu com os homens que nasceram depois da saída do Egito, durante o tempo no deserto. Os israelitas andaram quarenta anos pelo deserto, até que tivessem morrido todos os homens com idade suficiente para ir à guerra quando saíram do Egito. O povo havia desobedecido ao S enhor, e o S enhor jurou que não os deixaria entrar na terra que ele tinha prometido solenemente nos dar, uma terra que produz leite e mel com fartura. Assim, Josué circuncidou os filhos dos israelitas que haviam crescido e tomado o lugar de seus pais, pois não tinham sido circuncidados no caminho. Depois que toda a população masculina foi circuncidada, o povo permaneceu no acampamento até os homens se recuperarem. Então o S enhor disse a Josué: “Hoje lancei fora a vergonha de sua escravidão no Egito”. Por isso, até hoje aquele lugar se chama Gilgal. Enquanto estavam acampados em Gilgal, na planície de Jericó, os israelitas celebraram a Páscoa ao entardecer do décimo quarto dia do primeiro mês. No dia seguinte, começaram a comer pão sem fermento e grãos tostados produzidos na terra. No dia em que começaram a comer das colheitas da terra, o maná deixou de cair e nunca mais apareceu. Daquele momento em diante, os israelitas passaram a se alimentar do que a terra de Canaã produzia. Quando Josué estava perto da cidade de Jericó, olhou para cima e viu um homem em pé diante dele, com uma espada na mão. Josué se aproximou e lhe perguntou: “Você é amigo ou inimigo?”. O homem respondeu: “Na verdade, cheguei agora e sou comandante do exército do S enhor ”. Então Josué se prostrou com o rosto no chão em sinal de reverência e disse: “Que ordens meu senhor tem para mim?”. O comandante do exército do S enhor respondeu: “Tire as sandálias, pois o lugar em que você está é santo”. E Josué obedeceu. Os portões de Jericó estavam muito bem fechados, pois seus habitantes tinham medo dos israelitas. Ninguém podia sair nem entrar. Mas o S enhor disse a Josué: “Eu lhe entreguei Jericó, seu rei e todos os seus fortes guerreiros. Você e seus homens de guerra marcharão ao redor da cidade uma vez por dia, durante seis dias. Sete sacerdotes irão à frente da arca, e cada um levará uma trombeta de chifre de carneiro. No sétimo dia, marchem ao redor da cidade sete vezes, enquanto os sacerdotes tocam as trombetas. Quando os sacerdotes fizerem soar um toque longo, todo o povo dará um forte grito de guerra. Então cairá o muro da cidade e o povo atacará, cada um do ponto onde estiver”. Josué, filho de Num, reuniu os sacerdotes e disse: “Levem a arca da aliança do S enhor e escolham sete sacerdotes para irem à frente dela, cada sacerdote com uma trombeta de chifre de carneiro”. Em seguida, ordenou ao povo: “Marchem ao redor da cidade. Os homens armados irão à frente da arca do S enhor ”. Depois que Josué falou ao povo, os sete sacerdotes que levavam as trombetas diante do S enhor começaram a marchar, avançando e tocando os instrumentos. A arca da aliança do S enhor ia atrás deles. Alguns dos homens armados iam à frente dos sacerdotes que tocavam as trombetas e outros iam atrás da arca, enquanto os sacerdotes tocavam sem parar. Josué ordenou: “Não soltem o grito de guerra! Não digam palavra alguma até que eu lhes dê a ordem. Então, gritem!”. Assim, a arca do S enhor foi levada ao redor da cidade apenas uma vez naquele dia; depois, voltaram ao acampamento e ali passaram a noite. Na manhã seguinte, Josué se levantou cedo e, mais uma vez, os sacerdotes levaram a arca do S enhor. Os sete sacerdotes com as trombetas de chifre de carneiro marcharam à frente da arca do S enhor, tocando seus instrumentos. Os homens armados marcharam à frente dos sacerdotes com as trombetas e atrás da arca do S enhor, enquanto os sacerdotes tocavam sem parar. No segundo dia, marcharam ao redor da cidade uma vez e depois voltaram ao acampamento. Fizeram o mesmo por seis dias. No sétimo dia, os israelitas se levantaram ao amanhecer e marcharam ao redor da cidade, como haviam feito antes. Dessa vez, porém, rodearam a cidade sete vezes. Na sétima vez, enquanto os sacerdotes faziam soar um toque longo das trombetas, Josué ordenou ao povo: “Gritem! O S enhor lhes entregou a cidade! Jericó e tudo que há dentro dela serão completamente destruídos como oferta ao S enhor. Somente a prostituta Raabe e os outros que estiverem em sua casa serão poupados, pois ela protegeu nossos espiões. “Não levem coisa alguma daquilo que foi separado para destruição, ou vocês mesmos serão completamente destruídos e trarão desgraça ao acampamento de Israel. Toda a prata, todo o ouro e todos os objetos de bronze e de ferro serão separados para o S enhor e deverão ser levados para o seu tesouro”. Quando o povo ouviu o som das trombetas, gritou com toda a força. De repente, o muro de Jericó veio abaixo. O povo atacou a cidade, cada um do ponto onde estava, e a tomou. Com suas espadas, destruíram completamente tudo que havia dentro dela: homens e mulheres, jovens e velhos, bois, ovelhas e jumentos. Josué disse aos dois espiões: “Cumpram sua promessa! Vão à casa da prostituta e tirem-na de lá com toda a sua família”. Então os homens que haviam espionado a terra entraram na cidade e tiraram de lá Raabe, seu pai, sua mãe, seus irmãos e todos os outros parentes que estavam com ela. Levaram a família toda para um lugar seguro fora do acampamento de Israel. Os israelitas incendiaram a cidade e tudo que havia dentro dela. Guardaram somente a prata, o ouro e todos os objetos de bronze e de ferro para o tesouro da casa do S enhor. Josué, no entanto, poupou a vida da prostituta Raabe e dos parentes que estavam em sua casa, pois ela escondeu os espiões que Josué tinha enviado a Jericó. E até hoje ela vive no meio de Israel. Naquela ocasião, Josué pronunciou esta maldição: “Que a maldição do S enhor caia sobre qualquer um que tentar reconstruir a cidade de Jericó. À custa de seu filho mais velho, lançará o alicerce. À custa de seu filho mais novo, colocará seus portões”. Assim, o S enhor estava com Josué, e sua fama se espalhou por toda a terra. Mas os israelitas violaram as instruções a respeito das coisas separadas para o S enhor. Um homem chamado Acã roubou algumas delas, e a ira do S enhor se acendeu contra os israelitas. Acã era filho de Carmi, filho de Zimri, filho de Zerá, da tribo de Judá. Josué enviou de Jericó alguns de seus homens para espionar a cidade de Ai, a leste de Betel, perto de Bete-Áven. “Subam e espionem a terra”, disse ele. Quando voltaram, disseram a Josué: “Não é necessário que todo o povo suba até lá; basta mandar dois ou três mil homens para atacarem Ai. Uma vez que eles são tão poucos, não canse todo o povo”. Portanto, subiram apenas cerca de três mil guerreiros, mas eles fugiram diante dos homens de Ai, que os perseguiram desde o portão da cidade até as pedreiras e mataram 36 soldados que recuavam pela encosta. Com isso, o povo se encheu de medo e perdeu completamente o ânimo. Josué e as autoridades de Israel rasgaram as roupas, jogaram terra sobre a cabeça e se prostraram com o rosto no chão diante da arca do S enhor até o entardecer. Então Josué clamou: “Ó Soberano S enhor, por que nos fizeste atravessar o Jordão para nos entregar aos amorreus? Antes tivéssemos nos contentado em ficar do outro lado do rio! Senhor, o que posso dizer agora que Israel fugiu de seus inimigos? Quando os cananeus e todos os outros povos que vivem na região souberem do que aconteceu, nos cercarão e apagarão o nosso nome da face da terra. E então, o que será da honra do teu grande nome?”. Mas o S enhor disse a Josué: “Levante-se! Por que você está prostrado com o rosto no chão? Israel pecou e quebrou a minha aliança! Roubou alguns dos objetos que eu ordenei que fossem separados para mim. E não apenas os roubou, mas também mentiu a respeito e os escondeu no meio de seus pertences. Por isso os israelitas foram derrotados e fugiram de seus inimigos. Agora Israel foi separado para a destruição. Não permanecerei mais com vocês, a menos que eliminem do seu meio aquilo que foi separado para a destruição. “Levante-se! Ordene ao povo que se purifique a fim de se preparar para amanhã. Pois isto é o que o S enhor, o Deus de Israel, diz: Ó Israel, há coisas separadas para o S enhor escondidas em seu meio! Vocês não serão capazes de vencer seus inimigos enquanto não removerem de seu meio esses objetos. “Apresentem-se amanhã cedo, uma tribo por vez, e o S enhor mostrará de qual tribo é o culpado. Essa tribo virá à frente com seus clãs, e o S enhor mostrará o clã culpado. Esse clã virá à frente, e o S enhor mostrará a família culpada. Por fim, cada homem da família culpada virá à frente. Aquele que roubou o que foi separado para a destruição será queimado com tudo que lhe pertencer, pois quebrou a aliança do S enhor e fez algo terrível em Israel”. Logo cedo no dia seguinte, Josué reuniu Israel de acordo com suas tribos, e a tribo de Judá foi escolhida. Os clãs de Judá vieram à frente, e o clã de Zerá foi escolhido. As famílias de Zerá vieram à frente, e a família de Zimri foi escolhida. Cada homem da família de Zimri foi trazido à frente, e Acã, filho de Carmi, filho de Zimri, filho de Zerá, da tribo de Judá, foi escolhido. Então Josué disse a Acã: “Meu filho, dê glória e louvor ao S enhor, o Deus de Israel. Confesse e conte-me o que você fez. Não o esconda de mim”. Acã respondeu: “De fato, pequei contra o S enhor, o Deus de Israel. Foi isto o que fiz: entre os despojos, vi uma bela capa da Babilônia, cerca de dois quilos e meio de prata e uma barra de ouro com pouco mais de meio quilo. Eu os desejei tanto que os tomei para mim. Estão escondidos no chão, debaixo de minha tenda, com a prata por baixo”. Josué mandou alguns homens fazerem uma busca. Eles correram até a tenda e encontraram escondidos ali os bens roubados como Acã tinha dito, com a prata por baixo. Tiraram os objetos da tenda e os levaram a Josué e a todos os israelitas, e depois os colocaram no chão, na presença do S enhor. Então Josué e todos os israelitas tomaram Acã, filho de Zerá, a prata, a capa e a barra de ouro, e também os filhos, as filhas, os bois, os jumentos, as ovelhas, a tenda e tudo que pertencia a Acã, e levaram ao vale de Acor. Josué disse a Acã: “Por que você trouxe desgraça sobre nós? Agora o S enhor trará desgraça sobre você!”. Então todo o povo apedrejou Acã e sua família e queimou os corpos. Ergueram sobre Acã um grande monte de pedras que continua lá até hoje. Por isso, desde então, aquele lugar é chamado de vale de Acor. Com isso, a ira ardente do S enhor se apagou. O S enhor disse a Josué: “Não tenha medo nem desanime! Pegue todos os seus homens de guerra e avance contra Ai, pois eu lhe entreguei o rei de Ai, seu povo e sua terra. Você os destruirá como destruiu Jericó e seu rei. Desta vez, porém, poderão ficar com os despojos e os animais. Prepare uma emboscada atrás da cidade”. Então Josué e todos os seus homens de guerra partiram para atacar Ai. Josué escolheu trinta mil de seus melhores guerreiros e, de noite, os enviou com as seguintes ordens: “Armem uma emboscada atrás da cidade, perto dela, e preparem-se para entrar em ação. Quando nosso exército principal atacar, os homens de Ai sairão para a luta, como fizeram antes, e nós fugiremos deles. Eles nos perseguirão até que os tenhamos atraído para longe da cidade, pois dirão: ‘Os israelitas estão fugindo de nós como fizeram antes’. Então, enquanto corremos deles, vocês sairão da emboscada e tomarão a cidade, pois o S enhor, seu Deus, a entregará em suas mãos. Ponham fogo na cidade, conforme o S enhor ordenou. Essas são as minhas ordens”. Josué os enviou, e eles foram ao lugar da emboscada, entre Betel e o lado oeste de Ai. Josué, porém, passou a noite com o povo no acampamento. No dia seguinte, logo cedo, Josué passou em revista a tropa e partiu para Ai acompanhado dos líderes de Israel. Todos os homens de guerra que estavam com Josué se aproximaram da cidade e acamparam do lado norte de Ai, onde um vale os separava da cidade. Naquela noite, Josué enviou cerca de cinco mil homens para esperarem escondidos entre Betel e Ai, do lado oeste da cidade. O exército principal se posicionou ao norte da cidade, e o grupo da emboscada, a oeste. Josué, por sua vez, passou a noite no meio do vale. Quando o rei de Ai viu os israelitas do outro lado do vale, ele e seu exército se apressaram e saíram bem cedo para os atacarem no local de onde se avista o vale do Jordão. Não sabiam, porém, que havia uma emboscada atrás da cidade. Josué e o exército de Israel fugiram em direção ao deserto, como se estivessem derrotados. Todos os homens da cidade foram chamados para persegui-los e, com isso, acabaram atraídos para longe da cidade. Não restou um só homem em Ai e em Betel que não perseguisse Israel, e as cidades ficaram totalmente desprotegidas. Então o S enhor disse a Josué: “Aponte para Ai a lança que você tem na mão, pois eu lhe entregarei a cidade”. Josué fez conforme ordenado e, assim que deu esse sinal, todos os homens da emboscada saíram correndo de sua posição e invadiram a cidade. Em pouco tempo, eles a capturaram e a incendiaram. Quando os homens de Ai olharam para trás, a fumaça da cidade subia ao céu e eles não tinham para onde ir, pois os israelitas que fugiam em direção ao deserto se voltaram contra seus perseguidores. Ao perceberem que a emboscada havia sido bem-sucedida e fumaça subia da cidade, Josué e todo o exército de Israel deram meia-volta e atacaram os homens de Ai. Enquanto isso, os israelitas que estavam dentro da cidade saíram e atacaram o inimigo pela retaguarda. Os homens de Ai ficaram presos no meio, com guerreiros israelitas de ambos os lados. Israel os atacou, e nenhum deles sobreviveu nem escapou. Somente o rei de Ai foi capturado vivo e levado a Josué. Quando o exército israelita terminou de perseguir e matar todos os homens de Ai nos campos abertos, voltou e acabou com quem tinha ficado dentro da cidade. Toda a população de Ai, no total de doze mil homens e mulheres, foi exterminada naquele dia, pois Josué manteve sua lança estendida até que todos os moradores de Ai tivessem sido completamente destruídos. Somente os animais e os tesouros da cidade não foram destruídos, pois Israel os tomou como despojo, conforme o S enhor havia ordenado a Josué. Então Josué pôs fogo na cidade de Ai, e ela se tornou, para sempre, uma pilha de ruínas, um lugar desolado até hoje. Josué enforcou o rei de Ai numa árvore e ali o deixou até a tarde. Ao pôr do sol, os israelitas retiraram o corpo da árvore e, por ordem de Josué, o lançaram em frente à porta da cidade. Sobre ele levantaram uma pilha de pedras, que permanece lá até hoje. Então Josué construiu no monte Ebal um altar ao S enhor, o Deus de Israel. Seguiu as ordens que Moisés, servo do S enhor, havia escrito no Livro da Lei: “Façam um altar de pedras inteiras, em sua forma natural, que não tenham sido trabalhadas com ferramentas de ferro”. Sobre o altar, apresentaram ao S enhor holocaustos e ofertas de paz. E, enquanto os israelitas observavam, Josué copiou nas pedras a lei que Moisés lhes tinha escrito. Todo o Israel, tanto os estrangeiros como os israelitas de nascimento, junto com os líderes, oficiais e juízes, se dividiu em dois grupos. Um grupo ficou em frente ao monte Gerizim, e o outro, em frente ao monte Ebal. Entre os dois grupos, que estavam voltados um para o outro, ficaram os sacerdotes levitas que levavam a arca da aliança do S enhor. Tudo foi feito de acordo com as ordens transmitidas de antemão por Moisés, servo do S enhor, para que o povo de Israel fosse abençoado. Em seguida, Josué leu todas as bênçãos e maldições que Moisés havia escrito no Livro da Lei. Cada palavra de cada ordem de Moisés foi lida para toda a comunidade de Israel, incluindo as mulheres, as crianças e os estrangeiros que viviam entre eles. Todos os reis a oeste do rio Jordão souberam do que havia acontecido. Eram os reis dos hititas, dos amorreus, dos cananeus, dos ferezeus, dos heveus e dos jebuseus que viviam nas montanhas, nas colinas do oeste, ao longo do litoral do mar Mediterrâneo, até as montanhas do Líbano, ao norte. Esses reis juntaram suas tropas para lutar como um só exército contra Josué e os israelitas. Contudo, quando os habitantes de Gibeom souberam do que Josué tinha feito com Jericó e Ai, usaram de astúcia para se salvar. Enviaram mensageiros a Josué e carregaram seus jumentos com sacos gastos e vasilhas de couro velhas e rachadas. Os mensageiros calçavam sandálias gastas e remendadas e vestiam roupas esfarrapadas, e também levavam pães secos e esfarelados. Quando chegaram ao acampamento em Gilgal, disseram a Josué e aos líderes de Israel: “Viemos de uma terra distante para pedir que vocês façam um tratado de paz conosco”. Os israelitas disseram a esses heveus: “Como podemos ter certeza de que não vivem aqui por perto? Pois, se for o caso, não podemos fazer tratado algum com vocês”. Eles responderam: “Somos seus servos”. “Mas quem são vocês?”, insistiu Josué. “De onde vieram?” Eles disseram: “Seus servos vieram de uma terra muito distante. Ouvimos falar do poder do S enhor, seu Deus, e de tudo que ele fez no Egito. Também soubemos do que ele fez aos dois reis amorreus a leste do Jordão: Seom, rei de Hesbom, e Ogue, rei de Basã, que vivia em Astarote. Por isso, nossos líderes e todo o nosso povo nos instruíram: ‘Levem provisões para uma viagem longa. Vão encontrar-se com os israelitas e digam-lhes: Somos seus servos; por favor, façam um tratado conosco’. “Estes pães haviam acabado de sair do forno quando partimos. Agora, como podem ver, estão secos e esfarelados. Estas vasilhas de couro estavam novas quando as enchemos, mas agora estão rachadas. E nossas roupas e sandálias estão gastas da viagem extremamente longa”. Os israelitas examinaram as provisões deles, mas não consultaram o S enhor a respeito. Josué fez um tratado de paz com aqueles homens e garantiu que pouparia a vida deles, e os líderes da comunidade confirmaram o acordo com um juramento. Três dias depois de fazerem esse tratado, os israelitas descobriram que, na verdade, os gibeonitas viviam ali perto. Partiram de imediato naquela direção e, em três dias, chegaram às cidades dos gibeonitas, chamadas Gibeom, Quefira, Beerote e Quiriate-Jearim. Contudo, não atacaram as cidades, pois os líderes da comunidade haviam feito um juramento em nome do S enhor, o Deus de Israel. Toda a comunidade se queixou contra seus líderes por causa do tratado, mas eles responderam: “Uma vez que fizemos um juramento na presença do S enhor, o Deus de Israel, não podemos tocar neles. Temos de deixá-los viver, pois se quebrássemos o juramento a ira divina cairia sobre nós. Que eles vivam!”. Assim, os israelitas os colocaram para cortar lenha e carregar água para toda a comunidade, de acordo com a decisão dos líderes. Josué reuniu os gibeonitas e lhes disse: “Por que vocês mentiram para nós? Por que disseram que viviam numa terra distante da nossa quando, na verdade, vivem aqui perto? Sejam amaldiçoados! De agora em diante, vocês serão sempre servos, encarregados de cortar lenha e carregar água para a casa do meu Deus”. Eles responderam: “Agimos desse modo porque foi anunciado a nós, seus servos, que o S enhor, seu Deus, havia ordenado a seu servo Moisés que desse a vocês toda esta terra e que destruísse todos os seus habitantes. Tememos muito por nossa vida por causa de vocês. Agora, estamos em suas mãos. Façam conosco o que lhes parecer correto”. Assim, Josué livrou os gibeonitas e não permitiu que os israelitas os matassem. Naquele dia, porém, encarregou-os de cortar lenha e carregar água para toda a comunidade de Israel e para o altar do S enhor, no lugar que o S enhor escolhesse construí-lo. Isso é o que fazem até hoje. Adoni-Zedeque, rei de Jerusalém, soube que Josué havia capturado e destruído completamente a cidade de Ai e matado seu rei, assim como tinha destruído a cidade de Jericó e matado seu rei. Também soube que os gibeonitas haviam feito um tratado de paz com Israel e agora viviam no meio deles. Ele e seu povo tiveram muito medo, pois Gibeom era uma cidade grande como as cidades reais, ainda maior que a cidade de Ai, e os gibeonitas eram guerreiros valentes. Por isso, Adoni-Zedeque, rei de Jerusalém, enviou mensageiros a vários outros reis: a Hoão, rei de Hebrom, a Piram, rei de Jarmute, a Jafia, rei de Laquis, e a Debir, rei de Eglom. “Venham e ajudem-me a destruir Gibeom, pois seu povo fez um tratado de paz com Josué e os israelitas”, pediu ele. Então os cinco reis amorreus uniram seus exércitos para atacar juntos. Posicionaram suas tropas perto de Gibeom e avançaram contra ela. Os homens de Gibeom enviaram mensageiros a Josué em seu acampamento em Gilgal. “Não abandone seus servos!”, suplicaram. “Venha depressa e salve-nos! Ajude-nos, pois todos os reis amorreus que vivem na região montanhosa uniram forças para nos atacar!” Josué e todo o seu exército, incluindo seus melhores guerreiros, partiram de Gilgal para Gibeom. “Não tenha medo desses reis”, disse o S enhor a Josué. “Eu os entreguei em suas mãos. Nenhum deles será capaz de resistir a você.” Josué marchou a noite toda desde Gilgal e pegou os exércitos amorreus de surpresa. O S enhor trouxe pânico sobre os amorreus, e o exército de Israel massacrou muitos deles em Gibeom. Perseguiram o inimigo ao longo da subida para Bete-Horom, matando os amorreus até Azeca e Maquedá. Enquanto os amorreus recuavam pelo caminho de Bete-Horom, o S enhor os destruiu com uma terrível chuva de pedras de granizo que ele enviou do céu e que continuou até chegarem a Azeca. As pedras eliminaram mais inimigos do que os israelitas mataram à espada. No dia em que o S enhor deu aos israelitas vitória sobre os amorreus, Josué orou ao S enhor diante do povo e disse: “Que o sol pare sobre Gibeom, e a lua, sobre o vale de Aijalom!”. O sol parou e a lua ficou onde estava, até que o povo tivesse derrotado seus inimigos. Acaso esse acontecimento não está registrado no Livro de Jasar? O sol parou no meio do céu e não se pôs por cerca de um dia inteiro. Nunca antes nem depois houve um dia semelhante, quando o S enhor respondeu a uma oração como essa. Certamente o S enhor lutou por Israel naquele dia! Então Josué e todo o exército de Israel voltaram ao acampamento em Gilgal. Durante a batalha, os cinco reis fugiram e se esconderam numa caverna em Maquedá. Quando Josué soube que eles haviam sido encontrados, deu a seguinte ordem: “Fechem a entrada da caverna com pedras grandes e ponham guardas ali, para que os reis não saiam. Quanto aos demais soldados, continuem a perseguir os inimigos e matem os da retaguarda. Não deixem que voltem às suas cidades, pois o S enhor, seu Deus, lhes deu vitória sobre eles”. Assim, Josué e o exército israelita continuaram a aniquilar o inimigo. Exterminaram os cinco exércitos, com exceção de uns poucos sobreviventes que conseguiram chegar às cidades fortificadas. As tropas voltaram em segurança para Josué, no acampamento de Maquedá. Depois disso, ninguém se atreveu a dizer uma palavra contra o povo de Israel. Então Josué ordenou: “Removam as pedras que estão na entrada da caverna e tragam os cinco reis para cá”. Eles tiraram da caverna os cinco reis das cidades de Jerusalém, Hebrom, Jarmute, Laquis e Eglom. Os reis foram trazidos para fora, diante de Josué, e ele ordenou aos comandantes de seu exército: “Venham e coloquem o pé sobre o pescoço dos reis”. E eles obedeceram. “Não tenham medo nem desanimem”, disse Josué. “Sejam fortes e corajosos, pois é isso que o S enhor fará com todos os inimigos que vocês enfrentarem.” Então Josué matou os cinco reis e os pendurou em cinco árvores, onde ficaram até a tarde. Ao entardecer, Josué ordenou que os corpos fossem tirados das árvores e lançados na caverna onde os reis haviam se escondido. A entrada da caverna foi fechada com pedras grandes, que estão lá até hoje. Naquele mesmo dia, Josué tomou a cidade de Maquedá e a destruiu. Matou todos os seus habitantes, incluindo o rei, sem deixar sobreviventes. Destruiu todos eles e matou o rei de Maquedá, como havia feito com o rei de Jericó. Então Josué e todo o exército de Israel avançaram para Libna e a atacaram. O S enhor entregou a cidade e seu rei nas mãos dos israelitas, que mataram todos os seus habitantes, sem deixar sobreviventes. Depois Josué matou o rei de Libna, como havia feito com o rei de Jericó. De Libna, Josué e todo o exército israelita avançaram para Laquis e a atacaram. O S enhor também entregou Laquis nas mãos de Israel. Josué a tomou no segundo dia e matou todos os seus habitantes, como havia feito com Libna. Durante o ataque a Laquis, Horão, rei de Gezer, chegou com seu exército para ajudar a defender a cidade, mas os homens de Josué mataram o rei e seu exército, sem deixar sobreviventes. Em seguida, Josué e todo o exército israelita avançaram para Eglom e a atacaram. Tomaram a cidade naquele dia e mataram todos os seus habitantes. Destruíram todos, como haviam feito com Laquis. De Eglom, Josué e todo o exército de Israel subiram para Hebrom e a atacaram. Tomaram a cidade e mataram todos os seus habitantes, incluindo o rei, sem deixar sobreviventes. Fizeram o mesmo com todos os povoados vizinhos. Destruíram toda a população, como haviam feito com Eglom. Então Josué e todo o exército israelita voltaram e atacaram Debir. Tomaram a cidade, o rei e todos os povoados vizinhos. Destruíram todos, sem deixar sobreviventes. Fizeram com Debir e seu rei o mesmo que haviam feito com Hebrom, Libna e seus reis. Assim, Josué conquistou toda a região: a região montanhosa, o Neguebe, as colinas do oeste e as encostas dos montes, derrotando todos os seus reis. Destruiu todos na terra, sem deixar sobreviventes, conforme o S enhor, o Deus de Israel, havia ordenado. Josué os massacrou de Cades-Barneia a Gaza, e da região ao redor de Gósen até Gibeom. Conquistou todos esses reis e suas terras numa só campanha, pois o S enhor, o Deus de Israel, lutou por Israel. Então Josué e todo o exército israelita voltaram ao acampamento em Gilgal. Quando Jabim, rei de Hazor, soube do que havia acontecido, enviou mensagens aos seguintes reis: a Jobabe, rei de Madom; ao rei de Sinrom; ao rei de Acsafe; a todos os reis da região montanhosa ao norte; aos reis do vale do Jordão, ao sul da Galileia; aos reis das colinas do oeste; aos reis de Nafote-Dor, a oeste; aos reis de Canaã, a leste e a oeste; aos reis dos amorreus, dos hititas, dos ferezeus, dos jebuseus da região montanhosa, e dos heveus das cidades nas encostas do Hermom, na região de Mispá. Todos esses reis saíram para lutar. Juntos, seus exércitos formavam uma grande multidão, como a areia na beira do mar, equipados com muitos cavalos e carros de guerra. Os reis se uniram e acamparam ao redor das águas perto de Merom, para guerrearem contra Israel. Então o S enhor disse a Josué: “Não tenha medo deles. Amanhã a esta hora eu os entregarei todos mortos a Israel. Vocês deverão cortar os tendões de seus cavalos e queimar seus carros de guerra”. Josué e todo o exército foram às águas perto de Merom e atacaram de surpresa, e o S enhor deu a Israel vitória sobre seus inimigos. Os israelitas os perseguiram até a grande Sidom, até Misrefote-Maim e até o vale de Mispá, a leste, e não sobrou nenhum guerreiro inimigo com vida. Então Josué cortou os tendões dos cavalos e queimou todos os carros de guerra, conforme o S enhor havia ordenado. Depois, Josué voltou, tomou Hazor e matou seu rei. Em outros tempos, Hazor havia sido a capital de todos esses reinos. Os israelitas mataram e destruíram completamente todos que viviam na cidade, sem deixar sobreviventes. Ninguém foi poupado. Por fim, Josué queimou a cidade. Josué matou todos os outros reis e seus povos e os destruiu completamente, conforme Moisés, servo do S enhor, havia ordenado. Mas Israel não incendiou nenhuma das cidades construídas nas colinas, exceto Hazor, que Josué queimou. Os israelitas tomaram todos os despojos e os animais das cidades destruídas, mas mataram todos os seus habitantes, sem deixar sobreviventes. Conforme o S enhor havia ordenado a seu servo Moisés, também Moisés ordenou a Josué, e ele obedeceu fielmente a todas as ordens que o S enhor tinha dado a Moisés. Assim, Josué conquistou toda aquela terra: a região montanhosa, todo o Neguebe, toda a região ao redor da cidade de Gósen, as colinas do oeste, o vale do Jordão, os montes de Israel e as colinas próximas. O território israelita se estendia agora desde o monte Halaque, que sobe em direção a Seir, até Baal-Gade, no vale do Líbano, ao pé do monte Hermom. Josué capturou e matou todos os reis desses territórios, depois de guerrear contra eles por muito tempo. Ninguém na região fez tratados de paz com os israelitas, exceto os heveus de Gibeom. Todos os outros foram derrotados na guerra, pois o S enhor lhes endureceu o coração para que lutassem contra Israel. Por isso, foram completamente destruídos, sem misericórdia, conforme o S enhor havia ordenado a Moisés. Nesse período, Josué destruiu todos os descendentes de Enaque da região montanhosa de Hebrom, Debir, Anabe, e de toda a região montanhosa de Judá e Israel. Matou todos eles e destruiu completamente suas cidades. Não sobreviveu nenhum descendente de Enaque em todo o território dos israelitas, embora restassem alguns em Gaza, Gate e Asdode. Assim, Josué assumiu o controle de toda a terra, conforme o S enhor havia instruído Moisés. Josué a entregou ao povo de Israel como herança e a repartiu entre as tribos. E, por fim, a terra descansou da guerra. Estes são os reis a leste do Jordão que os israelitas mataram e de cujas terras se apossaram. Seu território se estendia desde o vale do Arnom até o monte Hermom, e incluía toda a terra no lado leste do vale do Jordão. Derrotaram Seom, rei dos amorreus, que vivia em Hesbom. Seu reino abrangia Aroer, à beira do vale do Arnom, e se estendia desde a cidade no meio do vale até o rio Jaboque, que é a divisa com os amonitas. Esse território incluía toda a metade sul de Gileade. Seom também controlava o vale do Jordão e algumas regiões a leste, desde o mar da Galileia, ao norte, até o mar Morto, ao sul, incluindo o caminho para Bete-Jesimote e, mais ao sul, as encostas do monte Pisga. Derrotaram Ogue, rei de Basã e o último dos refains, que vivia em Astarote e em Edrei. Ele governava o território que se estendia desde o monte Hermom até Salcá, ao norte; toda a região de Basã, a leste, até a divisa com os reinos de Gesur e Maaca, a oeste. Esse território abrangia a metade norte de Gileade, até a divisa com Seom, rei de Hesbom. Moisés, servo do S enhor, e os israelitas haviam destruído o povo do rei Seom e o povo do rei Ogue. Moisés havia entregado a terra deles como propriedade às tribos de Rúben e Gade e à meia tribo de Manassés. Esta é a lista dos reis que Josué e os israelitas derrotaram a oeste do rio Jordão, desde Baal-Gade, no vale do Líbano, até o monte Halaque, que sobe em direção a Seir. Josué deu essa terra como propriedade às tribos de Israel e a repartiu entre elas. A terra abrangia a região montanhosa, as colinas do oeste, o vale do Jordão, as encostas dos montes, o deserto e o Neguebe. Nessa região viviam os hititas, os amorreus, os cananeus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus. Estes são os reis que Israel derrotou: O rei de Jericó, o rei de Ai, próxima a Betel, o rei de Jerusalém, o rei de Hebrom, o rei de Jarmute, o rei de Laquis, o rei de Eglom, o rei de Gezer, o rei de Debir, o rei de Geder, o rei de Hormá, o rei de Arade, o rei de Libna, o rei de Adulão, o rei de Maquedá, o rei de Betel, o rei de Tapua, o rei de Héfer, o rei de Afeque, o rei de Lasarom, o rei de Madom, o rei de Hazor, o rei de Sinrom-Merom, o rei de Acsafe, o rei de Taanaque, o rei de Megido, o rei de Quedes, o rei de Jocneão, no Carmelo, o rei de Dor, na cidade de Nafote-Dor, o rei de Goim, em Gilgal, e o rei de Tirza. Ao todo, os israelitas derrotaram 31 reis. Josué já era idoso, e o S enhor lhe disse: “Você está envelhecendo, e ainda há muita terra a ser conquistada. Este é o território que resta: todas as regiões dos filisteus e dos gesuritas; o território mais amplo dos cananeus, desde o ribeiro de Sior, na divisa com o Egito, até a divisa de Ecrom, ao norte. Abrange o território de cinco governantes filisteus: de Gaza, de Asdode, de Ascalom, de Gate e de Ecrom. Também falta conquistar a terra dos aveus, ao sul. Ao norte, a seguinte região ainda não foi conquistada: toda a terra dos cananeus, incluindo Meara, pertencente aos sidônios, até Afeque, na divisa com os amorreus; a terra dos gibleus e toda a região montanhosa do Líbano, a leste, desde Baal-Gade, ao pé do monte Hermom, até Lebo-Hamate; e toda a região montanhosa, a oeste, desde o Líbano até Misrefote-Maim, incluindo toda a terra dos sidônios. “Eu mesmo expulsarei esses povos da terra de diante dos israelitas. Não deixem, portanto, de dar esta terra a Israel como herança, conforme eu lhes ordenei. Dividam todo este território como herança entre as nove tribos e a meia tribo de Manassés”. A outra metade da tribo de Manassés e as tribos de Rúben e Gade já haviam recebido sua porção de terra como herança a leste do Jordão, designada para eles por Moisés, servo do S enhor. Seu território se estendia desde Aroer, na beira do vale do Arnom, incluindo a cidade no meio do vale, passando pelo planalto além de Medeba, até Dibom. Também abrangia todas as cidades de Seom, rei dos amorreus, que havia reinado em Hesbom, e se estendia até a divisa de Amom. Incluía Gileade, o território dos reinos de Gesur e Maaca, todo o monte Hermom e toda a região de Basã, até Salcá, e também todo o reino de Ogue, rei de Basã, que havia reinado em Astarote e Edrei. O rei Ogue era o último dos refains, pois Moisés os havia atacado e expulsado. Mas os israelitas não expulsaram os habitantes de Gesur e Maaca, de modo que vivem no meio de Israel até hoje. Moisés não havia designado porção alguma de terra como herança para a tribo de Levi. Em vez disso, conforme o S enhor lhes havia prometido, sua herança vinha das ofertas especiais para o S enhor, o Deus de Israel. Moisés havia designado a seguinte área aos clãs da tribo de Rúben: Seu território se estendia desde Aroer, na beira do vale do Arnom, incluindo a cidade no meio do vale, até o planalto além de Medeba. Abrangia Hesbom e as outras cidades do planalto: Dibom, Bamote-Baal, Bete-Baal-Meom, Jaza, Quedemote, Mefaate, Quiriataim, Sibma, Zerete-Saar, na colina acima do vale, Bete-Peor, as encostas do Pisga e Bete-Jesimote. O território de Rúben também incluía todas as cidades do planalto e todo o reino de Seom, o rei amorreu que havia reinado em Hesbom. Seom havia sido morto por Moisés junto com os líderes de Midiã: Evi, Requém, Zur, Hur e Reba, príncipes que habitavam naquela região e eram aliados de Seom. Os israelitas também mataram Balaão, filho de Beor, que usava mágica para prever o futuro. O rio Jordão marcava a divisa oeste da tribo de Rúben. As cidades e seus povoados ao redor nessa região foram entregues aos clãs da tribo de Rúben como sua herança. Moisés havia designado a seguinte área aos clãs da tribo de Gade: Seu território abrangia Jazar, todas as cidades de Gileade e metade da terra de Amom, até a cidade de Aroer, logo a oeste de Rabá. Estendia-se desde Hesbom até Ramate-Mispá e Betonim, e desde Maanaim até o território de Lo-Debar. No vale, incluía Bete-Arã, Bete-Ninra, Sucote, Zafom, e o restante das terras de Seom, rei de Hesbom. A divisa ocidental acompanhava o rio Jordão e se estendia ao norte até a ponta do mar da Galileia, e depois fazia uma curva para o leste. As cidades com os povoados ao redor foram entregues aos clãs da tribo de Gade como sua herança. Moisés havia designado a seguinte área aos clãs da meia tribo de Manassés: Seu território se estendia desde Maanaim e abrangia toda a região de Basã, todo o antigo território do rei Ogue, e as sessenta cidades de Jair, em Basã. Também incluía metade de Gileade, bem como Astarote e Edrei, cidades do reino de Ogue em Basã. Tudo isso foi entregue à metade dos descendentes de Maquir, filho de Manassés, segundo seus clãs. Essa foi a divisão de terras como herança que Moisés designou enquanto estava nas campinas de Moabe, do outro lado do rio Jordão, a leste de Jericó. À tribo de Levi, porém, Moisés não deu porção alguma de terra como herança, pois o S enhor, o Deus de Israel, havia prometido que ele próprio seria sua herança. As demais tribos de Israel receberam como herança as terras em Canaã designadas pelo sacerdote Eleazar, por Josué, filho de Num, e pelos chefes das tribos. Essas nove tribos e meia receberam as terras de sua herança por sorteio, como o S enhor havia ordenado por meio de Moisés. Ele já havia designado as terras de herança para as duas tribos e meia do lado leste do rio Jordão, mas não tinha dado uma porção de terra como herança para os levitas. Os descendentes de José haviam se tornado duas tribos separadas: Manassés e Efraim. Os levitas não receberam porção alguma de terra, mas apenas cidades para morarem, com pastagens ao redor para seus animais e todos os seus bens. Assim, os israelitas distribuíram a terra exatamente de acordo com as ordens do S enhor a Moisés. Uma delegação da tribo de Judá, liderada por Calebe, filho do quenezeu Jefoné, foi a Josué em Gilgal. Calebe disse a Josué: “Lembre-se do que o S enhor disse a Moisés, o homem de Deus, a respeito de você e de mim quando estávamos em Cades-Barneia. Eu tinha 40 anos quando Moisés, servo do S enhor, me enviou de Cades-Barneia para fazer o reconhecimento da terra de Canaã. Eu voltei e lhe dei um relatório verdadeiro, mas meus irmãos israelitas que foram comigo assustaram o povo de tal maneira que eles se encheram de medo. De minha parte, segui o S enhor, meu Deus, de todo o coração. Por isso, naquele dia Moisés me prometeu solenemente: ‘A terra de Canaã na qual você caminhou será herança permanente para você e seus descendentes, pois você seguiu o S enhor, meu Deus, de todo o coração’. “Agora, como você vê, em todos estes 45 anos, desde que Moisés disse essas palavras, o S enhor me preservou como havia prometido, mesmo quando Israel vagava pelo deserto. Hoje estou com 85 anos. Continuo forte como no dia em que Moisés me enviou, e ainda posso viajar e lutar tão bem quanto naquela época. Portanto, dê-me a região montanhosa que o S enhor me prometeu. Você certamente se lembra de que, enquanto fazíamos o reconhecimento da terra, descobrimos que os descendentes de Enaque viviam ali em grandes cidades fortificadas. Mas, se o S enhor estiver comigo, eu os expulsarei da terra, como o S enhor prometeu”. Então Josué abençoou Calebe, filho de Jefoné, e lhe deu Hebrom como sua porção de terra. Até hoje Hebrom pertence aos descendentes de Calebe, filho do quenezeu Jefoné, pois ele seguiu fielmente o S enhor, o Deus de Israel. Antes disso, Hebrom era chamada Quiriate-Arba, em homenagem a Arba, um grande herói dos descendentes de Enaque. E a terra descansou da guerra. As terras distribuídas por sorteio aos clãs da tribo de Judá se estendiam para o sul, até a divisa com Edom, e chegavam ao deserto de Zim, no extremo sul: A divisa ao sul começava na extremidade sul do mar Morto, seguia para o sul pela ladeira do Escorpião, passando pelo deserto de Zim e prosseguindo até Hezrom, ao sul de Cades-Barneia. Então subia até Adar e fazia uma curva em direção a Carca. Dali passava por Azmom, continuava até o ribeiro do Egito e seguia até o mar Mediterrâneo. Essa era a divisa ao sul deles. A divisa a leste se estendia ao longo do mar Morto até a foz do rio Jordão. A divisa ao norte começava na extremidade onde o Jordão deságua no mar Morto, subia dali para Bete-Hogla e continuava ao norte de Bete-Arabá, até a Pedra de Boã (Boã era filho de Rúben). A partir desse ponto, passava pelo vale de Acor até Debir, fazendo uma curva para o norte, em direção a Gilgal, que ficava de frente ao desfiladeiro de Adumim, do lado sul do vale. Dali a divisa se estendia para as águas de En-Semes, até En-Rogel. Depois passava pelo vale de Ben-Hinom, pela encosta sul dos jebuseus, onde fica a cidade de Jerusalém. Em seguida estendia-se para o oeste, até o alto do monte acima do vale de Hinom, e continuava até a extremidade norte do vale de Refaim. A divisa prosseguia do alto do monte para a fonte nas águas de Neftoa, até as cidades do monte Efrom. Então fazia uma curva em direção a Baalá (isto é, Quiriate-Jearim). Rodeava Baalá em direção ao oeste, até o monte Seir, passava pela cidade de Quesalom, na encosta norte do monte Jearim, descia a Bete-Semes e passava por Timna. Depois a divisa continuava até a encosta do monte ao norte de Ecrom, onde fazia uma curva em direção a Sicrom e o monte Baalá. Passava por Jabneel e terminava no mar Mediterrâneo. A divisa ocidental era o litoral do mar Mediterrâneo. Essas são as divisas dos clãs da tribo de Judá. Por ordem do S enhor, Josué designou uma porção no meio do território de Judá para Calebe, filho de Jefoné. Calebe recebeu a cidade de Quiriate-Arba (isto é, Hebrom), assim chamada por causa de Arba, um antepassado de Enaque. Calebe expulsou três grupos de enaquins: os descendentes de Sesai, de Aimã e de Talmai, filhos de Enaque. Dali ele partiu para lutar contra os habitantes da cidade de Debir (antes chamada de Quiriate-Sefer). Calebe disse: “Darei minha filha Acsa em casamento a quem atacar e tomar Quiriate-Sefer”. Otoniel, filho de Quenaz, irmão de Calebe, tomou a cidade, e Calebe lhe deu Acsa como esposa. Quando Acsa se casou com Otoniel, ela insistiu para que ele pedisse um campo ao pai dela. Assim que ela desceu do jumento, Calebe lhe perguntou: “O que você quer?”. Ela respondeu: “Quero mais um presente. O senhor me deu terras no deserto do Neguebe; agora, peço que também me dê fontes de água”. Então Calebe lhe deu as fontes superiores e as fontes inferiores. Esta foi a herança designada aos clãs da tribo de Judá: As cidades de Judá situadas ao longo da divisa com Edom, no extremo sul, eram: Cabzeel, Éder, Jagur, Quiná, Dimona, Adada, Quedes, Hazor, Itnã, Zife, Telém, Bealote, Hazor-Hadata, Queriote-Hezrom (isto é, Hazor), Amã, Sema, Moladá, Hazar-Gada, Hesmom, Bete-Pelete, Hazar-Sual, Berseba, Biziotiá, Baalá, Iim, Azém, Eltolade, Quesil, Hormá, Ziclague, Madmana, Sansana, Lebaote, Silim, Aim e Rimom; ao todo, 29 cidades com os povoados ao redor. As seguintes cidades situadas nas colinas do oeste também foram entregues a Judá: Estaol, Zorá, Asná, Zanoa, En-Ganim, Tapua, Enã, Jarmute, Adulão, Socó, Azeca, Saaraim, Aditaim, Gederá e Gederotaim; catorze cidades com os povoados ao redor. Também foram incluídas: Zenã, Hadasa, Migdal-Gade, Dileã, Mispá, Jocteel, Laquis, Bozcate, Eglom, Cabom, Laamás, Quitlis, Gederote, Bete-Dagom, Naamá e Maquedá; dezesseis cidades com os povoados ao redor. Além dessas, também foram entregues: Libna, Eter, Asã, Iftá, Asná, Nezibe, Queila, Aczibe e Maressa; nove cidades com os povoados ao redor. O território da tribo de Judá abrangia, ainda, Ecrom com os assentamentos e povoados ao redor. De Ecrom, a divisa se estendia para o oeste, e incluía as cidades perto de Asdode, com os povoados ao redor. Também incluía Asdode, com os assentamentos e povoados ao redor, e Gaza, com os assentamentos e povoados ao redor, até o ribeiro do Egito, e ao longo do litoral do mar Mediterrâneo. Judá também recebeu estas cidades na região montanhosa: Samir, Jatir, Socó, Daná, Quiriate-Sana (isto é, Debir), Anabe, Estemo, Anim, Gósen, Holom e Gilo; onze cidades com os povoados ao redor. Foram incluídas ainda: Arabe, Dumá, Esã, Janim, Bete-Tapua, Afeque, Hunta, Quiriate-Arba (isto é, Hebrom), e Zior; nove cidades com os povoados ao seu redor. Além destas, também foram entregues: Maom, Carmelo, Zife, Jutá, Jezreel, Jocdeão, Zanoa, Caim, Gibeá e Timna; dez cidades com os povoados ao redor. E ainda: Halul, Bete-Zur, Gedor, Maarate, Bete-Anote e Eltecom; seis cidades com os povoados ao redor. Também: Quiriate-Baal (isto é, Quiriate-Jearim), e Rabá; duas cidades com os povoados ao redor. No deserto ficavam: Bete-Arabá, Midim, Secacá, Nibsã, a Cidade do Sal e En-Gedi; seis cidades com os povoados ao redor. Contudo, a tribo de Judá não conseguiu expulsar os jebuseus, que habitavam em Jerusalém, de modo que os jebuseus vivem até hoje no meio de Judá. As terras distribuídas por sorteio aos descendentes de José se estendiam desde o rio Jordão, perto de Jericó, a leste das águas de Jericó, passando pelo deserto, até a região montanhosa de Betel. De Betel (isto é, Luz), seguiam para Atarote, no território dos arquitas. Depois desciam em direção ao oeste, para o território dos jafletitas, até Bete-Horom Baixa e dali para Gezer, até o mar Mediterrâneo. Essa foi a herança designada às famílias de Manassés e Efraim, filhos de José. A seguinte herança foi designada aos clãs da tribo de Efraim: Sua divisa começava em Atarote-Adar, a leste. Dali se estendia para Bete-Horom Alta, e depois para o mar Mediterrâneo. De Micmetá, ao norte, fazia uma curva para o leste e passava por Taanate-Siló, a leste de Janoa. De Janoa fazia uma curva para o sul, até Atarote e Naarate, chegava até Jericó e terminava no rio Jordão. De Tapua, a divisa se estendia para o oeste, em direção ao vale de Caná, e dali chegava até o mar Mediterrâneo. Essa foi a porção de terra designada como herança para os clãs da tribo de Efraim. Além disso, algumas cidades, com os povoados ao redor, no território designado como herança à meia tribo de Manassés, foram separadas para a tribo de Efraim. Eles não expulsaram os cananeus de Gezer, de modo que os habitantes de Gezer vivem até hoje no meio de Efraim, submetidos a trabalhos forçados. A porção seguinte de terra foi entregue por sorteio à meia tribo de Manassés, os descendentes do filho mais velho de José. Maquir, filho mais velho de Manassés, era pai de Gileade. Guerreiros valentes, ele e seus descendentes receberam as regiões de Gileade e Basã, a leste do rio Jordão. Assim, a porção de terra a oeste do Jordão foi para as demais famílias dos clãs da tribo de Manassés: Abiezer, Heleque, Asriel, Siquém, Héfer e Semida. Esses descendentes do sexo masculino representavam os clãs de Manassés, filho de José. Contudo, Zelofeade, filho de Héfer, filho de Gileade, filho de Maquir, filho de Manassés, não teve filhos, mas somente filhas. Seus nomes eram: Maala, Noa, Hogla, Milca e Tirza. Essas mulheres foram ao sacerdote Eleazar, a Josué, filho de Num, e aos líderes israelitas e disseram: “O S enhor ordenou a Moisés que nos entregasse uma porção de terra como herança junto a nossos parentes”. Então Josué lhes deu uma herança entre os irmãos de seu pai, conforme o S enhor havia ordenado. Assim, a tribo de Manassés recebeu, no total, dez porções de terra, além de Gileade e Basã, do outro lado do Jordão, pois as descendentes de Manassés receberam uma herança entre os descendentes dele. (A terra de Gileade foi entregue aos demais descendentes de Manassés.) A divisa da tribo de Manassés se estendia desde Aser até Micmetá, perto de Siquém. Dali prosseguia para o sul, de Micmetá até o assentamento junto à fonte de Tapua. As terras ao redor de Tapua pertenciam a Manassés, mas a cidade de Tapua propriamente dita, na divisa do território de Manassés, pertencia à tribo de Efraim. Da fonte de Tapua a divisa de Manassés seguia pelo vale de Caná e dali chegava até o mar Mediterrâneo. Várias cidades ao sul do vale ficavam dentro do território de Manassés, mas, na verdade, pertenciam à tribo de Efraim. Em geral, porém, a terra ao sul do vale pertencia a Efraim, e a terra ao norte do vale pertencia a Manassés. A divisa de Manassés acompanhava o lado norte do ribeiro e terminava no mar Mediterrâneo. Ao norte de Manassés ficava o território de Aser e, a leste, o território de Issacar. As seguintes cidades dentro do território de Issacar e Aser foram entregues a Manassés: Bete-Sã, Ibleã, Dor (isto é, Nafote-Dor), En-Dor, Taanaque e Megido, cada uma com os assentamentos ao redor. Contudo, os descendentes de Manassés não conseguiram ocupar essas cidades, pois os cananeus estavam determinados a permanecer naquela região. Mais tarde, quando os israelitas se tornaram fortes o suficiente, submeteram os cananeus a trabalhos forçados, mas não os expulsaram completamente. Os descendentes de José foram a Josué e perguntaram: “Por que você nos deu apenas uma porção de terra como herança, uma vez que o S enhor nos tornou um povo tão numeroso?”. Josué respondeu: “Se vocês são tão numerosos, e se a região montanhosa de Efraim não é grande o suficiente para vocês, abram espaço nos bosques onde habitam os ferezeus e os refains”. Os descendentes de José disseram: “É verdade que a região montanhosa não é grande o suficiente para nós. Mas todos os cananeus do vale, tanto os de Bete-Sã e dos povoados ao redor como os do vale de Jezreel, têm carros de guerra com rodas de ferro; são fortes demais para nós”. Então Josué disse às tribos de Efraim e Manassés, os descendentes de José: “Uma vez que vocês são tão numerosos e fortes, receberão mais de uma porção. Os bosques na região montanhosa também serão seus. Abram todo o espaço que desejarem e tomem posse de seus limites mais distantes. E, embora os cananeus dos vales sejam fortes e tenham carros de guerra com rodas de ferro, vocês conseguirão expulsá-los”. Agora que a terra estava sob o controle dos israelitas, toda a comunidade se reuniu em Siló e ali armou a tenda do encontro. Mas ainda restavam sete tribos de Israel que não haviam recebido porções de terra como herança. Então Josué disse aos israelitas: “Até quando vocês vão esperar para tomar posse do restante da terra que o S enhor, o Deus de seus antepassados, lhes deu? Escolham três homens de cada tribo, e eu os enviarei para fazer o reconhecimento da terra e mapeá-la. Eles voltarão a mim com um relatório escrito das divisões propostas de sua herança. Dividirão a terra em sete partes, sem incluir o território de Judá, ao sul, e o território de José, ao norte. Depois que traçarem um mapa da divisão da terra em sete partes, tragam-no para mim, e eu farei um sorteio na presença do S enhor, nosso Deus. “Os levitas, porém, não receberão porção alguma de terra entre vocês, pois seu serviço como sacerdotes do S enhor será a sua herança. E as tribos de Gade e Rúben e a meia tribo de Manassés não receberão mais terras, pois já receberam como herança a porção de terra que Moisés, servo do S enhor, lhes deu a leste do Jordão”. Quando os homens estavam de partida para mapear a terra, Josué lhes ordenou: “Vão, façam o reconhecimento da terra e tragam uma descrição dela por escrito. Depois, voltem e eu distribuirei a terra entre as tribos por sorteio na presença do S enhor, aqui em Siló”. Os homens partiram, atravessaram a terra e traçaram um mapa de todo o território, dividindo-o em sete partes e relacionando as cidades em cada parte. Registraram tudo por escrito e voltaram a Josué, no acampamento em Siló. E, ali em Siló, Josué fez o sorteio na presença do S enhor, determinando qual tribo receberia cada parte. A primeira porção de terra foi entregue por sorteio à tribo de Benjamim. Ficava entre os territórios designados para as tribos de Judá e José: A divisa norte da terra de Benjamim começava no rio Jordão, passava pela encosta norte de Jericó e continuava para o oeste, atravessando a região montanhosa e terminando no deserto de Bete-Áven. Dali a divisa prosseguia para o sul, até a cidade de Luz (isto é, Betel), e descia para Atarote-Adar, no monte ao sul de Bete-Horom Baixa. Nesse ponto a divisa fazia uma curva para o sul, pelo lado oeste do monte em frente de Bete-Horom, e terminava em Quiriate-Baal (isto é, Quiriate-Jearim), cidade pertencente à tribo de Judá. Essa era sua divisa ocidental. A divisa ao sul começava nos arredores de Quiriate-Jearim. Desse ponto a oeste se estendia até a fonte nas águas de Neftoa e descia até o pé do monte que fica junto ao vale de Ben-Hinom, ao norte do vale de Refaim. Descia pelo vale de Hinom, atravessando a encosta sul da cidade onde habitavam os jebuseus, e continuava até En-Rogel. De En-Rogel a divisa prosseguia para o norte, chegava a En-Semes e continuava até Gelilote, que fica em frente do desfiladeiro de Adumim. Depois descia até a Pedra de Boã (Boã era filho de Rúben). Dali passava pela encosta norte, de onde se avista o vale do Jordão, e descia para o vale. Continuava pela encosta norte de Bete-Hogla e terminava na extremidade norte do mar Morto, que é o extremo sul do rio Jordão. Essa era a divisa ao sul. A divisa ao leste era o rio Jordão. Essas eram as divisas da herança designada aos clãs da tribo de Benjamim. Estas foram as cidades entregues aos clãs da tribo de Benjamim: Jericó, Bete-Hogla, Emeque-Queziz, Bete-Arabá, Zemaraim, Betel, Avim, Pará, Ofra, Quefar-Amonai, Ofni e Geba; doze cidades com os povoados ao redor. Também: Gibeom, Ramá, Beerote, Mispá, Quefira, Mosa, Requém, Irpeel, Tarala, Zela, Elefe, a cidade dos jebuseus (isto é, Jerusalém), Gibeá e Quiriate-Jearim; catorze cidades com os povoados ao redor. Essa foi a herança designada aos clãs da tribo de Benjamim. A segunda porção de terra foi entregue por sorteio aos clãs da tribo de Simeão. Sua herança ficava dentro do território de Judá: A herança de Simeão incluía: Berseba, Seba, Moladá, Hazar-Sual, Balá, Azém, Eltolade, Betul, Hormá, Ziclague, Bete-Marcabote, Hazar-Susa, Bete-Lebaote e Saruém; treze cidades com os povoados ao redor. Também incluía: Aim, Rimom, Eter e Asã; quatro cidades com os povoados ao redor, e também os povoados vizinhos até Baalate-Beer (também conhecida como Ramá do Neguebe). Essa foi a herança designada aos clãs da tribo de Simeão. Sua porção de terra foi tirada de uma parte da herança de Judá, pois o território de Judá era grande demais para eles. Assim, a tribo de Simeão recebeu sua herança dentro do território de Judá. A terceira porção de terra foi entregue por sorteio aos clãs da tribo de Zebulom: A divisa da herança de Zebulom chegava até Saride. Dali prosseguia para o oeste, passando por Maralá, chegando até Dabesete e seguindo para o ribeiro junto a Jocneão. Na direção oposta, a divisa se estendia para o leste desde Saride até o limite de Quislote-Tabor e, dali, para Daberate, subindo até Jafia. Depois continuava para o leste, até Gate-Héfer, Ete-Cazim e Rimom, e fazia uma curva na direção de Neá. A divisa norte de Zebulom passava por Hanatom e terminava no vale de Iftá-El. Além das cidades mencionadas, ali estavam: Catate, Naalal, Sinrom, Idala e Belém; doze cidades com os povoados ao redor. A herança designada aos clãs da tribo de Zebulom incluía essas cidades com os povoados ao redor. A quarta porção de terra foi entregue por sorteio aos clãs da tribo de Issacar: Seu território abrangia as seguintes cidades: Jezreel, Quesulote, Suném, Hafaraim, Siom, Anaarate, Rabite, Quisiom, Ebes, Remete, En-Ganim, En-Hadá e Bete-Pazes. A divisa também chegava a Tabor, Saazima e Bete-Semes, e terminava no Jordão; dezesseis cidades com os povoados ao redor. A herança designada aos clãs de Issacar incluía essas cidades com os povoados ao redor. A quinta porção de terra foi entregue por sorteio aos clãs da tribo de Aser: Seu território abrangia as seguintes cidades: Helcate, Hali, Béten, Acsafe, Alameleque, Amade e Misal. A divisa a oeste chegava até o Carmelo e Sior-Libnate, depois fazia uma curva para o leste, em direção a Bete-Dagom, se estendia até Zebulom, no vale de Iftá-El, ia para o norte, até Bete-Emeque e Neiel. Dali prosseguia para Cabul, ao norte, Abdom, Reobe, Hamom e Caná, até a grande Sidom. Depois a divisa fazia uma curva em direção a Ramá e à cidade fortificada de Tiro, de onde virava em direção a Hosa e terminava no mar Mediterrâneo. O território também incluía Meebel, Aczibe, Umá, Afeque e Reobe; 22 cidades com os povoados ao redor. A herança designada aos clãs da tribo de Aser incluía essas cidades com os povoados ao redor. A sexta porção de terra foi entregue por sorteio aos clãs da tribo de Naftali: Sua divisa começava em Helefe, no carvalho de Zaanim, passava por Adami-Neguebe e Jabneel, até Lacum, e terminava no rio Jordão. A divisa oeste passava por Aznote-Tabor e ia para Hucoque. Chegava à divisa de Zebulom, ao sul, à divisa de Aser, a oeste, e ao rio Jordão, a leste. Suas cidades fortificadas eram: Zidim, Zer, Hamate, Racate, Quinerete, Adamá, Ramá, Hazor, Quedes, Edrei, En-Hazor, Irom, Migdal-El, Horém, Bete-Anate e Bete-Semes; dezenove cidades com os povoados ao redor. A herança designada aos clãs da tribo de Naftali incluía essas cidades com os povoados ao redor. A sétima porção de terra foi entregue por sorteio aos clãs da tribo de Dã: O território designado como sua herança abrangia estas cidades: Zorá, Estaol, Ir-Semes, Saalabim, Aijalom, Itla, Elom, Timna, Ecrom, Elteque, Gibetom, Baalate, Jeúde, Bene-Beraque, Gate-Rimom, Me-Jarcom e Racom, e o território em frente de Jope. Os membros da tribo de Dã tiveram dificuldade em tomar posse de sua terra, por isso atacaram a cidade de Laís. Eles a tomaram, massacraram seu povo e se estabeleceram nela. Mudaram o nome da cidade para Dã, em homenagem a seu antepassado. A herança designada aos clãs da tribo de Dã incluía essas cidades com os povoados ao redor. Depois que todo o território havia sido repartido entre as tribos, os israelitas deram a Josué uma porção de terra como herança no meio deles, pois o S enhor tinha dito que ele poderia receber qualquer cidade que quisesse. Ele escolheu Timnate-Sera, na região montanhosa de Efraim. Ali reconstruiu a cidade e habitou nela. Foram esses os territórios que o sacerdote Eleazar, Josué, filho de Num, e os chefes das tribos designaram como herança para as tribos de Israel, por sorteio na presença do S enhor, à entrada da tenda do encontro em Siló. Assim, concluíram a distribuição da terra. O S enhor disse a Josué: “Diga aos israelitas que designem as cidades de refúgio, de acordo com as instruções que dei a Moisés. Qualquer um que matar alguém acidentalmente e sem intenção poderá fugir para uma dessas cidades; serão lugares de proteção contra os parentes da vítima que quiserem vingar sua morte. “Ao chegar a uma dessas cidades, a pessoa que tirou a vida de alguém comparecerá diante das autoridades à porta da cidade e apresentará seu caso. Eles permitirão que essa pessoa entre na cidade e lhe darão um lugar para habitar no meio deles. Se os parentes da vítima forem até lá para vingar sua morte, as autoridades não entregarão o acusado, pois ele matou alguém sem intenção e sem hostilidade anterior. O acusado, porém, deve permanecer na cidade e ser julgado pela comunidade, que dará o veredicto. Continuará a viver na cidade até a morte daquele que era o sumo sacerdote na época do acidente. Depois disso, terá liberdade de voltar para sua casa na cidade de onde fugiu”. Estas foram as cidades designadas como cidades de refúgio: Quedes, na Galileia, na região montanhosa de Naftali; Siquém, na região montanhosa de Efraim; e Quiriate-Arba (isto é, Hebrom), na região montanhosa de Judá. Estas foram as cidades designadas no lado leste do rio Jordão, em frente de Jericó: Bezer, no planalto desértico da tribo de Rúben; Ramote, em Gileade, no território da tribo de Gade; e Golã, em Basã, no território da tribo de Manassés. Essas cidades foram separadas para todos os israelitas, e também para os estrangeiros que viviam entre eles. Qualquer um que matasse alguém acidentalmente poderia se refugiar numa dessas cidades. Assim, não seria morto por vingança antes de comparecer a julgamento perante a comunidade. Os líderes da tribo de Levi foram falar com o sacerdote Eleazar, com Josué, filho de Num, e com os líderes das outras tribos de Israel. Encontraram-se com eles em Siló, na terra de Canaã, e disseram: “O S enhor ordenou por meio de Moisés que nos fossem dadas cidades para morarmos, além de pastagens para nossos animais”. Então, por ordem do S enhor, os israelitas deram aos levitas, de sua própria herança, as seguintes cidades com suas pastagens: Os descendentes de Arão, membros do clã coatita da tribo de Levi, receberam por sorteio treze cidades que antes haviam sido designadas às tribos de Judá, Simeão e Benjamim. As outras famílias do clã coatita receberam por sorteio dez cidades das tribos de Efraim, Dã e da meia tribo de Manassés. O clã de Gérson recebeu por sorteio treze cidades das tribos de Issacar, Aser, Naftali e da meia tribo de Manassés estabelecida em Basã. O clã de Merari recebeu por sorteio doze cidades das tribos de Rúben, Gade e Zebulom. Assim, os israelitas obedeceram à ordem do S enhor a Moisés e, por sorteio, designaram aos levitas essas cidades com suas pastagens. Estas foram as cidades das tribos de Judá e Simeão que os israelitas entregaram aos descendentes de Arão, membros do clã coatita da tribo de Levi, os primeiros a serem sorteados: Quiriate-Arba (isto é, Hebrom), na região montanhosa de Judá, com as pastagens ao redor. (Arba era antepassado de Enaque.) Mas os campos com os povoados ao redor foram entregues a Calebe, filho de Jefoné, como sua propriedade. Estas foram as cidades com suas pastagens que os descendentes do sacerdote Arão receberam: Hebrom (a cidade de refúgio para o homicida involuntário), Libna, Jatir, Estemoa, Holom, Debir, Aim, Jutá e Bete-Semes; foram nove cidades dessas duas tribos. Da tribo de Benjamim os sacerdotes receberam estas cidades com suas pastagens: Gibeom, Geba, Anatote e Almom; foram quatro cidades. Ao todo, portanto, os sacerdotes, descendentes de Arão, receberam treze cidades com suas pastagens. Os outros levitas do clã coatita receberam por sorteio da tribo de Efraim estas cidades com suas pastagens: Siquém, na região montanhosa de Efraim (uma cidade de refúgio para o homicida involuntário), Gezer, Quibzaim e Bete-Horom; foram quatro cidades. Estas foram as cidades com suas pastagens, entregues aos sacerdotes pela tribo de Dã: Elteque, Gibetom, Aijalom e Gate-Rimom; foram quatro cidades. Da meia tribo de Manassés os sacerdotes receberam estas cidades com suas pastagens: Taanaque e Gate-Rimom; foram duas cidades. Ao todo, portanto, foram entregues aos outros clãs coatitas dez cidades com suas pastagens. Os descendentes de Gérson, outro clã da tribo de Levi, receberam da meia tribo de Manassés estas cidades com suas pastagens: Golã, em Basã (uma cidade de refúgio para o homicida involuntário), e Beesterá; foram duas cidades. Da tribo de Issacar receberam estas cidades com suas pastagens: Quisiom, Daberate, Jarmute e En-Ganim; foram quatro cidades. Da tribo de Aser receberam estas cidades, com suas pastagens: Misal, Abdom, Helcate e Reobe; foram quatro cidades. Da tribo de Naftali receberam estas cidades, com suas pastagens: Quedes, na Galileia (a cidade de refúgio para o homicida involuntário), Hamote-Dor e Cartã; foram três cidades. Ao todo, portanto, o clã de Gérson recebeu treze cidades, com suas pastagens. Os levitas restantes, o clã de Merari, receberam da tribo de Zebulom estas cidades, com suas pastagens: Jocneão, Cartá, Dimna e Naalal; foram quatro cidades. Da tribo de Rúben receberam estas cidades com suas pastagens: Bezer, Jaza, Quedemote e Mefaate; foram quatro cidades. Da tribo de Gade receberam estas cidades com suas pastagens: Ramote, em Gileade (a cidade de refúgio para o homicida involuntário), Maanaim, Hesbom e Jazar. Ao todo, portanto, o clã de Merari recebeu doze cidades. No total, foram entregues aos levitas dentro do território israelita 48 cidades com suas pastagens. Cada uma dessas cidades tinha pastagens ao seu redor. Assim, o S enhor deu a Israel toda a terra que havia jurado dar a seus antepassados, e eles tomaram posse dela e nela se estabeleceram. O S enhor lhes deu descanso de todos os lados, como havia prometido solenemente a seus antepassados. Nenhum de seus inimigos resistiu a eles, pois o S enhor os ajudou a conquistar todos os seus adversários. Nenhuma das boas promessas que o S enhor fez à família de Israel ficou sem se cumprir; tudo que ele tinha dito se realizou. Então Josué convocou as tribos de Rúben e Gade e a meia tribo de Manassés e lhes disse: “Vocês fizeram tudo que Moisés, servo do S enhor, mandou e obedeceram a todas as minhas ordens. Durante todo esse tempo e até hoje, não abandonaram seus irmãos das outras tribos e tiveram o cuidado de obedecer a tudo que o S enhor, seu Deus, ordenou. Agora o S enhor, seu Deus, concedeu descanso a seus irmãos, como prometeu a eles. Portanto, voltem para casa, para a terra que Moisés, servo do S enhor, lhes deu como sua propriedade do outro lado do rio Jordão. Mas tenham muito cuidado de cumprir todos os mandamentos e a lei que Moisés, servo do S enhor, lhes deu. Amem o S enhor, seu Deus, andem em todos os seus caminhos, obedeçam a seus mandamentos, apeguem-se a ele firmemente e sirvam-no de todo o coração e de toda a alma”. Então Josué os abençoou e se despediu deles, e eles foram para casa. Moisés tinha dado o território de Basã, a leste do rio Jordão, à meia tribo de Manassés. À outra metade da tribo, Josué deu terras a oeste do Jordão. Quando Josué se despediu deles e os abençoou, disse: “Voltem para casa com toda a riqueza que tomaram de seus inimigos: grandes rebanhos, prata, ouro, bronze, ferro e muitas roupas. Repartam os despojos com seus parentes”. Assim, os homens de Rúben e Gade e da meia tribo de Manassés deixaram os outros israelitas em Siló, na terra de Canaã, e partiram para sua própria terra em Gileade, da qual haviam tomado posse de acordo com a ordem do S enhor, por meio de Moisés. Enquanto ainda estavam em Canaã, chegaram a um lugar chamado Gelilote, perto do rio Jordão. Ali os homens de Rúben e Gade e da meia tribo de Manassés pararam e construíram um altar grande e imponente. Os outros israelitas souberam que os membros das tribos de Rúben e Gade e da meia tribo de Manassés haviam construído um altar em Gelilote, nos limites da terra de Canaã, do lado oeste do Jordão. Por isso, toda a comunidade de Israel se reuniu em Siló e se preparou para guerrear contra eles. Antes, porém, enviaram à terra de Gileade uma delegação liderada por Fineias, filho do sacerdote Eleazar, para conversar com as tribos de Rúben e Gade e a meia tribo de Manassés. A delegação era formada por dez líderes de Israel, um de cada uma das dez tribos, e todos eles eram chefes de suas famílias dentro dos clãs de Israel. Quando chegaram à terra de Gileade, disseram às tribos de Rúben e Gade e à meia tribo de Manassés: “Toda a comunidade do S enhor quer saber por que vocês foram tão infiéis ao Deus de Israel! Como puderam se afastar tanto do S enhor? Vocês construíram para si um altar, rebelando-se contra ele! Não bastou o pecado do incidente em Peor? Até hoje, não estamos completamente purificados dele, mesmo depois que a praga feriu toda a comunidade do S enhor. E, ainda assim, vocês abandonam o S enhor. Se hoje vocês se rebelarem contra o S enhor, amanhã ele voltará sua ira contra toda a comunidade de Israel! “Se a porção de terra que receberam como herança está impura, passem para o nosso lado, para a terra do S enhor, onde está o tabernáculo do S enhor, e tomem posse de um território entre nós. Mas não se rebelem contra o S enhor nem contra nós, construindo para si um altar que não seja o verdadeiro altar do S enhor, nosso Deus. Quando Acã, descendente de Zerá, foi infiel ao S enhor, roubando as coisas separadas para o S enhor, a ira divina não caiu sobre toda a comunidade de Israel? E Acã não foi o único que morreu por causa do seu pecado!”. Então os membros das tribos de Rúben e Gade e da meia tribo de Manassés responderam aos chefes dos clãs de Israel: “O S enhor, o Poderoso, é Deus! O S enhor, o Poderoso, é Deus! Ele sabe a verdade, e que Israel a saiba também! Não construímos o altar por rebeldia nem por infidelidade ao S enhor. Se o fizemos, não poupem nossa vida hoje. Se construímos o altar para nos afastarmos do S enhor ou para apresentarmos holocaustos, ofertas de cereal ou ofertas de paz, que o próprio S enhor nos castigue. “A verdade é que construímos este altar por medo de que, no futuro, seus descendentes digam aos nossos: ‘Que direito vocês têm de adorar o S enhor, o Deus de Israel? O S enhor pôs o rio Jordão como barreira entre o nosso povo e o povo de Rúben e Gade. Vocês não têm parte com o S enhor ’. Então seus descendentes poderão impedir os nossos de adorarem o S enhor. “Por isso, resolvemos construir o altar, não para oferecer holocaustos ou sacrifícios, mas como testemunho. Ele lembrará os nossos e os seus descendentes de que nós também temos o direito de servir ao S enhor em seu santuário com holocaustos, sacrifícios e ofertas de paz. Então seus descendentes não poderão dizer aos nossos: ‘Vocês não têm parte com o S enhor ’. “Se disserem isso, nossos descendentes responderão: ‘Vejam esta réplica do altar do S enhor que nossos antepassados fizeram. Não é para holocaustos nem sacrifícios; é uma lembrança do relacionamento que vocês e nós temos com o S enhor ’. Longe de nós nos rebelarmos contra o S enhor, ou nos afastarmos dele, construindo nosso próprio altar para holocaustos, ofertas de cereal ou sacrifícios. Somente o altar do S enhor, nosso Deus, que está diante do seu tabernáculo pode ser usado para esse fim”. Quando o sacerdote Fineias e os líderes da comunidade, os chefes dos clãs de Israel, ouviram o que os membros das tribos de Rúben e Gade e da meia tribo de Manassés disseram, ficaram satisfeitos. Fineias, filho do sacerdote Eleazar, lhes respondeu: “Hoje sabemos que o S enhor está no meio de nós, pois vocês não foram infiéis ao S enhor, como havíamos imaginado. Ao contrário, livraram Israel de ser destruído pela mão do S enhor ”. Então Fineias, filho do sacerdote Eleazar, e os outros líderes deixaram as tribos de Rúben e Gade em Gileade e voltaram à terra de Canaã para relatar aos israelitas o que havia acontecido. Todos os israelitas ficaram satisfeitos, louvaram a Deus e não falaram mais em guerrear contra Rúben e Gade. Os membros das tribos de Rúben e Gade chamaram o altar de “Testemunho”, pois disseram: “É um testemunho entre nós e eles de que o S enhor é, também, o nosso Deus”. Muito tempo se passou depois de o S enhor ter concedido a Israel descanso de todos os seus inimigos. Josué, agora bastante idoso, convocou todo o Israel, com seus líderes, chefes, juízes e oficiais, e disse: “Já estou bem idoso. Vocês viram tudo que o S enhor, seu Deus, fez por vocês. O S enhor, seu Deus, lutou em seu favor contra seus inimigos. Eu reparti entre vocês como herança toda a terra das nações que ainda não foram conquistadas, bem como a terra das nações que já derrotamos desde o rio Jordão até o mar Mediterrâneo, a oeste. Essa terra será de vocês, pois o S enhor, seu Deus, expulsará de diante de vocês os povos que habitam ali. Vocês tomarão posse da terra deles, conforme o S enhor, seu Deus, lhes prometeu. “Por isso, esforcem-se ao máximo para cumprir cuidadosamente tudo que Moisés escreveu no Livro da Lei. Não se desviem dele, nem para um lado nem para o outro. Não se misturem com os povos que ainda restam na terra. Nem sequer mencionem o nome dos deuses deles e muito menos jurem por eles. Não sirvam nem adorem esses deuses, mas apeguem-se firmemente ao S enhor, seu Deus, como fizeram até hoje. “Pois o S enhor expulsou de diante de vocês grandes e poderosas nações e, até hoje, ninguém conseguiu lhes resistir. Cada um de vocês fará fugir mil homens do inimigo, porque o S enhor, seu Deus, luta por vocês, conforme prometeu. Portanto, dediquem-se com empenho a amar o S enhor, seu Deus. “Mas, se vocês se desviarem dele e se apegarem aos costumes dos sobreviventes das nações que ainda restam no meio de vocês, e se casarem com eles, e eles com vocês, saibam, com certeza, que o S enhor, seu Deus, não expulsará essas nações de diante de vocês. Ao contrário, elas serão isca e armadilha para vocês, chicote em suas costas e espinhos em seus olhos. E vocês desaparecerão para sempre desta boa terra que o S enhor, seu Deus, lhes deu. “Em breve morrerei e irei pelo caminho de toda a terra. Vocês sabem, de todo o coração, que todas as boas promessas do S enhor, seu Deus, se cumpriram. Nenhuma delas falhou! Mas, assim como o S enhor, seu Deus, lhes deu as coisas boas que ele prometeu, também fará vir calamidades sobre vocês se lhe desobedecerem. O S enhor, seu Deus, os eliminará completamente desta boa terra que lhes deu. Se vocês quebrarem a aliança do S enhor, seu Deus, servindo ou adorando outros deuses, a ira do S enhor arderá contra vocês, e desaparecerão rapidamente da boa terra que ele lhes deu”. Então Josué reuniu todas as tribos de Israel em Siquém. Convocou também os líderes, os chefes, os juízes e os oficiais de Israel, e todos vieram e se apresentaram diante de Deus. Josué disse a todo o povo: “Assim diz o S enhor, o Deus de Israel: ‘Muito tempo atrás, seus antepassados, incluindo Terá, pai de Abraão e de Naor, viviam além do rio Eufrates e serviam outros deuses. Mas eu tirei seu antepassado Abraão da terra além do Eufrates e o conduzi à terra de Canaã. Dei-lhe muitos descendentes por meio de seu filho Isaque. A Isaque dei Jacó e Esaú. A Esaú dei os montes de Seir como propriedade, mas Jacó e seus filhos desceram para o Egito. “‘Então enviei Moisés e Arão e lancei pragas terríveis sobre o Egito; depois, tirei vocês de lá. Quando tirei seus antepassados do Egito e eles chegaram ao mar Vermelho, os egípcios os perseguiram com carros de guerra e cavaleiros. Seus antepassados clamaram ao S enhor, e eu coloquei escuridão entre os israelitas e os egípcios. Fiz o mar desabar sobre eles e os afoguei. Vocês viram com os próprios olhos o que eu fiz contra os egípcios. Depois, vocês viveram muitos anos no deserto. “‘Por fim, eu os trouxe à terra dos amorreus, a leste do Jordão. Os amorreus lutaram contra vocês, mas eu os destruí diante de vocês. Eu os entreguei em suas mãos, e vocês tomaram posse da terra deles. Então Balaque, rei de Moabe e filho de Zipor, declarou guerra contra Israel. Mandou chamar Balaão, filho de Beor, para amaldiçoá-los, mas eu não dei ouvidos a Balaão. Em vez disso, fiz que ele os abençoasse e, desse modo, os livrei de Balaque. “‘Quando vocês atravessaram o Jordão e chegaram a Jericó, os habitantes de Jericó lutaram contra vocês, como fizeram os amorreus, os ferezeus, os cananeus, os hititas, os girgaseus, os heveus e os jebuseus. Mas eu os entreguei nas mãos de vocês. Enviei terror adiante de vocês para expulsar os dois reis dos amorreus. Não foram espadas nem arcos que lhes deram a vitória. Eu lhes dei uma terra que vocês não cultivaram, e cidades que não construíram, as cidades onde agora habitam. Eu lhes dei vinhedos e olivais para alimentá-los, embora vocês não os tenham plantado’. “Portanto, temam o S enhor e sirvam-no de todo o coração. Lancem fora os ídolos que seus antepassados serviam quando viviam além do Eufrates e no Egito. Sirvam somente ao S enhor. Mas, se vocês se recusarem a servir ao S enhor, escolham hoje a quem servirão. Escolherão servir os deuses aos quais seus antepassados serviam além do Eufrates? Ou os deuses dos amorreus, em cuja terra vocês habitam? Quanto a mim, eu e minha família serviremos ao S enhor ”. O povo respondeu: “Jamais abandonaríamos o S enhor para servir outros deuses! Pois foi o S enhor, nosso Deus, que nos libertou e a nossos antepassados da escravidão na terra do Egito. Ele realizou grandes milagres diante de nossos olhos. Enquanto andávamos pelo deserto, cercados de inimigos, ele nos protegeu. O S enhor expulsou de diante de nós os amorreus e todas as nações que viviam nesta terra. Portanto, nós também serviremos ao S enhor, pois só ele é o nosso Deus”. Então Josué advertiu o povo: “Vocês não são capazes de servir ao S enhor, pois ele é Deus santo e zeloso. Não perdoará sua rebeldia e seus pecados. Se abandonarem o S enhor e servirem outros deuses, ele se voltará contra vocês e os exterminará, apesar de todo o bem que ele lhes fez”. Mas o povo respondeu a Josué: “Não! Nós serviremos ao S enhor!”. “Vocês são testemunhas de sua própria decisão”, disse Josué. “Escolheram servir ao S enhor.” “Sim”, responderam eles. “Somos testemunhas daquilo que dissemos.” “Pois bem”, disse Josué. “Então lancem fora os falsos deuses que estão em seu meio e voltem o coração para o S enhor, o Deus de Israel.” O povo disse a Josué: “Serviremos ao S enhor, nosso Deus, e obedeceremos somente a ele!”. Naquele dia, Josué fez uma aliança com o povo em Siquém e lhes deu decretos e estatutos para obedecerem. Josué registrou todas essas coisas no Livro da Lei de Deus. Como lembrança do pacto, pegou uma grande pedra e a ergueu debaixo do carvalho junto ao santuário do S enhor. Josué disse a todo o povo: “Esta pedra ouviu tudo que o S enhor nos disse. Ela será testemunha contra vocês se não cumprirem o que prometeram a Deus”. Então Josué se despediu de todo o povo, e cada um voltou para a terra que havia recebido como herança. Depois de algum tempo, Josué, filho de Num, servo do S enhor, morreu aos 110 anos. Sepultaram-no na terra que ele havia recebido como herança, em Timnate-Sera, na região montanhosa de Efraim, ao norte do monte Gaás. O povo de Israel serviu ao S enhor durante toda a vida de Josué e das autoridades que morreram depois dele e que sabiam pessoalmente tudo que o S enhor tinha feito por Israel. Os ossos de José, que os israelitas haviam trazido consigo quando saíram do Egito, foram sepultados em Siquém, no terreno que Jacó havia comprado dos filhos de Hamor por cem peças de prata. Esse terreno ficava dentro do território da herança dos descendentes de José. Eleazar, filho de Arão, também morreu. Foi sepultado na região montanhosa de Efraim, na cidade de Gibeá, que havia sido entregue a seu filho, Fineias. Depois da morte de Josué, os israelitas perguntaram ao S enhor: “Qual das tribos deve ser a primeira a atacar os cananeus?”. O S enhor respondeu: “Judá, pois eu entreguei a terra em suas mãos”. Os homens de Judá disseram a seus parentes da tribo de Simeão: “Venham conosco lutar contra os cananeus que vivem no território que nos foi designado como herança. Depois ajudaremos vocês a conquistar o seu território”. Os homens de Simeão foram com Judá. Quando os homens de Judá atacaram, o S enhor entregou os cananeus e os ferezeus em suas mãos, e eles mataram dez mil guerreiros inimigos em Bezeque. Naquela cidade, encontraram o rei Adoni-Bezeque, lutaram contra ele e derrotaram os cananeus e os ferezeus. Adoni-Bezeque fugiu, mas os israelitas o capturaram e cortaram os polegares de suas mãos e de seus pés. Adoni-Bezeque disse: “Setenta reis com os polegares das mãos e dos pés cortados comiam migalhas debaixo de minha mesa. Agora Deus me retribuiu aquilo que fiz com eles”. E o levaram a Jerusalém, onde ele morreu. Os homens de Judá atacaram Jerusalém e a conquistaram. Mataram todos os seus habitantes e puseram fogo na cidade. Depois disso, desceram para lutar contra os cananeus que viviam na região montanhosa do Neguebe e nas colinas do oeste. Judá marchou contra os cananeus que habitavam em Hebrom (antes chamada de Quiriate-Arba), e derrotou os exércitos de Sesai, Aimã e Talmai. Dali avançaram contra os habitantes de Debir (antes chamada de Quiriate-Sefer). Calebe disse: “Darei minha filha Acsa em casamento a quem atacar e tomar Quiriate-Sefer”. Otoniel, filho de Quenaz, irmão mais novo de Calebe, tomou a cidade, e Calebe lhe deu Acsa como esposa. Quando Acsa se casou com Otoniel, ela insistiu para que ele pedisse um campo ao pai dela. Assim que ela desceu do jumento, Calebe lhe perguntou: “O que você quer?”. Ela respondeu: “Quero mais um presente. O senhor me deu terras no deserto do Neguebe; agora, peço que também me dê fontes de água”. Então Calebe lhe deu as fontes superiores e as fontes inferiores. Quando a tribo de Judá deixou Jericó, a cidade das palmeiras, os queneus, descendentes do sogro de Moisés, os acompanharam até o deserto de Judá. Eles se estabeleceram no meio do povo dali, perto da cidade de Arade, no Neguebe. Então a tribo de Judá se uniu com seus parentes da tribo de Simeão para lutar contra os cananeus que habitavam em Zefate, e destruíram completamente a cidade. Por isso, agora ela se chama Hormá. A tribo de Judá também conquistou as cidades de Gaza, Ascalom e Ecrom e os territórios ao redor. O S enhor estava com a tribo de Judá. Ela tomou posse da região montanhosa, mas não conseguiu expulsar os habitantes da planície, pois eles tinham carros de guerra com rodas de ferro. A cidade de Hebrom foi entregue a Calebe, conforme Moisés havia prometido, e ele expulsou seus habitantes, descendentes dos três filhos de Enaque. A tribo de Benjamim, porém, não conseguiu expulsar os jebuseus que moravam em Jerusalém. Por isso, até hoje os jebuseus vivem no meio do povo de Benjamim. Os descendentes de José atacaram a cidade de Betel, e o S enhor estava com eles. Enviaram espiões a Betel (antes conhecida como Luz), e eles abordaram um homem que saía da cidade e lhe disseram: “Mostre-nos como entrar na cidade e teremos misericórdia de você”. Ele mostrou a entrada, e eles mataram todos os habitantes de Betel, exceto aquele homem e sua família. Mais tarde, o homem se mudou para a terra dos hititas, onde construiu uma cidade e a chamou de Luz, que é seu nome até hoje. A tribo de Manassés, porém, não expulsou os habitantes de Bete-Sã, Taanaque, Dor, Ibleã e Megido, nem dos povoados ao seu redor, pois os cananeus estavam decididos a permanecer naquela região. Quando Israel se fortaleceu, submeteu os cananeus a trabalhos forçados, mas não os expulsou completamente da terra. A tribo de Efraim também não expulsou os habitantes de Gezer, de modo que os cananeus continuaram a viver no meio deles. A tribo de Zebulom não expulsou os habitantes de Quitrom e de Naalol, de modo que os cananeus continuaram a viver no meio deles, mas foram submetidos a trabalhos forçados. A tribo de Aser não expulsou os habitantes de Aco, Sidom, Alabe, Aczibe, Helba, Afeque e Reobe. Estabeleceu-se no meio dos cananeus que habitavam a terra, pois não conseguiu expulsá-los. Da mesma forma, a tribo de Naftali não expulsou os habitantes de Bete-Semes e de Bete-Anate. Estabeleceu-se no meio dos cananeus que habitavam a terra, mas submeteu os habitantes de Bete-Semes e de Bete-Anate a trabalhos forçados. Quanto à tribo de Dã, os amorreus a obrigaram a voltar para a região montanhosa e não permitiram que descesse à planície. Os amorreus estavam decididos a ficar no monte Heres, em Aijalom e em Saalbim, mas quando os descendentes de José se fortaleceram, submeteram os amorreus a trabalhos forçados. A divisa dos amorreus se estendia da ladeira do Escorpião até Selá, continuando dali para cima. O anjo do S enhor subiu de Gilgal a Boquim e disse aos israelitas: “Tirei vocês do Egito e os trouxe a esta terra que jurei dar a seus antepassados, e afirmei que jamais quebraria a minha aliança com vocês. De sua parte, vocês não deviam fazer aliança alguma com os habitantes desta terra, mas sim, destruir seus altares. Por que vocês desobedeceram à minha ordem? Agora, portanto, declaro que não expulsarei mais os povos que habitam em sua terra. Eles serão como espinhos em suas costas, e os deuses deles serão uma armadilha para vocês”. Quando o anjo do S enhor acabou de falar a todos os israelitas, o povo chorou em alta voz. Por isso, chamaram aquele lugar de Boquim, e ali ofereceram sacrifícios ao S enhor. Depois que Josué se despediu do povo, cada tribo de Israel partiu para tomar posse do território que havia recebido como herança. O povo serviu ao S enhor durante toda a vida de Josué, e também dos líderes que sobreviveram depois dele e que tinham visto as grandes coisas que o S enhor havia feito por Israel. Josué, filho de Num, servo do S enhor, morreu aos 110 anos. Foi sepultado na terra que havia recebido como herança, em Timnate-Sera, na região montanhosa de Efraim, ao norte do monte Gaás. Depois que aquela geração morreu e se reuniu a seus antepassados, surgiu uma nova geração que não conhecia o S enhor nem tinha visto as grandes coisas que ele havia feito por Israel. Os israelitas fizeram o que era mau aos olhos do S enhor e serviram às imagens de Baal. Abandonaram o S enhor, o Deus de seus antepassados, que os havia tirado do Egito. Seguiram e adoraram os deuses dos povos ao redor e, com isso, provocaram a ira do S enhor. Abandonaram o S enhor para servir a Baal e às imagens de Astarote. Com isso, a ira do S enhor ardeu contra Israel, e ele os entregou nas mãos de saqueadores que tomaram seus bens. Entregou-os aos inimigos ao seu redor, aos quais já não conseguiam resistir. Toda vez que saíam para a batalha, o S enhor lutava contra eles e provocava sua derrota, conforme lhes havia advertido com juramento. Por isso, o povo vivia em grande angústia. Então o S enhor levantou juízes para livrar o povo de seus agressores. Contudo, não quiseram ouvir os juízes, mas se prostituíram, adorando outros deuses. Como se desviaram depressa do caminho de seus antepassados, que haviam andado em obediência aos mandamentos do S enhor! Sempre que o S enhor levantava um juiz sobre os israelitas, o S enhor estava com ele e livrava o povo de seus inimigos enquanto o juiz vivia; pois o S enhor tinha compaixão de seu povo, que sofria sob o peso da aflição provocada por seus opressores. Quando o juiz morria, porém, eles voltavam a seus caminhos corruptos e se comportavam ainda pior que seus antepassados. Seguiam outros deuses, servindo-os e adorando-os. Não abandonavam suas práticas perversas e seus caminhos teimosos. Por isso, a ira do S enhor ardeu contra Israel. Disse ele: “Uma vez que este povo violou a minha aliança, que fiz com seus antepassados, e não me deu ouvidos, não expulsarei mais as nações que Josué deixou por conquistar quando morreu. Fiz isso para pôr Israel à prova, para ver se seguiria os caminhos do S enhor, como fizeram seus antepassados”. Assim, o S enhor deixou aquelas nações na terra. Não as expulsou de imediato nem permitiu que Josué conquistasse todas elas. Estas são as nações que o S enhor deixou na terra para pôr à prova os israelitas que não haviam participado das guerras em Canaã. Ele assim fez apenas para dar treinamento de combate às gerações de israelitas que não tinham experiência no campo de batalha. Estas são as nações: os filisteus com seus cinco governantes, todos os cananeus, os sidônios e os heveus que habitavam nos montes do Líbano, desde o monte Baal-Hermom até Lebo-Hamate. Esses povos foram deixados para pôr Israel à prova, para ver se obedeceriam aos mandamentos que o S enhor tinha dado a seus antepassados por meio de Moisés. Assim, os israelitas viveram entre os cananeus, os hititas, os amorreus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus. Casaram-se com as filhas deles e deram suas filhas em casamento aos filhos deles. E serviram aos deuses deles. Os israelitas fizeram o que era mau aos olhos do S enhor. Esqueceram-se do S enhor, seu Deus, e serviram às imagens de Baal e aos postes de Aserá. Então a ira do S enhor se acendeu contra Israel, e ele os entregou a Cusã-Risataim, rei de Arã-Naaraim. E os israelitas serviram a Cusã-Risataim durante oito anos. Mas, quando os israelitas pediram socorro ao S enhor, ele levantou um libertador para salvá-los. Chamava-se Otoniel, filho de Quenaz, irmão mais novo de Calebe. O Espírito do S enhor veio sobre Otoniel, e ele se tornou juiz de Israel. Otoniel guerreou contra Cusã-Risataim, rei de Arã, e o derrotou, pois o S enhor o entregou em suas mãos. Houve paz na terra durante quarenta anos, até a morte de Otoniel, filho de Quenaz. Mais uma vez, os israelitas fizeram o que era mau aos olhos do S enhor. Por isso, o S enhor deu a Eglom, rei de Moabe, poder sobre Israel. Eglom se aliou com os amonitas e os amalequitas, atacou e derrotou Israel e conquistou Jericó, a cidade das palmeiras. Os israelitas serviram a Eglom, rei de Moabe, durante dezoito anos. Mas, quando os israelitas pediram socorro ao S enhor, ele levantou um libertador para salvá-los. Chamava-se Eúde, homem canhoto, filho de Gera, da tribo de Benjamim. Os israelitas encarregaram Eúde de entregar o tributo a Eglom, rei de Moabe. Eúde fez um punhal de dois gumes, com cerca de quarenta centímetros de comprimento, e prendeu a arma à coxa direita, onde ficou escondida debaixo da roupa. Levou o tributo a Eglom, rei de Moabe, que era muito gordo. Depois de entregar o pagamento, Eúde partiu com os homens que haviam ajudado a carregar o tributo. Quando Eúde chegou aos ídolos de pedra perto de Gilgal, deu meia-volta, apresentou-se diante de Eglom e disse: “Tenho uma mensagem secreta para o senhor, ó rei!”. Eglom ordenou: “Não fale ainda!”, e mandou todos os seus servos saírem. Eúde se aproximou de Eglom, que estava sentado sozinho na sala do andar superior, um ambiente mais fresco, e disse: “Tenho uma mensagem de Deus para o senhor!”. O rei Eglom se levantou, e Eúde, com a mão esquerda, puxou o punhal de sua coxa direita e o cravou na barriga de Eglom. O punhal foi tão fundo que seu cabo desapareceu sob a gordura do rei. Por isso, Eúde não tirou o punhal, e as fezes do rei vazaram. Então Eúde fechou e trancou as portas da sala e saiu pelo pórtico. Depois que Eúde saiu, os servos do rei voltaram e encontraram trancadas as portas da sala no andar superior. Pensaram que ele estivesse usando o banheiro privativo, por isso esperaram. Mas, como depois de muita demora o rei não saiu, ficaram preocupados e pegaram a chave. Quando abriram as portas, encontraram seu senhor caído no chão, morto. Enquanto os servos esperavam, Eúde escapou e passou pelos ídolos de pedra a caminho de Seirá. Quando chegou à região montanhosa de Efraim, tocou a trombeta, chamando o povo para guerrear. Os israelitas desceram os montes, com Eúde à frente. Ele disse: “Sigam-me, pois o S enhor entregou Moabe, seu inimigo, em suas mãos”. Os israelitas o seguiram e assumiram o controle dos pontos mais rasos do Jordão, onde se atravessava para Moabe, e não deixaram ninguém passar. Eles atacaram os moabitas e mataram cerca de dez mil de seus guerreiros mais fortes e valentes. Nenhum deles escapou. Naquele dia, Israel derrotou Moabe, e houve paz na terra durante oitenta anos. Depois de Eúde, Sangar, filho de Anate, libertou Israel. Certa vez, ele matou seiscentos filisteus com um ferrão de conduzir bois. Depois da morte de Eúde, os israelitas voltaram a fazer o que era mau aos olhos do S enhor. Por isso, o S enhor os entregou nas mãos de Jabim, rei cananeu de Hazor. O comandante de seu exército era Sísera, que habitava em Harosete-Hagoim. Sísera, que tinha novecentos carros de guerra com rodas de ferro, oprimiu cruelmente os israelitas durante vinte anos. Então o povo pediu socorro ao S enhor. Quem julgava Israel nessa época era Débora, uma profetisa, mulher de Lapidote. Ela costumava sentar-se debaixo da Palmeira de Débora, entre Ramá e Betel, na região montanhosa de Efraim, e os israelitas a procuravam para que ela julgasse suas questões. Certo dia, mandou chamar Baraque, filho de Abinoão, que morava em Quedes, no território de Naftali, e lhe disse: “O S enhor, o Deus de Israel, lhe dá a seguinte ordem: ‘Convoque dez mil guerreiros das tribos de Naftali e Zebulom para irem ao monte Tabor. Eu farei Sísera, comandante do exército de Jabim, ir com seus carros de guerra e guerreiros até o rio Quisom. Ali eu os entregarei em suas mãos’”. Baraque disse a Débora: “Só irei se você for comigo; senão, não irei”. Débora respondeu: “Está bem, eu irei, mas você não receberá a honra nesta missão, pois o S enhor entregará Sísera nas mãos de uma mulher”. Então Débora foi com Baraque a Quedes. Ali, Baraque convocou as tribos de Zebulom e Naftali, e dez mil guerreiros subiram com ele. Débora também o acompanhou. Héber, queneu descendente de Hobabe, cunhado de Moisés, havia se separado dos outros membros de sua tribo e armado suas tendas junto ao carvalho de Zaanim, perto de Quedes. Quando disseram a Sísera que Baraque, filho de Abinoão, havia subido ao monte Tabor, ele mandou trazer seus novecentos carros de guerra com rodas de ferro e todos os seus guerreiros, e eles marcharam de Harosete-Hagoim até o rio Quisom. Então Débora disse a Baraque: “Prepare-se! Este é o dia em que o S enhor entregará Sísera em suas mãos, pois o S enhor marcha adiante de você”. Baraque desceu a encosta do monte Tabor à frente de seus dez mil guerreiros para combater. Quando Baraque atacou, o S enhor trouxe pânico sobre os carros de guerra e sobre os soldados de Sísera, que abandonou sua carruagem e fugiu a pé. Baraque perseguiu os carros de guerra e o exército inimigo até Harosete-Hagoim e matou todos os guerreiros de Sísera. Nenhum deles escapou. Enquanto isso, Sísera correu para a tenda de Jael, esposa de Héber, o queneu, pois havia paz entre a família de Héber e Jabim, rei de Hazor. Jael saiu ao encontro de Sísera e disse: “Venha para minha tenda, senhor. Entre; não tenha medo”. Ele entrou na tenda de Jael, e ela o cobriu com uma manta. “Por favor, dê-me um pouco de água”, disse ele. “Estou com sede.” Ela lhe deu leite de uma vasilha de couro e o cobriu novamente. Sísera disse a ela: “Fique à porta da tenda. Se alguém chegar e perguntar se há alguém aqui, diga que não”. Mas, quando Sísera, exausto, dormia um sono profundo, Jael, a esposa de Heber, se aproximou silenciosamente com um martelo e uma estaca de tenda na mão e atravessou o crânio dele com a estaca, que ficou presa ao chão. Foi assim que Sísera morreu. Quando Baraque passou por lá à procura de Sísera, Jael saiu ao seu encontro e disse: “Venha! Eu lhe mostrarei o homem que o senhor está procurando”. Ele a seguiu até a tenda, onde encontrou o cadáver de Sísera, com o crânio atravessado pela estaca. Naquele dia, o povo de Israel viu Deus derrotar Jabim, o rei cananeu. Dali em diante, os israelitas se fortaleceram cada vez mais contra o rei Jabim, até que o eliminaram por completo. Naquele dia, Débora e Baraque, filho de Abinoão, entoaram este cântico: “Os líderes de Israel assumiram o comando, e o povo os seguiu de boa vontade. Louvem o S enhor! “Ouçam, reis! Prestem atenção, governantes! Pois eu cantarei ao S enhor; sim, tocarei música para o S enhor, o Deus de Israel! “S enhor, quando saíste de Seir e marchaste desde os campos de Edom, a terra tremeu, e as nuvens do céu despejaram chuva. Os montes estremeceram na presença do S enhor, o Deus do monte Sinai, na presença do S enhor, o Deus de Israel. “Nos dias de Sangar, filho de Anate, e nos dias de Jael, ninguém passava pelas estradas, e os viajantes tomavam caminhos tortuosos. Restavam poucos nos povoados de Israel, até que Débora se levantou como mãe para Israel. Quando Israel escolheu novos deuses, a guerra chegou às portas das cidades. Mas não se via um só escudo ou lança, entre quarenta mil guerreiros de Israel. Meu coração está com os comandantes de Israel, com aqueles que se ofereceram para lutar. Louvem o S enhor! “Considerem estas coisas, vocês que montam em jumentas brancas, que se sentam em finas mantas, vocês que caminham pela estrada. Ouçam os músicos dos povoados, reunidos junto aos bebedouros. Ali relatam as justas vitórias do S enhor, as justas vitórias de seus camponeses em Israel. Então o povo do S enhor desceu às portas da cidade. “Desperte, Débora, desperte! Desperte, desperte e entoe um cântico! Levante-se, Baraque! Leve embora seus cativos, filho de Abinoão! “Então os sobreviventes desceram contra os poderosos; o povo do S enhor marchou por mim contra os guerreiros. Desceram de Efraim, terra que antes pertencia aos amalequitas; seguiram você, Benjamim, com seus soldados. De Maquir, desceram os comandantes; de Zebulom, os que levam a vara de comando. Os príncipes de Issacar estavam com Débora e Baraque; sob suas ordens, desceram ao vale. Mas, na tribo de Rúben, houve grande indecisão. Por que ficaram entre os currais, ouvindo os pastores assobiarem para seus rebanhos? Sim, na tribo de Rúben houve grande indecisão. Gileade continuou a leste do Jordão, e por que Dã ficou junto aos navios? Aser sentou-se inerte na praia e permaneceu em seus portos. Mas Zebulom arriscou a vida, assim como fez Naftali, nas regiões altas do campo. “Os reis de Canaã vieram e lutaram em Taanaque, perto das águas de Megido, mas não levaram despojos de prata. Desde o céu as estrelas lutaram; as estrelas, em suas órbitas, lutaram contra Sísera. O rio Quisom os arrastou, o antigo ribeiro, o Quisom; que eu marche adiante com coragem! Os cascos dos cavalos martelavam o chão; galopavam, galopavam seus poderosos cavalos de guerra. ‘Amaldiçoem os habitantes de Meroz’, disse o anjo do S enhor. ‘Amaldiçoem duramente, pois não vieram ajudar o S enhor, ajudar o S enhor contra fortes guerreiros.’ “Jael, esposa de Héber, o queneu, é a mais abençoada entre as mulheres. Que ela seja a mais abençoada das mulheres que vivem em tendas! Sísera lhe pediu água, e ela lhe deu leite. Numa vasilha digna dos nobres, trouxe-lhe coalhada. Com a mão esquerda, pegou uma estaca de tenda; com a direita, o martelo de trabalhador. Com eles atacou Sísera e esmagou sua cabeça; de um só golpe, rachou e atravessou seu crânio. Ele se curvou, caiu e ali ficou, estirado aos pés de Jael. E, no lugar onde se curvou, ali caiu e morreu. “Da janela, a mãe de Sísera olhava para fora; atrás da treliça da janela, clamava: ‘Por que seu carro de guerra demora tanto? Por que não se ouve o som de suas carruagens?’. “Suas acompanhantes mais sábias respondiam, e ela repetia estas palavras a si mesma: ‘Devem estar repartindo os despojos que tomaram; uma ou duas moças para cada homem. Haverá túnicas coloridas para Sísera, túnicas coloridas e bordadas. Sem dúvida, no despojo haverá túnicas coloridas e bordadas dos dois lados’. “S enhor, que todos os teus inimigos assim sejam destruídos! Mas, aqueles que te amam, que se levantem como o sol com toda a sua força!”. Então houve paz na terra durante quarenta anos. Os israelitas fizeram o que era mau aos olhos do S enhor. Por isso, o S enhor os entregou nas mãos dos midianitas durante sete anos. Os midianitas eram tão cruéis que os israelitas fizeram para si esconderijos nas montanhas, nas cavernas e nas fortalezas. Sempre que os israelitas faziam o plantio, saqueadores de Midiã, de Amaleque e de outros povos do leste atacavam Israel, acampavam na terra e destruíam as plantações até Gaza. Levavam ovelhas, bois e jumentos, e não deixavam coisa alguma para Israel comer. Esses bandos inimigos, que vinham com seus rebanhos e tendas, eram como uma praga de gafanhotos. Chegavam em camelos, tão numerosos que era impossível contá-los, e só partiam quando a terra estava devastada. Os midianitas reduziram Israel à mais absoluta pobreza, e o povo pediu socorro ao S enhor. Quando os israelitas clamaram ao S enhor por causa de Midiã, o S enhor lhes enviou um profeta, que disse: “Assim diz o S enhor, Deus de Israel: Eu os tirei da escravidão no Egito. Eu os livrei dos egípcios e de todos que os oprimiam. Expulsei seus inimigos e dei a vocês a terra deles. Disse a vocês: ‘Eu sou o S enhor, seu Deus. Não adorem os deuses dos amorreus, em cujas terras agora vivem’. Mas vocês não me deram ouvidos”. Então o anjo do S enhor veio e sentou-se debaixo do grande carvalho em Ofra que pertencia a Joás, do clã de Abiezer. Gideão, filho de Joás, estava debulhando trigo no fundo de uma prensa de uvas, a fim de não ser descoberto pelos midianitas. O anjo do S enhor apareceu a Gideão e disse: “O S enhor está com você, guerreiro corajoso!”. Gideão respondeu: “Meu senhor, se o S enhor está conosco, por que nos aconteceu tudo isso? E onde estão os milagres de que nossos antepassados nos falaram? Acaso não disseram: ‘O S enhor nos tirou do Egito’? Agora, porém, o S enhor nos abandonou e nos entregou nas mãos dos midianitas!”. Então o S enhor se voltou para ele e disse: “Vá com a força que você tem e liberte Israel dos midianitas. Sou eu quem o envia!”. “Mas, Senhor, como posso libertar Israel?”, perguntou Gideão. “Meu clã é o mais fraco de toda a tribo de Manassés, e eu sou o menos importante de minha família!” “Certamente estarei com você”, disse o S enhor. “E você destruirá os midianitas como se estivesse lutando contra um só homem.” Gideão respondeu: “Se, de fato, posso contar com tua ajuda, dá-me um sinal de que é mesmo o S enhor quem fala comigo. Por favor, não vás embora até que eu te traga a minha oferta”. Ele respondeu: “Ficarei aqui até você voltar”. Gideão foi depressa para casa. Cozinhou um cabrito e, com cerca de vinte litros de farinha, preparou pães sem fermento. Depois, colocou a carne num cesto e o caldo numa panela, os levou para fora e os ofereceu ao anjo que estava debaixo da grande árvore. O anjo de Deus lhe disse: “Coloque a carne e os pães sem fermento sobre esta pedra e derrame neles o caldo”. Gideão obedeceu. Então o anjo do S enhor tocou na carne e nos pães com a ponta da vara que estava em sua mão, e fogo subiu da pedra e consumiu tudo que Gideão havia trazido. E o anjo do S enhor desapareceu. Quando Gideão percebeu que era o anjo do S enhor, exclamou: “Ó Soberano S enhor, estou perdido! Vi o anjo do S enhor face a face!”. “Fique em paz”, respondeu o S enhor. “Não tenha medo; você não morrerá.” Então Gideão construiu um altar para o S enhor naquele local e o chamou de Javé-Shalom. Até hoje o altar está em Ofra, no território do clã de Abiezer. Naquela noite, o S enhor disse a Gideão: “Tome o segundo touro do rebanho de seu pai, aquele de sete anos. Derrube o altar que seu pai fez para Baal e corte o poste de Aserá que fica ao lado do altar. Depois, construa um altar para o S enhor, seu Deus, no alto desta colina, arrumando as pedras com cuidado. Sacrifique o touro sobre o altar como holocausto e use como lenha a madeira do poste de Aserá que você cortará”. Gideão levou dez de seus servos e fez o que o S enhor mandou. Porém, fez tudo de noite, com medo de sua família e do povo da cidade. Logo cedo no dia seguinte, quando os habitantes da cidade começaram a despertar, alguém descobriu que o altar de Baal havia sido derrubado e que o poste de Aserá ao lado dele tinha sido cortado. Em seu lugar, havia um novo altar, sobre o qual estavam os restos do touro sacrificado. Os habitantes perguntaram uns aos outros: “Quem fez isso?”. Depois de uma investigação cuidadosa, descobriram que tinha sido Gideão, filho de Joás. “Traga seu filho para fora”, os homens da cidade exigiram de Joás. “Ele deve morrer, pois derrubou o altar de Baal e cortou o poste de Aserá!” Joás, porém, gritou para a multidão que o confrontava: “Por que vocês defendem Baal? Acaso pretendem salvá-lo? Quem lutar pela causa dele será morto pela manhã! Se Baal é realmente um deus, que ele próprio se defenda e destrua quem derrubou seu altar!”. Dali em diante, Gideão foi chamado de Jerubaal (isto é, “Que Baal lute com ele”), pois derrubou o altar de Baal. Pouco tempo depois, os exércitos de Midiã, de Amaleque e de outros povos do leste se uniram. Eles atravessaram o Jordão e acamparam no vale de Jezreel. Então o Espírito do S enhor veio sobre Gideão, que tocou a trombeta de chifre de carneiro, convocando para a batalha, e os homens do clã de Abiezer o seguiram. Também enviou mensageiros às tribos de Manassés, Aser, Zebulom e Naftali, convocando seus guerreiros, e todos atenderam ao chamado. Então Gideão disse a Deus: “Se de fato vais me usar para salvar Israel, como prometeste, dá-me uma prova da seguinte forma. Hoje à noite, deixarei um pouco de lã na eira, onde se peneiram os grãos. Se pela manhã a lã estiver molhada de orvalho, mas o chão estiver seco, saberei que vais me ajudar a salvar Israel, como prometeste”. E foi exatamente o que aconteceu. Na manhã seguinte, bem cedo, Gideão se levantou, espremeu a lã e recolheu uma tigela cheia de água. Então Gideão disse a Deus: “Peço que não fiques irado comigo, mas que me permitas fazer mais um pedido. Deixa-me usar esta lã para mais uma prova. Desta vez, que a lã fique seca e o chão ao redor dela fique coberto de orvalho”. Naquela noite, Deus fez o que Gideão havia pedido. Pela manhã, a lã estava seca, mas o chão estava coberto de orvalho. Jerubaal (isto é, Gideão) e todo o seu exército se levantaram de madrugada e acamparam junto à fonte de Harode. Os exércitos de Midiã estavam acampados ao norte deles, no vale perto da colina de Moré. O S enhor disse a Gideão: “Você tem guerreiros demais. Se eu deixar todos vocês lutarem contra os midianitas, Israel se vangloriará diante de mim, dizendo que se libertou por sua própria força. Portanto, diga ao povo: ‘Quem estiver com medo e assustado pode deixar este monte e voltar para casa’”. Vinte e dois mil homens voltaram para casa, restando apenas dez mil. O S enhor, porém, disse a Gideão: “Seu exército ainda está grande demais. Desça com eles até a fonte, e eu os provarei para determinar quem irá com você e quem não irá”. Quando Gideão desceu com os guerreiros até a fonte, o S enhor lhe disse: “Separe os homens em dois grupos. Num grupo, coloque todos que bebem água das mãos, lambendo-a como fazem os cães. No outro grupo, coloque todos que se ajoelham e põem a boca na água para beber”. Apenas trezentos homens beberam água das mãos; os demais se ajoelharam e puseram a boca na água. O S enhor disse a Gideão: “Com estes trezentos homens eu livrarei Israel e entregarei os midianitas em suas mãos. Mande para casa os demais”. Gideão ordenou que recolhessem as provisões e as trombetas de chifre de carneiro dos outros guerreiros e os mandou para casa, mas manteve consigo os trezentos homens. O acampamento midianita ficava à frente de Gideão, descendo o vale. Naquela noite, o S enhor lhe disse: “Levante-se! Desça ao acampamento dos midianitas, pois eu os entreguei em suas mãos! Mas, se você tem medo de atacá-los, desça até o acampamento com seu servo Purá. Ouça o que os midianitas estão dizendo e você se encherá de coragem e terá ânimo para atacar”. Então Gideão e seu servo Purá desceram até os limites do acampamento inimigo. Os exércitos de Midiã, de Amaleque e dos povos do leste cobriam o vale como uma nuvem de gafanhotos. Seus camelos eram tão numerosos como os grãos de areia da praia, impossíveis de contar. Gideão se aproximou no exato momento em que um homem contava um sonho a seu amigo. O homem disse: “Tive um sonho, no qual um pão de cevada veio rolando para dentro do acampamento midianita; então, bateu numa tenda e ela virou, desmontando-se!”. O amigo respondeu: “O sonho só pode significar uma coisa: a espada de Gideão, filho de Joás, o israelita. Deus entregou todo o exército midianita nas mãos dele!”. Quando Gideão ouviu o sonho e sua interpretação, prostrou-se em adoração. Voltou para o acampamento de Israel e gritou: “Levantem-se! O S enhor entregou o exército midianita em suas mãos!”. Em seguida, dividiu os trezentos homens em três grupos e deu a cada homem uma trombeta e um vaso de barro com uma tocha dentro. “Olhem para mim”, disse ele. “Quando chegarmos à beira do acampamento, façam o que eu fizer. Assim que eu e todos os que estiverem comigo tocarmos nossas trombetas, toquem as suas também ao redor de todo o acampamento e gritem: ‘Pelo S enhor e por Gideão!’” Pouco depois da meia-noite e da troca da guarda inimiga, Gideão e seus cem homens chegaram aos limites do acampamento midianita. De repente, tocaram as trombetas e quebraram os vasos de barro. Então os três grupos tocaram as trombetas e quebraram os vasos. Segurando a tocha na mão esquerda e a trombeta na direita, todos gritaram: “À espada, pelo S enhor e por Gideão!”. Cada homem manteve sua posição ao redor do acampamento e viu todos os midianitas correrem de um lado para o outro, gritando apavorados enquanto fugiam. Quando os trezentos israelitas tocaram as trombetas, o S enhor fez os guerreiros que estavam no acampamento lutarem uns contra os outros com suas espadas. Os que sobreviveram fugiram para lugares distantes como Bete-Sita, perto de Zererá, e para a divisa de Abel-Meolá, perto de Tabate. Então Gideão convocou os guerreiros de Naftali, Aser e Manassés, que se juntaram aos demais para perseguir o exército midianita. Gideão também enviou mensageiros a toda a região montanhosa de Efraim, dizendo: “Desçam e ataquem os midianitas! Não permitam que eles cheguem aos pontos mais rasos de travessia do Jordão em Bete-Bara”. Todos os homens de Efraim obedeceram. Capturaram Orebe e Zeebe, os dois comandantes midianitas, e mataram Orebe na rocha de Orebe e Zeebe na prensa de uvas de Zeebe. Depois, continuaram a perseguir os midianitas. Por fim, levaram a cabeça de Orebe e a de Zeebe para Gideão, que estava do outro lado do Jordão. Então os homens da tribo de Efraim perguntaram a Gideão: “Por que você nos tratou dessa forma? Por que não nos chamou quando foi lutar com os midianitas?”. E o repreenderam duramente. Gideão, porém, respondeu: “O que eu fiz em comparação com vocês? A sobra das uvas da colheita de Efraim não são melhores que toda a colheita do pequeno clã de Abiezer? Deus entregou em suas mãos Orebe e Zeebe, os comandantes do exército midianita. O que eu fiz em comparação com isso?”. Quando ouviram a resposta de Gideão, a indignação dos homens de Efraim diminuiu. Então Gideão atravessou o rio Jordão com os trezentos homens e, embora estivessem exaustos, continuaram a perseguir o inimigo. Quando chegaram a Sucote, Gideão pediu ao povo da cidade: “Por favor, deem um pouco de comida aos meus guerreiros. Eles estão muito cansados. Estou perseguindo Zeba e Zalmuna, reis de Midiã”. Mas os líderes de Sucote responderam: “Primeiro capture Zeba e Zalmuna, e então daremos comida ao seu exército”. “Muito bem”, disse Gideão. “Depois que o S enhor entregar Zeba e Zalmuna em minhas mãos, voltarei e rasgarei a carne de vocês com espinhos e com espinheiros do deserto.” Dali Gideão subiu a Peniel, onde também pediu comida e recebeu a mesma resposta. Disse ele ao povo de Peniel: “Quando eu voltar vitorioso, derrubarei esta torre”. A essa altura, Zeba e Zalmuna estavam em Carcor com cerca de quinze mil guerreiros. Era tudo que restava dos exércitos aliados do leste, pois 120 mil já haviam sido mortos. Gideão subiu pela rota das caravanas, a leste de Noba e Jogbeá, e atacou de surpresa o exército midianita. Zeba e Zalmuna, os dois reis midianitas, fugiram, mas Gideão os perseguiu e os capturou, derrotando seu exército. Gideão, filho de Joás, voltou da batalha pelo desfiladeiro de Heres. Ali, capturou um jovem de Sucote e exigiu que ele escrevesse o nome dos 77 oficiais e autoridades da cidade. Então Gideão retornou a Sucote e disse ao povo: “Aqui estão Zeba e Zalmuna. Quando estivemos aqui antes, vocês zombaram de mim e disseram: ‘Primeiro capture Zeba e Zalmuna, e então daremos comida aos seus guerreiros exaustos’”. Gideão prendeu as autoridades da cidade e os castigou com espinhos e espinheiros do deserto. Também derrubou a torre de Peniel e matou os homens da cidade. Depois disso, Gideão perguntou a Zeba e a Zalmuna: “Como eram os homens que vocês mataram em Tabor?”. “Como você”, responderam eles. “Todos pareciam filhos de rei.” “Eram meus irmãos, filhos de minha mãe!”, exclamou Gideão. “Tão certo como vive o S enhor, eu não mataria vocês se tivessem poupado a vida deles!” Gideão se voltou para Jéter, seu filho mais velho, e disse: “Mate-os!”. Mas Jéter não tirou sua espada, pois ainda era jovem e teve medo. Então Zeba e Zalmuna disseram a Gideão: “Seja homem! Mate-nos você mesmo!”. Gideão os matou e tirou os enfeites que estavam no pescoço dos camelos deles. Então os israelitas disseram a Gideão: “Seja nosso governante! Você, seu filho e seu neto nos governarão, pois nos libertou de Midiã”. Gideão, porém, respondeu: “Nem eu nem meu filho governaremos vocês. O S enhor os governará! Mas tenho um pedido a fazer. Cada um de vocês me dê uma argola de ouro que tomou de seus inimigos como despojo”. (Uma vez que os inimigos eram ismaelitas, todos usavam argolas de ouro.) “Com todo o prazer!”, responderam eles. Estenderam uma capa, e cada um jogou ali uma argola de ouro que havia tomado como despojo. O peso das argolas de ouro totalizou pouco mais de vinte quilos, sem contar os enfeites, os pendentes e as roupas de púrpura que os reis de Midiã usavam, além das correntes que estavam no pescoço de seus camelos. Com esse ouro, Gideão fez um colete sacerdotal e o colocou em Ofra, sua cidade. Todo o Israel, porém, se prostituiu, fazendo do colete objeto de adoração, e ele se tornou uma armadilha para Gideão e sua família. Esse é o relato de como os israelitas derrotaram Midiã, que nunca se recuperou. Durante quarenta anos do restante da vida de Gideão, houve paz na terra. Então Gideão, filho de Joás, voltou para casa. Gerou setenta filhos do sexo masculino, pois teve muitas esposas. Também teve uma concubina em Siquém que deu à luz um filho seu, a quem ele chamou Abimeleque. Gideão, filho de Joás, morreu quando era muito idoso e foi sepultado no túmulo de seu pai, Joás, em Ofra, no território do clã de Abiezer. Logo depois da morte de Gideão, os israelitas se prostituíram, adorando imagens de Baal e fazendo de Baal-Berite seu deus. Os israelitas se esqueceram do S enhor, seu Deus, que os havia livrado de todos os inimigos em redor. Também não demonstraram lealdade alguma para com a família de Jerubaal (isto é, Gideão), apesar de todo o bem que ele havia feito a Israel. Certo dia, Abimeleque, filho de Gideão, foi a Siquém visitar os irmãos de sua mãe e disse a eles e aos demais membros do seu clã materno: “Perguntem aos líderes de Siquém se preferem ser governados por todos os setenta filhos de Gideão ou por um só homem. E lembrem-se de que eu sou da mesma carne e do mesmo sangue de vocês!”. Então os tios de Abimeleque transmitiram sua mensagem a todos os líderes de Siquém, que, depois de ouvirem a proposta, decidiram em favor de Abimeleque, pois era parente deles. Deram-lhe setenta moedas de prata do templo de Baal-Berite, que ele usou para contratar indivíduos desocupados e desordeiros que concordaram em segui-lo. Ele foi à casa de seu pai em Ofra e ali, sobre uma pedra, matou todos os seus setenta meios-irmãos, os filhos de Gideão, exceto Jotão, o filho mais novo, que fugiu e se escondeu. Então os líderes de Siquém e Bete-Milo convocaram uma reunião debaixo do carvalho perto da coluna em Siquém e proclamaram Abimeleque rei. Quando Jotão soube disso, subiu ao topo do monte Gerizim e gritou: “Ouçam-me, cidadãos de Siquém! Ouçam-me se querem que Deus os ouça! Certa vez as árvores resolveram ungir um rei. Primeiro disseram à oliveira: ‘Seja nosso rei!’. Mas a oliveira se recusou e disse: ‘Devo deixar de produzir o óleo que agrada a Deus e às pessoas, só para ser a mais alta das árvores que o vento agita?’. “Então disseram à figueira: ‘Seja nosso rei!’. Mas a figueira também se recusou e disse: ‘Devo deixar de produzir meus frutos doces e deliciosos, só para ser a mais alta das árvores que o vento agita?’. “Então disseram à videira: ‘Seja nosso rei!’. Mas a videira também se recusou e disse: ‘Devo deixar de produzir o vinho que alegra a Deus e às pessoas, só para ser a mais alta das árvores que o vento agita?’. “Por fim, todas as árvores se voltaram para o espinheiro e disseram: ‘Seja nosso rei!’. E o espinheiro respondeu às árvores: ‘Se querem mesmo ungir-me seu rei, venham abrigar-se à minha sombra. Se não, que saia fogo de mim e queime os cedros do Líbano’”. Jotão prosseguiu: “Será que vocês de fato agiram de forma honrada e íntegra ao proclamar Abimeleque seu rei? Será que foram justos com Gideão e seus descendentes? Vocês o trataram como ele merece, tendo em vista tudo que realizou? Meu pai lutou por vocês e arriscou a vida para libertá-los dos midianitas. Mas hoje vocês se rebelaram contra ele e seus descendentes e mataram seus setenta filhos sobre uma pedra. Escolheram Abimeleque, filho da escrava dele, para ser rei só porque ele é seu parente. “Se hoje agiram de forma honrada e íntegra com Gideão e seus descendentes, então que sejam felizes com Abimeleque, e ele seja feliz com vocês. Mas, se não o fizeram, então que saia fogo de Abimeleque e queime os líderes de Siquém e Bete-Milo, e saia fogo dos líderes de Siquém e Bete-Milo e queime Abimeleque!”. Então Jotão fugiu e foi morar em Beer, pois tinha medo de seu irmão Abimeleque. Depois que Abimeleque havia governado Israel por três anos, Deus enviou um espírito que gerou discórdia entre Abimeleque e os líderes de Siquém, que se rebelaram. Foi um castigo para Abimeleque por ele ter assassinado os setenta filhos de Gideão e para os líderes de Siquém por terem apoiado Abimeleque no assassinato de seus irmãos. Os líderes de Siquém prepararam uma emboscada para Abimeleque no alto dos montes e assaltavam todos os que passavam por ali. Contudo, alguém alertou Abimeleque sobre essa conspiração. Nessa época, Gaal, filho de Ebede, se mudou para Siquém com seus irmãos e ganhou a confiança dos líderes da cidade. Depois de irem ao campo, colherem as uvas e pisarem nelas, realizaram uma festa da colheita, no templo do deus local. Foi servido vinho à vontade, e todos começaram a amaldiçoar Abimeleque. “Quem é Abimeleque?”, disse em alta voz Gaal, filho de Ebede. “Se não é um verdadeiro filho de Siquém, por que devemos servi-lo? É apenas filho de Gideão, e esse Zebul é apenas seu ajudante. Sirvam aos verdadeiros filhos de Hamor, o fundador de Siquém! Por que devemos servir a Abimeleque? Se eu estivesse no comando, me livraria de Abimeleque. Diria a ele: ‘Convoque seus soldados e venha lutar!’.” Mas, quando Zebul, que governava a cidade, tomou conhecimento das palavras de Gaal, ficou furioso. Enviou mensageiros a Abimeleque em Arumá para lhe dizer: “Gaal, filho de Ebede, e seus irmãos se mudaram para Siquém e estão instigando a cidade a se rebelar contra você. Venha de noite com seu exército e esconda-se nos campos. Pela manhã, assim que o sol nascer, ataque a cidade. Quando Gaal e aqueles que o acompanham saírem para lutar contra você, faça com eles o que desejar”. Então Abimeleque e todos os seus homens saíram de noite, dividiram-se em quatro grupos e armaram uma emboscada ao redor de Siquém. Gaal, filho de Ebede, estava à porta da cidade quando Abimeleque e seu exército saíram de seus esconderijos. Quando Gaal os viu, disse a Zebul: “Olhe, há pessoas descendo do alto das colinas!”. Zebul respondeu: “São apenas as sombras dos montes que se parecem com homens”. Mas Gaal insistiu: “Não! São pessoas descendo das colinas. E outro grupo vem pela estrada que passa pelo Carvalho dos Adivinhos”. Zebul se voltou para ele e perguntou: “Onde foi parar toda a sua conversa? Não foi você que disse: ‘Quem é Abimeleque e por que deveríamos servi-lo?’. Os homens dos quais você zombou estão logo ali do lado de fora da cidade! Saia e lute contra eles!”. Então Gaal marchou à frente dos líderes de Siquém para a batalha contra Abimeleque. Abimeleque perseguiu Gaal, e muitos homens de Siquém foram feridos e caíram pelo caminho enquanto recuavam até o portão da cidade. Abimeleque voltou a Arumá, e Zebul expulsou Gaal e seus irmãos de Siquém. No dia seguinte, o povo de Siquém saiu para guerrear nos campos. Abimeleque soube disso, dividiu seus homens em três grupos e armou emboscadas nos campos. Quando Abimeleque viu o povo sair da cidade, ele e seus homens saíram de seus esconderijos e atacaram. Abimeleque e seu grupo tomaram de assalto o portão da cidade para impedir que os homens de Siquém voltassem para dentro. Enquanto isso, os outros dois grupos atacaram e mataram aqueles que estavam nos campos. A batalha durou o dia inteiro. Por fim, Abimeleque tomou Siquém e matou seus habitantes. Depois, destruiu a cidade e espalhou sal em todo o solo. Ao tomarem conhecimento do que havia acontecido, os líderes que viviam na torre de Siquém correram e se esconderam na fortaleza do templo de Baal-Berite. Quando alguém informou Abimeleque de que esses habitantes estavam reunidos ali, ele levou seu exército ao monte Zalmom. Pegou um machado, cortou alguns galhos de uma árvore e os pôs sobre os ombros. “Rápido! Façam como eu!”, disse a seus homens. Assim, cada um cortou alguns galhos e fez como Abimeleque. Então amontoaram os galhos junto às paredes do templo e puseram fogo. Todos que viviam na torre de Siquém morreram, cerca de mil homens e mulheres. Em seguida, Abimeleque atacou a cidade de Tebes e a conquistou. No meio da cidade, porém, havia uma torre forte, e toda a população, homens e mulheres, fugiu para lá. Trancaram-se por dentro e subiram até o terraço. Abimeleque foi até a torre e a atacou. Mas, quando se preparava para incendiar a entrada da torre, uma mulher que estava no terraço jogou na cabeça de Abimeleque uma pedra de moinho, que rachou seu crânio. Sem demora, ele disse a seu jovem escudeiro: “Tire a espada e mate-me! Assim ninguém dirá que uma mulher matou Abimeleque!”. O jovem o atravessou com sua espada, e ele morreu. Quando os israelitas viram que Abimeleque estava morto, debandaram e voltaram para casa. Desse modo, Deus castigou Abimeleque pelo mal que ele havia feito a seu pai, matando os setenta irmãos. Deus também castigou os homens de Siquém por toda a sua maldade. Assim cumpriu-se a maldição de Jotão, filho de Gideão. Depois da morte de Abimeleque, Tolá, filho de Puá, filho de Dodô, foi o próximo libertador de Israel. Era da tribo de Issacar, mas morava na cidade de Samir, na região montanhosa de Efraim. Julgou Israel por 23 anos. Quando morreu, foi sepultado em Samir. Depois que Tolá morreu, Jair, de Gileade, julgou Israel por 22 anos. Seus trinta filhos montavam trinta jumentos e possuíam na terra de Gileade trinta cidades que até hoje são chamadas de Cidades de Jair. Quando morreu, foi sepultado em Camom. Mais uma vez, os israelitas fizeram o que era mau aos olhos do S enhor. Serviram às imagens de Baal e Astarote e aos deuses da Síria, de Sidom, Moabe, Amom e da Filístia. Abandonaram o S enhor e deixaram de servi-lo. Então a ira do S enhor se acendeu contra Israel, e ele os entregou nas mãos dos filisteus e dos amonitas, que começaram a oprimi-los cruelmente naquele mesmo ano. Durante dezoito anos, oprimiram todos os israelitas a leste do Jordão na terra dos amorreus (isto é, em Gileade). Os amonitas também atravessaram para o lado oeste do Jordão e atacaram as tribos de Judá, Benjamim e Efraim. Os israelitas ficaram muito angustiados e, por fim, pediram socorro ao S enhor. “Pecamos contra ti”, disseram, “pois abandonamos nosso Deus e servimos às imagens de Baal!” O S enhor respondeu: “Acaso não os livrei dos egípcios, dos amorreus, dos amonitas, dos filisteus, dos sidônios, dos amalequitas e dos maonitas? Quando eles os oprimiram, vocês me pediram socorro, e eu os livrei. E, no entanto, vocês me abandonaram e serviram a outros deuses. Por isso, não os livrarei mais. Vão e clamem aos deuses que vocês escolheram! Que eles os livrem neste momento de angústia!”. Mas os israelitas suplicaram ao S enhor: “Sim, pecamos! Castiga-nos como te parecer melhor, mas livra-nos hoje de nossos inimigos”. Então eles se desfizeram dos deuses estrangeiros e serviram ao S enhor. E ele teve compaixão deles por causa de seu sofrimento. Quando os exércitos de Amom foram convocados para guerrear e acamparam em Gileade, os israelitas se reuniram e acamparam em Mispá. Os líderes de Gileade disseram uns aos outros: “O primeiro que atacar os amonitas governará todo o povo de Gileade”. Jefté era um guerreiro corajoso. Era filho de Gileade, mas sua mãe era uma prostituta. A esposa de Gileade teve muitos filhos, e quando esses meios-irmãos cresceram, expulsaram Jefté, dizendo: “Você não receberá parte alguma da herança de nosso pai, pois é filho de outra mulher”. Então Jefté fugiu de seus irmãos e foi viver na terra de Tobe. Em pouco tempo, passou a chefiar um bando de desocupados que se uniram a ele. Por essa época, os amonitas começaram a guerrear contra Israel. Quando os amonitas atacaram, os líderes de Gileade mandaram buscar Jefté na terra de Tobe. “Venha e seja nosso comandante!”, disseram. “Ajude-nos a lutar contra os amonitas!” Mas Jefté lhes disse: “Não são vocês os mesmos que me odiavam e que me expulsaram da casa de meu pai? Por que me chamam agora que estão em apuros?”. “Porque precisamos de você”, responderam os líderes. “Se você nos comandar na batalha contra os amonitas, nós o proclamaremos governante de todo o povo de Gileade.” Jefté lhes disse: “Quer dizer que se eu for com vocês e o S enhor me der a vitória sobre os amonitas, governarei todo o povo?”. Os líderes de Gileade responderam: “O S enhor é nossa testemunha de que faremos exatamente como você disse”. Então Jefté foi com os líderes de Gileade, e o povo o fez governante e comandante do exército. Em Mispá, na presença do S enhor, Jefté repetiu o que tinha dito aos líderes. Jefté enviou mensageiros ao rei de Amom para perguntar: “Por que você saiu para guerrear contra minha terra?”. O rei de Amom respondeu aos mensageiros de Jefté: “Quando saíram do Egito, os israelitas roubaram minhas terras desde o rio Arnom até o rio Jaboque, e até o Jordão. Agora, devolva-nos pacificamente esse território”. Jefté enviou a seguinte mensagem em resposta ao rei amonita: “Assim diz Jefté: Israel não roubou terra alguma de Moabe nem de Amom. Quando o povo de Israel veio do Egito e chegou a Cades, depois de atravessar o mar Vermelho, enviou mensageiros ao rei de Edom e pediu: ‘Deixe-nos passar por sua terra’. Contudo, seu pedido foi negado. Então fizeram o mesmo pedido ao rei de Moabe, mas ele também não os deixou passar. Por isso, o povo de Israel ficou em Cades. “Depois, passaram pelo deserto, contornando Edom e Moabe. Acompanharam a divisa de Moabe a leste e acamparam do outro lado do rio Arnom. Em momento algum atravessaram o Arnom para entrar em Moabe, pois o Arnom era a divisa de Moabe. “Então Israel enviou mensageiros a Seom, rei dos amorreus, que governava em Hesbom, e pediu: ‘Deixe-nos passar por sua terra, para chegarmos ao nosso destino’. O rei Seom, porém, não confiava em Israel o suficiente para deixar o povo passar por seu território. Em vez disso, mobilizou seu exército em Jaza e atacou Israel. Mas o S enhor, o Deus de Israel, entregou o rei Seom nas mãos de seu povo, que derrotou os amorreus. Israel tomou posse de toda a terra dos amorreus que viviam naquela região, desde o Arnom até o Jaboque, e desde o deserto até o Jordão. “Como você vê, foi o S enhor, o Deus de Israel, que tirou a terra dos amorreus e a entregou a Israel. Por que, então, haveríamos de devolvê-la? Fique com o que seu deus Camos lhe der, e nós ficaremos com o que o S enhor, nosso Deus, nos der. Acaso você é melhor que Balaque, filho de Zipor, rei de Moabe? Ele tentou disputar esses territórios com Israel? Entrou em guerra contra os israelitas? “Israel vive aqui há trezentos anos. Habita em Hesbom e nos povoados ao redor, até Aroer e seus povoados, e todas as cidades às margens do rio Arnom. Por que, até agora, vocês não fizeram esforço algum para reaver esse território? Portanto, não pequei contra você. Pelo contrário, você fez mal ao me atacar. Que o S enhor, o Juiz, decida hoje qual de nós está certo: Israel ou Amom”. Mas o rei de Amom não deu atenção à mensagem de Jefté. Então o Espírito do S enhor veio sobre Jefté. Ele atravessou o território de Gileade e Manassés, incluindo Mispá em Gileade, e dali avançou contra os amonitas. Jefté fez um voto ao S enhor: “Se entregares os amonitas em minhas mãos, darei ao S enhor o que sair primeiro de minha casa quando eu regressar vitorioso. Eu o oferecerei como holocausto”. Jefté saiu com seu exército para combater os amonitas, e o S enhor os entregou em suas mãos. Ele aniquilou os amonitas e destruiu vinte cidades, desde Aroer até os arredores de Minite, chegando até Abel-Queramim. Assim, os israelitas derrotaram os amonitas. Quando Jefté voltou para casa em Mispá, sua filha saiu ao seu encontro, tocando tamborim e dançando. Era sua única filha; ele não tinha nenhum outro filho nem filha. Quando Jefté a viu, rasgou as próprias roupas e gritou. “Ah, minha filha! Você acabou comigo! Trouxe desgraça sobre mim! Fiz um voto ao S enhor e não posso voltar atrás!”. Ela disse: “Pai, se fez um voto ao S enhor, faça comigo o que prometeu, pois o S enhor lhe deu grande vitória sobre seus inimigos, os amonitas. Mas, primeiro, permita que eu ande pelos montes e chore com minhas amigas por dois meses, pois morrerei virgem”. “Pode ir”, disse Jefté, e deixou que ela se ausentasse por dois meses. Ela e suas amigas foram para os montes e lamentaram, pois ela jamais teria filhos. Quando ela voltou para casa, seu pai cumpriu o voto que havia feito, e ela morreu sem ter tido relações com homem algum. Por isso, tornou-se costume em Israel as moças israelitas saírem por quatro dias todos os anos para lamentar o destino da filha de Jefté, de Gileade. Então os homens de Efraim mobilizaram um exército e atravessaram o Jordão para Zafom. Enviaram a seguinte mensagem a Jefté: “Por que você não pediu nossa ajuda para lutar contra os amonitas? Vamos queimar sua casa, com você dentro!”. Jefté respondeu: “Eu os convoquei no início do conflito, mas vocês se recusaram a vir! Não nos ajudaram na luta contra Amom. Por isso, quando vi que vocês não viriam, arrisquei a vida e saí para a batalha sem vocês, e o S enhor entregou os amonitas em minhas mãos. Por que agora vocês vêm lutar contra mim?”. Os homens de Efraim responderam: “Vocês, de Gileade, não passam de fugitivos de Efraim e Manassés”. Então Jefté reuniu todos os guerreiros de Gileade, atacou os homens de Efraim e os derrotou. Os homens de Gileade tomaram os pontos mais rasos de travessia do Jordão, e sempre que um fugitivo de Efraim tentava voltar para a outra margem, eles o confrontavam. “Você pertence à tribo de Efraim?”, perguntavam. Se o homem negasse, eles o mandavam dizer “Chibolete”. Se ele era de Efraim, dizia “Sibolete”, pois o povo de Efraim não consegue pronunciar essa palavra corretamente. Então eles o capturavam e o matavam no lugar de travessia do Jordão. Ao todo, foram mortos 42 mil homens de Efraim naquela ocasião. Jefté julgou Israel durante seis anos. Quando morreu, foi sepultado numa das cidades de Gileade. Depois que Jefté morreu, Ibsã, de Belém, julgou Israel. Ele teve trinta filhos e trinta filhas. Deu suas filhas em casamento a homens de fora de seu clã, e trouxe trinta moças de fora de seu clã para se casarem com seus filhos. Ibsã julgou Israel durante sete anos. Quando morreu, foi sepultado em Belém. Depois que Ibsã morreu, Elom, da tribo de Zebulom, julgou Israel durante dez anos. Quando morreu, foi sepultado em Aijalom, no território de Zebulom. Depois que Elom morreu, Abdom, filho de Hilel, de Piratom, julgou Israel. Ele teve quarenta filhos e trinta netos que montavam setenta jumentos. Abdom julgou Israel durante oito anos. Quando morreu, foi sepultado em Piratom, no território de Efraim, na região montanhosa dos amalequitas. Mais uma vez, os israelitas fizeram o que era mau aos olhos do S enhor. Por isso, o S enhor os entregou nas mãos dos filisteus, que os oprimiram durante quarenta anos. Naqueles dias, um homem chamado Manoá, da tribo de Dã, vivia na cidade de Zorá. Sua esposa era estéril, e eles não tinham filhos. O anjo do S enhor apareceu à esposa de Manoá e disse: “Embora você não tenha conseguido ter filhos até agora, ficará grávida e dará à luz um filho. Portanto, tenha cuidado; não beba vinho e nenhuma outra bebida fermentada, nem coma nenhum alimento que seja impuro. Você ficará grávida e dará à luz um filho, do qual jamais cortará o cabelo, porque ele será consagrado a Deus como nazireu desde o nascimento. Ele começará a libertar Israel das mãos dos filisteus”. A mulher foi correndo contar ao marido: “Um homem de Deus apareceu para mim! Era como um dos anjos de Deus, e sua aparência era assustadora. Não perguntei de onde era, e ele não me disse seu nome. Mas ele me disse: ‘Você ficará grávida e dará à luz um filho. Não beba vinho e nenhuma outra bebida fermentada, nem coma nenhum alimento que seja impuro. Seu filho será consagrado a Deus como nazireu desde o nascimento até o dia de sua morte’”. Então Manoá orou ao S enhor: “Senhor, eu peço que o homem de Deus que enviaste volte e nos dê mais instruções a respeito desse filho que vai nascer”. Deus atendeu à oração de Manoá, e o anjo de Deus apareceu outra vez à esposa quando ela estava sentada no campo. Seu marido, Manoá, não estava com ela. Então ela foi correndo contar ao marido: “O homem que apareceu outro dia está aqui de novo!”. Manoá voltou depressa com sua esposa e perguntou: “O senhor é o homem que falou com minha esposa outro dia?”. “Sim, sou eu”, respondeu ele. Então Manoá perguntou: “Quando suas palavras se cumprirem, como devemos criar o menino? Qual será o trabalho dele?”. O anjo do S enhor respondeu: “Sua esposa deverá seguir as instruções que lhe dei. Ela não deve comer uvas nem passas, não deve beber vinho e nenhuma outra bebida fermentada, nem deve comer nenhum alimento que seja impuro. Ela deverá fazer tudo que ordenei”. Manoá disse ao anjo do S enhor: “Por favor, fique aqui até prepararmos um cabrito para o senhor”. “Está bem, só que não comerei nada”, respondeu o anjo do S enhor. “Mas você pode preparar um holocausto como sacrifício ao S enhor.” Manoá ainda não havia percebido que era o anjo do S enhor. Manoá perguntou ao anjo do S enhor: “Qual é seu nome? Queremos lhe prestar homenagem quando isso tudo se cumprir”. “Por que quer saber meu nome?”, disse o anjo do S enhor. “Ele é tão maravilhoso que você não conseguiria entender!” Então Manoá tomou um cabrito e uma oferta de cereal e os apresentou sobre uma rocha como sacrifício ao S enhor. Enquanto Manoá e sua esposa observavam, o S enhor fez algo extraordinário. Quando as chamas do altar subiram ao céu, o anjo do S enhor subiu nas chamas. Ao verem isso, Manoá e sua esposa se curvaram com o rosto no chão. O anjo do S enhor não voltou a aparecer a Manoá e sua esposa. Então Manoá finalmente percebeu que era o anjo do S enhor e disse à sua esposa: “Com certeza vamos morrer, pois vimos a Deus!”. Sua esposa, porém, disse: “Se o S enhor quisesse nos matar, não teria aceitado o holocausto e a oferta de cereal. Não teria aparecido a nós, nem nos teria revelado essas coisas maravilhosas!”. Quando o menino nasceu, ela o chamou de Sansão. O S enhor o abençoou enquanto ele crescia, e o Espírito do S enhor começou a agir nele quando ele morava em Maané-Dã, entre Zorá e Estaol. Certo dia, Sansão estava em Timna e viu uma moça do povo filisteu. Quando voltou para casa, disse a seu pai e a sua mãe: “Vi uma moça filisteia em Timna. Quero me casar com ela. Consigam aquela moça para mim”. Seu pai e sua mãe se opuseram: “Não há uma moça sequer em nossa tribo ou entre todo o nosso povo com quem você possa se casar? Por que tem de procurar uma esposa entre os filisteus pagãos?”. Mas Sansão disse a seu pai: “Consiga a moça para mim. É ela que eu quero”. Seus pais não sabiam que o S enhor estava agindo no meio disso tudo, para criar uma oportunidade de agir contra os filisteus que, na época, dominavam Israel. Quando Sansão e seus pais estavam descendo a Timna, de repente um jovem leão atacou Sansão perto dos vinhedos de Timna. Naquele momento, o Espírito do S enhor veio sobre Sansão com tamanho poder que ele rasgou o animal pelas mandíbulas usando as próprias mãos, com a mesma facilidade que se despedaça um cabrito. Contudo, não contou a seus pais o que havia acontecido. Quando chegou a Timna, conversou com a moça e se agradou muito dela. Algum tempo depois, quando voltou a Timna para o casamento, saiu do caminho para ver o cadáver do leão. Descobriu que um enxame de abelhas havia feito mel dentro da carcaça. Pegou um pouco de mel com as mãos e foi comendo pelo caminho. Também deu um pouco a seu pai e a sua mãe, e eles comeram. Mas Sansão não lhes contou que havia tirado o mel da carcaça do leão. Enquanto seu pai estava em Timna para o casamento, Sansão ofereceu uma festa ali, como era costume entre os noivos. Quando os pais da noiva o viram, escolheram trinta rapazes da cidade para o acompanharem na festa. Sansão lhes disse: “Vou lhes propor um enigma. Se conseguirem decifrá-lo durante estes sete dias de celebração, darei a vocês trinta camisas de linho fino e trinta conjuntos de roupa. Mas, se não conseguirem decifrá-lo, vocês me darão trinta camisas de linho fino e trinta conjuntos de roupa”. “Está bem”, concordaram eles. “Proponha seu enigma.” Ele disse: “Do que come veio algo para comer, do que é forte veio algo doce”. Três dias depois, eles ainda tentavam encontrar a resposta. No quarto dia, disseram à esposa de Sansão: “Convença seu marido a explicar o enigma; caso contrário, queimaremos vivos você e sua família! Você nos convidou à festa só para nos deixar pobres?”. Então a esposa de Sansão lhe disse, aos prantos: “Você não me ama! Você me odeia! Propôs um enigma ao meu povo, mas não me contou a resposta!”. Ele respondeu: “Não revelei o enigma nem a meu pai e minha mãe. Por que deveria contá-lo a você?”. Ela chorava cada vez que estava com ele, e assim continuou até o último dia da festa. Por fim, de tanto importunar Sansão, no sétimo dia ele lhe contou a resposta. Então ela explicou o enigma aos rapazes. Antes do pôr do sol do sétimo dia, os homens da cidade vieram dar a resposta a Sansão: “O que é mais doce que o mel? O que é mais forte que o leão?”. Sansão respondeu: “Se vocês não tivessem arado com minha novilha, não teriam resolvido meu enigma!”. Então o Espírito do S enhor veio com poder sobre Sansão. Ele desceu à cidade de Ascalom, matou trinta homens, tomou seus pertences e deu as roupas deles aos homens que haviam resolvido o enigma. Contudo, ficou furioso com o que tinha acontecido e voltou a morar na casa de seus pais. A noiva de Sansão foi dada como esposa ao rapaz que o havia acompanhado na cerimônia. Algum tempo depois, durante a colheita do trigo, Sansão levou um cabrito de presente para sua esposa. “Vou ao quarto de minha esposa para dormir com ela”, disse ele. Mas o pai dela não o deixou entrar. “Eu tinha certeza de que você a odiava”, explicou ele. “Por isso eu a dei como esposa a seu acompanhante de casamento. Mas veja, a irmã mais nova dela é ainda mais bonita. Case-se com ela.” Sansão disse: “Desta vez ninguém poderá me culpar de tudo que eu fizer a vocês, filisteus”. Então saiu e capturou trezentas raposas. Amarrou-as em pares pela cauda e prendeu uma tocha em cada par de caudas. Depois, acendeu as tochas e soltou as raposas no meio das plantações de cereais dos filisteus. Assim, queimou tudo, tanto os feixes já ceifados como o cereal que ainda seria colhido. Também destruiu os vinhedos e os olivais. “Quem fez isto?”, perguntaram os filisteus. E responderam: “Foi Sansão, pois seu sogro, de Timna, deu a esposa de Sansão a seu acompanhante de casamento”. Então os filisteus queimaram vivos a mulher e seu pai. Sansão disse aos filisteus: “Não descansarei enquanto não me vingar de vocês pelo que fizeram!”. Ele os atacou com grande violência e matou muitos deles. Depois, foi morar numa caverna na rocha de Etã. Então os filisteus acamparam em Judá e se espalharam pelos arredores da cidade de Leí. Os homens de Judá perguntaram aos filisteus: “Por que vieram nos atacar?”. Os filisteus responderam: “Viemos capturar Sansão e nos vingar dele”. Então três mil homens de Judá desceram para buscar Sansão na caverna da rocha de Etã. “Você não sabe que os filisteus nos dominam?”, disseram a Sansão. “O que você está fazendo conosco?” Sansão respondeu: “Só fiz a eles o que fizeram a mim”. Mas os homens de Judá lhe disseram: “Viemos amarrá-lo e entregá-lo aos filisteus”. “Está bem”, disse Sansão. “Mas prometam que vocês mesmos não me farão mal.” “Vamos apenas amarrá-lo e entregá-lo aos filisteus”, responderam eles. “Não vamos matá-lo.” Então o amarraram com duas cordas novas e o fizeram sair da rocha. Quando Sansão chegou a Leí, os filisteus vieram ao seu encontro, dando gritos de vitória. Mas o Espírito do S enhor veio com poder sobre Sansão, e ele rompeu as cordas em seus braços como se fossem barbantes de linho queimados, e as amarras caíram de suas mãos. Sansão encontrou a queixada de um jumento que tinha sido morto havia pouco tempo. Ele a pegou e a usou para matar mil filisteus. Então disse: “Com uma queixada de jumento, fiz deles montões! Com uma queixada de jumento, matei mil homens!”. Quando acabou de celebrar sua vitória, jogou fora a queixada; e aquele lugar foi chamado de Ramate-Leí. Sansão sentiu muita sede e clamou ao S enhor: “Por meio da força de teu servo, concedeste este grande livramento. Acaso devo morrer de sede e cair nas mãos desses incircuncisos?”. Então Deus fez jorrar água de um buraco no chão em Leí. Sansão bebeu e se reanimou. Chamou aquele lugar de En-Hacoré, que existe em Leí até hoje. Sansão julgou Israel durante vinte anos, no período em que os filisteus dominavam a terra. Certo dia, Sansão foi à cidade filisteia de Gaza e conheceu uma prostituta, com quem passou a noite. Logo correu a notícia de que Sansão estava lá, e os homens de Gaza se reuniram e esperaram a noite toda junto aos portões da cidade. Ficaram em silêncio a noite inteira, pois pensavam: “Quando o dia clarear, vamos matá-lo”. Mas Sansão ficou deitado só até a meia-noite. Então levantou-se, agarrou os portões da cidade, com os dois batentes, e os ergueu, junto com a tranca. Colocou-os sobre os ombros e os levou para o alto da colina que fica em frente de Hebrom. Algum tempo depois, Sansão se apaixonou por uma mulher chamada Dalila, que morava no vale de Soreque. Os governantes dos filisteus foram vê-la e disseram: “Seduza Sansão para que ele lhe diga o que o torna tão forte e como podemos dominá-lo e amarrá-lo sem que consiga se soltar. Então cada um de nós dará a você 1.100 peças de prata”. Assim, Dalila disse a Sansão: “Conte-me, por favor, o que o torna tão forte e como poderia ser amarrado sem conseguir se soltar”. Sansão respondeu: “Se eu fosse amarrado com sete cordas de arco novas, ainda não secas, ficaria tão fraco como qualquer outro homem”. Então os governantes filisteus levaram para Dalila sete cordas de arco novas, e ela amarrou Sansão. Ela havia escondido alguns homens num dos quartos interiores da casa e gritou: “Sansão! Os filisteus vieram atacá-lo!”. Mas Sansão arrebentou as cordas de arco de uma vez, como se rompe um pedaço de barbante queimado. E não descobriram o segredo de sua força. Mais tarde, Dalila disse a Sansão: “Você zombou de mim e mentiu! Agora conte-me, por favor, como poderia ser amarrado”. Sansão respondeu: “Se eu fosse amarrado firmemente com cordas novas em folha, que nunca foram usadas, ficaria tão fraco como qualquer outro homem”. Assim, Dalila pegou cordas novas e o amarrou com elas. Os homens estavam escondidos no quarto interior como antes e, de novo, Dalila gritou: “Sansão! Os filisteus vieram atacá-lo!”. Mais uma vez, porém, Sansão arrebentou as cordas em seus braços como se fossem fios. Então Dalila disse: “Você zombou de mim e mentiu! Agora conte-me, por favor, como poderia ser amarrado”. Sansão respondeu: “Se você tecesse as sete tranças de meu cabelo no pano de seu tear e o prendesse com o pino do tear, eu ficaria tão fraco como qualquer outro homem”. Enquanto Sansão dormia, Dalila teceu as sete tranças do cabelo dele no pano. Depois, prendeu-o com o pino do tear. De novo, ela gritou: “Sansão! Os filisteus vieram atacá-lo!”. Mas Sansão acordou e soltou, de uma vez, o cabelo do tear e do pano. Então Dalila disse: “Como você pode dizer que me ama, se não me conta seus segredos? Zombou de mim três vezes e ainda não me disse o que o torna tão forte!”. Todos os dias ela o atormentava com sua importunação, até ele não suportar mais. Por fim, contou-lhe seu segredo: “Meu cabelo nunca foi cortado, pois fui consagrado a Deus como nazireu desde o nascimento. Se minha cabeça fosse raspada, eu perderia as forças e ficaria tão fraco como qualquer outro homem”. Dalila percebeu que, finalmente, Sansão havia lhe contado a verdade e mandou chamar os governantes filisteus. “Venham mais uma vez!”, disse ela. “Sansão finalmente me contou seu segredo.” Os governantes foram ao encontro dela e lhe deram o dinheiro. Dalila fez Sansão dormir com a cabeça em seu colo e então chamou um homem para cortar as sete tranças do cabelo dele. Desse modo, começou a enfraquecê-lo, e suas forças o deixaram. Então ela gritou: “Sansão! Os filisteus vieram atacá-lo!”. Ao acordar, ele pensou: “Farei como das outras vezes e me livrarei deles”. Não sabia, porém, que o S enhor o havia deixado. Os filisteus o capturaram e furaram seus olhos. Levaram-no para Gaza, onde o prenderam com duas correntes de bronze, obrigando-o a moer cereais na prisão. Não demorou muito, porém, e seu cabelo começou a crescer de novo. Os governantes filisteus realizaram uma grande festa, na qual ofereceram sacrifícios e louvaram seu deus, Dagom. “Nosso deus nos deu a vitória sobre nosso inimigo Sansão!”, diziam eles. Ao ver Sansão, o povo louvou o seu deus. “Nosso deus nos entregou nosso inimigo!”, diziam. “Aquele que destruía a nossa terra e matou muitos de nós agora está em nosso poder!” A essa altura, já estavam muito bêbados e começaram a gritar: “Tragam Sansão para que nos divirta!”. Assim, trouxeram Sansão da prisão para diverti-los e o fizeram ficar em pé entre as duas colunas que sustentavam o teto. Sansão disse ao jovem servo que o guiava pela mão: “Ponha minhas mãos nas duas colunas que sustentam o templo. Quero me apoiar nelas”. O templo estava lotado. Todos os governantes filisteus estavam presentes, e havia cerca de três mil homens e mulheres na cobertura vendo Sansão e se divertindo às custas dele. Então Sansão orou ao S enhor: “Soberano S enhor, lembra-te de mim novamente. Por favor, ó Deus, fortalece-me só mais esta vez. Permite que, com um só golpe, eu me vingue dos filisteus pela perda de meus dois olhos”. Então Sansão se apoiou nas colunas centrais que sustentavam o templo, empurrou-as com as duas mãos e exclamou: “Que eu morra com os filisteus!”. E o templo desabou sobre os governantes filisteus e sobre todo o povo. Assim, Sansão matou mais pessoas quando morreu do que em toda a sua vida. Mais tarde, seus irmãos e outros parentes desceram para buscar o corpo. Eles o levaram de volta para casa e o sepultaram entre Zorá e Estaol, onde seu pai, Manoá, estava enterrado. Sansão julgou Israel durante vinte anos. Havia um homem chamado Mica, que vivia na região montanhosa de Efraim. Certo dia, disse à sua mãe: “Eu a ouvi amaldiçoar a pessoa que roubou suas 1.100 peças de prata. Na verdade, fui eu quem roubou essa prata; ela está comigo”. “O S enhor o abençoe, meu filho”, respondeu a mãe. Ele devolveu a prata, e ela disse: “Dedico solenemente estas peças de prata ao S enhor. Em favor de meu filho, mandarei fazer uma imagem esculpida e um ídolo de metal”. Assim, quando ele devolveu a prata à mãe, ela separou duzentas peças e as entregou a um ourives. Delas ele fez uma imagem esculpida e um ídolo de metal, que foram colocados na casa de Mica. Esse homem, Mica, construiu um santuário para o ídolo e também fez um colete sacerdotal e alguns ídolos do lar. Então nomeou um de seus filhos como seu sacerdote pessoal. Naqueles dias, Israel não tinha rei; cada um fazia o que parecia certo a seus próprios olhos. Certo dia, um jovem levita que vivia em Belém de Judá chegou àquela região. Havia saído de Belém à procura de outro lugar para morar. Em sua viagem, chegou à região montanhosa de Efraim e aconteceu de parar na casa de Mica. “De onde você vem?”, perguntou Mica. Ele respondeu: “Sou levita, de Belém de Judá, e estou à procura de um lugar para morar”. “Fique aqui comigo e seja pai e sacerdote para mim”, disse Mica. “Eu lhe darei dez peças de prata por ano, além de roupa e comida.” O jovem levita concordou e se tornou como um dos filhos de Mica. Então Mica nomeou o levita seu sacerdote pessoal, e o jovem ficou morando em sua casa. Mica disse: “Agora sei que o S enhor será bondoso comigo, pois tenho um levita como meu sacerdote!”. Naqueles dias, Israel não tinha rei. A tribo de Dã procurava um lugar onde se estabelecer, pois ainda não tinha tomado posse do território que havia recebido como herança quando a terra foi dividida entre as tribos de Israel. Então os homens de Dã escolheram dentre seus clãs cinco guerreiros corajosos das cidades de Zorá e Estaol para explorar um território onde a tribo pudesse se estabelecer. Quando esses guerreiros chegaram à região montanhosa de Efraim, pararam na casa de Mica e passaram a noite ali. Enquanto estavam na casa de Mica, reconheceram o sotaque do jovem levita, de modo que se aproximaram dele e perguntaram: “Quem o trouxe para cá e o que você está fazendo neste lugar? Por que está aqui?”. O jovem respondeu: “Fiz um acordo com Mica, e ele me contratou como seu sacerdote pessoal”. Então eles disseram: “Pergunte a Deus se nossa viagem será bem-sucedida”. “Vão em paz”, respondeu o sacerdote. “O S enhor está cuidando de sua viagem.” Os cinco homens prosseguiram até a cidade de Laís, onde notaram que os habitantes levavam uma vida tranquila, como os sidônios. Eram pacíficos e viviam em segurança, pois não havia quem os oprimisse em sua terra. Estavam longe de Sidom e não tinham nenhum aliado por perto. Quando os homens voltaram a Zorá e a Estaol, seus parentes lhes perguntaram: “O que vocês descobriram?”. Eles responderam: “Vamos atacá-los! Vimos a terra, e ela é muito boa. O que vocês estão esperando? Não hesitem em avançar e tomar posse dela. Quando chegarem lá, verão que o povo leva uma vida tranquila. Deus nos deu uma terra espaçosa e fértil, onde não falta nada!”. Então seiscentos homens da tribo de Dã armados para a guerra partiram de Zorá e de Estaol. Acamparam num lugar a oeste de Quiriate-Jearim, em Judá, conhecido hoje como Maané-Dã. Dali prosseguiram para a região montanhosa de Efraim e chegaram à casa de Mica. Os cinco homens que haviam explorado a terra nos arredores de Laís explicaram aos outros: “Numa destas casas há um colete sacerdotal, e também alguns ídolos do lar, uma imagem esculpida e um ídolo de metal. O que vocês acham que devem fazer?”. Os cinco homens saíram da estrada principal e foram à casa de Mica, onde morava o jovem levita, e o saudaram. Os seiscentos guerreiros armados da tribo de Dã ficaram à entrada da porta, e os cinco espiões entraram no santuário e removeram a imagem esculpida, o colete sacerdotal, os ídolos do lar e o ídolo de metal. Enquanto isso, o sacerdote ficou junto à porta, com os seiscentos guerreiros armados. Quando o sacerdote viu que os homens estavam levando todos os objetos sagrados do santuário de Mica, perguntou: “O que vocês estão fazendo?”. “Fique quieto e venha conosco”, responderam. “Seja nosso pai e sacerdote. Não é melhor ser sacerdote de uma tribo inteira e de um clã de Israel do que da casa de um só homem?” O jovem sacerdote aceitou de bom grado acompanhá-los. Pegou o colete sacerdotal, os ídolos do lar e a imagem esculpida e se uniu a eles. Então deram a volta, colocaram as crianças, o gado e os bens na frente do grupo e partiram. Quando os membros da tribo de Dã estavam longe da casa de Mica, ele e seus vizinhos foram atrás deles. Gritavam para os homens de Dã, que se voltaram e disseram a Mica: “Qual é o problema? Por que você convocou esses homens para nos perseguir?”. Mica respondeu: “Como é que vocês me perguntam qual é o problema? Tomaram todos os deuses que fiz e levaram meu sacerdote! Não me restou nada!”. Os homens de Dã disseram: “Cuidado com o que você diz! Temos em nosso meio alguns homens agressivos que poderiam ficar com raiva e matar você e sua família”. Assim, os homens de Dã seguiram seu caminho. Quando Mica viu que eram numerosos demais para atacá-los, deu meia-volta e foi para casa. Então os homens de Dã, levando os ídolos de Mica e seu sacerdote, chegaram à cidade de Laís, cujo povo era pacífico e vivia em segurança. Mataram à espada os habitantes e queimaram a cidade. Não havia ninguém que livrasse os habitantes da cidade, pois estavam longe de Sidom e não tinham nenhum aliado por perto. Isso aconteceu no vale de Bete-Reobe. Então o povo da tribo de Dã reconstruiu a cidade e passou a habitar nela. Mudaram seu nome para Dã, em homenagem ao antepassado deles, o filho de Jacó. Antes disso, a cidade se chamava Laís. Levantaram ali a imagem esculpida e nomearam Jônatas, filho de Gérson, filho de Moisés, como seu sacerdote. Os descendentes de Jônatas serviram como sacerdotes da tribo de Dã até a época do exílio. Assim, a tribo de Dã adorou a imagem esculpida de Mica durante todo o tempo em que a casa de Deus permaneceu em Siló. Naqueles dias, Israel não tinha rei. Havia um homem da tribo de Levi que morava num lugar afastado, na região montanhosa de Efraim. Certo dia, ele trouxe para casa uma mulher de Belém de Judá para ser sua concubina. Mas ela se irou com ele e voltou para a casa de seu pai, em Belém. Cerca de quatro meses depois, seu marido foi a Belém para reconquistá-la e convencê-la a voltar com ele. Levou consigo um servo e dois jumentos. Quando ele chegou, a mulher o levou até seu pai, que o recebeu com alegria. O sogro insistiu para que ficasse algum tempo, e ele permaneceu ali três dias, comendo, bebendo e dormindo. No quarto dia, levantaram-se cedo e ele estava pronto para partir, mas o pai da mulher disse a seu genro: “Coma alguma coisa antes de sair”. Os dois se sentaram, comeram e beberam. Então o pai da mulher disse: “Por favor, fique mais uma noite e alegre seu coração”. O homem se levantou para partir, mas o sogro continuou a insistir para que ele ficasse. Por fim, ele cedeu e passou mais uma noite ali. Na manhã do quinto dia, ele se levantou cedo e estava pronto para partir, e outra vez o pai da mulher disse: “Coma alguma coisa; deixe para sair à tarde”. Assim, fizeram mais uma refeição juntos. Mais tarde, quando o homem, a concubina e o servo se preparavam para partir, o sogro disse: “Já está escurecendo. Passe a noite aqui e alegre seu coração. Amanhã você pode levantar cedo e partir”. Dessa vez, porém, o homem estava decidido a partir. Rumou para Jebus (isto é, Jerusalém), levando consigo os jumentos com suas selas e a concubina. Chegaram perto de Jebus quase no final do dia, e o servo disse ao homem: “Vamos parar nesta cidade dos jebuseus e passar a noite aqui”. Seu senhor respondeu: “Não podemos ficar numa cidade estrangeira, que não pertence aos israelitas. Vamos prosseguir até Gibeá. Venha, vamos tentar chegar a Gibeá ou a Ramá e passaremos a noite numa dessas cidades”. Então prosseguiram. O sol estava se pondo quando chegaram a Gibeá, uma cidade no território de Benjamim e pararam ali para passar a noite. Sentaram-se na praça da cidade, mas ninguém se ofereceu para hospedá-los. Ao anoitecer, um homem idoso voltava para casa do trabalho no campo. Era da região montanhosa de Efraim, mas morava em Gibeá, onde os habitantes eram da tribo de Benjamim. Quando viu os viajantes sentados na praça da cidade, perguntou de onde vinham e para onde iam. O homem respondeu: “Estamos viajando de Belém de Judá para um lugar afastado na região montanhosa de Efraim, onde eu moro. Fui a Belém e agora estou voltando para casa. Ninguém quis nos hospedar, embora tenhamos tudo de que precisamos. Temos palha e forragem para os jumentos e bastante pão e vinho para nós”. “Vocês são bem-vindos em minha casa”, disse o homem idoso. “Eu lhes darei o que precisarem. Não passem a noite na praça, de jeito nenhum!” Ele os levou para casa e alimentou os jumentos. Depois que lavaram os pés, comeram e beberam juntos. Enquanto eles se alegravam, um grupo de homens perversos da cidade cercou a casa. Começaram a bater na porta e gritar para o velho, o dono da casa: “Traga para fora o homem que está hospedado com você, para que tenhamos relações com ele!”. O dono da casa saiu e falou com eles: “Não, meus irmãos, não façam tamanha maldade. O homem é hóspede em minha casa, e uma coisa dessas seria uma vergonha. Tomem minha filha virgem e a concubina do homem. Eu as trarei para fora, e vocês poderão violentá-las e fazer o que desejarem. Mas não façam uma coisa vergonhosa dessas com meu hóspede”. Eles, porém, não deram ouvidos. Então o levita pegou sua concubina e a empurrou para fora. Os homens da cidade abusaram dela e a estupraram a noite toda. Por fim, quando o sol começou a nascer, eles a largaram. Ao amanhecer, a mulher voltou para casa onde o marido estava hospedado. Caiu junto à porta da casa e ali ficou até o dia clarear. Quando o marido se levantou e abriu a porta para sair e seguir viagem, lá estava a concubina, caída à porta, com as mãos na soleira. Ele disse: “Levante-se! Vamos embora!”. Mas não houve resposta. Então ele pôs o corpo da mulher sobre o jumento e a levou para casa. Quando chegou em casa, pegou uma faca, desmembrou o corpo da concubina em doze partes e enviou uma parte para cada tribo em todo o território de Israel. Todos que viram isso disseram: “Desde que os israelitas saíram do Egito, nunca se cometeu um crime tão horrível. Pensem bem! O que vamos fazer? Quem vai se pronunciar?”. Então todos os israelitas se uniram como um só homem, desde Dã, ao norte, até Berseba, ao sul, incluindo os que moravam na terra de Gileade. A comunidade toda se reuniu na presença do S enhor, em Mispá. Os líderes de todo o povo e todas as tribos de Israel, quatrocentos mil guerreiros armados com espadas, tomaram seus lugares na reunião sagrada do povo de Deus. Logo chegou à terra de Benjamim a notícia de que as outras tribos haviam subido a Mispá. E os israelitas se perguntaram: “Como esse crime horrível pôde acontecer?”. O levita, marido da mulher assassinada, disse: “Minha concubina e eu chegamos para passar a noite em Gibeá, cidade da tribo de Benjamim. Naquela noite, alguns dos líderes da cidade cercaram a casa com a intenção de me matar, e violentaram minha concubina até ela morrer. Então desmembrei o corpo dela em doze partes e as enviei por todos os territórios da herança de Israel, pois esses homens cometeram um crime terrível e vergonhoso. Portanto, todos vocês, israelitas, decidam agora o que se deve fazer a esse respeito!”. Todos se levantaram ao mesmo tempo e declararam: “Nenhum de nós voltará para casa! Nem um só homem! Mas é isto que faremos a Gibeá: realizaremos um sorteio para resolver quem a atacará. A décima parte dos homens de cada tribo ficará responsável por providenciar a alimentação dos guerreiros, e o restante se vingará de Gibeá de Benjamim por esse ato vergonhoso cometido em Israel”. Todos os israelitas estavam plenamente de acordo e se uniram para atacar a cidade. As tribos de Israel enviaram mensageiros à tribo de Benjamim para lhes dizer: “Que crime terrível foi cometido em seu meio! Entreguem os homens perversos de Gibeá, para que os executemos e eliminemos esse mal de Israel”. Mas o povo da tribo de Benjamim não deu ouvidos. Em vez disso, vieram de suas cidades e se reuniram em Gibeá para lutar contra os israelitas. Ao todo, 26 mil guerreiros armados com espadas chegaram a Gibeá para se juntar à tropa especial de setecentos homens que viviam ali. Dentre todos esses guerreiros, havia um grupo de setecentos canhotos, e cada um deles conseguia atirar uma pedra com uma funda e acertar um fio de cabelo com precisão. Sem os guerreiros de Benjamim, Israel tinha quatrocentos mil soldados hábeis no uso da espada. Antes da batalha, os israelitas foram a Betel e perguntaram a Deus: “Qual das tribos deve ir primeiro e atacar o povo de Benjamim?”. O S enhor respondeu: “Judá irá primeiro”. Na manhã seguinte, os israelitas partiram bem cedo e acamparam perto de Gibeá. Então avançaram em direção a Gibeá para atacar os homens de Benjamim. Os guerreiros de Benjamim que estavam defendendo a cidade saíram e mataram 22 mil israelitas no campo de batalha naquele dia. Mas os israelitas animaram uns aos outros e, mais uma vez, assumiram suas posições no mesmo lugar do dia anterior. Eles tinham subido a Betel e chorado na presença do S enhor até a tarde. Haviam perguntado ao S enhor: “Devemos lutar novamente contra nossos parentes de Benjamim?”. E o S enhor tinha dito: “Saiam e lutem contra eles”. Saíram no dia seguinte para lutar novamente contra os homens de Benjamim, mas os homens de Benjamim que haviam partido de Gibeá mataram mais dezoito mil israelitas, todos hábeis no uso da espada. Então todos os israelitas subiram a Betel, choraram na presença do S enhor e jejuaram até a tarde. Também apresentaram ao S enhor holocaustos e ofertas de paz. Os israelitas subiram para buscar a direção do S enhor. (Naqueles dias, a arca da aliança de Deus estava em Betel, e Fineias, filho de Eleazar e neto de Arão, era o sacerdote.) Eles perguntaram ao S enhor: “Devemos lutar novamente contra nossos parentes de Benjamim, ou devemos parar?”. O S enhor disse: “Vão! Amanhã eu os entregarei em suas mãos”. Então os israelitas armaram emboscadas ao redor de Gibeá. Avançaram contra os guerreiros de Benjamim no terceiro dia e tomaram suas posições nos mesmos lugares de antes. Quando os homens de Benjamim saíram para atacar, foram atraídos para longe da cidade. Como antes, começaram a matar os israelitas. Cerca de trinta israelitas morreram nos campos abertos, ao longo da estrada que vai para Betel e da estrada que leva de volta a Gibeá. Os guerreiros de Benjamim gritaram: “Derrotamos vocês, como antes!”. Mas os israelitas já haviam planejado fugir para que os homens de Benjamim os perseguissem pelas estradas e fossem atraídos para longe da cidade. Quando os guerreiros israelitas chegaram a Baal-Tamar, voltaram-se e assumiram suas posições. Enquanto isso, os israelitas que estavam escondidos na emboscada a oeste de Gibeá entraram em combate. Dez mil soldados da tropa especial de Israel avançaram contra Gibeá. A luta foi tão intensa que Benjamim não percebeu a calamidade que estava por vir. O S enhor ajudou Israel a derrotar Benjamim e, naquele dia, os israelitas mataram 25.100 guerreiros de Benjamim, todos hábeis no uso da espada. Então os homens de Benjamim viram que estavam derrotados. Os israelitas bateram em retirada diante dos guerreiros de Benjamim a fim de dar aos homens que estavam escondidos na emboscada mais espaço para atacar Gibeá. Aqueles que estavam escondidos avançaram de todos os lados e mataram todos os habitantes. Tinham combinado de mandar como sinal de dentro da cidade uma grande nuvem de fumaça. Quando os israelitas viram a fumaça, voltaram e atacaram os guerreiros de Benjamim. Àquela altura, os guerreiros de Benjamim haviam matado cerca de trinta israelitas e gritaram: “Derrotamos vocês, como antes!”. Mas, quando os guerreiros de Benjamim olharam para trás e viram que, em todas as partes da cidade, a fumaça subia ao céu, os guerreiros de Israel se voltaram e atacaram. Os homens de Benjamim ficaram apavorados, pois perceberam a calamidade que estava prestes a vir sobre eles. Deram meia-volta e fugiram diante dos israelitas em direção ao deserto, mas não conseguiram escapar da batalha, pois soldados que saíram das cidades vizinhas também os atacaram. Os israelitas cercaram os homens de Benjamim e os perseguiram até os alcançarem no local de descanso, a leste de Gibeá. Naquele dia, dezoito mil dos guerreiros mais corajosos de Benjamim morreram na batalha. Os sobreviventes fugiram para o deserto, em direção à rocha de Rimom, mas os israelitas mataram cinco mil deles ao longo da estrada. Eles continuaram a perseguição e mataram mais dois mil homens perto de Gidom. Naquele dia, portanto, a tribo de Benjamim perdeu 25 mil guerreiros valentes e hábeis no uso da espada, e restaram apenas seiscentos homens que fugiram para a rocha de Rimom, onde viveram durante quatro meses. Os israelitas voltaram e mataram todo ser vivo que restou nas cidades, pessoas, animais e tudo que encontraram. Também queimaram todas as cidades por onde passaram. Os israelitas haviam jurado em Mispá: “Jamais entregaremos nossas filhas em casamento a homens da tribo de Benjamim”. Então o povo foi a Betel e permaneceu na presença de Deus até a tarde, chorando sem parar em alta voz: “Ó S enhor, Deus de Israel, por que aconteceu isso com Israel?”, diziam. “Agora está faltando uma de nossas tribos!” Na manhã seguinte, bem cedo, construíram um altar e ali apresentaram holocaustos e ofertas de paz. Então os israelitas disseram: “Quem dentre as tribos de Israel não participou da reunião sagrada que realizamos em Mispá, na presença do S enhor?”. Naquela ocasião, haviam feito um juramento solene na presença do S enhor de que matariam quem se recusasse a comparecer. Os israelitas tiveram pena de seu irmão Benjamim e disseram: “Hoje foi eliminada uma das tribos de Israel. Como conseguiremos esposas para os poucos que restam, se juramos pelo S enhor que não lhes daríamos nossas filhas em casamento?”. Então perguntaram: “Quem dentre as tribos de Israel não compareceu conosco a Mispá quando nos reunimos na presença do S enhor?”. E descobriram que ninguém de Jabes-Gileade havia participado da reunião sagrada. Ao contarem o povo, verificaram que ninguém de Jabes-Gileade estava presente. Então a comunidade enviou doze mil de seus melhores guerreiros a Jabes-Gileade com ordens para matar seus habitantes, incluindo mulheres e crianças. “É isto que vocês devem fazer”, disseram. “Destruam completamente todos os homens e também todas as mulheres que não forem virgens.” Entre os habitantes de Jabes-Gileade, encontraram quatrocentas moças que nunca haviam se deitado com um homem e as levaram para o acampamento em Siló, na terra de Canaã. Toda a comunidade enviou uma delegação de paz aos homens restantes de Benjamim que estavam na rocha de Rimom. Os homens de Benjamim voltaram e receberam como esposas as quatrocentas mulheres de Jabes-Gileade que tinham sido poupadas. Mas não havia mulheres em número suficiente para todos eles. O povo teve pena de Benjamim, pois o S enhor havia aberto uma lacuna entre as tribos de Israel. Então os líderes da comunidade perguntaram: “Como conseguiremos esposas para os poucos homens que restam, uma vez que as mulheres da tribo de Benjamim foram mortas? Os sobreviventes precisam ter herdeiros, para que não seja eliminada uma tribo inteira de Israel. Contudo, não podemos lhes dar nossas filhas em casamento, pois juramos solenemente que quem o fizer ficará sob a maldição de Deus”. Então eles se lembraram da festa anual do S enhor, em Siló, ao sul de Lebona e ao norte de Betel, do lado leste da estrada que vai de Betel a Siquém. Disseram aos homens de Benjamim que ainda precisavam de esposas: “Vão e escondam-se nos vinhedos. Quando virem as moças de Siló irem para as danças, saiam correndo dos esconderijos e cada um leve uma delas para a terra de Benjamim, para ser sua esposa. E quando os pais e os irmãos delas vierem se queixar a nós, diremos: ‘Por favor, tenham compaixão. Deixem que fiquem com suas filhas, pois não encontramos esposas para todos eles quando destruímos Jabes-Gileade. E vocês não são culpados de quebrarem seu juramento, pois, na verdade, não deram suas filhas para eles em casamento’”. Os homens de Benjamim seguiram essas instruções. Cada um pegou uma das moças que dançavam na comemoração e a levou para ser sua esposa. Voltaram para sua terra, reconstruíram suas cidades e habitaram nelas. Então os israelitas partiram, por tribos e famílias, e cada um voltou para sua terra. Naqueles dias, Israel não tinha rei; cada um fazia o que parecia certo a seus próprios olhos. Nos dias em que os juízes governavam Israel, houve grande fome na terra. Por isso, um homem deixou seu lar, em Belém de Judá, e foi morar na terra de Moabe, levando consigo esposa e dois filhos. O homem se chamava Elimeleque, e a esposa, Noemi. Os filhos se chamavam Malom e Quiliom. Eram efrateus de Belém de Judá. Quando chegaram a Moabe, estabeleceram-se ali. Elimeleque morreu, e Noemi ficou com os dois filhos. Eles se casaram com mulheres moabitas, que se chamavam Rute e Orfa. Cerca de dez anos depois, Malom e Quiliom também morreram. Noemi ficou sozinha, sem os dois filhos e sem o marido. Noemi soube em Moabe que o S enhor havia abençoado seu povo, dando-lhe boas colheitas. Então Noemi e suas noras se prepararam para deixar Moabe. Ela partiu com suas noras do lugar onde havia morado e seguiram para a terra de Judá. A certa altura, porém, Noemi disse às noras: “Voltem para a casa de suas mães! Que o S enhor as recompense pelo amor que demonstraram por seus maridos e por mim. Que o S enhor as abençoe com a segurança de um novo casamento”. Então deu-lhes um beijo de despedida, e as três começaram a chorar em alta voz. “Não!”, disseram elas. “Queremos ir com você para o seu povo!” Noemi, porém, respondeu: “Voltem, minhas filhas. Por que vocês viriam comigo? Acaso eu ainda poderia dar à luz outros filhos que cresceriam e se tornariam seus maridos? Não, minhas filhas, voltem, pois sou velha demais para me casar outra vez. E, mesmo que fosse possível eu me casar esta noite e ter filhos, o que aconteceria então? Vocês esperariam que eles crescessem, deixando assim de se casarem com outro homem? Claro que não, minhas filhas! Esta situação é muito mais amarga para mim do que para vocês, pois o próprio S enhor está contra mim”. Então choraram juntas mais uma vez. Orfa se despediu de sua sogra com um beijo, mas Rute se apegou firmemente a Noemi. “Olhe, sua cunhada voltou para o povo e para os deuses dela”, disse Noemi a Rute. “Você deveria fazer o mesmo!” Rute respondeu: “Não insista comigo para deixá-la e voltar. Aonde você for, irei; onde você viver, lá viverei. Seu povo será o meu povo, e seu Deus, o meu Deus. Onde você morrer, ali morrerei e serei sepultada. Que o S enhor me castigue severamente se eu permitir que qualquer coisa, a não ser a morte, nos separe!”. Quando Noemi viu que Rute estava decidida a ir com ela, não insistiu mais. Então as duas seguiram viagem. Quando chegaram a Belém, toda a cidade se agitou por causa delas. “Será que é mesmo Noemi?”, perguntavam as mulheres. “Não me chamem de Noemi”, respondeu ela. “Chamem-me de Mara, pois o Todo-poderoso tornou minha vida muito amarga. Cheia eu parti, mas o S enhor me trouxe de volta vazia. Por que me chamar de Noemi se o S enhor me fez sofrer e se o Todo-poderoso trouxe calamidade sobre mim?” Assim, Noemi voltou de Moabe acompanhada de sua nora Rute, a jovem moabita. Elas chegaram a Belém quando começava a colheita da cevada. Havia em Belém um homem rico e respeitado chamado Boaz. Ele era parente de Elimeleque, o marido de Noemi. Certo dia, Rute, a moabita, disse a Noemi: “Deixe-me ir ao campo ver se alguém, em sua bondade, me permite recolher as espigas de cereal que sobrarem”. Noemi respondeu: “Está bem, minha filha, pode ir”. Rute saiu para colher espigas após os ceifeiros. Aconteceu de ela ir trabalhar num campo que pertencia a Boaz, parente de seu sogro, Elimeleque. Enquanto Rute estava ali, Boaz chegou de Belém e saudou os ceifeiros: “O S enhor esteja com vocês!”. “O S enhor o abençoe!”, responderam os ceifeiros. Então Boaz perguntou a seu capataz: “Quem é aquela moça? A quem ela pertence?”. O capataz respondeu: “É a moça que veio de Moabe com Noemi. Hoje de manhã ela me pediu permissão para colher espigas após os ceifeiros. Desde que chegou, não parou de trabalhar um instante sequer, a não ser por alguns minutos de descanso no abrigo”. Boaz foi até Rute e disse: “Ouça, minha filha. Quando for colher espigas, fique conosco; não vá a nenhum outro campo. Acompanhe as moças que trabalham para mim. Observe em que parte do campo estão colhendo e vá atrás delas. Avisei os homens para não a tratarem mal. E, quando tiver sede, sirva-se da água que os servos tiram do poço”. Rute se curvou diante dele, com o rosto no chão, e disse: “O que fiz para merecer tanta bondade? Sou apenas uma estrangeira!”. “Eu sei”, respondeu Boaz. “Mas também sei de tudo que você fez por sua sogra desde a morte de seu marido. Ouvi falar de como você deixou seu pai, sua mãe e sua própria terra para viver aqui no meio de desconhecidos. Que o S enhor, o Deus de Israel, sob cujas asas você veio se refugiar, a recompense ricamente pelo que você fez.” Ela respondeu: “Espero que eu continue a receber sua bondade, meu senhor, pois me animou com suas palavras gentis, embora eu nem seja uma de suas servas”. Na hora da refeição, Boaz lhe disse: “Venha cá e sirva-se de comida; também pode molhar o pão no vinagre”. Rute sentou-se junto aos ceifeiros, e Boaz lhe deu grãos tostados. Ela comeu até ficar satisfeita, e ainda sobrou alimento. Quando Rute voltou ao trabalho, Boaz ordenou a seus servos: “Permitam que ela colha espigas entre os feixes e não a incomodem. Tirem dos feixes algumas espigas de cevada e deixem-nas cair para que ela as recolha. Não a atrapalhem!”. Assim, Rute colheu cevada o dia todo e, à tarde, quando debulhou o cereal, encheu quase um cesto inteiro. Carregou tudo para a cidade e mostrou à sua sogra. Também lhe deu o que havia sobrado da refeição. “Onde você colheu todo esse cereal?”, perguntou Noemi. “Onde você trabalhou hoje? Que seja abençoado quem a ajudou!” Então Rute contou à sogra com quem havia trabalhado: “O homem com quem trabalhei hoje se chama Boaz”. “O S enhor o abençoe!”, disse Noemi à nora. “O S enhor não deixou de lado sua bondade tanto pelos vivos como pelos mortos. Esse homem é um de nossos parentes mais próximos, o resgatador de nossa família.” Rute, a moabita, acrescentou: “Boaz disse que devo voltar e trabalhar com seus ceifeiros até que terminem toda a colheita”. “Muito bom!”, exclamou Noemi. “Faça o que ele disse, minha filha. Fique com as servas dele até o final da colheita. Em outros campos, poderiam maltratá-la.” Assim, Rute trabalhou com as servas nos campos de Boaz e recolheu espigas com elas até o final das colheitas da cevada e do trigo. Nesse tempo, ficou morando com sua sogra. Certo dia, Noemi disse a Rute: “Minha filha, é hora de eu encontrar para você um lar seguro e feliz. Esse Boaz, senhor das moças com quem você trabalhou, é nosso parente próximo. Hoje à noite, ele estará na eira, onde se debulha a cevada. Faça o que lhe direi: tome banho, perfume-se e vista sua melhor roupa. Depois vá até lá, mas não deixe que Boaz a veja enquanto ele não tiver terminado de comer e beber. Repare bem no lugar onde ele se deitar. Então vá, descubra os pés dele e deite-se ali. Ele lhe dirá o que fazer”. “Farei tudo que você disse”, respondeu Rute. Assim, naquela noite, ela desceu até a eira e seguiu as instruções de sua sogra. Quando Boaz terminou de comer e beber e estava alegre, foi deitar-se perto de um monte de grãos e pegou no sono. Rute se aproximou em silêncio, descobriu os pés dele e se deitou. Por volta da meia-noite, Boaz acordou de repente. Ele se virou e ficou admirado de encontrar uma mulher deitada a seus pés. “Quem é você?”, perguntou ele. “Sou sua serva Rute”, respondeu ela. “Estenda as abas de sua capa sobre mim, pois o senhor é o resgatador de minha família.” Então Boaz exclamou: “O S enhor a abençoe, minha filha! Você demonstra agora ainda mais lealdade por sua família que antes, pois não foi atrás de um homem mais jovem, seja rico ou pobre. Não se preocupe com nada, minha filha. Farei o que me pediu, pois toda a cidade sabe que você é uma mulher virtuosa. Mas, embora eu seja de fato um dos resgatadores de sua família, há outro homem que é parente mais próximo que eu. Fique aqui esta noite e pela manhã conversarei com ele. Se ele estiver disposto a resgatá-la, muito bem; que ele se case com você. Se não quiser, tão certo como vive o S enhor, eu mesmo a resgatarei”. Rute ficou deitada aos pés de Boaz até de manhã, mas levantou-se antes de raiar o dia, pois Boaz tinha dito: “Ninguém deve saber que uma mulher esteve na eira”. Então Boaz lhe disse: “Traga-me sua capa e estenda-a aqui”. Ele despejou sobre a capa seis medidas de cevada e a pôs sobre as costas de Rute. Depois ele retornou à cidade. Quando Rute voltou à sua sogra, ela lhe perguntou: “Como foi, minha filha?”. Rute contou a Noemi tudo que Boaz havia feito e acrescentou: “Ele me deu estas seis medidas de cevada e disse: ‘Não volte para sua sogra de mãos vazias’”. Então Noemi disse: “Tenha paciência, minha filha, até sabermos o que vai acontecer. Boaz não descansará enquanto não resolver esta questão ainda hoje”. Boaz foi à porta da cidade e sentou-se ali. Nesse momento, ia passando o parente resgatador que ele havia mencionado. Boaz o chamou: “Venha cá e sente-se, amigo. Quero conversar com você”. O homem foi e se sentou. Então Boaz chamou dez autoridades da cidade e pediu que se sentassem com eles. Em seguida, disse ao resgatador da família: “Você conhece Noemi, que voltou de Moabe. Ela está vendendo a propriedade de nosso parente Elimeleque. Pensei que devia falar com você a esse respeito, para que você a resgate, caso tenha interesse. Se quer a propriedade, compre-a na presença das autoridades do meu povo. Se não tiver interesse por ela, diga-me logo, porque, depois de você, sou o resgatador mais próximo”. O homem respondeu: “Está certo; eu resgatarei a propriedade”. Então Boaz lhe disse: “É claro que, ao comprar a propriedade de Noemi, você também deve se casar com Rute, a viúva moabita. Desse modo, ela poderá ter filhos que levem o nome de seu marido e mantenham a herança na família dele”. “Se é assim, não posso resgatá-la”, respondeu o parente resgatador. “Isso poria em risco minha própria herança. Resgate você a propriedade. Eu não posso fazê-lo.” Naqueles dias, havia o seguinte costume em Israel: quando alguém queria transferir o direito de resgate e troca, tirava a sandália e a entregava à outra pessoa para validar publicamente a transação. Assim, o outro parente resgatador tirou a sandália e disse a Boaz: “Compre você a propriedade”. Então Boaz disse às autoridades da cidade e ao povo ao redor: “Vocês são testemunhas de que hoje comprei de Noemi toda a propriedade de Elimeleque, Quiliom e Malom. E, junto com a propriedade, tomei como esposa Rute, a viúva moabita de Malom. Assim, ela poderá ter um filho que leve o nome da família de seu falecido marido e herde a propriedade da família aqui na cidade natal dele. Vocês hoje são testemunhas disso”. As autoridades da cidade e todo o povo que estava na porta responderam: “Somos testemunhas! Que o S enhor faça a esta mulher que chega à sua família o que ele fez a Raquel e Lia, das quais descendeu toda a nação de Israel! Que você seja próspero em Efrata e famoso em Belém! Que o S enhor lhe dê com esta jovem uma descendência numerosa como a de nosso antepassado Perez, filho de Tamar e Judá!”. Boaz levou Rute para a casa dele, e ela se tornou sua esposa. Quando Boaz teve relações com ela, o S enhor permitiu que ela engravidasse, e ela deu à luz um filho. Então as mulheres da cidade disseram a Noemi: “Louvado seja o S enhor, que hoje proveu um resgatador para sua família! Que este menino seja famoso em Israel! Que ele restaure seu vigor e cuide de você em sua velhice, pois ele é filho de sua nora, que a ama e que tem sido melhor para você do que sete filhos!”. Noemi pegou o bebê, aninhou-o junto ao peito e passou a cuidar dele como se fosse seu filho. As mulheres da vizinhança disseram: “Noemi tem um filho outra vez!”, e lhe deram o nome de Obede. Ele é o pai de Jessé, pai de Davi. Esta é a genealogia de Perez: Perez gerou Hezrom. Hezrom gerou Rão. Rão gerou Aminadabe. Aminadabe gerou Naassom. Naassom gerou Salmom. Salmom gerou Boaz. Boaz gerou Obede. Obede gerou Jessé. Jessé gerou Davi. Havia um homem chamado Elcana, que vivia em Ramá, na região de Zufe, na região montanhosa de Efraim. Era filho de Jeroão, filho de Eliú, filho de Toú, filho de Zufe, de Efraim. Elcana tinha duas esposas: a primeira se chamava Ana, e a segunda, Penina. Penina tinha filhos; Ana, porém, não os tinha. Todos os anos, Elcana subia de sua cidade até Siló para adorar o S enhor dos Exércitos e oferecer sacrifícios a ele. Nesse tempo, os sacerdotes do S enhor eram Hofni e Fineias, os dois filhos de Eli. Quando Elcana apresentava seu sacrifício, dava porções de carne à sua esposa Penina e a cada um dos filhos e filhas dela. A Ana, porém, dava uma porção especial, porque a amava, apesar de o S enhor não lhe ter dado filhos. E sua rival a provocava e zombava dela, porque o S enhor não lhe tinha dado filhos. Todos os anos era a mesma coisa: Penina provocava Ana quando iam à casa do S enhor e, a cada vez, Ana chorava muito e ficava sem comer. “Ana, por que você chora?”, perguntava Elcana, seu marido. “Por que não come? Por que está tão triste? Será que não sou melhor para você do que dez filhos?” Certa vez, depois que comeram e beberam em Siló, Ana se levantou. O sacerdote Eli estava sentado ao lado da entrada do templo do S enhor. Ana estava muito angustiada e chorava sem parar enquanto orava ao S enhor. Então fez o seguinte voto: “Ó S enhor dos Exércitos, se olhares com atenção para o sofrimento de tua serva, se responderes à minha oração e me deres um filho, eu o dedicarei para sempre ao S enhor, e o cabelo dele nunca será cortado”. Enquanto ela fazia sua oração ao S enhor, Eli a observava. Viu que os lábios dela se moviam, mas, como não ouvia som algum, pensou que ela estivesse bêbada. “Até quando vai se embriagar?”, disse ele. “Largue esse vinho!” Ana respondeu: “Meu senhor, não bebi vinho, nem outra coisa mais forte. Eu estava derramando meu coração diante do S enhor, pois sou uma mulher profundamente triste. Não pense que sou uma mulher sem caráter! Estava apenas orando por causa de minha grande angústia e aflição”. “Nesse caso, vá em paz”, disse Eli. “Que o Deus de Israel lhe conceda o que você pediu.” “Muito obrigada!”, exclamou ela. Então Ana voltou e começou a se alimentar novamente, e seu rosto já não estava triste. Na manhã seguinte, a família toda se levantou bem cedo e foi adorar o S enhor novamente. Depois, voltaram para casa, em Ramá. Elcana teve relações com Ana, e o S enhor se lembrou dela. No devido tempo, Ana engravidou e teve um filho. Ela lhe deu o nome de Samuel, e disse: “Eu o pedi ao S enhor ”. No ano seguinte, Elcana e sua família fizeram a viagem anual para oferecer sacrifícios ao S enhor e cumprir seu voto. Ana, porém, não foi. “Vamos esperar até o menino ser desmamado”, disse ela ao marido. “Então o levarei ao S enhor e o deixarei lá para sempre.” “Faça como lhe parecer melhor”, respondeu Elcana. “Fique aqui até ele desmamar, e que o S enhor a ajude a cumprir sua promessa.” Então ela ficou em casa e cuidou de seu filho até desmamá-lo. Quando o menino foi desmamado, Ana o levou à casa do S enhor em Siló, embora ele ainda fosse pequeno. Também levou um novilho de três anos para o sacrifício, um cesto de farinha e uma vasilha de couro cheia de vinho. Depois que sacrificaram o novilho, levaram o menino a Eli, e Ana lhe disse: “Com certeza o senhor se lembra de mim. Sou a mulher que esteve aqui anos atrás, orando ao S enhor. Pedi ao S enhor que me desse este menino, e o S enhor atendeu a meu pedido. Agora, eu o dedico ao S enhor. Por toda a sua vida ele pertencerá ao S enhor ”. E ali adoraram o S enhor. Então Ana orou: “Meu coração se alegra no S enhor; o S enhor me fortaleceu! Agora dou risada de meus inimigos; sim, eu me alegro porque me libertaste! Ninguém é santo como o S enhor; não há outro além de ti, não há Rocha como o nosso Deus! “Deixem de ser tão orgulhosos e soberbos! Não falem com tamanha arrogância! Pois o S enhor é um Deus que tudo sabe; ele julgará as ações de todos. O arco dos poderosos foi quebrado, e os que tropeçavam agora estão firmes. Os que tinham fartura de comida agora passam fome, e os que passavam fome estão saciados. A mulher que não tinha filhos agora tem sete, e a que tinha muitos desfalece. O S enhor tira a vida e dá a vida, faz descer à sepultura e de lá faz subir. O S enhor empobrece alguns e enriquece outros, humilha e também exalta. Levanta o pobre do pó e do monte de cinzas tira o necessitado. Coloca-os entre príncipes e os faz sentar em lugares de honra. Ao S enhor pertencem os alicerces da terra, e sobre eles firmou o mundo. “Ele protegerá os fiéis, mas os perversos desaparecerão nas trevas, pois ninguém vencerá só pela força. Os que lutam contra o S enhor serão despedaçados. Do céu ele troveja contra eles; o S enhor julga em toda a terra. Ele dá poder a seu rei, concede força a seu ungido”. Então Elcana voltou para casa em Ramá. E o menino servia ao S enhor ajudando o sacerdote Eli. Os filhos de Eli eram homens perversos, que não tinham nenhuma consideração pelo S enhor, nem por seus deveres de sacerdotes. Cada vez que alguém oferecia um sacrifício, vinha um servo do sacerdote com um garfo grande, de três dentes. Enquanto a carne do animal sacrificado ainda estava cozinhando, o servo colocava o garfo na panela, no tacho ou no caldeirão, e exigia que tudo que viesse com o garfo fosse entregue aos filhos de Eli. Assim eles tratavam todos os israelitas que iam adorar em Siló. Às vezes, o servo chegava antes mesmo que a gordura do animal fosse queimada no altar, exigindo: “Não dê a carne cozida, mas sim a carne crua, para que o sacerdote a asse”. Se o homem que oferecia o sacrifício dizia: “Leve quanto quiser, mas antes é preciso queimar a gordura”, o servo retrucava: “Não! Entregue a carne agora, ou eu a tomarei à força”. O pecado desses homens era muito sério aos olhos do S enhor, pois eles tratavam com desprezo as ofertas para o S enhor. Samuel, porém, embora ainda fosse apenas um menino, servia ao S enhor. Ele usava uma veste de linho semelhante à do sacerdote. Cada ano, sua mãe lhe fazia uma pequena túnica e a levava quando ia com o marido oferecer o sacrifício anual. Antes de Elcana e sua esposa voltarem para casa, Eli os abençoava e dizia: “Que o S enhor lhes dê outros filhos em lugar deste que foi dedicado ao S enhor ”. E o S enhor abençoou Ana, e ela engravidou e deu à luz três filhos e duas filhas. Enquanto isso, Samuel crescia na presença do S enhor. Eli já estava muito idoso, mas sabia o que seus filhos faziam ao povo de Israel, e que eles seduziam as moças que serviam junto à entrada da tenda do encontro. Por isso lhes disse: “Ouvi de todo o povo o mal que vocês praticam. Por que continuam a agir assim? Parem com isso, meus filhos! Não são bons os comentários que escuto entre o povo do S enhor. Se alguém peca contra outra pessoa, Deus poderá intervir em favor do culpado. Mas, se alguém peca contra o S enhor, quem poderá interceder?”. Contudo, os filhos de Eli não deram atenção ao pai, pois o S enhor já havia decidido matá-los. Enquanto isso, o menino Samuel crescia e era cada vez mais estimado pelo S enhor e pelo povo. Certo dia, veio a Eli um homem de Deus e lhe transmitiu a seguinte mensagem: “Assim diz o S enhor: Eu me revelei a seus antepassados quando eles eram escravos do faraó, no Egito. Escolhi seus antepassados dentre todas as tribos de Israel para serem meus sacerdotes, oferecerem sacrifícios sobre meu altar, queimarem incenso e usarem o colete sacerdotal em minha presença. Além disso, designei as ofertas queimadas dos israelitas a vocês, sacerdotes. Então por que você despreza meus sacrifícios e ofertas? Por que honra seus filhos mais que a mim? Pois você e eles engordaram com as melhores partes das ofertas de meu povo, Israel! “Portanto, assim declara o S enhor, Deus de Israel: Prometi que membros de sua família, da tribo de Levi, sempre seriam meus sacerdotes. Agora, porém, declara o S enhor: Isso não acontecerá! Honrarei aqueles que me honram, e desprezarei aqueles que me desprezam. Está chegando o tempo em que acabarei com a força de sua família, e nenhum de seus descendentes chegará à velhice. Você verá a aflição de minha casa, e, quando eu trouxer todo o bem sobre Israel, ninguém em sua família chegará à velhice para testemunhar! Sobreviverão os poucos que eu não eliminar do serviço em meu altar, mas seus olhos ficarão cegos e seu coração se partirá, e seus filhos morrerão pela espada. E, para provar que minhas palavras se cumprirão, farei que seus dois filhos, Hofni e Fineias, morram no mesmo dia! “Então levantarei um sacerdote fiel que me servirá e fará tudo que desejo. Estabelecerei a família dele, e eles serão sacerdotes diante do meu ungido para sempre. Então todos que restarem de sua família se curvarão diante dele, mendigando dinheiro e alimento e pedindo: ‘Por favor, consiga para nós algum trabalho entre os sacerdotes, para termos o que comer’”. Enquanto isso, o menino Samuel servia ao S enhor ajudando Eli. Naqueles dias, as mensagens do S enhor eram muito raras, e visões não eram comuns. Certa noite, Eli, que estava quase cego, tinha ido se deitar. A lâmpada de Deus ainda não havia se apagado, e Samuel dormia na casa do S enhor, onde estava a arca de Deus. De repente, o S enhor chamou: “Samuel!”. O menino respondeu: “Estou aqui!”. Ele se levantou e correu até onde estava Eli. “Estou aqui! O senhor me chamou?” “Não o chamei”, respondeu Eli. “Volte para a cama.” E Samuel voltou a se deitar. Então o S enhor o chamou novamente: “Samuel!”. Mais uma vez, Samuel se levantou e foi até Eli. “Estou aqui! O senhor me chamou?” Mas Eli respondeu: “Meu filho, não o chamei. Volte para a cama”. Samuel ainda não conhecia o S enhor, porque nunca havia recebido uma mensagem dele. O S enhor o chamou pela terceira vez, e novamente Samuel se levantou e foi até Eli. “Estou aqui! O senhor me chamou?” Então Eli entendeu que era o S enhor que chamava o menino. Por isso, disse a Samuel: “Vá e deite-se novamente. Se alguém o chamar, diga: ‘Fala, S enhor, pois teu servo está ouvindo’”. E Samuel voltou para a cama. Então o S enhor veio e o chamou, como antes: “Samuel! Samuel!”. Samuel respondeu: “Fala, pois teu servo está ouvindo”. Então o S enhor disse a Samuel: “Estou prestes a realizar algo em Israel que fará tinir os ouvidos daqueles que ouvirem a respeito. Cumprirei do começo ao fim todas as ameaças que fiz contra Eli e sua família. Eu o adverti de que castigaria sua família para sempre, pois seus filhos blasfemaram contra Deus, e ele não os repreendeu por seus pecados. Por isso, jurei que os pecados de Eli e de seus filhos jamais serão perdoados por meio de sacrifícios nem de ofertas”. Samuel ficou deitado até de manhã, e então se levantou e abriu as portas da casa do S enhor. Estava com medo de contar para Eli a visão que tivera. Mas Eli o chamou: “Samuel, meu filho”. “Estou aqui”, respondeu Samuel. “O que o S enhor lhe disse?”, perguntou Eli. “Conte-me tudo. E que o S enhor o castigue severamente se você esconder de mim alguma coisa do que ele disse!” Então Samuel contou tudo a Eli e não escondeu nada. Eli respondeu: “É a vontade do S enhor. Que ele faça o que lhe parecer melhor”. À medida que Samuel crescia, o S enhor estava com ele, e todas as suas palavras se cumpriam. E todo o Israel, desde Dã, ao norte, até Berseba, ao sul, sabia que Samuel havia sido confirmado como profeta do S enhor. O S enhor continuou a aparecer em Siló e a transmitir mensagens a Samuel ali. E as palavras de Samuel chegavam a todo o povo de Israel. Naquele tempo, Israel estava em guerra com os filisteus. O exército israelita tinha acampado perto de Ebenézer, e os filisteus acamparam em Afeque. Os filisteus atacaram e derrotaram o exército de Israel, matando cerca de quatro mil homens. Terminada a batalha, os soldados voltaram para o acampamento, e as autoridades de Israel se perguntaram: “Por que o S enhor causou nossa derrota diante dos filisteus? Vamos trazer a arca da aliança do S enhor desde Siló, para que esteja conosco e nos livre do poder do inimigo!”. Então enviaram homens a Siló para trazer a arca da aliança do S enhor dos Exércitos, que está entronizado entre os querubins. Hofni e Fineias, os dois filhos de Eli, acompanharam a arca da aliança de Deus. Quando todos os israelitas viram a arca da aliança do S enhor entrando no acampamento, soltaram gritos de alegria tão altos que fizeram o chão tremer. “O que está acontecendo?”, perguntaram os filisteus. “Que significam esses gritos no acampamento dos hebreus?” Quando souberam que era porque a arca do S enhor havia chegado, entraram em pânico. “Os deuses vieram ao acampamento deles!”, disseram. “Estamos perdidos! Nunca enfrentamos uma coisa assim antes! Estamos perdidos! Quem nos salvará desses deuses poderosos? São os mesmos deuses que destruíram os egípcios com pragas, quando Israel estava no deserto. Tenham coragem, filisteus! Sejam homens! Do contrário, acabaremos como escravos dos hebreus, assim como eles se tornaram nossos escravos. Sejam homens e lutem!” Então os filisteus saíram para a batalha, e Israel foi derrotado. A matança foi grande: trinta mil soldados israelitas morreram naquele dia. Os sobreviventes deram meia-volta e fugiram para suas tendas. A arca de Deus foi tomada, e Hofni e Fineias, os dois filhos de Eli, foram mortos. Um homem da tribo de Benjamim correu do campo de batalha e chegou a Siló ainda naquele dia. Tinha rasgado suas roupas e colocado pó sobre a cabeça. Eli estava sentado numa cadeira, ao lado da estrada, esperando para ouvir as notícias da batalha, pois seu coração tremia pela segurança da arca de Deus. Quando o mensageiro chegou e contou o que havia acontecido, gritos ressoaram por toda a cidade. Eli ouviu os gritos e perguntou: “O que é esse barulho todo?”. O mensageiro correu até Eli e contou-lhe a notícia. Eli estava com 98 anos e já não conseguia enxergar. “Acabo de chegar do campo de batalha”, disse o mensageiro. “Fugi de lá hoje mesmo.” Eli perguntou: “O que aconteceu, meu filho?”. O mensageiro respondeu: “Israel foi derrotado pelos filisteus, e o povo foi massacrado. Seus dois filhos, Hofni e Fineias, também morreram, e a arca de Deus foi tomada”. Quando ele mencionou o que havia acontecido com a arca de Deus, Eli caiu da cadeira para trás, ao lado do portão. Quebrou o pescoço e morreu, pois era velho e pesado. Havia sido juiz em Israel durante quarenta anos. A nora de Eli, esposa de Fineias, estava grávida e perto de dar à luz. Quando soube que a arca de Deus havia sido tomada e que o sogro e o marido estavam mortos, teve contrações violentas e deu à luz. Ela morreu no parto, mas antes de falecer as parteiras tentaram animá-la. “Não tenha medo!”, disseram. “Você teve um menino!” Mas ela não respondeu nem se importou. Deu ao menino o nome de Icabode, e disse: “Foi-se embora a glória de Israel”, pois a arca de Deus havia sido tomada, e seu sogro e seu marido estavam mortos. Disse ainda: “Foi-se embora a glória de Israel, pois a arca de Deus foi tomada!”. Depois que tomaram a arca de Deus, os filisteus a levaram do campo de batalha em Ebenézer para a cidade de Asdode. Levaram a arca de Deus para o templo de Dagom e a colocaram ao lado de uma estátua de Dagom. Contudo, na manhã seguinte, quando os moradores de Asdode se levantaram, viram que Dagom estava caído com o rosto em terra diante da arca do S enhor. Então levantaram Dagom e o puseram de volta em seu lugar. Na manhã do outro dia, porém, viram que tinha acontecido a mesma coisa: Dagom estava caído novamente com o rosto em terra diante da arca do S enhor. Dessa vez, a cabeça e as mãos de Dagom tinham se quebrado e estavam junto à porta de entrada. Somente o corpo permaneceu intacto. Por isso, até hoje os sacerdotes de Dagom e aqueles que entram em seu templo, em Asdode, não pisam na soleira da porta. Então a mão do S enhor pesou sobre os moradores de Asdode e dos povoados vizinhos e os feriu com uma praga de tumores. Quando o povo de Asdode viu o que estava acontecendo, exclamou: “Não podemos mais ficar com a arca do Deus de Israel! A mão dele pesou sobre nós e sobre Dagom, nosso deus!”. Então reuniram os governantes das cidades dos filisteus e lhes perguntaram: “O que devemos fazer com a arca do Deus de Israel?”. Os governantes responderam: “Levem a arca para a cidade de Gate”. Então levaram a arca do Deus de Israel para Gate. Mas, quando a arca chegou a Gate, a mão do S enhor pesou sobre a cidade, ferindo com uma praga de tumores os homens de lá, tanto os jovens como os velhos, e houve grande pânico. Por isso, enviaram a arca de Deus para a cidade de Ecrom, mas quando os habitantes dali viram que ela entrava na cidade, exclamaram: “Por que estão trazendo a arca do Deus de Israel para cá? Querem matar todo o nosso povo?”. Reuniram mais uma vez os governantes filisteus e suplicaram: “Mandem a arca do Deus de Israel de volta para sua própria terra, para que não mate todo o nosso povo!”. Pois a mão de Deus já pesava sobre a cidade, e um pavor mortal se espalhava por todo o lugar. Os que não morreram foram afligidos com tumores, e o clamor da cidade subiu até o céu. Ao todo, a arca do S enhor permaneceu sete meses em território filisteu. Então os filisteus chamaram seus sacerdotes e adivinhos e lhes perguntaram: “O que faremos com a arca do S enhor? Digam-nos como devemos mandá-la de volta para sua própria terra”. Eles responderam: “Se vocês vão mandar a arca do Deus de Israel de volta, enviem com ela uma oferta pela culpa, para que cesse a praga. Então, se forem curados, saberão que foi a mão dele que causou a praga”. “Que tipo de oferta pela culpa devemos enviar?”, perguntaram os filisteus. Eles responderam: “Uma vez que a mesma praga atingiu vocês e seus cinco governantes, façam cinco tumores de ouro e cinco ratos de ouro, como os que devastaram sua terra. Façam essas imagens de tumores e de ratos para demonstrar honra ao Deus de Israel. Quem sabe ele pare de afligir vocês, seus deuses e sua terra! Não endureçam o coração como fizeram o faraó e os egípcios, que só deixaram Israel partir quando Deus os castigou severamente. “Agora, construam uma carroça nova e escolham duas vacas que tenham acabado de dar cria e sobre as quais nunca tenha sido colocada a canga de um arado. Atrelem as vacas à carroça, mas prendam num curral os bezerros recém-nascidos. Coloquem a arca do S enhor sobre a carroça e, ao lado dela, ponham uma caixa com os objetos de ouro que vocês enviarão como oferta pela culpa. Então deixem as vacas irem para onde quiserem. Se elas atravessarem a fronteira de nossa terra e se dirigirem a Bete-Semes, saberemos que foi o S enhor que trouxe sobre nós essa grande calamidade. Do contrário, saberemos que não foi a mão dele que pesou sobre nós, mas que isso aconteceu por acaso”. Os filisteus seguiram as instruções. Atrelaram duas vacas à carroça e prenderam num curral os bezerros recém-nascidos. Colocaram sobre a carroça a arca do S enhor e a caixa com os ratos de ouro e os tumores de ouro. E, de fato, as vacas não se desviaram nem para um lado nem para o outro, mas seguiram direto pela estrada para Bete-Semes, mugindo por todo o caminho. Os governantes filisteus as acompanharam até a fronteira de Bete-Semes. Os moradores de Bete-Semes estavam colhendo trigo no vale e, quando viram a arca, se encheram de alegria. A carroça entrou no campo de um homem chamado Josué e parou ao lado de uma grande pedra. Então o povo quebrou a madeira da carroça para fazer fogo, matou as vacas e as ofereceu ao S enhor como holocausto. Os homens da tribo de Levi retiraram da carroça a arca do S enhor e a caixa com os objetos de ouro e os colocaram sobre a grande pedra. Naquele dia, o povo de Bete-Semes ofereceu ao S enhor sacrifícios e holocaustos. Os cinco governantes filisteus viram tudo isso e, no mesmo dia, voltaram para Ecrom. Os cinco tumores de ouro enviados pelos filisteus ao S enhor como oferta pela culpa eram presentes dos governantes de Asdode, Gaza, Ascalom, Gate e Ecrom. Os cinco ratos de ouro representavam as cinco cidades filisteias e os povoados ao redor, controlados pelos cinco governantes. A grande pedra sobre a qual a arca do S enhor foi colocada se encontra até hoje no campo de Josué, de Bete-Semes, como testemunha do que aconteceu ali. O S enhor matou setenta homens de Bete-Semes, porque olharam para dentro da arca do S enhor. E o povo chorou muito por causa da grande matança. “Quem pode estar na presença do S enhor, este Deus santo?”, clamaram. “Para onde mandaremos a arca daqui?” Então enviaram mensageiros ao povo de Quiriate-Jearim e disseram: “Os filisteus devolveram a arca do S enhor. Venham buscá-la!”. Então os homens de Quiriate-Jearim foram buscar a arca do S enhor. Eles a levaram até a casa de Abinadabe, numa colina, e consagraram seu filho Eleazar para tomar conta da arca do S enhor. A arca permaneceu em Quiriate-Jearim por muito tempo: vinte anos no total. Durante esse período, todo o Israel lamentava à espera de alguma ação do S enhor. Então Samuel disse a todo o povo de Israel: “Se, de fato, vocês desejam de todo o coração voltar ao S enhor, livrem-se de seus deuses estrangeiros e de suas imagens de Astarote. Voltem o coração para o S enhor e obedeçam somente a ele; então ele os livrará das mãos dos filisteus”. Assim, os israelitas se desfizeram de suas imagens de Baal e de Astarote e serviram somente ao S enhor. Então Samuel lhes disse: “Reúnam todo o Israel em Mispá, e eu orarei ao S enhor por vocês”. Eles se reuniram em Mispá e tiraram água do poço e a derramaram diante do S enhor. Também jejuaram o dia todo e confessaram que haviam pecado contra o S enhor. (Foi em Mispá que Samuel se tornou juiz em Israel.) Quando os governantes filisteus ouviram que os israelitas haviam se reunido em Mispá, mobilizaram seu exército e avançaram. Ao saber que os filisteus se aproximavam, os israelitas ficaram muito assustados. “Não pare de clamar ao S enhor, nosso Deus, para que ele nos salve dos filisteus!”, imploraram a Samuel. Então Samuel escolheu um cordeiro que ainda mamava e o ofereceu ao S enhor como holocausto. Suplicou ao S enhor em favor de Israel, e o S enhor o atendeu. Enquanto Samuel oferecia o holocausto, os filisteus chegaram para atacar Israel. Naquele dia, porém, o S enhor falou do céu com voz poderosa de trovão, provocando pânico entre os filisteus, e eles foram derrotados diante dos israelitas. Os soldados de Israel os perseguiram desde Mispá até um lugar abaixo de Bete-Car, matando-os ao longo do caminho. Então Samuel pegou uma pedra grande e a colocou entre as cidades de Mispá e Jesana. Deu à pedra o nome de Ebenézer, pois disse: “Até aqui o S enhor nos ajudou!”. Assim, os filisteus foram derrotados e não voltaram a invadir Israel por algum tempo. Durante toda a vida de Samuel, a mão do S enhor esteve contra os filisteus. As cidades israelitas que os filisteus tinham conquistado entre Ecrom e Gate foram devolvidas a Israel, junto com o restante do território que os filisteus haviam tomado. E houve paz entre Israel e os amorreus naqueles dias. Samuel continuou como juiz em Israel pelo resto de sua vida. A cada ano, viajava pelo território e julgava o povo de Israel em três locais: primeiro em Betel, depois em Gilgal e, por fim, em Mispá. Então voltava para sua casa em Ramá, de onde liderava Israel como juiz. Ali Samuel construiu um altar ao S enhor. Quando Samuel ficou idoso, nomeou seus filhos para serem juízes sobre Israel. Joel, seu filho mais velho, e Abias, o segundo mais velho, julgavam em Berseba, mas não eram como seu pai. Eram gananciosos, aceitavam subornos e pervertiam a justiça. Por fim, as autoridades de Israel se reuniram em Ramá para discutir essa questão com Samuel. Eles disseram: “Olhe, o senhor está idoso e seus filhos não seguem seu exemplo. Escolha um rei para nos julgar, como ocorre com todas as outras nações”. Samuel não gostou de que lhe tivessem pedido um rei e buscou a orientação do S enhor. O S enhor lhe respondeu: “Faça tudo que eles pedem, pois é a mim que rejeitam, e não a você. Eles me rejeitaram como seu rei. Desde que os tirei do Egito até hoje, eles têm me abandonado e seguido outros deuses. Agora, tratam você da mesma forma. Faça o que eles pedem, mas advirta-os solenemente a respeito de como o rei os governará”. Então Samuel transmitiu a advertência do S enhor ao povo que lhe pedia um rei. Disse ele: “Este é o modo como o rei governará sobre vocês. Ele convocará seus filhos para servi-lo em seus carros de guerra e como seus cavaleiros e os fará correr à frente dos carros dele. Colocará alguns como generais e capitães de seu exército, obrigará outros a arar seus campos e a fazer as colheitas e forçará outros mais a fabricar armas e equipamentos para os carros de guerra. Tomará suas filhas e as obrigará a cozinhar, assar pães e fazer perfumes para ele. Tomará de vocês o melhor de seus campos, vinhedos e olivais e os dará aos servos dele. Tomará um décimo de sua colheita de cereais e uvas para distribuir entre seus oficiais e servos. Tomará seus escravos e escravas e o melhor do gado e dos jumentos para uso próprio. Exigirá um décimo de seus rebanhos, e vocês se tornarão escravos dele. Quando esse dia chegar, lamentarão por causa desse rei que agora pedem, mas o S enhor não lhes dará ouvidos”. Mas o povo se recusou a ouvir a advertência de Samuel. “Mesmo assim, queremos um rei”, disseram. “Queremos ser como todas as nações ao nosso redor. Nosso rei nos julgará e nos conduzirá nas batalhas.” Samuel repetiu para o S enhor aquilo que o povo tinha dito, e o S enhor lhe respondeu: “Faça o que eles pedem e dê-lhes um rei”. Então Samuel ordenou aos israelitas que voltassem cada um para sua cidade. Havia um homem de alta posição chamado Quis, da tribo de Benjamim. Era filho de Abiel, filho de Zeror, filho de Becorate, filho de Afia, da tribo de Benjamim. Seu filho Saul era o jovem mais atraente de todo o Israel; era tão alto que os outros chegavam apenas a seus ombros. Certo dia, as jumentas de Quis se perderam, e ele disse a Saul: “Leve um servo com você e vá procurar as jumentas”. Então Saul e o servo percorreram toda a região montanhosa de Efraim, a terra de Salisa, a região de Saalim e toda a terra de Benjamim, mas não encontraram as jumentas em parte alguma. Por fim, chegaram à região de Zufe, e Saul disse ao servo: “Vamos voltar para casa. Não quero que meu pai fique mais preocupado comigo do que com as jumentas”. O servo, porém, disse: “Tenho uma ideia! Nesta cidade mora um homem de Deus. O povo daqui o respeita muito, pois tudo que ele diz acontece. Vamos procurá-lo. Talvez ele possa nos dizer para onde devemos ir”. Saul respondeu: “Está bem, vamos! Mas não temos nada a oferecer ao homem de Deus. Até nossa comida acabou, e não temos nada para lhe dar em troca”. O servo disse: “Tenho comigo uma pequena quantidade de prata. Pelo menos poderemos oferecer isso ao homem de Deus e ver o que acontece”. (Naquele tempo, em Israel, quando alguém queria receber uma mensagem de Deus, dizia: “Vamos perguntar ao vidente”, pois os profetas de hoje eram chamados de videntes.) Saul concordou: “Está bem, vamos!”. Então foram para a cidade onde morava o homem de Deus. Quando subiam a colina para chegar à cidade, encontraram algumas jovens descendo para buscar água. Então Saul e o servo lhes perguntaram: “O vidente está aqui hoje?”. Elas responderam: “Sim, basta seguir em frente! Mas é preciso correr, porque ele acabou de chegar à cidade para realizar um sacrifício no lugar de adoração. Quando entrarem na cidade, tentem encontrá-lo antes que ele suba para a refeição no alto da colina. O povo não começará a comer até que ele chegue para abençoar o sacrifício. Subam logo, pois é agora que poderão encontrá-lo!”. Então chegaram à cidade e, quando entravam pelos portões, Samuel vinha na direção deles, subindo para o lugar de adoração. No dia anterior à chegada de Saul, o S enhor tinha dito a Samuel: “Amanhã, por volta desta hora, enviarei a você um homem da terra de Benjamim. Você o ungirá para ser líder do meu povo, Israel. Ele os livrará dos filisteus, pois olhei para meu povo com misericórdia e ouvi seu clamor”. Quando Samuel viu Saul, o S enhor disse: “Este é o homem de quem lhe falei! Ele governará meu povo”. Saul se aproximou de Samuel na entrada da cidade e perguntou: “O senhor pode me dizer onde fica a casa do vidente?”. “Eu sou o vidente”, respondeu Samuel. “Suba adiante de mim até o lugar de adoração. Ali comeremos juntos e, pela manhã, eu lhe direi o que você quer saber, e depois poderá seguir viagem. E não se preocupe com as jumentas que se perderam há três dias, pois foram encontradas. Eu lhe digo que as esperanças de Israel estão centradas em você e sua família!” Saul respondeu: “Mas sou apenas da tribo de Benjamim, a menor das tribos de Israel, e minha família é a mais insignificante de todas as famílias dessa tribo! Por que o senhor fala comigo dessa maneira?”. Então Samuel levou Saul e seu servo para uma sala de jantar e lhes deu o lugar de honra entre os convidados, cerca de trinta pessoas. Em seguida, Samuel pediu ao cozinheiro: “Traga o pedaço de carne separado para o convidado de honra!”. O cozinheiro trouxe a coxa do sacrifício e a colocou diante de Saul. “Coma”, disse Samuel. “Reservei este pedaço para você desde que decidi convidar estes homens para a refeição.” E Saul comeu com Samuel naquele dia. Quando desceram do lugar de adoração e voltaram para a cidade, Samuel levou Saul ao terraço da casa e preparou uma cama para ele. Ao amanhecer do dia seguinte, Samuel chamou Saul novamente: “Levante-se!”, disse ele. “É hora de seguir viagem.” Saul se aprontou, e ele e Samuel saíram juntos. Quando chegaram à saída da cidade, Samuel disse a Saul que enviasse seu servo adiante. Depois que o servo partiu, Samuel disse: “Fique aqui, pois recebi de Deus uma mensagem para você”. Samuel pegou uma vasilha de óleo e o derramou sobre a cabeça de Saul. Depois, beijou Saul e disse: “Faço isto porque o S enhor o nomeou como líder de Israel, sua propriedade especial. Hoje, quando você partir, verá dois homens ao lado do túmulo de Raquel, em Zelza, na divisa de Benjamim. Eles lhe dirão que as jumentas foram encontradas e que seu pai deixou de se preocupar com elas e agora está preocupado com vocês, perguntando: ‘Que farei para encontrar meu filho?’. “Quando você chegar ao carvalho de Tabor, encontrará três homens vindo em sua direção; estão a caminho de Betel, onde vão adorar a Deus. Um deles estará levando três cabritos, outro, três pães, e o terceiro, uma vasilha de couro cheia de vinho. Eles o cumprimentarão e lhe oferecerão dois pães, que você deve aceitar. “Quando chegar a Gibeá-Eloim, onde fica o destacamento dos filisteus, encontrará um grupo de profetas descendo do lugar de adoração. Virão tocando harpa, tamborim, flauta e lira, e estarão profetizando. Nesse momento, o Espírito do S enhor virá poderosamente sobre você, e você profetizará com eles. Será transformado numa pessoa diferente. Depois que esses sinais se cumprirem, faça o que tiver de fazer, pois Deus está com você. Em seguida, vá a Gilgal adiante de mim. Eu o encontrarei ali para sacrificar holocaustos e ofertas de paz. Espere lá durante sete dias, até eu chegar e lhe dar mais instruções”. Assim que Saul se virou para partir, Deus lhe deu um novo coração, e todos os sinais anunciados por Samuel se cumpriram naquele dia. Ao chegarem a Gibeá, Saul e o servo viram um grupo de profetas vindo em sua direção. Então o Espírito de Deus veio poderosamente sobre Saul, e ele começou a profetizar com eles. Quando aqueles que o conheciam souberam disso, perguntaram uns aos outros: “O que aconteceu com o filho de Quis? Acaso Saul também é profeta?”. Um dos que estavam ali perguntou: “Qualquer um pode se tornar profeta, seja quem for seu pai?”. Essa é a origem do ditado: “Acaso Saul também é profeta?”. Depois que Saul terminou de profetizar, subiu ao lugar de adoração. O tio de Saul perguntou a ele e ao servo: “Onde vocês estavam?”. Saul respondeu: “Saímos para procurar as jumentas, mas não conseguimos encontrá-las. Então fomos a Samuel para lhe perguntar onde elas estavam”. “E o que foi que Samuel lhe disse?”, perguntou o tio. “Disse que as jumentas já haviam sido encontradas”, respondeu Saul. Contudo, não contou ao tio o que Samuel tinha dito sobre o reino. Algum tempo depois, Samuel convocou todo o povo para se reunir diante do S enhor em Mispá. Disse ele aos israelitas: “Assim diz o S enhor, o Deus de Israel: Eu os tirei do Egito e os livrei dos egípcios e de todas as nações que os oprimiam. Mas, apesar de eu ter resgatado vocês de suas angústias e aflições, hoje vocês rejeitaram seu Deus e disseram: ‘Queremos um rei!’. Agora, portanto, apresentem-se diante do S enhor, de acordo com suas tribos e seus clãs”. Então Samuel reuniu todas as tribos de Israel, e a tribo de Benjamim foi escolhida por sorteio. Em seguida, Samuel reuniu cada família da tribo de Benjamim, e a família de Matri foi sorteada. Por fim, Saul, filho de Quis foi escolhido dentre eles. Quando o procuraram, porém, não o encontraram. Por isso, perguntaram ao S enhor: “Ele já chegou?”. O S enhor respondeu: “Está escondido no meio da bagagem”. Eles correram até lá e o trouxeram. Era tão alto que os outros chegavam apenas a seus ombros. Samuel disse ao povo: “Este é o homem que o S enhor escolheu para ser seu rei. Não há ninguém semelhante a ele em todo o Israel”. E todo o povo gritou: “Viva o rei!”. Então Samuel explicou ao povo os direitos e deveres do rei. Escreveu-os num rolo e o colocou diante do S enhor. Depois, mandou todo o povo para casa. Saul também voltou para sua casa, em Gibeá, acompanhado por um grupo de homens cujo coração Deus tinha tocado. Havia, no entanto, alguns desocupados que debochavam: “Esse sujeito nunca nos salvará!”. Desprezaram Saul e se recusaram a lhe trazer presentes. Mas Saul não lhes deu atenção. Cerca de um mês depois, Naás, rei de Amom, avançou com seu exército contra a cidade de Jabes-Gileade. Mas os habitantes de Jabes clamaram: “Faça um tratado conosco, e o serviremos!”. Então Naás disse: “Está bem, mas só com uma condição. Arrancarei o olho direito de cada um de vocês como humilhação para todo o Israel!”. As autoridades de Jabes pediram: “Dê-nos sete dias para que enviemos mensageiros a todo o Israel. Se ninguém vier nos salvar, nós nos entregaremos ao rei”. Os mensageiros chegaram a Gibeá, cidade onde Saul morava, e relataram ao povo a difícil situação em Jabes-Gileade. Todos choraram em alta voz. Quando Saul voltou à cidade, trazendo seus bois do campo, perguntou: “O que está acontecendo? Por que todos estão chorando?”. Então contaram-lhe sobre a mensagem de Jabes. O Espírito de Deus veio poderosamente sobre Saul, e ele se enfureceu. Pegou dois bois, cortou-os em pedaços e enviou mensageiros para levá-los a todo o Israel com o seguinte aviso: “Isto é o que acontecerá aos bois de quem se recusar a seguir Saul e Samuel na batalha!”. E o terror do S enhor caiu sobre o povo, de modo que todos saíram para guerrear como um só homem. Quando Saul os reuniu em Bezeque, viu que havia trezentos mil homens de Israel e trinta mil homens de Judá. Então Saul enviou os mensageiros de volta a Jabes-Gileade com o seguinte aviso: “Salvaremos vocês amanhã, antes do meio-dia”. Quando os habitantes de Jabes receberam a mensagem, houve grande alegria em toda a cidade. Então os homens de Jabes disseram a seus inimigos: “Amanhã nos entregaremos a vocês, e poderão fazer conosco o que desejarem”. No dia seguinte, porém, antes do amanhecer, Saul chegou com seu exército dividido em três destacamentos. Atacou os amonitas de surpresa e, na hora mais quente do dia, já os tinha derrotado completamente. O restante do exército amonita se dispersou de tal modo que não ficaram dois soldados juntos. Então o povo disse a Samuel: “Onde estão aqueles que perguntaram: ‘Por que Saul deveria nos governar?’ Tragam esses homens aqui, e os mataremos”. Saul, porém, respondeu: “Ninguém será morto hoje, pois neste dia o S enhor livrou Israel”. Então Samuel disse ao povo: “Venham, vamos todos a Gilgal renovar o compromisso do reino”. Então todos foram a Gilgal e, numa cerimônia solene diante do S enhor, proclamaram Saul como rei. Depois, trouxeram ao S enhor ofertas de paz, e Saul e todos os israelitas muito se alegraram. Então Samuel falou a todo o Israel: “Fiz o que pediram e lhes dei um rei. Agora ele é seu líder. Quanto a mim, estou aqui diante de vocês, um homem velho e de cabelos brancos, e meus filhos estão com vocês. Estive a seu serviço como seu líder desde minha juventude até hoje. Aqui estou: testemunhem contra mim diante do S enhor e diante do rei que ele ungiu. De quem roubei um boi ou um jumento? Acaso enganei ou oprimi alguém? De quem aceitei suborno para perverter a justiça? Digam-me, e farei restituição se cometi alguma injustiça”. Eles responderam: “O senhor nunca nos enganou nem nos oprimiu, e nunca aceitou suborno”. Então Samuel declarou: “Hoje o S enhor e o rei que ele ungiu são testemunhas de que minhas mãos estão limpas”. Eles responderam: “Sim, eles são testemunhas”. E Samuel continuou: “Foi o S enhor que escolheu Moisés e Arão e tirou seus antepassados da terra do Egito. Agora, fiquem aqui diante do S enhor enquanto eu os confronto com todos os atos de justiça que o S enhor fez por vocês e por seus antepassados. “Quando Israel estava no Egito e seus antepassados clamaram ao S enhor, ele enviou Moisés e Arão para tirá-los de lá e trazê-los a esta terra. Mas o povo logo se esqueceu do S enhor, seu Deus, por isso ele os entregou a Sísera, comandante do exército de Hazor, e também aos filisteus e ao rei de Moabe, que lutaram contra eles. “Então clamaram novamente ao S enhor e disseram: ‘Pecamos quando abandonamos o S enhor e servimos às imagens de Baal e de Astarote. Agora, se nos livrares de nossos inimigos, serviremos somente a ti’. O S enhor enviou Gideão, Bedã, Jefté e Samuel para livrá-los, e vocês viveram em segurança. “No entanto, quando ficaram com medo de Naás, rei de Amom, vieram a mim e disseram que queriam um rei para governá-los, embora o S enhor, seu Deus, já fosse seu rei. Pois bem, aqui está o rei que vocês escolheram. Vocês o pediram e o S enhor os atendeu. “Agora, se temerem e servirem ao S enhor, derem ouvidos à sua voz e não se rebelarem contra os seus mandamentos, tanto vocês como seu rei mostrarão que reconhecem que o S enhor é seu Deus. Mas, se vocês se rebelarem contra os mandamentos do S enhor e se recusarem a ouvir a sua voz, a mão do S enhor pesará sobre vocês, como fez a seus antepassados. “Agora, fiquem aqui e vejam o maravilhoso feito que o S enhor está prestes a realizar. Vocês sabem que não chove nesta época do ano, durante a colheita do trigo. Pedirei ao S enhor que envie trovões e chuva forte hoje. Assim, vocês reconhecerão quão grande foi sua maldade ao pedir que o S enhor lhes desse um rei!”. Então Samuel clamou ao S enhor, e o S enhor enviou trovões e chuva forte naquele mesmo dia. E todo o povo ficou com muito medo do S enhor e de Samuel. Disseram a Samuel: “Ore ao S enhor, seu Deus, em favor de seus servos, ou morreremos! Pois, a todas as nossas faltas, acrescentamos o pecado de pedir um rei”. “Não tenham medo”, disse Samuel. “Certamente agiram mal, mas, agora, sirvam ao S enhor de todo o coração e não se afastem dele. Não se desviem dele para adorar deuses sem valor que não podem ajudar ou livrar vocês; eles são completamente inúteis! O S enhor não abandonará seu povo, pois isso traria desonra para seu grande nome. Pois agradou ao S enhor fazer de vocês seu próprio povo. “Quanto a mim, certamente não pecarei contra o S enhor, deixando de orar por vocês. Continuarei a lhes ensinar o que é bom e correto. Temam o S enhor e sirvam a ele fielmente, de todo o coração. Pensem em todas as coisas maravilhosas que ele fez por vocês. Mas, se continuarem a pecar, vocês e seu rei serão destruídos.” Saul tinha 30 anos quando se tornou rei, e reinou por 42 anos. Saul escolheu três mil soldados do exército de Israel e mandou o restante dos homens para casa. Levou consigo dois mil desses homens a Micmás e à região montanhosa de Betel. Os outros mil foram com Jônatas, filho de Saul, para Gibeá, na terra de Benjamim. Logo depois disso, Jônatas atacou e derrotou o destacamento dos filisteus em Geba. A notícia se espalhou entre os filisteus. Então Saul tocou a trombeta por toda a terra, anunciando: “Ouçam bem, hebreus!”. E todo o Israel ouviu que Saul tinha destruído o destacamento dos filisteus e que agora eles odiavam os israelitas mais que nunca. Então os soldados israelitas foram convocados para se unir a Saul em Gilgal. Os filisteus reuniram um exército de três mil carros de guerra, seis mil cavaleiros e tantos guerreiros como os grãos de areia na praia. Acamparam em Micmás, a leste de Bete-Áven. Os homens de Israel se viram em apuros e, como estavam sendo fortemente pressionados pelo inimigo, tentaram se esconder em cavernas, em matagais, entre rochas, em buracos e em cisternas. Alguns dos hebreus atravessaram o rio Jordão e fugiram para a terra de Gade e de Gileade. Enquanto isso, Saul permaneceu em Gilgal, e os homens que estavam com ele tremiam de medo. Saul esperou ali por Samuel durante sete dias, conforme Samuel o havia instruído, mas ele não chegou. Vendo que os soldados debandavam rapidamente, Saul ordenou: “Tragam-me o holocausto e as ofertas de paz!”. E ele próprio ofereceu o holocausto. No exato instante em que Saul terminava de oferecer o holocausto, Samuel chegou. Saul foi ao seu encontro para cumprimentá-lo, mas Samuel disse: “O que você fez?”. Saul respondeu: “Vi que meus homens estavam debandando, e que o senhor não chegou no prazo que havia prometido. Além disso, os filisteus estavam em Micmás, prontos para a batalha. Assim, pensei: ‘Os filisteus estão prontos para lutar contra nós em Gilgal, e eu não pedi ajuda ao S enhor ’. Por isso me senti na obrigação de oferecer o holocausto”. “Você agiu como um tolo!”, exclamou Samuel. “Não guardou o mandamento que o S enhor, seu Deus, lhe deu. Se tivesse obedecido, o S enhor teria estabelecido para sempre seu reinado sobre Israel. Agora, porém, seu reinado não permanecerá, pois o S enhor escolheu um homem segundo o coração dele. O S enhor já designou esse homem para ser líder de seu povo, pois você não obedeceu ao mandamento do S enhor.” Então Samuel partiu de Gilgal e subiu para Gibeá, na terra de Benjamim. Quando Saul contou os soldados que ainda estavam com ele, viu que havia cerca de seiscentos homens. Saul, Jônatas e os soldados que estavam com eles ficaram em Geba, na terra de Benjamim. Os filisteus acamparam em Micmás. Três grupos de ataque deixaram o acampamento filisteu: um foi para o norte, em direção a Ofra, na região de Sual, outro foi para oeste, a Bete-Horom, e o terceiro rumou para a fronteira acima do vale de Zeboim, na direção do deserto. Naqueles dias, não havia ferreiros na terra de Israel, pois os filisteus não permitiam que os hebreus fizessem espadas ou lanças. Assim, sempre que o povo de Israel precisava afiar seus arados, enxadas, machados e foices, tinha de levá-los a um ferreiro filisteu. O custo para afiar um arado ou uma enxada era de oito gramas de prata, e, para afiar um machado, uma foice ou a ponta de ferro de uma vara de tocar bois, quatro gramas. Por isso, no dia da batalha, ninguém em Israel tinha espada ou lança, exceto Saul e Jônatas. Nesse meio-tempo, os filisteus mandaram um destacamento para o desfiladeiro de Micmás. Certo dia, Jônatas, filho de Saul, disse a seu escudeiro: “Venha, vamos ao lugar onde fica o destacamento dos filisteus”. Mas Jônatas não contou a seu pai o que pretendia fazer. Enquanto isso, Saul estava acampado nos arredores de Gibeá, em volta da árvore de romãs em Migrom, junto com cerca de seiscentos homens. Entre eles estava Aías, o sacerdote, que levava o colete sacerdotal. Aías era filho de Aitube, irmão de Icabode, filho de Fineias, filho de Eli, que tinha servido como sacerdote do S enhor em Siló. Ninguém percebeu que Jônatas havia saído do acampamento. Para chegar ao destacamento dos filisteus, teve de passar por entre dois penhascos; um se chamava Bozez, e o outro, Sené. Um ficava ao norte, de frente para Micmás, e o outro, ao sul, de frente para Geba. Jônatas disse a seu escudeiro: “Vamos atravessar até o destacamento daqueles incircuncisos! Quem sabe o S enhor nos ajudará, pois nada pode deter o S enhor. Ele pode vencer com muitos guerreiros e, também, com apenas uns poucos!”. “Faça o que lhe parecer melhor”, respondeu o escudeiro. “Eu o seguirei para onde o senhor for!” “Pois bem”, disse Jônatas. “Vamos atravessar e deixar que nos vejam. Se disserem: ‘Fiquem onde estão, ou mataremos vocês’, ficaremos parados e não iremos até eles. Mas, se disserem: ‘Subam até aqui e lutem’, então subiremos. Será sinal de que o S enhor os entregará em nossas mãos.” Quando os filisteus os viram chegando, gritaram: “Vejam! Os hebreus estão saindo dos buracos onde estavam escondidos!”. Então os homens do destacamento gritaram para Jônatas e seu escudeiro: “Subam até aqui, e nós lhes daremos uma lição!”. “Venha, suba logo atrás de mim”, disse Jônatas a seu escudeiro. “O S enhor entregou os filisteus nas mãos de Israel!” Então subiram usando os pés e as mãos. Jônatas derrubava os filisteus e, atrás dele, seu escudeiro os matava. Mataram, no total, cerca de vinte homens, numa pequena porção de terra. De repente, o pânico tomou conta do exército filisteu, tanto no acampamento como no campo, e também nos destacamentos e nos grupos de ataque. Naquele instante, houve um terremoto, e todos se encheram de terror. As sentinelas de Saul em Gibeá de Benjamim viram que o imenso exército dos filisteus começou a debandar em todas as direções. Saul ordenou ao povo: “Façam a chamada e verifiquem quem está faltando!”. Quando fizeram a chamada, descobriram que Jônatas e seu escudeiro não estavam ali. Então Saul gritou para Aías: “Traga o colete sacerdotal!”, pois, naquele tempo, Aías usava o colete sacerdotal diante dos israelitas. Enquanto Saul falava com o sacerdote, o tumulto e a gritaria no acampamento dos filisteus aumentaram. Então Saul disse ao sacerdote: “Não precisa mais usar o colete!”. Então Saul e todos os soldados correram para a batalha e encontraram os filisteus matando uns aos outros. Havia grande confusão por toda parte. Até os hebreus que antes haviam desertado para o lado dos filisteus se rebelaram e se uniram a Saul, a Jônatas e ao restante dos israelitas. Quando os homens de Israel que haviam se escondido na região montanhosa de Efraim ouviram que os filisteus fugiam, também os perseguiram. Assim, o S enhor livrou Israel naquele dia, e a batalha continuou até além de Bete-Áven. Os homens de Israel estavam exaustos naquele dia, pois Saul lhes havia imposto este juramento: “Maldito seja aquele que comer antes do anoitecer, antes de eu ter me vingado inteiramente de meus inimigos”. Por isso, ninguém comeu nada o dia todo, embora tivessem encontrado favos de mel no chão do bosque. Não se atreveram a provar o mel, pois temiam o juramento exigido por Saul. Jônatas, porém, não sabendo do juramento de seu pai, enfiou a ponta de uma vara num favo e comeu o mel. Depois de comer, recuperou as forças. Vendo isso, um dos soldados lhe disse: “Seu pai obrigou o exército a fazer um juramento severo, pelo qual quem comer alguma coisa hoje será maldito. Por isso todos estão exaustos”. “Meu pai trouxe desgraça sobre o povo!”, exclamou Jônatas. “Vejam como recuperei as forças depois de provar um pouco de mel. Se os homens tivessem recebido permissão para comer à vontade do alimento que encontraram entre os inimigos, imaginem quantos filisteus mais teríamos matado!” Os israelitas perseguiram e mataram filisteus o dia todo, desde Micmás até Aijalom, e ficaram cada vez mais enfraquecidos. Naquela noite, tomaram apressadamente os despojos da batalha; mataram ovelhas, bois e bezerros e comeram a carne com sangue. Alguém foi dizer a Saul: “Veja, os soldados estão pecando contra o S enhor, comendo carne com sangue”. “Vocês cometeram um grande pecado!”, disse Saul. “Procurem uma pedra grande e tragam-na para cá. Depois, saiam entre os soldados e digam-lhes: ‘Tragam os bois e as ovelhas até aqui! Abatam os animais e deixem o sangue escorrer antes de comer. Não pequem contra o S enhor, comendo carne ainda com sangue’.” Naquela noite, portanto, todos os soldados levaram os animais e os abateram ali. Então Saul construiu um altar para o S enhor; foi o primeiro altar que ele construiu para o S enhor. Depois Saul disse: “Vamos perseguir os filisteus a noite toda, saqueá-los até o amanhecer e destruir até o último deles”. Seus homens responderam: “Faremos o que o rei achar melhor”. O sacerdote, porém, disse: “Primeiro vamos consultar Deus”. Então Saul perguntou a Deus: “Devemos ir atrás dos filisteus? Tu os entregarás nas mãos de Israel?”. Mas Deus não lhe respondeu naquele dia. Então Saul ordenou: “Todos os comandantes do exército, apresentem-se a mim! Descubram como e por que aconteceu esse pecado! Tão certo como vive o S enhor, aquele que resgatou Israel, o culpado morrerá, mesmo que seja meu filho Jônatas!”. Contudo, ninguém lhe disse nada. Saul disse a todo o Israel: “Jônatas e eu ficaremos aqui, e todos vocês ficarão ali”. E os homens responderam: “Faça o que o rei achar melhor”. Em seguida, Saul orou: “Ó S enhor, o Deus de Israel, mostra-nos quem é culpado e quem é inocente”. Por sorteio, Jônatas e Saul foram escolhidos como sendo os culpados, e o povo foi declarado inocente. Saul disse: “Façam outro sorteio entre mim e Jônatas”. E Jônatas foi escolhido como o culpado. “Diga-me o que você fez”, ordenou Saul. “Provei um pouco de mel”, confessou Jônatas. “Foi apenas uma pequena porção, na ponta de minha vara. Estou pronto para morrer!” Então Saul disse: “Sim, Jônatas, você deve morrer. Que Deus me castigue severamente se você não for morto por isso”. Os soldados, porém, disseram a Saul: “Jônatas conquistou esta grande vitória para Israel. Acaso ele deve morrer? De maneira nenhuma! Tão certo como o S enhor vive, ninguém tocará num fio de cabelo da cabeça dele, pois hoje Deus o ajudou a realizar um grande feito”. E assim o povo salvou Jônatas da morte. Então Saul deixou de perseguir os filisteus, e eles voltaram para sua terra. Depois que Saul havia se firmado como rei de Israel, lutou contra seus inimigos ao redor: contra Moabe, Amom e Edom, contra os reis de Zobá e contra os filisteus. E, para qualquer lado que se voltava, era vitorioso. Realizou grandes feitos e derrotou os amalequitas, livrando Israel de todos que o haviam saqueado. Os filhos de Saul eram Jônatas, Isbosete e Malquisua. Também tinha duas filhas: Merabe, a mais velha, e Mical, a mais nova. A esposa de Saul se chamava Ainoã, filha de Aimaás. O comandante do exército de Saul era Abner, filho de Ner, tio de Saul. Quis, pai de Saul, e Ner, pai de Abner, eram filhos de Abiel. Os israelitas lutaram ferrenhamente contra os filisteus durante toda a vida de Saul. Por isso, sempre que Saul via um jovem forte e valente, logo o convocava para seu exército. Certo dia, Samuel disse a Saul: “Foi o S enhor que me enviou para ungi-lo rei de seu povo, Israel. Agora ouça esta mensagem do S enhor! Assim diz o S enhor dos Exércitos: Resolvi acertar as contas com a nação de Amaleque por ter se colocado contra Israel quando o povo saía do Egito. Agora vá e destrua completamente a nação amalequita: homens, mulheres, crianças, recém-nascidos, gado, ovelhas, camelos e jumentos”. Então Saul reuniu seu exército em Telaim. Havia duzentos mil soldados de Israel e dez mil homens de Judá. Em seguida, Saul e o exército foram à cidade dos amalequitas e armaram uma emboscada no vale. Saul mandou este aviso aos queneus: “Afastem-se de onde vivem os amalequitas, para que não morram com eles, pois vocês demonstraram bondade a todos os israelitas quando eles saíram do Egito”. Então os queneus saíram do meio dos amalequitas. Saul atacou e derrotou os amalequitas desde Havilá até Sur, a leste do Egito. Capturou Agague, o rei amalequita, e destruiu completamente todo o povo. Saul e seus homens pouparam a vida de Agague, bem como o melhor das ovelhas, do gado, dos bezerros gordos e dos cordeiros. Destruíram apenas o que não tinha valor ou que era de qualidade inferior. Então o S enhor disse a Samuel: “Arrependo-me de ter colocado Saul como rei, pois ele se afastou de mim e se recusou a obedecer às minhas ordens”. Samuel ficou tão frustrado ao ouvir essas palavras que clamou ao S enhor a noite toda. Na manhã seguinte, bem cedo, Samuel foi procurar Saul. Alguém lhe disse: “Saul foi para a região do Carmelo, onde levantou um monumento para si próprio; depois, seguiu para Gilgal”. Quando Samuel finalmente o encontrou, Saul o cumprimentou com alegria: “Que o S enhor o abençoe!”, disse Saul. “Cumpri a ordem do S enhor!” Samuel perguntou: “Então o que é esse balido de ovelhas e esse mugido de bois que estou ouvindo?” Saul respondeu: “É verdade que os soldados pouparam o melhor das ovelhas e dos bois que pertenciam aos amalequitas. Mas eles vão sacrificá-los ao S enhor, seu Deus. Quanto ao resto, destruímos tudo”. Então Samuel disse a Saul: “Basta! Ouça o que o S enhor me disse na noite passada”. “O que foi?”, perguntou Saul. Samuel respondeu: “Embora a seus próprios olhos você se considerasse insignificante, não se tornou o líder das tribos de Israel? Sim, o S enhor o ungiu rei sobre o povo! Então o S enhor o enviou numa missão e disse: ‘Vá e destrua completamente aqueles pecadores, os amalequitas. Lute contra eles até exterminá-los’. Por que você não obedeceu ao S enhor? Por que tomou apressadamente os despojos e fez o que era mau aos olhos do S enhor?”. “Mas eu obedeci ao S enhor!”, insistiu Saul. “Cumpri a missão de que ele me encarregou. Trouxe o rei Agague, mas destruí todos os outros amalequitas. Então meus soldados trouxeram o melhor das ovelhas e dos bois, bem como o melhor dos despojos, a fim de sacrificá-los ao S enhor, seu Deus, em Gilgal.” Samuel respondeu: “O que agrada mais ao S enhor: holocaustos e sacrifícios ou obediência à voz dele? Ouça! A obediência é melhor que o sacrifício, e a submissão é melhor que ofertas de gordura de carneiros. A rebeldia é um pecado tão grave quanto a feitiçaria, e persistir no erro é um mal tão grave quanto adorar ídolos. Assim como você rejeitou a ordem do S enhor, ele o rejeitou como rei”. Então Saul confessou: “Sim, pequei! Desobedeci às suas instruções e à ordem do S enhor, pois tive medo do povo e fiz o que eles exigiram. Agora, imploro que perdoe meu pecado e volte comigo, para que eu possa adorar o S enhor!”. Samuel, porém, respondeu: “Não voltarei com você! Uma vez que você rejeitou a ordem do S enhor, ele o rejeitou como rei de Israel”. Quando Samuel se virou para ir embora, Saul tentou detê-lo segurando a barra de seu manto, que se rasgou. Então Samuel lhe disse: “Hoje o S enhor rasgou de você o reino de Israel e o entregou a outro, alguém melhor que você. E aquele que é a Glória de Israel não mente nem se arrepende, pois não é ser humano para se arrepender!”. Saul implorou novamente: “Sei que pequei! Mas, por favor, pelo menos honre-me diante das autoridades de meu povo e diante de Israel ao voltar comigo, para que eu possa adorar o S enhor, seu Deus!”. Por fim, Samuel concordou e voltou com ele, e Saul adorou o S enhor. Então Samuel disse: “Traga-me Agague, rei dos amalequitas”. Agague veio cheio de esperança, pois pensou: “Com certeza a ira deles já passou, e eu fui poupado!”. Mas Samuel disse: “Assim como sua espada matou os filhos de muitas mães, agora sua mãe ficará sem o filho”. E Samuel cortou Agague em pedaços diante do S enhor em Gilgal. Depois, Samuel foi para Ramá, e Saul voltou para casa em Gibeá, sua cidade. Até o dia em que morreu, Samuel não voltou a ver Saul, embora sempre lamentasse o que aconteceu com ele. E o S enhor se arrependeu de ter estabelecido Saul como rei de Israel. O S enhor disse a Samuel: “Você já lamentou o suficiente por Saul. Eu o rejeitei como rei de Israel. Agora, encha uma vasilha com óleo e vá a Belém. Procure um homem chamado Jessé, que vive ali, pois escolhi um dos filhos dele para ser rei”. “Como posso fazer isso?”, perguntou Samuel. “Se Saul ficar sabendo, me matará.” O S enhor respondeu: “Leve um novilho com você e diga: ‘Vim oferecer um sacrifício ao S enhor ’. Convide Jessé para o sacrifício, e eu lhe mostrarei o que você deve fazer e qual dos filhos dele deve ungir para mim”. Samuel fez o que o S enhor disse. Quando chegou a Belém, as autoridades da cidade foram encontrá-lo, tremendo de medo. “O senhor vem em paz?”, perguntaram. “Sim”, respondeu Samuel. “Vim oferecer um sacrifício ao S enhor. Purifiquem-se e venham comigo para o sacrifício.” Então Samuel realizou a cerimônia para purificar Jessé e seus filhos e também os convidou para o sacrifício. Quando chegaram, Samuel olhou para Eliabe e pensou: “Com certeza este é o homem que o S enhor ungirá!”. O S enhor, porém, disse a Samuel: “Não o julgue pela aparência nem pela altura, pois eu o rejeitei. O S enhor não vê as coisas como o ser humano as vê. As pessoas julgam pela aparência exterior, mas o S enhor olha para o coração”. Então Jessé chamou seu filho Abinadabe e o levou até Samuel. Ele, porém, disse: “Não foi este que o S enhor escolheu”. Em seguida, Jessé chamou Simeia, mas Samuel disse: “Também não foi este que o S enhor escolheu”. Da mesma forma, todos os sete filhos de Jessé foram apresentados a Samuel. Mas Samuel disse a Jessé: “O S enhor não escolheu nenhum deles”. Então Samuel perguntou: “São estes todos os seus filhos?”. Jessé respondeu: “Ainda tenho o mais novo, mas ele está no campo, tomando conta do rebanho”. “Mande chamá-lo”, disse Samuel. “Não nos sentaremos para comer enquanto ele não chegar.” Jessé mandou chamá-lo. Era um jovem ruivo, de boa aparência e olhos bonitos. E o S enhor disse: “É este; levante-se e unja-o com óleo”. Enquanto Davi estava entre seus irmãos, Samuel pegou a vasilha com óleo que havia trazido e o ungiu. A partir daquele dia, o Espírito do S enhor veio poderosamente sobre Davi. Depois disso, Samuel voltou a Ramá. O Espírito do S enhor se retirou de Saul, e o S enhor enviou um espírito maligno, que o atormentava. Os servos de Saul lhe disseram: “Um espírito maligno enviado por Deus está atormentando o senhor. Permita que procuremos um bom músico para tocar harpa sempre que o espírito o afligir. Ele tocará música para acalmar o senhor e o fará sentir-se melhor”. “Está bem”, respondeu Saul. “Encontrem alguém que saiba tocar bem e tragam-no para cá.” Um dos servos disse a Saul: “Um dos filhos de Jessé, de Belém, sabe tocar harpa. Além disso, é um rapaz corajoso, apto para ir à guerra, e tem bom senso. Também é moço de boa aparência, e o S enhor está com ele”. Então Saul enviou mensageiros a Jessé para lhe dizer: “Envie-me seu filho Davi, o pastor de ovelhas”. Jessé enviou Davi a Saul e, com ele, mandou um jumento carregado de pão, um cabrito e uma vasilha de couro cheia de vinho. Davi se apresentou a Saul e começou a servi-lo. Saul gostou muito de Davi e o tornou seu escudeiro. Então Saul enviou uma mensagem a Jessé, pedindo: “Deixe que Davi continue a meu serviço, pois estou muito satisfeito com ele”. Assim, sempre que o espírito maligno enviado por Deus afligia Saul, Davi tocava a harpa. Saul se sentia melhor, e o espírito se retirava dele. Os filisteus reuniram seu exército para a batalha e acamparam em Efes-Damim, entre Socó, em Judá, e Azeca. Em resposta, Saul reuniu as tropas israelitas perto do vale de Elá. Assim, os filisteus e os israelitas ficaram frente a frente, em colinas opostas, com o vale entre eles. Então Golias, um guerreiro filisteu de Gate, saiu das fileiras do exército filisteu. Ele tinha 2,90 metros de altura, usava um capacete de bronze e vestia uma couraça de escamas de bronze que pesava sessenta quilos. Também usava caneleiras de bronze e carregava no ombro um dardo de bronze. A haste de sua lança era pesada e grossa, como o eixo de um tear, e a ponta de ferro da lança pesava cerca de sete quilos. Seu escudeiro caminhava à frente dele. Golias parou e gritou para as tropas israelitas: “Por que saíram todos para lutar? Eu sou filisteu, e vocês são servos de Saul. Escolham um homem para vir aqui e lutar comigo! Se ele me matar, seremos seus escravos. Mas, se eu o matar, vocês serão nossos escravos! Desafio hoje os exércitos de Israel. Mandem um homem para lutar comigo!”. Quando Saul e os israelitas ouviram isso, ficaram aterrorizados e muito abalados. Davi era filho de Jessé, efrateu de Belém, na terra de Judá. Na época do rei Saul, Jessé já era idoso e tinha oito filhos. Os três filhos mais velhos de Jessé — Eliabe, Abinadabe e Simeia — haviam se alistado no exército de Saul para lutar contra os filisteus. Davi era o mais novo. Seus três irmãos mais velhos seguiam o exército de Saul, enquanto Davi ia e voltava para ajudar seu pai a cuidar das ovelhas em Belém. Durante quarenta dias, pela manhã e à tarde, o guerreiro filisteu se apresentava diante do exército israelita e o desafiava. Um dia, Jessé disse a Davi: “Leve depressa para seus irmãos que estão no acampamento este cesto com grãos tostados e estes dez pães. Leve também estes dez queijos para o capitão deles. Veja como estão seus irmãos e traga notícias deles”. Os irmãos de Davi estavam com Saul e o exército israelita no vale de Elá, lutando contra os filisteus. Davi deixou as ovelhas com outro pastor e, na manhã seguinte, partiu bem cedo com os presentes, como Jessé havia ordenado. Chegou ao acampamento quando o exército israelita saía para o campo de batalha com gritos de guerra. Logo, filisteus e israelitas estavam frente a frente, exército contra exército. Davi deixou suas coisas com o responsável pelos suprimentos e correu até a frente de batalha para saudar seus irmãos. Enquanto falava com eles, Golias, o guerreiro filisteu de Gate, saiu das fileiras do exército filisteu. Davi o ouviu gritar seu desafio habitual. Quando os israelitas viram Golias, começaram a fugir, apavorados. “Vocês viram aquele homem?”, perguntavam uns aos outros. “Ele sai todos os dias para desafiar Israel. O rei ofereceu uma grande recompensa para quem o matar. Dará uma de suas filhas como esposa e isentará toda a família dele de pagar impostos!” Então Davi perguntou aos soldados que estavam por perto: “O que receberá o homem que matar esse filisteu e acabar com suas provocações contra Israel? Afinal de contas, quem é esse filisteu incircunciso para desafiar os exércitos do Deus vivo?”. Os soldados repetiram o que tinham dito e confirmaram: “Sim, essa será a recompensa para quem o matar”. Quando Eliabe, irmão mais velho de Davi, o ouviu falando com os soldados, ficou furioso e perguntou: “O que você está fazendo aqui? Não devia estar tomando conta daquelas poucas ovelhas? Conheço sua arrogância e suas más intenções. Você quer apenas ver a batalha!”. “O que eu fiz agora?”, disse Davi. “Só fiz uma pergunta!” Então foi até outros soldados, fez a mesma pergunta e recebeu a mesma resposta. Alguém contou ao rei Saul o que Davi tinha dito, e o rei mandou chamá-lo. Davi disse a Saul: “Ninguém se preocupe por causa desse filisteu. Seu servo vai lutar contra ele”. Saul respondeu: “Você não conseguirá lutar contra esse filisteu e vencer! É apenas um rapaz, e ele é guerreiro desde a juventude”. Davi, porém insistiu: “Tomo conta das ovelhas de meu pai e, quando um leão ou um urso aparece para levar um cordeiro do rebanho, vou atrás dele com meu cajado e tiro o cordeiro de sua boca. Se o animal me ataca, eu o seguro pela mandíbula e dou golpes nele com o cajado até ele morrer. Fiz isso com o leão e o urso, e farei o mesmo com esse filisteu incircunciso, pois ele desafiou os exércitos do Deus vivo!”. E disse ainda: “O S enhor que me livrou das garras do leão e do urso também me livrará desse filisteu!”. Por fim, Saul consentiu. “Está bem, então vá”, disse. “E que o S enhor esteja com você!” Então Saul deu a Davi sua própria armadura, incluindo uma couraça e um capacete de bronze. Davi prendeu a espada sobre a armadura e tentou dar alguns passos, pois nunca tinha usado essas coisas. “Não consigo andar com tudo isso, pois não estou acostumado”, disse a Saul, e tirou a armadura. Pegou cinco pedras lisas de um riacho e as colocou em sua bolsa de pastor. Armado apenas com seu cajado e sua funda, foi enfrentar o filisteu. Golias, com seu escudeiro à frente, caminhava em direção a Davi, rindo com desprezo do belo jovem ruivo. Gritou para Davi: “Por acaso sou um cão para que você venha a mim com um pedaço de pau?”. E amaldiçoou Davi em nome de seus deuses. “Venha cá, e darei sua carne às aves e aos animais selvagens!”, berrou Golias. Davi respondeu ao filisteu: “Você vem a mim com uma espada, uma lança e um dardo, mas eu vou enfrentá-lo em nome do S enhor dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, que você desafiou. Hoje o S enhor entregará você em minhas mãos, e eu o matarei e cortarei sua cabeça. Então darei os cadáveres de seus homens às aves e aos animais selvagens, e o mundo todo saberá que há Deus em Israel! E todos que estão aqui reunidos saberão que o S enhor salva seu povo, mas não com espada nem com lança. A batalha é do S enhor, e ele entregará vocês em nossas mãos!”. Quando o filisteu se aproximou para atacar, Davi foi correndo enfrentá-lo. Enfiou a mão na bolsa, pegou uma pedra e atirou-a com sua funda. A pedra acertou o filisteu na testa e ficou encravada ali. E Golias caiu com o rosto em terra. Assim, Davi venceu o filisteu e o matou com apenas uma funda e uma pedra, pois não tinha espada. Em seguida, correu até o filisteu, puxou da bainha a espada dele e a usou para matá-lo e cortar-lhe a cabeça. Quando os filisteus viram que seu melhor guerreiro estava morto, deram meia-volta e fugiram. Os soldados de Israel e de Judá soltaram um forte grito de vitória e perseguiram os filisteus até Gate e até os portões de Ecrom. E os corpos dos filisteus mortos e feridos ficaram espalhados pelo caminho de Saarim até Gate e Ecrom. Então o exército israelita voltou e saqueou o acampamento abandonado dos filisteus. (Davi levou a cabeça do filisteu para Jerusalém, mas guardou as armas dele em sua própria tenda.) Quando Saul viu Davi sair para lutar contra os filisteus, perguntou a Abner, o comandante de seu exército: “Abner, quem é o pai desse rapaz?”. “Não faço ideia, ó rei!”, disse Abner. “Então descubra quem é o pai dele!”, ordenou. Assim que Davi voltou, depois de matar Golias, Abner o levou a Saul. Ele ainda carregava a cabeça do filisteu em suas mãos. Saul perguntou: “Quem é seu pai, meu rapaz?”. E Davi respondeu: “Sou filho de Jessé, que vive em Belém”. Depois que Davi terminou de falar com Saul, formou-se de imediato um forte laço de amizade entre ele e Jônatas, filho do rei, por causa do amor que Jônatas tinha por Davi. A partir daquele dia, Saul manteve Davi consigo e não o deixou voltar para a casa de seu pai. Jônatas assumiu um compromisso solene com Davi, pois o amava como a si mesmo. Para selar essa aliança, Jônatas tirou seu manto e o entregou a Davi, junto com sua armadura, sua espada, seu arco e seu cinturão. Davi cumpria com êxito todas as missões de que Saul o encarregava. Então Saul lhe deu uma posição de comando no exército, o que agradou tanto ao povo como aos oficiais de Saul. Quando o exército israelita regressou vitorioso, depois que Davi matou o gigante filisteu, mulheres de todas as cidades saíram ao encontro do rei Saul. Cantavam e dançavam de alegria, com tamborins e címbalos. Esta era a canção: “Saul matou milhares, e Davi, dezenas de milhares!”. Saul ficou indignado com essas palavras. “O que é isso?”, disse ele. “Atribuem a Davi dezenas de milhares, e a mim, apenas milhares? Só falta o declararem rei!” Daquele momento em diante, Saul começou a olhar para Davi com suspeita. No dia seguinte, um espírito maligno enviado por Deus se apoderou de Saul, e ele começou a delirar em sua casa, como se fosse louco. Davi tocava a harpa, como fazia todos os dias. Mas Saul tinha uma lança na mão e, de repente, atirou-a contra Davi, com a intenção de encravá-lo na parede. Davi, porém, escapou duas vezes. Saul tinha medo de Davi, pois o S enhor o havia abandonado e agora estava com Davi. Por fim, Saul o afastou de sua presença e o nomeou comandante de mil soldados, e Davi conduzia as tropas vitoriosamente nas batalhas. Davi continuou a ter êxito em tudo que fazia, pois o S enhor estava com ele. Quando Saul viu isso, teve ainda mais medo. Mas todo o Israel e todo o Judá amavam Davi, porque ele conduzia as tropas vitoriosamente nas batalhas. Certo dia, Saul disse a Davi: “Estou pronto a lhe dar minha filha mais velha, Merabe, por esposa. Mas antes, sirva-me como um guerreiro valente, lutando nas batalhas do S enhor ”. Pois Saul pensou: “Em vez de matá-lo eu mesmo, vou enviá-lo aos filisteus, e eles o matarão”. Davi, porém, respondeu a Saul: “Quem sou eu, e quem é minha família em Israel para que eu me torne genro do rei?”. Assim, quando chegou o tempo de Saul dar sua filha Merabe em casamento a Davi, ele a deu a Adriel, um homem de Meolá. Contudo, a outra filha de Saul, Mical, amava Davi, e Saul ficou contente quando soube disso. “É mais uma oportunidade de os filisteus matarem Davi!”, pensou ele. Para Davi, porém, ele disse: “Você tem mais uma oportunidade de se tornar meu genro”. Então Saul instruiu seus servos a dizerem a Davi, em particular: “O rei gosta muito de você, e nós também. Por que não aceita a oferta do rei e se torna genro dele?”. Quando disseram isso a Davi, ele respondeu: “Como um homem pobre e de família humilde terá condições de pagar o dote da filha de um rei?”. Então os homens de Saul contaram-lhe o que Davi disse, e Saul respondeu: “Digam a Davi que o único dote que quero são cem prepúcios de filisteus! Desejo apenas me vingar de meus inimigos”. Mas Saul planejava que Davi fosse morto na luta. Quando os servos de Saul trouxeram essa notícia a Davi, ele aceitou a oferta de bom grado. Antes do prazo estipulado, ele e seus homens saíram e mataram duzentos filisteus. Davi cumpriu a exigência para tornar-se genro do rei, trazendo-lhe os prepúcios. Então Saul deu sua filha Mical por esposa a Davi. Quando Saul percebeu que o S enhor estava com Davi, e viu como sua filha Mical o amava, temeu Davi ainda mais e continuou a ser inimigo dele pelo resto de sua vida. Sempre que os comandantes dos filisteus atacavam, Davi era mais bem-sucedido contra eles que todos os outros oficiais de Saul. Assim, o nome de Davi se tornou muito famoso. Saul instigou seus servos e seu filho Jônatas a matarem Davi. Mas Jônatas, por causa de seu grande afeto por Davi, contou-lhe os planos de Saul. “Meu pai busca uma oportunidade para matá-lo”, disse ele. “Amanhã cedo você precisa encontrar um lugar para se esconder. Pedirei a meu pai que saia comigo até o campo e falarei com ele a seu respeito. Então lhe contarei tudo que conseguir descobrir.” Na manhã seguinte, Jônatas falou com seu pai sobre Davi e disse muitas coisas boas a respeito dele. “O rei não deve pecar contra seu servo Davi”, disse Jônatas. “Ele nunca fez nada para prejudicá-lo. Sempre o ajudou como pôde. O senhor se esqueceu da ocasião em que ele arriscou a vida para matar o guerreiro filisteu e, assim, o S enhor deu grande vitória a Israel? Certamente o senhor se alegrou naquela ocasião. Então por que pecar matando um homem inocente como Davi? Não há motivo algum para isso!” Saul atendeu Jônatas e jurou: “Tão certo como o S enhor vive, Davi não será morto”. Depois Jônatas chamou Davi e contou-lhe o que havia acontecido. Em seguida, levou Davi até Saul, e Davi voltou a servi-lo, como antes. Houve guerra novamente, e Davi conduziu as tropas contra os filisteus. Ele os atacou e os derrotou com tamanha fúria que eles bateram em retirada. Um dia, porém, quando Saul estava sentado em casa, com uma lança na mão, outra vez o espírito maligno enviado pelo S enhor se apoderou dele. Enquanto Davi tocava sua harpa, Saul atirou a lança em sua direção, mas Davi se desviou e a lança encravou na parede. Naquela mesma noite, Davi fugiu e conseguiu escapar. Saul enviou soldados para vigiar a casa de Davi e matá-lo quando ele saísse na manhã seguinte. Mical, porém, esposa de Davi, o alertou: “Se você não fugir esta noite, pela manhã estará morto!”. Então ela o ajudou a descer por uma janela, e ele correu e escapou. Em seguida, Mical pegou um ídolo do lar, colocou-o na cama, cobriu-o com um cobertor e pôs uma almofada de pelos de cabra na cabeceira. Quando os oficiais de Saul vieram prender Davi, Mical lhes disse que ele estava doente e não podia sair da cama. Saul, porém, enviou os oficiais de volta para prenderem Davi. “Tragam-no aqui com cama e tudo, para que eu o mate!”, ordenou. Mas, quando chegaram para levar Davi, descobriram que na cama havia apenas um ídolo do lar, com uma almofada de pelos de cabra na cabeceira. Saul perguntou a Mical: “Por que você me traiu e deixou meu inimigo escapar?”. “Fui obrigada a deixá-lo fugir”, respondeu Mical. “Ele ameaçou me matar se eu não o ajudasse.” Assim, Davi escapou e foi a Ramá para encontrar-se com Samuel e contou-lhe tudo que Saul havia feito. Então Davi foi morar com Samuel em Naiote. Quando Saul foi informado de que Davi estava em Naiote, em Ramá, enviou oficiais para o prenderem. Chegando lá, viram Samuel à frente de um grupo de profetas que profetizavam. Então o Espírito de Deus se apoderou dos oficiais de Saul, e eles também começaram a profetizar. Quando Saul ouviu o que havia acontecido, enviou outros oficiais, mas eles também profetizaram. A mesma coisa aconteceu com um terceiro grupo. Por fim, o próprio Saul foi a Ramá e chegou ao grande poço no lugar chamado Seco. “Onde estão Samuel e Davi?”, perguntou ele. Alguém informou: “Estão em Naiote, em Ramá”. Mas, no caminho para Naiote, em Ramá, o Espírito de Deus veio até mesmo sobre Saul, e ele também profetizou até chegar a Naiote. Saul rasgou suas roupas e, despido, deitou-se no chão o dia todo e a noite toda, profetizando na presença de Samuel. Por isso surgiu o ditado popular: “Acaso Saul também é profeta?”. Davi fugiu de Naiote, em Ramá, e se encontrou com Jônatas. “O que eu fiz?”, disse Davi. “Qual é meu crime? Que pecado cometi contra seu pai para que ele esteja tão decidido a me matar?” “Isso não vai acontecer!”, respondeu Jônatas. “Você não será morto. Ele sempre me conta tudo que pretende fazer, até mesmo as coisas de pouca importância. Sei que meu pai não esconderia de mim algo dessa natureza. Não é assim!” Então Davi fez um juramento diante de Jônatas: “Seu pai, sabendo muito bem de nossa amizade, disse a si mesmo: ‘Não contarei a Jônatas. Ele ficaria magoado’. Mas, tão certo como vive o S enhor e como você mesmo vive, eu estou a apenas um passo da morte!”. Jônatas perguntou: “O que posso fazer para ajudá-lo?”. Davi respondeu: “Amanhã celebraremos a festa da lua nova. Sempre me sentei com o rei para comer nessa ocasião, mas amanhã me esconderei no campo e ficarei ali até o entardecer do terceiro dia. Se seu pai perguntar onde estou, diga a ele: ‘Davi insistiu que eu o deixasse ir para casa, em Belém, participar do sacrifício que toda a família dele oferece a cada ano’. Se ele disser: ‘Está bem’, então você saberá que não corro perigo. Mas, se ele se enfurecer, você saberá que ele está decidido a me fazer mal. Mostre-me sua lealdade como amigo, pois assumimos um compromisso solene diante do S enhor. Se, por acaso, você acha que cometi alguma ofensa contra seu pai, mate-me você mesmo, aqui e agora! Não é necessário me entregar a seu pai”. “Nunca!”, exclamou Jônatas. “Você sabe que, se eu tivesse qualquer suspeita de que meu pai planeja matá-lo, avisaria você no mesmo instante.” Então Davi perguntou: “Como saberei se seu pai ficou irado?”. Jônatas respondeu: “Venha ao campo comigo”, e os dois foram juntos para lá. Então Jônatas disse a Davi: “Prometo diante do S enhor, o Deus de Israel, que amanhã ou, no máximo, depois de amanhã, a esta hora, conversarei com meu pai e avisarei você logo em seguida do que ele pensa a seu respeito. Se ele falar a seu respeito de modo favorável, informarei você. Mas, se ele estiver irado e quiser matá-lo, que o S enhor me castigue severamente se eu não avisar você, para que possa escapar em segurança. Que o S enhor esteja com você como esteve com meu pai. E que você me trate com o amor leal do S enhor enquanto eu viver. Mas, se eu morrer, trate minha família com esse amor leal, mesmo quando o S enhor eliminar da face da terra todos os seus inimigos”. Então Jônatas assumiu um compromisso solene com Davi e sua descendência e disse: “Que o S enhor destrua todos os inimigos de Davi!”. E Jônatas fez Davi reafirmar seu juramento de amizade, pois Jônatas o amava como a si mesmo. Então Jônatas disse: “Amanhã celebraremos a festa da lua nova. Darão por sua falta quando virem que seu lugar à mesa está vazio. Depois de amanhã, ao entardecer, vá ao lugar onde você se escondeu antes e espere ali, junto à pedra de Ezel. Eu sairei e atirarei três flechas para o lado da pedra, como se atirasse num alvo. Então mandarei um ajudante trazer de volta as flechas. Se você me ouvir dizer a ele: ‘As flechas estão deste lado’, saberá, tão certo como vive o S enhor, que tudo está bem e que não há perigo algum. Mas, se eu disser a ele: ‘Vá mais para frente; as flechas estão adiante’, significará que você deve partir de imediato, pois o S enhor o manda ir embora. E que o S enhor nos ajude a preservar para sempre o forte laço de amizade que existe entre nós”. Então Davi se escondeu no campo e, quando começou a festa da lua nova, o rei sentou-se para comer. Ocupou seu lugar de costume, encostado à parede, com Jônatas sentado diante dele e Abner ao seu lado. O lugar de Davi, porém, ficou vazio. Saul não disse nada sobre isso naquele dia, pois pensou: “Deve ter acontecido algo que deixou Davi cerimonialmente impuro”. Mas, quando o lugar de Davi também ficou vazio no dia seguinte, Saul perguntou a Jônatas: “Por que o filho de Jessé não veio para a refeição nem ontem nem hoje?”. Jônatas respondeu: “Davi me pediu, com insistência, para ir a Belém. Disse: ‘Por favor, deixe-me ir, pois nossa família oferecerá um sacrifício na cidade. Meu irmão exigiu que eu estivesse presente. Portanto, peço que me deixe ir ver meus irmãos’. Por isso ele não está aqui, à mesa do rei”. Saul se enfureceu com Jônatas e disse: “Seu traidor, filho de uma prostituta! Pensa que não sei que você quer que ele seja rei, para sua própria vergonha e de sua mãe? Enquanto esse filho de Jessé viver, você jamais será rei. Agora vá buscá-lo para que eu o mate!”. “Por que ele deve morrer?”, perguntou Jônatas a seu pai. “O que ele fez?” Então Saul atirou sua lança contra Jônatas, com a intenção de matá-lo. Com isso, Jônatas viu que seu pai estava mesmo decidido a matar Davi. Enfurecido, Jônatas levantou-se da mesa e, durante o segundo dia da festa, recusou-se a comer, frustrado pelo modo como seu pai havia desonrado Davi publicamente. Na manhã seguinte, como combinado, Jônatas foi ao campo e levou consigo um ajudante para apanhar as flechas. Disse ao ajudante: “Comece a correr, para que possa encontrar as flechas quando eu as atirar”. O ajudante correu, e Jônatas atirou uma flecha para além dele. Quando o ajudante estava quase chegando ao lugar onde a flecha havia caído, Jônatas gritou: “A flecha está mais à frente! Rápido! Não fique aí parado!”. Então o ajudante apanhou a flecha e correu de volta para seu senhor. O ajudante não suspeitava de nada; apenas Jônatas e Davi entenderam o sinal. Então Jônatas entregou o arco e as flechas ao ajudante e ordenou que os levasse de volta à cidade. Assim que o ajudante foi embora, Davi saiu de seu esconderijo no lado sul da pedra de Ezel. Davi se curvou diante de Jônatas três vezes, com o rosto em terra. E, quando se beijaram e se despediram, ambos choravam, especialmente Davi. Por fim, Jônatas disse a Davi: “Vá em paz, pois juramos lealdade um ao outro em nome do S enhor. Que o S enhor nos ajude a preservar para sempre o forte laço de amizade entre nós e entre nossos descendentes”. Então Davi partiu, e Jônatas voltou à cidade. Davi foi à cidade de Nobe para encontrar-se com o sacerdote Aimeleque. Ao vê-lo, Aimeleque tremeu. “Por que você está sozinho?”, perguntou. “Por que ninguém o acompanhou?” “O rei me enviou para tratar de um assunto secreto”, respondeu Davi. “Pediu que eu não contasse a ninguém por que estou aqui. Eu disse a meus homens onde podem me encontrar depois. Agora, o que tem para comer? Dê-me cinco pães, ou qualquer outra coisa que tiver.” “Não temos pão comum”, respondeu o sacerdote. “Mas há o pão sagrado, que vocês podem comer, desde que seus homens não tenham se deitado com mulheres recentemente.” Davi respondeu: “Nunca permito que meus homens toquem em mulheres quando saímos numa campanha. E, se eles permanecem puros em viagens comuns, quanto mais nesta missão!”. Uma vez que não havia outro alimento disponível, o sacerdote lhe deu os pães sagrados, chamados de pães da presença, que eram colocados diante do S enhor no santuário. Naquele dia, tinham sido substituídos por pães frescos. Doegue, o edomita, chefe dos pastores de Saul, estava lá naquela ocasião, pois estava cumprindo um ritual diante do S enhor. Davi perguntou a Aimeleque: “Você tem uma lança ou espada? O assunto do rei era tão urgente que não tive tempo nem de pegar uma espada ou outra arma!”. O sacerdote respondeu: “Tenho apenas a espada de Golias, o gigante filisteu que você matou no vale de Elá. Está enrolada num pano atrás do colete sacerdotal. Pode levá-la, pois não há nenhuma outra arma aqui”. “Dê-me essa espada”, respondeu Davi. “Não há outra melhor que ela.” Então Davi fugiu de Saul e foi até Aquis, rei de Gate. Os oficiais de Aquis, porém, disseram: “Não é este Davi, o rei da terra de Israel? Não é a ele que o povo honra com danças e cânticos, dizendo: ‘Saul matou milhares, e Davi, dezenas de milhares’?”. Davi ouviu esses comentários e teve muito medo do que Aquis, rei de Gate, poderia fazer com ele. Por isso, agiu de modo estranho, fingindo estar louco, arranhando as portas e deixando saliva escorrer pela barba. Por fim, Aquis disse a seus homens: “Precisavam me trazer um doido? Temos doidos suficientes aqui! Por que trouxeram alguém assim ao meu palácio?”. Davi fugiu de Gate e se escondeu na caverna de Adulão. Quando souberam disso, seus irmãos e parentes foram encontrá-lo ali. Logo, outros começaram a chegar, pessoas aflitas, endividadas e descontentes. Davi acabou se tornando o líder de cerca de quatrocentos homens. Mais tarde, Davi foi a Mispá, em Moabe, e pediu ao rei: “Por favor, permita que meu pai e minha mãe morem aqui até que eu saiba o que Deus fará comigo”. Assim, os pais de Davi permaneceram com o rei de Moabe por todo o tempo que Davi ficou na fortaleza. Certo dia, o profeta Gade disse a Davi: “Deixe a fortaleza e volte à terra de Judá”. Então Davi foi para o bosque de Herete. Saul logo soube da chegada de Davi e dos homens que o acompanhavam. Nessa ocasião, o rei estava sentado com a lança na mão, cercado por seus oficiais, sob uma tamargueira na colina em Gibeá. Quando ouviu a notícia, Saul gritou a seus oficiais: “Escutem, homens de Benjamim! Por acaso aquele filho de Jessé prometeu campos e videiras a todos vocês? Prometeu torná-los generais e capitães de seu exército? Foi por isso que conspiraram contra mim? Pois nenhum de vocês me informou quando meu filho assumiu um compromisso solene com o filho de Jessé. Não tiveram pena de mim. Sim, meu próprio filho, instigando Davi a me matar, como ele procura fazer hoje mesmo!”. Então Doegue, o edomita, que estava ali com os oficiais de Saul, disse: “Quando estava em Nobe, vi o filho de Jessé falar com o sacerdote Aimeleque, filho de Aitube. Aimeleque consultou o S enhor em favor dele. Depois, deu-lhe alimento e a espada de Golias, o filisteu”. Então o rei Saul mandou chamar Aimeleque e toda a sua família, que serviam como sacerdotes em Nobe, e todos vieram até o rei. Quando chegaram, Saul gritou: “Escute, filho de Aitube!”. “Sim, meu senhor”, respondeu Aimeleque. “Por que você e o filho de Jessé conspiraram contra mim?”, perguntou Saul. “Por que você lhe deu alimento e uma espada? Por que consultou Deus em favor dele? Por que o instigou a me matar, como ele procura fazer hoje mesmo?” Aimeleque respondeu: “Ó rei, não existe entre todos os seus servos alguém tão fiel quanto Davi, seu genro. Ele é capitão de sua guarda pessoal e membro muito honrado de sua casa. Com certeza essa não foi a primeira vez que consultei a Deus em favor dele. Que o rei não me acuse nesta questão, nem à minha família, pois eu não sabia de conspiração alguma contra o senhor!”. O rei, porém, disse: “Certamente você será morto, junto com toda a família de seu pai!”. Então ordenou à sua guarda pessoal: “Matem estes sacerdotes do S enhor, pois eles são aliados de Davi e conspiraram com ele! Sabiam que ele estava fugindo de mim, mas não me avisaram!”. Contudo, os homens de Saul se recusaram a matar os sacerdotes do S enhor. Então o rei disse a Doegue: “Mate-os você”. E, naquele dia, Doegue, o edomita, os atacou e, ao todo, matou 85 sacerdotes, ainda vestidos com suas túnicas sacerdotais de linho. Depois foi a Nobe, a cidade dos sacerdotes, e matou as famílias deles: homens, mulheres, crianças e recém-nascidos, além de todo o gado, jumentos e ovelhas. Somente Abiatar, um dos filhos de Aimeleque, filho de Aitube, escapou e fugiu para juntar-se a Davi. Quando contou a Davi que Saul havia matado os sacerdotes do S enhor, Davi exclamou: “Eu sabia! Quando vi Doegue, o edomita, naquele dia, sabia que ele contaria a Saul. Agora sou responsável pela morte de toda a família de seu pai. Fique aqui comigo, e não tenha medo. Eu o protegerei, pois a mesma pessoa quer matar nós dois. Comigo você estará seguro”. Um dia, Davi recebeu a notícia de que os filisteus estavam atacando a cidade de Queila e roubando cereais das eiras. Davi perguntou ao S enhor: “Devo ir e atacá-los?”. E o S enhor lhe respondeu: “Sim, vá, lute contra os filisteus e liberte Queila”. Contudo, os homens de Davi disseram: “Estamos com medo mesmo aqui, em Judá. Imagine como seria em Queila para lutar contra os exércitos filisteus!”. Davi consultou o S enhor novamente e, mais uma vez, o S enhor respondeu: “Vá a Queila, pois eu entregarei os filisteus em suas mãos”. Então Davi e seus homens foram a Queila. Massacraram os filisteus, tomaram todos os seus rebanhos e libertaram o povo daquela cidade. Quando Abiatar, filho de Aimeleque, fugiu para juntar-se a Davi em Queila, trouxe consigo o colete sacerdotal. Saul soube que Davi estava em Queila. “Agora ele não tem como escapar de nós!”, exclamou. “Deus o entregou em minhas mãos, pois ele se enfiou numa cidade com portões e trancas!” Saul reuniu todo o seu exército para marchar até Queila e cercar Davi e seus homens. Contudo, Davi soube do plano de Saul e pediu a Abiatar, o sacerdote: “Traga o colete sacerdotal!”. Então Davi orou: “Ó S enhor, Deus de Israel, ouvi que Saul planeja vir e destruir Queila porque estou aqui. Será que os líderes de Queila vão me trair e me entregar a ele? E Saul virá, de fato, conforme ouvi? Ó S enhor, Deus de Israel, por favor, responde-me!”. E o S enhor respondeu: “Ele virá”. Mais uma vez, Davi perguntou: “Os líderes de Queila entregarão a mim e a meus homens a Saul?”. E o S enhor respondeu: “Sim, entregarão”. Então Davi e seus homens, que agora eram cerca de seiscentos, partiram de Queila e começaram a andar sem rumo por aquela região. Quando Saul foi informado de que Davi tinha escapado, desistiu de ir a Queila. Davi permaneceu nas fortalezas do deserto e na região montanhosa de Zife. Saul o perseguia continuamente, mas Deus não permitiu que o encontrasse. Então, perto de Horesa, Davi recebeu a notícia de que Saul estava a caminho do deserto de Zife para procurá-lo e matá-lo. Jônatas, o filho de Saul, foi encontrar Davi e o animou a permanecer firme em Deus. “Não tenha medo!”, disse Jônatas. “Meu pai jamais o encontrará! Você será o rei de Israel, e eu serei o segundo no comando, como meu pai, Saul, sabe muito bem.” Então os dois renovaram seu compromisso solene diante do S enhor. Depois Jônatas voltou para casa, enquanto Davi ficou em Horesa. Os habitantes de Zife, porém, foram até Saul em Gibeá e disseram: “Sabemos onde Davi está escondido. Está nas fortalezas de Horesa, na colina de Haquilá, no sul de Jesimom. Desça quando estiver preparado, ó rei, e nós apanharemos Davi e o entregaremos em suas mãos!”. “Que o S enhor os abençoe!”, disse Saul. “Finalmente alguém se preocupou comigo. Vão e verifiquem onde ele está e quem o viu ali, pois dizem que ele é muito astuto. Descubram o esconderijo dele e voltem quando tiverem certeza. Então irei com vocês. E, se ele estiver naquela região, eu o encontrarei, mesmo que precise procurar por todo canto de Judá!” Os homens de Zife voltaram para casa à frente de Saul. Enquanto isso, Davi e seus homens foram para o deserto de Maom, no vale de Arabá, ao sul de Jesimom. Quando Davi soube que Saul e seus homens o procuravam, foi ainda mais para o interior do deserto, até a grande rocha, e permaneceu no deserto de Maom. Saul, porém, continuou a persegui-lo naquela região. Saul e Davi agora estavam em lados opostos de uma montanha, e Davi fugia apressadamente de Saul. No mesmo instante que Saul e seus homens cercaram Davi e seus homens para prendê-los, chegou uma mensagem urgente para o rei, informando que os filisteus estavam atacando Israel outra vez. Então Saul deixou de perseguir Davi e voltou para lutar contra os filisteus. A partir dessa ocasião, o lugar onde Davi estava acampado passou a ser chamado de Selá-Hamalecote. Depois, Davi saiu dali e foi viver nas fortalezas da região de En-Gedi. Depois que Saul voltou da luta contra os filisteus, foi informado de que Davi tinha ido para o deserto de En-Gedi. Então Saul escolheu três mil dos melhores soldados de todo o Israel e foi à procura de Davi e seus homens perto das rochas onde viviam cabras selvagens. No lugar onde a estrada passava por alguns currais, Saul entrou numa caverna para fazer suas necessidades. Aconteceu, porém, que Davi e seus homens estavam escondidos no fundo daquela mesma caverna. “É sua oportunidade!”, disseram os homens de Davi para ele. “Hoje o S enhor lhe diz: ‘Certamente entregarei o inimigo em suas mãos, para que faça com ele o que quiser’.” Então, com todo cuidado, Davi se aproximou e cortou um pedaço da borda do manto de Saul. Sua consciência, porém, começou a perturbá-lo por ter cortado a borda do manto de Saul. Por isso, disse a seus homens: “Que o S enhor me livre de fazer tal coisa a meu senhor, o ungido do S enhor, e atacar aquele que o S enhor ungiu como rei”. Assim, Davi conteve seus homens e não deixou que matassem Saul. Depois que Saul deixou a caverna para seguir seu caminho, Davi saiu e gritou para ele: “Ó meu senhor, o rei!”. E, quando Saul olhou para trás, Davi se curvou com o rosto em terra. Então ele gritou para Saul: “Por que o senhor dá ouvidos àqueles que dizem que eu procuro lhe fazer mal? Hoje mesmo o rei pode ver com os próprios olhos que isso não é verdade. O S enhor o entregou em minhas mãos na caverna. Alguns de meus homens me disseram que o matasse, mas eu o poupei, pois disse: ‘Jamais farei mal ao rei, pois ele é o ungido do S enhor ’. Veja, meu pai, o que tenho em minha mão. É um pedaço da borda do seu manto! Cortei seu manto, mas não matei o rei. Isso prova que não procuro lhe fazer mal e que não me rebelei nem pequei contra o rei, embora esteja me perseguindo para me matar. “Que o S enhor julgue entre nós dois. Talvez o S enhor castigue o rei por aquilo que procura fazer contra mim, mas eu jamais lhe farei mal. Como diz o antigo provérbio: ‘De pessoas perversas vêm atos perversos’, por isso o rei pode estar certo de que eu jamais lhe farei mal. Afinal de contas, a quem o rei de Israel procura capturar? A quem persegue? A um cão morto? A uma pulga? Que o S enhor julgue entre nós dois e mostre quem está certo! Que ele seja meu defensor e me livre de suas mãos!”. Quando Davi terminou de falar, Saul respondeu: “É você mesmo, meu filho Davi?”. Então começou a chorar e disse a Davi: “Você é mais justo que eu, pois me pagou o mal com o bem. Sim, você foi extremamente bondoso comigo, pois o S enhor me entregou em suas mãos, mas você não me matou. Quem mais deixaria seu inimigo escapar quando o tinha em suas mãos? Que o S enhor o recompense com o bem pela bondade que mostrou por mim hoje. Agora vejo que certamente você será rei, e que o reino de Israel prosperará sob seu governo. Jure-me pelo S enhor que, quando isso acontecer, você não eliminará minha família nem destruirá meus descendentes!”. Então Davi fez a Saul esse juramento. Saul voltou para casa, mas Davi e seus homens foram para sua fortaleza. Samuel morreu, e todo o Israel se reuniu para lamentar sua morte. Foi sepultado em Ramá, onde tinha vivido. Então Davi desceu para o deserto de Maom. Havia um homem rico em Maom, que tinha propriedades perto da região do Carmelo. Possuía três mil ovelhas e mil cabras, e era época da tosquia das ovelhas. O homem se chamava Nabal; sua esposa, Abigail, era uma mulher inteligente e bonita. Mas Nabal, descendente de Calebe, era um homem rude e perverso em tudo que fazia. Quando Davi soube que Nabal estava tosquiando as ovelhas, chamou dez rapazes e lhes disse: “Subam ao Carmelo e vão a Nabal; enviem saudações em meu nome. E digam a ele: ‘Paz e prosperidade ao senhor e à sua família, e a tudo que é seu. Disseram-me que é época da tosquia. Enquanto seus pastores estiveram entre nós perto do Carmelo, nunca lhes fizemos mal, e nada foi roubado deles. Pergunte a seus homens, e eles lhe dirão que isso é verdade. Diante disso, pedimos que o senhor seja bondoso conosco, pois chegamos numa época de celebração. Por favor, reparta conosco e com seu amigo Davi o que puder dos seus mantimentos’”. Os rapazes transmitiram essa mensagem a Nabal em nome de Davi e esperaram pela resposta. “Quem é esse tal de Davi?”, perguntou-lhes Nabal. “Quem esse filho de Jessé pensa que é? Hoje em dia, há muitos servos que fogem de seus senhores. Devo pegar meu pão, minha água e a carne dos animais que abati para meus tosquiadores e entregar a um bando que vem não se sabe de onde?” Então os rapazes enviados por Davi voltaram e lhe contaram tudo que Nabal tinha dito. “Peguem suas espadas!”, disse Davi, e pôs sua espada à cintura, e seus homens fizeram a mesma coisa. Quatrocentos deles partiram com Davi, enquanto duzentos ficaram para guardar a bagagem. Enquanto isso, um dos servos de Nabal foi até Abigail e lhe disse: “Davi enviou mensageiros do deserto para saudar nosso senhor, mas ele lhes respondeu com insultos. Os homens de Davi foram muito bons conosco e nunca nos fizeram mal. Nada foi roubado de nós durante o tempo em que estiveram conosco no campo. Na verdade, dia e noite eles foram como um muro de proteção para nós e para as ovelhas. É bom que a senhora leve esses fatos em consideração e resolva o que fazer, pois haverá problemas para nosso senhor e para toda a sua família. Nabal é um homem tão cruel que ninguém consegue conversar com ele!”. Sem perder tempo, Abigail providenciou duzentos pães, duas vasilhas de couro cheias de vinho, cinco ovelhas preparadas, cinco cestos de grãos tostados, cem bolos de passas e duzentos bolos de figo. Colocou tudo em jumentos e disse aos servos: “Vão adiante, e logo os seguirei”. Mas não contou a seu marido, Nabal, o que estava fazendo. Quando Abigail entrava num desfiladeiro montada em seu jumento, avistou Davi e seus homens vindo em sua direção. Davi tinha acabado de dizer: “De nada adiantou ajudarmos esse sujeito. Protegemos seus rebanhos no deserto, e nenhum de seus bens se perdeu ou foi roubado. Mas ele me pagou o bem com o mal. Que Deus me castigue severamente se eu deixar um homem ou menino vivo na casa de Nabal até amanhã de manhã!”. Quando Abigail viu Davi, desceu depressa do jumento e se curvou diante de Davi com o rosto em terra. Caiu a seus pés e disse: “A culpa é toda minha, meu senhor! Por favor, ouça o que sua serva tem a dizer. Nabal é um homem perverso; não dê atenção ao que ele disse. Ele é um insensato, como seu nome indica. Mas eu nem sequer vi os rapazes que o senhor enviou. “Agora, meu senhor, tenha certeza de que, tão certo como vive o S enhor, e tão certo como a sua própria vida, foi o S enhor que o impediu de matar e se vingar com as próprias mãos! Que todos os seus inimigos e os que procuram matá-lo acabem como Nabal! Aqui está um presente que sua serva trouxe para o senhor e seus companheiros. Por favor, perdoe-me se o ofendi de algum modo. Que o S enhor lhe conceda uma dinastia duradoura, pois está lutando as batalhas do S enhor. Que ele o livre de fazer o mal durante toda a sua vida! “Mesmo quando for perseguido por aqueles que procuram matá-lo, sua vida estará segura sob o cuidado do S enhor, seu Deus, protegida como um tesouro. Mas a vida de seus inimigos desaparecerá como pedras atiradas de uma funda! Quando o S enhor tiver feito tudo que prometeu e o tiver colocado como líder de Israel, não haverá em sua consciência a tristeza e o peso de ter derramado sangue e se vingado sem necessidade. E, quando o S enhor tiver feito grandes coisas em seu favor, lembre-se de sua serva!”. Davi respondeu a Abigail: “Louvado seja o S enhor, Deus de Israel, que hoje a enviou ao meu encontro! Graças a Deus por seu bom senso! Que você seja abençoada por me impedir de matar e me vingar com minhas próprias mãos. Pois, tão certo como vive o S enhor, o Deus de Israel, que me impediu de lhe fazer mal, se você não tivesse vindo depressa ao meu encontro, amanhã pela manhã não haveria nenhum homem ou menino vivo na casa de Nabal”. Então Davi aceitou o presente de Abigail e lhe disse: “Volte para casa em paz. Ouvi o que você disse e farei o que me pediu”. Quando Abigail chegou em casa, viu que Nabal estava oferecendo um banquete digno de rei. Ele se divertia e já estava muito bêbado, de modo que ela só lhe contou sobre o encontro com Davi na manhã seguinte. Pela manhã, quando Nabal estava sóbrio, sua esposa lhe contou o que havia acontecido. Como consequência, ele teve um mal súbito e ficou completamente paralisado. Passados cerca de dez dias, o S enhor o feriu, e ele morreu. Quando Davi soube que Nabal estava morto, disse: “Louvado seja o S enhor, que vingou o insulto que recebi de Nabal e me impediu de fazer o mal. O S enhor retribuiu a Nabal o castigo por seu pecado”. Então Davi enviou mensageiros a Abigail para pedir que se tornasse sua esposa. Quando os mensageiros chegaram ao Carmelo, disseram a Abigail: “Davi mandou buscá-la para que se case com ele”. Ela se curvou com o rosto em terra e respondeu: “Eu, sua serva, ficarei contente em me casar com Davi e, como uma serva, lavar os pés de seus servos!”. Sem demora, Abigail montou num jumento e, levando consigo cinco moças que a serviam, voltou com os mensageiros de Davi. E assim se tornou esposa dele. Davi também se casou com Ainoã, de Jezreel, e ambas foram suas esposas. Nesse meio-tempo, Saul tinha dado sua filha Mical, esposa de Davi, a um homem de Galim chamado Palti, filho de Laís. Alguns homens de Zife foram até Saul, em Gibeá, para lhe dizer: “Davi está escondido na colina de Haquilá, em frente ao deserto de Jesimom”. Então Saul escolheu três mil dos melhores soldados de Israel e saiu para perseguir Davi no deserto de Zife. Acampou à beira da estrada, ao lado da colina de Haquilá, junto ao deserto de Jesimom, onde Davi estava escondido. Quando Davi soube que Saul tinha vindo atrás dele no deserto, enviou espiões para confirmar a notícia de que Saul havia chegado. Então Davi foi ao acampamento de Saul para ver o que se passava por lá. Saul e Abner, filho de Ner, comandante do seu exército, dormiam dentro de um círculo formado por seus guerreiros. “Quem se oferece para ir até lá comigo?”, perguntou Davi ao hitita Aimeleque e a Abisai, filho de Zeruia, irmão de Joabe. “Eu irei com o senhor”, respondeu Abisai. Então Davi e Abisai entraram no acampamento de Saul à noite e o encontraram dormindo, com a lança fincada no chão, perto da cabeça. Abner e os soldados dormiam à sua volta. Abisai disse a Davi: “Certamente desta vez Deus entregou o inimigo em suas mãos! Agora, deixe-me cravá-lo na terra com um só golpe da lança. Não precisarei de outro!”. “Não o mate!”, disse Davi. “Ninguém será considerado inocente se atacar o ungido do S enhor! Por certo o S enhor ferirá Saul algum dia, ou ele morrerá de velhice, ou na batalha. Que o S enhor me livre de matar o homem que ele ungiu! Mas vamos pegar a lança e o jarro de água que estão perto de sua cabeça, e depois vamos embora.” Davi pegou a lança e o jarro de água que estavam perto da cabeça de Saul. Depois, ele e Abisai saíram sem que ninguém os visse nem acordasse, pois o S enhor os tinha feito cair num sono profundo. Davi subiu a colina e passou para o outro lado, até estar a uma distância segura. Então gritou para os soldados e para Abner, filho de Ner: “Acorde, Abner!”. Abner perguntou de volta: “Quem é você? E como ousa acordar o rei aos gritos?”. “Você é um grande homem, não é mesmo, Abner?”, disse Davi. “Quem, em todo o Israel, pode se comparar a você? Por que então não protegeu seu senhor, o rei, quando alguém chegou tão perto dele que poderia matá-lo? Isso não é nada bom! Tão certo como o S enhor vive, você e seus homens merecem morrer, pois não protegeram seu rei, o ungido do S enhor. Olhe em volta! Onde estão a lança e o jarro de água do rei, que estavam perto da cabeça dele?” Saul reconheceu a voz de Davi e disse: “É você, meu filho Davi?”. Davi respondeu: “Sim, meu senhor, o rei. Por que meu senhor persegue seu servo? O que eu fiz? Qual é meu crime? Agora, porém, peço que o rei ouça seu servo. Se o S enhor incitou o rei contra mim, então que ele aceite minha oferta. Mas, se isso tudo não passa de um plano de homens, que o S enhor os amaldiçoe! Pois eles me expulsaram de meu lar, de modo que não posso mais viver entre o povo do S enhor, e disseram: ‘Vá servir outros deuses!’. Devo morrer em terra estrangeira, longe da presença do S enhor? Por que o rei de Israel sai à procura de uma pulga? Por que me persegue como uma perdiz nos montes?”. Então Saul disse: “Pequei. Volte para casa, Davi, meu filho, e não procurarei mais lhe fazer mal, pois hoje você considerou minha vida preciosa. Tenho sido insensato e cometi erros muito graves”. “Aqui está sua lança, ó rei!”, respondeu Davi. “Mande um dos seus servos vir pegá-la. O S enhor recompensa quem age com justiça e lealdade, e eu me recusei a matar o rei, mesmo quando o S enhor o entregou em minhas mãos, pois é o ungido do S enhor. Agora, que o S enhor considere minha vida preciosa, como hoje considerei preciosa a vida do rei. Que ele me livre de todos os meus sofrimentos.” E Saul disse a Davi: “Seja abençoado, Davi, meu filho. Você realizará muitos feitos heroicos e certamente será bem-sucedido”. Então Davi foi embora, e Saul voltou para casa. Davi, porém, pensou: “Um dia, Saul me apanhará. O melhor que tenho a fazer é fugir para a terra dos filisteus. Então Saul deixará de me perseguir em todo o território de Israel e, por fim, estarei seguro”. Assim, Davi levou os seiscentos homens e foi até Aquis, filho de Maoque, rei de Gate. Davi, seus soldados e suas famílias se estabeleceram ali com Aquis, em Gate. Davi levou suas duas esposas, Ainoã, de Jezreel, e Abigail, viúva de Nabal, do Carmelo. Quando Saul soube que Davi tinha fugido para Gate, deixou de persegui-lo. Certo dia, Davi disse a Aquis: “Se parecer bem ao meu senhor, preferimos viver em uma das cidades no campo. Seu servo não precisa morar na cidade real”. Então Aquis lhe deu a cidade de Ziclague, que pertence aos reis de Judá até hoje, e Davi viveu um ano e quatro meses entre os filisteus. Partindo de Ziclague, Davi e seus homens atacavam os gesuritas, os gersitas e os amalequitas, povos que desde tempos muito antigos viviam perto de Sur, até a terra do Egito. Davi não deixava nenhum sobrevivente, homem ou mulher, nos povoados que atacava. Antes de comparecer à presença do rei Aquis, tomava ovelhas, gado, jumentos, camelos e roupas. “Que lugar você atacou hoje?”, perguntava Aquis. E Davi respondia: “O sul de Judá, a região dos jerameelitas e dos queneus”. Davi não deixava nenhum sobrevivente, homem ou mulher, para ir a Gate e contar onde ele havia estado de fato. Isso acontecia repetidamente, enquanto ele vivia entre os filisteus. Aquis acreditava em Davi e pensava: “A esta altura, o povo de Israel deve odiá-lo muito. Agora ele ficará aqui e me servirá para sempre!”. Naqueles dias, os filisteus reuniram suas tropas para outra guerra contra Israel. O rei Aquis disse a Davi: “Saiba que você e seus homens sairão à batalha comigo”. “Está bem”, disse Davi. “Agora o senhor verá por si mesmo o que somos capazes de fazer.” Então Aquis disse a Davi: “Colocarei você como meu guarda pessoal enquanto eu viver”. Nesse tempo, Samuel já havia morrido, e todo o Israel tinha chorado sua morte. Estava sepultado em Ramá, sua cidade natal. Saul havia expulsado da nação todos os médiuns e todos os que consultam os espíritos dos mortos. Os filisteus acamparam em Suném, e Saul reuniu todo o exército israelita e acampou em Gilboa. Quando Saul viu o imenso exército dos filisteus, entrou em pânico. Consultou o S enhor a respeito do que deveria fazer, mas o S enhor não lhe respondeu, nem por sonhos, nem pelo Urim, nem por profetas. Então Saul disse a seus conselheiros: “Procurem uma mulher que seja médium, para que eu pergunte a ela o que fazer”. Seus conselheiros responderam: “Há uma médium em En-Dor”. Então Saul se disfarçou com roupas comuns e, acompanhado de dois de seus homens, foi à noite à casa da mulher. “Preciso falar com um homem que está morto”, disse ele à mulher. “Você pode invocar o espírito dele para mim?” “Quer que me matem?”, respondeu ela. “Você sabe que Saul expulsou todos os médiuns e todos os que consultam os espíritos dos mortos. Por que prepara uma armadilha contra a minha vida?” Saul, porém, jurou em nome do S enhor e prometeu: “Tão certo como vive o S enhor, nenhum mal lhe acontecerá por isso”. Por fim, a mulher disse: “De quem é o espírito que devo invocar?”. “De Samuel”, respondeu Saul. Quando a mulher viu Samuel, gritou: “Você me enganou! Você é Saul!”. “Não tenha medo”, disse o rei. “O que você vê?” “Vejo um deus subindo da terra”, disse a mulher. “Qual é a aparência dele?”, perguntou Saul. “É um ancião envolto num manto”, respondeu ela. Saul entendeu que era Samuel e se curvou diante dele com o rosto em terra. Então Samuel perguntou a Saul: “Por que me perturba, chamando-me de volta?”. “Porque estou muito angustiado”, respondeu Saul. “Os filisteus estão em guerra contra mim! Deus me abandonou e não me responde por meio de profetas nem por sonhos. Por isso chamei o senhor, para que me diga o que fazer.” Samuel, porém, disse: “Por que me consultar, se o S enhor o abandonou e se tornou seu inimigo? O S enhor fez exatamente conforme tinha dito por meu intermédio. Rasgou de suas mãos o reino e o entregou a outro, Davi. O S enhor lhe fez isso hoje porque você se recusou a executar a ira ardente dele contra os amalequitas. Além disso, o S enhor entregará você e o exército de Israel nas mãos dos filisteus e, amanhã, você e seus filhos estarão aqui comigo. O S enhor entregará o exército de Israel nas mãos dos filisteus”. No mesmo instante, Saul caiu estendido no chão, paralisado de terror com as palavras de Samuel. Estava fraco de fome, pois não havia comido nada durante todo aquele dia e toda aquela noite. Quando a mulher viu quanto ele estava perturbado, disse: “Meu senhor, obedeci à sua ordem e arrisquei minha vida. Agora, faça o que digo e deixe que eu lhe dê alguma coisa para comer, a fim de que recupere as forças para a viagem de volta”. Mas Saul se recusou a comer. Seus servos também insistiram para que ele se alimentasse, até que, por fim, ele concordou. Então ele se levantou do chão e foi sentar-se na cama. A mulher estava engordando um bezerro, de modo que saiu depressa e o matou. Pegou um punhado de farinha, preparou a massa e assou um pão sem fermento. Trouxe a refeição para Saul e seus conselheiros, e eles comeram. Depois, saíram naquela mesma noite. As tropas dos filisteus estavam reunidas em Afeque, e os israelitas acamparam junto à fonte de Jezreel. Enquanto os governantes filisteus iam à frente de suas tropas de centenas e de milhares, Davi e seus homens marchavam na retaguarda com o rei Aquis. Então os comandantes filisteus perguntaram: “O que estes hebreus fazem aqui?”. Aquis respondeu: “Este é Davi, servo do rei Saul, de Israel. Já faz tempo que está comigo e, desde o dia em que chegou até hoje, não encontrei nele nenhuma falta”. Mas os comandantes filisteus se iraram. “Mande-o de volta para a cidade que o senhor deu para ele!”, exigiram. “Não pode ir à guerra conosco. E se ele se voltar contra nós na batalha e se tornar nosso adversário? Existe maneira melhor de ele se reconciliar com seu senhor do que entregando-lhe nossa cabeça? Não é este o mesmo Davi a respeito de quem as mulheres de Israel cantavam em suas danças: ‘Saul matou milhares, e Davi, dezenas de milhares’?” Então Aquis chamou Davi e lhe disse: “Tão certo como vive o S enhor, você foi um aliado fiel. A meu ver, deveria acompanhar-me na batalha, pois, desde o dia em que chegou até hoje, nunca encontrei nenhuma falha em você. Mas os outros governantes filisteus não o aprovam. Por favor, não os desagrade; volte para casa em paz”. “O que fiz para merecer esse tratamento?”, perguntou Davi. “O que o senhor viu de errado em mim desde que comecei a servi-lo? Por que não posso lutar contra os inimigos do meu senhor, o rei?” Aquis, porém, insistiu: “Para mim, você é tão leal quanto um anjo de Deus, mas os comandantes filisteus não querem que você os acompanhe na batalha. Agora, levante-se bem cedo e vá embora com seus homens assim que o dia clarear”. Então Davi e seus soldados voltaram bem cedo para a terra dos filisteus, enquanto o exército filisteu prosseguiu para Jezreel. Três dias depois, quando Davi e seus homens chegaram à cidade de Ziclague, viram que os amalequitas haviam invadido o Neguebe e atacado Ziclague; tinham destruído e queimado a cidade. Não mataram ninguém, mas tomaram como prisioneiros as mulheres, as crianças e os demais e foram embora. Quando Davi e seus homens viram a cidade queimada e se deram conta do que havia acontecido com suas mulheres, seus filhos e suas filhas, lamentaram e choraram em alta voz até não aguentar mais. As duas esposas de Davi, Ainoã, de Jezreel, e Abigail, viúva de Nabal, do Carmelo, estavam entre os que foram capturados. Davi ficou muito aflito, pois os homens estavam amargurados por terem perdido seus filhos e suas filhas e começaram a falar em apedrejá-lo. Mas Davi encontrou forças no S enhor, seu Deus. Então disse ao sacerdote Abiatar: “Traga o colete sacerdotal!”, e Abiatar, filho de Aimeleque, o trouxe. Davi perguntou ao S enhor: “Devo perseguir esse bando de saqueadores? Conseguirei apanhá-los?”. E o S enhor lhe respondeu: “Sim, vá atrás deles. Certamente conseguirá recuperar tudo que foi tomado de vocês”. Davi e os seiscentos homens partiram e chegaram ao ribeiro de Besor, onde ficaram alguns deles. Duzentos dos homens estavam exaustos demais para atravessar o ribeiro, e Davi continuou a perseguição com quatrocentos homens. No caminho, encontraram um rapaz egípcio num campo e o levaram até Davi. Deram-lhe um pouco de pão para comer e água para beber. Também lhe deram um pedaço de bolo de figo e dois bolos de passas, pois fazia três dias e três noites que não comia nem bebia nada. Em pouco tempo, recuperou as forças. Davi lhe perguntou: “A quem você pertence e de onde veio?”. “Sou egípcio, escravo de um amalequita”, respondeu ele. “Meu senhor me abandonou três dias atrás porque fiquei doente. Estávamos voltando de um ataque aos queretitas, no Neguebe, ao território de Judá e à terra de Calebe, e tínhamos queimado Ziclague.” “Você pode me levar até esse bando de saqueadores?”, perguntou Davi. O rapaz respondeu: “Se o senhor jurar por Deus que não me matará nem me entregará ao meu senhor, eu o levarei até eles”. O rapaz o levou até os amalequitas. Estavam espalhados pelos campos, comendo, bebendo e festejando por causa da grande quantidade de bens que haviam tomado da terra dos filisteus e da terra de Judá. Davi e seus homens massacraram os amalequitas, atacando-os durante toda a noite e todo o dia seguinte, até o entardecer. Nenhum deles escapou, exceto quatrocentos rapazes que fugiram montados em camelos. Davi recuperou tudo que os amalequitas haviam tomado e resgatou suas duas esposas. Não faltava coisa alguma: nem pequena nem grande, nem filho nem filha, nem qualquer outra coisa que havia sido tomada. Davi trouxe tudo de volta. Também recuperou todos os rebanhos, e seus companheiros os levaram à frente dos outros animais. “Este despojo pertence a Davi!”, disseram. Então Davi voltou ao ribeiro de Besor, onde estavam os duzentos homens que tinham sido deixados para trás porque estavam exaustos demais para acompanhá-los. Saíram ao encontro de Davi e seus companheiros, e ele os cumprimentou com alegria. Contudo, entre os que tinham acompanhado Davi havia alguns homens perversos que disseram: “Como eles não foram conosco, não devem receber nada dos despojos que recuperamos. Devolvam as esposas e os filhos deles e mandem todos embora”. Davi, porém, disse: “Não, meus irmãos! Não sejam egoístas com aquilo que o S enhor nos deu. Ele nos guardou e nos ajudou a derrotar o bando de saqueadores que nos atacou. Quem lhes dará ouvidos quando falam desse modo? Dividiremos igualmente entre os que foram à batalha e os que guardaram a bagagem”. A partir daquele dia, Davi fez disso decreto e estatuto em Israel, e assim é até hoje. Quando Davi chegou a Ziclague, enviou parte dos despojos aos líderes de Judá, que eram seus amigos. Disse: “Eis um presente para vocês, tirado dos inimigos do S enhor!”. Os presentes foram enviados ao povo das seguintes cidades: Betel, Ramote do Neguebe, Jatir, Aroer, Sifmote, Estemoa, Racal, as cidades dos jerameelitas e as cidades dos queneus, Hormá, Borasã, Atace, Hebrom e todos os outros lugares por onde Davi e seus homens haviam passado. Enquanto isso, os filisteus atacaram Israel, e os israelitas fugiram deles. Muitos foram mortos nas encostas do monte Gilboa. Os filisteus cercaram Saul e seus filhos e mataram três deles: Jônatas, Abinadabe e Malquisua. O combate se tornou cada vez mais intenso em volta de Saul, e os arqueiros filisteus o alcançaram e o feriram gravemente. Saul disse a seu escudeiro: “Pegue sua espada e mate-me antes que esses filisteus incircuncisos venham, me torturem e zombem de mim”. Mas o escudeiro teve medo e não quis matá-lo. Então Saul pegou sua própria espada e se lançou sobre ela. Quando viu que Saul estava morto, o escudeiro se lançou sobre sua espada e morreu ao lado do rei. Foi assim que Saul e seus três filhos, seu escudeiro e seus soldados morreram juntos naquele mesmo dia. Quando os israelitas do outro lado do vale de Jezreel e além do Jordão souberam que o exército israelita havia fugido e que Saul e seus filhos estavam mortos, abandonaram suas cidades e fugiram. Então os filisteus vieram e ocuparam essas cidades. No dia seguinte, quando os filisteus foram saquear os mortos, encontraram os corpos de Saul e seus três filhos no monte Gilboa. Cortaram a cabeça de Saul e removeram sua armadura. Então anunciaram o ocorrido no templo de seus ídolos e ao povo de toda a terra da Filístia. Colocaram a armadura de Saul no templo de Astarote e penduraram o corpo no muro da cidade de Bete-Sã. Quando os habitantes de Jabes-Gileade souberam o que os filisteus haviam feito a Saul, todos os seus guerreiros mais valentes viajaram a noite toda para Bete-Sã e baixaram do muro os corpos de Saul e seus filhos. Levaram os corpos para Jabes, onde os queimaram. Depois, enterraram os ossos debaixo de uma tamargueira em Jabes e jejuaram durante sete dias. Depois da morte de Saul, Davi retornou de sua vitória sobre os amalequitas e passou dois dias em Ziclague. No terceiro dia, apareceu um homem do exército de Saul. Ele havia rasgado as roupas e colocado terra sobre a cabeça. Ao chegar, curvou-se diante de Davi com o rosto no chão. “De onde você vem?”, perguntou Davi. O homem respondeu: “Escapei do acampamento israelita”. “O que aconteceu?”, disse Davi. “Conte-me como foi a batalha.” “Todo o nosso exército fugiu do conflito”, disse o homem. “Muitos morreram, e Saul e seu filho Jônatas também estão mortos.” “Como você sabe que Saul e Jônatas estão mortos?”, perguntou Davi. O homem respondeu: “Aconteceu de eu chegar ao monte Gilboa e ver Saul apoiado em sua lança, enquanto carros de guerra e cavaleiros inimigos se aproximavam dele. Quando ele se virou e me viu, gritou para que eu me aproximasse dele. ‘Aqui estou, senhor’, eu lhe disse. Ele perguntou: ‘Quem é você?’. E eu respondi: ‘Sou amalequita’. Então ele me suplicou: ‘Venha cá e mate-me, pois a dor é terrível e quero morrer’. Então o matei, pois sabia que ele não sobreviveria. Em seguida, tomei sua coroa e seu bracelete e os trouxe para cá, para o meu senhor”. Quando ouviram a notícia, Davi e seus homens rasgaram as vestes. Lamentaram, choraram e jejuaram o dia todo por Saul e seu filho Jônatas, pelo exército do S enhor e pela nação de Israel, pois naquele dia muitos haviam morrido pela espada. Depois, Davi disse ao jovem que havia trazido a notícia: “De onde você é?”. Ele respondeu: “Sou filho de um estrangeiro, um amalequita que vive em sua terra”. Davi perguntou: “Como você não teve medo de matar o ungido do S enhor?”. Então Davi chamou um de seus soldados e lhe ordenou: “Mate-o!”. O soldado feriu o amalequita com sua espada e o matou. Davi disse: “Você condenou a si mesmo ao confessar que matou o ungido do S enhor ”. Davi entoou uma canção fúnebre para Saul e Jônatas e ordenou que fosse ensinada ao povo de Judá. Ela é conhecida como Cântico do Arco e está registrada no Livro de Jasar. Seu esplendor, ó Israel, está morto sobre os montes! Como caíram os valentes! Não contem essa notícia em Gate, não a proclamem nas ruas de Ascalom, para que não se alegrem as filhas dos filisteus, para que as filhas dos incircuncisos não festejem em triunfo. Ó montes de Gilboa, que não haja orvalho nem chuva sobre vocês, nem campos férteis que produzam ofertas de cereais. Pois ali foram profanados os escudos de valentes; o escudo de Saul não será mais ungido com óleo. O arco de Jônatas não recuava, e a espada de Saul era invencível. Derramaram o sangue de seus inimigos e atravessaram o corpo de guerreiros. Quão amados e estimados eram Saul e Jônatas! Estiveram juntos na vida e na morte. Eram mais velozes que as águias, mais fortes que os leões. Ó filhas de Israel, chorem por Saul, pois ele as vestia com finos trajes vermelhos, com roupas adornadas de ouro. Como caíram os valentes na batalha! Jônatas está morto sobre os montes. Como choro por você, meu irmão Jônatas, quanto eu o estimava! Seu amor por mim era precioso, mais que o amor das mulheres. Como caíram os valentes! Estão mortos, despojados de suas armas. Depois disso, Davi perguntou ao S enhor: “Devo voltar para alguma das cidades de Judá?”. “Sim”, respondeu o S enhor. Então Davi perguntou: “Para que cidade devo ir?”. “Para Hebrom”, disse o S enhor. Entao Davi partiu com suas duas esposas, Ainoã, de Jezreel, e Abigail, a viúva de Nabal, do Carmelo, e também com os homens que o acompanhavam e suas famílias. Eles se estabeleceram nos povoados vizinhos a Hebrom. Então vieram os homens de Judá e ungiram Davi rei do povo de Judá. Quando Davi soube que os moradores de Jabes-Gileade haviam sepultado Saul, enviou-lhes a seguinte mensagem: “Que o S enhor os abençoe por terem sido tão fiéis a Saul, seu senhor, e lhe terem dado um sepultamento digno. Que, em troca, o S enhor seja fiel a vocês e os recompense com sua bondade. E eu também os recompensarei pelo que fizeram. Agora que Saul está morto, peço que continuem a ser fortes e corajosos. E saibam que o povo de Judá me ungiu para ser seu novo rei”. Contudo, Abner, filho de Ner, comandante do exército de Saul, já havia levado Isbosete, filho de Saul, para Maanaim. Ali, proclamou Isbosete rei sobre Gileade, Jezreel, Efraim, Benjamim e sobre a terra dos assuritas e todo o restante de Israel. Isbosete, filho de Saul, tinha 40 anos quando começou a reinar sobre Israel, e reinou por dois anos. Enquanto isso, o povo de Judá permaneceu leal a Davi, que fez de Hebrom sua capital e reinou sobre Judá por sete anos e meio. Certo dia, Abner, filho de Ner, conduziu as tropas de Isbosete, filho de Saul, de Maanaim para Gibeom. Ao mesmo tempo, Joabe, filho de Zeruia, saiu com as tropas de Davi e foi ao encontro deles na represa de Gibeom, onde os dois exércitos ficaram frente a frente, posicionando-se em lados opostos da represa. Então Abner disse a Joabe: “Proponho que alguns de nossos guerreiros lutem em confronto direto diante de nós”. “Está bem”, respondeu Joabe. Então foram escolhidos doze soldados de Benjamim para representar Isbosete, filho de Saul, e doze soldados para representar Davi. Cada um agarrou seu adversário pela cabeça e cravou a espada um no lado do outro, e todos morreram juntos. Por isso, desde então, esse lugar em Gibeom é conhecido como Helcate-Hazurim. Seguiu-se nesse dia uma violenta batalha, na qual Abner e os homens de Israel foram derrotados pelos soldados de Davi. Joabe, Abisai e Asael, os três filhos de Zeruia, participaram da batalha nesse dia. Asael, que era rápido como uma gazela, começou a perseguir Abner. Continuou decididamente em seu encalço, sem perdê-lo de vista. Quando Abner olhou para trás e viu que ele se aproximava, perguntou: “É você, Asael?”. “Sou eu mesmo”, respondeu ele. “Saia do meu encalço!”, disse Abner. “Enfrente um dos soldados mais jovens e tome suas armas.” Mas Asael continuou a persegui-lo. Mais uma vez, Abner o advertiu: “Pare de me perseguir! Não quero matá-lo. Como poderia encarar seu irmão Joabe?”. Asael, porém, se recusou a dar meia-volta, e Abner lhe cravou no estômago a parte de trás da lança, que saiu pelas costas. Asael caiu morto no chão. E todos que passavam por ali paravam ao ver Asael caído e morto. Então Joabe e Abisai saíram em perseguição a Abner. O sol estava se pondo quando chegaram ao monte Amá, perto de Gia, no caminho para o deserto de Gibeom. Os soldados de Abner, da tribo de Benjamim, se reuniram no alto do monte para resistir ao ataque. Então Abner gritou para Joabe: “Será que não há como evitar matarmos uns aos outros? Não vê que isso só resultará em amargura? Quando você vai ordenar que seus homens parem de perseguir seus irmãos israelitas?”. Joabe respondeu: “Só Deus sabe o que teria acontecido se você não tivesse falado, pois, se fosse preciso, nós os teríamos perseguido a noite toda”. Então Joabe tocou a trombeta e seus homens pararam de perseguir os soldados de Israel, e a batalha cessou. Durante toda aquela noite, Abner e seus homens recuaram pelo vale do Jordão. Atravessaram o rio, marcharam a manhã inteira e só pararam quando chegaram a Maanaim. Enquanto isso, Joabe e seus homens também voltaram da perseguição a Abner. Quando Joabe fez a contagem, viu que faltavam apenas dezenove homens, além de Asael. Os soldados de Davi, por sua vez, haviam matado 360 homens da tribo de Benjamim e dos demais soldados de Abner. Joabe e seus homens levaram o corpo de Asael para Belém e o sepultaram no túmulo de seu pai. Então caminharam a noite toda e chegaram a Hebrom ao amanhecer. Assim começou uma longa guerra entre a família de Saul e a família de Davi. Com o tempo, Davi se fortaleceu cada vez mais, e a família de Saul foi se enfraquecendo. Estes são os filhos de Davi que nasceram em Hebrom: O mais velho era Amnom, filho de Ainoã, de Jezreel. O segundo era Daniel, filho de Abigail, a viúva de Nabal, do Carmelo. O terceiro era Absalão, filho de Maaca, filha de Talmai, rei de Gesur. O quarto era Adonias, filho de Hagite. O quinto era Sefatias, filho de Abital. O sexto era Itreão, filho de Eglá, esposa de Davi. Todos esses filhos de Davi nasceram em Hebrom. Enquanto continuava a guerra entre as famílias de Saul e de Davi, Abner se tornou um líder cada vez mais influente entre a família de Saul. Um dia, Isbosete, filho de Saul, acusou Abner de ter relações com uma das concubinas de Saul, uma mulher chamada Rispa, filha de Aiá. Abner ficou furioso com as palavras de Isbosete. “Por acaso sou um cão de Judá para ser tratado dessa maneira?”, gritou ele. “Depois de tudo que fiz por seu pai, Saul, e pela família e os amigos dele ao não entregar você a Davi, minha recompensa é ser acusado por causa dessa mulher? Que Deus me castigue severamente se eu não fizer por Davi tudo que o S enhor prometeu a ele! Tomarei o reino da família de Saul e o entregarei a Davi. Estabelecerei o trono de Davi tanto sobre Israel como sobre Judá, desde Dã, ao norte, até Berseba, ao sul!” Isbosete não se atreveu a dizer nem mais uma palavra, pois teve medo do que Abner poderia fazer. Então Abner enviou mensageiros para dizer a Davi: “Afinal, a quem pertence esta terra? Faça um acordo comigo, e eu o ajudarei a conseguir o apoio de todo o Israel”. “Está bem”, respondeu Davi. “Mas só farei acordo com você se, quando vier para cá, trouxer de volta minha esposa Mical, filha de Saul.” Davi enviou a seguinte mensagem a Isbosete, filho de Saul: “Devolva minha esposa Mical, pois eu conquistei o direito de me casar com ela com os prepúcios de cem filisteus”. Então Isbosete mandou tirar Mical de seu marido, Palti, filho de Laís. Palti a seguiu até Baurim, chorando ao longo de todo o caminho, até que Abner lhe disse: “Volte para casa!”, e ele voltou. Abner reuniu as autoridades de Israel e lhes disse: “Faz algum tempo que vocês querem declarar Davi seu rei. Chegou a hora de agir! Pois o S enhor disse: ‘Escolhi meu servo Davi para livrar meu povo, Israel, das mãos dos filisteus e de todos os seus inimigos’”. Abner também falou com os homens de Benjamim. Depois, foi a Hebrom para dizer a Davi que todo o povo de Israel e de Benjamim tinha concordado em apoiá-lo. Quando Abner, acompanhado de vinte homens, chegou a Hebrom, Davi os recebeu com um grande banquete. Então Abner disse a Davi: “Deixe que eu vá e convoque uma reunião de todo o Israel para apoiar meu senhor, o rei. Farão uma aliança com o senhor para que reine sobre eles, e o senhor governará sobre tudo que seu coração desejar”. Davi se despediu dele, e Abner partiu em paz. Contudo, logo depois que Davi despediu Abner em paz, Joabe e alguns dos soldados de Davi retornaram de um ataque, trazendo muitos despojos. Quando Joabe chegou, foi informado de que Abner, filho de Ner, tinha acabado de visitar o rei, que o havia despedido em paz. Joabe foi até o rei e perguntou: “O que foi que o senhor fez? Por que deixou Abner escapar? O senhor conhece muito bem Abner, filho de Ner! Sabe que ele veio espioná-lo e descobrir tudo que o senhor anda fazendo!”. Então Joabe saiu da presença de Davi e enviou mensageiros para alcançar Abner. Eles o encontraram perto do poço de Sirá e o trouxeram de volta, sem que Davi soubesse. Quando Abner chegou a Hebrom, Joabe o chamou para um lado, junto ao portão da cidade, como se fosse falar com ele em particular. Então, apunhalou-o no estômago e o matou para vingar a morte de Asael, seu irmão. Quando Davi soube o que havia acontecido, declarou: “Juro pelo S enhor que eu e meu reino somos para sempre inocentes desse crime contra Abner, filho de Ner. Que essa culpa permaneça sobre Joabe e sua família! Que em todas as gerações da família de Joabe nunca falte um homem que tenha fluxo ou lepra, que use muletas, que morra pela espada, ou que tenha de mendigar o alimento!”. Assim, Joabe e seu irmão Abisai assassinaram Abner, pois ele havia matado Asael, irmão deles, na batalha em Gibeom. Então Davi disse a Joabe e a todos que estavam com ele: “Rasguem suas roupas e vistam pano de saco. Lamentem a morte de Abner”, e o próprio rei seguiu o cortejo fúnebre. Sepultaram Abner em Hebrom, e o rei chorou em alta voz junto ao túmulo, e todo o povo lamentou com ele. Então o rei entoou esta canção fúnebre: “Acaso Abner devia morrer como um vilão? Suas mãos não estavam atadas, nem seus pés acorrentados. Não, você foi assassinado, vítima de uma trama perversa”. Todo o povo lamentou uma vez mais por Abner. Davi tinha se recusado a comer no dia do funeral, e todos insistiram para que ele se alimentasse. Mas ele havia feito um voto: “Que Deus me castigue severamente se eu comer alguma coisa antes do pôr do sol”. Seu voto agradou muito o povo. De fato, aprovavam tudo que o rei fazia. Assim, todos em Judá e em Israel entenderam que Davi não era responsável pelo assassinato de Abner, filho de Ner. Então o rei disse a seus oficiais: “Não percebem que um grande comandante caiu hoje em Israel? E, embora eu seja o rei ungido, esses dois filhos de Zeruia, Joabe e Abisai, são fortes demais para que eu os controle. Que o S enhor retribua a esses homens maus por sua maldade”. Quando Isbosete, filho de Saul, soube da morte de Abner em Hebrom, perdeu completamente o ânimo, e todo o Israel ficou sem reação. Dois irmãos, Baaná e Recabe, eram capitães dos grupos de ataque de Isbosete. Eram filhos de Rimom, membro da tribo de Benjamim, que vivia em Beerote. A cidade de Beerote fazia parte do território de Benjamim, pois seus habitantes originais fugiram para Gitaim, onde ainda vivem como estrangeiros. (Jônatas, filho de Saul, tinha um filho chamado Mefibosete, que ficou aleijado quando era criança. Mefibosete tinha 5 anos quando chegou de Jezreel a notícia de que Saul e Jônatas haviam sido mortos na batalha. Ao ouvir isso, a ama do menino o tomou nos braços e fugiu. Na pressa, porém, deixou-o cair, e ele ficou aleijado.) Certo dia, Recabe e Baaná, filhos de Rimom, de Beerote, foram à casa de Isbosete por volta do meio-dia, quando ele estava descansando. A mulher que ficava à porta estava peneirando trigo, mas ficou sonolenta e cochilou. Então Recabe e Baaná passaram por ela sem serem notados e entraram na casa, onde encontraram Isbosete dormindo em sua cama. Eles o feriram e o mataram, e depois cortaram sua cabeça. Então, levando a cabeça, fugiram durante a noite pelo vale do Jordão. Chegando a Hebrom, entregaram a cabeça de Isbosete a Davi. “Veja!”, disseram ao rei. “Aqui está a cabeça de Isbosete, filho de seu inimigo, Saul, que tentou matá-lo. Hoje o S enhor concedeu ao rei vingança sobre Saul e toda a sua família!” Davi, porém, disse a Recabe e Baaná, filhos de Rimom, de Beerote: “O S enhor, que me tem livrado de todos os meus sofrimentos, é minha testemunha. Quando alguém me informou que Saul estava morto, pensando que trazia uma boa notícia, eu o agarrei e o matei em Ziclague. Foi essa a recompensa que recebeu pela notícia! Quanto mais devo recompensar os perversos que mataram um homem inocente em sua própria casa e em sua própria cama? Não devo responsabilizá-los pela morte dele e eliminá-los da face da terra?”. Então Davi ordenou a seus soldados que os matassem, e assim eles fizeram. Cortaram as mãos e os pés deles e penduraram os corpos junto à represa em Hebrom. Depois, pegaram a cabeça de Isbosete e a sepultaram no túmulo de Abner, em Hebrom. Então todas as tribos de Israel vieram a Hebrom para encontrar-se com Davi. “Somos do mesmo povo e raça”, disseram. “No passado, quando Saul era nosso rei, era você que liderava o exército de Israel. E o S enhor lhe disse: ‘Você será o pastor do meu povo, Israel. Será o líder de Israel’.” Então, ali em Hebrom, o rei Davi fez um acordo diante do S enhor com todas as autoridades de Israel, e elas o ungiram rei de Israel. Davi tinha 30 anos quando começou a reinar e, ao todo, reinou por quarenta anos. Havia reinado sobre Judá sete anos e seis meses e, em Jerusalém, reinou sobre todo o Israel e Judá por 33 anos. Então o rei partiu com seus soldados para Jerusalém, a fim de lutar contra os jebuseus, que viviam naquele lugar. Os jebuseus zombavam de Davi: “Você jamais entrará aqui! Até os cegos e aleijados são capazes de impedi-lo!”. Diziam isso porque imaginavam estar seguros, mas Davi tomou a fortaleza de Sião, que hoje é chamada de Cidade de Davi. No dia do ataque, Davi disse a seus soldados: “Odeio esses jebuseus ‘cegos’ e ‘aleijados’. Quem os atacar deve entrar na cidade pelo túnel de água”. Essa é a origem do ditado: “Os cegos e os aleijados não entrarão na casa”. Então Davi foi morar na fortaleza de Sião e a chamou de Cidade de Davi. Ampliou a cidade, desde o aterro até a parte interna. Davi foi se tornando cada vez mais poderoso, pois o S enhor, o Deus dos Exércitos, estava com ele. Hirão, rei de Tiro, enviou a Davi mensageiros com madeira de cedro, carpinteiros e pedreiros, que construíram um palácio para Davi. E Davi compreendeu que o S enhor o havia confirmado como rei sobre Israel e exaltado seu reino por causa de seu povo, Israel. Depois de mudar-se de Hebrom para Jerusalém, Davi tomou mais concubinas e esposas e teve mais filhos e filhas. Estes são os nomes dos filhos de Davi que nasceram em Jerusalém: Samua, Sobabe, Natã, Salomão, Ibar, Elisua, Nefegue, Jafia, Elisama, Eliada e Elifelete. Quando os filisteus souberam que Davi tinha sido ungido rei de Israel, mobilizaram suas tropas para capturá-lo. Davi, porém, foi informado disso e desceu para a fortaleza. Os filisteus chegaram e se espalharam pelo vale de Refaim. Então Davi perguntou ao S enhor: “Devo sair e lutar contra os filisteus? Tu os entregarás em minhas mãos?”. O S enhor respondeu a Davi: “Sim, vá, pois eu certamente os entregarei em suas mãos”. Então Davi foi a Baal-Perazim e ali derrotou os filisteus, e exclamou: “O S enhor irrompeu no meio de meus inimigos como uma violenta inundação!”. Por isso, chamou aquele lugar de Baal-Perazim. Davi e seus homens levaram os ídolos que os filisteus haviam abandonado ali. Pouco tempo depois, os filisteus voltaram a se espalhar pelo vale de Refaim. Mais uma vez, Davi consultou o S enhor. “Não os ataque pela frente”, respondeu o S enhor. “Em vez disso, dê a volta por trás deles e ataque-os perto dos álamos. Quando ouvir um som como de pés marchando por cima dos álamos, ataque! É o sinal de que o S enhor vai à sua frente para derrotar o exército filisteu.” Davi fez como o S enhor ordenou e derrotou os filisteus por todo o caminho, desde Gibeom até Gezer. Davi reuniu novamente todos os melhores guerreiros de Israel, trinta mil ao todo. Partiu com eles para Baalá de Judá a fim de buscar a arca de Deus, junto à qual era invocado o nome do S enhor dos Exércitos, que está entronizado entre os querubins. Puseram a arca de Deus num carro novo e a levaram da casa de Abinadabe, que ficava num monte. Saindo da casa, Uzá e Aiô, filhos de Abinadabe, guiavam a carroça nova que transportava a arca de Deus. Aiô estava à frente da arca. Davi e todo o povo de Israel celebravam diante do S enhor, entoando cânticos e tocando todo tipo de instrumentos musicais: liras, harpas, tamborins, chocalhos e címbalos. Quando chegaram à eira de Nacom, os bois tropeçaram, e Uzá estendeu a mão e segurou a arca. A ira do S enhor se acendeu contra Uzá, e Deus o feriu por causa disso. E ele morreu ali mesmo, ao lado da arca de Deus. Davi ficou indignado porque a ira do S enhor irrompeu contra Uzá e chamou aquele lugar de Perez-Uzá, como é conhecido até hoje. Davi teve medo do S enhor e perguntou: “Como poderei levar a arca do S enhor?”. Então resolveu não transferir mais a arca do S enhor para a Cidade de Davi. Em vez disso, levou-a para a casa de Obede-Edom, na cidade de Gate. A arca do S enhor ficou na casa de Obede-Edom, em Gate, por três meses, e o S enhor abençoou Obede-Edom e toda a sua família. Disseram ao rei Davi: “O S enhor tem abençoado a família de Obede-Edom e tudo que ele possui por causa da arca de Deus”. Então Davi foi até lá e, com grande festa, levou a arca de Deus da casa de Obede-Edom para a Cidade de Davi. Quando os homens que carregavam a arca do S enhor davam seis passos, Davi sacrificava um boi e um novilho gordo. Davi usava um colete sacerdotal de linho e dançava diante do S enhor com todas as suas forças. Assim, Davi e todo o povo de Israel levaram a arca do S enhor com gritos de alegria e ao som de trombetas. Enquanto a arca do S enhor entrava na Cidade de Davi, Mical, filha de Saul, olhava pela janela. Quando viu o rei Davi saltando e dançando diante do S enhor, encheu-se de desprezo por ele. Trouxeram a arca do S enhor e a colocaram em seu lugar, dentro de uma tenda especial que Davi tinha preparado para ela. E Davi ofereceu ao S enhor holocaustos e ofertas de paz. Depois que terminou de oferecer os sacrifícios, abençoou o povo em nome do S enhor dos Exércitos. Para cada homem e mulher israelita na multidão, ele deu um pão, um bolo de tâmaras e um bolo de passas. Então todos voltaram para casa. Quando Davi voltou para casa a fim de abençoar sua família, Mical, filha de Saul, saiu ao encontro dele e disse: “Como o rei de Israel se mostrou digno de honra hoje, exibindo-se sem qualquer vergonha diante das servas, como um homem vulgar!”. Davi respondeu a Mical: “Eu dançava diante do S enhor, que me escolheu em lugar de seu pai e de toda a sua família! Ele me nomeou líder de Israel, o povo do S enhor, por isso continuarei a celebrar diante do S enhor. Estou disposto a me tornar ainda mais desprezível e até mesmo a ser humilhado aos meus próprios olhos! Mas as servas que você mencionou certamente me considerarão digno de honra”. E Mical, filha de Saul, não teve filhos até o final de sua vida. Quando o rei Davi já havia se estabelecido em seu palácio e o S enhor lhe tinha dado descanso de todos os inimigos ao redor, mandou chamar o profeta Natã. O rei disse: “Veja, moro num palácio, uma casa de cedro, enquanto a arca de Deus está lá fora, numa simples tenda”. Natã respondeu ao rei: “Faça o que tem em mente, pois o S enhor está com o rei”. Naquela mesma noite, porém, o S enhor disse a Natã: “Vá e diga a meu servo Davi que assim diz o S enhor: ‘Acaso cabe a você construir uma casa para eu habitar? Desde o dia em que tirei os israelitas do Egito até hoje, nunca morei numa casa. Sempre acompanhei o povo de um lugar para o outro numa tenda, num tabernáculo. E, no entanto, onde quer que eu tenha ido com os israelitas, nunca me queixei às tribos de Israel e aos pastores de meu povo. Nunca lhes perguntei: Por que não construíram para mim um palácio, uma casa de cedro?’. “Agora vá e diga a meu servo Davi que assim diz o S enhor dos Exércitos: ‘Eu o tirei das pastagens onde você cuidava das ovelhas e o escolhi para ser o líder de meu povo, Israel. Estive com você por onde andou e destruí todos os seus inimigos diante de seus olhos. Agora, tornarei seu nome tão conhecido quanto o dos homens mais importantes da terra! Providenciarei uma terra para meu povo, Israel, e os plantarei num lugar seguro, onde jamais serão perturbados. Nações perversas não os oprimirão como fizeram no passado, desde o tempo em que nomeei juízes para governar meu povo, Israel. Eu lhes darei descanso de todos os seus inimigos’. “‘Além disso, o S enhor declara que fará uma casa para você, uma dinastia real! Pois, quando você morrer e for sepultado com seus antepassados, escolherei um de seus filhos, de sua própria descendência, e estabelecerei seu reino. Ele é que construirá uma casa para meu nome, e estabelecerei seu trono para sempre. Eu serei seu pai, e ele será meu filho. Se ele pecar, eu o corrigirei e disciplinarei com a vara, como qualquer outro pai faria. Contudo, não retirarei dele meu favor, como o retirei de Saul, quando o removi do seu caminho. Sua casa e seu reino continuarão para sempre diante de mim, para sempre, e seu trono será estabelecido para sempre’”. Natã voltou até Davi e contou ao rei tudo que o S enhor lhe tinha revelado. Então o rei Davi entrou no santuário, pôs-se diante do S enhor e orou: “Quem sou eu, ó Soberano S enhor, e o que é minha família, para que me trouxesses até aqui? E agora, Soberano S enhor, como se isso não bastasse, dizes que dará a teu servo uma dinastia duradoura! Tratas a todos dessa forma, ó Soberano S enhor? “Que mais posso dizer-te? Tu sabes como teu servo é de fato, ó Soberano S enhor. Por causa de tua promessa e de acordo com tua vontade, fizeste todas estas grandes coisas e as tornaste conhecidas a teu servo. “Quão grande és, ó Soberano S enhor! Não há ninguém igual a ti! Jamais ouvimos falar de outro Deus como tu! Engrandeceste teu nome ao livrar teu povo do Egito. Realizaste milagres impressionantes e removeste as nações e os deuses do caminho de teu povo. Fizeste de Israel teu próprio povo para sempre, e tu, ó S enhor, te tornaste seu Deus. “E agora, ó S enhor Deus, sou teu servo; faze o que prometeste a meu respeito e de minha família. Confirma-o como uma promessa que durará para sempre. Que o teu nome seja honrado para sempre, a fim de que todos digam: ‘O S enhor dos Exércitos é o Deus de Israel!’. E que a dinastia de teu servo Davi permaneça diante de ti para sempre. “Ó S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel, tive a coragem de fazer-te esta oração porque revelaste tudo isso a teu servo ao dizer: ‘Farei uma casa para você, uma dinastia real!’. Pois tu és Deus, ó Soberano S enhor. Tuas palavras são verdadeiras, e tu prometeste estas coisas boas a teu servo. E agora, que seja do teu agrado abençoar a casa de teu servo, para que ela permaneça para sempre diante de ti. Pois tu falaste, ó Soberano S enhor, e quando concedes uma bênção a teu servo, é uma bênção para sempre!”. Depois disso, Davi derrotou e sujeitou os filisteus, conquistando Gate, sua maior cidade. Também conquistou a terra de Moabe. Fez os moabitas se deitarem no chão numa fileira e os mediu com uma corda, formando grupos. Para cada grupo que poupou, executou dois grupos. Assim Davi sujeitou os moabitas, e eles lhe pagaram tributo. Davi também derrotou Hadadezer, filho de Reobe, rei de Zobá, quando Hadadezer tentou recuperar o controle da região do rio Eufrates. Davi tomou mil carros de guerra, sete mil cavaleiros e vinte mil soldados da infantaria. Levou cavalos suficientes para cem carros de guerra e aleijou o restante. Quando os sírios de Damasco chegaram para ajudar o rei Hadadezer, Davi matou 22 mil deles. Então colocou destacamentos de seu exército em Damasco, a capital dos sírios. Assim Davi sujeitou os sírios, e eles lhe pagaram tributo. O S enhor concedia vitórias a Davi por onde quer que ele fosse. Davi levou para Jerusalém os escudos de ouro dos oficiais de Hadadezer, além de grande quantidade de bronze de Tebá e de Berotai, cidades que pertenciam a Hadadezer. Quando Toí, rei de Hamate, soube que Davi tinha destruído todo o exército de Hadadezer, enviou seu filho Jorão para parabenizar Davi por sua campanha bem-sucedida. Hadadezer e Toí eram inimigos e sempre estavam em guerra. Jorão presenteou Davi com objetos de prata, ouro e bronze. O rei Davi dedicou todos esses presentes ao S enhor, como fez com a prata e o ouro das outras nações que havia derrotado: de Edom, Moabe, Amom, da Filístia e de Amaleque, além de Hadadezer, filho de Reobe, rei de Zobá. Davi se tornou ainda mais conhecido ao voltar da batalha em que matou dezoito mil edomitas no vale do Sal. Davi colocou destacamentos de seu exército em todo o território de Edom, e assim sujeitou todos os edomitas. O S enhor concedia vitórias a Davi por onde quer que ele fosse. Davi reinou sobre todo o Israel e fazia o que era justo e correto para seu povo. Joabe, filho de Zeruia, era comandante de seu exército. Josafá, filho de Ailude, era o historiador do reino. Zadoque, filho de Aitube, e Aimeleque, filho de Abiatar, eram os sacerdotes. Seraías era o secretário da corte. Benaia, filho de Joiada, era comandante da guarda pessoal do rei. E os filhos de Davi serviam como líderes sacerdotais. Certo dia, Davi perguntou: “Resta alguém da família de Saul, a quem eu possa mostrar bondade por causa de Jônatas?”. Havia um servo da família de Saul, cujo nome era Ziba, e o trouxeram a Davi. “Você é Ziba?”, perguntou o rei. “Sim, seu servo, meu senhor!”, respondeu Ziba. Então o rei lhe perguntou: “Resta alguém da família de Saul? Se resta, gostaria de mostrar a bondade de Deus para com ele”. “Um dos filhos de Jônatas ainda está vivo”, respondeu Ziba. “Ele é aleijado dos dois pés.” “Onde ele está?”, perguntou o rei. Ziba respondeu: “Em Lo-Debar, na casa de Maquir, filho de Amiel”. Então Davi mandou buscá-lo na casa de Maquir. Seu nome era Mefibosete, filho de Jônatas, filho de Saul. Quando compareceu diante de Davi, curvou-se com o rosto no chão. Davi disse: “Saudações, Mefibosete”. Mefibosete respondeu: “Aqui está seu servo, meu senhor!”. “Não tenha medo”, disse Davi. “Quero mostrar bondade a você por causa de Jônatas, seu pai. Vou lhe dar todas as terras que pertenciam a seu avô Saul, e você comerá sempre aqui comigo, à mesa do rei.” Mefibosete se prostrou e disse: “Quem é seu servo, para que o senhor mostre bondade a alguém como eu, que não vale mais que um cão morto?”. Então o rei mandou chamar Ziba, servo de Saul, e disse: “Dei ao neto de seu senhor tudo que pertencia a Saul e sua família. Você, seus filhos e servos cultivarão a terra para ele, a fim de produzir alimento para a casa de seu senhor. Mefibosete, neto de seu senhor, comerá sempre à minha mesa”. Ziba tinha quinze filhos e vinte servos. “Sou seu servo”, respondeu Ziba. “Farei tudo que meu senhor, o rei, mandou.” E, daquele momento em diante, Mefibosete passou a comer à mesa de Davi, como se fosse um de seus filhos. Mefibosete tinha um filho ainda jovem chamado Mica. Daquele momento em diante, todos os membros da casa de Ziba se tornaram servos de Mefibosete. E Mefibosete, que era aleijado dos dois pés, morava em Jerusalém e comia sempre à mesa do rei. Algum tempo depois, morreu Naás, rei dos amonitas, e seu filho Hanum subiu ao trono. Davi disse: “Vou demonstrar lealdade a Hanum, assim como seu pai, Naás, sempre foi leal a mim”. Então Davi enviou representantes para expressar seu pesar a Hanum pela morte do pai dele. Mas, quando os representantes de Davi chegaram à terra de Amom, os líderes amonitas disseram a Hanum, seu senhor: “O rei acredita mesmo que esses homens estão aqui para honrar seu pai? Não! Davi os enviou com o objetivo de espionar a cidade para vir e conquistá-la!”. Então Hanum prendeu os representantes de Davi e raspou metade da barba de cada um, cortou metade de suas roupas até as nádegas e os expulsou de sua terra. Quando Davi soube o que havia acontecido, enviou mensageiros ao encontro dos homens, para que lhes dissessem: “Fiquem em Jericó até que sua barba tenha crescido e voltem em seguida”, pois estavam muito envergonhados. Quando os amonitas perceberam quanto haviam enfurecido Davi, contrataram vinte mil soldados de infantaria dos sírios das terras de Bete-Reobe e Zobá, mil homens do rei de Maaca e doze mil da terra de Tobe. Davi foi informado disso e enviou Joabe e todos os seus guerreiros para lutarem contra eles. As tropas amonitas avançaram e formaram sua frente de batalha à entrada da cidade, enquanto os sírios de Zobá e Reobe e os homens de Tobe e Maaca se posicionaram para lutar nos campos abertos. Joabe viu que teria de lutar em duas frentes ao mesmo tempo, por isso escolheu alguns dos melhores guerreiros de Israel e os pôs sob seu comando pessoal para enfrentar os sírios. Deixou o restante do exército sob o comando de seu irmão Abisai, que atacou os amonitas. Joabe disse a seu irmão: “Se os sírios forem fortes demais para mim, venha me ajudar. E, se os amonitas forem fortes demais para você, eu irei ajudá-lo. Coragem! Lutemos bravamente por nosso povo e pelas cidades de nosso Deus. E que seja feita a vontade do S enhor!”. Joabe e suas tropas atacaram, e os sírios começaram a fugir. Quando os amonitas viram que os sírios batiam em retirada, também fugiram de Abisai e recuaram para dentro da cidade. Terminada a batalha, Joabe voltou para Jerusalém. Os sírios viram que não tinham como enfrentar Israel. Assim, ao se reagrupar, receberam o reforço de soldados sírios convocados por Hadadezer do outro lado do rio Eufrates. Essas tropas chegaram a Helã conduzidas por Sobaque, comandante das forças de Hadadezer. Quando Davi foi informado do que estava acontecendo, reuniu todo o Israel, atravessou o Jordão e levou o exército até Helã. Os sírios se posicionaram para a batalha e lutaram contra Davi. Mais uma vez, porém, os sírios fugiram dos israelitas. O exército de Davi matou setecentos homens em carros de guerra e quarenta mil soldados de infantaria, incluindo Sobaque, comandante de seu exército. Quando todos os reis aliados a Hadadezer viram que ele havia sido derrotado pelos israelitas, renderam-se a Israel e se tornaram súditos de Davi. Depois disso, os sírios tiveram medo de voltar a ajudar os amonitas. No começo do ano, época em que os reis costumavam ir à guerra, Davi enviou Joabe e as tropas israelitas para lutarem contra os amonitas. Eles destruíram o exército inimigo e cercaram a cidade de Rabá. Mas Davi ficou em Jerusalém. Certa tarde, Davi se levantou da cama depois de seu descanso e foi caminhar pelo terraço do palácio. Enquanto olhava do terraço, reparou numa mulher muito bonita que tomava banho. Davi mandou alguém para descobrir quem era a mulher. Disseram-lhe: “É Bate-Seba, filha de Eliã e esposa de Urias, o hitita”. Então Davi enviou mensageiros para que a trouxessem, e teve relações com ela. Bate-Seba havia acabado de completar o ritual de purificação depois da menstruação. E ela voltou para casa. Passado algum tempo, quando Bate-Seba descobriu que estava grávida, enviou um mensageiro a Davi para lhe dizer: “Estou grávida”. Então Davi mandou uma mensagem para Joabe: “Envie-me Urias, o hitita”, e Joabe o enviou a Davi. Quando Urias chegou, Davi perguntou como estavam Joabe e o exército e como ia a guerra. Então disse a Urias: “Vá para casa e descanse”. Depois que Urias deixou o palácio, Davi lhe enviou um presente. Urias, porém, não foi para casa. Passou a noite na entrada do palácio com os guardas do rei. Quando Davi soube que Urias não tinha ido para casa, mandou chamá-lo e perguntou: “O que aconteceu? Depois de ter ficado tanto tempo fora, por que você não foi para casa ontem à noite?”. Urias respondeu: “A arca e os exércitos de Israel e de Judá estão em tendas, e Joabe, meu comandante, e seus soldados estão acampados ao ar livre. Como eu poderia ir para casa para beber, comer e dormir com minha mulher? Juro diante do rei que jamais faria uma coisa dessas”. Então Davi lhe disse: “Pois bem. Fique aqui hoje, e amanhã poderá retornar”. Urias ficou em Jerusalém aquele dia e o dia seguinte. Davi o convidou para jantar e o embriagou. Outra vez, porém, ele dormiu numa esteira, com os guardas do rei, e não foi para sua casa. Na manhã seguinte, Davi escreveu uma carta para Joabe e mandou Urias entregá-la. A carta continha a seguinte instrução: “Coloque Urias na linha de frente, onde o combate estiver mais intenso. Depois, recue para que ele seja morto”. Então Joabe colocou Urias numa posição próxima do muro da cidade, onde sabia que estavam os principais guerreiros do inimigo. Quando os soldados inimigos saíram da cidade para lutar, Urias, o hitita, foi morto junto com muitos outros soldados israelitas. Joabe enviou a Davi um relatório da batalha. Disse a seu mensageiro: “Conte ao rei tudo que aconteceu na batalha. Pode ser que ele fique irado e pergunte: ‘Por que as tropas se aproximaram tanto da cidade? Não sabiam que atirariam contra eles dos muros? Acaso Abimeleque, filho de Gideão, não foi morto em Tebes por uma mulher que atirou uma pedra de moinho do alto da muralha? Por que chegaram tão perto dos muros?’. Então diga-lhe: ‘Seu soldado Urias, o hitita, também foi morto’”. O mensageiro foi a Jerusalém e deu um relatório completo a Davi. “O inimigo saiu contra nós em campo aberto”, disse o mensageiro. “Quando os perseguíamos de volta até o portão da cidade, os arqueiros no alto do muro atiraram flechas contra nós. Alguns dos homens do rei foram mortos; entre eles estava Urias, o hitita.” Davi respondeu: “Diga a Joabe que não desanime. A espada devora este hoje e aquele amanhã. Lutem bravamente e conquistem a cidade!”. Quando a esposa de Urias soube que seu marido havia morrido, chorou por ele. Terminado o período de luto, Davi mandou trazê-la para o palácio. Ela se tornou uma de suas esposas e deu à luz um filho. Mas o que Davi fez desagradou o S enhor. Então o S enhor enviou o profeta Natã a Davi. Ele foi até o rei e lhe disse: “Havia dois homens em certa cidade. Um era rico, e o outro, pobre. O rico era dono de muitas ovelhas e muito gado. O pobre não tinha nada, exceto uma cordeirinha que ele havia comprado. Ele criou a cordeirinha, e ela cresceu com os filhos dele. Comia de seu prato, bebia de seu copo e até dormia em seus braços; ela era como sua filha. Certo dia, um visitante chegou à casa do rico. Em vez de matar um dos animais de seu próprio rebanho, o rico tomou a cordeirinha do pobre, a matou e a preparou para seu visitante”. Davi ficou furioso com esse homem rico e jurou: “Tão certo como vive o S enhor, o homem que faz uma coisa dessas merece morrer! Deve restituir quatro ovelhas ao pobre por ter roubado a cordeirinha e não ter mostrado compaixão”. Então Natã disse a Davi: “Você é esse homem! Assim diz o S enhor, o Deus de Israel: ‘Eu o ungi rei de Israel e o livrei das mãos de Saul. Dei-lhe a casa e as mulheres de seu senhor e os reinos de Israel e Judá. E, se isso não bastasse, teria lhe dado muito mais. Por que, então, você desprezou a palavra do S enhor e fez algo tão horrível? Você assassinou Urias, o hitita, com a espada dos amonitas e roubou a esposa dele! De agora em diante, a espada não se afastará de sua família, pois você me desprezou ao tomar para si a mulher de Urias’. “Assim diz o S enhor: ‘De sua própria família farei surgir seu castigo. Tomarei suas mulheres diante de seus olhos e as darei a outro homem; ele se deitará com elas à vista de todos. O que você fez em segredo, eu farei acontecer abertamente, diante de todo o Israel’”. Então Davi confessou a Natã: “Pequei contra o S enhor ”. Natã respondeu: “Sim, mas o S enhor o perdoou, e você não morrerá por causa do seu pecado. Contudo, uma vez que você demonstrou o mais absoluto desprezo pela palavra do S enhor ao agir desse modo, seu filho morrerá”. Depois que Natã voltou para casa, o S enhor fez adoecer gravemente o filho de Davi com a mulher de Urias. Davi suplicou ao S enhor que poupasse a criança. Jejuou e passou a noite prostrado no chão. Os oficiais do palácio insistiram para que ele se levantasse e comesse com eles, mas Davi se recusou. No sétimo dia, a criança morreu. Os servos de Davi ficaram com medo de contar para ele. “Não ouviu nossos conselhos quando a criança estava doente”, disseram. “Se lhe contarmos que a criança morreu, poderá cometer uma insanidade.” Davi percebeu que estavam cochichando e compreendeu o que havia acontecido. “A criança morreu?”, perguntou. “Sim”, responderam eles. “Está morta.” Então Davi levantou-se do chão, lavou-se, perfumou-se e trocou de roupa. Foi ao santuário e adorou o S enhor. Depois, voltou ao palácio, pediu que lhe trouxessem alimento e comeu. Seus servos ficaram perplexos. “Não o entendemos”, disseram. “Enquanto a criança estava viva, o senhor chorou e jejuou. Agora que a criança morreu, o senhor parou de lamentar e voltou a comer.” Davi respondeu: “Enquanto a criança estava viva, jejuei e chorei, pois pensava: ‘Quem sabe o S enhor terá compaixão de mim e deixará a criança viver’. Mas por que jejuar agora que ela morreu? Poderia eu fazê-la voltar? Um dia irei até ela, mas ela não voltará a mim”. Então Davi consolou Bate-Seba, sua mulher, e teve relações com ela. Bate-Seba engravidou e deu à luz um filho, a quem Davi chamou Salomão. O S enhor amou a criança e enviou uma mensagem por meio do profeta Natã, dizendo que o menino devia se chamar Jedidias, conforme o S enhor havia ordenado. Enquanto isso, Joabe continuou a lutar contra Rabá, a capital de Amom, e tomou a cidade real. Joabe enviou mensageiros a Davi para lhe dizer: “Lutei contra Rabá e capturei seus reservatórios de água. Traga o restante do exército aqui e conquiste a cidade. De outro modo, eu a tomarei e levarei o crédito pela vitória”. Então Davi reuniu o restante do exército e foi a Rabá. Eles atacaram a cidade e a conquistaram. Davi removeu a coroa da cabeça do rei, e ela foi colocada sobre sua cabeça. A coroa era feita de ouro, enfeitada com pedras preciosas, e pesava cerca de 35 quilos. Davi tomou grande quantidade de despojos da cidade. Também tornou os habitantes de Rabá seus escravos e os obrigou a trabalhar com serras, picaretas e machados de ferro, e também nos fornos de tijolos. Foi assim que Davi tratou o povo de todas as cidades amonitas. Então ele e todo o exército voltaram para Jerusalém. Absalão, filho de Davi, tinha uma irmã muito bonita chamada Tamar. Amnom, outro filho de Davi, apaixonou-se por ela. Amnom ficou tão obcecado por Tamar que adoeceu. Ela era virgem, e Amnom imaginou que seria impossível possuí-la. Contudo, Amnom tinha um amigo muito astuto, seu primo Jonadabe. Ele era filho de Simeia, irmão de Davi. Certo dia, Jonadabe disse a Amnom: “Qual é o problema? Por que o filho do rei parece tão abatido todos os dias?”. Amnom lhe respondeu: “Estou apaixonado por Tamar, irmã de meu irmão Absalão”. “Faça o seguinte”, disse Jonadabe. “Deite-se e finja que está doente. Quando seu pai o visitar, peça-lhe que deixe Tamar vir e preparar algo para você comer. Peça que ela prepare o alimento aqui mesmo, para que você a veja e ela o sirva.” Então Amnom se deitou e fingiu que estava doente. Quando o rei foi vê-lo, Amnom lhe pediu: “Por favor, permita que minha irmã Tamar venha e prepare dois bolos aqui mesmo, para que eu a veja e ela os sirva para mim”. Davi concordou e mandou Tamar ir à casa de Amnom preparar algo para ele comer. Quando Tamar chegou à casa de Amnom, foi até o lugar onde ele estava deitado, para que ele pudesse vê-la preparar a massa. Então ela assou os bolos, conforme ele tinha pedido. Contudo, quando ela colocou a bandeja diante de Amnom, ele se recusou a comer. “Saiam todos daqui”, disse ele a seus servos. E todos saíram. Então Amnom disse a Tamar: “Agora traga os bolos ao meu quarto e dê-me de comer”. Tamar fez conforme ele pediu. Quando, porém, ela lhe ofereceu a comida, ele a agarrou e exigiu: “Venha para a cama comigo, minha irmã!”. “Não, meu irmão! Não me violente!”, exclamou Tamar. “Isso não se faz em Israel! Não faça essa loucura! Como eu poderia viver com tamanha vergonha? E você cairia em desgraça em Israel! Por favor, fale com o rei, e ele permitirá que você se case comigo!” Mas Amnom não quis ouvi-la e, como era mais forte que ela, violentou-a. Então a paixão de Amnom se transformou em profundo desprezo, e seu desprezo por ela foi mais intenso que a paixão que havia sentido. “Saia daqui!”, gritou para ela. “Não, não!”, respondeu Tamar. “Mandar-me embora agora seria pior do que o mal que você me fez.” Amnom, porém, não quis ouvi-la. Chamou seu servo e ordenou: “Ponha esta mulher para fora daqui e tranque a porta!”. O servo a pôs para fora e trancou a porta. Tamar vestia uma túnica longa, como era costume naqueles dias entre as filhas virgens do rei. Então rasgou sua túnica, jogou cinzas sobre a cabeça e, cobrindo o rosto com as mãos, foi embora chorando. Seu irmão Absalão a viu e perguntou: “É verdade que Amnom esteve com você? Bem, minha irmã, é melhor ficar quieta, pois Amnom é seu irmão. Não se aflija com isso”. Então Tamar, como uma mulher desolada, foi morar na casa de seu irmão Absalão. Quando o rei Davi soube o que havia acontecido, ficou furioso. E, embora Absalão não tivesse dito nada a Amnom a esse respeito, odiou Amnom profundamente pelo que ele havia feito à sua irmã. Dois anos depois, quando as ovelhas de Absalão estavam sendo tosquiadas em Baal-Hazor, perto de Efraim, Absalão convidou todos os filhos do rei para uma festa. Foi até o rei e disse: “Meus tosquiadores estão trabalhando. Gostaria que o rei e seus servos celebrassem essa ocasião comigo”. Mas o rei respondeu: “Não, meu filho. Se todos nós fôssemos, seria um peso para você”. Embora Absalão insistisse, o rei se recusou a ir, mas abençoou Absalão. “Está bem”, disse Absalão. “Se o senhor não pode vir, permita que meu irmão Amnom vá conosco.” “Por que Amnom?”, perguntou o rei. Mas Absalão continuou a insistir até que, finalmente, o rei concordou em deixar seus filhos, incluindo Amnom, irem à festa. Absalão disse a seus homens: “Esperem até Amnom estar bêbado; então, quando eu ordenar, matem-no. Não tenham medo. A responsabilidade é minha. Sejam corajosos e valentes!”. Assim, quando Absalão deu o sinal, eles mataram Amnom. Os outros filhos do rei montaram em suas mulas e fugiram. Quando ainda estavam a caminho de Jerusalém, a notícia chegou a Davi: “Absalão matou todos os filhos do rei; não restou um sequer com vida!”. O rei se levantou, rasgou suas roupas e lançou-se no chão. Seus conselheiros também rasgaram suas roupas. Nesse momento, Jonadabe, filho de Simeia, irmão de Davi, chegou e disse: “Não pense, meu senhor, que todos os filhos do rei foram mortos! Foi apenas Amnom! Absalão tramava isso desde que Amnom violentou sua irmã Tamar. O meu senhor, o rei, não deve acreditar que todos os seus filhos estão mortos! Apenas Amnom morreu”. Enquanto isso, Absalão fugiu. Então a sentinela sobre o muro de Jerusalém viu muita gente descendo o monte pela estrada que vinha do oeste. E Jonadabe disse ao rei: “Veja! Lá estão eles! São os filhos do rei voltando, como eu tinha dito”. Logo eles chegaram, chorando e soluçando, e o rei e todos os seus servos choraram amargamente com eles. Davi chorou muitos dias por seu filho Amnom. Absalão fugiu para a terra de Talmai, filho de Amiúde, rei de Gesur, onde permaneceu por três anos. E o rei Davi, conformado com a morte de Amnom, abandonou a ideia de perseguir Absalão. Joabe, filho de Zeruia, percebeu que o rei agora desejava ver Absalão. Por isso, mandou trazer de Tecoa uma mulher conhecida por sua sabedoria. Disse-lhe: “Finja que está de luto; vista roupas de luto e não se perfume. Aja como uma mulher que está lamentando a morte de alguém há muito tempo. Depois, vá até o rei e apresente a história que vou lhe contar”. Então Joabe disse o que ela deveria falar. Quando a mulher de Tecoa se aproximou do rei, curvou-se com o rosto no chão e disse: “Ó rei! Ajude-me!”. “Qual é o problema?”, perguntou o rei. “Pobre de mim, sou viúva!”, respondeu ela. “Meu marido morreu. Meus dois filhos brigaram no campo. Como não havia ninguém por perto para separá-los, um deles acabou matando o outro. Agora, o resto da família está exigindo de sua serva: ‘Entregue-nos seu filho. Vamos executá-lo por ter matado o irmão. Ele não merece herdar a propriedade da família’. Querem apagar a última brasa que me restou; se o fizerem, o nome e a família de meu marido desaparecerão da face da terra.” “Eu cuidarei disso”, disse o rei. “Vá para casa.” A mulher de Tecoa respondeu: “Ó meu senhor, o rei, que a culpa caia sobre mim e sobre a família de meu pai, e que o rei e seu trono sejam inocentes!”. “Se alguém criar problemas, traga-o a mim”, disse o rei. “Eu lhe garanto que ele nunca mais a incomodará.” Então ela disse: “Por favor, prometa pelo S enhor, seu Deus, que não deixará o vingador da vítima matar meu filho. Não quero mais derramamento de sangue”. Ele respondeu: “Tão certo como vive o S enhor, ninguém tocará num fio de cabelo da cabeça de seu filho!”. “Permita-me pedir mais uma coisa ao meu senhor, o rei”, disse a mulher. “Fale”, respondeu ele. Então ela disse: “Por que o senhor não faz pelo povo de Deus o mesmo que prometeu fazer por mim? Ao tomar essa decisão, o senhor condenou a si mesmo, pois se recusou a trazer para casa seu filho banido. Um dia, todos nós morreremos. Nossa vida é como água que, depois de derramada na terra, não pode mais ser recolhida. Mas Deus não apaga a vida; ao contrário, ele cria meios de trazer de volta aqueles que foram banidos de sua presença. “Vim suplicar ao meu senhor, o rei, porque outros me ameaçaram. Pensei: ‘Talvez o rei me escute e nos livre daqueles que desejam nos eliminar da herança que Deus nos deu. Sim, o meu senhor, o rei, restaurará nossa paz de espírito’. Sei que o senhor é como um anjo de Deus, capaz de discernir entre o bem e o mal. Que o S enhor, seu Deus, esteja com o rei”. “Preciso saber uma coisa”, disse o rei. “Diga-me a verdade.” “Sim, ó meu senhor, o rei”, disse a mulher. “Foi Joabe quem a mandou aqui?”, perguntou o rei. A mulher respondeu: “Ó meu senhor, o rei, como posso negar? Ninguém é capaz de esconder coisa alguma do senhor. Sim, foi Joabe, servo do rei, que me enviou e me disse o que falar. Agiu desse modo para que o senhor pudesse ver a questão com outros olhos. Mas o senhor é sábio como um anjo de Deus e entende tudo que acontece em nosso meio!”. Então o rei mandou chamar Joabe e lhe disse: “Muito bem, vá e traga de volta o jovem Absalão”. Joabe se curvou com o rosto no chão e disse: “Finalmente sei que obtive o favor do meu senhor, o rei, pois atendeu a meu pedido!”. Joabe foi a Gesur e trouxe Absalão de volta a Jerusalém. O rei, porém, deu a seguinte ordem: “Absalão pode ir para casa, mas não deve vir à minha presença”. Portanto, Absalão não viu o rei. Não havia nenhum homem em todo o Israel tão elogiado por sua beleza como Absalão; era perfeito da cabeça aos pés. Cortava o cabelo uma vez por ano por causa de seu peso: 2,4 quilos, segundo o peso real. Tinha três filhos e uma filha. Sua filha se chamava Tamar e era muito bonita. Absalão morou dois anos em Jerusalém sem ver o rei. Então mandou chamar Joabe para pedir que intercedesse por ele, mas Joabe não quis vir. Mandou chamá-lo de novo e, mais uma vez, ele se recusou a vir. Então Absalão disse a seus servos: “Vão e ponham fogo no campo de cevada de Joabe que fica junto de minha propriedade”. Os servos foram e puseram fogo no campo, como Absalão havia ordenado. Então Joabe foi à casa de Absalão e lhe perguntou: “Por que seus servos puseram fogo em meu campo?”. Absalão respondeu: “Eu quero que você pergunte ao rei por que ele me trouxe de Gesur se não pretendia me receber. Teria sido melhor eu ficar onde estava. Quero ver o rei; se ele me considera culpado de algo, então que mande me matar”. Joabe contou ao rei o que Absalão tinha dito. Por fim, Davi mandou chamar Absalão. Ele veio, curvou-se com o rosto no chão diante do rei, e o rei o beijou. Algum tempo depois, Absalão providenciou para si uma carruagem com cavalos e contratou cinquenta guardas para servirem como sua guarda de honra. Todas as manhãs, ele se levantava cedo e ia até o portão da cidade. Quando alguém trazia uma causa para ser julgada pelo rei, Absalão perguntava de que cidade a pessoa era, e ela lhe respondia a qual tribo de Israel pertencia. Então Absalão dizia: “Sua causa é justa e legítima. É pena que o rei não tenha ninguém para ouvi-la”. E dizia ainda: “Quem me dera ser juiz. Então todos me apresentariam suas questões legais, e eu lhes faria justiça!”. Quando alguém ia se prostrar diante dele, Absalão não o permitia. Ao contrário, tomava-o pela mão e o beijava. Fazia isso com todos que vinham ao rei pedir justiça e, desse modo, ia conquistando o coração de todos em Israel. Passados quatro anos, Absalão disse ao rei: “Deixe-me ir a Hebrom para cumprir o voto que fiz ao S enhor. Enquanto eu estava em Gesur, na Síria, prometi oferecer sacrifícios ao S enhor em Hebrom caso ele me trouxesse de volta a Jerusalém”. “Está bem”, disse o rei. “Vá e cumpra seu voto.” Então Absalão foi a Hebrom. Enquanto estava lá, porém, enviou em segredo mensageiros para todas as tribos de Israel. Eles diziam às pessoas: “Assim que ouvirem as trombetas, digam: ‘Absalão foi coroado rei em Hebrom!’”. Absalão levou consigo duzentos homens de Jerusalém como seus convidados, mas eles não faziam ideia de suas intenções. Enquanto Absalão oferecia os sacrifícios, mandou chamar Aitofel, um dos conselheiros de Davi que vivia na cidade de Gilo. Em pouco tempo, muitos outros se uniram a Absalão, e a conspiração ganhou força. Logo, um mensageiro chegou a Jerusalém para informar Davi: “Todo o Israel se uniu a Absalão!”. “Então devemos fugir de imediato, ou será tarde demais!”, disse Davi a seus conselheiros. “Rápido! Se sairmos de Jerusalém antes que Absalão chegue, escaparemos e impediremos que ele mate todos os moradores da cidade.” “O senhor tem o nosso apoio”, responderam seus conselheiros. “Faça o que lhe parecer melhor.” Então o rei e toda a sua família partiram de imediato. Ele deixou para trás apenas dez concubinas para cuidarem do palácio. O rei e todos que o acompanhavam foram a pé e pararam na última casa da cidade, a fim de deixar os soldados do rei passarem e tomarem a dianteira. Também iam com Davi sua guarda pessoal e seiscentos homens de Gate. Então o rei se voltou para Itai, comandante dos homens de Gate, e disse: “Por que você está vindo conosco? Volte para o novo rei, pois Israel não é sua pátria; você é um estrangeiro no exílio. Chegou faz pouco tempo, e não seria certo eu obrigá-lo a vir conosco. Nem sei para onde vamos. Volte e leve consigo seus parentes, e que a bondade e a fidelidade o acompanhem!”. Itai, porém, disse ao rei: “Tão certo como vive o S enhor e como vive o rei, eu juro que, não importa o que aconteça, irei aonde for o meu senhor, o rei, seja para viver ou para morrer!”. Davi respondeu: “Muito bem, venha conosco”. E Itai, todos os seus homens e suas famílias acompanharam Davi. Por onde passavam o rei e os que o seguiam, todo o povo chorava em alta voz. Atravessaram o vale de Cedrom e foram em direção ao deserto. Zadoque e todos os levitas também os acompanharam, carregando a arca da aliança de Deus. Puseram a arca no chão, e Abiatar ofereceu sacrifícios até que todos tivessem saído da cidade. Então Davi ordenou a Zadoque: “Leve a arca de Deus de volta para a cidade. Se for da vontade do S enhor, ele me trará de volta para ver novamente a arca e o santuário. Mas, se ele não se agradar mais de mim, que faça comigo o que lhe parecer melhor”. O rei também disse ao sacerdote Zadoque: “Preste atenção. Você deve voltar à cidade, com seu filho Aimaás e com Jônatas, filho de Abiatar. Farei uma parada em um dos pontos de travessia do Jordão e ficarei ali esperando notícias suas”. Então Zadoque e Abiatar levaram a arca de Deus de volta para Jerusalém e ali permaneceram. Davi prosseguiu pelo caminho para o monte das Oliveiras, chorando enquanto andava. Estava com a cabeça coberta e os pés descalços. Os que iam com ele também tinham a cabeça coberta e choravam enquanto subiam ao monte. Quando alguém informou a Davi que Aitofel, seu conselheiro, agora apoiava Absalão, Davi orou: “Ó S enhor, faze que Aitofel dê conselhos errados a Absalão!”. Quando Davi chegou ao alto do monte, onde o povo costumava adorar a Deus, Husai, o arquita, o esperava ali. Husai havia rasgado suas roupas e colocado terra sobre a cabeça. Mas Davi lhe disse: “Se você vier comigo, será apenas um peso. Volte à cidade e diga a Absalão: ‘Agora serei seu conselheiro, ó rei, como no passado fui conselheiro de seu pai’. Assim, você poderá frustrar os conselhos de Aitofel. Os sacerdotes Zadoque e Abiatar estarão lá. Informe-os dos planos feitos no palácio, e eles enviarão seus filhos Aimaás e Jônatas para me contar o que se passa”. Assim, Husai, amigo de Davi, voltou para Jerusalém e ali chegou na mesma hora em que Absalão entrava na cidade. Quando Davi tinha acabado de passar pelo alto do monte, Ziba, servo de Mefibosete, estava à sua espera. Tinha dois jumentos carregados com duzentos pães, cem bolos de passas, cem frutas de verão e uma vasilha de couro cheia de vinho. “Para que tudo isso?”, perguntou o rei. Ziba respondeu: “Os jumentos são para a família do rei montar, e o pão e as frutas de verão são para os servos comerem. O vinho é para os que ficarem exaustos no deserto”. “E onde está Mefibosete, neto de seu senhor Saul?”, perguntou o rei. Ziba respondeu: “Ficou em Jerusalém, pois disse: ‘Hoje o povo de Israel me devolverá o reino de meu avô Saul’”. Então o rei disse a Ziba: “Nesse caso, dou a você tudo que pertence a Mefibosete”. “Humildemente me prostro”, respondeu Ziba. “Que o meu senhor, o rei, sempre se agrade de mim.” Quando o rei Davi chegou a Baurim, um homem do povoado saiu ao seu encontro e começou a amaldiçoá-lo. Era Simei, filho de Gera, do mesmo clã da família de Saul. Atirava pedras contra o rei, seus oficiais e os guerreiros que o cercavam. “Saia daqui, assassino, bandido!”, gritava para Davi. “O S enhor lhe está retribuindo por todo o sangue derramado no clã de Saul. Você roubou o trono, e agora o S enhor o entregou a seu filho Absalão. Finalmente está provando de seu próprio remédio, pois é assassino!” Então Abisai, filho de Zeruia, disse: “Por que este cão morto amaldiçoa meu senhor, o rei? Dê a ordem, e eu cortarei a cabeça dele!”. O rei, porém, disse: “Quem pediu a opinião de vocês, filhos de Zeruia? Se o S enhor mandou este homem me amaldiçoar, quem são vocês para questioná-lo?”. Então Davi disse a Abisai e a todos os seus servos: “Meu próprio filho procura me matar. Não teria este parente de Saul ainda mais motivos para fazer o mesmo? Deixem-no em paz. Que ele me amaldiçoe, pois foi o S enhor que o mandou. Talvez o S enhor veja que tenho sido injustiçado e me abençoe por causa dessas maldições de hoje”. Assim, Davi e seus homens prosseguiram em seu caminho. Simei os seguia pela encosta de um monte próximo, amaldiçoando Davi e atirando pedras e terra contra ele. O rei e todos que o acompanhavam chegaram exaustos ao rio Jordão e, por isso, descansaram ali. Nesse meio-tempo, Absalão e uma multidão de israelitas entraram em Jerusalém, acompanhados por Aitofel. Quando Husai, o arquita, amigo de Davi, chegou à cidade, foi logo ao encontro de Absalão. “Viva o rei!”, exclamou. “Viva o rei!” “É assim que você mostra lealdade a seu amigo Davi?”, perguntou-lhe Absalão. “Por que não está com ele?” Husai respondeu: “Estou aqui porque pertenço àquele que é escolhido pelo S enhor e por todos os homens de Israel. Além do mais, é natural que eu sirva ao filho de Davi. Assim como fui conselheiro de seu pai, agora serei seu conselheiro”. Então Absalão se voltou para Aitofel e perguntou: “O que devo fazer agora?”. Aitofel respondeu: “Tenha relações com as concubinas que seu pai deixou aqui para tomar conta do palácio. Então todo o Israel saberá que você insultou seu pai de tal modo que será impossível haver reconciliação; isso encorajará os que estão do seu lado”. Então armaram uma tenda no terraço do palácio, e ali Absalão teve relações com as concubinas de seu pai à vista de todo o Israel. Absalão seguiu os conselhos de Aitofel, como Davi tinha feito, pois as palavras de Aitofel pareciam sábias, como se fossem um conselho dado pelo próprio Deus. Aitofel disse a Absalão: “Permita-me escolher doze mil homens para sair em perseguição a Davi ainda esta noite. Eu o alcançarei enquanto está exausto e desanimado. Farei que ele entre em pânico, e assim todos os seus soldados fugirão. Então matarei apenas o rei e trarei todo o exército para o senhor. A morte do homem a quem o senhor busca lhe trará de volta os demais. Assim, ficará em paz com todo o povo”. O plano pareceu bom a Absalão e a todas as autoridades de Israel. Depois, porém, Absalão disse: “Tragam Husai, o arquita. Vejamos qual é a opinião dele”. Quando Husai chegou, Absalão lhe contou o que Aitofel tinha dito. Então perguntou: “Qual é sua opinião? Devemos seguir o conselho de Aitofel? Se não, o que você sugere?”. Husai respondeu a Absalão: “Desta vez o conselho de Aitofel está equivocado. O senhor conhece seu pai e os homens dele; são guerreiros valentes. No momento, estão tão furiosos quanto uma ursa da qual roubaram os filhotes. E lembre-se de que seu pai é um soldado experiente; ele não passará a noite com o povo. É provável que já esteja escondido em alguma cova ou caverna. Quando ele sair e atacar, e alguns de nossos soldados forem mortos, a notícia de que os homens de Absalão foram massacrados se espalhará. Então, até os soldados mais destemidos, embora sejam corajosos como um leão, serão tomados de pavor. Afinal, todo o Israel sabe como seu pai é um guerreiro poderoso e como são valentes os homens que o acompanham. “Recomendo que o senhor reúna todo o exército de Israel e convoque soldados desde Dã, ao norte, até Berseba, ao sul, tão numerosos quanto a areia da praia. Aconselho, também, que o senhor mesmo vá à frente das tropas. Quando encontrarmos Davi, cairemos sobre ele como o orvalho cai sobre a terra. Nem ele nem nenhum de seus homens sobreviverão. E, caso Davi consiga escapar para alguma cidade, o senhor terá todo o Israel sob seu comando. Levaremos cordas e arrastaremos os muros da cidade para o vale mais próximo, até que não reste uma pedrinha sequer”. Então Absalão e todos os homens de Israel disseram: “O conselho de Husai é melhor que o de Aitofel”, pois o S enhor havia decidido frustrar o sensato conselho de Aitofel a fim de trazer desgraça sobre Absalão. Husai contou aos sacerdotes Zadoque e Abiatar o que Aitofel tinha dito a Absalão e às autoridades de Israel e o que ele próprio havia aconselhado. “Rápido!”, disse ele aos sacerdotes. “Encontrem Davi e insistam para que ele não passe esta noite nos pontos de travessia do Jordão, mas que atravesse o rio e vá para o deserto. Do contrário, ele e todos que o acompanham morrerão.” Jônatas e Aimaás haviam ficado em En-Rogel, para não serem vistos entrando e saindo da cidade. Tinham pedido que uma serva lhes trouxesse a mensagem que deviam transmitir ao rei Davi. Contudo, um rapaz os viu em En-Rogel e avisou Absalão. Por isso, fugiram depressa para Baurim, onde um homem os escondeu dentro de um poço em seu quintal. A esposa desse homem estendeu um grande pedaço de pano sobre o poço e em cima espalhou grãos de cereal para secar ao sol, para que ninguém suspeitasse que estivessem ali. Os homens de Absalão chegaram e perguntaram à mulher: “Você viu Aimaás e Jônatas?”. A mulher respondeu: “Estiveram aqui, mas atravessaram o riacho”. Os homens de Absalão os procuraram sem sucesso e voltaram para Jerusalém. Jônatas e Aimaás saíram do poço e correram para onde o rei Davi estava. “Depressa!”, disseram ao rei. “Atravessem o Jordão ainda esta noite!” E lhe contaram que Aitofel havia aconselhado que ele fosse capturado e morto. Então Davi e todos que o acompanhavam atravessaram o rio durante a noite e chegaram à outra margem antes do amanhecer. Quando Aitofel viu que Absalão não havia seguido seu conselho, selou seu jumento, foi para sua cidade natal, pôs seus negócios em ordem e se enforcou. Assim morreu, e foi sepultado no túmulo da família. Davi chegou logo a Maanaim. A essa altura, Absalão havia reunido todo o exército de Israel e conduzia as tropas até o outro lado do Jordão. Absalão havia nomeado Amasa para comandar seu exército em lugar de Joabe. (Amasa era primo de Joabe. Seu pai era Jéter, um ismaelita, e sua mãe, Abigail, era filha de Naás, irmã de Zeruia, mãe de Joabe.) Absalão e o exército israelita acamparam na terra de Gileade. Quando Davi chegou a Maanaim, foi recebido por Sobi, filho de Naás, de Rabá dos amonitas, e por Maquir, filho de Amiel, de Lo-Debar, e por Barzilai, de Rogelim, em Gileade. Trouxeram camas, vasilhas, tigelas, trigo e cevada, farinha e grãos tostados, feijão e lentilha, mel, coalhada, ovelhas e queijo para Davi e os que o acompanhavam, pois disseram: “Vocês devem estar muito famintos, cansados e sedentos depois da longa caminhada pelo deserto”. Davi passou em revista os soldados que estavam com ele e nomeou generais e capitães para liderá-los. Em seguida, enviou-os em três grupos: um sob o comando de Joabe; outro sob o comando de Abisai, irmão de Joabe, filho de Zeruia; e o outro sob o comando de Itai, de Gate. O rei disse a seus soldados: “Também vou com vocês”. Os homens, porém, se opuseram. “O senhor não deve ir”, disseram. “Se tivermos de recuar ou fugir, ou mesmo se metade de nós morrer, para eles não fará diferença. O senhor vale por dez mil de nós; por isso, é melhor que fique na cidade e nos envie ajuda, se for necessário.” “Farei o que acharem melhor”, disse o rei. Assim, ficou junto ao portão da cidade, enquanto os soldados saíam marchando em grupos de cem e de mil. O rei deu a seguinte ordem a Joabe, Abisai e Itai: “Por minha causa, tratem o jovem Absalão com bondade”. Todas as tropas ouviram o rei dar essa ordem a seus comandantes. Então saíram para o campo, e a batalha começou no bosque de Efraim. Os soldados israelitas foram derrotados pelos homens de Davi. Houve grande matança naquele dia, e vinte mil homens perderam a vida. A batalha se espalhou por toda a região, e morreram mais homens no bosque do que os que foram mortos pela espada. Durante a batalha, Absalão deparou com alguns homens de Davi. Tentou fugir montado numa mula, mas, ao passar debaixo dos galhos espessos de uma grande árvore, ficou enroscado neles pela cabeça. A mula continuou a correr e o deixou ali, pendurado na árvore. Um dos soldados de Davi presenciou a cena e disse a Joabe: “Vi Absalão pendurado numa árvore”. “Você o viu?”, perguntou Joabe. “E por que não o matou ali mesmo? Eu o teria recompensado com dez peças de prata e um cinturão de guerreiro!” Mas o soldado respondeu a Joabe: “Eu não mataria o filho do rei nem por mil peças de prata! Todos nós ouvimos o rei dizer ao senhor, a Abisai e a Itai: ‘Por minha causa, poupem o jovem Absalão’. E, se eu tivesse traído o rei e matado seu filho, certamente ele ficaria sabendo, e o senhor seria o primeiro a ficar contra mim”. “Não vou perder mais tempo discutindo com você!”, disse Joabe. Então pegou três dardos e atravessou com eles o peito de Absalão quando ele ainda estava vivo, pendurado na árvore. Em seguida, dez jovens escudeiros de Joabe cercaram Absalão e o mataram. Então Joabe tocou a trombeta, e seus homens pararam de perseguir o exército de Israel. Atiraram o corpo de Absalão numa cova profunda no bosque e sobre ela colocaram um monte de pedras. E todos os israelitas fugiram para suas casas. Quando ainda estava vivo, Absalão havia construído para si um monumento no vale do Rei, pois disse: “Não tenho filho para dar continuidade a meu nome”. Chamou-o de Monumento de Absalão, como é conhecido até hoje. Então Aimaás, filho de Zadoque, disse: “Deixe-me ir correndo dar ao rei a boa notícia de que o S enhor o livrou de seus inimigos!”. “Não”, disse Joabe. “Não será uma boa notícia para o rei saber que o filho dele morreu. Você pode servir de mensageiro em outra ocasião, mas não hoje.” Então Joabe disse a um etíope: “Vá e conte ao rei o que você viu”. O homem se curvou diante de Joabe e partiu correndo. Contudo, Aimaás, filho de Zadoque, insistiu com Joabe: “Não importa o que aconteça, deixe-me ir também”. “Por que você quer ir, meu filho?”, disse Joabe. “Não haverá recompensa alguma pela notícia.” “Eu sei, mas deixe-me ir mesmo assim”, implorou. Por fim, Joabe disse: “Está bem, pode ir”. Então Aimaás pegou o caminho mais fácil, pela planície, e correu até Maanaim à frente do etíope. Enquanto Davi estava entre os portões interno e externo da cidade, o guarda subiu até o terraço sobre a porta, junto ao muro. Ao olhar dali, viu um homem correndo na direção deles. Gritou para avisar Davi, e o rei respondeu: “Se está sozinho, traz boas notícias”. Quando o mensageiro se aproximou, o guarda viu outro homem correndo na direção deles e avisou: “Outro homem se aproxima!”. E disse o rei: “Também traz boas notícias”. “O primeiro homem corre como Aimaás, filho de Zadoque”, disse o guarda. “Ele é um homem bom e traz boas notícias”, respondeu o rei. Então Aimaás gritou para o rei: “Tudo está bem!”. Curvou-se diante do rei com o rosto no chão e disse: “Louvado seja o S enhor, seu Deus, que entregou os rebeldes que ousaram se levantar contra o meu senhor, o rei!”. “E quanto a Absalão?”, perguntou o rei. “Ele está bem?” Aimaás respondeu: “Quando Joabe me enviou, havia grande confusão, mas não sei o que aconteceu”. “Espere aqui”, disse o rei. E Aimaás ficou esperando ao lado. Então chegou o etíope e disse: “Tenho boas notícias para o meu senhor, o rei. Hoje o S enhor o livrou de todos que se rebelaram contra o rei”. “E quanto ao jovem Absalão?”, perguntou o rei. “Ele está bem?” O etíope respondeu: “Que todos os inimigos do meu senhor, o rei, e todos os que se levantam para lhe fazer mal tenham o mesmo destino daquele jovem!”. O rei ficou muito abalado. Foi para o quarto que ficava sobre o portão da cidade e começou a chorar. Andando de um lado para o outro, clamava: “Ah, meu filho Absalão! Meu filho, meu filho Absalão! Quem me dera eu tivesse morrido em seu lugar! Ah, Absalão, meu filho, meu filho!”. Logo chegou a Joabe a notícia de que o rei chorava e lamentava a morte de Absalão. Quando o povo soube da grande tristeza do rei pela morte de seu filho, a alegria da vitória daquele dia se transformou em profundo pesar. Os soldados entraram na cidade sem chamar a atenção, como se estivessem envergonhados e houvessem fugido da batalha. O rei cobriu o rosto com as mãos e continuou a chorar: “Ah, meu filho Absalão! Ah, Absalão, meu filho, meu filho!”. Então Joabe foi até o quarto do rei e disse: “Hoje salvamos sua vida e a vida de seus filhos e filhas e de suas esposas e concubinas. E, no entanto, o senhor age desse modo e nos faz sentir envergonhados. Parece amar os que o odeiam e odiar os que o amam. Hoje deixou claro que todos os seus comandantes e soldados não significam nada para o senhor. Pelo visto, se Absalão tivesse sobrevivido e todos nós tivéssemos morrido, o senhor estaria satisfeito. Agora saia e vá parabenizar seus soldados, pois juro pelo S enhor que, se o rei não for, nem um só deles permanecerá aqui esta noite. Isso seria pior que todo o mal que já lhe aconteceu na vida”. Assim, o rei saiu e se sentou à entrada da cidade, e quando se espalhou a notícia de que o rei estava ali, todos foram vê-lo. Enquanto isso, os israelitas haviam fugido para suas casas, e em todas as tribos de Israel houve muita discussão. O povo dizia: “O rei nos livrou de nossos inimigos e nos libertou dos filisteus, mas teve de fugir por causa de Absalão. Agora Absalão, a quem ungimos para reinar sobre nós, está morto. Não devemos demorar para trazer o rei Davi de volta!”. Então Davi enviou uma mensagem aos sacerdotes Zadoque e Abiatar: “Perguntem às autoridades de Judá: ‘Por que vocês demoram tanto para receber o rei de volta? Até eu já sei que todo o Israel deseja a minha volta. Vocês são meus parentes, minha própria tribo, meu povo e minha raça! Então por que são os últimos a receber o rei de volta?’”. E Davi pediu que dissessem a Amasa: “Você é meu parente, meu povo e minha raça. Que Deus me castigue severamente se, de hoje em diante, você não se tornar comandante de meu exército em lugar de Joabe”. A mensagem de Davi convenceu todas as autoridades de Judá, e eles deram uma resposta unânime. Mandaram dizer ao rei: “Volte para nós e traga todos que estão com o senhor!”. Então o rei começou a viagem de volta para Jerusalém. Quando chegou ao rio Jordão, o povo de Judá foi a Gilgal para encontrar-se com ele e acompanhá-lo até o outro lado do rio. Simei, filho de Gera, de Baurim, na terra de Benjamim, atravessou com os homens de Judá para dar as boas-vindas ao rei Davi. Estavam com ele mil homens da tribo de Benjamim, incluindo Ziba, servo da casa de Saul, e os quinze filhos e vinte servos de Ziba. Desceram apressadamente ao Jordão para receber o rei. Atravessaram o rio, para ajudar a família do rei a chegar à outra margem e para fazer o que ele lhes solicitasse. Quando o rei estava prestes a atravessar o rio, Simei, filho de Gera, curvou-se diante dele e suplicou: “Ó meu senhor, o rei, por favor, perdoe-me. Esqueça as coisas terríveis que seu servo disse quando o senhor saiu de Jerusalém. Sei quanto pequei. Por isso vim aqui hoje, a primeira pessoa em todo o Israel a receber o meu senhor, o rei”. Então Abisai, filho de Zeruia, disse: “Simei deve ser morto, pois amaldiçoou o rei ungido do S enhor!”. “Quem pediu a opinião de vocês, filhos de Zeruia?”, disse Davi. “Por que agem como se fossem meus inimigos? Hoje não é um dia de execuções, pois hoje voltei a ser rei em Israel!” Então, virando-se para Simei, Davi prometeu: “Sua vida será poupada”. Mefibosete, neto de Saul, veio para encontrar-se com o rei. Desde que Davi havia saído de Jerusalém até o dia em que voltou em segurança, Mefibosete não tinha lavado os pés, nem feito a barba, nem lavado as roupas. Quando ele chegou a Jerusalém, o rei lhe perguntou: “Por que você não veio comigo, Mefibosete?”. Ele respondeu: “Ó meu senhor, o rei, meu servo Ziba me enganou. Pedi que ele selasse meu jumento para que eu pudesse acompanhar o rei, pois, como o senhor sabe, sou aleijado. Ele, no entanto, falou mal de mim e disse que eu havia me recusado a vir. Mas sei que meu senhor, o rei, é como um anjo de Deus. Portanto, faça o que lhe parecer melhor. Meus parentes e eu só poderíamos esperar que o senhor mandasse nos matar. Contudo, o senhor me honrou ao permitir que eu comesse à sua mesa. Que mais eu poderia pedir?”. “Não precisa continuar se explicando”, respondeu Davi. “Resolvi que você e Ziba dividirão sua terra igualmente entre si.” “Dê tudo a ele”, disse Mefibosete. “Para mim, basta saber que meu senhor, o rei, voltou para casa em segurança.” Barzilai, de Gileade, havia descido de Rogelim para acompanhar o rei na travessia do Jordão. Era bastante idoso — tinha 80 anos — e era muito rico. Foi ele quem providenciou alimento para o rei durante sua estada em Maanaim. O rei disse a Barzilai: “Venha comigo para Jerusalém, e eu cuidarei de você”. Barzilai, porém, respondeu: “Sou idoso demais para ir com o rei a Jerusalém. Tenho 80 anos e não consigo mais apreciar coisa alguma. A comida e a bebida já não têm sabor, e já não consigo ouvir a voz dos cantores. Seria apenas um peso para meu senhor, o rei. Atravessar o Jordão com o rei é honra suficiente para mim! Depois, permita que eu volte para morrer em minha cidade, onde meu pai e minha mãe foram sepultados. Mas aqui está seu servo, Quimã; permita que ele vá com meu senhor, o rei, e receba o que o senhor quiser lhe dar”. “Está bem”, concordou o rei. “Quimã virá comigo, e eu o ajudarei da maneira como você achar melhor. E farei por você qualquer coisa que me pedir.” Assim, todo o povo atravessou o Jordão com o rei. Depois que Davi abençoou Barzilai e o beijou, Barzilai voltou para casa. O rei atravessou para Gilgal, levando Quimã consigo. Todo o povo de Judá e metade do povo de Israel o acompanharam. Contudo, os homens de Israel vieram queixar-se ao rei: “Os homens de Judá se apropriaram do rei e não nos deram a honra de ajudar a levar o senhor, sua família e todos os seus acompanhantes até o outro lado do Jordão”. Os homens de Judá argumentaram: “O rei é nosso parente próximo. Por que vocês estão irados? Não comemos à custa do rei nem recebemos favor especial algum!”. “Mas há dez tribos em Israel”, responderam os outros. “Portanto, temos dez vezes mais direito ao rei do que vocês. Que direito vocês têm de nos tratar com desprezo? Não fomos nós os primeiros a propor trazer nosso rei de volta?” A discussão continuou, e os homens de Judá falaram com ainda mais rispidez que os de Israel. Estava ali por acaso um homem perverso chamado Seba, filho de Bicri, da tribo de Benjamim. Seba tocou a trombeta e começou a gritar: “Abaixo a dinastia de Davi! O filho de Jessé nada tem a nos oferecer! Vamos, homens de Israel, todos de volta para casa!”. Então todo o povo de Israel que estava ali abandonou Davi e seguiu Seba, filho de Bicri. O povo de Judá, porém, permaneceu com o rei e o acompanhou do rio Jordão até Jerusalém. Quando Davi chegou a seu palácio em Jerusalém, mandou confinar as dez concubinas que haviam ficado ali. O rei lhes providenciou sustento, mas não teve mais relações com elas. Permaneceram como viúvas até o fim da vida. O rei disse a Amasa: “Reúna o exército de Judá e apresente-se aqui em três dias”. Amasa saiu para convocar os soldados de Judá, mas levou mais tempo que o prazo definido pelo rei. Então Davi disse a Abisai: “Seba, filho de Bicri, vai nos prejudicar mais que Absalão. Leve minhas tropas e persiga-o antes que ele entre numa cidade fortificada, onde não possamos alcançá-lo”. Os soldados de Joabe, junto com a guarda pessoal do rei e os guerreiros valentes, saíram de Jerusalém para perseguir Seba. Quando chegaram à grande rocha em Gibeom, Amasa foi ao encontro deles. Joabe vestia seu traje militar e levava um punhal preso ao cinto. Quando deu um passo à frente para saudar Amasa, tirou o punhal da bainha. “Como vai, meu primo?”, disse Joabe, e o pegou pela barba com a mão direita, como se fosse beijá-lo. Amasa não percebeu o punhal na mão esquerda dele, e Joabe o feriu no estômago, de modo que suas entranhas se derramaram no chão. Joabe não precisou feri-lo outra vez, pois Amasa morreu rapidamente. Joabe e seu irmão Abisai deixaram o corpo ali e continuaram a perseguir Seba. Um dos soldados de Joabe gritou: “Se estiverem do lado de Joabe e Davi, venham e sigam Joabe!”. Amasa, porém, estava estendido numa poça de sangue no meio do caminho, e os soldados de Joabe viram que todos paravam para olhar. Então um dos soldados o arrastou para fora do caminho, até um campo, e o cobriu com um manto. Com o corpo de Amasa fora do caminho, todos seguiram Joabe em perseguição a Seba, filho de Bicri. Enquanto isso, Seba passou por todas as tribos de Israel e, por fim, chegou à cidade de Abel-Bete-Maaca. Todos os membros de seu clã, os bicritas, se reuniram para lutar e o seguiram até a cidade. Quando os soldados de Joabe chegaram, cercaram Abel-Bete-Maaca. Construíram uma rampa junto às fortificações da cidade e começaram a derrubar o muro. Então uma mulher sábia da cidade gritou: “Ouçam! Digam a Joabe que se aproxime, pois desejo falar com ele!”. Quando ele se aproximou, a mulher perguntou: “O senhor é Joabe?”. “Sim, sou eu”, respondeu ele. Então ela disse: “Ouça sua serva com atenção”. “Estou ouvindo”, disse ele. A mulher continuou: “Antigamente era costume dizer: ‘Se precisar resolver um desentendimento, peça conselho na cidade de Abel’. Somos pacíficos e fiéis em Israel, mas o senhor está prestes a destruir uma cidade importante de nossa terra. Por que deseja destruir aquilo que pertence ao S enhor?”. “De maneira nenhuma!”, respondeu Joabe. “Não quero arruinar nem destruir sua cidade. Não é essa a minha intenção. Quero apenas capturar um homem chamado Seba, filho de Bicri, da região montanhosa de Efraim, que se rebelou contra o rei Davi. Se vocês o entregarem para mim, deixarei a cidade em paz.” “Está bem”, respondeu a mulher. “Jogaremos a cabeça dele para você por cima do muro.” Então a mulher levou o seu bom conselho até o povo. Eles cortaram a cabeça de Seba e a jogaram para Joabe. Ele tocou a trombeta, e seus soldados se retiraram da cidade. Todos voltaram para suas casas, e Joabe voltou para o rei, em Jerusalém. Joabe era o comandante de todo o exército de Israel. Benaia, filho de Joiada, era o comandante da guarda pessoal do rei. Adonirão era encarregado daqueles que realizavam trabalhos forçados. Josafá, filho de Ailude, era o historiador do reino. Seva era o secretário da corte. Zadoque e Abiatar eram os sacerdotes. E Ira, descendente de Jair, servia Davi como sacerdote. Durante o reinado de Davi, houve uma terrível fome que durou três anos, e o rei consultou o S enhor a esse respeito. O S enhor disse: “A fome veio porque Saul e sua família são culpados de terem matado os gibeonitas”. Então o rei mandou chamar os gibeonitas. Eles não faziam parte do povo de Israel, mas eram tudo que restava dos amorreus. Os israelitas tinham jurado que não os matariam, mas Saul, em seu zelo por Israel e Judá, havia tentado exterminá-los. Davi lhes perguntou: “O que posso fazer por vocês? Como posso reparar o mal que lhes foi feito, para que vocês abençoem o povo do S enhor?”. Os gibeonitas responderam: “Prata e ouro não resolverão a questão entre nós e a família de Saul. Também não temos o direito de exigir a vida de ninguém em Israel”. “Que farei por vocês, então?”, perguntou Davi. Eles responderam: “Saul planejava nos destruir; queria nos impedir de ter um lugar no território de Israel. Portanto, entregue-nos sete dos filhos de Saul, para que os executemos diante do S enhor em Gibeá, no monte do S enhor ”. “Está bem”, disse o rei. “Farei o que me pedem.” O rei poupou a vida de Mefibosete, filho de Jônatas, filho de Saul, por causa do juramento que Davi e Jônatas haviam feito diante do S enhor. Contudo, entregou-lhes Armoni e Mefibosete, os dois filhos de Saul com Rispa, filha de Aiá. Também entregou-lhes os cinco filhos de Merabe, filha de Saul, esposa de Adriel, filho de Barzilai, de Meolá. Os homens de Gibeom os executaram no monte, diante do S enhor. Os sete foram mortos ao mesmo tempo, no início da colheita da cevada. Então Rispa, filha de Aiá, estendeu um pano de saco sobre uma rocha e ficou ali todo o período da colheita. Não deixou que as aves de rapina despedaçassem os corpos deles durante o dia e impediu os animais selvagens de os devorarem durante a noite. Quando Davi soube o que Rispa, concubina de Saul, havia feito, foi até o povo de Jabes-Gileade para reaver os ossos de Saul e de seu filho Jônatas. (Quando os filisteus mataram Saul e Jônatas no monte Gilboa, o povo de Jabes-Gileade tinha roubado os corpos deles da praça de Bete-Sã, onde os filisteus os haviam pendurado.) Davi trouxe os ossos de Saul e de Jônatas, e também os ossos dos homens que os gibeonitas haviam executado. O rei ordenou que os ossos de Saul e de Jônatas fossem enterrados na sepultura de Quis, pai de Saul, na cidade de Zela, na terra de Benjamim. Depois disso, Deus atendeu às orações em favor do povo. Mais uma vez, houve guerra entre os filisteus e Israel. Quando Davi e seus soldados estavam no meio de uma batalha, Davi perdeu as forças e ficou exausto. Isbibenobe era descendente de gigantes, e a ponta de sua lança de bronze pesava cerca de 3,5 quilos. Ele estava armado com uma espada nova e jurou que ia matar Davi. Mas Abisai, filho de Zeruia, veio socorrer Davi e matou o filisteu. Então os homens de Davi exigiram: “O senhor não vai mais sair conosco para lutar! Por que correr o risco de apagar a lâmpada de Israel?”. Depois disso, houve outra batalha contra os filisteus, em Gobe. Enquanto lutavam, Sibecai, de Husate, matou Safe, outro descendente de gigantes. Durante uma batalha em Gobe, Elanã, filho de Jair, de Belém, matou o irmão de Golias, de Gate. O cabo de sua lança era da grossura de um eixo de tecelão. Em outra batalha com os filisteus em Gate, havia um homem de grande estatura com seis dedos em cada mão e seis dedos em cada pé, 24 dedos ao todo, que também era descendente de gigantes. Mas, quando ele desafiou os israelitas e zombou deles, foi morto por Jônatas, filho de Simeia, irmão de Davi. Esses quatro filisteus eram descendentes dos gigantes de Gate, mas Davi e seus guerreiros os mataram. Davi entoou esta canção ao S enhor no dia em que o S enhor o livrou de todos os seus inimigos e de Saul. Assim cantou: “O S enhor é minha rocha, minha fortaleza e meu libertador; meu Deus é minha rocha, em quem encontro proteção. Ele é meu escudo, o poder que me salva e meu lugar seguro. Ele é meu refúgio, meu salvador, aquele que me livra da violência. Clamei ao S enhor, que é digno de louvor, e ele me livrou de meus inimigos. “As ondas da morte me cercaram, torrentes de destruição caíram sobre mim. A sepultura me envolveu em seus laços, a morte pôs uma armadilha em meu caminho. Em minha aflição, clamei ao S enhor; sim, clamei a Deus por socorro. Do seu santuário ele me ouviu; meu clamor chegou a seus ouvidos. “A terra se abalou e estremeceu; tremeram os alicerces dos céus, agitaram-se por causa de sua ira. De suas narinas saiu fumaça, de sua boca, fogo consumidor; brasas vivas saíram dele. Ele abriu os céus e desceu, com nuvens escuras de tempestade sob os pés. Montado num querubim, pairava sobre as asas do vento. Envolveu-se num manto de escuridão, em densas nuvens de chuva. Um clarão resplandeceu ao seu redor, e dele saíram brasas vivas. O S enhor trovejou dos céus; a voz do Altíssimo ressoou. Atirou flechas e dispersou seus inimigos, lançou raios e os fez fugir em confusão. Então, por ordem do S enhor, com o forte sopro de suas narinas, o fundo do mar apareceu, e os alicerces da terra ficaram expostos. “Dos céus estendeu a mão e me resgatou; tirou-me de águas profundas. Livrou-me de inimigos poderosos, dos que me odiavam e eram fortes demais para mim. Quando eu estava angustiado, eles me atacaram, mas o S enhor me sustentou. Ele me levou a um lugar seguro, e me livrou porque se agrada de mim. O S enhor me recompensou por minha justiça; por causa de minha inocência, me restaurou. Pois guardei os caminhos do S enhor, não me afastei de Deus para seguir o mal. Cumpri todos os seus estatutos e nunca abandonei seus decretos. Sou inculpável diante de Deus; do pecado me guardei. O S enhor me recompensou por minha justiça; ele viu minha inocência. “Aos fiéis te mostras fiel, e, aos íntegros, mostras integridade. Aos puros te mostras puro, mas, aos perversos, te mostras astuto. Livras os humildes, mas teus olhos observam os orgulhosos, e tu os humilhas. Ó S enhor, tu és minha lâmpada! O S enhor ilumina minha escuridão. Com tua força, posso atacar qualquer exército; com meu Deus, posso saltar qualquer muralha. “O caminho de Deus é perfeito: as promessas do S enhor sempre se cumprem; ele é escudo para todos que nele se refugiam. Pois quem é Deus, senão o S enhor? Quem é rocha firme, senão o nosso Deus? Deus é minha fortaleza inabalável e remove os obstáculos de meu caminho. Torna meus pés ágeis como os da corça e me sustenta quando ando pelos montes. Treina minhas mãos para a batalha e fortalece meus braços para vergar o arco de bronze. Tu me deste teu escudo de vitória; teu socorro me engrandece. Abriste um caminho largo para meus pés, de modo que não vacilem. “Persegui meus inimigos e os destruí; não retornei enquanto não foram derrotados. Acabei com eles e os feri até que não pudessem se levantar; caíram diante de meus pés. Tu me armaste fortemente para a batalha, ajoelhaste meus inimigos diante de mim. Puseste o pescoço deles sob meus pés; destruí todos que me odiavam. Procuraram ajuda, mas ninguém os socorreu; clamaram ao S enhor, mas ele não respondeu. Eu os moí tão fino como o pó da terra; eu os esmaguei e os pisoteei como a lama das ruas. “Tu me livraste de meus acusadores e me preservaste como governante de nações; povos que eu não conhecia agora me servem. Nações estrangeiras se encolhem diante de mim; rendem-se assim que ouvem sobre os meus feitos. Todos eles perdem a coragem e, tremendo, saem de suas fortalezas. “O S enhor vive! Louvada seja minha Rocha! Exaltado seja Deus, a Rocha da minha salvação! Ele é o Deus que se vinga dos que me fazem o mal; sujeita as nações ao meu poder e me livra de meus adversários. Tu me manténs em segurança, fora do alcance de meus inimigos; de homens violentos me livras. Por isso, ó S enhor, te louvarei entre as nações; sim, cantarei louvores ao teu nome. Concedes grandes vitórias a teu rei e mostras amor por teu ungido, por Davi e todos os seus descendentes, para sempre!”. Estas são as últimas palavras de Davi: “Isto é o que diz Davi, filho de Jessé; Davi, que foi tão exaltado, Davi, o homem ungido pelo Deus de Jacó, Davi, o amável salmista de Israel. “O Espírito do S enhor fala por meu intermédio; suas palavras estão em minha língua. O Deus de Israel falou, a Rocha de Israel me disse: ‘Aquele que governa com justiça, que governa no temor de Deus, é como a luz da manhã ao nascer do sol, como a manhã sem nuvens, como o brilho do sol que faz crescer a grama nova depois da chuva’. “Acaso não foi minha família que Deus escolheu? Sim, ele fez comigo uma aliança sem fim, bem definida e garantida nos mínimos detalhes; ele me dará segurança e êxito. Os perversos, porém, são como espinhos lançados fora, pois ferem a mão de quem os toca. É preciso usar ferramentas de ferro para cortá-los; serão inteiramente consumidos pelo fogo”. Estes são os nomes dos guerreiros mais valentes de Davi. O primeiro era Jabesão, o hacmonita, líder dos Três, isto é, dos três guerreiros mais valentes dentre os soldados de Davi. Certa ocasião, usou sua lança para matar oitocentos soldados inimigos numa só batalha. O segundo era Eleazar, filho de Dodô, descendente de Aoí. Ele era um dos três guerreiros que estavam com Davi quando enfrentaram os filisteus depois que todo o exército israelita havia recuado. Eleazar matou filisteus até que sua mão ficou cansada demais para levantar a espada, e o S enhor lhe deu grande vitória naquele dia. Quando o exército voltou, os soldados só tiveram de recolher os despojos. Depois dele vinha Samá, filho de Agé, de Harar. Certa ocasião, os filisteus se reuniram em Leí e atacaram os israelitas numa plantação de lentilhas. O exército israelita fugiu, mas Samá permaneceu em sua posição no meio do campo e derrotou os filisteus. Desse modo, o S enhor lhe deu grande vitória. Durante a colheita, quando Davi estava na caverna de Adulão, o exército filisteu acampou no vale de Refaim. Os Três — que faziam parte dos Trinta, um grupo de elite entre os valentes de Davi — desceram para encontrá-lo em Adulão. Nessa ocasião, Davi estava na fortaleza, e um destacamento filisteu havia ocupado a cidade de Belém. Davi comentou: “Ah, como seria bom beber a água pura do poço que fica junto ao portão de Belém!”. Então os Três atravessaram as fileiras dos filisteus, tiraram água do poço e a trouxeram a Davi. Ele, porém, se recusou a bebê-la. Em vez disso, derramou-a no chão como oferta ao S enhor. “Que o S enhor não permita que eu beba desta água!”, exclamou. “Ela é tão preciosa quanto o sangue destes homens que arriscaram a vida para trazê-la.” E Davi não a bebeu. Esses são exemplos dos feitos desses três guerreiros. Abisai, filho de Zeruia, irmão de Joabe, era líder dos Trinta. Certa ocasião, usou sua lança para matar trezentos soldados inimigos numa só batalha. Foi por causa de feitos como esse que ele se tornou tão famoso quanto os Três. Abisai era o mais conhecido dos Trinta e era seu comandante, embora não fosse um dos Três. Também havia Benaia, filho de Joiada, soldado valente de Cabzeel. Realizou muitos feitos heroicos, como matar dois grandes guerreiros de Moabe. Em outra ocasião, num dia de neve, perseguiu um leão até uma cova e o matou. Uma vez, com apenas um cajado, matou um imponente guerreiro egípcio armado com uma lança. Benaia arrancou a lança da mão do egípcio e com ela o matou. Feitos como esses tornaram Benaia tão famoso quanto os três guerreiros mais valentes. Foi mais honrado que qualquer outro membro dos Trinta, embora não fosse um dos Três. Davi o nomeou comandante de sua guarda pessoal. Entre os Trinta estavam: Asael, irmão de Joabe; Elanã, filho de Dodô, de Belém; Samá, de Harode; Elica, de Harode; Helez, de Pelom; Ira, filho de Iques, de Tecoa; Abiezer, de Anatote; Sibecai, de Husate; Zalmom, de Aoí; Maarai, de Netofate; Helede, filho de Baaná, de Netofate; Itai, filho de Ribai, de Gibeá, na terra de Benjamim; Benaia, de Piratom; Hurai, de Naal-Gaás; Abi-Albom, de Arbate; Azmavete, de Baurim; Eliaba, de Saalbom; os filhos de Jasém; Jônatas, filho de Sage, de Harar; Aião, filho de Sarar, de Harar; Elifelete, filho de Aasbai, de Maaca; Eliã, filho de Aitofel, de Gilo; Hezro, do Carmelo; Paarai, de Arba; Igal, filho de Natã, de Zobá; Bani, de Gade; Zeleque, de Amom; Naarai, de Beerote, escudeiro de Joabe, filho de Zeruia; Ira, de Jatir; Garebe, de Jatir; Urias, o hitita. Ao todo, eram 37. Mais uma vez, a ira do S enhor ardeu contra Israel e incitou Davi contra eles. “Vá e conte o povo de Israel e de Judá”, disse-lhe o S enhor. Então o rei disse a Joabe, comandante de seu exército: “Faça uma contagem de todas as tribos de Israel, desde Dã, ao norte, até Berseba, ao sul, para que eu saiba o número exato do povo”. Joabe, porém, respondeu ao rei: “Que o S enhor, seu Deus, dê ao rei vida longa para ver a população cem vezes mais numerosa do que é hoje! Mas por que meu senhor, o rei, deseja fazer essa contagem?”. Apesar da objeção de Joabe, o rei insistiu que fizessem o censo. Então Joabe e os comandantes do exército saíram para contar o povo de Israel. Primeiro atravessaram o Jordão e acamparam em Aroer, ao sul da cidade, no meio do vale de Gade. Em seguida, foram a Jazer, depois, a Gileade, na terra de Tatim-Hodsi e a Dã-Jaã, e deram a volta para Sidom. Então chegaram à fortaleza de Tiro, e a todas as cidades dos heveus e dos cananeus. Por fim, dirigiram-se ao sul de Judá, até Berseba. Tendo percorrido toda a terra em nove meses e vinte dias, voltaram para Jerusalém. Joabe informou ao rei o total da contagem. Havia em Israel oitocentos mil homens aptos para irem à guerra que sabiam manejar a espada e, em Judá, havia quinhentos mil. Depois que Davi fez o censo, sua consciência começou a incomodá-lo. Ele disse ao S enhor: “Pequei grandemente ao fazer essa contagem. Perdoe meu pecado, ó S enhor, pois cometi uma insensatez”. Na manhã seguinte, a palavra do S enhor veio ao profeta Gade, vidente de Davi. Esta foi a mensagem: “Vá e diga a Davi que assim diz o S enhor: ‘Darei a você três opções. Escolha um destes castigos, e eu o aplicarei a você’”. Gade foi a Davi e lhe perguntou: “Qual destas opções você escolhe: três anos de fome por toda a terra, três meses fugindo de seus inimigos, ou três dias de praga intensa por toda a terra? Pense bem e decida o que devo responder àquele que me enviou”. “Não tenho para onde correr nesta situação!”, respondeu Davi a Gade. “Mas é melhor cair nas mãos do S enhor, pois sua misericórdia é grande. Que eu não caia nas mãos de homens.” Então, naquela manhã, o S enhor enviou sobre Israel uma praga que durou o tempo determinado. Morreram setenta mil pessoas em todo o Israel, desde Dã, ao norte, até Berseba, ao sul. Mas, quando o anjo estava pronto para destruir Jerusalém, o S enhor teve compaixão e disse ao anjo da morte: “Pare! Já basta!”. Naquele momento, o anjo do S enhor estava perto da eira de Araúna, o jebuseu. Quando Davi viu o anjo, disse ao S enhor: “Fui eu que pequei e fiz o que era mau! O povo é inocente. O que fizeram? Que tua ira caia sobre mim e minha família”. Naquele dia, Gade foi a Davi e disse: “Vá e construa um altar para o S enhor na eira de Araúna, o jebuseu”. Então Davi subiu até lá para cumprir a ordem do S enhor. Quando Araúna viu o rei e seus servos se aproximando, saiu e curvou-se diante do rei com o rosto no chão. “Por que meu senhor, o rei, veio aqui?”, perguntou Araúna. Davi respondeu: “Vim comprar sua eira e construir nela um altar para o S enhor, a fim de que ele faça cessar a praga”. “Pode ficar com a eira, meu senhor, o rei”, disse Araúna. “Use-a como lhe parecer melhor. Aqui estão os bois para o holocausto, e o senhor pode usar as tábuas de trilhar e as cangas dos bois como lenha para o fogo do altar. Eu lhe darei tudo, ó rei. E que o S enhor, seu Deus, aceite seu sacrifício.” O rei, porém, respondeu a Araúna: “Não! Faço questão de pagar por tudo. Não apresentarei ao S enhor, meu Deus, holocaustos que nada me custaram”. Então Davi pagou cinquenta peças de prata pela eira e pelos bois. Davi construiu ali um altar ao S enhor e ofereceu holocaustos e ofertas de paz. O S enhor respondeu à sua oração em favor da terra, e a praga sobre Israel cessou. O rei Davi já estava muito idoso e, por mais cobertores que pusessem sobre ele, não se aquecia. Então seus conselheiros lhe disseram: “Vamos procurar uma jovem virgem para servi-lo e cuidar do senhor, o rei. Ela se deitará em seus braços e o manterá aquecido”. Então procuraram em toda a terra de Israel uma jovem bonita e encontraram Abisague, de Suném, e a levaram ao rei. A jovem, muito bela, passou a cuidar do rei e a servi-lo. O rei, porém, não teve relações sexuais com ela. Por essa época, Adonias, filho de Davi e Hagite, começou a se gabar: “Eu assumirei o trono”. Providenciou carruagens e cavaleiros, e também cinquenta homens que serviam como sua guarda de honra. Seu pai nunca o havia disciplinado, nem sequer lhe perguntava: “Por que está fazendo isso?”. Adonias havia nascido depois de Absalão e também era muito bonito. Adonias buscou conselho com Joabe, filho de Zeruia, e com o sacerdote Abiatar, e eles o apoiaram em seu plano. Mas o sacerdote Zadoque, Benaia, filho de Joiada, o profeta Natã, Simei, Reí e a guarda pessoal de Davi se recusaram a apoiar Adonias. Adonias foi à pedra de Zoelete, perto de En-Rogel, onde ofereceu sacrifícios de ovelhas, bois e novilhos gordos. Convidou todos os seus irmãos, os outros filhos do rei Davi, e todos os homens de Judá, oficiais do rei. Mas não convidou o profeta Natã, nem Benaia, nem a guarda pessoal do rei, nem seu irmão Salomão. Então Natã foi falar com Bate-Seba, mãe de Salomão, e lhe perguntou: “Você está sabendo que Adonias, filho de Hagite, se proclamou rei, e nosso senhor Davi nem sabe? Se deseja salvar a sua vida e a de seu filho Salomão, siga meu conselho. Vá depressa ao rei Davi e diga-lhe: ‘Meu senhor, o rei, não jurou a mim que meu filho Salomão certamente seria o próximo rei e se sentaria em seu trono? Então por que Adonias se proclamou rei?’. E, enquanto você ainda estiver falando com ele, eu virei e confirmarei tudo que disse”. O rei Davi, já bastante idoso, estava em seu quarto, onde Abisague cuidava dele. Bate-Seba foi até lá e curvou-se diante do rei. “O que você quer?”, perguntou ele. Ela respondeu: “Meu senhor jurou diante do S enhor, seu Deus, que Salomão, o filho de sua serva, certamente seria o próximo rei e se sentaria em seu trono. Mas, agora, Adonias se proclamou rei, e meu senhor, o rei, nem sabe. Ele ofereceu muitos sacrifícios de bois, novilhos gordos e ovelhas, e convidou todos os filhos do rei para a celebração. Também convidou o sacerdote Abiatar e Joabe, o comandante do exército. Mas não convidou seu servo Salomão. Agora, ó meu senhor, o rei, todo o Israel espera que o senhor anuncie quem o sucederá no trono. Se o senhor não tomar uma providência, meu filho Salomão e eu seremos tratados como criminosos quando meu senhor, o rei, morrer”. Enquanto ela ainda falava com o rei, chegou o profeta Natã. Os servos do rei lhe disseram: “O profeta Natã deseja vê-lo”. Natã entrou, curvou-se com o rosto no chão diante do rei e perguntou: “Meu senhor, o rei, decidiu que Adonias será o próximo rei e se sentará em seu trono? Hoje ele ofereceu muitos sacrifícios de bois, novilhos gordos e ovelhas, e convidou todos os filhos do rei para a celebração. Também convidou os comandantes do exército e o sacerdote Abiatar. Estão comendo e bebendo com ele e gritando: ‘Viva o rei Adonias!’. Mas ele não convidou a mim, seu servo, nem ao sacerdote Zadoque, nem a Benaia, filho de Joiada, nem a seu servo Salomão. Meu senhor, o rei, fez isso sem informar nenhum de seus conselheiros quem será o próximo rei?”. O rei Davi respondeu: “Chamem Bate-Seba!”. Então ela voltou e ficou em pé diante dele. O rei repetiu seu juramento: “Tão certo como vive o S enhor, que me livrou de todos os perigos, seu filho Salomão será o próximo rei e se sentará em meu trono hoje mesmo, como jurei a você diante do S enhor, o Deus de Israel!”. Então Bate-Seba se curvou diante do rei com o rosto no chão e exclamou: “Que o rei Davi, meu senhor, viva para sempre!”. O rei Davi ordenou: “Chamem o sacerdote Zadoque, o profeta Natã e Benaia, filho de Joiada”. Quando eles chegaram à presença do rei, ele lhes disse: “Levem Salomão e meus conselheiros à fonte de Giom. Salomão deve ir montado em minha mula. Ali o sacerdote Zadoque e o profeta Natã o ungirão rei sobre Israel. Toquem a trombeta e gritem: ‘Viva o rei Salomão!’. Em seguida, acompanhem Salomão de volta para cá, e ele se sentará em meu trono. Será meu sucessor, pois eu decretei que ele reinará sobre Israel e Judá”. “Amém!”, respondeu Benaia, filho de Joiada. “Que o S enhor, o Deus de meu senhor, o rei, confirme suas palavras. E que o S enhor esteja com Salomão como esteve com meu senhor, o rei, e que torne o reinado de Salomão ainda maior que o seu!” Então o sacerdote Zadoque, o profeta Natã, Benaia, filho de Joiada, e a guarda pessoal do rei levaram Salomão à fonte de Giom, e Salomão foi montado na mula que pertencia ao rei Davi. Ali o sacerdote Zadoque pegou uma vasilha de óleo da tenda sagrada e ungiu Salomão. Em seguida, tocaram a trombeta, e todo o povo gritou: “Viva o rei Salomão!”. E todos acompanharam Salomão, tocando flautas e soltando gritos de alegria. A celebração era tão animada e barulhenta que fazia o chão tremer. Adonias e seus convidados ouviram a celebração bem na hora em que terminavam o banquete. Quando Joabe ouviu o som da trombeta, perguntou: “O que está acontecendo? Por que a cidade está nesse alvoroço?”. Enquanto ele ainda falava, chegou Jônatas, filho do sacerdote Abiatar. “Entre”, disse-lhe Adonias. “Você é um homem de bem. Com certeza traz boas notícias.” “Pelo contrário!”, respondeu Jônatas. “O rei Davi, nosso senhor, proclamou Salomão o novo rei! Enviou-o à fonte de Giom acompanhado do sacerdote Zadoque, do profeta Natã e de Benaia, filho de Joiada, sob a proteção da guarda pessoal do rei. Salomão ia montado na mula que pertence ao rei, e Zadoque e Natã o ungiram rei na fonte de Giom. Acabam de voltar, e a cidade inteira está festejando com grande alegria. Esse é o motivo de todo esse alvoroço. Além disso, agora mesmo Salomão está sentado no trono real, e todos os oficiais do rei foram cumprimentar Davi e lhe disseram: ‘Que o seu Deus torne a fama de Salomão ainda maior que a sua, e que o reinado de Salomão seja ainda maior que o seu!’. E, deitado na cama, o rei curvou-se em adoração e disse: ‘Louvado seja o S enhor, o Deus de Israel, que hoje escolheu um sucessor para sentar-se em meu trono enquanto ainda estou vivo para ver isso acontecer’.” Então, em pânico, os convidados de Adonias se levantaram da mesa do banquete e se dispersaram. Adonias, com medo de Salomão, correu para a tenda sagrada e se agarrou às pontas do altar. Salomão soube que Adonias, por medo, estava agarrado às pontas do altar e dizia: “Que o rei Salomão jure hoje que não matará a mim, seu servo!”. Salomão respondeu: “Se ele for leal, não se tocará num só fio de cabelo de sua cabeça. Mas, se ele demonstrar más intenções, morrerá”. Então o rei Salomão mandou chamar Adonias, e eles o retiraram de junto do altar. Ele veio e se curvou diante do rei Salomão, que lhe disse: “Vá para casa”. Quando se aproximava o momento de sua morte, Davi deu as seguintes instruções a seu filho Salomão: “Vou para onde todos na terra irão algum dia. Seja corajoso e seja homem. Obedeça às ordens do S enhor, seu Deus, e siga os caminhos dele. Guarde os decretos, mandamentos, estatutos e preceitos escritos na lei de Moisés, para que seja bem-sucedido em tudo que fizer e por onde quer que for. Desse modo, o S enhor manterá a promessa que me fez: ‘Se seus descendentes viverem como devem e me seguirem fielmente de todo o coração e de toda a alma, sempre haverá um deles no trono de Israel’. “Além disso, você sabe o mal que Joabe, filho de Zeruia, me fez quando assassinou os dois comandantes do exército de Israel, Abner, filho de Ner, e Amasa, filho de Jéter. Ele os matou como se fossem inimigos de guerra, mas era tempo de paz. Assim, manchou seu cinto e sua sandália com sangue inocente. Faça com ele o que lhe parecer melhor, mas não deixe que envelheça e desça à sepultura em paz. “Seja bondoso com os filhos de Barzilai, de Gileade. Faça deles convidados permanentes à sua mesa, pois cuidaram de mim quando eu fugia de seu irmão Absalão. “E lembre-se de Simei, filho de Gera, de Baurim, da tribo de Benjamim. Ele lançou contra mim uma terrível maldição quando fui a Maanaim. Quando ele desceu ao meu encontro no rio Jordão, jurei pelo S enhor que não o mataria. Contudo, esse juramento não o torna inocente. Você é um homem sábio e saberá providenciar para ele uma morte sangrenta em sua velhice”. Então Davi morreu e foi sepultado na Cidade de Davi com seus antepassados. Reinou por quarenta anos sobre Israel: sete em Hebrom e 33 em Jerusalém. Salomão se sentou no trono de seu pai, Davi, e seu reinado foi firmemente estabelecido. Certo dia, Adonias, filho de Hagite, foi falar com Bate-Seba, mãe de Salomão. Ela lhe perguntou: “Você vem em paz?”. “Sim, venho em paz”, disse ele. “Na verdade, tenho um favor a lhe pedir.” “O que é?”, perguntou ela. Ele respondeu: “Como você sabe, o reino era meu por direito; todo o Israel esperava que eu fosse o próximo rei. Mas a situação mudou e o reino foi para meu irmão, pois o S enhor quis assim. Agora, tenho apenas uma coisa a lhe pedir. Por favor, não deixe de me atender”. “O que você quer?”, perguntou ela. Ele disse: “Fale em meu favor ao rei Salomão, pois sei que ele a atenderá. Peça que ele permita que eu me case com Abisague, a jovem de Suném”. “Está bem”, respondeu Bate-Seba. “Vou falar com o rei por você.” Então Bate-Seba foi até o rei Salomão para falar com ele sobre o pedido de Adonias. O rei se levantou do trono para recebê-la e se curvou diante dela. Depois que o rei voltou a sentar-se, ordenou que trouxessem um trono para sua mãe, e ela se sentou à sua direita. “Tenho um pequeno pedido a lhe fazer”, disse ela. “Espero que não deixe de me atender.” “O que é, minha mãe?”, perguntou ele. “Eu não recusaria um pedido seu.” Ela respondeu: “Permita que seu irmão Adonias se case com Abisague, a jovem de Suném”. “Como pode me pedir que entregue Abisague a Adonias?”, disse o rei Salomão. “Peça de uma vez que eu dê o reino para ele! Sabe bem que ele é meu irmão mais velho e que conta com o apoio do sacerdote Abiatar e de Joabe, filho de Zeruia.” Então o rei Salomão fez um juramento diante do S enhor: “Que Deus me castigue severamente se Adonias não tiver selado seu destino com esse pedido. O S enhor me confirmou e me colocou no trono de meu pai, Davi, e estabeleceu minha dinastia como prometeu. Portanto, tão certo como vive o S enhor, Adonias morrerá ainda hoje!”. E o rei Salomão ordenou a Benaia, filho de Joiada, que atacasse Adonias, e ele foi morto. Depois, o rei disse ao sacerdote Abiatar: “Volte para sua casa em Anatote. Você merece morrer, mas não o matarei hoje, pois você carregou a arca do S enhor Soberano para meu pai, Davi, e o acompanhou em todas as dificuldades dele”. Então Salomão depôs Abiatar de seu cargo de sacerdote do S enhor e, desse modo, cumpriu a profecia do S enhor em Siló a respeito dos descendentes de Eli. Essas notícias chegaram até Joabe. Embora não houvesse apoiado a revolta de Absalão, ele tinha dado seu apoio a Adonias. Por isso, fugiu para a tenda sagrada do S enhor e se agarrou às pontas do altar. Salomão soube disso e enviou Benaia, filho de Joiada, para executá-lo. Benaia foi à tenda sagrada do S enhor e disse a Joabe: “O rei ordena que você saia!”. “Não”, respondeu Joabe. “Vou morrer aqui.” Então Benaia voltou ao rei e lhe contou o que Joabe tinha dito. “Faça o que ele diz”, respondeu o rei. “Mate-o ali, junto ao altar, e sepulte-o. Assim, removerá de mim e da família de meu pai a culpa pelos crimes injustificados que Joabe cometeu. O S enhor o punirá por sua culpa no assassinato de dois homens mais justos e melhores que ele. Sem que meu pai soubesse, Joabe matou Abner, filho de Ner, comandante do exército de Israel, e Amasa, filho de Jéter, comandante do exército de Judá. Que o sangue deles recaia sobre Joabe e seus descendentes para sempre, e que o S enhor conceda paz a Davi, seus descendentes, sua dinastia e seu trono para sempre!” Benaia, filho de Joiada, voltou à tenda sagrada e matou Joabe, que foi sepultado em sua casa no deserto. Então o rei nomeou Benaia, filho de Joiada, comandante do exército em lugar de Joabe, e o sacerdote Zadoque em lugar de Abiatar. Depois, o rei mandou chamar Simei e lhe disse: “Construa uma casa em Jerusalém e more aqui. Não dê um passo fora da cidade para ir a qualquer outro lugar. No dia em que sair e atravessar o vale de Cedrom, certamente morrerá e será responsável por sua própria morte”. Simei respondeu: “Sua sentença é justa; farei o que meu senhor, o rei, ordena”. E Simei morou em Jerusalém durante muito tempo. Três anos mais tarde, porém, dois escravos de Simei fugiram para a casa de Aquis, filho de Maaca, rei de Gate. Quando alguém disse a Simei onde eles estavam, ele selou um jumento e foi até Gate procurá-los. Ao encontrá-los, levou-os de volta a Jerusalém. Salomão soube que Simei tinha saído de Jerusalém, ido a Gate e voltado. O rei mandou chamá-lo e perguntou: “Não o fiz jurar pelo S enhor e não o adverti de que não fosse a lugar algum, pois do contrário certamente morreria? E você respondeu: ‘Sua sentença é justa; farei o que ordena’. Então por que não manteve o juramento ao S enhor e não obedeceu à minha ordem?”. O rei também disse a Simei: “Certamente você se lembra de todas as maldades que fez a meu pai, Davi. Que o S enhor faça esse mal recair sobre sua cabeça. Mas que eu, o rei Salomão, receba as bênçãos do S enhor e que sempre haja um descendente de Davi neste trono na presença do S enhor ”. Então, por ordem do rei, Benaia, filho de Joiada, levou Simei para fora e o matou. Assim, o reino de Salomão foi firmemente estabelecido. Salomão fez um acordo com o faraó, rei do Egito, e se casou com uma das filhas dele. Trouxe-a para morar na Cidade de Davi até terminar a construção do palácio real, do templo do S enhor e do muro ao redor de Jerusalém. Nessa época, o povo de Israel oferecia sacrifícios nos altares das colinas de suas regiões, pois ainda não havia sido construído um templo em honra ao nome do S enhor. Salomão amava o S enhor, seguindo os decretos de seu pai, Davi, exceto pelo fato de oferecer sacrifícios e queimar incenso nos altares das colinas. O lugar de adoração mais importante ficava em Gibeom, por isso o rei Salomão foi para lá e ofereceu mil holocaustos. Naquela noite, o S enhor apareceu a Salomão num sonho e lhe disse: “Peça o que quiser, e eu lhe darei”. Salomão respondeu: “Tu mostraste grande amor leal ao teu servo, meu pai, Davi, pois ele foi fiel, justo e verdadeiro diante de ti. Agora, continuaste a mostrar teu grande amor leal dando-lhe um filho para sentar-se em seu trono. “Agora, ó S enhor, meu Deus, tu me fizeste reinar em lugar de meu pai, Davi, mas sou como uma criança pequena que não sabe o que fazer. Aqui estou, no meio do teu povo escolhido, uma nação tão grande e numerosa que nem se pode contar! Dá a teu servo um coração compreensivo, para que eu possa governar bem o teu povo e saber a diferença entre o certo e o errado. Pois quem é capaz de governar sozinho este teu grande povo?”. O Senhor se agradou do pedido de Salomão. Por isso, Deus respondeu: “Uma vez que você pediu sabedoria para governar meu povo com justiça, e não vida longa, nem riqueza, nem a morte de seus inimigos, atenderei a seu pedido. Eu lhe darei um coração sábio e compassivo, como ninguém teve nem jamais terá. Também lhe darei o que não pediu: riquezas e fama. Nenhum outro rei em todo o mundo se comparará a você pelo resto de sua vida. E, se você me seguir e obedecer a meus decretos e mandamentos, como fez seu pai, Davi, eu lhe darei vida longa”. Então Salomão acordou e percebeu que tinha sido um sonho. Voltou a Jerusalém e se colocou diante da arca da aliança do S enhor, onde apresentou holocaustos e ofertas de paz. Depois, ofereceu um grande banquete a todos os seus oficiais. Algum tempo depois, duas prostitutas compareceram diante do rei para resolver uma questão. Disse uma delas: “Por favor, meu senhor, esta mulher e eu moramos na mesma casa. Eu dei à luz um filho quando ela estava comigo na casa. Três dias depois, esta mulher também deu à luz um filho. Estávamos só nós duas na casa; não havia mais ninguém ali. “O bebê dela morreu durante a noite, porque ela rolou sobre ele enquanto dormia. Então ela se levantou de noite, tirou meu filho do meu lado enquanto eu dormia e o pôs para dormir ao lado dela. Depois, colocou o filho dela, que estava morto, em meus braços. De manhã, bem cedo, quando fui amamentar meu filho, ele estava morto! Quando o observei mais de perto, na claridade do dia, vi que não era meu”. “Não!”, interrompeu a outra mulher. “O filho morto era seu, e o vivo é meu!” “Não!”, disse a primeira mulher. “O filho vivo é meu, e o morto era seu!” E assim elas discutiram diante do rei. Então o rei disse: “Vamos esclarecer as coisas. As duas afirmam que o filho vivo é seu, e cada uma diz que o morto é da outra. Pois bem, tragam-me uma espada”. E trouxeram uma espada para o rei. Ele disse: “Cortem a criança viva ao meio e deem metade a uma mulher e metade à outra!”. Então, por causa de seu amor pelo menino, a verdadeira mãe gritou: “Não, meu senhor! Dê o menino a ela. Por favor, não o mate!”. A outra mulher, porém, disse: “Muito bem, ele não será nem meu nem seu. Dividam a criança ao meio!”. Então o rei disse: “Não matem o bebê. Deem o menino à mulher que deseja que ele viva, pois ela é a mãe”. Quando todo o Israel soube da decisão do rei, teve grande respeito por ele, pois viu a sabedoria que Deus lhe tinha dado para fazer justiça. O rei Salomão governou sobre todo o Israel, e estes foram seus oficiais mais importantes: Azarias, filho de Zadoque, era o sacerdote. Eliorefe e Aías, filhos de Sisa, eram os secretários da corte. Josafá, filho de Ailude, era o historiador do reino. Benaia, filho de Joiada, era o comandante do exército. Zadoque e Abiatar eram os sacerdotes. Azarias, filho de Natã, era supervisor dos governadores distritais. Zabude, filho de Natã, era sacerdote e conselheiro pessoal do rei. Aisar era administrador do palácio. Adonirão, filho de Abda, era encarregado dos trabalhos forçados. Salomão tinha também em todo o Israel doze governadores distritais responsáveis por fornecer alimento para a casa do rei. Cada um deles fornecia provisões durante um mês do ano. Estes são os nomes dos doze governadores: Ben-Hur, da região montanhosa de Efraim. Ben-Dequer, em Macaz, Saalbim, Bete-Semes e Elom-Bete-Hanã. Ben-Hesede, em Arubote, Socó e toda a região de Héfer. Ben-Abinadabe, em toda a Nafote-Dor. (Ele era casado com Tafate, uma das filhas de Salomão.) Baaná, filho de Ailude, em Taanaque e em Megido, e em toda a Bete-Sã, próxima de Zaretã, abaixo de Jezreel, e todo o território desde Bete-Sã até Abel-Meolá e para além de Jocmeão. Ben-Geber, em Ramote-Gileade, incluindo as Cidades de Jair (assim chamadas por causa de Jair, da tribo de Manassés ), em Gileade, e na região de Argobe, em Basã, incluindo sessenta grandes cidades fortificadas com trancas de bronze nos portões. Ainadabe, filho de Ido, em Maanaim. Aimaás, em Naftali. (Ele era casado com Basemate, outra filha de Salomão.) Baaná, filho de Husai, em Aser e em Bealote. Josafá, filho de Parua, em Issacar. Simei, filho de Elá, em Benjamim. Geber, filho de Uri, na terra de Gileade, incluindo os territórios de Seom, rei dos amorreus, e de Ogue, rei de Basã. Ele era o único governador dessa região. O povo de Judá e Israel era tão numeroso quanto a areia na beira do mar. Todos estavam muito contentes, e tinham comida e bebida com fartura. Salomão governava sobre todos os reinos, desde o rio Eufrates, ao norte, até a terra dos filisteus e a fronteira do Egito, ao sul. Os povos conquistados enviavam tributos a Salomão e continuaram a servi-lo durante toda a vida. Para a provisão diária do palácio de Salomão, eram necessários trinta cestos grandes de farinha da melhor qualidade, sessenta cestos grandes de farinha comum, dez bois dos currais de engorda, vinte bois do pasto, cem ovelhas, e também veados, gazelas, corças e aves seletas. Salomão dominava sobre todos os reinos a oeste do rio Eufrates, desde Tifsa até Gaza, e havia paz em todas as fronteiras. Durante a vida de Salomão, Judá e Israel viveram em paz e segurança. E, desde Dã, ao norte, até Berseba, ao sul, cada família possuía sua própria videira e sua própria figueira. Salomão possuía quatro mil estábulos para os cavalos de seus carros de guerra e doze mil cavalos. Os governadores distritais forneciam, com regularidade, o alimento para o rei Salomão e sua corte: cada um providenciava para que nada faltasse no mês que lhe havia sido designado. Também providenciavam a cevada e a palha necessárias para os cavalos de guerra e os cavalos de carga nos estábulos do rei. Deus concedeu a Salomão grande sabedoria e entendimento, e conhecimento tão vasto quanto a areia na beira do mar. Sua sabedoria era maior que a de todos os sábios do Oriente e de todos os sábios do Egito. Ele era mais sábio que qualquer outra pessoa, incluindo Etã, o ezraíta, e Hemã, Calcol e Darda, filhos de Maol. Sua fama se espalhou por todas as nações vizinhas. Compôs 3.000 provérbios e escreveu 1.005 canções. Podia falar com entendimento sobre plantas de toda espécie, desde o grande cedro do Líbano até o pequeno hissopo que cresce nas fendas dos muros. Também tinha conhecimento de animais, aves, répteis e peixes. Reis de todas as nações enviavam seus representantes para ouvirem a sabedoria de Salomão. Hirão, rei de Tiro, sempre havia sido um fiel aliado de Davi. Quando soube que Salomão, filho de Davi, tinha sido ungido como o novo rei de Israel, Hirão mandou representantes para cumprimentá-lo. Salomão enviou esta mensagem a Hirão: “Você sabe que meu pai, Davi, não pôde construir um templo em honra ao nome do S enhor, seu Deus, por causa das muitas guerras que as nações vizinhas travaram contra ele. Não podia construir enquanto o S enhor não lhe desse vitória sobre todos os seus inimigos. Agora, porém, o S enhor, meu Deus, me deu paz em todas as fronteiras; não tenho inimigos, e tudo vai bem. Por isso, planejo construir um templo em honra ao nome do S enhor, meu Deus, exatamente como ele instruiu meu pai, Davi. Pois o S enhor lhe disse: ‘Seu filho, a quem eu colocarei em seu trono, construirá o templo em honra ao meu nome’. “Portanto, peço-lhe que ordene que cortem para mim cedros do Líbano. Meus servos trabalharão ao lado dos seus, e pagarei aos seus servos o salário que você pedir. Como bem sabe, ninguém aqui corta madeira como vocês, sidônios”. Hirão ficou muito contente quando recebeu a mensagem de Salomão e disse: “Louvado seja o S enhor neste dia, pois deu a Davi um filho sábio para ser rei dessa grande nação!”. Então enviou esta resposta a Salomão: “Recebi sua mensagem e fornecerei toda a madeira de cedro e de cipreste que precisar. Meus servos levarão as toras das montanhas do Líbano para o mar Mediterrâneo; ali, colocarão as toras em balsas e as farão flutuar ao longo da costa até o lugar que você escolher. Ao chegar, desembarcaremos as toras, e seus servos as levarão. O pagamento poderá ser feito com alimentos para o meu palácio”. Assim, Hirão forneceu toda a madeira de cedro e de cipreste que Salomão desejava. Em troca, Salomão lhe enviava um pagamento anual de vinte mil cestos grandes de trigo para o consumo de sua corte e vinte mil tonéis de azeite puro de oliva. O S enhor deu sabedoria a Salomão, como lhe havia prometido. E Hirão e Salomão fizeram um acordo de paz. Então Salomão convocou trinta mil trabalhadores de todo o Israel. Enviou-os ao Líbano em grupos de dez mil por mês, de modo que cada homem passava um mês no Líbano e dois meses em casa. Adonirão era encarregado desses trabalhadores. Salomão também tinha 70.000 carregadores, 80.000 cortadores de pedra na região montanhosa e 3.600 chefes que supervisionavam as obras. Por ordem do rei, eles extraíram grandes blocos de pedra de alta qualidade e os modelaram para o alicerce do templo. Homens da cidade de Gebal ajudaram os construtores de Salomão e Hirão a prepararem a madeira e as pedras para o templo. No mês de zive, o segundo mês, durante o quarto ano de seu reinado, Salomão começou a construir o templo do S enhor. Isso ocorreu 480 anos depois que o povo de Israel foi liberto da escravidão na terra do Egito. O templo que o rei Salomão construiu para o S enhor media 27 metros de comprimento, 9 metros de largura e 13,5 metros de altura. A sala de entrada na frente do templo media 9 metros de largura, a mesma largura do templo, e se projetava 4,5 metros à frente do templo. Salomão também fez janelas com grades e molduras por todo o templo. Junto às paredes externas do edifício, nas laterais e nos fundos, ele construiu um anexo com salas. Esse anexo tinha três andares; o andar de baixo media 2,25 metros de largura, o segundo andar media 2,7 metros de largura, e o terceiro, 3,15 metros de largura. As salas eram ligadas às paredes do templo por vigas apoiadas em saliências nas paredes, por isso as vigas não eram inseridas nas paredes em si. O acabamento das pedras usadas na construção do templo era feito na própria pedreira, de modo que não havia barulho algum de martelo, machado ou qualquer outra ferramenta de ferro no local da construção. A entrada para o andar de baixo ficava no lado sul do templo. Havia uma escada em caracol que subia para o segundo andar, e outro lance de escadas que ia do segundo para o terceiro andar. Uma vez concluída a estrutura do templo, Salomão colocou um forro de vigas e tábuas de cedro. Além disso, construiu um anexo com salas junto aos lados do edifício, ligado às paredes do templo por vigas de cedro. Cada andar do anexo media 2,25 metros de altura. Então esta mensagem do S enhor veio a Salomão: “Quanto a este templo que você está construindo, se seguir todos os meus decretos e estatutos e obedecer a todos os meus mandamentos, cumprirei a promessa que fiz a seu pai, Davi. Habitarei no meio dos israelitas e jamais abandonarei meu povo, Israel”. Assim, Salomão terminou a construção do templo. Todo o interior, desde o piso até o teto, foi revestido com madeira. Revestiu as paredes e o teto com tábuas de cedro e, para o piso, usou tábuas de cipreste. Na parte de trás do templo, separou um santuário interno, o lugar santíssimo. Esse santuário interno media 9 metros de profundidade e era revestido com cedro do piso ao teto. O salão principal do templo, fora do lugar santíssimo, media 18 metros de comprimento. Em todo o interior do templo, tábuas de cedro cobriam completamente as paredes de pedra, e as tábuas eram enfeitadas com entalhes de frutos e flores abertas. Ele preparou o santuário interno na parte de trás do templo, onde seria colocada a arca da aliança do S enhor. Esse santuário interno media 9 metros de comprimento, 9 metros de largura e 9 metros de altura. Revestiu com ouro puro o interior do santuário e também o altar de cedro. Depois, Salomão revestiu com ouro puro o interior do restante do templo e fez correntes de ouro para a entrada do lugar santíssimo. Assim, terminou de revestir com ouro o interior de todo o templo, incluindo o altar do lugar santíssimo. Fez dois querubins de madeira de oliveira, cada um medindo 4,5 metros de altura, e os colocou no santuário interno. As asas abertas de cada querubim mediam de uma ponta à outra 4,5 metros, e cada asa media 2,25 metros de comprimento. Os dois querubins tinham a mesma forma e o mesmo tamanho; cada um media 4,5 metros de altura. Ele os colocou lado a lado no santuário interno do templo. Suas asas abertas iam de uma parede à outra, enquanto as asas internas se tocavam no meio da sala. Revestiu os dois querubins com ouro. Enfeitou todas as paredes do santuário interno e do salão principal com entalhes de querubins, palmeiras e flores abertas. Revestiu o piso do santuário e do salão com ouro. Para a entrada do santuário interno, fez portas de duas folhas de madeira de oliveira e batentes de cinco lados. Essas portas de duas folhas eram enfeitadas com entalhes de querubins, palmeiras e flores abertas. As portas, incluindo os enfeites de querubins e palmeiras, foram revestidas com ouro. Depois, para a entrada do templo, fez batentes de quatro lados de madeira de oliveira. Fez também duas portas articuladas de cipreste, cada uma com dobradiças que permitiam dobrar uma folha sobre a outra. Essas portas eram enfeitadas com entalhes de querubins, palmeiras e flores abertas e eram completamente revestidas com ouro. As paredes do pátio interno foram construídas com uma camada de vigas de cedro entre cada três camadas de pedras cortadas. O alicerce do templo do S enhor foi lançado no mês de zive, durante o quarto ano do reinado de Salomão. A construção toda foi completada no oitavo mês, no mês de bul, durante o décimo primeiro ano de seu reinado. Portanto, a construção do templo levou sete anos. Salomão também construiu para si um palácio e levou treze anos para terminá-lo. Um dos edifícios que Salomão construiu se chamava Palácio da Floresta do Líbano. Media 45 metros de comprimento, 22,5 metros de largura e 13,5 metros de altura. Nele havia quatro fileiras de colunas de cedro, com grandes vigas de cedro assentadas sobre as colunas. O teto do salão era de cedro e ficava acima das vigas, que eram sustentadas por colunas. Havia 45 vigas, dispostas em três fileiras com 15 vigas em cada uma. Em cada lado do longo salão havia três fileiras de janelas, uma de frente para a outra. Todas as portas e suas vergas tinham batentes retangulares e eram dispostas de três em três, uma de frente para a outra. Salomão também construiu o Salão das Colunas, que media 22,5 metros de comprimento e 13,5 metros de largura. Tinha na frente uma varanda com colunas e uma cobertura acima delas. Salomão construiu ainda a sala do trono, conhecida como Salão do Julgamento, onde se sentava para ouvir as questões a serem julgadas. A sala era revestida de madeira de cedro desde o piso até o teto. A residência onde ele morava ficava em torno de um pátio atrás do Salão do Julgamento e era construída da mesma forma. Ele também construiu uma residência semelhante para a filha do faraó, com quem havia se casado. Todos esses edifícios foram construídos com grandes blocos de pedra de alta qualidade, cortados na medida exata de todos os lados, do alicerce até o beiral do telhado, desde o lado externo até o grande pátio. Algumas das grandes pedras do alicerce mediam 4,5 metros por 3,6 metros. Por cima dos alicerces foram colocados blocos de pedra de alta qualidade, cortados sob medida, e vigas de cedro. As paredes do grande pátio foram construídas com uma camada de vigas de cedro entre cada três camadas de pedras cortadas, como as paredes do pátio interno do templo do S enhor, com sua sala de entrada. O rei Salomão mandou que viesse de Tiro um homem chamado Hirão. Ele era israelita por parte de mãe, uma viúva da tribo de Naftali, e seu pai, originário de Tiro, havia sido artífice em bronze. Hirão era extremamente hábil e talentoso em qualquer obra em bronze e veio realizar todo o trabalho com metais para o rei Salomão. Hirão fundiu duas colunas de bronze, cada uma com 8,1 metros de altura e 5,4 metros de circunferência. Para o alto das colunas, fundiu capitéis de bronze, com 2,25 metros de altura cada um. Cada capitel era enfeitado com sete conjuntos de correntes entrelaçadas. Para enfeitar os capitéis no alto das colunas, fez duas fileiras de romãs ao redor desses conjuntos de correntes. Os capitéis no alto das colunas da sala de entrada tinham forma de lírios e mediam 1,8 metro de altura. Nos capitéis das duas colunas havia duzentas romãs dispostas em duas fileiras, perto da superfície arredondada e do conjunto de correntes entrelaçadas. Hirão colocou as colunas na entrada do templo, uma à direita e outra à esquerda. À que estava à direita deu o nome de Jaquim; e à outra, à esquerda, deu o nome de Boaz. Os capitéis no alto das colunas tinham a forma de lírios. E assim foi terminada a obra das colunas. Depois, Hirão fundiu um grande tanque redondo, que chamaram de Mar. O tanque media 4,5 metros de uma borda à outra, 2,25 metros de profundidade e 13,5 metros de circunferência. Logo abaixo da borda, tinha ao seu redor duas fileiras de frutos decorativos. Havia cerca de vinte frutos por metro em toda a circunferência, formando uma única peça de fundição com o tanque. O tanque ficava apoiado sobre doze touros, todos voltados para fora: três voltados para o norte, três para o oeste, três para o sul e três para o leste. As paredes do tanque tinham 8 centímetros de espessura, e sua borda se projetava para fora como uma taça, semelhante a um lírio. Tinha capacidade para cerca de 42 mil litros de água. Hirão também fez dez bases móveis de bronze para levar água. Cada uma media 1,8 metro de comprimento, 1,8 metro de largura e 1,35 metro de altura. Foram construídos com painéis laterais presos com travessões. Tanto os painéis como os travessões eram enfeitados com entalhes de leões, bois e querubins. Acima e abaixo dos leões e bois havia guirlandas decorativas. Cada uma das bases tinha quatro rodas de bronze e eixos de bronze. Nos cantos das bases, havia suportes para as pias de bronze; os suportes eram decorados, de cada lado, com entalhes de guirlandas. Na parte superior de cada base havia um encaixe redondo para a bacia. Projetava-se 45 centímetros acima da parte superior da base, como um pedestal redondo, e sua abertura tinha 67,5 centímetros de um lado ao outro; do lado de fora, era enfeitada com entalhes de guirlandas. Os painéis das bases eram quadrados, e não redondos. Sob os painéis ficavam as quatro rodas ligadas aos eixos que haviam sido fundidos como parte da base. As rodas tinham 67,5 centímetros de diâmetro e eram semelhantes a rodas de carros de guerra. Os eixos, raios, aros e cubos das rodas eram todos de bronze fundido. Em cada um dos quatro cantos da base havia alças, que também eram fundidas como parte da estrutura. Em volta da parte superior de cada base havia uma borda com 22,5 centímetros de largura. Os suportes nos cantos e os painéis laterais eram fundidos com a base, como se fossem uma só peça. Entalhes de querubins, leões e palmeiras enfeitavam os painéis e os suportes nos cantos em todos os espaços disponíveis, e havia guirlandas ao redor de tudo. As dez bases tinham todas o mesmo tamanho e foram feitas iguais, cada uma fundida no mesmo molde. Hirão também fez dez pias menores de bronze, uma para cada base móvel. Cada pia media 1,8 metro de diâmetro e tinha capacidade para cerca de 840 litros de água. Ele colocou cinco bases do lado sul do templo e cinco do lado norte. O grande tanque de bronze chamado Mar foi colocado perto do canto sudeste do templo. Também fez as bacias, pás e tigelas necessárias. Assim, Hirão terminou tudo que o rei Salomão havia ordenado que ele fizesse para o templo do S enhor: as duas colunas; os dois capitéis em forma de taça no alto das colunas; os dois conjuntos de correntes entrelaçadas que enfeitavam os capitéis; as quatrocentas romãs penduradas nas correntes nos capitéis (duas fileiras de romãs para cada conjunto de correntes que enfeitavam os capitéis no alto das colunas); as dez bases móveis para levar água com as dez pias; o Mar e os doze bois debaixo dele; os baldes das cinzas, as pás e as tigelas. Hirão fez todos esses objetos de bronze polido para o templo do S enhor, conforme as instruções do rei Salomão. O rei ordenou que fossem fundidos em moldes de barro no vale do Jordão, entre Sucote e Zaretã. Salomão não pesou todos esses objetos, porque eram muitos; o peso do bronze não pôde ser medido. Salomão também fez toda a mobília do templo do S enhor: o altar de ouro; a mesa de ouro para os pães da presença; os candelabros de ouro maciço, cinco do lado direito e cinco do lado esquerdo, em frente ao lugar santíssimo; os enfeites de flores, as lâmpadas e as tenazes, todos de ouro; os baldes pequenos, os cortadores de pavio, as tigelas, as colheres e os incensários, todos de ouro maciço; as dobradiças das portas de entrada para o lugar santíssimo e do salão principal do templo, revestidas com ouro. Assim, o rei Salomão concluiu toda a sua obra no templo do S enhor. Então trouxe todos os presentes que seu pai, Davi, havia consagrado — a prata, o ouro e os diversos objetos — e os guardou na tesouraria do templo do S enhor. Em seguida, Salomão mandou chamar a Jerusalém todas as autoridades de Israel e todos os líderes das tribos, os chefes das famílias israelitas. Eles levariam a arca da aliança do S enhor do lugar onde estava, na Cidade de Davi, também conhecida como Sião, para o templo. Todos os homens de Israel se reuniram diante do rei Salomão durante a Festa das Cabanas, celebrada no mês de etanim, o sétimo mês. Quando todos os líderes de Israel chegaram, os sacerdotes ergueram a arca. Os sacerdotes e os levitas levaram a arca do S enhor, junto com a tenda do encontro e todos os seus utensílios sagrados. Ali, diante da arca, o rei Salomão e toda a comunidade de Israel ofereceram tantos sacrifícios de ovelhas e bois que não puderam ser contados. Então os sacerdotes levaram a arca da aliança do S enhor para o santuário interno do templo, o lugar santíssimo, e a colocaram sob as asas dos querubins. Os querubins tinham as asas abertas sobre a arca, e elas cobriam a arca e as varas usadas para transportá-la. Essas varas eram tão compridas que suas pontas podiam ser vistas do lugar santo, diante do lugar santíssimo, mas não de fora; e estão ali até hoje. Na arca havia só as duas tábuas de pedra que Moisés tinha colocado dentro dela no monte Sinai, onde o S enhor fez uma aliança com os israelitas depois que eles saíram da terra do Egito. Quando os sacerdotes saíram do lugar santo, uma densa nuvem encheu o templo do S enhor. Com isso, os sacerdotes não puderam dar continuidade a seus serviços, pois a presença gloriosa do S enhor encheu o templo do S enhor. Então Salomão orou: “Ó S enhor, tu disseste que habitarias numa densa nuvem. Agora, construí para ti um templo majestoso, um lugar para habitares para sempre!”. Então o rei se voltou para toda a comunidade de Israel que estava em pé diante dele e abençoou o povo. Em seguida, orou: “Louvado seja o S enhor, o Deus de Israel, que cumpriu o que prometeu a meu pai, Davi, pois lhe disse: ‘Desde o dia em que tirei Israel, meu povo, do Egito, não escolhi nenhuma cidade das tribos de Israel como lugar onde deveria ser construído um templo em honra ao meu nome. Contudo, escolhi Davi para reinar sobre meu povo, Israel’”. Salomão disse: “Meu pai, Davi, queria construir este templo em honra ao nome do S enhor, o Deus de Israel. Mas o S enhor lhe disse: ‘Sua intenção de construir um templo em honra ao meu nome é boa, mas essa tarefa não caberá a você. Um de seus filhos construirá o templo em honra ao meu nome’. “O S enhor cumpriu sua promessa, pois eu sou o sucessor de meu pai, Davi, e agora ocupo o trono de Israel, como o S enhor havia prometido. Construí este templo em honra ao nome do S enhor, o Deus de Israel, e preparei nele um lugar para a arca que contém a aliança que o S enhor fez com nossos antepassados quando os tirou do Egito”. Então Salomão se pôs diante do altar do S enhor, na presença de toda a comunidade de Israel. Levantou as mãos para o céu e orou: “Ó S enhor, o Deus de Israel, não há Deus como tu em cima, nos céus, nem embaixo, na terra. Tu guardas a tua aliança e mostras amor leal àqueles que andam diante de ti de todo o coração. Cumpriste tua promessa a teu servo Davi, meu pai. Fizeste essa promessa com a tua própria boca, e hoje a cumpriste com as tuas próprias mãos. “Agora, ó S enhor, o Deus de Israel, cumpre a outra promessa que fizeste a teu servo Davi, meu pai, quando lhe disseste: ‘Se seus descendentes viverem como devem e me seguirem fielmente como você fez, sempre haverá um deles no trono de Israel’. Agora, ó Deus de Israel, cumpre a promessa que fizeste a teu servo Davi, meu pai. “Contudo, será possível que Deus habite na terra? Nem mesmo os mais altos céus podem contê-lo, muito menos este templo que construí! Ainda assim, ouve minha oração e minha súplica, ó S enhor, meu Deus. Ouve o clamor e a oração que teu servo te faz hoje. Guarda noite e dia este templo, o lugar do qual disseste: ‘Meu nome estará ali’. Ouve sempre as orações que teu servo fizer voltado para este lugar. Ouve as súplicas de teu servo e de Israel, teu povo, quando orarmos voltados para este lugar. Sim, ouve-nos dos céus onde habitas e, quando ouvires, perdoa-nos. “Se alguém pecar contra outra pessoa e se for exigido que faça um juramento de inocência diante do teu altar neste templo, ouve dos céus e julga entre teus servos, entre o acusador e o acusado. Castiga o culpado e declara justo o inocente, cada um conforme merece. “Se o teu povo, Israel, for derrotado por seus inimigos porque pecou contra ti, e se voltar para ti, invocar o teu nome e orar a ti neste templo, ouve dos céus, perdoa o pecado de teu povo, Israel, e traze-o de volta a esta terra que deste a seus antepassados. “Se o céu se fechar e não houver chuva porque o povo pecou contra ti, e se eles orarem voltados para este templo, invocarem o teu nome e se afastarem de seus pecados porque tu os castigaste, ouve dos céus e perdoa os pecados de teus servos, o teu povo, Israel. Ensina-os a seguir o caminho certo e envia chuva à terra que deste por herança a teu povo. “Se houver fome na terra, ou peste, ou praga nas lavouras, ou se elas forem atacadas por gafanhotos ou lagartas, ou se os inimigos do teu povo invadirem a terra e sitiarem suas cidades, seja qual for o desastre ou epidemia que ocorrer, e se alguém do teu povo, ou toda a nação de Israel, orar a respeito de suas aflições com as mãos levantadas para este templo, ouve dos céus onde habitas e perdoa. Trata o teu povo como ele merece, pois somente tu conheces o coração de cada um. Assim eles te temerão enquanto viverem na terra que deste a nossos antepassados. “No futuro, estrangeiros que não pertencem a teu povo, Israel, ouvirão falar de ti. Virão de terras distantes por causa do teu nome, porque ouvirão falar do teu grande nome, da tua mão forte e do teu braço poderoso. E, quando orarem voltados para este templo, ouve dos céus onde habitas e concede o que pedem. Assim, todos os povos da terra conhecerão teu nome e te temerão, como faz teu povo, Israel. Também saberão que neste templo que construí teu nome é honrado. “Se o teu povo sair para onde o enviares a fim de lutar contra seus inimigos, e se orarem ao S enhor voltados para esta cidade que escolheste e para este templo que construí em honra ao teu nome, ouve dos céus suas orações e defende sua causa. “Quando pecarem contra ti, pois não há quem não peque, tua ira cairá sobre eles e tu permitirás que seus inimigos os conquistem e os levem como escravos para outras terras, próximas ou distantes. Se caírem em si nessa terra de exílio e se arrependerem, suplicando-te: ‘Pecamos, praticamos o mal e agimos perversamente’, e se voltarem para ti de todo o coração e de toda a alma na terra de seus inimigos e orarem voltados para a terra que deste a seus antepassados, para esta cidade que escolheste e para este templo que construí em honra ao teu nome, ouve dos céus onde habitas suas orações e súplicas e defende sua causa. Perdoa teu povo que pecou contra ti. Perdoa todas as ofensas que cometeram contra ti. Faze que seus conquistadores os tratem com misericórdia, pois são o teu povo, a tua propriedade especial, que libertaste do Egito, uma fornalha de fundir ferro. “Olha atentamente para as súplicas do teu servo e para as súplicas do teu povo, Israel. Ouve e responde sempre que clamarmos a ti. Pois, quando tiraste nossos antepassados do Egito, ó Soberano S enhor, disseste a teu servo Moisés que separarias Israel de todas as nações da terra para ser tua propriedade especial”. Quando Salomão terminou de fazer essas orações e súplicas ao S enhor, levantou-se de diante do altar do S enhor, onde havia se ajoelhado com as mãos estendidas para o céu. Ficou em pé e, em alta voz, abençoou toda a comunidade de Israel: “Louvado seja o S enhor, que deu descanso ao seu povo, Israel, como prometeu. Nenhuma só palavra falhou das maravilhosas promessas que ele fez por meio de seu servo Moisés. Que o S enhor, nosso Deus, seja conosco assim como foi com nossos antepassados; que ele jamais nos deixe nem nos abandone. Que ele nos dê a disposição de fazer sua vontade e obedecer a todos os seus mandamentos, decretos e estatutos que ele deu a nossos antepassados. E que as palavras dessa minha oração na presença do S enhor estejam sempre diante dele, dia e noite, para que o S enhor, nosso Deus, defenda a causa de seu servo e de seu povo, Israel, conforme as necessidades de cada dia. Então os povos de toda a terra saberão que somente o S enhor é Deus, e que não há nenhum outro. Quanto a vocês, sejam inteiramente fiéis ao S enhor, nosso Deus, e obedeçam sempre a seus decretos e mandamentos, como fazem hoje”. Então o rei e todo o Israel ofereceram sacrifícios ao S enhor. Salomão apresentou ao S enhor uma oferta de paz de 22 mil bois e 120 mil ovelhas. Assim, o rei e todo o povo de Israel fizeram a dedicação do templo do S enhor. Naquele mesmo dia, o rei consagrou a parte central do pátio em frente ao templo do S enhor. Ali apresentou holocaustos, ofertas de cereal e a gordura das ofertas de paz, pois o altar de bronze, na presença do S enhor, era pequeno demais para tantos holocaustos, ofertas de cereal e gordura das ofertas de paz. Então Salomão e todo o Israel celebraram a Festa das Cabanas na presença do S enhor, nosso Deus. Uma grande multidão havia se reunido, de lugares distantes como Lebo-Hamate, ao norte, e o ribeiro do Egito, ao sul. A celebração durou, no total, catorze dias: sete dias para a dedicação do altar e sete dias para a Festa das Cabanas. Terminada a festa, Salomão mandou o povo para casa. Eles abençoaram o rei e foram embora alegres e exultantes, pois o S enhor tinha mostrado sua bondade a seu servo Davi e a seu povo, Israel. Salomão terminou de construir o templo do S enhor e o palácio real. Concluiu tudo que havia planejado fazer. Então o S enhor apareceu a Salomão pela segunda vez, como havia aparecido em Gibeom. O S enhor lhe disse: “Ouvi sua oração e sua súplica. Consagrei este templo que você construiu, onde meu nome será honrado para sempre. Olharei continuamente para ele, com todo o meu coração. “Quanto a você, se me seguir com integridade e retidão, como fez seu pai, Davi, obedecendo a todos os meus mandamentos, decretos e estatutos, estabelecerei o trono de sua dinastia sobre Israel para sempre. Pois fiz esta promessa a seu pai, Davi: ‘Um de seus descendentes sempre se sentará no trono de Israel’. “Mas, se você ou seus descendentes me abandonarem e desobedecerem a meus mandamentos e decretos, seguindo e adorando outros deuses, arrancarei Israel desta terra que lhe dei. Rejeitarei este templo que consagrei em honra ao meu nome, e farei de Israel objeto de zombaria e desprezo entre as nações. E, embora este templo seja agora imponente, todos que passarem perto dele ficarão chocados e horrorizados. Perguntarão: ‘Por que o S enhor fez coisas tão terríveis com esta terra e com este templo?’. “E a resposta será: ‘Porque os israelitas abandonaram o S enhor, seu Deus, que tirou seus antepassados da terra do Egito e, em lugar dele, adoraram outros deuses e se prostraram diante deles. Por isso o S enhor trouxe sobre eles essas calamidades’”. Salomão levou vinte anos para construir o templo do S enhor e o palácio real. Depois desse tempo, Salomão deu a Hirão, rei de Tiro, vinte cidades da Galileia. Hirão havia fornecido toda a madeira de cedro e de cipreste e todo o ouro que Salomão havia pedido. Contudo, quando Hirão veio de Tiro para ver as cidades que Salomão lhe tinha dado, não ficou nada satisfeito com elas. “Que espécie de cidades são essas, meu irmão?”, perguntou ele. Então Hirão chamou aquela região de Cabul, como é conhecida até hoje. Hirão tinha enviado a Salomão 4.200 quilos de ouro. Este é o relato do trabalho forçado que o rei Salomão impôs para a construção do templo do S enhor, do palácio real, do aterro e do muro de Jerusalém, além das cidades de Hazor, Megido e Gezer. (O faraó, rei do Egito, havia atacado e conquistado Gezer. Matou seus habitantes cananeus, incendiou a cidade e a deu como presente à sua filha quando ela se casou com Salomão. Assim, Salomão reconstruiu a cidade de Gezer.) Também construiu Bete-Horom Baixa, Baalate e Tamar, no deserto daquela região. Construiu cidades para servirem como centros de armazenamento e também cidades para seus carros de guerra e cavalos. Construiu tudo que desejou em Jerusalém, no Líbano e em todo o reino. Ainda havia na terra habitantes que não eram israelitas: amorreus, hititas, ferezeus, heveus e jebuseus. Eram descendentes das nações que os israelitas não haviam destruído completamente. Salomão os recrutou para trabalhos forçados, e é nessa condição que trabalham até hoje. Mas Salomão não recrutou nenhum israelita para trabalhos forçados; eles o serviram como soldados, funcionários do governo, oficiais e capitães de seu exército, comandantes de carros de guerra e cavaleiros. Nomeou 550 israelitas para supervisionarem os trabalhadores de seus vários projetos. Salomão transferiu a residência de sua esposa, a filha do faraó, da Cidade de Davi para o novo palácio que ele havia construído para ela. Depois, construiu o aterro. Três vezes por ano, Salomão apresentava holocaustos e ofertas de paz sobre o altar que havia construído para o S enhor e também queimava incenso perante o S enhor. Assim, ele terminou o trabalho de construção do templo. O rei Salomão também construiu navios em Eziom-Geber, um porto próximo a Elate, na terra de Edom, às margens do mar Vermelho. Hirão enviou uma frota com marinheiros experientes para servirem nas tripulações dos navios, junto com os marinheiros de Salomão. Navegaram a Ofir e trouxeram para Salomão 14.700 quilos de ouro. Quando a rainha de Sabá ouviu falar da fama de Salomão, que honrava o nome do S enhor, foi até ele para pô-lo à prova com perguntas difíceis. Chegou a Jerusalém com uma comitiva numerosa e uma imensa caravana de camelos carregados de especiarias, grande quantidade de ouro e pedras preciosas. Quando se encontrou com Salomão, conversou com ele a respeito de tudo que tinha em mente. Salomão respondeu a todas as suas perguntas; nada era difícil demais para o rei explicar. Quando a rainha de Sabá percebeu quanto Salomão era sábio e viu o palácio que ele havia construído, a comida que era servida às mesas do rei, os alojamentos e a organização de seus oficiais e servos, os trajes esplêndidos que vestiam, os copeiros da corte e os holocaustos que Salomão oferecia no templo do S enhor, ficou muito admirada. Disse ela ao rei: “É verdade tudo que ouvi em meu país a respeito de suas realizações e de sua sabedoria! Não acreditava no que diziam até que cheguei aqui e vi com os próprios olhos. Aliás, não tinham me contado nem a metade! Sua sabedoria e prosperidade vão muito além do que ouvi. Como deve ser feliz o seu povo! Que privilégio para seus oficiais estarem em sua presença todos os dias, ouvindo sua sabedoria! Louvado seja o S enhor, seu Deus, que se agradou de você e o colocou no trono de Israel. Por causa do amor eterno do S enhor por Israel, ele o fez rei para governar com justiça e retidão”. Então ela presenteou o rei com 4.200 quilos de ouro, especiarias em grande quantidade e pedras preciosas. Nunca mais foram recebidas tantas especiarias quanto as que a rainha de Sabá deu ao rei Salomão. (Além disso, os navios de Hirão trouxeram ouro de Ofir e grandes carregamentos de madeira de sândalo e pedras preciosas. O rei usou a madeira de sândalo para fazer corrimões para o templo e para o palácio real, e também liras e harpas para os músicos. Nunca antes nem depois se viu tamanho suprimento de madeira de sândalo.) O rei Salomão deu à rainha de Sabá tudo que ela pediu, além dos presentes costumeiros que ele já havia entregado com generosidade. Então ela e sua comitiva regressaram para sua terra. A cada ano, Salomão recebia cerca de 23.300 quilos de ouro, sem contar a renda adicional proveniente dos mercadores e comerciantes, de todos os reis da Arábia e dos governadores do país. O rei Salomão fez duzentos escudos grandes de ouro batido, cada um pesando 7,2 quilos. Também fez trezentos escudos menores de ouro batido, cada um pesando 1,8 quilo. O rei colocou esses escudos no Palácio da Floresta do Líbano. Então o rei fez um grande trono de marfim revestido de ouro puro. O trono tinha seis degraus e um encosto arredondado. De cada lado do assento havia um apoio para o braço e, junto de cada apoio, a escultura de um leão. Também havia outros doze leões, um de cada lado dos seis degraus. Nenhum outro trono em todo o mundo se comparava ao de Salomão. Todas as taças do rei Salomão eram de ouro, e todos os utensílios do Palácio da Floresta do Líbano eram de ouro puro. Não eram de prata, pois nos dias de Salomão a prata era considerada um metal sem valor. O rei tinha uma frota de navios mercantes que navegavam com os navios de Hirão. Uma vez a cada três anos, as embarcações voltavam trazendo ouro, prata, marfim, macacos e pavões. Salomão se tornou o mais rico e sábio de todos os reis da terra. Gente de todas as nações vinha consultá-lo e ouvir a sabedoria que Deus lhe tinha dado. A cada ano, os visitantes traziam presentes de prata e ouro, roupas, armas, especiarias, cavalos e mulas. Salomão ajuntou muitos carros de guerra e cavalos. Possuía 1.400 carros de guerra e 12.000 cavalos. Mantinha alguns deles nas cidades designadas para guardar esses carros de guerra e outros perto dele, em Jerusalém. O rei tornou a prata tão comum em Jerusalém como as pedras. E havia tanta madeira valiosa de cedro como as figueiras-bravas que crescem nas colinas de Judá. Os cavalos de Salomão eram importados do Egito e da Cilícia; os comerciantes do rei os adquiriam da Cilícia pelo preço de mercado. Naquela época, um carro de guerra do Egito custava 600 peças de prata, e um cavalo, 150 peças de prata. Depois, eram exportados aos reis dos hititas e aos reis da Síria. O rei Salomão amou muitas mulheres estrangeiras. Além da filha do faraó, ele se casou com mulheres de Moabe, de Amom, de Edom, de Sidom e dos hititas. O S enhor havia instruído os israelitas claramente: “Não se casem com mulheres dessas nações, pois desviarão seu coração para os deuses delas”. E, no entanto, Salomão amou essas mulheres. No total, casou-se com setecentas princesas e teve trezentas concubinas. E elas desviaram seu coração do S enhor. Quando Salomão era idoso, elas o induziram a adorar outros deuses em vez de ser inteiramente fiel ao S enhor, seu Deus, como seu pai, Davi, tinha sido. Salomão adorou Astarote, a deusa dos sidônios, e Moloque, o repulsivo deus dos amonitas. Com isso, Salomão fez o que era mau aos olhos do S enhor; recusou-se a seguir inteiramente o S enhor, como seu pai, Davi, tinha feito. No monte que fica a leste de Jerusalém, chegou a construir um lugar de culto para Camos, o repulsivo deus de Moabe, e outro para Moloque, o repulsivo deus dos amonitas. Salomão construiu esses lugares de culto para que suas esposas estrangeiras queimassem incenso e oferecessem sacrifícios aos deuses delas. O S enhor se irou com Salomão, porque o coração dele tinha se desviado do S enhor, o Deus de Israel, que lhe havia aparecido duas vezes. Ele tinha advertido Salomão especificamente de que não adorasse outros deuses, mas Salomão não obedeceu à ordem do S enhor. Por isso, o S enhor lhe disse: “Uma vez que você não cumpriu minha aliança e desobedeceu a meus decretos, certamente tirarei de você o reino e o entregarei a um de seus servos. Mas, por causa de seu pai, Davi, não farei isso enquanto você estiver vivo. Tirarei o reino de seu filho e, ainda assim, não tirarei dele o reino inteiro; deixarei que governe sobre uma tribo, por causa do meu servo Davi e de Jerusalém, a cidade que escolhi”. Então o S enhor levantou o edomita Hadade, da família real de Edom, para ser adversário de Salomão. Anos antes, Davi tinha derrotado Edom. Joabe, comandante do exército de Davi, tinha ficado para trás a fim de enterrar alguns soldados israelitas mortos na batalha. Enquanto estavam ali, mataram todos os homens de Edom. Joabe e o exército de Israel tinham permanecido ali seis meses, até matarem todos os edomitas. Contudo, Hadade e alguns dos oficiais de seu pai conseguiram fugir e seguiram para o Egito. Na época, Hadade ainda era bem jovem. Partiram de Midiã e foram a Parã, onde outros se juntaram a eles. Em seguida, foram ao Egito e se apresentaram ao faraó, o rei do Egito, que lhes ofereceu casas, sustento e terras. O faraó se agradou de Hadade e lhe deu em casamento sua cunhada, a irmã da rainha Tafnes. A esposa de Hadade deu à luz um filho chamado Genubate. Tafnes o criou na casa do faraó, entre os próprios filhos do faraó. Quando chegou a Hadade no Egito a notícia de que Davi e seu comandante Joabe estavam mortos, ele disse ao faraó: “Deixe-me voltar para minha terra”. “Por quê?”, perguntou o faraó. “O que lhe falta aqui para que você queira voltar para sua terra?” “Não me falta nada”, respondeu ele. “Ainda assim, peço que me deixe voltar.” Deus também levantou Rezom, filho de Eliada, para ser adversário de Salomão. Rezom havia fugido de seu senhor Hadadezer, rei de Zobá, e se tornado líder de um bando de rebeldes. Depois que Davi derrotou Hadadezer, Rezom e seus homens fugiram para Damasco, onde Rezom se tornou rei. Ele foi inimigo ferrenho de Israel durante o resto do reinado de Salomão e, assim como Hadade, causou muitos problemas. Rezom continuou a reinar na Síria e odiava Israel profundamente. Outro líder rebelde foi Jeroboão, filho de Nebate, um dos próprios oficiais de Salomão. Veio da cidade de Zeredá, em Efraim; sua mãe era viúva e se chamava Zerua. Esta é a história por trás de sua rebelião. Salomão estava construindo o aterro e reparando os muros da Cidade de Davi, seu pai. Jeroboão era um jovem muito capaz e, quando Salomão viu como era diligente, encarregou-o dos trabalhadores das tribos de Efraim e Manassés, os descendentes de José. Certo dia, quando Jeroboão saía de Jerusalém, Aías, profeta de Siló, encontrou-se com ele no caminho. Aías vestia uma capa nova. Enquanto os dois estavam sozinhos no campo, Aías pegou sua capa nova e a rasgou em doze partes. Disse a Jeroboão: “Fique com dez pedaços, pois assim diz o S enhor, o Deus de Israel: ‘Estou prestes a tirar o reino das mãos de Salomão e entregar dez tribos a você. Contudo, deixarei uma tribo para ele, por causa do meu servo Davi e de Jerusalém, a cidade que escolhi dentre todas as tribos de Israel. Pois Salomão me abandonou e adorou Astarote, a deusa dos sidônios, Camos, o deus de Moabe, e Moloque, o deus dos amonitas. Não seguiu meus caminhos nem fez o que me agrada. Não obedeceu a meus decretos e estatutos, como fez seu pai, Davi. “‘Contudo, não tirarei o reino inteiro de Salomão agora. Por causa do meu servo Davi, a quem escolhi e que obedeceu a meus mandamentos e decretos, manterei Salomão no governo enquanto ele viver. Mas tirarei o reino do filho dele e darei dez tribos a você. O filho de Salomão terá uma tribo, para que os descendentes de meu servo Davi continuem a brilhar como uma lâmpada em Jerusalém, a cidade que escolhi como lugar para o meu nome. Eu o colocarei no trono de Israel, e você governará sobre tudo que seu coração desejar. Se der ouvidos ao que digo, seguir meus caminhos e fizer o que me agrada, e se obedecer a meus estatutos e mandamentos, como fez meu servo Davi, sempre estarei com você. Estabelecerei para você uma dinastia, como fiz com Davi, e lhe darei Israel. Por causa do pecado de Salomão, castigarei os descendentes de Davi, mas não para sempre’”. Salomão tentou matar Jeroboão, mas ele fugiu para junto de Sisaque, rei do Egito, e ficou ali até a morte de Salomão. Os demais acontecimentos do reinado de Salomão, incluindo todos os seus feitos e sua sabedoria, estão registrados no Livro dos Atos de Salomão. Salomão reinou por quarenta anos sobre todo o Israel, em Jerusalém. Quando morreu e se reuniu a seus antepassados, foi sepultado na Cidade de Davi, seu pai. Seu filho Roboão foi seu sucessor. Roboão foi a Siquém, onde todo o Israel havia se reunido para proclamá-lo rei. Quando Jeroboão, filho de Nebate, soube disso, voltou do Egito, para onde havia fugido do rei Salomão. Os líderes de Israel convocaram Jeroboão, e ele e toda a comunidade de Israel foram falar com Roboão. “Seu pai foi muito duro conosco”, disseram. “Alivie a carga pesada de trabalho e de impostos altos que seu pai nos obrigou a carregar. Então seremos seus súditos leais.” Roboão respondeu: “Deem-me três dias para pensar. Depois, voltem para saber minha resposta”. E o povo foi embora. O rei Roboão discutiu o assunto com os homens mais velhos que haviam sido conselheiros de seu pai, Salomão. “O que vocês aconselham?”, perguntou ele. “Como devo responder a este povo?” Eles disseram: “Se o senhor estiver disposto a servir este povo hoje e lhe der uma resposta favorável, eles serão seus súditos leais para sempre”. Mas Roboão rejeitou o conselho dos homens mais velhos e pediu a opinião dos jovens que haviam crescido com ele e agora o acompanhavam. “O que vocês aconselham?”, perguntou ele. “Como devo responder a este povo que deseja que eu alivie as cargas impostas por meu pai?” Os jovens responderam: “Você deve dizer o seguinte a essa gente que diz que seu pai foi muito duro com eles e que pede alívio: ‘Meu dedo mínimo é mais grosso que a cintura de meu pai! Sim, meu pai lhes impôs cargas pesadas, mas eu as tornarei ainda mais pesadas! Meu pai os castigou com chicotes comuns, mas eu os castigarei com chicotes de pontas de metal!’”. Três dias depois, Jeroboão e todo o povo voltaram para saber a decisão do rei, como ele havia ordenado. Roboão lhes respondeu com aspereza, pois rejeitou o conselho dos homens mais velhos e seguiu o conselho dos mais jovens. Disse ao povo: “Meu pai lhes impôs cargas pesadas, mas eu as tornarei ainda mais pesadas! Meu pai os castigou com chicotes comuns, mas eu os castigarei com chicotes de pontas de metal!”. Assim, o rei não atendeu o povo. Essa mudança nos acontecimentos foi da vontade do S enhor, pois cumpriu a mensagem do S enhor a Jeroboão, filho de Nebate, por meio do profeta Aías, de Siló. Quando todo o Israel viu que o rei não iria atender a seu pedido, respondeu: “Abaixo a dinastia de Davi! O filho de Jessé nada tem a nos oferecer! Volte para casa, Israel! E você, Davi, cuide de sua própria casa!”. Então o povo de Israel voltou para casa. Roboão, porém, continuou a governar sobre os israelitas que moravam nas cidades de Judá. O rei Roboão enviou Adonirão, encarregado dos trabalhos forçados, para restaurar a ordem, mas o povo de Israel o apedrejou até a morte. Quando essa notícia chegou ao rei Roboão, ele subiu rapidamente em sua carruagem e fugiu para Jerusalém. E até hoje as tribos do norte de Israel se recusam a ser governadas por um descendente de Davi. Quando o povo de Israel soube que Jeroboão tinha voltado do Egito, convocou uma assembleia e o proclamou rei sobre todo o Israel. Apenas a tribo de Judá permaneceu leal à família de Davi. Quando Roboão chegou a Jerusalém, mobilizou os homens das tribos de Judá e Benjamim, 180 mil dos melhores soldados, para guerrearem contra Israel e recuperarem o reino. Deus, porém, falou a Semaías, homem de Deus: “Diga a Roboão, filho de Salomão, rei de Judá, e a todo o povo de Judá e Benjamim, e ao restante do povo: ‘Assim diz o S enhor: Não lutem contra seus compatriotas, os israelitas. Voltem para casa, pois eu mesmo fiz isso acontecer!’”. Eles obedeceram à palavra do S enhor e voltaram para casa, conforme o S enhor havia ordenado. Então Jeroboão fortificou a cidade de Siquém, na região montanhosa de Efraim, e se estabeleceu ali. Mais tarde, fortificou Peniel. Jeroboão pensou: “Se eu não tiver cuidado, o reino voltará à dinastia de Davi. Quando o povo for a Jerusalém para oferecer sacrifícios no templo do S enhor, voltará a ser leal a Roboão, rei de Judá. Eles me matarão e o proclamarão rei deles”. Então, seguindo a recomendação de seus conselheiros, o rei fez dois bezerros de ouro. Disse ao povo: “É complicado demais ir a Jerusalém para adorar. Veja, Israel, estes são os deuses que tiraram vocês do Egito!”. Colocou um dos bezerros em Betel e o outro em Dã, nos dois extremos de seu reino. Isso se tornou um grande pecado, pois o povo viajava até Dã, ao norte, para adorar o ídolo que ficava ali. Jeroboão também construiu santuários idólatras e designou para serem sacerdotes homens do povo, que não eram da tribo sacerdotal de Levi. Instituiu uma festa religiosa em Betel, no décimo quinto dia do oitavo mês, uma imitação da festa celebrada todos os anos em Judá. Ali em Betel, Jeroboão ofereceu sacrifícios aos bezerros que havia feito e designou sacerdotes para os santuários idólatras que havia construído. No décimo quinto dia do oitavo mês, data que ele mesmo tinha definido, ofereceu sacrifícios no altar em Betel. Instituiu, desse modo, uma festa religiosa para Israel e subiu ao altar para queimar incenso. Por ordem do S enhor, um homem de Deus, vindo de Judá, foi até Betel e chegou ali quando Jeroboão se aproximava do altar para queimar incenso. Então, por ordem do S enhor, ele gritou: “Altar, altar! Assim diz o S enhor: ‘Um menino chamado Josias nascerá na dinastia de Davi. Sobre você ele sacrificará os sacerdotes dos santuários idólatras que queimam incenso aqui, e sobre você serão queimados ossos humanos!’”. Naquele mesmo dia, o homem de Deus deu um sinal. Disse ele: “O S enhor anunciou este sinal: O altar se rachará, e suas cinzas se derramarão pelo chão”. Quando o rei Jeroboão ouviu o homem de Deus falar contra o altar em Betel, apontou para o homem e ordenou: “Prendam-no!”. No mesmo instante, porém, a mão do rei ficou paralisada nessa posição, e ele não conseguia fazê-la voltar à posição normal. Ao mesmo tempo, uma grande rachadura apareceu no altar e as cinzas se derramaram, exatamente como o homem de Deus tinha dito na mensagem recebida do S enhor. O rei disse ao homem de Deus: “Por favor, peça ao S enhor, seu Deus, que restaure a minha mão!”. O homem de Deus orou ao S enhor e a mão do rei foi restaurada, e ele pôde movimentá-la novamente. Então o rei disse ao homem de Deus: “Venha ao palácio comigo e coma alguma coisa, e eu lhe darei um presente”. Mas o homem de Deus respondeu a Jeroboão: “Mesmo que o rei me desse metade de tudo que possui, eu não o acompanharia. Não comeria nem beberia coisa alguma neste lugar, pois o S enhor me ordenou: ‘Não coma nem beba coisa alguma enquanto estiver lá e não volte pelo mesmo caminho por onde foi’”. Então ele partiu de Betel e voltou para casa por outro caminho. Acontece que morava em Betel um profeta idoso. Seus filhos foram até ele e lhe contaram o que o homem de Deus havia feito em Betel naquele dia. Também contaram ao pai o que o homem de Deus tinha dito ao rei. O profeta idoso lhes perguntou: “Por onde ele foi?”. Eles mostraram ao pai o caminho por onde o homem de Deus tinha ido. “Selem o jumento”, disse o profeta idoso. Eles selaram o jumento para o pai, e ele montou. Foi atrás do homem de Deus e o encontrou sentado debaixo de uma grande árvore. Perguntou-lhe: “Você é o homem de Deus que veio de Judá?”. “Sim, sou eu”, respondeu ele. Então o profeta disse ao homem de Deus: “Venha para casa comigo e coma alguma coisa”. “Não posso ir com você”, respondeu ele. “Não tenho permissão para comer nem beber coisa alguma neste lugar, pois o S enhor me ordenou: ‘Não coma nem beba coisa alguma enquanto estiver lá e não volte pelo mesmo caminho por onde foi’.” O profeta idoso, porém, respondeu: “Também sou profeta como você. E um anjo me deu esta ordem da parte do S enhor: ‘Traga-o para casa com você, para que ele coma pão e beba água’”. No entanto, estava mentindo. Eles voltaram juntos, e o homem de Deus comeu e bebeu na casa do profeta. Então, enquanto estavam sentados à mesa, veio uma ordem do S enhor ao profeta idoso. Ele falou ao homem de Deus que tinha vindo de Judá: “Assim diz o S enhor: ‘Você desafiou a palavra do S enhor e desobedeceu à ordem que o S enhor, seu Deus, lhe deu. Voltou a este lugar e comeu e bebeu onde ele lhe disse que não comesse nem bebesse. Por isso seu corpo não será sepultado no túmulo de seus antepassados’”. Quando o homem de Deus terminou de comer e beber, o profeta idoso selou seu próprio jumento para ele, e o homem de Deus partiu. Enquanto estava a caminho, apareceu um leão e o matou. Seu corpo ficou na estrada, com o jumento e o leão parados ao lado dele. Algumas pessoas que passaram viram o corpo estendido ali, com o leão parado ao lado dele, e deram a notícia em Betel, onde morava o profeta idoso. Quando o profeta que o trouxe de volta soube do que havia acontecido, disse: “É o homem de Deus que desafiou a palavra do S enhor. O S enhor cumpriu sua palavra ao fazer que o leão o atacasse e matasse”. Então o profeta disse a seus filhos: “Selem o jumento para mim”. Eles selaram o jumento, e o profeta foi e encontrou o corpo estendido na estrada. O jumento e o leão ainda estavam parados ao lado dele; o leão não havia comido o corpo nem atacado o jumento. O profeta colocou o corpo do homem de Deus sobre o jumento e o levou de volta à cidade para lamentar por ele e sepultá-lo. Pôs o corpo em sua própria sepultura e lamentou por ele, exclamando: “Ah, meu irmão!”. Depois de sepultá-lo, o profeta disse a seus filhos: “Quando eu morrer, enterrem-me no túmulo onde está sepultado o homem de Deus. Ponham meus ossos ao lado dos ossos dele, pois a mensagem que o S enhor ordenou que ele proclamasse contra o altar em Betel e contra os santuários idólatras nas cidades de Samaria certamente se cumprirá”. Mesmo depois disso, Jeroboão não se arrependeu de seus maus caminhos. Continuou a nomear sacerdotes dentre o povo comum; qualquer um que desejasse podia se tornar sacerdote dos santuários idólatras. Com isso, por causa desse pecado, a dinastia de Jeroboão foi eliminada da face da terra. Por esse tempo, Abias, filho de Jeroboão, ficou doente. Jeroboão disse à sua esposa: “Ponha um disfarce para que ninguém reconheça que você é minha esposa e vá a Siló falar com o profeta Aías, o homem que me disse que eu seria rei sobre este povo. Leve para ele um presente de dez pães, alguns bolos e uma vasilha de mel. Ele lhe dirá o que acontecerá com o menino”. A esposa de Jeroboão foi à casa de Aías, em Siló. Ele já estava velho e não podia mais enxergar. O S enhor, porém, tinha dito a Aías: “A esposa de Jeroboão virá aqui, fingindo que é outra pessoa. Perguntará a respeito do filho dela, pois ele está doente. Transmita-lhe a resposta que eu darei a você”. Quando Aías ouviu os passos dela junto à porta, disse: “Entre, esposa de Jeroboão! Por que finge ser outra pessoa? Tenho más notícias para você. Leve a seu marido, Jeroboão, esta mensagem: ‘Assim diz o S enhor, o Deus de Israel: Eu o exaltei dentre o povo e o fiz líder de Israel, meu povo. Arranquei o reino da família de Davi e o entreguei a você. Mas você não tem sido como meu servo Davi, que obedeceu a meus mandamentos e me seguiu de todo o coração, e sempre fez o que me agrada. Você pecou mais que todos os que vieram antes. Fez para si outros deuses e me enfureceu com seus bezerros de ouro. Sim, você me deu as costas! Por isso, trarei desgraça sobre sua família e destruirei todos os seus descendentes do sexo masculino em Israel, tanto escravos como livres. Queimarei sua dinastia como se queima lixo, até que tenha desaparecido. Os membros da família de Jeroboão que morrerem na cidade serão comidos pelos cães, e os que morrerem no campo serão comidos pelos abutres. Eu, o S enhor, falei!’”. Então Aías disse à esposa de Jeroboão: “Volte para casa; quando você puser os pés na cidade, o menino morrerá. Todo o Israel lamentará a morte dele e o sepultará. Ele será o único membro de sua família que terá um sepultamento digno, pois esse menino é o único de toda a família de Jeroboão do qual o S enhor, o Deus de Israel, se agradou. “Além disso, o S enhor levantará um rei sobre Israel que destruirá a família de Jeroboão. Isso acontecerá hoje, agora mesmo! O S enhor sacudirá Israel como a corrente de água agita as canas de junco. Arrancará os israelitas desta boa terra que deu a seus antepassados e os dispersará além do rio Eufrates, pois enfureceram o S enhor com os postes que levantaram para adorar a deusa Aserá. Ele abandonará Israel, porque Jeroboão pecou e fez Israel pecar com ele”. Então a esposa de Jeroboão voltou a Tirza, e o menino morreu no instante em que ela entrou em casa. E todo o Israel o sepultou e lamentou por ele, conforme o S enhor havia anunciado por meio do profeta Aías. Os demais acontecimentos do reinado de Jeroboão, as guerras e o modo como governou, estão registrados no Livro da História dos Reis de Israel. Jeroboão reinou em Israel por 22 anos. Quando morreu e se reuniu a seus antepassados, seu filho Nadabe foi seu sucessor. Enquanto isso, Roboão, filho de Salomão, reinava em Judá. Tinha 41 anos quando começou a reinar, e reinou por dezessete anos em Jerusalém, a cidade que o S enhor havia escolhido dentre todas as tribos de Israel como lugar para o seu nome. A mãe de Roboão era uma mulher amonita chamada Naamá. O povo de Judá fez o que era mau aos olhos do S enhor e provocou sua ira com os pecados que cometeu, pois foram ainda piores que os de seus antepassados. Construíram santuários idólatras e levantaram colunas sagradas e postes de Aserá em todos os montes e debaixo de toda árvore verdejante. Havia até mesmo prostitutos cultuais por toda a terra. O povo imitava as práticas detestáveis das nações que o S enhor havia expulsado de diante dos israelitas. No quinto ano do reinado de Roboão, Sisaque, rei do Egito, subiu e atacou Jerusalém. Saqueou os tesouros do templo do S enhor e do palácio real; roubou tudo, incluindo os escudos de ouro que Salomão havia feito. Mais tarde, o rei Roboão fez escudos de bronze para substituí-los e os confiou aos oficiais da guarda que protegiam a entrada do palácio real. Sempre que o rei ia ao templo do S enhor, os guardas levavam os escudos e, em seguida, os devolviam à sala da guarda. Os demais acontecimentos do reinado de Roboão e tudo que ele fez estão registrados no Livro da História dos Reis de Judá. Houve guerra constante entre Roboão e Jeroboão. Quando Roboão morreu, foi sepultado com seus antepassados na Cidade de Davi. Sua mãe era uma mulher amonita chamada Naamá. Seu filho Abias foi seu sucessor. No décimo oitavo ano do reinado de Jeroboão, filho de Nebate, Abias começou a reinar em Judá. Reinou por três anos em Jerusalém. Sua mãe se chamava Maaca e era neta de Absalão. Cometeu os mesmos pecados que seu pai e não foi inteiramente fiel ao S enhor, seu Deus, como seu antepassado Davi. Mas, por causa de Davi, o S enhor, seu Deus, permitiu que seus descendentes continuassem a brilhar como uma lâmpada em Jerusalém e deu a Abias um filho para reinar depois dele. Pois Davi tinha feito o que era certo aos olhos do S enhor e obedecido a seus mandamentos durante toda a vida, exceto no caso de Urias, o hitita. Durante todo o reinado de Abias, houve guerra entre Abias e Jeroboão. Os demais acontecimentos do reinado de Abias e tudo que ele fez estão registrados no Livro da História dos Reis de Judá. Houve guerra constante entre Abias e Jeroboão. Quando Abias morreu e se reuniu a seus antepassados, foi sepultado na Cidade de Davi. Seu filho Asa foi seu sucessor. No vigésimo ano do reinado de Jeroboão em Israel, Asa começou a reinar em Judá. Reinou em Jerusalém por 41 anos. Sua avó se chamava Maaca e era neta de Absalão. Asa fez o que era certo aos olhos do S enhor, como seu antepassado Davi. Expulsou da terra os prostitutos cultuais e removeu todos os ídolos que seus antepassados haviam feito. Chegou a depor sua avó Maaca da posição de rainha-mãe, pois ela havia feito um poste obsceno para a deusa Aserá. Derrubou esse poste obsceno e o queimou no vale de Cedrom. Embora os santuários idólatras não tivessem sido removidos, o coração de Asa permaneceu inteiramente fiel ao S enhor durante toda a sua vida. Ele trouxe para o templo do S enhor a prata, o ouro e os diversos utensílios que ele e seu pai haviam consagrado. Houve guerra constante entre Asa e Baasa, rei de Israel. Baasa, rei de Israel, invadiu Judá e fortificou Ramá, a fim de impedir que qualquer um entrasse ou saísse do território de Asa, rei de Judá. Em resposta, Asa juntou toda a prata e todo o ouro que restavam na tesouraria do templo do S enhor e no palácio real. Enviou alguns de seus oficiais a Ben-Hadade, rei da Síria, que governava em Damasco, filho de Tabrimom e neto de Heziom, com a prata e o ouro e a seguinte mensagem: “Façamos um acordo, você e eu, como aquele que houve entre seu pai e o meu. Envio um presente de prata e ouro. Rompa seu acordo com Baasa, rei de Israel, para que ele me deixe em paz”. Ben-Hadade aceitou a proposta do rei Asa e enviou os comandantes de seu exército para atacarem as cidades de Israel. Eles conquistaram Ijom, Dã, Abel-Bete-Maaca e todo o Quinerete, bem como a terra de Naftali. Quando Baasa, rei de Israel, soube do que havia acontecido, abandonou seu projeto de fortificar Ramá e permaneceu em Tirza. Então o rei Asa decretou que todos os homens de Judá, sem exceção, ajudassem a levar embora as pedras e a madeira usadas por Baasa para fortificar Ramá. Asa empregou esses materiais para fortificar a cidade de Geba, em Benjamim, e a cidade de Mispá. Os demais acontecimentos do reinado de Asa, a extensão de seu poder, tudo que ele fez e o nome das cidades que ele construiu, estão registrados no Livro da História dos Reis de Judá. Em sua velhice, sofreu de uma doença nos pés. Quando Asa morreu, foi sepultado com seus antepassados na Cidade de Davi. Seu filho Josafá foi seu sucessor. Nadabe, filho de Jeroboão, começou a reinar em Israel no segundo ano do reinado de Asa, rei de Judá. Reinou em Israel por dois anos. Fez o que era mau aos olhos do S enhor; seguiu o exemplo de seu pai, Jeroboão, e persistiu nos pecados que ele havia levado Israel a cometer. Baasa, filho de Aías, da tribo de Issacar, conspirou contra Nadabe e o assassinou enquanto ele e o exército israelita sitiavam a cidade filisteia de Gibetom. Baasa matou Nadabe no terceiro ano do reinado de Asa, rei de Judá, e se tornou seu sucessor. Assim que Baasa subiu ao poder, matou todos os descendentes de Jeroboão. Não restou ninguém de sua família, exatamente como o S enhor havia anunciado por meio do profeta Aías, de Siló. Isso aconteceu porque Jeroboão havia provocado a ira do S enhor com os pecados que tinha cometido e levado Israel a cometer. Os demais acontecimentos do reinado de Nadabe e tudo que ele fez estão registrados no Livro da História dos Reis de Israel. Houve guerra constante entre Asa, rei de Judá, e Baasa, rei de Israel. Baasa, filho de Aías, começou a reinar sobre todo o Israel no terceiro ano do reinado de Asa, rei de Judá. Reinou em Tirza por 24 anos. Fez o que era mau aos olhos do S enhor; seguiu o exemplo de Jeroboão e persistiu nos pecados que Jeroboão havia levado Israel a cometer. Esta mensagem do S enhor foi transmitida ao rei Baasa pelo profeta Jeú, filho de Hanani: “Eu o levantei do pó a fim de torná-lo líder do meu povo, Israel, mas você seguiu o exemplo de Jeroboão. Provocou minha ira ao fazer meu povo, Israel, pecar. Por isso, destruirei você e sua família, assim como destruí os descendentes de Jeroboão, filho de Nebate. Os membros da família de Baasa que morrerem na cidade serão comidos pelos cães, e os que morrerem no campo serão comidos pelos abutres”. Os demais acontecimentos do reinado de Baasa, o que ele fez e a extensão de seu poder estão registrados no Livro da História dos Reis de Israel. Quando Baasa morreu e se reuniu a seus antepassados, foi sepultado em Tirza. Seu filho Elá foi seu sucessor. A mensagem do S enhor contra Baasa e sua família veio por meio do profeta Jeú, filho de Hanani. Foi transmitida porque Baasa havia feito o que era mau aos olhos do S enhor, como a família de Jeroboão, e também porque Baasa havia destruído a família de Jeroboão. Os pecados de Baasa provocaram a ira do S enhor. Elá, filho de Baasa, começou a reinar em Israel no vigésimo sexto ano do reinado de Asa, rei de Judá. Reinou em Tirza por dois anos. Então Zinri, comandante de metade dos carros de guerra do rei, conspirou contra ele. Certo dia, em Tirza, Elá estava se embebedando na casa de Arza, supervisor do palácio. Zinri entrou, feriu Elá e o matou. Isso aconteceu no vigésimo sétimo ano do reinado de Asa, rei de Judá. Zinri se tornou o sucessor de Elá. Logo que Zinri subiu ao poder, matou toda a família de Baasa. Não deixou vivo nenhum filho do sexo masculino. Exterminou até mesmo parentes e amigos. Desse modo, Zinri destruiu a dinastia de Baasa, como o S enhor havia anunciado por meio do profeta Jeú. Isso aconteceu por causa de todos os pecados que Baasa e seu filho Elá haviam cometido e levado Israel a cometer. Com seus ídolos inúteis, provocaram a ira do S enhor, Deus de Israel. Os demais acontecimentos do reinado de Elá e tudo que ele fez estão registrados no Livro da História dos Reis de Israel. Zinri começou a reinar em Israel no vigésimo sétimo ano do reinado de Asa, rei de Judá. Reinou em Tirza por apenas sete dias. Nessa ocasião, o exército de Israel estava acampado próximo à cidade filisteia de Gibetom. Quando souberam que Zinri havia traído e assassinado o rei, naquele mesmo dia proclamaram Onri, comandante do exército, o novo rei de Israel. Onri levou todo o exército de Israel de Gibetom a Tirza e cercou a cidade. Quando Zinri viu que a cidade havia sido conquistada, foi para a parte mais protegida do palácio real, ateou fogo ao edifício e morreu no meio das chamas. Ele também havia feito o que era mau aos olhos do S enhor. Seguiu o exemplo de Jeroboão nos pecados que tinha cometido e levado Israel a cometer. Os demais acontecimentos do reinado de Zinri e sua conspiração estão registrados no Livro da História dos Reis de Israel. O povo de Israel se dividiu em dois partidos. Metade queria proclamar rei Tibni, filho de Ginate, e a outra metade apoiava Onri. Os partidários de Onri derrotaram os de Tibni, filho de Ginate. Tibni morreu, e Onri se tornou rei. Onri começou seu reinado no trigésimo primeiro ano do reinado de Asa, rei de Judá. Ao todo, reinou por doze anos, seis deles em Tirza. Então Onri comprou de Sêmer o monte de Samaria por setenta quilos de prata. Construiu ali uma cidade que chamou de Samaria, em homenagem a Sêmer, o antigo proprietário do monte. Onri fez o que era mau aos olhos do S enhor, pior que todos os reis antes dele. Seguiu o exemplo de Jeroboão, filho de Nebate, em todos os pecados que tinha cometido e levado Israel a cometer. Com seus ídolos inúteis, o povo provocou a ira do S enhor, Deus de Israel. Os demais acontecimentos do reinado de Onri, o que ele fez e a extensão de seu poder estão registrados no Livro da História dos Reis de Israel. Quando Onri morreu e se reuniu a seus antepassados, foi sepultado em Samaria. Seu filho Acabe foi seu sucessor. Acabe, filho de Onri, começou a reinar em Israel no trigésimo oitavo ano do reinado de Asa, rei de Judá. Reinou em Samaria por 22 anos. Acabe, filho de Onri, fez o que era mau aos olhos do S enhor, pior que todos os reis antes dele. E, como se não bastasse seguir o exemplo pecaminoso de Jeroboão, casou-se com Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios, e começou a se prostrar diante de Baal e adorá-lo. Primeiro, Acabe construiu um templo e um altar para Baal em Samaria. Depois, levantou um poste para a deusa Aserá. Fez mais coisas para provocar a ira do S enhor, Deus de Israel, que todos os reis de Israel antes dele. Durante o reinado de Acabe, Hiel, um homem de Betel, reconstruiu Jericó. Quando lançou os alicerces, morreu seu filho mais velho, Abirão. E, quando terminou a reconstrução e colocou as portas, morreu seu filho mais novo, Segube. Tudo isso aconteceu de acordo com a mensagem do S enhor a respeito de Jericó, transmitida por meio de Josué, filho de Num. Elias, que era de Tisbe, em Gileade, disse ao rei Acabe: “Tão certo como vive o S enhor, o Deus de Israel, a quem sirvo, não haverá orvalho nem chuva durante os próximos anos, até que eu ordene!”. Então o S enhor disse a Elias: “Vá para o leste e esconda-se junto ao riacho de Querite, que fica a leste do rio Jordão. Beba água do riacho e coma o que os corvos lhe trouxerem, pois eu dei ordem para levarem alimento até você”. Elias fez o que o S enhor ordenou e acampou junto ao riacho de Querite, a leste do Jordão. Os corvos lhe traziam pão e carne de manhã e à tarde, e ele bebia água do riacho. Depois de algum tempo, porém, o riacho secou, pois não caía chuva em parte alguma da terra. Então o S enhor disse a Elias: “Vá morar em Sarepta, perto da cidade de Sidom. Dei ordem a uma viúva que mora ali para lhe dar alimento”. Elias foi a Sarepta. Quando chegou ao portão da cidade, viu uma viúva apanhando gravetos e lhe perguntou: “Pode me dar um pouco de água para beber, por favor?”. Enquanto ela ia buscar a água, ele disse: “Traga também um pedaço de pão”. Mas ela respondeu: “Tão certo como vive o S enhor, seu Deus, não tenho um pedaço sequer de pão em casa. Tenho apenas um punhado de farinha que restou numa vasilha e um pouco de azeite no fundo do jarro. Estava apanhando alguns gravetos para preparar esta última refeição, e depois meu filho e eu morreremos”. Elias, porém, disse: “Não tenha medo! Faça o que acabou de dizer, mas primeiro faça um pouco de pão para mim. Depois, use o resto para preparar uma refeição para você e seu filho. Pois assim diz o S enhor, Deus de Israel: ‘Sempre haverá farinha na vasilha e azeite no jarro, até o dia em que o S enhor enviar chuva’”. Ela fez conforme Elias disse. Assim, Elias, a mulher e a família dela tiveram alimento para muitos dias. Sempre havia farinha na vasilha e azeite no jarro, exatamente como o S enhor tinha prometido por meio de Elias. Algum tempo depois, o filho da mulher ficou doente. Foi piorando e, por fim, morreu. Disse ela a Elias: “Homem de Deus, o que você me fez? Veio para lembrar-me de meus pecados e matar meu filho?”. Elias, porém, respondeu: “Dê-me seu filho”. Tomou o corpo do menino dos braços dela, carregou-o para o andar de cima, onde estava hospedado, e o pôs na cama. Então Elias clamou ao S enhor: “Ó S enhor, meu Deus, por que trouxeste desgraça a esta viúva que me recebeu em seu lar e fizeste o filho dela morrer?”. Em seguida, Elias se deitou sobre o menino três vezes e clamou ao S enhor: “Ó S enhor, meu Deus, por favor, permite que a vida volte a este menino!”. O S enhor ouviu a oração de Elias, e o menino voltou a viver. Elias o levou para baixo e o entregou à mãe. “Veja, seu filho está vivo”, disse ele. Então a mulher disse a Elias: “Agora tenho certeza de que você é um homem de Deus, e de que o S enhor verdadeiramente fala por seu intermédio!”. Algum tempo depois, no terceiro ano da seca, o S enhor disse a Elias: “Vá apresentar-se ao rei Acabe. Diga-lhe que enviarei chuva”. Elias foi apresentar-se a Acabe. A fome era severa em Samaria. Acabe mandou chamar Obadias, o administrador do palácio. (Obadias temia profundamente o S enhor. Certa vez, quando Jezabel havia tentado matar todos os profetas do S enhor, Obadias escondeu cem deles em duas cavernas. Colocou cinquenta em cada caverna e forneceu alimento e água para eles.) Acabe disse a Obadias: “Precisamos ir a todas as fontes e vales na terra. Quem sabe encontraremos pasto suficiente para salvar pelo menos alguns de meus cavalos e mulas!”. Então dividiram o território entre si. Acabe foi para um lado, e Obadias, para o outro. Enquanto Obadias caminhava, viu de repente Elias vindo em sua direção. Ao reconhecê-lo, Obadias curvou-se diante dele com o rosto no chão. “É o senhor mesmo, meu senhor Elias?”, perguntou. “Sim, sou eu”, respondeu Elias. “Agora vá e diga ao rei: ‘Elias está aqui’.” Obadias, porém, protestou: “Que mal lhe fiz para que me envie para morrer nas mãos de Acabe? Pois, tão certo como vive o S enhor, seu Deus, o rei o procurou em todas as nações e reinos da terra, de uma extremidade à outra. E cada vez que lhe diziam: ‘Elias não está aqui’, o rei Acabe fazia o rei daquela nação jurar que tinha falado a verdade. E agora o senhor diz: ‘Vá e diga ao rei: Elias está aqui’. Mas, assim que eu o deixar, o Espírito do S enhor o levará embora, sabe-se lá para onde, e quando Acabe chegar e não o encontrar, ele me matará. E, no entanto, tenho servido fielmente ao S enhor toda a minha vida. Ninguém lhe falou da ocasião em que Jezabel tentou matar os profetas do S enhor? Escondi cem deles em duas cavernas e lhes forneci alimento e água. E agora o senhor diz: ‘Vá e diga ao rei: Elias está aqui’. Se eu fizer isso, certamente Acabe me matará!”. Mas Elias disse: “Tão certo como vive o S enhor dos Exércitos, em cuja presença estou, hoje mesmo me apresentarei ao rei Acabe”. Então Obadias foi dizer a Acabe que Elias tinha vindo, e Acabe saiu para encontrar-se com Elias. Quando Acabe o viu, disse: “É você mesmo, perturbador de Israel?”. “Não causei problema algum a Israel”, respondeu Elias. “O senhor e sua família é que são os perturbadores, pois se recusaram a obedecer aos mandamentos do S enhor e, em vez disso, adoraram imagens de Baal. Agora, convoque todo o Israel para encontrar-se comigo no monte Carmelo, além dos 450 profetas de Baal e os 400 profetas de Aserá que comem à mesa de Jezabel.” Acabe convocou todo o povo de Israel e os profetas para se reunirem no monte Carmelo. Elias se colocou diante do povo e disse: “Até quando ficarão oscilando de um lado para o outro? Se o S enhor é Deus, sigam-no! Mas, se Baal é Deus, então sigam Baal!”. O povo, contudo, ficou em silêncio. Então Elias lhes disse: “Sou o único que resta dos profetas do S enhor, mas Baal tem 450 profetas. Agora, tragam para cá dois novilhos. Que os profetas de Baal escolham um deles, cortem o animal em pedaços e o coloquem sobre a lenha do altar, mas não ponham fogo na lenha. Eu prepararei o outro novilho e o colocarei sobre a lenha no altar, mas não porei fogo na lenha. Então invoquem o nome de seu deus, e eu invocarei o nome do S enhor. O deus que responder com fogo, esse é o Deus verdadeiro!”. E todo o povo concordou. Então Elias disse aos profetas de Baal: “Comecem vocês, pois são muitos. Escolham um dos novilhos, preparem-no e invoquem o nome de seu deus. Mas não ponham fogo na lenha”. Eles prepararam um dos novilhos e o colocaram sobre o altar. Invocaram o nome de Baal desde a manhã até o meio-dia e gritavam: “Ó Baal, responde-nos!”, mas não houve resposta alguma. E dançavam em volta do altar que haviam feito. Por volta do meio-dia, Elias começou a zombar deles: “Vocês precisam gritar mais alto”, dizia ele. “Sem dúvida ele é um deus! Talvez esteja meditando ou ocupado em outro lugar. Ou talvez esteja viajando, ou dormindo, e precise ser acordado!” Então gritaram mais alto e, como era seu costume, cortaram-se com facas e espadas, até sangrarem. Agitaram-se em transe desde o meio-dia até a hora do sacrifício da tarde, mas não houve sequer um som, nem resposta ou reação alguma. Então Elias disse ao povo: “Venham aqui!”. Todos se reuniram em volta dele enquanto ele consertava o altar do S enhor que havia sido derrubado. Pegou doze pedras, uma para cada tribo dos filhos de Jacó, a quem o S enhor disse: “Teu nome será Israel”, e com elas reconstruiu o altar em nome do S enhor. Depois, cavou ao redor do altar uma valeta com capacidade suficiente para doze litros de água. Empilhou lenha sobre o altar, cortou o novilho em pedaços e colocou os pedaços sobre a lenha. Em seguida, ordenou: “Encham quatro jarras grandes com água e derramem a água sobre o holocausto e a lenha”. Depois que fizeram isso, disse: “Façam a mesma coisa novamente”. Quando terminaram, ele disse: “Agora façam o mesmo pela terceira vez”. Eles seguiram sua instrução, e a água corria ao redor do altar e encheu a valeta. Na hora costumeira de oferecer o sacrifício da tarde, o profeta Elias se aproximou do altar e orou: “Ó S enhor, Deus de Abraão, Isaque e Jacó, prova hoje que és Deus em Israel e que sou teu servo. Prova que fiz tudo isso por ordem tua. Ó S enhor, responde-me! Que este povo saiba que tu, ó S enhor, és o verdadeiro Deus e estás buscando o povo de volta para ti!”. No mesmo instante, fogo do S enhor desceu do céu e queimou o novilho, a madeira, as pedras e o chão, e secou até a água da valeta. Quando o povo viu isso, todos se prostraram com o rosto no chão e gritaram: “O S enhor é Deus! Sim, o S enhor é Deus!”. Então Elias ordenou: “Prendam todos os profetas de Baal. Não deixem nenhum escapar!”. O povo os prendeu, e Elias os levou para o riacho de Quisom e ali os matou. Em seguida, Elias disse a Acabe: “Vá comer e beber, pois ouço uma forte tempestade chegando”. Acabe foi comer e beber. Elias, porém, subiu ao topo do monte Carmelo, prostrou-se até o chão com o rosto entre os joelhos e orou. Depois, disse a seu servo: “Vá e olhe na direção do mar”. O servo foi e olhou, depois voltou e disse: “Não vi nada”. Sete vezes Elias mandou que ele fosse e olhasse. Por fim, na sétima vez, o servo lhe disse: “Vi subir do mar uma pequena nuvem, do tamanho da mão de um homem”. Então Elias lhe disse: “Vá depressa dizer a Acabe: ‘Apronte seu carro e volte para casa. Se não se apressar, a chuva o impedirá!’”. Em pouco tempo, o céu ficou escuro com nuvens. Um vento forte trouxe uma grande tempestade, e Acabe partiu em sua carruagem a toda velocidade para Jezreel. Então o S enhor concedeu força extraordinária a Elias. Ele prendeu a capa no cinto e correu à frente do carro de Acabe até a entrada de Jezreel. Acabe contou a Jezabel tudo que Elias havia feito, incluindo o modo como havia matado todos os profetas de Baal. Por isso, Jezabel enviou esta mensagem a Elias: “Que os deuses me castiguem severamente se, até amanhã nesta hora, eu não fizer a você o que você fez aos profetas de Baal!”. Elias teve medo e fugiu para salvar a vida. Foi para Berseba, uma cidade em Judá, e ali deixou seu servo. Depois, foi sozinho para o deserto, caminhando o dia todo. Sentou-se debaixo de um pé de giesta e orou, pedindo para morrer. “Já basta, S enhor ”, disse ele. “Tira minha vida, pois não sou melhor que meus antepassados que já morreram.” Então ele se deitou debaixo do pé de giesta e dormiu. Enquanto dormia, um anjo o tocou e disse: “Levante-se e coma!”. Elias olhou em redor e viu, perto de sua cabeça, um pão assado sobre pedras quentes e um jarro de água. Ele comeu, bebeu e se deitou novamente. O anjo do S enhor voltou, tocou-o mais uma vez e disse: “Levante-se e coma um pouco mais, do contrário não aguentará a viagem que tem pela frente”. Elias se levantou, comeu e bebeu, e o alimento lhe deu forças para uma jornada de quarenta dias e quarenta noites até o monte Sinai, o monte de Deus. Ali encontrou uma caverna onde passou a noite. Então o S enhor lhe disse: “O que você faz aqui, Elias?”. Ele respondeu: “Tenho servido com zelo ao S enhor, o Deus dos Exércitos. Contudo, os israelitas quebraram a aliança contigo, derrubaram teus altares e mataram todos os teus profetas. Sou o único que restou, e agora também procuram me matar”. “Saia e ponha-se diante de mim no monte”, disse o S enhor. E, enquanto Elias estava ali, o S enhor passou, e um forte vendaval atingiu o monte. Era tão intenso que as pedras se soltavam do monte diante do S enhor, mas o S enhor não estava no vento. Depois do vento houve um terremoto, mas o S enhor não estava no terremoto. Depois do terremoto houve fogo, mas o S enhor não estava no fogo. E, depois do fogo, veio um suave sussurro. Quando Elias o ouviu, cobriu o rosto com a capa, saiu e ficou na entrada da caverna. E uma voz disse: “O que você faz aqui, Elias?”. Ele respondeu outra vez: “Tenho servido com zelo ao S enhor, o Deus dos Exércitos. Contudo, os israelitas quebraram a aliança contigo, derrubaram teus altares e mataram todos os teus profetas. Sou o único que restou, e agora também procuram me matar”. Então o S enhor lhe disse: “Volte pelo caminho por onde veio e vá para o deserto de Damasco. Quando chegar lá, unja Hazael para ser rei da Síria. Depois, unja também Jeú, neto de Ninsi, para ser rei de Israel, e unja Eliseu, filho de Safate, da cidade de Abel-Meolá, para substituir você como meu profeta. Quem escapar da espada de Hazael será morto por Jeú, e quem escapar da espada de Jeú será morto por Eliseu. No entanto, preservarei sete mil de Israel que nunca se prostraram diante de Baal nem o beijaram!”. Elias partiu e encontrou Eliseu, filho de Safate, arando um campo. Havia doze parelhas de bois no campo, e Eliseu arava com a última parelha. Elias se aproximou de Eliseu, lançou sua capa sobre os ombros dele e continuou a caminhar. Eliseu deixou os bois ali, correu atrás de Elias e disse: “Primeiro deixe-me dar um beijo de despedida em meu pai e em minha mãe; então o seguirei!”. Elias respondeu: “Pode voltar, mas pense no que lhe fiz”. Eliseu voltou para sua parelha de bois e os matou. Usou a madeira do arado para fazer fogo e assar a carne. Distribuiu a carne para o povo da cidade, e todos eles comeram. Então partiu com Elias, como seu ajudante. Por esse tempo, Ben-Hadade, rei da Síria, mobilizou seu exército com o apoio de 32 reis aliados e seus carros de guerra e cavalos. Eles cercaram Samaria e a atacaram. Ben-Hadade enviou mensageiros à cidade para dizer a Acabe, rei de Israel: “Assim diz Ben-Hadade: ‘Sua prata e seu ouro são meus, bem como suas esposas e os melhores de seus filhos’”. “Está bem, ó meu senhor, o rei”, respondeu o rei de Israel. “Tudo que tenho é seu.” Pouco depois, os mensageiros voltaram e disseram: “Assim diz Ben-Hadade: ‘Já exigi que entregasse sua prata, seu ouro, suas esposas e seus filhos. Mas amanhã, a esta hora, enviarei meus oficiais para vasculharem seu palácio e as casas de seus oficiais e tomarem tudo que considerarem de valor’”. Então Acabe convocou todas as autoridades de Israel e lhes disse: “Vejam como esse homem quer nossa desgraça! Já concordei em lhe entregar minhas esposas, meus filhos, minha prata e meu ouro!”. “Não ceda a nenhuma outra exigência!”, aconselharam as autoridades e o povo. Portanto, Acabe respondeu aos mensageiros de Ben-Hadade: “Digam ao meu senhor, o rei: ‘Eu lhe darei tudo que pediu da primeira vez, mas não posso aceitar sua última exigência’”. Os mensageiros voltaram a Ben-Hadade com essa resposta. Então Ben-Hadade enviou a seguinte mensagem a Acabe: “Que os deuses me castiguem severamente se restar pó suficiente de Samaria para dar um punhado a cada um de meus soldados!”. O rei de Israel respondeu: “O guerreiro que se arma com sua espada para lutar não deve se vangloriar como o guerreiro que já venceu”. A resposta de Acabe chegou a Ben-Hadade e aos outros reis quando bebiam em suas tendas. “Preparem-se para atacar!”, ordenou Ben-Hadade a seus oficiais. E eles se prepararam para atacar a cidade. Enquanto isso, um profeta foi a Acabe, rei de Israel, e lhe disse: “Assim diz o S enhor: ‘Está vendo esse enorme exército inimigo? Hoje eu o entregarei em suas mãos. Com isso, você saberá que eu sou o S enhor ’”. Acabe perguntou: “Por meio de quem ele fará isso acontecer?”. O profeta respondeu: “Assim diz o S enhor: ‘Os soldados dos comandantes das províncias o farão’”. “Devemos atacar primeiro?”, perguntou Acabe. “Sim”, respondeu o profeta. Então Acabe convocou os 232 soldados dos comandantes das províncias. Em seguida, reuniu o restante do exército de Israel, cerca de sete mil homens. Por volta do meio-dia, quando Ben-Hadade e os 32 reis aliados ainda estavam em suas tendas, bebendo até ficarem bêbados, o primeiro contingente, formado pelos soldados dos comandantes das províncias, saiu da cidade. Quando eles se aproximavam, os espiões de Ben-Hadade o avisaram: “Há alguns soldados vindo de Samaria”. Ele ordenou: “Quer tenham vindo em paz, quer para guerrear, tragam esses soldados com vida!”. Os soldados dos comandantes das províncias de Acabe e todo o exército haviam saído para lutar. Cada soldado israelita matou seu adversário sírio e, de repente, todo o exército sírio fugiu. Os israelitas os perseguiram, mas o rei Ben-Hadade e alguns dos cavaleiros fugiram a cavalo. O rei de Israel destruiu os outros cavalos e carros de guerra e massacrou os sírios. Depois disso, o profeta disse ao rei Acabe: “Prepare-se para outro ataque. Comece a planejar desde já, pois o rei da Síria voltará na virada do ano”. Depois da derrota, os oficiais de Ben-Hadade lhe disseram: “Os deuses israelitas são deuses dos montes; por isso venceram. Mas podemos derrotá-los com facilidade nas planícies. Desta vez, porém, substitua os reis por outros comandantes. Reúna outro exército como o que o senhor perdeu. Dê-nos o mesmo número de cavalos e carros de guerra, e lutaremos contra os israelitas nas planícies. Certamente os derrotaremos!”. O rei Ben-Hadade fez conforme aconselharam. Na virada do ano, convocou o exército sírio e marchou novamente contra Israel, dessa vez em Afeque. Israel reuniu seu exército, organizou linhas de abastecimento e saiu para lutar. Mas, em comparação com o enorme exército sírio que cobria todo o campo, os israelitas pareciam dois pequenos rebanhos de cabras. O homem de Deus foi ao rei de Israel e lhe disse: “Assim diz o S enhor: ‘Os sírios pensam que o S enhor é um deus dos montes, e não das planícies. Por isso, entregarei todo o enorme exército sírio em suas mãos. Então vocês saberão que eu sou o S enhor ’”. Os dois exércitos acamparam um de frente para o outro durante sete dias e, no sétimo dia, a batalha começou. Os israelitas mataram cem mil soldados de infantaria dos sírios em um só dia. O restante fugiu para a cidade de Afeque, mas o muro caiu sobre eles e matou mais 27 mil. Ben-Hadade fugiu para a cidade e se escondeu num quarto secreto. Os oficiais de Ben-Hadade lhe disseram: “Senhor, ouvimos que os reis de Israel são misericordiosos. Vamos nos humilhar, usar panos de saco na cintura e cordas na cabeça e nos render ao rei de Israel. Talvez ele deixe o senhor viver”. Então vestiram panos de saco e cordas, foram ao rei de Israel e suplicaram: “Seu servo Ben-Hadade diz: ‘Peço que me deixe viver!’”. O rei de Israel respondeu: “Ele ainda está vivo? Ele é meu irmão!”. Os homens interpretaram isso como um bom sinal e, aproveitando essas palavras, responderam: “Sim, seu irmão Ben-Hadade!”. “Vão buscá-lo”, disse o rei de Israel. E, quando Ben-Hadade chegou, Acabe o convidou para subir em sua carruagem. Ben-Hadade lhe disse: “Devolverei as cidades que meu pai tomou de seu pai, e você poderá estabelecer centros de comércio em Damasco, como meu pai fez em Samaria”. Acabe disse: “Sob essas condições, eu o libertarei”. Então os dois fizeram um acordo, e Ben-Hadade foi liberto. Enquanto isso, o S enhor instruiu um dos membros de um grupo de profetas a dizer a outro: “Dê um soco em mim!”, mas o homem se recusou a fazê-lo. Então o profeta lhe disse: “Como você não obedeceu à voz do S enhor, um leão o matará assim que você sair daqui”. E, quando ele partiu, um leão o atacou e o matou. Em seguida, o profeta se dirigiu a outro homem e disse: “Dê um soco em mim!”. O homem deu um soco no profeta e o feriu. O profeta colocou uma faixa de pano sobre os olhos para se disfarçar e esperou pelo rei junto à estrada. Quando o rei ia passando, o profeta gritou: “Eu, seu servo, estava no meio da batalha acirrada quando, de repente, alguém me trouxe um prisioneiro e disse: ‘Vigie este homem. Se ele escapar, você morrerá ou pagará uma multa de 35 quilos de prata!’. Contudo, enquanto eu estava ocupado fazendo outra coisa, o prisioneiro desapareceu”. “A culpa é sua”, respondeu o rei. “Você mesmo pronunciou sua condenação.” Então, sem demora, o profeta tirou a faixa dos olhos, e o rei de Israel reconheceu que era um dos profetas. O profeta lhe disse: “Assim diz o S enhor: ‘Uma vez que você poupou o homem que eu havia ordenado que fosse destruído, você deve morrer em lugar dele, e seu povo, em lugar do povo dele’”. O rei de Israel foi para casa, em Samaria, indignado e aborrecido. Naquela época, um homem chamado Nabote, de Jezreel, possuía um vinhedo que ficava ao lado do palácio de Acabe, rei de Samaria. Certo dia, Acabe disse a Nabote: “Como sua videira fica tão próxima do meu palácio, quero comprá-la para fazer uma horta. Em troca, darei a você uma videira melhor, ou, se preferir, pagarei o valor em dinheiro”. Nabote, porém, respondeu: “O S enhor me livre de lhe entregar a herança que recebi de meus antepassados!”. Então Acabe foi para casa indignado e aborrecido por causa da resposta de Nabote. O rei foi deitar-se, virou o rosto e não quis comer. “Qual é o problema?”, perguntou sua esposa Jezabel. “Por que você está tão aborrecido que nem quer comer?” Acabe respondeu: “Pedi a Nabote, de Jezreel, que me vendesse sua videira ou que a trocasse por outra, mas ele não quis”. “Afinal, você é o rei de Israel ou não é?”, disse Jezabel. “Levante-se e coma alguma coisa, e não se preocupe com isso. Conseguirei para você a videira de Nabote.” Então ela escreveu cartas em nome de Acabe, selou-as com o selo do rei e as enviou para as autoridades e outros líderes da cidade onde Nabote morava. Nas cartas, ela ordenava: “Reúnam os habitantes da cidade para jejuar e coloquem Nabote num lugar onde todos possam vê-lo. Mandem sentar-se em frente dele dois homens de mau caráter que o acusem de amaldiçoar a Deus e o rei. Depois, levem-no para fora e matem-no por apedrejamento”. As autoridades e os outros líderes da cidade seguiram as instruções dadas por Jezabel em suas cartas. Convocaram os habitantes da cidade para um jejum e colocaram Nabote num lugar onde todos podiam vê-lo. Então dois homens de mau caráter vieram, sentaram-se de frente para ele e o acusaram diante de todo o povo, dizendo: “Ele amaldiçoou a Deus e o rei!”. Em seguida, foi arrastado para fora da cidade e morto por apedrejamento. Os líderes da cidade mandaram avisar Jezabel: “Nabote foi apedrejado e está morto”. Quando Jezabel ouviu a notícia, disse a Acabe: “Lembra-se da videira que Nabote se recusou a vender? Agora você pode ficar com ela. Nabote está morto”. Acabe desceu de imediato à videira de Nabote para tomar posse dela. Contudo, o S enhor disse a Elias, de Tisbe: “Vá encontrar-se com Acabe, rei de Israel, que governa em Samaria. Ele estará na videira de Nabote, para tomar posse dela. Transmita-lhe esta mensagem: ‘Assim diz o S enhor: Não foi suficiente para você matar Nabote? Era preciso que também roubasse a propriedade dele? Por causa do que você fez, os cães lamberão seu sangue no mesmo lugar onde lamberam o sangue de Nabote’”. “Quer dizer que você me encontrou, meu inimigo!”, disse Acabe a Elias. “Sim”, respondeu Elias. “Vim porque você se vendeu para fazer o que é mau aos olhos do S enhor. Agora o S enhor diz: ‘Trarei desgraça sobre você e o exterminarei, e destruirei todos os seus descendentes do sexo masculino em Israel, tanto escravos como livres. Acabarei com sua família como fiz com a família de Jeroboão, filho de Nebate, e com a família de Baasa, filho de Aías, pois você provocou minha ira e levou Israel a pecar’. “E quanto a Jezabel, o S enhor diz: ‘Cães devorarão o corpo de Jezabel no campo em Jezreel’. “Os membros da família de Acabe que morrerem na cidade serão comidos pelos cães, e os que morrerem no campo serão comidos pelos abutres.” Não houve ninguém que tenha se vendido tão completamente para fazer o que é mau aos olhos do S enhor como Acabe, influenciado por sua esposa Jezabel. Sua prática mais repugnante foi adorar ídolos como haviam feito os amorreus, povo que o S enhor tinha expulsado de diante dos israelitas. Quando Acabe ouviu essa mensagem, rasgou suas roupas, vestiu-se de pano de saco e jejuou. Passou a dormir em cima de panos de saco e a andar cabisbaixo. Então Elias, de Tisbe, recebeu outra mensagem do S enhor: “Vê como Acabe se humilhou diante de mim? Por isso, não trarei calamidade durante sua vida. Farei cair a calamidade sobre os filhos dele; destruirei sua dinastia”. Durante três anos, não houve guerra entre a Síria e Israel. No terceiro ano, porém, Josafá, rei de Judá, foi visitar o rei de Israel. Durante a visita, o rei de Israel disse a seus oficiais: “Não sabem que a cidade de Ramote-Gileade nos pertence? E, no entanto, não fizemos coisa alguma para retomá-la do rei da Síria!”. Então se voltou para Josafá e perguntou: “Você se juntará a mim na batalha para reconquistar Ramote-Gileade?”. Josafá respondeu ao rei de Israel: “Claro que sim! Você e eu somos como um só. Meus soldados são seus soldados, e meus cavalos são seus cavalos”. E acrescentou: “Antes, porém, consulte o S enhor ”. Então o rei de Israel convocou os profetas, cerca de quatrocentos no total, e lhes perguntou: “Devo ir à guerra contra Ramote-Gileade ou não?”. Todos eles responderam: “Sim, deve! O Senhor entregará o inimigo nas mãos do rei”. Josafá, porém, perguntou: “Acaso não há aqui um profeta do S enhor? Devemos consultá-lo também”. O rei de Israel respondeu a Josafá: “Há mais um homem que pode consultar o S enhor para nós, mas eu o odeio, pois nunca profetiza nada de bom a meu respeito, só coisas ruins! Chama-se Micaías, filho de Inlá”. “O rei não devia falar assim”, respondeu Josafá. Então o rei de Israel chamou um de seus oficiais e disse: “Traga Micaías, filho de Inlá. Rápido!”. Vestidos com seus trajes reais, o rei de Israel e Josafá, rei de Judá, estavam sentados cada um em seu trono na eira, junto à porta de Samaria. Todos os profetas estavam profetizando diante deles. Um dos profetas, Zedequias, filho de Quenaaná, fez chifres de ferro e declarou: “Assim diz o S enhor: ‘Com estes chifres o rei ferirá os sírios até a morte!’”. Todos os outros profetas concordaram, dizendo: “Sim, suba a Ramote-Gileade e seja vitorioso, pois o S enhor a entregará nas mãos do rei!”. Enquanto isso, o mensageiro que foi buscar Micaías lhe disse: “Veja, todos os profetas prometem vitória para o rei. Concorde com eles e também prometa sucesso”. Micaías, porém, respondeu: “Tão certo como vive o S enhor, direi apenas o que o S enhor ordenar”. Quando Micaías chegou, o rei lhe perguntou: “Micaías, devemos ir à guerra contra Ramote-Gileade ou não?”. Micaías respondeu: “Sim, suba e será vitorioso, pois o S enhor a entregará nas mãos do rei!”. Mas o rei disse: “Quantas vezes preciso exigir que diga somente a verdade quando falar em nome do S enhor?”. Então Micaías respondeu: “Vi todo o Israel espalhado pelos montes, como ovelhas sem pastor. E o S enhor disse: ‘Seu líder foi morto. Mande-os para casa em paz’”. O rei de Israel disse a Josafá: “Não falei? Ele nunca profetiza nada de bom a meu respeito, mas somente coisas ruins”. Micaías prosseguiu: “Ouça o que o S enhor diz! Vi o S enhor sentado em seu trono, com todo o exército do céu ao redor, à sua direita e à sua esquerda. E o S enhor perguntou: ‘Quem enganará Acabe para que vá à guerra contra Ramote-Gileade e seja morto ali?’. “Houve muitas sugestões, até que, por fim, um espírito se aproximou do S enhor e disse: ‘Eu o enganarei!’. “‘De que maneira?’, perguntou o S enhor. “E o espírito respondeu: ‘Sairei e porei um espírito mentiroso na boca de todos os seus profetas’. “O S enhor disse: ‘Você conseguirá enganá-lo!’. “Como vê, o S enhor pôs um espírito mentiroso na boca de todos os seus profetas, pois o S enhor decretou sua desgraça”. Então Zedequias, filho de Quenaaná, se aproximou de Micaías e lhe deu uma bofetada. “Como foi que o Espírito do S enhor me deixou para falar com você?”, perguntou ele. Micaías respondeu: “Você descobrirá em breve, quando tentar se esconder em algum quarto secreto!”. Então o rei de Israel ordenou: “Prendam Micaías e levem-no de volta a Amom, governador da cidade, e a meu filho Joás, com a seguinte ordem: ‘Ponham este homem na prisão e deem-lhe apenas pão e água até que eu volte da batalha em segurança!’”. Micaías, porém, respondeu: “Se voltar em segurança, significará que o S enhor não falou por meu intermédio!”. E acrescentou aos que estavam ao redor: “Todos vocês, prestem atenção às minhas palavras!”. Então o rei de Israel e Josafá, rei de Judá, levaram seus exércitos para atacar Ramote-Gileade. O rei de Israel disse a Josafá: “Quando entrarmos no combate, usarei um disfarce para que ninguém me reconheça, mas você vestirá seus trajes reais”. O rei de Israel se disfarçou, e os dois foram à batalha. Enquanto isso, o rei da Síria tinha dado as seguintes ordens aos 32 comandantes dos carros de guerra: “Ataquem somente o rei de Israel. Não lutem contra ninguém mais!”. Quando os comandantes dos carros de guerra sírios viram Josafá em seus trajes reais, foram atrás dele. “É o rei de Israel!”, disseram. Contudo, quando Josafá gritou, os comandantes dos carros perceberam que não era o rei de Israel e pararam de persegui-lo. Então um soldado sírio disparou uma flecha ao acaso e acertou o rei de Israel entre as juntas de sua armadura. “Dê a volta e tire-me daqui!”, exclamou Acabe para o condutor de seu carro. “Estou gravemente ferido!” A batalha, cada vez mais violenta, prosseguiu durante todo o dia, e o rei permaneceu em pé, apoiado em seu carro, de frente para os sírios. O sangue de seu ferimento escorria para o piso do carro e, ao entardecer, ele morreu. Quando o sol se punha, um clamor se espalhou entre seus soldados: “Estamos perdidos! Voltem para suas casas!”. Assim, o rei morreu, e seu corpo foi levado para Samaria e sepultado ali. Seu carro de guerra foi lavado junto ao tanque de Samaria, e os cães vieram e lamberam seu sangue no lugar onde as prostitutas se banhavam, exatamente como o S enhor havia prometido. Os demais acontecimentos do reinado de Acabe, e tudo que ele fez, incluindo o palácio de marfim e as cidades que construiu, estão escritos no Livro da História dos Reis de Israel. Acabe morreu e se reuniu a seus antepassados, e seu filho Acazias foi seu sucessor. Josafá, filho de Asa, começou a reinar em Judá no quarto ano do reinado de Acabe, rei de Israel. Josafá tinha 35 anos quando começou a reinar e reinou em Jerusalém por 25 anos. Sua mãe se chamava Azuba e era filha de Sili. Josafá foi um bom rei, que seguiu o exemplo de seu pai, Asa, e fez o que era certo aos olhos do S enhor. Contudo, não removeu todos os santuários idólatras, e o povo continuou a oferecer sacrifícios e queimar incenso neles. Josafá manteve paz com o rei de Israel. Os demais acontecimentos do reinado de Josafá, a extensão de seu poder e suas guerras estão registrados no Livro da História dos Reis de Judá. Ele expulsou da terra os prostitutos cultuais dos santuários idólatras que restaram do tempo de seu pai, Asa. (Naquela época, não havia rei em Edom, mas apenas um governador.) Josafá construiu uma frota de navios mercantes para buscar ouro em Ofir. As embarcações, porém, nunca chegaram a navegar, pois naufragaram no porto de Eziom-Geber. Certa vez, Acazias, filho de Acabe, propôs a Josafá: “Deixe que meus homens naveguem com os seus”, mas Josafá não aceitou a proposta. Quando Josafá morreu, foi sepultado com seus antepassados na Cidade de Davi. Seu filho Jeorão foi seu sucessor. Acazias, filho de Acabe, começou a reinar em Israel no décimo sétimo ano do reinado de Josafá em Judá. Reinou em Samaria por dois anos. Contudo, fez o que era mau aos olhos do S enhor, pois seguiu o exemplo de seu pai e sua mãe e o exemplo de Jeroboão, filho de Nebate, que levou Israel a pecar. Serviu a Baal e o adorou, provocando a ira do S enhor, Deus de Israel, como seu pai havia feito. Depois da morte do rei Acabe, a terra de Moabe se rebelou contra Israel. Certo dia, Acazias caiu pela grade de um cômodo no terraço de seu palácio em Samaria e ficou gravemente ferido. Ele enviou mensageiros ao templo de Baal-Zebube, deus de Ecrom, para saber se iria se recuperar. O anjo do S enhor, porém, disse a Elias, de Tisbe: “Vá ao encontro dos mensageiros do rei de Samaria e diga-lhes: ‘Acaso não há Deus em Israel? Por que vão consultar Baal-Zebube, o deus de Ecrom? Por isso, assim diz o S enhor: Você nunca mais se levantará da cama onde está; certamente morrerá!’”. Então Elias partiu. Quando os mensageiros voltaram ao rei, ele lhes perguntou: “Por que voltaram tão depressa?”. Eles responderam: “Um homem veio ao nosso encontro e nos instruiu a voltarmos ao rei e lhe darmos esta mensagem: ‘Assim diz o S enhor: Acaso não há Deus em Israel? Por que enviou seus homens para consultar Baal-Zebube, o deus de Ecrom? Por isso, nunca mais se levantará da cama onde está; certamente morrerá’”. “Como era o homem que lhes anunciou essa mensagem?”, perguntou o rei. Eles responderam: “Vestia roupas feitas de pelos e usava um cinto de couro”. “Era Elias, de Tisbe!”, exclamou o rei. Em seguida, enviou um capitão de seu exército com cinquenta soldados para prender Elias. Eles o encontraram sentado no alto de um monte. O capitão lhe disse: “Homem de Deus, o rei ordena que você desça conosco”. Elias respondeu ao capitão: “Se sou homem de Deus, que desça fogo do céu e destrua você e seus cinquenta soldados!”. Então desceu fogo do céu e matou todos eles. O rei enviou outro capitão com cinquenta soldados. O capitão disse a Elias: “Homem de Deus, o rei ordena que você desça imediatamente”. Elias, porém, respondeu: “Se sou homem de Deus, que desça fogo do céu e destrua você e seus cinquenta soldados!”. Novamente desceu fogo do céu e matou todos eles. Pela terceira vez, o rei enviou um capitão com cinquenta soldados. Esse capitão, porém, subiu o monte todo, ajoelhou-se diante de Elias e implorou: “Ó homem de Deus, por favor, poupe minha vida e a vida destes seus cinquenta servos. Sabemos que desceu fogo do céu e destruiu os outros dois capitães e seus grupos de soldados. Mas, agora, peço que poupe minha vida!”. Então o anjo do S enhor disse a Elias: “Desça com ele e não tenha medo”. Assim, Elias se levantou, desceu e foi falar com o rei. Elias disse ao rei: “Assim diz o S enhor: ‘Por que enviou mensageiros para consultar Baal-Zebube, o deus de Ecrom? Acaso não há Deus em Israel? Por isso, você nunca mais se levantará da cama onde está; certamente morrerá”. Então Acazias morreu, conforme o S enhor havia anunciado por meio de Elias. Acazias não tinha nenhum filho para reinar em seu lugar, de modo que seu irmão Jorão foi seu sucessor. Isso aconteceu no segundo ano do reinado de Jeorão, filho de Josafá, rei de Judá. Os demais acontecimentos do reinado de Acazias e tudo que ele fez estão registrados no Livro da História dos Reis de Israel. Quando o S enhor estava para levar Elias ao céu num redemoinho, Elias e Eliseu partiram de Gilgal. No caminho, Elias disse a Eliseu: “Fique aqui, pois o S enhor me mandou ir a Betel”. Eliseu, porém, respondeu: “Tão certo como vive o S enhor, e tão certo como a sua própria vida, não o deixarei!”. E desceram juntos a Betel. O grupo de profetas de Betel foi ao encontro de Eliseu e lhe perguntou: “Você sabe que o S enhor levará seu mestre hoje?”. “Sim, eu sei”, respondeu Eliseu. “Mas não falem sobre isso.” Então Elias disse a Eliseu: “Fique aqui, pois o S enhor me mandou ir a Jericó”. Mas Eliseu respondeu novamente: “Tão certo como vive o S enhor, e tão certo como a sua própria vida, não o deixarei”. E foram juntos a Jericó. O grupo de profetas de Jericó foi ao encontro de Eliseu e lhe perguntou: “Você sabe que o S enhor levará seu mestre hoje?”. “Sim, eu sei”, respondeu Eliseu. “Mas não falem sobre isso.” Então Elias disse a Eliseu: “Fique aqui, pois o S enhor me mandou ir ao rio Jordão”. Mais uma vez, porém, Eliseu respondeu: “Tão certo como vive o S enhor, e tão certo como a sua própria vida, não o deixarei”. E seguiram juntos pelo caminho. Cinquenta homens do grupo de profetas também foram e observaram de longe quando Elias e Eliseu pararam junto ao rio Jordão. Elias dobrou seu manto e bateu com ele nas águas. O rio se abriu, e os dois atravessaram em terra seca. Quando chegaram à outra margem, Elias disse a Eliseu: “Diga-me, o que posso fazer por você antes de ser levado embora?”. Eliseu respondeu: “Peço-lhe que eu receba uma porção dobrada do seu espírito e me torne seu sucessor”. Elias respondeu: “O que você pediu é uma tarefa difícil, mas, se me vir quando eu for separado de você, receberá o que pediu; caso contrário, não será atendido”. De repente, enquanto caminhavam e conversavam, surgiu uma carruagem de fogo, puxada por cavalos de fogo. Passou entre os dois e os separou, e Elias foi levado para o céu num redemoinho. Eliseu viu isso e gritou: “Meu pai, meu pai! Você era como os carros de guerra de Israel e seus cavaleiros!”. E, quando ele sumiu de vista, Eliseu rasgou as roupas ao meio. Em seguida, pegou o manto de Elias, que tinha caído, e voltou à margem do Jordão. Bateu nas águas com o manto e gritou: “Onde está o S enhor, o Deus de Elias?”. Então o rio se dividiu, e Eliseu o atravessou. Quando os membros do grupo de profetas de Jericó viram o que havia acontecido, exclamaram: “O espírito de Elias repousa sobre Eliseu!”. Então foram encontrar-se com Eliseu e se curvaram com o rosto no chão diante dele. Disseram: “Nós, seus servos, temos cinquenta homens corajosos que podem procurar seu mestre no deserto. Talvez o Espírito do S enhor o tenha deixado em algum monte ou em algum vale”. “Não enviem ninguém”, disse Eliseu. Mas insistiram tanto que, por fim, constrangido, ele consentiu: “Está bem, enviem os homens”. Os cinquenta homens procuraram por três dias, mas não encontraram Elias. Eliseu ainda estava em Jericó quando eles voltaram, e disse: “Não lhes falei que não fossem?”. Certo dia, alguns moradores de Jericó disseram a Eliseu: “Temos um problema, meu senhor. A cidade está situada numa boa região, como o senhor pode ver. Contudo, a água não é boa, e a terra é improdutiva”. Eliseu disse: “Tragam-me uma tigela nova cheia de sal”, e fizeram o que ele pediu. Eliseu foi à nascente que abastecia a cidade com água e jogou ali o sal. Disse ele: “Assim diz o S enhor: ‘Purifiquei esta água. Ela não causará mais morte nem tornará a terra improdutiva’”. E, desde então, a água permanece pura, conforme a palavra de Eliseu. Eliseu saiu dali e foi a Betel. Enquanto subia pelo caminho, um grupo de adolescentes da cidade começou a zombar dele. “Vá embora, careca! Vá embora, careca!”, gritavam. Eliseu se voltou para trás, olhou para eles e os amaldiçoou em nome do S enhor. Então duas ursas saíram do bosque e despedaçaram 42 adolescentes. Dali Eliseu foi para o monte Carmelo e, por fim, voltou a Samaria. Jorão, filho de Acabe, começou a reinar em Israel no décimo oitavo ano do reinado de Josafá, rei de Judá. Reinou em Samaria por doze anos. Fez o que era mau aos olhos do S enhor, mas não tanto quanto seu pai e sua mãe. Pelo menos derrubou a coluna sagrada de Baal que seu pai havia levantado. Contudo, persistiu nos pecados que Jeroboão, filho de Nebate, havia cometido e levado o povo de Israel a cometer. Messa, rei de Moabe, era criador de ovelhas. Costumava pagar ao rei de Israel um tributo anual de cem mil cordeiros e a lã de cem mil carneiros. Depois da morte de Acabe, porém, o rei de Moabe se rebelou contra o rei de Israel. Então, sem demora, o rei Jorão partiu de Samaria e reuniu o exército de Israel. No caminho, enviou esta mensagem a Josafá, rei de Judá: “O rei de Moabe se rebelou contra mim. Você sairá comigo para batalhar contra ele?”. Josafá respondeu: “Claro que sim! Meus soldados são seus soldados, e meus cavalos são seus cavalos”. E perguntou: “Que caminho vamos tomar?”. “Vamos atacar pelo deserto de Edom”, respondeu o rei de Israel. O rei de Edom e seus soldados se uniram ao rei de Israel e ao rei de Judá, e os três exércitos seguiram pelo caminho. Depois que andaram sete dias pelo deserto, já não havia água para os homens nem para os animais. “O que vamos fazer?”, exclamou o rei de Israel. “Será que o S enhor trouxe os três reis até aqui só para permitir que o rei de Moabe nos derrote?” Então Josafá perguntou: “Não há aqui um profeta do S enhor? Se houver, podemos consultar o S enhor por meio dele”. Um dos oficiais do rei de Israel respondeu: “Eliseu, filho de Safate, está aqui. Ele era o ajudante de Elias”. “Sim, o S enhor fala por meio dele”, disse Josafá. Então o rei de Israel, Josafá, o rei de Judá, e o rei de Edom foram consultar Eliseu. “Por que veio me procurar?”, perguntou Eliseu ao rei de Israel. “Vá consultar os profetas idólatras de seu pai e de sua mãe!” O rei de Israel, porém, disse: “Vim procurá-lo porque foi o S enhor que chamou esses três reis só para entregá-los nas mãos do rei de Moabe!”. Eliseu respondeu: “Tão certo como vive o S enhor dos Exércitos, a quem sirvo, eu não lhe daria atenção alguma se não fosse por respeito a Josafá, rei de Judá. Agora, tragam-me alguém que saiba tocar harpa”. Enquanto o músico tocava, a mão do S enhor veio sobre Eliseu, e ele disse: “Assim diz o S enhor: ‘Este vale seco se encherá de poços de água!’. Pois assim diz o S enhor: ‘Vocês não verão vento nem chuva, mas o vale se encherá de água. Terão o suficiente para vocês, seus rebanhos e outros animais’. E, como se isso não bastasse, o S enhor ainda entregará o exército de Moabe em suas mãos! Vocês conquistarão as melhores cidades deles, até mesmo as fortificadas. Cortarão as árvores frutíferas, taparão todas as fontes e entulharão com pedras as terras de plantio”. No dia seguinte, por volta da hora em que se oferecia o sacrifício da manhã, começou a aparecer água, descendo desde Edom, e, em pouco tempo, havia água por toda parte. Enquanto isso, o povo de Moabe soube que os três exércitos marchavam contra eles, e todos os homens com idade suficiente para lutar foram convocados e se posicionaram ao longo da fronteira. Quando se levantaram na manhã seguinte, o sol brilhava sobre a água. Para os moabitas, ela parecia vermelha como sangue. “É sangue!”, exclamaram. “Os três exércitos atacaram uns aos outros e se mataram! Venha, povo de Moabe, vamos tomar os despojos!” Mas, quando os moabitas chegaram ao acampamento de Israel, o exército israelita se levantou e os atacou até que deram meia-volta e fugiram. Os israelitas os perseguiram até Moabe, avançando pelo território e derrotando Moabe definitivamente. Arrasaram as cidades, entulharam com pedras as terras de plantio, taparam as fontes de água e cortaram as árvores frutíferas. Por fim, só restou Quir-Haresete com suas muralhas de pedra, mas atiradores com fundas a cercaram e a atacaram. Quando o rei de Moabe percebeu que estava perdendo a batalha, liderou setecentos homens com espadas, numa tentativa de romper as linhas inimigas próximas do rei de Edom, mas fracassou. Então o rei de Moabe pegou seu filho mais velho, que devia sucedê-lo, e o ofereceu como holocausto sobre o muro da cidade. Por isso, houve grande ira contra Israel, e os israelitas se retiraram e voltaram para sua terra. Certo dia, a viúva de um dos membros do grupo de profetas foi pedir ajuda a Eliseu: “Meu marido, que o servia, morreu, e o senhor sabe como ele temia o S enhor. Agora, veio um credor que ameaça levar meus dois filhos como escravos”. “O que posso fazer para ajudá-la?”, perguntou Eliseu. “Diga-me, o que você tem em casa?” “Não tenho nada, exceto uma vasilha de azeite”, respondeu ela. Então Eliseu disse: “Tome emprestadas muitas vasilhas de seus amigos e vizinhos, quantas conseguir. Depois, entre em casa com seus filhos e feche a porta. Derrame nas vasilhas o azeite que você tem e separe-as quando estiverem cheias”. A viúva seguiu as instruções de Eliseu. Seus filhos traziam vasilhas, e ela as enchia. Logo, todas estavam cheias até a borda. “Traga mais uma vasilha”, disse ela a um dos filhos. “Acabaram as vasilhas!”, respondeu ele. E o azeite parou de correr. Quando ela contou ao homem de Deus o que havia acontecido, ele lhe disse: “Agora venda o azeite e pague suas dívidas. Você e seus filhos poderão viver do que sobrar”. Certo dia, Eliseu foi à cidade de Suném. Uma mulher rica que morava na cidade o convidou para fazer uma refeição em sua casa. Depois disso, sempre que ele passava por lá, parava na casa dela para comer. A mulher disse ao marido: “Sem dúvida esse homem que sempre passa por aqui é um santo homem de Deus. Vamos construir um quartinho para ele no terraço e mobiliá-lo com uma cama, uma mesa, uma cadeira e uma lâmpada. Assim, quando ele passar por aqui, terá um lugar para ficar”. Um dia, Eliseu voltou a Suném e subiu ao quarto para descansar. Disse a seu servo, Geazi: “Chame a sunamita”. Quando ela veio, Eliseu disse a Geazi: “Diga-lhe: ‘Somos gratos por sua bondade e seu cuidado conosco. O que podemos fazer por você? Podemos falar em seu favor ao rei ou ao comandante do exército?’”. “Não”, respondeu ela. “Minha família cuida bem de mim.” Mais tarde, Eliseu perguntou a Geazi: “O que podemos fazer por ela?”. Geazi respondeu: “Ela não tem filhos, e o marido é idoso”. “Chame-a de novo”, disse Eliseu. A mulher voltou e, enquanto ela estava à porta do quarto, Eliseu lhe disse: “Ano que vem, por esta época, você estará com um filho nos braços!”. “Não, meu senhor!”, exclamou ela. “Por favor, homem de Deus, não me dê falsas esperanças.” Mas, de fato, a mulher ficou grávida. No ano seguinte, naquela mesma época, teve um filho, como Eliseu tinha dito. Certo dia, quando o menino estava mais crescido, saiu para acompanhar o pai, que estava no campo com os ceifeiros. De repente, o menino gritou: “Ai! Que dor de cabeça!”. Seu pai disse a um dos servos: “Leve-o para casa, para a mãe dele”. O servo levou o menino para casa, e a mãe o segurou no colo. Mas, por volta do meio-dia, ele morreu. Ela o carregou para cima e o deitou na cama do homem de Deus; fechou a porta e o deixou ali. Então enviou um recado para o marido: “Mande um dos servos e uma jumenta, para que eu vá depressa falar com o homem de Deus e volte em seguida”. “Por que hoje?”, perguntou ele. “Não é a festa da lua nova nem sábado.” Ela, porém, respondeu: “Não se preocupe”. Então ela mandou selar a jumenta e disse ao servo: “Rápido! Só diminua o passo quando eu mandar”. E partiu para encontrar-se com o homem de Deus no monte Carmelo. Quando ele a viu a distância, disse a Geazi: “Olhe! Lá vem a sunamita! Corra ao seu encontro e pergunte: ‘Está tudo bem com a senhora, com seu marido e com seu filho?’”. A mulher respondeu: “Sim, está tudo bem”. Mas, quando ela chegou ao homem de Deus no monte, abraçou os pés dele. Geazi quis afastá-la, mas o homem de Deus disse: “Deixe-a em paz. Ela está profundamente angustiada, mas o S enhor não me revelou o motivo”. Então a mulher disse: “Acaso eu lhe pedi um filho, meu senhor? Não lhe disse que não me desse falsas esperanças?”. Eliseu disse a Geazi: “Prepare-se para viajar; pegue meu cajado e vá! Não cumprimente ninguém pelo caminho. Quando chegar, coloque o cajado sobre o rosto do menino”. Mas a mãe do menino disse: “Tão certo como vive o S enhor, e tão certo como a sua própria vida, não voltarei para casa se o senhor não for comigo”. Então Eliseu voltou com ela. Geazi foi à frente e pôs o cajado sobre o rosto do menino, mas não aconteceu nada. Não havia sinal de vida. Geazi voltou para encontrar-se com Eliseu e lhe disse: “O menino ainda não despertou”. De fato, quando Eliseu chegou, o menino estava morto, deitado em sua cama. Eliseu entrou sozinho no quarto, fechou a porta e orou ao S enhor. Depois, deitou-se sobre o corpo do menino e colocou sua boca sobre a dele, seus olhos sobre os dele e suas mãos sobre as dele. E, enquanto se estendia sobre ele, o corpo do menino começou a se aquecer. Eliseu se levantou, andou de um lado para o outro no quarto e, em seguida, se estendeu novamente sobre ele. Dessa vez, o menino espirrou sete vezes e abriu os olhos. Eliseu chamou Geazi e lhe disse: “Chame a sunamita!”. Quando ela entrou, Eliseu disse: “Aqui está seu filho”. Ela caiu aos pés do profeta e se curvou diante dele. Então pegou o filho e saiu. Eliseu voltou a Gilgal, onde havia fome na terra. Certo dia, quando o grupo de profetas estava sentado diante dele, ordenou a seu servo: “Ponha no fogo uma panela grande e faça um ensopado para o resto do grupo”. Um dos profetas foi ao campo apanhar ervas. Encontrou uma trepadeira do campo e voltou trazendo frutos silvestres em sua capa. Cortou os frutos em pedaços e os colocou na panela, sem saber exatamente o que eram. O ensopado foi servido aos homens, mas, assim que provaram alguns bocados, gritaram: “Homem de Deus, há veneno neste ensopado!”. E não puderam comê-lo. Eliseu disse: “Tragam-me um pouco de farinha”. Jogou a farinha na panela e disse: “Agora podem comer”. E o ensopado não lhes fez mal. Outro dia, um homem de Baal-Salisa trouxe comida para o homem de Deus, vinte pães de cevada feitos dos primeiros grãos da colheita e também grãos frescos. Eliseu disse: “Distribua entre o povo para que comam”. “Como vamos alimentar cem pessoas só com isso?”, perguntou seu servo. Mas Eliseu repetiu: “Distribua entre o povo para que comam, pois assim diz o S enhor: ‘Todos comerão e ainda sobrará!’”. E, quando distribuíram o alimento, houve suficiente para todos e ainda sobrou, como o S enhor tinha dito. O rei da Síria tinha grande respeito por Naamã, comandante do seu exército, pois, por meio dele, o S enhor tinha dado grandes vitórias à Síria. Mas, embora Naamã fosse um guerreiro valente, sofria de lepra. Naquela época, saqueadores sírios tinham invadido o território de Israel, e entre os cativos havia uma menina que se tornou serva da esposa de Naamã. Certo dia, a menina disse à sua senhora: “Como seria bom se meu senhor fosse ver o profeta em Samaria! Ele o curaria da lepra!”. Naamã contou ao rei o que a menina israelita tinha dito. Então o rei da Síria lhe respondeu: “Vá visitar o profeta. Eu lhe darei uma carta de apresentação ao rei de Israel”. Naamã partiu levando 350 quilos de prata, 72 quilos de ouro e dez roupas de festa. A carta para o rei de Israel dizia: “Com esta carta apresento meu servo Naamã. Quero que o rei o cure da lepra”. Quando o rei de Israel leu a carta, rasgou as roupas e disse: “Acaso sou Deus, capaz de dar ou de tirar a vida? Por que esse homem me pede que cure um leproso? Como vocês podem ver, ele procura um pretexto para nos atacar!”. Mas, quando Eliseu, o homem de Deus, soube que o rei de Israel havia rasgado as roupas, mandou-lhe esta mensagem: “Por que o rei ficou tão aflito? Envie Naamã a mim, e ele saberá que há um profeta verdadeiro em Israel”. Então Naamã foi com seus cavalos e carruagens e parou à porta da casa de Eliseu. Ele mandou um mensageiro dizer a Naamã: “Vá e lave-se sete vezes no rio Jordão. Sua pele será restaurada, e você ficará curado da lepra”. Naamã ficou indignado e disse: “Imaginei que ele sairia para me receber! Esperava que movesse as mãos sobre a lepra, invocasse o nome do S enhor, seu Deus, e me curasse! Não são os rios Abana e Farfar, em Damasco, melhores que qualquer rio de Israel? Será que eu não poderia me lavar em um deles e ser curado?”. Naamã deu meia-volta e partiu furioso. Mas seus oficiais tentaram convencê-lo, dizendo: “Meu senhor, se o profeta lhe tivesse pedido para fazer algo muito difícil, o senhor não teria feito? Por certo o senhor deve obedecer à instrução dele, pois disse apenas: ‘Vá, lave-se e será curado’”. Assim, Naamã desceu ao Jordão e mergulhou sete vezes, conforme a instrução do homem de Deus. Sua pele ficou saudável como a de uma criança, e ele foi curado. Então Naamã e toda a sua comitiva voltaram para onde morava o homem de Deus. Ao chegar diante dele, Naamã disse: “Agora sei que no mundo inteiro não há Deus, senão em Israel. Por favor, aceite um presente de seu servo”. Eliseu, porém, respondeu: “Tão certo como vive o S enhor, a quem sirvo, não aceitarei presente algum”. Embora Naamã insistisse, Eliseu recusou. Então Naamã disse: “Está bem, mas peço que permita que este seu servo leve para casa duas mulas carregadas com a terra deste lugar. De agora em diante, nunca mais oferecerei holocaustos ou sacrifícios a qualquer outro deus, senão ao S enhor. Mas que o S enhor me perdoe por uma coisa: quando meu senhor, o rei, for ao templo do deus Rimom para adorar ali e se apoiar em meu braço, que o S enhor me perdoe quando eu também me curvar”. “Vá em paz”, disse Eliseu. Então Naamã partiu para casa. Mas Geazi, servo de Eliseu, o homem de Deus, pensou: “Meu senhor não deveria ter deixado esse sírio, Naamã, partir sem aceitar os presentes. Tão certo como vive o S enhor, vou correr atrás dele para ver se consigo alguma coisa”. E Geazi correu atrás de Naamã. Quando Naamã viu que Geazi corria atrás dele, desceu de sua carruagem e foi ao encontro dele. “Está tudo bem?”, perguntou Naamã. “Sim, está tudo bem”, respondeu Geazi. “Meu senhor me enviou para dizer que acabaram de chegar dois jovens profetas da região montanhosa de Efraim. Meu senhor pediu 35 quilos de prata e duas roupas de festa para eles.” “Claro, leve setenta quilos de prata”, insistiu Naamã. Ele lhe deu duas roupas de festa, colocou a prata em duas sacolas e enviou dois servos para carregarem os presentes para Geazi. Ao chegarem à colina, Geazi pegou as sacolas, enviou os servos de volta e escondeu os presentes dentro de casa. Quando entrou para ver seu senhor, Eliseu, este lhe perguntou: “Onde você esteve, Geazi?”. “Não estive em lugar algum”, respondeu Geazi. Mas Eliseu lhe disse: “Você não percebe que eu estava presente em espírito quando Naamã desceu da carruagem para encontrar-se com você? Esta definitivamente não era ocasião de receber dinheiro e roupas, oliveiras e videiras, ovelhas, gado e servos. Por isso, você e seus descendentes sofrerão da lepra de Naamã para sempre”. Quando Geazi saiu dali, seu corpo estava coberto de lepra; sua pele estava branca como a neve. Certo dia, os membros do grupo de profetas disseram a Eliseu: “Como vê, este lugar onde nos reunimos é pequeno demais. Vamos descer ao rio Jordão, onde há muitos troncos, e construir ali um lugar para nos reunirmos”. “Está bem”, disse Eliseu. “Podem ir.” “Venha conosco”, sugeriu um deles. “Eu irei”, disse ele. E foi com eles. Quando chegaram ao Jordão, começaram a derrubar árvores. Enquanto um deles cortava um tronco, a parte de ferro do machado caiu no rio. “Ai, meu senhor!”, gritou. “O machado era emprestado!” “Onde caiu?”, perguntou o homem de Deus. Quando mostraram o lugar para Eliseu, ele cortou um galho e o jogou na água, e fez o ferro do machado flutuar. “Pegue-o”, disse Eliseu. E o homem estendeu a mão e o pegou. Quando o rei da Síria estava em guerra contra Israel, consultava seus oficiais e dizia: “Posicionaremos nossas tropas em tal lugar”. De imediato, o homem de Deus advertia o rei de Israel: “Não se aproxime de tal lugar, pois os sírios planejam posicionar suas tropas ali”. E o rei de Israel mandava um aviso para o lugar indicado pelo homem de Deus. Várias vezes ele advertiu o rei de que ficasse alerta naqueles lugares. Furioso com essa situação, o rei sírio reuniu seus oficiais e perguntou: “Qual de vocês anda informando o rei de Israel sobre meus planos?”. “Ó meu senhor, o rei, não somos nós”, respondeu um dos oficiais. “Eliseu, o profeta de Israel, revela ao rei de Israel até as palavras que o senhor diz em seus aposentos!” O rei ordenou: “Vão e descubram onde ele está, para que eu mande capturá-lo!”. Então lhe informaram: “Eliseu está em Dotã”. Assim, certa noite, o rei da Síria mandou um grande exército com muitos carros de guerra e cavalos para cercar a cidade. Na manhã seguinte, o servo do homem de Deus se levantou bem cedo. Ao sair, viu que havia soldados, cavalos e carros de guerra por toda parte. “Ai, meu senhor, o que faremos agora?”, exclamou o servo. “Não tenha medo!”, disse Eliseu. “Pois do nosso lado há muitos mais que do lado deles!” Então Eliseu orou: “Ó S enhor, abre os olhos dele, para que veja”. O S enhor abriu os olhos do servo, e ele viu as colinas ao redor de Eliseu cheias de cavalos e carruagens de fogo. Quando os sírios avançaram na direção de Eliseu, ele orou: “Ó S enhor, faze que fiquem cegos”. E o S enhor fez que ficassem cegos, conforme Eliseu havia pedido. Então Eliseu saiu e lhes disse: “Vocês tomaram o caminho errado! Esta não é a cidade certa! Sigam-me, e eu os levarei até o homem que procuram”. Então ele os guiou à cidade de Samaria. Assim que entraram em Samaria, Eliseu orou: “Ó S enhor, agora abre os olhos deles, para que vejam”. O S enhor abriu os olhos deles, e descobriram que estavam no meio de Samaria. Quando o rei de Israel os viu, perguntou a Eliseu: “Devo matá-los, meu senhor? Devo matá-los?”. “Claro que não!”, respondeu Eliseu. “Eles não são prisioneiros que você capturou na batalha. Dê-lhes comida e bebida e mande-os de volta para casa, para o senhor deles.” Então o rei lhes ofereceu um grande banquete e os mandou de volta para casa, para o senhor deles. Depois disso, os invasores sírios não invadiram mais a terra de Israel. Algum tempo depois, porém, Ben-Hadade, rei da Síria, reuniu todo o seu exército e cercou Samaria. Como resultado, houve grande fome na cidade. O cerco durou tanto tempo que uma cabeça de jumento era vendida por 960 gramas de prata, e um terço de litro de esterco de pombo, por 60 gramas de prata. Um dia, quando o rei de Israel caminhava pelos muros da cidade, uma mulher gritou para ele: “Ó meu senhor, o rei! Por favor, ajude-me!”. Ele respondeu: “Se o S enhor não a ajudar, o que poderei fazer? Não tenho alimento na eira, nem vinho na prensa de uvas”. Mas depois o rei perguntou: “Qual é o problema?”. Ela respondeu: “Esta mulher me disse: ‘Vamos comer o seu filho hoje, e amanhã comeremos o meu’. Então cozinhamos meu filho e o comemos. No dia seguinte, eu disse a ela: ‘Mate seu filho para que o comamos’, mas ela o havia escondido”. Quando o rei ouviu isso, rasgou as roupas. E, enquanto ele caminhava pelos muros, o povo viu que, por baixo do manto, ele usava pano de saco junto à pele. Então o rei jurou: “Que Deus me castigue severamente se eu não separar a cabeça de Eliseu de seus ombros ainda hoje!”. Eliseu estava sentado em sua casa com as autoridades de Israel quando o rei mandou um mensageiro até ele. Antes, porém, que o mensageiro chegasse, Eliseu disse às autoridades: “O filho do assassino enviou um homem para cortar minha cabeça. Quando o mensageiro chegar, fechem a porta e não o deixem entrar. Logo ouviremos os passos de seu senhor atrás dele”. Enquanto Eliseu ainda falava, o mensageiro chegou e comunicou a mensagem do rei: “Toda essa desgraça vem do S enhor! Por que devo continuar a esperar no S enhor?”. Eliseu respondeu: “Ouçam esta mensagem do S enhor! Assim diz o S enhor: ‘Amanhã a esta hora, na porta de Samaria, seis litros de farinha fina custarão apenas doze gramas de prata, e doze litros de cevada também custarão apenas doze gramas de prata’”. O oficial que auxiliava o rei disse ao homem de Deus: “Ainda que o S enhor abrisse as janelas do céu, isso não poderia acontecer!”. Eliseu, porém, respondeu: “Você verá com os próprios olhos, mas não comerá coisa alguma!”. Havia quatro homens com lepra sentados junto à porta da cidade. “Por que ficarmos sentados aqui, esperando a morte?”, perguntaram uns aos outros. “Morreremos de fome se ficarmos aqui, mas também morreremos de fome se entrarmos na cidade, pois não há alimento lá. Vamos sair e nos render ao exército sírio. Se eles nos deixarem viver, melhor. Mas, se nos matarem, de qualquer maneira teríamos morrido.” Ao anoitecer, partiram para o acampamento dos sírios. Quando chegaram às extremidades do acampamento, viram que não havia ninguém ali. Pois o Senhor havia feito o exército sírio ouvir o ruído de carros de guerra e o galope de cavalos e os sons de um grande exército que se aproximava. Disseram uns aos outros: “O rei de Israel contratou mercenários hititas e egípcios para nos atacarem!”. Por isso, fugiram ao anoitecer, abandonando tendas, cavalos, jumentos e tudo mais, e correram para salvar a vida. Quando os leprosos chegaram às extremidades do acampamento, foram de uma tenda à outra, comendo e bebendo. Pegaram a prata, o ouro e as roupas que encontraram e esconderam tudo. Por fim, disseram uns aos outros: “Isto não está certo. Este é um dia de boas notícias e não contamos a ninguém! Se esperarmos até o amanhecer, seremos castigados. Venham! Vamos voltar e dar as notícias no palácio”. Então voltaram à cidade e relataram aos guardas do portão o que havia acontecido. “Fomos ao acampamento sírio e não havia ninguém!”, disseram eles. “Os cavalos e os jumentos estavam amarrados, e as tendas, todas armadas, mas não havia ninguém por ali.” Os guardas gritaram, anunciando a notícia no palácio. O rei se levantou no meio da noite e disse a seus oficiais: “Vou explicar o que aconteceu. Os sírios sabem que estamos morrendo de fome, por isso deixaram o acampamento e se esconderam nos campos. Estão à nossa espera para nos capturar com vida e conquistar a cidade quando sairmos”. Um de seus oficiais disse: “Seria melhor que enviássemos espiões para ver. Eles podem usar cinco dos cavalos que sobraram. Se acontecer alguma coisa com eles, não será pior que se ficarem aqui e morrerem com o restante de nós”. Assim, prepararam dois carros de guerra com cavalos, e o rei enviou espiões para ver o que havia acontecido ao acampamento sírio. Foram até o rio Jordão, seguindo o rastro de roupas e equipamentos que os sírios tinham abandonado em sua fuga desesperada. Os espiões voltaram e contaram tudo ao rei. Então o povo correu e saqueou o acampamento sírio. E, de fato, naquele dia seis litros de farinha fina foram vendidos por apenas doze gramas de prata, e doze litros de cevada também foram vendidos por apenas doze gramas de prata, como o S enhor tinha dito. O rei colocou o oficial que o auxiliava para controlar o movimento à porta da cidade, mas ele foi derrubado, pisoteado e morto quando a multidão correu para fora. Tudo aconteceu, portanto, conforme o homem de Deus tinha dito quando o rei foi à sua casa. O homem de Deus tinha dito ao rei: “Amanhã a esta hora, na porta de Samaria, seis litros de farinha fina custarão apenas doze gramas de prata, e doze litros de cevada também custarão apenas doze gramas de prata”. O oficial do rei havia respondido: “Ainda que o S enhor abrisse as janelas do céu, isso não poderia acontecer!”. E o homem de Deus tinha dito: “Você verá com os próprios olhos, mas não comerá coisa alguma!”. E assim aconteceu, pois ele foi pisoteado pelo povo à porta da cidade e morreu. Eliseu tinha dito à mulher cujo filho ele havia ressuscitado: “Reúna sua família e mude-se para outro lugar, pois o S enhor proclamou sobre a terra de Israel uma fome que durará sete anos”. A mulher seguiu a instrução do homem de Deus. Reuniu sua família e mudou-se para a terra dos filisteus, onde ficou sete anos. Ao final dos sete anos, a mulher voltou da terra dos filisteus e foi ao rei para reaver sua casa e suas terras. Quando ela chegou, o rei falava com Geazi, o servo do homem de Deus. O rei havia acabado de dizer: “Conte-me alguns dos grandes feitos de Eliseu”, e Geazi lhe falava sobre a ocasião em que Eliseu havia ressuscitado um menino. Naquele exato momento, a mãe do menino entrou e apresentou ao rei sua petição para reaver a casa e as terras. “Veja, ó meu senhor, o rei!”, exclamou Geazi. “Esta é a mulher, e este é o filho dela, que Eliseu ressuscitou!” “É verdade?”, perguntou o rei à mulher. E ela lhe contou o que havia acontecido. Então o rei ordenou a um de seus oficiais: “Providencie que tudo seja devolvido a ela, incluindo o valor das colheitas realizadas durante o tempo em que esteve ausente”. Eliseu foi a Damasco, capital da Síria, onde o rei Ben-Hadade estava doente. Quando alguém disse ao rei que o homem de Deus tinha chegado, o rei disse a Hazael: “Leve um presente para o homem de Deus. Depois, peça que ele pergunte ao S enhor se vou me recuperar desta doença”. Hazael levou consigo o presente, quarenta camelos carregados com os melhores produtos de Damasco. Foi vê-lo e disse: “Seu servo Ben-Hadade, rei da Síria, me enviou para perguntar se ele vai se recuperar de sua doença”. Eliseu respondeu: “Vá e diga-lhe: ‘Certamente se recuperará’. Na verdade, porém, o S enhor me mostrou que ele certamente morrerá”. Eliseu olhou fixamente para Hazael até deixá-lo constrangido. Então o homem de Deus começou a chorar. “Por que o senhor está chorando?”, perguntou Hazael. Eliseu respondeu: “Sei das coisas terríveis que você fará com os israelitas. Queimará as cidades fortificadas, matará os jovens à espada, esmagará as criancinhas e rasgará o ventre das mulheres grávidas!”. Hazael disse: “Como é que alguém tão sem importância como eu poderia fazer coisas tão grandes?”. Eliseu respondeu: “O S enhor me mostrou que você será rei da Síria”. Hazael se despediu de Eliseu e, quando voltou, o rei lhe perguntou: “O que Eliseu lhe disse?”. Hazael respondeu: “Disse que o senhor certamente se recuperará”. Mas, no dia seguinte, Hazael pegou uma coberta, encharcou-a em água e a segurou sobre o rosto do rei, até que morresse. E Hazael foi seu sucessor na Síria. No quinto ano de Jorão, filho de Acabe, rei de Israel, enquanto Josafá ainda reinava em Judá, Jeorão, filho de Josafá, começou a reinar em Judá. Jeorão tinha 32 anos quando começou a reinar, e reinou em Jerusalém por oito anos. Seguiu o exemplo dos reis de Israel e foi tão perverso quanto a família do rei Acabe, pois se casou com uma das filhas de Acabe. Jeorão fez o que era mau aos olhos do S enhor. Mas o S enhor não quis destruir Judá, pois havia prometido a seu servo Davi que os descendentes dele continuariam a brilhar como uma lâmpada para sempre. Durante o reinado de Jeorão, os edomitas se rebelaram contra Judá e proclamaram seu próprio rei. Então Jeorão saiu com todos os seus carros de guerra para atacar a cidade de Zair. Os edomitas cercaram o rei e os comandantes de seus carros, mas ele saiu à noite e os atacou. Contudo, o exército de Jeorão desertou e voltou para casa. Até hoje, portanto, Edom é independente de Judá. A cidade de Libna também se rebelou nessa ocasião. Os demais acontecimentos do reinado de Jeorão e tudo que ele fez estão registrados no Livro da História dos Reis de Judá. Quando Jeorão morreu, foi sepultado com seus antepassados na Cidade de Davi. Seu filho Acazias foi seu sucessor. Acazias, filho de Jeorão, começou a reinar em Judá no décimo segundo ano do reinado de Jorão, filho de Acabe, rei de Israel. Acazias tinha 22 anos quando começou a reinar, e reinou em Jerusalém por um ano. Sua mãe era Atalia, neta de Onri, rei de Israel. Acazias seguiu o exemplo da família do rei Acabe. Fez o que era mau aos olhos do S enhor, como a família de Acabe, pois se casou com uma mulher dessa família. Acazias se uniu a Jorão, filho de Acabe, na guerra contra Hazael, rei da Síria, em Ramote-Gileade. Quando os sírios feriram o rei Jorão na batalha, ele voltou a Jezreel para se recuperar dos ferimentos sofridos em Ramote. Acazias, filho de Jeorão, rei de Judá, foi visitar Jorão, filho de Acabe, em Jezreel, pois ele ainda se recuperava de seus ferimentos. Enquanto isso, o profeta Eliseu chamou um membro do grupo de profetas e lhe disse: “Prepare-se para viajar e leve esta vasilha de óleo. Vá a Ramote-Gileade e procure Jeú, filho de Josafá, filho de Ninsi. Chame-o a uma sala à parte, longe de seus companheiros, e derrame o óleo sobre a cabeça dele. Diga-lhe: ‘Assim diz o S enhor: Eu o ungi rei de Israel’. Depois, abra a porta e saia correndo”. O jovem profeta fez o que Eliseu ordenou e foi a Ramote-Gileade. Quando chegou lá, encontrou Jeú sentado com outros oficiais do exército. “Comandante, tenho uma mensagem para o senhor”, disse o profeta. “Para qual de nós?”, perguntou Jeú. “Para o senhor, comandante”, respondeu ele. Jeú se levantou e entrou na casa. O jovem profeta derramou o óleo sobre a cabeça de Jeú e disse: “Assim diz o S enhor, o Deus de Israel: ‘Eu o ungi rei de Israel, o povo do S enhor. Destrua a família de Acabe, seu senhor. Desse modo, vingarei o assassinato de meus profetas e de todos os servos do S enhor mortos por Jezabel. Toda a família de Acabe deve ser exterminada. Destruirei todos os seus descendentes do sexo masculino em Israel, tanto escravos como livres. Destruirei a família de Acabe como destruí as famílias de Jeroboão, filho de Nebate, e de Baasa, filho de Aías. Cães comerão Jezabel no campo em Jezreel, e ninguém a sepultará’”. Então o jovem profeta abriu a porta e saiu correndo. Jeú voltou aos outros oficiais do rei, e um deles lhe perguntou: “O que esse louco queria? Está tudo bem?”. “Vocês conhecem gente desse tipo e as coisas que eles dizem”, respondeu Jeú. “Você está escondendo algo”, disseram. “Conte-nos o que ele disse.” Então Jeú lhes contou: “Ele me disse: ‘Assim diz o S enhor: Eu o ungi rei de Israel’”. No mesmo instante, eles estenderam suas capas sobre os degraus para Jeú passar, tocaram a trombeta e gritaram: “Jeú é rei!”. Assim, Jeú, filho de Josafá, filho de Ninsi, liderou uma conspiração contra o rei Jorão. (O rei Jorão havia estado com o exército em Ramote-Gileade, onde defendeu Israel do exército de Hazael, rei da Síria. Contudo, o rei Jorão tinha sido ferido na batalha e voltou a Jezreel para se recuperar dos ferimentos causados pelos sírios.) Jeú disse aos homens que estavam com ele: “Se querem que eu seja rei, não deixem que ninguém saia da cidade e vá a Jezreel contar o que fizemos”. Em seguida, Jeú subiu numa carruagem e foi a Jezreel, onde o rei Jorão se recuperava de seus ferimentos. Acazias, rei de Judá, também estava ali, pois tinha ido visitar Jorão. Quando a sentinela na torre de Jezreel viu Jeú e sua tropa se aproximarem, gritou: “Uma tropa se aproxima!”. O rei Jorão ordenou: “Envie um cavaleiro para perguntar se eles vêm em paz”. O cavaleiro foi ao encontro de Jeú e disse: “O rei quer saber se vocês vêm em paz”. Jeú respondeu: “O que lhe interessa a paz? Junte-se a nós!”. A sentinela informou: “O mensageiro se encontrou com eles, mas não está voltando!”. Então o rei enviou outro cavaleiro. Ele foi ao encontro deles e disse: “O rei quer saber se vocês vêm em paz”. Jeú respondeu novamente: “O que lhe interessa a paz? Junte-se a nós!”. A sentinela exclamou: “O mensageiro se encontrou com eles, mas também não está voltando! Deve ser Jeú, filho de Ninsi, pois conduz seu carro de guerra como um louco!”. “Rápido! Prepare meu carro de guerra!”, ordenou o rei Jorão. Jorão, rei de Israel, e Acazias, rei de Judá, cada um em seu carro, saíram ao encontro de Jeú e o acharam no campo de Nabote, em Jezreel. O rei Jorão perguntou: “Você vem em paz, Jeú?”. Jeú respondeu: “Como pode haver paz enquanto estamos cercados da idolatria e da feitiçaria de sua mãe, Jezabel?”. Então o rei Jorão deu meia-volta com seus cavalos e fugiu, gritando para o rei Acazias: “Traição, Acazias!”. Jeú disparou seu arco com toda a força e atingiu Jorão entre os ombros. A flecha atravessou seu coração, e ele caiu morto dentro do carro de guerra. Jeú disse a Bidcar, seu oficial: “Jogue-o no campo que pertencia a Nabote de Jezreel. Lembra-se de quando você e eu acompanhávamos a cavalo o pai dele, Acabe? O S enhor pronunciou esta mensagem contra ele: ‘Assim diz o S enhor: Ontem vi o assassinato de Nabote e seus filhos. Juro solenemente que o farei pagar por ele neste campo’. Portanto, jogue-o na propriedade de Nabote, como o S enhor disse”. Quando Acazias, rei de Judá, viu o que estava acontecendo, fugiu pela estrada para Bete-Hagã. Jeú foi atrás dele, gritando: “Atirem nele também!”. E atingiram Acazias em seu carro de guerra, na subida para Gur, perto de Ibleã. Ele conseguiu ir até Megido, mas morreu ali. Os servos de Acazias levaram seu corpo no carro de guerra para Jerusalém, onde o sepultaram com seus antepassados na Cidade de Davi. Acazias havia começado a reinar em Judá no décimo primeiro ano do reinado de Jorão, filho de Acabe. Quando Jezabel soube que Jeú tinha chegado a Jezreel, pintou os olhos, arrumou os cabelos e sentou-se em frente a uma janela. Quando Jeú entrou pela porta do palácio, ela gritou para ele: “Veio em paz, assassino? Você é como Zinri, que matou seu senhor!”. Jeú olhou para cima, viu Jezabel na janela e gritou: “Quem está do meu lado?”. Dois ou três eunucos olharam para ele. “Joguem-na para baixo!”, ordenou Jeú. Eles a jogaram pela janela, e o sangue espirrou na parede e nos cavalos. E Jeú atropelou o corpo com as patas de seus cavalos. Em seguida, Jeú entrou no palácio, comeu e bebeu. Depois, disse: “Alguém vá sepultar aquela maldita mulher, pois era filha de rei”. Mas, quando foram sepultá-la, só encontraram o crânio, os pés e as mãos. Quando voltaram e contaram a Jeú, ele disse: “Isso cumpre a mensagem do S enhor, anunciada por meio de seu servo Elias, de Tisbe: ‘Cães devorarão o corpo de Jezabel no campo em Jezreel. Seus restos serão espalhados como esterco no campo, de modo que ninguém será capaz de reconhecê-la’”. Acabe tinha setenta filhos que moravam na cidade de Samaria. Jeú escreveu uma carta às autoridades e aos oficiais da cidade e aos guardiões dos filhos do rei Acabe, em que dizia: “Os filhos do rei estão sob seus cuidados, e vocês têm carros de guerra, cavalos, uma cidade fortificada e armas. Assim que receberem esta carta, escolham para ser rei o melhor e mais capaz dos filhos de seu senhor e preparem-se para lutar pela dinastia de Acabe”. Eles ficaram apavorados e disseram: “Dois reis não foram capazes de enfrentar esse homem! O que podemos fazer?”. Então os administradores do palácio e da cidade, juntamente com as autoridades e os guardiões dos filhos do rei, enviaram esta mensagem a Jeú: “Somos seus servos e faremos o que o senhor ordenar. Não proclamaremos nenhum rei; faça o que lhe parecer melhor”. Jeú respondeu com outra carta: “Se estão do meu lado e vão me obedecer, tragam-me as cabeças dos filhos de seu senhor a Jezreel, amanhã a esta hora”. Os setenta filhos de Acabe estavam sob os cuidados dos líderes de Samaria, onde haviam sido criados desde a infância. Quando a carta chegou, os líderes mataram os setenta filhos do rei. Colocaram as cabeças em cestos e as entregaram a Jeú, em Jezreel. Um mensageiro foi a Jeú e disse: “Eles trouxeram as cabeças dos filhos do rei”. Então Jeú ordenou: “Façam com elas dois montões junto ao portão de entrada da cidade e deixem que fiquem lá até amanhã cedo”. Na manhã seguinte, ele saiu e se dirigiu à multidão que havia se reunido ali. “Vocês não têm culpa”, disse ele. “Eu conspirei contra meu senhor e o matei. Mas quem matou todos estes? Podem ter certeza de que a mensagem do S enhor a respeito da família de Acabe se cumprirá. O S enhor declarou por meio de seu servo Elias que isso aconteceria.” Então Jeú matou todos os parentes de Acabe que restavam em Jezreel e todos os seus oficiais mais importantes, seus amigos pessoais e seus sacerdotes. Nenhum descendente de Acabe sobreviveu. Depois, Jeú partiu para Samaria. No caminho, em Bete-Equede dos Pastores, encontrou alguns parentes de Acazias, rei de Judá. “Quem são vocês?”, perguntou. Eles responderam: “Somos parentes do rei Acazias. Vamos visitar a família do rei Acabe e da rainha-mãe”. “Prendam-nos vivos!”, ordenou Jeú a seus homens. Eles os capturaram, 42 pessoas ao todo, e os mataram junto ao poço de Bete-Equede. Nenhum deles escapou. Quando Jeú partiu dali, encontrou Jonadabe, filho de Recabe, que vinha falar com ele. Depois de cumprimentá-lo, Jeú lhe disse: “Você é leal a mim como sou a você?”. “Sim, eu sou”, respondeu Jonadabe. “Então dê-me sua mão”, disse Jeú. Jonadabe estendeu a mão, e Jeú o ajudou a subir à carruagem. E lhe disse: “Venha comigo, e você verá a minha dedicação ao S enhor ”. Jonadabe foi com ele. Quando Jeú chegou a Samaria, matou todos que restavam ali da família de Acabe, como o S enhor havia anunciado por meio de Elias. Jeú reuniu todo o povo da cidade e lhes disse: “A adoração de Acabe a Baal não foi nada comparado ao modo como eu o adorarei! Portanto, convoquem todos os profetas e adoradores de Baal e reúnam todos os seus sacerdotes. Todos devem vir, pois vou oferecer um grande sacrifício a Baal. Quem não comparecer será morto”. O plano astuto de Jeú, porém, era destruir todos os adoradores de Baal. Então Jeú ordenou: “Preparem uma reunião solene para prestar culto a Baal!”. A convocação foi feita, e ele enviou mensageiros por todo o Israel. Todos os adoradores de Baal vieram, e ninguém faltou. Encheram o templo de Baal de uma extremidade à outra. Jeú instruiu o responsável pela sala de vestimentas: “Todos os adoradores de Baal devem usar estas roupas”. E as roupas foram distribuídas. Em seguida, Jeú entrou no templo de Baal com Jonadabe, filho de Recabe. Disse aos adoradores de Baal: “Certifiquem-se de que ninguém que adora o S enhor esteja aqui, mas somente aqueles que adoram Baal”. Estavam todos dentro do templo para oferecer sacrifícios e holocaustos. Jeú havia colocado oitenta homens do lado de fora do edifício e os avisado: “Se deixarem alguém escapar, pagarão com a própria vida”. Assim que Jeú terminou de oferecer o holocausto, deu ordem a seus guardas e oficiais: “Entrem e matem todos. Não deixem ninguém escapar!”. Os guardas e os oficiais mataram todos e arrastaram os corpos para fora. Então os homens de Jeú entraram na câmara mais interna do templo de Baal. Levaram para fora a coluna sagrada usada no culto a Baal e a jogaram no fogo. Despedaçaram a coluna sagrada, demoliram o templo de Baal e o transformaram em banheiros públicos, como é até hoje. Desse modo, Jeú destruiu todos os vestígios do culto a Baal em Israel. Contudo, não destruiu os bezerros de ouro em Betel e Dã com os quais Jeroboão, filho de Nebate, havia levado Israel a pecar. Ainda assim, o S enhor disse a Jeú: “Você fez bem em seguir minhas instruções e destruir a família de Acabe. Por isso, seus descendentes serão reis de Israel até a quarta geração”. Mas Jeú não obedeceu de todo o coração à lei do S enhor, o Deus de Israel. Não se afastou dos pecados que Jeroboão havia levado Israel a cometer. Naquele tempo, o S enhor começou a reduzir o território de Israel. O rei Hazael conquistou várias regiões do reino a leste do rio Jordão, incluindo toda a terra de Gileade, de Gade, de Rúben e de Manassés. Conquistou a região desde a cidade de Aroer, perto do vale do Arnom, até Gileade e Basã, ao norte. Os demais acontecimentos do reinado de Jeú, tudo que ele fez e a extensão de seu poder, estão registrados no Livro da História dos Reis de Israel. Quando Jeú morreu e se reuniu a seus antepassados, foi sepultado em Samaria. Seu filho Jeoacaz foi seu sucessor. Ao todo, Jeú reinou por 28 anos sobre Israel em Samaria. Quando Atalia, mãe de Acazias, rei de Judá, soube que seu filho estava morto, começou a exterminar o restante da família real. Mas Jeoseba, filha do rei Jeorão e irmã de Acazias, pegou Joás, o filho ainda pequeno de Acazias, dentre os outros filhos do rei que estavam para ser mortos, e o colocou com sua ama num quarto para escondê-los de Atalia. Assim, a criança não foi morta. Joás ficou escondido no templo do S enhor durante seis anos, enquanto Atalia governava o país. No sétimo ano do reinado de Atalia, o sacerdote Joiada mandou chamar ao templo do S enhor os comandantes dos mercenários cários e dos guardas do palácio. Firmou com eles um pacto solene e os fez jurar lealdade ali, no templo do S enhor; então lhes mostrou o filho do rei. Disse-lhes: “Vocês devem fazer o seguinte: Uma terça parte dos que entrarem em serviço no sábado ficará de guarda no palácio real. Outra terça parte ficará de guarda na porta de Sur. E a última terça parte ficará na porta atrás dos outros guardas do palácio. Esses três grupos vigiarão o palácio. As outras duas companhias, que não estiverem em serviço no sábado, guardarão o rei no templo do S enhor. Posicionem-se em volta do rei, de armas na mão. Matem qualquer pessoa que tentar romper a defesa. Permaneçam com o rei aonde ele for”. Os comandantes fizeram tudo que o sacerdote Joiada ordenou. Cada um levou seus oficiais ao sacerdote Joiada, tanto os que iam entrar em serviço naquele sábado como os que iam sair. O sacerdote lhes forneceu lanças e escudos que haviam pertencido ao rei Davi e que estavam guardados no templo do S enhor. Os guardas do palácio se posicionaram em volta do rei, de armas na mão. Formaram uma fileira desde o lado sul do templo até o lado norte e ao redor do altar. Então Joiada trouxe Joás, o filho do rei, para fora, pôs a coroa em sua cabeça e lhe entregou uma cópia da lei. Depois, ungiram Joás e o proclamaram rei, e todos bateram palmas e gritaram: “Viva o rei!”. Quando Atalia ouviu o barulho dos guardas e do povo, foi para o templo do S enhor, onde o povo estava reunido. Ao chegar, viu o rei em pé, no lugar de honra junto à coluna, como era costume durante as coroações. Estava rodeado pelos comandantes e tocadores de trombeta, e gente de toda a terra se alegrava e tocava trombetas. Quando Atalia viu tudo isso, rasgou suas roupas e gritou: “Traição! Traição!”. Então o sacerdote Joiada ordenou aos comandantes encarregados das tropas: “Levem-na aos soldados que estão na frente do templo e matem qualquer pessoa que a seguir”. Pois o sacerdote tinha dito: “Ela não deve ser morta dentro do templo do S enhor ”. Eles a prenderam e a levaram à porta por onde os cavalos entram no palácio, e ela foi morta ali. Joiada fez uma aliança entre o S enhor, o rei e o povo, estabelecendo que eles seriam o povo do S enhor. Também firmou uma aliança entre o rei e o povo. Todo o povo foi ao templo de Baal e o derrubou. Demoliram os altares, despedaçaram os ídolos e executaram Matã, sacerdote de Baal, em frente aos altares. O sacerdote Joiada pôs guardas no templo do S enhor. Em seguida, os comandantes dos mercenários cários e todo o povo escoltaram o rei para fora do templo do S enhor. Passaram pela porta da guarda e entraram no palácio, onde o rei se sentou no trono real. Todo o povo do reino se alegrou e a cidade ficou em paz, pois Atalia tinha sido morta no palácio real. Joás tinha 7 anos quando começou a reinar. Joás começou a reinar em Judá no sétimo ano do reinado de Jeú, rei de Israel. Reinou em Jerusalém por quarenta anos. Sua mãe se chamava Zíbia e era de Berseba. Durante toda a vida, Joás fez o que era certo aos olhos do S enhor, como o sacerdote Joiada o orientava. Mesmo assim, não destruiu os santuários idólatras, e o povo continuou a oferecer sacrifícios e a queimar incenso nesses lugares. Certo dia, o rei Joás disse aos sacerdotes: “Juntem toda a prata trazida como oferta sagrada ao templo do S enhor, tanto o imposto do censo e os pagamentos de votos como as ofertas voluntárias. Cada sacerdote deve recolher a prata com um dos tesoureiros e usá-la para fazer os reparos necessários no templo”. Contudo, no vigésimo terceiro ano do reinado de Joás, os sacerdotes ainda não haviam feito os reparos no templo. Então o rei Joás chamou Joiada e os outros sacerdotes e lhes perguntou: “Por que ainda não fizeram os reparos no templo? Não recebam mais a prata dos tesoureiros, exceto a que for usada para reparar o templo”. Os sacerdotes concordaram em não aceitar mais a prata do povo e em deixar que outros assumissem a responsabilidade de fazer os reparos no templo. O sacerdote Joiada fez uma abertura na tampa de uma caixa grande e a colocou do lado direito do altar, na entrada do templo do S enhor. Os sacerdotes que guardavam a entrada colocavam na caixa todas as contribuições do povo. Sempre que a caixa ficava cheia, o secretário da corte e o sumo sacerdote pesavam a prata trazida ao templo do S enhor e a colocavam em sacolas. Entregavam a prata aos supervisores da construção, que a usavam para pagar os homens que trabalhavam no templo do S enhor: os carpinteiros, os construtores, os pedreiros e os cortadores de pedra. Também compravam a madeira e as pedras lavradas necessárias para fazer os reparos no templo do S enhor e pagavam outras despesas relacionadas à reforma do templo. A contribuição trazida ao templo não era usada para fazer taças de prata, nem cortadores de pavio, nem bacias, nem trombetas, nem outros utensílios de ouro ou prata para o templo do S enhor. Era entregue aos trabalhadores, que a usavam para fazer os reparos no templo. Não se pedia que os supervisores da construção prestassem contas desse valor, pois eram homens de confiança. Mas as contribuições das ofertas pela culpa e das ofertas pelo pecado não eram trazidas ao templo do S enhor. Eram entregues aos sacerdotes para seu uso pessoal. Nessa época, Hazael, rei da Síria, guerreou contra Gate e a conquistou. Então resolveu atacar Jerusalém. O rei Joás recolheu todos os objetos sagrados que Josafá, Jeorão e Acazias, os reis anteriores de Judá, tinham consagrado e os que ele mesmo consagrara. Enviou-os a Hazael, junto com todo o ouro que havia na tesouraria do templo do S enhor e no palácio real. Com isso, Hazael suspendeu o ataque a Jerusalém. Os demais acontecimentos do reinado de Joás e tudo que ele fez estão registrados no Livro da História dos Reis de Judá. Os oficiais de Joás conspiraram contra ele e o assassinaram em Bete-Milo, na estrada para Sila. Os oficiais que o assassinaram foram Jozacar, filho de Simeate, e Jeozabade, filho de Somer. Joás foi sepultado com seus antepassados na Cidade de Davi. Seu filho Amazias foi seu sucessor. Jeoacaz, filho de Jeú, começou a reinar em Israel no vigésimo terceiro ano do reinado de Joás, filho de Acazias, rei de Judá. Reinou em Samaria por dezessete anos. Fez o que era mau aos olhos do S enhor; seguiu o exemplo de Jeroboão, filho de Nebate, e persistiu nos pecados que Jeroboão havia levado Israel a cometer. O S enhor se irou grandemente com Israel e permitiu que Hazael, rei da Síria, e seu filho Ben-Hadade, derrotassem os israelitas repetidas vezes. Então Jeoacaz orou ao S enhor pedindo ajuda, e o S enhor atendeu à sua oração, pois viu como o rei da Síria oprimia Israel cruelmente. O S enhor providenciou um libertador para salvar os israelitas da tirania dos sírios, e Israel voltou a viver em segurança, como em outros tempos. Ainda assim, continuaram a seguir o mau exemplo de Jeroboão. Também permitiram que o poste de Aserá permanecesse em pé em Samaria. Por fim, o exército de Jeoacaz foi reduzido a cinquenta cavaleiros, dez carros de guerra e dez mil soldados de infantaria. O rei da Síria havia destruído o restante, como se fosse pó debaixo de seus pés. Os demais acontecimentos do reinado de Jeoacaz, tudo que ele fez e a extensão de seu poder, estão registrados no Livro da História dos Reis de Israel. Quando Jeoacaz morreu e se reuniu a seus antepassados, foi sepultado em Samaria. Seu filho Jeoás foi seu sucessor. Jeoás, filho de Jeoacaz, começou a reinar em Israel no trigésimo sétimo ano do reinado de Joás, rei de Judá. Reinou em Samaria por dezesseis anos. Fez o que era mau aos olhos do S enhor. Não se afastou dos pecados que Jeroboão, filho de Nebate, havia levado Israel a cometer. Os demais acontecimentos do reinado de Jeoás e tudo que ele fez, incluindo a extensão de seu poder e a guerra contra Amazias, estão registrados no Livro da História dos Reis de Israel. Quando Jeoás morreu e se reuniu a seus antepassados, foi sepultado em Samaria, com os reis de Israel. Seu filho Jeroboão II foi seu sucessor. Quando Eliseu estava sofrendo da doença da qual morreria, Jeoás, rei de Israel, o visitou e chorou por ele, dizendo: “Meu pai, meu pai! Você era como os carros de guerra de Israel e seus cavaleiros!”. Eliseu lhe disse: “Pegue um arco e algumas flechas”, e o rei fez o que ele pediu. Então Eliseu lhe disse: “Ponha a mão sobre o arco”, e pôs suas mãos sobre as mãos do rei. Em seguida, ordenou: “Abra a janela que dá para o leste”, e o rei a abriu. Depois, Eliseu disse: “Atire!”, e o rei atirou uma flecha. “Essa é a flecha do S enhor ”, anunciou Eliseu. “É uma flecha de vitória sobre a Síria, pois você conquistará completamente os sírios em Afeque.” Depois, Eliseu disse: “Agora pegue as outras flechas e atire-as contra o chão”. O rei pegou as flechas e atirou-as contra o chão três vezes. O homem de Deus se irou com ele. “Você deveria ter atirado contra o chão cinco ou seis vezes!”, exclamou. “Assim, teria ferido os sírios até que fossem completamente destruídos. Agora você será vitorioso apenas três vezes.” Eliseu morreu e foi sepultado. Grupos de saqueadores moabitas costumavam invadir a terra na virada do ano. Certa vez, enquanto alguns israelitas sepultavam um homem, viram um desses bandos. Rapidamente, jogaram o corpo no túmulo de Eliseu e fugiram. Assim que o corpo tocou os ossos de Eliseu, o homem voltou à vida e se pôs em pé. Hazael, rei da Síria, oprimiu Israel durante todo o reinado de Jeoacaz. O S enhor, porém, foi bondoso e misericordioso com os israelitas, e eles não foram totalmente destruídos. Teve compaixão deles por causa da aliança que havia feito com Abraão, Isaque e Jacó. Naquela ocasião, como até hoje, não quis destruí-los completamente nem expulsá-los de sua presença. Hazael, rei da Síria, morreu, e seu filho Ben-Hadade foi seu sucessor. Então Jeoás, filho de Jeoacaz, reconquistou as cidades que Ben-Hadade havia tomado de seu pai, Jeoacaz. Jeoás derrotou Ben-Hadade em três ocasiões e recuperou as cidades israelitas. Amazias, filho de Joás, começou a reinar em Judá no segundo ano do reinado de Jeoás, filho de Jeoacaz, rei de Israel. Amazias tinha 25 anos quando começou a reinar, e reinou em Jerusalém por 29 anos. Sua mãe se chamava Jeoadã e era de Jerusalém. Amazias fez o que era certo aos olhos do S enhor, mas não como seu antepassado Davi. Seguiu o exemplo de seu pai, Joás. Amazias não destruiu os santuários idólatras, e o povo continuou a oferecer sacrifícios e a queimar incenso nesses lugares. Quando Amazias se firmou no poder, executou os oficiais que haviam assassinado seu pai. Contudo, não matou os filhos dos assassinos, em obediência ao mandamento do S enhor registrado por Moisés no Livro da Lei: “Os pais não serão executados por causa do pecado dos filhos, nem os filhos por causa do pecado dos pais. Aqueles que merecem morrer deverão ser executados por causa de seus próprios crimes”. Amazias também matou dez mil edomitas no vale do Sal. Conquistou a cidade de Selá e mudou seu nome para Jocteel, como se chama até hoje. Certo dia, ele enviou mensageiros a Jeoás, filho de Jeoacaz, filho de Jeú, rei de Israel, com este desafio: “Venha enfrentar-me numa batalha!”. Mas Jeoás, rei de Israel, respondeu a Amazias, rei de Judá, com a seguinte história: “Nos montes do Líbano, o espinheiro enviou esta mensagem ao poderoso cedro: ‘Dê sua filha em casamento a meu filho’. No entanto, um animal selvagem do Líbano veio, pisoteou o espinheiro e o esmagou. “De fato, você derrotou Edom e está orgulhoso disso. Mas contente-se com sua vitória e fique em casa! Por que trazer desgraça sobre você e o povo de Judá?”. Amazias, porém, se recusou a ouvir. Então Jeoás, rei de Israel, mobilizou seu exército contra Amazias, rei de Judá. Os dois exércitos se enfrentaram em Bete-Semes, em Judá. O exército de Judá foi derrotado pelo exército de Israel, e os soldados fugiram para casa. Jeoás, rei de Israel, capturou Amazias, filho de Joás, filho de Acazias, rei de Judá, em Bete-Semes. Em seguida, marchou para Jerusalém, onde destruiu 180 metros do muro da cidade, desde a porta de Efraim até a porta da Esquina. Levou embora todo o ouro, toda a prata e todos os utensílios do templo do S enhor. Também levou os tesouros do palácio real e fez reféns; depois, voltou para Samaria. Os demais acontecimentos do reinado de Jeoás e tudo que ele fez, incluindo a extensão de seu poder e sua guerra contra Amazias, rei de Judá, estão registrados no Livro da História dos Reis de Israel. Quando Jeoás morreu e se reuniu a seus antepassados, foi sepultado em Samaria, com os reis de Israel. Seu filho Jeroboão II foi seu sucessor. Amazias, filho de Joás, rei de Judá, viveu ainda mais quinze anos depois da morte de Jeoás, filho de Jeoacaz, rei de Israel. Os demais acontecimentos do reinado de Amazias estão registrados no Livro da História dos Reis de Judá. Houve uma conspiração contra Amazias em Jerusalém, e ele fugiu para Laquis. Seus inimigos, porém, mandaram assassinos atrás dele e o mataram ali. Seu corpo foi trazido de volta para Jerusalém num cavalo, e ele foi sepultado com seus antepassados na Cidade de Davi. Todo o povo de Judá proclamou rei seu filho Uzias, de 16 anos, como sucessor de seu pai, Amazias. Depois que seu pai morreu e se reuniu a seus antepassados, Uzias reconstruiu a cidade de Elate e a recuperou para Judá. Jeroboão II, filho de Jeoás, começou a reinar em Israel no décimo quinto ano do reinado de Amazias, filho de Joás, rei de Judá. Reinou em Samaria por 41 anos. Fez o que era mau aos olhos do S enhor. Não se afastou dos pecados que Jeroboão, filho de Nebate, havia levado Israel a cometer. Jeroboão II recuperou os territórios de Israel entre Lebo-Hamate e o mar Morto, conforme o S enhor, o Deus de Israel, havia anunciado por meio de Jonas, filho de Amitai, profeta de Gate-Héfer. O S enhor viu como era grande o sofrimento em Israel, tanto para escravos como para livres, e não havia ninguém em Israel que pudesse socorrê-los. E, porque o S enhor não tinha dito que apagaria completamente o nome de Israel, usou Jeroboão II, filho de Jeoás, para socorrê-los. Os demais acontecimentos do reinado de Jeroboão II, tudo que ele fez, a extensão de seu poder, as guerras que travou e como ele recuperou para Israel as cidades de Damasco e de Hamate, que haviam pertencido a Judá, estão registrados no Livro da História dos Reis de Israel. Quando Jeroboão II morreu e se reuniu a seus antepassados, foi sepultado em Samaria, com os reis de Israel. Seu filho Zacarias foi seu sucessor. Uzias, filho de Amazias, começou a reinar em Judá no vigésimo sétimo ano do reinado de Jeroboão II, rei de Israel. Tinha 16 anos quando começou a reinar, e reinou em Jerusalém por 52 anos. Sua mãe se chamava Jecolias e era de Jerusalém. Fez o que era certo aos olhos do S enhor, como seu pai, Amazias. Contudo, não destruiu os santuários idólatras, e o povo continuou a oferecer sacrifícios e a queimar incenso nesses lugares. O S enhor feriu o rei com lepra, enfermidade que durou até o dia de sua morte. Vivia isolado, numa casa separada. Jotão, filho do rei, tomava conta do palácio e governava o povo. Os demais acontecimentos do reinado de Uzias e tudo que ele fez estão registrados no Livro da História dos Reis de Judá. Quando Uzias morreu, foi sepultado com seus antepassados na Cidade de Davi. Seu filho Jotão foi seu sucessor. Zacarias, filho de Jeroboão II, começou a reinar em Israel no trigésimo oitavo ano do reinado de Uzias, rei de Judá. Reinou em Samaria por seis meses. Fez o que era mau aos olhos do S enhor, como seus antepassados. Não se afastou dos pecados que Jeroboão, filho de Nebate, havia levado Israel a cometer. Então Salum, filho de Jabes, conspirou contra Zacarias, matou-o diante do povo e se tornou seu sucessor. Os demais acontecimentos do reinado de Zacarias estão registrados no Livro da História dos Reis de Israel. Assim se cumpriu a mensagem do S enhor a Jeú: “Seus descendentes serão reis de Israel até a quarta geração”. Salum, filho de Jabes, começou a reinar em Israel no trigésimo nono ano do reinado de Uzias, rei de Judá. Reinou em Samaria por apenas um mês. Então Menaém, filho de Gadi, veio de Tirza a Samaria, matou Salum, filho de Jabes, e se tornou seu sucessor. Os demais acontecimentos do reinado de Salum, incluindo a conspiração que liderou, estão registrados no Livro da História dos Reis de Israel. Nessa ocasião, Menaém destruiu a cidade de Tapua e seus arredores, até Tirza, pois seus habitantes se recusaram a entregar a cidade. Matou toda a população e rasgou o ventre das mulheres grávidas. Menaém, filho de Gadi, começou a reinar em Israel no trigésimo nono ano do reinado de Uzias, rei de Judá. Reinou em Samaria por dez anos. Fez o que era mau aos olhos do S enhor. Durante todo o seu reinado, não se afastou dos pecados que Jeroboão, filho de Nebate, havia levado Israel a cometer. Então Tiglate-Pileser, rei da Assíria, invadiu a terra de Israel. Contudo, Menaém lhe pagou 35 toneladas de prata a fim de obter seu apoio e firmar-se no poder. Menaém extorquiu esse valor dos ricos de Israel e exigiu que cada um contribuísse com seiscentos gramas de prata para o tributo pago ao rei da Assíria. Assim, o rei da Assíria parou de atacar Israel e foi embora. Os demais acontecimentos do reinado de Menaém e tudo que ele fez estão registrados no Livro da História dos Reis de Israel. Quando Menaém morreu e se reuniu a seus antepassados, seu filho Pecaías se tornou seu sucessor. Pecaías, filho de Menaém, começou a reinar em Israel no quinquagésimo ano do reinado de Uzias, rei de Judá. Reinou em Samaria por dois anos. Fez o que era mau aos olhos do S enhor. Não se afastou dos pecados que Jeroboão, filho de Nebate, havia levado Israel a cometer. Então Peca, filho de Remalias e comandante do exército de Pecaías, conspirou contra ele. Acompanhado de cinquenta homens de Gileade, assassinou o rei, e também Argobe e Arié, na fortaleza do palácio em Samaria. E Peca se tornou seu sucessor. Os demais acontecimentos do reinado de Pecaías e tudo que ele fez estão registrados no Livro da História dos Reis de Israel. Peca, filho de Remalias, começou a reinar em Israel no quinquagésimo segundo ano do reinado de Uzias, rei de Judá. Reinou em Samaria por vinte anos. Fez o que era mau aos olhos do S enhor. Não se afastou dos pecados que Jeroboão, filho de Nebate, havia levado Israel a cometer. Durante o reinado de Peca, Tiglate-Pileser, rei da Assíria, atacou Israel novamente e conquistou as cidades de Ijom, Abel-Bete-Maaca, Janoa, Quedes e Hazor. Também conquistou as regiões de Gileade e da Galileia, e todo o território de Naftali, e levou os habitantes cativos para a Assíria. Então Oseias, filho de Elá, conspirou contra Peca, filho de Remalias, e o assassinou. Começou a reinar em Israel no vigésimo ano do reinado de Jotão, filho de Uzias. Os demais acontecimentos do reinado de Peca e tudo que ele fez estão registrados no Livro da História dos Reis de Israel. Jotão, filho de Uzias, começou a reinar em Judá no segundo ano do reinado de Peca, filho de Remalias, rei de Israel. Tinha 25 anos quando começou a reinar, e reinou em Jerusalém por dezesseis anos. Sua mãe se chamava Jerusa e era filha de Zadoque. Jotão fez o que era certo aos olhos do S enhor, como seu pai, Uzias. Contudo, não destruiu os santuários idólatras, e o povo continuou a oferecer sacrifícios e a queimar incenso nesses lugares. Jotão reconstruiu a porta superior do templo do S enhor. Os demais acontecimentos do reinado de Jotão e tudo que ele fez estão registrados no Livro da História dos Reis de Judá. Naqueles dias, o S enhor começou a instigar Rezim, rei da Síria, e Peca, filho de Remalias, a atacarem Judá. Quando Jotão morreu, foi sepultado com seus antepassados na Cidade de Davi. Seu filho Acaz foi seu sucessor. Acaz, filho de Jotão, começou a reinar em Judá no décimo sétimo ano do reinado de Peca, filho de Remalias. Tinha 20 anos quando começou a reinar, e reinou em Jerusalém por dezesseis anos. Ao contrário de seu antepassado Davi, não fez o que era certo aos olhos do S enhor, seu Deus. Em vez disso, seguiu o exemplo dos reis de Israel e até sacrificou seu filho no fogo. Desse modo, seguiu as práticas detestáveis das nações que o S enhor havia expulsado da terra diante dos israelitas. Ofereceu sacrifícios e queimou incenso nos santuários idólatras, nos montes e debaixo de toda árvore verdejante. Então Rezim, rei da Síria, e Peca, filho de Remalias, rei de Israel, subiram para atacar Jerusalém. Cercaram Acaz, mas não conseguiram derrotá-lo. Nessa época, o rei de Edom recuperou a cidade de Elate para os edomitas. Expulsou o povo de Judá e colocou edomitas para morarem ali, onde estão até hoje. O rei Acaz enviou mensageiros para dizer a Tiglate-Pileser, rei da Assíria: “Sou seu servo e seu súdito. Venha salvar-me dos exércitos da Síria e de Israel que estão me atacando”. Então Acaz pegou a prata e o ouro do templo do S enhor e dos tesouros do palácio e os enviou como pagamento para o rei da Assíria. O rei da Assíria atendeu ao pedido e atacou Damasco, a capital da Síria, e deportou seus habitantes para Quir. Também matou Rezim, rei da Síria. Então o rei Acaz foi a Damasco para encontrar-se com Tiglate-Pileser, rei da Assíria. Enquanto estava lá, viu o altar da cidade e enviou ao sacerdote Urias um modelo e um desenho detalhado do altar. O sacerdote Urias seguiu as instruções do rei e construiu um altar exatamente igual, que ficou pronto antes de o rei voltar de Damasco. Quando o rei voltou, viu o altar e ofereceu sacrifícios sobre ele. Apresentou um holocausto, uma oferta de cereal e uma oferta derramada e aspergiu o altar com o sangue de uma oferta de paz. O rei Acaz removeu o antigo altar de bronze de seu lugar, na frente do templo do S enhor, entre o novo altar e a entrada, e o colocou do lado norte do novo altar. Disse ao sacerdote Urias: “Use o novo altar para o holocausto da manhã, para a oferta de cereal da tarde, para o holocausto e a oferta de cereal do rei, e para o holocausto, a oferta de cereal e a oferta derramada de todo o povo. Com o sangue de todos os holocaustos e sacrifícios, faça aspersão sobre o novo altar. O altar de bronze será apenas para meu uso pessoal”. Urias fez como o rei Acaz ordenou. Depois, o rei Acaz tirou os painéis e as bacias das dez bases móveis usadas para levar água. Também removeu o grande tanque de bronze chamado Mar de cima dos touros e o colocou sobre o pavimento de pedra. Por causa do rei da Assíria, removeu a cobertura construída dentro do templo para ser usada aos sábados, bem como a entrada externa do rei para o templo do S enhor. Os demais acontecimentos do reinado de Acaz e tudo que ele fez estão registrados no Livro da História dos Reis de Judá. Quando Acaz morreu, foi sepultado com seus antepassados na Cidade de Davi. Seu filho Ezequias foi seu sucessor. Oseias, filho de Elá, começou a reinar em Israel no décimo segundo ano do reinado de Acaz, rei de Judá. Reinou em Samaria por nove anos. Fez o que era mau aos olhos do S enhor, mas não tanto quanto os reis que governaram Israel antes dele. Salmaneser, rei da Assíria, atacou o rei Oseias e o obrigou a lhe pagar tributos. Oseias, porém, conspirou contra o rei da Assíria. Deixou de pagar o tributo anual e pediu ajuda a Sô, rei do Egito. Quando o rei da Assíria descobriu a traição de Oseias, mandou colocá-lo na prisão. O rei da Assíria ocupou todo o território de Israel e, durante três anos, cercou a cidade de Samaria. Por fim, no nono ano do reinado de Oseias, o rei assírio conquistou Samaria e exilou os israelitas na Assíria. Criou assentamentos para eles em Hala, ao longo das margens do rio Habor, em Gozã, e nas cidades da Média. Isso aconteceu porque os israelitas adoraram outros deuses. Pecaram contra o S enhor, seu Deus, que os havia tirado da terra do Egito e os livrado do poder do faraó, o rei do Egito. Seguiram as práticas das nações que o S enhor tinha expulsado de diante deles, bem como as práticas introduzidas pelos reis de Israel. Os israelitas também fizeram, em segredo, muitas coisas que não eram corretas diante do S enhor, seu Deus. Construíram santuários idólatras em todas as cidades, desde o menor posto de vigilância até a maior cidade murada. Ergueram colunas sagradas e postes de Aserá no alto de todo monte e debaixo de toda árvore verdejante. Queimaram incenso no topo dos montes, como faziam as nações que o S enhor havia expulsado de diante deles. Os israelitas praticaram muitos atos perversos que provocaram a ira do S enhor. Adoraram ídolos, apesar das advertências claras do S enhor contra isso. Repetidamente, o S enhor enviou profetas e videntes para advertirem Israel e Judá, com esta mensagem: “Afastem-se de seus maus caminhos. Obedeçam a meus mandamentos e decretos, a toda a lei que ordenei a seus antepassados e que lhes entreguei por meio de meus servos, os profetas”. Mas os israelitas se recusaram a ouvir. Foram tão teimosos quanto seus antepassados que não quiseram crer no S enhor, seu Deus. Rejeitaram seus decretos e a aliança que ele havia feito com seus antepassados e desprezaram todas as suas advertências. Adoraram ídolos inúteis, de modo que eles próprios se tornaram inúteis. Seguiram o exemplo das nações ao redor e desobedeceram à ordem do S enhor para que não as imitassem. Rejeitaram todos os mandamentos do S enhor, seu Deus, e fizeram dois bezerros de metal. Ergueram um poste de Aserá e adoraram Baal e todos os astros do céu. Chegaram a sacrificar os próprios filhos e filhas no fogo. Consultaram adivinhos, praticaram feitiçaria, venderam-se para fazer o que é mau aos olhos do S enhor e provocaram sua ira. O S enhor se indignou muito com Israel e o expulsou de sua presença. Com isso, restou somente a tribo de Judá. Mesmo o povo de Judá, porém, não obedeceu aos mandamentos do S enhor, seu Deus, pois seguiu as práticas perversas introduzidas por Israel. O S enhor rejeitou todos os descendentes de Israel. Como castigo, entregou-os a seus inimigos, até que expulsou Israel de sua presença. Pois quando o S enhor arrancou Israel do reino de Davi, os israelitas escolheram Jeroboão, filho de Nebate, como rei. Mas Jeroboão afastou Israel do S enhor e os levou a cometer grande pecado. E os israelitas continuaram a seguir todos os caminhos maus de Jeroboão. Não se afastaram desses pecados, até que, por fim, o S enhor os expulsou de sua presença, como todos os seus profetas haviam advertido. Assim, Israel foi deportado de sua terra para a Assíria, onde permanece até hoje. O rei da Assíria trouxe povos da Babilônia, de Cuta, de Ava, de Hamate e de Sefarvaim e os estabeleceu nas cidades de Samaria, em lugar dos israelitas. Eles tomaram posse de Samaria e habitaram em suas cidades. Assim que chegaram, esses estrangeiros não adoravam o S enhor, de modo que o S enhor mandou leões, que mataram alguns deles. Por isso, enviaram uma mensagem ao rei da Assíria: “O povo que o senhor deportou para as cidades de Samaria não conhece os costumes do deus da terra. Ele mandou leões para destruí-los, porque não conhecem suas exigências”. Então o rei da Assíria deu esta ordem: “Enviem um dos sacerdotes exilados de volta a Samaria. Ele viverá ali e ensinará aos novos habitantes os costumes do deus da terra”. Um dos sacerdotes exilados de Samaria voltou a Betel e ensinava os novos habitantes a adorarem corretamente o S enhor. Contudo, cada um desses povos estrangeiros continuou a fazer seus deuses e adorá-los. Em todas as cidades onde habitavam, colocaram seus ídolos nos santuários idólatras que o povo de Samaria havia construído. Os da Babilônia adoravam as imagens do deus Sucote-Benote. Os de Cuta adoravam o deus Nergal. Os de Hamate adoravam o deus Asima. Os aveus adoravam os deuses Nibaz e Tartaque. E o povo de Sefarvaim até queimava os próprios filhos como sacrifício aos deuses Adrameleque e Anameleque. Esses novos habitantes adoravam o S enhor, mas também nomeavam qualquer pessoa como sacerdote para oferecer sacrifícios nos lugares de culto. E, embora adorassem o S enhor, continuavam a seguir seus próprios deuses, de acordo com os costumes de suas nações de origem. Até hoje, continuam com suas antigas práticas em vez de adorar verdadeiramente o S enhor e obedecer aos decretos, estatutos, leis e mandamentos que o S enhor deu aos descendentes de Jacó, cujo nome ele mudou para Israel. Pois o S enhor havia feito uma aliança com eles e ordenado: “Não adorem outros deuses, nem se prostrem diante deles, não os sirvam, nem lhes ofereçam sacrifícios. Adorem somente o S enhor, que os tirou do Egito com grande força e com braço poderoso. Curvem-se somente diante dele e ofereçam sacrifícios a ele somente. Tomem sempre o cuidado de obedecer aos decretos, estatutos, leis e mandamentos que ele lhes prescreveu. Não adorem outros deuses. Não se esqueçam da aliança que fiz com vocês e não adorem outros deuses. Adorem somente o S enhor, seu Deus. Ele os livrará de todos os seus inimigos”. Mas o povo se recusou a ouvir e continuou com suas antigas práticas. Assim, embora os novos habitantes adorassem o S enhor, também adoravam seus ídolos. E até hoje seus descendentes fazem a mesma coisa. Ezequias, filho de Acaz, começou a reinar em Judá no terceiro ano do reinado de Oseias, filho de Elá, rei de Israel. Tinha 25 anos quando começou a reinar, e reinou em Jerusalém por 29 anos. Sua mãe se chamava Abia e era filha de Zacarias. Ezequias fez o que era certo aos olhos do S enhor, como seu antepassado Davi. Removeu os santuários idólatras, quebrou as colunas sagradas e derrubou os postes de Aserá. Despedaçou a serpente de bronze que Moisés havia feito, pois os israelitas queimavam incenso para ela. A serpente de bronze se chamava Neustã. Ezequias confiava no S enhor, o Deus de Israel. Não houve ninguém como ele entre todos os reis de Judá, nem antes nem depois. Ezequias se apegou ao S enhor, não se afastou dele e teve o cuidado de obedecer a todos os mandamentos que o S enhor tinha ordenado por meio de Moisés. Assim, o S enhor estava com Ezequias, e ele era bem-sucedido em tudo que fazia. Rebelou-se contra o rei da Assíria e não lhe pagou tributo. Derrotou os filisteus até Gaza e seu território, desde o menor posto de vigilância até a maior cidade fortificada. No quarto ano do reinado de Ezequias, o sétimo ano do reinado de Oseias, filho de Elá, rei de Israel, Salmaneser, rei da Assíria, atacou a cidade de Samaria e a cercou. Três anos depois, no sexto ano do reinado de Ezequias e no nono ano do reinado de Oseias, rei de Israel, Samaria foi conquistada. O rei assírio deportou os israelitas para a Assíria e os colocou em assentamentos em Hala, ao longo das margens do rio Habor, em Gozã, e nas cidades da Média. Isso aconteceu porque eles não ouviram nem obedeceram ao S enhor, seu Deus. Em vez disso, violaram sua aliança, todas as leis às quais Moisés, servo do S enhor, havia ordenado que obedecessem. No décimo quarto ano do reinado de Ezequias, Senaqueribe, rei da Assíria, atacou as cidades fortificadas de Judá e as conquistou. Ezequias, rei de Judá, enviou esta mensagem ao rei da Assíria, em Laquis: “Cometi um erro. Se você se retirar, eu lhe pagarei qualquer tributo que exigir”. O rei da Assíria exigiu 10.500 quilos de prata e 1.050 quilos de ouro. Para juntar essa quantia, Ezequias usou toda a prata guardada no templo do S enhor e nos tesouros do palácio. Arrancou até o ouro das portas e dos batentes do templo do S enhor que ele havia coberto com ouro e entregou tudo ao rei da Assíria. Apesar disso, o rei da Assíria enviou, de Laquis, seu comandante em chefe, seu comandante de campo e seu porta-voz, juntamente com um grande exército, para confrontarem o rei Ezequias em Jerusalém. Os assírios se posicionaram ao lado do aqueduto que abastece o tanque superior, perto do caminho para o campo onde se lava roupa. Mandaram chamar o rei Ezequias, mas ele enviou os seguintes oficiais ao encontro deles: Eliaquim, filho de Hilquias, o administrador do palácio; Sebna, o secretário da corte; e Joá, filho de Asafe, o historiador do reino. O porta-voz do rei assírio mandou que transmitissem esta mensagem a Ezequias: “Assim diz o grande rei da Assíria: Em que você confia, que lhe dá tanta segurança? Pensa que meras palavras podem substituir experiência e força militar? Com quem você conta para se rebelar contra mim? Com o Egito? Se você se apoiar no Egito, ele será como um junco que se quebra sob seu peso e perfura sua mão. O faraó, rei do Egito, não é digno de nenhuma confiança! “Talvez vocês digam: ‘Confiamos no S enhor, nosso Deus!’. Mas não foi a ele que Ezequias insultou? Ezequias não destruiu os santuários e altares dele e obrigou todos em Judá e Jerusalém a adorarem somente no altar em Jerusalém? “Vou lhes dizer uma coisa: Façam um acordo com meu senhor, o rei da Assíria. Eu lhes darei dois mil cavalos se forem capazes de encontrar homens em número suficiente para montá-los! Com seu exército minúsculo, como podem pensar em desafiar até o contingente mais fraco do exército de meu senhor, mesmo com a ajuda dos carros de guerra e dos cavaleiros do Egito? Além disso, imaginam que invadimos sua terra sem a direção do S enhor? Foi o próprio S enhor que nos disse: ‘Ataquem essa terra e destruam-na!’”. Então Eliaquim, filho de Hilquias, Sebna e Joá disseram ao porta-voz: “Por favor, fale conosco em aramaico, pois entendemos bem essa língua. Não fale em hebraico, pois o povo sobre o muro o ouvirá”. O porta-voz, no entanto, respondeu: “Vocês pensam que meu senhor enviou essa mensagem apenas para vocês e para seu senhor? Ele quer que todo o povo a ouça, pois, quando cercarmos esta cidade, eles sofrerão junto com vocês. Ficarão tão famintos e sedentos que comerão as próprias fezes e beberão a própria urina!”. Então o porta-voz se levantou e gritou em hebraico: “Ouçam esta mensagem do grande rei da Assíria! Assim diz o rei: Não deixem que Ezequias os engane. Ele jamais será capaz de livrá-los de meu poder. Não deixem que ele os convença a confiar no S enhor, dizendo: ‘Certamente o S enhor nos livrará; esta cidade jamais cairá nas mãos do rei da Assíria!’. “Não deem ouvidos a Ezequias! Estas são as condições que o rei da Assíria oferece: Façam as pazes comigo, abram as portas e saiam. Então, cada um de vocês continuará a comer de sua própria videira e de sua própria figueira e a beber de seu próprio poço. Depois, providenciarei que sejam levados a outra terra como esta, uma terra com cereais e vinho novo, com pão e vinhedos, com olivais e mel. Escolham a vida, e não a morte! “Não deem ouvidos a Ezequias quando ele tentar enganá-los, dizendo: ‘O S enhor nos livrará!’. Acaso os deuses de alguma outra nação livraram seu povo do rei da Assíria? O que aconteceu aos deuses de Hamate e de Arpade? E quanto aos deuses de Sefarvaim, de Hena e de Iva? Acaso algum deus livrou Samaria de meu poder? Qual dos deuses de qualquer nação foi capaz de livrar seu povo de meu poder? O que os faz pensar que o S enhor pode livrar Jerusalém de minhas mãos?”. Mas o povo permaneceu em silêncio e não disse uma palavra sequer, pois Ezequias havia ordenado: “Não lhe respondam”. Então Eliaquim, filho de Hilquias, administrador do palácio, Sebna, secretário da corte, e Joá, filho de Asafe, historiador do reino, voltaram a Ezequias. Rasgaram suas roupas e foram contar ao rei o que o porta-voz tinha dito. Quando o rei Ezequias ouviu esse relato, rasgou as roupas, vestiu-se com panos de saco e entrou no templo do S enhor. Enviou Eliaquim, o administrador do palácio, Sebna, o secretário da corte, e os principais sacerdotes, todos vestidos com panos de saco, ao profeta Isaías, filho de Amoz. Eles lhe disseram: “Assim diz o rei Ezequias: ‘Hoje é um dia de angústia, insulto e humilhação. É como quando a criança está prestes a nascer, mas a mãe não tem forças para dar à luz. Contudo, talvez o S enhor, seu Deus, tenha ouvido o porta-voz que o rei da Assíria enviou para desafiar o Deus vivo e o castigue por suas palavras. Por favor, ore por nós que restamos!’”. Depois que os oficiais do rei Ezequias transmitiram a mensagem ao profeta Isaías, ele respondeu: “Digam ao rei que assim diz o S enhor: ‘Não se assuste com os insultos que os mensageiros do rei da Assíria lançaram contra mim. Ouça! Eu mesmo agirei contra o rei da Assíria, e ele receberá notícias que o farão voltar para sua terra. Ali eu providenciarei que ele seja morto à espada’”. Enquanto isso, o porta-voz partiu de Jerusalém e foi consultar o rei da Assíria, pois tinha sido informado de que o rei havia deixado Laquis e estava atacando Libna. Logo depois, o rei Senaqueribe recebeu a notícia de que Tiraca, rei da Etiópia, havia saído com seu exército para lutar contra ele. Então enviou seus homens de volta a Ezequias em Jerusalém com a seguinte mensagem: “Esta é uma mensagem para Ezequias, rei de Judá. Não deixe que seu Deus, em quem você confia, o engane com promessas de que Jerusalém não será conquistada pelo rei da Assíria. Você sabe muito bem o que os reis da Assíria fizeram por onde passaram. Destruíram completamente todos que atravessaram seu caminho! Quem é você para escapar? Acaso os deuses de outras nações, como Gozã, Harã, Rezefe, e o povo de Éden, que estava em Telassar, as livraram? Meus antecessores destruíram todos eles! O que aconteceu ao rei de Hamate e ao rei de Arpade? O que aconteceu aos reis de Sefarvaim, de Hena e de Iva?”. Depois que Ezequias recebeu a carta dos mensageiros e a leu, subiu ao templo do S enhor e a estendeu diante do S enhor. Então Ezequias fez esta oração na presença do S enhor: “Ó S enhor, o Deus de Israel, que estás entronizado entre os querubins! Só tu és Deus de todos os reinos da terra. Sim, tu criaste os céus e a terra. Inclina teus ouvidos, ó S enhor, e ouve! Abre teus olhos, ó S enhor, e vê! Ouve as palavras com as quais Senaqueribe desafia o Deus vivo! “É verdade, S enhor, que os reis da Assíria destruíram todas essas nações. Lançaram os deuses dessas nações no fogo e os queimaram. É claro que os assírios conseguiram destruí-los! Não eram deuses de verdade, mas apenas ídolos de madeira e pedra moldados por mãos humanas. Agora, S enhor, nosso Deus, salva-nos do poder desse rei; então todos os reinos da terra saberão que somente tu, S enhor, és Deus!”. Então Isaías, filho de Amoz, enviou esta mensagem a Ezequias: “Assim diz o S enhor, o Deus de Israel: Ouvi sua oração a respeito de Senaqueribe, rei da Assíria. E o S enhor proferiu esta palavra contra ele: “A filha virgem de Sião o despreza e ri de você. A filha de Jerusalém balança a cabeça com desdém enquanto você foge. “A quem você desafiou e de quem zombou? Contra quem levantou a voz? Para quem olhou com arrogância? Para o Santo de Israel! Por meio de seus mensageiros, desafiou o Senhor. Disse: ‘Com meus numerosos carros de guerra, conquistei os montes mais elevados, sim, os picos mais remotos do Líbano. Cortei seus cedros mais altos e seus melhores ciprestes. Cheguei a suas regiões mais distantes e explorei suas florestas mais densas. Cavei poços em muitas terras estrangeiras e me refresquei com sua água. Com a sola de meu pé, sequei todos os rios do Egito!’. “Mas você não sabe? Eu decidi tudo isso há muito tempo. Planejei essas coisas no passado distante, e agora as realizo. Planejei que você transformaria cidades fortificadas em montes de escombros. Por isso, seus habitantes perdem as forças e ficam assustados e envergonhados. São frágeis como a relva, indefesos como brotos verdes e tenros. São como capim que surge no telhado, queimado antes mesmo de crescer. “Mas eu o conheço bem: sei onde está e sei de suas idas e vindas; sei como se enfureceu contra mim. E, por causa de sua raiva contra mim e de sua arrogância, que eu mesmo ouvi, porei minha argola em seu nariz e meu freio em sua boca. Eu o farei voltar pelo mesmo caminho por onde veio”. Então Isaías disse a Ezequias: “Esta é a prova de que minhas palavras são verdadeiras: “Neste ano vocês comerão somente o que crescer por si, e, no ano seguinte, o que brotar disso. Mas, no terceiro ano, semeiem e colham, cuidem de suas videiras e comam de seus frutos. Vocês que restarem em Judá, os que escaparem da destruição, lançarão raízes em seu próprio solo, crescerão e darão frutos. Pois um remanescente de meu povo sairá de Jerusalém, um grupo de sobreviventes partirá do monte Sião. O zelo do S enhor dos Exércitos fará que isso aconteça! “E assim diz o S enhor a respeito do rei da Assíria: “Seus exércitos não entrarão em Jerusalém, nem dispararão contra ela uma só flecha. Não marcharão com escudos fora de suas portas, nem construirão rampas de terra contra seus muros. O rei voltará à terra dele pelo mesmo caminho por onde veio. Não entrará na cidade, diz o S enhor. Por minha própria honra e por causa de meu servo Davi, defenderei esta cidade e a libertarei”. Naquela noite, o anjo do S enhor foi ao acampamento assírio e matou 185 mil soldados assírios. Quando os sobreviventes acordaram na manhã seguinte, encontraram cadáveres por toda parte. Então Senaqueribe, rei da Assíria, levantou acampamento e partiu para sua terra. Voltou para Nínive e ali ficou. Certo dia, enquanto ele adorava no templo de seu deus Nisroque, seus filhos Adrameleque e Sarezer o mataram à espada. Fugiram para a terra de Ararate, e outro filho, Esar-Hadom, se tornou seu sucessor na Assíria. Por esse tempo, Ezequias ficou doente e estava para morrer. O profeta Isaías, filho de Amoz, foi visitá-lo e transmitiu-lhe a seguinte mensagem: “Assim diz o S enhor: ‘Ponha suas coisas em ordem, pois você vai morrer. Não se recuperará dessa doença’”. Quando Ezequias ouviu isso, virou o rosto para a parede e orou ao S enhor: “Ó S enhor, lembra-te de como sempre te servi com fidelidade e devoção, e de como sempre fiz o que é certo aos teus olhos”. Depois, o rei chorou amargamente. Então, antes que Isaías deixasse o pátio intermediário, recebeu esta mensagem do S enhor: “Volte a Ezequias, líder de meu povo, e diga-lhe: Assim diz o S enhor, o Deus de seu antepassado Davi: ‘Ouvi sua oração e vi suas lágrimas. Vou curá-lo e, daqui a três dias, você sairá da cama e irá ao templo do S enhor. Acrescentarei quinze anos à sua vida e livrarei você e esta cidade do rei da Assíria. Defenderei esta cidade por causa de minha honra e por causa de meu servo Davi’”. Então Isaías disse: “Preparem uma pasta de figos”. Os servos de Ezequias fizeram a pasta e a espalharam sobre a ferida, e Ezequias se recuperou. Ezequias tinha perguntado a Isaías: “Que sinal o S enhor dará como prova de que ele vai me curar e de que irei ao templo do S enhor daqui a três dias?”. Isaías respondeu: “Este é o sinal do S enhor de que cumprirá o que prometeu. Você prefere que a sombra do relógio de sol avance dez graus ou recue dez graus?”. “É natural que a sombra avance”, disse Ezequias. “Isso seria fácil. Faça-a voltar dez graus.” O profeta Isaías orou ao S enhor, e ele fez a sombra recuar dez graus no relógio de sol de Acaz. Pouco tempo depois, Merodaque-Baladã, filho de Baladã, rei da Babilônia, enviou cartas e um presente para Ezequias, pois soube que o rei tinha estado muito doente. Ezequias recebeu os mensageiros babilônios e lhes mostrou tudo que havia na casa do tesouro: a prata, o ouro, as especiarias e os óleos aromáticos. Também os levou para conhecer seu arsenal e lhes mostrou tudo que havia nos tesouros do rei. Não houve nada em seu palácio nem em seu reino que Ezequias não lhes mostrasse. Então o profeta Isaías foi ver o rei Ezequias e lhe perguntou: “O que esses homens queriam? De onde vieram?”. Ezequias respondeu: “Vieram da Babilônia, uma terra distante”. “O que viram em seu palácio?”, perguntou Isaías. “Viram tudo”, Ezequias respondeu. “Eu lhes mostrei tudo que possuo, todos os meus tesouros.” Então Isaías disse a Ezequias: “Ouça esta mensagem do S enhor: ‘Está chegando o dia em que tudo em seu palácio, todos os tesouros que seus antepassados acumularam até agora, será levado para a Babilônia. Não ficará coisa alguma’, diz o S enhor. ‘Até mesmo alguns de seus descendentes serão levados para o exílio. Eles se tornarão eunucos e servirão no palácio do rei da Babilônia’”. Ezequias disse a Isaías: “A mensagem do S enhor que você transmitiu é boa”. Pois o rei pensava: “Pelo menos haverá paz e segurança durante minha vida”. Os demais acontecimentos do reinado de Ezequias, incluindo a extensão de seu poder e como construiu uma represa e cavou um túnel para abastecer a cidade com água, estão registrados no Livro da História dos Reis de Judá. Ezequias morreu e se reuniu a seus antepassados, e seu filho Manassés foi seu sucessor. Manassés tinha 12 anos quando começou a reinar, e reinou em Jerusalém por 55 anos. Sua mãe se chamava Hefzibá. Manassés fez o que era mau aos olhos do S enhor e seguiu as práticas detestáveis das nações que o S enhor havia expulsado de diante dos israelitas. Reconstruiu os santuários idólatras que seu pai, Ezequias, havia destruído. Construiu altares para Baal e ergueu um poste de Aserá, como Acabe, rei de Israel, havia feito. Também se curvou diante de todos os astros dos céus e lhes prestou culto. Construiu altares idólatras no templo do S enhor, sobre o qual o S enhor tinha dito: “Meu nome permanecerá em Jerusalém para sempre”. Nos dois pátios do templo do S enhor, construiu altares para os astros do céu. Manassés também sacrificou seu filho no fogo. Praticou feitiçaria e adivinhação e consultou médiuns e praticantes do ocultismo. Fez muitas coisas perversas aos olhos do S enhor e, com isso, provocou sua ira. Manassés chegou a fazer uma imagem esculpida da deusa Aserá e colocá-la no templo, sobre o qual o S enhor tinha dito a Davi e a seu filho Salomão: “Meu nome será honrado para sempre neste templo em Jerusalém, a cidade que escolhi dentre todas as tribos de Israel. Se os israelitas tiverem o cuidado de obedecer a meus mandamentos, todas as leis que meu servo Moisés lhes deu, não os expulsarei desta terra que dei a seus antepassados”. Mas o povo se recusou a ouvir, e Manassés os levou a fazer coisas piores do que as nações que o S enhor tinha destruído quando os israelitas entraram na terra. Então o S enhor disse por meio de seus servos, os profetas: “Manassés, rei de Judá, fez muitas coisas detestáveis. É ainda mais perverso que os amorreus que habitavam nesta terra antes de Israel e fez o povo de Judá pecar com seus ídolos. Portanto, assim diz o S enhor, o Deus de Israel: Trarei desgraça tão grande sobre Jerusalém e Judá que fará tinir os ouvidos daqueles que ouvirem a respeito. Julgarei Jerusalém de acordo com o mesmo critério que usei para julgar Samaria e a família de Acabe. Limparei Jerusalém como quem limpa um prato e depois o vira de cabeça para baixo. Rejeitarei até mesmo o remanescente de meu povo e o entregarei a seus inimigos como despojo. Pois eles fizeram o que era mau aos meus olhos e provocaram minha ira desde que seus antepassados saíram do Egito”. Além de levar o povo de Judá a pecar e fazer o que era mau aos olhos do S enhor, Manassés assassinou muitos inocentes, até encher Jerusalém do sangue deles, de uma extremidade à outra. Os demais acontecimentos do reinado de Manassés e tudo que ele fez, incluindo os pecados que cometeu, estão registrados no Livro da História dos Reis de Judá. Quando Manassés morreu e se reuniu a seus antepassados, foi sepultado no jardim de seu palácio, o jardim de Uzá. Seu filho Amom foi seu sucessor. Amom tinha 22 anos quando começou a reinar, e reinou em Jerusalém por dois anos. Sua mãe se chamava Mesulemete e era filha de Haruz, de Jotbá. Fez o que era mau aos olhos do S enhor, como seu pai, Manassés, havia feito. Seguiu o exemplo de seu pai e adorou os mesmos ídolos que ele. Abandonou o S enhor, o Deus de seus antepassados, e não andou nos caminhos do S enhor. Os próprios oficiais de Amom conspiraram contra ele e o assassinaram em seu palácio. Mas o povo da terra matou todos que haviam conspirado contra o rei Amom e proclamou rei seu filho Josias. Os demais acontecimentos do reinado de Amom e tudo que ele fez estão registrados no Livro da História dos Reis de Judá. Ele foi sepultado em seu túmulo no jardim de Uzá. Seu filho Josias foi seu sucessor. Josias tinha 8 anos quando começou a reinar, e reinou por 31 anos em Jerusalém. Sua mãe se chamava Jedida e era filha de Adaías, de Bozcate. Josias fez o que era certo aos olhos do S enhor e seguiu o exemplo de seu antepassado Davi, não se desviando nem para um lado nem para o outro. No décimo oitavo ano de seu reinado, o rei Josias enviou Safã, secretário da corte, filho de Azalias, filho de Mesulão, ao templo do S enhor. Disse-lhe: “Vá ao sumo sacerdote Hilquias e peça-lhe que pese a prata que os guardas das portas recolheram do povo no templo do S enhor. Entregue a prata aos homens encarregados de supervisionar a reforma do templo. Eles a usarão para pagar os trabalhadores que farão reparos no templo do S enhor. Precisarão de carpinteiros, construtores e pedreiros. Também deverão comprar a madeira e as pedras cortadas necessárias para os reparos no templo. Contudo, não exija que os supervisores prestem contas do valor que receberam, pois são homens de confiança”. O sumo sacerdote Hilquias disse a Safã, secretário da corte: “Encontrei o Livro da Lei no templo do S enhor!”. E Hilquias entregou o livro a Safã, que o leu. Safã voltou ao rei e relatou: “Seus oficiais entregaram a prata recolhida no templo do S enhor aos trabalhadores e supervisores no templo”. Safã também disse ao rei: “O sacerdote Hilquias me entregou um livro”. E Safã leu o livro para o rei. Quando o rei ouviu o que estava escrito no Livro da Lei, rasgou suas roupas. Em seguida, deu estas ordens ao sacerdote Hilquias, a Aicam, filho de Safã, a Acbor, filho de Micaías, a Safã, o secretário da corte, e a Asaías, conselheiro pessoal do rei: “Vão consultar o S enhor por mim, pelo povo e por todo o Judá. Perguntem a respeito das palavras escritas neste livro que foi encontrado. A grande ira do S enhor arde contra nós, pois nossos antepassados não obedeceram às palavras deste livro. Eles não fizeram tudo que ele diz que devemos fazer”. Então o sacerdote Hilquias, Aicam, Acbor, Safã e Asaías foram ao Bairro Novo de Jerusalém consultar a profetisa Hulda. Ela era esposa de Salum, filho de Ticvá, filho de Harás, responsável pelo guarda-roupa do templo. Ela lhes disse: “O S enhor, o Deus de Israel, falou! Voltem e digam ao homem que os enviou que assim diz o S enhor: ‘Trarei desgraça sobre esta cidade e sobre seus habitantes. Todas as palavras escritas no livro que o rei de Judá leu se cumprirão. Pois meu povo me abandonou e queimou incenso a outros deuses, e estou grandemente irado com eles por tudo que fizeram. Minha ira arderá contra este lugar e não será apagada’. “Mas vão ao rei de Judá que os enviou para consultarem o S enhor e digam-lhe que assim diz o S enhor a respeito da mensagem que acabaram de ouvir: ‘Você se arrependeu e se humilhou diante do S enhor quando ouviu o que eu disse contra esta cidade e contra seus habitantes, que esta terra seria amaldiçoada e se tornaria desolada. Você rasgou as roupas e chorou diante de mim. E eu certamente o ouvi, diz o S enhor. Portanto, só enviarei a calamidade anunciada depois que você tiver se reunido a seus antepassados e tiver sido sepultado em paz. Você não verá a desgraça que trarei sobre esta cidade’”. Então eles levaram a mensagem ao rei. Josias mandou chamar todas as autoridades de Judá e de Jerusalém. Então o rei subiu ao templo do S enhor com os sacerdotes e os profetas e com todo o povo de Judá e de Jerusalém, dos mais simples até os mais importantes. Leu para eles todo o Livro da Aliança encontrado no templo do S enhor. O rei ficou em pé no lugar de honra junto à coluna e renovou a aliança na presença do S enhor. Comprometeu-se a obedecer ao S enhor e a cumprir seus mandamentos, preceitos e decretos de todo o coração e de toda a alma. Confirmou, desse modo, os termos da aliança escritos no livro, e todo o povo se comprometeu com a aliança. Em seguida, o rei deu ordens ao sumo sacerdote Hilquias, aos sacerdotes auxiliares e aos guardas das portas do templo para que removessem do templo do S enhor todos os utensílios usados para o culto a Baal, a Aserá e a todos os astros do céu. Mandou queimar tudo fora de Jerusalém, nos terraços do vale de Cedrom, e levou as cinzas para Betel. Eliminou os sacerdotes idólatras nomeados por reis anteriores de Judá, pois haviam oferecido sacrifícios nos santuários idólatras em todo o território de Judá e nos arredores de Jerusalém. Também haviam oferecido sacrifícios a Baal, ao sol, à lua, às constelações e a todos os astros dos céus. Removeu do templo do S enhor o poste de Aserá e o levou para fora de Jerusalém, para o vale de Cedrom, onde o queimou. Depois, moeu as cinzas do poste e lançou o pó sobre os túmulos do povo. Também demoliu os alojamentos dos prostitutos e das prostitutas cultuais dentro do templo do S enhor, onde as mulheres teciam enfeites para o poste de Aserá. Josias trouxe para Jerusalém todos os sacerdotes que moravam em outras cidades de Judá. Profanou os santuários idólatras, onde haviam queimado incenso, desde Geba até Berseba. Destruiu os santuários na entrada da porta de Josué, governador de Jerusalém, à esquerda de quem entra pela porta da cidade. Os sacerdotes que haviam servido nos santuários idólatras não tinham permissão de servir no altar do S enhor, em Jerusalém, mas podiam comer dos pães sem fermento junto com os outros sacerdotes. O rei profanou o altar de Tofete, no vale de Ben-Hinom, a fim de que ninguém mais pudesse usá-lo para sacrificar no fogo um filho ou uma filha como oferta a Moloque. Removeu da entrada do templo do S enhor as estátuas de cavalos que os reis anteriores de Judá haviam dedicado ao sol. Ficavam perto do alojamento do eunuco Natã-Meleque, oficial do templo. O rei também queimou os carros de guerra consagrados ao sol. Derrubou os altares que os reis de Judá haviam construído no terraço do palácio, sobre a sala de Acaz. Destruiu os altares que Manassés havia construído nos dois pátios do templo do S enhor. Despedaçou-os e espalhou o entulho no vale de Cedrom. O rei também profanou os santuários idólatras a leste de Jerusalém, ao sul do monte da Corrupção, que Salomão, rei de Israel, havia construído para Astarote, a repulsiva deusa dos sidônios, e para Camos, o repulsivo deus dos moabitas, e para Moloque, o repugnante deus dos amonitas. Fez em pedaços as colunas sagradas e cortou os postes de Aserá. Depois, espalhou sobre eles ossos humanos. O rei também demoliu o altar em Betel, o santuário idólatra que Jeroboão, filho de Nebate, havia construído quando levou Israel a pecar. Queimou o santuário e o reduziu a pó e queimou o poste de Aserá. Então Josias olhou ao redor e viu várias sepulturas na encosta do monte. Mandou retirar os ossos das sepulturas e os queimou no altar em Betel para profaná-lo. Tudo isso aconteceu exatamente como o S enhor havia anunciado por meio do homem de Deus, quando Jeroboão estava junto ao altar durante a festa. Depois, Josias se voltou e viu o túmulo do homem de Deus que havia predito essas coisas. “Que monumento é aquele ali?”, o rei perguntou. E o povo da cidade lhe disse: “É o túmulo do homem de Deus que veio de Judá e anunciou exatamente o que o senhor acaba de fazer ao altar em Betel!”. Josias respondeu: “Deixem-no em paz. Não mexam nos ossos”. Assim, não queimaram seus ossos, nem os ossos do profeta de Samaria. Então Josias demoliu todos os santuários idólatras nas cidades de Samaria, como havia feito em Betel. Tinham sido construídos pelos reis de Israel e haviam provocado a ira do S enhor. Matou os sacerdotes dos santuários idólatras em seus próprios altares e queimou ossos humanos sobre os altares para profaná-los. Por fim, voltou para Jerusalém. O rei Josias deu a seguinte ordem a todo o povo: “Celebrem a Páscoa do S enhor, seu Deus, como requer este Livro da Aliança”. A Páscoa não havia sido celebrada dessa forma desde o tempo em que os juízes governavam Israel, nem nos dias dos reis de Israel e de Judá. Mas, no décimo oitavo ano do reinado de Josias, a Páscoa foi celebrada ao S enhor em Jerusalém. Josias também exterminou os médiuns e os praticantes de ocultismo, os ídolos do lar, os ídolos em geral e toda espécie de prática repulsiva tanto em Jerusalém como em todo o território de Judá. Fez isso em obediência às leis escritas no livro que o sacerdote Hilquias havia encontrado no templo do S enhor. Nunca antes houve um rei como Josias, que se voltasse para o S enhor de todo o coração, de toda a alma e de todas as forças, e obedecesse a toda a lei de Moisés. E nunca mais houve um rei como ele. Ainda assim, o S enhor continuou grandemente irado contra Judá, por causa de todas as coisas que Manassés havia feito para provocá-lo. Pois o S enhor disse: “Também expulsarei Judá de minha presença, como expulsei Israel. E rejeitarei Jerusalém, a cidade que escolhi, e o templo onde meu nome deveria ser honrado”. Os demais acontecimentos do reinado de Josias e tudo que ele fez estão registrados no Livro da História dos Reis de Judá. Durante o reinado de Josias, o faraó Neco, rei do Egito, foi ao rio Eufrates dar apoio ao rei da Assíria. O rei Josias e seu exército saíram para lutar contra ele, mas o faraó o matou quando se enfrentaram em Megido. Os oficiais de Josias levaram seu corpo de volta num carro, de Megido para Jerusalém, e o sepultaram em seu próprio túmulo. Então o povo ungiu Jeoacaz, filho de Josias, e o proclamou rei. Jeoacaz tinha 23 anos quando começou a reinar, e reinou em Jerusalém por três meses. Sua mãe se chamava Hamutal e era filha de Jeremias, de Libna. Fez o que era mau aos olhos do S enhor, como seus antepassados. O faraó Neco prendeu Jeoacaz em Ribla, na terra de Hamate, para impedir que reinasse em Jerusalém. Também exigiu que Judá pagasse um tributo de 3.500 quilos de prata e 35 quilos de ouro. Em seguida, o faraó Neco escolheu Eliaquim, outro filho de Josias, como sucessor de seu pai e mudou o nome dele para Jeoaquim. Jeoacaz foi levado como prisioneiro para o Egito, onde morreu. A fim de obter o ouro e a prata que o faraó Neco havia exigido como tributo, Jeoaquim cobrou dos habitantes de Judá um imposto proporcional às posses de cada um. Jeoaquim tinha 25 anos quando começou a reinar, e reinou em Jerusalém por onze anos. Sua mãe se chamava Zebida e era filha de Pedaías, de Ruma. Ele fez o que era mau aos olhos do S enhor, como seus antepassados. Durante o reinado de Jeoaquim, Nabucodonosor, rei da Babilônia, invadiu a terra de Judá. Jeoaquim se rendeu e lhe pagou tributo por três anos, mas depois se rebelou. Então o S enhor enviou bandos de saqueadores babilônios, sírios, moabitas e amonitas contra o reino de Judá para destruí-lo, como tinha anunciado por meio de seus profetas. Essas desgraças aconteceram a Judá por ordem do S enhor. Ele havia resolvido expulsar Judá de sua presença por causa dos muitos pecados de Manassés, que havia enchido Jerusalém de sangue inocente. O S enhor não perdoou esse pecado. Os demais acontecimentos do reinado de Jeoaquim e tudo que ele fez estão registrados no Livro da História dos Reis de Judá. Quando Jeoaquim morreu e se reuniu a seus antepassados, seu filho Joaquim foi seu sucessor. Depois disso, o rei do Egito não se atreveu a sair de suas fronteiras, pois o rei da Babilônia conquistou toda a região que antes havia pertencido ao Egito, desde o ribeiro do Egito até o rio Eufrates. Joaquim tinha 18 anos quando começou a reinar, e reinou em Jerusalém por três meses. Sua mãe se chamava Neústa e era filha de Elnatã, de Jerusalém. Fez o que era mau aos olhos do S enhor, como seus antepassados. Durante o reinado de Joaquim, os oficiais de Nabucodonosor, rei da Babilônia, subiram contra Jerusalém e a cercaram. O próprio Nabucodonosor chegou à cidade durante o cerco. Então Joaquim, rei de Judá, a rainha-mãe, os conselheiros, os comandantes e os oficiais se renderam aos babilônios. No oitavo ano de seu reinado, Nabucodonosor levou Joaquim como prisioneiro. Conforme o S enhor havia declarado de antemão, Nabucodonosor levou embora todos os tesouros do templo do S enhor e do palácio real. Removeu todos os utensílios de ouro que Salomão, rei de Israel, havia colocado no templo. O rei Nabucodonosor deportou gente de toda a cidade de Jerusalém, incluindo todos os comandantes e os melhores soldados, artífices e ferreiros, dez mil pessoas ao todo. Só ficaram na terra os mais pobres. Nabucodonosor levou cativos para a Babilônia o rei Joaquim, a rainha-mãe, as esposas e os oficiais do rei e todos os nobres de Jerusalém. Também deportou sete mil soldados, todos fortes e aptos para a guerra, além de mil artífices e ferreiros. Então o rei da Babilônia escolheu Matanias, tio de Joaquim, como rei de Judá e mudou o nome dele para Zedequias. Zedequias tinha 21 anos quando começou a reinar, e reinou em Jerusalém por onze anos. Sua mãe se chamava Hamutal e era filha de Jeremias, de Libna. Fez o que era mau aos olhos do S enhor, como Jeoaquim antes dele. Estas coisas aconteceram por causa da ira do S enhor contra o povo de Jerusalém e de Judá. Por fim, ele os expulsou de sua presença e os mandou para o exílio. Zedequias se rebelou contra o rei da Babilônia. Assim, em 15 de janeiro, durante o nono ano do reinado de Zedequias, Nabucodonosor, rei da Babilônia, e todo o seu exército cercaram Jerusalém e construíram rampas de ataque contra os muros. Jerusalém permaneceu cercada até o décimo primeiro ano do reinado de Zedequias. Em 18 de julho, no décimo primeiro ano do reinado de Zedequias, a fome na cidade tinha se tornado tão severa que não havia mais nenhum alimento. Assim, abriram uma brecha no muro da cidade. Como a cidade estava cercada pelos babilônios, os soldados esperaram até o anoitecer e fugiram pelo portão entre os dois muros atrás do jardim do rei. Então seguiram em direção ao vale do Jordão. Contudo, o exército babilônio perseguiu o rei e o alcançou nas planícies de Jericó, pois todos os seus soldados o haviam abandonado e se dispersado. Capturaram Zedequias e o levaram ao rei da Babilônia, em Ribla, onde ele recebeu sua sentença. Mataram seus filhos diante dele, depois lhe arrancaram os olhos, o prenderam com correntes de bronze e o levaram para a Babilônia. Em 14 de agosto daquele ano, o décimo nono do reinado de Nabucodonosor, Nebuzaradã, capitão da guarda e oficial do rei da Babilônia, chegou a Jerusalém. Queimou o templo do S enhor, o palácio real e todas as casas de Jerusalém. Pôs fogo em todos os edifícios importantes da cidade. Depois supervisionou o exército babilônio na demolição de todos os muros de Jerusalém. Em seguida, Nebuzaradã, capitão da guarda, deportou o povo que havia ficado na cidade, os desertores que se entregaram ao rei da Babilônia e o restante da população. Permitiu, no entanto, que alguns dos mais pobres ficassem para cuidar das videiras e dos campos. Os babilônios despedaçaram as colunas de bronze na frente do templo do S enhor, as bases móveis de bronze e o grande tanque de bronze chamado Mar, e levaram todo o bronze para a Babilônia. Também levaram os baldes para cinzas, as pás, os cortadores de pavios, as colheres e todos os outros utensílios de bronze usados para o serviço no templo. O capitão da guarda levou ainda os incensários e as bacias e todos os outros utensílios de ouro puro ou prata. Era impossível calcular o peso do bronze das duas colunas, do Mar e das bases móveis para levar água. Esses objetos tinham sido feitos para o templo do S enhor nos dias de Salomão. Cada coluna media 8,1 metros de altura. O capitel de bronze no alto de cada coluna media cerca de 2,25 metros de altura e era enfeitado ao redor com correntes entrelaçadas de romãs feitas de bronze. O capitão da guarda levou como prisioneiros o sumo sacerdote Seraías, o sacerdote auxiliar Sofonias e três dos principais guardas das portas. Dentre o povo que ainda estava escondido na cidade, levou um oficial responsável pelo exército de Judá, cinco dos conselheiros pessoais do rei; o secretário do comandante do exército, que era encarregado do alistamento de soldados, e outros sessenta homens do povo. Nebuzaradã, capitão da guarda, levou-os ao rei da Babilônia, em Ribla. E ali em Ribla, na terra de Hamate, o rei da Babilônia mandou executá-los. Assim, o povo de Judá foi enviado para o exílio, para longe de sua terra. Nabucodonosor, rei da Babilônia, nomeou Gedalias, filho de Aicam, filho de Safã, como governador do povo que ele havia deixado em Judá. Quando os comandantes do exército e seus homens souberam que o rei da Babilônia havia nomeado Gedalias governador, foram vê-lo em Mispá. Entre eles estavam Ismael, filho de Netanias, Joanã, filho de Careá, Seraías, filho do netofatita Tanumete, Jezanias, filho do maacatita, e todos os seus homens. Gedalias jurou a eles que os oficiais babilônios não tinham intenção de lhes fazer nenhum mal. “Não tenham medo deles”, disse. “Vivam na terra e sirvam ao rei da Babilônia, e tudo lhes irá bem.” Mas, no sétimo mês desse mesmo ano, Ismael, filho de Netanias, filho de Elisama, que era da família real, foi com dez homens a Mispá e matou Gedalias. Também matou todos os judeus e babilônios que estavam com ele em Mispá. Então todo o povo de Judá, dos mais simples até os mais importantes, bem como os comandantes do exército, fugiu para o Egito, com medo do que os babilônios lhe fariam. No trigésimo sétimo ano do exílio de Joaquim, rei de Judá, Evil-Merodaque começou a reinar na Babilônia. Foi bondoso com Joaquim e o libertou da prisão em 2 de abril daquele ano. Falou com ele gentilmente e o colocou num lugar mais elevado que o de outros reis exilados na Babilônia. Providenciou roupas novas para Joaquim, no lugar das roupas de prisioneiro, e permitiu que ele comesse na presença do rei enquanto vivesse. Assim o rei lhe deu uma provisão diária de alimento pelo resto de sua vida. Os descendentes de Adão foram: Sete, Enos, Cainã, Maalalel, Jarede, Enoque, Matusalém, Lameque e Noé. Os filhos de Noé foram: Sem, Cam e Jafé. Os descendentes de Jafé foram: Gômer, Magogue, Madai, Javã, Tubal, Meseque e Tirás. Os descendentes de Gômer foram: Asquenaz, Rifate e Togarma. Os descendentes de Javã foram: Elisá, Társis, Quitim e Rodanim. Os descendentes de Cam foram: Cuxe, Mizraim, Pute e Canaã. Os descendentes de Cuxe foram: Sebá, Havilá, Sabtá, Raamá e Sabtecá. Os descendentes de Raamá foram: Sabá e Dedã. Cuxe também foi o antepassado de Ninrode, o primeiro guerreiro valente da terra. Mizraim foi o antepassado dos luditas, anamitas, leabitas, naftuítas, patrusitas, casluítas e dos caftoritas, dos quais descendem os filisteus. O filho mais velho de Canaã foi Sidom. Canaã também foi o antepassado dos hititas, jebuseus, amorreus, girgaseus, heveus, arqueus, sineus, arvadeus, zemareus e hamateus. Os descendentes de Sem foram: Elão, Assur, Arfaxade, Lude e Arã. Os descendentes de Arã foram: Uz, Hul, Géter e Más. Arfaxade gerou Salá, e Salá gerou Héber. Héber teve dois filhos. O primeiro recebeu o nome de Pelegue, pois em sua época a terra foi dividida. O irmão de Pelegue recebeu o nome de Joctã. Joctã foi o antepassado de Almodá, Salefe, Hazarmavé, Jerá, Adorão, Uzal, Dicla, Obal, Abimael, Sabá, Ofir, Havilá e Jobabe. Todos eles foram descendentes de Joctã. Os descendentes de Sem foram: Arfaxade, Selá, Héber, Pelegue, Reú, Serugue, Naor, Terá e Abrão, mais tarde chamado de Abraão. Os filhos de Abraão foram: Isaque e Ismael. Estes são seus registros genealógicos: Os filhos de Ismael foram: Nebaiote, o mais velho, Quedar, Adbeel, Mibsão, Misma, Dumá, Massá, Hadade, Temá, Jetur, Nafis e Quedemá. Esses foram os filhos de Ismael. Estes foram os filhos de Quetura, concubina de Abraão: Zinrã, Jocsã, Medã, Midiã, Isbaque e Suá. Os filhos de Jocsã foram: Sabá e Dedã. Os filhos de Midiã foram: Efá, Éfer, Enoque, Abida e Elda. Todos esses foram descendentes de Abraão com sua concubina Quetura. Abraão gerou Isaque. Os filhos de Isaque foram: Esaú e Israel. Os filhos de Esaú foram: Elifaz, Reuel, Jeús, Jalão e Corá. Os descendentes de Elifaz foram: Temã, Omar, Zefô, Gaetã, Quenaz e Amaleque, que nasceu a Timna. Os descendentes de Reuel foram: Naate, Zerá, Samá e Mizá. Os descendentes de Seir foram: Lotã, Sobal, Zibeão, Aná, Disom, Ézer e Disã. Os descendentes de Lotã foram: Hori e Hemã. A irmã de Lotã se chamava Timna. Os descendentes de Sobal foram: Alvã, Maanate, Ebal, Sefô e Onã. Os descendentes de Zibeão foram: Aiá e Aná. O filho de Aná foi Disom. Os descendentes de Disom foram: Hendã, Esbã, Itrã e Querã. Os descendentes de Ézer foram: Bilã, Zaavã e Acã. Os descendentes de Disã foram: Uz e Arã. Estes são os reis que governaram na terra de Edom antes de os israelitas terem rei: Belá, filho de Beor, reinou na cidade de Dinabá. Quando Belá morreu, Jobabe, filho de Zerá, de Bozra, foi seu sucessor. Quando Jobabe morreu, Husã, da terra dos temanitas, foi seu sucessor. Quando Husã morreu, Hadade, filho de Bedade, foi seu sucessor na cidade de Avite. Foi Hadade quem derrotou os midianitas na terra de Moabe. Quando Hadade morreu, Samlá, da cidade de Masreca, foi seu sucessor. Quando Samlá morreu, Saul, da cidade de Reobote, próxima ao Eufrates, foi seu sucessor. Quando Saul morreu, Baal-Hanã, filho de Acbor, foi seu sucessor. Quando Baal-Hanã morreu, Hadade foi seu sucessor na cidade de Paú. Sua mulher era Meetabel, filha de Matrede e neta de Mezaabe. Então Hadade morreu. Os chefes dos clãs de Edom foram: Timna, Alvá, Jetete, Oolibama, Elá, Pinom, Quenaz, Temã, Mibzar, Magdiel e Irã. Esses foram os chefes dos clãs de Edom. Os filhos de Israel foram: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Issacar, Zebulom, Dã, José, Benjamim, Naftali, Gade e Aser. Judá teve três filhos com Bate-Suá, uma mulher cananeia: Er, Onã e Selá. Mas o S enhor viu que Er, o filho mais velho, era perverso, e por isso o matou. Algum tempo depois, Judá teve filhos gêmeos com sua nora, Tamar. Chamavam-se Perez e Zerá. Ao todo, Judá teve cinco filhos. Os filhos de Perez foram: Hezrom e Hamul. Os filhos de Zerá foram: Zinri, Etã, Hemã, Calcol e Darda, cinco ao todo. O filho de Carmi se chamava Acã e trouxe calamidade sobre Israel ao tomar para si despojos consagrados para o S enhor. O filho de Etã foi Azarias. Os filhos de Hezrom foram: Jerameel, Rão e Calebe. Rão gerou Aminadabe. Aminadabe gerou Naassom, um dos líderes de Judá. Naassom gerou Salmom. Salmom gerou Boaz. Boaz gerou Obede. Obede gerou Jessé. O primeiro filho de Jessé foi Eliabe; o segundo, Abinadabe; o terceiro, Simeia; o quarto, Natanael; o quinto, Radai; o sexto, Ozém; e o sétimo, Davi. As irmãs deles se chamavam Zeruia e Abigail. Os três filhos de Zeruia foram: Abisai, Joabe e Asael. Abigail se casou com Jéter, um ismaelita, e tiveram um filho chamado Amasa. Calebe, filho de Hezrom, teve filhos com sua esposa Azuba e com Jeriote. Os filhos de Azuba foram: Jeser, Sobabe e Ardom. Quando Azuba morreu, Calebe se casou com Efrata, e teve com ela um filho chamado Hur. Hur gerou Uri. Uri gerou Bezalel. Quando Hezrom tinha 60 anos, casou-se com a irmã de Gileade, filha de Maquir. Tiveram um filho chamado Segube. Segube gerou Jair, que governou 23 cidades na terra de Gileade. (Contudo, Gesur e Arã tomaram as Cidades de Jair, além de Quenate e os sessenta povoados ao redor.) Todos esses foram descendentes de Maquir, pai de Gileade. Logo depois que Hezrom morreu na cidade de Calebe-Efrata, sua esposa Abia deu à luz um filho chamado Asur, pai de Tecoa. Os filhos de Jerameel, filho mais velho de Hezrom, foram: Rão, o mais velho, Buna, Orém, Ozém e Aías. Atara, segunda esposa de Jerameel, teve um filho chamado Onã. Os filhos de Rão, filho mais velho de Jerameel, foram: Maaz, Jamim e Equer. Os filhos de Onã foram: Samai e Jada. Os filhos de Samai foram: Nadabe e Abisur. Os filhos de Abisur com sua esposa Abiail foram: Abã e Molide. Os filhos de Nadabe foram Selede e Apaim. Selede morreu sem filhos, mas Apaim teve um filho chamado Isi. O filho de Isi se chamava Sesã, e o filho de Sesã, Alai. Os filhos de Jada, irmão de Samai, foram: Jéter e Jônatas. Jéter morreu sem filhos, mas Jônatas teve dois filhos: Pelete e Zaza. Todos esses foram descendentes de Jerameel. Sesã não teve filhos, mas teve filhas. Tinha também um servo egípcio chamado Jará. Sesã deu uma de suas filhas em casamento a Jará, e eles tiveram um filho chamado Atai. Atai gerou Natã. Natã gerou Zabade. Zabade gerou Eflal. Eflal gerou Obede. Obede gerou Jeú. Jeú gerou Azarias. Azarias gerou Helez. Helez gerou Eleasá. Eleasá gerou Sismai. Sismai gerou Salum. Salum gerou Jecamias. Jecamias gerou Elisama. Um dos descendentes de Calebe, irmão de Jerameel, foi Messa, o filho mais velho. Messa gerou Zife. Outros descendentes de Calebe foram os filhos de Maressa, pai de Hebrom. Os filhos de Hebrom foram: Corá, Tapua, Requém e Sema. Sema gerou Raão. Raão gerou Jorqueão. Requém gerou Samai. O filho de Samai se chamava Maom. Maom foi o pai de Bete-Zur. Efá, concubina de Calebe, deu à luz Harã, Moza e Gazez. Harã gerou Gazez. Os filhos de Jadai foram: Regém, Jotão, Gesã, Pelete, Efá e Saafe. Maaca, outra concubina de Calebe, deu à luz Seber e Tiraná. Também deu à luz Saafe, pai de Madmana, e Seva, pai de Macbena e de Gibeá. Calebe também teve uma filha chamada Acsa. Todos esses foram descendentes de Calebe. Os filhos de Hur, filho mais velho de Efrata, esposa de Calebe, foram: Sobal, fundador de Quiriate-Jearim, Salma, fundador de Belém, e Harefe, fundador de Bete-Gader. Os descendentes de Sobal, fundador de Quiriate-Jearim, foram: o povo de Haroé, metade dos manaatitas, e os clãs de Quiriate-Jearim: os itritas, os fateus, os sumateus e os misraeus, dos quais descenderam os povos de Zorá e Estaol. Os descendentes de Salma foram: o povo de Belém, os netofatitas, o povo de Atarote-Bete-Joabe, a outra metade dos manaatitas, os zoreus, e as famílias dos escribas que viviam em Jabez: os tiratitas, os simeatitas e os sucatitas. Todos esses foram os queneus, descendentes de Hamate, pai do clã de Recabe. Estes são os filhos de Davi que nasceram em Hebrom: O mais velho era Amnom, filho de Ainoã, de Jezreel. O segundo era Daniel, filho de Abigail, do Carmelo. O terceiro era Absalão, filho de Maaca, filha de Talmai, rei de Gesur. O quarto era Adonias, filho de Hagite. O quinto era Sefatias, filho de Abital. O sexto era Itreão, filho de Eglá, esposa de Davi. Esses foram os seis filhos de Davi nascidos em Hebrom, onde ele reinou por sete anos e meio. Depois Davi reinou por 33 anos em Jerusalém. Os filhos de Davi nascidos em Jerusalém foram: Samua, Sobabe, Natã e Salomão; a mãe deles era Bate-Seba, filha de Amiel. Davi também teve outros nove filhos: Ibar, Elisua, Elpalete, Nogá, Nefegue, Jafia, Elisama, Eliada e Elifelete. Todos esses foram filhos de Davi, além dos filhos que teve com suas concubinas. Davi também teve uma filha chamada Tamar. Os descendentes de Salomão foram: Roboão, Abias, Asa, Josafá, Jeorão, Acazias, Joás, Amazias, Uzias, Jotão, Acaz, Ezequias, Manassés, Amom, Josias. Os filhos de Josias foram: o mais velho, Joanã; o segundo, Jeoaquim; o terceiro, Zedequias; e o quarto, Jeoacaz. Os sucessores de Jeoaquim foram: seu filho Joaquim e seu irmão Zedequias. Os filhos de Joaquim, exilado pelos babilônios, foram: Sealtiel, Malquirão, Pedaías, Senazar, Jecamias, Hosama e Nedabias. Os filhos de Pedaías foram: Zorobabel e Simei. Os filhos de Zorobabel foram: Mesulão e Hananias. A irmã deles se chamava Selomite. Seus outros cinco filhos foram: Hasubá, Oel, Berequias, Hasadias e Jusabe-Hesede. Os filhos de Hananias foram: Pelatias e Jesaías. O filho de Jesaías foi Refaías. O filho de Refaías foi Arnã. O filho de Arnã foi Obadias. O filho de Obadias foi Secanias. Os descendentes de Secanias foram: Semaías e seus filhos Hatus, Igal, Bariá, Nearias e Safate, seis ao todo. Os filhos de Nearias foram: Elioenai, Ezequias e Azricão, três ao todo. Os filhos de Elioenai foram: Hodavias, Eliasibe, Pelaías, Acube, Joanã, Delaías e Anani, sete ao todo. Os descendentes de Judá foram: Perez, Hezrom, Carmi, Hur e Sobal. Reaías, filho de Sobal, gerou Jaate. Jaate gerou Aumai e Laade. Esses foram os clãs dos zoratitas. Os descendentes de Etã foram: Jezreel, Isma e Idbás, sua irmã Hazelelponi, Penuel, pai de Gedor, e Ézer, pai de Husá. Todos esses foram descendentes de Hur, o filho mais velho de Efrata, antepassado de Belém. Asur, pai de Tecoa, teve duas esposas: Helá e Naará. Naará deu à luz Auzã, Héfer, Temeni e Haastari. Helá deu à luz Zerete, Izar, Etnã e Coz, antepassado de Anube, Zobeba e todos os clãs de Aarel, filho de Harum. Havia um homem chamado Jabez, mais respeitado que qualquer um de seus irmãos. Sua mãe lhe deu o nome de Jabez, porque disse: “Eu o dei à luz com muita dor”. Jabez orou ao Deus de Israel: “Ah, como seria bom se me abençoasses e expandisses meu território! Sê comigo em tudo que eu fizer e guarda-me de todo mal e aflição!”. E Deus atendeu a seu pedido. Quelube, irmão de Suá, gerou Meir. Meir gerou Estom. Estom gerou Bete-Rafa, Paseia e Teína. Teína gerou Ir-Naás. Esses foram os habitantes de Reca. Os filhos de Quenaz foram: Otniel e Seraías. Os filhos de Otniel foram: Hatate e Meonotai. Meonotai gerou Ofra. Seraías gerou Joabe, fundador de Ge-Harasim, assim chamada porque seus habitantes eram artesãos. Os filhos de Calebe, filho de Jefoné, foram: Iru, Elá e Naã. O filho de Elá foi Quenaz. Os filhos de Jealelel foram: Zife, Zifa, Tiria e Asareel. Os filhos de Ezra foram: Jéter, Merede, Éfer e Jalom. Uma das esposas de Merede deu à luz Miriã, Samai e Isbá, pai de Estemoa. Ele se casou com uma mulher de Judá que deu à luz Jerede, pai de Gedor, Héber, pai de Socó, e Jecutiel, pai de Zanoa. Merede também se casou com Bitia, filha do faraó, e ela lhe deu filhos. A esposa de Hodias era irmã de Naã. Um de seus filhos gerou Queila, o garmita, e o outro gerou Estemoa, o maacatita. Os filhos de Simão foram: Amnom, Rina, Ben-Hanã e Tilom. Os filhos de Isi foram: Zoete e Ben-Zoete. Os descendentes de Selá, filho de Judá, foram: Er, pai de Leca; Laada, pai de Maressa; os clãs dos que trabalham com linho em Bete-Asbeia; Joquim; os homens de Cozeba; Joás e Sarafe, que governaram Moabe e Jasubi-Leém. Esses nomes vêm de registros antigos. Eram oleiros que habitavam em Netaim e em Gederá e que trabalhavam para o rei. Os filhos de Simeão foram: Jemuel, Jamim, Jaribe, Zoar e Saul. Os descendentes de Saul foram: Salum, Mibsão e Misma. Os descendentes de Misma foram: Hamuel, Zacur e Simei. Simei teve dezesseis filhos e seis filhas, mas nenhum de seus irmãos teve uma família grande. Por isso a tribo de Simeão nunca chegou a ser tão numerosa quanto a tribo de Judá. Habitavam em Berseba, Moladá, Hazar-Sual, Bila, Azém, Tolade, Betuel, Hormá, Ziclague, Bete-Marcabote, Hazar-Susim, Bete-Biri e Saaraim. Essas cidades permaneceram sob seu controle até o tempo do rei Davi. Seus descendentes também habitavam em Etã, Aim, Rimom, Toquém e Asã, cinco cidades com os povoados ao seu redor, até Baalate. Esse era seu território, e esses nomes estão listados em seus registros genealógicos. Outros descendentes de Simeão foram: Mesobabe, Janleque, Josa, filho de Amazias; Joel, Jeú, filho de Josibias, filho de Seraías, filho de Asiel; Elioenai, Jaacobá, Jesoaías, Asaías, Adiel, Jesimiel, Benaia e Ziza, filho de Sifi, filho de Alom, filho de Jedaías, filho de Sinri e filho de Semaías. Esses foram os nomes de alguns dos chefes dos clãs de Simeão. Suas famílias cresceram muito e mudaram-se para a região de Gerar, na parte leste do vale, à procura de pastos para seus rebanhos. Encontraram ali muitas pastagens boas, e a terra era ampla, tranquila e pacífica. Alguns dos descendentes de Cam tinham vivido naquela região. Mas, durante o reinado de Ezequias, rei de Judá, esses líderes de Simeão invadiram a região e destruíram completamente as habitações dos descendentes de Cam e dos meunitas. Hoje não resta vestígio deles. Mataram todos que viviam ali e tomaram a terra para si, pois queriam bons pastos para seus rebanhos. Quinhentos homens da tribo de Simeão invadiram o monte Seir, liderados por Pelatias, Nearias, Refaías e Uziel, filhos de Isi. Destruíram os amalequitas que haviam sobrevivido, e habitam ali até hoje. O filho mais velho de Israel era Rúben, mas ele teve relações com uma das concubinas de seu pai e o desonrou. Por isso seus direitos de filho mais velho foram dados aos filhos de seu irmão José. Desse modo, Rúben não aparece nos registros genealógicos como filho mais velho. Os descendentes de Judá se tornaram a tribo mais poderosa e dela veio um governante para a nação, mas os direitos de filho mais velho pertenciam a José. Os filhos de Rúben, filho mais velho de Israel, foram: Enoque, Palu, Hezrom e Carmi. Os descendentes de Joel foram: Semaías, Gogue, Simei, Mica, Reaías, Baal e Beera. Beera era o chefe dos rubenitas quando foram levados ao cativeiro por Tiglate-Pileser, rei da Assíria. Os parentes de Beera, listados em seus registros genealógicos de acordo com seus clãs, foram: Jeiel, o chefe, Zacarias e Belá, filho de Azaz, filho de Sema, filho de Joel. Os rubenitas habitavam na região que se estende de Aroer até Nebo e Baal-Meom. Uma vez que tinham tantos rebanhos na terra de Gileade, espalharam-se para o leste, em direção ao limite do deserto que se estende para o rio Eufrates. Durante o reinado de Saul, os rubenitas guerrearam contra os hagarenos e os derrotaram. Então passaram a viver nos acampamentos deles em toda a região a leste de Gileade. Ao lado dos rubenitas, ficaram os descendentes de Gade, que habitavam na terra de Basã até Salcá. Joel foi o chefe na terra de Basã, e Safã, o segundo no poder, seguido de Janai e Safate. Seus parentes, chefes de outros sete clãs, foram: Micael, Mesulão, Seba, Jorai, Jacã, Zia e Héber. Todos esses foram descendentes de Abiail, filho de Huri, filho de Jaroa, filho de Gileade, filho de Micael, filho de Jesisai, filho de Jado, filho de Buz. Aí, filho de Abdiel, filho de Guni, foi o chefe de seus clãs. Os gaditas habitaram na terra de Gileade, em Basã e em seus povoados, e em toda a região de pastagens de Sarom. Todos foram listados nos registros genealógicos no tempo de Jotão, rei de Judá, e de Jeroboão, rei de Israel. Havia 44.760 homens aptos para a guerra nos exércitos de Rúben e Gade e da meia tribo de Manassés. Eram todos hábeis no combate e armados com escudos, espadas e arcos. Guerrearam contra os hagarenos e contra Jetur, Nafis e Nodabe. Durante a batalha, clamaram a Deus e ele atendeu às suas orações, pois confiaram nele. Assim, os hagarenos e todos os seus aliados foram derrotados. Tomaram dos hagarenos como despojo 50 mil camelos, 250 mil ovelhas e 2 mil jumentos, e fizeram 100 mil prisioneiros. Muitos dos hagarenos foram mortos na batalha, pois Deus lutou contra eles. As tribos se estabeleceram na terra deles, até que foram levadas para o exílio. A meia tribo de Manassés era numerosa e se espalhou por toda a terra, desde Basã até Baal-Hermom, Senir e o monte Hermom. Os chefes de seus clãs foram: Éfer, Isi, Eliel, Azriel, Jeremias, Hodavias e Jadiel. Esses homens foram guerreiros valentes de grande reputação e chefes de seus clãs. Contudo, essas tribos foram infiéis ao Deus de seus antepassados. Adoraram os deuses das nações que Deus havia destruído diante deles. Por isso, o Deus de Israel fez Pul, rei da Assíria, também conhecido como Tiglate-Pileser, invadir a terra e levar cativos os membros das tribos de Rúben e Gade e da meia tribo de Manassés. Os assírios os deportaram para Hala, Habor, Hara e para o rio Gozã, onde estão até hoje. Os filhos de Levi foram: Gérson, Coate e Merari. Os descendentes de Coate foram: Anrão, Isar, Hebrom e Uziel. Os filhos de Anrão foram: Arão, Moisés e Miriã. Os filhos de Arão foram: Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar. Eleazar gerou Fineias. Fineias gerou Abisua. Abisua gerou Buqui. Buqui gerou Uzi. Uzi gerou Zeraías. Zeraías gerou Meraiote. Meraiote gerou Amarias. Amarias gerou Aitube. Aitube gerou Zadoque. Zadoque gerou Aimaás. Aimaás gerou Azarias. Azarias gerou Joanã. Joanã gerou Azarias, sumo sacerdote no templo que Salomão construiu em Jerusalém. Azarias gerou Amarias. Amarias gerou Aitube. Aitube gerou Zadoque. Zadoque gerou Salum. Salum gerou Hilquias. Hilquias gerou Azarias. Azarias gerou Seraías. Seraías gerou Jeozadaque, que foi deportado quando o S enhor enviou o povo de Judá e de Jerusalém para o exílio por meio de Nabucodonosor. Os filhos de Levi foram: Gérson, Coate e Merari. Os descendentes de Gérson foram: Libni e Simei. Os descendentes de Coate foram: Anrão, Isar, Hebrom e Uziel. Os descendentes de Merari foram: Mali e Musi. Estes foram os clãs dos levitas, listados de acordo com seus antepassados: Os descendentes de Gérson foram: Libni, Jaate, Zima, Joá, Ido, Zerá e Jeaterai. Os descendentes de Coate foram: Aminadabe, Coré, Assir, Elcana, Abiasafe, Assir, Taate, Uriel, Uzias e Saul. Os descendentes de Elcana foram: Amasai, Aimote, Elcana, Zofai, Naate, Eliabe, Jeroão, Elcana e Samuel. Os filhos de Samuel foram: Joel, o mais velho, e Abias, o segundo. As gerações de descendentes de Merari foram: Mali, Libni, Simei, Uzá, Simeia, Hagias e Asaías. Estes foram os homens que Davi nomeou para dirigirem a música na casa do S enhor depois que a arca foi colocada ali. Ministravam com música no tabernáculo, na tenda do encontro, até que Salomão construiu o templo do S enhor em Jerusalém. Realizavam seu trabalho de acordo com as normas que lhes haviam sido transmitidas. Estes são os homens que serviram ali, junto com seus filhos. O músico Hemã era do clã de Coate. Os antepassados de Hemã foram: Joel, Samuel, Elcana, Jeroão, Eliel, Toá, Zufe, Elcana, Maate, Amasai, Elcana, Joel, Azarias, Sofonias, Taate, Assir, Abiasafe, Coré, Isar, Coate, Levi e Israel. O primeiro ajudante de Hemã foi seu irmão Asafe. Os antepassados de Asafe foram: Berequias, Simeia, Micael, Baaseias, Malquias, Etni, Zerá, Adaías, Etã, Zima, Simei, Jaate, Gérson e Levi. O segundo ajudante de Hemã foi Etã, do clã de Merari. Os antepassados de Etã foram: Quisi, Abdi, Maluque, Hasabias, Amazias, Hilquias, Anzi, Bani, Sêmer, Mali, Musi, Merari e Levi. Seus parentes levitas foram encarregados de muitas outras tarefas no tabernáculo, a casa de Deus. Somente Arão e seus descendentes serviam na função de sacerdotes. Apresentavam as ofertas no altar do holocausto e no altar de incenso e realizavam todas as tarefas relacionadas ao lugar santíssimo. Faziam expiação por Israel conforme tudo que Moisés, servo de Deus, havia ordenado. Os descendentes de Arão foram: Eleazar, Fineias, Abisua, Buqui, Uzi, Zeraías, Meraiote, Amarias, Aitube, Zadoque e Aimaás. Este é um registro das cidades e do território que, por sorteio, foram entregues aos descendentes de Arão, do clã de Coate. Seu território abrangia Hebrom, em Judá, e as pastagens ao redor, mas os campos e os povoados vizinhos foram entregues a Calebe, filho de Jefoné. Assim, os descendentes de Arão receberam as seguintes cidades, cada uma com as pastagens ao redor: Hebrom (uma cidade de refúgio), Libna, Jatir, Estemoa, Holom, Debir, Aim, Jutá e Bete-Semes. E, do território de Benjamim, receberam: Gibeom, Geba, Alemete e Anatote, cada uma com suas pastagens. Ao todo, os descendentes de Arão receberam treze cidades, de acordo com seus clãs. Os demais descendentes de Coate receberam, por sorteio, dez cidades no território da meia tribo de Manassés. Os descendentes de Gérson receberam, por sorteio, de acordo com seus clãs, treze cidades nos territórios de Issacar, Aser, Naftali e da região de Basã, de Manassés, a leste do Jordão. Os descendentes de Merari receberam, por sorteio, de acordo com seus clãs, doze cidades nos territórios de Rúben, Gade e Zebulom. Os israelitas entregaram todas essas cidades e pastagens aos levitas. As cidades nos territórios de Judá, Simeão e Benjamim, mencionadas anteriormente, foram entregues por sorteio. Os descendentes de Coate receberam as seguintes cidades no território de Efraim, cada uma com suas pastagens: Siquém, uma das cidades de refúgio na região montanhosa de Efraim, e Gezer, Jocmeão, Bete-Horom, Aijalom e Gate-Rimom. Os demais descendentes de Coate receberam as seguintes cidades no território da meia tribo de Manassés: Aner e Bileã, cada uma com suas pastagens. Os descendentes de Gérson receberam as cidades de Golã, em Basã, e Asterote, no território da meia tribo de Manassés, cada uma com suas pastagens. No território de Issacar, receberam Quedes, Daberate, Ramote e Aném, cada uma com suas pastagens. No território de Aser, receberam Masal, Abdom, Hucoque e Reobe, cada uma com suas pastagens. No território de Naftali, receberam Quedes, na Galileia, Hamom e Quiriataim, cada uma com suas pastagens. Os demais descendentes de Merari receberam as seguintes cidades: Jocneã, Carta, Rimom e Tabor, no território de Zebulom, cada uma com suas pastagens. No território de Rúben, a leste do rio Jordão, defronte de Jericó, receberam Bezer (uma cidade no deserto), Jaza, Quedemote e Mefaate, cada uma com suas pastagens. E, no território de Gade, receberam Ramote, em Gileade, Maanaim, Hesbom e Jazer, cada uma com suas pastagens. Os quatro filhos de Issacar foram: Tolá, Puá, Jasube e Sinrom. Os filhos de Tolá foram: Uzi, Refaías, Jeriel, Jamai, Ibsão e Samuel. Cada um deles foi chefe de um clã. No tempo do rei Davi, o total de homens aptos para a guerra listados no registro desses clãs era de 22.600. O filho de Uzi foi Israías. Os filhos de Israías foram: Micael, Obadias, Joel e Issias. Os cinco foram chefes de clãs. Todos eles tiveram muitas esposas e muitos filhos, por isso o total de homens disponíveis para o serviço militar entre seus descendentes era de 36.000. O total de homens aptos para a guerra de todos os clãs da tribo de Issacar era de 87.000. Todos eles foram listados nos registros genealógicos. Os três filhos de Benjamim foram: Belá, Bequer e Jediael. Os cinco filhos de Belá foram: Esbom, Uzi, Uziel, Jerimote e Iri. Cada um deles foi chefe de um clã. O total de homens aptos para a guerra desses clãs era de 22.034, conforme listado nos registros genealógicos. Os filhos de Bequer foram: Zemira, Joás, Eliézer, Elioenai, Onri, Jeremote, Abias, Anatote e Alemete. Cada um deles foi chefe de um clã. O total de homens aptos para a guerra e chefes desses clãs era de 20.200, conforme listado nos registros genealógicos. O filho de Jediael foi Bilã. Os filhos de Bilã foram: Jeús, Benjamim, Eúde, Quenaaná, Zetã, Társis e Aisaar. Cada um deles foi chefe de um clã. O total de homens aptos para a guerra desses clãs era de 17.200. Os filhos de Ir foram: Supim e Hupim. O filho de Aer foi Husim. Os filhos de Naftali foram: Jazeel, Guni, Jezer e Silém. Todos eles foram descendentes de Bila, concubina de Jacó. Os descendentes de Manassés com sua concubina arameia foram: Asriel e Maquir, pai de Gileade. Maquir se casou com uma mulher do clã de Hupim e Supim. A irmã de Maquir se chamava Maaca. Outro descendente de Manassés foi Zelofedade, que só teve filhas. Maaca, esposa de Maquir, deu à luz um filho e lhe deu o nome de Perez. Seu irmão se chamava Seres. Os filhos de Perez foram: Ulão e Requém. O filho de Ulão foi Bedã. Todos esses foram descendentes de Gileade, filho de Maquir, filho de Manassés. Hamolequete, irmã de Maquir, deu à luz Isode, Abiezer e Maalá. Os filhos de Semida foram: Aiã, Siquém, Liqui e Anião. Os descendentes de Efraim foram: Sutela, Berede, Taate, Eleada, Taate, Zabade, Sutela, Ézer e Eleade. Estes dois foram mortos quando tentavam roubar o gado de moradores dos arredores de Gate. Seu pai, Efraim, lamentou sua morte por muito tempo, e seus parentes vieram consolá-lo. Depois, Efraim teve relações com sua esposa, e ela engravidou e deu à luz um filho. Efraim lhe deu o nome de Berias, por causa da desgraça que sua família havia sofrido. Sua filha se chamava Seerá. Ela construiu as cidades de Bete-Horom Baixa, Bete-Horom Alta e Uzém-Seerá. Os descendentes de Efraim foram: Refa, Resefe, Telá, Taã, Ladã, Amiúde, Elisama, Num e Josué. Os descendentes de Efraim habitavam no território que incluía Betel e seus povoados ao sul, Naarã a leste, Gezer e seus povoados a oeste, e Siquém e seus povoados ao norte, até Aiá e seus povoados. Ao longo da divisa de Manassés, ficavam as cidades de Bete-Sã, Taanaque, Megido e Dor, com seus povoados. Os descendentes de José, filho de Israel, habitavam nessas cidades. Os filhos de Aser foram: Imna, Isvá, Isvi e Berias. A irmã deles se chamava Sera. Os filhos de Berias foram: Héber e Malquiel, pai de Birzavite. Os filhos de Héber foram: Jaflete, Somer e Hotão. A irmã deles se chamava Suá. Os filhos de Jaflete foram: Pasaque, Bimal e Asvate. Os filhos de Somer foram: Aí, Roga, Jeubá e Arã. Os filhos de Helém, irmão de Somer, foram: Zofa, Imna, Seles e Amal. Os filhos de Zofa foram: Suá, Harnefer, Sual, Beri, Inra, Bezer, Hode, Samá, Silsa, Itrã e Beera. Os filhos de Jéter foram: Jefoné, Pispa e Ara. Os filhos de Ula foram: Ará, Haniel e Rizia. Cada um desses descendentes de Aser foi chefe de um clã. Eram todos homens escolhidos, guerreiros valentes e líderes de destaque. O total de homens disponíveis para o serviço militar era de 26.000, conforme listado nos registros genealógicos. O primeiro filho de Benjamim foi Belá, o segundo, Asbel, o terceiro, Aará, o quarto, Noá, e o quinto, Rafa. Os filhos de Belá foram: Adar, Gera, Abiúde, Abisua, Naamã, Aoá, Gera, Sefufá e Hurão. Os filhos de Eúde, chefes dos clãs que habitavam em Geba, foram deportados para Maanate. Os filhos de Eúde foram: Naamã, Aías e Gera. Gera, que os exilou, foi o pai de Uzá e Aiúde. Depois que Saarim se divorciou de suas esposas Husim e Baara, teve filhos na terra de Moabe. Hodes, sua esposa, deu à luz Jobabe, Zíbia, Messa, Malcã, Jeús, Saquias e Mirma. Todos esses filhos foram chefes de clãs. Husim, esposa de Saarim, deu à luz Abitube e Elpaal. Os filhos de Elpaal foram Héber, Misã, Semede (que construiu as cidades de Ono e Lode, com seus povoados), Berias e Sema. Todos eles foram chefes de clãs que habitavam em Aijalom; eles expulsaram os moradores de Gate. Aiô, Sasaque, Jeremote, Zebadias, Arade, Éder, Micael, Ispa e Joá foram os filhos de Berias. Zebadias, Mesulão, Hizqui, Héber, Ismerai, Izlias e Jobabe foram filhos de Elpaal. Jaquim, Zicri, Zabdi, Elienai, Ziletai, Eliel, Adaías, Beraías e Sinrate foram filhos de Simei. Ispã, Héber, Eliel, Abdom, Zicri, Hanã, Hananias, Elão, Antotias, Ifdeias e Penuel foram filhos de Sasaque. Sanserai, Searias, Atalias, Jaaresias, Elias e Zicri foram filhos de Jeroão. Esses foram os chefes dos clãs, conforme listados em seus registros genealógicos; todos moravam em Jerusalém. Jeiel, pai de Gibeom, morava em Gibeom. Sua esposa se chamava Maaca, e seu filho mais velho, Abdom. Os outros filhos de Jeiel foram: Zur, Quis, Baal, Ner, Nadabe, Gedor, Aiô, Zacarias e Miclote, que gerou Simeão. Todos moravam com suas famílias, próximos uns dos outros, em Jerusalém. Ner gerou Quis. Quis gerou Saul. Os filhos de Saul foram: Jônatas, Malquisua, Abinadabe e Isbosete. O filho de Jônatas se chamava Mefibosete. Mefibosete gerou Mica. Os filhos de Mica foram: Pitom, Meleque, Tareia e Acaz. Acaz gerou Jadá. Os filhos de Jadá foram: Alemete, Azmavete e Zinri. Zinri gerou Moza. Moza gerou Bineá. Bineá gerou Refaías. Refaías gerou Eleasá. Eleasá gerou Azel. Azel teve seis filhos: Azricão, Bocru, Ismael, Searias, Obadias e Hanã. Todos esses foram filhos de Azel. Eseque, irmão de Azel, teve três filhos: o primeiro se chamava Ulão, o segundo, Jeús, e o terceiro, Elifelete. Todos os filhos de Ulão foram guerreiros valentes e arqueiros habilidosos. Tiveram muitos filhos e netos, 150 ao todo. Todos esses foram descendentes de Benjamim. Todo o Israel foi listado nos registros genealógicos do Livro dos Reis de Israel. O povo de Judá foi exilado na Babilônia por causa de sua infidelidade. Os primeiros exilados a regressar a suas propriedades em suas respectivas cidades foram os sacerdotes, os levitas, os servidores do templo, além de outros israelitas. Alguns membros das tribos de Judá, Benjamim, Efraim e Manassés se estabeleceram em Jerusalém. Uma das famílias a voltar foi a de Utai, filho de Amiúde, filho de Onri, filho de Inri, filho de Bani, descendente de Perez, filho de Judá. Do clã dos silonitas, alguns dos que voltaram foram: Asaías, o mais velho, e seus filhos. Do clã dos zeraítas, alguns dos que voltaram foram: Jeuel e seus parentes. Ao todo, voltaram 690 famílias da tribo de Judá. Da tribo de Benjamim, alguns dos que voltaram foram: Salu, filho de Mesulão, filho de Hodavias, filho de Hassenua; Ibneias, filho de Jeroão; Elá, filho de Uzi, filho de Micri; e Mesulão, filho de Sefatias, filho de Reuel, filho de Ibnias. Todos esses homens foram chefes de clãs e estão listados nos registros genealógicos. Ao todo, voltaram 956 famílias da tribo de Benjamim. Dos sacerdotes, alguns dos que voltaram foram: Jedaías, Jeoiaribe, Jaquim, Azarias, filho de Hilquias, filho de Mesulão, filho de Zadoque, filho de Meraiote, filho de Aitube. Azarias era o principal encarregado da casa de Deus. Outros sacerdotes que voltaram foram: Adaías, filho de Jeroão, filho de Pasur, filho de Malquias; e Masai, filho de Adiel, filho de Jazera, filho de Mesulão, filho de Mesilemite, filho de Imer. Ao todo, voltaram 1.760 sacerdotes. Foram chefes de clãs e homens muito capazes. Eram responsáveis por servir na casa de Deus. Dos levitas, os que voltaram foram: Semaías, filho de Hassube, filho de Azricão, filho de Hasabias, descendente de Merari; Baquebacar; Heres; Galal; Matanias, filho de Mica, filho de Zicri, filho de Asafe; Obadias, filho de Semaías, filho de Galal, filho de Jedutum; e Berequias, filho de Asa, filho de Elcana, que morava na região de Netofate. Dos guardas das portas, os que voltaram foram: Salum, Acube, Talmom, Aimã e seus parentes. Salum era o chefe dos guardas. Antes dessa época, eram responsáveis pela Porta do Rei, do lado leste. Eram guardas das portas dos acampamentos dos levitas. Salum era filho de Coré, descendente de Abiasafe, do clã de Corá. Ele e seus parentes, os coraítas, eram responsáveis por guardar a entrada do santuário, como seus antepassados haviam guardado a entrada do tabernáculo. Naquele tempo, Fineias, filho de Eleazar, era o encarregado dos guardas das portas, e o S enhor estava com ele. Mais tarde, Zacarias, filho de Meselemias, foi o responsável por guardar a entrada. Ao todo, havia 212 guardas das portas naquele tempo, e foram listados nos registros genealógicos de seus povoados. Os antepassados deles haviam sido nomeados por Davi e por Samuel, o vidente, porque eram homens de confiança. Esses guardas das portas e seus descendentes, conforme suas divisões, eram responsáveis por guardar a entrada da casa do S enhor quando ela era uma tenda. Os guardas das portas ficavam nos quatro lados: leste, oeste, norte e sul. Seus parentes nos povoados vinham de tempo em tempo dividir essa responsabilidade com eles por períodos de sete dias. Os quatro principais guardas das portas, todos levitas, eram oficiais de confiança, pois eram responsáveis pelas salas e pelos tesouros da casa de Deus. Passavam a noite ao redor da casa de Deus, pois era seu dever guardá-la e abrir suas portas todas as manhãs. Alguns dos guardas das portas foram nomeados para cuidar dos diversos objetos usados no culto. Conferiam tudo que era retirado e devolvido, para que nada se perdesse. Outros eram responsáveis pela mobília, pelos utensílios do santuário e pelos suprimentos, como farinha da melhor qualidade, vinho, azeite, incenso e especiarias. Eram os sacerdotes, porém, que misturavam as especiarias. Matitias, levita e filho mais velho de Salum, o coraíta, era encarregado de assar os pães para as ofertas. E alguns membros do clã de Coate eram encarregados de preparar os pães colocados sobre a mesa todos os sábados. Os músicos, todos chefes de famílias levitas, moravam no templo. Eram isentos de outras responsabilidades, pois realizavam seu serviço dia e noite. Todos esses homens moravam em Jerusalém. Eram chefes de famílias levitas, listados como líderes nos registros genealógicos. Jeiel, pai de Gibeom, morava na cidade de Gibeom. Sua esposa se chamava Maaca, e seu filho mais velho, Abdom. Os outros filhos de Jeiel foram: Zur, Quis, Baal, Ner, Nadabe, Gedor, Aiô, Zacarias e Miclote. Miclote gerou Simeão. Todos moravam com suas famílias, próximos uns dos outros, em Jerusalém. Ner gerou Quis. Quis gerou Saul. Os filhos de Saul foram: Jônatas, Malquisua, Abinadabe e Isbosete. Jônatas gerou Mefibosete. Mefibosete gerou Mica. Os filhos de Mica foram: Pitom, Meleque, Tareia e Acaz. Acaz gerou Jadá. Os filhos de Jadá foram: Alemete, Azmavete e Zinri. Zinri gerou Moza. Moza gerou Bineá. O filho de Bineá foi Refaías. O filho de Refaías foi Eleasá. O filho de Eleasá foi Azel. Estes foram os seis filhos de Azel: Azricão, Bocru, Ismael, Searias, Obadias e Hanã. Todos esses foram filhos de Azel. Os filisteus atacaram Israel, e os israelitas fugiram deles. Muitos foram mortos nas encostas do monte Gilboa. Os filisteus cercaram Saul e seus filhos e mataram três deles: Jônatas, Abinadabe e Malquisua. O combate se tornou cada vez mais intenso em volta de Saul, e os arqueiros filisteus o alcançaram e o feriram. Saul disse a seu escudeiro: “Pegue sua espada e mate-me antes que esses filisteus incircuncisos venham e me torturem”. Mas o escudeiro teve medo e não quis matá-lo. Então Saul pegou sua própria espada e se lançou sobre ela. Quando viu que Saul estava morto, o escudeiro se lançou sobre sua espada e morreu. Saul e seus três filhos morreram juntos, e sua dinastia chegou ao fim. Quando os israelitas no vale de Jezreel viram que o exército israelita havia fugido e que Saul e seus filhos estavam mortos, abandonaram suas cidades e fugiram. Então os filisteus vieram e ocuparam essas cidades. No dia seguinte, quando os filisteus foram saquear os mortos, encontraram os corpos de Saul e seus três filhos no monte Gilboa. Removeram a armadura de Saul e cortaram sua cabeça. Então anunciaram o ocorrido diante de seus ídolos e ao povo de toda a terra da Filístia. Colocaram a armadura de Saul no templo de seus deuses e penduraram sua cabeça no templo de Dagom. Quando os habitantes de Jabes-Gileade souberam o que os filisteus haviam feito a Saul, todos os seus guerreiros mais valentes foram e trouxeram os corpos de Saul e seus filhos de volta para Jabes. Enterraram os ossos debaixo de uma grande árvore em Jabes e jejuaram durante sete dias. Saul morreu porque foi infiel ao S enhor. Não obedeceu ao mandamento do S enhor e chegou a consultar uma médium, em vez de pedir orientação ao S enhor. Por isso o S enhor o matou e entregou o reino a Davi, filho de Jessé. Então todo o Israel se reuniu diante de Davi, em Hebrom. “Somos do mesmo povo e raça”, disseram. “No passado, quando Saul era rei, era você que liderava o exército de Israel. E o S enhor, seu Deus, lhe disse: ‘Você será o pastor do meu povo, Israel. Será o líder do meu povo, Israel’.” Então, ali em Hebrom, Davi fez um acordo diante do S enhor com todas as autoridades de Israel, e elas o ungiram rei de Israel, conforme o S enhor havia anunciado por meio de Samuel. Então Davi e todo o Israel foram a Jerusalém (isto é, Jebus), onde moravam os jebuseus, que viviam naquele lugar. Os jebuseus zombaram de Davi: “Você jamais entrará aqui!”, mas Davi tomou a fortaleza de Sião, que hoje é chamada de Cidade de Davi. Davi tinha dito a seus soldados: “O primeiro que atacar os jebuseus se tornará o comandante de meus exércitos!”. Joabe, filho de Zeruia, foi o primeiro a atacar, e assim se tornou o comandante dos exércitos de Davi. Davi foi morar na fortaleza, e ela passou a ser chamada de Cidade de Davi. Ampliou a cidade, desde o aterro até a região ao redor, enquanto Joabe reconstruiu o restante da cidade. Davi foi se tornando cada vez mais poderoso, pois o S enhor dos Exércitos estava com ele. Estes foram os líderes dos guerreiros valentes de Davi. Junto com todo o Israel, apoiaram firmemente o reinado de Davi, conforme o S enhor havia prometido a respeito de Israel. Este é o registro dos guerreiros mais valentes de Davi. O primeiro era Jasobeão, o hacmonita, líder dos Três, isto é, dos guerreiros mais valentes dentre os soldados de Davi. Certa ocasião, usou sua lança para matar trezentos soldados inimigos numa só batalha. O segundo era Eleazar, filho de Dodai, descendente de Aoí. Estava com Davi quando os filisteus se reuniram para a batalha em Pas-Damim e atacaram os israelitas numa plantação de cevada. O exército israelita fugiu, mas Eleazar e Davi mantiveram sua posição no meio do campo e derrotaram os filisteus. O S enhor os salvou e lhes deu grande vitória. Certa vez, Davi estava na rocha junto à caverna de Adulão, e o exército filisteu estava acampado no vale de Refaim. Os Três — que faziam parte dos Trinta, um grupo de elite entre os valentes de Davi — desceram para encontrá-lo em Adulão. Nessa ocasião, Davi estava na fortaleza, e um destacamento filisteu havia ocupado a cidade de Belém. Davi comentou: “Ah, como seria bom beber a água pura do poço que fica junto ao portão de Belém!”. Então os Três atravessaram as fileiras dos filisteus, tiraram água do poço junto ao portão de Belém e a trouxeram a Davi. Ele, porém, se recusou a bebê-la. Em vez disso, derramou-a no chão como oferta ao S enhor. “Que Deus não permita que eu beba desta água!”, exclamou. “Ela é tão preciosa quanto o sangue destes homens que arriscaram a vida para trazê-la.” E Davi não a bebeu. Esses são exemplos dos feitos desses três guerreiros. Abisai, irmão de Joabe, era o líder dos Trinta. Certa ocasião, usou sua lança para matar trezentos soldados inimigos numa só batalha. Foi por causa de feitos como esse que ele se tornou tão famoso quanto os Três. Abisai era o mais conhecido dos Trinta e era seu comandante, embora não fosse um dos Três. Também havia Benaia, filho de Joiada, soldado valente de Cabzeel. Realizou muitos feitos heroicos, como matar dois grandes guerreiros de Moabe. Em outra ocasião, num dia de neve, perseguiu um leão até uma cova e o matou. Uma vez, com apenas um cajado, matou um guerreiro egípcio de 2,25 metros de altura armado com uma lança da grossura de um eixo de tecelão. Benaia arrancou a lança da mão do egípcio e com ela o matou. Feitos como esses tornaram Benaia tão famoso quanto os três guerreiros mais valentes. Foi mais honrado que qualquer outro membro dos Trinta, embora não fosse um dos Três. Davi o nomeou comandante de sua guarda pessoal. Outros guerreiros valentes de Davi foram: Asael, irmão de Joabe; Elanã, filho de Dodô, de Belém; Samá, de Harode; Helez, de Pelom; Ira, filho de Iques, de Tecoa; Abiezer, de Anatote; Sibecai, de Husate; Zalmom, de Aoí; Maarai, de Netofate; Helede, filho de Baaná, de Netofate; Itai, filho de Ribai, de Gibeá, na terra de Benjamim; Benaia, de Piratom; Hurai, de Naal-Gaás; Abi-Albom, de Arbate; Azmavete, de Baurim; Eliaba, de Saalbom; os filhos de Jasém, de Gizom; Jônatas, filho de Sage, de Harar; Aião, filho de Sarar, de Harar; Elifal, filho de Ur; Héfer, de Maquerate; Aías, de Pelom; Hezro, do Carmelo; Paarai, filho de Ezbai; Joel, irmão de Natã; Mibar, filho de Hagri; Zeleque, de Amom; Naarai, de Beerote, escudeiro de Joabe, filho de Zeruia; Ira, de Jatir; Garebe, de Jatir; Urias, o hitita; Zabade, filho de Alai; Adina, filho de Siza, líder rubenita que tinha consigo trinta homens; Hanã, filho de Maaca; Josafá, de Mitene; Uzia, de Asterote; Sama e Jeiel, filhos de Hotão, de Aroer; Jediael, filho de Sinri; Joá, de Tiz; Eliel, de Maave; Jeribai e Josavias, filhos de Elnaão; Itma, de Moabe; Eliel e Obede; Jaasiel, de Zobá. Estes foram os homens que se juntaram a Davi em Ziclague, quando ele estava escondido de Saul, filho de Quis. Estavam entre os guerreiros que lutaram ao lado de Davi na batalha. Todos eles eram arqueiros habilidosos, capazes de atirar flechas com o arco, ou pedras com a funda, tanto com a mão esquerda como com a direita. Eram todos parentes de Saul, da tribo de Benjamim. Seu chefe era Aiezer, filho de Semaá, de Gibeá; seu irmão Joás era o segundo no comando. Os outros guerreiros foram: Jeziel e Pelete, filhos de Azmavete; Beraca; Jeú, de Anatote; Ismaías, de Gibeom, guerreiro valente e líder entre os Trinta; Jeremias, Jaaziel, Joanã e Jozabade, de Gederá; Eluzai, Jerimote, Bealias, Semarias e Sefatias, de Harufe; Elcana, Issias, Azareel, Joezer e Jasobeão, todos coraítas; Joela e Zebadias, filhos de Jeroão, de Gedor. Alguns guerreiros valentes e treinados para o combate da tribo de Gade também se juntaram a Davi quando ele estava na fortaleza no deserto. Eram hábeis com o escudo e a lança, ferozes como leões e ágeis como gazelas nos montes. Ézer era o chefe; Obadias, o segundo; Eliabe, o terceiro; Mismana, o quarto; Jeremias, o quinto; Atai, o sexto; Eliel, o sétimo; Joanã, o oitavo; Elzabade, o nono; Jeremias, o décimo; e Macbanai, o décimo primeiro. Esses guerreiros de Gade eram comandantes do exército. O mais fraco deles era capaz de enfrentar cem soldados, e o mais forte, capaz de enfrentar mil. Esses foram os homens que atravessaram o Jordão durante a época de cheia do rio, no início do ano, e expulsaram todos que habitavam nos vales nas margens leste e oeste. Outros de Benjamim e de Judá se juntaram a Davi na fortaleza. Davi foi ao encontro deles e lhes disse: “Se vieram em paz, para me ajudar, somos amigos. Mas, se vieram para me entregar a meus inimigos, embora eu seja inocente, que o Deus de seus antepassados veja isso e castigue vocês!”. Então o Espírito veio sobre Amasai, chefe dos Trinta, e ele disse: “Somos seus, Davi! Estamos do seu lado, filho de Jessé! Paz e prosperidade sejam com você e com todos que o ajudam, pois o seu Deus o ajuda!”. Davi os recebeu e os nomeou oficiais de suas tropas. Alguns homens de Manassés desertaram do exército israelita e se juntaram a Davi quando ele saiu com os filisteus para guerrear contra Saul. Os governantes filisteus, porém, não permitiram que Davi e seus homens fossem com eles. Depois de discutirem, mandaram-no embora, pois disseram: “Se Davi passar para o lado de Saul e voltar-se contra nós, isso custará nossa cabeça”. Os homens de Manassés que se uniram a Davi quando ele voltava para Ziclague foram: Adna, Jozabade, Jediael, Micael, Jozabade, Eliú e Ziletai. Cada um deles comandava mil soldados da tribo de Manassés. Ajudaram Davi a perseguir bandos de saqueadores, pois eram guerreiros valentes que se tornaram comandantes de seu exército. A cada dia, mais homens se juntavam a Davi, até que ele passou a ter um grande exército, como o exército de Deus. Estes são os números de guerreiros armados que se uniram a Davi em Hebrom. Todos queriam que Davi se tornasse rei no lugar de Saul, como o S enhor havia prometido. Da tribo de Judá, 6.800 guerreiros armados com escudos e com lanças. Da tribo de Simeão, 7.100 guerreiros valentes preparados para a guerra. Da tribo de Levi, 4.600 guerreiros, incluindo Joiada, chefe da família de Arão, com 3.700 homens sob seu comando, e Zadoque, jovem guerreiro valente, com 22 oficiais, membros de sua família. Da tribo de Benjamim, parente de Saul, 3.000 guerreiros. Até então, a maioria dos homens de Benjamim tinha permanecido leal a Saul. Da tribo de Efraim, 20.800 guerreiros valentes, cada um deles muito respeitado em seu próprio clã. Da meia tribo de Manassés a oeste do Jordão, 18.000 foram indicados por nome para ajudarem Davi a se tornar rei. Da tribo de Issacar, 200 chefes com seus parentes. Todos eles entendiam bem os acontecimentos daquele tempo e sabiam qual era o melhor caminho para Israel seguir. Da tribo de Zebulom, 50.000 guerreiros treinados. Estavam bem armados e preparados para a batalha e eram inteiramente leais a Davi. Da tribo de Naftali, 1.000 oficiais e 37.000 guerreiros armados com escudos e lanças. Da tribo de Dã, 28.600 guerreiros, todos preparados para a batalha. Da tribo de Aser, 40.000 guerreiros treinados, todos preparados para a batalha. Do lado leste do rio Jordão, onde habitavam as tribos de Rúben e Gade e a meia tribo de Manassés, 120.000 soldados equipados com todos os tipos de armas. Todos esses soldados vieram a Hebrom em ordem de batalha, com o único propósito de fazer Davi rei sobre todo o Israel. Na verdade, todo o Israel concordava que ele devia ser seu rei. Durante três dias, comeram e beberam com Davi, pois seus parentes haviam feito preparativos para recebê-los. Pessoas de lugares tão distantes como Issacar, Zebulom e Naftali trouxeram provisões sobre jumentos, camelos, mulas e bois. Trouxeram grandes quantidades de farinha, bolos de figo, bolos de passas, vinho, azeite, bois e ovelhas para a celebração. Houve grande alegria em todo o Israel. Davi consultou todos os seus oficiais, incluindo os generais e capitães de seu exército. Em seguida, dirigiu-se a toda a comunidade de Israel e disse: “Se vocês estiverem de acordo, e se for da vontade do S enhor, nosso Deus, enviemos uma mensagem aos israelitas por toda a terra, incluindo os sacerdotes e levitas em suas cidades, com suas pastagens, para que se unam a nós. É hora de trazermos de volta a arca de nosso Deus, pois descuidamos dela durante o reinado de Saul”. Toda a comunidade concordou, pois o povo entendeu que era a coisa certa a fazer. Então Davi convocou todos os israelitas, desde o ribeiro Sior, no Egito, ao sul, até Lebo-Hamate, ao norte, para trazerem a arca de Deus, que estava em Quiriate-Jearim. Davi e todo o Israel foram a Baalá de Judá (também chamada de Quiriate-Jearim), a fim de buscar a arca de Deus, junto à qual era invocado o nome do S enhor, que está entronizado entre os querubins. Puseram a arca de Deus numa carroça nova e a levaram da casa de Abinadabe. Uzá e Aiô guiavam a carroça. Davi e todo o Israel se alegravam diante de Deus com todas as suas forças, entoando cânticos e tocando todo tipo de instrumentos musicais: liras, harpas, tamborins, címbalos e trombetas. Quando chegaram à eira de Nacom, os bois que puxavam a carroça tropeçaram, e Uzá estendeu a mão para segurar a arca. A ira do S enhor se acendeu contra Uzá, e ele o matou por haver tocado na arca. E Uzá morreu ali mesmo, na presença de Deus. Davi ficou indignado porque a ira do S enhor irrompeu contra Uzá e chamou aquele lugar de Perez-Uzá, como é conhecido até hoje. Davi teve medo do S enhor e perguntou: “Como poderei levar a arca do S enhor?”. Assim, não transferiu a arca do S enhor para a Cidade de Davi. Em vez disso, levou-a para a casa de Obede-Edom, na cidade de Gate. A arca do S enhor ficou na casa de Obede-Edom por três meses, e o S enhor abençoou a família de Obede-Edom e tudo que ele possuía. Hirão, rei de Tiro, enviou a Davi mensageiros com madeira de cedro, pedreiros e carpinteiros, para que lhe construíssem um palácio. E Davi compreendeu que o S enhor o havia confirmado como rei sobre Israel e exaltado seu reino por causa de seu povo, Israel. Em Jerusalém, Davi tomou para si outras mulheres, que lhe deram mais filhos e filhas. Estes são os nomes dos filhos de Davi que nasceram em Jerusalém: Samua, Sobabe, Natã, Salomão, Ibar, Elisua, Elpalete, Nogá, Nefegue, Jafia, Elisama, Eliada e Elifelete. Quando os filisteus souberam que Davi tinha sido ungido rei de Israel, mobilizaram suas tropas para capturá-lo. Davi, porém, foi informado disso e saiu para enfrentá-los. Os filisteus chegaram e invadiram o vale de Refaim. Então Davi perguntou a Deus: “Devo sair e lutar contra os filisteus? Tu os entregarás em minhas mãos?”. O S enhor respondeu a Davi: “Sim, vá, pois eu certamente os entregarei em suas mãos”. Então Davi e seus soldados foram a Baal-Perazim e ali derrotaram os filisteus. Davi exclamou: “Por meu intermédio, Deus irrompeu no meio de meus inimigos como uma violenta inundação!”. Por isso, chamou aquele lugar de Baal-Perazim. Os filisteus haviam deixado seus ídolos ali, e Davi ordenou que fossem queimados. Pouco tempo depois, os filisteus voltaram a invadir o vale. Mais uma vez, Davi consultou a Deus. “Não os ataque pela frente”, respondeu Deus. “Em vez disso, dê a volta por trás deles e ataque-os perto dos álamos. Quando ouvir um som como de pés marchando por cima dos álamos, saia e ataque! É o sinal de que Deus vai à sua frente para derrotar o exército filisteu.” Davi fez como Deus ordenou e derrotou os filisteus por todo o caminho, desde Gibeom até Gezer. Assim, a fama de Davi se espalhou por toda parte, e o S enhor fez que todas as nações o temessem. Davi construiu várias casas para si na Cidade de Davi. Também preparou um lugar para a arca de Deus e armou uma tenda especial para ela. Em seguida, ordenou: “Ninguém, a não ser os levitas, levará a arca de Deus. O S enhor os escolheu para carregarem a arca de Deus e o servirem para sempre”. Então Davi convocou todo o Israel para ir a Jerusalém a fim de trazer a arca do S enhor para o lugar que ele havia preparado. Este é o número de descendentes de Arão e de levitas convocados: Do clã de Coate, 120, e seu chefe era Uriel. Do clã de Merari, 220, e seu chefe era Asaías. Do clã de Gérson, 130, e seu chefe era Joel. Dos descendentes de Elisafã, 200, e seu chefe era Semaías. Dos descendentes de Hebrom, 80, e seu chefe era Eliel. Dos descendentes de Uziel, 112, e seu chefe era Aminadabe. Em seguida, Davi convocou os sacerdotes Zadoque e Abiatar, e os chefes dos levitas Uriel, Asaías, Joel, Semaías, Eliel e Aminadabe. Disse-lhes: “Vocês são os chefes das famílias levitas. Consagrem-se, vocês e todos os seus parentes levitas, para trazerem a arca do S enhor, o Deus de Israel, para o lugar que preparei para ela. A ira do S enhor irrompeu contra nós da primeira vez, pois não foram vocês, os levitas, que levaram a arca. Não consultamos a Deus sobre o modo apropriado de transportá-la”. Então os sacerdotes e os levitas se consagraram a fim de trazer para Jerusalém a arca do S enhor, Deus de Israel. Os levitas carregaram a arca de Deus sobre os ombros, usando as varas presas a ela, conforme o S enhor havia instruído por meio de Moisés. Davi também ordenou aos chefes dos levitas que nomeassem cantores e músicos para entoarem cânticos alegres acompanhados por harpas, liras e címbalos. Os levitas escolheram Hemã, filho de Joel, e seus parentes levitas: Asafe, filho de Berequias, e Etã, filho de Cuxaías, do clã de Merari. Foram escolhidos como seus ajudantes os seguintes homens: Zacarias, Jaaziel, Semiramote, Jeiel, Uni, Eliabe, Benaia, Maaseias, Matitias, Elifeleu, Micneias e os guardas das portas: Obede-Edom e Jeiel. Os músicos Hemã, Asafe e Etã foram escolhidos para tocar os címbalos de bronze. Zacarias, Aziel, Semiramote, Jeiel, Uni, Eliabe, Maaseias e Benaia foram escolhidos para tocar as harpas, em tons agudos. Matitias, Elifeleu, Micneias, Obede-Edom, Azazias e Jeiel foram escolhidos para tocar as liras, em tons de oitava. Quenanias, chefe dos levitas, foi escolhido para dirigir o canto, pois tinha habilidade para isso. Berequias e Elcana foram escolhidos para cuidar da arca. Sebanias, Josafá, Natanael, Amasai, Zacarias, Benaia e Eliézer, todos sacerdotes, foram escolhidos para tocar as trombetas enquanto iam à frente da arca de Deus. Obede-Edom e Jeías também foram escolhidos para cuidar da arca. Então Davi, as autoridades de Israel e os generais do exército foram à casa de Obede-Edom a fim de trazer a arca da aliança do S enhor para Jerusalém com grande celebração. E, como Deus estava claramente ajudando os levitas enquanto carregavam a arca da aliança do S enhor, ofereceram como sacrifício sete novilhos e sete carneiros. Davi vestia um manto de linho fino, assim como os levitas que carregavam a arca, os músicos e Quenanias, o dirigente do canto. Davi também vestia um colete sacerdotal. Assim, todo o Israel trouxe a arca da aliança do S enhor com gritos de alegria, ao som de trombetas, cornetas, címbalos, harpas e liras. Enquanto a arca da aliança do S enhor entrava na Cidade de Davi, Mical, filha de Saul, olhava pela janela. Quando viu o rei Davi saltando e rindo de alegria, encheu-se de desprezo por ele. Trouxeram a arca de Deus e a colocaram dentro da tenda especial que Davi tinha preparado para ela. Em seguida, apresentaram a Deus holocaustos e ofertas de paz. Quando Davi terminou de oferecer os holocaustos e ofertas de paz, abençoou o povo em nome do S enhor. Depois, para cada homem e mulher em todo o Israel, deu um pão, um bolo de tâmaras e um bolo de passas. Davi nomeou os seguintes levitas para servirem diante da arca do S enhor, invocarem as bênçãos dele e darem graças e louvarem o S enhor, o Deus de Israel: Asafe, o chefe do grupo, tocava os címbalos. Depois dele vinha Zacarias, seguido de Jeiel, Semiramote, Jeiel, Matitias, Eliabe, Benaia, Obede-Edom e Jeiel, que tocavam harpas e liras. Os sacerdotes Benaia e Jaaziel tocavam trombetas continuamente diante da arca da aliança de Deus. Naquele dia, Davi encarregou Asafe e seus parentes levitas de louvarem com ação de graças ao S enhor: “Deem graças ao S enhor e proclamem seu nome, anunciem entre os povos o que ele tem feito. Cantem a ele, sim, cantem louvores a ele, falem a todos de suas maravilhas. Exultem em seu santo nome, alegrem-se todos que buscam o S enhor. Busquem o S enhor e sua força, busquem sua presença todo o tempo. Lembrem-se das maravilhas que ele fez, dos milagres que realizou e dos juízos que pronunciou, vocês que são filhos de seu servo Israel, descendentes de Jacó, seus escolhidos. “Ele é o S enhor, nosso Deus; vemos sua justiça em toda a terra. Lembrem-se de sua aliança para sempre, do compromisso que ele firmou com mil gerações. É a aliança que fez com Abraão, o juramento que fez a Isaque. Ele a confirmou a Jacó por decreto, ao povo de Israel como aliança sem fim: ‘Darei a vocês a terra de Canaã, como a porção de sua herança’. “Assim declarou quando vocês ainda eram poucos, um punhado de estrangeiros em Canaã. Vagaram de uma nação a outra, de um reino a outro. E, no entanto, ele não permitiu que ninguém os oprimisse e, em seu favor, repreendeu reis: ‘Não toquem em meu povo escolhido, não façam mal a meus profetas’. “Toda a terra cante ao S enhor! Proclamem todos os dias a sua salvação. Anunciem a sua glória entre as nações, contem a todos as suas maravilhas. Grande é o S enhor! Digno de muito louvor! Ele é mais temível que todos os deuses. Os deuses de outros povos não passam de ídolos, mas o S enhor fez os céus! Glória e majestade o cercam, força e alegria enchem sua habitação. “Ó nações do mundo, reconheçam o S enhor, reconheçam que o S enhor é glorioso e forte. Deem ao S enhor a glória que seu nome merece, tragam ofertas e venham à sua presença. Adorem o S enhor em todo o seu santo esplendor; toda a terra trema diante dele. O mundo permanece firme e não pode ser abalado. “Alegrem-se os céus e exulte a terra! Digam entre as nações: ‘O S enhor reina!’. Deem louvor o mar e tudo que nele há! Os campos e suas colheitas gritem de alegria! As árvores do bosque exultem diante do S enhor, pois ele vem para julgar a terra. “Deem graças ao S enhor, porque ele é bom; seu amor dura para sempre! Clamem: ‘Salva-nos, ó Deus de nossa salvação! Reúne-nos e livra-nos das nações, para darmos graças ao teu santo nome, para nos alegrarmos no teu louvor’. “Louvem o S enhor, o Deus de Israel, que vive de eternidade a eternidade!”. Todo o povo disse em alta voz: “Amém!” e louvou o S enhor. Davi providenciou que Asafe e seus parentes levitas servissem continuamente diante da arca da aliança do S enhor e cumprissem seus deveres de cada dia. Faziam parte desse grupo: Obede-Edom, filho de Jedutum, Hosa e 68 levitas que eram guardas das portas. Enquanto isso, Davi deixou o sacerdote Zadoque e seus parentes no tabernáculo do S enhor, no lugar de adoração em Gibeom, onde continuaram a servir diante do S enhor. Todas as manhãs e todas as tardes, ofereciam holocaustos ao S enhor no altar separado para essa finalidade, em obediência a tudo que estava escrito na lei do S enhor, conforme ele tinha ordenado a Israel. Davi também designou Hemã, Jedutum e outros escolhidos por nome para darem graças ao S enhor, pois “seu amor dura para sempre”. Acompanhavam os cânticos de louvor a Deus com trombetas, címbalos e outros instrumentos. Os filhos de Jedutum foram nomeados guardas das portas. Então todos voltaram para casa, e Davi também voltou para abençoar sua família. Quando Davi já havia se estabelecido em seu palácio, mandou chamar o profeta Natã. Disse: “Veja, moro num palácio, uma casa de cedro, enquanto a arca da aliança do S enhor está lá fora, numa simples tenda”. Natã respondeu a Davi: “Faça o que tem em mente, pois Deus está com o rei”. Naquela mesma noite, porém, Deus disse a Natã: “Vá e diga a meu servo Davi que assim diz o S enhor: ‘Não será você que construirá uma casa para eu habitar. Desde o dia em que tirei os israelitas do Egito até hoje, nunca morei numa casa. Sempre acompanhei o povo de um lugar para o outro numa tenda, num tabernáculo. E, no entanto, onde quer que tenha ido com os israelitas, nunca me queixei aos líderes de Israel, aos pastores de meu povo. Nunca lhes perguntei: Por que não construíram para mim um palácio, uma casa de cedro?’. “Agora vá e diga a meu servo Davi que assim diz o S enhor dos Exércitos: ‘Eu o tirei das pastagens onde você cuidava das ovelhas e o escolhi para ser o líder de meu povo, Israel. Estive com você por onde andou e destruí todos os seus inimigos diante de seus olhos. Agora, tornarei seu nome tão conhecido quanto o dos homens mais importantes da terra! Providenciarei uma terra para meu povo, Israel, e os plantarei num lugar seguro, onde jamais serão perturbados. Nações perversas não os oprimirão como fizeram no passado, desde o tempo em que nomeei juízes para governar meu povo, Israel. Também derrotarei todos os seus inimigos. “‘Além disso, eu declaro que o S enhor fará uma casa para você, uma dinastia real! Pois, quando você morrer e se reunir a seus antepassados, escolherei um de seus filhos, de sua própria descendência, e estabelecerei seu reino. Ele é que construirá uma casa para mim, e estabelecerei seu trono para sempre. Eu serei seu pai, e ele será meu filho. Jamais retirarei dele meu favor, como o retirei daquele que governou antes de você. Eu o confirmarei para sempre como rei sobre minha casa e sobre meu reino, e seu trono será estabelecido para sempre’”. Natã voltou até Davi e contou ao rei tudo que o S enhor lhe tinha revelado. Então o rei Davi entrou no santuário, pôs-se diante do S enhor e orou: “Quem sou eu, ó S enhor Deus, e o que é minha família, para que me trouxesses até aqui? E agora, ó Deus, como se isso não bastasse, dizes que dará a teu servo uma dinastia duradoura! Como alguém pode ser tão privilegiado, ó S enhor Deus? “Que mais posso dizer sobre o modo como me honraste? Tu sabes como teu servo é de fato. Por causa de teu servo, ó S enhor, e de acordo com tua vontade, fizeste todas estas grandes coisas e as tornaste conhecidas. “Ó S enhor, não há ninguém igual a ti! Jamais ouvimos falar de outro Deus como tu! Que outra nação na terra é como teu povo, Israel? Que outra nação, ó Deus, resgataste da escravidão para ser teu povo? Engrandeceste teu nome ao livrar teu povo do Egito. Realizaste milagres impressionantes e removeste as nações do caminho de teu povo. Escolheste Israel para ser teu próprio povo para sempre, e tu, ó S enhor, te tornaste seu Deus. “E agora, ó S enhor, sou teu servo; faze o que prometeste a meu respeito e de minha família. Confirma-o como uma promessa que durará para sempre. Que o teu nome seja estabelecido e honrado para sempre, a fim de que todos digam: ‘O S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel, é Deus para Israel!’. E que a dinastia de teu servo Davi permaneça diante de ti para sempre. “Ó Deus meu, tive a coragem de fazer-te esta oração porque revelaste a teu servo que farás uma casa para mim, uma dinastia real! Pois tu és Deus, ó S enhor, e prometeste estas coisas boas a teu servo. E agora, que seja do teu agrado abençoar a casa de teu servo, para que ela permaneça para sempre diante de ti. Pois, quando concedes uma bênção, ó S enhor, é uma bênção para sempre!”. Depois disso, Davi derrotou e sujeitou os filisteus, conquistando Gate e seus povoados. Também conquistou a terra de Moabe, e os moabitas que foram poupados se tornaram súditos de Davi e lhe pagaram tributo. Davi também destruiu o exército de Hadadezer, rei de Zobá, derrotando-o em Hamate, quando Hadadezer tentou fortalecer seu controle ao longo do rio Eufrates. Davi tomou mil carros de guerra, sete mil cavaleiros e vinte mil soldados da infantaria. Levou cavalos suficientes para cem carros de guerra e aleijou o restante. Quando os sírios de Damasco chegaram para ajudar Hadadezer, rei de Zobá, Davi matou 22 mil deles. Então colocou destacamentos de seu exército em Damasco, a capital dos sírios. Assim Davi sujeitou os sírios, e eles lhe pagaram tributo. O S enhor concedia vitórias a Davi por onde quer que ele fosse. Davi levou para Jerusalém os escudos de ouro dos oficiais de Hadadezer, bem como grande quantidade de bronze de Tebá e de Cum, cidades que pertenciam a Hadadezer. Mais tarde, Salomão derreteu o bronze e o usou para fazer o grande tanque de bronze chamado Mar, as colunas e os diversos utensílios de bronze do templo. Quando Toí, rei de Hamate, soube que Davi tinha destruído todo o exército de Hadadezer, rei de Zobá, enviou seu filho Jorão para parabenizar Davi por sua campanha bem-sucedida. Hadadezer e Toí eram inimigos e sempre estavam em guerra. Jorão presenteou Davi com objetos de prata, ouro e bronze. O rei Davi dedicou todos esses presentes ao S enhor, junto com a prata e o ouro que ele havia tomado de outras nações: de Edom, Moabe, Amom, da Filístia e de Amaleque. Abisai, filho de Zeruia, destruiu dezoito mil edomitas no vale do Sal. Colocou destacamentos do exército em Edom e, assim, todos os edomitas se tornaram súditos de Davi. O S enhor concedia vitórias a Davi por onde quer que ele fosse. Davi reinou sobre todo o Israel e fazia o que era justo e correto para seu povo. Joabe, filho de Zeruia, era comandante de seu exército. Josafá, filho de Ailude, era o historiador do reino. Zadoque, filho de Aitube, e Aimeleque, filho de Abiatar, eram sacerdotes. Seraías era o secretário da corte. Benaia, filho de Joiada, era comandante da guarda pessoal do rei. E os filhos de Davi eram seus assistentes diretos. Algum tempo depois, morreu Naás, rei dos amonitas, e seu filho Hanum subiu ao trono. Davi disse: “Vou demonstrar lealdade a Hanum assim como seu pai, Naás, sempre foi leal a mim”. Então Davi enviou representantes para expressar seu pesar a Hanum pela morte do pai dele. Mas, quando os representantes de Davi chegaram à terra de Amom, os líderes amonitas disseram a Hanum: “O rei acredita mesmo que esses homens estão aqui para honrar seu pai? Não! Davi os enviou com o objetivo de espionar a terra para vir e conquistá-la!”. Então Hanum prendeu os representantes de Davi, raspou a barba de cada um, cortou metade de suas roupas até as nádegas e os mandou de volta a Davi. Quando Davi soube do que havia acontecido, enviou mensageiros ao encontro dos homens, para que lhes dissessem: “Fiquem em Jericó até que sua barba tenha crescido e voltem em seguida”, pois estavam muito envergonhados. Quando Hanum e os amonitas perceberam quanto haviam enfurecido Davi, enviaram 35 toneladas de prata para Arã-Naarim, Arã-Maaca e Zobá, a fim de contratarem seus carros de guerra e cavaleiros. Também contrataram 32 mil carros de guerra e obtiveram o apoio do rei de Maaca e de seu exército. Esses soldados acamparam em Medeba, onde se juntaram a eles tropas amonitas que Hanum havia recrutado em suas próprias cidades. Davi foi informado disso e enviou Joabe e todos os seus guerreiros para lutarem contra eles. As tropas amonitas avançaram e formaram sua frente de batalha à entrada da cidade, enquanto os outros reis se posicionaram para lutar nos campos abertos. Joabe viu que teria de lutar em duas frentes ao mesmo tempo, por isso escolheu alguns dos melhores guerreiros de Israel e os pôs sob seu comando pessoal para enfrentar os sírios. Deixou o restante do exército sob o comando de seu irmão Abisai, que atacou os amonitas. Joabe disse a seu irmão: “Se os sírios forem fortes demais para mim, venha me ajudar. E, se os amonitas forem fortes demais para você, eu irei ajudá-lo. Coragem! Lutemos bravamente por nosso povo e pelas cidades de nosso Deus. E que seja feita a vontade do S enhor!”. Joabe e suas tropas atacaram, e os sírios começaram a fugir. Quando os amonitas viram que os sírios batiam em retirada, também fugiram de Abisai e recuaram para dentro da cidade. Então Joabe voltou para Jerusalém. Os sírios viram que não tinham como enfrentar Israel. Assim, enviaram mensageiros para convocar mais soldados do outro lado do rio Eufrates. Essas tropas eram conduzidas por Sobaque, comandante do exército de Hadadezer. Quando Davi foi informado do que estava acontecendo, reuniu todo o Israel, atravessou o Jordão e posicionou suas tropas em formação de batalha. Entrou em combate com os sírios, que lutaram contra ele. Mais uma vez, porém, os sírios fugiram dos israelitas. O exército de Davi matou sete mil homens em carros de guerra e quarenta mil soldados de infantaria, incluindo Sobaque, comandante de seu exército. Quando os aliados de Hadadezer viram que ele havia sido derrotado por Israel, renderam-se a Davi e se tornaram seus súditos. Depois disso, os sírios não quiseram mais ajudar os amonitas. No começo do ano, época em que os reis costumavam ir à guerra, Joabe conduziu o exército israelita em ataques bem-sucedidos contra a terra dos amonitas. Durante essas operações, cercou a cidade de Rabá, a atacou e a destruiu. Mas Davi ficou em Jerusalém. Joabe conquistou Rabá e a destruiu. Então Davi chegou a Rabá, removeu a coroa da cabeça do rei, e ela foi colocada sobre sua cabeça. A coroa era feita de ouro, enfeitada com pedras preciosas, e pesava cerca de 35 quilos. Davi tomou grande quantidade de despojos da cidade. Também tornou os habitantes de Rabá seus escravos e os obrigou a trabalhar com serras, picaretas e machados de ferro. Foi assim que Davi tratou o povo de todas as cidades amonitas. Então ele e todo o exército voltaram para Jerusalém. Depois disso, houve guerra contra os filisteus em Gezer. Enquanto lutavam, Sibecai, de Husate, matou Safe, um descendente de gigantes, e, desse modo, os filisteus foram subjugados. Durante outra batalha contra os filisteus, Elanã, filho de Jair, matou Lami, irmão de Golias, de Gate. O cabo da lança de Lami era da grossura de um eixo de tecelão. Em outra batalha com os filisteus em Gate, havia um homem de grande estatura com seis dedos em cada mão e seis dedos em cada pé, 24 dedos ao todo, que também era descendente de gigantes. Mas, quando ele desafiou os israelitas e zombou deles, foi morto por Jônatas, filho de Simeia, irmão de Davi. Esses filisteus eram descendentes dos gigantes de Gate, mas Davi e seus guerreiros os mataram. Satanás se levantou contra Israel e incitou Davi a fazer um censo. Davi disse a Joabe e aos comandantes do exército: “Façam uma contagem de todo o Israel, desde Berseba, ao sul, até Dã, ao norte, e tragam-me um relatório para que eu saiba o número exato do povo”. Joabe, porém, respondeu: “Que o S enhor torne a população cem vezes mais numerosa do que é hoje! Mas por que meu senhor, o rei, deseja fazer essa contagem? Eles não são todos seus servos? Por que levar Israel a pecar?”. Apesar da objeção de Joabe, o rei insistiu que fizessem o censo. Então Joabe saiu para contar o povo de Israel. Depois, voltou para Jerusalém e informou a Davi o número de pessoas. Havia em Israel 1.100.000 homens aptos para irem à guerra que sabiam manejar a espada e, em Judá, havia 470.000. Mas Joabe não incluiu no censo as tribos de Levi e Benjamim, pois achou absurda a ordem do rei. Deus se desagradou muito do censo e castigou Israel por isso. Então Davi disse a Deus: “Pequei grandemente ao fazer essa contagem. Perdoe meu pecado, pois cometi uma insensatez”. O S enhor falou a Gade, o vidente de Davi. Esta foi a mensagem: “Vá e diga a Davi que assim diz o S enhor: ‘Darei a você três opções. Escolha um destes castigos, e eu o aplicarei a você’”. Gade foi a Davi e disse: “Estas são as três opções que o S enhor lhe deu: três anos de fome, três meses de destruição pela espada de seus inimigos, ou três dias de praga intensa, durante os quais o anjo do S enhor trará devastação sobre toda a terra de Israel. Decida o que devo responder àquele que me enviou”. “Não tenho para onde correr nesta situação!”, respondeu Davi a Gade. “Mas é melhor cair nas mãos do S enhor, pois sua misericórdia é grande. Que eu não caia nas mãos de homens.” Então o S enhor enviou uma praga sobre Israel, e setenta mil pessoas morreram. E Deus enviou um anjo para destruir Jerusalém. Mas, quando o anjo estava prestes a fazê-lo, o S enhor teve compaixão e disse ao anjo da morte: “Pare! Já basta!”. Naquele momento, o anjo do S enhor estava perto da eira de Araúna, o jebuseu. Davi olhou para cima e viu o anjo do S enhor entre o céu e a terra, com a espada desembainhada na mão, estendida sobre Jerusalém. Então Davi e as autoridades de Israel se vestiram de pano de saco e se prostraram com o rosto no chão. Davi disse a Deus: “Fui eu que ordenei o censo! Eu pequei e fiz o que era mau! Mas o povo é inocente, como ovelhas. O que fizeram? Ó S enhor, meu Deus, que tua ira caia sobre mim e minha família, mas não castigue teu povo!”. Então o anjo do S enhor disse a Gade que mandasse Davi construir um altar ao S enhor na eira de Araúna, o jebuseu. Davi subiu para lá a fim de cumprir a ordem que o S enhor deu por meio de Gade. Araúna debulhava o trigo quando virou-se e viu o anjo. Seus quatro filhos, que estavam com ele, fugiram e se esconderam. Quando Araúna viu que o rei se aproximava, saiu da eira e curvou-se diante de Davi com o rosto no chão. Davi disse a Araúna: “Quero comprar de você esta eira pelo preço justo. Construirei nela um altar para o S enhor, a fim de que ele faça cessar a praga”. “Pode ficar com a eira, meu senhor, o rei”, disse Araúna. “Use-a como lhe parecer melhor. Eu lhe darei os bois para os holocaustos, as tábuas de trilhar como lenha para o fogo do altar e o trigo como oferta de cereais. Eu lhe darei tudo, ó rei.” O rei Davi, porém, respondeu a Araúna: “Não! Faço questão de comprá-la pelo preço justo. Não tomarei o que é seu para oferecer ao S enhor. Não apresentarei holocaustos que nada me custaram”. Então Davi pagou a Araúna seiscentas peças de ouro pela eira. Davi construiu ali um altar ao S enhor e ofereceu holocaustos e ofertas de paz. E, quando Davi orou, o S enhor respondeu com fogo do céu para queimar a oferta sobre o altar. Então o S enhor deu ordem para que o anjo pusesse a espada de volta na bainha. Quando Davi percebeu que o S enhor havia respondido à sua oração, ofereceu sacrifícios ali na eira de Araúna, o jebuseu. Naquela época, o tabernáculo do S enhor, que Moisés havia feito no deserto, e o altar de holocaustos estavam no lugar de adoração em Gibeom. Mas Davi não podia ir até lá para consultar Deus, pois tinha pavor da espada do anjo do S enhor. Então Davi disse: “Este será o lugar do templo do S enhor Deus e o lugar do altar para os holocaustos de Israel!”. Davi deu ordens para reunir os estrangeiros que viviam em Israel e os encarregou de preparar as pedras cortadas para a construção do templo de Deus. Davi providenciou grandes quantidades de ferro para os pregos necessários para as portas e suas dobradiças, e deu tanto bronze que não se podia pesar. Também providenciou inúmeras toras de cedro, pois os homens de Tiro e Sidom lhe haviam trazido grandes quantidades dessa madeira. Davi disse: “Meu filho Salomão ainda é jovem e inexperiente. Uma vez que o templo do S enhor deve ser um edifício magnífico, famoso e glorioso por todo o mundo, começarei desde já a fazer os preparativos”. Assim, antes de sua morte, Davi juntou grandes quantidades de materiais para a construção. Então mandou chamar seu filho Salomão e lhe ordenou que construísse um templo para o S enhor, o Deus de Israel. Disse-lhe: “Meu filho, eu quis construir um templo em honra ao nome do S enhor, meu Deus, mas o S enhor me disse: ‘Você matou muitos homens nas batalhas em que lutou. Derramou muito sangue diante de mim, por isso não será você quem construirá um templo em honra ao meu nome. Contudo, você terá um filho que será um homem de paz. Darei a ele descanso de seus inimigos de todas as terras vizinhas. Seu nome será Salomão, e darei paz e tranquilidade a Israel durante seu reinado. Ele construirá um templo em honra ao meu nome. Ele será meu filho, e eu serei seu pai, e eu estabelecerei o trono de seu reino sobre Israel para sempre’. “Agora, meu filho, que o S enhor seja com você e lhe dê êxito na construção do templo do S enhor, seu Deus, exatamente como ele prometeu a seu respeito. E que o S enhor lhe dê sabedoria e entendimento, para que você obedeça à lei do S enhor, seu Deus, ao governar Israel. Você terá êxito se for cuidadoso em obedecer aos decretos e estatutos que o S enhor ordenou a Israel por meio de Moisés. Seja forte e corajoso; não tenha medo nem desanime! “Trabalhei arduamente para providenciar os materiais para a construção do templo do S enhor: 3.500 toneladas de ouro, 35.000 toneladas de prata e tanto ferro e bronze que não se pode pesar. Também juntei madeira e pedra, embora talvez você precise providenciar mais. Você tem muitos trabalhadores habilidosos: cortadores de pedra, pedreiros, carpinteiros e artesãos de todo tipo, peritos nos trabalhos com ouro, prata, bronze e ferro. Agora comece a obra, e que o S enhor esteja com você!”. Então Davi ordenou a todos os líderes de Israel que ajudassem Salomão nesse projeto. “O S enhor, seu Deus, está com vocês”, declarou. “Ele lhes deu descanso das nações ao redor. Entregou-as em minhas mãos, e agora estão sujeitas ao S enhor e ao seu povo. Agora busquem o S enhor, seu Deus, de todo o coração e de toda a alma. Construam o santuário do S enhor Deus, a fim de trazer a arca da aliança do S enhor e os utensílios sagrados para o templo edificado em honra ao nome do S enhor.” Quando Davi já era bem idoso, nomeou seu filho Salomão rei sobre Israel. Convocou todos os líderes de Israel, e também os sacerdotes e os levitas. Foram contados os levitas com 30 anos ou mais, e o total chegou a 38 mil. De todos os levitas, 24 mil foram designados para supervisionar o trabalho no templo do S enhor, 6 mil para ser oficiais e juízes, 4 mil para ser guardas das portas e 4 mil para louvar o S enhor com os instrumentos musicais que Davi fez para esse fim. Davi dividiu os levitas em grupos com os nomes dos clãs descendentes dos três filhos de Levi: Gérson, Coate e Merari. Os descendentes de Gérson foram: Libni e Simei, filhos de Gérson. Os três filhos de Libni foram: Jeiel, o chefe da família, Zetã e Joel. Esses foram os chefes da família de Libni. Três descendentes de Simei foram: Selemote, Haziel e Harã. Outros quatro descendentes de Simei foram: Jaate, Ziza, Jeús e Berias. Jaate era o chefe da família, e Ziza, o segundo. Jeús e Berias foram contados como uma só família, pois nenhum dos dois teve muitos filhos. Quatro descendentes de Coate foram: Anrão, Isar, Hebrom e Uziel. Os filhos de Anrão foram: Arão e Moisés. Arão e seus descendentes foram separados para consagrar as coisas santíssimas, queimar incenso na presença do S enhor, servi-lo e pronunciar bênçãos em seu nome para sempre. Quanto a Moisés, homem de Deus, seus filhos foram contados com a tribo de Levi. Os filhos de Moisés foram: Gérson e Eliézer. Um dos descendentes de Gérson foi Sebuel, chefe da família. Eliézer teve apenas um filho, Reabias, o chefe da família. Reabias teve muitos descendentes. Um dos descendentes de Isar foi Selomite, chefe da família. Os descendentes de Hebrom foram: Jerias, o chefe da família, Amarias, o segundo, Jaaziel, o terceiro, e Jecameão, o quarto. Os descendentes de Uziel foram: Mica, o chefe da família, e Issias, o segundo. Os descendentes de Merari foram: Mali e Musi. Os filhos de Mali foram: Eleazar e Quis. Eleazar morreu sem ter filhos; teve apenas filhas. Suas filhas se casaram com os primos delas, os filhos de Quis. Três descendentes de Musi foram: Mali, Éder e Jeremote. Estes foram os descendentes de Levi conforme seus clãs, os chefes de suas famílias, registrados por nome. Cada um precisava ter 20 anos ou mais a fim de se qualificar para o serviço na casa do S enhor. Pois Davi disse: “O S enhor, Deus de Israel, nos deu paz e habitará sempre em Jerusalém. Os levitas não precisam mais carregar o tabernáculo nem seus utensílios de um lugar para outro”. De acordo com as últimas instruções de Davi, foram registrados para o serviço todos os levitas de 20 anos ou mais. O trabalho dos levitas era ajudar os sacerdotes, os descendentes de Arão, no serviço da casa do S enhor. Também cuidavam dos pátios e das salas laterais, ajudavam a realizar as cerimônias de purificação e serviam na casa de Deus de várias outras maneiras. Eram encarregados dos pães da presença colocados sobre a mesa, da farinha da melhor qualidade para as ofertas de cereais, dos bolos sem fermento, dos pães assados em azeite e da mistura das massas. Eram responsáveis, ainda, por verificar todos os pesos e medidas. Todas as manhãs e todas as tardes, apresentavam-se diante do S enhor para entoar cânticos de ação de graças e louvor. Ajudavam nos holocaustos oferecidos ao S enhor nos sábados, nas festas de lua nova e em todas as outras festas fixas. O número requerido de levitas estava sempre de serviço na presença do S enhor, e seguiam todos os procedimentos que lhes haviam sido prescritos. E assim, sob a supervisão dos sacerdotes, os descendentes de Arão, os levitas guardavam a tenda do encontro e o santuário e cumpriam seus deveres no serviço da casa do S enhor. Os descendentes de Arão, os sacerdotes, foram divididos em turnos para o serviço. Os filhos de Arão foram: Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar. Mas Nadabe e Abiú morreram antes de seu pai e não tinham filhos. Então Eleazar e Itamar deram continuidade ao sacerdócio. Com a ajuda de Zadoque, descendente de Eleazar, e de Aimeleque, descendente de Itamar, Davi dividiu os descendentes de Arão em turnos, de acordo com suas responsabilidades. Os descendentes de Eleazar foram divididos em dezesseis turnos, e os de Itamar, em oito, pois havia mais chefes de família entre os descendentes de Eleazar. As tarefas foram designadas aos grupos por sorteio, para que não houvesse nenhuma preferência, pois havia entre os descendentes de Eleazar e de Itamar muitos líderes qualificados para servir a Deus no santuário. Semaías, filho do levita Natanael, foi o secretário e anotou os nomes e as tarefas na presença do rei, dos líderes, do sacerdote Zadoque, de Aimeleque, filho de Abiatar, e dos chefes das famílias dos sacerdotes e dos levitas. Os descendentes de Eleazar e de Itamar foram designados por sorteio alternadamente. A primeira sorte caiu para Jeoiaribe; a segunda, para Jedaías; a terceira, para Harim; a quarta, para Seorim; a quinta, para Malquias; a sexta, para Miamim; a sétima, para Hacoz; a oitava, para Abias; a nona, para Jesua; a décima, para Secanias; a décima primeira, para Eliasibe; a décima segunda, para Jaquim; a décima terceira, para Hupá; a décima quarta, para Jesebeabe; a décima quinta, para Bilga; a décima sexta, para Imer; a décima sétima, para Hezir; a décima oitava, para Hapises; a décima nona, para Petaías; a vigésima, para Jeezquel; a vigésima primeira, para Jaquim; a vigésima segunda, para Gamul; a vigésima terceira, para Delaías; a vigésima quarta, para Maazias. Cada grupo realizava as tarefas que lhe haviam sido designadas na casa do S enhor, de acordo com os procedimentos definidos por seu antepassado Arão em obediência às ordens do S enhor, o Deus de Israel. Os outros chefes de famílias descendentes de Levi foram: Dos descendentes de Anrão: Sebuel. Dos descendentes de Sebuel: Jedias. Dos descendentes de Reabias: Issias. Dos descendentes de Isar: Selomite. Dos descendentes de Selomite: Jaate. Dos descendentes de Hebrom: Jerias, o chefe, Amarias, o segundo, Jaaziel, o terceiro, e Jecameão, o quarto. Dos descendentes de Uziel: Mica. Dos descendentes de Mica: Samir e Issias, irmão de Mica. Dos descendentes de Issias: Zacarias. Dos descendentes de Merari: Mali e Musi. Dos descendentes de Jaazias: Beno. Dos descendentes de Merari, por Jaazias: Beno, Soão, Zacur e Ibri. Dos descendentes de Mali: Eleazar, que não teve filhos. Dos descendentes de Quis: Jerameel. Dos descendentes de Musi: Mali, Éder e Jerimote. Esses foram os descendentes de Levi, de acordo com suas famílias. Como os descendentes de Arão, suas tarefas foram designadas por sorteio, sem distinção de idade nem de posição entre as famílias. As sortes foram lançadas na presença do rei Davi, de Zadoque, de Aimeleque e dos chefes das famílias dos sacerdotes e dos levitas. Depois, Davi e os comandantes do exército nomearam homens das famílias de Asafe, Hemã e Jedutum para profetizar, com o acompanhamento de liras, harpas e címbalos. Esta é a lista de seus nomes e de suas responsabilidades: Dos filhos de Asafe: Zacur, José, Netanias e Asarela. Trabalhavam sob a direção de seu pai, Asafe, que profetizava por ordem do rei. Dos filhos de Jedutum: Gedalias, Zeri, Jesaías, Simei, Hasabias e Matitias, seis ao todo. Trabalhavam sob a direção de seu pai, Jedutum, que profetizava com o acompanhamento da lira, dando graças e louvando o S enhor. Dos filhos de Hemã: Buquias, Matanias, Uziel, Subael, Jerimote, Hananias, Hanani, Eliata, Gidalti, Romanti-Ézer, Josbecasa, Maloti, Hotir e Maaziote. Todos eram filhos de Hemã, vidente do rei, pois Deus lhe tinha dado o privilégio de ter catorze filhos e filhas, de acordo com sua promessa. Todos esses homens estavam sob a direção de seus pais e serviam como músicos na casa do S enhor. Eram responsáveis por tocar címbalos, harpas e liras na casa de Deus. Asafe, Jedutum e Hemã se reportavam diretamente ao rei. Eles e suas famílias estavam preparados para cantar diante do S enhor, e todos, 288 no total, eram músicos talentosos. Os músicos foram nomeados para seu serviço por sorteio, tanto jovens como idosos, mestres ou aprendizes. A primeira sorte caiu para José, do clã de Asafe, e doze de seus filhos e parentes; a segunda, para Gedalias e doze de seus filhos e parentes; a terceira, para Zacur e doze de seus filhos e parentes; a quarta, para Zeri e doze de seus filhos e parentes; a quinta, para Netanias e doze de seus filhos e parentes; a sexta, para Buquias e doze de seus filhos e parentes; a sétima, para Asarela e doze de seus filhos e parentes; a oitava, para Jesaías e doze de seus filhos e parentes; a nona, para Matanias e doze de seus filhos e parentes; a décima, para Simei e doze de seus filhos e parentes; a décima primeira, para Uziel e doze de seus filhos e parentes; a décima segunda, para Hasabias e doze de seus filhos e parentes; a décima terceira, para Subael e doze de seus filhos e parentes; a décima quarta, para Matitias e doze de seus filhos e parentes; a décima quinta, para Jerimote e doze de seus filhos e parentes; a décima sexta, para Hananias e doze de seus filhos e parentes; a décima sétima, para Josbecasa e doze de seus filhos e parentes; a décima oitava, para Hanani e doze de seus filhos e parentes; a décima nona, para Maloti e doze de seus filhos e parentes; a vigésima, para Eliata e doze de seus filhos e parentes; a vigésima primeira, para Hotir e doze de seus filhos e parentes; a vigésima segunda, para Gidalti e doze de seus filhos e parentes; a vigésima terceira, para Maaziote e doze de seus filhos e parentes; a vigésima quarta, para Romanti-Ézer e doze de seus filhos e parentes. Estas são as divisões dos guardas das portas: Dos coraítas: Meselemias, filho de Coré, da família de Abiasafe. O primeiro filho de Meselemias foi Zacarias, o segundo, Jediael, o terceiro, Zebadias, o quarto, Jatniel, o quinto, Elão, o sexto, Joanã, e o sétimo, Elioenai. O primeiro filho de Obede-Edom foi Semaías, o segundo, Jeozabade, o terceiro, Joá, o quarto, Sacar, o quinto, Natanael, o sexto, Amiel, o sétimo, Issacar, e o oitavo, Peuletai. Deus havia abençoado Obede-Edom. Semaías, filho de Obede-Edom, teve filhos muito capazes, que ocuparam posições de grande autoridade no clã. Estes eram os nomes deles: Otni, Rafael, Obede e Elzabade. Seus parentes, Eliú e Semaquias, também foram homens muito capazes. Todos esses descendentes de Obede-Edom, incluindo seus filhos e parentes, 62 ao todo, foram homens muito capazes e aptos para seu trabalho. Os dezoito filhos e parentes de Meselemias também foram homens muito capazes. Os filhos de Hosa, do clã de Merari, foram: Sinri, nomeado chefe por seu pai, embora não fosse o mais velho, Hilquias, o segundo, Tebalias, o terceiro, e Zacarias, o quarto. Os filhos e parentes de Hosa foram treze ao todo. Essas divisões de guardas das portas foram feitas conforme os chefes de suas famílias. Os guardas, como os outros levitas, serviam na casa do S enhor. Foram encarregados de guardar as portas por sorteio, de acordo com as famílias, sem levar em conta idade ou treinamento. Meselemias e seu grupo ficaram responsáveis pela porta leste. Seu filho Zacarias, conselheiro de grande sabedoria, ficou responsável pela porta norte. Obede-Edom ficou responsável pela porta sul, e seus filhos, pelo depósito. Supim e Hosa ficaram responsáveis pela porta oeste e pela passagem que dava para o templo. O serviço dos guardas foi dividido de forma igual. Todos os dias, seis levitas ficavam encarregados da porta leste, quatro da porta norte, quatro da porta sul, e duas duplas do depósito. Cada dia, seis ficavam encarregados da porta oeste, quatro da passagem que dava para o templo, e dois do pátio. Essas foram as divisões dos guardas das portas dos clãs de Coré e de Merari. Outros levitas, sob a liderança de Aías, eram encarregados dos tesouros da casa de Deus e dos depósitos onde ficavam os objetos consagrados. Da família de Libni, no clã de Gérson, Jeiel era o chefe. Os filhos de Jeiel, Zetã e seu irmão Joel, eram encarregados dos tesouros da casa do S enhor. Os líderes descendentes de Anrão, de Isar, de Hebrom e de Uziel foram: Do clã de Anrão, Sebuel foi descendente de Gérson, filho de Moisés. Era o oficial encarregado dos tesouros. Suas gerações de parentes por parte de Eliézer foram: Reabias, Jesaías, Jorão, Zicri e Selemote. Selemote e seus parentes eram encarregados dos tesouros que o rei Davi, os chefes das famílias, os generais e capitães e outros oficiais do exército haviam dedicado ao S enhor. Esses homens dedicaram parte dos despojos que haviam obtido nas batalhas para a manutenção da casa do S enhor. Selomote e seus parentes também cuidavam de todas as ofertas dedicadas ao S enhor pelo vidente Samuel, por Saul, filho de Quis, por Abner, filho de Ner, e por Joabe, filho de Zeruia. Eram responsáveis, ainda, pelas demais ofertas dedicadas ao S enhor. Do clã de Isar, Quenanias e seus filhos receberam as responsabilidades administrativas de Israel como oficiais e juízes. Do clã de Hebrom, Hasabias e seus parentes, 1.700 homens capazes, foram encarregados das terras israelitas a oeste do rio Jordão. Eram responsáveis por todas as questões relacionadas ao serviço do S enhor e do rei nessa região. Também do clã de Hebrom, Jerias era o chefe dos hebronitas, de acordo com os registros genealógicos. No quadragésimo ano do reinado de Davi, fez-se uma busca nos registros e foram encontrados homens capazes do clã de Hebrom em Jazer, na terra de Gileade. Havia 2.700 homens capazes e chefes de família entre os parentes de Jerias. O rei Davi os enviou para o lado leste do Jordão e os encarregou das tribos de Rúben e Gade e da meia tribo de Manassés. Eram responsáveis por todas as questões relacionadas a Deus e ao rei. Esta é a lista dos israelitas, chefes de família, generais e capitães que serviam o rei na supervisão das divisões do exército de serviço a cada mês do ano. Cada divisão tinha 24 mil homens e servia durante um mês. Jasobeão, filho de Zabdiel, era comandante da primeira divisão de 24 mil homens, de serviço durante o primeiro mês. Era descendente de Perez e chefe de todos os oficiais do exército para o primeiro mês. Dodai, descendente de Aoí, era comandante da segunda divisão de 24 mil homens, de serviço durante o segundo mês. Miclote era o chefe da divisão. Benaia, filho do sacerdote Joiada, era comandante da terceira divisão de 24 mil homens, de serviço durante o terceiro mês. Esse Benaia comandou o grupo militar de elite de Davi, conhecido como os Trinta. Seu filho Amizabade era o chefe da divisão. Asael, irmão de Joabe, era comandante da quarta divisão de 24 mil homens, de serviço durante o quarto mês. Asael foi sucedido por seu filho Zebadias. Sama, o izraíta, era comandante da quinta divisão de 24 mil homens, de serviço durante o quinto mês. Ira, filho de Iques, de Tecoa, era comandante da sexta divisão de 24 mil homens, de serviço durante o sexto mês. Helez, de Pelom, descendente de Efraim, era comandante da sétima divisão de 24 mil homens, de serviço durante o sétimo mês. Sibecai, de Husate, descendente de Zera, era comandante da oitava divisão de 24 mil homens, de serviço durante o oitavo mês. Abiezer, de Anatote, da tribo de Benjamim, era comandante da nona divisão de 24 mil homens, de serviço durante o nono mês. Maarai, de Netofate, descendente de Zera, era comandante da décima divisão de 24 mil homens, de serviço durante o décimo mês. Benaia, de Piratom, em Efraim, era comandante da décima primeira divisão de 24 mil homens, de serviço durante o décimo primeiro mês. Helede, de Netofate, descendente de Otniel, era comandante da décima segunda divisão de 24 mil homens, de serviço durante o décimo segundo mês. Estas foram as tribos de Israel e seus líderes: da tribo de Rúben: Eliézer, filho de Zicri; da tribo de Simeão: Sefatias, filho de Maaca; da tribo de Levi: Hasabias, filho de Quemuel; da tribo de Arão: o sacerdote, Zadoque; da tribo de Judá: Eliú, irmão de Davi; da tribo de Issacar: Onri, filho de Micael; da tribo de Zebulom: Ismaías, filho de Obadias; da tribo de Naftali: Jeremote, filho de Azriel; da tribo de Efraim: Oseias, filho de Azazias; da tribo de Manassés, a oeste: Joel, filho de Pedaías; da tribo de Manassés, em Gileade, a leste: Ido, filho de Zacarias; da tribo de Benjamim: Jaasiel, filho de Abner; da tribo de Dã: Azareel, filho de Jeroão. Esses foram os líderes das tribos de Israel. Quando Davi fez o censo, não contou os que tinham menos de 20 anos, pois o S enhor havia prometido que os israelitas seriam numerosos como as estrelas no céu. Joabe, filho de Zeruia, começou o censo, mas nunca o terminou, porque a ira de Deus caiu sobre Israel. O número total nunca foi anotado nos registros oficiais do rei Davi. Azmavete, filho de Adiel, era encarregado dos depósitos do palácio. Jônatas, filho de Uzias, era encarregado dos depósitos nos campos, nas cidades, nos povoados e nas fortalezas. Ezri, filho de Quelube, era encarregado dos trabalhadores nos campos, que cultivavam as terras. Simei, de Ramá, era encarregado dos vinhedos. Zabdi, de Sifá, era encarregado das uvas e do fornecimento de vinho. Baal-Hanã, de Gederá, era encarregado das plantações de oliveiras e figueiras-bravas do rei nas colinas de Judá. Joás era encarregado dos depósitos de azeite. Sitrai, de Sarom, era encarregado do gado na planície de Sarom. Safate, filho de Adlai, era encarregado do gado nos vales. Obil, o ismaelita, era encarregado dos camelos. Jedias, de Meronote, era encarregado dos jumentos. Jaziz, o hagareno, era encarregado das ovelhas. Todos esses oficiais administravam as propriedades do rei Davi. Jônatas, tio de Davi, era conselheiro do rei, homem sábio e também escriba. Jeiel, filho de Hacmoni, era responsável por ensinar os filhos do rei. Aitofel era conselheiro do rei. Husai, o arquita, era amigo do rei. Aitofel foi sucedido por Joiada, filho de Benaia, e por Abiatar. Joabe era comandante do exército do rei. Davi convocou todos os oficiais de Israel para irem a Jerusalém: os líderes das tribos, os comandantes das divisões do exército, os generais e os capitães, os administradores das propriedades e dos rebanhos do rei, os oficiais do palácio, os guerreiros valentes, e todos os outros soldados do reino. Davi se pôs em pé e disse: “Meus irmãos e meu povo! Era meu desejo construir um templo onde a arca da aliança do S enhor, o lugar de descanso dos pés de nosso Deus, repousasse para sempre. Fiz os preparativos necessários para construí-lo, mas Deus me disse: ‘Você não construirá um templo em honra ao meu nome, pois é homem de guerra e derramou muito sangue’. “Contudo, o S enhor, o Deus de Israel, me escolheu dentre toda a família de meu pai para ser rei em Israel, para sempre. Escolheu a tribo de Judá para governar e, dentre as famílias de Judá, escolheu a de meu pai. Dentre os filhos de meu pai, agradou-se de me fazer rei sobre todo o Israel. E, dentre os muitos filhos que o S enhor me deu, escolheu Salomão para ser meu sucessor no trono de Israel e para governar o reino do S enhor. Ele me disse: ‘Seu filho Salomão construirá meu templo e meus pátios, pois eu o escolhi para ser meu filho, e eu serei seu pai. E, se ele continuar a obedecer a meus mandamentos e estatutos, como obedece hoje, farei seu reino durar para sempre’. “Agora, portanto, com Deus como nossa testemunha, e diante de todo o Israel, a comunidade do S enhor, eu lhes digo: tenham o cuidado de obedecer a todos os mandamentos do S enhor, seu Deus, para que continuem a possuir esta boa terra e a deixem para seus filhos como herança permanente. “E você, meu filho Salomão, aprenda a conhecer o Deus de seus antepassados. Sirva-o de todo o coração e com a alma alegre. Pois o S enhor vê todos os corações e conhece todos os planos e pensamentos. Se você o buscar, o encontrará. Mas, se você o abandonar, ele o rejeitará para sempre. Portanto, leve isto a sério. O S enhor o escolheu para construir um templo que sirva de santuário. Seja forte e faça o trabalho”. Então Davi entregou a seu filho Salomão as plantas do templo e de tudo que ficava ao redor, incluindo a sala de entrada, os depósitos, as salas dos andares superiores, as salas internas e o lugar de expiação. Davi também entregou a Salomão as plantas de tudo que havia planejado para os pátios do templo do S enhor, das salas externas, dos tesouros e dos depósitos para as ofertas dedicadas ao S enhor. Deu, ainda, instruções a respeito das divisões dos sacerdotes e dos levitas, além das responsabilidades no templo do S enhor e das especificações para os objetos usados no serviço do templo. Davi deu instruções a respeito de quanto ouro e quanta prata deviam ser usados para confeccionar esses objetos para o serviço. Informou a quantidade de ouro necessária para os candelabros e as lâmpadas de ouro, e a quantidade de prata necessária para os candelabros e as lâmpadas de prata, de acordo com o uso de cada um. Especificou a quantidade de ouro para a mesa sobre a qual seriam colocados os pães da presença, e a quantidade de prata para as outras mesas. Davi também especificou a quantidade de ouro puro para os garfos, as bacias, os jarros e as tigelas, bem como a quantidade de prata para as tigelas. Especificou, ainda, a quantidade de ouro refinado para o altar de incenso. E, por fim, entregou-lhe o projeto para o trono do S enhor, os querubins de ouro cujas asas se estendiam sobre a arca da aliança do S enhor. Davi disse a Salomão: “Todos os detalhes dessas plantas me foram escritos sob a direção do S enhor ”. E continuou: “Seja forte e corajoso e faça o trabalho. Não tenha medo nem desanime, pois o S enhor Deus, meu Deus, está com você. Ele não o deixará nem o abandonará durante toda a construção do templo do S enhor. As divisões dos sacerdotes e dos levitas servirão no templo do S enhor. Outros, com todo tipo de habilidade, se oferecerão para ajudar, e os oficiais e todo o povo estarão às suas ordens”. O rei Davi se voltou para toda a comunidade e disse: “Meu filho Salomão, que Deus escolheu, ainda é jovem e inexperiente. O trabalho que ele tem pela frente é enorme, pois o templo que ele construirá não será para meros humanos, mas para o S enhor Deus. Usando todos os recursos a meu dispor, juntei o que pude para a construção do templo de meu Deus. Agora, há ouro, prata, bronze, ferro e madeira suficientes, bem como grandes quantidades de ônix e outras pedras preciosas, joias caras, todo tipo de pedra da melhor qualidade e mármore. “E agora, por causa de minha alegria com a construção do templo de meu Deus, entrego todos os meus tesouros pessoais, ouro e prata, para ajudar na construção, além de todos os materiais que juntei para o santo templo. Ofereço 105 toneladas de ouro de Ofir e 245 toneladas de prata refinada para revestir as paredes das construções, e para os outros trabalhos em ouro e prata a serem feitos pelos artesãos. Quem seguirá meu exemplo e entregará, hoje, ofertas ao S enhor?”. Então os chefes das famílias, os líderes das tribos, os generais e os capitães, e os administradores do rei ofertaram voluntariamente. Para a construção do templo de Deus, entregaram 175 toneladas de ouro, 10.000 peças de ouro, 350 toneladas de prata, 630 toneladas de bronze e 3.500 toneladas de ferro. Também contribuíram com pedras preciosas, que foram guardadas no tesouro da casa do S enhor, sob os cuidados de Jeiel, descendente de Gérson. O povo se alegrou com as ofertas, pois as entregou ao S enhor voluntariamente e de todo o coração, e o rei Davi também se encheu de alegria. Então Davi louvou o S enhor na presença de toda a comunidade: “Ó S enhor, Deus de nosso antepassado Israel, louvado sejas para sempre! Ó S enhor, a ti pertencem a grandeza, o poder, a glória, a vitória e a majestade. Tudo que há nos céus e na terra é teu, ó S enhor, e este é teu reino. Tu estás acima de tudo. Riqueza e honra vêm somente de ti, pois tu governas sobre tudo. Poder e força estão em tuas mãos, e cabe a ti exaltar e dar força. “Ó nosso Deus, damos graças e louvamos teu nome glorioso! Mas quem sou eu, e quem é meu povo, para que pudéssemos te dar alguma coisa? Tudo que temos vem de ti, e demos apenas o que primeiro de ti recebemos! Somos estrangeiros e peregrinos na terra, como nossos antepassados antes de nós. Nossos dias na terra são como uma sombra, passam rápido, sem deixar vestígio. “Ó S enhor, nosso Deus, até mesmo estes materiais que juntamos para construir um templo em honra ao teu nome santo vêm de ti! Tudo pertence a ti! Eu sei, meu Deus, que examinas nosso coração e te regozijas quando nele encontras integridade. Tu sabes que fiz tudo isso com boas intenções e vi teu povo entregar ofertas voluntariamente e com alegria. “Ó S enhor, o Deus de nossos antepassados Abraão, Isaque e Israel, leva teu povo a sempre desejar te obedecer. Mantém o coração deles sempre leal a ti. Dá a meu filho Salomão o desejo sincero de obedecer a todos os teus mandamentos, preceitos e decretos, e de fazer todo o necessário a fim de construir este templo, para o qual realizei estes preparativos”. Então Davi disse a toda a comunidade: “Louvem o S enhor, seu Deus!”. E toda a comunidade louvou o S enhor, o Deus de seus antepassados, e eles se prostraram e se ajoelharam diante do S enhor e do rei. No dia seguinte, trouxeram mil novilhos, mil carneiros e mil cordeiros e os apresentaram ao S enhor como sacrifícios e holocaustos. Também trouxeram ofertas derramadas e muitos outros sacrifícios em favor de todo o Israel. Naquele dia, festejaram e comeram na presença do S enhor com grande alegria. Mais uma vez, proclamaram Salomão, filho de Davi, como rei. Ungiram Salomão diante do S enhor, como seu líder, e ungiram Zadoque como sacerdote. Salomão se sentou no trono do S enhor em lugar de seu pai, Davi. Foi bem-sucedido em tudo, e todo o Israel lhe obedecia. Todos os oficiais, os guerreiros e os filhos de Davi prometeram ser leais ao rei Salomão. O S enhor exaltou Salomão diante de todo o Israel e lhe deu mais esplendor que qualquer outro rei de Israel antes dele. Davi, filho de Jessé, reinou sobre todo o Israel. Reinou em Israel por quarenta anos, sete anos em Hebrom e 33 em Jerusalém. Morreu em boa velhice, depois de desfrutar uma vida longa, cheia de riqueza e honra. Seu filho Salomão foi seu sucessor. Todos os acontecimentos do reinado de Davi, do início ao fim, estão escritos no Registro do Vidente Samuel, no Registro do Profeta Natã e no Registro do Vidente Gade, incluindo os grandes feitos de seu reinado e tudo que aconteceu com ele, com Israel e com todos os reinos vizinhos. Salomão, filho de Davi, estabeleceu firme controle sobre seu reino, pois o S enhor, seu Deus, estava com ele e o tornou muito poderoso. Salomão convocou todas as autoridades de Israel: os generais e capitães do exército, os juízes e todos os líderes e chefes dos clãs. Então conduziu toda a comunidade ao lugar de culto em Gibeom, pois ali ficava a tenda do encontro. Essa era a tenda que Moisés, servo do S enhor, havia feito no deserto. Davi tinha transportado a arca de Deus de Quiriate-Jearim para a tenda que ele havia preparado para ela em Jerusalém. Mas o altar de bronze feito por Bezalel, filho de Uri e neto de Hur, ainda estava ali em Gibeom, em frente ao tabernáculo do S enhor. Então Salomão e o povo se reuniram nesse local para consultar o S enhor. Na presença do S enhor, Salomão ofereceu mil holocaustos sobre o altar de bronze, que estava na tenda do encontro. Naquela noite, Deus apareceu a Salomão e lhe disse: “Peça o que quiser, e eu lhe darei”. Salomão respondeu a Deus: “Tu mostraste grande amor leal a meu pai, Davi, e agora me fizeste rei em seu lugar. Ó S enhor Deus, cumpre a promessa que fizeste a meu pai, Davi, pois me fizeste rei sobre um povo tão numeroso como o pó da terra! Dá-me sabedoria e conhecimento para que eu os lidere bem, pois quem é capaz de governar este teu grande povo?”. Deus disse a Salomão: “Uma vez que esse é seu desejo, e não pediu riqueza, nem bens, nem fama, nem a morte de seus inimigos, nem vida longa, mas sabedoria e conhecimento para governar bem meu povo, sobre o qual o fiz rei, certamente lhe darei a sabedoria e o conhecimento que pediu. Também lhe darei riqueza, bens e fama como nenhum rei teve nem jamais terá”. Então Salomão voltou da tenda do encontro, no lugar de culto em Gibeom, para Jerusalém, e reinou sobre todo o Israel. Salomão ajuntou muitos carros de guerra e cavalos. Possuía 1.400 carros de guerra e 12.000 cavalos. Mantinha alguns deles nas cidades designadas para guardar esses carros de guerra e outros perto dele, em Jerusalém. O rei tornou a prata e o ouro tão comuns em Jerusalém como as pedras. E havia tanta madeira valiosa de cedro como as figueiras-bravas que crescem nas colinas de Judá. Os cavalos de Salomão eram importados do Egito e da Cilícia; os comerciantes do rei os adquiriam da Cilícia pelo preço de mercado. Naquela época, um carro de guerra do Egito custava 600 peças de prata, e um cavalo, 150 peças de prata. Depois, eram exportados aos reis dos hititas e aos reis da Síria. Salomão resolveu construir um templo em honra ao nome do S enhor, e um palácio para si próprio. Convocou 70.000 carregadores, 80.000 homens para cortarem pedras na região montanhosa e 3.600 chefes para supervisionarem as obras. Salomão enviou a seguinte mensagem a Hirão, rei de Tiro: “Peço que me forneça madeira de cedro, como fez com meu pai, Davi, quando ele construiu seu palácio. Estou para construir um templo em honra ao nome do S enhor, meu Deus. Será um lugar consagrado para queimar incenso aromático diante dele, para apresentar os pães da presença e para oferecer holocaustos todas as manhãs e todas as tardes, nos sábados, nas luas novas e nas festas fixas estabelecidas pelo S enhor, nosso Deus. Ele ordenou que Israel fizesse isso para sempre. “O templo que vou construir será imponente, pois nosso Deus é maior que todos os outros deuses. Contudo, quem poderia construir uma casa digna dele? Nem mesmo os mais altos céus seriam capazes de contê-lo! E quem sou eu para pensar em construir um templo para ele, a não ser como lugar para queimar sacrifícios diante dele? “Portanto, envie-me um mestre artífice competente, que saiba trabalhar com ouro, prata, bronze, ferro, com tecido púrpura, vermelho e azul, que seja habilidoso para fazer entalhes e que trabalhe com os artífices de Judá e Jerusalém que meu pai, Davi, escolheu. “Mande-me, também, madeira de cedro, cipreste e sândalo do Líbano, pois sei que ninguém no Líbano corta madeira como seus servos. Enviarei meus servos para ajudá-los. Será necessária muita madeira, pois o templo que vou construir será grande e imponente. Como pagamento a seus cortadores de madeira, enviarei vinte mil cestos grandes de trigo batido, vinte mil cestos grandes de cevada, vinte mil tonéis de vinho e vinte mil tonéis de azeite”. Hirão, rei de Tiro, enviou esta resposta a Salomão: “O S enhor ama seu povo, por isso o fez rei sobre ele! Louvado seja o S enhor, o Deus de Israel, que criou os céus e a terra! Ele deu ao rei Davi um filho sábio, que tem inteligência e entendimento, e que construirá um templo para o S enhor e um palácio para si próprio. “Envio-lhe Hurão-Abi, mestre artífice muito talentoso. Sua mãe é da tribo de Dã, em Israel, e seu pai é de Tiro. Ele tem habilidade para trabalhar com ouro, prata, bronze e ferro, e também com pedra, madeira, tecido púrpura, vermelho e azul e linho fino. É habilidoso para fazer entalhes e capaz de executar qualquer projeto que você lhe der. Ele trabalhará com seus artífices e com os homens indicados por meu senhor Davi, seu pai. “Agora, envie o trigo, a cevada, o azeite e o vinho, conforme meu senhor mencionou. Cortaremos toda a madeira necessária das montanhas do Líbano, colocaremos as toras em balsas e as faremos flutuar ao longo da costa do mar Mediterrâneo até Jope. Dali você as transportará até Jerusalém”. Salomão fez um censo de todos os estrangeiros na terra de Israel, como o censo que seu pai, Davi, havia feito, e descobriu que eram 153.600. Designou 70.000 deles como carregadores, 80.000 como cortadores de pedra na região montanhosa e 3.600 como chefes para supervisionar a obra. Então Salomão começou a construir o templo do S enhor em Jerusalém, no monte Moriá, onde o S enhor havia aparecido a seu pai, Davi. O templo foi construído na eira de Araúna, o jebuseu, o local escolhido por Davi. A construção começou no segundo dia do segundo mês do quarto ano do reinado de Salomão. O alicerce do templo de Deus construído por Salomão tinha 27 metros de comprimento e 9 metros de largura, conforme a medida antiga. A sala de entrada na frente do templo media 9 metros de largura, a mesma largura do templo, e 9 metros de altura. Salomão revestiu seu interior com ouro puro. Cobriu todas as paredes do salão principal do templo com madeira de cipreste revestida com ouro puro e enfeitada com entalhes de palmeiras e de correntes. Enfeitou as paredes do templo com pedras preciosas e com ouro da terra de Parvaim. Revestiu com ouro as vigas, os batentes, as paredes e as portas de todo o templo e entalhou nas paredes figuras de querubins. Fez o lugar santíssimo com 9 metros de largura, a mesma largura do templo, e 9 metros de comprimento. Revestiu seu interior com 21 toneladas de ouro puro. Cada um dos pregos de ouro pesava 600 gramas. Também revestiu com ouro as paredes das salas superiores. Fez duas figuras em forma de querubins, as revestiu com ouro e as colocou no lugar santíssimo. As asas abertas dos querubins mediam, juntas, 9 metros. Uma das asas do primeiro querubim media 2,25 metros e tocava a parede do templo. A outra asa, que também media 2,25 metros, tocava a asa do segundo querubim. De igual modo, uma das asas do segundo querubim media 2,25 metros e tocava a parede oposta. A outra asa, que também media 2,25 metros, tocava a asa do primeiro querubim. Portanto, as asas abertas dos querubins mediam, juntas, 9 metros. Os querubins ficavam em pé, de frente para o salão principal do templo. Na entrada do lugar santíssimo, colocou uma cortina de linho fino, enfeitada com fio azul, púrpura e vermelho, e bordada com figuras de querubins. Para a frente do templo, fez duas colunas, cada uma com 8,1 metros de altura e com um capitel de 2,25 metros de altura. Fez conjuntos de correntes entrelaçadas e os colocou para enfeitar o alto das colunas. Também fez cem romãs decorativas e as prendeu às correntes. Depois, levantou as duas colunas na frente do templo, uma ao sul da entrada e outra ao norte. Chamou a coluna ao sul de Jaquim, e a coluna ao norte, de Boaz. Salomão também fez um altar de bronze com 9 metros de comprimento, 9 metros de largura e 4,5 metros de altura. Depois, fundiu um grande tanque redondo, chamado Mar. O tanque media 4,5 metros de uma borda à outra, 2,25 metros de profundidade e 13,5 metros de circunferência. Logo abaixo da borda, tinha ao seu redor duas fileiras de figuras semelhantes a touros. Havia cerca de vinte figuras por metro em toda a circunferência, formando uma única peça de fundição com o tanque. O tanque ficava apoiado sobre doze touros, todos voltados para fora: três voltados para o norte, três para o oeste, três para o sul e três para o leste. As paredes do tanque tinham oito centímetros de espessura, e sua borda se projetava para fora como uma taça, semelhante a um lírio. Tinha capacidade para cerca de sessenta mil litros de água. Fez também dez pias menores para lavar os utensílios para os holocaustos. Colocou cinco do lado sul e cinco do lado norte. Os sacerdotes, porém, se lavavam no tanque chamado Mar. Fez dez candelabros de ouro, de acordo com as especificações que havia recebido, e os colocou no templo, cinco do lado sul e cinco do lado norte. Fez dez mesas e as colocou no templo, cinco do lado sul e cinco do lado norte. Também fez cem bacias de ouro. Depois, construiu o pátio dos sacerdotes e o grande pátio externo. Fez portas para as entradas dos pátios e as revestiu com bronze. O grande tanque de bronze chamado Mar foi colocado perto do canto sudeste do templo. Hurão-Abi também fez as bacias, pás e tigelas necessárias. Assim, Hurão-Abi terminou tudo que o rei Salomão havia ordenado que ele fizesse para o templo de Deus: as duas colunas; os dois capitéis em forma de taça no alto das colunas; os dois conjuntos de correntes entrelaçadas que enfeitavam os capitéis; as quatrocentas romãs penduradas nas correntes dos capitéis (duas fileiras de romãs para cada conjunto de correntes que enfeitavam os capitéis no alto das colunas); as bases móveis para levar água com as pias; o Mar e os doze bois debaixo dele; os baldes das cinzas, as pás, os garfos de carne e os demais utensílios. Hurão-Abi fez todos esses utensílios de bronze polido para o templo do S enhor, conforme as instruções do rei Salomão. O rei ordenou que fossem fundidos em moldes de barro no vale do Jordão, entre Sucote e Zaretã. Salomão usou uma quantidade tão grande de bronze que seu peso não pôde ser medido. Salomão também fez toda a mobília para o templo de Deus: o altar de ouro; as mesas para os pães da presença; os candelabros e suas lâmpadas de ouro maciço, para serem acesas diante do lugar santíssimo, conforme determinado; os enfeites de flores, as lâmpadas e as tenazes, todos do ouro mais puro; os cortadores de pavio, as tigelas, as colheres e os incensários, todos de ouro maciço; as dobradiças das portas de entrada do lugar santíssimo e do salão principal do templo, revestidas com ouro. Assim, o rei Salomão concluiu toda a sua obra no templo do S enhor. Então trouxe todos os presentes que seu pai, Davi, havia consagrado — a prata, o ouro e os diversos objetos — e os guardou na tesouraria do templo de Deus. Em seguida, Salomão mandou chamar a Jerusalém todas as autoridades de Israel e todos os líderes das tribos, os chefes das famílias israelitas. Eles levariam a arca da aliança do S enhor do lugar onde estava, na Cidade de Davi, também conhecida como Sião, para o templo. Todos os homens de Israel se reuniram diante do rei durante a Festa das Cabanas, celebrada anualmente no sétimo mês. Quando todos os líderes de Israel chegaram, os levitas ergueram a arca. Os sacerdotes e os levitas levaram a arca do S enhor, junto com a tenda do encontro e todos os seus utensílios sagrados. Ali, diante da arca, o rei Salomão e toda a comunidade de Israel ofereceram tantos sacrifícios de ovelhas e bois que não puderam ser contados. Então os sacerdotes levaram a arca da aliança do S enhor para o santuário interno do templo, o lugar santíssimo, e a colocaram sob as asas dos querubins. Os querubins tinham as asas abertas sobre a arca, e elas cobriam a arca e as varas usadas para transportá-la. Essas varas eram tão compridas que suas pontas podiam ser vistas do lugar santo, diante do lugar santíssimo, mas não de fora; e estão ali até hoje. Na arca havia só as duas tábuas de pedra que Moisés tinha colocado dentro dela no monte Sinai, onde o S enhor fez uma aliança com os israelitas depois que eles saíram da terra do Egito. Então os sacerdotes saíram do lugar santo. Todos eles haviam se purificado, estivessem ou não de serviço naquele dia. E os levitas que eram músicos — Asafe, Hemã, Jedutum, e todos os seus filhos e parentes — vestiam roupas de linho fino e estavam em pé do lado leste do altar, tocando címbalos, liras e harpas. Cento e vinte sacerdotes tocando trombetas os acompanhavam. Os que tocavam trombetas e os cantores, em uníssono, louvaram e agradeceram ao S enhor. Acompanhados de trombetas, címbalos e outros instrumentos, levantaram as vozes e louvaram o S enhor com estas palavras: “Ele é bom! Seu amor dura para sempre!”. Nesse momento, uma densa nuvem encheu o templo do S enhor. Com isso, os sacerdotes não puderam dar continuidade a seus serviços, pois a presença gloriosa do S enhor encheu o templo de Deus. Então Salomão orou: “Ó S enhor, tu disseste que habitarias numa densa nuvem. Agora, construí para ti um templo majestoso, um lugar para habitares para sempre!”. Então o rei se voltou para toda a comunidade de Israel que estava em pé diante dele e abençoou o povo. Em seguida, orou: “Louvado seja o S enhor, o Deus de Israel, que cumpriu o que prometeu a meu pai, Davi, pois lhe disse: ‘Desde o dia em que tirei meu povo da terra do Egito, não escolhi nenhuma cidade das tribos de Israel como lugar onde deveria ser construído um templo em honra ao meu nome. Também não escolhi um líder para meu povo, Israel. Agora, porém, escolhi Jerusalém como lugar para que meu nome seja honrado, e escolhi Davi para reinar sobre Israel, meu povo’”. Salomão disse: “Meu pai, Davi, queria construir este templo em honra ao nome do S enhor, o Deus de Israel. Mas o S enhor lhe disse: ‘Sua intenção de construir um templo em honra ao meu nome é boa, mas essa tarefa não caberá a você. Um de seus filhos construirá o templo em honra ao meu nome’. “O S enhor cumpriu sua promessa, pois eu sou o sucessor de meu pai, Davi, e agora ocupo o trono de Israel, como o S enhor havia prometido. Construí este templo em honra ao nome do S enhor, o Deus de Israel, e coloquei nele a arca que contém a aliança que o S enhor fez com os israelitas”. Então Salomão se pôs diante do altar do S enhor, na presença de toda a comunidade de Israel, e levantou as mãos para orar. Ele havia feito uma plataforma de bronze com 2,25 metros de comprimento, 2,25 metros de largura e 1,35 metro de altura, e a havia colocado no centro do pátio externo do templo. Ficou em pé na plataforma e depois ajoelhou-se diante de toda a comunidade de Israel. Levantou as mãos para o céu e orou: “Ó S enhor, o Deus de Israel, não há Deus como tu em cima, nos céus, nem embaixo, na terra. Tu guardas a tua aliança e mostras amor leal àqueles que andam diante de ti de todo o coração. Cumpriste tua promessa a teu servo Davi, meu pai. Fizeste essa promessa com a tua própria boca e hoje a cumpriste com as tuas próprias mãos. “Agora, ó S enhor, o Deus de Israel, cumpre a outra promessa que fizeste a teu servo Davi, meu pai, quando lhe disseste: ‘Se seus descendentes viverem como devem e seguirem fielmente minha lei, como você fez, sempre haverá um deles no trono de Israel’. Agora, ó S enhor, o Deus de Israel, cumpre a promessa que fizeste a teu servo Davi. “Contudo, será possível que Deus habite na terra com os seres humanos? Nem mesmo os mais altos céus podem contê-lo, muito menos este templo que construí! Ainda assim, ouve minha oração e minha súplica, ó S enhor, meu Deus. Ouve o clamor e a oração que teu servo te faz hoje. Guarda noite e dia este templo, o lugar no qual disseste que colocarias teu nome. Ouve sempre as orações que teu servo fizer voltado para este lugar. Ouve as súplicas de teu servo e de Israel, teu povo, quando orarmos voltados para este lugar. Sim, ouve-nos dos céus onde habitas e, quando ouvires, perdoa-nos. “Se alguém pecar contra outra pessoa, e se for exigido que faça um juramento de inocência diante do teu altar neste templo, ouve dos céus e julga entre teus servos, entre o acusador e o acusado. Castiga o culpado e declara justo o inocente, cada um conforme merece. “Se o teu povo, Israel, for derrotado por seus inimigos porque pecou contra ti, e se voltar para ti, invocar teu nome e orar a ti neste templo, ouve dos céus, perdoa o pecado de teu povo, Israel, e traze-o de volta a esta terra que deste a ele e a seus antepassados. “Se o céu fechar e não houver chuva porque o povo pecou contra ti, e se eles orarem voltados para este templo, invocarem teu nome e se afastarem de seus pecados porque tu os castigaste, ouve dos céus e perdoa os pecados de teus servos, o teu povo, Israel. Ensina-os a seguir o caminho certo e envia chuva à terra que deste por herança a teu povo. “Se houver fome na terra, ou peste, ou praga nas lavouras, ou se elas forem atacadas por gafanhotos ou lagartas, ou se os inimigos do teu povo invadirem a terra e sitiarem suas cidades, seja qual for o desastre ou epidemia que ocorrer, e se alguém do teu povo, ou toda a nação de Israel, orar a respeito de suas dificuldades e aflições com as mãos levantadas para este templo, ouve dos céus onde habitas e perdoa. Trata o teu povo como ele merece, pois somente tu conheces o coração de cada um. Assim eles te temerão e andarão em teus caminhos enquanto viverem na terra que deste a nossos antepassados. “No futuro, estrangeiros que não pertencem a teu povo, Israel, ouvirão falar de ti. Virão de terras distantes quando ouvirem falar do teu grande nome, da tua mão forte e do teu braço poderoso. E, quando orarem voltados para este templo, ouve dos céus onde habitas e concede o que pedem. Assim, todos os povos da terra conhecerão teu nome e te temerão, como faz teu povo, Israel. Também saberão que neste templo que construí teu nome é honrado. “Se o teu povo sair para onde o enviares a fim de lutar contra seus inimigos, e se orarem a ti voltados para esta cidade que escolheste e para este templo, que construí em honra ao teu nome, ouve dos céus suas orações e defende sua causa. “Quando pecarem contra ti, pois não há quem não peque, tua ira cairá sobre eles e tu permitirás que seus inimigos os conquistem e os levem como escravos para terras estrangeiras, próximas ou distantes. Se caírem em si nessa terra de exílio e se arrependerem, suplicando-te: ‘Pecamos, praticamos o mal e agimos perversamente’, e se voltarem para ti de todo o coração e de toda a alma na terra de seu cativeiro e orarem voltados para a terra que deste a seus antepassados, para esta cidade que escolheste e para este templo que construí em honra ao teu nome, ouve dos céus onde habitas suas orações e súplicas e defende sua causa. Perdoa teu povo que pecou contra ti. “Ó meu Deus, olha e ouve atentamente todas as orações feitas a ti neste lugar. “E, agora, levanta-te, ó S enhor Deus, e entra neste teu lugar de descanso, junto à arca, o símbolo do teu poder. Estejam teus sacerdotes, ó S enhor Deus, vestidos de salvação; alegrem-se teus servos leais em tua bondade. Ó S enhor Deus, não rejeites o rei que ungiste. Lembra-te do teu amor leal por teu servo Davi”. Quando Salomão terminou de orar, desceu fogo do céu e queimou os holocaustos e os sacrifícios, e a presença gloriosa do S enhor encheu o templo. Os sacerdotes não podiam entrar no templo do S enhor, pois a presença gloriosa do S enhor havia enchido o templo Quando todos os israelitas viram o fogo descer e a presença gloriosa do S enhor encher o templo, prostraram-se com o rosto no chão, adoraram e louvaram o S enhor, dizendo: “Ele é bom! Seu amor dura para sempre!”. Então o rei e todo o povo ofereceram sacrifícios ao S enhor. O rei Salomão apresentou um sacrifício de 22 mil bois e 120 mil ovelhas. Assim, o rei e todo o povo fizeram a dedicação do templo do S enhor. Os sacerdotes tomaram seus lugares designados, bem como os levitas, que cantavam: “Seu amor dura para sempre!”. Os levitas acompanhavam o cântico com os instrumentos musicais que o rei Davi tinha feito para louvar o S enhor. Os sacerdotes, de frente para os levitas, tocavam as trombetas, e todo o Israel estava em pé. Em seguida, Salomão consagrou a parte central do pátio em frente ao templo do S enhor. Ali apresentou holocaustos e a gordura das ofertas de paz, pois o altar de bronze que ele havia construído era pequeno demais para tantos holocaustos, ofertas de cereal e gordura das ofertas de paz. Durante os sete dias seguintes, Salomão e todo o Israel celebraram a Festa das Cabanas. Uma grande multidão havia se reunido, de lugares distantes como Lebo-Hamate, ao norte, e o ribeiro do Egito, ao sul. No oitavo dia, foi realizada uma cerimônia de encerramento, pois haviam comemorado a dedicação do altar por sete dias e a Festa das Cabanas por mais sete dias. Terminada a festa, Salomão mandou o povo para casa. Foram embora alegres e exultantes, pois o S enhor tinha mostrado toda a sua bondade a Davi, a Salomão e a seu povo, Israel. Salomão terminou o templo do S enhor e o palácio real. Concluiu tudo que havia planejado fazer na construção do templo e do palácio. Então, certa noite, o S enhor lhe apareceu e disse: “Ouvi sua oração e escolhi este templo como o lugar para se fazer sacrifícios. Se, por vezes, eu fechar o céu para que não chova, ou ordenar que gafanhotos devorem suas colheitas, ou enviar pragas entre meu povo, então, se meu povo, que se chama pelo meu nome, humilhar-se e orar, buscar minha presença e afastar-se de seus maus caminhos, eu os ouvirei dos céus, perdoarei seus pecados e restaurarei sua terra. Olharei e ouvirei atentamente cada oração feita neste lugar. Pois escolhi e consagrei este templo, onde meu nome será honrado para sempre. Olharei continuamente para ele, com todo o meu coração. “Quanto a você, se me seguir fielmente, como fez seu pai, Davi, obedecendo a todos os meus mandamentos, decretos e estatutos, estabelecerei o trono de sua dinastia. Pois fiz esta aliança com seu pai, Davi: ‘Um de seus descendentes sempre governará Israel’. “Mas, se você ou seus descendentes me abandonarem e desobedecerem a meus decretos e mandamentos, seguindo e adorando outros deuses, arrancarei o povo desta terra que lhe dei. Rejeitarei este templo que consagrei em honra ao meu nome, e farei dele objeto de zombaria e desprezo entre as nações. E, embora este templo seja agora imponente, todos que passarem perto dele ficarão chocados. Perguntarão: ‘Por que o S enhor fez coisas tão terríveis com esta terra e com este templo?’. “E a resposta será: ‘Porque os israelitas abandonaram o S enhor, o Deus de seus antepassados, que os tirou da terra do Egito e, em lugar dele, adoraram outros deuses e se prostraram diante deles. Por isso ele trouxe sobre eles todas essas calamidades’”. Salomão levou vinte anos para construir o templo do S enhor e o palácio real. Depois desse tempo, voltou sua atenção para a reconstrução das cidades que o rei Hirão lhe tinha dado e nelas estabeleceu israelitas. Salomão também lutou contra a cidade de Hamate-Zobá e a conquistou. Reconstruiu Tadmor, no deserto, e construiu na região de Hamate cidades para servirem como centros de armazenamento. Fortificou as cidades de Bete-Horom Alta e Bete-Horom Baixa, reconstruindo seus muros e colocando portões com trancas. Também reconstruiu Baalate e outros centros de armazenamento e construiu cidades para seus carros de guerra e cavalos. Construiu tudo que desejou em Jerusalém, no Líbano e em todo o reino. Ainda havia na terra habitantes que não eram israelitas: hititas, amorreus, ferezeus, heveus e jebuseus. Eram descendentes das nações que os israelitas não haviam destruído completamente. Salomão os recrutou para trabalhos forçados, e é nessa condição que trabalham até hoje. Mas Salomão não recrutou nenhum israelita para trabalhos forçados; eles o serviram como soldados, oficiais de seu exército, comandantes de carros de guerra e cavaleiros. Nomeou 250 oficiais para supervisionarem os trabalhadores. Salomão transferiu a residência de sua esposa, a filha do faraó, da Cidade de Davi para o novo palácio que ele havia construído para ela. Disse: “Minha esposa não deve morar no palácio de Davi, rei de Israel, pois a arca do S enhor esteve ali, e é lugar sagrado”. Depois, Salomão ofereceu holocaustos ao S enhor sobre o altar que havia construído para ele diante da sala de entrada do templo. Conforme Moisés havia ordenado, oferecia sacrifícios aos sábados, nas festas de lua nova e nas três festas anuais: a Páscoa, a Festa da Colheita e a Festa das Cabanas. Segundo as instruções de seu pai, Davi, designou os turnos dos sacerdotes. Também encarregou os levitas de dirigirem o louvor e ajudarem os sacerdotes em suas responsabilidades diárias. Designou, por divisões, os guardas das portas, de acordo com as ordens de Davi, homem de Deus. Todas as ordens de Davi com respeito aos sacerdotes, aos levitas e aos tesouros foram cumpridas à risca. Salomão certificou-se de que fosse realizado todo o trabalho relacionado à construção do templo do S enhor, desde o dia em que foram lançados os alicerces até a conclusão das obras. Por fim, Salomão foi a Eziom-Geber e a Elate, portos às margens do mar Vermelho, na terra de Edom. Hirão lhe enviou embarcações comandadas por seus próprios oficiais, com uma tripulação de marinheiros experientes. Essas embarcações navegaram com os marinheiros de Salomão para Ofir e trouxeram de volta para o rei Salomão 15.750 quilos de ouro. Quando a rainha de Sabá ouviu falar da fama de Salomão, foi até Jerusalém para pô-lo à prova com perguntas difíceis. Chegou à cidade com uma comitiva numerosa e uma imensa caravana de camelos carregados de especiarias, grande quantidade de ouro e pedras preciosas. Quando se encontrou com Salomão, conversou com ele a respeito de tudo que tinha em mente. Salomão respondeu a todas as suas perguntas; nada era difícil demais para ele explicar. Quando a rainha de Sabá percebeu quanto Salomão era sábio e viu o palácio que ele havia construído, a comida que era servida às mesas do rei, os alojamentos e a organização de seus oficiais e servos, os trajes esplêndidos que vestiam, os copeiros da corte e suas roupas, e os holocaustos que Salomão oferecia no templo do S enhor, ficou muito admirada. Disse ela ao rei: “É verdade tudo que ouvi em meu país a respeito de suas realizações e de sua sabedoria! Não acreditava no que diziam até que cheguei aqui e vi com os próprios olhos. Aliás, não tinham me contado nem a metade a respeito de sua grande sabedoria! Vai muito além do que ouvi. Como deve ser feliz o seu povo! Que privilégio para seus oficiais estarem em sua presença todos os dias, ouvindo sua sabedoria! Louvado seja o S enhor, seu Deus, que se agradou de você e o fez rei para governar para ele. Por causa do amor de Deus por Israel, e porque ele deseja estabelecer para sempre este reino, ele o fez rei para governar com justiça e retidão”. Então ela presenteou o rei com 4.200 quilos de ouro, especiarias em grande quantidade e pedras preciosas. Nunca houve especiarias tão finas como as que a rainha de Sabá deu ao rei Salomão. (Além disso, os marinheiros de Hirão e de Salomão trouxeram ouro de Ofir, madeira de sândalo e pedras preciosas. O rei usou a madeira de sândalo para fazer os degraus das escadas do templo e do palácio real, e também liras e harpas para os músicos. Nunca se tinham visto coisas tão belas em Judá.) O rei Salomão deu à rainha de Sabá tudo que ela pediu, muito mais que os presentes que ela havia trazido. Então ela e sua comitiva regressaram para sua terra. A cada ano, Salomão recebia 23.300 quilos de ouro, sem contar a renda adicional proveniente dos mercadores e comerciantes. Todos os reis da Arábia e os governadores das províncias também lhe traziam ouro e prata. O rei Salomão fez duzentos escudos grandes de ouro batido, cada um pesando 7,2 quilos. Também fez trezentos escudos menores de ouro batido, cada um pesando 3,6 quilos. O rei colocou esses escudos no Palácio da Floresta do Líbano. Então o rei fez um grande trono de marfim revestido de ouro puro. O trono tinha seis degraus e um lugar de descanso para os pés feito de ouro. De cada lado do assento havia um apoio para o braço e, junto de cada apoio, a escultura de um leão. Também havia outros doze leões, um de cada lado dos seis degraus. Nenhum outro trono em todo o mundo se comparava ao de Salomão. Todas as taças do rei Salomão eram de ouro, e todos os utensílios do Palácio da Floresta do Líbano eram de ouro puro. Não eram de prata, pois nos dias de Salomão a prata era considerada um metal sem valor. O rei tinha uma frota de navios mercantes que navegavam com os marinheiros enviados por Hirão. Uma vez a cada três anos, as embarcações voltavam trazendo ouro, prata, marfim, macacos e pavões. Salomão se tornou o mais rico e sábio de todos os reis da terra. Reis de todas as nações vinham consultá-lo e ouvir a sabedoria que Deus lhe tinha dado. A cada ano, os visitantes traziam presentes de prata e ouro, roupas, armas, especiarias, cavalos e mulas. Salomão tinha quatro mil estábulos para seus cavalos e carros de guerra, e doze mil cavalos. Mantinha alguns deles nas cidades designadas para guardar esses carros de guerra e outros perto dele, em Jerusalém. Governava sobre todos os reis, desde o rio Eufrates, ao norte, até a terra dos filisteus e a fronteira do Egito, ao sul. O rei tornou a prata tão comum em Jerusalém como as pedras. E havia tanta madeira valiosa de cedro como as figueiras-bravas que crescem nas colinas de Judá. Os cavalos de Salomão eram importados do Egito e de muitos outros países. Os demais acontecimentos do reinado de Salomão, do início ao fim, estão anotados no Registro do Profeta Natã, na Profecia de Aías, de Siló e nas Visões do Vidente Ido, acerca de Jeroboão, filho de Nebate. Salomão reinou por quarenta anos sobre todo o Israel, em Jerusalém. Quando morreu e se reuniu a seus antepassados, foi sepultado na Cidade de Davi, seu pai. Seu filho Roboão foi seu sucessor. Roboão foi a Siquém, onde todo o Israel havia se reunido para proclamá-lo rei. Quando Jeroboão, filho de Nebate, soube disso, voltou do Egito, para onde havia fugido do rei Salomão. Os líderes de Israel convocaram Jeroboão, e ele e todo o Israel foram falar com Roboão. “Seu pai foi muito duro conosco”, disseram. “Alivie a carga pesada de trabalho e de impostos altos que seu pai nos obrigou a carregar. Então seremos seus súditos leais.” Roboão respondeu: “Voltem daqui três dias para saber minha resposta”. E o povo foi embora. O rei Roboão discutiu o assunto com os homens mais velhos que haviam sido conselheiros de seu pai, Salomão. “O que vocês aconselham?”, perguntou ele. “Como devo responder a este povo?” Eles disseram: “Se o senhor tratar este povo com bondade, se agradá-los e lhes der uma resposta favorável, eles serão seus súditos leais para sempre”. Mas Roboão rejeitou o conselho dos homens mais velhos e pediu a opinião dos jovens que haviam crescido com ele e agora o acompanhavam. “O que vocês aconselham?”, perguntou ele. “Como devemos responder a este povo que deseja que eu alivie as cargas impostas por meu pai?” Os jovens responderam: “Você deve dizer o seguinte a essa gente que diz que seu pai foi muito duro com eles e que pede alívio: ‘Meu dedo mínimo é mais grosso que a cintura de meu pai! Sim, meu pai lhes impôs cargas pesadas, mas eu as tornarei ainda mais pesadas! Meu pai os castigou com chicotes comuns, mas eu os castigarei com chicotes de pontas de metal!’”. Três dias depois, Jeroboão e todo o povo voltaram para saber a decisão do rei, como ele havia ordenado. Roboão lhes respondeu com aspereza, pois rejeitou o conselho dos homens mais velhos e seguiu o conselho dos mais jovens. Disse ao povo: “Meu pai lhes impôs cargas pesadas, mas eu as tornarei ainda mais pesadas! Meu pai os castigou com chicotes comuns, mas eu os castigarei com chicotes de pontas de metal!”. Assim, o rei não atendeu o povo. Essa mudança nos acontecimentos foi da vontade de Deus, pois cumpriu a mensagem do S enhor a Jeroboão, filho de Nebate, por meio do profeta Aías, de Siló. Quando todo o Israel viu que o rei não iria atender a seu pedido, respondeu: “Abaixo a dinastia de Davi! O filho de Jessé nada tem a nos oferecer! Volte para casa, Israel! E você, Davi, cuide de sua própria casa!”. Então todo o povo de Israel voltou para casa. Roboão, porém, continuou a governar sobre os israelitas que moravam nas cidades de Judá. O rei Roboão enviou Adonirão, encarregado dos trabalhos forçados, para restaurar a ordem, mas o povo de Israel o apedrejou até a morte. Quando essa notícia chegou ao rei Roboão, subiu rapidamente em sua carruagem e fugiu para Jerusalém. E até hoje as tribos do norte de Israel se recusam a ser governadas por um descendente de Davi. Quando Roboão chegou a Jerusalém, mobilizou os homens das tribos de Judá e Benjamim, 180 mil dos melhores soldados, para guerrearem contra Israel e recuperarem o reino. O S enhor, porém, disse a Semaías, homem de Deus: “Diga a Roboão, filho de Salomão, rei de Judá, e a todos os israelitas em Judá e Benjamim: ‘Assim diz o S enhor: Não lutem contra seus compatriotas. Voltem para casa, pois eu mesmo fiz isto acontecer!’”. Eles obedeceram à palavra do S enhor e não lutaram contra Jeroboão. Roboão permaneceu em Jerusalém e fortificou várias cidades para defender Judá. Fortificou Belém, Etã, Tecoa, Bete-Zur, Socó, Adulão, Gate, Maressa, Zife, Adoraim, Laquis, Azeca, Zorá, Aijalom e Hebrom. Essas cidades foram fortificadas em Judá e em Benjamim. Roboão fortaleceu suas defesas, colocou nelas comandantes e armazenou provisões de alimento, azeite e vinho. Também colocou nessas cidades escudos e lanças, fortalecendo-as ainda mais. Assim, apenas Judá e Benjamim permaneceram sob seu controle. Todos os sacerdotes e levitas que moravam nas tribos do norte de Israel apoiaram Roboão. Os levitas abandonaram suas pastagens e seus bens e se mudaram para Judá e Jerusalém, pois Jeroboão e seus filhos não permitiam que eles servissem ao S enhor como sacerdotes. Jeroboão nomeou seus próprios sacerdotes para servirem nos santuários idólatras, onde prestavam culto aos ídolos em forma de bodes e bezerros que ele havia feito. De todas as tribos de Israel, aqueles que desejavam sinceramente adorar o S enhor, o Deus de Israel, acompanharam os levitas até Jerusalém, onde podiam oferecer sacrifícios ao S enhor, o Deus de seus antepassados. Fortaleceram o reino de Judá e, durante três anos, apoiaram Roboão, filho de Salomão, pois durante esse tempo seguiram fielmente os passos de Davi e de Salomão. Roboão se casou com sua prima Maalate, filha de Jerimote, filho de Davi. A mãe dela era Abiail, filha de Eliabe, filho de Jessé. Maalate deu à luz três filhos: Jeús, Semarias e Zaão. Depois Roboão se casou com Maaca, neta de Absalão. Maaca deu à luz Abias, Atai, Ziza e Selomite. Roboão amava Maaca mais que a qualquer outra de suas esposas e concubinas. Ao todo, teve 18 esposas e 60 concubinas, que deram à luz 28 filhos e 60 filhas. Roboão nomeou Abias, filho de Maaca, como líder entre seus irmãos e, desse modo, deixou claro que ele seria seu sucessor. Com inteligência, espalhou os outros filhos por toda a terra de Judá e de Benjamim e por todas as cidades fortificadas. Deu-lhes grande quantidade de suprimentos e arranjou muitas esposas para eles. Quando Roboão havia se fortalecido e se estabelecido firmemente, ele e todo o Israel abandonaram a lei do S enhor. Por causa dessa infidelidade ao S enhor, no quinto ano do reinado de Roboão, Sisaque, rei do Egito, subiu e atacou Jerusalém. Veio com 1.200 carros de guerra, 60.000 cavaleiros e um exército incontável de soldados de infantaria líbios, suquitas e etíopes. Sisaque conquistou as cidades fortificadas de Judá e avançou para atacar Jerusalém. Então o profeta Semaías foi ao encontro de Roboão e dos líderes de Judá, que haviam todos fugido para Jerusalém por causa de Sisaque. Semaías lhes disse: “Assim diz o S enhor: ‘Vocês me abandonaram, por isso agora eu os abandonei, entregando-os nas mãos de Sisaque’”. Então os líderes de Israel e o rei se humilharam e disseram: “O S enhor é justo!”. Quando o S enhor viu que eles se humilharam, deu a Semaías esta mensagem: “Visto que se humilharam, não os destruirei completamente, mas logo lhes darei algum alívio. Não usarei Sisaque para derramar minha ira sobre Jerusalém. Eles, contudo, se tornarão servos dele, para que aprendam a diferença entre servir a mim e servir aos governantes da terra”. Então Sisaque, rei do Egito, subiu e atacou Jerusalém. Saqueou os tesouros do templo do S enhor e do palácio real; levou tudo, incluindo os escudos de ouro que Salomão havia feito. Mais tarde, o rei Roboão fez escudos de bronze para substituí-los e os confiou aos oficiais da guarda que protegiam a entrada do palácio real. Sempre que o rei ia ao templo do S enhor, os guardas levavam os escudos e, em seguida, os devolviam à sala da guarda. Porque Roboão se humilhou, a ira do S enhor se afastou dele, e ele não foi completamente destruído. Ainda havia coisas boas na terra de Judá. O rei Roboão se estabeleceu firmemente em Jerusalém e continuou a reinar. Tinha 41 anos quando começou a reinar, e reinou por dezessete anos em Jerusalém, a cidade que o S enhor havia escolhido dentre todas as tribos de Israel como lugar para o seu nome. A mãe de Roboão se chamava Naamá e era de Amom. Ele foi um rei perverso, pois não buscou o S enhor de todo o coração. Os demais acontecimentos do reinado de Roboão, do início ao fim, estão anotados no Registro do Profeta Semaías e no Registro do Vidente Ido, que fazem parte do registro genealógico. Houve guerra constante entre Roboão e Jeroboão. Quando Roboão morreu e se reuniu a seus antepassados, foi sepultado na Cidade de Davi. Seu filho Abias foi seu sucessor. No décimo oitavo ano do reinado de Jeroboão em Israel, Abias começou a reinar em Judá. Reinou por três anos em Jerusalém. Sua mãe se chamava Maaca e era filha de Uriel, de Gibeá. Houve guerra entre Abias e Jeroboão. Judá, sob o comando do rei Abias, foi à batalha com quatrocentos mil de seus melhores soldados, e Jeroboão reuniu oitocentos mil dos melhores soldados de Israel. Quando o exército de Judá chegou à região montanhosa de Efraim, Abias ficou em pé no alto do monte Zemaraim e gritou para Jeroboão e todo o Israel: “Ouçam-me! Não sabem que o S enhor, o Deus de Israel, fez uma aliança permanente com Davi e deu o trono de Israel a seus descendentes para sempre? Mesmo assim, Jeroboão, filho de Nebate, servo de Salomão, filho de Davi, rebelou-se contra seu senhor. Homens desocupados e perversos se juntaram a ele e conspiraram contra Roboão, filho de Salomão, quando ele era jovem, inexperiente e incapaz de enfrentá-los. “Vocês acreditam, de fato, que podem resistir ao reino do S enhor, que ele entregou aos descendentes de Davi? Seu exército é enorme, e vocês têm os bezerros de ouro que Jeroboão fez para serem seus deuses. No entanto, expulsaram os sacerdotes do S enhor, descendentes de Arão, e os levitas e nomearam seus próprios sacerdotes, como fazem as outras nações. Qualquer um que se apresente com um novilho ou sete carneiros para ser consagrado pode se tornar sacerdote de seus falsos deuses! “Quanto a nós, o S enhor é nosso Deus, e não o abandonamos. Somente os descendentes de Arão servem ao S enhor como sacerdotes, e somente os levitas os ajudam em seu trabalho. Eles apresentam holocaustos e incenso aromático ao S enhor todas as manhãs e todas as tardes. Colocam os pães da presença sobre a mesa sagrada e todas as tardes acendem o candelabro de ouro. Nós seguimos as instruções do S enhor, nosso Deus, mas vocês o abandonaram. Podem ver, portanto, que Deus está conosco. Ele é nosso líder. Os sacerdotes dele tocam as trombetas e nos conduzem à batalha contra vocês. Ó israelitas, não lutem contra o S enhor, o Deus de seus antepassados, pois não serão bem-sucedidos!”. Enquanto isso, Jeroboão tinha mandado uma parte de seu exército dar a volta por trás do exército de Judá, formando uma emboscada. Quando os homens de Judá perceberam que eram atacados pela frente e por trás, clamaram ao S enhor. Então os sacerdotes tocaram as trombetas, e os homens de Judá gritaram. Ao som desse brado de guerra, Deus derrotou Jeroboão e dispersou todo o Israel diante de Abias e do exército de Judá. Os israelitas fugiram dos soldados de Judá, e Deus os entregou em suas mãos. Abias e seu exército lhes infligiram grandes perdas; quinhentos mil dos melhores soldados de Israel foram mortos naquele dia. Nessa ocasião, portanto, o exército de Judá derrotou os israelitas, pois confiou no S enhor, o Deus de seus antepassados. Abias e seu exército perseguiram os soldados de Jeroboão e conquistaram as cidades de Betel, Jesana e Efrom, e os povoados ao redor. Jeroboão, rei de Israel, não recuperou seu poder enquanto Abias viveu; por fim, o S enhor feriu Jeroboão, e ele morreu. Enquanto isso, Abias de Judá se tornou cada vez mais poderoso. Casou-se com 14 mulheres e teve 22 filhos e 16 filhas. Os demais acontecimentos do reinado de Abias, incluindo suas palavras e seus atos, estão registrados no Comentário do Profeta Ido. Quando Abias morreu e se reuniu a seus antepassados, foi sepultado na Cidade de Davi. Seu filho Asa foi seu sucessor. Houve paz na terra durante dez anos. Asa fez o que era bom e certo aos olhos do S enhor, seu Deus. Removeu os altares estrangeiros e os santuários idólatras, despedaçou as colunas sagradas e derrubou os postes de Aserá. Ordenou ao povo de Judá que buscasse o S enhor, o Deus de seus antepassados, e obedecesse a suas leis e a seus mandamentos. Asa também removeu os santuários idólatras e os altares de incenso de todas as cidades de Judá. Assim, o reino de Asa desfrutou um tempo de paz. Nesse período, ele construiu cidades fortificadas em toda a terra de Judá. Ninguém lutou contra ele durante esses anos, pois o S enhor lhe deu descanso. Asa disse ao povo de Judá: “Vamos construir essas cidades e fortificá-las com muros, torres, portões e trancas. A terra ainda é nossa porque buscamos o S enhor, nosso Deus, e ele nos deu descanso de todos os lados”. Assim, eles prosseguiram com os projetos e os concluíram com êxito. O rei Asa tinha um exército de 300 mil guerreiros da tribo de Judá, armados com escudos grandes e lanças. Também tinha um exército de 280 mil guerreiros da tribo de Benjamim, armados com escudos pequenos e arcos. Os dois exércitos eram formados por homens valentes. Certa vez, um etíope chamado Zerá atacou Judá com um exército de um milhão de soldados e trezentos carros de guerra. Avançaram até a cidade de Maressa, de modo que Asa saiu com seu exército para a batalha no vale ao norte de Maressa. Então Asa clamou ao S enhor, seu Deus: “Ó S enhor, ninguém além de ti pode ajudar os fracos contra os poderosos! Ajuda-nos, ó S enhor, nosso Deus, pois em ti confiamos. Em teu nome enfrentamos esse exército imenso. Ó S enhor, tu és nosso Deus; não permitas que simples homens prevaleçam contra ti!”. Então o S enhor derrotou os etíopes diante de Asa e do exército de Judá, e eles fugiram. Asa e seu exército os perseguiram até Gerar, e caíram tantos etíopes que não conseguiram se recuperar. Foram destruídos pelo S enhor e por seu exército, e os soldados de Judá levaram grande quantidade de despojos. Enquanto estavam em Gerar, atacaram todas as cidades da região, e o terror do S enhor veio sobre o povo dali. Como resultado, os soldados de Judá levaram muitos despojos também dessas cidades. Atacaram, ainda, os acampamentos onde havia rebanhos e levaram muitas ovelhas e camelos. Em seguida, voltaram para Jerusalém. Então o Espírito de Deus veio sobre Azarias, filho de Odede, e ele foi ao encontro do rei Asa. “Ouça-me, Asa!”, disse ele. “Ouça-me todo o povo de Judá e de Benjamim! O S enhor estará com vocês enquanto estiverem com ele! Sempre que o buscarem, o encontrarão. Mas, se o abandonarem, ele os abandonará. Durante muito tempo, Israel esteve sem o verdadeiro Deus, sem sacerdote para ensiná-los e sem lei para instruí-los. No entanto, sempre que se viram em dificuldades e se voltaram para o S enhor, o Deus de Israel, e o buscaram, eles o encontraram. “Naquele tempo, não era seguro viajar. Problemas afligiam os habitantes de todas as terras. Uma nação lutava contra outra, e uma cidade contra outra, pois Deus os afligia com todo tipo de angústia. Quanto a vocês, porém, sejam fortes e corajosos, pois seu trabalho será recompensado.” Quando Asa ouviu essa mensagem do profeta Azarias, encheu-se de coragem e removeu todos os ídolos repulsivos da terra de Judá e de Benjamim e das cidades que ele havia capturado na região montanhosa de Efraim. Além disso, restaurou o altar do S enhor, que ficava na frente da sala de entrada do templo do S enhor. Depois, Asa reuniu todo o povo de Judá e de Benjamim, e também o povo de Efraim, de Manassés e de Simeão que havia se estabelecido entre eles. Muita gente de Israel tinha se mudado para Judá no reinado de Asa, quando viu que o S enhor, seu Deus, estava com ele. Reuniram-se em Jerusalém no terceiro mês do décimo quinto ano do reinado de Asa. Naquele dia, sacrificaram ao S enhor setecentos bois e sete mil ovelhas dos despojos que haviam tomado na batalha. Então fizeram um acordo de buscar o S enhor, o Deus de seus antepassados, de todo o coração e de toda a alma. Concordaram que qualquer um que não buscasse o S enhor, o Deus de Israel, deveria morrer, jovem ou idoso, homem ou mulher. Fizeram esse juramento de lealdade ao S enhor em alta voz, ao som de trombetas e clarins. Todo o Judá se alegrou com esse acordo, pois o fizeram de todo o coração. Buscaram o S enhor com sinceridade e o encontraram. E o S enhor lhes deu descanso de todos os lados. O rei Asa chegou a depor sua avó Maaca da posição de rainha-mãe, pois ela havia feito um poste obsceno para a deusa Aserá. Derrubou esse poste obsceno, o quebrou e o queimou no vale de Cedrom. Embora os santuários idólatras não tivessem sido removidos de Israel, o coração de Asa permaneceu inteiramente fiel durante toda a sua vida. Ele trouxe para o templo de Deus a prata, o ouro e os diversos utensílios que ele e seu pai haviam consagrado. Não houve mais guerra até o trigésimo quinto ano do reinado de Asa. No trigésimo sexto ano do reinado de Asa, Baasa, rei de Israel, invadiu Judá e fortificou Ramá, a fim de impedir que qualquer um entrasse ou saísse do território de Asa, rei de Judá. Em resposta, Asa removeu a prata e o ouro dos tesouros do templo do S enhor e do palácio real. Enviou a prata e o ouro a Ben-Hadade, rei da Síria, que governava em Damasco, com a seguinte mensagem: “Façamos um acordo, você e eu, como aquele que houve entre seu pai e o meu. Envio-lhe prata e ouro. Rompa seu acordo com Baasa, rei de Israel, para que ele me deixe em paz”. Ben-Hadade aceitou a proposta do rei Asa e enviou os comandantes de seu exército para atacarem as cidades de Israel. Eles conquistaram Ijom, Dã, Abel-Bete-Maaca e todas as cidades de Naftali que serviam como centros de armazenamento. Quando Baasa, rei de Israel, soube o que havia acontecido, abandonou seu projeto de fortificar Ramá e parou todas as obras ali. Então o rei Asa ordenou aos homens de Judá que levassem embora as pedras e a madeira usadas por Baasa para fortificar Ramá. Asa empregou esses materiais para fortificar as cidades de Geba e Mispá. Por esse tempo, o vidente Hanani foi a Asa, rei de Judá, e lhe disse: “Uma vez que você confiou no rei da Síria, em vez de confiar no S enhor, seu Deus, perdeu a oportunidade de destruir o exército do rei da Síria. Você não se lembra do que aconteceu aos etíopes, aos líbios e a seu exército enorme, com todos os seus carros de guerra e cavaleiros? Naquela ocasião, você confiou no S enhor, e ele os entregou em suas mãos. Os olhos do S enhor passam por toda a terra para mostrar sua força àqueles cujo coração é inteiramente dedicado a ele. Como você foi tolo! De agora em diante, haverá guerras contra você”. Asa se irou tanto com o vidente por lhe ter dito isso que mandou prendê-lo e colocá-lo no tronco. Nessa época, Asa também começou a oprimir duramente alguns do povo. Os demais acontecimentos do reinado de Asa, do início ao fim, estão registrados no Livro dos Reis de Judá e de Israel. No trigésimo nono ano de seu reinado, Asa foi atacado por uma doença nos pés. Embora a doença fosse muito grave, ele não buscou a ajuda do S enhor, mas só dos médicos. Então, no quadragésimo primeiro ano de seu reinado, morreu e se reuniu a seus antepassados. Foi sepultado no túmulo que havia mandado abrir na Cidade de Davi. Foi colocado num leito perfumado com especiarias e vários óleos aromáticos, e o povo fez uma imensa fogueira em sua honra. Josafá, filho de Asa, foi seu sucessor. Ele fortaleceu Judá, para que pudesse resistir a Israel. Colocou tropas em todas as cidades fortificadas de Judá e designou guarnições adicionais para a terra de Judá e para as cidades de Efraim que seu pai, Asa, havia conquistado. O S enhor esteve com Josafá, pois ele seguiu o exemplo dos primeiros anos de seu pai e não adorou as imagens de Baal. Buscou o Deus de seu pai e obedeceu a seus mandamentos, em vez de seguir as práticas perversas do reino de Israel. Por isso, o S enhor estabeleceu o controle de Josafá sobre o reino de Judá. Todo o povo de Judá trazia tributos a Josafá, e ele se tornou muito rico e respeitado. Comprometeu-se de coração a seguir os caminhos do S enhor. Removeu de Judá os santuários idólatras e os postes de Aserá. No terceiro ano de seu reinado, enviou seus oficiais Ben-Hail, Obadias, Zacarias, Natanael e Micaías para ensinarem em todas as cidades de Judá. Com eles foram os levitas Semaías, Netanias, Zebadias, Asael, Semiramote, Jônatas, Adonias, Tobias e Tobe-Adonias e os sacerdotes Elisama e Jeorão. Eles levaram consigo cópias do Livro da Lei do S enhor e foram por todas as cidades de Judá, ensinando o povo. Então o temor do S enhor caiu sobre todos os reinos vizinhos, de modo que nenhum deles declarou guerra a Josafá. Alguns filisteus trouxeram presentes e prata como tributo, e os árabes trouxeram 7.700 carneiros e 7.700 bodes. Josafá se tornou cada vez mais poderoso e construiu fortalezas e cidades para servirem como centros de armazenamento em toda a terra de Judá. Guardou muitos suprimentos nas cidades de Judá e colocou em Jerusalém um exército com guerreiros experientes. Seu exército foi registrado de acordo com os clãs. De Judá havia 300 mil soldados organizados em grupos de mil, sob o comando de Adna. Em seguida, vinha Joanã, que comandava 280 mil soldados. Depois dele vinha Amazias, filho de Zicri, que se apresentou voluntariamente para o serviço do S enhor e que comandava 200 mil soldados. De Benjamim havia 200 mil soldados equipados com arcos e escudos. Seu comandante era Eliada, guerreiro experiente. Em seguida, vinha Jozabade, que comandava 180 mil homens armados. Essas eram as tropas que estavam à disposição do rei, além daquelas que ele havia colocado nas cidades fortificadas em toda a terra de Judá. Josafá, muito rico e respeitado, aliou-se a Acabe por meio do casamento de seu filho com a filha de Acabe. Alguns anos depois, foi a Samaria visitar Acabe, que ofereceu a ele e a seus oficiais um enorme banquete, para o qual abateu um grande número de ovelhas e bois. Então Acabe persuadiu Josafá a unir forças com ele para recuperar Ramote-Gileade. Acabe, rei de Israel, perguntou a Josafá, rei de Judá: “Você irá comigo a Ramote-Gileade?”. Josafá respondeu: “Claro que sim! Você e eu somos como um só. Meus soldados são seus soldados. Certamente iremos com você à batalha!”. E acrescentou: “Antes, porém, consulte o S enhor ”. Então o rei de Israel convocou os profetas, cerca de quatrocentos no total, e perguntou: “Devemos ir à guerra contra Ramote-Gileade ou não?”. Todos eles responderam: “Sim, devem! Deus entregará o inimigo nas mãos do rei”. Josafá, porém perguntou: “Acaso não há aqui um profeta do S enhor? Devemos consultá-lo também”. O rei de Israel respondeu a Josafá: “Há mais um homem que pode consultar o S enhor para nós, mas eu o odeio, pois nunca profetiza nada de bom a meu respeito, só coisas ruins! Chama-se Micaías, filho de Inlá”. “O rei não devia falar assim”, respondeu Josafá. Então o rei de Israel chamou um de seus oficiais e disse: “Traga Micaías, filho de Inlá. Rápido!”. Vestidos com seus trajes reais, o rei de Israel e Josafá, rei de Judá, estavam sentados cada um em seu trono na eira junto à porta de Samaria. Todos os profetas estavam profetizando diante deles. Um dos profetas, Zedequias, filho de Quenaaná, fez chifres de ferro e declarou: “Assim diz o S enhor: ‘Com estes chifres o rei ferirá os sírios até a morte!’”. Todos os outros profetas concordaram, dizendo: “Sim, suba a Ramote-Gileade e seja vitorioso, pois o S enhor a entregará nas mãos do rei!”. Enquanto isso, o mensageiro que foi buscar Micaías lhe disse: “Veja, todos os profetas prometem vitória para o rei. Concorde com eles e também prometa sucesso”. Micaías, porém, respondeu: “Tão certo como vive o S enhor, direi apenas o que meu Deus ordenar”. Quando Micaías chegou, o rei lhe perguntou: “Micaías, devemos ir à guerra contra Ramote-Gileade ou não?”. Micaías respondeu: “Sim, suba e será vitorioso, pois eles serão entregues em suas mãos!”. Mas o rei disse: “Quantas vezes preciso exigir que diga somente a verdade quando falar em nome do S enhor?”. Então Micaías respondeu: “Vi todo o Israel espalhado pelos montes, como ovelhas sem pastor. E o S enhor disse: ‘Seu líder foi morto. Mande-os para casa em paz’”. O rei de Israel disse a Josafá: “Não falei? Ele nunca profetiza nada de bom a meu respeito, mas apenas coisas ruins”. Micaías prosseguiu: “Ouça o que o S enhor diz! Vi o S enhor sentado em seu trono, com todo o exército do céu ao redor, à sua direita e à sua esquerda. E o S enhor perguntou: ‘Quem enganará Acabe, rei de Israel, para que vá à guerra contra Ramote-Gileade e seja morto ali?’. “Houve muitas sugestões, até que, por fim, um espírito se aproximou do S enhor e disse: ‘Eu o enganarei!’. “‘De que maneira?’, perguntou o S enhor. “E o espírito respondeu: ‘Sairei e porei um espírito mentiroso na boca de todos os seus profetas’. “O S enhor disse: ‘Você conseguirá enganá-lo. Vá e faça isso!’. “Como vê, o S enhor pôs um espírito mentiroso na boca de todos os seus profetas, pois o S enhor decretou sua desgraça”. Então Zedequias, filho de Quenaaná, se aproximou de Micaías e lhe deu uma bofetada. “Como foi que o Espírito do S enhor me deixou para falar com você?”, perguntou ele. Micaías respondeu: “Você descobrirá em breve, quando tentar se esconder em algum quarto secreto!”. Então o rei de Israel ordenou: “Prendam Micaías e levem-no de volta a Amom, governador da cidade, e a meu filho Joás, com a seguinte ordem: ‘Ponham este homem na prisão e deem-lhe apenas pão e água até que eu volte da batalha em segurança!’”. Micaías, porém, respondeu: “Se voltar em segurança, significará que o S enhor não falou por meu intermédio!”. E acrescentou aos que estavam ao redor: “Todos vocês, prestem atenção às minhas palavras!”. Então o rei de Israel e Josafá, rei de Judá, levaram seus exércitos para atacar Ramote-Gileade. O rei de Israel disse a Josafá: “Quando entrarmos no combate, usarei um disfarce para que ninguém me reconheça, mas você vestirá seus trajes reais”. O rei de Israel se disfarçou, e os dois foram à batalha. Enquanto isso, o rei da Síria tinha dado as seguintes ordens aos comandantes dos carros de guerra: “Ataquem somente o rei de Israel. Não lutem contra ninguém mais!”. Quando os comandantes dos carros de guerra sírios viram Josafá em seus trajes reais, foram atrás dele. “É o rei de Israel!”, disseram. Contudo, Josafá clamou, e o S enhor o salvou. Deus o ajudou e afastou dele seus inimigos. Assim que os comandantes dos carros perceberam que ele não era o rei de Israel, pararam de persegui-lo. Então um soldado sírio disparou uma flecha a esmo e acertou o rei de Israel entre as juntas de sua armadura. “Dê a volta e tire-me daqui!”, exclamou Acabe para o condutor de seu carro. “Estou gravemente ferido!” A batalha, cada vez mais violenta, prosseguiu durante todo o dia, e o rei permaneceu em pé, apoiado em seu carro, de frente para os sírios. Ao entardecer, quando o sol se punha, ele morreu. Quando Josafá, rei de Judá, voltou em segurança a seu palácio, em Jerusalém, o vidente Jeú, filho de Hanani, saiu ao encontro dele. “Por que o rei ajuda os perversos e ama os que odeiam o S enhor?”, perguntou-lhe Jeú. “Por causa disso, o S enhor está muito irado com você. Mas ainda há algo de bom em você, pois removeu os postes de Aserá de toda a terra e buscou a Deus de todo o coração.” Josafá morava em Jerusalém, mas saía para visitar o povo por todo o território, desde Berseba até a região montanhosa de Efraim, a fim de animar todos a voltarem para o S enhor, o Deus de seus antepassados. Nomeou juízes na terra, em todas as cidades fortificadas, e lhes disse: “Sejam cuidadosos! Lembrem-se de que não estão julgando para agradar as pessoas, mas para agradar o S enhor. Ele estará com vocês sempre que derem um veredicto. Temam o S enhor e julguem com integridade, pois o S enhor, nosso Deus, não tolera injustiça, nem parcialidade, nem suborno”. Em Jerusalém, Josafá nomeou alguns levitas, sacerdotes e chefes de famílias de Israel para julgarem os casos que envolvessem a lei do S enhor e questões civis. Estas foram suas ordens para eles: “Ajam sempre no temor do S enhor, com fidelidade e coração íntegro. Toda vez que chegar até vocês uma causa de seus compatriotas israelitas de outras cidades, seja de homicídio, seja de outra violação da lei, dos mandamentos, dos decretos ou dos estatutos de Deus, advirtam-nos para que eles não pequem contra o S enhor, a fim de que a ira dele não venha sobre vocês e sobre eles. Se agirem desse modo, estarão livres de culpa. “Amarias, o sumo sacerdote, terá a última palavra nos casos relacionados ao S enhor. Zebadias, filho de Ismael, líder da tribo de Judá, terá a última palavra em todas as questões relativas ao reino. Os levitas os ajudarão nesses trabalhos. Sejam corajosos no cumprimento de seus deveres, e que o S enhor esteja com aqueles que agirem corretamente!”. Depois disso, os exércitos dos moabitas e dos amonitas e alguns meunitas declararam guerra a Josafá. Mensageiros informaram a Josafá: “Um exército enorme de Edom vem de além do mar Morto contra o rei. Já está em Hazazom-Tamar (isto é, em En-Gedi)”. Josafá ficou amedrontado com essa notícia e pediu orientação ao S enhor. Ordenou um jejum em todo o Judá, e habitantes de todas as cidades de Judá vieram a Jerusalém para buscar a ajuda do S enhor. Josafá se pôs em pé diante da comunidade de Judá e de Jerusalém, em frente ao pátio novo do templo do S enhor, e orou: “Ó S enhor, o Deus de nossos antepassados, somente tu és o Deus que está nos céus. Tu governas todos os reinos da terra. És forte e poderoso, e ninguém pode resistir a ti! Ó nosso Deus, acaso não expulsaste os habitantes desta terra quando Israel, teu povo, chegou? Não deste esta terra para sempre aos descendentes de teu amigo Abraão? Teu povo se estabeleceu aqui e construiu este templo em honra ao teu nome. Disseram: ‘Se enfrentarmos alguma calamidade, como guerra, praga ou fome, nos colocaremos em tua presença diante deste templo onde teu nome é honrado. Clamaremos a ti em nossa angústia, e tu nos ouvirás e nos salvarás’. “Agora, vê o que fazem os exércitos de Amom, Moabe e do monte Seir. Tu não permitiste que nossos antepassados invadissem essas nações quando Israel saiu do Egito, por isso os israelitas se desviaram deles e não os destruíram. Vê como nos retribuem! Vieram nos expulsar de nossa terra, que nos deste por herança. Ó nosso Deus, não os castigarás por isso? Não temos forças para lutar com esse exército imenso que está prestes a nos atacar. Não sabemos o que fazer, mas esperamos o socorro que vem de ti”. Enquanto todos os homens de Judá estavam diante do S enhor com suas crianças de colo, suas esposas e seus filhos, o Espírito do S enhor veio sobre um homem ali no meio. Seu nome era Jaaziel, filho de Zacarias, filho de Benaia, filho de Jeiel, filho de Matanias, levita descendente de Asafe. Ele disse: “Escutem-me, todos vocês, povo de Judá e de Jerusalém! Escute, rei Josafá! Assim diz o S enhor: Não tenham medo! Não fiquem desanimados por causa desse exército imenso, pois a batalha não é sua, mas de Deus. Amanhã, marchem contra eles. Vocês os encontrarão vindo pela subida de Ziz, no fim do vale que abre para o deserto de Jeruel. Quando os encontrarem, porém, não terão de lutar. Tomem suas posições; depois, fiquem parados e vejam o livramento do S enhor. Ele está com vocês, povo de Judá e de Jerusalém. Não tenham medo nem desanimem. Saiam para enfrentá-los amanhã, pois o S enhor está com vocês!”. Então o rei Josafá se prostrou com o rosto no chão, e todo o povo de Judá e de Jerusalém fez o mesmo, em adoração ao S enhor. Em seguida, os levitas dos clãs de Coate e de Coré se levantaram para louvar em alta voz o S enhor, o Deus de Israel. Bem cedo, na manhã seguinte, o exército de Judá saiu para o deserto de Tecoa. No caminho, Josafá parou e disse: “Escutem-me, povo de Judá e de Jerusalém! Creiam no S enhor, seu Deus, e permanecerão firmes. Creiam em seus profetas e terão êxito”. Depois de consultar o povo, o rei nomeou cantores para irem adiante do exército, cantando e louvando o S enhor por sua santa majestade. Cantavam assim: “Deem graças ao S enhor; seu amor dura para sempre!”. No momento em que começaram a cantar e louvar, o S enhor trouxe confusão sobre os exércitos de Amom, Moabe e do monte Seir, e eles começaram a lutar entre si. Os exércitos de Moabe e Amom se voltaram contra seus aliados do monte Seir e mataram todos eles. Depois que haviam destruído o exército de Seir, começaram a atacar uns aos outros. Quando os homens de Judá chegaram ao local de onde se avista o deserto, viram apenas cadáveres no chão, até onde se podia enxergar. Não escapou nem um só dos inimigos. O rei Josafá e seus homens saíram para recolher os despojos. Encontraram grande quantidade de suprimentos, roupas e outros objetos de valor, mais do que eram capazes de carregar. Havia tantos despojos que levaram três dias para recolher tudo. No quarto dia, reuniram-se no vale de Beracá, que recebeu esse nome depois daquele dia, pois louvaram o S enhor ali. Por isso, até hoje é chamado de vale de Beracá. Então todos os soldados de Judá e de Jerusalém voltaram, com Josafá à frente, muito alegres porque o S enhor lhes tinha dado vitória sobre seus inimigos. Entraram marchando em Jerusalém, ao som de harpas, liras e trombetas, e foram ao templo do S enhor. Quando todos os reinos vizinhos souberam que o próprio S enhor havia lutado contra os inimigos de Israel, o temor de Deus veio sobre eles. E o reino de Josafá teve paz, pois seu Deus lhe deu descanso de todos os lados. Assim, Josafá reinou sobre a terra de Judá. Tinha 35 anos quando começou a reinar, e reinou em Jerusalém por 25 anos. Sua mãe se chamava Azuba e era filha de Sili. Josafá foi um bom rei, que seguiu o exemplo de seu pai, Asa, e fez o que era certo aos olhos do S enhor. Contudo, não removeu todos os santuários idólatras, e o povo não se comprometeu a seguir o Deus de seus antepassados. Os demais acontecimentos do reinado de Josafá, do início ao fim, estão anotados nos Registros de Jeú, filho de Hanani, e foram incluídos no Livro dos Reis de Israel. Algum tempo depois, Josafá, rei de Judá, fez um acordo com Acazias, rei de Israel, que era um homem muito perverso. Juntos, construíram uma frota de navios mercantes no porto em Eziom-Geber. Então Eliézer, filho de Dodava, de Maressa, profetizou contra Josafá, dizendo: “Porque você se aliou ao rei Acazias, o S enhor destruirá o que você construiu”. Assim, as embarcações naufragaram e nunca chegaram a navegar. Quando Josafá morreu, foi sepultado com seus antepassados na Cidade de Davi. Seu filho Jeorão foi seu sucessor. Os irmãos de Jeorão, os outros filhos de Josafá, foram: Azarias, Jeiel, Zacarias, Micael e Sefatias; todos foram filhos de Josafá, rei de Judá. Seu pai tinha dado a cada um deles presentes caros de prata, ouro e objetos de valor, e também algumas das cidades fortificadas de Judá. Contudo, nomeou Jeorão para ser seu sucessor, pois era o filho mais velho. Quando Jeorão havia se estabelecido firmemente no reino de seu pai, matou todos os seus irmãos e outros líderes de Judá. Jeorão tinha 32 anos quando começou a reinar, e reinou em Jerusalém por oito anos. Seguiu o exemplo dos reis de Israel e foi tão perverso quanto a família do rei Acabe, pois se casou com uma das filhas de Acabe. Jeorão fez o que era mau aos olhos do S enhor. Mas o S enhor não quis destruir a dinastia de Davi, pois havia feito uma aliança com Davi e prometido que seus descendentes continuariam a brilhar como uma lâmpada para sempre. Durante o reinado de Jeorão, os edomitas se rebelaram contra Judá e proclamaram seu próprio rei. Então Jeorão saiu com todo o seu exército e todos os seus carros de guerra. Os edomitas cercaram o rei e os comandantes de seus carros, mas ele saiu à noite e os atacou. Ainda assim, até hoje Edom é independente de Judá. A cidade de Libna também se rebelou nessa ocasião. Tudo isso aconteceu porque Jeorão havia abandonado o S enhor, o Deus de seus antepassados. Havia construído santuários idólatras na região montanhosa de Judá e levado o povo de Judá e de Jerusalém a prostituir-se e desviar-se. Então o profeta Elias escreveu esta carta para Jeorão: “Assim diz o S enhor, o Deus de seu antepassado Davi: Você não seguiu o bom exemplo de seu pai, Josafá, nem de seu avô, Asa, rei de Judá. Em vez disso, tem sido tão perverso quanto os reis de Israel e tem levado o povo de Jerusalém e de Judá a prostituir-se, como fez o rei Acabe em Israel. E chegou a matar seus próprios irmãos, homens melhores que você. Por isso, agora o S enhor está prestes a castigar você, seu povo, seus filhos, suas esposas e tudo que lhe pertence, com uma terrível praga. Você sofrerá de uma séria doença intestinal que se agravará a cada dia, até que seus intestinos saiam do corpo”. Então o S enhor instigou os filisteus e os árabes que moravam perto dos etíopes a atacarem Jeorão. Eles marcharam contra Judá, romperam suas defesas e levaram tudo que era de valor do palácio real, e também os filhos e as esposas do rei. Somente Acazias, seu filho mais novo, foi poupado. Depois de tudo isso, o S enhor feriu Jeorão com uma doença intestinal incurável. Ela se tornou cada vez mais grave e, ao fim de dois anos, seus intestinos saíram do corpo e ele morreu em agonia. Seu povo não fez nenhuma fogueira em sua homenagem, como havia feito para seus antepassados. Jeorão tinha 32 anos quando começou a reinar, e reinou em Jerusalém por oito anos. Ninguém lamentou sua morte. Ele foi sepultado na Cidade de Davi, mas não no cemitério dos reis. Então o povo de Jerusalém proclamou Acazias, filho mais novo de Jeorão, o novo rei, pois os bandos de saqueadores que vieram com os árabes tinham matado todos os filhos mais velhos de Jeorão. Assim, Acazias, filho de Jeorão, reinou em Judá. Acazias tinha 22 anos quando começou a reinar, e reinou em Jerusalém por um ano. Sua mãe era Atalia, neta do rei Onri. Acazias também seguiu o exemplo da família do rei Acabe, pois sua mãe o incentivou a praticar o mal. Fez o que era mau aos olhos do S enhor, como a família de Acabe. Depois da morte de seu pai, eles se tornaram seus conselheiros e o levaram à ruína. Seguindo o conselho deles, Acazias se uniu a Jorão, filho de Acabe, rei de Israel, na guerra contra Hazael, rei da Síria, em Ramote-Gileade. Quando os sírios feriram Jorão na batalha, ele voltou a Jezreel para se recuperar dos ferimentos sofridos em Ramote. Visto que Jorão estava ferido, Acazias, rei de Judá, foi visitá-lo em Jezreel. Deus havia decidido que essa visita seria a ruína de Acazias. Enquanto Acazias estava em Jezreel, saiu com Jorão ao encontro de Jeú, neto de Ninsi, a quem o S enhor havia escolhido para destruir a dinastia de Acabe. Quando Jeú executava o juízo contra a família de Acabe, encontrou alguns oficiais de Judá e parentes de Acazias que o serviam, e os matou. Então os homens de Jeú partiram em busca de Acazias e o encontraram escondido na cidade de Samaria. Eles o trouxeram a Jeú e o mataram. Acazias recebeu um sepultamento digno, pois o povo disse: “Ele era neto de Josafá, homem que buscou o S enhor de todo o coração”. Contudo, nenhum dos membros da família de Acazias que sobreviveram conseguiu reinar em seu lugar. Quando Atalia, mãe de Acazias, rei de Judá, soube que seu filho estava morto, mandou exterminar o restante da família real de Judá. Mas Jeoseba, filha do rei Jeorão, pegou Joás, o filho ainda pequeno de Acazias, dentre os outros filhos do rei que estavam para ser mortos, e o colocou num quarto com sua ama. Assim, Jeoseba, esposa do sacerdote Joiada e irmã de Acazias, escondeu o menino para que Atalia não o matasse. Joás ficou escondido com eles no templo de Deus durante seis anos, enquanto Atalia governava o país. No sétimo ano do reinado de Atalia, o sacerdote Joiada decidiu agir. Criou coragem e fez um acordo com os comandantes dos batalhões: Azarias, filho de Jeroão; Ismael, filho de Joanã; Azarias, filho de Obede; Maaseias, filho de Adaías; e Elisafate, filho de Zicri. Esses homens viajaram por todo o reino de Judá e convocaram os levitas e os chefes das famílias de todas as cidades para irem a Jerusalém. Todos se reuniram no templo de Deus, onde firmaram um pacto solene com o jovem rei Joás. Joiada lhes disse: “Aqui está o filho do rei! Chegou a hora de ele governar! O S enhor prometeu que um descendente de Davi seria nosso rei. Vocês devem fazer o seguinte: quando os sacerdotes e os levitas entrarem em serviço no sábado, uma terça parte de vocês ficará de guarda nas portas. Outra terça parte irá ao palácio real. E a última terça parte ficará de guarda na Porta do Alicerce. Os demais permanecerão nos pátios do templo do S enhor. Lembrem-se: apenas os sacerdotes e os levitas de serviço podem entrar no templo do S enhor, pois foram consagrados. O restante do povo deve obedecer às instruções do S enhor e ficar do lado de fora. Vocês, levitas, posicionem-se em volta do rei, de armas na mão. Matem qualquer pessoa que tentar entrar no templo. Permaneçam com o rei aonde ele for”. Então os levitas e o povo de Judá fizeram tudo que o sacerdote Joiada ordenou. Os comandantes se encarregaram dos homens que iam entrar em serviço naquele sábado e dos que iam sair. O sacerdote Joiada não deixou ninguém ir para casa no fim do turno. Depois, Joiada forneceu aos comandantes as lanças e os escudos grandes e pequenos que haviam pertencido ao rei Davi e que estavam guardados no templo de Deus. Posicionou todos os homens em volta do rei, de armas na mão. Formaram uma fileira desde o lado sul do templo até o lado norte e ao redor do altar. Então Joiada e seus filhos trouxeram Joás, o filho do rei, para fora, puseram a coroa em sua cabeça e lhe entregaram uma cópia da lei. Depois, ungiram Joás e o proclamaram rei, e todos gritaram: “Viva o rei!”. Quando Atalia ouviu o barulho do povo correndo e os gritos de louvor ao rei, foi para o templo do S enhor, onde o povo estava reunido. Ao chegar, viu o rei em pé, no lugar de honra junto à coluna na entrada do templo. Estava rodeado pelos comandantes e tocadores de trombeta, e gente de toda a terra se alegrava e tocava trombetas. Cantores com instrumentos musicais dirigiam o povo numa grande celebração. Quando Atalia viu tudo isso, rasgou suas roupas e gritou: “Traição! Traição!”. Então o sacerdote Joiada ordenou aos comandantes encarregados das tropas: “Levem-na aos soldados que estão na frente do templo e matem qualquer pessoa que a seguir”. Pois o sacerdote tinha dito: “Ela não deve ser morta dentro do templo do S enhor ”. Eles a prenderam e a levaram à porta dos Cavalos, no terreno do palácio, e a mataram ali. Joiada fez uma aliança entre ele, o povo e o rei, estabelecendo que eles seriam o povo do S enhor. Todo o povo foi ao templo de Baal e o derrubou. Demoliram os altares, despedaçaram os ídolos e executaram Matã, sacerdote de Baal, em frente aos altares. Joiada encarregou os sacerdotes e os levitas de cuidarem do templo do S enhor, segundo as instruções de Davi. Ordenou que apresentassem holocaustos ao S enhor, como ordenava a lei de Moisés, com cânticos e alegria, conforme Davi tinha instruído. Também pôs guardas às portas do templo do S enhor, para que não entrasse ninguém que, por algum motivo, estivesse cerimonialmente impuro. Então os comandantes dos batalhões, os nobres, os governantes e todo o povo da terra escoltaram o rei para fora do templo do S enhor. Passaram pela porta Superior e entraram no palácio, onde o rei se sentou no trono real. Todo o povo do reino se alegrou e a cidade ficou em paz, pois Atalia tinha sido morta. Joás tinha 7 anos quando começou a reinar, e reinou em Jerusalém por quarenta anos. Sua mãe se chamava Zíbia e era de Berseba. Joás fez o que era certo aos olhos do S enhor enquanto o sacerdote Joiada estava vivo. Joiada escolheu duas esposas para Joás, e ele teve filhos e filhas. Algum tempo depois, Joás resolveu fazer reparos no templo do S enhor. Reuniu os sacerdotes e os levitas e lhes deu as seguintes instruções: “Vão a todas as cidades de Judá e recolham o imposto anual para fazer os reparos no templo do S enhor. Façam isso logo!”. Os levitas, porém, não se apressaram. Então o rei mandou chamar o sumo sacerdote Joiada e lhe perguntou: “Por que você não exigiu que os levitas saíssem e recolhessem os impostos que as cidades de Judá e a cidade de Jerusalém devem pagar para o templo? Moisés, servo do S enhor, estabeleceu que a comunidade de Israel pagasse esse imposto para a manutenção do tabernáculo da aliança”. Ao longo dos anos, os seguidores da perversa Atalia haviam arrombado o templo de Deus e usado os objetos sagrados do templo do S enhor para adorar as imagens de Baal. Por isso, o rei ordenou que fizessem uma caixa grande e a colocassem do lado de fora da porta do templo do S enhor. Então foi proclamado em Judá e em Jerusalém que o povo devia trazer ao S enhor o imposto que Moisés, servo de Deus, havia requerido dos israelitas no deserto. Isso agradou todos os líderes e o povo, e eles trouxeram de bom grado suas contribuições e as colocaram na caixa até enchê-la. Sempre que a caixa ficava cheia, os levitas a levavam aos oficiais do rei. O secretário da corte e um oficial do sumo sacerdote a esvaziavam e a levavam de volta ao templo. Assim faziam diariamente e reuniram muitos recursos. O rei e Joiada entregavam o valor aos supervisores da construção, que contratavam pedreiros, carpinteiros e artífices que trabalhavam com ferro e bronze para reformar o templo do S enhor. Os homens encarregados da reforma trabalhavam com dedicação, e a obra foi progredindo. Restauraram o templo de Deus de acordo com o modelo original e o reforçaram. Quando todos os reparos foram concluídos, trouxeram ao rei e a Joiada os recursos que sobraram. O valor foi usado para fazer diversos objetos para o templo do S enhor, utensílios para o serviço e para os holocaustos, além de vasilhas e outros objetos de ouro e de prata. Enquanto o sacerdote Joiada viveu, os holocaustos eram oferecidos continuamente no templo do S enhor. Joiada viveu muitos anos e morreu em idade avançada, com 130 anos. Foi sepultado entre os reis na Cidade de Davi, pois havia feito o bem em Israel para Deus e seu templo. Depois da morte de Joiada, os líderes de Judá vieram ao rei Joás e se curvaram diante dele, e ele ouviu seus conselhos. Abandonaram o templo do S enhor, o Deus de seus antepassados, e adoraram postes de Aserá e ídolos. Por causa desse pecado, a ira de Deus veio sobre Judá e Jerusalém. Ainda assim, o S enhor enviou profetas para trazê-los de volta para ele. Os profetas os advertiram, mas o povo não quis ouvir. Então o Espírito de Deus veio sobre Zacarias, filho do sacerdote Joiada. Ele se pôs em pé diante do povo e disse: “Isto é o que Deus diz: ‘Por que vocês desobedecem aos mandamentos do S enhor e, com isso, deixam de prosperar? Visto que abandonaram o S enhor, agora ele os abandonou!’”. Então os líderes conspiraram contra Zacarias, e o rei ordenou que ele fosse morto por apedrejamento no pátio do templo do S enhor. O rei Joás não levou em conta a lealdade que Joiada, pai de Zacarias, lhe havia demonstrado, e matou seu filho. As últimas palavras de Zacarias antes de morrer foram: “Que o S enhor veja o que estão fazendo e vingue a minha morte!”. Na virada do ano, o exército sírio marchou contra Joás. Invadiram Judá e Jerusalém e mataram todos os líderes do povo. Enviaram para seu rei em Damasco tudo que haviam saqueado. Embora os sírios tivessem atacado com apenas um exército pequeno, o S enhor entregou em suas mãos o exército muito maior de Judá. O povo de Judá havia abandonado o S enhor, o Deus de seus antepassados, por isso o juízo foi executado contra Joás. Os sírios se retiraram e deixaram Joás gravemente ferido. Seus próprios oficiais conspiraram contra ele porque havia assassinado o filho do sacerdote Joiada e o mataram em sua cama. Ele foi sepultado na Cidade de Davi, mas não no cemitério dos reis. Os assassinos foram Jozacar, filho de uma amonita chamada Simeate, e Jeozabade, filho de uma moabita chamada Somer. O relato sobre os filhos de Joás, as muitas profecias a respeito dele e o registro da reforma do templo de Deus estão registrados no Comentário sobre o Livro dos Reis. Seu filho Amazias foi seu sucessor. Amazias tinha 25 anos quando começou a reinar, e reinou em Jerusalém por 29 anos. Sua mãe se chamava Jeoadã e era de Jerusalém. Amazias fez o que era certo aos olhos do S enhor, mas não de todo o coração. Quando Amazias se firmou no poder, executou os oficiais que haviam assassinado seu pai. Contudo, não matou os filhos dos assassinos, em obediência ao mandamento do S enhor registrado por Moisés no Livro da Lei: “Os pais não serão executados por causa do pecado dos filhos, nem os filhos por causa do pecado dos pais. Aqueles que merecem morrer deverão ser executados por causa de seus próprios crimes”. Amazias organizou o exército e nomeou generais e capitães para todo o Judá e para Benjamim. Fez um censo e constatou que tinha um exército de trezentos mil soldados de elite, com mais de 20 anos, todos treinados no uso da espada e do escudo. Também pagou 3.500 quilos de prata para contratar cem mil guerreiros experientes de Israel. Então um homem de Deus foi até ele e lhe disse: “Ó rei, não contrate soldados de Israel, pois o S enhor não está com Israel. Ele não ajudará o povo de Efraim! Se deixar que acompanhem seus soldados na batalha, mesmo que lutem com coragem, serão derrotados pelo inimigo. Deus o derrubará, pois ele tem poder para ajudá-lo ou fazê-lo tropeçar”. Amazias perguntou ao homem de Deus: “E quanto à prata que paguei para contratar o exército de Israel?”. O homem de Deus respondeu: “O S enhor pode lhe dar muito mais que isso!”. Então Amazias dispensou os soldados que havia contratado e os mandou de volta para Efraim. Eles ficaram furiosos com Judá e voltaram para casa indignados. Amazias criou coragem e conduziu seu exército até o vale do Sal, onde mataram dez mil soldados edomitas da região de Seir. Capturaram outros dez mil e os levaram para o alto de um penhasco, de onde os atiraram, e eles se despedaçaram. Enquanto isso, os soldados que Amazias havia contratado e depois mandado de volta atacaram muitas cidades de Judá entre Samaria e Bete-Horom. Mataram três mil pessoas e levaram grande quantidade de despojos. Quando o rei Amazias voltou da matança dos edomitas, trouxe os deuses que havia tomado do povo de Seir. Estabeleceu-os como seus próprios deuses, prostrou-se diante deles e ofereceu-lhes sacrifícios. O S enhor se irou grandemente e lhe enviou um profeta para perguntar: “Por que você se volta para deuses que não foram capazes nem de salvar de suas mãos o próprio povo deles?”. O rei, porém, o interrompeu e disse: “Desde quando você é conselheiro do rei? Cale-se antes que eu mande matá-lo!”. O profeta parou, mas o advertiu: “Sei que Deus resolveu destruí-lo, porque você fez isso e porque não quis aceitar meu conselho”. Depois de consultar seus conselheiros, Amazias, rei de Judá, enviou este desafio a Jeoás, filho de Jeoacaz e neto de Jeú, rei de Israel: “Venha enfrentar-me numa batalha!”. Mas Jeoás, rei de Israel, respondeu a Amazias, rei de Judá, com a seguinte história: “Nos montes do Líbano, o espinheiro enviou esta mensagem ao poderoso cedro: ‘Dê sua filha em casamento a meu filho’. No entanto, um animal selvagem do Líbano veio, pisoteou o espinheiro e o esmagou. “Você diz: ‘Derrotei Edom’, e está muito orgulhoso disso. Mas meu conselho é que fique em casa. Por que causar problemas que só trarão desgraça sobre você e o povo de Judá?”. Amazias, porém, se recusou a ouvir, pois Deus havia resolvido destruí-lo por ter se voltado para os deuses de Edom. Então Jeoás, rei de Israel, mobilizou seu exército contra Amazias, rei de Judá. Os dois exércitos se enfrentaram em Bete-Semes, em Judá. O exército de Judá foi derrotado pelo exército de Israel, e os soldados fugiram para casa. Jeoás, rei de Israel, capturou Amazias, filho de Joás e neto de Acazias, em Bete-Semes. Trouxe-o para Jerusalém, onde destruiu 180 metros do muro da cidade, desde a porta de Efraim até a porta da Esquina. Levou embora todo o ouro, toda a prata e todos os utensílios do templo de Deus guardados por Obede-Edom. Também levou os tesouros do palácio real e fez reféns; depois, voltou para Samaria. Amazias, filho de Joás, rei de Judá, viveu ainda mais quinze anos depois da morte de Jeoás, filho de Jeoacaz, rei de Israel. Os demais acontecimentos do reinado de Amazias, do início ao fim, estão registrados no Livro dos Reis de Judá e de Israel. Depois que Amazias se afastou do S enhor, houve uma conspiração contra ele em Jerusalém, e ele fugiu para Laquis. Seus inimigos, porém, mandaram assassinos atrás dele e o mataram ali. Seu corpo foi trazido de volta para Jerusalém num cavalo, e ele foi sepultado com seus antepassados na Cidade de Davi. Todo o povo de Judá proclamou Uzias, de 16 anos, rei, como sucessor de seu pai, Amazias. Depois que seu pai morreu e se reuniu a seus antepassados, Uzias reconstruiu a cidade de Elate e a recuperou para Judá. Uzias tinha 16 anos quando começou a reinar, e reinou em Jerusalém por 52 anos. Sua mãe se chamava Jecolias e era de Jerusalém. Fez o que era certo aos olhos do S enhor, como seu pai, Amazias. Uzias buscou a Deus durante a vida de Zacarias, que o ensinou a temer a Deus. Enquanto o rei buscou a direção do S enhor, Deus lhe deu êxito. Uzias declarou guerra contra os filisteus e derrubou os muros de Gate, Jabne e Asdode. Ele construiu novas cidades na região de Asdode e em outras partes da Filístia. Deus o ajudou nas guerras contra os filisteus, nas batalhas contra os árabes de Gur e nas guerras contra os meunitas. Os meunitas lhe pagavam tributo anual, e sua fama se espalhou até o Egito, pois ele havia se tornado muito poderoso. Uzias construiu torres fortificadas em Jerusalém, junto à porta da Esquina, à porta do Vale e no canto do muro. Também construiu fortalezas no deserto e cavou muitas cisternas, pois tinha grandes rebanhos nas colinas de Judá e na planície. Era um homem que amava a terra. Tinha muitos trabalhadores que cuidavam de seus campos e vinhedos, tanto nas colinas como nos vales férteis. Uzias tinha um exército de guerreiros bem treinados, prontos para irem à batalha, divididos em tropas. Esse exército havia sido convocado e organizado pelo secretário Jeiel e pelo oficial Maaseias. Estavam sob o comando de Hananias, um dos oficiais do rei. As tropas de guerreiros valentes eram comandadas por 2.600 chefes de famílias. O exército era formado por uma elite de 307.500 homens, preparados para ajudar o rei contra qualquer inimigo. Uzias providenciou para todo o exército escudos, lanças, capacetes, couraças, arcos e fundas de atirar pedras. Construiu sobre os muros de Jerusalém máquinas de guerra criadas por peritos; elas atiravam flechas e lançavam grandes pedras das torres e dos cantos dos muros. Sua fama se espalhou até lugares distantes, pois o S enhor o ajudou extraordinariamente e ele se tornou muito poderoso. Quando Uzias se tornou poderoso, também se encheu de orgulho, o que o levou à ruína. Pecou contra o S enhor, seu Deus, ao entrar no santuário do templo do S enhor para queimar incenso no altar de incenso. O sacerdote Azarias foi atrás dele com outros oitenta sacerdotes do S enhor, todos homens corajosos. Confrontaram o rei Uzias e disseram: “Não cabe a você, Uzias, queimar incenso ao S enhor. Isso é tarefa somente dos sacerdotes, os descendentes de Arão, consagrados para esse trabalho. Saia do santuário, pois você pecou. O S enhor Deus não o honrará”. Uzias, que segurava um incensário, ficou indignado. Enquanto ele demonstrava sua raiva contra os sacerdotes diante do altar de incenso no templo do S enhor, apareceu lepra em sua testa. Quando viram a lepra, o sumo sacerdote Azarias e todos os outros sacerdotes o expulsaram imediatamente do templo. O próprio rei se apressou em sair dali, pois o S enhor o havia ferido. O rei Uzias ficou leproso até o dia de sua morte. Vivia isolado, numa casa separada, e havia sido excluído do templo do S enhor. Seu filho Jotão tomava conta do palácio e governava o povo. Os demais acontecimentos do reinado de Uzias, do início ao fim, foram registrados pelo profeta Isaías, filho de Amoz. Quando Uzias morreu, foi sepultado com seus antepassados. Seu túmulo ficava num campo próximo que pertencia aos reis, pois o povo disse: “Era leproso”. Seu filho Jotão foi seu sucessor. Jotão tinha 25 anos quando começou a reinar, e reinou em Jerusalém por dezesseis anos. Sua mãe se chamava Jerusa e era filha de Zadoque. Jotão fez o que era certo aos olhos do S enhor, como seu pai, Uzias, mas não cometeu o pecado de entrar no templo do S enhor. Mesmo assim, o povo continuou com suas práticas perversas. Jotão reconstruiu a porta superior do templo do S enhor. Também realizou trabalhos extensos de reparo no muro, sobre o monte Ofel. Construiu cidades na região montanhosa de Judá e edificou fortalezas e torres nos bosques. Guerreou contra os amonitas e os derrotou. Durante os três anos seguintes, recebeu deles um tributo anual de 3.500 quilos de prata, dez mil cestos grandes de trigo e dez mil cestos grandes de cevada. O rei Jotão se tornou poderoso porque teve o cuidado de viver em obediência ao S enhor, seu Deus. Os demais acontecimentos do reinado de Jotão, incluindo suas guerras e outras atividades, estão registrados no Livro dos Reis de Israel e de Judá. Tinha 25 anos quando começou a reinar, e reinou em Jerusalém por dezesseis anos. Quando Jotão morreu e se reuniu a seus antepassados, foi sepultado na Cidade de Davi. Seu filho Acaz foi seu sucessor. Acaz tinha 20 anos quando começou a reinar, e reinou em Jerusalém por dezesseis anos. Ao contrário de seu antepassado Davi, não fez o que era certo aos olhos do S enhor. Em vez disso, seguiu o exemplo dos reis de Israel. Fez ídolos de metal para adorar Baal, queimou incenso no vale de Ben-Hinom e chegou a sacrificar os próprios filhos no fogo. Desse modo, seguiu as práticas detestáveis das nações que o S enhor havia expulsado da terra diante dos israelitas. Ofereceu sacrifícios e queimou incenso nos santuários idólatras, nos montes e debaixo de toda árvore verdejante. Por isso, o S enhor, seu Deus, entregou Acaz nas mãos do rei da Síria, que o derrotou e levou muitos de seu povo para o exílio em Damasco. Também o entregou nas mãos do rei de Israel, que derrotou Acaz e matou muitos de seus soldados. Em um só dia, Peca, filho de Remalias, matou 120 mil soldados de Judá, todos guerreiros experientes, pois haviam abandonado o S enhor, o Deus de seus antepassados. Então Zicri, um guerreiro de Efraim, matou Maaseias, filho do rei, Azricão, oficial encarregado do palácio do rei, e Elcana, o segundo no comando depois do rei. Os soldados de Israel capturaram duzentas mil mulheres e crianças de Judá e tomaram enormes quantidades de despojos, que levaram para Samaria. Odede, profeta do S enhor, estava em Samaria quando o exército de Israel voltou. Saiu ao encontro deles e lhes disse: “O S enhor, o Deus de seus antepassados, estava irado com Judá e o entregou em suas mãos, mas vocês foram longe demais e os mataram com fúria que chegou até os céus. Agora, pretendem escravizar esse povo de Judá e de Jerusalém. E quanto a seus próprios pecados contra o S enhor, seu Deus? Ouçam-me e mandem de volta esses prisioneiros que vocês capturaram, pois são seus parentes. Tenham cuidado, pois a ira ardente do S enhor se voltou contra vocês!”. Então alguns dos líderes de Israel — Azarias, filho de Joanã, Berequias, filho de Mesilemote, Jeizquias, filho de Salum, e Amasa, filho de Hadlai — confrontaram os homens que voltavam da batalha. “Não tragam os prisioneiros para cá!”, disseram. “Se o fizerem, aumentaremos nossos pecados e nossa culpa diante do S enhor. Nossa culpa já é grande, e a ira ardente do S enhor se voltou contra Israel!” Então os guerreiros libertaram os prisioneiros e colocaram os despojos diante dos líderes do povo. Os quatro homens já mencionados por nome vieram à frente e deram roupas dos despojos aos presos que estavam nus. Vestiram-nos, deram-lhes sandálias, providenciaram comida e bebida para eles e aplicaram bálsamo sobre seus ferimentos. Puseram sobre jumentos aqueles que estavam fracos e levaram todos os prisioneiros de volta para seu povo em Jericó, a cidade das palmeiras. Depois, voltaram para Samaria. Nessa época, o rei Acaz pediu ajuda ao rei da Assíria. Os exércitos de Edom tinham invadido Judá outra vez e levado prisioneiros. Os filisteus haviam atacado cidades nas colinas de Judá e no Neguebe. Conquistaram e ocuparam Bete-Semes, Aijalom e Gederote, além de Socó, Timna e Ginzo, com seus povoados. O S enhor humilhou Judá por causa de Acaz, rei de Judá, pois ele havia incentivado o povo a pecar e havia sido inteiramente infiel ao S enhor. Quando Tiglate-Pileser, rei da Assíria, chegou, atacou Acaz em vez de ajudá-lo. Acaz tomou objetos de valor do templo do S enhor, do palácio real e das casas de seus oficiais e os entregou ao rei da Assíria como tributo, mas de nada adiantou. Mesmo nesse tempo de grande dificuldade, o rei Acaz foi ainda mais infiel ao S enhor. Ofereceu sacrifícios aos deuses de Damasco que o haviam derrotado, pois disse: “Visto que esses deuses ajudaram o rei da Síria, também me ajudarão se eu lhes oferecer sacrifícios”. Em vez disso, porém, eles foram a causa de sua ruína e da ruína de todo o Judá. Acaz pegou os utensílios do templo de Deus e os despedaçou. Trancou as portas do templo do S enhor para que ninguém pudesse adorar ali e fez altares idólatras em cada esquina de Jerusalém. Colocou santuários idólatras em todas as cidades de Judá para queimar incenso a outros deuses. Com isso, provocou a ira do S enhor, o Deus de seus antepassados. Os demais acontecimentos do reinado de Acaz e tudo que ele fez, do início ao fim, estão registrados no Livro dos Reis de Judá e de Israel. Quando Acaz morreu e se reuniu a seus antepassados, foi sepultado em Jerusalém, mas não no cemitério dos reis de Judá. Seu filho Ezequias foi seu sucessor. Ezequias tinha 25 anos quando começou a reinar, e reinou em Jerusalém por 29 anos. Sua mãe se chamava Abia e era filha de Zacarias. Fez o que era certo aos olhos do S enhor, como seu antepassado Davi. Logo no primeiro mês do primeiro ano de seu reinado, Ezequias reabriu as portas do templo do S enhor e as consertou. Mandou chamar os sacerdotes e os levitas para se encontrarem com ele na praça do lado leste do templo. “Ouçam-me, levitas!”, disse ele. “Purifiquem-se e purifiquem o templo do S enhor, o Deus de seus antepassados. Removam do santuário todos os objetos impuros. Nossos antepassados foram infiéis e fizeram o que era mau aos olhos do S enhor, nosso Deus. Abandonaram o S enhor e seu lugar de habitação; deram as costas para ele. Também fecharam as portas da sala de entrada do templo e apagaram as lâmpadas. Deixaram de queimar incenso e de apresentar holocaustos no santuário do Deus de Israel. “Por isso a ira do S enhor veio sobre Judá e sobre Jerusalém. Ele fez deles objeto de espanto, horror e zombaria, como vocês veem com os próprios olhos. Por causa disso, nossos pais foram mortos pela espada, e nossos filhos, filhas e esposas foram capturados. Agora, porém, farei uma aliança com o S enhor, o Deus de Israel, para que sua ira ardente se afaste de nós. Meus filhos, não sejam mais negligentes quanto a seus deveres! O S enhor os escolheu para estarem diante dele, para o servirem, para dirigirem o povo no culto e para lhe queimarem incenso.” Os levitas que começaram a trabalhar de imediato foram: Do clã de Coate: Maate, filho de Amasai, e Joel, filho de Azarias. Do clã de Merari: Quis, filho de Abdi, e Azarias, filho de Jealelel. Do clã de Gérson: Joá, filho de Zima, e Éden, filho de Joá. Da família de Elisafã: Sinri e Jeuel. Da família de Asafe: Zacarias e Matanias. Da família de Hemã: Jeuel e Simei. Da família de Jedutum: Semaías e Uziel. Esses homens reuniram seus parentes levitas, e todos se purificaram. Em seguida, começaram a purificar o templo do S enhor, obedecendo às ordens do rei, de acordo com as instruções do S enhor. Os sacerdotes foram até o interior do templo do S enhor para purificá-lo e trouxeram para fora, ao pátio do templo, todas as coisas impuras que encontraram. Os levitas as levaram dali para o vale de Cedrom. Começaram o trabalho no primeiro dia do primeiro mês e, em oito dias, haviam chegado à sala de entrada do templo do S enhor. Depois, levaram oito dias para purificar o templo do S enhor, de modo que todo o trabalho foi completado em dezesseis dias. Então os levitas foram ao rei Ezequias e lhe relataram: “Purificamos todo o templo do S enhor, o altar de holocaustos com todos os seus utensílios e a mesa dos pães da presença com todos os seus utensílios. Recuperamos todos os objetos que o rei Acaz jogou fora quando foi infiel e fechou o templo. Agora estão diante do altar do S enhor, purificados e prontos para o uso”. Logo cedo na manhã seguinte, o rei Ezequias reuniu os líderes da cidade e subiu ao templo do S enhor. Trouxeram sete novilhos, sete carneiros e sete cordeiros como holocausto e sete bodes como oferta pelo pecado em favor do reino, do templo e de Judá. O rei ordenou que os sacerdotes, descendentes de Arão, sacrificassem os animais no altar do S enhor. Os sacerdotes abateram os novilhos, pegaram o sangue e o aspergiram no altar. Em seguida, abateram os carneiros e aspergiram o sangue sobre o altar. Por fim, fizeram o mesmo com os cordeiros. Os bodes para a oferta pelo pecado foram levados para diante do rei e da comunidade, que impuseram as mãos sobre eles. Depois disso, os sacerdotes abateram os bodes como oferta pelo pecado e aspergiram o sangue sobre o altar para fazer expiação pelos pecados de todo o Israel. O rei havia ordenado que o holocausto e a oferta pelo pecado fossem apresentados em favor de todo o Israel. O rei Ezequias colocou os levitas no templo do S enhor, com címbalos, harpas e liras. Ele obedeceu a todas as instruções que o S enhor tinha dado ao rei Davi por meio de Gade, o vidente do rei, e por meio do profeta Natã. Os levitas tomaram seus lugares com os instrumentos musicais de Davi, e os sacerdotes tomaram seus lugares com as trombetas. Ezequias ordenou que o holocausto fosse oferecido sobre o altar. Enquanto o sacrifício era oferecido, tiveram início os cânticos de louvor ao S enhor, acompanhados das trombetas e dos outros instrumentos musicais de Davi, rei de Israel. Toda a comunidade adorou ao som dos cânticos dos músicos e do toque das trombetas, até que terminaram todos os holocaustos. Em seguida, o rei e todos ali presentes se prostraram em adoração. O rei Ezequias e os oficiais ordenaram aos levitas que louvassem o S enhor com os cânticos escritos por Davi e pelo vidente Asafe. Eles o louvaram com alegria e se prostraram em adoração. Então Ezequias declarou: “Agora que vocês se consagraram ao S enhor, tragam seus sacrifícios e ofertas de gratidão ao templo do S enhor ”. E a comunidade trouxe sacrifícios e ofertas de gratidão, e alguns, voluntariamente, também trouxeram holocaustos. No total, a comunidade ofereceu ao S enhor setenta novilhos, cem carneiros e duzentos cordeiros como holocaustos. Também trouxeram seiscentos bois e três mil ovelhas como ofertas consagradas. Não havia, porém, sacerdotes em número suficiente para preparar todos os holocaustos. Então seus parentes, os levitas, os ajudaram até que o trabalho fosse concluído e mais sacerdotes fossem purificados, pois os levitas haviam respondido mais depressa que os sacerdotes à ordem para se purificarem. Houve grande quantidade de holocaustos, além das ofertas derramadas que os acompanhavam e da gordura das muitas ofertas de paz. Assim, o templo do S enhor foi restaurado para o culto. Ezequias e todo o povo se alegraram com o que Deus havia feito pelo povo, pois tudo foi realizado sem demora. O rei Ezequias enviou uma mensagem a todo o Israel e Judá e escreveu cartas para o povo de Efraim e Manassés. Convidou todos a virem ao templo do S enhor em Jerusalém para celebrar a Páscoa do S enhor, o Deus de Israel. O rei, seus oficiais e toda a comunidade de Jerusalém decidiram celebrar a Páscoa um mês depois da data estabelecida. Não conseguiram celebrá-la na data prescrita, porque não havia como purificar sacerdotes em número suficiente até esse dia, e o povo ainda não tinha se reunido em Jerusalém. Esse plano para celebrar a Páscoa pareceu bom ao rei e a toda a comunidade. Assim, fizeram uma proclamação em todo o Israel, desde Berseba, ao sul, até Dã, ao norte, convidando todos a virem a Jerusalém para celebrar a Páscoa do S enhor, o Deus de Israel. Fazia tempo que essa festa não era celebrada por um grande número de pessoas, como a lei exigia. Por ordem do rei, mensageiros foram enviados a todo o Israel e Judá. Levavam cartas que diziam: “Ó israelitas, voltem para o S enhor, o Deus de Abraão, Isaque e Israel, para que ele se volte para nós, os poucos que sobrevivemos à conquista pelos reis assírios. Não sejam como seus antepassados e parentes que foram infiéis ao S enhor, o Deus de seus antepassados, e se tornaram objeto de desprezo, como vocês mesmos podem ver. Não sejam teimosos, como eles foram, mas submetam-se ao S enhor. Venham a este templo que ele consagrou para sempre. Adorem o S enhor, seu Deus, para que sua ira ardente se desvie de vocês. “Pois, se voltarem para o S enhor, seus parentes e seus filhos serão tratados com bondade por aqueles que os capturaram e voltarão a esta terra. Pois o S enhor, seu Deus, é cheio de graça e compaixão. Não os rejeitará se voltarem para ele”. Os mensageiros foram de cidade em cidade em Efraim e Manassés e até o território de Zebulom, mas a maioria do povo riu e zombou deles. Contudo, alguns de Aser, Manassés e Zebulom se humilharam e vieram a Jerusalém. Ao mesmo tempo, a mão de Deus estava sobre o povo da terra de Judá, dando-lhes um só coração para obedecer às ordens do rei e de seus oficiais, conforme a palavra do S enhor. Assim, uma grande multidão se reuniu em Jerusalém no segundo mês, para comemorar a Festa dos Pães sem Fermento. Começaram a trabalhar e removeram os santuários idólatras de Jerusalém. Também removeram todos os altares de incenso e os jogaram no vale de Cedrom. No décimo quarto dia do segundo mês, o povo abateu o cordeiro pascal. Isso deixou os sacerdotes e levitas envergonhados, por isso se purificaram e trouxeram holocaustos ao templo do S enhor. Tomaram seus lugares no templo, conforme a instrução da lei de Moisés, homem de Deus. Os levitas trouxeram sangue dos sacrifícios para os sacerdotes, que o aspergiram sobre o altar. Visto que muitas pessoas não haviam se purificado, os levitas tiveram de abater para elas o cordeiro pascal, a fim de consagrá-las ao S enhor. A maioria dos que vieram de Efraim, Manassés, Issacar e Zebulom não havia se purificado. Mas o rei Ezequias orou por eles e foi permitido que comessem a refeição pascal, embora isso fosse contrário aos requisitos da lei. Pois Ezequias orou: “Que o S enhor, que é bondoso, perdoe aqueles que resolveram buscar o S enhor, o Deus de seus antepassados, mesmo que não estejam devidamente purificados conforme os padrões do santuário”. E o S enhor ouviu a oração de Ezequias e perdoou o povo. Então os israelitas que estavam em Jerusalém comemoraram com grande alegria durante sete dias a Festa dos Pães sem Fermento. A cada dia, os levitas e os sacerdotes louvavam o S enhor com instrumentos ressoantes. Ezequias elogiou todos os levitas pela aptidão que demonstraram no serviço ao S enhor. A celebração prosseguiu por sete dias. Apresentaram ofertas de paz, e o povo agradeceu ao S enhor, o Deus de seus antepassados. Toda a comunidade resolveu continuar com a festa por mais sete dias, de modo que celebraram com alegria por mais uma semana. Ezequias, rei de Judá, deu à comunidade mil novilhos e sete mil ovelhas para as ofertas, e os oficiais deram mil novilhos e dez mil ovelhas e cabras. Nesse meio-tempo, muitos outros sacerdotes se purificaram. Toda a comunidade de Judá se alegrou, incluindo os sacerdotes, os levitas, todos que vieram da terra de Israel, os estrangeiros residentes em Israel que vieram para a festa e todos que moravam em Judá. Houve grande alegria em Jerusalém, pois a cidade não via uma celebração como essa desde os dias de Salomão, filho do rei Davi. Então os sacerdotes e os levitas se levantaram e abençoaram o povo, e Deus, de sua santa habitação nos céus, ouviu sua oração. Quando a festa terminou, os israelitas que haviam participado saíram pelas cidades de Judá, Benjamim, Efraim e Manassés e despedaçaram todas as colunas sagradas, derrubaram os postes de Aserá e removeram os santuários e altares idólatras. Depois disso, voltaram para suas cidades e casas. Ezequias organizou os sacerdotes e os levitas em divisões, para oferecerem os holocaustos e as ofertas de paz e para servirem, darem graças e louvarem ao S enhor junto às portas da habitação do S enhor. O rei também contribuiu pessoalmente com animais para os holocaustos diários da manhã e da tarde e para os holocaustos dos sábados, das festas da lua nova e das festas anuais prescritas pela lei do S enhor. Além disso, ordenou ao povo de Jerusalém que trouxesse uma parte de seus bens para os sacerdotes e os levitas, a fim de que pudessem se dedicar inteiramente à lei do S enhor. Quando os israelitas souberam dessa exigência, responderam generosamente e trouxeram a primeira porção de seus cereais, do vinho novo, do azeite, do mel e de tudo que os campos produziam. Trouxeram uma grande quantidade, o dízimo de tudo que haviam produzido. Os habitantes de Israel que tinham se mudado para Judá, e os próprios habitantes de Judá, trouxeram o dízimo do gado, das ovelhas, bem como das coisas que haviam sido consagradas ao S enhor, seu Deus, e juntaram tudo em vários montões. Começaram a amontoar as ofertas no terceiro mês e terminaram no sétimo. Quando Ezequias e seus oficiais viram esses montões, agradeceram ao S enhor e a seu povo, Israel. “De onde veio tudo isto?”, perguntou Ezequias aos sacerdotes e aos levitas. Azarias, o sumo sacerdote, da família de Zadoque, respondeu: “Desde que o povo começou a trazer ofertas para o templo do S enhor, temos alimento suficiente e ainda tem sobrado muito. O S enhor abençoou seu povo, e tudo isto é o que sobra”. Ezequias mandou preparar depósitos no templo do S enhor. Quando estavam prontos, o povo trouxe fielmente as ofertas, os dízimos e os objetos consagrados para serem usados no templo. O levita Conanias foi encarregado desses depósitos, e seu irmão Simei era seu auxiliar. Os supervisores subordinados a eles eram Jeiel, Azazias, Naate, Asael, Jerimote, Jozabade, Eliel, Ismaquias, Maate e Benaia. As nomeações foram feitas pelo rei Ezequias e por Azarias, o principal encarregado do templo de Deus. Coré, filho do levita Imna, guarda da porta do Leste, foi encarregado de distribuir as ofertas voluntárias feitas a Deus, as contribuições e os objetos consagrados ao S enhor. Seus assistentes fiéis eram Éden, Miniamim, Jesua, Semaías, Amarias e Secanias. Distribuíam as ofertas entre as famílias dos sacerdotes em suas cidades, de acordo com suas divisões, e as repartiam por igual entre idosos e jovens. Distribuíam as ofertas a todos os homens e meninos, de 3 anos para cima, que constavam dos registros genealógicos. A distribuição incluía todos que vinham ao templo do S enhor para realizar suas tarefas diárias, de acordo com suas divisões. Repartiam as ofertas entre os sacerdotes que estavam listados nos registros genealógicos, de acordo com suas famílias, e entre os levitas de 20 anos para cima, anotados de acordo com suas tarefas e divisões. Também entregavam porções de alimento às famílias de todos que estavam listados nos registros genealógicos, incluindo as crianças pequenas, as esposas, os filhos e as filhas, pois toda a comunidade havia sido fiel ao se purificar. Quanto aos sacerdotes, os descendentes de Arão, que viviam nos campos ao redor das cidades, foram nomeados homens para distribuir em porções a todos os sacerdotes e a todos os levitas listados nos registros genealógicos. Assim, o rei Ezequias organizou a distribuição em todo o Judá, e fez o que era bom, certo e verdadeiro aos olhos do S enhor, seu Deus. Em tudo que fez no serviço do templo de Deus e em seus esforços para obedecer à lei e aos mandamentos de Deus, Ezequias buscou seu Deus de todo o coração. Como resultado, foi muito bem-sucedido. Depois de Ezequias ter sido tão fiel em todas essas situações, Senaqueribe, rei da Assíria, invadiu Judá. Cercou as cidades fortificadas e deu ordem para que seu exército rompesse os muros. Quando Ezequias percebeu que Senaqueribe também pretendia atacar Jerusalém, consultou seus oficiais e conselheiros militares, e eles resolveram fechar a passagem das águas das fontes que havia do lado de fora da cidade. Organizaram uma enorme equipe de trabalho para fechar as fontes de água e o riacho que atravessava os campos, pois disseram: “Não devemos permitir que os reis da Assíria encontrem toda essa água quando chegarem aqui”. Então Ezequias se dedicou a reparar todos os trechos onde o muro estava quebrado, construiu torres e fez outro muro do lado de fora do primeiro. Também reforçou o aterro da Cidade de Davi e fabricou grande quantidade de armas e escudos. Nomeou oficiais militares sobre o povo, os reuniu diante dele na praça junto à porta da cidade e os encorajou, dizendo: “Sejam fortes e corajosos! Não tenham medo nem desanimem por causa do rei da Assíria e de seu exército poderoso, pois um poder muito maior está do nosso lado! Ele tem um grande exército, mas são apenas homens. Nós, porém, temos o S enhor, nosso Deus, para nos ajudar e lutar nossas batalhas!”. As palavras de Ezequias deram grande ânimo a seu povo. Enquanto Senaqueribe, rei da Assíria, cercava a cidade de Laquis, enviou seus oficiais a Jerusalém com esta mensagem para Ezequias, rei de Judá, e para todo o povo da cidade: “Assim diz Senaqueribe, rei da Assíria: Em que vocês confiam, para imaginar que sobreviverão quando eu cercar Jerusalém? Ezequias disse: ‘O S enhor, nosso Deus, nos salvará do rei da Assíria’. Não é verdade! Ele está enganando vocês e os condenando a morrer de fome e sede! Não percebem que o próprio Ezequias destruiu todos os santuários e altares do S enhor? Ordenou que Judá e Jerusalém adorassem somente no altar do templo e queimassem incenso apenas ali. “Sem dúvida, vocês sabem o que eu e os reis da Assíria antes de mim fizemos a todos os povos da terra! Acaso algum dos deuses dessas nações livrou seu povo de minhas mãos? Qual de seus deuses foi capaz de salvar seu povo do poder destruidor de meus antecessores? O que os faz pensar que seu Deus poderá livrá-los de minhas mãos? Não permitam que Ezequias os engane! Não se deixem iludir por ele! Volto a dizer: nenhum deus de qualquer nação ou reino foi capaz de livrar seu povo das minhas mãos ou das mãos de meus antepassados. Muito menos o Deus de vocês os salvará de meu poder!”. Os oficiais de Senaqueribe zombaram ainda mais do S enhor Deus e de seu servo Ezequias. O rei Senaqueribe também enviou cartas insultando o S enhor, o Deus de Israel. Escreveu: “Assim como os deuses de todas as outras nações não foram capazes de salvar seu povo das minhas mãos, também o Deus de Ezequias fracassará”. Os oficiais assírios que trouxeram as cartas gritaram isso em hebraico para o povo sobre os muros da cidade, tentando amedrontá-lo para que fosse mais fácil conquistar a cidade. Falaram do Deus de Jerusalém como se fosse um dos deuses estrangeiros, feito por mãos humanas. Então o rei Ezequias e o profeta Isaías, filho de Amoz, oraram e clamaram aos céus. E o S enhor enviou um anjo que destruiu o exército assírio com todos os seus comandantes e oficiais. O rei da Assíria voltou envergonhado para sua terra. Quando entrou no templo de seu deus, alguns de seus próprios filhos o mataram ali à espada. Foi assim que o S enhor salvou Ezequias e o povo de Jerusalém das mãos de Senaqueribe, rei da Assíria, e de todos os outros que os ameaçavam. Então houve paz em toda a terra. Daquela ocasião em diante, o rei Ezequias se tornou muito respeitado entre todas as nações, e muitos traziam a Jerusalém ofertas para o S enhor e presentes valiosos para o rei. Por esse tempo, Ezequias ficou doente e estava para morrer. Orou ao S enhor, que respondeu à sua oração e lhe deu um sinal miraculoso. Ezequias, porém, não correspondeu como devia à bondade com que foi tratado e se tornou orgulhoso. Por isso, a ira do S enhor veio sobre ele e sobre Judá e Jerusalém. Então Ezequias se humilhou e se arrependeu de seu orgulho, como também os habitantes de Jerusalém. Com isso, a ira do S enhor não caiu sobre eles durante a vida de Ezequias. Ezequias era muito rico e respeitado. Construiu depósitos especiais para guardar prata, ouro, pedras preciosas, especiarias, escudos e outros objetos de valor que lhe pertenciam. Também construiu armazéns para guardar cereais, vinho novo e azeite e fez muitos estábulos para o gado e currais para as ovelhas. Construiu cidades e adquiriu muitos rebanhos e gado, pois o S enhor lhe deu grande riqueza. Bloqueou a fonte superior de Giom e trouxe a água por um túnel para o lado oeste da Cidade de Davi. Ezequias foi bem-sucedido em tudo que fez. No entanto, quando chegaram representantes da Babilônia para perguntar sobre os acontecimentos extraordinários que haviam ocorrido na terra, Deus se afastou de Ezequias para testá-lo e ver o que havia, de fato, em seu coração. Os demais acontecimentos do reinado de Ezequias e seus atos de devoção estão registrados na Visão do Profeta Isaías, Filho de Amoz, incluída no Livro dos Reis de Judá e de Israel. Quando Ezequias morreu e se reuniu a seus antepassados, foi sepultado na parte superior do cemitério dos reis, e todo o Judá e os habitantes de Jerusalém o honraram por ocasião de sua morte. Seu filho Manassés foi seu sucessor. Manassés tinha 12 anos quando começou a reinar, e reinou em Jerusalém por 55 anos. Fez o que era mau aos olhos do S enhor e seguiu as práticas detestáveis das nações que o S enhor havia expulsado de diante dos israelitas. Reconstruiu os santuários idólatras que seu pai, Ezequias, havia destruído. Construiu altares para Baal e ergueu postes de Aserá. Também se curvou diante de todos os astros dos céus e lhes prestou culto. Construiu altares idólatras no templo do S enhor, sobre o qual o S enhor tinha dito: “Meu nome permanecerá em Jerusalém para sempre”. Nos dois pátios do templo do S enhor, construiu altares para os astros do céu. Manassés também sacrificou seus filhos no fogo no vale de Ben-Hinom. Praticou feitiçaria, adivinhação e magia e consultou médiuns e praticantes do ocultismo. Fez muitas coisas perversas aos olhos do S enhor e, com isso, provocou sua ira. Manassés chegou a fazer uma imagem esculpida e colocá-la no templo de Deus, sobre o qual Deus tinha dito a Davi e a seu filho Salomão: “Meu nome será honrado para sempre neste templo e em Jerusalém, a cidade que escolhi dentre todas as tribos de Israel. Se os israelitas tiverem o cuidado de obedecer a meus mandamentos, todas as leis, estatutos e decretos que meu servo Moisés lhes deu, não os expulsarei desta terra que dei a seus antepassados”. Manassés, porém, levou o povo de Judá e de Jerusalém a fazer coisas piores do que as nações que o S enhor tinha destruído diante dos israelitas. O S enhor falou a Manassés e a seu povo, mas eles ignoraram seus avisos. Por isso, o S enhor enviou os comandantes dos exércitos assírios, e eles capturaram Manassés. Puseram um gancho em seu nariz, o prenderam com correntes de bronze e o levaram para a Babilônia. Em sua angústia, Manassés buscou o S enhor, seu Deus, e se humilhou com sinceridade diante do Deus de seus antepassados. Quando ele orou, Deus ouviu sua súplica, atendeu a seu pedido e o trouxe de volta a Jerusalém e a seu reino. Então Manassés reconheceu que o S enhor é Deus. Depois disso, Manassés reconstruiu o muro externo da Cidade de Davi, bem alto, desde o oeste da fonte de Giom, no vale de Cedrom, até a porta do Peixe e ao redor da colina de Ofel. Colocou comandantes militares em todas as cidades fortificadas de Judá. Manassés também removeu do templo do S enhor os deuses estrangeiros e o ídolo que havia colocado ali. Derrubou todos os altares que havia construído na colina do templo e todos os altares em Jerusalém e os jogou fora da cidade. Depois, restaurou o altar do S enhor e apresentou sobre ele sacrifícios de paz e ofertas de gratidão. Também incentivou o povo de Judá a adorar o S enhor, o Deus de Israel. O povo continuou a sacrificar naqueles lugares de adoração, mas somente ao S enhor, seu Deus. Os demais acontecimentos do reinado de Manassés, sua oração a Deus e as palavras que os videntes lhe disseram em nome do S enhor, o Deus de Israel, estão registrados no Livro dos Reis de Israel. A oração de Manassés, o modo como Deus lhe respondeu e um relato de todos os seus pecados e de sua infidelidade se encontram no Registro dos Videntes. Inclui uma lista dos locais onde ele construiu altares idólatras e levantou postes de Aserá e ídolos antes de se humilhar e se arrepender. Quando Manassés morreu e se reuniu a seus antepassados, foi sepultado em seu palácio. Seu filho Amom foi seu sucessor. Amom tinha 22 anos quando começou a reinar, e reinou em Jerusalém por dois anos. Fez o que era mau aos olhos do S enhor, como seu pai, Manassés. Adorou todos os ídolos que seu pai havia feito e lhes ofereceu sacrifícios. Mas, ao contrário de seu pai, não se humilhou diante do S enhor. Em vez disso, Amom pecou ainda mais. Os próprios oficiais de Amom conspiraram contra ele e o assassinaram em seu palácio. O povo de Judá, porém, matou todos que haviam conspirado contra o rei Amom e proclamou seu filho Josias como rei em seu lugar. Josias tinha 8 anos quando começou a reinar, e reinou em Jerusalém por 31 anos. Fez o que era certo aos olhos do S enhor e seguiu o exemplo de seu antepassado Davi, não se desviando nem para um lado nem para o outro. No oitavo ano de seu reinado, enquanto ainda era jovem, começou a buscar o Deus de seu antepassado Davi. Então, no décimo segundo ano, começou a purificar Judá e Jerusalém, destruindo os santuários idólatras, os postes de Aserá, os ídolos esculpidos e as imagens de metal. Deu ordens para que fossem destruídos os altares de Baal e despedaçados os altares de incenso que ficavam acima deles. Também ordenou que os postes de Aserá, os ídolos esculpidos e as imagens de metal fossem despedaçados e espalhados sobre os túmulos daqueles que lhes haviam oferecido sacrifícios. Queimou os ossos dos sacerdotes idólatras sobre seus próprios altares e, com isso, purificou Judá e Jerusalém. Fez a mesma coisa nas cidades de Manassés, Efraim e Simeão, e até na distante Naftali, bem como nas ruínas ao seu redor. Destruiu os santuários idólatras e os postes de Aserá, reduziu os ídolos a pó e despedaçou todos os altares de incenso em toda a terra de Israel. Por fim, voltou a Jerusalém. No décimo oitavo ano do reinado de Josias, depois de ele purificar a terra e o templo, nomeou Safã, filho de Azalias, Maaseias, governador de Jerusalém, e Joá, filho de Joacaz, o historiador do reino, para restaurarem o templo do S enhor, seu Deus. Eles entregaram ao sumo sacerdote Hilquias a prata recolhida pelos levitas que guardavam as portas do templo de Deus. As ofertas foram trazidas pelo povo de Manassés, de Efraim e de todo o remanescente de Israel, bem como de Judá e de Benjamim, e pelos habitantes de Jerusalém. Hilquias e os outros líderes entregaram a prata aos homens encarregados de supervisionar a reforma do templo do S enhor. Eles pagaram os trabalhadores que faziam os reparos e a restauração do templo. Também contrataram carpinteiros e construtores que compraram pedras cortadas para as paredes e madeira para os suportes e as vigas. Restauraram aquilo que reis anteriores de Judá haviam deixado ficar em ruínas. Os trabalhadores realizaram a obra com fidelidade, sob a liderança de Jaate e Obadias, levitas do clã de Merari, e de Zacarias e Mesulão, levitas do clã de Coate. Outros levitas, todos músicos talentosos, ficaram responsáveis pelos carregadores e pelos trabalhadores em várias funções. Ainda outros auxiliavam como secretários, oficiais e guardas das portas. Enquanto estavam retirando a prata recolhida no templo do S enhor, o sacerdote Hilquias encontrou o Livro da Lei do S enhor, escrito por Moisés. Hilquias disse a Safã, secretário da corte: “Encontrei o Livro da Lei no templo do S enhor!”. E Hilquias entregou o livro a Safã. Safã levou o livro ao rei e relatou: “Seus oficiais estão fazendo tudo que lhes foi ordenado. A prata recolhida no templo do S enhor foi entregue aos supervisores e trabalhadores”. Safã também disse ao rei: “O sacerdote Hilquias me entregou um livro”. E Safã leu o livro para o rei. Quando o rei ouviu o que estava escrito na Lei, rasgou suas roupas. Em seguida, deu estas ordens a Hilquias, a Aicam, filho de Safã, a Acbor, filho de Micaías, a Safã, secretário da corte, e a Asaías, conselheiro pessoal do rei: “Vão consultar o S enhor por mim e por todo o remanescente de Israel e de Judá. Perguntem a respeito das palavras escritas no livro que foi encontrado. A grande ira do S enhor foi derramada sobre nós, pois nossos antepassados não obedeceram à palavra do S enhor. Não temos feito o que este livro ordena”. Então Hilquias e os outros homens foram ao Bairro Novo de Jerusalém consultar a profetisa Hulda. Ela era esposa de Salum, filho de Tocate, filho de Harás, responsável pelo guarda-roupa do templo. Ela lhes disse: “O S enhor, o Deus de Israel, falou! Voltem e digam ao homem que os enviou que assim diz o S enhor: ‘Trarei desgraça sobre esta cidade e sobre seus habitantes. Todas as maldições escritas no livro que foi lido para o rei de Judá se cumprirão. Pois o meu povo me abandonou e queimou incenso a outros deuses, e estou grandemente irado com eles por tudo que fizeram. Minha ira será derramada sobre este lugar e não será apagada’. “Mas vão ao rei de Judá que os enviou para consultarem o S enhor e digam-lhe que assim diz o S enhor, o Deus de Israel, a respeito da mensagem que acabaram de ouvir: ‘Você se arrependeu e se humilhou diante de Deus quando ouviu as palavras dele contra esta cidade e contra seus habitantes. Você se humilhou, rasgou suas roupas e chorou diante de mim. E eu certamente o ouvi, diz o S enhor. Portanto, só enviarei a calamidade anunciada depois que você tiver se reunido a seus antepassados e tiver sido sepultado em paz. Você não verá a desgraça que trarei sobre esta cidade e sobre seus habitantes’”. Então eles levaram a mensagem ao rei. Josias mandou chamar todas as autoridades de Judá e de Jerusalém. Subiu ao templo do S enhor com os sacerdotes e os levitas e com todo o povo de Judá e de Jerusalém, dos mais importantes até os mais simples. Leu para eles todo o Livro da Aliança encontrado no templo do S enhor. O rei tomou seu lugar de honra junto à coluna e renovou a aliança na presença do S enhor. Comprometeu-se a obedecer ao S enhor e a cumprir seus mandamentos, preceitos e decretos de todo o coração e de toda a alma. Prometeu cumprir todos os termos da aliança escritos no livro. Exigiu o mesmo de todos em Jerusalém e do povo de Benjamim. Os habitantes de Jerusalém fizeram essa promessa e renovaram sua aliança com Deus, o Deus de seus antepassados. Josias removeu todos os ídolos repulsivos de toda a terra de Israel e exigiu que todos adorassem o S enhor, seu Deus. E, pelo restante da vida do rei, eles não se afastaram do S enhor, o Deus de seus antepassados. Então Josias celebrou a Páscoa do S enhor em Jerusalém, e assim o cordeiro pascal foi abatido no décimo quarto dia do primeiro mês. Josias também nomeou os sacerdotes para suas atribuições e os encorajou a realizar seu trabalho no templo do S enhor. Deu a seguinte ordem aos levitas encarregados de instruir todo o Israel e consagrados para servir ao S enhor: “Coloquem a arca sagrada no templo construído por Salomão, filho de Davi, rei de Israel. Não precisam mais levá-la de um lado para outro sobre os ombros. Agora, dediquem seu tempo a servir ao S enhor, seu Deus, e a seu povo, Israel. Apresentem-se para o serviço de acordo com as divisões de seus antepassados por famílias, conforme as instruções de Davi, rei de Israel, e de seu filho Salomão. “Fiquem no santuário, no lugar indicado para cada divisão, e ajudem as famílias das quais foram encarregados quando elas trouxerem suas ofertas ao templo. Abatam os cordeiros pascais, consagrem-se e preparem-se para ajudar os que chegarem. Sigam todas as instruções que o S enhor deu por meio de Moisés”. Então Josias deu ao povo 30.000 cordeiros e cabritos para as ofertas de Páscoa, além de 3.000 bois, todos dos rebanhos e do gado do rei. Os oficiais do rei também deram contribuições voluntárias para o povo, para os sacerdotes e para os levitas. Hilquias, Zacarias e Jeiel, os chefes do templo de Deus, deram aos sacerdotes 2.600 cordeiros e cabritos e 300 bois como ofertas de Páscoa. Os líderes dos levitas — Conanias e seus irmãos Semaías e Natanael, bem como Hasabias, Jeiel e Jozabade — deram 5.000 cordeiros e cabritos e 500 bois aos levitas para suas ofertas de Páscoa. Quando tudo estava pronto para a comemoração da Páscoa, os sacerdotes e os levitas tomaram seus lugares, organizados de acordo com suas divisões, conforme o rei havia ordenado. Então os levitas abateram os cordeiros da Páscoa e apresentaram o sangue aos sacerdotes, que o aspergiram sobre o altar enquanto os levitas preparavam os animais. Repartiram os holocaustos entre o povo de acordo com suas divisões, para que as famílias os oferecessem ao S enhor conforme prescrito no Livro de Moisés, e fizeram o mesmo com os bois. Assaram os cordeiros da Páscoa, como prescrito, cozinharam as ofertas sagradas em potes, caldeirões e panelas e os levaram depressa ao povo. Em seguida, os levitas prepararam as ofertas de Páscoa para si mesmos e para os sacerdotes, os descendentes de Arão, pois os sacerdotes haviam ficado ocupados desde a manhã até a noite, oferecendo os holocaustos e as porções de gordura. Os levitas se encarregaram de todos os preparativos. Os músicos, descendentes de Asafe, estavam em seus lugares, segundo as ordens de Davi, Asafe, Hemã e Jedutum, vidente do rei. Os guardas das portas não precisaram deixar seus postos, pois seus parentes, os levitas, também lhes prepararam as ofertas de Páscoa. Toda a cerimônia para a Páscoa do S enhor foi realizada naquele dia. Os holocaustos foram sacrificados no altar do S enhor, como o rei Josias havia ordenado. Todos os israelitas presentes em Jerusalém celebraram a Páscoa e a Festa dos Pães sem Fermento por sete dias. A Páscoa não havia sido celebrada dessa maneira desde o tempo do profeta Samuel. Nenhum dos reis de Israel havia comemorado a Páscoa como o rei Josias, com todos os sacerdotes e os levitas, os habitantes de Jerusalém e o povo de todo o Judá e Israel que estavam presentes na cidade. Essa comemoração de Páscoa ocorreu no décimo oitavo ano do reinado de Josias. Depois que Josias terminou de restaurar o templo, Neco, rei do Egito, levou seu exército para Carquemis, junto ao rio Eufrates, e Josias e seu exército saíram para lutar contra ele. O rei Neco, porém, enviou mensageiros a Josias para lhe dizer: “O que quer comigo, rei de Judá? Hoje não tenho nada contra você! Estou a caminho da batalha contra outra nação, e Deus ordenou que eu me apressasse! Não interfira com Deus, que está comigo, ou ele o destruirá”. Josias, porém, não deu ouvidos às palavras de Neco, que ele havia falado a mando de Deus, e não quis voltar atrás. Em vez disso, disfarçou-se e levou seu exército para a batalha na planície de Megido. Arqueiros do inimigo atingiram o rei Josias com suas flechas, e ele gritou para seus homens: “Tirem-me da batalha, pois estou gravemente ferido!”. Então tiraram Josias de sua carruagem e o colocaram em outra. Levaram-no de volta para Jerusalém, onde morreu e foi sepultado no cemitério dos reis. Todo o Judá e Jerusalém lamentaram por ele. O profeta Jeremias compôs cânticos fúnebres em homenagem a Josias, e até hoje os cantores e cantoras ainda entoam esses lamentos sobre sua morte. Eles se tornaram uma tradição e estão registrados no Livro das Lamentações. Os demais acontecimentos do reinado de Josias e seus atos de devoção, realizados de acordo com a lei do S enhor, do início ao fim, estão registrados no Livro dos Reis de Israel e de Judá. O povo da terra proclamou Jeoacaz, filho de Josias, como seu sucessor em Jerusalém. Jeoacaz tinha 23 anos quando começou a reinar, e reinou em Jerusalém por três meses. Foi deposto pelo rei do Egito, que exigiu de Judá o pagamento de 3.500 quilos de prata e 35 quilos de ouro como tributo. O rei do Egito nomeou Eliaquim, irmão de Jeoacaz, rei sobre Judá e sobre Jerusalém, e mudou o nome dele para Jeoaquim. Depois, Neco levou Jeoacaz para o Egito como prisioneiro. Jeoaquim tinha 25 anos quando começou a reinar, e reinou em Jerusalém por onze anos. Fez o que era mau aos olhos do S enhor, seu Deus. Então Nabucodonosor, rei da Babilônia, atacou Jerusalém e prendeu Jeoaquim com correntes de bronze. Depois, levou-o para a Babilônia. Nabucodonosor também levou alguns dos tesouros do templo do S enhor e os colocou em seu palácio, na Babilônia. Os demais acontecimentos do reinado de Jeoaquim, incluindo todas as coisas detestáveis que fez e tudo que foi achado contra ele, estão registrados no Livro dos Reis de Israel e de Judá. Seu filho Joaquim foi seu sucessor. Joaquim tinha 18 anos quando começou a reinar, e reinou em Jerusalém por três meses e dez dias. Fez o que era mau aos olhos do S enhor. Na virada do ano, o rei Nabucodonosor levou Joaquim para a Babilônia. Nessa ocasião, também levou os tesouros do templo do S enhor. Nabucodonosor nomeou Zedequias, tio de Joaquim, rei sobre Judá e sobre Jerusalém. Zedequias tinha 21 anos quando começou a reinar, e reinou em Jerusalém por onze anos. Zedequias fez o que era mau aos olhos do S enhor, seu Deus, e não se humilhou quando o profeta Jeremias lhe falou diretamente da parte do S enhor. Também se rebelou contra o rei Nabucodonosor, embora lhe tivesse jurado lealdade em nome de Deus. Zedequias era um homem duro e teimoso e se recusou a voltar para o S enhor, o Deus de Israel. Da mesma forma, todos os líderes dos sacerdotes e o povo se tornaram cada vez mais infiéis. Seguiram todas as práticas detestáveis das nações vizinhas e profanaram o templo do S enhor que havia sido consagrado em Jerusalém. Repetidamente, o S enhor, o Deus de seus antepassados, enviou profetas para adverti-los, pois tinha compaixão de seu povo e do lugar de sua habitação. No entanto, eles zombaram dos mensageiros de Deus e desprezaram suas palavras. Caçoaram dos profetas até que a ira do S enhor não pôde mais ser contida e nada mais se pôde fazer. Então o S enhor trouxe o rei da Babilônia contra eles. Os babilônios mataram os jovens e foram atrás deles até dentro do santuário. Não tiveram piedade nem dos rapazes, nem das moças, nem dos idosos e doentes. Deus os entregou todos nas mãos do rei. Ele levou para a Babilônia todos os utensílios, grandes e pequenos, do templo de Deus e todos os tesouros do templo do S enhor e do palácio do rei e de seus oficiais. Seu exército queimou o templo de Deus, derrubou os muros de Jerusalém, queimou todos os palácios e destruiu tudo que era de valor. Os poucos habitantes que sobreviveram foram levados para o exílio na Babilônia e se tornaram servos do rei e de seus filhos, até que o reino da Pérsia conquistou o poder. Cumpriu-se, desse modo, a mensagem do S enhor transmitida por Jeremias. A terra finalmente desfrutou seu descanso sabático e permaneceu desolada até que se completaram os setenta anos, conforme o profeta havia anunciado. No primeiro ano do reinado de Ciro, rei da Pérsia, o S enhor cumpriu a profecia que havia anunciado por meio de Jeremias. O S enhor despertou o coração de Ciro para registrar por escrito a seguinte proclamação e enviá-la a todo o seu reino: “Assim diz Ciro, rei da Pérsia: “O S enhor, o Deus dos céus, me deu todos os reinos da terra. Ele me encarregou de construir para ele um templo em Jerusalém, na terra de Judá. Quem pertence ao povo dele, volte para realizar essa tarefa. E que o S enhor, seu Deus, esteja com vocês!”. No primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia, o S enhor cumpriu a profecia que havia anunciado por meio de Jeremias. Despertou o coração de Ciro para registrar por escrito a seguinte proclamação e enviá-la a todo o seu reino: “Assim diz Ciro, rei da Pérsia: “O S enhor, o Deus dos céus, me deu todos os reinos da terra. Ele me encarregou de lhe construir um templo em Jerusalém, em Judá. Quem pertence ao povo de Deus, volte a Jerusalém, em Judá, para reconstruir o templo do S enhor, o Deus de Israel, que habita em Jerusalém. E que seu Deus esteja com vocês! Onde quer que se encontre esse remanescente judeu, que seus vizinhos ajudem com as despesas, dando-lhes prata e ouro, suprimentos e animais, além de ofertas voluntárias para o templo de Deus, em Jerusalém”. Então o S enhor despertou o coração dos sacerdotes, dos levitas e dos chefes das tribos de Judá e Benjamim, para que fossem a Jerusalém e reconstruíssem o templo do S enhor. Todos os seus vizinhos ajudaram, dando-lhes utensílios de prata e ouro, suprimentos e animais. Também lhes deram muitos presentes valiosos, além de todas as ofertas voluntárias. O rei Ciro tirou os utensílios que o rei Nabucodonosor havia levado do templo do S enhor, em Jerusalém, e colocado no templo de seus próprios deuses. Ciro, rei da Pérsia, deu instruções a Mitredate, seu tesoureiro, para que contasse esses utensílios e os entregasse a Sesbazar, líder dos exilados que voltavam para Judá. Esta é uma lista dos objetos que foram devolvidos: 30 bacias de ouro, 1.000 bacias de prata, 29 incensários de prata, 30 tigelas de ouro, 410 tigelas de prata, 1.000 objetos diversos. Ao todo, havia 5.400 utensílios de ouro e prata. Sesbazar trouxe tudo isso consigo quando os exilados voltaram da Babilônia para Jerusalém. Esta é uma lista dos judeus da província que regressaram do cativeiro. O rei Nabucodonosor os havia deportado para a Babilônia, mas eles voltaram para Jerusalém e Judá, cada um para sua cidade de origem. Seus líderes eram Zorobabel, Jesua, Neemias, Seraías, Reelaías, Mardoqueu, Bilsã, Mispar, Bigvai, Reum e Baaná. Este é o número de homens de Israel que regressaram do exílio: da família de Parós, 2.172; da família de Sefatias, 372; da família de Ará, 775; da família de Paate-Moabe (descendentes de Jesua e Joabe), 2.812; da família de Elão, 1.254; da família de Zatu, 945; da família de Zacai, 760; da família de Bani, 642; da família de Bebai, 623; da família de Azgade, 1.222; da família de Adonicam, 666; da família de Bigvai, 2.056; da família de Adim, 454; da família de Ater (descendentes de Ezequias), 98; da família de Bezai, 323; da família de Jora, 112; da família de Hasum, 223; da família de Gibar, 95; do povo de Belém, 123; do povo de Netofa, 56; do povo de Anatote, 128; do povo de Bete-Azmavete, 42; do povo de Quiriate-Jearim, Quefira e Beerote, 743; do povo de Ramá e Geba, 621; do povo de Micmás, 122; do povo de Betel e Ai, 223; dos cidadãos de Nebo, 52; dos cidadãos de Magbis, 156; dos cidadãos de Elão Ocidental, 1.254; dos cidadãos de Harim, 320; dos cidadãos de Lode, Hadide e Ono, 725; dos cidadãos de Jericó, 345; dos cidadãos de Senaá, 3.630. Estes são os sacerdotes que regressaram do exílio: da família de Jedaías (da linhagem de Jesua), 973; da família de Imer, 1.052; da família de Pasur, 1.247; da família de Harim, 1.017. Estes são os levitas que regressaram do exílio: das famílias de Jesua e Cadmiel (descendentes de Hodavias), 74; os cantores da família de Asafe, 128; os guardas das portas das famílias de Salum, Ater, Talmom, Acube, Hatita e Sobai, 139. Os descendentes destes servidores do templo regressaram do exílio: Zia, Hasufa, Tabaote, Queros, Sia, Padom, Lebana, Hagaba, Acube, Hagabe, Salmai, Hanã, Gidel, Gaar, Reaías, Rezim, Necoda, Gazão, Uzá, Paseá, Besai, Asná, Meunim, Nefusim, Baquebuque, Hacufa, Harur, Baslute, Meída, Harsa, Barcos, Sísera, Tamá, Nesias, Hatifa. Os descendentes destes servidores do rei Salomão regressaram do exílio: Sotai, Soferete, Peruda, Jaala, Darcom, Gidel, Sefatias, Hatil, Poquerete-Hazebaim e Ami. Ao todo, os servidores do templo e os descendentes dos servos de Salomão eram 392. Nessa ocasião, outro grupo regressou das cidades de Tel-Melá, Tel-Harsa, Querube, Adã e Imer. Contudo, não puderam comprovar que eles ou suas famílias eram descendentes de Israel. Estavam nesse grupo as famílias de Delaías, Tobias e Necoda, 652 pessoas ao todo. Também regressaram as famílias de três sacerdotes: Habaías, Hacoz e Barzilai. (Esse Barzilai havia se casado com uma mulher descendente de Barzilai, de Gileade, e assumido o nome da família dela.) Procuraram seus nomes nos registros genealógicos, mas não os encontraram, por isso não se qualificaram para servir como sacerdotes. O governador ordenou que não comessem das porções dos sacrifícios separadas para os sacerdotes até que um sacerdote consultasse o S enhor a esse respeito usando o Urim e o Tumim. Portanto, os que regressaram para Judá foram 42.360, além dos 7.337 servos e servas e dos 200 cantores e cantoras. Levaram consigo 736 cavalos, 245 mulas, 435 camelos e 6.720 jumentos. Quando chegaram ao templo do S enhor, em Jerusalém, alguns dos chefes das famílias entregaram ofertas voluntárias para a reconstrução do templo de Deus em seu local original. Cada chefe contribuiu com o que pôde. Suas ofertas totalizaram 525 quilos de ouro, 3.000 quilos de prata e 100 vestes para os sacerdotes. Assim, os sacerdotes, os levitas, os cantores, os guardas das portas, os servidores do templo e alguns do povo se estabeleceram em povoados perto de Jerusalém. O restante do povo regressou às suas cidades em todo o Israel. No sétimo mês, quando os israelitas já haviam se estabelecido em suas cidades, todo o povo se reuniu em Jerusalém com um só propósito. Então Jesua, filho de Jeozadaque, juntou-se a seus colegas, os sacerdotes, e a Zorobabel, filho de Sealtiel, e seus companheiros, para reconstruir o altar do Deus de Israel. Queriam apresentar holocaustos ali, conforme a instrução da lei de Moisés, homem de Deus. Embora o povo tivesse medo dos habitantes daquela região, reconstruíram o altar no mesmo lugar original. Assim, começaram a oferecer holocaustos no altar do S enhor todas as manhãs e todas as tardes. Celebraram a Festa das Cabanas, conforme prescrito pela lei, e ofereceram o número de holocaustos especificado para cada dia da festa. Ofereceram ainda os holocaustos regulares e as ofertas exigidas para as celebrações da lua nova e para as festas anuais do S enhor. O povo também trouxe ofertas voluntárias para o S enhor. Quinze dias antes do início da Festa das Cabanas, os sacerdotes haviam começado a oferecer ao S enhor os holocaustos, antes mesmo de lançarem os alicerces do templo do S enhor. Então contrataram pedreiros e carpinteiros e lhes pagaram com moedas de prata. Também compraram toras de cedro dos povos de Tiro e de Sidom e lhes pagaram com alimento, vinho e azeite. As toras eram trazidas dos montes do Líbano e vinham pela costa do mar Mediterrâneo até Jope, pois Ciro, rei da Pérsia, havia permitido que assim se fizesse. A construção do templo de Deus começou no segundo mês do segundo ano depois da chegada a Jerusalém. O grupo de trabalhadores era constituído de todos que haviam regressado do exílio, incluindo Zorobabel, filho de Sealtiel, Jesua, filho de Jeozadaque, e seus colegas, os sacerdotes, bem como todos os levitas. Os levitas de 20 anos para cima foram encarregados de supervisionar a construção do templo do S enhor. Jesua, seus filhos e seus parentes, Cadmiel e seus filhos e os descendentes de Hodavias supervisionavam aqueles que trabalhavam no templo de Deus. Os levitas da família de Henadade os auxiliavam nessa tarefa. Quando os construtores terminaram os alicerces do templo do S enhor, os sacerdotes puseram suas vestes e tomaram seus lugares para tocar as trombetas. Os levitas, descendentes de Asafe, fizeram soar os címbalos para louvar o S enhor, conforme o rei Davi havia prescrito. Com louvores e ação de graças, entoaram este cântico ao S enhor: “Ele é bom! Seu amor por Israel dura para sempre!”. Então todo o povo louvou o S enhor em alta voz, pois haviam sido lançados os alicerces do templo do S enhor. Muitos dos sacerdotes, dos levitas e dos outros chefes de família mais velhos, que tinham visto o primeiro templo, choraram alto quando viram os alicerces do novo templo. Outros tantos, porém, gritavam de alegria. Os gritos alegres e o choro se misturavam num barulho tão forte que se podia ouvir de muito longe. Os inimigos de Judá e Benjamim souberam que os exilados estavam reconstruindo o templo do S enhor, o Deus de Israel. Eles foram a Zorobabel e aos outros chefes de família e disseram: “Queremos participar da construção, pois também adoramos seu Deus, como vocês. Temos oferecido sacrifícios para ele desde que Esar-Hadom, rei da Assíria, nos trouxe para cá”. Mas Zorobabel, Jesua e os outros chefes de família de Israel responderam: “De maneira nenhuma! Vocês não podem participar desse trabalho. Somente nós construiremos o templo para o S enhor, o Deus de Israel, conforme Ciro, rei da Pérsia, nos ordenou”. Então os habitantes da região tentaram desanimar e amedrontar o povo de Judá, para que não continuassem a construção. Subornaram agentes para trabalhar contra eles e frustrar seus planos. Isso prosseguiu durante todo o reinado de Ciro, rei da Pérsia, até que Dario, rei da Pérsia, subiu ao poder. Anos depois, quando Xerxes começou a reinar, os inimigos de Judá escreveram uma carta de acusação contra o povo de Judá e de Jerusalém. Mais tarde, durante o reinado de Artaxerxes, rei da Pérsia, os inimigos de Judá, liderados por Bislão, Mitredate e Tabeel, enviaram a Artaxerxes uma carta em aramaico, que foi traduzida para o rei. O comandante Reum e o secretário da corte Sinsai escreveram a carta, na qual apresentaram ao rei Artaxerxes um relatório negativo sobre Jerusalém. Saudaram o rei em nome de todos os seus colegas: os juízes e as autoridades locais, o povo de Tarpel, os persas, os babilônios e o povo de Ereque e de Susã (isto é, Elão). Também enviaram saudações do restante do povo que o grande e renomado Assurbanípal havia deportado e estabelecido em Samaria e em todas as terras vizinhas da província a oeste do rio Eufrates. Esta é uma cópia da carta: “Ao rei Artaxerxes, de seus súditos leais na província a oeste do rio Eufrates. “Informamos ao rei que os judeus que saíram da Babilônia para Jerusalém estão reconstruindo esta cidade rebelde e má. Já restauraram os alicerces e, em breve, terminarão os muros. É bom o rei saber que, se esta cidade for reconstruída e seus muros forem concluídos, haverá grande prejuízo para o tesouro real, pois os judeus se recusarão a lhe pagar tributos, impostos e taxas. “Visto que somos seus súditos leais e não desejamos vê-lo desonrado desse modo, enviamos ao rei estas informações. Sugerimos que se faça uma busca no registro de seus antepassados, no qual o rei descobrirá como esta cidade foi rebelde em outros tempos. Aliás, foi destruída por causa de sua longa e problemática história de rebelião contra os reis e as nações que a dominavam. Declaramos ao rei que, se esta cidade for reconstruída e seus muros forem concluídos, o rei perderá a província a oeste do rio Eufrates”. O rei Artaxerxes enviou a seguinte resposta: “Ao comandante Reum, ao secretário da corte Sinsai, e a seus companheiros em Samaria e em toda a província a oeste do rio Eufrates. Saudações. “A carta que vocês enviaram foi traduzida e lida para mim. Ordenei que se fizesse uma busca nos registros e descobri que, de fato, Jerusalém tem sido, ao longo dos anos, foco de insurreição contra vários reis. Aliás, rebeliões e revoltas são normais ali. Reis poderosos governaram sobre Jerusalém e sobre toda a província a oeste do rio Eufrates e receberam tributos, impostos e taxas. Portanto, deem ordens para que esses homens parem seu trabalho. A cidade não deve ser reconstruída enquanto eu não mandar. Sejam diligentes e não descuidem desse assunto, pois não devemos permitir que a situação prejudique os interesses do rei”. Quando a carta do rei Artaxerxes foi lida para Reum, Sinsai e seus companheiros, eles foram depressa a Jerusalém e, fazendo uso de força, obrigaram os judeus a parar a construção. Assim, a obra no templo de Deus em Jerusalém foi interrompida e ficou parada até o segundo ano do reinado de Dario, rei da Pérsia. Nessa época, os profetas Ageu e Zacarias, filho de Ido, profetizaram aos judeus de Judá e Jerusalém. Falavam em nome do Deus de Israel, que estava sobre eles. Em resposta, Zorobabel, filho de Sealtiel, e Jesua, filho de Jeozadaque, começaram outra vez a reconstruir o templo de Deus em Jerusalém. E os profetas de Deus estavam com eles e os auxiliavam. Tatenai, governador da província a oeste do rio Eufrates, Setar-Bozenai e seus companheiros foram a Jerusalém e perguntaram: “Quem lhes deu permissão para reconstruir este templo e restaurar esta estrutura?”. Também perguntaram os nomes de todos os homens que trabalhavam no templo. Mas os olhos de Deus estavam sobre os líderes judeus, e eles não foram impedidos de prosseguir com a construção até que um relatório fosse enviado a Dario e ele comunicasse sua decisão. Esta é uma cópia da carta que o governador Tatenai, Setar-Bozenai e os outros oficiais da província a oeste do rio Eufrates enviaram ao rei Dario: “Ao rei Dario. Saudações. “Informamos ao rei que fomos até o local da construção do templo do grande Deus na província de Judá. O templo está sendo reconstruído com pedras especialmente preparadas, e as vigas já estão sendo colocadas nas paredes. A obra avança com muita energia e êxito. “Perguntamos aos líderes: ‘Quem lhes deu permissão para reconstruir este templo e restaurar esta estrutura?’. E exigimos os nomes deles, para que pudéssemos dizer ao rei quem eram os líderes. “Esta foi a resposta: ‘Somos servos do Deus dos céus e da terra e estamos reconstruindo o templo que foi construído aqui muitos anos atrás, por um grande rei de Israel. Nossos antepassados, porém, provocaram a ira do Deus dos céus, e ele os entregou a Nabucodonosor, rei da Babilônia, que destruiu este templo e deportou o povo para a Babilônia. No entanto, Ciro, rei da Babilônia, no primeiro ano de seu reinado, publicou um decreto ordenando que o templo de Deus fosse reconstruído. O rei Ciro também devolveu os utensílios de ouro e de prata que Nabucodonosor havia tirado do templo de Deus, em Jerusalém, e colocado no templo da Babilônia. Esses utensílios foram removidos dali e entregues a um homem chamado Sesbazar, a quem o rei Ciro nomeou governador de Judá. O rei instruiu Sesbazar a colocar os utensílios de volta em seu lugar, em Jerusalém, e a reconstruir o templo de Deus em seu antigo local. Então Sesbazar veio e lançou os alicerces do templo de Deus em Jerusalém. O povo tem trabalhado nele desde então, embora ainda não esteja acabado’. “Portanto, se parecer bem ao rei, pedimos que se faça uma busca nos arquivos reais da Babilônia, para descobrir se o rei Ciro de fato publicou esse decreto ordenando a reconstrução do templo de Deus, em Jerusalém. E que o rei nos informe sua decisão sobre esse assunto”. Então o rei Dario ordenou que se fizesse uma busca nos arquivos da Babilônia, que ficavam guardados junto aos tesouros. Mas foi na fortaleza em Ecbatana, na província da Média, que se encontrou um documento que dizia: “Memorando: “No primeiro ano do reinado do rei Ciro, foi publicado um decreto a respeito do templo de Deus, em Jerusalém. “Que o templo seja reconstruído para ser um local onde se ofereçam sacrifícios, usando os alicerces originais. Ele terá 27 metros de altura e 27 metros de largura. A cada três camadas de grandes pedras, será colocada uma camada de madeira. Todas as despesas serão pagas pela tesouraria real. Além disso, os utensílios de ouro e de prata que Nabucodonosor levou do templo de Deus, em Jerusalém, para a Babilônia devem ser devolvidos a Jerusalém e colocados em seus devidos lugares. Que sejam levados de volta ao templo de Deus”. O rei Dario enviou esta mensagem: “Agora, portanto, Tatenai, governador da província a oeste do rio Eufrates, Setar-Bozenai, seus companheiros e outros oficiais a oeste do rio Eufrates, permaneçam afastados de lá! Não interfiram na construção do templo de Deus. Deixem que seja reconstruído em seu antigo local, e não impeçam o governador de Judá e os líderes dos judeus de realizarem seu trabalho. “Além disso, decreto que ajudem esses líderes dos judeus a reconstruir o templo de Deus. Paguem, sem demora, todos os custos da construção, usando os impostos recolhidos na província a oeste do rio Eufrates, para que a obra não seja interrompida. “Deem aos sacerdotes em Jerusalém tudo que eles precisarem: novilhos, carneiros e cordeiros para os holocaustos oferecidos ao Deus dos céus. Providenciem, sem falta, a quantidade de trigo, sal, vinho e azeite que for necessária para cada dia. Assim, eles poderão oferecer sacrifícios agradáveis ao Deus dos céus e orar pelo bem-estar do rei e de seus filhos. “Se alguém desobedecer a este decreto de alguma maneira, terá uma viga de sua casa arrancada. Ele será amarrado a essa viga e pendurado nela, e sua casa será transformada num monte de entulho. Que o Deus que escolheu a cidade de Jerusalém como lugar para que seu nome seja honrado destrua qualquer rei ou nação que desobedecer a esta ordem e destruir este templo. “Eu, Dario, publiquei este decreto. Que ele seja obedecido com toda a diligência”. Tatenai, governador da província a oeste do rio Eufrates, Setar-Bozenai e seus companheiros obedeceram de imediato à ordem do rei Dario. Com isso, os líderes dos judeus puderam continuar seu trabalho e foram encorajados pela pregação dos profetas Ageu e Zacarias, filho de Ido. Finalmente, o templo foi terminado, como havia sido ordenado pelo Deus de Israel e decretado por Ciro, Dario e Artaxerxes, reis da Pérsia. O templo foi concluído no dia 12 de março, no sexto ano do reinado do rei Dario. Então o templo de Deus foi dedicado com grande alegria pelos israelitas, pelos sacerdotes, pelos levitas e pelo restante do povo que regressou do exílio. Durante a cerimônia de dedicação, foram sacrificados cem novilhos, duzentos carneiros e quatrocentos cordeiros. Doze bodes foram apresentados como oferta pelo pecado de todo o Israel, de acordo com o número das tribos. Em seguida, os sacerdotes e os levitas foram divididos em vários grupos para servirem no templo de Deus, em Jerusalém, conforme prescrito no Livro de Moisés. No dia 21 de abril, o povo que havia regressado do exílio celebrou a Páscoa. Os sacerdotes e os levitas haviam se purificado e estavam cerimonialmente puros. Abateram o cordeiro da Páscoa por todos que regressaram, por seus colegas, os sacerdotes, e por si mesmos. Todo o povo de Israel que havia regressado do exílio participou da refeição de Páscoa, junto com todos que haviam deixado os costumes impuros dos povos que ali viviam a fim de adorar o S enhor, o Deus de Israel. Em seguida, comemoraram durante sete dias a Festa dos Pães sem Fermento. Houve grande alegria em toda a terra, pois o S enhor tornou o rei da Assíria favorável a eles e o levou a ajudá-los a reconstruir o templo de Deus, o Deus de Israel. Muitos anos depois, durante o reinado de Artaxerxes, rei da Pérsia, havia um homem chamado Esdras. Ele era filho de Seraías, filho de Azarias, filho de Hilquias, filho de Salum, filho de Zadoque, filho de Aitube, filho de Amarias, filho de Azarias, filho de Meraiote, filho de Zeraías, filho de Uzi, filho de Buqui, filho de Abisua, filho de Fineias, filho de Eleazar, filho do sumo sacerdote Arão. Esdras era escriba, conhecedor da lei de Moisés, dada ao povo pelo S enhor, o Deus de Israel. Esdras foi da Babilônia a Jerusalém, e o rei lhe deu tudo que ele pediu, porque a mão do S enhor, seu Deus, estava sobre ele. Alguns dos israelitas, e também alguns sacerdotes, levitas, cantores, guardas das portas e servidores do templo, viajaram com ele para Jerusalém no sétimo ano do reinado de Artaxerxes. Esdras chegou a Jerusalém em agosto desse mesmo ano. Partiu da Babilônia em 8 de abril, o primeiro dia do novo ano, e chegou a Jerusalém em 4 de agosto, porque a bondosa mão do S enhor, seu Deus, estava sobre ele. Pois Esdras tinha decidido estudar a lei do S enhor, obedecer a ela e ensinar seus decretos e estatutos ao povo de Israel. O rei Artaxerxes tinha dado uma cópia da seguinte carta a Esdras, o sacerdote e escriba que estudava os mandamentos e decretos do S enhor e os ensinava a Israel: “De Artaxerxes, rei dos reis, ao sacerdote Esdras, mestre da lei do Deus dos céus. Saudações. “Eu decreto que qualquer israelita em meu reino, incluindo os sacerdotes e os levitas, que desejar regressar com você para Jerusalém, poderá ir. Eu e meus sete conselheiros o instruímos a investigar a situação em Judá e em Jerusalém, com base na lei de seu Deus, que está em suas mãos. Também o encarregamos de levar consigo a prata e o ouro que lhe entregamos voluntariamente como oferta para o Deus de Israel, que habita em Jerusalém. “Além disso, você levará toda prata e todo ouro que obtiver na província da Babilônia, bem como as ofertas voluntárias do povo e dos sacerdotes para o templo de seu Deus, em Jerusalém. Use esses recursos para comprar novilhos, carneiros, cordeiros e as respectivas ofertas de cereal e ofertas derramadas. Tudo isso será oferecido no altar do templo de seu Deus, em Jerusalém. A prata e o ouro que restarem poderão ser usados como parecer melhor a você e a seu povo, conforme a vontade de Deus. “Quanto aos utensílios que lhe confiamos para o serviço no templo de seu Deus, entregue-os todos diante do Deus de Jerusalém. Se precisar de mais alguma coisa para o templo de seu Deus, ou para qualquer necessidade semelhante, use recursos da tesouraria real. “Eu, o rei Artaxerxes, envio o seguinte decreto a todos os tesoureiros da província a oeste do rio Eufrates: ‘Deem a Esdras, sacerdote e mestre da lei do Deus dos céus, tudo que ele requisitar. Deem-lhe até 3.500 quilos de prata, 100 cestos grandes de trigo, 100 tonéis de vinho, 100 tonéis de azeite e sal à vontade. Tenham o cuidado de providenciar tudo que o Deus dos céus ordenar para seu templo; afinal, por que provocar a ira de Deus contra este império do rei e de seus filhos? Também decreto que nenhum sacerdote, levita, cantor, guarda das portas, servidor do templo, nem qualquer outro trabalhador no templo será obrigado a pagar tributos, impostos e taxas de qualquer tipo’. “E você, Esdras, use a sabedoria que seu Deus lhe deu para nomear magistrados e juízes que conheçam as leis de seu Deus para governarem todo o povo na província a oeste do rio Eufrates. Ensine a lei a todos que não a conhecem. Qualquer um que se recusar a obedecer à lei de seu Deus e do rei será castigado de imediato com a morte, com o exílio, com o confisco dos bens ou com a prisão”. Louvem o S enhor, o Deus de nossos antepassados, que colocou no coração do rei o desejo de embelezar o templo do S enhor, em Jerusalém, e que me mostrou seu amor leal ao honrar-me diante do rei, de seu conselho e de todos os seus oficiais poderosos! Senti-me encorajado porque a mão do S enhor, meu Deus, estava sobre mim e reuni alguns dos líderes de Israel para voltar comigo a Jerusalém. Esta é uma lista dos chefes de família, com suas genealogias, aqueles que regressaram comigo da Babilônia durante o reinado do rei Artaxerxes: da família de Fineias: Gérson; da família de Itamar: Daniel; da família de Davi: Hatus, descendente de Secanias; da família de Parós: Zacarias e 150 homens registrados com ele; da família de Paate-Moabe: Elioenai, filho de Zeraías, e 200 homens registrados com ele; da família de Zatu: Secanias, filho de Jaaziel, e 300 homens registrados com ele; da família de Adim: Ebede, filho de Jônatas, e 50 homens registrados com ele; da família de Elão: Jesaías, filho de Atalias, e 70 homens registrados com ele; da família de Sefatias: Zebadias, filho de Micael, e 80 homens registrados com ele; da família de Joabe: Obadias, filho de Jeiel, e 218 homens registrados com ele; da família de Bani: Selomite, filho de Josifias, e 160 homens registrados com ele; da família de Bebai: Zacarias, filho de Bebai, e 28 homens registrados com ele; da família de Azgade: Joanã, filho de Hacatã, e 110 homens registrados com ele; da família de Adonicam, que chegaram depois: Elifelete, Jeiel e Semaías, e 60 homens registrados com eles; da família de Bigvai: Utai e Zacur, e 70 homens registrados com eles. Reuni os exilados perto do canal de Aava, e acampamos ali por três dias enquanto eu revisava as listas do povo e dos sacerdotes que haviam chegado. Descobri que nenhum levita se havia oferecido para nos acompanhar. Por isso, mandei chamar Eliézer, Ariel, Semaías, Elnatã, Jaribe, Elnatã, Natã, Zacarias e Mesulão, líderes do povo. Também mandei chamar Joiaribe e Elnatã, dois homens com discernimento. Enviei-os a Ido, chefe dos levitas em Casifia, para que pedissem a ele, a seus parentes e aos servidores do templo que nos enviassem ministros para o templo de Deus, em Jerusalém. Visto que a bondosa mão de nosso Deus estava sobre nós, eles nos enviaram Serebias, junto com 18 de seus filhos e parentes. Era um homem inteligente, descendente de Mali, descendente de Levi, filho de Israel. Também nos enviaram Hasabias, junto com Jesaías, dos descendentes de Merari, 20 de seus filhos e parentes, e 220 servidores do templo. Os servidores do templo eram assistentes dos levitas, um grupo de trabalhadores do templo instituído pelo rei Davi e por seus oficiais. Todos estavam registrados por nome. Ali, junto ao canal de Aava, ordenei que todos nós jejuássemos e nos humilhássemos diante de nosso Deus. Oramos para que ele nos proporcionasse uma viagem segura e nos protegesse, como também a nossos filhos e a nossos bens. Pois tive vergonha de pedir ao rei soldados e cavaleiros para nos acompanhar e nos proteger de inimigos ao longo do caminho. Afinal, tínhamos dito ao rei: “A bondosa mão de nosso Deus está sobre todos que o adoram, mas seu poder e sua ira estão contra todos que o abandonam”. Assim, jejuamos e pedimos com fervor que nosso Deus cuidasse de nós, e ele atendeu à nossa oração. Nomeei doze chefes dos sacerdotes — Serebias, Hasabias e outros dez sacerdotes — para ficarem encarregados do transporte da prata, do ouro e dos outros objetos que o rei, seu conselho, seus oficiais e todo o povo de Israel haviam doado para o templo de Deus. Pesei o tesouro ao entregá-lo, e seu total era: 22.750 quilos de prata, 3.500 quilos de utensílios de prata, 3.500 quilos de ouro, 20 tigelas de ouro, cada uma pesando 8,6 quilos; 2 utensílios finos de bronze polido, tão valiosos como ouro. Eu disse aos sacerdotes: “Vocês e esses tesouros foram consagrados ao S enhor. A prata e o ouro são ofertas voluntárias ao S enhor, o Deus de nossos antepassados. Guardem bem esses tesouros até que os apresentem aos líderes dos sacerdotes, aos levitas e aos chefes de família de Israel, que os pesarão nos depósitos do templo do S enhor, em Jerusalém”. Os sacerdotes e os levitas aceitaram a responsabilidade de transportar esses tesouros de prata e de ouro até o templo de nosso Deus, em Jerusalém. Levantamos acampamento junto ao canal de Aava, no dia 19 de abril, e partimos para Jerusalém. E a mão de nosso Deus nos protegeu e nos guardou de inimigos e bandidos ao longo do caminho. Assim, chegamos em segurança a Jerusalém, onde descansamos por três dias. No quarto dia depois de nossa chegada, a prata, o ouro e os utensílios valiosos foram pesados no templo de nosso Deus e entregues a Meremote, filho do sacerdote Urias. Estavam com ele Eleazar, filho de Fineias, e os levitas Jozabade, filho de Jesua, e Noadias, filho de Binui. Pesaram e contaram tudo, e o peso total foi registrado oficialmente. Os exilados que haviam regressado do cativeiro ofereceram holocaustos ao Deus de Israel. Apresentaram 12 touros por todo o povo de Israel, 96 carneiros e 77 cordeiros. Também apresentaram 12 bodes como oferta pelo pecado. Tudo isso foi oferecido como holocausto ao S enhor. Os decretos do rei foram entregues aos oficiais que ocupavam os cargos mais elevados e aos governadores da província a oeste do rio Eufrates, que passaram a apoiar o povo e o templo de Deus. Depois que essas coisas foram feitas, os líderes judeus vieram e me disseram: “Muitos israelitas, e até mesmo alguns sacerdotes e levitas, não se mantiveram separados dos outros povos que habitam nesta terra. Adotaram as práticas detestáveis dos cananeus, dos hititas, dos ferezeus, dos jebuseus, dos amonitas, dos moabitas, dos egípcios e dos amorreus. Os homens de Israel se casaram com mulheres desses povos e as tomaram como esposas para seus filhos. A descendência santa se contaminou por meio desses casamentos mistos. E, pior ainda, os líderes e os oficiais foram os primeiros a cometer essa infidelidade”. Quando ouvi isso, rasguei minha túnica e meu manto, arranquei cabelos da cabeça e da barba e me sentei, absolutamente pasmo. Então todos que tremiam diante das palavras do Deus de Israel vieram e sentaram-se comigo por causa dessa infidelidade cometida pelos exilados que haviam regressado. E fiquei sentado ali, atônito, até o sacrifício da tarde. Na hora do sacrifício, levantei-me de onde havia sentado em lamentação, com as roupas rasgadas. Caí de joelhos, ergui as mãos ao S enhor, meu Deus, e orei: “Ó meu Deus, estou profundamente humilhado e tenho vergonha de levantar meu rosto para ti. Pois nossos pecados se elevam acima de nossa cabeça, e nossa culpa chegou até os céus. Desde os dias de nossos antepassados até agora, temos vivido cheios de pecado. Por isso, nós, nossos reis e nossos sacerdotes fomos entregues nas mãos dos reis da terra. Fomos mortos, capturados, roubados e desprezados, como acontece hoje. “Agora, porém, a graça do S enhor, nosso Deus, nos foi concedida por um breve momento. Ele permitiu que alguns de nós sobrevivêssemos como um remanescente e nos deu segurança neste lugar santo. Nosso Deus iluminou nossos olhos e nos concedeu um pouco de alívio de nossa escravidão. Éramos escravos, mas, em seu amor leal, nosso Deus não nos abandonou na escravidão. Em vez disso, fez os reis da Pérsia nos tratarem com bondade. Ele renovou nossas forças, para que reconstruíssemos o templo de nosso Deus e restaurássemos suas ruínas. Deu-nos um muro de proteção em Judá e em Jerusalém. “Agora, ó nosso Deus, o que podemos dizer depois de tudo isso? Pois, mais uma vez, abandonamos teus mandamentos! Tu nos advertiste por meio de teus servos, os profetas, quando eles disseram: ‘A terra em que estão entrando está inteiramente contaminada pelas práticas detestáveis dos povos que nela habitam. Está cheia de corrupção, de uma extremidade à outra. Não permitam que suas filhas se casem com os filhos deles, nem tomem as filhas deles como esposas para seus filhos. Jamais promovam a paz e a prosperidade dessas nações. Se seguirem essas instruções, serão fortes, desfrutarão das coisas boas que a terra produz e deixarão essa prosperidade como herança para seus filhos para sempre’. “Tudo que nos aconteceu é castigo de nossa maldade e de nossa grande culpa. Ainda assim, recebemos um castigo muito menor do que merecíamos, pois tu, nosso Deus, permitiste que alguns de nós sobrevivêssemos como um remanescente. E, no entanto, quebramos teus mandamentos outra vez e nos casamos com pessoas que praticam essas coisas detestáveis. Acaso tua ira não será suficiente para nos destruir, a ponto de não sobreviver nem mesmo este pequeno remanescente? Ó S enhor, Deus de Israel, tu és justo. Aqui estamos diante de ti com nossa culpa, um mero remanescente que escapou, embora, por sermos culpados, nenhum de nós tenha o direito de estar em tua presença”. Enquanto Esdras orava e fazia essa confissão, chorando e com o rosto no chão diante do templo de Deus, uma grande multidão de israelitas — homens, mulheres e crianças — se reuniu e chorou amargamente com ele. Então Secanias, filho de Jeiel, descendente de Elão, disse a Esdras: “Fomos infiéis a nosso Deus, pois nos casamos com mulheres estrangeiras, dos povos desta terra. Apesar disso, há esperança para Israel. Façamos agora uma aliança com nosso Deus, firmando que nos divorciaremos de nossas esposas estrangeiras e as mandaremos embora com seus filhos. Seguiremos seu conselho e o conselho dos outros que tremem diante dos mandamentos de nosso Deus. Que tudo seja feito de acordo com a lei de Deus. Levante-se, pois é seu dever nos dizer como corrigir esta situação. Nós o apoiaremos; portanto, seja forte e faça o que tem de ser feito!”. Então Esdras se levantou e exigiu que os líderes dos sacerdotes, os levitas e todo o povo de Israel jurassem que fariam o que Secanias tinha dito. E todos fizeram um juramento solene. Em seguida, Esdras se retirou de diante do templo de Deus e foi à sala de Joanã, filho de Eliasibe. Não bebeu nem comeu nada enquanto esteve ali, pois ainda lamentava a infidelidade dos exilados que haviam regressado. Depois disso, foi feita uma proclamação por todo o Judá e Jerusalém, para que todos os que vieram do exílio se reunissem em Jerusalém. Aqueles que não viessem em três dias perderiam todas as suas propriedades e seriam expulsos da comunidade dos exilados, conforme a decisão dos líderes e das autoridades. Dentro de três dias, todo o povo de Judá e de Benjamim havia se reunido em Jerusalém. A reunião aconteceu no dia 19 de dezembro, e todo o povo estava sentado na praça diante do templo de Deus. Tremiam por causa da seriedade do assunto e porque chovia. Então o sacerdote Esdras se levantou e disse: “Vocês agiram de modo infiel. Aumentaram a culpa de Israel ao se casar com mulheres estrangeiras. Agora, confessem seu pecado ao S enhor, o Deus de seus antepassados, e façam o que agrada a ele. Separem-se do povo da terra e dessas mulheres estrangeiras”. Toda a comunidade respondeu em alta voz: “Você tem razão! Faremos o que disse! No entanto, não é algo que possa ser feito em um dia ou dois, pois há muitos de nós envolvidos neste grande pecado. E agora é a estação das chuvas, portanto não podemos ficar aqui fora por muito mais tempo. Que nossos líderes decidam por toda a comunidade. Todo aquele que tiver uma esposa estrangeira virá num dia marcado, acompanhado das autoridades e dos juízes de sua cidade, para que a ira ardente de nosso Deus a esse respeito seja afastada de nós”. Os únicos que se opuseram à proposta foram Jônatas, filho de Asael, e Jazeías, filho de Ticvá, apoiados por Mesulão e pelo levita Sabetai. Foi esse, portanto, o plano que seguiram. Esdras escolheu líderes para representarem suas famílias e designou cada representante por nome. No dia 29 de dezembro, os líderes se reuniram para tratar da questão. Assim, em 27 de março, o primeiro dia do novo ano, haviam terminado de resolver todos os casos de homens que tinham se casado com mulheres estrangeiras. Os sacerdotes que se casaram com mulheres estrangeiras foram: Da família de Jesua, filho de Jeozadaque, e de seus irmãos: Maaseias, Eliézer, Jaribe e Gedalias. Assumiram o compromisso de divorciar-se de suas esposas, e cada um ofereceu um carneiro como sacrifício por causa de sua culpa. Da família de Imer: Hanani e Zebadias. Da família de Harim: Maaseias, Elias, Semaías, Jeiel e Uzias. Da família de Pasur: Elioenai, Maaseias, Ismael, Natanael, Jozabade e Elasa. Os levitas culpados desse pecado foram: Jozabade, Simei, Quelaías (também chamado Quelita), Petaías, Judá e Eliézer. O cantor culpado desse pecado foi: Eliasibe. Os porteiros culpados desse pecado foram: Salum, Telém e Uri. Os outros israelitas culpados desse pecado foram: Da família de Parós: Ramias, Jezias, Malquias, Miamim, Eleazar, Malquias e Benaia. Da família de Elão: Matanias, Zacarias, Jeiel, Abdi, Jeremote e Elias. Da família de Zatu: Elioenai, Eliasibe, Matanias, Jeremote, Zabade e Aziza. Da família de Bebai: Joanã, Hananias, Zabai e Atlai. Da família de Bani: Mesulão, Maluque, Adaías, Jasube, Seal e Jeremote. Da família de Paate-Moabe: Adna, Quelal, Benaia, Maaseias, Matanias, Bezaleel, Binui e Manassés. Da família de Harim: Eliézer, Issias, Malquias, Semaías, Simeão, Benjamim, Maluque e Semarias. Da família de Hasum: Matenai, Matatá, Zabade, Elifelete, Jeremai, Manassés e Simei. Da família de Bani: Maadai, Anrão, Uel, Benaia, Bedias, Queluí, Vanias, Meremote, Eliasibe, Matanias, Matenai e Jaasai. Da família de Binui: Simei, Selemias, Natã, Adaías, Macnadbai, Sasai, Sarai, Azareel, Selemias, Semarias, Salum, Amarias e José. Da família de Nebo: Jeiel, Matitias, Zabade, Zebina, Jadai, Joel e Benaia. Todos esses homens se casaram com mulheres estrangeiras, e alguns tiveram filhos com essas esposas. Estas são as memórias de Neemias, filho de Hacalias. No mês de quisleu, no vigésimo ano do reinado do rei Artaxerxes, eu estava na fortaleza de Susã. Hanani, um de meus irmãos, veio me visitar com alguns homens que haviam chegado de Judá. Perguntei-lhes a respeito dos judeus que haviam regressado do cativeiro e da situação em Jerusalém. Eles responderam: “As coisas não vão bem para os que regressaram à província de Judá. Eles estão passando por dificuldades e humilhações. O muro de Jerusalém foi derrubado, e suas portas foram destruídas pelo fogo”. Quando ouvi isso, sentei-me e chorei. Durante alguns dias, lamentei, jejuei e orei ao Deus dos céus. Então disse: “Ó S enhor, Deus dos céus, Deus grande e temível, que guardas tua aliança de amor leal para com os que te amam e obedecem a teus mandamentos, ouve minha oração! Olha do alto e vê que oro noite e dia por teu povo, Israel. Confesso que temos pecado contra ti. Sim, minha própria família e eu temos pecado! Temos pecado terrivelmente contra ti. Não temos obedecido a teus mandamentos, decretos e estatutos, que nos deste por meio de teu servo Moisés. “Por favor, lembra-te do que disseste a teu servo Moisés: ‘Se forem infiéis a mim, eu os dispersarei entre as nações, mas, se voltarem para mim e obedecerem a meus mandamentos e viverem de acordo com eles, então, mesmo que estejam exilados nos confins da terra, eu os reunirei e os trarei de volta ao lugar que escolhi para estabelecer meu nome’. “O povo que tu resgataste com teu grande poder e com tua forte mão é teu servo. Ó Senhor, por favor, ouve a oração deste teu servo! Ouve as orações de teus servos que se agradam em te honrar. Peço que me concedas êxito hoje e que o rei me seja favorável”. Nesse tempo, eu era copeiro do rei. No mês de nisã, no vigésimo ano do reinado do rei Artaxerxes, eu estava servindo vinho ao rei. Nunca eu tinha estado triste em sua presença. O rei me perguntou: “Por que está com o rosto tão triste? Você não parece doente. Deve estar profundamente angustiado”. Fiquei com muito medo, mas respondi: “Que o rei viva para sempre! Como meu rosto não pareceria triste? A cidade onde estão sepultados meus antepassados está em ruínas, e suas portas foram destruídas pelo fogo”. “O que você deseja que eu faça?”, perguntou o rei. Depois de orar ao Deus dos céus, respondi: “Se lhe parecer bem, e se o rei for favorável a mim, seu servo, peço que me envie a Judá para reconstruir a cidade onde meus antepassados estão sepultados”. O rei, com a rainha sentada ao seu lado, perguntou: “Quanto tempo você ficará ausente? Quando voltará?”. Respondi ao rei quanto tempo ficaria ausente, e ele atendeu a meu pedido. Disse também: “Se lhe parecer bem, gostaria que o rei me desse cartas para levar aos governadores da província a oeste do rio Eufrates, com instruções para que eles permitam que eu viaje em segurança por seus territórios até chegar a Judá. Peço ainda que o rei me dê uma carta para levar a Asafe, administrador da floresta real, com instruções para que me forneça madeira. Precisarei desse material para as vigas das portas da fortaleza junto ao templo, para o muro da cidade e para minha própria casa”. O rei atendeu a esses pedidos, pois a bondosa mão de Deus estava sobre mim. Fui aos governadores da província a oeste do rio Eufrates e lhes entreguei as cartas do rei. Além disso, o rei enviou oficiais do exército e cavaleiros para me protegerem. Mas, quando Sambalate, o horonita, e Tobias, o oficial amonita, souberam de minha chegada, ficaram muito irritados porque alguém veio promover o bem dos israelitas. Assim, cheguei a Jerusalém. Três dias depois, saí discretamente durante a noite, levando comigo uns poucos homens. Não havia contado a ninguém os planos para Jerusalém que Deus tinha colocado em meu coração. Não levamos nenhum animal de carga além daquele que eu montava. Depois que escureceu, saí pela porta do Vale, passei pelo poço do Chacal e fui até a porta do Esterco para inspecionar o muro de Jerusalém, que tinha sido derrubado, e as portas, que haviam sido destruídas pelo fogo. Em seguida, fui à porta da Fonte e ao tanque do Rei, mas, por causa do entulho, não havia espaço para meu animal passar. Por isso, embora ainda estivesse escuro, subi pelo vale de Cedrom e inspecionei os muros ali, antes de voltar e entrar de novo pela porta do Vale. Os oficiais da cidade não sabiam aonde eu tinha ido nem o que estava fazendo, pois não havia contado meus planos a ninguém. Ainda não tinha falado com os líderes judeus: os sacerdotes, os nobres, os oficiais e outros que realizariam o trabalho. Mas, então, eu lhes disse: “Vocês sabem muito bem da terrível situação em que estamos. Jerusalém está em ruínas, e suas portas foram destruídas pelo fogo. Venham, vamos reconstruir o muro de Jerusalém e acabar com essa vergonha!”. Então lhes contei como a mão de Deus tinha estado sobre mim e lhes relatei minha conversa com o rei. Eles responderam: “Sim, vamos reconstruir o muro!”, e ficaram animados para realizar essa boa obra. Mas, quando Sambalate, o horonita, Tobias, o oficial amonita, e Gesém, o árabe, souberam de nosso plano, zombaram de nós com desprezo e perguntaram: “O que estão fazendo? Estão se rebelando contra o rei?”. Eu lhes respondi: “O Deus dos céus nos dará êxito. Nós, seus servos, começaremos a reconstruir este muro. Vocês, porém, não têm nenhuma parte, nenhum direito legal ou histórico sobre Jerusalém”. Então o sumo sacerdote Eliasibe e os outros sacerdotes começaram a reconstruir a porta das Ovelhas. Eles a consagraram, colocaram as portas no lugar e reconstruíram o muro até a torre dos Cem, que também consagraram, e até a torre de Hananel. Os habitantes da cidade de Jericó trabalharam ao lado deles, e mais adiante estava Zacur, filho de Inri. A porta do Peixe foi construída pelos filhos de Hassenaá. Colocaram as vigas, levantaram as portas e puseram os ferrolhos e as trancas. Meremote, filho de Urias e neto de Hacoz, consertou o trecho seguinte do muro. Ao seu lado estava Mesulão, filho de Berequias e neto de Mesezabel, e mais adiante, Zadoque, filho de Baaná. Os habitantes de Tecoa consertaram o trecho seguinte, embora seus líderes se recusassem a trabalhar com os supervisores da construção. Os reparos da porta Antiga foram realizados por Joiada, filho de Paseia, e por Mesulão, filho de Besodias. Colocaram as vigas, levantaram as portas e puseram os ferrolhos e as trancas. Ao lado deles estavam Melatias, de Gibeom, Jadom, de Meronote, homens de Gibeom e homens de Mispá, cidades sob a autoridade do governador da província a oeste do rio Eufrates. Uziel, filho de Haraías, ourives de profissão, consertou o trecho seguinte, e mais adiante estava Hananias, fabricante de perfumes. Reconstruíram Jerusalém até o muro Largo. Refaías, filho de Hur, governador de metade do distrito de Jerusalém, trabalhou ao lado deles no muro. No trecho seguinte, Jedaías, filho de Harumafe, consertou o muro em frente de sua própria casa, e ao lado dele estava Hatus, filho de Hasabneias. Em seguida vinham Malquias, filho de Harim, e Hassube, filho de Paate-Moabe, que consertaram outra parte do muro e a torre dos Fornos. Salum, filho de Haloes, e as filhas dele, consertaram o trecho seguinte. Salum era governador da outra metade do distrito de Jerusalém. Os reparos da porta do Vale foram realizados pelos habitantes de Zanoa, sob a liderança de Hanum. Levantaram as portas e puseram os ferrolhos e as trancas. Também consertaram os 450 metros seguintes do muro até a porta do Esterco. Os reparos da porta do Esterco foram realizados por Malquias, filho de Recabe, governador do distrito de Bete-Haquerém. Ele a reconstruiu, levantou as portas e pôs os ferrolhos e as trancas. Os reparos da porta da Fonte foram realizados por Salum, filho de Col-Hozé, governador do distrito de Mispá. Ele a reconstruiu, colocou o telhado, levantou as portas e pôs os ferrolhos e as trancas. Além disso, consertou o muro do tanque de Siloé, perto do jardim do rei, e reconstruiu o muro até os degraus que descem da Cidade de Davi. Ao lado dele estava Neemias, filho de Azbuque, governador de metade do distrito de Bete-Zur. Ele reconstruiu o muro desde o lugar em frente dos túmulos da família de Davi até o reservatório de água e até a Casa dos Guerreiros. Os reparos do trecho seguinte foram realizados por um grupo de levitas que trabalharam sob a supervisão de Reum, filho de Bani. Depois deles vinha Hasabias, governador de metade do distrito de Queila, representando seu distrito. No trecho seguinte trabalharam seus parentes, liderados por Binui, filho de Henadade, governador da outra metade do distrito de Queila. Ézer, filho de Jesua, governador do distrito de Mispá, consertou o trecho seguinte do muro, desde o lugar em frente da subida para a casa das armas até a esquina do muro. Mais adiante, Baruque, filho de Zabai, consertou com grande zelo o trecho desde a esquina do muro até a entrada da casa do sumo sacerdote Eliasibe. Meremote, filho de Urias e neto de Hacoz, reconstruiu o trecho do muro desde a entrada da casa de Eliasibe até o fim da casa. Os reparos do trecho seguinte foram realizados pelos sacerdotes que moravam ao redor da cidade. Ao seu lado, Benjamim e Hassube consertaram o trecho em frente de suas casas, e Azarias, filho de Maaseias e neto de Ananias, consertou o trecho ao lado de sua casa. Em seguida vinha Binui, filho de Henadade, que consertou o trecho desde a casa de Azarias até a esquina do muro. Palal, filho de Uzai, consertou o trecho em frente da esquina do muro e da torre do palácio real, ao lado do pátio da guarda. Ao lado dele estavam Pedaías, filho de Parós, e os servidores do templo que moravam na colina de Ofel, que consertaram o muro até o lugar em frente da porta das Águas, a leste, e da torre do palácio. Mais adiante, os habitantes de Tecoa consertaram outro trecho, desde o lugar em frente da grande torre alta até o muro de Ofel. Os reparos acima da porta dos Cavalos foram realizados pelos sacerdotes; cada um consertou o trecho do muro em frente de sua própria casa. Depois deles, Zadoque, filho de Imer, também consertou o trecho do muro em frente de sua casa. Ao seu lado estava Semaías, filho de Secanias, guarda da porta Oriental. Hananias, filho de Selemias, e Hanum, sexto filho de Zalafe, consertaram o trecho seguinte, enquanto Mesulão, filho de Berequias, consertou o trecho em frente de onde ele morava. Malquias, um dos ourives, consertou o muro até as casas para os servidores do templo e para os negociantes, em frente da porta da Guarda; então continuou o trabalho até a sala superior da esquina. Os outros ourives e negociantes consertaram o muro desde a sala superior da esquina até a porta das Ovelhas. Sambalate ficou furioso quando soube que estávamos reconstruindo o muro. Indignou-se e zombou dos judeus. Disse na presença de seus companheiros e dos oficiais do exército samaritano: “O que esse punhado de judeus fracos pensa que está fazendo? Imaginam que serão capazes de construir o muro em um dia só porque ofereceram alguns sacrifícios? Pensam que podem fazer algo com as pedras queimadas que tiraram de um monte de entulho?”. Tobias, o amonita, estava ao seu lado e comentou: “Basta uma raposa subir lá, e esse muro de pedra desaba!”. Então orei: “Ouve-nos, nosso Deus, pois estamos sendo ridicularizados. Que essa zombaria caia sobre a cabeça deles, e que eles próprios se tornem prisioneiros numa terra estrangeira! Não ignores sua culpa. Não apagues seus pecados, pois provocaram tua ira aqui, diante dos construtores”. Por fim, o muro foi reconstruído até metade de sua altura ao redor de toda a cidade, pois o povo trabalhou com entusiasmo. No entanto, quando Sambalate, Tobias, os árabes, os amonitas e os asdoditas souberam que a obra avançava e que as brechas no muro de Jerusalém estavam sendo fechadas, encheram-se de ira. Eles planejaram vir, lutar contra Jerusalém e causar confusão em nosso meio. Mas nós oramos a nosso Deus e colocamos guardas na cidade de dia e de noite para nos proteger. Então o povo de Judá começou a se queixar: “Os trabalhadores estão cansados, e ainda há muito entulho para remover. Não seremos capazes de construir o muro sozinhos”. Enquanto isso, nossos inimigos diziam: “Antes que eles se deem conta do que está acontecendo, cairemos sobre eles e os mataremos, acabando com seu trabalho”. Os judeus que moravam perto dos inimigos nos disseram diversas vezes: “Eles virão de todas as direções e nos atacarão!”. Por isso, coloquei guardas armados atrás das partes mais baixas do muro e nos lugares mais expostos. Dividi-os por famílias, para que montassem guarda armados com espadas, lanças e arcos. Examinei a situação, reuni os nobres, os oficiais e o restante do povo e lhes disse: “Não tenham medo do inimigo! Lembrem-se do Senhor, que é grande e temível, e lutem por seus irmãos, seus filhos, suas filhas, suas esposas e seus lares!”. Quando nossos inimigos descobriram que sabíamos de seus planos e que Deus os havia frustrado, todos nós voltamos ao trabalho no muro. Dali em diante, porém, apenas metade de meus homens trabalhava, pois a outra metade ficava de guarda com lanças, escudos, arcos e couraças. Os líderes ficavam na retaguarda de todo o povo de Judá, que construía o muro. Os trabalhadores prosseguiram com a obra; com uma das mãos levavam as cargas, enquanto, com a outra, seguravam uma arma. Todos os construtores tinham uma espada presa à cintura. O tocador de trombeta ficava comigo para dar o sinal de alerta. Então expliquei aos nobres, aos oficiais e ao restante do povo: “A obra é extensa, e estamos muito separados uns dos outros ao longo do muro. Quando ouvirem o toque da trombeta, corram para onde ele soar. Nosso Deus lutará por nós”. Trabalhávamos o dia inteiro, do nascer ao pôr do sol, e metade dos homens estava sempre de guarda. Nessa ocasião, eu disse aos que moravam fora dos muros que passassem a noite em Jerusalém. Assim, eles e seus servos poderiam ajudar na guarda à noite e trabalhar durante o dia. Nenhum de nós — nem eu, nem meus parentes, nem meus servos, nem os guardas que estavam comigo — trocava de roupa. Carregávamos sempre nossas armas, até mesmo quando íamos beber água. Por esse tempo, alguns homens e suas esposas fizeram um grande protesto contra seus irmãos judeus. Alguns deles diziam: “Nossas famílias são grandes; precisamos de mais alimento para sobreviver”. Outros diziam: “Hipotecamos nossos campos, nossas videiras e nossas casas para conseguir comida durante este período de escassez”. Ainda outros diziam: “Tomamos dinheiro emprestado para pagar os impostos do rei sobre nossos campos e vinhedos. Somos da mesma família que os ricos, e nossos filhos são iguais aos filhos deles. Contudo, somos obrigados a vender nossos filhos como escravos só para termos dinheiro suficiente para viver. Já vendemos algumas de nossas filhas, e não há nada que possamos fazer, pois nossos campos e vinhedos agora pertencem a outros”. Quando ouvi essas reclamações, fiquei muito indignado. Depois de pensar bem na questão, repreendi os nobres e os oficiais, dizendo: “Vocês estão prejudicando seus próprios irmãos ao cobrar juros quando lhes pedem dinheiro emprestado!”. Em seguida, convoquei uma reunião pública para tratar do problema. Na reunião, eu lhes disse: “Temos feito todo o possível para resgatar nossos irmãos judeus que se venderam a estrangeiros, mas agora vocês os vendem de volta à escravidão. Quantas vezes precisaremos resgatá-los?”. E eles não tinham nada a dizer em sua defesa. Então prossegui: “O que vocês estão fazendo não é certo! Acaso não deviam andar no temor de nosso Deus, para evitar a zombaria das nações inimigas? Eu, meus irmãos e os homens que trabalham para mim temos emprestado dinheiro e cereal para o povo. Agora, porém, deixemos de cobrar juros! Devolvam-lhes hoje mesmo seus campos, seus vinhedos, seus olivais e suas casas. Devolvam também a centésima parte, os juros que cobraram quando lhes emprestaram dinheiro, cereais, vinho novo e azeite”. Eles responderam: “Devolveremos tudo e não exigiremos mais nada do povo. Faremos conforme você diz”. Então chamei os sacerdotes e fiz os nobres e os oficiais jurarem que cumpririam sua promessa. Depois, sacudi as dobras de meu manto e disse: “Que Deus assim os sacuda de seus lares e de suas propriedades se vocês não cumprirem o que prometeram! Que fiquem sem absolutamente nada!”. Toda a comunidade respondeu: “Amém”, e louvaram o S enhor. E o povo cumpriu o que havia prometido. Durante os doze anos em que fui governador de Judá, do vigésimo ano ao trigésimo segundo ano do reinado do rei Artaxerxes, nem eu nem meus oficiais cobramos o tributo de alimentação ao qual tínhamos direito. Os governadores anteriores, no entanto, haviam colocado cargas pesadas sobre o povo; exigiam uma porção de alimento e de vinho, além de quarenta peças de prata. Até mesmo os oficiais deles se aproveitavam do povo. Mas, por temor a Deus, não agi dessa maneira. Dediquei-me ao trabalho no muro e não adquiri terras. Exigi que todos os meus servos também trabalhassem no muro. Não pedi nada, embora 150 judeus e oficiais comessem com frequência à minha mesa, além de todos os visitantes de outras terras. Os suprimentos pelos quais eu pagava todos os dias eram um boi, seis das melhores ovelhas, e muitas aves. Além disso, a cada dez dias, precisávamos de uma grande quantidade de vinhos de todo tipo. E, no entanto, não cobrei o tributo de alimentação a que o governador tinha direito, pois o trabalho que o povo realizava já representava uma carga pesada. Lembra-te, ó meu Deus, de tudo que tenho feito por este povo, e abençoa-me por isso. Sambalate, Tobias, Gesém, o árabe, e o restante de nossos inimigos descobriram que eu havia terminado de reconstruir o muro e que não restavam brechas, embora as portas ainda não tivessem sido colocadas em seus lugares. Então Sambalate e Gesém enviaram uma mensagem pedindo que eu me encontrasse com eles num dos povoados da planície de Ono. Sabendo que eles planejavam me fazer mal, respondi com a seguinte mensagem: “Estou envolvido com uma obra muito importante e não posso ir. Por que eu deveria interromper o trabalho para me encontrar com vocês?”. Quatro vezes eles enviaram a mesma mensagem, e cada vez lhes respondi da mesma forma. Na quinta vez, o servo de Sambalate trouxe nas mãos uma carta aberta, que dizia: “Há um boato entre as nações vizinhas, e Gesém o confirma, que você e os judeus planejam se rebelar e, por isso, estão reconstruindo o muro. De acordo com esses relatos, você planeja se tornar o rei deles. Corre a notícia de que você nomeou profetas em Jerusalém para proclamarem a seu respeito: ‘Olhem! Há um rei em Judá!’. “Pode ter certeza de que essa informação chegará ao conhecimento do rei. Sugiro, portanto, que venha conversar comigo”. Eu lhe respondi: “Nada do que você diz é verdade. É tudo invenção sua”. Estavam apenas tentando nos intimidar e imaginavam que iríamos interromper a obra. Assim, continuei o trabalho com determinação ainda maior. Algum tempo depois, fui visitar Semaías, filho de Delaías e neto de Meetabel, que não podia sair de sua casa. Ele disse: “Vamos nos encontrar no templo de Deus e trancar as portas. Esta noite seus inimigos virão matá-lo”. Eu, porém, respondi: “Alguém de minha posição deve fugir do perigo? Alguém como eu deve entrar no templo para salvar a vida? Não farei isso!”. Percebi que Deus não tinha falado com Semaías, mas que ele havia sido contratado por Sambalate e Tobias para anunciar essa profecia contra mim. Eles esperavam me intimidar e me fazer pecar. Assim, poderiam me difamar e me desacreditar. Lembra-te, ó meu Deus, de todo mal feito por Tobias e Sambalate. E lembra-te da profetisa Noadia e de todos os outros profetas que tentaram me intimidar. Por fim, no dia 2 de outubro, 52 dias depois de começarmos o trabalho, o muro ficou pronto. Quando nossos inimigos e as nações vizinhas souberam disso, ficaram assustados e sentiram-se humilhados. Perceberam que a obra havia sido realizada com a ajuda de nosso Deus. Durante esses 52 dias, Tobias e os nobres de Judá trocaram várias cartas. Muitos em Judá haviam jurado lealdade a Tobias, pois seu sogro era Secanias, filho de Ará, e seu filho Joanã era casado com a filha de Mesulão, filho de Berequias. Eles sempre me falavam das boas ações de Tobias e lhe contavam tudo que eu dizia. E Tobias continuava a mandar cartas de ameaça para me intimidar. Depois que o muro foi terminado e que eu havia colocado as portas em seus lugares, foram nomeados os guardas das portas, os cantores e os levitas. Entreguei a responsabilidade de governar Jerusalém a meu irmão Hanani e a Hananias, comandante da fortaleza, pois era um homem fiel que temia a Deus mais do que a maioria dos homens. Eu lhes disse: “Não deixem as portas abertas durante a parte mais quente do dia. Mesmo quando os guardas das portas estiverem de serviço, deverão fechá-las e trancá-las. Nomeiem moradores de Jerusalém para montar guarda, todos em turnos regulares. Alguns ficarão em postos de sentinela, e outros, em frente de suas casas”. Nesse tempo, a cidade era grande e espaçosa, mas a população era pequena e nenhuma das casas havia sido reconstruída. Então meu Deus me deu a ideia de convocar todos os nobres e as autoridades da cidade e todos os cidadãos comuns para registrá-los. Eu havia encontrado o registro genealógico dos primeiros a regressar a Judá. Nele estava escrito: Esta é uma lista dos judeus da província que regressaram do cativeiro. O rei Nabucodonosor os havia deportado para a Babilônia, mas eles voltaram para Jerusalém e Judá, cada um para sua cidade de origem. Seus líderes eram Zorobabel, Jesua, Neemias, Seraías, Reelaías, Naamani, Mardoqueu, Bilsã, Mispar, Bigvai, Reum e Baaná. Este é o número de homens de Israel que regressaram do exílio: da família de Parós, 2.172; da família de Sefatias, 372; da família de Ará, 652; da família de Paate-Moabe (descendentes de Jesua e de Joabe), 2.818; da família de Elão, 1.254; da família de Zatu, 845; da família de Zacai, 760; da família de Bani, 648; da família de Bebai, 628; da família de Azgade, 2.322; da família de Adonicam, 667; da família de Bigvai, 2.067; da família de Adim, 655; da família de Ater (descendentes de Ezequias), 98; da família de Hassum, 328; da família de Bezai, 324; da família de Jora, 112; da família de Gibar, 95; do povo de Belém e Netofa, 188; do povo de Anatote, 128; do povo de Bete-Azmavete, 42; do povo de Quiriate-Jearim, Quefira e Beerote, 743; do povo de Ramá e Geba, 621; do povo de Micmás, 122; do povo de Betel e Ai, 123; do povo de Nebo Ocidental, 52; dos cidadãos de Elão Ocidental, 1.254; os cidadãos de Harim, 320; os cidadãos de Jericó, 345; os cidadãos de Lode, Hadide e Ono, 721; os cidadãos de Senaá, 3.930. Estes são os sacerdotes que regressaram do exílio: da família de Jedaías (da linhagem de Jesua), 973; da família de Imer, 1.052; da família de Pasur, 1.247; da família de Harim, 1.017. Estes são os levitas que regressaram do exílio: das famílias de Jesua e Cadmiel (descendentes de Hodavias), 74; os cantores da família de Asafe, 148; os guardas das portas das famílias de Salum, Ater, Talmom, Acube, Hatita e Sobai, 138. Os descendentes destes servidores do templo regressaram do exílio: Zia, Hasufa, Tabaote, Queros, Sia, Padom, Lebana, Hagaba, Salmai, Hanã, Gidel, Gaar, Reaías, Rezim, Necoda, Gazão, Uzá, Paseia, Besai, Meunim, Nefusim, Baquebuque, Hacufa, Harur, Baslute, Meída, Harsa, Barcos, Sísera, Tamá, Nesias e Hatifa. Os descendentes destes servos do rei Salomão regressaram do exílio: Sotai, Soferete, Peruda, Jaala, Darcom, Gidel, Sefatias, Hatil, Poquerete-Hazebaim e Ami. Ao todo, os servidores do templo e os descendentes dos servos de Salomão eram 392. Nessa ocasião, outro grupo regressou das cidades de Tel-Melá, Tel-Harsa, Querube, Adã e Imer. Contudo, não puderam comprovar que eles ou suas famílias eram descendentes de Israel. Estavam nesse grupo as famílias de Delaías, Tobias e Necoda, 642 pessoas ao todo. Também regressaram as famílias de três sacerdotes: Habaías, Hacoz e Barzilai. (Esse Barzilai havia se casado com uma mulher descendente de Barzilai, de Gileade, e assumido o nome da família dela.) Procuraram seus nomes nos registros genealógicos, mas não os encontraram, por isso não se qualificaram para servir como sacerdotes. O governador ordenou que não comessem das porções dos sacrifícios separadas para os sacerdotes até que um sacerdote consultasse o S enhor a esse respeito usando o Urim e o Tumim. Portanto, os que regressaram para Judá foram 42.360, além dos 7.337 servos e servas e dos 245 cantores e cantoras. Levaram consigo 736 cavalos, 245 mulas, 435 camelos e 6.720 jumentos. Alguns dos chefes das famílias fizeram donativos para a obra. O governador deu à tesouraria o total de 8,6 quilos de ouro, 50 bacias de ouro e 530 vestes para os sacerdotes. Os outros líderes deram à tesouraria o total de 172 quilos de ouro e 1.320 quilos de prata. O restante do povo deu 172 quilos de ouro, 1.200 quilos de prata e 67 vestes para os sacerdotes. Assim, os sacerdotes, os levitas, os guardas das portas, os cantores, os servidores do templo e alguns do povo se estabeleceram perto de Jerusalém. O restante do povo regressou às suas cidades em todo o Israel. Em outubro, quando os israelitas já haviam se estabelecido em suas cidades, todo o povo se reuniu com um só propósito na praça em frente da porta das Águas. Pediram ao escriba Esdras que trouxesse o Livro da Lei de Moisés, que o S enhor tinha dado a Israel. Assim, no dia 8 de outubro, o sacerdote Esdras trouxe o Livro da Lei perante a comunidade constituída de homens e mulheres e de todas as crianças com idade suficiente para entender. Ficou de frente para a praça, junto à porta das Águas, desde o amanhecer até o meio-dia, e leu em voz alta para todos que podiam entender. Todo o povo ouviu com atenção a leitura do Livro da Lei. O escriba Esdras estava em pé sobre uma plataforma de madeira feita para a ocasião. À sua direita estavam Matitias, Sema, Anaías, Urias, Hilquias e Maaseias; à sua esquerda, Pedaías, Misael, Malquias, Hasum, Hasbadana, Zacarias e Mesulão. Esdras estava sobre a plataforma, à vista de todo o povo. Quando o viram abrir o Livro da Lei, todos se levantaram. Esdras louvou o S enhor, o grande Deus, e todo o povo disse: “Amém! Amém!”, com as mãos erguidas. Depois, prostraram-se com o rosto no chão e adoraram o S enhor. Em seguida, os levitas Jesua, Bani, Serebias, Jamim, Acube, Sabetai, Hodias, Maaseias, Quelita, Azarias, Jozabade, Hanã e Pelaías instruíram o povo acerca da Lei, e todos permaneceram em seus lugares. Liam o Livro da Lei de Deus, explicavam com clareza o significado do que era lido e ajudavam o povo a entender cada passagem. Então o governador Neemias, o sacerdote e escriba Esdras e os levitas que instruíam o povo disseram: “Não se lamentem nem chorem num dia como este! Hoje é um dia consagrado ao S enhor, seu Deus!”. Pois todo o povo chorava enquanto ouvia as palavras da Lei. E Neemias prosseguiu: “Vão e comemorem com um banquete de comidas saborosas e bebidas doces e repartam o alimento com aqueles do povo que não prepararam nada. Este é um dia consagrado ao nosso Senhor. Não fiquem tristes, pois a alegria do S enhor é sua força!”. Os levitas também acalmaram o povo, dizendo: “Aquietem-se! Não fiquem tristes! Hoje é um dia santo!”. Então o povo saiu para comer e beber numa refeição festiva, para repartir o alimento e celebrar com grande alegria, pois tinham ouvido e entendido as palavras de Deus. No dia 9 de outubro, os chefes de todas as famílias do povo, junto com os sacerdotes e os levitas, reuniram-se com o escriba Esdras para examinar a Lei mais atentamente. Enquanto estudavam a Lei, descobriram que o S enhor havia ordenado por meio de Moisés que os israelitas morassem em cabanas durante a festa a ser comemorada naquele mês. Ele tinha dito que se devia fazer uma proclamação por todas as suas cidades e em Jerusalém, para que o povo fosse até os montes apanhar ramos de oliveiras cultivadas e oliveiras silvestres, ramos de murtas, de palmeiras e de outras árvores frondosas. Deviam usar esses ramos para construir as cabanas, conforme prescrito pela Lei. O povo saiu, cortou ramos e os usou para construir cabanas nos terraços das casas, nos seus pátios, nos pátios do templo de Deus, na praça junto à porta das Águas e na praça junto à porta de Efraim. Então todos que haviam regressado do cativeiro moraram nessas cabanas durante a festa, e todos estavam cheios de grande alegria. Os israelitas não celebravam a festa dessa maneira desde os dias de Josué, filho de Num. Durante os sete dias da festa, Esdras leu o Livro da Lei de Deus a cada dia. Então, no oitavo dia, realizaram uma reunião solene, conforme prescrito. No dia 31 de outubro, o povo de Israel se reuniu novamente; dessa vez, jejuaram, vestiram pano de saco e jogaram terra sobre a cabeça. Os que eram de descendência israelita se separaram de todos os estrangeiros. Levantaram-se e confessaram seus pecados e as maldades de seus antepassados. Durante três horas, permaneceram em pé no mesmo lugar enquanto o Livro da Lei do S enhor, seu Deus, era lido para eles em voz alta. Depois, confessaram seus pecados e adoraram o S enhor, seu Deus, durante mais três horas. Os levitas Jesua, Bani, Cadmiel, Sebanias, Buni, Serebias, Bani e Quenani estavam em pé em sua plataforma e clamavam em alta voz ao S enhor, seu Deus. Então os levitas Jesua, Cadmiel, Bani, Hasabneias, Serebias, Hodias, Sebanias e Petaías disseram ao povo: “Levantem-se e louvem o S enhor, seu Deus, que vive desde sempre e para sempre!”. Em seguida, oraram: “Louvado seja teu nome glorioso! Exaltado seja acima de toda bênção e todo louvor! “Somente tu és o S enhor. Fizeste o céu e os céus além do céu, e todas as estrelas. Fizeste a terra, os mares, e tudo que neles há. Preservas todos os seres com vida, e o exército dos céus te presta adoração. “Tu és o S enhor Deus, que escolheste Abrão, o trouxeste de Ur dos caldeus e lhe deste o nome de Abraão. Viste a fidelidade de seu coração e fizeste com ele uma aliança, para dar a ele e à tua descendência a terra dos cananeus, dos hititas, dos amorreus, dos ferezeus, dos jebuseus e dos girgaseus. E cumpriste tua promessa, pois és sempre fiel à tua palavra. “Viste a aflição de nossos antepassados no Egito e ouviste os clamores deles junto ao mar Vermelho. Fizeste sinais e maravilhas contra o faraó, seus oficiais e todo o seu povo, pois sabias como tratavam arrogantemente nossos antepassados. Tens uma fama tremenda, que não foi esquecida. Dividiste o mar, para que teu povo atravessasse em terra seca, e depois lançaste seus inimigos nas profundezas do mar, e eles afundaram como pedras nas águas impetuosas. Conduziste nossos antepassados com uma coluna de nuvem durante o dia e uma coluna de fogo durante a noite, para que encontrassem o caminho por onde deviam ir. “Desceste ao monte Sinai e falaste com eles do céu. Deste estatutos justos, leis verdadeiras e decretos e mandamentos bons. Tu os instruíste a respeito de teu sábado santo. Ordenaste, por meio de teu servo Moisés, que obedecessem a teus mandamentos, decretos e leis. “Providenciaste-lhes pão do céu quando tiveram fome e água da rocha quando tiveram sede. Ordenaste que fossem e tomassem posse da terra que juraste lhes dar. “Nossos antepassados, porém, eram orgulhosos e teimosos e não deram atenção a teus mandamentos. Não quiseram obedecer e não se lembraram dos milagres que havias realizado em favor deles. Em vez disso, rebelaram-se e nomearam um líder para levá-los de volta à escravidão no Egito. Mas tu és Deus de perdão, misericordioso e compassivo, lento para se irar e cheio de amor. Não os abandonaste, mesmo quando fizeram um ídolo em forma de bezerro e disseram: ‘Este é seu deus que os tirou do Egito!’. Sim, cometeram blasfêmias terríveis! “Mas, em tua grande misericórdia, não os abandonaste para morrer no deserto. A coluna de nuvem continuava a conduzi-los durante o dia, e a coluna de fogo lhes mostrava o caminho durante a noite. Enviaste teu bom Espírito para instruí-los e não deixaste de lhes dar maná do céu para se alimentarem, nem água para matarem a sede. Tu os sustentaste no deserto durante quarenta anos, e nada lhes faltou. Suas roupas não se desgastaram, nem seus pés ficaram inchados. “Depois, entregaste reinos e nações a nossos antepassados e distribuíste teu povo por todos os cantos da terra. Eles tomaram posse da terra de Seom, rei de Hesbom, e da terra de Ogue, rei de Basã. Tornaste seus descendentes tão numerosos como as estrelas do céu e os trouxeste para a terra que havias prometido a seus antepassados. “Eles entraram e tomaram posse da terra. Tu derrotaste nações inteiras diante deles e entregaste nas mãos de teu povo os cananeus que habitavam na terra. Teu povo fez o que quis com essas nações e seus reis. Nossos antepassados conquistaram cidades fortificadas e terras férteis. Apossaram-se de casas cheias de coisas boas, com cisternas já escavadas e com vinhedos, olivais e muitas árvores frutíferas. Comeram até se fartar, engordaram e desfrutaram de tuas muitas bênçãos. “Apesar de tudo isso, foram desobedientes e se rebelaram contra ti. Deram as costas para tua Lei, mataram os profetas que enviaste para adverti-los a voltarem para ti e cometeram blasfêmias terríveis. Por isso, tu os entregaste nas mãos de seus inimigos, que os fizeram sofrer. Nos momentos de angústia, porém, clamaram a ti, e tu os ouviste do céu. Em tua grande misericórdia, enviaste libertadores que os livraram de seus inimigos. “Mas, assim que teu povo tinha descanso, voltava a praticar o mal diante de ti. Portanto, permitiste que seus inimigos os dominassem. E, no entanto, quando teu povo voltava para ti e pedia socorro, tu os ouvias novamente. Em tua misericórdia, tu os resgataste muitas vezes. “Tu os advertiste a voltarem para tua Lei, mas eles se tornaram orgulhosos e desobedeceram a teus mandamentos. Não cumpriram teus estatutos, que dão vida a quem lhes obedece. Em rebeldia, deram as costas para ti e, teimosamente, não quiseram ouvir. Por muitos anos, foste paciente com eles. Enviaste teu Espírito, que os advertiu por meio dos profetas. Ainda assim, eles se recusaram a ouvir. Por isso, mais uma vez, permitiste que os povos da terra os dominassem. Em tua grande misericórdia, porém, não os destruíste completamente nem os abandonaste para sempre. Que Deus bondoso e compassivo tu és! “Agora, nosso Deus, o grande, poderoso e temível Deus, que guardas tua aliança de amor leal, não permitas que te pareçam insignificantes todas as dificuldades que enfrentamos. Grande aflição veio sobre nós e sobre nossos reis, líderes, sacerdotes, profetas e antepassados, sobre todo o teu povo, desde os dias em que os reis da Assíria triunfaram sobre nós até hoje. Foste justo todas as vezes que nos castigaste. Agimos perversamente e nos deste apenas o que merecíamos. Nossos reis, líderes, sacerdotes e antepassados não obedeceram à tua lei nem deram ouvidos às advertências em teus mandamentos e preceitos. Mesmo quando tinham seu próprio reino, não te serviram, apesar de teres derramado tua bondade sobre eles. Deste-lhes uma terra ampla e fértil, mas eles não quiseram servir-te nem abandonar sua perversidade. “Por isso, hoje somos escravos na terra de fartura que deste a nossos antepassados para que desfrutassem dela. Somos escravos aqui nesta boa terra. A grande produção desta terra se acumula nas mãos dos reis que puseste sobre nós por causa de nossos pecados. Eles têm poder sobre nós e sobre nossos rebanhos. Nós lhes servimos como eles querem e estamos em grande angústia”. O povo respondeu: “Em vista disso tudo, fazemos uma aliança solene e a registramos por escrito. Neste documento selado estão os nomes de nossos líderes, levitas e sacerdotes”. Os que assinaram e selaram o documento foram: O governador Neemias, filho de Hacalias, e Zedequias. Os sacerdotes Seraías, Azarias, Jeremias, Pasur, Amarias, Malquias, Hatus, Sebanias, Maluque, Harim, Meremote, Obadias, Daniel, Ginetom, Baruque, Mesulão, Abias, Miamim, Maazias, Bilgai e Semaías. Os levitas Jesua, filho de Azanias, Binui, dos descendentes de Henadade, Cadmiel, Sebanias, Hodias, Quelita, Pelaías, Hanã, Mica, Reobe, Hasabias, Zacur, Serebias, Sebanias, Hodias, Bani e Beninu. Os líderes do povo Parós, Paate-Moabe, Elão, Zatu, Bani, Buni, Azgade, Bebai, Adonias, Bigvai, Adim, Ater, Ezequias, Azur, Hodias, Hasum, Besai, Harife, Anatote, Nebai, Magpias, Mesulão, Hezir, Mesezabel, Zadoque, Jadua, Pelatias, Hanã, Anaías, Oseias, Hananias, Hassube, Haloes, Pílea, Sobeque, Reum, Hasabná, Maaseias, Aías, Hanã, Anã, Maluque, Harim e Baaná. Então o restante do povo — os sacerdotes, os levitas, os guardas das portas, os cantores, os servidores do templo e todos que haviam se separado dos povos estrangeiros da terra a fim de obedecer à Lei de Deus, na companhia de suas esposas, seus filhos, suas filhas e de todos que tinham idade para entender — uniu-se a seus líderes e assumiu um compromisso solene. Juraram que seriam amaldiçoados se não obedecessem à Lei de Deus, dada por seu servo Moisés, e prometeram obedecer atentamente a todos os mandamentos, estatutos e decretos do S enhor, nosso Senhor: “Prometemos não permitir que nossas filhas se casem com os habitantes desta terra, nem permitir que as filhas deles se casem com nossos filhos. “Também prometemos que, se os habitantes desta terra trouxerem mercadorias ou cereais para vender no sábado ou em qualquer outro dia santo, não compraremos deles. A cada sete anos, deixaremos a terra descansar e cancelaremos todas as dívidas. “Além disso, prometemos obedecer ao mandamento de pagar o imposto anual de quatro gramas de prata para o serviço do templo de nosso Deus. Esse imposto também será usado para providenciar os pães da presença, as ofertas regulares de cereais e os holocaustos, as ofertas para os sábados, para as celebrações da lua nova e para as festas anuais, as ofertas sagradas e as ofertas pelo pecado para fazer expiação por Israel. Será usado para tudo que for necessário para o trabalho no templo de nosso Deus. “Fizemos um sorteio a fim de definir uma escala anual regular para que as famílias dos sacerdotes, dos levitas e do povo tragam ao templo de nosso Deus a lenha para ser queimada no altar do S enhor, nosso Deus, conforme prescrito na Lei. “Prometemos trazer anualmente ao templo do S enhor os primeiros frutos de todas as colheitas, tanto dos produtos da terra como das árvores frutíferas. Concordamos em entregar a Deus nossos filhos mais velhos e as primeiras crias de todos os nossos rebanhos, tanto de bois como de ovelhas, conforme prescrito pela Lei. Nós os apresentaremos aos sacerdotes que ministram no templo de nosso Deus. Armazenaremos os produtos da terra nos depósitos do templo de nosso Deus. Traremos o melhor de nossa farinha e outras ofertas de cereal, o melhor de nossos frutos, de nosso vinho novo e de nosso azeite. Prometemos ainda entregar aos levitas um décimo de tudo que nossa terra produzir, pois são os levitas que recolhem os dízimos em todas as cidades onde trabalhamos. “Um sacerdote descendente de Arão acompanhará os levitas quando receberem esses dízimos. A décima parte de tudo que for recolhido como dízimo será entregue pelos levitas ao templo de nosso Deus e colocada nos depósitos. O povo e os levitas deverão trazer essas ofertas de cereal, de vinho novo e de azeite para os depósitos e colocá-las nos recipientes sagrados perto dos sacerdotes que ali estiverem ministrando, dos guardas das portas e dos cantores. “Prometemos não descuidar do templo de nosso Deus”. Os líderes do povo passaram a morar em Jerusalém, a cidade santa. Um décimo do povo das outras cidades foi escolhido por sorteio para morar lá também, enquanto o restante permaneceu onde estava. O povo abençoou todos que se ofereceram para morar em Jerusalém. Esta é uma lista dos nomes dos líderes das províncias que foram morar em Jerusalém. A maioria do povo, dos sacerdotes, dos levitas, dos servidores do templo e dos descendentes dos servos de Salomão continuou a viver em suas próprias casas nas várias cidades de Judá, mas alguns do povo de Judá e de Benjamim se mudaram para Jerusalém. Da tribo de Judá: Ataías, filho de Uzias, filho de Zacarias, filho de Amarias, filho de Sefatias, filho de Maalaleel, da descendência de Perez; também Maaseias, filho de Baruque, filho de Col-Hozé, filho de Hazaías, filho de Adaías, filho de Joiaribe, filho de Zacarias, da família de Selá. Dos descendentes de Perez, 468 foram morar em Jerusalém. Eram todos homens valorosos. Da tribo de Benjamim: Salu, filho de Mesulão, filho de Joede, filho de Pedaías, filho de Colaías, filho de Maaseias, filho de Itiel, filho de Jesaías; depois dele, Gabai e Salai e 928 parentes ao todo. O chefe deles era Joel, filho de Zicri, auxiliado por Judá, filho de Hassenua, o segundo no comando da cidade. Dos sacerdotes: Jedaías, filho de Joiaribe, Jaquim e Seraías, filho de Hilquias, filho de Mesulão, filho de Zadoque, filho de Meraiote, filho de Aitube, principal encarregado do templo de Deus; também 822 colegas que serviam no templo; Adaías, filho de Jeroão, filho de Pelalias, filho de Anzi, filho de Zacarias, filho de Pasur, filho de Malquias, junto com 242 colegas, chefes de suas famílias; e ainda Amassai, filho de Azareel, filho de Azai, filho de Mesilemote, filho de Imer, e 128 de seus colegas, homens valorosos. O chefe deles era Zabdiel, filho de Gedolim. Dos levitas: Semaías, filho de Hassube, filho de Azricam, filho de Hasabias, filho de Buni; também Sabetai e Jozabade, líderes dos levitas, encarregados do trabalho fora do templo de Deus; e ainda Matanias, filho de Mica, filho de Zabdi, descendente de Asafe, que dirigia as ação de graças e as orações; também Baquebuquias, assistente de Matanias, e Abda, filho de Samua, filho de Galal, filho de Jedutum. Havia ao todo 284 levitas na cidade santa. Dos guardas das portas: Acube e Talmom e 172 colegas que guardavam as portas. Os outros sacerdotes e levitas e o restante dos israelitas moravam cada um na propriedade de sua família nas outras cidades de Judá. Mas os servidores do templo, sob a liderança de Zia e Gispa, moravam todos na colina de Ofel. O chefe dos levitas em Jerusalém era Uzi, filho de Bani, filho de Hasabias, filho de Matanias, filho de Mica, descendente de Asafe. Os membros da família de Asafe eram cantores no templo de Deus. Exerciam suas responsabilidades diárias de acordo com os termos de uma ordem do rei. Petaías, filho de Mesezabel, descendente de Zera, filho de Judá, era o conselheiro do rei em todos os assuntos referentes ao povo. Quanto aos povoados vizinhos, com seus campos, alguns do povo de Judá foram morar em Quiriate-Arba e seus povoados, em Dibom e seus povoados e em Jecabzeel e seus povoados. Também foram morar em Jesua, em Moladá, em Bete-Palete, em Hazar-Sual, em Berseba e seus povoados, em Ziclague e em Meconá e seus povoados. E ainda, em En-Rimom, em Zorá, em Jarmute, em Zanoa e em Adulão e seus povoados, em Laquis, com seus campos, e em Azeca e seus povoados. Assim, o povo de Judá se estabeleceu desde Berseba, no sul, até o vale de Hinom. Alguns do povo de Benjamim foram morar em Geba, em Micmás, em Aia e em Betel e seus povoados. Também foram morar em Anatote, em Nobe, em Ananias, em Hazor, em Ramá, em Gitaim, em Hadide, em Zeboim, em Nebalate, em Lode, em Ono e em Ge-Harasim. Alguns dos levitas que viviam em Judá foram morar com a tribo de Benjamim. Os sacerdotes e levitas que regressaram com Zorobabel, filho de Sealtiel, e com Jesua, o sumo sacerdote, foram: Seraías, Jeremias, Esdras, Amarias, Maluque, Hatus, Secanias, Harim, Meremote, Ido, Ginetom, Abias, Miniamim, Moadias, Bilga, Semaías, Joiaribe, Jedaías, Salu, Amoque, Hilquias e Jedaías. Esses foram os líderes dos sacerdotes e seus companheiros nos dias de Jesua. Os levitas que regressaram com eles foram: Jesua, Binui, Cadmiel, Serebias, Judá e também Matanias, que, com seus companheiros, era encarregado dos cânticos de ação de graças. Seus companheiros Baquebuquias e Uni ficavam em frente deles durante o culto. O sumo sacerdote Jesua gerou Joiaquim; Joiaquim gerou Eliasibe; Eliasibe gerou Joiada; Joiada gerou Joanã; Joanã gerou Jadua. Quando Joiaquim era sumo sacerdote, os chefes das famílias dos sacerdotes foram: Meraías, chefe da família de Seraías; Hananias, chefe da família de Jeremias; Mesulão, chefe da família de Esdras; Joanã, chefe da família de Amarias; Jônatas, chefe da família de Maluqui; José, chefe da família de Secanias; Adna, chefe da família de Harim; Helcai, chefe da família de Meremote; Zacarias, chefe da família de Ido; Mesulão, chefe da família de Ginetom; Zicri, chefe da família de Abias; um chefe da família de Miniamin; Piltai, chefe da família de Moadias; Samua, chefe da família de Bilga; Jônatas, chefe da família de Semaías; Matenai, chefe da família de Joiaribe; Uzi, chefe da família de Jedaías; Calai, chefe da família de Salu; Héber, chefe da família de Amoque; Hasabias, chefe da família de Hilquias; Netanel, chefe da família de Jedaías. Nos dias de Eliasibe, Joiada, Joanã e Jadua, manteve-se um registro dos chefes das famílias dos levitas. Durante o reinado de Dario, o persa, manteve-se um registro dos sacerdotes. Até os dias de Joanã, neto de Eliasibe, manteve-se um registro dos chefes das famílias dos levitas no Livro da História. Estes foram os chefes das famílias dos levitas: Hasabias, Serebias, Jesua, Binui, Cadmiel e outros companheiros que ficavam em frente deles durante as cerimônias de louvor e ação de graças; um lado respondia ao outro, conforme ordenado por Davi, homem de Deus. Matanias, Baquebuquias, Obadias, Mesulão, Talmom e Acube eram os guardas das portas encarregados dos depósitos junto às portas. Todos eles serviam nos dias de Joiaquim, filho de Jesua, filho de Jeozadaque, e nos dias do governador Neemias e do sacerdote e escriba Esdras. Para a dedicação do novo muro de Jerusalém, pediu-se que os levitas de toda a terra viessem a Jerusalém para auxiliar nas cerimônias. Deviam participar dessa ocasião alegre com cânticos de ação de graças e com música de címbalos, harpas e liras. Os cantores foram reunidos da região ao redor de Jerusalém e dos povoados dos netofatitas. Também vieram de Bete-Gilgal e das regiões rurais próximas de Geba e de Azmavete, pois os cantores haviam construído seus próprios povoados ao redor de Jerusalém. Primeiro, os sacerdotes e os levitas purificaram a si mesmos; depois, purificaram o povo, as portas e o muro. Eu conduzi os líderes de Judá até o alto do muro e organizei dois grandes coros. Um dos coros foi para o sul pelo alto do muro, até a porta do Esterco. Hosaías e metade dos líderes de Judá seguiram o coro, junto com Azarias, Esdras, Mesulão, Judá, Benjamim, Semaías e Jeremias. Depois deles vinham alguns sacerdotes que tocavam trombetas: Zacarias, filho de Jônatas, filho de Semaías, filho de Matanias, filho de Micaías, filho de Zacur, descendente de Asafe. Os companheiros de Zacarias eram Semaías, Azarel, Milalai, Gilalai, Maai, Natanel, Judá e Hanani. Eles tocavam os instrumentos musicais prescritos por Davi, homem de Deus. O escriba Esdras ia à frente deles. Quando chegaram à porta da Fonte, foram em frente e subiram pelos degraus que levavam até a Cidade de Davi. Passaram pela casa de Davi e, de lá, foram até a porta das Águas, a leste. O segundo coro foi para o norte, no sentido oposto, para encontrar-se com o primeiro coro. Fui com eles e com a outra metade do povo pelo alto do muro, passando pela torre dos Fornos, até o muro Largo, e depois desde a porta de Efraim até a porta Antiga, passando pela porta do Peixe e pela torre de Hananel e prosseguindo até a torre dos Cem. Dali, continuamos para a porta das Ovelhas e paramos junto à porta da Guarda. Os dois corais seguiram, então, para o templo de Deus, onde tomaram seus lugares. Eu fiz o mesmo, junto com os líderes que estavam comigo. Acompanhamos os sacerdotes que tocavam trombetas: Eliaquim, Maaseias, Miniamim, Micaías, Elioenai, Zacarias e Hananias, e os cantores: Maaseias, Semaías, Eleazar, Uzi, Joanã, Malquias, Elão e Ézer. Eles tocavam e cantavam bem alto, sob a direção de Jezraías. Naquele dia alegre, foram oferecidos muitos sacrifícios, pois Deus tinha dado ao povo motivo para se alegrar. As mulheres e as crianças também participaram da celebração, e podia-se ouvir de longe a alegria do povo de Jerusalém. Naquele dia, foram nomeados os homens encarregados dos depósitos para as ofertas e os primeiros frutos da colheita e para os dízimos. Eram responsáveis por recolher dos campos fora das cidades as porções exigidas pela lei para os sacerdotes e os levitas, pois todo o povo estava alegre com os sacerdotes e os levitas e com seu trabalho. Tanto eles como os cantores e os guardas das portas realizavam o serviço de seu Deus e o serviço de purificação, conforme Davi e seu filho Salomão haviam ordenado. O costume de ter regentes do coro para dirigir os hinos de louvor e de ação de graças a Deus havia começado muito tempo antes, nos dias de Davi e Asafe. Por isso, agora, nos dias de Zorobabel e de Neemias, todo o Israel trazia uma provisão diária de alimentos para os cantores, os guardas das portas e os levitas. Os levitas, por sua vez, entregavam uma porção daquilo que recebiam aos sacerdotes, os descendentes de Arão. Naquele mesmo dia, enquanto o Livro de Moisés era lido para o povo, encontrou-se escrito nele que jamais se deveria permitir que amonitas ou moabitas fizessem parte da comunidade de Deus, pois não tinham dado aos israelitas alimento e água no deserto. Em vez disso, tinham contratado Balaão para amaldiçoá-los. Nosso Deus, porém, transformou a maldição em bênção. Quando o povo ouviu esse trecho da Lei, mandou embora todos os descendentes de estrangeiros. Antes disso, o sacerdote Eliasibe havia sido nomeado para supervisionar os depósitos no templo de nosso Deus. Ele era parente de Tobias e tinha colocado à disposição dele uma grande sala junto ao templo. Anteriormente, esse lugar era usado para armazenar as ofertas de cereal, o incenso, diversos utensílios do templo e os dízimos dos cereais, do vinho novo e do azeite (prescritos para os levitas, os cantores e os guardas das portas), e também as ofertas para os sacerdotes. Nesse tempo, eu não estava em Jerusalém, pois tinha voltado a Artaxerxes, rei da Babilônia, no trigésimo segundo ano de seu reinado. Mais tarde, porém, pedi sua permissão para regressar. Quando cheguei a Jerusalém, soube da maldade que Eliasibe havia feito ao providenciar para Tobias uma sala nos pátios do templo de Deus. Fiquei extremamente indignado e joguei todos os pertences de Tobias para fora da sala. Em seguida, ordenei que as salas fossem purificadas e trouxe de volta os utensílios do templo de Deus, as ofertas de cereal e o incenso. Descobri também que os levitas não haviam recebido as porções de alimento que lhes eram devidas, de modo que eles e os cantores responsáveis pelos cultos de adoração tinham todos voltado a trabalhar em seus campos. De imediato, confrontei as autoridades e lhes perguntei: “Por que o templo de Deus foi abandonado?”. Então chamei de volta todos os levitas e os coloquei de novo em seus postos. Assim, mais uma vez, todo o povo de Judá começou a trazer para os depósitos do templo os dízimos dos cereais, do vinho novo e do azeite. Nomeei supervisores para os depósitos: o sacerdote Selemias, o escriba Zadoque e o levita Pedaías. Designei Hanã, filho de Zacur e neto de Matanias, para ser seu ajudante. Eles eram homens de confiança e ficaram encarregados de repartir as provisões entre seus colegas levitas. Lembra-te desta boa obra, ó meu Deus, e não te esqueças de tudo que tenho feito com fidelidade pelo templo de meu Deus e pelo culto ali prestado. Naqueles dias, vi homens de Judá trabalhando nas prensas de uvas no sábado. Também ajuntavam cereais, que colocavam sobre jumentos, e traziam vinho, uvas, figos e produtos de toda espécie a Jerusalém para vendê-los no sábado. Então os repreendi por venderem seus produtos nesse dia. Alguns homens de Tiro que moravam em Jerusalém traziam peixes e mercadorias de todo tipo. No sábado, vendiam para o povo de Judá, e isso em Jerusalém! Assim, confrontei os nobres de Judá e lhes perguntei: “Por que fazem tamanho mal profanando o sábado? Acaso nossos antepassados não cometeram o mesmo erro, fazendo nosso Deus trazer toda esta desgraça sobre nós e sobre nossa cidade? Agora vocês trazem ainda mais ira contra Israel ao permitir que o sábado seja profanado desse modo!”. Em seguida, ordenei que as portas de Jerusalém fossem fechadas no dia antes do sábado, assim que começasse a escurecer, e só fossem abertas depois que o sábado tivesse terminado. Enviei alguns de meus servos para guardar as portas, a fim de que não entrasse nenhuma mercadoria no sábado. Os comerciantes e vendedores de vários produtos acamparam do lado de fora de Jerusalém uma ou duas vezes, mas falei duramente com eles: “O que fazem aqui, acampados ao redor do muro? Se fizerem isso de novo, mandarei prendê-los!”. E essa foi a última vez que vieram no sábado. Então ordenei que os levitas se purificassem e guardassem as portas, para manter o sábado como um dia sagrado. Lembra-te também desta boa obra, ó meu Deus! Tem compaixão de mim de acordo com teu grande amor leal! Nessa mesma época, vi que alguns homens de Judá haviam se casado com mulheres de Asdode, de Amom e de Moabe. Além disso, a metade de seus filhos falava a língua de Asdode ou de algum outro povo, mas não sabia falar a língua de Judá. Por isso, confrontei esses homens e invoquei maldições sobre eles. Bati em alguns deles e arranquei seus cabelos. Também os fiz jurar em nome de Deus que não permitiriam que suas filhas se casassem com os filhos dos povos da terra, nem que as filhas deles se casassem com seus filhos ou com eles mesmos. “Não foi exatamente isso que levou Salomão, rei de Israel, a pecar?”, perguntei-lhes. “Não havia nenhum rei igual a ele entre as nações, e Deus o amou e o fez rei sobre todo o Israel. Até mesmo ele, porém, foi levado a pecar por suas esposas estrangeiras. Como puderam ao menos pensar em cometer essa grande maldade e ser infiéis a Deus casando com mulheres estrangeiras?” Um dos filhos de Joiada, filho do sumo sacerdote Eliasibe, havia se casado com uma filha de Sambalate, o horonita, por isso o expulsei de minha presença. Lembra-te deles, ó meu Deus, pois profanaram o sacerdócio e a aliança dos sacerdotes e dos levitas. Assim, eliminei tudo que era estrangeiro e designei tarefas específicas para os sacerdotes e os levitas. Também me certifiquei de que a provisão de lenha para o altar e os primeiros frutos da colheita fossem trazidos nas datas estabelecidas. Lembra-te disso em meu favor, ó meu Deus. Estes acontecimentos ocorreram nos dias do rei Xerxes, que reinou sobre 127 províncias, desde a Índia até a Etiópia. Do trono real na fortaleza de Susã, Xerxes governava seu império. No terceiro ano de reinado, ofereceu um banquete a todos os seus nobres e oficiais. Convidou todos os oficiais militares da Pérsia e da Média e os príncipes e nobres das províncias. A festa durou 180 dias e foi uma demonstração formidável da grande riqueza do império e da pompa e esplendor de sua majestade. Terminada a celebração, o rei ofereceu um banquete para todo o povo que estava na fortaleza de Susã, desde os mais importantes até os mais humildes. O banquete durou sete dias e foi realizado no pátio do jardim do palácio real. O pátio estava enfeitado com cortinas brancas de algodão e com tapeçarias azuis, presas com cordas de linho branco e fitas vermelhas a argolas de prata fixadas a colunas de mármore. Havia sofás com armação de ouro e de prata sobre um piso de mosaico de pórfiro, mármore, madrepérola e outras pedras preciosas. As bebidas eram servidas em taças de ouro de diversos modelos, e havia grande quantidade de vinho real, para mostrar a generosidade do rei. Por ordem do rei, podia-se beber à vontade, pois ele havia instruído os oficiais de seu palácio a servirem quanto vinho cada convidado quisesse. Na mesma ocasião, a rainha Vasti ofereceu um banquete para as mulheres no palácio do rei Xerxes. No sétimo dia da festa, quando o rei Xerxes estava muito alegre por causa do vinho, ordenou aos sete eunucos que o serviam — Meumã, Bizta, Harbona, Bigtá, Abagta, Zetar e Carcas — que lhe trouxessem a rainha Vasti, usando a coroa real. Ele queria que os nobres e os demais convidados contemplassem sua beleza, pois era uma mulher muito bonita. Mas, quando transmitiram a ordem do rei à rainha Vasti, ela se recusou a ir. O rei ficou furioso e indignado. Então o rei consultou seus sábios, que entendiam das leis e dos costumes dos persas, e aos quais ele sempre pedia conselhos. Seus nomes eram Carsena, Setar, Admata, Társis, Meres, Marsena e Memucã, sete nobres da Pérsia e da Média. Tinham acesso direto ao rei e ocupavam os cargos mais altos do império. “O que se deve fazer com a rainha Vasti?”, perguntou o rei. “De acordo com a lei, qual é o castigo para uma rainha que se recusa a obedecer às ordens do rei, transmitidas pelos eunucos?” Memucã respondeu ao rei e aos nobres: “A rainha Vasti ofendeu não somente o rei, mas todos os nobres e cidadãos das províncias do império. Mulheres de toda parte começarão a desprezar o marido quando souberem que a rainha Vasti se recusou a comparecer diante do rei. Antes de terminar este dia, as esposas dos nobres do rei em toda a Pérsia e a Média saberão o que a rainha fez e começarão a tratar o marido da mesma forma. Haverá grande desprezo e indignação sem fim. “Portanto, se parecer bem ao rei, sugerimos que publique um decreto real, uma lei dos medos e dos persas que não pode ser revogada. Determinará que a rainha Vasti seja expulsa para sempre da presença do rei Xerxes e que o rei escolha outra rainha mais digna que ela. Quando o decreto for publicado em todo o vasto império do rei, maridos de toda parte, seja qual for a posição social, serão respeitados pela esposa”. O conselho pareceu razoável ao rei e a seus nobres, e ele aceitou a proposta de Memucã. Enviou cartas a todas as partes do império, a cada província, em sua própria escrita e língua, proclamando que todo homem devia ser o chefe de sua própria casa e ter sempre a última palavra. Passada a indignação de Xerxes, ele começou a pensar em Vasti, naquilo que ela havia feito e no decreto que ele havia publicado. Então seus conselheiros sugeriram: “Permita que procuremos em todo o império moças belas e virgens para o rei. E que o rei nomeie agentes em cada província para que tragam essas lindas moças ao harém na fortaleza em Susã. Hegai, eunuco do rei e encarregado do harém, providenciará que elas recebam tratamentos de beleza. Depois disso, a moça que mais agradar o rei se tornará rainha em lugar de Vasti”. O rei gostou muito desse conselho e o pôs em prática. Nesse tempo, havia na fortaleza de Susã um judeu chamado Mardoqueu, filho de Jair. Era da tribo de Benjamim e descendente de Quis e Simei. Sua família estava entre aqueles que, com Joaquim, rei de Judá, tinham sido deportados de Jerusalém para a Babilônia pelo rei Nabucodonosor. Mardoqueu tinha uma prima jovem, muito bonita e atraente, chamada Hadassa, também conhecida como Ester. Quando o pai e a mãe de Ester morreram, Mardoqueu a criou como sua própria filha. Como resultado do decreto do rei, Ester e muitas outras moças foram trazidas ao palácio real, na fortaleza de Susã, e colocadas sob os cuidados de Hegai, o encarregado do harém. Hegai ficou muito impressionado com a beleza de Ester e a tratou com bondade. Sem demora, providenciou que ela recebesse comida especial e tratamentos de beleza. Também lhe designou sete moças escolhidas do palácio real e a transferiu, com as jovens, para o melhor lugar do harém. Mardoqueu havia instruído Ester a não revelar a ninguém sua nacionalidade nem a origem de sua família. Todos os dias, Mardoqueu caminhava perto do pátio do harém para saber notícias de Ester e descobrir o que estava acontecendo. Antes de ser levada aos aposentos reais, cada moça recebia os doze meses prescritos de tratamentos de beleza: seis meses com óleo de mirra e seis meses com perfumes e cosméticos. Quando chegava sua vez de ir aos aposentos reais, podia escolher do harém as roupas e as joias que quisesse. À tarde, era conduzida aos aposentos reais e, na manhã seguinte, ia para outra parte do harém, onde moravam as mulheres do rei. Ali, ficava sob os cuidados de Saasgaz, eunuco do rei encarregado das concubinas. Ela não voltaria a se encontrar com o rei a menos que ele tivesse gostado muito dela e mandasse chamá-la pelo nome. Ester era filha de Abiail, tio de Mardoqueu. (Mardoqueu havia adotado Ester, sua prima mais nova, como filha.) Quando chegou a vez de Ester se apresentar ao rei, ela aceitou o conselho de Hegai, eunuco encarregado do harém. Não pediu nada além do que ele sugeriu e agradou a todos que a viram. Ester foi levada ao rei Xerxes no palácio real no mês de dezembro, no sétimo ano de seu reinado. O rei gostou mais de Ester que de qualquer outra moça. Agradou-se tanto dela que pôs a coroa real sobre sua cabeça e a declarou rainha em lugar de Vasti. Para comemorar a ocasião, ofereceu a todos os seus nobres e oficiais um grande banquete em homenagem a Ester. Declarou aquele dia feriado em todas as províncias e distribuiu presentes generosos para todos. Mesmo depois que todas as moças haviam sido transferidas para a outra parte do harém e que Mardoqueu tinha se tornado um dos oficiais do palácio, Ester continuou a manter em segredo sua nacionalidade e a origem de sua família. Ainda seguia as instruções de Mardoqueu como havia feito quando vivia sob os seus cuidados. Certo dia, quando Mardoqueu estava de serviço junto à porta do palácio real, dois eunucos do rei, Bigtana e Teres, guardas da porta dos aposentos do rei, se indignaram com Xerxes e conspiraram para matá-lo. Mardoqueu, porém, soube do plano e transmitiu a informação à rainha Ester, que contou ao rei em nome de Mardoqueu. Quando o caso foi investigado e descobriu-se que o relato de Mardoqueu era verdadeiro, os dois homens foram enforcados. Tudo isso está registrado no Livro da História do Reinado do Rei Xerxes. Algum tempo depois, o rei Xerxes promoveu Hamã, filho de Hamedata, o agagita, e lhe deu posição de autoridade sobre todos os nobres do império. Quando Hamã passava, todos os oficiais do palácio real se curvavam diante dele para lhe demonstrar respeito, pois o rei assim havia ordenado. Mardoqueu porém, não se curvava diante dele para lhe demonstrar respeito. Então os oficiais do palácio real perguntaram a Mardoqueu: “Por que você desobedece à ordem do rei?”. Todos os dias lhe diziam isso, mas, ainda assim, ele não dava ouvidos. Então contaram tudo a Hamã, para ver se ele iria tolerar a conduta de Mardoqueu, pois Mardoqueu lhes tinha dito que era judeu. Quando Hamã viu que Mardoqueu não se curvava para lhe demonstrar respeito, ficou furioso. Foi informado da nacionalidade de Mardoqueu e decidiu que não bastava matar somente a ele. Em vez disso, procurou um modo de destruir todos os judeus, o povo de Mardoqueu, do império de Xerxes. Em abril, no décimo segundo ano do reinado de Xerxes, foram lançadas sortes (chamadas purim) na presença de Hamã, a fim de determinar o melhor dia e mês para executar o plano. A data sorteada foi 7 de março, quase um ano depois. Então Hamã foi ao rei Xerxes e disse: “Há certo povo espalhado por todas as províncias de seu império que se mantém separado dos demais. Eles têm leis diferentes das leis dos outros povos e não obedecem às leis do rei. Portanto, não é do interesse do rei deixar que vivam. Se parecer bem ao rei, publique um decreto para que eles sejam destruídos, e eu darei 350 toneladas de prata aos administradores do governo para serem depositadas nos tesouros do rei”. O rei concordou e, para confirmar sua decisão, tirou do dedo o anel com o selo real e o entregou a Hamã, filho de Hamedata, o agagita, inimigo dos judeus. O rei disse: “A prata e o povo são seus; faça com eles o que lhe parecer melhor”. Assim, no dia 17 de abril, os secretários do rei foram convocados, e um decreto foi redigido exatamente da forma como Hamã ditou. Em seguida, foi enviado aos mais altos oficiais do rei, aos governadores das respectivas províncias e aos nobres de cada província, em sua própria escrita e língua. O decreto foi redigido em nome do rei Xerxes e selado com seu anel. As cartas foram enviadas por mensageiros a todas as províncias do império, com ordens para que todos os judeus — jovens e idosos, mulheres e crianças — fossem destruídos, mortos e aniquilados num único dia. A data marcada para que isso acontecesse era 7 de março do ano seguinte. Os bens dos judeus seriam entregues a quem os matasse. Uma cópia do decreto devia ser publicada como lei em cada província e proclamada a todos os povos, a fim de que estivessem preparados para cumprir seu dever na data marcada. Por ordem do rei, o decreto foi rapidamente enviado por mensageiros e também foi proclamado na fortaleza de Susã. Então o rei e Hamã se sentaram para beber, enquanto a confusão se espalhava pela cidade de Susã. Quando Mardoqueu soube de tudo que havia acontecido, rasgou suas roupas, vestiu-se de pano de saco, cobriu-se de cinzas e saiu pela cidade, chorando alto e amargamente. Foi até a porta do palácio, mas ninguém que estivesse usando roupas de luto tinha permissão para entrar. Quando a notícia do decreto chegou a todas as províncias, houve grande pranto entre os judeus. Jejuaram, choraram e lamentaram, e muitos se deitaram em pano de saco e em cinzas. Quando as criadas de Ester e os eunucos vieram e lhe contaram sobre Mardoqueu, ela ficou muito angustiada. Enviou-lhe roupas para vestir em lugar do pano de saco, mas ele não aceitou. Então Ester mandou chamar Hataque, um dos eunucos do rei que havia sido nomeado para servi-la. Ordenou que ele fosse até Mardoqueu e descobrisse o que o perturbava e por que ele estava de luto. Hataque foi até Mardoqueu na praça da cidade, em frente à porta do palácio. Mardoqueu lhe contou tudo e lhe informou a quantidade exata de prata que Hamã havia prometido pagar ao tesouro real pela destruição dos judeus. Mardoqueu entregou a Hataque uma cópia do decreto publicado em Susã que ordenava o extermínio de todos os judeus. Pediu a Hataque que mostrasse o decreto a Ester e lhe explicasse a situação. Também pediu a Hataque que a orientasse a ir falar com o rei para implorar por misericórdia e interceder em favor de seu povo. Hataque voltou a Ester com o recado de Mardoqueu. Então Ester mandou Hataque dizer a Mardoqueu: “Todos os oficiais do rei, e até mesmo o povo das províncias, sabem que qualquer pessoa que se apresenta diante do rei no pátio interno sem ter sido convidada está condenada a morrer, a menos que o rei lhe estenda seu cetro de ouro. Além do mais, há trinta dias o rei não me chama à sua presença”. E o recado de Ester foi transmitido a Mardoqueu. Mardoqueu enviou esta resposta a Ester: “Não pense que por estar no palácio você escapará quando todos os outros judeus forem mortos. Se ficar calada num momento como este, alívio e livramento virão de outra parte para os judeus, mas você e seus parentes morrerão. Quem sabe não foi justamente para uma ocasião como esta que você chegou à posição de rainha?”. Então Ester enviou esta resposta a Mardoqueu: “Vá, reúna todos os judeus de Susã e jejuem por mim. Não comam nem bebam durante três dias e três noites. Minhas criadas e eu faremos o mesmo. Depois, irei à presença do rei, mesmo que seja contra a lei. Se eu tiver de morrer, morrerei”. Mardoqueu foi e fez tudo conforme as instruções de Ester. No terceiro dia do jejum, Ester vestiu seus trajes reais e entrou no pátio interno do palácio, em frente do salão do rei. O rei estava sentado no trono, voltado para a entrada. Quando viu a rainha Ester ali no pátio interno, ele a recebeu de bom grado e lhe estendeu o cetro de ouro. Ester se aproximou e tocou a ponta do cetro. “O que você deseja, rainha Ester?”, perguntou o rei. “Qual é seu pedido? Eu atenderei, mesmo que peça metade do reino!” Ester respondeu: “Se lhe parecer bem, venha hoje com Hamã a um banquete que preparei para o rei”. O rei se voltou para seus servos e disse: “Digam a Hamã que venha depressa para um banquete, como Ester pediu”. Então o rei e Hamã foram ao banquete que Ester havia preparado. Enquanto bebiam vinho, o rei disse a Ester: “Agora diga-me o que você deseja. Qual é seu pedido? Eu atenderei, mesmo que peça metade do reino!”. Ester respondeu: “Este é meu pedido e meu desejo: Se conto com o favor do rei e se lhe parecer bem atender a meu pedido, venha amanhã com Hamã ao banquete que lhes prepararei. Então explicarei do que se trata”. Hamã saiu do banquete muito feliz e animado. Contudo, ficou furioso quando viu que Mardoqueu, sentado à porta do palácio, não se levantou nem demonstrou nervosismo em sua presença. Hamã, porém, se conteve e foi para casa. Então reuniu seus amigos e sua esposa, Zeres, e gabou-se de sua grande riqueza e de seus muitos filhos. Vangloriou-se das honras que o rei lhe havia concedido e de como havia sido promovido acima de todos os outros nobres e oficiais. Disse também: “Se isso não bastasse, a rainha Ester convidou somente o rei e a mim para um banquete que ela preparou! E ainda me convidou para outro banquete com ela e com o rei amanhã!”. Depois, acrescentou: “Nada disso, porém, me satisfará enquanto eu vir o judeu Mardoqueu sentado à porta do palácio”. Então Zeres, esposa de Hamã, e todos os amigos dele sugeriram: “Mande fazer uma forca de mais de vinte metros e, pela manhã, peça ao rei que Mardoqueu seja enforcado nela. Depois disso, você poderá ir alegremente ao banquete com o rei”. A sugestão agradou Hamã, e ele mandou fazer a forca. Naquela noite, o rei não conseguia dormir; então mandou que trouxessem o livro da história de seu reinado e o lessem para ele. Nesses registros ele descobriu que Mardoqueu havia denunciado Bigtana e Teres, os dois eunucos que guardavam a porta dos aposentos reais e que haviam conspirado para matar o rei Xerxes. “Que recompensa ou reconhecimento Mardoqueu recebeu por isso?”, quis saber o rei. Seus servos responderam: “Não se fez nada por ele”. “Quem está no pátio?”, perguntou o rei. Hamã tinha acabado de entrar no pátio externo do palácio para pedir ao rei que Mardoqueu fosse executado na forca que ele havia preparado. Os servos responderam: “É Hamã que está no pátio”. “Digam a ele que entre”, ordenou o rei. Hamã entrou, e o rei lhe perguntou: “O que devo fazer para honrar um homem que muito me agrada?”. Hamã pensou: “A quem o rei desejaria honrar senão a mim?”. Por isso, respondeu: “Se o rei deseja honrar alguém, mande trazer um dos mantos que o rei costuma usar, e um cavalo no qual o rei costuma montar, e que tenha o emblema real na cabeça. Ordene que o manto e o cavalo sejam entregues a um dos mais nobres oficiais do rei e que ele ponha o manto sobre o homem que o rei deseja honrar e o conduza pela praça da cidade sobre o cavalo do rei. Mande que o oficial proclame em alta voz: ‘Assim o rei faz a quem ele deseja honrar!’”. “Excelente!”, disse o rei a Hamã. “Vá depressa pegar meu manto e meu cavalo e faça ao judeu Mardoqueu, que está sentado à porta do palácio, exatamente o que você sugeriu. Não se esqueça de nenhum detalhe!” Então Hamã pegou o manto e o cavalo do rei, vestiu Mardoqueu com o manto e o conduziu sobre o cavalo pela praça da cidade, proclamando em alta voz: “Assim o rei faz a quem ele deseja honrar!”. Depois disso, Mardoqueu voltou para a porta do palácio, mas Hamã correu para casa, abatido e humilhado. Quando Hamã contou a Zeres, sua esposa, e a todos os seus amigos o que havia acontecido, seus conselheiros e sua esposa disseram: “Visto que Mardoqueu, diante de quem você foi humilhado, é judeu de nascimento, seus planos contra ele jamais serão bem-sucedidos. Você ficará arruinado se continuar a se opor a ele”. Enquanto ainda falavam, os eunucos do rei chegaram e, sem demora, levaram Hamã ao banquete que Ester havia preparado. O rei e Hamã foram ao banquete da rainha Ester. Mais uma vez, enquanto bebiam vinho, o rei perguntou a Ester: “Diga-me o que deseja, rainha Ester. Qual é seu pedido? Eu atenderei, mesmo que peça metade do reino!”. A rainha Ester respondeu: “Se conto com o favor do rei, e se lhe parecer bem atender meu pedido, poupe minha vida e a vida de meu povo. Pois eu e meu povo fomos vendidos para sermos destruídos, mortos e aniquilados. Se fosse apenas o caso de termos sido vendidos como escravos, eu teria permanecido calada, pois não teria cabimento perturbar o rei com um assunto de tão pouca importância”. “Quem faria uma coisa dessas?”, perguntou o rei Xerxes. “Onde está o homem que teria a audácia de fazer isso?” Ester respondeu: “Nosso inimigo e adversário é Hamã, este homem perverso”. Hamã ficou apavorado diante do rei e da rainha. Furioso, o rei se levantou e saiu para o jardim do palácio. Hamã, porém, ficou ali, implorando por sua vida à rainha Ester, pois sabia que o rei certamente o condenaria à morte. Em desespero, atirou-se sobre o sofá onde a rainha Ester estava reclinada e, nesse exato momento, o rei voltou do jardim do palácio. O rei exclamou: “Ele se atreve até a violentar a rainha aqui no palácio, diante de meus próprios olhos?”. E, assim que o rei falou, seus servos cobriram o rosto de Hamã. Harbona, um dos eunucos do rei, disse: “Hamã construiu uma forca de mais de vinte metros no pátio da casa dele. Pretendia usá-la para enforcar Mardoqueu, o homem que salvou o rei de ser assassinado”. “Usem-na para enforcar Hamã!”, ordenou o rei. Assim, executaram Hamã na forca que ele havia construído para Mardoqueu; e a ira do rei se acalmou. Naquele mesmo dia, o rei Xerxes entregou à rainha Ester os bens de Hamã, inimigo dos judeus. Então Mardoqueu foi trazido à presença do rei, pois Ester havia contado ao rei que ele era seu parente. O rei tirou do dedo o anel com o selo real, que ele havia tomado de volta de Hamã, e o entregou a Mardoqueu. Assim, Ester o nomeou administrador dos bens de Hamã. Então Ester voltou a apresentar-se ao rei e, caindo a seus pés, suplicou com lágrimas que ele cancelasse o plano perverso de Hamã, o agagita, contra os judeus. Mais uma vez, o rei estendeu o cetro de ouro para Ester. Ela se levantou e ficou em pé diante dele. Disse ela: “Se parecer bem ao rei, se conto com seu favor, se o rei considerar correto e se o tenho agradado, que seja publicado um decreto anulando as ordens de Hamã, filho de Hamedata, o agagita, para aniquilar os judeus em todas as províncias do rei. Pois como eu suportaria ver meu povo passar por tal calamidade? Acaso poderia assistir à destruição de minha família?”. O rei Xerxes disse à rainha Ester e ao judeu Mardoqueu: “Entreguei a Ester os bens de Hamã, e ele foi enforcado porque tentou destruir os judeus. Agora, enviem aos judeus um decreto em nome do rei, dizendo o que vocês acharem melhor, e selem-no com o anel do rei. Lembrem-se, porém, de que o que já foi escrito em nome do rei e selado com seu anel não pode ser revogado”. Assim, no dia 25 de junho, os secretários do rei foram convocados, e um decreto foi redigido exatamente da forma como Mardoqueu ditou. O decreto foi enviado aos judeus, aos mais altos oficiais do rei, aos governadores e aos nobres de todas as 127 províncias, desde a Índia até a Etiópia. As ordens foram redigidas na escrita e na língua de cada povo do império, incluindo as dos judeus. Mardoqueu escreveu o decreto em nome do rei Xerxes e o selou com o anel do rei. Enviou as cartas por mensageiros montados em cavalos velozes criados nas estrebarias do rei. O decreto do rei concedia aos judeus de todas as cidades autoridade para se reunirem e defenderem a própria vida. Permitia que destruíssem, matassem e aniquilassem qualquer exército, de qualquer nacionalidade ou província, que os atacasse ou a seus filhos e esposas. Também permitia que tomassem os bens de seus inimigos. A data marcada para que isso acontecesse em todas as províncias do rei Xerxes era 7 de março do ano seguinte. Uma cópia do decreto devia ser publicada como lei em cada província e proclamada a todos os povos, a fim de que os judeus estivessem preparados para se vingar de seus inimigos na data marcada. Por ordem do rei, os mensageiros saíram a toda pressa, montados em cavalos velozes criados nas estrebarias do rei. O decreto também foi proclamado na fortaleza de Susã. Mardoqueu saiu da presença do rei vestido com trajes reais em azul e branco, uma grande coroa de ouro e um manto de linho fino e tecido vermelho; e o povo de Susã comemorou alegremente o novo decreto. Os judeus se encheram de felicidade e alegria e foram honrados em toda parte. Em cada província e cidade, em cada lugar aonde o decreto do rei chegava, os judeus se alegravam muito e comemoravam com grandes banquetes, festas e feriados. Muitos que pertenciam a outros povos do império se tornaram judeus, porque temiam o que os judeus pudessem fazer com eles. Assim, no dia 7 de março, os dois decretos do rei entraram em vigor. Nesse dia, os inimigos dos judeus esperavam dominá-los, mas aconteceu o contrário; os judeus dominaram seus inimigos. Reuniram-se em suas cidades em todas as províncias do rei Xerxes para atacar qualquer um que procurasse lhes fazer mal. Ninguém conseguiu resistir-lhes, pois todos tinham muito medo deles. E todos os nobres das províncias, os mais altos oficiais, os governadores e os oficiais do rei ajudaram os judeus, pois temiam Mardoqueu. Ele havia sido promovido no palácio do rei e, à medida que se tornava mais poderoso, sua fama se espalhava por todas as províncias. Portanto, na data marcada, os judeus feriram seus inimigos à espada. Mataram e aniquilaram seus inimigos e fizeram o que queriam com aqueles que os odiavam. Só na fortaleza de Susã, os judeus atacaram e mataram quinhentos homens. Também mataram Parsandata, Dalfom, Aspata, Porata, Adalia, Aridata, Parmasta, Arisai, Aridai e Vaizata, os dez filhos de Hamã, filho de Hamedata, inimigo dos judeus. No entanto, não tomaram nenhum despojo. Naquele mesmo dia, quando o rei foi informado do número de pessoas mortas na fortaleza de Susã, mandou chamar a rainha Ester e disse: “Só na fortaleza de Susã, os judeus mataram quinhentos homens, além dos filhos de Hamã. Se fizeram isso aqui, o que terão feito nas províncias? E agora, o que mais deseja? Seu pedido será atendido; diga-me e será feito”. Ester respondeu: “Se parecer bem ao rei, dê permissão aos judeus de Susã para que façam novamente amanhã o mesmo que fizeram hoje; e que os corpos dos dez filhos de Hamã sejam pendurados na forca”. O rei concordou e publicou o decreto em Susã, e os corpos dos dez filhos de Hamã foram pendurados na forca. Então, no dia 8 de março, os judeus de Susã se reuniram e mataram trezentos homens. Mais uma vez, porém, não tomaram nenhum despojo. Enquanto isso, os outros judeus em todas as províncias do rei haviam se reunido para defender a própria vida. Livraram-se de seus inimigos ao matar 75 mil dos que odiavam os judeus. No entanto, não tomaram nenhum despojo. Isso foi feito em todas as províncias no dia 7 de março, e no dia 8 descansaram e comemoraram sua vitória com um dia de festa e alegria. (Os judeus de Susã mataram seus inimigos nos dias 7 e 8 de março e descansaram no dia 9, fazendo dele um dia de festa e alegria.) Por isso, os judeus que vivem em povoados nas regiões rurais celebram a festa anual nesse dia determinado, data em que se alegram, festejam e presenteiam uns aos outros com alimentos. Mardoqueu registrou esses acontecimentos e enviou cartas aos judeus em todas as províncias do rei Xerxes, tanto aos de perto como aos de longe, instruindo-os a celebrar uma festa anual nesses dois dias. Ordenou que celebrassem com festas e alegria, presenteando uns aos outros com alimentos e distribuindo presentes aos pobres. Assim, recordariam a ocasião em que os judeus se livraram de seus inimigos e em que sua tristeza foi transformada em alegria, e seu lamento, em dia de festa. Os judeus aceitaram a orientação de Mardoqueu e adotaram esse costume anual. Hamã, filho de Hamedata, o agagita, inimigo dos judeus, havia tramado destruí-los numa data determinada pelo lançamento de sortes (chamadas purim). Mas, quando Ester foi à presença do rei, ele publicou um decreto que fez o plano perverso de Hamã se voltar contra ele, e Hamã e seus filhos foram pendurados numa forca. Por isso, essa comemoração se chama Purim, palavra que se usava antigamente para “lançar sortes”. Assim, por causa da carta de Mardoqueu e daquilo que lhes havia acontecido, os judeus em todo o reino concordaram em dar início a essa tradição e transmiti-la a seus descendentes e a todos que se tornassem judeus. Declararam que não deixariam de celebrar anualmente esses dois dias na data determinada. Esses dias seriam lembrados e comemorados de geração em geração, por todas as famílias, em todas as províncias e cidades do império. A Festa de Purim jamais deixaria de ser celebrada pelos judeus, nem a lembrança do que havia acontecido se apagaria entre seus descendentes. Então a rainha Ester, filha de Abiail, e o judeu Mardoqueu escreveram outra carta com toda a autoridade para confirmar a carta de Mardoqueu e estabelecer a Festa de Purim. Enviaram cartas a todos os judeus das 127 províncias do império de Xerxes, desejando-lhes paz e segurança. Essas cartas estabeleciam a Festa de Purim, uma celebração anual desses dias na data determinada, conforme decretado tanto pelo judeu Mardoqueu como pela rainha Ester. O povo resolveu celebrar essa festa, assim como haviam estabelecido para si e seus descendentes os tempos de jejum e de lamentação. Assim, o decreto de Ester confirmou as orientações para a Festa de Purim, e tudo foi escrito nos registros. O rei Xerxes impôs tributos a todo o seu império, incluindo as distantes regiões do litoral. Suas grandes realizações e o relato completo da grandeza de Mardoqueu, a quem o rei havia promovido, estão registrados no Livro da História dos Reis da Média e da Pérsia. O judeu Mardoqueu ocupou o cargo mais alto do reino, abaixo apenas do próprio rei Xerxes. Era muito importante entre os judeus, que o tinham em alta consideração, pois ele continuou a trabalhar para o bem de seu povo e a buscar o bem-estar de todos os seus descendentes. Havia um homem chamado Jó que vivia na terra de Uz. Ele era íntegro e correto, temia a Deus e se mantinha afastado do mal. Tinha sete filhos e três filhas. Era dono de sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas. Também tinha muitos servos. Na verdade, era o homem mais rico de toda aquela região. Os filhos de Jó se revezavam em preparar banquetes em suas casas e convidavam suas três irmãs para celebrar com eles. Quando terminavam esses dias de festas, Jó mandava chamar seus filhos, a fim de purificá-los. Levantava-se de manhã bem cedo e oferecia um holocausto em favor de cada um deles, pois pensava: “Pode ser que meus filhos tenham pecado e amaldiçoado a Deus em seu coração”. Essa era a prática habitual de Jó. Certo dia, os anjos vieram à presença do S enhor, e Satanás, o acusador, veio com eles. “De onde você vem?”, perguntou o S enhor. Satanás respondeu: “Estive rodeando a terra, observando o que nela acontece”. Então o S enhor perguntou: “Você reparou em meu servo Jó? Não há ninguém na terra como ele. É homem íntegro e correto, teme a Deus e se mantém afastado do mal”. Satanás respondeu: “É verdade, mas Jó tem bons motivos para temer a Deus. Tu puseste um muro de proteção ao redor dele, de sua família e de seus bens e o abençoaste em tudo que ele faz. Vê como ele é rico! Estende tua mão e toma tudo que ele tem, e certamente ele te amaldiçoará na tua face!”. “Pois bem, você pode prová-lo”, disse o S enhor. “Faça o que quiser com tudo que ele possui, mas não lhe cause nenhum dano físico.” Então Satanás saiu da presença do S enhor. Certo dia, quando os filhos e as filhas de Jó estavam num banquete na casa do irmão mais velho, chegou à casa de Jó um mensageiro com esta notícia: “Seus bois estavam arando, e os jumentos, pastando perto deles, quando os sabeus nos atacaram. Roubaram todos os animais e mataram todos os empregados. Só eu escapei para lhe contar”. Enquanto ele falava, outro mensageiro chegou com esta notícia: “O fogo de Deus caiu do céu e queimou suas ovelhas e todos os seus pastores. Só eu escapei para lhe contar”. Enquanto ele falava, outro mensageiro chegou com esta notícia: “Três bandos de saqueadores caldeus roubaram seus camelos e mataram seus servos. Só eu escapei para lhe contar”. Enquanto ele falava, ainda outro mensageiro chegou com esta notícia: “Seus filhos e suas filhas estavam num banquete na casa do irmão mais velho. De repente, veio do deserto um vendaval terrível e atingiu a casa de todos os lados. A casa desabou, e todos os seus filhos morreram. Só eu escapei para lhe contar”. Então Jó se levantou e rasgou seu manto. Depois, raspou a cabeça, prostrou-se com o rosto no chão em adoração e disse: “Saí nu do ventre de minha mãe, e estarei nu quando partir. O S enhor me deu o que eu tinha, e o S enhor o tomou. Louvado seja o nome do S enhor!”. Em tudo isso, Jó não pecou nem culpou a Deus. Certo dia, os anjos vieram outra vez à presença do S enhor, e Satanás, o acusador, veio com eles. “De onde você vem?”, perguntou o S enhor. Satanás respondeu: “Estive rodeando a terra, observando o que nela acontece”. Então o S enhor perguntou: “Você reparou em meu servo Jó? Não há ninguém na terra como ele. É homem íntegro e correto, teme a Deus e se mantém afastado do mal. E não perdeu sua integridade, apesar de você me ter instigado a prejudicá-lo sem motivo”. Satanás respondeu: “Pele por pele! Um homem dará tudo que tem para salvar a própria vida. Estende tua mão e tira a saúde dele, e certamente ele te amaldiçoará na tua face!”. “Pois bem”, disse o S enhor. “Faça o que quiser com ele, mas poupe-lhe a vida.” Então Satanás saiu da presença do S enhor e causou em Jó feridas terríveis, da sola dos pés ao alto da cabeça. Jó, sentado em meio a cinzas, raspava a pele com um caco de cerâmica. Sua esposa lhe disse: “Você ainda tenta manter sua integridade? Amaldiçoe a Deus e morra!”. Jó respondeu: “Você fala como uma mulher insensata. Aceitaremos da mão de Deus apenas as coisas boas e nunca o mal?”. Em tudo isso, Jó não pecou com seus lábios. Quando três amigos de Jó souberam das tragédias que o haviam atingido, cada um saiu de onde vivia e os três foram juntos consolá-lo e animá-lo. Seus nomes eram Elifaz, de Temã, Bildade, de Suá, e Zofar, de Naamá. Quando viram Jó de longe, mal o reconheceram. Choraram alto, rasgaram seus mantos e jogaram terra ao ar, sobre a cabeça. Depois, sentaram-se no chão com ele durante sete dias e sete noites. Não disseram nada, pois viram que o sofrimento de Jó era grande demais. Por fim, Jó falou e amaldiçoou o dia de seu nascimento. Disse ele: “Apagado seja o dia em que nasci e a noite em que fui concebido. Transforme-se esse dia em escuridão; Deus, lá do alto, o ignore, e luz nenhuma brilhe sobre ele. Domine esse dia a escuridão absoluta; uma nuvem negra o cubra, e densa escuridão o encha de terror. Apodere-se dessa noite a escuridão; nunca mais seja contada entre os dias do ano, nunca mais seja incluída entre os meses. Sim, estéril seja essa noite, desprovida de toda a alegria. Amaldiçoem esse dia os que vivem a amaldiçoar, aqueles que podem despertar o Leviatã. Escureçam-se suas estrelas matutinas; espere o dia pela luz, mas em vão, e jamais veja a luz do amanhecer. Amaldiçoado seja esse dia por não fechar o ventre de minha mãe, por permitir que eu nascesse, para presenciar todo este sofrimento. “Por que eu não nasci morto? Por que não morri ao sair do ventre? Por que me deitaram no colo de minha mãe? Por que ela me amamentou no seio? Se eu tivesse morrido ao nascer, agora estaria em paz; sim, dormiria e repousaria. Descansaria com os reis da terra e seus conselheiros, cujos edifícios agora estão em ruínas. Descansaria com os príncipes, ricos em ouro, cujos palácios eram cheios de prata. Por que não me sepultaram como uma criança que nasceu morta, como um bebê que nunca viu a luz? Pois na morte os perversos já não causam problemas, e os cansados repousam. Até mesmo os cativos encontram sossego nela, onde não há capatazes para ameaçá-los. Os ricos e os pobres estão ali, e o escravo se vê livre de seu senhor. “Por que conceder luz aos miseráveis e vida aos amargurados? Anseiam pela morte, e ela não vem; cavam à procura dela mais que de tesouros ocultos. Enchem-se de alegria quando enfim morrem e exultam quando chegam ao túmulo. Por que conceder luz aos que não têm futuro, aos que Deus cercou de todos os lados? De tanto gemer, não consigo comer; meus gritos de dor se derramam como água. O que sempre temi veio sobre mim, o que tanto receava me aconteceu. Não tenho paz, nem sossego; não tenho descanso, só aflição”. Então Elifaz, de Temã, respondeu a Jó: “Você terá paciência e me permitirá dizer algo? Afinal, quem poderia permanecer calado? Você já deu ânimo a muita gente e deu força aos fracos. Suas palavras sustentaram os que tropeçavam, e você deu apoio aos vacilantes. Mas agora, quando vem a aflição, você desanima; quando é atingido por ela, entra em pânico. Seu temor a Deus não lhe dá confiança? Sua vida íntegra não lhe traz esperança? “Pense bem! Acaso os inocentes morrem? Quando os justos foram destruídos? Pelo que tenho observado, os que cultivam a maldade e semeiam a opressão, isso também é o que colhem. Um sopro de Deus os destrói; desaparecem com uma rajada de sua ira. O leão ruge e seu filhote rosna, mas os dentes dos leões jovens são quebrados. O leão feroz morre de fome porque não há presa, e os filhotes da leoa se dispersam. “Esta verdade me foi revelada em segredo, como que sussurrada em meu ouvido. Ela veio à noite, numa visão perturbadora, quando todos estão em sono profundo. O medo e o terror se apoderaram de mim e fizeram estremecer meus ossos. Um espírito passou diante de meu rosto, e os pelos de meu corpo se arrepiaram. O espírito parou, mas não pude ver sua forma; um vulto estava diante de meus olhos. No silêncio, ouvi uma voz dizer: ‘Pode algum mortal ser inocente perante Deus? Pode o homem ser puro diante do Criador?’. “Se Deus não confia nos próprios anjos e acusa seus mensageiros de insensatez, quanto menos confiará em pessoas feitas de barro! Vêm do pó e são facilmente destruídas, como traças. Estão vivas pela manhã e mortas ao entardecer; desaparecem para sempre, sem deixar vestígio. As cordas de sua tenda são arrancadas e a tenda desaba, e na ignorância morrem.” “Grite por socorro, mas alguém responderá? Qual dos anjos o ajudará? Por certo, o ressentimento destrói o insensato, e a inveja mata o tolo. Observei que os insensatos têm sucesso por um tempo, mas desgraça repentina vem sobre eles. Seus filhos perdem toda e qualquer segurança; são oprimidos no tribunal, e não há quem os defenda. Os famintos devoram sua colheita, mesmo quando protegida por espinheiros, e os sedentos anseiam por sua riqueza. Embora o mal não surja do solo, nem as dificuldades brotem da terra, o ser humano nasce para enfrentar aflições, tão certo como as faíscas do fogo voam para o alto. “Se eu fosse você, buscaria a Deus e lhe apresentaria minha causa. Ele faz grandes coisas, maravilhosas demais para entender, e realiza milagres incontáveis. Dá chuva à terra e água aos campos. Exalta os humildes e protege os que sofrem. Frustra os planos dos maliciosos, para que as obras de suas mãos fracassem. Apanha os sábios em sua própria astúcia e frustra as intrigas dos ardilosos. Ficam na escuridão em pleno dia e tateiam ao meio-dia como se fosse noite. Ele salva os pobres das ofensas dos fortes e os livra das garras dos poderosos. Por fim, os desamparados têm esperança, e a boca dos perversos é fechada. “Mas como são felizes os que Deus corrige! Não despreze, portanto, a disciplina do Todo-poderoso. Pois ele fere, mas enfaixa a ferida; bate, mas suas mãos curam. Ele o livrará de seis desgraças, e até mesmo na sétima o guardará do mal. Ele o livrará da morte no tempo de fome e do poder da espada no tempo de guerra. Você estará protegido das calúnias e não terá medo quando vier a destruição. Rirá da destruição e da fome, e animais selvagens não o assustarão. Fará um pacto com as pedras do campo, e os animais selvagens estarão em paz com você. Saberá que seu lar está seguro; ao contar seus bens, de nada achará falta. Terá muitos filhos, tantos descendentes como o capim no pasto. Em boa velhice irá para a sepultura, como um feixe de cereal colhido no tempo certo. “Observamos a vida e vimos que tudo isso é verdade; ouça meu conselho e aplique-o à sua vida”. Então Jó falou novamente: “Se fosse possível pesar minha aflição e pôr numa balança meu sofrimento, pesariam mais que toda a areia do mar; por isso falei de modo impulsivo. Pois o Todo-poderoso me derrubou com suas flechas, e minha alma bebe o veneno delas; os terrores de Deus se alinham contra mim. Os jumentos selvagens não zurram ao não encontrar capim? Os bois não mugem quando não têm alimento? As pessoas não se queixam quando falta sal na comida? Alguém gosta da clara de ovo, que não tem sabor? Perco o apetite só de olhar para ela; tenho enjoo só de pensar em comê-la! “Quem dera meu pedido fosse atendido, e Deus concedesse meu desejo. Quem dera ele me esmagasse, estendesse a mão e acabasse comigo. Ao menos tenho este consolo e alegria: apesar da dor, não neguei as palavras do Santo. Contudo, faltam-me forças para prosseguir; não vejo motivo para viver. Acaso tenho a força de uma pedra? Meu corpo é feito de bronze? Não! Estou completamente desamparado, sem chance alguma de sucesso. “É preciso ter compaixão de um amigo abatido, mas vocês me acusam sem nenhum temor do Todo-poderoso. Meus irmãos, vocês se mostraram indignos de confiança, como um riacho intermitente que transborda sobre as margens, quando fica turvo por causa do gelo, e a neve sobre ele se amontoa. Mas, chegado o tempo de seca, a água desaparece, e o riacho some no calor. As caravanas saem de suas rotas, mas não há o que beber, e morrem ali. As caravanas de Temá procuram essa água, e os viajantes de Sabá esperam encontrá-la. Contam com ela, mas se decepcionam; quando chegam, suas esperanças são frustradas. Da mesma forma, vocês não me ajudaram; viram minha desgraça e ficaram com medo. Mas, por quê? Alguma vez lhes pedi presentes? Supliquei que me dessem algo seu? Pedi que me livrassem de meus inimigos ou que me resgatassem de meus opressores? Ensinem-me, e eu me calarei; mostrem-me onde errei. Palavras honestas são dolorosas, mas de que servem suas críticas? Consideram suas palavras convincentes, enquanto ignoram meu clamor de desespero? Seriam capazes de apostar um órfão num jogo de azar; sim, venderiam até mesmo um amigo. Olhem para mim! Acaso eu mentiria para vocês? Não pressuponham que sou culpado, pois nada fiz de errado. Pensam que sou mentiroso? Acaso não sei mais distinguir entre bem e mal?” “Acaso a vida na terra não é uma luta? Nossos dias são como os de um trabalhador braçal, como o servo que anseia pela sombra, como o empregado à espera do pagamento. Recebi de herança meses de puro vazio, fui condenado a passar noites longas em aflição. Deitado na cama, penso: ‘Quando chegará a manhã?’, mas a noite se arrasta e reviro-me até o amanhecer. Meu corpo está coberto de vermes e crostas de feridas; minha pele se racha e vaza pus.” “Meus dias correm mais depressa que a lançadeira de um tecelão e terminam sem esperança. Lembra-te, ó Deus, de que minha vida é apenas um sopro; nunca mais voltarei a ver a felicidade. Tu me vês agora, mas em breve não me verás; procurarás por mim, mas já não existirei. Como uma nuvem que se dissipa e some, os que descem à sepultura não voltam mais. Deixam seu lar para sempre, e ninguém se lembrará deles novamente. “Não posso me calar, tenho de expressar minha angústia; minha alma amargurada precisa se queixar. Acaso sou eu o mar revolto ou algum monstro marinho, para que me ponhas sob vigilância? Penso: ‘Na cama encontrarei descanso, e o leito me aliviará o sofrimento’, mas tu me assustas com sonhos e me aterrorizas com visões. Preferiria ser estrangulado; melhor morrer que sofrer assim. Odeio minha vida e não quero continuar a viver; deixa-me em paz, pois meus dias passam como um sopro. “O que é o ser humano, para que lhe dês tanta importância e penses nele com tanta atenção? Pois o examinas todas as manhãs e o pões à prova a cada instante. Por que não me deixas em paz? Dá-me tempo pelo menos para engolir a saliva! Se eu pequei, o que te fiz, ó Vigia de toda a humanidade? Por que fizeste de mim o teu alvo? Acaso sou um fardo para ti? Por que não perdoas meu pecado e removes minha culpa? Pois em breve me deitarei no pó e morrerei; quando procurares por mim, já não existirei”. Então Bildade, de Suá, respondeu a Jó: “Até quando continuará a falar assim? Suas palavras parecem um vendaval! Acaso Deus perverte o que é justo? O Todo-poderoso distorce o que é certo? Certamente seus filhos pecaram contra ele e, por isso, receberam o castigo devido. Mas, se você buscar a Deus e clamar ao Todo-poderoso, e, se for puro e íntegro, ele sem demora agirá em seu favor e devolverá o que por direito lhe pertence. E, embora tenha começado com pouco, no final você terá muito. “Pergunte às gerações anteriores, atente à experiência dos antepassados. Pois nós nascemos ontem e nada sabemos; nossos dias na terra passam como uma sombra. Mas os que vieram antes de nós o instruirão; eles lhe ensinarão a sabedoria de outrora. “Pode o papiro crescer fora do brejo? O junco se desenvolve sem água? Quando ainda estão florescendo, antes de ser cortados, começam a secar mais depressa que a grama. O mesmo acontece com todos que se esquecem de Deus; as esperanças do ímpio se evaporam. A confiança dele está por um fio; apoia-se numa teia de aranha. Busca segurança no lar, mas ela não durará; tenta agarrá-la com força, mas ela não permanecerá. O ímpio é como a planta verdejante que cresce ao sol; seus ramos se espalham pelo jardim, suas raízes se aprofundam por entre um montão de pedras e num leito de rochas se firmam. Mas, quando a planta é arrancada, é como se nunca houvesse existido! Esse é o fim de sua vida, e do solo brotam outras plantas que tomam seu lugar. “Mas uma coisa é certa: Deus não rejeitará o íntegro, nem estenderá a mão ao perverso. Voltará a encher sua boca de riso, e seus lábios, de gritos de alegria. Os que odeiam você serão cobertos de vergonha, e o lar dos perversos será destruído”. Então Jó falou novamente: “Sim, eu sei que tudo isso é verdade de modo geral, mas como alguém pode ser inocente aos olhos de Deus? Se uma pessoa quisesse levar Deus ao tribunal, acaso poderia lhe responder uma vez em mil? Pois Deus é muito sábio e poderoso: quem alguma vez o enfrentou e saiu vencedor? “Ele move montanhas sem dar aviso, e, em sua ira, as põe abaixo. Sacode a terra de seu lugar e faz tremer seus alicerces. Se ele ordena, o sol não nasce e as estrelas não brilham. Ele, sozinho, estendeu os céus e marcha sobre as ondas do mar. Criou todas as estrelas: a Ursa e o Órion, as Plêiades e as constelações do sul. Ele faz grandes coisas, maravilhosas demais para entender, e realiza milagres incontáveis. “Quando se aproxima de mim, não posso vê-lo; quando passa, não percebo sua presença. Se ele toma à força, quem o fará devolver? Quem ousa perguntar: ‘O que estás fazendo?’. E Deus não refreia sua ira; até os monstros marinhos são esmagados sob os seus pés. “Quem sou eu, então, para tentar responder a Deus, ou mesmo argumentar com ele? Ainda que fosse inocente, seria incapaz de me defender; poderia apenas implorar por misericórdia ao meu Juiz. E, mesmo que eu o chamasse e ele me respondesse, não acredito que me daria atenção. Pois ele me ataca com uma tempestade e, sem motivo, me fere repetidas vezes. Não permite que eu recupere o fôlego, mas enche minha vida de amargura. Se é uma questão de força, ele é o forte; se é uma questão de justiça, quem ousa levá-lo ao tribunal? Embora eu seja inocente, minha própria boca me declararia culpado; embora eu seja íntegro, ela provaria que sou perverso. “Sou íntegro, mas isso não faz diferença para mim; desprezo minha vida. Íntegro ou perverso, é tudo a mesma coisa; por isso digo: ‘Ele destrói tanto o íntegro como o perverso’. Quando uma praga vem repentinamente, ele ri da morte dos inocentes. A terra está nas mãos dos perversos, e ele cega os olhos dos juízes; se não é Deus quem faz isso, então quem é? “Minha vida corre mais depressa que um atleta, foge sem jamais ver a alegria. Desaparece como um barco veloz de papiro, como a águia que se lança sobre a presa. Se eu decidisse esquecer minhas queixas, deixar de lado a tristeza e exibir um rosto alegre, ainda assim temeria todos os meus sofrimentos, pois sei, ó Deus, que não me considerarás inocente. Não importa o que aconteça, serei considerado culpado; então de que adianta continuar lutando? Mesmo que eu me lave com sabão e limpe as mãos com soda, tu me lançarás num poço de lodo, e até minhas roupas terão nojo de mim. “Deus não é ser humano, como eu; não posso discutir com ele nem levá-lo ao tribunal. Se ao menos houvesse um mediador entre nós, alguém que nos aproximasse um do outro! Ele afastaria de mim o castigo de Deus, e eu já não viveria aterrorizado. Então falaria com ele sem medo, mas, sozinho, não consigo fazê-lo.” “Estou cansado de minha vida, vou me queixar abertamente; minha alma amargurada precisa se expressar. Direi a Deus: ‘Não apenas me condenes; dize-me que acusações tens contra mim. Que vantagem tens em me oprimir? Por que me rejeitas, se sou obra de tuas mãos, enquanto sorris para as tramas dos perversos? Acaso teus olhos são como os nossos? Vês as coisas como um ser humano qualquer? Tua vida é tão breve como a nossa? Vives tão pouco, como o homem, que precisas, sem demora, investigar minha culpa e procurar meu pecado? Embora saibas que não sou culpado, não há quem possa livrar-me de tuas mãos. “‘Tu me formaste com tuas mãos; tu me fizeste e, no entanto, me destróis por completo. Lembra-te de que do barro me fizeste; acaso me farás voltar tão depressa ao pó? Tu guiaste minha concepção e me moldaste no ventre materno. Com carne e pele me vestiste e me teceste os ossos com meus tendões. Tu me deste vida e me mostraste teu amor, e com teu cuidado me preservaste. “‘Teu verdadeiro motivo, porém, tua real intenção, era me vigiar e, se eu pecasse, não perdoar minha culpa. Se sou culpado, pior para mim; e, mesmo que eu seja inocente, não posso manter a cabeça erguida, pois estou cheio de vergonha e sofrimento. Se mantenho a cabeça erguida, tu me caças como um leão e manifestas contra mim teu imenso poder. Repetidas vezes depões contra mim; sobre mim derramas tua ira crescente e me atacas com um exército após o outro. “‘Por que, então, me tiraste do ventre de minha mãe? Por que não me deixaste morrer antes de vir ao mundo? Seria como se eu nunca tivesse existido; iria direto do ventre para o túmulo. Restam-me apenas alguns dias; por favor, deixa-me em paz, para que eu tenha um instante de alívio antes de partir para a terra de escuridão e densas sombras, para nunca mais voltar. É uma terra escura como a meia-noite, terra de profunda escuridão e desordem, onde até mesmo a luz é escura como a meia-noite’”. Então Zofar, de Naamá, respondeu a Jó: “Não haverá resposta a essa torrente de palavras? Uma pessoa é inocentada só por falar muito? Devem todos calar-se enquanto você continua a tagarelar? Quando zomba de Deus, ninguém o repreenderá? Você afirma: ‘Minhas crenças são puras’ e ‘Sou limpo aos olhos de Deus’. Se ao menos Deus se pronunciasse e lhe dissesse o que pensa! Se ao menos lhe revelasse os segredos da sabedoria, pois a verdadeira sabedoria não é coisa simples! Escute! Deus sem dúvida o está castigando muito menos do que você merece. “Acaso você pode desvendar os mistérios de Deus e descobrir tudo sobre o Todo-poderoso? Esse conhecimento é mais alto que os céus, e o que você pode fazer? É mais profundo que o abismo, e o que você pode saber? É mais vasto que a terra e mais amplo que o mar. Se Deus passa e prende alguém ou convoca o tribunal, quem pode detê-lo? Pois ele conhece os falsos e registra seus pecados. É tão impossível um tolo tornar-se sábio como um jumento selvagem dar à luz uma criança. “Se ao menos você preparasse o coração e levantasse as mãos a Deus em oração! Livre-se de seus pecados e deixe toda a maldade para trás. Então seu rosto se iluminará com a inocência; você será forte e não terá medo. Você se esquecerá de seus sofrimentos; serão como águas passadas. Sua vida será mais luminosa que o meio-dia; até a escuridão será clara como a manhã. Você se sentirá seguro, pois terá esperança; estará protegido e descansará tranquilo. Sem medo se deitará, e muitos buscarão sua ajuda. Os perversos, porém, ficarão cegos, sem ter para onde fugir; sua única esperança será a morte”. Então Jó falou novamente: “Vocês de fato sabem tudo, não é? Mas, quando morrerem, a sabedoria morrerá com vocês! Pois bem, eu também sei algumas coisas, e vocês não são melhores que eu; qualquer um sabe aquilo que me disseram. Meus amigos, contudo, riem de mim, pois clamo a Deus e espero uma resposta. Sou justo e íntegro, e, no entanto, eles riem de mim. Quem está tranquilo zomba de quem sofre; dá um empurrão em quem tropeça. Os ladrões, porém, são deixados em paz, e os que provocam a Deus vivem em segurança, embora Deus os mantenha sob o seu poder. “Pergunte aos animais, e eles lhe ensinarão; pergunte às aves do céu, e elas lhe dirão. Fale com a terra, e ela o instruirá; deixe que os peixes do mar o informem. Pois todos eles sabem que meu sofrimento veio da mão do S enhor. Em suas mãos está a vida de todas as criaturas e o fôlego de toda a humanidade. O ouvido prova as palavras que ouve, assim como a língua distingue os sabores. A sabedoria pertence aos idosos, e o entendimento, aos mais velhos. “Em Deus, porém, estão a sabedoria e o poder; a ele pertencem o conselho e o entendimento. Ninguém pode reconstruir o que ele derruba, ninguém pode libertar quem ele aprisiona. Se ele retém a chuva, a terra se transforma em deserto; se ele libera as águas, há inundações em toda parte. Sim, a ele pertencem a força e a sabedoria; enganadores e enganados estão sob seu poder. Ele destitui os conselheiros e os dispensa; faz de tolos juízes sábios. Tira o manto dos reis e lhes amarra uma corda na cintura. Destitui os sacerdotes e os dispensa; derruba os que estão no poder há muitos anos. Silencia o conselheiro de confiança e retira o entendimento dos anciãos. Derrama desonra sobre os príncipes e deixa os fortes desarmados. “Ele revela mistérios ocultos nas trevas e ilumina a escuridão mais profunda. Exalta nações e as destrói, expande nações e as abandona. Despoja os reis de entendimento e os deixa vagar por um deserto sem caminhos. Andam tateando na escuridão, sem luz; ele os faz cambalear como bêbados.” “Vi tudo isso com os próprios olhos; ouvi com os próprios ouvidos, e agora entendo. O que vocês sabem, eu também sei; não são melhores que eu. Quero falar diretamente com o Todo-poderoso, quero defender minha causa diante de Deus. Vocês me difamam com mentiras; são médicos incapazes de curar. Se ao menos se calassem! É a atitude mais sábia que poderiam tomar. Ouçam minha defesa, prestem atenção a meus argumentos. “Vocês querem defender Deus com mentiras? Apresentam argumentos desonestos em nome dele? Distorcem seu testemunho em favor dele? Acaso são advogados de Deus? O que acontecerá quando ele decidir investigá-los? Conseguirão enganá-lo como enganam qualquer pessoa? Não! Certamente ele os repreenderá se distorcerem às escondidas seu testemunho em favor dele. Acaso a majestade dele não os aterrorizará? O terror dele não cairá sobre vocês? Suas frases feitas valem tanto quanto cinzas; sua defesa é fraca como um pote de barro. “Calem-se e deixem-me em paz! Permitam-me falar, e eu arcarei com as consequências. Sim, porei minha vida em risco e direi o que penso de fato. Ainda que Deus me mate, ele é minha única esperança; apresentarei a ele minha causa. Isto, porém, é o que me salvará: não sou ímpio; se o fosse, não poderia me colocar diante dele. “Escutem bem o que vou dizer, ouçam-me com atenção. Preparei minha defesa; serei declarado inocente. Quem pode discutir comigo a esse respeito? E, se provarem que estou errado, me calarei e morrerei.” “Ó Deus, concede-me estas duas coisas, e não me esconderei de ti. Remove tua mão de cima de mim e não me assustes com tua temível presença. Chama-me, e eu responderei; ou permita que eu fale e responde-me. Diga-me, o que fiz de errado? Mostra-me minha rebeldia e meu pecado. Por que te afastas de mim? Por que me tratas como teu inimigo? Atormentarias uma folha soprada pelo vento? Perseguirias a palha seca? “Escreves acusações amargas contra mim e trazes à tona os pecados de minha juventude. Prendes meus pés com correntes, vigias todos os meus caminhos e examinas todas as minhas pegadas. Eu me consumo como madeira que apodrece, como roupa comida pela traça.” “Como é frágil o ser humano! Sua vida é breve e cheia de aflições. Como uma flor, nasce e depois murcha; como uma sombra passageira, some depressa. É preciso que vigies uma criatura tão frágil e exijas que te preste contas? Quem pode extrair pureza de algo impuro? Ninguém! Estabeleceste a extensão de nossa vida; sabes quantos meses viveremos, e não recebemos nem um dia a mais. Portanto, dá-nos sossego, deixa-nos descansar! Somos como trabalhadores braçais; permite que terminemos nosso trabalho em paz. “Até mesmo uma árvore tem mais esperança, pois, se for cortada, voltará a brotar e dar novos ramos. Ainda que as raízes tenham envelhecido na terra e o tronco esteja podre, com o cheiro da água, voltará a brotar e dar ramos, como uma planta nova. “Mas, quando as pessoas morrem, perdem as forças; dão o último suspiro e, depois, onde estão? Como a água evapora do lago e o rio desaparece na seca, são colocadas no túmulo e não voltam a se levantar. Até que os céus deixem de existir, não acordarão; não serão despertadas de seu sono. “Quem dera tu me escondesses na sepultura e me esquecesses ali até tua ira passar! Quem dera me desses um tempo de descanso, para que só então te lembrasses de mim! Podem os mortos voltar a viver? Assim eu teria esperança durante todos os meus anos de luta e aguardaria a libertação que a morte traz. Tu chamarias, e eu responderia; tu ansiarias por mim, a obra de tuas mãos. Assim, tu protegerias meus passos, em vez de vigiares meus pecados. Meus pecados seriam fechados num saco, e tu cobririas minha culpa. “Em vez disso, assim como os montes desmoronam e as rochas caem de onde estão, como a água desgasta as pedras e as enchentes arrastam a terra, tu destróis a esperança do ser humano. Tu prevaleces sempre sobre ele, e ele se vai; tu o desfiguras na morte e o mandas embora. Não sabe se os filhos crescerão com honra ou afundarão no esquecimento. Ele sofre sua própria dor e lamenta apenas por si mesmo”. Então Elifaz, de Temã, respondeu: “Um homem sábio não responderia com esse falatório! Suas palavras não passam de vento. O sábio não se envolve em conversas sem propósito, nem usa palavras sem sentido. De fato, você não tem temor a Deus e não lhe mostra reverência. Seus pecados dizem à boca o que ela deve falar; suas palavras se baseiam em engano astuto. Sua própria boca o condena, não eu; seus próprios lábios depõem contra você. “Acaso você foi o primeiro ser humano a nascer? Veio ao mundo antes de serem criados os montes? Estava presente no conselho secreto de Deus? Só você é dono da sabedoria? O que você sabe que nós não sabemos? Que compreensão tem que nós não temos? Homens idosos, de cabelo grisalho, mais velhos que seu pai, pensam exatamente como nós! “A consolação de Deus não é suficiente para você? Palavras amáveis não lhe bastam? O que o fez perder a razão? Por que seus olhos chegam a faiscar quando você se volta contra Deus e diz tais absurdos? O que é o ser humano, para se considerar puro? Pode alguém nascido de mulher ser justo? Deus não confia nem nos anjos! Aos olhos dele, nem mesmo os céus são puros. Quanto menos um ser humano detestável e corrupto, que tem sede de perversidade! “Escute, e eu lhe mostrarei; falarei com base em minha experiência. Ela é confirmada pelo relato de homens sábios, que ouviram as mesmas verdades de seus antepassados, daqueles aos quais foi dada a terra, muito antes de chegar qualquer estrangeiro. “Os perversos se contorcem de dor a vida toda; aos cruéis estão reservados tempos de sofrimento. Em seus ouvidos ressoam sons de terror, e mesmo em dias tranquilos temem o ataque do destruidor. Não se atrevem a sair no escuro, por medo de serem mortos pela espada. Ficam perambulando e dizendo: ‘Onde posso encontrar pão?’; sabem que o dia de sua destruição se aproxima. Vivem angustiados e aflitos, cheios de terror, como um rei que se prepara para a batalha, pois agitam os punhos contra Deus e desafiam arrogantemente o Todo-poderoso. Com seus fortes escudos levantados, avançam contra ele em rebeldia. “Em sua prosperidade, o rosto dos perversos inchou, e sua barriga acumulou gordura. Suas cidades, porém, serão arruinadas; habitarão em casas abandonadas, prestes a desabar. Suas riquezas não durarão, seus bens não permanecerão, e suas propriedades não se estenderão pela terra. “Não escaparão das trevas; o sol abrasador queimará seus ramos, e o sopro de Deus os destruirá. Que não se iludam mais ao confiar em riquezas vazias, pois o vazio será sua única recompensa. Serão cortados na flor da idade; seus ramos jamais voltarão a verdejar. Serão como a videira cujas uvas são colhidas cedo demais, como a oliveira que perde as flores antes que se formem os frutos. Pois os ímpios não têm futuro; o fogo destruirá suas casas enriquecidas com subornos. Concebem desgraça e dão à luz maldade; seu ventre só gera engano”. Então Jó falou novamente: “Já ouvi tudo isso antes; que péssimos consoladores são vocês! Será que nunca vão parar de tagarelar? Que perturbação os faz continuar falando? Eu poderia dizer as mesmas coisas se estivessem em meu lugar, poderia berrar críticas e balançar a cabeça contra vocês. Mas eu faria diferente: eu lhes daria ânimo e tentaria aliviar seu sofrimento. Em vez disso, sofro se me defendo, e sofro igualmente se me recuso a falar. “Ó Deus, tu me esgotaste e destruíste toda a minha família! Reduziste-me a pele e osso, como para provar que pequei; minha magreza depõe contra mim. Deus me odeia e, em sua ira, me despedaçou; range os dentes contra mim e me transpassa com seu olhar. As pessoas zombam e riem de mim e, com desprezo, me dão tapas no rosto; sim, uma multidão se junta contra mim. Deus me entregou aos pecadores, atirou-me nas mãos dos perversos. “Eu vivia tranquilo, até que ele me despedaçou; pelo pescoço me agarrou e me quebrou ao meio. Fez de mim seu alvo, e agora seus arqueiros me cercam. Suas flechas me perfuram sem misericórdia, e meu sangue molha o chão. Repetidamente, ele se lança contra mim e me ataca como um guerreiro. Em minha tristeza, visto pano de saco; meu orgulho se revolve no pó. Meu rosto está vermelho de tanto chorar, e sombras escuras me circundam os olhos. No entanto, nada fiz de errado, e minha oração é pura. “Ó terra, não esconda meu sangue! Não permita que meu clamor permaneça oculto. Agora mesmo, minha testemunha está nos céus, meu advogado está nas alturas. Meus amigos me desprezam, mas derramo minhas lágrimas diante de Deus. Preciso de um mediador entre mim e Deus, como alguém que intercede por seu amigo. Pois em breve seguirei pelo caminho do qual jamais voltarei.” “Meu espírito está quebrado, e minha vida, quase apagada; o túmulo está pronto para me receber. Estou cercado de zombadores; seus insultos estão sempre diante de mim. “Dá-me garantia de que me defenderás, ó Deus, pois ninguém mais tomará meu partido. Fechaste a mente deles para o entendimento, mas não permitas que triunfem. Traem os amigos em benefício próprio; deixa que os filhos deles desfaleçam de fome. “Deus me transformou em motivo de zombaria; as pessoas cospem em meu rosto. Meus olhos estão inchados de tanto chorar; sou apenas sombra do que já fui. Os virtuosos ficam horrorizados quando me veem, e os inocentes se levantam contra os ímpios. Os justos prosseguem em seu caminho, e os de mãos limpas se fortalecem cada vez mais. “Quanto a vocês, voltem com um argumento melhor; ainda assim, não encontrarei sábio algum em seu meio. Meus dias chegaram ao fim e minhas esperanças se foram; os desejos de meu coração não se realizaram. Esses homens dizem que a noite é dia, afirmam que a escuridão é luz. E se eu descer à sepultura e arrumar minha cama na escuridão? E se eu chamar o túmulo de pai e o verme, de mãe ou irmã? Onde está, então, minha esperança? Há alguém que possa encontrá-la? Não, minha esperança descerá comigo à sepultura; descansaremos juntos no pó”. Então Bildade, de Suá, respondeu: “Até onde você vai com suas palavras? Mostre sensatez, se deseja que respondamos! Imagina que somos animais? Pensa que somos ignorantes? Ainda que arranque os cabelos de raiva, acaso isso destruirá a terra? Fará as rochas mudarem de lugar? “Por certo, a luz do perverso se apagará; as faíscas de seu fogo deixarão de brilhar. A luz de sua tenda se escurecerá; a lâmpada pendurada sobre ele se extinguirá. Os passos confiantes do perverso serão encurtados; será arruinado pelas próprias tramas. O perverso caminha direto para a rede; cai num alçapão. Uma armadilha o pega pelo calcanhar, um laço o prende com força. Há uma cilada escondida na terra, uma corda estendida em seu caminho. “Terrores cercam o perverso e o perseguem a cada passo. A fome esgota suas forças, e a calamidade aguarda seu tropeço. A doença consumirá sua pele, e uma morte horrível devorará seus membros. É arrancado da segurança de seu lar e levado ao rei dos terrores. O lar do perverso será consumido pelo fogo, e enxofre se espalhará sobre sua casa. Por baixo, suas raízes secarão; por cima, seus ramos murcharão. Toda lembrança de sua existência desaparecerá da terra; ninguém recordará seu nome. Será lançado da luz para as trevas, expulso do mundo. Não terá filhos nem netos, nem haverá sobreviventes no lugar onde morava. No oeste, ficarão espantados com seu destino; no leste, serão tomados de horror. Dirão: ‘Esta era a habitação do perverso, o lugar de alguém que não conheceu a Deus’”. Então Jó falou novamente: “Até quando vocês vão me atormentar? Até quando vão me esmagar com suas palavras? Dez vezes já me insultaram; deveriam se envergonhar de me tratar tão mal. Ainda que eu tivesse pecado, seria problema meu, e não de vocês. Pensam que são melhores que eu; usam minha humilhação como prova de meu pecado. Mas Deus é que foi injusto comigo e me prendeu em sua rede. “Clamo: ‘Socorro!’, mas ninguém responde; grito em protesto, mas não há justiça. Deus fechou meu caminho para eu não passar e cobriu de escuridão minha estrada. Despojou-me de minha honra e removeu a coroa de minha cabeça. Destruiu-me por todos os lados, e estou acabado; como se eu fosse uma árvore, arrancou minha esperança pela raiz. Sua ira arde contra mim; ele me considera seu inimigo. Suas tropas avançam e abrem caminhos para me atacar; acampam ao redor de minha tenda. “Meus irmãos se mantêm afastados, meus conhecidos se voltaram contra mim. Minha família se foi, meus amigos chegados me esqueceram. Meus hóspedes e criadas me consideram um estranho; para eles, sou como um estrangeiro. Quando chamo meu servo, ele não vem; tenho de suplicar! Meu hálito enoja minha esposa; sou rejeitado pela própria família. Até as crianças me desprezam; quando me levanto para falar, me dão as costas. Meus amigos chegados me detestam; aqueles que eu amo se voltaram contra mim. Fui reduzido a pele e osso; escapei da morte por um triz. “Tenham misericórdia de mim, meus amigos! Tenham misericórdia, pois a mão de Deus me feriu. Será que também precisam me perseguir, como Deus me persegue? Já não me criticaram o suficiente? “Quem dera minhas palavras fossem registradas! Quem dera fossem escritas num monumento, entalhadas com um cinzel de ferro e preenchidas com chumbo, gravadas para sempre na rocha! “Quanto a mim, sei que meu Redentor vive e que um dia, por fim, ele se levantará sobre a terra. E, depois que meu corpo tiver se decomposto, ainda assim, em meu corpo, verei a Deus! Eu o verei por mim mesmo, sim, o verei com meus próprios olhos; meu coração muito anseia por esse dia! “Como vocês se atrevem a me perseguir e dizer: ‘É culpa dele’? Deveriam temer o castigo, pois sua atitude merece ser punida; então saberão que há juízo”. Então Zofar, de Naamá, respondeu: “Preciso falar, pois é profundo meu incômodo. Tive de suportar seus insultos, mas agora meu espírito me leva a responder. “Você não sabe que, desde a antiguidade, desde que o ser humano foi posto na terra, o triunfo dos perversos dura pouco, e a alegria dos ímpios é apenas temporária? Embora seu orgulho chegue aos céus, e sua cabeça toque as nuvens, eles desaparecerão para sempre, lançados fora como seu próprio excremento. Seus conhecidos perguntarão: ‘Onde estão eles?’. Passarão como um sonho e não serão encontrados; desaparecerão como uma visão na noite. Aqueles que os viram, não os verão mais; suas famílias não os reconhecerão. Seus filhos pedirão esmolas aos pobres, pois terão de devolver as riquezas que roubaram. Embora sejam jovens e vigorosos, seus ossos serão deitados no pó. “Desfrutaram o doce gosto da perversidade e a deixaram derreter sob a língua. Ficaram com ela na boca, para melhor saboreá-la. De repente, a comida azeda em seu estômago; torna-se veneno de serpente em seu interior. Vomitarão a riqueza que engoliram; Deus não permitirá que a retenham. Sugarão veneno de cobra; a língua da víbora os matará. Nunca mais desfrutarão os ribeiros, os rios de onde emanam leite e mel. Devolverão tudo pelo que trabalharam; sua riqueza não lhes trará alegria. Pois oprimiram os pobres e os deixaram desamparados; tomaram casas que não haviam construído. Sempre gananciosos, nunca satisfeitos; perderam tudo com que sonharam. Comem até se fartar e, depois, não sobra coisa alguma; por isso, sua prosperidade não durará. “Em meio à fartura, enfrentarão aflições, e o sofrimento os dominará. Que Deus lhes encha o estômago de problemas; que Deus faça chover sobre eles sua ira ardente! Quando tentarem escapar da arma de ferro, a flecha com ponta de bronze os atravessará. Quando a flecha lhes for arrancada das costas, a ponta brilhará com sangue. O terror da morte virá sobre eles; seus tesouros serão lançados em profunda escuridão. Um fogo descontrolado os devorará e consumirá tudo que lhes resta. Os céus revelarão a culpa dos perversos; a terra se levantará contra eles. Uma inundação arrastará suas casas; a ira de Deus cairá sobre eles como chuva torrencial. Essa é a recompensa que Deus dá aos perversos; é a herança decretada por Deus”. Então Jó falou novamente: “Escutem com atenção o que eu digo; essa é a consolação que podem me dar. Enquanto eu estiver falando, tenham paciência; depois que tiver falado, podem continuar a zombar de mim. “Minha queixa não é contra seres humanos; tenho bons motivos para estar impaciente. Olhem para mim, e ficarão pasmos; assustados, colocarão a mão sobre a boca. Quando penso no que estou dizendo, fico arrepiado; todo o meu corpo estremece. “Por que os perversos continuam com vida, chegam à velhice e se tornam poderosos? Veem seus filhos crescer e se estabelecer e desfrutam a companhia de seus netos. Seus lares são seguros e livres de todo medo, e Deus não os castiga. Seus touros nunca deixam de procriar, suas vacas dão crias e não abortam. Deixam seus filhos brincar como cordeiros; seus pequeninos saltam e dançam. Cantam com tamborins e harpas e celebram ao som da flauta. Passam os dias em prosperidade e descem à sepultura em paz. E, no entanto, dizem a Deus: ‘Deixa-nos em paz! Não queremos saber de ti nem de teus caminhos. Quem é o Todo-poderoso e por que deveríamos lhe obedecer? De que nos adiantará orar?’. Acreditam que a prosperidade depende de si mesmos, mas eu quero distância desse modo de pensar. “Quantas vezes a luz dos perversos se apaga? Quantas vezes sofrem desgraças? Acaso Deus, em sua ira, lhes reparte tristezas? Quantas vezes são carregados pelo vento, como palha, ou levados embora pela tempestade, como ciscos? “Vocês dizem: ‘Ao menos Deus castiga os filhos deles!’. Mas eu digo que ele deveria castigar os pais, para que entendam seu juízo. Que seus próprios olhos vejam sua destruição; que eles mesmos bebam da ira do Todo-poderoso! Afinal, depois de mortos, não se importarão com o que acontece à sua família. “Mas quem pode dar lições a Deus, uma vez que ele julga até os mais poderosos? Um morre em prosperidade, confortável e seguro, um retrato perfeito de boa saúde, em excelente forma e cheio de vigor. Outro morre em amarga pobreza, sem nunca ter experimentado as coisas boas da vida. Ambos, porém, são enterrados no mesmo pó; ambos são comidos pelos mesmos vermes. “Sei o que estão pensando, sei dos planos que tramam contra mim. ‘Onde está a casa dos ricos?’, vocês me dirão. ‘Onde está a casa dos perversos?’ Perguntem, porém, àqueles que viajam, e eles lhes dirão a verdade. Os perversos são poupados no dia da calamidade e socorridos no dia da fúria. Ninguém os critica abertamente, nem lhes dá o que merecem por seus atos. Quando são levados à sepultura, uma guarda de honra vigia seu túmulo. A terra lhes dá doce repouso, e uma grande multidão acompanha o funeral e presta homenagens enquanto o corpo é sepultado. “Como podem suas palavras vazias me consolar? Suas explicações não passam de mentiras!”. Então Elifaz, de Temã, respondeu: “Pode alguém fazer algo para ajudar a Deus? Pode alguém, ainda que sábio, lhe ser útil? Que vantagem há para o Todo-poderoso em você ser justo? Ele ganharia alguma coisa se você fosse perfeito? É por causa de seu temor que ele o acusa e traz juízo contra você? Não! É por causa de sua perversidade; seus pecados não têm limites! “Por certo você emprestou dinheiro a seu amigo e exigiu roupas dele como garantia; sim, você o deixou sem ter o que vestir. Recusou-se a dar água ao sedento e comida ao faminto. Pensou que a terra pertencia aos poderosos e que somente os privilegiados tinham direito a ela. Mandou a viúva embora de mãos vazias e acabou com as esperanças dos órfãos. Por isso está cercado de armadilhas e estremece com temores repentinos. Por isso está em trevas e não consegue ver, e ondas de águas o cobrem. “Deus é grande, mais alto que os céus, mais alto que as estrelas mais distantes. Você, porém, responde: ‘Por isso Deus não vê o que faço! Como pode julgar através da densa escuridão? Nuvens espessas se movem ao seu redor, e ele não pode nos ver; está lá no alto, caminhando pela abóbada do céu!’. “Você continuará nos velhos caminhos, nos quais sempre andaram os perversos? Eles foram levados embora em tenra idade; os alicerces de sua vida foram arrastados pela correnteza. Pois disseram a Deus: ‘Deixa-nos em paz! O que o Todo-poderoso pode fazer conosco?’. E, no entanto, foi ele que lhes encheu o lar de coisas boas; por isso quero distância desse modo de pensar. “Os justos se alegrarão ao ver a destruição dos perversos, e, com desprezo, os inocentes zombarão deles. Dirão: ‘Vejam, nossos inimigos foram destruídos, e suas riquezas, consumidas pelo fogo’. “Sujeite-se a Deus, e terá paz; então as coisas lhe irão bem. Ouça as instruções de Deus e guarde-as no coração. Se voltar para o Todo-poderoso, será restaurado; portanto, coloque sua vida em ordem. Se abrir mão de sua cobiça por dinheiro e lançar no rio seu ouro precioso, o Todo-poderoso será seu tesouro; ele será sua prata de grande valor! “Então você se alegrará no Todo-poderoso e levantará os olhos para ele. Orará a Deus, e ele o ouvirá, e você cumprirá seus votos. Será bem-sucedido em tudo que decidir fazer, e a luz brilhará em seu caminho. Se outros estiverem em dificuldade e você disser: ‘Ajuda-os’, Deus os salvará. Até mesmo pecadores serão resgatados; sim, serão resgatados porque você tem mãos puras”. Então Jó falou novamente: “Minha queixa hoje ainda é amarga, e me esforço para não gemer. Se ao menos eu soubesse onde encontrar a Deus, iria a seu tribunal. Exporia minha causa e apresentaria meus argumentos. Ouviria sua resposta e entenderia o que ele me dissesse. Acaso ele usaria seu grande poder para discutir comigo? Não! Ele me ouviria com imparcialidade. Os justos podem lhe apresentar sua causa; meu Juiz me absolveria de uma vez por todas. Se vou para o leste, lá ele não está; sigo para o oeste, mas não consigo encontrá-lo. Não o vejo no norte, pois está escondido; quando olho para o sul, ele está oculto. “E, no entanto, ele sabe aonde vou; quando ele me provar, sairei puro como o ouro. Pois permaneci nos caminhos de Deus; segui seus passos e nunca me desviei. Não me afastei de seus mandamentos; dei mais valor a suas palavras que ao alimento diário. Mas, quando ele toma sua decisão, quem pode fazê-lo mudar de ideia? Ele faz o que bem deseja. Portanto, fará comigo tudo que planejou; ele controla meu destino. Não é de admirar que eu me apavore em sua presença; quando penso nisso, entro em pânico. Deus fez meu coração desfalecer; o Todo-poderoso me encheu de medo. A escuridão me cerca; há trevas densas e impenetráveis por toda parte.” “Por que o Todo-poderoso não marca uma data para seu juízo? Por que os que o conhecem esperam por ele em vão? Os perversos mudam os marcos das divisas, roubam rebanhos e os trazem para seus pastos. Levam o jumento que pertence ao órfão e exigem o boi da viúva como penhor. Os pobres são empurrados para fora do caminho, e os necessitados se escondem para se proteger. Como jumentos selvagens nas regiões áridas, passam todo o tempo em busca de comida; até no deserto procuram alimento para os filhos. Fazem a colheita de um campo que não semearam e recolhem as uvas nas videiras dos perversos. Passam a noite nus e com frio, pois não têm roupas nem cobertas. Encharcados pelas chuvas das montanhas, encolhem-se junto às rochas por falta de abrigo. “Os perversos arrancam o filho da viúva do seio dela; tomam o bebê como garantia por um empréstimo. Os pobres andam nus por falta de roupas; colhem alimento para outros, enquanto passam fome. Espremem azeitonas para obter azeite, mas não podem prová-lo; pisam uvas para fazer vinho, enquanto passam sede. Os gemidos dos que estão para morrer sobem da cidade, e os feridos clamam por socorro, mas Deus não faz caso de seus lamentos. “Os perversos se revoltam contra a luz; não reconhecem os caminhos dela, nem permanecem em suas estradas. O assassino se levanta bem cedo, para matar os pobres e os necessitados; à noite ele se torna ladrão. O adúltero espera o cair da noite, pois pensa: ‘Ninguém me verá’; esconde o rosto para ninguém o reconhecer. Os bandidos arrombam casas à noite e dormem durante o dia; não estão acostumados com a luz. A noite escura é sua manhã; aliam-se aos terrores da escuridão. “Mas, como espuma num rio, desaparecem; tudo que possuem é amaldiçoado, e temem entrar nas próprias videiras. A sepultura consome os pecadores, como a seca e o calor consomem a neve. Sua própria mãe se esquecerá deles; para os vermes, terão sabor doce. Ninguém se lembrará deles; os perversos serão derrubados como árvores. Enganam a mulher que não tem filhos para defendê-la; não socorrem a viúva necessitada. “Deus, em seu poder, leva embora os ricos; ainda que prosperem, não têm garantia de que viverão. Talvez lhes seja permitido ficar em segurança, mas Deus os vigia sem cessar. Ainda que sejam importantes agora, depressa desaparecerão, como todos os outros, cortados como espigas de cereal. Acaso alguém pode afirmar o contrário? Quem pode provar que estou errado?”. Então Bildade, de Suá, respondeu: “Deus é poderoso e temível; ele impõe a paz nos céus. Quem pode contar seu exército celestial? Acaso sua luz não brilha sobre toda a terra? Pode algum mortal ser inocente perante Deus? Pode alguém nascido de mulher ser puro? Deus é mais glorioso que a lua; brilha mais que as estrelas. Comparados a ele, somos larvas; nós, mortais, não passamos de vermes”. Então Jó falou novamente: “Grande ajuda você deu aos indefesos! Belo socorro prestou aos fracos! Como esclareceu minha ignorância! Sábio conselho ofereceu! De onde tirou todas essas palavras de sabedoria? De quem é o espírito que fala por seu intermédio? “Tremem os mortos, aqueles que vivem debaixo das águas. O lugar dos mortos está nu diante de Deus; o lugar de destruição está descoberto. Deus estende o céu do norte sobre o vazio e suspende a terra sobre o nada. Envolve a chuva com densas nuvens, e elas não se rompem com o peso da água. Encobre a face da lua e a esconde com suas nuvens. Criou o horizonte ao separar as águas e definiu o limite entre dia e noite. Tremem os alicerces do céu, estremecem diante de sua repreensão. Com seu poder, acalmou o mar; com sua habilidade, despedaçou o monstro marinho. Com seu sopro, trouxe beleza aos céus; com sua mão, feriu a serpente veloz. Isso é apenas o começo de tudo que ele faz, um mero sussurro de sua força; quem pode compreender o trovão de seu poder?”. Jó continuou a falar: “Juro pelo Deus vivo, que tirou de mim meus direitos, pelo Todo-poderoso, que me encheu a alma de amargura: enquanto eu viver e tiver o fôlego de Deus nas narinas, meus lábios não pronunciarão maldades, e minha língua não falará mentiras. Jamais darei razão a vocês; defenderei até a morte minha integridade. Afirmarei minha inocência sem hesitar; por toda a vida, terei a consciência limpa. “Que meu inimigo seja castigado como os perversos, e meu adversário, como os que praticam o mal. Pois que esperança têm os ímpios quando Deus os elimina, quando ele lhes tira a vida? Acaso Deus lhes ouvirá o clamor quando vier sobre eles o sofrimento? Acaso se alegram no Todo-poderoso? Podem clamar a Deus a qualquer momento? Eu lhes ensinarei sobre o poder de Deus; não esconderei nada a respeito do Todo-poderoso. Vocês, porém, já viram tudo isso e, no entanto, dizem essas coisas inúteis. “Isto é o que os perversos receberão de Deus, esta é a herança que o Todo-poderoso dará aos opressores. Pode ser que tenham grandes famílias, mas seus filhos morrerão em guerras ou de fome. Uma praga eliminará os que sobreviverem, e nem mesmo suas viúvas chorarão por eles. “Pode ser que os perversos tenham muita riqueza e acumulem montes de roupas, mas os justos vestirão essas roupas, e os inocentes repartirão essas riquezas. Os perversos constroem casas frágeis como teias de aranha, precárias como o abrigo temporário do vigia. Os perversos são ricos quando vão dormir, mas, ao acordar, veem que toda a sua riqueza se foi. O terror os encobre, como uma inundação, e são arrastados pelas tempestades da noite. Um vento do leste os carrega, e desaparecem; arranca-os de seu lugar. Sopra violentamente sobre eles, sem piedade; lutam para escapar de seu poder. Então todos batem palmas e riem deles com desprezo.” “As pessoas sabem de onde extrair a prata e onde refinar o ouro. Sabem de onde tirar o ferro da terra e como separar o cobre da rocha. Sabem fazer brilhar luz na escuridão e procurar minério nas regiões mais distantes, em meio às trevas profundas. Cavam entradas para minas, em lugares onde ninguém vive. Descem por meio de cordas, balançando de um lado para o outro. O alimento cresce na superfície, mas, abaixo dela, a terra é derretida como que por fogo. Ali, as rochas contêm safiras, e, no pó, se encontra ouro. São tesouros que nenhuma ave de rapina consegue enxergar, nem o olho do falcão pode ver. Nenhum animal selvagem pisou nessas riquezas, nenhum leão pôs a pata sobre elas. As pessoas sabem como despedaçar as rochas mais duras e como revirar até as raízes dos montes. Abrem túneis nas rochas e encontram pedras preciosas. Represam a água dos ribeiros e trazem à luz tesouros ocultos. “Mas onde se pode encontrar sabedoria? Onde se pode achar entendimento? Ninguém sabe onde encontrá-la, pois ela não se acha entre os vivos. ‘Não está aqui’, diz o abismo, ‘Nem aqui’, diz o mar. Não se pode comprá-la com ouro, nem adquiri-la com prata. Vale mais que todo o ouro de Ofir, mais que o ônix precioso e a safira. A sabedoria é mais valiosa que ouro e cristal; não se pode comprá-la com joias de ouro fino. Coral e jaspe não se comparam a ela; o preço da sabedoria ultrapassa o dos rubis. Não se pode trocá-la pelo precioso topázio da Etiópia; ela vale mais que o ouro puríssimo. “Onde, afinal, está a sabedoria? Onde está o entendimento? Está escondida dos olhos de toda a humanidade; nem mesmo as aves do céu conseguem descobri-la. A Destruição e a Morte dizem: ‘Ouvimos apenas rumores de onde encontrá-la’. “Somente Deus conhece o caminho para a sabedoria; ele sabe onde encontrá-la. Pois ele enxerga toda a terra; vê tudo que há debaixo do céu. Determina a força dos ventos e o volume das águas. Fez as leis para controlar a chuva e definiu o caminho dos relâmpagos. Então viu a sabedoria e a avaliou; em seu lugar a pôs e cuidadosamente a examinou. É isto que ele diz a toda a humanidade: ‘O temor do Senhor é a verdadeira sabedoria; afastar-se do mal é o verdadeiro entendimento’”. Jó continuou a falar: “Tenho saudade dos tempos que passaram, dos dias em que Deus cuidava de mim. Ele iluminava o caminho à minha frente, e eu andava em segurança em meio à escuridão. Na flor de minha idade, a amizade de Deus estava presente em meu lar. O Todo-poderoso ainda estava comigo, e eu tinha meus filhos ao redor. Meus pés eram lavados em leite, e ribeiros de azeite corriam das rochas para mim. “Naquele tempo, eu ia até a porta da cidade e tomava meu lugar entre os líderes. Os jovens abriam caminho ao me ver, e até os idosos se punham em pé. As autoridades se calavam e colocavam a mão sobre a boca. Os mais altos oficiais da cidade faziam silêncio e refreavam a língua em sinal de respeito. “Todos que me ouviam me elogiavam, todos que me viam falavam bem de mim. Pois eu auxiliava os pobres que pediam ajuda e os órfãos que precisavam de socorro. Os que estavam à beira da morte me abençoavam; eu trazia alegria ao coração das viúvas. Era honesto em tudo que fazia; a retidão me cobria como manto, e a justiça eu usava como turbante. Servia de olhos para os cegos e de pés para os aleijados. Era um pai para os pobres e defendia a causa dos estrangeiros. Quebrava as mandíbulas dos ímpios e de seus dentes resgatava as vítimas. ‘Por certo morrerei rodeado por minha família’, pensava, ‘depois de uma vida longa e boa. Pois sou como a árvore cujas raízes chegam até a água, cujos ramos são refrescados pelo orvalho. Recebo sempre novas honras, e minha força vive renovada.’ “Todos escutavam meus conselhos; ficavam em silêncio e esperavam que eu falasse. E, depois que eu falava, nada tinham a acrescentar, pois o que eu dizia os satisfazia. Esperavam minhas palavras como quem espera a chuva; bebiam-nas como chuva de primavera. Quando estavam desanimados, eu sorria para eles; valorizavam meu olhar de aprovação. Como um líder, eu lhes dizia o que fazer; vivia como rei entre suas tropas e consolava os que choravam.” “Agora, porém, os mais jovens zombam de mim, rapazes cujos pais não são dignos de correr com meus cães pastores. De que me serve a força deles? Seu vigor já desapareceu! Enfraquecidos pela pobreza e pela fome, roem a terra seca, em regiões sombrias e desoladas. Colhem ervas silvestres entre os arbustos e comem as raízes das giestas. São expulsos, aos gritos, da companhia das pessoas, como se fossem ladrões. Agora, moram em desfiladeiros medonhos, em cavernas e entre as rochas. Uivam como animais no meio dos arbustos e ajuntam-se debaixo dos espinheiros. São gente insensata, sem nome nem valor; foram expulsos da terra. “Agora, divertem-se às minhas custas! Sou alvo de piadas e canções vulgares. Desprezam-me e ficam longe de mim; só se aproximam para cuspir em meu rosto. Pois Deus cortou a corda de meu arco; já que ele me humilhou, eles não se refreiam mais. Essa gente desprezível se opõe a mim abertamente; lançam-me de um lado para o outro e planejam minha desgraça. Bloqueiam meu caminho e fazem de tudo para me destruir. Sabem que não tenho quem me ajude; atacam-me de todos os lados. Quando estou caído, lançam-se sobre mim; vivo aterrorizado. O vento carregou minha honra; minha prosperidade passou como uma nuvem. “Agora, minha vida se esvai; a aflição me persegue durante o dia. A noite corrói meus ossos; a dor que me atormenta não descansa. Com mão forte, Deus agarra minha roupa; pega-me pela gola de minha túnica. Lança-me na lama; não passo de pó e cinza. “Clamo a ti, ó Deus, e não me respondes; fico em pé diante de ti, mas não me dás atenção. Tu me tratas com crueldade e usas teu poder para me perseguir. Tu me lanças no redemoinho e me destróis na tempestade. E sei que me envias para a morte, para o destino de todos os que vivem. “Por certo, ninguém se voltaria contra os necessitados, quando clamam por socorro em suas dificuldades. Acaso eu não chorava pelos aflitos? Não me angustiava pelos pobres? Esperava o bem, mas em seu lugar veio o mal; aguardava a luz, mas em seu lugar veio a escuridão. Meu coração está agitado e não sossega; dias de aflição me atormentam. Ando nas sombras, sem a luz do sol; levanto-me em praça pública e clamo por socorro. Contudo, sou considerado irmão dos chacais e companheiro das corujas. Minha pele escureceu, e meus ossos ardem de febre. Minha harpa toca canções fúnebres, e minha flauta acompanha os que choram.” “Fiz uma aliança com meus olhos de não olhar com cobiça para nenhuma jovem. Pois o que Deus, lá de cima, escolheu para nós? Qual é nossa herança do Todo-poderoso, que está lá no alto? Não é calamidade para os perversos e desgraça para os que praticam o mal? Afinal, ele não vê tudo que faço e cada passo que dou? “Se minha conduta foi falsa, e se procurei enganar alguém, que Deus me pese numa balança justa, pois conhecerá minha integridade. Se me desviei de seu caminho, se meu coração cobiçou o que os olhos viram, ou se sou culpado de algum outro pecado, que outros comam o que semeei; que minhas plantações sejam arrancadas pela raiz. “Se meu coração foi seduzido por uma mulher, ou se cobicei a esposa de meu próximo, que minha esposa se torne serva de outro homem; que outros durmam com ela. Pois a cobiça é um pecado vergonhoso, um crime que merece castigo. É fogo que tudo consome, levando à destruição, capaz de destruir tudo que tenho. “Se fui injusto com meus servos e servas quando me apresentaram suas queixas, que farei quando Deus me confrontar? Que direi quando ele me chamar para prestar contas? Pois o mesmo Deus que me criou, também criou meus servos; formou no ventre materno tanto eles como eu. “Acaso me recusei a ajudar os pobres ou acabei com a esperança da viúva? Fui mesquinho com meu alimento e me recusei a compartilhá-lo com os órfãos? Não! Desde a juventude, tenho cuidado dos órfãos como um pai e, por toda a vida, tenho ajudado as viúvas. Sempre que via alguém passar frio por falta de roupa, e o pobre que não tinha o que vestir, acaso eles não me abençoavam por lhes prover roupas de lã para aquecê-los? “Se levantei a mão contra o órfão, certo de que os juízes tomariam meu partido, que meu ombro seja deslocado e meu braço, arrancado da articulação! Seria melhor que enfrentar o castigo de Deus; pois, se a majestade de Deus é contra mim, que esperança resta? “Acaso confiei no dinheiro ou me senti seguro por causa de meu ouro? Acaso me vangloriei de minha riqueza e de tudo que possuo? “Olhei para o sol, que brilha no céu, ou para a lua, que percorre seu resplendor, e, em segredo, meu coração foi seduzido a lhes lançar beijos de adoração? Se o fiz, devo ser castigado pelos juízes, pois significa que neguei o Deus que está lá no alto. “Alguma vez me alegrei com a desgraça de meus inimigos, ou exultei porque lhes aconteceu algum mal? Não, jamais cometi o pecado de amaldiçoar alguém ou de pedir sua morte como vingança. “Meus servos nunca disseram: ‘Ele deixa os outros passar fome’. Nunca deixei o estrangeiro dormir na rua; minha porta sempre esteve aberta para todos. “Acaso procurei encobrir meus pecados, como outros fazem, e esconder a culpa em meu coração? Mantive-me calado e não saí de casa, por medo da multidão ou do desprezo do povo? “Se ao menos alguém me ouvisse! Vejam, aqui está minha defesa assinada. Que o Todo-poderoso me responda; que meu adversário registre sua denúncia por escrito. Eu enfrentaria a acusação de peito aberto e a usaria como coroa. Pois eu diria a Deus exatamente o que tenho feito; compareceria diante dele como um príncipe. “Se a terra protestar contra mim, se todos os seus sulcos clamarem, se roubei suas colheitas, ou se matei seus donos, que cresçam espinhos em lugar de trigo e ervas daninhas em lugar de cevada”. Assim terminam as palavras de Jó. Os três amigos de Jó pararam de lhe responder, pois ele insistia em dizer que era inocente. Então Eliú, filho de Baraquel, o buzita, da família de Rão, ficou irado. Indignou-se porque Jó se achava mais justo que Deus. Também indignou-se com os três amigos de Jó, pois não conseguiram responder a seus argumentos, a fim de demonstrar que Jó estava errado. Eliú havia esperado os outros falarem, pois eram mais velhos que ele. Mas, quando viu que não tinham mais nada a dizer, expressou sua indignação. Assim, Eliú, filho de Baraquel, o buzita, disse: “Eu sou jovem, e vocês são idosos; por isso me contive e não dei minha opinião. Pensei: ‘Os mais velhos devem falar, pois a sabedoria vem com o tempo’. Contudo, há um espírito dentro de cada um, o sopro do Todo-poderoso, que lhe dá entendimento. Nem sempre os de mais idade são sábios; às vezes, os velhos não entendem o que é justo. Portanto, ouçam-me, e eu lhes direi o que penso. “Esperei todo esse tempo, ouvindo seus argumentos atentamente, observando enquanto procuravam palavras. Dei-lhes toda a atenção, mas nenhum de vocês provou que Jó está errado, nem respondeu a seus argumentos. Não venham me dizer: ‘Ele é sábio demais para nós; só Deus pode convencê-lo’. Se Jó tivesse discutido comigo, eu não teria respondido como vocês. Estão aí perplexos, sem resposta, sem terem mais o que dizer. Devo continuar a esperar, agora que se calaram? Devo também permanecer em silêncio? Não! Darei minha resposta; também expressarei minha opinião. Pois tenho muito a dizer, e o espírito em mim me impulsiona a falar. Sou como um barril de vinho sem respiradouro, como uma vasilha de couro prestes a romper. Preciso falar para ter alívio; sim, deixem-me responder! Não tomarei partido, nem tentarei bajular ninguém. Pois, se tentasse usar de bajulação, meu Criador logo me destruiria.” “Jó, ouça minhas palavras, preste atenção ao que vou dizer. Chegou minha vez de falar; as palavras estão na ponta da língua. Falo com toda a sinceridade, digo a pura verdade. O Espírito de Deus me criou, o sopro do Todo-poderoso me dá vida. Responda-me, se puder; apresente seus argumentos e defina sua posição. Você e eu somos iguais diante de Deus; eu também fui formado do barro. Portanto, não tenha medo de mim; não serei severo demais com você. “Você falou em minha presença, e ouvi bem suas palavras. Você disse: ‘Sou puro e não tenho pecado; sou inocente e não tenho culpa. Deus procura motivos para se opor a mim e me considera seu inimigo. Prende meus pés no tronco e vigia todos os meus movimentos’. “Mas você está enganado, e eu lhe mostrarei o motivo, pois Deus é maior que qualquer ser humano. Sendo assim, por que você o acusa? Por que diz que ele não responde às queixas humanas? Pois Deus fala repetidamente, embora as pessoas não prestem atenção. Fala em sonhos, em visões durante a noite, quando o sono profundo cai sobre todos, enquanto dormem em suas camas. Sussurra em seus ouvidos e aterroriza-os com advertências. Faz que deixem de praticar o mal e livra-os do orgulho. Preserva-os do túmulo e de serem atravessados pela espada. “Deus os disciplina no leito de enfermidade, com dores constantes nos ossos. Eles perdem a vontade de comer; nem mesmo o alimento mais delicioso lhes apetece. Sua carne definha a olhos nus, e seus ossos ficam à vista. Estão cada vez mais perto do túmulo; os mensageiros da morte os esperam. “Mas, se um dos milhares de anjos do céu aparecer, para interceder por alguém e declará-lo justo, Deus terá compaixão e dirá: ‘Livre-o do túmulo, pois encontrei resgate por sua vida’. Então seu corpo se tornará saudável como o de um menino; será forte e jovem outra vez. Quando ele orar a Deus, será aceito. Deus o receberá com alegria e o restituirá à condição de justo. Ele declarará a seus amigos: ‘Pequei e perverti o que é correto, mas não valeu a pena. Deus me livrou do túmulo; agora minha vida contempla a luz’. “Sim, Deus faz essas coisas acontecerem repetidas vezes com as pessoas. Ele as livra da sepultura, para que desfrutem a luz da vida. Preste atenção, Jó; fique quieto e ouça-me, pois tenho mais coisas para falar. Mas, se você tem algo a dizer, responda; fale, pois quero que seja absolvido. Se não tem nada a dizer, fique quieto e ouça-me, e eu lhe ensinarei a sabedoria”. Então Eliú disse: “Ouçam-me, vocês que são sábios; prestem atenção, vocês que têm conhecimento. Jó disse: ‘O ouvido prova as palavras que ouve, assim como a língua distingue os sabores’. Portanto, vamos discernir para nós mesmos o que é certo; vamos descobrir juntos o que é bom. Pois Jó também disse: ‘Sou inocente, mas Deus tirou de mim meus direitos. Sou inocente, mas eles me chamam de mentiroso; minha dor é incurável, embora eu não tenha pecado’. “Digam-me, alguma vez houve um homem como Jó, com sua sede por palavras irreverentes? Escolhe como companheiros os que praticam o mal e anda com homens perversos. Chegou até a dizer: ‘Por que desperdiçar meu tempo tentando agradar a Deus?’. “Ouçam-me, vocês que têm entendimento: Deus não peca de forma alguma! O Todo-poderoso não pratica o mal! Ele retribui a cada um de acordo com seus atos; trata as pessoas como merecem. Na verdade, Deus não fará o mal; o Todo-poderoso não cometerá injustiça. Quem entregou a terra aos cuidados de Deus? Quem o fez responsável por todo o mundo? Se Deus retirasse seu espírito e removesse seu sopro, toda a vida cessaria, e a humanidade voltaria ao pó. “Portanto, se você é sábio, ouça-me; preste atenção ao que digo. Acaso Deus poderia governar se odiasse a justiça? Você pretende condenar o Juiz todo-poderoso? Ele diz aos reis: ‘Vocês são perversos’, e aos nobres: ‘Vocês são injustos’. Para Deus, não importa a posição da pessoa; ele não dá mais atenção aos ricos que aos pobres, pois todos foram criados por ele. Morrem de repente, falecem no meio da noite; os poderosos são removidos sem a ajuda de mãos humanas. “Pois Deus observa como as pessoas vivem; ele vê tudo que fazem. Não há escuridão densa o bastante onde os perversos possam se esconder de seus olhos. Não são as pessoas que decidem o momento em que comparecerão diante de Deus para ser julgadas. Ele destrói os poderosos sem consultar ninguém e põe outros em seu lugar. Ele sabe o que fazem e à noite os derruba e os destrói. Ele os fere porque são perversos e os castiga em público, para que todos vejam. Pois deixaram de segui-lo e não têm respeito algum por seus caminhos. Fazem os pobres clamar e chamar a atenção de Deus, e ele ouve os gritos dos aflitos. Mas, se ele permanecer calado, quem o criticará? Quando ele esconde seu rosto, ninguém pode encontrá-lo, nem indivíduo nem nação. Ele impede que os ímpios governem, para que não sejam uma cilada para o povo. “Por que ninguém diz a Deus: ‘Pequei, mas não voltarei a pecar’? Ou: ‘Não sei qual foi meu erro; mostra-me se fiz o mal, e deixarei de fazê-lo de imediato’? “Acaso Deus deve adaptar a justiça dele a suas exigências? Você o rejeitou! A escolha é sua, não minha; compartilhe sua sabedoria conosco. Afinal, pessoas inteligentes me dirão, e os sábios que me ouvem falarão: ‘Jó fala por ignorância; suas palavras não fazem sentido’. Jó, você merece o castigo mais severo pelo modo perverso como falou. Pois, ao seu pecado, acrescentou a rebeldia; não mostra respeito e não para de falar contra Deus”. Então Eliú disse: “Você acha certo afirmar: ‘Sou justo diante de Deus’? Pois você também pergunta: ‘O que eu ganho com isso? Que vantagem há em não pecar?’. “Responderei a você e a todos os seus amigos. Olhe para o céu, e veja as nuvens lá no alto, muito acima de você. Se você pecar, em que isso afetará Deus? Mesmo que peque repetidamente, que efeito terá sobre ele? Se você for justo, isso será um grande presente para ele? O que você tem para lhe dar? Seus pecados só afetam gente como você; suas boas ações só afetam outros humanos. “As pessoas clamam por socorro quando oprimidas; gritam pedindo ajuda sob a força dos poderosos. E, no entanto, não perguntam: ‘Onde está Deus, meu Criador, aquele que me dá canções durante a noite?’ Onde está aquele que nos torna mais inteligentes que os animais e mais sábios que as aves do céu?’. Quando clamam, Deus não responde, por causa do orgulho dos maus. É errado, porém, dizer que Deus não ouve e afirmar que o Todo-poderoso não se importa. Você diz que não vê Deus, mas espere, e ele lhe fará justiça. Você diz que Deus, em sua ira, não castiga os pecadores, e, portanto, não faz muito caso da perversidade. Você não sabe o que diz, Jó; fala como um tolo”. Eliú continuou a falar: “Deixe-me prosseguir e lhe mostrarei a verdade, pois ainda não terminei de defender a Deus! Apresentarei argumentos profundos em favor da justiça de meu Criador. Digo somente a verdade, pois sou homem de pleno conhecimento. “Deus é poderoso, mas não despreza ninguém; ele é grande em força e entendimento. Não permite que os perversos vivam, mas faz justiça aos aflitos. Observa atentamente os justos, coloca-os em tronos com reis e exalta-os para sempre. Se estão acorrentados e amarrados com cordas de aflição, ele faz que vejam o motivo; mostra-lhes que pecaram, sendo orgulhosos. Chama-lhes a atenção e ordena que se afastem do mal. “Se obedecerem e servirem a Deus, serão abençoados com prosperidade a vida inteira; todos os seus dias serão agradáveis. Se, porém, não o ouvirem, serão atravessados pela espada e perecerão por falta de entendimento. Pois os ímpios são cheios de ressentimento; mesmo quando Deus os castiga, não clamam por socorro. Morrem em plena juventude, depois de desperdiçar a vida em imoralidade. Mas, por meio do sofrimento, ele livra os que sofrem e, por meio da adversidade, obtém sua atenção. “Jó, Deus também quer afastá-lo do sofrimento e levá-lo a um lugar onde não há aflição; quer pôr em sua mesa as comidas mais saborosas. Você, porém, insiste em saber se os perversos serão julgados; só consegue pensar no juízo e na justiça. Tome cuidado, para que a riqueza não o seduza; não deixe que o suborno o leve a pecar. Acaso toda a sua riqueza ou todos os seus grandes esforços poderiam guardá-lo da aflição? Não deseje a proteção da noite, pois é quando as pessoas serão destruídas. Fique atento! Afaste-se do mal, pois Deus enviou este sofrimento para guardá-lo de uma vida de maldade.” “Deus é muito poderoso; quem é mestre como ele? Ninguém pode lhe ordenar o que fazer, nem lhe dizer: ‘Agiste mal’. Você deve, sim, dar glória a Deus por suas obras poderosas e entoar cânticos de louvor. Todos viram suas obras, ainda que apenas de longe. “Deus é tão grande que não podemos compreender; não há como calcular os anos de sua existência. Ele faz a água subir como vapor e depois a destila em chuva. As nuvens derramam a chuva, e a humanidade toda se beneficia. Quem pode entender a extensão das nuvens e o trovão que ressoa do céu? Deus espalha relâmpagos em volta de si e cobre as profundezas do mar. Com esses atos poderosos, governa os povos e lhes dá comida com fartura. Enche as mãos de relâmpagos e atira cada um em seu alvo. O trovão anuncia sua presença, e a tempestade, sua ira indignada.” “Quando penso nisso, meu coração bate mais depressa e estremece dentro de mim. Ouça com atenção o estrondo da voz de Deus, que da boca dele troveja. Ressoa pelo céu, e seus relâmpagos brilham em todas as direções. Depois vem o rugido de trovões, a voz tremenda de sua majestade; quando ele fala, não a refreia. A voz de Deus é gloriosa no trovão; é impossível imaginar a grandeza de seu poder! “Ele diz à neve: ‘Venha sobre a terra!’, e ordena à chuva: ‘Caia em torrentes!’. Todos param de trabalhar, a fim de observar seu poder. Os animais selvagens buscam abrigo e ficam em suas tocas. A tempestade sai de seus aposentos, e ventos fortes trazem o frio. O sopro de Deus envia o gelo e congela grandes extensões de água. Ele carrega de umidade as nuvens e espalha entre elas seus relâmpagos. As nuvens se agitam sob sua direção e cumprem suas ordens sobre toda a terra. Deus faz tudo isso para castigar as pessoas, ou para mostrar seu amor. “Preste atenção, Jó! Pare e pense nos feitos maravilhosos de Deus! Você sabe como Deus controla a tempestade e faz os relâmpagos brilharem nas nuvens? Você entende como ele move as nuvens com perfeição e conhecimento maravilhosos? Enquanto você fica sufocado de calor em sua roupa, e o vento sul perde a força e tudo se acalma, ele faz o céu refletir o calor como um espelho de bronze; acaso você pode fazer o mesmo? “Ensina-nos, então, o que dizer a Deus; somos ignorantes demais para apresentar nossos argumentos. Deus deve ser avisado de que desejo falar? É possível falar quando se está confuso? Não podemos olhar para o sol, pois ele brilha intensamente no céu, quando o vento dispersa as nuvens. Da mesma forma, dourado esplendor vem do monte de Deus; ele está vestido de tremenda majestade. O Todo-poderoso está além de nossa compreensão; apesar de seu grande poder, a ninguém oprime em sua justiça e retidão. Por isso em toda parte as pessoas o temem; todos os sábios lhe mostram devoção”. Então, do meio de um redemoinho, o S enhor respondeu a Jó: “Quem é esse que questiona minha sabedoria com palavras tão ignorantes? Prepare-se como um guerreiro, pois lhe farei algumas perguntas, e você me responderá. “Onde você estava quando eu lancei os alicerces do mundo? Diga-me, já que sabe tanto. Quem definiu suas dimensões e estendeu a linha de medir? Vamos, você deve saber. O que sustenta seus alicerces e quem lançou sua pedra angular, enquanto as estrelas da manhã cantavam juntas, e os anjos davam gritos de alegria? “Quem estabeleceu os limites do mar quando do ventre ele brotou, quando eu o vesti com nuvens e o envolvi em escuridão profunda? Pois o contive atrás de portas com trancas, para delimitar seus litorais. Disse: ‘Daqui não pode passar; aqui suas ondas orgulhosas devem parar!’. “Você alguma vez deu ordem para que a manhã aparecesse e fez o amanhecer se levantar no leste? Fez a luz do dia se espalhar até os confins da terra, para acabar com a perversidade da noite? À medida que a luz se aproxima, a terra toma forma, como o barro sob um anel de selar; como uma veste, seus contornos se mostram. A luz incomoda os perversos e detém o braço levantado para cometer violência. “Você explorou as nascentes do mar? Percorreu suas profundezas? Sabe onde ficam as portas da morte? Viu as portas da escuridão absoluta? Tem ideia da extensão da terra? Responda-me, se é que você sabe! “De onde vem a luz, e para onde vai a escuridão? Você é capaz de levar cada uma a seu lugar? Sabe como chegar lá? Claro que sabe de tudo isso! Afinal, já havia nascido antes de tudo ser criado e tem muita experiência! “Você alguma vez visitou os depósitos de neve ou viu onde fica guardado o granizo? Eu os reservo como armas para os tempos de angústia, para o dia de batalha e guerra. Onde os relâmpagos se dividem? De onde se dispersa o vento leste? “Quem abriu um canal para as chuvas torrenciais? Quem definiu o percurso dos relâmpagos? Quem faz a chuva cair sobre a terra árida, no deserto, onde ninguém habita? Quem envia a chuva para saciar a terra seca e fazer brotar o capim novo? “Acaso a chuva tem pai? Quem gera o orvalho? Quem é a mãe do gelo? Quem dá à luz a geada que vem do céu? Pois a água se transforma em gelo, duro como pedra, e a superfície das águas profundas se congela. “Você é capaz de controlar as estrelas e amarrar o grupo das Plêiades ou afrouxar as cordas do Órion? Pode fazer aparecer no tempo exato as constelações, ou guiar a Ursa e seus filhotes pelo céu? Conhece as leis do universo? Pode usá-las para governar a terra? “Pode gritar para as nuvens e fazer chover? Pode fazer os raios aparecerem e lhes dizer onde cair? Quem dá intuição ao coração e instinto à mente? Quem é sábio o suficiente para contar todas as nuvens? Quem pode inclinar as vasilhas de água do céu, quando a terra está seca e o solo se endureceu em torrões? “Acaso você pode caçar a presa para a leoa e saciar a fome dos leõezinhos, enquanto eles se agacham na toca ou ficam à espreita no mato? Quem providencia alimento para os corvos quando seus filhotes clamam a Deus e, famintos, andam de um lado para o outro?” “Você sabe quando as cabras monteses dão à luz? Viu as corças nascerem? Sabe quantos meses dura sua gestação? Sabe qual é o momento do parto? Elas se agacham para dar à luz seus filhotes, e assim suas crias nascem. Os filhotes crescem nos campos abertos e vão embora, para nunca mais voltar. “Quem deu ao jumento sua liberdade? Quem desatou suas cordas? Eu o coloquei no deserto; as terras estéreis são seu lar. Ele despreza o barulho da cidade e não faz caso dos gritos do condutor. Os montes são seu pasto, onde ele procura o capim. “Acaso o boi selvagem aceitará ser domado? Passará a noite no curral? Você consegue prendê-lo ao arado? Acaso ele lavrará um campo para você? Sendo ele muito forte, pode-se confiar nele? Você pode ir embora, certo de que ele fará seu trabalho? Pode depender dele para recolher o trigo e levá-lo ao lugar de debulhar os grãos? “A avestruz bate as asas, alegre, mas não tem a plumagem da cegonha. Ela põe seus ovos na terra, para que sejam aquecidos no pó. Não se preocupa que alguém possa pisá-los ou que um animal selvagem os destrua. Trata seus filhotes com dureza, como se não fossem seus; não se importa se eles morrem. Pois Deus não lhe deu sabedoria, nem lhe concedeu entendimento. Quando, porém, ela se levanta para correr, zomba até mesmo do cavalo mais veloz e seu cavaleiro. “Acaso você deu força ao cavalo ou lhe cobriu o pescoço com a crina? Deu-lhe a habilidade de pular como um gafanhoto? Seu bufar majestoso é assustador! Ele revolve o chão com as patas e alegra-se em sua força quando corre para a batalha. Ri do medo e nada teme; não foge da espada. Flechas voam ao seu redor, lanças e dardos faíscam. Agitado e enfurecido, devora o caminho; lança-se à batalha quando a trombeta ressoa. Relincha ao toque da trombeta e fareja de longe a batalha, à espera das ordens do capitão e do ruído de luta. “Acaso é sua sabedoria que faz o falcão voar alto e abrir as asas para o sul? É por ordem sua que a águia se eleva e faz o ninho lá no alto? Ela mora nos rochedos; constrói seu ninho nas pedras mais altas. Dali, ela caça sua presa; de longe, seus olhos a avistam. Seus filhotes bebem sangue; onde há um animal morto, ali ela está”. Então o S enhor disse a Jó: “Ainda quer discutir com o Todo-poderoso? Você critica Deus, mas será que tem as respostas?”. Então Jó respondeu ao S enhor: “Eu não sou nada; como poderia encontrar as respostas? Cobrirei minha boca com a mão. Já falei demais; não tenho mais nada a dizer”. Então, do meio do redemoinho, o S enhor respondeu a Jó: “Prepare-se como um guerreiro, pois lhe farei algumas perguntas, e você responderá. “Porá em dúvida minha justiça e me condenará só para provar que tem razão? Você é tão forte quanto Deus? Sua voz pode trovejar como a dele? Então vista-se de glória e esplendor, de honra e majestade. Dê vazão à sua ira, deixe-a transbordar contra os orgulhosos. Humilhe-os com um olhar, pise os perversos onde estiverem. Enterre-os no pó, prenda-os no mundo dos mortos. Então eu mesmo reconheceria que você pode se salvar por sua própria força. “Veja o Beemote, que eu criei, assim como criei você; ele come capim, como o boi. Veja a força que ele tem nos lombos e o vigor nos músculos da barriga. Sua cauda é forte como o cedro, e os tendões de suas coxas são entrelaçados. Seus ossos são canos de bronze, e suas pernas, barras de ferro. É ótimo exemplo das obras de Deus, e somente seu Criador é capaz de ameaçá-lo. Os montes lhe oferecem seu melhor alimento, e ali brincam os animais selvagens. Ele se deita sob arbustos espinhosos, onde os juncos do brejo o escondem. Os arbustos lhe dão sombra entre os salgueiros junto ao riacho. Ele não se perturba com as enchentes do rio, nem se preocupa quando o Jordão transborda e se agita ao redor. Ninguém o pega de surpresa, nem lhe prende um anel no nariz.” “Você é capaz de pegar o Leviatã com um anzol ou prender sua língua com um laço? É capaz de amarrá-lo, passando uma corda por seu nariz, ou atravessar seu queixo com um gancho? Acaso ele implorará por misericórdia ou suplicará por piedade? Aceitará trabalhar para você e ser seu escravo para o resto da vida? Fará dele um animal de estimação, como um pássaro, ou deixará que suas meninas brinquem com ele? Comerciantes o comprarão para vendê-lo no mercado? É possível furar sua pele com lanças ou ferir sua cabeça com arpões? Se você encostar a mão nele, o resultado será uma batalha que você não esquecerá, e nunca mais tentará fazê-lo! Não! É inútil procurar capturá-lo; o caçador que tentar será derrubado. E, visto que ninguém ousa perturbá-lo, quem será capaz de me enfrentar? Quem me deu alguma coisa, para que eu precise retribuir depois? Tudo debaixo do céu me pertence. “Quero destacar as pernas do Leviatã, sua enorme força e sua forma perfeita. Quem é capaz de arrancar seu couro? Quem pode atravessar sua couraça dupla? Quem é capaz de fazê-lo abrir a boca? Seus dentes são aterrorizantes! As escamas de suas costas são como fileiras de escudos firmemente unidos uns aos outros. São tão próximas umas às outras que nem mesmo ar passa entre elas. Cada escama é presa à vizinha; são entrelaçadas e nada pode atravessá-las. “Seu forte sopro atira lampejos de luz, seus olhos são como o sol do amanhecer. De sua boca saltam relâmpagos; saem chamas de fogo. Suas narinas soltam fumaça, como vapor de uma panela aquecida numa fogueira de juncos. Seu hálito faria acender carvão, pois chamas saltam de sua boca. “A força tremenda do pescoço do Leviatã espalha terror por onde ele passa. Sua carne é dura e firme e não se pode atravessá-la. Seu coração é duro como rocha, como pedra de moinho. Quando ele se levanta, os valentes se enchem de medo e são tomados de pavor. Nenhuma espada pode detê-lo, nem lança, nem dardo, nem arpão. Para essa criatura, ferro é como palha, e bronze, como madeira podre. Flechas não o levam a fugir, pedras lançadas de uma funda são como ciscos. Bastões são como folhas de capim, e ele ri do zunido das lanças. Sua barriga é coberta de escamas afiadas como vidro; quando ela se arrasta na lama, escava como um arado. “O Leviatã faz as profundezas se agitarem como uma panela e o mar se revolver como um pote de óleo. Deixa na água um rastro luminoso, que faz o mar parecer branco. Não há nada na terra semelhante a ele, nenhuma criatura tão destemida. De todas as criaturas, ele é a mais imponente; é o rei de todos os animais selvagens”. Então Jó respondeu ao S enhor: “Sei que podes fazer todas as coisas, e ninguém pode frustrar teus planos. Perguntaste: ‘Quem é esse que, com tanta ignorância, questiona minha sabedoria?’. Sou eu; falei de coisas de que eu não entendia, coisas maravilhosas demais que eu não conhecia. Disseste: ‘Ouça, e eu falarei! Eu lhe farei algumas perguntas, e você responderá’. Antes, eu só te conhecia de ouvir falar; agora, eu te vi com meus próprios olhos. Retiro tudo que disse e me sento arrependido no pó e nas cinzas”. Depois que o S enhor terminou de falar com Jó, disse a Elifaz, de Temã: “Estou muito irado com você e com seus dois amigos, pois não falaram o que é certo a meu respeito, como fez meu servo Jó. Por isso, peguem sete novilhos e sete carneiros, levem os animais a meu servo Jó e ofereçam holocaustos em favor de si mesmos. Meu servo Jó orará por vocês, e eu aceitarei a oração dele. Não tratarei vocês como merecem por sua insensatez, pois não falaram o que é certo a meu respeito, como fez meu servo Jó”. Então Elifaz, de Temã, Bildade, de Suá, e Zofar, de Naamá, fizeram o que o S enhor havia ordenado, e o S enhor aceitou a oração de Jó. Quando Jó orou por seus amigos, o S enhor o tornou próspero de novo. Na verdade, o S enhor lhe deu o dobro do que tinha antes. Todos os seus irmãos, suas irmãs e seus amigos de outros tempos vieram e festejaram com ele à mesa de sua casa. Eles o consolaram e o confortaram por todas as provações que o S enhor tinha enviado contra ele, e cada um lhe trouxe um presente de prata e um anel de ouro. O S enhor abençoou Jó na segunda parte de sua vida ainda mais que na primeira. Ele teve catorze mil ovelhas, seis mil camelos, mil juntas de bois e mil jumentas. Deus também deu a Jó sete filhos e três filhas. Jó chamou a primeira filha de Jemima, a segunda, de Quézia, e a terceira, de Quéren-Hapuque. Em toda a terra, não havia mulheres tão lindas como as filhas de Jó. E seu pai lhes deu herança junto com os irmãos delas. Depois disso, Jó viveu 140 anos e viu quatro gerações de filhos e netos. Então, morreu, depois de uma vida longa e plena. Feliz é aquele que não segue o conselho dos perversos, não se detém no caminho dos pecadores, nem se junta à roda dos zombadores. Pelo contrário, tem prazer na lei do S enhor e nela medita dia e noite. Ele é como a árvore plantada à margem do rio, que dá seu fruto no tempo certo. Suas folhas nunca murcham, e ele prospera em tudo que faz. O mesmo não acontece com os perversos! São como palha levada pelo vento. Serão condenados quando vier o juízo; os pecadores não terão lugar entre os justos. Pois o S enhor guarda o caminho dos justos, mas o caminho dos perversos leva à destruição. Por que as nações se enfurecem tanto? Por que perdem seu tempo com planos inúteis? Os reis da terra se preparam para a batalha; os governantes conspiram juntos, contra o S enhor e contra seu ungido. “Vamos quebrar estas correntes!”, eles dizem. “Vamos nos libertar da escravidão!” Aquele que governa nos céus ri; o Senhor zomba deles. Então, em sua ira, ele os repreende e, com sua fúria, os aterroriza. Ele diz: “Estabeleci meu rei no trono em Sião, em meu santo monte”. O rei proclama o decreto do S enhor: “O S enhor me disse: ‘Você é meu filho; hoje eu o gerei. Basta pedir e lhe darei as nações como herança, a terra inteira como sua propriedade. Você as quebrará com cetro de ferro e as despedaçará como vasos de barro’”. Portanto, reis, sejam prudentes! Aceitem a advertência, governantes da terra! Sirvam ao S enhor com temor, alegrem-se nele com tremor. Sujeitem-se ao filho, para que ele não se ire e vocês não sejam destruídos de repente, pois sua ira se acende num instante; felizes, porém, os que nele se refugiam! Ó S enhor, tenho tantos inimigos; tanta gente é contra mim! São muitos os que dizem: “Deus nunca o livrará!”. Mas tu, S enhor, és um escudo ao meu redor; és minha glória e manténs minha cabeça erguida. Clamei ao S enhor, e ele me respondeu de seu santo monte. Deitei-me e dormi; acordei em segurança, pois o S enhor me guardava. Não tenho medo de dez mil inimigos que me cercam de todos os lados. Levanta-te, S enhor! Salva-me, Deus meu! Acerta meus inimigos no queixo e quebra os dentes dos perversos. De ti, S enhor, vem o livramento; abençoa o teu povo! Responde-me quando clamo a ti, ó Deus que me faz justiça. Livra-me de minha angústia; tem compaixão de mim e ouve minha oração. Até quando vocês jogarão minha reputação na lama? Até quando farão acusações infundadas e continuarão a mentir? Estejam certos disto: o S enhor separa o fiel para si; o S enhor responderá quando eu clamar a ele. Não pequem ao permitir que a ira os controle; reflitam durante a noite e permaneçam em silêncio. Ofereçam os sacrifícios exigidos e confiem no S enhor. Muitos dizem: “Quem nos mostrará o bem?”. Que a luz do teu rosto brilhe sobre nós, S enhor! Tu me deste alegria maior que a daqueles que têm fartas colheitas de cereais e vinho novo. Em paz me deitarei e dormirei, pois somente tu, S enhor, me guardas em segurança. Ó S enhor, ouve minhas palavras e presta atenção a meus gemidos. Atende a meu clamor por socorro, meu Rei e meu Deus, pois é somente a ti que oro. Escuta minha voz logo cedo, S enhor; toda manhã te apresento meus pedidos e fico à espera. Ó Deus, tu não tens prazer algum na maldade e não toleras o pecado dos perversos. Os orgulhosos não terão lugar em tua presença, pois odeias todos que praticam o mal. Tu destróis os mentirosos; o S enhor detesta assassinos e enganadores. Por causa do teu grande amor entrarei em tua casa; adorarei em teu templo com profunda reverência. Conduz-me pela tua justiça, S enhor, para que meus inimigos não me vençam. Remove os obstáculos do teu caminho, para que eu o siga. Meus inimigos são incapazes de falar a verdade; seu desejo mais intenso é destruir. Sua conversa é repulsiva, como o mau cheiro de um túmulo aberto; sua língua é cheia de bajulação. Ó Deus, declara-os culpados; que eles caiam nas próprias armadilhas. Expulsa-os por causa de seus muitos pecados, pois se rebelaram contra ti. Alegrem-se, porém, todos que em ti se refugiam; que cantem alegres louvores para sempre. Estende sobre eles tua proteção, para que exultem todos que amam teu nome. Pois tu, S enhor, abençoas os justos; com teu favor os proteges como um escudo. Ó S enhor, não me repreendas em tua ira, nem me disciplines em tua fúria. Tem compaixão de mim, S enhor, pois estou fraco; cura-me, S enhor, pois meus ossos agonizam. Meu coração está muito angustiado; S enhor, quando virás me restaurar? Volta-te, S enhor, e livra-me! Salva-me por causa do teu amor. Pois os mortos não se lembram de ti; quem te louvará da sepultura? Estou exausto de tanto gemer; à noite inundo a cama de tanto chorar, e de lágrimas a encharco. A tristeza me embaça a vista; meus olhos estão cansados por causa de todos os meus inimigos. Afastem-se de mim, todos vocês que praticam o mal, pois o S enhor ouviu meu pranto. O S enhor ouviu minha súplica; o S enhor responderá à minha oração. Sejam humilhados e aterrorizados todos os meus inimigos; recuem de repente, envergonhados. Em ti me refugio, S enhor, meu Deus; salva-me dos que me perseguem e livra-me! Do contrário, eles me atacarão como leões e me despedaçarão, sem que ninguém me resgate. Ó S enhor, meu Deus, se fiz o mal, se cometi alguma injustiça, se traí um amigo ou saqueei meu adversário sem razão, que meus inimigos me persigam e capturem; que me pisoteiem no chão e no pó arrastem minha honra. Levanta-te, S enhor, em tua ira! Ergue-te contra a fúria de meus inimigos! Desperta, meu Deus, e faz justiça! Reúne as nações diante de ti e toma teu lugar de autoridade sobre elas. O S enhor julga as nações; declara-me justo, ó S enhor, pois sou inocente, ó Altíssimo! Faz cessar a maldade dos perversos e dá segurança ao justo. Pois tu sondas a mente e o coração, ó Deus justo. Deus é meu escudo; ele salva os que têm coração íntegro. Deus é justo juiz; todos os dias ele mostra sua ira contra os perversos. Se eles não se arrependerem, Deus afiará sua espada; armará seu arco para disparar, preparará suas armas mortais e acenderá suas flechas com fogo. Sim, o perverso gera o mal; concebe o sofrimento e dá à luz a mentira. Abre uma cova profunda, mas ele próprio cai em sua armadilha. Sua maldade se volta contra ele; sua violência lhe cai sobre a cabeça. Darei graças ao S enhor porque ele é justo; cantarei louvores ao nome do S enhor Altíssimo. Ó S enhor, nosso Senhor, teu nome majestoso enche a terra; tua glória é mais alta que os céus! Tu ensinaste crianças e bebês a anunciarem tua força; assim calaste teus inimigos e todos que a ti se opõem. Quando olho para o céu e contemplo a obra de teus dedos, a lua e as estrelas que ali puseste, pergunto: Quem são os simples mortais, para que penses neles? Quem são os seres humanos, para que com eles te importes? E, no entanto, os fizeste apenas um pouco menores que Deus e os coroaste de glória e honra. Tu os encarregaste de tudo que criaste e puseste sob a autoridade deles todas as coisas: os rebanhos, o gado e todos os animais selvagens; as aves do céu, os peixes do mar e tudo que percorre as correntes dos oceanos. Ó S enhor, nosso Senhor, teu nome majestoso enche a terra! Eu te louvarei, S enhor, de todo o meu coração; anunciarei as maravilhas que fizeste. Por causa de ti, me alegrarei e celebrarei; cantarei louvores ao teu nome, ó Altíssimo. Meus inimigos recuaram; tropeçaram e morreram diante de tua presença. Pois julgaste meu direito e minha causa; de teu trono julgaste com justiça. Repreendeste as nações e destruíste os perversos; apagaste o nome deles de uma vez por todas. O inimigo está acabado, arruinado para sempre; arrasaste suas cidades e elas caíram em esquecimento. O S enhor, porém, reina para sempre; de seu trono, executa o julgamento. Julgará o mundo com justiça e governará as nações com imparcialidade. O S enhor é abrigo para os oprimidos, refúgio em tempos de aflição. Quem conhece teu nome confia em ti, pois tu, S enhor, não abandonas quem te busca. Cantem louvores ao S enhor, que reina em Sião; anunciem ao mundo seus feitos. Pois aquele que vinga o sangue derramado não se esquece dos aflitos; ele não ignora seu clamor. S enhor, tem misericórdia de mim! Vê como meus inimigos me atormentam e livra-me das garras da morte. Salva-me, para que eu te louve às portas de Jerusalém; para que eu me alegre por teu resgate. As nações caíram na cova que abriram; seus pés ficaram presos no laço que esconderam. O S enhor é conhecido por sua justiça; os perversos são pegos nas próprias armadilhas. Os perversos descerão à sepultura; esse é o destino de todas as nações que se esquecem de Deus. O necessitado, porém, não será esquecido para sempre; a esperança dos pobres nunca mais será frustrada. Levanta-te, S enhor! Não permitas que simples mortais te desafiem! Julga as nações! Faze-as tremer de medo, S enhor; que as nações saibam que não passam de simples mortais. Ó S enhor, por que permaneces distante? Por que te escondes em tempos de aflição? O perverso, em sua arrogância, persegue o pobre; que seja pego em suas próprias tramas. Pois conta vantagem de seus desejos maus; elogia os gananciosos e amaldiçoa o S enhor. O perverso é orgulhoso demais para buscá-lo; seus planos não levam em conta que Deus existe. No entanto, é bem-sucedido em tudo que faz; não vê que teu castigo o aguarda e despreza todos os seus inimigos. Pensa: “Nenhum mal nos atingirá; nunca teremos problemas!”. Sua boca é cheia de maldições, mentiras e ameaças; em sua língua há violência e maldade. Fica de tocaia nos povoados, à espera para matar inocentes; está sempre à procura de vítimas indefesas. Como o leão à espreita em seu esconderijo, aguarda para atacar os desamparados. Como o caçador, ele os apanha e os arrasta dali. As vítimas indefesas são esmagadas; caem sob a força do perverso. O perverso diz consigo: “Deus não se importa! Fechou os olhos e não vê o que faço!”. Levanta-te, S enhor! Castiga o perverso, ó Deus! Não te esqueças dos indefesos! Por que o perverso continua a desprezar a Deus? Ele pensa: “Deus jamais me pedirá contas”. Tu, porém, vês o sofrimento e a angústia que ele causa; observa-o e castiga-o. O indefeso confia em ti; tu amparas o órfão. Quebra os braços dessa gente má e perversa; pede contas de sua maldade até nada mais restar. O S enhor é rei para todo o sempre! As nações desaparecerão de sua terra. Tu, S enhor, conheces o desejo dos humildes; ouvirás seu clamor e os confortarás. Farás justiça ao órfão e ao oprimido, para que nenhum simples mortal volte a lhes causar terror. No S enhor eu me refugio. Por que, então, vocês me dizem: “Voe para os montes, como um pássaro! Os perversos preparam seus arcos e colocam as flechas nas cordas. Das sombras eles atiram contra os que têm coração íntegro. Os alicerces ruíram; o que pode fazer o justo?”. O S enhor, porém, está em seu santo templo; o S enhor governa dos céus. Observa a todos com atenção, examina cada pessoa na terra. O S enhor põe à prova tanto o justo como o perverso; ele odeia quem ama a violência. Fará chover brasas vivas e enxofre sobre os perversos e com ventos abrasadores os castigará. Pois o S enhor é justo e ama a justiça; os íntegros verão sua face. Socorro, S enhor, pois os fiéis estão desaparecendo depressa! Os que te temem sumiram da terra! Todos mentem uns aos outros; falam com lábios bajuladores e coração fingido. Que o S enhor corte os lábios bajuladores e cale a língua arrogante. Eles dizem: “Mentiremos quanto quisermos. Os lábios são nossos; quem nos impedirá?”. O S enhor responde: “Vi a violência cometida contra os indefesos e ouvi o gemido dos pobres. Agora me levantarei para salvá-los, como eles tanto desejam”. As promessas do S enhor são puras como prata refinada no forno, purificada sete vezes. Portanto, S enhor, sabemos que protegerás os oprimidos e para sempre os guardarás desta geração mentirosa, ainda que os perversos andem confiantes, e a maldade seja elogiada em toda a terra. Até quando, S enhor, te esquecerás de mim? Será para sempre? Até quando esconderás de mim o teu rosto? Até quando terei de lutar com a angústia em minha alma, com a tristeza em meu coração a cada dia? Até quando meu inimigo terá vantagem sobre mim? Volta-te e responde-me, S enhor, meu Deus! Restaura o brilho de meus olhos, ou morrerei. Não permitas que meus inimigos digam: “Nós o derrotamos!”; não deixes que se alegrem com meu tropeço. Eu, porém, confio em teu amor; por teu livramento me alegrarei. Cantarei ao S enhor, porque ele é bom para mim. Os tolos dizem em seu coração: “Não há Deus”. São corruptos e praticam o mal; nenhum deles faz o bem. O S enhor olha dos céus para toda a humanidade, para ver se alguém é sábio, se alguém busca a Deus. Todos, porém, se desviaram; todos se corromperam. Ninguém faz o bem, nem um sequer! Acaso os que praticam o mal jamais aprenderão? Devoram meu povo como se fosse pão e nem pensam em orar ao S enhor. Grande terror se apoderará deles, pois Deus está com os que lhe obedecem. Os perversos frustram os planos dos oprimidos, mas o S enhor protegerá seu povo. Quem virá do monte Sião para salvar Israel? Quando o S enhor restaurar seu povo, Jacó dará gritos de alegria, e Israel exultará. S enhor, quem pode ter acesso a teu santuário? Quem pode permanecer em teu santo monte? Quem leva uma vida íntegra e pratica a justiça; quem, de coração, fala a verdade. Quem não difama os outros, não prejudica o próximo, nem fala mal dos amigos. Quem despreza os que têm conduta reprovável, e honra os que temem o S enhor, e cumpre suas promessas mesmo quando é prejudicado. Quem empresta dinheiro sem visar lucro e não aceita suborno para mentir sobre o inocente. Quem age assim jamais será abalado. Guarda-me, ó Deus, pois em ti me refugio. Eu disse ao S enhor: “Tu és meu Senhor! Tudo que tenho de bom vem de ti”. Os que são fiéis aqui na terra são os verdadeiros heróis; tenho prazer na companhia deles. Muitas são as aflições dos que correm atrás de outros deuses; não participarei de seus sacrifícios de sangue, nem invocarei o nome deles. Somente tu, S enhor, és minha herança, meu cálice de bênçãos; tu guardas tudo que possuo. A terra que me deste é agradável; que herança maravilhosa! Louvarei o S enhor, que me guia; mesmo à noite meu coração me ensina. Sei que o S enhor está sempre comigo; não serei abalado, pois ele está à minha direita. Não é de admirar que meu coração esteja alegre e eu exulte; meu corpo repousa em segurança. Pois tu não deixarás minha alma entre os mortos, nem permitirás que teu santo apodreça no túmulo. Tu me mostrarás o caminho da vida e me darás a alegria de tua presença e o prazer de viver contigo para sempre. Ouve, S enhor, minha súplica por justiça; atende a meu clamor por socorro. Escuta minha oração, pois ela vem de lábios sinceros. Declara-me inocente, pois teus olhos veem com imparcialidade. Tu puseste à prova meus pensamentos; durante a noite, examinaste meu coração. Tu me sondaste e não encontraste nenhum mal; estou decidido a não pecar com minhas palavras. Quanto ao modo de agir, segui teus mandamentos, que me guardam de imitar as ações de pessoas cruéis. Meus passos permaneceram em teu caminho, meus pés não se desviaram dele. Clamo a ti, ó Deus, pois sei que responderás; inclina-te e ouve minha oração. Mostra-me as maravilhas do teu amor; com teu poder, tu livras os que buscam em ti refúgio dos inimigos. Protege-me, como a menina de teus olhos; esconde-me à sombra de tuas asas. Guarda-me dos perversos que me atacam, dos inimigos mortais que me cercam. Eles não têm compaixão; ouve como contam vantagem! Seguem meus passos e me rodeiam, prontos para me derrubar. São como leões famintos, ansiosos para me despedaçar, como jovens leões escondidos, de tocaia. Levanta-te, ó S enhor! Enfrenta-os e faze-os cair de joelhos! Com tua espada, livra-me dos perversos! Pelo poder de tua mão, S enhor, destrói os que buscam neste mundo sua recompensa. Satisfaz, porém, a fome dos que te são preciosos; que os filhos deles tenham fartura e deixem herança para os netos. Porque sou justo, verei a ti; quando acordar, te verei face a face e me satisfarei. Eu te amo, S enhor; tu és minha força. O S enhor é minha rocha, minha fortaleza e meu libertador; meu Deus é meu rochedo, em quem encontro proteção. Ele é meu escudo, o poder que me salva e meu lugar seguro. Clamei ao S enhor, que é digno de louvor, e ele me livrou de meus inimigos. Os laços da morte me cercaram, torrentes de destruição caíram sobre mim. A sepultura me envolveu em seus laços, a morte pôs uma armadilha em meu caminho. Em minha aflição, clamei ao S enhor; sim, pedi socorro a meu Deus. De seu santuário ele me ouviu; meu clamor chegou a seus ouvidos. A terra se abalou e estremeceu; tremeram os fundamentos dos montes, agitaram-se por causa de sua ira. De suas narinas saiu fumaça, de sua boca, fogo consumidor; brasas vivas saíram dele. Ele abriu os céus e desceu, com nuvens escuras de tempestade sob os pés. Montado num querubim, pairava sobre as asas do vento. Envolveu-se num manto de escuridão, em densas nuvens de chuva. Nuvens espessas escondiam o brilho ao seu redor e faziam chover granizo e brasas vivas. O S enhor trovejou dos céus; a voz do Altíssimo ressoou, em meio ao granizo e às brasas vivas. Atirou flechas e dispersou seus inimigos, lançou muitos raios e os fez fugir em confusão. Então, por tua ordem, S enhor, com o forte sopro de tuas narinas, o fundo do mar apareceu, e os alicerces da terra ficaram expostos. Dos céus estendeu a mão e me resgatou; tirou-me de águas profundas. Livrou-me de inimigos poderosos, dos que me odiavam e eram fortes demais para mim. Quando eu estava angustiado, eles me atacaram, mas o S enhor me sustentou. Ele me levou a um lugar seguro e me livrou porque se agrada de mim. O S enhor me recompensou por minha justiça; por causa de minha inocência, me restaurou. Pois guardei os caminhos do S enhor; não me afastei de meu Deus para seguir o mal. Cumpri todos os seus estatutos e nunca abandonei seus decretos. Sou inculpável diante de Deus; do pecado me guardei. O S enhor me recompensou por minha justiça; ele viu minha inocência. Aos fiéis te mostras fiel, e, aos íntegros, mostras integridade. Aos puros te mostras puro, mas, aos perversos, te mostras astuto. Livras os humildes, mas humilhas os orgulhosos. Manténs acesa minha lâmpada; o S enhor, meu Deus, ilumina minha escuridão. Com tua força, posso atacar qualquer exército; com meu Deus, posso saltar qualquer muralha. O caminho de Deus é perfeito; as promessas do S enhor sempre se cumprem; ele é escudo para todos que nele se refugiam. Pois quem é Deus, senão o S enhor? Quem é rocha firme, senão o nosso Deus? Deus me reveste de força e remove os obstáculos de meu caminho. Torna meus pés ágeis como os da corça e me sustenta quando ando pelos montes. Treina minhas mãos para a batalha e fortalece meus braços para vergar o arco de bronze. Tu me deste teu escudo de vitória; tua mão direita me sustenta, teu socorro me engrandece. Abriste um caminho largo para meus pés, de modo que não vacilem. Persegui meus inimigos e os alcancei; não retornei enquanto não foram derrotados. Eu os feri até que não pudessem se levantar; tombaram diante de meus pés. Tu me armaste fortemente para a batalha; ajoelhaste meus inimigos diante de mim. Puseste o pescoço deles sob meus pés; destruí todos que me odiavam. Pediram ajuda, mas ninguém os socorreu; clamaram ao S enhor, mas ele não respondeu. Eu os moí tão fino como o pó da terra; eu os lancei fora como a lama das ruas. Tu me livraste de meus acusadores e me puseste como governante das nações; povos que eu não conhecia agora me servem. Rendem-se assim que ouvem sobre meus feitos; nações estrangeiras se encolhem diante de mim. Todos eles perdem a coragem e, tremendo, saem de suas fortalezas. O S enhor vive! Louvada seja minha Rocha! Exaltado seja o Deus de minha salvação! Ele é o Deus que se vinga dos que me fazem o mal; sujeita as nações ao meu poder e me livra de meus adversários. Tu me manténs em segurança, fora do alcance de meus inimigos; de homens violentos me livras. Por isso, ó S enhor, te louvarei entre as nações; sim, cantarei louvores ao teu nome. Concedes grandes vitórias ao teu rei e mostras amor por teu ungido, por Davi e todos os seus descendentes, para sempre! Os céus proclamam a glória de Deus; o firmamento demonstra a habilidade de suas mãos. Dia após dia, eles continuam a falar; noite após noite, eles o tornam conhecido. Não há som nem palavras, nunca se ouve o que eles dizem. Sua mensagem, porém, chegou a toda a terra, e suas palavras, aos confins do mundo. Deus preparou no céu uma morada para o sol. Dela o sol irrompe como o noivo depois do casamento; alegra-se como o valente guerreiro em seu caminho. O sol nasce numa extremidade do céu e realiza seu trajeto até a outra extremidade; nada pode se esconder de seu calor. A lei do S enhor é perfeita e revigora a alma. Os decretos do S enhor são dignos de confiança e dão sabedoria aos ingênuos. Os preceitos do S enhor são justos e alegram o coração. Os mandamentos do S enhor são límpidos e iluminam a vida. O temor do S enhor é puro e dura para sempre. As instruções do S enhor são verdadeiras e todas elas são corretas. São mais desejáveis que o ouro, mesmo o ouro puro. São mais doces que o mel, mesmo o mel que goteja do favo. São uma advertência para teu servo, grande recompensa para quem os cumpre. Quem é capaz de distinguir os próprios erros? Absolve-me das faltas que me são ocultas. Livra teu servo dos pecados intencionais! Não permitas que me controlem. Então serei inculpável e inocente de grande pecado. Que as palavras da minha boca e a meditação do meu coração sejam agradáveis a ti, S enhor, minha rocha e meu redentor! Que o S enhor responda ao seu clamor em tempos de sofrimento; o nome do Deus de Jacó o guarde de todo mal. Que, de seu santuário, ele lhe envie socorro e, de Sião, o fortaleça. Que ele se lembre de todas as suas ofertas e olhe com favor para os seus holocaustos. Que ele conceda os desejos do seu coração e lhe dê sucesso em todos os seus planos. Daremos gritos de alegria pela sua vitória e hastearemos bandeiras em nome de nosso Deus. Que o S enhor responda a todas as suas orações. Agora sei que o S enhor salva seu ungido; ele responderá de seu santo céu e o livrará com seu grande poder. Alguns povos confiam em carros de guerra, outros, em cavalos, mas nós confiamos no nome do S enhor, nosso Deus. Tais nações perdem as forças e caem, mas nós nos levantamos e permanecemos firmes. Dá vitória ao teu rei, ó S enhor! Responde ao nosso clamor por socorro. Em tua força, S enhor, o rei se alegra; grita de alegria porque lhe dás vitória. Concedeste o desejo de seu coração e não negaste nada do que ele pediu. Tu o recebeste com riqueza de bênçãos; puseste em sua cabeça uma coroa de ouro puro. Ele pediu que lhe preservasses a vida, e tu atendeste a seu pedido; seus dias se estendem para sempre. Tua vitória lhe dá grande honra, e tu o cobriste de esplendor e majestade. A ele deste bênçãos eternas e a alegria de tua presença. Pois o rei confia no S enhor; o amor do Altíssimo não permitirá que ele se abale. Tu alcançarás todos os teus inimigos; tua forte mão direita apanhará todos que te odeiam. Quando te manifestares, tu os lançarás numa fornalha ardente. Em sua ira, o S enhor os consumirá; sim, fogo os devorará. Eliminarás da face da terra seus filhos; jamais terão descendentes. Embora conspirem contra ti, suas tramas perversas não terão sucesso. Pois darão meia-volta e fugirão quando virem tuas flechas apontadas para eles. Levanta-te, ó S enhor, em teu poder! Com música e cânticos celebraremos tua força. Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste? Por que estás tão distante de meus gemidos por socorro? Todos os dias clamo a ti, meu Deus, mas não respondes; todas as noites levanto a voz, mas não encontro alívio. Tu, porém, és santo e estás entronizado sobre os louvores de Israel. Nossos antepassados confiaram em ti, e tu os livraste. Clamaram a ti e foram libertos; em ti confiaram e jamais foram envergonhados. Mas eu sou um verme, e não um homem; todos me insultam e me desprezam. Os que me veem zombam de mim; riem com maldade e balançam a cabeça: “Esse é o que confia no S enhor? Que ele o livre! Que o liberte, se dele se agrada!”. Tu, porém, me tiraste a salvo do ventre de minha mãe e me deste segurança quando ela ainda me amamentava. Fui colocado em teus braços assim que nasci; desde o ventre de minha mãe, tens sido meu Deus. Não permaneças distante de mim, pois o sofrimento está próximo, e ninguém mais pode me ajudar. Meus inimigos me rodeiam como touros; sim, touros ferozes de Basã me cercam. Abrem a boca contra mim como leões que rugem e despedaçam a presa. Minha vida é derramada como água; todos os meus ossos estão desconjuntados. Meu coração é como cera que se derrete dentro de mim. Minha força secou, como um caco de barro, minha língua está grudada ao céu da boca; tu me deitaste no pó, à beira da morte. Meus inimigos me rodeiam como cães, um bando de perversos me cerca; perfuraram minhas mãos e meus pés. Posso contar todos os meus ossos; meus inimigos me encaram e desdenham de mim. Repartem minhas roupas entre si e lançam sortes por minha veste. Ó S enhor, não permaneças distante! És minha força; vem depressa me ajudar. Livra-me da espada e não permitas que esses cães me tirem a vida. Salva-me da boca do leão e dos chifres dos bois selvagens. Proclamarei teu nome a meus irmãos; no meio de teu povo reunido te louvarei. Louvem o S enhor, todos que o temem! Glorifiquem-no, todos os descendentes de Jacó! Reverenciem-no, todos os descendentes de Israel! Pois ele não desprezou nem desdenhou o sofrimento dos aflitos; não lhes deu as costas, mas ouviu seus clamores por socorro. Eu te louvarei na grande congregação; cumprirei meus votos na presença dos que te adoram. Os pobres comerão e se saciarão; todos que buscam o S enhor o louvarão e terão o coração cheio de alegria sem fim. Toda a terra reconhecerá o S enhor e voltará para ele; diante dele se prostrarão todas as famílias das nações. Pois o S enhor reina e governa sobre todos os povos. Que os ricos da terra celebrem e o adorem; todos os mortais se prostrem diante dele, todos cuja vida terminará como pó. Nossos filhos também o servirão, as gerações futuras ouvirão sobre o Senhor. Proclamarão sua justiça aos que ainda não nasceram e falarão a respeito de tudo que ele fez. O S enhor é meu pastor, e nada me faltará. Ele me faz repousar em verdes pastos e me leva para junto de riachos tranquilos. Renova minhas forças e me guia pelos caminhos da justiça; assim, ele honra o seu nome. Mesmo quando eu andar pelo escuro vale da morte, não terei medo, pois tu estás ao meu lado. Tua vara e teu cajado me protegem. Preparas um banquete para mim na presença de meus inimigos. Unges minha cabeça com óleo; meu cálice transborda. Certamente a bondade e o amor me seguirão todos os dias de minha vida, e viverei na casa do S enhor para sempre. A terra e tudo que nela há são do S enhor; o mundo e todos os seus habitantes lhe pertencem. Pois sobre os mares ele edificou os alicerces da terra e sobre as profundezas do oceano a estabeleceu. Quem pode subir o monte do S enhor? Quem pode permanecer em seu santo lugar? Somente os que têm as mãos puras e o coração limpo, que não se entregam aos ídolos e não juram em falso. Eles receberão a bênção do S enhor e a justiça do Deus de sua salvação. São esses os que te buscam e adoram em tua presença, ó Deus de Jacó. Abram-se, portões da cidade! Abram-se, antigos portais, para que entre o Rei da glória. Quem é o Rei da glória? O S enhor, forte e poderoso. O S enhor, invencível nas batalhas. Abram-se, portões da cidade! Abram-se, antigos portais, para que entre o Rei da glória. Quem é o Rei da glória? O S enhor dos Exércitos; ele é o Rei da glória. Ó S enhor, a ti entrego minha vida; confio em ti, meu Deus! Não permitas que eu seja envergonhado, nem que meus inimigos se alegrem com minha derrota. Quem confia em ti jamais será envergonhado, mas os que buscam enganar o próximo serão envergonhados. Mostra-me o caminho certo, S enhor, ensina-me por onde devo andar. Guia-me pela tua verdade e ensina-me, pois és o Deus que me salva; em ti ponho minha esperança todo o dia. Lembra-te, S enhor, de tua compaixão e de teu amor, que tens mostrado desde tempos antigos. Não te lembres dos pecados e da rebeldia de minha juventude; lembra-te de mim segundo o teu amor, pois és misericordioso, ó S enhor. O S enhor é bom e justo; mostra o caminho correto aos que se desviam. Guia os humildes na justiça e ensina-lhes seu caminho. O S enhor conduz com amor e fidelidade a todos que cumprem sua aliança e obedecem a seus preceitos. Por causa do teu nome, ó S enhor, perdoa meus pecados, que são muitos. Quem são os que temem o S enhor? Ele lhes mostrará o caminho que devem escolher. Viverão em prosperidade, e seus filhos herdarão a terra. O S enhor é amigo dos que o temem; ele lhes ensina sua aliança. Meus olhos estão sempre voltados para o S enhor, pois ele livra meus pés de armadilhas. Volta-te para mim e tem misericórdia, pois estou sozinho e aflito. Meus problemas só aumentam; livra-me de toda a minha angústia! Atenta para minha dor e para meu sofrimento; perdoa todos os meus pecados. Vê quantos inimigos tenho e a crueldade com que me odeiam. Protege minha vida e livra-me! Não permitas que eu seja envergonhado, pois em ti me refugio. Que a integridade e a retidão me guardem, pois em ti ponho minha esperança. Ó Deus, resgata Israel de todas as suas angústias. Declara-me inocente, S enhor, pois tenho vivido com integridade; tenho confiado no S enhor sem vacilar. Põe-me à prova, S enhor, e examina-me; investiga meu coração e minha mente. Pois estou sempre consciente do teu amor e tenho vivido de acordo com a tua verdade. Não passo tempo com mentirosos, nem ando com hipócritas. Detesto as reuniões dos que praticam o mal e não me associo aos perversos. Lavo as mãos para declarar minha inocência. Venho ao teu altar, ó S enhor, para entoar um cântico de gratidão e anunciar todas as tuas maravilhas. Amo o teu santuário, S enhor, o lugar onde habita tua presença gloriosa. Não permitas que eu tenha o destino dos pecadores, não me condenes junto com os assassinos. Eles têm as mãos sujas de tramas perversas e vivem a aceitar subornos. Eu, porém, vivo com integridade; resgata-me e tem misericórdia de mim. Agora estou em solo firme e louvarei o S enhor no meio do povo. O S enhor é minha luz e minha salvação; então, por que ter medo? O S enhor é a fortaleza de minha vida; então, por que estremecer? Quando os maus vierem para me destruir, quando meus inimigos e adversários me atacarem, eles tropeçarão e cairão. Ainda que um exército me cerque, meu coração não temerá. Ainda que invistam contra mim, permanecerei confiante. A única coisa que peço ao S enhor, o meu maior desejo, é morar na casa do S enhor todos os dias de minha vida, para contemplar a beleza do S enhor e meditar em seu templo. Pois ali me abrigará em tempos de aflição e em seu santuário me esconderá; em segurança, numa rocha alta, me colocará. Então manterei a cabeça erguida, acima dos inimigos que me cercam. Em seu santuário, oferecerei sacrifícios com gritos de alegria; cantarei e louvarei o S enhor com música. Ouve minha oração, ó S enhor; tem compaixão e responde-me! Meu coração ouviu tua voz dizer: “Venha e entre na minha presença”, e meu coração respondeu: “S enhor, eu irei!”. Não voltes as costas para mim; em tua ira, não rejeites teu servo. Sempre foste meu auxílio; não me deixes agora, não me abandones, ó Deus de minha salvação! Mesmo que meu pai e minha mãe me abandonem, o S enhor me acolherá. Ensina-me a viver, S enhor; guia-me pelo caminho certo, pois meus inimigos estão à minha espera. Não permitas que eu caia nas mãos deles, pois me acusam de coisas que nunca fiz e me ameaçam, respirando violência. Ainda assim, confio que verei a bondade do S enhor enquanto estiver aqui, na terra dos vivos. Espere pelo S enhor e seja valente e corajoso; sim, espere pelo S enhor. A ti eu clamo, ó S enhor, minha rocha; não feches teus ouvidos para mim. Pois, se permaneceres calado, será melhor que eu desista e morra. Ouve minha súplica por misericórdia, quando eu clamar por socorro, quando levantar as mãos para o teu santuário. Não me arrastes com os perversos, com os que praticam o mal, que dirigem palavras amigáveis ao próximo, enquanto tramam maldades no coração. Dá o castigo pelo que fizeram, segundo a medida de sua perversidade. Retribui-lhes por seus atos e faz que recebam o que merecem. Eles não se importam com as obras do S enhor, nem com o que suas mãos criaram. Por isso ele os derrubará, e nunca mais voltarão a se erguer. Louvado seja o S enhor, pois ouviu meu clamor por misericórdia! O S enhor é minha força e meu escudo; confio nele de todo o coração. Ele me ajuda, e meu coração se enche de alegria; por isso lhe dou graças com meus cânticos. O S enhor é a força de seu povo, fortaleza segura para seu ungido. Salva o teu povo! Abençoa os que pertencem a ti! Conduze-os como pastor e leva-os em teus braços para sempre. Honrem o S enhor, seres celestiais, honrem o S enhor por sua glória e força. Honrem o S enhor pela glória de seu nome, adorem o S enhor no esplendor de sua santidade. A voz do S enhor ecoa sobre o mar, o Deus da glória troveja; sobre o imenso mar, o S enhor fala. A voz do S enhor é poderosa, a voz do S enhor é majestosa. A voz do S enhor quebra os grandes cedros, o S enhor despedaça os cedros do Líbano. Faz os montes do Líbano saltarem como bezerros, faz o monte Hermom pular como novilhos selvagens. A voz do S enhor risca o céu com relâmpagos. A voz do S enhor sacode o deserto, o S enhor faz tremer o deserto de Cades. A voz do S enhor torce os fortes carvalhos e arranca as folhas dos bosques; em seu templo todos proclamam: “Glória!”. O S enhor comanda as águas da inundação, o S enhor governa como Rei para sempre. O S enhor dá força ao seu povo, o S enhor os abençoa com paz. Eu te exaltarei, S enhor, pois me livraste; não permitiste que meus inimigos rissem de mim. S enhor, meu Deus, clamei a ti por socorro, e restauraste minha saúde. S enhor, da sepultura me tiraste e não me deixaste cair na cova da morte. Cantem ao S enhor, todos que lhe são fiéis! Louvem seu santo nome, pois sua ira dura apenas um instante, mas seu favor, a vida inteira! O choro pode durar toda a noite, mas a alegria vem com o amanhecer. Quando eu era próspero, dizia: “Agora, nada pode me derrubar!”. Ó S enhor, teu favor me mantinha firme como uma montanha; então o S enhor me deu as costas, e entrei em pânico. Clamei a ti, S enhor, supliquei ao Senhor por misericórdia: “Que vantagem terás se eu morrer, se eu descer à cova? Acaso o pó te louvará? Falará de tua fidelidade? Ouve-me, S enhor, e tem misericórdia de mim; ajuda-me, S enhor!”. Transformaste meu pranto em dança; tiraste minhas roupas de luto e me vestiste de alegria, para que eu cante louvores a ti e não me cale. S enhor, meu Deus, te darei graças para sempre! Em ti, S enhor, me refugio; não permitas que eu seja envergonhado. Salva-me por causa da tua justiça; inclina o teu ouvido para me escutar e livra-me depressa. Que tu sejas para mim rocha de proteção, fortaleza onde estarei seguro. És minha rocha e minha fortaleza; por causa do teu nome, guia-me e conduze-me. Tira-me da armadilha que me prepararam, pois só em ti encontro proteção. Em tuas mãos entrego meu espírito; resgata-me, S enhor, pois és Deus fiel. Detesto os que adoram ídolos inúteis; eu, porém, confio no S enhor. Exultarei e me alegrarei em teu amor, pois viste minha aflição e te importas com minha angústia. Não me entregaste a meus inimigos, mas me puseste em lugar seguro. Tem misericórdia de mim, S enhor, pois estou angustiado; lágrimas me embaçam os olhos, e meu corpo e minha alma definham. A tristeza me consome, e meus dias se encurtam com gemidos. Minha força se esvai por causa do pecado, e meus ossos se desgastam. Todos os meus inimigos zombam de mim, e meus vizinhos me desprezam; até meus amigos têm medo de se aproximar. Quando me veem na rua, correm para o outro lado. Não se lembram de mim, como se eu estivesse morto, como se fosse um jarro quebrado. Ouço muitos boatos a meu respeito, e o terror me cerca. Conspiram contra mim, tramam tirar minha vida. Eu, porém, confio em ti, S enhor, e digo: “Tu és meu Deus!”. Meu futuro está em tuas mãos; livra-me dos que me perseguem sem cessar. Que a luz do teu rosto brilhe sobre teu servo; salva-me por causa do teu amor. Não permitas que eu seja envergonhado, S enhor, pois clamo a ti. Que os perversos sejam envergonhados, que fiquem calados na sepultura. Silencia seus lábios mentirosos, lábios orgulhosos e arrogantes que acusam os justos. Grande é a bondade que reservaste para os que te temem! Tu a concedes aos que em ti se refugiam e os abençoas à vista de todos. Tu os escondes em tua presença, a salvo de todos que contra eles conspiram. Tu os proteges num abrigo, longe das línguas acusadoras. Louvado seja o S enhor, pois ele me mostrou as maravilhas de seu amor; manteve-me a salvo numa cidade cercada de inimigos. Apavorado, clamei: “Estou separado de tua presença!”. Mas ele ouviu a minha súplica por misericórdia e respondeu ao meu clamor por socorro. Amem o S enhor, todos vocês que lhe são fiéis, pois o S enhor protege quem nele confia, mas castiga severamente o arrogante. Portanto, sejam fortes e corajosos, todos vocês que põem sua esperança no S enhor! Como é feliz aquele cuja desobediência é perdoada, cujo pecado é coberto! Sim, como é feliz aquele cuja culpa o S enhor não leva em conta, cuja consciência é sempre sincera! Enquanto me recusei a confessar meu pecado, meu corpo definhou, e eu gemia o dia inteiro. Dia e noite, tua mão pesava sobre mim; minha força evaporou como água no calor do verão. Finalmente, confessei a ti todos os meus pecados e não escondi mais a minha culpa. Disse comigo: “Confessarei ao S enhor a minha rebeldia”, e tu perdoaste toda a minha culpa. Portanto, todos que forem fiéis orem a ti enquanto há tempo, para que não se afoguem quando vier a inundação. Pois és meu esconderijo; tu me guardas da aflição e me cercas de cânticos de vitória. O S enhor diz: “Eu o guiarei pelo melhor caminho para sua vida, lhe darei conselhos e cuidarei de você. Não sejam como o cavalo ou a mula, que não têm entendimento e precisam de freios e rédeas para ser controlados”. O perverso tem muitas tristezas, mas o que confia no S enhor é cercado de amor. Portanto, alegrem-se no S enhor e exultem, todos vocês que são justos! Gritem de alegria, todos vocês que têm coração íntegro! Cantem de alegria ao S enhor, vocês que são justos; é apropriado que os íntegros o louvem. Celebrem ao S enhor com melodias da harpa, toquem música para ele com instrumento de dez cordas. Entoem para ele um novo cântico, toquem com habilidade e cantem com alegria. Pois a palavra do S enhor é verdadeira e podemos confiar em tudo que ele faz. Ele ama o que é justo e bom; o amor do S enhor enche a terra. O S enhor falou, e os céus foram criados; pelo sopro de sua boca as estrelas nasceram. Determinou os limites do mar e juntou os oceanos em reservatórios. Que o mundo inteiro tema o S enhor, e todos os habitantes da terra tremam diante dele. Pois, quando ele falou, o mundo veio a existir; tudo surgiu por sua ordem. O S enhor desfaz os planos das nações e frustra os projetos dos povos. Mas os planos do S enhor permanecem para sempre; seus propósitos jamais serão abalados. Como é feliz a nação cujo Deus é o S enhor, cujo povo ele escolheu para lhe pertencer! O S enhor olha dos céus e vê toda a humanidade. De seu trono ele observa todos os habitantes da terra. Formou o coração de cada um; por isso, entende tudo que fazem. Nem mesmo um poderoso exército pode salvar um rei; grande força não é suficiente para livrar um guerreiro. Não confie em seu cavalo de guerra para obter vitória; apesar de toda a sua força, ele não é capaz de salvá-lo. O S enhor, porém, está atento aos que o temem, aos que esperam por seu amor. Ele os livra da morte e os conserva com vida em tempos de fome. Nossa esperança está no S enhor; ele é nosso auxílio e nosso escudo. Nele nosso coração se alegra, pois confiamos em seu santo nome. Que o teu amor nos cerque, S enhor, pois só em ti temos esperança. Louvarei o S enhor em todo o tempo; meus lábios sempre o louvarão. Somente no S enhor me gloriarei; que todos os humildes se alegrem. Venham, proclamemos a grandeza do S enhor; juntos, exaltemos o seu nome. Busquei o S enhor, e ele me respondeu; livrou-me de todos os meus temores. Os que olham para ele ficarão radiantes; no rosto deles não haverá sombra de decepção. Clamei ao S enhor em meu desespero, e ele me ouviu; livrou-me de todas as minhas angústias. O anjo do S enhor é guardião; ele cerca e defende os que o temem. Provem e vejam que o S enhor é bom! Como é feliz o que nele se refugia! Temam o S enhor, vocês que lhe são fiéis, pois os que o temem terão tudo de que precisam. Até mesmo os leões jovens e fortes passam fome, mas aos que buscam o S enhor nada de bom faltará. Venham, meus filhos, e ouçam-me; eu os ensinarei a temer o S enhor. Quem deseja ter uma vida longa e próspera? Refreie a língua de falar maldades e os lábios de dizerem mentiras. Afaste-se do mal e faça o bem; busque a paz e esforce-se para mantê-la. Os olhos do S enhor estão sobre os justos, e seus ouvidos, abertos para seus clamores. O S enhor, porém, volta o rosto contra os que praticam o mal; apagará da terra qualquer lembrança deles. O S enhor ouve os justos quando clamam por socorro; ele os livra de todas as suas angústias. O S enhor está perto dos que têm o coração quebrantado e resgata os de espírito oprimido. O justo enfrenta muitas dificuldades, mas o S enhor o livra de todas elas. Pois o S enhor protege os ossos do justo; nem um sequer será quebrado. A calamidade certamente destruirá os perversos, e os que odeiam o justo serão castigados. O S enhor, porém, resgatará os que o servem; ninguém que nele se refugia será condenado. Ó S enhor, defende-me dos que me acusam; luta contra os que lutam contra mim. Põe tua armadura e toma teu escudo, prepara-te para a batalha e vem me socorrer. Levanta tua lança e teu dardo contra aqueles que me perseguem. Que eu te ouça dizer: “Eu lhe darei vitória!”. Sejam derrotados e humilhados os que procuram me matar, recuem envergonhados os que planejam me prejudicar. Sopra-os para longe, como palha ao vento, e que o anjo do S enhor os disperse. Torna o caminho deles escuro e escorregadio, e que o anjo do S enhor os persiga. Não lhes fiz mal algum, mas eles me prepararam uma armadilha; sem motivo, abriram uma cova para me pegar. Portanto, que venha sobre eles destruição repentina! Sejam pegos na armadilha que me prepararam, sejam destruídos na cova que abriram para mim. Então me alegrarei no S enhor, exultarei porque ele me salva. Eu o louvarei com todos os ossos de meu corpo: “S enhor, quem se compara a ti? Quem além de ti resgata o indefeso das mãos do forte? Quem protege o pobre e o humilde daqueles que os exploram?”. Testemunhas maldosas depõem contra mim e me acusam de crimes que não cometi. Pagam-me o bem com o mal; estou desesperado! Quando eles ficavam doentes, eu lamentava; humilhava-me com jejuns por eles, mas minhas orações não eram respondidas. Como se fossem meus amigos ou familiares, eu me entristecia, como se lamentasse por minha própria mãe. Mas agora, em minha aflição, eles se alegram; triunfantes, juntam-se contra mim. Pessoas que nem conheço me atacam, agridem-me sem cessar. Zombam de mim e me insultam, rosnam e me mostram os dentes. Até quando, Senhor, ficarás olhando? Salva-me de seus ataques ferozes, livra-me desses leões! Então te darei graças diante da comunidade e te louvarei perante todo o povo. Não permitas que meus inimigos traiçoeiros riam de mim, não deixes que me desprezem os que me odeiam sem razão. Não falam de paz; tramam contra os que vivem tranquilos na terra. Gritam: “Ah! Agora o pegamos! Nós o vimos com os próprios olhos!”. Viste tudo isso, S enhor; não permaneças calado, Senhor, e não me abandones agora. Desperta! Levanta-te para me fazeres justiça! Defende minha causa, meu Deus e meu Senhor. Julga-me, S enhor, meu Deus, conforme a tua justiça; não permitas que meus inimigos riam às minhas custas. Não deixes que digam: “Conseguimos o que queríamos! Agora vamos acabar com ele!”. Sejam envergonhados e humilhados os que se alegram com a minha desgraça. Sejam cobertos de vergonha e desonra os que triunfam sobre mim. Exultem e alegrem-se, porém, os que me defendem; que eles digam sempre: “Grande é o S enhor, que se agrada de abençoar seu servo com paz!”. Então proclamarei tua justiça e te louvarei o dia todo. O pecado do ímpio sussurra ao seu coração; ele não tem o menor temor de Deus. Em sua cega presunção, não percebe quão grande é sua perversidade. Tudo que diz é distorcido e enganoso; não quer agir com prudência nem fazer o bem. Mesmo à noite, trama maldades; suas ações nunca são boas, e não se esforça para fugir do mal. Teu amor, S enhor, é imenso como os céus; tua fidelidade vai além das nuvens. Tua justiça é como os montes imponentes, teus decretos, como as profundezas do oceano; tu, S enhor, cuidas tanto das pessoas como dos animais. Como é precioso o teu amor, ó Deus! Toda a humanidade encontra abrigo à sombra de tuas asas. Tu os alimentas com a fartura de tua casa e deixas que bebam de teu rio de delícias. Pois és a fonte de vida, a luz pela qual vemos. Derrama teu amor sobre os que te conhecem, concede justiça aos sinceros de coração. Não permitas que os arrogantes me pisoteiem, nem que os perversos me empurrem. Vejam! Caíram os que praticam o mal! Foram derrubados e nunca mais se levantarão. Não se preocupe com os perversos, nem tenha inveja dos que praticam o mal. Pois, como o capim, logo secarão e, como a grama verde, logo murcharão. Confie no S enhor e faça o bem, e você viverá seguro na terra e prosperará. Busque no S enhor a sua alegria, e ele lhe dará os desejos de seu coração. Entregue seu caminho ao S enhor; confie nele, e ele o ajudará. Tornará sua inocência radiante como o amanhecer, e a justiça de sua causa, como o sol do meio-dia. Aquiete-se na presença do S enhor, espere nele com paciência. Não se preocupe com o perverso que prospera, nem se aborreça com seus planos maldosos. Deixe a ira de lado! Não se enfureça! Não perca a calma; isso só lhe trará prejuízo. Pois os perversos serão destruídos, mas os que confiam no S enhor possuirão a terra. Em breve, o perverso desaparecerá; ainda que o procure, não o encontrará. Os humildes possuirão a terra e viverão em paz e prosperidade. O perverso trama contra o justo; rosna e lhe mostra os dentes. Mas o Senhor ri, pois vê que o dia do julgamento se aproxima. Os perversos puxam suas espadas e preparam seus arcos, para matar o pobre e o oprimido, para massacrar os que são corretos. Suas espadas, porém, lhes atravessarão o próprio coração, e seus arcos serão quebrados. Melhor ser justo e ter pouco que ser perverso e rico. Pois a força dos perversos será despedaçada, mas o S enhor sustenta os justos. A cada dia, o S enhor cuida dos íntegros; eles receberão uma herança que dura para sempre. Em tempos de calamidade, não serão envergonhados; mesmo em dias de fome, terão mais que o suficiente. Os perversos, contudo, morrerão; os inimigos do S enhor são como flores do campo e desaparecerão como fumaça. O perverso toma emprestado e nunca paga, mas o justo dá com generosidade. Aqueles a quem o S enhor abençoa possuirão a terra, mas aqueles a quem amaldiçoa serão destruídos. O S enhor dirige os passos do justo; ele se agrada de quem anda em seu caminho. Ainda que tropece, não cairá, pois o S enhor o segura pela mão. Fui jovem e agora sou velho, mas nunca vi o justo ser abandonado, nem seus filhos mendigarem pão. O justo é generoso e empresta de boa vontade, e seus filhos são uma bênção. Afaste-se do mal e faça o bem, e você viverá na terra para sempre. Pois o S enhor ama a justiça e jamais abandonará seu povo fiel. Ele sempre os protegerá, mas os filhos dos perversos serão destruídos. Os justos possuirão a terra e nela habitarão para sempre. O justo oferece conselhos sábios e ensina o que é certo. Guarda no coração a lei de Deus, por isso seus passos são firmes. O perverso fica à espreita do justo e procura matá-lo. O S enhor, porém, não deixará que o perverso tenha sucesso, nem condenará o justo quando ele for julgado. Ponha sua esperança no S enhor e ande com firmeza pelo caminho dele. Ele o honrará e lhe dará a terra, e você verá os perversos serem destruídos. Vi pessoas más e cruéis florescerem como árvores em solo nativo. Mas, quando voltei a olhar, tinham desaparecido; procurei por elas, mas não as encontrei. Observe os que são íntegros e justos; um futuro maravilhoso espera os que amam a paz. Os rebeldes, porém, serão destruídos de uma só vez; não têm futuro algum. O S enhor salva os justos; ele é sua fortaleza em tempos de aflição. O S enhor os socorre e os livra dos perversos. Ele os salva, porque nele se refugiam. Ó S enhor, não me repreendas em tua ira, nem me disciplines em tua fúria! Tuas flechas se cravam fundo em mim, e o peso de tua mão me esmaga. Por causa de tua ira, todo o meu corpo adoece; minha saúde está arruinada, por causa de meu pecado. Minha culpa me sufoca; é um fardo pesado e insuportável. Minhas feridas infeccionaram e cheiram mal, por causa de minha insensatez. Estou encurvado e atormentado; entristecido, ando o dia todo de um lado para o outro. Meu corpo arde em febre, minha saúde está arruinada. Estou exausto e abatido; meus gemidos vêm de um coração angustiado. Tu conheces meus desejos, Senhor, e ouves cada um de meus suspiros. Meu coração bate depressa, minhas forças se esvaem, e a luz de meus olhos se apaga. Amigos e conhecidos se afastam de mim, por causa de minha doença, e até minha família se mantém distante. Meus inimigos preparam armadilhas para me matar; os que desejam meu mal tramam para me arruinar e passam o dia planejando sua traição. Eu, porém, me faço de surdo para suas ameaças; como mudo, permaneço calado diante deles. Escolhi nada ouvir e nada responder. Pois espero por ti, ó S enhor; responde por mim, Senhor, meu Deus. Orei: “Não deixes que meus inimigos zombem de mim, nem que se divirtam com minha queda”. Estou à beira de um colapso; enfrento dor constante. Confesso, porém, minha culpa; sinto profundo lamento do que fiz. Meus inimigos são muitos e fortes; eles me odeiam sem razão. Pagam o bem com o mal e opõem-se a mim porque procuro o bem. Não me abandones, S enhor; não permaneças distante, meu Deus. Vem depressa me ajudar, ó Senhor, meu salvador! Disse comigo: “Tomarei cuidado com o que faço e não pecarei no que digo. Ficarei calado enquanto o perverso estiver por perto”. Mas, enquanto eu estava em silêncio, sem falar sequer de coisas boas, a angústia cresceu dentro de mim. Quanto mais eu pensava, mais ardia meu coração; então, decidi falar: “Mostra-me, S enhor, como é breve meu tempo na terra; mostra-me que meus dias estão contados e que minha vida é passageira. A vida que me deste não é mais longa que alguns palmos, e diante de ti toda a minha existência não passa de um momento; na verdade, o ser humano não passa de um sopro”. Somos apenas sombras que se movem, e nossas inquietações não dão em nada. Acumulamos riquezas sem saber quem as gastará. Agora, Senhor, o que devo esperar? És minha única esperança. Livra-me de minha rebeldia e não permitas que os tolos zombem de mim. Estou calado; não direi uma só palavra, pois minha punição vem de ti. Mas, por favor, para de me castigar; os golpes de tua mão me reduzem a nada! Quando nos disciplinas por nossos pecados, consomes como a traça o que nos é mais precioso; o ser humano não passa de um sopro. Ouve minha oração, S enhor! Escuta meus clamores por socorro! Não ignores minhas lágrimas, pois sou como estrangeiro diante de ti, um viajante que está só de passagem, como eram meus antepassados. Desvia de mim o olhar, para que eu volte a sorrir, antes que eu me vá e deixe de existir. Esperei com paciência pelo S enhor; ele se voltou para mim e ouviu meu clamor. Tirou-me de um poço de desespero, de um atoleiro de lama. Pôs meus pés sobre uma rocha e firmou meus passos. Deu-me um novo cântico para entoar, um hino de louvor a nosso Deus. Muitos verão o que ele fez, temerão e confiarão no S enhor. Como é feliz o que confia no S enhor, que não depende dos arrogantes, nem dos que se desviam para a mentira! S enhor, meu Deus, tu nos fizeste muitas maravilhas, e teus planos para nós são tantos que não se pode contá-los; não há ninguém igual a ti. Se eu tentasse relatar todos os teus feitos, jamais chegaria ao fim. Não tens prazer em ofertas nem em sacrifícios; agora que me fizeste ouvir, compreendo: tu não exiges holocaustos nem ofertas pelo pecado. Então eu disse: “Aqui estou, conforme está escrito a meu respeito no livro. Tenho prazer em fazer tua vontade, meu Deus, pois a tua lei está em meu coração”. Anunciei a tua justiça a toda a comunidade; não tive medo de falar, como bem sabes, ó S enhor. Não escondi em meu coração a tua justiça; falei de tua fidelidade e de tua salvação. Proclamei a toda a comunidade o teu amor e a tua verdade. S enhor, não retenhas de mim a tua compaixão; que o teu amor e a tua verdade sempre me protejam. Pois as dificuldades me cercam; são tantas que não se pode contá-las. Meus pecados se acumularam de tal modo que não consigo enxergar saída. São mais numerosos que os cabelos de minha cabeça; por isso, perdi todo o ânimo. Por favor, S enhor, livra-me! Vem depressa, S enhor, e ajuda-me! Sejam envergonhados e humilhados os que procuram me matar. Voltem atrás em desonra os que se alegram com a minha desgraça. Recuem horrorizados com a própria vergonha, pois disseram: “Ah! Agora o pegamos!”. Alegrem-se e exultem, porém, todos que te buscam. Todos que amam tua salvação, digam sempre: “Grande é o S enhor!”. Quanto a mim, pobre e aflito, que o Senhor me mantenha em seus pensamentos. Tu és meu auxílio e minha salvação; ó meu Deus, não te demores! Como é feliz aquele que se importa com o pobre! Em tempos de aflição, o S enhor o livra. O S enhor o protege e lhe conserva a vida. Ele o faz prosperar na terra e o livra de seus inimigos. O S enhor cuida dele quando fica doente e lhe restaura a saúde. Orei: “Ó S enhor, tem misericórdia de mim! Cura-me, pois pequei contra ti!”. Meus inimigos, porém, só falam mal de mim: “Quando ele morrerá e será esquecido?”. Visitam-me como se fossem meus amigos, mas todo o tempo reúnem calúnias contra mim e depois as espalham por aí. Todos que me odeiam falam de mim em sussurros e imaginam o pior. “Ele está com uma doença mortal”, dizem, “nunca mais se levantará da cama!” Até meu melhor amigo, em quem eu confiava e com quem repartia meu pão, voltou-se contra mim. S enhor, tem misericórdia de mim! Devolve-me a saúde, para que eu lhes dê o que merecem. Sei que te agradas de mim, pois não deixaste que meus inimigos triunfassem. Preservaste minha vida porque sou inocente e trouxeste-me à tua presença para sempre. Louvado seja o S enhor, o Deus de Israel, de eternidade a eternidade. Amém e amém! Como a corça anseia pelas correntes de água, assim minha alma anseia por ti, ó Deus. Tenho sede de Deus, do Deus vivo; quando poderei estar na presença dele? Dia e noite, as lágrimas têm sido meu alimento, enquanto zombam de mim o tempo todo, dizendo: “Onde está o seu Deus?”. Meu coração se enche de tristeza, pois me lembro de como eu andava com a multidão de adoradores, à frente do cortejo que subia até a casa de Deus, cantando de alegria e dando graças, em meio aos sons de uma grande festa. Por que você está tão abatida, ó minha alma? Por que está tão triste? Espere em Deus! Ainda voltarei a louvá-lo, meu Salvador e meu Deus! Agora estou profundamente abatido, mas me lembro de ti, desde o distante monte Hermom, onde nasce o Jordão, desde a terra do monte Mizar. Ouço o tumulto do mar revolto, enquanto suas ondas e correntezas passam sobre mim. Durante o dia, porém, o S enhor me derrama seu amor, e à noite entoo seus cânticos e faço orações ao Deus que me dá vida. Clamo: “Ó Deus, minha rocha, por que te esqueceste de mim? Por que tenho de andar entristecido, oprimido por meus inimigos?”. Os insultos deles me quebram os ossos; zombam de mim o tempo todo, dizendo: “Onde está o seu Deus?”. Por que você está tão abatida, ó minha alma? Por que está tão triste? Espere em Deus! Ainda voltarei a louvá-lo, meu Salvador e meu Deus! Declara-me inocente, ó Deus! Defende-me desse povo mau, livra-me dos falsos e injustos. Pois tu és minha fortaleza, ó Deus; por que me rejeitaste? Por que tenho de andar entristecido, oprimido por meus inimigos? Envia a tua luz e a tua verdade, para que me guiem. Que elas me conduzam ao teu santo monte, ao lugar onde habitas. Ali, irei ao altar de Deus, a Deus, fonte de toda a minha alegria. Eu te louvarei com minha harpa, ó Deus, meu Deus! Por que você está tão abatida, ó minha alma? Por que está tão triste? Espere em Deus! Ainda voltarei a louvá-lo, meu Salvador e meu Deus! Ó Deus, ouvimos com os próprios ouvidos; nossos antepassados nos contaram tudo que fizeste em seus dias, muito tempo atrás. Com teu poder, expulsaste as nações e estabeleceste teu povo na terra. Esmagaste os povos inimigos e libertaste nossos antepassados. Não foi por suas espadas que eles conquistaram a terra, não foi pela força de seus braços que alcançaram vitória. Foi pela tua mão direita e pelo teu braço forte, pela luz intensa do teu rosto; foi por causa do teu amor por eles. Tu és meu Rei e meu Deus; decretas vitórias para Israel. Com teu poder, afastamos nossos inimigos; em teu nome, pisoteamos nossos adversários. Não confio em meu arco, não conto com minha espada para me salvar. Tu nos concedes vitória sobre nossos inimigos e envergonhas os que nos odeiam. Ó Deus, o dia todo te damos glória e louvamos teu nome para sempre. Agora, porém, tu nos rejeitaste e nos envergonhaste; já não conduzes nossos exércitos para as batalhas. Tu nos fazes bater em retirada diante de nossos inimigos e permites que sejamos saqueados por aqueles que nos odeiam. Entregaste-nos como ovelhas para o matadouro e espalhaste-nos entre as nações. Vendeste teu povo precioso por uma ninharia e não tiveste lucro com a venda. Permitiste que as nações vizinhas zombassem de nós; somos objeto de desprezo e ridículo para os que nos rodeiam. Fizeste de nós motivo de riso entre as nações; com desdém, balançam a cabeça para nós. Não há como escapar da humilhação constante; temos o rosto coberto de vergonha. Não ouvimos outra coisa, senão os insultos dos que zombam de nós. Não vemos outra coisa, senão os inimigos que desejam vingança. Tudo isso aconteceu sem que nos esquecêssemos de ti, sem que fôssemos infiéis à tua aliança. Nosso coração não te abandonou, não desviamos os pés de teu caminho. Tu, porém, nos esmagaste no deserto, onde vivem os chacais, e nos cobriste de escuridão e morte. Se tivéssemos nos esquecido do nome de nosso Deus, ou estendido as mãos em oração a deuses estrangeiros, Deus com certeza saberia, pois ele conhece os segredos de cada coração. Mas, por causa de ti, enfrentamos a morte todos os dias; somos como ovelhas levadas para o matadouro. Desperta, Senhor! Por que dormes? Levanta-te! Não nos rejeites para sempre! Por que escondes o rosto de nós? Por que te esqueces de nosso sofrimento e opressão? Desfalecemos no pó, caídos com o corpo no chão. Levanta-te e ajuda-nos! Resgata-nos por causa do teu amor! Lindas palavras comovem meu coração; recitarei um belo poema a respeito do rei, pois minha língua é como a pena de um habilidoso escritor. Tu és o mais belo de todos; palavras graciosas fluem de teus lábios. Sim, Deus te abençoou para sempre. Põe tua espada à cintura, ó poderoso guerreiro; tu és glorioso e majestoso! Em tua majestade, cavalga para a vitória e defende a verdade, a humildade e a justiça; avança e realiza feitos notáveis. Tuas flechas são agudas e atravessam o coração de teus inimigos; as nações caem a teus pés. Teu trono, ó Deus, permanece para todo o sempre; tu governas com cetro de justiça. Amas a justiça e odeias o mal; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu. Derramou sobre ti o óleo da alegria mais que sobre qualquer outro. Mirra, aloés e cássia perfumam tuas roupas; em palácios de marfim, instrumentos de cordas te alegram. Entre as mulheres de tua corte há filhas de reis; à tua direita, está a rainha, usando joias de ouro puro de Ofir. Ouça, ó filha de rei; leve a sério o que digo. Esqueça seu povo e sua família, pois o rei, seu marido, se encanta com sua beleza; honre-o, pois ele é seu senhor. A cidade de Tiro a cobrirá de presentes, os ricos suplicarão por seu favor. A princesa é uma linda noiva, belíssima em seu vestido dourado. Em suas roupas bordadas, é levada até o rei, acompanhada de suas damas de honra. Formam um grupo alegre e festivo que entra no palácio real. Teus filhos serão reis, como o pai deles; tu os farás governantes de muitas terras. Eu darei honra ao teu nome por todas as gerações; por isso, as nações te louvarão para todo o sempre. Deus é nosso refúgio e nossa força, sempre pronto a nos socorrer em tempos de aflição. Portanto, não temeremos quando vierem terremotos e montes desabarem no mar. Que o oceano estrondeie e espumeje! Que os montes estremeçam enquanto as águas se elevam! Um rio e seus canais alegram a cidade de nosso Deus, o santo lugar do Altíssimo. Deus habita nessa cidade, e ela não será destruída; desde o amanhecer, Deus a protegerá. As nações estão em confusão, e seus reinos desmoronam. A voz de Deus troveja, e a terra se dissolve. O S enhor dos Exércitos está entre nós; o Deus de Jacó é nossa fortaleza. Venham, contemplem as gloriosas obras do S enhor! Vejam como ele traz destruição sobre o mundo! Acaba com as guerras em toda a terra, quebra o arco e parte ao meio a lança, e destrói os escudos com fogo. “Aquietem-se e saibam que eu sou Deus! Serei honrado entre todas as nações; serei honrado no mundo inteiro.” O S enhor dos Exércitos está entre nós; o Deus de Jacó é nossa fortaleza. Batam palmas, todos os povos! Celebrem a Deus em alta voz! Pois o S enhor Altíssimo é temível; é o grande Rei de toda a terra. Ele derrota os povos diante de nós e põe as nações sob nossos pés. Escolheu para nós uma terra como herança, o orgulho dos descendentes de Jacó, a quem ele ama. Deus subiu em meio a gritos de alegria; o S enhor se elevou ao forte som de trombetas. Cantem louvores a Deus, cantem louvores, cantem louvores ao nosso Rei, cantem louvores! Pois Deus é o Rei de toda a terra; louvem-no com um salmo. Deus reina sobre as nações, sentado em seu santo trono. Os governantes do mundo se juntaram ao povo do Deus de Abraão. Pois todos os reis da terra pertencem a Deus; ele é grandemente exaltado em toda parte. Grande é o S enhor e muito digno de louvor, na cidade de nosso Deus, em seu santo monte. O monte Sião, o santo monte, é alto e magnífico; toda a terra se alegra em vê-lo; é a cidade do grande Rei. O próprio Deus está em suas torres e se revela como seu protetor. Os reis da terra uniram forças e avançaram contra a cidade. Mas, quando a viram, ficaram espantados e fugiram aterrorizados. Foram tomados de medo e se contorceram de dores, como a mulher no parto. Tu os destruíste como os navios de Társis, despedaçados por um forte vento do leste. Tínhamos ouvido falar da glória da cidade, mas agora a vimos com os próprios olhos, a cidade do S enhor dos Exércitos. É a cidade de nosso Deus, que a manterá segura para sempre. Ó Deus, em teu amor meditamos enquanto adoramos em teu templo. Como teu nome merece, ó Deus, serás louvado até os confins da terra; tua forte mão direita está cheia de vitória. Alegre-se o povo no monte Sião! Todas as cidades de Judá exultem por causa de teus decretos! Percorram a cidade de Sião, vão e contem suas muitas torres. Observem os muros fortificados e caminhem por todas as cidadelas, para que possam descrevê-las às gerações futuras. Pois assim é nosso Deus; ele é nosso Deus para todo o sempre e nos guiará até o dia de nossa morte. Ouçam isto, todos os povos! Escutem, todos os habitantes da terra! Toda a humanidade, sem exceção, tanto ricos como pobres, prestem atenção! Pois minhas palavras são sábias, e meus pensamentos, cheios de entendimento. Ouço muitos provérbios com atenção e, ao som da harpa, explico enigmas. Por que terei medo quando vierem as dificuldades, quando inimigos perversos me cercarem? Eles confiam em seus bens e contam vantagem de suas grandes riquezas. Mas não são capazes de se redimir da morte e pagar um resgate a Deus. O preço para resgatar uma vida é altíssimo, e ninguém é capaz de pagar o suficiente para viver para sempre e jamais ver a sepultura. Os sábios, no fim, morrerão, como os tolos e os ignorantes, que deixam toda a sua riqueza para trás. A sepultura é seu lar eterno, onde ficarão para sempre. Dão o próprio nome às suas terras, mas a sua fama não durará; como os animais, eles também morrerão. Esse é o destino dos tolos, embora sejam admirados pelo que dizem. Como ovelhas, são levados à sepultura, onde a morte será seu pastor. Pela manhã, os justos governarão sobre eles; seus corpos apodrecerão na sepultura, longe de suas grandes propriedades. Quanto a mim, Deus resgatará minha vida e me livrará do poder da sepultura. Portanto, não desanimem quando o perverso enriquecer e sua casa se tornar ainda mais luxuosa. Pois, quando morrer, nada levará consigo; sua riqueza não o acompanhará ao túmulo. Nesta vida, ele se considera afortunado e é elogiado por seu sucesso. Contudo, morrerá como todos os seus antepassados e nunca mais voltará a ver a luz do dia. Os que contam vantagem de suas riquezas nada entendem; como os animais, também morrerão. O S enhor, o Deus Poderoso, falou; convocou toda a humanidade, desde onde o sol nasce até onde se põe. Do monte Sião, lugar de perfeita beleza, Deus resplandece. Nosso Deus se aproxima e não está em silêncio. Fogo devora tudo em seu caminho, e ao seu redor há uma grande tempestade. Ele convoca os céus em cima e a terra embaixo, para testemunharem o julgamento de seu povo. “Tragam aqui os que me são fiéis, os que fizeram comigo uma aliança de oferta de sacrifícios.” Então, que os céus proclamem sua justiça, pois o próprio Deus será o juiz. “Ó meu povo, ouça o que direi, estas são minhas acusações contra você, ó Israel: Eu sou Deus, o seu Deus! Não o reprovo por seus sacrifícios, nem pelos holocaustos que sempre oferecem. Não preciso, contudo, dos novilhos de seus estábulos, nem dos bodes de seus currais. Pois são meus todos os animais dos bosques, e sou dono do gado nos milhares de colinas. Conheço cada pássaro dos montes, e todos os animais dos campos me pertencem. Se eu tivesse fome, não lhes diria, pois meu é o mundo inteiro e tudo que nele há. Acaso como a carne de touros ou bebo o sangue de bodes? Ofereçam a Deus seu sacrifício de gratidão e cumpram os votos que fizerem ao Altíssimo. Então clamem a mim em tempos de aflição; eu os livrarei, e vocês me darão glória.” Ao perverso, porém, Deus diz: “De que adianta recitar meus decretos e falar a respeito de minha aliança? Pois você recusa minha disciplina e trata minhas palavras como lixo. Quando vê ladrões, aprova o que fazem e passa seu tempo com adúlteros. Sua boca está cheia de maldade, e sua língua, repleta de mentiras. Vive a caluniar seu irmão, filho de sua própria mãe. Enquanto você assim agia, permaneci calado, e você pensou que éramos iguais. Agora, porém, o repreenderei; contra você apresentarei minhas acusações. Pensem bem e arrependam-se todos vocês que de mim se esquecem; caso contrário, eu os despedaçarei e ninguém os ajudará. A gratidão, porém, é um sacrifício que de fato me honra; se permanecerem em meus caminhos, eu lhes revelarei a salvação de Deus”. Tem misericórdia de mim, ó Deus, por causa do teu amor. Por causa da tua grande compaixão, apaga as manchas de minha rebeldia. Lava-me de toda a minha culpa, purifica-me do meu pecado. Pois reconheço minha rebeldia; meu pecado me persegue todo o tempo. Pequei contra ti, somente contra ti; fiz o que é mau aos teus olhos. Por isso, tens razão no que dizes, e é justo teu julgamento contra mim. Pois sou pecador desde que nasci, sim, desde que minha mãe me concebeu. Tu, porém, desejas a verdade no íntimo e no coração me mostras a sabedoria. Purifica-me de minha impureza, e ficarei limpo; lava-me, e ficarei mais branco que a neve. Devolve-me a alegria e a felicidade! Tu me quebraste; agora, permite que eu exulte outra vez. Não continues a olhar para meus pecados; remove as manchas de minha culpa. Cria em mim, ó Deus, um coração puro; renova dentro de mim um espírito firme. Não me expulses de tua presença e não retires de mim teu Santo Espírito. Restaura em mim a alegria de tua salvação e torna-me disposto a te obedecer. Então ensinarei teus caminhos aos rebeldes, e eles voltarão a ti. Perdoa-me por ter derramado sangue, ó Deus de minha salvação; então, com alegria, anunciarei tua justiça. Abre meus lábios, Senhor, para que minha boca te louve. Tu não desejas sacrifícios, do contrário eu os ofereceria; também não queres holocaustos. O sacrifício que desejas é um espírito quebrantado; não rejeitarás um coração humilde e arrependido. Olha com favor para Sião e ajuda-a; reconstrói os muros de Jerusalém. Então te agradarás dos sacrifícios de justiça, dos holocaustos e das ofertas queimadas; e sobre teu altar novilhos voltarão a ser sacrificados. Por que conta vantagem de seus crimes, grande guerreiro? Não sabe que o amor de Deus dura para sempre? O dia todo você trama destruição; sua língua mentirosa corta como navalha afiada. Ama o mal mais que o bem e fala mais mentiras que verdades. Você gosta de destruir os outros com suas palavras, seu mentiroso! Por isso, Deus o destruirá de uma vez por todas; ele o tirará de sua casa e o arrancará da terra dos vivos. Os justos verão isso e temerão; rirão de você e dirão: “Vejam o que acontece aos poderosos guerreiros que não fazem de Deus sua fortaleza! Confiam em suas muitas riquezas e se refugiam em sua maldade”. Eu, porém, sou como a oliveira que floresce na casa de Deus; sempre confiarei no amor de Deus. Eu te louvarei para sempre, ó Deus, por aquilo que fizeste. Confiarei em teu bom nome, na presença de teu povo fiel. Os tolos dizem em seu coração: “Não há Deus”. São corruptos e praticam o mal; nenhum deles faz o bem. Deus olha dos céus para toda a humanidade, para ver se alguém é sábio, se alguém busca a Deus. Todos, porém, se desviaram; todos se corromperam. Ninguém faz o bem, nem um sequer! Acaso os que praticam o mal jamais aprenderão? Devoram meu povo como se fosse pão e nem pensam em orar a Deus. Grande terror se apoderará deles, terror como nunca experimentaram. Deus espalhará os ossos dos que atacam seu povo; serão humilhados, pois Deus os rejeitou. Quem virá do monte Sião para salvar Israel? Quando Deus restaurar seu povo, Jacó dará gritos de alegria, e Israel exultará. Vem com a força do teu nome, ó Deus, e salva-me! Defende-me com teu grande poder. Ouve minha oração, ó Deus; escuta minha súplica. Pois desconhecidos me atacam, pessoas violentas tentam me matar; eles não se importam com Deus. Deus, porém, é meu auxílio; o Senhor me mantém com vida. Que as tramas perversas de meus inimigos se voltem contra eles; destrói-os, como prometeste. Oferecerei a ti um sacrifício voluntário; louvarei teu nome, ó S enhor, porque és bom. Pois me livraste de minhas aflições e me ajudaste a vencer meus inimigos. Ouve minha oração, ó Deus! Não ignores meu clamor por socorro! Ouve-me e responde-me, pois estou sobrecarregado e confuso. Meus inimigos gritam contra mim e fazem ameaças perversas. Sobre mim trazem desgraças e me perseguem furiosamente. Dentro do peito, meu coração acelera; o terror da morte se apodera de mim. Sou tomado de medo e pânico, e não consigo parar de tremer. Quem dera eu tivesse asas como a pomba; voaria para longe e encontraria descanso. Sim, fugiria para bem longe, para o sossego do deserto. Sim, eu me apressaria em escapar para um lugar distante do vendaval e da tempestade. Confunde-os, Senhor, e frustra seus planos, pois vejo violência e conflito na cidade. Dia e noite os muros são guardados de invasores, mas a perversidade e a maldade estão do lado de dentro. Tudo está desmoronando; ameaça e engano correm soltos pelas ruas. Não é meu inimigo que me insulta; se fosse, eu poderia suportar. Não são meus adversários que se levantam contra mim; deles eu poderia me esconder. Antes, é você, meu igual, meu companheiro e amigo chegado. Como era agradável a comunhão que desfrutávamos quando acompanhávamos a multidão à casa de Deus! Que a morte apanhe meus inimigos de surpresa; que desçam vivos à sepultura, pois a maldade mora dentro deles. Eu, porém, invocarei a Deus, e o S enhor me livrará. Pela manhã, ao meio-dia e à noite, clamo angustiado, e ele ouve minha voz. Ele me resgata e me mantém a salvo na batalha, embora muitos ainda estejam contra mim. Deus, que governa desde a eternidade, me ouvirá e lhes dará o que merecem. Pois meus inimigos não querem mudar sua conduta; eles não temem a Deus. Quanto a meu companheiro, ele traiu seus amigos e não cumpriu suas promessas. Sua fala é macia como manteiga, mas em seu coração há guerra. Suas palavras são suaves como azeite, mas na verdade são punhais. Entregue suas aflições ao S enhor, e ele cuidará de você; jamais permitirá que o justo tropece e caia. Tu, porém, ó Deus, lançarás os perversos no abismo de destruição. Assassinos e mentirosos morrerão ainda jovens, mas eu sempre confiarei em ti. Ó Deus, tem misericórdia de mim, pois sofro perseguição; meus inimigos me atacam o dia todo. Vivo perseguido por aqueles que me caluniam, e muitos me atacam abertamente. Quando eu tiver medo, porém, confiarei em ti. Louvo a Deus por suas promessas, confio em Deus e não temerei; o que me podem fazer os simples mortais? Sempre distorcem o que digo e passam dias tramando me prejudicar. Reúnem-se para me espionar e vigiam meus passos, ansiosos para me matar. Castiga-os por sua maldade; ó Deus, derruba-os em tua ira. Conheces bem todas as minhas angústias; recolheste minhas lágrimas num jarro e em teu livro registraste cada uma delas. Meus inimigos baterão em retirada quando eu clamar a ti; uma coisa sei: Deus está do meu lado! Louvo a Deus por suas promessas, sim, louvo o S enhor por suas promessas. Confio em Deus e não temerei; o que me podem fazer os simples mortais? Cumprirei os votos que fiz a ti, ó Deus, e te oferecerei um sacrifício de gratidão. Pois me livraste da morte; não deixaste que meus pés tropeçassem. Agora, posso andar em tua presença, ó Deus, em tua luz que dá vida. Tem misericórdia de mim, ó Deus, tem misericórdia! Em ti me refugio. À sombra de tuas asas me esconderei, até que passe o perigo. Clamo ao Deus Altíssimo, ao Deus que cumpre seus propósitos para mim. Dos céus ele enviará socorro para me salvar e envergonhará os que me perseguem. Meu Deus enviará seu amor e sua fidelidade! Estou cercado de leões ferozes, ansiosos para devorar suas presas humanas. Seus dentes são como lanças e flechas, e sua língua corta como espada afiada. Sê exaltado, ó Deus, acima dos mais altos céus; que a tua glória brilhe sobre toda a terra! Meus inimigos me prepararam uma armadilha; estou exausto de tanta angústia. Abriram uma cova profunda em meu caminho, mas eles próprios caíram nela. Meu coração está firme em ti, ó Deus, meu coração está firme; por isso canto louvores a ti! Desperte, minha alma! Despertem, lira e harpa! Quero acordar o amanhecer com a minha canção. Eu te darei graças, Senhor, no meio dos povos; cantarei louvores a ti entre as nações. Pois o teu amor se eleva até os céus; a tua fidelidade alcança as nuvens. Sê exaltado, ó Deus, acima dos mais altos céus; que a tua glória brilhe sobre toda a terra! Vocês, governantes, sabem o que significa justiça? Acaso julgam o povo com imparcialidade? De modo algum! Tramam injustiça em seu coração e espalham violência por toda a terra. Os perversos são pecadores desde o ventre materno; mentem e se corrompem desde o nascimento. São venenosos como serpentes, como cobras que se fazem de surdas, para não ouvir a música dos encantadores, ainda que eles toquem com habilidade. Quebra os dentes dos perversos, ó Deus! Despedaça, S enhor, a mandíbula desses leões! Que desapareçam como água em terra sedenta, que se tornem inúteis as armas em suas mãos. Que sejam como a lesma que se desmancha em lodo, como a criança que nasce morta e nunca verá o sol. Deus os eliminará, tanto os jovens como os velhos, mais depressa que um fogo de espinhos esquenta uma panela. O justo se alegrará quando vir a vingança contra a injustiça; no sangue do perverso, lavará os pés. Então, por fim, alguém dirá: “De fato, há recompensa para o justo; com certeza há um Deus que faz justiça na terra”. Livra-me de meus inimigos, ó Deus, protege-me dos que vieram me destruir. Livra-me dos criminosos, salva-me dos assassinos. Armaram uma emboscada para mim; inimigos ferozes estão à minha espera, S enhor, embora eu não tenha pecado nem os tenha ofendido. Sou inocente, mas eles se apressam em me atacar. Desperta! Vê o que está acontecendo e ajuda-me! Ó S enhor, Deus dos Exércitos, Deus de Israel, desperta e castiga as nações; não tenhas misericórdia dos traidores perversos. Eles saem à noite, rosnando como cães ferozes enquanto rondam a cidade. Ouve as coisas imundas que lhes saem da boca; suas palavras cortam como espadas. “Afinal, quem nos ouvirá?”, dizem com desprezo. Mas tu, S enhor, ris deles; zombas das nações. És minha força; em ti espero, pois tu, ó Deus, és minha fortaleza. Em seu amor, meu Deus estará comigo; permitirá que eu triunfe sobre meus inimigos. Não os mates, para que meu povo não se esqueça depressa; dispersa-os com teu poder e derruba-os, ó Senhor, nosso escudo. Pelas coisas pecaminosas que dizem, pelo mal que há em seus lábios, que sejam apanhados em seu orgulho, em suas maldições e mentiras. Destrói-os em tua ira! Extermina-os por completo! Então o mundo todo saberá que Deus reina em Israel. Eles saem à noite, rosnando como cães ferozes enquanto rondam a cidade. Andam à procura de alimento, mas vão dormir insatisfeitos. Eu, porém, cantarei sobre o teu poder; cada manhã, cantarei com alegria sobre o teu amor. Pois tu tens sido minha fortaleza, lugar seguro em minha aflição. Ó minha Força, a ti canto louvores, pois tu, ó Deus, és minha fortaleza, o Deus que mostra amor por mim. Tu nos rejeitaste, ó Deus, e quebraste nossas defesas; sobre nós derramaste tua ira; agora, restaura-nos. Sacudiste nossa terra e nela abriste fendas; repara as brechas, pois a terra estremece. Foste muito severo conosco, teu povo, e nos fizeste beber vinho que nos deixou atordoados. Contudo, levantaste uma bandeira para os que te temem, um ponto de abrigo em meio ao ataque. Agora, livra teu povo amado; responde-nos e salva-nos por teu poder. Deus, em seu santuário, prometeu: “Com alegria dividirei Siquém e medirei o vale de Sucote. Gileade é minha, e também Manassés; Efraim é meu capacete, e Judá, meu cetro. Moabe é minha bacia de lavar; sobre Edom limparei os pés e darei um grito de triunfo sobre a Filístia”. Quem me levará à cidade fortificada? Quem me guiará até Edom? Acaso nos rejeitaste, ó Deus? Não marcharás mais com nossos exércitos? Ajuda-nos contra nossos inimigos, pois todo socorro humano é inútil. Com o auxílio de Deus, realizaremos grandes feitos, pois ele pisará os nossos inimigos. Ó Deus, ouve meu clamor! Escuta minha oração! Dos confins da terra clamo a ti, com meu coração sobrecarregado. Leva-me à rocha alta e segura, pois és meu refúgio e minha fortaleza, onde meus inimigos não me alcançarão. Permite-me viver para sempre em teu santuário, seguro sob o abrigo de tuas asas! Pois ouviste meus votos, ó Deus, e me deste a bênção reservada para os que temem teu nome. Acrescenta muitos anos à vida do rei! Que ele viva por muitas gerações! Que ele reine na presença de Deus para sempre, e que o teu amor e a tua fidelidade o guardem. Então cantarei para sempre louvores ao teu nome, enquanto cumpro meus votos a cada dia. Em silêncio diante de Deus, minha alma espera, pois dele vem minha vitória. Somente ele é minha rocha e minha salvação, minha fortaleza onde jamais serei abalado. São tantos os inimigos contra um só homem; todos tentam me matar. Para eles, não passo de um muro inclinado ou uma cerca prestes a cair. Planejam me derrubar de minha posição elevada; têm prazer em contar mentiras. Diante de mim, me elogiam; em seu coração, porém, me amaldiçoam. Que minha alma espere em silêncio diante de Deus, pois nele está minha esperança. Somente ele é minha rocha e minha salvação, minha fortaleza onde não serei abalado. Minha vitória e minha honra vêm somente de Deus; ele é meu refúgio, uma rocha segura. Ó meu povo, confie nele em todo tempo; derrame o coração diante dele, pois Deus é nosso refúgio. As pessoas são vazias e enganosas, como uma rajada de vento. Se fosse colocada numa balança, toda a humanidade pesaria menos que um sopro. Não ganhem a vida por meio da extorsão, nem ponham sua esperança em coisas roubadas. Se suas riquezas aumentarem, não façam delas o centro de sua vida. Deus falou claramente, e eu ouvi várias vezes: O poder, ó Deus, pertence a ti; o amor, Senhor, é teu. Certamente retribuirás a cada um conforme suas ações. Ó Deus, tu és meu Deus; eu te busco de todo o coração. Minha alma tem sede de ti; todo o meu corpo anseia por ti nesta terra seca, exausta e sem água. Eu te vi em teu santuário e contemplei teu poder e tua glória. Teu amor é melhor que a própria vida; com meus lábios te louvarei. Sim, te louvarei enquanto viver; a ti em oração levantarei as mãos. Tu me satisfazes mais que um rico banquete; com cânticos de alegria te louvarei. Quando me deito, fico acordado pensando em ti, meditando a teu respeito a noite toda. Pois tu és meu auxílio; à sombra de tuas asas canto de alegria. Minha alma se apega a ti; tua forte mão direita me sustenta. Aqueles, porém, que tramam me destruir descerão às profundezas da terra. Morrerão pela espada e servirão de comida para os chacais. O rei, contudo, se alegrará em Deus; todos que juraram falar a verdade o louvarão, mas os mentirosos serão calados. Ó Deus, ouve minha queixa; protege-me das ameaças de meus inimigos. Esconde-me das tramas dessa multidão perversa, do tumulto dos que praticam o mal. Eles afiam a língua como espada e apontam palavras amargas como flechas. De emboscadas, atiram nos inocentes; atacam de repente, sem medo algum. Animam uns aos outros a fazer o mal e planejam como preparar armadilhas em segredo. “Quem nos verá?”, perguntam. Enquanto tramam seus crimes, dizem: “Criamos o plano perfeito!”. Sim, o coração e a mente do ser humano são astutos. Deus, porém, os atingirá com suas flechas e repentinamente os derrubará. A própria língua os levará à ruína, e todos que os virem balançarão a cabeça em desprezo. Quando isso acontecer, todos temerão; proclamarão as obras de Deus e entenderão o que ele faz. Os justos se alegrarão no S enhor e nele encontrarão refúgio, e os que têm coração íntegro o louvarão. Que grande louvor, ó Deus, te aguarda em Sião! Cumpriremos os votos que te fizemos, pois respondes às nossas orações; todos virão a ti. Embora sejam muitos os nossos pecados, tu perdoas nossa rebeldia. Como é feliz aquele que tu escolhes para se aproximar de ti, aquele que vive em teus pátios. Quantas coisas boas nos saciarão em tua casa, em teu santo templo. Tu respondes às nossas orações com notáveis feitos de justiça, ó Deus de nossa salvação. És a esperança de todos na terra, e até dos que navegam por mares distantes. Formaste os montes com teu poder e de grande força te armaste. Acalmaste a fúria dos mares e as ondas impetuosas, e calaste o tumulto das nações. Os habitantes dos confins da terra se admiram com tuas maravilhas. Desde onde o sol nasce até onde se põe, despertas gritos de alegria. Cuidas da terra e a regas, tornando-a rica e fértil. O rio de Deus tem muita água; proporciona fartura de cereais, porque assim ordenaste. Encharcas o solo arado, dissolves os torrões e nivelas os sulcos. Amoleces a terra com chuvas e abençoas suas plantações. Coroas o ano com boas colheitas; tuas pegadas deixam um rastro de fartura. Os pastos no deserto ficam verdes, e as encostas dos montes florescem de alegria. Os campos estão cobertos de rebanhos, e os vales, forrados de cereais; toda a terra grita e canta de alegria! Aclamem a Deus, todos os habitantes da terra! Cantem a glória de seu nome, anunciem ao mundo quão glorioso ele é. Digam a Deus: “Como são notáveis os teus feitos! Teus inimigos rastejam diante do teu grande poder. Tudo que há na terra te adorará; cantará louvores a ti e anunciará teu nome em cânticos”. Venham e vejam as obras de Deus! Que feitos notáveis ele realiza em favor das pessoas! Abriu um caminho seco pelo meio do mar, e seu povo atravessou a pé; ali nos alegramos nele. Com seu grande poder, ele governa para sempre e vigia cada movimento das nações; que nenhum rebelde se levante contra ele. Que o mundo inteiro celebre nosso Deus e cante louvores a ele em alta voz! Nossa vida está em suas mãos; ele não permite que nossos pés tropecem. Tu nos puseste à prova, ó Deus, e nos purificaste como prata. Tu nos prendeste em tua armadilha e colocaste sobre nossas costas o fardo da opressão. Permitiste que inimigos nos pisoteassem; passamos pelo fogo e pela água, mas tu nos trouxeste a um lugar de grande fartura. Agora venho ao teu templo com holocaustos para cumprir os votos que fiz a ti, sim, os votos sagrados que fiz quando estava em grande aflição. Por isso te apresentarei holocaustos: meus melhores carneiros, como aroma agradável, e um sacrifício de novilhos e cabritos. Venham e ouçam, todos vocês que temem a Deus, e eu lhes contarei o que ele fez por mim. Pois a ele clamei por socorro e o louvei enquanto falava. Se eu não tivesse confessado o pecado em meu coração, o Senhor não teria ouvido. Mas Deus ouviu! Ele atendeu à minha oração. Louvado seja Deus, que não rejeitou minha oração, nem afastou de mim o seu amor. Que Deus seja misericordioso e nos abençoe. Que a luz de seu rosto brilhe sobre nós. Que teus caminhos sejam conhecidos em toda a terra, e tua salvação, entre as nações de toda parte. Que os povos te louvem, ó Deus, sim, que todos os povos te louvem. Que o mundo inteiro cante de alegria, pois governas os povos com justiça e guias as nações de toda a terra. Que os povos te louvem, ó Deus, sim, que todos os povos te louvem. Então a terra dará suas colheitas, e Deus, o nosso Deus, nos abençoará ricamente. Sim, Deus nos abençoará, e todos os habitantes da terra o temerão. Levanta-te, ó Deus, e dispersa teus inimigos; fujam de ti todos que te odeiam. Sopra-os para longe como fumaça e derrete-os como cera no fogo. Que os perversos sejam destruídos na presença de Deus. Que os justos, porém, se alegrem; exultem na presença de Deus e sejam cheios de alegria. Cantem louvores a Deus e a seu nome, exaltem aquele que cavalga sobre as nuvens. Seu nome é S enhor; alegrem-se em sua presença! Pai dos órfãos, defensor das viúvas, esse é Deus, cuja habitação é santa. Deus dá uma família aos que vivem sós; liberta os presos e os faz prosperar. Os rebeldes, porém, ele faz morar em terra árida. Ó Deus, quando conduziste teu povo, quando marchaste através do deserto, a terra tremeu, e o céu derramou chuva, diante de ti, o Deus do Sinai, diante de ti, o Deus de Israel. Enviaste muitas chuvas, ó Deus, para refrescar a terra exausta. Ali teu povo se estabeleceu, e com farta colheita, ó Deus, proveste aos necessitados. O Senhor dá a ordem, e um grande exército traz boas notícias. Reis inimigos e seus exércitos fogem, enquanto as mulheres repartem em casa os despojos. Mesmo os que viviam entre os currais de ovelhas encontraram pombas com asas de prata e penas de ouro. O Todo-poderoso dispersou os reis, como uma tempestade de neve sobre o monte Zalmom. Os montes de Basã são majestosos, com cumes altos que chegam até o céu. Ó montes elevados, por que olham com inveja para o monte Sião, onde Deus escolheu habitar, onde o S enhor habitará para sempre? Cercado de milhares e milhares de carruagens, o Senhor veio do monte Sinai para seu santuário. Quando subiste às alturas, levaste muitos prisioneiros; recebeste dádivas do povo, até mesmo dos que se rebelaram contra ti. Agora o S enhor Deus viverá ali, em nosso meio. Louvado seja o Senhor; louvado seja Deus, nosso salvador! A cada dia ele nos carrega em seus braços. O nosso Deus é Deus que salva! O S enhor Soberano nos livra da morte. Deus esmagará a cabeça de seus inimigos, esmagará o crânio dos que insistem em pecar. O Senhor diz: “De Basã farei descer meus inimigos; das profundezas do mar os farei subir. Você, meu povo, lavará os pés no sangue deles, e até seus cães terão sua porção!”. Já se vê teu cortejo, ó Deus, o cortejo de meu Deus e Rei, entrando no santuário. À frente vão os cantores, atrás vêm os músicos, no meio vêm as moças tocando tamborins. Louvem a Deus, todos vocês, louvem o S enhor, a fonte de vida de Israel. Vejam, à frente vai a pequena tribo de Benjamim; logo atrás vem a grande multidão de governantes de Judá e todos os governantes de Zebulom e Naftali. Manifesta tua força, ó Deus, mostra teu poder divino por nós, como fizeste no passado. Os reis levam tributos ao teu templo, em Jerusalém. Repreende-os, esses animais selvagens à espreita entre os juncos, essa manada de touros no meio de bezerros fracos. Faze-os trazer barras de prata como humilde tributo, dispersa as nações que têm prazer em guerrear. Que o Egito venha com dádivas de metais preciosos, que a Etiópia traga tributos a Deus. Cantem a Deus, reinos da terra, cantem louvores ao Senhor! Cantem àquele que cavalga pelos céus antigos, cuja voz poderosa troveja dos céus. Anunciem a todos o poder de Deus; sua majestade está sobre Israel, sua força é poderosa nos céus. Deus é temível em seu santuário; o Deus de Israel dá poder e força a seu povo. Louvado seja Deus! Salva-me, ó Deus, pois as águas subiram até meu pescoço. Afundo cada vez mais na lama e não tenho onde apoiar os pés. Entrei em águas profundas, e as correntezas me cobrem. Estou exausto de tanto clamar; minha garganta está seca. Meus olhos estão inchados de tanto chorar, à espera de meu Deus. Os que me odeiam sem razão são mais numerosos que os cabelos de minha cabeça. Muitos inimigos tentam me destruir com mentiras; exigem que eu devolva o que não roubei. Ó Deus, tu sabes como sou tolo; é impossível esconder de ti meus pecados. Não permitas que por minha causa sejam envergonhados os que em ti confiam, ó Soberano S enhor dos Exércitos. Não deixes que por minha causa sejam humilhados, ó Deus de Israel. Pois, por tua causa, suporto insultos; meu rosto está coberto de vergonha. Até meus irmãos fingem não me conhecer; tratam-me como um desconhecido. O zelo por tua casa me consome; os insultos dos que te insultam caíram sobre mim. Quando choro e jejuo, eles zombam de mim. Quando visto pano de saco, eles riem de mim. Sou o assunto principal de suas conversas, e os bêbados cantam a meu respeito. Eu, porém, continuo orando a ti, S enhor, na esperança de que, desta vez, mostrarás teu favor. Responde-me, ó Deus, por teu grande amor; salva-me por tua fidelidade. Livra-me do atoleiro, não permitas que eu afunde ainda mais. Salva-me dos que me odeiam, tira-me destas águas profundas. Não deixes que as correntezas me cubram, nem que as águas profundas me engulam, nem que a cova da morte me devore. Responde às minhas orações, ó S enhor, pois o teu amor é bom. Cuida de mim, pois a tua misericórdia é imensa. Não te escondas de teu servo; responde-me sem demora, pois estou aflito. Vem e resgata-me; livra-me de meus inimigos! Tu sabes que sofro zombaria, vergonha e humilhação; vês tudo que meus inimigos fazem. Os insultos deles me partiram o coração; estou desesperado! Se ao menos alguém tivesse piedade de mim; quem dera viessem me consolar. Em vez disso, põem veneno em minha comida; oferecem vinagre para matar minha sede. Que a mesa farta diante deles se transforme em laço, e que sua prosperidade se torne armadilha. Que seus olhos se escureçam para que não vejam, e que seu corpo trema sem parar. Derrama tua fúria sobre eles, consome-os com o ardor de tua ira. Que as casas deles fiquem desoladas, e que não reste ninguém em suas tendas. Pois insultam aquele a quem castigaste, acrescentam dor a quem feriste. Amontoa uns sobre os outros os pecados deles; não permitas que sejam absolvidos. Apaga o nome deles do Livro da Vida; não deixes que sejam incluídos entre os justos. Estou aflito e sofro; socorre-me, ó Deus, com tua salvação! Então louvarei o nome de Deus com cânticos e o exaltarei com ações de graças. Pois isso agrada o S enhor mais que sacrifícios de bois, mais que ofertas de touros com chifres e cascos. Os humildes verão Deus agir e se alegrarão; animem-se todos que buscam socorro em Deus. Pois o S enhor ouve o clamor dos pobres; não despreza seu povo aprisionado. Louvem-no, céus e terra, os mares e tudo que neles se move. Pois Deus salvará Sião e reconstruirá as cidades de Judá. Seu povo viverá ali e em sua própria terra se estabelecerá. Os descendentes dos que o servem herdarão a terra, e os que o amam ali viverão, em segurança. Por favor, Deus, livra-me! Vem depressa, S enhor, e ajuda-me! Sejam envergonhados e humilhados os que procuram me matar. Voltem atrás em desonra os que se alegram com a minha desgraça. Recuem horrorizados com a própria vergonha, pois disseram: “Ah! Agora o pegamos!”. Alegrem-se e exultem, porém, todos que te buscam. Todos que amam tua salvação, digam sempre: “Deus é grande!”. Quanto a mim, pobre e aflito, vem depressa me socorrer, ó Deus. Tu és meu auxílio e minha salvação; ó S enhor, não te demores! Em ti, S enhor, me refugio; não permitas que eu seja envergonhado. Salva-me e resgata-me, pois tu és justo. Inclina teu ouvido para me escutar e livra-me. Sê minha rocha de refúgio, onde sempre posso me esconder. Dá ordem para que eu seja liberto, pois és minha rocha e minha fortaleza. Livra-me, meu Deus, do poder dos perversos, das garras dos opressores cruéis. Só tu, Senhor, és minha esperança; confio em ti, S enhor, desde a infância. Sim, de ti dependo desde meu nascimento; cuidas de mim desde o ventre de minha mãe. Sempre te louvarei! Minha vida é exemplo para muitos, pois tens sido minha força e meu refúgio. Por isso, não deixo de te louvar; o dia todo declaro tua glória. Não me rejeites agora, em minha velhice; não me abandones quando me faltam as forças. Pois meus inimigos falam contra mim; juntos, planejam me matar. Dizem: “Deus o abandonou! Vamos persegui-lo e prendê-lo, pois agora ninguém o livrará”. Ó Deus, não permaneças distante; vem depressa me socorrer, meu Deus. Traz vergonha e destruição sobre meus acusadores, cobre de vergonha e humilhação os que desejam me prejudicar. Eu, porém, continuarei a esperar em ti e te louvarei cada vez mais. Falarei a todos de tua justiça; o dia todo, anunciarei tua salvação, embora não seja habilidoso com as palavras. Louvarei teus feitos poderosos, S enhor Soberano; contarei a todos que somente tu és justo. Ó Deus, desde a infância me tens ensinado, e até hoje anuncio tuas maravilhas. Não me abandones, ó Deus, agora que estou velho, de cabelos brancos. Deixe-me proclamar tua força a esta nova geração, teu poder a todos que vierem depois de mim. Tua justiça, ó Deus, chega até os mais altos céus; tens feito coisas grandiosas. Quem se compara a ti, ó Deus? Permitiste que eu passasse por muito sofrimento, mas ainda restaurarás minha vida e me farás subir das profundezas da terra. Tu me darás ainda mais honra e voltarás a me confortar. Então te louvarei com instrumento de cordas, pois és fiel às tuas promessas, ó meu Deus. Cantarei louvores a ti com a harpa, ó Santo de Israel. Darei gritos de alegria e cantarei louvores a ti, pois tu me resgataste. Anunciarei, o dia todo, teus feitos de justiça, pois foram envergonhados e humilhados todos que tentaram me prejudicar. Dá ao rei tua justiça, ó Deus, e concede retidão ao filho do rei. Ajuda-o a julgar teu povo corretamente; que os pobres sejam tratados com imparcialidade. Que os montes produzam prosperidade para todos, e que as colinas deem muitos frutos. Ajuda-o a defender os pobres dentre o povo, a salvar os filhos dos necessitados e a esmagar seus opressores. Que eles te temam enquanto o sol brilhar, enquanto a lua permanecer no céu; sim, para sempre! Que o governo do rei seja como a chuva sobre a grama recém-cortada, como os aguaceiros que regam a terra. Que todos os justos floresçam durante seu reinado, que haja grande paz até que a lua deixe de existir. Que ele reine de mar a mar, e do rio Eufrates até os confins da terra. Nômades do deserto se curvarão diante dele, seus inimigos lamberão o pó a seus pés. Os reis de Társis e de outras terras distantes lhe pagarão tributos. Os reis de Sabá e de Sebá lhe darão presentes. Todos os reis se curvarão diante dele, e todas as nações o servirão. Ele livrará o pobre que clamar por socorro e ajudará o oprimido indefeso. Ele tem compaixão do fraco e do necessitado e os salvará. Ele os resgatará da opressão e da violência, pois considera preciosa a vida deles. Viva o rei! Que ele receba o ouro de Sabá. Que o povo sempre ore por ele e o abençoe o dia todo. Que haja fartura de cereais em toda a terra, crescendo até o alto dos montes. Que as árvores frutíferas sejam como as do Líbano, e que o povo prospere como grama no campo. Que o nome do rei permaneça para sempre, que dure enquanto o sol brilhar. Que todas as nações sejam abençoadas por meio dele e o louvem. Louvado seja o S enhor Deus, o Deus de Israel, o único que realiza tais maravilhas! Louvado seja seu nome glorioso para sempre! Que sua glória encha toda a terra. Amém e amém! Terminam aqui as orações de Davi, filho de Jessé. Certamente Deus é bom para Israel, para os que têm coração puro. Quanto a mim, quase tropecei; meus pés escorregaram e quase caí. Pois tive inveja dos orgulhosos quando os vi prosperar apesar de sua perversidade. Levam uma vida sem sofrimento e têm o corpo saudável e forte. Não enfrentam dificuldades, nem estão cheios de problemas, como os demais. Ostentam o orgulho como um colar de pedras preciosas e vestem-se de crueldade. Seus olhos cobiçam sempre mais, e o coração vive cheio de más intenções. Zombam e falam somente maldades; em seu orgulho, ameaçam usar de violência. Falam como se fossem donos dos céus, e suas palavras arrogantes percorrem a terra. Por isso, o povo se volta para eles e bebe todas as suas palavras. “O que Deus sabe?”, perguntam. “Acaso o Altíssimo tem conhecimento disso?” Vejam como os perversos desfrutam uma vida tranquila, enquanto suas riquezas se multiplicam. Foi à toa que mantive o coração puro? Foi em vão que agi de modo íntegro? O dia todo só enfrento problemas; cada manhã sou castigado. Se eu tivesse falado como eles, teria traído teu povo. Tentei compreender por que prosperam; que tarefa difícil! Então, entrei em teu santuário, ó Deus, e por fim entendi o destino deles. Tu os puseste num caminho escorregadio e os fizeste cair do precipício para a destruição. São destruídos de repente, completamente tomados de pavor. Quando te levantares, ó Senhor, rirás das ideias tolas deles, como quem ri de um sonho pela manhã. Percebi, então, que meu coração se amargurou e que eu estava despedaçado por dentro. Fui tolo e ignorante; a teus olhos devo ter parecido um animal irracional. E, no entanto, ainda pertenço a ti; tu seguras minha mão direita. Tu me guias com teu conselho e me conduzes a um destino glorioso. Quem mais eu tenho no céu senão a ti? Eu te desejo mais que a qualquer coisa na terra. Minha saúde pode acabar e meu espírito fraquejar, mas Deus continua sendo a força de meu coração; ele é minha possessão para sempre. Os que te abandonam perecerão, pois destróis os que de ti se afastam. Quanto a mim, como é bom estar perto de Deus! Fiz do S enhor Soberano meu refúgio e anunciarei a todos tuas maravilhas. Ó Deus, por que nos rejeitaste por tanto tempo? Por que é tão intensa tua ira contra as ovelhas de teu pasto? Lembra-te de que somos o povo que adquiriste muito tempo atrás, a tribo que resgataste como tua propriedade; lembra-te ainda do monte Sião, a tua habitação. Caminha pelas ruínas assustadoras da cidade; vê como o inimigo destruiu teu santuário. Ali teus inimigos deram gritos de vitória; ali, hastearam suas bandeiras de guerra. Usaram seus machados como lenhadores no bosque. Com machados e picaretas, despedaçaram os painéis entalhados. Incendiaram todo o teu santuário, profanaram o lugar de habitação do teu nome. Pensaram: “Vamos destruir tudo!”, e queimaram todos os lugares de adoração a Deus. Já não vemos teus sinais; não há mais profetas, e ninguém sabe quando isso acabará. Até quando, ó Deus, permitirás que nossos inimigos te insultem? Acaso deixarás que blasfemem teu nome para sempre? Por que reténs tua forte mão direita? Estende-a com poder e destrói-os! Tu, ó Deus, és meu rei desde a antiguidade e trazes salvação à terra. Com tua força, dividiste o mar e despedaçaste as cabeças dos monstros marinhos. Esmagaste as cabeças do Leviatã e o deste como alimento aos animais do deserto. Fizestes jorrar fontes e riachos e secaste rios de águas torrenciais. Tanto o dia como a noite pertencem a ti; criaste a luz das estrelas e o sol. Determinaste os limites da terra e fizeste o verão e o inverno. Vê como os inimigos te insultam, S enhor; uma nação insensata blasfemou teu nome. Não permitas que esses animais selvagens destruam tua pomba; não te esqueças para sempre de teu povo aflito. Lembra-te das promessas da aliança, pois a terra está cheia de escuridão e violência. Não permitas que os oprimidos voltem a ser humilhados; em vez disso, que os pobres e os necessitados louvem teu nome. Levanta-te, ó Deus, e defende tua causa; lembra-te de como esses tolos te insultam o dia todo. Não ignores o que teus inimigos disseram, nem o tumulto que cresce sem parar. Graças te damos, ó Deus! Graças te damos porque estás próximo; em toda parte se fala de tuas maravilhas. Tu disseste: “No tempo que determinei, julgarei com justiça. Quando a terra e seus moradores estremecem, sou eu que mantenho firmes seus alicerces. “Adverti aos orgulhosos: ‘Parem de contar vantagem!’. Disse aos perversos: ‘Não levantem os punhos! Não levantem os punhos aos céus em rebeldia, nem falem com tamanha arrogância’”. Pois ninguém na terra, de leste a oeste, nem mesmo no deserto, deve exaltar a si mesmo. Somente Deus é quem julga; ele decide quem se levantará e quem cairá. Pois o S enhor tem na mão um cálice cujo vinho espuma misturado com especiarias. Ele derrama o vinho, e todos os perversos o bebem até a última gota. Quanto a mim, sempre anunciarei o que Deus tem feito; cantarei louvores ao Deus de Jacó. Pois Deus disse: “Acabarei com a força dos perversos, mas farei crescer o poder dos justos”. Deus é honrado em Judá, grande é seu nome em Israel. Jerusalém é onde ele habita, o monte Sião é seu lar. Quebrou ali as flechas flamejantes do inimigo, os escudos, as espadas e as armas de guerra. Tu és glorioso e mais majestoso que os montes eternos. Os inimigos mais valentes foram saqueados e jazem no sono da morte; nenhum guerreiro foi capaz de levantar as mãos. Quando os repreendeste, ó Deus de Jacó, cavalos e cavaleiros ficaram imóveis. Não é de admirar que sejas tão temido! Quem pode permanecer diante de ti quando irrompe a tua ira? Dos céus pronunciaste tua sentença; a terra estremeceu e se calou. Tu te levantaste para julgar, ó Deus, para salvar os oprimidos da terra. A rebeldia humana resultará em tua glória, pois tu a usas como arma. Façam votos ao S enhor, seu Deus, e cumpram-nos; todos paguem tributos àquele que deve ser temido. Pois ele acaba com o orgulho dos príncipes, e os reis da terra o temem. Clamo a Deus; sim, grito bem alto. Quem dera Deus me ouvisse! Quando eu estava angustiado, busquei o Senhor. Orei a noite toda, de mãos estendidas para o céu, mas minha alma recusou ser consolada. Lembro-me de Deus e começo a gemer; desfaleço, ansioso por sua ajuda. Tu não me deixas dormir; estou tão desesperado que nem consigo falar! Penso nos dias que passaram, nos anos que há muito se foram. À noite, relembro canções alegres; consulto minha alma e procuro compreender minha situação. Acaso o Senhor me rejeitou em definitivo? Jamais voltará a ser bondoso comigo? Seu amor se foi para nunca mais voltar? Deixou de cumprir suas promessas para sempre? Deus se esqueceu de ser bondoso? Em sua ira, fechou a porta para a compaixão? Pensei: “É por esta razão que sofro; o Altíssimo voltou sua mão direita contra mim”. Depois, porém, lembro-me de tudo que fizeste, S enhor; recordo-me de tuas maravilhas do passado. Estão sempre em meus pensamentos; não deixo de refletir sobre teus poderosos feitos. Teus caminhos, ó Deus, são santos; que deus é poderoso como o nosso Deus? És o Deus que realiza maravilhas; mostras o teu poder entre as nações! Com teu braço forte resgataste teu povo, os descendentes de Jacó e José. As águas te viram, ó Deus, as águas te viram e estremeceram; até as profundezas do mar se agitaram. As nuvens derramaram chuva, os trovões ressoaram nas alturas, os teus relâmpagos riscaram os céus. No redemoinho ouviu-se o estrondo de teu trovão; os relâmpagos iluminaram o mundo, e a terra tremeu e se abalou. Teu caminho passou pelo mar, teu trajeto, pelas águas poderosas, e ninguém percebeu teus passos. Conduziste teu povo como um rebanho de ovelhas, pelas mãos de Moisés e Arão. Ó meu povo, ouça minhas instruções! Abra os ouvidos para o que direi, pois lhe falarei por meio de parábola. Ensinarei enigmas de nosso passado, histórias que ouvimos e conhecemos, que nossos antepassados nos transmitiram. Não esconderemos essas verdades de nossos filhos; contaremos à geração seguinte os feitos gloriosos do S enhor, seu poder e suas maravilhas. Pois ele estabeleceu seus preceitos a Jacó, deu sua lei a Israel. Ordenou a nossos antepassados que a ensinassem a seus filhos, para que a geração seguinte, os filhos ainda por nascer, a conhecesse, e eles, por sua vez, a ensinarão a seus filhos. Portanto, cada geração deve pôr sua esperança em Deus, não esquecer seus poderosos feitos e obedecer a seus mandamentos. Assim, não serão como seus antepassados, teimosos, rebeldes e infiéis, que se recusaram a confiar em Deus de todo o coração. Os guerreiros de Efraim, embora armados de arcos, deram meia-volta e fugiram no dia da batalha. Não cumpriram a aliança de Deus, não quiseram viver de acordo com sua lei. Esqueceram o que ele havia feito, as maravilhas que lhes tinha mostrado, os milagres que realizara para seus antepassados na planície de Zoã, na terra do Egito. Pois ele dividiu o mar e os conduziu na travessia; fez as águas se erguerem como muralhas. Durante o dia, os guiava com uma nuvem, durante a noite, com a luz do fogo. No deserto, partiu as rochas para lhes dar água, como a que jorra de um manancial. Da pedra, fez brotar riachos e correr água como um rio. Ainda assim, continuaram a pecar contra ele e se rebelaram contra o Altíssimo no deserto. Puseram Deus à prova em seu coração e exigiram a comida que tanto queriam. Chegaram a falar contra o próprio Deus, dizendo: “Deus não é capaz de nos dar comida no deserto. Sim, ele pode bater numa rocha e dela fazer brotar água, mas não é capaz de dar pão e carne a seu povo”. Quando o S enhor os ouviu, se enfureceu; o fogo de sua ira ardeu contra Jacó. Sim, sua ira se levantou contra Israel, pois não creram em Deus nem confiaram em seu cuidado. Apesar disso, ele deu ordem às nuvens; abriu as portas dos céus. Fez chover maná para alimentá-los; deu-lhes pão dos céus. Eles comeram o pão dos anjos; receberam comida à vontade. Ele enviou dos céus o vento do leste e, por seu poder, guiou o vento do sul. Fez chover carne como se fosse pó, muitas e muitas aves, como a areia da praia. Fez as aves caírem dentro do acampamento, ao redor de suas tendas. O povo comeu à vontade; ele atendeu ao desejo deles. Mas, antes que estivessem satisfeitos, enquanto ainda tinham comida na boca, a ira de Deus se levantou contra eles. Ele matou seus homens mais fortes; feriu mortalmente os jovens de Israel. Ainda assim, continuaram a pecar; não confiaram em Deus, apesar de suas maravilhas. Por isso, reduziu a vida deles a um sopro e fez seus dias terminarem em terror. Quando Deus começou a matá-los, finalmente o buscaram; arrependeram-se e levaram Deus a sério. Então lembraram que Deus era sua rocha, que o Deus Altíssimo era seu redentor. Contudo, foi só da boca para fora; mentiram para ele com os lábios. Pois o coração não era leal a Deus; não foram fiéis à sua aliança. E, no entanto, ele foi misericordioso; perdoou seus pecados e não os destruiu. Muitas vezes conteve sua ira e não se enfureceu contra eles. Pois se lembrou de que eram simples mortais; passam como o vento, que não volta mais. Quantas vezes se rebelaram contra ele no deserto e o entristeceram naquela terra desolada! Repetidamente, puseram Deus à prova e provocaram o Santo de Israel. Não se recordaram do seu poder, nem do dia em que ele os resgatou de seus inimigos. Não se lembraram dos sinais que ele fizera no Egito, das maravilhas realizadas na planície de Zoã. Ele transformou os rios em sangue, para que ninguém bebesse de suas águas. Enviou enxames de moscas para devorá-los e rãs para destruí-los. Entregou suas plantações às lagartas e suas colheitas, aos gafanhotos. Destruiu as videiras com granizo e as figueiras, com geadas. Entregou seu gado à chuva de pedras e seus rebanhos, aos raios. Lançou sobre eles sua ira ardente, sua fúria, indignação e hostilidade. Enviou contra eles muitos anjos destruidores. Voltou sua ira contra eles; não lhes poupou a vida, mas os devastou com a peste. Matou todos os filhos mais velhos do Egito, a flor da juventude na terra de Cam. Mas conduziu seu povo como um rebanho de ovelhas e os guiou em segurança pelo deserto. Manteve-os a salvo, e não tiveram medo; o mar cobriu seus inimigos. Levou o povo até a fronteira de sua terra santa, à região montanhosa que para eles conquistou. Diante deles expulsou as nações e repartiu entre eles sua herança; estabeleceu as tribos de Israel em seus lugares. Ainda assim, continuaram a pôr à prova o Deus Altíssimo e a se rebelar contra ele; não obedeceram a seus preceitos. Voltaram atrás e foram infiéis, como seus antepassados; mostraram-se indignos de confiança, como um arco defeituoso. Provocaram a ira de Deus ao construir altares para outros deuses; com seus ídolos, despertaram nele ciúmes. Quando Deus os ouviu, se enfureceu e rejeitou por completo Israel. Abandonou sua habitação em Siló, o tabernáculo onde vivia no meio do povo. Deixou que a arca de seu poder fosse capturada, entregou sua glória nas mãos de inimigos. Permitiu que seu povo fosse morto à espada, pois se enfureceu com eles, sua propriedade. Os jovens foram consumidos pelo fogo, e as moças não puderam entoar canções de núpcias. Os sacerdotes foram mortos à espada, e as viúvas não puderam lamentar as mortes. Então o Senhor se levantou, como de um sono, como o guerreiro que desperta da embriaguez. Fez os inimigos recuarem e os entregou à vergonha para sempre. Rejeitou, porém, os descendentes de José; não escolheu a tribo de Efraim. Antes, escolheu a tribo de Judá, o monte Sião, que ele amou. Ali construiu seu santuário, alto como os céus, firme e duradouro como a terra. Escolheu Davi, seu servo, e dos currais o chamou. Tirou-o do pastoreio de ovelhas e cordeiros e tornou-o pastor dos descendentes de Jacó, o povo que a Deus pertence, Israel. Com coração sincero, Davi cuidou deles e os conduziu com sensatez. Ó Deus, as nações invadiram a terra que te pertence; profanaram teu santo templo e transformaram Jerusalém num monte de ruínas. Deixaram os corpos de teus servos para servirem de alimento às aves do céu. A carne de teus fiéis se tornou comida para os animais selvagens. O sangue correu como água ao redor de Jerusalém, e não resta ninguém para sepultar os mortos. Nossos vizinhos zombam de nós; somos objeto de riso e desprezo para os que nos rodeiam. Até quando, S enhor, ficarás irado conosco? Será para sempre? Até quando teu zelo arderá como fogo? Derrama tua fúria sobre as nações que não te reconhecem, sobre os reinos que não invocam teu nome. Pois devoraram teu povo, Israel, e transformaram suas casas em ruínas. Não nos culpes pelos pecados de nossos antepassados! Que a tua compaixão venha depressa nos socorrer, pois é grande o nosso desespero! Ajuda-nos, ó Deus de nossa salvação, pela glória do teu nome. Livra-nos e perdoa nossos pecados, pela honra do teu nome. Por que permitir que as nações digam: “Onde está o seu Deus?” Mostra-nos tua vingança contra as nações, pois elas derramaram o sangue de teus servos. Ouve os gemidos dos prisioneiros; por teu grande poder, salva os condenados à morte. Ó Senhor, retribui sete vezes mais a nossos vizinhos pelos insultos que lançaram contra ti. Então nós, teu povo, ovelhas do teu pasto, para sempre te daremos graças e louvaremos tua grandeza por todas as gerações. Ouve, ó Pastor de Israel, que conduz os descendentes de José como um rebanho. Tu que estás entronizado acima dos querubins, manifesta teu esplendor a Efraim, a Benjamim e a Manassés. Mostra-nos teu poder e vem salvar-nos! Restaura-nos, ó Deus! Que a luz do teu rosto brilhe sobre nós; só então seremos salvos. Ó S enhor, Deus dos Exércitos, até quando ficarás irado com as orações do teu povo? Tu nos deste tristeza como alimento e nos fizeste beber copos cheios de lágrimas. Tu nos tornaste motivo de desprezo das nações vizinhas; agora nossos inimigos zombam de nós. Restaura-nos, ó Deus dos Exércitos! Que a luz do teu rosto brilhe sobre nós; só então seremos salvos. Tu nos trouxeste do Egito, como uma videira; expulsaste as nações e nos plantaste no solo. Limpaste o terreno para nós; fincamos raízes e enchemos a terra. Nossa sombra se estendeu por cima dos montes, nossos ramos cobriram os altos cedros. Estendemos nossos ramos até o Mediterrâneo, nossos brotos se espalharam até o Eufrates. Mas, agora, por que derrubaste nossos muros? Todos que passam roubam nossos frutos. Os javalis da floresta devoram a videira, animais selvagens se alimentam dela. Ó Deus dos Exércitos, suplicamos que voltes! Olha dos céus e vê a nossa aflição. Cuida desta videira que tu mesmo plantaste, o filho que criaste para ti. Somos cortados e queimados por nossos inimigos; que eles pereçam ao ver a repreensão em tua face! Fortalece aquele a quem amas, o filho que criaste para ti. Então jamais te abandonaremos; reanima-nos, para que invoquemos o teu nome. Restaura-nos, ó S enhor, o Deus dos Exércitos! Que a luz do teu rosto brilhe sobre nós; só então seremos salvos. Cantem louvores a Deus, nossa força! Aclamem ao Deus de Jacó. Cantem! Façam soar o tamborim, a doce lira e a harpa. Toquem a trombeta na lua nova e na lua cheia, para convocar a nossa festa. Pois assim exigem os estatutos de Israel; esse é o decreto do Deus de Jacó. Ele o ordenou como lei para Israel, quando atacou o Egito para nos libertar. Ouvi uma voz desconhecida dizer: “Agora removerei o peso de seus ombros e libertarei suas mãos das tarefas pesadas. Vocês clamaram a mim em sua aflição, e eu os salvei; da nuvem de tempestade lhes respondi e pus vocês à prova quando não havia água em Meribá. “Ó meu povo, ouça minhas advertências; quem dera você me escutasse, ó Israel! Jamais tenha em seu meio outro deus; não se curve diante de deus estrangeiro. Pois fui eu, o S enhor, seu Deus, que o tirei da terra do Egito. Abra bem a boca, e a encherei de coisas boas. “Meu povo, no entanto, não quis ouvir; Israel não me obedeceu. Por isso, deixei que seguissem seus desejos teimosos e vivessem de acordo com suas próprias ideias. Ah, se meu povo me escutasse; quem dera Israel andasse em meus caminhos! Então eu derrotaria seus inimigos sem demora; minhas mãos cairiam sobre seus adversários. Os que odeiam o S enhor se encolheriam diante dele, condenados para sempre. Vocês, porém, eu alimentaria com trigo da melhor qualidade e os saciaria com mel silvestre tirado da rocha”. Deus preside a assembleia dos céus; no meio dos seres celestiais, anuncia seu julgamento: “Até quando tomarão decisões injustas que favorecem a causa dos perversos? “Façam justiça ao pobre e ao órfão, defendam os direitos do oprimido e do desamparado. Livrem o pobre e o necessitado, libertem-nos das garras dos perversos. Esses opressores nada entendem; são completos ignorantes! Andam sem rumo na escuridão, enquanto os alicerces da terra estremecem. Eu digo: ‘Vocês são deuses, são todos filhos do Altíssimo. Morrerão, porém, como simples mortais e cairão como qualquer governante’”. Levanta-te, ó Deus, e julga a terra, pois todas as nações te pertencem. Ó Deus, não fiques em silêncio! Não feches os ouvidos e não permaneças calado, ó Deus! Não ouves o tumulto de teus adversários? Não vês que teus inimigos te desafiam? Tramam com astúcia contra o teu povo; conspiram contra os teus protegidos. Dizem: “Venham, exterminemos a nação de Israel, para que ninguém se lembre de sua existência”. Sim, em unanimidade decidiram; fizeram um tratado e aliaram-se contra ti os edomitas e os ismaelitas, os moabitas e os hagarenos, os gebalitas, os amonitas e os amalequitas, os povos da Filístia e de Tiro. A eles também se uniram os assírios e se aliaram aos descendentes de Ló. Trata-os como trataste os midianitas, como trataste Sísera e Jabim no rio Quisom. Foram destruídos em En-Dor; tornaram-se adubo para a terra. Que seus nobres morram como Orebe e Zeebe, e todos os seus príncipes, como Zeba e Zalmuna, pois disseram: “Vamos nos apossar das pastagens de Deus!”. Ó meu Deus, espalha-os como folhas num redemoinho, como palha ao vento. Assim como o fogo consome o bosque, como a chama incendeia os montes, persegue-os com a tua tempestade, enche-os de medo com o teu vendaval. Faze-os cair na desgraça mais profunda, até que se sujeitem ao teu nome, S enhor. Sejam envergonhados e aterrorizados para sempre e morram em desonra. Então aprenderão que somente tu és chamado S enhor, somente tu és o Altíssimo, supremo sobre toda a terra. Como é agradável o lugar de tua habitação, ó S enhor dos Exércitos! Sinto desejo profundo, sim, morro de vontade de entrar nos pátios do S enhor. Com todo o meu coração e todo o meu ser, aclamarei ao Deus vivo. Até o pardal encontra um lar, e a andorinha faz um ninho e cria seus filhotes perto do teu altar, ó S enhor dos Exércitos, meu Rei e meu Deus! Como são felizes os que habitam em tua casa, sempre cantando louvores a ti! Como são felizes os que de ti recebem forças, os que decidem percorrer os teus caminhos. Quando passarem pelo vale do Choro, ele se transformará num lugar de fontes revigorantes; as primeiras chuvas o cobrirão de bênçãos. Eles continuarão a se fortalecer, e cada um deles se apresentará diante de Deus, em Sião. Ó S enhor, Deus dos Exércitos, ouve minha oração; escuta, ó Deus de Jacó! Ó Deus, olha com favor para o rei, nosso escudo; mostra bondade ao teu ungido! Um só dia em teus pátios é melhor que mil dias em qualquer outro lugar. Prefiro ser porteiro da casa de meu Deus a viver na morada dos perversos. Pois o S enhor Deus é nosso sol e nosso escudo; ele nos dá graça e honra. O S enhor não negará bem algum àqueles que andam no caminho certo. Ó S enhor dos Exércitos, como são felizes os que confiam em ti! S enhor, abençoaste a tua terra; restauraste a condição de Israel. Perdoaste a culpa do teu povo; cobriste todos os seus pecados. Reprimiste tua fúria, sim, refreaste tua ira ardente. Agora, ó Deus de nossa salvação, restaura-nos; deixa de lado tua ira contra nós. Ficarás indignado conosco para sempre? Prolongarás tua ira por todas as gerações? Não nos reanimarás, para que o teu povo se alegre em ti? Mostra-nos o teu amor, S enhor, e concede-nos a tua salvação. Ouço com atenção o que Deus, o S enhor, diz, pois ele fala de paz a seu povo fiel; que não voltem, porém, a seus caminhos insensatos. Certamente sua salvação está perto dos que o temem; então nossa terra se encherá de sua glória. O amor e a verdade se encontraram, a justiça e a paz se beijaram. A verdade brota da terra, e a justiça sorri dos céus. Sim, o S enhor dará suas bênçãos; nossa terra produzirá uma farta colheita. A justiça vai adiante dele e prepara o caminho para os seus passos. Inclina-te, S enhor, e ouve minha oração; responde-me, pois estou aflito e necessitado. Protege-me, pois sou fiel a ti; salva-me, pois sou teu servo e em ti confio. Tu és meu Deus! Tem misericórdia de mim, ó Senhor, pois clamo a ti sem parar. Alegra-me, Senhor, pois a ti me entrego. Ó Senhor, tu és tão bom, tão pronto a perdoar, tão cheio de amor por todos que te buscam. Ouve minha oração, S enhor, e atende a meu clamor. Em tempos de aflição, clamarei a ti, e tu me responderás. Nenhum dos deuses é semelhante a ti, Senhor, nenhum deles pode fazer o que tu fazes. Todas as nações que criaste virão e se prostrarão diante de ti, Senhor, e glorificarão o teu nome. Pois tu és grande e realizas maravilhas; só tu és Deus. Ensina-me os teus caminhos, S enhor, para que eu viva segundo a tua verdade. Concede-me pureza de coração, para que eu honre o teu nome. Ó Senhor, meu Deus, de todo o meu coração te louvarei; glorificarei o teu nome para sempre. Pois grande é o teu amor por mim; tu me livraste das profundezas da morte. Ó Deus, os arrogantes se levantam contra mim, pessoas violentas tentam me matar; não se importam contigo. Mas tu, Senhor, és Deus de compaixão e misericórdia, lento para se irar e cheio de amor e fidelidade. Olha para cá e tem compaixão de mim! Dá tua força a teu servo; sim, salva teu humilde servo. Mostra-me um sinal do teu favor; então serão envergonhados os que me odeiam, pois tu, S enhor, me ajudas e me consolas. No monte santo está a cidade fundada pelo S enhor. Ele ama a cidade de Jerusalém, mais que qualquer outro lugar em Israel. Ó cidade de Deus, que coisas gloriosas são ditas a seu respeito! Incluirei o Egito e a Babilônia entre os que me conhecem, também a Filístia e Tiro, e até a distante Etiópia; ali todos se tornaram seus cidadãos! A respeito de Jerusalém se dirá: “Ali todos desfrutam os direitos de cidadãos”, e o próprio Altíssimo abençoará a cidade. Quando o S enhor registrar as nações, dirá: “Ali todos se tornaram seus cidadãos!”. O povo tocará flautas e cantará: “A fonte de minha vida brota de Jerusalém!”. Ó S enhor, Deus de minha salvação, clamo a ti de dia, venho a ti de noite. Agora, ouve minha oração; escuta meu clamor. Pois minha vida está cheia de problemas, e a morte se aproxima. Fui considerado morto, alguém que já não tem forças. Deixaram-me entre os mortos, estendido como um cadáver no túmulo. Caí no esquecimento e estou separado do teu cuidado. Tu me lançaste na cova mais funda, nas profundezas mais escuras. Tua ira pesa sobre mim; uma após a outra, tuas ondas me encobrem. Afastaste de mim os meus amigos e para eles me tornaste repulsivo; estou preso numa armadilha, e não há como escapar. As lágrimas de aflição me cegaram os olhos; todos os dias, clamo por ti, S enhor, e a ti levanto as mãos. Será que tuas maravilhas têm algum uso para os mortos? Acaso os mortos se levantam e te louvam? Podem os que estão no túmulo anunciar teu amor? Podem proclamar tua fidelidade no lugar de destruição? Acaso as trevas falam de tuas maravilhas? Pode alguém na terra do esquecimento contar de tua justiça? A ti, S enhor, eu clamo; dia após dia, continuarei a suplicar. Ó S enhor, por que me rejeitas? Por que escondes de mim o rosto? Desde a juventude estive doente e à beira da morte; teus terrores me deixaram indefeso e desesperado. Sim, tua ira intensa me esmagou, teus terrores acabaram comigo. O dia todo, agitam-se ao meu redor como uma inundação e me encobrem por completo. Tiraste de mim meus companheiros e pessoas queridas; a escuridão é a minha amiga mais chegada. Cantarei para sempre o teu amor, ó S enhor! Anunciarei a tua fidelidade a todas as gerações. Pois sei que o teu amor dura para sempre, e a tua fidelidade permanece firme como os céus. Tu disseste: “Fiz uma aliança com Davi, meu servo escolhido. A ele fiz este juramento: ‘Estabelecerei seus descendentes como reis para sempre; eles se sentarão em seu trono de geração em geração’”. Ó S enhor, os céus louvam as tuas maravilhas; multidões de anjos te exaltam por tua fidelidade. Pois quem nos céus se compara ao S enhor? Quem é semelhante ao S enhor entre os seres celestiais? Os mais altos poderes angelicais reverenciam a Deus; ele é mais temível que todos que rodeiam seu trono. Ó S enhor, Deus dos Exércitos, quem é poderoso como tu, S enhor? Tu és totalmente fiel! Governas os mares revoltos e acalmas as ondas agitadas. Esmagaste o grande monstro marinho; com o teu braço poderoso, dispersaste teus inimigos. Os céus são teus, a terra é tua, tudo que há no mundo pertence a ti; tu fizeste todas as coisas. Criaste o norte e o sul; o monte Tabor e o monte Hermom louvam o teu nome. Teu braço é poderoso! Tua mão é forte! Tua mão direita se levanta com força gloriosa. Justiça e retidão são os alicerces do teu trono, amor e verdade vão à tua frente. Feliz é o povo que ouve o alegre chamado para adorar, pois andará na luz de tua presença, S enhor. O dia todo eles se alegram em teu nome e exultam em tua justiça. Tu és a força gloriosa deles; é do teu agrado nos fortalecer. Sim, nossa proteção vem do S enhor; ele, o Santo de Israel, nos deu nosso rei. Muito tempo atrás, numa visão, falaste a teus fiéis e disseste: “Levantei um guerreiro; dentre o povo o escolhi para ser rei. Encontrei meu servo Davi e o ungi com meu santo óleo. Com minha mão o firmarei, com meu braço o fortalecerei. Seus inimigos não o derrotarão, os perversos não o dominarão. Esmagarei seus adversários diante dele, destruirei aqueles que o odeiam. Minha fidelidade e meu amor o acompanharão; em meu nome, ele crescerá em poder. Estenderei seu governo sobre o mar, seu domínio, sobre os rios. Ele me dirá: ‘Tu és meu Pai, meu Deus e a Rocha de minha salvação’. Darei a ele os privilégios de filho mais velho, e ele será o rei mais poderoso da terra. Eu o amarei e lhe serei bondoso para sempre; minha aliança com ele jamais será quebrada. Farei que ele sempre tenha herdeiros; enquanto existirem os céus, seu trono não terá fim. Se, porém, seus descendentes abandonarem minha lei e não seguirem meus estatutos, se não obedecerem aos meus decretos e não guardarem meus mandamentos, castigarei seu pecado com a vara e sua desobediência, com açoites. Contudo, não desistirei de amá-lo, nem deixarei de lhe ser fiel. Não quebrarei minha aliança, não voltarei atrás em minhas palavras. Fiz um juramento a Davi e, em minha santidade, não minto. Sua dinastia continuará para sempre, seu reino permanecerá como o sol. Será duradouro como a lua, minha fiel testemunha no céu”. Agora, porém, tu o rejeitaste e o descartaste; estás irado com o teu ungido. Renunciaste tua aliança com ele e jogaste sua coroa no pó. Derrubaste os muros que o protegiam e destruíste as fortalezas que o defendiam. Todos que por ali passam o saqueiam, e ele se tornou motivo de zombaria para seus vizinhos. Tu fortaleceste seus inimigos e lhes deste razão para celebrar. Tornaste inútil sua espada e não o ajudaste na batalha. Acabaste com seu esplendor e derrubaste seu trono. Fizeste-o envelhecer antes do tempo e o envergonhaste em público. Até quando, S enhor, esta situação continuará? Acaso te esconderás para sempre? Até quando tua ira arderá como fogo? Lembra-te de como minha vida é curta, de como é vazia a existência humana! Ninguém vive para sempre, todos morrem; ninguém escapa das garras da sepultura. Onde está, Senhor, o teu antigo amor? Tu o prometeste a Davi com um juramento fiel. Considera, Senhor, como teus servos passam vergonha; levo no coração os insultos de muitos. Teus inimigos, S enhor, têm zombado de mim; zombam do teu ungido por onde ele vai. Louvado seja o S enhor para sempre! Amém e amém! Senhor, tu tens sido nosso refúgio ao longo das gerações. Antes que os montes nascessem, antes que formasses a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus. Fazes as pessoas voltarem ao pó quando dizes: “Retornem ao pó, mortais”. Para ti, mil anos são como um dia que passa, breves como algumas horas da noite. Arrastas as pessoas como numa enchente; elas são como sonhos que desaparecem. São como a grama que nasce pela manhã; pela manhã, brota e floresce, mas, à tarde, murcha e seca. Somos consumidos por tua ira, ficamos apavorados com tua fúria. Tu pões diante de ti os nossos pecados, nossos pecados secretos, e vês todos eles. Passamos a vida debaixo de tua ira e terminamos nossos dias com um gemido. Recebemos setenta anos, alguns chegam aos oitenta. Mas até os melhores anos são cheios de dor e desgosto; logo desaparecem, e nós voamos. Quem conhece o poder de tua ira? Grande é a tua fúria, como o temor de que és digno. Ajuda-nos a entender como a vida é breve, para que vivamos com sabedoria. Ó S enhor, volta-te para nós! Até quando te demorarás? Tem compaixão de teus servos. Satisfaze-nos a cada manhã com o teu amor, para que cantemos de alegria até o final da vida. Dá-nos alegria proporcional aos dias de aflição; compensa-nos pelos anos em que sofremos. Que nós, teus servos, vejamos teus feitos outra vez; que nossos filhos vejam a tua glória. Seja sobre nós a bondade do Senhor, nosso Deus; faze prosperar nossos esforços, sim, faze prosperar nossos esforços. Aquele que habita no abrigo do Altíssimo encontrará descanso à sombra do Todo-poderoso. Isto eu declaro a respeito do S enhor: ele é meu refúgio, meu lugar seguro, ele é meu Deus e nele confio. Pois ele o livrará das armadilhas da vida e o protegerá de doenças mortais. Ele o cobrirá com as suas penas e o abrigará sob as suas asas; a sua fidelidade é armadura e proteção. Não tenha medo dos terrores da noite, nem da flecha que voa durante o dia. Não tema a praga que se aproxima na escuridão, nem a calamidade que devasta ao meio-dia. Ainda que mil caiam ao seu lado e dez mil morram ao seu redor, você não será atingido. Basta abrir os olhos, e verá como são castigados os perversos. Se você se refugiar no S enhor, se fizer do Altíssimo seu abrigo, nenhum mal o atingirá, nenhuma praga se aproximará de sua casa. Pois ele ordenará a seus anjos que o protejam aonde quer que você vá. Eles o sustentarão com as mãos, para que não machuque o pé em alguma pedra. Você pisará leões e cobras, esmagará leões ferozes e serpentes debaixo dos pés. O S enhor diz: “Livrarei aquele que me ama, protegerei o que confia em meu nome. Quando clamar por mim, eu responderei e estarei com ele em meio às dificuldades; eu o resgatarei e lhe darei honra. Com vida longa o recompensarei e lhe darei minha salvação”. É bom dar graças ao S enhor e cantar louvores ao Altíssimo. É bom proclamar de manhã o teu amor e, de noite, a tua fidelidade, ao som de um instrumento de dez cordas, da harpa e da melodia da lira. Tu me alegras, S enhor, com tudo que tens feito; canto de alegria por causa de tuas obras. Quão grandes, S enhor, são os teus feitos e profundos os teus pensamentos! Só o ignorante não sabe, só o tolo não entende: embora os perversos brotem como a grama e floresçam os que praticam o mal, eles serão destruídos para sempre. Mas tu, S enhor, serás eternamente exaltado! Teus inimigos, S enhor, perecerão; todos que praticam o mal serão dispersados. Tu, porém, me tornaste forte como o boi selvagem e me ungiste com óleo da melhor qualidade. Meus olhos viram a queda de meus inimigos, meus ouvidos ouviram a derrota de meus perversos adversários. Os justos, porém, florescerão como palmeiras e crescerão como os cedros do Líbano. Pois estão plantados na casa do S enhor; florescerão nos pátios de nosso Deus. Mesmo na velhice produzirão frutos; continuarão verdejantes e cheios de vida. Anunciarão: “O S enhor é justo! Ele é minha rocha; nele não há injustiça”. O S enhor reina! Está vestido de majestade; sim, o S enhor está vestido de majestade e armado de força. O mundo permanece firme e não será abalado. Teu trono permanece desde os tempos antigos; tu existes desde a eternidade. As águas subiram, ó S enhor, as águas rugiram como trovão, as águas levantaram ondas impetuosas. Mais poderoso que o estrondo dos mares, mais poderoso que as ondas que rebentam na praia, mais poderoso que tudo isso é o S enhor nas alturas. Teus preceitos soberanos não podem ser alterados; teu reino, S enhor, é santo para todo o sempre! Ó S enhor, Deus da vingança, ó Deus da vingança, manifesta teu esplendor! Levanta-te, ó Juiz da terra, dá aos orgulhosos o que merecem. Até quando, S enhor? Até quando os perversos se alegrarão de suas maldades? Até quando falarão com arrogância? Até quando os que praticam o mal contarão vantagens? Esmagam o teu povo, S enhor, oprimem os que pertencem a ti. Matam viúvas e estrangeiros e assassinam órfãos. “O S enhor não vê”, eles dizem. “O Deus de Israel não se importa.” Pensem melhor, tolos! Quando vocês, insensatos, entenderão? Acaso é surdo aquele que fez os ouvidos? É cego aquele que formou os olhos? Aquele que castiga as nações não os castigará? Aquele que tudo sabe não sabe o que vocês fazem? O S enhor conhece os pensamentos de cada um; sabe que nada valem. Feliz é aquele a quem disciplinas, S enhor, aquele a quem ensinas tua lei. Tu lhe dás alívio em tempos de aflição, até que se abra uma cova para os perversos. Pois o S enhor não rejeitará seu povo; não abandonará os que lhe pertencem. Os julgamentos voltarão a se basear na justiça, e os de coração íntegro a buscarão. Quem me protegerá dos perversos? Quem me defenderá dos que praticam o mal? Se o S enhor não tivesse me ajudado, eu já estaria no silêncio do túmulo. Gritei: “Estou caindo!”, mas o teu amor, S enhor, me sustentou. Quando minha mente estava cheia de dúvidas, teu consolo me deu esperança e ânimo. Podem os líderes injustos, aqueles cujos decretos permitem a injustiça, afirmar que Deus está do lado deles? Juntam-se contra os justos e condenam os inocentes à morte. Mas o S enhor é a minha fortaleza; meu Deus é a rocha onde me refugio. Deus fará os pecados dos perversos caírem sobre eles; ele os destruirá por suas maldades. O S enhor, nosso Deus, os destruirá. Venham, vamos cantar ao S enhor! Vamos aclamar a Rocha de nossa salvação. Vamos chegar diante dele com ações de graças e cantar a ele salmos de louvor. Pois o S enhor é o grande Deus, o grande Rei acima de todos os deuses. Em suas mãos estão as profundezas da terra, a ele pertencem os mais altos montes. O mar é dele, pois ele o criou; suas mãos formaram a terra firme. Venham, vamos adorar e nos prostrar, vamos nos ajoelhar diante do S enhor, nosso Criador, pois ele é o nosso Deus. Somos o povo que ele pastoreia, o rebanho sob o seu cuidado. Quem dera hoje vocês ouvissem a voz do S enhor! Pois ele diz: “Não endureçam o coração, como fizeram seus antepassados em Meribá, como fizeram em Massá, no deserto. Ali eles me tentaram e me puseram à prova, apesar de terem visto tudo que fiz. Por quarenta anos estive irado com eles e disse: ‘São um povo cujo coração sempre se afasta de mim; recusam-se a andar em meus caminhos’. Assim, jurei em minha ira: ‘Jamais entrarão em meu descanso’”. Cantem ao S enhor um cântico novo! Toda a terra cante ao S enhor! Cantem ao S enhor e louvem o seu nome; proclamem todos os dias a sua salvação. Anunciem a sua glória entre as nações, contem a todos as suas maravilhas. Grande é o S enhor! Digno de muito louvor! Ele é mais temível que todos os deuses. Os deuses de outros povos não passam de ídolos, mas o S enhor fez os céus! Glória e majestade o cercam, força e beleza enchem seu santuário. Ó nações do mundo, reconheçam o S enhor; reconheçam que o S enhor é forte e glorioso. Deem ao S enhor a glória que seu nome merece, tragam ofertas e entrem em seus pátios. Adorem o S enhor em todo o seu santo esplendor; toda a terra trema diante dele. Digam entre as nações: “O S enhor reina!”; ele firmou o mundo para que não seja abalado e com imparcialidade julgará todos os povos. Alegrem-se os céus e exulte a terra! Deem louvor o mar e tudo que nele há! Os campos e suas colheitas gritem de alegria! As árvores do bosque exultem diante do S enhor, pois ele vem; ele vem julgar a terra. Julgará o mundo com justiça e as nações, com sua verdade. O S enhor reina! Alegre-se a terra, exultem os litorais mais distantes. Nuvens escuras o cercam; justiça e retidão são a base de seu trono. Fogo se espalha adiante dele, queimando todos os seus inimigos. Seus relâmpagos iluminam o mundo; a terra os vê e estremece. Os montes se derretem como cera diante do S enhor, diante do Senhor de toda a terra. Os céus proclamam sua justiça; todos os povos veem sua glória. Sejam envergonhados os que adoram ídolos, os que contam vantagem de seus deuses inúteis, pois todos os deuses se prostram diante dele. Sião ouviu e se alegrou, e todas as cidades de Judá exultam, por causa de tua justiça, ó S enhor. Pois tu, S enhor, és supremo sobre toda a terra; és exaltado muito acima de todos os deuses. Vocês que amam o S enhor, odeiem o mal! Ele protege a vida de seus fiéis e os resgata da mão dos perversos. A luz brilha sobre os justos, e a alegria, sobre os que têm coração íntegro. Alegrem-se no S enhor todos os justos e louvem seu santo nome! Cantem ao S enhor um cântico novo, pois ele fez maravilhas; sua mão direita e seu braço santo conquistaram a vitória! O S enhor anunciou seu poder de salvar e revelou sua justiça às nações. Lembrou-se de seu amor e fidelidade a Israel; os confins da terra viram a vitória de nosso Deus. Aclamem ao S enhor todos os habitantes da terra; louvem-no em alta voz com alegres cânticos! Cantem louvores ao S enhor com a harpa, com a harpa e com cânticos harmoniosos, com trombetas e ao som de cornetas; exultem e cantem diante do S enhor, o Rei! Deem gritos de louvor o mar e tudo que nele há, e também a terra e todos os seres vivos. Os rios batam palmas, e os montes cantem de alegria diante do S enhor, pois ele vem julgar a terra. Julgará o mundo com justiça e as nações, com imparcialidade. O S enhor reina! Tremam os povos! Ele está sentado em seu trono acima dos querubins. Trema toda a terra! O S enhor é soberano em Sião, exaltado acima de todos os povos. Seja louvado teu grande e temível nome, pois é santo! Rei poderoso, que ama a justiça, tu estabeleceste a imparcialidade. Agiste com justiça e retidão em Israel. Exaltem o S enhor, nosso Deus; prostrem-se a seus pés, pois ele é santo! Moisés e Arão estavam entre seus sacerdotes, e Samuel também invocava seu nome. Clamavam ao S enhor, e ele lhes respondia. Da coluna de nuvem lhes falava, e eles seguiam os preceitos e os decretos que ele lhes dava. Ó S enhor, nosso Deus, tu lhes respondias; eras para eles Deus perdoador, mas os castigava quando se desviavam. Exaltem o S enhor, nosso Deus, e prostrem-se em seu santo monte, pois o S enhor, nosso Deus, é santo! Aclamem ao S enhor todos os habitantes da terra! Sirvam ao S enhor com alegria, apresentem-se diante dele com cânticos. Reconheçam que o S enhor é Deus! Ele nos criou e a ele pertencemos; somos seu povo, o rebanho que ele pastoreia. Entrem por suas portas com ações de graças e, em seus pátios, com cânticos de louvor; deem-lhe graças e louvem o seu nome. Pois o S enhor é bom! Seu amor dura para sempre, e sua fidelidade, por todas as gerações. Cantarei o teu amor e a tua justiça, S enhor; com cânticos te louvarei. Buscarei viver de modo inculpável; quando virás me ajudar? Viverei com integridade em minha própria casa. Não olharei para coisa alguma que seja má e vulgar. Odeio todos que agem de forma desonesta; não terei nada a ver com eles. Rejeitarei ideias perversas e me manterei afastado de todo mal. Não tolerarei quem difama seu próximo, não suportarei presunção nem orgulho. Irei à procura dos fiéis para conviverem comigo. Só terão permissão de me servir os que andam no caminho certo. Não permitirei que enganadores habitem em minha casa, nem que mentirosos permaneçam em minha presença. Minha tarefa diária será acabar com os perversos e expulsar da cidade do S enhor os que praticam o mal. S enhor, ouve minha oração, escuta minha súplica! Não escondas de mim o rosto na hora de minha aflição. Inclina-te para ouvir e responde-me depressa quando clamo a ti. Pois meus dias somem como fumaça; como brasas ardentes, meus ossos queimam. Meu coração está esgotado, secou-se como capim; até perdi o apetite. Por causa de minha ansiedade, não passo de pele e osso. Sou como a coruja no deserto, como a pequena coruja num lugar desolado. Não consigo dormir; sou como o pássaro solitário no telhado. Todos os dias meus inimigos me insultam; zombam de mim e me amaldiçoam. As cinzas são meu alimento, e as lágrimas se misturam com minha bebida, por causa de tua ira e de tua fúria, pois me levantaste e depois me lançaste fora. Minha vida passa rápido, como as sombras que se vão; vou murchando, como o capim. Tu, porém, S enhor, reinarás para sempre; teu nome será lembrado por todas as gerações. Tu te levantarás e terás misericórdia de Sião; já é tempo de lhe mostrar compaixão, este é o momento esperado. Pois teus servos amam cada pedra de seus muros e estimam até mesmo o pó em suas ruas. As nações temerão o nome do S enhor, os reis da terra estremecerão diante de sua glória. Pois o S enhor reconstruirá Sião; ele aparecerá em sua glória. Ouvirá as orações dos indefesos e não rejeitará suas súplicas. Fique isto registrado para as gerações futuras, para que um povo ainda não criado louve o S enhor. Contem-lhes que o S enhor olhou para baixo, de seu santuário celeste. Do alto olhou para a terra, para ouvir o gemido dos prisioneiros, para libertar os condenados à morte. Assim, o nome do S enhor será proclamado em Sião, seu louvor, em Jerusalém, quando os povos se reunirem e os reinos vierem para servir ao S enhor. No meio de minha vida, ele me tirou as forças e me encurtou os dias. Mas eu clamei a ele: “Ó meu Deus, que vive para sempre, não tires minha vida enquanto ainda sou jovem!”. Muito tempo atrás, lançaste os fundamentos da terra e com as tuas mãos formaste os céus. Eles deixarão de existir, mas tu permanecerás para sempre; eles se desgastarão, como roupa velha. Tu os trocarás, como se fossem vestuário, e os jogarás fora. Tu, porém, és sempre o mesmo; teus dias jamais terão fim. Os filhos de teus servos viverão em segurança, e seus descendentes prosperarão em tua presença. Todo o meu ser louve o S enhor; louvarei seu santo nome de todo o coração. Todo o meu ser louve o S enhor; que eu jamais me esqueça de suas bênçãos. Ele perdoa todos os meus pecados e cura todas as minhas doenças. Ele me resgata da morte e me coroa de amor e misericórdia. Ele enche minha vida de coisas boas; minha juventude é renovada como a águia! O S enhor faz justiça e defende a causa dos oprimidos. Revelou seus planos a Moisés e seus feitos, aos israelitas. O S enhor é compassivo e misericordioso, lento para se irar e cheio de amor. Não nos acusará o tempo todo, nem permanecerá irado para sempre. Não nos castiga por nossos pecados, nem nos trata como merecemos. Pois seu amor por aqueles que o temem é imenso como a distância entre os céus e a terra. De nós ele afastou nossos pecados, tanto como o Oriente está longe do Ocidente. O S enhor é como um pai para seus filhos, bondoso e compassivo para os que o temem. Pois ele sabe como somos fracos; lembra que não passamos de pó. Nossos dias na terra são como o capim; como as flores do campo, desabrochamos. O vento sopra, porém, e desaparecemos, como se nunca tivéssemos existido. Mas o amor do S enhor por aqueles que o temem dura de eternidade a eternidade. Sua justiça se estende até os filhos dos filhos dos que guardam sua aliança, dos que obedecem a seus mandamentos. O S enhor fez dos céus o seu trono, de onde reina sobre todas as coisas. Louvem o S enhor todos os anjos, os poderosos que executam seus planos, os que cumprem cada uma de suas ordens. Sim, louvem o S enhor os exércitos de anjos, os que o servem e fazem sua vontade. Louve o S enhor tudo o que ele criou, todas as coisas em todo o seu reino. Todo o meu ser louve o S enhor. Todo o meu ser louve o S enhor. Ó S enhor, meu Deus, como és grandioso! Estás vestido de glória e majestade, envolto num manto de luz. Estendes a cortina estrelada dos céus, pões as vigas de tua casa nas nuvens de chuva. Fazes das nuvens o teu carro de combate, cavalgas nas asas do vento. Os ventos são teus mensageiros, e as chamas de fogo, teus servos. Firmaste o mundo sobre seus alicerces, para que jamais seja abalado. Vestiste a terra com torrentes de água, com água que cobriu até os montes. Por tua ordem, as águas fugiram; ao som de teu trovão, saíram correndo. Montes se ergueram e vales afundaram, ao nível que tu decretaste. Estabeleceste um limite para as águas, para que nunca mais cobrissem a terra. Fazes as fontes derramarem água nos vales, e os riachos correm entre os montes. Todos os animais bebem dessa água, e os jumentos selvagens matam a sede. As aves fazem ninhos junto aos riachos e cantam entre os ramos das árvores. De tua habitação celeste, envias chuva sobre os montes e enches a terra com o fruto do teu trabalho. Fazes o pasto crescer para os animais, e as plantas, para as pessoas cultivarem. Permites que, da terra, colham seu alimento: vinho para alegrar o coração, azeite para fazer brilhar a pele, pão para dar forças. As árvores do S enhor são bem cuidadas, os cedros do Líbano que ele plantou. Nelas as aves fazem seus ninhos, nos ciprestes as cegonhas têm seu lar. No alto dos montes vivem as cabras selvagens, nas rochas se escondem os coelhos silvestres. Fizeste a lua para marcar as estações, e o sol sabe a hora de se pôr. Envias a escuridão e se faz noite, quando vagueiam os animais do bosque. Os leões jovens rugem por sua presa, saem à procura do alimento que Deus lhes provê. Ao amanhecer eles se recolhem, voltam à toca para descansar. Então as pessoas saem para o serviço, onde trabalham até o entardecer. Ó S enhor, que variedade de coisas criaste! Fizeste todas elas com sabedoria; a terra está cheia de tuas criaturas. Ali está o oceano, vasto e imenso, cheio de seres de todo tipo, grandes e pequenos. Por ele passam navios, e o Leviatã, que criaste para brincar no mar. Todos dependem de ti para lhes proveres o alimento de que necessitam. Quando tu lhes dás, eles o recolhem; abres a mão para alimentá-los, e eles ficam satisfeitos. Se te afastas deles, porém, enchem-se de medo; quando lhes retiras o fôlego, morrem e voltam ao pó. Quando sopras teu fôlego, novos seres são gerados, e renovas a face da terra. Que a glória do S enhor permaneça para sempre; o S enhor tem prazer em tudo que criou! Basta um olhar, e a terra estremece; com um simples toque, faz fumegar os montes. Cantarei ao S enhor enquanto viver, louvarei meu Deus até meu último suspiro. Todos os meus pensamentos lhe sejam agradáveis; no S enhor me alegrarei. Desapareçam da terra todos os pecadores, deixem de existir para sempre os perversos. Todo o meu ser louve o S enhor. Louvado seja o S enhor! Deem graças ao S enhor e proclamem seu nome; anunciem entre os povos o que ele tem feito. Cantem a ele, sim, cantem louvores a ele; falem a todos de suas maravilhas. Exultem em seu santo nome, alegrem-se todos que buscam o S enhor. Busquem o S enhor e sua força, busquem sua presença continuamente. Lembrem-se das maravilhas que ele fez, dos milagres que realizou e dos juízos que pronunciou, vocês que são filhos de seu servo Abraão, descendentes de Jacó, seus escolhidos. Ele é o S enhor, nosso Deus; vemos sua justiça em toda a terra. Ele é fiel à sua aliança para sempre, ao compromisso que firmou com mil gerações. É a aliança que fez com Abraão, o juramento que fez a Isaque. Ele a confirmou a Jacó por decreto, ao povo de Israel como aliança sem fim: “Darei a vocês a terra de Canaã, como a porção de sua herança”. Assim declarou quando eles ainda eram poucos, um punhado de estrangeiros em Canaã. Vagaram de uma nação a outra, de um reino a outro. E, no entanto, não permitiu que ninguém os oprimisse e, em seu favor, repreendeu reis: “Não toquem em meu povo escolhido, não façam mal a meus profetas”. Mandou vir fome sobre a terra de Canaã e cortou a provisão de alimento. Então enviou um homem adiante deles, José, que foi vendido como escravo. Feriram seus pés com correntes e com ferros prenderam seu pescoço. O S enhor pôs José à prova, até chegar a hora de cumprir sua palavra. O faraó mandou chamar José e o libertou; o governante de nações lhe abriu a porta da prisão. José foi encarregado do palácio real e se tornou administrador de todos os seus bens. Tinha toda a liberdade de instruir os assistentes do faraó e de ensinar os conselheiros da corte. Então Israel chegou ao Egito; Jacó viveu como estrangeiro na terra de Cam. O S enhor multiplicou seu povo, até que se tornaram mais numerosos que seus opressores. Voltou os egípcios contra seu povo, e eles tramaram contra os servos do S enhor. Mas o S enhor enviou Moisés, seu servo, e Arão, a quem havia escolhido. Eles realizaram sinais entre os egípcios, maravilhas na terra de Cam. O S enhor cobriu o Egito com trevas, pois desobedeceram à ordem para deixar seu povo ir. Transformou as águas em sangue e matou os peixes. Rãs infestaram a terra e invadiram até os aposentos do rei. Por sua ordem, moscas desceram sobre os egípcios, e piolhos encheram todo o seu território. Enviou-lhes granizo em lugar de chuva, e relâmpagos faiscaram sobre a terra. Destruiu as videiras e as figueiras e despedaçou todas as árvores. Por sua ordem, vieram enxames de gafanhotos, incontáveis gafanhotos jovens. Devoraram toda a vegetação da terra e destruíram toda a plantação nos campos. Depois, matou o filho mais velho de todos os lares egípcios, a força e o orgulho de cada família. Tirou seu povo do Egito cheio de prata e de ouro, e ninguém das tribos de Israel sequer tropeçou. Os egípcios se alegraram quando eles partiram, pois muito os temiam. O S enhor estendeu sobre o povo uma cobertura de nuvem e lhe deu fogo para iluminar a escuridão. Quando pediram carne, enviou codornas; saciou sua fome com o pão do céu. Partiu uma rocha, e jorrou água, que correu como um rio pelo deserto. Pois ele se lembrou da santa promessa que havia feito a seu servo Abraão. Tirou seu povo do Egito com alegria, seus escolhidos, com celebração. Deu a seu povo as terras das nações, e eles colheram o que outros haviam plantado. Tudo isso aconteceu para que guardassem seus decretos e obedecessem a suas leis. Louvado seja o S enhor! Louvado seja o S enhor! Deem graças ao S enhor porque ele é bom; seu amor dura para sempre! Quem poderá contar os feitos poderosos do S enhor? Quem poderá louvá-lo como ele merece? Como são felizes os que fazem o que é certo e praticam a justiça todo o tempo! Lembra-te de mim, S enhor, quando mostrares favor ao teu povo; aproxima-te e resgata-me. Que eu compartilhe da prosperidade dos teus escolhidos; que eu me alegre na alegria do teu povo e exulte com aqueles que pertencem a ti. Pecamos, como nossos antepassados; fomos desobedientes e rebeldes. No Egito, nossos antepassados não deram valor às maravilhas do S enhor. Não se lembraram de seus muitos atos de bondade; rebelaram-se contra ele junto ao mar Vermelho. Assim mesmo ele os resgatou, para proteger a honra de seu nome, para mostrar seu grande poder. Ordenou que o mar Vermelho secasse e os conduziu pelas águas como por um deserto. Ele os resgatou das mãos de seus inimigos e os libertou das garras de seus adversários. As águas se fecharam e cobriram seus opressores; nenhum deles sobreviveu. Então creram em suas promessas e cantaram louvores a ele. Depressa, porém, esqueceram-se do que ele havia feito; não quiseram esperar por seus conselhos. No deserto, os desejos do povo se tornaram insaciáveis; puseram Deus à prova naquela terra desolada. Ele atendeu a seus pedidos, mas também lhes enviou uma praga. No acampamento, tiveram inveja de Moisés e de Arão, o sacerdote consagrado ao S enhor. Por isso, a terra se abriu; engoliu Datã e sepultou Abirão e os outros rebeldes. Fogo desceu sobre aqueles que os seguiam; uma chama consumiu os perversos. No monte Sinai, fizeram um bezerro; prostraram-se diante de uma imagem de metal. Trocaram seu Deus glorioso pela estátua de um boi que come capim. Esqueceram-se de Deus, seu salvador, que havia feito coisas grandiosas no Egito, atos maravilhosos na terra de Cam, feitos notáveis no mar Vermelho. Por isso, declarou que os destruiria, mas Moisés, seu escolhido, pôs-se entre ele e o povo e suplicou-lhe que afastasse sua ira e não os destruísse. Eles, porém, se recusaram a entrar na terra agradável, pois não creram na promessa. Em vez disso, resmungaram em suas tendas e não deram ouvidos ao S enhor. Assim, ele jurou solenemente que os mataria no deserto, que dispersaria seus descendentes entre as nações e os enviaria para o exílio em terras distantes. Depois, juntaram-se aos adoradores de Baal em Peor; chegaram a comer sacrifícios oferecidos a mortos. Com todos esses atos, provocaram a ira do S enhor, por isso uma praga se espalhou entre eles. Fineias, porém, teve coragem de intervir, e a praga foi detida. Assim, desde então, ele foi considerado justo. Também em Meribá, provocaram a ira do S enhor, e causaram sérios problemas a Moisés. Fizeram Moisés se irar, e ele falou sem refletir. Não destruíram as nações que habitavam na terra, como o S enhor lhes havia ordenado. Em vez disso, misturaram-se com elas e adotaram seus costumes. Adoraram ídolos estrangeiros, o que causou sua ruína. Chegaram a sacrificar aos demônios seus filhos e filhas. Derramaram sangue inocente, o sangue de seus filhos e filhas. Ao oferecer sacrifícios aos ídolos de Canaã, contaminaram a terra com sangue. A si mesmos contaminaram com seus atos perversos; seu amor aos ídolos foi adultério. Por isso, a ira do S enhor se acendeu, e ele sentiu aversão por seu povo, sua propriedade. Entregou-os às nações, e foram dominados por aqueles que os odiavam. Seus inimigos os oprimiram e os sujeitaram ao seu poder cruel. Muitas vezes os livrou, mas escolheram se rebelar contra ele; por fim, seu pecado os destruiu. Ainda assim, ele viu a aflição do povo e ouviu seus clamores. Lembrou-se de sua aliança com eles e teve compaixão por causa do seu grande amor. Fez que seus captores os tratassem com misericórdia. Salva-nos, S enhor, nosso Deus! Reúne-nos dentre as nações, para darmos graças ao teu santo nome, para nos alegrarmos no teu louvor! Louvem o S enhor, o Deus de Israel, que vive de eternidade a eternidade. Todos digam “Amém”! Louvado seja o S enhor! Deem graças ao S enhor, porque ele é bom; seu amor dura para sempre! O S enhor os resgatou? Proclamem em alta voz! Contem a todos que ele os resgatou de seus inimigos. Pois ele reuniu os que estavam exilados em muitas terras, do leste e do oeste, do norte e do sul. Eles vagavam pelo deserto, perdidos e sem lar. Famintos e sedentos, chegaram à beira da morte. Em sua aflição, clamaram ao S enhor, e ele os livrou de seus sofrimentos. Conduziu-os por um caminho seguro, a uma cidade onde pudessem morar. Que louvem o S enhor por seu grande amor e pelas maravilhas que fez pela humanidade. Pois ele sacia o sedento e enche de coisas boas o faminto. Estavam sentados na escuridão e em trevas profundas, presos com as algemas de ferro do sofrimento. Rebelaram-se contra as palavras de Deus e desprezaram o conselho do Altíssimo. Por isso ele os sujeitou a trabalhos pesados; caíram, e não houve quem os ajudasse. Em sua aflição, clamaram ao S enhor, e ele os livrou de seus sofrimentos. Tirou-os da escuridão e das trevas profundas e quebrou suas algemas. Que louvem o S enhor por seu grande amor e pelas maravilhas que fez pela humanidade. Pois ele quebrou as portas de bronze da prisão e partiu as trancas de ferro. Foram tolos; rebelaram-se e sofreram por causa de seus pecados. Não conseguiam nem pensar em comer e estavam às portas da morte. Em sua aflição, clamaram ao S enhor, e ele os livrou de seus sofrimentos. Enviou sua palavra e os curou, e os resgatou da morte. Que louvem o S enhor por seu grande amor e pelas maravilhas que fez pela humanidade. Que ofereçam sacrifícios de ações de graças e anunciem suas obras com canções alegres. Viajaram pelo mundo em navios; percorreram as rotas comerciais dos mares. Também eles viram as obras do S enhor e suas maravilhas nas águas mais profundas. Por sua ordem, os ventos se levantaram e agitaram as ondas. Seus navios eram lançados aos céus, depois desciam às profundezas; foram tomados de pavor. Cambaleavam e tropeçavam, como bêbados, e não sabiam mais o que fazer. Em sua aflição, clamaram ao S enhor, e ele os livrou de seus sofrimentos. Acalmou a tempestade e aquietou as ondas. A calmaria os alegrou, e ele os levou ao porto em segurança. Que louvem o S enhor por sua bondade e pelas maravilhas que fez pela humanidade. Que o exaltem em público, diante da comunidade e dos líderes do povo. Ele transforma rios em desertos, e fontes de água em terra seca. Torna a terra fértil em solo inútil, por causa da perversidade de seus habitantes. Também transforma os desertos em açudes e a terra seca em fontes de água. Leva os famintos para ali se estabelecerem e construírem suas cidades. Eles semeiam campos, plantam videiras e têm grandes colheitas. Sim, ele os abençoa! Ali, criam famílias numerosas, e seus rebanhos não param de crescer. Mas, quando diminuem em número e empobrecem por causa da opressão, da miséria e da tristeza, o S enhor lança desprezo sobre seus príncipes e os faz vagar num deserto sem caminhos. Contudo, livra do sofrimento os pobres e aumenta suas famílias como rebanhos de ovelhas. Os justos verão essas coisas e se alegrarão, enquanto os perversos serão calados. Quem é sábio levará tudo isso a sério; perceberá como tem sido leal o amor do S enhor. Meu coração está firme em ti, ó Deus; por isso te cantarei louvores com todo o meu ser. Despertem, lira e harpa! Quero acordar o amanhecer com a minha canção. Eu te darei graças, S enhor, no meio dos povos; cantarei louvores a ti entre as nações. Pois o teu amor é mais alto que os céus; a tua fidelidade chega até as nuvens. Sê exaltado, ó Deus, acima dos mais altos céus; que a tua glória brilhe sobre toda a terra! Agora, livra teu povo amado; responde-nos e salva-nos por teu poder. Deus, em seu santuário, prometeu: “Com alegria dividirei Siquém e medirei o vale de Sucote. Gileade é minha, e também Manassés; Efraim é meu capacete, e Judá, meu cetro. Moabe é minha bacia de lavar; limparei os pés sobre Edom e darei um grito de triunfo sobre a Filístia”. Quem me levará à cidade fortificada? Quem me guiará até Edom? Acaso nos rejeitaste, ó Deus? Não marcharás mais com nossos exércitos? Ajuda-nos contra nossos inimigos, pois todo socorro humano é inútil. Com o auxílio de Deus, realizaremos grandes feitos, pois ele pisará os nossos inimigos. Ó Deus, a quem eu louvo, não permaneças calado, enquanto os perversos me caluniam e falam mentiras a meu respeito. Eles me cercam de palavras odiosas e me atacam sem motivo. Retribuem meu amor com acusações, mesmo enquanto oro por eles. Pagam-me o bem com o mal, e o amor, com o ódio. Que um perverso testemunhe contra ele, e um acusador o leve a julgamento. Quando julgarem sua causa, que o declarem culpado; considerem pecado suas orações. Que sua vida seja curta, e outro ocupe seu lugar. Que seus filhos se tornem órfãos, e sua esposa, viúva. Que seus filhos andem sem rumo, como mendigos, e sejam expulsos de suas casas em ruínas. Que os credores tomem todos os seus bens, e estranhos levem o fruto de seu trabalho. Que ninguém o trate com bondade, nem tenha compaixão de seus órfãos. Que todos os seus descendentes morram; que o nome de sua família seja apagado na geração seguinte. Que o S enhor nunca se esqueça dos pecados de seus antepassados; que os pecados de sua mãe jamais sejam apagados. Que o S enhor se lembre sempre de sua culpa; que seu nome seja de todo esquecido. Pois não quis ser bondoso com os outros; foi no encalço dos pobres e necessitados e perseguiu até a morte os de coração quebrantado. Gostava de amaldiçoar; agora, que ele próprio seja amaldiçoado. Não tinha prazer em abençoar; agora, que ele não seja abençoado. Para ele, amaldiçoar é como a roupa que ele veste, como a água que bebe, como os alimentos saborosos que come. Agora, que suas maldições voltem para ele; apeguem-se a seu corpo como roupas, amarrem-se em torno dele como um cinto. Que essas maldições se tornem castigo do S enhor para meus acusadores, para os que falam mal de mim. Quanto a mim, ó S enhor Soberano, trata-me bem, por causa do teu nome; livra-me, porque és fiel e bom. Pois sou pobre e necessitado, e meu coração está ferido. Vou desaparecendo, como a sombra ao entardecer; sou lançado para longe, como um gafanhoto. De tanto jejuar, meus joelhos estão fracos; não passo de pele e osso. Sou motivo de zombaria em todo lugar; quando me veem, balançam a cabeça em desprezo. Ajuda-me, S enhor, meu Deus; salva-me por causa do teu amor! Que eles reconheçam que isso veio de ti, que tu mesmo o fizeste, S enhor. Que importa se me amaldiçoarem? Tu me abençoarás! Quando me atacarem, serão envergonhados; mas eu, teu servo, continuarei a me alegrar! Que meus acusadores sejam vestidos de humilhação, que a vergonha os cubra como um manto. Eu, porém, sempre darei graças ao S enhor; louvarei seu nome diante de todos. Pois ele está junto aos necessitados, pronto para salvá-los dos que os condenam. O S enhor disse ao meu Senhor: “Sente-se no lugar de honra à minha direita, até que eu humilhe seus inimigos e os ponha debaixo de seus pés”. O S enhor estenderá seu reino poderoso desde Sião; você governará seus inimigos. Quando você for à guerra, seu povo o servirá de livre vontade. Você está envolto em vestes santas, e sua força será renovada a cada dia, como o orvalho da manhã. O S enhor jurou e não voltará atrás: “Você é sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque”. O Senhor está à sua direita para protegê-lo; esmagará muitos reis no dia de sua ira. Castigarás as nações e encherá suas terras de cadáveres; esmagará cabeças por todo o mundo. Ele próprio, contudo, se refrescará em riachos ao longo do caminho; ele será vitorioso. Louvado seja o S enhor! De todo o meu coração darei graças ao S enhor quando me reunir com os justos. Como são grandiosas as obras do S enhor! Todos que têm prazer nele devem nelas meditar. Tudo que ele faz revela sua glória e majestade; sua justiça permanece para sempre. Ele nos faz recordar suas maravilhas; o S enhor é compassivo e misericordioso. Dá alimento aos que o temem, lembra-se sempre de sua aliança. Mostrou seu poder ao seu povo ao lhe dar as terras de outras nações. Tudo que ele faz é justo e bom; todos os seus mandamentos são confiáveis. São verdadeiros para sempre; devem ser obedecidos com fidelidade e retidão. Ele pagou o resgate por seu povo, garantiu para sempre sua aliança com eles; seu nome é santo e temível! O temor do S enhor é o princípio do conhecimento; todos que obedecem a seus mandamentos mostram bom senso. Louvem-no para sempre! Louvado seja o S enhor! Como é feliz aquele que teme o S enhor e tem prazer em obedecer a seus mandamentos! Seus filhos serão bem-sucedidos em toda a terra; uma geração inteira de justos será abençoada. Em sua casa, haverá riqueza e prosperidade, e suas boas ações permanecerão para sempre. A luz brilha na escuridão para o justo; ele é compassivo, misericordioso e íntegro. Feliz é o que empresta com generosidade e conduz seus negócios honestamente. Ele não será abalado; sua lembrança durará por muito tempo. Não teme más notícias; confia plenamente no cuidado do S enhor. É confiante e destemido; olha com triunfo para seus inimigos. Compartilha generosamente com os pobres, e seus atos de justiça serão lembrados para sempre; ele terá influência e honra. O perverso verá isso e ficará furioso, rangerá os dentes de raiva e desaparecerá; seus desejos serão frustrados. Louvado seja o S enhor! Sim, louvem, ó servos do S enhor, louvem o nome do S enhor! Bendito seja o nome do S enhor, agora e para sempre. Em todo lugar, do Oriente ao Ocidente, louvem o nome do S enhor. Pois o S enhor é engrandecido acima das nações; sua glória está acima dos céus. Quem se compara ao S enhor, nosso Deus, entronizado nas alturas? Ele se inclina para ver o que acontece nos céus e na terra. Levanta do pó o necessitado e ergue do lixo o pobre. Coloca-os entre príncipes, entre os príncipes de seu povo. Dá uma família à mulher estéril e a torna uma mãe feliz. Louvado seja o S enhor! Quando o povo de Israel saiu do Egito, quando a família de Jacó deixou aquela terra estrangeira, a terra de Judá se tornou o santuário de Deus, e Israel se tornou seu domínio. O mar Vermelho os viu chegando e se abriu, e as águas do rio Jordão recuaram. Os montes saltaram como carneiros, e as colinas, como cordeiros. Que aconteceu, ó mar Vermelho, para que se abrisse? Que aconteceu, ó rio Jordão, para que recuasse? Por que, ó montes, saltaram como carneiros? Por que, ó colinas, saltaram como cordeiros? Estremeça, ó terra, na presença do Senhor, na presença do Deus de Jacó. Ele transformou a rocha em açude; sim, do rochedo fez nascer uma fonte de água. Não a nós, S enhor, não a nós, mas ao teu nome seja toda a glória, por teu amor e por tua fidelidade. Por que as nações dizem: “Onde está o deus deles?”. Nosso Deus está nos céus e faz tudo como deseja. Seus ídolos não passam de objetos de prata e ouro, formados por mãos humanas. Têm boca, mas não falam; olhos, mas não veem. Têm ouvidos, mas não ouvem; nariz, mas não respiram. Têm mãos, mas não apalpam; pés, mas não andam; garganta, mas não emitem som. Aqueles que fazem ídolos e neles confiam são exatamente iguais a eles. Ó Israel, confie no S enhor; ele é seu auxílio e seu escudo! Ó sacerdotes, descendentes de Arão, confiem no S enhor; ele é seu auxílio e seu escudo! Todos vocês que temem o S enhor, confiem nele; ele é seu auxílio e seu escudo! O S enhor se lembra de nós e nos abençoará; sim, abençoará o povo de Israel e os sacerdotes, descendentes de Arão. Abençoará os que temem o S enhor, tanto os grandes como os pequenos. Que o S enhor multiplique bênçãos para vocês e seus filhos. Sejam abençoados pelo S enhor, que fez os céus e a terra. Os céus pertencem ao S enhor, mas ele deu a terra à humanidade. Os mortos não cantam louvores ao S enhor, pois desceram ao silêncio da sepultura. Nós, porém, louvaremos o S enhor agora e para sempre. Louvado seja o S enhor! Amo o S enhor, porque ele ouve a minha voz e as minhas orações. Porque ele se inclina para ouvir, orarei enquanto viver. A morte me envolveu com suas cordas, e os terrores da sepultura me dominaram; não via outra coisa senão sofrimento e tristeza. Então clamei pelo nome do S enhor: “Livra-me, S enhor!”. O S enhor é compassivo e justo; o nosso Deus é misericordioso! O S enhor protege os ingênuos; eu estava diante da morte, e ele me salvou. Volte, minha alma, a descansar, pois o S enhor lhe tem sido bom. Ele livrou minha alma da morte, meus olhos, das lágrimas, meus pés, da queda. Por isso, andarei na presença do S enhor enquanto viver aqui na terra. Eu cri, por isso disse: “Estou profundamente aflito!”. Em meu desespero, declarei: “Todos são mentirosos!”. Que posso oferecer ao S enhor por tudo que ele me tem feito? Celebrarei meu livramento e louvarei o nome do S enhor. Cumprirei meus votos ao S enhor na presença de todo o seu povo. O S enhor se importa profundamente com a morte de seus fiéis. Ó S enhor, sou teu servo, sim, teu servo, teu humilde servo; tu me livraste de minhas correntes. Oferecerei a ti um sacrifício de ação de graças e louvarei o nome do S enhor. Cumprirei meus votos ao S enhor na presença de todo o seu povo, na casa do S enhor, no meio de Jerusalém. Louvado seja o S enhor! Louvem o S enhor todas as nações; louvem-no todos os povos. Pois grande é o seu amor por nós; a fidelidade do S enhor dura para sempre. Louvado seja o S enhor! Deem graças ao S enhor, porque ele é bom; seu amor dura para sempre! Todo o Israel diga: “Seu amor dura para sempre!”. Os sacerdotes, descendentes de Arão, digam: “Seu amor dura para sempre!”. Todos que temem o S enhor digam: “Seu amor dura para sempre!”. Em minha angústia, orei ao S enhor; o S enhor me ouviu e me livrou. O S enhor está comigo, portanto não temerei; o que me podem fazer os simples mortais? Sim, o S enhor está comigo, e ele me ajudará; olharei com triunfo para os que me odeiam. É melhor refugiar-se no S enhor que confiar em pessoas. É melhor refugiar-se no S enhor que confiar em príncipes. Todas as nações hostis me cercaram, mas eu as destruí em nome do S enhor. Sim, elas me cercaram de todos os lados, mas eu as destruí em nome do S enhor. Como um enxame de abelhas me rodearam e arderam contra mim como um fogo crepitante, mas eu as destruí em nome do S enhor. Meus inimigos fizeram todo o possível para me derrubar, mas o S enhor me sustentou. O S enhor é minha força e meu cântico; ele é minha salvação. No acampamento dos justos há cânticos de alegria e vitória; a mão direita do S enhor realizou grandes feitos! A mão direita do S enhor se levanta em triunfo; a mão direita do S enhor realizou grandes feitos! Não morrerei; pelo contrário, viverei para contar o que o S enhor fez. O S enhor me castigou severamente, mas não me deixou morrer. Abram para mim as portas por onde entram os justos; entrarei e darei graças ao S enhor. Essas portas conduzem à presença do S enhor, e os justos entram por elas. Eu te dou graças porque respondeste à minha oração e me deste vitória! A pedra que os construtores rejeitaram se tornou a pedra angular. Isso é obra do S enhor e é maravilhosa de ver. Este é o dia que o S enhor fez; nele nos alegraremos e exultaremos. Ó S enhor, por favor, salva-nos! Ó S enhor, dá-nos sucesso! Bendito é o que vem em nome do S enhor; nós os abençoamos da casa do S enhor. O S enhor é Deus e resplandece sobre nós; peguem o sacrifício e amarrem-no com cordas sobre o altar. Tu és meu Deus, e eu te louvarei! Tu és meu Deus, e eu te exaltarei! Deem graças ao S enhor, porque ele é bom; seu amor dura para sempre! Como são felizes os íntegros, os que seguem a lei do S enhor! Como são felizes os que obedecem a seus preceitos e o buscam de todo o coração. Não praticam o mal e andam em seus caminhos. Tu nos encarregaste de seguir fielmente tuas ordens. Meu grande desejo é que minhas ações sempre reflitam teus decretos. Então não ficarei envergonhado quando meditar em todos os teus mandamentos. Eu te darei graças por viver corretamente, à medida que aprender teus justos estatutos. Obedecerei a teus decretos; por favor, não desistas de mim! Bêt Como pode o jovem se manter puro? Obedecendo à tua palavra. De todo o meu coração te busquei; não permitas que eu me desvie de teus mandamentos. Guardei tua palavra em meu coração, para não pecar contra ti. Eu te louvo, ó S enhor; ensina-me teus decretos. Recitei em voz alta todos os estatutos que nos deste. Alegrei-me com o caminho apontado por teus preceitos tanto quanto com muitas riquezas. Meditarei em tuas ordens e refletirei sobre teus caminhos. Terei prazer em teus decretos e não me esquecerei de tua palavra. Trata teu servo com bondade, para que eu viva e obedeça à tua palavra. Abre meus olhos, para que eu veja as maravilhas de tua lei. Sou estrangeiro na terra; não escondas de mim teus mandamentos. Tenho sempre intenso desejo por teus estatutos. Tu repreendes os arrogantes; são malditos os que se desviam de teus mandamentos. Não permitas que zombem de mim e me desprezem, pois tenho obedecido a teus preceitos. Até os príncipes se reúnem e falam contra mim, mas eu meditarei em teus decretos. Tenho prazer em teus preceitos; eles me dão conselhos sábios. Estou prostrado no pó; restaura minha vida com a tua palavra. Relatei meus planos a ti, e me respondeste; agora, ensina-me teus decretos. Ajuda-me a entender tuas ordens e eu meditarei em tuas maravilhas. Minha alma chora de tristeza; fortalece-me com tua palavra. Afasta de mim o caminho da mentira; dá-me o privilégio de conhecer tua lei. Escolhi o caminho da verdade; decidi viver de acordo com teus estatutos. Apego-me a teus preceitos; S enhor, não permitas que eu seja envergonhado! Buscarei teus mandamentos, pois tu aumentas meu entendimento. Ensina-me teus decretos, ó S enhor, e eu os guardarei até o fim. Dá-me entendimento e obedecerei à tua lei; de todo o coração a porei em prática. Faze-me andar em teus mandamentos, pois neles tenho prazer. Dá-me entusiasmo por teus preceitos, e não pela ganância! Desvia meus olhos de coisas inúteis e restaura-me por meio de tua palavra. Confirma a teu servo a tua promessa, que fizeste aos que te temem. Afasta-me de meus caminhos vergonhosos, pois teus estatutos são bons. Anseio por obedecer às tuas ordens; restaura minha vida por tua justiça. S enhor, dá-me o teu amor, a salvação que me prometeste. Então poderei responder aos que me insultam, pois confio em tua palavra. Não retires de mim a palavra da verdade, pois teus estatutos são minha esperança. Continuarei a obedecer à tua lei para todo o sempre. Andarei em liberdade, pois me dediquei às tuas ordens. Falarei de teus preceitos a reis, e não me envergonharei. Como tenho prazer em teus mandamentos! Como eu os amo! Celebro teus mandamentos, que amo, e em teus decretos medito. Lembra-te da promessa que fizeste a este teu servo; ela é minha esperança. Tua promessa renova minhas forças; ela me consola em minha aflição. O tempo todo os orgulhosos me desprezam, mas eu não me desvio de tua lei. Medito em teus estatutos tão antigos; ó S enhor, eles me consolam! Fico furioso com os perversos, pois eles rejeitam tua lei. Teus decretos são o tema de minhas canções, na casa onde tenho vivido. À noite, penso em quem tu és, S enhor; portanto, obedeço à tua lei. Assim passo meus dias: obedecendo às tuas ordens. S enhor, tu és minha herança; prometo obedecer às tuas palavras! Busco teu favor de todo o coração; tem misericórdia de mim, como prometeste. Refleti sobre o rumo de minha vida e resolvi seguir teus preceitos. Eu me apressarei e, sem demora, obedecerei a teus mandamentos. Os perversos tentam me arrastar, mas não me esquecerei de tua lei. Levanto-me à meia-noite para te dar graças por teus justos estatutos. Sou amigo de todos que te temem, dos que obedecem às tuas ordens. Ó S enhor, o teu amor enche a terra; ensina-me teus decretos. Muitas coisas boas me tens feito, S enhor, como prometeste. Ensina-me bom senso e dá-me conhecimento, pois creio em teus mandamentos. Antes de me disciplinares, eu vivia desviado; agora, porém, sigo tua palavra de perto. Tu és bom e fazes somente o bem; ensina-me teus decretos. Os arrogantes mentem a meu respeito, mas eu obedeço às tuas ordens de todo o coração. O coração deles é tolo e insensível, mas eu tenho prazer em tua lei. O sofrimento foi bom para mim, pois me ensinou a dar atenção a teus decretos. Tua lei é mais valiosa para mim que milhares de peças de ouro e de prata. Tu me fizeste, tu me formaste; dá-me entendimento para aprender teus mandamentos. Que eu seja motivo de alegria para os que te temem, pois em tua palavra depositei minha esperança. Eu sei, ó S enhor, que teus estatutos são justos; tu me disciplinaste por tua fidelidade. Agora, que o teu amor me console, como prometeste a este teu servo. Cerca-me de tua compaixão, para que eu viva, pois tenho prazer em tua lei. Sejam envergonhados os arrogantes que mentiram a meu respeito; eu, porém, meditarei em tuas ordens. Unam-se a mim todos que te temem, os que conhecem teus preceitos. Que eu seja inculpável na obediência a teus decretos; então jamais serei envergonhado. Estou exausto de tanto esperar por teu livramento, mas depositei minha esperança em tua palavra. Meus olhos se esforçam para ver tua promessa se cumprir; quando me consolarás? Mesmo enrugado, como uma vasilha de couro na fumaça, não me esqueci de teus decretos. Até quando terei de esperar? Quando castigarás os que me perseguem? Os arrogantes, que não seguem tua lei, abriram covas fundas para me pegar. Todos os teus mandamentos são confiáveis; protege-me dos que me perseguem sem motivo. Quase acabaram comigo, mas eu não abandonei tuas ordens. Por teu amor, preserva minha vida; então continuarei a obedecer a teus preceitos. Tua palavra eterna, ó S enhor, está firme nos céus. Tua fidelidade se estende de uma geração a outra, duradoura como a terra que estabeleceste. Teus estatutos permanecem até hoje, pois tudo está a serviço de teus planos. Se tua lei não fosse meu prazer, eu teria morrido em meu sofrimento. Jamais me esquecerei de tuas ordens, pois é por meio delas que me dás vida. Sou teu; salva-me, pois tenho buscado tuas ordens. Embora os perversos fiquem à espreita para me matar, meditarei em teus preceitos. Percebi que até mesmo a perfeição tem limite, mas não há limite para teu mandamento. Como eu amo a tua lei; penso nela o dia todo! Teus mandamentos me fazem mais sábio que meus inimigos, pois sempre me guiam. Sim, tenho mais prudência que meus mestres, pois vivo a meditar em teus preceitos. Tenho mais entendimento que os anciãos, pois obedeço às tuas ordens. Recuso-me a andar em todo caminho mau, a fim de obedecer à tua palavra. Não me afastei de teus estatutos, pois tu me ensinaste bem. Como são doces as tuas palavras; são mais doces que o mel! Tuas ordens me dão discernimento; por isso odeio todo caminho falso. Tua palavra é lâmpada para meus pés e luz para meu caminho. Prometi uma vez e volto a prometer: obedecerei a teus justos estatutos. Sofri muito, ó S enhor; restaura minha vida, como prometeste. S enhor, aceita minha oferta de louvor e ensina-me teus estatutos. Minha vida está sempre por um fio, mas não me esquecerei de tua lei. Os perversos me prepararam armadilhas, mas não me desviarei de tuas ordens. Teus preceitos são meu tesouro permanente; são o prazer do meu coração. Estou decidido a cumprir teus estatutos para sempre, até o fim. Odeio pessoas inconstantes, mas amo a tua lei. Tu és meu refúgio e meu escudo; tua palavra é minha esperança. Afastem-se de mim, vocês que praticam o mal, pois obedecerei aos mandamentos de meu Deus. Sustenta-me como prometeste, S enhor, para que eu viva; não permitas que minha esperança seja frustrada. Sustenta-me e serei salvo; então meditarei continuamente em teus decretos. Rejeitaste, porém, todos que se afastam de teus decretos, os que só enganam a si mesmos. Removes os ímpios da terra como coisa desprezível; por isso, amo teus preceitos. Estremeço de medo de ti; tenho temor reverente por teus estatutos. Não me entregues a meus inimigos, pois tenho feito o que é justo e certo. Garantas o bem deste teu servo; não permitas que os arrogantes me oprimam. Meus olhos se esforçam para ver teu livramento, o cumprimento de tua promessa de justiça. Sou teu servo; trata-me conforme o teu amor e ensina-me os teus decretos. Dá discernimento a este teu servo; então entenderei teus preceitos. S enhor, é tempo de agires, pois violaram a tua lei. Por isso amo teus mandamentos, mais que o ouro, mais que o ouro puro. Cada um de teus mandamentos é reto; por isso, odeio todo caminho falso. Teus preceitos são maravilhosos; por isso eu lhes obedeço! O ensinamento de tua palavra esclarece, e até os ingênuos entendem. Abro a boca e suspiro, pois anseio por teus mandamentos. Vem e mostra-me tua misericórdia, como fazes por todos que amam o teu nome. Firma meus passos conforme a tua palavra, para que o pecado não me domine. Livra-me da opressão das pessoas; então poderei obedecer às tuas ordens. Olha para mim com favor; ensina-me teus decretos. Rios de lágrimas brotam de meus olhos, porque as pessoas não cumprem tua lei. Tu, S enhor, és justo, e imparciais são teus estatutos. Teus preceitos são perfeitos, de todo confiáveis. Sou tomado de indignação, pois meus inimigos desprezam tuas palavras. Tua promessa foi plenamente comprovada; por isso este teu servo tanto a ama. Sou insignificante e desprezado, mas não me esqueço de tuas ordens. Tua justiça é eterna, e tua lei é verdadeira. Quando aflição e angústia pesam sobre mim, encontro prazer em teus mandamentos. Teus preceitos são sempre justos; ajuda-me a entendê-los, para que eu viva! Oro de todo o coração; responde-me, S enhor! Obedecerei a teus decretos. Clamo a ti; livra-me, para que eu obedeça a teus preceitos. Levanto-me cedo, antes de o sol nascer; clamo e ponho minha esperança em tuas promessas. Desperto de madrugada, para refletir em tuas palavras. Por teu amor, ó S enhor, ouve meu clamor; restaura minha vida conforme teus estatutos. Pessoas más aproximam-se para me atacar; elas estão distantes de tua lei. Mas tu, S enhor, estás perto, e todos os teus mandamentos são verdadeiros. Sei, há muito tempo, que teus preceitos durarão para sempre. Vê meu sofrimento e livra-me, pois não me esqueci de tua lei. Defende minha causa e liberta-me; protege minha vida, como prometeste. Os perversos estão longe da salvação, pois não dão importância a teus decretos. S enhor, como é grande a tua misericórdia; restaura minha vida conforme teus estatutos! São muitos os que me perseguem e me afligem, mas não me desviei de teus preceitos. Ver esses traidores me dá desgosto, pois não obedecem à tua palavra. Vê, S enhor, como eu amo tuas ordens; restaura minha vida por causa do teu amor. A própria essência de tuas palavras é verdade; todos os teus justos estatutos permanecerão para sempre. Os poderosos me perseguem sem motivo, mas só diante de tua palavra meu coração treme. Alegro-me em tua palavra, como quem descobre um grande tesouro. Odeio e detesto a falsidade, mas amo a tua lei. Sete vezes por dia te louvarei, porque teus estatutos são justos. Os que amam tua lei estão totalmente seguros e não tropeçam. Anseio por teu livramento, S enhor; tenho cumprido teus mandamentos. Tenho obedecido a teus preceitos, pois os amo muito. Sim, obedeço às tuas ordens e aos teus preceitos, pois vês tudo que faço. Ó S enhor, ouve meu clamor; dá-me entendimento, como prometeste. Ouve minha oração; livra-me, conforme tua palavra. Que louvor transborde de meus lábios, pois tu me ensinas teus decretos. Que minha língua cante sobre tua palavra, pois todos os teus mandamentos são justos. Estende a tua mão para me ajudar, pois escolhi seguir tuas ordens. Ó S enhor, anseio por teu livramento; tua lei é meu prazer. Que eu viva para poder te louvar, e que teus estatutos me ajudem. Andei sem rumo, como ovelha perdida; vem buscar teu servo, pois não me esqueci de teus mandamentos. Em minha angústia, clamei ao S enhor, e ele respondeu à minha oração. Livra-me, S enhor, dos mentirosos e dos enganadores. Ó língua mentirosa, o que Deus fará com você? Como aumentará seu castigo? Ele a atravessará com flechas afiadas e a queimará com brasas vivas. Como sofro na distante Meseque! É doloroso viver entre os moradores de Quedar! Estou cansado de habitar entre os que odeiam a paz. Procuro a paz, mas, quando falo de paz, eles querem guerra! Olho para os montes e pergunto: “De onde me virá socorro?”. Meu socorro vem do S enhor, que fez os céus e a terra! Ele não deixará que você tropece; aquele que o protege não cochilará. Aquele que guarda Israel não cochila nem dorme. O S enhor é seu protetor! O S enhor está ao seu lado, como sombra que o abriga. O sol não lhe fará mal de dia, nem a lua, de noite. O S enhor o guarda de todo mal e protege sua vida. O S enhor o guarda em tudo que você faz, agora e para sempre. Alegrei-me quando me disseram: “Vamos à casa do S enhor ”. Agora estamos aqui, junto às suas portas, ó Jerusalém. Jerusalém é cidade bem construída, com muros firmes e compactos. Todas as tribos de Israel, o povo do S enhor, sobem para cá. Vêm para dar graças ao nome do S enhor, conforme a lei requer. Aqui estão os tronos de onde se pronunciam julgamentos, os tronos da dinastia de Davi. Orem pela paz de Jerusalém; sejam prósperos todos que amam esta cidade. Que haja paz dentro de seus muros e prosperidade em seus palácios. Em favor de minha família e amigos, direi: “Que você tenha paz, ó Jerusalém!”. Em favor da casa do S enhor, nosso Deus, buscarei o seu bem. Levanto meus olhos para ti, ó Deus que habitas nos céus! Continuamos a olhar para o S enhor, nosso Deus, esperando sua compaixão, como os servos que olham para as mãos de seus senhores, e a serva que olha para a mão de sua senhora. Tem misericórdia de nós, S enhor, tem misericórdia, pois estamos cansados de tanto desprezo. Estamos exaustos de tanta zombaria dos orgulhosos e do desprezo dos arrogantes. E se o S enhor não estivesse ao nosso lado? Que todo o Israel diga: E se o S enhor não estivesse ao nosso lado quando os inimigos nos atacaram? Eles nos teriam engolido vivos com sua ira ardente contra nós. As águas nos teriam encoberto, a correnteza nos teria afogado. Sim, as águas violentas de sua fúria nos teriam afogado. Louvado seja o S enhor, que não permitiu que nos despedaçassem com seus dentes! Escapamos como um pássaro que foge da armadilha do caçador; a armadilha se quebrou, e estamos livres! Nosso socorro vem do S enhor, que fez os céus e a terra. Os que confiam no S enhor são como o monte Sião; não serão abalados, mas permanecerão para sempre. Assim como os montes cercam Jerusalém, o S enhor se põe ao redor de seu povo, agora e para sempre. Os perversos não governarão a terra dos justos, para que os justos não sejam tentados a fazer o mal. Ó S enhor, faze o bem àqueles que são bons, aos que têm o coração sincero. Expulsa, porém, os que andam por caminhos tortuosos, ó S enhor; leva-os embora junto com os que praticam o mal. Que Israel tenha paz! Quando o S enhor trouxe os exilados de volta a Sião, foi como um sonho. Nossa boca se encheu de riso, e cantamos de alegria. As outras nações disseram: “O S enhor fez coisas grandiosas por eles”. Sim, o S enhor fez coisas grandiosas por nós; que alegria! Restaura, S enhor, nossa situação, como os riachos revigoram o deserto. Os que semeiam com lágrimas colherão com gritos de alegria. Choram enquanto lançam as sementes, mas cantam quando voltam com a colheita. Se o S enhor não constrói a casa, o trabalho dos construtores é vão. Se o S enhor não protege a cidade, de nada adianta guardá-la com sentinelas. É inútil trabalhar tanto, desde a madrugada até tarde da noite, e se preocupar em conseguir o alimento, pois Deus cuida de seus amados enquanto dormem. Os filhos são um presente do S enhor, uma recompensa que ele dá. Os filhos que o homem tem em sua juventude são como flechas na mão do guerreiro. Feliz é o que tem uma aljava cheia delas; não será envergonhado quando enfrentar seus inimigos às portas da cidade. Como é feliz aquele que teme o S enhor, que anda em seus caminhos! Você desfrutará o fruto de seu trabalho; será feliz e próspero. Sua esposa será como videira frutífera que floresce em seu lar. Seus filhos serão como brotos de oliveiras ao redor de sua mesa. Esta é a bênção do S enhor para aquele que o teme. Que o S enhor o abençoe desde Sião. Que você veja a prosperidade de Jerusalém enquanto viver. Que você viva para ver seus netos. Que Israel tenha paz! Desde minha juventude, meus inimigos me perseguem. Que todo o Israel diga: Desde minha juventude, meus inimigos me perseguem, mas nunca me derrotaram. Minhas costas estão cobertas de feridas, como os longos sulcos feitos pelo arado na terra. O S enhor, porém, é justo; ele me livrou das cordas dos perversos. Recuem envergonhados e derrotados todos que odeiam Sião. Sejam inúteis como o capim que cresce no telhado, que seca antes de crescer por inteiro, capim que não é colhido pelo ceifeiro, deixado de lado por aquele que amarra os feixes. Que ninguém que passar por eles diga: “O S enhor os abençoe; nós os abençoamos em nome do S enhor ”. Das profundezas do desespero, S enhor, clamo a ti. Escuta minha voz, ó Senhor; dá ouvidos à minha oração. S enhor, se mantivesses um registro de nossos pecados, quem, ó Senhor, sobreviveria? Tu, porém, ofereces perdão, para que aprendamos a te temer. Espero no S enhor, sim, espero nele; em sua palavra, depositei minha esperança. Anseio pelo Senhor, mais que as sentinelas anseiam pelo amanhecer; sim, mais que as sentinelas anseiam pelo amanhecer. Ó Israel, ponha sua esperança no S enhor; pois no S enhor há amor e transbordante redenção. Ele próprio resgatará Israel de todos os seus pecados. S enhor, meu coração não é orgulhoso, e meus olhos não são arrogantes. Não me envolvo com questões grandiosas ou maravilhosas demais para minha compreensão. Pelo contrário, acalmei e aquietei a alma, como criança desmamada que não chora mais pelo leite da mãe. Sim, minha alma dentro de mim é como uma criança desmamada. Ó Israel, ponha sua esperança no S enhor, agora e para sempre! S enhor, lembra-te de Davi e de tudo que ele sofreu. Ele fez uma promessa solene ao S enhor; jurou ao Poderoso de Jacó: “Não voltarei para casa, não descansarei em minha cama, não deixarei que meus olhos durmam, nem fecharei as pálpebras para cochilar, enquanto não encontrar lugar para a habitação do S enhor, o santuário para o Poderoso de Jacó”. Ouvimos dizer que a arca estava em Efrata e a encontramos nos campos de Jaar. Vamos ao santuário do S enhor; adoremos diante de seu trono! Levanta-te, S enhor, e entra no teu lugar de descanso, junto com a arca, o símbolo do teu poder. Que teus sacerdotes se vistam de justiça, que teus fiéis cantem de alegria. Por causa do teu servo Davi, não rejeites aquele que ungiste. O S enhor fez um juramento solene a Davi e prometeu jamais voltar atrás: “Colocarei em seu trono um de seus descendentes. Se os seus descendentes obedecerem aos termos de minha aliança e aos preceitos que eu lhes ensino, sua linhagem real continuará para todo o sempre”. Pois o S enhor escolheu Sião; desejou-a para ser sua habitação. “Este é meu descanso para sempre”, disse ele. “Habitarei aqui, pois este é o lugar que desejei. Abençoarei esta cidade e a tornarei próspera; saciarei seus pobres com alimento. Vestirei seus sacerdotes com salvação; seus fiéis cantarão de alegria. Aqui aumentarei o poder de Davi; meu ungido será luz para meu povo. Vestirei de vergonha seus inimigos, mas ele usará uma coroa gloriosa.” Como é bom e agradável quando os irmãos vivem em união! Pois a união é preciosa como o óleo da unção, que era derramado sobre a cabeça de Arão e descia por sua barba, até a bainha de suas vestes. É revigorante como o orvalho do monte Hermom que desce sobre os montes de Sião. Ali o S enhor pronuncia sua bênção e dá vida para sempre. Louvem o S enhor todos vocês, servos do S enhor, todos que servem de noite na casa do S enhor. Levantem suas mãos para o santuário e louvem o S enhor. De Sião os abençoe o S enhor, que fez os céus e a terra! Louvado seja o S enhor! Louvem o nome do S enhor! Louvem-no vocês, servos do S enhor, vocês que servem na casa do S enhor, nos pátios da casa de nosso Deus. Louvem o S enhor, porque o S enhor é bom; celebrem seu nome amável com música. Pois o S enhor escolheu Jacó para si; Israel é seu tesouro especial. Sim, conheço a grandeza do S enhor; nosso Senhor é maior que qualquer outro deus. O S enhor faz tudo como deseja, nos céus e na terra, nos mares e em suas profundezas. Faz as nuvens subirem sobre toda a terra, envia os relâmpagos que acompanham a chuva e manda o vento sair de seus depósitos. Matou o filho mais velho de todos os lares egípcios, tanto das pessoas como dos animais. Realizou sinais e maravilhas no Egito, contra o faraó e todo o seu povo. Destruiu grandes nações e matou reis poderosos: Seom, rei dos amorreus, Ogue, rei de Basã, e todos os reis de Canaã. Entregou a terra deles como herança, sim, como herança a seu povo, Israel. Teu nome, ó S enhor, permanece para sempre; tua fama, ó S enhor, é conhecida por todas as gerações. Pois o S enhor fará justiça ao seu povo e terá compaixão de seus servos. Os ídolos das nações não passam de objetos de prata e de ouro, formados por mãos humanas. Têm boca, mas não falam; olhos, mas não veem. Têm ouvidos, mas não ouvem; em sua boca, não há fôlego de vida. Aqueles que fazem ídolos e neles confiam são exatamente iguais a eles. Ó Israel, louve o S enhor! Ó sacerdotes, descendentes de Arão, louvem o S enhor! Ó levitas, louvem o S enhor! Todos vocês que temem o S enhor, louvem o S enhor! O S enhor seja louvado desde Sião, pois ele habita em Jerusalém. Louvado seja o S enhor! Deem graças ao S enhor, porque ele é bom. Seu amor dura para sempre! Deem graças ao Deus dos deuses. Seu amor dura para sempre! Deem graças ao Senhor dos senhores. Seu amor dura para sempre! Deem graças ao único que realiza grandes maravilhas. Seu amor dura para sempre! Deem graças àquele que criou os céus com muita habilidade. Seu amor dura para sempre! Deem graças àquele que colocou a terra no meio das águas. Seu amor dura para sempre! Deem graças àquele que fez as luzes celestes: Seu amor dura para sempre! o sol para governar o dia, Seu amor dura para sempre! a lua e as estrelas para governarem a noite. Seu amor dura para sempre! Deem graças àquele que matou os filhos mais velhos dos egípcios. Seu amor dura para sempre! Ele tirou Israel do Egito. Seu amor dura para sempre! Agiu com mão forte e braço poderoso. Seu amor dura para sempre! Deem graças àquele que abriu o mar Vermelho ao meio. Seu amor dura para sempre! Fez Israel atravessá-lo a salvo, Seu amor dura para sempre! mas lançou o faraó e seu exército no mar Vermelho. Seu amor dura para sempre! Deem graças àquele que guiou seu povo pelo deserto. Seu amor dura para sempre! Deem graças àquele que feriu mortalmente grandes reis. Seu amor dura para sempre! Ele matou reis poderosos: Seu amor dura para sempre! Seom, rei dos amorreus, Seu amor dura para sempre! e Ogue, rei de Basã. Seu amor dura para sempre! Entregou a terra desses reis como herança, Seu amor dura para sempre! sim, como herança a seu servo, Israel. Seu amor dura para sempre! Ele se lembrou de nós em nossa humilhação. Seu amor dura para sempre! Livrou-nos de nossos inimigos. Seu amor dura para sempre! Ele dá alimento a todos os seres vivos. Seu amor dura para sempre! Deem graças ao Deus dos céus. Seu amor dura para sempre! Junto aos rios da Babilônia, sentamos e choramos, ao nos lembrarmos de Sião. Pusemos de lado nossas harpas e as penduramos nos galhos dos salgueiros. Os que nos levaram cativos queriam que cantássemos; nossos opressores exigiam uma canção alegre: “Cantem para nós uma das canções de Sião!”. Mas como poderíamos cantar as canções do S enhor estando em terra estrangeira? Se eu me esquecer de ti, ó Jerusalém, que minha mão direita perca sua habilidade. Que minha língua se prenda ao céu da boca se eu não me lembrar de ti, se não fizer de Jerusalém minha maior alegria. Ó S enhor, lembra-te do que os edomitas fizeram no dia em que Jerusalém foi conquistada. Disseram: “Destruam-na! Arrasem-na até o chão!”. Ó Babilônia, você será destruída; feliz é aquele que lhe retribuir por tudo que fez contra nós. Feliz aquele que pegar suas crianças e as esmagar contra a rocha. Graças te dou, S enhor, de todo o meu coração; cantarei louvores a ti diante dos deuses. Prostro-me diante do teu santo templo; louvo teu nome por teu amor e tua fidelidade, pois engrandeceste acima de tudo teu nome e tua palavra. Quando eu clamo, tu me respondes; coragem e força me dás. Os reis de toda a terra te darão graças, S enhor, pois todos eles ouvirão tuas palavras. Sim, cantarão a respeito dos caminhos do S enhor, pois a glória do S enhor é grande. Mesmo nas alturas, o S enhor cuida dos humildes, mas mantém distância dos orgulhosos. Ainda que eu esteja cercado de aflições, tu me protegerás da ira de meus inimigos. Estendes tua mão, e o poder de tua mão direita me liberta. O S enhor cumprirá seus planos para minha vida, pois teu amor, ó S enhor, dura para sempre; não me abandones, pois tu me fizeste. Ó S enhor, tu examinas meu coração e conheces tudo a meu respeito. Sabes quando me sento e quando me levanto; mesmo de longe, conheces meus pensamentos. Tu me vês quando viajo e quando descanso; sabes tudo que faço. Antes mesmo de eu falar, S enhor, sabes o que vou dizer. Vais adiante de mim e me segues; pões sobre mim a tua mão. Esse conhecimento é maravilhoso demais para mim; é grande demais para eu compreender! É impossível escapar do teu Espírito; não há como fugir da tua presença. Se subo aos céus, lá estás; se desço ao mundo dos mortos, lá estás também. Se eu tomar as asas do amanhecer, se habitar do outro lado do oceano, mesmo ali tua mão me guiará, e tua força me sustentará. Eu poderia pedir à escuridão que me escondesse, e à luz ao meu redor que se tornasse noite, mas nem mesmo na escuridão posso me esconder de ti. Para ti, a noite é tão clara como o dia; escuridão e luz são a mesma coisa. Tu formaste o meu interior e me teceste no ventre de minha mãe. Eu te agradeço por me teres feito de modo tão extraordinário; tuas obras são maravilhosas, e disso eu sei muito bem. Tu me observavas quando eu estava sendo formado em segredo, enquanto eu era tecido na escuridão. Tu me viste quando eu ainda estava no ventre; cada dia de minha vida estava registrado em teu livro, cada momento foi estabelecido quando ainda nenhum deles existia. Como são preciosos os teus pensamentos a meu respeito, ó Deus; é impossível enumerá-los! Não sou capaz de contá-los; são mais numerosos que os grãos de areia. E, quando acordo, tu ainda estás comigo. Ó Deus, quem dera destruísses os perversos; afastem-se de mim, assassinos! Eles blasfemam contra ti; teus inimigos usam teu nome em vão. Acaso, S enhor, não devo odiar os que te odeiam? Não devo desprezar os que se opõem a ti? Sim, eu os odeio com todas as minhas forças, pois teus inimigos são meus inimigos. Examina-me, ó Deus, e conhece meu coração; prova-me e vê meus pensamentos. Mostra-me se há em mim algo que te ofende e conduze-me pelo caminho eterno. Ó S enhor, livra-me dos perversos; protege-me dos violentos, dos que tramam o mal em seu coração e provocam tumultos o tempo todo. Sua língua fere como uma serpente; veneno de víbora goteja de seus lábios. Ó S enhor, protege-me das mãos dos perversos; guarda-me dos violentos, pois eles tramam contra mim. Os orgulhosos me prepararam uma armadilha; estenderam uma rede e armaram ciladas ao longo do caminho. Eu disse ao S enhor: “Tu és meu Deus!”; ouve, S enhor, as minhas súplicas. Ó Soberano S enhor, meu salvador poderoso, tu me protegeste no dia da batalha. S enhor, não dês aos perversos o que desejam; não permitas que seus planos maldosos tenham sucesso, para que não se encham de orgulho. Sejam destruídos meus inimigos pelo mesmo mal que tramaram contra mim. Caiam sobre eles brasas ardentes; sejam atirados no fogo, ou em poços fundos de onde não poderão escapar. Não permitas que os mentirosos prosperem em nossa terra; derrama a calamidade sobre os violentos. Sei, porém, que o S enhor defenderá a causa dos aflitos; ele fará justiça aos pobres. Certamente os justos louvarão teu nome; os íntegros viverão em tua presença. Ó S enhor, eu clamo a ti; vem depressa! Ouve quando peço tua ajuda. Aceita minha oração, como incenso oferecido a ti, e minhas mãos levantadas, como oferta da tarde. Assume o controle do que eu digo, S enhor, e guarda meus lábios. Não permitas que eu me desvie para o mal, ou me envolva em atos perversos. Não deixes que eu participe dos banquetes dos que praticam o mal. Firam-me os justos! Será um favor! Se eles me corrigirem, será remédio que dá alívio; não permitas que eu o recuse. Contudo, oro constantemente, contra os perversos e tudo que eles fazem. Quando seus líderes forem lançados num precipício, ouvirão minhas palavras e saberão que são verdadeiras. Como pedras que o arado traz à superfície, seus ossos ficarão espalhados, sem que ninguém os enterre. Espero por tua ajuda, S enhor Soberano! És meu refúgio; não permitas que me matem. Guarda-me das armadilhas que me prepararam, dos laços dos que praticam o mal. Que os perversos caiam em suas próprias redes, mas que eu consiga escapar. Clamo em alta voz ao S enhor; suplico pela misericórdia do S enhor. Derramo diante dele minhas queixas e lhe apresento minhas angústias. Quando estou abatido, somente tu sabes o caminho que devo seguir. Aonde quer que eu vá, prepararam armadilhas contra mim. Procuro alguém que venha me ajudar, mas ninguém sequer lembra que eu existo. Não tenho onde me abrigar, ninguém se importa com o que acontece comigo. Então clamo a ti, S enhor, e digo: “Tu és meu refúgio, és tudo que desejo na vida. Ouve meu clamor, pois estou muito fraco. Livra-me dos que me perseguem, pois são fortes demais para mim. Tira-me da prisão, para que eu te dê graças. Os justos se juntarão ao meu redor, pois tu és bom para mim”. Ouve minha oração, S enhor; escuta minha súplica! Responde-me, pois és fiel e justo. Não leves teu servo a julgamento, pois diante de ti ninguém é inocente. Meu inimigo me perseguiu; derrubou-me no chão e obrigou-me a morar em trevas, como as do túmulo. Vou perdendo todo o ânimo; estou tomado de medo. Lembro-me de tempos passados; reflito em todas as tuas obras e penso em tudo que fizeste. Levanto minhas mãos a ti em oração; anseio por ti, como a terra seca tem sede de chuva. Vem depressa, S enhor, e responde-me, pois meu ânimo se esvai. Não te afastes de mim, ou morrerei. Faze-me ouvir do teu amor a cada manhã, pois confio em ti. Mostra-me por onde devo andar, pois me entrego a ti. Livra-me de meus inimigos, S enhor, pois me refugio em ti. Ensina-me a fazer tua vontade, pois tu és meu Deus. Que o teu Espírito bondoso me conduza adiante por um caminho reto e seguro. Pela honra do teu nome, S enhor, preserva minha vida. Por tua justiça, tira-me deste sofrimento. Por teu amor, acaba com meus inimigos e destrói meus adversários, pois sou teu servo. Louvado seja o S enhor, minha rocha; ele treina minhas mãos para a guerra e dá a meus dedos habilidade para a batalha. Ele é meu aliado infalível e minha fortaleza, minha torre segura e meu libertador. Ele é meu escudo, em quem me refugio; faz as nações se sujeitarem a mim. Ó S enhor, quem são os seres humanos, para que prestes atenção neles? Quem são os simples mortais, para que penses neles? São como uma brisa; seus dias são como uma sombra que passa. Abre os céus, S enhor, e desce; toca os montes para que soltem fumaça. Lança teus relâmpagos e dispersa os inimigos; atira tuas flechas e confunde-os. Estende tua mão desde os céus e salva-me; tira-me das águas profundas, livra-me do poder de meus inimigos. Eles têm a boca cheia de mentiras; juram dizer a verdade, mas mentem. Cantarei a ti, ó Deus, um cântico novo; cantarei louvores a ti com instrumento de dez cordas. Pois tu concedes vitória aos reis; livraste teu servo Davi da espada mortal. Salva-me! Livra-me do poder de meus inimigos. Eles têm a boca cheia de mentiras; juram dizer a verdade, mas mentem. Que nossos filhos floresçam na juventude como plantas viçosas. Que nossas filhas sejam como colunas graciosas, esculpidas para enfeitar um palácio. Que nossos celeiros fiquem cheios de colheitas de todo tipo. Que os rebanhos em nossos campos se multipliquem aos milhares, e até às dezenas de milhares, e que nossos bois fiquem carregados de alimentos. Que nenhum inimigo consiga romper nossos muros, que ninguém seja levado ao cativeiro, nem haja gritos de angústia em nossas praças. Como são felizes os que vivem desse modo! Verdadeiramente são felizes aqueles cujo Deus é o S enhor! Eu te exaltarei, meu Deus e Rei, louvarei teu nome para todo o sempre. Todos os dias te louvarei, sim, louvarei teu nome para sempre. Grande é o S enhor! Ele é digno de muito louvor! É impossível medir sua grandeza. Que cada geração conte a seus filhos sobre tuas obras e proclame teu poder. Meditarei em teu majestoso e glorioso esplendor e em tuas maravilhas. Todos falarão de teus feitos notáveis, e eu anunciarei tua grandeza. Todos contarão a história de tua imensa bondade e cantarão de alegria sobre tua justiça. O S enhor é misericordioso e compassivo, lento para se irar e cheio de amor. O S enhor é bom para todos; derrama misericórdia sobre toda a sua criação. Todas as tuas obras te darão graças, ó S enhor, e teus fiéis te louvarão. Falarão da glória do teu reino e proclamarão o teu poder. Anunciarão teus feitos poderosos e a majestade e glória do teu reino. Pois o teu reino é reino para sempre; tu governas por todas as gerações. O S enhor sempre cumpre suas promessas; é bondoso em tudo que faz. O S enhor ajuda os que caíram e levanta os que estão encurvados sob o peso de suas cargas. Os olhos de todos estão voltados para ti com esperança; tu lhes provês o alimento conforme necessitam. Quando abres tua mão, satisfazes o anseio de todos os seres vivos. O S enhor é justo em tudo que faz; é cheio de bondade. O S enhor está perto de todos que o invocam, sim, de todos que o invocam com sinceridade. Ele concede os desejos dos que o temem; ouve seus clamores e os livra. O S enhor protege todos que o amam, mas destrói os perversos. Louvarei o S enhor, e que todos na terra louvem seu santo nome, para todo o sempre! Louvado seja o S enhor! Que todo o meu ser louve o S enhor. Louvarei o S enhor enquanto eu viver; cantarei a meu Deus até o último suspiro. Não confiem nos poderosos; não é neles que encontrarão salvação. Quando sua vida se vai, voltam ao pó, e todos os seus planos morrem com eles. Como são felizes os que têm o Deus de Jacó como seu auxílio, os que põem sua esperança no S enhor, seu Deus. Ele fez os céus e a terra, o mar e tudo que neles há; ele cumpre suas promessas para sempre. Faz justiça aos oprimidos e alimenta os famintos. O S enhor liberta os prisioneiros. O S enhor abre os olhos dos cegos. O S enhor levanta os abatidos. O S enhor ama os justos. O S enhor protege os estrangeiros e cuida dos órfãos e das viúvas, mas frustra os planos dos perversos. O S enhor reinará para sempre; ele será seu Deus, ó Sião, por todas as gerações. Louvado seja o S enhor! Louvado seja o S enhor! Como é bom cantar louvores a nosso Deus! Como é agradável e apropriado! O S enhor reconstrói Jerusalém e traz os exilados de volta a Israel. Ele cura os de coração quebrantado e enfaixa suas feridas. Conta as estrelas e chama cada uma pelo nome. Nosso Senhor é grande! Seu poder é absoluto! É impossível medir seu entendimento. O S enhor protege os humildes, mas lança os perversos no pó. Cantem com ações de graças ao S enhor, cantem ao nosso Deus louvores com a harpa. Ele cobre os céus de nuvens, provê chuva para a terra e faz o capim crescer nos montes. Alimenta os animais selvagens e dá de comer aos filhotes dos corvos quando pedem. Seu prazer não está na força do cavalo, nem no poder humano. O S enhor se agrada dos que o temem, dos que põem a esperança em seu amor. Exalte o S enhor, ó Jerusalém! Louve seu Deus, ó Sião! Pois ele reforçou as trancas de suas portas e abençoou seus filhos dentro de seus muros. Ele conserva a paz em suas fronteiras e satisfaz sua fome com o melhor trigo. Ele envia suas ordens ao mundo, e sua palavra corre veloz. Envia a neve como lã branca e espalha a geada sobre a terra como cinzas. Lança granizo como pedras; quem é capaz de suportar o frio intenso? Então, por sua ordem, tudo se dissolve; envia seus ventos, e o gelo derrete. Ele revelou sua palavra a Jacó, seus decretos e estatutos, a Israel. Não fez o mesmo com nenhuma outra nação; elas não conhecem seus estatutos. Louvado seja o S enhor! Louvado seja o S enhor! Louvem o S enhor desde os céus! Louvem-no desde as alturas! Louvem-no, todos os seus anjos! Louvem-no, todos os exércitos celestiais! Louvem-no, sol e lua! Louvem-no, todas as estrelas brilhantes! Louvem-no, altos céus! Louvem-no, vapores acima das nuvens! Todas as coisas criadas louvem o nome do S enhor, pois ele ordenou, e elas vieram a existir. Ele as pôs em seu lugar para todo o sempre; seu decreto jamais será revogado. Louvem o S enhor desde a terra, vocês criaturas das profundezas do oceano, fogo e granizo, neve e nuvens, ventos tempestuosos que lhe obedecem, montanhas e colinas, árvores frutíferas e cedros, animais selvagens e domésticos, seres que rastejam e os que voam, reis da terra e todos os povos, governantes e juízes da terra, rapazes e moças, idosos e crianças. Louvem todos o nome do S enhor, pois exaltado é seu nome; sua glória está acima da terra e dos céus! Ele deu força a seu povo e honra a seus fiéis, o povo de Israel, que lhe é chegado. Louvado seja o S enhor! Louvado seja o S enhor! Cantem ao S enhor um cântico novo, cantem louvores a ele na congregação dos fiéis. Ó Israel, alegre-se em seu Criador! Ó povo de Sião, exulte em seu Rei! Louvem o nome dele com danças, acompanhadas de tamborins e harpas. Pois o S enhor tem prazer em seu povo; ele coroa os humildes com vitória. Alegrem-se os fiéis porque ele os honra; cantem de alegria em suas camas. Louvores a Deus estejam em seus lábios, e uma espada afiada em suas mãos, para se vingarem das nações e castigarem os povos, para prenderem seus reis com algemas e seus líderes, com correntes de ferro, para executarem a sentença escrita contra eles; esse é o glorioso privilégio de seus fiéis. Louvado seja o S enhor! Louvado seja o S enhor! Louvem o S enhor em seu santuário, louvem-no em seu majestoso céu! Louvem-no por seus feitos poderosos, louvem sua grandeza sem igual! Louvem-no com o toque da trombeta, louvem-no com a lira e a harpa! Louvem-no com tamborins e danças, louvem-no com instrumentos de cordas e flautas! Louvem-no com o som dos címbalos, louvem-no com címbalos ressonantes! Tudo que respira louve ao S enhor! Louvado seja o S enhor! Estes são os provérbios de Salomão, filho de Davi, rei de Israel. Sua finalidade é ensinar sabedoria e disciplina às pessoas e ajudá-las a compreender as instruções dos sábios. Sua finalidade é ensinar-lhes uma vida disciplinada e bem-sucedida e ajudá-las a fazer o que é certo, justo e imparcial. Estes provérbios darão juízo aos ingênuos e conhecimento e discernimento aos jovens. O sábio que os ouvir se tornará ainda mais sábio. Quem tem entendimento receberá orientação, ao examinar o significado destes provérbios e parábolas, das palavras dos sábios e seus enigmas. O temor do S enhor é o princípio do conhecimento, mas os tolos desprezam a sabedoria e a disciplina. Meu filho, preste atenção à correção de seu pai e não deixe de lado a instrução de sua mãe. O que aprender com eles será coroa de graça em sua cabeça e colar de honra em seu pescoço. Meu filho, se pecadores quiserem seduzi-lo, não permita que isso aconteça. Talvez lhe digam: “Venha conosco! Vamos nos esconder e matar alguém. Armaremos emboscada contra inocentes, só para passar o tempo. Vamos engoli-los vivos, como a sepultura; vamos engoli-los inteiros, como os que descem à cova. Encontraremos todo tipo de riquezas e encheremos nossas casas com tudo que roubarmos. Venha, junte-se a nós! Dividiremos igualmente os despojos”. Meu filho, não vá com eles! Afaste-se de seus caminhos. Eles correm para fazer o mal; apressam-se em derramar sangue. Se um pássaro vê alguém montar a armadilha, sabe que não deve se aproximar. Eles, porém, armam emboscadas para si mesmos; tentam acabar com a própria vida. Esse é o destino de todos os gananciosos; sua própria cobiça os destrói. A Sabedoria grita nas ruas e levanta a voz na praça pública. Sim, proclama nas avenidas e anuncia em frente à porta da cidade: “Até quando vocês, ingênuos, insistirão em sua ingenuidade? Até quando vocês, zombadores, terão prazer na zombaria? Até quando vocês, tolos, detestarão o conhecimento? Venham e ouçam minhas advertências; abrirei meu coração para vocês e os tornarei sábios. “Muitas vezes eu os chamei, mas não quiseram vir; estendi-lhes a mão, mas não me deram atenção. Desprezaram meu conselho e rejeitaram minha repreensão. Por isso, rirei quando estiverem em dificuldades; zombarei quando estiverem em apuros, quando a calamidade lhes sobrevier como a tempestade, e a desgraça os envolver como o furacão, e a angústia e a aflição os dominarem. “Quando clamarem por socorro, não responderei; ainda que me procurem, não me encontrarão. Porque detestaram o conhecimento e escolheram não temer o S enhor. Rejeitaram meu conselho e ignoraram minha repreensão. Portanto, comerão os frutos amargos de seu estilo de vida e engasgarão em suas próprias intrigas. Pois os ingênuos se afastam de mim e rumam para a morte; os tolos são destruídos por sua própria acomodação. Os que me ouvem, porém, viverão em paz, tranquilos e sem temer o mal”. Meu filho, preste atenção às minhas palavras e guarde meus mandamentos como um tesouro. Dê ouvidos à sabedoria e concentre o coração no entendimento. Clame por inteligência e peça entendimento. Busque-os como a prata, procure-os como a tesouros escondidos. Então entenderá o que é o temor do S enhor e obterá o conhecimento de Deus. Pois o S enhor concede sabedoria; de sua boca vêm conhecimento e entendimento. Ele reserva bom senso aos honestos e é escudo para os íntegros. Guarda os caminhos dos justos e protege seus fiéis por onde andam. Então você entenderá o que é certo, justo e imparcial e saberá o bom caminho a seguir. Pois a sabedoria entrará em seu coração, e o conhecimento o encherá de alegria. As escolhas sábias o guardarão, e o entendimento o protegerá. A sabedoria o livrará das ações dos maus, daqueles cujas palavras são perversas. Eles se afastam do rumo certo e andam por caminhos sombrios. Têm prazer em praticar o mal e aplaudem a maldade dos perversos. Suas ações são desonestas, e seus caminhos, tortuosos. A sabedoria o livrará da mulher imoral, das palavras sedutoras da promíscua. Ela abandona o marido, o companheiro de sua juventude, e ignora a aliança que fez diante de Deus. Entrar na casa dela leva à morte; é a estrada para a sepultura. O homem que a visita está perdido; jamais alcançará os caminhos da vida. Portanto, siga os passos dos bons e permaneça nos caminhos dos justos. Pois os retos viverão na terra, e os íntegros nela permanecerão. Os perversos, porém, serão eliminados da terra, e os desleais, arrancados dela. Meu filho, não se esqueça de minhas instruções; guarde meus mandamentos em seu coração. Se assim fizer, viverá muitos anos, e sua vida será cheia de paz. Não permita que a bondade e a lealdade o abandonem; prenda-as ao redor do pescoço e escreva-as no fundo do coração. Então você conseguirá favor e boa reputação, diante de Deus e das pessoas. Confie no S enhor de todo o coração; não dependa de seu próprio entendimento. Busque a vontade dele em tudo que fizer, e ele lhe mostrará o caminho que deve seguir. Não se impressione com sua própria sabedoria; tema o S enhor e afaste-se do mal. Então você terá saúde para o corpo e força para os ossos. Honre o S enhor com suas riquezas e com a melhor parte de tudo que produzir. Então seus celeiros se encherão de cereais, e seus tonéis transbordarão de vinho. Meu filho, não rejeite a disciplina do S enhor; não desanime quando ele o corrigir. Pois o S enhor corrige quem ele ama, assim como o pai corrige o filho a quem ele quer bem. Feliz é a pessoa que encontra sabedoria, aquela que adquire entendimento. Pois a sabedoria dá mais lucro que a prata e rende mais que o ouro. A sabedoria vale muito mais que rubis; nada do que você deseja se compara a ela. Com a mão direita, ela oferece vida longa; com a esquerda, riqueza e honra. Ela o guiará por estradas agradáveis; todos os seus caminhos levam a uma vida de paz. A sabedoria é árvore de vida para quem dela toma posse; felizes os que se apegam a ela com firmeza. Por meio da sabedoria, o S enhor fundou a terra; por meio do entendimento, estabeleceu os céus. Por seu conhecimento, brotam as fontes profundas e do céu cai o orvalho durante a noite. Meu filho, não perca de vista o bom senso e o discernimento; apegue-se a eles, pois darão vigor à sua alma e serão como joias em seu pescoço. Eles o manterão seguro em seu caminho, e seus pés não tropeçarão. Quando for dormir, não sentirá medo; quando se deitar, terá sono tranquilo. Não precisará temer o desastre repentino, nem a destruição que vem sobre os perversos. Pois o S enhor será sua segurança; não permitirá que seu pé fique preso numa armadilha. Não deixe de fazer o bem àqueles que precisarem, sempre que isso estiver ao seu alcance. Se você pode ajudar seu próximo agora, não lhe diga: “Volte amanhã, e lhe darei algo”. Não planeje o mal contra seu próximo, pois quem mora por perto confia em você. Não procure motivos para brigar, se ninguém lhe fez mal. Não tenha inveja dos violentos, nem imite sua conduta. Esses perversos são detestáveis para o S enhor, mas aos justos ele oferece sua amizade. O S enhor amaldiçoa a casa dos perversos, mas abençoa o lar dos justos. O S enhor zomba dos zombadores, mas concede graça aos humildes. Os sábios recebem honra como herança, mas os tolos são envergonhados em público. Meus filhos, ouçam quando seu pai lhes ensina; prestem atenção e aprendam a ter discernimento. Pois a orientação que lhes dou é boa; não se afastem de minhas instruções. Quando eu era filho de meu pai, filho único, amado por minha mãe, meu pai me ensinava: “Leve minhas palavras a sério! Siga meus mandamentos, e viverá. Adquira sabedoria e aprenda a ter discernimento; não se esqueça de minhas palavras nem se afaste delas. Não abandone a sabedoria, pois ela o protegerá; ame-a, e ela o guardará. Adquirir sabedoria é a coisa mais sábia que você pode fazer; em tudo o mais, aprenda a ter discernimento. Se você der valor à sabedoria, ela o engrandecerá; abrace-a, e ela o honrará. Ela lhe colocará uma bela grinalda na cabeça e o presenteará com uma linda coroa”. Meu filho, ouça minhas palavras e ponha-as em prática, e terá uma vida longa e boa. Eu lhe ensinarei o caminho da sabedoria e o conduzirei por uma estrada reta. Quando andar por ele, nada o deterá; quando correr, não tropeçará. Apegue-se às minhas instruções e não as solte; guarde-as bem, pois são a chave da vida. Não imite a conduta dos perversos, nem siga pelos caminhos dos maus. Nem pense nisso, não vá por esse caminho; desvie-se dele e siga adiante. Pois os perversos não dormem enquanto não praticam o mal; não descansam enquanto não fazem alguém tropeçar. Comem o pão da perversidade e bebem o vinho da violência. O caminho dos justos é como a primeira luz do amanhecer, que brilha cada vez mais até o dia pleno clarear. O caminho dos perversos é como a mais absoluta escuridão; nem sequer sabem o que os faz tropeçar. Meu filho, preste atenção ao que digo; ouça bem minhas palavras. Não as perca de vista; mantenha-as no fundo do coração. Pois elas dão vida a quem as encontra e saúde a todo o corpo. Acima de todas as coisas, guarde seu coração, pois ele dirige o rumo de sua vida. Evite toda conversa maldosa; afaste-se das palavras perversas. Olhe sempre para frente; mantenha os olhos fixos no que está diante de você. Estabeleça um caminho reto para seus pés; permaneça na estrada segura. Não se desvie nem para a direita nem para a esquerda; não permita que seus pés sigam o mal. Meu filho, preste atenção à minha sabedoria; ouça bem meu conselho prudente. Assim você mostrará discernimento, e seus lábios expressarão o que aprendeu. Pois os lábios da mulher imoral são doces como mel, e sua boca é mais suave que azeite. No fim, porém, ela é amarga como veneno e afiada como uma espada de dois gumes. Seus pés descem para a morte; seus passos conduzem direto à sepultura. Pois ela não se interessa pelo caminho da vida; não se dá conta de que anda sem rumo por uma trilha tortuosa. Portanto, meu filho, preste atenção; nunca se desvie do que irei lhe dizer. Mantenha distância dessa mulher; não se aproxime da porta de sua casa! Se o fizer, perderá sua honra e entregará a homens impiedosos tudo que conquistou. Estranhos consumirão sua riqueza, e outros desfrutarão o fruto de seu trabalho. No final, você gemerá de angústia, quando a doença lhe consumir o corpo. Dirá: “Como odiei a disciplina! Se ao menos não tivesse desprezado as advertências! Por que não ouvi meus mestres? Por que não dei atenção aos que me instruíam? Cheguei à beira da ruína total, e agora todos saberão de minha vergonha!”. Beba a água de sua própria cisterna, compartilhe seu amor somente com sua esposa. Por que derramar pelas ruas a água de suas fontes, ao ter sexo com qualquer mulher? Reserve essa água apenas para vocês; não a reparta com estranhos. Seja abençoada a sua fonte! Alegre-se com a mulher de sua juventude! Ela é gazela amorosa, corça graciosa; que os seios de sua esposa o satisfaçam sempre e você seja cativado por seu amor todo o tempo! Por que, meu filho, se deixar cativar pela mulher imoral, ou acariciar os seios da promíscua? Pois o S enhor vê com clareza o que o homem faz e examina todos os seus caminhos. O perverso é cativo dos próprios pecados; são cordas que o apanham e o prendem. Ele morrerá por falta de disciplina e se perderá por sua grande insensatez. Meu filho, se você aceitou ser fiador de seu amigo ou se concordou em garantir a dívida de um estranho, se caiu numa armadilha por causa do acordo feito e se está preso por suas palavras, siga meu conselho e livre-se dessa obrigação, pois você se colocou nas mãos de seu amigo. Procure-o, humilhe-se e insista com ele. Não deixe para amanhã; não descanse enquanto não resolver essa situação. Livre-se como a gazela que escapa do caçador, como o pássaro que foge da rede. Aprenda com a formiga, preguiçoso! Observe como ela age e seja sábio. Embora não tenha príncipe, nem autoridade, nem governante, ela trabalha duro durante todo o verão, juntando comida para o inverno. Mas você, preguiçoso, até quando dormirá? Quando sairá da cama? Um pouco mais de sono, mais um cochilo, mais um descanso com os braços cruzados, e a pobreza o assaltará como um bandido; a escassez o atacará como um ladrão armado. Como são os desprezíveis e os perversos? Eles vivem mentindo: demonstram sua falsidade com um piscar de olho, com um movimento do pé ou por sinais com os dedos. Seu coração pervertido trama a maldade, e andam sempre criando problemas. Por isso, serão destruídos de repente, despedaçados num instante sem que possam se recuperar. Há seis coisas que o S enhor odeia, ou melhor, sete coisas que ele considera detestáveis: olhos arrogantes, língua mentirosa, mãos que matam o inocente, coração que trama a maldade, pés que se apressam em fazer o mal, testemunha falsa que diz mentiras, e aquele que semeia desentendimento entre irmãos. Meu filho, obedeça aos mandamentos de seu pai e não deixe de lado a instrução de sua mãe. Guarde as palavras deles em seu coração e amarre-as em seu pescoço. Quando você andar, os conselhos de seus pais o guiarão; quando dormir, eles o protegerão; quando acordar, eles o orientarão. Pois o mandamento é lâmpada, e a instrução é luz; e as correções da disciplina são o caminho que conduz à vida. Eles o protegerão da mulher imoral, das palavras sedutoras da promíscua. Não cobice sua beleza; não deixe que seus olhares o seduzam. Pois a prostituta o levará à pobreza, mas dormir com a esposa de outro homem lhe custará a vida. Pode um homem carregar fogo junto ao peito sem que a roupa se queime? Pode alguém caminhar sobre brasas sem que os pés se queimem? Assim acontece com quem dorme com a mulher de outro; aquele que a toca não ficará sem castigo. Pode-se encontrar desculpa para o ladrão que rouba porque está com fome. Ainda assim, se for apanhado, terá de pagar sete vezes o que roubou, mesmo que precise vender tudo que há em sua casa. Mas o homem que comete adultério não tem juízo, pois destrói a si mesmo. Será ferido e desonrado, e sua vergonha jamais se apagará. Porque o marido ciumento ficará furioso e não terá misericórdia quando se vingar. Não aceitará compensação alguma, nem se satisfará com os presentes mais valiosos. Meu filho, siga meu conselho; guarde meus mandamentos como um tesouro. Obedeça a meus mandamentos e viva; cuide de minhas instruções como da menina de seus olhos. Amarre-as aos dedos como lembrança e escreva-as no fundo do coração. Ame a sabedoria como se fosse sua irmã e faça do discernimento um membro da família. Eles o guardarão da mulher imoral, das palavras sedutoras da promíscua. Enquanto estava à janela de minha casa e olhava pela cortina, vi alguns rapazes ingênuos e percebi um entre eles que não tinha juízo. Ele atravessava a rua, perto da esquina onde morava certa mulher, e caminhava em direção à casa dela. Era o crepúsculo, o anoitecer, quando caía a escuridão profunda. A mulher se aproximou dele, com roupas provocantes e coração malicioso. Era ousada e inquieta, do tipo que nunca para em casa. Está sempre nas ruas e nos mercados, à espreita em cada esquina. Abraçou o rapaz e o beijou e, sem a menor vergonha, lhe disse: “Hoje apresentei uma oferta de paz e cumpri meus votos. Por isso, estava à sua procura; saí para encontrá-lo, e agora o achei! Estendi lindas cobertas sobre minha cama e lençóis coloridos de linho egípcio. Perfumei minha cama com mirra, aloés e canela. Venha, vamos nos embriagar de amor até o amanhecer! Vamos desfrutar as carícias um do outro, pois meu marido não está em casa. Ele partiu numa longa viagem; levou consigo uma bolsa cheia de dinheiro e só voltará no fim do mês”. Assim ela o seduziu com palavras agradáveis e com elogios doces o atraiu. Ele a acompanhou de imediato, como boi que vai para o matadouro, como cervo que caiu na armadilha à espera da flecha que lhe atravessará o coração, como o pássaro que voa direto para o laço, sem saber que lhe custará a vida. Portanto, meu filho, ouça-me; preste atenção às minhas palavras. Não deixe que seu coração se desvie para ela, não se perca em seus caminhos tortuosos. Pois ela causou a ruína de muitos; não são poucas as suas vítimas. Sua casa é o caminho para a sepultura, seu quarto é a câmara da morte. Escutem, pois a Sabedoria chama! Ouçam, porque o entendimento levanta a voz! No alto dos montes, junto ao caminho, a Sabedoria se coloca nas encruzilhadas. Ao lado das portas da cidade, na entrada, ela anuncia: “A vocês eu clamo, a todos vocês! Levanto minha voz para todo o povo. Vocês, inexperientes, mostrem discernimento! Vocês, tolos, mostrem entendimento! Ouçam, pois tenho coisas importantes a lhes dizer. Tudo que digo é correto, pois falo a verdade, e toda espécie de engano é detestável para mim. Meu conselho é justo; não há nada nele que distorça a verdade ou dela se desvie. Minhas palavras são claras para os que têm entendimento e corretas para os que têm conhecimento. Escolham minha instrução em vez da prata e o conhecimento em vez do ouro puro. Pois a sabedoria vale muito mais que rubis; nada do que você deseja se compara a ela. “Eu, a Sabedoria, moro com a prudência; sei onde encontrar conhecimento e discernimento. Quem teme o S enhor odeia o mal; portanto, odeio o orgulho e a arrogância, a corrupção e as palavras perversas. O bom senso e o sucesso me pertencem, o discernimento e o poder são meus. Graças a mim, os reis governam e as autoridades emitem decretos justos. Com minha ajuda, as autoridades lideram e os nobres julgam com justiça. “Amo os que me amam; os que me procuram por certo me encontrarão. Tenho riquezas e honra, bens duradouros e justiça. Minha dádiva vale mais que ouro, mais que ouro puro; meu rendimento é melhor que a fina prata. Ando em retidão, nos caminhos da justiça. Os que me amam recebem riquezas como herança; sim, encherei seus tesouros! “O S enhor me estabeleceu desde o princípio, antes de criar qualquer outra coisa. Fui designada desde eras passadas, logo no início, antes de a terra existir. Nasci antes que os oceanos fossem criados, antes que a água brotasse de suas fontes. Nasci antes de serem formados os montes, antes de existirem as colinas, quando ele ainda não havia feito a terra e os campos, nem o primeiro punhado de terra. Eu estava lá quando ele estabeleceu o céu, quando traçou o horizonte sobre os oceanos. Estava lá quando ele pôs as nuvens no alto, quando estabeleceu fontes nas profundezas da terra. Estava lá quando ele determinou os limites do mar, para que não avançasse além de suas divisas. E, quando ele demarcou os alicerces da terra, eu estava ao seu lado como arquiteta. Eu era sua alegria constante, sempre exultando em sua presença. Como me alegrei com o mundo que ele criou! Como exultei com a humanidade! “Por isso, meus filhos, ouçam-me, pois todos que seguem meus caminhos são felizes. Ouçam minha instrução e sejam sábios; não a desprezem. Felizes os que me ouvem, que ficam à minha porta todos os dias, esperando por mim na entrada de minha casa! Pois quem me encontra, encontra vida e recebe o favor do S enhor. Quem não me encontra, prejudica a si mesmo; todos que me odeiam amam a morte”. A Sabedoria construiu sua casa e ergueu suas sete colunas. Preparou um grande banquete; misturou os vinhos e arrumou a mesa. Enviou suas servas para convidarem a todos; do ponto mais alto da cidade, ela clama: “Venham à minha casa todos os ingênuos”, e aos que não têm juízo ela diz: “Venham, comam de meu banquete e bebam do vinho que misturei. Deixem sua ingenuidade para trás e vivam; andem pelo caminho do discernimento”. Quem repreende o zombador recebe insulto como resposta; quem corrige o perverso prejudica a si mesmo. Não se dê o trabalho de repreender o zombador, pois ele o odiará; repreenda, porém, o sábio, e ele o amará. Instrua o sábio, e ele crescerá na sabedoria; ensine o justo, e ele aprenderá ainda mais. O temor do S enhor é o princípio da sabedoria; o conhecimento do Santo resulta em discernimento. A sabedoria multiplicará seus dias e tornará sua vida mais longa. Se você se tornar sábio, o benefício será seu; se desprezar a sabedoria, sofrerá as consequências. A mulher chamada Insensatez é atrevida; é ignorante e nem se dá conta disso. Senta-se à porta de sua casa, no ponto mais alto da cidade. Clama aos que passam pelo caminho, ocupados com seus próprios assuntos: “Venham à minha casa todos os ingênuos”, e aos que não têm juízo ela diz: “Água roubada é mais refrescante! Pão comido às escondidas é mais saboroso!”. Mal sabem, porém, que ali estão os mortos; seus convidados estão nas profundezas da sepultura. Os provérbios de Salomão: O filho sábio alegra seu pai, o filho tolo entristece sua mãe. As riquezas de origem desonesta não têm valor duradouro, mas uma vida justa livra da morte. O S enhor não deixa o justo passar fome, mas se recusa a satisfazer o desejo dos perversos. O preguiçoso logo empobrece, mas os que trabalham com dedicação enriquecem. O jovem sábio faz a colheita no verão, mas o que dorme durante a colheita é uma vergonha. O justo é coberto de bênçãos, mas as palavras dos perversos ocultam violência. O justo deixa boas lembranças, mas o nome dos perversos apodrece. O sábio recebe os mandamentos de bom grado, mas as palavras do insensato causam sua ruína. Quem anda em integridade anda em segurança; quem segue caminhos tortuosos será exposto. Quem fecha os olhos para a maldade causa problemas, mas a repreensão clara promove a paz. As palavras do justo são fonte de vida; as palavras dos perversos ocultam intenções violentas. O ódio provoca brigas, mas o amor cobre todas as ofensas. Palavras sábias vêm dos lábios de quem tem entendimento, mas quem não tem juízo é castigado com a vara. Os sábios guardam o conhecimento como um tesouro, mas a conversa do insensato só conduz à desgraça. A riqueza do rico é sua fortaleza; a pobreza dos pobres é sua destruição. O salário do justo produz vida, mas o dinheiro do perverso o conduz ao pecado. Quem aceita a disciplina está no caminho da vida, mas o que despreza a repreensão se desvia dele. Quem esconde o ódio se torna mentiroso; quem espalha calúnias é tolo. Quem fala demais acaba pecando; quem é prudente fica de boca fechada. As palavras do justo são como a fina prata; o coração do perverso não tem valor algum. As palavras do justo dão ânimo a muitos, mas os insensatos são destruídos por falta de juízo. A bênção do S enhor traz riqueza, e ele não permite que a tristeza a acompanhe. O tolo se diverte em fazer o mal, mas o sensato tem prazer em viver com sabedoria. Os temores do perverso se tornarão realidade; as esperanças dos justos lhe serão concedidas. As tempestades da vida levam embora o perverso, mas o justo tem alicerce duradouro. Como vinagre nos dentes ou fumaça nos olhos, assim o preguiçoso irrita seus chefes. O temor do S enhor prolonga a vida, mas os dias dos perversos são encurtados. As esperanças dos justos resultam em alegria; as expectativas dos perversos não dão em nada. O caminho do S enhor é fortaleza para os íntegros, mas é destruição para os que praticam o mal. O justo jamais será abalado, mas os perversos serão removidos da terra. A boca do justo oferece conselhos sábios, mas a língua que engana será cortada. Dos lábios do justo vêm palavras proveitosas, mas da boca dos perversos só vêm palavras más. O uso de balanças desonestas é detestável para o S enhor, mas ele se alegra com pesos exatos. O orgulho leva à desgraça, mas com a humildade vem a sabedoria. A honestidade guia os justos; a desonestidade destrói os desleais. As riquezas de nada ajudarão no dia do juízo, mas uma vida justa livra da morte. A integridade dirige os passos do justo, mas o peso do pecado cai sobre os perversos. A justiça dos justos os livra; a ambição dos desleais os apanha numa armadilha. Quando o perverso morre, sua esperança morre com ele, pois confiou na própria força. O justo é salvo da angústia, mas o perverso a recebe em lugar dele. O hipócrita, com suas palavras, destrói seus amigos, mas o conhecimento livra os justos. A cidade inteira comemora o sucesso dos justos; todos gritam de alegria quando morrem os perversos. A cidade prospera pelos benefícios que os justos trazem, mas as palavras dos perversos a destroem. É falta de bom senso desprezar o próximo; a pessoa sensata permanece calada. O fofoqueiro espalha segredos, mas a pessoa confiável sabe guardar confidências. Sem uma liderança sábia, a nação cai; ter muitos conselheiros lhe dá segurança. Quem aceita ser fiador terá problemas; quem evita esse compromisso está seguro. A mulher bondosa ganha respeito; tudo que os homens cruéis obtêm é riqueza. Quem faz o bem beneficia a si mesmo; quem pratica o mal só se prejudica. A riqueza do perverso dura apenas um momento, mas a recompensa do justo é duradoura. O justo encontra a vida; o perverso encontra a morte. Os perversos de coração são detestáveis para o S enhor, mas ele se alegra com os que andam em integridade. O perverso certamente será castigado, mas os justos serão poupados. A mulher bonita, mas indiscreta, é como anel de ouro em focinho de porco. Os justos têm a expectativa de uma recompensa, enquanto os perversos só podem esperar o juízo. Quem dá com generosidade se torna mais rico, mas o mesquinho perde tudo. O generoso prospera; quem revigora outros será revigorado. O povo amaldiçoa quem esconde os cereais, mas abençoa quem os vende no tempo de necessidade. Quem procura o bem encontra favor; quem procura o mal será encontrado por ele. Quem confia em seu dinheiro cairá, mas o justo floresce como a verde folhagem. Quem causa problemas à família herda o vento; o insensato se torna servo do sábio. O fruto do justo é árvore de vida; o sábio conquista pessoas. Se o justo recebe o que merece aqui na terra, quanto mais o pecador perverso. Para aprender, é preciso amar a disciplina; é estupidez odiar a repreensão. O S enhor aprova a pessoa de bem, mas condena quem planeja o mal. A perversidade nunca traz estabilidade, mas a raiz dos justos permanecerá firme. A mulher virtuosa coroa de honra seu marido, mas a que age vergonhosamente é como câncer em seus ossos. Os planos do justo são corretos, mas os conselhos do perverso são traiçoeiros. As palavras do perverso são emboscada mortal, mas as palavras dos justos salvam vidas. Os perversos morrem e desaparecem, mas a família dos justos permanece firme. O sensato recebe elogios, mas o perverso de coração é desprezado. É melhor ser uma pessoa simples e ter quem a ajude que aparentar ser quem não é e não ter o que comer. O justo cuida de seus animais, mas os perversos são sempre cruéis. Quem trabalha com dedicação tem fartura de alimento; quem corre atrás de fantasias não tem juízo. Os ladrões invejam o despojo uns dos outros, mas os justos estão bem arraigados e florescem. O perverso é apanhado na armadilha das próprias palavras, mas o justo escapa dessa aflição. As palavras sábias produzem muitos benefícios, e o trabalho árduo é recompensado. O insensato pensa que sua conduta é correta, mas o sábio dá ouvidos aos conselhos. O insensato se ira com facilidade, mas o sábio ignora a ofensa. A testemunha honesta diz a verdade; a testemunha falsa conta mentiras. Os comentários de algumas pessoas ferem, mas as palavras dos sábios trazem cura. Palavras verdadeiras resistem à prova do tempo, mas as mentiras logo ficam evidentes. O engano enche o coração dos que tramam o mal; a alegria enche o coração dos que promovem a paz. Nenhum mal vem sobre o justo, mas os perversos enfrentam todo tipo de dificuldade. Os lábios mentirosos são detestáveis para o S enhor, mas os que dizem a verdade lhe trazem alegria. O sábio não se gaba de seu conhecimento, mas os tolos mostram a todos sua insensatez. Quem trabalha com dedicação chega a ser líder, mas o preguiçoso se torna escravo. A preocupação deprime a pessoa, mas uma palavra de incentivo a anima. O justo dá bons conselhos a seus amigos, mas os perversos os desencaminham. O preguiçoso nem mesmo cozinha o animal que caçou, mas o que trabalha com dedicação valoriza tudo que possui. O caminho dos justos conduz à vida; é uma estrada que não leva à morte. O filho sábio aceita a disciplina de seu pai; o zombador se recusa a ouvir a repreensão. Com palavras sábias consegue-se uma boa refeição, mas os desleais têm fome de violência. Quem controla a língua terá vida longa; quem fala demais acaba se arruinando. O preguiçoso muito quer e nada alcança, mas os que trabalham com dedicação prosperam. O justo odeia mentiras; o perverso causa vergonha e desonra. A justiça guarda o caminho do íntegro, mas a perversidade desencaminha o pecador. Alguns que são pobres fingem ser ricos; outros que são ricos fingem ser pobres. O rico tem como pagar resgate por sua vida; o pobre nem sequer é ameaçado. A vida dos justos brilha alegremente, mas a luz dos perversos se apagará. O orgulho só traz conflitos, mas os que aceitam conselhos são sábios. O dinheiro ganho por meios ilícitos logo acaba; a riqueza conquistada com trabalho árduo cresce com o tempo. A esperança adiada faz o coração ficar doente, mas o sonho realizado é árvore de vida. Quem despreza o bom conselho se envolve em dificuldades; quem respeita o mandamento será bem-sucedido. A instrução do sábio é fonte de vida; quem a aceita escapa das armadilhas da morte. O sensato é respeitado; o desleal caminha para a destruição. O sábio pensa antes de agir; os tolos se gabam de sua insensatez. O mensageiro desleal depara com dificuldades, mas o mensageiro confiável traz cura. Quem despreza a disciplina acabará em pobreza e vergonha; quem aceita a repreensão será honrado. É agradável ver sonhos se realizarem, mas os tolos se recusam a se afastar do mal. Quem anda com os sábios se torna sábio, mas quem anda com os tolos sofrerá as consequências. Desgraças perseguem os pecadores, enquanto bênçãos recompensam os justos. A pessoa de bem deixa herança para os netos, mas a riqueza do pecador vai para as mãos do justo. As terras dos pobres produzem muito alimento, mas a injustiça tudo consome. Quem não corrige os filhos mostra que não os ama; quem ama os filhos se preocupa em discipliná-los. O justo come até se satisfazer, mas o estômago dos perversos fica vazio. A mulher sábia edifica o lar, mas a insensata o destrói com as próprias mãos. Quem anda pelo caminho reto teme o S enhor; quem escolhe estradas tortuosas o despreza. A conversa arrogante do insensato se torna uma vara que o castiga, mas as palavras do sábio o protegem. Um estábulo sem bois permanece limpo, mas é a força do boi que provê a colheita farta. A testemunha honesta não mente; a testemunha falsa respira mentiras. O zombador procura sabedoria e nunca a encontra, mas para o que tem discernimento o conhecimento vem fácil. Afaste-se do tolo, pois em seus lábios não achará conhecimento. O prudente sabe para onde vai, mas os insensatos enganam a si mesmos. Os insensatos zombam da própria culpa, mas os justos a reconhecem e buscam reconciliação. Cada coração conhece sua própria amargura, e ninguém pode compartilhar de toda a sua alegria. A casa dos perversos será destruída, mas a tenda dos justos florescerá. Há caminhos que a pessoa considera corretos, mas que acabam levando à estrada da morte. O riso pode esconder o coração aflito, mas, quando a alegria se extingue, a dor permanece. O desleal recebe o que merece, mas a pessoa de bem é recompensada. O ingênuo acredita em tudo que ouve; o prudente examina seus passos com cuidado. O sábio é cauteloso e evita o perigo; o tolo confia demais em si mesmo e se precipita. Quem se ira com facilidade faz coisas tolas; quem trama o mal é odiado. Os ingênuos são revestidos de insensatez, enquanto os prudentes são coroados de conhecimento. Os maus se prostrarão diante dos bons; os perversos se curvarão à porta dos justos. Os pobres são desprezados pelos vizinhos, enquanto os ricos têm muitos amigos. É pecado desprezar o próximo; feliz o que ajuda os pobres. Os que tramam fazer o mal se perdem, mas os que planejam fazer o bem encontram amor e fidelidade. O trabalho árduo produz lucro, mas a conversa fiada leva à pobreza. A riqueza é coroa para os sábios, mas a insensatez dos tolos só resulta em mais insensatez. A testemunha confiável salva vidas, mas a testemunha falsa é traidora. Quem teme o S enhor está seguro; ele é refúgio para seus filhos. O temor do S enhor é fonte de vida; ajuda a escapar das armadilhas da morte. Uma população que cresce é a glória do rei, mas a falta de súditos é a ruína do príncipe. Quem tem entendimento controla sua raiva; quem se ira facilmente demonstra grande insensatez. O contentamento dá saúde ao corpo; a inveja é como câncer nos ossos. Quem oprime o pobre insulta seu Criador, mas quem ajuda o necessitado honra a Deus. O perverso é destruído por sua maldade, mas o justo encontra refúgio mesmo na hora da morte. A sabedoria é preservada no coração sensato; não é possível encontrá-la entre os tolos. A justiça engrandece a nação, mas o pecado é vergonha para qualquer povo. O rei se alegra em seus servos prudentes, mas se enfurece contra os que o envergonham. A resposta gentil desvia o furor, mas a palavra ríspida desperta a ira. A língua dos sábios torna atraente o conhecimento, mas a boca dos tolos despeja a insensatez. Os olhos do S enhor estão em todo lugar; observam tanto os maus como os bons. Palavras suaves são árvore de vida, mas a língua enganosa esmaga o espírito. O insensato despreza a instrução de seu pai, mas quem aprende com a repreensão demonstra prudência. Há tesouros na casa do justo, mas os rendimentos dos perversos causam problemas. A boca dos sábios espalha conhecimento; o coração dos tolos nada tem a oferecer. Os sacrifícios dos perversos são detestáveis para o S enhor, mas ele tem prazer nas orações dos justos. Os caminhos dos perversos são detestáveis para o S enhor, mas ele ama aquele que busca a justiça. Quem abandona o caminho correto sofrerá disciplina severa; quem odeia a repreensão morrerá. A Morte e a Destruição nada escondem do S enhor, quanto mais o coração humano! O zombador odeia ser repreendido, por isso se afasta dos sábios. O coração contente alegra o rosto, mas o coração triste abate o espírito. O sábio tem fome de conhecimento, enquanto os tolos se alimentam de insensatez. Para os aflitos, todos os dias são difíceis; para o coração alegre, a vida é um banquete contínuo. É melhor ter pouco e temer o S enhor que ter um grande tesouro e viver ansioso. Um prato de verduras ao lado de quem você ama é melhor que carne saborosa junto de alguém que você odeia. Quem se ira facilmente provoca brigas, mas quem tem paciência acalma a discussão. O caminho do preguiçoso é bloqueado por espinhos, mas o caminho do justo é uma estrada aberta. O filho sensato alegra seu pai; o filho tolo despreza sua mãe. A insensatez alegra quem não tem juízo, mas quem tem bom senso permanece no caminho certo. Planos fracassam onde não há conselho, mas têm êxito quando há muitos conselheiros. Todos se alegram quando dão a resposta apropriada; como é bom dizer a coisa certa na hora certa! O caminho da vida leva o prudente para cima; ele deixa a sepultura para trás. O S enhor derruba a casa dos orgulhosos, mas protege a propriedade da viúva. Os planos perversos são detestáveis para o S enhor, mas ele tem prazer nas palavras puras. A cobiça traz aflição para toda a família, mas quem odeia subornos viverá. O coração do justo pensa bem antes de falar; a boca dos perversos transborda de palavras maldosas. O S enhor está longe dos perversos, mas ouve as orações dos justos. O olhar animador alegra o coração; boas notícias dão vigor ao corpo. Quem dá ouvidos à crítica construtiva se sente à vontade entre os sábios. Quem rejeita a disciplina prejudica a si mesmo, mas quem dá ouvidos à repreensão adquire entendimento. O temor do S enhor ensina sabedoria; a humildade precede a honra. É da natureza humana fazer planos, mas a resposta certa vem do S enhor. Ainda que as pessoas se considerem puras, o S enhor examina as intenções de cada um. Confie ao S enhor tudo que você faz, e seus planos serão bem-sucedidos. O S enhor fez tudo com propósito, até mesmo o perverso para o dia da calamidade. Os orgulhosos são detestáveis para o S enhor; certamente serão castigados. Amor e fidelidade fazem expiação pelo pecado; o temor do S enhor evita o mal. Quando a vida de uma pessoa agrada o S enhor, até seus inimigos vivem em paz com ela. É melhor ter pouco com justiça que ser rico com desonestidade. É da natureza humana fazer planos, mas é o S enhor quem dirige nossos passos. As decisões do rei têm grande autoridade; ele nunca deve julgar de modo injusto. O S enhor exige balanças e pesos exatos; ele determina os padrões da imparcialidade. A maldade é detestável para o rei, pois seu governo é estabelecido sobre a justiça. O rei se agrada de palavras que vêm de lábios justos e ama quem fala o que é certo. A ira do rei é como uma sentença de morte, mas o sábio procura acalmá-lo. Quando o rei sorri, há vida; seu favor refresca como chuva de primavera. É melhor adquirir sabedoria que ouro, e é melhor obter discernimento que prata. O caminho dos justos os afasta do mal; quem segue esse caminho está seguro. O orgulho precede a destruição; a arrogância precede a queda. É melhor viver humildemente com os pobres que repartir o despojo com os orgulhosos. Quem ouve a instrução prospera; quem confia no S enhor é feliz. O sábio é conhecido por seu discernimento; palavras agradáveis são convincentes. A sensatez é fonte de vida para quem a possui, mas é desperdício disciplinar os insensatos. Da mente sábia vêm conselhos sábios; as palavras dos sábios são convincentes. Palavras bondosas são como mel: doces para a alma e saudáveis para o corpo. Há caminhos que a pessoa considera corretos, mas acabam levando à estrada da morte. É bom que os trabalhadores tenham apetite; o estômago vazio os impulsiona. A pessoa sem caráter cria problemas; suas palavras são fogo destruidor. O perverso semeia discórdia; o difamador separa até os melhores amigos. A pessoa violenta engana os companheiros e os leva para o mau caminho. Com olhos semicerrados as pessoas tramam o mal; com sorriso malicioso o põem em prática. Os cabelos brancos são coroa de glória, para quem andou nos caminhos da justiça. É melhor ser paciente que poderoso; é melhor ter autocontrole que conquistar uma cidade. As pessoas podem lançar as sortes, mas quem determina o resultado é o S enhor. É melhor um pedaço de pão seco e paz que uma casa cheia de banquetes e conflitos. O servo prudente governará sobre o filho que envergonha o pai e terá parte na herança com os filhos de seu senhor. O fogo prova a pureza da prata e do ouro, mas o S enhor prova o coração. A pessoa má gosta de ouvir maldades; o mentiroso dá atenção a palavras destrutivas. Quem zomba do pobre insulta seu Criador; quem se alegra com a desgraça alheia será castigado. Os netos são coroa de honra para os idosos; os pais são o orgulho de seus filhos. Não convém ao tolo falar com eloquência, e muito menos ao governante mentir. O suborno é como um amuleto da sorte; quem o oferece sempre alcança o que quer. Quem perdoa a ofensa mostra amor, mas quem insiste nela separa amigos. Uma repreensão é mais eficaz para o prudente que cem açoites para o tolo. A pessoa má sempre procura razão para se rebelar, por isso será severamente castigada. É melhor deparar com uma ursa da qual roubaram os filhotes que confrontar um tolo em sua insensatez. Quem paga o bem com o mal sempre terá o mal em sua casa. Começar uma briga é como abrir a comporta de uma represa; portanto, pare antes que irrompa a discussão. Absolver o culpado e condenar o inocente são duas coisas detestáveis para o S enhor. De nada adianta pagar para instruir o tolo, pois ele não tem vontade de aprender. O amigo é sempre leal, e um irmão nasce na hora da dificuldade. É falta de juízo dar garantia pela dívida de alguém ou aceitar ser fiador de um amigo. Quem gosta de brigar ama o pecado; quem confia em muralhas procura a própria ruína. O coração perverso não prospera; a língua mentirosa se mete em dificuldades. O filho tolo causa tristeza ao pai; não há alegria para o pai de um rebelde. O coração alegre é um bom remédio, mas o espírito abatido consome as forças. O perverso recebe suborno em segredo, para desviar o rumo da justiça. O sensato mantém os olhos fixos na sabedoria, mas os olhos do tolo vagueiam até os confins da terra. O filho tolo causa tristeza a seu pai e amargura àquela que o deu à luz. É errado castigar os justos por serem bons e açoitar os líderes por serem honestos. Quem é verdadeiramente sábio usa poucas palavras; quem tem entendimento controla suas emoções. Até o insensato passa por sábio quando fica calado; de boca fechada, até parece inteligente. Quem vive isolado se preocupa apenas consigo e rejeita todo bom senso. O tolo não se interessa pelo entendimento; só quer saber de expressar suas opiniões. A prática do mal resulta em desonra; o comportamento vergonhoso causa desprezo. Palavras sábias são como águas profundas; a sabedoria flui do sábio como riacho transbordante. Não é certo absolver o culpado nem negar justiça ao inocente. As palavras do tolo o envolvem em brigas; ele pede para receber uma surra. A boca do tolo é sua ruína; ele cai na armadilha dos próprios lábios. Calúnias são petiscos saborosos que descem até o íntimo de quem ouve. Quem é relaxado em seu trabalho causa tanto estrago quanto aquele que destrói. O nome do S enhor é fortaleza segura; o justo corre para ele e fica protegido. O rico vê sua riqueza como uma cidade fortificada; imagina que é uma muralha alta e segura. A arrogância precede a destruição; a humildade precede a honra. Falar sem antes ouvir os fatos é vergonhoso e insensato. O espírito da pessoa sustenta seu corpo enfermo, mas quem pode suportar o espírito abatido? Quem tem discernimento está sempre pronto a aprender; seus ouvidos estão abertos para o conhecimento. As portas se abrem para quem dá presentes; eles dão acesso a pessoas importantes. Quem fala primeiro no tribunal parece ter razão, até que seu oponente comece a lhe fazer perguntas. Lançar sortes acaba com discussões e resolve contendas entre adversários poderosos. É mais difícil reconquistar um amigo ofendido que uma cidade fortificada; as discussões separam amigos como um portão trancado. As palavras sábias saciam como uma boa refeição; as palavras certas dão satisfação. A língua tem poder para trazer morte ou vida; quem gosta de falar arcará com as consequências. O homem que encontra uma esposa encontra um bem precioso e recebe o favor do S enhor. O pobre suplica por misericórdia; o rico responde com insultos. Alguns que se dizem amigos destroem uns aos outros, mas o verdadeiro amigo é mais próximo que um irmão. É melhor ser pobre e honesto que ser desonesto e tolo. De nada adianta o entusiasmo sem conhecimento; a pressa resulta em escolhas erradas. O insensato arruína a própria vida e depois se ira contra o S enhor. A riqueza atrai muitos que se dizem amigos, mas a pobreza afasta todos eles. A testemunha falsa não ficará sem castigo; o mentiroso também não escapará. Muitos buscam o favor de quem governa; todos querem ser amigos daquele que dá presentes. Se até os parentes do pobre o desprezam, quanto mais seus amigos o evitarão! Ainda que o pobre suplique, eles todos o abandonam. Quem adquire bom senso ama a si mesmo; quem dá valor ao entendimento prospera. A testemunha falsa não ficará sem castigo; o mentiroso será destruído. Não é certo o tolo viver no luxo nem o escravo governar sobre príncipes. O sensato não perde a calma, mas conquista respeito ao ignorar as ofensas. A ira do rei é como o rugido do leão, mas seu favor é como o orvalho sobre a grama. O filho tolo é uma desgraça para o pai; a esposa briguenta é irritante como uma goteira. Os pais deixam casas e riquezas como herança para os filhos, mas apenas o S enhor pode dar uma esposa prudente. O preguiçoso dorme profundamente, mas sua apatia o leva a passar fome. Quem guarda os mandamentos preserva a vida; quem os despreza morrerá. Quem ajuda os pobres empresta ao S enhor; ele o recompensará. Discipline seus filhos enquanto há esperança; do contrário, você destruirá a vida deles. A pessoa que se ira facilmente deve sofrer as consequências; se você a livrar uma vez, terá de fazê-lo novamente. Obtenha todo conselho e instrução que puder, e você será sábio para o resto da vida. É da natureza humana fazer planos, mas o propósito do S enhor prevalecerá. A lealdade torna a pessoa cativante; é melhor ser pobre que desonesto. O temor do S enhor conduz à vida; dá segurança e proteção contra o mal. O preguiçoso pega a comida na mão, mas não se dá o trabalho de levá-la à boca. Se você castigar o zombador, o ingênuo aprenderá uma lição; se corrigir o sábio, ele se tornará ainda mais sábio. O filho que maltrata o pai ou manda embora a mãe causa vergonha e desonra pública. Meu filho, se você deixar de ouvir a instrução, dará as costas para o conhecimento. A testemunha corrupta zomba da justiça; a boca do perverso devora o mal. O castigo está preparado para os zombadores, assim como o açoite para as costas dos tolos. O vinho produz zombadores; o álcool leva a brigas; quem é dominado pela bebida não é sábio. O furor do rei é como o rugido do leão; quem provoca sua ira põe a vida em risco. Evitar contendas é sinal de honra; apenas o insensato insiste em brigar. Quem tem preguiça de arar a terra na época certa não terá comida no tempo da colheita. Os bons conselhos ficam no fundo do coração, mas a pessoa sensata os traz à tona. Muitos se dizem amigos leais, mas quem pode encontrar alguém realmente confiável? O justo anda em integridade; felizes os filhos que seguem seus passos. Quando o rei se senta para julgar, analisa todas as provas e distingue entre o mal e o bem. Quem pode dizer: “Purifiquei o coração; estou limpo e sem pecado”? Dois pesos e duas medidas: toda espécie de desonestidade é detestável para o S enhor. Até crianças mostram quem são, por sua conduta, se agem de modo puro e correto. Ouvidos para ouvir e olhos para ver: ambos são dádivas do S enhor. Se você ama o sono, acabará pobre; mantenha os olhos abertos e terá fartura de alimento! O comprador pechincha e diz: “Não vale nada”, mas depois conta vantagem de seu bom negócio. As palavras que transmitem conhecimento são mais valiosas que grandes quantidades de ouro e rubis. Quem aceita ser fiador de um desconhecido perderá a roupa do corpo; ela ficará como pagamento de quem garante a dívida do estranho. Pão roubado tem sabor doce, mas depois será como areia na boca. Com bons conselhos os planos são bem-sucedidos; não saia para a guerra sem boas orientações. O fofoqueiro vive espalhando segredos; portanto, evite a companhia de quem fala demais. Quem insulta o pai ou a mãe terá sua luz apagada na mais absoluta escuridão. A herança obtida antes da hora acaba não sendo bênção no final. Não diga: “Vou me vingar deste mal”; espere o S enhor resolver a questão. A desonestidade é detestável para o S enhor; ele não se agrada de balanças adulteradas. É o S enhor que dirige nossos passos; então por que tentar entender tudo ao longo do caminho? É uma armadilha prometer algo a Deus apressadamente e só depois calcular o custo. O rei sábio espalha os perversos como trigo e passa sobre eles a roda de debulhar. A luz do S enhor penetra o espírito humano e revela todas as intenções ocultas. Bondade e fidelidade protegem o rei; seu trono é firmado pelo amor. A glória dos jovens está em sua força, e o esplendor dos idosos, em seus cabelos brancos. O castigo físico elimina o mal; essa disciplina purifica o coração. O coração do rei é como canais de águas controlados pelo S enhor; ele os conduz para onde quer. Ainda que as pessoas se considerem corretas, o S enhor examina o coração de cada um. O S enhor se agrada mais ao fazermos o que é certo e justo do que ao lhe oferecermos sacrifícios. Olhos arrogantes, coração orgulhoso e atos perversos: tudo isso é pecado. Quem planeja bem e trabalha com dedicação prospera; quem se apressa e toma atalhos fica pobre. A riqueza obtida por meio de mentiras é neblina que se dissipa e armadilha mortal. A violência dos perversos os destruirá, pois se recusam a fazer o que é justo. O culpado anda por um caminho tortuoso; o inocente percorre uma estrada reta. É melhor viver sozinho no canto de um sótão que morar com uma esposa briguenta numa bela casa. O perverso deseja o mal e não tem compaixão do próximo. Quando o zombador é castigado, o ingênuo se torna sábio; quando o sábio é instruído, adquire ainda mais conhecimento. Deus, o Justo, sabe o que se passa na casa dos perversos e trará desgraça sobre eles. Quem fecha os ouvidos aos clamores dos pobres será ignorado quando passar necessidade. O presente entregue em segredo acalma a ira; o suborno oferecido às escondidas abranda a fúria. A justiça é alegria para o justo, mas causa pavor nos que praticam o mal. Quem se desvia do caminho da prudência acabará na companhia dos mortos. Quem ama os prazeres ficará pobre; quem ama o vinho e o luxo nunca enriquecerá. Os perversos são castigados em lugar dos justos, e os desleais, em lugar dos honestos. É melhor viver sozinho no deserto que morar com uma esposa briguenta que só sabe reclamar. O sábio possui riqueza e luxo, mas o tolo gasta tudo que tem. Quem busca a justiça e o amor encontra vida, justiça e honra. O sábio conquista a cidade dos fortes e derruba a fortaleza em que eles confiam. Cuide da língua e fique de boca fechada, e você não se meterá em apuros. O zombador é orgulhoso e convencido e age com extrema arrogância. O preguiçoso deseja muitas coisas, mas acaba em ruína, pois suas mãos se recusam a trabalhar. Algumas pessoas cobiçam o tempo todo, mas o justo gosta de repartir o que tem. O sacrifício do perverso é detestável, especialmente quando oferecido com más intenções. A testemunha falsa será morta; a testemunha confiável terá permissão de falar. A teimosia do perverso transparece em seu rosto, mas o justo pensa antes de agir. Não há sabedoria, entendimento, nem conselho humano capaz de resistir ao S enhor. O cavalo é preparado para o dia da batalha, mas quem dá a vitória é o S enhor. A boa reputação vale mais que grandes riquezas; ser estimado é melhor que prata e ouro. O rico e o pobre têm isto em comum: o S enhor criou os dois. O prudente antevê o perigo e toma precauções; o ingênuo avança às cegas e sofre as consequências. A humildade e o temor do S enhor trazem riquezas, honra e vida longa. O perverso anda por um caminho cheio de espinhos e perigos; quem dá valor à vida se afasta dele. Ensine seus filhos no caminho certo, e, mesmo quando envelhecerem, não se desviarão dele. Assim como o rico domina sobre o pobre, quem toma emprestado se torna servo de quem empresta. Quem semeia injustiça colhe desgraça, e seu reino de terror chegará ao fim. A pessoa generosa será abençoada, pois alimenta o pobre. Mande embora o zombador e cessarão as brigas; não haverá mais contendas nem insultos. Quem ama o coração puro e fala de modo agradável terá o rei como amigo. O S enhor preserva aquele que tem conhecimento, mas frustra os planos dos desleais. O preguiçoso diz: ‘Há um leão lá fora! Se eu sair, ele me matará!”. A conversa da mulher imoral é cova profunda; quem provoca a ira do S enhor nela cairá. O coração da criança é inclinado à insensatez, mas a vara da disciplina a afastará dela. Quem explora os pobres ou cobre os ricos de presentes para progredir na vida acabará na pobreza. Ouça as palavras dos sábios; dedique o coração à minha instrução. Porque é bom guardar no coração estes ditados e tê-los sempre na ponta da língua. Hoje eu as ensino a você, para que confie no S enhor. Escrevi para você estes trinta ditados cheios de conselhos e conhecimento. Assim você saberá a verdade e transmitirá um relato preciso àqueles que o enviaram. Não explore o pobre só porque tem oportunidade, nem se aproveite do necessitado no tribunal. Pois o S enhor defenderá a causa deles; pagará na mesma medida a todos que os exploram. Não faça amizade com os briguentos, nem ande com quem se ira facilmente, pois aprenderá a ser igual a eles e colocará a si mesmo em perigo. Não se comprometa a garantir a dívida de outro, nem aceite servir de fiador. Se você não tiver como pagar a dívida, até a cama em que dorme será tomada. Não mude de lugar os antigos marcadores de divisa estabelecidos pelas gerações anteriores. Você já viu alguém muito competente no que faz? Ele servirá reis em vez de trabalhar para gente comum. Quando se sentar para comer com uma autoridade, preste atenção a quem está diante de você. Se você costuma comer demais, controle o apetite; não deseje as iguarias que ele lhe oferece, pois talvez queira enganá-lo. Não se desgaste tentando ficar rico; tenha discernimento para saber quando parar. Num piscar de olhos a riqueza desaparecerá; criará asas e voará para longe, como uma águia. Não coma com pessoas mesquinhas, nem deseje suas iguarias. Elas pensam sempre no custo daquilo que oferecem; insistem: “Coma e beba”, mas não falam com sinceridade. Você vomitará o pouco que comeu e desperdiçará seus elogios. Não perca tempo falando com o tolo, pois ele despreza até os conselhos mais sensatos. Não mude de lugar os antigos marcadores de divisa; não tome as terras dos órfãos. Pois o Resgatador deles é forte; ele próprio apresentará as acusações contra você. Dedique-se à instrução; ouça atentamente as palavras de conhecimento. Não deixe de disciplinar seus filhos; a vara da disciplina não os matará. Sim, a vara da disciplina pode muito bem salvá-los da morte. Meu filho, se seu coração for sábio, meu coração se alegrará! Sentirei profunda alegria quando seus lábios expressarem o que é certo. Não tenha inveja dos pecadores, mas tema sempre o S enhor. Você será recompensado por isso; sua esperança não será frustrada. Ouça, meu filho, e seja sábio: mantenha seu coração no rumo certo. Não ande com os beberrões, nem se envolva com os comilões, pois eles caminham para a pobreza e, de tanto dormirem, terão apenas trapos para vestir. Ouça seu pai, que lhe deu vida, e não despreze sua mãe quando ela envelhecer. Adquira a verdade e não a venda; obtenha sabedoria, instrução e discernimento. O pai dos justos tem motivos para se alegrar; é uma grande alegria ter filhos sábios. Portanto, alegre seu pai e sua mãe; que seja feliz aquela que o deu à luz. Meu filho, dê-me seu coração; que seus olhos tenham prazer em seguir meus caminhos. A prostituta é uma cova profunda; a promíscua é perigosa como um poço estreito. Ela se esconde e espera, como ladrão, ansiosa para conduzir mais homens à infidelidade. Quem se sente angustiado e triste? Quem vive brigando e se queixando? Quem sofre ferimentos desnecessários? Quem tem os olhos sempre vermelhos? Aquele que passa horas tomando vinho e experimentando bebidas fortes. Não olhe demoradamente para o vinho, observando quanto ele é vermelho; como brilha no copo e desce suavemente. Pois, no fim, ele morde como cobra venenosa; pica como víbora. Você terá alucinações e dirá coisas sem sentido. Ficará tonto como marinheiro em alto-mar, agarrado ao mastro em meio à tempestade. Dirá: “Bateram em mim, mas não senti; nem percebi quando levei uma surra. Quando acordarei para beber de novo?”. Não tenha inveja dos maus, nem deseje a companhia deles. Pois tramam violência no coração, e suas palavras sempre causam problemas. Com sabedoria se constrói a casa, e com entendimento ela se fortalece. Pelo conhecimento seus cômodos se enchem de toda espécie de bens preciosos e desejáveis. O sábio é mais poderoso que o forte; quem tem conhecimento se fortalece sempre mais. Portanto, não saia para guerrear sem boa orientação; com muitos conselheiros se obtém a vitória. A sabedoria é elevada demais para o insensato; entre os líderes à porta da cidade, nada tem a dizer. Quem planeja o mal se torna conhecido como criador de problemas. Os planos do insensato são pecado; o zombador é detestável para todos. Se você vacilar no momento de dificuldade, sua força será pequena. Liberte os que foram injustamente condenados a morrer; salve-os enquanto vão tropeçando para a morte. Não se desculpe, dizendo: “Não sabia o que estava acontecendo”; lembre-se de que Deus conhece cada coração. Aquele que zela por sua vida sabe que você estava ciente; ele retribuirá a cada um conforme suas ações. Meu filho, coma mel, pois é bom, e o favo é doce ao paladar. Da mesma forma, a sabedoria é doce para a alma; se você a encontrar, terá um futuro brilhante, e suas esperanças não serão frustradas. Não seja como o perverso, que fica de tocaia na frente da casa do justo, nem ataque a moradia dele. Ainda que o justo tropece sete vezes, voltará a se levantar, mas uma só calamidade é suficiente para derrubar o perverso. Não se alegre quando seu inimigo cair; não exulte quando ele tropeçar. Pois o S enhor se desagradará disso e dele desviará sua ira. Não se perturbe por causa dos maus; não tenha inveja dos perversos. Pois os maus não têm futuro; a luz dos perversos se apagará. Meu filho, tema o S enhor e o rei e não se associe com os rebeldes, pois serão destruídos repentinamente; quem sabe que castigo virá do S enhor e do rei? Estes são mais alguns ditados dos sábios: É errado tomar partido quando se julga um caso. O juiz que diz ao perverso: “Você é inocente”, será amaldiçoado pelo povo e odiado pelas nações. Mas as coisas irão bem para os que condenam o culpado; eles receberão grandes bênçãos. Uma resposta honesta é como um beijo de amizade. Antes de construir sua casa, planeje-se e prepare os campos. Não testemunhe contra o próximo sem motivo; não minta a respeito dele. E não diga: “Agora vou me vingar do que ele me fez! Vou acertar as contas com ele!”. Passei pelo campo do preguiçoso, pelo vinhedo daquele que não tem juízo. Tudo estava cheio de espinhos e coberto de ervas daninhas, e seu muro de pedras, em ruínas. Então, enquanto observava e pensava no que via, aprendi esta lição: Um pouco mais de sono, mais um cochilo, mais um descanso com os braços cruzados, e a pobreza o assaltará como um bandido; a escassez o atacará como um ladrão armado. Estes são mais provérbios de Salomão, reunidos pelos conselheiros de Ezequias, rei de Judá. É direito de Deus ocultar certas coisas, e é direito do rei tentar descobri-las. Ninguém consegue compreender a altura do céu e a profundidade da terra; de igual modo, ninguém sabe o que se passa na mente do rei. Remova as impurezas da prata, e o ourives poderá com ela criar um vaso. Remova os perversos da corte do rei, e seu reinado se firmará na justiça. Não chame atenção para si diante do rei, nem exija um lugar entre as pessoas importantes. É melhor esperar até ser convidado perante os nobres que ser mandado embora e humilhado em público. Só porque você viu algo, não se apresse em ir ao tribunal. Pois o que você fará no final se seu oponente lhe provar que está errado? Quando discutir com o próximo, não revele os segredos de outra pessoa. Do contrário, você ganhará má fama e nunca mais se livrará dela. O conselho oferecido na hora certa é agradável como maçãs de ouro numa bandeja de prata. Para quem se dispõe a ouvir, a crítica construtiva é como brinco de ouro ou joia de ouro puro. O mensageiro confiável é como a neve no verão; reanima o espírito de seu senhor. A pessoa que promete um presente, mas não o entrega, é como nuvens e ventos que não trazem chuva. A paciência pode convencer o príncipe, e palavras suaves podem quebrar ossos. Se você encontrar mel, não coma demais, para não enjoar e vomitar. Não visite seu vizinho com muita frequência, pois deixará de ser bem-vindo. Mentir a respeito de outra pessoa faz tanto mal quanto agredi-la com um pedaço de pau, feri-la com uma espada ou atingi-la com uma flecha afiada. Confiar numa pessoa desleal em tempos de dificuldade é como mastigar com um dente quebrado ou caminhar com um pé aleijado. Entoar canções alegres para uma pessoa com o coração aflito é como tirar o agasalho de alguém num dia de frio ou derramar vinagre sobre uma ferida. Se seus inimigos tiverem fome, dê-lhes de comer; se tiverem sede, dê-lhes de beber. Você amontoará brasas vivas sobre a cabeça deles, e o S enhor o recompensará. Tão certo como o vento do norte traz chuva, a língua que espalha boatos provoca a ira. É melhor viver sozinho no canto de um sótão que morar com uma esposa briguenta numa bela casa. Boas notícias vindas de uma terra distante são como água fresca para o sedento. O justo que cede à pressão do perverso é como nascente poluída ou fonte cheia de lama. Não faz bem comer mel demais, nem é bom procurar honras para si. Quem não tem domínio próprio é como uma cidade sem muros. Como neve no verão e chuva na colheita, assim a honra é imprópria para o tolo. Como o pardal que alça voo e a andorinha que atravessa o céu, a maldição imerecida não pousa sobre quem ela é dirigida. Conduza o cavalo com o chicote, o jumento com o freio e o tolo com a vara nas costas. Não responda aos argumentos insensatos do tolo, para que não se torne tolo como ele. Responda aos argumentos insensatos do tolo, para que ele não se considere sábio. Confiar ao tolo a responsabilidade de transmitir uma mensagem é como cortar o próprio pé ou beber veneno. Um provérbio na boca do tolo é tão inútil quanto uma perna paralisada. Honrar o tolo é tão insensato quanto amarrar a pedra à atiradeira. Um provérbio na boca do tolo é como um ramo cheio de espinhos na mão de um bêbado. Quem contrata um tolo ou o primeiro que passa é como o arqueiro que atira ao acaso. Como o cão volta a seu vômito, assim o tolo repete sua insensatez. Há mais esperança para o tolo que para aquele que se considera sábio. O preguiçoso diz: “Há um leão no caminho! Tenho certeza de que há um leão lá fora!”. Como a porta gira nas dobradiças, assim o preguiçoso se revira na cama. O preguiçoso pega a comida na mão, mas não se dá o trabalho de levá-la à boca. O preguiçoso se considera mais esperto que sete conselheiros sábios. Meter-se em discussão alheia é como puxar um cachorro pelas orelhas. O louco que atira com arma mortal causa tanto estrago quanto quem mente para um amigo e depois diz: “Estava só brincando!”. Sem lenha, o fogo apaga; sem intrigas, as brigas cessam. Como as brasas acendem o carvão e o fogo acende a lenha, assim o briguento provoca conflitos. Calúnias são como petiscos saborosos que descem até o íntimo de quem ouve. Palavras suaves podem esconder um coração perverso, como uma camada de esmalte cobre o vaso de barro. As pessoas podem encobrir o ódio com palavras agradáveis, mas isso não passa de engano. Ainda que pareçam amáveis, não acredite nelas; seu coração está cheio de maldade. Mesmo que escondam o ódio dissimuladamente, sua maldade será exposta em público. Quem prepara uma armadilha para outros nela cairá; quem rola uma pedra sobre outros por ela será esmagado. A língua mentirosa odeia suas vítimas; palavras bajuladoras causam ruína. Não conte vantagem a respeito do futuro, pois você não sabe o que o amanhã trará. Deixe que outro o elogie, e não sua própria boca; alguém desconhecido, e não seus próprios lábios. A pedra é pesada, e a areia também, mas pesa ainda mais o ressentimento causado pelo insensato. A ira é cruel, e a fúria, como a inundação, mas a inveja é ainda mais perigosa. A repreensão franca é melhor que o amor escondido. As feridas feitas por um amigo sincero são melhores que os beijos de um inimigo. Quem está satisfeito recusa o mel, mas para o faminto até o alimento amargo é doce. Quem anda distante de casa é como pássaro longe do ninho. O conselho sincero de um amigo é agradável como perfume e incenso. Jamais abandone um amigo, nem o seu nem o de seu pai. Quando vier a calamidade, não peça ajuda a seu irmão; é melhor recorrer a um vizinho próximo que a um irmão distante. Meu filho, seja sábio e alegre meu coração; então poderei responder aos que me criticam. O prudente antevê o perigo e toma precauções; o ingênuo avança às cegas e sofre as consequências. Quem aceita ser fiador de um desconhecido perderá a roupa do corpo; ela ficará como pagamento de quem garante a dívida do estranho. A saudação ruidosa logo cedo será recebida como maldição. A esposa briguenta é irritante como a goteira num dia de chuva. Tentar contê-la é como deter o vento ou agarrar o óleo com a mão. Como o ferro afia o ferro, assim um amigo afia o outro. Quem cuida da figueira comerá de seus frutos; quem protege os interesses de seu senhor será recompensado. Como a água reflete o rosto, assim o coração reflete quem a pessoa é. Como a Morte e a Destruição nunca se satisfazem, assim os desejos do homem nunca são saciados. O fogo prova a pureza da prata e do ouro, mas a pessoa é provada pelos elogios que recebe. Ainda que se moa o insensato como cereal no pilão, é impossível separá-lo de sua insensatez. Tome conhecimento do estado de suas ovelhas e dedique-se a cuidar de seus rebanhos, pois a riqueza não dura para sempre, e pode ser que a coroa não passe para a geração seguinte. Depois de recolhido o feno, germinada a nova plantação e reunido o capim dos montes, os carneiros darão lã para suas roupas e os bodes poderão ser vendidos pelo preço de um campo. Você terá leite de cabra suficiente para si, para sua família e para suas servas. Os perversos fogem mesmo quando ninguém os persegue, mas o justo é valente como o leão. A corrupção moral de uma nação faz cair seu governo, mas o líder sábio e prudente traz estabilidade. O pobre que oprime os pobres é como a chuva torrencial que destrói a plantação. Quem despreza a lei exalta os perversos; quem obedece à lei luta contra eles. Os que praticam o mal não compreendem a justiça, mas os que buscam o S enhor a entendem plenamente. É melhor ser pobre e honesto que ser rico e desonesto. O filho que obedece à lei demonstra prudência; aquele que anda com libertinos envergonha seu pai. O lucro obtido da cobrança de juros altos terminará no bolso de alguém que trata os pobres com bondade. As orações de quem se recusa a ouvir a lei são detestáveis para Deus. Quem leva os justos para o mau caminho cairá na própria armadilha, mas os íntegros herdarão o bem. O rico pode se considerar sábio, mas não engana o pobre que tem discernimento. Quando os justos são bem-sucedidos, todos se alegram; quando os perversos assumem o poder, as pessoas se escondem. Quem oculta seus pecados não prospera; quem os confessa e os abandona recebe misericórdia. Quem teme fazer o mal é feliz, mas quem endurece o coração cai em desgraça. O governante perverso é tão perigoso para os pobres quanto o leão que ruge ou o urso que ataca. O governante que não tem entendimento oprime seu povo, mas o que odeia a corrupção tem vida longa. A consciência atormentada do assassino o levará à sepultura; ninguém tente detê-lo. O íntegro será salvo do perigo, mas o perverso será destruído repentinamente. Quem trabalha com dedicação tem fartura de alimento, mas quem corre atrás de fantasias acaba na miséria. A pessoa fiel obterá grande recompensa, mas o que deseja enriquecer depressa se meterá em apuros. Nunca é bom agir com parcialidade, mas há quem faça o mal até por um pedaço de pão. O ganancioso tenta enriquecer depressa, mas não percebe que caminha para a pobreza. No fim, as pessoas apreciam a crítica honesta muito mais que a bajulação. Quem rouba de seu pai e de sua mãe e diz: “Que mal há nisso?”, não é melhor que o assassino. A ganância provoca brigas; a confiança no S enhor conduz à prosperidade. Quem confia no próprio entendimento é tolo; quem anda com sabedoria está seguro. Quem ajuda os pobres não passará necessidade, mas quem fecha os olhos para a pobreza será amaldiçoado. Quando os perversos assumem o poder, as pessoas se escondem; quando eles são destruídos, os justos prosperam. Quem sempre se recusa a aceitar a repreensão será destruído de repente, sem que possa se recuperar. Quando os justos governam, o povo se alegra; quando os perversos estão no poder, o povo geme. O homem que ama a sabedoria alegra seu pai, mas o que anda com prostitutas desperdiça sua riqueza. O rei justo dá estabilidade à nação, mas o que exige subornos a destrói. Quem bajula os amigos prepara uma armadilha para os pés deles. A pessoa má é pega no laço do próprio pecado, mas o justo escapa e grita de alegria. O justo se preocupa com os direitos dos pobres, mas o perverso não dá a mínima atenção para isso. Os zombadores alvoroçam a cidade inteira, mas os sábios acalmam a ira. Se o sábio levar o insensato ao tribunal, haverá tumulto e zombaria, mas nada se resolverá. Os sanguinários odeiam o íntegro, mas os justos procuram ajudá-lo. O tolo mostra toda a sua ira, mas o sábio a controla em silêncio. Se um governante der atenção aos mentirosos, todos os seus conselheiros serão perversos. O pobre e o opressor têm isto em comum: o S enhor permite que ambos enxerguem. Se o rei julgar os pobres com justiça, seu trono durará para sempre. A criança que é corrigida se torna sábia, mas o filho indisciplinado envergonha sua mãe. Quando os perversos estão no poder, o pecado se multiplica, mas os justos verão sua queda. Discipline seus filhos, e eles darão paz a seu espírito e alegria a seu coração. O povo que não aceita a orientação divina se corrompe, mas quem obedece à lei é feliz. Para corrigir o servo é preciso mais que palavras; ainda que ele as entenda, não obedecerá. Há mais esperança para o tolo que para alguém que fala sem pensar. O servo mimado desde a infância se tornará rebelde. A pessoa irada provoca conflitos; quem perde a calma facilmente comete muitos pecados. O orgulho termina em humilhação, mas a humildade alcança a honra. Quem ajuda o ladrão prejudica a si mesmo; sob juramento, não ousa testemunhar. Temer as pessoas é uma armadilha perigosa, mas quem confia no S enhor está seguro. Muitos buscam o favor do governante, mas a justiça vem do S enhor. O justo despreza o injusto; o perverso despreza o íntegro. Os ditados de Agur, filho de Jaque, contêm esta mensagem: Estou cansado, ó Deus; estou cansado e exausto, ó Deus. Sou o mais tolo dos homens; não tenho discernimento. Não aprendi a sabedoria humana, nem tenho conhecimento do Santo. Quem é capaz de subir aos céus e descer? Quem segura o vento nas mãos? Quem envolve os oceanos em sua capa? Quem criou o mundo inteiro? Qual é seu nome? E qual é o nome de seu filho? Diga-me, se é que sabe! Toda palavra de Deus se prova verdadeira; ele é escudo para quem busca sua proteção. Não acrescente nada às palavras dele; se o fizer, ele o repreenderá e mostrará que você é mentiroso. Ó Deus, eu te peço dois favores; concede-os antes que eu morra. Primeiro, ajuda-me a ficar longe da falsidade e da mentira. Segundo, não me dês nem pobreza nem riqueza; dá-me apenas o que for necessário. Pois, se eu ficar rico, pode ser que te negue e diga: “Quem é o S enhor?”. E, se eu for pobre demais, pode ser que roube e, com isso, desonre o nome do meu Deus. Não fale mal do servo a seu senhor; do contrário, o servo o amaldiçoará, e você sofrerá as consequências. Alguns amaldiçoam o pai e são ingratos com a mãe. Consideram-se puros, mas são imundos e nunca foram lavados. Olham ao redor com orgulho e lançam olhares de desprezo. Seus dentes são como espadas, e suas presas, como facas. Devoram da terra os pobres e, da humanidade, os necessitados. A sanguessuga tem duas bocas que dizem: “Mais, mais!”. Há três coisas que nunca se satisfazem, ou melhor, quatro que nunca dizem: “É suficiente!”: a sepultura, o ventre estéril, o deserto sedento e o fogo abrasador. O olho de quem zomba do pai e despreza as instruções da mãe será arrancado pelos corvos do vale e devorado pelos abutres. Há três coisas que me deixam maravilhado, ou melhor, quatro coisas que não entendo: como a águia plana no céu, como a serpente rasteja sobre a rocha, como a embarcação navega no mar, e como o homem ama a mulher. A mulher adúltera devora o homem, depois limpa a boca e diz: “Não fiz nada de errado”. Há três coisas que fazem a terra estremecer, ou melhor, quatro que ela não pode suportar: o servo que se torna rei, o tolo arrogante que prospera, a mulher amargurada que enfim arranja um marido, e a serva que toma o lugar de sua senhora. Quatro coisas na terra são pequenas, mas muito sábias: as formigas, que, embora não sejam fortes, armazenam alimento no verão, os coelhos silvestres, que, embora não sejam poderosos, fazem sua toca nas rochas, os gafanhotos, que, embora não tenham rei, marcham em fileira, e as lagartixas, que, embora sejam fáceis de apanhar, vivem até nos palácios dos reis. Há três seres vivos que caminham com passo elegante, ou melhor, quatro que se movem de modo imponente: o leão, rei dos animais, que não abre caminho para ninguém, o galo, que anda de peito estufado, o bode, e o rei à frente de seu exército. Se você agiu como tolo e foi orgulhoso ou tramou o mal, tape a boca em sinal de vergonha. Como bater o leite produz manteiga, e um soco no nariz o faz sangrar, provocar a ira resulta em brigas. Os ditados do rei Lemuel contêm esta mensagem, que sua mãe lhe ensinou: Meu filho, filho de meu ventre, filho de meus votos, não desperdice sua força com mulheres, nem sua vida com aquelas que destroem reis. Não convém aos reis, ó Lemuel, tomar muito vinho; os governantes não devem desejar bebida alcoólica. Se beberem, pode ser que se esqueçam da lei e deixem de fazer justiça aos oprimidos. O álcool é para os que estão morrendo, e o vinho, para os que estão amargurados. Que bebam para se esquecer de sua pobreza e não se lembrar de suas dificuldades. Fale em favor daqueles que não podem se defender; garanta justiça para os que estão aflitos. Sim, fale em favor dos pobres e desamparados, e providencie que recebam justiça. Quem encontrará uma mulher virtuosa? Ela é mais preciosa que rubis. O marido tem plena confiança nela, e ela lhe enriquecerá a vida grandemente. Ela lhe faz bem, e não mal, todos os dias de sua vida. Ela adquire lã e linho e, com alegria, trabalha os fios com as mãos. Como navio mercante, traz alimentos de longe. Levanta-se de madrugada para preparar a refeição da família e planeja as tarefas do dia para suas servas. Vai examinar um campo e o compra; com o que ganha, planta um vinhedo. É cheia de energia, forte e trabalhadora. Certifica-se de que seus negócios sejam lucrativos; sua lâmpada permanece acesa à noite. Suas mãos operam o tear, e seus dedos manejam a roca. Estende a mão para ajudar os pobres e abre os braços para os necessitados. Quando chega o inverno, não se preocupa, pois todos em sua família têm roupas quentes. Faz suas próprias cobertas e usa vestidos de linho fino e tecido vermelho. Seu marido é respeitado na porta da cidade, onde se senta com as demais autoridades. Faz roupas de linho com cintos e faixas para vender aos comerciantes. Veste-se de força e dignidade e ri sem medo do futuro. Quando ela fala, suas palavras são sábias; quando dá instruções, demonstra bondade. Cuida bem de tudo em sua casa e nunca dá lugar à preguiça. Seus filhos se levantam e a chamam de “abençoada”, e seu marido a elogia: “Há muitas mulheres virtuosas neste mundo, mas você supera todas elas!”. Os encantos são enganosos, e a beleza não dura para sempre, mas a mulher que teme o S enhor será elogiada. Recompensem-na por tudo que ela faz; que suas obras a elogiem publicamente. Estas são as palavras do Mestre, filho de Davi, que reinou em Jerusalém. “Nada faz sentido”, diz o Mestre. “Nada faz o menor sentido.” O que as pessoas ganham com todo o seu árduo trabalho debaixo do sol? Gerações vêm e gerações vão, mas a terra permanece a mesma. O sol nasce, o sol se põe e, logo, retorna a seu lugar para nascer outra vez. O vento sopra para o sul, depois para o norte; dá voltas e mais voltas, soprando em círculos. Os rios correm para o mar, mas ele nunca se enche; a água retorna aos rios e corre novamente para o mar. Tudo é tão cansativo que não há como descrever. Não importa quanto vemos, nunca ficamos satisfeitos; não importa quanto ouvimos, nunca nos contentamos. A história simplesmente se repete. O que foi feito antes será feito outra vez. Nada debaixo do sol é realmente novo. De vez em quando, alguém diz: “Isto é novidade!”. O fato, porém, é que nada é realmente novo. Não nos lembramos do que aconteceu no passado, e as gerações futuras tampouco se lembrarão do que fazemos hoje. Eu, o Mestre, fui rei de Israel e vivi em Jerusalém. Dediquei-me a buscar o entendimento e a usar a sabedoria para examinar tudo que se faz debaixo do céu. Descobri que Deus deu uma existência trágica à humanidade. Observei tudo que acontece debaixo do sol e, de fato, nada faz sentido; é como correr atrás do vento. O que está errado não pode ser corrigido; o que ainda falta não pode ser recuperado. Disse a mim mesmo: “Sou mais sábio que todos os reis que governaram em Jerusalém antes de mim. Tenho mais sabedoria e conhecimento que eles”. Então me dediquei a aprender de tudo: desde a sabedoria até a loucura e a insensatez. Descobri, por experiência, que procurar essas coisas também é como correr atrás do vento. Quanto maior a sabedoria, maior a aflição; quanto maior o conhecimento, maior a tristeza. Disse a mim mesmo: “Venha, vamos experimentar o prazer; vamos procurar as coisas boas da vida!”. Descobri, porém, que isso também não fazia sentido. Portanto, disse: “O riso é tolice. De que adianta buscar o prazer?”. Depois de pensar muito, resolvi me animar com vinho. E, enquanto ainda buscava a sabedoria, apeguei-me à insensatez. Assim, procurei experimentar o que haveria de melhor para as pessoas em sua curta vida debaixo do sol. Dediquei-me a projetos grandiosos, construindo casas enormes e plantando belos vinhedos. Fiz jardins e parques e os enchi de árvores frutíferas de toda espécie. Construí açudes para juntar água e regar meus pomares verdejantes. Comprei escravos e escravas, e outros nasceram em minha casa. Tive muito gado e rebanhos, mais que todos os que viveram em Jerusalém antes de mim. Juntei grande quantidade de prata e ouro, tesouros de muitos reis e províncias. Contratei cantores e cantoras e tive muitas concubinas. Tive tudo que um homem pode desejar! Tornei-me mais importante que todos os que viveram em Jerusalém antes de mim, e nunca me faltou sabedoria. Tudo que desejei, busquei e consegui. Não me neguei prazer algum. No trabalho árduo, encontrei grande prazer, a recompensa por meus esforços. Mas, ao olhar para tudo que havia me esforçado tanto para realizar, vi que nada fazia sentido; era como correr atrás do vento. Não havia nada que valesse a pena debaixo do sol. Então resolvi comparar a sabedoria com a loucura e a insensatez (pois quem pode fazê-lo melhor que eu, o rei? ). Pensei: “A sabedoria é melhor que a insensatez, assim como a luz é melhor que as trevas. O sábio vê para onde está indo, mas o tolo anda na escuridão”. Apesar disso, vi que o sábio e o tolo têm o mesmo destino. Disse a mim mesmo: “Uma vez que terei o mesmo fim do tolo, de que vale toda a minha sabedoria? Nada disso faz sentido!”. Pois nem o sábio nem o tolo serão lembrados por muito tempo; ambos morrerão, e logo serão esquecidos. Por isso, passei a odiar minha vida, pois tudo que é feito debaixo do sol é frustrante. Nada faz sentido; é como correr atrás do vento. Passei a odiar todo o meu árduo trabalho debaixo do sol, pois deixarei para meus sucessores tudo que me esforcei para obter. E quem pode dizer se eles serão sábios ou tolos? No entanto, terão controle sobre tudo que consegui debaixo do sol, com minha habilidade e meu esforço. Isso não faz o menor sentido! Assim, cheguei a me desesperar e questionei o valor de todo o meu árduo trabalho debaixo do sol. Algumas pessoas trabalham com sabedoria, conhecimento e habilidade, mas terão de deixar o resultado de seu trabalho para alguém que não se esforçou. Isso também não faz sentido; é uma grande tragédia. O que as pessoas ganham com tanto esforço e ansiedade debaixo do sol? Seus dias de trabalho são cheios de dor e tristeza, e nem mesmo à noite sua mente descansa. Nada faz sentido. Por isso, concluí que a melhor coisa a fazer é desfrutar a comida e a bebida e encontrar satisfação no trabalho. Percebi, então, que esses prazeres vêm da mão de Deus. Pois quem pode comer ou desfrutar algo sem ele? Deus concede sabedoria, conhecimento e alegria àqueles que lhe agradam. Se, porém, um pecador enriquece, Deus lhe toma a riqueza e a entrega àqueles que lhe agradam. Isso também não faz sentido; é como correr atrás do vento. Há um momento certo para tudo, um tempo para cada atividade debaixo do céu. Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de colher. Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de construir. Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de se entristecer, e tempo de dançar. Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntá-las; tempo de abraçar, e tempo de se afastar. Tempo de procurar, e tempo de deixar de buscar; tempo de guardar, e tempo de jogar fora. Tempo de rasgar, e tempo de remendar; tempo de calar, e tempo de falar. Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz. O que as pessoas ganham com tanto trabalho árduo? Vi o fardo que Deus pôs sobre toda a humanidade. E, no entanto, Deus fez tudo apropriado para seu devido tempo. Ele colocou um senso de eternidade no coração humano, mas mesmo assim ninguém é capaz de entender toda a obra de Deus, do começo ao fim. Concluí, portanto, que a melhor coisa a fazer é ser feliz e desfrutar a vida enquanto é possível. Cada um deve comer e beber e desfrutar os frutos de seu trabalho, pois são presentes de Deus. E sei que tudo que Deus faz é definitivo; não se pode acrescentar ou tirar nada. O propósito de Deus é que as pessoas o temam. O que acontece agora já aconteceu antes, e o que acontecerá no futuro também já aconteceu, pois Deus faz as mesmas coisas acontecerem repetidamente. Observei também que debaixo do sol há maldade onde deveria haver justiça. Sim, até os tribunais são corruptos. Disse a mim mesmo: “No devido tempo, Deus julgará tanto os justos como os perversos, por tudo que fizeram”. Também refleti sobre a condição humana, como Deus mostra às pessoas que elas não são melhores que os animais. Pois tanto pessoas como animais têm o mesmo destino: ambos respiram e ambos morrem. As pessoas não têm vantagem alguma sobre os animais. Isso não faz o menor sentido! Todos vão para o mesmo lugar: vieram do pó e a ele retornam. Afinal, quem pode afirmar que o espírito dos seres humanos vai para cima e o espírito dos animais desce para a terra? Vi, portanto, que a melhor coisa a fazer é alegrar-se com seu trabalho. É isso que nos cabe na vida. Ninguém nos trará de volta para ver o que acontece depois que morremos. Observei, ainda, toda a opressão que ocorre debaixo do sol. Vi as lágrimas dos oprimidos, e ninguém para consolá-los. Os opressores são poderosos, e suas vítimas, indefesas. Concluí, portanto, que os mortos são mais felizes que os vivos. Mais felizes que todos, porém, são os que ainda não nasceram, pois não viram o mal que se faz debaixo do sol. Então observei que todo esforço e trabalho é motivado pela inveja que as pessoas sentem umas das outras. Isso também não faz sentido; é como correr atrás do vento. “Os tolos cruzam os braços e se arruínam.” E, no entanto, “É melhor ter um punhado com tranquilidade que dois punhados com trabalho árduo e correr atrás do vento”. Observei outra coisa que não faz sentido debaixo do sol. É o caso do homem que vive completamente sozinho, sem filho nem irmão, mas que ainda assim se esforça para obter toda riqueza que puder. A certa altura, porém, ele se pergunta: “Para quem trabalho? Por que deixo de aproveitar tantos prazeres?”. Nada faz sentido, e é tudo angustiante. É melhor serem dois que um, pois um ajuda o outro a alcançar o sucesso. Se um cair, o outro o ajuda a levantar-se. Mas quem cai sem ter quem o ajude está em sérios apuros. Da mesma forma, duas pessoas que se deitam juntas aquecem uma à outra. Mas como fazer para se aquecer sozinho? Sozinha, a pessoa corre o risco de ser atacada e vencida, mas duas pessoas juntas podem se defender melhor. Se houver três, melhor ainda, pois uma corda trançada com três fios não arrebenta facilmente. É melhor ser um jovem pobre e sábio que um rei velho e tolo, que não aceita conselhos. Pode acontecer de o jovem sair da pobreza e ser bem-sucedido, e até tornar-se rei, mesmo que tenha estado na prisão. Em pouco tempo, porém, todos correm para o lado de outro jovem, que o sucede. Multidões incontáveis o cercam, mas depois surge uma nova geração que o rejeita. Isso também não faz sentido; é como correr atrás do vento. Quando você entrar na casa de Deus, tome cuidado com o que faz e ouça com atenção. Age mal quem apresenta ofertas a Deus sem pensar. Não se precipite em fazer promessas nem em apresentar suas questões a Deus. Afinal, Deus está nos céus, e você, na terra; portanto, fale pouco. Do excesso de trabalho vem o sonho agitado; do excesso de palavras vêm as promessas do tolo. Quando fizer uma promessa a Deus, não demore a cumpri-la, pois ele não se agrada dos tolos. Cumpra todas as promessas que fizer. É melhor não dizer nada que fazer uma promessa e não cumprir. Não permita que sua boca o leve a pecar. E não se defenda dizendo ao mensageiro do templo que a promessa foi um engano. Isso deixaria Deus irado, e ele poderia destruir tudo que você conquistou. Sonhar demais é inútil, assim como falar muito. Em vez disso, tema a Deus. Não se surpreenda se, em toda a terra, você vir os pobres sofrendo opressão pelos poderosos, e a justiça e o direito sendo pervertidos. Cada oficial é subordinado a uma autoridade superior, e a justiça se perde em meio à burocracia. Até mesmo o rei tira para si o máximo proveito da terra. Quem ama o dinheiro nunca terá o suficiente. Quem ama a riqueza nunca se satisfará com o que ganha. Não faz sentido viver desse modo! Quanto mais você tem, mais pessoas aparecem para ajudá-lo a gastar. Portanto, de que serve a riqueza, senão para vê-la escapar por entre os dedos? Quem trabalha com dedicação dorme bem, quer coma pouco, quer muito. As muitas riquezas, porém, não deixam o rico dormir. Observei ainda outro grave problema debaixo do sol: o acúmulo de riquezas prejudica seu dono. Se o dinheiro é colocado em investimentos arriscados e eles dão errado, perde-se tudo. No final, não sobra nada para deixar aos filhos. Todos nós chegamos ao fim da vida nus e de mãos vazias, como no dia em que nascemos. Não levamos conosco o fruto de nosso trabalho. Isto também é um grande mal: as pessoas vão embora deste mundo como vieram. Todo o seu esforço é inútil, como trabalhar para o vento. Passam a vida sob uma nuvem escura de frustração, doença e indignação. Ainda assim, observei pelo menos uma coisa positiva: é bom que as pessoas comam, bebam e desfrutem os resultados de seu trabalho debaixo do sol durante a vida curta que Deus lhes dá e aceitem a parte que lhes cabe. Também é bom receber de Deus riqueza e boa saúde para aproveitá-la. Alegrar-se com seu trabalho e aceitar a parte que lhe cabe na vida são, sem dúvida, presentes de Deus. Deus mantém as pessoas tão ocupadas com as alegrias da vida que não lhes sobra tempo para refletir sobre o passado. Vi debaixo do sol outra grande tragédia que pesa sobre a humanidade. Deus concede a alguns muita riqueza, honra e tudo que desejam, mas não lhes dá a oportunidade de usufruir disso. Eles morrem e outro acaba usufruindo de todas essas coisas! Isso também não faz sentido; é uma verdadeira desgraça. Um homem pode ter cem filhos e viver muitos anos. Se, porém, não encontrar satisfação alguma na vida e não tiver nem mesmo um enterro digno, teria sido melhor que houvesse nascido morto. Pois assim seu nascimento teria sido inútil, e ele teria desaparecido na escuridão. Não teria recebido sequer um nome, e jamais teria visto o sol, nem saberia de sua existência. E, no entanto, teria desfrutado mais paz que se houvesse crescido e se tornado um homem infeliz. Mesmo que vivesse dois mil anos, não acharia contentamento. E, visto que deve morrer como todos os outros, de que adiantaria? Todos passam a vida se esforçando para ter o que comer, mas nunca parece suficiente. Será, então, que o sábio tem alguma vantagem sobre o tolo? O pobre ganha algo por saber como agir diante dos outros? Aproveite o que você tem em vez de desejar o que não tem. Querer cada vez mais não faz sentido; é como correr atrás do vento. Tudo já foi decidido; sabia-se há muito tempo o que cada pessoa seria. Portanto, não adianta discutir com Deus sobre nosso destino. Quanto mais palavras são ditas, mais vazias elas são. Então, que diferença fazem? Nesta vida breve e sem sentido, quem sabe como é melhor passar os dias? A vida é como a sombra. Quem sabe o que acontecerá debaixo do sol depois que tivermos partido? Uma boa reputação vale mais que perfume caro, e o dia da morte é melhor que o do nascimento. É melhor ir a funerais que ir a festas; afinal, todos morrem, e é bom que os vivos se lembrem disso. A tristeza é melhor que o riso, pois aperfeiçoa o coração. O sábio pensa na morte com frequência, enquanto o tolo só pensa em se divertir. É melhor ouvir a repreensão do sábio que o elogio do tolo. O riso do tolo some depressa, como espinhos que estalam no fogo; isso também não faz sentido. A extorsão transforma o sábio em tolo, e os subornos corrompem o coração. Terminar algo é melhor que começar; a paciência é melhor que o orgulho. Não se ire facilmente, pois a raiva é a marca dos tolos. Não viva saudoso dos “bons e velhos tempos”; isso não é sábio. A sabedoria é ainda melhor quando acompanhada do dinheiro; ambos são proveitosos debaixo do sol. Tanto sabedoria como dinheiro dão proteção, mas somente a sabedoria preserva a vida. Aceite o modo como Deus faz as coisas; afinal, quem é capaz de endireitar o que ele fez torto? Desfrute a prosperidade enquanto pode, mas, quando chegarem os tempos difíceis, reconheça que ambos vêm de Deus; lembre-se de que nada é garantido nesta vida. Vi de tudo nesta vida sem sentido, incluindo justos que morrem cedo e perversos que têm vida longa. Portanto, não seja justo nem sábio demais! Por que destruir a si mesmo? Tampouco seja perverso demais. Não seja tolo; por que morrer antes da hora? Preste atenção a estas instruções, pois quem teme a Deus evita os dois extremos. A sabedoria torna o sábio mais poderoso que dez líderes de uma cidade. Não há uma única pessoa na terra que sempre faça o bem e nunca peque. Não escute a conversa alheia às escondidas; pode ser que ouça seu servo falar mal a seu respeito. Pois você sabe que muitas vezes você mesmo falou mal de outros. Sempre me esforcei para que a sabedoria guiasse meus pensamentos e ações. Disse a mim mesmo: “Serei sábio”, mas não adiantou. A sabedoria está sempre distante e é difícil de encontrar. Procurei por toda parte, decidido a encontrar sabedoria e entender a razão dos acontecimentos. Resolvi provar a mim mesmo que a perversidade é tolice, e a insensatez, loucura. Descobri que a mulher sedutora é mais amarga que a morte. Sua paixão é um laço, e suas mãos são correntes. Quem agrada a Deus escapará dela, mas o pecador será pego em sua armadilha. “Esta é a minha conclusão”, diz o Mestre. “Descobri isso depois de analisar a questão por todos os ângulos. Embora tenha procurado repetidamente, ainda não encontrei o que busco. Entre mil homens, somente um é sábio; mas entre as mulheres não achei uma sequer! Foi isto, porém, que descobri: Deus criou os seres humanos para serem justos, mas eles buscaram todo tipo de maldade.” Como é maravilhoso ser sábio, analisar e interpretar as coisas! A sabedoria ilumina o rosto e abranda a dureza das feições. Obedeça ao rei, como jurou a Deus que faria. Não procure evitar seu dever, nem se junte aos que tramam o mal, pois o rei faz o que bem entende. Suas ordens têm respaldo em seu grande poder. Ninguém pode resistir a elas nem as questionar. Quem obedece às suas ordens não será castigado. Quem é sábio encontrará o tempo e o modo apropriado de fazer o que é certo, pois há um tempo e um modo para tudo, mesmo em meio às dificuldades. Aliás, como é possível evitar o que não se sabe que acontecerá? Ninguém pode impedir o próprio espírito de partir. Ninguém é capaz de evitar o dia de sua morte; não há como fugir dessa batalha. E, diante da morte, a maldade certamente não livrará o perverso. Pensei muito sobre tudo que acontece debaixo do sol, onde as pessoas têm poder para prejudicar umas às outras. Vi perversos serem sepultados com honra; frequentavam o templo e hoje são elogiados na mesma cidade em que cometeram seus crimes. Isso também não faz sentido. Quando um crime não é castigado de imediato, as pessoas se veem incentivadas a fazer o mal. Mas, ainda que alguém peque cem vezes e continue a viver por muito tempo, sei que aqueles que temem a Deus terminarão em situação melhor. Os perversos não prosperarão, pois não temem a Deus. Seus dias, como as sombras do anoitecer, não se prolongarão. Há mais uma coisa que não faz sentido em nosso mundo. Nesta vida, justos muitas vezes são tratados como se fossem perversos, e perversos, como se fossem justos. Isso não faz sentido algum! Recomendo, portanto, que as pessoas aproveitem a vida, pois a melhor coisa a fazer neste mundo é comer, beber e alegrar-se. Assim, terão algo que os acompanhe em todo o árduo trabalho que Deus lhes dá debaixo do sol. Enquanto procurava sabedoria e observava os fardos pesados que as pessoas carregam aqui na terra, vi que, dia e noite, sua atividade não cessa. Percebi que ninguém é capaz de descobrir tudo que Deus faz debaixo do sol. Nem mesmo os mais sábios conseguem compreender tudo, embora afirmem o contrário. Dediquei-me também a investigar isto: embora os justos e os sábios, e também suas ações, estejam nas mãos de Deus, ninguém sabe o que os aguarda, se amor ou ódio. No fim, todos têm o mesmo destino, seja a pessoa justa ou perversa, boa ou má, cerimonialmente pura ou impura, religiosa ou não. Ocorre o mesmo à pessoa de bem e ao pecador; aquele que faz promessas a Deus é tratado como o que teme fazê-lo. É uma grande tragédia que todos debaixo do sol tenham o mesmo destino. Além disso, o coração das pessoas está cheio de maldade. Elas seguem seu próprio caminho de loucura, pois não há nada adiante, senão a morte. Só para os vivos há esperança. Como dizem: “Melhor ser um cão vivo que um leão morto”. Os vivos pelo menos sabem que vão morrer, mas os mortos nada sabem. Já não têm recompensas para receber e caem no esquecimento. Amar, odiar, invejar, tudo que já fizeram ao longo da vida passou há muito tempo. Já não participam de coisa alguma que acontece debaixo do sol. Portanto, coma sua comida com prazer e beba seu vinho com alegria, pois Deus se agrada disso. Vista roupas elegantes e use perfume. Viva alegremente com a mulher que você ama todos os dias desta vida sem sentido que Deus lhe deu debaixo do sol, pois essa é a recompensa por todos os seus esforços neste mundo. Tudo que fizer, faça bem feito, pois quando descer à sepultura não haverá trabalho, nem planos, nem conhecimento, nem sabedoria. Observei outra coisa debaixo do sol. Aquele que corre mais rápido nem sempre ganha a corrida, e o guerreiro mais forte nem sempre vence a batalha. Às vezes os sábios passam fome, os sensatos não enriquecem, e os instruídos não alcançam sucesso. Tudo depende de se estar no lugar certo na hora certa. Ninguém é capaz de prever quando virão os tempos difíceis. Como peixe na rede ou pássaro na armadilha, as pessoas caem em desgraça de modo repentino. Outro exemplo de sabedoria me impressionou enquanto eu observava como as coisas funcionam debaixo do sol. Havia uma cidade pequena, com poucos habitantes, e um grande rei veio com seu exército e a cercou. Um homem sábio, mas muito pobre, usou sua sabedoria para salvar a cidade. Depois, porém, ninguém se lembrou de lhe agradecer. Por isso, pensei: embora a sabedoria seja melhor que a força, o sábio é desprezado quando é pobre. Suas palavras logo são esquecidas. É melhor ouvir as palavras calmas da pessoa sábia que os gritos do rei tolo. É melhor ter sabedoria que armas de guerra, mas um só pecador destrói muitas coisas boas. Como moscas mortas produzem mau cheiro até num frasco de perfume, assim um pouco de insensatez estraga muita sabedoria e honra. O sábio escolhe o caminho certo, mas o tolo toma o rumo errado. Os tolos podem ser identificados apenas por seu modo de andar. Se uma autoridade se irar contra você, não abandone seu posto; o espírito calmo pode superar até mesmo grandes erros. Observei outro mal debaixo do sol. Governantes cometem um erro grave quando dão grande autoridade aos tolos e colocam pessoas valorosas em cargos inferiores. Cheguei a ver servos andando a cavalo, como príncipes, e príncipes andando a pé, como servos! Quem cava um poço corre o risco de cair nele. Quem derruba um muro corre o risco de ser mordido por uma cobra. Quem trabalha numa pedreira corre o risco de ser ferido pelas pedras. Quem corta lenha corre perigo a cada golpe do machado. Trabalhar com um machado sem corte exige muito mais esforço; portanto, afie a lâmina. Esse é o valor da sabedoria: ela o ajuda a ser bem-sucedido. Se a cobra morde antes de ser encantada, de que adianta ser encantador de serpentes? As palavras do sábio trazem aprovação, mas o tolo é destruído por aquilo que ele mesmo diz. O tolo baseia seus argumentos em ideias insensatas, por isso suas conclusões são perversa loucura; mesmo assim, fala sem parar. Ninguém sabe de fato o que acontecerá; ninguém é capaz de prever o futuro. O tolo fica tão exausto com seu trabalho que nem consegue encontrar o caminho de casa. Como é triste a terra governada por uma pessoa imatura, cujas autoridades fazem banquetes logo de manhã. Como é feliz a terra que tem como rei um líder nobre, cujas autoridades fazem banquetes no momento apropriado, para recuperarem as forças, e não para se embebedarem. Por causa da preguiça, o telhado enverga; por causa do ócio, surgem goteiras na casa. A festa proporciona riso, o vinho proporciona alegria, e o dinheiro proporciona isso tudo! Nunca faça pouco do rei, nem mesmo em pensamento. Não zombe dos poderosos, nem mesmo em seu quarto. Pois um passarinho poderia contar a eles tudo que você disse. Envie os grãos de sua colheita mar afora, e com o tempo isso lhe trará retorno. Invista seus recursos em vários lugares, pois desconhece os riscos adiante. Quando as nuvens estão carregadas, vêm as chuvas; quando a árvore cai, para o norte ou para o sul, ali permanece. O agricultor que espera condições de tempo perfeitas nunca semeia; se ele fica observando cada nuvem, não colhe. Assim como é impossível entender o caminho do vento ou o mistério do crescimento do bebê no ventre da mãe, também é impossível entender as obras de Deus, que faz todas as coisas. Semeie pela manhã e continue a trabalhar à tarde, pois você não sabe se o lucro virá de uma atividade ou de outra, ou talvez de ambas. A luz é doce; como é bom ver o nascer de um novo dia. Se você chegar à velhice, desfrute cada dia de sua vida. Lembre-se, porém, que haverá muitos dias sombrios. Nada do que ainda está por vir faz sentido. Jovem, alegre-se em sua juventude! Aproveite cada momento. Faça tudo que desejar; não perca nada! Lembre-se, porém, que Deus lhe pedirá contas de tudo que fizer. Não se preocupe com coisa alguma e mantenha o corpo saudável. Lembre-se, porém, que a juventude, e a vida inteira diante de você, não fazem sentido. Não se esqueça de seu Criador nos dias de sua juventude. Honre-o enquanto você é jovem, antes que venham os tempos difíceis e cheguem os anos em que você dirá: “Não tenho mais prazer em viver”. Lembre-se dele antes que o sol, a lua e as estrelas percam o brilho aos seus olhos, e as nuvens voltem a cobrir o céu depois da chuva. Lembre-se dele antes que suas pernas comecem a tremer, e antes que seus ombros se encurvem. Lembre-se dele antes que os poucos dentes que lhe restam já não possam mastigar, e antes que seus olhos deixem de ver com clareza. Lembre-se dele antes que seus ouvidos fiquem fracos e você já não ouça o som das pessoas trabalhando nas ruas. Hoje você levanta com o primeiro canto dos pássaros, mas um dia não os ouvirá mais. Lembre-se dele antes que você tenha medo de cair e se preocupe com os perigos nas ruas; antes que seus cabelos fiquem brancos como a amendoeira em flor, e você se arraste como um gafanhoto prestes a morrer; e antes que você perca o desejo. Lembre-se dele antes que falte pouco para descer ao túmulo, seu lar eterno, quando os pranteadores chorarão em seu funeral. Sim, lembre-se de seu Criador agora, enquanto você é jovem, antes que o fio de prata da vida se rompa e antes que a taça de ouro se quebre. Não espere até que o cântaro se despedace junto à fonte e a roldana se parta junto ao poço. Pois, então, o pó voltará à terra e o espírito voltará a Deus, que o deu. “Nada faz sentido”, diz o Mestre. “Nada faz o menor sentido.” O Mestre era considerado sábio e ensinou ao povo tudo que sabia. Com muita atenção, ouviu, examinou e organizou muitos provérbios. O Mestre se esforçou para usar as palavras certas a fim de expressar verdades com clareza. As palavras do sábio são como hastes de ferro, e a coleção de seus ditados, como pregos bem fixados, que o pastor usa para conduzir as ovelhas. Meu filho, deixe-me dar-lhe mais um conselho: tenha cuidado, pois escrever livros não tem fim, e estudar demais é cansativo. Aqui termina meu relato. Esta é minha conclusão: tema a Deus e obedeça a seus mandamentos, pois esse é o dever de todos. Deus nos julgará por todos os nossos atos, incluindo o que fazemos em segredo, seja o bem, seja o mal. Este é o cântico dos cânticos de Salomão. Beije-me, beije-me mais uma vez, pois seu amor é mais doce que o vinho. Como é agradável seu perfume; seu nome é como a fragrância que se espalha. Não é de admirar que todas as moças o amem! Leve-me com você; venha, vamos depressa! O rei me trouxe ao quarto dele. Ó rei, estamos alegres e felizes por sua causa! Celebraremos seu amor mais que o vinho. Com razão elas o amam. Sou morena e bela, ó mulheres de Jerusalém; morena como as tendas de Quedar, bela como as cortinas de Salomão. Não me olhem assim porque sou morena; o sol me escureceu a pele. Meus irmãos se zangaram comigo e me obrigaram a cuidar de seus vinhedos; de mim mesma, de minha videira, não pude cuidar. Diga-me, meu amor, aonde levará seu rebanho hoje? Onde fará suas ovelhas descansarem ao meio-dia? Por que eu andaria sem rumo, como uma prostituta, entre seus amigos e os rebanhos deles? Se você não sabe, mais bela de todas as mulheres, siga a trilha de meu rebanho e leve seus cabritos para pastar junto às tendas dos pastores. Você é cativante, minha querida, como uma égua entre os cavalos do faraó. Como são belas suas faces; seus brincos realçam sua beleza! Como é lindo seu pescoço, enfeitado com um colar de joias! Faremos para você brincos de ouro com enfeites de prata. O rei está deitado em seu sofá, encantado com a fragrância de meu perfume. Meu amado é como uma delicada bolsa de mirra que repousa entre meus seios. É como um ramo de flores de hena dos vinhedos de En-Gedi. Como você é linda, minha querida, como você é linda! Seus olhos são como pombas. Como você é belo, meu amor, como você é encantador! A grama macia é nosso leito; os ramos perfumados do cedro são as vigas de nossa casa, e os pinheiros aromáticos, os caibros do telhado. Eu sou a flor que nasce na planície de Sarom, o lírio que cresce no vale. Como um lírio entre os espinhos, assim é minha querida entre as moças. Como uma macieira entre as árvores do bosque, assim é meu amado entre os rapazes. À sua sombra agradável eu me sento e saboreio seus deliciosos frutos. Ele me trouxe ao salão de banquetes; seu grande amor por mim é evidente. Fortaleçam-me com bolos de passas, revigorem-me com maçãs, pois desfaleço de amor. Seu braço esquerdo está sob a minha cabeça, e o direito me abraça. Prometam, ó mulheres de Jerusalém, pelas gazelas e corças selvagens, que não despertarão o amor antes do tempo. Ah, ouço meu amado chegando! Ele salta sobre os montes, pula sobre as colinas. Meu amado é como a gazela, como o jovem cervo. Vejam, lá está ele atrás do muro, observando pelas janelas, espiando por entre as grades. Meu amado me disse: “Levante-se, minha querida! Venha comigo, minha bela! Veja, o inverno acabou, e as chuvas passaram. As flores estão brotando; chegou a época das canções, e o arrulhar das pombas enche o ar. As figueiras começam a dar frutos, e as videiras perfumadas florescem. Levante-se, minha querida! Venha comigo, minha bela!”. Minha pomba está escondida entre as pedras, oculta nas fendas das rochas. Mostre-me seu rosto e deixe-me ouvir sua voz. Pois sua voz é doce, e seu rosto é lindo. Peguem todas as raposas, as raposinhas, antes que destruam o vinhedo do amor, pois as videiras estão em flor! Meu amado é meu, e eu sou dele; ele pastoreia entre os lírios. Antes que soprem as brisas do amanhecer, e fujam as sombras da noite, volte para mim, meu amor, como a gazela, como o jovem cervo nos montes íngremes. Certa noite, na cama, ansiei por meu amado; ansiei por ele, mas ele não veio. Pensei: “Vou me levantar e andar pela cidade, vou procurá-lo em todas as ruas e praças; sim, vou em busca de meu amado”. Procurei por toda parte, mas não o encontrei. Os guardas me pararam enquanto faziam a ronda, e eu lhes perguntei: “Vocês viram meu amado?”. Pouco depois de me afastar deles, encontrei meu amado! Segurei-o e abracei-o com força; levei-o à casa de minha mãe, à cama onde fui concebida. Prometam, ó mulheres de Jerusalém, pelas gazelas e corças selvagens, que não despertarão o amor antes do tempo. O que é isso que vem subindo do deserto, como nuvem de fumaça? De onde vem esse perfume de mirra e incenso, o aroma de todo tipo de especiaria? Vejam, é a liteira de Salomão, cercada por sessenta homens valentes, os melhores soldados de Israel! São todos habilidosos com a espada, guerreiros experientes. Cada um traz sua espada, pronto para defender o rei dos perigos da noite. A liteira do rei Salomão é feita de madeira importada do Líbano. As colunas são de prata, a cobertura é de ouro, as almofadas são de tecido púrpura. Foi enfeitada com carinho pelas mulheres de Jerusalém. Mulheres de Sião, venham ver o rei Salomão! Ele usa a coroa que sua mãe lhe deu no dia em que ele se casou, no dia mais feliz de sua vida. Você é linda, minha querida, como você é linda! Seus olhos por trás do véu são como pombas. Seu cabelo é como um rebanho de cabras que desce pelas encostas de Gileade. Seus dentes são brancos como ovelhas recém-tosquiadas e lavadas. Seu sorriso é perfeito; cada dente tem seu par ideal. Seus lábios são como uma fita vermelha; sua boca é linda. Suas faces por trás do véu são rosadas como romãs. Seu pescoço é belo, como a torre de Davi, enfeitada com escudos de mil guerreiros valentes. Seus dois seios são como duas crias de gazela, filhotes gêmeos que se alimentam entre os lírios. Antes que soprem as brisas do amanhecer, e fujam as sombras da noite, irei ao monte de mirra e à colina de incenso. Você é inteiramente linda, minha querida; não há em você defeito algum! Venha comigo do Líbano, minha noiva, venha comigo do Líbano. Desça do monte Amana, dos cumes do Senir e do Hermom, onde os leões têm suas tocas e os leopardos vivem nas montanhas. Você conquistou meu coração, minha amiga, minha noiva. Você o cativou com um só olhar de relance, com um só enfeite de seu colar. Seu amor é delicioso, minha amiga, minha noiva. Seu amor é melhor que vinho; seu perfume é mais agradável que especiarias. Seus lábios são doces como néctar, minha noiva; debaixo de sua língua há mel e leite. Seus vestidos são perfumados como os cedros do Líbano. Você é meu jardim particular, minha amiga, minha noiva, nascente fechada, fonte escondida. Seus renovos guardam um paraíso de romãs com especiarias raras: hena e nardo, nardo e açafrão, cálamo perfumado e canela, com todas as árvores de incenso, com mirra, aloés e todas as outras especiarias finas. Você é uma fonte de jardim, um poço de água fresca que desce dos montes do Líbano. Desperte, vento norte! Levante-se, vento sul! Soprem em meu jardim e espalhem sua fragrância por toda parte. Entre em seu jardim, meu amor, e saboreie seus melhores frutos. Entrei em meu jardim, minha amiga, minha noiva! Recolhi mirra com minhas especiarias, comi meu favo com mel, bebi meu vinho com leite. Comam e bebam, amado e amada! Sim, bebam de seu amor quanto puderem! Eu dormia, mas meu coração estava desperto, quando ouvi meu amado bater à porta e chamar: “Abra a porta para mim, minha amiga, minha querida, minha pomba, minha perfeita. Minha cabeça está molhada de orvalho, e meu cabelo, úmido do sereno da noite”. Eu respondi: “Já tirei a túnica; vou ter de me vestir de novo? Já lavei os pés; vou ter de sujá-los?”. Meu amado tentou destrancar a porta, e meu coração se agitou. Levantei-me de um salto para abrir a porta ao meu amor. Minhas mãos destilavam perfume e de meus dedos pingava mirra, quando puxei o ferrolho. Abri para meu amado, mas ele já havia partido! Meu coração quase parou de tristeza. Procurei por ele, mas não o encontrei. Chamei por ele, mas ele não respondeu. Os guardas me encontraram enquanto faziam a ronda. Bateram-me e feriram-me, arrancaram-me o manto, aqueles guardas dos muros. Prometam, ó mulheres de Jerusalém: Se encontrarem meu amado, digam-lhe que desfaleço de amor. Diga-nos, mulher de beleza incomparável: Por que seu amado é melhor que todos os outros? O que ele tem de tão especial para fazermos a você essa promessa? Meu amado é moreno e fascinante; ele se destaca no meio da multidão! Sua cabeça é como o ouro puro, seu cabelo ondulado, preto como o corvo. Seus olhos são como pombas junto aos riachos, incrustados como joias lavadas em leite. Suas faces são como jardins de especiarias que espalham sua fragrância. Seus lábios são como lírios perfumados com mirra. Seus braços são como barras redondas de ouro, enfeitadas com berilo. Seu ventre é como marfim polido, que resplandece com safiras. Suas pernas são como colunas de mármore apoiadas em bases de ouro puro. Seu porte é majestoso, como o dos cedros do Líbano. Sua voz é a própria doçura; ele é desejável em todos os sentidos. Esse, ó mulheres de Jerusalém, é meu amado, meu amigo. Para onde foi seu amado, ó mulher de beleza incomparável? Diga-nos que caminho ele tomou, e a ajudaremos a encontrá-lo. Meu amado desceu a seu jardim, aos canteiros de especiarias, para pastorear nos jardins e para colher lírios. Eu sou de meu amado, e meu amado é meu; ele pastoreia entre os lírios. Você é linda, minha querida, como a bela cidade de Tirza. Sim, é linda como Jerusalém, majestosa como um exército com bandeiras ao vento. Desvie de mim seus olhos, pois eles me dominam. Seu cabelo é como um rebanho de cabras que desce pelas encostas de Gileade. Seus dentes são brancos como ovelhas recém-lavadas. Seu sorriso é perfeito; cada dente tem seu par ideal. Suas faces por trás do véu são rosadas como romãs. Mesmo entre sessenta rainhas, oitenta concubinas e incontáveis moças, eu ainda escolheria minha pomba, minha perfeita, a predileta de sua mãe, muito amada por aquela que a deu à luz. As moças a veem e dizem que ela é feliz; até mesmo as rainhas e as concubinas do rei a elogiam: “Quem é essa que se levanta como o amanhecer, bela como a lua, brilhante como o sol, majestosa como um exército com bandeiras ao vento?”. Desci ao bosque das nogueiras e fui ao vale ver as novas plantas, ver se as videiras tinham brotado e se as romãs tinham florescido. Antes que eu me desse conta, meu desejo me levou à carruagem de um nobre. Volte, volte para junto de nós, sulamita! Volte, volte para que a vejamos outra vez! Por que vocês olham para a sulamita enquanto ela se move com tanta graça entre duas fileiras de dançarinas? Como são lindos seus pés calçados com sandálias, moça com porte de princesa! As curvas de seus quadris são como joias, trabalho de artífice habilidoso. Seu umbigo tem forma perfeita, como taça cheia de vinho de boa mistura. Sua cintura é como um monte de trigo cercado de lírios. Seus dois seios são como duas crias, como filhotes gêmeos da gazela. Seu pescoço é gracioso como uma torre de marfim. Seus olhos são como os açudes cristalinos de Hesbom, junto à porta de Bete-Rabim. Seu nariz é belo como a torre do Líbano, de onde se avista Damasco. Sua cabeça é majestosa como o monte Carmelo, e o brilho de seu cabelo irradia nobreza; o rei é prisioneiro de suas tranças. Como você é linda! Como você é agradável, meu amor, e cheia de delícias! É esbelta como uma palmeira, e seus seios são como os cachos de frutos. Eu disse: “Subirei a palmeira e me apossarei de seus frutos”. Que seus seios sejam como cachos de uva, e que o aroma de sua respiração tenha o perfume das maçãs. Que seus beijos sejam como o melhor vinho. Sim, vinho que escorre para meu amado, que flui suave por lábios e dentes. Eu sou de meu amado, e ele me deseja. Venha, meu amor, vamos aos campos, passar a noite entre as flores silvestres. Vamos levantar cedo para ir aos vinhedos ver se as videiras brotaram, se as flores abriram e se as romãs já estão em flor; ali eu lhe darei meu amor. Ali as mandrágoras espalham sua fragrância, e os melhores frutos estão à nossa porta, delícias novas e antigas, que guardei para você, meu amado. Quem dera você fosse meu irmão, amamentado nos seios de minha mãe. Então eu poderia beijá-lo publicamente, e ninguém me criticaria. Eu o levaria ao lar de minha infância, e ali você me ensinaria. Eu lhe daria de beber vinho com especiarias, o néctar de minhas romãs. Seu braço esquerdo estaria sob a minha cabeça, e o direito me abraçaria. Prometam, ó mulheres de Jerusalém, que não despertarão o amor antes do tempo. Quem é essa que vem subindo do deserto, apoiada em seu amado? Despertei você debaixo da macieira, onde sua mãe o deu à luz, onde, com muitas dores, ela o trouxe ao mundo. Coloque-me como selo sobre seu coração, como selo sobre seu braço. Pois o amor é forte como a morte, e o ciúme, exigente como a sepultura. O amor arde como fogo, como as labaredas mais intensas. As muitas águas não podem apagar o amor, nem os rios podem afogá-lo. Se algum homem tentasse usar todas as suas riquezas para comprar o amor, sua oferta seria por completo desprezada. Temos uma irmãzinha, que ainda é jovem demais para ter seios. O que faremos por nossa irmã, se alguém a pedir em casamento? Se ela for um muro, nós a protegeremos com uma torre de prata. Se ela for uma porta, nós a fecharemos com uma tranca de cedro. Eu sou um muro, e meus seios são suas torres. Quando meu amado olha para mim, ele se agrada do que vê. Salomão tem um vinhedo em Baal-Hamom, que ele arrenda para lavradores. Cada um lhe paga mil peças de prata para colher os frutos. Quanto a meu vinhedo, faço dele o que quero, e Salomão não precisa pagar mil peças de prata. Darei, contudo, duzentas peças aos que cuidam de seus frutos. Minha querida, que mora nos jardins, seus companheiros ouvem atentamente sua voz; deixe-me ouvi-la também! Venha correndo, meu amado! Seja como a gazela, como o jovem cervo sobre os montes de especiarias. Estas são as visões de Isaías, filho de Amoz, acerca de Judá e Jerusalém. Ele teve estas visões durante os anos em que Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias eram reis de Judá. Ouçam, ó céus! Preste atenção, ó terra! Assim diz o S enhor: “Os filhos que criei e dos quais cuidei se rebelaram contra mim. Até mesmo o boi conhece seu dono, e o jumento reconhece o cuidado de seu senhor, mas Israel não conhece seu Senhor; meu povo não reconhece meu cuidado por ele”. Ah, como é pecadora esta nação, sobrecarregada pelo peso da culpa! São um povo perverso, filhos corruptos que rejeitaram o S enhor. Desprezaram o Santo de Israel e deram as costas para ele. Por que continuam a atrair castigo sobre si? Vão se rebelar para sempre? Sua cabeça está ferida, seu coração está enfermo. Estão machucados da cabeça aos pés, cheios de contusões, vergões e feridas abertas, e não há ataduras nem óleo para dar alívio. Sua terra está em ruínas, suas cidades foram queimadas. Estrangeiros saqueiam seus campos diante de vocês e destroem tudo que veem pela frente. A bela Sião está abandonada, como o abrigo do vigia no vinhedo, como a cabana numa plantação de pepinos, como a cidade que foi sitiada. Se o S enhor dos Exércitos não houvesse poupado alguns de nós, teríamos sido exterminados como Sodoma e destruídos como Gomorra. Ouçam a palavra do S enhor, líderes de “Sodoma”! Prestem atenção à lei de nosso Deus, povo de “Gomorra”! “O que os faz pensar que desejo seus muitos sacrifícios?”, diz o S enhor. “Estou farto de holocaustos de carneiros e da gordura de novilhos gordos. Não tenho prazer no sangue de touros, de cordeiros e de bodes. Quem lhes pediu que fizessem esse alvoroço por meus pátios quando vêm me adorar? Parem de trazer ofertas inúteis; o incenso que oferecem me dá náusea! Suas festas de lua nova, seus sábados e seus dias especiais de jejum são pecaminosos e falsos; não aguento mais suas reuniões solenes! Odeio suas festas de lua nova e celebrações anuais; são um peso para mim, não as suporto! Não olharei para vocês quando levantarem as mãos para orar; ainda que ofereçam muitas orações, não os ouvirei, pois suas mãos estão cobertas de sangue. Lavem-se e limpem-se! Removam seus pecados de minha vista e parem de fazer o mal. Aprendam a fazer o bem e busquem a justiça. Ajudem os oprimidos, defendam a causa dos órfãos, lutem pelos direitos das viúvas. “Venham, vamos resolver este assunto”, diz o S enhor. “Embora seus pecados sejam como o escarlate, eu os tornarei brancos como a neve; embora sejam vermelhos como o carmesim, eu os tornarei brancos como a lã. Se estiverem dispostos a me obedecer, terão comida com fartura. Se, porém, se desviarem e se recusarem a ouvir, serão devorados pela espada. Eu, o S enhor, falei!” Vejam como a cidade antes tão fiel tornou-se uma prostituta. Antes era o centro da justiça e da retidão, agora está cheia de assassinos. Antes era como prata, agora se tornou coisa desprezível. Antes era pura, agora é como vinho misturado com água. Seus líderes são rebeldes, companheiros de ladrões. Todos eles amam subornos e exigem propinas, mas não defendem a causa dos órfãos nem se preocupam com os direitos das viúvas. Por isso o Soberano S enhor dos Exércitos, o Poderoso de Israel, diz: “Eu me vingarei de meus inimigos; darei a meus adversários o que eles merecem! Levantarei o punho contra você; o derreterei e separarei o que é descartável e removerei todas as suas impurezas. Eu lhe darei bons juízes e conselheiros sábios, como tinha no passado. Então você voltará a ser chamada de Centro da Justiça e Cidade Fiel”. Sião será redimida pela justiça, e os que se arrependerem serão restaurados pela retidão. Mas os rebeldes e os pecadores serão destruídos, e serão consumidos os que abandonarem o S enhor. Vocês se envergonharão de sua idolatria em bosques de carvalhos. Ficarão desconcertados de terem adorado em jardins dedicados a ídolos. Serão como uma grande árvore com folhas murchas, como um jardim sem água. Os mais fortes em seu meio desaparecerão como palha; seus atos perversos serão a faísca que a incendeia. Queimarão junto com suas obras, e ninguém conseguirá apagar o fogo. Esta é uma visão que Isaías, filho de Amoz, teve acerca de Judá e Jerusalém: Nos últimos dias, o monte da casa do S enhor será o mais alto de todos. Será elevado acima de todos os outros montes, e povos de todo o mundo irão até lá para adorar. Gente de muitas nações virá e dirá: “Venham, vamos subir ao monte do S enhor, à casa do Deus de Jacó. Ali ele nos ensinará seus caminhos, e neles andaremos”. Pois a lei do S enhor sairá de Sião; sua palavra virá de Jerusalém. O S enhor será mediador entre os povos e resolverá os conflitos das nações. Os povos transformarão suas espadas em arados e suas lanças em podadeiras. As nações deixarão de lutar entre si e já não treinarão para a guerra. Venham, descendentes de Jacó, vamos andar na luz do S enhor! Pois tu, S enhor, rejeitaste teu povo, os descendentes de Jacó, porque encheram a terra com práticas do oriente e feiticeiros, como é costume dos filisteus; sim, fizeram acordos com nações estrangeiras. Israel está cheia de prata e ouro; seus tesouros são incontáveis. Sua terra está cheia de cavalos de guerra; seus carros de combate não têm fim. Sua terra está cheia de ídolos; o povo adora objetos que fez com as próprias mãos. Por isso, agora serão humilhados, e todos serão rebaixados; não os perdoes! Escondam-se em cavernas no meio das rochas, escondam-se no pó, para escaparem do terror do S enhor e da glória de sua majestade. O orgulho humano será rebaixado, a arrogância humana será humilhada. Somente o S enhor será exaltado naquele dia de julgamento. Pois o S enhor dos Exércitos tem um dia de acerto de contas. Ele castigará os orgulhosos e os poderosos e derrubará tudo que se exalta. Cortará os cedros imponentes do Líbano e os grandes carvalhos de Basã. Arrasará os montes altos e as colinas elevadas. Derrubará as torres altas e os muros fortificados. Afundará os grandes navios mercantes e todas as magníficas embarcações. O orgulho humano será humilhado, a arrogância humana será rebaixada. Somente o S enhor será exaltado naquele dia de julgamento. Os ídolos desaparecerão por completo. Quando o S enhor se levantar para sacudir a terra, seus inimigos rastejarão para dentro de buracos no chão. Em cavernas no meio das rochas, se esconderão do terror do S enhor e da glória de sua majestade. Naquele dia, abandonarão os ídolos de ouro e prata que eles próprios fizeram para adorar. Deixarão seus deuses para roedores e morcegos, enquanto rastejam para dentro de cavernas e se escondem entre as rochas dos desfiladeiros. Tentarão escapar do terror do S enhor e da glória de sua majestade quando ele se levantar para sacudir a terra. Não ponham sua confiança em simples mortais; são frágeis como um sopro. Que valor eles têm? O Soberano S enhor dos Exércitos, tirará de Jerusalém e de Judá tudo aquilo de que dependem: cada pedaço de pão, cada gota de água, todos os seus heróis e soldados, juízes e profetas, adivinhos e autoridades, oficiais do exército e altos funcionários, conselheiros, magos e astrólogos. Nomearei meninos como seus líderes, crianças pequenas para governá-los. As pessoas oprimirão umas às outras: homem contra homem, vizinho contra vizinho. Os jovens insultarão os idosos, e os canalhas desprezarão os honrados. Naquele dia, um homem dirá a seu irmão: “Você tem roupas; seja nosso líder! Assuma o governo deste monte de ruínas”. Mas ele responderá: “Não posso ajudar! Não tenho roupa nem comida sobrando; não me escolham como líder”. Jerusalém tropeçará, e Judá cairá, pois falam contra o S enhor e não querem lhe obedecer; rebelam-se abertamente contra sua glória. A expressão do rosto os denuncia; exibem seu pecado como o povo de Sodoma, nem sequer procuram escondê-lo. Estão perdidos! Trouxeram desgraça sobre si mesmos. Digam aos justos que tudo lhes irá bem; desfrutarão a recompensa de seus esforços. Os perversos, porém, estão perdidos, pois receberão exatamente o que merecem. Líderes imaturos oprimem meu povo, mulheres o governam. Ó meu povo, seus líderes o enganam e o conduzem pelo caminho errado. O S enhor toma seu lugar no tribunal e apresenta sua causa contra seu povo. O S enhor se apresenta para pronunciar julgamento sobre as autoridades do povo e seus governantes: “Vocês acabaram com Israel, meu vinhedo; o que roubaram dos pobres agora enche suas casas. Como ousam esmagar meu povo e esfregar o rosto dos pobres no pó?”. Quem exige uma resposta é o Soberano S enhor dos Exércitos. O S enhor diz: “A bela Sião é arrogante; estica seu pescoço elegante e lança olhares atrevidos, caminhando com passos curtos, fazendo tinir os enfeites de seus tornozelos. Por isso, o Senhor fará surgir crostas em sua cabeça; o S enhor deixará calva a bela Sião”. Naquele dia, o Senhor removerá tudo que a embeleza: os enfeites, as tiaras, os colares em forma de meia-lua, os brincos, as pulseiras e os véus; os lenços, os enfeites para o tornozelo, os cintos, os perfumes e os amuletos; os anéis, as joias do nariz, as roupas de festa, os vestidos, os mantos e as bolsas; os espelhos, as roupas de linho fino, os adornos para a cabeça e os xales. Em vez de exalar perfume agradável, ela terá mau cheiro; usará cordas como cinto e perderá todo o seu lindo cabelo. Vestirá pano de saco em vez de roupas finas, e a vergonha tomará o lugar de sua beleza. Os homens da cidade serão mortos à espada, e seus guerreiros morrerão na batalha. Os portões de Sião chorarão e se lamentarão; a cidade será como uma mulher devastada, encolhida no chão. Naquele dia, restarão tão poucos homens que sete mulheres brigarão por um só e dirão: “Deixe que todas nós nos casemos com você! Providenciaremos nossa comida e nossas roupas. Só queremos seu sobrenome, para que não zombem de nós!”. Naquele dia, porém, o renovo do S enhor será belo e glorioso; o fruto da terra será o orgulho e o esplendor de todos que sobreviverem em Israel. Todos que restarem em Sião serão um povo santo, aqueles que permanecerem em Jerusalém, que estiverem registrados entre os vivos. O Senhor lavará a imundície da bela Sião; removerá de Jerusalém as manchas de sangue com o quente sopro de julgamento abrasador. Então o S enhor proverá sombra para o monte Sião, e todos se reunirão ali. Durante o dia, proverá uma camada de nuvem e, à noite, de fumaça e fogo ardente, que cobrirá a terra gloriosa. Será abrigo contra o calor do dia e esconderijo contra tempestades e chuvas. Agora, cantarei a meu amado uma canção sobre seu vinhedo: Meu amado tinha um vinhedo numa colina muito fértil. Ele arou a terra, tirou as pedras e plantou as melhores videiras. No meio do vinhedo, construiu uma torre de vigia e, junto às rochas, fez um tanque de prensar. Então esperou pela colheita de uvas doces, mas o vinhedo só produziu uvas amargas. Agora, habitantes de Jerusalém e Judá, julguem entre mim e meu vinhedo. O que mais poderia ter feito por meu vinhedo que já não fiz? Por que, quando esperava uvas doces, ele produziu uvas amargas? Agora lhes digo o que farei com meu vinhedo: Removerei suas cercas e deixarei que seja destruído. Derrubarei seus muros e deixarei que seja pisoteado. Farei dele um lugar desolado, onde as videiras não são podadas e a terra não é capinada, um lugar cheio de espinhos e mato. Darei ordem às nuvens para que não derramem chuva sobre ele. A nação de Israel é o vinhedo do S enhor dos Exércitos, o povo de Judá é seu jardim agradável. Ele esperava colher justiça, mas encontrou opressão. Esperava colher retidão, mas ouviu gritos de angústia. Que aflição espera vocês que compram casas e mais casas, campos e mais campos, até não haver lugar para outros e vocês se tornarem os únicos donos da terra! Mas eu ouvi o S enhor dos Exércitos fazer um juramento solene: “Muitas casas ficarão desertas; até as belas mansões ficarão vazias. Um vinhedo de dez jeiras não produzirá vinte litros de vinho; dez cestos grandes de sementes só produzirão um cesto de cereais”. Que aflição espera os que se levantam cedo pela manhã, para começar a beber, e passam a noite tomando vinho, para ficar embriagados. Em suas festas sempre há vinho e belas músicas, de lira e harpa, tamborim e flauta, mas nunca pensam no S enhor, não se dão conta do que ele faz. Por isso meu povo irá para o exílio num lugar distante, pois não me conhece. Os nobres morrerão de fome, e a multidão morrerá de sede. A sepultura saliva de ansiedade, com a boca bem aberta. Os mais importantes e os mais simples e toda a multidão embriagada serão devorados. A humanidade será abatida, o povo será rebaixado; até os arrogantes baixarão o olhar em humilhação. O S enhor dos Exércitos, porém, será exaltado em sua justiça; a santidade de Deus será demonstrada em sua retidão. Naquele dia, os cordeiros encontrarão bons pastos; as ovelhas gordas e os cabritos comerão entre as ruínas. Que aflição espera os que arrastam sua perversidade com cordas feitas de mentiras, que arrastam atrás de si o pecado como quem puxa uma carroça! Zombam de Deus e dizem: “Anda logo! Toma uma providência! Queremos ver o que és capaz de fazer. Que o Santo de Israel realize seu plano, pois queremos saber o que é”. Que aflição espera os que chamam o mal de bem e o bem de mal, a escuridão de luz e a luz de escuridão, o amargo de doce e o doce de amargo! Que aflição espera os que são sábios aos próprios olhos e pensam ter entendimento! Que aflição espera os que são heróis em tomar vinho e se gabam de quanta bebida conseguem ingerir! Aceitam subornos para deixar o perverso em liberdade e negam justiça ao inocente. Portanto, assim como o fogo consome a palha e o capim seco se desfaz com a chama, suas raízes apodrecerão e suas flores murcharão. Pois rejeitaram a lei do S enhor dos Exércitos, desprezaram a palavra do Santo de Israel. Por isso a ira do S enhor se acende contra seu povo, por isso ele levantou sua mão para esmagá-los. Os montes estremecem, e os cadáveres do povo estão espalhados pelas ruas como lixo. Mesmo assim, a ira do S enhor não se satisfará; sua mão ainda está levantada para castigar. Ele enviará um sinal a nações distantes, assobiará para os que estão nos confins da terra; eles virão correndo. Não se cansarão nem tropeçarão; ninguém descansará nem dormirá. Nenhum cinto estará solto, nenhuma correia de sandália se arrebentará. Suas flechas estarão afiadas, seus arcos, prontos para a batalha. Os cascos de seus cavalos soltarão faíscas, as rodas de seus carros girarão como um turbilhão. Rugirão como leões, como os leões mais fortes. Rosnarão e se lançarão sobre suas vítimas, e as levarão embora; ninguém poderá livrá-las. Naquele dia, rugirão sobre suas vítimas como ruge o mar. Se alguém olhar por toda a terra, só verá trevas e aflição; até a luz será obscurecida pelas nuvens. No ano em que o rei Uzias morreu, eu vi o Senhor. Ele estava sentado em um trono alto, e a borda de seu manto enchia o templo. Acima dele havia serafins, cada um com seis asas: com duas asas cobriam o rosto, com duas cobriam os pés e com duas voavam. Diziam em alta voz uns aos outros: “Santo, santo, santo é o S enhor dos Exércitos; toda a terra está cheia de sua glória!” Suas vozes sacudiam o templo até os alicerces, e todo o edifício estava cheio de fumaça. Então eu disse: “Estou perdido! É o meu fim, pois sou um homem de lábios impuros e vivo no meio de pessoas de lábios impuros. Meus olhos, porém, viram o Rei, o S enhor dos Exércitos!”. Então um dos serafins voou em minha direção, trazendo uma brasa ardente que ele havia tirado do altar com uma tenaz. Tocou meus lábios com a brasa e disse: “Veja, esta brasa tocou seus lábios. Sua culpa foi removida, e seus pecados foram perdoados”. Então ouvi o Senhor perguntar: “Quem enviarei como mensageiro a este povo? Quem irá por nós?”. E eu respondi: “Aqui estou; envia-me”. Ele disse: “Vá e diga a este povo: ‘Ouçam com atenção, mas não entendam; observem bem, mas não aprendam’. Endureça o coração deste povo; tape os ouvidos e feche os olhos deles. Assim, não verão com os olhos, nem ouvirão com os ouvidos, não entenderão com o coração, nem se voltarão para mim a fim de serem curados”. Então eu disse: “Senhor, até quando isso vai durar?”, e ele respondeu: “Até que as cidades fiquem vazias, e as casas, abandonadas, e toda a terra seja devastada; até que o S enhor tenha mandado todos embora, e toda a terra de Israel esteja deserta. Se ainda sobreviver uma décima parte, um remanescente, ela será invadida outra vez e queimada. Mas, assim como o terebinto e o carvalho deixam um toco quando cortados, o toco de Israel será uma semente santa”. Quando Acaz, filho de Jotão e neto de Uzias, era rei de Judá, Rezim, rei da Síria, e Peca, filho de Remalias, rei de Israel, saíram para atacar Jerusalém. Contudo, não conseguiram executar seu plano. Havia chegado à corte de Judá a seguinte notícia: “A Síria se aliou com Israel contra nós!”. O coração do rei e de seu povo estremeceu de medo, como árvores se agitam numa tempestade. Então o S enhor disse a Isaías: “Pegue seu filho, Sear-Jasube, e vá encontrar-se com o rei Acaz. Ele estará no final do aqueduto que abastece o tanque superior, perto do caminho para o campo onde se lava roupa. Diga a Acaz que pare de se preocupar e que não precisa ter medo da ira ardente daquelas duas brasas apagadas, Rezim, rei da Síria, e Peca, filho de Remalias. É verdade que os reis da Síria e de Israel tramam contra ele e dizem: ‘Atacaremos Judá e a conquistaremos; então colocaremos o filho de Tabeal para reinar sobre Judá’. Mas assim diz o S enhor Soberano: “Essa invasão não acontecerá; jamais ocorrerá, pois a Síria não é mais forte que sua capital, Damasco, e Damasco não é mais forte que seu rei, Rezim. Quanto a Israel, em sessenta e cinco anos, será esmagada e completamente destruída. Israel não é mais forte que sua capital, Samaria, e Samaria não é mais forte que seu rei, Peca, filho de Remalias. Se vocês não crerem com firmeza, não permanecerão firmes”. Depois, o S enhor enviou esta mensagem ao rei Acaz: “Peça ao S enhor, seu Deus, um sinal de confirmação. Pode ser algo difícil, alto como os céus ou profundo como o lugar dos mortos”. O rei Acaz, porém, respondeu: “Não porei o S enhor à prova desse modo”. Então o profeta disse: “Ouçam bem, descendentes de Davi! Não basta esgotarem a paciência das pessoas? Agora também querem esgotar a paciência de meu Deus? Por isso, o Senhor mesmo lhes dará um sinal. Vejam! A virgem ficará grávida! Ela dará à luz um filho e o chamará de Emanuel. Quando essa criança tiver idade suficiente para escolher o bem e rejeitar o mal, comerá coalhada e mel. Pois, antes de a criança chegar a essa idade, as terras dos dois reis que vocês tanto temem ficarão desertas. “Então o S enhor trará sobre vocês, sua nação e sua família, coisas como nunca houve desde que Israel se separou de Judá; trará contra vocês o rei da Assíria!”. Naquele dia, o S enhor assobiará para chamar o exército do sul do Egito e o exército da Assíria, e eles os cercarão como enxames de moscas e abelhas. Virão em grandes multidões e ocuparão as regiões férteis e também os vales desolados, as cavernas e os lugares tomados de espinhos. Naquele dia, o Senhor alugará uma “navalha” que virá de além do rio Eufrates — o rei da Assíria — e a usará para raspar tudo: sua terra, suas plantações e seu povo. Naquele dia, o camponês terá sorte se lhe sobrarem uma vaca e duas ovelhas. Ainda assim, haverá leite suficiente para todos, pois restarão poucas pessoas na terra. Comerão coalhada e mel até ficarem satisfeitos. Naquele dia, os vinhedos prósperos, que hoje valem mil peças de prata, se tornarão terrenos cheios de espinhos e mato. Toda a terra ficará coberta de espinhos e mato, e será uma região de caça cheia de animais selvagens. Ninguém irá às encostas férteis das colinas, onde antes cresciam jardins, pois estarão tomadas de espinhos e mato. Ali bois e ovelhas pastarão. Então o S enhor me disse: “Faça uma grande placa e escreva de modo bem claro o seguinte nome: Maher-Shalal-Hash-Baz”. Pedi ao sacerdote Urias e a Zacarias, filho de Jeberequias, dois homens conhecidos por sua honestidade, que fossem testemunhas do que fiz. Então deitei-me com minha esposa, e ela ficou grávida e deu à luz um filho. E o S enhor disse: “Dê-lhe o nome Maher-Shalal-Hash-Baz. Pois, antes que esse menino tenha idade suficiente para dizer ‘papai’ ou ‘mamãe’, o rei da Assíria levará embora os bens de Damasco e as riquezas de Samaria”. Mais uma vez, o S enhor falou comigo e disse: “Meu cuidado pelo povo de Judá é como as águas de Siloé, que fluem suavemente. Contudo, eles me rejeitaram e agora se alegram com o que acontecerá aos reis Rezim e Peca. Portanto, o Senhor fará vir sobre eles uma grande inundação do rio Eufrates: o rei da Assíria com toda a sua glória. A inundação fará transbordar todos os seus canais e cobrirá Judá até o pescoço. Abrirá as asas e submergirá sua terra de um extremo ao outro, ó Emanuel. “Reúnam-se, nações, e fiquem aterrorizadas; prestem atenção, todas as terras distantes. Preparem-se para a batalha, mas serão destruídas; sim, preparem-se para a batalha, mas serão destruídas. Convoquem conselhos de guerra, mas de nada adiantará; desenvolvam estratégias, mas não terão sucesso. Pois Deus está conosco!” O S enhor me advertiu firmemente de que não pensasse como todos os outros. Disse ele: “Não chame tudo de conspiração, como eles fazem; não viva com medo do que eles temem. Considere o S enhor dos Exércitos santo em sua vida; é a ele que você deve temer. Ele é quem deve fazê-lo estremecer; ele o manterá seguro. Mas, para Israel e Judá, ele será pedra de tropeço, rocha que os faz cair. Para o povo de Jerusalém, será armadilha e laço. Muitos tropeçarão e cairão e nunca mais se levantarão; serão presos no laço e capturados”. Preserve os ensinamentos de Deus; confie a lei àqueles que me seguem. Esperarei pelo S enhor, que se afastou dos descendentes de Jacó; porei nele minha esperança. Eu e os filhos que o S enhor me deu serviremos de sinal e advertência para Israel da parte do S enhor dos Exércitos, que habita no monte Sião. Talvez alguém lhes diga: “Vamos perguntar aos médiuns e aos que consultam os espíritos dos mortos. Com sussurros e murmúrios eles nos dirão o que fazer”. Mas será que o povo não deve pedir orientação a Deus? Será que os vivos devem buscar a orientação de mortos? Consultem a lei e os ensinamentos de Deus! Aqueles que contradizem sua palavra jamais verão a luz. Andam sem rumo, cansados e famintos. E, por causa da fome, amaldiçoam seu rei e seu Deus. Olharão para o céu, depois olharão para a terra, mas para onde voltarem os olhos só haverá problemas, angústia e sombrio desespero. Serão lançados nas trevas. Esse tempo de escuridão e desespero, no entanto, não durará para sempre. A terra de Zebulom e de Naftali será humilhada, mas no futuro a Galileia dos gentios, localizada junto à estrada entre o Jordão e o mar, se encherá de glória. O povo que anda na escuridão verá grande luz. Para os que vivem na terra de trevas profundas, uma luz brilhará. Tu multiplicarás a nação de Israel, e seu povo se alegrará. Eles se alegrarão diante de ti como os camponeses se alegram na colheita, como os guerreiros ao repartir os despojos. Pois tu quebrarás o jugo de escravidão que os oprimia e levantarás o fardo que lhes pesava sobre os ombros. Quebrarás a vara do opressor, como fizeste ao destruir o exército de Midiã. As botas dos guerreiros e os uniformes manchados de sangue das batalhas serão queimados; servirão de lenha para o fogo. Pois um menino nos nasceu, um filho nos foi dado. O governo estará sobre seus ombros, e ele será chamado de Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno e Príncipe da Paz. Seu governo e sua paz jamais terão fim. Reinará com imparcialidade e justiça no trono de Davi, para todo o sempre. O zelo do S enhor dos Exércitos fará que isso aconteça! O Senhor se pronunciou contra Jacó, seu julgamento caiu sobre Israel. Os habitantes de Israel e de Samaria, que falaram com tanto orgulho e arrogância, logo ficarão sabendo. Disseram: “No lugar dos tijolos quebrados de nossas ruínas, colocaremos pedras trabalhadas, e no lugar das figueiras-bravas derrubadas, plantaremos cedros”. O S enhor, porém, trará os inimigos de Rezim contra Israel e instigará seus adversários. Os sírios do leste e os filisteus do oeste mostrarão suas presas e devorarão Israel. Mesmo assim, a ira do S enhor não se satisfará; sua mão ainda está levantada para castigar. Pois mesmo depois do castigo, o povo não se arrependerá; não buscará o S enhor dos Exércitos. Portanto, em um só dia, o S enhor destruirá a cabeça e a cauda, o ramo da palmeira e o junco. Os líderes de Israel são a cabeça, os profetas mentirosos são a cauda. Pois esses líderes enganaram o povo e o conduziram pelo caminho da destruição. Por isso o Senhor não se agrada dos jovens, nem mostra compaixão pelas viúvas e pelos órfãos. Pois todos são hipócritas perversos; todos falam tolices. Mesmo assim, a ira do S enhor não se satisfará; sua mão ainda está levantada para castigar. Essa maldade é como incêndio num matagal; consome não apenas os espinhos e o mato, mas também queima os bosques e faz subir nuvens de fumaça. A terra ficará ressecada, por causa da fúria do S enhor dos Exércitos. O povo servirá de lenha para o fogo, e ninguém poupará sequer seu irmão. Atacarão o vizinho à direita, mas continuarão com fome. Devorarão o vizinho à esquerda, mas não se saciarão; por fim, comerão os próprios filhos. Manassés se alimentará de Efraim, Efraim se alimentará de Manassés, ambos devorarão Judá. Mesmo assim, a ira do S enhor não se satisfará; sua mão ainda está levantada para castigar. Que aflição espera os juízes injustos e os que decretam leis opressoras! Não fazem justiça aos pobres e negam os direitos dos necessitados de meu povo. Exploram as viúvas e tiram proveito dos órfãos. O que farão quando eu os castigar, quando trouxer de uma terra distante calamidade sobre vocês? A quem pedirão ajuda? Onde seus tesouros estarão seguros? Serão levados como prisioneiros ou ficarão caídos entre os mortos. Mesmo assim, a ira do S enhor não se satisfará; sua mão ainda está levantada para castigar. “Que aflição espera a Assíria, a vara de minha ira; uso-a como bastão para expressar minha fúria! Envio a Assíria contra uma nação ímpia, contra o povo com o qual estou irado. A Assíria os saqueará e os pisará como pó sob os seus pés. O rei da Assíria, porém, não entenderá que é meu instrumento; esse não é seu modo de pensar. Seu plano é somente destruir, derrubar uma nação após a outra. Ele dirá: ‘Em breve cada um de meus príncipes será rei. ‘Destruímos Calno, como fizemos com Carquemis, Hamate caiu diante de nós, como aconteceu com Arpade, e derrotamos Samaria, como fizemos com Damasco. Sim, acabamos com muitos reinos, cujos deuses eram mais poderosos que os de Jerusalém e Samaria. Portanto, derrotaremos Jerusalém e seus deuses, como destruímos Samaria e seus deuses’”. Depois que o Senhor tiver usado o rei da Assíria para realizar seus propósitos no monte Sião e em Jerusalém, ele se voltará contra o rei da Assíria e o castigará, pois o rei é orgulhoso e arrogante. Ele diz: “Fiz isto com meu braço poderoso, com minha astuta sabedoria o planejei. Destruí as defesas das nações e levei seus tesouros; como um touro, derrubei seus reis. Roubei as riquezas de seus ninhos e ajuntei reinos como o camponês ajunta ovos. Ninguém pode bater as asas contra mim, nem dar um pio de protesto”. Mas será que o machado pode se orgulhar de ser mais poderoso que aquele que o usa? É a serra mais importante que a pessoa que com ela corta? Pode a vara golpear se não houver quem a mova? Acaso o cajado de madeira anda sozinho? Por isso, o Soberano S enhor dos Exércitos enviará uma praga sobre as tropas orgulhosas da Assíria, e fogo ardente consumirá sua glória. O S enhor, a Luz de Israel, será o fogo; o Santo será a chama. Devorará como fogo os espinhos e o mato e queimará o inimigo em um só dia. O S enhor consumirá a glória da Assíria, como o fogo consome um bosque em terra fértil; ela definhará como os enfermos durante uma praga. De todo esse bosque glorioso, restarão apenas algumas árvores, tão poucas que uma criança poderá contá-las. Naquele dia, o remanescente de Israel, os sobreviventes da família de Jacó, não dependerão mais de aliados que procuram destruí-los. Confiarão fielmente no S enhor, o Santo de Israel. Um remanescente voltará, sim, o remanescente de Jacó voltará para o Deus Poderoso. Embora o povo de Israel seja numeroso como a areia do mar, apenas um remanescente voltará. O S enhor, em sua justiça, decidiu destruir seu povo; sim, o Soberano S enhor dos Exércitos, já decidiu destruir toda a terra. Portanto, assim diz o Soberano S enhor dos Exércitos: “Ó meu povo em Sião, não tema os assírios quando oprimirem vocês com vara e bastão, como fizeram os egípcios muito tempo atrás. Em breve, minha fúria contra vocês passará, e minha ira se levantará para destruir os assírios”. O S enhor dos Exércitos os castigará com seu chicote, como fez quando Gideão venceu os midianitas na rocha de Orebe, ou quando o S enhor ergueu sua vara para afogar o exército egípcio no mar. Naquele dia, o S enhor acabará com a servidão de seu povo; quebrará o jugo de escravidão e o levantará de seus ombros. Vejam, agora os assírios estão em Aiate; passam por Migrom, e guardam seus pertences em Micmás. Atravessam o desfiladeiro e acampam em Geba. A cidade de Ramá está tomada de medo; o povo de Gibeá, cidade natal de Saul, foge para se salvar. Gritem de terror, habitantes de Galim! Alertem Laís! Ah, pobre Anatote! O povo de Madmena foge, e os habitantes de Gebim tentam se esconder. O inimigo para em Nobe pelo resto do dia; sacode o punho contra o belo monte Sião, o monte de Jerusalém. Mas, vejam, o Soberano S enhor dos Exércitos cortará com grande força a poderosa árvore da Assíria! Ele derrubará os orgulhosos; a árvore imponente será lançada por terra. Cortará as árvores do bosque com um machado; o Líbano cairá pelas mãos do Poderoso. Do tronco da linhagem de Jessé brotará um renovo; sim, um novo Ramo que de suas raízes dará frutos. E o Espírito do S enhor estará sobre ele, o Espírito de sabedoria e discernimento, o Espírito de conselho e poder, o Espírito de conhecimento e temor do S enhor. Ele terá prazer em obedecer ao S enhor; não julgará pela aparência, nem acusará com base em rumores. Fará justiça aos pobres e tomará decisões imparciais em favor dos oprimidos. A terra estremecerá com a força de sua palavra, e o sopro de sua boca destruirá os perversos. Vestirá a justiça como um cinto e a verdade como uma cinta nos quadris. Naquele dia, o lobo viverá com o cordeiro, e o leopardo se deitará junto ao cabrito. O bezerro estará seguro perto do leão, e uma criança os guiará. A vaca pastará perto do urso, e seus filhotes descansarão juntos; o leão comerá capim, como a vaca. O bebê brincará em segurança perto da toca da cobra; sim, a criancinha colocará a mão num ninho de víboras. Em todo o meu santo monte, não se fará mal nem haverá destruição, pois, como as águas enchem o mar, a terra estará cheia de gente que conhece o S enhor. Naquele dia, o descendente de Jessé será uma bandeira de salvação para todo o mundo. As nações se reunirão junto a ele, e a terra onde ele habita será um lugar glorioso. Naquele dia, o Senhor estenderá a mão pela segunda vez, para trazer de volta o remanescente de seu povo, aqueles que restarem na Assíria e no norte do Egito, no sul do Egito, na Etiópia e em Elão, na Babilônia, em Hamate e nas distantes terras costeiras. Levantará uma bandeira entre as nações e reunirá os exilados de Israel. Ajuntará o povo disperso de Judá, desde os confins da terra. Então, por fim, acabará o ciúme entre Israel e Judá, e deixarão de ser rivais. Unirão forças para vir sobre a Filístia no oeste; juntos, atacarão e saquearão as nações do leste. Ocuparão as terras de Edom e Moabe, e Amom lhes obedecerá. O S enhor abrirá um caminho seco no golfo do mar Vermelho, moverá a mão sobre o rio Eufrates e enviará um vento forte que o dividirá em sete riachos, para que possa ser atravessado a pé. Fará uma estrada para o remanescente de seu povo, o remanescente que virá da Assíria, como fez por Israel muito tempo atrás, quando o povo voltou do Egito. Naquele dia, vocês cantarão: “Eu te louvarei, ó S enhor! Estavas irado comigo, mas tua ira passou; agora tu me consolas. Vejam, Deus veio me salvar; confiarei nele e não terei medo. O S enhor Deus é minha força e meu cântico; ele me deu vitória!”. Com alegria vocês beberão das fontes da salvação. Naquele dia, cantarão: “Deem graças ao S enhor! Louvem seu nome! Contem aos povos o que ele fez, anunciem que seu nome é magnífico. Cantem ao S enhor, pois ele tem feito maravilhas; tornem seu louvor conhecido em todo o mundo. Todos os habitantes de Sião celebrem em alta voz, pois grande é o Santo de Israel que vive em seu meio”. Isaías, filho de Amoz, recebeu esta mensagem acerca da Babilônia: “Levantem uma bandeira no topo descoberto de uma colina; convoquem um exército contra a Babilônia. Quando eles entrarem nos palácios dos grandes e poderosos, acenem com a mão para encorajá-los. Eu, o S enhor, consagrei esses soldados; sim, chamei guerreiros valentes para executar minha ira, e eles se alegrarão quando eu for exaltado”. Ouçam o barulho nos montes! Escutem os grandes exércitos marchando! São ruídos e gritos de muitas nações; o S enhor dos Exércitos reuniu essas tropas. Vêm de países distantes, dos mais longínquos horizontes. São as armas do S enhor para executar sua ira; com elas destruirá toda a terra. Gritem de terror, pois o dia do S enhor chegou, o dia em que o Todo-poderoso virá para destruir. Todo braço está paralisado de medo, todo coração se derrete, todos estão apavorados. São tomados de dores agudas de aflição, como as dores da mulher no parto. Apavorados, olham uns para os outros, com o rosto ardendo de medo. Vejam, o dia do S enhor está chegando, o dia terrível de sua fúria e ira ardente! A terra ficará desolada, e os pecadores serão destruídos. Os céus acima deles escurecerão, e as estrelas deixarão de brilhar. O sol estará escuro ao nascer, e a lua não iluminará. “Eu, o S enhor, castigarei o mundo por sua maldade, os perversos por seu pecado. Esmagarei a pretensão dos arrogantes, humilharei o orgulho dos poderosos. Tornarei as pessoas mais escassas que o ouro, mais raras que o ouro puro de Ofir. Pois sacudirei os céus; a terra se moverá de seu lugar, quando o S enhor dos Exércitos mostrar sua fúria, no dia de sua ira ardente.” Todos na Babilônia correrão como uma gazela perseguida, como ovelhas sem pastor. Tentarão encontrar seu povo e fugir para sua terra. Quem for capturado será morto, atravessado com a espada. Suas crianças serão massacradas diante de seus olhos; suas casas serão saqueadas, e suas esposas, violentadas. “Vejam, instigarei o reino da Média contra a Babilônia; não se poderá comprá-lo com prata, nem suborná-lo com ouro. Matarão os jovens com flechas, não terão misericórdia dos bebês indefesos, nem compaixão das crianças.” A Babilônia, o mais glorioso dos reinos, o esplendor e o orgulho dos caldeus, será devastada como Sodoma e Gomorra, quando Deus as destruiu. A Babilônia jamais voltará a ser habitada; permanecerá vazia geração após geração. Nômades não acamparão ali, pastores não levarão suas ovelhas para passar a noite. Animais do deserto habitarão na cidade arruinada, criaturas uivantes rondarão as casas. Corujas viverão entre as ruínas, bodes selvagens ali saltarão. Hienas uivarão nas fortalezas, chacais farão tocas nos palácios luxuosos. Os dias da Babilônia estão contados; logo chegará a hora de sua destruição. O S enhor, porém, terá misericórdia dos descendentes de Jacó. Mais uma vez, escolherá Israel para ser seu povo. Ele os trará de volta e os estabelecerá em sua própria terra. Gente de muitas nações virá, se juntará a eles ali e se unirá ao povo de Israel. As nações do mundo ajudarão o povo de Israel a retornar, e aqueles que vierem morar na terra do S enhor os servirão. Os que conquistaram Israel serão conquistados, e Israel dominará seus opressores. Naquele dia, quando o S enhor der a seu povo descanso da tristeza, do medo e da terrível escravidão a que foram submetidos, vocês zombarão do rei da Babilônia e dirão: “O homem poderoso foi destruído; acabou sua insolência. O S enhor esmagou seu poder perverso e derrubou seu reino de maldade. Você feriu o povo com incontáveis golpes de fúria; cheio de ira, dominou as nações com tirania implacável. Mas, por fim, a terra descansa tranquila; agora pode voltar a cantar! Até as árvores do bosque, os ciprestes e os cedros do Líbano, entoam esta alegre canção: ‘Agora que você foi derrubado, ninguém virá nos derrubar!’. “O lugar dos mortos se empolga com a sua chegada. Líderes e reis mortos há muito tempo se levantam para vê-lo. A uma só voz eles clamam: ‘Agora você é tão fraco quanto nós! Seu orgulho foi enterrado com você; o som da harpa em seu palácio cessou. Agora larvas são seu lençol, e vermes, sua coberta’. “Como você caiu dos céus, ó estrela brilhante, filho da alvorada! Foi lançado à terra, você que destruía as nações. Pois dizia consigo: ‘Subirei aos céus e colocarei meu trono acima das estrelas de Deus. Dominarei no monte dos deuses, nos lugares distantes do norte. Subirei aos mais altos céus e serei como o Altíssimo’. Em vez disso, será lançado ao lugar dos mortos, ao mais profundo abismo. Todos olharão para você e perguntarão: ‘É esse o homem que fazia a terra tremer e abalava os reinos do mundo? É esse o rei que destruiu a terra e a transformou em deserto? É ele que arrasava as grandes cidades e não tinha misericórdia de seus prisioneiros?’. “Os reis das nações foram sepultados em glória majestosa, cada um em seu túmulo, mas você será lançado fora de sua sepultura, como um galho inútil. Como um cadáver pisoteado, será jogado numa vala comum, com os que foram mortos na batalha. Descerá ao abismo e não terá um sepultamento digno, pois destruiu sua nação e massacrou seu povo. Os descendentes de alguém tão perverso nunca mais receberão honras. Matem os filhos desse homem! Que morram por causa dos pecados do pai, para que não se levantem a fim de conquistar a terra e encher o mundo com suas cidades”. Assim diz o S enhor dos Exércitos: “Eu mesmo me levantei contra a Babilônia! Destruirei seus filhos e os filhos de seus filhos”, diz o S enhor. “Transformarei a Babilônia em lugar para corujas, cheio de pântanos e brejos; varrerei a terra com a vassoura da destruição. Eu, o S enhor dos Exércitos, falei!” O S enhor dos Exércitos jurou: “Tudo acontecerá como planejei; será conforme decidi. Derrubarei os assírios quando estiverem em Israel e os pisotearei em meus montes. Meu povo não será mais seu escravo, nem se curvará sob o peso de suas cargas. Tenho um plano para toda a terra; minha mão está sobre todas as nações. O S enhor dos Exércitos falou; quem pode mudar seus planos? Quando levanta sua mão, quem pode detê-la?”. Recebi esta mensagem no ano em que o rei Acaz morreu: Não se alegrem, filisteus, por estar morto o rei que os feriu. Pois dessa cobra nascerá outra mais venenosa, uma serpente terrível e abrasadora! Alimentarei os pobres em meus pastos, e os necessitados se deitarão em paz. Quanto a vocês, eu os matarei de fome e destruirei os poucos que restarem. Lamentem junto aos portões! Chorem alto nas cidades! Derretam-se de medo, filisteus! Um exército poderoso vem do norte, como fumaça; cada soldado avança depressa, ansioso para lutar. Que diremos aos mensageiros filisteus? Digam-lhes: “O S enhor reconstruiu Sião; dentro de seus muros seu povo oprimido encontrará refúgio”. Recebi esta mensagem acerca de Moabe: Em uma só noite, a cidade de Ar será arrasada, e a cidade de Quir, destruída. Seu povo irá ao templo em Dibom para lamentar, aos lugares de culto nos montes para chorar. Chorarão pelo destino de Nebo e Medeba, rasparão a cabeça e cortarão a barba. Vestirão pano de saco e vagarão pelas ruas; de todas as casas e praças públicas virão gemidos de lamento. Os habitantes de Hesbom e Eleale clamarão; suas vozes serão ouvidas até em Jaaz. Os guerreiros mais valentes de Moabe gritarão de terror; indefesos, tremerão de medo. Meu coração chora por Moabe; seus habitantes fogem para Zoar e para Eglate-Selisia. Sobem chorando pelo caminho de Luíte; seus clamores de angústia são ouvidos por toda a estrada de Horonaim. Até as águas de Ninrim secaram; a vegetação às suas margens murchou. As plantas morreram; todo verde desapareceu. O povo reúne seus bens e os carrega para o outro lado do riacho dos Salgueiros. Um clamor de angústia ecoa pela terra de Moabe, de uma extremidade à outra, de Eglaim até Beer-Elim. O riacho perto de Dibom está vermelho de sangue, mas ainda não terminei de castigar Dibom! Leões caçarão os sobreviventes, tanto os que tentarem fugir como os que ficarem para trás. Enviem cordeiros desde Selá, como tributo ao governante da terra. Enviem-nos pelo deserto, para o monte da bela Sião. As mulheres de Moabe foram abandonadas, como aves sem ninho, nas partes rasas do rio Arnom. “Ajudem-nos!”, elas clamam. “Defendam-nos como uma sombra ao meio-dia! Protejam os fugitivos; não nos traiam agora que escapamos. Deixem que o povo de Moabe more com vocês; escondam nossos refugiados do inimigo, até que passe o terror.” Quando a opressão e a destruição tiverem terminado, quando os invasores inimigos tiverem partido, Deus estabelecerá como rei um dos descendentes de Davi. Ele reinará com misericórdia e verdade, julgará sempre com imparcialidade e buscará fazer o que é justo. Ouvimos falar da arrogante Moabe, de seu orgulho, sua altivez e sua fúria, mas toda essa soberba desapareceu. Toda a terra de Moabe chora, sim, todos em Moabe lamentam ao lembrar dos bolos de passas de Quir-Haresete; não resta um sequer. As plantações de Hesbom estão abandonadas, os vinhedos de Sibma, desertos. Os governantes das nações derrubaram Moabe, essa bela videira. Seus ramos se estendiam para o norte, até a cidade de Jazar, e se espalhavam para o leste, até o deserto. Seus brotos se estendiam tão longe para o oeste que atravessavam o mar Morto. Por isso, agora choro por Jazar e pelos vinhedos de Sibma; minhas lágrimas correrão por Hesbom e por Eleale. Não há mais gritos de alegria por seus frutos de verão e suas colheitas. Encerrou-se a alegria, acabou-se a celebração pela colheita. Já não haverá cânticos nos vinhedos, nem gritos de exultação, ninguém pisará as uvas nos tanques de prensar; acabei com toda a alegria de suas colheitas. O clamor de meu coração por Moabe é como o lamento de uma harpa; estou cheio de angústia por Quir-Haresete. O povo de Moabe adorará em seus santuários idólatras, mas de nada lhe adiantará. Clamarão aos deuses em seus templos, mas ninguém poderá salvá-los. O S enhor já havia anunciado essas coisas sobre Moabe no passado. Agora, porém, o S enhor diz: “Dentro de três anos, contando cada dia, a glória de Moabe chegará ao fim. De sua grande população, restarão uns poucos sobreviventes”. Recebi esta mensagem acerca de Damasco: “Vejam, a cidade de Damasco desaparecerá; ela se tornará um monte de ruínas! As cidades de Aroer ficarão desertas; rebanhos pastarão nas ruas e ali se deitarão, sem que ninguém os espante. As cidades fortificadas de Israel também serão destruídas, e acabará o poder do reino de Damasco. Tudo que restar da Síria terá o mesmo destino da glória de Israel”, declara o S enhor dos Exércitos. “Naquele dia, a glória de Israel perderá seu brilho; seu corpo robusto definhará. A terra toda parecerá um campo de cereais depois que os ceifeiros colheram as espigas. Ficará desolada, como os campos no vale de Refaim depois da colheita. Restarão apenas uns poucos de seu povo, como as azeitonas que sobram quando a árvore é sacudida. Apenas duas ou três restam nos galhos mais altos, quatro ou cinco aqui e ali em seus ramos”, declara o S enhor, o Deus de Israel. Naquele dia, enfim, as pessoas olharão para seu Criador e voltarão os olhos para o Santo de Israel. Não buscarão mais a ajuda de seus ídolos, nem adorarão aquilo que suas próprias mãos fizeram. Já não se curvarão para seus postes de Aserá, nem adorarão nos santuários idólatras que construíram. Suas maiores cidades ficarão como um bosque desabitado, como a terra que os heveus e os amorreus abandonaram quando os israelitas vieram para cá tanto tempo atrás; tudo ficará desolado. Pois você se afastou do Deus que o salva, se esqueceu da Rocha que o protege. Por isso, pode até plantar as melhores videiras e importar as mudas mais caras. Pode ser que elas brotem no dia em que as puser na terra, pode ser que floresçam na manhã em que as plantar, mas você jamais colherá delas uma uva sequer; sua colheita será apenas tristeza e dor contínua. Ouça! As tropas de muitas nações rugem como ruge o mar. Escute o estrondo dos exércitos, que avançam como ondas estrondosas. Embora rujam como a rebentação na praia, Deus os calará e eles fugirão, como palha dispersada pelo vento, como folhas num redemoinho antes da tempestade. Ao cair da tarde, Israel espera, cheio de pavor, mas, ao amanhecer, seus inimigos estão mortos. Esse é o castigo merecido dos que nos saqueiam, o fim apropriado para os que nos destroem. Que aflição espera você, Etiópia, terra de velas tremulantes junto à nascente do Nilo, que envia embaixadores pelo rio em rápidas embarcações! Vão, velozes mensageiros! Levem a mensagem a um povo alto, de pele lisa, temido em toda parte por suas conquistas e destruição, cuja terra é dividida por rios. Todos vocês, povos do mundo, todos os habitantes da terra, olhem quando eu erguer sobre o monte minha bandeira de guerra; ouçam quando eu soar a trombeta! Pois o S enhor me disse: “Do lugar onde habito observarei quieto, como sobe o calor num dia de verão, como se forma o orvalho da manhã durante a colheita”. Antes de começarem a atacar, enquanto seus planos amadurecem como uvas, o S enhor cortará seus brotos com a podadeira; removerá os ramos que se espalharam e os lançará fora. Seu exército poderoso será deixado morto nos campos, para os abutres dos montes e para os animais selvagens. Abutres despedaçarão os cadáveres no verão, e animais selvagens roerão os ossos no inverno. Naquele tempo, o S enhor dos Exércitos receberá presentes dessa terra dividida por rios, desse povo alto, de pele lisa, temido em toda parte por suas conquistas e destruição. Levarão presentes ao monte Sião, onde habita o S enhor dos Exércitos. Recebi esta mensagem acerca do Egito: Vejam, o S enhor avança contra o Egito, montado em uma nuvem veloz! Os ídolos do Egito estremecem diante dele; o coração dos egípcios se derrete de medo. “Farei egípcio lutar contra egípcio, irmão contra irmão, vizinho contra vizinho, cidade contra cidade, província contra província. Os egípcios se desesperarão, e eu confundirei seus planos. Pedirão sabedoria a seus ídolos e invocarão espíritos; consultarão médiuns e praticantes do ocultismo. Entregarei o Egito a um senhor cruel; um rei feroz os governará”, declara o Soberano S enhor dos Exércitos. As águas do Nilo deixarão de inundar os campos; o leito do rio ficará seco e árido. Os canais do Nilo secarão; os ribeiros do Egito terão mau cheiro, e juncos e canas apodrecerão. Toda a vegetação às margens do rio, todas as plantações junto a ele, secarão e serão levadas pelo vento. Os pescadores lamentarão, os que lançam anzóis no Nilo gemerão, e os que usam redes perderão o ânimo. Não haverá linho para os ceifeiros, nem fio para os tecelões. Ficarão todos desesperados; os trabalhadores se encherão de tristeza. Como são tolos os oficiais de Zoã; seus conselhos ao rei do Egito são absurdos! Ainda assim, contarão vantagem ao faraó? Ousarão se gabar da sabedoria de seus antepassados? Onde estão seus grandes conselheiros, faraó? Que lhe informem os planos de Deus, o que o S enhor dos Exércitos fará ao Egito. Os oficiais de Zoã são tolos, os oficiais de Mênfis foram enganados. As autoridades do povo fizeram o Egito se desviar. O S enhor enviou sobre eles um espírito de confusão; estão equivocados em tudo que dizem. Fazem o Egito cambalear, como um bêbado em seu vômito. Não há nada que o Egito possa fazer; todos estão indefesos: a cabeça e a cauda, o ramo da palmeira e o junco. Naquele dia, os egípcios serão frágeis como mulheres. Eles se encolherão de medo debaixo da mão levantada do S enhor dos Exércitos. A simples menção à terra de Judá os encherá de terror, pois o S enhor dos Exércitos traçou seus planos contra eles. Naquele dia, cinco cidades egípcias seguirão o S enhor dos Exércitos e até começarão a falar a língua de Canaã. Uma dessas cidades será Heliópolis, a Cidade do Sol. Naquele dia, haverá um altar ao S enhor no centro do Egito e um monumento ao S enhor em sua fronteira. Serão sinal e testemunho de que o S enhor dos Exércitos é adorado na terra do Egito. Quando o povo clamar ao S enhor por causa de seus opressores, ele enviará um salvador que lutará por eles e os livrará. Naquele dia, o S enhor se revelará aos egípcios. Sim, eles conhecerão o S enhor e lhe apresentarão sacrifícios e ofertas. Farão um voto ao S enhor e o cumprirão. O S enhor ferirá o Egito, mas depois trará cura. Pois os egípcios se voltarão para o S enhor, e ele ouvirá suas súplicas e lhes dará cura. Naquele dia, o Egito e a Assíria serão ligados por uma estrada. Os egípcios e os assírios viajarão livremente entre seus países e adorarão juntos. Naquele dia, Israel será o terceiro, junto com o Egito e a Assíria, uma bênção no meio da terra. Porque o S enhor dos Exércitos dirá: “Bendito seja o Egito, meu povo. Bendita seja a Assíria, a terra que criei. Bendito seja Israel, minha propriedade especial”. No ano em que Sargom, rei da Assíria, enviou seu comandante em chefe para conquistar a cidade de Asdode, na Filístia, o S enhor disse a Isaías, filho de Amoz: “Tire o pano de saco que você está vestindo e as sandálias que está calçando”. Isaías obedeceu e passou a andar nu e descalço. Então o S enhor disse: “Meu servo Isaías andou nu e descalço durante três anos como sinal e advertência das dificuldades terríveis que trarei sobre o Egito e a Etiópia. O rei da Assíria levará como prisioneiros os egípcios e os etíopes, tanto jovens como velhos. Ele os fará andar nus e descalços, com as nádegas descobertas, para vergonha do Egito. Então os filisteus entrarão em pânico, pois contavam com o poder da Etiópia e se gabavam de seus aliados no Egito. Dirão: ‘Se isso aconteceu com aqueles que eram nossa esperança de socorro, o que será de nós? Confiávamos que eles nos protegeriam do rei da Assíria!’”. Recebi esta mensagem acerca da Babilônia, o deserto junto ao mar: O desastre se aproxima, vindo do deserto, como um vendaval impetuoso que chega do Neguebe. Tenho uma visão assustadora: vejo o traidor trair, o destruidor destruir. Prossigam, elamitas e medos, ataquem e cerquem as cidades. Porei fim a todos os gemidos que ela causou. Sinto pontadas intensas no estômago; sou tomado de dores agudas, como as dores da mulher em trabalho de parto. Desfaleço quando ouço o que Deus planeja fazer; não consigo olhar de tanto medo. Minha mente está confusa e meu coração dispara; desejava que a noite chegasse, mas agora a escuridão me aterroriza. Eles preparam um grande banquete, estendem tapetes para que os convidados se sentem; todos comem e bebem. Rápido, levantem-se! Peguem seus escudos e preparem-se para a batalha! Enquanto isso, o Senhor me disse: “Coloque um vigia no muro da cidade; ele deve anunciar em alta voz o que vê. Deve ficar atento a carros de guerra puxados por pares de cavalos, e a cavaleiros montados em jumentos e em camelos. Que o vigia permaneça bem alerta!”. Então o vigia gritou: “Meu senhor, todos os dias fico na torre de vigia, todas as noites permaneço em meu posto. Agora, veja! Finalmente! Aí vem um homem num carro de guerra, com um par de cavalos!”. Então o vigia disse: “Ela caiu! A Babilônia caiu! Todos os ídolos da Babilônia estão despedaçados no chão”. Ó meu povo, moído e peneirado, eu lhes anunciei tudo que o S enhor dos Exércitos disse, tudo que o Deus de Israel me falou. Recebi esta mensagem acerca de Edom: Alguém em Edom grita para mim: “Guarda, quanto falta para amanhecer? Quando terminará a noite?”. O guarda responde: “O amanhecer está próximo, mas logo a noite voltará; se quiser perguntar de novo, volte e pergunte”. Recebi esta mensagem acerca da Arábia: Ó caravanas de Dedã, escondam-se nos bosques da Arábia. Ó habitantes de Temã, tragam água para essa gente sedenta, alimento para esses refugiados exaustos. Fugiram da espada, da espada desembainhada, do arco preparado e dos terrores da batalha. O Senhor me disse: “Dentro de um ano, contando cada dia, toda a glória de Quedar chegará ao fim. Somente alguns de seus arqueiros valentes sobreviverão. Eu, o S enhor, o Deus de Israel, falei!”. Recebi esta mensagem acerca de Jerusalém, o vale da Visão: O que está acontecendo? Por que todos correm para os terraços? A cidade inteira está em grande agitação. O que vejo nesta cidade festiva? Há cadáveres por toda parte; não morreram pela espada, nem na batalha. Todos os seus líderes fugiram; renderam-se sem resistir. O povo tentou escapar, mas também foi capturado. Por isso eu disse: “Deixem-me chorar em paz; não tentem me consolar. Deixem-me chorar por meu povo, enquanto vejo sua destruição”. Que dia de grande aflição! Que dia de confusão e terror enviado pelo Soberano S enhor dos Exércitos sobre o vale da Visão! Os muros de Jerusalém foram derrubados; lamentos ressoam das encostas dos montes. Os elamitas são arqueiros, com seus carros e cavaleiros; os homens de Quir levantam os escudos. Carros de guerra enchem seus lindos vales, cavaleiros atacam seus portões. As defesas de Judá foram removidas; vocês correm ao arsenal para pegar suas armas. Inspecionam as brechas nos muros de Jerusalém; guardam água no tanque inferior. Examinam as casas e derrubam algumas; usam suas pedras para reforçar os muros. Entre os muros da cidade constroem um reservatório, para guardar a água do tanque velho. Em nenhum momento, pedem ajuda àquele que fez tudo isso; não levam em conta aquele que há muito planejou essas coisas. Naquele dia, o Soberano S enhor dos Exércitos, os chamou para que chorassem e lamentassem. Disse-lhes que raspassem a cabeça e vestissem pano de saco. Em vez disso, vocês dançam e brincam; abatem gado e matam ovelhas, comem carne e bebem vinho. Dizem: “Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos!”. O S enhor dos Exércitos me revelou o seguinte: “Até o dia em que vocês morrerem, esse terrível pecado não será perdoado. Eu, o Soberano S enhor dos Exércitos, falei!”. O Soberano S enhor dos Exércitos me disse: “Confronte Sebna, administrador do palácio, e transmita-lhe esta mensagem: “Quem você pensa que é, e o que está fazendo aqui, construindo uma bela sepultura para si, um monumento no alto da rocha? Pois o S enhor está prestes a lançá-lo para longe, ó homem poderoso! Ele o pegará com firmeza, o embrulhará como uma bola e o atirará para uma terra distante. Você morrerá naquele lugar, e seus gloriosos carros de guerra lá ficarão. Você é uma vergonha para seu senhor! “Sim, eu o expulsarei de seu cargo”, diz o S enhor. “Eu o removerei de sua posição. Então chamarei meu servo Eliaquim, filho de Hilquias, para ocupar seu lugar. Vestirei Eliaquim com as roupas oficiais que você usava e lhe darei seu título e autoridade. Ele será como um pai para o povo de Jerusalém e de Judá. Darei a ele a chave da casa de Davi, o cargo mais elevado da corte. Quando ele abrir portas, ninguém poderá fechá-las; quando fechar portas, ninguém poderá abri-las. Trará honra ao nome de seus familiares, pois o colocarei firmemente no lugar, como um prego na parede. A família toda dependerá dele, e ele honrará até o membro mais humilde de sua casa.” Contudo, o S enhor dos Exércitos também disse: “Chegará o dia em que arrancarei o prego que parecia tão firme. Ele será derrubado e cairá no chão. Tudo que nele se apoia cairá com ele. Eu, o S enhor, falei!”. Recebi esta mensagem acerca de Tiro: Lamentem, navios de Társis, pois o porto e as casas de Tiro foram destruídos! Os boatos que vocês ouviram em Chipre são verdadeiros. Chorem em silêncio, moradores do litoral e comerciantes de Sidom! Seus negociantes atravessavam o mar e navegavam em águas profundas. Traziam-lhe os cereais do Egito e as colheitas do Nilo. Você era o mercado das nações. Agora, porém, será envergonhada, cidade de Sidom, pois Tiro, a fortaleza do mar, diz: “Nunca tive dores de parto nem dei à luz; não tenho filhos nem filhas”. Quando o Egito receber a notícia sobre Tiro, haverá grande tristeza. Avisem Társis! Lamentem, moradores do litoral! Essas ruínas são tudo que resta de sua cidade antes tão alegre? Como foi longa sua história! Quantos colonizadores enviaram para lugares distantes! Quem trouxe essa calamidade sobre Tiro, a grande fundadora de reinos? Seus comerciantes eram todos príncipes, seus negociantes eram os nobres da terra. O S enhor dos Exércitos fez isso para acabar com seu orgulho, para rebaixar os nobres da terra. Venham, habitantes de Társis, percorram a terra como faz o Nilo, pois Tiro está indefesa. O S enhor estendeu a mão sobre o mar e sacudiu os reinos da terra. Pronunciou-se contra a Fenícia e ordenou que suas fortalezas fossem destruídas. Disse: “Você nunca mais se alegrará, ó filha de Sidom, pois foi esmagada. Mesmo que fuja para Chipre, não encontrará descanso”. Olhem para a terra da Babilônia; seu povo não existe mais! Os assírios entregaram a Babilônia aos animais selvagens do deserto. Construíram rampas de ataque junto a seus muros, demoliram seus palácios e transformaram a cidade num monte de ruínas. Lamentem, navios de Társis, pois seu porto está destruído! Durante setenta anos, o tempo de vida de um rei, Tiro ficará esquecida. Depois disso, porém, a cidade voltará à vida, como na canção sobre a prostituta: Pegue a harpa e ande pelas ruas, ó prostituta esquecida. Cante uma doce melodia e entoe suas canções, para que voltem a lembrar-se de você. Depois de setenta anos, o S enhor fará Tiro renascer. Contudo, não será diferente do que era antes. Voltará a ser prostituta de todos os reinos do mundo. No final, porém, seu lucro será entregue ao S enhor. Suas riquezas não serão acumuladas, mas proverão comida farta e roupas finas para os servos do S enhor. Vejam, o S enhor está prestes a destruir a terra e transformá-la num enorme deserto! Ele devasta sua superfície e dispersa seus habitantes. Sacerdotes e povo, servos e senhores, servas e senhoras, os que compram e os que vendem, os que emprestam e os que tomam emprestado, credores e devedores, ninguém será poupado. A terra será completamente esvaziada e saqueada. O S enhor falou! A terra lamenta e seca, sim, o mundo definha e murcha; até mesmo os mais nobres da terra definham. A terra sofre por causa do pecado de seus habitantes, pois transgrediram as leis de Deus, violaram seus decretos e quebraram sua aliança eterna. Por isso, a maldição consome a terra; seus habitantes pagam por seus pecados. São destruídos pelo fogo, e apenas alguns sobrevivem. O vinho novo seca, e as videiras murcham; os que festejavam agora gemem. O som animado dos tamborins cessou, e já não se ouvem os gritos alegres de celebração; os acordes melodiosos da harpa se calaram. Acabaram-se as alegrias do vinho e das canções; a bebida forte tem gosto amargo. A cidade se contorce em meio ao caos; todas as casas estão trancadas, para que ninguém entre. Nas ruas, multidões clamam por vinho; a alegria se transformou em tristeza, a celebração foi expulsa da terra. A cidade foi deixada em ruínas; seus portões foram despedaçados. Assim é em toda a terra: sobrou apenas um remanescente, como as azeitonas que sobram quando a árvore é sacudida, como as uvas que restam na videira depois da colheita. Mas todos que restaram gritam e cantam de alegria; os que moram no oeste louvam a majestade do S enhor. Nas terras do leste, deem glória ao S enhor; nas terras além do mar, louvem o nome do S enhor, o Deus de Israel! Ouvimos cânticos de louvor desde os confins da terra, cânticos que glorificam o Justo! Meu coração, porém, está pesado de angústia; chorem por mim, pois desfaleço. O engano ainda prevalece; há traição por toda parte. Terror, armadilhas e laços esperam por vocês, habitantes da terra. Os que fogem apavorados cairão numa armadilha; os que escaparem da armadilha serão pegos num laço. Destruição cai dos céus como chuva; os alicerces da terra estremecem. A terra se despedaçou; está totalmente destruída e é sacudida com violência. A terra cambaleia como um bêbado, estremece como uma tenda na tempestade. Cai e não voltará a se levantar, pois a culpa de sua rebelião é pesada demais. Naquele dia, o S enhor castigará os poderes celestiais nos céus e os governantes das nações na terra. Serão reunidos e presos, trancados na prisão e, por fim, castigados. Então o esplendor da lua minguará, e o brilho do sol se apagará, pois o S enhor dos Exércitos reinará no monte Sião; reinará com grande glória em Jerusalém, diante das autoridades do povo. Ó S enhor, honrarei e louvarei teu nome, pois és meu Deus. Fazes coisas maravilhosas! Tu as planejaste há muito tempo e agora as realizaste. Transformas cidades poderosas em montes de ruínas; cidades com muros fortes se tornam escombros. Belos palácios em terras distantes são destruídos e jamais serão reconstruídos. Por isso, nações fortes declararão tua glória; povos cruéis te temerão. Mas tu, S enhor, és fortaleza para os pobres, torre de refúgio para os necessitados em sua angústia. És abrigo contra a tempestade e sombra contra o calor. Pois os atos opressores dos cruéis são como tempestade que açoita um muro, como o calor implacável do deserto. Tu, porém, calas o rugido das nações estrangeiras; como a sombra de uma nuvem diminui o calor implacável, assim os cânticos de soberba dos cruéis são silenciados. Em Jerusalém, o S enhor dos Exércitos oferecerá um grande banquete para todos os povos do mundo. Será um banquete delicioso, com vinho puro e envelhecido e carne da melhor qualidade. Ali removerá a nuvem de tristeza, a sombra escura que cobre toda a terra. Ele engolirá a morte para sempre; o S enhor Soberano enxugará todas as lágrimas! Removerá para sempre todo insulto, contra sua terra e seu povo. O S enhor falou! Naquele dia, o povo dirá: “Este é nosso Deus! Confiamos nele, e ele nos salvou! Este é o S enhor, em quem confiamos; alegremo-nos em seu livramento!”. Pois a mão do S enhor descansará sobre Jerusalém. Moabe, porém, será esmagada; será como palha pisada e deixada para apodrecer. Deus empurrará para baixo o povo de Moabe, como um nadador empurra a água para baixo com as mãos. Acabará com seu orgulho e com todas as suas obras perversas. Os muros altos de Moabe serão demolidos; serão derrubados por terra, até o pó. Naquele dia, todos na terra de Judá entoarão este cântico: Nossa cidade é forte; estamos cercados pelos muros da salvação de Deus! Abram os portões para os justos, deixem entrar os fiéis. Tu guardarás em perfeita paz todos que em ti confiam, aqueles cujos propósitos estão firmes em ti. Confiem sempre no S enhor, pois o S enhor Deus é a Rocha eterna. Ele humilha os orgulhosos; rebaixa a cidade arrogante e a lança ao pó. Os pobres a pisoteiam, e os necessitados caminham sobre ela. Para os justos, porém, o caminho é reto. Tu, que ages com retidão, tornas plano o caminho adiante deles. S enhor, ao seguir tuas justas decisões, depositamos em ti nossa esperança; o desejo de nosso coração é glorificar teu nome. À noite eu te procuro, ó Deus; pela manhã te busco de todo o coração. Pois só quando vens julgar a terra as pessoas aprendem a justiça. Tua bondade com os perversos não os leva a fazer o bem. Embora outros pratiquem a justiça, eles continuam a fazer o mal; não levam em conta a majestade do S enhor. Ó S enhor, eles não prestam atenção à tua mão levantada; mostra-lhes teu zelo em defender teu povo. Então serão envergonhados; que o fogo de tua ira consuma teus inimigos! S enhor, tu nos concederás paz; sim, tudo que realizamos vem de ti. Ó S enhor, nosso Deus, outros senhores nos governaram, mas só a ti adoramos. Aqueles a quem servimos estão mortos; seus espíritos jamais voltarão a viver. Tu os atacaste e os destruíste; há muito caíram no esquecimento. Ó S enhor, engrandeceste nosso povo; sim, tu nos tornaste grandes. Expandiste nossas fronteiras e foste glorificado. S enhor, em angústia te buscamos; oramos sob o peso de tua disciplina. Como a mulher grávida que se contorce e grita de dor quando dá à luz, assim estávamos em tua presença, S enhor. Nós também nos contorcemos de dor intensa, mas nosso sofrimento em nada resultou. Não trouxemos salvação à terra, nem vida ao mundo. Teus mortos, porém, viverão; seus corpos ressuscitarão. Aqueles que dormem na terra se levantarão e cantarão de alegria. Pois tua luz que dá vida descerá como o orvalho sobre teu povo no lugar dos mortos. Vá para casa, meu povo, e tranque as portas! Esconda-se por um breve tempo, até que tenha passado a ira do S enhor. Vejam, o S enhor vem dos céus para castigar os habitantes da terra por seus pecados! A terra já não esconderá os que foram mortos; ela os mostrará para que todos os vejam. Naquele dia, o S enhor tomará sua veloz e terrível espada e castigará o Leviatã, a serpente que se move com rapidez, a serpente que se enrola e se contorce. Ele matará o dragão do mar. “Naquele dia, cantem sobre a videira frutífera. Eu, o S enhor, a vigiarei e a regarei com cuidado. Dia e noite a vigiarei, para que ninguém lhe cause dano. Minha ira terá passado; se houver espinhos e mato crescendo ali, eu os atacarei e os queimarei, a menos que se voltem para mim e me peçam ajuda. Que façam as pazes comigo, sim, que façam as pazes comigo.” Está chegando o tempo em que os descendentes de Jacó criarão raízes; Israel brotará e florescerá e encherá de frutos toda a terra! Acaso o S enhor feriu Israel como feriu seus inimigos? Destruiu o povo como destruiu seus adversários? Não, mas os exilou para que lhe prestassem contas; foram exilados de sua terra, como se um vento oriental os tivesse soprado para longe. O S enhor fez isso para purificar Israel de sua perversidade, para remover todo o seu pecado. Por isso, todos os santuários idólatras serão reduzidos a pó; nenhum poste de Aserá ou altar de incenso continuará em pé. As cidades fortificadas ficarão silenciosas e vazias, as casas, abandonadas, as ruas, cobertas de ervas daninhas. Bezerros pastarão ali e mastigarão brotos e ramos. Israel é como os ramos secos de uma árvore, quebrados e usados para acender o fogo sob as panelas; é nação tola e insensata. Por isso, aquele que os criou não terá compaixão nem misericórdia. Chegará o dia, porém, em que o S enhor os ajuntará como grãos colhidos à mão. Um por um, ele os reunirá, desde o rio Eufrates, no leste, até o ribeiro do Egito, no oeste. Naquele dia, soará a grande trombeta. Muitos que estavam perecendo no exílio na Assíria e no Egito voltarão a Jerusalém para adorar o S enhor em seu santo monte. Que aflição espera a orgulhosa cidade de Samaria, a coroa gloriosa dos bêbados de Israel! Fica na parte alta de um vale fértil, mas sua beleza gloriosa murchará como uma flor. Ela é o orgulho de um povo que o vinho derrubou. O Senhor enviará um exército poderoso contra ela; como forte tempestade de granizo, chuva torrencial, ou violenta inundação, eles irromperão contra ela e a derrubarão por terra. A orgulhosa cidade de Samaria, a coroa gloriosa dos bêbados de Israel, será pisoteada pelos inimigos. Fica na parte alta de um vale fértil, mas sua beleza gloriosa murchará como uma flor. Quem a vir a apanhará, como o figo temporão que alguém apanha e come. Naquele dia, o próprio S enhor dos Exércitos será a coroa gloriosa de Israel. Será o orgulho e a alegria do remanescente de seu povo. Dará a seus juízes anseio pela justiça e coragem aos guerreiros que defendem seus portões. Agora, porém, Israel é conduzida por bêbados, que vacilam por causa do vinho e cambaleiam por causa do álcool. Os sacerdotes e os profetas cambaleiam por causa da bebida forte e ficam tontos por causa do vinho. Vacilam quando têm visões e cambaleiam quando pronunciam suas decisões. Suas mesas estão cobertas de vômito; há sujeira por toda parte. Perguntam: “Quem o S enhor pensa que somos? Por que fala conosco dessa maneira? Acaso somos crianças pequenas, recém-desmamadas? Ele nos diz as mesmas coisas repetidamente, uma linha de cada vez, uma linha mais uma vez, um pouco aqui, um pouco ali!”. Agora o S enhor terá de falar a seu povo por meio de opressores estrangeiros de língua estranha. Ele disse a seu povo: “Este é o lugar de descanso; que os exaustos repousem aqui. Este é o lugar de conforto”, mas eles não quiseram ouvir. Por isso, mais uma vez, o S enhor lhes explicará sua mensagem, uma linha de cada vez, uma linha mais uma vez, um pouco aqui, um pouco ali, para que tropecem e caiam; serão feridos, pegos em armadilhas e capturados. Portanto, ouçam esta mensagem do S enhor, vocês, governantes zombadores em Jerusalém. Dizem: “Fizemos um acordo para enganar a morte, uma negociação para evitar a sepultura. A destruição que se aproxima jamais nos tocará, pois construímos um forte refúgio feito de mentiras e engano”. Por isso, assim diz o S enhor Soberano: “Vejam, ponho em Sião uma pedra angular, uma pedra firme e testada! É uma pedra angular preciosa, sobre a qual se pode construir com segurança; quem crer jamais será abalado. Provarei vocês com a corda de medir da justiça e com o prumo da retidão. Porque seu refúgio é feito de mentiras, uma tempestade de granizo o derrubará. Porque é feito de engano, uma inundação o arrastará. Cancelarei o acordo que fizeram para enganar a morte, acabarei com sua negociação para evitar a sepultura. Quando o terrível inimigo chegar, vocês serão pisoteados. A inundação virá repetidamente, a cada manhã, dia e noite, até que sejam levados embora”. Essa mensagem deixará seu povo aterrorizado. A cama que vocês fizeram é curta demais para se deitarem, os cobertores são muito estreitos para se cobrirem. O S enhor virá, como fez contra os filisteus no monte Perazim e contra os amorreus em Gibeão. Virá para fazer algo estranho, para realizar um ato incomum. Pois o Soberano S enhor dos Exércitos disse claramente que está decidido a destruir toda a terra. Portanto, deixem de zombar, ou seu castigo será ainda maior. Ouçam o que vou dizer; escutem e prestem muita atenção. Acaso o agricultor vive arando a terra, mas nunca semeia? Vive preparando o solo, mas nunca planta? Por fim, não lança as sementes de endro, cominho, trigo, cevada e trigo candeal, cada uma de maneira apropriada, cada uma em seu devido lugar? O agricultor sabe exatamente o que fazer, pois Deus lhe deu entendimento. Não se debulha o endro com uma marreta; ele é malhado com uma vara. Não se passa uma roda de trilhar sobre o cominho; ele é batido de leve com uma ripa. É fácil moer o cereal para o pão, portanto ele não o soca demais. Ele o debulha sob as rodas de uma carroça, mas não o tritura até virar pó. O S enhor dos Exércitos é excelente mestre e dá grande sabedoria ao agricultor. “Que aflição espera Ariel, a cidade de Davi! Ano após ano celebram suas festas. Contudo, trarei calamidade sobre vocês; haverá muito choro e tristeza. Ariel se tornará exatamente o que significa seu nome: um altar coberto de sangue. Serei seu inimigo, cercarei Jerusalém e atacarei seus muros. Levantarei torres de cerco e a destruirei. Então, das profundezas da terra, você falará; suas palavras virão do pó. Sua voz sussurrará do chão, como um fantasma chamado da sepultura. “De repente, porém, seus inimigos cruéis serão esmagados como o mais fino pó. Seus muitos agressores serão expulsos como palha ao vento. De repente, num instante, eu, o S enhor dos Exércitos, entrarei em ação com trovão, terremoto e grande estrondo, com vendaval, tempestade e fogo consumidor. Todas as nações que lutam contra Ariel desaparecerão como um sonho. Os que atacam seus muros sumirão como uma visão noturna. O faminto sonha que está comendo, mas ao acordar ainda sente fome. O sedento sonha que está bebendo, mas ao amanhecer ainda sente sede. Assim será com seus muitos inimigos, aqueles que atacam o monte Sião”. Estão espantados? Não acreditam? Continuem cegos, se quiserem. Estão entorpecidos, mas não é pelo vinho; cambaleiam, mas não é por bebida forte. É porque o S enhor derramou sobre vocês um espírito de sono profundo; fechou os olhos de seus profetas e videntes. Para eles, todos os acontecimentos futuros desta visão são um livro selado. Quando você o entregar aos que sabem ler, dirão: “Não podemos ler, pois está selado”. Quando o entregar aos que não sabem ler, dirão: “Não sabemos ler”. Portanto, o Senhor diz: “Este povo fala que me pertence; honra-me com os lábios, mas o coração está longe de mim. A adoração que me prestam não passa de regras ensinadas por homens. Por isso, mais uma vez deixarei este povo maravilhado com obras maravilhosas. A sabedoria dos sábios passará, e a inteligência dos inteligentes desaparecerá”. Que aflição espera os que procuram esconder seus planos do S enhor, que realizam seus atos perversos na escuridão! Dizem: “O S enhor não nos vê; não sabe o que se passa”. Como são tolos! Ele é o oleiro e certamente é maior que vocês, o barro. Pode o objeto criado dizer sobre aquele que o criou: “Ele não me fez”? Pode o vaso dizer: “O oleiro não sabe o que faz”? Logo, em pouco tempo, os bosques do Líbano se tornarão campo fértil, e o campo fértil produzirá colheitas fartas. Naquele dia, os surdos ouvirão as palavras lidas de um livro, e os cegos verão no meio da escuridão e das trevas. Os humildes ficarão cheios de alegria do S enhor, e os pobres exultarão no Santo de Israel. O opressor já não existirá, o arrogante desaparecerá, e os que tramam o mal serão destruídos. Os que condenam os inocentes com testemunhos falsos desaparecerão. O mesmo acontecerá aos que trapaceiam para perverter a justiça e contam mentiras para destruir os inocentes. Por isso o S enhor, que resgatou Abraão, diz ao povo de Israel: “Meu povo não será mais envergonhado, nem ficará pálido de medo. Quando virem seus muitos filhos e todas as bênçãos que lhes dei, reconhecerão a santidade do Santo de Jacó e temerão o Deus de Israel. Os que se desviam terão discernimento, e os que se queixam aceitarão instrução.” “Que aflição espera meus filhos rebeldes!”, diz o S enhor. “Vocês fazem planos contrários aos meus, acordos não dirigidos por mim; com isso, amontoam pecado sobre pecado. Pois, sem me consultar, desceram ao Egito em busca de ajuda. Puseram sua confiança na proteção do faraó; tentaram esconder-se na sombra dele. Mas, ao confiar no faraó, serão envergonhados; ao esconder-se nele, serão humilhados. Pois, embora o poder dele se estenda até Zoã, e seus embaixadores tenham chegado a Hanes, todos que confiam nele serão envergonhados; ele de nada os ajudará, mas sim lhes trará humilhação e desonra.” Recebi esta mensagem acerca dos animais do Neguebe: As caravanas se movem lentamente pelo terrível deserto, lugar de leoas e leões, de serpentes e cobras venenosas. Seguem em direção ao Egito, com jumentos carregados de riquezas, camelos levando muitos tesouros, pagamentos em troca de proteção. O Egito nada dará como retribuição; as promessas do Egito não têm valor algum! Por isso eu o chamo de Raabe, o Dragão Inofensivo. Agora vá e escreva estas palavras; registre-as num livro. Elas permanecerão até o fim dos tempos como testemunha de que esse povo é rebelde e teimoso e se recusa a ouvir a lei do S enhor. Dizem aos videntes: “Não tenham mais visões!”, e aos profetas: “Não nos digam o que é certo. Falem de coisas agradáveis, contem-nos mentiras. Esqueçam a verdade, saiam do caminho estreito. Parem de nos falar do Santo de Israel”. Esta é a resposta do Santo de Israel: “Porque desprezam o que lhes digo e preferem confiar em opressão e mentiras, a calamidade virá sobre vocês de repente, como um muro inclinado que se rompe e desmorona. Num instante desabará e cairá por terra. Serão despedaçados como vasilha de barro, esmigalhados tão completamente que não sobrará um caco grande o suficiente para tirar brasas da lareira ou um pouco de água do poço”. Assim diz o S enhor Soberano, o Santo de Israel: “Vocês só serão salvos se voltarem para mim e em mim descansarem. Na tranquilidade e na confiança está sua força, mas vocês não quiseram saber. Disseram: ‘Nada disso! Entraremos na batalha, montados em cavalos velozes’. A única velocidade que verão, porém, será a de seus inimigos os perseguindo! Cada um deles perseguirá mil de vocês; cinco deles farão todos vocês fugirem. Serão deixados como mastro solitário numa colina, como bandeira no alto de um monte distante”. Portanto, o S enhor esperará até que voltem para ele, para lhes mostrar seu amor e compaixão. Pois o S enhor é Deus fiel; felizes os que nele esperam. Ó povo de Sião, que mora em Jerusalém, você não chorará mais! Ele será bondoso quando lhe pedirem ajuda; certamente atenderá a seus clamores. Embora o Senhor lhes tenha dado angústia como alimento e aflição como bebida, ele permanecerá com vocês para lhes ensinar. Vocês verão seu mestre com os próprios olhos, e seus ouvidos o ouvirão. Uma voz atrás de vocês dirá: “Este é o caminho pelo qual devem andar”, quer se voltem para a direita, quer para a esquerda. Então vocês destruirão todos os seus ídolos de prata e suas valiosas imagens de ouro. Jogarão tudo fora como se fossem trapos imundos e dirão: “Já vai tarde!”. Então o S enhor os abençoará com chuva na época de plantar. Terão colheitas fartas e muita pastagem para seus animais. Os bois e os jumentos que lavram a terra comerão cereais de boa qualidade, e o vento levará a palha. No dia em que seus inimigos forem massacrados e as torres caírem, haverá riachos correndo em todos os montes e colinas. A lua será tão brilhante quanto o sol, e o sol será sete vezes mais claro, como a luz de sete dias em um só! Assim será quando o S enhor começar a sarar seu povo e a curar as feridas que lhe causou. Vejam, o S enhor vem de longe, ardendo de ira, cercado de densas nuvens de fumaça! Seus lábios estão cheios de fúria, suas palavras consomem como fogo. Seu sopro é como inundação que sobe até o pescoço de seus inimigos. Com sua peneira, separará as nações para a destruição; colocará nelas um freio e as levará à ruína. Mas vocês entoarão um cântico de alegria, como os cânticos das festas sagradas. Vocês se alegrarão, como quando o flautista conduz um grupo de peregrinos a Jerusalém, o monte do S enhor, a Rocha de Israel. O S enhor fará ouvir sua voz majestosa e mostrará a força de seu braço poderoso. Em sua ira, descerá com chamas devoradoras, chuvas torrenciais, tempestades e pedras de granizo. Por ordem do S enhor, os assírios serão despedaçados; ele os ferirá mortalmente com seu cetro. Quando o S enhor os ferir com sua vara de castigo, seu povo celebrará com tamborins e harpas. Ele levantará seu braço poderoso e lutará contra seus inimigos. Tofete, o lugar de fogo, há muito está pronto para o rei assírio; um monte de lenha aguarda sobre a fogueira. O sopro do S enhor, como fogo de um vulcão, a acenderá. Que aflição espera os que buscam a ajuda do Egito, que confiam em seus cavalos, carros e cavaleiros e dependem da força de exércitos humanos em vez de olhar para o S enhor, o Santo de Israel! Em sua sabedoria, o S enhor enviará grande calamidade; não mudará de ideia. Ele se levantará contra os perversos e contra aqueles que os ajudam. Pois os egípcios são simples mortais, e não Deus! Seus cavalos são apenas carne, e não espírito! Quando o S enhor levantar a mão contra eles, tropeçarão aqueles que ajudam e aqueles que são ajudados; todos cairão e morrerão juntos. Pois o S enhor me disse: “Quando um leão jovem e forte ruge sobre a ovelha que ele matou, não se assusta com os gritos nem com os ruídos de um bando de pastores. De igual modo, o S enhor dos Exércitos descerá e lutará sobre o monte Sião. O S enhor dos Exércitos sobrevoará Jerusalém e a protegerá como uma ave protege o ninho. Defenderá e livrará a cidade, passará sobre ela e a salvará”. Ó israelitas, embora sejam rebeldes e perversos, voltem para o S enhor. Chegará o dia em que cada um de vocês jogará fora os ídolos de ouro e as imagens de prata que suas mãos pecaminosas fizeram. “Os assírios serão destruídos, mas não por espadas de homens. A espada de Deus os ferirá; entrarão em pânico e fugirão. Os jovens assírios serão levados como escravos. Até os mais fortes tremerão de pavor, e os príncipes fugirão ao ver suas bandeiras de guerra.” Assim diz o S enhor, cujo fogo queima em Sião, cujas chamas ardem em Jerusalém. Vejam, aí vem um rei justo! Seus príncipes governarão com retidão. Cada um será como abrigo contra o vento e refúgio contra a tempestade, como riacho no deserto e sombra de uma grande pedra em terra seca. Então todos que têm olhos verão a verdade, e todos que têm ouvidos a ouvirão. Até os que se iram depressa terão bom senso e entendimento, e os que gaguejam falarão com clareza. Naquele dia, os tolos não serão considerados heróis, e as pessoas sem caráter não serão respeitadas. Pois os tolos dizem tolices e planejam o mal. Praticam a perversidade e espalham falsos ensinamentos a respeito do S enhor. Negam comida aos famintos e não dão água aos sedentos. As artimanhas dessa gente sem caráter são perversas; tramam planos maldosos e mentem para condenar os pobres, mesmo quando a causa dos pobres é justa. Os generosos, porém, planejam fazer o que é generoso e permanecem firmes em sua generosidade. Ouçam, mulheres negligentes; prestem atenção, vocês que são tão arrogantes. Em breve, pouco mais de um ano, vocês, presunçosas, ficarão apavoradas. Suas plantações de frutas nada produzirão, e não haverá colheitas. Tremam, mulheres negligentes, deixem de lado sua arrogância. Arranquem suas lindas roupas e vistam-se de pano de saco. Batam no peito em lamento por suas belas propriedades e videiras frutíferas. Pois suas terras ficarão cobertas de espinhos e mato; seus lares alegres e suas cidades felizes desaparecerão. O palácio será abandonado, e a cidade, sempre agitada, ficará vazia. Jumentos selvagens andarão soltos, e rebanhos pastarão nas fortalezas e nas torres de vigia, até que, por fim, o Espírito seja derramado do céu sobre nós. Então o deserto se tornará campo fértil, e o campo fértil produzirá colheitas fartas. A retidão governará no deserto, e a justiça, no campo fértil. E essa justiça trará paz; haverá sossego e confiança para sempre. Meu povo viverá em paz, tranquilo em seu lar; terá descanso e segurança. Ainda que os bosques sejam destruídos e a cidade seja arrasada, o povo será abençoado. Onde quer que semeiem, terão colheitas fartas; seu gado e seus jumentos pastarão livremente. Que aflição espera vocês, assírios, que destroem os outros, mas nunca foram destruídos! Traem outros, mas nunca foram traídos. Quando terminarem de destruir, serão destruídos. Quando terminarem de trair, serão traídos. Mas tem misericórdia de nós, S enhor, pois esperamos em ti. Sê nosso braço forte a cada dia, nossa salvação em tempos de angústia. O inimigo corre quando ouve tua voz; quando te levantas, as nações fogem. Como os campos são despojados por lagartas e gafanhotos, assim o exército da Assíria será despojado! Embora o S enhor seja grandioso e viva nos céus, fará de Sião a habitação de sua justiça e retidão. Ele será seu firme alicerce e lhe proverá farto suprimento de salvação, sabedoria e conhecimento; o temor do S enhor será seu tesouro. Agora, porém, seus guerreiros valentes choram em público; seus embaixadores da paz derramam lágrimas de amargura. Suas estradas estão desertas; ninguém mais viaja por elas. Quebraram o tratado de paz e não se importam com as promessas que fizeram perante testemunhas; não têm respeito por ninguém. A terra de Israel murcha de tanto chorar; o Líbano seca de vergonha. A planície de Sarom agora é um deserto; Basã e Carmelo foram saqueados. O S enhor, no entanto, diz: “Agora me levantarei; agora mostrarei meu poder e minha força. Vocês só produzem capim seco e palha; seu sopro se transformará em fogo e os consumirá. Seu povo será completamente queimado, como espinheiros cortados e lançados no fogo. Prestem atenção ao que fiz, nações distantes! Vocês que estão próximas, reconheçam meu poder!”. Os pecadores em Sião tremem de medo; o terror se apodera dos ímpios. “Quem pode conviver com esse fogo consumidor? Quem pode sobreviver a essas chamas devoradoras?” Os que são justos e íntegros, que não lucram por meios desonestos, que se mantêm afastados de subornos, que não dão ouvidos aos que tramam assassinatos, que fecham os olhos para toda tentação de fazer o mal, esses habitarão nas alturas; as rochas dos montes serão sua fortaleza. Terão provisão de alimento e não lhes faltará água. Seus olhos verão o rei em todo o seu esplendor, verão uma terra que se estende para longe. Vocês se lembrarão deste tempo de terror e perguntarão: “Onde estão os oficiais que contaram nossas torres? Onde estão os que registraram o despojo tirado de nossa cidade derrotada?”. Não verão mais esse povo arrogante, que fala uma língua estranha e desconhecida. Em vez disso, verão Sião como lugar de festas sagradas; verão Jerusalém, cidade tranquila e segura. Será como uma tenda com as cordas bem esticadas e estacas firmemente cravadas no chão. O S enhor será nosso Poderoso; será como um largo rio de proteção que nenhum adversário consegue atravessar, em que nenhuma embarcação inimiga consegue navegar. Pois o S enhor é nosso juiz, nosso comandante e nosso rei; ele nos livrará. As velas dos inimigos pendem soltas de mastros quebrados, presas com cordas inúteis. Seu tesouro será repartido entre o povo de Israel; até mesmo os deficientes físicos receberão sua parte. O povo já não dirá: “Estamos doentes e indefesos”, pois o S enhor perdoará seus pecados. Venham e escutem, nações da terra; o mundo e tudo que nele há, ouçam minhas palavras! Pois é grande a ira do S enhor com as nações; está furioso com todos os seus exércitos. Ele as destruirá por completo, ele as condenará à matança. Seus mortos não serão sepultados; o fedor de seus cadáveres encherá a terra, e o sangue escorrerá pelos montes. Os céus lá no alto se dissolverão e desaparecerão como pergaminho enrolado. As estrelas cairão do céu, como folhas secas da videira, como figos murchos da figueira. E, quando minha espada tiver terminado seu trabalho nos céus, cairá sobre Edom, a nação que condenei à destruição. A espada do S enhor está banhada em sangue e coberta de gordura, de sangue de cordeiros e bodes, de gordura de carneiros. Sim, o S enhor oferecerá um sacrifício na cidade de Bozra, fará grande matança em Edom. Até homens fortes como bois morrerão, tanto os mais jovens como os mais velhos. A terra ficará ensopada de sangue, e o solo, cheio de gordura. Pois é o dia da vingança do S enhor, o ano em que retribuirá a Edom por tudo que fez a Israel. Os riachos de Edom se encherão de piche ardente, e a terra ficará coberta de fogo e enxofre. Esse julgamento sobre Edom jamais terá fim; sua fumaça subirá para sempre. A terra ficará deserta de geração em geração; ninguém voltará a habitar nela. Ali viverão a coruja do deserto e o mocho, o corujão e o corvo. Pois Deus medirá aquela terra com cuidado; ele a medirá para o caos e para a destruição. Ela se chamará Terra do Nada, e logo seus nobres desaparecerão. Espinhos invadirão seus palácios, urtigas e cardos crescerão em suas fortalezas. As ruínas serão morada de chacais e habitação de corujas. Animais do deserto se misturarão ali com hienas, bodes selvagens berrarão uns para os outros entre as ruínas, criaturas da noite irão até lá para descansar. Ali a coruja fará seu ninho e porá seus ovos; chocará os filhotinhos e os cobrirá com suas asas. Os abutres também irão para lá, cada um com seu par. Procurem no livro do S enhor e vejam o que ele fará. Não faltará nenhum desses animais, nenhum deles ficará sem par, pois o S enhor assim prometeu; seu Espírito fará tudo se realizar. Ele lançou sortes e dividiu a terra e a entregou a essas criaturas como propriedade. Elas a possuirão para sempre, de geração em geração. As regiões desabitadas e o deserto exultarão; a terra desolada se alegrará e florescerá como o açafrão. Haverá muitas flores, cânticos e alegria! Os desertos se tornarão verdes como os montes do Líbano, belos como o monte Carmelo e a planície de Sarom. Ali o S enhor mostrará sua glória, o esplendor de nosso Deus. Fortaleçam os de mãos cansadas, apoiem os de joelhos fracos. Digam aos de coração temeroso: “Sejam fortes e não temam, pois seu Deus vem para vingar-se de seus inimigos; ele vem para salvá-los”. Quando ele vier, abrirá os olhos dos cegos e os ouvidos dos surdos. Os aleijados pularão como o cervo, e os mudos cantarão de alegria. Fontes brotarão no deserto, e rios correrão na região desolada. O solo ressecado se tornará um açude, e a terra sedenta, mananciais de água. O capim, a cana e o junco florescerão onde antes viviam os chacais do deserto. Um caminho largo atravessará a terra antes desabitada e será chamado Caminho de Santidade; os impuros jamais passarão por ele. Será somente para os que andam nos caminhos de Deus; os tolos jamais andarão por ele. Ao longo desse trajeto, leões não ficarão à espreita, nem qualquer outro animal feroz. Não haverá nenhum perigo; somente os redimidos andarão por ele. Os que foram resgatados pelo S enhor voltarão; entrarão cantando em Sião, coroados com alegria sem fim. A tristeza e o lamento desaparecerão, e eles ficarão cheios de alegria e felicidade. No décimo quarto ano do reinado de Ezequias, Senaqueribe, rei da Assíria, atacou as cidades fortificadas de Judá e as conquistou. Então o rei da Assíria enviou, de Laquis, seu comandante em chefe, junto com um grande exército, para confrontarem o rei Ezequias em Jerusalém. Os assírios se posicionaram ao lado do aqueduto que abastece o tanque superior, perto do caminho para o campo onde se lava roupa. Estes são os oficiais que saíram ao encontro deles: Eliaquim, filho de Hilquias, o administrador do palácio; Sebna, o secretário da corte; e Joá, filho de Asafe, o historiador do reino. O porta-voz do rei assírio mandou que transmitissem esta mensagem a Ezequias: “Assim diz o grande rei da Assíria: Em que você confia, que lhe dá tanta segurança? Pensa que meras palavras podem substituir experiência e força militar? Com quem você conta para se rebelar contra mim? Com o Egito? Se você se apoiar no Egito, ele será como um junco que se quebra sob seu peso e perfura sua mão. O faraó, rei do Egito, não é digno de nenhuma confiança! “Talvez vocês digam: ‘Confiamos no S enhor, nosso Deus!’. Mas não foi a ele que Ezequias insultou? Ezequias não destruiu os santuários e altares dele e obrigou todos em Judá e Jerusalém a adorarem somente no altar em Jerusalém? “Vou lhes dizer uma coisa: Façam um acordo com meu senhor, o rei da Assíria. Eu lhes darei dois mil cavalos se forem capazes de encontrar homens em número suficiente para montá-los! Com seu exército minúsculo, como podem pensar em desafiar até o contingente mais fraco do exército de meu senhor, mesmo com a ajuda dos carros e dos cavaleiros do Egito? Além disso, imaginam que invadimos sua terra sem a direção do S enhor? Foi o próprio S enhor que nos disse: ‘Ataquem essa terra e destruam-na!’”. Então Eliaquim, Sebna e Joá disseram ao porta-voz: “Por favor, fale conosco em aramaico, pois entendemos bem essa língua. Não fale em hebraico, pois o povo sobre o muro o ouvirá”. O porta-voz, no entanto, respondeu: “Vocês pensam que meu senhor enviou essa mensagem apenas para vocês e para seu senhor? Ele quer que todo o povo a ouça, pois, quando cercarmos esta cidade, eles sofrerão junto com vocês. Ficarão tão famintos e sedentos que comerão as próprias fezes e beberão a própria urina!”. Então o porta-voz se levantou e gritou em hebraico: “Ouçam esta mensagem do grande rei da Assíria! Assim diz o rei: Não deixem que Ezequias os engane. Ele jamais será capaz de livrá-los. Não deixem que ele os convença a confiar no S enhor, dizendo: ‘Certamente o S enhor nos livrará; esta cidade jamais cairá nas mãos do rei da Assíria’. “Não deem ouvidos a Ezequias! Estas são as condições que o rei da Assíria oferece: Façam as pazes comigo, abram as portas e saiam. Então, cada um de vocês continuará a comer de sua própria videira e de sua própria figueira e a beber de seu próprio poço. Depois, providenciarei que sejam levados a outra terra como esta, uma terra com cereais e vinho novo, com pão e vinhedos. “Não deixem Ezequias enganá-los, dizendo: ‘O S enhor nos livrará!’. Acaso os deuses de alguma outra nação livraram seu povo do rei da Assíria? O que aconteceu aos deuses de Hamate e de Arpade? E quanto aos deuses de Sefarvaim? Acaso algum deus livrou Samaria de meu poder? Qual dos deuses de qualquer nação foi capaz de livrar seu povo de meu poder? O que os faz pensar que o S enhor pode livrar Jerusalém de minhas mãos?”. Mas o povo permaneceu em silêncio e não disse uma palavra sequer, pois Ezequias havia ordenado: “Não lhe respondam”. Então Eliaquim, filho de Hilquias, administrador do palácio, Sebna, secretário da corte, e Joá, filho de Asafe, historiador do reino, voltaram a Ezequias. Rasgaram suas roupas e foram contar ao rei o que o porta-voz tinha dito. Quando o rei Ezequias ouviu esse relato, rasgou as roupas, vestiu-se com panos de saco e entrou no templo do S enhor. Enviou Eliaquim, o administrador do palácio, Sebna, o secretário da corte, e os principais sacerdotes, todos vestidos com panos de saco, ao profeta Isaías, filho de Amoz. Eles lhe disseram: “Assim diz o rei Ezequias: ‘Hoje é um dia de angústia, insulto e humilhação. É como quando a criança está prestes a nascer, mas a mãe não tem forças para dar à luz. Contudo, talvez o S enhor, seu Deus, tenha ouvido o porta-voz que o rei da Assíria enviou para desafiar o Deus vivo e o castigue por suas palavras. Por favor, ore por nós que restamos!’”. Depois que os oficiais do rei Ezequias transmitiram a mensagem ao profeta Isaías, ele respondeu: “Digam ao rei que assim diz o S enhor: ‘Não se assuste com os insultos que os mensageiros do rei da Assíria lançaram contra mim. Ouça! Eu mesmo agirei contra o rei da Assíria, e ele receberá notícias que o farão voltar para sua terra. Ali eu providenciarei que ele seja morto à espada’”. Enquanto isso, o porta-voz partiu de Jerusalém e foi consultar o rei da Assíria, pois tinha sido informado de que o rei havia deixado Laquis e estava atacando Libna. Logo depois, o rei Senaqueribe recebeu a notícia de que Tiraca, rei da Etiópia, havia saído com seu exército para lutar contra ele. Então enviou seus homens de volta a Ezequias em Jerusalém com a seguinte mensagem: “Esta é uma mensagem para Ezequias, rei de Judá. Não deixe que seu Deus, em quem você confia, o engane com promessas de que Jerusalém não será conquistada pelo rei da Assíria. Você sabe muito bem o que os reis da Assíria fizeram por onde passaram. Destruíram completamente todos que atravessaram seu caminho! Quem é você para escapar? Acaso os deuses de outras nações, como Gozã, Harã, Rezefe, e o povo de Éden, que estava em Telassar, as livraram? Meus antecessores destruíram todos eles! O que aconteceu ao rei de Hamate e ao rei de Arpade? O que aconteceu aos reis de Sefarvaim, de Hena e de Iva?”. Depois que Ezequias recebeu a carta dos mensageiros e a leu, subiu ao templo do S enhor e a estendeu diante do S enhor. Então Ezequias fez esta oração na presença do S enhor: “Ó S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel, que estás entronizado entre os querubins! Só tu és Deus de todos os reinos da terra. Sim, tu criaste os céus e a terra. Inclina teus ouvidos, ó S enhor, e ouve! Abre teus olhos, ó S enhor, e vê! Ouve as palavras com as quais Senaqueribe desafia o Deus vivo! “É verdade, S enhor, que os reis da Assíria destruíram todas essas nações. Lançaram os deuses dessas nações no fogo e os queimaram. É claro que os assírios conseguiram destruí-los! Não eram deuses de verdade, mas apenas ídolos de madeira e pedra moldados por mãos humanas. Agora, S enhor, nosso Deus, salva-nos do poder desse rei; então todos os reinos da terra saberão que somente tu, S enhor, és Deus”. Então Isaías, filho de Amoz, enviou esta mensagem a Ezequias: “Assim diz o S enhor, o Deus de Israel: Visto que você orou a mim a respeito de Senaqueribe, rei da Assíria, o S enhor proferiu esta palavra contra ele: “A filha virgem de Sião o despreza e ri de você. A filha de Jerusalém balança a cabeça com desdém enquanto você foge. “A quem você desafiou e de quem zombou? Contra quem levantou a voz? Para quem olhou com arrogância? Para o Santo de Israel! Por meio de seus mensageiros, desafiou o Senhor. Disse: ‘Com meus numerosos carros de guerra, conquistei os montes mais elevados, sim, os picos mais remotos do Líbano. Cortei seus cedros mais altos e seus melhores ciprestes. Cheguei a suas maiores alturas e explorei suas florestas mais densas. Cavei poços em muitas terras estrangeiras e me refresquei com sua água. Com a sola de meu pé, sequei todos os rios do Egito!’. “Mas você não sabe? Eu decidi tudo isso há muito tempo. Planejei essas coisas no passado distante, e agora as realizo. Planejei que você transformaria cidades fortificadas em montes de escombros. Por isso, seus habitantes perdem as forças e ficam assustados e envergonhados. São frágeis como a relva, indefesos como brotos verdes e tenros. São como capim que surge no telhado, queimado antes de crescer. “Mas eu o conheço bem; sei onde está e sei de suas idas e vindas; sei como se enfureceu contra mim. E, por causa de sua raiva contra mim e de sua arrogância, que eu mesmo ouvi, porei minha argola em seu nariz e meu freio em sua boca. Eu o farei voltar pelo mesmo caminho por onde veio”. Então Isaías disse a Ezequias: “Esta é a prova de que minhas palavras são verdadeiras: “Neste ano vocês comerão somente o que crescer por si, e no ano seguinte, o que brotar disso. Mas, no terceiro ano, semeiem e colham, cuidem de suas videiras e comam de seus frutos. Vocês que restarem em Judá, os que escaparem da destruição, lançarão raízes em seu próprio solo, crescerão e darão frutos. Pois um remanescente de meu povo sairá de Jerusalém, um grupo de sobreviventes partirá do monte Sião. O zelo do S enhor dos Exércitos fará que isso aconteça! “E assim diz o S enhor a respeito do rei da Assíria: “Seus exércitos não entrarão em Jerusalém, nem dispararão contra ela uma só flecha. Não marcharão com escudos fora de seus portões, nem construirão rampas de terra contra seus muros. O rei voltará à terra dele pelo mesmo caminho por onde veio. Não entrará na cidade diz o S enhor. Por minha própria honra e por causa de meu servo Davi, defenderei esta cidade e a libertarei”. Naquela noite, o anjo do S enhor foi ao acampamento assírio e matou 185 mil soldados assírios. Quando os sobreviventes acordaram na manhã seguinte, encontraram cadáveres por toda parte. Então Senaqueribe, rei da Assíria, levantou acampamento e partiu para sua terra. Voltou para Nínive e ali ficou. Certo dia, enquanto ele adorava no templo de seu deus Nisroque, seus filhos Adrameleque e Sarezer o mataram à espada. Fugiram para a terra de Ararate, e outro filho, Esar-Hadom, se tornou seu sucessor na Assíria. Por esse tempo, Ezequias ficou doente e estava para morrer. O profeta Isaías, filho de Amoz, foi visitá-lo e transmitiu-lhe a seguinte mensagem: “Assim diz o S enhor: ‘Ponha suas coisas em ordem, pois você vai morrer. Não se recuperará dessa doença’”. Quando Ezequias ouviu isso, virou o rosto para a parede e orou ao S enhor: “Ó S enhor, lembra-te de como sempre te servi com fidelidade e devoção, e de como sempre fiz o que é certo aos teus olhos”. Depois, o rei chorou amargamente. Então Isaías recebeu esta mensagem do S enhor: “Volte a Ezequias e diga-lhe: Assim diz o S enhor, o Deus de seu antepassado Davi: ‘Ouvi sua oração e vi suas lágrimas. Acrescentarei quinze anos à sua vida e livrarei você e esta cidade do rei da Assíria. Sim, defenderei esta cidade. “‘Este é o sinal do S enhor de que cumprirá o que prometeu. Farei a sombra do sol recuar dez graus no relógio de sol de Acaz’”. Então a sombra no relógio de sol de Acaz recuou dez graus. Quando o rei Ezequias se recuperou, escreveu este poema: Eu disse: “No pleno vigor de minha vida, devo entrar no lugar dos mortos? Serei roubado do restante de meus anos?”. Eu disse: “Nunca mais verei o S enhor Deus na terra dos vivos. Nunca mais verei pessoa alguma, nem estarei com os que vivem neste mundo. Minha vida foi levada embora, como uma tenda de pastor na tempestade. Foi cortada como o tecelão corta o tecido do tear; de repente, minha vida se acabou. Esperei a noite inteira com paciência, mas era como se leões me despedaçassem; de repente, minha vida se acabou. Delirante, chilreava como a andorinha ou como o grou, depois gemia como a pomba. Meus olhos se cansaram de olhar para o céu à espera de socorro. Estou aflito, Senhor; responde-me!”. Mas o que posso dizer? Ele mesmo enviou esta doença. Agora, andarei humildemente toda a vida, por causa da angústia que senti. Senhor, tua disciplina é boa, pois conduz à vida e à saúde. Tu restauras minha saúde e permites que eu viva! Sim, a angústia me fez bem, pois tu me livraste da morte e perdoaste todos os meus pecados. Pois os mortos não podem exaltar-te; não podem entoar louvores. Aqueles que descem à cova já não podem esperar em tua fidelidade. Somente os vivos te louvam como faço hoje; cada geração fala de tua fidelidade à geração seguinte. Sim, o S enhor está disposto a me curar! Com instrumentos de cordas, entoarei louvores todos os dias de minha vida, no templo do S enhor. Isaías tinha dito aos servos de Ezequias: “Preparem uma pasta de figos e coloquem-na sobre a ferida, e Ezequias se recuperará”. Ezequias tinha perguntado: “Que sinal o S enhor dará como prova de que irei ao templo do S enhor?”. Pouco tempo depois, Merodaque-Baladã, filho de Baladã, rei da Babilônia, enviou cartas e um presente para Ezequias, pois soube que o rei tinha estado muito doente e havia se recuperado. Ezequias recebeu com alegria os mensageiros babilônios e lhes mostrou tudo que havia na casa do tesouro: a prata, o ouro, as especiarias e os óleos aromáticos. Também os levou para conhecer seu arsenal e lhes mostrou tudo que havia nos tesouros do rei. Não houve nada em seu palácio nem em seu reino que Ezequias não lhes mostrasse. Então o profeta Isaías foi ver o rei Ezequias e lhe perguntou: “O que esses homens queriam? De onde vieram?”. Ezequias respondeu: “Vieram da Babilônia, uma terra distante”. “O que viram em seu palácio?”, perguntou Isaías. “Viram tudo”, Ezequias respondeu. “Eu lhes mostrei tudo que possuo, todos os meus tesouros.” Então Isaías disse a Ezequias: “Ouça esta mensagem do S enhor dos Exércitos: ‘Está chegando o dia em que tudo em seu palácio, todos os tesouros que seus antepassados acumularam até agora, será levado para a Babilônia. Não ficará coisa alguma’, diz o S enhor. ‘Até mesmo alguns de seus descendentes serão levados para o exílio. Eles se tornarão eunucos e servirão no palácio do rei da Babilônia’”. Ezequias disse a Isaías: “A mensagem do S enhor que você transmitiu é boa”. Pois o rei pensava: “Pelo menos haverá paz e segurança durante minha vida”. “Consolem, consolem meu povo”, diz o seu Deus. “Falem com carinho a Jerusalém; digam-lhe que seus dias de luta acabaram e que seus pecados foram perdoados. Sim, o S enhor a castigou em dobro por todos os seus pecados.” Ouçam! Uma voz clama: “Abram caminho no deserto para o S enhor! Preparem para nosso Deus uma estrada reta na terra desolada! Aterrem os vales, nivelem os montes e as colinas. Endireitem as curvas, tornem planos os trechos acidentados. Então a glória do S enhor será revelada, e todos a verão. O S enhor falou!”. Uma voz disse: “Clame!”. Eu perguntei: “O que devo clamar?”. “Anuncie que os seres humanos são como capim; sua beleza passa depressa, como as flores do campo. O capim seca e as flores murcham quando o S enhor sopra sobre elas; o mesmo acontece aos seres humanos. O capim seca e as flores murcham, mas a palavra de nosso Deus permanece para sempre.” Ó Sião, mensageiro de boas notícias, grite do alto dos montes! Grite mais forte, ó Jerusalém, grite sem medo! Diga às cidades de Judá: “Seu Deus está chegando!”. Sim, o S enhor Soberano vem com poder; com braço forte governará. Vejam, ele traz consigo sua recompensa! Como pastor, ele alimentará seu rebanho; levará os cordeirinhos nos braços e os carregará junto ao coração; conduzirá ternamente as ovelhas com suas crias. Quem mais segurou os oceanos nas mãos? Quem mediu os céus com os dedos? Quem mais sabe o peso da terra ou pesou na balança os montes e as colinas? Quem pode orientar o Espírito do S enhor? Quem sabe o suficiente para aconselhá-lo ou instruí-lo? Acaso o S enhor já precisou do conselho de alguém? Necessita que o instruam a respeito do que é bom? Alguém lhe ensinou o que é certo ou lhe mostrou o caminho da sabedoria? Não, pois todas as nações do mundo não passam de uma gota num balde. Não são nada mais que pó sobre a balança. Ele levanta toda a terra como se fosse um grão de areia. Nem toda a madeira nos bosques do Líbano nem todos os seus animais seriam suficientes para um holocausto digno de nosso Deus. As nações do mundo não têm valor para ele; aos seus olhos, valem menos que nada, são apenas vazio. A quem vocês podem comparar Deus? Que imagem usarão para representá-lo? Acaso pode ser comparado a um ídolo feito num molde, coberto de ouro e enfeitado com correntes de prata? Quem é pobre demais para ter um ídolo desses pode escolher madeira que não apodrece e um artesão habilidoso para entalhar uma imagem que não tombe! Acaso não ouviram? Não entendem? Estão surdos para as palavras de Deus, palavras que ele falou antes que o mundo existisse? Será que são tão ignorantes? Deus se senta acima do círculo da terra; para ele, as pessoas lá embaixo parecem gafanhotos. Estende os céus como uma cortina e faz com eles sua tenda. Julga os poderosos do mundo e reduz todos eles a nada. Mal são plantados, mal chegam a criar raízes, logo murcham, quando sopra sobre eles; o vento os leva embora como palha. “A quem vocês me compararão? Quem é igual a mim?”, pergunta o Santo. Olhem para os céus; quem criou as estrelas? Ele as faz sair como um exército, uma após a outra, e chama cada uma pelo nome. Por causa de seu grande poder e sua força incomparável, nenhuma delas ousa se ausentar. Ó Jacó, como pode dizer que o S enhor não vê o que se passa? Ó Israel, como pode dizer que Deus não se importa com seus direitos? Você não ouviu? Não entendeu? O S enhor é o Deus eterno, o Criador de toda a terra. Ele nunca perde as forças nem se cansa, e ninguém pode medir a profundidade de sua sabedoria. Dá forças aos cansados e vigor aos fracos. Até os jovens perdem as forças e se cansam, e os rapazes tropeçam de tão exaustos. Mas os que confiam no S enhor renovam suas forças; voam alto, como águias. Correm e não se cansam, caminham e não desfalecem. “Ouçam em silêncio diante de mim, povos do outro lado do mar; preparem seus argumentos mais convincentes. Venham agora e falem; o tribunal está pronto para ouvir seu caso. “Quem instigou esse rei que vem do leste e o chamou para o justo serviço de Deus? Quem lhe dá vitória sobre muitas nações e permite que ele pisoteie seus reis? Com sua espada, reduz exércitos a pó; com seu arco, dispersa-os como palha ao vento. Ele os persegue e segue adiante em segurança, mesmo que caminhe em território desconhecido. Quem realizou feitos tão poderosos e chamou cada nova geração, desde o princípio dos tempos? Eu, o S enhor, o Primeiro e o Último, somente eu.” Os povos do outro lado do mar observam com temor; terras distantes estremecem e se aprontam para a guerra. Cada um encoraja seu amigo, dizendo: “Seja forte!”. O escultor anima o ourives, e o que faz moldes ajuda na bigorna. “Muito bem”, dizem, “está ficando bom.” Com todo o cuidado, juntam as partes e fixam o ídolo com pregos, para que não tombe. “Quanto a você, meu servo Israel, Jacó, meu escolhido, descendente de meu amigo Abraão, eu o chamei de volta dos confins da terra e disse: ‘Você é meu servo’. Pois eu o escolhi e não o lançarei fora. Não tenha medo, pois estou com você; não desanime, pois sou o seu Deus. Eu o fortalecerei e o ajudarei; com minha vitoriosa mão direita o sustentarei. “Sim, todos os seus furiosos inimigos ficarão confusos e humilhados. Quem se opuser a você morrerá e não dará em nada. Você procurará e não encontrará aqueles que tentaram conquistá-lo. Quem o atacar será reduzido a nada. Pois eu o seguro pela mão direita, eu, o S enhor, seu Deus, e lhe digo: ‘Não tenha medo, estou aqui para ajudá-lo. Embora você não passe de um verme, ó Jacó, não tenha medo, pequenino Israel, pois eu o ajudarei. Eu sou o S enhor, seu Redentor, eu sou o Santo de Israel’. Você será um novo instrumento de debulhar, com muitos dentes afiados. Despedaçará seus inimigos e transformará os montes em palha. Você os lançará para o alto, e o vento os levará embora; um redemoinho os espalhará. Então você se alegrará no S enhor e se gloriará no Santo de Israel. “Quando os pobres e necessitados procurarem água e não a encontrarem, e tiverem a língua ressequida de sede, eu, o S enhor, os ouvirei; eu, o Deus de Israel, jamais os abandonarei. Abrirei rios para eles nos planaltos e lhes darei fontes de água nos vales. Encherei o deserto de açudes e a terra seca, de mananciais. Plantarei árvores no deserto: cedro, acácia, murta, oliveira, cipreste, abeto e pinheiro. Assim, todos que virem esse milagre entenderão o que ele significa: o S enhor fez isso, o Santo de Israel o criou. “Apresentem a causa de seus ídolos”, diz o S enhor. “Que eles mostrem o que são capazes de fazer”, diz o Rei de Israel. “Que nos digam o que aconteceu há muito tempo, para que analisemos as provas, ou digam o que o futuro reserva, para que saibamos o que acontecerá. Sim, anunciem o que acontecerá nos dias por vir; então saberemos que são deuses de fato. Façam alguma coisa, boa ou má! Façam algo que cause espanto e nos encha de medo. Mas não! Vocês são menos que nada e nada podem fazer; os que escolhem vocês contaminam a si mesmos. “Eu, porém, levantei um líder que virá do norte; desde o leste ele invocará meu nome. Eu lhe darei vitória sobre os líderes dos povos; ele os pisará como o oleiro pisa o barro. “Quem lhes falou desde o começo que isto aconteceria? Quem previu estas coisas e os fez admitir que tinha razão? Ninguém disse coisa alguma, nem uma só palavra! Eu fui o primeiro a dizer a Sião: ‘Veja! O socorro está a caminho!’. Enviarei a Jerusalém um mensageiro com boas notícias. Nenhum de seus ídolos lhes disse isso, nenhum deles respondeu quando perguntei. São objetos tolos e sem valor; todos os seus ídolos são vazios como o vento.” “Vejam meu servo, que eu fortaleço; ele é meu escolhido, que me dá alegria. Pus sobre ele meu Espírito; ele trará justiça às nações. Não gritará, nem levantará a voz em público. Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a chama que já está fraca; fará justiça a todos os injustiçados. Não vacilará nem desanimará, enquanto não fizer a justiça prevalecer em toda a terra. Até mesmo terras distantes, do outro lado do mar, aguardarão suas instruções.” Deus, o S enhor, criou os céus e os estendeu; criou a terra e tudo que nela há. Dá fôlego a cada um e vida a todos que caminham sobre a terra. É ele quem diz: “Eu, o S enhor, o chamei para mostrar minha justiça; eu o tomarei pela mão e o protegerei. Eu o darei a meu povo, Israel, como símbolo de minha aliança com eles, e você será luz para guiar as nações: abrirá os olhos dos cegos, libertará da prisão os cativos, livrará os que estão em calabouços escuros. “Eu sou o S enhor; este é meu nome! Não darei minha glória a ninguém, não repartirei meu louvor com ídolos esculpidos. Tudo que profetizei se cumpriu, e agora profetizarei novamente; eu lhes falarei do futuro antes que aconteça”. Cantem um novo cântico ao S enhor, cantem seu louvor desde os confins da terra! Cantem, vocês que navegam pelos mares, todos vocês que moram em litorais distantes! Levantem a voz, cidades do deserto, alegrem-se as vilas de Quedar! Exultem, habitantes de Sela, aclamem do alto dos montes! Que o mundo inteiro glorifique o S enhor e cante seu louvor! O S enhor marchará como herói poderoso; sairá como guerreiro, cheio de fúria. Dará seu grito de guerra e esmagará todos os seus inimigos. “Durante muito tempo, fiquei em silêncio; sim, me contive. Agora, porém, como a mulher no parto, gritarei, gemerei e ficarei ofegante. Arrasarei os montes e as colinas e acabarei com sua vegetação. Tornarei os rios em terra seca e secarei os açudes. Conduzirei este povo cego por um novo caminho e o guiarei por um rumo desconhecido. Transformarei em luz a escuridão diante dele e tornarei planos os trechos acidentados. Sim, farei estas coisas; não o abandonarei. Mas os que confiam em ídolos e dizem: ‘Vocês são nossos deuses’, sofrerão vergonhosa derrota.” “Ouçam, surdos! Olhem e vejam, cegos! Quem é cego como meu povo, meu servo? Quem é surdo como meu mensageiro? Quem é cego como meu povo escolhido, o servo do S enhor? Vocês veem e reconhecem o que é certo, mas se recusam a fazê-lo. Ouvem com os ouvidos, mas não prestam atenção.” Porque o S enhor é justo, ele exaltou sua lei gloriosa. Seu povo, porém, foi roubado e saqueado, escravizado, aprisionado e apanhado numa armadilha. São presa fácil para qualquer um e não têm quem os proteja, ninguém que os leve de volta para casa. Quem ouvirá essas lições do passado e verá a ruína que os espera no futuro? Quem permitiu que Israel fosse roubado e ferido? Foi o S enhor, contra quem pecamos, pois seu povo não andou em seu caminho, nem obedeceu à sua lei. Por isso ele derramou sobre eles sua ira ardente e os destruiu na batalha. Ficaram envoltos em chamas, mas se recusaram a entender. Foram consumidos pelo fogo, mas não aprenderam a lição. Mas agora, ó Jacó, ouça o S enhor que o criou; ó Israel, assim diz aquele que o formou: “Não tema, pois eu o resgatei; eu o chamei pelo nome, você é meu. Quando passar por águas profundas, estarei a seu lado. Quando atravessar rios, não se afogará. Quando passar pelo fogo, não se queimará; as chamas não lhe farão mal. Pois eu sou o S enhor, seu Deus, o Santo de Israel, seu Salvador. Dei o Egito como resgate por sua liberdade; em troca de você, dei a Etiópia e Sebá. Outros foram entregues em seu lugar, troquei a vida deles pela sua. Pois você é precioso para mim, é honrado e eu o amo. “Não tema, pois estou com você; reunirei você e seus descendentes desde o leste e o oeste. Direi ao norte e ao sul: ‘Tragam de volta meus filhos e filhas, desde os confins da terra. Tragam todos que me reconhecem como seu Deus, pois eu os criei para minha glória; fui eu quem os formou’”. Tragam o povo que tem olhos, mas é cego, que tem ouvidos, mas é surdo. Reúnam as nações! Juntem os povos do mundo! Qual de seus ídolos predisse coisas semelhantes a estas? Qual deles pode prever o que acontecerá amanhã? Onde estão as testemunhas dessas previsões? Quem pode comprovar que disseram a verdade? “Você é minha testemunha, ó Israel!”, diz o S enhor. “Você é meu servo. Foi escolhido para me conhecer, para crer em mim, para entender que somente eu sou Deus. Não há outro Deus, nunca houve e nunca haverá. Eu, somente eu, sou o S enhor, e não há outro Salvador. Primeiro, previ sua salvação, então o salvei e proclamei isso ao mundo. Nenhum deus estrangeiro jamais fez algo assim; você, Israel, é testemunha de que sou o único Deus”, diz o S enhor. “Desde a eternidade, eu sou Deus; não há quem possa livrar alguém de minha mão, não há quem possa desfazer o que eu fiz.” Assim diz o S enhor, seu Redentor, o Santo de Israel: “Por sua causa, enviarei um exército contra a Babilônia; obrigarei os babilônios a fugir nos navios de que tanto se orgulham. Eu sou o S enhor, seu Santo, Criador e Rei de Israel. Eu sou o S enhor, que abriu uma passagem no meio das águas, um caminho seco pelo mar. Chamei o exército poderoso do Egito, com seus carros e cavalos. Eu os submergi nas ondas, e eles se afogaram; sua vida se apagou como um pavio fumegante. “Esqueçam tudo isso, não é nada comparado ao que vou fazer. Pois estou prestes a realizar algo novo. Vejam, já comecei! Não percebem? Abrirei um caminho no meio do deserto, farei rios na terra seca. Os animais selvagens nos campos me glorificarão, e também os chacais e as corujas, por lhes dar água no deserto. Sim, farei rios na terra seca, para que meu povo escolhido se refresque. Formei este povo para mim mesmo; um dia, ele me honrará perante o mundo. “Mas você, ó Jacó, não clama por mim; você se cansou de mim, ó Israel! Não me trouxe ovelhas nem bodes para holocaustos, não me honrou com sacrifícios, embora eu não o tenha sobrecarregado nem cansado com exigências de ofertas de cereal e incenso. Você não me trouxe cálamo perfumado, nem me agradou com a gordura de sacrifícios. Em vez disso, me sobrecarregou com seus pecados e me cansou com suas maldades. “Eu, somente eu, por minha própria causa, apagarei seus pecados e nunca mais voltarei a pensar neles. Relembremos juntos a situação, apresente sua defesa para provar inocência. Desde o princípio, seu primeiro antepassado pecou, e seus líderes se rebelaram contra mim. Por isso, humilhei seus sacerdotes; decretei destruição total para Jacó, vergonha para Israel.” “Agora ouça-me, meu servo Jacó, Israel, meu escolhido. O S enhor, que o criou e que o ajuda, diz: Não tema, ó Jacó, meu servo, ó querido Israel, meu escolhido. Pois eu derramarei água para matar sua sede e regar seus campos secos. Derramarei meu Espírito sobre seus descendentes e minha bênção sobre suas futuras gerações. Eles crescerão como capim regado, como salgueiros à beira do rio. Alguns afirmarão: ‘Pertenço ao S enhor ’, outros dirão: ‘Sou descendente de Jacó’. Alguns escreverão nas mãos o nome do S enhor e tomarão para si o nome Israel.” Assim diz o S enhor, Rei e Redentor de Israel, o S enhor dos Exércitos: “Eu sou o Primeiro e o Último; não há outro Deus. Quem é semelhante a mim? Que se apresente à minha frente! Que faça o que eu fiz desde os tempos antigos, quando estabeleci um povo e anunciei seu futuro. Não tremam, não tenham medo; acaso não lhes anunciei meus propósitos há muito tempo? Vocês são minhas testemunhas: há outro Deus além de mim? Não! Não há nenhuma outra Rocha, nenhuma sequer!”. Como são tolos os que fabricam ídolos! Esses objetos que tanto estimam não têm valor algum. Os que adoram ídolos não sabem disso, por isso serão envergonhados. Quem senão um tolo faria seu próprio deus, um ídolo que em nada pode ajudá-lo? Todos que adoram ídolos serão envergonhados, bem como todos esses artesãos, simples mortais que se dizem capazes de fazer um deus. Ainda que unam forças, estarão unidos em terror e vergonha. O ferreiro trabalha na forja para criar uma ferramenta afiada; martela e modela com toda a força. De tanto trabalhar, sente fome e fraqueza, fica sedento e desfalece. O escultor, por sua vez, mede um bloco de madeira e nele desenha um esboço. Trabalha com cinzel e plaina e entalha a imagem de uma pessoa. Dá à imagem beleza humana e a coloca num pequeno santuário. Corta cedros, escolhe cipreste e carvalho, planta um pinheiro no bosque, para que a chuva o faça crescer. Então, usa parte da madeira para fazer fogo e com ele se aquece e assa o pão. Depois, pega o que resta e faz para si um deus para adorar. Faz um ídolo e se curva diante dele. Queima parte da árvore para assar carne, come e se mantém aquecido. “Que fogo bom!”, diz. “Já não sinto frio!” Então, pega o que resta e faz seu deus: um ídolo esculpido. Curva-se diante dele e o adora, ora a ele e diz: “Livra-me, pois tu és meu deus!”. Quanta estupidez e ignorância! Seus olhos estão fechados, e ele não consegue ver, sua mente está fechada, e não consegue compreender. Aquele que fez o ídolo não para e pensa: “Queimei metade da madeira para me aquecer e para assar o pão e a carne; como é possível o restante ser um deus? Vou me curvar para adorar um pedaço de madeira?”. Tal pessoa se alimenta de cinzas e engana a si mesma, confia em algo que em nada pode ajudá-la. E, no entanto, não é capaz de perguntar: “Será que este ídolo que tenho em mãos não é uma mentira?”. “Preste atenção, ó Jacó, pois você é meu servo, ó Israel. Eu, o S enhor, o formei e não me esquecerei de você. Afastei seus pecados para longe, como uma nuvem; dispersei suas maldades, como a névoa da manhã. Volte para mim, pois paguei o preço do seu resgate.” Cantem, ó céus, pois o S enhor fez esta maravilha! Gritem de alegria, ó profundezas da terra! Irrompam em cânticos, ó montes, bosques e todas as árvores! Pois o S enhor resgatou Jacó e é glorificado em Israel. Assim diz o S enhor, seu Redentor e Criador: “Eu sou o S enhor, que fiz todas as coisas; sozinho estendi os céus. Quem estava comigo quando criei a terra? Mostro que os falsos profetas são mentirosos e faço os adivinhos parecerem tolos. Faço os sábios errarem suas previsões e assim provo que são insensatos. Mas cumpro as previsões de meus profetas! Por meio deles, digo a Jerusalém: ‘Este lugar voltará a ser habitado’, e às cidades de Judá: ‘Vocês serão reconstruídas; restaurarei todas as suas ruínas’. Quando eu falar aos rios: ‘Sequem’, eles secarão. Quando disser a respeito de Ciro: ‘Ele é meu pastor’, ele certamente fará tudo que eu quiser. Ele dirá: ‘Reconstruam Jerusalém!’ e ordenará: ‘Restaurem o templo!’”. É isto que diz o S enhor a Ciro, seu ungido, cuja mão direita ele fortalecerá. Diante dele, reis poderosos ficarão paralisados de medo; os portões de suas fortalezas se abrirão e nunca mais se fecharão. Assim diz ele: “Irei à sua frente, Ciro, e tornarei planos os montes; quebrarei os portões de bronze e destruirei as trancas de ferro. Eu lhe darei tesouros escondidos na escuridão, sim, riquezas secretas. Farei isso para que saiba que eu sou o S enhor, o Deus de Israel, que chama você pelo nome. “Foi por causa de Jacó, meu servo, Israel, meu escolhido, que o chamei para realizar essa tarefa. Por isso o chamei pelo nome, quando você não me conhecia. Eu sou o S enhor; não há outro Deus. Eu o preparei para a batalha, embora você não me conheça, para que todo o mundo, de leste a oeste, saiba que não há outro Deus; eu sou o S enhor, e não há outro. Formo a luz e crio as trevas, trago a paz e crio a calamidade; eu, o S enhor, faço essas coisas. “Abram-se, ó céus, e derramem justiça. Abra-se a terra, para que brote a salvação e, com ela, a justiça; eu, o S enhor, as criei. “Que aflição espera quem contesta seu Criador! Acaso o pote de barro discute com o oleiro? O barro argumenta com aquele que lhe dá forma e diz: ‘Você não está fazendo direito!’ ou exclama: ‘Você não sabe trabalhar!’? Que terrível seria se uma criança dissesse ao pai: ‘Por que você me gerou?’, e à mãe: ‘Por que me trouxe ao mundo?’”. Assim diz o S enhor, o Santo de Israel e seu Criador: “Querem questionar o que farei por meus filhos? Querem dar ordens a respeito do que minhas mãos fizeram? Eu fiz a terra e criei os seres humanos para nela habitarem. Com minhas mãos, estendi os céus, e todas as estrelas estão às minhas ordens. Levantarei esse homem para que cumpra meu justo propósito e guiarei suas ações. Ele restaurará minha cidade e libertará meu povo cativo, sem exigir recompensa nem tributo. Eu, o S enhor dos Exércitos, falei!”. Assim diz o S enhor: “Você governará os egípcios, os etíopes e os sabeus. Eles lhe trarão toda a sua mercadoria, e ela será sua. Caminharão atrás de você, como prisioneiros acorrentados; cairão de joelhos à sua frente e dirão: ‘Deus está com você, e ele é o único Deus; não há outro além dele’”. De fato, ó Deus de Israel, nosso Salvador, tu ages de formas misteriosas. Todos os artesãos que fazem ídolos serão humilhados; juntos, serão envergonhados. Mas o S enhor salvará o povo de Israel com salvação permanente; nunca mais serão humilhados e envergonhados. Pois o S enhor é Deus; criou os céus e a terra e pôs todas as coisas no devido lugar. Fez o mundo para ser habitado, e não para ser um lugar de vazio e caos. Ele diz: “Eu sou o S enhor, e não há outro. Não sussurro coisas obscuras em algum canto escondido, nem teria dito ao povo de Israel que me buscasse se não fosse possível me encontrar. Eu, o S enhor falo apenas a verdade e declaro somente o que é certo. “Reúnam-se e venham, fugitivos de nações vizinhas! Como são tolos os que levam consigo seus ídolos de madeira e oram a deuses que não podem salvar! Consultem uns aos outros e defendam sua causa, juntem-se e decidam o que dizer. Quem anunciou essas coisas tanto tempo atrás? Quem lhes disse o que aconteceria? Não fui eu, o S enhor? Pois não há outro Deus além de mim, Deus justo e Salvador; não há outro além de mim. Que todo o mundo se volte para mim para ser salvo! Pois eu sou Deus, e não há nenhum outro. Jurei por meu próprio nome, disse o que é justo e não voltarei atrás em minha palavra: Diante de mim todo joelho se dobrará, e toda língua me declarará lealdade”. O povo dirá: “O S enhor é a única fonte de minha justiça e força”. E todos que contra ele se iraram virão até ele e serão envergonhados. No S enhor, todas as gerações de Israel serão justificadas e nele se gloriarão. Bel e Nebo, os deuses da Babilônia, se curvam enquanto são postos no chão. São transportados em carros de boi, e os pobres animais tropeçam por causa do peso; tanto os ídolos como seus donos se curvam. Os deuses não podem proteger o povo, e o povo não pode proteger os deuses; vão juntos para o cativeiro. “Ouçam-me, descendentes de Jacó, todos vocês que restam em Israel. Eu os carreguei desde que nasceram, cuidei de vocês desde que estavam no ventre. Serei o seu Deus por toda a sua vida, até que seus cabelos fiquem brancos. Eu os criei e cuidarei de vocês, eu os carregarei e os salvarei. “A quem vocês me compararão? Que imagem usarão para me representar? Alguns gastam seu ouro e sua prata e contratam um artesão para lhes fazer um deus; então se curvam diante dele e o adoram! Levam-no consigo sobre os ombros e, quando o põem no lugar, ali ele fica; não pode nem mesmo se mexer! Quando alguém lhe faz uma oração, ele não responde; não pode livrar as pessoas de suas aflições. “Não se esqueçam disto; tenham-no em mente! Lembrem-se bem, ó rebeldes! Lembrem-se do que fiz no passado, pois somente eu sou Deus; eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim. Só eu posso lhes anunciar, desde já, o que acontecerá no futuro. Todos os meus planos se cumprirão, pois faço tudo que desejo. Chamarei do leste uma ave de rapina veloz, um líder de uma terra distante, para que cumpra minhas ordens. O que eu disse, isso farei. “Ouça-me, povo teimoso que está longe da justiça. Pois estou pronto para endireitar as coisas, não no futuro distante, mas agora! Estou pronto para salvar Sião e para mostrar minha glória a Israel.” “Desça, ó Babilônia, e sente-se no pó, pois chegaram ao fim seus dias no trono. A bela Babilônia nunca voltará a ser princesa encantadora e delicada. Pegue as pedras de moer e faça farinha, remova seu véu e tire seu manto; exponha-se à vista de todos. Você ficará nua e envergonhada; eu me vingarei e não terei compaixão.” Nosso Redentor, cujo nome é S enhor dos Exércitos, é o Santo de Israel. “Ó bela Babilônia, sente-se na escuridão e no silêncio; nunca mais será conhecida como rainha de reinos. Pois eu estava irado com meu povo escolhido e, para castigá-los, os entreguei em suas mãos. Mas você não teve compaixão deles e oprimiu até os idosos. Disse: ‘Serei rainha para sempre!’. Não refletiu sobre suas ações, nem pensou nas consequências. “Ouça isto, você que ama o prazer, que vive despreocupada, sentindo-se segura. Você diz: ‘Sou a única, e não há outra; nunca serei viúva nem perderei meus filhos’. Estas duas coisas lhe acontecerão no mesmo instante: ficará viúva e perderá seus filhos. Sim, essas calamidades virão sobre você, apesar de toda a sua feitiçaria e magia. “Sentia-se segura em sua maldade e dizia: ‘Ninguém me vê’. Sua sabedoria e seu conhecimento a enganavam, e pensava: ‘Sou a única, não há outra’. Por isso a desgraça a alcançará, e você não poderá evitá-la com encantamentos. A calamidade cairá sobre você, e não terá como comprar seu livramento. Uma catástrofe a atingirá de repente, e não estará preparada para ela. “Use sua magia! Use os encantamentos a que se dedicou todos esses anos! Talvez eles tenham algum proveito, talvez assustem alguém. Você está cansada de tantos conselhos; onde estão seus astrólogos, que observam as estrelas e fazem previsões todos os meses? Que se levantem e a salvem do que o futuro lhe reserva! Mas eles são como palha que queima no fogo; não podem salvar a si mesmos das chamas. Você não receberá deles ajuda alguma; a fogueira deles não aquece ninguém. Seus amigos, com quem você negociou desde a juventude, seguirão cada um o próprio caminho, e não haverá ninguém que a salve.” “Ouça-me, ó família de Jacó, vocês que são chamados pelo nome de Israel e vieram da linhagem de Judá. Escutem, vocês que juram em nome do S enhor e invocam o Deus de Israel, mas não em verdade e em justiça. Vocês se chamam de habitantes da cidade santa e dizem que confiam no Deus de Israel, cujo nome é S enhor dos Exércitos. Muito tempo atrás, eu lhes disse o que aconteceria; então agi de modo repentino, e todas as minhas previsões se cumpriram. Pois sei como vocês são teimosos; seu pescoço é rígido como ferro, e sua cabeça, dura como bronze. Por isso lhes falei o que aconteceria, anunciei de antemão o que faria, para que vocês não dissessem: ‘Meus ídolos fizeram isso; minha imagem de madeira e meu deus de metal ordenaram que acontecesse!’. Vocês ouviram minhas previsões e as viram se cumprir, mas não querem admitir. Agora lhes anuncio coisas novas, segredos que vocês ainda não conheciam. São coisas novíssimas, não do passado, para que não digam: ‘Já sabíamos disso!’. “Sim, eu lhes falarei de coisas totalmente novas, sobre as quais nunca ouviram. Pois sei muito bem que são traidores, rebeldes desde que nasceram. Contudo, por causa do meu nome e minha honra, refrearei minha ira e não os exterminarei. Eu os purifiquei, não como a prata é purificada, mas na fornalha do sofrimento. Faço isso por minha própria causa, sim, por minha própria causa. Não permitirei que meu nome seja manchado e não repartirei minha glória com outros.” “Ouça-me, ó família de Jacó, Israel, meu escolhido! Somente eu sou Deus, o Primeiro e o Último. Minha mão lançou os alicerces da terra, minha mão direita estendeu os céus lá no alto. Quando chamo as estrelas, elas aparecem todas em ordem.” Acaso algum de seus ídolos lhes disse isso? Venham todos vocês e ouçam: O S enhor escolheu seu aliado e o usará para acabar com o império da Babilônia e destruir os exércitos babilônios. “Eu disse: Eu o chamei! Sim, eu o enviarei nesta missão e o ajudarei a ter êxito. Cheguem mais perto e ouçam; desde o princípio, eu lhes disse claramente o que aconteceria.” Agora, o S enhor Soberano e seu Espírito me enviaram com esta mensagem: Assim diz o S enhor, seu Redentor, o Santo de Israel: “Eu sou o S enhor, seu Deus, que lhe ensina o que é bom e o conduz pelo caminho que deve seguir. Quem dera tivesse prestado atenção às minhas ordens! Teria experimentado paz que flui como um rio, justiça que o cobriria como as ondas do mar. Seus descendentes seriam incontáveis, como a areia da praia! Não teria sido necessário destruí-lo, nem eliminar o nome de sua família”. Saiam do cativeiro! Deixem a Babilônia e os babilônios! Proclamem esta mensagem! Anunciem-na em alta voz para os confins da terra! O S enhor resgatou seus servos, o povo de Israel. Não passaram sede quando ele os guiou pelo deserto. Ele partiu a rocha, e água jorrou para que bebessem. “Mas para os perversos não há paz”, diz o S enhor. Ouçam-me, vocês em terras distantes! Prestem atenção, vocês que estão longe! O S enhor me chamou antes de meu nascimento; desde o ventre ele me chamou pelo nome. Tornou minhas palavras de juízo afiadas como espada, escondeu-me na sombra de sua mão; sou como flecha afiada em sua aljava. Ele me disse: “Você é meu servo, Israel, e me trará glória”. Respondi: “Mas meu trabalho parece tão inútil! Esforcei-me em vão, sem propósito algum. No entanto, deixo tudo nas mãos do S enhor; confio que Deus me recompensará”. Agora, fala o S enhor, aquele que no ventre me formou para ser seu servo, que me encarregou de trazer Israel de volta para ele. O S enhor me honrou, meu Deus me fortaleceu. Ele diz: “Você fará mais que restaurar o povo de Israel para mim; eu o farei luz para os gentios, e você levará minha salvação aos confins da terra”. O S enhor, o Redentor e o Santo de Israel, diz àquele que é desprezado e rejeitado pelas nações, àquele que é servo dos governantes: “Reis se levantarão quando você passar, príncipes se curvarão até o chão, por causa do S enhor, que é fiel, por causa do Santo de Israel, que o escolheu”. Assim diz o S enhor: “No tempo certo, eu lhe responderei; no dia da salvação, o ajudarei. Eu o protegerei e o darei ao povo, para que seja símbolo da minha aliança com eles. Por seu intermédio, restabelecerei a terra de Israel e a devolverei a seu povo. Direi aos prisioneiros: ‘Saiam em liberdade!’, e aos que estão na escuridão: ‘Venham para a luz!’. Serão minhas ovelhas e se alimentarão em pastos verdes e nas colinas que antes eram estéreis. Não terão fome nem sede, e o sol ardente não os atingirá. Pois o S enhor, em sua misericórdia, os guiará; ele os conduzirá a águas frescas. Transformará os montes em caminhos planos, e as estradas serão erguidas acima dos vales. Vejam, meu povo retornará de longe, de terras ao norte e a oeste, e de lugares distantes ao sul, como o Egito”. Cantem, ó céus! Alegre-se, ó terra! Irrompam em cânticos, ó montes! Pois o S enhor consolou seu povo e terá compaixão dele em meio ao sofrimento. Sião, porém, diz: “O S enhor nos abandonou, o Senhor se esqueceu de nós”. “Pode a mãe se esquecer do filho que ainda mama? Pode deixar de sentir amor pelo filho que ela deu à luz? Mesmo que isso fosse possível, eu não me esqueceria de vocês! Vejam, escrevi seu nome na palma de minhas mãos; seus muros em ruínas estão sempre em minha mente. Em breve, seus descendentes voltarão, e todos que procuram destruí-la irão embora. Olhe ao redor e veja, pois todos os seus filhos voltarão para você. Tão certo como eu vivo”, diz o S enhor, “eles serão como joias, e você se enfeitará com eles, como uma noiva se enfeita. “Seu povo logo encherá até as regiões mais desoladas de sua terra abandonada. Seus inimigos, que a escravizaram, estarão bem longe. As gerações nascidas no exílio voltarão e dirão: ‘Precisamos de mais espaço! Esta terra é pequena demais!’. Então você pensará: ‘Quem me deu todos esses descendentes? Quase todos os meus filhos foram mortos, e os que restaram foram levados para o exílio; fiquei aqui sozinha. De onde veio tanta gente? Quem os criou para mim?’” Assim diz o S enhor Soberano: “Vejam, darei um sinal às nações; elas trarão os filhos pequenos de Israel de volta nos braços e carregarão as filhas nos ombros. Reis e rainhas os servirão e atenderão a todas as suas necessidades. Eles se curvarão diante de você com o rosto no chão e lamberão o pó de seus pés. Então você saberá que eu sou o S enhor; quem confia em mim jamais será envergonhado”. Quem pode tirar o despojo das mãos de um guerreiro? Quem pode exigir que um tirano liberte seus prisioneiros? Mas o S enhor diz: “Os cativos dos guerreiros serão libertos, e o despojo dos tiranos será retomado. Pois lutarei contra os que lutam contra você e salvarei seus filhos. Alimentarei seus inimigos com a própria carne deles, ficarão bêbados com rios do próprio sangue. Todo o mundo saberá que eu, o S enhor, sou seu Salvador e seu Redentor, o Poderoso de Israel”. Assim diz o S enhor: “Acaso sua mãe foi mandada embora porque me divorciei dela? Vendi vocês como escravos para meus credores? Não, foram vendidos por causa de seus pecados, e sua mãe se foi por causa da rebeldia de vocês. Por que ninguém apareceu quando eu vim? Por que ninguém respondeu quando chamei? É porque não tenho poder para libertar? Pois eu, com uma simples palavra, seco o mar e transformo rios em desertos cheios de peixes mortos. Visto os céus com escuridão e cubro-os com roupas de luto”. O S enhor Soberano me deu suas palavras de sabedoria, para que eu saiba consolar os cansados. Todas as manhãs ele me acorda e abre meu entendimento para ouvi-lo. O S enhor Soberano falou comigo, e eu ouvi; não me rebelei nem me afastei. Ofereci as costas aos que me batiam e a face aos que me arrancavam a barba. Não escondi o rosto daqueles que zombavam de mim e em mim cuspiam. Porque o S enhor Soberano me ajuda, não serei envergonhado. Por isso, firmei o rosto como uma pedra e sei que não serei envergonhado. Aquele que me faz justiça está perto; quem se atreverá a se queixar de mim? Onde estão meus acusadores? Que se apresentem! Vejam, o S enhor Soberano está do meu lado! Quem me declarará culpado? Todos os meus inimigos serão destruídos como roupas velhas, comidas pelas traças. Quem entre vocês teme o S enhor e obedece a seu servo? Se vocês caminham na escuridão, sem um raio de luz sequer, confiem no S enhor e apoiem-se em seu Deus. Mas tenham cuidado, vocês que vivem em sua própria luz e se aquecem em seu próprio fogo. Esta é a recompensa que receberão de mim: em breve cairão em grande tormento. “Ouçam-me, todos que procuram justiça, todos que buscam o S enhor! Olhem para a rocha da qual foram cortados, para a pedreira de onde foram extraídos. Sim, pensem em Abraão, seu antepassado, e em Sara, que deu à luz sua nação. Abraão era apenas um quando eu o chamei, mas o abençoei e o tornei uma grande nação.” O S enhor voltará a consolar Sião e terá compaixão de suas ruínas. Seu deserto florescerá como o Éden, sua terra desolada, como o jardim do S enhor. Ali haverá alegria e exultação, e cânticos de gratidão encherão o ar. “Ouça-me, povo meu; escute-me, nação minha, pois minha lei será proclamada, e meu juízo se tornará luz para as nações. Minha justiça logo virá, minha salvação está a caminho; meu braço forte julgará as nações. Todas as terras distantes olharão para mim e aguardarão com esperança meu braço poderoso. Levantem os olhos para os céus lá no alto e olhem para a terra embaixo. Os céus desaparecerão como fumaça, e a terra se gastará como uma peça de roupa. Os habitantes da terra morrerão como moscas, mas minha salvação é permanente; meu governo justo não terá fim! “Ouçam-me, vocês que sabem a diferença entre certo e errado, que têm minha lei no coração. Não se assustem com o desprezo das pessoas, nem temam seus insultos. Pois a traça os comerá como se fossem uma roupa; o verme os devorará como se fossem lã. Minha justiça, porém, durará para sempre; minha salvação continuará de geração em geração!” Desperta, desperta, ó S enhor! Veste-te de força! Move teu braço poderoso! Levanta-te como fizeste nos dias passados, quando mataste o Egito, o dragão do Nilo. Não és o mesmo hoje, aquele que secou as águas e fez um caminho no fundo do mar para que seu povo atravessasse? Os que foram resgatados pelo S enhor voltarão; entrarão em Sião cantando, coroados de alegria sem fim. Tristeza e lamento desaparecerão, e eles se encherão de alegria e exultação. “Sim, sou eu quem os consola; por que, então, temem simples mortais, que murcham como o capim e desaparecem? Vocês, porém, se esqueceram do S enhor, seu Criador, aquele que estendeu os céus e lançou os alicerces da terra. Viverão com medo de opressores humanos? Continuarão a temer a ira de seus inimigos? Onde está a fúria deles agora? Em breve, todos vocês cativos serão libertos; prisão, fome e morte não serão seu destino! Pois eu sou o S enhor, seu Deus, que agita os mares e faz as ondas rugirem; meu nome é S enhor dos Exércitos. Pus minhas palavras em sua boca e o escondi em segurança em minha mão. Estendi os céus e lancei os alicerces da terra. Sou eu quem diz a Israel: ‘Tu és meu povo!’.” Desperte, desperte, ó Jerusalém! Você bebeu do cálice da ira do S enhor, bebeu do cálice do terror, virou-o até a última gota. Não sobrou nenhum de seus filhos para pegá-la pela mão e guiá-la. Duas calamidades a atingiram: desolação e destruição, fome e guerra. E quem restou para ter compaixão de você? Quem restou para consolá-la? Seus filhos desmaiaram e estão caídos pelas ruas, indefesos como antílopes pegos numa rede. O S enhor derramou sua ira, sim, Deus os repreendeu. Agora, porém, ouçam isto, vocês que estão aflitos e completamente embriagados, mas não com vinho. Assim diz o S enhor Soberano, seu Deus e Defensor: “Vejam, tirei de suas mãos o cálice terrível; não beberão mais de minha ira. Agora, darei esse cálice aos que os atormentaram e lhes disseram: ‘Pisaremos em vocês no pó e andaremos sobre suas costas’”. Desperte, desperte, ó Sião! Vista-se de força! Ponha suas lindas roupas, ó cidade santa de Jerusalém, pois os incircuncisos e os impuros não entrarão mais por seus portões. Levante-se do pó, ó Jerusalém, sente-se no lugar de honra. Tire de seu pescoço as correntes de escravidão, ó cativa Sião. Pois assim diz o S enhor: “Quando eu a vendi ao exílio, não recebi pagamento algum. Agora a resgatarei sem ter de pagar por você”. Assim diz o S enhor Soberano: “Há muito tempo, meu povo escolheu morar no Egito. Agora, a Assíria os oprime sem nenhuma razão. O que é isso?”, pergunta o S enhor. “Por que meu povo foi escravizado novamente? Aqueles que os dominam gritam de alegria. Meu nome é blasfemado o dia inteiro. Mas eu revelarei meu nome ao meu povo, e eles, por fim, reconhecerão que sou eu quem fala com eles.” Como são belos sobre os montes os pés do mensageiro que traz boas-novas, boas-novas de paz e salvação, de que o Deus de Israel reina! Os vigias gritam e cantam de alegria, pois, com os próprios olhos, veem o S enhor voltar a Sião. Que as ruínas de Jerusalém gritem de alegria, pois o S enhor consolou seu povo; ele resgatou Jerusalém. O S enhor mostrou seu santo poder diante dos olhos de todas as nações. Todos os confins da terra verão a salvação de nosso Deus. Saiam! Saiam e deixem para trás o cativeiro, não toquem no que é impuro. Saiam daí e purifiquem-se, vocês que levam de volta os objetos sagrados do S enhor. Não partirão às pressas, como quem foge para salvar a vida, pois o S enhor irá à sua frente; sim, o Deus de Israel os protegerá na retaguarda. Vejam, meu servo terá êxito; será muito exaltado. Muitos, porém, ficaram espantados quando o viram: seu rosto estava tão desfigurado que mal parecia humano; por seu aspecto, quase não era possível reconhecê-lo como homem. Ele causará assombro em muitas nações; reis ficarão mudos diante dele, pois verão aquilo que ninguém lhes havia falado, entenderão aquilo que nunca tinham ouvido. Quem creu em nossa mensagem? A quem o S enhor revelou seu braço forte? Meu servo cresceu em sua presença, como tenro broto verde, como raiz em terra seca. Não havia nada de belo nem majestoso em sua aparência, nada que nos atraísse. Foi desprezado e rejeitado, homem de dores, que conhece o sofrimento mais profundo. Demos as costas para ele e desviamos o olhar; ele foi desprezado, e não nos importamos. Apesar disso, foram as nossas enfermidades que ele tomou sobre si, e foram as nossas doenças que pesaram sobre ele. Pensamos que seu sofrimento era castigo de Deus, castigo por sua culpa. Mas ele foi ferido por causa de nossa rebeldia e esmagado por causa de nossos pecados. Sofreu o castigo para que fôssemos restaurados e recebeu açoites para que fôssemos curados. Todos nós nos desviamos como ovelhas; deixamos os caminhos de Deus para seguir os nossos caminhos. E, no entanto, o S enhor fez cair sobre ele os pecados de todos nós. Ele foi oprimido e humilhado, mas não disse uma só palavra. Foi levado como cordeiro para o matadouro; como ovelha muda diante dos tosquiadores, não abriu a boca. Condenado injustamente, foi levado embora. Ninguém se importou de ele morrer sem deixar descendentes, de sua vida ser cortada no meio do caminho. Mas ele foi ferido mortalmente por causa da rebeldia do meu povo. Não havia cometido nenhuma injustiça e jamais havia enganado alguém. Ainda assim, foi sepultado como criminoso, colocado no túmulo de um homem rico. Fazia parte do plano do S enhor esmagá-lo e causar-lhe dor. Quando, porém, sua vida for entregue como oferta pelo pecado, ele terá muitos descendentes. Terá vida longa, e o plano do S enhor prosperará em suas mãos. Quando ele vir tudo que resultar de sua angústia, ficará satisfeito. E, por causa de tudo que meu servo justo passou, ele fará que muitos sejam considerados justos, pois levará sobre si os pecados deles. Eu lhe darei as honras de um soldado vitorioso, pois ele se expôs à morte. Foi contado entre os rebeldes; levou sobre si a culpa de muitos e intercedeu pelos pecadores. “Cante, ó mulher sem filhos, você que nunca deu à luz! Cante alegremente, em alta voz, ó Jerusalém, você que nunca esteve em trabalho de parto! Pois a abandonada agora tem mais filhos que a mulher que vive com o marido”, diz o S enhor. “Amplie o lugar onde mora, construa mais um cômodo, aumente sua casa, e não economize nisso! Pois logo você transbordará para todos os lados; seus descendentes ocuparão outras nações e povoarão as cidades arruinadas. “Não se assuste; você não será envergonhada. Não tenha medo; você não sofrerá humilhação. Não se lembrará mais da vergonha de sua juventude, nem da tristeza da viuvez. Pois seu marido será aquele que a fez; o S enhor dos Exércitos é seu nome! Ele é seu Redentor, o Santo de Israel, o Deus de toda a terra. Pois o S enhor a chamou de volta de seu lamento, você que era como uma jovem esposa abandonada”, diz o seu Deus. “Por um breve tempo eu a abandonei, mas com grande compaixão a receberei de volta. Num ímpeto de fúria, escondi meu rosto de você por um momento, mas com amor eterno terei compaixão de você”, diz o S enhor, seu Redentor. “Assim como jurei no tempo de Noé que nunca mais cobriria a terra com um dilúvio, agora juro que nunca mais ficarei irado com você nem a castigarei. Pois, ainda que os montes se movam e as colinas desapareçam, meu amor por você permanecerá. A aliança de minha bênção jamais será quebrada”, diz o S enhor, que tem compaixão de você. “Ó cidade açoitada por tempestades, aflita e desolada! Eu a reconstruirei com pedras preciosas e edificarei seus alicerces com safiras. Farei suas torres de rubis cintilantes, seus portões, de joias brilhantes, seus muros, de pedras preciosas. Ensinarei seus filhos, e eles terão grande paz. Você estará segura sob um governo justo e imparcial, e seus inimigos se manterão afastados. Viverá em paz, e nenhum terror se aproximará. Se alguma nação vier lutar contra você, não será porque eu a enviei; todos que a atacarem serão derrotados. “Eu criei o ferreiro que abana as brasas do fogo e produz armas de destruição, e criei os exércitos que destroem. Naquele dia, porém, nenhuma arma voltada contra você prevalecerá. Você calará toda voz que se levantar para acusá-la. É assim que o S enhor agirá em favor de seus servos; eu lhes farei justiça. Eu, o S enhor, falei!” “Alguém tem sede? Venha e beba, mesmo que não tenha dinheiro! Venha, beba vinho ou leite; é tudo de graça! Por que gastar seu dinheiro com comida que não fortalece? Por que pagar por aquilo que não satisfaz? Ouçam-me, e vocês comerão o que é bom e se deliciarão com os alimentos mais saborosos. “Venham a mim com os ouvidos bem abertos; escutem, e encontrarão vida. Farei com vocês uma aliança permanente, o amor que fielmente prometi a Davi. Vejam como eu o usei para mostrar meu poder aos povos; eu o fiz governante das nações. Vocês também darão ordens a nações que não conhecem, e povos desconhecidos virão correndo lhes obedecer. Pois eu, o S enhor, seu Deus, o Santo de Israel, os tornei gloriosos.” Busquem o S enhor enquanto podem achá-lo; invoquem-no agora, enquanto ele está perto. Que os perversos mudem de conduta e deixem de lado até mesmo a ideia de fazer o mal. Que se voltem para o S enhor, para que ele tenha misericórdia deles; sim, voltem-se para nosso Deus, pois ele os perdoará generosamente. “Meus pensamentos são muito diferentes dos seus”, diz o S enhor, “e meus caminhos vão muito além de seus caminhos. Pois, assim como os céus são mais altos que a terra, meus caminhos são mais altos que seus caminhos, e meus pensamentos, mais altos que seus pensamentos. “A chuva e a neve descem dos céus e na terra permanecem até regá-la. Fazem brotar os cereais e produzem sementes para o agricultor e pão para os famintos. O mesmo acontece à minha palavra: eu a envio, e ela sempre produz frutos. Ela fará o que desejo e prosperará aonde quer que eu a enviar. Vocês viverão com alegria e paz; os montes e as colinas cantarão, e as árvores do campo baterão palmas. Onde antes havia espinhos, crescerá o cipreste; onde antes havia urtigas, brotará a murta. Isso resultará em glória para o nome do S enhor; será sinal permanente, que nunca será destruído.” Assim diz o S enhor: “Sejam justos e façam o que é certo, pois logo virei para livrá-los e para mostrar minha justiça entre vocês. Feliz é aquele que tiver o cuidado de agir desse modo. Feliz é aquele que honrar meus sábados e evitar fazer o mal. “Não permitam que o estrangeiro comprometido com o S enhor diga: ‘O S enhor jamais me deixará fazer parte de seu povo’. E não permitam que o eunuco diga: ‘Sou uma árvore seca, sem filhos e sem futuro’. Pois assim diz o S enhor: Eu abençoarei os eunucos que guardarem meus sábados e fizerem o que me agrada e se apegarem à minha aliança. Eu lhes darei, dentro dos muros de minha casa, um memorial e um nome muito maior que filhos e filhas. Pois o nome que lhes darei é permanente; nunca desaparecerá! “Abençoarei também os estrangeiros comprometidos com o S enhor, que o servem e amam seu nome, que o adoram e não profanam o sábado e que se apegam firmemente à minha aliança. Eu os levarei ao meu santo monte e os encherei de alegria em minha casa de oração. Aceitarei seus holocaustos e sacrifícios, pois meu templo será chamado casa de oração para todas as nações. Pois o S enhor Soberano, que traz de volta os exilados, diz: Também trarei outros de volta, além do meu povo, Israel”. Venham, animais do campo! Venham, animais do bosque! Venham e devorem! Pois os vigias do meu povo são cegos e ignorantes. São como cães de guarda mudos, que não avisam quando o perigo se aproxima. Gostam de ficar deitados, dormindo e sonhando; como cães gulosos, nunca estão satisfeitos. São pastores ignorantes; cada um segue seu caminho e procura seus interesses. Dizem: “Venham, vamos arranjar vinho e dar uma festa; vamos nos embebedar. Amanhã faremos a mesma coisa, e daremos uma festa ainda maior!”. O justo perece, e o fiel muitas vezes morre cedo, mas ninguém parece se importar nem se perguntar por quê. Ninguém parece entender que Deus os poupa do mal que virá. Pois quem anda por caminhos íntegros descansará em paz quando morrer. “Mas vocês, filhos de feiticeiras, venham cá! Aproximem-se, filhos de adúlteros e de prostitutas! De quem vocês zombam, fazendo caretas e mostrando a língua? Vocês são filhos de pecadores e de mentirosos! Adoram seus ídolos com ardente paixão, debaixo dos carvalhos e de toda árvore verdejante. Sacrificam os filhos nos vales, entre as rochas dos desfiladeiros. Seus deuses são as pedras lisas nos vales; vocês os adoram com ofertas derramadas e ofertas de cereais. Eles, e não eu, são sua herança; pensam que tudo isso me agrada? Cometeram adultério em todos os montes altos; ali adoraram seus ídolos e foram infiéis a mim. Puseram símbolos pagãos nos batentes e atrás das portas. Abandonaram-me e foram para a cama com esses deuses detestáveis. Comprometeram-se com eles e gostam de olhar seus corpos nus. Foram até Moloque, com óleo de azeite e muitos perfumes, e enviaram para longe seus mensageiros, até mesmo ao mundo dos mortos. Cansaram-se de tanto procurar, mas nunca desistiram. O desejo renovou suas forças, de modo que não ficaram exaustos. “Vocês temem esses ídolos? Eles os apavoram? Foi por isso que mentiram para mim e se esqueceram de mim e de minhas palavras? Foi por causa do meu longo silêncio que deixaram de me temer? Agora mostrarei a todos essas suas boas obras; nenhuma delas os ajudará. Vejamos se seus ídolos os salvarão quando clamarem por socorro. Até um sopro de vento é capaz de derrubá-los; basta alguém respirar sobre eles para que tombem! Mas quem confia em mim herdará a terra e possuirá meu santo monte.” Deus diz: “Preparem o caminho! Tirem do meio da estrada as rochas e as pedras, para que meu povo passe!”. O Alto e Sublime, que vive na eternidade, o Santo diz: “Habito nos lugares altos e santos, e também com os de espírito oprimido e humilde. Dou novo ânimo aos abatidos e coragem aos de coração arrependido. Porque não lutarei contra vocês para sempre, nem ficarei eternamente irado. Se o fizesse, todos morreriam, sim, todos os seres que eu criei. Por causa da cobiça do meu povo, fiquei furioso e os castiguei. Afastei-me deles, mas continuaram a seguir seu caminho obstinado. Tenho visto o que fazem, mas ainda assim irei curá-los. Eu os guiarei, consolarei os que choram, porei em seus lábios palavras de louvor. Que eles tenham muita paz, tanto os que estão perto como os que estão longe”, diz o S enhor, que os cura. “Os perversos, porém, são como o mar agitado que nunca se aquieta e revolve lama e sujeira sem parar. Para os perversos não há paz”, diz o meu Deus. “Grite alto, com todas as suas forças! Grite alto, como o som da trombeta! Fale ao meu povo, Israel, sobre sua rebeldia e seus pecados! Apesar disso, agem como se fossem piedosos! Vêm ao templo todos os dias e parecem ter prazer em aprender a meu respeito. Agem como nação justa que jamais abandonaria as leis de seu Deus. Pedem que eu atue em favor deles e fingem querer estar perto de mim. Dizem: ‘Jejuamos diante de ti! Por que não prestas atenção? Nós nos humilhamos com severidade, e tu nem reparas!’. “Vou lhes dizer por quê”, eu respondo. “É porque jejuam para satisfazer a si mesmos. Enquanto isso, oprimem seus empregados. De que adianta jejuar, se continuam a brigar e discutir? Com esse tipo de jejum, não ouvirei suas orações. Vocês se humilham ao cumprir os rituais: curvam a cabeça, como junco ao vento, vestem-se de pano de saco e cobrem-se de cinzas. É isso que chamam de jejum? Acreditam mesmo que agradará o S enhor? “Este é o tipo de jejum que desejo: Soltem os que foram presos injustamente, aliviem as cargas de seus empregados. Libertem os oprimidos, removam as correntes que prendem as pessoas. Repartam seu alimento com os famintos, ofereçam abrigo aos que não têm casa. Deem roupas aos que precisam, não se escondam dos que carecem de ajuda. “Então sua luz virá como o amanhecer, e suas feridas sararão num instante. Sua justiça os conduzirá adiante, e a glória do S enhor os protegerá na retaguarda. Então vocês clamarão, e o S enhor responderá. ‘Aqui estou’, ele dirá. “Removam o jugo pesado de opressão, parem de fazer acusações e espalhar boatos maldosos. Deem alimento aos famintos e ajudem os aflitos. Então sua luz brilhará na escuridão, e a escuridão ao redor se tornará clara como o meio-dia. O S enhor os guiará continuamente, lhes dará água quando tiverem sede e restaurará suas forças. Vocês serão como um jardim bem regado, como a fonte que não para de jorrar. Reconstruirão as ruínas desertas de suas cidades e serão conhecidos como reparadores de muros e restauradores de ruas e casas. “Guardem o sábado como dia santo; não usem esse dia para cuidar de seus interesses. Desfrutem o sábado e falem dele com prazer, como dia santo do S enhor. Honrem o sábado com tudo que fizerem nesse dia; não sigam seus desejos, nem falem coisas inúteis. Então o S enhor será sua alegria; grande honra lhes darei e os sustentarei com a propriedade que prometi a seu antepassado Jacó. Eu, o S enhor, falei!” Ouçam! O braço do S enhor não é fraco demais para salvá-los, nem seu ouvido é surdo para ouvi-los. Foram suas maldades que os separaram de Deus; por causa de seus pecados, ele se afastou e já não os ouvirá. Suas mãos estão manchadas de sangue, e seus dedos, imundos de pecado. Seus lábios estão cheios de mentiras, e sua boca transborda de corrupção. Ninguém se preocupa em ser justo e íntegro; os processos judiciais se baseiam em mentiras. As pessoas concebem maldades e dão à luz o pecado. Chocam serpentes venenosas e tecem teias de aranha. Quem comer seus ovos morrerá, quem neles pisar fará sair uma víbora. Suas teias não servem de roupa, e ninguém pode se cobrir com elas. Tudo que fazem é cheio de pecado, e a violência é sua marca. Seus pés correm para fazer o mal e se apressam em cometer homicídio. Pensam somente em pecar; por onde passam, deixam sofrimento e destruição. Não sabem onde encontrar paz, não entendem o que significa ser justo. Traçaram caminhos tortuosos, e quem os segue não sabe o que é paz. Não há retidão em nosso meio, não sabemos viver de modo justo. Procuramos luz, mas só encontramos trevas; procuramos claridade, mas andamos na escuridão. Apalpamos as paredes, como cegos; andamos tateando, como quem não tem olhos. Mesmo no mais claro meio-dia, tropeçamos como se fosse noite. Entre os vivos, somos como os mortos. Rugimos como ursos, gememos como pombas. Procuramos justiça, mas ela nunca chega; procuramos salvação, mas ela está distante de nós. Nossos pecados estão amontoados diante de Deus e testemunham contra nós; sim, sabemos que somos pecadores. Sabemos que nos rebelamos e negamos o S enhor; demos as costas para nosso Deus. Sabemos que fomos injustos e opressores; planejamos cada uma de nossas mentiras. Nossos tribunais se opõem ao que é certo; não há justiça em parte alguma. A verdade anda tropeçando pelas ruas, e a honestidade foi banida. Sim, a verdade sumiu, e quem rejeita o mal é perseguido. O S enhor viu tudo isso e se desagradou de não encontrar justiça alguma. Admirou-se porque ninguém se apresentou para ajudar os oprimidos. Então ele mesmo interveio para salvá-los com seu braço forte, e sua justiça o susteve. Vestiu a justiça como armadura e pôs na cabeça o capacete da salvação. Cobriu-se com a túnica da vingança e envolveu-se com o manto do zelo. Ele retribuirá a seus inimigos pelo mal que fizeram; sua fúria cairá sobre seus adversários, e até os confins da terra lhes dará o castigo merecido. No oeste, temerão o nome do S enhor; no leste, o glorificarão. Pois ele virá como uma forte correnteza, impelida pelo sopro do S enhor. “O Redentor virá a Jerusalém para resgatar em Israel aqueles que se afastaram de seus pecados”, diz o S enhor. “E esta é minha aliança com eles”, diz o S enhor. “Meu Espírito não os deixará, nem estas palavras que lhes dei. Estarão em seus lábios, nos lábios de seus filhos e nos lábios de seus descendentes, para sempre. Eu, o S enhor, falei!” “Levante-se, Jerusalém! Que sua luz brilhe para que todos a vejam, pois sobre você se levanta e reluz a glória do S enhor. Trevas escuras como a noite cobrem as nações da terra, mas sobre você se levanta e se manifesta a glória do S enhor. As nações virão à sua luz, os reis verão o seu esplendor. “Levante os olhos e veja, pois todos se reúnem e voltam para casa! Seus filhos vêm de terras distantes, e suas filhas pequenas são carregadas nos braços. Você os verá, e seu coração vibrará de alegria, pois comerciantes do mundo todo virão até você e lhe trarão as riquezas de muitas nações. Grandes caravanas de camelos cobrirão sua terra, camelos vindos de Midiã e de Efá. O povo de Sabá trará ouro e incenso e adorará o S enhor. Entregarão a você os rebanhos de Quedar e trarão para meus altares os carneiros de Nebaiote. Aceitarei suas ofertas e tornarei meu templo ainda mais glorioso. “O que vejo voando como nuvens para Israel, como pombas para seus ninhos? São navios dos confins da terra, de nações que confiam em mim. À frente vêm as grandes embarcações de Társis, trazendo de volta o povo de Israel, que vem de lugares distantes com sua prata e seu ouro. Eles honrarão o S enhor, seu Deus, o Santo de Israel, pois ele a encheu de esplendor. “Estrangeiros virão para reconstruir suas cidades, e seus reis a servirão. Pois, ainda que eu a tenha destruído em minha ira, por causa de minha graça terei misericórdia de você. Seus portões ficarão abertos dia e noite para receber as riquezas de muitas nações. Os reis do mundo serão conduzidos como prisioneiros num desfile de vitória. Pois as nações que não a servirem serão destruídas. “A glória do Líbano será sua: os bosques de ciprestes, abetos e pinheiros. Ela adornará meu santuário; meu templo será glorioso! Os descendentes de seus opressores virão e se curvarão diante de você. Aqueles que a desprezavam beijarão seus pés. Eles a chamarão de Cidade do S enhor, a Sião do Santo de Israel. “Antes você era desprezada e odiada, e ninguém sequer passava por você, mas agora eu a tornarei majestosa para sempre, uma alegria para todas as gerações. Reis poderosos e grandes nações atenderão a todas as suas necessidades, como se você fosse uma criança amamentada por uma rainha. Você saberá, enfim, que eu, o S enhor, sou seu Salvador e seu Redentor, o Poderoso de Israel. Trocarei seu bronze por ouro, seu ferro por prata, sua madeira por bronze, e suas pedras por ferro. A paz será seu líder, e a justiça, seu governante. A violência desaparecerá de sua terra; a desolação e a destruição da guerra chegarão ao fim. A salvação a rodeará como os muros de uma cidade, e o louvor estará nos lábios de todos que ali entrarem. “Você não precisará do brilho do sol durante o dia, nem da claridade da lua durante a noite, pois o S enhor será sua luz eterna; seu Deus será sua glória. Seu sol nunca se porá, sua lua nunca deixará de brilhar. Pois o S enhor será sua luz eterna; seus dias de lamento chegarão ao fim. Todo o seu povo será justo; possuirão a terra para sempre. Pois eu os plantarei ali com as próprias mãos, para manifestar minha glória. A menor família se tornará mil pessoas, e o grupo mais minúsculo, uma nação poderosa. No tempo certo, eu, o S enhor, farei isso acontecer.” O Espírito do S enhor Soberano está sobre mim, pois o S enhor me ungiu para levar boas-novas aos pobres. Ele me enviou para consolar os de coração quebrantado e para proclamar que os cativos serão soltos e os prisioneiros, libertos. Ele me enviou para dizer aos que choram que é chegado o tempo do favor do S enhor e o dia da ira de Deus contra seus inimigos. A todos que choram em Sião ele dará uma bela coroa em vez de cinzas, uma alegre bênção em vez de lamento, louvores festivos em vez de desespero. Em sua justiça, serão como grandes carvalhos que o S enhor plantou para sua glória. Reconstruirão as antigas ruínas, restaurarão os lugares desde muito destruídos e renovarão as cidades devastadas há gerações e gerações. Estrangeiros serão seus servos; alimentarão seus rebanhos, lavrarão seus campos e cuidarão de suas videiras. Vocês serão chamados de sacerdotes do S enhor, ministros de nosso Deus. Das riquezas das nações se alimentarão e se orgulharão de possuírem os tesouros delas. Em lugar de vergonha e desonra, desfrutarão uma porção dupla de honra. Terão prosperidade em dobro em sua terra e alegria sem fim. “Pois eu, o S enhor, amo a justiça e odeio o roubo e a maldade. Recompensarei meu povo fielmente e farei com ele aliança permanente. Seus descendentes serão reconhecidos e honrados entre as nações. Todos saberão que eles são um povo abençoado pelo S enhor.” É imensa a minha alegria no S enhor, meu Deus! Pois ele me vestiu com roupas de salvação e pôs sobre mim um manto de justiça. Sou como o noivo com suas vestes de casamento, como a noiva com suas joias. O S enhor Soberano mostrará sua justiça às nações do mundo; todos o louvarão! Será como um jardim no começo da primavera, quando as plantas brotam por toda parte. Por causa de Sião, não permanecerei quieto. Por causa de Jerusalém, não ficarei calado, até sua justiça brilhar como o amanhecer e sua salvação resplandecer como uma tocha acesa. As nações verão sua justiça, reis de todo o mundo contemplarão sua glória. E você receberá um novo nome, da boca do S enhor. Será uma esplêndida coroa na mão do S enhor, erguida na mão de Deus para que todos a vejam. Nunca mais será chamada de “Cidade Abandonada” nem de “Terra Desolada”. Seu novo nome será “Cidade do Prazer de Deus” e “Esposa de Deus”, pois o S enhor tem prazer em você e a tomará como esposa. Seus filhos se comprometerão com você, como o jovem se compromete com sua noiva. Então Deus se alegrará por você, como o noivo se alegra por sua noiva. Ó Jerusalém, coloquei vigias sobre seus muros; eles vigiarão continuamente, dia e noite. Não descansem, vocês que oram ao S enhor! Não deem descanso ao S enhor até que ele complete sua obra, até que ele torne Jerusalém motivo de orgulho de toda a terra. O S enhor jurou a Jerusalém por sua própria força: “Nunca mais a entregarei a seus inimigos; nunca mais virão guerreiros de outras nações para levar seu cereal e seu vinho novo. Vocês que colherem o cereal o comerão e louvarão o S enhor. Nos pátios do templo beberão o vinho que prensaram”. Saiam pelos portões! Saiam pelos portões! Preparem o caminho para meu povo retornar! Aplanem, aplanem a estrada e removam as pedras, levantem uma bandeira para que todas as nações a vejam! O S enhor enviou esta mensagem até os confins da terra: “Digam ao povo de Sião: Vejam, seu Salvador se aproxima! Olhem, ele traz consigo sua recompensa!”. Eles serão chamados de “Povo Santo” e “Povo que o S enhor Resgatou”. E Jerusalém será conhecida como “Lugar Desejável” e “Cidade Não Abandonada”. Quem é este que vem de Edom, da cidade de Bozra, com as roupas manchadas de vermelho? Quem é este vestido de trajes reais, que marcha em sua grande força? “Sou eu, o S enhor, anunciando sua justiça! Sou eu, o S enhor, poderoso para salvar!” Por que suas roupas estão vermelhas, como se você tivesse pisado uvas? “Pisei uvas sozinho no tanque de prensar; não havia ninguém para me ajudar. Em minha ira, esmaguei meus inimigos como se fossem uvas. Em minha fúria, pisoteei meus adversários; seu sangue manchou minhas roupas. Chegou a hora de vingar meu povo, de resgatá-los de seus opressores. Admirei-me porque ninguém se apresentou para ajudar os oprimidos. Então eu mesmo intervim para salvá-los com meu braço forte, e minha fúria me susteve. Em minha ira, esmaguei as nações; eu as fiz cambalear e cair e derramei seu sangue na terra.” Falarei do amor do S enhor, louvarei o S enhor por tudo que tem feito. Eu me alegrarei em sua grande bondade por Israel, que ele concedeu conforme sua misericórdia e seu imenso amor. Ele disse: “São meu próprio povo; certamente não me trairão outra vez”; por isso ele se tornou seu Salvador. Em todo o sofrimento deles, ele também sofreu e ele mesmo os salvou. Em seu amor e misericórdia, ele os resgatou; levantou-os e nos braços os carregou ao longo dos anos. Mas eles se rebelaram e entristeceram seu Espírito Santo. Por isso ele se tornou seu inimigo e lutou contra eles. Então eles se lembraram dos dias passados, quando Moisés tirou o povo do Egito. Clamaram: “Onde está aquele que conduziu Israel através do mar, com Moisés como pastor? Onde está aquele que enviou seu Espírito Santo para estar no meio de seu povo? Onde está aquele que manifestou seu poder quando Moisés levantou a mão, que dividiu o mar diante deles e assim tornou seu nome conhecido para sempre? Onde está aquele que os conduziu pelo fundo do mar? Eram como magníficos cavalos selvagens, correndo pelo deserto sem tropeçar. Como o gado que desce para um vale tranquilo, o Espírito do S enhor lhes deu descanso. Sim, tu conduziste teu povo e tornaste teu nome glorioso”. Ó S enhor, olha dos céus! Olha para nós de tua santa e gloriosa habitação! Onde estão o zelo e o poder que costumavas mostrar em nosso favor? Onde estão tua misericórdia e compaixão? Certamente ainda és nosso Pai! Ainda que Abraão e Jacó nos deserdassem, continuarias, S enhor, a ser nosso Pai; és nosso Redentor desde as eras passadas. Por que permitiste, S enhor, que nos desviássemos de teus caminhos? Por que nos endureceste o coração, para que deixássemos de te temer? Volta, pois somos teus servos, as tribos que são tua propriedade. Por pouco tempo teu povo santo possuiu teu lugar santo; agora nossos inimigos o destruíram. Parece que nunca pertencemos a ti; é como se nunca tivéssemos sido teu povo. Quem dera abrisses os céus e descesses! Os montes tremeriam em tua presença! Assim como o fogo faz a lenha queimar e a água ferver, tua vinda faria as nações estremecerem; então seus inimigos entenderiam a razão de tua fama! Quando desceste muito tempo atrás, realizaste coisas maravilhosas que não esperávamos; ah, como os montes tremeram diante de ti! Porque desde o começo do mundo, nenhum ouvido ouviu e nenhum olho viu um Deus semelhante a ti, que trabalha em favor dos que nele esperam. Recebes de braços abertos os que praticam a justiça com alegria, os que seguem teus caminhos. Mas ficaste muito irado conosco, pois pecamos constantemente; como seremos salvos? Estamos todos impuros por causa de nosso pecado; quando mostramos nossos atos de justiça, não passam de trapos imundos. Como as folhas das árvores, murchamos e caímos, e nossos pecados nos levam embora como o vento. Ainda assim, ninguém invoca teu nome nem suplica por tua misericórdia. Por isso te afastaste de nós e nos entregaste a nossos pecados. Apesar de tudo, ó S enhor, és nosso Pai. Nós somos o barro, e tu és o oleiro; somos todos formados por tua mão. Não te ires tanto conosco, S enhor, não te lembres para sempre de nossos pecados. Pedimos que olhes para nós e vejas que somos teu povo. Tuas cidades santas estão destruídas; Sião é um deserto, sim, Jerusalém é uma ruína desolada. O santo e belo templo, onde nossos antepassados te louvavam, foi queimado; tudo que era precioso foi destruído. Depois disso tudo, S enhor, ainda te recusarás a nos ajudar? Permanecerás calado e continuarás a nos castigar? O S enhor diz: “Estava pronto para atender, mas ninguém pediu ajuda; estava pronto para ser encontrado, mas ninguém me procurou. A uma nação que não invocava meu nome, eu disse: ‘Aqui estou! Aqui estou!’. O dia todo abri os braços para um povo rebelde, mas eles seguiram seus caminhos perversos e suas ideias distorcidas. O dia todo me insultam abertamente, ao adorarem ídolos em seus jardins e queimarem incenso em seus altares. À noite, andam no meio das sepulturas e consultam os mortos. Comem carne de porco e fazem ensopados com outros alimentos proibidos. Apesar disso, dizem uns aos outros: ‘Não se aproxime, pois vai me contaminar! Sou mais santo que você!’. Essa gente é fedor em minhas narinas, fumaça irritante que nunca passa. “Vejam, meu decreto está escrito diante de mim: Não permanecerei calado; retribuirei conforme merecem! Sim, eu lhes darei o que merecem, tanto por seus pecados como pelos pecados de seus antepassados”, diz o S enhor. “Pois eles também queimaram incenso nos montes e me insultaram nas colinas; eu lhes darei o que merecem! “Contudo, não destruirei todos eles”, diz o S enhor. “É possível encontrar uvas boas num cacho de uvas podres; pois alguém dirá: ‘Não jogue todas fora, algumas ainda estão boas!’. Assim também não destruirei todo o Israel, pois ainda tenho ali servos fiéis. Preservarei um remanescente do povo de Israel e de Judá para possuir minha terra. Aqueles que eu escolhi a herdarão, e meus servos ali habitarão. A planície de Sarom voltará a ficar cheia de rebanhos para meu povo que me buscou, e o vale de Acor servirá de pasto para o gado. “Mas, porque vocês abandonaram o S enhor e se esqueceram de seu santo monte, e porque prepararam banquetes para honrar a deusa Sorte e oferecer vinho misturado ao deus Destino, hoje eu os destinarei à espada; todos vocês se curvarão diante do carrasco. Pois, quando chamei, não responderam; quando falei, não ouviram. Praticaram o mal, bem diante dos meus olhos, e escolheram fazer o que desprezo.” Portanto, assim diz o S enhor Soberano: “Meus servos comerão, mas vocês passarão fome. Meus servos beberão, mas vocês terão sede. Meus servos se alegrarão, mas vocês serão humilhados. Meus servos cantarão de alegria, mas vocês gritarão de tristeza e desespero. Seu nome será maldição entre meu povo escolhido, pois o S enhor Soberano os destruirá e chamará seus servos por outro nome. Todos que pedem uma bênção ou fazem um juramento o farão pelo Deus da verdade. Pois deixarei de lado minha ira e me esquecerei das maldades cometidas no passado. “Vejam! Crio novos céus e nova terra, e ninguém mais pensará nas coisas passadas. Alegrem-se e exultem para sempre em minha criação! Vejam! Criarei Jerusalém para ser um lugar de celebração; seu povo será fonte de alegria. Eu me alegrarei por Jerusalém e terei prazer em meu povo. Nela não se ouvirá mais o som de pranto e clamor. “Nunca mais morrerão bebês de poucos dias, nunca mais morrerão adultos antes de terem uma vida plena. Ninguém mais será considerado velho aos cem anos; somente os amaldiçoados morrerão jovens. Naqueles dias, habitarão nas casas que construíram e comerão dos frutos de suas próprias videiras. Invasores não habitarão em suas casas, nem lhes tomarão suas videiras. Pois meu povo terá vida longa como as árvores; meus escolhidos terão tempo para desfrutar tudo que conseguiram com grande esforço. Não trabalharão inutilmente, e seus filhos não serão condenados à desgraça. Pois são um povo abençoado pelo S enhor, e seus filhos também serão abençoados. Eu os atenderei antes mesmo de clamarem a mim; enquanto ainda estiverem falando de suas necessidades, responderei a suas orações! O lobo e o cordeiro comerão juntos, o leão se alimentará de palha como o boi, mas as serpentes comerão pó. Em meu santo monte, ninguém será ferido nem destruído; eu, o S enhor falei!”. Assim diz o S enhor: “O céu é meu trono, e a terra é o suporte de meus pés. Acaso construiriam para mim um templo assim tão bom? Que lugar de descanso me poderiam fazer? Minhas mãos criaram os céus e a terra; eles e tudo que neles há são meus. Eu, o S enhor, falei! “Abençoarei os de coração humilde e oprimido, os que tremem diante de minha palavra. Quanto aos que escolhem seguir os próprios caminhos, que têm prazer em seus pecados detestáveis, não aceitarei suas ofertas. Quando oferecem um boi, é tão inaceitável quanto um sacrifício humano. Quando sacrificam um cordeiro, é como se tivessem oferecido um cão. Quando trazem uma oferta de cereal, é como uma oferta de sangue de porco. Quando queimam incenso, é como se tivessem abençoado um ídolo. Enviarei sobre eles grande aflição, tudo que mais temem. Pois, quando chamei, não responderam; quando falei, não ouviram. Praticaram o mal, bem diante dos meus olhos, e escolheram fazer o que desprezo”. Ouçam esta mensagem do S enhor, todos vocês que tremem diante de suas palavras: “Seu próprio povo os odeia e os expulsa porque são leais ao meu nome. Zombam: ‘Que o S enhor seja glorificado! Alegrem-se nele!’, mas eles serão envergonhados. Que tumulto é esse na cidade? Que barulho é esse que vem do templo? É a voz do S enhor, vingando-se de seus inimigos. “Antes mesmo que comecem as dores de parto, Jerusalém dá à luz um filho. Quem ouviu falar de algo tão estranho? Quem viu uma coisa dessas? Acaso algum país nasceu em um só dia? Alguma nação veio a existir num instante? Mas, quando começarem as dores de parto de Sião, seus filhos já terão nascido. Acaso eu levaria esta nação à hora do parto e não a faria nascer?”, diz o S enhor. “Não! Jamais a impediria de nascer”, diz o seu Deus. “Alegrem-se com Jerusalém! Exultem por ela, todos que a amam e todos que por ela choraram! Bebam de sua glória até se fartarem, como a criancinha mama e é confortada no seio da mãe.” Assim diz o S enhor: “Darei a Jerusalém um rio de paz e prosperidade; as riquezas das nações fluirão para ela. Seus filhos serão amamentados em seus seios, levados em seus braços e acalentados em seus joelhos. Eu os consolarei em Jerusalém, como a mãe consola seu filho”. Quando virem essas coisas, seu coração se alegrará; vocês florescerão como uma planta viçosa! Todos verão a mão do S enhor abençoar seus servos e sua ira pesar contra seus inimigos. Vejam, o S enhor vem com fogo, e seus carros de guerra são velozes como um vendaval. Trará castigo com a fúria de sua ira e com o fogo ardente de sua repreensão. O S enhor julgará o mundo com fogo e sua espada, e muitos serão mortos por ele. “Os que se consagram e se purificam num jardim sagrado com um ídolo no centro, que comem carne de porco e de rato e outras carnes detestáveis, terão um fim terrível”, diz o S enhor. “Eu vejo o que fazem e sei o que pensam. Por isso, reunirei todas as nações e todos os povos, e eles verão minha glória. Realizarei um sinal no meio deles. Enviarei os sobreviventes como mensageiros às nações: a Társis, aos líbios, aos lídios (flecheiros famosos), a Tubal e à Grécia e a todas as terras além do mar que não ouviram falar de minha fama nem viram minha glória. Ali, anunciarão minha glória às nações. Trarão de volta das nações os remanescentes do povo e os levarão ao meu santo monte em Jerusalém, como se fossem ofertas de cereais levadas ao templo do S enhor. Virão em cavalos, em carruagens e em carroças, em mulas e em camelos”, diz o S enhor. “E eu nomearei alguns deles para serem meus sacerdotes e levitas. Eu, o S enhor, falei! “Tão certo como meus novos céus e minha nova terra permanecerão, vocês sempre serão meu povo, com um nome que jamais desaparecerá”, diz o S enhor. “Toda a humanidade virá me adorar uma semana após a outra, um mês após o outro. Quando saírem, verão os cadáveres dos que se rebelaram contra mim. Pois os vermes que os devoram nunca morrerão, e o fogo que os queima nunca se apagará. Todos que passarem por ali os verão com o mais absoluto horror.” Estas são as palavras de Jeremias, filho de Hilquias, um dos sacerdotes da cidade de Anatote, na terra de Benjamim. O S enhor lhe deu esta mensagem no décimo terceiro ano do reinado de Josias, filho de Amom, rei de Judá. Também lhe deu outras mensagens durante todo o reinado de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá, até o décimo primeiro ano do reinado de Zedequias, outro filho de Josias. Em agosto daquele ano, o povo de Jerusalém foi levado para o exílio. O S enhor me deu esta mensagem: “Eu o conheci antes de formá-lo no ventre de sua mãe; antes de você nascer, eu o separei e o nomeei para ser meu profeta às nações”. Então eu disse: “Ó Soberano S enhor, não sou capaz de falar em teu nome! Sou jovem demais para isso!”. O S enhor respondeu: “Não diga: ‘Sou jovem demais’, pois você irá aonde eu o enviar e dirá o que eu lhe ordenar. E não tenha medo do povo, pois estarei com você e o protegerei. Eu, o S enhor, falei!”. Então o S enhor estendeu a mão, tocou minha boca e disse: “Veja, coloquei minhas palavras em sua boca! Hoje lhe dou autoridade para enfrentar nações e reinos, para arrancar e derrubar, para destruir e arrasar, para edificar e plantar”. Então o S enhor me disse: “O que você vê, Jeremias?”. Eu respondi: “Vejo o ramo de uma amendoeira”. “Você viu bem”, disse o S enhor. “Isso significa que estou vigiando e certamente realizarei todos os meus planos.” Então o S enhor falou comigo outra vez e perguntou: “O que vê agora?”. Respondi: “Vejo uma panela fervendo, derramando-se do norte para cá”. O S enhor disse: “Terror vindo do norte ferverá e se derramará sobre o povo desta terra. Ouça! Estou convocando todos os exércitos dos reinos do norte. Eu, o S enhor, falei! “Eles colocarão seus tronos junto aos portões de Jerusalém. Atacarão seus muros e todas as outras cidades de Judá. Pronunciarei julgamento contra meu povo por toda a sua maldade, por terem me abandonado e queimado incenso para outros deuses; adoram ídolos que fizeram com as próprias mãos! “Levante-se e prepare-se para agir; diga-lhes tudo que eu ordenar. Não tenha medo deles, senão o farei parecer medroso diante deles. Pois hoje eu o fortaleci como uma cidade fortificada, como uma coluna de ferro ou um muro de bronze. Você enfrentará toda esta terra: os reis, os oficiais, os sacerdotes e o povo de Judá. Eles lutarão contra você, mas não vencerão, pois estou com você e o protegerei. Eu, o S enhor, falei!”. O S enhor me deu outra mensagem: “Vá e proclame esta mensagem para Jerusalém. Assim diz o S enhor: “Lembro-me de como você desejava me agradar, quando era uma jovem noiva, muito tempo atrás. Você me amava e me seguia até mesmo no deserto. Naqueles dias, Israel era santo para o S enhor, era como os primeiros frutos de sua colheita. Todos que faziam mal a seu povo eram declarados culpados, e sobre eles vinha calamidade. Eu, o S enhor, falei!”. Ouçam a palavra do S enhor, descendentes de Jacó e todas as famílias de Israel! Assim diz o S enhor: “Que defeito seus antepassados encontraram em mim, para que se afastassem tanto? Foram atrás de ídolos inúteis, e eles próprios se tornaram inúteis. Não perguntaram: ‘Onde está o S enhor, que nos tirou do Egito em segurança e nos conduziu pelo deserto, uma terra árida e cheia de covas, terra de seca e densa escuridão, onde ninguém vive e pela qual ninguém passa?’. “E, quando eu os trouxe para uma terra fértil, para desfrutar sua fartura e as coisas boas que ela produzia, vocês contaminaram minha terra e corromperam a herança que eu lhes tinha dado. Os sacerdotes não perguntaram: ‘Onde está o S enhor?’. Os que ensinavam minha lei não me deram atenção, os governantes se voltaram contra mim, os profetas falaram em nome de Baal e foram atrás de ídolos inúteis. Portanto, apresentarei minha acusação contra vocês”, diz o S enhor. “Também apresentarei acusações contra seus descendentes. “Vão para a terra de Chipre, no oeste, e vejam; vão para a terra de Quedar, no leste, e prestem atenção. Alguém já ouviu falar de algo parecido? Alguma vez uma nação trocou seus deuses por outros, mesmo que não sejam deuses de verdade? Meu povo, no entanto, trocou seu Deus glorioso por ídolos inúteis! Os céus se espantam diante disso, ficam horrorizados e abalados”, diz o S enhor. “Pois meu povo cometeu duas maldades: Abandonaram a mim, a fonte de água viva, e cavaram para si cisternas rachadas, que não podem reter água.” “Por que Israel se tornou escravo? Por que foi levado como despojo? Leões rugiram contra ele, e a terra foi destruída. As cidades estão arruinadas, e ninguém mais vive nelas. Egípcios vindos de Mênfis e de Tafnes destruíram o orgulho de Israel. E você mesmo é responsável por isso, pois abandonou o S enhor, seu Deus, embora ele o guiasse pelo caminho! “Que lucro você teve com seus tratados com o Egito e seus acordos com a Assíria? De que lhe adiantam as águas do Nilo ou as águas do Eufrates? Sua maldade trará seu próprio castigo; será envergonhado por ter se afastado de mim e verá como é mau e amargo abandonar o S enhor, seu Deus, e não o temer. Eu, o Soberano S enhor dos Exércitos, falei! “Há muito tempo, quebrei o jugo que o oprimia e despedacei as correntes de sua escravidão. Ainda assim, você disse: ‘Jamais o servirei’. No alto dos montes e debaixo de toda árvore verdejante, você se prostituiu ao se curvar para ídolos. Contudo, eu o plantei, como videira de origem pura, da melhor qualidade; como você se transformou em videira silvestre e degenerada? Por mais sabão ou soda que use, não consegue se limpar; ainda vejo a mancha de sua culpa. Eu, o S enhor Soberano, falei!” “Você diz: ‘Não tenho mancha nenhuma! Não adorei as imagens de Baal!’. Mas como pode dizer isso? Vá a qualquer vale da terra e veja como agiu! Reconheça o que fez! Você é como a fêmea do camelo, inquieta e desesperada para encontrar um macho. É como a jumenta selvagem, que fareja o vento na época do acasalamento. Quem é capaz de conter seu desejo? Os que a desejam não precisam procurá-la, pois você vai correndo até eles! Quando parará de correr? Quando deixará de ofegar por outros deuses? Mas você diz: ‘Não adianta falar comigo; estou apaixonada pelos deuses estrangeiros e irei atrás deles’. “A nação de Israel é como ladrão que só fica envergonhado quando é pego em flagrante. O povo, seus reis, oficiais, sacerdotes e profetas são todos iguais. Dizem a um pedaço de madeira: ‘Você é meu pai’, e a um bloco de pedra: ‘Você é minha mãe’. Dão as costas para mim, mas, em tempos de aflição, clamam: ‘Vem nos salvar!’. Por que não clamam aos deuses que vocês mesmos fizeram? Que eles os salvem quando vier a aflição! Pois seus deuses são tão numerosos quanto as cidades de Judá. Por que me acusam de fazer o mal? Foram vocês que se rebelaram”, diz o S enhor. “Eu castiguei seus filhos, mas eles não aceitaram minha disciplina. Vocês mesmos mataram seus profetas, como um leão mata sua presa. “Ó meu povo, ouça as palavras do S enhor! Acaso tenho sido como um deserto para Israel? Tenho sido como uma terra de profunda escuridão? Por que, então, meu povo diz: ‘Finalmente nos livramos de Deus! Não precisamos mais dele!’? Acaso uma jovem se esquece de suas joias ou a noiva esconde seu vestido? Contudo, por anos a fio, meu povo se esqueceu de mim. “Você trama a melhor forma de conquistar seus amantes; até uma prostituta poderia aprender com você! Suas roupas estão manchadas com o sangue dos inocentes e dos pobres, embora você não os tenha pego arrombando sua casa. Ainda assim, você diz: ‘Não fiz nada de errado; certamente Deus não está irado comigo’. Agora, porém, eu a julgarei severamente, pois você afirma que não pecou. Primeiro aqui, depois ali, vai de um aliado a outro pedindo ajuda. Mas seus novos amigos no Egito a decepcionarão, como fez a Assíria. Em desespero, será levada para o exílio com as mãos sobre a cabeça, pois o S enhor rejeitou as nações em que você confia; elas em nada a ajudarão.” “Se um homem se divorciar da esposa e ela se casar com outro homem, ele não a receberá de volta, pois isso contaminaria a terra. Você, porém, se prostituiu com muitos amantes e, no entanto, quer voltar para mim?”, diz o S enhor. “Olhe para o alto dos montes: existe um só lugar em que você não tenha se contaminado pelo adultério com outros deuses? Senta-se à beira do caminho, como uma prostituta à espera de um cliente, sozinha, como um nômade no deserto. Contaminou a terra com sua prostituição e sua perversidade. Por isso não vieram as chuvas de primavera, pois você é uma prostituta descarada, que não tem vergonha alguma. Ainda assim, você me diz: ‘Pai, tens me conduzido desde minha juventude. Certamente não ficarás irado para sempre! Certamente te esquecerás do que aconteceu!’. Você fala desse modo, mas continua a praticar todo o mal possível.” Durante o reinado de Josias, o S enhor me disse: “Viu o que fez a infiel nação de Israel? Como esposa que comete adultério, Israel adorou outros deuses no alto dos montes e debaixo de toda árvore verdejante. Pensei: ‘Depois de fazer tudo isso, ela voltará para mim’, mas não voltou, e Judá, sua irmã traiçoeira, viu isso. Ela viu que me divorciei da infiel Israel por causa de seu adultério. Mas Judá, irmã traiçoeira, não teve temor algum; também me deixou e se entregou à prostituição. Israel não se preocupou nem um pouco em cometer adultério ao adorar ídolos feitos de madeira e pedra. Agora, a terra está contaminada. Apesar de tudo isso, Judá, sua irmã traiçoeira, não voltou para mim com sinceridade. Apenas fingiu estar arrependida. Eu, o S enhor, falei!”. Então o S enhor me disse: “Até mesmo a infiel Israel é menos culpada que a traiçoeira Judá! Portanto, vá e proclame esta mensagem a Israel. Assim diz o S enhor: “Ó Israel, meu povo infiel, volte para mim, pois sou misericordioso; não ficarei irado com você para sempre. Reconheça sua culpa; admita que se rebelou contra o S enhor, seu Deus, e cometeu adultério contra ele ao adorar ídolos debaixo de toda árvore verdejante. Confesse que não quis ouvir minha voz. Eu, o S enhor falei!”. O S enhor diz: “Voltem para casa, filhos rebeldes, pois eu sou seu mestre. Eu os trarei de volta a Sião — um desta cidade, dois daquela família — de onde quer que estejam dispersos. Eu lhes darei líderes segundo meu coração, que os guiarão com conhecimento e entendimento. “E, quando sua terra voltar a ficar cheia de gente”, diz o S enhor, “vocês não terão mais saudades da época em que tinham a arca da aliança do S enhor. Não sentirão falta da arca nem se lembrarão dela, e não será necessário reconstruí-la. Então Jerusalém será conhecida como ‘O Trono do S enhor ’. Todas as nações irão até lá para honrar o S enhor. Não seguirão mais os desejos teimosos de seu coração perverso. Naqueles dias, o povo de Judá e o povo de Israel voltarão juntos do exílio no norte, para a terra que dei a seus antepassados como herança para sempre. “Disse comigo: Como eu gostaria de tratá-los como filhos! Meu maior desejo era lhes dar esta linda terra, a herança mais excelente do mundo. Queria que me chamassem de ‘Pai’ e que jamais se afastassem de mim. Mas você me traiu, povo de Israel! Foi como esposa infiel que abandona o marido. Eu, o S enhor, falei.” Ouvem-se vozes no alto dos montes, choro e súplicas dos israelitas, porque escolheram caminhos tortuosos e se esqueceram do S enhor, seu Deus. “Meus filhos rebeldes”, diz o S enhor, “voltem para mim, e eu curarei a rebeldia de seu coração.” “Sim, nós voltaremos”, o povo responde, “pois tu és o S enhor, nosso Deus. Nossa idolatria nas colinas e as orgias religiosas nos montes não passam de ilusão. Somente no S enhor, nosso Deus, Israel encontrará salvação. Desde a juventude observamos nossos antepassados desperdiçarem com algo vergonhoso tudo que trabalharam para ter: rebanhos e gado, filhos e filhas. Que a vergonha nos sirva de cama, e a desonra, de cobertor, pois nós e nossos antepassados pecamos contra o S enhor, nosso Deus. Desde a juventude até hoje, nunca lhe obedecemos.” “Ó Israel”, diz o S enhor, “se quisesse, poderia voltar para mim. Poderia jogar fora seus ídolos detestáveis e nunca mais se desviar. Quando jurasse por meu nome e dissesse: ‘Tão certo como vive o S enhor ’, poderia fazê-lo em verdade, justiça e retidão. Então você seria uma bênção para as nações do mundo, e todos os povos viriam e louvariam meu nome.” Assim diz o S enhor ao povo de Judá e de Jerusalém: “Passem o arado na terra endurecida! Não desperdicem sementes entre os espinhos! Ó povo de Judá e habitantes de Jerusalém, removam os obstáculos de seu coração e mudem sua atitude perante o S enhor. Do contrário, por causa de seus pecados, minha ira arderá como fogo que ninguém pode apagar. “Anunciem em Judá e proclamem em Jerusalém! Mandem tocar a trombeta em toda a terra e avisem: ‘Reúnam-se! Corram para as cidades fortificadas!’. Levantem a bandeira para advertir Sião: ‘Fujam agora mesmo! Não demorem!’. Pois, do norte, trago sobre vocês terrível destruição!”. Um leão saiu de seu abrigo, um destruidor de nações. Saiu de sua toca e se encaminha até vocês; ele devastará sua terra. Suas cidades serão arruinadas, e ninguém viverá nelas. Portanto, vistam roupas de luto, chorem e lamentem, pois a ira ardente do S enhor ainda está sobre nós. “Naquele dia”, diz o S enhor, “os reis e os oficiais estremecerão de medo. Os sacerdotes ficarão horrorizados, e os profetas, espantados.” Então eu disse: “Ó Soberano S enhor, o povo foi enganado por aquilo que disseste, pois prometeste paz a Jerusalém, mas a espada está em nossa garganta!”. Naquele dia, o S enhor dirá ao povo de Jerusalém: “Meu povo querido, do deserto sopra um vento abrasador, e não uma brisa suave para separar a palha dos cereais. É uma rajada violenta, que eu enviei; agora pronunciarei sua sentença”. Os inimigos avançam sobre nós como nuvens de tempestade; seus carros de guerra são como vendavais, seus cavalos, mais velozes que águias. Que terrível será! Estamos perdidos! Ó Jerusalém, purifique seu coração, para que seja salva. Até quando abrigará pensamentos malignos? Sua destruição foi anunciada desde Dã até a região montanhosa de Efraim. “Avisem as nações ao redor e anunciem a Jerusalém: Os inimigos vêm de uma terra distante e dão gritos de guerra contra as cidades de Judá. Cercam Jerusalém como guardas ao redor de um campo, pois meu povo se rebelou contra mim”, diz o S enhor. “Suas próprias ações trouxeram isso sobre vocês; é um castigo amargo, que atinge o seu coração!” Meu coração, meu coração! Estou me contorcendo de dor! Meu coração bate forte dentro de mim; não consigo me aquietar! Pois ouvi o som das trombetas dos inimigos e o rugido de seus gritos de guerra. Ondas de destruição cobrem a terra, até deixá-la inteiramente desolada. De repente, minhas tendas foram destruídas; meus abrigos foram derrubados num instante. Até quando terei de ver as bandeiras e ouvir o som das trombetas? “Meu povo é tolo e não me conhece”, diz o S enhor. “São crianças sem juízo, que não entendem coisa alguma. São astutos para fazer o mal, mas não têm ideia de como fazer o bem.” Olhei para a terra, e ela estava sem forma e vazia; olhei para os céus, e não havia luz alguma. Olhei para os montes e para as colinas, e eles estremeciam e balançavam. Olhei, e todo o povo tinha desaparecido; as aves do céu voaram para longe. Olhei, e os campos férteis haviam se transformado em deserto; as cidades estavam em ruínas, por causa da ira ardente do S enhor. Assim diz o S enhor: “Toda a terra será devastada, mas não a destruirei por completo. A terra lamentará e os céus escurecerão, por causa de meu decreto contra meu povo; estou decidido e não voltarei atrás”. Ao som de cavaleiros e arqueiros, os habitantes da cidade fogem. Escondem-se entre os arbustos e correm para os montes. Todas as cidades foram abandonadas; não resta uma pessoa sequer! O que você está fazendo, cidade devastada? Por que se veste com belas roupas e põe joias de ouro? Por que pinta os olhos? De nada adiantará enfeitar-se toda! Seus aliados, que eram seus amantes, a desprezam e tentam matá-la. Ouço gritos, como os da mulher em trabalho de parto, gemidos de quem dá à luz o primeiro filho. É a bela Sião, que grita ofegante: “Socorro, estão me matando!”. “Corram por todas as ruas de Jerusalém”, diz o S enhor. “Procurem por toda parte, busquem em cada lugar! Se encontrarem ao menos uma pessoa justa e honesta, não destruirei a cidade. Contudo, mesmo quando estão sob juramento e declaram: ‘Tão certo como vive o S enhor ’, continuam a mentir!” S enhor, tu procuras honestidade; feriste teu povo, mas eles não se importaram. Tu os esmagaste, mas eles se recusaram a ser corrigidos. São teimosos, duros como pedra; não querem se arrepender. Então eu pensei: “O que se pode esperar dos pobres? Eles nada sabem. Não conhecem os caminhos do S enhor, não entendem o que a justiça de Deus exige. Portanto, irei a seus líderes e falarei com eles; por certo conhecem os caminhos do S enhor e entendem o que a justiça de Deus exige. Mas os líderes também, de comum acordo, livraram-se do jugo de Deus e quebraram suas correntes. Agora, um leão do bosque os atacará; um lobo do deserto os destruirá. Um leopardo ficará à espreita nos arredores de suas cidades e despedaçará qualquer um que se arriscar a sair. Pois sua rebeldia é grande, e muitos são seus pecados. “Como posso perdoá-los? Até mesmo seus filhos se afastaram de mim; juram por deuses que, na verdade, não são deuses! Eu os alimentei até que estivessem satisfeitos, e, no entanto, cometeram adultério e se reuniram para ir a prostíbulos! São garanhões bem alimentados e cheios de desejo, cada um relinchando para a esposa de seu próximo. Acaso não devo castigá-los por isso?”, diz o S enhor. “Não devo me vingar de uma nação como esta? “Vão por entre as fileiras dos vinhedos e destruam as videiras, mas deixem algumas vivas. Cortem os ramos das videiras, pois essa gente não pertence ao S enhor. O povo de Israel e o povo de Judá têm me traído”, diz o S enhor. “Mentiram a respeito do S enhor e disseram: ‘Ele não vai nos incomodar! Nenhuma calamidade virá sobre nós; não haverá guerra nem fome. Os profetas que ele envia são uns tagarelas que não falam em nome dele. Que suas previsões de calamidade caiam sobre eles mesmos!’.” Portanto, assim me diz o S enhor, o Deus dos Exércitos: “Porque meu povo fala desse modo, minhas mensagens sairão de sua boca como chamas de fogo e queimarão o povo como lenha. Ó Israel, trarei uma nação distante para atacá-lo”, diz o S enhor. “É uma nação poderosa, nação antiga, cuja língua você não conhece, cuja fala você não entende. Suas armas são mortais, seus guerreiros são valentes. Devorarão suas colheitas e seu alimento, seus filhos e suas filhas. Devorarão seus rebanhos e seu gado, suas uvas e seus figos. Destruirão suas cidades fortificadas, que vocês consideram tão seguras. “Mesmo naqueles dias, porém, eu não os destruirei completamente”, diz o S enhor. “E, quando o povo lhe perguntar: ‘Por que o S enhor, nosso Deus, fez tudo isso conosco?’, responda: ‘Vocês o rejeitaram e se entregaram a deuses estrangeiros em sua própria terra. Agora, servirão estrangeiros numa terra que não é de vocês’.” “Anuncie a Israel, diga a Judá: Ouça, povo tolo e insensato, que tem olhos, mas não vê, que tem ouvidos, mas não ouve. Acaso não me temem? Por que não tremem diante de mim? Eu, o S enhor, pus a areia como limite do mar, limite permanente que as águas não podem atravessar. Ainda que as ondas se levantem e se agitem, não ultrapassam os limites que estabeleci. Mas este povo tem coração teimoso e rebelde; afastaram-se de mim e me abandonaram. Não dizem com sinceridade: ‘Vivamos com temor do S enhor, nosso Deus, pois ele nos dá as chuvas de outono e de primavera e nos garante a colheita no tempo certo’. Sua perversidade afastou de vocês essas bênçãos maravilhosas; seu pecado lhes tomou todas essas coisas boas. “No meio do meu povo existem homens perversos que espreitam suas vítimas como o caçador de tocaia. Estão sempre colocando armadilhas para apanhar as pessoas. Como uma gaiola cheia de pássaros, a casa deles é cheia de tramas perversas. Por isso, são poderosos e ricos, gordos e de aparência saudável. Suas maldades não têm limites; não querem fazer justiça aos órfãos e negam os direitos dos pobres. Acaso não devo castigá-los por isso?”, diz o S enhor. “Não devo me vingar de uma nação como esta? Algo horrível e espantoso ocorre nesta terra: os profetas fazem profecias falsas, os sacerdotes governam com mão de ferro, e, pior ainda, meu povo fica feliz com isso! O que farão, porém, quando o fim chegar?” “Fujam, habitantes de Benjamim! Saiam de Jerusalém! Toquem a trombeta em Tecoa! Enviem um sinal para Bete-Haquerém! Um exército poderoso vem do norte, trazendo calamidade e destruição. Ó Sião, você é minha bela e delicada filha, mas eu a destruirei! Inimigos a cercarão, como pastores acampados ao redor da cidade; cada um escolherá um lugar para suas tropas devorarem. Gritam: ‘Preparem-se para a batalha! Ataquem ao meio-dia!’. ‘Não! É tarde demais; o dia está quase no fim, e as sombras da noite já vêm.’ ‘Então, vamos atacar à noite e destruir seus palácios!’” Assim diz o S enhor dos Exércitos: “Cortem árvores e construam rampas de ataque contra os muros de Jerusalém. Essa cidade deve ser castigada, pois dentro dela só há opressão. Dela brota maldade, como água de uma fonte; pelas ruas se ouve o som de violência e destruição, e vejo somente doenças e feridas. Ouça esta advertência, Jerusalém, ou me afastarei de você. Ouça, para que eu não a transforme num monte de ruínas, numa terra onde ninguém vive”. Assim diz o S enhor dos Exércitos: “Até os poucos que restarem em Israel serão colhidos, como faz o lavrador que examina cada videira novamente para apanhar as uvas que deixou escapar”. A quem darei esta advertência? Quem ouvirá quando eu falar? Seus ouvidos estão tapados e não conseguem escutar. Desprezam a palavra do S enhor e detestam ouvi-la. Por isso, estou cheio da ira do S enhor; estou cansado de contê-la dentro de mim! “Derramarei minha ira sobre as crianças nas ruas e sobre os jovens reunidos em grupo; sobre maridos e esposas e sobre pessoas de idade. Suas casas serão entregues a seus inimigos, e também seus campos e esposas. Pois levantarei minha mão poderosa. contra o povo desta terra”, diz o S enhor. “Desde o mais humilde até o mais importante, sua vida é dominada pela ganância. Desde os profetas até os sacerdotes, são todos impostores. Oferecem curativos superficiais para a ferida mortal do meu povo. Dão garantias de paz, quando não há paz alguma. Acaso se envergonham de sua conduta detestável? De maneira alguma! Nem sabem o que é vergonha! Portanto, estarão entre os que caírem no massacre; ficarão arruinados quando eu os castigar”, diz o S enhor. Assim diz o S enhor: “Parem nas encruzilhadas e olhem ao redor, perguntem qual é o caminho antigo, o bom caminho; andem por ele e encontrarão descanso para a alma. Vocês, porém, respondem: ‘Não é esse o caminho que queremos seguir’. Coloquei sobre vocês vigias que disseram: ‘Fiquem atentos ao som da trombeta’. Vocês, porém, respondem: ‘Não vamos prestar atenção’. “Portanto, ouçam isto, todas as nações, considerem a situação do meu povo. Ouça, toda a terra: Trarei calamidade sobre meu povo. Será fruto de suas próprias intrigas, pois não querem me ouvir; rejeitaram a minha lei. De nada adianta me oferecerem incenso doce de Sabá; fiquem com seu cálamo perfumado, importado de terras distantes! Não aceitarei seus holocaustos; seus sacrifícios não têm aroma agradável para mim”. Portanto, assim diz o S enhor: “Colocarei obstáculos no caminho deste povo; pais e filhos tropeçarão neles, vizinhos e amigos morrerão”. Assim diz o S enhor: “Vejam, um exército vem do norte! De terras distantes se levanta uma grande nação. Estão armados com arcos e lanças; são cruéis e não têm misericórdia. Quando avançam montados em cavalos, o barulho é como o rugido do mar. Vêm em formação de batalha com o intuito de destruí-la, bela Sião”. Ouvimos relatos sobre o inimigo, e nossas mãos tremem de medo. Somos tomados de pontadas de angústia, como as dores da mulher em trabalho de parto. Não saiam para os campos! Não viajem pelas estradas! A espada do inimigo está por toda parte e nos aterroriza a cada passo. Ó meu povo, vista-se de pano de saco e sente-se sobre as cinzas. Lamente e chore amargamente, como quem perdeu o único filho, pois, de repente, o destruidor virá sobre você. “Jeremias, fiz de você um examinador de metais, para que determine a qualidade do meu povo. São rebeldes da pior espécie e vivem espalhando calúnias. São duros como o bronze e o ferro e corrompem as pessoas. O fole assopra o fogo com força para separar as impurezas, mas não os purifica, pois sua maldade permanece. São chamados de ‘Prata Rejeitada’, pois eu, o S enhor, os rejeito.” O S enhor deu outra mensagem a Jeremias: “Vá à entrada do templo do S enhor e proclame esta mensagem ao povo: ‘Ó Judá, ouça esta mensagem do S enhor! Escutem, todos vocês que adoram neste lugar! Assim diz o S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel: “‘Se vocês abandonarem seus maus caminhos, deixarei que fiquem em sua própria terra. Não se deixem enganar por aqueles que lhes fazem falsas promessas e repetem: ‘O templo do S enhor está aqui! O templo do S enhor está aqui!’. Contudo, só serei misericordioso se vocês abandonarem seus pensamentos e atos perversos e começarem a tratar uns aos outros com justiça, se pararem de explorar os estrangeiros, os órfãos e as viúvas, se pararem de cometer homicídio e se deixarem de prejudicar a si mesmos ao adorar outros deuses. Então permitirei que fiquem nesta terra que há muito tempo dei a seus antepassados para sempre. “‘Não se deixem enganar por falsas promessas e conversas inúteis. Acreditam mesmo que podem roubar, matar, cometer adultério, mentir e queimar incenso para Baal e para todos os seus outros novos deuses e depois vir aqui, se apresentar diante de mim em meu templo e dizer: ‘Estamos seguros!’, para depois voltar a praticar todas essas coisas detestáveis? Vocês mesmos não reconhecem que este templo, que leva meu nome, se transformou em esconderijo de ladrões? Certamente vejo todo o mal que acontece nele. Eu, o S enhor, falei! “‘Agora, vão a Siló, o primeiro lugar onde coloquei a tenda que levava meu nome. Vejam o que fiz ali por causa da perversidade do meu povo, os israelitas. Enquanto vocês praticavam essas maldades, diz o S enhor, eu lhes falei repetidamente, mas vocês não quiseram ouvir. Eu os chamei, mas vocês se recusaram a responder. Portanto, assim como destruí Siló, agora destruirei este templo que leva meu nome, este templo no qual vocês confiam, este lugar que dei a vocês e a seus antepassados. Expulsarei vocês de minha presença e os enviarei para longe, como fiz com seus parentes, o povo de Israel’.” “Jeremias, não interceda mais por este povo. Não chore nem faça orações por eles, e não suplique para que eu os ajude, pois não o ouvirei. Não vê o que fazem nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém? Veja como as crianças juntam lenha e os pais acendem fogo para os sacrifícios. Veja como as mulheres preparam a massa e fazem bolos para a Rainha dos Céus. Além disso, apresentam ofertas derramadas para outros deuses. Tenho razão para estar tão irado! Acaso é a mim que eles prejudicam?”, pergunta o S enhor. “Na verdade, prejudicam a si mesmos, para sua própria vergonha.” Portanto, assim diz o S enhor Soberano: “Derramarei minha ira ardente sobre este lugar. Seus habitantes, seus animais, suas árvores e suas colheitas serão consumidos pelo fogo de minha ira, que ninguém pode apagar”. Assim diz o S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel: “Peguem seus holocaustos e demais sacrifícios e comam a carne vocês mesmos! Quando tirei seus antepassados do Egito, não eram ofertas e holocaustos que eu queria deles. Esta foi minha ordem: ‘Obedeçam ao que digo, e eu serei o seu Deus, e vocês serão o meu povo. Façam o que ordeno, e tudo lhes irá bem’. “Meu povo, porém, não me deu ouvidos. Continuaram a fazer o que bem queriam e a seguir os desejos teimosos de seu coração perverso. Andaram para trás em vez de avançar. Desde o dia em que seus antepassados saíram do Egito até agora, continuo a enviar meus servos, os profetas, dia após dia. Meu povo, porém, não me deu ouvidos. Foram ainda mais teimosos e desobedientes que seus antepassados. “Diga-lhes tudo isso, mas eles não escutarão. Anuncie estas advertências, mas eles não responderão. Diga-lhes: ‘Esta é a nação que não obedece ao S enhor, seu Deus, e não quer ser ensinada. A verdade já não existe no meio deles; desapareceu de seus lábios. Raspem a cabeça em sinal de luto e chorem nos montes. Pois o S enhor rejeitou e abandonou esta geração que provocou sua ira’.” “O povo de Judá pecou diante dos meus olhos”, diz o S enhor. “Colocaram ídolos detestáveis no templo que leva meu nome e o contaminaram. Construíram santuários idólatras em Tofete, no vale de Ben-Hinom, e ali sacrificaram seus filhos e filhas no fogo. Jamais ordenei tamanha maldade; nunca me passou pela mente! Portanto, tenham cuidado”, diz o S enhor, “pois está chegando o dia em que não se chamará mais Tofete, nem vale de Ben-Hinom, mas vale da Matança. Sepultarão corpos em Tofete até não haver mais lugar. Os cadáveres deste povo servirão de alimento para os abutres e os animais selvagens, e não restará ninguém para espantá-los. Acabarei com os cânticos alegres e com o riso nas ruas de Jerusalém, e já não se ouvirão as vozes felizes de noivos e de noivas nas cidades de Judá. A terra ficará inteiramente desolada.” “Naquele tempo”, diz o S enhor, “os inimigos abrirão as sepulturas dos reis e dos oficiais de Judá, e os túmulos dos sacerdotes, dos profetas e dos habitantes de Jerusalém. Espalharão os ossos no chão, diante do sol, da lua e das estrelas, os deuses que meu povo amou, serviu, seguiu, buscou e adorou. Seus ossos não serão recolhidos nem sepultados outra vez, mas ficarão espalhados no chão como esterco. E o povo que sobreviver dessa nação perversa preferirá a morte a viver nos lugares para onde os enviarei. Eu, o S enhor dos Exércitos, falei!” “Jeremias, diga ao povo: ‘Assim diz o S enhor: “‘Quando uma pessoa cai, não volta a se levantar? Quando descobre que está no caminho errado, não dá meia-volta? Então por que este povo de Jerusalém continua em seu caminho e se recusa a voltar? Apegam-se firmemente a suas mentiras e não querem retornar. Escuto suas conversas e não ouço uma só palavra verdadeira. Acaso alguém está arrependido de sua maldade? Alguém diz: ‘Que coisa terrível eu fiz’? Não! Todos correm pelo caminho do pecado, velozes como cavalos galopando para a batalha. Até a cegonha que voa pelos céus sabe a época de migrar, assim como a rolinha, a andorinha e o grou; todos voltam no tempo certo a cada ano. Meu povo, contudo, não conhece os decretos do S enhor. “‘Como podem dizer: ‘Somos sábios, pois temos a lei do S enhor ’, se seus mestres a distorcem escrevendo mentiras? Esses mestres sábios serão envergonhados e cairão na armadilha de sua insensatez, pois rejeitaram a palavra do S enhor; afinal, será que são mesmo tão sábios? Entregarei suas esposas a outros e darei seus campos a estranhos. Desde o mais humilde até o mais importante, sua vida é dominada pela ganância. Até meus profetas e sacerdotes agem desse modo; são todos impostores. Oferecem curativos superficiais para a ferida mortal do meu povo. Dão garantias de paz, quando não há paz alguma. Acaso se envergonham de sua conduta detestável? De maneira nenhuma! Nem sabem o que é vergonha! Portanto, estarão entre os que caírem no massacre; ficarão arruinados quando eu os castigar, diz o S enhor. Certamente os consumirei; não haverá mais colheita de figos nem de uvas. Suas árvores frutíferas morrerão, tudo que lhes dei em breve acabará. Eu, o S enhor, falei!’. “Então o povo dirá: ‘Por que devemos ficar parados esperando? Venham, vamos para as cidades fortificadas e morramos ali! Pois o S enhor, nosso Deus, decretou nossa destruição e nos deu um cálice de veneno para beber, pois pecamos contra o S enhor. Esperávamos paz, mas ela não veio; esperávamos tempo de cura, mas só encontramos terror’. “Desde a terra de Dã, ao norte, pode-se ouvir o bufar dos cavalos de guerra dos inimigos. O relinchar de seus garanhões faz a terra tremer; vêm para devorar a terra e tudo que nela há, tanto as cidades como seus habitantes. Enviarei essas tropas inimigas entre vocês, serpentes venenosas que ninguém consegue encantar; elas os morderão, e vocês morrerão. Eu, o S enhor, falei!” Minha tristeza não tem cura; meu coração está enfermo. Escutem o choro do meu povo, pode-se ouvi-lo por toda a terra: “Acaso o S enhor abandonou Sião? Seu rei não está mais ali?”. “Por que provocaram minha ira com ídolos esculpidos e seus inúteis deuses estrangeiros?”, diz o S enhor. O povo se lamenta: “A colheita chegou ao fim, o verão acabou, e, no entanto, não estamos salvos!”. Sofro com a dor do meu povo, lamento e sou tomado de tristeza. Não há remédio em Gileade? Não há médico ali? Por que não há cura para as feridas do meu povo? Quem dera minha cabeça fosse uma represa, e meus olhos, uma fonte de lágrimas! Choraria dia e noite por meu povo que foi massacrado. Quem dera pudesse ir para bem longe, morar numa cabana no deserto e me esquecer do meu povo! Pois todos são adúlteros, um bando de traidores. “Meu povo curva a língua como um arco para disparar mentiras. Não querem defender a verdade; vão de mal a pior e não me conhecem”, diz o S enhor. “Cuidado com seu amigo! Não confie nem mesmo em seu irmão! Pois irmão engana irmão, e amigo calunia amigo. Todos trapaceiam e mentem, ninguém diz a verdade. Com língua experiente, contam mentiras; cansam-se de tanto pecar. Amontoam falsidade sobre falsidade e se recusam a me conhecer”, diz o S enhor. Portanto, assim diz o S enhor dos Exércitos: “Vejam, eu os purificarei e os provarei, como se faz com o metal; que mais posso fazer com meu povo? Pois sua língua dispara mentiras como flechas envenenadas; falam palavras amigáveis a seus vizinhos enquanto, no coração, tramam matá-los. Acaso não devo castigá-los por isso?”, diz o S enhor. “Não devo me vingar de uma nação como esta?” Chorarei pelos montes e lamentarei pelas pastagens no deserto. Pois estão desolados e sem vida; não se ouve mais o mugido do gado, e as aves e os animais selvagens fugiram. “Farei de Jerusalém um monte de ruínas; será morada de chacais. As cidades de Judá serão abandonadas, e ninguém viverá nelas”, diz o S enhor. Quem é sábio o bastante para entender todas essas coisas? Quem foi instruído pelo S enhor para explicá-las? Por que a terra foi arruinada de tal modo que ninguém tem coragem de passar por ela? O S enhor responde: “Isso aconteceu porque meu povo abandonou a minha lei; não quiseram obedecer às minhas instruções. Em vez disso, seguiram os desejos teimosos de seu coração e adoraram imagens de Baal, como seus antepassados lhes ensinaram. Agora, assim diz o S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Ouçam! Eu os alimentarei com amargura e lhes darei veneno para beber. Eu os espalharei por todo o mundo, até lugares de que nem eles nem seus antepassados ouviram falar. Mesmo lá, eu os perseguirei com a espada até que os tenha destruído por completo”. Assim diz o S enhor dos Exércitos: “Considerem tudo isso e chamem as mulheres que pranteiam; mandem trazer aquelas que choram em funerais. Venham depressa! Comecem a lamentar! Que seus olhos se encham de lágrimas. Ouçam o pranto desesperado do povo de Sião: ‘Estamos arruinados! Que humilhação! Temos de deixar nossa terra, pois nossas casas foram destruídas!’”. Ouçam, mulheres, as palavras do S enhor, abram os ouvidos para o que ele tem a dizer. Ensinem as filhas a prantear, ensinem umas às outras a lamentar. Pois a morte subiu por nossas janelas e entrou em nossas mansões. Exterminou as crianças que brincavam nas ruas e os jovens que se reuniam nas praças. Assim diz o S enhor: “Corpos ficarão espalhados pelos campos como montes de esterco, como feixes de cereal depois da colheita; não restará ninguém para enterrá-los”. Assim diz o S enhor: “Que o sábio não se orgulhe de sua sabedoria, nem o poderoso de seu poder, nem o rico de suas riquezas. Aquele que deseja se orgulhar, que se orgulhe somente disto: de me conhecer e entender que eu sou o S enhor, que demonstra amor leal e traz justiça e retidão à terra; isso é o que me agrada. Eu, o S enhor, falei! “Está chegando o dia”, diz o S enhor, “em que castigarei todos, tanto circuncidados como incircuncisos: os egípcios, os edomitas, os amonitas, os moabitas, os povos que vivem no deserto, em lugares distantes, e até mesmo o povo de Judá. Pois, como todas essas nações, o povo de Israel também tem o coração incircunciso.” Ó Israel, ouça esta palavra do S enhor para você! Assim diz o S enhor: “Não se comportem como as outras nações, que tentam ler seu futuro nas estrelas. Não tenham medo de suas previsões, ainda que elas encham outras nações de terror. Os costumes dessas nações são inúteis: cortam uma árvore, e dela o artesão esculpe um ídolo. Enfeitam-no com ouro e prata e fixam-no com martelo e pregos, para que não tombe. Seus deuses são como espantalhos numa plantação de pepinos. Não são capazes de falar e precisam ser carregados, pois não conseguem andar. Não tenham medo desses deuses, pois não podem lhes fazer nem mal, nem bem”. S enhor, não há ninguém semelhante a ti! Tu és grande, e teu nome é poderoso. Quem não te temeria, ó Rei das nações? Esse título pertence a ti somente! Entre todos os sábios da terra e em todos os reinos do mundo, não há ninguém semelhante a ti. Os que adoram ídolos são tolos e insensatos; adoram objetos feitos de madeira. Trazem placas de prata batida de Társis e ouro de Ufaz e entregam a artesãos habilidosos, que fazem seus ídolos. Vestem-nos com mantos azuis e roxos, feitos por hábeis alfaiates. Mas o S enhor é o único Deus verdadeiro; ele é o Deus vivo e o Rei eterno! A terra treme com sua ira; as nações não podem suportar sua fúria. Diga isto àqueles que adoram outros deuses: “Esses deuses, que não fizeram os céus nem a terra, desaparecerão da terra e de debaixo dos céus”. O S enhor, porém, fez a terra com seu poder e a estabeleceu com sua sabedoria. Com seu entendimento, estendeu os céus. Quando fala no meio do trovão, as chuvas rugem nos céus. Eleva as nuvens acima da terra, envia relâmpagos com a chuva e ordena que o vento saia de seus depósitos. Todo ser humano é tolo e não tem conhecimento! Os artesãos são envergonhados pelos ídolos que fazem, pois as imagens que esculpiram são uma fraude; não têm fôlego nem poder. Os ídolos são inúteis, são mentiras ridículas; no dia do acerto de contas, serão todos destruídos. Mas o Deus de Israel não é como esses ídolos; ele é o Criador de todas as coisas, incluindo Israel, a nação que lhe pertence. Seu nome é S enhor dos Exércitos! Reúnam seus pertences e preparem-se para partir; o cerco está para começar. Pois assim diz o S enhor: “Lançarei fora repentinamente todos vocês que vivem nesta terra. Derramarei sobre vocês grandes aflições; finalmente sentirão minha ira”. Minha ferida é grave, e minha dor é grande. Minha doença não tem cura, mas devo suportá-la. Destruíram minha casa, e não resta ninguém que me ajude a reconstruí-la. Levaram meus filhos; nunca mais os verei. Os pastores do meu povo perderam a razão; não buscam mais o S enhor. Por isso fracassaram, e seus rebanhos estão espalhados. Ouçam o ruído assustador dos grandes exércitos que avançam do norte! As cidades de Judá serão destruídas e se tornarão morada de chacais. Eu sei, ó S enhor, que nossa vida não nos pertence; não somos capazes de planejar o próprio caminho. Por isso, S enhor, corrige-me, mas não sejas severo demais; não uses tua ira, pois se o fizesses eu morreria. Derrama tua fúria sobre as nações que não te conhecem, sobre os povos que não invocam teu nome. Pois devoraram teu povo, Israel; sim, o devoraram e o consumiram, transformando a terra num lugar desolado. O S enhor deu outra mensagem a Jeremias: “Lembre os habitantes de Judá e de Jerusalém dos termos de minha aliança com eles. Diga-lhes: ‘Assim diz o S enhor, o Deus de Israel: Maldito será aquele que não obedecer aos termos de minha aliança! Pois eu disse a seus antepassados quando os tirei do Egito, uma fornalha de fundir ferro: ‘Se vocês me obedecerem e fizerem tudo que ordeno, serão o meu povo, e eu serei o seu Deus’. Disse isso para cumprir a promessa que fiz a seus antepassados de lhes dar uma terra que produzisse leite e mel com fartura, a terra em que hoje vocês habitam’”. Então eu respondi: “Que assim seja, S enhor!”. E o S enhor disse: “Proclame esta mensagem nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém. Diga: ‘Lembrem-se da antiga aliança e de todas as suas exigências. Pois adverti solenemente seus antepassados quando os tirei do Egito: ‘Obedeçam-me!’. Repeti essa advertência inúmeras vezes até hoje, mas seus antepassados não me deram ouvidos nem prestaram atenção. Pelo contrário, seguiram os desejos teimosos de seu coração perverso. E, porque se recusaram a obedecer, eu trouxe sobre eles todas as maldições descritas nesta aliança’”. O S enhor falou comigo novamente e disse: “Descobri uma conspiração contra mim entre os habitantes de Judá e de Jerusalém. Voltaram aos pecados de seus antepassados. Não quiseram me ouvir e adoraram outros deuses. Israel e Judá quebraram a aliança que fiz com seus antepassados. Por isso, assim diz o S enhor: Trarei calamidade sobre eles, e não escaparão. Ainda que me supliquem, não ouvirei seu clamor. Os habitantes de Judá e de Jerusalém clamarão a seus ídolos e queimarão incenso para eles, mas os ídolos não os salvarão quando vier a calamidade. Vejam, habitantes de Judá, seus deuses são tão numerosos quanto suas cidades! Seus altares vergonhosos, altares para queimar incenso a Baal, são tão numerosos quanto as ruas de Jerusalém! “Portanto, Jeremias, não ore mais por este povo. Não chore por eles, pois não os ouvirei quando clamarem a mim em sua aflição. “Que direito tem meu povo amado de vir ao meu templo depois de ter cometido tanta imoralidade? Acaso seus votos e sacrifícios poderão evitar sua destruição? A verdade é que se alegram em praticar o mal. Eu, o S enhor, os chamava de oliveira verdejante, bonita de ver e cheia de bons frutos. Agora, porém, enviei a fúria de seus inimigos para incendiar e destruir seus ramos. “Eu, o S enhor dos Exércitos, que plantei essa oliveira, ordenei que fosse destruída. Pois o povo de Israel e o povo de Judá fizeram o mal e provocaram minha ira ao queimar incenso a Baal”. Então o S enhor me falou das conspirações que meus inimigos tramavam contra mim. Eu era como cordeiro levado para o matadouro. Não fazia ideia de que planejavam me matar. “Vamos destruir esse homem e suas palavras!”, diziam. “Vamos derrubá-lo para que seu nome seja esquecido para sempre!” Ó S enhor dos Exércitos, tu julgas com justiça e examinas pensamentos e emoções. Permite que eu veja tua vingança contra eles, pois coloquei minha causa em tuas mãos. Assim diz o S enhor a respeito dos homens de Anatote que queriam me ver morto. Eles tinham dito: “Nós o mataremos se não parar de profetizar em nome do S enhor ”. Portanto, assim diz o S enhor dos Exércitos a respeito deles: “Eu os castigarei! Seus jovens morrerão na batalha, e seus filhos e filhas morrerão de fome. Nenhum dos conspiradores de Anatote sobreviverá, pois eu trarei calamidade sobre eles quando chegar a hora de seu castigo”. S enhor, tu sempre me fazes justiça quando apresento uma causa diante de ti. Portanto, desejo te fazer esta queixa: Por que os perversos são tão prósperos? Por que os desonestos vivem em paz? Tu os plantaste, e eles criaram raízes e deram frutos. Teu nome está em seus lábios, mas tu estás longe de seu coração. Quanto a mim, S enhor, tu me conheces; tu me vês e provas meus pensamentos. Arrasta essa gente como ovelhas para o matadouro; separa-os para a matança! Até quando esta terra ficará de luto? Até o capim nos campos secou. Os animais selvagens e as aves desapareceram por causa da maldade dos que nela habitam. Pois o povo disse: “O S enhor não vê o que o futuro nos reserva!”. “Se correr com homens o deixa cansado, como poderá competir com cavalos? Se tropeça e cai em campo aberto, o que fará nas matas junto ao Jordão? Até seus irmãos, membros de sua família, se voltaram contra você; conspiram e se queixam a seu respeito. Não confie neles, por mais agradáveis que sejam suas palavras. “Abandonei meu povo, a nação que me pertence; entreguei aqueles que eu mais amo a seus inimigos. Meu povo escolhido rugiu contra mim como leão no bosque, por isso os tratei com desprezo. Meu povo escolhido age como ave de rapina, mas ele próprio será cercado por abutres; tragam os animais selvagens para devorar os cadáveres! “Muitos governantes destruíram meu vinhedo; pisotearam minha propriedade e transformaram sua beleza em deserto. Fizeram dela uma terra devastada; ouço seu triste lamento. Toda a terra está desolada, e ninguém se importa. Pode-se ver exércitos destruidores no alto dos montes. A espada do S enhor devora o povo de uma extremidade à outra da terra; ninguém escapará! Meu povo semeou trigo, mas colhe espinhos. Esforçou-se muito, mas de nada adiantou. Terá uma colheita de vergonha por causa da ira ardente do S enhor.” Assim diz o S enhor: “Arrancarei de suas terras todas as nações perversas que se apossam da herança que dei ao meu povo, Israel. E arrancarei Judá do meio delas. Depois disso, porém, voltarei e terei compaixão de todos eles. Eu os trarei de volta às suas terras, cada nação à sua herança. E se, verdadeiramente, essas nações aprenderem os caminhos do meu povo e jurarem por meu nome: ‘Tão certo como vive o S enhor ’ — como ensinaram meu povo a jurar pelo nome de Baal —, elas receberão um lugar no meio do meu povo. Mas qualquer nação que não quiser me obedecer será arrancada e destruída. Eu, o S enhor, falei!”. O S enhor me disse: “Vá, compre um cinto de linho e vista-o, mas não o lave”. Comprei o cinto de linho, como o S enhor me havia instruído, e o vesti. Então recebi outra mensagem do S enhor: “Pegue o cinto de linho que está vestindo e vá ao rio Eufrates. Esconda-o ali, num buraco entre as pedras”. Fui e o escondi junto ao Eufrates, como o S enhor me havia ordenado. Depois de muito tempo, o S enhor me disse: “Volte ao rio Eufrates e pegue o cinto que eu lhe disse que escondesse ali”. Fui ao Eufrates, cavei onde havia escondido o cinto e o tirei dali. Mas o cinto tinha apodrecido e não servia para nada. Então recebi esta mensagem do S enhor: “Assim diz o S enhor: Do mesmo modo farei apodrecer o orgulho de Judá e de Jerusalém. Este povo perverso não quer me ouvir. Seguem os desejos teimosos de seu coração e adoram outros deuses. Portanto, eles se tornarão semelhantes a esse cinto: não servirão para nada! Assim como o cinto se apega à cintura do homem, eu criei Judá e Israel para se apegarem a mim, diz o S enhor. Deveriam ser meu povo, meu louvor e minha glória, uma honra para meu nome. Mas não quiseram me ouvir. “Portanto, diga-lhes: ‘Assim diz o S enhor, o Deus de Israel: Que todas as suas vasilhas fiquem cheias de vinho’. E eles responderão: ‘Claro! As vasilhas são feitas para ficar cheias de vinho’. “Então diga-lhes: ‘Assim diz o S enhor: Deixarei todos nesta terra completamente embriagados, desde o rei sentado no trono de Davi até os sacerdotes e os profetas, e todos os habitantes de Jerusalém. Eu os despedaçarei, colocando uns contra os outros, até mesmo pais contra filhos, diz o S enhor. Não deixarei que minha piedade, nem minha misericórdia, nem minha compaixão me impeçam de destruí-los’”. Ouçam e prestem atenção; não sejam arrogantes, pois o S enhor falou. Deem glória ao S enhor, seu Deus, antes que as trevas venham sobre vocês, antes que ele os faça tropeçar e cair nos montes sombrios. Então, quando procurarem luz, só encontrarão escuridão densa e terrível. E, se ainda assim não quiserem ouvir, chorarei sozinho por causa de seu orgulho. Lágrimas amargas se derramarão de meus olhos, pois o rebanho do S enhor será levado para o exílio. Diga ao rei e à mãe dele: “Desçam de seus tronos e sentem-se no pó, pois sua coroa gloriosa será arrancada de sua cabeça”. As cidades do Neguebe fecharão os portões, e ninguém conseguirá abri-los. Os habitantes de Judá serão levados como prisioneiros; todos irão para o exílio. Abra os olhos e veja os exércitos que vêm do norte! Onde está seu rebanho, o lindo rebanho de que ele a encarregou de cuidar? O que dirá quando o S enhor colocar seus antigos aliados para a dominarem? Pontadas de angústia tomarão conta de você, como as dores da mulher em trabalho de parto. Você se perguntará: “Por que isso me aconteceu?”. Foi por causa de seus muitos pecados! Por isso os exércitos invasores arrancaram suas roupas e a violentaram. Acaso o etíope pode mudar a cor de sua pele? Pode o leopardo tirar suas manchas? De igual modo, você é incapaz de fazer o bem, pois se acostumou a fazer o mal. “Eu a dispersarei como palha levada pelos ventos do deserto. Esta é sua parte, a porção que lhe reservei”, diz o S enhor, “pois você se esqueceu de mim e confiou em falsos deuses. Eu mesmo arrancarei suas roupas, para que apareça sua vergonha. Vi seu adultério e sua lascívia, sua idolatria detestável nos campos e sobre as colinas. Que aflição a espera, Jerusalém! Quando você se purificará?” Jeremias recebeu esta mensagem do S enhor acerca da grande seca: “Judá anda chorando; o comércio às portas da cidade parou. O povo senta-se no chão, pois está de luto; de Jerusalém sobe um grande clamor. Os nobres mandam os servos buscarem água, mas todos os poços secaram. Confusos e desesperados, voltam com jarros vazios e cobrem a cabeça, entristecidos. A terra está seca e rachada por falta de chuva. Preocupados, os lavradores também cobrem a cabeça. Até a corça abandona sua cria, pois não há capim no campo. Os jumentos selvagens ficam no alto dos montes e ofegam como chacais sedentos. Forçam a vista para achar pastagem, mas nada encontram”. “Nossa maldade nos alcançou, S enhor ”, diz o povo, “ainda assim, ajuda-nos por causa do teu nome. De ti nos afastamos e contra ti pecamos repetidamente. Ó Esperança de Israel, nosso Salvador em tempos de angústia, por que és como estrangeiro entre nós? Por que és como viajante de passagem pela terra, que fica só uma noite? Acaso também estás surpreso? Nosso guerreiro valente não tem poder para nos salvar? Tu estás em nosso meio, S enhor, somos conhecidos como teu povo; por favor, não nos abandones!” Assim diz o S enhor a seu povo: “Vocês gostam de andar longe de mim e não controlam os pés. Por isso, não me agradarei mais de vocês; agora me lembrarei de toda a sua perversidade e os castigarei por seus pecados”. Então o S enhor me disse: “Não ore mais pelo bem deste povo. Quando jejuarem, não darei atenção a seu clamor. Quando apresentarem seus holocaustos e ofertas de cereal, não me agradarei. Em vez disso, os devorarei com guerra, fome e doença”. Então eu disse: “Ó Soberano S enhor, os profetas dizem ao povo: ‘Tudo está bem. Não haverá guerra nem fome. O S enhor certamente lhes dará paz’”. O S enhor me disse: “Esses profetas contam mentiras em meu nome. Não os enviei nem ordenei que falassem. Não lhes dei mensagem alguma. Profetizam a respeito de visões e revelações que nunca viram nem ouviram. Dizem tolices que inventaram em seu próprio coração mentiroso. Por isso, assim diz o S enhor: Castigarei esses profetas mentirosos, pois falam em meu nome, embora eu não os tenha enviado. Dizem que não haverá guerra nem fome, mas eles próprios morrerão por guerra e fome. Quanto ao povo para o qual profetizam, terão o corpo jogado nas ruas de Jerusalém, vítimas da fome e da guerra. Não restará ninguém para enterrá-los. Maridos, esposas, filhos e filhas, todos morrerão. Pois derramarei sobre eles sua própria maldade. Portanto, diga-lhes o seguinte: “Noite e dia, meus olhos se enchem de lágrimas; não consigo parar de chorar, pois minha filha virgem, meu povo precioso, foi derrubada e está mortalmente ferida. Se saio aos campos, vejo os corpos daqueles que o inimigo matou. Se ando pelas ruas, vejo aqueles que morreram de fome. Os profetas e sacerdotes prosseguem com seu trabalho, mas não sabem o que fazem”. S enhor, tu rejeitaste Judá completamente? Acaso odeias Sião? Por que nos feriste a ponto de não podermos ser curados? Esperávamos paz, mas ela não veio; esperávamos tempo de cura, mas só encontramos terror. S enhor, confessamos a nossa maldade e a maldade de nossos antepassados; todos pecamos contra ti. Por causa do teu nome, S enhor, não nos abandones; não desonres teu trono glorioso. Lembra-te de nós e não quebres tua aliança conosco. Acaso algum desses deuses estrangeiros pode enviar a chuva? Ela cai por si mesma do céu? Somente tu, ó S enhor, nosso Deus, podes fazer essas coisas; por isso esperamos teu socorro. Então o S enhor me disse: “Mesmo que Moisés e Samuel intercedessem diante de mim em favor deste povo, eu não ajudaria. Fora com eles! Expulse-os de minha presença! E se lhe perguntarem: ‘Para onde iremos?’, diga-lhes: ‘Assim diz o S enhor: “‘Os destinados à morte, para a morte; os destinados à guerra, para a guerra; os destinados à fome, para a fome; os destinados ao cativeiro, para o cativeiro’. “Enviarei contra eles quatro tipos de destruidores”, diz o S enhor. “Enviarei espada para matá-los, cães para arrastá-los, abutres para devorá-los e animais selvagens para acabar com o que tiver sobrado. Por causa das maldades que Manassés, filho de Ezequias, rei de Judá, fez em Jerusalém, farei de meu povo objeto de horror para todos os reinos da terra. “Quem terá compaixão de você, Jerusalém? Quem chorará por você? Quem se dará o trabalho de perguntar se está bem? Você me abandonou e me deu as costas”, diz o S enhor. “Portanto, levantarei a mão para destruí-la; estou cansado de mostrar compaixão. Às portas das cidades, eu os espalharei ao vento, como palha separada do cereal, e levarei seus filhos queridos. Destruirei meu próprio povo, pois não querem abandonar seus maus caminhos. Haverá mais viúvas que grãos de areia do mar. Ao meio-dia, trarei um destruidor contra as mães dos jovens. Farei cair sobre elas angústia e terror repentinos. A mãe de sete filhos desmaia e respira com dificuldade; para ela, o sol se pôs enquanto ainda era dia. Agora está sem filhos, envergonhada e humilhada. Entregarei os que restarem para serem mortos pelo inimigo. Eu, o S enhor falei!” Então eu disse: “Como estou aflito, minha mãe! Quem dera eu tivesse morrido ao nascer! Sou odiado em todo lugar. Não sou um credor que ameaça cobrar a dívida, nem um devedor que se recusa a pagá-la; ainda assim, todos me amaldiçoam”. O S enhor respondeu: “Eu cuidarei de você; em tempos de calamidade e aflição, seus inimigos lhe pedirão que interceda por eles. Alguém é capaz de quebrar uma barra de ferro do norte ou uma barra de bronze? Entregarei de graça sua riqueza e seus tesouros como despojo a seus inimigos, pois o pecado corre solto pela terra. Farei que seus inimigos os levem como prisioneiros para uma terra estrangeira. Pois minha ira se acendeu como fogo e arderá contra vocês”. Então eu disse: “S enhor, tu sabes o que me tem acontecido; intervém, ajuda-me e castiga meus perseguidores! Dá-me tempo, não permitas que eu morra ainda jovem; é por teu nome que tenho sofrido humilhações. Quando descobri tuas palavras, devorei-as; são minha alegria e dão prazer a meu coração, pois pertenço a ti, ó S enhor, Deus dos Exércitos. Nunca participei dos banquetes alegres do povo; sentei-me sozinho, porque tua mão pesava sobre mim, e enchi-me de indignação com os pecados deles. Por que, então, continuo a sofrer? Por que minha ferida não tem cura? Teu socorro parece incerto como um riacho inconstante; é como uma fonte que secou”. Assim diz o S enhor: “Se voltar para mim, eu o restaurarei, para que possa continuar a me servir. Se disser palavras de valor, em vez de palavras inúteis, será meu porta-voz. Você os influenciará, mas não deixará que o influenciem. Lutarão contra você como um exército, mas o tornarei invencível como uma muralha de bronze. Não o vencerão, pois estou com você para protegê-lo e livrá-lo. Eu, o S enhor, falei! Certamente o livrarei desses homens perversos e o resgatarei de suas mãos cruéis”. Recebi outra mensagem do S enhor. Ele disse: “Não se case nem tenha filhos neste lugar. Pois assim diz o S enhor a respeito dos filhos e das filhas que nascerem nesta terra e a respeito de suas mães e seus pais: Eles morrerão de doenças terríveis. Ninguém chorará por eles, nem os enterrará; ficarão espalhados pela terra como esterco. Morrerão por guerra e fome, e seus cadáveres servirão de alimento para os abutres e os animais selvagens”. Assim diz o S enhor: “Não vá a funerais para prantear, nem demonstre compaixão por este povo, pois tirei dele minha proteção; removi minha bondade e minha misericórdia. Tanto os mais importantes como os mais simples morrerão nesta terra. Ninguém os sepultará nem chorará por eles. Seus amigos não se cortarão nem rasparão a cabeça em sinal de tristeza. Ninguém oferecerá uma refeição para consolar os que estiverem de luto, nem mesmo pela morte da mãe ou do pai. Ninguém lhe dará um cálice de vinho para consolá-los. “Não vá a seus banquetes e a suas festas. Não coma nem beba com eles. Pois assim diz o S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Durante sua vida, diante de seus olhos, acabarei com os cânticos alegres e com o riso nesta terra, e não se ouvirão mais as vozes felizes de noivos e de noivas. “Quando você anunciar tudo isso ao povo, eles perguntarão: ‘Por que o S enhor decretou coisas tão terríveis contra nós? O que fizemos para ser tratados desse modo? Qual foi nosso pecado contra o S enhor, nosso Deus?’. “Então você lhes responderá que assim diz o S enhor: ‘Seus antepassados me deixaram. Adoraram e serviram outros deuses, me abandonaram e não obedeceram à minha lei. E vocês são ainda piores que seus antepassados! Seguem os desejos teimosos de seu coração perverso e não querem me ouvir. Por isso os expulsarei desta terra e os enviarei a uma terra estrangeira, onde vocês e seus antepassados nunca estiveram. Ali poderão adorar deuses dia e noite, e não lhes concederei nenhum favor’.” “Mas está chegando o dia”, diz o S enhor, “em que, ao fazer um juramento, ninguém mais dirá: ‘Tão certo como vive o S enhor, que tirou o povo de Israel da terra do Egito’. Em vez disso, dirá: ‘Tão certo como vive o S enhor, que trouxe o povo de Israel de volta da terra do norte e de todas as nações onde os havia exilado’. Pois eu os trarei de volta à terra que dei a seus antepassados. “Agora, porém, envio muitos pescadores que os pescarão”, diz o S enhor, “e envio caçadores que os caçarão nos montes, nas colinas e nas cavernas. Eu os observo de perto e vejo cada pecado. É impossível se esconderem de mim. Eu os castigarei em dobro por todos os seus pecados, pois contaminaram minha terra com as imagens sem vida de seus ídolos repulsivos e encheram minha terra com suas práticas detestáveis.” S enhor, és minha força e fortaleza, meu refúgio no dia da angústia. Nações de todo o mundo virão a ti e dirão: “Nossos antepassados nos deixaram uma herança enganosa, pois adoraram ídolos inúteis. Acaso alguém pode fazer seus próprios deuses? De maneira nenhuma são deuses verdadeiros!”. O S enhor diz: “Agora lhes mostrarei meu poder, agora lhes mostrarei minha força. Finalmente entenderão e saberão que eu sou o S enhor.” “O pecado de Judá está escrito com cinzel de ferro, gravado com ponta de diamante em seu coração de pedra e nas pontas de seus altares. Até seus filhos adoram nos altares e nos postes dedicados a Aserá, debaixo de toda árvore verdejante e no alto das colinas, nos montes e nos campos. Entregarei todas as suas riquezas, seus tesouros e seus santuários idólatras como despojo para seus inimigos, porque o pecado corre solto na terra. A herança que reservei para vocês lhes escapará por entre os dedos. Farei que seus inimigos os levem como prisioneiros para uma terra estrangeira. Pois minha ira se acendeu como fogo e arderá para sempre”. Assim diz o S enhor: “Maldito é quem confia nas pessoas, que se apoia na força humana e afasta seu coração do S enhor. É como arbusto solitário no deserto; não tem esperança alguma. Habitará em lugares desolados e estéreis, numa terra salgada, onde ninguém vive. “Feliz é quem confia no S enhor, cuja esperança é o S enhor. É como árvore plantada junto ao rio, com raízes que se estendem até as correntes de água. Não se incomoda com o calor, e suas folhas continuam verdes. Não teme os longos meses de seca, e nunca deixa de produzir frutos. “O coração humano é mais enganoso que qualquer coisa e é extremamente perverso; quem sabe, de fato, o quanto é mau? Eu, o S enhor, examino o coração e provo os pensamentos. Dou a cada pessoa a devida recompensa, de acordo com suas ações”. Como a perdiz que choca ovos de outro pássaro, assim são os que obtêm riquezas por meios injustos. Na metade da vida, perderão suas riquezas; no final, não passarão de velhos tolos. Nós, porém, adoramos diante do teu trono eterno, exaltado e glorioso. Ó S enhor, esperança de Israel, todos que se afastarem de ti serão envergonhados. Serão enterrados no pó da terra, pois abandonaram o S enhor, a fonte de água viva. Ó S enhor, se me curares, serei verdadeiramente curado; se me salvares, serei verdadeiramente salvo. Louvo somente a ti! As pessoas zombam de mim e dizem: “Onde está a mensagem do S enhor? Por que suas profecias não se cumprem?”. S enhor, não abandonei meu trabalho como pastor do teu povo. Não pedi que enviasses calamidades; ouviste tudo que eu disse. S enhor, não me aterrorizes; somente tu és meu refúgio no dia da calamidade. Traze vergonha e desespero sobre os que me perseguem, mas não permitas que eu fique envergonhado e desesperado. Traze sobre eles um dia de calamidade, sim, traze sobre eles destruição em dobro! Assim me disse o S enhor: “Vá e fique junto aos portões de Jerusalém, primeiro junto ao portão por onde o rei entra e sai, depois junto a cada um dos outros portões. Diga ao povo: ‘Ouçam esta mensagem do S enhor, reis de Judá, todo o povo de Judá e todos os habitantes de Jerusalém, vocês todos que passam por estes portões. Assim diz o S enhor: Ouçam minha advertência! Parem de negociar junto aos portões de Jerusalém no dia de sábado. Não trabalhem no sábado, mas façam dele um dia santo. Foi o que ordenei a seus antepassados, mas eles não deram ouvidos nem obedeceram. Recusaram-se teimosamente a prestar atenção e não aceitaram minha disciplina. “‘Se, contudo, vocês me obedecerem, diz o S enhor, e não negociarem junto aos portões da cidade nem trabalharem no sábado, se o guardarem como dia santo, então o rei e seus oficiais entrarão e sairão por estes portões para sempre. Sempre haverá um descendente de Davi sentado no trono em Jerusalém. Os reis e seus oficiais entrarão e sairão em carruagens e a cavalo no meio do povo de Judá, e esta cidade permanecerá para sempre. De todas as partes ao redor de Jerusalém, das cidades de Judá e Benjamim, das colinas do oeste, da região montanhosa e do Neguebe, virá gente para apresentar holocaustos e sacrifícios. Trarão ofertas de cereal, incenso e ofertas de gratidão ao templo do S enhor. “‘Mas, se vocês não me ouvirem e não guardarem o sábado como dia santo e se, nesse dia, trouxerem cargas de mercadorias pelos portões de Jerusalém como nos outros dias, porei fogo nestes portões. O fogo se espalhará até os palácios e os consumirá, e ninguém será capaz de apagar as chamas’”. O S enhor deu outra mensagem a Jeremias: “Desça até a casa do oleiro, e eu lhe falarei ali”. Fui à casa do oleiro e o encontrei trabalhando na roda. Mas o vaso de barro que ele estava fazendo não saiu como desejava, por isso ele amassou o barro e começou novamente. Então o S enhor me deu esta mensagem: “Ó Israel, acaso não posso fazer com vocês o mesmo que o oleiro fez com o barro? Como o barro está nas mãos do oleiro, vocês estão em minhas mãos. Se eu anunciar que uma nação ou reino será arrancado, derrubado e destruído, mas essa nação abandonar seus maus caminhos, não a destruirei como havia planejado. E, se eu anunciar que plantarei e edificarei uma nação ou reino, mas essa nação praticar o mal e não quiser me obedecer, não a abençoarei como havia declarado. “Portanto, Jeremias, vá e proclame a todo o povo de Judá e aos habitantes de Jerusalém: ‘Assim diz o S enhor: Planejo calamidade para vocês, e não o bem. Por isso, cada um abandone seus maus caminhos e faça o que é certo’”. “Não perca seu tempo”, o povo respondeu. “Continuaremos a viver como quisermos e a seguir os desejos teimosos de nosso coração perverso.” Portanto, assim diz o S enhor: “Quem ouviu coisa igual a essa, mesmo entre as outras nações? Israel, minha filha virgem, fez algo terrível! Pode a neve desaparecer do alto dos montes do Líbano? Podem secar-se os riachos que correm desses montes distantes? Meu povo, contudo, me abandonou e queima incenso para ídolos inúteis. Tropeçaram e saíram dos caminhos antigos e andam por trilhas lamacentas. Portanto, sua terra ficará desolada; será um monumento à sua tolice. Todos que passarem por lá ficarão pasmos e balançarão a cabeça em espanto. Espalharei meu povo diante de seus inimigos, como o vento leste espalha o pó. Darei as costas para eles e não os ajudarei em sua calamidade”. Então o povo disse: “Venham, vamos planejar um jeito de nos livrarmos de Jeremias. Temos vários sacerdotes, e também homens sábios e profetas. Não precisamos que ele nos ensine a lei, e não precisamos de seus conselhos e profecias. Vamos espalhar boatos a seu respeito e ignorar o que ele diz”. S enhor, olha para mim! Ouve o que dizem meus inimigos! Acaso se paga o bem com o mal? Cavaram um buraco para me matar, mesmo eu tendo intercedido por eles e tentado protegê-los de tua ira. Portanto, que os filhos deles morram de fome! Que morram pela espada! Que suas esposas se tornem viúvas e fiquem sem filhos! Que os mais velhos sejam mortos por uma praga, e os jovens, na batalha! Que se ouçam gritos vindos de suas casas quando guerreiros atacarem repentinamente, pois cavaram um buraco para mim e esconderam armadilhas ao longo do meu caminho. S enhor, tu conheces os planos que fizeram para me matar; não os perdoes por seus crimes nem apagues seus pecados. Que eles morram diante de ti; trata-os de acordo com a tua ira. Assim me disse o S enhor: “Vá e compre um vaso de barro. Depois, peça a alguns líderes do povo e dos sacerdotes que o acompanhem. Vá ao depósito de lixo no vale de Ben-Hinom, que fica junto ao portão dos Cacos, e proclame esta mensagem: ‘Ouçam esta mensagem do S enhor, reis de Judá e habitantes de Jerusalém! Assim diz o S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Trarei calamidade sobre este lugar, calamidade tão terrível que fará tinir os ouvidos de quem ouvir a respeito! “‘Pois o povo me abandonou e transformou este vale num lugar de perversidade. Queimam incenso a deuses estrangeiros, ídolos até então desconhecidos desta geração, de seus antepassados e dos reis de Judá. Encheram este lugar com o sangue de crianças inocentes. Construíram lugares de adoração a Baal e lhe queimaram os filhos como sacrifício. Jamais ordenei tamanha maldade; nunca me passou pela mente! Portanto, tomem cuidado, diz o S enhor, pois está chegando o dia em que este lugar não se chamará mais Tofete, nem vale de Ben-Hinom, mas vale da Matança. “‘Pois eu transtornarei os planos minuciosos de Judá e Jerusalém. Permitirei que seu povo seja massacrado por exércitos invasores e deixarei seus cadáveres para servirem de alimento para os abutres e os animais selvagens. Transformarei Jerusalém em um monte de escombros; será um monumento à sua tolice. Todos que passarem por lá ficarão pasmos e abrirão a boca de espanto quando virem suas ruínas. Farei os inimigos cercarem a cidade, até que acabe toda a comida. Então, os que estiverem presos dentro dela comerão os próprios filhos, filhas e amigos. Serão levados ao mais absoluto desespero’. “Então, Jeremias, você quebrará o vaso à vista desses homens e lhes dirá: ‘Assim diz o S enhor dos Exércitos: Como este vaso está despedaçado, assim despedaçarei o povo de Judá e o povo de Jerusalém, e não haverá quem possa restaurá-los. Enterrarão os corpos aqui em Tofete, até que não haja mais espaço. Assim farei a este lugar e a seu povo, diz o S enhor. Farei a cidade ficar contaminada como Tofete. Sim, todas as casas de Jerusalém, incluindo o palácio dos reis de Judá, se tornarão como Tofete, todas as casas em que vocês queimaram incenso nos terraços para adorar as estrelas e apresentaram ofertas derramadas para seus ídolos’”. Então Jeremias voltou de Tofete, onde havia anunciado essa mensagem, e parou diante do templo do S enhor. Ali, disse ao povo: “Assim diz o S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Trarei calamidade sobre esta cidade e sobre os povoados ao redor conforme prometi, pois vocês se recusaram teimosamente a me ouvir”. Pasur, filho de Imer, sacerdote encarregado do templo do S enhor, ouviu o que Jeremias profetizava. Mandou prender o profeta Jeremias e ordenou que o açoitassem e o pusessem no tronco junto à porta de Benjamim, no templo do S enhor. No dia seguinte, Pasur o soltou, e Jeremias disse: “Pasur, o S enhor mudou seu nome. De agora em diante, você será chamado de ‘Homem que Vive em Terror’. Pois assim diz o S enhor: ‘Enviarei terror sobre você e sobre todos os seus amigos, e você verá quando forem mortos pelas espadas do inimigo. Entregarei o povo de Judá ao rei da Babilônia, e ele os levará presos para a Babilônia ou os atravessará com a espada. Entregarei Jerusalém nas mãos de seus inimigos, e eles saquearão todos os tesouros da cidade — as pedras preciosas, o ouro e a prata de seus reis — e levarão para a Babilônia. Você, Pasur, e todos em sua casa serão levados para o exílio na Babilônia. Ali morrerão e serão sepultados, você e todos os seus amigos a quem você profetizou mentiras’”. Ó S enhor, tu me constrangeste, e eu me deixei constranger. És mais forte que eu e prevaleceste. Agora, sou motivo de zombaria todos os dias; todos riem de mim. Pois, sempre que abro a boca, é para gritar: “Violência e destruição!”. Essas mensagens do S enhor me transformaram em alvo constante de piadas. Mas, se digo que nunca mais mencionarei o S enhor, nem falarei em seu nome, sua palavra arde como fogo em meu coração; é como fogo em meus ossos. Estou cansado de tentar contê-la; é impossível! Ouvi muitos boatos a meu respeito; me chamam de “Homem que Vive em Terror” e me ameaçam: “Se disser alguma coisa, o denunciaremos”. Até os que se dizem amigos íntimos me vigiam e esperam que eu cometa algum erro fatal. Dizem: “Ele cairá em sua própria armadilha; então nos vingaremos dele”. O S enhor, porém, está ao meu lado como poderoso guerreiro. Diante dele meus perseguidores tropeçarão; não conseguirão me derrotar. Fracassarão e serão totalmente humilhados; sua desonra jamais será esquecida. Ó S enhor dos Exércitos, tu provas o justo e examinas pensamentos e emoções. Permite que eu veja tua vingança contra eles, pois coloquei minha causa em tuas mãos. Cantem ao S enhor! Louvem o S enhor! Pois ele salva o pobre e necessitado da mão de seus opressores. E, no entanto, amaldiçoo o dia em que nasci; ninguém celebre o dia em que minha mãe me deu à luz. Maldito o mensageiro que disse a meu pai: “Tenho boas notícias! Alegre-se, seu filho nasceu!”. Que ele seja destruído como as cidades antigas que o S enhor arrasou sem compaixão. Que seja aterrorizado todo o dia com gritos de guerra, pois não me matou quando nasci. Quem dera eu tivesse morrido no ventre de minha mãe e seu corpo tivesse sido minha sepultura! Por que eu nasci? Toda a minha vida é apenas sofrimento, tristeza e vergonha. O S enhor deu esta mensagem a Jeremias quando o rei Zedequias enviou Pasur, filho de Malquias, e o sacerdote Sofonias, filho de Maaseias, para falarem com o profeta. Suplicaram a Jeremias: “Consulte o S enhor por nós e peça que nos ajude. Nabucodonosor, rei da Babilônia, está atacando Judá. Quem sabe o S enhor não fará um de seus milagres poderosos, como no passado, e obrigará Nabucodonosor a retirar seus exércitos”. Jeremias respondeu: “Voltem ao rei Zedequias e digam-lhe: ‘Assim diz o S enhor, o Deus de Israel: Tornarei inúteis suas armas contra o rei da Babilônia e os babilônios que os atacam do lado de fora de seus muros. Trarei seus inimigos para dentro desta cidade. Eu mesmo lutarei contra vocês com mão forte e braço poderoso, pois é grande a minha ira. Sim, vocês me deixaram furioso! Enviarei sobre esta cidade uma peste terrível, e tanto as pessoas como os animais morrerão. Depois de tudo isso, diz o S enhor, entregarei o rei Zedequias, seus servos, e todos os habitantes desta cidade que sobreviverem à doença, à guerra e à fome a Nabucodonosor, rei da Babilônia, e a seus outros inimigos. Nabucodonosor os matará sem misericórdia, nem piedade, nem compaixão’. “Digam a todo o povo: ‘Assim diz o S enhor: Escolham entre a vida e a morte! Quem ficar em Jerusalém morrerá por guerra, fome ou doença, mas os que saírem e se renderem aos babilônios viverão. Sua recompensa será a vida. Pois decidi trazer calamidade, e não o bem, sobre esta cidade, diz o S enhor. Será entregue ao rei da Babilônia, e ele a queimará de alto a baixo’.” “Digam à família real de Judá: ‘Ouçam esta mensagem do S enhor! Assim diz o S enhor à dinastia de Davi: “‘A cada manhã, façam justiça ao povo que vocês julgam; ajudem os que são explorados e livrem-nos de seus opressores. Do contrário, minha ira arderá como fogo que ninguém é capaz de apagar, por causa de todos os seus pecados. Eu mesmo lutarei contra os habitantes de Jerusalém, essa fortaleza poderosa, contra o povo que diz: ‘Estamos seguros aqui; ninguém conseguirá entrar’. Eu mesmo os castigarei por tudo que fizeram, diz o S enhor. Acenderei um fogo em seus bosques, e ele queimará tudo ao redor’”. O S enhor me disse: “Vá e fale diretamente com o rei de Judá. Diga-lhe: ‘Ouça esta mensagem do S enhor, ó rei de Judá, sentado no trono de Davi. Que seus servos e todo o seu povo também escutem. Assim diz o S enhor: Sejam imparciais e justos. Ajudem os que são explorados e livrem-nos de seus opressores. Abandonem suas maldades: não maltratem os estrangeiros, nem os órfãos, nem as viúvas e parem de matar inocentes! Se me obedecerem, sempre haverá um descendente de Davi sentado no trono em Jerusalém. O rei passará pelas portas do palácio em carruagens e cavalos, acompanhado de seus servos e súditos. Mas, se vocês não derem ouvidos a esta advertência, juro por meu próprio nome, diz o S enhor, que este palácio se tornará um monte de escombros’”. Assim diz o S enhor acerca do palácio de Judá: “Eu o amo tanto quanto a fértil floresta de Gileade e os bosques verdes do Líbano. Contudo, o transformarei num deserto, e ninguém habitará dentro de seus muros. Chamarei demolidores, que trarão consigo suas ferramentas. Arrancarão suas belas vigas de cedro e as lançarão no fogo. “Pessoas de muitas nações passarão pelas ruínas desta cidade e dirão umas às outras: ‘Por que o S enhor destruiu esta grande cidade?’. E a resposta será: ‘Porque eles quebraram sua aliança com o S enhor, seu Deus, ao adorar e servir outros deuses’”. Não chorem pelo rei morto nem lamentem sua perda; chorem, porém, pelo rei que foi levado como prisioneiro, pois nunca mais voltará nem verá sua terra natal. Pois assim diz o S enhor acerca de Jeoacaz, que sucedeu seu pai, o rei Josias, e foi levado para o exílio: “Ele jamais voltará. Morrerá exilado numa terra distante e nunca mais verá sua terra natal”. “Que aflição espera Jeoaquim, que edifica seu palácio de forma desonesta! Constrói suas paredes com injustiça, pois obriga gente do seu povo a trabalhar sem pagar salário. Diz: ‘Construirei para mim um palácio magnífico, com salas espaçosas e muitas janelas. Revestirei tudo com painéis de cedro e pintarei de vermelho vívido’. Mas um belo palácio de cedro não faz um grande rei! Josias, seu pai, também tinha muita comida e bebida, mas em tudo que fazia era justo e íntegro; por isso tudo deu certo para ele. Fez justiça ao pobre e ao necessitado e os ajudou, e tudo lhe correu bem. Não é isso que significa me conhecer?”, diz o S enhor. “Você, porém, só tem olhos para a cobiça e a desonestidade; derrama sangue inocente e reina com crueldade e opressão.” Portanto, assim diz o S enhor acerca de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá: “O povo não lamentará por ele, nem clamará: ‘Que tristeza, meu irmão! Que tristeza, minha irmã!’. Seus súditos não lamentarão por ele, nem clamarão: ‘Que tristeza, nosso senhor morreu! Que tristeza, sua majestade se foi!’. Será enterrado como se enterra um jumento: arrastado e jogado fora dos portões de Jerusalém. Chore por seus aliados no Líbano, grite por eles em Basã. Procure-os nas regiões a oeste do rio; veja, foram todos destruídos! Eu o adverti quando você era próspero, mas você respondeu: ‘Recuso-me a ouvir’. Sempre foi assim, desde a juventude; nunca me obedece! Agora o vento levará para longe seus aliados; todos os seus amigos serão levados para o exílio. Então certamente verá sua perversidade e ficará envergonhado. Você que mora num lindo palácio, todo revestido de madeira de cedro do Líbano, logo gemerá com pontadas de angústia, como as dores da mulher em trabalho de parto.” “Tão certo como eu vivo”, diz o S enhor, “eu o abandonarei, Joaquim, filho de Jeoaquim, rei de Judá. Mesmo que você fosse o anel de selar em minha mão direita, eu o arrancaria. Eu o entregarei àqueles que procuram matá-lo, àqueles que você tanto teme: o rei Nabucodonosor da Babilônia e o exército babilônio. Expulsarei você e sua mãe desta terra e vocês morrerão em nação estrangeira, e não em sua terra natal. Jamais voltarão à terra pela qual anseiam. “Por que esse homem, Joaquim, é como um vaso quebrado, jogado fora? Por que ele e seus filhos serão exilados em terra estrangeira? Ó terra, terra, terra de Judá! Ouça esta mensagem do S enhor! Assim diz o S enhor: ‘Registrem Joaquim como homem sem filhos. Ele não terá êxito, pois não terá filhos que o sucedam no trono de Davi para reinar em Judá’.” “Que aflição espera os pastores de minhas ovelhas, pois destruíram e dispersaram aqueles de quem deviam cuidar”, diz o S enhor. Portanto, assim diz o S enhor, o Deus de Israel, a esses líderes do povo: “Em vez de cuidarem do meu rebanho e o conduzirem em segurança, vocês o abandonaram e o levaram à destruição. Agora, eu os castigarei pelo mal que fizeram. Contudo, reunirei o remanescente do meu rebanho das terras para onde os expulsei. Eu os trarei de volta para seu curral, e eles serão férteis e se multiplicarão. Em seguida, nomearei bons pastores que cuidarão dessas ovelhas. Elas nunca mais terão medo, e nenhuma delas se perderá. Eu, o S enhor, falei! “Pois está chegando o dia”, diz o S enhor, “em que levantarei um Renovo, um descendente justo, da linhagem do rei Davi. Ele reinará com sabedoria e fará o que é justo e certo em toda a terra. E este será seu nome: ‘O S enhor é nossa justiça’. Nesse dia, Judá será salvo, e Israel viverá em segurança. “Está chegando o dia”, diz o S enhor, “em que as pessoas que fizerem um juramento não dirão: ‘Tão certo como vive o S enhor, que tirou o povo de Israel da terra do Egito’. Em vez disso, dirão: ‘Tão certo como vive o S enhor, que trouxe o povo de Israel de volta da terra do norte e de todas as nações onde os havia exilado’. Então viverão em sua própria terra.” Meu coração está quebrantado por causa dos falsos profetas, e todos os meus ossos tremem. Cambaleio como um bêbado, como alguém vencido pelo vinho, por causa das santas palavras que o S enhor pronunciou contra eles. Pois a terra está cheia de adultério e debaixo de maldição. A terra está de luto; os pastos do deserto secaram. Pois todos praticam o mal e abusam do poder. “Até os sacerdotes e profetas são homens corrompidos. Vi seus atos desprezíveis aqui mesmo, em meu templo”, diz o S enhor. “Portanto, os caminhos deles se tornarão escorregadios. Serão perseguidos na escuridão, e ali cairão. Pois trarei calamidade sobre eles no tempo determinado para seu castigo. Eu, o S enhor, falei! “Vi que os profetas de Samaria eram terríveis, pois profetizavam em nome de Baal e faziam Israel, meu povo, pecar. Agora, porém, vejo que os profetas de Jerusalém são ainda piores; cometem adultério, gostam da desonestidade e incentivam quem pratica o mal, para que ninguém se arrependa de sua maldade. Esses profetas são tão perversos quanto os habitantes de Sodoma e Gomorra.” Portanto, assim diz o S enhor dos Exércitos acerca dos profetas: “Eu os alimentarei com amargura e lhes darei veneno para beber, pois foi por causa dos profetas de Jerusalém que a perversidade encheu esta terra”. Assim diz o S enhor dos Exércitos a seu povo: “Não deem ouvidos a esses profetas quando profetizam para vocês e os enchem de falsas esperanças. Eles inventam tudo que dizem; não falam da parte do S enhor. Vivem repetindo aos que desprezam minha palavra: ‘O S enhor diz que terão paz!’. E aos que seguem os desejos teimosos de seu coração, dizem: ‘Nada de mal lhes acontecerá!’. “Acaso algum desses profetas esteve na presença do S enhor para ouvir suas palavras? Algum deles prestou atenção e obedeceu? Vejam, a ira do S enhor irrompe como uma tempestade, um vendaval sobre a cabeça dos perversos! A ira do S enhor não passará até que ele cumpra tudo que planejou. Em dias futuros, vocês entenderão tudo isso claramente. “Não enviei esses profetas, mas eles correm de um lado para o outro. Não lhes dei mensagem alguma, e ainda assim continuam a profetizar. Se houvessem estado diante de mim e me ouvido, teriam anunciado minhas palavras e levado meu povo a se arrepender de seus maus caminhos e suas más ações. Acaso sou Deus apenas de perto?”, diz o S enhor. “Não sou Deus também de longe? Pode alguém se esconder de mim onde eu não veja? Não estou em toda parte, nos céus e na terra?”, diz o S enhor. “Ouvi esses profetas dizerem: ‘Tive um sonho! Tive um sonho!’ e depois contarem mentiras em meu nome. Até quando isso continuará? Se são profetas, são profetas do engano e inventam tudo que dizem. Relatando esses sonhos falsos, procuram fazer meu povo se esquecer de mim, como seus antepassados se esqueceram de mim ao adorar os ídolos de Baal. “Que esses falsos profetas relatem seus sonhos, mas que meus verdadeiros mensageiros proclamem fielmente todas as minhas palavras; há diferença entre palha e trigo! Acaso minha palavra não arde como fogo?”, diz o S enhor. “Não é como martelo que despedaça a rocha? “Portanto”, diz o S enhor, “sou contra esses profetas que roubam palavras uns dos outros e afirmam que as receberam de mim. Sou contra esses profetas cheios de lábia que dizem: ‘Esta profecia é do S enhor!’. Sou contra esses falsos profetas. Seus sonhos imaginários são mentiras descaradas que fazem meu povo pecar. Não os enviei nem os nomeei, e eles não têm nada a dizer a este povo. Eu, o S enhor, falei!” “Se alguém do povo, ou algum dos profetas ou dos sacerdotes lhe perguntar: ‘Que palavras pesadas o S enhor lhe deu para anunciar hoje?’, responda: ‘Vocês são o peso! O S enhor diz que os abandonará!’. “Se algum profeta, sacerdote ou qualquer outra pessoa disser: ‘Tenho uma profecia do S enhor ’, castigarei essa pessoa e toda a sua família. Perguntem uns aos outros: ‘Qual é a resposta do S enhor?’, ou ‘O que o S enhor diz?’. Mas parem de usar a expressão ‘profecia do S enhor ’. Pois alguns a usam para conferir autoridade às próprias ideias e distorcem as palavras de nosso Deus, o Deus vivo, o S enhor dos Exércitos. “Isto é o que você dirá aos profetas: ‘Qual é a resposta do S enhor?’, ou ‘O que o S enhor diz?’. Mas, se responderem: ‘Esta é uma profecia do S enhor!’, você deve dizer: ‘Assim diz o S enhor: Porque usaram a expressão ‘profecia do S enhor ’, embora eu os tenha advertido de que não a usassem, eu me esquecerei completamente de vocês. Sim, os expulsarei de minha presença, junto com esta cidade que dei a vocês e a seus antepassados. Farei de vocês objeto de ridículo, e seu nome será infame para sempre’.” Depois que Nabucodonosor, rei da Babilônia, levou para o exílio o rei Joaquim, filho de Jeoaquim, junto com os oficiais de Judá e seus artífices e artesãos, o S enhor me deu esta visão. Vi dois cestos de figos postos diante do templo do S enhor, em Jerusalém. Um cesto estava cheio de figos frescos e maduros, e o outro, cheio de figos ruins e tão estragados que não serviam para comer. Então o S enhor me disse: “O que você vê, Jeremias?”. “Figos”, respondi. “Alguns muito bons e outros muito ruins, tão estragados que não servem para comer.” Então o S enhor me deu esta mensagem: “Assim diz o S enhor, o Deus de Israel: Os figos bons representam os exilados que enviei de Judá para a terra dos babilônios. Eu os guardarei e cuidarei deles e os trarei de volta para cá. Eu os edificarei, e não os derrubarei. Eu os plantarei, e não os arrancarei. Darei a eles coração capaz de reconhecer que eu sou o S enhor. Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus, pois eles se voltarão para mim de todo o coração. “Os figos ruins”, diz o S enhor, “representam Zedequias, rei de Judá, seus oficiais, o povo que restou em Jerusalém e aqueles que moram no Egito. Eu os tratarei como figos ruins, tão estragados que não servem para comer. Farei deles objeto de horror e símbolo de calamidade para todas as nações na terra. Em todos os lugares por onde eu os espalhar, serão alvo de vergonha e zombaria, insulto e maldição. E eu enviarei guerra, fome e doença até que tenham desaparecido da terra de Israel, que dei a eles e a seus antepassados.” Jeremias recebeu do S enhor esta mensagem para todo o povo de Judá no quarto ano do reinado de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá. Nesse mesmo ano, Nabucodonosor, rei da Babilônia, começou a reinar. O profeta Jeremias disse a todo o povo de Judá e a todos os habitantes de Jerusalém: “Durante 23 anos, desde o décimo terceiro ano do reinado de Josias, filho de Amom, rei de Judá, até hoje, o S enhor me tem dado suas mensagens. Eu as anunciei fielmente, mas vocês não ouviram. “Repetidamente, o S enhor tem enviado seus servos, os profetas, mas vocês não ouviram nem prestaram atenção. Todas as vezes a mensagem foi a mesma: ‘Abandonem seus maus caminhos e suas más ações. Só então habitarão nesta terra que o S enhor deu a vocês e a seus antepassados para sempre. Não provoquem minha ira ao adorar deuses que vocês fizeram com suas próprias mãos. Então, não lhes farei mal algum’. “Mas vocês não me deram ouvidos”, diz o S enhor. “Provocaram minha ira ao adorar ídolos que vocês fizeram com as próprias mãos e trouxeram calamidades sobre si mesmos. Agora, o S enhor dos Exércitos diz: Porque não me escutaram, reunirei todos os exércitos do norte sob o comando de meu servo Nabucodonosor, rei da Babilônia. Eu os trarei contra esta terra e seus habitantes e contra as nações vizinhas. Destruirei vocês completamente e os transformarei para sempre em ruínas e em objeto de horror e desprezo. Acabarei com seus cânticos alegres e seu riso, e não se ouvirão mais as vozes felizes de noivos e de noivas. As pedras de moinho se calarão, e as luzes das casas se apagarão. Esta terra inteira se transformará em desolação e ruína. Israel e as nações vizinhas servirão ao rei da Babilônia durante setenta anos. “Então, quando terminarem os setenta anos de exílio, castigarei o rei e o povo da Babilônia por seus pecados”, diz o S enhor. “Transformarei a terra dos babilônios em ruínas para sempre. Trarei sobre eles todos os terrores que prometi neste livro, todos os castigos anunciados por Jeremias contra as nações. Muitas nações e muitos grandes reis escravizarão os babilônios, assim como eles escravizaram meu povo. Eu os castigarei na mesma proporção do sofrimento que causaram com suas ações.” Assim me disse o S enhor, o Deus de Israel: “Pegue da minha mão este cálice cheio do vinho de minha ira e faça que bebam dele todas as nações às quais eu o enviar. Quando beberem, ficarão cambaleando, enlouquecidas por causa das guerras que enviarei contra elas”. Então peguei o cálice da ira do S enhor e fiz todas as nações beberem dele, cada uma das nações às quais o S enhor me enviou. Fui a Jerusalém e às outras cidades de Judá, e seus reis e oficiais beberam do cálice. Hoje, não passam de ruína desolada, objeto de horror, desprezo e maldição. Dei o cálice ao faraó, rei do Egito, a seus servos e oficiais e a todo o seu povo, bem como aos estrangeiros que vivem naquela terra. Também o dei a todos os reis da terra de Uz e aos reis das cidades filisteias de Ascalom, Gaza, Ecrom, e ao que resta de Asdode. Dei o cálice às nações de Edom, Moabe e Amom, aos reis de Tiro e Sidom e aos reis das regiões além do mar. Dei-o também a Dedã, Temá, Buz e àqueles que vivem em lugares distantes. Dei-o aos reis da Arábia, aos reis das tribos nômades do deserto e aos reis de Zinri, de Elão e da Média. Dei-o ainda aos reis das terras do norte, próximas e distantes, uma após a outra, a todos os reinos do mundo. E, por fim, o próprio rei da Babilônia bebeu do cálice. Então o S enhor me disse: “Agora diga-lhes: ‘Assim diz o S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Bebam do cálice, fiquem embriagados e vomitem; caiam para nunca mais levantar, pois envio contra vocês guerras terríveis’. E, se não quiserem aceitar o cálice, diga-lhes: ‘Assim diz o S enhor dos Exércitos: Vocês serão obrigados a beber. Comecei a castigar Jerusalém, a cidade que leva meu nome. Acaso deixarei que escapem do castigo? Não, vocês não escaparão. Trarei guerra contra todas as nações da terra. Eu, o S enhor dos Exércitos, falei!’. “Agora, profetize todas essas coisas e diga-lhes: “‘De sua santa habitação nos céus o S enhor rugirá contra sua terra. Gritará como aqueles que pisam uvas, gritará contra todos os habitantes da terra. O estrondo de sua voz chegará aos confins da terra, pois o S enhor apresentará sua causa contra as nações. Julgará toda a humanidade e matará os perversos à espada. Eu, o S enhor, falei!’”. Assim diz o S enhor dos Exércitos: “Vejam, a calamidade virá sobre uma nação após a outra! Um grande vendaval está se formando nos confins da terra!”. Nesse dia, aqueles que o S enhor tiver massacrado encherão a terra de uma extremidade à outra. Ninguém chorará por eles nem ajuntará seus corpos para enterrá-los. Ficarão espalhados pela terra como esterco. Chorem e gemam, pastores perversos! Rolem no pó, líderes do rebanho! O dia de sua matança chegou; vocês cairão e se despedaçarão como um vaso frágil. Não encontrarão lugar para se esconder, não terão como escapar. Ouçam os gritos desesperados dos pastores, o lamento dos líderes do rebanho, pois o S enhor está destruindo o pasto deles. Campos tranquilos serão devastados pela ira ardente do S enhor. Como um leão forte à procura de alimento, ele saiu da toca; a terra dos pastores ficará em ruínas por causa da espada do inimigo e da ira ardente do S enhor. Jeremias recebeu esta mensagem do S enhor no início do reinado de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá: “Assim diz o S enhor: Vá ao pátio do templo do S enhor e fale aos habitantes das cidades de Judá que vieram adorar no templo. Transmita-lhes minha mensagem completa, sem que falte uma só palavra. Talvez eles escutem e abandonem seus maus caminhos. Então voltarei atrás e não enviarei a calamidade que estou prestes a derramar sobre eles por causa de seus pecados. “Diga-lhes: ‘Assim diz o S enhor: Se vocês não me derem ouvidos e não obedecerem à minha lei, que lhes dei, e se não derem ouvidos a meus servos, os profetas — pois eu os enviei repetidamente para adverti-los, mas vocês não quiseram ouvir —, então destruirei o templo, como destruí Siló, o lugar onde ficava o tabernáculo. Farei de Jerusalém objeto de maldição entre todas as nações da terra’”. Os sacerdotes, os profetas e todo o povo ouviram Jeremias falar na frente do templo do S enhor. Quando Jeremias terminou sua mensagem e disse tudo que o S enhor lhe havia ordenado, os sacerdotes, os profetas e todo o povo o atacaram e gritaram: “Vamos matá-lo! Que direito você tem de profetizar, em nome do S enhor, que este templo será destruído como Siló? Que história é essa de que Jerusalém será destruída e ficará desabitada?”. E todo o povo o ameaçava em frente ao templo do S enhor. Quando os oficiais de Judá ouviram o que estava acontecendo, correram do palácio até o templo e sentaram-se para julgar à entrada da porta Nova do templo do S enhor. Os sacerdotes e os profetas apresentaram suas acusações aos oficiais e ao povo. “Este homem deve ser condenado à morte”, disseram. “Vocês ouviram com os próprios ouvidos que ele profetizou contra esta cidade!” Então Jeremias disse aos oficiais e ao povo: “O S enhor me enviou para profetizar contra este templo e esta cidade. O S enhor me deu cada palavra que lhes falei. Se, contudo, vocês deixarem de pecar e começarem a obedecer ao S enhor, seu Deus, ele voltará atrás e não enviará a calamidade que anunciou contra vocês. Quanto a mim, estou em suas mãos. Façam comigo o que lhes parecer melhor. Se me matarem, porém, saibam que derramarão sangue inocente. Vocês, esta cidade e cada um de seus habitantes serão responsabilizados por isso. Pois é verdade que o S enhor me enviou para dizer cada palavra que ouviram”. Então os oficiais e o povo disseram aos sacerdotes e aos profetas: “Este homem não merece a sentença de morte, pois nos falou em nome do S enhor, nosso Deus”. Então alguns dos anciãos do povo se levantaram e falaram a todos que estavam reunidos ali. Disseram: “Lembrem-se de quando Miqueias, de Moresete, profetizou durante o reinado de Ezequias, rei de Judá. Ele disse ao povo de Judá: ‘Assim diz o S enhor dos Exércitos: O monte Sião será lavrado como um campo aberto; Jerusalém será transformada em ruínas. Mato cobrirá o monte onde hoje está o templo’. Acaso o rei Ezequias e o povo o mataram porque ele disse isso? Não, mas temeram o S enhor e lhe suplicaram por misericórdia. Então o S enhor voltou atrás e não enviou a calamidade que havia pronunciado contra eles. Estamos prestes a fazer grande mal a nós mesmos”. Urias, filho de Semaías, de Quiriate-Jearim, também profetizava nessa época em nome do S enhor. E, como Jeremias, previu a mesma calamidade sobre a cidade e a nação. Quando o rei Jeoaquim, os comandantes do exército e os oficiais ouviram o que Urias disse, o rei planejou matá-lo. Urias, porém, soube do plano e, com medo, fugiu para o Egito. Então o rei Jeoaquim enviou Elnatã, filho de Acbor, e outros homens ao Egito para capturar Urias. Eles o prenderam e o levaram de volta ao rei Jeoaquim. O rei matou Urias com uma espada e mandou sepultá-lo numa vala comum. Apesar disso, Aicam, filho de Safã, protegeu Jeremias e convenceu o tribunal a não o entregar à multidão para ser morto. Jeremias recebeu esta mensagem do S enhor no início do reinado de Zedequias, filho de Josias, rei de Judá. Assim me disse o S enhor: “Faça um jugo, ponha-o sobre o pescoço e prenda-o com cordas de couro. Depois, envie mensagens aos reis de Edom, Moabe, Amom, Tiro e Sidom por meio dos embaixadores que vieram ver o rei Zedequias em Jerusalém. Diga-lhes que transmitam esta mensagem a seus senhores: ‘Assim diz o S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Com minha grande força e meu braço poderoso, fiz a terra, todas as pessoas e todos os animais. Isso tudo é meu, e posso entregá-lo a quem eu quiser. Agora, entregarei suas nações a meu servo, Nabucodonosor, rei da Babilônia. Coloquei tudo debaixo de seu controle, até os animais selvagens. Todas as nações servirão a ele, seu filho e seu neto, até terminar o tempo deles. Então, muitas nações e grandes reis conquistarão e dominarão a Babilônia. Submetam-se, portanto, ao rei da Babilônia e sirvam-no. Coloquem o pescoço debaixo do jugo da Babilônia. Eu castigarei qualquer nação que se recusar a servi-lo. Enviarei guerra, fome e doença sobre essa nação até que a Babilônia a conquiste. “‘Não deem ouvidos a seus falsos profetas, adivinhos, intérpretes de sonhos, médiuns e feiticeiros, que dizem: ‘O rei da Babilônia não os dominará’. São todos mentirosos, e suas mentiras os levarão a ser expulsos da terra. Eu os expulsarei e os enviarei para longe, e vocês morrerão. Mas a nação que se sujeitar ao rei da Babilônia poderá continuar em sua terra e cultivá-la. Eu, o S enhor, falei!’”. Depois, repeti a mesma mensagem a Zedequias, rei de Judá: “Submeta-se ao jugo do rei da Babilônia e de seu povo, e vocês viverão. Por que você e seu povo morreriam? Por que escolher guerra, fome e doença que o S enhor trará contra toda nação que não se submeter ao rei da Babilônia? Não deem ouvidos aos falsos profetas que lhes dizem: ‘O rei da Babilônia não os dominará’. São mentirosos. Assim diz o S enhor: ‘Não enviei esses profetas. Eles contam mentiras em meu nome. Por isso expulsarei vocês desta terra. Todos vocês morrerão, junto com todos esses profetas’”. Então falei aos sacerdotes e ao povo e disse: “Assim diz o S enhor: ‘Não deem ouvidos aos profetas que afirmam que, em breve, serão devolvidos os objetos preciosos que foram tirados do meu templo e levados para a Babilônia. É tudo mentira. Não lhes deem ouvidos. Submetam-se ao rei da Babilônia, e viverão. Por que provocar a destruição desta cidade inteira? Se, de fato, eles são profetas e transmitem mensagens do S enhor, que orem ao S enhor dos Exércitos e supliquem que os objetos que restam no templo do S enhor, no palácio do rei e em Jerusalém não sejam levados para a Babilônia’. “Pois assim diz o S enhor dos Exércitos acerca das colunas à entrada do templo, do tanque de bronze chamado Mar, das bases móveis e de todos os outros objetos cerimoniais. Nabucodonosor, rei da Babilônia, os deixou aqui quando levou Joaquim, filho de Jeoaquim, rei de Judá, para o exílio na Babilônia com todos os nobres de Judá e Jerusalém. Assim diz o S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel, a respeito dos objetos preciosos que restaram no templo e no palácio do rei de Judá: ‘Todos eles serão levados para a Babilônia e ali ficarão até que eu mande buscá-los’, diz o S enhor. ‘Então os trarei de volta a Jerusalém’”. Naquele mesmo ano, o quarto ano do reinado de Zedequias, rei de Judá, no mês de agosto, Hananias, filho de Azur, um profeta de Gibeom, se dirigiu a mim publicamente no templo, diante de todos os sacerdotes e do povo, e disse: “Assim diz o S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel: ‘Removerei do seu pescoço o jugo do rei da Babilônia. Dentro de dois anos, trarei de volta todos os objetos preciosos do templo que o rei Nabucodonosor levou para a Babilônia. Também trarei de volta Joaquim, filho de Jeoaquim, rei de Judá, e todos os outros exilados de Judá levados para a Babilônia. Certamente quebrarei o jugo que o rei da Babilônia colocou sobre seu pescoço. Eu, o S enhor, falei!’”. Jeremias respondeu a Hananias diante de todos os sacerdotes e do povo que estava no templo do S enhor: “Amém! Que sua profecia se cumpra! Espero que o S enhor faça tudo que você anunciou. Espero que ele traga de volta da Babilônia os objetos preciosos do templo e todos os exilados. Agora, porém, ouça as palavras que lhe digo na presença de todo o povo. Os antigos profetas, que vieram antes de você e de mim, falaram contra muitas nações e grandes reinos, e sempre advertiram a respeito de guerra, calamidade e doença. Portanto, um profeta que anuncia paz precisa esperar que suas previsões se cumpram antes de ser considerado, de fato, enviado pelo S enhor ”. Então o profeta Hananias tirou do pescoço de Jeremias o jugo e o quebrou em pedaços. E disse novamente a todo o povo: “Assim diz o S enhor: ‘Assim como este jugo foi quebrado, dentro de dois anos quebrarei o jugo de opressão de todas as nações que agora estão sujeitas a Nabucodonosor, rei da Babilônia’”. Depois disso, Jeremias saiu dali. Logo após o confronto com Hananias, o S enhor deu esta mensagem a Jeremias: “Vá e diga a Hananias: ‘Assim diz o S enhor: Você quebrou o jugo de madeira, mas em seu lugar colocou um jugo de ferro. O S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel, diz: Coloquei um jugo de ferro sobre o pescoço de todas essas nações para serem escravas de Nabucodonosor, rei da Babilônia. Coloquei tudo debaixo de seu controle, até os animais selvagens’”. Então Jeremias disse a Hananias: “Ouça, Hananias! O S enhor não enviou você, mas o povo acredita em suas mentiras. Por isso, assim diz o S enhor: ‘Você morrerá. Sua vida chegará ao fim ainda este ano, pois você se rebelou contra o S enhor ’”. Naquele mesmo ano, dois meses depois, o profeta Hananias morreu. O profeta Jeremias escreveu uma carta e a enviou de Jerusalém aos líderes, sacerdotes, profetas e a todo o povo que o rei Nabucodonosor havia levado para a Babilônia. Isso aconteceu depois que o rei Joaquim, a rainha-mãe, os oficiais do palácio e os outros oficiais de Judá, bem como todos os artífices e artesãos, foram deportados de Jerusalém. Ele enviou a carta por meio de Elasa, filho de Safã, e de Gemarias, filho de Hilquias, quando eles foram à Babilônia como embaixadores de Zedequias a Nabucodonosor. A carta de Jeremias dizia: Assim diz o S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel, a todos os exilados que ele deportou de Jerusalém para a Babilônia: “Construam casas e estabeleçam-se nelas. Plantem pomares e comam os frutos que eles produzirem. Casem-se e tenham filhos. Encontrem esposas para seus filhos e maridos para suas filhas, a fim de que vocês tenham muitos netos. Multipliquem-se! Não diminuam! Trabalhem pela paz e pela prosperidade da cidade para a qual os deportei. Orem por ela ao S enhor, pois a prosperidade de vocês depende da prosperidade dela”. Assim diz o S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel: “Não se deixem enganar pelos profetas e adivinhos que há no meio de vocês na terra da Babilônia. Não deem ouvidos aos sonhos deles, porque sonham o que vocês querem ouvir. Eles contam mentiras em meu nome. Eu não os enviei”, diz o S enhor. Assim diz o S enhor: “Vocês ficarão na Babilônia durante setenta anos. Depois disso, eu virei e cumprirei todas as boas promessas que lhes fiz e os trarei de volta para casa. Porque eu sei os planos que tenho para vocês”, diz o S enhor. “São planos de bem, e não de mal, para lhes dar o futuro pelo qual anseiam. Naqueles dias, quando vocês clamarem por mim em oração, eu os ouvirei. Se me buscarem de todo o coração, me encontrarão. Serei encontrado por vocês”, diz o S enhor. “Acabarei com seu exílio e os restaurarei. Eu os reunirei de todas as nações para as quais os enviei e os trarei de volta para casa, para sua terra.” Vocês dizem que o S enhor levantou profetas para vocês na Babilônia. Mas assim diz o S enhor acerca do rei sentado no trono de Davi e de todos que ainda moram aqui em Jerusalém, seus compatriotas que não foram enviados para o exílio na Babilônia. Assim diz o S enhor dos Exércitos: “Enviarei guerra, fome e doença sobre eles e farei que sejam como figos ruins, tão estragados que não servem para comer. Sim, eu os perseguirei com guerra, fome e doença e os espalharei pelo mundo. Em todas as nações para onde eu os enviar, farei deles objeto de condenação, horror, desprezo e zombaria. Pois não querem me ouvir, embora eu lhes tenha falado repetidamente por meio dos profetas que enviei. E vocês que estão no exílio também não deram ouvidos”, diz o S enhor. Portanto, ouçam esta mensagem do S enhor, todos vocês exilados na Babilônia. Assim diz o S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel, acerca de seus profetas — Acabe, filho de Colaías, e Zedequias, filho de Maaseias — que contam mentiras em meu nome: “Eu os entregarei a Nabucodonosor, rei da Babilônia, para que sejam mortos diante de vocês. O terrível destino deles se tornará notório; por isso, quando os exilados judeus quiserem amaldiçoar alguém, dirão: ‘Que o S enhor faça com você o que fez com Zedequias e Acabe, que foram queimados vivos pelo rei da Babilônia!’. Pois esses homens fizeram coisas horríveis entre meu povo: cometeram adultério com a esposa de seu próximo e mentiram em meu nome, dizendo coisas que eu não havia ordenado. E eu sou testemunha disso. Eu, o S enhor, falei”. O S enhor enviou esta mensagem a Semaías, o neelamita: “Assim diz o S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Você escreveu uma carta em seu próprio nome para o sacerdote Sofonias, filho de Maaseias, e enviou cópias para outros sacerdotes e para o povo em Jerusalém. Você escreveu: “O S enhor o nomeou para substituir Joiada, o sacerdote encarregado do templo do S enhor. É responsabilidade sua prender no tronco e colocar uma corrente de ferro no pescoço de qualquer louco que afirmar ser profeta. Por que, então, não fez nada para deter Jeremias, de Anatote, que finge ser profeta entre vocês? Jeremias enviou uma carta à Babilônia e previu que nosso exílio seria longo. Disse: ‘Construam casas e estabeleçam-se nelas. Plantem pomares e comam os frutos que eles produzirem’”. Quando o sacerdote Sofonias recebeu essa carta, leu-a para Jeremias. Então o S enhor deu esta mensagem a Jeremias: “Envie uma carta aberta a todos os exilados na Babilônia. Diga-lhes: ‘Assim diz o S enhor acerca de Semaías, o neelamita: Porque ele profetizou a vocês sem que eu o tivesse enviado e os fez acreditar em suas mentiras, castigarei a ele e a sua família. Nenhum de seus descendentes verá as coisas boas que farei por meu povo, pois ele os incitou a se rebelarem contra mim. Eu, o S enhor, falei!’”. O S enhor deu outra mensagem a Jeremias: “Assim diz o S enhor, o Deus de Israel: Jeremias, registre por escrito tudo que eu lhe disse. Porque está chegando o dia em que restaurarei meu povo de Israel e de Judá. Eu os trarei para casa, para esta terra que dei a seus antepassados, e eles voltarão a possuí-la. Eu, o S enhor, falei!”. Esta é a mensagem do S enhor acerca de Israel e de Judá. Assim diz o S enhor: “Ouço gritos de medo; há terror, e não paz. Parem e pensem: Acaso homens dão à luz? Então por que estão aí, com o rosto pálido e as mãos na barriga, como a mulher em trabalho de parto? Em toda a história, nunca houve uma ocasião de tanto terror; será um tempo de angústia para Israel. No final, porém, ele será resgatado! Pois naquele dia”, diz o S enhor dos Exércitos, “quebrarei o jugo que está sobre seu pescoço e arrebentarei suas correntes; não serão mais escravizados por estrangeiros. Pois meu povo servirá ao S enhor, seu Deus, e ao descendente de Davi, o rei que estabelecerei para eles. “Portanto, não tenha medo, meu servo Jacó; não desanime, ó Israel”, diz o S enhor. “Pois o trarei de volta de terras distantes, e seus descendentes retornarão do exílio. Israel voltará a ter uma vida de paz e sossego, e ninguém o assustará. Porque estou com você e o resgatarei”, diz o S enhor. “Destruirei completamente todas as nações entre as quais o espalhei, mas você não será completamente destruído. Eu o disciplinarei, mas com justiça; não posso permitir que fique impune.” Assim diz o S enhor: “Seu ferimento é incurável; é uma ferida grave. Não há ninguém para socorrê-la, não há remédio que cure sua ferida. Todos os seus amantes a abandonaram; não se importam com você. Eu a feri cruelmente, como se fosse meu inimigo. Pois seus pecados são muitos, e sua culpa é grande. Por que se queixa de seu castigo, dessa ferida que não tem cura? Tive de castigá-la, pois seus pecados são muitos, e sua culpa é grande. “Mas todos que a devorarem serão devorados, todos os seus inimigos serão enviados para o exílio. Todos que a saquearem serão saqueados, todos que a despojarem serão despojados. Restaurarei sua saúde e curarei suas feridas”, diz o S enhor. “Pois a chamam de rejeitada, ‘Sião, cidade com que ninguém se importa’.” Assim diz o S enhor: “Quando eu trouxer Israel de volta do exílio e restaurar sua situação, Jerusalém será reconstruída sobre suas ruínas, e o palácio voltará a ser habitado. Haverá alegria e cânticos de gratidão, e eu farei meu povo se multiplicar, e não diminuir; eu os honrarei, e não os humilharei. Seus filhos prosperarão, como no passado; eu os estabelecerei como nação diante de mim e castigarei quem lhes fizer mal. Voltarão a ter o próprio governante, e ele virá do meio deles. Eu o aproximarei de mim”, diz o S enhor, “pois quem ousaria se aproximar por conta própria? Vocês serão o meu povo, e eu serei o seu Deus.” Vejam, a ira do S enhor irrompe como uma tempestade, um vendaval sobre a cabeça dos perversos! A ira ardente do S enhor não passará até que ele cumpra tudo que planejou. Em dias futuros, vocês entenderão tudo isso. “Naquele tempo”, diz o S enhor, “eu serei o Deus de todas as famílias de Israel, e eles serão o meu povo. Assim diz o S enhor: “Os que sobreviverem à destruição que está por vir encontrarão favor até no deserto, pois darei descanso ao povo de Israel.” Há muito tempo, o S enhor disse a Israel: “Eu amei você com amor eterno, com amor leal a atraí para mim. Eu a reconstruirei, Israel, minha filha virgem; você voltará a ser feliz e a dançar alegremente com seus tamborins. Voltará a plantar suas videiras nos montes de Samaria e ali comerá de seus frutos. Virá o dia em que os vigias gritarão da região montanhosa de Efraim: ‘Venham, vamos subir a Sião para adorar o S enhor, nosso Deus!’”. Assim diz o S enhor: “Cantem de alegria por causa de Israel, pois ela é a maior das nações! Cantem alegres louvores, dizendo: ‘Ó S enhor, salva teu povo, o remanescente de Israel!’. Pois eu os trarei de volta do norte e dos confins da terra. Não me esquecerei dos cegos nem dos aleijados, nem das grávidas nem das mulheres em trabalho de parto; uma grande multidão voltará! Virão com lágrimas de alegria, e eu os conduzirei para casa com grande cuidado. Andarão junto a riachos tranquilos e em caminhos planos, onde não tropeçarão. Pois eu sou o pai de Israel, e Efraim é meu filho mais velho. “Ouçam esta mensagem do S enhor, ó nações, anunciem estas palavras nos litorais distantes: Aquele que espalhou seu povo o reunirá e o guardará, como um pastor cuida de seu rebanho. Pois o S enhor resgatou Israel daqueles que eram mais fortes que ele. Eles virão e cantarão de alegria no alto do monte Sião; estarão radiantes pelas boas dádivas do S enhor: cereais, vinho novo, azeite, rebanhos e gado. Sua vida será como um jardim regado, e não haverá mais tristeza. As moças dançarão de alegria, e os homens — jovens e idosos — tomarão parte na celebração. Transformarei seu pranto em alegria; eu os consolarei e lhes darei exultação em lugar de tristeza. Seus sacerdotes terão fartura de alimento, e meu povo se saciará com minhas boas dádivas. Eu, o S enhor, falei!” Assim diz o S enhor: “Ouve-se um clamor em Ramá, angústia profunda e pranto amargo. Raquel chora por seus filhos e se recusa a ser consolada, pois eles já não existem”. Agora, porém, assim diz o S enhor: “Não chore mais, pois eu a recompensarei por seu choro”, diz o S enhor. “Seus filhos voltarão da terra do inimigo. Há esperança para seu futuro”, diz o S enhor. “Seus filhos voltarão para sua terra. Ouvi Israel dizer: ‘Tu me disciplinaste severamente, como bezerro que precisa ser domesticado. Faze-me voltar para ti e restaura-me, pois somente tu és o S enhor, meu Deus. Afastei-me de Deus, mas depois me arrependi. Indignei-me comigo mesmo por causa de minha estupidez. Senti profunda vergonha de tudo que fiz quando era jovem’. “Acaso Israel não continua a ser meu filho querido?”, diz o S enhor. “Tenho de castigá-lo com frequência, mas ainda assim o amo. Por isso meu coração anseia por ele e dele certamente terei misericórdia. Ponha sinais na estrada, coloque postes indicadores. Preste atenção no caminho pelo qual você veio. Volte, ó minha filha virgem, Israel, volte para suas cidades. Até quando andará sem rumo, minha filha rebelde? Porque o S enhor fará algo novo acontecer: Israel abraçará seu Deus.” Assim diz o S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel: “Quando eu restaurar o povo, os habitantes de Judá e de suas cidades dirão novamente: ‘O S enhor a abençoe, ó morada justa, ó monte santo!’. O povo das cidades, os lavradores e os pastores habitarão juntos em Judá. Pois dei descanso aos exaustos e alegria aos aflitos”. Então acordei e olhei ao redor. Meu sono havia sido muito agradável. “Está chegando o dia”, diz o S enhor, “em que farei aumentar o número de pessoas e de animais em Israel e em Judá. No passado, tive o cuidado de arrancar e derrubar esta nação. Eu a arrasei e a destruí e trouxe calamidade sobre ela. No futuro, porém, terei o mesmo cuidado de edificá-la e plantá-la. Eu, o S enhor, falei! “O povo não citará mais este provérbio: ‘Os pais comeram uvas azedas, mas os dentes dos filhos é que estragaram’. Cada um morrerá por seus próprios pecados; quem comer uvas azedas é que ficará com os dentes estragados. “Está chegando o dia”, diz o S enhor, “em que farei uma nova aliança com o povo de Israel e de Judá. Não será como a aliança que fiz com seus antepassados, quando os tomei pela mão e os tirei da terra do Egito. Embora eu os amasse como o marido ama a esposa, eles quebraram a aliança”, diz o S enhor. “E esta é a nova aliança que farei com o povo de Israel depois daqueles dias”, diz o S enhor. “Porei minhas leis em sua mente e as escreverei em seu coração. Serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. E não será necessário ensinarem a seus vizinhos e parentes, dizendo: ‘Você precisa conhecer o S enhor ’. Pois todos, desde o mais humilde até o mais importante, me conhecerão”, diz o S enhor. “E eu perdoarei sua maldade e nunca mais me lembrarei de seus pecados.” O S enhor dá o sol para iluminar o dia e a lua e as estrelas para iluminarem a noite; agita o mar e faz rugir as ondas. Seu nome é S enhor dos Exércitos, e é isto o que ele diz: “Assim como não anulo as leis da natureza, não descartarei meu povo, Israel”. Assim diz o S enhor: “Assim como não se pode medir os céus nem explorar os alicerces da terra, não rejeitarei o povo de Israel pelo mal que fizeram. Eu, o S enhor, falei!”. “Está chegando o dia”, diz o S enhor, “em que Jerusalém será reconstruída para mim, desde a torre de Hananeel até o portão da Esquina. Uma linha de medir será estendida sobre a colina de Garebe até Goa. Toda a região, incluindo o cemitério e o lugar onde se jogavam as cinzas, e todos os campos a leste, até o vale de Cedrom e até o portão dos Cavalos, serão santos para o S enhor. Jerusalém nunca mais será conquistada nem destruída.” Jeremias recebeu esta mensagem do S enhor no décimo ano do reinado de Zedequias, rei de Judá. Esse também foi o décimo oitavo ano do reinado de Nabucodonosor. Nessa ocasião, o exército babilônio cercava Jerusalém, e Jeremias estava preso no pátio da guarda, no palácio real. Zedequias, rei de Judá, o havia colocado ali e perguntado por que ele continuava a anunciar esta profecia: “Assim diz o S enhor: ‘Estou prestes a entregar esta cidade ao rei da Babilônia, e ele a conquistará. O rei Zedequias será capturado pelos babilônios e levado para falar face a face com o rei da Babilônia. O rei levará Zedequias para a Babilônia, onde lidarei com ele’, diz o S enhor. ‘Vocês não serão bem-sucedidos se lutarem contra os babilônios’”. Nesse tempo, o S enhor me enviou uma mensagem: “Seu primo Hanameel, filho de Salum, virá e lhe dirá: ‘Compre meu campo em Anatote. Pela lei, você tem direito de comprá-lo antes que eu o ofereça a outro’”. Exatamente como o S enhor tinha dito, meu primo Hanameel veio me visitar na prisão e disse: “Compre meu campo em Anatote, na terra de Benjamim. Pela lei, você tem direito de comprá-lo antes que eu o ofereça a outro. Portanto, compre-o para si”. Então entendi que a mensagem que eu tinha ouvido era do S enhor. Assim, comprei o campo em Anatote e paguei a Hanameel dezessete peças de prata. Assinei e selei a escritura diante de testemunhas, pesei a prata e lhe paguei. Em seguida, peguei a escritura selada e uma cópia não selada com os termos e as condições da compra e as entreguei a Baruque, filho de Nerias, neto de Maaseias. Fiz tudo isso na presença de meu primo Hanameel, das testemunhas que assinaram a escritura e dos homens de Judá que estavam no pátio da guarda. Então, na presença deles, disse a Baruque: “Assim diz o S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel: ‘Pegue a escritura selada e a cópia não selada e coloque-as num vaso de barro, a fim de conservá-las por muito tempo’. Pois assim diz o S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel: ‘Algum dia, as pessoas voltarão a ter propriedades nesta terra e comprarão e venderão casas, vinhedos e campos’”. Depois que entreguei os documentos a Baruque, filho de Nerias, orei ao S enhor: “Ó Soberano S enhor! Tu fizeste os céus e a terra com tua mão forte e teu braço poderoso. Nada é difícil demais para ti! Mostras tua bondade a milhares de pessoas, mas também permites que as consequências do pecado de uma geração recaiam sobre a geração seguinte. Tu és Deus grande e poderoso, o S enhor dos Exércitos. Tens toda sabedoria e fazes grandes milagres. Vês a conduta de todos e lhes dás o que merecem. Realizaste sinais e maravilhas na terra do Egito, feitos lembrados ainda hoje. E continuas a fazer grandes milagres em Israel e em todo o mundo. Por isso o teu nome é famoso até hoje. “Tiraste Israel do Egito com sinais e maravilhas, com mão forte e braço poderoso e com grande terror. Deste ao povo de Israel esta terra que havias prometido a seus antepassados muito tempo atrás, terra que produz leite e mel com fartura. Nossos antepassados vieram e tomaram posse da terra, mas não quiseram te obedecer nem seguir tuas instruções. Não fizeram nada do que lhes ordenaste. Por isso enviaste sobre eles esta terrível calamidade. “Vê como foram construídas rampas junto aos muros da cidade! Por meio de guerra, fome e doença, a cidade será entregue aos babilônios, que a conquistarão. Tudo aconteceu exatamente como anunciaste. E, no entanto, ó Soberano S enhor, ordenaste que eu comprasse o campo e pagasse um bom preço por ele diante destas testemunhas, embora a cidade esteja prestes a ser entregue aos babilônios”. Então Jeremias recebeu esta mensagem do S enhor: “Eu sou o S enhor, o Deus de toda a humanidade. Acaso alguma coisa é difícil demais para mim? Portanto, assim diz o S enhor: Entregarei esta cidade aos babilônios e a Nabucodonosor, rei da Babilônia, e ele a conquistará. Os babilônios que estão cercando os muros entrarão na cidade e a incendiarão. Queimarão todas as casas em que o povo provocou minha ira queimando incenso a Baal em seus terraços e apresentando ofertas derramadas a outros deuses. Desde o princípio, Israel e Judá fizeram somente o mal. Provocaram minha ira com suas maldades”, diz o S enhor. “Desde o dia em que esta cidade foi construída até hoje, não fez outra coisa senão despertar minha fúria, por isso estou decidido a me livrar dela. “Os pecados de Israel e de Judá — os pecados do povo de Jerusalém, dos reis, dos oficiais, dos sacerdotes e dos profetas — provocaram minha ira. Meu povo deu as costas para mim e se recusou a voltar. Embora eu os tenha ensinado repetidamente, não quiseram receber instrução nem obedecer. Colocaram seus ídolos detestáveis em meu templo e o profanaram. Construíram lugares de adoração a Baal no vale de Ben-Hinom e ali sacrificaram seus filhos e filhas a Moloque. Jamais ordenei tamanha maldade; nunca me passou pela mente! Esse terrível mal fez Israel pecar.” “Agora, quero dizer algo mais a respeito desta cidade. Vocês afirmam: ‘Ela será entregue ao rei da Babilônia por meio de guerra, fome e doença’. Mas assim diz o S enhor, o Deus de Israel: Certamente trarei meu povo de volta de todas as nações entre as quais o espalhei em minha fúria. Eu os trarei de volta para este lugar e farei que vivam em segurança. Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. Eu lhes darei um só coração e um só propósito: adorar-me para sempre, para o seu próprio bem e para o bem de seus descendentes. Estabelecerei com eles uma aliança permanente: jamais deixarei de lhes fazer o bem. Porei em seu coração o desejo de me adorar, e eles nunca se afastarão de mim. Terei alegria em lhes fazer o bem e os plantarei nesta terra firmemente, de todo o coração. “Assim diz o S enhor: Assim como trouxe todas essas calamidades sobre eles, também lhes farei todo o bem que prometi. Campos voltarão a ser comprados e vendidos nesta terra sobre a qual hoje vocês dizem: ‘Foi arrasada pelos babilônios, é uma terra desolada, em que não há mais pessoas nem animais’. Sim, campos voltarão a ser comprados e vendidos e escrituras serão assinadas na terra de Benjamim, aqui em Jerusalém, nas cidades de Judá, na região montanhosa, nas colinas de Judá e no Neguebe. Pois, um dia, eu os restaurarei à sua terra. Eu, o S enhor, falei!” Enquanto Jeremias estava preso no pátio da guarda, o S enhor lhe deu outra mensagem: “Assim diz o S enhor, o S enhor que fez a terra, que a formou e a estabeleceu; o S enhor é seu nome: Pergunte-me e eu lhe contarei coisas maravilhosas, segredos que você não sabe, a respeito do que está por vir. Pois assim diz o S enhor, o Deus de Israel: Vocês derrubaram as casas desta cidade e até o palácio do rei a fim de obter material para fortalecer os muros contra as rampas de cerco e as espadas dos inimigos. Esperam lutar contra os babilônios, mas os homens desta cidade já estão praticamente mortos, pois, em minha ira ardente, decidi destruí-los. Abandonei-os por causa de toda a sua maldade. “Virá o dia, porém, em que curarei as feridas de Jerusalém e lhe darei prosperidade e paz verdadeira. Restaurarei o povo de Judá e de Israel à sua terra e reconstruirei suas cidades. Eu as purificarei de suas maldades contra mim e perdoarei todos os seus pecados de rebeldia. Então esta cidade me trará louvor, glória e honra diante de todas as nações da terra! Os povos do mundo verão todo o bem que faço por meu povo e tremerão de espanto diante da paz e da prosperidade que lhes dou. “Assim diz o S enhor: Vocês disseram: ‘Esta é uma terra desolada, onde não há mais pessoas nem animais’. Contudo, nas ruas vazias de Jerusalém e das outras cidades de Judá serão ouvidos novamente os sons de alegria e de riso. As vozes felizes de noivos e de noivas voltarão a ser ouvidas, e também os cânticos alegres dos que trazem ofertas de gratidão ao S enhor. Cantarão: ‘Deem graças ao S enhor dos Exércitos, porque o S enhor é bom; seu amor dura para sempre!’. Pois eu restaurarei a situação desta terra ao que era no passado, diz o S enhor. “Assim diz o S enhor dos Exércitos: Embora hoje esta terra esteja desolada e não tenha pessoas nem animais, um dia voltará a ter pastos para os quais os pastores levarão seus rebanhos. Os pastores voltarão a contar seus rebanhos nas cidades da região montanhosa, nas colinas de Judá, no Neguebe, na terra de Benjamim, nos arredores de Jerusalém e em todas as cidades de Judá. Eu, o S enhor, falei! “Virá o dia, diz o S enhor, em que farei por Israel e por Judá todo o bem que lhes prometi. “Naquele dia e naquele tempo, levantarei um Renovo, um descendente justo da linhagem do rei Davi. Ele fará o que é justo e certo em toda a terra. Nesse dia, Judá será salvo, e Jerusalém viverá em segurança. E este será seu nome: ‘O S enhor é nossa justiça’. Porque assim diz o S enhor: Sempre haverá um descendente de Davi no trono de Israel. E sempre haverá sacerdotes levitas para me oferecer holocaustos, ofertas de cereais e sacrifícios”. Então Jeremias recebeu esta mensagem do S enhor: “Assim diz o S enhor: Se alguém conseguisse anular minha aliança com o dia e com a noite, de modo que um não viesse depois do outro, então se anularia minha aliança com meu servo Davi. Só então deixaria de haver um descendente para reinar em seu trono. O mesmo se aplica à minha aliança com os sacerdotes levitas que me servem. Como não se pode contar as estrelas no céu nem medir a areia na beira do mar, assim também tornarei incontáveis os descendentes de meu servo Davi e os levitas que me servem”. O S enhor deu outra mensagem a Jeremias: “Você observou o que o povo anda dizendo? ‘O S enhor escolheu Judá e Israel e depois os abandonou!’ Desprezam meu povo e dizem que não deve ser considerada nação. Mas assim diz o S enhor: Como não anularei minhas leis que governam o dia e a noite, o céu e a terra, assim também não rejeitarei meu povo. Jamais abandonarei os descendentes de Jacó e de meu servo Davi, nem mudarei o plano de que os descendentes de Davi governem os descendentes de Abraão, Isaque e Jacó. Pelo contrário, eu os restaurarei à sua terra e terei compaixão deles”. Nabucodonosor, rei da Babilônia, veio com todos os exércitos dos reinos que ele governava e lutou contra Jerusalém e contra as cidades de Judá. Naquela ocasião, Jeremias recebeu esta mensagem do S enhor: “Vá a Zedequias, rei de Judá, e diga-lhe: ‘Assim diz o S enhor, o Deus de Israel: Estou prestes a entregar esta cidade ao rei da Babilônia, e ele a queimará de alto a baixo. Você não escapará das mãos dele, mas será capturado e levado para falar face a face com o rei da Babilônia. Então será enviado para o exílio na Babilônia. “‘Ouça, porém, esta promessa do S enhor, ó Zedequias, rei de Judá. Assim diz o S enhor: Você não morrerá na guerra, mas em paz. O povo queimará incenso em sua honra, como fizeram em honra de seus antepassados, os reis que o precederam. Chorarão por você e lamentarão: ‘Que tristeza! Nosso rei morreu!’. Eu decretei isso, diz o S enhor ’”. O profeta Jeremias transmitiu essa mensagem a Zedequias, rei de Judá. Nessa época, o exército babilônio cercava Jerusalém, Laquis e Azeca, as únicas cidades fortificadas de Judá que ainda não tinham sido conquistadas. Jeremias recebeu esta mensagem do S enhor depois que o rei Zedequias fez uma aliança com o povo para libertar os escravos. Ele havia ordenado que todo o povo libertasse suas escravas e seus escravos hebreus. Ninguém devia manter em escravidão alguém de seu próprio povo. Os oficiais e todo o povo tinham obedecido à ordem do rei e libertado cada um de seus escravos, mas depois mudaram de ideia. Tomaram de volta os homens e as mulheres que haviam libertado e os obrigaram a ser escravos novamente. Então o S enhor lhes deu esta mensagem por meio de Jeremias: “Assim diz o S enhor, o Deus de Israel: Fiz uma aliança com seus antepassados muito tempo atrás, quando os livrei da escravidão no Egito. Disse-lhes que todo escravo hebreu deveria ser liberto depois de servir durante seis anos. Contudo, seus antepassados não me deram ouvidos nem me obedeceram. Há pouco tempo, vocês se arrependeram e fizeram o que era certo aos meus olhos. Libertaram os escravos e fizeram comigo uma aliança solene no templo que leva meu nome. Agora, porém, voltaram atrás em seu juramento e profanaram meu nome ao pegar de volta os homens e as mulheres que haviam libertado e os obrigar a ser escravos novamente. “Portanto, assim diz o S enhor: Vocês não me obedeceram e não libertaram seu povo. Por isso lhes darei liberdade para serem destruídos por guerra, doença e fome. Vocês serão objeto de horror para todas as nações da terra. Porque não cumpriram os termos de minha aliança, eu os cortarei ao meio, como vocês cortaram o bezerro e caminharam entre as duas partes para confirmar seus votos. Sim, cortarei ao meio todos que se comprometeram com a aliança, quer sejam oficiais de Judá e de Jerusalém, oficiais do palácio, sacerdotes ou gente comum. Eu os entregarei a seus inimigos, e eles os matarão. Seus corpos servirão de alimento para os abutres e os animais selvagens. “Entregarei Zedequias, rei de Judá, e seus oficiais ao exército do rei da Babilônia. E, embora tenham se retirado de Jerusalém por um tempo, chamarei de volta os exércitos babilônios. Eles lutarão contra a cidade, a conquistarão e a queimarão de alto a baixo. Farei que todas as cidades de Judá sejam destruídas e que ninguém more nelas”. O S enhor deu esta mensagem a Jeremias quando Jeoaquim, filho de Josias, era rei de Judá: “Vá ao local onde moram os recabitas e convide-os para vir ao templo do S enhor. Leve-os para uma das salas internas e ofereça-lhes vinho”. Então fui buscar Jazanias, filho de Jeremias e neto de Habazinias, e todos os seus irmãos e filhos, que representavam todas as famílias dos recabitas. Levei-os ao templo do S enhor e fomos à sala dos filhos de Hanã, filho de Jigdalias, homem de Deus. Ficava ao lado da sala usada pelos oficiais do templo, logo acima da sala de Maaseias, filho de Salum, porteiro do templo. Coloquei diante deles taças e jarras cheias de vinho e os convidei a beber, mas eles recusaram, dizendo: “Não bebemos vinho, pois nosso antepassado, Jonadabe, filho de Recabe, nos deu esta ordem: ‘Nunca bebam vinho, nem vocês nem seus descendentes. Não construam casas, não plantem lavouras nem possuam vinhedos; vivam sempre em tendas. Com isso, terão vida longa e feliz nesta terra’. Assim, temos obedecido a tudo que ele nos ordenou. Nunca bebemos vinho, nem nós, nem nossas esposas, nem nossos filhos e filhas. Não construímos casas, nem possuímos vinhedos e campos, nem plantamos lavouras. Temos vivido em tendas e obedecido fielmente a todas as ordens de nosso antepassado Jonadabe. Mas, quando Nabucodonosor, rei da Babilônia, atacou esta terra, tivemos medo dos exércitos babilônios e sírios e resolvemos nos mudar para Jerusalém. Por isso estamos aqui”. Então o S enhor deu esta mensagem a Jeremias: “Assim diz o S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Vá e diga aos habitantes de Judá e de Jerusalém: ‘Venham e aprendam uma lição sobre como obedecer às minhas palavras, diz o S enhor. Os recabitas não bebem vinho até hoje em obediência à ordem de seu antepassado Jonadabe, filho de Recabe. Mas eu tenho falado a vocês repetidamente e se recusam a obedecer. Tenho enviado meus profetas vez após vez para lhes dizer: ‘Abandonem seus maus caminhos e façam o que é certo. Deixem de adorar outros deuses. Assim, viverão em paz nesta terra que dei a vocês e a seus antepassados’. Mas vocês não quiseram ouvir nem obedecer. Os descendentes de Jonadabe, filho de Recabe, têm obedecido fielmente a seu antepassado, mas este povo se recusa a me ouvir’. “Portanto, assim diz o S enhor Deus dos Exércitos, o Deus de Israel: ‘Porque não querem me ouvir nem responder quando os chamo, enviarei sobre Judá e sobre Jerusalém todas as calamidades que prometi’”. Então Jeremias se voltou para os recabitas e disse: “Assim diz o S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel: ‘Vocês obedeceram a todas as ordens de seu antepassado Jonadabe e seguiram todas as suas instruções’. Por isso, assim diz o S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel: ‘Sempre haverá descendentes de Jonadabe, filho de Recabe, para me servir’”. No quarto ano do reinado de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá, o S enhor deu esta mensagem a Jeremias: “Pegue um rolo e escreva nele todas as minhas mensagens contra Israel, Judá e as outras nações. Comece com a primeira mensagem, do tempo de Josias, e escreva todas, até hoje. Talvez o povo de Judá se arrependa ao ouvir novamente todas as coisas terríveis que planejei para eles. Então perdoarei sua maldade e seus pecados”. Jeremias mandou chamar Baruque, filho de Nerias, e enquanto Jeremias ditava para ele todas as profecias que o S enhor lhe tinha dado, Baruque as escrevia no rolo. Depois, Jeremias disse a Baruque: “Estou preso aqui e não posso ir ao templo. Portanto, vá você ao templo no próximo dia de jejum e leia as mensagens do S enhor que ditei para que as escrevesse no rolo. Leia as mensagens para o povo de todas as cidades de Judá que estiver no templo. Quem sabe eles abandonem seus maus caminhos e peçam perdão ao S enhor antes que seja tarde demais, pois o S enhor os ameaçou com sua ira ardente”. Baruque, filho de Nerias, fez tudo conforme Jeremias lhe ordenou e leu as mensagens do S enhor para o povo que estava no templo. Fez isso num dia de jejum sagrado, no final do outono, no quinto ano do reinado de Jeoaquim, filho de Josias. Gente de todas as cidades de Judá tinha ido a Jerusalém para participar da adoração no templo naquele dia. Baruque leu para todo o povo as palavras de Jeremias escritas no rolo. Estava diante da sala de Gemarias, filho do secretário Safã. A sala ficava no pátio superior do templo, perto do portão Novo. Quando Micaías, filho de Gemarias e neto de Safã, ouviu as mensagens do S enhor escritas no rolo, desceu à sala do secretário no palácio onde estavam reunidos os oficiais administrativos. Lá estavam o secretário Elisama, Delaías, filho de Semaías, Elnatã, filho de Acbor, Gemarias, filho de Safã, Zedequias, filho de Hananias, e todos os outros oficiais. Quando Micaías lhes falou das mensagens que Baruque estava lendo para o povo, os oficiais enviaram Jeudi, filho de Netanias, neto de Selemias e bisneto de Cusi, para dizer a Baruque: “Venha e leia as mensagens para nós também”. Então Baruque, filho de Nerias, pegou o rolo e foi até eles. “Sente-se e leia o rolo para nós”, disseram os oficiais, e Baruque fez o que pediram. Quando ouviram as mensagens, olharam uns para os outros assustados. “Precisamos relatar ao rei o que ouvimos”, disseram a Baruque. “Mas, primeiro, diga-nos como você recebeu essas mensagens. Vieram diretamente de Jeremias?” Baruque explicou: “Jeremias as ditou e eu as escrevi com tinta neste rolo, palavra por palavra”. “Você e Jeremias devem se esconder!”, os oficiais disseram a Baruque. “Não digam a ninguém onde estão.” Então os oficiais deixaram o rolo guardado na sala do secretário Elisama e foram contar ao rei o que tinham ouvido. O rei mandou Jeudi buscar o rolo. Jeudi o levou da sala do secretário Elisama e o leu para o rei e para todos os oficiais presentes. Era final do outono, e o rei estava numa parte do palácio usada durante o inverno, sentado diante de um braseiro para se aquecer. Cada vez que Jeudi terminava de ler três ou quatro colunas, o rei pegava uma faca, cortava aquela parte do rolo e a jogava no fogo. Assim, pedaço por pedaço, o rolo inteiro foi queimado. Nem o rei nem seus servos mostraram qualquer sinal de medo ou remorso diante do que tinham ouvido. Mesmo quando Elnatã, Delaías e Gemarias imploraram ao rei que não queimasse o rolo, ele não lhes deu atenção. Em seguida, o rei ordenou a seu filho Jerameel, a Seraías, filho de Azriel, e a Selemias, filho de Abdeel, que prendessem o profeta Jeremias e seu secretário, Baruque. O S enhor, porém, os tinha escondido. Depois que o rei havia queimado o rolo no qual Baruque tinha escrito as palavras de Jeremias, o S enhor deu esta mensagem a Jeremias: “Pegue outro rolo e escreva novamente tudo que estava no primeiro rolo, que o rei Jeoaquim queimou. Depois, diga ao rei: ‘Assim diz o S enhor: Você queimou o rolo porque ele dizia que o rei da Babilônia destruiria esta terra e acabaria com as pessoas e os animais. Agora, assim diz o S enhor a respeito de Jeoaquim, rei de Judá: Ele não terá herdeiros para se sentarem no trono de Davi. Seu corpo será lançado fora e não será enterrado; ficará exposto ao calor do dia e à geada da noite. Castigarei o rei, sua família e seus servos por seus pecados. Derramarei sobre eles e sobre todos os habitantes de Jerusalém e de Judá todas as calamidades que prometi, pois não quiseram dar ouvidos às minhas advertências’”. Então Jeremias pegou outro rolo e ditou novamente a seu secretário, Baruque, filho de Nerias. Escreveu tudo que estava no rolo que o rei Jeoaquim havia queimado. Dessa vez, porém, acrescentou muitas outras coisas. Zedequias, filho de Josias, foi sucessor de Joaquim, filho de Jeoaquim, no trono de Judá. Foi nomeado por Nabucodonosor, rei da Babilônia. Mas nem Zedequias, nem seus servos, nem o povo que restou na terra de Judá deram ouvidos ao que o S enhor tinha dito por intermédio do profeta Jeremias. Ainda assim, o rei Zedequias enviou Jucal, filho de Selemias, e o sacerdote Sofonias, filho de Maaseias, para pedirem a Jeremias: “Ore por nós ao S enhor, nosso Deus”. Jeremias ainda não havia sido preso, de modo que podia circular livremente entre o povo. Nessa época, o exército do faraó do Egito partiu de sua terra, preparado para guerrear. Quando o exército babilônio soube disso, suspendeu o cerco de Jerusalém. Então o S enhor deu esta mensagem a Jeremias: “Assim diz o S enhor, o Deus de Israel: O rei de Judá os enviou para me consultar a respeito do que acontecerá. Digam-lhe: ‘Embora o exército do faraó tenha vindo para ajudá-los, logo voltará ao Egito. Os babilônios retornarão, conquistarão esta cidade e a queimarão de alto a baixo’. “Assim diz o S enhor: Não se iludam, imaginando que os babilônios foram embora para sempre. Eles voltarão! Ainda que vocês destruíssem todo o exército babilônio e restasse apenas um punhado de sobreviventes feridos, eles sairiam de suas tendas e queimariam esta cidade de alto a baixo”. Quando o exército babilônio se retirou de Jerusalém por causa do exército do faraó, que se aproximava, Jeremias resolveu sair da cidade para ir ao território de Benjamim e tomar posse de sua propriedade ali, entre seus parentes. Quando passava pelo portão de Benjamim, um guarda o prendeu e disse: “Você está desertando para o lado dos babilônios!”. O guarda que o prendeu foi Jerias, filho de Selemias e neto de Hananias. “Não é verdade!”, disse Jeremias. “Não estou desertando para o lado dos babilônios.” Jerias, porém, não deu ouvidos e levou Jeremias aos oficiais. Eles ficaram furiosos com Jeremias e mandaram açoitá-lo e prendê-lo na casa do secretário Jônatas, que havia sido transformada em prisão. Jeremias foi colocado numa cela do calabouço e ali ficou por muitos dias. Mais tarde, em segredo, o rei Zedequias mandou buscar Jeremias e levá-lo ao palácio, onde lhe perguntou: “Você tem alguma mensagem do S enhor?”. “Sim, tenho”, disse Jeremias. “Você será entregue ao rei da Babilônia.” Então Jeremias perguntou ao rei: “Que crime cometi? O que fiz contra o rei, contra seus servos ou contra o povo para ser preso? Onde estão seus profetas, que lhe disseram que o rei da Babilônia não atacaria nem o rei nem esta terra? Suplico que me ouça, ó meu senhor, o rei. Não me mande de volta para o calabouço na casa do secretário Jônatas, pois morrerei naquele lugar”. Então o rei Zedequias ordenou que Jeremias fosse levado ao pátio da guarda do palácio e ficasse preso ali. O rei também ordenou que Jeremias recebesse um pão fresco diariamente enquanto houvesse pão na cidade. Assim, Jeremias foi colocado na prisão do palácio. Sefatias, filho de Matã, Gedalias, filho de Pasur, Jucal, filho de Semelias, e Pasur, filho de Maquias, ouviram o que Jeremias dizia a todo o povo: “Assim diz o S enhor: ‘Todos que ficarem em Jerusalém morrerão por guerra, fome ou doença, mas os que se renderem aos babilônios viverão. A recompensa deles será a vida; eles viverão!’. Assim diz o S enhor: ‘A cidade de Jerusalém certamente será entregue ao exército do rei da Babilônia, que a conquistará’”. Então esses oficiais foram ver o rei e disseram: “Esse homem deve morrer! Suas palavras vão desanimar os poucos soldados que restam, bem como todo o povo. Ele não busca o bem, mas a desgraça da nação”. O rei Zedequias concordou e disse: “Façam o que quiserem com ele. Não posso impedi-los”. Então os oficiais tiraram Jeremias de sua cela e o baixaram por meio de cordas para dentro de um poço vazio no pátio da prisão. O poço pertencia a Malquias, membro da família real. Não tinha água, mas havia uma camada de lama no fundo, e Jeremias ficou atolado nela. O etíope Ebede-Meleque, oficial importante da corte, soube que Jeremias estava no poço. Naquele momento, o rei julgava um caso junto ao portão de Benjamim; então Ebede-Meleque saiu apressadamente do palácio para falar com ele. “Ó meu senhor, o rei”, disse, “estes homens fizeram muito mal em colocar o profeta Jeremias no poço. Logo ele morrerá de fome, pois não há mais pão na cidade.” Então o rei disse a Ebede-Meleque: “Leve trinta homens sob suas ordens e tire Jeremias do poço antes que ele morra”. Ebede-Meleque levou os homens e foi à sala do palácio debaixo da tesouraria, onde encontrou alguns pedaços de pano e roupas velhas. Levou-os até o poço e, por meio de cordas, os desceu para Jeremias. Ebede-Meleque disse a Jeremias: “Coloque os pedaços de pano debaixo dos braços, para que as cordas não o machuquem”. Quando Jeremias estava pronto, puxaram-no para cima. Jeremias foi levado de volta para o pátio da guarda e permaneceu preso ali. Certo dia, o rei Zedequias mandou buscar Jeremias para se encontrar com ele na terceira entrada do templo do S enhor. “Quero lhe fazer uma pergunta”, disse o rei. “Não tente esconder a verdade.” Jeremias disse: “Se eu lhe disser a verdade, você me matará. E, se eu lhe der conselhos, você não me ouvirá”. Então o rei Zedequias lhe prometeu em segredo: “Tão certo como vive o S enhor, que nos criou, não o matarei nem o entregarei aos homens que desejam tirar sua vida”. Então Jeremias disse a Zedequias: “Assim diz o S enhor, o Deus dos Exércitos, o Deus de Israel: ‘Se você se render aos oficiais babilônios, você e sua família viverão, e a cidade não será queimada. Mas, se não se render, não escapará! A cidade será entregue aos babilônios, e eles a queimarão de alto a baixo’”. “Tenho medo de me render”, disse o rei, “pois pode acontecer de os babilônios me entregarem aos judeus que passaram para o lado deles. Quem sabe que crueldades farão comigo!” Jeremias respondeu: “Você não será entregue a eles se obedecer ao S enhor. Sua vida será poupada, e tudo lhe irá bem. Mas, se não quiser se render, foi isto que o S enhor me revelou: Todas as mulheres que restaram em seu palácio serão trazidas para fora e entregues aos oficiais do exército babilônio. Então as mulheres lhe dirão: ‘Que belos amigos você tem! Traíram você e o enganaram. Quando seus pés atolaram na lama, abandonaram-no à própria sorte’. Todas as suas esposas e todos os seus filhos serão levados pelos babilônios, e você não escapará. Será capturado pelo rei da Babilônia, e esta cidade será queimada de alto a baixo”. Então Zedequias disse a Jeremias: “Se alguém souber dessa conversa, você morrerá! Pode ser que meus oficiais fiquem sabendo que falei com você e digam: ‘Conte-nos sobre o que você e o rei conversaram. Se não nos contar, o mataremos’. Se isso acontecer, diga-lhes apenas que suplicou para não ser levado de volta ao calabouço de Jônatas, pois tem medo de morrer ali”. De fato, pouco depois, os oficiais do rei foram ver Jeremias e lhe perguntaram por que o rei tinha mandado chamá-lo. Jeremias, porém, seguiu as instruções do rei, e os oficiais foram embora sem descobrir a verdade. Ninguém tinha ouvido a conversa entre Jeremias e o rei. Jeremias continuou preso no pátio da guarda até o dia em que Jerusalém foi conquistada. Em janeiro do nono ano do reinado de Zedequias, rei de Judá, Nabucodonosor, rei da Babilônia, chegou com todo o seu exército para cercar Jerusalém. Dois anos e meio depois, em 18 de julho, no décimo primeiro ano do reinado de Zedequias, foi aberta uma brecha no muro da cidade. Todos os oficiais do exército babilônio entraram e se sentaram junto ao portão do Meio: Nergal-Sarezer, de Sangar, Nebo-Sarsequim, um dos chefes dos oficiais, Nergal-Sarezer, conselheiro real, e todos os outros oficiais do rei da Babilônia. Zedequias, o rei de Judá, e todos os soldados fugiram quando viram que os babilônios tinham invadido a cidade. Esperaram até o anoitecer, passaram pelo portão entre os dois muros atrás do jardim do rei e fugiram em direção ao vale do Jordão. Contudo, os soldados babilônios os perseguiram e alcançaram o rei Zedequias nas planícies de Jericó. Eles o capturaram e o levaram a Nabucodonosor em Ribla, na terra de Hamate. Ali o rei da Babilônia sentenciou Zedequias. Obrigou Zedequias a testemunhar a matança de seus filhos e de todos os nobres de Judá. Depois, arrancou seus olhos, o prendeu com correntes de bronze e o levou para a Babilônia. Os babilônios queimaram Jerusalém, incluindo o palácio real e as casas do povo, e derrubaram os muros da cidade. Nebuzaradã, capitão da guarda, deportou para a Babilônia o restante do povo que havia ficado na cidade, os desertores que tinham passado para seu lado e todos os outros sobreviventes. Permitiu, no entanto, que alguns dos mais pobres ficassem na terra de Judá para cuidar dos vinhedos e dos campos. O rei Nabucodonosor tinha ordenado a Nebuzaradã, capitão da guarda, que encontrasse Jeremias. “Cuide que ele não seja ferido”, disse. “Tome conta dele e providencie tudo que ele pedir.” Então Nebuzaradã, capitão da guarda, Nebusazbã, um dos chefes dos oficiais, Nergal-Sarezer, conselheiro real, e os outros oficiais do rei da Babilônia mandaram tirar Jeremias da prisão. Entregaram-no aos cuidados de Gedalias, filho de Aicam e neto de Safã, que o levou para sua casa. Jeremias permaneceu em Judá, no meio de seu povo. Enquanto Jeremias ainda estava na prisão, o S enhor lhe tinha dado a seguinte mensagem: “Diga ao etíope Ebede-Meleque: ‘Assim diz o S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Farei a esta cidade tudo que prometi. Enviarei calamidade, e não o bem. Você a verá ser destruída, mas eu o livrarei daqueles que você tanto teme. Porque confiou em mim, darei a você sua vida como recompensa. Eu o resgatarei e o protegerei. Eu, o S enhor, falei!’”. O S enhor deu uma mensagem a Jeremias depois que Nebuzaradã, capitão da guarda, o pôs em liberdade em Ramá. Ele havia encontrado Jeremias acorrentado entre todos os prisioneiros de Jerusalém e Judá que estavam sendo levados para o exílio na Babilônia. O capitão da guarda mandou chamar Jeremias e disse: “O S enhor, seu Deus, trouxe esta calamidade sobre esta terra. O S enhor cumpriu o que tinha dito, pois esse povo pecou contra o S enhor e lhe desobedeceu. Por isso aconteceram todas essas coisas. Mas eu vou tirar suas correntes e libertá-lo. Se quiser ir comigo para a Babilônia, está bem. Providenciarei que cuidem de você. Se não quiser ir, fique aqui. Toda a terra está diante de você; vá para onde quiser. Se resolver ficar, volte para Gedalias, filho de Aicam e neto de Safã. O rei da Babilônia o nomeou governador de Judá. Fique com o povo que ele governa. E, se quiser ir para algum outro lugar, faça o que lhe parecer melhor”. Então Nebuzaradã, capitão da guarda, deu a Jeremias um pouco de alimento e dinheiro e o deixou partir. Jeremias voltou para Gedalias, filho de Aicam, em Mispá, e habitou em Judá com os poucos que haviam ficado na terra. Os comandantes dos grupos de soldados que estavam no interior de Judá souberam que o rei da Babilônia havia nomeado Gedalias, filho de Aicam, para governar o povo pobre que tinha ficado em Judá, isto é, os homens, as mulheres e as crianças que não haviam sido enviados para o exílio na Babilônia. Então foram ver Gedalias em Mispá. Entre eles estavam Ismael, filho de Netanias, Joanã e Jônatas, filhos de Careá, Seraías, filho de Tanumete, os filhos de Efai, o netofatita, Jazanias, filho do maacatita, e todos os seus homens. Gedalias jurou a eles que os babilônios não tinham intenção de lhes fazer mal. “Não tenham medo de servi-los. Vivam na terra e sirvam ao rei da Babilônia, e tudo lhes irá bem”, ele prometeu. “Quanto a mim, ficarei em Mispá e os representarei diante dos babilônios que vierem se encontrar conosco. Estabeleçam-se nas cidades que tomaram e vivam dos frutos da terra. Colham uvas, frutas de verão e azeitonas e armazenem tudo.” Quando os judeus em Moabe, Amom, Edom e outras terras vizinhas souberam que o rei da Babilônia tinha deixado um remanescente do povo em Judá e que Gedalias era o governador, começaram a voltar para Judá dos lugares para os quais haviam fugido. Pararam em Mispá, onde se encontraram com Gedalias. Depois, seguiram para os campos em Judá e tiveram uma farta colheita de uvas e frutas de verão. Algum tempo depois, Joanã, filho de Careá, e os outros comandantes dos soldados que estavam no interior foram até Gedalias, em Mispá, e lhe disseram: “Você sabia que Baalis, rei de Amom, enviou Ismael, filho de Netanias, para assassiná-lo?”. Gedalias, porém, não acreditou neles. Mais tarde, Joanã falou com Gedalias em particular e se ofereceu para matar Ismael em segredo. “Por que deixar que ele venha e mate você?”, Joanã perguntou. “O que será, então, dos judeus que voltaram? Se isso acontecer, os poucos que restaram ficarão espalhados e perdidos.” Gedalias, porém, disse a Joanã: “Eu o proíbo de fazer isso, pois você está mentindo a respeito de Ismael”. Em outubro daquele ano, Ismael, filho de Netanias e neto de Elisama, que era da família real e que havia sido um alto oficial do rei, foi a Mispá com dez homens para se encontrar com Gedalias, filho de Aicam e neto de Safã. Enquanto faziam uma refeição juntos, Ismael e os dez homens se levantaram de um salto, puxaram suas espadas e mataram Gedalias, que o rei da Babilônia havia nomeado governador. Ismael também matou todos os soldados judeus e babilônios que estavam com Gedalias em Mispá. No dia seguinte, antes que alguém soubesse do assassinato de Gedalias, oitenta homens chegaram de Siquém, Siló e Samaria para adorar no templo do S enhor. Tinham raspado a cabeça, rasgado as roupas e se cortado e traziam ofertas de cereal e incenso. Ismael, filho de Netanias, saiu de Mispá e foi ao encontro deles, chorando ao longo do caminho. Quando os encontrou, disse: “Venham e vejam o que aconteceu a Gedalias, filho de Aicam”. Assim que todos entraram na cidade, Ismael e os homens que o acompanhavam mataram setenta deles e jogaram os corpos numa cisterna. Os outros dez sobreviveram, pois haviam convencido Ismael a soltá-los ao prometer lhes trazer os suprimentos de trigo, cevada, azeite e mel que haviam escondido. A cisterna em que Ismael jogou os corpos dos homens que ele assassinou era a grande cisterna cavada pelo rei Asa, quando ele fortificou a cidade para se defender de Baasa, rei de Israel. Ismael, filho de Netanias, a encheu de cadáveres. Então Ismael prendeu as filhas do rei e outras pessoas que Nebuzaradã, capitão da guarda, havia deixado em Mispá aos cuidados de Gedalias. Ismael partiu para a terra de Amom levando os prisioneiros. Quando Joanã, filho de Careá, e os outros comandantes que o acompanhavam souberam dos crimes de Ismael, reuniram todos os seus soldados e partiram para lutar contra ele. Eles o alcançaram no grande açude perto de Gibeom. O povo que Ismael tinha capturado gritou de alegria quando viu Joanã e os outros comandantes. Todos os prisioneiros de Mispá escaparam e começaram a ajudar Joanã. Enquanto isso, Ismael e oito dos homens que estavam com ele escaparam de Joanã e foram para a terra de Amom. Então Joanã, filho de Careá, e os outros comandantes levaram todo o povo que tinham resgatado em Gibeom: os soldados, as mulheres, as crianças e os oficiais do palácio que Ismael havia capturado em Mispá depois de matar Gedalias. Foram todos para o povoado de Gerute-Quimã, perto de Belém, de onde planejavam fugir para o Egito. Tinham medo daquilo que os babilônios fariam quando soubessem que Ismael havia assassinado Gedalias, o governador nomeado pelo rei da Babilônia. Então todos os comandantes dos grupos de soldados, incluindo Joanã, filho de Careá, e Jezanias, filho de Hosaías, e todo o povo, desde o mais humilde até o mais importante, procuraram o profeta Jeremias e disseram: “Ore por nós ao S enhor, seu Deus. Como pode ver, somos apenas um pequeno e humilde remanescente comparado ao que éramos antes. Ore para que o S enhor, seu Deus, nos mostre o que devemos fazer e para onde devemos ir”. “Está bem”, disse Jeremias. “Orarei ao S enhor, seu Deus, como vocês pediram, e lhes direi tudo que ele responder. Não esconderei nada de vocês.” Então disseram a Jeremias: “Que o S enhor, seu Deus, seja testemunha verdadeira e fiel contra nós se não obedecermos a tudo que ele nos ordenar! Quer suas ordens nos agradem quer não, obedeceremos ao S enhor, nosso Deus, a quem o enviamos com nossa súplica. Pois, se obedecermos ao S enhor, nosso Deus, tudo irá bem para nós”. Dez dias depois, o S enhor enviou sua resposta a Jeremias. Então o profeta chamou Joanã, filho de Careá, os outros comandantes e todo o povo, desde o mais humilde até o mais importante, e disse-lhes: “Vocês me enviaram ao S enhor, o Deus de Israel, com seu pedido, e esta é a resposta: ‘Se ficarem nesta terra, eu os edificarei, e não os derrubarei; eu os plantarei, e não os arrancarei. Pois lamento pela calamidade que trouxe sobre vocês. Não precisam mais ter medo do rei da Babilônia’, diz o S enhor. ‘Pois eu estou com vocês; eu os salvarei e os livrarei das mãos dele. Terei compaixão de vocês e farei que ele também tenha e permita que fiquem nesta terra.’ “Mas, se vocês se recusarem a obedecer ao S enhor, seu Deus, e se disserem: ‘Não ficaremos nesta terra; iremos para o Egito onde não há guerra, nem convocação para lutar, nem fome, e ali viveremos’, então ouçam a mensagem do S enhor para o remanescente de Judá. Assim diz o S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel: ‘Se vocês estão decididos a ir para o Egito e morar lá, a guerra e a fome que tanto temem os alcançarão e ali vocês morrerão. Isso é o que espera todos que insistirem em partir e morar no Egito. Sim, morrerão por guerra, fome e doença. Ninguém escapará da calamidade que trarei sobre vocês’. “Assim diz o S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel: ‘Assim como derramei minha ira e minha fúria sobre os habitantes de Jerusalém, também as derramarei sobre vocês quando entrarem no Egito. Serão objeto de condenação, horror, maldição e zombaria. Nunca mais verão sua terra natal’. “Ouça, ó remanescente de Judá. O S enhor lhes disse: ‘Não vão para o Egito!’. Não se esqueçam dessa advertência que hoje lhes dei. Pois vocês não foram honestos quando me enviaram para orar ao S enhor, seu Deus, por vocês. Disseram: ‘Diga-nos tudo que o S enhor, nosso Deus, falar, e nós o faremos’. Hoje lhes disse exatamente o que ele falou, mas vocês não obedecerão ao S enhor, seu Deus, como não lhe obedeceram no passado. Estejam certos, portanto, de que morrerão por guerra, fome e doença no Egito, para onde insistem em ir”. Quando Jeremias acabou de transmitir a todo o povo a mensagem do S enhor, seu Deus, Azarias, filho de Hosaías, e Joanã, filho de Careá, e todos os outros homens arrogantes disseram a Jeremias: “Você está mentindo! O S enhor, nosso Deus, não nos proibiu de ir morar no Egito! Baruque, filho de Nerias, o convenceu a dizer isso, pois ele deseja que fiquemos aqui e sejamos mortos pelos babilônios ou levados para o exílio”. Joanã, os outros comandantes e todo o povo não obedeceram à ordem do S enhor para que ficassem em Judá. Joanã e os outros comandantes levaram consigo todo o povo que tinha regressado das nações vizinhas para morar em Judá. Havia na multidão homens, mulheres e crianças, as filhas do rei e todos que Nebuzaradã, o capitão da guarda, havia deixado com Gedalias, filho de Aicam e neto de Safã. Também levaram o profeta Jeremias e Baruque, filho de Nerias. O povo não obedeceu ao S enhor e foi para o Egito, até a cidade de Tafnes. Quando chegaram a Tafnes, o S enhor deu outra mensagem a Jeremias: “Pegue algumas pedras grandes e, diante do povo de Judá, enterre-as debaixo das pedras do pavimento na entrada do palácio do faraó, aqui em Tafnes. Então, diga ao povo: ‘Assim diz o S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Certamente trarei meu servo Nabucodonosor, rei da Babilônia, aqui para o Egito. Colocarei seu trono sobre estas pedras que escondi. Ele estenderá sobre elas sua tenda real. E, quando ele vier, destruirá a terra do Egito. Trará morte aos destinados à morte, exílio aos destinados ao exílio e guerra aos destinados à guerra. Incendiará os templos dos deuses egípcios; queimará os templos e levará os ídolos como despojo. Limpará a terra do Egito, como um pastor que tira os piolhos de seu manto, e sairá dali sem sofrer dano algum. Quebrará as colunas no templo do sol, no Egito, e queimará os templos dos deuses egípcios’”. Jeremias recebeu esta mensagem acerca dos judeus que viviam no norte do Egito, nas cidades de Migdol, Tafnes e Mênfis, e também no sul do Egito: “Assim diz o S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Vocês viram a calamidade que eu trouxe sobre Jerusalém e sobre todas as cidades de Judá. Hoje elas estão desertas e em ruínas, porque provocaram minha ira com sua perversidade. Queimaram incenso e adoraram outros deuses que nem eles, nem vocês, nem seus antepassados jamais conheceram. “Repetidamente, enviei meus servos, os profetas, para lhes dizer: ‘Não façam essas coisas terríveis que eu tanto detesto!’. Mas eles não deram ouvidos nem abandonaram sua perversidade, e continuaram a queimar incenso para esses deuses. Por isso minha fúria transbordou e caiu como fogo sobre as cidades de Judá e as ruas de Jerusalém, que até hoje são ruínas desoladas. “Agora, o S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel, lhes pergunta: Por que destroem a si mesmos? Nenhum de vocês sobreviverá: nenhum homem, mulher, criança ou recém-nascido que veio de Judá. Por que provocar minha ira queimando incenso para os ídolos que vocês fizeram aqui no Egito? Destruirão a si mesmos e se tornarão objeto de maldição e zombaria para todas as nações. Acaso se esqueceram dos pecados de seus antepassados, dos pecados dos reis e das rainhas de Judá, e dos pecados que vocês e suas esposas cometeram em Judá e em Jerusalém? Até hoje, não mostraram remorso nem temor. Ninguém escolheu obedecer à minha lei e aos decretos que dei a vocês e a seus antepassados. “Portanto, assim diz o S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Estou decidido a destruir cada um de vocês! Tomarei o remanescente de Judá, aqueles que teimaram em vir para o Egito e morar aqui, e os consumirei. Cairão no Egito, mortos por guerra e fome. Todos morrerão, desde o mais humilde até o mais importante. Serão objeto de condenação, horror, maldição e zombaria. Eu os castigarei no Egito como os castiguei em Jerusalém, com guerra, fome e doença. Desse remanescente que fugiu para o Egito, na esperança de um dia voltar para Judá, ninguém sobreviverá. Embora anseiem voltar para sua terra, apenas uns poucos retornarão”. Então todas as mulheres que estavam presentes e todos os homens que sabiam que suas esposas haviam queimado incenso para ídolos, uma grande multidão de todos os judeus que viviam no norte e no sul do Egito, responderam a Jeremias: “Não ouviremos as mensagens que você transmite em nome do S enhor! Faremos o que bem entendermos. Queimaremos incenso e apresentaremos ofertas derramadas para a Rainha do Céu, como nós, nossos antepassados e nossos reis e oficiais sempre fizemos nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém. Naqueles dias, havia alimento com fartura, éramos prósperos e não tínhamos problemas! Mas desde que paramos de queimar incenso para a Rainha do Céu e deixamos de adorá-la com ofertas derramadas, temos enfrentado grandes aflições e morrido por guerra e fome”. “Além disso”, acrescentaram as mulheres, “você imagina que queimávamos incenso, apresentávamos ofertas derramadas à Rainha do Céu e fazíamos bolos que retratavam sua imagem sem o conhecimento e a ajuda de nossos maridos?” Então Jeremias disse a todos, tanto homens como mulheres, que lhe tinham dado essa resposta: “Vocês pensam que o S enhor não sabia que vocês, seus antepassados, seus reis e oficiais e todo o povo queimavam incenso a ídolos nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém? O S enhor fez de sua terra objeto de maldição, ruína desolada e sem habitantes, como está hoje, porque não suportava mais suas práticas detestáveis. Todas essas coisas terríveis aconteceram a vocês porque queimaram incenso a ídolos e pecaram contra o S enhor. Não obedeceram à sua voz nem seguiram sua lei, seus decretos e seus preceitos!”. Então Jeremias disse a todos, inclusive às mulheres: “Ouçam esta mensagem do S enhor, todos vocês judeus que agora vivem no Egito. Assim diz o S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel: ‘Vocês e suas esposas disseram: ‘Cumpriremos nossa promessa de queimar incenso e apresentar ofertas derramadas à Rainha do Céu’, e provaram com suas ações que estavam falando sério. Portanto, cumpram as promessas e votos que fizeram para ela’. “Ouçam, porém, esta mensagem do S enhor, todos vocês judeus que agora vivem no Egito: ‘Jurei por meu grande nome’, diz o S enhor, ‘que nenhum judeu na terra do Egito pronunciará meu nome. Nenhum de vocês invocará meu nome nem o usará para jurar: ‘Tão certo como vive o S enhor Soberano’. Pois eu os vigiarei para trazer sobre vocês calamidade, e não bem. Os judeus que hoje vivem no Egito sofrerão guerra e fome até que estejam todos mortos. Apenas uns poucos escaparão da morte e voltarão do Egito para Judá. Então todos que vieram para o Egito saberão quais palavras são verdadeiras: as minhas ou as deles! “‘E esta é a prova que lhes dou’, diz o S enhor, ‘de que todas as minhas palavras se cumprirão e de que eu os castigarei aqui.’ Assim diz o S enhor: ‘Entregarei o faraó Hofra, rei do Egito, nas mãos de seus inimigos que desejam matá-lo, assim como entreguei Zedequias, rei de Judá, a Nabucodonosor, rei da Babilônia’”. O profeta Jeremias transmitiu esta mensagem a Baruque, filho de Nerias, no quarto ano do reinado de Jeoaquim, filho de Josias, depois que Baruque escreveu tudo que Jeremias havia ditado: “Assim diz o S enhor, o Deus de Israel, a você, Baruque: Você disse: ‘Estou cercado de aflições! Será que já não sofri o suficiente? E agora o S enhor acrescentou ainda mais dor! Estou exausto de tanto gemer e não encontro descanso’. “Baruque, assim diz o S enhor: ‘Destruirei esta nação que edifiquei; arrancarei o que plantei. Você procura grandes coisas para si mesmo? Não faça isso! Trarei calamidade sobre todo este povo; a você, porém, darei sua vida como recompensa aonde quer que vá. Eu, o S enhor, falei!’”. O profeta Jeremias recebeu do S enhor estas mensagens acerca das nações. Esta mensagem acerca do Egito foi anunciada no quarto ano do reinado de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá, quando o faraó Neco, rei do Egito, e seu exército foram derrotados junto ao rio Eufrates por Nabucodonosor, rei da Babilônia, na batalha de Carquemis. “Preparem seus escudos e avancem para a batalha! Selem os cavalos e montem neles, cavaleiros! Tomem suas posições e coloquem os capacetes. Afiem as lanças e vistam as armaduras. Mas o que vejo? O exército egípcio foge, apavorado. Seus guerreiros mais valentes correm sem olhar para trás. Estão cercados de terror”, diz o S enhor. “Os mais velozes não conseguem fugir, os mais fortes não podem escapar. No norte, junto ao rio Eufrates, tropeçam e caem. “Quem é este que sobe como o Nilo no tempo das cheias e inunda toda a terra? É o exército egípcio que inunda toda a terra. Conta vantagem de que a cobrirá como uma enchente e destruirá as cidades e seus habitantes. Avancem, cavalos e carros de guerra, ataquem, guerreiros valentes do Egito! Venham todos vocês, aliados da Etiópia, da Líbia e da Lídia, hábeis com o escudo e o arco. Porque este é o dia do Soberano S enhor dos Exércitos, dia de vingar-se de seus inimigos. A espada devorará até se fartar, sim, até se embriagar com seu sangue. O Soberano S enhor dos Exércitos receberá hoje um sacrifício na terra do norte, junto ao rio Eufrates. “Suba a Gileade para buscar remédio, ó filha virgem do Egito! Mas de nada adiantarão seus muitos medicamentos, pois não há cura para você. As nações ouviram falar de sua humilhação, a terra está cheia de seus gritos de desespero. Seus guerreiros mais valentes tropeçarão uns nos outros e juntos cairão.” Então o S enhor deu ao profeta Jeremias esta mensagem acerca dos planos de Nabucodonosor, rei da Babilônia, para atacar o Egito. “Anunciem esta mensagem no Egito, proclamem-na em Migdol, Mênfis e Tafnes! Preparem-se para a batalha, pois a espada devorará todos ao seu redor. Por que seus guerreiros caíram? Não conseguem ficar em pé, pois o S enhor os derrubou. Tropeçam e caem uns sobre os outros e dizem entre si: ‘Venham, vamos voltar ao nosso povo, à nossa terra natal; vamos fugir da espada do inimigo!’. Ali eles dirão: ‘O faraó, o rei do Egito, só faz barulho; perdeu sua oportunidade!’. “Tão certo como eu vivo”, diz o Rei, cujo nome é S enhor dos Exércitos, “vem contra o Egito alguém alto como o monte Tabor, como o monte Carmelo junto ao mar. Arrume a bagagem! Prepare-se para ir ao exílio, povo do Egito! A cidade de Mênfis será destruída, e não restará um só habitante. O Egito é formoso como uma bela novilha, mas uma grande mosca do norte está a caminho. Os mercenários do Egito são fortes como bezerros gordos, mas eles também darão meia-volta e fugirão, pois este é um dia de grande calamidade para o Egito, o tempo de seu castigo. O Egito foge como uma serpente que desliza para longe; os exércitos invasores avançam e vêm contra ele com machados, como se fossem lenhadores. Cortarão seu povo como árvores”, diz o S enhor, “pois são mais numerosos que gafanhotos. O Egito será humilhado; será entregue ao povo do norte.” Assim diz o S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel: “Castigarei Amom, o deus de Tebas, e todos os outros deuses do Egito. Castigarei seus governantes, o faraó e todos que nele confiam. Eu os entregarei àqueles que desejam matá-los, a Nabucodonosor, rei da Babilônia, e a seu exército. Depois disso, porém, a terra voltará a ser habitada, como no passado. Eu, o S enhor, falei! “Mas não tenha medo, meu servo Jacó; não desanime, ó Israel. Pois eu o trarei de volta de terras distantes, e seus descendentes retornarão do exílio. Israel voltará a ter uma vida de paz e sossego, e ninguém o assustará. Não tenha medo, meu servo Jacó, pois estou com você”, diz o S enhor. “Destruirei completamente todas as nações entre as quais o espalhei, mas você não será completamente destruído. Eu o disciplinarei, mas com justiça; não posso permitir que fique impune.” O S enhor deu esta mensagem ao profeta Jeremias acerca dos filisteus de Gaza, antes de ela ser derrotada pelo exército egípcio. Assim diz o S enhor: “Do norte se aproxima uma enchente para inundar a terra. Destruirá a terra e tudo que nela há, tanto as cidades como seus habitantes. O povo gritará de terror, e todos na terra se lamentarão. Ouçam o ruído dos cascos de cavalos, o barulho dos carros de guerra e o estrondo de suas rodas. Os pais fogem apavorados, sem olhar para trás, para seus filhos indefesos. “Chegou o dia de destruir os filisteus e seus aliados de Tiro e de Sidom. Sim, o S enhor destruirá os filisteus, o remanescente da ilha de Creta. Gaza será humilhada, e sua cabeça será raspada; Ascalom ficará em silêncio. E você, remanescente da planície costeira, até quando cortará a si mesmo em sinal de lamento? “Ó espada do S enhor, quando descansará? Volte para sua bainha; repouse e aquiete-se. “Mas como pode se aquietar se o S enhor a enviou numa missão? Deve destruir a cidade de Ascalom e o povo que vive no litoral”. Esta é a mensagem acerca de Moabe. Assim diz o S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel: “Que aflição espera a cidade de Nebo; logo ela estará em ruínas! A cidade de Quiriataim será humilhada e conquistada; a fortaleza será envergonhada e derrubada. Ninguém mais se orgulhará de Moabe, pois em Hesbom tramam destruí-la. Dizem: ‘Venham, vamos acabar com aquela nação!’. A cidade de Madmém também será silenciada; a espada a perseguirá. Ouçam os gritos de Horonaim, gritos de devastação e de grande destruição. Toda a terra de Moabe está destruída; suas crianças gritarão aos prantos. Seus refugiados não param de chorar enquanto sobem a ladeira para Luíte. Gritam de terror no caminho que desce para Horonaim. Fujam para salvar a vida! Escondam-se no deserto! Porque confiaram em sua riqueza e habilidade, serão capturados. Seu deus, Camos, será levado para terras distantes, junto com seus sacerdotes e oficiais. “Todas as cidades serão destruídas, e ninguém escapará, nem nos planaltos nem nos vales, pois o S enhor falou. Quem dera Moabe tivesse asas para que pudesse voar para longe, pois suas cidades ficarão desertas, sem nenhum habitante. Maldito aquele que não cumprir diligentemente o trabalho do S enhor, que impedir sua espada de derramar sangue! “Desde o início de sua história, Moabe viveu em paz; nunca foi para o exílio. É como o vinho deixado em repouso; não foi passado de uma vasilha para a outra e agora está aromático e suave. Mas está chegando o dia”, diz o S enhor, “em que enviarei homens para tirar o vinho da vasilha. Eles o despejarão e despedaçarão a vasilha. Enfim Moabe terá vergonha de seu deus, Camos, como o povo de Israel se envergonhou do bezerro de ouro em Betel. “Você costumava dizer: ‘Somos fortes, guerreiros valentes’. Agora, porém, Moabe e suas cidades serão destruídas; seus jovens mais promissores morrerão”, diz o Rei, cujo nome é S enhor dos Exércitos. “A destruição de Moabe vem depressa, a calamidade se aproxima. Vocês, amigos de Moabe, lamentem por ela e chorem! Vejam como o cajado forte está quebrado, como o cetro glorioso está em pedaços! “Desçam de sua glória e sentem-se no pó, habitantes de Dibom, pois os destruidores de Moabe também os arrasarão; derrubarão todas as suas torres. Fiquem à beira do caminho e vigiem, habitantes de Aroer. Perguntem àqueles que fogem de Moabe: ‘O que aconteceu?’. “A resposta será: ‘Moabe está em ruínas, humilhada; chorem e lamentem! Anunciem nas margens do rio Arnom: Moabe foi destruída!’. O julgamento chegou às cidades do planalto: a Holom, Jaza e Mefaate, a Dibom, Nebo e Bete-Diblataim, a Quiriataim, Bete-Gamul e Bete-Meom, a Queriote e Bozra e a todas as cidades de Moabe, distantes e próximas. “A força de Moabe acabou; seu braço foi quebrado”, diz o S enhor. “Que ela cambaleie e caia como um bêbado, pois se rebelou contra o S enhor. Moabe se revolverá no próprio vômito, e todos zombarão dela. Você não zombou dos israelitas? Acaso foram encontrados na companhia de ladrões para que os desprezassem dessa forma? “Fujam de suas cidades e morem em cavernas habitantes de Moabe. Escondam-se como pombas que fazem seus ninhos nas fendas dos rochedos. Todos nós ouvimos falar do orgulho de Moabe, pois seu orgulho é muito grande. Sabemos de sua soberba, sua arrogância e seu coração altivo. Conheço sua insolência”, diz o S enhor, “mas sua arrogância é vazia, tão vazia quanto seus atos. Agora, chorarei por Moabe, sim, gritarei de tristeza por Moabe; lamentarei pelos homens de Quir-Haresete. “Habitantes de Sibma, cheia de videiras, chorarei por vocês mais do que chorei por Jazer. Seus ramos se estendiam até o mar Morto, mas o destruidor acabou com tudo; colheu suas uvas e seus frutos de verão. Alegria e exultação desapareceram da fértil Moabe; os tanques de prensar deixaram de produzir vinho. Ninguém mais pisa as uvas com gritos alegres; há gritos, mas não de alegria. “Seus gritos de terror são ouvidos desde Hesbom até Eleale e Jaaz; desde Zoar até Horonaim e Eglate-Selisia. Agora, até as águas de Ninrim secaram. “Darei fim a Moabe”, diz o S enhor, “pois o povo oferece sacrifícios nos santuários idólatras e queima incenso a seus falsos deuses. Meu coração geme como uma flauta por Moabe e por Quir-Haresete, pois toda a sua riqueza se foi. Seus habitantes raspam a cabeça e a barba, fazem cortes nas mãos e vestem panos de saco. Há choro e tristeza em todas as casas e ruas de Moabe, pois eu a despedacei como um jarro velho que ninguém quer”, diz o S enhor. “Como se estilhaçou! Ouçam o choro! Vejam a humilhação de Moabe! Tornou-se objeto de zombaria, exemplo de ruína para todos os seus vizinhos.” Assim diz o S enhor: “Veja, o inimigo desce veloz, como águia, e abre suas asas sobre Moabe! Suas cidades cairão, e suas fortalezas serão conquistadas. Até os guerreiros mais valentes ficarão em agonia, como a mulher em trabalho de parto. Moabe deixará de ser nação, pois se exaltou diante do S enhor. “Terror, armadilhas e laços a esperam, ó Moabe!”, diz o S enhor. “Quem fugir do terror cairá na armadilha, quem escapar da armadilha será apanhado no laço. Não deixarei que ninguém escape, pois a hora de seu castigo chegou”, diz o S enhor. “O povo foge até Hesbom, mas não consegue seguir adiante, pois de Hesbom, antiga cidade do rei Seom, vem fogo para devorar toda a terra e seus rebeldes habitantes. “Que aflição a espera, ó Moabe! O povo do deus Camos será destruído! Seus filhos e suas filhas foram levados para o exílio. No futuro, porém, restaurarei a situação de Moabe. Eu, o S enhor, falei!” Aqui termina a profecia de Jeremias contra Moabe. Esta é a mensagem acerca dos amonitas. Assim diz o S enhor: “Acaso não há descendentes de Israel para herdar a terra de Gade? Por que vocês, que adoram Moloque, habitam nas cidades de Gade? Está chegando o dia”, diz o S enhor, “em que farei soar o grito de guerra contra a cidade de Rabá. Ela se tornará um monte de ruínas, e os povoados vizinhos serão queimados. Então Israel tomará de volta as terras que vocês tiraram dele”, diz o S enhor. “Grite, ó Hesbom, pois a cidade de Ai está destruída. Chorem, ó habitantes de Rabá, e vistam roupas de luto. Lamentem e escondam-se entre os muros, pois seu deus, Moloque, será levado para terras distantes, junto com seus sacerdotes e oficiais. Você se orgulha de seus vales férteis, ó filha rebelde. Confiou em suas riquezas e pensou que ninguém jamais lhe faria mal. Mas eu trarei terror sobre você”, diz o Soberano, o S enhor dos Exércitos. “Seus vizinhos a expulsarão de sua terra, e ninguém ajudará seus habitantes quando fugirem. No futuro, porém, restaurarei a situação dos amonitas. Eu, o S enhor, falei.” Esta é a mensagem acerca de Edom. Assim diz o S enhor dos Exércitos: “Não há sabedoria em Temã? Não resta ninguém para dar bons conselhos? Sua sabedoria desapareceu? Deem meia-volta e fujam! Escondam-se em cavernas profundas, ó habitantes de Dedã! Pois, quando eu trouxer calamidade sobre Edom, castigarei vocês também. Aqueles que colhem uvas sempre deixam algumas para os pobres. Se ladrões viessem à noite, não levariam tudo. Mas eu despojarei completamente a terra de Edom, e não restará lugar algum para se esconder. Seus filhos, irmãos e vizinhos serão todos destruídos, e Edom deixará de existir. Protegerei, contudo, os órfãos que restarem em seu meio, e as viúvas também podem esperar minha ajuda”. Assim diz o S enhor: “Se os inocentes têm de sofrer, quanto mais vocês! Não ficarão impunes; também beberão deste cálice. Pois jurei por meu próprio nome”, diz o S enhor, “que Bozra se tornará objeto de horror e um monte de ruínas; será motivo de zombaria e maldição. Todas as suas cidades ficarão desoladas para sempre.” Ouvi uma mensagem do S enhor, que um embaixador foi enviado às nações para dizer: “Formem uma coalizão contra Edom e preparem-se para a batalha!”. Assim diz o S enhor a Edom: “Eu a tornarei pequena entre as nações; será desprezada por todos. Você foi iludida pelo medo que provoca e por seu orgulho. Vive numa fortaleza de pedra e controla os altos dos montes. Mas ainda que faça seu ninho nas alturas com as águias, eu a derrubarei”, diz o S enhor. “Edom será objeto de horror; todos que passarem por ela ficarão pasmos e abrirão a boca de espanto quando virem suas ruínas. Será como a destruição de Sodoma e Gomorra e de suas cidades vizinhas”, diz o S enhor. “Ninguém viverá ali, ninguém habitará nela. Virei como um leão da mata do Jordão que ataca as ovelhas no pasto. Expulsarei Edom de sua terra e ali colocarei o líder que eu escolher. Pois quem é semelhante a mim e quem pode me desafiar? Que governante pode se opor à minha vontade?” Ouçam o que o S enhor planejou contra Edom e contra os habitantes de Temã. Até as crianças serão arrastadas como ovelhas, e suas casas, destruídas. A terra tremerá com o estrondo da queda de Edom, e até do mar Vermelho se ouvirá seu clamor. Veja, o inimigo desce veloz, como águia, e abre suas asas sobre Bozra! Até os guerreiros mais valentes ficarão em agonia, como a mulher em trabalho de parto. Esta é a mensagem acerca de Damasco: “O medo tomou conta das cidades de Hamate e Arpade, pois ouviram a notícia de sua destruição. Seu coração está agitado, como o mar numa tempestade. Damasco se enfraqueceu, e todos os seus habitantes se preparam para fugir. Medo, angústia e dor se apoderam dela, como da mulher em trabalho de parto. A cidade famosa, antes tão alegre, será abandonada. Seus jovens cairão nas ruas, todos os seus soldados serão mortos”, diz o S enhor dos Exércitos. “Acenderei fogo nos muros de Damasco, e ele queimará os palácios de Ben-Hadade.” Esta é a mensagem acerca de Quedar e dos reinos de Hazor, que Nabucodonosor, rei da Babilônia, atacou. Assim diz o S enhor: “Avancem contra Quedar! Destruam o povo do Oriente! Tomarão seus rebanhos e tendas e levarão seus bens e camelos. Por toda parte se ouvirão gritos de pânico: ‘Estamos cercados de terror!’. Corram para salvar a vida”, diz o S enhor. “Escondam-se em cavernas profundas, habitantes de Hazor, pois Nabucodonosor, rei da Babilônia, está se preparando para destruí-los. “Subam e ataquem essa nação confiante”, diz o S enhor. “Seu povo vive sozinho no deserto; não tem muros nem portões. Vocês tomarão como despojo os camelos e todos os outros animais deles. Espalharei ao vento essa gente que vive em lugares distantes. Trarei calamidade sobre eles de todos os lados”, diz o S enhor. “Hazor se tornará morada de chacais e ficará desolada para sempre. Ninguém viverá ali, ninguém habitará nela.” O profeta Jeremias recebeu esta mensagem do S enhor acerca de Elão no início do reinado de Zedequias, rei de Judá. Assim diz o S enhor dos Exércitos: “Destruirei os arqueiros de Elão, os melhores soldados de seus exércitos. Trarei inimigos de todos os lados e espalharei os habitantes de Elão aos quatro ventos; serão exilados em nações do mundo inteiro. Irei com os inimigos de Elão para despedaçá-la; em minha ira ardente, trarei calamidade sobre os elamitas”, diz o S enhor. “Seus inimigos os perseguirão com a espada até que os tenham destruído completamente. Colocarei meu trono em Elão”, diz o S enhor, “e destruirei seu rei e seus oficiais. No futuro, porém, restaurarei a situação de Elão. Eu, o S enhor, falei!” O S enhor deu ao profeta Jeremias esta mensagem acerca da Babilônia e da terra dos babilônios: “Anunciem a todo o mundo, não escondam nada. Levantem uma bandeira para proclamar a todos que a Babilônia cairá. Suas imagens e seus ídolos serão despedaçados; seus deuses, Bel e Merodaque, sofrerão completa humilhação. Porque do norte uma nação virá e trará tamanha destruição que ninguém voltará a habitar ali. Tudo desaparecerá; tanto pessoas como animais fugirão.” “Naqueles dias e naquele tempo”, diz o S enhor, “o povo de Israel voltará com o povo de Judá. Virão chorando e buscando o S enhor, seu Deus. Perguntarão pelo caminho para Sião e voltarão para casa. Eles se apegarão ao S enhor numa aliança permanente que jamais será esquecida. “Meu povo tem sido como ovelhas perdidas; seus pastores as fizeram desviar do caminho e as soltaram nos montes. Elas perderam o rumo e não lembram como voltar para o curral. Todos que as encontraram as devoraram. Seus inimigos disseram: ‘Não fizemos nada de errado ao atacá-las, pois pecaram contra o S enhor, seu verdadeiro lugar de descanso, a esperança de seus antepassados’. “Agora, porém, fujam da Babilônia! Saiam da terra dos babilônios! Como bodes que vão adiante do rebanho, guiem meu povo de volta para casa. Pois estou levantando um exército de grandes nações do norte. Unirão forças para atacar a Babilônia e a conquistarão. As flechas do inimigo serão certeiras; irão direto para o alvo! A Babilônia será saqueada até que os saqueadores estejam cheios de despojos. Eu, o S enhor, falei!” “Vocês se alegram e exultam, vocês que saquearam a nação que me pertence. Saltam como bezerros na campina e relincham como garanhões. Mas sua terra natal será coberta de vergonha e desonra. Vocês se tornarão a menor das nações, um deserto, uma terra seca e desolada. Por causa da fúria do S enhor, a Babilônia ficará vazia; ninguém viverá nela. Todos que passarem por lá ficarão pasmos e abrirão a boca de espanto quando virem suas ruínas. “Todas vocês, nações vizinhas, preparem-se para atacar a Babilônia. Que seus arqueiros atirem contra ela e não poupem flechas, pois ela pecou contra o S enhor. De todos os lados, deem gritos de guerra contra ela. Vejam, está se rendendo! Seus muros caíram! É a vingança do S enhor, portanto vinguem-se dela; façam a ela o mesmo que ela fez a outros! Eliminem da Babilônia todos que plantam lavouras e mandem embora todos que colhem. Por causa da espada do inimigo, todos fugirão para sua própria terra.” “Os israelitas são como ovelhas dispersadas por leões. Primeiro o rei da Assíria os devorou, depois Nabucodonosor, rei da Babilônia, quebrou seus ossos.” Portanto, assim diz o S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel: “Castigarei o rei da Babilônia e sua terra, assim como castiguei o rei da Assíria. Trarei Israel de volta para sua própria terra, para pastar nos campos no Carmelo e em Basã e para saciar-se novamente na região montanhosa de Efraim e em Gileade. Naqueles dias”, diz o S enhor, “não se encontrará pecado algum em Israel nem em Judá, pois perdoarei o remanescente que eu preservar.” “Subam, guerreiros, contra a terra de Merataim e contra os habitantes de Pecode! Persigam-nos, matem-nos e destruam-nos completamente, como lhes ordenei”, diz o S enhor. “Façam ouvir na terra o grito de guerra, o estrondo de grande destruição. A Babilônia, o martelo de toda a terra, está quebrada e despedaçada; está desolada entre as nações. Preparei uma armadilha para você, Babilônia; foi surpreendida e apanhada, pois lutou contra o S enhor. O S enhor abriu seu arsenal e trouxe para fora as armas de sua fúria. Sim, o Soberano S enhor dos Exércitos, agirá na terra dos babilônios. Venham contra ela de terras distantes, arrombem seus celeiros, transformem seus muros e casas em montes de escombros. Destruam-na completamente, não deixem sobrar coisa alguma. Ataquem todos os seus jovens guerreiros e acabem com eles. Que aflição os espera, pois chegou o dia do castigo da Babilônia! Escutem o povo que escapou da Babilônia contar em Sião como o S enhor, nosso Deus, se vingou dos que destruíram seu templo. “Convoquem os arqueiros para virem à Babilônia, cerquem a cidade para que ninguém escape. Façam a ela o mesmo que ela fez a outros, pois desafiou o S enhor, o Santo de Israel. Seus jovens cairão nas ruas, todos os seus soldados serão mortos”, diz o S enhor. “Veja, sou seu inimigo, povo arrogante”, diz o Soberano S enhor dos Exércitos. “O dia do acerto de contas chegou, o dia em que eu o castigarei. Ó povo insolente, você tropeçará e cairá, e ninguém o levantará. Pois acendi um fogo nas cidades da Babilônia que queimará tudo ao seu redor.” Assim diz o S enhor dos Exércitos: “O povo de Israel e o povo de Judá foram oprimidos; seus captores os prenderam e não querem soltá-los. Mas seu Redentor é forte; seu nome é S enhor dos Exércitos. Ele os defenderá e voltará a lhes dar descanso em Israel. Mas para o povo da Babilônia não haverá descanso! “A espada de guerra virá sobre os babilônios”, diz o S enhor. “Virá sobre o povo da Babilônia, sobre seus oficiais e seus sábios. A espada virá sobre seus falsos profetas, e eles se tornarão tolos. Virá sobre seus guerreiros valentes, e eles se apavorarão. A espada virá sobre cavalos e carros de guerra e sobre os estrangeiros que ali habitam, e eles se tornarão como mulheres. Virá sobre seus tesouros, e todos eles serão saqueados. A seca virá até mesmo sobre suas fontes de água, e elas secarão. Por que tudo isso acontecerá? Porque toda a terra se encheu de ídolos, e o povo está enlouquecido por eles. “Em breve a Babilônia servirá de morada para animais do deserto e hienas; corujas farão ali seus ninhos. Jamais voltará a ser habitada, ficará desolada para sempre. Eu a destruirei como destruí Sodoma e Gomorra e as cidades vizinhas”, diz o S enhor. “Ninguém viverá ali, ninguém habitará nela. “Vejam, um grande exército vem do norte! Uma grande nação e muitos reis se levantam, de terras distantes, contra vocês. Estão armados com arcos e lanças, são cruéis e não têm compaixão. Quando avançam montados em cavalos, o barulho é como o rugido do mar. Vêm em formação de batalha com o intuito de destruí-la, Babilônia. O rei da Babilônia ouviu relatos sobre o inimigo, e suas mãos tremem de medo. Pontadas de angústia tomam conta dele, como as dores da mulher em trabalho de parto. “Virei como um leão da mata do Jordão que ataca as ovelhas no pasto. Expulsarei a Babilônia de sua terra e ali colocarei o líder que eu escolher. Pois quem é semelhante a mim e quem pode me desafiar? Que governante pode se opor à minha vontade?” Ouçam o que o S enhor planejou contra a Babilônia e contra a terra dos babilônios. Até as crianças serão arrastadas como ovelhas, e suas casas, destruídas. A terra tremerá com a queda da Babilônia, e por todo o mundo se ouvirá seu grito de desespero. Assim diz o S enhor: “Levantarei um vento destruidor contra a Babilônia e os habitantes daquela terra. Estrangeiros virão para peneirá-la e soprá-la para longe, como palha. Virão de todos os lados para atacá-la no dia da calamidade. Não deem tempo para os arqueiros vestirem suas couraças, nem armarem seus arcos. Não poupem nem mesmo seus melhores soldados; destruam seu exército completamente. Cairão mortos na terra dos babilônios, feridos em suas ruas. Pois o S enhor dos Exércitos não abandonou Israel nem Judá. Ele ainda é seu Deus, embora a terra em que vivem esteja cheia de pecado contra o Santo de Israel”. Fujam da Babilônia! Salvem-se! Não sejam castigados com ela! Chegou o tempo da vingança do S enhor; ele dará à Babilônia o castigo merecido. A Babilônia foi como uma taça de ouro nas mãos do S enhor, uma taça que embriagou o mundo inteiro. As nações beberam do vinho da Babilônia e enlouqueceram. Mas, de repente, a Babilônia também caiu; chorem por ela, deem-lhe remédio, talvez ela ainda possa ser curada. Tentamos ajudar a Babilônia, mas já era tarde demais. Deixem-na, voltem para sua própria terra. Pois o castigo dela chega até os céus; é tão grande que não pode ser medido. O S enhor nos fez justiça; venham, vamos anunciar em Sião tudo que o S enhor, nosso Deus, tem feito. Afiem as flechas! Levantem os escudos! Pois o S enhor incitou os reis da Média a marcharem contra a Babilônia e a destruírem. Essa é sua vingança contra aqueles que profanaram seu templo. Levantem a bandeira de guerra contra a Babilônia, reforcem a guarda e coloquem vigias. Preparem uma emboscada, pois o S enhor realizará tudo que planejou contra seus moradores. Você fica junto a um grande rio e está repleta de tesouros. Mas seu fim chegou; o fio de sua vida foi cortado. O S enhor dos Exércitos jurou por seu próprio nome: “Suas cidades se encherão de inimigos, como campos cobertos de gafanhotos, e eles darão gritos de vitória”. O S enhor fez a terra com seu poder e a estabeleceu com sua sabedoria. Com seu entendimento, estendeu os céus. Quando fala no meio do trovão, as chuvas rugem nos céus. Eleva as nuvens acima da terra, envia relâmpagos com a chuva e ordena que o vento saia de seus depósitos. Todo ser humano é tolo e não tem conhecimento! Os artesãos são envergonhados pelos ídolos que fazem, pois as imagens que esculpiram são uma fraude; não têm fôlego nem poder. Os ídolos são inúteis, são mentiras ridículas; no dia do acerto de contas, serão todos destruídos. Mas o Deus de Israel não é como esses ídolos; ele é o Criador de todas as coisas, incluindo Israel, a nação que lhe pertence. Seu nome é S enhor dos Exércitos! “Você é meu martelo e minha espada”, diz o S enhor. “Com você despedaçarei nações e destruirei muitos reinos. Com você destruirei o cavalo, o cavaleiro, o carro de guerra e o condutor. Com você despedaçarei homens e mulheres, velhos e crianças, rapazes e moças. Com você despedaçarei pastores e rebanhos, lavradores e bois, capitães e oficiais. “Retribuirei à Babilônia e aos habitantes daquela terra por todo o mal que fizeram ao meu povo em Sião”, diz o S enhor. “Veja, ó montanha poderosa, destruidora da terra! Sou seu inimigo”, diz o S enhor. “Levantarei minha mão contra você, e a derrubarei das alturas. Quando eu terminar, você não passará de um monte de escombros queimados. Nem mesmo suas pedras serão reaproveitadas para outras construções. Ficará completamente arruinada”, diz o S enhor. Levantem uma bandeira para as nações! Façam soar o toque de guerra! Mobilizem-nas contra a Babilônia, convoquem os exércitos de Ararate, Mini e Asquenaz. Nomeiem um comandante e tragam muitos cavalos, como um enxame de gafanhotos. Reúnam contra ela os exércitos das nações comandados pelos reis da Média e todos os seus capitães e oficiais. A terra estremece e se contorce de dor, pois todos os planos do S enhor contra a Babilônia permanecem inalterados; a Babilônia ficará desolada, sem um só habitante. Seus guerreiros valentes pararam de lutar e permanecem em seus quartéis, sem coragem alguma; tornaram-se como mulheres. Os invasores queimaram as casas e quebraram os portões da cidade. Mensageiros correm apressados para contar ao rei que sua cidade foi conquistada. Todas as rotas de fuga estão fechadas; os juncos dos pântanos foram incendiados, e o exército está em pânico. Assim diz o S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel: “A Babilônia é como o trigo na eira, prestes a ser pisado. Em breve, começará sua colheita”. “Nabucodonosor, rei da Babilônia, nos devorou, nos esmagou e nos deixou sem forças. Ele nos engoliu como um monstro; encheu o estômago com nossas riquezas e nos vomitou de nossa terra. Que a Babilônia sofra da mesma forma que nos fez sofrer”, diz o povo de Sião. “Que seus habitantes paguem por terem derramado nosso sangue”, diz Jerusalém. Assim diz o S enhor a Jerusalém: “Defenderei sua causa e os vingarei. Secarei o rio da Babilônia, e também suas fontes, e ela se tornará um monte de ruínas, morada de chacais. Será objeto de horror e desprezo, um lugar onde ninguém vive. Seus habitantes rugirão juntos, como leões fortes; rosnarão como leõezinhos. E, enquanto estiverem inflamados de tanto beber, prepararei para eles outro tipo de banquete. Eu os farei beber até que caiam no sono, e nunca mais acordarão”, diz o S enhor. “Eu os levarei como cordeiros para o matadouro, como carneiros e bodes. “Como caiu a Babilônia, a grande Babilônia, admirada em toda a terra! Tornou-se objeto de horror entre as nações. O mar se levantou sobre a Babilônia; está coberta de ondas violentas. Suas cidades estão em ruínas; é uma terra seca e deserta, onde ninguém vive e por onde ninguém passa. Castigarei Bel, o deus dos babilônios, e o farei vomitar tudo que engoliu. As nações não virão mais para adorá-lo; o muro da Babilônia caiu!” “Saia da Babilônia, meu povo! Salvem-se da ira ardente do S enhor! Mas não entrem em pânico; não tenham medo quando ouvirem os primeiros rumores, pois continuarão a chegar rumores ano após ano. Haverá violência na terra, e governantes lutarão uns contra os outros. Pois certamente está chegando o dia em que castigarei a Babilônia e todos os seus ídolos. Toda a sua terra será envergonhada, e seus mortos ficarão espalhados pelas ruas. Então os céus e a terra se alegrarão, porque do norte virão exércitos destruidores contra a Babilônia”, diz o S enhor. “Assim como a Babilônia matou o povo de Israel e outros povos de todo o mundo, também seu povo será morto. Saiam, todos vocês que escaparam da espada! Não fiquem parados, fujam enquanto podem! Embora estejam numa terra distante, lembrem-se do S enhor e pensem em seu lar em Jerusalém.” “Estamos envergonhados”, diz o povo. “Fomos insultados e humilhados, pois estrangeiros profanaram o templo do S enhor.” “Sim”, diz o S enhor, “mas está chegando o dia em que eu destruirei os ídolos da Babilônia. Por toda a terra se ouvirão os gemidos de seu povo ferido. Ainda que a Babilônia chegue até os céus e construa fortalezas poderosas, enviarei inimigos para destruí-la. Eu, o S enhor, falei!” “Ouçam os gritos que vêm da Babilônia, o som de grande destruição daquela terra! Pois o S enhor está destruindo a Babilônia; ele calará sua voz estrondosa. Ondas de inimigos a atingem com violência; pela cidade ressoam ruídos da batalha. Exércitos destruidores vêm contra a Babilônia; seus homens valentes são capturados, seus arcos se quebram em suas mãos. Pois o S enhor é Deus que dá o justo castigo; sempre retribui em plena medida. Deixarei embriagados seus líderes e seus sábios, bem como seus capitães, oficiais e guerreiros. Eles cairão no sono e nunca mais acordarão!”, diz o Rei, cujo nome é S enhor dos Exércitos. Assim diz o S enhor dos Exércitos: “Os largos muros da Babilônia serão arrasados, e seus grandes portões, queimados. Construtores de muitas nações trabalharam em vão, pois sua obra será destruída pelo fogo”. O profeta Jeremias transmitiu esta mensagem a Seraías, filho de Nerias e neto de Maaseias, chefe dos assessores do rei, quando Seraías foi à Babilônia com Zedequias, rei de Judá. Isso aconteceu no quarto ano do reinado de Zedequias. Jeremias havia registrado num rolo todas as calamidades que viriam em breve sobre a Babilônia, todas as palavras escritas aqui. Jeremias disse a Seraías: “Quando chegar à Babilônia, leia em voz alta tudo que está neste rolo. Depois, diga: ‘S enhor, tu disseste que destruirás a Babilônia, de modo que não restarão aqui nem pessoas nem animais. Ela ficará desolada para sempre’. Quando tiver terminado de ler o rolo, amarre-o a uma pedra e jogue-o no rio Eufrates. Em seguida, diga: ‘Da mesma forma, a Babilônia e seu povo afundarão e nunca mais se levantarão por causa das calamidades que trarei sobre ela’”. Aqui terminam as mensagens de Jeremias. Zedequias tinha 21 anos quando começou a reinar, e reinou em Jerusalém por onze anos. Sua mãe se chamava Hamutal e era filha de Jeremias, de Libna. Fez o que era mau aos olhos do S enhor, como Jeoaquim antes dele. Estas coisas aconteceram por causa da ira do S enhor contra o povo de Jerusalém e de Judá. Por fim, ele os expulsou de sua presença. Zedequias se rebelou contra o rei da Babilônia. Assim, em 15 de janeiro, durante o nono ano de reinado de Zedequias, Nabucodonosor, rei de Babilônia, e todo o seu exército cercaram Jerusalém e construíram rampas de ataque contra os muros. Jerusalém permaneceu cercada até o décimo primeiro ano do reinado de Zedequias. Em 18 de julho, no décimo primeiro ano do reinado de Zedequias, a fome na cidade tinha se tornado tão severa que não havia mais nenhum alimento. Assim, abriram uma brecha no muro da cidade, e todos os soldados fugiram. Como a cidade estava cercada pelos babilônios, os soldados esperaram até o anoitecer. Então, passaram pelo portão entre os dois muros atrás do jardim do rei e fugiram em direção ao vale do Jordão. Contudo, o exército babilônio perseguiu o rei Zedequias e o alcançou nas planícies de Jericó, pois todos os seus soldados o haviam abandonado e se dispersado. Capturaram Zedequias e o levaram ao rei da Babilônia, em Ribla, na terra de Hamate. Ali o rei da Babilônia sentenciou Zedequias. Obrigou Zedequias a vê-lo matar seus filhos e todos os oficiais de Judá. Depois, arrancou seus olhos, o prendeu com correntes de bronze e o levou para a Babilônia. Zedequias permaneceu preso até o dia de sua morte. Em 17 de agosto daquele ano, o décimo nono ano do reinado de Nabucodonosor, Nebuzaradã, capitão da guarda e oficial do rei babilônio, chegou a Jerusalém. Queimou o templo do S enhor, o palácio real e todas as casas de Jerusalém. Queimou também todos os edifícios importantes da cidade. Depois, supervisionou o exército babilônio na demolição de todos os muros de Jerusalém. Em seguida, Nebuzaradã, capitão da guarda, deportou alguns dos mais pobres, o povo que havia ficado na cidade, os desertores de Judá que se entregaram ao rei da Babilônia e o restante dos artesãos. Permitiu, no entanto, que alguns dos mais pobres ficassem para cuidar dos vinhedos e dos campos. Os babilônios despedaçaram as colunas de bronze na frente do templo do S enhor, as bases móveis de bronze e o grande tanque de bronze chamado Mar, e levaram todo o bronze para a Babilônia. Também levaram os baldes para cinzas, as pás, os cortadores de pavios, as bacias, as vasilhas e todos os outros utensílios de bronze usados para o serviço no templo. O capitão da guarda também levou os baldes pequenos, os incensários, as bacias, as panelas, os candeeiros, as colheres, as vasilhas usadas para as ofertas derramadas e todos os outros utensílios de ouro puro ou de prata. Era impossível calcular o peso do bronze das duas colunas, do Mar com os doze touros de bronze debaixo dele e das bases móveis. Esses objetos tinham sido feitos para o templo do S enhor por ordem do rei Salomão. Cada coluna media 8,3 metros de altura e tinha 5,5 metros de circunferência. Era oca, e suas paredes tinham cerca de 8 centímetros de espessura. O capitel de bronze no alto de cada coluna media cerca de 2,25 metros de altura e era enfeitado ao redor com correntes entrelaçadas de romãs feitas de bronze. Havia 96 romãs nos lados, e nas correntes entrelaçadas ao redor do topo havia, ao todo, cem romãs. Nebuzaradã, capitão da guarda, levou como prisioneiros o sumo sacerdote Seraías, o sacerdote auxiliar Sofonias e três dos principais guardas das portas. Dentre o povo que ainda estava escondido na cidade, levou um oficial responsável pelo exército, sete dos conselheiros pessoais do rei, o secretário do comandante do exército, que era encarregado do alistamento, e outros sessenta homens do povo. Nebuzaradã, capitão da guarda, levou-os ao rei da Babilônia, em Ribla. E ali em Ribla, na terra de Hamate, o rei da Babilônia mandou executá-los. Assim, o povo de Judá foi enviado para o exílio, para longe de sua terra. No sétimo ano do reinado de Nabucodonosor, 3.023 judeus foram levados para o exílio na Babilônia. No décimo oitavo ano de Nabucodonosor, mais 832 pessoas foram exiladas de Jerusalém. No vigésimo terceiro ano de Nabucodonosor, ele enviou Nebuzaradã, capitão da guarda, que levou mais 745 judeus. Ao todo, 4.600 pessoas foram exiladas. No trigésimo sétimo ano do exílio de Joaquim, rei de Judá, Evil-Merodaque começou a reinar na Babilônia. Foi bondoso com Joaquim e o libertou da prisão em 31 de março daquele ano. Falou com ele gentilmente e o colocou num lugar mais elevado que o de outros reis exilados na Babilônia. Providenciou-lhe roupas novas, em lugar das roupas de prisioneiro, e permitiu que ele comesse na presença do rei enquanto vivesse. Joaquim recebeu do rei da Babilônia uma provisão diária de alimento enquanto viveu, até o dia de sua morte. A cidade que antes era cheia de gente agora está deserta. Antes era grande entre as nações, agora está sozinha, como uma viúva. Antes era rainha de toda a terra, agora é escrava. Ela passa a noite aos prantos; lágrimas correm por seu rosto. De todos os seus amantes, não resta um sequer para consolá-la. Todos os seus amigos a traíram e se tornaram seus inimigos. Judá foi levada para o exílio e oprimida com cruel escravidão. Vive entre as nações e não tem lugar para descansar. Seus inimigos a perseguiram, e ela não tem a quem recorrer. As estradas para Sião estão de luto, pois as multidões já não vêm celebrar as festas. Os portões da cidade estão em silêncio, os sacerdotes gemem, as moças choram. Como é amargo seu destino! Seus adversários se tornaram seus senhores, e seus inimigos prosperam, pois o S enhor castigou Jerusalém por seus muitos pecados. Seus filhos foram capturados e levados para o exílio. A bela Sião foi despojada de toda a sua majestade. Seus príncipes são como cervos famintos em busca de pasto. Estão fracos demais para fugir do inimigo que os persegue. Em meio à sua tristeza e às suas andanças, Jerusalém se lembra de seu antigo esplendor. Agora, porém, caiu nas mãos de seu inimigo, e não há quem a ajude. Seu inimigo a derrubou e zombou de sua queda. Jerusalém pecou terrivelmente, por isso foi jogada fora como trapo imundo. Todos que antes a honravam agora a desprezam, pois a viram nua e humilhada. Só resta a ela gemer e esconder o rosto. Com sua impureza, contaminou as vestes e não pensou nas consequências. Agora está caída no chão, e não há quem a levante. “S enhor, vê minha aflição”, ela diz. “O inimigo triunfou.” O inimigo a saqueou e levou todos os seus valiosos bens. Ela viu estrangeiros profanarem seu templo sagrado, o lugar em que o S enhor os proibira de entrar. Seu povo geme, à procura de pão; trocaram seus tesouros por alimento para sobreviver. “Olha, S enhor ”, ela se lamenta, “e vê como sou desprezada! “Isso tudo nada significa para vocês que passam por mim? Olhem ao redor e vejam se há dor igual à minha, que o S enhor trouxe sobre mim quando se acendeu sua ira. “Do céu enviou fogo que me queima os ossos; pôs uma armadilha em meu caminho e me fez voltar atrás. Deixou-me devastada, atormentada o dia todo por uma doença. “Trançou meus pecados como uma corda para me prender ao jugo do exílio. O Senhor me tirou a força e me entregou a meus inimigos; estou indefesa nas mãos deles. “O Senhor tratou meus homens valentes com desprezo. Por ordem sua, um grande exército veio para esmagar meus jovens guerreiros. O Senhor pisou a amada cidade de Jerusalém como se pisam uvas no tanque de prensar. “Choro por todas essas coisas, lágrimas correm por meu rosto. Não resta ninguém para me consolar, estão longe os que poderiam me animar. Meus filhos não têm futuro, pois o inimigo nos conquistou.” Sião estende as mãos, mas ninguém a consola. O S enhor disse a respeito de seu povo, Israel: “Que seus vizinhos sejam seus inimigos! Que Jerusalém seja jogada fora como trapo imundo!”. “O S enhor é justo”, diz Jerusalém, “pois me rebelei contra ele. Ouçam todos os povos e vejam minha angústia, pois meus filhos e filhas foram levados para o exílio. “Pedi ajuda a meus aliados, mas eles me traíram. Meus sacerdotes e meus líderes morreram de fome na cidade, enquanto procuravam alimento para sobreviver. “S enhor, vê minha angústia! Meu coração está aflito, e minha alma, desesperada, pois me rebelei terrivelmente contra ti. Nas ruas, a espada mata, e, em casa, só há morte. “Outros ouviram meus gemidos, mas ninguém veio me consolar. Quando meus inimigos souberam de minha desgraça, se alegraram de ver o que tu havias feito. Ah, traze o dia que prometeste, em que eles sofrerão como eu sofri! “Vê todas as maldades deles, S enhor, e castiga-os como me castigaste, por todos os meus pecados. Meus gemidos são muitos, e meu coração está enfermo.” Em sua ira, o Senhor cobriu com uma sombra a bela Sião. A mais gloriosa das cidades de Israel foi lançada por terra das alturas dos céus. No dia de sua grande ira, o Senhor não teve compaixão nem mesmo de seu templo. Sem piedade, o S enhor destruiu todas as casas de Israel. Em sua ira, derrubou os muros fortificados da bela Jerusalém. Jogou-os por terra e humilhou o reino e seus governantes. Toda a força de Israel desapareceu sob a sua ira ardente. Retirou sua proteção durante os ataques do inimigo. Como labaredas de fogo, consome tudo ao redor. Prepara o arco para atacar seu povo, como se fosse seu inimigo. Usa contra eles sua força para matar os melhores jovens. Derrama como fogo sua fúria sobre a tenda da bela Sião. Sim, o Senhor derrotou Israel como se fosse seu inimigo. Destruiu seus palácios e demoliu suas fortalezas. Trouxe tristeza e choro sem fim sobre a bela Jerusalém. Derrubou com violência seu templo, como uma cabana num jardim. O S enhor fez cair no esquecimento as festas sagradas e os sábados. Reis e sacerdotes caíram juntos diante de sua ira ardente. O Senhor rejeitou seu altar e desprezou seu santuário. Entregou os palácios de Jerusalém a seus inimigos. No templo do S enhor, gritam como se fosse um dia de celebração. O S enhor se decidiu a derrubar os muros da bela Sião. Traçou planos detalhados para sua destruição e fez o que planejou. Por isso as fortificações e os muros caíram diante dele. Os portões de Jerusalém afundaram na terra; ele despedaçou suas trancas. Seu rei e seus príncipes foram exilados entre as nações; sua lei deixou de existir. Seus profetas não recebem mais visões do S enhor. Os líderes da bela Jerusalém sentam-se no chão em silêncio. Vestem-se de pano de saco e jogam pó sobre a cabeça. As moças de Jerusalém abaixam a cabeça, envergonhadas. Chorei até que não tivesse mais lágrimas; meu coração está aflito. Meu espírito se derrama de angústia, quando vejo a calamidade de meu povo. Crianças pequenas e bebês desfalecem e morrem nas ruas. Clamam às mães: “Estamos com fome e sede!”. Desfalecem nas ruas, como o guerreiro ferido na batalha. Lutam para respirar e morrem lentamente nos braços maternos. Que posso dizer a seu respeito? Quem alguma vez viu tamanha tristeza? Ó filha de Jerusalém, a que posso compará-la em sua angústia? Ó filha virgem de Sião, como posso consolá-la? Sua ferida é mais profunda que o mar; quem pode curá-la? Seus profetas anunciaram visões inúteis e mentiras. Não lhe mostraram seus pecados para salvá-la do exílio. Em vez disso, anunciaram mensagens enganosas e a encheram de falsa esperança. Todos que passam caçoam de você; zombam da bela Jerusalém e a insultam: “Esta é a cidade chamada de ‘A Mais Bela do Mundo’ e ‘Alegria de Toda a Terra’?”. Todos os seus inimigos falam mal de você; zombam, rosnam e dizem: “Finalmente a destruímos! Esperamos tanto por este dia, e enfim ele chegou!”. Mas foi o S enhor que fez tudo que planejou; cumpriu as promessas de trazer calamidade feitas muito tempo atrás. Destruiu Jerusalém sem compaixão; fez seus inimigos se alegrarem com sua derrota e lhes deu poder sobre ela. Chorem em alta voz diante do Senhor, ó muros da bela Sião! Que suas lágrimas corram dia e noite como um rio. Não se permitam descanso algum, nem deem alívio a seus olhos. Levantem-se no meio da noite e clamem, derramem como água o coração diante do Senhor. Levantem as mãos em oração e supliquem por seus filhos, pois desfalecem de fome pelas ruas. “Ó S enhor, pensa nisso! Acaso deves tratar teu povo dessa maneira? Devem as mães comer os próprios filhos, que elas criaram com tanto carinho? Devem os sacerdotes e os profetas ser mortos dentro do templo do Senhor? “Estão jogados nas ruas, jovens e velhos, rapazes e moças, mortos pelas espadas do inimigo. Tu os mataste em tua ira e os massacraste sem piedade. “Convocaste terrores de todos os lados, como se os chamasses para uma ocasião solene. No dia da ira do S enhor, ninguém escapou nem sobreviveu. Os filhos que levei em meus braços e criei o inimigo destruiu.” Eu sou aquele que viu as aflições trazidas pela vara da ira do S enhor. Ele me conduziu para a escuridão e removeu toda a luz. Voltou sua mão contra mim repetidamente, o dia todo. Fez minha pele e minha carne envelhecerem e me quebrou os ossos. Sitiou-me e cercou-me de angústia e aflição. Enterrou-me num lugar escuro, como os que há muito morreram. Cercou-me de muros, e não consigo escapar; prendeu-me com pesadas correntes. E, ainda que eu clame e grite, ele fechou os ouvidos para minha oração. Com um muro de pedra, impediu meu caminho; tornou minha estrada tortuosa. Escondeu-se como um urso ou um leão que espera para atacar. Arrastou-me para fora do caminho e despedaçou-me; deixou-me devastado. Preparou seu arco e me fez alvo de suas flechas. As flechas que ele atirou entraram fundo em meu coração. Meu povo ri de mim; o dia inteiro entoam canções de zombaria. De amargura ele me encheu e me fez beber um amargo cálice de dor. Fez-me comer pedrinhas até quebrar os dentes e cobriu-me de pó. Tirou-me a paz, e já não sei o que é prosperar. Grito: “Meu esplendor se foi! Tudo que eu esperava do S enhor se perdeu!”. Como é amargo recordar meu sofrimento e meu desamparo! Lembro-me sempre destes dias terríveis enquanto lamento minha perda. Ainda ouso, porém, ter esperança quando me recordo disto: O amor do S enhor não tem fim! Suas misericórdias são inesgotáveis. Grande é sua fidelidade; suas misericórdias se renovam cada manhã. Digo a mim mesmo: “O S enhor é minha porção; por isso, esperarei nele!”. O S enhor é bom para os que dependem dele, para os que o buscam. Portanto, é bom esperar em silêncio pela salvação do S enhor. É bom as pessoas se sujeitarem, ainda jovens, ao jugo de sua disciplina. Que permaneçam sozinhas e em silêncio sob o jugo do S enhor. Que se deitem com o rosto no pó, pois talvez ainda haja esperança. Que deem a outra face para os que os ferem e aceitem os insultos de seus inimigos. Pois o Senhor não abandona ninguém para sempre. Embora traga tristeza, também mostra compaixão, por causa da grandeza de seu amor. Pois não tem prazer em afligir as pessoas, nem em lhes causar tristeza. Quando alguém esmaga sob os pés todos os prisioneiros da terra, quando nega a outros seus direitos em oposição ao Altíssimo, quando distorce a justiça nos tribunais, será que o Senhor não vê tudo isso? Quem pode ordenar que algo aconteça sem a permissão do Senhor? Acaso o Altíssimo não envia tanto a calamidade como o bem? Então por que nós, humanos, nos queixamos quando somos castigados por nossos pecados? Em vez disso, examinemos nossos caminhos e voltemos para o S enhor. Levantemos o coração e as mãos para Deus nos céus e digamos: “Pecamos e nos rebelamos, e tu não nos perdoaste. “Com tua ira nos envolveste, nos perseguiste e nos massacraste sem piedade. Tu te escondeste numa nuvem, para que nossas orações não chegassem a ti. Como refugo e lixo, nos lançaste fora, no meio das nações. “Todos os nossos inimigos falam contra nós. Vivemos cheios de medo, pois estamos presos numa armadilha, devastados e arruinados”. Rios de lágrimas correm de meus olhos pela destruição de meu povo. Minhas lágrimas correm sem parar; não cessarão até que o S enhor se incline dos céus e veja. Meu coração está aflito pelo destino das mulheres de Jerusalém. Meus inimigos, a quem nunca fiz mal, caçaram-me como se eu fosse um pássaro. Num poço me jogaram e atiraram pedras sobre mim. A água subiu acima de minha cabeça e clamei: “É o fim!”. Mas, lá do fundo do poço, invoquei teu nome, S enhor. Tu me ouviste quando clamei: “Ouve minha súplica! Escuta meu clamor por socorro!”. Sim, tu vieste quando clamei e disseste: “Não tenha medo”. Senhor, defende minha causa, pois redimiste minha vida. Viste a injustiça que me fizeram, S enhor; demonstra tua justiça. Viste os planos vingativos que meus inimigos tramaram contra mim. S enhor, ouviste os insultos deles; sabes muito bem dos planos que tramaram. Meus inimigos me acusam e conspiram contra mim o dia todo. Olha para eles! Sentados ou em pé, zombam de mim com suas canções. S enhor, dá-lhes o que merecem por todo o mal que fizeram. Dá-lhes coração duro e teimoso, e que tuas maldições caiam sobre eles. Persegue-os em tua ira e destrói-os sob os céus do S enhor. Como o ouro perdeu seu brilho! Até o ouro mais puro ficou embaçado. As pedras sagradas estão espalhadas pelas ruas. Vejam como os filhos preciosos de Sião, que valem seu peso em ouro puro, são tratados como vasos de barro feitos por um oleiro qualquer. Até os chacais amamentam seus filhotes, mas meu povo não age assim. Como as avestruzes no deserto, ignora cruelmente o clamor de seus filhos. A língua seca dos bebês gruda no céu da boca, por causa da sede. As crianças imploram por um pedaço de pão, mas ninguém as atende. Os que antes comiam as comidas mais finas agora morrem de fome nas ruas. Os que antes vestiam roupas da melhor qualidade agora reviram os montes de lixo. A culpa de meu povo é maior que a de Sodoma, que foi destruída de repente, e ninguém ofereceu ajuda. Nossos príncipes eram radiantes de saúde, mais brilhantes que a neve e mais brancos que o leite. Seu rosto era rosado como rubis, e sua aparência, como safiras. Agora, porém, seu rosto está mais escuro que fuligem; ninguém os reconhece nas ruas. Sua pele está pegada aos ossos, seca como madeira. Os que morreram pela espada foram mais felizes que os que morrem de inanição. Famintos, definham por falta de alimento dos campos. Mulheres de bom coração cozinharam os próprios filhos. Elas os comeram para sobreviver ao cerco. Agora, porém, a ira do S enhor está satisfeita; sua ira ardente foi derramada. Em Sião ele acendeu um fogo que queimou a cidade até seus alicerces. Nenhum rei em toda a terra, ninguém no mundo inteiro, poderia imaginar que o inimigo entraria pelas portas de Jerusalém. Mas foi o que aconteceu por causa do pecado de seus profetas e da maldade de seus sacerdotes, que profanaram a cidade ao derramar sangue inocente. Andavam sem destino pelas ruas, como cegos, tão contaminados de sangue que ninguém se atrevia a tocar neles. “Afastem-se!”, gritavam para eles. “Estão contaminados! Não toquem em nós!” Fugiram para terras distantes e andaram sem rumo entre as nações, mas nenhuma permitiu que ficassem. O S enhor, em sua ira, os espalhou e deixou de ajudá-los. Ninguém mais respeita os sacerdotes nem honra os líderes. Esperamos em vão que nossos aliados viessem nos socorrer. Buscamos a ajuda de nações incapazes de nos livrar. Não podíamos sair às ruas, pois nossos passos eram vigiados. Nosso fim se aproximava, nossos dias estavam contados; estávamos condenados! Nossos inimigos eram mais rápidos que as águias no céu; fugimos para as montanhas, mas eles nos perseguiram. No deserto nos escondemos, mas eles estavam ali, esperando por nós. Nosso rei, o ungido do S enhor, a vida de nossa nação, foi capturado nos laços deles. E nós pensávamos que sua sombra nos protegeria de qualquer nação da terra! Ó povo de Edom, você se alegra e exulta na terra de Uz? Mas você também beberá do cálice da ira do S enhor; também ficará embriagado e será despido. Ó bela Sião, o castigo de sua maldade chegará ao fim; logo voltará do exílio. Mas para você, Edom, o castigo está só começando; logo seus muitos pecados serão expostos. Lembra-te, S enhor, do que aconteceu conosco e vê como fomos humilhados! Nossa herança foi entregue a estranhos, e nossas casas, a estrangeiros. Somos órfãos e já não temos pai, e nossa mãe ficou viúva. Temos de pagar pela água que bebemos, e até a lenha nos custa caro. Os que nos perseguem estão bem perto; estamos exaustos, mas não nos deixam descansar. Ao Egito e à Assíria nos sujeitamos, para conseguir alimento e sobreviver. Nossos antepassados pecaram e já morreram, e nós recebemos o castigo que eles mereciam. Escravos se tornaram nossos senhores; não restou ninguém para nos resgatar. Arriscamos a vida à procura de alimento, pois a violência tomou conta do deserto. A fome nos escureceu a pele, como se tivesse sido queimada no forno. As mulheres de Sião e as moças das cidades de Judá são violentadas por nossos inimigos. Os príncipes são pendurados pelas mãos, os idosos são tratados com desprezo. Os rapazes são levados para trabalhar nos moinhos, os meninos cambaleiam sob os pesados fardos de lenha. As autoridades não se sentam mais à porta das cidades, os rapazes não tocam mais música. A alegria desapareceu de nosso coração, nossas danças se transformaram em pranto. A coroa caiu de nossa cabeça; que aflição por causa de nosso pecado! Nosso coração desfalece, nossos olhos se embaçaram de lágrimas, pois o monte Sião está desolado; tornou-se morada de chacais. Mas tu, S enhor, reinas eternamente! Teu trono permanece de geração em geração. Por que continuas a te esquecer de nós? Por que nos abandonaste por tanto tempo? Restaura-nos, S enhor, e faze-nos voltar para ti! Devolve-nos a alegria que tínhamos antes! Ou será que nos rejeitaste completamente? Ainda estás irado conosco? Em 31 de julho de meu trigésimo ano, enquanto eu estava com os exilados judeus junto ao rio Quebar, na Babilônia, os céus se abriram e tive visões de Deus. Isso aconteceu no quinto ano do exílio do rei Joaquim. (O S enhor deu essa mensagem ao sacerdote Ezequiel, filho de Buzi, junto ao rio Quebar, na terra dos babilônios, e a mão do S enhor estava sobre ele.) Quando olhei, vi uma grande tempestade que vinha do norte. Uma nuvem faiscava com relâmpagos e brilhava com luz intensa. Dentro da nuvem havia fogo e, no meio do fogo, resplandecia algo semelhante a âmbar reluzente. Do centro da nuvem surgiram quatro seres vivos de aparência humana, porém cada um tinha quatro rostos e quatro asas. Suas pernas eram retas, e seus pés tinham cascos como os de bezerro e brilhavam como bronze polido. Debaixo de cada uma das quatro asas, vi mãos humanas. Assim, cada um dos quatro seres tinha quatro rostos e quatro asas. As asas de cada um dos seres tocavam as asas dos seres ao seu lado. Cada um se movia para a frente, sem se virar. Cada um dos quatro seres tinha rosto humano na frente, rosto de leão à direita, rosto de boi à esquerda e rosto de águia atrás. Cada um tinha dois pares de asas estendidas: com um par tocava as asas dos seres de cada lado e com o outro par cobria o corpo. Deslocavam-se em qualquer direção que o espírito indicava e moviam-se para a frente, sem se virar. Os seres vivos eram semelhantes a brasas acesas ou tochas reluzentes, e relâmpagos pareciam faiscar entre eles. Os seres vivos se deslocavam de um lado para o outro rapidamente, como relâmpagos. Enquanto eu olhava para esses seres, vi quatro rodas que tocavam o chão junto a eles, uma roda para cada um. As rodas brilhavam, como se fossem feitas de berilo. As quatro rodas eram semelhantes e feitas da mesma forma; cada uma tinha dentro dela outra roda que girava na transversal. Os seres podiam se deslocar em qualquer uma das quatro direções, sem se virar enquanto se moviam. Os aros das rodas eram altos e assustadores, cobertos de olhos em todo o redor. Quando os seres vivos se moviam, as rodas se moviam com eles. Quando eles voavam para cima, as rodas também subiam. O espírito dos seres vivos estava nas rodas; aonde quer que o espírito fosse, as rodas e os seres vivos o acompanhavam. Quando os seres se moviam, as rodas também se moviam. Quando os seres paravam, as rodas também paravam. Quando os seres voavam para cima, as rodas também subiam, pois o espírito dos seres vivos estava nas rodas. Acima deles estendia-se uma superfície como o céu, brilhante como cristal. Abaixo dessa superfície as asas de cada ser vivo se estendiam de modo a tocar as asas dos outros, e as outras duas asas cobriam seu corpo. Quando voavam, o estrondo de suas asas soava para mim como ondas do mar quebrando na praia, como a voz do Todo-poderoso, ou como os gritos de um grande exército. Quando os seres pararam, abaixaram as asas. Enquanto estavam com as asas abaixadas, uma voz falou de além da superfície acima deles. Acima dessa superfície havia algo parecido com um trono de safira. No trono, bem no alto, havia uma figura semelhante a um homem. Da cintura para cima, tinha a aparência de âmbar reluzente que cintilava como o fogo, e, da cintura para baixo, parecia uma chama ardente que brilhava com esplendor. Estava rodeado por um aro luminoso, como arco-íris que resplandece entre as nuvens num dia de chuva. Essa era a aparência da glória do S enhor para mim. Quando a vi, prostrei-me com o rosto no chão e ouvi a voz de alguém que falava comigo. “Levante-se, filho do homem”, disse a voz. “Quero falar com você.” Enquanto ele falava, o Espírito entrou em mim e me pôs em pé, e eu ouvi suas palavras com atenção. “Filho do homem”, disse ele, “eu o envio à nação de Israel, uma nação rebelde, que se revoltou contra mim. Até hoje, eles e seus antepassados têm se revoltado contra mim. São um povo teimoso, de coração duro. Mas eu o envio para lhes dizer: ‘Assim diz o S enhor Soberano!’. E, quer eles ouçam quer não — lembre-se de que são rebeldes —, pelo menos saberão que tiveram um profeta no meio deles. “Filho do homem, não tenha medo deles nem de suas palavras. Não tema, ainda que suas ameaças o cerquem como urtigas, espinhos e escorpiões. Não desanime com seus olhares raivosos, pois são um povo rebelde. Anuncie-lhes minha mensagem, quer eles ouçam quer não, pois são completamente rebeldes. Filho do homem, preste atenção ao que lhe digo. Não seja rebelde como eles. Abra sua boca e coma o que lhe dou.” Então olhei e vi a mão de alguém estendida para mim. Segurava um rolo, que ela abriu. Vi que de ambos os lados estavam escritos cânticos fúnebres, lamentações e palavras de condenação. A voz me disse: “Filho do homem, coma o que lhe dou. Coma este rolo! Depois, vá e fale ao povo de Israel”. Então abri a boca, e ele me deu o rolo para eu comer. “Filho do homem, encha seu estômago com ele”, disse a voz. Quando comi, o sabor era doce como mel em minha boca. Em seguida, ele disse: “Filho do homem, vá ao povo de Israel e transmita-lhe minhas mensagens. Não o envio a um povo estrangeiro, cuja língua você não entende, mas ao povo de Israel. Não, eu não o envio a um povo de língua estrangeira e difícil. Se o fizesse, eles lhe dariam ouvidos! O povo de Israel, porém, não lhe dará ouvidos, assim como não deu ouvidos a mim. Pois todos eles têm o coração duro e são teimosos. Mas eu tornei você tão obstinado e inflexível quanto eles. Endureci sua testa como a pedra mais dura. Portanto, não tenha medo deles nem tema seus olhares raivosos, pois são um povo rebelde”. Então ele acrescentou: “Filho do homem, primeiro deixe que minhas palavras entrem até o fundo de seu coração. Ouça-as com atenção. Depois, vá a seu povo no exílio e diga-lhes: ‘Assim diz o S enhor Soberano!’. Faça isso quer eles ouçam quer não”. Em seguida, o Espírito me pôs em pé, e eu ouvi uma estrondosa proclamação atrás de mim. (Que a glória do S enhor seja louvada em sua habitação!) Era o som das asas dos seres vivos que tocavam umas nas outras e o barulho das rodas debaixo deles. O Espírito me levantou e me tirou de lá. Saí amargurado e agitado, mas a mão do S enhor era forte sobre mim. Cheguei à colônia dos exilados judeus em Tel-Abibe, junto ao rio Quebar. Estava atônito e permaneci no meio deles durante sete dias. Depois de sete dias, o S enhor me deu uma mensagem: “Filho do homem, eu o nomeei vigia de Israel. Sempre que receber uma mensagem minha, advirta o povo. Se eu avisar os perversos: ‘Vocês estão condenados à morte’, mas você não lhes transmitir a advertência, para que mudem sua conduta perversa e salvem a vida, eles morrerão em seus pecados. E eu o considerarei responsável pela morte deles. Se você os advertir, mas eles não quiserem se arrepender e continuarem a pecar, eles morrerão em seus pecados. Você, porém, salvará sua vida. “Se os justos se desviarem de sua conduta justa e não prestarem atenção aos obstáculos que eu puser em seu caminho, eles morrerão. E, se você não os advertir, eles morrerão em seus pecados. Nenhum dos atos de justiça deles será lembrado, e eu o considerarei responsável pela morte deles. Mas, se você advertir os justos a não pecarem e eles lhe derem ouvidos e não pecarem, eles viverão. E você também salvará sua vida”. A mão do S enhor veio sobre mim, e ele disse: “Levante-se e vá até o vale, e eu lhe falarei ali”. Levantei-me, fui até o vale e ali vi a glória do S enhor, como na primeira visão junto ao rio Quebar, e prostrei-me com o rosto no chão. Então o Espírito entrou em mim e me pôs em pé. “Vá para sua casa e tranque-se dentro dela”, disse ele. “Ali, filho do homem, você será amarrado com cordas e não poderá sair para o meio do povo. Farei sua língua se prender ao céu da boca, para que fique mudo e não possa repreendê-los, pois são rebeldes. Mas, quando eu lhe der uma mensagem, desprenderei sua língua e deixarei que fale. Então você lhes dirá: ‘Assim diz o S enhor Soberano!’. Quem escolher ouvir, ouvirá, mas quem se recusar, não ouvirá, pois são um povo rebelde.” “Agora, filho do homem, pegue um tijolo de barro, coloque-o à sua frente e desenhe nele a cidade de Jerusalém. Retrate a cidade cercada. Construa um muro ao redor dela, arme o acampamento inimigo e cerque a cidade com rampas e troncos de ataque. Pegue uma panela de ferro e coloque-a entre você e a cidade. Volte-se para a cidade e mostre como será o cerco de Jerusalém. Isso será um sinal de advertência para o povo de Israel. “Agora, deite-se sobre o lado esquerdo e ponha sobre si os pecados de Israel. Você terá de carregar os pecados de Israel pelo número de dias que ficar deitado sobre o lado esquerdo. Determinei que carregará os pecados de Israel por 390 dias, um dia para cada ano de pecado do povo. Depois, deite-se sobre o lado direito durante quarenta dias, um dia para cada ano de pecado de Judá. “Enquanto isso, continue a olhar para o cerco de Jerusalém. Deite-se com o braço descoberto e profetize contra a cidade. Eu o amarrarei com cordas para que você não possa virar-se de um lado para o outro, até que tenha completado os dias do cerco. “Pegue um pouco de trigo, cevada, feijão, lentilha, milho-miúdo e trigo candeal e misture-os numa vasilha. Use-os para preparar seu pão durante os 390 dias em que ficará deitado sobre o lado esquerdo. Racione suas porções, 240 gramas por dia, e coma-as em horas determinadas. Depois, meça pouco mais de meio litro de água para cada dia e beba-a em horas determinadas. Prepare e coma esse alimento como faria com bolos de cevada. Asse-o diante de todo o povo, usando fezes humanas secas como combustível.” E o S enhor disse: “Assim os israelitas comerão pão impuro na terra dos gentios, para onde eu os expulsarei”. Então eu disse: “Ó S enhor Soberano, jamais me contaminei! Desde a infância, nunca comi animais mortos por doença ou despedaçados por outros animais. Nunca comi carne alguma proibida pela lei”. Então ele me disse: “Em lugar de fezes humanas, você pode usar esterco de vaca para assar o pão”. E acrescentou: “Filho do homem, tornarei a comida extremamente escassa em Jerusalém. Será pesada com grande cuidado e consumida com medo. A água será racionada, e o povo beberá com desespero. Diante da falta de comida e água, olharão uns para os outros aterrorizados e definharão debaixo de seu castigo.” “Filho do homem, pegue uma espada afiada e use-a como navalha para raspar sua cabeça e sua barba. Use uma balança para pesar o cabelo e dividi-lo em três partes. Coloque uma terça parte no meio do desenho de Jerusalém e, depois de encenar o cerco à cidade, queime o cabelo ali. Espalhe outra terça parte ao redor do desenho e corte-a com a espada. Espalhe a terceira parte ao vento, pois eu espalharei meu povo com a espada. Guarde apenas um pouco de cabelo e amarre-o em seu manto. Então, pegue alguns desses fios de cabelo e jogue-os no fogo, para que se queimem. Dali um fogo se espalhará e destruirá todo o Israel. “Assim diz o S enhor Soberano: Esta é uma ilustração do que acontecerá a Jerusalém. Coloquei-a no centro das nações, mas ela se revoltou contra meus estatutos e decretos e foi mais perversa que as nações ao seu redor. Não quis obedecer a meus estatutos e decretos. “Portanto, assim diz o S enhor Soberano: Vocês são mais rebeldes que as nações vizinhas e não quiseram obedecer a meus decretos e estatutos. Nem sequer viveram de acordo com os padrões de justiça das nações ao seu redor. Portanto, eu mesmo, o S enhor Soberano, estou contra vocês. Eu os castigarei publicamente diante de todas as nações. Por causa de seus ídolos detestáveis, punirei vocês como nunca fiz antes e nunca voltarei a fazer. Pais devorarão os filhos, e filhos devorarão os pais. Eu os castigarei e espalharei aos quatro ventos os poucos que sobreviverem. “Tão certo como eu vivo, diz o S enhor Soberano, eu os destruirei completamente. Não terei compaixão alguma de vocês, pois profanaram meu templo com imagens repugnantes e pecados detestáveis. Uma terça parte de seu povo morrerá na cidade por doença e fome, uma terça parte será morta pelo inimigo fora dos muros da cidade, e eu espalharei uma terça parte aos quatro ventos e os perseguirei com minha espada. Por fim, minha ira se completará, e ficarei satisfeito. E, quando minha fúria contra eles tiver passado, todo o Israel saberá que eu, o S enhor, lhes falei segundo o meu zelo. “Portanto, eu o transformarei em uma ruína, em objeto de insulto aos olhos das nações ao redor e para todos que passarem por ali. Você se tornará alvo de insultos, zombarias e horror, e servirá de advertência para todas as nações ao redor. Elas verão o que acontece quando o S enhor, em sua ira, castiga uma nação e a repreende, diz o S enhor. “Farei chover sobre você as flechas mortais da fome, para destruí-la. A fome se tornará cada vez mais severa, até que desapareça todo suprimento. Além da fome, enviarei animais selvagens para atacá-la e devorar seus filhos. Doença e guerra a alcançarão, e trarei contra você a espada do inimigo. Eu, o S enhor, falei!”. Recebi outra mensagem do S enhor: “Filho do homem, volte o rosto para os montes de Israel e profetize contra eles. Proclame esta mensagem do S enhor Soberano contra os montes de Israel. Assim diz o S enhor Soberano aos montes, às colinas, aos desfiladeiros e aos vales: Estou prestes a trazer guerra sobre vocês e destruir seus santuários idólatras. Todos os seus altares serão demolidos, e seus lugares de adoração serão destruídos. Matarei o povo diante de seus ídolos. Porei os cadáveres dos israelitas diante de seus ídolos e espalharei os ossos ao redor de seus altares. Onde quer que vocês vivam, haverá desolação, e destruirei os santuários idólatras. Seus altares serão demolidos, seus ídolos serão despedaçados, seus lugares de adoração serão derrubados e todos os objetos religiosos que vocês fizeram serão destruídos. O lugar ficará cheio de cadáveres, e vocês saberão que somente eu sou o S enhor. “Deixarei, porém, que alguns do meu povo escapem da destruição, e eles serão espalhados entre as nações do mundo. Então, quando estiverem exilados entre as nações, se lembrarão de mim. Reconhecerão quanto me entristece seu coração infiel e seus olhos lascivos por seus ídolos. Por fim, terão nojo de si mesmos por causa de todos os seus pecados detestáveis. Saberão que somente eu sou o S enhor e que falava sério quando disse que traria sobre eles essa calamidade. “Assim diz o S enhor Soberano: Batam palmas de horror e batam os pés. Gritem por causa de todos os pecados detestáveis que o povo de Israel cometeu. Agora, morrerão de guerra, fome e doença. A doença matará os que estiverem exilados em lugares distantes, a guerra destruirá os que estiverem por perto, e os que sobrarem morrerão de fome. Enfim derramarei toda a minha fúria sobre eles. Eles saberão que sou o S enhor quando seus mortos estiverem espalhados entre os ídolos e os altares em todas as colinas e montes, debaixo de toda árvore verdejante e de todo carvalho que dá sombra, os lugares onde ofereciam sacrifícios a seus ídolos. Eu os arrasarei e deixarei suas cidades desoladas, desde o deserto, no sul, até Ribla, no norte. Então saberão que eu sou o S enhor ”. Então recebi esta mensagem do S enhor: “Filho do homem, assim diz o S enhor Soberano a Israel: “Chegou o fim! Para onde quer que vocês olhem, norte, sul, leste ou oeste, sua terra está acabada. Não resta esperança, pois lançarei minha ira contra vocês. Eu os chamarei para prestar contas de todos os seus pecados detestáveis. Não os pouparei nem terei piedade; darei a vocês o que merecem por todos os seus pecados detestáveis. Então saberão que eu sou o S enhor. “Assim diz o S enhor Soberano: Desgraça após desgraça se aproximam! Chegou o fim, finalmente chegou; sua condenação os espera! Ó povo de Israel, já amanhece o dia de sua destruição; chegou a hora, o tempo da aflição está próximo. Nos montes se ouvem gritos de angústia, e não de alegria. Em breve derramarei sobre vocês minha fúria e contra vocês lançarei minha ira. Eu os chamarei para prestar contas de todos os seus pecados detestáveis. Não os pouparei nem terei piedade; darei a vocês o que merecem por todos os seus pecados detestáveis. Então saberão que eu, o S enhor, os feri. “O dia do juízo chegou; sua destruição os espera! A vara da perversidade brotou, sim, o orgulho do povo floresceu. Sua violência se transformou numa vara que os castigará por sua maldade. Nenhum dos orgulhosos sobreviverá; toda a sua riqueza e prestígio desaparecerão. Sim, chegou a hora; este é o dia! Que os compradores não se alegrem, nem os vendedores se entristeçam, pois todos eles cairão sob a minha ira ardente. Ainda que os comerciantes sobrevivam, jamais voltarão a seus negócios. Pois a profecia contra o povo não mudará. Ninguém cuja vida é corrompida pelo pecado se recuperará.” “A trombeta convoca o exército, mas ninguém sai para guerrear, pois minha fúria está contra todos eles. Fora da cidade há guerra, dentro dela, doença e fome. Quem estiver fora dos muros será morto pela espada do inimigo. Quem estiver dentro da cidade morrerá de fome e doença. Os sobreviventes que fugirem para os montes gemerão como pombas, por causa de seus pecados. Suas mãos ficarão fracas, e seus joelhos, frouxos como água. De pano de saco se vestirão e ficarão cobertos de horror. Rasparão a cabeça, em sinal de tristeza e remorso. “Jogarão seu dinheiro na rua, o lançarão fora como se fosse lixo. Seu ouro e sua prata não os salvarão no dia da ira do S enhor. Não os saciarão nem os alimentarão, pois sua ganância só os faz tropeçar. Tinham orgulho de suas lindas joias e com elas fizeram ídolos detestáveis e imagens repugnantes. Por isso farei que todas as suas riquezas se tornem repulsivas para eles e as entregarei como despojo a estrangeiros, às nações perversas, e elas as profanarão. Desviarei deles meu olhar quando ladrões invadirem e profanarem minha terra preciosa. “Preparem correntes para meu povo, pois o sangue de crimes terríveis cobre a terra; Jerusalém está cheia de violência. Trarei as nações mais cruéis para ocuparem suas casas. Acabarei com o orgulho dos poderosos e profanarei seus santuários. O terror tomará conta do povo; buscarão a paz, mas não a encontrarão. Virá uma calamidade após a outra, um rumor após o outro. Buscarão sem sucesso uma visão dos profetas. Não receberão ensinamentos dos sacerdotes nem conselhos das autoridades. O rei e o príncipe ficarão desamparados e chorarão de desespero; as mãos do povo tremerão de medo. Trarei sobre eles o mal que fizeram a outros, e receberão o castigo que tanto merecem. Então saberão que eu sou o S enhor ”. Em 17 de setembro, no sexto ano do exílio do rei Joaquim, enquanto as autoridades de Judá estavam em minha casa, a mão do S enhor Soberano veio sobre mim. Vi uma figura semelhante a um homem: da cintura para baixo, parecia uma chama ardente, e, da cintura para cima, tinha a aparência de âmbar reluzente. Ele estendeu algo que parecia uma mão e me pegou pelos cabelos. Então o Espírito me elevou entre a terra e o céu e me transportou para Jerusalém, numa visão dada por Deus. Fui levado à porta norte do pátio interno do templo, onde havia um ídolo que provocou o ciúme do S enhor. De repente, estava ali a glória do Deus de Israel, como eu tinha visto antes no vale. Então o S enhor me disse: “Filho do homem, olhe para o norte”. Olhei para o norte e ali, perto da entrada da porta junto ao altar, estava o ídolo que havia provocado o ciúme do S enhor. “Filho do homem”, disse ele, “você vê o que estão fazendo? Vê os pecados detestáveis que o povo de Israel comete para me afastar de meu templo? Venha, e eu lhe mostrarei pecados ainda mais detestáveis que estes!” Então ele me levou à porta do pátio do templo, onde vi um buraco no muro. Disse-me: “Agora, filho do homem, cave no muro”. Cavei no muro e encontrei uma passagem escondida. “Entre”, disse ele, “e veja os pecados perversos e detestáveis que cometem ali!” Entrei e vi as paredes cobertas de desenhos de toda espécie de animal que rasteja e de criaturas detestáveis. Também vi diversos ídolos adorados pelos israelitas. Estavam ali setenta autoridades de Israel, e no meio estava Jazanias, filho de Safã. Cada um deles segurava um incensário do qual subia uma nuvem de incenso. Então o S enhor me disse: “Filho do homem, você vê o que as autoridades de Israel fazem com seus ídolos em salas escuras? Dizem: ‘O S enhor não nos vê; o S enhor abandonou nossa terra!’”. E acrescentou: “Venha, e eu lhe mostrarei pecados ainda mais detestáveis que estes!”. Em seguida, levou-me até a porta norte do templo do S enhor, onde algumas mulheres estavam sentadas chorando pelo deus Tamuz. “Filho do homem, você vê isso?”, ele perguntou. “Venha, e eu lhe mostrarei pecados ainda mais detestáveis que estes!” Em seguida, levou-me para o pátio interno do templo do S enhor. Na entrada do templo, entre o pórtico e o altar, havia cerca de 25 homens com as costas para o templo do S enhor. Estavam voltados para o leste, prostrados no chão, e adoravam o sol. “Filho do homem, você vê isso?”, perguntou ele. “Será que não significa nada para o povo de Judá cometer esses pecados detestáveis que levam a nação inteira à violência, que a fazem zombar de mim e provocar minha ira? Por isso responderei com fúria. Não os pouparei nem terei piedade. Mesmo que clamem bem alto, não os ouvirei.” Então o S enhor disse em alta voz: “Tragam os homens escolhidos para castigar a cidade! Digam-lhes que venham com suas armas de destruição!”. Logo surgiram seis homens, vindos da porta superior, voltada para o norte, e cada um tinha na mão uma arma mortal. Estava com eles um homem vestido de linho, que levava na cintura um estojo com material de escrever. Todos entraram no pátio do templo e ficaram junto ao altar de bronze. Então a glória do Deus de Israel se levantou do meio dos querubins, onde havia estado, e se moveu para a entrada do templo. O S enhor chamou o homem vestido de linho que carregava o estojo com material de escrever e lhe disse: “Ande pelas ruas de Jerusalém e ponha um sinal na testa de todos que choram e gemem por causa dos pecados detestáveis cometidos em sua cidade”. Em seguida, ouvi o S enhor dizer aos outros homens: “Sigam-no pela cidade e matem todos cuja testa não estiver marcada. Não mostrem compaixão nem tenham piedade! Matem todos: idosos e jovens, meninas, mulheres e crianças pequenas. Mas não toquem naqueles que tiverem o sinal. Comecem aqui mesmo, no templo!”. E eles começaram pelos setenta líderes, na entrada do templo. “Profanem o templo!”, o S enhor ordenou. “Encham seus pátios de cadáveres. Vão!” Então eles saíram e começaram a matança em toda a cidade. Enquanto isso, fiquei sozinho. Prostrei-me com o rosto no chão e clamei: “Ó S enhor Soberano! Acaso tua fúria contra Jerusalém exterminará todos que restam em Israel?”. Então ele me disse: “Os pecados do povo de Israel e de Judá são muito, muito grandes. Toda a terra se encheu de homicídio; a cidade está repleta de injustiça. Eles dizem: ‘O S enhor não nos vê; o S enhor abandonou nossa terra!’. Por isso não os pouparei nem terei piedade deles. Eu lhes darei o que merecem por tudo que fizeram”. Então o homem vestido de linho, que carregava o estojo com material de escrever, voltou para relatar: “Fiz o que ordenaste”. Olhei e vi algo que se parecia com um trono de safira sobre uma superfície de cristal acima da cabeça dos querubins. Então o S enhor disse ao homem vestido de linho: “Vá entre as rodas que estão debaixo dos querubins, pegue um punhado de brasas ardentes e espalhe-as sobre a cidade”. Ele assim fez enquanto eu observava. Os querubins estavam na extremidade sul do templo quando o homem entrou, e a nuvem de glória encheu o pátio interno. Então a glória do S enhor se elevou acima dos querubins e foi para a porta do templo. Essa nuvem encheu o templo, e o pátio resplandeceu com a glória do S enhor. O movimento das asas dos querubins fazia um som como a voz do Deus Todo-poderoso, e podia-se ouvi-lo até no pátio externo. O S enhor ordenou ao homem vestido de linho: “Vá entre os querubins e pegue algumas brasas ardentes que estão entre as rodas”. O homem foi e colocou-se ao lado das rodas. Em seguida, um dos querubins estendeu a mão e pegou algumas brasas ardentes do fogo que estava entre os querubins. Colocou as brasas nas mãos do homem vestido de linho, e o homem as recebeu e saiu. (Todos os querubins tinham debaixo das asas o que se parecia com mãos humanas.) Olhei e vi que cada um dos quatro querubins tinha ao seu lado uma roda, e as rodas brilhavam como berilo. As quatro rodas eram semelhantes e feitas da mesma forma; cada uma tinha dentro dela outra roda que girava na transversal. Os querubins podiam se deslocar em qualquer uma das quatro direções, sem se virar enquanto se moviam. Deslocavam-se para a frente, sem se virar. Tanto os querubins como as rodas eram cobertos de olhos. Os querubins tinham olhos por todo o corpo, inclusive nas mãos, nas costas e nas asas. Ouvi alguém se referir às rodas como “rodas giratórias”. Cada um dos quatro querubins tinha quatro rostos: o primeiro era rosto de boi, o segundo, de homem, o terceiro, de leão, e o quarto, de águia. Então os querubins se elevaram. Eram os mesmos seres vivos que eu tinha visto junto ao rio Quebar. Quando os querubins se moviam, as rodas se moviam com eles. Quando levantavam as asas para voar, as rodas os acompanhavam. Quando os querubins paravam, as rodas paravam. Quando voavam para cima, as rodas subiam, pois o espírito dos seres vivos estava nas rodas. Então a glória do S enhor se afastou da porta do templo e parou sobre os querubins. E, enquanto eu observava, os querubins voaram, acompanhados de suas rodas, até a porta leste do templo do S enhor. E a glória do Deus de Israel pairava sobre eles. Esses seres vivos eram os mesmos que eu tinha visto debaixo do Deus de Israel quando estava junto ao rio Quebar. Eu sabia que eram querubins, pois cada um tinha quatro rostos, quatro asas e o que se parecia com mãos humanas debaixo das asas. E seus rostos eram iguais aos dos seres que eu tinha visto no Quebar, e se deslocavam para a frente, como os outros. Então o Espírito me pôs em pé e me levou à porta leste do templo do S enhor, onde vi 25 homens. Entre eles estavam Jazanias, filho de Azur, e Pelatias, filho de Benaia, líderes do povo. O Espírito me disse: “Filho do homem, estes são os homens que planejam o mal e dão conselhos perversos nesta cidade. Dizem ao povo: ‘Não acham que é uma boa hora para construir casas? Esta cidade é como uma panela de ferro; estamos seguros dentro dela, como a carne na panela’. Portanto, filho do homem, profetize contra eles em alta voz”. Então o Espírito do S enhor veio sobre mim e ordenou que eu dissesse: “Assim diz o S enhor ao povo de Israel: Eu sei o que vocês dizem, pois conheço cada pensamento que lhes vem à mente. Assassinaram muitos nesta cidade e encheram suas ruas de cadáveres. “Portanto, assim diz o S enhor Soberano: De fato, esta cidade é a panela de ferro, mas os pedaços de carne são aqueles que vocês mataram. Quanto a vocês, em breve os arrancarei da panela. Trarei sobre vocês a espada de guerra que tanto temem, diz o S enhor Soberano. Eu os expulsarei de Jerusalém e os entregarei a estrangeiros, que executarão meus julgamentos contra vocês. Vocês serão massacrados até as fronteiras de Israel. Eu os julgarei, e vocês saberão que eu sou o S enhor. Esta cidade não será para vocês como uma panela de ferro, e vocês não serão como a carne, segura dentro dela. Eu os julgarei até as fronteiras de Israel, e vocês saberão que eu sou o S enhor. Pois não quiseram seguir meus decretos e estatutos; em vez disso, imitaram as práticas das nações ao seu redor”. Enquanto eu ainda profetizava, Pelatias, filho de Benaia, morreu. Então prostrei-me com o rosto no chão e clamei: “Ó S enhor Soberano, matarás todos que restarem em Israel?”. Então recebi esta mensagem do S enhor: “Filho do homem, aqueles que ainda restam em Jerusalém falam de você, de seus parentes e de todo o povo de Israel que está no exílio. Dizem: ‘Estão longe do S enhor, por isso agora ele nos deu a terra deles!’. “Portanto, diga aos exilados: ‘Assim diz o S enhor Soberano: Embora eu os tenha espalhado entre as nações do mundo, serei um santuário para vocês durante seu tempo no exílio. Eu, o S enhor Soberano, digo que os reunirei das nações onde foram espalhados e lhes devolverei a terra de Israel’. “Quando eles regressarem para sua terra natal, removerão todos os resquícios de suas imagens repugnantes e de seus ídolos detestáveis. Eu lhes darei um só coração e colocarei dentro deles um novo espírito. Removerei seu coração de pedra e lhes darei coração de carne, para que obedeçam a meus decretos e estatutos. Então eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. Quanto àqueles que anseiam por suas imagens repugnantes e seus ídolos detestáveis, darei a eles o castigo merecido por seus pecados. Eu, o S enhor Soberano, falei!”. Então os querubins levantaram as asas, acompanhados de suas rodas, e a glória do Deus de Israel pairava sobre eles. Então a glória do S enhor subiu da cidade e parou acima do monte a leste. Depois disso, o Espírito de Deus me levou de volta à Babilônia, para o povo no exílio. Assim terminou a minha visão. E eu relatei aos exilados tudo que o S enhor me tinha mostrado. Recebi mais uma mensagem do S enhor: “Filho do homem, você vive entre rebeldes que têm olhos, mas não querem ver, que têm ouvidos, mas não querem ouvir, pois são um povo rebelde. “Portanto, filho do homem, prepare sua bagagem com os poucos pertences que um exilado conseguiria carregar, saia de sua casa e vá para outro lugar, como se tivesse sido enviado para o exílio. Faça isso diante de todos, para que o vejam. Talvez prestem atenção, embora sejam rebeldes. Leve sua bagagem para fora durante o dia, à vista de todos. E, ao anoitecer, enquanto o observam, saia de sua casa, como fazem os exilados. Faça um buraco no muro e saia por ele diante de todos. Enquanto o observam, coloque sua bagagem nos ombros e caminhe na escuridão da noite. Cubra o rosto para não ver a terra que está deixando para trás, pois fiz de você um sinal para o povo de Israel”. Assim, fiz o que me foi ordenado. À luz do dia, carreguei para fora minha bagagem, com as coisas que levaria para o exílio. Ao anoitecer, enquanto o povo observava, fiz um buraco no muro com as mãos e caminhei na escuridão da noite, com a bagagem sobre os ombros. Na manhã seguinte, recebi esta mensagem do S enhor: “Filho do homem, esses rebeldes, o povo de Israel, lhe perguntaram o que significa tudo isso que você fez. Diga-lhes: ‘Assim diz o S enhor Soberano: Essas ações contêm uma advertência para o rei Zedequias, em Jerusalém, e para todo o povo de Israel’. Diga a todos que suas ações são um sinal para mostrar o que lhes acontecerá em breve, pois serão levados como prisioneiros para o exílio. “Até mesmo Zedequias sairá de Jerusalém durante a noite, por um buraco no muro, levando somente o que conseguir carregar. Cobrirá o rosto, e seus olhos não verão a terra que ele está deixando para trás. Então lançarei minha rede sobre ele e o prenderei em meu laço. Eu o levarei à Babilônia, à terra dos babilônios, mas ele não a verá, e nela morrerá. Espalharei seus servos e seus guerreiros aos quatro ventos e enviarei a espada para persegui-los. E, quando eu os espalhar entre as nações, eles saberão que eu sou o S enhor. Contudo, livrarei uns poucos da morte por fome, guerra ou doença, para que confessem às nações para onde forem levados todos os seus pecados detestáveis. Então saberão que eu sou o S enhor ”. Depois, recebi esta mensagem do S enhor: “Filho do homem, trema ao comer sua comida e estremeça de medo ao beber sua água. Diga ao povo: ‘Assim diz o S enhor Soberano acerca dos habitantes de Israel e de Jerusalém: Com ansiedade comerão sua comida e com desespero beberão sua água, pois sua terra será completamente despojada por causa da violência dos que nela habitam. As cidades serão destruídas, e os campos ficarão devastados. Então vocês saberão que eu sou o S enhor ’”. Recebi outra mensagem do S enhor: “Filho do homem, você ouviu o provérbio que citam em Israel: ‘O tempo passa e as profecias dão em nada’. Por isso, diga ao povo: ‘Assim diz o S enhor Soberano: Acabarei com esse provérbio, e logo vocês deixarão de citá-lo’. Agora, anuncie-lhes: ‘Chegou o dia de todas as profecias se cumprirem!’. “Não haverá mais visões falsas nem previsões lisonjeiras em Israel. Pois eu sou o S enhor; o que eu disser, acontecerá. Não haverá mais demora, ó rebeldes de Israel. Cumprirei minhas palavras durante sua vida. Eu, o S enhor, falei!”. Então recebi esta mensagem do S enhor: “Filho do homem, o povo de Israel diz: ‘Ele fala do futuro distante. Levará muito tempo para que suas visões se cumpram’. Portanto, diga-lhes: ‘Assim diz o S enhor Soberano: Não haverá mais demora. Agora cumprirei todas as minhas palavras. Eu, o S enhor Soberano, falei!’”. Então recebi esta mensagem do S enhor: “Filho do homem, profetize contra os falsos profetas de Israel, que falam o que lhes vem à mente. Diga-lhes: ‘Ouçam a palavra do S enhor. Assim diz o S enhor Soberano: Que aflição espera esses profetas insensatos, que seguem a própria imaginação e que não viram coisa alguma!’. “Ó povo de Israel, seus profetas são como chacais no meio de ruínas. Não tomaram nenhuma providência para consertar as brechas nos muros que rodeiam a nação, para que permanecesse firme na batalha no dia do S enhor. Em vez disso, anunciaram visões falsas e fizeram previsões mentirosas. Dizem: ‘Esta mensagem é do S enhor ’, embora o S enhor jamais os tenha enviado. E, no entanto, esperam que as palavras que profetizam se cumpram! Acaso não são falsas suas visões e mentirosas suas previsões, se vocês afirmam: ‘Esta mensagem é do S enhor ’, quando nem sequer falei com vocês? “Portanto, assim diz o S enhor Soberano: Porque suas palavras são falsas e suas visões, mentirosas, eu me colocarei contra vocês, diz o S enhor Soberano. Levantarei minha mão contra todos os profetas que têm visões falsas e fazem previsões mentirosas, e eles serão expulsos da comunidade de Israel. Apagarei seus nomes dos registros de Israel, e eles nunca voltarão a pisar em sua própria terra. Então vocês saberão que eu sou o S enhor Soberano. “Isso acontecerá porque esses profetas enganam meu povo, dizendo: ‘Tudo está em paz’, quando não há paz alguma. É como se o povo tivesse construído um muro precário e esses profetas o cobrissem com cal! Diga aos que passam cal que o muro logo cairá. Uma forte tempestade virá, e grandes pedras de granizo e ventos impetuosos o derrubarão. E, quando o muro cair, o povo dirá: ‘O que aconteceu com a cal que vocês passaram?’. “Portanto, assim diz o S enhor Soberano: Destruirei esse muro com ventos impetuosos de indignação, com forte tempestade de ira e com pedras de granizo de fúria. Despedaçarei seu muro coberto de cal até os alicerces e, quando ele cair, esmagará vocês. Então vocês saberão que eu sou o S enhor. Enfim satisfarei minha fúria contra o muro e contra aqueles que o cobriram com cal. Em seguida, direi a vocês: ‘O muro e aqueles que o cobriram com cal não existem mais. Eram os profetas de Israel, que anunciavam visões de paz para Jerusalém, quando não há paz alguma. Eu, o S enhor Soberano, falei!’.” “Agora, filho do homem, pronuncie-se contra as mulheres que profetizam o que lhes vem à mente. Assim diz o S enhor Soberano: Que aflição espera vocês, mulheres que enlaçam a alma de meu povo, tanto dos jovens como dos idosos! Amarram amuletos no pulso deles e lhes fazem véus para a cabeça. Pensam que podem enlaçar outros sem provocar a própria destruição? Vocês me desonram no meio de meu povo em troca de uns punhados de cevada ou um pedaço de pão. Quando mentem ao meu povo, que gosta de ouvir mentiras, vocês matam aqueles que não deviam morrer e prometem vida àqueles que não deviam viver. “Assim diz o S enhor Soberano: Estou contra todos os seus amuletos, que vocês usam para enlaçar meu povo. Eu os arrancarei de seus braços e libertarei meu povo, como pássaros que alguém solta de uma gaiola. Arrancarei os véus e livrarei meu povo de suas mãos, e eles não serão mais suas vítimas. Então vocês saberão que eu sou o S enhor. Com suas mentiras, vocês desanimaram os justos, mas eu não queria que eles se entristecessem. Também encorajaram os perversos ao lhes prometer vida, embora eles continuem a pecar. Por causa de tudo isso, vocês não falarão mais de visões que nunca tiveram, nem farão previsões enganosas. Pois eu livrarei meu povo de suas mãos. Então vocês saberão que eu sou o S enhor ”. Então alguns dos líderes de Israel me visitaram e, enquanto estavam sentados comigo, recebi esta mensagem do S enhor: “Filho do homem, esses homens levantaram ídolos em seu coração e seguem coisas que os farão cair em pecado. Por que eu ouviria os pedidos deles? Por isso, diga-lhes: ‘Assim diz o S enhor Soberano: O povo de Israel levanta ídolos em seu coração e cai em pecado, e depois vai consultar um profeta. Portanto, eu, o S enhor, lhes darei o tipo de resposta que sua grande idolatria merece. Farei isso para conquistar o coração de todo o meu povo, que se afastou de mim para seguir ídolos’. “Portanto, diga ao povo de Israel: ‘Assim diz o S enhor Soberano: Arrependam-se e afastem-se de seus ídolos; parem de cometer pecados detestáveis! Pois eu, o S enhor, responderei a todos, tanto israelitas como estrangeiros, que se afastam de mim, levantam ídolos em seu coração e, desse modo, caem em pecado, e depois procuram um profeta para me consultar. Eu me voltarei contra essas pessoas e farei delas um exemplo ao eliminá-las do meio de meu povo. Então vocês saberão que eu sou o S enhor. “‘E, se um profeta é enganado e levado a transmitir uma mensagem, é porque eu, o S enhor, o enganei. Levantarei minha mão contra esses profetas e os eliminarei do meio de Israel. Tanto os falsos profetas como os que buscam a orientação deles serão castigados por seus pecados. Assim, o povo de Israel aprenderá a não se desviar mais de mim nem se contaminar com todos os seus pecados. Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. Eu, o S enhor Soberano, falei!’”. Então recebi esta mensagem do S enhor: “Filho do homem, suponhamos que o povo de uma terra tivesse pecado contra mim, e eu levantasse minha mão para esmagá-lo, cortasse seu suprimento de comida e enviasse fome para destruir tanto pessoas como animais. Mesmo que Noé, Daniel e Jó estivessem ali, sua justiça não salvaria ninguém a não ser eles mesmos, diz o S enhor Soberano. “Ou suponhamos que eu enviasse animais selvagens para invadir a nação e tornar a terra tão desolada e perigosa que ninguém poderia passar por ela. Tão certo como eu vivo, diz o S enhor Soberano, mesmo que esses três homens estivessem ali, não seriam capazes de salvar seus filhos nem suas filhas. Apenas eles seriam salvos, mas a terra seria arrasada. “Ou suponhamos que eu trouxesse guerra contra a terra e enviasse exércitos inimigos para destruir tanto pessoas como animais. Tão certo como eu vivo, diz o S enhor Soberano, mesmo que esses três homens estivessem ali, não seriam capazes de salvar seus filhos nem suas filhas. Apenas eles seriam salvos. “Ou suponhamos que eu derramasse minha fúria ao enviar uma epidemia sobre a terra e essa doença matasse tanto pessoas como animais. Tão certo como eu vivo, diz o S enhor Soberano, ainda que Noé, Daniel e Jó estivessem ali, não seriam capazes de salvar seus filhos nem suas filhas. Somente eles seriam salvos por sua justiça. “Agora, assim diz o S enhor Soberano: Como será terrível quando esses quatro castigos terríveis — guerra, fome, animais selvagens e doença — caírem sobre Jerusalém e destruírem todo o seu povo e seus animais! Contudo, haverá sobreviventes, que se juntarão a vocês no exílio na Babilônia. Vocês verão com os próprios olhos como eles são perversos e se sentirão consolados diante da calamidade que eu trouxe sobre Jerusalém. Quando se encontrarem com eles, entenderão que não foi sem motivo que fiz essas coisas a Israel. Eu, o S enhor Soberano, falei!”. Recebi esta mensagem do S enhor: “Filho do homem, como comparar uma videira com uma árvore? Acaso a madeira da videira é útil como a da árvore? Pode ser usada para fazer objetos, como ganchos para pendurar vasilhas e panelas? Não, ela serve apenas como lenha e, mesmo assim, queima depressa demais. As videiras são inúteis tanto antes como depois de serem lançadas no fogo. “Assim diz o S enhor Soberano: Os habitantes de Jerusalém são como videiras que crescem no meio das árvores do bosque. Porque são inúteis, eu os lancei no fogo para serem queimados. E, se escaparem de um fogo, providenciarei outro para os consumir. Quando eu me voltar contra eles, vocês saberão que eu sou o S enhor. Deixarei a terra desolada, pois meu povo foi infiel a mim. Eu, o S enhor Soberano falei!”. Então recebi outra mensagem do S enhor: “Filho do homem, faça Jerusalém ver como são detestáveis seus pecados. Transmita-lhe esta mensagem do S enhor Soberano: Você não passa de uma cananeia! Seu pai era amorreu, e sua mãe era hitita. No dia em que você nasceu, ninguém cortou seu cordão umbilical, nem a lavou, nem a esfregou com sal, nem a enrolou em panos. Ninguém teve compaixão nem cuidou de você. No dia em que nasceu, você foi rejeitada e abandonada num campo. “Mas eu passei por lá e a vi, indefesa, esperneando em seu sangue, e lhe disse: ‘Viva!’. Eu a fiz desenvolver-se, como uma planta no campo. Você cresceu e se tornou uma linda joia. Seus seios se formaram e seu cabelo cresceu, mas você continuava nua. Quando passei por você outra vez, vi que já tinha idade suficiente para amar. Eu a envolvi com meu manto para cobrir sua nudez e pronunciei meus votos de casamento. Fiz uma aliança com você, diz o S enhor Soberano, e você se tornou minha. “Então lavei você, limpei o sangue e passei óleo perfumado em sua pele. Eu lhe dei roupas caras de linho fino e de seda com lindos bordados e sandálias feitas do mais excelente couro de cabra. Também lhe dei belas joias, pulseiras e lindos colares, uma argola para o nariz, brincos para as orelhas e uma bela coroa para a cabeça. Assim, você foi enfeitada com ouro e prata. Suas roupas eram feitas de linho fino e seda e tinham lindos bordados. Você comia os alimentos mais seletos — farinha da melhor qualidade, mel e azeite — e se tornou mais linda que nunca. Parecia uma rainha, e de fato era! Sua fama logo se espalhou por todo o mundo, por causa de sua beleza. Eu a vesti com meu esplendor e aperfeiçoei sua beleza, diz o S enhor Soberano. “No entanto, você pensou que era dona de sua fama e de sua beleza. Então, entregou-se como prostituta a todo homem que passava. Sua beleza estava à disposição de quem a pedisse. Usou os presentes lindos que lhe dei para fazer altares para seus ídolos e ali se prostituiu. Nunca se viu uma coisa dessas! Pegou as joias e os enfeites de ouro e prata que lhe dei, fez estátuas de homens e as adorou. Desse modo, cometeu adultério contra mim. Com as lindas roupas bordadas que lhe dei, vestiu seus ídolos e usou meu óleo perfumado e meu incenso para adorá-los. Colocou diante deles como sacrifício a farinha da melhor qualidade, o azeite e o mel com que cuidei de você, diz o S enhor Soberano. “Depois, pegou seus filhos e suas filhas, que havia gerado para mim, e os sacrificou a seus deuses. Acaso não bastou você se prostituir? Também teve de matar meus filhos como sacrifício a ídolos? Em todo o seu pecado detestável e em seu adultério, você não se lembrou daqueles dias, muito tempo atrás, em que estava nua e abandonada, esperneando em seu sangue. “Que aflição a espera!, diz o S enhor Soberano. Além de todas as suas maldades, você construiu um lugar de adoração e ergueu altares a ídolos em todas as praças da cidade. Em cada esquina, contaminou sua beleza e ofereceu seu corpo a todos que passavam, aumentando sua prostituição. Então acrescentou a seus amantes o lascivo Egito e provocou minha ira com promiscuidade cada vez maior. Por isso eu a feri com minha mão e reduzi seu território. Entreguei-a a seus inimigos, os filisteus, e até eles ficaram espantados com sua conduta depravada. Você também se prostituiu com os assírios. Parece que nunca se cansa de procurar amantes! E, mesmo depois de se prostituir com eles, não ficou satisfeita. Acrescentou a seus amantes a Babilônia, terra de comerciantes, mas ainda assim não se contentou. “Como seu coração é fraco, diz o S enhor Soberano, para fazer essas coisas e se comportar como uma prostituta desavergonhada! Constrói lugares de adoração em todas as esquinas e altares a seus ídolos em todas as praças. Na verdade, você foi pior que uma prostituta, pois nem exigiu pagamento. Sim, você é uma esposa adúltera que acolhe estranhos em vez do marido. As prostitutas cobram por seus serviços, mas você não! Oferece presentes a seus amantes e os suborna para adulterarem com você. Faz, portanto, o contrário de outras prostitutas. Paga seus amantes em vez de eles pagarem você!” “Portanto, prostituta, ouça esta mensagem do S enhor. Assim diz o S enhor Soberano: Visto que você derramou sua lascívia e se expôs em prostituição a todos os seus amantes, adorou ídolos detestáveis e matou seus filhos como sacrifícios a seus deuses, ouça o que farei. Reunirei todos os seus aliados — seus amantes com os quais você teve prazer, os que você amou e também os que odiou — e a deixarei nua diante deles, para que todos a vejam. Eu a castigarei por homicídio e adultério e, na fúria de meu ciúme, a cobrirei de sangue. Então a entregarei a esses muitos povos que são seus amantes, e eles a destruirão. Derrubarão seus lugares de adoração e os altares de seus ídolos. Arrancarão suas roupas, levarão suas lindas joias e a deixarão completamente nua. Eles se juntarão e formarão uma multidão violenta que a apedrejará e a cortará com espadas. Queimarão suas casas e a castigarão diante de muitas mulheres. Eu porei fim à sua prostituição, e você não pagará mais seus muitos amantes. “Por fim, satisfarei minha fúria contra você, e meu ciúme se acalmará. Ficarei tranquilo e já não ficarei irado com você. Primeiro, porém, uma vez que você não se lembrou de sua juventude, mas provocou minha ira com todas as suas maldades, eu lhe darei o castigo merecido por sua conduta, diz o S enhor Soberano. Pois a todos os seus pecados detestáveis você acrescentou a depravação. Todos que inventam provérbios dirão a seu respeito: ‘Tal mãe, tal filha’. Pois sua mãe detestava o marido e os filhos, e você faz o mesmo. É exatamente como suas irmãs, que também desprezaram marido e filhos. De fato, sua mãe era hitita, e seu pai, amorreu. “Sua irmã mais velha era Samaria, que vivia com as filhas ao norte. Sua irmã mais nova era Sodoma, que vivia com as filhas ao sul. Mas você não apenas imitou sua conduta e seus pecados detestáveis; em pouco tempo, você as superou em sua depravação. Tão certo como eu vivo, diz o S enhor Soberano, Sodoma e suas filhas nunca foram tão perversas quanto você e suas filhas. Sodoma cometia os pecados de orgulho, glutonaria e preguiça, enquanto os pobres e necessitados sofriam. Era arrogante e cometia pecados detestáveis, por isso eu a exterminei, como você viu. “Nem mesmo Samaria cometeu metade dos pecados que você cometeu. Você fez coisas muito mais detestáveis que suas irmãs. Comparadas a você, elas parecem justas. Você deveria se envergonhar. Seus pecados são tão terríveis que fazem suas irmãs parecerem justas, e até mesmo puras. Que coisa vergonhosa! “Um dia, porém, restaurarei Sodoma e Samaria, e você também. Então você ficará verdadeiramente envergonhada de tudo que fez, pois seus pecados fazem suas irmãs se sentirem bem em comparação com você. Quando suas irmãs, Sodoma e Samaria, e todos os seus habitantes forem restaurados, você também será restaurada. Você, em seus dias de arrogância, desprezava Sodoma. Agora, porém, sua perversidade se tornou evidente para todo o mundo, e você é desprezada por Edom, por todos os vizinhos dele e pela Filístia. Esse é o castigo por sua depravação e seus pecados detestáveis, diz o S enhor. “Assim diz o S enhor Soberano: Eu lhe darei o que você merece, pois não levou a sério seus votos solenes e quebrou sua aliança. Contudo, me lembrarei da aliança que fiz com você em sua juventude e estabelecerei com você uma aliança permanente. Então você se lembrará com vergonha de tudo que fez. Farei que suas irmãs, Samaria e Sodoma, se tornem suas filhas, embora elas não façam parte de nossa aliança. Reafirmarei minha aliança com você, e você saberá que eu sou o S enhor. Você se lembrará de seus pecados e ficará calada de tanta vergonha quando eu perdoar tudo que fez. Eu, o S enhor Soberano, falei!”. Recebi esta mensagem do S enhor: “Filho do homem, apresente esta parábola e conte esta história ao povo de Israel. Transmita-lhes a seguinte mensagem do S enhor Soberano: “Uma grande águia, com asas grandes e penas longas, coberta com plumagem de várias cores, veio ao Líbano. Agarrou a ponta de um cedro e arrancou seu galho mais alto. Levou-o para uma terra de comerciantes e plantou-o numa cidade de mercadores. Também levou da terra uma semente e a plantou em solo fértil. Colocou-a junto a um rio largo, onde pudesse crescer como um salgueiro. A planta criou raízes, cresceu e se tornou uma videira baixa, mas espalhada. Os ramos se voltaram para a águia, e as raízes se aprofundaram no solo. Produziu ramos fortes e deu brotos. Então, surgiu outra águia, com asas grandes e muita plumagem. A videira lançou raízes e ramos na direção dela, em busca de água, embora já estivesse plantada em boa terra e tivesse água com fartura, para que crescesse e se transformasse numa bela videira e produzisse ramos e frutos. “Agora, portanto, assim diz o S enhor Soberano: Acaso essa videira prosperará? Não! Eu a arrancarei pela raiz! Cortarei seus frutos e deixarei que suas folhas murchem. Eu a arrancarei facilmente; não será necessário um braço forte nem um grande exército. Mas, quando a videira for replantada, acaso florescerá? Pelo contrário, murchará quando o vento do leste soprar contra ela. Morrerá na mesma terra onde havia crescido”. Então recebi esta mensagem do S enhor: “Diga a este povo rebelde: Vocês não entendem o que significa essa parábola? O rei da Babilônia veio a Jerusalém e levou seu rei e seus príncipes para a Babilônia. Firmou um tratado com um membro da família real e o obrigou a jurar lealdade. Também exilou os líderes mais influentes de Israel, para que o reino não voltasse a se fortalecer nem se rebelasse. Ele só sobreviveria se cumprisse seu tratado com a Babilônia. “Contudo, esse homem da família real de Israel se rebelou contra a Babilônia e enviou embaixadores ao Egito, para pedir um grande exército e muitos cavalos. Acaso Israel pode deixar de cumprir os tratados que fez sob juramento e ficar impune? Tão certo como eu vivo, diz o S enhor Soberano, o rei de Israel morrerá na Babilônia, a terra do rei que o colocou no poder e cujo tratado ele desprezou e quebrou. O faraó e todo o seu exército poderoso não serão capazes de ajudar Israel quando o rei da Babilônia cercar Jerusalém novamente e destruir muitas vidas. Pois o rei de Israel desprezou seu tratado e o quebrou depois de jurar obediência; portanto, ele não escapará. “Por isso, assim diz o S enhor Soberano: Tão certo como eu vivo, eu o castigarei por quebrar minha aliança e desprezar o voto solene que fez em meu nome. Lançarei minha rede sobre ele e o pegarei em meu laço. Eu o levarei à Babilônia e o julgarei por sua traição contra mim. Todos os seus melhores guerreiros serão mortos na batalha, e os que sobreviverem serão espalhados aos quatro ventos. Então você saberá que eu, o S enhor, falei. “Assim diz o S enhor Soberano: Pegarei um ramo da ponta de um cedro alto e o plantarei no topo do monte mais elevado de Israel. Ele se tornará um cedro majestoso que estenderá seus ramos e produzirá sementes. Aves de toda espécie farão ninhos ali e encontrarão abrigo à sombra de seus ramos. E todas as árvores saberão que eu, o S enhor, derrubo a árvore alta e faço crescer a árvore baixa. Faço a árvore verde murchar e dou vida à árvore seca. Eu, o S enhor, falei e cumprirei o que prometi!”. Recebi outra mensagem do S enhor: “Por que vocês citam este provérbio a respeito da terra de Israel: ‘Os pais comeram uvas azedas, mas os dentes dos filhos é que estragaram’? Tão certo como eu vivo, diz o S enhor Soberano, vocês não citarão mais esse provérbio em Israel. Pois todos me pertencem, tanto pais como filhos. Aquele que pecar é que morrerá. “Suponhamos que um homem seja justo e faça o que é certo e direito. Não participa de banquetes nos lugares de adoração diante dos ídolos de Israel nem os adora. Não comete adultério e não tem relações com a mulher quando ela está menstruada. É um credor misericordioso, que não fica com os objetos entregues como garantia pelos devedores pobres. Não rouba dos pobres; antes, dá alimento aos famintos e providencia roupas aos necessitados. Empresta dinheiro sem visar lucros, mantém-se afastado da injustiça, é honesto e imparcial quando julga e obedece fielmente a meus decretos e estatutos. Quem age desse modo é justo e certamente viverá, diz o S enhor Soberano. “Suponhamos, porém, que esse homem tenha um filho ladrão ou assassino, que se recusa a fazer o que é certo. Suponhamos que esse filho faça todas as maldades que seu pai jamais faria: participe de banquetes oferecidos a ídolos nos lugares de adoração, cometa adultério, oprima os pobres e os desamparados, roube de seus devedores ao não lhes devolver sua garantia, adore ídolos, pratique pecados detestáveis e empreste dinheiro visando lucros. Acaso esse pecador deve viver? Não, ele será responsabilizado e morrerá. “Suponhamos, porém, que esse filho pecador tenha, por sua vez, um filho que vê a perversidade do pai e decide não viver desse modo. Esse filho não participa de banquetes nos lugares de adoração, não adora ídolos e não comete adultério. Não explora os pobres; antes, trata os devedores com imparcialidade e não rouba deles. Dá alimentos aos famintos e providencia roupas aos necessitados. Ajuda os pobres, não empresta dinheiro visando lucros e obedece a todos os meus decretos e estatutos. Ele não morrerá por causa dos pecados de seu pai; certamente viverá. O pai, no entanto, morrerá por causa de seus muitos pecados, por ser cruel, roubar das pessoas e fazer o que era claramente errado no meio de seu povo. “Vocês, porém, perguntam: ‘Como assim? O filho não paga pelos pecados do pai?’. Não! Pois se o filho faz o que é justo e certo e guarda meus decretos, ele certamente viverá. Aquele que pecar é que morrerá. O filho não será castigado pelos pecados do pai, e o pai não será castigado pelos pecados do filho. Os justos serão recompensados por sua justiça, e os perversos serão castigados por sua perversidade. Mas, se os perversos abandonarem seus pecados e obedecerem a meus decretos e fizerem o que é justo e certo, com certeza viverão, e não morrerão. Todos os pecados que cometeram no passado serão esquecidos, e eles viverão por causa de seus atos de justiça. “Vocês acham que eu gosto de ver os perversos morrerem?, diz o S enhor Soberano. Claro que não! Meu desejo é que eles se afastem de seus maus caminhos e vivam. Contudo, se os justos se afastarem de sua justiça, cometerem pecados e agirem como outros pecadores, deve-se permitir que vivam? Claro que não! Todos os seus atos de justiça serão esquecidos, e eles morrerão por causa de seus pecados. “Vocês, porém, dizem: ‘O Senhor não é justo!’. Ouça, ó povo de Israel: quem é injusto, eu ou vocês? Se os justos se afastarem de sua justiça e cometerem pecados, morrerão por causa disso. Sim, eles morrerão por causa de seus pecados. E, se os perversos se afastarem de sua perversidade e fizerem o que é justo e certo, preservarão a vida. Eles viverão, pois pensaram melhor e decidiram se afastar de seus pecados. E, no entanto, o povo de Israel continua a dizer: ‘O Senhor não é justo!’. Ó povo de Israel, vocês é que são injustos, e não eu! “Portanto, julgarei cada um de vocês, ó povo de Israel, conforme suas ações, diz o S enhor Soberano. Arrependam-se e afastem-se de seus pecados, e não permitam que eles os derrubem. Deixem toda a sua rebeldia para trás e busquem um coração novo e um espírito novo. Por que morrer, ó povo de Israel? Não é meu desejo que morram, diz o S enhor Soberano. Arrependam-se e vivam!” “Entoe este cântico fúnebre pelos príncipes de Israel: “Que é sua mãe? Uma leoa entre os leões! Ela se deitava entre os leõezinhos e criava seus filhotes. Criou um deles para se tornar um leão forte. Ele aprendeu a caçar e a despedaçar a presa e se tornou devorador de gente. As nações ouviram falar dele e o apanharam na cova que lhe prepararam. Com ganchos o levaram para a terra do Egito. “Quando a leoa viu que sua esperança por ele estava perdida, pegou outro filhote e o ensinou a ser um leão forte. Ele andava entre os leões e se destacava por sua força. Aprendeu a caçar e a despedaçar a presa e também se tornou devorador de gente. Derrubou fortalezas e destruiu cidades. A terra e seus habitantes tremiam de medo quando ouviam seu rugido. Então os exércitos das nações o atacaram e o cercaram por todos os lados. Lançaram uma rede sobre ele e o apanharam na cova que lhe prepararam. Com ganchos o arrastaram para dentro de uma jaula e o levaram ao rei da Babilônia. Eles o mantiveram preso, para que nunca mais se ouvisse sua voz nos montes de Israel. “Sua mãe era como uma videira plantada junto à água. Tinha folhagem viçosa e dava frutos, porque havia muita água. Seus ramos se tornaram fortes o suficiente para serem cetros de reis. Ela cresceu, ficou muito alta e se elevou acima de todas as outras. Mas a videira foi arrancada pela raiz com fúria e atirada ao chão. O vento do deserto secou seus frutos e quebrou seus fortes ramos, por isso ela murchou e foi consumida pelo fogo. Agora a videira está plantada no deserto, onde o solo é duro e seco. De seus ramos saiu fogo e consumiu seus frutos. Os ramos que sobraram não são fortes o suficiente para serem cetros de reis. “Este é um cântico fúnebre e será entoado num funeral”. Em 14 de agosto, durante o sétimo ano do exílio do rei Joaquim, alguns dos líderes de Israel vieram consultar o S enhor e, enquanto estavam sentados comigo, recebi esta mensagem do S enhor: “Filho do homem, diga aos líderes de Israel: ‘Assim diz o S enhor Soberano: Como ousam vir me consultar? Tão certo como eu vivo, diz o S enhor Soberano, não lhes direi coisa alguma!’. “Filho do homem, apresente acusações contra eles e condene-os. Faça-os ver como eram detestáveis os pecados de seus antepassados. Transmita-lhes esta mensagem do S enhor Soberano: Quando escolhi Israel, quando me revelei aos descendentes de Jacó, no Egito, jurei solenemente que eu, o S enhor, seria o seu Deus. Naquele dia, jurei que os tiraria do Egito e os levaria para uma terra que havia encontrado para eles, uma terra boa, que produz leite e mel com fartura, a mais linda de todas as terras. Então lhes disse: ‘Cada um de vocês livre-se de suas imagens repugnantes pelas quais está obcecado. Não se contamine com os ídolos do Egito, pois eu sou o S enhor, seu Deus’. “Eles, porém, se rebelaram contra mim e não quiseram ouvir. Não se livraram das imagens repugnantes pelas quais estavam obcecados, nem abandonaram os ídolos do Egito. Então ameacei derramar minha fúria sobre eles para satisfazer minha ira enquanto ainda estavam no Egito. Mas, por causa do meu nome, não o fiz. Não permiti que meu nome fosse desonrado entre as nações vizinhas diante das quais me revelei quando tirei os israelitas do Egito. Portanto, eu os tirei do Egito e os levei para o deserto. Ali lhes dei meus decretos e estatutos, para que encontrassem vida ao praticá-los. Também lhes dei os sábados como sinal entre mim e eles, para lembrá-los de que eu sou o S enhor, que os separou para serem santos. “O povo de Israel, no entanto, se rebelou contra mim e não quis obedecer a meus decretos no deserto. A obediência lhes teria dado vida, mas não seguiram meus estatutos. Além disso, profanaram meus sábados. Portanto, ameacei derramar minha fúria sobre eles e consumi-los inteiramente no deserto. Mais uma vez, porém, me contive por causa do meu nome, para que não fosse desonrado diante das nações que tinham visto meu poder quando tirei Israel do Egito. Contudo, fiz um juramento solene contra eles no deserto. Jurei que não os faria entrar na terra que lhes tinha dado, uma terra que produz leite e mel com fartura, a mais linda de todas as terras. Pois rejeitaram meus estatutos, recusaram-se a seguir meus decretos e profanaram meus sábados, porque entregaram o coração a seus ídolos. Apesar disso, tive compaixão deles e não os destruí no deserto. “Então adverti seus filhos no deserto a não seguirem os passos e o estilo de vida de seus pais, que se contaminaram com seus ídolos. Disse-lhes: ‘Eu sou o S enhor, seu Deus. Sigam meus decretos, obedeçam a meus estatutos e guardem meus sábados como dias santos, pois são um sinal entre mim e vocês para lembrá-los de que eu sou o S enhor, seu Deus’. “Seus filhos, porém, também se rebelaram contra mim. A obediência lhes teria dado vida, mas não guardaram meus decretos nem seguiram meus estatutos. Além disso, profanaram meus sábados. Portanto, mais uma vez, ameacei derramar minha fúria sobre eles no deserto para satisfazer minha ira. No entanto, contive meu julgamento por causa do meu nome, para que não fosse desonrado diante das nações que tinham visto meu poder quando tirei Israel do Egito. Contudo, fiz um juramento solene contra eles no deserto. Jurei que os espalharia entre todas as nações, pois não obedeceram a meus estatutos. Desprezaram meus decretos, profanaram meus sábados e cobiçaram os ídolos de seus antepassados. Eu os entreguei a decretos e estatutos inúteis, que não conduziriam à vida. Deixei que se contaminassem com suas ofertas idólatras e permiti que oferecessem seus primeiros filhos como sacrifícios a seus deuses, para que eu os devastasse e lhes mostrasse que somente eu sou o S enhor.” “Portanto, filho do homem, transmita ao povo de Israel esta mensagem do S enhor Soberano: Seus antepassados continuaram a blasfemar contra mim e a me trair, pois, quando os trouxe à terra que lhes havia prometido, eles ofereceram sacrifícios onde quer que vissem montes altos e árvores verdejantes. Provocaram minha fúria ao oferecer sacrifícios a seus deuses. Levaram perfumes e incenso e apresentaram ofertas derramadas. Disse-lhes: ‘Que lugar alto é este para onde vão?’. (Desde então, esse tipo de lugar é chamado de Bamá, ‘lugar alto’.) “Portanto, transmita ao povo de Israel esta mensagem do S enhor Soberano: Vocês continuarão a se contaminar, como fizeram seus antepassados? Vão se prostituir adorando imagens repugnantes? Pois, quando apresentam ofertas para elas e sacrificam seus filhos no fogo, continuam a se contaminar com ídolos até hoje. Acaso devo permitir que me consultem, ó povo de Israel? Tão certo como eu vivo, diz o S enhor Soberano, não lhes direi coisa alguma. “Vocês dizem: ‘Queremos ser como as nações ao redor, que servem a ídolos de madeira e de pedra’. Mas o que vocês planejam nunca acontecerá. Tão certo como eu vivo, diz o S enhor Soberano, eu os governarei com mão de ferro, com grande ira e poder tremendo. E com grande ira estenderei minha mão forte e meu braço poderoso e os trarei de volta das terras onde foram espalhados. Eu os levarei ao deserto das nações e ali os julgarei face a face. Ali os julgarei como julguei seus antepassados no deserto depois de tirá-los do Egito, diz o S enhor Soberano. Eu os examinarei cuidadosamente e os farei obedecer aos termos de minha aliança. Tirarei de seu meio todos que se rebelam e se revoltam contra mim. Eu os farei sair das terras em que estão exilados, mas eles nunca entrarão na terra de Israel. Então vocês saberão que eu sou o S enhor. “Quanto a vocês, povo de Israel, assim diz o S enhor Soberano: Continuem a adorar seus ídolos. Mais cedo ou mais tarde, porém, vocês me obedecerão e deixarão de desonrar meu santo nome com sua idolatria. Pois em meu santo monte, o alto monte de Israel, diz o S enhor Soberano, todo o povo de Israel me adorará, e eu os aceitarei. Ali exigirei que tragam todas as suas ofertas, suas melhores dádivas e tudo que me consagrarem. Quando eu os trouxer de volta do exílio, vocês serão para mim como uma oferta agradável. E, por meio de vocês, demonstrarei minha santidade diante de todas as nações. Então, quando eu os tiver trazido de volta à terra que, com juramento solene, prometi a seus antepassados, saberão que eu sou o S enhor. Vocês se lembrarão de todas as formas pelas quais se contaminaram e terão nojo de si mesmos por todo o mal que fizeram. Saberão que eu sou o S enhor, ó povo de Israel, quando, por causa do meu nome, eu os tratar com compaixão, apesar de toda a sua perversidade. Eu, o S enhor Soberano, falei!”. Então recebi esta mensagem do S enhor: “Filho do homem, volte o rosto para o sul e pronuncie-se contra ele; profetize contra os matagais do Neguebe. Diga ao bosque do sul: ‘Assim diz o S enhor Soberano: Ouça a palavra do S enhor! Eu o incendiarei, e todas as árvores, tanto as verdes como as secas, serão consumidas. As chamas ardentes não serão apagadas e queimarão tudo, desde o sul até o norte. Todos verão que eu, o S enhor, acendi esse fogo, e ele não será apagado’”. Então eu disse: “Ó S enhor Soberano, eles dizem a meu respeito: ‘Ele só fala por meio de parábolas!’”. Recebi esta mensagem do S enhor: “Filho do homem, volte o rosto para Jerusalém e profetize contra Israel e seus santuários. Diga-lhe: ‘Assim diz o S enhor: Sou seu inimigo, ó Israel, e estou prestes a tirar a espada da bainha para destruir seu povo, tanto os justos como os perversos. Sim, eliminarei tanto os justos como os perversos! Empunharei minha espada contra todos na terra, desde o sul até o norte. O mundo inteiro saberá que eu sou o S enhor. A espada está em minha mão, e ela não voltará à bainha’. “Filho do homem, comece a gemer! Comece a gemer diante do povo com amargura e coração quebrantado. Quando lhe perguntarem por que você está gemendo, diga-lhes: ‘Estou gemendo por causa da notícia que recebi. Quando ela se realizar, até mesmo o coração mais valente se derreterá de medo; toda a força desaparecerá. Todo espírito se angustiará; joelhos fortes se tornarão frouxos como água. E o S enhor Soberano diz: Ela está vindo! Está a caminho!’”. Em seguida, o S enhor me disse: “Filho do homem, transmita ao povo esta mensagem do Senhor: “Uma espada, uma espada está sendo afiada e polida. Está sendo afiada para a matança e polida para faiscar como relâmpago. Agora nos alegraremos com o cetro de meu filho, o governante de Judá? A espada despreza qualquer pedaço de madeira! Sim, a espada está sendo afiada e polida, preparada para as mãos do carrasco. “Filho do homem, grite e lamente-se, bata nas coxas em sinal de angústia, pois a espada matará meu povo e seus líderes; todos morrerão! Ela porá todos eles à prova; e o que acontecerá quando o cetro, que a espada despreza, não mais existir?, diz o S enhor Soberano. “Filho do homem, profetize para eles e bata palmas. Depois, pegue a espada e golpeie duas vezes, ou mesmo três vezes, para simbolizar a matança, a grande matança que os ameaça de todos os lados. Que o coração deles se derreta de terror, pois a espada reluz em todas as portas. Faísca como relâmpago e está polida para a matança. Ó espada, golpeie à direita, golpeie à esquerda, para onde se virar e onde quiser. Eu também baterei palmas e satisfarei minha fúria. Eu, o S enhor, falei!”. Recebi esta mensagem do S enhor: “Filho do homem, desenhe um mapa e sobre ele trace dois caminhos para que a espada do rei da Babilônia os siga. Coloque um marco na estrada que sai da Babilônia, onde ela se divide em dois caminhos, um para Amom e sua capital, Rabá, e outro para Judá e Jerusalém, a cidade fortificada. O rei da Babilônia está na encruzilhada, sem saber se deve atacar Jerusalém ou Rabá. Ele chama seus adivinhos para que façam previsões, e eles lançam sortes com flechas sacudidas da aljava, consultam seus ídolos e examinam o fígado de animais sacrificados. O presságio em sua mão direita indica ‘Jerusalém!’. Seus soldados atacarão as portas da cidade com troncos e darão gritos de guerra. Levantarão torres de cerco e construirão rampas contra os muros. Os habitantes de Jerusalém pensarão que se trata de um presságio falso, por causa de seu acordo com os babilônios. Mas o rei da Babilônia os lembrará de sua rebeldia. Ele os atacará e os levará prisioneiros. “Portanto, assim diz o S enhor Soberano: Repetidamente, vocês me lembram de seus pecados e sua rebeldia. Nem sequer tentam escondê-los! Em tudo que fazem, seus pecados ficam evidentes. Por isso, chegou a hora de seu castigo. “Ó príncipe de Israel, corrupto e perverso, o dia do acerto de contas chegou! Assim diz o S enhor Soberano: “Tire sua coroa coberta de joias, pois o antigo sistema está para mudar. Os humildes serão exaltados, e os orgulhosos, humilhados. Destruição! Destruição! Certamente destruirei o reino, e não será restaurado até que venha aquele que tem o direito de julgá-lo; então o entregarei a ele.” “Agora, filho do homem, profetize acerca dos amonitas e sua zombaria. Transmita-lhes esta mensagem do S enhor Soberano: “Uma espada, uma espada está pronta para a matança. Está polida para destruir e faísca como relâmpago. Seus profetas lhes deram visões falsas, seus adivinhos lhes contaram mentiras. A espada cairá sobre o pescoço dos perversos, para quem chegou o dia do juízo. “Agora, ponham a espada de volta na bainha, pois em sua própria terra, no lugar onde nasceram, eu os julgarei. Derramarei minha fúria sobre vocês e soprarei em vocês o fogo de minha ira. Eu os entregarei a homens cruéis, hábeis em destruir. Vocês serão combustível para o fogo, e seu sangue será derramado em sua própria terra. Não haverá mais lembrança de vocês na história, pois eu, o S enhor, falei!”. Recebi esta mensagem do S enhor: “Filho do homem, você está preparado para pronunciar julgamento sobre Jerusalém, esta cidade de assassinos? Faça que ela veja como são detestáveis seus pecados e transmita-lhe esta mensagem do S enhor Soberano: Ó cidade de assassinos, condenada e maldita, cidade de ídolos imundos e repugnantes, você é culpada pelo sangue que derramou e está contaminada pelos ídolos que fez. Seu dia de castigo se aproxima! Você chegou ao fim de seus anos, e farei de você objeto de zombaria no mundo inteiro. Ó cidade infame, cheia de confusão, povos distantes e próximos zombarão de você! “Todo líder de Israel que vive dentro de seus muros está decidido a derramar sangue. Pais e mães são tratados com desprezo, estrangeiros são obrigados a pagar por proteção, órfãos e viúvas são oprimidos em seu meio. Você despreza minhas coisas santas e profana meus sábados. Pessoas acusam outras falsamente e as condenam à morte. Em seu meio há idólatras e gente que faz coisas obscenas. Homens têm relações sexuais com a esposa do próprio pai e se impõem sobre mulheres menstruadas. Há quem cometa adultério com a esposa do vizinho, quem contamine sua nora e quem violente a própria irmã. Por toda parte há assassinos de aluguel, agiotas que cobram juros abusivos e sujeitos que praticam extorsão. Não se lembram de mim, diz o S enhor Soberano. “Agora, porém, bato as mãos com indignação por causa do ganho desonesto e do derramamento de sangue em seu meio. Quão forte e corajosa você será no dia do acerto de contas? Eu, o S enhor, falei e cumprirei o que prometi. Espalharei você entre as nações e acabarei com sua perversidade. E, quando você tiver sido desonrada entre as nações, saberá que eu sou o S enhor ”. Então recebi esta mensagem do S enhor: “Filho do homem, o povo de Israel é a coisa desprezível, sem valor, que resta depois de fundir a prata. São refugo, uma mistura inútil de cobre, estanho, ferro e chumbo. Portanto, diga-lhes: ‘Assim diz o S enhor Soberano: Porque vocês são coisa desprezível, sem valor, eu os reunirei em Jerusalém. Como a prata, o cobre, o ferro, o chumbo e o estanho são derretidos na fornalha, assim eu os derreterei com o calor de minha ira ardente. Eu os reunirei e soprarei sobre vocês o fogo de minha fúria, e vocês derreterão como a prata derrete no calor intenso. Então saberão que eu, o S enhor, derramei sobre vocês a minha fúria’”. Recebi outra mensagem do S enhor: “Filho do homem, transmita esta mensagem a Israel: No dia de minha indignação, vocês serão como uma terra contaminada, uma terra sem chuva. Seus príncipes tramam conspirações, como leões à espreita da presa. Devoram inocentes, apropriam-se de tesouros, obtêm riquezas por extorsão e fazem muitas viúvas na terra. Seus sacerdotes não guardaram minha lei e profanaram minhas coisas santas. Não fazem distinção entre sagrado e profano e não ensinam meu povo a distinguir entre cerimonialmente puro e impuro. Desrespeitam meus sábados, de modo que sou desonrado no meio deles. Seus líderes são como lobos que despedaçam as vítimas. Destroem a vida das pessoas por dinheiro! E seus profetas encobrem tudo isso com visões falsas e previsões mentirosas. Dizem: ‘Recebi esta mensagem do S enhor Soberano’, quando, na verdade, o S enhor não lhes disse coisa alguma. Até mesmo o povo oprime os pobres, rouba dos necessitados e nega justiça aos estrangeiros. “Procurei alguém que reconstruísse o muro que guarda a terra, que se pusesse na brecha para que eu não a destruísse, mas não encontrei ninguém. Agora, portanto, derramarei minha fúria sobre eles e os consumirei com o fogo de minha ira. Farei cair sobre sua cabeça o castigo merecido por tudo que fizeram. Eu, o S enhor Soberano, falei!”. Recebi esta mensagem do S enhor: “Filho do homem, havia duas irmãs, filhas da mesma mãe. Elas se tornaram prostitutas no Egito. Quando ainda eram meninas, deixavam que homens acariciassem seus seios. A irmã mais velha se chamava Oolá, e a mais nova, Oolibá. Casei-me com elas, e me deram filhos e filhas. Refiro-me a Samaria e Jerusalém, pois Oolá é Samaria, e Oolibá, Jerusalém. “Então, embora fosse minha, Oolá desejou ardentemente outros amantes e se entregou aos assírios. Todos eles eram jovens atraentes, capitães e comandantes, com belas roupas azuis, montados a cavalo. Assim, ela se prostituiu com os homens mais desejáveis da Assíria, adorou seus ídolos e se contaminou. Pois, quando ela saiu do Egito, não deixou para trás a prostituição. Continuou depravada como em sua juventude, quando os egípcios dormiram com ela, acariciaram seus seios e a usaram como prostituta. “Por isso eu a entreguei a seus amantes assírios, que ela tanto desejou. Eles arrancaram suas roupas, levaram seus filhos e filhas e então a mataram. Depois que ela recebeu esse castigo, sua reputação tornou-se conhecida entre todas as mulheres da terra. “Contudo, embora Oolibá tenha visto o que aconteceu à sua irmã Oolá, seguiu pelo mesmo caminho. Na verdade, foi ainda mais depravada e se entregou ao desejo e à prostituição. Cobiçou os assírios — os capitães e comandantes em belos uniformes, montados a cavalo —, todos eles jovens atraentes. Vi que estava se contaminando, como sua irmã mais velha. “Então levou sua prostituição ainda mais longe e se apaixonou por figuras pintadas numa parede, figuras de oficiais babilônios, com uniformes vermelhos chamativos e com belos cintos e turbantes de tecido fino. Estavam vestidos como oficiais da terra da Babilônia. Quando ela viu essas pinturas, desejou ardentemente entregar-se a eles, por isso enviou mensageiros à Babilônia para convidá-los para a visitarem. Eles vieram, cometeram adultério com ela e a contaminaram na cama do amor. Depois de ser contaminada, porém, teve nojo deles e os rejeitou. “Da mesma forma, eu tive nojo de Oolibá e a rejeitei, como havia rejeitado sua irmã, porque ela se exibiu diante deles e a eles se entregou para satisfazer seus desejos. Entregou-se, porém, a prostituição ainda maior ao lembrar-se de sua juventude, quando era prostituta no Egito. Desejou amantes com genitais grandes como de jumentos e ejaculação como de cavalos. E assim, Oolibá, você reviveu a depravação de sua juventude no Egito, quando permitiu que seus seios fossem acariciados.” “Portanto, Oolibá, assim diz o S enhor Soberano: De todas as partes, enviarei seus amantes contra você, as mesmas nações das quais você se afastou com nojo. Os babilônios virão com todos os caldeus de Pecode, Soa e Coa. E todos os assírios virão com eles, jovens atraentes, capitães, comandantes, oficiais dos carros de guerra e outros oficiais de alto escalão, todos a cavalo. Virão do norte contra você com carros de guerra, carroças e muitas armas, preparados para o ataque. Assumirão posições de batalha e a cercarão com soldados armados com escudos e capacetes. E eu a entregarei a eles para ser castigada, para que façam com você o que quiserem. Voltarei contra você a ira do meu ciúme, e eles a tratarão com crueldade. Cortarão fora seu nariz e suas orelhas e matarão à espada os sobreviventes. Seus filhos serão levados como prisioneiros, e tudo que restar será queimado. Arrancarão suas roupas e lindas joias. Desse modo, acabarei com a depravação e a prostituição que você trouxe do Egito. Nunca mais você olhará com desejo para essas coisas, nem se lembrará mais com saudade de seu tempo no Egito. “Pois assim diz o S enhor Soberano: Certamente eu a entregarei a seus inimigos, àqueles que você detesta, àqueles que você rejeitou. Eles a tratarão com ódio, tomarão tudo que você possui e a deixarão completamente nua. A vergonha de sua prostituição ficará exposta para todo o mundo. Você trouxe tudo isso sobre si mesma ao se prostituir com outras nações, ao se contaminar com seus ídolos. Porque você seguiu pelo mesmo caminho que sua irmã, eu a obrigarei a beber do mesmo cálice de terror do qual ela bebeu. “Assim diz o S enhor Soberano: “Você beberá do cálice de terror de sua irmã, um copo grande e fundo. Ele está cheio até a borda de desprezo e zombaria. Embriaguez e angústia se apossarão de você, pois seu cálice está cheio até a borda de desgraça e desolação, o mesmo copo do qual sua irmã, Samaria, bebeu. Você beberá desse cálice de terror até a última gota. Então o fará em pedaços e com os cacos mutilará seus seios. Eu, o S enhor Soberano, falei! “E, porque você se esqueceu de mim e me deu as costas, assim diz o S enhor Soberano: Você sofrerá as consequências de sua depravação e prostituição”. O S enhor me disse: “Filho do homem, pronuncie julgamento sobre Oolá e Oolibá por todos os seus pecados detestáveis. Elas cometeram adultério e assassinato: adultério ao adorarem ídolos e assassinato ao queimarem como sacrifício os filhos que geraram para mim. Além disso, contaminaram meu templo e profanaram meu sábado. No mesmo dia em que sacrificaram seus filhos aos ídolos, tiveram a ousadia de vir ao meu templo para adorar; entraram em minha casa e a profanaram. “Vocês, irmãs, enviaram mensageiros a terras distantes para conseguir homens. Quando eles chegaram, vocês tomaram banho, pintaram os olhos e colocaram suas joias mais finas para recebê-los. Sentaram-se com eles num sofá com lindos bordados e colocaram meu incenso e meu óleo especial na mesa arrumada diante de vocês. De seu quarto vinham sons de muitos homens bebendo e se divertindo. Eram homens do deserto, lascivos e beberrões, que colocaram pulseiras em seus braços e lindas coroas em sua cabeça. Então eu disse: ‘Se eles querem mesmo ter relações com prostitutas velhas e acabadas como essas, que tenham!’. E foi o que fizeram. Tiveram relações com Oolá e Oolibá, prostitutas desavergonhadas. Mas os justos julgarão essas cidades irmãs de acordo com o que de fato são: adúlteras e assassinas. “Agora, assim diz o S enhor Soberano: Tragam um exército contra elas e entreguem-nas para serem aterrorizadas e saqueadas. Seus inimigos as apedrejarão e as golpearão com espadas. Matarão seus filhos e filhas e queimarão suas casas. Desse modo, acabarei com a depravação na terra, e meu julgamento servirá de advertência para que outras não sigam seu mau exemplo. Vocês receberão o castigo merecido por sua prostituição e idolatria. Então saberão que eu sou o S enhor Soberano”. Em 15 de janeiro, durante o nono ano do exílio do rei Joaquim, recebi esta mensagem do S enhor: “Filho do homem, registre esta data, pois hoje o rei da Babilônia começou a atacar Jerusalém. Depois, use uma ilustração para transmitir a esses rebeldes a seguinte mensagem do S enhor Soberano: “Coloque uma panela no fogo e ponha água dentro dela. Encha-a com os pedaços mais seletos de carne: a coxa, o quarto dianteiro e os cortes mais macios. Use somente as melhores ovelhas do rebanho e amontoe lenha no fogo sob a panela. Faça a água ferver e cozinhe os ossos com a carne. “Agora, assim diz o S enhor Soberano: Que aflição espera Jerusalém, cidade de assassinos! Ela é a panela enferrujada, cuja sujeira não se pode limpar. Pegue a carne sem escolhê-la, pois nenhum pedaço é melhor que o outro. Porque o sangue que ela derramou está espalhado sobre as pedras; nem sequer foi derramado no chão, onde o pó o cobriria. Portanto, espalharei seu sangue numa pedra, para que todos vejam, uma expressão de minha ira e de minha vingança contra ela. “Assim diz o S enhor Soberano: Que aflição espera Jerusalém, cidade de assassinos; eu mesmo amontoarei a lenha debaixo dela! Sim, amontoe a lenha; que ardam as chamas para fazer a panela ferver. Cozinhe a carne com diversos temperos, depois queime os ossos. Agora, coloque a panela vazia sobre as brasas, esquente-a até ficar incandescente e queime a ferrugem e a sujeira. Mas de nada adianta; não se pode limpar a ferrugem, nem mesmo com fogo. Sua impureza é sua depravação; tentei limpá-la, mas você não quis. Portanto, agora ficará em sua impureza, até que eu tenha satisfeito minha fúria contra você. “Eu, o S enhor, falei! Chegou a hora, e não me conterei. Não mudarei de ideia nem terei compaixão. Você será julgada de acordo com suas ações, diz o S enhor Soberano”. Recebi esta mensagem do S enhor: “Filho do homem, com um só golpe tirarei de você seu tesouro mais precioso. Contudo, você não deve mostrar tristeza alguma com a morte dela. Não chore, não derrame lágrimas. Sofra em silêncio, mas não lamente junto ao túmulo. Não descubra a cabeça nem tire as sandálias. Não siga os rituais de luto nem aceite comida de amigos que vierem consolá-lo”. Pela manhã, anunciei essa mensagem ao povo e, à tarde, minha esposa morreu. No dia seguinte, fiz tudo que me havia sido ordenado. Então o povo perguntou: “O que significa tudo isso? O que você quer nos dizer?”. Eu respondi: “Recebi uma mensagem do S enhor e fui instruído a transmiti-la ao povo de Israel. Assim diz o S enhor Soberano: ‘Profanarei meu templo, a fonte de sua segurança e seu orgulho, o lugar que lhes dá prazer ao coração. Seus filhos e filhas, que vocês deixaram para trás, serão mortos à espada. Então vocês farão como Ezequiel. Não seguirão os rituais de luto nem se consolarão com comida trazida pelos amigos. Sua cabeça permanecerá coberta, e não tirarão as sandálias. Não prantearão nem chorarão, mas definharão por causa de seus pecados. Lamentarão uns com os outros por todo o mal que fizeram. Ezequiel lhes serve de exemplo; farão exatamente o que ele fez. E, quando esse dia chegar, saberão que eu sou o S enhor Soberano’”. Então o S enhor me disse: “Filho do homem, no dia em que eu tirar deles sua fortaleza — sua alegria e sua glória, o desejo de seu coração e seu tesouro mais precioso —, também tirarei deles seus filhos e filhas. Nesse dia, um sobrevivente de Jerusalém virá ao seu encontro na Babilônia e lhe contará o que aconteceu. Quando ele chegar, você recuperará sua voz para que possa falar com ele, e isso será um sinal para o povo. Então eles saberão que eu sou o S enhor ”. Então recebi esta mensagem do S enhor: “Filho do homem, volte o rosto para a terra de Amom e profetize contra seus habitantes. Transmita aos amonitas esta mensagem do S enhor Soberano: Ouçam a palavra do S enhor Soberano! Porque vocês se alegraram quando meu templo foi profanado, zombaram de Israel em sua desolação e riram de Judá quando ele foi enviado para o exílio, eu os entregarei aos nômades dos desertos do leste. Eles montarão acampamentos em seu meio e armarão tendas em sua terra. Colherão seus frutos e beberão o leite de seu gado. Transformarei a cidade de Rabá em pasto para camelos e todo o território dos amonitas em lugar de descanso para ovelhas. Então vocês saberão que eu sou o S enhor. “Assim diz o S enhor Soberano: Porque bateram palmas, dançaram e pularam exultantes com a destruição do povo de Israel, levantarei minha mão contra vocês. Eu os entregarei como despojo a muitas nações. Eliminarei vocês dentre os povos e os destruirei completamente. Então vocês saberão que eu sou o S enhor.” “Assim diz o S enhor Soberano: Porque o povo de Moabe disse que Judá é como todas as outras nações, abrirei seu lado leste e acabarei com as imponentes cidades de sua fronteira: Bete-Jesimote, Baal-Meom e Quiriataim. Entregarei Moabe aos nômades dos desertos do leste, como entreguei Amom. Os amonitas não serão mais contados entre as nações. Da mesma forma, trarei meu julgamento sobre os moabitas. Então eles saberão que eu sou o S enhor.” “Assim diz o S enhor Soberano: O povo de Edom pecou grandemente quando se vingou do povo de Judá. Portanto, assim diz o S enhor Soberano: Levantarei minha mão contra Edom. Exterminarei seus habitantes e seus animais com a espada. Transformarei a terra em deserto, desde Temã até Dedã. Farei isso por meio de meu povo, Israel. Eles executarão minha vingança com terrível ira, e Edom saberá que essa vingança veio de mim. Eu, o S enhor Soberano, falei!” “Assim diz o S enhor Soberano: Os habitantes da Filístia atacaram Judá por vingança amarga e ódio profundo. Portanto, assim diz o S enhor Soberano: Levantarei minha mão contra os filisteus. Exterminarei os queretitas e destruirei completamente os habitantes do litoral. Executarei vingança terrível contra eles para castigá-los por aquilo que fizeram. E, quando eu tiver me vingado, eles saberão que eu sou o S enhor ”. Em 3 de fevereiro, no décimo segundo ano do exílio do rei Joaquim, recebi esta mensagem do S enhor: “Filho do homem, Tiro se alegrou com a queda de Jerusalém e disse: ‘Ah! Aquela que era a porta para as mais prósperas rotas comerciais do leste foi quebrada, e agora é minha vez! Porque ela está desolada, eu ficarei rico!’. “Portanto, assim diz o S enhor Soberano: Ó cidade de Tiro, sou seu inimigo e trarei muitas nações contra você, como ondas do mar que quebram em suas praias. Elas destruirão os muros de Tiro e derrubarão suas torres. Eu rasparei seu solo até torná-lo rocha bruta! Será apenas uma rocha no mar, um lugar para os pescadores estenderem suas redes, pois eu falei, diz o S enhor Soberano. Tiro se tornará presa de muitas nações, e seus povoados no continente serão destruídos pela espada. Então eles saberão que eu sou o S enhor. “Assim diz o S enhor Soberano: Do norte trarei contra Tiro o rei da Babilônia, Nabucodonosor. Ele é rei de reis e virá com seus cavalos, seus carros de guerra e condutores, e com um grande exército. Primeiro ele destruirá os povoados no continente, e depois, para atacá-la, construirá um muro de cerco e uma rampa e levantará uma barreira de escudos contra você. Usará troncos para atacar seus muros e demolirá suas torres com marretas. Os cascos dos cavalos dele encherão a cidade de poeira, e o barulho dos condutores e dos carros de guerra fará estremecer os muros quando passarem por suas portas quebradas. Os cavaleiros pisotearão todas as ruas da cidade. Matarão seu povo à espada, e suas fortes colunas cairão. “Saquearão todas as suas riquezas e mercadorias e derrubarão seus muros. Destruirão suas lindas casas e lançarão ao mar suas pedras, suas vigas de madeira e até mesmo seu pó. Acabarei com a música de seus cânticos, e não se ouvirá mais o som da harpa no meio de seu povo. Transformarei sua ilha em rocha bruta, um lugar para os pescadores estenderem suas redes. Você jamais será reconstruída, pois eu, o S enhor, falei. Sim, o S enhor Soberano falou!” “Assim diz o S enhor Soberano à cidade de Tiro: Todo o litoral estremecerá com o estrondo de sua queda, enquanto os feridos gemem durante a matança. Os governantes das cidades portuárias descerão de seus tronos e removerão seus mantos e suas belas roupas. Sentarão no chão, tremendo de pavor por causa de sua destruição. Lamentarão por você e entoarão este cântico fúnebre: “Ó famosa cidade da ilha, que governava o mar, como você foi destruída! Seus habitantes, com poder naval, espalhavam medo por todo o mundo. Agora, as regiões litorâneas estremecem com sua queda; as ilhas se apavoram diante de sua ruína. “Assim diz o S enhor Soberano: Transformarei Tiro em ruínas desabitadas, como muitas outras. Eu a sepultarei debaixo das ondas terríveis, e grandes mares a engolirão. Eu a enviarei à cova, para juntar-se àqueles que desceram até lá há muito tempo. Sua cidade permanecerá em ruínas, sepultada debaixo da terra, como aqueles que estão na cova, que entraram no mundo dos mortos. Você já não terá lugar na terra dos vivos. Eu lhe darei um fim terrível, e você deixará de existir. Procurarão por você, mas nunca mais a encontrarão. Eu, o S enhor Soberano, falei!”. Recebi esta mensagem do S enhor: “Filho do homem, entoe um cântico fúnebre para Tiro, essa cidade que é entrada para o mar, que estabelece relações comerciais com muitas nações. Transmita-lhe a seguinte mensagem do S enhor Soberano: “Ó cidade de Tiro, você se gloriava: ‘Minha beleza é perfeita!’. Estendeu seus limites para o mar; seus construtores aperfeiçoaram sua beleza. Você era como uma grande embarcação, construída com os melhores ciprestes de Senir. Com um cedro do Líbano fabricaram seu mastro. Fizeram seus remos com carvalhos de Basã. Seu convés de pinho dos litorais de Chipre era decorado com marfim. Suas velas eram de linho egípcio da melhor qualidade e esvoaçavam sobre você como uma bandeira. Seus toldos eram azuis e vermelhos, coloridos com tinturas dos litorais de Elisá. Seus remadores eram de Sidom e Arvade, seus timoneiros, homens habilidosos de Tiro. Antigos e sábios artesãos de Gebal calafetaram a embarcação. Navios de todas as nações vinham com mercadorias para negociar com você. “Homens das terras distantes da Pérsia, de Lídia e da Líbia serviam em seu grande exército. Penduravam os escudos e os capacetes em seus muros e assim lhe davam muita honra. Homens de Arvade e de Heleque montavam guarda no alto de seus muros, e em suas torres ficavam homens de Gamade. Os escudos deles, pendurados em seus muros, completavam sua beleza. “Társis enviava negociantes para comprar sua grande variedade de mercadorias em troca de prata, ferro, estanho e chumbo, e comerciantes da Grécia, de Tubal e de Meseque traziam escravos e artigos de bronze para negociar com você. “De Bete-Togarma vinham cavalos de montaria, cavalos para carros de guerra e mulas para serem negociados por suas mercadorias, e comerciantes vinham de Dedã. Você tinha o monopólio do mercado de várias regiões litorâneas, que lhe pagavam com presas de marfim e madeira de ébano. “A Síria enviava negociantes para comprar sua grande variedade de mercadorias, e em troca lhe dava turquesa, tinturas vermelhas, bordados, linho fino e joias de coral e de rubis. Judá e Israel faziam comércio com você e pagavam com trigo de Minite, figos, mel, azeite e bálsamo. “Damasco enviava negociantes para comprar sua grande variedade de mercadorias, e em troca lhe dava vinho de Helbom e lã de Zaar. Gregos de Uzal vinham negociar suas mercadorias, e em troca traziam ferro trabalhado, cássia e cálamo perfumado. “Dedã enviava negociantes para comercializar com você seus valiosos mantos para selas. Os árabes e os príncipes de Quedar enviavam comerciantes para negociar com você e pagavam com cordeiros, carneiros e bodes. Negociantes de Sabá e de Ramá lhe davam especiarias de todo tipo, joias e ouro em troca de suas mercadorias. “Harã, Cane, Éden, Sabá, Assur e Quilmade também vinham com seus negociantes. Traziam tecidos da melhor qualidade para comercializar: tecido azul, bordados e tapetes multicoloridos enrolados e amarrados com cordões. Os navios de Társis eram suas caravanas marítimas. Os depósitos em sua ilha viviam abarrotados!” “Mas veja! Seus remadores a levaram para águas tempestuosas! Um poderoso vento do leste a despedaçou no coração do mar. Tudo se perdeu: riquezas e mercadorias, marinheiros e pilotos, construtores de navios, negociantes e guerreiros. No dia de sua ruína, todos a bordo afundam até as profundezas do mar. Suas cidades no litoral tremem, seus pilotos gritam de pavor. Todos os remadores abandonam os navios, os marinheiros e os pilotos ficam na praia. Gritam por você e choram amargamente. Jogam pó sobre a cabeça e rolam em cinzas. Por sua causa raspam a cabeça e se vestem de pano de saco. Choram com amarga angústia e profunda lamentação. Enquanto lamentam e choram por você, entoam este triste cântico fúnebre: ‘Acaso houve alguma cidade como Tiro, que agora está em silêncio no fundo do mar? As mercadorias que você negociava pelos mares satisfaziam os desejos de muitas nações. Reis nos confins da terra se enriqueceram com seu comércio. Agora você é um navio naufragado e quebrado no fundo do mar. Suas mercadorias e seus tripulantes afundaram com você. Todos que moram no litoral estão espantados com seu terrível destino. Os reis estão horrorizados e olham com expressão perturbada. Os comerciantes entre as nações balançam a cabeça quando a veem, pois você chegou a um terrível fim e não mais existirá’”. Recebi esta mensagem do S enhor: “Filho do homem, transmita ao príncipe de Tiro esta mensagem do S enhor Soberano: “Em seu grande orgulho, você diz: ‘Sou um deus! Sento-me num trono divino, no coração do mar’. Mas você é apenas homem, e não deus, embora se considere sábio como um. Pensa que é mais sábio que Daniel e imagina que nenhum segredo lhe está oculto. Com sua sabedoria e entendimento, acumulou grande riqueza: ouro e prata para seus tesouros. Sim, sua sabedoria o enriqueceu grandemente, e suas riquezas o tornaram muito orgulhoso. “Portanto, assim diz o S enhor Soberano: Uma vez que se considera sábio como um deus, trarei contra você um exército estrangeiro, o terror das nações. Empunharão espadas contra sua sabedoria maravilhosa e profanarão seu esplendor. Eles o farão descer à cova, e você morrerá no fundo do mar, ferido violentamente. Acaso dirá àqueles que o matarem: ‘Sou um deus’? Para eles você não será deus algum, mas apenas homem! Morrerá de forma vergonhosa nas mãos de estrangeiros. Eu, o S enhor Soberano, falei!”. Também recebi esta mensagem do S enhor: “Filho do homem, entoe este cântico fúnebre para o rei de Tiro. Transmita-lhe a seguinte mensagem do S enhor Soberano: “Você era o modelo de perfeição, cheio de sabedoria e beleza. Estava no Éden, o jardim de Deus. Suas roupas eram enfeitadas com todas as pedras preciosas: rubi, topázio, esmeralda, crisólito, ônix e jaspe, safira, berilo e turquesa, todas trabalhadas com cuidado para você sobre o ouro mais puro. Foram-lhe entregues no dia em que você foi criado. Eu o escolhi e o ungi, como querubim guardião. Você tinha acesso ao monte santo de Deus e andava entre as pedras cintilantes. “Era irrepreensível em tudo que fazia desde o dia em que foi criado, até que se achou maldade em você. Seu rico comércio o levou à violência, e você pecou. Por isso o bani em desonra do monte de Deus. Eu o expulsei, ó querubim guardião, de seu lugar entre as pedras cintilantes. Seu coração se encheu de orgulho por causa de sua beleza. Sua sabedoria se corrompeu por causa de seu esplendor. Por isso o atirei à terra e o expus ao olhar dos reis. Você profanou seus santuários com seus muitos pecados e seu comércio desonesto. Por isso fiz sair de dentro de você um fogo que o consumiu. Reduzi-o a cinzas no chão, à vista de todos que observavam. Todos que o conheciam estão horrorizados com seu destino; você chegou a um terrível fim, e não mais existirá”. Então recebi outra mensagem do S enhor: “Filho do homem, volte o rosto para a cidade de Sidom e profetize contra ela. Transmita aos habitantes de Sidom esta mensagem do S enhor Soberano: “Ó Sidom, sou seu inimigo e revelarei minha glória naquilo que lhe fizer. Quando eu trouxer julgamento sobre você e revelar minha santidade em seu meio, todos que observam saberão que eu sou o S enhor. Enviarei uma peste contra você, e sangue correrá em suas ruas. O ataque virá de todos os lados: seus habitantes morrerão pela espada e ficarão estendidos no meio da cidade; então todos saberão que eu sou o S enhor. Os vizinhos zombadores de Israel deixarão de feri-lo e rasgá-lo como roseiras silvestres e espinhos. Pois eles saberão que eu sou o S enhor Soberano.” “Assim diz o S enhor Soberano: O povo de Israel voltará a viver em sua própria terra, a terra que dei a meu servo Jacó. Pois eu os reunirei das terras distantes onde os espalhei e, diante das nações do mundo, revelarei minha santidade no meio de meu povo. Eles viverão em segurança em Israel, construirão casas e plantarão vinhedos. E, quando eu castigar as nações vizinhas que os trataram com desprezo, eles saberão que eu sou o S enhor, seu Deus”. Em 7 de janeiro, no décimo ano do exílio do rei Joaquim, recebi esta mensagem do S enhor: “Filho do homem, volte o rosto para o Egito e profetize contra o faraó, rei do Egito, e todo o seu povo. Transmita-lhes esta mensagem do S enhor Soberano: “Sou seu inimigo, ó faraó, rei do Egito, grande monstro à espreita nos ribeiros do Nilo! Pois você disse: ‘O rio Nilo é meu; eu o fiz para mim’. Porei anzóis em seu queixo e o arrastarei para a terra firme, com peixes presos a suas escamas. Abandonarei no deserto, para morrerem, você e todos os peixes de seu rio. Ficará em campo aberto, sem ser enterrado, pois o entreguei como alimento aos animais selvagens e às aves. Todo o povo do Egito saberá que eu sou o S enhor, pois, para Israel, você foi apenas um bordão de juncos. Quando Israel o usou como apoio, você rachou e lhe feriu o ombro. Quando ele colocou sobre você o peso, você desmoronou e o fez machucar as costas. “Portanto, assim diz o S enhor Soberano: Trarei a espada contra você, ó Egito, e destruirei tanto pessoas como animais. A terra do Egito ficará seca e desolada, e os egípcios saberão que eu sou o S enhor. “Porque você disse: ‘O rio Nilo é meu; eu o fiz’, agora sou seu inimigo e de seu rio. Tornarei a terra do Egito completamente seca e desolada, desde Migdol até Assuã, e até o sul, na fronteira com a Etiópia. Durante quarenta anos, ninguém habitará nem passará por ali, nem pessoas nem animais. Farei do Egito uma nação desolada, cercada por outras nações desoladas. Suas cidades ficarão vazias e devastadas durante quarenta anos, cercadas por outras cidades devastadas. Eu espalharei os egípcios entre as nações do mundo. “Mas assim diz o S enhor Soberano: Depois de quarenta anos, trarei os egípcios de volta das nações entre as quais foram espalhados. Restaurarei o Egito e trarei seu povo de volta à terra de Patros, no sul, de onde eles vieram. No entanto, continuará a ser um reino sem importância. Será a mais humilde das nações e nunca voltará a se elevar acima de seus vizinhos. Eu a tornarei tão pequena que não dominará mais nação alguma. “Então Israel não confiará mais na ajuda do Egito. O Egito ficará tão devastado que lembrará Israel do pecado que cometeu ao confiar nele no passado. Então saberão que eu sou o S enhor Soberano”. Em 26 de abril, o primeiro dia do ano novo, durante o vigésimo sétimo ano do exílio do rei Joaquim, recebi esta mensagem do S enhor: “Filho do homem, o exército de Nabucodonosor, rei da Babilônia, lutou contra Tiro com tanto afinco que a cabeça de seus guerreiros foi esfregada até perder o cabelo e seus ombros ficarem esfolados. E, no entanto, Nabucodonosor e seu exército não conquistaram nenhum despojo para compensar todo o esforço. Portanto, assim diz o S enhor Soberano: Darei a terra do Egito a Nabucodonosor, rei da Babilônia. Ele levará sua riqueza e saqueará tudo que houver ali para pagar seu exército. Sim, eu lhe dei a terra do Egito como recompensa por seu esforço, diz o S enhor Soberano, pois ele estava trabalhando para mim quando destruiu Tiro. “E virá o dia em que farei reviver a antiga glória de Israel, e suas palavras, Ezequiel, serão ouvidas abertamente. Então eles saberão que eu sou o S enhor ”. Recebi outra mensagem do S enhor: “Filho do homem, profetize e transmita esta mensagem do S enhor Soberano: “Chorem e lamentem por esse dia, pois o dia terrível se aproxima, o dia do S enhor! É um dia de nuvens densas, um dia de desespero para as nações. Uma espada virá contra o Egito, e o chão se cobrirá de mortos. Sua riqueza será levada, e seus alicerces serão destruídos. A terra da Etiópia será saqueada; Etiópia, Líbia, Lídia, toda a Arábia e seus outros aliados serão destruídos nessa guerra. “Pois assim diz o S enhor: Todos os aliados do Egito cairão, e acabará o orgulho de seu poder. Desde Migdol até Assuã, serão mortos pela espada, diz o S enhor Soberano. O Egito ficará desolado, cercado por outras nações desoladas, e suas cidades ficarão devastadas, cercadas por outras cidades devastadas. Os egípcios saberão que eu sou o S enhor quando tiver incendiado o Egito e destruído todos os seus aliados. Naquele dia, enviarei mensageiros velozes em navios para aterrorizar os confiantes etíopes. Grande angústia se apossará deles no dia da inevitável destruição do Egito! “Pois assim diz o S enhor Soberano: Pelo poder de Nabucodonosor, rei da Babilônia, acabarei com as multidões do Egito. Ele e seus exércitos, os mais cruéis de todos, serão enviados para destruir a terra. Guerrearão contra o Egito até que o chão fique coberto de mortos. Secarei o rio Nilo e venderei a terra a homens maus. Pelas mãos de estrangeiros, devastarei a terra do Egito e tudo que nela há. Eu, o S enhor, falei! “Assim diz o S enhor Soberano: Despedaçarei os ídolos do Egito e as imagens em Mênfis. Não restarão governantes no Egito; o terror se espalhará por toda a terra. Destruirei o sul do Egito, incendiarei Zoã e trarei julgamento contra Tebas. Derramarei minha fúria sobre Pelúsio, a fortaleza mais poderosa do Egito, e exterminarei as multidões de Tebas. Sim, incendiarei todo o Egito: Pelúsio se contorcerá de dor, Tebas será despedaçada, e Mênfis viverá em constante terror. Os jovens de Heliópolis e de Bubastis morrerão na batalha, e as mulheres serão levadas como escravas. Quando eu quebrar a força arrogante do Egito, também será um dia de trevas para Tafnes. Uma nuvem escura a encobrirá, e suas filhas serão levadas como prisioneiras. Assim, trarei grande castigo sobre o Egito, e eles saberão que eu sou o S enhor ”. Em 29 de abril, no décimo primeiro ano do exílio do rei Joaquim, recebi esta mensagem do S enhor: “Filho do homem, quebrei o braço do faraó, rei do Egito. Seu braço não foi enfaixado para sarar, e também não foram postas talas para fortalecê-lo de modo que pudesse segurar uma espada. Portanto, assim diz o S enhor Soberano: Eu sou inimigo do faraó, rei do Egito! Quebrarei seus dois braços, o bom e o que já foi quebrado, e farei a espada cair de sua mão. Espalharei os egípcios entre nações do mundo inteiro. Fortalecerei os braços do rei da Babilônia e porei minha espada em sua mão, mas quebrarei os braços do faraó; ele ficará caído, mortalmente ferido, gemendo de dor. Fortalecerei os braços do rei da Babilônia, enquanto os braços do faraó pendem inúteis. E, quando eu puser minha espada na mão do rei da Babilônia e ele a levantar contra o Egito, os egípcios saberão que eu sou o S enhor. Espalharei os egípcios entre nações do mundo inteiro. Então eles saberão que eu sou o S enhor ”. Em 21 de junho, no décimo primeiro ano do exílio do rei Joaquim, recebi esta mensagem do S enhor. “Filho do homem, transmita esta mensagem ao faraó, rei do Egito, e a todas as suas multidões: “Quem é comparável a você em grandeza? Veja a poderosa Assíria, que antes era como um cedro do Líbano, com lindos ramos que davam muita sombra e cujo topo alcançava as nuvens. Fontes profundas o regavam e o faziam crescer e ficar viçoso. A água corria à sua volta como um rio e fluía para todas as árvores do campo. Elevou-se acima de todas as árvores que havia ao seu redor. Cresceu e deu ramos longos e espessos, pela fartura de água em suas raízes. As aves se aninhavam em seus ramos, e os animais selvagens davam crias à sua sombra. Todas as grandes nações do mundo viviam sob seus galhos. Era forte e belo, com ramos amplos, que se espalhavam, pois suas raízes eram profundas e chegavam às fontes de água. Nenhum outro cedro no jardim de Deus se comparava a ele. Nenhum cipreste tinha ramos como os dele, nenhum plátano tinha galhos semelhantes. Nenhuma árvore no jardim de Deus era tão bela quanto ele. Fiz esse cedro tão lindo e lhe dei folhagem tão magnífica que ele era motivo de inveja de todas as árvores do Éden, o jardim de Deus. “Portanto, assim diz o S enhor Soberano: Porque o Egito se tornou orgulhoso e arrogante e se elevou tanto acima dos outros, e seu topo chegou até as nuvens, eu o entregarei a uma nação poderosa que lhe dará o que merece por sua maldade. Sim, eu já o rejeitei. Um exército estrangeiro, o terror das nações, o derrubou e o deixou caído no chão. Seus ramos estão espalhados entre os montes e os vales da terra, e todos que viviam à sua sombra foram embora e o deixaram ali jogado. “As aves pousam em seu tronco caído, e os animais selvagens descansam entre seus ramos. Que nenhuma árvore de outra nação exulte com orgulho de sua prosperidade, ainda que seja mais alta que as nuvens e muito bem regada. Pois todas estão condenadas a morrer, a descer às profundezas da terra. Cairão na cova com todo o resto do mundo. “Assim diz o S enhor Soberano: Quando a Assíria desceu à sepultura, fiz as fontes profundas ficarem de luto. Detive o curso de seus rios e sequei suas muitas águas. Vesti o Líbano de preto e fiz as árvores do campo murcharem. Fiz as nações tremerem de medo ao som de sua queda, pois a enviei para a sepultura junto com todos que descem à cova. E todas as outras árvores do Éden, as mais belas e excelentes do Líbano, aquelas cujas raízes descem até as águas profundas, se consolaram nas profundezas da terra. Seus aliados também foram todos destruídos e morreram. Todas as nações que tinham vivido à sua sombra desceram à sepultura. “Ó Egito, a qual dessas árvores do Éden você comparará sua força e sua glória? Você também será lançado nas profundezas, junto com todas essas nações. Ficará caído no meio dos rejeitados que morreram à espada. Esse será o destino do faraó e de todas as suas multidões. Eu, o S enhor Soberano, falei!”. Em 3 de março, no décimo segundo ano do exílio do rei Joaquim, recebi esta mensagem do S enhor: “Filho do homem, lamente pelo faraó, rei do Egito, e transmita-lhe esta mensagem: “Você se considera um leão forte entre as nações, mas na verdade é um monstro marinho que se contorce em seus rios e revolve a lama com os pés. Portanto, assim diz o S enhor Soberano: Enviarei muitos povos para apanhá-lo em minha rede e arrastá-lo para fora da água. Eu o deixarei jogado no chão; todas as aves do céu pousarão sobre você, e os animais selvagens de toda a terra o devorarão até se fartar. Espalharei sua carne pelos montes e encherei os vales com seus ossos. Encharcarei a terra com seu sangue; ele correrá até os montes e encherá os desfiladeiros até a borda. Quando eu exterminá-lo, cobrirei os céus e escurecerei as estrelas. Taparei o sol com uma nuvem, e a lua não dará sua luz. Escurecerei as estrelas brilhantes lá no alto e cobrirei sua terra com trevas. Eu, o S enhor Soberano, falei! “Perturbarei o coração de muitos quando levar a notícia de sua destruição a nações distantes, que você não conheceu. Sim, causarei espanto em muitas terras, e os reis ficarão aterrorizados ao saber de seu destino. Tremerão de medo quando eu agitar minha espada diante deles no dia de sua queda. Pois assim diz o S enhor Soberano: “A espada do rei da Babilônia virá contra você. Exterminarei suas multidões com espadas de poderosos guerreiros, o terror das nações. Eles destruirão o orgulho do Egito, e todas as suas multidões serão vencidas. Acabarei com todos os seus rebanhos que pastam junto aos riachos. Nunca mais nem pessoas nem animais levantarão lama naquelas águas com seus pés. Então farei que as águas do Egito se acalmem, e elas fluirão suavemente, como azeite, diz o S enhor Soberano. Quando eu destruir o Egito, despojá-lo de todos os seus bens e abater todo o seu povo, vocês saberão que eu sou o S enhor. Sim, este é o cântico fúnebre que entoarão para o Egito. Que as nações lamentem pelo Egito e por suas multidões. Eu, o S enhor Soberano, falei!”. Em 17 de março, no décimo segundo ano, recebi outra mensagem do S enhor: “Filho do homem, lamente pelas multidões do Egito e pelas outras nações poderosas, pois eu as enviarei às profundezas da terra, junto com aqueles que descem à cova. Diga-lhes: ‘Ó Egito, acaso você é mais belo que as outras nações? Desça à cova e fique ali, entre os rejeitados!’. Os egípcios cairão, junto com os muitos que morreram à espada, pois a espada está empunhada contra eles. O Egito e suas multidões serão arrastados para seu julgamento. Lá embaixo, no lugar dos mortos, líderes poderosos receberão o Egito e seus aliados com zombaria, dizendo: ‘Eles desceram; estão entre os rejeitados, entre as multidões mortas à espada’. “A Assíria está ali, cercada pelas sepulturas de seu exército, aqueles que foram mortos à espada. Suas sepulturas ficam no fundo da cova e estão cercadas por seus aliados. Causavam terror em toda parte, mas agora foram mortos à espada. “Elão está ali, cercado pelas sepulturas de todas as suas multidões, aqueles que foram mortos à espada. Causavam terror em toda parte, mas agora estão nas profundezas da terra, como rejeitados. Sim, estão na cova, envergonhados, junto com aqueles que foram antes deles. Têm um lugar para deitar entre os mortos, cercados pelas sepulturas de todas as suas multidões. Em vida eles aterrorizavam nações, mas agora estão envergonhados, junto com outros na cova, todos eles rejeitados, mortos à espada. “Meseque e Tubal estão ali, cercados pelas sepulturas de todas as suas multidões. Causavam terror em toda parte, mas agora são rejeitados, todos mortos à espada. Não foram sepultados com honras, como seus heróis caídos, que desceram ao lugar dos mortos com suas armas, com seus escudos cobrindo o corpo e suas espadas debaixo da cabeça. Sua culpa está sobre eles, pois, em vida, aterrorizaram a todos. “Também você, Egito, ficará ali, esmagado entre os rejeitados, todos mortos à espada. “Edom está ali com seus reis e príncipes. Embora fossem poderosos, também estão entre os que foram mortos à espada, entre os rejeitados que desceram à cova. “Todos os príncipes do norte e os sidônios estão ali, com os outros que morreram. Causavam terror com sua força, mas foram envergonhados. Estão ali como rejeitados, com outros que foram mortos à espada. Estão envergonhados, junto com aqueles que desceram à cova. “Quando o faraó e todo o seu exército chegarem, ficarão consolados porque não foram os únicos que perderam suas multidões na batalha, diz o S enhor Soberano. Embora eu tenha feito esse terror vir sobre todos os vivos, o faraó e suas multidões ficarão ali entre os rejeitados que foram mortos à espada. Eu, o S enhor Soberano, falei!”. Mais uma vez, recebi uma mensagem do S enhor: “Filho do homem, transmita esta mensagem a seu povo: ‘Quando eu trago um exército contra um país, os habitantes dessa terra escolhem alguém para ser vigia. Quando o vigia vê o inimigo, ele dá o sinal de alarme para avisar o povo. Se aqueles que ouvirem o sinal de alarme não tomarem providências, serão culpados da própria morte. Ouviram o sinal de alarme, mas não deram atenção, de modo que a responsabilidade é deles. Se tivessem dado atenção à advertência, teriam salvado a vida. Se, contudo, o vigia vê o inimigo, mas não dá o sinal de alarme para advertir o povo, ele é responsável. Eles morrerão em seus pecados, mas considerarei o vigia responsável pela morte deles’. “Agora, filho do homem, eu o coloquei como vigia do povo de Israel. Portanto, ouça o que eu digo e advirta-os em meu nome. Se eu anunciar que alguns perversos certamente morrerão e você não lhes disser que mudem sua conduta, eles morrerão em seus pecados, mas considerarei você responsável pela morte deles. Se, contudo, você os advertir para que mudem sua conduta e eles não o fizerem, morrerão em seus pecados, mas você salvará a vida.” “Filho do homem, transmita esta mensagem ao povo de Israel: Vocês dizem: ‘Nossos pecados pesam sobre nós; estamos definhando! Como sobreviveremos?’. Tão certo como eu vivo, diz o S enhor Soberano, não tenho prazer algum na morte dos perversos. Antes, meu desejo é que se afastem de seus maus caminhos, para que vivam. Arrependam-se! Afastem-se de sua maldade! Por que morrer, ó povo de Israel? “Filho do homem, transmita esta mensagem a seu povo: A conduta justa dos justos não os salvará se eles se voltarem para o pecado, nem a conduta perversa dos perversos os destruirá se eles se afastarem de seus pecados. Se eu disser aos justos que eles viverão, mas depois eles pecarem, confiando que sua justiça no passado os salvará, nenhum de seus atos de justiça será lembrado, e eles morrerão por causa de seus pecados. Suponhamos que eu diga aos perversos que eles certamente morrerão, mas depois eles se afastem de seus pecados e façam o que é justo e certo. Pode ser, por exemplo, que devolvam a garantia de um devedor, restituam o que roubaram, obedeçam a meus decretos que dão vida e não pratiquem mais o mal. Nesse caso, certamente viverão, e não morrerão. Nenhum de seus pecados do passado será lembrado, pois fizeram o que é justo e certo, e certamente viverão. “Seu povo diz: ‘O Senhor não é justo’, mas são eles os injustos. Pois, se os justos se afastarem de sua conduta justa e praticarem o mal, morrerão. Mas, se os perversos se afastarem de sua conduta perversa e fizerem o que é justo e certo, viverão. Ó povo de Israel, vocês dizem: ‘O Senhor não é justo’. Mas eu julgarei cada um de vocês de acordo com suas ações”. Em 8 de janeiro, no décimo segundo ano de nosso exílio, um sobrevivente de Jerusalém veio a mim e disse: “A cidade caiu!”. Na noite anterior, a mão do S enhor tinha vindo sobre mim e me restaurado a voz. Por isso, consegui falar quando o homem chegou na manhã seguinte. Então recebi esta mensagem do S enhor: “Filho do homem, o remanescente de Israel, que vive espalhado entre as cidades arruinadas, anda dizendo: ‘Abraão era um só e, no entanto, veio a possuir toda a terra. Nós somos muitos; certamente a terra nos foi dada como propriedade’. Portanto, diga-lhes: ‘Assim diz o S enhor Soberano: Vocês comem carne com sangue, adoram ídolos e assassinam inocentes. Acreditam mesmo que a terra deve ser sua? Assassinos! Idólatras! Adúlteros! Acaso deveriam possuir a terra?’. “Diga-lhes: ‘Assim diz o S enhor Soberano: Tão certo como eu vivo, os que vivem nas ruínas morrerão à espada, os que vivem nos campos abertos serão devorados por animais selvagens que eu enviarei, e os que estão escondidos em fortalezas e em cavernas morrerão de doença. Destruirei completamente a terra e arrasarei o orgulho de seu poder. Os montes de Israel ficarão desolados, e ninguém passará por eles. Quando eu tiver destruído a terra completamente por causa de seus pecados detestáveis, eles saberão que eu sou o S enhor ’. “Filho do homem, seu povo fala de você em suas casas e junto às portas. Dizem uns aos outros: ‘Venham, vamos ouvir o que o profeta tem a nos dizer da parte do S enhor ’. Eles vêm, fingindo ser sinceros, e sentam-se diante de você. Ouvem suas palavras, mas não têm intenção alguma de pô-las em prática. Têm a boca cheia de palavras sensuais, e seu coração só quer dinheiro. Eles o consideram um divertimento, como alguém que entoa canções de amor com uma linda voz ou toca belas músicas num instrumento. Ouvem suas palavras, mas não as põem em prática. Quando, porém, todas essas terríveis coisas acontecerem, e elas certamente acontecerão, saberão que um profeta esteve no meio deles”. Então recebi esta mensagem do S enhor: “Filho do homem, profetize contra os pastores, os líderes de Israel. Transmita-lhes esta mensagem do S enhor Soberano: Que aflição os espera, pastores que alimentam a si mesmos! Acaso os pastores não deveriam alimentar seu rebanho? Vocês bebem o leite, vestem-se com a lã e abatem os melhores animais, mas deixam seu rebanho passar fome. Não cuidaram das ovelhas fracas, não curaram as doentes nem enfaixaram as que estavam feridas. Não foram procurar as que se desgarraram e se perderam. Em vez disso, conduziram-nas com dureza e crueldade. Por não terem pastor, minhas ovelhas se espalharam e se tornaram presa fácil para qualquer animal selvagem. Andam sem rumo pelos montes e pelas colinas, por toda a face da terra, mas ninguém saiu para procurá-las. “Por isso, pastores, ouçam a palavra do S enhor: Tão certo como eu vivo, diz o S enhor Soberano, vocês abandonaram meu rebanho e o deixaram ser atacado por animais selvagens. E, embora fossem meus pastores, não procuraram minhas ovelhas quando elas se perderam. Cuidaram de si mesmos e deixaram o rebanho passar fome. Portanto, pastores, ouçam a palavra do S enhor. Assim diz o S enhor Soberano: Agora considero esses pastores meus inimigos e os responsabilizarei pelo que aconteceu a meu rebanho. Não permitirei que continuem pastoreando meu rebanho e que continuem alimentando a si mesmos. Livrarei meu rebanho de sua boca; minhas ovelhas não serão mais sua presa.” “Pois assim diz o S enhor Soberano: Eu mesmo procurarei minhas ovelhas e as encontrarei. Serei como o pastor que busca o rebanho espalhado. Encontrarei minhas ovelhas e as livrarei de todos os lugares para onde foram espalhadas naquele dia de nuvens e escuridão. Eu as tirarei do meio dos povos e das nações e as trarei de volta para sua terra. Eu as alimentarei nos montes de Israel, junto aos rios e em todos os lugares habitados. Sim, eu lhes darei bons pastos nas altas colinas de Israel. Elas se deitarão em lugares agradáveis e se alimentarão nos pastos verdes das colinas. Eu mesmo cuidarei delas e lhes darei lugar para descansar, diz o S enhor Soberano. Procurarei as perdidas que se desgarraram e as trarei de volta. Enfaixarei as ovelhas feridas e fortalecerei as fracas. Destruirei, porém, as gordas e poderosas. Sim, eu as alimentarei, mas com juízo! “Quanto a você, meu rebanho, assim diz o S enhor Soberano: Julgarei entre um animal e outro do rebanho e separarei as ovelhas dos bodes. Não lhes basta ficarem com os melhores pastos? Também precisam pisotear o resto? Não lhes basta beberem água pura? Também precisam enlamear o resto? Por que meu rebanho deve se alimentar dos pastos que vocês pisotearam e beber da água que vocês sujaram? “Portanto, assim diz o S enhor Soberano: Certamente julgarei entre as ovelhas gordas e as magras. Pois vocês, ovelhas gordas, empurraram, chifraram e não deram espaço para meu rebanho doente e faminto, até que o espalharam para terras distantes. Portanto, salvarei meu rebanho, e ele não será mais maltratado. Julgarei entre um animal e outro do rebanho. Porei sobre as ovelhas um pastor, meu servo Davi; ele as alimentará e será seu pastor. E eu, o S enhor, serei o seu Deus, e meu servo Davi será príncipe no meio de meu povo. Eu, o S enhor, falei!” “Farei uma aliança de paz com meu povo e expulsarei da terra os animais ferozes. Ele poderá acampar em segurança no deserto e dormir sem medo nos bosques. Abençoarei meu povo e suas casas ao redor de meu santo monte. E, no devido tempo, enviarei as chuvas de que precisam; haverá chuvas de bênçãos. Os pomares e os campos de meu povo darão colheitas fartas, e todos viverão em segurança. Quando eu tiver quebrado suas correntes de servidão e os resgatado daqueles que os escravizavam, eles saberão que eu sou o S enhor. Não serão mais presa para outras nações, nem serão devorados por animais selvagens. Viverão em segurança, e ninguém lhes causará medo. “Tornarei sua terra conhecida por suas colheitas, e eles nunca mais passarão fome nem sofrerão os insultos de nações estrangeiras. Desse modo, saberão que eu, o S enhor, seu Deus, estou com eles. E saberão que eles, o povo de Israel, são meu povo, diz o S enhor Soberano. Vocês são o meu rebanho, ovelhas do meu pasto. Vocês são o meu povo, e eu sou o seu Deus. Eu, o S enhor Soberano, falei!”. Recebi outra mensagem do S enhor: “Filho do homem, volte o rosto para o monte Seir e profetize contra seu povo. Transmita-lhe esta mensagem do S enhor Soberano: “Sou seu inimigo, ó monte Seir; levantarei minha mão contra você para destruí-lo completamente. Transformarei suas cidades em ruínas e as deixarei desoladas. Então você saberá que eu sou o S enhor. “Seu ódio profundo dos israelitas o levou a matá-los quando estavam indefesos, quando eu já os havia castigado por todos os seus pecados. Tão certo como eu vivo, diz o S enhor Soberano, visto que vocês não mostraram aversão alguma ao sangue derramado, eu derramarei o seu sangue. Sua vez chegou! Deixarei o monte Seir completamente desolado e matarei todos que tentarem escapar e qualquer um que voltar. Encherei seus montes de cadáveres; suas colinas, seus vales e seus desfiladeiros ficarão cobertos de gente morta à espada. Eu o deixarei desolado para sempre; suas cidades jamais serão reconstruídas. Então você saberá que eu sou o S enhor. “Pois você disse: ‘As terras de Israel e Judá serão minhas. Sim, tomarei posse delas. Que me importa se o S enhor está ali?’. Portanto, tão certo como eu vivo, diz o S enhor Soberano, eu lhe darei o castigo merecido por sua ira, sua inveja e seu ódio. Eu me revelarei a Israel por meio daquilo que fizer a você. Então você saberá que eu, o S enhor, ouvi todas as palavras de desprezo que você pronunciou contra os montes de Israel. Pois você disse: ‘Estão desolados; foram entregues a mim como alimento!’. Com essas palavras, você se exaltou diante de mim, e eu ouvi tudo! “Assim diz o S enhor Soberano: O mundo todo se alegrará quando eu o deixar desolado. Você se alegrou com a desolação do território de Israel, e agora me alegrarei com sua desolação. Você, povo no monte Seir, e todos que vivem em Edom serão exterminados! Então saberão que eu sou o S enhor.” “Filho do homem, profetize aos montes de Israel e transmita-lhes esta mensagem: Ó montes de Israel, ouçam a palavra do S enhor! Assim diz o S enhor Soberano: Seus inimigos zombaram de vocês, dizendo: ‘Bem feito! Agora as antigas montanhas são nossas!’. Por isso, transmita aos montes de Israel esta mensagem do S enhor Soberano: Seus inimigos o atacaram de todos os lados e o tornaram propriedade de muitas nações e objeto de muita zombaria e calúnia. Portanto, ó montes de Israel, ouçam a palavra do S enhor Soberano. Ele fala às colinas e aos montes, aos desfiladeiros e aos vales, às ruínas arrasadas e às cidades desertas, destruídas e ridicularizadas pelas nações vizinhas. Assim diz o S enhor Soberano: A ira de meu zelo arde contra essas nações, especialmente contra Edom, porque me desprezaram completamente, se apossaram de minha terra com satisfação e a tomaram como despojo. “Portanto, profetize às colinas e aos montes, aos desfiladeiros e aos vales de Israel. Assim diz o S enhor Soberano: Estou furioso em meu zelo porque vocês passaram vergonha diante das nações vizinhas. Portanto, assim diz o S enhor Soberano: Jurei solenemente que essas nações logo passarão vergonha também. “Os montes de Israel, no entanto, produzirão colheitas fartas de frutos para meu povo, pois em breve ele voltará para casa! Pois estou com vocês e lhes darei atenção. Seu solo será arado, e suas lavouras serão plantadas. Multiplicarei a população de Israel, e as cidades arruinadas serão reconstruídas e ficarão cheias de gente. Multiplicarei tanto as pessoas como os animais. Ó montes de Israel, trarei gente para habitá-los outra vez! Eu os tornarei ainda mais prósperos que antes. Então vocês saberão que eu sou o S enhor. Farei meu povo andar sobre vocês novamente, e serão território dele. Vocês nunca mais o deixarão sem filhos. “Assim diz o S enhor Soberano: As outras nações zombam de você e dizem: ‘É uma terra que devora seu povo e os deixa sem filhos!’. Mas você nunca mais devorará seu povo nem o deixará sem filhos, diz o S enhor Soberano. Não o deixarei ouvir os insultos de outras nações, nem sua zombaria. Você não será uma terra que faz sua nação cair, diz o S enhor Soberano”. Então recebi esta mensagem do S enhor: “Filho do homem, quando os israelitas viviam em sua própria terra, eles a profanaram com seu estilo de vida. Para mim, sua conduta foi tão impura como o fluxo menstrual de uma mulher. Eles contaminaram a terra com assassinato e adoração a ídolos, por isso derramei sobre eles minha fúria. Eu os espalhei entre as nações para castigá-los por sua conduta. Quando, porém, foram espalhados entre as nações, desonraram meu santo nome. Pois as nações diziam: ‘Este é o povo do S enhor, mas ele não foi capaz de mantê-lo a salvo em sua própria terra!’. Tive consideração por meu santo nome, que meu povo desonrou entre as nações. “Portanto, transmita ao povo de Israel esta mensagem do S enhor Soberano: Eu os trarei de volta, ó povo de Israel, mas não porque merecem. Farei isso por causa do meu santo nome, que vocês desonraram entre as nações. Eu lhes mostrarei a santidade de meu grande nome, o nome que vocês desonraram entre as nações. E, quando eu mostrar minha santidade por meio de vocês diante das nações, diz o S enhor, elas saberão que eu sou o S enhor. Pois eu os reunirei dentre as nações e os trarei de volta para sua terra. “Então aspergirei sobre vocês água pura, e ficarão limpos. Eu os purificarei de sua impureza e sua adoração a ídolos. Eu lhes darei um novo coração e colocarei em vocês um novo espírito. Removerei seu coração de pedra e lhes darei coração de carne. Porei dentro de vocês meu Espírito, para que sigam meus decretos e tenham o cuidado de obedecer a meus estatutos. “Vocês habitarão em Israel, a terra que dei a seus antepassados. Vocês serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. Eu os livrarei de sua impureza. Aumentarei a produção de cereais e não enviarei mais fome à terra. Darei colheitas fartas de suas árvores frutíferas e seus campos, e nunca mais as nações vizinhas zombarão de sua terra por causa da fome. Então se lembrarão dos pecados que cometeram no passado e terão aversão de si mesmos por todas as coisas detestáveis que fizeram. Mas assim diz o S enhor Soberano: Lembrem-se de que não farei tudo isso porque vocês merecem. Ó meu povo de Israel, vocês deveriam se envergonhar profundamente de tudo que fizeram! “Assim diz o S enhor Soberano: Quando eu os purificar de seus pecados, farei que suas cidades voltem a ser habitadas e as ruínas sejam reconstruídas. Os campos que estavam vazios e desolados à vista de todos voltarão a ser cultivados. E, quando eu trouxer vocês de volta, as pessoas dirão: ‘Essa terra que antes era deserta agora é como o jardim do Éden! As cidades abandonadas e em ruínas agora têm muros fortes e estão cheias de gente!’. Com isso, as nações vizinhas que restarem saberão que eu, o S enhor, reconstruí as ruínas e replantei onde estava deserto. Pois eu, o S enhor, falei e cumprirei o que prometi. “Assim diz o S enhor Soberano: Estou disposto a ouvir as orações de Israel e a multiplicar seu povo como um rebanho. Serão numerosos como os rebanhos consagrados que enchem as ruas de Jerusalém na época de suas festas. As cidades que estavam em ruínas voltarão a ficar cheias de gente, e todos saberão que eu sou o S enhor ”. A mão do S enhor veio sobre mim, e o Espírito do S enhor me levou a um vale cheio de ossos. Ele me conduziu por entre os ossos que cobriam o fundo do vale, espalhados por toda parte e completamente secos. Então ele me perguntou: “Filho do homem, acaso estes ossos podem voltar a viver?”. Respondi: “Ó S enhor Soberano, só tu o sabes”. Então ele me disse: “Profetize a estes ossos e diga: ‘Ossos secos, ouçam a palavra do S enhor! Assim diz o S enhor Soberano: Soprarei meu espírito e os trarei de volta à vida! Porei carne e músculo em vocês e os cobrirei com pele. Darei fôlego a vocês, e voltarão à vida. Então saberão que eu sou o S enhor ’”. Assim, anunciei essa mensagem, como ele me havia ordenado. De repente, enquanto eu profetizava, ouviu-se em todo o vale o barulho de ossos batendo uns contra os outros, e os ossos de cada corpo estavam se juntando. Então, enquanto eu observava, músculos e carne se formaram sobre os ossos. Em seguida, pele se formou para cobrir os corpos, mas ainda não respiravam. Então ele me disse: “Filho do homem, profetize aos ventos. Anuncie-lhes uma mensagem e diga: ‘Assim diz o S enhor Soberano: Ó fôlego, venha dos quatro ventos! Sopre nesses corpos mortos para que voltem a viver!’”. Anunciei a mensagem, como ele me havia ordenado, e o espírito entrou nos corpos. Todos eles voltaram à vida e se levantaram, e formavam um grande exército. Então ele me disse: “Filho do homem, esses ossos representam todo o povo de Israel. Eles dizem: ‘Tornamo-nos ossos velhos e secos; não há mais esperança. Nossa nação acabou’. Portanto, profetize para eles e diga: ‘Assim diz o S enhor Soberano: Ó meu povo, eu abrirei as sepulturas do exílio e os farei sair delas. Então os trarei de volta à terra de Israel. Quando isso acontecer, meu povo, vocês saberão que eu sou o S enhor. Soprarei meu espírito em vocês, e voltarão a viver, e eu os trarei de volta para sua terra. Então saberão que eu, o S enhor, falei e cumpri o que prometi. Sim, eu, o S enhor, falei!’”. Recebi outra mensagem do S enhor: “Filho do homem, pegue um pedaço de madeira e grave nele estas palavras: ‘Isto representa Judá e suas tribos aliadas’. Depois, pegue outro pedaço de madeira e grave nele estas palavras: ‘Isto representa Efraim e as tribos do norte de Israel’. Agora, segure-os juntos em sua mão, como se fossem um só pedaço de madeira. Quando seus compatriotas lhe perguntarem o que isso significa, diga-lhes: ‘Assim diz o S enhor Soberano: Pegarei Efraim e as tribos do norte, suas irmãs, e as juntarei a Judá. Farei delas um só pedaço de madeira em minha mão’. “Em seguida, segure diante do povo os pedaços de madeira que você gravou, para que todos os vejam, e transmita esta mensagem do S enhor Soberano: Reunirei meu povo de Israel dentre as nações onde foram espalhados e os trarei de volta para sua terra. Eu os reunirei em uma só nação nos montes de Israel. Um único rei os governará, e não serão mais divididos em duas nações nem em dois reinos. Nunca mais se contaminarão com ídolos, nem com imagens detestáveis, nem com qualquer de suas rebeliões, pois eu os salvarei de sua apostasia pecaminosa. Sim, eu os purificarei; então eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. “Meu servo Davi será seu rei, e eles terão um só pastor. Seguirão meus estatutos e terão o cuidado de guardar meus decretos. Viverão na terra que dei a meu servo Jacó, a terra onde seus antepassados viveram. Eles, seus filhos e seus netos viverão ali para sempre, de geração em geração, e meu servo Davi será seu príncipe para sempre. Farei com eles uma aliança de paz, uma aliança permanente. Eu lhes darei sua terra e os multiplicarei e estabelecerei meu templo no meio deles para sempre. Sim, eu habitarei no meio deles. Serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. E, quando meu templo estiver entre eles para sempre, as nações saberão que eu sou o S enhor, que santifico Israel”. Recebi esta mensagem do S enhor: “Filho do homem, volte o rosto para Gogue, da terra de Magogue, príncipe que governa as nações de Meseque e Tubal, e profetize contra ele. Transmita-lhe esta mensagem do S enhor Soberano: Gogue, príncipe de Meseque e Tubal, sou seu inimigo. Eu o farei voltar e colocarei argolas em seu queixo para levá-lo junto com todo o seu exército: seus cavalos e condutores de carros de guerra vestidos com sua armadura completa e uma grande multidão armada com escudos e espadas. A Pérsia, a Etiópia e a Líbia, com todas as suas armas, o acompanharão. Gômer e todos os seus exércitos também se unirão a você, bem como os exércitos de Bete-Togarma, do extremo norte, e muitos outros. “Prepare-se; esteja pronto! Mantenha todos os exércitos ao seu redor de prontidão e assuma o comando deles. Daqui a muito tempo, você será convocado para entrar em ação. No futuro distante, você virá de repente sobre a terra de Israel, que viverá confiante depois de ter se recuperado da guerra e depois que seu povo tiver regressado de muitas terras para os montes de Israel. Você e todos os seus aliados, um exército imenso e assustador, virão sobre Israel como uma tempestade e cobrirão a terra como uma nuvem. “Assim diz o S enhor Soberano: Naquele dia, maus pensamentos lhe virão à mente e você tramará um plano perverso. Dirá: ‘Israel é uma terra desprotegida, cheia de povoados sem muros, sem portões e sem trancas. Marcharei contra ela e acabarei com esse povo que vive tão confiante. Irei às cidades antes desoladas, mas que agora estão cheias de gente que voltou do exílio em muitas nações. Tomarei grande quantidade de despojo, pois agora seus habitantes têm muito gado e outros bens. Pensam que o mundo gira em torno deles!’. Contudo, Sabá, Dedã e os comerciantes de Társis, com todos os seus jovens guerreiros, perguntarão: ‘Você pensa mesmo que os grandes exércitos que reuniu podem tomar a prata e o ouro deles? Acham que podem levar seus rebanhos, apoderar-se de seus bens e tomar despojos?’. “Portanto, filho do homem, profetize contra Gogue. Transmita-lhe esta mensagem do S enhor Soberano: Quando meu povo estiver vivendo confiante na terra dele, então você despertará. Virá de sua terra no extremo norte com sua grande cavalaria e seu exército poderoso, atacará meu povo, Israel, e cobrirá a terra como uma nuvem. Naquele dia, trarei você, Gogue, contra minha terra à vista de todos e mostrarei minha santidade por meio de tudo que lhe acontecer. Então todas as nações me conhecerão. “Assim diz o S enhor Soberano: Acaso você é aquele de quem falei muito tempo atrás, quando anunciei por meio de meus servos, os profetas de Israel, que, no futuro, o traria contra meu povo? Mas assim diz o S enhor Soberano: Quando Gogue invadir a terra de Israel, minha fúria transbordará! Pois, em meu zelo e em minha ira ardente, sacudirei a terra de Israel violentamente naquele dia. Todos os seres vivos, os peixes do mar, as aves do céu, os animais do campo, os animais que rastejam pelo chão, e todas as pessoas da terra, tremerão em minha presença. Montes serão derrubados, despenhadeiros cairão e muros desabarão. Convocarei a espada contra você em todas as colinas de Israel, diz o S enhor Soberano, e seus homens voltarão as espadas uns contra os outros. Castigarei você e seus exércitos com doença e derramamento de sangue; enviarei chuvas torrenciais, granizo, fogo e enxofre! Com isso mostrarei minha grandeza e santidade e me farei conhecido às nações do mundo. Então saberão que eu sou o S enhor.” “Filho do homem, profetize contra Gogue. Transmita-lhe esta mensagem do S enhor Soberano: Sou seu inimigo, ó Gogue, príncipe que governa as nações de Meseque e Tubal. Eu o farei dar a volta e o trarei do extremo norte, e o conduzirei em direção aos montes de Israel. Derrubarei o arco de sua mão esquerda e as flechas de sua mão direita. Você, seu exército e seus aliados morrerão nos montes. Eu os darei como alimento aos abutres e aos animais selvagens. Você cairá em campos abertos, pois eu falei, diz o S enhor Soberano. Enviarei fogo sobre Magogue e sobre todos os seus aliados que vivem em segurança no litoral. Então eles saberão que eu sou o S enhor. “Assim, farei conhecido meu santo nome no meio de meu povo, Israel. Não deixarei que ninguém desonre meu nome. E as nações também saberão que eu sou o S enhor, o Santo de Israel. Esse dia de julgamento virá, diz o S enhor Soberano. Tudo acontecerá como eu declarei. “Então os habitantes das cidades de Israel sairão e recolherão seus escudos pequenos e os grandes, seus arcos e flechas, seus dardos e lanças e os usarão como lenha. Haverá o suficiente para sete anos! Não precisarão cortar lenha dos campos nem dos bosques, pois essas armas fornecerão todo o combustível necessário. Eles saquearão aqueles que os saquearam e despojarão aqueles que os despojaram, diz o S enhor Soberano. “Nesse dia, prepararei um enorme cemitério para Gogue e suas multidões no vale dos Viajantes, a leste do mar Morto. Ele impedirá a passagem dos que viajam por ali, e eles mudarão o nome do lugar para vale das Multidões de Gogue. O povo de Israel levará sete meses para sepultar os corpos e purificar a terra. Todos em Israel ajudarão a sepultar, pois esse dia em que eu mostrar minha glória será uma data memorável para Israel, diz o S enhor Soberano. “Depois de sete meses, grupos de homens serão nomeados para percorrer a terra em busca de esqueletos para sepultar, a fim de que a terra seja purificada. Onde forem encontrados ossos, será colocado um sinal para que os coveiros os levem e os enterrem no vale das Multidões de Gogue. (Haverá ali uma cidade chamada Hamoná. ) E com isso, enfim, a terra será purificada. “Agora, filho do homem, assim diz o S enhor Soberano: Chame todas as aves e todos os animais selvagens e diga-lhes: Reúnam-se para meu grande banquete sacrificial. Venham, de longe e de perto, para os montes de Israel e ali comam carne e bebam sangue! Comam a carne de homens poderosos e bebam o sangue dos príncipes das nações como se fossem carneiros, cordeiros, bodes e touros, todos animais engordados de Basã. Devorem carne até se empanturrar e bebam sangue até se embriagar. Este é o banquete sacrificial que lhes preparei. Comam com fartura à minha mesa; comam cavalos, condutores de carros de guerra, homens valentes e guerreiros de toda espécie, diz o S enhor Soberano. “Desse modo, mostrarei minha glória às nações. Todos verão o castigo que trouxe sobre eles e o poder de minha mão quando eu castigo. E, daquele dia em diante, o povo de Israel saberá que sou o S enhor, seu Deus. As nações saberão por que Israel foi enviado para o exílio: foi como castigo por causa do pecado, pois foram infiéis a seu Deus. Por isso me afastei deles e os entreguei a seus inimigos, para que os destruíssem. Escondi deles o rosto e os castiguei por causa de sua impureza e de seus pecados.” “Portanto, assim diz o S enhor Soberano: Acabarei com o exílio de meu povo; terei compaixão de todo o Israel, pois tenho zelo por meu santo nome. Quando voltarem para sua terra e viverem em segurança, sem que ninguém lhes cause medo, assumirão a responsabilidade por sua vergonha e infidelidade no passado. Quando eu os trouxer de volta das terras de seus inimigos, mostrarei minha santidade no meio deles, para que todas as nações a vejam. Então meu povo saberá que eu sou o S enhor, seu Deus, pois os enviei para o exílio entre as nações e os trouxe de volta para sua terra. Não deixarei nenhum deles para trás e nunca mais me afastarei deles, pois derramarei meu Espírito sobre o povo de Israel. Eu, o S enhor Soberano, falei!”. Em 28 de abril, no vigésimo quinto ano de nosso exílio, catorze anos depois da queda de Jerusalém, a mão do S enhor veio sobre mim, e ele me levou para lá. Numa visão, Deus me levou para a terra de Israel e me colocou num monte muito alto. Dali, vi em direção ao sul algo parecido com uma cidade. Quando ele me levou mais perto, vi um homem cuja face brilhava como bronze. Ele estava em pé junto a uma porta e tinha na mão uma corda de medir feita de linho e uma vara de medir. Disse-me: “Filho do homem, observe e ouça. Preste muita atenção a tudo que lhe mostrarei. Você foi trazido aqui para que eu lhe mostre várias coisas. Depois você voltará ao povo de Israel e contará tudo que vir”. Vi um muro que cercava completamente a área do templo. O homem pegou a vara de medir de 3 metros de comprimento e com ela mediu o muro, que tinha 3 metros de espessura e 3 metros de altura. Em seguida, foi à porta leste. Subiu os degraus e mediu a soleira da porta, que tinha 3 metros de profundidade. Na passagem de entrada, havia salas para guardas de cada lado. Cada uma das salas era quadrada e media 3 metros de cada lado, e a distância entre as salas era de 2,5 metros ao longo da parede da passagem. A soleira interna da porta, que dava para o pórtico na extremidade interna da passagem de entrada, tinha 3 metros de profundidade. Ele também mediu o pórtico. Tinha 4 metros de extensão e suas colunas tinham 1 metro de espessura. Esse pórtico era a extremidade interna da passagem de entrada e era voltado para o templo. Havia três salas de cada lado da passagem de entrada. Cada uma tinha as mesmas medidas, e as paredes entre elas também eram idênticas. Então o homem mediu a porta de entrada, que tinha 5 metros de largura e 6,5 metros de comprimento na passagem. Em frente de cada sala havia uma mureta com 0,5 metro de altura. As salas propriamente ditas tinham 3 metros de cada lado. Então ele mediu toda a largura da porta, a distância desde a parede dos fundos de uma sala para guardas até a parede dos fundos de outra sala; essa distância era de 12,5 metros. Mediu as paredes divisórias ao longo de todo o interior da passagem até o pórtico; a distância era de 30 metros. O comprimento total da passagem, de uma extremidade à outra, era de 25 metros. Nas paredes das salas e em suas paredes divisórias havia janelas embutidas que se estreitavam em direção à parte interna. Também havia janelas no pórtico. As superfícies das paredes divisórias eram enfeitadas com entalhes de palmeiras. Então o homem me levou pela entrada até o pátio externo do templo. Ao longo das paredes do pátio havia uma calçada e, junto às paredes, havia trinta salas que abriam para a calçada. A calçada ladeava as portas, e seu comprimento desde os muros até o pátio era o mesmo da passagem de entrada. Essa era a calçada inferior. Em seguida, o homem mediu a largura do pátio externo do templo, entre a entrada externa e a interna, e a distância era de 50 metros. O homem mediu a porta norte da mesma forma que a leste. Também ali havia três salas e um pórtico. Todas as medidas eram iguais às da porta leste. A passagem da entrada tinha 25 metros de comprimento e 12,5 metros de largura entre as paredes dos fundos de uma sala para guardas e a parede dos fundos de outra sala. As janelas, o pórtico e os enfeites de palmeiras eram idênticos aos da porta leste. Havia sete degraus que davam para a passagem da entrada, e o pórtico ficava na extremidade interna da passagem de entrada. Do lado norte, como do lado leste, havia outra porta que dava para o pátio interno do templo, oposta à entrada externa. A distância entre as duas entradas era de 50 metros. Então o homem me levou à porta sul e mediu suas partes, e eram exatamente iguais às medidas das outras portas. Tinha janelas ao longo das paredes, como as outras, e um pórtico no qual a passagem de entrada abria para o pátio externo. E, como nas outras portas, a passagem de entrada tinha 25 metros de comprimento e 12,5 metros de largura. Essa entrada também tinha uma escada com sete degraus que davam para ela, um pórtico na extremidade interna e enfeites de palmeiras nas paredes divisórias. E aqui também havia outra entrada que dava para o pátio interno, oposta à entrada externa. A distância entre as duas entradas era de 50 metros. Então o homem me levou à porta sul, que dava para o pátio interno. Ele a mediu, e tinha as mesmas medidas das outras portas. Suas salas para guardas, suas paredes divisórias e seu pórtico eram do mesmo tamanho das outras portas, e havia janelas ao longo das paredes e no pórtico. E, como nas outras portas, a passagem da entrada tinha 25 metros de comprimento e 12,5 metros de largura. (Os pórticos que davam para o pátio interno tinham 4 metros de comprimento e 12,5 metros de largura.) O pórtico da porta sul ficava voltado para o pátio externo. Suas colunas eram enfeitadas com palmeiras, e oito degraus subiam até sua entrada. Então ele me levou à porta leste, que dava para o pátio interno. Ele a mediu, e tinha as mesmas medidas das outras portas. Suas salas para guardas, suas paredes divisórias e seu pórtico eram do mesmo tamanho das outras portas, e havia janelas ao longo das paredes e no pórtico. A passagem da entrada tinha 25 metros de comprimento e 12,5 metros de largura. Seu pórtico ficava voltado para o pátio externo. Suas colunas eram enfeitadas com palmeiras, e oito degraus subiam até sua entrada. Então ele me levou à porta norte, que dava para o pátio interno. Ele a mediu, e tinha as mesmas medidas das outras portas. Suas salas para guardas, suas paredes divisórias e seu pórtico tinham as mesmas medidas das outras portas e janelas dispostas da mesma forma. A entrada da passagem tinha 25 metros de comprimento e 12,5 metros de largura. Seu pórtico ficava voltado para o pátio externo. Suas colunas eram enfeitadas com palmeiras, e oito degraus subiam até sua entrada. No pórtico de uma das entradas internas havia uma porta que dava para uma sala lateral onde era lavada a carne para os holocaustos. De cada lado desse pórtico havia duas mesas onde os animais para os sacrifícios eram abatidos para os holocaustos, as ofertas pelo pecado e as ofertas pela culpa. Do lado de fora do pórtico, de cada lado das escadas que subiam para a entrada norte, havia mais duas mesas. Havia, portanto, oito mesas no total, quatro do lado de dentro e quatro do lado de fora, onde se abatiam os sacrifícios. Também havia quatro mesas de pedra cortada para o preparo dos holocaustos, cada uma com 75 centímetros de comprimento e de largura e 50 centímetros de altura. Sobre essas mesas eram colocados os instrumentos para abater os animais para os sacrifícios. Havia ganchos, cada um com 8 centímetros de comprimento, presos ao redor das paredes do pórtico. A carne dos sacrifícios era colocada sobre as mesas. Dentro do pátio interno havia duas salas, uma ao lado da porta norte, voltada para o sul, e outra ao lado da porta sul, voltada para o norte. E o homem me disse: “A sala ao lado da porta norte é para os sacerdotes que supervisionam a manutenção do templo. A sala ao lado da porta sul é para os sacerdotes encarregados do altar, os descendentes de Zadoque, pois somente eles, dentre todos os levitas, podem se aproximar do S enhor, para servir diante dele”. Então o homem mediu o pátio interno, e era um quadrado com 50 metros de largura e 50 metros de comprimento. O altar ficava no pátio em frente ao templo. Então ele me levou ao pórtico do templo. Mediu as paredes de ambos os lados da passagem para o pórtico, e tinham 2,5 metros de espessura. A entrada propriamente dita tinha 7 metros de largura, e as paredes de cada lado da entrada tinham mais 1,5 metros de comprimento. O pórtico tinha 10 metros de largura e 6 metros de profundidade. Dez degraus subiam para ele, com uma coluna de cada lado. Depois disso, o homem me levou ao santuário do templo. Mediu as paredes de cada lado de sua porta, e tinham 3 metros de espessura. A entrada tinha 5 metros de largura, e as paredes de cada lado tinham 2,5 metros de comprimento. O santuário propriamente dito tinha 20 metros de comprimento e 10 metros de largura. Então ele passou do santuário para a sala interna. Mediu as paredes de cada lado de sua entrada, e tinham 1 metro de espessura. A entrada tinha 3 metros de largura, e as paredes de cada lado da entrada tinham 3,5 metros de comprimento. A sala interna do santuário tinha 10 metros de comprimento e 10 metros de largura. Ele me disse: “Este é o lugar santíssimo”. Então ele mediu a parede do templo, e tinha 3 metros de espessura. Junto à parte externa da parede havia uma fileira de salas; cada sala tinha 2 metros de largura. Essas salas laterais ficavam em três andares, uma acima da outra, e havia trinta salas em cada andar. Os pontos de sustentação das salas laterais ficavam apoiados em saliências externas na parede do templo; não se estendiam para dentro da parede. Cada andar era mais largo que o andar abaixo, acompanhando a inclinação da parede do templo. Uma escada subia do andar inferior para os andares do meio e de cima. Vi que o templo era construído sobre uma plataforma que servia de base para as salas laterais. Essa plataforma tinha 3 metros de altura. A parede externa das salas laterais do templo tinha 2,5 metros de espessura. Havia, portanto, uma área aberta entre essas salas laterais e a fileira de salas junto à parede externa do pátio interno. Essa área aberta tinha 10 metros de largura e se estendia ao redor de todo o templo. Duas portas nas salas laterais davam para a área aberta da plataforma, que tinha 2,5 metros de largura. Uma porta ficava voltada para o norte, e a outra, para o sul. Havia um edifício grande a oeste, voltado para o pátio do templo. Tinha 35 metros de largura e 45 metros de comprimento, e suas paredes tinham 2,5 metros de espessura. Então o homem mediu o templo, e tinha 50 metros de comprimento. O pátio ao redor do edifício, incluindo suas paredes, tinha mais 50 metros de comprimento. O pátio interno do lado leste do templo tinha 50 metros de largura. O edifício a oeste, incluindo suas duas paredes, também tinha 50 metros de largura. O santuário, a sala interna e o pórtico do templo eram todos revestidos de madeira, assim como as armações das janelas embutidas. As paredes internas eram revestidas de madeira acima e abaixo das janelas. O espaço acima da porta que dava para a sala interna e suas paredes internas e externas também eram revestidos de madeira. Todas as paredes eram enfeitadas com entalhes de querubins, cada um com dois rostos, alternados com entalhes de palmeiras. Um dos rostos do querubim, o rosto de homem, ficava voltado para a palmeira de um lado. O outro rosto, o de leão forte, ficava voltado para a palmeira do outro lado. Havia figuras entalhadas ao redor de todo o templo, desde o chão até o alto das paredes, inclusive na parede externa do santuário. Na entrada do santuário havia colunas quadradas, e as colunas na entrada do lugar santíssimo eram semelhantes. Havia um altar de madeira com 1,5 metros de altura e 1 metro de cada lado. Seus cantos, sua base e seus lados eram de madeira. O homem me disse: “Esta é a mesa que fica na presença do S enhor ”. Tanto o santuário como o lugar santíssimo tinham portas duplas, cada uma com duas folhas que se abriam para os dois lados. As portas que davam para o santuário eram enfeitadas com entalhes de querubins e de palmeiras, assim como as paredes. E havia uma cobertura de madeira na frente do pórtico do templo. Dos dois lados do pórtico havia janelas embutidas enfeitadas com entalhes de palmeiras. As salas laterais junto à parede externa também tinham coberturas. Então o homem me levou ao pátio do templo, passando pela porta norte. Entramos no pátio externo e chegamos a um edifício com salas junto à parede do pátio interno. Esse edifício, cuja entrada dava para o norte, tinha 50 metros de comprimento e 25 metros de largura. Um conjunto de salas dava para o espaço do pátio interno, que tinha 10 metros de largura. Outro conjunto de salas dava para a calçada do pátio externo. Os dois conjuntos tinham três andares e ficavam um de frente para o outro. Entre os dois conjuntos de salas havia uma passagem com 5 metros de largura. Estendia-se ao longo dos 50 metros do edifício, e todas as portas davam para o norte. Cada um dos dois andares superiores com salas era mais estreito que o andar abaixo, pois nos andares superiores precisava haver espaço para passagens na frente de cada um. Uma vez que havia três andares e eles não tinham colunas de sustentação como os pátios, cada andar superior era recuado em relação ao andar abaixo. Havia uma parede externa que servia de divisória entre as salas e o pátio externo e que tinha 25 metros de comprimento. Essa parede acrescentava comprimento ao conjunto externo de salas, que se estendia por apenas 25 metros, enquanto o conjunto interno, cujas salas eram voltadas para o templo, tinha 50 metros de comprimento. Havia uma entrada pelo lado leste do pátio externo para essas salas. Do lado sul do templo havia dois conjuntos de salas ao sul do pátio interno, entre o templo e o pátio externo. A disposição dessas salas era semelhante à das salas do lado norte. Havia uma passagem entre os dois conjuntos de salas, como do lado norte do templo. Esse conjunto de salas tinha o mesmo comprimento do outro, e também as mesmas entradas e portas. As dimensões deles eram idênticas. Havia, portanto, uma entrada na parede voltada para o conjunto interno de salas e outra na extremidade leste da passagem interior. Então o homem me disse: “Estas salas ao norte e ao sul que dão para o pátio do templo são santas. Aqui os sacerdotes que oferecem sacrifícios ao S enhor comerão as ofertas santíssimas. E, porque as salas são santas, serão usadas para guardar as ofertas sagradas: as ofertas de cereal, as ofertas pelo pecado e as ofertas pela culpa. Quando os sacerdotes saírem do santuário, não irão diretamente para o pátio externo. Primeiro, removerão as roupas que usaram enquanto serviam no templo, pois elas são santas. Vestirão outras roupas antes de entrar nas dependências abertas para o povo”. Quando o homem terminou de medir a área interna do templo, ele me levou para fora pela porta leste a fim de medir toda a área ao redor. Mediu o lado leste com a vara de medir, e tinha 250 metros de comprimento. Mediu o lado norte, e também tinha 250 metros. O lado sul tinha 250 metros, e o lado oeste também tinha 250 metros. Portanto, a área tinha 250 metros de cada lado e um muro ao redor para separar o santo do comum. Depois disso, o homem me levou à porta leste. De repente, a glória do Deus de Israel surgiu, vindo do leste. O som de sua vinda era como o rugido de águas revoltas, e toda a paisagem se iluminou com sua glória. A visão era como as outras que eu havia tido, primeiro junto ao rio Quebar e depois quando ele veio destruir Jerusalém. Prostrei-me com o rosto no chão, e a glória do S enhor entrou no templo pela porta leste. Então o Espírito me pôs em pé e me levou ao pátio interno, e a glória do S enhor encheu o templo. Ouvi alguém falar comigo de dentro do templo, enquanto o homem que havia tomado as medidas estava ao meu lado. O S enhor me disse: “Filho do homem, este é o lugar de meu trono e o lugar onde descanso meus pés. Habitarei aqui para sempre no meio do povo de Israel. Eles e seus reis nunca mais profanarão meu santo nome ao cometer adultério adorando outros deuses ou ao honrar relíquias de seus reis que morreram. Puseram os altares de seus ídolos ao lado de meu altar, com apenas uma parede entre mim e eles. Profanaram meu santo nome com esse pecado detestável, por isso os consumi em minha ira. Agora, que deixem de adorar outros deuses e honrar as relíquias de seus reis, e eu habitarei no meio deles para sempre. “Filho do homem, descreva para o povo de Israel o templo que lhe mostrei, para que eles se envergonhem de todos os seus pecados. Que eles estudem a planta do templo e fiquem envergonhados de tudo que fizeram. Descreva-lhes todas as especificações do templo, incluindo as entradas e saídas, e todos os outros detalhes. Fale de seus decretos e suas leis. Escreva todas essas especificações e todos esses decretos diante do povo, para que se lembrem deles e lhes obedeçam. E esta é a lei do templo: todo o alto do monte onde está o templo é santo. Sim, esta é a lei do templo.” “Estas são as medidas do altar: há uma calha ao redor de todo o altar com 0,5 metro de profundidade e 0,5 metro de largura, com uma borda de 23 centímetros à sua volta. E esta é a altura do altar: da calha o altar se eleva por 1 metro até uma borda inferior ao seu redor com 0,5 metro de largura. Da borda inferior o altar se eleva por 2 metros até a borda superior, que também tem 0,5 metro de largura. A parte de cima do altar, onde fica o fogo, se eleva mais 2 metros, com um chifre em cada um dos quatro cantos. A parte de cima do altar é quadrada, com 6 metros de cada lado. A borda superior também forma um quadrado, com 7 metros de cada lado, uma calha de 0,5 metro e uma saliência de 25 centímetros ao redor da borda. Há degraus do lado leste do altar”. Então ele me disse: “Filho do homem, assim diz o S enhor Soberano: Estas serão as regras para a queima de ofertas e a aspersão de sangue depois que o altar for construído. Nessa ocasião, os sacerdotes levitas da família de Zadoque, aqueles que servem diante de mim, devem receber um novilho para uma oferta pelo pecado, diz o S enhor Soberano. Você pegará um pouco do sangue do novilho e o aplicará aos quatro chifres do altar, aos quatro cantos da borda superior e à saliência em volta da borda. Com isso, purificará o altar e fará expiação por ele. Em seguida, pegará o novilho para a oferta pelo pecado e o queimará no lugar indicado, fora da área do templo. “No segundo dia, apresentará como oferta pelo pecado um bode sem defeito. Em seguida, purificará o altar e fará expiação por ele novamente, como fez com o novilho. Quando tiver terminado a cerimônia de purificação, apresentará outro novilho sem defeito e um carneiro perfeito do rebanho. Você os oferecerá ao S enhor, e os sacerdotes espalharão sal sobre eles e os apresentarão como holocausto ao S enhor. “Todos os dias, por sete dias, você apresentará um bode, um novilho e um carneiro do rebanho como oferta pelo pecado. Nenhum desses animais deve ter qualquer defeito. Fará isso todos os dias, por sete dias, para purificar o altar e fazer expiação por ele e, desse modo, separá-lo para o uso sagrado. No oitavo dia, e a cada dia depois disso, os sacerdotes oferecerão no altar os holocaustos e as ofertas de paz do povo. Então eu aceitarei vocês. Eu, o S enhor Soberano, falei!”. Depois disso, o homem me levou de volta à porta leste no muro externo do templo, mas ela estava fechada. Então o S enhor me disse: “Esta porta deve permanecer fechada; nunca mais será aberta. Ninguém jamais a abrirá nem passará por ela, pois o S enhor, o Deus de Israel, entrou por ela. Portanto, permanecerá sempre fechada. Somente o príncipe pode sentar-se junto a essa entrada para comer na presença do S enhor. Mas só pode entrar e sair pelo pórtico da entrada”. Então o homem me levou para a frente do templo, passando pela porta norte. Olhei e vi a glória do S enhor encher o templo do S enhor, e prostrei-me com o rosto no chão. Então o S enhor me disse: “Filho do homem, preste atenção. Use seus olhos e seus ouvidos e escute atentamente tudo que lhe digo acerca das regras no templo do S enhor. Observe com atenção os procedimentos para o uso das entradas e saídas do templo. E transmita a esses rebeldes, o povo de Israel, esta mensagem do S enhor Soberano: Ó povo de Israel, basta de seus pecados detestáveis! Vocês trouxeram estrangeiros incircuncisos para dentro de meu santuário, gente incircuncisa de corpo e coração. Com isso, profanaram meu templo enquanto me ofereciam comida, a gordura e o sangue dos sacrifícios. Além de todos os seus outros pecados detestáveis, vocês quebraram minha aliança. Em vez de guardar minhas ordens sobre as coisas sagradas, contrataram estrangeiros para realizar o serviço de meu santuário. “Portanto, assim diz o S enhor Soberano: Nenhum estrangeiro, nem mesmo aqueles que vivem no meio do povo de Israel, entrará em meu santuário se não tiver sido circuncidado, de corpo e coração. E os homens da tribo de Levi que me abandonaram quando Israel se afastou de mim para adorar ídolos sofrerão as consequências de seus pecados. Ainda poderão ser guardas do templo e das portas, poderão abater os animais trazidos para os holocaustos e estar presentes para servir o povo. Contudo, incentivaram o povo a adorar ídolos e fizeram Israel cair em pecado profundo. Por isso, jurei solenemente que eles sofrerão as consequências de seus pecados, diz o S enhor Soberano. Não se aproximarão de mim para me servir como sacerdotes. Não tocarão em nenhuma das minhas coisas sagradas nem nas ofertas sagradas, pois carregarão a vergonha de todos os pecados detestáveis que cometeram. Cuidarão do templo e serão encarregados do trabalho de manutenção e dos serviços gerais. “Contudo, os sacerdotes levitas da família de Zadoque continuaram a servir fielmente no templo quando Israel me abandonou. Eles me servirão; estarão em minha presença e oferecerão a gordura e o sangue dos sacrifícios, diz o S enhor Soberano. Somente eles entrarão em meu santuário e se aproximarão de minha mesa para me servir. Eles cumprirão todas as minhas ordens. “Quando entrarem pela porta para o pátio interno, vestirão somente roupas de linho. Não usarão veste alguma de lã enquanto estiverem de serviço no pátio interno ou no templo propriamente dito. Usarão turbantes de linho e as roupas de baixo de linho. Nunca vestirão roupas que os façam transpirar. Quando voltarem ao pátio externo, onde o povo está, removerão as vestes que usam enquanto me servem. Deixarão essas vestes nas salas sagradas e vestirão outras roupas, a fim de não colocar ninguém em perigo ao consagrá-lo indevidamente por meio das vestes. “Não rasparão a cabeça nem deixarão o cabelo comprido demais; antes, o manterão aparado. Os sacerdotes não beberão vinho antes de entrar no pátio interno. Poderão escolher a esposa somente entre as virgens de Israel ou entre as viúvas dos sacerdotes. Não se casarão com outras viúvas nem com mulheres divorciadas. Ensinarão meu povo a diferença entre sagrado e profano, entre cerimonialmente puro e impuro. “Servirão como juízes para resolver desentendimentos entre membros de meu povo. Suas decisões serão baseadas em meus estatutos. E eles mesmos obedecerão às minhas instruções e aos meus decretos em todas as festas sagradas e se certificarão de que meus sábados sejam separados como dias santos. “O sacerdote não deverá se contaminar por se aproximar de uma pessoa morta, a menos que seja seu pai, sua mãe, seu filho, sua filha, seu irmão ou sua irmã não casada. Nesses casos, será permitido que se torne impuro. Mesmo assim, só poderá retomar seus deveres no templo depois de se purificar cerimonialmente e esperar sete dias. No primeiro dia em que voltar ao trabalho e entrar no pátio interno e no santuário, apresentará uma oferta pelo pecado por si mesmo, diz o S enhor Soberano. “Os sacerdotes não terão propriedades nem porção alguma de terra, pois eu sou sua herança. Seu alimento virá das ofertas e dos sacrifícios que os israelitas trouxerem para o templo: as ofertas de cereal, as ofertas pelo pecado e as ofertas pela culpa. Tudo que for consagrado para o S enhor pertencerá aos sacerdotes. Os primeiros frutos maduros e todas as ofertas trazidas irão para os sacerdotes. As primeiras porções serão entregues aos sacerdotes, para que os lares de vocês sejam abençoados. Os sacerdotes não comerão carne de qualquer ave ou animal que morrer de causas naturais ou que for morto por outro animal.” “Quando vocês repartirem a terra entre as tribos de Israel, separem uma parte para o S enhor como sua porção santa. Ela terá 12,5 quilômetros de comprimento e 10 quilômetros de largura. Toda essa área será santa. Uma parte dessa terra, com 250 metros de cada lado, será separada para o templo. Ao redor dela haverá um espaço aberto com 25 metros de largura. Dentro da área santa maior, separem uma porção de terra com 12,5 quilômetros de comprimento e 5 quilômetros de largura. Dentro dela ficará o santuário, o lugar santíssimo. Essa área será santa, separada para os sacerdotes que servem ao S enhor no santuário. Ali ficarão suas casas e meu templo. A faixa de terra sagrada ao lado dela, também com 12,5 quilômetros de comprimento e 5 quilômetros de largura, será destinada às casas dos levitas que trabalham no templo. Será propriedade deles e um lugar para seus povoados. “Junto à área santa maior haverá uma faixa de terra com 12,5 quilômetros de comprimento e 2,5 quilômetros de largura. Ela será separada para uma cidade onde qualquer um em Israel poderá morar. “Duas faixas de terra serão separadas para o príncipe. Uma delas fará divisa com o lado leste das terras sagradas e com a cidade, e a outra fará divisa com o lado oeste. As divisas no extremo leste e no extremo oeste das terras do príncipe ficarão junto às divisas leste e oeste dos territórios das tribos. Essas porções de terra serão separadas para o príncipe. Então meus príncipes não oprimirão mais meu povo; distribuirão o restante da terra entre o povo e separarão uma parte para cada tribo.” “Assim diz o S enhor Soberano: Basta, príncipes de Israel! Parem com a violência e a opressão e façam o que é justo e certo. Parem de expulsar meu povo de suas casas, diz o S enhor Soberano. Usem somente pesos, medidas e balanças honestos para secos e líquidos. O ômer será a unidade padrão para medir volume, e o efa e o bato medirão, cada um, um décimo de ômer. A medida padrão para pesos será o siclo de prata. Um siclo consistirá em vinte geras, e sessenta siclos corresponderão a uma mina.” “Esta é a oferta que vocês entregarão ao príncipe: um cesto de trigo ou de cevada para cada sessenta cestos que colherem, um centésimo de seu azeite, e uma ovelha ou um bode para cada duzentos de seus rebanhos em Israel. Serão ofertas de cereal, holocaustos e ofertas de paz que farão expiação por aqueles que os apresentarem, diz o S enhor Soberano. Todo o povo de Israel levará essas ofertas ao príncipe. Caberá ao príncipe fornecer as ofertas apresentadas nas festas religiosas, nas comemorações da lua nova, aos sábados e em outras ocasiões semelhantes. Ele providenciará as ofertas pelo pecado, os holocaustos, as ofertas de cereal, as ofertas derramadas e as ofertas de paz para fazer expiação pelo povo de Israel. “Assim diz o S enhor Soberano: No primeiro dia do primeiro mês de cada ano, vocês sacrificarão um novilho sem defeito para purificar o templo. O sacerdote pegará sangue dessa oferta pelo pecado e o aplicará aos batentes da porta do templo, aos quatro cantos da borda superior do altar e aos batentes da entrada do pátio interno. Vocês farão o mesmo no sétimo dia do ano novo em favor de qualquer um que houver pecado sem intenção ou por ignorância. Assim, purificarão o templo. “No décimo quarto dia do primeiro mês, vocês celebrarão a Páscoa. Essa festa durará sete dias. O pão que comerem durante esses dias será feito sem fermento. No dia da Páscoa, o príncipe fornecerá um novilho como oferta pelo pecado em favor de si mesmo e do povo de Israel. A cada dia, durante os sete dias da festa, ele preparará um holocausto para o S enhor com sete novilhos e sete carneiros sem defeito. Também apresentará, a cada dia, um bode como oferta pelo pecado. O príncipe fornecerá um cesto de farinha como oferta de cereal e um jarro de azeite com cada novilho e cada carneiro. “Durante os sete dias da Festa das Cabanas, que ocorre a cada ano no décimo quinto dia do sétimo mês, o príncipe fornecerá esses mesmos sacrifícios como oferta pelo pecado, holocausto e oferta de cereal, bem como a quantidade requerida de azeite.” “Assim diz o S enhor Soberano: A porta leste do pátio interno ficará fechada durante os seis dias de trabalho da semana, mas será aberta aos sábados e nas comemorações da lua nova. O príncipe entrará pelo pórtico da entrada, vindo de fora. Ficará em pé junto ao batente da porta enquanto o sacerdote apresenta os holocaustos e as ofertas de paz. Ele se curvará em adoração na passagem de entrada e depois sairá por onde entrou. A porta não será fechada até a tarde. O povo se curvará e adorará o S enhor junto a essa porta aos sábados e nas comemorações da lua nova. “A cada sábado o príncipe apresentará ao S enhor um holocausto de seis cordeiros e um carneiro, todos sem defeito. Apresentará uma oferta de cereal de um cesto de farinha com o carneiro e a quantidade de farinha que puder com cada cordeiro; também oferecerá um jarro de azeite para cada cesto de farinha. Nas comemorações da lua nova, trará um novilho, seis cordeiros e um carneiro, todos sem defeito. Junto com o novilho, apresentará um cesto de farinha da melhor qualidade como oferta de cereal. Junto com o carneiro, apresentará outro cesto de farinha. E, junto com cada cordeiro, apresentará a quantidade de farinha que desejar. Para cada cesto de farinha, oferecerá um jarro de azeite. “Quando o príncipe entrar, virá pelo pórtico e sairá por onde entrou. Mas, quando o povo entrar pela porta norte para adorar o S enhor durante as festas religiosas, sairá pela porta sul. E quem entrar pela porta sul sairá pela porta norte. Ninguém sairá pela mesma porta por onde entrou, mas sempre pela porta oposta. O príncipe entrará e sairá com o povo nessas ocasiões. “Portanto, nas festas especiais e nas festas sagradas, a oferta de cereal será um cesto de farinha da melhor qualidade para cada novilho, mais outro cesto de farinha para cada carneiro e a quantidade de farinha que o adorador desejar oferecer com cada cordeiro. Para cada cesto de farinha será apresentado um jarro de azeite. Quando o príncipe oferecer voluntariamente ao S enhor um holocausto ou uma oferta de paz, a porta leste do pátio interno será aberta para ele, e ele oferecerá os sacrifícios como faz aos sábados. Então ele sairá e a porta será fechada. “A cada manhã, vocês oferecerão um cordeiro de um ano sem defeito como holocausto ao S enhor. Junto com ele, apresentarão ao S enhor uma oferta de cereal com a sexta parte de um cesto de farinha e um terço do jarro de azeite para umedecer a farinha da melhor qualidade. Este será um decreto permanente para vocês. O cordeiro, a oferta de cereal e o azeite devem ser apresentados como sacrifício diário a cada manhã, sem falta. “Assim diz o S enhor Soberano: Se o príncipe der um pedaço de terra para um de seus filhos como herança, pertencerá a ele e a seus descendentes para sempre. Mas, se o príncipe der um pedaço de terra de sua herança para um de seus servos, o servo a manterá apenas até o Ano do Jubileu. Nessa ocasião, a terra voltará para o príncipe. Contudo, aquilo que o príncipe der a seus filhos será permanente. Além disso, o príncipe não poderá tomar a propriedade de ninguém à força. Se ele der propriedades a seus filhos, terão de ser de suas próprias terras, pois não quero que meu povo seja despejado de suas propriedades”. Depois disso, o homem me levou pela entrada ao lado da porta e me conduziu às salas sagradas reservadas para os sacerdotes e que ficavam voltadas para o norte. Mostrou-me um lugar na extremidade oeste dessas salas e explicou: “Aqui os sacerdotes cozinharão a carne das ofertas pela culpa e das ofertas pelo pecado e assarão o pão feito com a farinha das ofertas de cereal. Farão isso aqui para não ter de carregar os sacrifícios pelo pátio externo e correr o risco de consagrar o povo indevidamente”. Então ele me levou de volta ao pátio externo e me conduziu a cada um de seus quatro cantos. Em cada canto vi uma área cercada. Cada uma dessas áreas cercadas tinha 20 metros de comprimento e 15 metros de largura e era rodeada por um muro. Ao longo da parte interna desses muros havia uma saliência de pedra, com lugares para acender fogo debaixo da saliência, em todo o redor. O homem me disse: “Estas são as cozinhas onde os assistentes do templo cozinharão os sacrifícios oferecidos pelo povo”. Depois disso, o homem me levou de volta à entrada do templo. Ali, notei que jorrava água para o leste por debaixo da porta do templo e passava à direita do altar, do lado sul. Ele me levou para fora do muro pela porta norte e me conduziu até a entrada leste. Ali, vi que a água corria pelo lado sul da porta leste. O homem me conduziu pela água e, enquanto caminhávamos, ele ia medindo. Quando percorremos quinhentos metros, ele me levou para o outro lado do rio. Ali a água chegava a meus tornozelos. Ele mediu mais quinhentos metros e atravessamos o rio novamente. Dessa vez, a água chegava a meus joelhos. Depois de mais quinhentos metros, chegava à minha cintura. Então ele mediu mais quinhentos metros e ali a água era um rio fundo o suficiente para atravessar a nado, mas fundo demais para atravessar a pé. Ele me perguntou: “Filho do homem, você está vendo?”, e me levou de volta à margem do rio. Ao voltar, fiquei surpreso de ver muitas árvores que cresciam dos dois lados do rio. Então ele me disse: “Este rio corre para o leste, pelo deserto, até o vale do mar Morto. Sua água tornará pura a água salgada do mar Morto. Por onde a água deste rio passar, haverá muitos seres vivos. O mar Morto ficará cheio de peixes, porque sua água se tornará pura. Surgirá vida por onde esta água fluir. Pescadores ficarão às margens do mar Morto. Desde En-Gedi até En-Eglaim, as praias ficarão cobertas de redes secando ao sol. O mar Morto se encherá de peixes de toda espécie, como os peixes do mar Mediterrâneo. Mas os brejos e os pântanos não serão purificados; continuarão salgados. Em ambas as margens do rio crescerão árvores frutíferas de toda espécie. As folhas dessas árvores nunca secarão nem cairão, e sempre haverá frutos em seus ramos. Produzirão uma nova colheita a cada mês, pois são regadas pela água do rio que nasce no templo. Seus frutos servirão de alimento, e suas folhas, de remédio”. Assim diz o S enhor Soberano: “Dividam a terra desta forma entre as doze tribos de Israel: Os descendentes de José receberão duas porções de terra. As outras tribos receberão porções iguais. Jurei solenemente que daria esta terra a seus antepassados, e agora ela passará para vocês como sua herança. “Estas são as fronteiras da terra: A fronteira norte se estenderá do Mediterrâneo, passando por Hetlom, depois por Lebo-Hamate, até Zedade; dali seguirá para Berota e Sibraim, que ficam na divisa entre Damasco e Hamate e, por fim, para Hazer-Haticom, na divisa com Haurã. Portanto, a fronteira norte se estenderá do Mediterrâneo até Hazar-Enã, na divisa entre Hamate, ao norte, e Damasco, ao sul. “A fronteira leste começará num ponto entre Haurã e Damasco e se estenderá para o sul ao longo do rio Jordão, entre Israel e Gileade, passando o mar Morto e prosseguindo para o sul até Tamar. Essa será a fronteira leste. “A fronteira sul se estenderá de Tamar até as águas de Meribá, em Cades, e de lá seguirá o curso do ribeiro do Egito até o Mediterrâneo. Essa será a fronteira sul. “Do lado oeste, o próprio Mediterrâneo será sua divisa desde a fronteira sul até o ponto em que começa a fronteira norte, de frente para Lebo-Hamate. “Dividam a terra dentro dessas fronteiras entre as tribos de Israel. Distribuam a terra como herança para si mesmos e para todos os estrangeiros que vivem entre vocês e criam os filhos em seu meio. Eles serão para vocês como israelitas de nascimento e receberão herança entre as tribos. Esses estrangeiros receberão terras dentro do território da tribo com a qual eles vivem. Eu, o S enhor Soberano, falei!” “Aqui está a lista das tribos de Israel e dos territórios que cada uma delas receberá. O território de Dã fica no extremo norte. Sua divisa segue a estrada de Hetlom até Lebo-Hamate e, de lá, para Hazar-Enã, na fronteira de Damasco, e com Hamate ao norte. O território de Dã se estende pela terra de Israel de leste a oeste. “O território de Aser fica ao sul do território de Dã e também se estende de leste a oeste. A terra de Naftali fica ao sul da terra de Aser e também se estende de leste a oeste. Em seguida vem Manassés, ao sul de Naftali, e seu território também se estende de leste a oeste. Ao sul de Manassés fica Efraim, depois vem Rúben e, em seguida, Judá, todos com divisas que se estendem de leste a oeste. “Ao sul de Judá fica a terra separada para um propósito especial. Ela terá 12,5 quilômetros de largura e terá as mesmas fronteiras a leste e a oeste que os territórios das tribos. No centro dela estará o templo. “A área separada para o S enhor terá 12,5 quilômetros de comprimento e 10 quilômetros de largura. Haverá uma faixa de terra para os sacerdotes, com 12,5 quilômetros de comprimento e 5 quilômetros de largura. No centro dela estará o templo do S enhor. Essa área será separada para os sacerdotes consagrados, os descendentes de Zadoque que me serviram fielmente e que não se desviaram junto com o povo de Israel e com os outros levitas. Essa será sua porção especial quando a terra for distribuída, o território santíssimo. Junto ao território dos sacerdotes ficará a terra onde os outros levitas viverão. “A terra separada para os levitas terá o mesmo tamanho e a mesma forma da terra dos sacerdotes: 12,5 quilômetros de comprimento e 5 quilômetros de largura. Juntas, essas porções de terra terão 12,5 quilômetros de comprimento e 10 quilômetros de largura. Nenhuma porção dessa terra especial poderá ser vendida, trocada ou usada por outros, pois pertence ao S enhor; é consagrada. “Outra faixa de terra com 12,5 quilômetros de comprimento e 2,5 quilômetros de largura, ao sul da área sagrada do templo, será para uso público: para casas, pastos e terras comuns. No centro dela estará a cidade. A cidade terá 2.250 metros de cada lado: norte, sul, leste e oeste. Em volta da cidade haverá uma área aberta com 125 metros em todas as direções. Fora da cidade haverá uma área para plantações que se estenderá por 5 quilômetros para leste e 5 quilômetros para oeste junto à divisa com a área sagrada. Essa terra de cultivo produzirá alimento para os trabalhadores da cidade. Os que vierem das diversas tribos para trabalharem na cidade poderão cultivar essa terra. A área toda, incluindo as terras sagradas e a cidade, formará um quadrado com 12,5 quilômetros de cada lado. “As áreas que restarem para o leste e para o oeste das terras sagradas e da cidade serão do príncipe. Cada uma dessas áreas terá 12,5 quilômetros de comprimento e se estenderá, em direções opostas, para as fronteiras leste e oeste de Israel. No centro estarão as terras sagradas e o santuário do templo. Portanto, as terras do príncipe incluirão toda a área entre os territórios separados para Judá e para Benjamim, exceto a parte separada para as terras sagradas e para a cidade. “Estes são os territórios separados para as tribos restantes. O território de Benjamim se estende pela terra de Israel de leste a oeste. Ao sul de Benjamim fica o território de Simeão, que também se estende de leste a oeste. Em seguida vem o território de Issacar, com as mesmas divisas a leste e a oeste. “Depois vem o território de Zebulom, que também se estende de leste a oeste. O território de Gade fica ao sul de Zebulom, com as mesmas divisas a leste e a oeste. A fronteira sul de Gade vai de Tamar até as águas de Meribá, em Cades, depois segue o ribeiro do Egito até o Mediterrâneo. “Esses são os territórios que serão distribuídos como herança a cada tribo. Eu, o S enhor Soberano, falei!” “Estas serão as saídas da cidade: no muro norte, que tem 2.250 metros de comprimento, haverá três saídas, cada uma com o nome de uma das tribos de Israel. A primeira será chamada Rúben, a segunda, Judá, e a terceira, Levi. No muro leste, que também tem 2.250 metros de comprimento, estarão as portas chamadas José, Benjamim e Dã. No muro sul, que também tem 2.250 metros, estarão as portas chamadas Simeão, Issacar e Zebulom. E no muro oeste, que também tem 2.250 metros de comprimento, estarão as portas chamadas Gade, Aser e Naftali. “A distância ao redor de toda a cidade será de 9 quilômetros. E, daquele dia em diante, o nome da cidade será ‘O S enhor Está Ali’”. No terceiro ano do reinado de Jeoaquim, em Judá, Nabucodonosor, rei da Babilônia, veio a Jerusalém e cercou a cidade. O Senhor lhe deu vitória sobre Jeoaquim, rei de Judá, e permitiu que levasse para a terra da Babilônia alguns dos utensílios sagrados do templo de Deus. Nabucodonosor os colocou na casa do tesouro de seu deus. O rei ordenou que Aspenaz, o chefe de seus oficiais, trouxesse ao palácio alguns dos jovens israelitas da família real e de outras famílias da nobreza. Disse o rei: “Escolha somente rapazes saudáveis e de boa aparência, que sejam instruídos em diversas áreas do conhecimento, que tenham entendimento e bom senso e sejam capacitados para servir no palácio real. Ensine a esses jovens a língua e a literatura da Babilônia”. O rei determinou que recebessem, de suas próprias cozinhas, uma porção diária de alimento e vinho. Os rapazes seriam treinados durante três anos e depois passariam a servir ao rei. Daniel, Hananias, Misael e Azarias, todos da tribo de Judá, estavam entre os escolhidos. O chefe dos oficiais lhes deu novos nomes babilônios: Daniel passou a ser chamado de Beltessazar; Hananias, de Sadraque; Misael, de Mesaque; Azarias, de Abede-Nego. Daniel, porém, decidiu não se contaminar com a comida e o vinho que o rei lhes tinha dado. Pediu permissão ao chefe dos oficiais para não comer esses alimentos, a fim de não se contaminar. Deus havia feito que o chefe dos oficiais mostrasse compaixão e simpatia a Daniel. Apesar disso, Aspenaz disse: “Tenho medo de meu senhor, o rei. Ele determinou o alimento que vocês devem comer e o vinho que devem beber. Se ficarem com a aparência abatida em comparação com os outros rapazes de sua idade, temo que o rei mande cortar minha cabeça”. Daniel falou com o assistente designado pelo chefe dos oficiais para cuidar dele, de Hananias, Misael e Azarias. “Faça uma experiência conosco durante dez dias”, disse. “Dê-nos apenas legumes para comer e água para beber. Terminados os dez dias, compare nossa aparência com a dos outros rapazes que comem a comida do rei. Depois, decida de acordo com o que você vir.” O assistente concordou com a sugestão e fez a experiência com eles durante dez dias. Passados os dez dias, Daniel e seus três amigos pareciam mais saudáveis e bem nutridos que os outros rapazes que se alimentavam da comida do rei. Depois disso, o assistente só lhes dava legumes em vez da comida e do vinho servidos aos outros. Deus concedeu aos quatro rapazes aptidão incomum para entender todos os aspectos da literatura e da sabedoria, e a Daniel concedeu a capacidade especial de interpretar sonhos e visões. Ao término do período de treinamento ordenado pelo rei, o chefe dos oficiais levou todos os rapazes a Nabucodonosor. O rei conversou com eles, e nenhum o impressionou tanto quanto Daniel, Hananias, Misael e Azarias. E, assim, passaram a servir ao rei. Sempre que o rei os consultava sobre alguma questão que exigia sabedoria e discernimento, observava que eles eram dez vezes mais capazes que todos os magos e encantadores de seu reino. Daniel continuou no palácio até o primeiro ano do reinado de Ciro. Certa noite, no segundo ano de seu reinado, Nabucodonosor teve sonhos tão perturbadores que não conseguiu mais dormir. Chamou seus magos, encantadores, feiticeiros e astrólogos e exigiu que lhe dissessem o que ele havia sonhado. Quando se apresentaram ao rei, ele disse: “Tive um sonho que muito me perturbou e preciso saber o que significa”. Então os astrólogos responderam ao rei em aramaico: “Que o rei viva para sempre! Conte-nos o sonho e nós lhe diremos o que ele significa”. O rei, porém, disse aos astrólogos: “Estou falando sério! Se não me disserem qual foi o sonho e o que ele significa, vocês serão despedaçados, e suas casas, transformadas em montes de escombros! Mas, se me disserem qual foi o sonho e o que ele significa, lhes darei muitos presentes, muitas recompensas e honras. Portanto, digam-me qual foi o sonho e o que ele significa!”. Eles disseram novamente: “Ó rei, conte-nos o sonho e então lhe diremos o que ele significa”. O rei respondeu: “Sei o que estão fazendo! Estão tentando ganhar tempo, pois sabem que falo sério quando digo: ‘Se não me contarem qual foi o sonho, estão condenados!’. Por isso, conspiraram para me dizer mentiras, na esperança de que mudarei de ideia. Digam-me, porém, qual foi o sonho e então saberei que podem explicar o que ele significa”. Os astrólogos responderam ao rei: “Não há ninguém, em toda terra, capaz de dizer ao rei qual foi seu sonho! E nenhum rei, por maior e mais poderoso que fosse, pediu algo assim a um mago, encantador ou astrólogo! É impossível cumprir a exigência do rei. Ninguém, exceto os deuses, pode dizer qual foi seu sonho, e os deuses não vivem entre os mortais”. O rei ficou furioso e ordenou que todos os sábios da Babilônia fossem executados. E, por causa do decreto do rei, foram enviados homens para encontrar Daniel e seus amigos e matá-los. Quando Arioque, comandante da guarda do rei, veio matá-los, Daniel se dirigiu a ele com sabedoria e prudência. Perguntou-lhe: “Por que o rei publicou um decreto tão severo?”, e Arioque lhe contou o que havia acontecido. Daniel foi ver o rei de imediato e pediu mais tempo para comunicar o significado do sonho. Em seguida, Daniel voltou para casa e contou a seus amigos Hananias, Misael e Azarias o que havia acontecido. Pediu que suplicassem ao Deus dos céus que tivesse misericórdia deles e lhes revelasse o segredo, para que não fossem mortos com os outros sábios da Babilônia. Naquela noite, o segredo foi revelado a Daniel numa visão. Então Daniel louvou o Deus dos céus e disse: “Louvado seja o nome de Deus para todo o sempre, pois a ele pertencem a sabedoria e o poder. Ele muda o curso dos acontecimentos; remove reis de seus tronos e põe outros no lugar. Dá sabedoria aos sábios e conhecimento aos eruditos. Revela coisas profundas e misteriosas e sabe o que está escondido nas trevas, embora ele seja cercado de luz. Eu te agradeço e te louvo, ó Deus de meus antepassados, pois me deste sabedoria e força. Tu me mostraste o que te pedimos; revelaste o que o rei exigiu”. Então Daniel foi falar com Arioque, a quem o rei havia ordenado que executasse os sábios da Babilônia. “Não mate os sábios”, disse. “Leve-me ao rei e eu interpretarei o sonho dele.” Sem demora, Arioque levou Daniel ao rei e disse: “Encontrei um dos exilados de Judá que dirá ao rei o significado do sonho!”. O rei disse a Daniel (também chamado Beltessazar): “Você pode mesmo me dizer qual foi meu sonho e o que ele significa?”. Daniel respondeu: “Não existem sábios, encantadores, magos nem adivinhos capazes de revelar o segredo do rei. Mas há um Deus nos céus que revela segredos, e ele mostrou ao rei Nabucodonosor o que acontecerá no futuro. Agora lhe direi qual foi o sonho e as visões que o rei teve enquanto estava deitado em sua cama. “Enquanto o rei dormia, sonhou com acontecimentos futuros. Aquele que revela segredos lhe mostrou o que acontecerá. E eu sei o segredo de seu sonho não porque sou mais sábio que os outros, mas porque Deus deseja que o rei entenda o que se passava em seu coração. “Em sua visão, ó rei, havia à sua frente uma enorme estátua brilhante, e a aparência dela era assustadora. A cabeça da estátua era feita de ouro puro. O peito e os braços eram de prata, a barriga e os quadris eram de bronze, as pernas eram de ferro, e os pés, uma mistura de ferro e barro cozido. Enquanto o rei observava, uma pedra foi cortada de uma montanha, mas não por mãos humanas. Ela atingiu os pés de ferro e barro e os despedaçou. Toda a estátua se desintegrou em minúsculos pedaços de ferro, barro, bronze, prata e ouro. Então o vento levou tudo, como se fosse palha na eira. Mas a pedra que derrubou a estátua se tornou uma grande montanha que cobriu toda a terra. “Esse foi o sonho. Agora, direi ao rei o que ele significa. Ó rei, o senhor é o maior de todos os reis. O Deus dos céus lhe deu soberania, poder, força e honra. Ele o fez governante de todo o mundo habitado e pôs até os animais selvagens e as aves debaixo de seu controle. O senhor é a cabeça de ouro. “Quando, porém, seu reino chegar ao fim, outro reino, inferior ao seu, se levantará em seu lugar. Depois que esse reino tiver caído, o terceiro reino, representado pelo bronze, se levantará para governar o mundo. Depois dele haverá o quarto reino, forte como o ferro. Esse reino esmagará e despedaçará todos os impérios anteriores, como o ferro esmaga e despedaça tudo que ele atinge. Os pés e os dedos que o rei viu, uma mistura de ferro e barro cozido, mostram que esse reino será dividido. Como ferro misturado com barro, ele terá um tanto da força do ferro. Algumas partes serão fortes como o ferro, mas outras serão fracas como o barro. A mistura de ferro e barro também mostra que esses reinos tentarão se fortalecer ao formar alianças entre si por meio de casamentos. Contudo, não permanecerão unidos, da mesma forma que o ferro não se une ao barro. “Enquanto esses reis estiverem no poder, o Deus dos céus estabelecerá um reino que jamais será destruído ou conquistado. Reduzirá os outros reinos a nada e permanecerá para sempre. Esse é o significado da pedra cortada da montanha, mas não por mãos humanas, que despedaçou a estátua de ferro, bronze, barro, prata e ouro. O grande Deus está mostrando ao rei o que acontecerá no futuro. O sonho é verdadeiro, e seu significado é certo”. Então o rei Nabucodonosor se curvou à frente dele e ordenou que o povo oferecesse sacrifícios e queimasse incenso diante de Daniel. O rei lhe disse: “Verdadeiramente, seu Deus é o maior de todos os deuses, Senhor dos reis e revelador de mistérios, pois você conseguiu revelar esse segredo”. O rei colocou Daniel em um cargo elevado e lhe deu muitos presentes valiosos. Nomeou-o governador de toda a província da Babilônia e chefe de todos os sábios. A pedido de Daniel, nomeou Sadraque, Mesaque e Abede-Nego para cuidarem de todos os negócios da província da Babilônia, enquanto Daniel permaneceu na corte do rei. O rei Nabucodonosor fez uma estátua de ouro de 27 metros de altura e 2,7 metros de largura e a colocou na planície de Dura, na província da Babilônia. Em seguida, enviou mensageiros a todos os altos funcionários, oficiais, governadores, conselheiros, tesoureiros, juízes, magistrados e todas as autoridades das províncias para que viessem à dedicação da estátua que ele havia levantado. Todas essas autoridades vieram e ficaram diante da estátua que o rei Nabucodonosor havia levantado. Então o arauto gritou: “Povos de todas as raças, nações e línguas, ouçam a ordem do rei! Quando ouvirem o som da trombeta, da flauta, da cítara, da lira, da harpa, do pífaro e de outros instrumentos musicais, prostrem-se no chão para adorar a estátua de ouro levantada pelo rei Nabucodonosor. Quem não obedecer será lançado de imediato na fornalha ardente!”. Portanto, ao som dos instrumentos musicais, todos, não importando sua raça, nação ou língua, se prostraram no chão e adoraram a estátua de ouro que o rei Nabucodonosor havia levantado. Alguns dos astrólogos, porém, foram ao rei e denunciaram os judeus. Disseram ao rei Nabucodonosor: “Que o rei viva para sempre! O rei publicou um decreto exigindo que todos se prostrassem e adorassem a imagem de ouro quando ouvissem o som da trombeta, da flauta, da cítara, da lira, da harpa, do pífaro e dos outros instrumentos musicais. De acordo com esse decreto, quem não obedecer será lançado na fornalha ardente. Alguns judeus — Sadraque, Mesaque e Abede-Nego —, que o rei encarregou da província da Babilônia, não lhe dão atenção, ó rei. Recusam-se a servir seus deuses e não adoram a estátua de ouro que o rei levantou”. Então Nabucodonosor se enfureceu e ordenou que lhe trouxessem Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. Quando eles foram conduzidos à presença do rei, ele lhes disse: “Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, é verdade que vocês se recusam a servir meus deuses e a adorar a estátua que levantei? Eu lhes darei mais uma chance de se prostrarem e adorarem a estátua que fiz quando ouvirem o som dos instrumentos musicais. Se, contudo, vocês se recusarem, serão lançados de imediato na fornalha ardente. E então, que deus será capaz de livrá-los de minhas mãos?”. Sadraque, Mesaque e Abede-Nego responderam: “Ó Nabucodonosor, não precisamos nos defender diante do rei. Se formos lançados na fornalha ardente, o Deus a quem servimos pode nos salvar. Sim, ele nos livrará de suas mãos, ó rei. Mas, ainda que ele não nos livre, queremos deixar claro, ó rei, que jamais serviremos seus deuses ou adoraremos a estátua de ouro que o rei levantou”. Nabucodonosor se enfureceu tanto com Sadraque, Mesaque e Abede-Nego que seu rosto ficou desfigurado de raiva. Então ordenou que a fornalha fosse aquecida sete vezes mais que de costume. Deu ordens também para que alguns dos homens mais fortes de seu exército amarrassem Sadraque, Mesaque e Abede-Nego e os lançassem na fornalha ardente. Eles os amarraram e os lançaram na fornalha inteiramente vestidos, com túnicas, turbantes, mantos e outras roupas. E, uma vez que o rei, em sua ira, havia exigido um fogo tão quente na fornalha, as chamas mataram os soldados que jogaram os três lá dentro. Assim, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, amarrados, caíram nas chamas intensas. De repente, porém, o rei Nabucodonosor se levantou espantado e disse a seus conselheiros: “Não foram três os homens que amarramos e lançamos na fornalha?”. “Sim, ó rei”, eles responderam. “Olhem!”, disse Nabucodonosor. “Vejo quatro homens desamarrados andando no meio do fogo sem se queimar! E o quarto homem se parece com um filho de deuses!” Então Nabucodonosor se aproximou o máximo que pôde da porta da fornalha ardente e gritou: “Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, servos do Deus Altíssimo, saiam! Venham aqui!”. E Sadraque, Mesaque e Abede-Nego saíram do meio do fogo. Os altos funcionários, os oficiais, os governadores e os conselheiros se juntaram ao redor deles e viram que o fogo não os havia tocado. Nem um fio de cabelo na cabeça deles estava chamuscado, e suas roupas não estavam queimadas. Nem sequer tinham cheiro de fumaça. Então Nabucodonosor disse: “Louvado seja o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego! Ele enviou seu anjo para livrar seus servos que nele confiaram. Eles desafiaram a ordem do rei e estavam dispostos a morrer em vez de servir ou adorar qualquer outro deus que não fosse seu próprio Deus. Portanto, faço este decreto: Se qualquer pessoa, não importando sua raça, nação ou língua, disser uma palavra contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, ela será despedaçada, e sua casa, transformada num monte de escombros. Não há outro deus capaz de livrar dessa maneira!”. Então o rei promoveu Sadraque, Mesaque e Abede-Nego a cargos ainda mais elevados na província da Babilônia. O rei Nabucodonosor enviou esta mensagem a povos de todas as raças, nações e línguas em todo o mundo: “Paz e prosperidade! Quero que todos saibam dos sinais e das maravilhas que o Deus Altíssimo realizou em meu favor. Como são grandes seus sinais, como são poderosas suas maravilhas! Seu reino durará para sempre, e seu domínio, por todas as gerações. “Eu, Nabucodonosor, vivia em meu palácio, com todo conforto e prosperidade. Certa noite, porém, tive um sonho que me assustou; enquanto estava deitado em minha cama, tive visões que me aterrorizaram. Por isso mandei chamar todos os sábios da Babilônia, para que me dissessem o que meu sonho significava. Quando todos os magos, encantadores, astrólogos e adivinhos vieram, eu lhes contei meu sonho, mas eles não foram capazes de me dizer o que ele significava. Finalmente, Daniel se apresentou diante de mim, e eu lhe contei o sonho. (Ele se chama Beltessazar, em homenagem a meu deus, e o espírito dos santos deuses está nele.) “Disse-lhe: ‘Beltessazar, chefe dos magos, sei que o espírito dos santos deuses está em você e que não há mistério que não possa resolver. Agora, diga-me o que meu sonho significa. “‘Enquanto estava deitado em minha cama, tive este sonho. Vi uma grande árvore no meio da terra. A árvore cresceu e ficou muito alta e forte; chegava até o céu e podia ser vista por todo o mundo. Suas folhas eram verdes e novas, e ela era cheia de frutos para todos comerem. Animais selvagens viviam à sua sombra, e aves faziam ninhos em seus ramos. O mundo todo se alimentava dessa árvore. “‘Então, enquanto eu sonhava, vi um mensageiro, um ser santo, que descia do céu. O mensageiro gritou: ‘Derrubem a árvore e cortem seus ramos! Arranquem suas folhas e espalhem seus frutos! Espantem os animais selvagens de sua sombra e as aves, de seus ramos. Mas deixem na terra o toco, com suas raízes, preso com um anel de ferro e bronze e cercado da relva verde. Que seja molhado pelo orvalho do céu e viva com os animais selvagens, em meio às plantas do campo. Durante sete períodos, terá a mente de um animal selvagem em vez de mente humana. Pois isso foi decretado pelos mensageiros; foi ordenado pelos seres santos, para que todos saibam que o Altíssimo domina sobre os reinos do mundo. Ele os dá a quem quer, até mesmo à pessoa mais humilde”. “‘Beltessazar, esse foi o sonho que eu, o rei Nabucodonosor, tive. Agora, diga-me o que ele significa, pois nenhum dos sábios de meu reino foi capaz de interpretá-lo. Mas você pode fazê-lo, pois o espírito dos santos deuses está em você’.” “Ao ouvir isso, Daniel (também chamado Beltessazar), ficou atônito por algum tempo, atemorizado com o significado do sonho. Então o rei lhe disse: ‘Beltessazar, não se assuste com o sonho, nem com o seu significado’. “Beltessazar respondeu: ‘Meu senhor, gostaria que os acontecimentos prenunciados nesse sonho ocorressem a seus inimigos, e não ao rei! A árvore que o rei viu crescia e ficava alta e forte; chegava até o céu e podia ser vista por todo o mundo. Tinha folhas verdes e novas e era cheia de frutos para todos comerem. Animais selvagens viviam à sua sombra, e aves faziam ninhos em seus ramos. Essa árvore é o próprio rei. Pois o rei cresceu e se tornou forte e grande; sua grandeza chega até o céu, e seu domínio, até os confins da terra. “‘Então o rei viu um mensageiro, um ser santo que descia do céu e que disse: ‘Derrubem a árvore e destruam-na! Mas deixem na terra o toco, com suas raízes, preso com um anel de ferro e bronze e cercado da relva verde. Que seja molhado pelo orvalho do céu e viva com os animais do campo por sete períodos’. “‘Este é o significado do sonho, ó rei, o que o Altíssimo declarou que acontecerá a meu senhor, o rei. O rei será expulso do convívio humano e viverá nos campos, com os animais selvagens. Comerá capim, como os bois, e será molhado pelo orvalho do céu. Viverá desse modo por sete períodos, até entender que o Altíssimo domina sobre os reinos do mundo e os dá a quem ele quer. As raízes e o toco, porém, foram deixados na terra. Isso significa que o senhor receberá seu reino de volta quando tiver aprendido que o céu domina. “‘Ó rei Nabucodonosor, aceite meu conselho. Pare de pecar e faça o que é certo. Deixe seus pecados para trás e tenha compaixão dos pobres. Quem sabe, então, o rei continuará a prosperar’.” “Tudo isso, porém, aconteceu ao rei Nabucodonosor. Doze meses depois, ele caminhava sobre o terraço de seu palácio na Babilônia e disse: ‘Vejam a grande cidade da Babilônia! Com meu próprio poder, construí esta cidade para ser o centro de meu reino e para mostrar o esplendor de minha majestade’. “Enquanto essas palavras ainda estavam em sua boca, veio do céu uma voz e disse: ‘Esta mensagem é para você, rei Nabucodonosor! Você não governa mais sobre este reino. Será expulso do convívio humano. Viverá nos campos com os animais selvagens e comerá capim, como os bois. Viverá desse modo por sete períodos, até que entenda que o Altíssimo domina sobre os reinos do mundo e os dá a quem ele quer’. “Naquela mesma hora, a sentença se cumpriu e Nabucodonosor foi expulso do convívio humano. Passou a comer capim, como os bois, e foi molhado pelo orvalho do céu. Viveu desse modo até seu cabelo crescer como as penas das águias e suas unhas se parecerem com garras de pássaros.” “Passado esse tempo, eu, Nabucodonosor, olhei para o céu. Minha sanidade voltou, louvei e adorei o Altíssimo e honrei aquele que vive para sempre. “Seu domínio é para sempre, seu reino, por todas as gerações. Comparados a ele, os habitantes da terra são como nada. Ele faz o que quer entre os anjos do céu e entre os habitantes da terra. Ninguém pode detê-lo nem lhe dizer: ‘Por que fazes essas coisas?’. “Quando minha sanidade voltou, também recuperei minha honra e a majestade de meu reino. Meus conselheiros e nobres me procuraram e fui restaurado ao meu reino, com muito mais honra que antes. “Agora eu, Nabucodonosor, louvo, glorifico e honro o Rei dos céus. Todos os seus atos são justos e verdadeiros, e ele tem poder para humilhar os orgulhosos”. Muitos anos depois, o rei Belsazar deu um grande banquete para mil de seus nobres e bebeu vinho com eles. Enquanto Belsazar tomava vinho, ordenou que trouxessem as taças de ouro e prata que seu antecessor, Nabucodonosor, havia tirado do templo em Jerusalém. Queria beber nessas taças com seus nobres, suas esposas e suas concubinas. Então trouxeram as taças de ouro do templo, a casa de Deus em Jerusalém, e o rei e seus nobres, suas esposas e concubinas beberam nelas. Enquanto tomavam o vinho, louvavam seus ídolos feitos de ouro, prata, bronze, ferro, madeira e pedra. De repente, viram dedos de mão humana escreverem no reboco da parede do palácio real, perto do candelabro. O próprio rei viu a mão enquanto ela escrevia, e seu rosto ficou pálido de medo. Seus joelhos batiam um contra o outro, e suas pernas vacilavam. Aos gritos, o rei mandou chamar os encantadores, os astrólogos e os adivinhos. Disse aos sábios da Babilônia: “Quem conseguir ler esta inscrição e me disser o que ela significa será vestido com um manto vermelho, e em seu pescoço será colocada uma corrente de ouro. Ele se tornará o terceiro em importância em meu reino!”. Quando todos os sábios do rei chegaram, nenhum deles foi capaz de ler a inscrição nem de dizer o que ela significava. O rei ficou muito assustado, e seu rosto, ainda mais pálido. Seus nobres também ficaram abalados. A rainha-mãe soube do que estava acontecendo ao rei e seus nobres e foi depressa à sala de banquetes. Disse ela a Belsazar: “Que o rei viva para sempre! Não fique tão pálido e assustado. Há em seu reino um homem que tem nele o espírito dos santos deuses. Durante o reinado de Nabucodonosor, esse homem demonstrou percepção, entendimento e sabedoria como a dos deuses. Seu antecessor, o rei Nabucodonosor, o nomeou chefe de todos os magos, encantadores, astrólogos e adivinhos da Babilônia. Esse homem, Daniel, a quem o rei deu o nome de Beltessazar, tem inteligência extraordinária e é cheio de conhecimento e entendimento. É capaz de interpretar sonhos, explicar enigmas e resolver problemas difíceis. Mande chamar Daniel, e ele lhe dirá o que significa a inscrição”. Daniel foi levado à presença do rei, que lhe perguntou: “Você é Daniel, um dos exilados trazidos de Judá por meu antecessor, o rei Nabucodonosor? Soube que o espírito dos deuses está em você, e que é cheio de percepção, entendimento e sabedoria. Meus sábios e encantadores tentaram ler as palavras na parede e me dizer o que significam, mas não conseguiram. Soube que você é capaz de interpretar e resolver problemas difíceis. Se conseguir ler as palavras e disser o que significam, será vestido com um manto vermelho, e em seu pescoço será colocada uma corrente de ouro. Você se tornará o terceiro em importância em meu reino”. Daniel respondeu ao rei: “Guarde seus presentes ou entregue-os a outra pessoa; mas eu lhe direi o que significa a inscrição. Ó rei, o Deus Altíssimo deu soberania, majestade, glória e honra a seu antecessor, Nabucodonosor. Ele o engrandeceu de tal modo que povos de todas as raças, nações e línguas estremeciam de medo diante dele. Matava quem ele queria matar e poupava quem ele queria poupar; honrava quem ele queria honrar e humilhava quem ele queria humilhar. Quando, porém, seu coração e sua mente se encheram de arrogância, ele foi tirado de seu trono e despojado de sua glória. Foi expulso do convívio humano. Sua mente se tornou como a de um animal, e ele viveu entre os jumentos selvagens. Passou a comer capim, como os bois, e foi molhado pelo orvalho do céu, até entender que o Deus Altíssimo domina sobre todos os reinos do mundo e nomeia quem ele quer para governar sobre eles. “Ó Belsazar, o senhor é sucessor dele e sabia de tudo isso, mas mesmo assim não se humilhou. Desafiou o Senhor dos céus e mandou trazer essas taças do templo. O rei, seus nobres, suas esposas e suas concubinas beberam vinho dessas taças enquanto louvavam deuses de prata, ouro, bronze, ferro, madeira e pedra, deuses que não veem, não ouvem, nem sabem coisa alguma. Mas o rei não honrou ao Deus que lhe dá fôlego de vida e controla seu destino. Por isso Deus enviou a mão que escreveu a mensagem. “Esta é a mensagem que foi escrita: Mene, Mene, Tequel e Parsim. E este é o significado das palavras: Mene: Deus contou os dias de seu reinado e determinou seu fim. Tequel: Você foi pesado na balança e não atingiu o peso necessário. Parsim: Seu reino será dividido e entregue aos medos e aos persas”. Então, por ordem de Belsazar, vestiram Daniel com um manto vermelho, colocaram em seu pescoço uma corrente de ouro e o declararam o terceiro em importância no reino. Naquela mesma noite, Belsazar, rei da Babilônia, foi morto. E Dario, o medo, tinha 62 anos quando se apoderou do reino. O rei Dario resolveu dividir o reino em 120 províncias e nomeou um alto funcionário para governar cada uma delas. O rei também escolheu como administradores Daniel e outros dois homens, para que supervisionassem os altos funcionários e protegessem os interesses do rei. Em pouco tempo, Daniel se mostrou mais capaz que todos os outros administradores e altos funcionários. Por causa da grande capacidade de Daniel, o rei planejava colocá-lo à frente de todo o reino. Os outros administradores e altos funcionários começaram a procurar falhas no modo como Daniel conduzia as questões de governo, mas nada encontraram para criticar ou condenar. Ele era leal, sempre responsável e digno de confiança. Por isso, concluíram: “Nossa única chance de encontrar algum motivo para acusar Daniel será em relação às leis de seu Deus”. Então os administradores e os altos funcionários foram até o rei e lhe disseram: “Que o rei Dario viva para sempre! Nós administradores, oficiais, altos funcionários, conselheiros e governadores estamos todos de acordo que o rei deve decretar uma lei a ser cumprida rigorosamente. Dê ordens para que, nos próximos trinta dias, qualquer pessoa que orar a alguém, divino ou humano, exceto ao rei, seja lançada na cova dos leões. Agora, ó rei, decrete e assine essa lei para que não possa ser mudada, como lei oficial dos medos e dos persas, que não pode ser revogada”. E o rei Dario assinou a lei. Quando Daniel soube que a lei tinha sido assinada, foi para casa e, como de costume, ajoelhou-se no quarto no andar de cima, com as janelas abertas na direção de Jerusalém. Orava três vezes por dia e dava graças a seu Deus. Os oficiais foram juntos à casa de Daniel e o encontraram orando e pedindo ajuda a Deus. Então foram diretamente ao rei e o lembraram da lei: “O rei não assinou um decreto ordenando que qualquer um que orasse a alguém, divino ou humano, exceto ao rei, fosse lançado na cova dos leões?”. “Sim”, respondeu o rei. “Essa decisão está em vigor; é uma lei oficial dos medos e dos persas, que não pode ser revogada.” Então disseram ao rei: “Aquele homem, Daniel, um dos exilados de Judá, não dá importância ao rei nem à sua lei. Continua a orar ao Deus dele três vezes por dia”. Quando o rei ouviu isso, ficou muito angustiado e procurou uma forma de salvar Daniel. Passou o resto do dia pensando num modo de livrá-lo dessa situação. À noite, os homens foram juntos ao rei e disseram: “Ó rei, o senhor sabe que, conforme a lei dos medos e dos persas, nenhum decreto que o rei assina pode ser revogado”. Por fim, o rei deu ordens para que Daniel fosse preso e lançado na cova dos leões. O rei lhe disse: “Que seu Deus, a quem você serve fielmente, o livre”. Então trouxeram uma pedra e a colocaram sobre a abertura da cova. O rei selou a pedra com seu anel e com os anéis de seus nobres, para que ninguém pudesse resgatar Daniel. O rei voltou a seu palácio e passou a noite em jejum. Não quis nenhum dos divertimentos habituais e não conseguiu dormir a noite inteira. De manhã bem cedo, levantou-se e foi apressadamente à cova dos leões. Quando chegou lá, gritou angustiado: “Daniel, servo do Deus vivo! O Deus a quem você serve tão fielmente pôde livrá-lo dos leões?”. Daniel respondeu: “Que o rei viva para sempre! Meu Deus enviou seu anjo para fechar a boca dos leões de modo que não me fizessem mal, pois fui considerado inocente aos olhos de Deus. Também não fiz coisa alguma contra o senhor, ó rei”. O rei ficou muito alegre e ordenou que tirassem Daniel da cova. Não havia sequer um arranhão nele, pois havia confiado em seu Deus. Em seguida, o rei ordenou que prendessem os homens que haviam acusado Daniel. Ordenou que fossem lançados na cova dos leões junto com suas esposas e seus filhos. Os leões os atacaram e os despedaçaram antes que chegassem ao fundo da cova. Então o rei Dario enviou esta mensagem a povos de todas as raças, nações e línguas em todo o mundo: “Paz e prosperidade! “Decreto que todos em meu reino devem tremer de medo diante do Deus de Daniel. Pois ele é o Deus vivo e permanecerá para sempre. Seu reino jamais será destruído, e seu domínio não terá fim. Ele livra e salva seu povo; realiza sinais e maravilhas nos céus e na terra. Foi ele que livrou Daniel do poder dos leões”. Assim, Daniel prosperou durante o reinado de Dario e durante o reinado de Ciro, o persa. Anteriormente, durante o primeiro ano do reinado de Belsazar, rei da Babilônia, Daniel teve um sonho e visões enquanto estava deitado em sua cama. Escreveu o que havia sonhado e foi isto que viu. Naquela noite em minha visão, eu, Daniel, vi uma tempestade que agitava o grande mar, com ventos fortes que sopravam de todas as direções. Então, saíram da água quatro bestas enormes, cada uma diferente das demais. A primeira besta era como um leão com asas de águia. Enquanto eu observava, suas asas foram arrancadas e ela ficou em pé no chão, sobre as duas patas traseiras, como um ser humano. E lhe foi dada mente humana. Vi, então, a segunda besta, e ela se parecia com um urso. Levantou-se sobre um dos lados e tinha na boca, entre os dentes, três costelas. E lhe foi dito: “Levante-se! Devore a carne de muitos!”. Em seguida, surgiu a terceira dessas bestas, que se parecia com um leopardo. Tinha quatro asas de ave nas costas e quatro cabeças. E lhe foi dada grande autoridade. Então, em minha visão naquela noite, vi uma quarta besta, terrível, assustadora e muito forte. Devorava e despedaçava suas vítimas com grandes dentes de ferro e esmagava os restos debaixo de seus pés. Era diferente das outras três e tinha dez chifres. Enquanto eu olhava para os chifres, de repente apareceu no meio deles outro chifre pequeno. Três dos chifres maiores foram arrancados pela raiz para dar lugar a ele. Esse chifre pequeno tinha olhos, como de homem, e uma boca que falava com arrogância. Enquanto eu observava, foram colocados alguns tronos, e o Ancião se sentou para julgar. Suas roupas eram brancas como a neve, e seu cabelo, como a mais pura lã. Sentava-se num trono de fogo, com rodas de chamas ardentes, e um rio de fogo brotava de sua presença. Milhões de anjos o serviam, muitos milhões estavam diante dele. O tribunal iniciou o julgamento, e os livros foram abertos. Continuei a observar, pois podia ouvir as palavras arrogantes do pequeno chifre. Fiquei olhando até que a quarta besta foi morta e seu corpo, destruído e lançado ao fogo. Então foi tirada a autoridade das outras três bestas, mas elas tiveram permissão de viver por mais algum tempo. Depois, em minha visão naquela noite, vi alguém semelhante a um filho de homem vindo com as nuvens do céu. Ele se aproximou do Ancião e foi conduzido à sua presença. Recebeu autoridade, honra e soberania, para que povos de todas as raças, nações e línguas lhe obedecessem. Seu domínio é eterno; não terá fim. Seu reino jamais será destruído. Eu, Daniel, fiquei perturbado com tudo que tinha visto, e minhas visões me aterrorizaram. Por isso aproximei-me de um dos que estavam em pé junto ao trono e perguntei o que tudo aquilo significava. Ele explicou: “Essas quatro grandes bestas representam quatro reinos que surgirão da terra. No final, porém, o reino será entregue ao povo santo do Altíssimo, e eles dominarão para todo o sempre”. Então eu quis saber o verdadeiro signifi-cado da quarta besta, tão diferente das demais e tão aterrorizante. Ela havia devorado e despedaçado suas vítimas com dentes de ferro e garras de bronze e esmagado os restos com os pés. Também quis saber sobre os dez chifres em sua cabeça e o pequeno chifre que surgiu depois e derrubou três dos outros chifres. Esse chifre parecia mais forte que os demais e tinha olhos humanos e uma boca que falava com arrogância. Enquanto eu observava, esse chifre guerreava contra o povo santo de Deus e o derrotava, até que o Ancião, o Altíssimo, veio e pronunciou a sentença em favor de seu povo santo. Então chegou o tempo de o povo santo tomar posse do reino. Depois ele me disse: “A quarta besta é o quarto reino que dominará a terra, e será diferente de todos os outros. Devorará o mundo inteiro, pisoteará e esmagará tudo que estiver em seu caminho. Seus dez chifres são dez reis que governarão esse império. Então surgirá outro rei, diferente dos dez, que subjugará três reis. Ele desafiará o Altíssimo e oprimirá o povo santo do Altíssimo. Tentará mudar suas festas sagradas e suas leis, e eles serão colocados sob o controle dele por um tempo, tempos, e meio tempo. “Contudo, o tribunal o julgará, e todo o seu poder será tirado e completamente destruído. Então serão dados ao povo santo do Altíssimo a soberania, o poder e a grandeza de todos os reinos debaixo dos céus. O reino do Altíssimo permanecerá para sempre, e todos os governantes o servirão e lhe obedecerão”. Assim terminou a visão. Eu, Daniel, fiquei aterrorizado por causa de meus pensamentos e meu rosto ficou pálido de medo, mas não contei essas coisas a ninguém. Durante o terceiro ano do reinado de Belsazar, eu, Daniel, tive outra visão, depois da primeira. Nessa visão eu estava na fortaleza de Susã, na província de Elão, em pé junto ao rio Ulai. Quando levantei os olhos, vi um carneiro com dois chifres compridos, em pé junto ao rio. Um dos chifres era mais comprido que o outro, embora tivesse crescido depois do outro. O carneiro dava chifradas em tudo em seu caminho para o oeste, para o norte e para o sul, e ninguém conseguia detê-lo nem ajudar suas vítimas. Ele fazia o que queria e se tornou muito poderoso. Enquanto eu observava, de repente um bode surgiu do oeste e atravessou a terra com tanta rapidez que nem sequer tocou o chão. Esse bode, que tinha um chifre enorme entre os olhos, foi na direção do carneiro de dois chifres que eu tinha visto em pé junto ao rio, e avançou sobre ele cheio de fúria. O bode atacou o carneiro furiosamente e o atingiu com um golpe que quebrou seus dois chifres. O carneiro ficou sem forças para resistir, e o bode o derrubou e o pisoteou. Ninguém foi capaz de livrar o carneiro do poder do bode. O bode se tornou muito poderoso, mas, no auge de seu poder, seu grande chifre foi quebrado. No lugar dele nasceram quatro chifres proeminentes, que apontavam para as quatro direções da terra. Então, de um dos chifres proeminentes surgiu um pequeno chifre, cujo poder se tornou muito grande. Estendeu-se para o sul e para o leste e em direção à terra gloriosa. Seu poder chegou aos céus, onde atacou o exército celestial, lançou à terra alguns do exército e algumas das estrelas e os pisoteou. Chegou a desafiar o Comandante do exército celestial ao suspender os sacrifícios diários oferecidos a ele e destruir seu templo. Ao exército celestial não foi permitido reagir a essa rebelião. Portanto, o sacrifício diário foi interrompido, e a verdade, derrotada. O chifre teve êxito em tudo que fez. Então ouvi dois seres santos conversando entre si. Um deles perguntou: “Quanto tempo durarão os acontecimentos dessa visão? Até quando a rebelião que causa profanação impedirá os sacrifícios diários? Até quando o templo e o exército celestial serão pisoteados?”. O outro respondeu: “Levará 2.300 tardes e manhãs; então o templo será restaurado”. Enquanto eu, Daniel, tentava entender o significado dessa visão, alguém que parecia um homem parou diante de mim. E ouvi uma voz humana vinda do rio Ulai gritar: “Gabriel, explique a este homem o significado da visão!”. Quando Gabriel se aproximou de onde eu estava, fiquei tão aterrorizado que me prostrei com o rosto no chão. Ele disse: “Filho de homem, você precisa entender que os acontecimentos da visão se referem ao tempo do fim”. Enquanto ele falava, desmaiei e caí com o rosto no chão. Gabriel me despertou com um toque e me ajudou a ficar em pé. Então ele disse: “Estou aqui para lhe contar o que acontecerá depois, no tempo da ira, pois aquilo que você viu se refere ao fim dos tempos. O carneiro com dois chifres representa os reis da Média e da Pérsia. O bode peludo representa o rei da Grécia, e o grande chifre entre os olhos dele representa o primeiro rei do império grego. Os quatro chifres proeminentes que apareceram no lugar do chifre grande mostram que o império grego se dividirá em quatro reinos, mas nenhum deles será tão grande quanto o primeiro. “No final de seu reinado, quando o pecado estiver no auge, subirá ao poder um rei feroz, mestre de intrigas. Ele se tornará muito forte, mas não por seu próprio poder. Causará terrível destruição e terá êxito em tudo que fizer. Destruirá líderes poderosos e devastará o povo santo. Será um mestre do engano e se tornará arrogante; destruirá muitos sem aviso. Chegará a enfrentar na batalha o Príncipe dos príncipes, mas será quebrado, embora não por força humana. “Essa visão das 2.300 tardes e manhãs é verdadeira. Guarde, porém, a visão em segredo, pois esses acontecimentos só ocorrerão depois de muito tempo”. Então eu, Daniel, fiquei abatido e doente por vários dias. Depois, levantei-me e voltei a tratar dos negócios do rei, mas a visão me deixou muito perturbado e não consegui entendê-la. Era o primeiro ano do reinado de Dario, o medo, filho de Assuero, que se tornou rei dos babilônios. Nesse primeiro ano, eu, Daniel, ao estudar a palavra do S enhor revelada ao profeta Jeremias, compreendi que Jerusalém devia permanecer desolada por setenta anos. Então me voltei para o Senhor Deus e supliquei a ele com oração e jejum. Também vesti pano de saco e coloquei cinzas sobre a cabeça. Orei ao S enhor, meu Deus, e confessei: “Ó Senhor, és Deus grande e temível! Tu guardas tua aliança de amor leal para com os que te amam e obedecem a teus mandamentos. Contudo, nós pecamos e fizemos o mal. Fomos rebeldes contra ti e desprezamos teus mandamentos e estatutos. Não demos ouvidos a teus servos, os profetas, que falaram em teu nome a nossos reis, príncipes, antepassados e a todo o povo da terra. “Senhor, tu és justo; mas, como vês, nosso rosto está coberto de vergonha. Todos estamos envergonhados, incluindo os habitantes de Judá e de Jerusalém e todo o Israel, espalhados em lugares próximos e distantes, para onde tu nos enviaste por causa de nossa deslealdade contigo. Ó S enhor, nós, nossos reis, príncipes e antepassados estamos cobertos de vergonha porque pecamos contra ti. Mas o Senhor, nosso Deus, é misericordioso e perdoador, embora tenhamos nos rebelado contra ele. Não obedecemos ao S enhor, nosso Deus, pois não seguimos as leis que ele nos deu por meio de seus servos, os profetas. Todo o Israel desobedeceu às tuas leis, desviou-se e não quis ouvir tua voz. “Por isso, agora as maldições solenes e os juízos escritos na lei de Moisés, servo de Deus, foram derramados sobre nós por causa de nosso pecado. Tu cumpriste tua palavra e fizeste conosco e com nossos governantes exatamente como havias advertido. Nunca houve calamidade tão terrível quanto a que aconteceu em Jerusalém. Todas as maldições escritas contra nós na lei de Moisés se cumpriram. E, no entanto, não quisemos buscar a misericórdia do S enhor, nosso Deus, não nos afastamos de nossos pecados nem reconhecemos sua verdade. Portanto, o S enhor trouxe sobre nós a calamidade que havia preparado. O S enhor, nosso Deus, foi justo em fazer todas essas coisas, pois não lhe obedecemos. “Ó Senhor, nosso Deus, tu trouxeste honra duradoura para teu nome ao resgatar teu povo do Egito com grande demonstração de poder. Mas nós pecamos e estamos cheios de maldade. De acordo com toda a tua justiça, Senhor, desvia tua ira furiosa de Jerusalém, tua cidade e teu santo monte. Como resultado de nossos pecados e dos pecados de nossos antepassados, todas as nações vizinhas zombam de Jerusalém e de teu povo. “Ó nosso Deus, ouve a oração de teu servo; ouve minha súplica. Por causa de ti mesmo, Senhor, volta a olhar com bondade para teu santuário desolado. “Ó meu Deus, inclina-te e ouve-me; abre teus olhos e vê nossa desolação. Vê como nossa cidade, a cidade que leva teu nome, está em ruínas. Fazemos esta súplica não porque merecemos, mas por causa de tua misericórdia. “Ó Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e age! Por causa de ti mesmo, não te demores, ó meu Deus, pois teu povo e tua cidade carregam teu nome”. Continuei a orar e a confessar meu pecado e o pecado de meu povo, Israel, suplicando ao S enhor, meu Deus, por Jerusalém, seu santo monte. Enquanto eu orava, Gabriel, que eu tinha visto na visão anterior, veio a mim depressa, na hora do sacrifício da tarde. Ele explicou: “Daniel, vim lhe dar percepção e entendimento. Assim que você começou a orar, foi dada uma ordem, e agora estou aqui para lhe dizer qual foi essa ordem, pois você é muito precioso para Deus. Ouça com atenção para entender o significado de sua visão. “Um período de setenta semanas de sete foi decretado ao seu povo e à sua cidade santa para dar fim à rebelião, acabar com o pecado, fazer expiação por sua culpa, trazer justiça eterna, confirmar a visão profética e ungir o lugar santíssimo. Agora ouça e entenda! Passarão sete semanas, mais 62 semanas desde que for dada a ordem para reconstruir Jerusalém até a chegada do governante, o Ungido. Apesar dos tempos difíceis, Jerusalém será reconstruída com ruas e fortes defesas. “Depois desse período de 62 semanas de sete, o Ungido será morto, e nada dele restará. Surgirá um governante cujos exércitos destruirão a cidade e o templo. O fim chegará com uma inundação, e a guerra e seus sofrimentos estão decretados desde esse tempo até o fim. O governante fará um tratado com muitos por um período de uma semana, mas depois de metade desse tempo ele acabará com os sacrifícios e com as ofertas. E, numa parte do templo, ele colocará uma terrível profanação, até que o destino declarado para esse profanador seja finalmente derramado sobre ele”. No terceiro ano do reinado de Ciro, rei da Pérsia, Daniel (também chamado Beltessazar) teve outra visão. Ele entendeu que essa visão era verdadeira e se referia a certos acontecimentos que ocorreriam no futuro, tempos de guerra e de grande dificuldade. Eu, Daniel, recebi essa visão depois de passar três semanas de luto. Durante todo esse tempo, não havia comido nada saboroso. Não tinha provado nenhuma carne e nenhum vinho e não tinha usado nenhuma loção perfumada até passarem as três semanas. Em 23 de abril daquele ano, estava em pé próximo ao grande rio Tigre. Levantei os olhos e vi um homem vestido com roupas de linho e um cinto de ouro puro. Seu corpo era semelhante a uma pedra preciosa. Seu rosto faiscava como relâmpago, e seus olhos eram como tochas acesas. Seus braços e seus pés brilhavam como bronze polido, e sua voz era como o som de uma grande multidão. Somente eu, Daniel, tive essa visão. Os homens que estavam comigo não viram coisa alguma. De repente, porém, eles se encheram de terror e correram para se esconder. Assim, fiquei ali sozinho e tive essa visão extraordinária. Perdi as forças, fiquei muito pálido e quase desfaleci. Então ouvi o homem falar e, ao som de sua voz, perdi os sentidos e fiquei ali estendido, com o rosto no chão. Nesse instante, a mão de alguém me tocou e me pôs, ainda trêmulo, sobre minhas mãos e meus joelhos. E o homem me disse: “Daniel, você é muito precioso para Deus; por isso, ouça com atenção o que tenho a lhe dizer. Levante-se, pois fui enviado a você”. Quando ele me disse isso, me levantei, ainda tremendo. Em seguida, ele disse: “Não tenha medo, Daniel. Pois, desde o primeiro dia em que você começou a orar por entendimento e a se humilhar diante de seu Deus, seu pedido foi ouvido. Eu vim em resposta à sua oração. Por 21 dias, porém, o príncipe do reino da Pérsia me impediu. Então Miguel, um dos príncipes mais importantes, veio me ajudar, e eu o deixei ali com os reis da Pérsia. Agora estou aqui para explicar o que acontecerá com seu povo no futuro, pois essa visão se refere a um tempo que ainda está por vir”. Enquanto ele falava comigo, eu olhava para o chão, sem conseguir dizer uma única palavra. Então aquele que se parecia com um homem tocou meus lábios, e eu abri a boca e comecei a falar. Disse àquele que estava diante de mim: “Meu senhor, estou angustiado por causa da visão que tive, e me sinto muito fraco. Como é possível alguém como eu, seu servo, falar com meu senhor? Minhas forças se foram, e mal consigo respirar”. Então aquele que se parecia com um homem tocou em mim novamente, e senti minhas forças voltarem. “Não tenha medo”, ele disse, “pois você é muito precioso para Deus. Que a paz esteja com você! Tenha ânimo! Seja forte!” Enquanto ele falava, logo me senti mais forte e disse: “Fale, meu senhor, pois me fortaleceu”. Então ele disse: “Você sabe por que eu vim? Em breve terei de voltar para lutar com o príncipe do reino da Pérsia e, depois disso, virá o príncipe do reino da Grécia. Mas agora lhe direi o que está escrito no Livro da Verdade. (Ninguém me ajuda na luta contra esses príncipes, exceto Miguel, o príncipe de vocês. Tenho acompanhado Miguel para apoiá-lo e fortalecê-lo desde o primeiro ano do reinado de Dario, o medo.) “Agora, portanto, eu lhe revelarei a verdade. Outros três reis persas reinarão e serão sucedidos pelo quarto rei, muito mais rico que os outros. Ele usará sua riqueza para instigar todos a lutarem contra o reino da Grécia. “Então surgirá um rei poderoso, que governará com grande autoridade e realizará tudo que desejar fazer. Mas, no auge de seu poder, seu reino será quebrado e dividido em quatro partes. Não será governado pelos descendentes do rei e o reino não terá a mesma autoridade de antes, pois seu império será arrancado fora e entregue a outros. “O rei do sul se tornará poderoso, mas um de seus oficiais se tornará ainda mais poderoso e governará seu reino com grande força. “Alguns anos depois, será formada uma aliança entre o rei do norte e o rei do sul. A filha do rei do sul se casará com o rei do norte para garantir a aliança, mas tanto ela como seu pai perderão a influência sobre ele. Ela será abandonada, junto com aqueles que a apoiam. Mas, quando um de seus parentes se tornar o rei do sul, ele reunirá um exército, entrará na fortaleza do rei do norte e o derrotará. Quando ele voltar ao Egito, levará os ídolos deles, e também objetos valiosos de ouro e prata. Por alguns anos, deixará o rei do norte em paz. “Mais tarde, o rei do norte invadirá o reino do sul, mas logo voltará para sua terra. Os filhos do rei do norte, porém, reunirão um exército poderoso que avançará como uma inundação e levará a batalha até a fortaleza do inimigo. “Enfurecido, o rei do sul sairá para lutar contra o grande exército reunido pelo rei do norte e o derrotará. Depois que o exército inimigo for vencido, o rei do sul se tornará orgulhoso e executará muitos milhares de inimigos; sua vitória, porém, não durará muito tempo. “Alguns anos depois, o rei do norte voltará com um exército bem equipado, muito maior que antes. Nessa ocasião, haverá uma rebelião geral contra o rei do sul. Homens violentos de seu povo, Daniel, se juntarão a eles em cumprimento desta visão, mas serão derrotados. Então o rei do norte virá e cercará uma cidade fortificada e a conquistará. Nem as melhores tropas do sul conseguirão resistir a esse ataque. “O rei do norte continuará a avançar sem oposição; ninguém será capaz de resistir-lhe. Ele se deterá na terra gloriosa, decidido a destruí-la. Fará planos de vir com a força de todo o seu reino e formará uma aliança com o rei do sul. Dará sua filha em casamento a fim de derrubar o reino, mas seu plano falhará. “Depois disso, voltará sua atenção para o litoral e conquistará muitas cidades. No entanto, um comandante de outra terra acabará com sua insolência e o fará retirar-se, envergonhado. Ele se refugiará em sua própria fortaleza, mas tropeçará e nunca mais será visto. “Seu sucessor enviará um cobrador de impostos para manter o esplendor real. Depois de um breve reinado, porém, ele morrerá, mas não como resultado de ira nem na batalha. “O próximo a subir ao poder será um homem desprezível, que não faz parte da linhagem real. Ele se infiltrará quando menos se espera e assumirá o controle do reino por meio de intrigas. Diante dele, grandes exércitos serão arrasados, incluindo um príncipe da aliança. Com promessas enganosas, fará várias alianças. Apesar de ter apenas um punhado de seguidores, ele se tornará forte. Sem aviso, entrará nas regiões mais ricas da terra e distribuirá entre seus seguidores o despojo e os bens dos ricos, coisa que seus antecessores nunca fizeram. Fará planos para conquistar fortalezas, mas isso durará pouco tempo. “Então juntará coragem e reunirá um grande exército contra o rei do sul. Este sairá para a batalha, mas de nada adiantará, pois haverá conspirações contra ele. Sua derrota será causada por gente de sua própria confiança. Seu exército será arrasado, e muitos serão mortos. Decididos a fazer o mal, esses reis tentarão enganar um ao outro enquanto estiverem à mesa de negociações; mas isso não fará diferença alguma, pois o fim chegará no tempo determinado. “O rei do norte voltará para casa com muitas riquezas. No caminho, ele se colocará contra o povo da santa aliança e fará grandes estragos antes de seguir viagem. “Então, no tempo determinado, ele voltará a invadir o sul, mas dessa vez o resultado será diferente. Ele se assustará com os navios de guerra do litoral oeste e voltará para casa. Então descarregará sua ira sobre o povo da santa aliança e recompensará os que abandonarem a aliança. “Seu exército tomará a fortaleza do templo, contaminará o santuário, acabará com os sacrifícios diários e colocará ali uma terrível profanação. Ele usará de adulação e conquistará os que violaram a aliança; mas aqueles que conhecem seu Deus serão fortes e resistirão. “Líderes sábios instruirão a muitos, mas esses mestres morrerão pela espada e pelo fogo, ou serão capturados e saqueados. Durante essas perseguições, receberão pouca ajuda, e muitos que se juntarem a eles não serão sinceros. Alguns dos sábios serão vítimas de perseguição e, desse modo, serão refinados, purificados e limpos até o tempo do fim, pois o tempo determinado ainda está por vir. “O rei fará o que bem entender, se exaltará, afirmará ser maior que todos os deuses e chegará a blasfemar contra o Deus dos deuses. Terá êxito, mas apenas até que se complete o tempo da ira; pois aquilo que foi determinado certamente acontecerá. Ele não respeitará os deuses de seus antepassados, nem o deus preferido das mulheres, nem deus algum, pois dirá que é maior que todos eles. Em lugar deles, adorará o deus da fortaleza, um deus que seus antepassados não conheceram, e lhe dará honras com ouro, prata, pedras preciosas e presentes caros. Dizendo contar com a ajuda desse deus estrangeiro, atacará as fortalezas mais poderosas. Honrará os que se sujeitarem a ele, os nomeará para cargos de autoridade e dividirá a terra entre eles como recompensa. “Então, no tempo do fim, o rei do sul lutará contra o rei do norte. O rei do norte atacará com carros de guerra e seus condutores e com muitos navios. Invadirá várias terras e as arrasará como uma inundação. Entrará na terra gloriosa e muitas nações cairão, mas Moabe, Edom e a maior parte de Amom escaparão. Ele conquistará muitos países, e nem mesmo o Egito escapará. Tomará para si o ouro, a prata e os tesouros do Egito, e os líbios e os etíopes serão seus servos. “Mas, então, chegarão notícias do leste e do norte que o deixarão alarmado, e ele partirá enfurecido para destruir e aniquilar muitos. Armará suas tendas entre o monte santo e glorioso e o mar. Enquanto estiver lá, porém, chegará a seu fim, e ninguém o ajudará.” “Nessa época, Miguel, o grande príncipe que guarda seu povo, se levantará. Haverá um tempo de angústia como nunca houve desde que as nações vieram a existir. Nesse tempo, porém, todos de seu povo que tiverem o nome escrito no livro serão salvos. Muitos dos que estão mortos e enterrados ressuscitarão, alguns para a vida eterna e outros para a vergonha e a desonra eterna. Os sábios brilharão intensamente como o esplendor do céu, e os que conduzem muitos à justiça resplandecerão como estrelas, para sempre. Mas você, Daniel, mantenha esta profecia em segredo; sele o livro até o tempo do fim, quando muitos correrão de um lado para o outro e o conhecimento aumentará”. Então eu, Daniel, olhei e vi dois outros em pé em margens opostas do rio. Um deles perguntou ao homem vestido de linho, que agora estava sobre o rio: “Quanto tempo passará até que terminem esses acontecimentos espantosos?”. O homem vestido de linho, que estava sobre o rio, levantou as duas mãos em direção ao céu, pronunciou um juramento solene àquele que vive para sempre e disse: “Passará um tempo, tempos e meio tempo. Quando o povo santo finalmente for quebrado, todas essas coisas se cumprirão”. Ouvi o que ele disse, mas não entendi o significado. Por isso, perguntei: “Meu senhor, como estas coisas terminarão?”. Ele respondeu: “Agora vá, Daniel, pois aquilo que eu disse será mantido em segredo e selado até o tempo do fim. Muitos serão purificados, limpos e refinados por essas provações. Os perversos, porém, continuarão em sua perversidade, e nenhum deles entenderá. Somente os sábios compreenderão seu significado. “A partir do momento em que o sacrifício diário for suspenso e a terrível profanação for colocada ali, haverá 1.290 dias. Feliz aquele que esperar e permanecer até o fim dos 1.335 dias! “Quanto a você, siga seu caminho até o fim. Você descansará e, no final dos dias, se levantará para receber sua herança”. O S enhor revelou esta mensagem a Oseias, filho de Beeri, durante os anos em que Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias eram reis de Judá, e Jeroboão, filho de Jeoás, era rei de Israel. Quando o S enhor começou a falar a Israel por meio de Oseias, disse-lhe: “Vá e case-se com uma prostituta, para que os filhos dela sejam concebidos em prostituição. Isso mostrará como Israel agiu como prostituta ao afastar-se do S enhor ”. Então Oseias se casou com Gômer, filha de Diblaim. Ela ficou grávida e deu um filho a Oseias. E o S enhor disse: “Dê à criança o nome de Jezreel, ‘Deus semeia’, pois estou prestes a castigar a dinastia do rei Jeú para vingar os homicídios que ele cometeu em Jezreel. Sim, acabarei com o reino de Israel. Nesse dia, destruirei seu poder militar no vale de Jezreel”. Pouco tempo depois, Gômer engravidou novamente e deu à luz uma filha. O S enhor disse a Oseias: “Dê à sua filha o nome de Lo-Ruama, ‘Não Amada’, pois não mostrarei mais amor ao povo de Israel, nem lhe perdoarei. Contudo, mostrarei amor ao povo de Judá. Eu, o S enhor, seu Deus, os livrarei de seus inimigos, não com armas e exércitos, nem com cavalos e carros de guerra, mas por meu poder”. Depois de Gômer ter desmamado Lo-Ruama, ficou grávida mais uma vez e deu à luz outro filho. E o S enhor disse: “Dê-lhe o nome de Lo-Ami, ‘Não Meu Povo’, pois Israel não é meu povo, e eu não sou seu Deus. “Virá o tempo, porém, em que o povo de Israel se tornará como a areia à beira do mar, que não se pode contar. Então, no lugar onde lhes foi dito: ‘Vocês não são meu povo’, se dirá: ‘Vocês são filhos do Deus vivo’. Nesse tempo, o povo de Judá e o povo de Israel se unirão. Escolherão para si um só líder e voltarão juntos do exílio. Que grande dia será o dia em que Deus semear seu povo novamente em sua terra! “Nesse dia, vocês chamarão seus irmãos de Ami, ‘Meu Povo’, e chamarão suas irmãs de Ruama, ‘Minhas Amadas’.” “Apresentem acusações contra sua mãe, pois ela já não é minha esposa, e eu já não sou seu marido. Digam-lhe que remova do rosto a maquiagem de prostituta e que tire as roupas que deixam os seios à mostra. Do contrário, eu a deixarei nua, como no dia em que nasceu. Permitirei que morra de sede, como numa terra seca e desolada. E não amarei seus filhos, pois foram concebidos em prostituição. Sua mãe é uma prostituta indecente que engravidou de forma vergonhosa. Disse: ‘Irei atrás de outros amantes e me venderei a eles em troca de comida e água, em troca de roupas de lã e de linho, em troca de azeite e bebidas’. “Por isso a cercarei com espinheiros; levantarei um muro à frente dela para fazê-la se perder em seu caminho. Quando correr atrás de seus amantes, não os alcançará. Procurará por eles, mas não os encontrará. Então pensará: ‘Voltarei para meu marido, pois com ele estava melhor que agora’. Ela não entende que tudo que tem foi dado por mim: o trigo, o vinho novo, o azeite. Dei-lhe até mesmo prata e ouro, mas ela ofereceu meus presentes a Baal. “Agora, porém, tomarei de volta o trigo e o vinho que lhe providenciei a cada colheita. Tomarei as roupas de lã e de linho que lhe dei para cobrir sua nudez. Eu a deixarei nua em público, à vista de todos os seus amantes. Ninguém será capaz de livrá-la de minhas mãos. Acabarei com suas celebrações, com suas festas de lua nova e seus sábados, com todos os seus feriados. Destruirei suas videiras e figueiras, que ela diz ter recebido de seus amantes. Farei que se tornem densos matagais, onde animais selvagens comerão os frutos. Eu a castigarei por todas as vezes que queimou incenso a suas imagens de Baal, que colocou brincos e joias e saiu atrás de seus amantes, mas se esqueceu de mim”, diz o S enhor. “Contudo, eu a conquistarei de volta; ao deserto a levarei e lhe falarei com carinho. Devolverei suas videiras e transformarei o vale de Acor numa porta de esperança. Ela se entregará a mim, como fez há muito tempo, quando era jovem, quando eu a libertei da escravidão no Egito. Nesse dia”, diz o S enhor, “você me chamará de ‘meu marido’, e não de ‘meu senhor’. Limparei de seus lábios os nomes de Baal, e você nunca mais os pronunciará. Nesse dia, farei uma aliança com todos os animais selvagens, com as aves do céu e com todos os animais que rastejam pelo chão, para que não lhe façam mal. Removerei da terra todas as armas de guerra, as espadas e os arcos, para que você viva em paz e segurança. Eu me casarei com você para sempre, e lhe mostrarei retidão e justiça, amor e compaixão. Serei fiel a você e a tornarei minha, e você conhecerá a mim, o S enhor. “Naquele dia, eu responderei”, diz o S enhor. “Responderei aos céus, e os céus responderão à terra. A terra responderá aos clamores do trigo, das videiras e das oliveiras. E eles, por sua vez, responderão: ‘Deus semeia!’. Então semearei uma safra de israelitas e os farei crescer para mim mesmo. Mostrarei amor por aquela que chamei ‘Não Amada’. E àqueles que chamei ‘Não Meu Povo’, direi: ‘Agora vocês são meu povo’. E eles responderão: ‘Tu és nosso Deus!’”. Então o S enhor me disse: “Vá e ame sua esposa outra vez, embora ela cometa adultério com um amante. Isso mostrará que o S enhor ainda ama Israel, ainda que o povo tenha se voltado para outros deuses e sinta prazer em lhes trazer ofertas”. Assim, eu a comprei de volta por quinze peças de prata, um barril grande de cevada e um odre de vinho. Então eu lhe disse: “Você viverá em minha casa por muitos dias e deixará de se prostituir. Durante esse tempo, não terá relações sexuais com ninguém, e eu também esperarei por você”. Isso mostra que Israel ficará um longo tempo sem rei nem príncipe, sem sacrifícios nem colunas sagradas, sem sacerdotes nem ídolos. Depois disso, porém, o povo retornará e buscará o S enhor, seu Deus, e o descendente de Davi, seu rei. Naquele tempo, tremerão em reverência ao S enhor e à sua bondade. Ó israelitas, ouçam a palavra do S enhor! O S enhor apresentou acusações contra vocês: “Não há fidelidade, nem bondade, nem conhecimento de Deus em sua terra. Vocês fazem votos e não os cumprem; matam, roubam e cometem adultério. Há violência em toda parte, um homicídio atrás do outro. Por isso sua terra está de luto, e todos desfalecem. Até os animais selvagens, as aves do céu e os peixes do mar estão desaparecendo. “Não apontem o dedo para outra pessoa, não tentem escapar da culpa! Minha queixa é contra vocês, sacerdotes! Vocês tropeçarão em plena luz do dia, e seus profetas cairão com vocês durante a noite; e eu destruirei Israel, sua mãe. Meu povo está sendo destruído porque não me conhece. Porque vocês, sacerdotes, não querem me conhecer, eu não os reconhecerei como meus sacerdotes. Porque se esqueceram da lei de seu Deus, eu me esquecerei de seus filhos. Quanto maior o número de sacerdotes, mais eles pecam contra mim. Trocaram a glória de Deus pela vergonha de ídolos. “Quando o povo traz suas ofertas pelo pecado, os sacerdotes se alimentam. Por isso, eles se alegram quando o povo peca! E, assim como são os sacerdotes, assim é o povo. Por isso, a ambos castigarei por seus atos perversos. Eles comerão, mas ainda sentirão fome; eles se prostituirão, mas nada receberão, pois abandonaram o S enhor para cometer adultério com outros deuses. “O vinho tirou o entendimento de meu povo. Pedem conselho a pedaços de madeira, pensam que uma vara lhes dirá o futuro. Seu desejo de ir atrás de ídolos os tornou insensatos. Prostituíram-se cometendo adultério com outros deuses e abandonando seu Deus. Oferecem sacrifícios a ídolos no alto dos montes; sobem as colinas para queimar incenso à sombra agradável de carvalhos, álamos e terebintos. “Por isso suas filhas se voltam para a prostituição, e suas noras cometem adultério. Mas por que eu as castigaria por sua prostituição e adultério? Pois seus homens fazem a mesma coisa, pecando com prostitutas de rua e dos santuários. Ó povo sem entendimento, você segue rumo à destruição! “Embora você, Israel, se prostitua, que Judá não seja culpado dessas coisas. Não participe da falsa adoração em Gilgal nem em Bete-Áven, não faça juramentos ali em nome do S enhor. A nação de Israel é rebelde como uma bezerra teimosa. Acaso o S enhor deve alimentá-la como um cordeiro em pastos verdes? Deixe Israel de lado, pois se apegou à idolatria. Quando os governantes de Israel terminam de beber, saem à procura de prostitutas; amam a vergonha mais que a honra. Por isso, um forte vento os levará para longe; seus sacrifícios idólatras os envergonharão.” “Ouçam isto, sacerdotes! Prestem atenção, líderes de Israel! Escutem, membros da família real; foi pronunciada a sentença contra vocês, pois conduziram meu povo a uma armadilha, em Mispá e em Tabor. Os rebeldes promoveram grande matança, mas eu os castigarei pelo que fizeram. Conheço você, Efraim; não pode se esconder de mim, Israel. Você me abandonou e se prostituiu; está inteiramente contaminado. Suas ações não lhe permitem voltar para seu Deus; a prostituição domina seu coração, e você não conhece o S enhor. “A arrogância de Israel dá testemunho contra ele; Israel e Efraim tropeçarão sob o peso da culpa, e Judá também cairá com eles. Quando vierem com seus rebanhos e gado para oferecer sacrifícios ao S enhor, não o encontrarão, pois ele se afastou deles. Traíram a honra do S enhor ao gerar filhos que não lhe pertencem. Agora, por ocasião da lua nova, serão devorados, juntamente com sua riqueza. “Soem o alarme em Gibeá! Toquem a trombeta em Ramá! Deem o grito de guerra em Bete-Áven! Entrem na batalha, guerreiros de Benjamim! Uma coisa é certa, Israel: no dia de seu castigo, você se tornará um monte de ruínas. “Os líderes de Judá são trapaceiros e ladrões, por isso derramarei minha ira sobre eles como água. O povo de Israel será esmagado e quebrado por meu juízo, pois está decidido a adorar ídolos. Destruirei Israel como a traça acaba com a lã, tornarei Judá tão fraca quanto madeira podre. “Quando Israel e Judá viram como estavam doentes, Israel se voltou para a Assíria, para seu grande rei, mas ele não foi capaz de curá-lo. Pois serei como um leão para Israel, como um leão novo e forte para Judá, e os despedaçarei. Eu os levarei embora, e não sobrará ninguém para resgatá-los. Então retornarei a meu lugar, até que reconheçam sua culpa e voltem para mim. Pois, assim que vier o sofrimento, eles me buscarão ansiosamente.” “Venham, voltemos para o S enhor! Ele nos despedaçou, agora irá nos sarar. Ele nos feriu, agora nos fará curativos. Em pouco tempo nos restaurará, e logo viveremos em sua presença. Ah, como precisamos conhecer o S enhor; busquemos conhecê-lo! Ele nos responderá, tão certo como chega o amanhecer ou vêm as chuvas da primavera.” “Ó Israel e Judá, que farei com vocês? Seu amor se dissipa como a neblina da manhã e desaparece como o orvalho à luz do sol. Enviei meus profetas para despedaçar vocês, para matá-los com minhas palavras, com julgamentos inescapáveis como a luz. Quero que demonstrem amor, e não que ofereçam sacrifícios. Quero que me conheçam, mais do que desejo holocaustos. Como Adão, porém, vocês quebraram minha aliança e traíram minha confiança. “Gileade é uma cidade de pecadores, cheia de marcas de sangue. Sacerdotes são como bandos de assaltantes, de tocaia à espera de suas vítimas. Assassinam viajantes ao longo da estrada para Siquém e praticam todo tipo de perversidade. Sim, vi algo horrível em Efraim e em Israel: meu povo se contaminou prostituindo-se com outros deuses! “Ó Judá, uma colheita de castigo também espera por você, embora eu quisesse restaurar a situação de meu povo.” “Desejo curar Israel, mas seus pecados são grandes demais; Samaria está cheia de mentirosos. Há ladrões do lado de dentro e bandidos do lado de fora. Seu povo não percebe que eu o observo. Está cercado por seus atos pecaminosos, e eu vejo todos eles. “Com suas maldades, divertem o rei, e os príncipes riem de suas mentiras. São todos adúlteros, sempre ardendo de paixão. São como o forno mantido quente, enquanto o padeiro bate a massa. No dia da festa do rei, os príncipes se embebedam com vinho e dão as mãos aos zombadores. Seu coração é como um forno que arde com intriga. Sua trama queima a noite toda e, pela manhã, irrompe em chamas abrasadoras. Como um forno ardente, consomem seus líderes. Matam seus reis, um após o outro, e ninguém clama a mim por socorro. “O povo de Israel se mistura com outros povos e se torna imprestável como um bolo mal assado. Estrangeiros consomem suas forças, mas eles não sabem disso. Seus cabelos ficam brancos, mas eles não se dão conta. Sua arrogância testemunha contra eles, e, no entanto, não se voltam para o S enhor, seu Deus, nem buscam encontrá-lo. “O povo de Israel se tornou como pombas tolas e sem juízo, que primeiro chamam o Egito e depois voam até a Assíria para pedir socorro. Enquanto voam de um lado para o outro, lançarei sobre eles minha rede e os derrubarei como uma ave do céu; eu os castigarei por todo o mal que fizeram. “Que aflição espera os que me abandonaram! Que morram, pois se rebelaram contra mim. Eu desejava resgatá-los, mas contaram mentiras a meu respeito. Não clamam a mim de coração sincero; em vez disso, gemem angustiados em suas camas. Cortam-se ritualmente e suplicam por trigo e vinho novo, mas de mim se afastam. Eu os instruí e os fortaleci, mas agora tramam o mal contra mim. Olham para toda parte, menos para o Altíssimo; são inúteis, como um arco defeituoso. Seus líderes serão mortos por seus inimigos, por causa de sua insolência contra mim. Então o povo do Egito rirá deles.” “Soem o alarme! O inimigo desce como águia sobre o templo do S enhor. Pois o povo quebrou minha aliança e se rebelou contra minha lei. Agora, Israel clama a mim: ‘Socorre-nos, pois és nosso Deus!’. Mas os israelitas rejeitaram o bem, e agora o inimigo os persegue. Nomearam reis sem que eu consentisse e escolheram príncipes sem minha aprovação. Fizeram para si ídolos de prata e ouro e assim provocaram a própria destruição. “Ó Samaria, rejeito o bezerro que você fez! Minha ira arde contra você; até quando será incapaz de se manter inocente? Esse bezerro que você adora, ó Israel, foi feito por suas próprias mãos; ele não é Deus! Portanto, deve ser despedaçado. “Semearam ventos e colherão vendaval. Os talos de trigo murcharão e não produzirão alimento. E, mesmo que haja trigo, os estrangeiros o comerão. O povo de Israel foi engolido; está abandonado entre as nações, como utensílio que ninguém quer. Como jumento selvagem no cio, subiram até a Assíria. O povo de Israel se vendeu a muitos amantes. Embora tenham se vendido às nações, agora eu os reunirei para o julgamento. Começarão a definhar sob a opressão do grande rei. “O povo de Israel construiu muitos altares para remover o pecado, mas esses mesmos altares se tornaram lugares para pecar. Embora eu lhes tenha dado minhas leis, agem como se elas não se aplicassem a eles. Gostam de oferecer sacrifícios e comer de sua carne, mas eu não aceito esses sacrifícios. Pedirei conta de seus pecados e os castigarei; eles voltarão para o Egito. Israel se esqueceu de seu Criador e construiu grandes palácios, e Judá fortificou suas cidades. Por isso, enviarei fogo sobre suas cidades e queimarei suas fortalezas.” Ó povo de Israel, não se alegre como as outras nações. Pois vocês foram infiéis a seu Deus e se venderam como prostituta ao adorar outros deuses em toda eira de cereal. Agora, suas colheitas não bastarão para alimentá-los; não haverá uvas para fazer vinho novo. Vocês não permanecerão na terra do S enhor; em vez disso, voltarão para o Egito e, na Assíria, comerão alimentos impuros. Ali não apresentarão ofertas de vinho ao S enhor; seus sacrifícios não o agradarão. Serão impuros, como o alimento tocado por uma pessoa de luto; todos que apresentarem esses sacrifícios se contaminarão. Eles próprios comerão o alimento, mas não poderão oferecê-lo ao S enhor. O que oferecerão nos feriados sagrados? Como celebrarão as festas do S enhor? Mesmo que escapem da destruição nas mãos da Assíria, o Egito os conquistará, e Mênfis os sepultará. A urtiga cobrirá seus tesouros de prata, e espinhos invadirão as ruínas de suas casas. Chegou o tempo do castigo de Israel, o dia do acerto de contas; sim, Israel se dará conta disso. Por causa de seu grande pecado e sua hostilidade, vocês dizem: “Os profetas enlouqueceram, e os homens inspirados não passam de tolos!”. O profeta é um vigia sobre Israel para meu Deus, mas, por onde vai, encontra armadilhas; até no templo de Deus enfrenta hostilidade. Meu povo faz coisas depravadas como em Gibeá, muito tempo atrás. Deus não esquecerá; certamente os castigará por seus pecados. “Quando encontrei você, Israel, foi como encontrar uvas no deserto. Quando vi seus antepassados, foi como ver os primeiros figos maduros. Mas eles me abandonaram por causa de Baal-Peor e se entregaram à vergonhosa idolatria. Logo se tornaram tão repugnantes quanto o ídolo que adoravam. A glória de Israel fugirá como uma ave, pois não lhes nascerão filhos; não crescerão no ventre, nem sequer serão concebidos. Ainda que alguns de seus filhos cheguem a crescer, eu os tomarei de vocês. Será um dia terrível quando eu me afastar e os deixar sozinhos. Vi Israel se tornar bela como Tiro; agora, porém, entregará seus filhos para o massacre.” Ó S enhor, o que devo pedir para teu povo? Pedirei ventres que não deem à luz e seios que não deem leite. “Toda a perversidade deles começou em Gilgal; ali comecei a odiá-los. Eu os expulsarei de minha terra por causa de suas maldades. Não os amarei mais, porque todos os seus líderes são rebeldes. O povo de Israel está ferido; suas raízes secaram, e eles não darão mais frutos. E, se derem à luz, eu matarei seus filhos queridos.” Meu Deus rejeitará os israelitas, pois não lhe obedecem. Andarão sem rumo, errantes entre as nações. Como Israel é próspero! É uma videira viçosa cheia de frutos. Mas, quanto mais seu povo enriquece, mais altares idólatras constrói. Quanto mais fartas suas colheitas, mais belas suas colunas sagradas. O coração dos israelitas é inconstante; são culpados e devem ser castigados. O S enhor derrubará seus altares e despedaçará suas colunas. Então eles dirão: “Não temos rei, pois não tememos o S enhor. Mas, ainda que tivéssemos rei, o que ele poderia fazer por nós?”. Proferem palavras vazias e fazem alianças que não pretendem cumprir. Por isso disputas legais brotam em seu meio, como ervas daninhas num campo arado. Os habitantes de Samaria tremem de medo por causa do bezerro em Bete-Áven, e por ele lamentam. Embora seus sacerdotes idólatras se alegrem com o bezerro, será removida a glória de seu ídolo. Será levado para a Assíria, como presente para o grande rei de lá. Efraim será humilhado, e Israel, envergonhado, porque seu povo confiou nesse ídolo. Samaria e seu rei serão cortados fora e ficarão à deriva, como um pedaço de madeira lançado no mar. Os santuários idólatras em Áven, onde Israel pecou, serão destruídos; espinhos e mato crescerão ao redor de seus altares. O povo suplicará aos montes: “Soterrem-nos!” e pedirá às colinas: “Caiam sobre nós!”. “Ó Israel, desde o tempo de Gibeá, só houve pecado e mais pecado! Não foi com razão que os perversos de Gibeá foram atacados? Agora, quando me parecer melhor, eu também os atacarei. Convocarei os exércitos das nações para castigá-los por seus muitos pecados. “Israel é como bezerra treinada que pisa o trigo, um trabalho fácil, que ela gosta de fazer. Mas eu colocarei um jugo opressor sobre seu pescoço delicado; obrigarei Judá a arar e farei Israel lavrar o solo endurecido. Eu disse: ‘Plantem boas sementes de justiça e terão uma colheita de amor. Arem o solo endurecido de seu coração, pois é hora de buscar o S enhor, para que ele venha e faça chover justiça sobre vocês’. “Mas vocês cultivaram a maldade e juntaram uma farta colheita de pecados. Comeram o fruto das mentiras ao confiar em carros de guerra. e em seus grandes exércitos. Agora os horrores da guerra surgirão no meio de seu povo. Todas as suas fortalezas cairão, como quando Salmã destruiu Bete-Arbel. Até mães e crianças foram despedaçadas ali. O mesmo lhe acontecerá, Betel, por causa de sua grande maldade. Quando amanhecer o dia do juízo, o rei de Israel será totalmente destruído.” “Quando Israel era menino, eu o amei, e do Egito chamei meu filho. Mas, quanto mais o chamava, mais ele se afastava de mim; oferecia sacrifícios às imagens de Baal e queimava incenso aos ídolos. Ensinei Israel a andar, conduzindo-o pela mão. Mas ele não se deu conta de que era eu quem dele cuidava. Guiei Israel com meus laços de amor. Tirei o jugo de seu pescoço e eu mesmo me inclinei para alimentá-lo. “Mas, porque meu povo não quer voltar para mim, voltará para o Egito e será obrigado a viver na Assíria. A guerra devastará suas cidades, e os inimigos derrubarão suas portas. Destruirão os israelitas, por causa de suas tramas. Pois meu povo está decidido a me abandonar; eles me chamam Altíssimo, mas não me honram de verdade. “Como eu poderia desistir de você, Israel? Como poderia deixá-lo? Como poderia destruí-lo como Admá ou arrasá-lo como Zeboim? Meu coração está dilacerado, e minha compaixão transborda. Não enviarei minha ira furiosa, não destruirei Israel, pois sou Deus, e não um simples mortal. Sou o Santo que vive entre vocês, e não virei com minha ira. Pois, um dia, meu povo me seguirá; eu, o S enhor, rugirei como leão, e, quando eu rugir, meu povo retornará, tremendo, desde o oeste. Como um bando de aves, virão do Egito; tremendo como pombas, voltarão da Assíria. Eu os trarei de volta para casa”, diz o S enhor. Israel me cerca de mentiras e traições, mas Judá ainda obedece a Deus e é fiel ao Santo. O povo de Israel se alimenta de vento; corre atrás do vento leste o dia todo. Acumula mentiras e violência, faz acordos com a Assíria e, ao mesmo tempo, envia azeite para comprar o apoio do Egito. Agora o S enhor apresenta acusações contra Judá; está prestes a castigar Jacó por sua conduta enganosa, e lhe retribuir por tudo que fez. Ainda no ventre, Jacó agarrou o calcanhar de seu irmão; quando se tornou homem, lutou com Deus. Sim, lutou com o anjo e venceu; chorou e suplicou-lhe que o abençoasse. Ali em Betel, encontrou Deus, e Deus falou com ele. O S enhor Deus dos Exércitos, o S enhor é seu nome! Portanto, voltem para seu Deus; pratiquem o amor e a justiça e confiem sempre nele. O povo, no entanto, se comporta como comerciantes astutos, que usam balanças desonestas e gostam de explorar. Israel diz: “Fiquei rico! Fiz fortuna com meu próprio esforço! Ninguém descobriu que enganei outros; meu histórico é impecável!”. “Mas eu sou o S enhor, seu Deus, que os tirou do Egito. Eu os farei morar em tendas outra vez, como fazem em feriados sagrados. Enviei meus profetas para adverti-los com muitas visões e parábolas.” Mas os habitantes de Gileade não valem nada, por causa de seu pecado. Em Gilgal também sacrificam bois; seus altares são enfileirados como montes de pedras à beira de um campo arado. Jacó fugiu para a terra de Arã e ali cuidou de ovelhas para obter uma esposa. Então, por meio de um profeta, o S enhor tirou do Egito os descendentes de Jacó; e, por meio de um profeta, eles foram protegidos. Mas o povo de Israel provocou o Senhor amargamente. Agora ele os sentenciará à morte como pagamento por seus pecados. Quando a tribo de Efraim falava, o povo tremia de medo, pois essa tribo era importante em Israel. Mas pecaram ao adorar Baal e, com isso, selaram sua destruição. Agora, continuam a pecar ao fazer ídolos de prata, imagens modeladas por mãos humanas. “Ofereçam-lhes sacrifícios!”, eles dizem. “Beijem os ídolos em forma de bezerro!” Por isso, desaparecerão como a neblina da manhã, como o orvalho à luz do sol, como a palha soprada pelo vento, como a fumaça que sai pela chaminé. “Eu sou o S enhor, seu Deus, que os tirou do Egito. Vocês não reconhecerão outro Deus além de mim, pois não existe outro salvador. Cuidei de vocês no deserto, naquela terra seca e sedenta. Mas depois que comeram e se saciaram, ficaram orgulhosos e se esqueceram de mim. Agora, eu os atacarei como um leão, como um leopardo à espreita no caminho. Como uma ursa da qual roubaram os filhotes, arrancarei seu coração. Como uma leoa faminta os devorarei, e como um animal selvagem os despedaçarei. “Ó Israel, você está prestes a ser destruído por mim, seu único ajudador. Agora, onde está seu rei? Que ele salve suas cidades! Onde estão os líderes da terra, os reis e os príncipes que vocês exigiram de mim? Em minha ira, eu lhes dei reis e, em minha fúria, os tirei. “A culpa de Efraim foi acumulada, e seu pecado, armazenado para o castigo. O povo sentiu dores, como as dores do parto, mas é insensato como uma criança que não quer nascer. A hora do nascimento chegou, mas ele fica no ventre. “Devo resgatá-los da sepultura? Devo redimi-los da morte? Ó morte, traga seus horrores! Ó sepultura, traga suas pragas! Pois não terei compaixão deles. Efraim é o mais próspero de seus irmãos, mas um vento leste, uma rajada do S enhor, se levantará no deserto. Suas fontes se esgotarão, e seus poços secarão. Todas as suas riquezas serão saqueadas e levadas embora. O povo de Samaria sofrerá as consequências de sua culpa, pois se rebelou contra seu Deus. Serão mortos pela espada inimiga; suas crianças serão despedaçadas, e suas mulheres grávidas, abertas ao meio.” Volte, ó Israel, para o S enhor, seu Deus, pois seus pecados causaram sua queda. Tragam suas confissões e voltem para o S enhor. Digam-lhe: “Perdoa nossos pecados e recebe-nos com bondade, para que possamos oferecer-te nossos louvores. A Assíria não pode nos salvar, nossos cavalos de guerra também não. Nunca mais diremos aos ídolos que fizemos: ‘Vocês são nossos deuses’. Somente em ti os órfãos encontram misericórdia”. “Então eu os curarei de sua infidelidade e os amarei com todo o meu ser, pois minha ira desaparecerá para sempre. Serei para Israel como o orvalho refrescante. Israel florescerá como o lírio; lançará raízes profundas no solo, como os cedros do Líbano. Seus ramos se estenderão como belas oliveiras, perfumados como os cedros do Líbano. Meu povo viverá novamente à minha sombra; crescerá como o trigo e florescerá como a videira. Seu aroma será agradável, como o dos vinhos do Líbano. “Ó Israel, fique longe dos ídolos! Sou eu que respondo às suas orações e cuido de vocês. Sou como a árvore sempre verde; todos os seus frutos vêm de mim.” Quem for sábio, entenda estas coisas; quem tiver discernimento, ouça com atenção. Os caminhos do S enhor são retos, e neles andam os justos. Mas, nesses mesmos caminhos, os pecadores tropeçam e caem. O S enhor deu esta mensagem a Joel, filho de Petuel. Ouçam isto, líderes do povo! Ouçam todos que habitam na terra! Em toda a sua história, já ocorreu algo semelhante? Contem a seus filhos o que aconteceu, e que seus filhos contem aos filhos deles; transmitam esta história de geração em geração. Depois que os gafanhotos cortadores devoraram as colheitas, os gafanhotos migradores comeram o que restava; então vieram os gafanhotos saltadores e, depois deles, os gafanhotos destruidores! Despertem e chorem, bêbados! Lamentem, vocês que tomam vinho! Todas as uvas estão arruinadas, todo o seu vinho doce acabou. Uma nação imensa invadiu minha terra, um exército terrível, tão numeroso que não se pode contar. Seus dentes são como os de leões, suas presas, como as da leoa. Destruiu minhas videiras e arruinou minhas figueiras. Arrancou sua casca e as destruiu; seus galhos ficaram desfolhados. Chorem como a moça vestida de luto, que lamenta a morte do noivo. Pois não há cereal nem vinho para oferecer no templo do S enhor. Por isso os sacerdotes estão de luto; aqueles que servem na casa do S enhor choram. Os campos estão arruinados, a terra está desolada. O trigo está destruído, as uvas secaram e o azeite acabou. Desesperem-se, agricultores! Lamentem, vocês que cuidam das videiras! Chorem, pois o trigo e a cevada, todas as colheitas nos campos, estão arruinados. As videiras secaram, e as figueiras murcharam. As romãzeiras, as palmeiras e as macieiras, todas as árvores frutíferas secaram, e com elas murchou a alegria do povo. Vistam-se de pano de saco e chorem, sacerdotes! Lamentem, vocês que servem diante do altar! Venham, passem a noite vestidos de pano de saco, vocês que servem ao meu Deus. Pois não há cereal nem vinho para oferecer no templo de seu Deus. Convoquem um tempo de jejum, juntem o povo para uma reunião solene. Tragam os líderes e todos que habitam na terra para o templo do S enhor, seu Deus, e ali clamem a ele. O dia do S enhor está próximo, o dia em que virá destruição da parte do Todo-poderoso; que dia terrível será! Nosso alimento desaparece diante dos olhos; já não há alegria e exultação na casa de nosso Deus. As sementes morrem na terra seca, as colheitas de cereal se perdem. Os celeiros estão vazios, os armazéns, abandonados. Como os animais gemem de fome! As manadas de gado vagam confusas, pois não encontram pasto; os rebanhos de ovelhas sofrem. Socorro, S enhor! O fogo devorou os pastos do deserto, e as chamas queimaram as árvores do campo. Até os animais selvagens clamam a ti, pois os riachos secaram, e o fogo devorou os pastos do deserto. Toquem a trombeta em Sião! Soem o alarme em meu santo monte! Que todos tremam de medo, pois está chegando o dia do S enhor. É um dia de escuridão e trevas, um dia de densas nuvens e sombras profundas. Como o amanhecer se estende pelos montes, assim surge um grande e poderoso exército. Nunca se viu algo parecido, e nunca mais se verá. À frente deles o fogo arde, atrás deles vêm chamas. Diante deles a terra se estende, bela como o jardim do Éden. Atrás deles só há desolação; nada escapa. Parecem cavalos, atacam como cavalos de guerra. Olhem para eles, saltando sobre o topo dos montes; ouçam o barulho que fazem, como o estrondo de carros de guerra, como o fogo crepitante que devora um campo cheio de palha, como um exército poderoso que avança para a batalha. O medo toma conta do povo; todo rosto fica pálido de terror. Os agressores marcham como guerreiros e, como soldados, escalam os muros da cidade. Marcham sempre em frente, sem deixar suas fileiras. Não empurram uns aos outros; cada um se move na posição correta. Rompem as linhas de defesa, sem desfazer a formação. Atacam a cidade e correm ao longo de seus muros. Entram em todas as casas e sobem pelas janelas, como ladrões. A terra treme com seu avanço, e os céus estremecem. O sol e a lua escurecem, e as estrelas deixam de brilhar. O S enhor está à frente de seu exército; com um grito, ele o comanda. É seu exército poderoso e segue suas ordens. O dia do S enhor é espantoso e terrível; quem poderá sobreviver? Por isso, o S enhor diz: “Voltem para mim de todo o coração, venham a mim com jejum, choro e lamento! Não rasguem as roupas em sinal de tristeza; rasguem o coração!”. Voltem para o S enhor, seu Deus, pois ele é misericordioso e compassivo, lento para se irar e cheio de amor; está sempre pronto a voltar atrás e não castigar. Quem sabe ele mude de ideia e lhes envie bênção em lugar desse castigo. Talvez possam apresentar ofertas de cereal e vinho ao S enhor, seu Deus, como faziam antes. Toquem a trombeta em Sião! Convoquem um tempo de jejum, juntem o povo para uma reunião solene. Reúnam e consagrem todo o povo, os anciãos, as crianças e até os bebês. Chamem o noivo de seu aposento e a noiva, de seu quarto. Que os sacerdotes, que servem na presença do S enhor, chorem entre o pórtico do templo e o altar. Que façam esta oração: “Poupa teu povo, S enhor! Não permitas que a nação que pertence a ti se torne objeto de zombaria. Não deixes que seja motivo de piada para as nações que dizem: ‘Onde está o seu Deus?’”. Então o S enhor teve compaixão de seu povo e com zelo guardou sua terra. O S enhor respondeu: “Vejam! Eu lhes envio cereal, vinho novo e azeite, suficientes para saciá-los. Vocês não serão mais objeto de zombaria entre as nações vizinhas. Expulsarei esses exércitos que vêm do norte e os enviarei para uma terra seca e desolada. Os que estão na vanguarda serão empurrados para o mar Morto, e os da retaguarda, para o Mediterrâneo. O mau cheiro dos corpos em decomposição se espalhará sobre a terra”. Certamente o S enhor tem feito grandes coisas! Não tema, ó terra; alegre-se e exulte, pois o S enhor tem feito grandes coisas. Não tenham medo, animais do campo, pois os pastos do deserto ficarão verdes. As árvores voltarão a dar frutos, as figueiras e as videiras ficarão carregadas. Alegrem-se, vocês que habitam em Sião! Exultem no S enhor, seu Deus! Pois ele envia as chuvas na medida certa; as chuvas de outono voltarão a cair, e também as chuvas de primavera. As eiras voltarão a se encher de trigo, e os tanques de prensar transbordarão de vinho novo e azeite. “Eu lhes devolverei o que perderam por causa dos gafanhotos migradores, dos saltadores, dos destruidores e dos cortadores; enviei esse grande exército devastador contra vocês. Vocês voltarão a ter alimento até se saciar e louvarão o S enhor, seu Deus, que realiza esses milagres em seu favor; nunca mais meu povo será envergonhado. Então vocês saberão que estou no meio de Israel, que sou o S enhor, seu Deus, e não há nenhum outro; nunca mais meu povo será envergonhado.” “Então, depois que eu tiver feito essas coisas, derramarei meu Espírito sobre todo tipo de pessoa. Seus filhos e suas filhas profetizarão; os velhos terão sonhos, e os jovens terão visões. Naqueles dias, derramarei meu Espírito até mesmo sobre servos e servas. Farei maravilhas nos céus e na terra: sangue e fogo, e colunas de fumaça. O sol se escurecerá, a lua se tornará vermelha como sangue antes que chegue o grande e terrível dia do S enhor. Mas todo aquele que invocar o nome do S enhor será salvo, pois alguns no monte Sião, em Jerusalém, escaparão, como o S enhor prometeu. Estarão entre os sobreviventes que o S enhor chamou.” “No tempo em que essas coisas acontecerem, quando eu restaurar Judá e Jerusalém, reunirei todas as nações no vale de Josafá. Ali eu as julgarei por terem maltratado Israel, minha propriedade, por terem espalhado meu povo entre as nações e repartido minha terra. Fizeram um sorteio para decidir quem de meu povo seria seu escravo. Deram meninos em troca de prostitutas e venderam meninas por vinho para se embriagar. “O que vocês têm contra mim, Tiro, Sidom e cidades da Filístia? Estão tentando se vingar de mim? Se essa é sua intenção, tomem cuidado! Eu as atacarei sem demora e lhes darei o que merecem por suas ações. Roubaram minha prata, meu ouro e meus tesouros preciosos e os levaram para seus templos. Venderam aos gregos os habitantes de Judá e Jerusalém, para que os levassem para longe de sua terra natal. “Mas eu os trarei de volta de todos os lugares para onde os venderam, e darei a vocês o que merecem. Venderei seus filhos e filhas aos habitantes de Judá, e eles os venderão ao povo da Arábia, uma nação distante. Eu, o S enhor, falei!” Anunciem às nações de toda parte: “Preparem-se para a guerra! Convoquem seus melhores guerreiros; que todos os seus soldados avancem para a batalha. Forjem seus arados para fazer espadas e transformem suas podadeiras em lanças; treinem até os mais fracos para serem guerreiros. Venham depressa, nações de toda parte; reúnam-se no vale!”. E agora, ó S enhor, convoca teus guerreiros! “Que as nações se mobilizem para a guerra e marchem para o vale de Josafá! Ali eu, o S enhor, me sentarei para julgar todas elas. Lancem a foice, pois a colheita está madura. Venham e pisem as uvas, pois o tanque de prensar está cheio. Os tonéis transbordam com a perversidade das nações.” Multidões e multidões esperam no vale da decisão, onde o dia do S enhor chegará em breve. O sol e a lua escurecerão, e as estrelas deixarão de brilhar. A voz do S enhor rugirá desde Sião e trovejará desde Jerusalém; os céus e a terra tremerão. Mas o S enhor será refúgio para seu povo, uma fortaleza para o povo de Israel. “Então vocês saberão que eu, o S enhor, seu Deus, habito em Sião, meu santo monte. Jerusalém será santa, e exércitos estrangeiros não voltarão a conquistá-la. Naquele dia, vinho doce gotejará dos montes, e leite fluirá das colinas. Água encherá o leito dos riachos de Judá; uma fonte brotará do templo do S enhor e regará o vale das Acácias. O Egito, porém, se transformará numa terra desolada, e Edom se tornará um deserto, pois atacaram o povo de Judá e mataram inocentes em sua terra. “Judá, porém, ficará cheia de gente para sempre, e Jerusalém permanecerá por todas as gerações. Perdoarei os crimes de meu povo, que ainda não perdoei; e eu, o S enhor, habitarei em Sião.” Esta mensagem acerca de Israel foi dada a Amós, pastor de ovelhas da cidade de Tecoa, em Judá. Ele a recebeu em visões dois anos antes do terremoto, quando Uzias era rei de Judá, e Jeroboão, filho de Jeoás, era rei de Israel. Foi isto que ele viu e ouviu: “A voz do S enhor rugirá desde Sião e trovejará desde Jerusalém! Os pastos verdes dos pastores secarão, e o capim no monte Carmelo murchará e morrerá”. Assim diz o S enhor: “Os habitantes de Damasco pecaram repetidamente; não deixarei que fiquem impunes! Feriram meu povo em Gileade, como o cereal é debulhado com trilhos de ferro. Por isso enviarei fogo sobre o palácio do rei Hazael, e as fortalezas do rei Ben-Hadade serão destruídas. Derrubarei os portões de Damasco e matarei todos que habitam no vale de Áven. Destruirei o governante em Bete-Éden, e o povo da Síria será levado como escravo para Quir”, diz o S enhor. Assim diz o S enhor: “Os habitantes de Gaza pecaram repetidamente; não deixarei que fiquem impunes! Enviaram todo o povo para o exílio e o entregaram como escravos para Edom. Por isso enviarei fogo sobre os muros de Gaza, e suas fortalezas serão destruídas. Matarei os que habitam em Asdode e destruirei o governante de Ascalom. Então me voltarei para atacar Ecrom, e os filisteus que restarem serão mortos”, diz o S enhor Soberano. Assim diz o S enhor: “Os habitantes de Tiro pecaram repetidamente; não deixarei que fiquem impunes! Quebraram o pacto de irmãos com Israel e entregaram todo o povo como escravo para Edom. Por isso enviarei fogo sobre os muros de Tiro, e suas fortalezas serão destruídas”. Assim diz o S enhor: “Os habitantes de Edom pecaram repetidamente; não deixarei que fiquem impunes! Com espadas perseguiram seus parentes, os israelitas, e não tiveram compaixão deles. Em sua fúria, os despedaçaram sem parar e foram implacáveis em sua ira. Por isso enviarei fogo sobre Temã, e as fortalezas de Bozra serão destruídas”. Assim diz o S enhor: “Os habitantes de Amom pecaram repetidamente; não deixarei que fiquem impunes! Quando atacaram Gileade para ampliar suas fronteiras, abriram as mulheres grávidas ao meio com espadas. Por isso enviarei fogo sobre os muros de Rabá, e suas fortalezas serão destruídas. A batalha virá sobre eles com gritos, como um redemoinho numa forte tempestade. Seu rei e seus príncipes irão juntos para o exílio”, diz o S enhor. Assim diz o S enhor: “Os habitantes de Moabe pecaram repetidamente; não deixarei que fiquem impunes! Queimaram os ossos do rei de Edom até reduzi-los a cinzas. Por isso enviarei fogo sobre a terra de Moabe, e as fortalezas de Queriote serão destruídas. Os que habitam nela cairão em meio ao ruído da batalha, aos gritos dos guerreiros e ao som da trombeta. Destruirei seu rei e matarei seus príncipes”, diz o S enhor. Assim diz o S enhor: “Os habitantes de Judá pecaram repetidamente; não deixarei que fiquem impunes! Rejeitaram a lei do S enhor e não obedeceram a seus decretos. Foram desviados pelas mesmas mentiras que enganaram seus antepassados. Por isso enviarei fogo sobre Judá, e as fortalezas de Jerusalém serão destruídas”. Assim diz o S enhor: “Os habitantes de Israel pecaram repetidamente; não deixarei que fiquem impunes! Vendem por prata o justo e, por um par de sandálias, o pobre. Pisoteiam a cabeça dos indefesos no pó e empurram os oprimidos para fora do caminho. Pai e filho dormem com a mesma mulher e assim profanam meu santo nome. Aos pés dos altares reclinam-se com roupas que seus devedores lhes deram como garantia. Na casa de seus deuses, bebem vinho comprado com multas injustas. “Diante dos olhos de meu povo, destruí os amorreus, embora fossem altos como cedros e fortes como carvalhos. Destruí os frutos de seus galhos e arranquei suas raízes. Trouxe vocês do Egito e os guiei quarenta anos pelo deserto, para que possuíssem a terra dos amorreus. Escolhi alguns de seus filhos para serem profetas e outros, para serem nazireus. Acaso podem negar isso, israelitas?”, diz o S enhor. “Mas vocês deram vinho para os nazireus beberem e ordenaram a seus profetas: ‘Chega de profecias!’. “Por isso eu os esmagarei, como uma carroça sobrecarregada de trigo amassa a terra. O que corre mais rápido não escapará, o mais forte em seu meio se enfraquecerá, nem o guerreiro valente se salvará. O arqueiro não manterá sua posição, o corredor mais veloz não conseguirá escapar, nem o que estiver a cavalo se salvará. Naquele dia, seus guerreiros mais corajosos largarão as armas e fugirão”, diz o S enhor. Povo de Israel, ouça esta mensagem que o S enhor pronunciou contra você, contra toda a família que ele trouxe do Egito: “De todas as famílias da terra, só escolhi vocês. Por isso devo castigá-los por todos os seus pecados”. Acaso duas pessoas podem andar juntas se não estiverem de acordo? Acaso o leão ruge na floresta sem antes encontrar sua presa? O leão forte rosna em sua toca se nada tiver caçado? A ave é pega na armadilha se não houver isca? A armadilha se fecha se nada for apanhado? Quando a trombeta soa o alarme, o povo não fica assustado? Acaso a calamidade sobrevém a uma cidade sem que o S enhor a tenha planejado? Certamente o S enhor Soberano não fará coisa alguma sem antes revelar seu plano a seus servos, os profetas. O leão rugiu, quem não temerá? O S enhor Soberano falou, quem não profetizará? Anunciem aos líderes da Filístia e aos poderosos do Egito: “Reúnam-se nas colinas ao redor de Samaria e sejam testemunhas do caos e da opressão em Israel”. “Meu povo esqueceu como fazer o que é certo”, diz o S enhor. “Suas fortalezas estão cheias de bens obtidos por meio de roubo e violência. Por isso”, diz o S enhor Soberano, “um inimigo se aproxima. Ele os cercará e acabará com suas defesas, e depois saqueará suas fortalezas.” Assim diz o S enhor: “Como o pastor que tenta arrancar uma ovelha da boca do leão e só consegue recuperar duas pernas ou um pedaço da orelha, assim será o destino dos israelitas em Samaria, deitados em camas luxuosas e recostados em sofás com lençóis de Damasco. “Agora ouçam estas palavras e anunciem-nas em todo o Israel”, diz o S enhor Soberano, o Deus dos Exércitos. “No mesmo dia em que eu castigar Israel por seus pecados, destruirei os altares idólatras em Betel. As pontas do altar serão cortadas e cairão no chão. Destruirei as belas casas dos ricos, suas mansões de inverno e suas residências de verão, todos os seus palácios cheios de marfim”, diz o S enhor. Ouçam, vacas gordas que vivem em Samaria, mulheres que oprimem os pobres, esmagam os necessitados e pedem aos maridos: “Tragam-nos mais bebida!”. O S enhor Soberano jurou por sua santidade: “Chegará o dia em que serão levadas com ganchos no nariz. Até a última de vocês será arrastada como peixe no anzol! Serão levadas para fora pelas ruínas do muro e expulsas de suas fortalezas”, diz o S enhor. “Andem, vão a Betel cometer pecados! Continuem a desobedecer em Gilgal! Ofereçam sacrifícios todas as manhãs e tragam seus dízimos a cada três dias. Apresentem seu pão com fermento como oferta de gratidão. Entreguem suas ofertas voluntárias para saírem se gabando delas! É o tipo de coisa que vocês, israelitas, gostam de fazer”, diz o S enhor Soberano. “Eu trouxe fome sobre toda cidade, escassez de alimento sobre todo lugar. Nem assim vocês voltaram para mim”, diz o S enhor. “Segurei as chuvas quando suas plantações mais precisavam delas. Enviei chuva para uma cidade, mas a retive em outra. Chovia sobre um campo, enquanto outro secava. Andavam de cidade em cidade em busca de água, mas nunca havia suficiente. Nem assim vocês voltaram para mim”, diz o S enhor. “Castiguei suas plantações e videiras com pragas e ferrugem; gafanhotos devoraram suas figueiras e oliveiras. Nem assim vocês voltaram para mim”, diz o S enhor. “Enviei pragas contra vocês, como as pragas que enviei contra o Egito. Matei seus jovens na guerra e levei todos os seus cavalos; o mau cheiro dos mortos encheu o ar. Nem assim vocês voltaram para mim”, diz o S enhor. “Destruí algumas de suas cidades, como destruí Sodoma e Gomorra. Os que sobreviveram pareciam gravetos chamuscados, tirados do fogo. Nem assim vocês voltaram para mim”, diz o S enhor. “Portanto, farei tudo isso com você, ó Israel! Prepare-se para encontrar seu Deus!” Pois aquele que formou os montes agita os ventos e revela seus pensamentos à humanidade. Ele transforma a luz do amanhecer em escuridão e pisa sobre os lugares altos da terra; seu nome é S enhor, o Deus dos Exércitos! Ouça, povo de Israel! Ouça este meu cântico fúnebre: “A virgem Israel caiu, para nunca mais se levantar! Está estendida no chão, e não há quem a ajude a ficar em pé”. O S enhor Soberano diz: “Quando uma cidade mandar mil homens para a batalha, apenas cem retornarão. Quando dela saírem cem, apenas dez voltarão com vida”. Assim diz o S enhor ao povo de Israel: “Busquem-me e vivam! Não adorem nos altares em Betel, não vão aos santuários em Gilgal ou Berseba. Pois os habitantes de Gilgal serão levados para o exílio, e os de Betel serão reduzidos a nada”. Busquem o S enhor e vivam! Do contrário, ele passará por Israel como um fogo e a destruirá por completo. Não haverá em Betel ninguém que possa apagar as chamas. Vocês transformam a retidão em amargura e tratam a justiça como lixo. Pois ele criou as estrelas, as Plêiades e o Órion. Transforma a escuridão em manhã e o dia em noite. Tira água dos oceanos e a derrama sobre a terra; seu nome é S enhor! Com rapidez tremenda, destrói os fortes e esmaga suas defesas. Como vocês odeiam juízes honestos! Como detestam os que dizem a verdade! Oprimem os pobres e roubam seu trigo com impostos injustos. Por isso, ainda que construam belas casas de pedra, jamais morarão nelas. Ainda que plantem videiras verdejantes, jamais beberão o vinho delas. Pois eu sei que seus atos de rebeldia são muitos, e seus pecados são grandes. Afligem o justo aceitando subornos e não fazem justiça ao pobre nos tribunais. Quem for prudente ficará de boca fechada, pois este é um tempo de desgraça. Façam o bem e fujam do mal, para que tenham vida! Então o S enhor, o Deus dos Exércitos, os ajudará, como vocês afirmam. Odeiem o mal e amem o bem, estabeleçam a justiça em seus tribunais. Talvez o S enhor, o Deus dos Exércitos, ainda tenha compaixão do remanescente de seu povo. Portanto, assim diz o S enhor Soberano, o Deus dos Exércitos: “Haverá choro nas praças públicas e angústia nas ruas. Chamem os lavradores para chorar com vocês, convoquem pranteadores para lamentar. Haverá lamento em cada videira, pois destruirei todas elas”, diz o S enhor. Que aflição espera vocês que dizem: “Se ao menos o dia do S enhor chegasse!”. Não fazem ideia do que desejam; aquele dia trará escuridão, e não luz. Vocês serão como o homem que foge de um leão e acaba encontrando um urso, que apoia a mão na parede de sua casa e é picado por uma cobra. Sim, o dia do S enhor será de escuridão, e não de luz; não haverá um só raio de claridade no meio das trevas. “Sinto imenso desprezo de suas festas religiosas, não suporto suas reuniões solenes. Não aceitarei seus holocaustos nem suas ofertas de cereal. Não darei a mínima atenção para suas melhores ofertas de paz. Chega de seus ruidosos cânticos de louvor! Não ouvirei a música de suas harpas. Em vez disso, quero ver uma grande inundação de justiça, um rio inesgotável de retidão. “Foi a mim que vocês trouxeram sacrifícios e ofertas durante os quarenta anos no deserto, povo de Israel? Não, vocês serviram Sicute, seu deus rei, e Quium, seu deus estrela, imagens que fizeram para si mesmos! Por isso eu os enviarei para o exílio, para uma terra a leste de Damasco”, diz o S enhor, cujo nome é Deus dos Exércitos. Que aflição espera vocês que vivem sossegados em Jerusalém e vocês que se sentem seguros em Samaria! São líderes famosos em Israel, e as pessoas recorrem a vocês. Vão, porém, a Calné e vejam o que aconteceu ali. Depois, vão à grande cidade de Hamate e desçam à cidade filisteia de Gate. Vocês não são melhores que elas, e vejam como foram destruídas. Vocês afastam qualquer pensamento de calamidade vindoura, mas suas ações só apressam o dia do castigo. Que aflição espera vocês que se deitam em camas de marfim e se espreguiçam em seus sofás, comendo a carne de cordeiros do rebanho e dos novilhos engordados no estábulo. Entoam canções ao som da harpa e pensam ser grandes músicos, como Davi. Bebem vinho em taças enormes e se perfumam com os melhores óleos aromáticos; não se importam com a ruína da nação. Por isso, serão os primeiros levados para o exílio; as festas dos que viviam sossegados cessarão. O S enhor Soberano jurou por seu próprio nome, e é isto que ele, o S enhor, o Deus dos Exércitos, diz: “Não suporto a arrogância de Israel e odeio suas fortalezas. Entregarei esta cidade e tudo que nela há a seus inimigos”. (Se restarem dez homens numa casa, todos morrerão. E, quando um parente responsável por sepultar os mortos entrar na casa para tirá-los de lá, perguntará ao que restou: “Há mais alguém com você?”. E, quando o sobrevivente começar a responder: “Não, eu juro pelo…”, o parente o interromperá e dirá: “Pare! Nem sequer mencione o nome do S enhor ”.) Quando o S enhor der a ordem, as casas, grandes e pequenas, serão despedaçadas. Acaso os cavalos podem galopar sobre as rochas? Alguém pode ará-las com bois? Vocês transformam a retidão em veneno e o fruto da justiça, em amargura. Contam vantagem pela conquista de Lo-Debar: “Acaso não conquistamos Carnaim com nossa própria força?”. “Ó povo de Israel, estou prestes a trazer contra vocês uma nação”, diz o S enhor, o Deus dos Exércitos. “Ela os oprimirá em toda a sua terra, desde Lebo-Hamate, ao norte, até o vale de Arabá, ao sul.” Foi isto que o S enhor Soberano me mostrou numa visão: ele se preparava para enviar sobre a terra um exército de gafanhotos. Isso foi depois que a porção do rei havia sido colhida dos campos, quando brotava a colheita principal. Em minha visão, os gafanhotos comeram todas as plantas da terra. Então eu disse: “Ó S enhor Soberano, perdoa-nos! Do contrário, não sobreviveremos, pois Israel é muito pequeno”. Então o S enhor voltou atrás e disse: “O que você viu não acontecerá”. Foi isto que o S enhor Soberano me mostrou em outra visão: ele se preparava para castigar seu povo com um grande fogo. O fogo havia consumido as profundezas do mar e devorava toda a terra. Então eu disse: “Ó S enhor Soberano, imploro-te que pares. Do contrário, não sobreviveremos, pois Israel é muito pequeno”. Então o S enhor Soberano voltou atrás e disse: “Isso também não acontecerá”. Foi isto que ele me mostrou em outra visão: o Senhor estava em pé, junto a um muro que havia sido construído usando-se um prumo, e segurava o prumo em sua mão. O S enhor me perguntou: “Amós, o que você vê?”. Respondi: “Um prumo”. Então o Senhor disse: “Provarei meu povo com este prumo. Não fecharei mais os olhos para o que fazem. Os santuários idólatras de seus antepassados ficarão em ruínas, e os lugares de adoração de Israel serão destruídos; trarei a espada contra a dinastia de Jeroboão”. Então Amazias, sacerdote de Betel, enviou uma mensagem a Jeroboão, rei de Israel: “Amós conspira contra o rei aqui mesmo, no meio do povo, falando coisas intoleráveis! Assim diz ele: ‘Em breve Jeroboão será morto pela espada, e o povo de Israel será enviado para o exílio’”. Então Amazias ordenou a Amós: “Vá embora daqui, profeta! Volte para a terra de Judá e ganhe a vida profetizando ali! Não nos incomode com suas profecias aqui em Betel. Este é o santuário do rei e o lugar de adoração de todo o reino!”. Amós respondeu: “Não sou profeta e nunca fui treinado para ser profeta. Sou apenas um boiadeiro e colhedor de figos. Mas o S enhor me tirou de junto de meu rebanho e disse: ‘Vá e profetize a meu povo, Israel’. Agora, portanto, ouça esta mensagem do S enhor: “Você diz: ‘Não profetize contra Israel; pare de pregar contra meu povo’. Mas assim diz o S enhor: ‘Sua esposa se tornará prostituta nesta cidade, e seus filhos e filhas serão mortos pela espada. Sua terra será dividida, e você morrerá em terra estrangeira. E o povo de Israel certamente será levado para o exílio, para longe de sua terra natal’”. Em outra visão, o S enhor Soberano me mostrou um cesto cheio de frutas maduras e perguntou: “Amós, o que você vê?”. Respondi: “Um cesto cheio de frutas maduras”. Então o S enhor disse: “Assim como essas frutas, o povo de Israel já está maduro; não voltarei a adiar seu castigo. Naquele dia, os cânticos no templo se transformarão em lamentos. Haverá cadáveres espalhados por toda parte, e serão levados em silêncio para fora da cidade. Eu, o S enhor Soberano, falei!”. Ouçam isto, vocês que roubam dos pobres e oprimem os necessitados! Não veem a hora de o sábado acabar e as festas religiosas terminarem para que voltem a fazer negócios. Usam medidas falsas para medir o trigo e enganam o comprador com balanças desonestas. Misturam o trigo que vendem com palha varrida do chão. Escravizam os pobres por uma moeda de prata ou um par de sandálias. O S enhor, a Glória de Israel, jurou por seu próprio nome: “Jamais esquecerei tudo que vocês fizeram! A terra tremerá por causa de suas maldades, e todos que nela habitam lamentarão. A terra se levantará como o Nilo, o rio do Egito, na época das enchentes; ela se erguerá e depois afundará. “Naquele dia”, diz o S enhor Soberano, “farei o sol se pôr ao meio-dia e em plena luz do dia escurecerei a terra. Transformarei suas festas em tempos de lamento e seus cânticos, em canções fúnebres. Vocês se vestirão de luto e rasparão a cabeça, como se seu único filho tivesse morrido; será um dia de muita amargura! “Está chegando o tempo”, diz o S enhor Soberano, “em que enviarei fome sobre a terra, não fome de pão nem sede de água, mas de ouvir as palavras do S enhor. As pessoas andarão sem rumo, de mar em mar e de um extremo ao outro, em busca da palavra do S enhor, mas não a encontrarão. Naquele dia, moças belas e rapazes fortes desmaiarão de sede. E aqueles que juram pelos ídolos de Samaria, que fazem juramentos em nome do deus de Dã e votos em nome do deus de Berseba, todos eles cairão e nunca mais se levantarão.” Então vi o Senhor em pé junto ao altar. Ele disse: “Golpeie o alto das colunas do templo, para que os alicerces tremam. Derrube o telhado sobre a cabeça do povo que estiver embaixo. Matarei à espada os que sobreviverem; ninguém escapará! “Ainda que cavem até o lugar dos mortos, estenderei a mão e os arrancarei de lá. Ainda que subam até os céus, os farei descer. Ainda que se escondam no topo do monte Carmelo, os buscarei e de lá os tirarei. Ainda que se escondam no fundo do mar, enviarei a serpente marinha para que os morda. Ainda que seus inimigos os levem para o exílio, ordenarei que a espada os mate ali. Estou decidido a trazer calamidade sobre eles, e não o bem”. O Soberano S enhor dos Exércitos toca a terra e ela se derrete, e todos que nela habitam lamentam. A terra se levanta como o Nilo, o rio do Egito, na época das enchentes e depois afunda. O S enhor constrói sua casa até os céus e estabelece seus alicerces sobre a terra. Ele tira água dos oceanos e a derrama sobre a terra; S enhor é o seu nome! “Acaso vocês, israelitas, são mais importantes para mim que os etíopes?”, diz o S enhor. “Tirei Israel do Egito, mas também tirei os filisteus de Creta e os sírios de Quir. “Eu, o S enhor Soberano, vigio a nação pecaminosa de Israel. Eu a varrerei da face da terra, mas jamais destruirei por completo o povo de Israel”, diz o S enhor. “Pois darei ordens e sacudirei Israel com as outras nações, como o trigo é sacudido na peneira; mas nenhum grão se perderá. Todos os pecadores, porém, morrerão pela espada, todos que dizem: ‘Nenhuma calamidade virá sobre nós.” “Naquele dia, restaurarei a tenda caída de Davi e consertarei seus muros quebrados. Das ruínas a reconstruirei e restaurarei sua antiga glória. Israel possuirá o que restar de Edom e de todas as nações que chamei para serem minhas”. O S enhor falou e fará essas coisas. “Virá o tempo”, diz o S enhor, “em que o trigo e as uvas crescerão tão rápido que o povo não dará conta de colhê-los. Vinho doce gotejará das videiras no alto das colinas de Israel. Trarei meu povo exilado de Israel de volta de terras distantes, e eles reconstruirão as cidades destruídas e voltarão a morar nelas. Plantarão vinhedos e jardins, comerão de suas colheitas e beberão de seu vinho. Eu os plantarei firmemente ali, em sua própria terra. Nunca mais serão arrancados da terra que lhes dei”, diz o S enhor, seu Deus. Esta é a visão que o S enhor Soberano revelou a Obadias acerca da terra de Edom. Ouvimos uma mensagem do S enhor, que um embaixador foi enviado às nações para dizer: “Preparem-se, todos! Vamos reunir nossos exércitos e atacar Edom!”. O S enhor diz a Edom: “Eu o tornarei pequeno entre as nações; você será grandemente desprezado. Foi enganado por seu orgulho, pois vive numa fortaleza de pedra e mora no alto dos montes. ‘Quem me derrubará daqui de cima?’, pensa consigo. Mesmo que suba tão alto como as águias e faça seu ninho entre as estrelas, de lá eu o derrubarei”, diz o S enhor. “Se ladrões viessem durante a noite e o assaltassem (que calamidade o espera!), não levariam tudo, e aqueles que colhem uvas sempre deixam algumas para os pobres. No entanto, todos os cantos de Edom serão vasculhados e saqueados; todos os tesouros serão encontrados e levados embora. “Todos os seus aliados o expulsarão de sua terra; eles lhe prometerão paz enquanto tramam enganá-lo e conquistá-lo. Seus amigos de confiança lhe prepararão armadilhas, e você nem se dará conta. Naquele dia, não restará um sábio sequer em toda a terra de Edom”, diz o S enhor. “Pois, nos montes de Edom, destruirei todos que têm entendimento. Os guerreiros mais poderosos de Temã ficarão aterrorizados, e todos nos montes de Edom serão exterminados na matança.” “Por causa da violência que cometeu contra seus parentes, os israelitas, você será coberto de vergonha e destruído para sempre. Quando eles foram invadidos, você se manteve afastado e não quis ajudá-los. Estrangeiros levaram a riqueza da nação e tiraram sortes para dividir Jerusalém, e você agiu como se fosse um deles. “Não deveria ter ficado satisfeito quando exilaram seus parentes em terras distantes. Não deveria ter se alegrado quando o povo de Judá sofreu tamanha desgraça. Não deveria ter falado com arrogância naquele tempo de aflição. Não deveria ter saqueado a terra de Israel naquele dia de calamidade. Não deveria ter ficado satisfeito com sua destruição naquele dia de calamidade. Não deveria ter roubado a riqueza deles naquele dia de calamidade. Não deveria ter ficado nas encruzilhadas para matar os que tentavam escapar. Não deveria ter capturado e entregado os sobreviventes naquele tempo de aflição.” “Está próximo o dia em que eu, o S enhor, julgarei todas as nações! Como você fez a Israel, assim lhe será feito. Toda a sua maldade cairá sobre sua cabeça. Assim como você engoliu meu povo em meu monte santo, você e as nações vizinhas engolirão o castigo contínuo que eu derramar sobre vocês. Sim, todas as nações beberão, cambalearão e, por fim, desaparecerão. “Mas o monte Sião se tornará refúgio para os que escaparem; será um lugar santo. O povo de Israel voltará para tomar posse de sua herança. O povo de Israel será um fogo intenso, e Edom será um campo de palha seca. Os descendentes de José serão uma chama que passará pelo campo e consumirá tudo. Não haverá sobreviventes em Edom; eu, o S enhor, falei. “Então meu povo que vive no Neguebe ocupará os montes de Edom. Os que vivem nas colinas de Judá possuirão as planícies dos filisteus e tomarão os campos de Efraim e de Samaria. O povo de Benjamim ocupará a terra de Gileade. Os exilados de Israel retornarão para sua terra e ocuparão o litoral fenício até Sarepta. Os cativos de Jerusalém, exilados no norte, voltarão para casa e ocuparão as cidades do Neguebe. Os que foram resgatados subirão ao monte Sião, em Jerusalém, para governar sobre os montes de Edom; e o reino será do S enhor.” O S enhor deu esta mensagem a Jonas, filho de Amitai: “Apronte-se e vá à grande cidade de Nínive. Anuncie meu julgamento contra ela, pois vi como seu povo é perverso”. Jonas se aprontou, mas foi na direção contrária, a fim de fugir do S enhor. Desceu ao porto de Jope, onde encontrou um navio que estava de partida para Társis. Comprou a passagem e embarcou para Társis, a fim de fugir do S enhor. O S enhor, porém, enviou sobre o mar um vento forte, e caiu uma tempestade tão violenta que o navio estava prestes a se despedaçar. Com muito medo, os marinheiros clamavam a seus deuses para que os socorressem e lançavam a carga ao mar para deixar o navio mais leve. Enquanto isso, Jonas dormia profundamente no porão. Então o capitão desceu para falar com ele. “Como pode dormir numa situação dessas?”, disse. “Levante-se e ore a seu deus! Quem sabe ele prestará atenção em nós e poupará nossa vida!” Então a tripulação tirou sortes para ver qual deles havia ofendido os deuses e causado a terrível tempestade. Quando tiraram as sortes, elas indicaram que Jonas era o culpado. “Por que essa terrível tempestade veio sobre nós?”, perguntaram. “Quem é você? Qual é sua profissão? De onde vem? Qual é sua nacionalidade?” Jonas respondeu: “Sou hebreu e adoro o S enhor, o Deus dos céus, que fez o mar e a terra”. Os marinheiros ficaram apavorados quando ouviram isso, pois Jonas já havia lhes contado que estava fugindo do S enhor. “Por que fez uma coisa dessas?”, disseram. E, visto que a tempestade piorava cada vez mais, perguntaram-lhe: “O que devemos fazer com você para que a tempestade se acalme?”. Jonas respondeu: “Joguem-me ao mar, e ele voltará a ficar calmo. Eu sei que esta terrível tempestade é culpa minha”. Em vez disso, os marinheiros remaram com ainda mais força para levar a embarcação à terra, mas não conseguiram, pois o mar tempestuoso havia se tornado muito violento. Então clamaram ao S enhor e disseram: “Ó S enhor, não nos deixes morrer por causa deste homem, e não nos responsabilizes pela morte dele! Ó S enhor, tu sabes os motivos por que enviaste esta tempestade sobre ele!”. Depois, os marinheiros pegaram Jonas e o lançaram ao mar e, no mesmo instante, a furiosa tempestade se aquietou. Espantados com o grande poder do S enhor, os marinheiros lhe ofereceram um sacrifício e firmaram o compromisso de servi-lo. O S enhor fez que um grande peixe engolisse Jonas. E Jonas ficou dentro do peixe por três dias e três noites. Então, de dentro do peixe, Jonas orou ao S enhor, seu Deus, e disse: “Em minha angústia, clamei ao S enhor, e ele me respondeu. Gritei da terra dos mortos, e tu me ouviste. Nas profundezas do oceano me lançaste, e afundei até o coração do mar. As águas me envolveram; fui encoberto por tuas tempestuosas ondas. Então eu disse: ‘Tu me expulsaste de tua presença e, no entanto, olharei de novo para teu santo templo’. “Afundei debaixo das ondas, e as águas se fecharam sobre mim; algas marinhas se enrolaram em minha cabeça. Afundei até os alicerces dos montes; fiquei preso na terra, cujas portas se fecharam para sempre. Mas tu, ó S enhor, meu Deus, me resgataste da morte! Quando minha vida se esvaía, me lembrei do S enhor, e minha oração subiu a ti em teu santo templo. Os que adoram falsos deuses dão as costas para as misericórdias de Deus. Eu, porém, oferecerei sacrifícios a ti com cânticos de gratidão e cumprirei todos os meus votos, pois somente do S enhor vem o livramento”. Então o S enhor ordenou que o peixe vomitasse Jonas na praia. Depois disso, o S enhor falou com Jonas pela segunda vez: “Apronte-se, vá à grande cidade de Nínive e transmita a mensagem que eu lhe dei”. Dessa vez, Jonas obedeceu à ordem do S enhor e foi a Nínive, uma cidade tão grande que eram necessários três dias para percorrê-la inteira. No dia em que Jonas entrou na cidade, proclamou às multidões: “Daqui a quarenta dias Nínive será destruída!”. Os habitantes de Nínive creram em Deus e, desde o mais importante até o mais humilde, declararam um jejum e se vestiram de pano de saco. Quando o rei de Nínive ouviu o que Jonas dizia, desceu do trono, tirou as vestes reais, vestiu-se de pano de saco e sentou-se sobre um monte de cinzas. Então o rei e seus nobres enviaram este decreto a toda a cidade: “Ninguém, nem mesmo os animais de seu gado e de seus rebanhos, poderá comer ou beber coisa alguma. Tanto as pessoas como os animais devem se cobrir de pano de saco, e todos devem orar fervorosamente ao S enhor. Devem deixar seus maus caminhos e toda a sua violência. Quem sabe Deus voltará atrás, conterá sua ira ardente e não nos destruirá”. Quando Deus viu o que fizeram e como deixaram seus maus caminhos, voltou atrás e não os destruiu como havia ameaçado. Isso tudo deixou Jonas aborrecido e muito irado. Então, orou ao S enhor: “Antes de eu sair de casa, não foi isso que eu disse que tu farias, ó S enhor? Por esse motivo fugi para Társis! Sabia que és Deus misericordioso e compassivo, lento para se irar e cheio de amor. Estás pronto a voltar atrás e não trazer calamidade. Agora tira minha vida, S enhor! Para mim é melhor morrer que viver desse modo”. O S enhor respondeu: “Você acha certo ficar tão irado assim?”. Então Jonas foi até um lugar a leste de Nínive e construiu um abrigo para sentar-se à sua sombra enquanto esperava para ver o que aconteceria à cidade. O S enhor Deus fez crescer ali uma planta, que logo espalhou suas folhas grandes sobre a cabeça de Jonas e o protegeu do sol. Isso aliviou o desconforto de Jonas, e ele ficou muito grato pela planta. No dia seguinte, porém, ao amanhecer, Deus também mandou uma lagarta. Ela comeu o talo da planta, que secou. Quando o calor do sol se intensificou, Deus mandou um vento leste quente soprar sobre Jonas. O sol bateu em sua cabeça até ele sentir-se tão fraco que desejou morrer. “Para mim é melhor morrer que viver desse modo”, disse ele. Deus perguntou a Jonas: “Você acha certo ficar tão irado por causa da planta?”. Jonas respondeu: “Sim, acho certo ficar tão irado a ponto de querer morrer!”. Então o S enhor disse: “Você tem compaixão de uma planta, embora não tenha feito coisa alguma para que ela crescesse. Ela depressa apareceu e depressa murchou. Nínive, porém, tem mais de 120 mil pessoas que não sabem decidir entre o certo e o errado, sem falar de muitos animais. Acaso não devo ter compaixão dessa grande cidade?”. O S enhor deu esta mensagem a Miqueias, de Moresete, durante os anos em que Jotão, Acaz e Ezequias foram reis de Judá. As visões diziam respeito a Samaria e a Jerusalém. Prestem atenção, todos os povos! Que a terra e tudo que nela há ouçam! O S enhor Soberano faz acusações contra vocês; de seu santo templo o Senhor fala. Vejam, o S enhor se aproxima! Ele deixa seu trono nos céus e pisa sobre os lugares altos da terra. Os montes se derretem sob seus pés e escorrem para os vales, como cera no fogo, como água que desce pela encosta. E por que isso acontece? Por causa da rebeldia de Israel, dos pecados dos descendentes de Jacó. Quem é responsável pela rebeldia de Israel? Samaria, sua capital! Onde fica o centro de idolatria de Judá? Em Jerusalém, sua capital! “Por isso, transformarei a cidade de Samaria num monte de ruínas. Farei de suas ruas um campo para plantar videiras. Atirarei no vale as pedras de seus muros, até que os alicerces fiquem descobertos. Todas as suas imagens esculpidas serão despedaçadas, todos os seus tesouros sagrados serão queimados. Isso tudo foi comprado com o pagamento de sua prostituição e será levado embora para pagar prostitutas em outro lugar.” Por isso, chorarei e lamentarei; andarei descalço e nu. Uivarei como o chacal e gemerei como a coruja. Pois a ferida de meu povo não tem cura. Chegou a Judá, até as portas de Jerusalém. Não contem isso a nossos inimigos em Gate; não chorem. Vocês, habitantes de Bete-Leafra, rolem no pó. Vocês, habitantes de Safir, vão para o exílio, nus e envergonhados. Os habitantes de Zaanã não se atrevem a sair da cidade. Os habitantes de Bete-Ezel estão em prantos, pois não têm proteção. Os habitantes de Marote anseiam por alívio, mas a calamidade do S enhor chega até os portões de Jerusalém. Atrelem os cavalos a suas carruagens e fujam, habitantes de Laquis. Você foi a primeira cidade em Judá a seguir Israel em sua rebeldia, e levou a bela Sião a pecar. Deem presentes de despedida a Moresete-Gate; a cidade de Aczibe enganou os reis de Israel. Ó habitantes de Maressa, trarei um conquistador para tomar sua cidade. E a liderança de Israel irá a Adulão. Ó habitantes de Judá, raspem a cabeça, pois seus filhos queridos serão levados para longe. Fiquem calvos como a águia, pois seus pequenos serão exilados em terras distantes. Que aflição espera vocês que ficam acordados à noite fazendo planos perversos! Levantam-se ao amanhecer para realizá-los, só porque têm poder para isso. Quando desejam um terreno, encontram um modo de se apropriar dele. Quando querem a casa de alguém, tomam-na por meio de violência. Oprimem um homem para que lhes entregue sua propriedade e deixam a família dele sem herança. Portanto, assim diz o S enhor: “Eu retribuirei sua maldade com maldade; não conseguirão livrar o pescoço do laço. Não andarão mais com arrogância, pois será um tempo de calamidade”. Naquele dia, seus inimigos zombarão de vocês e entoarão canções de lamento a seu respeito: “Estamos acabados, totalmente arruinados! Deus confiscou nossa terra, ele a tomou de nós. Entregou nossos campos àqueles que nos levaram cativos”. Então outros estabelecerão suas divisas, e o povo do S enhor será ignorado na hora de repartir a terra. “Não diga uma coisa dessas”, o povo responde. “Não profetize dessa maneira; essa desgraça jamais nos acontecerá!” Acaso deve falar desse modo, ó povo de Israel? O Espírito do S enhor terá paciência com essa conduta? Se fizesse o que é certo, minhas palavras lhe trariam consolo. Até agora, porém, meu povo se rebela contra mim, como se fosse um inimigo. Roubam a túnica daqueles que confiaram em vocês e os deixam aos farrapos, como quem volta da batalha. Expulsaram mulheres de seus lares confortáveis e tomaram para sempre de seus filhos tudo que Deus lhes deu. Levantem-se! Vão embora! Esta não é mais sua terra nem seu lar, pois vocês a encheram de pecado e a arruinaram por completo. Se um profeta que vive a mentir lhes dissesse: “Proclamarei para vocês as alegrias do vinho e da bebida forte”, de um profeta assim vocês se alegrariam! “Algum dia, ó Israel, reunirei os que restaram. Juntarei vocês novamente, como ovelhas no curral, como rebanho em seu pasto. Sim, sua terra voltará a se encher do ruído das multidões. Seu líder abrirá o caminho e os conduzirá para fora do exílio, pelas portas das cidades inimigas, de volta para sua terra. Seu rei os conduzirá; o próprio S enhor os guiará.” Eu disse: “Ouçam, líderes de Israel! Vocês deveriam saber o que é certo, mas odeiam o bem e amam o mal. Esfolam meu povo e arrancam a carne de seus ossos. Sim, comem a carne de meu povo; arrancam sua pele e quebram seus ossos. Cortam-no em pedaços, como carne para a panela. Então, na hora da aflição, clamam ao S enhor; esperam mesmo que ele responda? Depois de todo o mal que fizeram, ele nem olhará para vocês!”. Assim diz o S enhor: “Vocês, falsos profetas, fazem meu povo se desviar! Prometem paz aos que lhes dão comida, mas anunciam guerra aos que não os alimentam. Agora, a noite se fechará ao seu redor e acabará com suas visões. A escuridão os cobrirá e dará fim a suas predições. O sol se porá para os profetas, e seu dia chegará ao fim. Então vocês, videntes, serão envergonhados, e vocês, adivinhos, serão humilhados. Cobrirão a boca, porque não há resposta de Deus”. Quanto a mim, estou cheio de poder, cheio do Espírito do S enhor. Estou cheio de justiça e força para anunciar o pecado e a rebeldia de Israel. Escutem, líderes de Israel! Vocês odeiam a justiça e distorcem o que é certo. Constroem Jerusalém sobre um alicerce de homicídio e corrupção. Os governantes julgam conforme os subornos que recebem, os sacerdotes cobram para ensinar a lei, os profetas só profetizam quando são pagos, e, no entanto, todos afirmam depender do S enhor. Dizem: “Nenhum mal nos acontecerá, pois o S enhor está em nosso meio”. Por causa de vocês, o monte Sião será arado como um campo; Jerusalém será transformada num monte de ruínas. Crescerá mato na colina, onde hoje fica o templo. Nos últimos dias, o monte da casa do S enhor será o mais alto de todos. Será elevado acima das colinas, e povos de todo o mundo irão até lá. Gente de muitas nações virá e dirá: “Venham, subamos ao monte do S enhor, à casa do Deus de Jacó. Ali ele nos ensinará como devemos viver e andaremos em seus caminhos”. Pois a lei do S enhor sairá de Sião; sua palavra sairá de Jerusalém. O S enhor será mediador entre povos e resolverá conflitos entre nações poderosas e distantes. Elas forjarão suas espadas para fazer arados e transformarão suas lanças em podadeiras. As nações já não lutarão entre si, nem treinarão mais para a guerra. Todos viverão em paz, sentados sob suas videiras e figueiras, pois não haverá nada a temer. Assim prometeu o S enhor dos Exércitos! Embora as nações ao redor sigam seus deuses, nós seguiremos o S enhor, nosso Deus, para sempre. “Naquele dia”, diz o S enhor, “reunirei os fracos, os que foram exilados, aqueles a quem feri. Os fracos sobreviverão como um remanescente, os exilados se tornarão uma nação forte. Então eu, o S enhor, reinarei sobre eles no monte Sião, para sempre.” Quanto a você, bela Sião, fortaleza do povo de Deus, voltará a ter força e poder soberano. O reino de minha preciosa Jerusalém será restaurado. Agora, por que grita de terror? Acaso não tem rei para governá-la? Morreram todos os seus sábios? Sim, você foi tomada de dor como a mulher que dá à luz. Ó habitantes da bela Sião, contorçam-se e gemam, como a mulher em trabalho de parto, pois terão de deixar a cidade para morar nos campos. Vocês serão enviados ao exílio na distante Babilônia. Ali, porém, o S enhor os libertará; ele os livrará das garras de seus inimigos. Agora muitas nações se reuniram contra você, dizendo: “Que ela seja profanada! Vejamos a destruição de Sião!”. Mas elas não conhecem os pensamentos do S enhor, nem entendem seu plano. Essas nações não sabem que ele as reúne para serem batidas e pisadas, como feixes de cereal na eira. “Levante-se e esmague as nações, ó bela Sião! Pois eu lhe darei chifres de ferro e cascos de bronze, para que pisoteie muitas nações até despedaçá-las. Você dedicará ao S enhor as riquezas que elas roubaram; dedicará seus tesouros ao Soberano de toda a terra.” Mobilizem-se! Reúnam suas tropas! O inimigo cerca Jerusalém. Com uma vara ferirá o rosto do líder de Israel. Mas você, ó Belém Efrata, é apenas uma pequena vila entre todo o povo de Judá. E, no entanto, um governante de Israel, cujas origens são do passado distante, sairá de você em meu favor. O povo de Israel será entregue a seus inimigos, até que a mulher em trabalho de parto dê à luz. Por fim, seus compatriotas voltarão do exílio para sua própria terra. Ele se levantará para conduzir seu rebanho com a força do S enhor e a majestade do nome do S enhor, seu Deus. Então seu povo viverá tranquilo, pois ele será exaltado em todo o mundo e será a fonte de paz. Quando os assírios invadirem nossa terra e romperem nossas defesas, nomearemos sete pastores para nos proteger, oito príncipes para nos conduzir. Eles conquistarão a Assíria com a espada e entrarão pelas portas da terra de Ninrode. Ele nos livrará dos assírios, quando eles passarem pelas fronteiras para invadir nossa terra. Então o remanescente de Israel ocupará seu lugar entre as nações. Será como o orvalho enviado pelo S enhor, como a chuva que cai sobre a grama, que ninguém é capaz de conter e ninguém consegue deter. Sim, o remanescente de Israel ocupará seu lugar entre as nações. Será como o leão entre os animais no bosque, como o leão forte no meio de rebanhos de ovelhas, que as ataca e as despedaça quando passam, sem que ninguém as livre. O povo de Israel enfrentará seus adversários, e todos os seus inimigos serão exterminados. “Naquele dia”, diz o S enhor, “matarei seus cavalos e destruirei seus carros de guerra. Derrubarei seus muros e demolirei suas fortalezas. Acabarei com a prática da feitiçaria, e não haverá mais adivinhos. Destruirei seus ídolos e suas colunas sagradas, para que vocês nunca mais adorem as obras de suas mãos. Acabarei com seus santuários e postes de Aserá e destruirei suas cidades. Com terrível ira, derramarei minha vingança sobre todas as nações que não me obedeceram.” Ouçam o que o S enhor diz: “Levantem-se e apresentem sua causa! Que os montes e as colinas sejam testemunhas de suas queixas. E agora, ó montes e firmes alicerces da terra, ouçam a queixa do S enhor. Ele julgará seu povo, fará acusações contra Israel. “Ó meu povo, o que fiz para se cansarem de mim? Respondam-me! Eu os tirei do Egito e os resgatei da escravidão; enviei Moisés, Arão e Miriã para guiá-los. Ó meu povo, não se lembra de como Balaque, rei de Moabe, planejou que você fosse amaldiçoado, e como, em vez disso, Balaão, filho de Beor, o abençoou? Não recorda sua viagem do vale das Acácias a Gilgal, quando eu, o S enhor, lhe revelei minha fidelidade?” Que podemos apresentar ao S enhor? Devemos trazer holocaustos ao Deus Altíssimo? Devemos nos prostrar diante dele com ofertas de bezerros de um ano? Devemos oferecer ao S enhor milhares de carneiros e dez mil rios de azeite? Devemos sacrificar nossos filhos mais velhos para pagar por nossos pecados? Ó povo, o S enhor já lhe declarou o que é bom e o que ele requer de você: que pratique a justiça, ame a misericórdia e ande humildemente com seu Deus. Se forem sábios, temam o S enhor! Sua voz clama a todos em Jerusalém: “Ouçam os exércitos de destruição; o S enhor os envia. Que direi sobre as casas dos perversos, cheias de tesouros obtidos pelo engano? E quanto à prática repulsiva de calcular cereais com medidas falsas? Como posso aceitar seus comerciantes que usam balanças e pesos desonestos? Os ricos entre vocês enriqueceram por meio de extorsão e violência. Seus habitantes estão acostumados a mentir; sua língua não consegue mais dizer a verdade. “Por isso eu a farei sofrer! Em ruínas a deixarei por causa de seus pecados. Você comerá, mas nunca se saciará; continuará a sentir as dores de fome. E, embora tente economizar alguma coisa, no fim nada lhe sobrará. O pouco que você ajuntar darei àqueles que a conquistarem. Você semeará plantações, mas não as colherá. Espremerá azeitonas, mas não terá óleo suficiente para se ungir. Pisará uvas, mas não obterá suco para fazer vinho. Você obedece apenas às leis do rei Onri e segue apenas as práticas do rei Acabe. Por isso farei de você um exemplo e a levarei à ruína. Será tratada com desprezo e insultada por todos que a virem”. Pobre de mim! Sinto-me como quem apanha frutas depois da colheita e nada encontra para comer. Não há um cacho de uvas sequer, nem um único figo novo para saciar minha fome. Os fiéis desapareceram; não resta uma só pessoa honesta na terra. São todos assassinos, que preparam armadilhas até para os próprios irmãos; suas mãos são hábeis para fazer o mal. Governantes e juízes exigem subornos; os mais influentes conseguem o que querem e tramam juntos para perverter a justiça. Até o melhor deles é como um espinheiro, e o mais honesto é perigoso como uma cerca de espinhos. Mas o dia anunciado se aproxima; está chegando a hora de seu castigo, um tempo de confusão. Não confie em ninguém, nem mesmo em seu melhor amigo, nem sequer em sua esposa. Pois o filho despreza o pai, a filha se rebela contra a mãe, a nora se rebela contra a sogra; seus inimigos estão em sua própria casa! Quanto a mim, busco o S enhor e espero confiante que Deus me salve; certamente meu Deus me ouvirá! Não se alegrem, meus inimigos; pois, mesmo que eu caia, voltarei a me levantar. Ainda que eu esteja em trevas, o S enhor será minha luz. Serei paciente enquanto o S enhor me castiga, pois pequei contra ele. Depois disso, ele defenderá minha causa e fará o que é direito. O S enhor me levará para a luz, e verei sua justiça. Então meus inimigos verão que o S enhor está do meu lado e se envergonharão de ter dito: “Onde está o S enhor, seu Deus?”. Com os próprios olhos eu os verei cair; serão pisados como lama nas ruas. Naquele dia, Israel, seus muros serão reconstruídos, e suas fronteiras, ampliadas. Gente de muitas terras virá até você: desde a Assíria até as cidades do Egito, desde o Egito até o rio Eufrates, e de mares e montes distantes. A terra, porém, ficará vazia e desolada, por causa da maldade dos que nela habitam. Ó S enhor, protege teu povo com teu cajado de pastor; conduz este rebanho que pertence a ti! Embora vivam sozinhos num bosque no alto do monte Carmelo, leva-os para pastar nos campos verdes de Basã e Gileade, como faziam muito tempo atrás. “Sim, realizarei grandes milagres em seu favor, como fiz quando os resgatei da terra do Egito.” Todas as nações ficarão admiradas do que o S enhor fará por vocês. Elas terão vergonha de seu pequeno poder; cobrirão a boca com as mãos e taparão os ouvidos. Como serpentes que rastejam para fora de seus esconderijos, sairão ao encontro do S enhor, nosso Deus. Terão muito temor dele e tremerão em sua presença. Que outro Deus há semelhante a ti, que perdoas a culpa do remanescente e esqueces os pecados dos que te pertencem? Não permanecerás irado com teu povo para sempre, pois tens prazer em mostrar teu amor. Voltarás a ter compaixão de nós; pisarás nossas maldades sob teus pés e lançarás nossos pecados nas profundezas do mar. Tu nos mostrarás tua fidelidade e teu amor como prometeste há muito tempo a Abraão e a Jacó, nossos antepassados. Naum, que vivia em Elcós, recebeu numa visão esta mensagem acerca de Nínive. O S enhor é Deus zeloso, cheio de vingança e ira. Vinga-se de todos que a ele se opõem e reserva sua fúria para seus inimigos. O S enhor é lento para se irar, mas tem grande poder e nunca deixa de castigar o culpado. Demonstra seu poder no vendaval e na tempestade; as nuvens são poeira debaixo de seus pés. À sua ordem, os oceanos secam e os rios desaparecem. Os pastos verdejantes de Basã e do Carmelo se esvaem, e os bosques do Líbano murcham. Em sua presença, os montes tremem e as colinas se derretem; a terra estremece e seus habitantes são destruídos. Quem pode resistir à sua indignação? Quem pode sobreviver à sua ira ardente? Sua fúria queima como fogo, e os montes desabam em sua presença. O S enhor é bom; é forte refúgio quando vem a aflição. Está perto dos que nele confiam, mas arrasará seus inimigos com uma tremenda inundação. Perseguirá seus adversários escuridão adentro. Por que vocês tramam contra o S enhor? Ele os destruirá com um só golpe; não precisará vir outra vez. Seus inimigos, emaranhados como espinheiros e cambaleantes como bêbados, serão queimados como palha seca. Ó Nínive, quem é esse seu conselheiro perverso, que trama o mal contra o S enhor? Assim diz o S enhor: “Embora os assírios tenham muitos aliados, serão destruídos e desaparecerão. Ó meu povo, eu o castiguei antes, mas não o castigarei outra vez. Agora quebrarei o jugo sobre seu pescoço e arrancarei as correntes de sua opressão”. E assim diz o S enhor acerca dos assírios: “Vocês não terão mais filhos para dar continuidade ao seu nome; destruirei todos os ídolos nos templos de seus deuses. Estou preparando uma sepultura para vocês, pois são desprezíveis!”. Vejam, um mensageiro vem pelas montanhas com boas notícias! Ele traz uma mensagem de paz. Celebrem suas festas, ó habitantes de Judá, e cumpram seus votos, pois seus inimigos perversos nunca mais invadirão sua terra; serão completamente destruídos. Ó Nínive, seu inimigo vem destruí-la. Guarde as muralhas! Vigie as estradas! Prepare suas defesas! Reúna suas forças! Embora os saqueadores tenham despojado Israel, o S enhor restaurará sua honra. Os ramos da videira foram arrancados, mas ele restaurará seu esplendor. Os escudos de seus guerreiros são vermelhos; vejam os uniformes escarlates dos soldados valentes! Observem seus reluzentes carros de guerra se alinharem, enquanto as lanças se agitam acima deles. Os implacáveis carros de guerra percorrem as ruas e atravessam velozes as praças. Brilham como tochas de fogo e se movem com a rapidez de relâmpagos. Os oficiais são convocados e, de tanta pressa, saem tropeçando, correndo para os muros a fim de organizar as defesas. As comportas do rio foram abertas! O palácio está prestes a desabar! O exílio de Nínive foi decretado, e todas as servas lamentam sua derrota. Gemem como pombas e batem no peito em sinal de tristeza. Nínive é como um açude rompido, que deixa vazar seu povo. “Parem! Parem!”, alguém grita, mas ninguém olha para trás. Saqueiem a prata! Levem o ouro! Os tesouros de Nínive não têm fim; sua riqueza é incalculável. A cidade é saqueada e fica vazia e arruinada; corações se derretem e joelhos vacilam. O povo fica angustiado, de rosto pálido, tremendo de medo. Onde está agora a grande Nínive, toca cheia de leões? Ali o povo, como leões e seus filhotes, andava livremente e sem temor. O leão despedaçava a carne para seus filhotes e estrangulava a presa para a leoa. Enchia sua toca de presas e suas cavernas, de despojos. “Sou seu inimigo!”, diz o S enhor dos Exércitos. “Em breve seus carros serão queimados, e seus jovens morrerão na batalha. Você nunca mais saqueará nações conquistadas; jamais se ouvirá novamente a voz de seus mensageiros.” Que aflição espera Nínive, cidade de homicídio e mentiras! É cheia de riquezas tomadas à força, e nunca lhe faltam vítimas. Ouçam o estalo de chicotes, o estrondo de rodas! Os cavalos vêm galopando, e os carros de guerra sacodem sem parar. Vejam as espadas faiscantes e as lanças reluzentes quando passa a cavalaria! Há incontáveis mortos, montes de cadáveres. Os corpos são tantos que os vivos neles tropeçam. Tudo isso porque Nínive, prostituta bela, dona de encantamentos mortais, seduziu as nações com sua beleza. Ensinou a elas sua magia e enfeitiçou gente de toda parte. “Sou seu inimigo!”, diz o S enhor dos Exércitos. “Agora levantarei suas vestes e mostrarei às nações sua nudez e vergonha. Cobrirei você de sujeira e mostrarei ao mundo como é desprezível. Todos que a virem se afastarão e dirão: ‘Nínive está arruinada! Onde estão os que choram por ela?’. Alguém lamentará sua destruição?” Acaso você é melhor que a cidade de Tebas, situada junto ao rio Nilo e cercada de água? Por todos os lados era protegida pelo rio, e as águas eram seus muros. A Etiópia e a terra do Egito lhe davam apoio ilimitado. A nação de Pute e a Líbia estavam entre seus aliados. E, no entanto, Tebas foi conquistada, e seus habitantes, levados como escravos. Seus bebês foram lançados com violência contra as pedras nas ruas. Soldados tiraram sortes para decidir quem levaria oficiais egípcios como servos; todos os seus líderes foram acorrentados. E você, Nínive, também tropeçará como um bêbado e se esconderá de medo do inimigo que ataca. Todas as suas fortalezas cairão; serão devoradas como figos maduros que caem na boca de quem sacode a árvore. Seus soldados ficarão fracos e indefesos como mulheres. Os portões de sua terra serão escancarados para o inimigo, e fogo consumirá as trancas. Prepare-se para o cerco! Estoque água! Reforce suas defesas! Entre nos buracos para pisar o barro, coloque-o nas formas e faça tijolos para reparar os muros! Mesmo assim, o fogo a devorará; a espada a exterminará. O inimigo a consumirá como gafanhotos que devoram tudo pela frente. Mesmo que você se multiplique como gafanhotos, não haverá como escapar. Seus comerciantes se tornaram mais numerosos que as estrelas do céu. Mas, como nuvem de gafanhotos, devastam a terra e voam para longe. Seus guardas e oficiais também são como gafanhotos, que se ajuntam sobre os muros nos dias frios. Mas, como gafanhotos que voam embora quando o sol aparece, todos vão para longe e desaparecem. Seus líderes dormem, ó rei assírio; seus nobres estão mortos, estendidos no pó. Seu povo está espalhado pelos montes, e não há quem os reúna. Não há cura para sua ferida; ela é mortal. Todos que ouvirem sobre sua destruição baterão palmas de alegria. Onde se poderá encontrar alguém que não sofreu com sua constante crueldade? Esta é a mensagem que o profeta Habacuque recebeu numa visão. Até quando, S enhor, terei de pedir socorro? Tu, porém, não ouves. Clamo: “Há violência por toda parte!”, mas tu não vens salvar. Terei de ver estas maldades para sempre? Por que preciso assistir a tanta opressão? Para qualquer lugar que olho, vejo destruição e violência. Estou cercado de pessoas que discutem e brigam o tempo todo. A lei está amortecida, e não se faz justiça nos tribunais. Os perversos são mais numerosos que os justos e, com isso, a justiça é corrompida. “Observem as nações ao redor; olhem e admirem-se! Pois faço algo em seus dias, algo em que vocês não acreditariam mesmo que alguém lhes contasse. Estou levantando os babilônios, um povo cruel e violento. Eles marcharão por todo o mundo e conquistarão outras terras. São conhecidos por sua crueldade e decidem por si mesmos o que é certo. Seus cavalos são mais velozes que leopardos e mais ferozes que lobos ao anoitecer. Seus cavaleiros atacam, vindos de longe; como águias, lançam-se sobre a presa para devorá-la. “Todos eles vêm prontos para agir com violência; seus exércitos avançam como o vento do deserto, ajuntando prisioneiros como se fossem areia. Zombam de reis e príncipes e desprezam todas as suas fortalezas. Constroem rampas de terra contra seus muros e as conquistam. Passam com rapidez, como o vento, e desaparecem. Sua culpa, porém, é grande, pois têm como deus sua própria força.” Ó S enhor, meu Deus, meu Santo, tu que és eterno certamente não planejas nos exterminar! Ó S enhor, nossa Rocha, enviaste os babilônios para nos disciplinar, como castigo por nossos pecados. Mas tu és puro e não suportas ver o mal e a opressão; permanecerás indiferente diante desses traiçoeiros? Ficarás calado enquanto os perversos engolem os que são mais justos que eles? Somos apenas peixes para ser apanhados e mortos? Somos apenas seres do mar, que não têm quem os guie? Seremos fisgados por seus anzóis e pegos em suas redes enquanto eles se alegram e festejam? Então eles oferecerão sacrifícios a suas redes e queimarão incenso diante delas, dizendo: “Essas redes nos enriqueceram!”. Deixarás que permaneçam impunes? Continuarão a destruir cruelmente as nações? Subirei até minha torre de vigia e ficarei de guarda. Ali esperarei para ver o que ele diz, que resposta dará à minha queixa. Então o S enhor me disse: “Escreva minha resposta em tábuas, para que se possa ler depressa e com clareza. Esta é uma visão do futuro; descreve o fim, e tudo se cumprirá. Se parecer que demora a vir, espere com paciência, pois certamente acontecerá; não se atrasará. “Olhe para os arrogantes, os perversos que em si mesmos confiam; o justo, porém, viverá por sua fidelidade a Deus. A riqueza é traiçoeira, e os arrogantes nunca descansam. Escancaram a boca como a sepultura e, como a morte, nunca se saciam. Em sua cobiça, ajuntaram muitas nações e engoliram muitos povos. “Em breve, porém, seus cativos os insultarão; zombarão deles, dizendo: ‘Que aflição espera vocês, ladrões! Ficaram ricos pela extorsão; até quando continuarão desse modo?’. De repente, seus credores tomarão providências; eles se voltarão contra vocês e levarão tudo que têm, enquanto vocês olham, trêmulos e indefesos. Porque saquearam muitas nações, agora todos os sobreviventes os saquearão. Cometeram homicídio nos campos e encheram as cidades de violência. “Que aflição espera vocês que constroem casas enormes com dinheiro obtido por meio de opressão! Acreditam que a riqueza comprará segurança e manterá sua família afastada do perigo. Mas, com os homicídios que cometeram, envergonharam seu nome e condenaram a própria vida. As pedras das paredes clamam contra vocês, e as vigas dos telhados também se queixam. “Que aflição espera vocês que constroem cidades com dinheiro obtido por meio de homicídio e corrupção! Acaso o S enhor dos Exércitos não transformará em cinzas as riquezas das nações? Elas trabalham com afinco, mas de nada adianta. Pois, assim como as águas enchem o mar, a terra se encherá do conhecimento da glória do S enhor. “Que aflição espera vocês que dão bebidas a seus companheiros! Vocês os obrigam a se embriagar e depois se alegram, maldosos, quando eles ficam nus e envergonhados. Em breve, porém, será sua vez de serem humilhados; venham, bebam e fiquem despidos e expostos! Bebam do cálice do S enhor, e toda a sua glória será transformada em desonra. Derrubaram as florestas do Líbano, agora vocês serão derrubados. Destruíram os animais selvagens, agora o terror deles virá sobre vocês. Cometeram homicídio nos campos e encheram as cidades de violência. “De que vale o ídolo esculpido por mãos humanas, ou a imagem de metal que só os engana? Como é tolo confiar em sua própria criação, num deus que nem sequer é capaz de falar! Que aflição espera vocês que dizem a ídolos de madeira: ‘Despertem!’, e que dizem a imagens mudas de pedra: ‘Levantem-se!’. Acaso um ídolo pode lhes dizer o que fazer? Apesar de serem revestidos de ouro e prata, não há vida dentro deles. O S enhor, porém, está em seu santo templo; toda a terra cale-se diante dele.” O profeta Habacuque entoou esta oração: Ouvi a teu respeito, S enhor; estou maravilhado com tuas obras. Neste momento de tanta necessidade, ajuda-nos outra vez, como fizeste no passado. E, em tua ira, lembra-te de tua misericórdia. Vejo Deus atravessar os desertos, vindo de Edom; o Santo vem do monte Parã. Seu esplendor envolve os céus, e a terra se enche de seu louvor. Sua vinda é radiante como o nascer do sol; raios de luz saem de suas mãos, onde está escondido seu poder. A peste marcha adiante dele, e a praga vem logo atrás. Quando ele para, a terra estremece; quando ele olha, as nações tremem. Ele derruba os montes perpétuos e arrasa as colinas antigas; dele são os caminhos eternos. Vejo o povo de Cusã em aflição, e a nação de Midiã treme de terror. Foi com ira, S enhor, que feriste os rios e dividiste o mar? Estavas furioso com eles? Não! Vinhas em tuas carruagens vitoriosas! Pegaste teu arco e tua aljava cheia de flechas e dividiste a terra com rios. Os montes viram e tremeram, e as águas avançaram com violência. O grande abismo clamou e levantou bem alto as mãos. O sol e a lua pararam no céu enquanto tuas flechas brilhantes voavam e tua lança reluzente faiscava. Marchaste pela terra com ira e, furioso, pisaste as nações. Saíste para resgatar teu povo, para libertar teus ungidos. Esmagaste a cabeça dos perversos e os descobriste até os ossos. Com tuas armas destruíste o líder dos que avançaram como um vendaval, pensando que o povo fosse presa fácil. Marchaste sobre o mar com teus cavalos, e as águas poderosas se agitaram. Estremeci por dentro quando ouvi isso; meus lábios tremeram de medo. Minhas pernas vacilaram, e tremi de terror. Esperarei em silêncio pelo dia em que a calamidade virá sobre nossos invasores. Ainda que a figueira não floresça e não haja frutos nas videiras, ainda que a colheita de azeitonas não dê em nada e os campos fiquem vazios e improdutivos, ainda que os rebanhos morram nos campos e os currais fiquem vazios, mesmo assim me alegrarei no S enhor; exultarei no Deus de minha salvação! O S enhor Soberano é minha força! Ele torna meus pés firmes como os da corça, para que eu possa andar em lugares altos. (Ao regente do coral: Essa oração deve ser acompanhada por instrumentos de corda.) O S enhor deu esta mensagem a Sofonias quando Josias, filho de Amom, era rei de Judá. Sofonias era filho de Cuchi, filho de Gedalias, filho de Amarias, filho de Ezequias. “Destruirei todas as coisas sobre a face da terra”, diz o S enhor. “Destruirei tanto pessoas como animais, destruirei as aves do céu e os peixes do mar. Reduzirei os perversos a montes de escombros e exterminarei a humanidade da face da terra”, diz o S enhor. “Esmagarei Judá e Jerusalém com meu punho e eliminarei até o último vestígio de seu culto a Baal. Acabarei com os sacerdotes idólatras, de modo que todos se esquecerão deles. Pois eles sobem a seus terraços e se curvam para as estrelas e os astros. Juram pelo nome do S enhor, mas também adoram Moloque. Destruirei os que antes seguiam o S enhor, mas agora já não o fazem. Não pedem a direção do S enhor, nem o buscam mais.” Fiquem em silêncio na presença do S enhor Soberano, pois se aproxima o dia do S enhor. O S enhor preparou seu povo para uma grande matança e escolheu seus carrascos. “Naquele dia de julgamento”, diz o S enhor, “castigarei os líderes e os príncipes de Judá e todos que seguem costumes estrangeiros. Sim, castigarei os que participam de cultos idólatras e enchem a casa de seus senhores de violência e engano.” “Naquele dia”, diz o S enhor, “um grito de alarme virá do portão dos Peixes e ressoará em todo o bairro novo da cidade; um grande estrondo virá das colinas. Lamentem, vocês que moram na região do mercado, pois todos os comerciantes e negociantes serão destruídos. “Vasculharei com lamparinas os cantos mais escuros de Jerusalém, para castigar os que vivem acomodados em seus pecados. Pensam que o S enhor não lhes fará coisa alguma, nem boa nem má. Por isso, seus bens serão saqueados, e suas casas, destruídas. Construirão casas novas, mas não habitarão nelas. Plantarão videiras, mas não beberão de seu vinho. “Esse dia terrível do S enhor se aproxima; ele virá depressa. Será um dia de amargura em que até os homens fortes gritarão. Será um dia em que o S enhor derramará sua ira, dia de sofrimento e angústia, dia de ruína e desolação, dia de escuridão e trevas, dia de nuvens sombrias e densas, dia de toque de trombetas e gritos de batalha. Caem as cidades cercadas por muros e as fortalezas mais poderosas! “Porque pecaram contra o S enhor, eu os farei tatear no escuro como cegos. Seu sangue será derramado no pó, e seus corpos apodrecerão sobre a terra.” Seu ouro e sua prata não os salvarão no dia da ira do S enhor. Pois toda a terra será consumida pelo fogo de seu zelo. Ele dará um fim assustador a todos que habitam a terra. Reúna-se, ajunte-se, ó nação desavergonhada! Reúna-se antes que comece o julgamento, antes que o tempo passe como palha levada pelo vento. Tome uma providência agora, antes que caia a terrível fúria do S enhor e comece o dia da ira do S enhor. Todos vocês, humildes, busquem o S enhor e sigam suas ordens. Busquem a justiça e vivam com humildade; talvez o S enhor os proteja no dia de sua ira. Gaza e Ascalom serão abandonadas, Asdode e Ecrom, demolidas. Que aflição espera vocês, filisteus, que vivem no litoral e na terra de Canaã, pois este julgamento também é contra vocês! O S enhor os destruirá, até que não reste ninguém em seu meio. O litoral filisteu se transformará em pasto, lugar de acampamento de pastores e de currais para os rebanhos. O remanescente da tribo de Judá ali se alimentará e, à noite, descansará nas casas abandonadas de Ascalom. Pois o S enhor, seu Deus, visitará seu povo e, em sua bondade, os restaurará. “Ouvi a zombaria dos moabitas e os insultos dos amonitas, que riem de meu povo e invadem suas fronteiras. Agora, tão certo como eu vivo”, diz o S enhor dos Exércitos, o Deus de Israel, “Moabe e Amom serão destruídas, como Sodoma e Gomorra. Sua terra será um lugar de urtigas, de poços de sal e desolação sem fim. O remanescente de meu povo os saqueará e tomará sua terra.” Eles receberão o castigo merecido por seu orgulho, pois zombaram do povo do S enhor dos Exércitos. O S enhor os encherá de terror quando destruir todos os deuses da terra. Então nações de todo o mundo adorarão o S enhor, cada uma em sua terra. “Vocês, etíopes, também serão mortos por minha espada”, diz o S enhor. E, com sua mão, ele ferirá as terras do norte e destruirá a terra da Assíria. Fará de Nínive uma terra vazia e desolada, seca como um deserto. A cidade orgulhosa se tornará pasto para rebanhos e gado, e toda espécie de animal selvagem ali descansará. A coruja do deserto e o mocho se alojarão no alto de suas colunas arruinadas, e pelas janelas se ouvirá o som das aves. O entulho fechará as entradas, e os painéis de cedro ficarão expostos. Essa é a cidade barulhenta, que antes vivia em segurança. Dizia com orgulho: “Sou a mais poderosa das cidades! Não há outra igual a mim!”. Agora, porém, vejam como ficou em ruínas, morada de animais selvagens. Todos que passarem por ela rirão de desprezo e sacudirão o punho em provocação. Que aflição espera Jerusalém, cidade rebelde e impura, cheia de violência e opressão! Ninguém pode lhe dizer coisa alguma; ela recusa toda correção. Não confia no S enhor, nem se aproxima de seu Deus. Seus líderes são como leões que rugem, caçando suas vítimas. Seus juízes são como lobos ao cair da noite, que não deixam vestígio de suas presas ao amanhecer. Seus profetas são mentirosos arrogantes que buscam os próprios interesses. Seus sacerdotes profanam o templo ao transgredir a lei de Deus. Mas o S enhor ainda está na cidade e não pratica o mal. A cada dia, ele faz justiça e nunca falha; os perversos, porém, não se envergonham. “Exterminei as nações, destruí suas torres. Suas ruas ficaram desertas, suas cidades são ruínas caladas. Não há sobreviventes, nem um sequer. Pensei: ‘Agora eles me temerão! Certamente ouvirão minhas advertências! Então não precisarei feri-los outra vez, nem destruir suas casas’. Mas eles continuam a se levantar cedo para praticar todo tipo de maldade. Portanto, sejam pacientes”, diz o S enhor, “pois em breve me levantarei para acusar essas nações. Resolvi juntar os reinos da terra e derramar sobre eles minha ira ardente. Toda a terra será consumida pelo fogo de meu zelo. “Então purificarei os lábios dos povos, para que possam se reunir e adorar o S enhor. Meu povo dispersado, que vive além dos rios da Etiópia, virá para apresentar suas ofertas. Naquele dia, vocês não precisarão se envergonhar, pois já não serão rebeldes contra mim. Removerei de seu meio os orgulhosos; não haverá mais arrogância em meu santo monte. Só restarão os pobres e os humildes, pois eles confiam no nome do S enhor. O remanescente de Israel não cometerá injustiça; não mentirão nem enganarão uns aos outros. Comerão e dormirão em segurança, e não haverá quem os atemorize.” Cante, ó filha de Sião! Grite bem alto, ó Israel! Alegre-se e exulte de todo o coração, ó preciosa Jerusalém! Pois o S enhor removerá as acusações contra você e dispersará os exércitos de seu inimigo. O S enhor, o rei de Israel, estará em seu meio, e você nunca mais temerá a calamidade. Naquele dia, se anunciará em Jerusalém: “Anime-se, ó Sião! Não tenha medo! Pois o S enhor, seu Deus, está em seu meio; ele é um Salvador poderoso. Ele se agradará de vocês com exultação e acalmará todos os seus medos com amor; ele se alegrará em vocês com gritos de alegria!”. “Juntarei os que choram por não participarem das festas sagradas; nunca mais serão envergonhados. Tratarei severamente todos que os oprimiram; salvarei os fracos e indefesos. Aos que antes foram exilados, darei reconhecimento e honra nas terras em que sofreram humilhação. Naquele dia, reunirei vocês e os trarei para casa. Eu lhes darei honra e reconhecimento entre todas as nações da terra, e os restaurarei diante dos olhos delas. Eu, o S enhor, falei!” Em 29 de agosto do segundo ano do reinado de Dario, o S enhor transmitiu esta mensagem por meio do profeta Ageu ao governador de Judá, Zorobabel, filho de Sealtiel, e ao sumo sacerdote Josué, filho de Jeozadaque. “Assim diz o S enhor dos Exércitos: Este povo diz: ‘Ainda não chegou a hora de reconstruir a casa do S enhor ’”. Então o S enhor enviou esta mensagem por meio do profeta Ageu: “Por que vocês vivem em casas luxuosas enquanto minha casa continua em ruínas? Assim diz o S enhor dos Exércitos: Vejam o que tem acontecido com vocês! Plantam muito, mas colhem pouco. Comem, mas não se saciam. Bebem, mas ainda têm sede. Vestem-se, mas não se aquecem. Seus salários desaparecem como se vocês os colocassem em bolsos furados. “Assim diz o S enhor dos Exércitos: Vejam o que tem acontecido com vocês! Agora, subam as colinas, tragam madeira e reconstruam minha casa. Então me alegrarei nela e serei honrado, diz o S enhor. Vocês esperavam colheitas fartas, mas elas foram escassas. E, quando trouxeram esse pouco para casa, eu o fiz desaparecer com um sopro. Por quê? Porque minha casa continua em ruínas, diz o S enhor dos Exércitos, enquanto vocês estão ocupados construindo suas casas. É por causa de vocês que os céus retêm o orvalho e a terra não produz colheitas. Enviei uma seca sobre seus campos e sobre as colinas, uma seca que fará murchar o trigo, as uvas, as azeitonas e todas as suas plantações, que fará vocês e seus animais passarem fome e destruirá tudo que vocês trabalharam para conseguir”. Então Zorobabel, filho de Sealtiel, e o sumo sacerdote Josué, filho de Jeozadaque, e todo o remanescente do povo obedeceram à mensagem do S enhor, seu Deus. Quando o povo ouviu as palavras do profeta Ageu, que o S enhor, seu Deus, tinha enviado, temeu o S enhor. Então Ageu, o mensageiro do S enhor, transmitiu ao povo esta mensagem do S enhor: “Estou com vocês, diz o S enhor!”. E o S enhor deu ânimo ao governador de Judá, Zorobabel, filho de Sealtiel, ao sumo sacerdote Josué, filho de Jeozadaque, e a todo o remanescente do povo. Começaram a trabalhar na casa de seu Deus, o S enhor dos Exércitos, em 21 de setembro do segundo ano do reinado de Dario. Então, em 17 de outubro desse mesmo ano, o S enhor transmitiu outra mensagem por meio do profeta Ageu: “Diga ao governador de Judá, Zorobabel, filho de Sealtiel, e ao sumo sacerdote Josué, filho de Jeozadaque, e ao remanescente do povo: ‘Algum de vocês se lembra deste templo em sua antiga glória? Como ele lhes parece agora, em comparação com o anterior? Deve parecer insignificante! Mas assim diz o S enhor: Seja forte, Zorobabel! Seja forte, sumo sacerdote Josué, filho de Jeozadaque! Sejam fortes, todos vocês que restam na terra! Mãos à obra, pois eu estou com vocês, diz o S enhor dos Exércitos. Meu Espírito habita em seu meio, como prometi quando vocês saíram do Egito. Portanto, não tenham medo’. “Pois assim diz o S enhor dos Exércitos: Em pouco tempo sacudirei novamente os céus e a terra, os mares e a terra seca. Sacudirei todas as nações, e os tesouros das nações virão para este templo. Encherei este lugar de glória, diz o S enhor dos Exércitos. A prata e o ouro me pertencem, diz o S enhor dos Exércitos. A glória deste novo templo será maior que a glória do antigo, diz o S enhor dos Exércitos, e neste lugar estabelecerei a paz. Eu, o S enhor dos Exércitos, falei!”. Em 18 de dezembro do segundo ano do reinado de Dario, o S enhor enviou esta mensagem ao profeta Ageu: “Assim diz o S enhor dos Exércitos. Pergunte aos sacerdotes sobre a lei: ‘Se alguém levar em sua roupa a carne consagrada de um sacrifício, e se, por acaso, a roupa tocar num pão, num ensopado, em vinho, em azeite ou em qualquer outro tipo de alimento, esse alimento também se tornará consagrado?’”. “Não”, responderam os sacerdotes. Em seguida, Ageu perguntou: “Se alguém se tornar cerimonialmente impuro ao tocar num cadáver e depois tocar num desses alimentos, o alimento ficará contaminado?”. “Sim”, responderam os sacerdotes. Então Ageu disse: “É o que acontece com este povo e com esta nação, diz o S enhor. Tudo que fazem e oferecem é contaminado por seu pecado. Vejam o que estava acontecendo com vocês antes de começarem a lançar os alicerces do templo do S enhor. Quando esperavam uma colheita de vinte medidas, colhiam apenas dez. Quando esperavam tirar cinquenta medidas da prensa de uvas, tiravam apenas vinte. Enviei ferrugem, mofo e granizo para destruir tudo que vocês trabalharam para produzir. E, no entanto, vocês não voltaram para mim, diz o S enhor. “Pensem neste 18 de dezembro, o dia em que foram lançados os alicerces do templo do S enhor. Sim, pensem bem. Eu lhes faço uma promessa agora, enquanto a semente ainda está no celeiro e suas videiras, figueiras, romãzeiras e oliveiras ainda não deram frutos. Mas, de hoje em diante, eu os abençoarei”. Naquele mesmo dia, 18 de dezembro, o S enhor enviou mais uma mensagem a Ageu: “Diga ao governador de Judá, Zorobabel, que estou prestes a sacudir os céus e a terra. Derrubarei tronos e destruirei o poder de reinos estrangeiros. Derrubarei os carros de guerra e seus condutores; os cavalos cairão, e seus cavaleiros matarão uns aos outros. “Naquele dia, diz o S enhor dos Exércitos, honrarei você, meu servo Zorobabel, filho de Sealtiel. Farei que você seja como um anel de selar em meu dedo, diz o S enhor, pois eu o escolhi. Eu, o S enhor dos Exércitos, falei!”. Em novembro do segundo ano do reinado de Dario, o S enhor deu esta mensagem ao profeta Zacarias, filho de Berequias, neto de Ido: “Eu, o S enhor, fiquei extremamente irado com seus antepassados. Portanto, diga ao povo: ‘Assim diz o S enhor dos Exércitos: Voltem-se para mim, e eu me voltarei para vocês, diz o S enhor dos Exércitos’. Não sejam como seus antepassados, que não quiseram ouvir nem deram atenção quando os antigos profetas lhes disseram: ‘Assim diz o S enhor dos Exércitos: Deixem seus caminhos maus e abandonem suas práticas perversas’. “Onde estão agora seus antepassados? Morreram há muito tempo, assim como os profetas. Mas tudo que eu disse e ordenei por meio de meus servos, os profetas, aconteceu a seus antepassados. Por isso, eles se arrependeram e disseram: ‘Recebemos do S enhor dos Exércitos o que merecíamos. Ele fez o que havia prometido’”. Três meses depois, no dia 15 de fevereiro, o S enhor deu outra mensagem ao profeta Zacarias, filho de Berequias, neto de Ido. Numa visão durante a noite, vi um homem montado num cavalo vermelho, parado entre algumas murtas num desfiladeiro. Atrás dele, havia cavaleiros montados em cavalos vermelhos, marrons e brancos. Perguntei ao anjo que falava comigo: “Meu senhor, o que significam estes cavalos?”. “Eu lhe mostrarei”, o anjo respondeu. O cavaleiro que estava entre as murtas explicou: “Eles são aqueles que o S enhor enviou para percorrer a terra”. Então os outros cavaleiros disseram ao anjo do S enhor, que estava entre as murtas: “Percorremos toda a terra, e ela está em paz”. Quando o anjo do S enhor ouviu isso, disse: “Ó S enhor dos Exércitos, durante estes setenta anos tens estado irado com Jerusalém e as cidades de Judá. Quanto tempo levará para voltares a ter compaixão delas?”. E, ao anjo que falava comigo, o S enhor respondeu com palavras boas e consoladoras. Então o anjo me disse: “Proclame esta mensagem: ‘Assim diz o S enhor dos Exércitos: Tenho grande zelo por Jerusalém e pelo monte Sião, mas estou extremamente irado com as outras nações que agora vivem tranquilas. Eu estava apenas um pouco irado com meu povo, mas as nações fizeram que ele sofresse muito. “‘Portanto, assim diz o S enhor: Voltei a mostrar compaixão por Jerusalém. Meu templo será reconstruído, diz o S enhor dos Exércitos, e serão tiradas medidas para a reconstrução de Jerusalém’. “Diga também: ‘Assim diz o S enhor dos Exércitos: As cidades de Israel voltarão a transbordar de prosperidade, e o S enhor voltará a consolar Sião e escolherá Jerusalém para si’”. Então levantei os olhos e vi quatro chifres de animais. “O que significam estes chifres?”, perguntei ao anjo que falava comigo. Ele respondeu: “Estes chifres representam as nações que dispersaram Judá, Israel e Jerusalém”. Então o S enhor me mostrou quatro ferreiros. “O que estes homens vieram fazer?”, perguntei. O anjo respondeu: “Os quatro chifres são as nações que dispersaram e humilharam Judá. Agora, os ferreiros vieram para aterrorizar, derrubar e destruir essas nações”. Quando levantei os olhos outra vez, vi um homem segurando uma corda de medir. “Aonde você vai?”, perguntei. Ele respondeu: “Vou medir Jerusalém para saber sua largura e seu comprimento”. Então o anjo que estava comigo foi se encontrar com outro anjo que vinha em sua direção. O outro anjo disse: “Corra e diga àquele jovem: ‘Um dia Jerusalém ficará tão cheia de pessoas e animais que não haverá muros na cidade, pois não caberão todos dentro dela. Então eu mesmo serei um muro de fogo ao redor de Jerusalém para protegê-la, diz o S enhor. E eu serei a glória no meio da cidade’”. O S enhor diz: “Saiam! Fujam da Babilônia, na terra do norte, pois eu os espalhei aos quatro ventos. Saia, povo de Sião exilado na Babilônia!”. Depois de um período de glória, o S enhor dos Exércitos me enviou contra as nações que saquearam vocês e disse: “Quem lhes faz mal, faz mal à menina dos meus olhos. Levantarei minha mão para esmagar essas nações, e seus próprios escravos as saquearão”. Então vocês saberão que o S enhor dos Exércitos me enviou. O S enhor diz: “Cante e alegre-se, ó bela Sião, pois venho habitar em seu meio. Naquele dia, muitas nações se juntarão ao S enhor, e elas também serão meu povo. Habitarei em seu meio, e vocês saberão que o S enhor dos Exércitos me enviou. A terra de Judá será a propriedade do S enhor na terra santa, e mais uma vez ele escolherá Jerusalém para ser sua cidade. Cale-se diante do S enhor toda a humanidade, pois ele se levanta de sua santa habitação”. Então o anjo me mostrou o sumo sacerdote Josué em pé diante do anjo do S enhor. Satanás, o acusador, também estava ali, ao lado direito do anjo, e fazia acusações contra Josué. O S enhor disse a Satanás: “Eu, o S enhor, rejeito suas acusações, Satanás. Sim, o S enhor, que escolheu Jerusalém, o repreende. Este homem é como uma brasa tirada do fogo”. Josué continuava em pé diante do anjo, e suas roupas estavam imundas. Então o anjo disse aos que ali estavam: “Tirem as roupas imundas dele”. E, voltando-se para Josué, disse: “Veja, removi seus pecados e agora lhe dou roupas de festa”. Eu disse: “Também precisam colocar um turbante limpo em sua cabeça”. E eles colocaram um turbante limpo na cabeça dele e o vestiram com as roupas novas, enquanto o anjo do S enhor permanecia ali. Então o anjo do S enhor falou solenemente a Josué e disse: “Assim diz o S enhor dos Exércitos: Se você andar em meus caminhos e seguir meus preceitos, receberá autoridade sobre meu templo e seus pátios. Deixarei que ande junto com os outros que aqui estão. “Ouçam, ó sumo sacerdote Josué e todos os outros sacerdotes. Vocês são símbolo de coisas futuras. Em breve trarei meu servo, o Renovo. Agora, olhem para a pedra que coloquei diante de Josué, uma única pedra com sete faces. Gravarei nela uma inscrição, diz o S enhor dos Exércitos, e em um só dia removerei os pecados desta terra. “E, naquele dia, diz o S enhor dos Exércitos, cada um de vocês convidará seu próximo para sentar-se debaixo de sua videira e de sua figueira”. Então o anjo que falava comigo voltou e me despertou, como se eu tivesse estado dormindo. “O que você vê agora?”, ele perguntou. Respondi: “Vejo um candelabro de ouro maciço, com uma vasilha de azeite em cima. Ao redor da vasilha há sete lâmpadas, e cada lâmpada tem sete tubos com pavios. Vejo também duas oliveiras, uma de cada lado da vasilha”. Então perguntei ao anjo: “O que é isto, meu senhor?”. “Você não sabe?”, perguntou o anjo. “Não, meu senhor”, respondi. Então ele me disse: “Assim diz o S enhor a Zorobabel: Não por força, nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o S enhor dos Exércitos. Nada será obstáculo para Zorobabel, nem mesmo uma grande montanha; diante dele ela se tornará uma planície! E, quando Zorobabel colocar em lugar a última pedra do templo, o povo gritará: ‘É pela graça! É pela graça!’”. Depois, recebi outra mensagem do S enhor: “Zorobabel lançou os alicerces deste templo, e ele o completará. Então vocês saberão que o S enhor dos Exércitos me enviou. Não desprezem os começos humildes, pois o S enhor se alegra ao ver a obra começar, ao ver o prumo na mão de Zorobabel”. (As sete lâmpadas representam os olhos do S enhor, que percorrem toda a terra.) Então perguntei ao anjo: “O que são as duas oliveiras, uma de cada lado do candelabro? E o que são os dois ramos de oliveira que derramam azeite dourado por dois tubos de ouro?”. “Você não sabe?”, ele perguntou. “Não, meu senhor”, respondi. Então ele me disse: “Eles representam os dois ungidos que ficam na presença do Senhor de toda a terra”. Levantei os olhos novamente e vi um rolo que voava. “O que você vê?”, perguntou o anjo. “Vejo um rolo voando”, respondi. “Parece ter uns nove metros de comprimento e a metade disso de largura.” Em seguida, ele me disse: “Nesse rolo está a maldição que sai para toda a terra. Uma maldição do rolo diz que os ladrões serão expulsos da terra; a outra maldição diz que os que juram falsamente serão expulsos da terra. E assim diz o S enhor dos Exércitos: Envio esta maldição à casa de todo ladrão e à casa de todo que jura falsamente pelo meu nome. E minha maldição permanecerá na casa e a destruirá completamente, até sua madeira e suas pedras”. Então o anjo que falava comigo se adiantou e disse: “Levante os olhos e veja o que está vindo”. “O que é?”, perguntei. Ele respondeu: “É um cesto para medir cereais e está cheio do pecado de todos que habitam a terra”. Então a tampa de chumbo do cesto foi levantada, e dentro dele havia uma mulher sentada. O anjo disse: “A mulher se chama Perversidade”, e a empurrou de volta para dentro do cesto e fechou a tampa. Em seguida, levantei os olhos e vi duas mulheres voando em nossa direção, planando no vento. Suas asas pareciam asas de cegonha, e elas pegaram o cesto e o carregaram pelos ares. “Para onde estão levando o cesto?”, perguntei ao anjo. Ele respondeu: “Para a terra da Babilônia, onde construirão um templo para ele. E, quando o templo estiver pronto, colocarão o cesto ali, em seu pedestal”. Então levantei os olhos novamente e vi quatro carros de guerra que saíam de entre dois montes de bronze. Cavalos vermelhos puxavam o primeiro carro, cavalos pretos puxavam o segundo, cavalos brancos puxavam o terceiro, e cavalos malhados e fortes puxavam o quarto. “O que significam estes cavalos, meu senhor?”, perguntei ao anjo que falava comigo. O anjo respondeu: “Eles são os quatro espíritos do céu que estão diante do Senhor de toda a terra. Saem para fazer o trabalho dele. O carro de guerra com cavalos pretos vai para o norte, o carro de guerra com cavalos brancos vai para o oeste e o carro de guerra com cavalos malhados vai para o sul”. Os cavalos fortes estavam impacientes para sair e percorrer a terra. Então o S enhor disse: “Vão e percorram a terra!”, e eles partiram de imediato. Em seguida, o S enhor me chamou e disse: “Veja, os que foram para o norte deram descanso ao meu Espírito ali na terra do norte”. Então recebi outra mensagem do S enhor: “Heldai, Tobias e Jedaías trarão presentes de prata e de ouro dos judeus exilados na Babilônia. Assim que chegarem, vá ao encontro deles na casa de Josias, filho de Sofonias. Aceite os presentes e faça uma coroa usando o ouro e a prata. Depois, coloque-a na cabeça do sumo sacerdote Josué, filho de Jeozadaque. Diga-lhe: ‘Assim diz o S enhor dos Exércitos: Aqui está o homem chamado Renovo. Ele brotará de seu lugar e construirá o templo do S enhor. Sim, ele construirá o templo do S enhor. Então receberá a honra devida e, de seu trono, governará como rei. De seu trono, também servirá como sacerdote, e haverá harmonia perfeita entre as duas funções’. “A coroa será um memorial no templo do S enhor para honrar aqueles que a ofereceram: Heldai, Tobias, Jedaías e Josias, filho de Sofonias”. Pessoas virão de terras distantes para reconstruir o templo do S enhor. Quando isso acontecer, vocês saberão que o S enhor dos Exércitos me enviou. Tudo isso acontecerá se vocês obedecerem fielmente às ordens do S enhor, seu Deus. Em 7 de dezembro do quarto ano do reinado de Dario, o S enhor deu outra mensagem a Zacarias. O povo de Betel tinha enviado Sarezer, Regem-Meleque e seus homens para buscar o favor do S enhor e para perguntar aos profetas e aos sacerdotes no templo do S enhor dos Exércitos: “Devemos continuar a lamentar e jejuar no quinto mês, como temos feito por tantos anos?”. Em resposta, o S enhor dos Exércitos me deu esta mensagem: “Diga a todo o seu povo e a seus sacerdotes: ‘Durante estes setenta anos de exílio, vocês jejuaram e lamentaram no quinto e no sétimo mês, mas foi, de fato, para mim que jejuaram? E, mesmo agora, não comem e bebem apenas para agradar a si mesmos? Não é esta a mesma mensagem que o S enhor proclamou por meio dos profetas no passado, quando Jerusalém e as cidades de Judá estavam cheias de gente, e quando havia muitos habitantes no Neguebe e nas colinas de Judá?’”. Então Zacarias recebeu esta mensagem do S enhor: “Assim diz o S enhor dos Exércitos: Julguem com justiça e mostrem compaixão e bondade uns pelos outros. Não oprimam as viúvas, nem os órfãos, nem os estrangeiros, nem os pobres. E não tramem o mal uns contra os outros. “Seus antepassados não quiseram ouvir esta mensagem. Em rebeldia, deram-me as costas e taparam os ouvidos para não escutar. Tornaram o coração duro como pedra, para não ouvir as instruções nem as mensagens que o S enhor dos Exércitos lhes enviou por seu Espírito, por meio dos antigos profetas. Por isso o S enhor dos Exércitos ficou tão irado com eles. “Porque não quiseram ouvir quando eu os chamei, não os ouvi quando eles me chamaram, diz o S enhor dos Exércitos. Como um vendaval, eu os espalhei entre as nações distantes, que eles não conheciam. Sua terra ficou tão desolada que ninguém sequer passava por ela. Transformaram sua terra agradável num deserto”. Então recebi outra mensagem do S enhor dos Exércitos: “Assim diz o S enhor dos Exércitos: Tenho muito ciúme do monte Sião e sou consumido de zelo por ele! “Assim diz o S enhor: Voltarei para o monte Sião e habitarei em Jerusalém. Então Jerusalém será chamada Cidade Fiel, e o monte do S enhor dos Exércitos será chamado Monte Santo. “Assim diz o S enhor dos Exércitos: Homens e mulheres idosos voltarão a caminhar apoiados em suas bengalas nas ruas de Jerusalém e se sentarão juntos nas praças, e as ruas da cidade ficarão cheias de meninos e meninas brincando. “Assim diz o S enhor dos Exércitos: No momento, isso pode lhes parecer impossível, ó remanescente do povo. Mas acaso é impossível para mim?, diz o S enhor dos Exércitos. “Assim diz o S enhor dos Exércitos: Podem ter certeza de que resgatarei meu povo dos lugares para onde foram levados no leste e no oeste. Eu os trarei de volta para que habitem em Jerusalém. Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus fiel e justo. “Assim diz o S enhor dos Exércitos: Sejam fortes e completem a tarefa! Desde que lançaram os alicerces do templo do S enhor dos Exércitos, vocês têm ouvido o que os profetas dizem a respeito de terminar a obra. Antes de iniciarem os trabalhos do templo, não havia dinheiro para contratar pessoas ou pagar por animais. Nenhum viajante estava seguro, pois havia inimigos por toda parte. Eu os havia incitado uns contra os outros. “Agora, porém, não tratarei mais o remanescente de meu povo como o tratei no passado, diz o S enhor dos Exércitos. Pois, agora, plantarão as sementes em paz. As videiras ficarão carregadas de uvas, a terra produzirá suas colheitas, e os céus derramarão o orvalho. Darei essas bênçãos como herança ao remanescente deste povo. Entre as outras nações, Judá e Israel se tornaram símbolo de nação amaldiçoada, mas não será mais assim! Agora eu os resgatarei e os transformarei em bênção. Portanto, não tenham medo. Sejam fortes e continuem a reconstruir o templo! “Pois assim diz o S enhor dos Exércitos: Eu estava decidido a castigá-los quando seus antepassados provocaram minha ira, e não voltei atrás, diz o S enhor dos Exércitos. Agora, porém, estou decidido a abençoar Jerusalém e o povo de Judá. Portanto, não tenham medo. Isto é o que vocês devem fazer: Digam a verdade uns aos outros. Em seus tribunais, pronunciem sentenças justas, que conduzam à paz. Não tramem o mal uns contra os outros. Não se agradem de fazer juramentos falsos. Odeio todas essas coisas, diz o S enhor ”. Esta é outra mensagem que recebi do S enhor dos Exércitos. “Assim diz o S enhor dos Exércitos: Os jejuns habituais que vocês têm observado no quarto mês, bem como no quinto, no sétimo e no décimo mês, chegaram ao fim. Eles se tornarão festas de alegria e celebração para o povo de Judá. Portanto, amem a verdade e a paz. “Assim diz o S enhor dos Exércitos: Pessoas de nações e cidades de todo lugar virão a Jerusalém. Os habitantes de uma cidade dirão aos habitantes de outra: ‘Venham conosco a Jerusalém para pedir ao S enhor que nos abençoe. Vamos adorar o S enhor dos Exércitos. Estou decidido a ir’. Muitos povos e nações poderosas virão a Jerusalém para buscar o S enhor dos Exércitos e pedir que ele os abençoe. “Assim diz o S enhor dos Exércitos: Naquele dia, dez homens de nações e línguas diferentes agarrarão a barra das vestes de um judeu e dirão: ‘Deixe que o acompanhemos, pois ouvimos dizer que Deus está com vocês’”. Esta é a sentença do S enhor contra a terra de Hadraque e a cidade de Damasco, pois os olhos da humanidade, incluindo os de todas as tribos de Israel, estão voltados para o S enhor. A destruição é garantida para Hamate, perto de Damasco, e para as cidades de Tiro e Sidom, embora sejam tão astutas. Tiro construiu fortalezas e tornou a prata e o ouro tão comuns quanto o pó e a lama nas ruas. Mas o Senhor despojará Tiro de seus bens e lançará suas fortalezas no mar; a cidade será consumida pelo fogo. Ascalom verá a queda de Tiro e se encherá de medo. Gaza tremerá de pavor, e o mesmo acontecerá a Ecrom, pois sua esperança será frustrada. O rei de Gaza será morto, e Ascalom ficará deserta; estrangeiros ocuparão Asdode. Sim, acabarei com o orgulho dos filisteus; arrancarei de sua boca a carne com sangue e de seus dentes tirarei os detestáveis sacrifícios. Então os filisteus que sobreviverem adorarão o nosso Deus e se tornarão uma nova família em Judá. Os filisteus de Ecrom se unirão ao meu povo, como fizeram em outros tempos os jebuseus. Guardarei meu templo e o protegerei de exércitos invasores. Nunca mais estrangeiros opressores invadirão a terra de meu povo, pois agora eu a vigio de perto. Alegre-se, ó povo de Sião! Exulte, ó preciosa Jerusalém! Vejam, seu rei está chegando; ele é justo e vitorioso, mas também é humilde e vem montado num jumento, num jumentinho, cria de jumenta. Removerei de Israel os carros de guerra e, de Jerusalém, os cavalos. Destruirei as armas usadas na batalha, e seu rei trará paz às nações. Seu reino se estenderá de um mar a outro e do rio Eufrates até os confins da terra. Por causa da aliança que fiz com vocês, aliança selada com sangue, livrarei seus prisioneiros da morte em um poço sem água. Voltem para a fortaleza, todos vocês prisioneiros que ainda têm esperança! Hoje mesmo proclamo que lhes darei o dobro do que perderam. Judá é meu arco, e Israel, minha flecha. Os filhos de Sião são minha espada, e, como um guerreiro, eu a empunharei contra os gregos. O S enhor aparecerá sobre seu povo; suas flechas sairão como relâmpagos! O S enhor Soberano tocará a trombeta e atacará como um redemoinho vindo do sul. O S enhor dos Exércitos os protegerá, e eles lançarão pedras contra seus inimigos e os derrotarão. Gritarão na batalha, como se estivessem embriagados de vinho; ficarão cheios de sangue, como uma bacia, cobertos de sangue, como os cantos do altar. Naquele dia, o S enhor, seu Deus, salvará seu povo, como o pastor salva suas ovelhas. Eles brilharão em sua terra como joias numa coroa. Ah, como serão belos e maravilhosos! A fartura de trigo dará vigor aos rapazes, e o vinho novo fará florescer as moças. Peçam ao S enhor chuva na primavera, pois ele forma as nuvens de tempestade. E ele enviará aguaceiros, para que todos os campos se tornem pastos verdes. Os ídolos do lar dão conselhos inúteis, os adivinhadores só predizem mentiras, e os que interpretam sonhos proclamam falsidades que não trazem nenhuma consolação. Por isso meu povo anda sem rumo, como ovelhas perdidas que não têm pastor. “Minha ira arde contra seus pastores, e eu castigarei esses líderes. Pois o S enhor dos Exércitos chegou para cuidar de Judá, seu rebanho. Ele o tornará forte e glorioso, como um majestoso cavalo na batalha. De Judá virão a pedra angular, a estaca da tenda, o arco para a batalha, e todos os governantes. Serão como guerreiros poderosos na batalha, que pisam os inimigos na lama sob seus pés. Pois o S enhor está com eles na luta, e derrubarão até os cavaleiros do inimigo. “Fortalecerei Judá e livrarei Israel; eu os restaurarei, porque tenho compaixão deles. Será como se eu nunca os houvesse rejeitado, pois eu sou o S enhor, seu Deus, e ouvirei seus clamores. Os habitantes de Israel serão como guerreiros poderosos, e seu coração se alegrará como se fosse pelo vinho. Seus filhos também verão isso e exultarão; sim, seu coração se alegrará no S enhor. Quando eu assobiar para eles, virão até mim, pois os resgatei. Eles crescerão e se tornarão numerosos como antes. Embora eu os tenha espalhado entre as nações, ainda se lembrarão de mim nas terras distantes. Eles e seus filhos sobreviverão e voltarão para Israel. Eu os trarei de volta do Egito e os juntarei da Assíria. Eu os estabelecerei outra vez em Gileade e no Líbano, até que não haja mais espaço para todos. Passarão pelo mar da aflição, pois as ondas do mar serão contidas, e as águas do Nilo secarão. O orgulho da Assíria será abatido, e o domínio do Egito chegará ao fim. Por meu poder fortalecerei meu povo, e, pela autoridade de meu nome, viverão. Eu, o S enhor, falei!” Abra suas portas, ó Líbano, para que o fogo devore seus bosques de cedro. Chorem, ciprestes, por todos os cedros caídos; até os mais majestosos tombaram. Chorem, carvalhos de Basã, pois os densos bosques foram derrubados. Ouçam o gemido dos pastores, pois os pastos verdes foram destruídos. Ouçam os leões fortes rugirem, pois as matas no vale do Jordão foram devastadas. Assim diz o S enhor, meu Deus: “Vá e cuide do rebanho destinado para a matança. Os compradores abatem suas ovelhas sem remorso, e os vendedores dizem: ‘Louvado seja o S enhor, pois fiquei rico!’. Nem mesmo os pastores têm compaixão das ovelhas. Da mesma forma, não terei compaixão dos habitantes desta terra”, diz o S enhor. “Eu os entregarei nas mãos uns dos outros e nas mãos de seu rei. Eles devastarão a terra, e eu não os livrarei.” Portanto, cuidei do rebanho destinado para a matança, o rebanho oprimido. Então peguei duas varas de pastor e chamei uma delas de Favor e a outra de União. Num só mês, acabei com seus três pastores. Contudo, perdi a paciência com as ovelhas, e elas também me odiaram. Então eu lhes disse: “Não serei mais seu pastor. Não me importarei se morrerem ou se forem devoradas. E, aquelas que restarem, comam a carne umas das outras!”. Em seguida, peguei a vara chamada Favor e a quebrei ao meio, para mostrar que havia cancelado a aliança que tinha feito com todas as nações. Assim acabou minha aliança com elas. O rebanho aflito me observava e entendeu que o S enhor falava por meio de minhas ações. Então eu lhes disse: “Se quiserem, paguem meu salário; mas, se não quiserem, não me paguem”. E eles me pagaram trinta moedas de prata. Então o S enhor me disse: “Lance isso ao oleiro”, esse preço fabuloso pelo qual me avaliaram! Peguei as trinta moedas de prata e as lancei ao oleiro no templo do S enhor. Depois, peguei minha outra vara, União, e a quebrei ao meio, para mostrar que a união entre Judá e Israel havia se rompido. Então o S enhor me disse: “Volte e faça agora o papel de pastor inútil, para mostrar como entregarei esta nação a um pastor que não cuidará das ovelhas que estiverem morrendo, nem protegerá as pequenas; não curará as feridas, nem alimentará as saudáveis. Em vez disso, comerá a carne das ovelhas mais gordas e arrancará seus cascos. “Que aflição espera esse pastor inútil, que abandona o rebanho! A espada cortará seu braço e atravessará seu olho direito. O braço ficará imprestável, e o olho direito, totalmente cego”. Esta é a mensagem que o S enhor anunciou acerca do destino de Israel: “Mensagem do S enhor, que estendeu os céus, lançou os alicerces da terra e formou o espírito humano. Farei que Jerusalém seja como uma bebida que deixará as nações vizinhas cambaleando quando enviarem seus exércitos para cercar Jerusalém e Judá. Naquele dia, transformarei Jerusalém numa pedra pesada. Todas as nações se reunirão contra ela para tentar movê-la, mas só ferirão a si mesmas. “Naquele dia”, diz o S enhor, “farei que todos os cavalos entrem em pânico e todos os cavaleiros enlouqueçam. Cuidarei do povo de Judá, mas cegarei todos os cavalos de seus inimigos. E as famílias de Judá pensarão: ‘Os habitantes de Jerusalém encontraram força no S enhor dos Exércitos, seu Deus’. “Naquele dia, farei que as famílias de Judá sejam como uma chama que põe fogo num monte de lenha, ou como uma tocha acesa no meio de feixes de cereal. Elas incendiarão todas as nações vizinhas, à direita e à esquerda, enquanto os habitantes de Jerusalém permanecerão em segurança. “O S enhor dará vitória primeiro ao restante de Judá, antes de Jerusalém, para que a honra dos habitantes de Jerusalém e da linhagem real de Davi não seja superior à honra do restante de Judá. Naquele dia, o S enhor defenderá os habitantes de Jerusalém; o mais fraco entre eles será como o rei Davi, e os descendentes do rei serão como Deus, como o anjo do S enhor que vai diante deles. Pois, naquele dia, começarei a destruir todas as nações que atacarem Jerusalém. “Então derramarei um espírito de graça e oração sobre a linhagem de Davi e os habitantes de Jerusalém. Olharão para aquele a quem transpassaram e chorarão por ele como quem chora a morte do filho único; lamentarão amargamente por ele, como quem lamenta a perda do filho mais velho. Naquele dia, o pranto em Jerusalém será como o grande pranto por Hadade-Rimom no vale de Megido. “Todo o Israel chorará, cada família separadamente, os maridos longe das esposas. A família de Davi chorará separadamente, bem como a família de Natã, a família de Levi e a família de Simei. Cada uma das famílias sobreviventes de Judá chorará separadamente, os maridos longe das esposas.” “Naquele dia, uma fonte será aberta para a linhagem de Davi e para os habitantes de Jerusalém, uma fonte para purificá-los de todos os seus pecados e impurezas. “Naquele dia”, diz o S enhor dos Exércitos, “eliminarei da terra a idolatria, de modo que até o nome dos ídolos será esquecido. Removerei da terra os falsos profetas e o espírito de impureza. Se alguém continuar a profetizar, seu próprio pai e sua própria mãe lhe dirão: ‘Você deve morrer, pois profetizou mentiras em nome do S enhor ’. E, enquanto ele estiver profetizando, seu pai e sua mãe o matarão. “Naquele dia, as pessoas terão vergonha de dizer que têm o dom de profetizar. Ninguém vestirá roupas de profeta para enganar outros. Dirá: ‘Não sou profeta; sou lavrador. Comecei a trabalhar no campo quando era menino’. E se alguém perguntar: ‘Que feridas são essas em seu peito?’, ele responderá: ‘Fui ferido na casa de meus amigos’.” “Desperte, ó espada, contra meu pastor, o homem que é meu companheiro”, diz o S enhor dos Exércitos. “Fira o pastor, e as ovelhas serão dispersas, e eu me voltarei contra os cordeiros. Dois terços dos habitantes da terra serão feridos e morrerão”, diz o S enhor, “mas restará um terço na terra. Farei essa terça parte passar pelo fogo e a purificarei. Eu a refinarei como se refina a prata e a purificarei como se purifica o ouro. Ela invocará meu nome, e eu lhe responderei. Direi: ‘Este é meu povo’, e ela dirá: ‘O S enhor é nosso Deus’.” Fiquem atentos, pois se aproxima o dia do S enhor, em que seus bens serão saqueados diante de vocês! Reunirei todas as nações para lutarem contra Jerusalém. A cidade será conquistada, as casas serão saqueadas, e as mulheres, violentadas. Metade da população será levada para o exílio, e o restante será deixado na cidade. Então o S enhor sairá para lutar contra essas nações, como fez no passado. Naquele dia, seus pés estarão sobre o monte das Oliveiras, a leste de Jerusalém. O monte se dividirá ao meio, formando um vale muito amplo, de leste a oeste. Metade do monte se deslocará para o norte e metade para o sul. Vocês fugirão pelo vale, pois ele se estenderá até Azal. Sim, vocês fugirão, como fugiram do terremoto nos dias de Uzias, rei de Judá. Então o S enhor, meu Deus, virá com todos os seus santos. Naquele dia, as fontes de luz deixarão de brilhar; ainda assim, sempre será dia! Só o S enhor sabe como isso acontecerá. Não haverá dia nem noite como sempre houve, pois mesmo à noite haverá claridade. Naquele dia, fluirão de Jerusalém águas que dão vida; metade das águas correrá para o mar Morto e metade para o Mediterrâneo. Fluirão continuamente, tanto no verão como no inverno. E o S enhor será rei sobre toda a terra. Naquele dia, haverá um só S enhor, e somente seu nome será adorado. Toda a terra, desde Geba, ao norte de Judá, até Rimom, ao sul de Jerusalém, se tornará uma grande planície. Jerusalém, contudo, ficará em seu lugar elevado e será habitada desde o portão de Benjamim até o local do portão antigo, e dali até o portão da Esquina, e desde a torre de Hananel até as prensas de uvas do rei. Jerusalém, por fim em segurança, ficará cheia de gente e nunca mais será amaldiçoada nem destruída. O S enhor enviará uma praga contra todos os povos que guerrearam contra Jerusalém. Eles se transformarão em cadáveres ambulantes, com a carne em decomposição. Seus olhos apodrecerão nas órbitas, e a língua apodrecerá na boca. Naquele dia, o S enhor os encherá de grande pânico, e eles lutarão uns contra os outros com as próprias mãos. Judá também lutará em Jerusalém. A riqueza de todas as nações vizinhas será recolhida, grandes quantidades de ouro e prata e de roupas. Essa mesma praga cairá sobre cavalos, mulas, camelos, jumentos e todos os outros animais dos acampamentos do inimigo. No final, os inimigos que sobreviverem à praga subirão a Jerusalém a cada ano para adorar o Rei, o S enhor dos Exércitos, e para celebrar a Festa das Cabanas. Se alguma nação não quiser ir a Jerusalém para adorar o Rei, o S enhor dos Exércitos, não receberá chuva. Se o povo do Egito não quiser ir à festa, o S enhor o castigará com as mesmas pragas que enviará sobre as outras nações que se recusarem a ir. O Egito e as outras nações serão castigados se não forem celebrar a Festa das Cabanas. Naquele dia, até mesmo os sinos dos cavalos terão gravadas estas palavras: Santo para o S enhor. E as panelas no templo do S enhor serão tão sagradas quanto as bacias usadas junto ao altar. Na verdade, todas as panelas em Jerusalém e em Judá serão santas ao S enhor dos Exércitos. Todos que vierem oferecer sacrifícios poderão usar qualquer uma delas para cozinhá-los. E, naquele dia, não haverá mais comerciantes no templo do S enhor dos Exércitos. Esta é a mensagem que o S enhor anunciou a Israel por meio do profeta Malaquias. “Eu sempre amei vocês”, diz o S enhor. Mas vocês perguntam: “De que maneira nos amou?”. E o S enhor responde: “Foi desta maneira: amei seu antepassado Jacó, mas rejeitei o irmão dele, Esaú, e devastei sua região montanhosa. Transformei a propriedade de Esaú num deserto para chacais”. O povo de Edom talvez diga: “Fomos arrasados, mas reconstruiremos as ruínas”. O S enhor dos Exércitos, porém, declara: “Podem reconstruir, mas eu demolirei tudo outra vez. Seu país ficará conhecido como ‘Terra da Maldade’, e seu povo será chamado de ‘Povo Contra o Qual o S enhor Está Irado Para Sempre’. Quando vocês virem a destruição com os próprios olhos, dirão: ‘A grandeza do S enhor vai muito além das fronteiras de Israel!’”. O S enhor dos Exércitos diz aos sacerdotes: “O filho honra seu pai, e o servo respeita seu senhor. Se eu sou seu pai e seu senhor, onde estão a honra e o respeito que mereço? Vocês desprezam meu nome! “Mas vocês perguntam: ‘De que maneira desprezamos teu nome?’. “Vocês o desprezam oferecendo sacrifícios contaminados sobre meu altar. “E vocês perguntam: ‘De que maneira contaminamos os sacrifícios?’. “Vocês os contaminam dizendo que a mesa do S enhor não merece respeito. Acaso não é errado sacrificarem animais cegos? Não é errado oferecerem animais aleijados e doentes? Apresentem ofertas como essas a seu governador e vejam se ele ficará satisfeito e se agradará de vocês!”, diz o S enhor dos Exércitos. “Vão em frente, supliquem a Deus para que tenha compaixão de vocês. Mas por que ele atenderia, uma vez que apresentam esse tipo de oferta?”, diz o S enhor dos Exércitos. “Quem dera um de vocês fechasse as portas do templo para que não se acendesse em vão o fogo do meu altar! Não me agrado de vocês”, diz o S enhor dos Exércitos, “e não aceitarei suas ofertas. Contudo, meu nome é honrado de manhã até a noite por pessoas de outras nações. Em todo o mundo oferecem incenso e sacrifícios puros em minha honra, pois meu nome é grande entre as nações”, diz o S enhor dos Exércitos. “Mas vocês, com suas ações, desonram meu nome. Ao trazer alimentos desprezíveis, declaram que não há nada de errado em contaminar a mesa do Senhor. Dizem: ‘É difícil demais servir ao S enhor!’ e desprezam minhas ordens”, diz o S enhor dos Exércitos. “Vocês trazem como ofertas animais roubados, aleijados e doentes! Acaso devo aceitar de suas mãos esse tipo de oferta?”, diz o S enhor. “Maldito seja o trapaceiro que promete um carneiro forte de seu rebanho, mas depois sacrifica ao Senhor um animal defeituoso. Pois eu sou o grande Rei”, diz o S enhor dos Exércitos, “e meu nome é temido entre as nações!” “Ouçam, sacerdotes! Este mandamento é para vocês. Escutem-me e decidam honrar meu nome”, diz o S enhor dos Exércitos, “pois, do contrário, enviarei maldição sobre vocês. Amaldiçoarei até mesmo as bênçãos que receberem. Na verdade, já as amaldiçoei, pois vocês não levaram a sério minha advertência. Castigarei seus descendentes, esfregarei em seu rosto o esterco dos sacrifícios que vocês ofereceram em suas festas sagradas e os lançarei no monte de esterco. Assim, vocês saberão que enviei este mandamento para que minha aliança com os levitas continue”, diz o S enhor dos Exércitos. “O propósito de minha aliança com os levitas era dar vida e paz, e foi o que lhes dei. Para isso, era necessário que me temessem, e eles demonstraram grande temor por mim e reverência por meu nome. Transmitiram ao povo a verdade das leis que receberam de mim. Não mentiram nem enganaram; andaram comigo, vivendo de modo pacífico e justo, e desviaram muitos do pecado. “As palavras do sacerdote devem guardar o conhecimento de Deus, e o povo deve buscar o sacerdote para receber instrução, pois ele é mensageiro do S enhor dos Exércitos. Mas vocês, sacerdotes, se desviaram dos caminhos de Deus. Suas instruções fizeram muitos caírem em pecado. Vocês quebraram a aliança que fiz com os levitas”, diz o S enhor dos Exércitos. “Por isso fiz que vocês fossem desprezados e humilhados diante de todo o povo, pois não me obedeceram, mas mostraram parcialidade na aplicação de minha lei.” Não somos filhos do mesmo Pai? Não fomos todos criados pelo mesmo Deus? Então por que traímos uns aos outros e quebramos a aliança de nossos antepassados? Judá foi infiel, e uma coisa detestável foi feita em Israel e em Jerusalém. Os homens de Judá contaminaram o santuário que o S enhor ama ao se casarem com mulheres que adoram deuses estrangeiros. Que o S enhor elimine das casas de Israel até o último homem que fez isso e que, ainda assim, apresenta uma oferta ao S enhor dos Exércitos. Há outra coisa que vocês fazem. Cobrem de lágrimas o altar do S enhor, choram e gemem porque ele não dá atenção às suas ofertas nem as aceita com prazer. E ainda perguntam: “Por quê?”. Porque o S enhor foi testemunha dos votos que você e sua esposa fizeram quando jovens. Mas você foi infiel, embora ela tenha continuado a ser sua companheira, a esposa à qual você fez seus votos de casamento. Acaso o S enhor não o fez um só com sua esposa? Em corpo e em espírito vocês pertencem a ele. E o que ele quer? Dessa união, quer filhos dedicados a ele. Portanto, guardem seu coração; permaneçam fiéis à esposa de sua mocidade. “Pois eu odeio o divórcio”, diz o S enhor, o Deus de Israel. “Divorciar-se de sua esposa é cobri-la de crueldade”, diz o S enhor dos Exércitos. “Portanto, guardem seu coração; não sejam infiéis.” Vocês cansaram o S enhor com suas palavras. “De que maneira o cansamos?”, vocês perguntam. Vocês o cansaram dizendo que todos que praticam o mal são bons aos olhos do S enhor e que ele se agrada deles, e também ao perguntar: “Onde está o Deus da justiça?”. “Vejam! Envio meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim. Então, de repente, o Senhor a quem vocês buscam virá a seu templo. O mensageiro da aliança, por quem vocês anseiam, certamente virá”, diz o S enhor dos Exércitos. “Mas quem poderá suportar quando ele vier? Quem permanecerá em pé em sua presença quando ele aparecer? Pois ele será como fogo ardente que refina o metal, como sabão forte que branqueia as roupas. Ele se sentará como refinador de prata e queimará toda impureza. Purificará os levitas e os refinará como ouro e prata, para que voltem a oferecer sacrifícios aceitáveis ao S enhor. Então o S enhor se agradará novamente das ofertas do povo de Judá e do povo de Jerusalém, como no passado. “Naquele dia, eu julgarei vocês. Não demorarei para testemunhar contra todos os feiticeiros, adúlteros e mentirosos. Falarei contra aqueles que roubam o salário de seus empregados, que oprimem as viúvas e os órfãos, ou que privam os estrangeiros de seus direitos, pois essas pessoas não me temem”, diz o S enhor dos Exércitos. “Eu sou o S enhor e não mudo. Por isso vocês, descendentes de Jacó, ainda não foram destruídos. Desde os dias de seus antepassados vocês se afastaram de meus decretos e não os seguiram. Agora, voltem-se para mim, e eu me voltarei para vocês”, diz o S enhor dos Exércitos. “Mas vocês perguntam: ‘De que maneira voltaremos?’. “Acaso alguém pode roubar a Deus? Mas vocês têm me roubado! “Perguntam: ‘Em que te roubamos?’. “Vocês me roubaram nos dízimos e nas ofertas. Estão sob maldição, pois a nação inteira tem me roubado. Tragam todos os seus dízimos aos depósitos do templo, para que haja provisão em minha casa. Se o fizerem”, diz o S enhor dos Exércitos, “abrirei as janelas do céu para vocês. Derramarei tantas bênçãos que não haverá espaço para guardá-las! Sim, ponham-me à prova! Suas colheitas serão fartas, pois as protegerei das pragas. Suas uvas não cairão das videiras antes de amadurecerem”, diz o S enhor dos Exércitos. “Então todas as nações os chamarão de abençoados, pois sua terra será cheia de alegria”, diz o S enhor dos Exércitos. “Vocês falaram coisas terríveis contra mim”, diz o S enhor. “Mas vocês perguntam: ‘O que falamos contra ti?’. “Vocês disseram: ‘De que adianta servir a Deus? Que vantagem temos em obedecer a suas ordens ou chorar por nossos pecados diante do S enhor dos Exércitos? De agora em diante, chamaremos de abençoados os arrogantes. Pois os que praticam maldades enriquecem, e os que provocam a ira de Deus nenhum mal sofrem’.” Então aqueles que temiam o S enhor falaram uns com os outros, e o S enhor ouviu o que disseram. Na presença dele, foi escrito um livro memorial para registrar os nomes dos que o temiam e que sempre honravam seu nome. “Eles serão meu povo”, diz o S enhor dos Exércitos. “No dia em que eu agir, eles serão meu tesouro especial. Terei compaixão deles como o pai tem compaixão de seu filho obediente. Então vocês verão outra vez a diferença entre o justo e o mau, entre o que serve a Deus e o que não serve.” Assim diz o S enhor dos Exércitos: “O dia do julgamento se aproxima e arde como uma fornalha. Naquele dia, serão queimados como palha os arrogantes e os perversos. Serão consumidos, desde as raízes até os ramos. “Mas, para vocês que temem meu nome, o sol da justiça se levantará, trazendo cura em suas asas. E vocês sairão e saltarão de alegria, como bezerros soltos no pasto. No dia em que eu agir, vocês pisarão sobre os perversos como se eles fossem pó sob os seus pés”, diz o S enhor dos Exércitos. “Lembrem-se de obedecer à lei de Moisés, meu servo, a todos os decretos e estatutos que dei a todo o Israel no monte Sinai. “Vejam, eu lhes envio o profeta Elias antes da vinda do grande e terrível dia do S enhor. Ele fará que o coração dos pais volte para seus filhos e o coração dos filhos volte para seus pais. Do contrário, eu virei e castigarei a terra com maldição.” Este é o registro dos antepassados de Jesus Cristo, descendente de Davi e de Abraão: Abraão gerou Isaque. Isaque gerou Jacó. Jacó gerou Judá e seus irmãos. Judá gerou Perez e Zerá, cuja mãe foi Tamar. Perez gerou Esrom. Esrom gerou Rão. Rão gerou Aminadabe. Aminadabe gerou Naassom. Naassom gerou Salmom. Salmom gerou Boaz, cuja mãe foi Raabe. Boaz gerou Obede, cuja mãe foi Rute. Obede gerou Jessé. Jessé gerou o rei Davi. Davi gerou Salomão, cuja mãe foi Bate-Seba, viúva de Urias. Salomão gerou Roboão. Roboão gerou Abias. Abias gerou Asa. Asa gerou Josafá. Josafá gerou Jeorão. Jeorão gerou Uzias. Uzias gerou Jotão. Jotão gerou Acaz. Acaz gerou Ezequias. Ezequias gerou Manassés. Manassés gerou Amom. Amom gerou Josias. Josias gerou Joaquim e seus irmãos, nascidos no tempo do exílio na Babilônia. Depois do exílio na Babilônia: Joaquim gerou Salatiel. Salatiel gerou Zorobabel. Zorobabel gerou Abiúde. Abiúde gerou Eliaquim. Eliaquim gerou Azor. Azor gerou Sadoque. Sadoque gerou Aquim. Aquim gerou Eliúde. Eliúde gerou Eleazar. Eleazar gerou Matã. Matã gerou Jacó. Jacó gerou José, marido de Maria. Maria deu à luz Jesus, que é chamado Cristo. Portanto, são catorze gerações de Abraão até Davi, catorze de Davi até o exílio na Babilônia e catorze do exílio na Babilônia até Cristo. Foi assim que nasceu Jesus Cristo. Maria, sua mãe, estava prometida para se casar com José. Antes do casamento, porém, ela engravidou pelo poder do Espírito Santo. José, seu noivo, era um homem justo e resolveu romper a união em segredo, pois não queria envergonhá-la com uma separação pública. Enquanto ele pensava nisso, um anjo do Senhor lhe apareceu em sonho e disse: “José, filho de Davi, não tenha medo de receber Maria como esposa, pois a criança dentro dela foi concebida pelo Espírito Santo. Ela terá um filho, e você lhe dará o nome de Jesus, pois ele salvará seu povo dos seus pecados”. Tudo isso aconteceu para cumprir o que o Senhor tinha dito por meio do profeta: “Vejam! A virgem ficará grávida! Ela dará à luz um filho, e o chamarão Emanuel, que significa ‘Deus conosco’”. Quando José acordou, fez o que o anjo do Senhor lhe havia ordenado e recebeu Maria como esposa. No entanto, não teve relações com ela até o menino nascer; e ele lhe deu o nome de Jesus. Jesus nasceu em Belém, na Judeia, durante o reinado de Herodes. Por esse tempo, alguns sábios das terras do Oriente chegaram a Jerusalém e perguntaram: “Onde está o recém-nascido rei dos judeus? Vimos sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo”. Ao ouvir isso, o rei Herodes ficou perturbado, e com ele todo o povo de Jerusalém. Reuniu os principais sacerdotes e os mestres da lei e lhes perguntou: “Onde nascerá o Cristo?”. Eles responderam: “Em Belém da Judeia, pois assim escreveu o profeta: ‘E você, Belém, na terra de Judá, não é a menor entre as principais cidades de Judá, pois de você virá um governante que será o pastor do meu povo, Israel’”. Então Herodes convocou os sábios em segredo e soube por eles o momento em que a estrela tinha aparecido. “Vão a Belém e procurem o menino com atenção”, disse ele. “Quando o encontrarem, voltem e digam-me, para que eu vá e também o adore.” Após a conversa com o rei, os sábios seguiram seu caminho, guiados pela estrela que tinham visto no Oriente. Ela ia adiante deles, até que parou acima do lugar onde o menino estava. Quando viram a estrela, ficaram muito alegres. Ao entrar na casa, viram o menino com Maria, sua mãe, e se prostraram e o adoraram. Então abriram seus tesouros e o presentearam com ouro, incenso e mirra. Quando chegou a hora de partir, retornaram para sua terra por outro caminho, pois haviam sido avisados em sonho para não voltar a Herodes. Depois que os sábios partiram, um anjo do Senhor apareceu a José em sonho. “Levante-se”, disse o anjo. “Fuja para o Egito com o menino e sua mãe. Fique lá até eu lhe dizer que volte, pois Herodes vai procurar o menino a fim de matá-lo.” Naquela mesma noite, José se levantou e partiu com o menino e Maria, sua mãe, para o Egito, onde ficaram até a morte de Herodes. Cumpriu-se, assim, o que o Senhor tinha dito por meio do profeta: “Do Egito chamei meu filho”. Quando Herodes se deu conta de que os sábios o haviam enganado, ficou furioso. Enviou soldados para matar todos os meninos de dois anos para baixo em Belém e seus arredores, tomando por base o relato dos sábios acerca da primeira aparição da estrela. Com isso, cumpriu-se o que foi dito por meio do profeta Jeremias: “Ouviu-se um clamor em Ramá, choro e grande lamentação. Raquel chora por seus filhos e se recusa a ser consolada, pois eles já não existem”. Quando Herodes morreu, um anjo do Senhor apareceu em sonho a José, no Egito. “Levante-se”, disse o anjo. “Leve o menino e a mãe de volta para a terra de Israel, pois já morreram os que tentavam matar o menino.” Então José se levantou e se preparou para voltar à terra de Israel com o menino e sua mãe. Soube, porém, que o novo governador da Judeia era Arquelau, filho de Herodes, e teve medo de ir para lá. Depois de ser avisado em sonho, partiu para a região da Galileia. A família foi morar numa cidade chamada Nazaré, cumprindo-se, desse modo, o que os profetas haviam dito, que Jesus seria chamado nazareno. Naqueles dias, João Batista apareceu no deserto da Judeia e começou a anunciar a seguinte mensagem: “Arrependam-se, pois o reino dos céus está próximo”. O profeta Isaías se referia a João quando disse: “Ele é uma voz que clama no deserto: ‘Preparem o caminho para a vinda do Senhor! Abram a estrada para ele!’”. As roupas de João eram tecidas com pelos de camelo, e ele usava um cinto de couro e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. Gente de Jerusalém, de toda a Judeia e de todo o vale do Jordão ia até ele. Quando confessavam seus pecados, ele os batizava no rio Jordão. Mas, quando João viu que muitos fariseus e saduceus vinham ao lugar de batismo, ele os repreendeu abertamente. “Raça de víboras!”, exclamou. “Quem os convenceu a fugir da ira que está por vir? Provem por suas ações que vocês se arrependeram. Não pensem que podem dizer uns aos outros: ‘Estamos a salvo, pois somos filhos de Abraão’. Isso não significa nada, pois eu lhes digo que até destas pedras Deus pode fazer surgir filhos de Abraão. Agora mesmo o machado do julgamento está pronto para cortar as raízes das árvores. Toda árvore que não produz bons frutos será cortada e lançada ao fogo. “Eu batizo com água aqueles que se arrependem. Depois de mim, porém, virá alguém mais poderoso que eu, alguém muito superior, cujas sandálias não sou digno de carregar. Ele os batizará com o Espírito Santo e com fogo. Ele já tem na mão a pá, e com ela separará a palha do trigo e limpará a área onde os cereais são debulhados. Juntará o trigo no celeiro, mas queimará a palha no fogo que nunca se apaga.” Jesus foi da Galileia ao rio Jordão para que João o batizasse. João, porém, tentou impedi-lo. “Eu é que preciso ser batizado pelo senhor”, disse ele. “Então por que vem a mim?” Jesus respondeu: “É necessário que seja assim, pois devemos fazer tudo que Deus requer”. E João concordou em batizá-lo. Depois do batismo, enquanto Jesus saía da água, o céu se abriu, e ele viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e pousar sobre ele. E uma voz do céu disse: “Este é meu Filho amado, que me dá grande alegria”. Em seguida, Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo diabo. Depois de passar quarenta dias e quarenta noites sem comer, teve fome. O tentador veio e lhe disse: “Se você é o Filho de Deus, ordene que estas pedras se transformem em pães”. Jesus, porém, respondeu: “As Escrituras dizem: ‘Uma pessoa não vive só de pão, mas de toda palavra que vem da boca de Deus’”. Então o diabo o levou à cidade santa, até o ponto mais alto do templo, e disse: “Se você é o Filho de Deus, salte daqui. Pois as Escrituras dizem: ‘Ele ordenará a seus anjos que o protejam. Eles o sustentarão com as mãos, para que não machuque o pé em alguma pedra’”. Jesus respondeu: “As Escrituras também dizem: ‘Não ponha à prova o Senhor, seu Deus’”. Em seguida, o diabo o levou até um monte muito alto e lhe mostrou todos os reinos do mundo e sua glória. “Eu lhe darei tudo isto”, declarou. “Basta ajoelhar-se e adorar-me.” “Saia daqui, Satanás!”, disse Jesus. “Pois as Escrituras dizem: ‘Adore o Senhor, seu Deus, e sirva somente a ele’.” Então o diabo foi embora, e anjos vieram e serviram Jesus. Quando Jesus soube que João havia sido preso, voltou à Galileia. Saindo de Nazaré, mudou-se para Cafarnaum, junto ao mar da Galileia, na região de Zebulom e Naftali. Cumpriu-se, desse modo, o que foi dito por meio do profeta Isaías: “Na terra de Zebulom e Naftali, junto ao mar, além do rio Jordão, na Galileia, onde vivem tantos gentios, o povo que vivia na escuridão viu uma grande luz, e sobre os que viviam na terra onde a morte lança sua sombra, uma luz brilhou”. A partir de então, Jesus começou a anunciar sua mensagem: “Arrependam-se, pois o reino dos céus está próximo”. Enquanto andava à beira do mar da Galileia, Jesus viu dois irmãos, Simão, também chamado Pedro, e André. Jogavam redes ao mar, pois viviam da pesca. Jesus lhes disse: “Sigam-me, e eu farei de vocês pescadores de gente”. No mesmo instante, deixaram suas redes e o seguiram. Pouco adiante, Jesus viu outros dois irmãos, Tiago e João, consertando redes num barco com o pai, Zebedeu. Jesus os chamou, e eles também o seguiram de imediato, deixando para trás o barco e o pai. Jesus viajou por toda a região da Galileia, ensinando nas sinagogas, anunciando as boas-novas do reino e curando as pessoas de todo tipo de doenças. As notícias a seu respeito se espalharam até a Síria, e logo o povo começou a lhe trazer todos que estavam enfermos. Qualquer que fosse a enfermidade ou dor, quer estivessem possuídos por demônio, quer sofressem de convulsões, quer fossem paralíticos, Jesus os curava. Grandes multidões o seguiam, gente da Galileia, das Dez Cidades, de Jerusalém, de toda a Judeia e da região a leste do rio Jordão. Certo dia, quando Jesus viu que as multidões se ajuntavam, subiu a encosta do monte e ali sentou-se. Seus discípulos se reuniram ao redor, e ele começou a ensiná-los. “Felizes os pobres de espírito, pois o reino dos céus lhes pertence. Felizes os que choram, pois serão consolados. Felizes os humildes, pois herdarão a terra. Felizes os que têm fome e sede de justiça, pois serão saciados. Felizes os misericordiosos, pois serão tratados com misericórdia. Felizes os que têm coração puro, pois verão a Deus. Felizes os que promovem a paz, pois serão chamados filhos de Deus. Felizes os perseguidos por causa da justiça, pois o reino dos céus lhes pertence. “Felizes são vocês quando, por minha causa, sofrerem zombaria e perseguição, e quando outros, mentindo, disserem todo tipo de maldade a seu respeito. Alegrem-se e exultem, porque uma grande recompensa os espera no céu. E lembrem-se de que os antigos profetas foram perseguidos da mesma forma.” “Vocês são o sal da terra. Mas, se o sal perder o sabor, para que servirá? É possível torná-lo salgado outra vez? Será jogado fora e pisado pelos que passam, pois já não serve para nada. “Vocês são a luz do mundo. É impossível esconder uma cidade construída no alto de um monte. Não faz sentido acender uma lâmpada e depois colocá-la sob um cesto. Pelo contrário, ela é colocada num pedestal, de onde ilumina todos que estão na casa. Da mesma forma, suas boas obras devem brilhar, para que todos as vejam e louvem seu Pai, que está no céu.” “Não pensem que eu vim abolir a lei de Moisés ou os escritos dos profetas; vim cumpri-los. Eu lhes digo a verdade: enquanto o céu e a terra existirem, nem a menor letra ou o menor traço da lei desaparecerá até que todas as coisas se cumpram. Portanto, quem desobedecer até ao menor mandamento, e ensinar outros a fazer o mesmo, será considerado o menor no reino dos céus. Mas aquele que obedecer à lei de Deus e ensiná-la será considerado grande no reino dos céus. “Eu os advirto: a menos que sua justiça supere muito a justiça dos mestres da lei e dos fariseus, vocês jamais entrarão no reino dos céus.” “Vocês ouviram o que foi dito a seus antepassados: ‘Não mate. Se cometer homicídio, estará sujeito a julgamento’. Eu, porém, lhes digo que basta irar-se contra alguém para estar sujeito a julgamento. Quem xingar alguém de estúpido, corre o risco de ser levado ao tribunal. Quem chamar alguém de louco, corre o risco de ir para o inferno de fogo. “Portanto, se você estiver apresentando uma oferta no altar do templo e se lembrar de que alguém tem algo contra você, deixe sua oferta ali no altar. Vá, reconcilie-se com a pessoa e então volte e apresente sua oferta. “Quando você e seu adversário estiverem a caminho do tribunal, acertem logo suas diferenças. Do contrário, pode ser que o acusador o entregue ao juiz, e o juiz, a um oficial, e você seja lançado na prisão. Eu lhe digo a verdade: você não será solto enquanto não tiver pago até o último centavo.” “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Não cometa adultério’. Eu, porém, lhes digo que quem olhar para uma mulher com cobiça já cometeu adultério com ela em seu coração. Se o olho direito o leva a pecar, arranque-o e jogue-o fora. É melhor perder uma parte do corpo que ser todo ele lançado no inferno. E, se a mão direita o leva a pecar, corte-a e jogue-a fora. É melhor perder uma parte do corpo que ser todo ele lançado no inferno.” “Também foi dito: ‘Quem se divorciar da esposa deverá conceder-lhe um certificado de divórcio’. Eu, porém, lhes digo que quem se divorcia da esposa, exceto por imoralidade, a faz cometer adultério. E quem se casa com uma mulher divorciada também comete adultério.” “Vocês também ouviram o que foi dito a seus antepassados: ‘Não quebre seus juramentos; cumpra os juramentos que fizer ao Senhor’. Eu, porém, lhes digo que não façam juramento algum. Não digam: ‘Juro pelo céu’, pois o céu é o trono de Deus. Também não digam: ‘Juro pela terra’, pois a terra é onde ele descansa os pés. E não digam: ‘Juro por Jerusalém’, pois Jerusalém é a cidade do grande Rei. Nem sequer digam: ‘Juro pela minha cabeça’, pois vocês não podem tornar branco ou preto um fio de cabelo sequer. Quando disserem ‘sim’, seja de fato sim. Quando disserem ‘não’, seja de fato não. Qualquer coisa além disso vem do maligno.” “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Olho por olho, dente por dente’. Eu, porém, lhes digo que não se oponham ao perverso. Se alguém lhe der um tapa na face direita, ofereça também a outra. Se você for processado no tribunal e lhe tomarem a roupa do corpo, deixe que levem também a capa. Se alguém o forçar a caminhar uma milha com ele, caminhe duas. Dê a quem pedir e não volte as costas a quem quiser tomar emprestado de você.” “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Ame o seu próximo’ e odeie o seu inimigo. Eu, porém, lhes digo: amem os seus inimigos e orem por quem os persegue. Desse modo, vocês agirão como verdadeiros filhos de seu Pai, que está no céu. Pois ele dá a luz do sol tanto a maus como a bons e faz chover tanto sobre justos como injustos. Se amarem apenas aqueles que os amam, que recompensa receberão? Até os cobradores de impostos fazem o mesmo. Se cumprimentarem apenas seus amigos, que estarão fazendo de mais? Até os gentios fazem isso. Portanto, sejam perfeitos, como perfeito é seu Pai celestial.” “Tenham cuidado! Não pratiquem suas boas ações em público, para serem admirados por outros, pois não receberão a recompensa de seu Pai, que está no céu. Quando ajudarem alguém necessitado, não façam como os hipócritas que tocam trombetas nas sinagogas e nas ruas para serem elogiados pelos outros. Eu lhes digo a verdade: eles não receberão outra recompensa além dessa. Mas, quando ajudarem alguém necessitado, não deixem que a mão esquerda saiba o que a direita está fazendo. Deem sua ajuda em segredo, e seu Pai, que observa em segredo, os recompensará.” “Quando vocês orarem, não sejam como os hipócritas, que gostam de orar em público nas sinagogas e nas esquinas, onde todos possam vê-los. Eu lhes digo a verdade: eles não receberão outra recompensa além dessa. Mas, quando orarem, cada um vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, em segredo. Então seu Pai, que observa em segredo, os recompensará. “Ao orar, não repitam frases vazias sem parar, como fazem os gentios. Eles acham que, se repetirem as palavras várias vezes, suas orações serão respondidas. Não sejam como eles, pois seu Pai sabe exatamente do que vocês precisam antes mesmo de pedirem. “Portanto, orem da seguinte forma: Pai nosso que estás no céu, santificado seja o teu nome. Venha o teu reino. Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. Dá-nos hoje o pão para este dia, e perdoa nossas dívidas, assim como perdoamos os nossos devedores. E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal. Pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém. “Seu Pai celestial os perdoará se perdoarem aqueles que pecam contra vocês. Mas, se vocês se recusarem a perdoar os outros, seu Pai não perdoará seus pecados.” “Quando jejuarem, não façam como os hipócritas, que se esforçam para parecer tristes e desarrumados a fim de que as pessoas percebam que estão jejuando. Eu lhes digo a verdade: eles não receberão outra recompensa além dessa. Mas, quando jejuarem, penteiem o cabelo e lavem o rosto. Desse modo, ninguém notará que estão jejuando, exceto seu Pai, que sabe o que vocês fazem em segredo. E seu Pai, que observa em segredo, os recompensará.” “Não ajuntem tesouros aqui na terra, onde as traças e a ferrugem os destroem, e onde ladrões arrombam casas e os furtam. Ajuntem seus tesouros no céu, onde traças e ferrugem não destroem, e onde ladrões não arrombam nem furtam. Onde seu tesouro estiver, ali também estará seu coração. “Seus olhos são como uma lâmpada que ilumina todo o corpo. Quando os olhos são bons, todo o corpo se enche de luz. Mas, quando os olhos são maus, o corpo se enche de escuridão. E, se a luz que há em vocês é, na verdade, escuridão, como é profunda essa escuridão! “Ninguém pode servir a dois senhores, pois odiará um e amará o outro; será dedicado a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro.” “Por isso eu lhes digo que não se preocupem com a vida diária, se terão o suficiente para comer, beber ou vestir. A vida não é mais que comida, e o corpo não é mais que roupa? Observem os pássaros. Eles não plantam nem colhem, nem guardam alimento em celeiros, pois seu Pai celestial os alimenta. Acaso vocês não são muito mais valiosos que os pássaros? Qual de vocês, por mais preocupado que esteja, pode acrescentar ao menos uma hora à sua vida? “E por que se preocupar com a roupa? Observem como crescem os lírios do campo. Não trabalham nem fazem roupas e, no entanto, nem Salomão em toda a sua glória se vestiu como eles. E, se Deus veste com tamanha beleza as flores silvestres que hoje estão aqui e amanhã são lançadas ao fogo, não será muito mais generoso com vocês, gente de pequena fé? “Portanto, não se preocupem, dizendo: ‘O que vamos comer? O que vamos beber? O que vamos vestir?’. Essas coisas ocupam o pensamento dos pagãos, mas seu Pai celestial já sabe do que vocês precisam. Busquem, em primeiro lugar, o reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão dadas. “Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará suas próprias inquietações. Bastam para hoje os problemas deste dia.” “Não julguem para não serem julgados, pois vocês serão julgados pelo modo como julgam os outros. O padrão de medida que adotarem será usado para medi-los. “Por que você se preocupa com o cisco no olho de seu amigo enquanto há um tronco em seu próprio olho? Como pode dizer a seu amigo: ‘Deixe-me ajudá-lo a tirar o cisco de seu olho’, se não consegue ver o tronco em seu próprio olho? Hipócrita! Primeiro, livre-se do tronco em seu olho; então você verá o suficiente para tirar o cisco do olho de seu amigo. “Não deem o que é santo aos cães, nem joguem pérolas aos porcos; pois os porcos pisotearão as pérolas, e os cães se voltarão contra vocês e os atacarão.” “Peçam, e receberão. Procurem, e encontrarão. Batam, e a porta lhes será aberta. Pois todos que pedem, recebem. Todos que procuram, encontram. E, para todos que batem, a porta é aberta. “Respondam: Se seu filho lhe pedir pão, você lhe dará uma pedra? Ou, se pedir um peixe, você lhe dará uma cobra? Portanto, se vocês, que são maus, sabem dar bons presentes a seus filhos, quanto mais seu Pai, que está no céu, dará bons presentes aos que lhe pedirem!” “Em todas as coisas façam aos outros o que vocês desejam que eles lhes façam. Essa é a essência de tudo que ensinam a lei e os profetas.” “Entrem pela porta estreita. A estrada que conduz à destruição é ampla, e larga é sua porta, e muitos escolhem esse caminho. Mas a porta para a vida é estreita, e o caminho é difícil, e são poucos os que o encontram.” “Tomem cuidado com falsos profetas que vêm disfarçados de ovelhas, mas que, na verdade, são lobos esfomeados. Vocês os identificarão por seus frutos. É possível colher uvas de espinheiros ou figos de ervas daninhas? Da mesma forma, a árvore boa produz frutos bons, e a árvore ruim produz frutos ruins. A árvore boa não pode produzir frutos ruins, e a árvore ruim não pode produzir frutos bons. Toda árvore que não produz bons frutos é cortada e lançada ao fogo. Portanto, é possível identificar a pessoa por seus frutos.” “Nem todos que me chamam: ‘Senhor! Senhor!’ entrarão no reino dos céus, mas apenas aqueles que, de fato, fazem a vontade de meu Pai, que está no céu. No dia do juízo, muitos me dirão: ‘Senhor! Senhor! Não profetizamos em teu nome, não expulsamos demônios em teu nome e não realizamos muitos milagres em teu nome?’. Eu, porém, responderei: ‘Nunca os conheci. Afastem-se de mim, vocês que desobedecem à lei!’.” “Quem ouve minhas palavras e as pratica é tão sábio como a pessoa que constrói sua casa sobre uma rocha firme. Quando vierem as chuvas e as inundações, e os ventos castigarem a casa, ela não cairá, pois foi construída sobre rocha firme. Mas quem ouve meu ensino e não o pratica é tão tolo como a pessoa que constrói sua casa sobre a areia. Quando vierem as chuvas e as inundações e os ventos castigarem a casa, ela cairá com grande estrondo.” Quando Jesus acabou de dizer essas coisas, a multidão ficou maravilhada com seu ensino, pois ele ensinava com verdadeira autoridade, diferentemente dos mestres da lei. Quando Jesus desceu a encosta do monte, grandes multidões o seguiram. Um leproso aproximou-se de Jesus, ajoelhou-se diante dele e disse: “Senhor, se quiser, pode me curar e me deixar limpo”. Jesus estendeu a mão e tocou nele. “Eu quero”, respondeu. “Seja curado e fique limpo!” No mesmo instante, o homem foi curado da lepra. Então Jesus disse ao homem: “Não conte isso a ninguém. Vá e apresente-se ao sacerdote para que ele o examine. Leve a oferta que a lei de Moisés exige. Isso servirá como testemunho”. Quando Jesus chegou a Cafarnaum, um oficial romano se aproximou dele e suplicou: “Senhor, meu jovem servo está de cama, paralisado e com dores terríveis”. Jesus disse: “Vou até lá para curá-lo”. O oficial, porém, respondeu: “Senhor, não mereço que entre em minha casa. Basta uma ordem sua, e meu servo será curado. Sei disso porque estou sob a autoridade de meus superiores e tenho autoridade sobre meus soldados. Só preciso dizer ‘Vão’, e eles vão, ou ‘Venham’, e eles vêm. E, se digo a meus escravos: ‘Façam isto’, eles o fazem”. Quando Jesus ouviu isso, ficou admirado e disse aos que o seguiam: “Eu lhes digo a verdade: jamais vi fé como esta em Israel! E também lhes digo: muitos virão de toda parte, do leste e do oeste, e se sentarão com Abraão, Isaque e Jacó no banquete do reino dos céus. Mas muitos para os quais o reino foi preparado serão lançados fora, na escuridão, onde haverá choro e ranger de dentes”. Então Jesus disse ao oficial romano: “Volte para casa. Tal como você creu, assim acontecerá”. E o jovem servo foi curado na mesma hora. Quando Jesus chegou à casa de Pedro, viu que a sogra dele estava de cama, com febre. Jesus tocou em sua mão e a febre a deixou. Então ela se levantou e passou a servi-lo. Ao entardecer, trouxeram a Jesus muita gente possuída por demônios. Ele expulsou esses espíritos impuros com uma simples ordem e curou todos os enfermos. Cumpriu-se, desse modo, o que foi dito pelo profeta Isaías: “Levou sobre si nossas enfermidades e removeu nossas doenças”. Quando Jesus viu a grande multidão ao seu redor, ordenou que atravessassem para o outro lado do mar. Então um dos mestres da lei lhe disse: “Mestre, eu o seguirei aonde quer que vá”. Jesus respondeu: “As raposas têm tocas onde morar e as aves têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem sequer um lugar para recostar a cabeça”. Outro discípulo disse: “Senhor, deixe-me primeiro sepultar meu pai”. Jesus respondeu: “Siga-me agora. Deixe que os mortos sepultem seus próprios mortos”. Em seguida, Jesus entrou no barco, e seus discípulos o acompanharam. De repente, veio sobre o mar uma tempestade violenta, com ondas que cobriam o barco. Jesus, no entanto, dormia. Os discípulos foram acordá-lo, clamando: “Senhor, salve-nos! Vamos morrer!”. “Por que vocês estão com medo?”, perguntou ele. “Como é pequena a sua fé!” Então levantou-se, repreendeu o vento e o mar, e houve grande calmaria. Os discípulos ficaram admirados. “Quem é este homem?”, diziam eles. “Até os ventos e o mar lhe obedecem!” Quando Jesus chegou ao outro lado do mar, à região dos gadarenos, dois homens possuídos por demônios saíram do cemitério e foram ao seu encontro. Eram tão violentos que ninguém podia passar por ali. Eles começaram a gritar: “Por que vem nos importunar, Filho de Deus? Veio aqui para nos atormentar antes do tempo determinado?”. A certa distância deles, havia uma grande manada de porcos pastando. Então os demônios suplicaram: “Se vai nos expulsar, mande-nos entrar naquela manada de porcos”. “Vão!”, ordenou Jesus. Os demônios saíram dos homens e entraram nos porcos, e toda a manada se atirou pela encosta íngreme do monte para dentro do mar e se afogou. Os que cuidavam dos porcos fugiram para uma cidade próxima e contaram a todos o que havia ocorrido com os homens possuídos por demônios. Os habitantes da cidade saíram ao encontro de Jesus e suplicaram que ele fosse embora da região. Jesus entrou num barco e atravessou o mar até a cidade onde morava. Algumas pessoas lhe trouxeram um paralítico deitado numa maca. Ao ver a fé que eles tinham, Jesus disse ao paralítico: “Anime-se, filho! Seus pecados estão perdoados”. Alguns mestres da lei disseram a si mesmos: “Isso é blasfêmia!”. Jesus, percebendo o que pensavam, perguntou: “Por que vocês reagem com tanta maldade em seu coração? O que é mais fácil dizer: ‘Seus pecados estão perdoados’ ou ‘Levante-se e ande’? Mas eu lhes mostrarei que o Filho do Homem tem autoridade na terra para perdoar pecados”. Então disse ao paralítico: “Levante-se, pegue sua maca e vá para casa”. O homem se levantou e foi para casa. Ao ver isso, a multidão se encheu de temor e louvou a Deus por ele ter dado tal autoridade aos seres humanos. Enquanto Jesus caminhava, viu um homem chamado Mateus sentado onde se coletavam impostos. “Siga-me”, disse-lhe Jesus, e Mateus se levantou e o seguiu. Mais tarde, na casa de Mateus, Jesus e seus discípulos estavam à mesa, acompanhados de um grande número de cobradores de impostos e pecadores. Quando os fariseus viram isso, perguntaram aos discípulos: “Por que o seu mestre come com cobradores de impostos e pecadores?”. Jesus ouviu o que disseram e respondeu: “As pessoas saudáveis não precisam de médico, mas sim os doentes”. E acrescentou: “Agora vão e aprendam o significado desta passagem das Escrituras: ‘Quero que demonstrem misericórdia, e não que ofereçam sacrifícios’. Pois não vim para chamar os justos, mas sim os pecadores”. Os discípulos de João Batista foram a Jesus e lhe perguntaram: “Por que seus discípulos não têm o hábito de jejuar, como nós e os fariseus?”. Jesus respondeu: “Por acaso os convidados de um casamento ficam de luto enquanto festejam com o noivo? Um dia, porém, o noivo lhes será tirado, e então jejuarão. “Além disso, ninguém remendaria uma roupa velha usando pano novo. O pano rasgaria a roupa, deixando um buraco ainda maior. “E ninguém colocaria vinho novo em velhos recipientes de couro. O couro se arrebentaria, deixando vazar o vinho, e os recipientes velhos se estragariam. Vinho novo é guardado em recipientes novos, para que ambos se conservem”. Enquanto Jesus ainda falava, o líder da sinagoga local veio e se ajoelhou diante dele. “Minha filha acaba de morrer”, disse. “Mas, se o senhor vier e puser as mãos sobre ela, ela viverá.” Então Jesus e seus discípulos se levantaram e foram com ele. Nesse instante, uma mulher que havia doze anos sofria de hemorragia se aproximou por trás dele e tocou na borda de seu manto, pois pensava: “Se eu apenas tocar em seu manto, serei curada”. Jesus se voltou e, quando a viu, disse: “Filha, anime-se! Sua fé a curou”. A partir daquele momento, a mulher ficou curada. Quando Jesus chegou à casa do líder da sinagoga, viu a multidão agitada e ouviu a música fúnebre. “Saiam daqui!”, disse ele. “A menina não está morta; está apenas dormindo.” Os que estavam ali riram dele. Depois que a multidão foi colocada para fora, Jesus entrou e tomou a menina pela mão, e ela se levantou. A notícia desse milagre se espalhou por toda a região. Depois que Jesus saiu dali, dois cegos foram atrás dele, gritando: “Filho de Davi, tenha misericórdia de nós!”. Quando Jesus entrou em casa, os cegos se aproximaram, e ele lhes perguntou: “Vocês creem que eu posso fazê-los ver?”. “Sim, Senhor”, responderam eles. Ele tocou nos olhos dos dois e disse: “Seja feito conforme a sua fé”. Então os olhos deles se abriram e puderam ver. Jesus os advertiu severamente: “Não contem a ninguém”. Eles, porém, saíram e espalharam sua fama por toda a região. Quando partiram, foi levado a Jesus um homem que não conseguia falar porque estava possuído por um demônio. O demônio foi expulso e, em seguida, o homem começou a falar. As multidões ficaram admiradas. “Jamais aconteceu algo parecido em Israel!”, exclamavam. Os fariseus, contudo, disseram: “Ele expulsa demônios porque o príncipe dos demônios lhe dá poder”. Jesus andava por todas as cidades e todos os povoados da região, ensinando nas sinagogas, anunciando as boas-novas do reino e curando todo tipo de enfermidade e doença. Quando viu as multidões, teve compaixão delas, pois estavam confusas e desamparadas, como ovelhas sem pastor. Disse aos discípulos: “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Orem ao Senhor da colheita; peçam que ele envie mais trabalhadores para seus campos”. Jesus reuniu seus doze discípulos e lhes deu autoridade para expulsar espíritos impuros e curar todo tipo de enfermidade e doença. Estes são os nomes dos doze apóstolos: primeiro, Simão, também chamado Pedro, depois André, irmão de Pedro, Tiago, filho de Zebedeu, João, irmão de Tiago, Filipe, Bartolomeu, Tomé, Mateus, o cobrador de impostos, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão, o cananeu, Judas Iscariotes, que depois traiu Jesus. Jesus enviou os Doze com as seguintes instruções: “Não vão aos gentios nem aos samaritanos; vão, antes, às ovelhas perdidas do povo de Israel. Vão e anunciem que o reino dos céus está próximo. Curem os doentes, ressuscitem os mortos, purifiquem os leprosos e expulsem os demônios. Deem de graça, pois também de graça vocês receberam. “Não levem no cinto moedas de ouro, prata ou mesmo de cobre. Não levem bolsa de viagem, nem outra muda de roupa, nem sandálias, nem cajado. Quem trabalha merece seu sustento. “Sempre que entrarem em uma cidade ou povoado, procurem uma pessoa digna e fiquem em sua casa até partirem. Quando entrarem na casa, saúdem-na com a paz. Se o lar se revelar digno, que sua paz permaneça nela; se não, retirem a bênção. Se alguma casa ou cidade se recusar a recebê-los ou a ouvir sua mensagem, sacudam a poeira dos pés ao sair. Eu lhes digo a verdade: no dia do juízo, as cidades perversas de Sodoma e Gomorra serão tratadas com menos rigor que essa cidade. “Ouçam, eu os envio como ovelhas no meio de lobos. Portanto, sejam espertos como serpentes e simples como pombas. Tenham cuidado, pois vocês serão entregues aos tribunais e chicoteados nas sinagogas. Por minha causa serão julgados diante de governantes e reis, mas essa será a oportunidade de falar a meu respeito a eles e aos gentios. Quando forem presos, não se preocupem com o modo como responderão nem com o que dirão. Naquele momento, as palavras certas lhes serão concedidas, pois não serão vocês que falarão, mas o Espírito de seu Pai falará por meio de vocês. “O irmão trairá seu irmão e o entregará à morte, e assim também o pai a seu próprio filho. Os filhos se rebelarão contra os pais e os matarão. Todos os odiarão por minha causa, mas quem perseverar até o fim será salvo. Quando forem perseguidos numa cidade, fujam para outra. Eu lhes digo a verdade: o Filho do Homem voltará antes que tenham percorrido todas as cidades de Israel. “O discípulo não está acima de seu mestre, nem o escravo acima de seu senhor. Para o discípulo é suficiente ser como seu mestre, e o escravo, como seu senhor. Uma vez que o dono da casa foi chamado de Belzebu, os membros da família serão chamados de nomes ainda piores! “Não tenham medo daqueles que os ameaçam, pois virá o dia em que tudo que está encoberto será revelado, e tudo que é secreto será divulgado. O que agora lhes digo no escuro, anunciem às claras, e o que sussurro em seus ouvidos, proclamem dos telhados. “Não tenham medo dos que querem matar o corpo; eles não podem tocar na alma. Temam somente a Deus, que pode destruir no inferno tanto a alma como o corpo. Quanto custam dois pardais? Uma moeda de cobre? No entanto, nenhum deles cai no chão sem o conhecimento de seu Pai. Quanto a vocês, até os cabelos de sua cabeça estão contados. Portanto, não tenham medo; vocês são muito mais valiosos que um bando inteiro de pardais. “Quem me reconhecer em público aqui na terra, eu o reconhecerei diante de meu Pai no céu. Mas quem me negar aqui na terra, eu também o negarei diante de meu Pai no céu. “Não imaginem que vim trazer paz à terra! Não vim trazer paz, mas a espada. ‘Vim para pôr o homem contra seu pai, a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra. Seus inimigos estarão em sua própria casa’. “Quem ama seu pai ou sua mãe mais que a mim não é digno de mim; e quem ama seu filho ou sua filha mais que a mim não é digno de mim. Quem se recusa a tomar sua cruz e me seguir não é digno de mim. Quem se apegar à própria vida a perderá; mas quem abrir mão de sua vida por minha causa a encontrará. “Quem recebe vocês recebe a mim, e quem me recebe também recebe aquele que me enviou. Quem acolhe um profeta como alguém que fala da parte de Deus recebe a mesma recompensa que um profeta. E quem acolhe um justo por causa de sua justiça recebe uma recompensa igual à dele. Se alguém der um copo de água fria que seja ao menor de meus seguidores, certamente não perderá sua recompensa”. Quando Jesus terminou de dar essas instruções a seus doze discípulos, saiu para ensinar e anunciar sua mensagem nas cidades da região. João Batista, que estava na prisão, soube de todas as coisas que o Cristo estava fazendo. Por isso, enviou seus discípulos para perguntarem a Jesus: “O senhor é aquele que haveria de vir, ou devemos esperar algum outro?”. Jesus respondeu: “Voltem a João e contem a ele o que vocês veem e ouvem: os cegos veem, os aleijados andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados e as boas-novas são anunciadas aos pobres”. E disse ainda: “Felizes são aqueles que não se sentem ofendidos por minha causa”. Enquanto os discípulos de João saíam, Jesus começou a falar a respeito dele para as multidões: “Que tipo de homem vocês foram ver no deserto? Um caniço que qualquer brisa agita? Afinal, o que esperavam ver? Um homem vestido com roupas caras? Não, quem veste roupas caras mora em palácios. Acaso procuravam um profeta? Sim, ele é mais que profeta. João é o homem ao qual as Escrituras se referem quando dizem: ‘Envio meu mensageiro adiante de ti, e ele preparará teu caminho à tua frente!’. “Eu lhes digo a verdade: de todos os que nasceram de mulher, nenhum é maior que João Batista. E, no entanto, até o menor no reino dos céus é maior que ele. Desde os dias em que João pregava, o reino dos céus sofre violência, e pessoas violentas o atacam. Pois, antes de João vir, todos os profetas e a lei de Moisés falavam dos dias de João com grande expectativa, e, se vocês estiverem dispostos a aceitar o que eu digo, ele é Elias, aquele que os profetas disseram que viria. Quem é capaz de ouvir, ouça com atenção! “A que posso comparar esta geração? Ela se parece com crianças que brincam na praça. Queixam-se a seus amigos: ‘Tocamos flauta, e vocês não dançaram; entoamos lamentos, e vocês não se entristeceram’. Quando João apareceu, não costumava comer nem beber em público, e vocês disseram: ‘Está possuído por demônio’. O Filho do Homem, por sua vez, come e bebe, e vocês dizem: ‘É comilão e beberrão, amigo de cobradores de impostos e pecadores’. Mas a sabedoria é comprovada pelos resultados que produz”. Então Jesus começou a denunciar as cidades onde ele havia feito muitos milagres, pois não tinham se arrependido. “Que aflição as espera, Corazim e Betsaida! Porque, se nas cidades de Tiro e Sidom tivessem sido realizados os milagres que realizei em vocês, há muito tempo seus habitantes teriam se arrependido e demonstrado isso vestindo panos de saco e jogando cinzas sobre a cabeça. Eu lhes digo que, no dia do juízo, Tiro e Sidom serão tratadas com menos rigor que vocês. “E você, Cafarnaum, será elevada até o céu? Não, descerá até o lugar dos mortos. Porque, se na cidade de Sodoma tivessem sido realizados os milagres que realizei em você, ela estaria de pé ainda hoje. Eu lhe digo que, no dia do juízo, Sodoma será tratada com menos rigor que você”. Naquela ocasião, Jesus orou da seguinte maneira: “Pai, Senhor dos céus e da terra, eu te agradeço porque escondeste estas coisas dos que se consideram sábios e instruídos e as revelaste aos que são como crianças. Sim, Pai, foi do teu agrado fazê-lo assim. “Meu Pai me confiou todas as coisas. Ninguém conhece verdadeiramente o Filho, a não ser o Pai, e ninguém conhece verdadeiramente o Pai, a não ser o Filho e aqueles a quem o Filho escolhe revelá-lo. “Venham a mim todos vocês que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o meu jugo. Deixem que eu lhes ensine, pois sou manso e humilde de coração, e encontrarão descanso para a alma. Meu jugo é fácil de carregar, e o fardo que lhes dou é leve”. Por aquele tempo, Jesus estava caminhando pelos campos de cereal, num sábado. Seus discípulos, sentindo fome, começaram a colher espigas e comê-las. Alguns fariseus os viram e protestaram: “Veja, seus discípulos desobedecem à lei colhendo cereal no sábado!”. Jesus respondeu: “Vocês não leram nas Escrituras o que fez Davi quando ele e seus companheiros tiveram fome? Ele entrou na casa de Deus e, com seus companheiros, comeram os pães sagrados que só os sacerdotes tinham permissão de comer. E vocês não leram na lei de Moisés que os sacerdotes de serviço no templo podem trabalhar no sábado? Eu lhes digo: há alguém aqui maior que o templo! Vocês não teriam condenado meus discípulos inocentes se soubessem o significado das Escrituras: ‘Quero que demonstrem misericórdia, e não que ofereçam sacrifícios’. Pois o Filho do Homem é senhor até mesmo do sábado”. Então Jesus foi à sinagoga local, onde viu um homem que tinha uma das mãos deformada. Os fariseus perguntaram a Jesus: “A lei permite curar no sábado?”. Esperavam que ele dissesse “sim”, para que pudessem acusá-lo. Jesus respondeu: “Se um de vocês tivesse uma ovelha e ela caísse num poço no sábado, não trabalharia para tirá-la de lá? Quanto mais vale uma pessoa que uma ovelha! Sim, a lei permite que se faça o bem no sábado”. Em seguida, disse ao homem: “Estenda a mão”. Ele a estendeu, e ela foi restaurada e ficou igual à outra. Então os fariseus convocaram uma reunião para tramar um modo de matá-lo. Jesus, sabendo o que planejavam, retirou-se daquela região. Muitos o seguiram, e ele curou todos os enfermos que havia entre eles. Contudo, advertiu-lhes que não revelassem quem ele era. Cumpriu-se, assim, a profecia de Isaías a seu respeito: “Vejam meu Servo, aquele que escolhi. Ele é meu Amado; nele tenho grande alegria. Porei sobre ele meu Espírito, e ele proclamará justiça às nações. Não lutará nem gritará, nem levantará a voz em público. Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a chama que já está fraca. Por fim, ele fará que a justiça seja vitoriosa. E seu nome será a esperança de todo o mundo”. Então levaram até Jesus um homem cego e mudo que estava possuído por um demônio. Jesus o curou, e ele passou a falar e ver. Admirada, a multidão perguntou: “Será que este homem é o Filho de Davi?”. No entanto, quando os fariseus souberam do milagre, disseram: “Ele só expulsa demônios porque seu poder vem de Belzebu, o príncipe dos demônios”. Jesus conhecia os pensamentos deles e respondeu: “Todo reino dividido internamente está condenado à ruína. Uma cidade ou família dividida contra si mesma se desintegrará. Se Satanás expulsa Satanás, está dividido e luta contra si mesmo. Seu reino não sobreviverá. Se eu expulso demônios pelo poder de Belzebu, o que dizer de seus discípulos? Eles também expulsam demônios, de modo que condenarão vocês pelo que acabaram de dizer. Mas, se expulso demônios pelo Espírito de Deus, então o reino de Deus já chegou até vocês. Afinal, quem tem poder para entrar na casa de um homem forte e saquear seus bens? Somente alguém ainda mais forte, alguém capaz de amarrá-lo e saquear sua casa. “Quem não está comigo opõe-se a mim, e quem não trabalha comigo na verdade trabalha contra mim. “Por isso eu lhes digo: todo pecado e toda blasfêmia serão perdoados, mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada. Quem falar contra o Filho do Homem será perdoado, mas quem falar contra o Espírito Santo não será perdoado, nem neste mundo nem no mundo por vir. “Uma árvore é identificada por seus frutos. Se a árvore é boa, os frutos serão bons. Se a árvore é ruim, os frutos serão ruins. Raça de víboras! Como poderiam homens maus como vocês dizer o que é bom e correto? Pois a boca fala do que o coração está cheio. A pessoa boa tira coisas boas do tesouro de um coração bom, e a pessoa má tira coisas más do tesouro de um coração mau. Eu lhes digo: no dia do juízo, vocês prestarão contas de toda palavra inútil que falarem. Por suas palavras vocês serão absolvidos, e por elas serão condenados”. Alguns dos mestres da lei e fariseus vieram a Jesus e disseram: “Mestre, queremos que nos mostre um sinal de sua autoridade”. Jesus, porém, respondeu: “Vocês pedem um sinal porque são uma geração perversa e adúltera, mas o único sinal que lhes darei será o do profeta Jonas. Pois, assim como Jonas passou três dias e três noites no ventre do grande peixe, o Filho do Homem ficará três dias e três noites no coração da terra. “No dia do juízo, os habitantes de Nínive se levantarão contra esta geração e a condenarão, pois eles se arrependeram de seus pecados quando ouviram a mensagem anunciada por Jonas; e vocês têm à sua frente alguém maior que Jonas! A rainha de Sabá também se levantará contra esta geração no dia do juízo e a condenará, pois veio de uma terra distante para ouvir a sabedoria de Salomão; e vocês têm à sua frente alguém maior que Salomão! “Quando um espírito impuro deixa uma pessoa, anda por lugares secos à procura de descanso, mas não o encontra. Então, diz: ‘Voltarei à casa da qual saí’. Ele volta para sua antiga casa e a encontra vazia, varrida e arrumada. Então o espírito busca outros sete espíritos, piores que ele, e todos entram na pessoa e passam a morar nela, e a pessoa fica pior que antes. Assim acontecerá com esta geração perversa”. Enquanto Jesus falava à multidão, sua mãe e seus irmãos estavam do lado de fora, pedindo para falar com ele. Alguém disse a Jesus: “Sua mãe e seus irmãos estão lá fora e querem falar com o senhor”. Jesus respondeu: “Quem é minha mãe? Quem são meus irmãos?”. Então apontou para seus discípulos e disse: “Vejam, estes são minha mãe e meus irmãos. Quem faz a vontade de meu Pai no céu é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. Mais tarde, naquele mesmo dia, Jesus saiu de casa e sentou-se à beira-mar. Logo, uma grande multidão se juntou ao seu redor. Então ele entrou num barco, sentou-se e ensinou o povo que permanecia na praia. Jesus contou várias parábolas, como esta: “Um lavrador saiu para semear. Enquanto espalhava as sementes pelo campo, algumas caíram à beira do caminho, e as aves vieram e as comeram. Outras sementes caíram em solo rochoso e, não havendo muita terra, germinaram rapidamente, mas as plantas logo murcharam sob o calor do sol e secaram, pois não tinham raízes profundas. Outras sementes caíram entre espinhos, que cresceram e sufocaram os brotos. Ainda outras caíram em solo fértil e produziram uma colheita trinta, sessenta e até cem vezes maior que a quantidade semeada. Quem é capaz de ouvir, ouça com atenção!”. Os discípulos vieram e lhe perguntaram: “Por que o senhor usa parábolas quando fala ao povo?”. Ele respondeu: “A vocês é permitido entender os segredos do reino dos céus, mas a outros não. Pois ao que tem, mais lhe será dado, e terá em grande quantia; mas do que nada tem, até o que tem lhe será tirado. É por isso que uso parábolas: eles olham, mas não veem; escutam, mas não ouvem nem entendem. “Cumpre-se, desse modo, a profecia de Isaías que diz: ‘Quando ouvirem o que digo, não entenderão. Quando virem o que faço, não compreenderão. Pois o coração deste povo está endurecido; ouvem com dificuldade e têm os olhos fechados, de modo que seus olhos não veem, e seus ouvidos não ouvem, e seu coração não entende, e não se voltam para mim, nem permitem que eu os cure’. “Felizes, porém, são seus olhos, pois eles veem; e seus ouvidos, pois eles ouvem. Eu lhes digo a verdade: muitos profetas e justos desejaram ver o que vocês têm visto e ouvir o que vocês têm ouvido, mas não puderam. “Agora, ouçam a explicação da parábola sobre o lavrador que saiu para semear. As sementes que caíram à beira do caminho representam os que ouvem a mensagem sobre o reino e não a entendem. Então o maligno vem e arranca a semente que foi lançada em seu coração. As que caíram no solo rochoso representam aqueles que ouvem a mensagem e, sem demora, a recebem com alegria. Contudo, uma vez que não têm raízes profundas, não duram muito. Assim que enfrentam problemas ou são perseguidos por causa da mensagem, cedo desanimam. As que caíram entre os espinhos representam outros que ouvem a mensagem, mas logo ela é sufocada pelas preocupações desta vida e pela sedução da riqueza, de modo que não produzem fruto. E as que caíram em solo fértil representam os que ouvem e entendem a mensagem e produzem uma colheita trinta, sessenta e até cem vezes maior que a quantidade semeada”. Esta foi outra parábola que Jesus contou: “O reino dos céus é como um agricultor que semeou boas sementes em seu campo. Enquanto os servos dormiam, seu inimigo veio, semeou joio no meio do trigo e foi embora. Quando a plantação começou a crescer, o joio também cresceu. “Os servos do agricultor vieram e disseram: ‘O campo em que o senhor semeou as boas sementes está cheio de joio. De onde ele veio?’. “‘Um inimigo fez isso’, respondeu o agricultor. “‘Devemos arrancar o joio?’, perguntaram os servos. “‘Não’, respondeu ele. ‘Se tirarem o joio, pode acontecer de arrancarem também o trigo. Deixem os dois crescerem juntos até a colheita. Então, direi aos ceifeiros que separem o joio, amarrem-no em feixes e queimem-no e, depois, guardem o trigo no celeiro’”. Então Jesus contou outra parábola: “O reino dos céus é como a semente de mostarda que alguém semeia num campo. É a menor de todas as sementes, mas se torna a maior das hortaliças; cresce até se transformar em árvore, e vêm as aves e fazem ninho em seus galhos”. Jesus também contou a seguinte parábola: “O reino dos céus é como o fermento usado por uma mulher para fazer pão. Embora ela coloque apenas uma pequena quantidade de fermento em três medidas de farinha, toda a massa fica fermentada”. Jesus sempre usava histórias e comparações como essas quando falava às multidões. Na verdade, nunca lhes falava sem usar parábolas. Cumpriu-se, desse modo, o que foi dito por meio do profeta: “Eu lhes falarei por meio de parábolas; explicarei coisas escondidas desde a criação do mundo”. Em seguida, deixando as multidões do lado de fora, Jesus entrou em casa. Seus discípulos lhe pediram: “Por favor, explique-nos a história do joio no campo”. Jesus respondeu: “O Filho do Homem é o agricultor que planta as boas sementes. O campo é o mundo, e as boas sementes são o povo do reino. O joio são as pessoas que pertencem ao maligno, e o inimigo que plantou o joio no meio do trigo é o diabo. A colheita é o fim dos tempos, e os que fazem a colheita são os anjos. “Da mesma forma que o joio é separado e queimado no fogo, assim será no fim dos tempos. O Filho do Homem enviará seus anjos, e eles removerão do reino tudo que produz pecado e todos que praticam o mal e os lançarão numa fornalha ardente, onde haverá choro e ranger de dentes. Então os justos brilharão como o sol no reino de seu Pai. Quem é capaz de ouvir, ouça com atenção!” “O reino dos céus é como um tesouro escondido que um homem descobriu num campo. Em seu entusiasmo, ele o escondeu novamente, vendeu tudo que tinha e, com o dinheiro da venda, comprou aquele campo.” “O reino dos céus também é como um negociante que procurava pérolas da melhor qualidade. Quando descobriu uma pérola de grande valor, vendeu tudo que tinha e, com o dinheiro da venda, comprou a tal pérola.” “O reino dos céus é, ainda, como uma rede de pesca que foi lançada ao mar e pegou peixes de todo tipo. Quando a rede estava cheia, os pescadores a arrastaram até a praia, sentaram-se e juntaram os peixes bons em cestos, jogando fora os ruins. Assim será no fim dos tempos. Os anjos virão, separarão os perversos dos justos e os lançarão na fornalha ardente, onde haverá choro e ranger de dentes. Vocês entendem todas essas coisas?” “Sim”, responderam eles. Então ele acrescentou: “Todo mestre da lei que se torna discípulo no reino dos céus é como o dono de uma casa que tira do seu tesouro verdades preciosas, tanto novas como velhas”. Quando Jesus terminou de contar essas parábolas, deixou aquela região e voltou para Nazaré, cidade onde tinha morado. Enquanto ensinava na sinagoga, todos se admiravam e perguntavam: “De onde lhe vêm a sabedoria e o poder para realizar milagres? Não é esse o filho do carpinteiro? Conhecemos Maria, sua mãe, e também seus irmãos, Tiago, José, Simão e Judas. Todas as suas irmãs moram aqui, entre nós. Onde ele aprendeu todas essas coisas?”. E sentiam-se muito ofendidos. Então Jesus lhes disse: “Um profeta recebe honra em toda parte, menos em sua cidade e entre sua própria família”. E, por causa da incredulidade deles, realizou ali apenas uns poucos milagres. Quando Herodes Antipas ouviu falar de Jesus, disse a seus conselheiros: “Deve ser João Batista que ressuscitou dos mortos! Por isso ele tem poder para fazer esses milagres”. Herodes havia mandado prender e encarcerar João para agradar Herodias, que era esposa de Filipe, seu irmão. João tinha dito repetidamente a Herodes: “É contra a lei que o senhor viva com ela”. Herodes queria matá-lo, mas tinha medo de provocar uma revolta, pois o povo acreditava que João era profeta. Contudo, numa festa de aniversário de Herodes, a filha de Herodias dançou diante dos convidados e agradou muito o rei, e ele prometeu, sob juramento, que lhe daria qualquer coisa que ela pedisse. Instigada pela mãe, a moça disse: “Quero a cabeça de João Batista num prato!”. O rei se arrependeu do que tinha dito, mas, por causa do juramento feito diante dos convidados, deu as ordens para que atendessem ao pedido. João foi decapitado na prisão, e sua cabeça foi trazida num prato e entregue à moça, que a levou à sua mãe. Os discípulos de João vieram, levaram seu corpo e o sepultaram. Em seguida, foram a Jesus e lhe contaram o que havia acontecido. Logo que Jesus ouviu a notícia, partiu de barco para um lugar isolado, a fim de ficar só. As multidões, porém, descobriram para onde ele ia e o seguiram a pé, vindas de muitas cidades. Quando Jesus saiu do barco, viu a grande multidão, teve compaixão dela e curou os enfermos. Ao entardecer, os discípulos foram até ele e disseram: “Este lugar é isolado, e já está ficando tarde. Mande as multidões embora, para que possam ir aos povoados e comprar comida”. “Não há necessidade”, disse Jesus. “Providenciem vocês mesmos alimento para elas.” Eles responderam: “Temos apenas cinco pães e dois peixes!”. “Tragam para cá”, disse ele. Em seguida, mandou o povo sentar-se na grama. Tomou os cinco pães e os dois peixes, olhou para o céu e os abençoou. Então, partiu os pães em pedaços e os entregou a seus discípulos, que distribuíram às multidões. Todos comeram à vontade, e os discípulos recolheram doze cestos com as sobras. Os que comeram foram cerca de cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças. Logo em seguida, Jesus insistiu com seus discípulos que voltassem ao barco e atravessassem até o outro lado do mar, enquanto ele despedia as multidões. Depois de mandá-las para casa, Jesus subiu sozinho ao monte a fim de orar. Quando anoiteceu, ele ainda estava ali, sozinho. Enquanto isso, os discípulos, distantes da terra firme, lutavam contra as ondas, pois um vento forte havia se levantado. Por volta das três da madrugada, Jesus foi até eles, caminhando sobre as águas. Quando os discípulos o viram caminhando sobre as águas, ficaram aterrorizados. “É um fantasma!”, gritaram, cheios de medo. Imediatamente, porém, Jesus lhes disse: “Não tenham medo! Coragem, sou eu!”. Então Pedro gritou: “Se é realmente o senhor, ordene que eu vá caminhando sobre as águas até onde está!”. “Venha!”, respondeu Jesus. Então Pedro desceu do barco e caminhou sobre as águas em direção a Jesus. Mas, quando reparou no vento forte e nas ondas, ficou aterrorizado, começou a afundar e gritou: “Senhor, salva-me!”. No mesmo instante, Jesus estendeu a mão e o segurou. “Como é pequena a sua fé!”, disse ele. “Por que você duvidou?” Quando entraram no barco, o vento parou. Então os outros discípulos o adoraram e exclamaram: “De fato, o senhor é o Filho de Deus!”. Depois de atravessarem o mar, chegaram a Genesaré. Quando o povo reconheceu Jesus, a notícia de sua chegada se espalhou rapidamente por toda a região, e trouxeram os enfermos para que fossem curados. Suplicavam que ele deixasse os enfermos apenas tocar na borda de seu manto, e todos que o tocavam eram curados. Então alguns fariseus e mestres da lei chegaram de Jerusalém para ver Jesus e lhe perguntaram: “Por que seus discípulos desobedecem à tradição dos líderes religiosos? Eles não respeitam a cerimônia de lavar as mãos antes de comer!”. Jesus respondeu: “E por que vocês, com suas tradições, desobedecem ao mandamento de Deus? Pois Deus ordenou: ‘Honre seu pai e sua mãe’ e ‘Quem insultar seu pai ou sua mãe será executado’. Em vez disso, vocês ensinam que, se alguém disser a seus pais: ‘Sinto muito, mas não posso ajudá-los; jurei entregar como oferta a Deus aquilo que eu teria dado a vocês’, não precisará mais honrar seus pais. Com isso, vocês anulam a palavra de Deus em favor de sua própria tradição. Hipócritas! Isaías tinha razão quando assim profetizou a seu respeito: ‘Este povo me honra com os lábios, mas o coração está longe de mim. Sua adoração é uma farsa, pois ensinam ideias humanas como se fossem mandamentos divinos’”. Jesus chamou a multidão para perto de si e disse: “Ouçam e procurem entender. Não é o que entra pela boca que os contamina; vocês se contaminam com as palavras que saem dela”. Então os discípulos vieram e perguntaram: “O senhor sabe que ofendeu os fariseus com isso que acabou de dizer?”. Jesus respondeu: “Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada pela raiz. Portanto, não façam caso deles. São guias cegos conduzindo cegos e, se um cego conduzir outro, ambos cairão numa vala”. Então Pedro disse: “Explique-nos a parábola de que as pessoas não são contaminadas pelo que comem”. “Ainda não entendem?”, perguntou Jesus. “Tudo que comem passa pelo estômago e vai para o esgoto, mas as palavras vêm do coração, e é isso que os contamina. Pois do coração vêm maus pensamentos, homicídio, adultério, imoralidade sexual, roubo, mentiras e calúnias. São essas coisas que os contaminam. Comer sem lavar as mãos não os contaminará.” Então Jesus deixou a Galileia, rumo ao norte, para a região de Tiro e Sidom. Uma mulher cananeia que ali morava veio a ele, suplicando: “Senhor, Filho de Davi, tenha misericórdia de mim! Minha filha está possuída por um demônio que a atormenta terrivelmente”. Jesus não disse uma só palavra em resposta. Então os discípulos insistiram com ele: “Mande-a embora; ela não para de gritar atrás de nós”. Jesus disse à mulher: “Fui enviado para ajudar apenas as ovelhas perdidas do povo de Israel”. A mulher, porém, aproximou-se, ajoelhou-se diante dele e implorou mais uma vez: “Senhor, ajude-me!”. Jesus respondeu: “Não é certo tirar comida das crianças e jogá-la aos cachorros”. “Senhor, é verdade”, disse a mulher. “No entanto, até os cachorros comem as migalhas que caem da mesa de seus donos.” “Mulher, sua fé é grande”, disse-lhe Jesus. “Seu pedido será atendido.” E, no mesmo instante, a filha dela foi curada. Deixando aquele lugar, Jesus voltou ao mar da Galileia e subiu a um monte, onde se sentou. Uma grande multidão veio e colocou diante dele aleijados, cegos, paralíticos, mudos e muitos outros, e ele curou a todos. As pessoas ficavam admiradas e louvavam o Deus de Israel, pois os que eram mudos agora falavam, os paralíticos estavam curados, os aleijados andavam e os cegos podiam ver. Então Jesus chamou seus discípulos e disse: “Tenho compaixão dessa gente. Estão aqui comigo há três dias e não têm mais nada para comer. Se eu os mandar embora com fome, podem desmaiar no caminho”. Os discípulos disseram: “Onde conseguiríamos comida suficiente para tamanha multidão neste lugar deserto?”. Jesus perguntou: “Quantos pães vocês têm?”. “Sete, e alguns peixinhos”, responderam eles. Então Jesus mandou todo o povo sentar-se no chão. Tomou os sete pães e os peixes, agradeceu a Deus e os partiu em pedaços. Em seguida, entregou-os aos discípulos, que os distribuíram à multidão. Todos comeram à vontade, e os discípulos recolheram, ainda, sete cestos grandes com as sobras. Os que comeram foram quatro mil homens, sem contar mulheres e crianças. Então Jesus os mandou para casa, entrou num barco e atravessou para a região de Magadã. Os fariseus e saduceus vieram pôr Jesus à prova, exigindo que lhes mostrasse um sinal do céu. Ele respondeu: “Vocês conhecem o ditado: ‘Céu vermelho ao entardecer, bom tempo amanhã; céu vermelho e sombrio logo cedo, mau tempo o dia todo’. Vocês sabem identificar as condições do tempo no céu, mas não sabem interpretar os sinais dos tempos! Pedem um sinal porque são uma geração perversa e adúltera, mas o único sinal que lhes darei será o sinal do profeta Jonas”. Então Jesus os deixou e se retirou. Mais tarde, depois de atravessar o mar, os discípulos descobriram que tinham se esquecido de levar pães. Jesus os advertiu: “Fiquem atentos! Tenham cuidado com o fermento dos fariseus e saduceus”. Os discípulos começaram a discutir entre si por que não tinham trazido pão. Ao tomar conhecimento do que falavam, Jesus disse: “Como é pequena a sua fé! Por que vocês discutem entre si sobre a falta de pão? Ainda não entenderam? Não se lembram dos cinco pães para os cinco mil e dos cestos de sobras que recolheram? Nem dos sete pães para os quatro mil e dos cestos grandes de sobras que recolheram? Como não conseguem entender que não estou falando de pão? Repito: tenham cuidado com o fermento dos fariseus e saduceus”. Finalmente entenderam que ele não se referia ao fermento do pão, mas ao ensino dos fariseus e saduceus. Quando Jesus chegou à região de Cesareia de Filipe, perguntou a seus discípulos: “Quem as pessoas dizem que o Filho do Homem é?”. Eles responderam: “Alguns dizem que o senhor é João Batista; outros, que é Elias; e outros, ainda, que é Jeremias ou um dos profetas”. “E vocês?”, perguntou ele. “Quem vocês dizem que eu sou?” Simão Pedro respondeu: “O senhor é o Cristo, o Filho do Deus vivo!”. Jesus disse: “Que grande privilégio você teve, Simão, filho de João! Foi meu Pai no céu quem lhe revelou isso. Nenhum ser humano saberia por si só. Agora eu lhe digo que você é Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha igreja, e as forças da morte não a conquistarão. Eu lhe darei as chaves do reino dos céus. O que você ligar na terra terá sido ligado no céu, e o que você desligar na terra terá sido desligado no céu”. Então ele advertiu a seus discípulos que não dissessem a ninguém que ele era o Cristo. Daquele momento em diante, Jesus começou a falar claramente a seus discípulos que era necessário que ele fosse a Jerusalém e sofresse muitas coisas terríveis nas mãos dos líderes do povo, dos principais sacerdotes e dos mestres da lei. Seria morto, mas no terceiro dia ressuscitaria. Pedro o chamou de lado e começou a repreendê-lo por dizer tais coisas. “Jamais, Senhor!”, disse ele. “Isso nunca lhe acontecerá!” Jesus se voltou para Pedro e disse: “Afaste-se de mim, Satanás! Você é uma pedra de tropeço para mim. Considera as coisas apenas do ponto de vista humano, e não da perspectiva de Deus”. Então Jesus disse a seus discípulos: “Se alguém quer ser meu seguidor, negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me. Se tentar se apegar à sua vida, a perderá. Mas, se abrir mão de sua vida por minha causa, a encontrará. Que vantagem há em ganhar o mundo inteiro, mas perder a vida? E o que daria o homem em troca de sua vida? Pois o Filho do Homem virá com seus anjos na glória de seu Pai e julgará cada pessoa de acordo com suas ações. Eu lhes digo a verdade: alguns que estão aqui neste momento não morrerão antes de ver o Filho do Homem vindo em seu reino!”. Seis dias depois, Jesus levou consigo Pedro e os dois irmãos, Tiago e João, até um monte alto. Enquanto os três observavam, a aparência de Jesus foi transformada de tal modo que seu rosto brilhava como o sol e suas roupas se tornaram brancas como a luz. De repente, Moisés e Elias apareceram e começaram a falar com Jesus. Pedro exclamou: “Senhor, é maravilhoso estarmos aqui! Se quiser, farei três tendas: uma será sua, uma de Moisés e outra de Elias”. Enquanto ele ainda falava, uma nuvem brilhante os cobriu, e uma voz que vinha da nuvem disse: “Este é meu Filho amado, que me dá grande alegria. Ouçam-no!”. Os discípulos ficaram aterrorizados e caíram com o rosto em terra. Então Jesus veio e os tocou. “Levantem-se”, disse ele. “Não tenham medo.” E, quando levantaram os olhos, viram apenas Jesus. Enquanto desciam do monte, Jesus lhes ordenou: “Não contem a ninguém o que viram, até que o Filho do Homem ressuscite dos mortos”. Os discípulos lhe perguntaram: “Por que os mestres da lei afirmam que é necessário que Elias volte antes que o Cristo venha?”. Jesus respondeu: “De fato, Elias vem e restaurará tudo. Eu, porém, lhes digo: Elias já veio, mas não o reconheceram e preferiram maltratá-lo. Da mesma forma, também farão o Filho do Homem sofrer”. Então os discípulos entenderam que ele estava falando de João Batista. Ao pé do monte, uma grande multidão os esperava. Um homem veio, ajoelhou-se diante de Jesus e disse: “Senhor, tenha misericórdia de meu filho. Ele tem convulsões e sofre terrivelmente. Muitas vezes, cai no fogo ou na água. Eu o trouxe a seus discípulos, mas eles não puderam curá-lo”. Jesus disse: “Geração incrédula e corrompida! Até quando estarei com vocês? Até quando terei de suportá-los? Tragam o menino para cá”. Então Jesus repreendeu o demônio, e ele saiu do menino, que ficou curado a partir daquele momento. Mais tarde, os discípulos perguntaram a Jesus em particular: “Por que não conseguimos expulsar aquele demônio?”. “Porque a sua fé é muito pequena”, respondeu Jesus. “Eu lhes digo a verdade: se tivessem fé, ainda que do tamanho de uma semente de mostarda, poderiam dizer a este monte: ‘Mova-se daqui para lá’, e ele se moveria. Nada seria impossível para vocês, mas essa espécie não sai senão com oração e jejum.” Quando voltaram a se reunir na Galileia, Jesus lhes disse: “O Filho do Homem será traído e entregue em mãos humanas. Será morto, mas no terceiro dia ressuscitará”. E os discípulos se encheram de tristeza. Quando Jesus e seus discípulos chegaram a Cafarnaum, os cobradores do imposto do templo abordaram Pedro e lhe perguntaram: “Seu mestre não paga o imposto do templo?”. “Sim, paga”, respondeu Pedro. Em seguida, entrou em casa. Antes que ele tivesse oportunidade de falar, Jesus lhe perguntou: “O que você acha, Simão? O que os reis costumam fazer: cobram impostos de seu povo ou dos povos conquistados?”. “Cobram dos povos conquistados”, respondeu Pedro. “Pois bem”, disse Jesus. “Os cidadãos estão isentos. Mas, como não queremos que se ofendam, desça até o mar e jogue o anzol. Abra a boca do primeiro peixe que pegar e ali encontrará uma moeda de prata. Pegue-a e use-a para pagar os impostos por nós dois.” Nessa ocasião, os discípulos vieram a Jesus e perguntaram: “Afinal, quem é o maior no reino dos céus?”. Então Jesus chamou uma criança pequena e a colocou no meio deles. Em seguida, disse: “Eu lhes digo a verdade: a menos que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no reino dos céus. Quem se torna humilde como esta criança é o maior no reino dos céus, e quem recebe uma criança como esta em meu nome recebe a mim.” “Mas, se alguém fizer cair em pecado um destes pequeninos que em mim confiam, teria sido melhor ter amarrado uma grande pedra de moinho ao pescoço e se afogado nas profundezas do mar. “Quanto sofrimento haverá no mundo por causa das tentações para o pecado! Ainda que elas sejam inevitáveis, aquele que as provoca terá sofrimento ainda maior. Portanto, se sua mão ou seu pé o faz pecar, corte-o e jogue-o fora. É melhor entrar na vida eterna com apenas uma das mãos ou apenas um dos pés que ser lançado no fogo eterno com as duas mãos e os dois pés. E, se seu olho o faz pecar, arranque-o e jogue-o fora. É melhor entrar na vida eterna com apenas um dos olhos que ser lançado no inferno de fogo com os dois olhos. “Tomem cuidado para não desprezar nenhum destes pequeninos. Pois eu lhes digo que, no céu, os anjos deles estão sempre na presença de meu Pai celestial. E o Filho do Homem veio para salvar os que estão perdidos.” “Se um homem tiver cem ovelhas e uma delas se perder, o que vocês acham que ele fará? Não deixará as outras noventa e nove nos montes e sairá à procura da perdida? E, se a encontrar, eu lhes digo a verdade: ele se alegrará por causa dela mais que pelas noventa e nove que não se perderam. Da mesma forma, não é da vontade de meu Pai, no céu, que nenhum destes pequeninos se perca.” “Se um irmão pecar contra você, fale com ele em particular e chame-lhe a atenção para o erro. Se ele o ouvir, você terá recuperado seu irmão. Mas, se ele não o ouvir, leve consigo um ou dois outros e fale com ele novamente, para que tudo que você disser seja confirmado por duas ou três testemunhas. Se ainda assim ele se recusar a ouvir, apresente o caso à igreja. Então, se ele não aceitar nem mesmo a decisão da igreja, trate-o como gentio ou como cobrador de impostos. “Eu lhes digo a verdade: o que vocês ligarem na terra terá sido ligado no céu, e o que desligarem na terra terá sido desligado no céu. “Também lhes digo que, se dois de vocês concordarem aqui na terra a respeito de qualquer coisa que pedirem, meu Pai, no céu, os atenderá. Pois, onde dois ou três se reúnem em meu nome, eu estou no meio deles”. Então Pedro se aproximou de Jesus e perguntou: “Senhor, quantas vezes devo perdoar alguém que peca contra mim? Sete vezes?”. Jesus respondeu: “Não sete vezes, mas setenta vezes sete. “Portanto, o reino dos céus pode ser comparado a um senhor que decidiu pôr em dia as contas com os servos que lhe deviam. No decorrer do processo, trouxeram diante dele um servo que lhe devia sessenta milhões de moedas. Uma vez que o homem não tinha como pagar, o senhor ordenou que ele, sua esposa, seus filhos e todos os seus bens fossem vendidos para quitar a dívida. “O homem se curvou diante do senhor e suplicou: ‘Por favor, tenha paciência comigo, e eu pagarei tudo’. O senhor teve compaixão dele, soltou-o e perdoou-lhe a dívida. “No entanto, quando o servo saiu da presença do senhor, foi procurar outro servo que trabalhava com ele e que lhe devia cem moedas de prata. Agarrou-o pelo pescoço e exigiu que ele pagasse de imediato. “O servo se curvou diante dele e suplicou: ‘Tenha paciência comigo, e eu pagarei tudo’. O credor, porém, não estava disposto a esperar. Mandou que o homem fosse lançado na prisão até que tivesse pago toda a dívida. “Quando outros servos, companheiros dele, viram isso, ficaram muito tristes. Foram ao senhor e lhe contaram tudo que havia acontecido. Então o senhor chamou o homem cuja dívida ele havia perdoado e disse: ‘Servo mau! Eu perdoei sua imensa dívida porque você me implorou. Acaso não devia ter misericórdia de seu companheiro, como tive misericórdia de você?’. E, irado, o senhor mandou o homem à prisão para ser torturado até que lhe pagasse toda a dívida. “Assim também meu Pai celestial fará com vocês caso se recusem a perdoar de coração a seus irmãos”. Quando Jesus terminou de dizer essas coisas, deixou a Galileia e foi para a região da Judeia, a leste do rio Jordão. Grandes multidões o seguiram, e ele curou os enfermos. Alguns fariseus apareceram e tentaram apanhar Jesus numa armadilha, perguntando: “Deve-se permitir que um homem se divorcie de sua mulher por qualquer motivo?”. “Vocês não leram as Escrituras?”, respondeu Jesus. “Elas registram que, desde o princípio, o Criador ‘os fez homem e mulher’ e disse: ‘Por isso o homem deixa pai e mãe e se une à sua mulher, e os dois se tornam um só’. Uma vez que já não são dois, mas um só, que ninguém separe o que Deus uniu.” Eles perguntaram: “Então por que Moisés disse na lei que o homem poderia dar à esposa um certificado de divórcio e mandá-la embora?”. Jesus respondeu: “Moisés permitiu o divórcio apenas como concessão, pois o coração de vocês é duro, mas não era esse o propósito original. E eu lhes digo o seguinte: quem se divorciar de sua esposa, o que só poderá fazer em caso de imoralidade, e se casar com outra, cometerá adultério”. Os discípulos de Jesus disseram: “Se essa é a condição do homem em relação à sua mulher, é melhor não casar!”. “Nem todos têm como aceitar esse ensino”, disse Jesus. “Só aqueles que recebem a ajuda de Deus. Alguns nascem eunucos, alguns foram feitos eunucos por outros e alguns a si mesmos se fazem eunucos por causa do reino dos céus. Quem puder, que aceite isso.” Certo dia, trouxeram crianças para que Jesus pusesse as mãos sobre elas e orasse em seu favor, mas os discípulos repreendiam aqueles que as traziam. Jesus, porém, disse: “Deixem que as crianças venham a mim. Não as impeçam, pois o reino dos céus pertence aos que são como elas”. Então, antes de ir embora, pôs as mãos sobre a cabeça delas e as abençoou. Um homem veio a Jesus com a seguinte pergunta: “Mestre, que boas ações devo fazer para obter a vida eterna?”. “Por que você me pergunta sobre o que é bom?”, perguntou Jesus. “Há somente um que é bom. Se você deseja entrar na vida eterna, guarde os mandamentos.” “Quais?”, perguntou o homem. Jesus respondeu: “Não mate. Não cometa adultério. Não roube. Não dê falso testemunho. Honre seu pai e sua mãe. Ame o seu próximo como a si mesmo”. “Tenho obedecido a todos esses mandamentos”, disse o homem. “O que mais devo fazer?” Jesus respondeu: “Se você quer ser perfeito, vá, venda todos os seus bens e dê o dinheiro aos pobres. Então você terá um tesouro no céu. Depois, venha e siga-me”. Quando o rapaz ouviu isso, foi embora triste, porque tinha muitos bens. Então Jesus disse a seus discípulos: “Eu lhes digo a verdade: é muito difícil um rico entrar no reino dos céus. Digo também: é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha que um rico entrar no reino de Deus”. Ao ouvir isso, os discípulos ficaram perplexos e perguntaram: “Então quem pode ser salvo?”. Jesus olhou atentamente para eles e respondeu: “Para as pessoas isso é impossível, mas tudo é possível para Deus”. Então Pedro disse: “Deixamos tudo para segui-lo. Qual será nossa recompensa?”. Jesus respondeu: “Eu lhes garanto que, quando o mundo for renovado e o Filho do Homem se sentar em seu trono glorioso, vocês, que foram meus seguidores, também se sentarão em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel. E todos que tiverem deixado casa, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou propriedades por minha causa receberão em troca cem vezes mais e herdarão a vida eterna. Contudo, muitos primeiros serão os últimos, e muitos últimos serão os primeiros.” “Pois o reino dos céus é como o dono de uma propriedade que saiu de manhã cedo a fim de contratar trabalhadores para seu vinhedo. Combinou de pagar uma moeda de prata por um dia de serviço e os mandou trabalhar. “Às nove da manhã, estava passando pela praça e viu por ali alguns desocupados. Contratou-os e disse-lhes que, no final do dia, pagaria o que fosse justo. E eles foram trabalhar no vinhedo. Ao meio-dia e às três da tarde, fez a mesma coisa. “Às cinco da tarde, estava outra vez na cidade e viu por ali mais algumas pessoas. ‘Por que vocês não trabalharam hoje?’, perguntou ele. “‘Porque ninguém nos contratou’, responderam. “Então o proprietário disse: ‘Vão e trabalhem com os outros no meu vinhedo’. “Ao entardecer, mandou o capataz chamar os trabalhadores e pagá-los, começando pelos que haviam sido contratados por último. Os que foram contratados às cinco da tarde vieram e receberam uma moeda de prata. Quando chegaram os que foram contratados primeiro, imaginaram que receberiam mais. Contudo, também receberam uma moeda de prata. Ao receber o pagamento, queixaram-se ao proprietário: ‘Aqueles trabalharam apenas uma hora e, no entanto, o senhor lhes pagou a mesma quantia que a nós, que trabalhamos o dia todo no calor intenso’. “O proprietário respondeu a um deles: ‘Amigo, não fui injusto. Você não concordou em trabalhar o dia inteiro por uma moeda de prata? Pegue seu dinheiro e vá. Eu quis pagar ao último trabalhador o mesmo que paguei a você. É contra a lei eu fazer o que quero com o meu dinheiro? Ou você está com inveja porque fui bondoso com os outros?’. “Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos”. Enquanto subia para Jerusalém, Jesus chamou os doze discípulos e lhes disse, em particular, o que aconteceria com ele: “Ouçam, estamos subindo para Jerusalém, onde o Filho do Homem será traído e entregue aos principais sacerdotes e aos mestres da lei. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos gentios, para que zombem dele, o açoitem e o crucifiquem. No terceiro dia, porém, ele ressuscitará”. Então a mãe dos filhos de Zebedeu veio a Jesus com seus filhos. Ela se ajoelhou diante dele a fim de lhe pedir um favor. “O que você quer?”, perguntou ele. Ela respondeu: “Por favor, permita que, no seu reino, meus dois filhos se sentem em lugares de honra ao seu lado, um à sua direita e outro à sua esquerda”. Jesus respondeu: “Vocês não sabem o que estão pedindo! São capazes de beber do cálice que estou prestes a beber?”. “Somos!”, disseram eles. Então Jesus disse: “De fato, vocês beberão do meu cálice. Não cabe a mim, no entanto, dizer quem se sentará à minha direita ou à minha esquerda. Meu Pai preparou esses lugares para aqueles que ele escolheu”. Quando os outros dez discípulos souberam o que os dois irmãos haviam pedido, ficaram indignados. Então Jesus os reuniu e disse: “Vocês sabem que os governantes deste mundo têm poder sobre o povo, e que os oficiais exercem sua autoridade sobre os súditos. Entre vocês, porém, será diferente. Quem quiser ser o líder entre vocês, que seja servo, e quem quiser ser o primeiro entre vocês, que se torne escravo. Pois nem mesmo o Filho do Homem veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por muitos”. Quando Jesus e seus discípulos saíam de Jericó, uma grande multidão os seguiu. Dois cegos estavam sentados à beira do caminho e, quando souberam que Jesus vinha naquela direção, começaram a gritar: “Senhor, Filho de Davi, tenha misericórdia de nós!”. “Calem-se!”, diziam aos brados os que estavam na multidão. Eles, porém, gritavam ainda mais alto: “Senhor, Filho de Davi, tenha misericórdia de nós!”. Ao ouvi-los, Jesus parou e perguntou: “O que vocês querem que eu lhes faça?”. Eles responderam: “Senhor, nós queremos enxergar!”. Jesus teve compaixão deles e tocou-lhes nos olhos. No mesmo instante, passaram a enxergar e o seguiram. Quando já se aproximavam de Jerusalém, Jesus e seus discípulos chegaram a Betfagé, no monte das Oliveiras. Jesus enviou na frente dois discípulos. “Vão àquele povoado adiante”, disse ele. “Assim que entrarem, verão uma jumenta amarrada, com seu jumentinho ao lado. Desamarrem os animais e tragam-nos para mim. Se alguém lhes perguntar o que estão fazendo, digam apenas: ‘O Senhor precisa deles’, e de imediato a pessoa deixará que vocês os levem.” Isso aconteceu para cumprir o que foi dito por meio do profeta: “Digam ao povo de Sião: ‘Vejam, seu Rei se aproxima. Ele é humilde e vem montado num jumento, num jumentinho, cria de jumenta’”. Os dois discípulos fizeram como Jesus havia ordenado. Trouxeram a jumenta e o jumentinho e puseram seus mantos sobre o jumentinho, e Jesus montou nele. Grande parte da multidão estendeu seus mantos ao longo do caminho diante de Jesus, e outros cortaram ramos das árvores e os espalharam pelo chão. E as pessoas, tanto as que iam à frente como as que o seguiam, gritavam: “Hosana, Filho de Davi! Bendito é o que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto céu!”. Quando Jesus entrou em Jerusalém, toda a cidade estava em grande alvoroço. “Quem é este?”, perguntavam. A multidão respondia: “É Jesus, o profeta de Nazaré, da Galileia”. Então Jesus entrou no templo e começou a expulsar todos que ali estavam comprando e vendendo animais para os sacrifícios. Derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas, dizendo: “As Escrituras declaram: ‘Meu templo será chamado casa de oração’, mas vocês o transformaram num esconderijo de ladrões!”. Os cegos e os coxos vieram a Jesus no templo, e ele os curou. Quando os principais sacerdotes e mestres da lei viram esses milagres maravilhosos e ouviram até as crianças no templo gritar “Hosana, Filho de Davi”, ficaram indignados. “Está ouvindo o que as crianças estão dizendo?”, perguntaram a Jesus. “Sim”, respondeu ele. “Vocês nunca leram as Escrituras? Elas dizem: ‘Ensinaste crianças e bebês a te dar louvor’.” Então ele voltou a Betânia, onde passou a noite. De manhã, enquanto voltava para Jerusalém, Jesus teve fome. Encontrando uma figueira à beira do caminho, foi ver se havia figos, mas só encontrou folhas. Então, disse à figueira: “Nunca mais dê frutos!”. E, no mesmo instante, a figueira secou. Quando os discípulos viram isso, ficaram admirados e perguntaram: “Como a figueira secou tão depressa?”. Jesus respondeu: “Eu lhes digo a verdade: se vocês tiverem fé e não duvidarem, poderão fazer o mesmo que fiz com esta figueira, e muito mais. Poderão até dizer a este monte: ‘Levante-se e atire-se no mar’, e isso acontecerá. Se crerem, receberão qualquer coisa que pedirem em oração”. Quando Jesus voltou ao templo e começou a ensinar, os principais sacerdotes e líderes do povo vieram até ele e perguntaram: “Com que autoridade você faz essas coisas? Quem lhe deu esse direito?”. Jesus respondeu: “Eu lhes direi com que autoridade faço essas coisas se vocês responderem a uma pergunta: A autoridade de João para batizar vinha do céu ou era apenas humana?”. Eles discutiram a questão entre si: “Se dissermos que vinha do céu, ele perguntará por que não cremos em João. Mas, se dissermos que era apenas humana, seremos atacados pela multidão, pois todos pensam que João era profeta”. Por fim, responderam a Jesus: “Não sabemos”. E Jesus replicou: “Então eu também não direi com que autoridade faço essas coisas.” “O que acham disto? Um homem que tinha dois filhos disse ao mais velho: ‘Filho, vá trabalhar no vinhedo hoje’. O filho respondeu: ‘Não vou’, mas depois mudou de ideia e foi. Então o pai disse ao outro filho: ‘Vá você’, e ele respondeu: ‘Sim senhor, eu vou’, mas não foi. “Qual dos dois obedeceu ao pai?” Eles responderam: “O primeiro”. Então Jesus explicou: “Eu lhes digo a verdade: cobradores de impostos e prostitutas entrarão no reino de Deus antes de vocês. Pois João veio e mostrou o caminho da justiça, mas vocês não creram nele, enquanto cobradores de impostos e prostitutas creram. E, mesmo depois de verem isso, vocês se recusaram a mudar de ideia e crer nele.” “Agora, ouçam outra parábola. O dono de uma propriedade plantou um vinhedo. Construiu uma cerca ao redor, um tanque de prensar e uma torre para o guarda. Depois, arrendou o vinhedo a alguns lavradores e partiu para um lugar distante. No tempo da colheita da uva, enviou seus servos a fim de receber sua parte da colheita. Os lavradores agarraram os servos, espancaram um deles, mataram outro e apedrejaram o terceiro. Então o dono da propriedade enviou um grupo maior de servos para receber a parte dele, mas o resultado foi o mesmo. “Por fim, o dono enviou seu filho, pois pensou: ‘Certamente respeitarão meu filho’. “No entanto, quando os lavradores viram o filho, disseram uns aos outros: ‘Aí vem o herdeiro da propriedade. Vamos matá-lo e tomar posse desta terra!’. Então o agarraram, o arrastaram para fora do vinhedo e o mataram. “Quando o dono da terra voltar, o que vocês acham que ele fará com aqueles lavradores?”, perguntou Jesus. Os líderes religiosos responderam: “Ele os matará cruelmente e arrendará o vinhedo para outros, que lhe darão sua parte depois de cada colheita”. Então Jesus disse: “Vocês nunca leram nas Escrituras: ‘A pedra que os construtores rejeitaram se tornou a pedra angular. Isso é obra do Senhor e é maravilhosa de ver’? Eu lhes digo que o reino de Deus lhes será tirado e entregue a um povo que produzirá os devidos frutos. Quem tropeçar nesta pedra será despedaçado, e aquele sobre quem ela cair será reduzido a pó”. Quando os principais sacerdotes e fariseus ouviram essa parábola, perceberam que eles eram os lavradores maus a que Jesus se referia. Queriam prendê-lo, mas tinham medo das multidões, pois elas o consideravam um profeta. Jesus lhes contou outras parábolas. Disse ele: “O reino dos céus pode ser ilustrado com a história de um rei que preparou um grande banquete de casamento para seu filho. Quando o banquete estava pronto, o rei enviou seus servos para avisar os convidados, mas todos se recusaram a vir. “Então ele enviou outros servos para lhes dizer: ‘Já preparei o banquete; os bois e novilhos gordos foram abatidos, e tudo está pronto. Venham para a festa!’. Mas os convidados não lhes deram atenção e foram embora: um para sua fazenda, outro para seus negócios. Outros, ainda, agarraram os mensageiros, os insultaram e os mataram. “O rei ficou furioso e enviou seu exército para destruir os assassinos e queimar a cidade deles. Disse a seus servos: ‘O banquete de casamento está pronto, e meus convidados não são dignos dessa honra. Agora, saiam pelas esquinas e convidem todos que vocês encontrarem’. Então os servos trouxeram todos que encontraram, tanto bons como maus, e o salão do banquete se encheu de convidados. “Quando o rei entrou para recebê-los, notou um homem que não estava vestido de forma apropriada para um casamento e perguntou-lhe: ‘Amigo, como é que você se apresenta sem a roupa de casamento?’. O homem não teve o que responder. Então o rei disse: ‘Amarrem-lhe as mãos e os pés e lancem-no para fora, na escuridão, onde haverá choro e ranger de dentes’. “Pois muitos são chamados, mas poucos são escolhidos”. Então os fariseus se reuniram para tramar um modo de levar Jesus a dizer algo que desse motivo para o prenderem. Enviaram alguns de seus discípulos, junto com os partidários de Herodes, para se encontrarem com ele. Disseram: “Mestre, sabemos como o senhor é honesto e ensina o caminho de Deus de acordo com a verdade. É imparcial e não demonstra favoritismo. Agora, diga-nos o que o senhor pensa a respeito disto: É certo pagar impostos a César ou não?”. Jesus, porém, sabia de sua má intenção e disse: “Hipócritas! Por que vocês tentam me apanhar numa armadilha? Mostrem-me a moeda usada para pagar o imposto”. Quando lhe deram uma moeda de prata, ele disse: “De quem são a imagem e o título nela gravados?”. “De César”, responderam. “Então deem a César o que pertence a César, e deem a Deus o que pertence a Deus”, disse ele. Sua resposta os deixou admirados, e eles foram embora. No mesmo dia, vieram a Jesus alguns saduceus, líderes religiosos que afirmam não haver ressurreição dos mortos, e perguntaram: “Mestre, Moisés disse: ‘Se um homem morrer sem deixar filhos, o irmão dele deve se casar com a viúva e ter um filho, que dará continuidade ao nome do irmão’. Numa família havia sete irmãos. O mais velho se casou e morreu sem deixar filhos, de modo que seu irmão se casou com a viúva. O segundo irmão também morreu, e o terceiro irmão se casou com ela. E assim por diante, até o sétimo irmão. Por fim, a mulher também morreu. Diga-nos, de quem ela será esposa na ressurreição? Afinal, os sete se casaram com ela”. Jesus respondeu: “O erro de vocês está em não conhecerem as Escrituras nem o poder de Deus, pois, quando os mortos ressuscitarem, não se casarão nem se darão em casamento. Nesse sentido, serão como os anjos do céu. “Agora, quanto a haver ressurreição dos mortos, vocês não leram a esse respeito nas Escrituras? Deus disse: ‘Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó’. Portanto, ele é o Deus dos vivos, e não dos mortos”. Quando as multidões o ouviram, ficaram admiradas com seu ensino. Sabendo os fariseus que Jesus tinha calado os saduceus com essa resposta, reuniram-se novamente para interrogá-lo. Um deles, especialista na lei, tentou apanhá-lo numa armadilha com a seguinte pergunta: “Mestre, qual é o mandamento mais importante da lei de Moisés?”. Jesus respondeu: “‘Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de toda a sua mente’. Este é o primeiro e o maior mandamento. O segundo é igualmente importante: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Toda a lei e todas as exigências dos profetas se baseiam nesses dois mandamentos”. Então, rodeado pelos fariseus, Jesus lhes fez a seguinte pergunta: “O que vocês pensam do Cristo? De quem ele é filho?”. Eles responderam: “É filho de Davi”. Jesus perguntou: “Então por que Davi, falando por meio do Espírito, chama o Cristo de ‘meu Senhor’? Pois Davi disse: ‘O Senhor disse ao meu Senhor: Sente-se no lugar de honra à minha direita até que eu humilhe seus inimigos debaixo de seus pés’. Portanto, se Davi chamou o Cristo de ‘meu Senhor’, como ele pode ser filho de Davi?”. Ninguém conseguiu responder e, depois disso, não se atreveram a lhe fazer mais perguntas. Então Jesus disse às multidões e a seus discípulos: “Os mestres da lei e os fariseus ocuparam o lugar de intérpretes oficiais da lei de Moisés. Portanto, pratiquem tudo que eles dizem e obedeçam-lhes, mas não sigam seu exemplo, pois eles não fazem o que ensinam. Oprimem as pessoas com exigências insuportáveis e não movem um dedo sequer para aliviar seus fardos. “Tudo que fazem é para se exibir. Usam nos braços filactérios mais largos que de costume e vestem mantos com franjas mais longas. Gostam de sentar-se à cabeceira da mesa nos banquetes e de ocupar os lugares de honra nas sinagogas. Gostam de receber saudações respeitosas enquanto andam pelas praças e de ser chamados de ‘Rabi’. “Não deixem que pessoa alguma os chame de ‘Rabi’, pois vocês têm somente um mestre, e todos vocês são irmãos. Não se dirijam a pessoa alguma aqui na terra como ‘Pai’, pois somente Deus no céu é seu Pai. Não deixem que pessoa alguma os chame de ‘Mestre’, pois vocês têm somente um mestre, o Cristo. O mais importante entre vocês deve ser servo dos outros, pois os que se exaltam serão humilhados, e os que se humilham serão exaltados. “Que aflição os espera, mestres da lei e fariseus! Hipócritas! Fecham a porta do reino dos céus na cara das pessoas. Vocês mesmos não entram e não permitem que os outros entrem. “Que aflição os espera, mestres da lei e fariseus! Hipócritas! Tomam posse dos bens das viúvas de maneira desonesta e, depois, para dar a impressão de piedade, fazem longas orações em público. Por causa disso, serão duramente castigados. “Que aflição os espera, mestres da lei e fariseus! Hipócritas! Atravessam terra e mar para converter alguém e depois o tornam um filho do inferno, duas vezes pior que vocês. “Que aflição os espera, guias cegos! Vocês dizem não haver importância se alguém jura ‘pelo templo de Deus’, mas se jurar ‘pelo ouro do templo’ será obrigado a cumprir o juramento. Tolos cegos! O que é mais importante: o ouro ou o templo, que torna o ouro sagrado? Dizem também não haver importância se alguém jura ‘pelo altar’, mas se jurar ‘pelas ofertas sobre o altar’ será obrigado a cumprir o juramento. Cegos! O que é mais importante: a oferta sobre o altar ou o altar, que torna a oferta sagrada? Quando juram ‘pelo altar’, juram por ele e por tudo que está sobre ele. Quando juram ‘pelo templo’, juram por ele e por Deus, que nele habita. Quando juram ‘pelo céu’, juram pelo trono de Deus e por Deus, que se senta no trono. “Que aflição os espera, mestres da lei e fariseus! Hipócritas! Têm o cuidado de dar o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas negligenciam os aspectos mais importantes da lei: justiça, misericórdia e fé. Sim, vocês deviam fazer essas coisas, mas sem descuidar das mais importantes. Guias cegos! Coam a água para não engolir um mosquito, mas engolem um camelo! “Que aflição os espera, mestres da lei e fariseus! Hipócritas! Têm o cuidado de limpar a parte exterior do copo e do prato, enquanto o interior está imundo, cheio de ganância e falta de domínio próprio. Fariseus cegos! Lavem primeiro o interior do copo e do prato, e o exterior também ficará limpo. “Que aflição os espera, mestres da lei e fariseus! Hipócritas! São como túmulos pintados de branco: bonitos por fora, mas cheios de ossos e de toda espécie de impureza por dentro. Por fora parecem justos, mas por dentro seu coração está cheio de hipocrisia e maldade. “Que aflição os espera, mestres da lei e fariseus! Hipócritas! Constroem túmulos para os profetas, enfeitam os monumentos dos justos e depois dizem: ‘Se tivéssemos vivido no tempo de nossos antepassados, não teríamos participado com eles do derramamento de sangue dos profetas’. “Ao dizer isso, porém, testemunham contra si mesmos que são, de fato, descendentes dos que assassinaram os profetas. Vão e terminem o que seus antepassados começaram. Serpentes! Raça de víboras! Como escaparão do julgamento do inferno? “Por isso eu lhes envio profetas, homens sábios e mestres da lei. Vocês crucificarão alguns e açoitarão outros nas sinagogas, perseguindo-os de cidade em cidade. Como resultado, serão responsabilizados pelo assassinato de todos os justos de todos os tempos, desde o assassinato do justo Abel até o de Zacarias, filho de Baraquias, que vocês mataram no templo, entre o santuário e o altar. Eu lhes digo a verdade: esse julgamento cairá sobre a presente geração.” “Jerusalém, Jerusalém, cidade que mata profetas e apedreja os mensageiros de Deus! Quantas vezes eu quis juntar seus filhos como a galinha protege os pintinhos sob as asas, mas você não deixou. E, agora, sua casa foi abandonada e está deserta. Pois eu lhe digo: você nunca mais me verá, até que diga: ‘Bendito é o que vem em nome do Senhor!’”. Quando Jesus saía da área do templo, seus discípulos lhe chamaram a atenção para as diversas construções do edifício. Ele, porém, disse: “Estão vendo todas estas construções? Eu lhes digo a verdade: elas serão completamente demolidas. Não restará pedra sobre pedra!”. Mais tarde, Jesus sentou-se no monte das Oliveiras. Seus discípulos vieram até ele em particular e perguntaram: “Diga-nos, quando isso tudo vai acontecer? Que sinal indicará sua volta e o fim dos tempos?”. Jesus respondeu: “Não deixem que ninguém os engane, pois muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Eu sou o Cristo’, e enganarão muitos. Vocês ouvirão falar de guerras e ameaças de guerras, mas não entrem em pânico. Sim, é necessário que essas coisas ocorram, mas ainda não será o fim. Uma nação guerreará contra a outra, e um reino contra o outro. Haverá fome e terremotos em várias partes do mundo. Tudo isso, porém, será apenas o começo das dores de parto. “Então vocês serão presos, perseguidos e mortos. Por minha causa, serão odiados em todo o mundo. Muitos se afastarão de mim, e trairão e odiarão uns aos outros. Falsos profetas surgirão em grande número e enganarão muitos. O pecado aumentará e o amor de muitos esfriará, mas quem se mantiver firme até o fim será salvo. As boas-novas a respeito do reino serão anunciadas em todo o mundo, para que todas as nações as ouçam; então, virá o fim. “Chegará o dia em que vocês verão aquilo de que o profeta Daniel falou, a ‘terrível profanação’ que será colocada no lugar santo. (Leitor, preste atenção!) Quem estiver na Judeia, fuja para os montes. Quem estiver no terraço no alto da casa, não desça para pegar suas coisas. Quem estiver no campo, não volte nem para pegar o manto. Que terríveis serão aqueles dias para as grávidas e para as mães que estiverem amamentando! Orem para que a fuga de vocês não seja no inverno nem no sábado, pois haverá mais angústia que em qualquer outra ocasião desde o começo do mundo, e nunca mais haverá angústia tão grande. De fato, se o tempo de calamidade não tivesse sido limitado, ninguém sobreviveria, mas esse tempo foi limitado por causa dos escolhidos. “Portanto, se alguém lhes disser: ‘Vejam, aqui está o Cristo!’ ou ‘Ali está ele!’, não acreditem, pois falsos cristos e falsos profetas surgirão e realizarão grandes sinais e maravilhas a fim de enganar, se possível, até os escolhidos. Vejam que eu os avisei disso de antemão. “Portanto, se alguém lhes disser: ‘Ele está no deserto!’, nem se deem ao trabalho de sair para procurá-lo. E se disserem: ‘Está escondido aqui!’, não acreditem. Porque, assim como o relâmpago lampeja no leste e brilha no oeste, assim será a vinda do Filho do Homem. Onde estiver o cadáver, ali se ajuntarão os abutres. “Imediatamente depois da angústia daqueles dias, ‘o sol escurecerá, a lua não dará luz, as estrelas cairão do céu e os poderes dos céus serão abalados’. Então, por fim, aparecerá no céu o sinal da vinda do Filho do Homem, e haverá grande lamentação entre todos os povos da terra. Eles verão o Filho do Homem vindo nas nuvens do céu com poder e grande glória. Ele enviará seus anjos com um forte sopro de trombeta, e eles reunirão os escolhidos de todas as partes do mundo, de uma extremidade à outra do céu. “Agora, aprendam a lição da figueira. Quando os ramos surgem e as folhas começam a brotar, vocês sabem que o verão está próximo. Da mesma forma, quando virem todas essas coisas, saberão que o tempo está muito próximo, à porta. Eu lhes digo a verdade: esta geração certamente não passará até que todas essas coisas tenham acontecido. O céu e a terra desaparecerão, mas as minhas palavras jamais desaparecerão. “Contudo, ninguém sabe o dia nem a hora em que essas coisas acontecerão, nem mesmo os anjos no céu, nem o Filho. Somente o Pai sabe. “Quando o Filho do Homem voltar, será como no tempo de Noé. Nos dias antes do dilúvio, o povo seguia sua rotina de banquetes, festas e casamentos, até o dia em que Noé entrou na arca. Não perceberam o que estava para acontecer até que veio o dilúvio e levou todos. Assim será na vinda do Filho do Homem. “Dois homens estarão trabalhando juntos no campo; um será levado, e o outro, deixado. Duas mulheres estarão moendo cereal no moinho; uma será levada, e a outra, deixada. “Portanto, vigiem, pois não sabem em que ocasião o seu Senhor virá. Entendam isto: se o dono da casa soubesse exatamente a que horas viria o ladrão, ficaria atento e não permitiria que a casa fosse arrombada. Estejam também sempre preparados, pois o Filho do Homem virá quando menos esperam. “O servo fiel e sensato é aquele a quem seu senhor encarrega de gerir os outros servos da casa e alimentá-los. Se o senhor voltar e constatar que o servo fez um bom trabalho, haverá recompensa. Eu lhes digo a verdade: ele colocará todos os seus bens sob os cuidados desse servo. O que acontecerá, porém, se o servo for mau e pensar: ‘Meu senhor não voltará tão cedo’, e começar a espancar os outros servos, a comer e a beber e se embriagar? O senhor desse servo voltará em dia que não se espera e em hora que não se conhece, cortará o servo ao meio e lhe dará o mesmo destino dos hipócritas. Ali haverá choro e ranger de dentes.” “Então o reino dos céus será como as dez virgens que pegaram suas lamparinas e saíram para encontrar-se com o noivo. Cinco delas eram insensatas, e cinco, prudentes. As cinco insensatas não levaram óleo suficiente para as lamparinas, mas as outras cinco tiveram o bom senso de levar óleo de reserva. Como o noivo demorou a chegar, todas ficaram sonolentas e adormeceram. “À meia-noite, foram acordadas pelo grito: ‘Vejam, o noivo está chegando! Saiam para recebê-lo!’. “Todas as virgens se levantaram e prepararam suas lamparinas. Então as cinco insensatas pediram às outras: ‘Por favor, deem-nos um pouco de óleo, pois nossas lamparinas estão se apagando’. “As outras, porém, responderam: ‘Não temos o suficiente para todas. Vão e comprem óleo para vocês’. “Quando estavam fora comprando óleo, o noivo chegou. Então as cinco que estavam preparadas entraram com ele no banquete de casamento, e a porta foi trancada. Mais tarde, quando as outras cinco voltaram, ficaram do lado de fora, chamando: ‘Senhor! Senhor! Abra-nos a porta!’. “Mas ele respondeu: ‘A verdade é que não as conheço’. “Portanto, vigiem, pois não sabem o dia nem a hora da volta.” “O reino dos céus também pode ser ilustrado com a história de um homem que estava para fazer uma longa viagem. Ele reuniu seus servos e lhes confiou seu dinheiro, dividindo-o de forma proporcional à capacidade deles: ao primeiro entregou cinco talentos; ao segundo, dois talentos; e ao último, um talento. Então foi viajar. “O servo que recebeu cinco talentos começou a investir o dinheiro e ganhou outros cinco. O servo que recebeu dois talentos também se pôs a trabalhar e ganhou outros dois. Mas o servo que recebeu um talento cavou um buraco no chão e ali escondeu o dinheiro de seu senhor. “Depois de muito tempo, o senhor voltou de viagem e os chamou para prestarem contas de como haviam usado o dinheiro. O servo ao qual ele havia confiado cinco talentos se apresentou com mais cinco: ‘O senhor me deu cinco talentos para investir, e eu ganhei mais cinco’. “O senhor disse: ‘Muito bem, meu servo bom e fiel. Você foi fiel na administração dessa quantia pequena, e agora lhe darei muitas outras responsabilidades. Venha celebrar comigo’. “O servo que havia recebido dois talentos se apresentou e disse: ‘O senhor me deu dois talentos para investir, e eu ganhei mais dois’. “O senhor disse: ‘Muito bem, meu servo bom e fiel. Você foi fiel na administração dessa quantia pequena, e agora lhe darei muitas outras responsabilidades. Venha celebrar comigo’. “Por último, o servo que havia recebido um talento veio e disse: ‘Eu sabia que o senhor é homem severo, que colhe onde não plantou e ajunta onde não semeou. Tive medo de perder seu dinheiro, por isso o escondi na terra. Aqui está ele’. “O senhor, porém, respondeu: ‘Servo mau e preguiçoso! Se você sabia que eu colho onde não plantei e ajunto onde não semeei, por que não depositou meu dinheiro? Pelo menos eu teria recebido os juros. “Em seguida, ordenou: ‘Tirem o dinheiro deste servo e deem ao que tem os dez talentos. Pois ao que tem, mais lhe será dado, e terá em grande quantia; mas do que nada tem, mesmo o que não tem lhe será tomado. Agora lancem este servo inútil para fora, na escuridão, onde haverá choro e ranger de dentes’.” “Quando o Filho do Homem vier em sua glória, acompanhado de todos os anjos, ele se sentará em seu trono glorioso. Todas as nações serão reunidas em sua presença, e ele separará as pessoas como um pastor separa as ovelhas dos bodes. Colocará as ovelhas à sua direita e os bodes à sua esquerda. “Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Venham, vocês que são abençoados por meu Pai. Recebam como herança o reino que ele lhes preparou desde a criação do mundo. Pois tive fome e vocês me deram de comer. Tive sede e me deram de beber. Era estrangeiro e me convidaram para a sua casa. Estava nu e me vestiram. Estava doente e cuidaram de mim. Estava na prisão e me visitaram’. “Então os justos responderão: ‘Senhor, quando foi que o vimos faminto e lhe demos de comer? Ou sedento e lhe demos de beber? Ou como estrangeiro e o convidamos para a nossa casa? Ou nu e o vestimos? Quando foi que o vimos doente ou na prisão e o visitamos?’. “E o Rei dirá: ‘Eu lhes digo a verdade: quando fizeram isso ao menor destes meus irmãos, foi a mim que o fizeram’. “Em seguida, o Rei se voltará para os que estiverem à sua esquerda e dirá: ‘Fora daqui, malditos, para o fogo eterno preparado para o diabo e seus anjos. Pois tive fome, e vocês não me deram de comer. Tive sede, e não me deram de beber. Era estrangeiro, e não me convidaram para a sua casa. Estava nu, e não me vestiram. Estava doente e na prisão, e não me visitaram’. “Então eles dirão: ‘Senhor, quando o vimos faminto, sedento, como estrangeiro, nu, doente ou na prisão, e não o ajudamos?’. “Ele responderá: ‘Eu lhes digo a verdade: quando se recusaram a ajudar o menor destes meus irmãos e irmãs, foi a mim que se recusaram a ajudar’. “E estes irão para o castigo eterno, mas os justos irão para a vida eterna”. Quando Jesus terminou de falar todas essas coisas, disse a seus discípulos: “Como vocês sabem, a Páscoa começa daqui a dois dias, e o Filho do Homem será entregue para ser crucificado”. Naquela mesma hora, os principais sacerdotes e líderes do povo estavam reunidos na residência de Caifás, o sumo sacerdote, tramando uma forma de prender Jesus em segredo e matá-lo. “Mas não durante a festa da Páscoa, para não haver tumulto entre o povo”, concordaram entre eles. Enquanto isso, Jesus estava em Betânia, na casa de Simão, o leproso. Quando ele estava à mesa, uma mulher entrou com um frasco de alabastro contendo um perfume caro e derramou o perfume sobre a cabeça dele. Ao ver isso, os discípulos ficaram indignados. “Que desperdício!”, disseram. “O perfume poderia ter sido vendido por um alto preço, e o dinheiro, dado aos pobres!” Jesus, sabendo do que falavam, disse: “Por que criticam esta mulher por ter feito algo tão bom para mim? Vocês sempre terão os pobres em seu meio, mas nem sempre terão a mim. Ela derramou este perfume em mim a fim de preparar meu corpo para o sepultamento. Eu lhes garanto: onde quer que as boas-novas sejam anunciadas pelo mundo, o que esta mulher fez será contado, e dela se lembrarão”. Então Judas Iscariotes, um dos Doze, foi aos principais sacerdotes e perguntou: “Quanto vocês me pagarão se eu lhes entregar Jesus?”. E eles lhe deram trinta moedas de prata. Daquele momento em diante, Judas começou a procurar uma oportunidade para trair Jesus. No primeiro dia da Festa dos Pães sem Fermento, os discípulos vieram a Jesus e perguntaram: “Onde quer que preparemos a refeição da Páscoa?”. Ele respondeu: “Assim que entrarem na cidade, verão determinado homem. Digam-lhe: ‘O Mestre diz: Meu tempo chegou e comerei em sua casa a refeição da Páscoa, com meus discípulos’”. Então os discípulos fizeram como Jesus os havia instruído e ali prepararam a refeição da Páscoa. Ao anoitecer, Jesus estava à mesa com os Doze. Enquanto comiam, disse: “Eu lhes digo a verdade: um de vocês vai me trair”. Muito aflitos, eles protestaram, um após o outro: “Certamente não serei eu, Senhor!”. Jesus respondeu: “Um de vocês que acabou de comer da mesma tigela comigo vai me trair. O Filho do Homem deve morrer, como as Escrituras declararam há muito tempo. Mas que terrível será para aquele que o trair! Para esse homem seria melhor não ter nascido”. Judas, aquele que o trairia, também disse: “Certamente não serei eu, Rabi!”. E Jesus respondeu: “É como você diz”. Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e o abençoou. Em seguida, partiu-o em pedaços e deu aos discípulos, dizendo: “Tomem e comam, porque este é o meu corpo”. Então tomou o cálice de vinho e agradeceu a Deus. Depois, entregou-o aos discípulos e disse: “Cada um beba dele, porque este é o meu sangue, que confirma a aliança. Ele é derramado como sacrifício para perdoar os pecados de muitos. Prestem atenção ao que eu lhes digo: não voltarei a beber vinho até aquele dia em que, com vocês, beberei vinho novo no reino de meu Pai”. Então cantaram um hino e saíram para o monte das Oliveiras. No caminho, Jesus disse: “Esta noite todos vocês me abandonarão, pois as Escrituras dizem: ‘Deus ferirá o pastor, e as ovelhas do rebanho serão dispersas’. Mas, depois de ressuscitar, irei adiante de vocês à Galileia”. Pedro declarou: “Pode ser que todos os outros o abandonem, mas eu jamais o abandonarei”. Jesus respondeu: “Eu lhe digo a verdade: esta mesma noite, antes que o galo cante, você me negará três vezes”. Pedro, no entanto, insistiu: “Mesmo que eu tenha de morrer ao seu lado, jamais o negarei!”. E todos os outros discípulos disseram o mesmo. Então Jesus foi com eles a um lugar chamado Getsêmani e disse: “Sentem-se aqui enquanto vou ali orar”. Levou consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu e começou a ficar triste e angustiado. “Minha alma está profundamente triste, a ponto de morrer”, disse ele. “Fiquem aqui e vigiem comigo.” Ele avançou um pouco, curvou-se com o rosto no chão e orou: “Meu Pai! Se for possível, afasta de mim este cálice. Contudo, que seja feita a tua vontade, e não a minha”. Depois, voltou aos discípulos e os encontrou dormindo. “Vocês não puderam vigiar comigo nem por uma hora?”, disse ele a Pedro. “Vigiem e orem para que não cedam à tentação, pois o espírito está disposto, mas a carne é fraca.” Então os deixou pela segunda vez e orou: “Meu Pai! Se não for possível afastar de mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade”. Quando voltou pela segunda vez, encontrou-os dormindo de novo, pois não conseguiam manter os olhos abertos. Foi orar pela terceira vez, dizendo novamente as mesmas coisas. Em seguida, voltou aos discípulos e lhes disse: “Como é que vocês ainda dormem e descansam? Vejam, chegou a hora. O Filho do Homem está para ser entregue nas mãos de pecadores. Levantem-se e vamos. Meu traidor chegou”. Enquanto Jesus ainda falava, Judas, um dos Doze, chegou com uma grande multidão armada de espadas e pedaços de pau. Tinham sido enviados pelos principais sacerdotes e líderes do povo. O traidor havia combinado com eles um sinal: “Vocês saberão a quem devem prender quando eu o cumprimentar com um beijo”. Então Judas veio diretamente a Jesus. “Saudações, Rabi!”, exclamou ele, e o beijou. Jesus disse: “Amigo, faça de uma vez o que veio fazer”. Então os outros agarraram Jesus e o prenderam. Um dos que estavam com Jesus puxou a espada e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha. “Guarde sua espada”, disse Jesus. “Os que usam a espada morrerão pela espada. Você não percebe que eu poderia pedir a meu Pai milhares de anjos para me proteger, e ele os enviaria no mesmo instante? Se eu o fizesse, porém, como se cumpririam as Escrituras, que descrevem o que é necessário que agora aconteça?” Em seguida, Jesus disse à multidão: “Por acaso sou um revolucionário perigoso para que venham me prender com espadas e pedaços de pau? Por que não me prenderam no templo? Ali estive todos os dias, ensinando. Mas tudo isto está acontecendo para que se cumpram as palavras dos profetas registradas nas Escrituras”. Nesse momento, todos os discípulos o abandonaram e fugiram. Então os que haviam prendido Jesus o levaram para a casa de Caifás, o sumo sacerdote, onde estavam reunidos os mestres da lei e os líderes do povo. Enquanto isso, Pedro seguia Jesus de longe, até chegar ao pátio do sumo sacerdote. Entrou ali, sentou-se com os guardas e esperou para ver o que aconteceria. Lá dentro, os principais sacerdotes e todo o conselho dos líderes do povo tentavam encontrar testemunhas que mentissem a respeito de Jesus, para que pudessem condená-lo à morte. Embora muitos estivessem dispostos a dar falso testemunho, não puderam usar o depoimento de ninguém. Por fim, apresentaram-se dois homens, que declararam: “Este homem disse: ‘Sou capaz de destruir o templo de Deus e reconstruí-lo em três dias’”. Então o sumo sacerdote se levantou e disse a Jesus: “Você não vai responder a essas acusações? O que tem a dizer em sua defesa?”. Jesus, porém, permaneceu calado. O sumo sacerdote lhe disse: “Exijo em nome do Deus vivo que nos diga se é o Cristo, o Filho de Deus”. Jesus respondeu: “É como você diz. Eu lhes digo que, no futuro, verão o Filho do Homem sentado à direita do Deus Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu”. Então o sumo sacerdote rasgou as vestes e disse: “Blasfêmia! Que necessidade temos de outras testemunhas? Todos ouviram a blasfêmia. Qual é o veredicto?”. “Culpado!”, responderam. “Ele merece morrer!” Então começaram a cuspir no rosto de Jesus e a dar-lhe socos. Alguns lhe davam tapas e zombavam: “Profetize para nós, Cristo! Quem foi que lhe bateu desta vez?”. Enquanto isso, Pedro estava sentado do lado de fora, no pátio. Uma criada foi até ele e disse: “Você é um dos que estavam com Jesus, o galileu”. Mas Pedro o negou diante de todos. “Não sei do que você está falando”, disse. Mais tarde, junto ao portão, outra criada o viu e disse aos que estavam ali: “Este homem estava com Jesus de Nazaré”. Novamente, Pedro o negou, dessa vez com juramento. “Nem mesmo conheço esse homem!”, disse ele. Pouco depois, alguns dos outros ali presentes vieram a Pedro e disseram: “Você deve ser um deles; percebemos pelo seu sotaque galileu”. Pedro jurou: “Que eu seja amaldiçoado se estiver mentindo. Não conheço esse homem!”. Imediatamente, o galo cantou. Então Pedro se lembrou das palavras de Jesus: “Antes que o galo cante, você me negará três vezes”. E saiu dali, chorando amargamente. De manhã cedo, os principais sacerdotes e líderes do povo se reuniram outra vez para planejar uma maneira de levar Jesus à morte. Então o amarraram, o levaram e o entregaram a Pilatos, o governador romano. Quando Judas, que o havia traído, viu que Jesus tinha sido condenado à morte, encheu-se de remorso e devolveu as trinta moedas de prata aos principais sacerdotes e líderes do povo, dizendo: “Pequei, pois traí um homem inocente”. “Que nos importa?”, retrucaram eles. “Isso é problema seu.” Então Judas jogou as moedas de prata no templo, saiu e se enforcou. Os principais sacerdotes juntaram as moedas e disseram: “Não seria certo colocar este dinheiro no tesouro do templo, pois é dinheiro manchado de sangue”. Então resolveram comprar o campo do oleiro e transformá-lo num cemitério para estrangeiros. Por isso, até hoje ele se chama Campo de Sangue. Cumpriu-se, assim, a profecia de Jeremias que diz: “Tomaram as trinta peças de prata, preço pelo qual ele foi avaliado pelo povo de Israel, e compraram o campo do oleiro, conforme o Senhor ordenou”. Agora Jesus estava diante de Pilatos, o governador romano, que lhe perguntou: “Você é o rei dos judeus?”. Jesus respondeu: “É como você diz”. No entanto, quando os principais sacerdotes e os líderes do povo fizeram acusações contra ele, Jesus permaneceu calado. Então Pilatos perguntou: “Você não ouve essas acusações que fazem contra você?”. Mas, para surpresa do governador, Jesus nada disse. A cada ano, durante a festa da Páscoa, era costume do governador libertar um prisioneiro, qualquer um que a multidão escolhesse. Nesse ano, havia um prisioneiro, famoso por sua maldade, chamado Barrabás. Quando a multidão se reuniu diante de Pilatos naquela manhã, ele perguntou: “Quem vocês querem que eu solte: Barrabás ou Jesus, chamado Cristo?”. Pois ele sabia muito bem que os líderes religiosos judeus tinham prendido Jesus por inveja. Nesse momento, enquanto Pilatos estava sentado no tribunal, sua esposa lhe mandou o seguinte recado: “Deixe esse homem inocente em paz. Na noite passada, tive um sonho a respeito dele e fiquei muito perturbada”. Enquanto isso, os principais sacerdotes e os líderes do povo convenceram a multidão a pedir que Barrabás fosse solto e Jesus executado. Então o governador perguntou outra vez: “Qual dos dois vocês querem que eu lhes solte?”. A multidão gritou em resposta: “Barrabás!”. Pilatos perguntou: “E o que farei com Jesus, chamado Cristo?”. “Crucifique-o!”, gritou a multidão. “Por quê?”, quis saber Pilatos. “Que crime ele cometeu?” Mas a multidão gritou ainda mais alto: “Crucifique-o!”. Pilatos viu que de nada adiantava insistir e que um tumulto se iniciava. Assim, mandou buscar uma bacia com água, lavou as mãos diante da multidão e disse: “Estou inocente do sangue deste homem. A responsabilidade é de vocês”. Todo o povo gritou em resposta: “Que nós e nossos descendentes sejamos responsabilizados pela morte dele!”. Então Pilatos lhes soltou Barrabás. E, depois de mandar açoitar Jesus, entregou-o para ser crucificado. Alguns dos soldados do governador levaram Jesus ao quartel e chamaram todo o regimento. Tiraram as roupas de Jesus e puseram nele um manto vermelho. Teceram uma coroa de espinhos e a colocaram em sua cabeça. Em sua mão direita, puseram um caniço, como se fosse um cetro. Ajoelhavam-se diante dele e zombavam: “Salve, rei dos judeus!”. Cuspiam nele, tomavam-lhe o caniço da mão e com ele batiam em sua cabeça. Quando se cansaram de zombar dele, tiraram o manto e o vestiram novamente com suas roupas. Então o levaram para ser crucificado. No caminho, encontraram um homem chamado Simão, de Cirene, e os soldados o obrigaram a carregar a cruz. Então saíram para um lugar chamado Gólgota (que quer dizer “Lugar da Caveira”). Os soldados lhe deram para beber vinho misturado com fel, mas, quando Jesus o provou, recusou-se a beber. Depois de pregá-lo na cruz, os soldados tiraram sortes para dividir suas roupas. Então, sentaram-se em redor e montaram guarda. Acima de sua cabeça estava presa uma tabuleta com a acusação feita contra ele: “Este é Jesus, o Rei dos judeus”. Dois criminosos foram crucificados com ele, um à sua direita e outro à sua esquerda. O povo que passava por ali gritava insultos e sacudia a cabeça, em zombaria: “Você disse que destruiria o templo e o reconstruiria em três dias. Pois bem, se é o Filho de Deus, salve a si mesmo e desça da cruz!”. Os principais sacerdotes, os mestres da lei e os líderes do povo também zombavam de Jesus. “Salvou os outros, mas não pode salvar a si mesmo!”, diziam. “Quer dizer que ele é o rei de Israel? Que desça da cruz agora mesmo e creremos nele! Ele confiou em Deus, então que Deus o salve agora, se quiser. Pois ele disse: ‘Eu sou o Filho de Deus’.” Até os criminosos que tinham sido crucificados com ele o insultavam da mesma forma. Ao meio-dia, desceu sobre toda a terra uma escuridão que durou três horas. Por volta das três da tarde, Jesus clamou em alta voz: “ Eli, Eli, lamá sabactâni?”, que quer dizer: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”. Alguns dos que estavam ali pensaram que ele chamava o profeta Elias. Um deles correu, ensopou uma esponja com vinagre e a ergueu num caniço para que ele bebesse. Os outros, porém, disseram: “Esperem! Vamos ver se Elias vem salvá-lo”. Então Jesus clamou em alta voz novamente e entregou seu espírito. Naquele momento, a cortina do santuário do templo se rasgou em duas partes, de cima até embaixo. A terra estremeceu, rochas se partiram e sepulturas se abriram. Muitos do povo santo que haviam morrido ressuscitaram. Saíram do cemitério depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade santa de Jerusalém e apareceram a muita gente. O oficial romano e os outros soldados que vigiavam Jesus ficaram aterrorizados com o terremoto e com tudo que havia acontecido, e disseram: “Este homem era verdadeiramente o Filho de Deus!”. Muitas mulheres que tinham vindo da Galileia com Jesus para servi-lo olhavam de longe. Entre elas estavam Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e José, e a mãe dos filhos de Zebedeu. Ao entardecer, José, um homem rico de Arimateia que tinha se tornado seguidor de Jesus, foi a Pilatos e pediu o corpo de Jesus. Pilatos ordenou que lhe entregassem o corpo. José tomou o corpo e o envolveu num lençol limpo, feito de linho, e o colocou num túmulo novo, de sua propriedade, escavado na rocha. Então rolou uma grande pedra na entrada do túmulo e foi embora. Maria Madalena e a outra Maria estavam ali, sentadas em frente ao túmulo. No dia seguinte, no sábado, os principais sacerdotes e os fariseus foram a Pilatos e disseram: “Senhor, lembramos que, quando ainda vivia, aquele mentiroso disse: ‘Depois de três dias ressuscitarei’. Por isso, pedimos que lacre o túmulo até o terceiro dia. Isso impedirá que seus discípulos roubem o corpo e depois digam a todos que ele ressuscitou. Se isso acontecer, estaremos em pior situação que antes”. Pilatos respondeu: “Levem soldados e guardem o túmulo como acharem melhor”. Então eles lacraram o túmulo e puseram guardas para protegê-lo. Depois do sábado, no primeiro dia da semana, bem cedo, Maria Madalena e a outra Maria foram visitar o túmulo. De repente, houve um grande terremoto, pois um anjo do Senhor desceu do céu, rolou a pedra da entrada e sentou-se sobre ela. Seu rosto brilhava como um relâmpago, e suas roupas eram brancas como a neve. Quando os guardas viram o anjo, tremeram de medo e caíram desmaiados, como mortos. Então o anjo falou com as mulheres. “Não tenham medo”, disse ele. “Sei que vocês procuram Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui! Ressuscitou, como tinha dito que aconteceria. Venham, vejam onde seu corpo estava. Agora vão depressa e contem aos discípulos que ele ressuscitou e que vai adiante de vocês para a Galileia. Lá vocês o verão. Lembrem-se do que eu lhes disse!” As mulheres saíram apressadas do túmulo e, assustadas mas cheias de alegria, correram para transmitir aos discípulos a mensagem do anjo. No caminho, Jesus as encontrou e as cumprimentou. Elas correram para ele, abraçaram seus pés e o adoraram. Então Jesus lhes disse: “Não tenham medo! Vão e digam a meus irmãos que se dirijam à Galileia. Lá eles me verão”. Enquanto as mulheres estavam a caminho, alguns dos guardas entraram na cidade e contaram aos principais sacerdotes o que havia acontecido. Eles convocaram uma reunião com os líderes do povo e decidiram subornar os guardas com uma grande soma de dinheiro. Instruíram os soldados: “Vocês devem dizer o seguinte: ‘Os discípulos de Jesus vieram durante a noite, enquanto dormíamos, e roubaram o corpo’. Se o governador ficar sabendo disso, nós os defenderemos, para que não se compliquem”. Os guardas aceitaram o suborno e falaram conforme tinham sido instruídos. Essa versão se espalhou entre os judeus, que continuam a contá-la até hoje. Então os onze discípulos partiram para a Galileia e foram ao monte que Jesus havia indicado. Quando o viram, o adoraram; alguns deles, porém, duvidaram. Jesus se aproximou deles e disse: “Toda a autoridade no céu e na terra me foi dada. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinem esses novos discípulos a obedecerem a todas as ordens que eu lhes dei. E lembrem-se disto: estou sempre com vocês, até o fim dos tempos”. Este é o princípio das boas-novas a respeito de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Iniciou-se como o profeta Isaías escreveu: “Envio meu mensageiro adiante de ti, e ele preparará teu caminho. Ele é uma voz que clama no deserto: ‘Preparem o caminho para a vinda do Senhor! Abram a estrada para ele!’”. Esse mensageiro era João Batista. Ele apareceu no deserto, pregando o batismo como sinal de arrependimento para o perdão dos pecados. Gente de toda a Judeia, incluindo os moradores de Jerusalém, saía para ver e ouvir João. Quando confessavam seus pecados, ele os batizava no rio Jordão. João vestia roupas tecidas com pelos de camelo, usava um cinto de couro e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. João anunciava: “Depois de mim virá alguém mais poderoso que eu, alguém tão superior que não sou digno de me abaixar e desamarrar as correias de suas sandálias. Eu os batizo com água, mas ele os batizará com o Espírito Santo!”. Certo dia, Jesus veio de Nazaré da Galileia, e João o batizou no rio Jordão. Enquanto saía da água, viu o céu se abrir e o Espírito Santo descer sobre ele como uma pomba. E uma voz do céu disse: “Você é meu Filho amado, que me dá grande alegria”. Em seguida, o Espírito conduziu Jesus ao deserto, onde ele foi tentado por Satanás durante quarenta dias. Estava entre animais selvagens, e anjos o serviam. Depois que João foi preso, Jesus foi para a Galileia, onde anunciou as boas-novas de Deus. “Enfim chegou o tempo prometido!”, proclamava. “O reino de Deus está próximo! Arrependam-se e creiam nas boas-novas!” Enquanto andava à beira do mar da Galileia, Jesus viu Simão e seu irmão André. Jogavam redes ao mar, pois viviam da pesca. Jesus lhes disse: “Venham! Sigam-me, e eu farei de vocês pescadores de gente”. No mesmo instante, deixaram suas redes e o seguiram. Pouco mais adiante, Jesus viu Tiago e João, filhos de Zebedeu, consertando redes num barco. Chamou-os de imediato e eles também o seguiram, deixando seu pai, Zebedeu, no barco com os empregados. Jesus e seus seguidores foram à cidade de Cafarnaum. Quando chegou o sábado, entrou na sinagoga e começou a ensinar. O povo ficou admirado com seu ensino, pois ele falava com verdadeira autoridade, diferentemente dos mestres da lei. De repente, um homem ali na sinagoga, possuído por um espírito impuro, gritou: “Por que vem nos importunar, Jesus de Nazaré? Veio para nos destruir? Sei quem é você: o Santo de Deus!”. “Cale-se!”, repreendeu-o Jesus. “Saia deste homem!” Então o espírito impuro soltou um grito, sacudiu o homem violentamente e saiu dele. Todos os presentes ficaram admirados e começaram a discutir o que tinha acontecido. “Que ensinamento novo é esse?”, perguntavam. “Como tem autoridade! Até os espíritos impuros obedecem às ordens dele!” As notícias a respeito de Jesus se espalharam rapidamente por toda a região da Galileia. Depois que Jesus saiu da sinagoga com Tiago e João, foram à casa de Simão e André. A sogra de Simão estava de cama, com febre. Imediatamente, falaram a seu respeito para Jesus. Ele foi até ela, tomou-a pela mão e ajudou-a a levantar-se. A febre a deixou, e ela passou a servi-los. Ao entardecer, depois que o sol se pôs, trouxeram a Jesus muitos enfermos e possuídos por demônios. Toda a cidade se reuniu à porta da casa para observar. Então Jesus curou muitas pessoas que sofriam de diversas enfermidades e expulsou muitos demônios. Não permitia, porém, que os demônios falassem, pois sabiam quem ele era. No dia seguinte, antes do amanhecer, Jesus se levantou e foi a um lugar isolado para orar. Mais tarde, Simão e os outros saíram para procurá-lo. Quando o encontraram, disseram: “Todos estão à sua procura!”. Jesus respondeu: “Devemos prosseguir para outras cidades e lá também anunciar minha mensagem. Foi para isso que vim”. Então ele viajou por toda a região da Galileia, pregando nas sinagogas e expulsando demônios. Um leproso veio e ajoelhou-se diante de Jesus, implorando para ser curado: “Se o senhor quiser, pode me curar e me deixar limpo”. Cheio de compaixão, Jesus estendeu a mão e tocou nele. “Eu quero”, respondeu. “Seja curado e fique limpo!” No mesmo instante, a lepra desapareceu e o homem foi curado. Então Jesus se despediu dele com uma forte advertência: “Não conte isso a ninguém. Vá e apresente-se ao sacerdote para que ele o examine. Leve a oferta que a lei de Moisés exige pela sua purificação. Isso servirá como testemunho”. O homem, porém, saiu e começou a contar a todos o que havia acontecido. Por isso, em pouco tempo, grandes multidões cercaram Jesus, e ele já não conseguia entrar publicamente em cidade alguma. E, embora se mantivesse em lugares isolados, gente de toda parte vinha até ele. Dias depois, quando Jesus retornou a Cafarnaum, a notícia de que ele tinha voltado se espalhou rapidamente. Em pouco tempo, a casa onde estava hospedado ficou tão cheia que não havia lugar nem do lado de fora da porta. Enquanto ele anunciava a palavra de Deus, quatro homens vieram carregando um paralítico numa maca. Por causa da multidão, não tinham como levá-lo até Jesus. Então abriram um buraco no teto, acima de onde Jesus estava. Em seguida, baixaram o homem na maca, bem na frente dele. Ao ver a fé que eles tinham, Jesus disse ao paralítico: “Filho, seus pecados estão perdoados”. Alguns dos mestres da lei que estavam ali sentados pensaram: “O que ele está dizendo? Isso é blasfêmia! Somente Deus pode perdoar pecados!”. Jesus logo percebeu o que eles estavam pensando e perguntou: “Por que vocês questionam essas coisas em seu coração? O que é mais fácil dizer ao paralítico: ‘Seus pecados estão perdoados’ ou ‘Levante-se, pegue sua maca e ande’? Mas eu lhes mostrarei que o Filho do Homem tem autoridade na terra para perdoar pecados”. Então disse ao paralítico: “Levante-se, pegue sua maca e vá para casa”. O homem se levantou de um salto, pegou sua maca e saiu andando diante de todos. A multidão ficou admirada e louvava a Deus, exclamando: “Nunca vimos nada igual!”. Em seguida, Jesus saiu outra vez para a beira do mar e ensinou as multidões que vinham até ele. Enquanto caminhava por ali, viu Levi, filho de Alfeu, sentado no lugar onde se coletavam os impostos. “Siga-me”, disse-lhe Jesus, e Levi se levantou e o seguiu. Mais tarde, na casa de Levi, Jesus e seus discípulos estavam à mesa, acompanhados de um grande número de cobradores de impostos e outros pecadores, pois eram muitos os que o seguiam. Quando alguns fariseus, mestres da lei, viram Jesus comer com cobradores de impostos e outros pecadores, perguntaram a seus discípulos: “Por que ele come com cobradores de impostos e pecadores?”. Ao ouvir isso, Jesus lhes disse: “As pessoas saudáveis não precisam de médico, mas sim os doentes. Não vim para chamar os justos, mas sim os pecadores”. Certa vez, quando os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando, algumas pessoas vieram a Jesus e perguntaram: “Por que seus discípulos não têm o hábito de jejuar como os discípulos de João e os discípulos dos fariseus?”. Jesus respondeu: “Por acaso os convidados de um casamento jejuam enquanto festejam com o noivo? Não podem jejuar enquanto o noivo está com eles. Um dia, porém, o noivo lhes será tirado, e então jejuarão. “Além disso, ninguém remendaria uma roupa velha usando pano novo. O pano novo encolheria a roupa velha e a rasgaria, deixando um buraco ainda maior. “E ninguém colocaria vinho novo em velhos recipientes de couro. O vinho os arrebentaria, e tanto o vinho como os recipientes se estragariam. Vinho novo precisa de recipientes novos”. Num sábado, enquanto Jesus caminhava pelos campos de cereal, seus discípulos começaram a colher espigas. Os fariseus lhe perguntaram: “Por que seus discípulos desobedecem à lei colhendo cereal no sábado?”. Jesus respondeu: “Vocês não leram nas Escrituras o que fez Davi quando ele e seus companheiros tiveram fome? Ele entrou na casa de Deus, nos dias em que Abiatar era sumo sacerdote, comeu os pães sagrados que só os sacerdotes tinham permissão de comer e os deu também a seus companheiros”. Então Jesus disse: “O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado. Portanto, o Filho do Homem é senhor até mesmo do sábado”. Em outra ocasião, Jesus entrou na sinagoga e notou que havia ali um homem com uma das mãos deformada. Os inimigos de Jesus o observavam atentamente. Se ele curasse a mão do homem, planejavam acusá-lo, pois era sábado. Jesus disse ao homem com a mão deformada: “Venha e fique diante de todos”. Em seguida, voltou-se para seus críticos e perguntou: “O que a lei permite fazer no sábado? O bem ou o mal? Salvar uma vida ou destruí-la?”. Eles ficaram em silêncio. Jesus olhou para os que estavam ao seu redor, irado e muito triste pelo coração endurecido deles. Então disse ao homem: “Estenda a mão”. O homem estendeu a mão, e ela foi restaurada. No mesmo instante, os fariseus saíram e se reuniram com os membros do partido de Herodes para tramar um modo de matá-lo. Jesus saiu para o mar com seus discípulos, e uma grande multidão os seguiu. Vinham de todas as partes da Galileia, da Judeia, de Jerusalém, da Idumeia, do leste do rio Jordão e até de lugares distantes ao norte, como Tiro e Sidom. A notícia de seus milagres havia se espalhado para longe, e um grande número de pessoas vinha vê-lo. Jesus instruiu seus discípulos a prepararem um barco para evitar que a multidão o esmagasse. Havia curado muitos naquele dia, e os enfermos se empurravam para chegar até ele e tocá-lo. E, sempre que o viam, os espíritos impuros se atiravam no chão na frente dele e gritavam: “Você é o Filho de Deus!”. Jesus, porém, lhes dava ordens severas para que não revelassem quem ele era. Depois, Jesus subiu a um monte e chamou aqueles que ele desejava que o acompanhassem, e eles foram. Escolheu doze e os chamou seus apóstolos, para que o seguissem e fossem enviados para anunciar sua mensagem, e lhes deu autoridade para expulsar demônios. Estes foram os doze que ele escolheu: Simão, a quem ele chamou Pedro, Tiago e João, filhos de Zebedeu, aos quais deu o nome de Boanerges, que significa “filhos do trovão”, André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão, o cananeu, Judas Iscariotes, que depois o traiu. Certo dia, Jesus entrou numa casa, e as multidões começaram a se juntar outra vez. Logo, ele e seus discípulos não tinham tempo nem para comer. Quando os familiares de Jesus souberam o que estava acontecendo, tentaram impedi-lo de continuar. “Está fora de si”, diziam. Então os mestres da lei, que tinham vindo de Jerusalém, disseram: “Está possuído por Belzebu, príncipe dos demônios. É dele que recebe poder para expulsar demônios”. Jesus os chamou e respondeu com uma comparação: “Como é possível Satanás expulsar Satanás?”, perguntou. “Um reino dividido internamente será destruído. Da mesma forma, uma família dividida contra si mesma se desintegrará. E, se Satanás está dividido e luta contra si mesmo, não pode se manter de pé; está acabado. Quem tem poder para entrar na casa de um homem forte e saquear seus bens? Somente alguém ainda mais forte, alguém capaz de amarrá-lo e saquear sua casa. “Eu lhes digo a verdade: todo pecado e toda blasfêmia podem ser perdoados, mas quem blasfemar contra o Espírito Santo jamais será perdoado. Esse é um pecado com consequências eternas.” Ele disse isso porque afirmavam: “Está possuído por um espírito impuro”. Então a mãe e os irmãos de Jesus foram vê-lo. Ficaram do lado de fora e mandaram alguém avisá-lo para sair e falar com eles. Havia muitas pessoas sentadas ao seu redor, e alguém disse: “Sua mãe e seus irmãos estão lá fora e o procuram”. Jesus respondeu: “Quem é minha mãe? Quem são meus irmãos?”. Então olhou para aqueles que estavam ao seu redor e disse: “Vejam, estes são minha mãe e meus irmãos. Quem faz a vontade de Deus é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. Mais uma vez, Jesus começou a ensinar à beira-mar. Em pouco tempo, uma grande multidão se juntou ao seu redor. Então ele entrou num barco e sentou-se, enquanto o povo ficou na praia. Ele os ensinou contando várias histórias na forma de parábolas, como esta: “Ouçam! Um lavrador saiu para semear. Enquanto espalhava as sementes pelo campo, algumas caíram à beira do caminho, e as aves vieram e as comeram. Outras sementes caíram em solo rochoso e, não havendo muita terra, germinaram rapidamente, mas as plantas logo murcharam sob o calor do sol e secaram, pois não tinham raízes profundas. Outras sementes caíram entre espinhos, que cresceram e sufocaram os brotos, sem nada produzirem. Ainda outras caíram em solo fértil e germinaram, cresceram e produziram uma colheita trinta, sessenta e até cem vezes maior que a quantidade semeada”. Então ele disse: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça com atenção!”. Mais tarde, quando Jesus estava sozinho com os Doze e os outros que estavam reunidos ao seu redor, perguntaram-lhe qual era o significado das parábolas. Ele respondeu: “A vocês é permitido entender o segredo do reino de Deus, mas uso parábolas para falar aos de fora, de modo que: ‘Mesmo que vejam o que faço, não perceberão, e ainda que ouçam o que digo, não compreenderão. Do contrário, poderiam voltar-se para mim, e ser perdoados’”. Então Jesus disse: “Se vocês não entendem o significado desta parábola, como entenderão as demais? O lavrador lança sementes ao anunciar a mensagem. As sementes que caíram à beira do caminho representam os que ouvem a mensagem, mas Satanás logo vem e a toma deles. As que caíram no solo rochoso representam aqueles que ouvem a mensagem e, sem demora, a recebem com alegria. Contudo, uma vez que não têm raízes profundas, não duram muito. Assim que enfrentam problemas ou são perseguidos por causa da mensagem, cedo desanimam. As que caíram entre os espinhos representam outros que ouvem a mensagem, mas logo ela é sufocada pelas preocupações desta vida, pela sedução da riqueza e pelo desejo por outras coisas, não produzindo fruto. E as que caíram em solo fértil representam os que ouvem e aceitam a mensagem e produzem uma colheita trinta, sessenta ou até cem vezes maior que a quantidade semeada”. Em seguida, Jesus lhes perguntou: “Alguém acenderia uma lâmpada e a colocaria sob um cesto ou uma cama? Claro que não! A lâmpada é colocada num pedestal, de onde sua luz brilhará. Da mesma forma, tudo que está escondido será revelado, e tudo que está oculto virá à luz. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça com atenção!”. Então acrescentou: “Prestem muita atenção ao que vão ouvir. Com o mesmo padrão de medida que adotarem, vocês serão medidos, e mais ainda lhes será acrescentado. Pois ao que tem, mais lhe será dado; mas do que não tem, até o que tem lhe será tirado”. Jesus também disse: “O reino de Deus é como um lavrador que lança sementes sobre a terra. Noite e dia, esteja ele dormindo ou acordado, as sementes germinam e crescem, mas ele não sabe como isso acontece. A terra produz as colheitas por si própria. Primeiro aparece uma folha, depois se formam as espigas de trigo e, por fim, o cereal amadurece. E, assim que o cereal está maduro, o lavrador vem e o corta com a foice, pois chegou o tempo da colheita”. Jesus disse ainda: “Como posso descrever o reino de Deus? Que comparação devo usar para ilustrá-lo? É como uma semente de mostarda plantada na terra. É a menor das sementes, mas se torna a maior de todas as hortaliças, com ramos tão grandes que as aves fazem ninhos à sua sombra”. Jesus usou muitas histórias e ilustrações semelhantes para ensinar o povo, conforme tinham condições de entender. Na verdade, só usava parábolas para ensinar em público. Depois, quando estava sozinho com seus discípulos, explicava tudo para eles. Ao anoitecer, Jesus disse a seus discípulos: “Vamos atravessar para o outro lado do mar”. Com ele a bordo, partiram e deixaram a multidão para trás, embora outros barcos os seguissem. Logo uma forte tempestade se levantou. As ondas arrebentavam sobre o barco, que começou a encher-se de água. Jesus dormia na parte de trás do barco, com a cabeça numa almofada. Os discípulos o acordaram, clamando: “Mestre, vamos morrer! O senhor não se importa?”. Jesus despertou, repreendeu o vento e disse ao mar: “Silêncio! Aquiete-se!”. De repente, o vento parou, e houve grande calmaria. Então Jesus lhes perguntou: “Por que estão com medo? Ainda não têm fé?”. Apavorados, os discípulos diziam uns aos outros: “Quem é este homem? Até o vento e o mar lhe obedecem!”. Assim, chegaram ao outro lado do mar, à região dos gerasenos. Quando Jesus desembarcou, imediatamente um homem possuído por um espírito impuro saiu do cemitério e veio ao seu encontro. Esse homem morava entre as cavernas usadas como túmulos e ninguém conseguia detê-lo, nem mesmo com correntes. Sempre que era acorrentado e algemado, quebrava as algemas dos pulsos e despedaçava as correntes dos pés. Ninguém era forte o suficiente para dominá-lo. Dia e noite, vagava entre os túmulos e pelos montes, gritando e cortando-se com pedras. Quando o homem viu Jesus, ainda a certa distância, correu ao seu encontro e se curvou diante dele. Então soltou um forte grito: “Por que vem me importunar, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Em nome de Deus, suplico que não me torture!”. Pois Jesus já havia falado ao espírito: “Saia deste homem, espírito impuro!”. Jesus lhe perguntou: “Qual é o seu nome?”. Ele respondeu: “Meu nome é Legião, porque há muitos de nós dentro deste homem”. E os espíritos impuros suplicaram repetidamente que ele não os enviasse a algum lugar distante. Havia uma grande manada de porcos pastando num monte ali perto. “Mande-nos para aqueles porcos”, imploraram os espíritos. “Deixe que entremos neles.” Jesus lhes deu permissão. Os espíritos impuros saíram do homem e entraram nos porcos, e toda a manada, cerca de dois mil porcos, se atirou pela encosta íngreme do monte para dentro do mar e se afogou. Os que cuidavam dos porcos fugiram para uma cidade próxima e para seus arredores, espalhando a notícia. O povo correu para ver o que havia ocorrido. Chegaram até onde Jesus estava e viram o homem que tinha sido possuído pela legião de demônios. Estava sentado ali, vestido e em perfeito juízo, e todos tiveram medo. Então os que presenciaram os acontecimentos contaram aos outros o que havia ocorrido com o homem possuído por demônios e com os porcos. A multidão começou a suplicar que Jesus fosse embora da região. Quando Jesus entrava no barco, o homem que tinha sido possuído por demônios implorou para ir com ele. Jesus, porém, não permitiu e disse: “Volte para sua casa e para sua família e conte-lhes tudo que o Senhor fez por você e como ele foi misericordioso”. Então o homem partiu e começou a anunciar pela região das Dez Cidades quanto Jesus havia feito por ele, e todos se admiravam do que ele dizia. Jesus entrou novamente no barco e voltou para o outro lado do mar, onde uma grande multidão se juntou ao seu redor na praia. Então chegou um dos líderes da sinagoga local, chamado Jairo. Quando viu Jesus, prostrou-se a seus pés e suplicou repetidas vezes: “Minha filhinha está morrendo. Por favor, venha e ponha as mãos sobre ela; cure-a para que ela viva!”. Jesus foi com ele, e todo o povo o seguiu, apertando-se ao seu redor. No meio da multidão estava uma mulher que havia doze anos sofria de hemorragia. Tinha passado por muitas dificuldades nas mãos de vários médicos e, ao longo dos anos, gastou tudo que possuía, sem melhorar. Na verdade, havia piorado. Tendo ouvido falar de Jesus, aproximou-se por trás dele no meio da multidão e tocou em seu manto, pois pensava: “Se eu apenas tocar em seu manto, serei curada”. No mesmo instante, a hemorragia parou, e ela sentiu em seu corpo que tinha sido curada da enfermidade. Jesus imediatamente percebeu que dele havia saído poder; por isso, virou-se para a multidão e perguntou: “Quem tocou em meu manto?”. Seus discípulos disseram: “Veja a multidão que o aperta de todos os lados. Como o senhor ainda pergunta: ‘Quem tocou em mim?’”. Jesus, porém, continuou a olhar ao redor para ver quem havia feito aquilo. Então a mulher, assustada e tremendo pelo que lhe tinha acontecido, veio e, ajoelhando-se diante dele, contou o que havia feito. Jesus lhe disse: “Filha, sua fé a curou. Vá em paz. Seu sofrimento acabou”. Enquanto Jesus ainda falava com a mulher, chegaram mensageiros da casa de Jairo, o líder da sinagoga, e lhe disseram: “Sua filha morreu. Para que continuar incomodando o mestre?”. Jesus, porém, ouviu essas palavras e disse a Jairo: “Não tenha medo. Apenas creia”. Então Jesus deteve a multidão e não deixou que ninguém o acompanhasse, exceto Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago. Quando chegaram à casa do líder da sinagoga, Jesus viu um grande tumulto, com muito choro e lamentação. Então entrou e perguntou: “Por que todo esse tumulto e choro? A criança não morreu; está apenas dormindo”. A multidão riu de Jesus. Ele, porém, fez todos saírem e levou o pai e a mãe da menina e os três discípulos para o quarto onde ela estava deitada. Segurando-a pela mão, disse-lhe: “ Talita cumi! ”, que quer dizer “Menina, levante-se!”. A menina, que tinha doze anos, levantou-se de imediato e começou a andar. Todos ficaram muito admirados. Jesus deu ordens claras para que não contassem a ninguém o que havia acontecido e depois mandou que dessem alguma coisa para a menina comer. Jesus deixou essa região e voltou com seus discípulos para Nazaré, cidade onde tinha morado. No sábado seguinte, começou a ensinar na sinagoga, e muitos dos que o ouviam se admiraram e perguntavam: “De onde vem tanta sabedoria e poder para realizar esses milagres? Não é esse o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, José, Judas e Simão? Suas irmãs moram aqui, entre nós”. E sentiam-se muito ofendidos. Então Jesus lhes disse: “Um profeta recebe honra em toda parte, menos em sua cidade e entre seus parentes e sua própria família”. Por isso, não pôde realizar milagres ali, exceto pôr as mãos sobre alguns enfermos e curá-los. E ficou admirado com a incredulidade daquele povo. Então Jesus percorreu diversos povoados, ensinando a seus moradores. Reuniu os Doze e começou a enviá-los de dois em dois, dando-lhes autoridade para expulsar espíritos impuros. Instruiu-os a não levar coisa alguma na viagem, exceto um cajado. Não poderiam levar alimento, nem bolsa de viagem, nem dinheiro. Poderiam calçar sandálias, mas não levar uma muda de roupa extra. Disse ele: “Onde quer que forem, fiquem na mesma casa até partirem da cidade. Mas, se algum povoado se recusar a recebê-los ou a ouvi-los, ao saírem, sacudam a poeira dos pés como sinal de reprovação”. Então eles partiram, dizendo a todos que encontravam que se arrependessem. Expulsaram muitos demônios e curaram muitos enfermos, ungindo-os com óleo. Logo o rei Herodes ouviu falar de Jesus, pois todos comentavam a seu respeito. Alguns diziam: “João Batista ressuscitou dos mortos. Por isso tem poder para fazer esses milagres”. Outros diziam: “É Elias”. Ainda outros diziam: “É um profeta, como os profetas de antigamente”. Quando Herodes ouviu falar de Jesus, disse: “João, o homem a quem decapitei, voltou dos mortos!”. O rei havia mandado prender e encarcerar João para agradar Herodias. Ela era esposa de seu irmão, Filipe, mas Herodes tinha se casado com ela. João dizia a Herodes: “É contra a lei que o senhor viva com a esposa de seu irmão”. Por isso Herodias guardava rancor de João e queria matá-lo, mas não podia fazê-lo, pois Herodes o respeitava e o protegia, sabendo que ele era um homem justo e santo. Herodes ficava muito perturbado sempre que falava com João, mas mesmo assim gostava de ouvi-lo. Finalmente, no aniversário de Herodes, Herodias teve a oportunidade que procurava. Ele deu uma festa para os membros do alto escalão do governo, para seus oficiais militares e para os cidadãos mais importantes da Galileia. Sua filha, também chamada Herodias, entrou e apresentou uma dança que agradou muito Herodes e seus convidados. “Peça-me qualquer coisa que deseje, e eu lhe darei”, disse o rei à moça. E prometeu, sob juramento: “Eu lhe darei o que pedir, até metade do meu reino!”. Ela saiu e perguntou à mãe: “O que devo pedir?”. A mãe lhe disse: “Peça a cabeça de João Batista!”. A moça voltou depressa ao rei e disse: “Quero a cabeça de João Batista agora mesmo num prato!”. O rei muito se entristeceu com isso, mas, por causa do juramento que havia feito na frente dos convidados, não pôde negar o pedido. Assim, enviou no mesmo instante um carrasco com ordens de cortar a cabeça de João e trazê-la. Ele decapitou João na prisão, trouxe a cabeça num prato e a entregou à moça, que a levou à sua mãe. Quando os discípulos de João souberam o que havia acontecido, foram buscar o corpo e o colocaram numa sepultura. Os apóstolos voltaram de sua missão e contaram a Jesus tudo que tinham feito e ensinado. Jesus lhes disse: “Vamos sozinhos até um lugar tranquilo para descansar um pouco”, pois tanta gente ia e vinha que eles não tinham tempo nem para comer. Então saíram de barco para um lugar isolado, a fim de ficarem a sós. Contudo, muitos os reconheceram e os viram partir, e pessoas de várias cidades correram e chegaram antes deles. Quando Jesus saiu do barco, viu a grande multidão e teve compaixão dela, pois eram como ovelhas sem pastor. Então começou a lhes ensinar muitas coisas. Ao entardecer, os discípulos foram até ele e disseram: “Este lugar é isolado, e já está tarde. Mande as multidões embora, para que possam ir aos campos e povoados vizinhos e comprar algo para comer”. Jesus, porém, disse: “Providenciem vocês mesmos alimento para eles”. “Precisaríamos de muito dinheiro para comprar comida para todo esse povo!”, responderam. “Quantos pães vocês têm?”, perguntou ele. “Vão verificar.” Eles voltaram e informaram: “Cinco pães e dois peixes”. Então Jesus ordenou que fizessem a multidão sentar-se em grupos na grama verde. Assim, eles se sentaram em grupos de cinquenta e de cem. Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes, olhou para o céu e os abençoou. Então, à medida que ia partindo os pães, entregava-os aos discípulos para que os distribuíssem ao povo. Também dividiu os peixes para que todos recebessem uma porção. Todos comeram à vontade, e os discípulos recolheram doze cestos com os pães e peixes que sobraram. Os que comeram foram cinco mil homens. Logo em seguida, Jesus insistiu com seus discípulos que voltassem ao barco e atravessassem o mar até Betsaida, enquanto ele mandava o povo para casa. Depois de se despedir de todos, subiu sozinho ao monte para orar. Durante a noite, os discípulos estavam no barco, no meio do mar, e Jesus, sozinho em terra. Ele viu que estavam em apuros, remando com força e lutando contra o vento e as ondas. Por volta das três da madrugada, Jesus foi até eles caminhando sobre o mar. Sua intenção era passar por eles, mas, quando o avistaram caminhando sobre as águas, gritaram de pavor, pensando que fosse um fantasma. Ficaram todos aterrorizados ao vê-lo. Imediatamente, porém, Jesus lhes disse: “Não tenham medo! Coragem, sou eu!”. Em seguida, subiu no barco e o vento parou. Os discípulos ficaram admirados, pois ainda não tinham entendido o milagre dos pães. O coração deles estava endurecido. Depois de atravessarem o mar, chegaram a Genesaré. Levaram o barco até a margem e desceram. As pessoas reconheceram Jesus assim que o viram. Quando ouviam que Jesus estava em algum lugar, corriam por toda a região, levando os enfermos em macas para onde sabiam que ele estava. Aonde quer que ele fosse — aos povoados, às cidades ou aos campos ao redor —, levavam os enfermos para as praças. Suplicavam que ele os deixasse pelo menos tocar na borda de seu manto, e todos que o tocavam eram curados. Certo dia, alguns fariseus e mestres da lei chegaram de Jerusalém para ver Jesus. Observaram que alguns de seus discípulos comiam sua refeição com as mãos impuras, ou seja, sem lavá-las. (Pois todos os judeus, sobretudo os fariseus, não comem sem antes lavar cuidadosamente as mãos, como exige a tradição dos líderes religiosos. Quando chegam do mercado, não comem coisa alguma sem antes mergulhar as mãos em água. Essa é apenas uma das muitas tradições às quais se apegam, como a lavagem de copos, jarras e panelas. ) Então os fariseus e mestres da lei lhe perguntaram: “Por que seus discípulos não seguem a tradição dos líderes religiosos? Eles comem sem antes realizar a cerimônia de lavar as mãos!”. Jesus respondeu: “Hipócritas! Isaías tinha razão quando profetizou a seu respeito, pois escreveu: ‘Este povo me honra com os lábios, mas o coração está longe de mim. Sua adoração é uma farsa, pois ensinam doutrinas humanas como se fossem mandamentos de Deus’. Vocês desprezam a lei de Deus e a substituem por sua própria tradição”. Disse ainda: “Vocês se esquivam com habilidade da lei de Deus para se apegar à sua própria tradição. Por exemplo, Moisés deu esta lei: ‘Honre seu pai e sua mãe’ e ‘Quem insultar seu pai ou sua mãe será executado’. Vocês, porém, ensinam que alguém pode dizer a seus pais: ‘Não posso ajudá-los. Jurei entregar como oferta a Deus aquilo que eu teria dado a vocês’. Com isso, desobrigam as pessoas de cuidarem dos pais, anulando a palavra de Deus a fim de transmitir sua própria tradição. E esse é apenas um exemplo entre muitos outros”. Jesus chamou a multidão para perto de si e disse: “Ouçam, todos vocês, e procurem entender. Não é o que entra no corpo que os contamina; vocês se contaminam com o que sai do coração. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça com atenção!”. Então Jesus entrou numa casa para se afastar da multidão, e seus discípulos lhe perguntaram o que ele queria dizer com a parábola que havia acabado de contar. “Vocês também ainda não entendem?”, perguntou. “Não percebem que a comida que entra no corpo não pode contaminá-los? O alimento não vai para o coração, mas apenas passa pelo estômago e vai parar no esgoto.” (Ao dizer isso, declarou que todo tipo de comida é aceitável.) Em seguida, acrescentou: “Aquilo que vem de dentro é que os contamina. Pois, de dentro, do coração da pessoa, vêm maus pensamentos, imoralidade sexual, roubo, homicídio, adultério, cobiça, perversidade, engano, paixões carnais, inveja, calúnias, orgulho e insensatez. Todas essas coisas desprezíveis vêm de dentro; são elas que os contaminam”. Então Jesus deixou a Galileia e se dirigiu para o norte, para a região de Tiro. Não queria que ninguém soubesse onde ele estava hospedado, mas não foi possível manter segredo. De imediato, uma mulher que tinha ouvido falar dele veio e caiu a seus pés. A filha dela estava possuída por um espírito impuro, e ela implorou que ele expulsasse o demônio que estava na menina. Sendo ela grega, nascida na região da Fenícia, na Síria, Jesus lhe disse: “Primeiro devem-se alimentar os filhos. Não é certo tirar comida das crianças e jogá-la aos cachorros”. “Senhor, é verdade”, disse a mulher. “No entanto, até os cachorros, debaixo da mesa, comem as migalhas dos pratos dos filhos.” “Boa resposta!”, disse Jesus. “Vá para casa, pois o demônio já deixou sua filha.” E, quando ela chegou à sua casa, sua filha estava deitada na cama, e o demônio a havia deixado. Jesus saiu de Tiro e subiu para Sidom antes de voltar ao mar da Galileia e à região das Dez Cidades. Algumas pessoas lhe trouxeram um homem surdo e com dificuldade de fala, e lhe pediram que pusesse as mãos sobre ele e o curasse. Jesus o afastou da multidão para ficar a sós com ele. Pôs os dedos nos ouvidos do homem e, em seguida, cuspiu nos dedos e tocou a língua dele. Olhando para o céu, suspirou e disse: “ Efatá! ”, que significa “Abra-se!”. No mesmo instante, o homem passou a ouvir perfeitamente; sua língua ficou livre, e ele começou a falar com clareza. Jesus ordenou à multidão que não contasse a ninguém, mas, quanto mais ele os proibia, mais divulgavam o que havia acontecido. Estavam muito admirados e diziam repetidamente: “Tudo que ele faz é maravilhoso! Ele até faz o surdo ouvir e o mudo falar!”. Naqueles dias, outra grande multidão se reuniu e, mais uma vez, o povo ficou sem comida. Jesus chamou os discípulos e disse: “Tenho compaixão dessa gente. Estão aqui comigo há três dias e não têm mais nada para comer. Se eu os mandar embora com fome, desmaiarão no caminho. Alguns vieram de longe”. Os discípulos disseram: “Como conseguiremos comida suficiente neste lugar deserto para alimentá-los?”. Jesus perguntou: “Quantos pães vocês têm?”. “Sete”, responderam eles. Então Jesus mandou todo o povo sentar-se no chão. Tomou os sete pães, agradeceu a Deus e os partiu em pedaços. Em seguida, entregou-os aos discípulos, que os distribuíram à multidão. Eles encontraram, ainda, alguns peixinhos; Jesus também os abençoou e mandou que os discípulos os distribuíssem. Todos comeram à vontade. Depois, os discípulos recolheram sete cestos grandes com as sobras. Naquele dia, havia cerca de quatro mil homens na multidão. Após comerem, Jesus os mandou para casa. Em seguida, entrou com seus discípulos num barco e atravessou para a região de Dalmanuta. Alguns fariseus vieram ao encontro de Jesus e começaram a discutir com ele. Para pô-lo à prova, exigiram que lhes mostrasse um sinal do céu. Ao ouvir isso, Jesus suspirou profundamente e disse: “Por que este povo insiste em pedir um sinal? Eu lhes digo a verdade: não darei sinal algum aos homens desta geração”. Então ele os deixou, entrou de volta no barco e atravessou para o outro lado do mar. Os discípulos, porém, se esqueceram de levar comida. Tinham no barco apenas um pão. Enquanto atravessavam o mar, Jesus os advertiu: “Fiquem atentos! Tenham cuidado com o fermento dos fariseus e de Herodes”. Os discípulos começaram a discutir entre si porque não tinham trazido pão. Ao saber do que estavam falando, Jesus disse: “Por que discutem sobre a falta de pão? Ainda não sabem ou não entenderam? Seu coração está tão endurecido que não compreendem? Vocês têm olhos, mas não veem? Têm ouvidos, mas não ouvem? Não se lembram de nada? Quando reparti os cinco pães entre os cinco mil, quantos cestos cheios de sobras vocês recolheram?”. “Doze”, responderam eles. “E quando reparti os sete pães entre os quatro mil, quantos cestos grandes cheios de sobras vocês recolheram?” “Sete”, responderam. “E vocês ainda não entendem?”, perguntou. Quando chegaram a Betsaida, algumas pessoas trouxeram um cego a Jesus e lhe pediram que o tocasse. Ele tomou o cego pela mão e o levou para fora do povoado. Em seguida, cuspiu nos olhos do homem, pôs as mãos sobre ele e perguntou: “Vê alguma coisa?”. Recuperando aos poucos a vista, o homem respondeu: “Vejo pessoas, mas não as enxergo claramente. Parecem árvores andando”. Jesus pôs as mãos sobre os olhos do homem mais uma vez, e sua visão foi completamente restaurada; ele passou a ver tudo com nitidez. Então Jesus se despediu dele e disse: “Ao voltar para casa, não entre no povoado”. Jesus e seus discípulos deixaram a Galileia e foram para os povoados perto de Cesareia de Filipe. Enquanto caminhavam, Jesus lhes perguntou: “Quem as pessoas dizem que eu sou?”. Eles responderam: “Alguns dizem que o senhor é João Batista; outros, que é Elias ou um dos profetas”. “E vocês?”, perguntou ele. “Quem vocês dizem que eu sou?” Pedro respondeu: “O senhor é o Cristo!”. Mas Jesus os advertiu de que não falassem a ninguém a seu respeito. Então Jesus começou a lhes ensinar que era necessário que o Filho do Homem sofresse muitas coisas e fosse rejeitado pelos líderes do povo, pelos principais sacerdotes e pelos mestres da lei. Seria morto, mas três dias depois ressuscitaria. Enquanto falava abertamente sobre isso com os discípulos, Pedro o chamou de lado e o repreendeu por dizer tais coisas. Jesus se virou, olhou para seus discípulos e repreendeu Pedro. “Afaste-se de mim, Satanás!”, disse ele. “Você considera as coisas apenas do ponto de vista humano, e não da perspectiva de Deus.” Depois, chamou a multidão e os discípulos e disse: “Se alguém quer ser meu seguidor, negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me. Se tentar se apegar à sua vida, a perderá. Mas, se abrir mão de sua vida por minha causa e por causa das boas-novas, a salvará. Que vantagem há em ganhar o mundo inteiro, mas perder a vida? E o que daria o homem em troca de sua vida? Se alguém se envergonhar de mim e de minha mensagem nesta época de adultério e pecado, o Filho do Homem se envergonhará dele quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos”. Jesus prosseguiu: “Eu lhes digo a verdade: alguns que estão aqui neste momento não morrerão antes de ver o reino de Deus vindo com grande poder!”. Seis dias depois, Jesus levou consigo Pedro, Tiago e João até um monte alto, para estarem a sós. Ali, diante de seus olhos, a aparência de Jesus foi transformada. Suas roupas ficaram brancas e resplandecentes, muito mais claras do que qualquer lavandeiro seria capaz de deixá-las. Então Elias e Moisés apareceram e começaram a falar com Jesus. Pedro exclamou: “Rabi, é maravilhoso estarmos aqui! Vamos fazer três tendas: uma será sua, uma de Moisés e outra de Elias”. Disse isso porque não sabia o que mais falar, pois estavam todos apavorados. Então uma nuvem os cobriu, e uma voz que vinha da nuvem disse: “Este é meu Filho amado. Ouçam-no!”. De repente, quando olharam em volta, só Jesus estava com eles. Enquanto desciam o monte, Jesus ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos. Eles guardaram segredo, mas conversavam entre si com frequência sobre o que ele queria dizer com “ressuscitar dos mortos”. Então eles perguntaram a Jesus: “Por que os mestres da lei afirmam que é necessário que Elias volte antes que o Cristo venha?”. Jesus respondeu: “De fato, Elias vem primeiro para restaurar tudo. Então por que as Escrituras dizem que é necessário o Filho do Homem sofrer muito e ser tratado com desprezo? Eu, porém, lhes digo: Elias já veio e eles preferiram maltratá-lo, conforme as Escrituras haviam previsto”. Ao voltarem para junto dos outros discípulos, viram que estavam cercados por uma grande multidão e que alguns mestres da lei discutiam com eles. Quando a multidão viu Jesus, ficou muito admirada e correu para cumprimentá-lo. “Sobre o que discutem?”, perguntou Jesus. Um dos homens na multidão respondeu: “Mestre, eu lhe trouxe meu filho, que está possuído por um espírito impuro que não o deixa falar. Sempre que o espírito se apodera dele, joga-o no chão, e ele espuma pela boca, range os dentes e fica rígido. Pedi a seus discípulos que expulsassem o espírito impuro, mas eles não conseguiram”. Jesus lhes disse: “Geração incrédula! Até quando estarei com vocês? Até quando terei de suportá-los? Tragam o menino para cá”. Então o trouxeram. Quando o espírito impuro viu Jesus, causou uma convulsão intensa no menino e ele caiu no chão, contorcendo-se e espumando pela boca. Jesus perguntou ao pai do menino: “Há quanto tempo isso acontece com ele?”. “Desde que ele era pequeno”, respondeu o pai. “Muitas vezes o espírito o lança no fogo ou na água e tenta matá-lo. Tenha misericórdia de nós e ajude-nos, se puder.” “Se puder?”, perguntou Jesus. “Tudo é possível para aquele que crê.” No mesmo instante, o pai respondeu: “Eu creio, mas ajude-me a superar minha incredulidade”. Quando Jesus viu que a multidão aumentava, repreendeu o espírito impuro, dizendo: “Espírito que impede este menino de ouvir e falar, ordeno que saia e nunca mais entre nele!”. O espírito gritou, causou outra convulsão intensa no menino e saiu dele. O menino parecia morto. Um murmúrio correu pela multidão: “Ele morreu”. Mas Jesus o tomou pela mão e o ajudou a se levantar, e ele ficou em pé. Depois, quando Jesus estava em casa com seus discípulos, eles perguntaram: “Por que não conseguimos expulsar aquele espírito impuro?”. Jesus respondeu: “Essa espécie só sai com oração”. Ao deixarem aquela região, viajaram pela Galileia. Jesus não queria que ninguém soubesse que ele estava lá, pois queria ensinar a seus discípulos. Ele lhes dizia: “O Filho do Homem será traído e entregue em mãos humanas. Será morto, mas três dias depois ressuscitará”. Eles, porém, não entendiam essas coisas e tinham medo de lhe perguntar. Depois que chegaram a Cafarnaum e se acomodaram numa casa, Jesus perguntou a seus discípulos: “Sobre o que vocês discutiam no caminho?”. Eles não responderam, pois tinham discutido sobre qual deles era o maior. Jesus se sentou, chamou os Doze e disse: “Quem quiser ser o primeiro, que se torne o último e seja servo de todos”. Então colocou uma criança no meio deles, tomou-a nos braços e disse: “Quem recebe uma criança pequena como esta em meu nome recebe a mim, e quem me recebe não recebe apenas a mim, mas também ao Pai, que me enviou”. João disse a Jesus: “Mestre, vimos alguém usar seu nome para expulsar demônios; nós o proibimos, pois ele não era do nosso grupo”. “Não o proíbam!”, disse Jesus. “Ninguém que faça milagres em meu nome falará mal de mim a seguir. Quem não é contra nós é a favor de nós. Eu lhes digo a verdade: se alguém lhes der um simples copo de água porque vocês são seguidores do Cristo, essa pessoa certamente será recompensada. “Mas, se alguém fizer um destes pequeninos que confiam em mim cair em pecado, seria melhor que lhe amarrassem ao pescoço uma grande pedra de moinho e fosse jogado ao mar. Se sua mão o leva a pecar, corte-a fora. É melhor entrar na vida eterna com apenas uma das mãos que ser lançado no fogo inextinguível do inferno com as duas mãos. Lá os vermes nunca morrem e o fogo nunca se apaga. Se seu pé o leva a pecar, corte-o fora. É melhor entrar na vida eterna com apenas um pé que ser lançado no inferno com os dois pés. Lá os vermes nunca morrem e o fogo nunca se apaga. E, se seu olho o leva a pecar, lance-o fora. É melhor entrar no reino de Deus com apenas um dos olhos que ter os dois olhos e ser lançado no inferno. Lá os vermes nunca morrem e o fogo nunca se apaga. “Pois cada um será provado com fogo. O sal é bom para temperar, mas, se perder o sabor, como torná-lo salgado outra vez? Tenham entre vocês as qualidades do bom sal e vivam em paz uns com os outros.” Então Jesus deixou Cafarnaum e foi para a região da Judeia, a leste do rio Jordão. Mais uma vez, multidões se juntaram ao seu redor e, como de costume, ele as ensinava. Alguns fariseus vieram e tentaram apanhar Jesus numa armadilha com a seguinte pergunta: “Deve-se permitir que um homem se divorcie de sua mulher?”. Jesus respondeu: “O que Moisés disse na lei a respeito do divórcio?”. “Ele o permitiu”, responderam os fariseus. “Disse que um homem poderia dar à esposa um certificado de divórcio e mandá-la embora.” Jesus, porém, disse: “Moisés escreveu esse mandamento porque vocês têm o coração duro, mas ‘Deus os fez homem e mulher’ desde o princípio da criação. ‘Por isso o homem deixa pai e mãe e se une à sua mulher, e os dois se tornam um só’. Uma vez que já não são dois, mas um só, que ninguém separe o que Deus uniu”. Mais tarde, quando Jesus estava em casa com seus discípulos, eles tocaram no assunto outra vez. Jesus respondeu: “Quem se divorcia de sua esposa e se casa com outra mulher comete adultério contra ela. E, se a mulher se divorcia do marido e se casa com outro homem, comete adultério”. Certo dia, trouxeram crianças para que Jesus pusesse as mãos sobre elas, mas os discípulos repreendiam aqueles que as traziam. Ao ver isso, Jesus ficou indignado com os discípulos e disse: “Deixem que as crianças venham a mim. Não as impeçam, pois o reino de Deus pertence aos que são como elas. Eu lhes digo a verdade: quem não receber o reino de Deus como uma criança de modo algum entrará nele”. Então tomou as crianças nos braços, pôs as mãos sobre a cabeça delas e as abençoou. Quando Jesus saía para Jerusalém, um homem veio correndo em sua direção, ajoelhou-se diante dele e perguntou: “Bom mestre, que devo fazer para herdar a vida eterna?”. “Por que você me chama de bom?”, perguntou Jesus. “Apenas Deus é verdadeiramente bom. Você conhece os mandamentos: ‘Não mate. Não cometa adultério. Não roube. Não dê falso testemunho. Não engane ninguém. Honre seu pai e sua mãe’.” O homem respondeu: “Mestre, tenho obedecido a todos esses mandamentos desde a juventude”. Com amor, Jesus olhou para o homem e disse: “Ainda há uma coisa que você não fez. Vá, venda todos os seus bens e dê o dinheiro aos pobres. Então você terá um tesouro no céu. Depois, venha e siga-me”. Ao ouvir isso, o homem ficou desapontado e foi embora triste, pois tinha muitos bens. Jesus olhou ao redor e disse a seus discípulos: “Como é difícil os ricos entrarem no reino de Deus!”. Os discípulos se admiraram de suas palavras. Mas Jesus disse outra vez: “Filhos, entrar no reino de Deus é muito difícil. É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha que um rico entrar no reino de Deus”. Perplexos, os discípulos perguntaram: “Então quem pode ser salvo?”. Jesus olhou atentamente para eles e respondeu: “Para as pessoas isso é impossível, mas não para Deus. Para Deus, tudo é possível”. Então Pedro começou a falar: “Deixamos tudo para segui-lo”. Jesus respondeu: “Eu lhes garanto que todos que deixaram casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou propriedades por minha causa e por causa das boas-novas receberão em troca, neste mundo, cem vezes mais casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e propriedades, com perseguição, e, no mundo futuro, terão a vida eterna. Contudo, muitos primeiros serão os últimos, e muitos últimos serão os primeiros”. Por esse tempo, subiam para Jerusalém, e Jesus ia à frente. Os discípulos estavam muito admirados, e o povo que os seguia tinha grande temor. Jesus chamou os Doze à parte e, mais uma vez, começou a descrever tudo que estava prestes a lhe acontecer. “Ouçam”, disse ele. “Estamos subindo para Jerusalém, onde o Filho do Homem será traído e entregue aos principais sacerdotes e aos mestres da lei. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos gentios. Zombarão dele, cuspirão nele, o açoitarão e o matarão, mas depois de três dias ele ressuscitará.” Então Tiago e João, filhos de Zebedeu, vieram e falaram com ele: “Mestre, queremos que nos faça um favor”. “Que favor é esse?”, perguntou ele. Eles responderam: “Quando o senhor se sentar em seu trono glorioso, queremos nos sentar em lugares de honra ao seu lado, um à sua direita e outro à sua esquerda”. Jesus lhes disse: “Vocês não sabem o que estão pedindo! São capazes de beber do cálice que beberei? São capazes de ser batizados com o batismo com que serei batizado?”. “Somos!”, responderam eles. Então Jesus disse: “De fato, vocês beberão do meu cálice e serão batizados com o meu batismo. Não cabe a mim, no entanto, dizer quem se sentará à minha direita ou à minha esquerda. Esses lugares serão daqueles para quem eles foram preparados”. Quando os outros dez discípulos ouviram o que Tiago e João haviam pedido, ficaram indignados. Então Jesus os reuniu e disse: “Vocês sabem que os que são considerados líderes neste mundo têm poder sobre o povo, e que os oficiais exercem sua autoridade sobre os súditos. Entre vocês, porém, será diferente. Quem quiser ser o líder entre vocês, que seja servo, e quem quiser ser o primeiro entre vocês, que se torne escravo de todos. Pois nem mesmo o Filho do Homem veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por muitos”. Então chegaram a Jericó. Quando Jesus e seus discípulos saíam da cidade, uma grande multidão os seguiu. Um mendigo cego chamado Bartimeu, filho de Timeu, estava sentado à beira do caminho. Quando Bartimeu soube que Jesus de Nazaré estava perto, começou a gritar: “Jesus, Filho de Davi, tenha misericórdia de mim!”. Muitos lhe diziam aos brados: “Cale-se!”. Ele, porém, gritava ainda mais alto: “Filho de Davi, tenha misericórdia de mim!”. Quando Jesus o ouviu, parou e disse: “Falem para ele vir aqui”. Então chamaram o cego. “Anime-se!”, disseram. “Venha, ele o está chamando!” Bartimeu jogou sua capa para o lado, levantou-se de um salto e foi até Jesus. “O que você quer que eu lhe faça?”, perguntou Jesus. O cego respondeu: “Rabi, quero enxergar”. Jesus lhe disse: “Vá, pois sua fé o curou”. No mesmo instante, o homem passou a ver e seguiu Jesus pelo caminho. Quando já se aproximavam de Jerusalém, Jesus e seus discípulos chegaram às cidades de Betfagé e Betânia, no monte das Oliveiras. Jesus enviou na frente dois discípulos. “Vão àquele povoado adiante”, disse ele. “Assim que entrarem, verão amarrado ali um jumentinho, no qual ninguém jamais montou. Desamarrem-no e tragam-no para cá. Se alguém lhes perguntar: ‘O que estão fazendo?’, digam apenas: ‘O Senhor precisa dele e o devolverá em breve’.” Os dois discípulos foram e encontraram o jumentinho na rua, amarrado junto a uma porta. Enquanto o desamarravam, algumas pessoas que estavam ali perguntaram: “O que vocês estão fazendo, desamarrando esse jumentinho?”. Responderam conforme Jesus havia instruído, e os deixaram levar o animal. Os discípulos trouxeram o jumentinho, puseram seus mantos sobre o animal, e Jesus montou nele. Muitos da multidão espalharam seus mantos ao longo do caminho diante de Jesus, e outros espalharam ramos que haviam cortado nos campos. E as pessoas, tanto as que iam à frente como as que o seguiam, gritavam: “Hosana! Bendito é o que vem em nome do Senhor! Bendito é o reino que vem, o reino de nosso antepassado Davi! Hosana no mais alto céu!”. Jesus entrou em Jerusalém e foi ao templo. Depois de olhar tudo ao redor atentamente, voltou a Betânia com os Doze, porque já era tarde. Na manhã seguinte, quando saíam de Betânia, Jesus teve fome. Viu que, a certa distância, havia uma figueira cheia de folhas e foi ver se encontraria figos. No entanto, só havia folhas, pois ainda não era tempo de dar frutos. Então Jesus disse à árvore: “Nunca mais comam de seu fruto!”. E os discípulos ouviram o que ele disse. Quando voltaram a Jerusalém, Jesus entrou no templo e começou a expulsar os que compravam e vendiam animais para os sacrifícios. Derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas, impediu todos de usarem o templo como mercado e os ensinava, dizendo: “As Escrituras declaram: ‘Meu templo será chamado casa de oração para todas as nações’, mas vocês o transformaram num esconderijo de ladrões!”. Quando os principais sacerdotes e mestres da lei souberam o que Jesus tinha feito, começaram a tramar um modo de matá-lo. Contudo, tinham medo dele, pois o povo estava muito admirado com seu ensino. Ao entardecer, Jesus e seus discípulos saíram da cidade. Na manhã seguinte, quando os discípulos passaram pela figueira que Jesus tinha amaldiçoado, notaram que ela estava seca desde a raiz. Pedro se lembrou do que Jesus tinha dito à árvore e exclamou: “Veja, Rabi! A figueira que o senhor amaldiçoou secou!”. Então Jesus disse aos discípulos: “Tenham fé em Deus. Eu lhes digo a verdade: vocês poderão dizer a este monte: ‘Levante-se e atire-se no mar’, e isso acontecerá. É preciso, no entanto, crer que acontecerá, e não ter nenhuma dúvida em seu coração. Digo-lhes que, se crerem que já receberam, qualquer coisa que pedirem em oração lhes será concedido. Quando estiverem orando, se tiverem alguma coisa contra alguém, perdoem-no, para que seu Pai no céu também perdoe seus pecados. Mas, se vocês se recusarem a perdoar, seu Pai no céu não perdoará seus pecados”. Mais uma vez, voltaram a Jerusalém. Enquanto Jesus passava pelo templo, os principais sacerdotes, os mestres da lei e os líderes do povo vieram até ele e perguntaram: “Com que autoridade você faz essas coisas? Quem lhe deu esse direito?”. Jesus respondeu: “Eu lhes direi com que autoridade faço essas coisas se vocês responderem a uma pergunta: A autoridade de João para batizar vinha do céu ou era apenas humana? Respondam-me!”. Eles discutiram a questão entre si: “Se dissermos que vinha do céu, ele perguntará por que não cremos em João. Mas será que ousamos dizer que era apenas humana?”. Tinham medo do que o povo faria, pois todos acreditavam que João era profeta. Por fim, responderam: “Não sabemos”. E Jesus replicou: “Então eu também não direi com que autoridade faço essas coisas”. Então Jesus começou a lhes ensinar por meio de parábolas: “Um homem plantou um vinhedo. Construiu uma cerca ao seu redor, um tanque de prensar e uma torre para o guarda. Depois, arrendou o vinhedo a alguns lavradores e partiu para um lugar distante. No tempo da colheita da uva, enviou um de seus servos para receber sua parte da produção. Os lavradores agarraram o servo, o espancaram e o mandaram de volta de mãos vazias. Então o dono da terra enviou outro servo, mas eles o insultaram e bateram na cabeça dele. O próximo servo que ele mandou foi morto. Outros servos que ele enviou foram espancados ou mortos, até que só restou um: seu filho muito amado. Por fim, o dono o enviou, pois pensou: ‘Certamente respeitarão meu filho’. “Os lavradores, porém, disseram uns aos outros: ‘Aí vem o herdeiro da propriedade. Vamos matá-lo e tomar posse desta terra!’. Então o agarraram, o mataram e jogaram seu corpo para fora do vinhedo. “O que vocês acham que o dono do vinhedo fará?”, perguntou Jesus. “Ele virá, matará os lavradores e arrendará o vinhedo a outros. Vocês nunca leram nas Escrituras: ‘A pedra que os construtores rejeitaram se tornou a pedra angular. Isso é obra do Senhor e é maravilhosa de ver’?” Os líderes religiosos queriam prender Jesus, pois perceberam que eram eles os lavradores maus a que Jesus se referia. No entanto, por medo da multidão, deixaram-no e foram embora. Mais tarde, os líderes enviaram alguns fariseus e membros do partido de Herodes com o objetivo de levar Jesus a dizer algo que desse motivo para o prenderem. Disseram: “Mestre, sabemos como o senhor é honesto. É imparcial e não demonstra favoritismo. Ensina o caminho de Deus de acordo com a verdade. Agora, diga-nos: É certo pagar impostos a César ou não? Devemos pagar ou não?”. Jesus percebeu a hipocrisia deles e disse: “Por que vocês tentam me apanhar numa armadilha? Mostrem-me uma moeda de prata, e eu lhes direi”. Quando lhe deram a moeda, ele disse: “De quem são a imagem e o título nela gravados?”. “De César”, responderam. “Então deem a César o que pertence a César, e deem a Deus o que pertence a Deus”, disse ele. Sua resposta os deixou muito admirados. Depois vieram a Jesus alguns saduceus, líderes religiosos que afirmam não haver ressurreição dos mortos, e perguntaram: “Mestre, Moisés nos deu uma lei segundo a qual se um homem morrer sem deixar filhos, o irmão dele deve se casar com a viúva e ter um filho que dará continuidade ao nome do irmão. Numa família havia sete irmãos. O mais velho se casou e morreu sem deixar filhos. O segundo irmão se casou com a viúva, mas também morreu sem deixar filhos. Então o terceiro irmão se casou com ela. O mesmo aconteceu até o sétimo irmão, e nenhum deixou filhos. Por fim, a mulher também morreu. Diga-nos, de quem ela será esposa na ressurreição? Afinal, os sete se casaram com ela”. Jesus respondeu: “O erro de vocês está em não conhecerem as Escrituras nem o poder de Deus. Pois, quando os mortos ressuscitarem, não se casarão nem se darão em casamento. Nesse sentido, serão como os anjos do céu. “Agora, quanto a haver ressurreição dos mortos, vocês não leram a esse respeito nos escritos de Moisés, no relato sobre o arbusto em chamas? Deus disse a Moisés: ‘Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó’. Portanto, ele é o Deus dos vivos, e não dos mortos. Vocês estão completamente enganados!”. Um dos mestres da lei estava ali ouvindo a discussão. Ao perceber que Jesus tinha respondido bem, perguntou: “De todos os mandamentos, qual é o mais importante?”. Jesus respondeu: “O mandamento mais importante é este: ‘Ouça, ó Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de toda a sua mente e de todas as suas forças’. O segundo é igualmente importante: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Nenhum outro mandamento é maior que esses”. O mestre da lei respondeu: “Muito bem, mestre. O senhor falou a verdade ao dizer que há só um Deus, e nenhum outro. E sei que é importante amá-lo de todo o meu coração, de todo o meu entendimento e de todas as minhas forças, e amar o meu próximo como a mim mesmo. É mais importante que oferecer todos os holocaustos e sacrifícios exigidos pela lei”. Ao perceber quanto o homem compreendia, Jesus disse: “Você não está longe do reino de Deus”. Depois disso, ninguém se atreveu a lhe fazer mais perguntas. Mais tarde, enquanto ensinava o povo no templo, Jesus fez a seguinte pergunta: “Por que os mestres da lei afirmam que o Cristo é filho de Davi? O próprio Davi, falando por meio do Espírito Santo, disse: ‘O Senhor disse ao meu Senhor: Sente-se no lugar de honra à minha direita até que eu humilhe seus inimigos debaixo de seus pés’. Uma vez que Davi chamou o Cristo de ‘meu Senhor’, como ele pode ser filho de Davi?”. E a grande multidão o ouvia com prazer. Jesus também ensinou: “Cuidado com os mestres da lei! Eles gostam de se exibir com vestes longas e de receber saudações respeitosas quando andam pelas praças. E como gostam de sentar-se nos lugares de honra nas sinagogas e à cabeceira da mesa nos banquetes! No entanto, tomam posse dos bens das viúvas de maneira desonesta e, depois, para dar a impressão de piedade, fazem longas orações em público. Por causa disso, serão duramente castigados”. Jesus sentou-se perto da caixa de ofertas do templo e ficou observando o povo colocar o dinheiro. Muitos ricos contribuíam com grandes quantias. Então veio uma viúva pobre e colocou duas moedas pequenas. Jesus chamou seus discípulos e disse: “Eu lhes digo a verdade: essa viúva depositou na caixa de ofertas mais que todos os outros. Eles deram uma parte do que lhes sobrava, mas ela, em sua pobreza, deu tudo que tinha”. Quando Jesus saía do templo, um de seus discípulos disse: “Mestre, olhe que construções magníficas! Que pedras impressionantes!”. Jesus respondeu: “Está vendo estas grandes construções? Serão completamente destruídas. Não restará pedra sobre pedra!”. Mais tarde, Jesus sentou-se no monte das Oliveiras, do outro lado do vale, de frente para o templo. Pedro, Tiago, João e André vieram e lhe perguntaram em particular: “Diga-nos, quando isso tudo vai acontecer? Que sinais indicarão que essas coisas estão prestes a se cumprir?”. Jesus respondeu: “Não deixem que ninguém os engane, pois muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Eu sou o Cristo’, e enganarão muitos. Vocês ouvirão falar de guerras e ameaças de guerras, mas não entrem em pânico. Sim, é necessário que essas coisas ocorram, mas ainda não será o fim. Uma nação guerreará contra a outra, e um reino contra o outro. Haverá terremotos em vários lugares, e também fome. Tudo isso, porém, será apenas o começo das dores de parto. “Tenham cuidado! Vocês serão entregues aos tribunais e açoitados nas sinagogas. Por minha causa, serão julgados diante de governadores e reis. Essa será sua oportunidade de lhes falar a meu respeito. É necessário, primeiro, que as boas-novas sejam anunciadas a todas as nações. Quando forem presos e julgados, não se preocupem com o que dirão. Falem apenas o que lhes for concedido naquele momento, pois não serão vocês que falarão, mas o Espírito Santo. “O irmão trairá seu irmão e o entregará à morte, e assim também o pai a seu próprio filho. Os filhos se rebelarão contra os pais e os matarão. Todos os odiarão por minha causa, mas quem se mantiver firme até o fim será salvo. “Chegará o dia em que vocês verão a ‘terrível profanação’ no lugar onde não deveria estar. (Leitor, preste atenção!) Então, quem estiver na Judeia, fuja para os montes. Quem estiver na parte de cima da casa, não desça nem entre para pegar coisa alguma. Quem estiver no campo, não volte nem para pegar o manto. Que terríveis serão aqueles dias para as grávidas e para as mães que estiverem amamentando! Orem para que a fuga de vocês não aconteça no inverno, pois haverá mais angústia naqueles dias que em qualquer outra ocasião desde que Deus criou o mundo, e nunca mais haverá angústia tão grande. De fato, se o Senhor não tivesse limitado esse tempo, ninguém sobreviveria, mas, por causa de seus escolhidos, ele limitou aqueles dias. “Portanto, se alguém lhes disser: ‘Vejam, aqui está o Cristo!’ ou ‘Vejam, ali está ele!’, não acreditem, pois falsos cristos e falsos profetas surgirão e realizarão sinais e maravilhas a fim de enganar, se possível, até os escolhidos. Fiquem atentos! Eu os avisei a esse respeito de antemão. “Naquele tempo, depois da angústia daqueles dias, ‘o sol escurecerá, a lua não dará luz, as estrelas cairão do céu, e os poderes dos céus serão abalados’. Então todos verão o Filho do Homem vindo nas nuvens com grande poder e glória. Ele enviará seus anjos para reunir seus escolhidos de todas as partes do mundo, das extremidades da terra às extremidades do céu. “Agora, aprendam a lição da figueira. Quando surgem seus ramos e suas folhas começam a brotar, vocês sabem que o verão está próximo. Da mesma forma, quando virem todas essas coisas, saberão que o tempo está muito próximo, à porta. Eu lhes digo a verdade: esta geração certamente não passará até que todas essas coisas tenham acontecido. O céu e a terra desaparecerão, mas as minhas palavras jamais desaparecerão. “Contudo, ninguém sabe o dia nem a hora em que essas coisas acontecerão, nem mesmo os anjos no céu, nem o Filho. Somente o Pai sabe. E, uma vez que vocês não sabem quando virá esse tempo, vigiem! Fiquem atentos! “A vinda do Filho do Homem pode ser ilustrada pela história de um homem que partiu numa longa viagem. Quando saiu de casa, deu instruções a cada um de seus servos sobre o que fazer e disse ao porteiro que vigiasse, à espera de sua volta. Vocês também devem vigiar! Pois não sabem quando o dono da casa voltará: à tarde, à meia-noite, de madrugada ou ao amanhecer. Que ele não os encontre dormindo quando chegar sem aviso. Eu lhes digo o que digo a todos: vigiem!”. Faltavam dois dias para a Páscoa e para a Festa dos Pães sem Fermento. Os principais sacerdotes e mestres da lei ainda procuravam uma oportunidade de prender Jesus em segredo e matá-lo. “Mas não durante a festa da Páscoa, para não haver tumulto entre o povo”, concordaram entre eles. Enquanto isso, Jesus estava em Betânia, na casa de Simão, o leproso. Quando ele estava à mesa, uma mulher entrou com um frasco de alabastro contendo um perfume caro, feito de essência de nardo. Ela quebrou o frasco e derramou o perfume sobre a cabeça dele. Alguns dos que estavam à mesa ficaram indignados. “Por que desperdiçar um perfume tão caro?”, perguntaram. “Poderia ter sido vendido por trezentas moedas de prata, e o dinheiro, dado aos pobres!” E repreenderam a mulher severamente. Jesus, porém, disse: “Deixem-na em paz. Por que a criticam por ter feito algo tão bom para mim? Vocês sempre terão os pobres em seu meio e poderão ajudá-los sempre que desejarem, mas nem sempre terão a mim. Ela fez o que podia e ungiu meu corpo de antemão para o sepultamento. “Eu lhes digo a verdade: onde quer que as boas-novas sejam anunciadas pelo mundo, o que esta mulher fez será contado, e dela se lembrarão”. Então Judas Iscariotes, um dos Doze, foi aos principais sacerdotes para combinar de lhes entregar Jesus. Quando souberam por que ele tinha vindo, ficaram muito satisfeitos e lhe prometeram dinheiro. Então ele começou a procurar uma oportunidade para trair Jesus. No primeiro dia da Festa dos Pães sem Fermento, quando o cordeiro pascal era sacrificado, os discípulos de Jesus lhe perguntaram: “Onde quer que lhe preparemos a refeição da Páscoa?”. Então Jesus enviou dois deles a Jerusalém, com as seguintes instruções: “Ao entrarem na cidade, um homem carregando uma vasilha de água virá ao seu encontro. Sigam-no. Digam ao dono da casa em que ele entrar: ‘O Mestre pergunta: Onde fica o aposento no qual comerei a refeição da Páscoa com meus discípulos?’. Ele os levará a uma sala grande no andar superior, que já estará arrumada. Preparem ali a refeição”. Então os dois discípulos foram à cidade e encontraram tudo como Jesus tinha dito, e ali prepararam a refeição da Páscoa. Ao anoitecer, Jesus chegou com os Doze. Quando estavam à mesa, comendo, Jesus disse: ‘Eu lhes digo a verdade: um de vocês que está aqui comendo comigo vai me trair”. Aflitos, eles protestaram: “Certamente não serei eu!”. Jesus respondeu: “É um dos Doze. É alguém que come comigo da mesma tigela. Pois o Filho do Homem deve morrer, como as Escrituras declararam há muito tempo. Mas que terrível será para aquele que o trair! Para esse homem seria melhor não ter nascido”. Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e o abençoou. Em seguida, partiu-o em pedaços e deu aos discípulos, dizendo: “Tomem, porque este é o meu corpo”. Então tomou o cálice de vinho e agradeceu a Deus. Depois, entregou-o aos discípulos, e todos beberam. Então Jesus disse: “Este é o meu sangue, que confirma a aliança. Ele é derramado como sacrifício por muitos. Eu lhes digo a verdade: não voltarei a beber vinho até aquele dia em que beberei um vinho novo no reino de Deus”. Então cantaram um hino e saíram para o monte das Oliveiras. No caminho, Jesus disse: “Todos vocês me abandonarão, pois as Escrituras dizem: ‘Deus ferirá o pastor, e as ovelhas serão dispersas’. Mas, depois de ressuscitar, irei adiante de vocês à Galileia”. Pedro declarou: “Mesmo que todos os outros o abandonem, eu jamais farei isso”. Jesus respondeu: “Eu lhe digo a verdade: esta mesma noite, antes que o galo cante duas vezes, você me negará três vezes”. Pedro, no entanto, insistiu enfaticamente: “Mesmo que eu tenha de morrer ao seu lado, jamais o negarei!”. E todos os outros discípulos disseram o mesmo. Então foram a um lugar chamado Getsêmani, e Jesus disse a seus discípulos: “Sentem-se aqui enquanto vou orar”. Levou consigo Pedro, Tiago e João e começou a sentir grande pavor e angústia. “Minha alma está profundamente triste, a ponto de morrer”, disse ele. “Fiquem aqui e vigiem.” Ele avançou um pouco e curvou-se até o chão. Então orou para que, se possível, a hora que o esperava fosse afastada dele. E clamou: “Aba, Pai, tudo é possível para ti. Peço que afastes de mim este cálice. Contudo, que seja feita a tua vontade, e não a minha”. Depois, voltou aos discípulos e os encontrou dormindo. “Simão, você está dormindo?”, disse ele a Pedro. “Não pode vigiar comigo nem por uma hora? Vigiem e orem para que não cedam à tentação, pois o espírito está disposto, mas a carne é fraca.” Então os deixou novamente e fez a mesma oração de antes. Quando voltou pela segunda vez, mais uma vez encontrou os discípulos dormindo, pois não conseguiam manter os olhos abertos. Eles não sabiam o que dizer. Ao voltar pela terceira vez, disse: “Vocês ainda dormem e descansam? Basta; chegou a hora. O Filho do Homem está para ser entregue nas mãos de pecadores. Levantem-se e vamos. Meu traidor chegou”. No mesmo instante, enquanto Jesus ainda falava, Judas, um dos Doze, chegou com uma multidão armada de espadas e pedaços de pau. Tinham sido enviados pelos principais sacerdotes, mestres da lei e líderes do povo. O traidor havia combinado com eles um sinal: “Vocês saberão a quem devem prender quando eu o cumprimentar com um beijo. Então poderão levá-lo em segurança”. Assim que chegaram, Judas se aproximou de Jesus. “Rabi!”, exclamou ele, e o beijou. Os outros agarraram Jesus e o prenderam. Mas um dos que estavam com Jesus puxou a espada e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha. Jesus perguntou: “Por acaso sou um revolucionário perigoso, para que venham me prender com espadas e pedaços de pau? Por que não me prenderam no templo? Todos os dias estive ali, no meio de vocês, ensinando. Mas estas coisas estão acontecendo para que se cumpra o que dizem as Escrituras”. Então todos o abandonaram e fugiram. Um jovem que os seguia vestia apenas um lençol de linho. Quando a multidão tentou agarrá-lo, ele deixou para trás o lençol e escapou nu. Levaram Jesus para a casa do sumo sacerdote, onde estavam reunidos os principais sacerdotes, os líderes do povo e os mestres da lei. Pedro seguia Jesus de longe e entrou no pátio do sumo sacerdote. Ali, sentou-se com os guardas para se aquecer junto ao fogo. Lá dentro, os principais sacerdotes e todo o conselho dos líderes do povo tentavam, sem sucesso, encontrar provas contra Jesus, para que pudessem condená-lo à morte. Muitas testemunhas falsas deram depoimentos, mas elas se contradiziam. Por fim, alguns homens se levantaram e apresentaram o seguinte testemunho falso: “Nós o ouvimos dizer: ‘Destruirei este templo feito por mãos humanas e em três dias construirei outro, não feito por mãos humanas’”. Mas nem assim seus depoimentos eram coerentes. Então o sumo sacerdote se levantou diante dos demais e perguntou a Jesus: “Você não vai responder a essas acusações? O que tem a dizer em sua defesa?”. Jesus, no entanto, permaneceu calado e não deu resposta alguma. Então o sumo sacerdote perguntou: “Você é o Cristo, o Filho do Deus Bendito?”. “Eu sou”, disse Jesus. “E vocês verão o Filho do Homem sentado à direita do Deus Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu.” Então o sumo sacerdote rasgou as vestes e disse: “Que necessidade temos de outras testemunhas? Todos ouviram a blasfêmia. Qual é o veredicto?”. E todos o julgaram culpado e o condenaram à morte. Então alguns deles começaram a cuspir em Jesus. Vendaram seus olhos e lhe deram socos. “Profetize para nós!”, zombavam. E os guardas lhe davam tapas enquanto o levavam. Enquanto isso, Pedro estava lá embaixo, no pátio. Uma das criadas que trabalhava para o sumo sacerdote passou por ali e viu Pedro se aquecendo junto ao fogo. Olhou bem para ele e disse: “Você é um dos que estavam com Jesus de Nazaré”. Ele, porém, negou. “Não faço a menor ideia do que você está falando!”, disse, e caminhou em direção à saída. Naquele instante, o galo cantou. Quando a criada o viu ali, começou a dizer aos outros: “Este homem com certeza é um deles!”. Mas Pedro negou novamente. Um pouco mais tarde, alguns dos que estavam por lá confrontaram Pedro, dizendo: “Você deve ser um deles, pois é galileu”. Ele, porém, começou a praguejar e jurou: “Não conheço esse homem de quem vocês estão falando!”. E, no mesmo instante, o galo cantou pela segunda vez. Então Pedro se lembrou das palavras de Jesus: “Antes que o galo cante duas vezes, você me negará três vezes”. E começou a chorar. De manhã bem cedo, os principais sacerdotes, os líderes do povo e os mestres da lei — todo o alto conselho — se reuniram para discutir o que fariam em seguida. Então amarraram Jesus, o levaram e o entregaram a Pilatos. Pilatos lhe perguntou: “Você é o rei dos judeus?”. Jesus respondeu: “É como você diz”. Os principais sacerdotes o acusaram de vários crimes, e Pilatos perguntou: “Você não vai responder? O que diz de todas essas acusações?”. Mas, para surpresa de Pilatos, Jesus não disse coisa alguma. A cada ano, durante a festa da Páscoa, era costume libertar um prisioneiro, qualquer um que a multidão escolhesse. Um dos prisioneiros era Barrabás, um revolucionário que havia cometido assassinato durante uma revolta. A multidão foi a Pilatos e pediu que ele libertasse um prisioneiro, como de costume. Pilatos perguntou: “Querem que eu solte o ‘rei dos judeus’?”. (Pois havia percebido que os principais sacerdotes tinham prendido Jesus por inveja.) Nesse momento, os principais sacerdotes instigaram a multidão a pedir a libertação de Barrabás em vez de Jesus. Pilatos lhes perguntou: “Então o que farei com este homem que vocês chamam de ‘rei dos judeus’?”. “Crucifique-o!”, gritou a multidão. “Por quê?”, quis saber Pilatos. “Que crime ele cometeu?” Mas a multidão gritou ainda mais alto: “Crucifique-o!”. Para acalmar a multidão, Pilatos lhes soltou Barrabás. Então, depois de mandar açoitar Jesus, entregou-o aos soldados romanos para que fosse crucificado. Os soldados levaram Jesus para o palácio do governador (lugar conhecido como Pretório) e chamaram todo o regimento. Vestiram Jesus com um manto vermelho, teceram uma coroa de espinhos e a colocaram em sua cabeça. Então o saudavam, zombando: “Salve, rei dos judeus!”. Batiam em sua cabeça com uma vara, cuspiam nele e ajoelhavam-se, fingindo adorá-lo. Quando se cansaram de zombar dele, tiraram o manto vermelho e o vestiram com suas roupas. Então o levaram para ser crucificado. Um homem chamado Simão, de Cirene, passava ali naquele momento, vindo do campo. Os soldados o obrigaram a carregar a cruz. (Simão era pai de Alexandre e Rufo.) Levaram Jesus a um lugar chamado Gólgota (que quer dizer “Lugar da Caveira”). Ofereceram-lhe vinho misturado com mirra, mas ele recusou. Então os soldados o pregaram na cruz. Depois, dividiram as roupas dele e tiraram sortes para decidir quem ficava com cada peça. Eram nove horas da manhã quando o crucificaram. Uma tabuleta anunciava a acusação feita contra ele: “O Rei dos Judeus”. Dois criminosos foram crucificados com ele, um à sua direita e outro à sua esquerda. Assim, cumpriram-se as Escrituras que diziam: “Ele foi contado entre os rebeldes”. O povo que passava por ali gritava insultos e sacudia a cabeça em zombaria. “Olhe só!”, gritavam. “Você disse que destruiria o templo e o reconstruiria em três dias. Pois bem, salve a si mesmo e desça da cruz!” Os principais sacerdotes e os mestres da lei também zombavam de Jesus. “Salvou os outros, mas não pode salvar a si mesmo!”, diziam. “Que esse Cristo, o rei de Israel, desça da cruz agora mesmo para que vejamos e creiamos nele!” Até os homens crucificados com Jesus o insultavam. Ao meio-dia, desceu sobre toda a terra uma escuridão que durou três horas. Por volta das três da tarde, Jesus clamou em alta voz: “ Eloí, Eloí, lamá sabactâni? ”, que quer dizer: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”. Alguns dos que estavam ali, ouvindo isso, disseram: “Ele está chamando Elias”. Um deles correu, ensopou uma esponja com vinagre e a ergueu num caniço para que ele bebesse. “Esperem!”, disse ele. “Vamos ver se Elias vem tirá-lo daí.” Então Jesus clamou em alta voz e deu o último suspiro. A cortina do santuário do templo se rasgou em duas partes, de cima até embaixo. Quando o oficial romano que estava diante dele viu como ele havia morrido, exclamou: “Este homem era verdadeiramente o Filho de Deus!”. Algumas mulheres observavam de longe. Entre elas estavam Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, o mais jovem, e de José, e Salomé. Eram seguidoras de Jesus e o haviam servido na Galileia. Também estavam ali muitas mulheres que foram com ele a Jerusalém. Tudo isso aconteceu na sexta-feira, o dia da preparação, antes do sábado. Ao entardecer, José de Arimateia foi corajosamente a Pilatos e pediu o corpo de Jesus. (José era um membro respeitado do conselho dos líderes do povo e esperava a chegada do reino de Deus.) Surpreso com o fato de Jesus já estar morto, Pilatos chamou o oficial romano e perguntou se fazia muito tempo que ele havia morrido. O oficial confirmou que Jesus estava morto, e Pilatos disse a José que podia levar o corpo. José comprou um lençol de linho, desceu o corpo de Jesus da cruz, envolveu-o no lençol e colocou-o num túmulo escavado na rocha. Então rolou uma grande pedra na entrada do túmulo. Maria Madalena e Maria, mãe de José, viram onde o corpo de Jesus tinha sido sepultado. Ao entardecer do dia seguinte, terminado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé foram comprar especiarias para ungir o corpo de Jesus. No domingo de manhã, bem cedo, ao nascer do sol, elas foram ao túmulo. No caminho, perguntavam umas às outras: “Quem removerá para nós a pedra da entrada do túmulo?”. Mas, quando chegaram, foram verificar e viram que a pedra, que era muito grande, já havia sido removida. Ao entrarem no túmulo, viram um jovem vestido de branco sentado do lado direito. Ficaram assustadas, mas ele disse: “Não tenham medo. Vocês procuram Jesus de Nazaré, que foi crucificado. Ele não está aqui. Ressuscitou! Vejam, este é o lugar onde haviam colocado seu corpo. Agora vão e digam aos discípulos, incluindo Pedro, que Jesus vai adiante deles à Galileia. Vocês o verão lá, como ele lhes disse”. Trêmulas e desnorteadas, as mulheres fugiram do túmulo e não disseram coisa alguma a ninguém, pois estavam assustadas demais. Quando Jesus ressuscitou dos mortos, no domingo de manhã, bem cedo, a primeira pessoa que o viu foi Maria Madalena, a mulher de quem ele havia expulsado sete demônios. Ela foi aos discípulos, que lamentavam e choravam, e contou o que havia acontecido. Quando ela disse que Jesus estava vivo e que o tinha visto, eles não acreditaram. Depois, Jesus apareceu em outra forma a dois de seus seguidores, enquanto iam de Jerusalém para o campo. Voltaram correndo para contar aos outros, mas eles não acreditaram. Mais tarde, enquanto os onze discípulos comiam, Jesus lhes apareceu. Ele os repreendeu por sua incredulidade obstinada, pois se recusaram a crer naqueles que o tinham visto depois de sua ressurreição. Jesus lhes disse: “Vão ao mundo inteiro e anunciem as boas-novas a todos. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem se recusar a crer será condenado. Os seguintes sinais acompanharão aqueles que crerem: em meu nome expulsarão demônios, falarão em novas línguas, pegarão em serpentes sem correr perigo, se beberem algo venenoso, não lhes fará mal, e colocarão as mãos sobre os enfermos e eles serão curados”. Quando o Senhor Jesus acabou de falar com eles, foi levado para o céu e sentou-se à direita de Deus. Os discípulos foram a toda parte e anunciavam a mensagem, e o Senhor cooperava com eles, confirmando-a com muitos sinais. Muitos se propuseram a escrever uma narração dos acontecimentos que se cumpriram entre nós. Usaram os relatos que nos foram transmitidos por aqueles que, desde o princípio, foram testemunhas oculares e servos da palavra. Depois de investigar tudo detalhadamente desde o início, também decidi escrever-lhe um relato preciso, excelentíssimo Teófilo, para que tenha plena certeza de tudo que lhe foi ensinado. Quando Herodes era rei da Judeia, havia um sacerdote chamado Zacarias, que fazia parte do grupo sacerdotal de Abias. Sua esposa, Isabel, também pertencia à linhagem sacerdotal de Arão. Zacarias e Isabel eram justos aos olhos de Deus e obedeciam cuidadosamente a todos os mandamentos e estatutos do Senhor. Não tinham filhos, pois Isabel era estéril, e ambos já estavam bem velhos. Certo dia, Zacarias estava servindo diante de Deus no templo, pois seu grupo realizava o trabalho sacerdotal, conforme a escala. Foi escolhido por sorteio, como era costume dos sacerdotes, para entrar no santuário do Senhor e queimar incenso. Enquanto o incenso era queimado, uma grande multidão orava do lado de fora. Então um anjo do Senhor lhe apareceu, à direita do altar de incenso. Ao vê-lo, Zacarias ficou muito abalado e assustado. O anjo, porém, lhe disse: “Não tenha medo, Zacarias! Sua oração foi ouvida. Isabel, sua esposa, lhe dará um filho, e você o chamará João. Você terá grande satisfação e alegria, e muitos se alegrarão com o nascimento do menino, pois ele será grande aos olhos do Senhor. Nunca tomará vinho nem outra bebida forte. Será cheio do Espírito Santo, antes mesmo de nascer. Fará muitos israelitas voltarem ao Senhor, seu Deus. Será um homem com o espírito e o poder de Elias, e preparará o povo para a vinda do Senhor. Fará o coração dos pais voltar para seus filhos e levará os rebeldes a aceitarem a sabedoria dos justos”. Zacarias disse ao anjo: “Como posso ter certeza de que isso acontecerá? Já sou velho, e minha mulher também é de idade avançada”. O anjo respondeu: “Sou Gabriel, e estou sempre na presença de Deus. Foi ele quem me enviou para lhe trazer estas boas-novas. Agora, porém, você ficará mudo até os dias em que essas coisas acontecerão, pois não acreditou em minhas palavras, que se cumprirão no devido tempo”. Enquanto isso, o povo esperava Zacarias sair do santuário e se perguntava por que ele demorava tanto. Quando finalmente saiu, não conseguia falar com eles, e perceberam por seus gestos e seu silêncio que ele havia tido uma visão no santuário. Ao fim de seus dias de serviço no templo, Zacarias voltou para casa. Pouco tempo depois, sua esposa, Isabel, engravidou e não saiu de casa por cinco meses. “Como o Senhor foi bom para mim em minha velhice!”, exclamou ela. “Tirou de mim a humilhação pública de não ter filhos!” No sexto mês da gestação de Isabel, Deus enviou o anjo Gabriel a Nazaré, uma cidade da Galileia, a uma virgem de nome Maria. Ela estava prometida em casamento a um homem chamado José, descendente do rei Davi. Gabriel apareceu a ela e lhe disse: “Alegre-se, mulher favorecida! O Senhor está com você!”. Confusa, Maria tentou imaginar o que o anjo quis dizer. “Não tenha medo, Maria”, disse o anjo, “pois você encontrou favor diante de Deus. Ficará grávida e dará à luz um filho, e o chamará Jesus. Ele será grande, e será chamado Filho do Altíssimo. O Senhor Deus lhe dará o trono de seu antepassado Davi, e ele reinará sobre Israel para sempre; seu reino jamais terá fim!” Maria perguntou ao anjo: “Como isso acontecerá? Eu sou virgem!”. O anjo respondeu: “O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com sua sombra. Portanto, o bebê que vai nascer será santo, e será chamado Filho de Deus. Além disso, sua parenta, Isabel, ficou grávida em idade avançada. As pessoas diziam que ela era estéril, mas ela concebeu um filho e está no sexto mês de gestação. Pois nada é impossível para Deus”. Maria disse: “Sou serva do Senhor. Que aconteça comigo tudo que foi dito a meu respeito”. E o anjo a deixou. Alguns dias depois, Maria dirigiu-se apressadamente à região montanhosa da Judeia, à cidade onde Zacarias morava. Ela entrou na casa e saudou Isabel. Ao ouvir a saudação de Maria, o bebê de Isabel se agitou dentro dela, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Em alta voz, Isabel exclamou: “Você é abençoada entre as mulheres, e abençoada é a criança em seu ventre! Por que tenho a grande honra de receber a visita da mãe do meu Senhor? Quando ouvi sua saudação, o bebê em meu ventre se agitou de alegria. Você é abençoada, pois creu no que o Senhor disse que faria!”. Maria respondeu: “Minha alma exalta ao Senhor! Como meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador! Pois ele observou sua humilde serva, e, de agora em diante, todas as gerações me chamarão abençoada. Pois o Poderoso é santo, e fez grandes coisas por mim. Demonstra misericórdia a todos que o temem, geração após geração. Seu braço poderoso fez coisas tremendas! Dispersou os orgulhosos e os arrogantes. Derrubou príncipes de seus tronos e exaltou os humildes. Encheu de coisas boas os famintos e despediu de mãos vazias os ricos. Ajudou seu servo Israel e lembrou-se de ser misericordioso. Pois assim prometeu a nossos antepassados, a Abraão e a seus descendentes para sempre”. Maria ficou com Isabel cerca de três meses, e então voltou para casa. Chegado o tempo de seu bebê nascer, Isabel deu à luz um filho. Vizinhos e parentes se alegraram ao tomar conhecimento de que o Senhor havia sido tão misericordioso com ela. Quando o bebê estava com oito dias, eles vieram para a cerimônia de circuncisão. Queriam chamar o menino de Zacarias, como o pai, mas Isabel disse: “Não! Seu nome é João!”. Então eles lhe disseram: “Não há ninguém em sua família com esse nome”, e com gestos perguntaram ao pai como queria chamar o bebê. Ele pediu que lhe dessem uma tabuinha e, para surpresa de todos, escreveu: “Seu nome é João”. No mesmo instante, Zacarias voltou a falar e começou a louvar a Deus. Toda a vizinhança se encheu de temor, e a notícia do que havia acontecido se espalhou por toda a região montanhosa da Judeia. Todos que ficavam sabendo meditavam sobre esses acontecimentos e perguntavam: “O que vai ser esse menino?”. Pois a mão do Senhor estava sobre ele. Então seu pai, Zacarias, ficou cheio do Espírito Santo e profetizou: “Seja bendito o Senhor, o Deus de Israel, pois visitou e resgatou seu povo. Ele nos enviou poderosa salvação da linhagem real de seu servo Davi, como havia prometido muito tempo atrás por meio de seus santos profetas. Agora seremos salvos de nossos inimigos e de todos que nos odeiam. Ele foi misericordioso com nossos antepassados ao lembrar-se de sua santa aliança, o juramento solene que fez com nosso antepassado Abraão. Prometeu livrar-nos de nossos inimigos para o servirmos sem medo, em santidade e justiça, enquanto vivermos. “E você, meu filhinho, será chamado profeta do Altíssimo, pois preparará o caminho para o Senhor. Dirá a seu povo como encontrar salvação por meio do perdão de seus pecados. Graças à terna misericórdia de nosso Deus, a luz da manhã, vinda do céu, está prestes a raiar sobre nós, para iluminar aqueles que estão na escuridão e na sombra da morte e nos guiar ao caminho da paz”. João cresceu e se fortaleceu em espírito. E viveu no deserto até chegar o tempo de se apresentar ao povo de Israel. Naqueles dias, o imperador Augusto decretou um recenseamento em todo o império romano. (Esse foi o primeiro recenseamento realizado quando Quirino era governador da Síria.) Todos voltaram à cidade de origem para se registrar. Por ser descendente do rei Davi, José viajou da cidade de Nazaré da Galileia para Belém, na Judeia, terra natal de Davi, levando consigo Maria, sua noiva, que estava grávida. E, estando eles ali, chegou a hora de nascer o bebê. Ela deu à luz seu primeiro filho, um menino. Envolveu-o em faixas de pano e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria. Naquela noite, havia alguns pastores nos campos próximos, vigiando rebanhos de ovelhas. De repente, um anjo do Senhor apareceu entre eles, e o brilho da glória do Senhor os cercou. Ficaram aterrorizados, mas o anjo lhes disse: “Não tenham medo! Trago boas notícias, que darão grande alegria a todo o povo. Hoje em Belém, a cidade de Davi, nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor! Vocês o reconhecerão por este sinal: encontrarão o bebê enrolado em faixas de pano, deitado numa manjedoura”. De repente, juntou-se ao anjo uma grande multidão do exército celestial, louvando a Deus e dizendo: “Glória a Deus nos mais altos céus, e paz na terra àqueles de que Deus se agrada!”. Quando os anjos voltaram para o céu, os pastores disseram uns aos outros: “Vamos a Belém para ver esse acontecimento que o Senhor nos anunciou”. Indo depressa ao povoado, encontraram Maria e José, e lá estava o bebê, deitado na manjedoura. Depois de o verem, os pastores contaram a todos o que o anjo tinha dito a respeito da criança, e todos que ouviam a história dos pastores ficavam admirados. Maria, porém, guardava todas essas coisas no coração e refletia sobre elas. Os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo que tinham visto e ouvido. Tudo aconteceu como o anjo lhes havia anunciado. Oito dias depois, quando o bebê foi circuncidado, chamaram-no Jesus, o nome que o anjo lhe tinha dado antes mesmo de ele ser concebido. Então chegou o tempo da oferta de purificação, como era a exigência da lei de Moisés. Seus pais o levaram a Jerusalém para apresentá-lo ao Senhor, pois a lei do Senhor dizia: “Se o primeiro filho for menino, será consagrado ao Senhor”. Assim, ofereceram o sacrifício exigido pela lei do Senhor: “duas rolinhas ou dois pombinhos”. Naquela época, vivia em Jerusalém um homem chamado Simeão. Ele era justo e devoto, e esperava ansiosamente pela restauração de Israel. O Espírito Santo estava sobre ele e lhe havia revelado que ele não morreria enquanto não visse o Cristo enviado pelo Senhor. Nesse dia, o Espírito o conduziu ao templo. Assim, quando Maria e José chegaram para apresentar o menino Jesus ao Senhor, como a lei exigia, Simeão tomou a criança nos braços e louvou a Deus, dizendo: “Soberano Deus, agora podes levar em paz o teu servo, como prometeste. Vi a tua salvação, que preparaste para todos os povos. Ele é uma luz de revelação às nações e é a glória do teu povo, Israel!”. Os pais de Jesus ficaram admirados com o que se dizia a respeito dele. Então Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe do bebê: “Este menino está destinado a provocar a queda de muitos em Israel, mas também a ascensão de tantos outros. Foi enviado como sinal de Deus, mas muitos resistirão a ele. Como resultado, serão revelados os pensamentos mais profundos de muitos corações, e você sentirá como se uma espada lhe atravessasse a alma”. A profetisa Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser, também estava no templo. Era muito idosa e havia perdido o marido depois de sete anos de casados e vivido como viúva até os 84 anos. Nunca deixava o templo, adorando a Deus dia e noite, em jejum e oração. Chegou ali naquele momento e começou a louvar a Deus. Falava a respeito da criança a todos que esperavam a redenção de Jerusalém. Após cumprirem todas as exigências da lei do Senhor, os pais de Jesus voltaram para casa em Nazaré, na Galileia. Ali o menino foi crescendo, saudável e forte. Era cheio de sabedoria, e o favor de Deus estava sobre ele. Todos os anos, os pais de Jesus iam a Jerusalém para a festa da Páscoa. Quando Jesus completou doze anos, foram à festa, como de costume. Terminada a celebração, partiram de volta para Nazaré, mas Jesus ficou para trás, em Jerusalém, sem que seus pais notassem sua falta. Pensaram que ele estivesse entre os demais viajantes, mas depois de caminharem um dia inteiro começaram a procurá-lo entre os parentes e amigos. Como não o encontravam, voltaram a Jerusalém para procurá-lo. Por fim, depois de três dias, acharam Jesus no templo, sentado entre os mestres da lei, ouvindo-os e fazendo perguntas. Todos que o ouviam se admiravam de seu entendimento e de suas respostas. Quando o viram, seus pais ficaram perplexos. Sua mãe lhe disse: “Filho, por que você fez isso conosco? Seu pai e eu estávamos aflitos, procurando você por toda parte”. “Mas por que me procuravam?”, perguntou ele. “Não sabiam que eu devia estar na casa de meu Pai?” Não entenderam, porém, o que ele quis dizer. Então voltou com os pais para Nazaré, e lhes era obediente. Sua mãe guardava todas essas coisas no coração. Jesus crescia em sabedoria, em estatura e no favor de Deus e das pessoas. Era o décimo quinto ano do reinado do imperador Tibério César. Pôncio Pilatos era governador da Judeia; Herodes Antipas governava a Galileia; seu irmão Filipe governava a Itureia e Traconites; e Lisânias governava Abilene. Anás e Caifás eram os sumos sacerdotes. Nesse ano, veio uma mensagem de Deus a João, filho de Zacarias, que vivia no deserto. João percorreu os arredores do rio Jordão, pregando o batismo como sinal de arrependimento para o perdão dos pecados. O profeta Isaías se referia a João quando escreveu em seu livro: “Ele é uma voz que clama no deserto: ‘Preparem o caminho para a vinda do Senhor! Abram uma estrada para ele! Os vales serão aterrados, e os montes e as colinas, nivelados. As curvas serão endireitadas, e os lugares acidentados, aplanados. Então todos verão a salvação enviada por Deus’”. João dizia às multidões que vinham até ele para ser batizadas: “Raça de víboras! Quem os convenceu a fugir da ira que está por vir? Provem por suas ações que vocês se arrependeram. Não digam uns aos outros: ‘Estamos a salvo, pois somos filhos de Abraão’. Isso não significa nada, pois eu lhes digo que até destas pedras Deus pode fazer surgir filhos de Abraão. Agora mesmo o machado do julgamento está pronto para cortar as raízes das árvores. Toda árvore que não produz bons frutos será cortada e lançada ao fogo”. As multidões perguntavam: “O que devemos fazer?”. João respondeu: “Se tiverem duas vestimentas, deem uma a quem não tem. Se tiverem comida, dividam com quem passa fome”. Cobradores de impostos também vinham para ser batizados e perguntavam: “Mestre, o que devemos fazer?”. Ele respondeu: “Não cobrem impostos além daquilo que é exigido”. “E nós?”, perguntaram alguns soldados. “O que devemos fazer?” João respondeu: “Não pratiquem extorsão nem façam acusações falsas. Contentem-se com seu salário”. Todos esperavam que o Cristo viesse em breve, e estavam ansiosos para saber se João era ele. João respondeu às perguntas deles, dizendo: “Eu os batizo com água, mas em breve virá alguém mais poderoso que eu, alguém tão superior que não sou digno de desatar as correias de suas sandálias. Ele os batizará com o Espírito Santo e com fogo. Ele já tem na mão a pá, e com ela separará a palha do trigo, a fim de limpar a área onde os cereais são debulhados. Juntará o trigo no celeiro, mas queimará a palha num fogo que nunca se apaga”. João usou muitas advertências semelhantes ao anunciar as boas-novas ao povo. João também criticou publicamente Herodes Antipas, o governador da Galileia, por ter se casado com Herodias, esposa de seu irmão, e por muitas outras maldades que havia cometido. A essas maldades Herodes acrescentou outra, mandando prender João. Certo dia, quando as multidões estavam sendo batizadas, Jesus também foi batizado. Enquanto ele orava, o céu se abriu, e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea como uma pomba. E uma voz do céu disse: “Você é meu filho amado, que me dá grande alegria”. Jesus estava com cerca de trinta anos quando começou seu ministério. Jesus era conhecido como filho de José. José era filho de Eli. Eli era filho de Matate. Matate era filho de Levi. Levi era filho de Melqui. Melqui era filho de Janai. Janai era filho de José. José era filho de Matatias. Matatias era filho de Amós. Amós era filho de Naum. Naum era filho de Esli. Esli era filho de Nagai. Nagai era filho de Maate. Maate era filho de Matatias. Matatias era filho de Semei. Semei era filho de Joseque. Joseque era filho de Jodá. Jodá era filho de Joanã. Joanã era filho de Ressa. Ressa era filho de Zorobabel. Zorobabel era filho de Salatiel. Salatiel era filho de Neri. Neri era filho de Melqui. Melqui era filho de Adi. Adi era filho de Cosã. Cosã era filho de Elmadã. Elmadã era filho de Er. Er era filho de Josué. Josué era filho de Eliézer. Eliézer era filho de Jorim. Jorim era filho de Matate. Matate era filho de Levi. Levi era filho de Simeão. Simeão era filho de Judá. Judá era filho de José. José era filho de Jonã. Jonã era filho de Eliaquim. Eliaquim era filho de Meleá. Meleá era filho de Mená. Mená era filho de Matatá. Matatá era filho de Natã. Natã era filho de Davi. Davi era filho de Jessé. Jessé era filho de Obede. Obede era filho de Boaz. Boaz era filho de Salmom. Salmom era filho de Naassom. Naassom era filho de Aminadabe. Aminadabe era filho de Admim. Admim era filho de Arni. Arni era filho de Esrom. Esrom era filho de Perez. Perez era filho de Judá. Judá era filho de Jacó. Jacó era filho de Isaque. Isaque era filho de Abraão. Abraão era filho de Terá. Terá era filho de Naor. Naor era filho de Serugue. Serugue era filho de Ragaú. Ragaú era filho de Faleque. Faleque era filho de Éber. Éber era filho de Salá. Salá era filho de Cainã. Cainã era filho de Arfaxade. Arfaxade era filho de Sem. Sem era filho de Noé. Noé era filho de Lameque. Lameque era filho de Matusalém. Matusalém era filho de Enoque. Enoque era filho de Jarede. Jarede era filho de Maalaleel. Maalaleel era filho de Cainã. Cainã era filho de Enos. Enos era filho de Sete. Sete era filho de Adão. Adão era filho de Deus. Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do rio Jordão e foi conduzido pelo Espírito no deserto, onde foi tentado pelo diabo durante quarenta dias. Não comeu nada durante todo esse tempo, e teve fome. Então o diabo lhe disse: “Se você é o Filho de Deus, ordene que esta pedra se transforme em pão”. Jesus, porém, respondeu: “As Escrituras dizem: ‘Uma pessoa não vive só de pão’”. Então o diabo o levou a um lugar alto e, num momento, lhe mostrou todos os reinos do mundo. “Eu lhe darei a glória destes reinos e autoridade sobre eles, pois são meus e posso dá-los a quem eu quiser”, disse o diabo. “Eu lhe darei tudo se me adorar.” Jesus respondeu: “As Escrituras dizem: ‘Adore o Senhor, seu Deus, e sirva somente a ele’”. Então o diabo o levou a Jerusalém, até o ponto mais alto do templo, e disse: “Se você é o Filho de Deus, salte daqui. Pois as Escrituras dizem: ‘Ele ordenará a seus anjos que o protejam. Eles o sustentarão com as mãos, para que não machuque o pé em alguma pedra’”. Jesus respondeu: “As Escrituras dizem: ‘Não ponha à prova o Senhor, seu Deus’”. Quando o diabo terminou de tentar Jesus, deixou-o até que surgisse outra oportunidade. Então Jesus, cheio do poder do Espírito, voltou para a Galileia. Relatos a seu respeito se espalharam rapidamente por toda a região. Ele ensinava nas sinagogas, e todos o elogiavam. Quando Jesus chegou a Nazaré, cidade de sua infância, foi à sinagoga no sábado, como de costume, e se levantou para ler as Escrituras. Entregaram-lhe o livro do profeta Isaías, e ele o abriu e encontrou o lugar onde estava escrito: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pois ele me ungiu para trazer as boas-novas aos pobres. Ele me enviou para anunciar que os cativos serão soltos, os cegos verão, os oprimidos serão libertos, e que é chegado o tempo do favor do Senhor”. Jesus fechou o livro, devolveu-o ao assistente e sentou-se. Todos na sinagoga o olhavam atentamente. Então ele começou a dizer: “Hoje se cumpriram as Escrituras que vocês acabaram de ouvir”. Todos falavam bem dele e estavam admirados com as palavras de graça que saíam de seus lábios. Contudo, perguntavam: “Não é esse o filho de José?”. Então ele disse: “Sem dúvida, vocês citarão para mim o ditado: ‘Médico, cure a si mesmo’, ou seja, ‘Faça aqui, em sua cidade, o mesmo que fez em Cafarnaum’. Eu, porém, lhes digo a verdade: nenhum profeta é aceito em sua própria cidade. “Por certo havia muitas viúvas necessitadas em Israel no tempo de Elias, quando o céu se fechou por três anos e meio e uma fome terrível devastou a terra. E, no entanto, Elias não foi enviado a nenhuma delas, mas sim a uma estrangeira, uma viúva de Sarepta, na região de Sidom. E havia muitos leprosos em Israel no tempo do profeta Eliseu, mas o único que ele curou foi Naamã, o sírio”. Quando ouviram isso, aqueles que estavam na sinagoga ficaram furiosos. Levantaram-se, expulsaram Jesus da cidade e o arrastaram até a beira do monte sobre o qual a cidade tinha sido construída. Pretendiam empurrá-lo precipício abaixo, mas ele passou por entre a multidão e seguiu seu caminho. Então Jesus foi a Cafarnaum, uma cidade na Galileia, onde ensinava na sinagoga aos sábados. Ali também o povo ficou admirado com seu ensino, pois ele falava com autoridade. Certa ocasião, estando ele na sinagoga, um homem possuído por um demônio, um espírito impuro, gritou: “Por que vem nos importunar, Jesus de Nazaré? Veio para nos destruir? Sei quem é você: o Santo de Deus!”. Jesus o repreendeu, dizendo: “Cale-se! Saia deste homem!”. Então o espírito jogou o homem no chão à vista da multidão e saiu dele, sem machucá-lo. Admirado, o povo exclamava: “Que autoridade e poder ele tem! Até os espíritos impuros lhe obedecem e saem quando ele ordena!”. E as notícias a respeito de Jesus se espalharam pelos povoados de toda a região. Depois de sair da sinagoga naquele dia, Jesus foi à casa de Simão, onde encontrou a sogra dele muito doente, com febre alta. Quando os presentes suplicaram por ela, Jesus se pôs ao lado da cama e repreendeu a febre, que a deixou. Ela se levantou de imediato e passou a servi-los. Quando o sol se pôs, as pessoas trouxeram seus familiares enfermos até ele. Qualquer que fosse a doença, ao pôr as mãos sobre eles, Jesus curava a todos. Muitos estavam possuídos por demônios, que saíam gritando: “Você é o Filho de Deus!”. Jesus, no entanto, os repreendia e não permitia que falassem, pois sabiam que ele era o Cristo. Logo cedo na manhã seguinte, Jesus retirou-se para um lugar isolado. As multidões o procuravam por toda parte e, quando finalmente o encontraram, suplicaram que não as deixasse. Ele, porém, disse: “Preciso anunciar as boas-novas do reino de Deus também em outras cidades, pois para isso fui enviado”. E continuou a anunciar sua mensagem nas sinagogas da Judeia. Estando Jesus à beira do lago de Genesaré, grandes multidões se apertavam em volta dele para ouvir a palavra de Deus. Ele notou que, junto à praia, havia dois barcos vazios, deixados por pescadores que lavavam suas redes. Entrou num dos barcos e pediu a Simão, seu dono, que o afastasse um pouco da praia. Então sentou-se no barco e dali ensinou as multidões. Quando terminou de falar, disse a Simão: “Agora vá para onde é mais fundo e lancem as redes para pescar”. Simão respondeu: “Mestre, trabalhamos duro a noite toda e não pegamos nada. Mas, por ser o senhor quem nos pede, vou lançar as redes novamente”. Dessa vez, as redes ficaram tão cheias de peixes que começaram a se rasgar. Então pediram ajuda aos companheiros do outro barco, e logo os dois barcos estavam tão cheios de peixes que quase afundaram. Quando Simão Pedro se deu conta do que havia acontecido, caiu de joelhos diante de Jesus e disse: “Por favor, Senhor, afaste-se de mim, porque sou homem pecador”. Pois ele e seus companheiros ficaram espantados com a quantidade de peixes que haviam pescado, assim como seus sócios, Tiago e João, filhos de Zebedeu. Jesus respondeu a Simão: “Não tenha medo! De agora em diante, você será pescador de gente”. E, assim que chegaram à praia, deixaram tudo e seguiram Jesus. Num povoado, Jesus encontrou um homem coberto de lepra. Quando o homem viu Jesus, prostrou-se com o rosto em terra e suplicou para ser curado, dizendo: “Se o senhor quiser, pode me curar e me deixar limpo”. Jesus estendeu a mão e o tocou. “Eu quero”, respondeu. “Seja curado e fique limpo!” No mesmo instante, a lepra desapareceu. Então Jesus o instruiu a não contar a ninguém o que havia acontecido. “Vá e apresente-se ao sacerdote para que ele o examine”, ordenou. “Leve a oferta que a lei de Moisés exige pela sua purificação. Isso servirá como testemunho.” Mas as notícias a seu respeito se espalhavam ainda mais, e grandes multidões vinham para ouvi-lo e para ser curadas de suas enfermidades. Ele, porém, se retirava para lugares isolados, a fim de orar. Certo dia, enquanto Jesus ensinava, alguns fariseus e mestres da lei estavam sentados por perto. Eles vinham de todos os povoados da Galileia, da Judeia e de Jerusalém. E o poder do Senhor para curar estava sobre Jesus. Alguns homens vieram carregando um paralítico numa maca. Tentaram levá-lo para dentro da casa, até Jesus, mas não conseguiram, por causa da multidão. Então subiram ao topo da casa e removeram uma parte do teto. Em seguida, baixaram o paralítico na maca até o meio da multidão, bem na frente dele. Ao ver a fé que eles tinham, Jesus disse ao paralítico: “Homem, seus pecados estão perdoados”. Mas os fariseus e mestres da lei pensavam: “Quem ele pensa que é? Isso é blasfêmia! Somente Deus pode perdoar pecados!”. Jesus, sabendo o que pensavam, perguntou: “Por que vocês questionam essas coisas em seu coração? O que é mais fácil dizer: ‘Seus pecados estão perdoados?’ ou ‘Levante-se e ande’? Mas eu lhes mostrarei que o Filho do Homem tem autoridade na terra para perdoar pecados”. Então disse ao paralítico: “Levante-se, pegue sua maca e vá para casa”. De imediato, à vista de todos, o homem se levantou, pegou sua maca e foi para casa louvando a Deus. Todos ficaram muito admirados e, cheios de temor, louvaram a Deus, exclamando: “Hoje vimos coisas maravilhosas!”. Depois disso, Jesus saiu da cidade e viu um cobrador de impostos chamado Levi sentado no local onde se coletavam impostos. “Siga-me”, disse-lhe Jesus, e Levi se levantou, deixou tudo e o seguiu. Mais tarde, Levi ofereceu um banquete em sua casa, em honra de Jesus. Muitos cobradores de impostos e outros convidados comeram com eles, mas os fariseus e mestres da lei se queixaram aos discípulos: “Por que vocês comem e bebem com cobradores de impostos e pecadores?”. Jesus lhes respondeu: “As pessoas saudáveis não precisam de médico, mas sim os doentes. Não vim para chamar os justos, mas sim os pecadores, para que se arrependam”. Algumas pessoas disseram a Jesus: “Os discípulos de João Batista jejuam e oram com frequência, e os discípulos dos fariseus também. Por que os seus vivem comendo e bebendo?”. Jesus respondeu: “Por acaso os convidados de um casamento jejuam enquanto festejam com o noivo? Um dia, porém, o noivo lhes será tirado, e então jejuarão”. Jesus também lhes apresentou a seguinte ilustração: “Ninguém rasgaria um pedaço de tecido de uma roupa nova para remendar uma roupa velha. Se o fizesse, estragaria a roupa nova, e o remendo não se ajustaria à roupa velha. “E ninguém colocaria vinho novo em velhos recipientes de couro. Os recipientes velhos se arrebentariam, deixando vazar o vinho e estragando o recipiente. Vinho novo deve ser guardado em recipientes novos. E ninguém que bebe o vinho velho escolhe beber o vinho novo, pois diz: ‘O vinho velho é melhor’”. Num sábado, enquanto Jesus caminhava pelos campos de cereal, seus discípulos colheram espigas, removeram a casca com as mãos e comeram os grãos. Alguns fariseus lhes disseram: “Por que vocês desobedecem à lei colhendo cereal no sábado?”. Jesus respondeu: “Vocês não leram nas Escrituras o que fez Davi quando ele e seus companheiros tiveram fome? Ele entrou na casa de Deus, comeu os pães sagrados que só os sacerdotes tinham permissão de comer e os deu também a seus companheiros”. E acrescentou: “O Filho do Homem é senhor até mesmo do sábado”. Em outro sábado, enquanto Jesus ensinava na sinagoga, estava ali um homem cuja mão direita era deformada. Os mestres da lei e os fariseus observavam Jesus atentamente. Se ele curasse aquele homem, eles o acusariam, pois era sábado. Jesus, porém, sabia o que planejavam e disse ao homem com a mão deformada: “Venha e fique aqui, diante de todos”, e o homem foi à frente. Então Jesus lhes disse: “Tenho uma pergunta para vocês: O que a lei permite fazer no sábado? O bem ou o mal? Salvar uma vida ou destruí-la?”. Depois, olhando para cada um ao redor, disse ao homem: “Estenda a mão”. O homem estendeu a mão, e ela foi restaurada. Com isso, os inimigos de Jesus ficaram furiosos e começaram a discutir o que fazer contra ele. Certo dia, pouco depois, Jesus subiu a um monte para orar e passou a noite orando a Deus. Quando amanheceu, reuniu seus discípulos e escolheu doze para serem apóstolos. Estes são seus nomes: Simão, a quem ele chamou Pedro, André, irmão de Pedro, Tiago, João, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Simão, apelidado de zelote, Judas, filho de Tiago, Judas Iscariotes, que se tornou o traidor. Quando Jesus e os discípulos desceram do monte, pararam numa região plana e ampla. Havia ali muitos de seus seguidores e uma grande multidão vinda de todas as partes da Judeia, de Jerusalém e de lugares distantes ao norte, como o litoral de Tiro e Sidom. Tinham vindo para ouvi-lo e para ser curados de suas enfermidades, e os que eram atormentados por espíritos impuros eram curados. Todos procuravam tocar em Jesus, pois dele saía poder, e ele curava a todos. Então Jesus se voltou para seus discípulos e disse: “Felizes são vocês, pobres, pois o reino de Deus lhes pertence. Felizes são vocês que agora estão famintos, pois serão saciados. Felizes são vocês que agora choram, pois no devido tempo rirão. Felizes são vocês quando os odiarem e os excluírem, quando zombarem de vocês e os caluniarem como se fossem maus porque seguem o Filho do Homem. Quando isso acontecer, alegrem-se e exultem, porque uma grande recompensa os espera no céu. E lembrem-se de que os antepassados deles trataram os profetas da mesma forma. “Que aflição espera vocês, ricos, pois já receberam sua consolação! Que aflição espera vocês que agora têm fartura, pois um terrível tempo de fome os espera! Que aflição espera vocês que agora riem, pois em breve seu riso se transformará em lamento e tristeza! Que aflição espera vocês que são elogiados por todos, pois os antepassados deles também elogiaram falsos profetas!” “Mas a vocês que me ouvem, eu digo: amem os seus inimigos, façam o bem a quem os odeia, abençoem quem os amaldiçoa, orem por quem os maltrata. Se alguém lhe der um tapa numa face, ofereça também a outra. Se alguém exigir de você a roupa do corpo, deixe que leve também a capa. Dê a quem pedir e, quando tomarem suas coisas, não tente recuperá-las. Façam aos outros o que vocês desejam que eles lhes façam. “Se vocês amam apenas aqueles que os amam, que mérito têm? Até os pecadores amam quem os ama. E, se fazem o bem apenas aos que fazem o bem a vocês, que mérito têm? Até os pecadores agem desse modo. E, se emprestam dinheiro apenas aos que podem devolver, que mérito têm? Até os pecadores emprestam a outros pecadores, na expectativa de receber tudo de volta. “Portanto, amem os seus inimigos, façam-lhes o bem e emprestem a eles sem esperar nada de volta. Então a recompensa que receberão do céu será grande e estarão agindo, de fato, como filhos do Altíssimo, pois ele é bondoso até mesmo com os ingratos e perversos. Sejam misericordiosos, assim como seu Pai é misericordioso.” “Não julguem e não serão julgados. Não condenem e não serão condenados. Perdoem e serão perdoados. Deem e receberão. Sua dádiva lhes retornará em boa medida, compactada, sacudida para caber mais, transbordante e derramada sobre vocês. O padrão de medida que adotarem será usado para medi-los”. Jesus deu ainda a seguinte ilustração: “É possível um cego guiar outro cego? Não cairão os dois num buraco? Os discípulos não são maiores que seu mestre. Mas o aluno bem instruído será como o mestre. “Por que você se preocupa com o cisco no olho de seu amigo enquanto há um tronco em seu próprio olho? Como pode dizer: ‘Amigo, deixe-me ajudá-lo a tirar o cisco de seu olho’, se não consegue ver o tronco em seu próprio olho? Hipócrita! Primeiro, livre-se do tronco em seu olho; então você verá o suficiente para tirar o cisco do olho de seu amigo.” “Uma árvore boa não produz frutos ruins, e uma árvore ruim não produz frutos bons. Uma árvore é identificada por seus frutos. Ninguém colhe figos de espinheiros, nem uvas de arbustos espinhosos. A pessoa boa tira coisas boas do tesouro de um coração bom, e a pessoa má tira coisas más do tesouro de um coração mau. Pois a boca fala do que o coração está cheio.” “Por que vocês me chamam ‘Senhor! Senhor!’, se não fazem o que eu digo? Eu lhes mostrarei como é aquele que vem a mim, ouve as minhas palavras e as pratica. Ele é como a pessoa que está construindo uma casa e que cava fundo e coloca os alicerces em rocha firme. Quando a água das enchentes sobe e bate contra essa casa, ela permanece firme, pois foi bem construída. Mas quem ouve e não obedece é como a pessoa que constrói uma casa sobre o chão, sem alicerces. Quando a água bater nessa casa, ela cairá, deixando uma pilha de ruínas”. Quando Jesus terminou de dizer tudo isso à multidão, entrou em Cafarnaum. Naquela ocasião, um escravo muito estimado de um oficial romano estava enfermo, à beira da morte. Quando o oficial ouviu falar de Jesus, mandou alguns líderes judeus lhe pedirem que fosse curar seu escravo. Os líderes suplicaram insistentemente que Jesus socorresse o homem, dizendo: “Ele merece sua ajuda, pois ama o povo judeu e até nos construiu uma sinagoga”. Jesus foi com eles, mas, antes de chegarem à casa, o oficial mandou alguns amigos para dizer: “Senhor, não se incomode em vir à minha casa, pois não sou digno de tamanha honra. Não sou digno sequer de ir ao seu encontro. Basta uma ordem sua, e meu servo será curado. Sei disso porque estou sob a autoridade de meus superiores e tenho autoridade sobre meus soldados. Só preciso dizer ‘Vão’, e eles vão, ou ‘Venham’, e eles vêm. E, se digo a meus escravos: ‘Façam isto’, eles fazem”. Quando Jesus ouviu isso, ficou admirado. Voltou-se para a multidão que o seguia e disse: “Eu lhes digo a verdade: jamais vi fé como esta em Israel!”. E, quando os amigos do oficial voltaram para a casa dele, encontraram o escravo em perfeita saúde. Logo depois, Jesus foi com seus discípulos à cidade de Naim, e uma grande multidão o seguiu. Quando ele se aproximou da porta da cidade, estava saindo o enterro do único filho de uma viúva, e uma grande multidão da cidade a acompanhava. Quando o Senhor a viu, sentiu profunda compaixão por ela. “Não chore!”, disse ele. Então foi até o caixão, tocou nele e os carregadores pararam. E disse: “Jovem, eu lhe digo: levante-se!”. O jovem que estava morto se levantou e começou a conversar, e Jesus o devolveu à sua mãe. Grande temor tomou conta da multidão, que louvava a Deus, dizendo: “Um profeta poderoso se levantou entre nós!” e “Hoje Deus visitou seu povo!”. Essa notícia sobre Jesus se espalhou por toda a Judeia e seus arredores. Os discípulos de João Batista lhe contaram tudo que Jesus estava fazendo. Então João chamou dois de seus discípulos e os enviou ao Senhor, para lhe perguntar: “O senhor é aquele que haveria de vir, ou devemos esperar algum outro?”. Os dois discípulos de João encontraram Jesus e lhe disseram: “João Batista nos enviou para lhe perguntar: ‘O senhor é aquele que haveria de vir, ou devemos esperar algum outro?’”. Naquela mesma hora, Jesus curou muitas pessoas de suas doenças, enfermidades e espíritos impuros, e restaurou a visão a muitos cegos. Em seguida, disse aos discípulos de João: “Voltem a João e contem a ele o que vocês viram e ouviram: os cegos veem, os aleijados andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados e as boas-novas são anunciadas aos pobres”. E disse ainda: “Felizes são aqueles que não se sentem ofendidos por minha causa”. Depois que os discípulos de João saíram, Jesus começou a falar a respeito dele para as multidões: “Que tipo de homem vocês foram ver no deserto? Um caniço que qualquer brisa agita? Afinal, o que esperavam ver? Um homem vestido com roupas caras? Não, quem veste roupas caras e vive no luxo mora em palácios. Acaso procuravam um profeta? Sim, ele é mais que profeta. João é o homem ao qual as Escrituras se referem quando dizem: ‘Envio meu mensageiro adiante de ti, e ele preparará teu caminho à tua frente’. Eu lhes digo: de todos que nasceram de mulher, nenhum é maior que João Batista. E, no entanto, até o menor no reino de Deus é maior que ele”. Todos que ouviram as palavras de Jesus, até mesmo os cobradores de impostos, concordaram que o caminho de Deus era justo, pois tinham sido batizados por João. Os fariseus e mestres da lei, no entanto, rejeitaram o propósito de Deus para eles, pois recusaram o batismo de João. “Assim, a que posso comparar o povo desta geração?”, perguntou Jesus. “Como posso descrevê-los? São como crianças que brincam na praça. Queixam-se a seus amigos: ‘Tocamos flauta, e vocês não dançaram, entoamos lamentos, e vocês não choraram’. Quando João Batista apareceu, não costumava comer e beber em público, e vocês disseram: ‘Está possuído por demônio’. O Filho do Homem, por sua vez, come e bebe, e vocês dizem: ‘É comilão e beberrão, amigo de cobradores de impostos e pecadores’. Mas a sabedoria é comprovada pela vida daqueles que a seguem.” Um dos fariseus convidou Jesus para jantar. Jesus foi à casa dele e tomou lugar à mesa. Quando uma mulher daquela cidade, uma pecadora, soube que ele estava jantando ali, trouxe um frasco de alabastro contendo um perfume caro. Em seguida, ajoelhou-se aos pés de Jesus, chorando. As lágrimas caíram sobre os pés dele, e ela os secou com seu cabelo; e continuou a beijá-los e a derramar perfume sobre eles. Quando o fariseu que havia convidado Jesus viu isso, disse consigo: “Se este homem fosse profeta, saberia que tipo de mulher está tocando nele. Ela é uma pecadora!”. Jesus disse ao fariseu: “Simão, tenho algo a lhe dizer”. “Diga, mestre”, respondeu Simão. Então Jesus lhe contou a seguinte história: “Um homem emprestou dinheiro a duas pessoas: quinhentas moedas de prata a uma delas e cinquenta à outra. Como nenhum dos devedores conseguiu lhe pagar, ele generosamente perdoou ambos e cancelou suas dívidas. Qual deles o amou mais depois disso?”. Simão respondeu: “Suponho que aquele de quem ele perdoou a dívida maior”. “Você está certo”, disse Jesus. Então voltou-se para a mulher e disse a Simão: “Veja esta mulher ajoelhada aqui. Quando entrei em sua casa, você não ofereceu água para eu lavar os pés, mas ela os lavou com suas lágrimas e os secou com seus cabelos. Você não me cumprimentou com um beijo, mas, desde a hora em que entrei, ela não parou de beijar meus pés. Você não me ofereceu óleo para ungir minha cabeça, mas ela ungiu meus pés com um perfume raro. “Eu lhe digo: os pecados dela, que são muitos, foram perdoados e, por isso, ela demonstrou muito amor por mim. Mas a pessoa a quem pouco foi perdoado demonstra pouco amor”. Então Jesus disse à mulher: “Seus pecados estão perdoados”. Os homens que estavam à mesa diziam entre si: “Quem é esse que anda por aí perdoando pecados?”. E Jesus disse à mulher: “Sua fé a salvou. Vá em paz”. Pouco tempo depois, Jesus começou a percorrer as cidades e os povoados vizinhos, anunciando as boas-novas a respeito do reino de Deus. Iam com ele os Doze e também algumas mulheres que tinham sido curadas de espíritos impuros e enfermidades. Entre elas estavam Maria Madalena, de quem ele havia expulsado sete demônios; Joana, esposa de Cuza, administrador de Herodes; Susana, e muitas outras que contribuíam com seus próprios recursos para o sustento de Jesus e seus discípulos. Certo dia, uma grande multidão, vinda de várias cidades, juntou-se para ouvir Jesus, e ele lhes contou uma parábola: “Um lavrador saiu para semear. Enquanto espalhava as sementes pelo campo, algumas caíram à beira do caminho, onde foram pisadas, e as aves vieram e as comeram. Outras caíram entre as pedras e começaram a crescer, mas as plantas logo murcharam por falta de umidade. Outras sementes caíram entre os espinhos, que cresceram com elas e sufocaram os brotos. Ainda outras caíram em solo fértil e produziram uma colheita cem vezes maior que a quantidade semeada”. Quando ele terminou de dizer isso, declarou: “Quem é capaz de ouvir, ouça com atenção!”. Seus discípulos lhe perguntaram o que a parábola significava. Ele respondeu: “A vocês é permitido entender os segredos do reino de Deus, mas uso parábolas para ensinar os outros, a fim de que, ‘Quando olharem, não vejam; quando escutarem, não entendam’. “Este é o significado da parábola: As sementes são a palavra de Deus. As sementes que caíram à beira do caminho representam os que ouvem a mensagem, mas o diabo vem e a arranca do coração deles e os impede de crer e ser salvos. As sementes no solo rochoso representam os que ouvem a mensagem e a recebem com alegria. Uma vez, porém, que não têm raízes profundas, creem apenas por um tempo e depois desanimam quando enfrentam provações. As que caíram entre os espinhos representam outros que ouvem a mensagem, mas logo ela é sufocada pelas preocupações, riquezas e prazeres desta vida, de modo que nunca amadurecem. E as que caíram em solo fértil representam os que, com coração bom e receptivo, ouvem a mensagem, a aceitam e, com paciência, produzem uma grande colheita.” “Não faz sentido acender uma lâmpada e depois cobri-la com uma vasilha ou escondê-la debaixo da cama. Pelo contrário, ela é colocada num pedestal, de onde sua luz pode ser vista pelos que entram na casa. Da mesma forma, tudo que está escondido será revelado, e tudo que está oculto virá à luz e será conhecido por todos. “Portanto, ouçam com atenção! Pois ao que tem, mais lhe será dado, mas do que não tem, até o que pensa ter lhe será tomado”. Então a mãe e os irmãos de Jesus foram vê-lo, mas não conseguiram chegar até ele por causa da multidão. Alguém disse a Jesus: “Sua mãe e seus irmãos estão lá fora e querem vê-lo”. Jesus respondeu: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a praticam”. Certo dia, Jesus disse a seus discípulos: “Vamos para o outro lado do mar”. Assim, entraram num barco e partiram. Durante a travessia, Jesus caiu no sono. Logo, porém, veio sobre o mar uma forte tempestade. O barco começou a se encher de água, colocando-os em grande perigo. Os discípulos foram acordá-lo, clamando: “Mestre, Mestre, vamos morrer!”. Quando Jesus despertou, repreendeu o vento e as ondas violentas. A tempestade parou, e tudo se acalmou. Então ele lhes perguntou: “Onde está a sua fé?”. Admirados e temerosos, os discípulos diziam entre si: “Quem é este homem? Quando ele ordena, até os ventos e o mar lhe obedecem!”. Então chegaram à região dos gadarenos, do outro lado do mar da Galileia. Quando Jesus desembarcou, um homem possuído por demônios veio ao seu encontro. Fazia muito tempo que ele não tinha casa nem roupas e vivia num cemitério fora da cidade. Assim que viu Jesus, gritou e caiu diante dele. Então disse em alta voz: “Por que vem me importunar, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Suplico que não me atormente!”. Pois Jesus já havia ordenado que o espírito impuro saísse dele. Esse espírito tinha dominado o homem em várias ocasiões. Mesmo quando era colocado sob guarda, com os pés e as mãos acorrentados, ele quebrava as correntes e, sob controle do demônio, corria para o deserto. Jesus lhe perguntou: “Qual é o seu nome?”. “Legião”, respondeu ele, pois havia muitos demônios dentro do homem. E imploravam que Jesus não os mandasse para o abismo. Ali perto, uma grande manada de porcos pastava na encosta de uma colina, e os demônios suplicaram que ele os deixasse entrar nos porcos. Jesus lhes deu permissão. Os demônios saíram do homem e entraram nos porcos, e toda a manada se atirou pela encosta íngreme para dentro do mar e se afogou. Quando os que cuidavam dos porcos viram isso, fugiram para uma cidade próxima e para seus arredores, espalhando a notícia. O povo correu para ver o que havia ocorrido. Uma multidão se juntou ao redor de Jesus, e eles viram o homem que havia sido liberto dos demônios. Estava sentado aos pés de Jesus, vestido e em perfeito juízo, e todos tiveram medo. Os que presenciaram os acontecimentos contaram aos demais como o homem possuído por demônios tinha sido curado. Todo o povo da região dos gadarenos suplicou que Jesus fosse embora, pois ficaram muito assustados. Então ele voltou ao barco e partiu. O homem que tinha sido liberto dos demônios suplicou para ir com ele, mas Jesus o mandou para casa, dizendo: “Volte para sua família e conte a eles tudo que Deus fez por você”. E o homem foi pela cidade inteira, anunciando tudo que Jesus tinha feito por ele. Do outro lado do mar, as multidões receberam Jesus com alegria, pois o estavam esperando. Então um homem chamado Jairo, um dos líderes da sinagoga local, veio e se prostrou aos pés de Jesus, suplicando que ele fosse à sua casa. Sua única filha, de cerca de doze anos, estava à beira da morte. Jesus o acompanhou, cercado pela multidão. Uma mulher no meio do povo sofria havia doze anos de uma hemorragia, sem encontrar cura. Ela se aproximou por trás de Jesus e tocou na borda de seu manto. No mesmo instante, a hemorragia parou. “Quem tocou em mim?”, perguntou Jesus. Todos negaram, e Pedro disse: “Mestre, a multidão toda se aperta em volta do senhor”. Jesus, no entanto, disse: “Alguém certamente tocou em mim, pois senti que de mim saiu poder”. Quando a mulher percebeu que não poderia permanecer despercebida, começou a tremer e caiu de joelhos diante dele. Todos a ouviram explicar por que havia tocado nele e como havia sido curada de imediato. Então ele disse: “Filha, sua fé a curou. Vá em paz”. Enquanto Jesus ainda falava com a mulher, chegou um mensageiro da casa de Jairo, o líder da sinagoga, a quem disse: “Sua filha morreu. Não incomode mais o mestre”. Ao ouvir isso, Jesus disse a Jairo: “Não tenha medo. Apenas creia, e ela será curada”. Quando chegaram à casa de Jairo, Jesus não deixou que ninguém o acompanhasse, exceto Pedro, João, Tiago e o pai e a mãe da menina. A casa estava cheia de gente chorando e se lamentando, mas ele disse: “Parem de chorar! Ela não está morta; está apenas dormindo”. A multidão riu dele, pois todos sabiam que ela havia morrido. Então Jesus a tomou pela mão e disse em voz alta: “Menina, levante-se!”. Naquele momento, ela voltou à vida e levantou-se de imediato. Então Jesus ordenou que dessem alguma coisa para ela comer. Os pais dela ficaram maravilhados, mas Jesus insistiu que não contassem a ninguém o que havia acontecido. Jesus reuniu os Doze e lhes deu poder e autoridade para expulsar todos os demônios e curar enfermidades. Depois, enviou-os para anunciar o reino de Deus e curar os enfermos. Ele os instruiu, dizendo: “Não levem coisa alguma em sua jornada. Não levem cajado, nem bolsa de viagem, nem comida, nem dinheiro, nem mesmo uma muda de roupa extra. Aonde quer que forem, hospedem-se na mesma casa até partirem da cidade. E, se uma cidade se recusar a recebê-los, sacudam a poeira dos pés ao saírem, em sinal de reprovação”. Então começaram a percorrer os povoados, anunciando as boas-novas e curando os enfermos. Quando Herodes Antipas ouviu falar de tudo que Jesus fazia, ficou perplexo, pois alguns diziam que João Batista havia ressuscitado dos mortos. Outros acreditavam que Jesus era Elias, ou um dos antigos profetas que tinha voltado à vida. “Eu decapitei João”, dizia Herodes. “Então quem é o homem sobre quem ouço essas histórias?” E procurava ver Jesus. Quando os apóstolos voltaram, contaram a Jesus tudo que tinham feito. Em seguida, Jesus se retirou para a cidade de Betsaida, a fim de estar a sós com eles. As multidões descobriram seu paradeiro e o seguiram. Ele as recebeu, ensinou-lhes a respeito do reino de Deus e curou os que estavam enfermos. No fim da tarde, os Doze se aproximaram e lhe disseram: “Mande as multidões aos povoados e campos vizinhos, para que encontrem comida e abrigo para passar a noite, pois estamos num lugar isolado”. Jesus, porém, disse: “Providenciem vocês mesmos alimento para eles”. “Temos apenas cinco pães e dois peixes”, responderam. “Ou o senhor espera que compremos comida para todo esse povo?” Havia ali cerca de cinco mil homens. Jesus respondeu: “Digam a eles que se sentem em grupos de cinquenta”. Os discípulos seguiram sua instrução, e todos se sentaram. Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes, olhou para o céu e os abençoou. Então, partiu-os em pedaços e os entregou aos discípulos para que distribuíssem ao povo. Todos comeram à vontade, e os discípulos encheram ainda doze cestos com as sobras. Certo dia, Jesus orava em particular, acompanhado apenas dos discípulos. Ele lhes perguntou: “Quem as multidões dizem que eu sou?”. Os discípulos responderam: “Alguns dizem que o senhor é João Batista; outros, que é Elias; e outros ainda, que é um dos profetas antigos que ressuscitou”. “E vocês?”, perguntou ele. “Quem vocês dizem que eu sou?” Pedro respondeu: “O senhor é o Cristo enviado por Deus!”. Jesus advertiu severamente seus discípulos de que não dissessem a ninguém quem ele era. “É necessário que o Filho do Homem sofra muitas coisas”, disse. “Ele será rejeitado pelos líderes do povo, pelos principais sacerdotes e pelos mestres da lei. Será morto, mas no terceiro dia ressuscitará.” Disse ele à multidão: “Se alguém quer ser meu seguidor, negue a si mesmo, tome diariamente sua cruz e siga-me. Se tentar se apegar à sua vida, a perderá. Mas, se abrir mão de sua vida por minha causa, a salvará. Que vantagem há em ganhar o mundo inteiro, mas perder ou destruir a própria vida? Se alguém se envergonhar de mim e de minha mensagem, o Filho do Homem se envergonhará dele quando vier em sua glória e na glória do Pai e dos santos anjos. Eu lhes digo a verdade: alguns que aqui estão não morrerão antes de ver o reino de Deus!”. Cerca de oito dias depois, Jesus levou consigo Pedro, João e Tiago a um monte para orar. Enquanto ele orava, a aparência de seu rosto foi transformada, e suas roupas se tornaram brancas e resplandecentes. De repente, Moisés e Elias apareceram e começaram a falar com Jesus. Tinham um aspecto glorioso e falavam sobre a partida de Jesus, que estava para se cumprir em Jerusalém. Pedro e os outros lutavam contra o sono, mas acabaram despertando e viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam com ele. Quando Moisés e Elias iam se retirando, Pedro, sem saber o que dizia, falou: “Mestre, é maravilhoso estarmos aqui! Vamos fazer três tendas: uma será sua, uma de Moisés e outra de Elias”. Enquanto ele ainda falava, uma nuvem surgiu e os envolveu, enchendo-os de medo. Então uma voz que vinha da nuvem disse: “Este é meu Filho, meu Escolhido. Ouçam-no!”. Quando a voz silenciou, só Jesus estava ali. Naquela ocasião, os discípulos não contaram a ninguém o que tinham visto. No dia seguinte, quando desceram do monte, uma grande multidão veio ao encontro de Jesus. Um homem na multidão gritou: “Mestre, suplico-lhe que veja meu filho, o único que tenho! Um espírito impuro se apodera dele e o faz gritar. Lança-o em convulsões e o faz espumar pela boca. Sacode-o violentamente e quase nunca o deixa em paz. Supliquei a seus discípulos que o expulsassem, mas eles não conseguiram”. Jesus disse: “Geração incrédula e corrompida! Até quando estarei com vocês e terei de suportá-los?”. Então disse ao homem: “Traga-me seu filho”. Quando o menino se aproximou, o demônio o derrubou no chão, numa convulsão violenta. Jesus, porém, repreendeu o espírito impuro, curou o menino e o devolveu ao pai. Todos se espantaram com a grandiosidade do poder de Deus. Enquanto todos se maravilhavam com seus feitos, Jesus disse aos discípulos: “Ouçam-me e lembrem-se do que lhes digo: o Filho do Homem será traído e entregue em mãos humanas”. Eles, porém, não entendiam essas coisas. O significado estava escondido deles, de modo que não eram capazes de compreender e tinham medo de perguntar. Os discípulos começaram a discutir sobre qual deles seria o maior. Jesus, conhecendo seus pensamentos, trouxe para junto de si uma criança pequena e disse: “Quem recebe uma criança como esta em meu nome recebe a mim, e quem me recebe também recebe aquele que me enviou. Portanto, o menor entre vocês será o maior”. João disse a Jesus: “Mestre, vimos alguém usar seu nome para expulsar demônios; nós o proibimos, pois ele não era do nosso grupo”. “Não o proíbam!”, disse Jesus. “Quem não é contra vocês é a favor de vocês.” Como se aproximava o tempo de ser elevado ao céu, Jesus partiu com determinação para Jerusalém. Enviou mensageiros adiante até um povoado samaritano, a fim de fazerem os preparativos para sua chegada. Contudo, os habitantes do povoado não receberam Jesus, porque parecia evidente que ele estava a caminho de Jerusalém. Percebendo isso, Tiago e João disseram a Jesus: “Senhor, quer que mandemos cair fogo do céu para consumi-los?”. Jesus, porém, se voltou para eles e os repreendeu. E seguiram para outro povoado. Quando andavam pelo caminho, alguém disse a Jesus: “Eu o seguirei aonde quer que vá”. Jesus respondeu: “As raposas têm tocas onde morar e as aves têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem sequer um lugar para recostar a cabeça”. E a outra pessoa ele disse: “Siga-me”. O homem, porém, respondeu: “Senhor, deixe-me primeiro sepultar meu pai”. Jesus respondeu: “Deixe que os mortos sepultem seus próprios mortos. Você, porém, deve ir e anunciar o reino de Deus”. Outro, ainda, disse: “Senhor, eu o seguirei, mas deixe que antes me despeça de minha família”. Mas Jesus lhe disse: “Quem põe a mão no arado e olha para trás não está apto para o reino de Deus”. Depois disso, o Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos e os enviou adiante, dois a dois, às cidades e aos lugares que ele planejava visitar. Estas foram suas instruções: “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Orem ao Senhor da colheita; peçam que ele envie mais trabalhadores para seus campos. Agora vão e lembrem-se de que eu os envio como cordeiros no meio de lobos. Não levem dinheiro algum, nem bolsa de viagem, nem um par de sandálias extras. E não se detenham para cumprimentar ninguém pelo caminho. “Quando entrarem numa casa, digam primeiro: ‘Que a paz de Deus esteja nesta casa’. Se os que vivem ali forem gente de paz, a bênção permanecerá; se não forem, a bênção voltará a vocês. Permaneçam naquela casa e comam e bebam o que lhes derem, pois quem trabalha merece seu salário. Não fiquem mudando de casa em casa. “Quando entrarem numa cidade e ela os receber bem, comam o que lhes oferecerem. Curem os enfermos e digam-lhes: ‘Agora o reino de Deus chegou até vocês’. Mas, se uma cidade se recusar a recebê-los, saiam pelas ruas e digam: ‘Limpamos de nossos pés até o pó desta cidade em sinal de reprovação. E saibam disto: o reino de Deus chegou!’. Eu lhes garanto que, no dia do juízo, até Sodoma será tratada com menos rigor que aquela cidade. “Que aflição as espera, Corazim e Betsaida! Porque, se nas cidades de Tiro e Sidom tivessem sido realizados os milagres que realizei em vocês, há muito tempo seus habitantes teriam se arrependido e demonstrado isso vestindo panos de saco e jogando cinzas sobre a cabeça. Eu lhes digo que, no dia do juízo, Tiro e Sidom serão tratadas com menos rigor que vocês. E você, Cafarnaum, será elevada até o céu? Não, descerá até o lugar dos mortos”. Então ele disse aos discípulos: “Quem aceita sua mensagem também me aceita, e quem os rejeita também me rejeita. E quem me rejeita também rejeita aquele que me enviou”. Quando os setenta e dois discípulos voltaram, relataram com alegria: “Senhor, até os demônios nos obedecem pela sua autoridade!”. Então ele lhes disse: “Vi Satanás caindo do céu como um relâmpago! Eu lhes dei autoridade para pisarem sobre cobras e escorpiões, e sobre todo o poder do inimigo. Nada lhes causará dano. Mas não se alegrem porque os espíritos impuros lhes obedecem; alegrem-se porque seus nomes estão registrados no céu”. Naquele momento, Jesus foi tomado da alegria do Espírito Santo e disse: “Pai, Senhor dos céus e da terra, eu te agradeço porque escondeste estas coisas dos que se consideram sábios e inteligentes e as revelaste aos que são como crianças. Sim, Pai, foi do teu agrado fazê-lo assim. “Meu Pai me confiou todas as coisas. Ninguém conhece verdadeiramente o Filho, a não ser o Pai, e ninguém conhece verdadeiramente o Pai, a não ser o Filho e aqueles a quem o Filho escolhe revelá-lo”. Então, em particular, ele se voltou para os discípulos e disse: “Felizes os olhos que veem o que vocês viram. Eu lhes digo: muitos profetas e reis desejaram ver o que vocês têm visto e ouvir o que vocês têm ouvido, mas não puderam”. Certo dia, um especialista da lei se levantou para pôr Jesus à prova com esta pergunta: “Mestre, o que preciso fazer para herdar a vida eterna?”. Jesus respondeu: “O que diz a lei de Moisés? Como você a entende?”. O homem respondeu: “‘Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de toda a sua força e de toda a sua mente’ e ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’”. “Está correto!”, disse Jesus. “Faça isso, e você viverá.” O homem, porém, querendo justificar suas ações, perguntou a Jesus: “E quem é o meu próximo?”. Jesus respondeu com uma história: “Certo homem descia de Jerusalém a Jericó, quando foi atacado por bandidos. Eles lhe tiraram as roupas, o espancaram e o deixaram quase morto à beira da estrada. “Por acaso, descia por ali um sacerdote. Quando viu o homem caído, atravessou para o outro lado da estrada. Um levita fazia o mesmo caminho e viu o homem caído, mas também atravessou e passou longe. “Então veio um samaritano e, ao ver o homem, teve compaixão dele. Foi até ele, tratou de seus ferimentos com óleo e vinho e os enfaixou. Depois, colocou o homem em seu jumento e o levou a uma hospedaria, onde cuidou dele. No dia seguinte, deu duas moedas de prata ao dono da hospedaria e disse: ‘Cuide deste homem. Se você precisar gastar a mais com ele, eu lhe pagarei a diferença quando voltar’. “Qual desses três você diria que foi o próximo do homem atacado pelos bandidos?”, perguntou Jesus. O especialista da lei respondeu: “Aquele que teve misericórdia dele”. Então Jesus disse: “Vá e faça o mesmo”. Jesus e seus discípulos seguiram viagem e chegaram a um povoado onde uma mulher chamada Marta os recebeu em sua casa. Sua irmã, Maria, sentou-se aos pés de Jesus e ouvia o que ele ensinava. Marta, porém, estava ocupada com seus muitos afazeres. Foi a Jesus e disse: “Senhor, não o incomoda que minha irmã fique aí sentada enquanto eu faço todo o trabalho? Diga-lhe que venha me ajudar!”. Mas o Senhor respondeu: “Marta, Marta, você se preocupa e se inquieta com todos esses detalhes. Apenas uma coisa é necessária. Quanto a Maria, ela fez a escolha certa, e ninguém tomará isso dela”. Certo dia, Jesus estava orando em determinado lugar. Quando terminou, um de seus discípulos lhe disse: “Senhor, ensine-nos a orar, como João ensinou aos discípulos dele”. Jesus disse: “Orem da seguinte forma: “Pai, santificado seja o teu nome. Venha o teu reino. Dá-nos hoje o pão para este dia, e perdoa nossos pecados, assim como perdoamos aqueles que pecam contra nós. E não nos deixes cair em tentação”. E ele prosseguiu: “Suponha que você fosse à casa de um amigo à meia-noite para pedir três pães, dizendo: ‘Um amigo meu acaba de chegar para me visitar e não tenho nada para lhe oferecer’, e ele respondesse lá de dentro: ‘Não me perturbe. A porta já está trancada, e minha família e eu já estamos deitados. Não posso ajudá-lo’. Eu lhes digo que, embora ele não o faça por amizade, se você continuar a bater à porta, ele se levantará e lhe dará o que precisa por causa da sua insistência. “Portanto eu lhes digo: peçam, e receberão. Procurem, e encontrarão. Batam, e a porta lhes será aberta. Pois todos que pedem, recebem. Todos que procuram, encontram. E, para todos que batem, a porta é aberta. “Vocês que são pais, respondam: Se seu filho lhe pedir um peixe, você lhe dará uma cobra? Ou, se lhe pedir um ovo, você lhe dará um escorpião? Portanto, se vocês que são pecadores sabem como dar bons presentes a seus filhos, quanto mais seu Pai no céu dará o Espírito Santo aos que lhe pedirem!”. Certo dia, Jesus expulsou um demônio que deixava um homem mudo e, quando o demônio saiu, o homem começou a falar. A multidão ficou admirada, mas alguns disseram: “É pelo poder de Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa os demônios”. Outros exigiram que Jesus lhes desse um sinal do céu para provar sua autoridade. Jesus, conhecendo seus pensamentos, disse: “Todo reino dividido internamente está condenado à ruína. Uma família dividida contra si mesma se desintegrará. Vocês dizem que eu expulso demônios pelo poder de Belzebu. Mas, se Satanás está dividido e luta contra si mesmo, como o seu reino sobreviverá? E, se meu poder vem de Belzebu, o que dizer de seus discípulos? Eles também expulsam demônios, de modo que condenarão vocês pelo que acabaram de dizer. Se, contudo, expulso demônios pelo poder de Deus, então o reino de Deus já chegou a vocês. Pois, quando um homem forte está bem armado e guarda seu palácio, seus bens estão seguros, até que alguém ainda mais forte o ataque e o vença, tire dele suas armas e leve embora seus pertences. “Quem não está comigo opõe-se a mim, e quem não trabalha comigo trabalha contra mim. “Quando um espírito impuro sai de uma pessoa, anda por lugares secos à procura de descanso. Mas, não o encontrando, diz: ‘Voltarei à casa da qual saí’. Ele volta para sua antiga casa e a encontra vazia, varrida e arrumada. Então o espírito busca outros sete espíritos, piores que ele, e todos entram na pessoa e passam a morar nela, e a pessoa fica pior que antes”. Enquanto ele falava, uma mulher na multidão gritou: “Feliz é sua mãe, que o deu à luz e o amamentou!”. Jesus, porém, respondeu: “Ainda mais felizes são os que ouvem a palavra de Deus e a praticam”. Enquanto a multidão se apertava contra Jesus, ele disse: “Esta geração perversa insiste que eu lhe mostre um sinal, mas o único sinal que lhes darei será o de Jonas. O que aconteceu com ele foi um sinal para o povo de Nínive. O que acontecer com o Filho do Homem será um sinal para esta geração. “A rainha de Sabá se levantará contra esta geração no dia do juízo e a condenará, pois veio de uma terra distante para ouvir a sabedoria de Salomão; e vocês têm à sua frente alguém maior que Salomão! Os habitantes de Nínive também se levantarão contra esta geração no dia do juízo e a condenarão, pois eles se arrependeram de seus pecados quando ouviram a mensagem anunciada por Jonas; e vocês têm à sua frente alguém maior que Jonas!” “Não faz sentido acender uma lâmpada e depois escondê-la ou colocá-la sob um cesto. Pelo contrário, ela é colocada num pedestal, de onde sua luz é vista por todos que entram na casa. “Seus olhos são como uma lâmpada que ilumina todo o corpo. Quando os olhos são bons, todo o corpo se enche de luz. Mas, quando são maus, o corpo se enche de escuridão. Portanto, tomem cuidado para que sua luz não seja, na verdade, escuridão. Se estiverem cheios de luz, sem nenhum canto escuro, sua vida inteira será radiante, como se uma lamparina os estivesse iluminando”. Quando Jesus terminou de falar, um dos fariseus o convidou para comer em sua casa. Ele foi e tomou lugar à mesa. Seu anfitrião ficou surpreso por ele não realizar primeiro a cerimônia de lavar as mãos, como era costume entre os judeus. Então o Senhor lhe disse: “Vocês, fariseus, têm o cuidado de limpar o exterior do copo e do prato, mas estão sujos por dentro, cheios de ganância e perversidade. Tolos! Acaso Deus não fez tanto o interior como o exterior? Portanto, limpem o interior dando ofertas aos necessitados e ficarão limpos por completo. “Que aflição os espera, fariseus! Vocês têm o cuidado de dar o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as ervas, mas negligenciam a justiça e o amor de Deus. Sim, vocês deviam fazer essas coisas, mas sem descuidar das mais importantes. “Que aflição os espera, fariseus! Pois gostam de sentar-se nos lugares de honra nas sinagogas e de receber saudações respeitosas enquanto andam pelas praças. Sim, que aflição os espera! Pois são como túmulos escondidos: as pessoas passam por cima deles sem saber onde estão pisando”. Então um especialista da lei disse: “Mestre, o senhor insultou também a nós com o que acabou de dizer”. Jesus respondeu: “Sim, que aflição também os espera, especialistas da lei! Pois oprimem as pessoas com exigências insuportáveis e não movem um dedo sequer para aliviar seus fardos. Que aflição os espera! Pois constroem monumentos para os profetas que seus próprios antepassados assassinaram. Com isso, porém, testemunham que concordam com o que seus antepassados fizeram. Eles mataram os profetas, e vocês cooperam com eles construindo os monumentos! Foi a isto que Deus, em sua sabedoria, se referiu: ‘Eu lhes enviarei profetas e apóstolos, mas eles matarão alguns e perseguirão outros’. “Portanto, esta geração será responsabilizada pelo assassinato de todos os profetas de Deus desde a criação do mundo, desde o assassinato do justo Abel até o de Zacarias, morto entre o altar e o santuário. Sim, certamente esta geração será considerada responsável. “Que aflição os espera, especialistas da lei! Vocês se apossaram da chave do conhecimento e, além de não entrarem no reino, impedem que outros entrem”. Quando Jesus se retirou dali, os mestres da lei e os fariseus ficaram extremamente irados e tentaram provocá-lo com muitas perguntas. Queriam apanhá-lo numa armadilha, levando-o a dizer algo que pudessem usar contra ele. Quando as multidões cresceram a ponto de haver milhares de pessoas atropelando-se e pisando umas nas outras, Jesus concentrou seu ensino nos discípulos, dizendo: “Tenham cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. Virá o dia em que tudo que está encoberto será revelado, e tudo que é secreto será divulgado. O que vocês disseram no escuro será ouvido às claras, e o que conversaram a portas fechadas será proclamado dos telhados. “Meus amigos, não tenham medo daqueles que matam o corpo; depois disso, nada mais podem lhes fazer. Mas eu lhes direi a quem devem temer. Temam a Deus, que tem o poder de matar e lançar no inferno. Sim, a esse vocês devem temer. “Qual é o preço de cinco pardais? Duas moedas de cobre? E, no entanto, Deus não se esquece de nenhum deles. Até os cabelos de sua cabeça estão todos contados. Portanto, não tenham medo; vocês são muito mais valiosos que um bando inteiro de pardais. “Eu lhes digo a verdade: quem me reconhecer aqui, diante das pessoas, o Filho do Homem o reconhecerá na presença dos anjos de Deus. Mas quem me negar aqui será negado diante dos anjos de Deus. Quem falar contra o Filho do Homem será perdoado, mas quem blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado. “Quando vocês forem julgados nas sinagogas e diante dos governantes e das autoridades, não se preocupem com o modo como se defenderão nem com o que dirão, pois o Espírito Santo, naquele momento, lhes dará as palavras certas”. Então alguém da multidão gritou: “Mestre, por favor, diga a meu irmão que divida comigo a herança de meu pai!”. Jesus respondeu: “Amigo, quem me pôs como juiz sobre vocês para decidir essas coisas?”. Em seguida, disse: “Cuidado! Guardem-se de todo tipo de ganância. A vida de uma pessoa não é definida pela quantidade de seus bens”. Então lhes contou uma parábola: “Um homem rico tinha uma propriedade fértil que produziu boas colheitas. Pensou consigo: ‘O que devo fazer? Não tenho espaço para toda a minha colheita’. Por fim, disse: ‘Já sei! Vou derrubar os celeiros e construir outros maiores. Assim terei espaço suficiente para todo o meu trigo e meus outros bens. Então direi a mim mesmo: Amigo, você guardou o suficiente para muitos anos. Agora descanse! Coma, beba e alegre-se!’. “Mas Deus lhe disse: ‘Louco! Você morrerá esta noite. E, então, quem ficará com o fruto do seu trabalho?’. “Sim, é loucura acumular riquezas terrenas e não ser rico para com Deus”. Então, voltando-se para seus discípulos, Jesus disse: “Por isso eu lhes digo que não se preocupem com a vida diária, se terão o suficiente para comer, ou com o corpo, se terão o suficiente para vestir. Pois a vida é mais que comida, e o corpo é mais que roupa. Observem os corvos. Eles não plantam nem colhem, nem guardam comida em celeiros, pois Deus os alimenta. E vocês valem muito mais que qualquer pássaro. Qual de vocês, por mais preocupado que esteja, pode acrescentar ao menos uma hora à sua vida? E, se não podem fazer uma coisa tão pequena, de que adianta se preocupar com as maiores? “Observem como crescem os lírios. Não trabalham nem fazem suas roupas e, no entanto, nem Salomão em toda a sua glória se vestiu como eles. E, se Deus veste com tamanha beleza as flores que hoje estão aqui e amanhã são lançadas ao fogo, não será muito mais generoso com vocês, gente de pequena fé? “Não se inquietem com o que comer e o que beber. Não se preocupem com essas coisas. Elas ocupam os pensamentos dos pagãos de todo o mundo, mas seu Pai já sabe do que vocês precisam. Busquem, acima de tudo, o reino de Deus, e todas essas coisas lhes serão dadas. “Não tenham medo, pequeno rebanho, pois seu Pai tem grande alegria em lhes dar o reino. “Vendam seus bens e deem aos necessitados. Com isso, ajuntarão tesouros no céu, e as bolsas no céu não se desgastam nem se desfazem. Seu tesouro estará seguro; nenhum ladrão o roubará e nenhuma traça o destruirá. Onde seu tesouro estiver, ali também estará seu coração.” “Estejam vestidos, prontos para servir, e mantenham suas lâmpadas acesas, como se esperassem o seu senhor voltar do banquete de casamento. Então poderão abrir-lhe a porta e deixá-lo entrar no momento em que ele chegar e bater. Os servos que estiverem prontos, aguardando seu retorno, serão recompensados. Eu lhes digo a verdade: ele mesmo se vestirá como servo, indicará onde vocês se sentarão e os servirá enquanto estão à mesa! Quer ele venha no meio da noite, quer de madrugada, ele recompensará os servos que estiverem prontos. “Entendam isto: se o dono da casa soubesse exatamente a que horas o ladrão viria, não permitiria que a casa fosse arrombada. Estejam também sempre preparados, pois o Filho do Homem virá quando menos esperam”. Então Pedro perguntou: “Senhor, essa ilustração se aplica apenas a nós, ou a todos?”. O Senhor respondeu: “O servo fiel e sensato é aquele a quem o senhor encarrega de chefiar os demais servos da casa e alimentá-los. Se o senhor voltar e constatar que seu servo fez um bom trabalho, eu lhes digo a verdade: ele colocará todos os seus bens sob os cuidados desse servo. O que acontecerá, porém, se o servo pensar: ‘Meu senhor não voltará tão cedo’, e começar a espancar os outros servos, a comer e a beber e se embriagar? O senhor desse servo voltará em dia em que não se espera e em hora que não se conhece, cortará o servo ao meio e lhe dará o mesmo destino dos incrédulos. “O servo que conhece a vontade do seu senhor e não se prepara nem segue as instruções dele será duramente castigado. Mas aquele que não a conhece e faz algo errado será castigado com menos severidade. A quem muito foi dado, muito será pedido; e a quem muito foi confiado, ainda mais será exigido.” “Eu vim para incendiar a terra, e gostaria que já estivesse em chamas! No entanto, tenho de passar por um batismo e estou angustiado até que ele se realize. Vocês pensam que vim trazer paz à terra? Não! Eu vim causar divisão! De agora em diante, numa mesma casa cinco pessoas estarão divididas: três contra duas e duas contra três. “O pai ficará contra o filho e o filho contra o pai; a mãe contra a filha e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora e a nora contra a sogra”. Então Jesus se voltou para a multidão e disse: “Quando vocês veem nuvens se formando no oeste, dizem: ‘Vai chover’. E têm razão. Quando sopra o vento sul, dizem: ‘Hoje vai fazer calor’. E assim ocorre. Hipócritas! Sabem interpretar as condições do tempo na terra e no céu, mas não sabem interpretar o tempo presente. “Por que não decidem por si mesmos o que é certo? Quando você e seu adversário estiverem a caminho do tribunal, procurem acertar as diferenças antes de chegar lá. Do contrário, pode ser que o acusador o entregue ao juiz, e o juiz, a um oficial que o lançará na prisão. Eu lhe digo: você não será solto enquanto não tiver pago até o último centavo”. Por essa época, Jesus foi informado de que Pilatos havia assassinado algumas pessoas da Galileia enquanto ofereciam sacrifícios. “Vocês pensam que esses galileus eram mais pecadores que todos os outros da Galileia?”, perguntou Jesus. “Foi por isso que sofreram? De maneira alguma! Mas, se não se arrependerem, vocês também morrerão. E quanto aos dezoito que morreram quando a torre de Siloé caiu sobre eles? Eram mais pecadores que os demais de Jerusalém? Não! E eu volto a lhes dizer: a menos que se arrependam, todos vocês também morrerão.” Então Jesus contou a seguinte parábola: “Um homem tinha uma figueira em seu vinhedo e foi várias vezes procurar frutos nela, sem sucesso. Por fim, disse ao jardineiro: ‘Esperei três anos e não encontrei um figo sequer. Corte a figueira, pois só está ocupando espaço no pomar’. “O jardineiro respondeu: ‘Senhor, deixe-a mais um ano, e eu cuidarei dela e a adubarei. Se der figos no próximo ano, ótimo; se não, mande cortá-la’”. Certo sábado, quando Jesus ensinava numa sinagoga, apareceu uma mulher enferma por causa de um espírito impuro. Andava encurvada havia dezoito anos e não conseguia se endireitar. Ao vê-la, Jesus a chamou para perto e disse: “Mulher, você está curada de sua doença!”. Então ele a tocou e, no mesmo instante, ela conseguiu se endireitar e começou a louvar a Deus. O chefe da sinagoga ficou indignado porque Jesus a tinha curado no sábado. “Há seis dias na semana para trabalhar”, disse ele à multidão. “Venham nesses dias para serem curados, e não no sábado.” O Senhor, porém, respondeu: “Hipócritas! Todos vocês trabalham no sábado! Acaso não desamarram no sábado o boi ou o jumento do estábulo e o levam dali para lhe dar água? Esta mulher, uma filha de Abraão, foi mantida presa por Satanás durante dezoito anos. Não deveria ela ser liberta, mesmo que seja no sábado?”. As palavras de Jesus envergonharam seus adversários, mas todo o povo se alegrava com as coisas maravilhosas que ele fazia. Então Jesus disse: “Com que se parece o reino de Deus? Com o que posso compará-lo? É como a semente de mostarda que alguém plantou na horta. Ela cresce e se torna uma árvore, e os pássaros fazem ninhos em seus galhos”. Disse também: “Com que mais se parece o reino de Deus? É como o fermento que uma mulher usa para fazer pão. Embora ela coloque apenas uma pequena quantidade de fermento em três medidas de farinha, toda a massa fica fermentada”. Jesus foi pelas cidades e povoados ensinando ao longo do caminho, em direção a Jerusalém. Alguém lhe perguntou: “Senhor, só alguns poucos serão salvos?”. Ele respondeu: “Esforcem-se para entrar pela porta estreita, pois muitos tentarão entrar, mas não conseguirão. Quando o dono da casa tiver trancado a porta, será tarde demais. Vocês ficarão do lado de fora, batendo e pedindo: ‘Senhor, abra a porta para nós!’. Mas ele responderá: ‘Não os conheço, nem sei de onde são’. Então vocês dirão: ‘Nós comemos e bebemos com o senhor, e o senhor ensinou em nossas ruas’. E ele responderá: ‘Não os conheço nem sei de onde são. Afastem-se de mim, todos vocês que praticam o mal!’. “Haverá choro e ranger de dentes, pois verão Abraão, Isaque, Jacó e todos os profetas no reino de Deus, mas vocês serão lançados fora. E virão pessoas de toda parte, do leste e do oeste, do norte e do sul, para ocupar seus lugares à mesa no reino de Deus. E prestem atenção: alguns últimos serão os primeiros, e alguns primeiros serão os últimos”. Naquele momento, alguns fariseus lhe disseram: “Vá embora daqui, pois Herodes Antipas quer matá-lo!”. Jesus respondeu: “Vão dizer àquela raposa que continuarei a expulsar demônios e a curar hoje e amanhã; e, no terceiro dia, realizarei meu propósito. Sim, hoje, amanhã e depois de amanhã, devo seguir meu caminho. Pois nenhum profeta de Deus deve ser morto fora de Jerusalém! “Jerusalém, Jerusalém, cidade que mata profetas e apedreja os mensageiros de Deus! Quantas vezes eu quis juntar seus filhos como a galinha protege os pintinhos sob as asas, mas você não deixou. E, agora, sua casa foi abandonada, e você nunca mais me verá, até que diga: ‘Bendito é o que vem em nome do Senhor!’”. Certo sábado, Jesus foi comer na casa de um líder fariseu, onde o observavam atentamente. Estava ali um homem com o corpo muito inchado. Jesus perguntou aos fariseus e aos especialistas da lei: “A lei permite ou não curar no sábado?”. Eles nada responderam, e Jesus tocou no homem enfermo, o curou e o mandou embora. Depois, perguntou a eles: “Qual de vocês, se seu filho ou seu boi cair num buraco, não se apressará em tirá-lo de lá, mesmo que seja sábado?”. Mais uma vez, não puderam responder. Quando Jesus observou que os convidados para o jantar procuravam ocupar os lugares de honra à mesa, deu-lhes este conselho: “Quando você for convidado para um banquete de casamento, não ocupe o lugar de honra. E se chegar algum convidado mais importante que você? O anfitrião virá e dirá: ‘Dê o seu lugar a esta pessoa’, e você, envergonhado, terá de sentar-se no último lugar da mesa. “Em vez disso, ocupe o lugar menos importante à mesa. Assim, quando o anfitrião o vir, dirá: ‘Amigo, temos um lugar melhor para você!’. Então você será honrado diante de todos os convidados. Pois os que se exaltam serão humilhados, e os que se humilham serão exaltados”. Então Jesus se voltou para o anfitrião e disse: “Quando oferecer um banquete ou jantar, não convide amigos, irmãos, parentes e vizinhos ricos. Eles poderão retribuir o convite, e essa será sua única recompensa. Em vez disso, convide os pobres, os aleijados, os mancos e os cegos. Assim, na ressurreição dos justos, você será recompensado por ter convidado aqueles que não podiam lhe retribuir”. Ao ouvir isso, um homem que estava à mesa com Jesus exclamou: “Feliz será aquele que participar do banquete no reino de Deus!”. Jesus respondeu com a seguinte parábola: “Certo homem preparou um grande banquete e enviou muitos convites. Quando estava tudo pronto, mandou seu servo dizer aos convidados: ‘Venham, o banquete está pronto’. Mas todos eles deram desculpas. Um disse: ‘Acabei de comprar um campo e preciso inspecioná-lo. Peço que me desculpe’. Outro disse: ‘Acabei de comprar cinco juntas de bois e quero experimentá-las. Sinto muito’. Ainda outro disse: ‘Acabei de me casar e não posso ir’. “O servo voltou e informou a seu senhor o que tinham dito. Ele ficou furioso e ordenou: ‘Vá depressa pelas ruas e becos da cidade e convide os pobres, os aleijados, os cegos e os mancos’. Depois de cumprir essa ordem, o servo informou: ‘Ainda há lugar para mais gente’. Então o senhor disse: ‘Vá pelas estradas do campo e junto às cercas entre as videiras e insista com todos que encontrar para que venham, de modo que minha casa fique cheia. Pois nenhum dos que antes foram convidados provará do meu banquete’”. Uma grande multidão seguia Jesus, que se voltou para ela e disse: “Se alguém que me segue amar pai e mãe, esposa e filhos, irmãos e irmãs, e até mesmo a própria vida, mais que a mim, não pode ser meu discípulo. E, se não tomar sua cruz e me seguir, não pode ser meu discípulo. “Quem começa a construir uma torre sem antes calcular o custo e ver se possui dinheiro suficiente para terminá-la? Pois, se completar apenas os alicerces e ficar sem dinheiro, todos rirão dele, dizendo: ‘Esse aí começou a construir, mas não conseguiu terminar!’. “Ou que rei iria à guerra sem antes avaliar se seu exército de dez mil poderia derrotar os vinte mil que vêm contra ele? E, se concluir que não, o rei enviará uma delegação para negociar um acordo de paz enquanto o inimigo está longe. Da mesma forma, ninguém pode se tornar meu discípulo sem abrir mão de tudo que possui. “O sal é bom para temperar, mas, se perder o sabor, como torná-lo salgado outra vez? O sal sem sabor não serve nem para o solo nem para adubo; é jogado fora. Quem é capaz de ouvir, ouça com atenção!”. Cobradores de impostos e outros pecadores vinham ouvir Jesus ensinar. Os fariseus e mestres da lei o criticavam, dizendo: “Ele se reúne com pecadores e até come com eles!”. Então Jesus lhes contou esta parábola: “Se um homem tiver cem ovelhas e uma delas se perder, o que acham que ele fará? Não deixará as outras noventa e nove no pasto e buscará a perdida até encontrá-la? E, quando a encontrar, ele a carregará alegremente nos ombros e a levará para casa. Quando chegar, reunirá os amigos e vizinhos e dirá: ‘Alegrem-se comigo, pois encontrei minha ovelha perdida!’. Da mesma forma, há mais alegria no céu por causa do pecador perdido que se arrepende do que por noventa e nove justos que não precisam se arrepender.” “Ou suponhamos que uma mulher tenha dez moedas de prata e perca uma. Acaso não acenderá uma lâmpada, varrerá a casa inteira e procurará com cuidado até encontrá-la? E, quando a encontrar, reunirá as amigas e vizinhas e dirá: ‘Alegrem-se comigo, pois encontrei a minha moeda perdida!’. Da mesma forma, há alegria na presença dos anjos de Deus quando um único pecador se arrepende”. Jesus continuou: “Um homem tinha dois filhos. O filho mais jovem disse ao pai: ‘Quero a minha parte da herança’, e o pai dividiu seus bens entre os filhos. “Alguns dias depois, o filho mais jovem arrumou suas coisas e se mudou para uma terra distante, onde desperdiçou tudo que tinha por viver de forma desregrada. Quando seu dinheiro acabou, uma grande fome se espalhou pela terra, e ele começou a passar necessidade. Convenceu um fazendeiro da região a empregá-lo, e esse homem o mandou a seus campos para cuidar dos porcos. Embora quisesse saciar a fome com as vagens dadas aos porcos, ninguém lhe dava coisa alguma. “Quando finalmente caiu em si, disse: ‘Até os empregados de meu pai têm comida de sobra, e eu estou aqui, morrendo de fome. Vou retornar à casa de meu pai e dizer: Pai, pequei contra o céu e contra o senhor, e não sou mais digno de ser chamado seu filho. Por favor, trate-me como seu empregado’. “Então voltou para a casa de seu pai. Quando ele ainda estava longe, seu pai o viu. Cheio de compaixão, correu para o filho, o abraçou e o beijou. O filho disse: ‘Pai, pequei contra o céu e contra o senhor, e não sou mais digno de ser chamado seu filho’. “O pai, no entanto, disse aos servos: ‘Depressa! Tragam a melhor roupa da casa e vistam nele. Coloquem-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Matem o novilho gordo. Faremos um banquete e celebraremos, pois este meu filho estava morto e voltou à vida. Estava perdido e foi achado!’. E começaram a festejar. “Enquanto isso, o filho mais velho trabalhava no campo. Na volta para casa, ouviu música e dança, e perguntou a um dos servos o que estava acontecendo. O servo respondeu: ‘Seu irmão voltou, e seu pai matou o novilho gordo, pois ele voltou são e salvo!’. “O irmão mais velho se irou e não quis entrar. O pai saiu e insistiu com o filho, mas ele respondeu: ‘Todos esses anos, tenho trabalhado como um escravo para o senhor e nunca me recusei a obedecer às suas ordens. E o senhor nunca me deu nem mesmo um cabrito para eu festejar com meus amigos. Mas, quando esse seu filho volta, depois de desperdiçar o seu dinheiro com prostitutas, o senhor comemora matando o novilho!’. “O pai lhe respondeu: ‘Meu filho, você está sempre comigo, e tudo que eu tenho é seu. Mas tínhamos de comemorar este dia feliz, pois seu irmão estava morto e voltou à vida. Estava perdido e foi achado!’”. Jesus contou a seguinte história a seus discípulos: “Um homem rico tinha um administrador que cuidava de seus negócios. Certo dia, foram-lhe contar que esse administrador estava desperdiçando seu dinheiro. Então mandou chamá-lo e disse: ‘O que é isso que ouço a seu respeito? Preste contas de sua administração, pois não pode mais permanecer nesse cargo’. “O administrador pensou consigo: ‘E agora? Meu patrão vai me demitir. Não tenho força para trabalhar no campo, e sou orgulhoso demais para mendigar. Já sei como garantir que as pessoas me recebam em suas casas quando eu for despedido!’. “Então ele convocou todos que deviam dinheiro a seu patrão. Perguntou ao primeiro: ‘Quanto você deve a meu patrão?’. O homem respondeu: ‘Devo cem tonéis de azeite’. Então o administrador lhe disse: ‘Pegue depressa sua conta e mude-a para cinquenta tonéis’. “‘E quanto você deve a meu patrão?’, perguntou ao segundo. “Devo cem cestos grandes de trigo’, respondeu ele. E o administrador disse: ‘Tome sua conta e mude-a para oitenta cestos’. “O patrão elogiou o administrador desonesto por sua astúcia. E é verdade que os filhos deste mundo são mais astutos ao lidar com o mundo ao redor que os filhos da luz. Esta é a lição: usem a riqueza deste mundo para fazer amigos. Assim, quando suas posses se extinguirem, eles os receberão num lar eterno. “Se forem fiéis nas pequenas coisas, também o serão nas grandes. Mas, se forem desonestos nas pequenas coisas, também o serão nas maiores. E, se vocês não são confiáveis ao lidar com a riqueza injusta deste mundo, quem lhes confiará a verdadeira riqueza? E, se não são fiéis com os bens dos outros, por que alguém lhes confiaria o que é de vocês? “Ninguém pode servir a dois senhores, pois odiará um e amará o outro; será dedicado a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro”. Os fariseus, que tinham grande amor ao dinheiro, ouviam isso tudo e zombavam de Jesus. Então ele disse: “Vocês gostam de parecer justos em público, mas Deus conhece o seu coração. Aquilo que este mundo valoriza é detestável aos olhos de Deus. “Até a chegada de João, a lei de Moisés e a mensagem dos profetas eram seus guias. Agora, porém, as boas-novas do reino de Deus estão sendo anunciadas, e todos estão ansiosos para entrar. É mais fácil o céu e a terra desaparecerem que ser anulado até o menor traço da lei de Deus. “Assim, o homem que se divorcia de sua esposa e se casa com outra mulher comete adultério. E o homem que se casa com uma mulher divorciada também comete adultério”. Jesus disse: “Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho fino e vivia sempre cercado de luxos. À sua porta ficava um mendigo coberto de feridas chamado Lázaro. Ele ansiava comer o que caía da mesa do homem rico, e os cachorros vinham lamber suas feridas abertas. “Por fim, o mendigo morreu, e os anjos o levaram para junto de Abraão. O rico também morreu e foi sepultado, e foi para o lugar dos mortos. Ali, em tormento, ele viu Abraão de longe, com Lázaro ao seu lado. “O rico gritou: ‘Pai Abraão, tenha compaixão de mim! Mande Lázaro aqui para que molhe a ponta do dedo em água e refresque minha língua. Estou em agonia nestas chamas!’. “Abraão, porém, respondeu: ‘Filho, lembre-se de que durante a vida você teve tudo que queria e Lázaro não teve coisa alguma. Agora, ele está aqui sendo consolado, e você está em agonia. Além do mais, há entre nós um grande abismo. Ninguém daqui pode atravessar para o seu lado, e ninguém daí pode atravessar para o nosso’. “Então o rico disse: ‘Por favor, Pai Abraão, pelo menos mande Lázaro à casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos e quero avisá-los para que não terminem neste lugar de tormento’. “‘Moisés e os profetas já os avisaram’, respondeu Abraão. ‘Seus irmãos podem ouvir o que eles disseram.’ “Então o rico disse: ‘Não, Pai Abraão! Mas, se alguém dentre os mortos lhes fosse enviado, eles se arrependeriam!’. “Abraão, porém, disse: ‘Se eles não ouvem Moisés e os profetas, não se convencerão, mesmo que alguém ressuscite dos mortos’”. Jesus disse a seus discípulos: “Sempre haverá o que leve as pessoas a cair em pecado, mas que aflição espera quem causa a tentação! Seria melhor ser lançado no mar com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço que fazer um destes pequeninos pecar. Portanto, tenham cuidado! “Se um irmão pecar, repreenda-o e, se ele se arrepender, perdoe-o. Mesmo que ele peque contra você sete vezes por dia e, a cada vez, se arrependa e peça perdão, perdoe-o”. Os apóstolos disseram ao Senhor: “Faça nossa fé crescer!”. O Senhor respondeu: “Se tivessem fé, ainda que tão pequena quanto um grão de mostarda, poderiam dizer a esta amoreira: ‘Arranque-se e plante-se no mar’, e ela lhes obedeceria. “Quando um servo chega do campo depois de arar ou cuidar das ovelhas, o senhor lhe diz: ‘Venha logo para a mesa comer conosco’? Não, ele diz: ‘Prepare minha refeição, apronte-se e sirva-me enquanto como e bebo. Você pode comer depois’. E acaso o senhor agradece ao servo por fazer o que lhe foi ordenado? Da mesma forma, quando vocês obedecem, devem dizer: ‘Somos servos inúteis; apenas cumprimos nosso dever’”. Dirigindo-se a Jerusalém, Jesus chegou à fronteira entre a Galileia e Samaria. Ao entrar num povoado dali, dez leprosos, mantendo certa distância, clamaram: “Jesus, Mestre, tenha misericórdia de nós!”. Ele olhou para eles e disse: “Vão e apresentem-se aos sacerdotes”. E, enquanto eles iam, foram curados da lepra. Um deles, ao ver-se curado, voltou a Jesus, louvando a Deus em alta voz. Lançou-se a seus pés, agradecendo-lhe pelo que havia feito. Esse homem era samaritano. Jesus perguntou: “Não curei dez homens? Onde estão os outros nove? Ninguém voltou para dar glórias a Deus, exceto este estrangeiro?”. E disse ao homem: “Levante-se e vá. Sua fé o curou”. Certo dia, os fariseus perguntaram a Jesus: “Quando virá o reino de Deus?”. Jesus respondeu: “O reino de Deus não é detectado por sinais visíveis. Não se poderá dizer: ‘Está aqui!’ ou ‘Está ali!’, pois o reino de Deus já está entre vocês”. Então ele disse a seus discípulos: “Aproximam-se os dias em que desejarão ver o tempo do Filho do Homem, mas não o verão. Dirão a vocês: ‘Vejam, lá está!’ ou ‘Aqui está ele!’, mas não os sigam. Porque, assim como o relâmpago lampeja e ilumina o céu de uma extremidade a outra, assim será no dia em que vier o Filho do Homem. Mas primeiro é necessário que ele sofra terrivelmente e seja rejeitado por esta geração. “Quando o Filho do Homem voltar, será como no tempo de Noé. Naqueles dias, o povo seguia sua rotina de banquetes, festas e casamentos, até o dia em que Noé entrou na arca e veio o dilúvio, que destruiu a todos. “E o mundo será como no tempo de Ló. O povo se ocupava de seus afazeres diários, comendo e bebendo, comprando e vendendo, cultivando e construindo, até o dia em que Ló deixou Sodoma. Então fogo e enxofre ardente caíram do céu e destruíram a todos. Sim, tudo será como sempre foi até o dia em que o Filho do Homem for revelado. Nesse dia, quem estiver na parte de cima da casa, não desça para pegar suas coisas. Quem estiver no campo, não volte para casa. Lembrem-se do que aconteceu à esposa de Ló! Quem se apegar à própria vida a perderá; quem abrir mão de sua vida a salvará. Naquela noite, duas pessoas estarão dormindo na mesma cama; uma será levada, e a outra, deixada. Duas mulheres estarão moendo cereal no moinho; uma será levada, e a outra, deixada. Dois homens estarão trabalhando juntos num campo; um será levado, e o outro, deixado”. “Senhor, onde isso acontecerá?”, perguntaram os discípulos. Jesus respondeu: “Onde estiver o cadáver, ali se ajuntarão os abutres”. Jesus contou a seus discípulos uma parábola para mostrar-lhes que deviam orar sempre e nunca desanimar. Disse ele: “Havia numa cidade um juiz que não temia a Deus nem se importava com as pessoas. Uma viúva daquela cidade vinha a ele com frequência e dizia: ‘Faça-me justiça contra meu adversário’. Por algum tempo, o juiz não lhe deu atenção, mas, por fim, disse a si mesmo: ‘Não temo a Deus e não me importo com as pessoas, mas essa viúva está me irritando. Vou lhe fazer justiça, pois assim deixará de me importunar’”. Então o Senhor disse: “Aprendam uma lição com o juiz injusto. Acaso Deus não fará justiça a seus escolhidos que clamam a ele dia e noite? Continuará a adiar sua resposta? Eu afirmo que ele lhes fará justiça, e rápido! Mas, quando o Filho do Homem voltar, quantas pessoas com fé ele encontrará na terra?”. Em seguida, Jesus contou a seguinte parábola àqueles que confiavam em sua própria justiça e desprezavam os demais: “Dois homens foram ao templo orar. Um deles era fariseu, e o outro, cobrador de impostos. O fariseu, em pé, fazia esta oração: ‘Eu te agradeço, Deus, porque não sou como as demais pessoas: desonestas, pecadoras, adúlteras. E, com certeza, não sou como aquele cobrador de impostos. Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo que ganho’. “Mas o cobrador de impostos ficou a distância e não tinha coragem nem de levantar os olhos para o céu enquanto orava. Em vez disso, batia no peito e dizia: ‘Deus, tem misericórdia de mim, pois sou pecador’. Eu lhes digo que foi o cobrador de impostos, e não o fariseu, quem voltou para casa justificado diante de Deus. Pois aqueles que se exaltam serão humilhados, e aqueles que se humilham serão exaltados”. Certo dia, trouxeram crianças para que Jesus pusesse as mãos sobre elas. Ao ver isso, os discípulos repreenderam aqueles que as traziam. Jesus, porém, chamou as crianças para junto de si e disse aos discípulos: “Deixem que as crianças venham a mim. Não as impeçam, pois o reino de Deus pertence aos que são como elas. Eu lhes digo a verdade: quem não receber o reino de Deus como uma criança de modo algum entrará nele”. Certa vez, um homem de alta posição perguntou a Jesus: “Bom mestre, que devo fazer para herdar a vida eterna?”. “Por que você me chama de bom?”, perguntou Jesus. “Apenas Deus é verdadeiramente bom. Você conhece os mandamentos: ‘Não cometa adultério. Não mate. Não roube. Não dê falso testemunho. Honre seu pai e sua mãe’.” O homem respondeu: “Tenho obedecido a todos esses mandamentos desde a juventude”. Quando Jesus ouviu sua resposta, disse: “Ainda há uma coisa que você não fez. Venda todos os seus bens e dê o dinheiro aos pobres. Então você terá um tesouro no céu. Depois, venha e siga-me”. Ao ouvir essas palavras, o homem se entristeceu, pois era muito rico. Ao ver a tristeza daquele homem, Jesus disse: “Como é difícil os ricos entrarem no reino de Deus! Na verdade, é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha que um rico entrar no reino de Deus”. Aqueles que o ouviram disseram: “Então quem pode ser salvo?”. Jesus respondeu: “O que é impossível para as pessoas é possível para Deus”. Pedro disse: “Deixamos nossos lares para segui-lo”. Jesus respondeu: “Eu lhes garanto que todos que deixaram casa, esposa, irmãos, pais ou filhos por causa do reino de Deus receberão neste mundo uma recompensa muitas vezes maior e, no mundo futuro, terão a vida eterna”. Jesus chamou os Doze à parte e disse: “Estamos subindo para Jerusalém, onde tudo que foi escrito pelos profetas a respeito do Filho do Homem se cumprirá. Ele será entregue aos gentios, e zombarão dele, o insultarão e cuspirão nele. Eles o açoitarão e o matarão, mas no terceiro dia ele ressuscitará”. Os discípulos, porém, não entenderam. O significado dessas palavras lhes estava oculto, e não sabiam do que ele falava. Quando Jesus se aproximava de Jericó, havia um mendigo cego sentado à beira do caminho. Ao ouvir o barulho da multidão que passava, perguntou o que estava acontecendo. Disseram-lhe que Jesus de Nazaré estava passando por ali. Então começou a gritar: “Jesus, Filho de Davi, tenha misericórdia de mim!”. Os que estavam mais à frente o repreendiam e ordenavam que se calasse. Mas ele gritava ainda mais alto: “Filho de Davi, tenha misericórdia de mim!”. Então Jesus parou e ordenou que lhe trouxessem o homem. Quando ele se aproximou, Jesus lhe perguntou: “O que você quer que eu lhe faça?”. “Senhor, eu quero ver!”, respondeu o homem. E Jesus disse: “Receba a visão! Sua fé o curou”. No mesmo instante, o homem passou a enxergar, e seguia Jesus, louvando a Deus. E todos que presenciaram isso também louvavam a Deus. Jesus entrou em Jericó e atravessava a cidade. Havia ali um homem rico chamado Zaqueu, chefe dos cobradores de impostos. Tentava ver Jesus, mas era baixo demais e não conseguia olhar por cima da multidão. Por isso, correu adiante e subiu numa figueira-brava, no caminho por onde Jesus passaria. Quando Jesus chegou ali, olhou para cima e disse: “Zaqueu, desça depressa! Hoje devo hospedar-me em sua casa”. Sem demora, Zaqueu desceu e, com alegria, recebeu Jesus em sua casa. Ao ver isso, o povo começou a se queixar: “Ele foi se hospedar na casa de um pecador!”. Enquanto isso, Zaqueu se levantou e disse: “Senhor, darei metade das minhas riquezas aos pobres. E, se explorei alguém na cobrança de impostos, devolverei quatro vezes mais!”. Jesus respondeu: “Hoje chegou a salvação a esta casa, pois este homem também é filho de Abraão. Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar os perdidos”. A multidão estava atenta ao que Jesus dizia. Então, como ele se aproximava de Jerusalém, contou-lhes uma parábola, pois o povo achava que o reino de Deus começaria de imediato. Disse ele: “Um nobre foi chamado a um país distante para ser coroado rei e depois voltar. Antes de partir, reuniu dez de seus servos e deu a cada um deles dez moedas de prata, dizendo: ‘Invistam esse dinheiro enquanto eu estiver fora’. Seu povo, porém, o odiava, e enviou uma delegação atrás dele para dizer: ‘Não queremos que ele seja nosso rei’. “Depois de ser coroado, ele voltou e chamou os servos aos quais tinha confiado o dinheiro, pois queria saber quanto haviam lucrado. O primeiro servo informou: ‘Senhor, investi seu dinheiro, e ele rendeu dez vezes a quantia recebida. “‘Muito bem!’, disse o rei. ‘Você é um bom servo. Foi fiel no pouco que lhe confiei e, como recompensa, governará dez cidades.’ “O servo seguinte informou: ‘Senhor, investi seu dinheiro, e ele rendeu cinco vezes a quantia recebida’. “‘Muito bem!’, disse o rei. ‘Você governará cinco cidades.’ “O terceiro servo, porém, trouxe de volta apenas a quantia recebida e disse: ‘Senhor, escondi seu dinheiro para mantê-lo seguro. Tive medo, pois o senhor é um homem severo. Toma o que não lhe pertence e colhe o que não plantou’. “‘Servo mau!’, exclamou o senhor. ‘Suas próprias palavras o condenam. Se você sabia que sou homem severo, que tomo o que não me pertence e colho o que não plantei, por que não depositou meu dinheiro? Pelo menos eu teria recebido os juros.’ “Então, voltando-se para os outros que estavam ali perto, o rei ordenou: ‘Tomem o dinheiro deste servo e deem ao que tem dez moedas. “‘Mas senhor!’, disseram eles. ‘Ele já tem dez!’ “Então o rei respondeu: ‘Sim, ao que tem, mais lhe será dado; mas do que nada tem, até o que tem lhe será tomado. E, quanto a esses meus inimigos que não queriam que eu fosse seu rei, tragam-nos aqui e executem-nos na minha presença’”. Depois de contar essa história, Jesus prosseguiu rumo a Jerusalém. Quando chegou a Betfagé e Betânia, próximo ao monte das Oliveiras, enviou dois de seus discípulos. “Vão àquele povoado adiante”, disse ele. “Assim que entrarem, verão amarrado ali um jumentinho no qual ninguém jamais montou. Desamarrem-no e tragam-no para cá. Se alguém perguntar: ‘Por que estão soltando o jumentinho?’, respondam apenas: ‘O Senhor precisa dele’.” Eles foram e encontraram o jumentinho, exatamente como Jesus tinha dito. E, enquanto o desamarravam, seus donos perguntaram: “Por que estão soltando o jumentinho?”. Os discípulos responderam: “O Senhor precisa dele”. Então trouxeram o jumentinho e lançaram seus mantos sobre o animal, para que Jesus montasse nele. À medida que Jesus ia passando, as multidões espalhavam seus mantos ao longo do caminho diante dele. Quando ele chegou próximo à descida do monte das Oliveiras, seus seguidores começaram a gritar e a cantar enquanto o acompanhavam, louvando a Deus por todos os milagres maravilhosos que tinham visto. “Bendito é o Rei que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas maiores alturas!”. Alguns dos fariseus que estavam entre a multidão disseram: “Mestre, repreenda seus seguidores por dizerem estas coisas!”. Ele, porém, respondeu: “Se eles se calarem, as próprias pedras clamarão!”. Quando Jesus se aproximou de Jerusalém e viu a cidade, começou a chorar. “Como eu gostaria que hoje você compreendesse o caminho para a paz!”, disse ele. “Agora, porém, isso está oculto a seus olhos. Chegará o tempo em que seus inimigos construirão rampas para atacar seus muros e a rodearão e apertarão o cerco por todos os lados. Esmagarão você e seus filhos e não deixarão pedra sobre pedra, pois você não reconheceu que Deus a visitou.” Então Jesus entrou no templo e começou a expulsar os que ali vendiam, dizendo: “As Escrituras declaram: ‘Meu templo será casa de oração’, mas vocês o transformaram num esconderijo de ladrões!”. Jesus ensinava todos os dias no templo, mas os principais sacerdotes, os mestres da lei e outros líderes do povo planejavam matá-lo. Contudo, não conseguiam pensar num modo de fazê-lo, pois o povo ouvia atentamente tudo que ele dizia. Certo dia, quando Jesus ensinava o povo e anunciava as boas-novas no templo, os principais sacerdotes, os mestres da lei e os líderes do povo se aproximaram dele e perguntaram: “Com que autoridade você faz essas coisas? Quem lhe deu esse direito?”. “Primeiro, deixe-me fazer uma pergunta”, respondeu ele. “A autoridade de João para batizar vinha do céu ou era apenas humana?” Eles discutiram a questão entre si: “Se dissermos que vinha do céu, ele perguntará por que não cremos em João. Mas, se dissermos que era apenas humana, seremos apedrejados pela multidão, pois todos estão convencidos de que João era profeta”. Por fim, responderam a Jesus que não sabiam. E Jesus replicou: “Então eu também não direi com que autoridade faço essas coisas”. Em seguida, Jesus se voltou para o povo e contou a seguinte parábola: “Um homem plantou um vinhedo e o arrendou a alguns lavradores. Depois, partiu para um lugar distante, onde passou um longo tempo. Na época da colheita da uva, enviou um de seus servos para receber sua parte da produção. Os lavradores atacaram o servo, o espancaram e o mandaram de volta, de mãos vazias. Então o dono da propriedade enviou outro servo, mas eles também o insultaram, o espancaram e o mandaram de volta, de mãos vazias. Enviou ainda um terceiro, e eles o feriram e o expulsaram do vinhedo. “‘Que farei?’, disse o dono do vinhedo. ‘Já sei; enviarei meu filho amado. Certamente eles o respeitarão.’ “No entanto, quando os lavradores viram o filho, disseram uns aos outros: ‘Aí vem o herdeiro da propriedade. Vamos matá-lo e tomar posse desta terra!’. Então o arrastaram para fora do vinhedo e o mataram. “O que vocês acham que o dono do vinhedo fará com eles?”, perguntou Jesus. “Ele virá, matará os lavradores, e arrendará o vinhedo a outros.” “Que isso jamais aconteça!”, disseram os que o ouviam. Jesus olhou para eles e perguntou: “Então o que significa esta passagem das Escrituras: ‘A pedra que os construtores rejeitaram se tornou a pedra angular’? Quem tropeçar nessa pedra será despedaçado, e aquele sobre quem ela cair será reduzido a pó”. Os mestres da lei e os principais sacerdotes queriam prender Jesus ali mesmo, pois perceberam que eles eram os lavradores maus a que Jesus se referia. No entanto, tinham medo da reação do povo. Esperando uma oportunidade, os líderes enviaram espiões que fingiam ser pessoas sinceras. Tentaram fazer Jesus dizer algo que pudesse ser relatado ao governador romano, de modo que ele fosse preso. Disseram: “Mestre, sabemos que o senhor fala e ensina o que é certo, não se deixa influenciar por outros e ensina o caminho de Deus de acordo com a verdade. Então, diga-nos: É certo pagar impostos a César ou não?”. Jesus percebeu a hipocrisia deles e disse: “Mostrem-me uma moeda de prata. De quem são a imagem e o título nela gravados?”. “De César”, responderam. “Então deem a César o que pertence a César, e deem a Deus o que pertence a Deus”, disse ele. Eles não conseguiam apanhá-lo em nada que ele dizia diante do povo. Em vez disso, admiraram-se de sua resposta e se calaram. Então vieram a Jesus alguns saduceus, líderes religiosos que afirmam não haver ressurreição dos mortos, e perguntaram: “Mestre, Moisés nos deu uma lei segundo a qual se um homem morrer e deixar a esposa sem filhos, o irmão dele deve se casar com a viúva e ter um filho que dará continuidade ao nome do irmão. Numa família havia sete irmãos. O mais velho se casou e morreu sem deixar filhos. O segundo irmão se casou com a viúva, mas também morreu. Então o terceiro irmão se casou com ela. O mesmo aconteceu aos sete irmãos, que morreram sem deixar filhos. Por fim, a mulher também morreu. Diga-nos, de quem ela será esposa na ressurreição? Afinal, os sete se casaram com ela”. Jesus respondeu: “O casamento é para pessoas deste mundo. Mas, na era futura, aqueles que forem considerados dignos de ser ressuscitados dos mortos não se casarão nem se darão em casamento, e nunca mais morrerão. Nesse sentido, serão como os anjos. São filhos de Deus e filhos da ressurreição. “Agora, quanto a haver ressurreição dos mortos, o próprio Moisés provou isso quando escreveu a respeito do arbusto em chamas. Ele se referiu ao Senhor como ‘o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó’. Portanto, ele é o Deus dos vivos, e não dos mortos, pois para ele todos vivem”. “Mestre, o senhor disse bem!”, comentaram alguns mestres da lei. E ninguém mais teve coragem de lhe fazer perguntas. Então Jesus lhes perguntou: “Por que se diz que o Cristo é filho de Davi? Afinal, o próprio Davi escreveu no Livro de Salmos: ‘O Senhor disse ao meu Senhor, Sente-se no lugar de honra à minha direita até que eu humilhe seus inimigos, e os ponha debaixo de seus pés’. Uma vez que Davi chamou o Cristo de ‘meu Senhor’, como ele pode ser filho de Davi?”. Então, enquanto as multidões o ouviam, Jesus se voltou para seus discípulos e disse: “Cuidado com os mestres da lei! Eles gostam de se exibir com vestes longas e de receber saudações respeitosas quando andam pelas praças. E como gostam de sentar-se nos lugares de honra nas sinagogas e à cabeceira da mesa nos banquetes! No entanto, tomam posse dos bens das viúvas de maneira desonesta e, depois, para dar a impressão de piedade, fazem longas orações em público. Por causa disso, serão duramente castigados”. Estando Jesus no templo, observava os ricos depositarem suas contribuições na caixa de ofertas. Então uma viúva pobre veio e colocou duas moedas pequenas. Jesus disse: “Eu lhes digo a verdade: esta viúva pobre deu mais que todos os outros. Eles deram uma parte do que lhes sobrava, mas ela, em sua pobreza, deu tudo que tinha”. Alguns de seus discípulos começaram a falar das pedras magníficas e das dádivas que adornavam o templo. Jesus, porém, disse: “Virá o dia em que estas coisas serão completamente demolidas. Não restará pedra sobre pedra!”. Então eles perguntaram: “Mestre, quando isso tudo acontecerá? Que sinal indicará que essas coisas estão prestes a se cumprir?”. Ele respondeu: “Não deixem que ninguém os engane, pois muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Eu sou o Cristo’ e afirmando: ‘Chegou a hora!’, mas não acreditem neles. E, quando ouvirem falar de guerras e rebeliões, não entrem em pânico. Sim, é necessário que essas coisas aconteçam primeiro, mas ainda não será o fim”. E continuou: “Uma nação guerreará contra a outra, e um reino contra o outro. Haverá grandes terremotos, fome e peste em vários lugares, e acontecimentos terríveis e grandes sinais no céu. “Antes de tudo isso, porém, haverá um tempo de perseguição. Vocês serão arrastados para sinagogas e prisões e, por minha causa, serão julgados diante de reis e governadores. Essa, contudo, será sua oportunidade de lhes falar sobre mim. Mais uma vez lhes digo que não se preocupem com o modo como responderão às acusações contra vocês, pois eu lhes darei as palavras certas e tanta sabedoria que seus adversários não serão capazes de responder nem contradizer. Até mesmo seus pais, irmãos, parentes e amigos os trairão, e até matarão alguns de vocês. Todos os odiarão por minha causa. Mas nem um fio de cabelo de sua cabeça se perderá! É pela perseverança que obterão a vida. “E, quando virem Jerusalém cercada de exércitos, saberão que chegou a hora de sua destruição. Então, quem estiver na Judeia, fuja para os montes. Quem estiver na cidade, saia. E quem estiver no campo, não volte para a cidade. Pois aqueles serão os dias da vingança, e as palavras proféticas das Escrituras se cumprirão. Que dias terríveis serão aqueles para as grávidas e para as mães que estiverem amamentando! Pois haverá calamidade na terra e grande ira contra este povo. Serão mortos pela espada ou levados como prisioneiros para todas as nações do mundo. E Jerusalém será pisoteada pelos gentios até que o tempo deles chegue ao fim. “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. E, na terra, as nações ficarão angustiadas, perplexas com o rugir dos mares e a agitação das ondas. As pessoas ficarão aterrorizadas diante do que estará prestes a acontecer na terra, pois os poderes dos céus serão abalados. Então todos verão o Filho do Homem vindo numa nuvem com poder e grande glória. Portanto, quando todas essas coisas começarem a acontecer, levantem-se e ergam a cabeça, pois a sua salvação estará próxima”. Em seguida, deu-lhes esta ilustração: “Observem a figueira, e todas as outras árvores. Quando as folhas aparecem, vocês sabem reconhecer, por conta própria, que o verão está próximo. Da mesma forma, quando virem todas essas coisas acontecerem, saberão que o reino de Deus está próximo. Eu lhes digo a verdade: esta geração não passará até que todas essas coisas tenham acontecido. O céu e a terra desaparecerão, mas as minhas palavras jamais desaparecerão. “Tenham cuidado! Não deixem seu coração se entorpecer com farras e bebedeiras, nem com as preocupações desta vida. Não deixem que esse dia os pegue desprevenidos, como uma armadilha. Pois esse dia virá sobre todos que vivem na terra. Estejam sempre atentos e orem para serem considerados dignos de escapar dos horrores que sucederão e de estar em pé na presença do Filho do Homem”. Todos os dias, Jesus ia ao templo ensinar e, à tarde, voltava para passar a noite no monte das Oliveiras. Pela manhã, o povo se reunia bem cedo no templo para ouvi-lo falar. A Festa dos Pães sem Fermento, também chamada de Páscoa, se aproximava. Os principais sacerdotes e mestres da lei tramavam uma forma de matar Jesus, mas tinham medo da reação do povo. Então Satanás entrou em Judas Iscariotes, um dos Doze, e ele foi aos principais sacerdotes e aos capitães da guarda do templo para combinar a melhor maneira de lhes entregar Jesus. Eles ficaram muito satisfeitos e lhe prometeram dinheiro. Judas concordou e começou a procurar uma oportunidade de trair Jesus, para que o prendessem quando as multidões não estivessem por perto. Chegou o dia da Festa dos Pães sem Fermento, quando o cordeiro pascal era sacrificado. Jesus mandou Pedro e João na frente e disse: “Vão e preparem a refeição da Páscoa, para que a comamos juntos”. “Onde o senhor quer que a preparemos?”, perguntaram. Ele respondeu: “Logo que vocês entrarem em Jerusalém, um homem carregando uma vasilha de água virá ao seu encontro. Sigam-no. Na casa onde ele entrar, digam ao dono: ‘O Mestre pergunta: Onde fica o aposento no qual comerei a refeição da Páscoa com meus discípulos?’. Ele os levará a uma sala grande no andar superior, que já estará arrumada. Preparem ali a refeição”. Eles foram e encontraram tudo como Jesus tinha dito, e ali prepararam a refeição da Páscoa. Quando chegou a hora, Jesus e seus apóstolos tomaram lugar à mesa. Jesus disse: “Estava ansioso para comer a refeição da Páscoa com vocês antes do meu sofrimento. Pois eu lhes digo agora que não voltarei a comê-la até que ela se cumpra no reino de Deus”. Então tomou um cálice de vinho e agradeceu a Deus. Depois, disse: “Tomem isto e partilhem entre vocês. Pois não beberei vinho outra vez até que venha o reino de Deus”. Tomou o pão e agradeceu a Deus. Depois, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: “Este é o meu corpo, entregue por vocês. Façam isto em memória de mim”. Depois da ceia, Jesus tomou o cálice de vinho e disse: “Este é o cálice da nova aliança, confirmada com o meu sangue, que é derramado como sacrifício por vocês. “Mas aqui, partilhando da mesa conosco, está o homem que vai me trair. Pois foi determinado que o Filho do Homem deve morrer. Mas que aflição espera aquele que o trair!” Os discípulos perguntavam uns aos outros qual deles faria uma coisa dessas. Depois, começaram a discutir entre si qual deles era o mais importante. Jesus lhes disse: “Neste mundo, os reis e os grandes homens exercem poder sobre o povo e, no entanto, são chamados de seus benfeitores. Entre vocês, porém, será diferente. Que o maior entre vocês ocupe a posição inferior, e o líder seja o servo. Quem é mais importante, o que está à mesa ou o que serve? Não é aquele que está à mesa? Mas não aqui! Pois eu estou entre vocês como quem serve. “Vocês permaneceram comigo durante meu tempo de provação. E, assim como meu Pai me concedeu um reino, eu agora lhes concedo o direito de comer e beber à minha mesa, em meu reino. Vocês se sentarão em tronos e julgarão as doze tribos de Israel”. Então o Senhor disse: “Simão, Simão, Satanás pediu para peneirar cada um de vocês como trigo. Contudo, supliquei em oração por você, Simão, para que sua fé não vacile. Portanto, quando tiver se arrependido e voltado para mim, fortaleça seus irmãos”. Pedro disse: “Senhor, estou pronto a ir para a prisão, e até a morrer ao seu lado”. Jesus, porém, respondeu: “Pedro, vou lhe dizer uma coisa: hoje, antes que o galo cante, você negará três vezes que me conhece”. Em seguida, Jesus lhes perguntou: “Quando eu os enviei para anunciar as boas-novas sem dinheiro, sem bolsa de viagem e sem sandálias extras, alguma coisa lhes faltou?”. “Não”, responderam eles. Então ele disse: “Agora, porém, peguem dinheiro e uma bolsa de viagem. E, se não tiverem uma espada, vendam sua capa e comprem uma. Pois é necessário que se cumpra esta profecia a meu respeito: ‘Ele foi contado entre os rebeldes’. Sim, tudo que os profetas escreveram a meu respeito se cumprirá”. Eles responderam: “Senhor, temos aqui duas espadas”. “É suficiente”, disse ele. Então, acompanhado de seus discípulos, Jesus foi, como de costume, ao monte das Oliveiras. Ao chegar, disse: “Orem para que vocês não cedam à tentação”. Afastou-se a uma distância como de um arremesso de pedra, ajoelhou-se e orou: “Pai, se queres, afasta de mim este cálice. Contudo, que seja feita a tua vontade, e não a minha”. Então apareceu um anjo do céu, que o fortalecia. Ele orou com ainda mais fervor, e sua angústia era tanta que seu suor caía na terra como gotas de sangue. Por fim, ele se levantou, voltou aos discípulos e os encontrou dormindo, exaustos de tristeza. “Por que vocês dormem?”, perguntou ele. “Levantem-se e orem para que não cedam à tentação.” Enquanto Jesus ainda falava, chegou uma multidão conduzida por Judas, um dos Doze. Ele se aproximou de Jesus e o cumprimentou com um beijo. Jesus, porém, lhe disse: “Judas, com um beijo você trai o Filho do Homem?”. Quando aqueles que estavam com Jesus viram o que ia acontecer, disseram: “Senhor, devemos lutar? Trouxemos as espadas!”. E um deles feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. Mas Jesus disse: “Basta!”. E, tocando a orelha do homem, curou-o. Então Jesus se dirigiu aos principais sacerdotes, aos capitães da guarda do templo e aos líderes do povo que tinham vindo buscá-lo: “Por acaso sou um revolucionário perigoso para que venham me prender com espadas e pedaços de pau? Por que não me prenderam no templo? Todos os dias eu estava ali, ensinando. Mas esta é a hora de vocês, o tempo em que reina o poder das trevas”. Então eles o prenderam e o levaram à casa do sumo sacerdote. Pedro o seguiu de longe. Os guardas acenderam uma fogueira no meio do pátio e sentaram-se em volta, e Pedro sentou-se com eles. Uma criada o notou à luz da fogueira e começou a olhar fixamente para ele. Por fim, disse: “Este homem era um dos seguidores de Jesus!”. Mas Pedro negou, dizendo: “Mulher, eu nem o conheço!”. Pouco depois, um homem olhou para ele e disse: “Você também é um deles!”. “Não sou!”, retrucou Pedro. Cerca de uma hora mais tarde, outro homem afirmou: “Com certeza esse aí também estava com ele, pois também é galileu!”. Pedro, porém, respondeu: “Homem, eu não sei do que você está falando”. E, no mesmo instante, o galo cantou. Então o Senhor se voltou e olhou para Pedro. E Pedro se lembrou das palavras dele: “Hoje, antes que o galo cante, você me negará três vezes”. E Pedro saiu dali, chorando amargamente. Os guardas encarregados de Jesus começaram a zombar dele e a bater nele. Vendaram seus olhos e diziam: “Profetize para nós! Quem foi que lhe bateu desta vez?”. E o insultavam de muitas outras maneiras. Ao amanhecer, todos os líderes do povo se reuniram, incluindo os principais sacerdotes e os mestres da lei. Jesus foi conduzido à presença desse conselho, e eles perguntaram: “Diga-nos, você é o Cristo?”. Jesus respondeu: “Se eu lhes disser, de modo algum acreditarão em mim. E, se eu lhes fizer uma pergunta, não responderão. Mas, de agora em diante, o Filho do Homem se sentará à direita do Deus Poderoso”. Todos gritaram: “Então você afirma que é o Filho de Deus?”. E ele respondeu: “Vocês dizem que eu sou”. “Que necessidade temos de outras testemunhas?”, disseram eles. “Nós mesmos o ouvimos de sua boca!” Então todo o conselho levou Jesus a Pilatos. Começaram a apresentar o caso: “Este homem corrompe o nosso povo, dizendo que não se deve pagar impostos ao governo romano e afirmando ser ele próprio o Cristo, o rei”. Então Pilatos lhe perguntou: “Você é o rei dos judeus?”. Jesus respondeu: “É como você diz”. Pilatos se voltou para os principais sacerdotes e para a multidão e disse: “Não vejo crime algum neste homem!”. Mas eles insistiam: “Ele provoca revoltas em toda a Judeia com seus ensinamentos, começando pela Galileia e agora aqui, em Jerusalém!”. “Então ele é galileu?”, perguntou Pilatos. Quando responderam que sim, Pilatos o enviou a Herodes Antipas, pois a Galileia ficava sob sua jurisdição, e naqueles dias ele estava em Jerusalém. Herodes se animou com a oportunidade de ver Jesus, pois tinha ouvido falar a seu respeito e esperava, havia tempo, vê-lo realizar algum milagre. Fez uma série de perguntas a Jesus, mas ele não lhe respondeu. Enquanto isso, os principais sacerdotes e mestres da lei permaneciam ali, gritando acusações. Então Herodes e seus soldados começaram a zombar de Jesus e ridicularizá-lo. Por fim, vestiram nele um manto real e o mandaram de volta a Pilatos. Naquele dia, Herodes e Pilatos, que eram inimigos, tornaram-se amigos. Então Pilatos reuniu os principais sacerdotes e outros líderes religiosos, juntamente com o povo, e anunciou seu veredicto: “Vocês me trouxeram este homem acusando-o de liderar uma revolta. Eu o interroguei minuciosamente a esse respeito na presença de vocês e vejo que não há nada que o condene. Herodes chegou à mesma conclusão e o enviou de volta a nós. Nada do que ele fez merece a pena de morte. Portanto, ordenarei que seja açoitado e o soltarei”. (Era necessário libertar-lhes um prisioneiro durante a festa da Páscoa.) Um grande clamor se levantou da multidão, e a uma só voz gritavam: “Mate-o! Solte-nos Barrabás!”. Esse Barrabás estava preso por ter participado de uma revolta em Jerusalém contra o governo e ter cometido assassinato. Pilatos discutiu com eles, pois desejava soltar Jesus. Eles, porém, continuaram gritando: “Crucifique-o! Crucifique-o!”. Pela terceira vez, ele perguntou: “Por quê? Que crime ele cometeu? Não encontrei motivo para condená-lo à morte. Portanto, ordenarei que seja açoitado e o soltarei”. A multidão gritava cada vez mais alto, exigindo que Jesus fosse crucificado, e seu clamor prevaleceu. Então Pilatos condenou Jesus à morte, conforme exigiam. A pedido deles, libertou Barrabás, o homem preso por revolta e assassinato. Depois, entregou-lhes Jesus para fazerem com ele o que quisessem. Enquanto levavam Jesus, um homem chamado Simão, de Cirene, vinha do campo. Os soldados o agarraram, puseram a cruz sobre ele e o obrigaram a carregá-la atrás de Jesus. Uma grande multidão os seguia, incluindo muitas mulheres aflitas que choravam por ele. Mas Jesus, dirigindo-se a elas, disse: “Filhas de Jerusalém, não chorem por mim; chorem por si mesmas e por seus filhos. Pois estão chegando os dias em que dirão: ‘Felizes as mulheres que nunca tiveram filhos e os seios que nunca amamentaram!’. Suplicarão aos montes: ‘Caiam sobre nós!’ e pedirão às colinas: ‘Soterrem-nos!’. Pois, se fazem estas coisas com a árvore verde, o que acontecerá com a árvore seca?”. Dois outros homens, ambos criminosos, foram levados com ele a fim de também serem executados. Quando chegaram ao lugar chamado Caveira, o pregaram na cruz. Os criminosos também foram crucificados, um à sua direita e outro à sua esquerda. Jesus disse: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem”. E os soldados tiraram sortes para dividir entre si as roupas de Jesus. A multidão observava, e os líderes zombavam. “Salvou os outros, salve a si mesmo, se é o Cristo, o escolhido de Deus”, diziam. Os soldados também zombavam dele, oferecendo-lhe vinagre para beber. Diziam: “Se você é o Rei dos judeus, salve a si mesmo!”. Uma tabuleta presa acima dele dizia: “Este é o Rei dos Judeus”. Um dos criminosos, dependurado ao lado dele, zombava: “Então você é o Cristo? Salve a si mesmo e a nós também!”. Mas o outro criminoso o repreendeu: “Você não teme a Deus, nem mesmo ao ser condenado à morte? Nós merecemos morrer por nossos crimes, mas este homem não cometeu mal algum”. Então ele disse: “Jesus, lembre-se de mim quando vier no seu reino”. E Jesus lhe respondeu: “Eu lhe asseguro que hoje você estará comigo no paraíso”. Já era cerca de meio-dia, e a escuridão cobriu toda a terra até as três horas da tarde. A luz do sol desapareceu, e a cortina do santuário do templo rasgou-se ao meio. Então Jesus clamou em alta voz: “Pai, em tuas mãos entrego meu espírito!”. E, com essas palavras, deu o último suspiro. Quando o oficial romano que supervisionava a execução viu o que havia acontecido, adorou a Deus e disse: “Sem dúvida este homem era inocente”. E, quando toda a multidão que tinha ido assistir à crucificação viu isso, voltou para casa entristecida e batendo no peito. Mas os amigos de Jesus, incluindo as mulheres que o seguiram desde a Galileia, olhavam de longe. Havia um homem bom e justo chamado José, membro do conselho dos líderes do povo, mas que não tinha concordado com a decisão e os atos dos outros líderes religiosos. Era da cidade de Arimateia, na Judeia, e esperava a vinda do reino de Deus. José foi a Pilatos e pediu o corpo de Jesus. Desceu o corpo da cruz, enrolou-o num lençol de linho e o colocou num túmulo novo, escavado na rocha. Isso aconteceu na sexta-feira à tarde, no dia da preparação, quando o sábado estava para começar. As mulheres da Galileia seguiram José e viram o túmulo onde o corpo de Jesus foi colocado. Depois, foram para casa e prepararam especiarias e perfumes para ungir o corpo. No sábado, descansaram, conforme a lei exigia. No primeiro dia da semana, bem cedo, as mulheres foram ao túmulo, levando as especiarias que haviam preparado, e viram que a pedra tinha sido afastada da entrada. Quando entraram no túmulo, não encontraram o corpo do Senhor Jesus. Enquanto estavam ali, perplexas, dois homens apareceram, vestidos com mantos resplandecentes. As mulheres ficaram amedrontadas e se curvaram com o rosto em terra. Então os homens perguntaram: “Por que vocês procuram entre os mortos aquele que vive? Ele não está aqui. Ressuscitou! Lembrem-se do que ele lhes disse na Galileia: ‘É necessário que o Filho do Homem seja traído e entregue nas mãos de pecadores, seja crucificado e ressuscite no terceiro dia’”. Então lembraram-se dessas palavras de Jesus e, voltando do túmulo, foram contar aos onze discípulos e a todos os outros o que havia acontecido. Maria Madalena, Joana, Maria, mãe de Tiago, e as outras mulheres que as acompanhavam relataram tudo aos apóstolos. Para eles, porém, a história pareceu absurda, e não acreditaram nelas. Mas Pedro se levantou e correu até o túmulo. Abaixando-se, olhou atentamente para dentro e viu os panos de linho vazios; então voltou para casa, admirado com o que havia acontecido. Naquele mesmo dia, dois dos seguidores de Jesus caminhavam para o povoado de Emaús, a onze quilômetros de Jerusalém. No caminho, falavam a respeito de tudo que havia acontecido. Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a andar com eles. Os olhos deles, porém, estavam como que impedidos de reconhecê-lo. Jesus lhes perguntou: “Sobre o que vocês tanto debatem enquanto caminham?”. Eles pararam, com o rosto entristecido. Então um deles, chamado Cleopas, respondeu: “Você deve ser a única pessoa em Jerusalém que não sabe das coisas que aconteceram lá nos últimos dias”. “Que coisas?”, perguntou Jesus. “As coisas que aconteceram com Jesus de Nazaré”, responderam eles. “Ele era um profeta de palavras e ações poderosas aos olhos de Deus e de todo o povo. Mas os principais sacerdotes e outros líderes religiosos o entregaram para que fosse condenado à morte e o crucificaram. Tínhamos esperança de que ele fosse aquele que resgataria Israel. Isso tudo aconteceu há três dias. “Algumas mulheres de nosso grupo foram até seu túmulo hoje bem cedo e voltaram contando uma história surpreendente. Disseram que o corpo havia sumido e que viram anjos que lhes disseram que Jesus está vivo. Alguns homens de nosso grupo correram até lá para ver e, de fato, tudo estava como as mulheres disseram, mas não o viram.” Então Jesus lhes disse: “Como vocês são tolos! Como custam a entender o que os profetas registraram nas Escrituras! Não percebem que era necessário que o Cristo sofresse essas coisas antes de entrar em sua glória?”. Então Jesus os conduziu por todos os escritos de Moisés e dos profetas, explicando o que as Escrituras diziam a respeito dele. Aproximando-se de Emaús, o destino deles, Jesus fez como quem seguiria viagem, mas eles insistiram: “Fique conosco esta noite, pois já é tarde”. E Jesus foi para casa com eles. Quando estavam à mesa, ele tomou o pão e o abençoou. Depois, partiu-o e lhes deu. Então os olhos deles foram abertos e o reconheceram. Nesse momento, ele desapareceu. Disseram um ao outro: “Não ardia o nosso coração quando ele falava conosco no caminho e nos explicava as Escrituras?”. E, na mesma hora, levantaram-se e voltaram para Jerusalém. Ali, encontraram os onze discípulos e os outros que estavam reunidos com eles, que lhes disseram: “É verdade que o Senhor ressuscitou! Ele apareceu a Pedro!”. Então os dois contaram como Jesus tinha aparecido enquanto andavam pelo caminho, e como o haviam reconhecido quando ele partiu o pão. Enquanto contavam isso, o próprio Jesus apareceu entre eles e lhes disse: “Paz seja com vocês!”. Eles se assustaram e ficaram amedrontados, pensando que viam um fantasma. “Por que estão perturbados?”, perguntou ele. “Por que seu coração está cheio de dúvida? Vejam minhas mãos e meus pés. Sou eu mesmo! Toquem-me e vejam que não sou um fantasma, pois fantasmas não têm carne nem ossos e, como veem, eu tenho.” Enquanto falava, mostrou-lhes as mãos e os pés. Eles continuaram sem acreditar, cheios de alegria e espanto. Então Jesus perguntou: “Vocês têm aqui alguma coisa para comer?”. Eles lhe deram um pedaço de peixe assado, e ele comeu diante de todos. Em seguida, disse: “Enquanto ainda estava com vocês, eu lhes falei que devia se cumprir tudo que a lei de Moisés, os profetas e os salmos diziam a meu respeito”. Então ele lhes abriu a mente para que entendessem as Escrituras, e disse: “Sim, está escrito que o Cristo haveria de sofrer, morrer e ressuscitar no terceiro dia, e que a mensagem de arrependimento para o perdão dos pecados seria proclamada com a autoridade de seu nome a todas as nações, começando por Jerusalém. Vocês são testemunhas dessas coisas. “Agora, envio a vocês a promessa de meu Pai. Mas fiquem na cidade até que sejam revestidos do poder do céu”. Depois Jesus os levou a Betânia e, levantando as mãos para o céu, os abençoou. Enquanto ainda os abençoava, deixou-os e foi elevado ao céu. Então eles o adoraram e voltaram para Jerusalém cheios de grande alegria. E estavam sempre no templo, louvando a Deus. No princípio, aquele que é a Palavra já existia. A Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus. Ele existia no princípio com Deus. Por meio dele Deus criou todas as coisas, e sem ele nada foi criado. Aquele que é a Palavra possuía a vida, e sua vida trouxe luz a todos. A luz brilha na escuridão, e a escuridão nunca conseguiu apagá-la. Deus enviou um homem chamado João para falar a respeito da luz, a fim de que, por meio de seu testemunho, todos cressem. Ele não era a luz, mas veio para falar da luz. Aquele que é a verdadeira luz, que ilumina a todos, estava chegando ao mundo. Veio ao mundo que ele criou, mas o mundo não o reconheceu. Veio a seu próprio povo, e eles o rejeitaram. Mas, a todos que creram nele e o aceitaram, ele deu o direito de se tornarem filhos de Deus. Estes não nasceram segundo a ordem natural, nem como resultado da paixão ou da vontade humana, mas nasceram de Deus. Assim, a Palavra se tornou ser humano, carne e osso, e habitou entre nós. Ele era cheio de graça e verdade. E vimos sua glória, a glória do Filho único do Pai. João deu testemunho dele quando disse em alta voz: “Este é aquele a quem eu me referia quando disse: ‘Alguém virá depois de mim, muito mais poderoso que eu, pois existia muito antes de mim’”. De sua plenitude todos nós recebemos graça sobre graça. Pois a lei foi dada por meio de Moisés, mas a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. Ninguém jamais viu a Deus, mas o Filho único, que mantém comunhão íntima com o Pai, o revelou. Este foi o testemunho de João quando os líderes judeus enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para lhe perguntar: “Quem é você?”. Ele respondeu com toda franqueza: “Eu não sou o Cristo”. “Então quem é você?”, perguntaram eles. “É Elias?” “Não”, respondeu ele. “É o Profeta por quem temos esperado?” “Não.” “Afinal, quem é você? Precisamos de uma resposta para aqueles que nos enviaram. O que você tem a dizer de si mesmo?” João respondeu com as palavras do profeta Isaías: “Eu sou uma voz que clama no deserto: ‘Preparem o caminho para a vinda do Senhor!’”. Então os fariseus que tinham sido enviados lhe perguntaram: “Se você não é o Cristo, nem Elias, nem o Profeta, que direito tem de batizar?”. João lhes disse: “Eu batizo com água, mas em seu meio há alguém que vocês não reconhecem. Embora ele venha depois de mim, não sou digno de desamarrar as correias de sua sandália”. Esse encontro aconteceu em Betânia, um povoado a leste do rio Jordão, onde João estava batizando. No dia seguinte, João viu Jesus caminhando em sua direção e disse: “Vejam! É o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! Era a ele que eu me referia quando disse: ‘Um homem virá depois de mim, muito mais poderoso que eu, pois existia muito antes de mim’. Eu não o conhecia, mas vim batizando com água para que ele fosse revelado a Israel”. Então João deu o seguinte testemunho: “Vi o Espírito Santo descer do céu na forma de uma pomba e permanecer sobre ele. Eu não sabia quem ele era, mas, quando Deus me enviou para batizar com água, disse-me: ‘Aquele sobre o qual você vir o Espírito descer e permanecer, esse é o que batizará com o Espírito Santo’. Eu vi isso acontecer e, portanto, dou testemunho de que ele é o Filho de Deus”. No dia seguinte, João estava novamente com dois de seus discípulos. Quando viu Jesus passar, olhou para ele e declarou: “Vejam! É o Cordeiro de Deus!”. Ao ouvirem isso, os dois discípulos de João seguiram Jesus. Jesus olhou em volta e viu que o seguiam. “O que vocês querem?”, perguntou. Eles responderam: “Rabi (que significa ‘Mestre’), onde o senhor está hospedado?”. “Venham e vejam”, disse ele. Eram cerca de quatro horas da tarde quando o acompanharam até o lugar onde Jesus estava hospedado, e passaram o resto do dia com ele. André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram o que João tinha dito e seguiram Jesus. André foi procurar seu irmão, Simão, e lhe disse: “Encontramos o Messias (isto é, o Cristo)”. Então André levou Simão para conhecer Jesus. Olhando para ele, Jesus disse: “Você é Simão, filho de João, mas será chamado Cefas (isto é, Pedro)”. No dia seguinte, Jesus decidiu ir à Galileia. Encontrou Filipe e lhe disse: “Siga-me”. Filipe era de Betsaida, cidade natal de André e Pedro. Filipe foi procurar Natanael e lhe disse: “Encontramos aquele sobre quem Moisés, na lei, e os profetas escreveram! Seu nome é Jesus de Nazaré, filho de José”. “Nazaré!”, exclamou Natanael. “Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?” “Venha e veja você mesmo”, respondeu Filipe. Jesus viu Natanael se aproximar e disse: “Aí está um verdadeiro filho de Israel, um homem totalmente íntegro”. “Como o senhor sabe a meu respeito?”, perguntou Natanael. Jesus respondeu: “Vi você sob a figueira antes que Filipe o chamasse”. Então Natanael exclamou: “Rabi, o senhor é o Filho de Deus, o Rei de Israel!”. Jesus lhe perguntou: “Você crê nisso porque eu disse que o vi sob a figueira? Você verá coisas maiores que essa”. E acrescentou: “Eu lhes digo a verdade: vocês verão o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem”. Três dias depois, houve uma festa de casamento no povoado de Caná da Galileia. A mãe de Jesus estava ali, e Jesus e seus discípulos também foram convidados para a celebração. Durante a festa, o vinho acabou, e a mãe de Jesus lhe disse: “Eles não têm mais vinho”. “Mulher, isso não me diz respeito”, respondeu Jesus. “Minha hora ainda não chegou.” Sua mãe, porém, disse aos empregados: “Façam tudo que ele mandar”. Havia ali perto seis potes de pedra usados na purificação cerimonial judaica. Cada um tinha capacidade entre 80 e 120 litros. Jesus disse aos empregados: “Encham os potes com água”. Quando os potes estavam cheios, disse: “Agora tirem um pouco e levem ao mestre de cerimônias”. Os empregados seguiram suas instruções. O mestre de cerimônias provou a água transformada em vinho, sem conhecer sua procedência (embora os empregados obviamente soubessem). Então chamou o noivo. “O anfitrião sempre serve o melhor vinho primeiro”, disse ele. “Depois, quando todos já beberam bastante, serve o vinho de menor qualidade. Mas você guardou o melhor vinho até agora!” Esse sinal em Caná da Galileia foi o primeiro milagre que Jesus fez. Com isso ele manifestou sua glória, e seus discípulos creram nele. Depois do casamento, foi a Cafarnaum, onde passou alguns dias com sua mãe, seus irmãos e seus discípulos. Era quase época da festa da Páscoa judaica, de modo que Jesus subiu a Jerusalém. No pátio do templo, viu comerciantes que vendiam bois, ovelhas e pombas para os sacrifícios; também viu negociantes, em mesas, trocando dinheiro estrangeiro. Jesus fez um chicote de cordas e os expulsou a todos do templo. Pôs para fora as ovelhas e os bois, espalhou as moedas dos negociantes no chão e virou as mesas. Depois, foi até aqueles que vendiam pombas e lhes disse: “Tirem essas coisas daqui! Parem de fazer da casa de meu Pai um mercado!”. Então os discípulos se lembraram desta profecia das Escrituras: “O zelo pela casa de Deus me consumirá”. “O que você está fazendo?”, questionaram os líderes judeus. “Que sinal você nos mostra para comprovar que tem autoridade para isso?” “Pois bem”, respondeu Jesus. “Destruam este templo, e em três dias eu o levantarei.” Eles disseram: “Foram necessários 46 anos para construir este templo, e você o reconstruirá em três dias?”. Mas quando Jesus disse “este templo”, estava se referindo a seu próprio corpo. Depois que ele ressuscitou dos mortos, seus discípulos se lembraram do que ele tinha dito e creram nas Escrituras e em suas palavras. Por causa dos sinais que Jesus realizou em Jerusalém durante a festa da Páscoa, muitos creram nele. Jesus, porém, não confiava neles, pois conhecia a todos. Ninguém precisava lhe dizer como o ser humano é de fato, pois ele conhecia a natureza humana. Havia um fariseu chamado Nicodemos, líder religioso entre os judeus. Certa noite, veio falar com Jesus e disse: “Rabi, todos nós sabemos que Deus enviou o senhor para nos ensinar. Seus sinais são prova de que Deus está com o senhor”. Jesus respondeu: “Eu lhe digo a verdade: quem não nascer de novo, não verá o reino de Deus”. “Como pode um homem velho nascer de novo?”, perguntou Nicodemos. “Acaso ele pode voltar ao ventre da mãe e nascer uma segunda vez?” Jesus respondeu: “Eu lhe digo a verdade: ninguém pode entrar no reino de Deus sem nascer da água e do Espírito. Os seres humanos podem gerar apenas vida humana, mas o Espírito dá à luz vida espiritual. Portanto, não se surpreenda quando eu digo: ‘É necessário nascer de novo’. O vento sopra onde quer. Assim como você ouve o vento, mas não é capaz de dizer de onde ele vem nem para onde vai, também é incapaz de explicar como as pessoas nascem do Espírito”. “Como pode ser isso?”, perguntou Nicodemos. Jesus respondeu: “Você é um mestre respeitado em Israel e não entende essas coisas? Eu lhe digo a verdade: falamos daquilo que sabemos e vimos e, no entanto, vocês não creem em nosso testemunho. Se vocês não creem em mim quando falo de coisas terrenas, como crerão se eu falar de coisas celestiais? Ninguém jamais subiu ao céu, exceto aquele que de lá desceu, o Filho do Homem. E, como Moisés, no deserto, levantou a serpente de bronze numa estaca, também é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que nele crer tenha a vida eterna. “Porque Deus amou tanto o mundo que deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Deus enviou seu Filho ao mundo não para condenar o mundo, mas para salvá-lo por meio dele. “Não há condenação alguma para quem crê nele. Mas quem não crê nele já está condenado por não crer no Filho único de Deus. E a condenação se baseia nisto: a luz de Deus veio ao mundo, mas as pessoas amaram mais a escuridão que a luz, porque seus atos eram maus. Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima dela, pois teme que seus pecados sejam expostos. Mas quem pratica a verdade se aproxima da luz, para que outros vejam que ele faz a vontade de Deus”. Então Jesus e seus discípulos saíram de Jerusalém e foram à região da Judeia. Jesus passou um tempo ali com eles, batizando. Nessa época, João também batizava em Enom, perto de Salim, pois havia ali bastante água, e o povo ia até ele para ser batizado. Isso aconteceu antes de João ser preso. Surgiu uma discussão entre os discípulos de João e certo judeu a respeito da purificação cerimonial. Os discípulos de João foram falar com ele e lhe disseram: “Rabi, o homem que o senhor encontrou no outro lado do rio Jordão, aquele de quem o senhor deu testemunho, também está batizando. Todos vão até ele”. João respondeu: “Ninguém pode receber coisa alguma, a menos que lhe seja concedida do céu. Vocês sabem que eu lhes disse claramente: ‘Eu não sou o Cristo. Estou aqui apenas para preparar o caminho para ele’. É o noivo que se casa com a noiva; o amigo do noivo simplesmente se alegra de estar ao lado dele e ouvir seus votos. Portanto, muito me alegro com o destaque dele. Ele deve se tornar cada vez maior, e eu, cada vez menor”. Aquele que veio do alto é superior a todos. Nós somos da terra e falamos de coisas terrenas, mas ele veio do céu e é superior a todos. Ele dá testemunho daquilo que viu e ouviu, mas como são poucos os que creem no que ele diz! Todo aquele que aceita seu testemunho confirma que Deus é verdadeiro. Pois ele foi enviado por Deus e fala as palavras de Deus, porque Deus lhe dá, sem limites, o Espírito. O Pai ama o Filho e pôs tudo em suas mãos. E quem crê no Filho de Deus tem a vida eterna. Quem não obedece ao Filho não tem a vida eterna, mas a ira de Deus permanece sobre ele. Jesus sabia que os fariseus tinham ouvido dizer que ele batizava e fazia mais discípulos que João, embora Jesus mesmo não os batizasse, e sim seus discípulos. Assim, deixou a Judeia e voltou para a Galileia. No caminho, teve de passar por Samaria. Chegou ao povoado samaritano de Sicar, perto do campo que Jacó tinha dado a seu filho José. O poço de Jacó ficava ali, e Jesus, cansado da longa caminhada, sentou-se junto ao poço, por volta do meio-dia. Pouco depois, uma mulher samaritana veio tirar água, e Jesus lhe disse: “Por favor, dê-me um pouco de água para beber”. Naquele momento, seus discípulos tinham ido ao povoado comprar comida. A mulher ficou surpresa, pois os judeus se recusam a ter qualquer contato com os samaritanos. “Você é judeu, e eu sou uma mulher samaritana”, disse ela a Jesus. “Como é que me pede água para beber?” Jesus respondeu: “Se ao menos você soubesse que presente Deus tem para você e com quem está falando, você me pediria e eu lhe daria água viva”. “Mas você não tem corda nem balde, e o poço é muito fundo”, disse ela. “De onde tiraria essa água viva? Além do mais, você se considera mais importante que nosso antepassado Jacó, que nos deu este poço? Como pode oferecer água melhor que esta que Jacó, seus filhos e seus animais bebiam?” Jesus respondeu: “Quem bebe desta água logo terá sede outra vez, mas quem bebe da água que eu dou nunca mais terá sede. Ela se torna uma fonte que brota dentro dele e lhe dá a vida eterna”. “Por favor, senhor, dê-me dessa água!”, disse a mulher. “Assim eu nunca mais terei sede nem precisarei vir aqui para tirar água.” “Vá buscar seu marido”, disse Jesus. “Não tenho marido”, respondeu a mulher. Jesus disse: “É verdade. Você não tem marido, pois teve cinco maridos e não é casada com o homem com quem vive agora. Certamente você disse a verdade”. “O senhor deve ser profeta”, disse a mulher. “Então diga-me: por que os judeus insistem que Jerusalém é o único lugar de adoração, enquanto nós, os samaritanos, afirmamos que é aqui, no monte Gerizim, onde nossos antepassados adoraram?” Jesus respondeu: “Creia em mim, mulher, está chegando a hora em que já não importará se você adora o Pai neste monte ou em Jerusalém. Vocês, samaritanos, sabem muito pouco a respeito daquele a quem adoram. Nós adoramos com conhecimento, pois a salvação vem por meio dos judeus. Mas está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. O Pai procura pessoas que o adorem desse modo. Pois Deus é Espírito, e é necessário que seus adoradores o adorem em espírito e em verdade”. A mulher disse: “Eu sei que o Messias (aquele que é chamado Cristo) virá. Quando vier, ele nos explicará tudo”. Então Jesus lhe disse: “Sou eu, o que fala com você!”. Naquele momento, seus discípulos voltaram. Ficaram surpresos de encontrá-lo falando com uma mulher, mas nenhum deles se atreveu a perguntar: “O que o senhor quer?” ou “Por que conversa com ela?”. A mulher deixou sua vasilha de água junto ao poço e correu de volta para o povoado, dizendo a todos: “Venham ver um homem que me disse tudo que eu já fiz na vida! Será que não é ele o Cristo?”. Então as pessoas saíram do povoado para vê-lo. Enquanto isso, os discípulos insistiam com Jesus: “Rabi, coma alguma coisa”. Ele, porém, respondeu: “Eu tenho um tipo de alimento que vocês não conhecem”. Os discípulos perguntaram uns aos outros: “Será que alguém lhe trouxe comida?”. Então Jesus explicou: “Meu alimento consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e em terminar a sua obra. Vocês não costumam dizer: ‘Ainda faltam quatro meses para a colheita’? Mas eu lhes digo: despertem e olhem em volta. Os campos estão maduros para a colheita. Os que colhem já recebem salário, e os frutos que ajuntam são as pessoas que passam a ter a vida eterna. Que alegria espera tanto o que semeia como o que colhe! Vocês conhecem o ditado: ‘Um semeia e outro colhe’. E é verdade. Eu envio vocês para colher onde não semearam; outros realizaram o trabalho, e agora vocês ajuntarão a colheita”. Muitos samaritanos do povoado creram em Jesus por causa daquilo que a mulher relatou: “Ele me disse tudo que eu já fiz!”. Quando saíram para vê-lo, insistiram que ficasse no povoado. Jesus permaneceu ali dois dias, e muitos outros ouviram sua palavra e creram. Então disseram à mulher: “Agora cremos, não apenas por causa do que você nos contou, mas porque nós mesmos o ouvimos. Agora sabemos que ele é, de fato, o Salvador do mundo”. Depois daqueles dois dias, Jesus partiu para a Galileia. Ele mesmo tinha dito que um profeta não é honrado em sua própria terra. Mas, uma vez que os galileus haviam estado em Jerusalém para a festa da Páscoa e visto tudo que Jesus fizera, eles o receberam. Enquanto Jesus viajava pela Galileia, chegou a Caná, onde tinha transformado água em vinho. Perto dali, em Cafarnaum, havia um oficial do governo cujo filho estava muito doente. Quando soube que Jesus viera da Judeia para a Galileia, foi até ele e suplicou que fosse a Cafarnaum para curar seu filho, que estava à beira da morte. Jesus exclamou: “Jamais crerão, a menos que vejam sinais e maravilhas!”. O oficial implorou: “Senhor, por favor, venha antes que meu filho morra”. “Volte!”, disse Jesus. “Seu filho viverá.” O homem creu nas palavras de Jesus e partiu para casa. Enquanto estava a caminho, alguns de seus servos vieram a seu encontro com a notícia de que seu filho estava vivo e bem. Ele perguntou quando o menino havia começado a melhorar, e eles responderam: “Ontem à tarde, à uma hora, a febre subitamente desapareceu!”. Então o pai percebeu que havia sido naquele exato momento que Jesus tinha dito: “Seu filho viverá”. E o oficial e todos de sua casa creram em Jesus. Esse foi o segundo sinal que Jesus realizou na Galileia, depois que veio da Judeia. Depois disso, Jesus voltou a Jerusalém para uma das festas religiosas dos judeus. Dentro da cidade, junto à porta das Ovelhas, ficava o tanque de Betesda, com cinco pátios cobertos. Ficavam ali cegos, mancos e paralíticos, uma multidão de enfermos, esperando um movimento da água, pois um anjo do Senhor descia de vez em quando e agitava a água. O primeiro que entrava no tanque após a água ser agitada era curado de qualquer enfermidade que tivesse. Um dos homens ali estava doente havia 38 anos. Quando Jesus o viu e soube que estava enfermo por tanto tempo, perguntou-lhe: “Você gostaria de ser curado?”. O homem respondeu: “Não consigo, senhor, pois não tenho quem me coloque no tanque quando a água se agita. Alguém sempre chega antes de mim”. Jesus lhe disse: “Levante-se, pegue sua maca e ande!”. No mesmo instante, o homem ficou curado. Ele pegou sua maca e começou a andar. Uma vez que esse milagre aconteceu no sábado, os líderes judeus disseram ao homem que havia sido curado: “Hoje é sábado! A lei não permite que você carregue essa maca!”. Mas ele respondeu: “O homem que me curou disse: ‘Pegue sua maca e ande’”. “Quem foi que lhe disse uma coisa dessas?”, perguntaram eles. O homem não sabia, pois Jesus havia desaparecido no meio da multidão. Mais tarde, Jesus o encontrou no templo e lhe disse: “Agora você está curado; deixe de pecar, para que nada pior lhe aconteça”. O homem foi até os líderes judeus e lhes disse que tinha sido Jesus quem o havia curado. Então os líderes judeus começaram a perseguir Jesus por não respeitar as regras do sábado. Jesus, porém, disse: “Meu Pai sempre trabalha, e eu também”. Assim, os líderes judeus se empenharam ainda mais em encontrar um modo de matá-lo, pois ele não apenas violava o sábado, mas afirmava que Deus era seu Pai e, portanto, se igualava a Deus. Jesus respondeu: “Eu lhes digo a verdade: o Filho não pode fazer coisa alguma por sua própria conta. Ele faz apenas o que vê o Pai fazer. Aquilo que o Pai faz, o Filho também faz. Pois o Pai ama o Filho e lhe mostra tudo que faz. Na verdade, o Pai lhe mostrará obras ainda maiores que estas, para que vocês fiquem admirados. Pois assim como o Pai dá vida àqueles que ele ressuscita dos mortos, também o Filho dá vida a quem ele quer. Além disso, o Pai não julga ninguém, mas deu ao Filho autoridade absoluta para julgar, para que todos honrem o Filho como honram o Pai. Quem não honra o Filho certamente não honra o Pai, que o enviou. “Eu lhes digo a verdade: quem ouve minha mensagem e crê naquele que me enviou tem a vida eterna. Jamais será condenado, mas já passou da morte para a vida. “E eu lhes asseguro que está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os mortos ouvirão minha voz, a voz do Filho de Deus. E aqueles que a ouvirem viverão. O Pai tem a vida em si mesmo, e concedeu a seu Filho igual poder de dar vida, e lhe deu autoridade para julgar a todos, porque ele é o Filho do Homem. Não fiquem tão surpresos! Na verdade, vem o tempo em que todos os mortos ouvirão, em seus túmulos, a voz do Filho de Deus e ressuscitarão. Aqueles que fizeram o bem ressuscitarão para terem vida eterna, e aqueles que continuaram a fazer o mal ressuscitarão para serem julgados. Não posso fazer coisa alguma por minha própria conta. Julgo conforme aquilo que Deus me diz. Logo, meu julgamento é justo, pois não faço minha própria vontade, mas a vontade do Pai, que me enviou.” “Se eu testemunhasse a respeito de mim mesmo, meu testemunho não seria válido. Mas há outro que também testemunha sobre mim, e eu lhes asseguro que tudo que ele diz a meu respeito é verdadeiro. Vocês enviaram investigadores para ouvir João, e o testemunho dele sobre mim é verdadeiro. Claro que não tenho necessidade alguma de testemunhas humanas, mas digo estas coisas para que vocês sejam salvos. João era como uma lâmpada que queimava e brilhava e, por algum tempo, vocês se empolgaram com a mensagem dele. Mas eu tenho um testemunho maior que o de João: as obras que realizo. O Pai me deu essas obras para concluir, e elas provam que ele me enviou. E o Pai, que me enviou, testemunhou, ele próprio, a meu respeito. Vocês nunca ouviram sua voz, nem o viram pessoalmente, e não têm sua mensagem no coração, pois não creem em mim, aquele que foi enviado por ele. “Vocês estudam minuciosamente as Escrituras porque creem que elas lhes dão vida eterna. Mas as Escrituras apontam para mim! E, no entanto, vocês se recusam a vir a mim para receber essa vida. “Sua aprovação não vale nada para mim, pois eu sei que o amor a Deus não está em vocês. Eu vim em nome de meu Pai, e vocês me rejeitaram. Se outro vier em seu próprio nome, vocês o receberão. Não é de admirar que não possam crer, pois vocês honram uns aos outros, mas não se importam com a honra que vem do único Deus! “Mas não sou eu quem os acusará diante do Pai. Moisés os acusará! Sim, Moisés, em quem vocês põem sua esperança. Se cressem, de fato, em Moisés, creriam em mim, pois ele escreveu a meu respeito. Contudo, uma vez que não creem naquilo que ele escreveu, como crerão no que eu digo?”. Depois disso, Jesus atravessou o mar da Galileia, conhecido também como mar de Tiberíades. Uma grande multidão o seguia por toda parte, pois tinham visto os sinais que ele havia realizado ao curar os enfermos. Então Jesus subiu a um monte e sentou-se com seus discípulos. Era quase tempo da festa judaica da Páscoa. Jesus logo viu uma grande multidão que vinha a seu encontro. Voltando-se para Filipe, perguntou: “Onde podemos comprar pão para alimentar toda essa gente?”. Disse isso para pôr Filipe à prova, pois já sabia o que ia fazer. Filipe respondeu: “Mesmo que trabalhássemos vários meses, não teríamos dinheiro suficiente para dar alimento a todos!”. Então um de seus discípulos, André, irmão de Simão Pedro, falou: “Aqui está um rapaz com cinco pães de cevada e dois peixes. Mas que adianta isso para tanta gente?”. Jesus respondeu: “Digam ao povo que se sente”. Todos se sentaram na grama que cobria o monte. Só os homens eram cerca de cinco mil. Então Jesus tomou os pães, agradeceu a Deus e os repartiu entre o povo. Em seguida, fez o mesmo com os peixes. E todos comeram à vontade. Depois que todos estavam satisfeitos, Jesus disse a seus discípulos: “Agora juntem os pedaços que sobraram, para que nada se desperdice”. Eles juntaram o que restou e encheram doze cestos com as sobras. Quando o povo viu Jesus fazer esse sinal, exclamou: “Sem dúvida ele é o profeta que haveria de vir ao mundo!”. Jesus sabia que pretendiam obrigá-lo a ser rei deles, de modo que se retirou, sozinho, para o monte. Ao entardecer, os discípulos de Jesus desceram à praia, entraram no barco e atravessaram o mar em direção a Cafarnaum. Quando escureceu, porém, Jesus ainda não tinha vindo se encontrar com eles. Logo, um vento forte veio sobre eles, e o mar ficou muito agitado. Depois de remarem cinco ou seis quilômetros, de repente viram Jesus caminhando sobre o mar, em direção ao barco. Ficaram aterrorizados, mas ele lhes disse: “Sou eu! Não tenham medo”. Eles o receberam no barco e, logo em seguida, chegaram a seu destino. No dia seguinte, a multidão que tinha ficado do outro lado do mar viu que os discípulos haviam pegado o único barco dali e que Jesus não fora com eles. Alguns barcos de Tiberíades se aproximaram do lugar onde o povo tinha comido os pães depois que o Senhor os abençoou. Quando a multidão viu que nem Jesus nem os discípulos estavam ali, todos entraram nos barcos e atravessaram para Cafarnaum, a fim de procurá-lo. Encontraram-no do outro lado do mar e lhe perguntaram: “Rabi, quando o senhor chegou aqui?”. Jesus respondeu: “Eu lhes digo a verdade: vocês querem estar comigo não porque entenderam os sinais, mas porque lhes dei alimento. Não se preocupem tanto com coisas que se estragam, como a comida, mas usem suas energias buscando o alimento que permanece para a vida eterna, o qual o Filho do Homem pode lhes dar. Pois Deus, o Pai, colocou em mim seu selo de aprovação”. “Nós também queremos realizar as obras de Deus”, disseram eles. “O que devemos fazer?” Jesus lhes disse: “Esta é a única obra que Deus quer de vocês: creiam naquele que ele enviou”. Eles responderam: “Se deseja que creiamos no senhor, mostre-nos um sinal. O que o senhor pode fazer? Afinal, nossos antepassados comeram maná no deserto! As Escrituras dizem: ‘Moisés lhes deu de comer pão do céu’”. Jesus disse: “Eu lhes digo a verdade: não foi Moisés quem lhes deu pão do céu. É meu Pai quem dá o verdadeiro pão do céu a vocês. O verdadeiro pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo”. “Senhor, dê-nos desse pão todos os dias”, disseram eles. Jesus respondeu: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim nunca mais terá fome. Quem crê em mim nunca mais terá sede. Mas vocês não creram em mim, embora me tenham visto. Contudo, aqueles que o Pai me dá virão a mim, e eu jamais os rejeitarei. Pois desci do céu para fazer a vontade daquele que me enviou, e não minha própria vontade. E esta é a vontade de Deus: que eu não perca um sequer de todos que ele me deu, mas que ressuscite todos no último dia. Pois é a vontade de meu Pai que todo aquele que olhar para o Filho e nele crer tenha a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia”. Então os judeus começaram a criticá-lo, pois ele havia afirmado: “Eu sou o pão que desceu do céu”. Diziam: “Este não é Jesus, filho de José? Conhecemos seu pai e sua mãe. Como ele pode dizer: ‘Desci do céu?’”. Jesus, porém, respondeu: “Parem de me criticar. Pois ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer a mim; e no último dia eu o ressuscitarei. Como dizem as Escrituras: ‘Todos eles serão ensinados por Deus’. Todo aquele que ouve o Pai e aprende dele vem a mim. Não que alguém tenha visto o Pai; somente eu, que fui enviado por Deus, o vi. “Eu lhes digo a verdade: quem crê tem a vida eterna. Sim, eu sou o pão da vida! Seus antepassados comeram maná no deserto, mas morreram; quem comer o pão do céu, no entanto, jamais morrerá. Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá para sempre; e este pão, que eu oferecerei para que o mundo viva, é a minha carne”. Então os judeus começaram a discutir entre si a respeito do que ele queria dizer. “Como pode esse homem nos dar sua carne para comer?”, perguntavam. Então Jesus disse novamente: “Eu lhes digo a verdade: se vocês não comerem a carne do Filho do Homem e não beberem o seu sangue, não terão a vida em si mesmos. Mas quem come minha carne e bebe meu sangue terá a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Pois minha carne é a verdadeira comida, e meu sangue é a verdadeira bebida. Quem come minha carne e bebe meu sangue permanece em mim, e eu nele. Eu vivo por causa do Pai, que vive e me enviou; da mesma forma, quem se alimenta de mim viverá por minha causa. Eu sou o verdadeiro pão que desceu do céu. Seus antepassados comeram maná e morreram; quem comer este pão não morrerá, mas viverá para sempre”. Ele disse essas coisas quando ensinava na sinagoga de Cafarnaum. Muitos de seus discípulos disseram: “Sua mensagem é dura. Quem é capaz de aceitá-la?”. Jesus, sabendo que seus discípulos reclamavam, disse: “Isso os ofende? Então o que pensarão se virem o Filho do Homem subir ao céu, onde estava antes? Somente o Espírito dá vida. A natureza humana não realiza coisa alguma. E as palavras que eu lhes disse são espírito e vida. Mas alguns de vocês não creem em mim”. Pois Jesus sabia, desde o princípio, quem não acreditava nele e quem iria traí-lo. E acrescentou: “Por isso eu disse que ninguém pode vir a mim a menos que o Pai o dê a mim”. Nesse momento, muitos de seus discípulos se afastaram dele e o abandonaram. Então Jesus se voltou para os Doze e perguntou: “Vocês também vão embora?”. Simão Pedro respondeu: “Senhor, para quem iremos? O senhor tem as palavras da vida eterna. Nós cremos e sabemos que o senhor é o Santo de Deus”. Então Jesus disse: “Eu escolhi vocês doze, mas um de vocês é um diabo”. Ele se referia a Judas, filho de Simão Iscariotes, um dos Doze, que mais tarde o trairia. Depois disso, Jesus viajou pela Galileia. Queria ficar longe da Judeia, onde os líderes judeus planejavam sua morte. Logo, porém, chegou o tempo da celebração judaica chamada Festa das Cabanas, e os irmãos de Jesus lhe disseram: “Saia daqui e vá à Judeia, onde seus seguidores poderão ver os milagres que realiza. Você não se tornará famoso escondendo-se dessa forma. Se você pode fazer coisas tão maravilhosas, mostre-se ao mundo!”. Pois nem mesmo seus irmãos criam nele. Jesus respondeu: “Agora não é o momento certo de eu ir, mas vocês podem ir a qualquer hora. O mundo não pode odiá-los, mas a mim ele odeia, pois eu o acuso de fazer o mal. Vão vocês. Eu ainda não irei a essa festa, pois meu tempo ainda não chegou”. Tendo dito isso, permaneceu na Galileia. Contudo, depois que seus irmãos partiram para a festa, ele também foi, mas em segredo, permanecendo distante dos olhos do público. Os líderes judeus tentavam encontrá-lo na festa e perguntavam se alguém o tinha visto. Havia muita discussão a seu respeito entre as multidões. Alguns afirmavam: “Ele é um homem bom”, enquanto outros diziam: “Ele não passa de um impostor, que engana o povo”. Mas ninguém tinha coragem de falar sobre ele em público, por medo dos líderes judeus. Então, na metade da festa, Jesus subiu ao templo e começou a ensinar. Os judeus que estavam ali ficaram admirados ao ouvi-lo. “Como ele sabe tanto sem ter estudado?”, perguntavam. Jesus lhes respondeu: “Minha mensagem não vem de mim mesmo; vem daquele que me enviou. Quem quiser fazer a vontade de Deus saberá se meu ensino vem dele ou se falo por mim mesmo. Aquele que fala por si mesmo busca sua própria glória, mas quem procura honrar aquele que o enviou diz a verdade, e não mentiras. Moisés lhes deu a lei, mas nenhum de vocês obedece a ela. Então por que procuram me matar?”. A multidão respondeu: “Você está possuído por demônio! Quem procura matá-lo?”. Jesus respondeu: “Eu fiz um milagre no sábado, e vocês ficaram admirados. No entanto, vocês também trabalham no sábado quando obedecem à lei da circuncisão que Moisés lhes deu, embora, na verdade, a circuncisão tenha começado com os patriarcas, muito antes da lei de Moisés. Pois, se o tempo certo de circuncidar seu filho cai no sábado, vocês realizam a cerimônia, a fim de não quebrar a lei de Moisés. Então por que ficam indignados comigo pelo fato de eu curar um homem no sábado? Não julguem de acordo com as aparências, mas julguem de maneira justa”. Alguns do povo, que moravam em Jerusalém, começaram a perguntar uns aos outros: “Não é este o homem a quem procuram matar? Aqui está ele, porém, falando em público, e não lhe dizem coisa alguma. Será que nossos líderes acreditam que ele é o Cristo? Mas como pode ser este homem? Sabemos de onde ele vem. Quando o Cristo vier, ninguém saberá de onde ele é”. Enquanto ensinava no templo, Jesus disse em alta voz: “Sim, vocês me conhecem e sabem de onde eu venho. Mas não estou aqui por minha própria conta. Aquele que me enviou é verdadeiro, e vocês não o conhecem. Mas eu o conheço, porque venho dele, e ele me enviou a vocês”. Então tentaram prendê-lo, mas ninguém pôs as mãos nele, porque ainda não havia chegado sua hora. Muitos entre as multidões no templo creram nele e diziam: “Afinal, alguém espera que o Cristo faça mais sinais do que este homem tem feito?”. Quando os fariseus ouviram que as multidões sussurravam essas coisas, eles e os principais sacerdotes enviaram guardas do templo para prendê-lo. Jesus, porém, lhes disse: “Estarei com vocês só um pouco mais. Então voltarei para aquele que me enviou. Vocês procurarão por mim, mas não me encontrarão. E não poderão ir para onde eu vou”. Os judeus se perguntavam: “Para onde ele pretende ir? Será que planeja partir e ir aos judeus em outras terras? Talvez até ensine aos gregos! O que ele quer dizer quando fala: ‘Vocês procurarão por mim, mas não me encontrarão’ e ‘Não poderão ir para onde eu vou’?”. No último dia, o mais importante da festa, Jesus se levantou e disse em alta voz: “Quem tem sede, venha a mim e beba! Pois as Escrituras declaram: ‘Rios de água viva brotarão do interior de quem crer em mim’”. Quando ele falou de “água viva”, estava se referindo ao Espírito que seria dado mais tarde a todos que nele cressem. Naquela ocasião o Espírito ainda não tinha sido dado, pois Jesus ainda não havia sido glorificado. Quando as multidões o ouviram dizer isso, alguns declararam: “Certamente este homem é o profeta por quem esperávamos”. Outros afirmaram: “Ele é o Cristo”. E ainda outros disseram: “Não é possível! O Cristo virá da Galileia? As Escrituras afirmam claramente que o Cristo nascerá da linhagem real de Davi, em Belém, o povoado onde o rei Davi nasceu”. Assim, a multidão estava dividida a respeito de Jesus. Alguns queriam que ele fosse preso, mas ninguém pôs as mãos nele. Quando os guardas do templo voltaram sem ter prendido Jesus, os principais sacerdotes e fariseus perguntaram: “Por que vocês não o trouxeram?”. “Nunca ouvimos alguém falar como ele!”, responderam. “Vocês também foram enganados?”, zombaram os fariseus. “Por acaso um de nós que seja, entre os líderes ou fariseus, crê nele? As multidões ignorantes o seguem, mas elas não têm conhecimento da lei. São amaldiçoadas!” Então Nicodemos, o líder que antes havia se encontrado com Jesus, perguntou: “A lei permite condenar um homem antes mesmo de haver uma audiência?”. “Você também é da Galileia?”, responderam eles. “Procure e veja por si mesmo: nenhum profeta vem da Galileia!” Então todos foram para casa. Jesus voltou ao monte das Oliveiras, mas na manhã seguinte, bem cedo, estava outra vez no templo. Logo se reuniu uma multidão, e ele se sentou e a ensinou. Então os mestres da lei e os fariseus lhe trouxeram uma mulher pega em adultério e a colocaram diante da multidão. “Mestre, esta mulher foi pega no ato de adultério”, disseram eles a Jesus. “A lei de Moisés ordena que ela seja apedrejada. O que o senhor diz?” Procuravam apanhá-lo numa armadilha, ao fazê-lo dizer algo que pudessem usar contra ele. Jesus, porém, apenas se inclinou e começou a escrever com o dedo na terra. Eles continuaram a exigir uma resposta, de modo que ele se levantou e disse: “Aquele de vocês que nunca pecou atire a primeira pedra”. Então inclinou-se novamente e voltou a escrever na terra. Quando ouviram isso, foram saindo, um de cada vez, começando pelos mais velhos, até que só restaram Jesus e a mulher no meio da multidão. Então Jesus se levantou de novo e disse à mulher: “Onde estão seus acusadores? Nenhum deles a condenou?”. “Não, Senhor”, respondeu ela. E Jesus disse: “Eu também não a condeno. Vá e não peque mais”. Jesus voltou a falar ao povo e disse: “Eu sou a luz do mundo. Se vocês me seguirem, não andarão no escuro, pois terão a luz da vida”. Os fariseus disseram: “Você faz essas declarações a respeito de si mesmo! Seu testemunho não é válido”. Jesus respondeu: “Meu testemunho é válido, embora eu mesmo o dê, pois eu sei de onde vim e para onde vou, mas vocês não sabem de onde vim nem para onde vou. Vocês julgam por padrões humanos, mas eu não julgo ninguém. E, mesmo que o fizesse, meu julgamento seria correto, pois não estou sozinho. O Pai, que me enviou, está comigo. A lei de vocês diz que, se duas pessoas concordarem sobre alguma coisa, seu testemunho é aceito como fato. Eu sou uma testemunha, e meu Pai, que me enviou, é a outra”. “Onde está seu Pai?”, perguntaram eles. Jesus respondeu: “Uma vez que vocês não sabem quem sou eu, não sabem quem é meu Pai. Se vocês me conhecessem, também conheceriam meu Pai”. Jesus fez essas declarações enquanto ensinava na parte do templo onde eram colocadas as ofertas. No entanto, não foi preso, pois ainda não havia chegado sua hora. Mais tarde, Jesus lhes disse outra vez: “Eu vou embora. Vocês procurarão por mim, mas morrerão em seus pecados. Não podem ir para onde eu vou”. Os judeus perguntaram: “Será que ele está planejando cometer suicídio? A que ele se refere quando diz: ‘Não podem ir para onde eu vou’?”. Jesus prosseguiu: “Vocês são daqui de baixo; eu sou lá de cima. Vocês pertencem a este mundo; eu não. Foi por isso que eu disse que vocês morrerão em seus pecados, pois a menos que creiam que eu sou lá de cima, morrerão em seus pecados”. “Quem é você?”, perguntaram eles. Jesus respondeu: “Sou aquele que sempre afirmei ser. Tenho muito que dizer e julgar a respeito de vocês, mas não o farei. Digo ao mundo apenas o que ouvi daquele que me enviou, e ele é inteiramente verdadeiro”. Ainda assim, não entenderam que ele lhes falava a respeito do Pai. Então Jesus disse: “Quando vocês me levantarem, entenderão que eu sou o Filho do Homem. Não faço coisa alguma por minha própria conta; digo apenas o que o Pai me ensinou. E aquele que me enviou está comigo; ele não me abandonou, pois sempre faço o que lhe agrada”. Muitos que o ouviram dizer essas coisas creram nele. Jesus disse aos judeus que creram nele: “Vocês são verdadeiramente meus discípulos se permanecerem fiéis a meus ensinamentos. Então conhecerão a verdade, e a verdade os libertará”. “Mas somos descendentes de Abraão”, disseram eles. “Nunca fomos escravos de ninguém. O que quer dizer com ‘Vocês serão libertos’?” Jesus respondeu: “Eu lhes digo a verdade: todo o que peca é escravo do pecado. O escravo não é membro permanente da família, mas o filho faz parte da família, para sempre. Portanto, se o Filho os libertar, vocês serão livres de fato. Sim, eu sei que vocês são descendentes de Abraão. E, no entanto, procuram me matar, pois não há lugar em seu coração para a minha mensagem. Eu lhes digo o que vi quando estava com meu Pai, mas vocês seguem o conselho do pai de vocês”. “Nosso pai é Abraão!”, declararam eles. Jesus respondeu: “Se vocês fossem, de fato, filhos de Abraão, seguiriam o exemplo dele. Em vez disso, procuram me matar porque eu lhes disse a verdade que ouvi de Deus. Abraão nunca fez isso. Vocês estão imitando seu verdadeiro pai”. “Não somos filhos ilegítimos!”, retrucaram. “O próprio Deus é nosso verdadeiro Pai!” Jesus lhes disse: “Se Deus fosse seu Pai, vocês me amariam, porque eu venho até vocês da parte de Deus. Não estou aqui por minha própria conta, mas ele me enviou. Por que vocês não entendem o que eu digo? É porque nem sequer conseguem me ouvir! Pois são filhos de seu pai, o diabo, e gostam de fazer as coisas perversas que ele deseja. Ele foi assassino desde o princípio. Sempre odiou a verdade, pois não há verdade alguma nele. Quando ele mente, age de acordo com seu caráter, pois é mentiroso e pai da mentira. Portanto, quando eu digo a verdade, é natural que não creiam em mim! Qual de vocês pode me acusar de pecado? E, uma vez que lhes digo a verdade, por que não creem em mim? Quem pertence a Deus ouve as palavras de Deus. Mas vocês não ouvem, pois não pertencem a Deus”. “Samaritano endemoninhado!”, responderam os líderes judeus. “Não temos dito desde o início que está possuído por demônio?” “Não tenho em mim demônio algum”, disse Jesus. “Pelo contrário, honro meu Pai, e vocês me desonram. Eu não procuro minha própria glória; há quem a procure para mim, e ele é o Juiz. Eu lhes digo a verdade: quem obedecer a meu ensino jamais morrerá!” Os líderes judeus disseram: “Agora sabemos que você está possuído por demônio. Até Abraão e os profetas morreram, mas você diz: ‘Quem obedecer a meu ensino jamais morrerá!’. Por acaso você é maior que nosso pai Abraão? Ele morreu, assim como os profetas. Quem você pensa que é?”. Jesus respondeu: “Se eu quisesse glória para mim mesmo, essa glória não contaria. Mas é meu Pai quem me glorifica. Vocês dizem: ‘Ele é nosso Deus’, mas nem o conhecem. Eu o conheço. Se eu dissesse que não o conheço, seria tão mentiroso quanto vocês! Mas eu o conheço e lhe obedeço. Seu pai Abraão exultou com a expectativa da minha vinda. Ele a viu e se alegrou”. Os líderes judeus disseram: “Você não tem nem cinquenta anos. Como pode dizer que viu Abraão?”. Jesus respondeu: “Eu lhes digo a verdade: antes mesmo de Abraão nascer, Eu Sou!”. Então apanharam pedras para atirar em Jesus, mas ele se ocultou deles e saiu do templo. Enquanto caminhava, Jesus viu um homem cego de nascença. Seus discípulos perguntaram: “Rabi, por que este homem nasceu cego? Foi por causa de seus próprios pecados ou dos pecados de seus pais?”. Jesus respondeu: “Nem uma coisa nem outra. Isso aconteceu para que o poder de Deus se manifestasse nele. Devemos cumprir logo as tarefas que nos foram dadas por aquele que me enviou. A noite se aproxima, quando ninguém pode trabalhar. Mas, enquanto estou aqui no mundo, eu sou a luz do mundo”. Depois de dizer isso, Jesus cuspiu no chão, misturou a terra com saliva e aplicou-a nos olhos do cego. Em seguida, disse: “Vá lavar-se no tanque de Siloé” (que significa “enviado”). O homem foi, lavou-se e voltou enxergando. Seus vizinhos e outros que o conheciam como mendigo começaram a perguntar: “Não é este o homem que costumava ficar sentado pedindo esmolas?”. Alguns diziam que sim, e outros diziam: “Não, apenas se parece com ele”. O mendigo, porém, insistia: “Sim, sou eu mesmo!”. “Quem curou você?”, perguntaram eles. “O que aconteceu?” Ele respondeu: “O homem chamado Jesus misturou terra com saliva, colocou-a em meus olhos e disse: ‘Vá lavar-se no tanque de Siloé’. Eu fui e me lavei, e agora posso ver!”. “Onde está esse homem?”, perguntaram. “Não sei”, respondeu ele. Então levaram aos fariseus o homem que havia sido cego, pois foi no sábado que Jesus misturou terra com saliva e o curou. Os fariseus encheram o homem de perguntas sobre o que havia acontecido, e ele respondeu: “Ele colocou terra com saliva em meus olhos e, depois que eu me lavei, passei a enxergar!”. Alguns dos fariseus disseram: “Esse homem não é de Deus, pois trabalha no sábado”. Outros disseram: “Mas como um pecador poderia fazer sinais como esse?”. E havia entre eles uma divergência de opiniões. Os fariseus voltaram a perguntar ao homem que havia sido cego: “O que você diz desse homem que o curou?”. “Ele deve ser profeta”, respondeu o homem. Os líderes judeus se recusavam a crer que ele havia sido cego e estava curado, por isso mandaram chamar os pais dele e perguntaram: “Ele é seu filho? Ele nasceu cego? Se foi, como pode ver agora?”. Os pais responderam: “Sabemos que ele é nosso filho e que nasceu cego, mas não sabemos como pode ver agora nem quem o curou. Ele tem idade suficiente para falar por si mesmo. Perguntem a ele”. Seus pais disseram isso por medo dos líderes judeus, pois estes haviam anunciado que, se alguém dissesse que Jesus era o Cristo, seria expulso da sinagoga. Por isso disseram: “Ele tem idade suficiente. Perguntem a ele”. Então, pela segunda vez, chamaram o homem que havia sido cego e lhe disseram: “Deus é quem deve receber glória por aquilo que aconteceu, pois sabemos que esse Jesus é pecador”. “Não sei se ele é pecador”, respondeu o homem. “Mas uma coisa sei: eu era cego e agora vejo!” “Mas o que ele fez?”, perguntaram. “Como ele o curou?” “Eu já lhes disse!”, exclamou o homem. “Vocês não ouviram? Por que querem ouvir outra vez? Por acaso também querem se tornar discípulos dele?” Então eles o insultaram e disseram: “Você é discípulo dele, mas nós somos discípulos de Moisés! Sabemos que Deus falou a Moisés, mas nem sabemos de onde vem esse homem”. “Que coisa mais estranha!”, respondeu o homem. “Ele curou meus olhos e vocês não sabem de onde ele vem? Sabemos que Deus não atende pecadores, mas está pronto a ouvir aqueles que o adoram e fazem a sua vontade. Desde o princípio do mundo, ninguém foi capaz de abrir os olhos de um cego de nascença. Se esse homem não fosse de Deus, não teria conseguido fazê-lo.” “Você nasceu inteiramente pecador!”, disseram eles. “E quer ensinar a nós?” Então o expulsaram da sinagoga. Quando Jesus soube do que havia acontecido, procurou o homem e lhe disse: “Você crê no Filho do Homem?”. “Quem é ele, senhor?”, perguntou o homem. “Eu quero crer nele.” Jesus respondeu: “Você o viu, e ele está falando com você!”. “Sim, Senhor, eu creio!”, declarou o homem. E adorou a Jesus. Então Jesus disse: “Eu vim a este mundo para julgar, para dar visão aos cegos e para fazer que os que veem se tornem cegos”. Alguns fariseus que estavam por perto o ouviram e perguntaram: “Você está dizendo que nós somos cegos?”. “Se vocês fossem cegos, não seriam culpados”, respondeu Jesus. “Mas a culpa de vocês permanece, pois afirmam que podem ver.” “Eu lhes digo a verdade: quem entra no curral das ovelhas às escondidas, por sobre a cerca, em vez de passar pela porta, é certamente ladrão e assaltante! Mas quem entra pela porta é o pastor das ovelhas. O porteiro lhe abre a porta, e as ovelhas reconhecem sua voz e se aproximam. Ele chama suas ovelhas pelo nome e as conduz para fora. Depois de reuni-las, vai adiante delas, e elas o seguem porque conhecem sua voz. Nunca seguirão um desconhecido; antes, fugirão dele, pois não reconhecem sua voz.” Os que ouviram Jesus usar essa ilustração não entenderam o que ele quis dizer, por isso ele a explicou: “Eu lhes digo a verdade: eu sou a porta das ovelhas. Todos que vieram antes de mim eram ladrões e assaltantes, mas as ovelhas não os ouviram. Sim, eu sou a porta. Quem entrar por mim será salvo. Entrará e sairá e encontrará pasto. O ladrão vem para roubar, matar e destruir. Eu vim para lhes dar vida, uma vida plena, que satisfaz. “Eu sou o bom pastor. O bom pastor sacrifica sua vida pelas ovelhas. O empregado foge quando vê um lobo se aproximar. Abandona as ovelhas porque elas não lhe pertencem e ele não é seu pastor. Então o lobo as ataca e dispersa o rebanho. O empregado foge porque trabalha apenas por dinheiro e não se importa de fato com as ovelhas. “Eu sou o bom pastor. Conheço minhas ovelhas, e elas me conhecem, assim como meu Pai me conhece e eu o conheço; e eu sacrifico minha vida pelas ovelhas. Tenho outras ovelhas, que não estão neste curral. Devo trazê-las também. Elas ouvirão minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor. “O Pai me ama, pois sacrifico minha vida para tomá-la de volta. Ninguém a tira de mim, mas eu mesmo a dou. Tenho autoridade para entregá-la e também para tomá-la de volta, pois foi isso que meu Pai ordenou”. Quando Jesus disse essas coisas, as opiniões dos judeus a respeito dele se dividiram outra vez. Alguns diziam: “Ele está possuído por demônio e está louco. Por que ouvi-lo?”. Outros diziam: “Ele não fala como alguém que está possuído por demônio. Pode um demônio abrir os olhos dos cegos?”. Era inverno, e Jesus estava em Jerusalém na celebração da Festa da Dedicação. Ele caminhava pelo templo, na parte conhecida como Pórtico de Salomão, quando os líderes judeus o rodearam e perguntaram: “Quanto tempo vai nos deixar em suspense? Se você é o Cristo, diga-nos claramente”. Jesus respondeu: “Eu já lhes disse, e vocês não creram em mim. A prova são as obras que realizo em nome de meu Pai. Mas vocês não creem em mim porque não são minhas ovelhas. Minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna, e elas nunca morrerão. Ninguém pode arrancá-las de minha mão, pois meu Pai as deu a mim, e ele é mais poderoso que todos. Ninguém pode arrancá-las da mão de meu Pai. O Pai e eu somos um”. Mais uma vez, os líderes judeus pegaram pedras para atirar nele. Jesus disse: “Por orientação de meu Pai, eu fiz muitas boas obras. Por qual delas vocês querem me apedrejar?”. Eles responderam: “Não vamos apedrejá-lo por nenhuma boa obra, mas por blasfêmia. Você, um simples homem, afirma que é Deus!”. Jesus respondeu: “As próprias Escrituras de vocês afirmam que Deus disse a certos líderes do povo: ‘Eu digo: vocês são deuses!’. E vocês sabem que as Escrituras não podem ser alteradas. Portanto, se aqueles que receberam a mensagem de Deus foram chamados de ‘deuses’, por que vocês consideram blasfêmia quando eu digo: ‘Eu sou o Filho de Deus’? Afinal, o Pai me consagrou e me enviou ao mundo. Não creiam em mim se não realizo as obras de meu Pai. Mas, se as realizo, creiam na prova, que são as obras, mesmo que não creiam em mim. Então vocês saberão e entenderão que o Pai está em mim, e que eu estou no Pai”. Novamente, tentaram prendê-lo, mas ele escapou e os deixou. Foi para o outro lado do rio Jordão, perto do lugar onde João batizava no início, e ficou ali por algum tempo. Muitos o seguiram, comentando entre si: “João não realizou sinais, mas tudo que ele disse a respeito deste homem se cumpriu”. E muitos ali creram em Jesus. Um homem chamado Lázaro estava doente. Ele morava em Betânia com suas irmãs, Maria e Marta. Foi Maria, a irmã de Lázaro, que mais tarde derramou perfume caro nos pés do Senhor e os enxugou com os cabelos. As duas irmãs enviaram um recado a Jesus, dizendo: “Senhor, seu amigo querido está muito doente”. Quando Jesus ouviu isso, disse: “A doença de Lázaro não acabará em morte. Ela aconteceu para a glória de Deus, para que o Filho de Deus receba glória por meio dela”. Jesus amava Marta, Maria e Lázaro. Ouvindo, portanto, que Lázaro estava doente, ficou mais dois dias onde estava. Depois, disse a seus discípulos: “Vamos voltar para a Judeia”. Os discípulos se opuseram, dizendo: “Rabi, apenas alguns dias atrás o povo da Judeia tentou apedrejá-lo. Ainda assim, o senhor vai voltar para lá?”. Jesus respondeu: “Há doze horas de claridade todos os dias. Durante o dia, as pessoas podem andar com segurança. Conseguem enxergar, pois têm a luz deste mundo. À noite, porém, correm o risco de tropeçar, pois não há luz”. E acrescentou: “Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas agora vou despertá-lo”. Os discípulos disseram: “Senhor, se ele dorme é porque logo vai melhorar!”. Pensavam que Jesus falava apenas do repouso do sono, mas ele se referia à morte de Lázaro. Então ele disse claramente: “Lázaro está morto. E, por causa de vocês, eu me alegro por não ter estado lá, pois agora vocês vão crer de fato. Venham, vamos até ele”. Tomé, apelidado de Gêmeo, disse aos outros discípulos: “Vamos até lá também para morrer com Jesus”. Quando Jesus chegou a Betânia, disseram-lhe que Lázaro estava no túmulo havia quatro dias. Betânia ficava a cerca de três quilômetros de Jerusalém, e muitos moradores da região tinham vindo consolar Marta e Maria pela perda do irmão. Quando Marta soube que Jesus estava chegando, foi ao seu encontro. Maria, porém, ficou em casa. Marta disse a Jesus: “Se o Senhor estivesse aqui, meu irmão não teria morrido. Mas sei que, mesmo agora, Deus lhe dará tudo que pedir”. Jesus lhe disse: “Seu irmão vai ressuscitar”. “Sim”, respondeu Marta. “Ele vai ressuscitar quando todos ressuscitarem, no último dia.” Então Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim viverá, mesmo depois de morrer. Quem vive e crê em mim jamais morrerá. Você crê nisso, Marta?”. “Sim, Senhor”, respondeu ela. “Eu creio que o senhor é o Cristo, o Filho de Deus, aquele que veio ao mundo da parte de Deus.” Em seguida, voltou para casa. Chamou Maria à parte e disse: “O Mestre está aqui e quer ver você”. Maria se levantou de imediato e foi até ele. Jesus tinha ficado fora do povoado, no lugar onde Marta havia se encontrado com ele. Quando as pessoas que estavam na casa viram Maria sair apressadamente, imaginaram que ela ia ao túmulo de Lázaro chorar e a seguiram. Assim que chegou ao lugar onde Jesus estava e o viu, caiu a seus pés e disse: “Se o Senhor estivesse aqui, meu irmão não teria morrido”. Quando Jesus viu Maria chorar, e o povo também, sentiu profunda indignação e grande angústia. “Onde vocês o colocaram?”, perguntou. Eles responderam: “Senhor, venha e veja”. Jesus chorou. As pessoas que estavam por perto disseram: “Vejam como ele o amava!”. Outros, porém, disseram: “Este homem curou um cego. Não poderia ter impedido que Lázaro morresse?”. Jesus, sentindo-se novamente indignado, chegou ao túmulo, uma gruta com uma pedra fechando a entrada. “Rolem a pedra para o lado”, ordenou. “Senhor, ele está morto há quatro dias”, disse Marta, a irmã do falecido. “O mau cheiro será terrível.” Jesus respondeu: “Eu não lhe disse que, se você cresse, veria a glória de Deus?”. Então rolaram a pedra para o lado. Jesus olhou para o céu e disse: “Pai, eu te agradeço porque me ouviste. Tu sempre me ouves, mas eu disse isso por causa de todas as pessoas que estão aqui, para que elas creiam que tu me enviaste”. Então Jesus gritou: “Lázaro, venha para fora!”. E o morto saiu, com as mãos e os pés presos com faixas e o rosto envolto num pano. Jesus disse: “Desamarrem as faixas e deixem-no ir!”. Muitos dos judeus que estavam com Maria creram em Jesus quando viram isso. Alguns, no entanto, foram aos fariseus e contaram o que Jesus tinha feito. Então os principais sacerdotes e fariseus reuniram o conselho dos líderes do povo. “Que vamos fazer?”, perguntavam uns aos outros. “Sem dúvida, este homem realiza muitos sinais. Se permitirmos que continue assim, logo todos crerão nele. Então o exército romano virá e destruirá nosso templo e nossa nação.” Caifás, o sumo sacerdote naquele ano, disse: “Vocês não sabem o que estão dizendo! Não percebem que é melhor para vocês que um homem morra pelo povo em vez de a nação inteira ser destruída?”. Não disse isso por si mesmo, mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus morreria pela nação inteira. E não apenas por aquela nação, mas para reunir em um só corpo todos os filhos de Deus espalhados ao redor do mundo. Daquele dia em diante, começaram a tramar a morte de Jesus. Por essa razão, Jesus parou de andar no meio do povo. Foi para um lugar próximo do deserto, para o povoado de Efraim, onde permaneceu com seus discípulos. Faltava pouco tempo para a festa judaica da Páscoa, e muita gente de toda a região chegou a Jerusalém para participar da cerimônia de purificação, antes que a Páscoa começasse. Continuavam procurando Jesus e, estando eles no templo, perguntavam uns aos outros: “O que vocês acham? Será que ele virá para a Páscoa?”. Enquanto isso, os principais sacerdotes e fariseus deram ordem para que, se alguém soubesse onde Jesus estava, o denunciasse de imediato, a fim de que o prendessem. Seis dias antes de começar a Páscoa, Jesus chegou a Betânia, onde morava Lázaro, o homem que ele havia ressuscitado dos mortos. Prepararam um jantar em homenagem a Jesus; Marta servia, e Lázaro estava à mesa com ele. Então Maria pegou um frasco de perfume caro feito de essência de óleo aromático, ungiu com ele os pés de Jesus e os enxugou com os cabelos. A casa se encheu com a fragrância do perfume. Mas Judas Iscariotes, o discípulo que em breve trairia Jesus, disse: “Este perfume valia trezentas moedas de prata. Deveria ter sido vendido, e o dinheiro, dado aos pobres”. Não que ele se importasse com os pobres; na verdade, era ladrão e, como responsável pelo dinheiro dos discípulos, muitas vezes roubava uma parte para si. Jesus respondeu: “Deixe-a em paz. Ela fez isto como preparação para meu sepultamento. Vocês sempre terão os pobres em seu meio, mas nem sempre terão a mim”. Quando o povo soube da chegada de Jesus, correu para vê-lo, e também a Lázaro, a quem Jesus havia ressuscitado dos mortos. Então os principais sacerdotes decidiram matar também Lázaro, pois, por causa dele, muitos do povo os haviam abandonado e criam em Jesus. No dia seguinte, correu pela cidade a notícia de que Jesus estava a caminho de Jerusalém. Uma grande multidão de visitantes que tinham vindo para a Páscoa tomou ramos de palmeiras e saiu ao seu encontro, gritando: “Hosana! Bendito é o que vem em nome do Senhor! Bendito é o Rei de Israel!”. Jesus conseguiu um jumentinho e montou nele, cumprindo a profecia que dizia: “Não tenha medo, povo de Sião. Vejam, seu Rei se aproxima, montado num jumentinho”. Seus discípulos não entenderam, naquele momento, que se tratava do cumprimento de uma profecia. Depois que Jesus foi glorificado, porém, eles se lembraram do que havia acontecido e perceberam que era a respeito dele que essas coisas tinham sido escritas. Muitos tinham visto quando Jesus mandou Lázaro sair do túmulo e o ressuscitou dos mortos, e contavam esse fato a outros. Destes, muitos saíram ao encontro de Jesus, porque tinham ouvido falar desse sinal. Então os fariseus disseram uns aos outros: “Não podemos fazer nada. Vejam, todo mundo o segue!”. Alguns gregos que tinham vindo a Jerusalém para adorar durante a festa da Páscoa procuraram Filipe, que era de Betsaida, da Galileia, e lhe disseram: “Por favor, gostaríamos de ver Jesus”. Filipe falou a esse respeito com André, e os dois foram juntos falar com Jesus. Jesus respondeu: “Chegou a hora de o Filho do Homem ser glorificado. Eu lhes digo a verdade: se o grão de trigo não for plantado na terra e não morrer, ficará só. Sua morte, porém, produzirá muitos novos grãos. Quem ama sua vida neste mundo a perderá. Quem odeia sua vida neste mundo a conservará por toda a eternidade. Se alguém quer ser meu discípulo, siga-me, pois meus servos devem estar onde eu estou. E o Pai honrará quem me servir. “Agora minha alma está angustiada. Acaso devo orar ‘Pai, salva-me desta hora’? Mas foi exatamente por esse motivo que eu vim! Pai, glorifica teu nome!”. Então uma voz falou do céu: “Eu já glorifiquei meu nome, e o farei novamente em breve”. Quando a multidão ouviu a voz, alguns pensaram que era um trovão, enquanto outros afirmavam que um anjo havia falado com ele. Então Jesus lhes disse: “A voz foi por causa de vocês, e não por minha causa. Chegou a hora de julgar o mundo; agora, o governante deste mundo será expulso. E, quando eu for levantado da terra, atrairei todos a mim”. Ele disse isso para indicar como morreria. A multidão disse: “Entendemos pelas Escrituras que o Cristo viveria para sempre. Como pode dizer que o Filho do Homem morrerá? Afinal, quem é esse Filho do Homem?”. Jesus respondeu: “Minha luz brilhará para vocês só mais um pouco. Andem na luz enquanto podem, para que a escuridão não os pegue de surpresa. Quem anda na escuridão não consegue ver aonde vai. Creiam na luz enquanto ainda há tempo; desse modo vocês se tornarão filhos da luz”. Depois de dizer essas coisas, Jesus foi embora e se ocultou deles. Apesar de todos os sinais que Jesus havia realizado, não creram nele. Aconteceu conforme o profeta Isaías tinha dito: “Senhor, quem creu em nossa mensagem? A quem o Senhor revelou seu braço forte?”. Mas o povo não podia crer, pois como Isaías também disse: “O Senhor cegou seus olhos e endureceu seu coração para que seus olhos não vejam, e seu coração não entenda, e não se voltem para mim, nem permitam que eu os cure”. As palavras de Isaías referiam-se a Jesus, pois viu sua glória e falou sobre ele. Ainda assim, muitos creram em Jesus, incluindo alguns dos líderes judeus. Eles, porém, não declararam sua fé abertamente, por medo de que os fariseus os expulsassem da sinagoga. Amaram a aprovação das pessoas mais que a aprovação de Deus. Jesus disse em alta voz às multidões: “Se vocês creem em mim, não creem apenas em mim, mas também naquele que me enviou. Pois, quando veem a mim, veem aquele que me enviou. Eu vim como luz para brilhar neste mundo, a fim de que todo aquele que crê em mim não permaneça na escuridão. Não julgarei aqueles que me ouvem mas não me obedecem, pois vim para salvar o mundo, e não para julgá-lo. Mas todos que me rejeitam e desprezam minha mensagem serão julgados no dia do julgamento pela verdade que tenho falado. Não falo com minha própria autoridade. O Pai, que me enviou, me ordenou o que dizer. E eu sei que o mandamento dele conduz à vida eterna; por isso digo tudo que o Pai me mandou dizer”. Antes da festa da Páscoa, Jesus sabia que havia chegado sua hora de deixar este mundo e voltar para o Pai. Ele tinha amado seus discípulos durante seu ministério na terra, e os amou até o fim. Estava na hora do jantar, e o diabo já havia instigado Judas, filho de Simão Iscariotes, a trair Jesus. Jesus sabia que o Pai lhe dera autoridade sobre todas as coisas e que viera de Deus e voltaria para Deus. Assim, levantou-se da mesa, tirou a capa e enrolou uma toalha na cintura. Depois, derramou água numa bacia e começou a lavar os pés de seus discípulos, enxugando-os com a toalha que estava em sua cintura. Quando Jesus chegou a Simão Pedro, este lhe disse: “O Senhor vai lavar os meus pés?”. Jesus respondeu: “Você não entende agora o que estou fazendo, mas algum dia entenderá”. “Lavar os meus pés? De jeito nenhum!”, protestou Pedro. Jesus respondeu: “Se eu não os lavar, você não terá comunhão comigo”. Simão Pedro exclamou: “Senhor, então lave também minhas mãos e minha cabeça, e não somente os pés!”. Jesus respondeu: “A pessoa que tomou banho completo só precisa lavar os pés para ficar totalmente limpa. E vocês estão limpos, mas nem todos”. Pois Jesus sabia quem o trairia. Foi a isso que se referiu quando disse: “Nem todos vocês estão limpos”. Depois de lavar os pés deles, Jesus vestiu a capa novamente, retornou a seu lugar e perguntou: “Vocês entendem o que fiz? Vocês me chamam ‘Mestre’ e ‘Senhor’, e têm razão, porque eu sou. E uma vez que eu, seu Senhor e Mestre, lavei seus pés, vocês devem lavar os pés uns dos outros. Eu lhes dei um exemplo a ser seguido. Façam como eu fiz a vocês. Eu lhes digo a verdade: o escravo não é maior que o seu senhor, nem o mensageiro é mais importante que aquele que o envia. Agora que vocês sabem estas coisas, serão felizes se as praticarem.” “Não digo estas coisas a todos vocês; conheço os que escolhi. Mas isto cumpre as Escrituras que dizem: ‘Aquele que come do meu alimento voltou-se contra mim’. Eu lhes digo isso de antemão, para que, quando acontecer, vocês creiam que eu sou aquele de quem falam as Escrituras. Eu lhes digo a verdade: quem recebe aquele que envio recebe a mim, e quem recebe a mim recebe o Pai, que me enviou”. Então Jesus sentiu profunda angústia e exclamou: “Eu lhes digo a verdade: um de vocês vai me trair!”. Os discípulos olharam uns para os outros, sem saber a quem ele se referia. O discípulo a quem Jesus amava ocupava o lugar ao lado dele à mesa. Simão Pedro lhe fez um sinal para que perguntasse a quem Jesus se referia. Então o discípulo se inclinou para Jesus e perguntou: “Senhor, quem é?”. Jesus respondeu: “É aquele a quem eu der o pedaço de pão que molhei na tigela”. E, depois de molhar o pedaço de pão, deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes. Quando Judas comeu o pão, Satanás entrou nele. Então Jesus lhe disse: “O que você vai fazer, faça logo”. Nenhum dos outros à mesa entendeu o que Jesus quis dizer. Como Judas era o tesoureiro, alguns imaginaram que Jesus tinha mandado que ele comprasse o necessário para a festa ou desse algum dinheiro aos pobres. Judas saiu depressa, e era noite. Assim que Judas saiu, Jesus disse: “Chegou a hora de o Filho do Homem ser glorificado e, por causa dele, Deus será glorificado. Uma vez que Deus recebe glória por causa do Filho, ele dará ao Filho sua glória, de uma vez por todas. Meus filhos, estarei com vocês apenas mais um pouco. E, como eu disse aos líderes judeus, vocês me procurarão, mas não poderão ir para onde eu vou. Por isso, agora eu lhes dou um novo mandamento: Amem uns aos outros. Assim como eu os amei, vocês devem amar uns aos outros. Seu amor uns pelos outros provará ao mundo que são meus discípulos”. Simão Pedro perguntou: “Para onde o Senhor vai?”. Jesus respondeu: “Para onde vou vocês não podem ir agora, mas me seguirão mais tarde”. “Senhor, por que não posso ir agora?”, perguntou ele. “Estou disposto a morrer pelo senhor.” “Morrer por mim?”, disse Jesus. “Eu lhe digo a verdade, Pedro: antes que o galo cante, você me negará três vezes.” “Não deixem que seu coração fique aflito. Creiam em Deus; creiam também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar lugar para vocês e, quando tudo estiver pronto, virei buscá-los, para que estejam sempre comigo, onde eu estiver. Vocês conhecem o caminho para onde vou.” “Não sabemos para onde o Senhor vai”, disse Tomé. “Como podemos conhecer o caminho?” Jesus disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém pode vir ao Pai senão por mim. Se vocês realmente me conhecessem, saberiam quem é meu Pai. Mas, de agora em diante, vão conhecer e ver o Pai”. Filipe disse: “Senhor, mostre-nos o Pai, e ficaremos satisfeitos”. Jesus respondeu: “Filipe, estive com vocês todo esse tempo e você ainda não sabe quem eu sou? Quem me vê, vê o Pai! Então por que me pede para mostrar o Pai? Você não crê que eu estou no Pai e o Pai está em mim? As palavras que eu digo não são minhas, mas de meu Pai, que permanece em mim e realiza suas obras por meu intermédio. Apenas creiam que eu estou no Pai e que o Pai está em mim. Ou creiam pelo menos por causa das obras que vocês me viram realizar. “Eu lhes digo a verdade: quem crê em mim fará as mesmas obras que tenho realizado, e até maiores, pois eu vou para o Pai. Vocês podem pedir qualquer coisa em meu nome, e eu o farei, para que o Filho glorifique o Pai. Sim, peçam qualquer coisa em meu nome, e eu o farei!” “Se vocês me amam, obedeçam a meus mandamentos. E eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Encorajador, que nunca os deixará. É o Espírito da verdade. O mundo não o pode receber, pois não o vê e não o conhece. Mas vocês o conhecem, pois ele habita com vocês agora e depois estará em vocês. Não os deixarei órfãos; voltarei para vocês. Em breve o mundo não me verá mais, mas vocês me verão. Porque eu vivo, vocês também viverão. No dia em que eu for ressuscitado, vocês saberão que eu estou em meu Pai, vocês em mim, e eu em vocês. Aqueles que aceitam meus mandamentos e lhes obedecem são os que me amam. E, porque me amam, serão amados por meu Pai. E eu também os amarei e me revelarei a cada um deles.” Judas (não o Iscariotes) disse: “Por que o Senhor vai se revelar somente a nós, e não ao mundo em geral?”. Jesus respondeu: “Quem me ama faz o que eu ordeno. Meu Pai o amará, e nós viremos para morar nele. Quem não me ama não me obedece. E lembrem-se, estas palavras não são minhas; elas vêm do Pai, que me enviou. Eu digo estas coisas enquanto ainda estou com vocês. Mas quando o Pai enviar o Encorajador, o Espírito Santo, como meu representante, ele lhes ensinará todas as coisas e os fará lembrar tudo que eu lhes disse. “Eu lhes deixo um presente, a minha plena paz. E essa paz que eu lhes dou é um presente que o mundo não pode dar. Portanto, não se aflijam nem tenham medo. Lembrem-se do que eu lhes disse: ‘Vou embora, mas voltarei para vocês’. Se o seu amor por mim é real, vocês deveriam estar felizes porque eu vou para o Pai, que é maior que eu. Eu lhes disse estas coisas antes que aconteçam para que, quando acontecerem, vocês creiam. “Não tenho muito tempo mais para falar com vocês, pois o governante deste mundo se aproxima. Ele não tem poder algum sobre mim, mas farei o que o Pai requer de mim, para que o mundo saiba que eu amo o Pai. Levantem-se e vamos embora!” “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador. Todo ramo que, estando em mim, não dá fruto, ele corta. Todo ramo que dá fruto, ele poda, para que produza ainda mais. Vocês já foram limpos pela mensagem que eu lhes dei. Permaneçam em mim, e eu permanecerei em vocês. Pois, assim como um ramo não pode produzir fruto se não estiver na videira, vocês também não poderão produzir frutos a menos que permaneçam em mim. “Sim, eu sou a videira; vocês são os ramos. Quem permanece em mim, e eu nele, produz muito fruto. Pois, sem mim, vocês não podem fazer coisa alguma. Quem não permanece em mim é jogado fora, como um ramo imprestável, e seca. Esses ramos são ajuntados num monte para serem queimados. Mas, se vocês permanecerem em mim e minhas palavras permanecerem em vocês, pedirão o que quiserem, e isso lhes será concedido! Quando vocês produzem muitos frutos, trazem grande glória a meu Pai e demonstram que são meus discípulos de verdade. “Eu os amei como o Pai me amou. Permaneçam no meu amor. Quando vocês obedecem a meus mandamentos, permanecem no meu amor, assim como eu obedeço aos mandamentos de meu Pai e permaneço no amor dele. Eu lhes disse estas coisas para que fiquem repletos da minha alegria. Sim, sua alegria transbordará! Este é meu mandamento: Amem uns aos outros como eu amo vocês. Não existe amor maior do que dar a vida por seus amigos. Vocês serão meus amigos se fizerem o que eu ordeno. Já não os chamo de escravos, pois o senhor não faz confidências a seus escravos. Agora vocês são meus amigos, pois eu lhes disse tudo que o Pai me disse. Vocês não me escolheram; eu os escolhi. Eu os chamei para irem e produzirem frutos duradouros, para que o Pai lhes dê tudo que pedirem em meu nome. Este é meu mandamento: Amem uns aos outros.” “Se o mundo os odeia, lembrem-se de que primeiro odiou a mim. O mundo os amaria se pertencessem a ele, mas vocês já não fazem parte do mundo. Eu os escolhi para que não mais pertençam ao mundo, e por isso o mundo os odeia. Vocês se lembram do que eu lhes disse: ‘O escravo não é maior que o seu senhor’? Uma vez que eles me perseguiram, também os perseguirão. E, se obedeceram à minha palavra, também obedecerão à sua. Farão tudo isso a vocês por minha causa, pois rejeitaram aquele que me enviou. Eles não seriam culpados se eu não tivesse vindo nem lhes falado. Agora, porém, não têm desculpa por seu pecado. Quem me odeia também odeia meu Pai. Se eu não tivesse realizado no meio deles sinais que ninguém mais pode realizar, eles não seriam culpados. Agora, porém, viram tudo que fiz e, no entanto, ainda odeiam a mim e a meu Pai. Isso cumpre o que está registrado nas Escrituras deles: ‘Odiaram-me sem motivo’. “Mas eu enviarei a vocês o Encorajador, o Espírito da verdade. Ele virá do Pai e testemunhará a meu respeito. E vocês também devem testemunhar a meu respeito, porque estão comigo desde o início.” “Eu lhes digo estas coisas para que não desanimem da fé. Pois vocês serão expulsos das sinagogas, e virá o tempo em que aqueles que os matarem pensarão que estão prestando um serviço sagrado a Deus. Farão isso porque nunca conheceram nem o Pai nem a mim. Sim, eu lhes digo estas coisas agora para que, quando elas acontecerem, vocês se lembrem de que os avisei. Eu não lhes disse antes porque ainda estaria com vocês mais um pouco.” “Agora, porém, vou para aquele que me enviou, e nenhum de vocês me pergunta para onde vou. Em vez disso, entristecem-se por causa do que eu lhes disse. Mas, na verdade, é melhor para vocês que eu vá, pois, se eu não for, o Encorajador não virá. Se eu for, eu o enviarei a vocês. Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Do pecado, porque o mundo se recusou a crer em mim; da justiça, porque eu voltarei para o Pai e não me verão mais; do juízo, porque o governante deste mundo já foi condenado. “Há tanta coisa que ainda quero lhes dizer, mas vocês não podem suportar agora. Quando vier o Espírito da verdade, ele os conduzirá a toda a verdade. Não falará por si mesmo, mas lhes dirá o que ouviu e lhes anunciará o que ainda está para acontecer. Ele me glorificará porque lhes contará tudo que receber de mim. Tudo que pertence ao Pai é meu; por isso eu disse: ‘O Espírito lhes contará tudo que receber de mim’.” “Mais um pouco e vocês não me verão mais; algum tempo depois, me verão novamente.” Alguns dos discípulos perguntaram entre si: “O que ele quer dizer com ‘Mais um pouco e vocês não me verão’ e ‘algum tempo depois, me verão novamente’ e ‘vou para o Pai’? E o que ele quer dizer com ‘mais um pouco’? Não entendemos”. Jesus, percebendo que desejavam lhe perguntar sobre essas coisas, disse: “Vocês perguntam entre si o que eu quis dizer quando falei: ‘Mais um pouco e vocês não me verão; algum tempo depois, me verão novamente’? Eu lhes digo a verdade: vocês chorarão e se lamentarão pelo que acontecerá comigo, mas o mundo se alegrará. Ficarão tristes, mas sua tristeza se transformará em alegria. No trabalho de parto, a mulher sente dores, mas, quando o bebê nasce, sua angústia dá lugar à alegria, pois ela trouxe ao mundo uma criança. Da mesma forma, agora vocês estão tristes, mas eu os verei novamente; então se alegrarão e ninguém lhes poderá tirar essa alegria. Naquele dia, não terão necessidade de me perguntar coisa alguma. Eu lhes digo a verdade: vocês pedirão diretamente ao Pai e ele atenderá, porque pediram em meu nome. Vocês nunca pediram desse modo. Peçam em meu nome e receberão, e terão alegria completa. “Eu lhes falei destas coisas de maneira figurativa, mas em breve deixarei de usar esse tipo de linguagem e lhes falarei claramente a respeito do Pai. Então vocês pedirão em meu nome. Não digo que pedirei ao Pai em seu favor, pois o próprio Pai os ama, porque vocês me amam e creem que eu vim de Deus. Sim, eu vim do Pai e entrei no mundo, e agora deixo o mundo e volto para o Pai”. Então os discípulos disseram: “Enfim o senhor fala claramente, e não de maneira figurativa. Agora entendemos que o senhor sabe todas as coisas e não há necessidade de lhe fazer perguntas. Por isso cremos que o senhor veio de Deus”. Jesus disse: “Enfim vocês creem? Mas se aproxima o tempo, e de fato já chegou, em que vocês serão espalhados; cada um seguirá seu caminho e me deixará sozinho. Mas não ficarei sozinho, porque o Pai está comigo. Eu lhes falei tudo isso para que tenham paz em mim. Aqui no mundo vocês terão aflições, mas animem-se, pois eu venci o mundo”. Depois de dizer todas essas coisas, Jesus olhou para o céu e orou: “Pai, chegou a hora. Glorifica teu Filho, para que ele te glorifique, pois tu lhe deste autoridade sobre toda a humanidade. Ele concede vida eterna a cada um daqueles que lhe deste. E a vida eterna é isto: conhecer a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste ao mundo. Eu te glorifiquei aqui na terra, completando a obra que me deste para realizar. Agora, Pai, glorifica-me e leva-me para junto de ti, para a glória que tive a teu lado antes do princípio do mundo. “Eu revelei teu nome àqueles que me deste do mundo. Eles sempre foram teus. Tu os deste a mim, e eles obedeceram à tua palavra. Agora eles sabem que tudo que eu tenho vem de ti, pois lhes transmiti a mensagem que me deste. Eles a aceitaram e sabem que eu vim de ti, e creem que tu me enviaste. “Minha oração não é por este mundo, mas por aqueles que me deste, pois eles pertencem a ti. Tudo que é meu pertence a ti, e tudo que é teu pertence a mim, e eu sou glorificado por meio deles. Agora deixo este mundo; eles ficam aqui, mas eu vou para tua presença. Pai santo, tu me deste teu nome; agora protege-os com o poder do teu nome para que eles estejam unidos, assim como nós estamos. Durante meu tempo aqui com eles, eu os protegi com o poder do nome que me deste. Eu os guardei de modo que nenhum deles se perdeu, exceto aquele que estava a caminho da destruição, como as Escrituras haviam predito. “Agora vou para tua presença. Enquanto ainda estou no mundo, digo estas coisas para que eles tenham minha plena alegria em si mesmos. Eu lhes dei tua palavra. E o mundo os odeia, porque eles não são do mundo, como eu também não sou. Não peço que os tires do mundo, mas que os protejas do maligno. Eles não são deste mundo, como eu também não sou. Consagra-os na verdade, que é a tua palavra. Assim como tu me enviaste ao mundo, eu os envio ao mundo. E eu me entrego como sacrifício santo por eles, para que sejam consagrados na verdade. “Não te peço apenas por estes discípulos, mas também por todos que crerão em mim por meio da mensagem deles. Minha oração é que todos eles sejam um, como nós somos um, como tu estás em mim, Pai, e eu estou em ti. Que eles estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. “Eu dei a eles a glória que tu me deste, para que sejam um, como nós somos um. Eu estou neles e tu estás em mim. Que eles experimentem unidade perfeita, para que todo o mundo saiba que tu me enviaste e que os amas tanto quanto me amas. Pai, quero que os que me deste estejam comigo onde estou. Então eles verão toda a glória que me deste, porque me amaste antes mesmo do princípio do mundo. “Pai justo, o mundo não te conhece, mas eu te conheço; e estes discípulos sabem que tu me enviaste. Eu revelei teu nome a eles, e continuarei a fazê-lo. Então teu amor por mim estará neles, e eu estarei neles”. Depois de dizer essas coisas, Jesus atravessou com seus discípulos o vale de Cedrom e entrou num bosque de oliveiras. Judas, o traidor, conhecia aquele lugar, pois Jesus tinha ido muitas vezes ali com seus discípulos. Os principais sacerdotes e fariseus tinham dado a Judas um destacamento de soldados e alguns guardas do templo para acompanhá-lo. Eles chegaram ao bosque de oliveiras com tochas, lanternas e armas. Jesus, sabendo tudo que ia lhe acontecer, foi ao encontro deles. “A quem vocês procuram?”, perguntou. “A Jesus, o nazareno”, responderam. “Sou eu”, disse ele. (Judas, o traidor, estava com eles.) Quando Jesus disse: “Sou eu”, todos recuaram e caíram para trás, no chão. Mais uma vez, ele perguntou: “A quem vocês procuram?”. E, novamente, eles responderam: “A Jesus, o nazareno”. “Já lhes disse que sou eu”, respondeu ele. “E, uma vez que é a mim que vocês procuram, deixem estes outros irem embora.” Ele fez isso para cumprir sua própria declaração: “Não perdi um só de todos que me deste”. Então Simão Pedro puxou uma espada e cortou a orelha direita de Malco, o servo do sumo sacerdote. Jesus, porém, disse a Pedro: “Guarde sua espada de volta na bainha. Acaso não beberei o cálice que o Pai me deu?”. Assim, os soldados, seu comandante e os guardas do templo prenderam Jesus e o amarraram. Primeiro, levaram Jesus a Anás, pois era sogro de Caifás, o sumo sacerdote naquele ano. Caifás foi quem tinha dito aos outros líderes judeus: “É melhor que um homem morra pelo povo”. Simão Pedro e outro discípulo seguiram Jesus. Esse outro discípulo era conhecido do sumo sacerdote, de modo que lhe permitiram entrar com Jesus no pátio do sumo sacerdote. Pedro teve de ficar do lado de fora do portão. Então o discípulo conhecido do sumo sacerdote falou com a moça que tomava conta do portão, e ela deixou Pedro entrar. A moça perguntou a Pedro: “Você não é um dos discípulos daquele homem?”. “Não”, respondeu ele. “Não sou.” Como fazia frio, os servos da casa e os guardas tinham feito uma fogueira com carvão e se esquentavam ao redor dela. Pedro estava ali com eles, esquentando-se também. Lá dentro, o sumo sacerdote começou a interrogar Jesus a respeito de seus discípulos e de seus ensinamentos. Jesus respondeu: “Falei abertamente a todos. Ensinei regularmente nas sinagogas e no templo, onde o povo se reúne. Por que você me interroga? Pergunte aos que me ouviram. Eles sabem o que eu disse”. Um dos guardas do templo que estava perto bateu no rosto de Jesus, dizendo: “Isso é maneira de responder ao sumo sacerdote?”. Jesus respondeu: “Se eu disse algo errado, prove. Mas, se digo a verdade, por que você me bate?”. Então Anás amarrou Jesus e o enviou a Caifás, o sumo sacerdote. Nesse meio-tempo, enquanto Simão Pedro estava perto da fogueira, esquentando-se, perguntaram-lhe novamente: “Você não é um dos discípulos dele?”. Ele negou, dizendo: “Não sou”. Mas um dos servos da casa do sumo sacerdote, parente do homem de quem Pedro havia cortado a orelha, perguntou: “Eu não vi você no bosque de oliveiras com Jesus?”. Mais uma vez, Pedro negou. E, no mesmo instante, o galo cantou. O julgamento de Jesus diante de Caifás terminou nas primeiras horas da manhã. Em seguida, foi levado ao palácio do governador romano. Seus acusadores não entraram, pois se contaminariam e não poderiam celebrar a Páscoa. Então o governador Pilatos foi até eles e perguntou: “Qual é a acusação contra este homem?”. Eles responderam: “Não o teríamos entregue ao senhor se ele não fosse um criminoso”. “Então levem-no embora e julguem-no de acordo com a lei de vocês”, disse Pilatos. “Só os romanos têm direito de executar alguém”, responderam os líderes judeus. Assim cumpriu-se a previsão de Jesus sobre como ele morreria. Então Pilatos entrou novamente no palácio e ordenou que trouxessem Jesus. “Você é o rei dos judeus?”, perguntou ele. Jesus respondeu: “Essa pergunta é sua ou outros lhe falaram a meu respeito?”. “Acaso sou judeu?”, disse Pilatos. “Seu próprio povo e os principais sacerdotes o trouxeram a mim para ser julgado. Por quê? O que você fez?” Jesus respondeu: “Meu reino não é deste mundo. Se fosse, meus seguidores lutariam para impedir que eu fosse entregue aos líderes judeus. Mas meu reino não procede deste mundo”. Pilatos disse: “Então você é rei?”. “Você diz que sou rei”, respondeu Jesus. “De fato, nasci e vim ao mundo para testemunhar a verdade. Todos que amam a verdade ouvem minha voz.” Pilatos perguntou: “Que é a verdade?”. Depois que disse isso, Pilatos saiu outra vez para onde estava o povo e declarou: “Ele não é culpado de crime algum. Mas vocês têm o costume de pedir que eu solte um prisioneiro cada ano, na Páscoa. Vocês querem que eu solte o ‘rei dos judeus’?”. Eles, porém, gritaram: “Não! Esse homem, não! Queremos Barrabás!”. Esse Barrabás era um criminoso. Então Pilatos mandou açoitar Jesus. Os soldados fizeram uma coroa de espinhos e a colocaram em sua cabeça, e depois puseram nele um manto vermelho. Zombavam dele, dizendo: “Salve, rei dos judeus!”, e batiam em seu rosto. Pilatos saiu outra vez e disse ao povo: “Agora vou trazê-lo aqui para vocês, mas que fique bem claro: eu o considero inocente”. Então Jesus saiu com a coroa de espinhos e o manto vermelho. “Vejam, aqui está o homem!”, disse Pilatos. Quando os principais sacerdotes e os guardas do templo o viram, começaram a gritar: “Crucifique-o! Crucifique-o!”. “Levem-no vocês e crucifiquem-no”, disse Pilatos. “Eu o considero inocente.” Os líderes judeus responderam: “Pela nossa lei ele deve morrer, pois chamou a si mesmo de Filho de Deus”. Quando Pilatos ouviu isso, ficou ainda mais amedrontado. Levou Jesus de volta para dentro do palácio e lhe perguntou: “De onde você vem?”. Jesus, porém, não respondeu. “Por que você se nega a falar comigo?”, perguntou Pilatos. “Não sabe que tenho autoridade para soltá-lo ou crucificá-lo?” Jesus disse: “Você não teria autoridade alguma sobre mim se esta não lhe fosse dada de cima. Portanto, aquele que me entregou a você tem um pecado maior”. Então Pilatos tentou libertá-lo, mas os líderes judeus gritavam: “Se o senhor soltar este homem, não é amigo de César! Quem se declara rei se rebela contra César”. Ao ouvir isso, Pilatos trouxe Jesus para fora novamente e se sentou no tribunal, na plataforma chamada “Pavimento de Pedras” (em aramaico, Gábata ). Era por volta de meio-dia, no dia da preparação para a Páscoa. E Pilatos disse ao povo: “Vejam, aqui está o seu rei!”. “Fora com ele!”, gritaram. “Fora com ele! Crucifique-o!” “O quê? Crucificar o seu rei?”, perguntou Pilatos. Em resposta, os principais sacerdotes gritaram: “Não temos outro rei além de César!”. Então Pilatos lhes entregou Jesus para ser crucificado. E eles levaram Jesus. Carregando a própria cruz, Jesus foi ao local chamado Lugar da Caveira (em aramaico, Gólgota ). Ali eles o pregaram na cruz. Outros dois foram crucificados com Jesus, um de cada lado e ele no meio. Pilatos colocou no alto da cruz uma placa que dizia: “Jesus, o nazareno, Rei dos judeus”. O lugar onde Jesus foi crucificado ficava perto da cidade, e a placa estava escrita em aramaico, latim e grego, de modo que muitos judeus podiam ler a inscrição. Os principais sacerdotes disseram a Pilatos: “Mude a inscrição de ‘Rei dos judeus’ para ‘Ele disse: Eu sou o rei dos judeus’”. Pilatos respondeu: “O que escrevi, escrevi”. Depois que os soldados crucificaram Jesus, repartiram suas roupas em quatro partes, uma para cada um deles. Também pegaram sua túnica, mas ela era sem costura, tecida numa única peça, de alto a baixo. Por isso disseram: “Em vez de rasgá-la, vamos tirar sortes para ver quem ficará com ela”. Isso cumpriu as Escrituras que dizem: “Repartiram minhas roupas entre si e lançaram sortes por minha veste”. E foi o que fizeram. Perto da cruz estavam a mãe de Jesus, a irmã dela, Maria, esposa de Clopas, e Maria Madalena. Quando Jesus viu sua mãe ali, ao lado do discípulo a quem ele amava, disse-lhe: “Mulher, este é seu filho”. E, ao discípulo, disse: “Esta é sua mãe”. Daquele momento em diante, o discípulo a recebeu em sua casa. Jesus sabia que sua missão havia terminado e, para cumprir as Escrituras, disse: “Estou com sede”. Havia ali uma vasilha com vinagre, de modo que ensoparam uma esponja no vinagre, a colocaram na ponta de um caniço de hissopo e a ergueram até os lábios de Jesus. Depois de prová-la, Jesus disse: “Está consumado”. Então, inclinou a cabeça e entregou o espírito. Era o Dia da Preparação, e os líderes judeus não queriam que os corpos ficassem pendurados ali até o dia seguinte, que seria um sábado muito especial. Por isso pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas dos crucificados e removê-los. Assim, os soldados vieram e quebraram as pernas dos dois homens crucificados com Jesus. Mas, quando chegaram a Jesus, viram que ele já estava morto e, portanto, não quebraram suas pernas. Um dos soldados, porém, furou seu lado com uma lança e, no mesmo instante, correu sangue com água. Essa informação provém de uma testemunha ocular. Ela diz a verdade para que vocês também creiam. Essas coisas aconteceram para que se cumprissem as Escrituras que dizem: “Nenhum dos seus ossos será quebrado”, e “Olharão para aquele a quem transpassaram”. Depois disso, José de Arimateia, que tinha sido discípulo secreto de Jesus porque temia os líderes judeus, pediu autorização a Pilatos para tirar da cruz o corpo de Jesus. Quando Pilatos lhe deu permissão, José veio e levou o corpo. Estava com ele Nicodemos, o homem que tinha ido conversar com Jesus à noite. Nicodemos trouxe cerca de 35 litros de óleo perfumado feito com mirra e aloés. Seguindo os costumes judaicos de sepultamento, envolveram o corpo de Jesus em lençóis compridos de linho, junto com essas especiarias. O local da crucificação ficava próximo a um jardim, onde havia um túmulo novo que nunca tinha sido usado. Como era o Dia da Preparação para a Páscoa judaica, e uma vez que o túmulo ficava perto, colocaram Jesus ali. No primeiro dia da semana, bem cedo, enquanto ainda estava escuro, Maria Madalena foi ao túmulo e viu que a pedra da entrada tinha sido removida. Correu e encontrou Simão Pedro e o outro discípulo, aquele a quem Jesus amava, e disse: “Tiraram do túmulo o corpo do Senhor, e não sabemos onde o colocaram!”. Pedro e o outro discípulo foram ao túmulo. Os dois corriam, mas o outro discípulo foi mais rápido que Pedro e chegou primeiro ao túmulo. Abaixou-se, olhou para dentro e viu ali as faixas de linho, mas não entrou. Então Simão Pedro chegou e entrou. Também viu ali as faixas de linho e notou que o pano que cobria a cabeça de Jesus estava dobrado e colocado à parte. O discípulo que havia chegado primeiro ao túmulo também entrou, viu e creu. Pois até então não haviam compreendido as Escrituras segundo as quais era necessário que Jesus ressuscitasse dos mortos. Os discípulos voltaram para casa. Maria estava do lado de fora do túmulo. Chorando, abaixou-se, olhou para dentro e viu dois anjos vestidos de branco, sentados à cabeceira e aos pés do lugar onde tinha estado o corpo de Jesus. Os anjos lhe perguntaram: “Mulher, por que você está chorando?”. Ela respondeu: “Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o colocaram”. Então, ao virar-se para sair, viu alguém em pé. Era Jesus, mas ela não o reconheceu. “Mulher, por que está chorando?”, perguntou ele. “A quem você procura?” Pensando que fosse o jardineiro, ela disse: “Se o senhor o levou embora, diga-me onde o colocou, e eu irei buscá-lo”. “Maria!”, disse Jesus. Ela se voltou para ele e exclamou: “Rabôni!” (que, em aramaico, quer dizer “Mestre!”). Jesus lhe disse: “Não se agarre a mim, pois ainda não subi ao Pai. Mas vá procurar meus irmãos e diga-lhes: ‘Eu vou subir para meu Pai e Pai de vocês, para meu Deus e Deus de vocês’”. Maria Madalena encontrou os discípulos e lhes disse: “Vi o Senhor!”. Então contou o que Jesus havia falado. Ao entardecer daquele primeiro dia da semana, os discípulos estavam reunidos com as portas trancadas, por medo dos líderes judeus. De repente, Jesus surgiu no meio deles e disse: “Paz seja com vocês!”. Enquanto falava, mostrou-lhes as feridas nas mãos e no lado. Eles se encheram de alegria quando viram o Senhor. Mais uma vez, ele disse: “Paz seja com vocês! Assim como o Pai me enviou, eu os envio”. Então soprou sobre eles e disse: “Recebam o Espírito Santo. Se vocês perdoarem os pecados de alguém, eles estarão perdoados. Se não perdoarem, eles não estarão perdoados”. Um dos Doze, Tomé, apelidado de Gêmeo, não estava com os outros quando Jesus surgiu no meio deles. Eles lhe disseram: “Vimos o Senhor!”. Ele, porém, respondeu: “Não acreditarei se não vir as marcas dos pregos em suas mãos e não puser meus dedos nelas e minha mão na marca em seu lado”. Oito dias depois, os discípulos estavam juntos novamente e, dessa vez, Tomé estava com eles. As portas estavam trancadas, mas, de repente, como antes, Jesus surgiu no meio deles. “Paz seja com vocês!”, disse ele. Então, disse a Tomé: “Ponha seu dedo aqui, e veja minhas mãos. Ponha sua mão na marca em meu lado. Não seja incrédulo. Creia!”. “Meu Senhor e meu Deus!”, disse Tomé. Então Jesus lhe disse: “Você crê porque me viu. Felizes são aqueles que creem sem ver”. Os discípulos viram Jesus fazer muitos outros sinais além dos que se encontram registrados neste livro. Estes, porém, estão registrados para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo nele, tenham vida pelo poder do seu nome. Depois disso, Jesus apareceu novamente a seus discípulos junto ao mar de Tiberíades. Foi assim que aconteceu: estavam ali Simão Pedro, Tomé, apelidado de Gêmeo, Natanael, de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos. Simão Pedro disse: “Vou pescar”. “Nós também vamos”, disseram os outros. Assim, entraram no barco e foram, mas não pegaram coisa alguma a noite toda. Ao amanhecer, Jesus estava na praia, mas os discípulos não o reconheceram. Ele perguntou: “Filhos, por acaso vocês têm peixe para comer?”. “Não”, responderam eles. Então ele disse: “Lancem a rede para o lado direito do barco e pegarão”. Fizeram assim e não conseguiam recolher a rede, de tão cheia de peixes que estava. O discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: “É o Senhor!”. Quando Simão Pedro ouviu que era o Senhor, vestiu a capa, pois a havia removido para trabalhar, e saltou na água. Os outros ficaram no barco e puxaram até a praia a rede carregada, pois estavam a apenas uns noventa metros de distância. Quando chegaram, encontraram um braseiro, no qual havia um peixe, e pão. Jesus disse: “Tragam alguns dos peixes que vocês acabaram de pegar”. Simão Pedro entrou no barco e arrastou a rede para a praia. Havia 153 peixes grandes e, no entanto, a rede não arrebentou. “Venham comer!”, disse Jesus. Nenhum dos discípulos tinha coragem de perguntar: “Quem é você?”, pois sabiam muito bem que era o Senhor. Então Jesus lhes serviu o pão e o peixe. Foi a terceira vez que Jesus apareceu a seus discípulos depois de ressuscitar dos mortos. Depois da refeição, Jesus perguntou a Simão Pedro: “Simão, filho de João, você me ama mais do que estes?”. “Sim, Senhor”, respondeu Pedro. “O senhor sabe que eu o amo”. “Então alimente meus cordeiros”, disse Jesus. Jesus repetiu a pergunta: “Simão, filho de João, você me ama?”. “Sim, Senhor”, disse Pedro. “O senhor sabe que eu o amo”. “Então cuide de minhas ovelhas”, disse Jesus. Pela terceira vez, ele perguntou: “Simão, filho de João, você me ama?”. Pedro ficou triste porque Jesus fez a pergunta pela terceira vez e disse: “O Senhor sabe todas as coisas. Sabe que eu o amo”. Jesus disse: “Então alimente minhas ovelhas. “Eu lhe digo a verdade: quando você era jovem, podia agir como bem entendia; vestia-se e ia aonde queria. Mas, quando for velho, estenderá as mãos e outros o vestirão e o levarão aonde você não quer ir”. Jesus disse isso para informá-lo com que tipo de morte ele iria glorificar a Deus. Então Jesus lhe disse: “Siga-me”. Pedro se virou e viu atrás deles o discípulo a quem Jesus amava, aquele que havia se reclinado perto de Jesus durante a ceia e perguntado: “Senhor, quem o trairá?”. Pedro perguntou a Jesus: “Senhor, e quanto a ele?”. Jesus respondeu: “Se eu quiser que ele permaneça vivo até eu voltar, o que lhe importa? Quanto a você, siga-me”. Por isso espalhou-se entre a comunidade dos irmãos o rumor de que esse discípulo não morreria. Não foi isso, porém, o que Jesus disse. Ele apenas disse: “Se eu quiser que ele permaneça vivo até eu voltar, o que lhe importa?”. Este é o discípulo que dá testemunho destes acontecimentos e que os registrou aqui. E sabemos que seu relato é fiel. Jesus também fez muitas outras coisas. Se todas fossem registradas, suponho que nem o mundo inteiro poderia conter todos os livros que seriam escritos. Em meu primeiro livro, relatei a você, Teófilo, tudo que Jesus começou a fazer e a ensinar até o dia em que foi levado para o céu, depois de dar a seus apóstolos escolhidos mais instruções por meio do Espírito Santo. Durante os quarenta dias após seu sofrimento e morte, Jesus apareceu aos apóstolos diversas vezes. Ele lhes apresentou muitas provas claras de que estava vivo e lhes falou do reino de Deus. Certa ocasião, enquanto comia com eles, deu-lhes a seguinte ordem: “Não saiam de Jerusalém até o Pai enviar a promessa, conforme eu lhes disse antes. João batizou com água, mas dentro de poucos dias vocês serão batizados com o Espírito Santo”. Então os que estavam com Jesus lhe perguntaram: “Senhor, será esse o momento em que restaurará o reino a Israel?”. Ele respondeu: “O Pai já determinou o tempo e a ocasião para que isso aconteça, e não cabe a vocês saber. Vocês receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em toda parte: em Jerusalém, em toda a Judeia, em Samaria e nos lugares mais distantes da terra”. Depois de ter dito isso, foi elevado numa nuvem, e os discípulos não conseguiram mais vê-lo. Continuaram a olhar atentamente para o céu, até que dois homens vestidos de branco apareceram de repente no meio deles e disseram: “Homens da Galileia, por que estão aí parados, olhando para o céu? Esse Jesus, que foi elevado do meio de vocês ao céu, voltará do mesmo modo como o viram subir!”. Então voltaram do monte das Oliveiras para Jerusalém, cerca de um quilômetro de distância. Quando chegaram, subiram à sala no andar superior da casa onde estavam hospedados. Estavam ali Pedro, João, Tiago, André, Filipe, Tomé, Bartolomeu, Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o zelote, e Judas, filho de Tiago. Todos eles se reuniam em oração com um só propósito, acompanhados de algumas mulheres e também de Maria, mãe de Jesus, e os irmãos dele. Por esse tempo, quando cerca de 120 discípulos estavam reunidos num só lugar, Pedro se levantou e disse: “Irmãos, era necessário que se cumprissem as Escrituras a respeito de Judas, que serviu de guia aos que prenderam Jesus. Esse acontecimento havia sido predito pelo Espírito Santo, por meio do rei Davi. Judas era um de nós e participava do ministério conosco”. (Ele comprou um campo com o dinheiro que recebeu por sua perversidade. Ao cair ali de cabeça, seu corpo se partiu ao meio, e seus intestinos se derramaram. A notícia se espalhou entre todos os habitantes de Jerusalém, e eles deram ao lugar o nome aramaico Aceldama, que significa “Campo de Sangue”.) Pedro continuou: “Estava escrito no livro de Salmos: ‘Que sua casa fique desolada, sem ninguém morando nela’. Também diz: ‘Que outro ocupe seu lugar’. “Agora, portanto, devemos escolher um dentre os homens que estiveram conosco durante todo o tempo em que o Senhor Jesus andou entre nós, desde que ele foi batizado por João até o dia em que foi tirado de nosso meio e elevado ao céu. O escolhido se juntará a nós como testemunha da ressurreição”. Então indicaram dois homens: José, chamado Barsabás e conhecido também como Justo, e Matias. Em seguida, oraram: “Senhor, tu conheces cada coração. Mostra-nos qual destes homens escolheste como apóstolo para substituir Judas neste ministério, pois ele se desviou e foi para seu devido lugar”. Então lançaram sortes e Matias foi escolhido como apóstolo, juntando-se aos outros onze. No dia de Pentecostes, todos estavam reunidos num só lugar. De repente, veio do céu um som como o de um poderoso vendaval e encheu a casa onde estavam sentados. Então surgiu algo semelhante a chamas ou línguas de fogo que pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os habilitava. Naquela época, judeus devotos de todas as nações viviam em Jerusalém. Quando ouviram o som das vozes, vieram correndo e ficaram espantados, pois cada um deles ouvia em seu próprio idioma. Muito admirados, exclamavam: “Como isto é possível? Estes homens são todos galileus e, no entanto, cada um de nós os ouve falar em nosso próprio idioma! Estão aqui partos, medos, elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia, da Capadócia, do Ponto, da província da Ásia, da Frígia, da Panfília, do Egito e de regiões da Líbia próximas a Cirene, visitantes de Roma (tanto judeus como convertidos ao judaísmo), cretenses e árabes, e todos nós ouvimos estas pessoas falarem em nossa própria língua sobre as coisas maravilhosas que Deus fez!”. Admirados e perplexos, perguntavam uns aos outros: “Que significa isto?”. Outros, porém, zombavam e diziam: “Eles estão bêbados!”. Então Pedro deu um passo à frente com os onze apóstolos e dirigiu-se em alta voz à multidão: “Ouçam com atenção, todos vocês, povo da Judeia e habitantes de Jerusalém! Escutem o que lhes digo! Estas pessoas não estão bêbadas, como alguns de vocês pensam, pois são apenas nove horas da manhã. Pelo contrário! O que vocês estão vendo foi predito há tempos pelo profeta Joel: ‘Nos últimos dias’, disse Deus, ‘derramarei meu Espírito sobre todo tipo de pessoa. Seus filhos e suas filhas profetizarão; os jovens terão visões, e os velhos terão sonhos. Naqueles dias, derramarei meu Espírito até mesmo sobre servos e servas, e eles profetizarão. Farei maravilhas em cima, no céu, e sinais embaixo, na terra: sangue e fogo, e nuvens de fumaça. O sol se escurecerá, e a lua se tornará vermelha como sangue, antes que chegue o grande e glorioso dia do Senhor. Mas todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo’. “Povo de Israel, escute! Deus aprovou publicamente Jesus, o nazareno, ao realizar milagres, maravilhas e sinais por meio dele, como vocês bem sabem. Ele foi entregue conforme o plano preestabelecido por Deus e seu conhecimento prévio daquilo que aconteceria. Com a ajuda de gentios que desconheciam a lei, vocês o pregaram na cruz e o mataram. Mas Deus o ressuscitou, libertando-o dos horrores da morte, pois ela não pôde mantê-lo sob seu domínio. A respeito dele disse o rei Davi: ‘Vejo que o Senhor está sempre comigo; não serei abalado, pois ele está à minha direita. Não é de admirar que meu coração esteja alegre e que minha língua o louve; meu corpo repousa em esperança. Pois tu não deixarás minha alma entre os mortos, nem permitirás que o teu Santo apodreça no túmulo. Tu me mostraste o caminho da vida, e me encherás com a alegria de tua presença’. “Irmãos, permitam-me dizer com toda convicção que o patriarca Davi não estava se referindo a si mesmo, pois ele morreu e foi sepultado, e seu túmulo ainda está aqui, entre nós. Mas ele era profeta e sabia que Deus havia prometido sob juramento que um de seus descendentes se sentaria em seu trono. Davi estava olhando para o futuro e falando da ressurreição do Cristo, que não foi deixado entre os mortos nem seu corpo apodreceu no túmulo. “Foi esse Jesus que Deus ressuscitou, e todos nós somos testemunhas disso. Ele foi exaltado ao lugar de honra, à direita de Deus. E, conforme havia prometido, o Pai lhe deu o Espírito Santo, que ele derramou sobre nós, como vocês estão vendo e ouvindo hoje. Pois Davi não subiu ao céu e, no entanto, disse: ‘O Senhor disse ao meu Senhor: Sente-se no lugar de honra à minha direita, até que eu humilhe seus inimigos e os ponha debaixo de seus pés’. “Portanto, saibam com certeza todos em Israel que a esse Jesus, que vocês crucificaram, Deus fez Senhor e Cristo!”. As palavras partiram o coração dos que ouviam, e eles perguntaram a Pedro e aos outros apóstolos: “Irmãos, o que devemos fazer?”. Pedro respondeu: “Vocês devem se arrepender, e cada um deve ser batizado em nome de Jesus Cristo, para o perdão de seus pecados. Então receberão a dádiva do Espírito Santo. Essa promessa é para vocês, para seus filhos e para os que estão longe, isto é, para todos que forem chamados pelo Senhor, nosso Deus”. Pedro continuou a pregar, advertindo com insistência a seus ouvintes: “Salvem-se desta geração corrompida!”. Os que acreditaram nas palavras de Pedro foram batizados, e naquele dia houve um acréscimo de cerca de três mil pessoas. Todos se dedicavam de coração ao ensino dos apóstolos, à comunhão, ao partir do pão e à oração. Havia em todos eles um profundo temor, e os apóstolos realizavam muitos sinais e maravilhas. Os que criam se reuniam num só lugar e compartilhavam tudo que possuíam. Vendiam propriedades e bens e repartiam o dinheiro com os necessitados, adoravam juntos no templo diariamente, reuniam-se nos lares para comer e partiam o pão com grande alegria e generosidade, sempre louvando a Deus e desfrutando a simpatia de todo o povo. E, a cada dia, o Senhor lhes acrescentava aqueles que iam sendo salvos. Certo dia, por volta das três da tarde, Pedro e João foram ao templo orar. Um homem, aleijado de nascença, estava sendo carregado. Todos os dias, ele era colocado ao lado da porta chamada Formosa, para pedir esmolas a quem entrasse no templo. Quando ele viu que Pedro e João iam entrar, pediu-lhes dinheiro. Pedro e João se voltaram para ele. “Olhe para nós!”, disse Pedro. O homem fixou o olhar neles, esperando receber alguma esmola. Pedro, no entanto, disse: “Não tenho prata nem ouro, mas lhe dou o que tenho. Em nome de Jesus Cristo, o nazareno, levante-se e ande!”. Então Pedro segurou o aleijado pela mão e o ajudou a levantar-se. No mesmo instante, os pés e os tornozelos do homem foram curados e fortalecidos. De um salto, ele se levantou e começou a andar. Em seguida, caminhando, saltando e louvando a Deus, entrou no templo com eles. Quando o viram caminhar e o ouviram louvar a Deus, todos perceberam que era o mesmo mendigo que tantas vezes tinham visto na porta Formosa, e ficaram perplexos. Admirados, correram todos para o Pórtico de Salomão, onde o homem permanecia com Pedro e João e não se afastava deles. Pedro, percebendo o que ocorria, dirigiu-se à multidão. “Povo de Israel, por que ficam surpresos com isso?”, disse ele. “Por que olham para nós como se tivéssemos feito este homem andar por nosso próprio poder ou devoção? Pois foi o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, o Deus de nossos antepassados, quem glorificou seu Servo Jesus, a quem vocês traíram e rejeitaram diante de Pilatos, apesar de ele ter decidido soltá-lo. Vocês rejeitaram o Santo e Justo e, em seu lugar, exigiram que um assassino fosse liberto. Mataram o autor da vida, mas Deus o ressuscitou dos mortos. E nós somos testemunhas desse fato! “Pela fé no nome de Jesus, este homem que vocês veem e conhecem foi curado. A fé no nome de Jesus o curou diante de seus olhos. “Irmãos, sei que vocês e seus líderes agiram por ignorância. Mas Deus assim cumpriu o que todos os profetas haviam predito acerca do Cristo, que era necessário ele sofrer essas coisas. Agora, arrependam-se e voltem-se para Deus, para que seus pecados sejam apagados. Então, da presença do Senhor virão tempos de renovação, e ele enviará novamente Jesus, o Cristo que lhes foi designado. Pois ele deve permanecer no céu até o tempo da restauração final de todas as coisas, conforme Deus prometeu há muito tempo por meio de seus santos profetas. Moisés disse: ‘O Senhor, seu Deus, levantará para vocês um profeta como eu, do meio de seu povo. Ouçam com atenção tudo que ele lhes disser. Quem não der ouvidos a esse profeta será eliminado do meio do povo’. “A começar por Samuel, todos os profetas falaram sobre o que está acontecendo hoje. Vocês são descendentes desses profetas e estão incluídos na aliança que Deus fez com seus antepassados ao dizer a Abraão: ‘Por meio de sua descendência, todas as famílias da terra serão abençoadas’. Quando Deus ressuscitou seu Servo, ele o enviou primeiro a vocês, o povo de Israel, para abençoá-los, fazendo cada um de vocês se afastar de seus caminhos pecaminosos.” Enquanto falavam ao povo, Pedro e João foram confrontados pelos sacerdotes, pelo capitão da guarda do templo e por alguns saduceus. Os líderes estavam muito perturbados porque Pedro e João ensinavam ao povo que em Jesus há ressurreição dos mortos. Eles os prenderam e, como já anoitecia, os colocaram na prisão até a manhã seguinte. Muitos que tinham ouvido a mensagem creram, totalizando, agora, cerca de cinco mil homens. No dia seguinte, o conselho das autoridades, dos líderes do povo e dos mestres da lei se reuniu em Jerusalém. Estavam ali Anás, o sumo sacerdote, e também Caifás, João, Alexandre e outros parentes do sumo sacerdote. Mandaram trazer Pedro e João e os interrogaram: “Com que poder, ou em nome de quem, vocês fizeram isso?”. Cheio do Espírito Santo, Pedro lhes respondeu: “Autoridades e líderes do povo, estamos sendo interrogados hoje porque realizamos uma boa ação em favor de um aleijado, e os senhores querem saber como ele foi curado. Saibam os senhores e todo o povo de Israel que ele foi curado pelo nome de Jesus Cristo, o nazareno, a quem os senhores crucificaram, mas a quem Deus ressuscitou dos mortos. Pois é a respeito desse Jesus que se diz: ‘A pedra que vocês, os construtores, rejeitaram se tornou a pedra angular’. Não há salvação em nenhum outro! Não há nenhum outro nome debaixo do céu, em toda a humanidade, por meio do qual devamos ser salvos”. Quando os membros do conselho viram a coragem de Pedro e João, ficaram admirados, pois perceberam que eram homens comuns, sem instrução religiosa formal. Reconheceram também que eles haviam estado com Jesus. Mas não havia nada que pudessem fazer, pois o homem que tinha sido curado estava ali diante deles. Assim, ordenaram que Pedro e João fossem retirados da sala do conselho e começaram a discutir entre si. “Que faremos com esses homens?”, perguntavam uns aos outros. “Não podemos negar que realizaram um sinal, como todos em Jerusalém sabem. Mas, para evitar que espalhem sua mensagem, devemos adverti-los de que não falem nesse nome a mais ninguém.” Então os chamaram de volta e ordenaram que nunca mais falassem nem ensinassem em nome de Jesus. Pedro e João, porém, responderam: “Os senhores acreditam que Deus quer que obedeçamos a vocês, e não a ele? Não podemos deixar de falar do que vimos e ouvimos!”. Os membros do conselho fizeram novas ameaças, mas, por fim, os soltaram. Não sabiam como castigá-los sem provocar um tumulto, visto que todos louvavam a Deus pelo ocorrido, pois o aleijado que havia sido curado milagrosamente tinha mais de quarenta anos de idade. Assim que foram libertos, Pedro e João voltaram ao lugar onde estavam os outros irmãos e lhes contaram o que os principais sacerdotes e líderes tinham dito. Ao ouvir o relato, todos os presentes levantaram juntos a voz e oraram a Deus: “Ó Soberano Senhor, Criador dos céus e da terra, do mar e de tudo que neles há, falaste muito tempo atrás pelo Espírito Santo, nas palavras de nosso antepassado Davi, teu servo: ‘Por que as nações se enfureceram tanto? Por que perderam tempo com planos inúteis? Os reis da terra se prepararam para guerrear; os governantes se uniram contra o Senhor e contra seu Cristo’. “De fato, isso aconteceu aqui, nesta cidade, pois Herodes Antipas, o governador Pôncio Pilatos, os gentios e o povo de Israel se uniram contra Jesus, teu santo Servo, a quem ungiste. Tudo que fizeram, porém, havia sido decidido de antemão pela tua vontade. E agora, Senhor, ouve as ameaças deles e concede a teus servos coragem para anunciar tua palavra. Estende tua mão com poder para curar, e que sinais e maravilhas sejam realizados por meio do nome de teu santo Servo Jesus”. Depois dessa oração, o lugar onde estavam reunidos tremeu, e todos ficaram cheios do Espírito Santo e pregavam corajosamente a palavra de Deus. Todos os que creram estavam unidos em coração e mente. Não se consideravam donos de seus bens, de modo que compartilhavam tudo que tinham. Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e sobre todos eles havia grande graça. Entre eles não havia necessitados, pois quem possuía terras ou casas vendia o que era seu e levava o dinheiro aos apóstolos, para que dessem aos que precisavam de ajuda. José, a quem os apóstolos deram o nome Barnabé, que significa “Filho do encorajamento”, era da tribo de Levi e tinha nascido na ilha de Chipre. Ele vendeu um campo que possuía e entregou o dinheiro aos apóstolos. Havia, porém, um homem chamado Ananias que, com sua esposa, Safira, vendeu uma propriedade. Levou apenas parte do dinheiro aos apóstolos, mas, com aprovação da esposa, afirmou que aquele era o valor total e ficou com o resto. Então Pedro disse: “Ananias, por que você deixou Satanás encher seu coração? Você mentiu para o Espírito Santo quando guardou parte do dinheiro para si. A propriedade era sua para vender ou não, como quisesse. E, depois de vendê-la, o dinheiro também era seu, para entregar ou não. Como pôde fazer uma coisa dessas? Você não mentiu para nós, mas para Deus!”. Assim que Ananias ouviu essas palavras, caiu no chão e morreu. Um grande temor se apoderou de todos que souberam o que havia acontecido. Então alguns jovens se levantaram, envolveram o corpo num lençol e o levaram para fora, e depois o sepultaram. Cerca de três horas depois, sua esposa entrou, sem saber o que havia acontecido. Pedro lhe perguntou: “Foi esse o valor que você e seu marido receberam pelo terreno?”. Ela respondeu: “Sim, foi esse o valor”. Então Pedro disse: “Como vocês puderam conspirar para pôr à prova o Espírito do Senhor? Veja, os jovens que sepultaram seu marido estão logo ali, perto da porta, e também levarão você”. No mesmo instante, ela caiu no chão e morreu. Quando os jovens entraram e viram que ela estava morta, levaram seu corpo para fora e a sepultaram ao lado do marido. Um grande temor se apoderou de toda a igreja e de todos que souberam desse acontecimento. Os apóstolos realizavam muitos sinais e maravilhas entre o povo. Todos se reuniam regularmente no templo, na parte conhecida como Pórtico de Salomão. Quando se reuniam ali, ninguém mais tinha coragem de juntar-se a eles, embora o povo os tivesse em alta consideração. Cada vez mais pessoas, multidões de homens e mulheres, criam no Senhor. Como resultado, o povo levava os doentes às ruas em camas e macas para que a sombra de Pedro cobrisse alguns deles enquanto ele passava. Muita gente vinha das cidades ao redor de Jerusalém, trazendo doentes e atormentados por espíritos impuros, e todos eram curados. Tomados de inveja, o sumo sacerdote e seus oficiais, que eram saduceus, prenderam os apóstolos e os colocaram numa prisão pública. Um anjo do Senhor, porém, veio durante a noite, abriu as portas do cárcere e os levou para fora. “Vão ao templo e transmitam ao povo esta mensagem de vida!”, disse ele. Desse modo, ao amanhecer, os apóstolos entraram no templo, conforme haviam sido instruídos, e, sem demora, começaram a ensinar. Mais tarde, o sumo sacerdote e seus oficiais chegaram, reuniram o conselho, isto é, toda a assembleia dos líderes de Israel, e mandaram buscar os apóstolos na prisão. Mas, quando os guardas do templo chegaram à prisão, os homens não estavam lá. Então voltaram e contaram: “A prisão estava bem trancada, com os guardas vigiando do lado de fora, mas, quando abrimos as portas, não havia ninguém!”. Ao ouvir isso, o capitão da guarda do templo e os principais sacerdotes ficaram perplexos e se perguntavam o que aconteceria em seguida. Então alguém chegou com a seguinte notícia: “Os homens que os senhores puseram na cadeia estão no templo, ensinando o povo!”. O capitão e seus guardas foram e prenderam os apóstolos, mas sem violência, pois temiam que o povo os apedrejasse. Em seguida, levaram os apóstolos e os apresentaram ao conselho de líderes do povo, onde o sumo sacerdote os confrontou. “Nós lhes ordenamos firmemente que nunca mais ensinassem em nome desse homem”, disse ele. “E, mesmo assim, vocês encheram Jerusalém com esse seu ensino e querem nos responsabilizar pela morte dele!” Pedro e os apóstolos responderam: “Devemos obedecer a Deus antes de qualquer autoridade humana. O Deus de nossos antepassados ressuscitou Jesus dos mortos depois que os senhores o mataram, pendurando-o numa cruz. Deus o colocou no lugar de honra, à sua direita, como Príncipe e Salvador, para que o povo de Israel se arrependesse de seus pecados e fosse perdoado. Somos testemunhas dessas coisas, e assim é também o Espírito Santo, que Deus dá àqueles que lhe obedecem”. Quando ouviram isso, os membros do conselho se enfureceram e decidiram matá-los. Um deles, porém, um fariseu chamado Gamaliel, especialista na lei e respeitado por todo o povo, levantou-se e ordenou que eles fossem retirados da sala do conselho por um momento. Em seguida, disse aos demais: “Israelitas, cuidado com o que planejam fazer a esses homens! Algum tempo atrás, surgiu um certo Teudas, que afirmava ser alguém importante. Umas quatrocentas pessoas se juntaram a ele, mas foi morto e seus seguidores se dispersaram, e o movimento deu em nada. Depois dele, na época do censo, apareceu Judas, da Galileia, que fez muitos seguidores. Ele também foi morto, e seu grupo se dispersou. “Portanto, meu conselho é que deixem esses homens em paz e os soltem. Se o que planejam e fazem é meramente humano, logo serão frustrados. Mas, se é de Deus, vocês não serão capazes de impedi-los. Pode até acontecer de vocês acabarem lutando contra Deus”. Os demais membros aceitaram o conselho de Gamaliel. Chamaram os apóstolos e mandaram açoitá-los. Depois, ordenaram que nunca mais falassem em nome de Jesus e, por fim, os soltaram. Quando os apóstolos saíram da reunião do conselho, estavam alegres porque Deus os havia considerado dignos de sofrer humilhação pelo nome de Jesus. E todos os dias, no templo e de casa em casa, continuavam a ensinar e anunciar que Jesus é o Cristo. À medida que o número de discípulos crescia, surgiam murmúrios de descontentamento. Os judeus de fala grega se queixavam dos de fala hebraica, dizendo que suas viúvas estavam sendo negligenciadas na distribuição diária de alimento. Por isso, os Doze convocaram uma reunião com todos os discípulos e disseram: “Nós, apóstolos, devemos nos dedicar ao ensino da palavra de Deus, e não à distribuição de alimentos. Sendo assim, irmãos, escolham sete homens respeitados, cheios do Espírito e de sabedoria, e nós os encarregaremos desse serviço. Então nós nos dedicaremos à oração e ao ensino da palavra”. A ideia agradou a todos, e escolheram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, e também Filipe, Prócoro, Nicanor, Timom, Pármenas e Nicolau de Antioquia, que antes havia se convertido ao judaísmo. Esses sete foram apresentados aos apóstolos, que oraram por eles e lhes impuseram as mãos. Assim, a mensagem de Deus continuou a se espalhar. O número de discípulos se multiplicava em Jerusalém, e muitos sacerdotes também se converteram. Estêvão, homem cheio de graça e poder, realizava milagres e sinais entre o povo. Um dia, porém, alguns homens da chamada Sinagoga dos Escravos Libertos começaram a discutir com ele. Eram judeus de Cirene, de Alexandria, da Cilícia e da província da Ásia. Nenhum deles era capaz de resistir à sabedoria e ao Espírito pelo qual Estêvão falava. Então convenceram alguns homens a mentir a respeito dele, dizendo: “Ouvimos Estêvão blasfemar contra Moisés, e até contra Deus”. Com isso, agitaram o povo, os líderes religiosos e os mestres da lei, e Estêvão foi preso e levado ao conselho dos líderes do povo. As falsas testemunhas declararam: “Este homem vive falando contra o santo templo e a lei de Moisés. Nós o ouvimos dizer que esse Jesus de Nazaré destruirá o templo e mudará os costumes que Moisés nos deixou”. Nesse momento, todos os membros do conselho olharam para Estêvão e viram que seu rosto parecia o rosto de um anjo. Então o sumo sacerdote lhe perguntou: “Estas acusações são verdadeiras?”. Estêvão respondeu: “Irmãos e pais, ouçam-me! O Deus glorioso apareceu a nosso antepassado Abraão na Mesopotâmia, antes de ele se estabelecer em Harã, e lhe disse: ‘Deixe sua terra natal e seus parentes e vá para a terra que eu lhe mostrarei’. Então Abraão saiu da terra dos caldeus e morou em Harã até seu pai morrer. Depois, Deus o trouxe aqui para a terra onde vocês agora vivem. “Mas Deus não lhe deu herança alguma aqui, nem mesmo o espaço de um pé. Contudo, prometeu que a terra toda pertenceria a Abraão e a seus descendentes, embora ele ainda não tivesse filhos. Disse-lhe também que seus descendentes viveriam numa terra estrangeira, onde seriam escravizados e oprimidos por quatrocentos anos. Mas Deus disse: ‘Eu castigarei a nação que os escravizar, e, por fim, sairão dali e me adorarão neste lugar’. “Naquele tempo, Deus deu a Abraão a aliança da circuncisão. Assim, quando seu filho Isaque nasceu, ele o circuncidou no oitavo dia. Essa prática continuou quando nasceu Jacó, filho de Isaque, e quando nasceram os doze filhos de Jacó, os patriarcas de Israel. “Os patriarcas tiveram inveja de seu irmão José e o venderam como escravo para o Egito. Mas Deus estava com ele e o livrou de todas as suas dificuldades. Deus concedeu a José favor e sabedoria diante do faraó, rei do Egito, e o faraó o nomeou governador de todo o Egito e administrador de seu palácio. “Então veio uma fome sobre o Egito e sobre Canaã. Houve grande aflição, e nossos antepassados ficaram sem comida. Jacó soube que ainda havia cereal no Egito e enviou seus filhos, nossos antepassados, para comprarem alimento. Da segunda vez que foram, José revelou sua identidade a seus irmãos e os apresentou ao faraó. Depois, José mandou trazer para o Egito seu pai, Jacó, e todos os seus parentes, 75 pessoas ao todo. Assim, Jacó foi para o Egito e ali morreu, bem como nossos antepassados. Seus corpos foram levados para Siquém e sepultados no túmulo que Abraão havia comprado por um certo preço dos filhos de Hamor. “Aproximando-se o tempo em que Deus cumpriria sua promessa a Abraão, nosso povo se multiplicou grandemente no Egito. Então subiu ao trono do Egito um novo rei, que nada sabia a respeito de José. Esse rei explorou e oprimiu nosso povo, forçando os pais a abandonarem seus filhos recém-nascidos, para que morressem. “Por essa época, nasceu Moisés, um bebê especial aos olhos de Deus. Seus pais cuidaram dele em casa por três meses. Quando tiveram de abandoná-lo, a filha do faraó o adotou e o criou como seu próprio filho. Moisés foi educado em toda a sabedoria dos egípcios e era poderoso em palavras e ações. “Certo dia, estando Moisés com quarenta anos, resolveu visitar seus parentes, o povo de Israel. Ao ver um egípcio maltratando um israelita, defendeu o israelita e o vingou, matando o egípcio. Imaginou que seus irmãos israelitas entenderiam que ele havia sido enviado por Deus para resgatá-los, mas isso não aconteceu. “No dia seguinte, visitou-os novamente e viu dois homens de Israel brigando. Tentando agir como pacificador, disse a eles: ‘Homens, vocês são irmãos; por que brigam um com o outro?’. “Mas o homem que era culpado empurrou Moisés e disse: ‘Quem o nomeou líder e juiz sobre nós? Vai me matar como matou o egípcio ontem?’. Quando Moisés ouviu isso, fugiu e foi viver como estrangeiro na terra de Midiã. Ali nasceram seus dois filhos. “Quarenta anos depois, no deserto próximo ao monte Sinai, um anjo apareceu a Moisés nas chamas de um arbusto que queimava. Quando Moisés viu aquilo, ficou admirado. Aproximando-se para observar melhor, ouviu a voz do Senhor, que disse: ‘Eu sou o Deus de seus antepassados, o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó’. Moisés tremia de medo e não tinha coragem de olhar. “Então o Senhor lhe disse: ‘Tire as sandálias, pois você está pisando em terra santa. Por certo, tenho visto a aflição do meu povo no Egito. Tenho ouvido seus gemidos e desci para libertá-los. Agora vá, pois eu o envio de volta ao Egito’. “Era esse o mesmo Moisés que o povo havia rejeitado quando lhe perguntaram: ‘Quem o nomeou líder e juiz?’. Por meio do anjo que apareceu a Moisés no arbusto em chamas, Deus o enviou para ser líder e libertador. Assim, com muitas maravilhas e sinais, ele os conduziu para fora do Egito, pelo mar Vermelho e pelo deserto, durante quarenta anos. “Esse mesmo Moisés disse ao povo de Israel: ‘Deus levantará para vocês um profeta como eu do meio de seu povo’. Moisés estava com nossos antepassados, a congregação do povo de Deus no deserto, quando o anjo lhe falou no monte Sinai, e ali Moisés recebeu palavras que dão vida, para transmiti-las a nós. “Mas nossos antepassados se recusaram a obedecer a Moisés. Eles o rejeitaram e, em seu íntimo, voltaram ao Egito. Disseram a Arão: ‘Faça para nós deuses que nos guiem, pois não sabemos o que aconteceu com esse Moisés que nos tirou do Egito’. Logo, fizeram um ídolo em forma de bezerro, ofereceram-lhe sacrifícios e começaram a celebrar o objeto que haviam criado. Então Deus se afastou deles e os entregou para servirem as estrelas do céu como deuses, conforme está escrito no livro dos profetas: ‘Foi a mim que vocês trouxeram sacrifícios e ofertas durante aqueles quarenta anos no deserto, povo de Israel? Não, vocês carregaram o santuário de Moloque, a estrela de seu deus Renfã, e as imagens que fizeram para adorá-los. Por isso eu os enviarei para o exílio, para além da Babilônia’. “Nossos antepassados levaram com eles pelo deserto o tabernáculo, construído de acordo com o modelo que Deus havia mostrado a Moisés. Anos depois, quando Josué comandou nossos antepassados nas batalhas contra as nações que Deus expulsou desta terra, foi levado com eles para seu novo território e ali ficou até o tempo do rei Davi. “Davi encontrou favor diante de Deus e pediu para construir um templo permanente para o Deus de Jacó, mas foi Salomão quem o construiu. O Altíssimo, porém, não habita em templos feitos por mãos humanas. Como diz o profeta: ‘O céu é meu trono, e a terra é o suporte de meus pés. Acaso construiriam para mim um templo assim tão bom?’, diz o Senhor. ‘Que lugar de descanso me poderiam fazer? Acaso não foram minhas mãos que criaram o céu e a terra?’. “Povo teimoso! Vocês têm o coração incircuncidado e são surdos para a verdade. Resistirão para sempre ao Espírito Santo? Foi o que seus antepassados fizeram, e vocês também o fazem! Que profeta seus antepassados não perseguiram? Mataram até aqueles que predisseram a vinda do Justo, a quem vocês traíram e assassinaram! Vocês desobedeceram à lei de Deus, embora a tenham recebido das mãos de anjos”. Os líderes judeus se enfureceram com a acusação de Estêvão e rangiam os dentes contra ele. Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, olhou firmemente para o céu e viu a glória de Deus, e viu Jesus em pé no lugar de honra, à direita de Deus. “Olhem!”, disse ele. “Vejo os céus abertos e o Filho do Homem em pé no lugar de honra, à direita de Deus!” Eles taparam os ouvidos e, aos gritos, lançaram-se contra ele. Arrastaram-no para fora da cidade e começaram a apedrejá-lo. Seus acusadores tiraram os mantos e os deixaram aos pés de um jovem chamado Saulo. Enquanto atiravam as pedras, Estêvão orou: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito”. Então caiu de joelhos e gritou: “Senhor, não os culpes por este pecado!”. E, com isso, adormeceu. E Saulo concordou inteiramente com a morte de Estêvão. Uma grande onda de perseguição começou naquele dia e varreu a igreja de Jerusalém. Todos eles, com exceção dos apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judeia e de Samaria. (Alguns homens devotos vieram e, com grande tristeza, sepultaram Estêvão.) Saulo, porém, procurava destruir a igreja. Ia de casa em casa, arrastava para fora homens e mulheres e os lançava na prisão. Os que haviam sido dispersos, porém, anunciavam as boas-novas a respeito de Jesus por onde quer que fossem. Filipe foi para a cidade de Samaria e ali falou ao povo sobre o Cristo. Quando as multidões ouviram sua mensagem e viram os sinais que ele realizava, deram total atenção às suas palavras. Muitos espíritos impuros eram expulsos e, aos gritos, deixavam suas vítimas, e muitos paralíticos e aleijados eram curados. Por isso, houve grande alegria naquela cidade. Um homem chamado Simão praticava feitiçaria ali havia anos. Ele deixava o povo de Samaria admirado, e afirmava ser alguém importante. Todos, dos mais simples aos mais importantes, se referiam a ele como “o Grande Poder de Deus”. Ouviam-no com atenção, pois, durante muito tempo, ele os tinha deixado admirados com sua magia. No entanto, quando Filipe lhes levou a mensagem sobre as boas-novas do reino de Deus e sobre o nome de Jesus Cristo, eles creram e, como resultado, muitos homens e mulheres foram batizados. O próprio Simão creu e foi batizado. Começou a seguir Filipe por toda parte, admirando-se dos sinais e milagres que ele realizava. Quando os apóstolos em Jerusalém souberam que o povo de Samaria havia aceitado a mensagem de Deus, enviaram para lá Pedro e João. Assim que os dois chegaram, oraram para que aqueles convertidos recebessem o Espírito Santo, pois, apesar de terem sido batizados em nome do Senhor Jesus, o Espírito Santo ainda não havia descido sobre nenhum deles. Então Pedro e João impuseram as mãos sobre eles, e receberam o Espírito Santo. Simão viu que as pessoas recebiam o Espírito quando os apóstolos impunham as mãos sobre elas. Então ofereceu-lhes dinheiro, dizendo: “Deem-me este poder também, para que, quando eu impuser as mãos sobre as pessoas, elas recebam o Espírito Santo!”. Pedro, porém, respondeu: “Que seu dinheiro seja destruído com você, por imaginar que o dom de Deus pode ser comprado! Você não tem parte nem direito neste ministério, pois seu coração não é justo diante de Deus. Arrependa-se de sua maldade e ore ao Senhor. Talvez ele perdoe esses seus maus pensamentos, pois vejo que você está cheio de amarga inveja e é prisioneiro do pecado”. Simão exclamou: “Orem ao Senhor por mim, para que essas coisas terríveis não me aconteçam!”. Depois de terem testemunhado e proclamado a palavra do Senhor em Samaria, Pedro e João voltaram a Jerusalém. Ao longo do caminho, pararam em muitas vilas samaritanas para anunciar as boas-novas. Um anjo do Senhor disse a Filipe: “Vá para o sul, para a estrada no deserto que liga Jerusalém a Gaza”. Filipe partiu e encontrou no caminho um alto oficial etíope, o eunuco responsável pelos tesouros de Candace, rainha da Etiópia. Ele tinha ido a Jerusalém para participar da adoração e estava no caminho de volta. Sentado em sua carruagem, lia em voz alta o livro do profeta Isaías. Então o Espírito disse a Filipe: “Aproxime-se e acompanhe a carruagem”. Filipe correu até a carruagem e, ouvindo que o homem lia o profeta Isaías, perguntou-lhe: “O senhor compreende o que lê?”. O homem respondeu: “Como posso entender sem que alguém me explique?”. E convidou Filipe a subir na carruagem e sentar-se ao seu lado. Era esta a passagem das Escrituras que ele estava lendo: “Ele foi levado como ovelha para o matadouro; como cordeiro mudo diante dos tosquiadores, não abriu a boca. Foi humilhado e a justiça lhe foi negada. Quem pode falar de seus descendentes? Pois sua vida foi tirada da terra”. O eunuco perguntou a Filipe: “Diga-me, o profeta estava falando de si mesmo ou de outro?”. Então Filipe, começando com essa mesma passagem das Escrituras, anunciou-lhe as boas-novas a respeito de Jesus. Prosseguindo, chegaram a um lugar onde havia água. Então o eunuco disse: “Veja, aqui tem água! O que me impede de ser batizado?”. Filipe disse: “Nada o impede, se você crê de todo o coração”. O eunuco respondeu: “Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus”. Então mandou parar a carruagem, os dois desceram até a água e Filipe o batizou. Quando saíram da água, o Espírito do Senhor tomou Filipe e o levou. O eunuco não tornou a vê-lo, mas seguiu viagem cheio de alegria. Então Filipe apareceu mais ao norte, na cidade de Azoto. Anunciou as boas-novas ali e em todas as cidades ao longo do caminho, até chegar a Cesareia. Enquanto isso, Saulo, motivado pela ânsia de matar os discípulos do Senhor, procurou o sumo sacerdote. Pediu cartas para as sinagogas em Damasco, solicitando que cooperassem com a prisão de todos os seguidores do Caminho, homens e mulheres, que ali encontrasse, para levá-los como prisioneiros a Jerusalém. Quando se aproximava de Damasco, de repente uma luz do céu brilhou ao seu redor. Ele caiu no chão e ouviu uma voz lhe dizer: “Saulo, Saulo, por que você me persegue?”. “Quem és tu, Senhor?”, perguntou Saulo. E a voz respondeu: “Sou Jesus, a quem você persegue! Agora levante-se e entre na cidade, onde lhe dirão o que fazer”. Os homens que estavam com Saulo ficaram calados de espanto, pois ouviam uma voz, mas não viam ninguém. Saulo levantou-se do chão, mas, ao abrir os olhos, estava cego. Então o conduziram pela mão até Damasco. Lá ele permaneceu, cego, por três dias, e não comeu nem bebeu coisa alguma. Havia em Damasco um discípulo chamado Ananias. O Senhor o chamou numa visão: “Ananias!”. “Sim, Senhor!”, respondeu ele. O Senhor disse: “Vá à rua Direita, à casa de Judas. Ao chegar, pergunte por um homem de Tarso chamado Saulo. Ele está orando neste momento. Mostrei-lhe numa visão um homem chamado Ananias chegando e impondo as mãos sobre ele para que voltasse a enxergar”. Ananias, porém, respondeu: “Senhor, ouvi muita gente falar das coisas horríveis que esse homem vem fazendo ao teu povo santo em Jerusalém. E ele tem autorização dos principais sacerdotes para prender todos que invocam o teu nome!”. O Senhor, no entanto, disse: “Vá, pois Saulo é o instrumento que escolhi para levar minha mensagem aos gentios e aos reis, bem como ao povo de Israel. E eu mostrarei a ele quanto deve sofrer por meu nome”. Ananias foi e encontrou Saulo. Ao impor as mãos sobre ele, disse: “Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que lhe apareceu no caminho para cá, me enviou para que você volte a enxergar e fique cheio do Espírito Santo”. No mesmo instante, algo semelhante a escamas caiu dos olhos de Saulo, e sua visão foi restaurada. Então ele se levantou, foi batizado e, depois de comer, recuperou as forças. Saulo permaneceu alguns dias em Damasco, com os discípulos. Logo, começou a falar de Jesus nas sinagogas, dizendo: “Ele é o Filho de Deus!”. Todos que o ouviam ficavam admirados. “Não é esse o homem que causou tanta destruição entre os que invocavam o nome de Jesus em Jerusalém?”, perguntavam. “E não veio aqui para levá-los como prisioneiros aos principais sacerdotes?” A pregação de Saulo tornou-se cada vez mais poderosa, pois ele deixava os judeus de Damasco perplexos, provando que Jesus é o Cristo. Depois de certo tempo, alguns judeus conspiraram para matá-lo. Dia e noite, vigiavam a porta da cidade com a intenção de assassiná-lo, mas ele foi informado desse plano. Então, durante a noite, alguns de seus discípulos o baixaram pela muralha da cidade num grande cesto. Quando Saulo chegou a Jerusalém, tentou se encontrar com os discípulos, mas todos estavam com medo dele, pois não acreditavam que ele tivesse de fato se tornado discípulo. Então Barnabé o levou aos apóstolos e lhes contou como Saulo tinha visto o Senhor no caminho para Damasco e como ele lhe havia falado. Contou também que, em Damasco, Saulo havia pregado corajosamente em nome de Jesus. Saulo permaneceu com os apóstolos e andava com eles por Jerusalém, pregando corajosamente em nome do Senhor. Também conversava e discutia com alguns judeus de fala grega, mas estes procuravam matá-lo. Quando os irmãos souberam disso, levaram Saulo a Cesareia e de lá o enviaram a Tarso. A igreja tinha paz em toda a Judeia, Galileia e Samaria e ia se fortalecendo à medida que andava no temor do Senhor. E, encorajada pelo Espírito Santo, crescia em número. Pedro viajava por toda parte, e foi visitar o povo santo que vivia na cidade de Lida. Ali encontrou um paralítico chamado Eneias, que permanecia de cama havia oito anos. Pedro lhe disse: “Eneias, Jesus Cristo cura você! Levante-se e arrume sua maca!”. E, no mesmo instante, ele se levantou. Todos os moradores de Lida e de Sarona viram Eneias e se converteram ao Senhor. Havia em Jope uma discípula chamada Tabita (que em grego é Dorcas). Sempre fazia o bem às pessoas e ajudava os pobres. Por esse tempo, ficou doente e morreu. Seu corpo foi lavado para o sepultamento e colocado numa sala no andar superior. Quando os discípulos souberam que Pedro estava perto de Lida, enviaram dois homens para lhe suplicar: “Por favor, venha o mais rápido possível!”. Então Pedro voltou com eles e, assim que chegou, foi levado para a sala do andar superior. O cômodo estava cheio de viúvas que choravam e lhe mostravam os vestidos e outras roupas que Dorcas havia feito para elas. Pedro pediu que todos saíssem do quarto. Então, ajoelhou-se e orou. Voltando-se para o corpo da mulher, disse: “Tabita, levante-se”, e ela abriu os olhos. Quando ela viu Pedro, sentou-se. Ele lhe deu a mão e a ajudou a levantar-se. Em seguida, chamou os discípulos e as viúvas e a apresentou viva. A notícia se espalhou por toda a cidade, e muitos creram no Senhor. Pedro ficou em Jope algum tempo, hospedado na casa de Simão, um homem que trabalhava com couro. Morava em Cesareia um oficial do exército romano chamado Cornélio, capitão do Regimento Italiano. Era um homem devoto e temente a Deus, como era também toda a sua família. Dava aos pobres esmolas generosas e sempre orava ao Senhor. Certa tarde, por volta das três horas, teve uma visão na qual viu um anjo de Deus vir em sua direção e dizer: “Cornélio!”. Temeroso, Cornélio olhou fixamente para o anjo e perguntou: “Que é, senhor?”. E o anjo respondeu: “Suas orações e esmolas subiram até Deus, e ele as guarda na memória. Agora, envie alguns homens a Jope e mande buscar Simão, também chamado Pedro. Ele está hospedado com Simão, um homem que trabalha com couro e mora à beira do mar”. Assim que o anjo foi embora, Cornélio chamou dois servos de sua casa e um soldado devoto de seu grupo de auxiliares. Ele lhes contou o que havia acontecido e os enviou a Jope. No dia seguinte, quando os mensageiros de Cornélio se aproximavam da cidade, Pedro subiu ao terraço para orar. Era cerca de meio-dia, e ele estava com fome. Enquanto a refeição era preparada, entrou num êxtase. Viu o céu aberto e algo semelhante a um grande lençol ser baixado por suas quatro pontas. No lençol havia toda espécie de animais, répteis e aves. Então uma voz lhe disse: “Levante-se, Pedro; mate e coma”. “De modo nenhum, Senhor!”, respondeu Pedro. “Jamais comi coisa alguma que fosse considerada impura e imprópria.” Mas a voz falou novamente: “Não chame de impuro o que Deus purificou”. A mesma visão se repetiu três vezes. Então, subitamente, o lençol foi recolhido ao céu. Pedro ficou perplexo, pensando em qual seria o significado da visão. Nesse momento, os homens que Cornélio tinha enviado encontraram a casa de Simão. Eles se aproximaram do portão e perguntaram se estava hospedado ali Simão, também chamado Pedro. Enquanto Pedro ainda refletia sobre a visão, o Espírito lhe disse: “Três homens vieram procurá-lo. Levante-se, desça e vá encontrar-se com eles. Não hesite em acompanhá-los, pois eu os enviei”. Pedro desceu e disse aos homens: “Eu sou quem vocês procuram. Por que vieram?”. Eles responderam: “Cornélio, um oficial romano, nos enviou. Ele é um homem devoto e temente a Deus, respeitado por todos os judeus. Um santo anjo o instruiu a chamar o senhor à casa dele para que ele ouça sua mensagem”. Então Pedro convidou os homens para se hospedarem ali aquela noite. No dia seguinte, foi com eles, acompanhado de alguns irmãos de Jope. Chegaram a Cesareia no dia seguinte. Cornélio os esperava e havia reunido seus parentes e amigos íntimos. Quando Pedro chegou à casa, Cornélio veio ao seu encontro e prostrou-se diante dele, adorando-o. Mas Pedro o levantou e disse: “Fique de pé! Eu sou apenas um homem como você”. Os dois conversaram e depois entraram na casa, onde muitos outros estavam reunidos. Pedro lhes disse: “Vocês sabem que nossas leis proíbem que um judeu entre num lar gentio como este ou se associe com os gentios. No entanto, Deus me mostrou que não devo mais considerar ninguém impuro ou impróprio. Por isso, vim assim que fui chamado, sem levantar objeções. Agora digam por que vocês mandaram me buscar”. Cornélio respondeu: “Quatro dias atrás, eu estava orando em casa por volta deste mesmo horário, às três da tarde. De repente, um homem vestido com roupas resplandecentes apareceu diante de mim. Ele me disse: ‘Cornélio, Deus ouviu sua oração e se lembrou de suas esmolas. Agora, envie mensageiros a Jope e mande buscar Simão, também chamado Pedro. Ele está hospedado na casa de Simão, um homem que trabalha com couro e mora à beira do mar’. Assim, mandei buscá-lo de imediato, e foi bom que tenha vindo. Agora estamos todos aqui, esperando diante de Deus para ouvir a mensagem que o Senhor mandou que você nos trouxesse”. Então Pedro respondeu: “Vejo claramente que Deus não mostra nenhum favoritismo. Em todas as nações ele aceita aqueles que o temem e fazem o que é certo. Esta é a mensagem de boas-novas para o povo de Israel: Há paz com Deus por meio de Jesus Cristo, que é Senhor de todos. Vocês sabem o que aconteceu em toda a Judeia, começando na Galileia, depois do batismo que João proclamou. Sabem também que Deus ungiu Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder. Então Jesus foi por toda parte fazendo o bem e curando todos os oprimidos pelo diabo, porque Deus estava com ele. “E nós somos testemunhas de tudo que ele fez em toda a Judeia e em Jerusalém, onde o mataram. Penduraram-no numa cruz, mas Deus o ressuscitou no terceiro dia e permitiu que ele fosse visto, não por todo o povo, mas por nós que fomos escolhidos por Deus de antemão para sermos suas testemunhas. Nós fomos os que comemos e bebemos com ele depois que ele ressuscitou dos mortos. E ele nos mandou anunciar sua mensagem em toda parte e testemunhar que Deus o designou juiz dos vivos e dos mortos. É a respeito dele que todos os profetas dão testemunho, dizendo que todo o que nele crer receberá o perdão de seus pecados por meio de seu nome”. Enquanto Pedro ainda falava, o Espírito Santo desceu sobre todos que ouviam a mensagem. Os discípulos judeus que acompanhavam Pedro ficaram admirados de que o dom do Espírito Santo também fosse derramado sobre os gentios, pois os ouviram falar em outras línguas e louvar a Deus. Pedro perguntou: “Pode alguém se opor a que eles sejam batizados agora que, como nós, também receberam o Espírito Santo?”. Então ordenou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo. Depois, pediram que Pedro ficasse com eles alguns dias. Logo chegou aos apóstolos e a outros irmãos da Judeia a notícia de que os gentios haviam recebido a palavra de Deus. Mas, quando Pedro voltou a Jerusalém, os discípulos judeus o criticaram, dizendo: “Você entrou na casa de gentios e até comeu com eles!”. Então Pedro lhes contou exatamente o que havia acontecido. Disse: “Eu estava na cidade de Jope e, enquanto orava, num êxtase, tive uma visão. Algo semelhante a um lençol grande foi baixado do céu, preso pelas quatro pontas, vindo até onde eu estava. Quando olhei dentro do lençol, vi toda espécie de animais domésticos e selvagens, répteis e aves. E ouvi uma voz dizer: ‘Levante-se, Pedro; mate e coma’. “Eu respondi: ‘De modo nenhum, Senhor! Jamais comi coisa alguma que fosse considerada impura ou imprópria’. “Mas a voz do céu falou novamente: ‘Não chame de impuro o que Deus purificou’. Isso aconteceu três vezes, antes que o lençol, com tudo que ele continha, fosse recolhido ao céu. “Nesse momento, três homens que haviam sido enviados de Cesareia chegaram à casa onde eu estava hospedado. O Espírito me disse que eu fosse com eles, sem nada questionar. Esses seis irmãos me acompanharam, e logo entramos na casa do homem que havia mandado nos buscar. Ele nos contou como um anjo havia aparecido em sua casa e dito: ‘Envie mensageiros a Jope e mande buscar Simão, também chamado Pedro. Ele lhe dirá como você e toda a sua casa podem ser salvos’. “Quando comecei a falar, o Espírito Santo desceu sobre eles, como ocorreu conosco, no princípio. Então me lembrei das palavras do Senhor, quando ele disse: ‘João batizou com água, mas vocês serão batizados com o Espírito Santo’. E, uma vez que Deus deu a esses gentios a mesma dádiva que concedeu a nós quando cremos no Senhor Jesus Cristo, quem era eu para me opor a Deus?”. Ao ouvirem isso, pararam de levantar objeções e começaram a louvar a Deus, dizendo: “Vemos que Deus deu aos gentios o mesmo privilégio de se arrepender e receber a vida eterna!”. Enquanto isso, os discípulos que haviam sido dispersos na perseguição depois da morte de Estêvão chegaram até a Fenícia, Chipre e Antioquia da Síria. Pregaram a palavra, mas somente aos judeus. Contudo, alguns dos discípulos que foram de Chipre e Cirene até Antioquia começaram a anunciar aos gentios as boas-novas a respeito do Senhor Jesus. A mão do Senhor estava com eles, e muitos desses gentios creram e se converteram ao Senhor. Quando a igreja de Jerusalém soube do que havia acontecido, enviou Barnabé a Antioquia. Ao chegar ali e ver essa demonstração da graça de Deus, alegrou-se muito e incentivou os irmãos a permanecerem fiéis ao Senhor. Barnabé era um homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé. E uma grande multidão se converteu ao Senhor. Então Barnabé foi a Tarso procurar Saulo. Quando o encontrou, levou-o para Antioquia. Ali permaneceram com a igreja um ano inteiro, ensinando a muitas pessoas. Foi em Antioquia que os discípulos foram chamados de cristãos pela primeira vez. Durante esse tempo, alguns profetas viajaram de Jerusalém a Antioquia. Um deles, chamado Ágabo, pôs-se em pé numa das reuniões e predisse, pelo Espírito, que uma grande fome viria sobre todo o mundo romano. (Isso se cumpriu durante o reinado de Cláudio.) Então os discípulos de Antioquia decidiram enviar uma ajuda aos irmãos na Judeia, cada um de acordo com suas possibilidades. Foi o que fizeram, enviando as doações aos presbíteros por meio de Barnabé e Saulo. Por essa época, o rei Herodes Agripa começou a perseguir violentamente algumas pessoas da igreja. Mandou matar à espada Tiago, irmão de João. Quando Herodes viu quanto isso agradava os judeus, também prendeu Pedro durante a celebração da Festa dos Pães sem Fermento. Depois, lançou-o na cadeia, sob a guarda de quatro escoltas, cada uma com quatro soldados. A intenção de Herodes era apresentar Pedro aos judeus para julgamento público depois da Páscoa. Enquanto Pedro estava no cárcere, a igreja orava fervorosamente a Deus por ele. Na noite antes de Pedro ser levado a julgamento, ele dormia, preso com duas correntes entre dois soldados, e outros montavam guarda na porta da prisão. De repente, uma luz intensa brilhou na cela, e um anjo do Senhor apareceu. Tocou no lado de Pedro para acordá-lo e disse: “Depressa! Levante-se!”, e as correntes caíram dos pulsos de Pedro. Então o anjo lhe disse: “Vista-se e calce as sandálias”, e Pedro obedeceu. “Agora vista a capa e siga-me”, ordenou o anjo. Pedro deixou a cela, seguindo o anjo. O tempo todo, porém, pensava que era uma visão, sem entender que era real o que ocorria. Passaram o primeiro e o segundo postos de guarda e, quando chegaram ao portão de ferro que dava para a cidade, o portão se abriu sozinho para eles. Os dois passaram e foram caminhando ao longo da rua até que, subitamente, o anjo o deixou. Por fim, Pedro caiu em si. “É verdade mesmo!”, disse ele. “O Senhor enviou seu anjo para me salvar daquilo que Herodes e os judeus planejavam me fazer!” Quando Pedro se deu conta disso, foi à casa de Maria, mãe de João Marcos, onde muitos estavam reunidos para orar. Ele bateu à porta da frente, e uma serva chamada Rode foi atender. Ao reconhecer a voz de Pedro, ficou tão contente que, em vez de abrir a porta, correu de volta para dentro dizendo a todos: “Pedro está à porta!”. Eles, porém, disseram: “Você está fora de si!”. Diante da insistência dela, concluíram: “Deve ser o anjo dele”. Enquanto isso, Pedro continuava a bater. Quando, por fim, abriram a porta e o viram, ficaram admirados. Ele fez um sinal para se acalmarem e lhes contou como o Senhor o havia tirado da prisão. “Contem a Tiago e aos outros irmãos o que aconteceu”, disse ele. Então foi para outro lugar. Ao amanhecer, houve grande alvoroço entre os soldados a respeito do que tinha acontecido a Pedro. Herodes ordenou que fosse feita uma busca completa por ele. Não conseguindo encontrá-lo, interrogou os guardas e mandou executá-los. Depois disso, Herodes partiu da Judeia e foi passar algum tempo em Cesareia. O rei Herodes estava muito irado com o povo de Tiro e Sidom. Assim, as duas cidades se uniram na tentativa de se reconciliar com o rei, pois dependiam de suas terras para obter alimento. Então, tendo conquistado o apoio de Blasto, assistente pessoal do rei, conseguiram uma audiência. No dia marcado, Herodes, vestindo seus trajes reais, sentou-se em seu trono e fez um discurso para eles. O povo o ovacionava, gritando: “É a voz de um deus, e não de um homem!”. No mesmo instante, um anjo do Senhor feriu Herodes com uma enfermidade, pois ele não ofereceu a glória a Deus. Foi comido por vermes e morreu. Enquanto isso, a palavra de Deus continuava a se espalhar, e havia muitos novos convertidos. Quando Barnabé e Saulo terminaram sua missão em Jerusalém, voltaram levando consigo João Marcos. Entre os profetas e mestres da igreja de Antioquia da Síria estavam Barnabé e Simeão, chamado Negro, Lúcio de Cirene, Manaém, que tinha sido criado com o rei Herodes Antipas, e Saulo. Certo dia, enquanto adoravam o Senhor e jejuavam, o Espírito Santo disse: “Separem Barnabé e Saulo para realizarem o trabalho para o qual os chamei”. Então, depois de mais jejuns e orações, impuseram as mãos sobre eles e os enviaram em sua missão. Enviados pelo Espírito Santo, eles desceram ao porto de Selêucia, de onde navegaram para a ilha de Chipre. Ali, na cidade de Salamina, foram às sinagogas judaicas e pregaram a palavra de Deus. João Marcos os acompanhava como assistente. Viajaram por toda a ilha até que, por fim, chegaram a Pafos, onde encontraram um feiticeiro judeu, um falso profeta chamado Barjesus. Ele acompanhava o governador Sérgio Paulo, um homem inteligente que convidou Barnabé e Saulo para visitá-lo, pois desejava ouvir a palavra de Deus. Mas Elimas, o feiticeiro (esse é o significado de seu nome), opôs-se a eles, na tentativa de impedir que o governador viesse a crer. Cheio do Espírito Santo, Saulo, também conhecido como Paulo, encarou Elimas nos olhos e disse: “Filho do diabo, cheio de toda espécie de engano e maldade e inimigo de tudo que é certo! Quando deixará de distorcer os caminhos retos do Senhor? Preste atenção, pois o Senhor colocou a mão sobre você para castigá-lo, e você ficará cego, sem conseguir ver a luz do sol por algum tempo”. No mesmo instante, neblina e escuridão cobriram-lhe os olhos e ele começou a tatear, suplicando que alguém o tomasse pela mão e o guiasse. Quando o governador viu o que havia acontecido, creu, muito admirado com o ensino a respeito do Senhor. Paulo e seus companheiros saíram de Pafos num navio e foram à Panfília, onde aportaram em Perge. Ali, João Marcos os deixou e voltou para Jerusalém. Paulo e Barnabé prosseguiram para o interior, até Antioquia da Pisídia. No sábado, foram à sinagoga. Depois da leitura dos livros da lei e dos profetas, os chefes da sinagoga lhes mandaram um recado: “Irmãos, se vocês têm uma palavra de encorajamento para o povo, podem falar”. Então Paulo ficou em pé, levantou a mão para pedir silêncio e começou a falar: “Homens de Israel e gentios tementes a Deus, ouçam-me! “O Deus desta nação de Israel escolheu nossos antepassados e fez que se multiplicassem e se fortalecessem durante o tempo em que ficaram no Egito. Então, com braço poderoso, ele os tirou da escravidão. Ele suportou seu comportamento durante os quarenta anos em que andaram sem rumo pelo deserto. Destruiu sete nações em Canaã e deu seu território a Israel como herança. Tudo isso levou cerca de quatrocentos e cinquenta anos. “Depois, Deus lhes deu juízes para governá-los até o tempo do profeta Samuel. Então o povo pediu um rei, e ele lhes deu Saul, filho de Quis, homem da tribo de Benjamim, e ele reinou por quarenta anos. Mas Deus removeu Saul e colocou em seu lugar Davi, a respeito de quem Deus disse: ‘Davi, filho de Jessé, é um homem segundo o meu coração; fará tudo que for da minha vontade’. “E Jesus, um dos descendentes de Davi, é o salvador que Deus concedeu a Israel, conforme sua promessa! Antes da vinda de Jesus, João Batista anunciou que todo o povo de Israel precisava se arrepender e ser batizado. Quando João estava concluindo seu trabalho, perguntou: ‘Vocês pensam que eu sou o Cristo? Não sou! Mas ele vem em breve, e não sou digno sequer de desamarrar as correias de suas sandálias’. “Irmãos, vocês que são filhos de Abraão e também vocês gentios tementes a Deus, esta mensagem de salvação foi enviada a nós. O povo de Jerusalém e seus líderes não reconheceram que Jesus era aquele a respeito de quem os profetas haviam falado. Em vez disso, eles o condenaram e, ao fazê-lo, cumpriram as palavras dos profetas, que são lidas todos os sábados. Não encontraram motivo legal para executá-lo, mas, ainda assim, pediram a Pilatos que o matasse. “Depois de cumprirem tudo que as profecias diziam a respeito dele, eles o tiraram da cruz e o colocaram num túmulo, mas Deus o ressuscitou dos mortos. E, por muitos dias, ele apareceu àqueles que o tinham acompanhado da Galileia para Jerusalém. Agora eles são suas testemunhas diante do povo. “Estamos aqui para trazer a vocês esta boa-nova. A promessa foi feita a nossos antepassados, e agora Deus a cumpriu para nós, os descendentes deles, ao ressuscitar Jesus. É isto que o segundo salmo diz a respeito dele: ‘Você é meu Filho; hoje eu o gerei’. Pois Deus havia prometido ressuscitá-lo dos mortos, para que jamais apodrecesse no túmulo. Ele disse: ‘Eu lhes darei as bênçãos sagradas que prometi a Davi’. Em outro salmo, ele explicou de modo mais direto: ‘Não permitirás que o teu Santo apodreça no túmulo’. Não se trata de uma referência a Davi, porque, depois que Davi fez a vontade de Deus em sua geração, morreu e foi sepultado com seus antepassados, e seu corpo apodreceu. É uma referência a outra pessoa, a alguém a quem Deus ressuscitou e cujo corpo não apodreceu. “Ouçam, irmãos! Estamos aqui para proclamar que, por meio de Jesus, há perdão para os pecados. Todo o que nele crê é declarado justo diante de Deus, algo que a lei de Moisés jamais pôde fazer. Por isso, tomem cuidado para que não se apliquem a vocês as palavras dos profetas: ‘Olhem, zombadores; fiquem admirados e morram! Pois faço algo em seus dias, algo em que vocês não acreditariam mesmo que lhes contassem’”. Quando Paulo e Barnabé estavam saindo da sinagoga, o povo pediu que voltassem a falar dessas coisas na semana seguinte. Muitos judeus e gentios devotos convertidos ao judaísmo seguiram Paulo e Barnabé, que insistiam com eles para que continuassem a confiar na graça de Deus. No sábado seguinte, quase toda a cidade compareceu para ouvir a palavra do Senhor. Quando alguns dos judeus viram as multidões, ficaram com inveja, de modo que difamaram Paulo e contestavam tudo que ele dizia. Então Paulo e Barnabé se pronunciaram corajosamente, dizendo: “Era necessário que pregássemos a palavra de Deus primeiro a vocês, judeus. Mas, uma vez que vocês a rejeitaram e não se consideraram dignos da vida eterna, agora vamos oferecê-la aos gentios. Pois foi isso que o Senhor nos ordenou quando disse: ‘Fiz de você uma luz para os gentios, para levar a salvação até os lugares mais distantes da terra’”. Quando ouviram isso, os gentios se alegraram e agradeceram ao Senhor por essa mensagem, e todos que haviam sido escolhidos para a vida eterna creram. Assim, a palavra do Senhor se espalhou por toda aquela região. Então os judeus, instigando as mulheres religiosas influentes e as autoridades da cidade, provocaram uma multidão contra Paulo e Barnabé e os expulsaram dali. Eles, porém, sacudiram o pó dos pés em sinal de reprovação e foram à cidade de Icônio. E os discípulos estavam cheios de alegria e do Espírito Santo. Em Icônio, Paulo e Barnabé também foram à sinagoga judaica e falaram de tal modo que muitos creram, tanto judeus como gentios. Alguns dos judeus que não creram, porém, incitaram os gentios e envenenaram a mente deles contra Paulo e Barnabé. Ainda assim, os apóstolos passaram bastante tempo ali, falando corajosamente da graça do Senhor, que confirmava a mensagem deles concedendo-lhes poder para realizar sinais e maravilhas. Com isso, o povo da cidade ficou dividido: alguns tomaram partido dos judeus, e outros, dos apóstolos. Então um grupo de gentios, judeus e seus líderes resolveu atacá-los e apedrejá-los. Quando os apóstolos souberam disso, fugiram para a região da Licaônia, para as cidades de Listra e Derbe e seus arredores. E ali anunciaram as boas-novas. Enquanto estavam em Listra, Paulo e Barnabé encontraram um homem com os pés aleijados. Sofria desse problema desde o nascimento e, portanto, nunca tinha andado. Estava sentado e ouvia Paulo pregar. Paulo olhou diretamente para ele e, vendo que ele tinha fé para ser curado, disse em alta voz: “Levante-se!”. O homem se levantou de um salto e começou a andar. A multidão, vendo o que Paulo havia feito, gritou no dialeto local: “Os deuses vieram até nós em forma de homens!”. Concluíram que Barnabé era o deus grego Zeus, e Paulo, o deus Hermes, pois era ele quem proclamava a mensagem. O sacerdote do templo de Zeus, que ficava na entrada da cidade, trouxe touros e coroas de flores até as portas da cidade, pois ele e a multidão queriam oferecer sacrifícios aos apóstolos. Quando Barnabé e Paulo ouviram o que estava acontecendo, rasgaram as roupas e correram para o meio do povo, gritando: “Amigos, por que vocês estão fazendo isso? Somos homens como vocês! Viemos lhes anunciar as boas-novas, para que abandonem estas coisas sem valor e se voltem para o Deus vivo, que fez os céus e a terra, o mar e tudo que neles há. No passado, ele permitiu que as nações seguissem seus próprios caminhos, mas nunca as deixou sem evidências de sua existência e de sua bondade. Ele lhes concede chuvas e boas colheitas, e também alimento e um coração alegre”. Apesar dessas palavras, Paulo e Barnabé tiveram dificuldade para impedir que o povo lhes oferecesse sacrifícios. Então alguns judeus chegaram de Antioquia e Icônio e instigaram a multidão. Apedrejaram Paulo e o arrastaram para fora da cidade, pensando que ele estivesse morto. No entanto, quando os discípulos o rodearam, ele se levantou e entrou novamente na cidade. No dia seguinte, partiu com Barnabé para Derbe. Depois de terem anunciado as boas-novas em Derbe e feito muitos discípulos, Paulo e Barnabé voltaram a Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia, onde fortaleceram os discípulos. Eles os encorajaram a permanecer na fé, lembrando-os de que é necessário passar por muitos sofrimentos até entrar no reino de Deus. Paulo e Barnabé também escolheram presbíteros em cada igreja e, com orações e jejuns, os entregaram aos cuidados do Senhor, em quem haviam crido. Então viajaram de volta pela Pisídia até a Panfília. Pregaram a palavra em Perge e desceram para Atália. Por fim, voltaram de navio para Antioquia, onde sua viagem tinha começado e onde haviam sido entregues à graça de Deus para realizar o trabalho que agora completavam. Quando chegaram a Antioquia, reuniram a igreja e relataram tudo que Deus tinha feito por meio deles e como tinha aberto a porta da fé também para os gentios. E permaneceram ali com os discípulos por muito tempo. Chegaram a Antioquia alguns homens da Judeia e começaram a ensinar aos irmãos: “A menos que sejam circuncidados, conforme exige a lei de Moisés, vocês não poderão ser salvos”. Paulo e Barnabé discordaram deles e discutiram energicamente. Por fim, a igreja decidiu enviar Paulo e Barnabé a Jerusalém, acompanhados de alguns irmãos de Antioquia, para tratar dessa questão com os apóstolos e presbíteros. A igreja, portanto, enviou seus representantes a Jerusalém. No caminho, eles pararam na Fenícia e em Samaria para visitar os irmãos e contaram que os gentios também estavam sendo convertidos, o que muito alegrou a todos. Quando chegaram a Jerusalém, foram bem recebidos pela igreja, pelos apóstolos e presbíteros, e relataram tudo que Deus havia feito por meio deles. Contudo, alguns dos irmãos que pertenciam à seita dos fariseus se levantaram e disseram: “É necessário que os convertidos gentios sejam circuncidados e guardem a lei de Moisés”. Os apóstolos e presbíteros se reuniram para decidir a questão. Depois de uma longa discussão, Pedro se levantou e se dirigiu a eles, dizendo: “Irmãos, vocês sabem que, há muito tempo, Deus me escolheu dentre vocês para falar aos gentios a fim de que eles pudessem ouvir as boas-novas e crer. Deus conhece o coração humano e confirmou que aceita os gentios ao lhes dar o Espírito Santo, como o deu a nós. Não fez distinção alguma entre nós e eles, pois purificou o coração deles por meio da fé. Então por que agora vocês provocam a Deus, sobrecarregando os discípulos gentios com um jugo que nem nós nem nossos antepassados conseguimos suportar? Cremos que todos, nós e eles, somos salvos da mesma forma, pela graça do Senhor Jesus”. Todos ouviram em silêncio enquanto Barnabé e Paulo lhes relatavam os sinais e maravilhas que Deus havia realizado por meio deles entre os gentios. Quando terminaram de falar, Tiago se levantou e disse: “Irmãos, ouçam-me! Pedro lhes falou sobre como Deus visitou primeiramente os gentios para separar dentre eles um povo para si. E isso está em pleno acordo com o que disseram os profetas. Como está escrito: ‘Depois disso voltarei e restaurarei a tenda caída de Davi. Reconstruirei suas ruínas e a restaurarei, para que o restante da humanidade busque o Senhor, incluindo os gentios, todos os que chamei para serem meus. O Senhor falou, aquele que tornou essas coisas conhecidas desde a eternidade’. “Portanto, considero que não devemos criar dificuldades para os gentios que se convertem a Deus. Ao contrário, devemos escrever a eles dizendo-lhes que se abstenham de alimentos oferecidos a ídolos, da imoralidade sexual, da carne de animais estrangulados e do sangue. Pois essas leis de Moisés são pregadas todos os sábados nas sinagogas judaicas em todas as cidades há muitas gerações”. Então os apóstolos e presbíteros e toda a igreja em Jerusalém escolheram representantes e os enviaram a Antioquia da Síria, com Paulo e Barnabé, para informar sobre essa decisão. Os homens escolhidos eram dois líderes entre os irmãos: Judas, também chamado Barsabás, e Silas. Esta foi a carta que levaram: “Nós, os apóstolos e presbíteros, e seus irmãos em Jerusalém, escrevemos esta carta aos irmãos gentios em Antioquia, Síria e Cilícia. Saudações. “Soubemos que alguns homens, que daqui saíram sem nossa autorização, têm perturbado e inquietado vocês com seu ensino. Portanto, depois de chegarmos a um consenso, resolvemos enviar-lhes alguns representantes com nossos amados irmãos Barnabé e Paulo, que têm arriscado a vida pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Estamos enviando Judas e Silas para confirmarem pessoalmente o que aqui escrevemos. “Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não impor a vocês nenhum peso maior que estes poucos requisitos: abstenham-se de comer alimentos oferecidos a ídolos, de consumir o sangue ou a carne de animais estrangulados, e de praticar a imoralidade sexual. Farão muito bem se evitarem essas coisas. “Que tudo lhes vá bem.” Os mensageiros partiram de imediato para Antioquia, onde reuniram os irmãos e entregaram a carta. Houve grande alegria em toda a igreja no dia em que leram essa mensagem animadora. Então Judas e Silas, ambos profetas, encorajaram e fortaleceram os irmãos com muitas palavras. Permaneceram ali algum tempo, e depois os irmãos os enviaram em paz de volta à igreja de Jerusalém. Silas, porém, resolveu permanecer ali. Paulo e Barnabé ficaram em Antioquia. Eles e muitos outros ensinavam e pregavam a palavra do Senhor naquela cidade. Algum tempo depois, Paulo disse a Barnabé: “Voltemos para visitar cada uma das cidades onde pregamos a palavra do Senhor, para ver como os irmãos estão indo”. Barnabé queria levar João Marcos, mas Paulo se opôs, pois João Marcos tinha se separado deles na Panfília, não prosseguindo com eles no trabalho. O desentendimento entre eles foi tão grave que os dois se separaram. Barnabé levou João Marcos e navegou para Chipre. Paulo escolheu Silas e partiu, e os irmãos o entregaram ao cuidado gracioso do Senhor. Então ele viajou por toda a Síria e Cilícia, fortalecendo as igrejas de lá. Paulo foi primeiro a Derbe e depois a Listra, onde havia um jovem discípulo chamado Timóteo. A mãe dele era uma judia convertida, e o pai era grego. Os irmãos em Listra e em Icônio o tinham em alta consideração, de modo que Paulo pediu que ele os acompanhasse em sua viagem. Em respeito aos judeus da região, providenciou que Timóteo fosse circuncidado antes de partirem, pois todos sabiam que o pai dele era grego. Em toda cidade por onde passavam, instruíam os irmãos a seguirem as decisões tomadas pelos apóstolos e presbíteros em Jerusalém. Assim, as igrejas eram fortalecidas na fé e cresciam em número a cada dia. Em seguida, Paulo e Silas viajaram pela região da Frígia e da Galácia, pois o Espírito Santo os impediu de pregar a palavra na província da Ásia. Então, chegando à fronteira da Mísia, tentaram ir para o norte, em direção à Bitínia, mas o Espírito de Jesus não permitiu. Assim, seguiram viagem pela Mísia até o porto de Trôade. Naquela noite, Paulo teve uma visão, na qual um homem da Macedônia em pé lhe suplicava: “Venha para a Macedônia e ajude-nos!”. Então decidimos partir de imediato para a Macedônia, concluindo que Deus nos havia chamado para anunciar ali as boas-novas. Embarcamos em Trôade e navegamos diretamente para a ilha de Samotrácia e, no dia seguinte, chegamos a Neápolis. Dali, alcançamos Filipos, cidade importante dessa região da Macedônia e colônia romana, e ali permanecemos vários dias. No sábado, saímos da cidade e fomos à margem do rio, onde esperávamos encontrar um lugar de oração. Sentamo-nos e começamos a conversar com algumas mulheres ali reunidas. Uma delas era uma mulher temente a Deus chamada Lídia, da cidade de Tiatira, comerciante de tecido de púrpura. Enquanto ela nos ouvia, o Senhor lhe abriu o coração, e ela aceitou aquilo que Paulo estava dizendo. Foi batizada, junto com sua família, e pediu que nos hospedássemos em sua casa. “Se concordam que creio de fato no Senhor, venham ficar em minha casa”, disse ela, e insistiu até que aceitamos. Certo dia, enquanto íamos ao lugar de oração, veio ao nosso encontro uma escrava possuída por um espírito pelo qual ela predizia o futuro. Com suas adivinhações, ganhava muito dinheiro para seus senhores. Ela seguia Paulo e a nós, gritando: “Estes homens são servos do Deus Altíssimo e vieram anunciar como vocês podem ser salvos!”. Isso continuou por vários dias, até que Paulo, indignado, se voltou e disse ao espírito dentro da jovem: “Eu ordeno em nome de Jesus Cristo que saia dela”. E, no mesmo instante, o espírito a deixou. Quando os senhores da escrava viram que suas expectativas de lucro haviam sido frustradas, agarraram Paulo e Silas e os arrastaram à presença das autoridades, na praça do mercado. “Estes judeus estão tumultuando a cidade!”, gritaram para os magistrados. “Eles ensinam costumes que nós, romanos, não podemos seguir, pois contrariam nossas leis!” Logo, uma multidão revoltada se juntou contra Paulo e Silas, e os magistrados ordenaram que os dois fossem despidos e açoitados com varas. Depois de serem severamente açoitados, foram lançados na prisão. O carcereiro recebeu ordens para não os deixar escapar, por isso os colocou no cárcere interno, prendendo-lhes os pés no tronco. Por volta da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, e os outros presos ouviam. De repente, houve um forte terremoto, e até os alicerces da prisão foram sacudidos. No mesmo instante, todas as portas se abriram e as correntes de todos os presos se soltaram. Quando o carcereiro acordou, viu as portas da prisão escancaradas. Imaginando que os prisioneiros haviam escapado, puxou a espada para se matar. Paulo, porém, gritou: “Não se mate! Estamos todos aqui!”. O carcereiro mandou que trouxessem luz e correu até o cárcere, onde se prostrou, tremendo de medo, diante de Paulo e Silas. Então ele os levou para fora e perguntou: “Senhores, que devo fazer para ser salvo?”. Eles responderam: “Creia no Senhor Jesus, e você e sua família serão salvos”. Então pregaram a palavra do Senhor a ele e a toda a sua família. Mesmo sendo tarde da noite, o carcereiro cuidou deles e lavou suas feridas. Em seguida, ele e todos os seus foram batizados. Depois, levou-os para sua casa e lhes serviu uma refeição, e ele e toda a sua família se alegraram porque creram em Deus. Na manhã seguinte, os magistrados mandaram os guardas ordenarem ao carcereiro: “Solte estes homens!”. Então o carcereiro mandou dizer a Paulo: “Os magistrados disseram que você e Silas estão livres. Vão em paz”. Paulo, no entanto, respondeu: “Eles nos açoitaram publicamente sem julgamento e nos colocaram na prisão, e nós somos cidadãos romanos. Agora querem que vamos embora às escondidas? De maneira nenhuma! Que venham eles mesmos e nos soltem”. Os guardas relataram isso aos magistrados, que ficaram assustados por saber que Paulo e Silas eram cidadãos romanos. Foram até a prisão e lhes pediram desculpas. Então os trouxeram para fora e suplicaram que deixassem a cidade. Quando Paulo e Silas saíram da prisão, voltaram à casa de Lídia. Ali se encontraram com os irmãos e os encorajaram mais uma vez. Depois, partiram. Então Paulo e Silas passaram pelas cidades de Anfípolis e Apolônia e chegaram a Tessalônica, onde havia uma sinagoga judaica. Como era seu costume, Paulo foi à sinagoga e, durante três sábados seguidos, discutiu as Escrituras com o povo. Explicou as profecias e provou que era necessário o Cristo sofrer e ressuscitar dos mortos. “Esse Jesus de que lhes falo é o Cristo”, disse ele. Alguns dos judeus que o ouviam foram convencidos e se uniram a Paulo e Silas, bem como muitos gregos tementes a Deus e várias mulheres de alta posição. Alguns judeus, porém, ficaram com inveja, reuniram alguns desordeiros e desocupados e, com a multidão, começaram um tumulto. Invadiram a casa de Jasom em busca de Paulo e Silas para entregá-los ao conselho da cidade, mas, como não os encontraram, arrastaram para fora Jasom e alguns outros irmãos e os levaram diante do conselho. Gritavam: “Aqueles que têm causado transtornos no mundo todo agora estão aqui, perturbando nossa cidade, e Jasom os recebeu em sua casa! São todos culpados de traição contra César, pois afirmam que existe um outro rei, um tal de Jesus”. Ao ouvir isso, o povo da cidade e o conselho se agitaram. Então os oficiais obrigaram Jasom e os outros irmãos a pagarem fiança, e depois os soltaram. Ao anoitecer, os irmãos enviaram Paulo e Silas a Bereia. Quando lá chegaram, foram à sinagoga judaica. Os judeus que moravam em Bereia tinham a mente mais aberta que os de Tessalônica e ouviram a mensagem de Paulo com grande interesse. Todos os dias, examinavam as Escrituras para ver se Paulo e Silas ensinavam a verdade. Como resultado, muitos judeus creram, assim como vários gregos de alta posição, tanto homens como mulheres. Mas, quando os judeus de Tessalônica souberam que Paulo estava pregando a palavra de Deus em Bereia, foram até lá e criaram um alvoroço. Os irmãos agiram de imediato e enviaram Paulo para o litoral, enquanto Silas e Timóteo permaneceram na cidade. Os que acompanharam Paulo o levaram até Atenas e, depois, voltaram a Bereia com instruções para Silas e Timóteo irem ao encontro dele o mais depressa possível. Enquanto Paulo esperava por eles em Atenas, ficou muito indignado ao ver ídolos por toda a cidade. Por isso, ia à sinagoga debater com os judeus e com os gentios tementes a Deus e falava diariamente na praça pública a todos que ali estavam. Paulo também debateu com alguns dos filósofos epicureus e estoicos. Quando lhes falou de Jesus e da ressurreição, eles perguntaram: “O que esse tagarela está querendo dizer?”. Outros disseram: “Parece estar falando de deuses estrangeiros”. Então levaram Paulo ao conselho da cidade e disseram: “Pode nos dizer que novo ensino é esse? Você diz coisas um tanto estranhas, e queremos saber o que significam”. (Convém explicar que os atenienses, bem como os estrangeiros que viviam em Atenas, pareciam não fazer outra coisa senão discutir as últimas novidades.) Então Paulo se levantou diante do conselho e assim se dirigiu a seus membros: “Homens de Atenas, vejo que em todos os aspectos vocês são muito religiosos, pois, enquanto andava pela cidade, reparei em seus diversos altares. Um deles trazia a seguinte inscrição: ‘Ao Deus Desconhecido’. Esse Deus que vocês adoram sem conhecer é exatamente aquele de que lhes falo. “Ele é o Deus que fez o mundo e tudo que nele há. Uma vez que é Senhor dos céus e da terra, não habita em templos feitos por homens e não é servido por mãos humanas, pois não necessita de coisa alguma. Ele mesmo dá vida e fôlego a tudo, e supre cada necessidade. De um só homem ele criou todas as nações da terra, tendo decidido de antemão onde se estabeleceriam e por quanto tempo. “Seu propósito era que as nações buscassem a Deus e, tateando, talvez viessem a encontrá-lo, embora ele não esteja longe de nenhum de nós. Pois nele vivemos, nos movemos e existimos. Como disseram alguns de seus próprios poetas: ‘Somos descendência dele’. E, por ser isso verdade, não devemos imaginar Deus como um ídolo de ouro, prata ou pedra, projetado por artesãos. “No passado, Deus não levou em conta a ignorância das pessoas acerca dessas coisas, mas agora ele ordena que todos, em todo lugar, se arrependam. Pois ele estabeleceu um dia para julgar o mundo com justiça, por meio do homem que ele designou, e mostrou a todos quem é esse homem ao ressuscitá-lo dos mortos”. Quando ouviram Paulo falar da ressurreição dos mortos, alguns riram com desprezo. Outros, porém, disseram: “Queremos ouvir mais sobre isso em outra ocasião”. Então Paulo se retirou do conselho, mas alguns se juntaram a ele e creram. Entre eles estavam Dionísio, membro do conselho, uma mulher chamada Dâmaris, e alguns outros. Algum tempo depois, Paulo deixou Atenas e foi para Corinto. Ali encontrou um judeu chamado Áquila, natural do Ponto, que havia chegado recentemente da Itália com sua esposa, Priscila, depois que Cláudio César expulsou todos os judeus de Roma. Paulo foi morar e trabalhar com eles, pois eram fabricantes de tendas, como ele. Todos os sábados, Paulo ia à sinagoga e buscava convencer tanto judeus como gregos. Depois que Silas e Timóteo chegaram da Macedônia, Paulo se dedicou totalmente à pregação da palavra e testemunhava aos judeus que Jesus era o Cristo. Mas, quando eles se opuseram a Paulo e o insultaram, ele sacudiu o pó da roupa e disse: “Vocês são responsáveis por sua própria destruição! Eu sou inocente. De agora em diante, pregarei aos gentios”. Então saiu dali e foi à casa de Tício Justo, um gentio temente a Deus que morava ao lado da sinagoga. Crispo, o líder da sinagoga, e toda a sua família creram no Senhor. Muitos outros em Corinto também ouviram Paulo, creram e foram batizados. Certa noite, o Senhor falou a Paulo numa visão: “Não tenha medo! Continue a falar e não se cale, pois estou com você, e ninguém o atacará nem lhe fará mal, porque muita gente nesta cidade me pertence”. Então Paulo permaneceu ali um ano e meio, ensinando a palavra de Deus. Quando Gálio se tornou governador da Acaia, alguns judeus se levantaram contra Paulo e o levaram diante do governador para ser julgado. Eles o acusaram de convencer as pessoas a adorar a Deus de maneira contrária à lei judaica. Mas, assim que Paulo começou a apresentar sua defesa, Gálio se voltou para os acusadores e disse: “Ouçam, judeus! Se sua queixa envolvesse algum delito ou crime grave, eu teria motivo para aceitar o caso. Mas, como se trata apenas de uma questão de palavras e nomes e da sua lei, resolvam isso vocês mesmos. Recuso-me a julgar essas coisas”. E os expulsou do tribunal. A multidão agarrou Sóstenes, o novo líder da sinagoga, e o espancou ali mesmo, no tribunal. Gálio, no entanto, não se importou com isso. Paulo ainda permaneceu em Corinto por algum tempo. Então se despediu dos irmãos e foi a Cencreia, onde raspou a cabeça, de acordo com o costume judaico para marcar o fim de um voto. Em seguida, partiu de navio para a Síria, levando consigo Priscila e Áquila. Chegaram ao porto de Éfeso, onde Paulo os deixou. Enquanto estava ali, foi à sinagoga para debater com os judeus. Eles pediram que ficasse mais tempo, mas ele recusou. Ao despedir-se, Paulo disse: “Voltarei depois, se Deus quiser”. Então zarpou de Éfeso. A parada seguinte foi no porto de Cesareia, de onde subiu a Jerusalém e visitou a igreja. Em seguida, voltou para Antioquia. Depois de passar algum tempo ali, voltou pela Galácia e pela Frígia, visitando e fortalecendo todos os discípulos. Enquanto isso, chegou a Éfeso vindo de Alexandria, no Egito, um judeu chamado Apolo. Era um orador eloquente que conhecia bem as Escrituras. Tinha sido instruído no caminho do Senhor e ensinava a respeito de Jesus com profundo entusiasmo e exatidão, embora só conhecesse o batismo de João. Quando o ouviram falar corajosamente na sinagoga, Priscila e Áquila o chamaram de lado e lhe explicaram com mais exatidão o caminho de Deus. Apolo queria percorrer a Acaia, e os irmãos de Éfeso o incentivaram. Escreveram uma carta aos discípulos de lá, pedindo que o recebessem bem. Ao chegar, foi de grande ajuda àqueles que, pela graça, haviam crido, pois, em debates públicos, refutava os judeus com fortes argumentos. Usando as Escrituras, demonstrava-lhes que Jesus é o Cristo. Enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo viajou pelas regiões do interior até chegar a Éfeso, no litoral, onde encontrou alguns discípulos. Ele lhes perguntou: “Vocês receberam o Espírito Santo quando creram?”. “Não”, responderam eles. “Nem sequer ouvimos que existe o Espírito Santo.” “Então que batismo vocês receberam?”, perguntou ele. “O batismo de João”, responderam. Paulo disse: “João batizava com o batismo de arrependimento, dizendo ao povo que cresse naquele que viria depois, isto é, em Jesus”. Assim que ouviram isso, foram batizados em nome do Senhor Jesus. Paulo lhes impôs as mãos e o Espírito Santo veio sobre eles, e falaram em línguas e profetizaram. Eram ao todo uns doze homens. Em seguida, Paulo foi à sinagoga e ali pregou corajosamente durante três meses, argumentando de modo convincente sobre o reino de Deus. Mas alguns deles se mostraram endurecidos, rejeitaram a mensagem e falaram publicamente contra o Caminho. Paulo, então, deixou a sinagoga e levou consigo os discípulos, passando a realizar discussões diárias na escola de Tirano. Isso continuou durante os dois anos seguintes, e gente de toda a província da Ásia, tanto judeus como gregos, ouviu a palavra do Senhor. Deus concedeu a Paulo o poder de realizar milagres extraordinários. Quando lenços ou aventais usados por ele eram colocados sobre enfermos, estes eram curados de suas doenças e deles saíam espíritos malignos. Alguns judeus viajavam pelas cidades expulsando espíritos malignos. Tentavam usar o nome do Senhor Jesus, dizendo: “Ordeno que saia em nome de Jesus, a quem Paulo anuncia!”. Os homens que faziam isso eram os sete filhos de Ceva, um dos principais sacerdotes. Certa ocasião, o espírito maligno respondeu: “Eu conheço Jesus e conheço Paulo, mas quem são vocês?”. O homem possuído pelo espírito maligno saltou em cima deles e os atacou com tanta violência que fugiram da casa, despidos e feridos. A notícia do ocorrido se espalhou rapidamente por toda a cidade de Éfeso, tanto entre judeus como entre gregos, e sobre eles veio um temor reverente, e o nome do Senhor Jesus era engrandecido. Muitos dos que creram confessaram suas obras pecaminosas. Vários deles, que haviam praticado feitiçaria, trouxeram seus livros de encantamentos e os queimaram publicamente. O valor dos livros totalizou cinquenta mil moedas de prata. Assim, a mensagem a respeito do Senhor se espalhou amplamente e teve efeito poderoso. Depois disso, Paulo se sentiu impelido pelo Espírito a passar pela Macedônia e a Acaia antes de ir a Jerusalém. “E, de lá, devo prosseguir para Roma!”, disse ele. Então, enviou adiante dele à Macedônia dois assistentes, Timóteo e Erasto, e permaneceu um pouco mais na província da Ásia. Por essa época, houve enorme tumulto em Éfeso por causa do Caminho. Começou com Demétrio, ourives que fabricava modelos de prata do templo da deusa grega Ártemis e que empregava muitos artífices. Ele os reuniu a outros que trabalhavam em ofícios semelhantes e disse: “Senhores, vocês sabem que nossa prosperidade vem deste empreendimento. Mas, como vocês viram e ouviram, esse sujeito, Paulo, convenceu muita gente de que deuses feitos por mãos humanas não são deuses de verdade. Fez isso não apenas aqui em Éfeso, mas em toda a província. Claro que não me refiro apenas à perda do respeito público por nossa atividade. Também me preocupa que o templo da grande deusa Ártemis perca sua influência e que esta deusa magnífica, adorada em toda a província da Ásia e ao redor do mundo, seja destituída de seu grande prestígio!”. Ao ouvir isso, ficaram furiosos e começaram a gritar: “Grande é Ártemis dos efésios!”. Em pouco tempo, a cidade toda estava uma confusão. O povo correu para o anfiteatro, arrastando os macedônios Gaio e Aristarco, companheiros de viagem de Paulo. Ele também quis entrar, mas os discípulos não permitiram. Alguns amigos de Paulo, oficiais da província, também lhe enviaram um recado no qual suplicaram que não arriscasse a vida entrando no anfiteatro. Lá dentro, em polvorosa, o povo todo gritava, e cada um dizia uma coisa. Na verdade, a maioria nem sabia por que estava ali. Entre a multidão, os judeus empurraram Alexandre para a frente e ordenaram que explicasse a situação. Ele fez sinal pedindo silêncio e tentou falar. No entanto, quando a multidão percebeu que ele era judeu, começou a gritar novamente e continuou por cerca de duas horas: “Grande é Ártemis dos efésios!”. Por fim, o escrivão da cidade conseguiu acalmar a multidão e disse: “Cidadãos de Éfeso, todos sabem que Éfeso é a guardiã do templo da grande Ártemis, cuja imagem caiu do céu para nós. Portanto, sendo este um fato inegável, acalmem-se e não façam nada precipitadamente. Vocês trouxeram estes homens aqui, mas eles não roubaram nada do templo nem disseram coisa alguma contra nossa deusa. “Se Demétrio e seus artífices têm alguma queixa contra eles, os tribunais estão abertos e há oficiais disponíveis para ouvir o caso. Que façam acusações formais. E, se há outras queixas que desejam apresentar, elas podem ser resolvidas em assembleia, conforme a lei. Corremos o perigo de ser acusados de provocar desordem, pois não há motivo para este tumulto. E, se exigirem de nós uma explicação, não teremos o que dizer”. Então os despediu, e a multidão se dispersou. Passado o tumulto, Paulo mandou chamar os discípulos e os encorajou. Então se despediu e partiu para a Macedônia. Enquanto estava lá, encorajou os discípulos em todas as cidades por onde passou. Em seguida, desceu à Grécia, onde ficou por três meses. Quando se preparava para navegar de volta à Síria, descobriu que alguns judeus conspiravam contra sua vida e decidiu voltar pela Macedônia. Alguns homens viajavam com ele: Sópatro, filho de Pirro, de Bereia; Aristarco e Secundo, de Tessalônica; Gaio, de Derbe; Timóteo; e Tíquico e Trófimo, da província da Ásia. Eles foram adiante e esperaram por nós em Trôade. Terminada a Festa dos Pães sem Fermento, embarcamos num navio em Filipos e, cinco dias depois, nos reencontramos em Trôade, onde ficamos uma semana. No primeiro dia da semana, nos reunimos com os irmãos de lá para o partir do pão. Paulo começou a falar ao povo e, como pretendia embarcar no dia seguinte, continuou até a meia-noite. A sala no andar superior onde estávamos reunidos era iluminada por muitas lamparinas. O discurso de Paulo se estendeu por horas, e um jovem chamado Êutico, que estava sentado no parapeito da janela, ficou muito sonolento. Por fim, adormeceu profundamente, caiu de uma altura de três andares e morreu. Paulo desceu, inclinou-se sobre o jovem e o abraçou. “Não se desesperem”, disse ele. “O rapaz está vivo!” Então todos subiram novamente, partiram o pão e comeram juntos. Paulo continuou a lhes falar até o amanhecer e depois partiu. Enquanto isso, o jovem foi levado para casa vivo, e todos sentiram grande alívio. Paulo foi por terra até Assôs, onde havia definido que devíamos esperar por ele, enquanto nós fomos de navio. Encontrou-se conosco em Assôs e navegamos juntos até Mitilene. No dia seguinte, passamos em frente à ilha de Quios. No outro dia, atravessamos para a ilha de Samos e, um dia depois, chegamos a Mileto. Paulo havia decidido não aportar em Éfeso, pois não queria passar mais tempo na província da Ásia. Tinha pressa de chegar a Jerusalém, se possível, para a Festa de Pentecostes. Por isso, em Mileto, mandou chamar os presbíteros da igreja de Éfeso. Quando chegaram, ele lhes disse: “Vocês sabem que, desde o dia em que pisei na província da Ásia até agora, fiz o trabalho do Senhor humildemente e com muitas lágrimas. Suportei as provações decorrentes das intrigas dos judeus e jamais deixei de dizer a vocês o que precisavam ouvir, seja publicamente, seja em seus lares. Anunciei uma única mensagem tanto para judeus como para gregos: é necessário que se arrependam, se voltem para Deus e tenham fé em nosso Senhor Jesus. “Agora, impelido pelo Espírito, vou a Jerusalém. Não sei o que me espera ali, senão que o Espírito Santo me diz, em todas as cidades, que tenho pela frente prisão e sofrimento. Mas minha vida não vale coisa alguma para mim, a menos que eu a use para completar minha carreira e a missão que me foi confiada pelo Senhor Jesus: dar testemunho das boas-novas da graça de Deus. “Agora sei que nenhum de vocês, a quem anunciei o reino, me verá outra vez. Por isso, declaro hoje que, se alguém se perder, não será por minha culpa, pois não deixei de anunciar tudo que Deus quer que vocês saibam. “Portanto, cuidem de si mesmos e do rebanho sobre o qual o Espírito Santo os colocou como bispos, a fim de pastorearem sua igreja, comprada com seu próprio sangue. Sei que depois de minha partida surgirão em seu meio falsos mestres, lobos ferozes que não pouparão o rebanho. Até mesmo entre vocês se levantarão homens que distorcerão a verdade a fim de conquistar seguidores. Portanto, vigiem! Lembrem-se dos três anos que estive com vocês, de como dia e noite nunca deixei de aconselhar com lágrimas cada um de vocês. “E, agora, eu os entrego a Deus e à mensagem de sua graça que pode edificá-los e dar-lhes uma herança junto com todos que ele separou para si. “Jamais cobicei a prata, o ouro ou as roupas de alguém. Vocês sabem que estas minhas mãos trabalharam para prover as minhas necessidades e as dos que estavam comigo. Fui exemplo constante de como podemos, com trabalho árduo, ajudar os necessitados, lembrando as palavras do Senhor Jesus: ‘Há bênção maior em dar que em receber’”. Quando Paulo terminou de falar, ajoelhou-se e orou com eles. Todos choraram muito enquanto se despediam dele com abraços e beijos. O que mais os entristeceu foi ele ter dito que nunca mais o veriam. Então eles o acompanharam até o navio. Depois de nos despedirmos, navegamos em direção à ilha de Cós. No dia seguinte, chegamos a Rodes e, então, a Pátara. Ali, embarcamos num navio que partia para a Fenícia. Avistamos a ilha de Chipre, passamos por ela à nossa esquerda e aportamos em Tiro, na Síria, onde o navio deixaria sua carga. No desembarque, encontramos os discípulos que ali viviam e ficamos com eles por uma semana. Pelo Espírito, eles advertiam Paulo de que não fosse a Jerusalém. Ao fim de nosso tempo ali, voltamos ao navio, e toda a congregação, incluindo mulheres e crianças, saiu da cidade e nos acompanhou até a praia. Ali nos ajoelhamos, oramos e nos despedimos. Então subimos a bordo, e eles voltaram para casa. Depois que partimos de Tiro, chegamos a Ptolemaida, onde saudamos os irmãos e passamos um dia. No dia seguinte, prosseguimos para Cesareia e nos hospedamos na casa de Filipe, o evangelista, um dos sete que tinham servido na igreja em Jerusalém. Ele tinha quatro filhas solteiras que profetizavam. Muitos dias depois, chegou da Judeia um profeta chamado Ágabo. Ele veio ao nosso encontro, tomou o cinto de Paulo e com ele amarrou os próprios pés e as mãos. Em seguida, disse: “O Espírito Santo declara: ‘Assim o dono deste cinto será amarrado pelos judeus, em Jerusalém, e entregue aos gentios’”. Ao ouvir isso, nós e os irmãos dali suplicamos a Paulo que não fosse a Jerusalém. Ele, porém, disse: “Por que todo esse choro? Assim vocês me partem o coração! Estou pronto não apenas para ser preso em Jerusalém, mas para morrer pelo Senhor Jesus”. Quando ficou evidente que não conseguiríamos fazê-lo mudar de ideia, desistimos e dissemos: “Que seja feita a vontade do Senhor”. Depois disso, arrumamos nossas coisas e partimos para Jerusalém. Alguns discípulos de Cesareia nos acompanharam e nos levaram à casa de Mnasom, nascido em Chipre e um dos primeiros discípulos. Quando chegamos a Jerusalém, os irmãos nos deram calorosas boas-vindas. No dia seguinte, Paulo foi conosco a um encontro com Tiago, e todos os presbíteros da igreja de Jerusalém estavam presentes. Depois que Paulo os cumprimentou, relatou em detalhes o que Deus havia realizado entre os gentios por meio de seu ministério. Quando ouviram isso, louvaram a Deus e disseram: “Você sabe, irmão, quantos milhares de judeus também creram, e todos eles seguem à risca a lei de Moisés. Mas eles foram informados de que você ensina todos os judeus que vivem entre os gentios a abandonarem a lei de Moisés. Ouviram que você os instrui a não circuncidarem os filhos nem seguirem os costumes judaicos. Que faremos? Certamente eles saberão que você chegou. “Queremos que você faça o seguinte. Temos aqui quatro homens que cumpriram um voto. Vá com eles ao templo e participe da cerimônia de purificação. Pague as despesas para realizarem o ritual de raspar a cabeça. Então todos saberão que os rumores são falsos e que você mesmo cumpre as leis judaicas. “Quanto aos convertidos gentios, devem fazer aquilo que pedimos por carta: abster-se de comer alimentos oferecidos a ídolos, de consumir o sangue ou a carne de animais estrangulados e de praticar a imoralidade sexual”. No dia seguinte, Paulo se purificou junto com aqueles homens e entrou no templo. Declarou quando terminariam os dias da purificação e quando seria oferecido o sacrifício em favor deles. Estando os sete dias quase no fim, alguns judeus da província da Ásia viram Paulo no templo e incitaram a multidão contra ele. Agarraram-no, gritando: “Homens de Israel, ajudem-nos! Este é o homem que fala contra nosso povo em toda parte e ensina todos a desobedecerem às leis judaicas. Fala contra o templo e até profana este santo lugar, trazendo gentios para dentro dele”. Antes tinham visto Paulo na cidade com Trófimo, um gentio de Éfeso, e concluíram que Paulo o havia levado para dentro do templo. Toda a cidade se agitou com essas acusações, e houve grande tumulto. A multidão agarrou Paulo e o arrastou para fora do templo, e imediatamente foram fechadas as portas. Quando procuravam matar Paulo, chegou ao comandante do regimento romano a notícia de que toda a Jerusalém estava em rebuliço. No mesmo instante, ele chamou seus soldados e oficiais e correu para o meio da multidão. Quando viram o comandante e os soldados se aproximarem, pararam de espancar Paulo. Então o comandante o prendeu e mandou que o amarrassem com duas correntes. Em seguida, perguntou à multidão quem era ele e o que havia feito. Uns gritavam uma coisa, outros gritavam outra. Não conseguindo descobrir a verdade no meio de todo o tumulto, ordenou que Paulo fosse levado à fortaleza. Quando Paulo chegou às escadas, o povo se tornou tão violento que os soldados tiveram de levantá-lo nos ombros para protegê-lo. E a multidão foi atrás, gritando: “Matem-no! Matem-no!”. Quando Paulo estava para ser levado à fortaleza, disse ao comandante: “Posso ter uma palavra com o senhor?”. Surpreso, o comandante perguntou: “Você fala grego? Não é você o egípcio que liderou uma rebelião algum tempo atrás e levou consigo ao deserto quatro mil assassinos?”. “Não”, respondeu Paulo. “Sou judeu e cidadão de Tarso, cidade importante da Cilícia. Por favor, permita-me falar a esta gente.” O comandante concordou, de modo que Paulo ficou em pé na escadaria e fez sinal para o povo se calar. Logo, um silêncio profundo envolveu a multidão, e ele lhes falou em aramaico, o idioma deles. “Irmãos e pais”, disse Paulo. “Ouçam-me enquanto apresento minha defesa.” Quando o ouviram falar em aramaico, o silêncio foi ainda maior. Então Paulo disse: “Sou judeu, nascido em Tarso, cidade da Cilícia. Fui criado aqui em Jerusalém e educado por Gamaliel. Como aluno dele, fui instruído rigorosamente em nossas leis e nos costumes judaicos. Tornei-me muito zeloso de honrar a Deus em tudo que fazia, como vocês são hoje. E fui ao encalço dos seguidores do Caminho, perseguindo alguns até a morte, prendendo homens e mulheres e lançando-os na prisão. O sumo sacerdote e todo o conselho dos líderes do povo podem confirmar isso. Recebi deles cartas para nossos irmãos judeus em Damasco que me autorizavam a trazer os seguidores do Caminho de lá para Jerusalém, em cadeias, para serem castigados. “Quando me aproximava de Damasco, por volta do meio-dia, de repente uma luz muito intensa brilhou ao meu redor. Caí no chão e ouvi uma voz que me disse: ‘Saulo, Saulo, por que você me persegue?’. “‘Quem és tu, Senhor?’, perguntei. “E a voz respondeu: ‘Sou Jesus, o nazareno, a quem você persegue’. Os que me acompanhavam viram a luz, mas não entenderam a voz daquele que falava comigo. “Então perguntei: ‘Que devo fazer, Senhor?’. “E o Senhor me disse: ‘Levante-se e entre em Damasco, onde lhe dirão tudo que você deve fazer’. “A luz intensa havia me deixado cego, e meus companheiros tiveram de levar-me pela mão a Damasco. Vivia ali Ananias, um homem devoto, dedicado à lei e muito respeitado por todos os judeus da cidade. Ele veio, colocou-se ao meu lado e disse: ‘Irmão Saulo, volte a enxergar’. E, naquele mesmo instante, pude vê-lo. “Então ele disse: ‘O Deus de nossos antepassados escolheu você para conhecer a vontade dele e para ver o Justo e ouvi-lo falar. Você será testemunha dele, dizendo a todos o que viu e ouviu. O que está esperando? Levante-se e seja batizado! Fique limpo de seus pecados invocando o nome do Senhor’. “Depois que voltei a Jerusalém, estava orando no templo e tive uma visão, na qual o Senhor me dizia: ‘Depressa! Saia de Jerusalém, pois o povo daqui não aceitará seu testemunho a meu respeito’. “E eu respondi: ‘Senhor, sem dúvida eles sabem que em cada sinagoga eu prendia e açoitava aqueles que criam em ti. E quando Estêvão, tua testemunha, foi morto, eu estava inteiramente de acordo. Fiquei ali e guardei os mantos que eles tiraram quando foram apedrejá-lo’. “Mas o Senhor me disse: ‘Vá, pois eu o enviarei para longe, para os gentios’”. A multidão ouviu Paulo até ele dizer essa palavra. Então começaram a gritar: “Fora com esse sujeito! Ele não merece viver!”. Gritavam, arrancavam seus mantos e jogavam poeira para o alto. O comandante trouxe Paulo para dentro e ordenou que ele fosse açoitado e interrogado a fim de descobrir por que a multidão tinha ficado tão furiosa. Quando amarravam Paulo para açoitá-lo, ele disse ao oficial que estava ali: “A lei permite açoitar um cidadão romano sem que ele tenha sido julgado?”. Ao ouvir isso, o oficial foi ao comandante e perguntou: “O que o senhor está fazendo? Este homem é cidadão romano!”. O comandante perguntou a Paulo: “Diga-me, você é cidadão romano?”. Ele respondeu: “Sim, eu sou”. “Eu também”, disse o comandante. “E paguei caro por minha cidadania!” Paulo respondeu: “Mas eu sou cidadão de nascimento”. Quando os soldados que estavam prestes a interrogar Paulo ouviram que ele era cidadão romano, retiraram-se de imediato. Até mesmo o comandante ficou com medo ao saber que Paulo era cidadão romano, pois tinha mandado amarrá-lo. No dia seguinte, o comandante ordenou que os principais sacerdotes se reunissem com o conselho dos líderes do povo. Queria descobrir exatamente qual era o problema, por isso soltou Paulo e mandou que o trouxessem diante deles. Paulo olhou fixamente para o conselho dos líderes do povo e disse: “Irmãos, tenho vivido diante de Deus com a consciência limpa”. No mesmo instante, o sumo sacerdote Ananias ordenou aos que estavam perto de Paulo que lhe dessem um tapa na boca. Então Paulo lhe disse: “Deus o ferirá, seu grande hipócrita! Que espécie de juiz é o senhor, desrespeitando a lei ao mandar me agredir dessa forma?”. Os que estavam perto de Paulo lhe disseram: “Você ousa insultar o sumo sacerdote de Deus?”. “Irmãos, não sabia que ele era o sumo sacerdote”, respondeu Paulo. “Pois as Escrituras dizem: ‘Não fale mal de suas autoridades’.” Sabendo Paulo que alguns membros do conselho dos líderes do povo eram saduceus e outros fariseus, gritou: “Irmãos, sou fariseu, como eram meus antepassados! E estou sendo julgado por causa de minha esperança na ressurreição dos mortos!”. Quando Paulo disse isso, o conselho se dividiu, fariseus contra saduceus, pois os saduceus afirmam não haver ressurreição, nem anjos, nem espíritos, mas os fariseus creem em todas essas coisas. Houve grande alvoroço. Alguns dos mestres da lei que eram fariseus se levantaram e começaram a discutir energicamente. “Não vemos nada de errado com este homem!”, gritavam. “Talvez um espírito ou um anjo tenha falado a ele!” A discussão ficou cada vez mais violenta, e o comandante teve medo de que Paulo fosse feito em pedaços. Assim, ordenou que os soldados o retirassem à força e o levassem de volta à fortaleza. Naquela noite, o Senhor apareceu a Paulo e disse: “Tenha ânimo, Paulo! Assim como você testemunhou a meu respeito aqui em Jerusalém, deve fazê-lo também em Roma”. Na manhã seguinte, alguns judeus se juntaram para conspirar, jurando solenemente que não comeriam nem beberiam antes de matar Paulo. A conspiração envolveu mais de quarenta homens. Foram aos principais sacerdotes e aos líderes do povo e lhes disseram: “Juramos solenemente, sob pena de castigo divino, que não comeremos nem beberemos antes de matar Paulo. Agora peçam, vocês e o conselho dos líderes do povo, que o comandante traga Paulo de volta ao conselho. Finjam que os senhores desejam examinar o caso com mais detalhes. Nós o mataremos no caminho”. Contudo, o sobrinho de Paulo, filho de sua irmã, soube do plano deles e foi à fortaleza contar a seu tio. Então Paulo mandou chamar um dos oficiais romanos e disse: “Leve este rapaz ao comandante. Ele tem algo importante para lhe contar”. O oficial o levou ao comandante e explicou: “O preso Paulo me chamou e pediu que eu trouxesse ao senhor este rapaz, pois ele tem algo a lhe contar”. O comandante tomou o rapaz pela mão e o levou à parte. “O que você quer me dizer?”, perguntou. O sobrinho de Paulo respondeu: “Alguns judeus pedirão que o senhor apresente Paulo diante da reunião do conselho amanhã, fingindo que desejam obter mais informações. Não acredite neles. Há mais de quarenta homens emboscados para matar Paulo. Juraram solenemente, sob pena de castigo divino, que não comeriam nem beberiam antes de matá-lo. Estão de prontidão, apenas esperando sua permissão”. O comandante despediu o rapaz e o advertiu: “Não deixe ninguém saber que você me contou isso”. Então o comandante chamou dois de seus oficiais e ordenou: “Preparem duzentos soldados para partir a Cesareia hoje às nove da noite. Levem também duzentos lanceiros e setenta soldados a cavalo. Providenciem um cavalo para Paulo e levem-no em segurança ao governador Félix”. Em seguida, escreveu a seguinte carta ao governador: “De Cláudio Lísias ao excelentíssimo governador Félix. Saudações. “Este homem foi capturado por alguns judeus que estavam prestes a matá-lo quando cheguei com meus soldados. Ao ser informado de que ele era cidadão romano, transferi-o para um lugar seguro. Então levei-o diante do conselho supremo dos judeus para investigar o motivo das acusações. Não demorei a descobrir que ele era acusado de algo relacionado à lei religiosa, sem dúvida nada que justificasse a pena de morte ou mesmo a prisão. Fui informado, porém, de uma conspiração para matá-lo e enviei-o de imediato ao senhor. Também informei aos acusadores que devem apresentar suas denúncias diante do senhor”. Naquela noite, os soldados cumpriram as ordens que haviam recebido e levaram Paulo até Antipátride. Voltaram à fortaleza na manhã seguinte, enquanto a cavalaria prosseguiu com ele. Quando chegaram a Cesareia, apresentaram Paulo e a carta ao governador Félix. O governador leu a carta e perguntou a Paulo de que província ele era. “Da Cilícia”, respondeu Paulo. “Ouvirei seu caso pessoalmente quando seus acusadores chegarem”, disse o governador. Em seguida, ordenou que Paulo fosse mantido na prisão do palácio que Herodes havia construído. Cinco dias depois, o sumo sacerdote Ananias chegou com alguns dos líderes do povo e um advogado chamado Tértulo para exporem ao governador sua causa contra Paulo. Quando Paulo foi chamado, Tértulo apresentou as acusações: “Excelentíssimo Félix, o senhor tem proporcionado a nós, judeus, um longo período de paz e, com perspicácia, tem realizado reformas que muito nos beneficiam. Por todas essas coisas nós lhe somos extremamente gratos. Contudo, não desejo tomar seu tempo, por isso peço sua atenção apenas por um momento. Constatamos que este homem é um perturbador, que vive causando tumultos entre os judeus de todo o mundo. É o principal líder da seita conhecida como os Nazarenos. Quando o prendemos, estava tentando profanar o templo. Nós queríamos julgá-lo de acordo com nossa lei, mas Lísias, o comandante do regimento, usou de força e o tirou de nossas mãos, e ordenou a nós, os acusadores, que nos apresentássemos perante o senhor. Nossas acusações poderão ser confirmadas quando o senhor interrogar Paulo pessoalmente”. Os outros judeus concordaram e declararam ser verdadeiro o que Tértulo tinha dito. Quando Paulo recebeu um sinal do governador para falar, disse: “Sei que o senhor tem julgado questões dos judeus há muitos anos e, portanto, apresento-lhe minha defesa de bom grado. O senhor poderá verificar com facilidade que cheguei a Jerusalém não mais que doze dias atrás para adorar no templo. Meus acusadores não me encontraram discutindo com ninguém no templo, nem causando tumulto em nenhuma sinagoga, nem nas ruas da cidade. Eles não podem provar as acusações que fazem contra mim. “Reconheço, porém, que sou seguidor do Caminho, que eles chamam de seita. Adoro o Deus de nossos antepassados e creio firmemente na lei judaica e em tudo que está escrito nos profetas. Tenho em Deus a mesma esperança destes homens, de que ele ressuscitará tanto os justos como os injustos. Por isso, procuro sempre manter a consciência limpa diante de Deus e dos homens. “Depois de estar ausente por vários anos, voltei a Jerusalém com dinheiro para ajudar meu povo e apresentar ofertas. Meus acusadores me viram no templo depois que completei minha cerimônia de purificação. Não havia multidão nenhuma ao meu redor e nenhum tumulto. Só estavam ali alguns judeus da Ásia, e são eles que deveriam estar aqui diante do senhor para me acusar, se têm algo contra mim. Pergunte a estes homens que aqui estão de que crimes o conselho dos líderes do povo me considerou culpado, exceto pela ocasião em que gritei: ‘Estou sendo julgado diante dos senhores porque creio na ressurreição dos mortos!’”. Nesse momento, Félix, que tinha bastante conhecimento sobre o Caminho, interrompeu a audiência e disse: “Esperem até Lísias, o comandante do regimento, chegar. Então decidirei o caso de vocês”. Ordenou que um oficial mantivesse Paulo sob custódia, mas lhe deu certa liberdade e permitiu que seus amigos o visitassem e providenciassem aquilo de que ele precisava. Alguns dias depois, Félix voltou com sua esposa, Drusila, que era judia. Mandou chamar Paulo, e os dois ouviram enquanto ele lhes falava a respeito da fé em Cristo Jesus. Quando Paulo passou a falar da justiça divina, do domínio próprio e do dia do juízo que estava por vir, Félix teve medo e disse: “Pode ir, por enquanto. Quando for mais conveniente, mandarei chamá-lo outra vez”. Félix também esperava que Paulo lhe oferecesse dinheiro, de modo que mandava buscá-lo com frequência e conversava com ele. Assim se passaram dois anos, e Félix foi sucedido por Pórcio Festo. E, uma vez que Félix desejava obter a simpatia dos judeus, manteve Paulo na prisão. Três dias depois que Festo chegou a Cesareia para assumir suas novas responsabilidades no governo da província, partiu para Jerusalém, onde os principais sacerdotes e outros líderes judeus se reuniram com ele e lhe apresentaram as acusações contra Paulo. Pediram a Festo, como favor, que transferisse Paulo para Jerusalém, pois planejavam armar uma emboscada para matá-lo no caminho. Festo respondeu que Paulo estava em Cesareia e que ele próprio voltaria para lá em breve. “Alguns de vocês que têm autoridade voltem comigo”, disse ele. “Se Paulo tiver feito algo de errado, vocês poderão apresentar suas acusações.” Oito ou dez dias depois, Festo voltou a Cesareia e, no dia seguinte, convocou o tribunal e mandou que trouxessem Paulo. Quando Paulo chegou, os líderes judeus vindos de Jerusalém se juntaram ao seu redor e fizeram várias acusações graves que não podiam provar. Paulo se defendeu: “Não sou culpado de nenhum crime contra as leis judaicas, nem contra o templo, nem contra o governo romano”. Então Festo, querendo agradar aos judeus, perguntou: “Você está disposto a ir a Jerusalém e ali ser julgado diante de mim?”. Paulo respondeu: “Este é um tribunal oficial romano, portanto devo ser julgado aqui mesmo. O senhor sabe muito bem que não fiz nenhum mal aos judeus. Se fiz algo para merecer a pena de morte, não me recuso a morrer. Mas, se sou inocente, ninguém tem o direito de me entregar a estes homens. Eu apelo para César”. Festo consultou seus conselheiros e, por fim, respondeu: “Muito bem, você apelou para César, então irá para César”. Alguns dias depois, o rei Agripa chegou com sua irmã, Berenice, para visitar Festo. Durante a estada deles, que durou vários dias, Festo discutiu o caso de Paulo com o rei. “Tenho aqui um prisioneiro que Félix deixou para mim”, disse ele. “Quando estive em Jerusalém, os principais sacerdotes e líderes judeus apresentaram acusações contra ele e pediram que eu o condenasse. Eu lhes disse que a lei romana não condena ninguém sem julgamento. O acusado deve ter a oportunidade de confrontar seus acusadores e se defender. “Quando eles vieram aqui para o julgamento, não me demorei. Convoquei o tribunal logo no dia seguinte e mandei chamar Paulo. Os judeus, porém, não o acusaram de nenhum dos crimes que eu esperava. Ao contrário, era algo relacionado à sua religião e a um morto chamado Jesus, que Paulo insiste que está vivo. Sem saber como investigar essas questões, perguntei a Paulo se estava disposto a ir a Jerusalém e ali ser julgado por essas acusações, mas ele apelou ao imperador para que julgue seu caso. Por isso, ordenei que fosse mantido sob custódia até eu tomar as providências necessárias para enviá-lo a César.” Então Agripa disse a Festo: “Gostaria de ouvir esse homem pessoalmente”. E Festo respondeu: “Amanhã poderá ouvi-lo!”. No dia seguinte, Agripa e Berenice chegaram à sala de audiência com grande pompa, acompanhados de oficiais militares e homens importantes da cidade. Festo mandou trazer Paulo e, em seguida, disse: “Rei Agripa e demais presentes, este é o homem cuja morte é exigida pelos judeus tanto daqui como de Jerusalém. Em minha opinião, ele não fez coisa alguma para merecer a morte. Contudo, uma vez que apelou ao imperador para que julgue seu caso, decidi enviá-lo a Roma. “Não sei, porém, o que escrever ao imperador, pois não há nenhuma acusação clara contra ele. Por isso eu o trouxe hoje diante dos senhores, especialmente do rei Agripa, para que, depois de o interrogarmos, eu tenha algo para escrever. Pois não faz sentido enviar um prisioneiro ao imperador sem especificar as acusações contra ele”. Então Agripa disse a Paulo: “Você pode falar em sua defesa”. Paulo fez um sinal com a mão e começou sua defesa: “Rei Agripa, considero-me feliz de ter hoje a oportunidade de lhe apresentar minha defesa contra todas as acusações feitas pelos líderes judeus, pois sei que conhece bem todos os costumes e controvérsias dos judeus. Portanto, peço que me ouça com paciência. “Como os líderes judeus sabem muito bem, recebi educação judaica completa desde a infância entre meu povo e depois em Jerusalém. Também sabem, e talvez estejam dispostos a confirmar, que vivi como fariseu, a seita mais rígida de nossa religião. Agora estou sendo julgado por causa de minha esperança no cumprimento da promessa feita por Deus a nossos antepassados. De fato, é por isso que as doze tribos de Israel adoram a Deus fervorosamente, dia e noite, e compartilham da mesma esperança que eu. E, no entanto, ó rei, acusam-me por causa dessa esperança! Por que lhes parece tão incrível que Deus ressuscite os mortos? “Eu costumava pensar que era minha obrigação empenhar-me em me opor ao nome de Jesus, o nazareno. Foi exatamente o que fiz em Jerusalém. Com autorização dos principais sacerdotes, fui responsável pela prisão de muitos dentre o povo santo. E eu votava contra eles quando eram condenados à morte. Muitas vezes providenciei que fossem castigados nas sinagogas, a fim de obrigá-los a blasfemar. Eu me opunha a eles com tanta violência que os perseguia até em cidades estrangeiras. “Certo dia, numa dessas missões, dirigia-me a Damasco, autorizado e incumbido pelos principais sacerdotes. Por volta do meio-dia, ó rei, ainda a caminho, uma luz do céu, mais intensa que o sol, brilhou sobre mim e meus companheiros. Todos nós caímos no chão, e eu ouvi uma voz que me dizia em aramaico: ‘Saulo, Saulo, por que você me persegue? Não adianta lutar contra minha vontade’. “‘Quem és tu, Senhor?’, perguntei. “E o Senhor respondeu: ‘Sou Jesus, a quem você persegue. Agora levante-se, pois eu apareci para nomeá-lo meu servo e minha testemunha. Conte o que viu e o que eu lhe mostrarei no futuro. E eu o livrarei tanto de seu povo como dos gentios. Sim, eu o envio aos gentios para abrir os olhos deles a fim de que se voltem das trevas para a luz, e do poder de Satanás para Deus. Então receberão o perdão dos pecados e a herança entre o povo de Deus, separado pela fé em mim’. “Portanto, rei Agripa, obedeci à visão celestial. Anunciei a mensagem primeiro em Damasco, depois em Jerusalém e em toda a Judeia, e também aos gentios, dizendo que todos devem arrepender-se, voltar-se para Deus e mostrar, por meio de suas boas obras, que mudaram de rumo. Alguns judeus me prenderam no templo por anunciar essa mensagem e tentaram me matar. Mas Deus tem me protegido até este momento, para que eu dê testemunho a todos, dos mais simples até os mais importantes. Não ensino nada além daquilo que os profetas e Moisés disseram que haveria de acontecer, que o Cristo sofreria e seria o primeiro a ressuscitar dos mortos e, desse modo, anunciaria a luz de Deus tanto aos judeus como aos gentios”. De repente, Festo gritou: “Paulo, você está louco! O excesso de estudo o fez perder o juízo!”. Mas Paulo respondeu: “Não estou louco, excelentíssimo Festo. Digo a mais sensata verdade, e o rei Agripa sabe dessas coisas. Expresso-me com ousadia porque tenho certeza de que esses acontecimentos são todos de conhecimento dele, pois não se passaram em algum canto escondido. Rei Agripa, o senhor crê nos profetas? Eu sei que sim”. Então Agripa o interrompeu: “Você acredita que pode me convencer a tornar-me cristão em tão pouco tempo?”. Paulo respondeu: “Em pouco ou em muito tempo, peço a Deus que tanto o senhor como os demais aqui presentes se tornem como eu, exceto por estas correntes”. Então o rei, o governador, Berenice e todos os outros se levantaram e se retiraram. Enquanto saíam, conversavam entre si e concordaram: “Esse homem não fez nada que mereça morte ou prisão”. E Agripa disse a Festo: “Ele poderia ser posto em liberdade se não tivesse apelado a César”. Quando chegou a hora, zarpamos para a Itália. Paulo e muitos outros prisioneiros foram colocados sob a guarda de um oficial romano chamado Júlio, capitão do Regimento Imperial. Aristarco, um macedônio de Tessalônica, nos acompanhou. Partimos num navio que tinha vindo do porto de Adramítio, no litoral noroeste da província da Ásia. Estavam previstas diversas paradas em portos ao longo da costa. No dia seguinte, quando ancoramos em Sidom, Júlio demonstrou bondade a Paulo permitindo-lhe que desembarcasse para visitar amigos e receber ajuda material deles. Quando partimos de lá, fomos costeando a ilha de Chipre, devido aos ventos contrários que tornavam difícil manter o rumo. Prosseguindo por mar aberto, passamos pelo litoral da Cilícia e da Panfília, chegando a Mirra, na província de Lícia. Ali, o oficial no comando encontrou um navio egípcio de Alexandria que estava de partida para a Itália e nos fez embarcar. Navegamos vagarosamente por vários dias e, depois de muita dificuldade, nos aproximamos de Cnido. Por causa dos ventos contrários, atravessamos para Creta, acompanhando o litoral menos exposto da ilha, defronte ao cabo de Salmona. Costeamos a ilha com grande esforço, até que chegamos a Bons Portos, perto da cidade de Laseia. Havíamos perdido muito tempo. As condições climáticas estavam se tornando perigosas para a navegação, pois se aproximava o fim do outono, e Paulo tratou dessa questão com os oficiais do navio. Disse ele: “Senhores, se prosseguirmos, vejo que teremos problemas adiante. Haverá grande prejuízo para o navio e para a carga, e perigo para nossa vida”. Mas o oficial encarregado dos prisioneiros deu mais ouvidos ao capitão e ao proprietário do navio que a Paulo. E, uma vez que Bons Portos era uma enseada aberta, um péssimo lugar para passar o inverno, a maioria da tripulação desejava ir a Fenice, que ficava mais adiante na costa de Creta, e passar o inverno ali. Fenice era um bom porto, com abertura apenas para o sudoeste e o noroeste. Quando um vento leve começou a soprar do sul, os marinheiros pensaram que conseguiriam chegar lá a salvo. Por isso, levantaram âncora e foram costeando Creta. Mas o tempo mudou de repente, e um vento com força de furacão, chamado Nordeste, soprou sobre a ilha e nos empurrou para o mar aberto. Como os marinheiros não conseguiam manobrar o navio para ficar de frente para o vento, desistiram e deixaram que fosse levado pela tempestade. Navegamos pelo lado menos exposto de uma pequena ilha chamada Cauda, onde, com muito custo, conseguimos içar para bordo o barco salva-vidas que viajava rebocado. Então os marinheiros amarraram cordas em volta do casco do navio para reforçá-lo. Temiam ser arrastados para os bancos de areia de Sirte, diante do litoral africano, por isso baixaram a âncora flutuante para desacelerar o navio e deixaram que fosse levado pelo vento. No dia seguinte, como ventos com força de vendaval continuavam a castigar o navio, a tripulação começou a lançar a carga ao mar. No terceiro dia, removeram até mesmo parte do equipamento do navio e o jogaram fora. A tempestade terrível prosseguiu por muitos dias, escondendo o sol e as estrelas, até que perdemos todas as esperanças. Fazia tempo que ninguém comia. Por fim, Paulo reuniu a tripulação e disse: “Os senhores deveriam ter me dado ouvidos no princípio e não ter deixado Bons Portos. Teriam evitado todo este prejuízo e esta perda. Mas tenham bom ânimo! O navio afundará, mas nenhum de vocês perderá a vida. Pois, ontem à noite, um anjo do Deus a quem pertenço e sirvo se pôs ao meu lado e disse: ‘Não tenha medo, Paulo! É preciso que você compareça diante de César. E Deus, em sua bondade, concedeu proteção a todos que navegam com você’. Portanto, tenham bom ânimo! Creio em Deus; tudo ocorrerá exatamente como ele disse. É necessário, porém, que sejamos impulsionados para uma ilha”. Por volta da meia-noite, na décima quarta noite de tempestade, enquanto éramos levados de um lado para o outro no mar Adriático, os marinheiros perceberam que estávamos perto de terra firme. Lançaram a sonda e verificaram que a água tinha 37 metros de profundidade. Um pouco depois, lançaram a sonda novamente e encontraram apenas 27 metros. Temiam que, se continuássemos assim, seríamos atirados contra as rochas na praia. Por isso, lançaram quatro âncoras da parte de trás do navio e ansiavam para que o dia chegasse logo. Dando a entender que iriam lançar as âncoras da parte da frente, os marinheiros baixaram o barco salva-vidas, na tentativa de abandonar o navio. Paulo, então, disse ao oficial no comando e aos soldados: “Se os marinheiros não permanecerem a bordo, vocês não conseguirão se salvar”. Então os soldados cortaram as cordas do barco salva-vidas e o deixaram à deriva. Enquanto amanhecia, Paulo insistiu que todos comessem. “De tão preocupados, vocês não se alimentam há duas semanas”, disse ele. “Por favor, comam alguma coisa agora, para seu próprio bem. Pois nem um fio de cabelo de sua cabeça se perderá.” Em seguida, tomou um pão, deu graças a Deus na presença de todos, partiu-o em pedaços e comeu. Todos se animaram e começaram a comer. Havia um total de 276 pessoas a bordo. Depois de se alimentar, a tripulação aliviou o peso do navio mais um pouco, atirando ao mar toda a carga de trigo. Ao amanhecer, não reconheceram a terra, mas viram uma enseada com uma praia e cogitaram se seria possível chegar ali e atracar o navio. Então cortaram as âncoras e as deixaram no mar. Depois, afrouxaram as cordas que controlavam os lemes, levantaram a vela da frente e foram rumo à praia, mas o navio foi apanhado entre duas correntezas contrárias e encalhou antes do esperado. A parte da frente se encravou e ficou imóvel, enquanto a parte de trás, atingida pela força das ondas, começou a se partir. Os soldados queriam matar os prisioneiros para que não nadassem até a praia e depois fugissem. O oficial no comando, porém, desejava poupar a vida de Paulo e não permitiu que executassem seu plano. Ordenou aos que sabiam nadar que saltassem ao mar primeiro e fossem em direção a terra. Os outros se agarraram a tábuas ou pedaços do navio destruído. Assim, todos chegaram à praia em segurança. Uma vez a salvo em terra, descobrimos que estávamos na ilha de Malta. O povo de lá nos tratou com muita bondade. Por ser um dia frio e chuvoso, fizeram uma fogueira na praia para nos receber. Enquanto Paulo juntava um monte de gravetos e os colocava no fogo, uma cobra venenosa que fugia do calor mordeu sua mão. Quando os habitantes da ilha viram a cobra pendurada na mão de Paulo, disseram uns aos outros: “Sem dúvida ele é um assassino! Embora tenha escapado do mar, a justiça não lhe permitiu viver”. Mas Paulo sacudiu a cobra no fogo e não sofreu nenhum mal. O povo esperava que ele inchasse ou caísse morto de repente. No entanto, depois de esperarem muito tempo e verem que nada havia acontecido, mudaram de ideia e começaram a dizer que ele era um deus. Perto da praia, havia uma propriedade pertencente a Públio, a principal autoridade da ilha. Por três dias, ele nos hospedou e nos tratou com bondade. Aconteceu que o pai de Públio estava doente, com febre e disenteria. Paulo entrou, orou por ele e, impondo as mãos sobre sua cabeça, o curou. Então os demais enfermos da ilha vieram e foram curados. Como resultado, fomos cobertos de presentes e honras e, chegada a hora de partirmos, o povo nos forneceu todos os suprimentos necessários à viagem. Três meses depois do naufrágio, embarcamos em outro navio, que havia passado o inverno na ilha. Era um navio alexandrino, que tinha na parte da frente a figura dos deuses gêmeos. Aportamos em Siracusa, onde ficamos três dias. Dali navegamos até Régio. Um dia depois, um vento sul começou a soprar, de modo que no dia seguinte prosseguimos até Potéoli. Ali encontramos alguns irmãos que nos convidaram a passar uma semana com eles. Depois fomos para Roma. Os irmãos em Roma souberam que estávamos chegando e vieram ao nosso encontro no Fórum da Via Ápia. Outros se juntaram a nós nas Três Vendas. Ao vê-los, Paulo se animou e agradeceu a Deus. Quando chegamos a Roma, Paulo recebeu permissão de ter sua própria moradia, sob a guarda de um soldado. Três dias depois de chegar, Paulo convocou os líderes judeus locais e lhes disse: “Irmãos, embora eu não tenha feito nada contra nosso povo nem contra os costumes de nossos antepassados, fui preso em Jerusalém e entregue ao governo romano. Os romanos me interrogaram e queriam me soltar, pois não encontraram motivo para me condenar à morte. Mas, quando os líderes judeus protestaram contra a decisão, considerei necessário apelar a César, embora não tivesse acusação alguma contra meu próprio povo. Por isso pedi a vocês que viessem aqui hoje para que nos conhecêssemos, e também para que eu pudesse explicar que estou preso com estas correntes porque creio na esperança de Israel”. Eles responderam: “Não recebemos nenhuma carta da Judeia, e ninguém que veio de lá nos informou alguma coisa contra você. Contudo, queremos ouvir o que você pensa, pois o que sabemos a respeito desse movimento é que ele é contestado em toda parte”. Então marcaram uma data e, nesse dia, muita gente foi à casa de Paulo. Ele explicou e testemunhou sobre o reino de Deus e, desde cedo até a noite, procurou convencê-los acerca de Jesus com base na lei de Moisés e nos livros dos profetas. Alguns foram convencidos pelas coisas que ele disse, mas outros não creram. E, depois de discutirem entre si, foram embora com estas palavras finais de Paulo: “O Espírito Santo estava certo quando disse a nossos antepassados por meio do profeta Isaías: ‘Vá e diga a este povo: Quando ouvirem o que digo, não entenderão. Quando virem o que faço, não compreenderão. Pois o coração deste povo está endurecido; ouvem com dificuldade e têm os olhos fechados, de modo que seus olhos não veem, e seus ouvidos não ouvem, e seu coração não entende, e não se voltam para mim, nem permitem que eu os cure’. Portanto, quero que saibam que esta salvação vinda de Deus também foi oferecida aos gentios, e eles a aceitarão”. Depois de ele ter dito essas palavras, os judeus partiram, em grande desacordo uns com os outros. Durante os dois anos seguintes, Paulo morou em Roma, às próprias custas. A todos que o visitavam ele recebia, proclamando corajosamente o reino de Deus e ensinando a respeito do Senhor Jesus Cristo sem restrição alguma. Eu, Paulo, escravo de Cristo Jesus, chamado para ser apóstolo e enviado para anunciar as boas-novas de Deus, escrevo esta carta. Deus prometeu as boas-novas muito tempo atrás nas Escrituras Sagradas, por meio de seus profetas. Elas se referem a seu Filho, que, como homem, nasceu da linhagem do rei Davi, e, quando o poder do Espírito Santo o ressuscitou dos mortos, foi demonstrado que ele era o Filho de Deus. Ele é Jesus Cristo, nosso Senhor. Por meio dele recebemos a graça e a autoridade, como apóstolos, de chamar os gentios em toda parte a crer nele e lhe obedecer, em honra de seu nome. E vocês estão entre esses gentios chamados para pertencer a Jesus Cristo. Escrevo a todos vocês que estão em Roma, amados por Deus e chamados para ser seu povo santo. Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz. Antes de tudo, quero dizer que, por meio de Jesus Cristo, agradeço a meu Deus por todos vocês, pois sua fé nele é comentada em todo o mundo. O Deus a quem sirvo em meu espírito, anunciando as boas-novas a respeito de seu Filho, sabe como nunca deixo de me lembrar de vocês em minhas orações, sempre pedindo, se for da vontade de Deus, uma oportunidade de ir vê-los. Desejo muito visitá-los, a fim de compartilhar com vocês alguma dádiva espiritual que os ajude a se fortalecerem. Quando nos encontrarmos, quero encorajá-los na fé, e também quero ser encorajado por sua fé. Quero que saibam, irmãos, que muitas vezes planejei visitá-los, mas até agora fui impedido. Meu desejo é trabalhar entre vocês e ver frutos espirituais como tenho visto entre outros gentios, pois sinto grande obrigação tanto para com os gregos como os bárbaros, tanto para com os instruídos como os não instruídos. Por isso, aguardo com expectativa para visitá-los, a fim de anunciar as boas-novas também a vocês, em Roma. Pois não me envergonho das boas-novas a respeito de Cristo, que são o poder de Deus em ação para salvar todos os que creem, primeiro os judeus, e também os gentios. As boas-novas revelam como Deus nos declara justos diante dele, o que, do começo ao fim, é algo que se dá pela fé. Como dizem as Escrituras: “O justo viverá pela fé”. Assim, Deus mostra do céu sua ira contra todos que são pecadores e perversos, que por sua maldade impedem que a verdade seja conhecida. Sabem a verdade a respeito de Deus, pois ele a tornou evidente. Por meio de tudo que ele fez desde a criação do mundo, podem perceber claramente seus atributos invisíveis: seu poder eterno e sua natureza divina. Portanto, não têm desculpa alguma. Sim, eles conheciam algo sobre Deus, mas não o adoraram nem lhe agradeceram. Em vez disso, começaram a inventar ideias tolas e, com isso, sua mente ficou obscurecida e confusa. Dizendo-se sábios, tornaram-se tolos. Trocaram a grandeza do Deus imortal por imagens de seres humanos mortais, bem como de aves, animais e répteis. Por isso, Deus os entregou aos desejos pecaminosos de seu coração. Como resultado, praticaram entre si coisas desprezíveis e degradantes com o próprio corpo. Trocaram a verdade sobre Deus pela mentira. Desse modo, adoraram e serviram coisas que Deus criou, em lugar do Criador, que é digno de louvor eterno! Amém. Por isso, Deus os entregou a desejos vergonhosos. Até as mulheres trocaram sua forma natural de ter relações sexuais por práticas não naturais. E os homens, em vez de ter relações sexuais normais com mulheres, arderam de desejo uns pelos outros. Homens praticaram atos indecentes com outros homens e, em decorrência desse pecado, sofreram em si mesmos o castigo que mereciam. Uma vez que consideraram que conhecer a Deus era algo inútil, o próprio Deus os entregou a um inútil modo de pensar, deixando que fizessem coisas que jamais deveriam ser feitas. A vida deles se encheu de toda espécie de perversidade, pecado, ganância, ódio, inveja, homicídio, discórdia, engano, malícia e fofocas. Espalham calúnias, odeiam a Deus, são insolentes, orgulhosos e arrogantes. Inventam novas maneiras de pecar e desobedecem a seus pais. Não têm entendimento, quebram suas promessas, não mostram afeição nem misericórdia. Sabem que, de acordo com a justiça de Deus, quem pratica essas coisas merece morrer, mas ainda assim continuam a praticá-las. E, o que é pior, incentivam outros a também fazê-lo. Talvez você pense que pode condenar esses indivíduos, mas é igual a eles e não tem desculpa! Quando diz que eles deveriam ser castigados, condena a si mesmo, porque você, que julga os outros, pratica as mesmas coisas. E sabemos que Deus, em sua justiça, castigará todos que praticam tais coisas. Uma vez que você julga outros por fazerem essas coisas, o que o leva a pensar que evitará o julgamento de Deus ao agir da mesma forma? Não percebe quanto ele é bondoso, tolerante e paciente com você? Não vê que essas manifestações da bondade de Deus visam levá-lo ao arrependimento? Mas, por causa de seu coração rebelde, você se recusa a abandonar o pecado, acumulando ira sobre si mesmo. Pois o dia da ira se aproxima, quando o justo juízo de Deus se revelará. Ele julgará cada um de acordo com seus atos. Dará vida eterna àqueles que, persistindo em fazer o bem, buscam glória, honra e imortalidade. Mas derramará ira e indignação sobre os que vivem para si mesmos, que se recusam a obedecer à verdade e preferem entregar-se a uma vida de perversidade. A todos que praticam o mal, ele trará aflição e calamidade: primeiro para os judeus, e também para os gentios. Mas, a todos que fazem o bem, ele dará glória, honra e paz: primeiro para os judeus, e também para os gentios. Pois Deus não age com favoritismo. Assim, todos os que pecarem, mesmo não tendo a lei escrita de Deus, serão destruídos. E todos os que pecarem estando sob a lei de Deus, de acordo com essa lei serão julgados. Pois o simples ato de ouvir a lei não nos torna justos diante de Deus, mas sim a obediência à lei é que nos torna justos aos olhos dele. Até mesmo os gentios, que não têm a lei escrita, quando obedecem a ela instintivamente, mostram que conhecem a lei, mesmo não a tendo. Demonstram que a lei está gravada em seu coração, pois sua consciência e seus pensamentos os acusam ou lhes dizem que estão agindo corretamente. Isso se confirmará no dia em que Deus julgar os segredos de cada um por meio de Cristo Jesus, de acordo com as boas-novas que anuncio. Você, que se diz judeu, se apoia na lei de Deus e se orgulha de seu relacionamento especial com ele. Conhece a vontade de Deus: sabe o que é certo, porque foi instruído em sua lei. Está convencido de que é guia para os cegos e luz para os que estão perdidos na escuridão. Considera-se capaz de instruir os ignorantes e ensinar os caminhos de Deus às crianças. Está certo de que a lei de Deus lhe dá pleno conhecimento e verdade. Pois bem, se você ensina a outros, por que não ensina a si mesmo? Diz a outros que não roubem, mas você mesmo rouba? Afirma que é errado cometer adultério, mas você mesmo adultera? Condena a idolatria, mas rouba objetos dos templos? Você, que tanto se orgulha de conhecer a lei, desonra a Deus, desobedecendo à lei? Não é de admirar que as Escrituras digam: “Os gentios blasfemam o nome de Deus por causa de vocês”. A prática judaica da circuncisão só tem valor se você obedece à lei de Deus. Mas se você, que é circuncidado, não obedece à lei de Deus, não é diferente de um gentio incircuncidado. E, se os incircuncidados obedecerem à lei de Deus, acaso não serão também considerados circuncidados? De fato, os gentios incircuncidados que cumprem a lei de Deus condenarão você, judeu, que é circuncidado e tem a lei de Deus, mas não obedece a ela. Pois ser judeu exteriormente ou ser circuncidado não torna ninguém judeu de fato. Judeu verdadeiro é quem o é no íntimo, e circuncisão verdadeira é a do coração, feita pelo Espírito, e não pela letra da lei, recebendo assim a aprovação de Deus, e não das pessoas. Então qual é a vantagem de ser judeu? A circuncisão tem algum valor? Sim, há muitos benefícios. Em primeiro lugar, aos judeus foi confiada toda a revelação de Deus. É verdade que alguns deles foram infiéis, mas isso significa que Deus será infiel? De maneira nenhuma! Ainda que todos sejam mentirosos, Deus é verdadeiro. E as Escrituras dizem a seu respeito: “Será provado que tens razão no que dizes, e ganharás tua causa no juízo”. Alguém poderia dizer: “Mas nosso pecado não cumpre um bom propósito, ajudando os outros a verem como Deus é justo? Não é uma injustiça, portanto, Deus nos castigar?”. (Estou seguindo o ponto de vista humano.) Claro que não! Se fosse assim, como Deus poderia julgar o mundo? Alguém poderia argumentar, ainda: “Mas por que Deus me condena como pecador se minha mentira ressalta sua verdade e lhe traz mais glória?”. E alguns até nos difamam, afirmando que dizemos: “Quanto mais pecarmos, melhor!”. Quem diz essas coisas merece condenação. Pois bem, devemos concluir que nós, judeus, somos melhores que os outros? Não, de maneira nenhuma, pois já mostramos que todos, judeus ou gentios, estão sob o poder do pecado. Como afirmam as Escrituras: “Ninguém é justo, nem um sequer. Ninguém é sábio, ninguém busca a Deus. Todos se desviaram, todos se tornaram inúteis. Ninguém faz o bem, nem um sequer.” “Sua conversa é repulsiva, como o odor de um túmulo aberto; sua língua é cheia de mentiras.” “Veneno de serpentes goteja de seus lábios.” “Sua boca é cheia de maldição e amargura.” “Apressam-se em cometer homicídio; por onde passam, deixam destruição e sofrimento. Não sabem onde encontrar paz.” “Não têm o menor temor de Deus.” É evidente que a lei se aplica àqueles a quem ela foi entregue, pois seu propósito é evitar desculpas e mostrar que todo o mundo é culpado diante de Deus. Pois ninguém será declarado justo diante de Deus por fazer o que a lei ordena. A lei simplesmente mostra quanto somos pecadores. Agora, porém, conforme prometido na lei de Moisés e nos profetas, Deus nos mostrou como somos declarados justos diante dele sem as exigências da lei: somos declarados justos diante de Deus por meio da fé em Jesus Cristo, e isso se aplica a todos que creem, sem nenhuma distinção. Pois todos pecaram e não alcançam o padrão da glória de Deus, mas ele, em sua graça, nos declara justos por meio de Cristo Jesus, que nos resgatou do castigo por nossos pecados. Deus apresentou Jesus como sacrifício pelo pecado, com o sangue que ele derramou, mostrando assim sua justiça em favor dos que creem. No passado ele se conteve e não castigou os pecados antes cometidos, pois planejava revelar sua justiça no tempo presente. Com isso, Deus se mostrou justo, condenando o pecado, e justificador, declarando justo o pecador que crê em Jesus. Podemos então nos vangloriar de ter feito algo para sermos aceitos por Deus? Não, pois nossa absolvição não vem pela obediência à lei, mas pela fé. Portanto, somos declarados justos por meio da fé, e não pela obediência à lei. Afinal, Deus é Deus apenas dos judeus? Não é também Deus dos gentios? Claro que sim! Existe um só Deus, e ele declara justos tanto judeus como gentios somente pela fé. Então, se enfatizamos a fé, quer dizer que podemos abolir a lei? Claro que não! Na realidade, é só quando temos fé que cumprimos verdadeiramente a lei. Do ponto de vista humano, Abraão foi o fundador de nossa nação. O que descobriu ele? Se suas boas obras o tivessem tornado justo, ele teria motivo para se vangloriar, mas não perante Deus. Pois as Escrituras dizem: “Abraão creu em Deus, e assim foi considerado justo”. O salário daquele que trabalha não é um presente, mas um direito. Contudo, ninguém é considerado justo com base em seu trabalho, mas sim por meio de sua fé em Deus, que declara justos os pecadores. Davi também falou a esse respeito quando descreveu a felicidade daqueles que são considerados justos sem terem trabalhado para isso: “Como são felizes aqueles cuja desobediência é perdoada, cujos pecados são cobertos! Sim, como são felizes aqueles cujo pecado o Senhor não leva mais em conta!”. Por acaso essa bênção é apenas para os judeus, ou se estende também aos gentios incircuncidados? Já dissemos que Deus considerou Abraão justo por meio de sua fé. Mas como isso aconteceu? Ele foi considerado justo somente depois de ter sido circuncidado, ou antes disso? Está claro que foi antes de ele ser circuncidado. A circuncisão era um sinal de que Abraão já possuía fé e de que Deus já o havia declarado justo, mesmo antes de ele ser circuncidado. Portanto, Abraão é o pai daqueles que têm fé mas não foram circuncidados. Eles são considerados justos por causa de sua fé. E Abraão também é o pai daqueles que foram circuncidados, mas somente se tiverem o mesmo tipo de fé que Abraão tinha antes de ser circuncidado. A promessa de que Abraão e seus descendentes herdariam toda a terra não se baseou em sua obediência à lei de Deus, mas sim no fato de ele ter sido considerado justo quando teve fé. Portanto, se a herança prometida é apenas para aqueles que obedecem à lei, a fé é desnecessária, e a promessa, anulada. Pois a lei traz ira sobre aqueles que tentam obedecer a ela. A única forma de não quebrar a lei é não ter lei nenhuma para quebrar! É por isso que a promessa vem pela fé, para que ela seja segundo a graça e, assim, alcance toda a descendência de Abraão, não somente os que vivem sob a lei, mas todos que têm fé como a que teve Abraão. Pois ele é o pai de todos que creem. Conforme aparece nas Escrituras: “Eu o fiz pai de muitas nações”. Isso aconteceu porque Abraão creu no Deus que traz os mortos de volta à vida e cria coisas novas do nada. Mesmo quando não havia motivo para ter esperança, Abraão a manteve, crendo que se tornaria o pai de muitas nações. Pois Deus lhe tinha dito: “Esse é o número de descendentes que você terá!”. E sua fé não se enfraqueceu, embora ele soubesse que, aos cem anos, seu corpo, bem como o ventre de Sara, já não tinham vigor. Em nenhum momento a fé de Abraão na promessa de Deus vacilou. Na verdade, ela se fortaleceu e, com isso, ele deu glória a Deus. Abraão estava plenamente convicto de que Deus é poderoso para cumprir tudo que promete. Por isso, por sua fé, ele foi considerado justo. E, quando Deus considerou Abraão justo, não o fez apenas para benefício dele. As Escrituras dizem que foi também para nosso benefício, pois elas garantem que também seremos considerados justos por crermos naquele que ressuscitou dos mortos a Jesus, nosso Senhor. Ele foi entregue à morte por causa de nossos pecados e foi ressuscitado para que fôssemos declarados justos diante de Deus. Portanto, uma vez que pela fé fomos declarados justos, temos paz com Deus por causa daquilo que Jesus Cristo, nosso Senhor, fez por nós. Foi por meio da fé que Cristo nos concedeu esta graça que agora desfrutamos com segurança e alegria, pois temos a esperança de participar da glória de Deus. Também nos alegramos ao enfrentar dificuldades e provações, pois sabemos que contribuem para desenvolvermos perseverança, e a perseverança produz caráter aprovado, e o caráter aprovado fortalece nossa esperança, e essa esperança não nos decepcionará, pois sabemos quanto Deus nos ama, uma vez que ele nos deu o Espírito Santo para nos encher o coração com seu amor. Quando estávamos completamente desamparados, Cristo veio na hora certa e morreu por nós, pecadores. É pouco provável que alguém morresse por um justo, embora talvez alguém se dispusesse a morrer por uma pessoa boa. Mas Deus nos prova seu grande amor ao enviar Cristo para morrer por nós quando ainda éramos pecadores. E, uma vez que fomos declarados justos por seu sangue, certamente seremos salvos da ira de Deus por meio dele. Pois, se quando ainda éramos inimigos de Deus nosso relacionamento com ele foi restaurado pela morte de seu Filho, agora que já estamos reconciliados certamente seremos salvos por sua vida. Agora, portanto, podemos nos alegrar em Deus, com quem fomos reconciliados por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. Quando Adão pecou, o pecado entrou no mundo, e com ele a morte, que se estendeu a todos, porque todos pecaram. É fato que as pessoas pecaram antes que a lei fosse concedida, mas, porque ela não existia, seus pecados não foram levados em conta. Mesmo assim, do tempo de Adão até o de Moisés, todos morreram, incluindo os que não desobedeceram a uma ordem explícita de Deus, como Adão desobedeceu. Na verdade, Adão é um símbolo, uma representação daquele que ainda haveria de vir. Mas há uma grande diferença entre o pecado de Adão e a dádiva de Deus. Pois o pecado de um único homem trouxe morte para muitos. Ainda maior, porém, é a graça de Deus e sua dádiva que veio sobre muitos por meio de um único homem, Jesus Cristo. E o resultado da dádiva de Deus é bem diferente do resultado do pecado de um único homem, pois enquanto o pecado de Adão levou à condenação, a dádiva de Deus nos possibilita ser declarados justos diante dele, apesar de nossos muitos pecados. A morte reinou sobre muitos por meio do pecado de um único homem. Ainda maior, porém, é a graça de Deus e sua dádiva de justiça, e todos que a recebem reinarão em vida por meio de um único homem, Jesus Cristo. É verdade que um só pecado de Adão trouxe condenação a todos, mas um só ato de justiça de Cristo removeu a culpa e trouxe vida a todos. Por causa da desobediência a Deus de uma só pessoa, muitos se tornaram pecadores. Mas, por causa da obediência de uma só pessoa a Deus, muitos serão declarados justos. A lei foi concedida para que todos percebessem a gravidade do pecado. Mas, à medida que o pecado aumentou, a graça se tornou ainda maior. Portanto, assim como o pecado reinou sobre todos e os levou à morte, agora reina a graça, que nos declara justos diante de Deus e resulta na vida eterna por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor. Pois bem, devemos continuar pecando para que Deus mostre cada vez mais sua graça? Claro que não! Uma vez que morremos para o pecado, como podemos continuar vivendo nele? Ou acaso se esqueceram de que, quando fomos unidos a Cristo Jesus no batismo, nos unimos a ele em sua morte? Pois, pelo batismo, morremos e fomos sepultados com Cristo. E, assim como ele foi ressuscitado dos mortos pelo poder glorioso do Pai, agora nós também podemos viver uma nova vida. Uma vez que nossa união com ele se assemelhou à sua morte, assim também nossa ressurreição será semelhante à dele. Sabemos que nossa velha natureza humana foi crucificada com Cristo, para que o pecado não tivesse mais poder sobre nossa vida e dele deixássemos de ser escravos. Pois, quando morremos com Cristo, fomos libertos do poder do pecado. Então, uma vez que morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos. Temos certeza disso, pois Cristo foi ressuscitado dos mortos e não mais morrerá. A morte já não tem nenhum poder sobre ele. Quando ele morreu, foi de uma vez por todas, para quebrar o poder do pecado. Mas agora que ele vive, é para a glória de Deus. Da mesma forma, considerem-se mortos para o poder do pecado e vivos para Deus em Cristo Jesus. Não deixem que o pecado reine sobre seu corpo, que está sujeito à morte, cedendo aos desejos pecaminosos. Não deixem que nenhuma parte de seu corpo se torne instrumento do mal para servir ao pecado, mas em vez disso entreguem-se inteiramente a Deus, pois vocês estavam mortos e agora têm nova vida. Portanto, ofereçam seu corpo como instrumento para fazer o que é certo para a glória de Deus. O pecado não é mais seu senhor, pois vocês já não vivem sob a lei, mas sob a graça de Deus. Pois bem, uma vez que a graça nos libertou da lei, quer dizer que podemos continuar pecando? Claro que não! Vocês não sabem que se tornam escravos daquilo a que escolhem obedecer? Podem ser escravos do pecado, que conduz à morte, ou podem escolher obedecer a Deus, que conduz à vida de justiça. Graças a Deus, porque antes vocês eram escravos do pecado, mas agora obedecem de todo o coração a este ensino que lhes transmitimos. Estão livres da escravidão do pecado e se tornaram escravos da justiça. Uso o exemplo da escravidão para ajudá-los a entender isso tudo, pois sua natureza humana é fraca. No passado, vocês se deixaram escravizar pela impureza e pela maldade, o que os fez afundar ainda mais no pecado. Agora, devem se entregar como escravos à vida de justiça, para que se tornem santos. Quando eram escravos do pecado, estavam livres da obrigação de fazer o que é certo. E qual foi o resultado? Hoje vocês se envergonham das coisas que costumavam fazer, coisas que acabam em morte. Agora, porém, estão livres do poder do pecado e se tornaram escravos de Deus. Fazem aquilo que conduz à santidade e resulta na vida eterna. Pois o salário do pecado é a morte, mas a dádiva de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor. Agora, irmãos, vocês que conhecem a lei, não sabem que ela se aplica apenas enquanto a pessoa vive? Por exemplo, quando uma mulher se casa, a lei a une a seu marido enquanto ele estiver vivo. No entanto, se ele morrer, as leis do casamento já não se aplicarão à mulher. Portanto, enquanto o marido estiver vivo, se ela se casar com outro homem, cometerá adultério. Mas, se o marido morrer, ela ficará livre dessa lei e não cometerá adultério ao se casar novamente. Assim, meus irmãos, vocês morreram para o poder da lei quando morreram com Cristo, e agora estão unidos com aquele que foi ressuscitado dos mortos. Como resultado, podemos produzir uma colheita de boas obras para Deus. Quando éramos controlados pela natureza humana, desejos pecaminosos atuavam dentro de nós, e a lei despertava esses desejos maus, que produziam uma colheita de obras pecaminosas cujo resultado era a morte. Agora, porém, fomos libertos da lei, pois morremos para ela e já não estamos presos a seu poder. Podemos servir a Deus não da maneira antiga, obedecendo à letra da lei, mas da maneira nova, vivendo no Espírito. Por acaso estou dizendo que a lei de Deus é pecaminosa? Claro que não! Na verdade, foi a lei que me mostrou meu pecado. Eu jamais saberia que cobiçar é errado se a lei não dissesse: “Não cobice”. Mas o pecado usou esse mandamento para despertar dentro de mim todo tipo de desejo cobiçoso. Se não houvesse lei, o pecado não teria esse poder. Houve um tempo em que eu vivia sem a lei. No entanto, quando tomei conhecimento do mandamento, o pecado ganhou vida, e eu morri. Assim, descobri que os mandamentos da lei, que deveriam trazer vida, trouxeram, em vez disso, morte. O pecado se aproveitou desses mandamentos e me enganou, e fez uso deles para me matar. Isso, porém, só demonstra que a lei em si é santa, e santos, justos e bons são seus mandamentos. Mas, então, a lei, que é boa, foi responsável por minha morte? Claro que não! O pecado usou o que era bom para me condenar à morte. Vemos, com isso, como o pecado é terrível, usando os bons mandamentos de Deus para seus próprios fins perversos. O problema não está na lei, pois ela é espiritual e boa. O problema está em mim, pois sou humano, escravo do pecado. Não entendo a mim mesmo, pois quero fazer o que é certo, mas não o faço. Em vez disso, faço aquilo que odeio. Mas, se eu sei que o que faço é errado, isso mostra que concordo que a lei é boa. Portanto, não sou eu quem faz o que é errado, mas o pecado que habita em mim. E eu sei que em mim, isto é, em minha natureza humana, não há nada de bom, pois quero fazer o que é certo, mas não consigo. Quero fazer o bem, mas não o faço. Não quero fazer o que é errado, mas, ainda assim, o faço. Então, se faço o que não quero, na verdade não sou eu quem o faz, mas o pecado que habita em mim. Assim, descobri esta lei em minha vida: quando quero fazer o que é certo, percebo que o mal está presente em mim. Amo a lei de Deus de todo o coração. Contudo, há outra lei dentro de mim que está em guerra com minha mente e me torna escravo do pecado que permanece dentro de mim. Como sou miserável! Quem me libertará deste corpo mortal dominado pelo pecado? Graças a Deus, a resposta está em Jesus Cristo, nosso Senhor. Na mente, quero, de fato, obedecer à lei de Deus, mas, por causa de minha natureza humana, sou escravo do pecado. Agora, portanto, já não há nenhuma condenação para os que estão em Cristo Jesus. Pois em Cristo Jesus a lei do Espírito que dá vida os libertou da lei do pecado, que leva à morte. A lei não era capaz de nos salvar por causa da fraqueza de nossa natureza humana, por isso Deus fez o que a lei era incapaz de fazer ao enviar seu Filho na semelhança de nossa natureza humana pecaminosa e apresentá-lo como sacrifício por nosso pecado. Com isso, declarou o fim do domínio do pecado sobre nós, de modo que nós, que agora não seguimos mais nossa natureza humana, mas sim o Espírito, possamos cumprir as justas exigências da lei. Aqueles que são dominados pela natureza humana pensam em coisas da natureza humana, mas os que são controlados pelo Espírito pensam em coisas que agradam o Espírito. Portanto, permitir que a natureza humana controle a mente resulta em morte, mas permitir que o Espírito controle a mente resulta em vida e paz. Pois a mentalidade da natureza humana é sempre inimiga de Deus. Nunca obedeceu às leis de Deus, e nunca obedecerá. Por isso aqueles que ainda estão sob o domínio de sua natureza humana não podem agradar a Deus. Vocês, porém, não são controlados pela natureza humana, mas pelo Espírito, se de fato o Espírito de Deus habita em vocês. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, a ele não pertence. Uma vez que Cristo habita em vocês, embora o corpo morra por causa do pecado, o Espírito lhes dá vida porque vocês foram declarados justos diante de Deus. E, se o Espírito de Deus que ressuscitou Jesus dos mortos habita em vocês, o Deus que ressuscitou Cristo Jesus dos mortos dará vida a seu corpo mortal, por meio desse mesmo Espírito que habita em vocês. Portanto, irmãos, vocês não têm de fazer o que sua natureza humana lhes pede, porque, se viverem de acordo com as exigências dela, morrerão. Se, contudo, pelo poder do Espírito, fizerem morrer as obras do corpo, viverão, porque todos que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Pois vocês não receberam um espírito que os torne, de novo, escravos medrosos, mas sim o Espírito de Deus, que os adotou como seus próprios filhos. Agora nós o chamamos “ Aba, Pai”, pois o seu Espírito confirma a nosso espírito que somos filhos de Deus. Se somos seus filhos, então somos seus herdeiros e, portanto, co-herdeiros com Cristo. Se de fato participamos de seu sofrimento, participaremos também de sua glória. Considero que nosso sofrimento de agora não é nada comparado com a glória que ele nos revelará mais tarde. Pois toda a criação aguarda com grande expectativa o dia em que os filhos de Deus serão revelados. Toda a criação, não por vontade própria, foi submetida por Deus a uma existência fútil, na esperança de que, com os filhos de Deus, a criação seja gloriosamente liberta da decadência que a escraviza. Pois sabemos que, até agora, toda a criação geme, como em dores de parto. E nós, os que cremos, também gememos, embora tenhamos o Espírito em nós como antecipação da glória futura, pois aguardamos ansiosos pelo dia em que desfrutaremos nossos direitos de adoção, incluindo a redenção de nosso corpo. Recebemos essa esperança quando fomos salvos. (Se já temos alguma coisa, não há necessidade de esperar por ela, mas, se esperamos por algo que ainda não temos, devemos fazê-lo com paciência e confiança.) E o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos orar segundo a vontade de Deus, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos que não podem ser expressos em palavras. E o Pai, que conhece cada coração, sabe quais são as intenções do Espírito, pois o Espírito intercede por nós, o povo santo, segundo a vontade de Deus. E sabemos que Deus faz todas as coisas cooperarem para o bem daqueles que o amam e que são chamados de acordo com seu propósito. Pois Deus conheceu de antemão os seus e os predestinou para se tornarem semelhantes à imagem de seu Filho, a fim de que ele fosse o primeiro entre muitos irmãos. Depois de predestiná-los ele os chamou, e depois de chamá-los, os declarou justos, e depois de declará-los justos, lhes deu sua glória. Que podemos dizer diante de coisas tão maravilhosas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Se ele não poupou nem mesmo seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, acaso não nos dará todas as outras coisas? Quem se atreve a acusar os escolhidos de Deus? Ninguém, pois o próprio Deus nos declara justos diante dele. Quem nos condenará, então? Ninguém, pois Cristo Jesus morreu e ressuscitou e está sentado no lugar de honra, à direita de Deus, intercedendo por nós. O que nos separará do amor de Cristo? Serão aflições ou calamidades, perseguições ou fome, miséria, perigo ou ameaças de morte? Como dizem as Escrituras: “Por causa de ti, enfrentamos a morte todos os dias; somos como ovelhas levadas para o matadouro”. Mas, apesar de tudo isso, somos mais que vencedores por meio daquele que nos amou. E estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o que existe hoje nem o que virá no futuro, nem poderes, nem altura nem profundidade, nada, em toda a criação, jamais poderá nos separar do amor de Deus revelado em Cristo Jesus, nosso Senhor. Digo-lhes a verdade, tendo Cristo como testemunha, e minha consciência e o Espírito Santo a confirmam. Meu coração está cheio de amarga tristeza e angústia sem fim por meu povo, meus irmãos judeus. Eu estaria disposto a ser amaldiçoado para sempre, separado de Cristo, se isso pudesse salvá-los. Eles são o povo de Israel, escolhidos para serem filhos adotivos de Deus. Ele lhes revelou sua glória, fez uma aliança com eles e lhes deu sua lei e o privilégio de adorá-lo e receber suas promessas. Do povo de Israel vêm os patriarcas, e o próprio Cristo, quanto à sua natureza humana, era israelita. E ele é Deus, aquele que governa sobre todas as coisas e é digno de louvor eterno! Amém. Acaso Deus deixou de cumprir sua promessa a Israel? Não, pois nem todos os descendentes de Israel pertencem, de fato, ao povo de Deus. Só porque são descendentes de Abraão não significa que são, verdadeiramente, filhos de Abraão. Pois as Escrituras dizem: “Isaque é o filho de quem depende a sua descendência”. Isso significa que os descendentes físicos de Abraão não são, necessariamente, filhos de Deus. Apenas os filhos da promessa são considerados filhos de Abraão. Pois Deus havia prometido: “Voltarei por esta época, e Sara terá um filho”. Esse fato não é único. Também Rebeca ficou grávida de nosso antepassado Isaque e deu à luz gêmeos. Antes de eles nascerem, porém, antes mesmo de terem feito qualquer coisa boa ou má, ela recebeu uma mensagem de Deus. (Essa mensagem mostra que Deus escolhe as pessoas conforme os propósitos dele e as chama sem levar em conta as obras que praticam.) Foi dito a Rebeca: “Seu filho mais velho servirá a seu filho mais novo”. Nas palavras das Escrituras: “Amei Jacó, mas rejeitei Esaú”. Estamos dizendo, então, que Deus foi injusto? Claro que não! Pois Deus disse a Moisés: “Terei misericórdia de quem eu quiser, e mostrarei compaixão a quem eu quiser”. Portanto, a misericórdia depende apenas de Deus, e não de nosso desejo nem de nossos esforços. Pois as Escrituras afirmam que Deus disse ao faraó: “Eu o coloquei em posição de autoridade com o propósito de mostrar em você meu poder e propagar meu nome por toda a terra”. Como podem ver, ele escolhe ter misericórdia de alguns e endurecer o coração de outros. Mas algum de vocês dirá: “Então por que Deus os culpa? Não estão apenas cumprindo a vontade dele?”. Ora, quem é você, mero ser humano, para discutir com Deus? Acaso o objeto criado pode dizer àquele que o criou: “Por que você me fez assim?” O oleiro não tem o direito de usar o mesmo barro para fazer um vaso para uso especial e outro para uso comum? Da mesma forma, Deus tem o direito de mostrar sua ira e seu poder, suportando com muita paciência aqueles que são objeto de sua ira, preparados para a destruição. Ele age desse modo para que as riquezas de sua glória brilhem com esplendor ainda maior sobre aqueles dos quais ele tem misericórdia, aqueles que ele preparou previamente para a glória. E nós estamos entre os que ele chamou, tanto dentre os judeus como dentre os gentios. A esse respeito, Deus diz na profecia de Oseias: “Chamarei ‘meu povo’ aqueles que não eram meu povo, e amarei aqueles que antes eu não amava”. E também: “No lugar onde lhes foi dito: ‘Vocês não são meu povo’, eles serão chamados ‘filhos do Deus vivo’”. E, a respeito de Israel, o profeta Isaías clamou: “Embora o povo de Israel seja numeroso como a areia do mar, apenas um remanescente será salvo. Pois o Senhor executará sua sentença sobre a terra de modo rápido e decisivo”. E, como Isaías tinha dito em outra passagem: “Se o Senhor dos Exércitos não houvesse poupado alguns de nossos filhos, teríamos sido exterminados como Sodoma e destruídos como Gomorra”. Que significa tudo isso? Embora os gentios não buscassem seguir as normas de Deus, foram declarados justos, e isso aconteceu pela fé. Já o povo de Israel, que se esforçou tanto para cumprir a lei a fim de se tornar justo, nunca teve sucesso. Por que não? Porque tentaram se tornar justos por meio de suas obras, e não pela fé. Tropeçaram na grande pedra em seu caminho, e a esse respeito as Escrituras afirmam: “Ponho em Sião uma pedra que os faz tropeçar, uma rocha que os faz cair. Mas quem confiar nele jamais será envergonhado”. Irmãos, o desejo de meu coração e minha oração a Deus é que o povo de Israel seja salvo. Sei da dedicação deles por Deus, mas é entusiasmo sem entendimento. Pois, não entendendo a maneira como Deus declara as pessoas justas diante dele, apegam-se a seu próprio modo de se tornar justos tentando seguir a lei, e recusam a maneira de Deus. Pois Cristo é o propósito para o qual a lei foi dada. Como resultado, todo o que nele crê é declarado justo. Moisés escreve que o modo pelo qual a lei torna alguém justo exige obediência a todos os seus mandamentos. Mas o modo pelo qual a fé torna alguém justo diz: “Não diga em seu coração: ‘Quem subirá ao céu?’ (para trazer Cristo para a terra). E não diga: ‘Quem descerá ao lugar dos mortos?’ (para trazer Cristo de volta à vida)”. Na verdade, diz: “A mensagem está bem perto; está em seus lábios e em seu coração”. E essa mensagem é a mesma que anunciamos a respeito da fé: se você declarar com sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dos mortos, será salvo. Pois é crendo de coração que você é declarado justo, e é declarando com a boca que você é salvo. Como dizem as Escrituras: “Quem confiar nele jamais será envergonhado”. Nesse sentido, não há diferença entre judeus e gentios, uma vez que ambos têm o mesmo Senhor, que abençoa generosamente todos que o invocam. Pois “todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”. Mas como poderão invocá-lo se não crerem nele? E como crerão nele se jamais tiverem ouvido a seu respeito? E como ouvirão a seu respeito se ninguém lhes falar? E como alguém falará se não for enviado? Por isso as Escrituras dizem: “Como são belos os pés dos mensageiros que trazem boas-novas!”. Nem todos, porém, aceitam as boas-novas, pois o profeta Isaías disse: “Senhor, quem creu em nossa mensagem?”. Portanto, a fé vem por ouvir, isto é, por ouvir as boas-novas a respeito de Cristo. Mas eu pergunto: o povo de Israel ouviu, de fato, a mensagem? Sim, eles ouviram: “Sua mensagem chegou a toda a terra, e suas palavras alcançaram os confins do mundo”. Volto a perguntar: será que o povo de Israel entendeu? Sim, eles entenderam, pois, já no tempo de Moisés, Deus disse: “Provocarei seu ciúme por meio de um povo que nem sequer é nação. Provocarei sua ira por meio de gentios insensatos”. E, mais tarde, Isaías se pronunciou com ousadia: “Fui encontrado por aqueles que não me procuravam. Revelei-me àqueles que não perguntavam por mim”. A respeito de Israel, porém, diz: “O dia todo abri meus braços para eles, mas foram desobedientes e rebeldes”. Então pergunto: Deus rejeitou seu povo, a nação de Israel? Claro que não! Eu mesmo sou israelita, descendente de Abraão e membro da tribo de Benjamim. Não, Deus não rejeitou seu povo, que conheceu de antemão. Vocês sabem o que as Escrituras dizem a esse respeito? O profeta Elias se queixou a Deus sobre o povo de Israel, dizendo: “Senhor, eles mataram teus profetas e derrubaram teus altares. Sou o único que restou, e agora também procuram me matar”. E vocês se lembram da resposta de Deus? Ele disse: “Ainda tenho outros sete mil que jamais se prostraram diante de Baal”. O mesmo acontece hoje, pois uns poucos do povo de Israel permaneceram fiéis, escolhidos pela graça de Deus. E, se a escolha se dá pela graça de Deus, então não se baseia nas obras deles, pois nesse caso a graça deixaria de ser o que verdadeiramente é, ou seja, gratuita e imerecida. Portanto, a situação é esta: a maioria do povo de Israel não encontrou o que tanto buscava, mas uns poucos, aqueles que Deus havia escolhido, o encontraram, enquanto o coração dos demais foi endurecido. Como dizem as Escrituras: “Deus os fez cair em sono profundo. Até hoje, fechou-lhes os olhos para que não vejam, e tapou-lhes os ouvidos para que não ouçam”. Da mesma forma, Davi disse: “Que sua mesa farta se transforme em laço, em armadilha que os faça pensar que tudo vai bem. Que seus privilégios os façam tropeçar, e que recebam o que merecem. Que seus olhos se escureçam para que não vejam, e que suas costas fiquem encurvadas para sempre”. Acaso o povo de Deus tropeçou e caiu sem possibilidade de se levantar? Claro que não! Foram desobedientes e, por isso, Deus tornou a salvação acessível aos gentios, para que seu próprio povo sentisse ciúme. Se os gentios foram enriquecidos porque os israelitas fracassaram ao rejeitar a salvação que Deus lhes oferece, imaginem como será maior a bênção para o mundo quando Israel for plenamente restaurado! Dirijo-me especialmente a vocês, gentios. E, uma vez que fui designado apóstolo aos gentios, enfatizo isso porque desejo que, de algum modo, o povo de Israel sinta ciúme e assim eu possa levar alguns deles à salvação. Pois, se a rejeição deles possibilitou que o resto do mundo se reconciliasse com Deus, a aceitação será ainda mais maravilhosa. Será vida para os que estavam mortos! Se a parte da massa entregue como oferta é santa, então toda ela é santa. E, se as raízes da árvore são santas, os ramos também o serão. Mas alguns desses ramos, alguns do povo de Israel, foram cortados. E vocês, gentios, que eram ramos de uma oliveira brava, foram enxertados na árvore. Agora, portanto, participam do alimento nutritivo que vem da raiz da oliveira especial de Deus. No entanto, não devem se orgulhar de terem sido enxertados no lugar dos ramos que foram cortados, pois é a raiz que sustenta o ramo, e não o contrário. Talvez digam: “Esses ramos foram cortados para abrir espaço para nós”. É verdade, mas lembrem-se de que esses ramos foram cortados porque não creram e que vocês estão ali porque creem. Portanto, não se orgulhem, mas temam o que poderia acontecer. Pois, se Deus não poupou os ramos naturais, também não poupará vocês. Observem como Deus é, ao mesmo tempo, bondoso e severo. É severo com os que lhe desobedecem, mas é bondoso com vocês, desde que continuem a confiar em sua bondade. Mas, se deixarem de confiar, também serão cortados. E, se o povo de Israel abandonar sua incredulidade, será enxertado novamente, pois Deus tem poder para enxertá-los de volta na árvore. Vocês eram, por natureza, o ramo cortado de uma oliveira brava. Portanto, se Deus se mostrou disposto a fazer algo contrário à natureza ao enxertá-los em sua árvore cultivada, estará ainda mais disposto a enxertar os ramos naturais de volta na árvore da qual eles fazem parte. Irmãos, quero que vocês entendam este mistério para que não se orgulhem de si mesmos. Alguns do povo de Israel têm o coração endurecido, mas isso durará apenas até que o tempo dos gentios se complete. E assim todo o Israel será salvo. Como dizem as Escrituras: “O libertador virá de Sião e afastará Israel da impiedade. E esta é minha aliança com eles: eu removerei seus pecados”. Muitos do povo de Israel agora são inimigos das boas-novas, e isso beneficia vocês, gentios. No entanto, porque ele escolheu seus patriarcas, eles ainda são o povo que Deus ama. Pois as bênçãos de Deus e o seu chamado jamais podem ser anulados. Em outros tempos, vocês, gentios, foram rebeldes contra Deus, mas agora, por causa da desobediência deles, vocês receberam misericórdia. Agora eles são os rebeldes, e Deus foi misericordioso com vocês, para que eles também participem da misericórdia dele. Pois Deus colocou a todos debaixo da desobediência para que de todos tivesse misericórdia. Como são grandes as riquezas, a sabedoria e o conhecimento de Deus! É impossível entendermos suas decisões e seus caminhos! “Pois quem conhece os pensamentos do Senhor? Quem sabe o suficiente para aconselhá-lo?” “Quem lhe deu primeiro alguma coisa, para que ele precise depois retribuir?” Pois todas as coisas vêm dele, existem por meio dele e são para ele. A ele seja toda a glória para sempre! Amém. Portanto, irmãos, suplico-lhes que entreguem seu corpo a Deus, por causa de tudo que ele fez por vocês. Que seja um sacrifício vivo e santo, do tipo que Deus considera agradável. Essa é a verdadeira forma de adorá-lo. Não imitem o comportamento e os costumes deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma mudança em seu modo de pensar, a fim de que experimentem a boa, agradável e perfeita vontade de Deus para vocês. Com base na graça que recebi, dou a cada um de vocês a seguinte advertência: não se considerem melhores do que realmente são. Antes, sejam honestos em sua autoavaliação, medindo-se de acordo com a fé que Deus nos deu. Da mesma forma que nosso corpo tem vários membros e cada membro, uma função específica, assim é também com o corpo de Cristo. Somos membros diferentes do mesmo corpo, e todos pertencemos uns aos outros. Deus, em sua graça, nos concedeu diferentes dons. Portanto, se você tiver a capacidade de profetizar, faça-o de acordo com a proporção de fé que recebeu. Se tiver o dom de servir, sirva com dedicação. Se for mestre, ensine bem. Se seu dom consistir em encorajar pessoas, encoraje-as. Se for o dom de contribuir, dê com generosidade. Se for o de exercer liderança, lidere de forma responsável. E, se for o de demonstrar misericórdia, pratique-o com alegria. Amem as pessoas sem fingimento. Odeiem tudo que é mau. Apeguem-se firmemente ao que é bom. Amem-se com amor fraternal e tenham prazer em honrar uns aos outros. Jamais sejam preguiçosos, mas trabalhem com dedicação e sirvam ao Senhor com entusiasmo. Alegrem-se em nossa esperança. Sejam pacientes nas dificuldades e não parem de orar. Quando membros do povo santo passarem por necessidade, ajudem com prontidão. Estejam sempre dispostos a praticar a hospitalidade. Abençoem aqueles que os perseguem. Não os amaldiçoem, mas orem para que Deus os abençoe. Alegrem-se com os que se alegram e chorem com os que choram. Vivam em harmonia uns com os outros. Não sejam orgulhosos, mas tenham amizade com gente de condição humilde. E não pensem que sabem tudo. Nunca paguem o mal com o mal. Pensem sempre em fazer o que é melhor aos olhos de todos. No que depender de vocês, vivam em paz com todos. Amados, nunca se vinguem; deixem que a ira de Deus se encarregue disso, pois assim dizem as Escrituras: “A vingança cabe a mim, eu lhes darei o troco, diz o Senhor”. Pelo contrário: “Se seu inimigo estiver com fome, dê-lhe de comer; se estiver com sede, dê-lhe de beber. Ao fazer isso, amontoará brasas vivas sobre a cabeça dele”. Não deixem que o mal os vença, mas vençam o mal praticando o bem. Todos devem sujeitar-se às autoridades, pois toda autoridade vem de Deus, e aqueles que ocupam cargos de autoridade foram ali colocados por ele. Portanto, quem se rebela contra a autoridade se rebela contra o Deus que a instituiu e será punido. Pois as autoridades não causam temor naqueles que fazem o que é certo, mas sim nos que fazem o que é errado. Você deseja viver livre do medo das autoridades? Faça o que é certo, e elas o honrarão. As autoridades estão a serviço de Deus, para o seu bem. Mas, se você estiver fazendo algo errado, é evidente que deve temer, pois elas têm o poder de puni-lo, pois estão a serviço de Deus para castigar os que praticam o mal. Portanto, sujeitem-se a elas, não apenas para evitar a punição, mas também para manter a consciência limpa. É por esse motivo também que vocês pagam impostos, pois as autoridades estão a serviço de Deus no trabalho que realizam. Deem a cada um o que lhe é devido: paguem os impostos e tributos àqueles que os recolhem e honrem e respeitem as autoridades. Não devam nada a ninguém, a não ser o amor de uns pelos outros. Quem ama seu próximo cumpre os requisitos da lei de Deus. Pois os mandamentos dizem: “Não cometa adultério. Não mate. Não roube. Não cobice”. Esses e outros mandamentos semelhantes se resumem num só: “Ame o seu próximo como a si mesmo”. O amor não faz o mal ao próximo, portanto o amor cumpre todas as exigências da lei de Deus. Tudo isso é ainda mais urgente porque vocês sabem como é tarde; o tempo está se esgotando. Despertem, pois nossa salvação está mais próxima agora do que quando cremos no início. A noite está quase acabando, e logo vem o dia. Portanto, deixem de lado as obras das trevas como se fossem roupas sujas e vistam a armadura da luz. Uma vez que pertencemos ao dia, vivamos com decência, à vista de todos. Não participem de festanças desregradas, de bebedeiras, de promiscuidade sexual e de práticas imorais, e não se envolvam em brigas nem em invejas. Em vez disso, revistam-se do Senhor Jesus Cristo e não fiquem imaginando formas de satisfazer seus desejos pecaminosos. Aceitem os que são fracos na fé e não discutam sobre as opiniões deles acerca do que é certo ou errado. Por exemplo, um irmão crê que não é errado comer qualquer coisa. Outro, porém, que é mais fraco, come somente legumes e verduras. Quem se sente à vontade para comer de tudo não deve desprezar quem não o faz. E quem não come certos alimentos não deve condenar quem o faz, pois Deus os aceitou. Quem são vocês para condenar os servos de outra pessoa? O senhor deles julgará se estão em pé ou se caíram. E, com a ajuda de Deus, ficarão em pé e receberão a aprovação dele. Da mesma forma, há quem considere um dia mais sagrado que outro, enquanto outros acreditam que todos os dias são iguais. Cada um deve estar plenamente convicto do que faz. Quem adora a Deus num dia especial o faz para honrá-lo. Quem come qualquer tipo de alimento também o faz para honrar o Senhor, uma vez que dá graças a Deus antes de comer. E quem se recusa a comer certos alimentos deseja, igualmente, agradar ao Senhor e por isso dá graças a Deus. Pois não vivemos nem morremos para nós mesmos. Se vivemos, é para honrar o Senhor. E, se morremos, é para honrar o Senhor. Portanto, quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor. Por isso Cristo morreu e ressuscitou, para ser Senhor tanto dos vivos como dos mortos. Então por que você julga outro irmão? Por que o despreza? Lembre-se de que todos nós compareceremos diante do tribunal de Deus, pois as Escrituras dizem: “‘Tão certo como eu vivo’, diz o Senhor, ‘todo joelho se dobrará para mim, e toda língua declarará lealdade a Deus’”. Assim, cada um de nós será responsável por sua vida diante de Deus. Portanto, deixemos de julgar uns aos outros. Em vez disso, resolvam viver de modo a nunca fazer um irmão tropeçar e cair. Eu sei, e estou convencido com base na autoridade do Senhor Jesus, que nenhum alimento é por si mesmo impuro. Mas, se alguém considera errado ingerir determinado alimento, para essa pessoa ele é impuro. E, se outro irmão se aflige em razão do que você come, ao ingerir esse alimento você não age com amor. Não deixe que sua comida seja a causa da perdição de alguém por quem Cristo morreu. Desse modo, você não será criticado por fazer algo que, a seu ver, é bom. Pois o reino de Deus não diz respeito ao que comemos ou bebemos, mas a uma vida de justiça, paz e alegria no Espírito Santo. Se servirem a Cristo com essa atitude, agradarão a Deus e também receberão a aprovação das pessoas. Portanto, tenhamos como alvo a harmonia e procuremos edificar uns aos outros. Não destruam a obra de Deus por causa da comida. Embora todos os alimentos sejam aceitáveis, é errado comer algo que leve alguém a tropeçar. É melhor deixar de comer carne, ou de beber vinho, ou de fazer qualquer outra coisa que leve um irmão a tropeçar. Você tem direito a suas convicções, mas guarde isso entre você e Deus. Felizes são aqueles que não se sentem culpados por fazer algo que consideram correto. Mas, se você tem dúvidas quanto ao que deve ou não comer, será culpado se comer, pois vai contra suas convicções. Se faz qualquer coisa sem convicção, está pecando. Nós que somos fortes devemos ter consideração pelos fracos, e não agradar a nós mesmos. Devemos agradar ao próximo visando ao que é certo, com a edificação deles como alvo. Pois Cristo não viveu para agradar a si mesmo. Como dizem as Escrituras: “Os insultos dos que te insultam caem sobre mim”. Essas coisas foram registradas há muito tempo para nos ensinar, e as Escrituras nos dão paciência e ânimo para mantermos a esperança. Que Deus, aquele que concede paciência e ânimo, os ajude a viver em completa harmonia uns com os outros, como convém aos seguidores de Cristo Jesus. Então todos vocês poderão se unir em uma só voz para louvar e glorificar a Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, aceitem-se uns aos outros como Cristo os aceitou, para que Deus seja glorificado. Lembrem-se de que Cristo veio para servir aos judeus, a fim de mostrar que Deus é fiel às promessas feitas a seus patriarcas, e também para que os gentios glorifiquem a Deus por suas misericórdias, como dizem as Escrituras: “Por isso eu te louvarei entre os gentios; sim, cantarei louvores ao teu nome”. E dizem também: “Alegrem-se com o povo dele, ó gentios”. E ainda: “Louvem o Senhor, todos vocês, gentios; louvem-no, todos os povos”. E, em outra parte, o profeta Isaías disse: “Virá o herdeiro do trono de Davi e reinará sobre os gentios. Nele depositarão sua esperança”. Que Deus, a fonte de esperança, os encha inteiramente de alegria e paz, em vista da fé que vocês depositam nele, de modo que vocês transbordem de esperança, pelo poder do Espírito Santo. Meus irmãos, estou plenamente convencido de que vocês estão cheios de bondade. Conhecem essas coisas tão bem que podem ensiná-las uns aos outros. Ainda assim, atrevi-me a escrever a vocês sobre alguns desses assuntos, certo de que só precisam de um lembrete. Pois, pela graça de Deus, sou um mensageiro da parte de Cristo Jesus a vocês, os gentios. Anuncio-lhes as boas-novas para que se tornem oferta aceitável a Deus, separados pelo Espírito Santo. Tenho motivo, portanto, para me entusiasmar com o que Cristo Jesus tem feito por meio de meu serviço a Deus. E, no entanto, não ouso me vangloriar de nada, exceto do que Cristo fez por meu intermédio a fim de conduzir os gentios a Deus, por minha mensagem e pelo meu trabalho, convencendo-os pelo poder de sinais e maravilhas e pelo poder do Espírito de Deus. Assim, apresentei plenamente as boas-novas de Cristo desde Jerusalém até o Ilírico. Sempre me propus a anunciar as boas-novas onde o nome de Cristo nunca foi ouvido, para não construir sobre alicerce alheio. Pois, conforme dizem as Escrituras: “Aqueles aos quais ele nunca foi anunciado verão, e os que nunca ouviram falar dele entenderão”. É por isso, aliás, que há tanto tempo tenho adiado minha visita a vocês, porque estava pregando nesses lugares. Mas, agora que terminei meu trabalho nessas regiões, e depois de tantos anos de espera, estou ansioso para visitá-los. Planejo ir à Espanha e, quando for, espero passar por Roma. E, depois de ter desfrutado um pouco de sua companhia, vocês poderão me ajudar com a viagem. Antes de visitá-los, porém, devo ir a Jerusalém, para servir ao povo santo de lá. Pois os irmãos da Macedônia e da Acaia juntaram, de boa vontade, uma oferta para os pobres dentre o povo santo em Jerusalém. Ficaram contentes em fazê-lo, pois se sentem devedores deles. Porque os gentios receberam as bênçãos espirituais das boas-novas dos irmãos em Jerusalém, consideram que no mínimo podem retribuir ajudando-os financeiramente. Assim que eu tiver entregado o dinheiro e completado essa boa ação dos gentios, irei à Espanha, visitando vocês de passagem. E estou certo de que, quando for, Cristo abençoará ricamente nosso tempo juntos. Irmãos, peço-lhes em nome de nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor que lhes foi dado pelo Espírito Santo que se unam a mim em minha luta, orando a Deus em meu favor. Orem para que eu me livre dos que estão na Judeia e que se recusam a crer. Orem também para que o povo santo em Jerusalém se disponha a aceitar a oferta que estou levando. Então, pela vontade de Deus, poderei visitar vocês com o coração alegre e teremos um tempo de descanso juntos. Que o Deus que nos dá sua paz esteja com todos vocês. Amém. Recomendo-lhes nossa irmã Febe, que serve à igreja em Cencreia. Recebam-na no Senhor, como uma pessoa digna de honra no meio do povo santo. Ajudem-na no que ela precisar, pois tem sido de grande ajuda para muitos, especialmente para mim. Deem minhas saudações a Priscila e Áquila, meus colaboradores no serviço de Cristo Jesus. Certa vez, eles arriscaram a vida por mim. Sou grato a eles, e também o são todas as igrejas dos gentios. Saúdem a igreja que se reúne na casa deles. Saúdem também meu querido amigo Epêneto, que foi o primeiro seguidor de Cristo na província da Ásia. Saúdem Maria, que trabalhou tanto por vocês. Saúdem Andrônico e Júnias, meus compatriotas judeus que estiveram comigo na prisão. São muito respeitados entre os apóstolos e se tornaram seguidores de Cristo antes de mim. Saúdem Amplíato, meu querido amigo no Senhor. Saúdem Urbano, nosso colaborador em Cristo, e meu querido amigo Estáquis. Saúdem Apeles, um bom homem, aprovado por Cristo. Saúdem os que são da casa de Aristóbulo. Saúdem Herodião, meu compatriota judeu. Saúdem os da casa de Narciso que são do Senhor. Saúdem Trifena e Trifosa, obreiras do Senhor, e a estimada Pérside, que tem trabalhado com dedicação para o Senhor. Saúdem Rufo, a quem o Senhor escolheu, e também sua mãe, que tem sido mãe para mim. Saúdem Asíncrito, Flegonte, Hermes, Pátrobas, Hermas e os irmãos que se reúnem com eles. Saúdem Filólogo, Júlia, Nereu e sua irmã, e também Olimpas e todo o povo santo que se reúne com eles. Saúdem uns aos outros com beijo santo. Todas as igrejas de Cristo lhes enviam saudações. E agora, irmãos, peço-lhes que tomem cuidado com aqueles que causam divisões e perturbam a fé, ensinando coisas contrárias ao que vocês aprenderam. Fiquem longe deles. Esses indivíduos não servem a Cristo, nosso Senhor, mas apenas a seus próprios interesses, e enganam os inocentes com palavras suaves e bajulação. Mas todos sabem que vocês são obedientes ao Senhor, o que muito me alegra. Quero que sejam sábios quanto a fazer o bem e permaneçam inocentes de todo mal. Em breve o Deus da paz esmagará Satanás sob os pés de vocês. Que a graça de nosso Senhor Jesus seja com vocês. Timóteo, meu colaborador, lhes envia saudações, bem como Lúcio, Jasom e Sosípatro, meus compatriotas judeus. Eu, Tércio, que escrevo esta carta para Paulo, também envio minhas saudações no Senhor. Gaio os saúda. Estou hospedado em sua casa, onde ele também tem recebido toda a igreja. Erasto, tesoureiro da cidade, bem como nosso irmão Quarto, lhes enviam saudações. Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vocês. Amém. Toda a glória seja a Deus, que pode fortalecê-los, como afirmam as boas-novas. Essa mensagem a respeito de Jesus Cristo revelou seu plano, mantido em segredo desde o princípio dos tempos, mas que agora, como os escritos dos profetas predisseram e o Deus eterno ordenou, é anunciada aos gentios de toda parte, a fim de que eles também possam crer nele e lhe obedecer. Toda a glória para sempre ao Deus único e sábio, por meio de Jesus Cristo. Amém. Eu, Paulo, chamado para ser apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, escrevo esta carta, com nosso irmão Sóstenes, à igreja de Deus em Corinto, àqueles que ele santificou por meio de Cristo Jesus. Vocês foram chamados por Deus para ser seu povo santo junto com todos que, em toda parte, invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso. Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz. Sempre agradeço a meu Deus por vocês e pela graça que ele lhes tem dado em Cristo Jesus. Por meio dele Deus os enriqueceu em tudo, em toda capacidade de expressão e em todo entendimento. A mensagem a respeito de Cristo de fato se firmou em vocês, uma vez que nenhum dom espiritual lhes falta enquanto esperam ansiosamente pela volta de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele os manterá firmes até o fim, para que estejam livres de toda a culpa no dia de nosso Senhor Jesus Cristo. Deus é fiel, e ele os convidou a ter comunhão com seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor. Irmãos, suplico-lhes em nome de nosso Senhor Jesus Cristo que vivam em harmonia uns com os outros e ponham fim às divisões entre vocês. Antes, tenham o mesmo parecer, unidos em pensamento e propósito. Pois alguns membros da família de Cloe me informaram dos desentendimentos entre vocês, meus irmãos. Refiro-me ao fato de alguns dizerem: “Eu sigo Paulo”, enquanto outros afirmam: “Eu sigo Apolo”, ou “Eu sigo Pedro”, ou ainda, “Eu sigo Cristo”. Acaso Cristo foi dividido? Será que eu, Paulo, fui crucificado em favor de vocês? Alguém foi batizado em nome de Paulo? Graças a Deus, não batizei nenhum de vocês, exceto Crispo e Gaio, de modo que ninguém pode dizer que foi batizado em meu nome. Sim, também batizei a família de Estéfanas, mas não me lembro de ter batizado mais ninguém. Pois Cristo não me enviou para batizar, mas para anunciar as boas-novas, e não com palavras de sabedoria humana, para que a cruz de Cristo não perca seu poder. A mensagem da cruz é loucura para os que se encaminham para a destruição, mas para nós que estamos sendo salvos ela é o poder de Deus. Como dizem as Escrituras: “Destruirei a sabedoria dos sábios e rejeitarei a inteligência dos inteligentes”. Diante disso, onde ficam os sábios, os eruditos e os argumentadores desta era? Deus fez a sabedoria deste mundo parecer loucura. Visto que Deus, em sua sabedoria, providenciou que o mundo não o conhecesse por meio de sabedoria humana, usou a loucura de nossa pregação para salvar os que creem. Pois os judeus pedem sinais, e os gentios buscam sabedoria. Assim, quando pregamos que o Cristo foi crucificado, os judeus se ofendem, e os gentios dizem que é tolice. Mas, para os que foram chamados para a salvação, tanto judeus como gentios, Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus. Pois a “loucura” de Deus é mais sábia que a sabedoria humana, e a “fraqueza” de Deus é mais forte que a força humana. Lembrem-se, irmãos, de que poucos de vocês eram sábios aos olhos do mundo ou poderosos ou ricos quando foram chamados. Pelo contrário, Deus escolheu as coisas que o mundo considera loucura para envergonhar os sábios, assim como escolheu as coisas fracas para envergonhar os poderosos. Deus escolheu coisas desprezadas pelo mundo, tidas como insignificantes, e as usou para reduzir a nada aquilo que o mundo considera importante. Portanto, ninguém jamais se orgulhe na presença de Deus. Foi por iniciativa de Deus que vocês estão em Cristo Jesus, que se tornou a sabedoria de Deus em nosso favor, nos declarou justos diante de Deus, nos santificou e nos libertou do pecado. Portanto, como dizem as Escrituras: “Quem quiser orgulhar-se, orgulhe-se somente no Senhor”. Irmãos, na primeira vez que estive com vocês, não usei palavras eloquentes nem sabedoria humana para lhes apresentar o plano secreto de Deus. Pois decidi que, enquanto estivesse com vocês, me esqueceria de tudo exceto de Jesus Cristo, aquele que foi crucificado. Fui até vocês em fraqueza, atemorizado e trêmulo. Minha mensagem e minha pregação foram muito simples. Em vez de usar argumentos persuasivos e astutos, me firmei no poder do Espírito. Agi desse modo para que vocês não se apoiassem em sabedoria humana, mas no poder de Deus. No entanto, quando estamos entre pessoas maduras, falamos com palavras de sabedoria, mas não com o tipo de sabedoria desta era ou de seus governantes, que logo caem no esquecimento. Pelo contrário, a sabedoria a que nos referimos é o mistério de Deus, seu plano antes secreto e oculto, embora ele o tenha elaborado para nossa glória antes do começo do mundo. Os governantes desta era, por sua vez, não a entenderam, pois se a houvessem entendido não teriam crucificado o Senhor da glória. É a isso que as Escrituras se referem quando dizem: “Olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, e mente nenhuma imaginou o que Deus preparou para aqueles que o amam”. Mas foi a nós que Deus revelou estas coisas por seu Espírito. Pois o Espírito sonda todas as coisas, até os segredos mais profundos de Deus. Pois quem conhece os pensamentos de uma pessoa, senão o próprio espírito dela? Da mesma forma, ninguém conhece os pensamentos de Deus, senão o Espírito de Deus. E nós recebemos o Espírito de Deus, e não o espírito deste mundo, para que conheçamos as coisas maravilhosas que Deus nos tem dado gratuitamente. Quando lhes dizemos isso, não empregamos palavras vindas da sabedoria humana, mas palavras que nos foram ensinadas pelo Espírito, explicando verdades espirituais a pessoas espirituais. Mas o homem natural não aceita as verdades do Espírito de Deus. Elas lhe parecem loucura, e ele não consegue entendê-las, pois apenas quem é espiritual consegue avaliar corretamente o que diz o Espírito. Quem é espiritual pode avaliar todas as coisas, mas ele próprio não pode ser avaliado por outros. Pois, “Quem conhece os pensamentos do Senhor? Quem sabe o suficiente para instruí-lo?”. Mas nós temos a mente de Cristo. Irmãos, quando estive com vocês, não pude lhes falar como a pessoas espirituais, mas como se pertencessem a este mundo ou fossem criancinhas em Cristo. Tive de alimentá-los com leite, e não com alimento sólido, pois não estavam aptos para recebê-lo. E ainda não estão, porque ainda são controlados por sua natureza humana. Têm ciúme uns dos outros, discutem e brigam entre si. Acaso isso não mostra que são controlados por sua natureza humana e que vivem como pessoas do mundo? Quando um de vocês diz: “Eu sigo Paulo”, e o outro diz: “Eu sigo Apolo”, não estão agindo exatamente como as pessoas do mundo? Afinal, quem é Paulo? Quem é Apolo? Somos apenas servos de Deus por meio dos quais vocês vieram a crer. Cada um de nós fez o trabalho do qual o Senhor nos encarregou. Eu plantei e Apolo regou, mas quem fez crescer foi Deus. Não importa quem planta ou quem rega, mas sim Deus, que faz crescer. Quem planta e quem rega trabalham para o mesmo fim, e ambos serão recompensados por seu árduo trabalho. Pois nós somos colaboradores de Deus, e vocês são lavoura de Deus e edifício de Deus. Pela graça que me foi dada, lancei o alicerce como um construtor competente, e agora outros estão construindo sobre ele. Mas quem constrói sobre o alicerce precisa ter muito cuidado, pois ninguém pode lançar outro alicerce além daquele que já foi posto, isto é, Jesus Cristo. Aqueles que constroem sobre esse alicerce podem usar vários materiais: ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno ou palha. No dia do juízo, porém, o fogo revelará que tipo de obra cada construtor realizou, e o fogo mostrará se a obra tem algum valor. Se ela sobreviver, o construtor receberá recompensa. Se ela queimar, o construtor sofrerá grande prejuízo, mas será salvo como alguém que é resgatado do meio do fogo. Vocês não entendem que são o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês? Deus destruirá quem destruir seu templo. Pois o templo de Deus é santo, e vocês são esse templo. Que ninguém se engane. Se algum de vocês pensa que é sábio conforme os padrões desta era, deve tornar-se louco a fim de ser verdadeiramente sábio. Pois a sabedoria deste mundo é loucura para Deus. Como dizem as Escrituras: “Ele apanha os sábios na armadilha da própria astúcia deles”. E também: “O Senhor conhece os pensamentos dos sábios; sabe que nada valem”. Portanto, não se orgulhem de seguir líderes humanos, pois tudo lhes pertence: Paulo, Apolo ou Pedro, o mundo, a vida e a morte, o presente e o futuro. Tudo é de vocês, e vocês são de Cristo, e Cristo é de Deus. Portanto, devemos ser considerados simples servos de Cristo, encarregados de explicar os mistérios de Deus. De um encarregado espera-se que seja fiel. Quanto a mim, pouco importa como sou avaliado por vocês ou por qualquer autoridade humana. Na verdade, nem minha própria avaliação é importante. Minha consciência está limpa, mas isso não prova que estou certo. O Senhor é quem me avaliará e decidirá. Portanto, não julguem ninguém antes do tempo, antes que o Senhor volte. Pois ele trará à luz nossos segredos mais obscuros e revelará nossas intenções mais íntimas. Então Deus dará a cada um a devida aprovação. Irmãos, usei a mim mesmo e a Apolo para ilustrar o que lhes tenho dito. Se aprenderem a não ir além daquilo que está escrito, não se orgulharão de um à custa de outro. Pois que direito vocês têm de julgar desse modo? O que vocês têm que Deus não lhes tenha dado? E, se tudo que temos vem de Deus, por que nos orgulharmos como se não fosse uma dádiva? Vocês consideram que já têm tudo de que precisam. Pensam que já são ricos e até já começaram a reinar sem nós! Gostaria que, de fato, já estivessem reinando, pois então eu reinaria com vocês. Por vezes me parece que Deus colocou a nós, os apóstolos, em último lugar, como condenados à morte, espetáculo para o mundo inteiro, tanto para as pessoas como para os anjos. Nossa dedicação a Cristo nos faz parecer loucos, mas vocês afirmam ser sábios em Cristo. Nós somos fracos, mas vocês são fortes. Vocês são respeitados, mas nós somos ridicularizados. Até agora passamos fome e sede, e não temos roupa necessária para nos manter aquecidos. Somos espancados e não temos casa. Trabalhamos arduamente com as próprias mãos para obter sustento. Abençoamos quem nos amaldiçoa. Somos pacientes com quem nos maltrata. Respondemos com bondade quando falam mal de nós. E, no entanto, até o momento, temos sido tratados como a escória do mundo, como o lixo de todos. Não escrevo estas coisas para envergonhá-los, mas para adverti-los como meus filhos amados. Pois, ainda que tivessem dez mil mestres em Cristo, vocês não têm muitos pais, pois eu me tornei seu pai espiritual em Cristo Jesus por meio das boas-novas que lhes anunciei. Portanto, suplico-lhes que sejam meus imitadores. Por isso enviei Timóteo, meu filho amado e fiel no Senhor. Ele os lembrará de como sigo Cristo Jesus, de acordo com o que ensino em todas as igrejas, em qualquer lugar aonde vou. Alguns de vocês se tornaram arrogantes, pensando que não irei mais visitá-los. Mas eu irei, e logo, se o Senhor permitir, e então verei se esses arrogantes apenas fazem discursos pretensiosos ou se têm, de fato, o poder de Deus. Pois o reino de Deus não consiste apenas em palavras, mas em poder. O que vocês escolhem? Devo ir com vara para castigá-los ou com amor e espírito de mansidão? Comenta-se por toda parte que há imoralidade sexual em seu meio, imoralidade que nem mesmo os pagãos praticam. Soube de um homem entre vocês que mantém relações sexuais com a própria madrasta. Como podem se orgulhar disso? Deveriam lamentar-se e excluir de sua comunhão o homem que cometeu tamanha ofensa. Embora eu não esteja com vocês em pessoa, estou presente em espírito. E, como se estivesse aí, já condenei esse homem em nome do Senhor Jesus. Convoquem uma reunião. Estarei com vocês em meu espírito, e o poder de nosso Senhor Jesus também estará presente. Entreguem esse homem a Satanás, para que o corpo seja punido e o espírito seja salvo no dia do Senhor. Não é nada bom se orgulharem disso. Não percebem que esse pecado é como um pouco de fermento que leveda toda a massa? Livrem-se do fermento velho, para que sejam massa nova, sem fermento, o que de fato são. Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi sacrificado. Por isso, celebremos a festa não com o velho pão, fermentado com maldade e perversidade, mas com o novo pão da sinceridade e da verdade, sem nenhum fermento. Quando lhes escrevi antes, disse que não deviam se associar com pessoas que se entregam à imoralidade sexual. Com isso, porém, não me referia a descrentes que vivem em imoralidade sexual, ou são avarentos, ou exploram os outros, ou adoram ídolos. Vocês teriam de sair deste mundo para evitar pessoas desse tipo. O que eu queria dizer era que vocês não devem se associar a alguém que afirma ser irmão mas vive em imoralidade sexual, ou é avarento, ou adora ídolos, ou insulta as pessoas, ou é bêbado ou explora os outros. Nem ao menos comam com gente assim. Não cabe a mim julgar os de fora, mas certamente cabe a vocês julgar os que estão dentro. Deus julgará os de fora. Portanto, eliminem o mal do meio de vocês. Quando algum de vocês tem um desentendimento com outro irmão, como se atreve a recorrer a um tribunal e pedir que injustos decidam a questão em vez de levá-la ao povo santo? Vocês não sabem que um dia nós, os santos, julgaremos o mundo? E, uma vez que vocês julgarão o mundo, acaso não são capazes de decidir entre vocês nem mesmo essas pequenas causas? Não sabem que julgaremos os anjos? Que dizer, então, dos desentendimentos corriqueiros desta vida? Se vocês têm conflitos legais, por que levá-los para fora da igreja, a juízes que não fazem parte dela? Digo isso para envergonhá-los. Ninguém entre vocês tem sabedoria suficiente para resolver essas questões? Em vez disso, um irmão processa outro irmão diante dos descrentes! O simples fato de terem essas ações judiciais entre si já é uma derrota para vocês. Por que não aceitar a injustiça sofrida? Por que não arcar com o prejuízo? Em vez disso, vocês mesmos cometem injustiças e causam prejuízos até contra os próprios irmãos. Vocês não sabem que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não se enganem: aqueles que se envolvem em imoralidade sexual, adoram ídolos, cometem adultério, se entregam a práticas homossexuais, são ladrões, avarentos, bêbados, insultam as pessoas ou exploram os outros não herdarão o reino de Deus. Alguns de vocês eram assim, mas foram purificados e santificados, declarados justos diante de Deus no nome do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito de nosso Deus. “Tudo me é permitido”, mas nem tudo convém. “Tudo me é permitido”, mas não devo me tornar escravo de nada. “Os alimentos foram feitos para o estômago, e o estômago para os alimentos.” É verdade, mas um dia Deus acabará com os dois. Vocês, contudo, não podem dizer que nosso corpo foi feito para a imoralidade sexual. Ele foi feito para o Senhor, e o relacionamento que o Senhor tem conosco inclui nosso corpo. Portanto, Deus nos ressuscitará dos mortos por seu poder, assim como ressuscitou o Senhor. Vocês não sabem que seu corpo é, na realidade, membro de Cristo? Acaso um homem deve tomar seu corpo, que faz parte de Cristo, e uni-lo a uma prostituta? De maneira nenhuma! E vocês não sabem que se um homem se une a uma prostituta ele se torna um corpo com ela? Pois as Escrituras dizem: “Os dois se tornam um só”. Mas a pessoa que se une ao Senhor tem com ele uma união de espírito. Fujam da imoralidade sexual! Nenhum outro pecado afeta o corpo como esse, pois a imoralidade sexual é um pecado contra o próprio corpo. Vocês não sabem que seu corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vocês e lhes foi dado por Deus? Vocês não pertencem a si mesmos, pois foram comprados por alto preço. Portanto, honrem a Deus com seu corpo. Agora, quanto às perguntas que vocês me fizeram em sua carta, digo que é bom que o homem não toque em mulher. Mas, uma vez que há tanta imoralidade sexual, cada homem deve ter sua própria esposa, e cada mulher, seu próprio marido. O marido deve satisfazer as necessidades conjugais de sua esposa, e a esposa deve fazer o mesmo por seu marido. A esposa não tem autoridade sobre seu corpo, mas sim o marido. Da mesma forma, não é o marido que tem autoridade sobre seu corpo, mas sim a esposa. Não privem um ao outro de terem relações, a menos que ambos concordem em abster-se da intimidade sexual por certo tempo, a fim de se dedicarem de modo mais pleno à oração. Depois disso, unam-se novamente, para que Satanás não os tente por causa de sua falta de domínio próprio. Digo isso como concessão, e não como mandamento. Gostaria que todos fossem como eu, mas cada um tem seu próprio dom, concedido por Deus: um tem este tipo de dom, o outro, aquele. Portanto, digo aos solteiros e às viúvas: é melhor que permaneçam como eu. Mas, se não conseguirem se controlar, devem se casar. É melhor se casar que arder em desejo. Para os casados, porém, tenho uma ordem que não vem de mim, mas do Senhor: a esposa não deve se separar do marido. Mas, se o fizer, que permaneça solteira ou se reconcilie com ele. E o marido não deve se separar da esposa. Agora me dirijo aos demais, embora o Senhor não tenha dado instrução específica a respeito. Se um irmão for casado com uma mulher descrente e ela estiver disposta a continuar vivendo com ele, não se separe dela. E, se uma irmã for casada com um homem descrente e ele estiver disposto a continuar vivendo com ela, não se separe dele. Pois o marido descrente é santificado pela esposa, e a esposa descrente é santificada pelo marido. Do contrário, os filhos seriam impuros, mas eles são santos. Se, porém, o cônjuge descrente insistir em se separar, deixe-o ir. Nesses casos, o irmão ou a irmã não está mais preso à outra pessoa, pois Deus os chamou para viver em paz. Você, esposa, como sabe que seu marido poderia ser salvo por sua causa? E você, marido, como sabe que sua esposa poderia ser salva por sua causa? Cada um continue a viver na situação em que o Senhor o colocou, e cada um permaneça como estava quando Deus o chamou. Essa é minha regra para todas as igrejas. Se um homem foi circuncidado antes de crer, não deve tentar mudar sua condição. E, se um homem não foi circuncidado antes de crer, não o deve ser agora. Pois não faz diferença se ele foi circuncidado ou não. O importante é que obedeça aos mandamentos de Deus. Sim, cada um deve permanecer como estava quando Deus o chamou. Você foi chamado sendo escravo? Não deixe que isso o preocupe, mas, se tiver a oportunidade de ficar livre, aproveite-a. E, se você era escravo quando o Senhor o chamou, agora é livre no Senhor. E, se você era livre quando o Senhor o chamou, agora é escravo de Cristo. Vocês foram comprados por alto preço, portanto não se deixem escravizar pelo mundo. Cada um de vocês, irmãos, deve permanecer como estava quando Deus os chamou. Quanto à pergunta sobre as moças que ainda não se casaram, não tenho para elas um mandamento do Senhor. Em sua misericórdia, porém, o Senhor me deu sabedoria confiável, e eu a compartilharei com vocês. Tendo em vista as dificuldades de nosso tempo, creio que é melhor que permaneçam como estão. Se você já tem esposa, não procure se separar. Se não tem esposa, não procure se casar. Se, contudo, vier a se casar, não é pecado. E, se uma moça se casar, também não é pecado. No entanto, aqueles que se casarem em tempos como os atuais terão de enfrentar dificuldades, e minha intenção é poupá-los disso. Irmãos, isto é o que quero dizer: o tempo que resta é muito curto. Portanto, de agora em diante, aqueles que têm esposa devem agir como se não fossem casados. Aqueles que choram, que se alegram ou que compram coisas não devem se entregar totalmente à tristeza, à alegria ou aos bens. Aqueles que usam as coisas deste mundo não devem se apegar a elas, pois este mundo, como o conhecemos, logo passará. Quero que estejam livres das preocupações desta vida. O homem que não é casado tem mais tempo para se dedicar à obra do Senhor e pensar em como agradá-lo. Mas o homem casado precisa pensar em suas responsabilidades neste mundo e em como agradar sua esposa. Seus interesses estão divididos. Da mesma forma, a mulher que não é casada ou que nunca se casou pode se dedicar ao Senhor e ser santa de corpo e espírito. Mas a mulher casada precisa pensar em suas responsabilidades aqui na terra e em como agradar seu marido. Digo isso para seu bem, e não para lhes impor restrições. Quero que façam aquilo que os ajudará a servir melhor ao Senhor, com o mínimo possível de distrações. Se, contudo, um homem acredita que está tratando sua noiva de forma inapropriada e que seus impulsos vão além de suas forças, que se case com ela, como é desejo dele. Não é pecado. Mas, se tiver assumido um compromisso firme, e não houver urgência, e ele for capaz de controlar sua paixão, faz bem em não se casar. Portanto, quem se casa com sua noiva faz bem, e quem não se casa faz melhor ainda. A esposa está ligada ao marido enquanto ele viver. Se o marido morrer, ela está livre para se casar com quem quiser, desde que seja um irmão no Senhor. Em minha opinião, porém, seria melhor que ela não se casasse novamente, e creio que, ao dizer isso, lhes dou o conselho do Espírito de Deus. Quanto à pergunta sobre a comida sacrificada a ídolos, sabemos que todos temos conhecimento a esse respeito. Contudo, o conhecimento traz orgulho, enquanto o amor fortalece. Se alguém pensa que sabe tudo sobre algo, ainda não aprendeu como deveria. Mas quem ama a Deus é conhecido por ele. Então, o que dizer quanto ao alimento oferecido a ídolos? Bem, todos nós sabemos que, na verdade, o ídolo nada vale neste mundo, e que há somente um Deus. Sim, é fato que existem os que são chamados de deuses, por assim dizer, nos céus e na terra, e há pessoas que adoram muitos deuses e muitos senhores. Para nós, porém, Há somente um Deus, o Pai, por meio de quem todas as coisas foram criadas e para quem vivemos. E há somente um Senhor, Jesus Cristo, por meio de quem todas as coisas foram criadas e por meio de quem recebemos vida. No entanto, nem todos sabem disso. Alguns estão acostumados a pensar que os ídolos são de verdade, de modo que, ao comer alimentos oferecidos a eles, imaginam que estão adorando deuses de verdade, e sua consciência fraca é contaminada. Não obtemos a aprovação de Deus pelo que comemos. Não perdemos nada se não comemos, e se comemos, nada ganhamos. Contudo, tenham cuidado para que sua liberdade não leve outros de consciência mais fraca a tropeçar. Pois, se alguém vir você, que diz ter um conhecimento superior, comer no templo de um ídolo, acaso não será induzido a contaminar a própria consciência ao ingerir alimentos oferecidos a ídolos? Assim, por causa do seu conhecimento superior, um irmão fraco pelo qual Cristo morreu acaba se perdendo. E quando vocês pecam contra outros irmãos, incentivando-os a fazer algo que eles consideram errado, pecam contra Cristo. Portanto, se aquilo que eu como faz um irmão pecar, nunca mais comerei carne, pois não quero fazer meu irmão tropeçar. Acaso não sou livre como qualquer outro? Não sou apóstolo? Não vi Jesus, nosso Senhor, com meus próprios olhos? Não são vocês resultado de meu trabalho no Senhor? Mesmo que outros pensem que não sou apóstolo, certamente o sou para vocês. Vocês mesmos são prova de que sou apóstolo do Senhor. Esta é minha resposta aos que questionam minha autoridade. Acaso não temos o direito de receber comida e bebida por nosso trabalho? Não temos o direito de levar conosco uma esposa crente, como fazem os outros apóstolos, e como fazem os irmãos do Senhor e Pedro? Ou será que só Barnabé e eu precisamos trabalhar para nos sustentarmos? Que soldado precisa pagar pelas próprias despesas? Que agricultor planta uma videira e não tem direito de comer de seus frutos? Que pastor cuida de um rebanho e não tem permissão de tomar de seu leite? Será que expresso apenas uma opinião humana ou a lei diz o mesmo? Pois está escrito na lei de Moisés: “Não amordacem o boi para impedir que ele coma enquanto trilha os cereais”. Deus estava pensando apenas nos bois quando disse isso? Será que, na verdade, não estava se referindo a nós? Sim, essas palavras foram escritas a nosso respeito e, portanto, quem ara e quem trilha o cereal deve ter a esperança de receber uma parte da colheita. Se plantamos sementes espirituais entre vocês, não temos direito a uma colheita material? Se vocês sustentam outros que pregam a vocês, não temos ainda mais direito de receber o mesmo sustento? Mas nunca fizemos uso desse direito. Preferimos suportar qualquer coisa a fim de não sermos obstáculo para as boas-novas a respeito de Cristo. Vocês não sabem que os que trabalham no templo se alimentam das ofertas levadas ao templo, e os que servem diante do altar recebem uma parte dos sacrifícios oferecidos no altar? Da mesma forma, o Senhor ordenou que os que anunciam as boas-novas vivam pelas boas-novas. Contudo, nunca usei de nenhum desses direitos. Não escrevo isso para sugerir que desejo agora começar a fazê-lo. De fato, prefiro morrer a perder o privilégio de me orgulhar de pregar sem cobrar nada. E, no entanto, não posso me orgulhar de anunciar as boas-novas, pois sou impelido por Deus a fazê-lo. Ai de mim se não anunciar as boas-novas! Se o fizesse por minha própria iniciativa, mereceria pagamento. Mas não tenho escolha, pois Deus me confiou essa responsabilidade. Qual é, então, minha recompensa? É a oportunidade de anunciar as boas-novas sem cobrar nada de ninguém, de modo a não desfrutar os direitos que tenho por anunciar as boas-novas. Embora eu seja um homem livre, fiz-me escravo de todos para levar muitos a Cristo. Quando estive com os judeus, vivi como os judeus para levá-los a Cristo. Quando estive com os que seguem a lei judaica, vivi debaixo dessa lei. Embora não esteja sujeito à lei, agi desse modo para levar a Cristo aqueles que estão debaixo da lei. Quando estou com os que não seguem a lei judaica, também vivo de modo independente da lei para levá-los a Cristo. Não ignoro, porém, a lei de Deus, pois obedeço à lei de Cristo. Quando estou com os fracos, também me torno fraco, pois quero levar os fracos a Cristo. Sim, tento encontrar algum ponto em comum com todos, fazendo todo o possível para salvar alguns. Faço tudo isso para espalhar as boas-novas e participar de suas bênçãos. Vocês não sabem que, numa corrida, todos competem, mas apenas um ganha o prêmio? Portanto, corram para vencer. O atleta precisa ser disciplinado sob todos os aspectos. Ele se esforça para ganhar um prêmio perecível. Nós, porém, o fazemos para ganhar um prêmio eterno. Por isso não corro sem objetivo nem luto como quem dá golpes no ar. Disciplino meu corpo como um atleta, treinando-o para fazer o que deve, de modo que, depois de ter pregado a outros, eu mesmo não seja desqualificado. Irmãos, não quero que vocês se esqueçam do que aconteceu muito tempo atrás, quando nossos antepassados foram guiados por uma nuvem que ia adiante deles e atravessaram o mar. Na nuvem e no mar, todos foram batizados como seguidores de Moisés. Todos comeram do mesmo alimento espiritual e todos beberam da mesma água espiritual, pois beberam da rocha espiritual que os acompanhava, e essa rocha era Cristo. No entanto, Deus não se agradou da maioria deles, e seus corpos ficaram espalhados pelo deserto. Tais coisas aconteceram como advertência para nós, a fim de que não cobicemos o que é mau, como eles cobiçaram, nem adoremos ídolos, como alguns deles adoraram. Segundo as Escrituras, “todos comeram e beberam e se entregaram à farra”. E não devemos praticar a imoralidade sexual, como alguns deles praticaram, e morreram 23 mil pessoas num só dia. Também não devemos pôr Cristo à prova, como alguns deles puseram, e foram mortos por serpentes. E não se queixem como alguns deles se queixaram, e foram destruídos pelo anjo da morte. Essas coisas que aconteceram a eles nos servem como exemplo. Foram escritas como advertência para nós, que vivemos no fim dos tempos. Portanto, se vocês pensam que estão de pé, cuidem para que não caiam. As tentações em sua vida não são diferentes daquelas que outros enfrentaram. Deus é fiel, e ele não permitirá tentações maiores do que vocês podem suportar. Quando forem tentados, ele mostrará uma saída para que consigam resistir. Portanto, meus amados, fujam do culto aos ídolos. Vocês são pessoas sensatas. Julguem por si mesmos se o que digo é verdade. Quando abençoamos o cálice à mesa, não participamos do sangue de Cristo? E, quando partimos o pão, não participamos do corpo de Cristo? E, embora sejamos muitos, todos comemos do mesmo pão, mostrando que somos um só corpo. Pensem no povo de Israel. Acaso os que comiam dos sacrifícios não partilhavam do mesmo altar? Então, o que estou tentando dizer? Que a comida oferecida a ídolos tem alguma importância, ou que os ídolos são deuses de verdade? De maneira nenhuma! Estou dizendo que esses sacrifícios são oferecidos a demônios, e não a Deus. E não quero que vocês tenham parte com demônios. Vocês não podem beber do cálice do Senhor e também do cálice de demônios. Não podem participar da mesa do Senhor e também da mesa de demônios. Acaso nos atreveremos a despertar o ciúme do Senhor? Somos mais fortes que ele? “Tudo é permitido”, mas nem tudo convém. “Tudo é permitido”, mas nem tudo traz benefícios. Não se preocupem com seu próprio bem, mas com o bem dos outros. Portanto, vocês podem comer qualquer carne que é vendida no mercado sem questionar nada por motivo de consciência. Pois “do Senhor é a terra e tudo que nela há”. Se um descrente os convidar para uma refeição, aceitem o convite se desejarem. Comam o que lhes oferecerem, sem questionar nada por motivo de consciência. (Mas, se alguém lhes disser: “Esta carne foi oferecida a um ídolo”, não a comam por respeito à consciência da pessoa que os avisou. Talvez não seja uma questão de consciência para vocês, mas o é para a outra pessoa.) Afinal, por que minha liberdade deve ser limitada por aquilo que outros pensam? Por que serei eu condenado se comer algo pelo qual dei graças a Deus? Portanto, quer vocês comam, quer bebam, quer façam qualquer outra coisa, façam para a glória de Deus. Não ofendam nem os judeus, nem os gentios, nem a igreja de Deus, assim como também eu procuro agradar a todos em tudo que faço. Não faço apenas o que é melhor para mim; faço o que é melhor para os outros, a fim de que muitos sejam salvos. Sejam meus imitadores, como eu sou imitador de Cristo. Eu os elogio porque vocês sempre têm se lembrado de mim e têm seguido os ensinamentos que lhes transmiti. Mas quero que saibam de uma coisa: o cabeça de todo homem é Cristo, o cabeça da mulher é o homem, e o cabeça de Cristo é Deus. O homem desonra sua cabeça se a cobre para orar ou profetizar. Mas a mulher desonra sua cabeça se ora ou profetiza sem cobri-la, pois é como se tivesse raspado a cabeça. Se ela se recusa a cobrir a cabeça, deve também cortar todo o cabelo! Mas, uma vez que é vergonhoso a mulher cortar o cabelo ou raspar a cabeça, deve cobri-la. O homem não deve cobrir a cabeça, pois ele foi criado à imagem de Deus e reflete a glória de Deus. A mulher, porém, reflete a glória do homem. Pois o homem não veio da mulher, mas a mulher veio do homem. E o homem não foi criado para a mulher, mas a mulher foi criada para o homem. Por esse motivo, e também por causa dos anjos, a mulher deve cobrir a cabeça, para mostrar que está debaixo de autoridade. Entre o povo do Senhor, porém, as mulheres não são independentes dos homens, e os homens não são independentes das mulheres. Pois, embora a mulher tenha vindo do homem, o homem nasce da mulher, e tudo vem de Deus. Julguem por si mesmos: é correto uma mulher orar a Deus em público sem cobrir a cabeça? A natureza não deixa claro que é vergonhoso o homem ter cabelo comprido? E as mulheres não se orgulham de seu cabelo comprido? Pois ele lhes foi dado como manto. Mas, se alguém quiser discutir a esse respeito, digo simplesmente que não temos outro costume. E as outras igrejas de Deus pensam da mesma forma. Nas instruções a seguir, porém, não posso elogiá-los, pois, quando vocês se reúnem, fazem mais mal que bem. Primeiro, ouço que há divisões quando vocês se reúnem como igreja e, até certo ponto, eu o creio. Suponho que seja necessário haver divisões entre vocês para que se reconheçam os que são aprovados! Quando vocês se reúnem, não estão interessados de fato na ceia do Senhor. Alguns de vocês se apressam em comer a própria refeição; como resultado, alguns passam fome, enquanto outros ficam embriagados. Será que vocês não têm casa onde comer e beber? Ou querem mesmo envergonhar a igreja de Deus e humilhar os pobres? Que devo dizer? Querem que eu os elogie? Certamente não os elogiarei por isso! Pois eu lhes transmiti aquilo que recebi do Senhor. Na noite em que o Senhor Jesus foi traído, ele tomou o pão, agradeceu a Deus, partiu-o e disse: “Este é meu corpo, que é entregue por vocês. Façam isto em memória de mim”. Da mesma forma, depois da ceia, tomou o cálice e disse: “Este cálice é a nova aliança, confirmada com meu sangue. Façam isto em memória de mim, sempre que o beberem”. Porque cada vez que vocês comem desse pão e bebem desse cálice, anunciam a morte do Senhor até que ele venha. Assim, quem come do pão ou bebe do cálice do Senhor indignamente é culpado de pecar contra o corpo e o sangue do Senhor. Portanto, examinem-se antes de comer do pão e beber do cálice, pois, se comem do pão ou bebem do cálice sem honrar o corpo de Cristo, comem e bebem julgamento contra si mesmos. Por isso muitos de vocês estão fracos e doentes e alguns até adormeceram. Se examinássemos a nós mesmos, não seríamos julgados dessa maneira. Mas, quando somos julgados pelo Senhor, estamos sendo disciplinados para que não sejamos condenados com o mundo. Portanto, meus irmãos, quando se reunirem para comer, esperem uns pelos outros. Se estiverem com fome, comam em casa, a fim de não trazer julgamento sobre si mesmos ao se reunirem. Eu lhes darei instruções a respeito de outros assuntos depois que chegar aí. Agora, irmãos, quanto à sua pergunta sobre os dons espirituais, não quero que continuem confusos. Vocês sabem que, quando ainda eram pagãos, foram conduzidos pelo caminho errado e levados a adorar ídolos mudos. Por isso, quero que compreendam que ninguém que fala pelo Espírito de Deus amaldiçoa Jesus, e ninguém pode dizer que Jesus é Senhor a não ser pelo Espírito Santo. Existem tipos diferentes de dons espirituais, mas o mesmo Espírito é a fonte de todos eles. Existem tipos diferentes de serviço, mas o Senhor a quem servimos é o mesmo. Deus trabalha de maneiras diferentes, mas é o mesmo Deus que opera em todos nós. A cada um de nós é concedida a manifestação do Espírito para o benefício de todos. A um o Espírito dá a capacidade de oferecer conselhos sábios, a outro o mesmo Espírito dá uma mensagem de conhecimento especial. A um o mesmo Espírito dá grande fé, a outro o único Espírito concede o dom de cura. A um ele dá o poder de realizar milagres, a outro, a capacidade de profetizar. A outro ele dá a capacidade de discernir se uma mensagem é do Espírito de Deus ou de outro espírito. A outro, ainda, dá a capacidade de falar em diferentes línguas, enquanto a um outro dá a capacidade de interpretar o que está sendo dito. Tudo isso é distribuído pelo mesmo e único Espírito, que concede o que deseja a cada um. O corpo humano tem muitas partes, mas elas formam um só corpo. O mesmo acontece com relação a Cristo. Alguns de nós são judeus, alguns são gentios, alguns são escravos e alguns são livres, mas todos nós fomos batizados em um só corpo pelo único Espírito, e todos recebemos o privilégio de beber do mesmo Espírito. De fato, o corpo não é feito de uma só parte, mas de muitas partes diferentes. Se o pé diz: “Não sou parte do corpo porque não sou mão”, acaso, por isso, deixa de ser parte do corpo? E se a orelha diz: “Não sou parte do corpo porque não sou olho”, será que, por isso, deixa de ser parte do corpo? Se o corpo todo fosse olho, como vocês ouviriam? E, se o corpo todo fosse orelha, como sentiriam o cheiro de algo? Mas nosso corpo tem muitas partes, e Deus colocou cada uma delas onde ele quis. O corpo deixaria de ser corpo se tivesse apenas uma parte. Assim, há muitas partes, mas um só corpo. O olho não pode dizer à mão: “Não preciso de você”. E a cabeça não pode dizer aos pés: “Não preciso de vocês”. Ao contrário, algumas partes do corpo que parecem mais fracas são as mais necessárias. E as partes que consideramos menos honrosas são as que tratamos com mais atenção. Assim, protegemos cuidadosamente as partes que não devem ser vistas, enquanto as mais honrosas não precisam dessa atenção especial. Deus estruturou o corpo de maneira a conceder mais honra e cuidado às partes que recebem menos atenção. Isso faz que haja harmonia entre os membros, de modo que todos cuidem uns dos outros. Se uma parte sofre, todas as outras sofrem com ela, e se uma parte é honrada, todas as outras com ela se alegram. Juntos, todos vocês são o corpo de Cristo, e cada um é uma parte dele. Deus estabeleceu para a igreja: em primeiro lugar, os apóstolos; em segundo, os profetas; em terceiro, os mestres; depois, os que fazem milagres, os que têm o dom de cura, os que ajudam outros, os que têm o dom de liderança, os que falam em diferentes línguas. Somos todos apóstolos? Somos todos profetas? Somos todos mestres? Todos nós temos o poder de fazer milagres? Todos temos o dom de cura? Todos temos a capacidade de falar em diferentes línguas? Todos temos a capacidade de interpretar o que é dito? Portanto, desejem intensamente os dons mais úteis. Agora, porém, vou lhes mostrar um estilo de vida que supera os demais. Se eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, mas não tivesse amor, seria como um sino que ressoa ou um címbalo que retine. Se eu tivesse o dom de profecias, se entendesse todos os mistérios de Deus e tivesse todo o conhecimento, e se tivesse uma fé que me permitisse mover montanhas, mas não tivesse amor, eu nada seria. Se desse tudo que tenho aos pobres e até entregasse meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, de nada me adiantaria. O amor é paciente e bondoso. O amor não é ciumento, nem presunçoso. Não é orgulhoso, nem grosseiro. Não exige que as coisas sejam à sua maneira. Não é irritável, nem rancoroso. Não se alegra com a injustiça, mas sim com a verdade. O amor nunca desiste, nunca perde a fé, sempre tem esperança e sempre se mantém firme. Um dia, profecia, línguas e conhecimento desaparecerão e cessarão, mas o amor durará para sempre. Agora nosso conhecimento é parcial e incompleto, e até mesmo o dom da profecia revela apenas uma parte do todo. Mas, quando vier o que é perfeito, essas coisas imperfeitas desaparecerão. Quando eu era criança, falava, pensava e raciocinava como criança. Mas, quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de criança. Agora vemos de modo imperfeito, como um reflexo no espelho, mas então veremos tudo face a face. Tudo que sei agora é parcial e incompleto, mas conhecerei tudo plenamente, assim como Deus já me conhece plenamente. Três coisas, na verdade, permanecerão: a fé, a esperança e o amor, e a maior delas é o amor. Que o amor seja seu maior objetivo! Contudo, desejem também os dons espirituais, especialmente a capacidade de profetizar. Pois quem fala em línguas fala apenas com Deus, pois ninguém mais o entende, e em espírito fala verdades ocultas. Mas aquele que profetiza fortalece, anima e conforta os outros. Quem fala em línguas fortalece a si mesmo, mas quem profetiza fortalece toda a igreja. Gostaria que todos vocês falassem em línguas, mas gostaria ainda mais que todos profetizassem. Pois a profecia é superior a falar em línguas, a menos que alguém interprete o que vocês dizem para que toda a igreja seja fortalecida. Irmãos, se eu for visitá-los e falar em línguas, em que isso os ajudará? Mas, se eu lhes trouxer uma revelação, um conhecimento especial, uma profecia ou um ensinamento, isso lhes será proveitoso. Até mesmo instrumentos inanimados como a flauta ou a harpa precisam soar as notas com clareza; do contrário, ninguém reconhecerá a melodia. E, se a trombeta não emitir um toque nítido, como os soldados saberão que estão sendo convocados para a batalha? O mesmo acontece com vocês. Se usarem palavras incompreensíveis, como alguém saberá o que estão dizendo? Será o mesmo que falar ao vento. Há muitos idiomas no mundo, e todos têm sentido. Mas, se eu não entendo um idioma, sou estrangeiro para quem o fala, e ele é estrangeiro para mim. O mesmo se aplica a vocês. Uma vez que estão ansiosos para ter os dons espirituais, busquem os dons que fortalecerão a igreja toda. Portanto, quem fala em línguas deve orar pedindo também a capacidade de interpretar o que é dito. Pois, se oro em línguas, meu espírito ora, mas eu não entendo o que estou dizendo. Então, o que devo fazer? Orarei no espírito e também orarei em palavras que entendo. Cantarei no espírito e também cantarei em palavras que entendo. Pois, se louvarem apenas no espírito, como poderão louvar com vocês aqueles que não os entendem? Como poderão agradecer com vocês se não entendem o que estão dizendo? Vocês darão graças muito bem, mas não fortalecerão aqueles que os ouvem. Dou graças a Deus porque falo em línguas mais que qualquer um de vocês. Contudo, numa reunião da igreja, prefiro dizer cinco palavras compreensíveis que ajudem os outros a falar dez mil palavras em outra língua. Irmãos, não sejam infantis no entendimento dessas coisas. Sejam inocentes como bebês com relação ao mal, mas sejam maduros no entendimento. Pois as Escrituras dizem: “Falarei a este povo em línguas estranhas e por meio de lábios estrangeiros. Mesmo assim, este povo não me ouvirá, diz o Senhor”. Portanto, falar em línguas é um sinal não para os que creem, mas para os descrentes. A profecia, contudo, é para os que creem, e não para os descrentes. Ainda assim, se descrentes ou pessoas que não entendem essas coisas entrarem na reunião de sua igreja e ouvirem todos falarem em línguas, pensarão que vocês são loucos. Mas, se todos vocês estiverem profetizando e descrentes ou pessoas que não entendem essas coisas entrarem na reunião, serão convencidos do pecado e julgados por aquilo que vocês disserem. Ao ouvirem, os pensamentos secretos deles serão revelados, e eles cairão de joelhos e adorarão a Deus, declarando: “De fato, Deus está aqui no meio de vocês”. Pois bem, irmãos, o que fazer, então? Quando vocês se reunirem, um cantará, o outro ensinará, o outro revelará, um falará em línguas e outro interpretará o que for dito. Tudo que for feito, porém, deverá fortalecer a todos. Não mais que dois ou três devem falar em línguas. Devem se pronunciar um de cada vez, e alguém deve interpretar o que disserem. Mas, se não houver alguém que possa interpretar, devem permanecer calados na reunião da igreja, falando com Deus em particular. Que dois ou três profetizem e os outros avaliem o que for dito. Se alguém estiver profetizando e outra pessoa receber uma revelação, quem está falando deve se calar. Desse modo, todos que profetizam terão sua vez de falar, um depois do outro, para que todos sejam instruídos e encorajados. Aqueles que profetizam têm controle de seu espírito e podem falar um por vez. Pois Deus não é Deus de desordem, mas de paz, como em todas as reuniões do povo santo. As mulheres devem permanecer em silêncio durante as reuniões da igreja. Não é apropriado que falem. Devem ser submissas, como diz a lei. Se tiverem alguma pergunta, devem fazê-la ao marido, em casa, pois não é apropriado que as mulheres falem nas reuniões da igreja. Ou vocês pensam que a palavra de Deus se originou entre vocês? Acaso são os únicos aos quais ela foi entregue? Se alguém afirma ser profeta ou se considera espiritual, será o primeiro a reconhecer que o que lhes digo é uma ordem do Senhor. Se alguém ignorar esse fato, ele mesmo será ignorado. Portanto, meus irmãos, anseiem profetizar e não proíbam o falar em línguas, mas cuidem para que tudo seja feito com decência e ordem. Agora, irmãos, quero lembrá-los das boas-novas que lhes anunciei anteriormente. Vocês as receberam e nelas permanecem firmes. São essas boas-novas que os salvam, se continuarem a crer na mensagem como lhes anunciei; do contrário, sua fé é inútil. Eu lhes transmiti o que era mais importante e o que também me foi transmitido: Cristo morreu por nossos pecados, como dizem as Escrituras. Ele foi sepultado e ressuscitou no terceiro dia, como dizem as Escrituras. Apareceu a Pedro e, mais tarde, aos Doze. Depois disso, apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, a maioria dos quais ainda está viva, embora alguns já tenham adormecido. Mais tarde, apareceu a Tiago e, posteriormente, a todos os apóstolos. Por último, apareceu também a mim, como se eu tivesse nascido fora de tempo. Pois sou o mais insignificante dos apóstolos. Aliás, nem sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a igreja de Deus. O que agora sou, porém, deve-se inteiramente à graça que Deus derramou sobre mim, e que não foi inútil. Trabalhei com mais dedicação que qualquer outro apóstolo e, no entanto, não fui eu, mas Deus que, em sua graça, operou por meu intermédio. Logo, não faz diferença se eu prego ou se eles pregam, pois todos nós anunciamos a mesma mensagem na qual vocês já creram. Pois bem, se proclamamos que Cristo ressuscitou dos mortos, por que alguns de vocês afirmam não haver ressurreição dos mortos? Pois, se não existe ressurreição dos mortos, Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, nossa pregação é inútil, e a fé que vocês têm também é inútil. Então estamos todos mentindo a respeito de Deus, pois afirmamos que ele ressuscitou a Cristo. Mas, se não existe ressurreição dos mortos, isso não pode ser verdade. E, se não existe ressurreição dos mortos, então Cristo também não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, a fé que vocês têm é inútil, e vocês ainda estão em seus pecados. Nesse caso, todos que adormeceram crendo em Cristo estão perdidos! Se nossa esperança em Cristo vale apenas para esta vida, somos os mais dignos de pena em todo o mundo. Mas Cristo de fato ressuscitou dos mortos. Ele é o primeiro fruto da colheita de todos que adormeceram. Uma vez que a morte entrou no mundo por meio de um único homem, agora a ressurreição dos mortos começou por meio de um só homem. Assim como todos morremos em Adão, todos que são de Cristo receberão nova vida. Mas essa ressurreição tem uma sequência: Cristo ressuscitou como o primeiro fruto da colheita, e depois todos que são de Cristo ressuscitarão quando ele voltar. Então virá o fim, quando ele entregará o reino a Deus, o Pai, depois de ter destruído todos os governantes e autoridades e todo poder. Pois é necessário que Cristo reine até que tenha colocado todos os seus inimigos debaixo de seus pés. E o último inimigo a ser destruído é a morte. Pois as Escrituras dizem: “Deus pôs todas as coisas sob a autoridade dele”. Claro que, quando se diz que “todas as coisas estão sob a autoridade dele”, isso não inclui aquele que conferiu essa autoridade a Cristo. Então, quando todas as coisas estiverem sob a autoridade do Filho, ele se colocará sob a autoridade de Deus, para que Deus, que deu a seu Filho autoridade sobre todas as coisas, seja absolutamente supremo sobre todas as coisas em toda parte. E o que dizer dos que se batizam em favor dos mortos? Se os mortos não ressuscitam, como dizem eles, por que se batizam em favor dos que já morreram? E nós, por que arriscamos a vida o tempo todo? Pois eu afirmo, irmãos, que enfrento a morte diariamente, assim como afirmo meu orgulho daquilo que Cristo Jesus, nosso Senhor, fez em vocês. E, se não haverá ressurreição dos mortos, de que me adiantou ter lutado contra feras, isto é, aquela gente de Éfeso? Se não há ressurreição, “comamos e bebamos, porque amanhã morreremos!”. Não se deixem enganar pelos que dizem essas coisas, pois “as más companhias corrompem o bom caráter”. Pensem bem sobre o que é certo e parem de pecar. Pois, para sua vergonha, eu lhes digo que alguns de vocês não têm o menor conhecimento de Deus. Alguém pode perguntar: “Como os mortos ressuscitarão? Que tipo de corpo terão?”. Que perguntas tolas! A semente só cresce e se transforma em planta depois que morre. E aquilo que se coloca no solo não é a planta que crescerá, mas apenas uma semente de trigo ou de alguma outra planta. Então Deus lhe dá o novo corpo como ele quer. Um tipo diferente de planta cresce de cada tipo de semente. Da mesma forma, há tipos diferentes de carne: um tipo para os seres humanos, outro para os animais, outro para as aves e outro para os peixes. Também há corpos celestes e corpos terrestres. A glória dos corpos celestes é diferente da glória dos corpos terrestres. O sol tem um tipo de glória, enquanto a lua e as estrelas têm outro. E até mesmo as estrelas diferem em glória umas das outras. O mesmo acontece com a ressurreição dos mortos. Quando morremos, o corpo terreno é plantado no solo, mas ressuscitará para viver para sempre. Nosso corpo é enterrado em desonra, mas ressuscitará em glória. É enterrado em fraqueza, mas ressuscitará em força. É enterrado como corpo humano natural, mas ressuscitará como corpo espiritual. Pois, assim como há corpos naturais, também há corpos espirituais. As Escrituras nos dizem: “O primeiro homem, Adão, se tornou ser vivo”. Mas o último Adão é espírito que dá vida. Primeiro vem o corpo natural, depois o corpo espiritual. O primeiro homem foi feito do pó da terra, enquanto o segundo homem veio do céu. Os que são da terra são como o homem terreno, e os que são do céu são como o homem celestial. Da mesma forma que agora somos como o homem terreno, algum dia seremos como o homem celestial. Estou dizendo, irmãos, que nosso corpo físico não pode herdar o reino de Deus. Este corpo mortal não pode herdar aquilo que durará para sempre. Mas eu lhes revelarei um segredo maravilhoso: nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados! Acontecerá num instante, num piscar de olhos, ao som da última trombeta. Pois, quando a última trombeta soar, aqueles que morreram ressuscitarão a fim de viver para sempre. E nós que estivermos vivos também seremos transformados. Pois nosso corpo mortal precisa ser transformado em corpo imortal. Então, quando nosso corpo mortal tiver sido transformado em corpo imortal, se cumprirá a passagem das Escrituras que diz: “A morte foi engolida na vitória. Ó morte, onde está sua vitória? Ó morte, onde está seu aguilhão?”. O pecado é o aguilhão da morte que nos fere, e a lei é o que torna o pecado mais forte. Mas graças a Deus, que nos dá vitória sobre o pecado e sobre a morte por meio de nosso Senhor Jesus Cristo! Portanto, meus amados irmãos, sejam fortes e firmes. Trabalhem sempre para o Senhor com entusiasmo, pois vocês sabem que nada do que fazem para o Senhor é inútil. Quanto à pergunta sobre o dinheiro que vocês estão coletando para o povo santo, sigam as mesmas instruções que dei às igrejas na Galácia. No primeiro dia de cada semana, separem uma parte de sua renda. Não esperem até que eu chegue para então coletar tudo de uma vez. Quando eu chegar, entregarei cartas de recomendação aos mensageiros que vocês escolherem para levar sua oferta a Jerusalém. E, se for conveniente que eu também vá, eles viajarão comigo. Eu os visitarei depois de ir à Macedônia, pois devo passar por lá. Talvez permaneça um tempo com vocês, quem sabe todo o inverno. Depois vocês poderão me encaminhar para meu próximo destino. Desta vez, não quero visitá-los apenas de passagem; quero ficar algum tempo, se o Senhor o permitir. Por enquanto, permanecerei em Éfeso até a festa de Pentecostes. Há uma porta inteiramente aberta para realizar um grande trabalho aqui, ainda que muitos se oponham a mim. Quando Timóteo chegar, não deve se sentir intimidado por vocês. Ele está realizando a obra do Senhor, assim como eu. Não deixem que ninguém o trate com desprezo. Enviem-no de volta para mim com sua bênção. Espero que ele venha junto com os demais irmãos. Quanto a nosso irmão Apolo, insisti que ele os visitasse com os outros irmãos, mas ele não estava disposto a ir agora. Ele o fará mais tarde, quando tiver oportunidade. Estejam vigilantes. Permaneçam firmes na fé. Sejam corajosos. Sejam fortes. Façam tudo com amor. Vocês sabem que Estéfanas e sua família foram os primeiros convertidos na Acaia e têm dedicado a vida ao serviço do povo de Deus. Peço, irmãos, que se sujeitem a eles e a outros que, como eles, servem com tanta devoção. Estou muito contente com a vinda de Estéfanas, Fortunato e Acaico. Eles proveram a ajuda que vocês, por não estarem aqui, não puderam me dar. Eles têm sido um grande estímulo para mim, como foram para vocês. Valorizem todos que servem tão bem. As igrejas aqui na província da Ásia enviam saudações no Senhor. Também os saúdam Áquila e Priscila e todos da igreja que se reúne na casa deles. Todos os irmãos daqui lhes enviam saudações. Saúdem uns aos outros com beijo santo. Esta é minha saudação de próprio punho: Paulo. Se alguém não ama o Senhor, essa pessoa é maldita. Vem, nosso Senhor! Que a graça do Senhor Jesus esteja com vocês. Envio meu amor a todos vocês em Cristo Jesus. Eu, Paulo, chamado pela vontade de Deus para ser apóstolo de Cristo Jesus, escrevo esta carta, com nosso irmão Timóteo, à igreja de Deus em Corinto e a todo o seu povo santo em toda a Acaia. Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz. Louvado seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, Pai misericordioso e Deus de todo encorajamento. Ele nos encoraja em todas as nossas aflições, para que, com o encorajamento que recebemos de Deus, possamos encorajar outros quando eles passarem por aflições. Pois, quanto mais sofrimento por Cristo suportarmos, mais encorajamento será derramado sobre nós por meio de Cristo. Mesmo quando estamos sobrecarregados de aflições, é para o encorajamento e a salvação de vocês. Pois, quando somos encorajados, certamente encorajaremos vocês, e então vocês poderão suportar pacientemente os mesmos sofrimentos que nós. Temos firme esperança de que, assim como vocês participam de nossos sofrimentos, também participarão de nosso encorajamento. Irmãos, queremos que saibam das aflições pelas quais passamos na província da Ásia. Fomos esmagados e oprimidos além da nossa capacidade de suportar, e pensamos que não sobreviveríamos. De fato, esperávamos morrer. Mas, como resultado, deixamos de confiar em nós mesmos e aprendemos a confiar somente em Deus, que ressuscita os mortos. Ele nos livrou do perigo mortal, e nos livrará outra vez. Nele depositamos nossa esperança, e ele continuará a nos livrar. E vocês nos têm ajudado ao orar por nós. Então muitos darão graças porque Deus, em sua bondade, respondeu a tantas orações feitas em nosso favor. Podemos dizer com certeza e com a consciência limpa que temos vivido em santidade e sinceridade dadas por Deus. Dependemos da graça divina, e não da sabedoria humana. É dessa forma que nos temos conduzido diante do mundo e, especialmente, em relação a vocês. Nossas cartas foram claras e objetivas, não havendo nada escrito nas entrelinhas ou que não conseguissem compreender. Espero que um dia vocês nos entendam plenamente, mesmo que não o façam agora. Então, no dia do Senhor Jesus, poderão se orgulhar de nós como nos orgulhamos de vocês. Porque eu estava tão certo de sua compreensão e confiança, queria abençoá-los duplamente visitando-os duas vezes, primeiro a caminho da Macedônia e depois ao voltar de lá. Então vocês poderiam me ajudar com minha viagem para a Judeia. Talvez vocês estejam se perguntando por que mudei de ideia. Será que faço meus planos de modo irresponsável? Será que sou como as pessoas do mundo, que dizem “sim” quando na verdade querem dizer “não”? Tão certo como Deus é fiel, nossa palavra a vocês não oscila entre “sim” e “não”. Pois Jesus Cristo, o Filho de Deus, não oscila entre “sim” e “não”. Foi a respeito dele que Silas, Timóteo e eu lhes falamos e, sendo ele o “sim” definitivo, ele sempre faz o que diz. Pois todas as promessas de Deus se cumpriram em Cristo com um alto e claro “Sim!”. E, por meio de Cristo, confirmamos isso, de modo que nosso “Amém” se eleva a Deus para sua glória. É Deus quem nos capacita e a vocês a permanecermos firmes em Cristo. Ele nos ungiu e nos identificou como sua propriedade ao colocar em nosso coração o selo do Espírito, a garantia de tudo que ele nos prometeu. Agora, invoco a Deus como testemunha de que foi para poupá-los que ainda não voltei a Corinto. Isso não significa que queremos controlar vocês, dizendo-lhes como exercer sua fé. Nosso desejo é trabalhar com vocês para que tenham alegria, pois é pela fé que permanecem firmes. Por isso resolvi não entristecê-los com outra visita dolorosa. Pois, se eu lhes causar tristeza, quem me alegrará? Certamente não serão aqueles a quem entristeci. Esse foi o motivo de eu ter escrito como o fiz, para que, quando eu for, não seja entristecido por aqueles que deveriam me alegrar. Sem dúvida, vocês sabem que minha alegria vem do fato de vocês estarem alegres. Escrevi aquela carta com grande angústia, com o coração aflito e muitas lágrimas. Minha intenção não era entristecê-los, mas mostrar-lhes quanto amo vocês. Não exagero quando digo que o homem que causou tantos problemas magoou não somente a mim, mas, até certo ponto, a todos vocês. A maioria de vocês se opôs a ele, e isso já foi castigo suficiente. Agora, porém, é hora de perdoá-lo e confortá-lo; do contrário, pode acontecer de ele ser vencido pela tristeza excessiva. Peço, portanto, que reafirmem seu amor por ele. Eu lhes escrevi daquela forma para testá-los e ver se seguiriam todas as minhas instruções. Se vocês perdoam esse homem, eu também o perdoo. E, quando eu perdoo o que precisa ser perdoado, faço-o na presença de Cristo, em favor de vocês, para que Satanás não tenha vantagem sobre nós, pois conhecemos seus planos malignos. Quando cheguei à cidade de Trôade para anunciar as boas-novas de Cristo, o Senhor me abriu uma porta de oportunidade. Contudo, não tive paz em meu espírito, pois meu querido irmão Tito ainda não havia chegado com notícias de vocês. Assim, despedi-me dos irmãos dali e fui à Macedônia para procurá-lo. Mas graças a Deus, que, em Cristo, sempre nos conduz triunfantemente. Agora, por nosso intermédio, ele espalha o conhecimento de Cristo por toda parte, como um doce perfume. Somos o aroma de Cristo que se eleva até Deus. Mas esse aroma é percebido de forma diferente por aqueles que estão sendo salvos e por aqueles que estão perecendo. Para os que estão perecendo, somos cheiro terrível de morte e condenação. Mas, para os que estão sendo salvos, somos perfume que dá vida. E quem está à altura de uma tarefa como essa? Não somos como muitos que fazem da palavra de Deus um artigo de comércio. Pregamos a palavra de Deus com sinceridade e com a autoridade de Cristo, sabendo que Deus nos observa. Será que estamos começando a nos recomendar outra vez? Somos como aqueles que precisam entregar-lhes ou pedir-lhes cartas de recomendação? Vocês mesmos são nossa carta, escrita em nosso coração, para ser conhecida e lida por todos! Sem dúvida, vocês são uma carta de Cristo, que mostra os resultados de nosso trabalho em seu meio, escrita não com pena e tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, e gravada não em tábuas de pedra, mas em corações humanos. Estamos certos disso tudo por causa da grande confiança que temos em Deus por meio de Cristo. Não que nos consideremos capazes de fazer qualquer coisa por conta própria; nossa capacitação vem de Deus. Ele nos capacitou para sermos ministros da nova aliança, não da lei escrita, mas do Espírito. A lei escrita termina em morte, mas o Espírito dá vida. O antigo sistema, com suas leis gravadas em pedra, terminava em morte, embora tivesse começado com tamanha glória que os israelitas não conseguiam olhar para o rosto de Moisés, por causa da glória que brilhava em seu rosto, ainda que esse brilho já estivesse se desvanecendo. Acaso não deveríamos esperar uma glória muito maior no novo sistema, que se baseia na obra do Espírito? Se o antigo sistema, que traz condenação, era glorioso, muito mais glorioso é o novo sistema, que nos torna justos diante de Deus! De fato, a glória do passado não era nada gloriosa em comparação com a glória magnífica de agora. Portanto, se o antigo sistema, que foi substituído, era cheio de glória, muito mais glorioso é o novo, que permanece para sempre! Uma vez que o novo sistema nos dá tal esperança, podemos falar com grande coragem. Não somos como Moisés, que cobria o rosto com um véu para que os israelitas não vissem a glória, embora ela já estivesse se desvanecendo. Mas a mente do povo estava endurecida e, até hoje, toda vez que a antiga aliança é lida, o mesmo véu lhes cobre a mente, e esse véu só pode ser removido em Cristo. Até hoje, quando eles leem os escritos de Moisés, seu coração está coberto por esse véu. Contudo, sempre que alguém se volta para o Senhor, o véu é removido. Pois o Senhor é o Espírito, e onde está o Espírito do Senhor, ali há liberdade. Portanto, todos nós, dos quais o véu foi removido, podemos ver e refletir a glória do Senhor, e o Senhor, que é o Espírito, nos transforma gradativamente à sua imagem gloriosa, deixando-nos cada vez mais parecidos com ele. Portanto, visto que Deus, em sua misericórdia, nos deu a tarefa de ministrar nesse novo sistema, nunca desistimos. Rejeitamos todos os atos vergonhosos e métodos dissimulados. Não procuramos enganar ninguém nem distorcemos a palavra de Deus. Em vez disso, dizemos a verdade diante de Deus, e todos que são honestos sabem disso. Se as boas-novas que anunciamos estão encobertas atrás de um véu, é apenas para aqueles que estão perecendo. O deus deste mundo cegou a mente dos que não creem, para que não consigam ver a luz das boas-novas, não entendendo esta mensagem a respeito da glória de Cristo, que é a imagem de Deus. Não andamos por aí falando de nós mesmos, mas proclamamos que Jesus Cristo é Senhor e que nós mesmos somos servos de vocês por causa de Jesus. Pois Deus, que disse: “Haja luz na escuridão”, é quem brilhou em nosso coração, para que conhecêssemos a glória de Deus na face de Jesus Cristo. Agora nós mesmos somos como vasos frágeis de barro que contêm esse grande tesouro. Assim, fica evidente que esse grande poder vem de Deus, e não de nós. De todos os lados somos pressionados por aflições, mas não esmagados. Ficamos perplexos, mas não desesperados. Somos perseguidos, mas não abandonados. Somos derrubados, mas não destruídos. Pelo sofrimento, nosso corpo continua a participar da morte de Jesus, para que a vida de Jesus também se manifeste em nosso corpo. Sim, vivemos sob constante perigo de morte, porque servimos a Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste em nosso corpo mortal. Assim, enfrentamos a morte, mas isso resulta em vida para vocês. Continuamos a pregar porque temos o mesmo tipo de fé mencionada nas Escrituras: “Cri em Deus, por isso falei”. Sabemos que Deus, que ressuscitou o Senhor Jesus, também nos ressuscitará com Jesus e nos apresentará a ele junto com vocês. Tudo isso é para o bem de vocês. E, à medida que a graça alcançar mais pessoas, haverá muitas ações de graças, e Deus receberá cada vez mais glória. Por isso, nunca desistimos. Ainda que nosso exterior esteja morrendo, nosso interior está sendo renovado a cada dia. Pois estas aflições pequenas e momentâneas que agora enfrentamos produzem para nós uma glória que pesa mais que todas as angústias e durará para sempre. Portanto, não olhamos para aquilo que agora podemos ver; em vez disso, fixamos o olhar naquilo que não se pode ver. Pois as coisas que agora vemos logo passarão, mas as que não podemos ver durarão para sempre. Sabemos que, quando nosso corpo terreno, esta tenda em que vivemos, se desfizer, teremos um corpo eterno, uma casa no céu feita para nós pelo próprio Deus, e não por mãos humanas. Na tenda terrena, gememos e desejamos ansiosamente nos vestir com nosso lar celestial, como se fosse uma roupa nova. Porque de fato nos vestiremos com um corpo celestial, e não ficaremos despidos. Enquanto vivemos nesta tenda que é o corpo terreno, gememos e suspiramos, mas isso não significa que queremos ser despidos. Na verdade, queremos vestir nosso corpo novo, para que este corpo mortal seja engolido pela vida. Deus nos preparou para isso e, como garantia, nos deu o Espírito. Portanto, temos sempre confiança, apesar de sabermos que, enquanto vivemos neste corpo, não estamos em nosso lar com o Senhor. Porque vivemos por fé, e não pelo que vemos. Sim, temos confiança absoluta e preferíamos deixar este corpo terreno, pois então estaríamos em nosso lar com o Senhor. Assim, quer estejamos neste corpo, quer o deixemos, nosso objetivo é agradar ao Senhor. Pois todos nós teremos de comparecer diante do tribunal de Cristo, para que cada um receba o que merecer pelo bem ou pelo mal que tiver feito neste corpo terreno. Assim, conhecendo o temor ao Senhor, procuramos persuadir outros. Deus sabe que somos sinceros, e espero que vocês também o saibam. Estamos mais uma vez nos recomendando a vocês? Nada disso, estamos apenas lhes dando motivos para que se orgulhem de nós, a fim de que possam responder àqueles que se orgulham nas aparências, e não no coração. Se parecemos loucos, é para dar glória a Deus, e se mantemos o juízo, é para o bem de vocês. De qualquer forma, o amor de Cristo nos impulsiona. Porque cremos que ele morreu por todos, também cremos que todos morreram. Ele morreu por todos, para que os que recebem sua nova vida não vivam mais para si mesmos, mas para Cristo, que morreu e ressuscitou por eles. Portanto, não avaliamos mais ninguém do ponto de vista humano. Em outros tempos, pensávamos em Cristo apenas do ponto de vista humano, mas agora o conhecemos de modo bem diferente. Logo, todo aquele que está em Cristo se tornou nova criação. A velha vida acabou, e uma nova vida teve início! E tudo isso vem de Deus, aquele que nos trouxe de volta para si por meio de Cristo e nos encarregou de reconciliar outros com ele. Pois, em Cristo, Deus estava reconciliando consigo o mundo, não levando mais em conta os pecados das pessoas. E ele nos deu esta mensagem maravilhosa de reconciliação. Agora, portanto, somos embaixadores de Cristo; Deus faz seu apelo por nosso intermédio. Falamos em nome de Cristo quando dizemos: “Reconciliem-se com Deus!”. Pois Deus fez de Cristo, aquele que nunca pecou, a oferta por nosso pecado, para que por meio dele fôssemos declarados justos diante de Deus. Como cooperadores de Deus, suplicamos a vocês que não recebam em vão a graça de Deus. Pois Deus diz: “No tempo certo, eu o ouvi; no dia da salvação, eu lhe dei socorro”. De fato, agora é o “tempo certo”. Hoje é o dia da salvação! Vivemos de forma que ninguém tropece por nossa causa, nem tenha motivo para criticar nosso ministério. Em tudo que fazemos, mostramos que somos verdadeiros servos de Deus. Suportamos pacientemente aflições, privações e calamidades de todo tipo. Fomos espancados e encarcerados, enfrentamos multidões furiosas, trabalhamos até a exaustão, suportamos noites sem dormir e passamos fome. Mostramos quem somos por nossa pureza, nosso entendimento, nossa paciência e nossa bondade, pelo Espírito Santo que vive em nós e por nosso amor sincero. Proclamamos a verdade fielmente, e o poder de Deus opera em nós. Usamos as armas da justiça, com a mão direita para atacar e com a mão esquerda para defender. Servimos quer as pessoas nos honrem, quer nos desprezem, quer nos difamem, quer nos elogiem. Somos chamados de impostores, apesar de sermos honestos. Somos tratados como desconhecidos, embora sejamos bem conhecidos. Vivemos à beira da morte, mas ainda estamos vivos. Fomos espancados, mas não mortos. Nosso coração se entristece, mas sempre temos alegria. Somos pobres, mas enriquecemos a muitos outros. Não possuímos nada e, no entanto, temos tudo. Queridos coríntios, falamos a vocês com toda honestidade e lhes abrimos o coração. Não falta amor da nossa parte, mas vocês nos negaram seu afeto. Peço que retribuam esse amor como se fossem meus próprios filhos. Abram o coração para nós! Não se ponham em jugo desigual com os descrentes. Como pode a justiça ser parceira da maldade? Como pode a luz conviver com as trevas? Que harmonia pode haver entre Cristo e o diabo? Como alguém que crê pode se ligar a quem não crê? E que união pode haver entre o templo de Deus e os ídolos? Pois somos o templo do Deus vivo. Como ele próprio disse: “Habitarei e andarei no meio deles. Serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Portanto, afastem-se e separem-se deles, diz o Senhor. Não toquem em coisas impuras, e eu os receberei. Eu serei seu Pai, e vocês serão meus filhos e minhas filhas, diz o Senhor Todo-poderoso”. Amados, visto que temos essas promessas, purifiquemo-nos de tudo que contamina o corpo ou o espírito, tornando-nos cada vez mais santos porque tememos a Deus. Peço-lhes que abram o coração para nós. Não prejudicamos ninguém, nem desencaminhamos ninguém, nem nos aproveitamos de ninguém. Não digo isso para condená-los. Já lhes disse que vocês estão em nosso coração. Estamos juntos, seja para morrer, seja para viver. Tenho muita confiança em vocês, e de vocês tenho muito orgulho. Vocês têm me encorajado grandemente e me proporcionado alegria, apesar de todas as nossas aflições. Quando chegamos à Macedônia, não tivemos nenhum descanso. Enfrentamos conflitos de todos os lados, com batalhas externas e temores internos. Mas Deus, que conforta os desanimados, nos encorajou com a chegada de Tito. Sua presença foi uma alegria, como também o foi a notícia que ele nos trouxe do encorajamento que recebeu de vocês. Quando ele nos contou quanto desejam me ver, quanto lamentam o que aconteceu e quão dedicados são a mim, fiquei muito feliz! Não me arrependo de ter enviado aquela carta severa, embora a princípio tenha lamentado a dor que ela lhes causou, ainda que por algum tempo. Agora, porém, alegro-me por tê-la enviado, não pela tristeza que causou, mas porque a dor os levou ao arrependimento. Foi o tipo de tristeza que Deus espera de seu povo, portanto não lhes causamos mal algum. Porque a tristeza que é da vontade de Deus conduz ao arrependimento e resulta em salvação. Não é uma tristeza que causa remorso. Mas a tristeza do mundo resulta em morte. Vejam o que a tristeza que vem de Deus produziu em vocês! Trouxe dedicação, defesa de suas ações, indignação, temor, desejo de me ver, zelo e prontidão em punir a injustiça. Vocês mostraram que fizeram todo o necessário para corrigir a situação. Portanto, não lhes escrevi para falar de quem havia errado e de quem havia sido prejudicado, mas para que, diante de Deus, pudessem ver por si mesmos como são dedicados a nós. Fomos grandemente encorajados por isso. Além de nos sentirmos encorajados, ficamos particularmente contentes de ver Tito alegre porque todos vocês o receberam bem e o tranquilizaram. Eu tinha dito a ele quanto me orgulhava de vocês, e vocês não me decepcionaram. Sempre lhes disse a verdade, e ficou provado que eu tinha razão ao elogiá-los! Ele os estima ainda mais quando se lembra de como todos vocês lhe obedeceram e o receberam bem, com temor e profundo respeito. Fico muito feliz por poder ter plena confiança em vocês. Agora, irmãos, queremos que saibam o que Deus, em sua graça, tem feito por meio das igrejas da Macedônia. Elas têm sido provadas com muitas aflições, mas sua grande alegria e extrema pobreza transbordaram em rica generosidade. Posso testemunhar que deram não apenas o que podiam, mas muito além disso, e o fizeram por iniciativa própria. Eles nos suplicaram repetidamente o privilégio de participar da oferta ao povo santo. Fizeram até mais do que esperávamos, pois seu primeiro passo foi entregar-se ao Senhor e a nós, como era desejo de Deus. Por isso pedimos a Tito, que inicialmente encorajou vocês a contribuírem, que os visitasse outra vez e os animasse a completar esse serviço de generosidade. Visto que vocês se destacam em tantos aspectos — na fé, nos discursos eloquentes, no conhecimento, no entusiasmo e no amor que receberam de nós —, queríamos que também se destacassem no generoso ato de contribuir. Não estou ordenando que o façam, mas sim testando a sinceridade de seu amor ao compará-lo com a dedicação de outros. Vocês conhecem a graça de nosso Senhor Jesus Cristo. Embora fosse rico, por amor a vocês ele se fez pobre, para que por meio da pobreza dele vocês se tornassem ricos. Este é meu conselho: seria bom que terminassem o que começaram há um ano, quando foram os primeiros a querer contribuir e a efetivamente fazê-lo. Assim, completem o que começaram. Que a boa vontade demonstrada no princípio seja igualada, agora, por sua contribuição. Doem proporcionalmente àquilo que possuem. Tudo que derem será aceitável, desde que o façam de boa vontade, de acordo com o que têm, e não com o que não têm. Não que sua contribuição deva facilitar a vida dos outros e dificultar a de vocês. Quero dizer apenas que deve haver igualdade. No momento, vocês têm fartura e podem ajudar os que passam por necessidades. Em outra ocasião, eles terão fartura e poderão compartilhar com vocês quando for necessário. Assim, haverá igualdade. Como dizem as Escrituras: “Para aqueles que muito recolheram nada sobrou, e para aqueles que pouco recolheram nada faltou”. Agradeço a Deus porque ele concedeu a Tito a mesma dedicação que eu tenho por vocês. Tito recebeu com prazer nosso pedido para que os visitasse outra vez. Na verdade, ele mesmo estava ansioso para ir vê-los. Com ele estamos enviando outro irmão, que é elogiado por todas as igrejas como pregador das boas-novas. Ele foi nomeado pelas igrejas para nos acompanhar quando levarmos a oferta, um serviço que visa glorificar o Senhor e mostrar nossa disposição de ajudar. Com isso, queremos evitar qualquer crítica à nossa maneira de administrar essa oferta generosa. Tomamos o cuidado de agir honradamente não só aos olhos do Senhor, mas também diante das pessoas. Além disso, estamos enviando com eles outro irmão que muitas vezes deu provas de seu bom caráter e que, em várias ocasiões e de diversas maneiras, demonstrou enorme dedicação. E, por causa da grande confiança que ele tem em vocês, agora está ainda mais empolgado. Se alguém lhes perguntar a respeito de Tito, digam que ele é meu colaborador, que trabalha comigo para ajudar vocês. Quanto aos irmãos que o acompanham, foram enviados pelas igrejas e trazem honra a Cristo. Portanto, mostrem diante deles seu amor e provem para todas as igrejas que temos razão ao elogiar vocês. Na verdade, quanto a esse serviço ao povo santo, não preciso lhes escrever. Sei quanto estão ansiosos para ajudar e expressei às igrejas da Macedônia meu orgulho de que vocês, na Acaia, estão prontos para enviar uma oferta desde o ano passado. De fato, foi sua dedicação que incentivou muitos a também contribuir. Ainda assim, envio esses irmãos para me certificar de que vocês estão preparados, como tenho dito a eles. Não quero elogiar vocês sem razão. Que vexame seria para nós, e ainda mais para vocês, se alguns macedônios chegassem comigo e descobrissem que vocês não estão preparados, depois de tudo que eu disse a eles! Portanto, considerei apropriado enviar esses irmãos antes de mim. Eles cuidarão para que a oferta que vocês prometeram esteja pronta. Que seja, porém, uma oferta voluntária, e não entregue de má vontade. Lembrem-se: quem lança apenas algumas sementes obtém uma colheita pequena, mas quem semeia com fartura obtém uma colheita farta. Cada um deve decidir em seu coração quanto dar. Não contribuam com relutância ou por obrigação. “Pois Deus ama quem dá com alegria.” Deus é capaz de lhes conceder todo tipo de bênçãos, para que, em todo tempo, vocês tenham tudo de que precisam, e muito mais ainda, para repartir com outros. Como dizem as Escrituras: “Compartilha generosamente com os necessitados; seus atos de justiça serão lembrados para sempre”. Pois é Deus quem supre a semente para o que semeia e depois o pão para seu alimento. Da mesma forma, ele proverá e multiplicará sua semente e produzirá por meio de vocês muitos frutos de justiça. Em tudo vocês serão enriquecidos a fim de que possam ser sempre generosos. E, quando levarmos sua oferta para aqueles que precisam dela, eles darão graças a Deus. Logo, duas coisas boas resultarão desse ministério de auxílio: as necessidades do povo santo serão supridas, e eles expressarão com alegria sua gratidão a Deus. Como resultado do serviço de vocês, eles darão glória a Deus. Pois sua generosidade com eles e com todos os que creem mostrará que vocês são obedientes às boas-novas de Cristo. E eles orarão por vocês com profundo afeto, por causa da graça transbordante que Deus concedeu a vocês. Graças a Deus por essa dádiva tão maravilhosa que nem as palavras conseguem expressar! Agora eu, Paulo, apelo a vocês com a mansidão e a bondade de Cristo, mesmo ciente de que vocês me consideram fraco pessoalmente e duro apenas a distância, quando lhes escrevo. Pois bem, suplico-lhes que, quando eu for visitá-los, não precise ser duro com aqueles que pensam que agimos segundo motivações humanas. Embora sejamos humanos, não lutamos conforme os padrões humanos. Usamos as armas poderosas de Deus, e não as armas do mundo, para derrubar as fortalezas do raciocínio humano e acabar com os falsos argumentos. Destruímos todas as opiniões arrogantes que impedem as pessoas de conhecer a Deus. Levamos cativo todo pensamento rebelde e o ensinamos a obedecer a Cristo. E, depois que vocês se tornarem inteiramente obedientes, estaremos prontos para punir todos que insistirem em desobedecer. Vocês se preocupam apenas com o que é aparente. Aqueles que afirmam pertencer a Cristo devem reconhecer que pertencemos a Cristo tanto quanto eles. Pode parecer que estou me orgulhando além do que deveria da autoridade que o Senhor nos deu, mas nossa autoridade visa edificar vocês, e não destruí-los. Portanto, não me envergonharei de usá-la. Não é minha intenção assustar vocês com minhas cartas. Pois alguns dizem: “As cartas de Paulo são exigentes e enérgicas, mas em pessoa ele é fraco e seus discursos de nada valem”. Essa gente deveria perceber que, quando estivermos presentes em pessoa, nossas ações serão tão enérgicas quanto aquilo que dizemos a distância, em nossas cartas. Não nos atreveríamos a nos classificar como esses indivíduos nem a nos comparar com eles, que se julgam tão importantes. Ao se compararem apenas uns com os outros, usando a si mesmos como medida, só mostram como são ignorantes. Não nos orgulharemos do que se fez fora de nosso campo de autoridade. Antes, nos orgulharemos apenas do que aconteceu dentro dos limites da obra que Deus nos confiou, que inclui nosso trabalho com vocês. Quando afirmamos ter autoridade sobre vocês, não ultrapassamos esses limites, pois fomos os primeiros a chegar até vocês com as boas-novas de Cristo. Também não nos orgulhamos do trabalho realizado por outros nem assumimos o crédito por ele. Pelo contrário, esperamos que sua fé cresça de tal modo que se ampliem os limites de nosso trabalho entre vocês. Então poderemos anunciar as boas-novas em outros lugares, para além de sua região, onde ninguém esteja trabalhando. Assim, ninguém pensará que estamos nos orgulhando do trabalho feito em território de outros. Como dizem as Escrituras: “Quem quiser orgulhar-se, orgulhe-se somente no Senhor”. Quando alguém elogia a si mesmo, esse elogio não tem valor algum. O importante mesmo é ser aprovado pelo Senhor. Espero que vocês suportem um pouco mais de minha insensatez. Por favor, continuem a ser pacientes comigo, pois o cuidado que tenho com vocês vem do próprio Deus. Eu os prometi como noiva pura a um único marido, Cristo. No entanto, temo que sua devoção pura e completa a Cristo seja corrompida de algum modo, como Eva foi enganada pela astúcia da serpente. Vocês aceitam de boa vontade o que qualquer um lhes diz, mesmo que anuncie um Jesus diferente daquele que lhes anunciamos, ou um espírito diferente daquele que vocês receberam, ou boas-novas diferentes daquelas em que vocês creram. Contudo, não me considero em nada inferior aos tais “superapóstolos” que ensinam essas coisas. Posso não ter a técnica de um grande orador, mas não me falta conhecimento. Deixamos isso bem claro a vocês de todas as formas possíveis. Será que fiz mal quando me humilhei e os honrei anunciando-lhes as boas-novas de Deus sem esperar nada em troca? Para servir vocês sem lhes ser pesado, tomei contribuições de outras igrejas que eram mais pobres que vocês. E, quando estive com vocês e não tinha o suficiente para me sustentar, não fui um peso para ninguém, pois os irmãos que vieram da Macedônia trouxeram tudo de que eu precisava. Nunca fui um peso para vocês, e nunca serei. Tão certo como a verdade de Cristo está em mim, ninguém em toda a Acaia jamais me impedirá de me orgulhar disso. Por quê? Por que não os amo? Deus sabe quanto os amo! Assim, continuarei a fazer o que sempre tenho feito. Com isso, frustrarei aqueles que procuram uma oportunidade de se orgulhar de realizar um trabalho como o nosso. Esses indivíduos são falsos apóstolos, obreiros enganosos disfarçados de apóstolos de Cristo. Mas não me surpreendo. Até mesmo Satanás se disfarça de anjo de luz. Portanto, não é de admirar que seus servos também finjam ser servos da justiça. No fim, receberão o castigo que suas obras merecem. Volto a dizer: não pensem que sou insensato, mas, se o fizerem, aceitem-me como insensato, para que eu também me orgulhe um pouco. Não expresso esse meu orgulho como algo que vem do Senhor, mas como um insensato o faria. Uma vez que outros se orgulham de suas realizações humanas, farei o mesmo. Afinal, vocês se consideram sábios, mas suportam de boa vontade os insensatos. Aceitam que outros os escravizem, devorem seus bens, se aproveitem de vocês, os menosprezem e lhes batam no rosto. Envergonho-me de dizer que fomos “fracos” demais para agir desse modo! Em qualquer coisa que eles se atrevem a se orgulhar (mais uma vez falo como insensato), eu também me atrevo. Eles são hebreus? Eu também sou. São israelitas? Eu também sou. São descendentes de Abraão? Eu também sou. São servos de Cristo? Sei que dou a impressão de estar louco, mas digo que tenho servido muito mais. Trabalhei com mais dedicação, fui encarcerado com mais frequência, perdi a conta de quantas vezes fui açoitado e, em várias ocasiões, enfrentei a morte. Cinco vezes recebi dos líderes judeus os trinta e nove açoites. Três vezes fui golpeado com varas. Fui apedrejado uma vez. Três vezes sofri naufrágio. Certa ocasião, passei uma noite e um dia no mar, à deriva. Realizei várias jornadas longas. Enfrentei perigos em rios e com assaltantes. Enfrentei perigos de meu próprio povo, bem como dos gentios. Enfrentei perigos em cidades, em desertos e no mar. E enfrentei perigos por causa de homens que se diziam irmãos, mas não eram. Tenho trabalhado arduamente, horas a fio, e passei muitas noites sem dormir. Passei fome e senti sede, e muitas vezes fiquei em jejum. Tremi de frio por não ter roupa suficiente para me agasalhar. Além disso tudo, sobre mim pesa diariamente a preocupação com todas as igrejas. Quem está fraco, que eu também não sinta fraqueza? Quem se deixa levar pelo caminho errado, que a indignação não me consuma? Portanto, se devo me orgulhar, prefiro que seja das coisas que mostram como sou fraco. Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus, que é digno de louvor eterno, sabe que não estou mentindo. Quando estava em Damasco, o governador sob o rei Aretas pôs guardas às portas da cidade para me capturar. Para escapar dele, tive de ser baixado num cesto grande, de uma janela no muro da cidade. É necessário prosseguir com meus motivos de orgulho. Mesmo que isso não me sirva de nada, vou lhes falar agora das visões e revelações que recebi do Senhor. Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos, foi arrebatado ao terceiro céu. Se foi no corpo ou fora do corpo, não sei; só Deus o sabe. Sim, somente Deus sabe se foi no corpo ou fora do corpo. Mas eu sei que tal homem foi arrebatado ao paraíso e ouviu coisas tão maravilhosas que não podem ser expressas em palavras, coisas que a nenhum homem é permitido relatar. Da experiência desse homem eu teria razão de me orgulhar, mas não o farei; na verdade, minhas fraquezas são minha única razão de orgulho. Se quisesse me orgulhar, não seria insensato de fazê-lo, pois estaria dizendo a verdade. Mas não o farei, pois não quero que ninguém me dê crédito além do que pode ver em minha vida ou ouvir em minha mensagem, ainda que eu tenha recebido revelações tão maravilhosas. Portanto, para evitar que eu me tornasse arrogante, foi-me dado um espinho na carne, um mensageiro de Satanás para me atormentar e impedir qualquer arrogância. Em três ocasiões, supliquei ao Senhor que o removesse, mas ele disse: “Minha graça é tudo de que você precisa. Meu poder opera melhor na fraqueza”. Portanto, agora fico feliz de me orgulhar de minhas fraquezas, para que o poder de Cristo opere por meu intermédio. Por isso aceito com prazer fraquezas e insultos, privações, perseguições e aflições que sofro por Cristo. Pois, quando sou fraco, então é que sou forte. Vocês me obrigaram a agir como insensato. Vocês é que deveriam me elogiar, pois, embora eu nada seja, não sou inferior a esses “superapóstolos”. Quando estive com vocês, certamente dei provas de que sou apóstolo, pois com grande paciência realizei sinais, maravilhas e milagres entre vocês. A única coisa que não fiz, e que faço nas outras igrejas, foi me tornar um peso para vocês. Perdoem-me por essa injustiça! Agora irei visitá-los pela terceira vez e não serei um peso para vocês. Não quero seus bens; quero vocês. Afinal, os filhos não ajuntam riquezas para os pais. Ao contrário, são os pais que ajuntam riquezas para os filhos. Por vocês, de boa vontade me desgastarei e gastarei tudo que tenho, embora pareça que, quanto mais eu os ame, menos vocês me amam. Talvez reconheçam que não fui um peso para vocês, mas pensem que, mesmo assim, fui astuto e usei de artimanhas para tirar proveito de vocês. Mas como? Algum dos homens que lhes enviei se aproveitou de vocês? Quando insisti com Tito para que fosse visitá-los e enviei com ele outro irmão, por acaso Tito os explorou? Não temos nós o mesmo espírito e andamos nos passos um do outro, agindo do mesmo modo? Talvez vocês pensem que estamos apresentando desculpas. Não é verdade. Dizemos tais coisas como servos de Cristo, tendo Deus como testemunha. Tudo que fazemos, amados, é para fortalecê-los. Pois temo que, ao visitá-los, não goste daquilo que encontrarei e vocês não gostem de minha reação. Temo que encontre brigas, inveja, ira, egoísmo, calúnia, intrigas, arrogância e desordem. Sim, temo que, ao visitá-los outra vez, Deus me humilhe diante de vocês e eu venha a me entristecer porque muitos de vocês não abandonaram os pecados que cometiam no passado e não se arrependeram de sua impureza, sua imoralidade sexual e seu anseio por prazeres sensuais. Esta é a terceira vez que irei visitá-los. “Os fatos a respeito de cada caso devem ser confirmados pelo depoimento de duas ou três testemunhas.” Em minha segunda visita, já adverti aqueles que estavam em pecado. Agora, como naquela ocasião, volto a adverti-los e também os demais de que, da próxima vez, não os pouparei. Eu lhes darei todas as provas que desejarem de que Cristo fala por meu intermédio. Ele não é fraco ao tratar com vocês. Ao contrário, é poderoso entre vocês. Embora ele tenha sido crucificado em fraqueza, agora vive pelo poder de Deus. Nós também somos fracos, como Cristo foi, mas, quando tratarmos com vocês, estaremos vivos com ele e teremos o poder de Deus. Examinem a si mesmos. Verifiquem se estão praticando o que afirmam crer. Assim, poderão ser aprovados. Certamente sabem que Jesus Cristo está entre vocês; do contrário, já foram reprovados. Minha expectativa é que, uma vez que se examinarem, reconheçam que não fomos reprovados. Oramos a Deus para que vocês não façam o que é mau, não para que pareça que fomos aprovados em nosso serviço, mas para que façam o que é certo, mesmo que pareça que fomos reprovados ao repreendê-los. Pois não podemos resistir à verdade, mas devemos sempre defendê-la. Ficamos alegres quando estamos fracos, se isso ajudar a mostrar que, na realidade, vocês estão fortes. Oramos para que sejam restaurados. Escrevo-lhes essas coisas antes de visitá-los, na esperança de que, ao chegar, não precise tratá-los severamente. Meu desejo é usar a autoridade que o Senhor me deu para fortalecê-los, e não para destruí-los. Irmãos, encerro minha carta com estas últimas palavras: Alegrem-se. Cresçam até alcançar a maturidade. Encorajem-se mutuamente. Vivam em harmonia e paz. Então o Deus de amor e paz estará com vocês. Saúdem uns aos outros com beijo santo. Todo o povo santo lhes envia saudações. Que a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vocês. Eu, Paulo, apóstolo, nomeado não por um grupo de pessoas, nem por alguma autoridade humana, mas pelo próprio Jesus Cristo e por Deus, o Pai, que ressuscitou Jesus dos mortos, escrevo esta carta, com todos os irmãos que estão comigo, às igrejas da Galácia. Que Deus, o Pai, e nosso Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz. Jesus entregou sua vida por nossos pecados, a fim de nos resgatar deste mundo mau, conforme Deus, nosso Pai, havia planejado. Toda a glória a Deus para todo o sempre! Amém. Admiro-me que vocês estejam se afastando tão depressa daquele que os chamou para si por meio da graça de Cristo. Vocês estão seguindo um caminho diferente que se faz passar pelas boas-novas, mas que não são boas-novas de maneira nenhuma. Estão sendo perturbados por aqueles que distorcem deliberadamente as boas-novas de Cristo. Que seja amaldiçoado qualquer um, incluindo nós, ou mesmo um anjo do céu, que anunciar boas-novas diferentes das que nós lhes anunciamos. Repito o que disse antes: se alguém anunciar boas-novas diferentes das que vocês receberam, que seja amaldiçoado. Acaso estou tentando conquistar a aprovação das pessoas? Ou será que procuro a aprovação de Deus? Se meu objetivo fosse agradar as pessoas, não seria servo de Cristo. Irmãos, quero que vocês entendam que a mensagem das boas-novas por mim anunciada não provém do raciocínio humano. Não a recebi de fonte humana, e ninguém a ensinou a mim. Ao contrário, eu a recebi por revelação de Jesus Cristo. Vocês sabem como eu era quando seguia a religião judaica, como perseguia com violência a igreja de Deus. Não media esforços para destruí-la. Superava a muitos dos judeus de minha geração, sendo extremamente zeloso pelas tradições de meus antepassados. Contudo, ainda antes de eu nascer, Deus me escolheu e me chamou por sua graça. Foi do agrado dele revelar seu Filho a mim, para que eu o anunciasse aos gentios. Quando isso aconteceu, não consultei ser humano algum. Tampouco subi a Jerusalém para pedir o conselho daqueles que eram apóstolos antes de mim. Em vez disso, fui à Arábia e depois voltei à cidade de Damasco. Então, passados três anos, fui a Jerusalém para conhecer Pedro, com quem permaneci quinze dias. O único outro apóstolo que vi naquela ocasião foi Tiago, irmão do Senhor. Afirmo diante de Deus que o que lhes escrevo não é mentira. Depois disso, fui às províncias da Síria e da Cilícia. As igrejas em Cristo que estão na Judeia ainda não me conheciam pessoalmente. Sabiam apenas o que as pessoas diziam: “Aquele que nos perseguia agora anuncia a mesma fé que antes tentava destruir”. E louvavam a Deus por minha causa. Catorze anos depois, voltei a Jerusalém, dessa vez com Barnabé, e Tito também nos acompanhou. Fui para lá por causa de uma revelação. Reuni-me em particular com os líderes e compartilhei com eles as boas-novas que tenho anunciado aos gentios. Queria me certificar de que estávamos de acordo, pois temia que meus esforços, anteriores e presentes, fossem considerados inúteis. Mas eles me apoiaram e nem sequer exigiram que Tito, que me acompanhava, fosse circuncidado, embora fosse gentio. Essa questão foi levantada apenas por causa de alguns falsos irmãos que se infiltraram em nosso meio para nos espionar e nos tirar a liberdade que temos em Cristo Jesus. Sua intenção era nos escravizar, mas não cedemos a eles nem por um momento, a fim de preservar a verdade das boas-novas para vocês. Quanto aos líderes — cuja reputação, a propósito, não fez diferença alguma para mim, pois Deus não age com favoritismo —, nada tiveram a acrescentar àquilo que eu pregava. Ao contrário, viram que me havia sido confiada a responsabilidade de anunciar as boas-novas aos gentios, assim como a Pedro tinha sido confiada a responsabilidade de anunciar as boas-novas aos judeus. Pois o mesmo Deus que atuou por meio de Pedro como apóstolo aos judeus também atuou por meu intermédio como apóstolo aos gentios. De fato, Tiago, Pedro e João, tidos como colunas, reconheceram a graça que me foi dada e aceitaram Barnabé e a mim como seus colaboradores. Eles nos incentivaram a dar continuidade à pregação aos gentios, enquanto eles prosseguiriam no trabalho com os judeus. Sua única sugestão foi que continuássemos a ajudar os pobres, o que sempre fiz com dedicação. Mas, quando Pedro veio a Antioquia, tive de opor-me a ele abertamente, pois o que ele fez foi muito errado. No começo, quando chegou, ele comia com os gentios. Mais tarde, porém, quando vieram alguns amigos de Tiago, começou a se afastar, com medo daqueles que insistiam na necessidade de circuncisão. Como resultado, outros judeus imitaram a hipocrisia de Pedro, e até mesmo Barnabé se deixou levar por ela. Quando vi que não estavam seguindo a verdade das boas-novas, disse a Pedro diante de todos: “Se você, que é judeu de nascimento, vive como gentio, e não como judeu, por que agora obriga esses gentios a viverem como judeus? Você e eu somos judeus de nascimento, e não pecadores, como os judeus consideram os gentios. E, no entanto, sabemos que uma pessoa é declarada justa diante de Deus pela fé em Jesus Cristo, e não pela obediência à lei. E cremos em Cristo Jesus, para que fôssemos declarados justos pela fé em Cristo, e não porque obedecemos à lei. Pois ninguém é declarado justo diante de Deus pela obediência à lei”. Mas, se a busca da justiça por meio de Cristo nos torna culpados de abandonar a lei, isso torna Cristo responsável por nosso pecado? De maneira nenhuma! Se, pois, reconstruo o antigo sistema da lei que já destruí, então faço de mim mesmo transgressor da lei. Pois, quando procurei viver por meio da lei, ela me condenou. Portanto, morri para a lei a fim de viver para Deus. Fui crucificado com Cristo; assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. Portanto, vivo neste corpo terreno pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim. Não considero a graça de Deus algo sem sentido. Pois, se a obediência à lei nos tornasse justos diante de Deus, não haveria necessidade alguma de Cristo morrer. Ó gálatas insensatos! Quem os enfeitiçou? Jesus Cristo não lhes foi explicado tão claramente como se tivessem visto com os próprios olhos a morte dele na cruz? Deixem-me perguntar apenas uma coisa: vocês receberam o Espírito porque obedeceram à lei ou porque creram na mensagem que ouviram? Será que perderam o juízo? Tendo começado no Espírito, por que agora procuram tornar-se perfeitos por seus próprios esforços? Será que foi à toa que passaram por tantos sofrimentos? É claro que não foi à toa! Volto a perguntar: acaso aquele que lhes deu o Espírito e realizou milagres entre vocês agiu assim porque vocês obedeceram à lei ou porque creram na mensagem que ouviram? Da mesma forma, “Abraão creu em Deus, e assim foi considerado justo”. Logo, os verdadeiros filhos de Abraão são aqueles que creem. As Escrituras previram esse tempo em que Deus declararia os gentios justos por meio da fé. Ele anunciou essas boas-novas a Abraão há muito tempo, quando disse: “Todas as nações da terra serão abençoadas por seu intermédio”. Portanto, todos os que creem participam da mesma bênção que Abraão recebeu por crer. Contudo, os que confiam na lei para serem declarados justos estão sob maldição, pois as Escrituras dizem: “Maldito quem não se mantiver obediente a tudo que está escrito no Livro da Lei”. É evidente, portanto, que ninguém pode ser declarado justo diante de Deus pela lei. Pois as Escrituras dizem: “O justo viverá pela fé”. A lei, porém, não é baseada na fé, pois diz: “Quem obedece à lei viverá por ela”. Mas Cristo nos resgatou da maldição pronunciada pela lei tomando sobre si a maldição por nossas ofensas. Pois as Escrituras dizem: “Maldito todo aquele que é pendurado num madeiro”. Por meio de Cristo Jesus, os gentios foram abençoados com a mesma bênção de Abraão, para que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido. Irmãos, apresento-lhes um exemplo da vida diária. Ninguém pode anular ou fazer acréscimos a uma aliança irrevogável. Pois bem, Deus fez a promessa a Abraão e a seu descendente. Observem que as Escrituras não dizem “a seus descendentes”, como se fosse uma referência a muitos, mas sim “a seu descendente”, isto é, Cristo. É isto que quero dizer: a lei, que veio 430 anos depois, não pode anular a aliança que Deus estabeleceu com Abraão, pois nesse caso a promessa seria quebrada. Portanto, se a herança pudesse ser recebida pela obediência à lei, ela não viria pela aceitação da promessa. No entanto, Deus, em sua bondade, a concedeu a Abraão como promessa. Qual era, então, o propósito da lei? Ela foi acrescentada à promessa para mostrar às pessoas seus pecados. Mas a lei deveria durar apenas até a vinda do descendente prometido. Por meio de anjos, a lei foi entregue a um mediador. O mediador, porém, só é necessário quando dois ou mais precisam chegar a um acordo, e Deus é um só. Existe, portanto, algum conflito entre a lei e as promessas de Deus? De maneira nenhuma! Se a lei fosse capaz de nos conceder nova vida, seríamos declarados justos pela obediência a ela. Mas as Escrituras afirmam que somos todos prisioneiros do pecado, de modo que nós, os que cremos, recebemos a promessa de libertação apenas pela fé em Jesus Cristo. Antes que o caminho da fé se tornasse disponível, fomos colocados sob a custódia da lei e mantidos sob a sua guarda, até que essa fé fosse revelada. Em outras palavras, a lei foi nosso guardião até a vinda de Cristo; ela nos protegeu até que, por meio da fé, pudéssemos ser declarados justos. Agora que veio o caminho da fé, não precisamos mais da lei como guardião. Pois todos vocês são filhos de Deus por meio da fé em Cristo Jesus. Todos que foram unidos com Cristo no batismo se revestiram de Cristo. Não há mais judeu nem gentio, escravo nem livre, homem nem mulher, pois todos vocês são um em Cristo Jesus. E agora que pertencem a Cristo, são verdadeiros filhos de Abraão, herdeiros dele segundo a promessa de Deus. Portanto, pensem da seguinte forma: enquanto não atingir a idade adequada, o herdeiro não está numa posição muito melhor que a de um escravo, apesar de ser dono de todos os bens. Deve obedecer a seus tutores e administradores até a idade determinada por seu pai. O mesmo acontecia conosco. Éramos como crianças; éramos escravos dos princípios básicos deste mundo. Mas, quando chegou o tempo certo, Deus enviou seu Filho, nascido de uma mulher e sob a lei. Assim o fez para resgatar a nós que estávamos sob a lei, a fim de nos adotar como seus filhos. E, porque nós somos seus filhos, Deus enviou ao nosso coração o Espírito de seu Filho, e por meio dele clamamos: “ Aba, Pai”. Agora você já não é escravo, mas filho de Deus. E, uma vez que é filho, Deus o tornou herdeiro dele. Antes de conhecerem a Deus, vocês eram escravos de supostos deuses que, na verdade, nem existem. Agora que conhecem a Deus, ou melhor, agora que Deus os conhece, por que desejam voltar atrás e tornar-se novamente escravos dos frágeis e inúteis princípios básicos deste mundo? Vocês insistem em guardar certos dias, meses, estações ou anos. Temo por vocês. Talvez meu árduo trabalho em seu favor tenha sido inútil. Irmãos, peço-lhes que sejam como eu, pois eu também sou como vocês. E vocês não me trataram mal e certamente se lembram de que eu estava doente quando lhes anunciei as boas-novas pela primeira vez. Embora minha saúde precária fosse uma tentação para me rejeitarem, vocês não me desprezaram nem me mandaram embora. Ao contrário, acolheram-me e cuidaram de mim como se eu fosse um anjo de Deus, ou mesmo o próprio Cristo Jesus. Que aconteceu com a alegria que vocês demonstraram naquela ocasião? Estou certo de que, se fosse possível, teriam arrancado os próprios olhos e os teriam dado a mim. Acaso me tornei inimigo de vocês porque lhes digo a verdade? Esses falsos mestres estão extremamente ansiosos para agradá-los, mas suas intenções não são boas. Querem afastá-los de mim para que dependam deles. Se alguém deseja agradá-los, muito bem; mas que o faça sempre, e não só quando estou com vocês. Ó meus filhos queridos, sinto como se estivesse passando outra vez pelas dores de parto por sua causa, e elas continuarão até que Cristo seja plenamente desenvolvido em vocês. Gostaria de poder estar aí com vocês para lhes falar em outro tom. Mas, distante como estou, não sei o que mais fazer para ajudá-los. Digam-me, vocês que desejam viver debaixo da lei: acaso sabem o que a lei diz de fato? De acordo com as Escrituras, Abraão teve dois filhos, um nascido de uma escrava e outro de sua esposa, que era livre. O filho da escrava nasceu segundo a vontade humana; o filho da mulher livre nasceu segundo a promessa. Essas duas mulheres ilustram duas alianças. A primeira, Hagar, representa o monte Sinai, onde o povo recebeu a lei que o escravizou. E Hagar, que é o monte Sinai, na Arábia, representa a Jerusalém de agora, pois ela e seus filhos vivem sob a escravidão da lei. A segunda, Sara, representa a Jerusalém celestial. Ela é a mulher livre, e é nossa mãe. Como dizem as Escrituras: “Alegre-se, mulher sem filhos, você que nunca deu à luz! Grite de alegria, você que nunca esteve em trabalho de parto! Pois a abandonada agora tem mais filhos que a mulher que vive com o marido”. E vocês, irmãos, são filhos da promessa, como Isaque. Ismael, o filho nascido da vontade humana, perseguiu Isaque, o filho nascido do poder do Espírito, e o mesmo ocorre agora. Mas o que dizem as Escrituras sobre isso? “Livre-se da escrava e do filho dela, pois o filho da escrava não será herdeiro junto com o filho da mulher livre.” Portanto, irmãos, não somos filhos da escrava; somos filhos da mulher livre. Portanto, permaneçam firmes nessa liberdade, pois Cristo verdadeiramente nos libertou. Não se submetam novamente à escravidão da lei. Prestem atenção! Eu, Paulo, lhes digo: se vocês se deixarem ser circuncidados, Cristo de nada lhes servirá. Volto a dizer: todo aquele que se deixa ser circuncidado deve obedecer a toda a lei. Pois, se vocês procuram tornar-se justos diante de Deus pelo cumprimento da lei, foram separados de Cristo e caíram para longe da graça. Mas nós que vivemos pelo Espírito esperamos ansiosamente receber pela fé a justiça que Deus nos prometeu. Pois, em Cristo Jesus, não há benefício algum em ser ou não circuncidado. O que importa é a fé que se expressa pelo amor. Vocês estavam indo bem na corrida; quem os impediu de seguir a verdade? Certamente não foi Deus quem os levou a pensar assim, pois ele os chamou para serem livres. Um pouco de fermento se espalha por toda a massa. Confio que o Senhor os guardará de crer em falsos ensinamentos. Aquele que os perturbar, seja ele quem for, será julgado. Irmãos, se eu ainda prego que vocês devem ser circuncidados, como dizem alguns, por que continuo a ser perseguido? Se eu não pregasse a salvação exclusivamente por meio da cruz, ninguém se ofenderia. Esses sujeitos que os perturbam deveriam castrar a si mesmos! Porque vocês, irmãos, foram chamados para viver em liberdade. Não a usem, porém, para satisfazer sua natureza humana. Ao contrário, usem-na para servir uns aos outros em amor. Pois toda a lei pode ser resumida neste único mandamento: “Ame o seu próximo como a si mesmo”. Mas, se vocês estão sempre mordendo e devorando uns aos outros, tenham cuidado, pois correm o risco de se destruírem. Por isso digo: deixem que o Espírito guie sua vida. Assim, não satisfarão os anseios de sua natureza humana. A natureza humana deseja fazer exatamente o oposto do que o Espírito quer, e o Espírito nos impele na direção contrária àquela desejada pela natureza humana. Essas duas forças se confrontam o tempo todo, de modo que vocês não têm liberdade de pôr em prática o que intentam fazer. Quando, porém, são guiados pelo Espírito, não estão debaixo da lei. Quando seguem os desejos da natureza humana, os resultados são extremamente claros: imoralidade sexual, impureza, sensualidade, idolatria, feitiçaria, hostilidade, discórdias, ciúmes, acessos de raiva, ambições egoístas, dissensões, divisões, inveja, bebedeiras, festanças desregradas e outros pecados semelhantes. Repito o que disse antes: quem pratica essas coisas não herdará o reino de Deus. Mas o Espírito produz este fruto: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Não há lei contra essas coisas! Aqueles que pertencem a Cristo Jesus crucificaram as paixões e os desejos de sua natureza humana. Uma vez que vivemos pelo Espírito, sigamos a direção do Espírito em todas as áreas de nossa vida. Não nos tornemos orgulhosos, provocando e invejando uns aos outros. Irmãos, se alguém for vencido por algum pecado, vocês que são guiados pelo Espírito devem, com mansidão, ajudá-lo a voltar ao caminho certo. E cada um cuide para não ser tentado. Ajudem a levar os fardos uns dos outros e obedeçam, desse modo, à lei de Cristo. Se vocês se consideram importantes demais para ajudar os outros, estão apenas enganando a si mesmos. Cada um preste muita atenção em seu trabalho, pois então terá a satisfação de havê-lo feito bem e não precisará se comparar com os outros. Porque cada um de nós é responsável pela própria conduta. Aqueles que recebem o ensino da palavra devem repartir com seus mestres todas as coisas boas. Não se deixem enganar: ninguém pode zombar de Deus. A pessoa sempre colherá aquilo que semear. Quem vive apenas para satisfazer sua natureza humana colherá dessa natureza ruína e morte. Mas quem vive para agradar o Espírito colherá do Espírito a vida eterna. Portanto, não nos cansemos de fazer o bem. No momento certo, teremos uma colheita de bênçãos, se não desistirmos. Por isso, sempre que tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, especialmente aos da família da fé. Vejam com que letras grandes lhes escrevo, de próprio punho, estas palavras finais! Aqueles que procuram obrigá-los a se circuncidarem desejam causar boa impressão para outros, a fim de não serem perseguidos por ensinar que somente a cruz de Cristo pode salvar. E nem mesmo aqueles que defendem a circuncisão cumprem toda a lei. Querem que vocês sejam circuncidados só para que eles se gloriem disso. Quanto a mim, que eu jamais me glorie em qualquer coisa, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo. Por causa dessa cruz meu interesse neste mundo foi crucificado, e o interesse do mundo em mim também morreu. Não importa se fomos circuncidados ou não. O que importa é que fomos transformados em nova criação. Que a paz e a misericórdia de Deus estejam sobre todos os que vivem de acordo com esse princípio e sobre o Israel de Deus. De agora em diante, que ninguém me perturbe com essas coisas, pois levo em meu corpo cicatrizes que mostram que pertenço a Jesus. Irmãos, que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo esteja com o espírito de vocês. Amém. Eu, Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, escrevo esta carta ao povo santo em Éfeso, seguidores fiéis de Cristo Jesus. Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz. Todo louvor seja a Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou em Cristo com todas as bênçãos espirituais nos domínios celestiais. Mesmo antes de criar o mundo, Deus nos amou e nos escolheu em Cristo para sermos santos e sem culpa diante dele. Ele nos predestinou para si, para nos adotar como filhos por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito de sua vontade. Deus assim o fez para o louvor de sua graça gloriosa, que ele derramou sobre nós em seu Filho amado. Ele é tão rico em graça que comprou nossa liberdade com o sangue de seu Filho e perdoou nossos pecados. Generosamente, derramou sua graça sobre nós e, com ela, toda sabedoria e todo entendimento. Agora Deus nos revelou sua vontade secreta a respeito de Cristo, isto é, o cumprimento de seu bom propósito. E o plano é este: no devido tempo, ele reunirá sob a autoridade de Cristo tudo que existe nos céus e na terra. Além disso, em Cristo nós nos tornamos herdeiros de Deus, pois ele nos predestinou conforme seu plano e faz que tudo ocorra de acordo com sua vontade. O propósito de Deus era que nós, os primeiros a confiar em Cristo, louvássemos a Deus e lhe déssemos glória. Agora vocês também ouviram a verdade, as boas-novas da salvação. E, quando creram em Cristo, ele colocou sobre vocês o selo do Espírito Santo que havia prometido. O Espírito é a garantia de nossa herança, até o dia em que Deus nos resgatará como sua propriedade, para o louvor de sua glória. Desde que eu soube de sua fé no Senhor Jesus e de seu amor pelo povo santo em toda parte, não deixo de agradecer a Deus por vocês. Em minhas orações, peço que Deus, o Pai glorioso de nosso Senhor Jesus Cristo, lhes dê sabedoria espiritual e entendimento para que cresçam no conhecimento dele. Oro para que seu coração seja iluminado, a fim de que compreendam a esperança concedida àqueles que ele chamou e a rica e gloriosa herança que ele deu a seu povo santo. Também oro para que entendam a grandeza insuperável do poder de Deus para conosco, os que cremos. É o mesmo poder grandioso que ressuscitou Cristo dos mortos e o fez sentar-se no lugar de honra, à direita de Deus, nos domínios celestiais. Agora ele está muito acima de qualquer governante, autoridade, poder, líder ou qualquer outro nome não apenas neste mundo, mas também no futuro. Deus submeteu todas as coisas à autoridade de Cristo e o fez cabeça de tudo, para o bem da igreja. E a igreja é seu corpo; ela é preenchida e completada por Cristo, que enche consigo mesmo todas as coisas em toda parte. Vocês estavam mortos por causa de sua desobediência e de seus muitos pecados, nos quais costumavam viver, como o resto do mundo, obedecendo ao comandante dos poderes do mundo invisível. Ele é o espírito que opera no coração dos que se recusam a obedecer. Todos nós vivíamos desse modo, seguindo os desejos ardentes e as inclinações de nossa natureza humana. Éramos, por natureza, merecedores da ira, como os demais. Mas Deus é tão rico em misericórdia e nos amou tanto que, embora estivéssemos mortos por causa de nossos pecados, ele nos deu vida juntamente com Cristo. É pela graça que vocês são salvos! Pois ele nos ressuscitou com Cristo e nos fez sentar com ele nos domínios celestiais, porque agora estamos em Cristo Jesus. Portanto, nas eras futuras, Deus poderá apontar-nos como exemplos da riqueza insuperável de sua graça, revelada na bondade que ele demonstrou por nós em Cristo Jesus. Vocês são salvos pela graça, por meio da fé. Isso não vem de vocês; é uma dádiva de Deus. Não é uma recompensa pela prática de boas obras, para que ninguém venha a se orgulhar. Pois somos obra-prima de Deus, criados em Cristo Jesus a fim de realizar as boas obras que ele de antemão planejou para nós. Não esqueçam que vocês, gentios, eram chamados de “incircuncidados” pelos judeus que se orgulhavam da circuncisão, embora ela fosse apenas um ritual exterior e humano. Naquele tempo, vocês viviam afastados de Cristo. Não tinham os privilégios do povo de Israel e não conheciam as promessas da aliança. Viviam no mundo sem Deus e sem esperança. Agora, porém, estão em Cristo Jesus. Antigamente, estavam distantes de Deus, mas agora foram trazidos para perto dele por meio do sangue de Cristo. Porque Cristo é nossa paz. Ele uniu judeus e gentios em um só povo ao derrubar o muro de inimizade que nos separava. Ele acabou com o sistema da lei, com seus mandamentos e ordenanças, promovendo a paz ao criar para si, desses dois grupos, uma nova humanidade. Assim, ele os reconciliou com Deus em um só corpo por meio de sua morte na cruz, eliminando a inimizade que havia entre eles. Ele trouxe essas boas-novas de paz tanto a vocês que estavam distantes dele como aos que estavam perto. Agora, por causa do que Cristo fez, todos temos acesso ao Pai pelo mesmo Espírito. Portanto, vocês já não são estranhos e forasteiros, mas concidadãos do povo santo e membros da família de Deus. Juntos, somos sua casa, edificados sobre os alicerces dos apóstolos e dos profetas. E a pedra angular é o próprio Cristo Jesus. Nele somos firmemente unidos, constituindo um templo santo para o Senhor. Por meio dele, vocês também estão sendo edificados como parte dessa habitação, onde Deus vive por seu Espírito. Quando penso em tudo isso, eu, Paulo, prisioneiro de Cristo Jesus para o bem de vocês, gentios… Tomando por certo, a propósito, que vocês sabem que Deus me deu essa responsabilidade especial de estender sua graça a vocês. Como lhes escrevi anteriormente em poucas palavras, o próprio Deus revelou esse segredo a mim. Ao lerem o que escrevi, entenderão minha compreensão desse segredo a respeito de Cristo, que não foi revelado às gerações anteriores, mas agora foi revelado, pelo Espírito, aos santos apóstolos e profetas. E este é o segredo revelado: tanto os gentios como os judeus que creem nas boas-novas participam igualmente das riquezas herdadas pelos filhos de Deus. Ambos são membros do mesmo corpo e desfrutam a promessa em Cristo Jesus. Pela graça e pelo grande poder de Deus, recebi o privilégio de servir anunciando essas boas-novas. Ainda que eu seja o menos digno de todo o povo santo, recebi, pela graça, o privilégio de falar aos gentios sobre os tesouros infindáveis que estão disponíveis a eles em Cristo e de explicar a todos esse segredo que Deus, o Criador de todas as coisas, manteve oculto desde o princípio. O plano de Deus era mostrar a todos os governantes e autoridades nos domínios celestiais, por meio da igreja, as muitas formas da sabedoria divina. Esse era seu propósito eterno, que ele realizou por meio de Cristo Jesus, nosso Senhor. Por meio da fé em Cristo, agora nós, com ousadia e confiança, temos acesso à presença de Deus. Portanto, peço-lhes que não desanimem por causa de minhas provações. É por vocês que sofro; a honra é de vocês. Quando penso em tudo isso, caio de joelhos e oro ao Pai, o Criador de todas as coisas nos céus e na terra. Peço que, da riqueza de sua glória, ele os fortaleça com poder interior por meio de seu Espírito. Então Cristo habitará em seu coração à medida que vocês confiarem nele. Suas raízes se aprofundarão em amor e os manterão fortes. Também peço que, como convém a todo o povo santo, vocês possam compreender a largura, o comprimento, a altura e a profundidade do amor de Cristo. Que vocês experimentem esse amor, ainda que seja grande demais para ser inteiramente compreendido. Então vocês serão preenchidos com toda a plenitude de vida e poder que vêm de Deus. Toda a glória seja a Deus que, por seu grandioso poder que atua em nós, é capaz de realizar infinitamente mais do que poderíamos pedir ou imaginar. A ele seja a glória na igreja e em Cristo Jesus por todas as gerações, para todo o sempre! Amém. Portanto, como prisioneiro no Senhor, suplico-lhes que vivam de modo digno do chamado que receberam. Sejam sempre humildes e amáveis, tolerando pacientemente uns aos outros em amor. Façam todo o possível para se manterem unidos no Espírito, ligados pelo vínculo da paz. Pois há um só corpo e um só Espírito, assim como vocês foram chamados para uma só esperança. Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de tudo, o qual está sobre todos, em todos, e vive por meio de todos. A cada um de nós, porém, ele concedeu uma dádiva, por meio da generosidade de Cristo. Por isso as Escrituras dizem: “Quando ele subiu às alturas, levou muitos prisioneiros e concedeu dádivas ao povo”. Notem que diz que “ele subiu”. Por certo, isso significa que Cristo também desceu ao mundo inferior. E aquele que desceu é o mesmo que subiu acima de todos os céus, a fim de encher consigo mesmo todas as coisas. Ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, outros para pastores e mestres. Eles são responsáveis por preparar o povo santo para realizar sua obra e edificar o corpo de Cristo, até que todos alcancemos a unidade que a fé e o conhecimento do Filho de Deus produzem e amadureçamos, chegando à completa medida da estatura de Cristo. Então não seremos mais imaturos como crianças, nem levados de um lado para outro, empurrados por qualquer vento de novos ensinamentos, e também não seremos influenciados quando nos tentarem enganar com mentiras astutas. Em vez disso, falaremos a verdade em amor, tornando-nos, em todos os aspectos, cada vez mais parecidos com Cristo, que é a cabeça. Ele faz que todo o corpo se encaixe perfeitamente. E cada parte, ao cumprir sua função específica, ajuda as demais a crescer, para que todo o corpo se desenvolva e seja saudável em amor. Assim, eu lhes digo com a autoridade do Senhor: não vivam mais como os gentios, levados por pensamentos vazios e inúteis. A mente deles está mergulhada na escuridão. Andam sem rumo, alienados da vida que Deus dá, pois são ignorantes e endureceram o coração para ele. Tornaram-se insensíveis, vivem em função dos prazeres sensuais e praticam avidamente toda espécie de impureza. Mas não foi isso que vocês aprenderam de Cristo. Uma vez que ouviram falar de Jesus e foram ensinados sobre a verdade que vem dele, livrem-se de sua antiga natureza e de seu velho modo de viver, corrompido pelos desejos impuros e pelo engano. Deixem que o Espírito renove seus pensamentos e atitudes e revistam-se de sua nova natureza, criada para ser verdadeiramente justa e santa como Deus. Portanto, abandonem a mentira e digam a verdade a seu próximo, pois somos todos parte do mesmo corpo. E “não pequem ao permitir que a ira os controle”. Acalmem a ira antes que o sol se ponha, pois ela cria oportunidades para o diabo. Quem é ladrão, pare de roubar. Em vez disso, use as mãos para trabalhar com empenho e honestidade e, assim, ajudar generosamente os necessitados. Evitem o linguajar sujo e insultante. Que todas as suas palavras sejam boas e úteis, a fim de dar ânimo àqueles que as ouvirem. Não entristeçam o Espírito Santo de Deus, o selo que ele colocou sobre vocês para o dia em que nos resgatará como sua propriedade. Livrem-se de toda amargura, raiva, ira, das palavras ásperas e da calúnia, e de todo tipo de maldade. Em vez disso, sejam bondosos e tenham compaixão uns dos outros, perdoando-se como Deus os perdoou em Cristo. Portanto, como filhos amados de Deus, imitem-no em tudo que fizerem. Vivam em amor, seguindo o exemplo de Cristo, que nos amou e se entregou por nós como oferta e sacrifício de aroma agradável a Deus. Que não haja entre vocês imoralidade sexual, impureza ou ganância. Esses pecados não têm lugar no meio do povo santo. As histórias obscenas, as conversas tolas e as piadas vulgares não são para vocês. Em vez disso, sejam agradecidos a Deus. Podem estar certos de que nenhum imoral, impuro ou ganancioso, que é idólatra, herdará o reino de Cristo e de Deus. Não se deixem enganar por palavras vazias, pois a ira de Deus virá sobre os que lhe desobedecerem. Não participem do que essas pessoas fazem. Pois antigamente vocês estavam mergulhados na escuridão, mas agora têm a luz no Senhor. Vivam, portanto, como filhos da luz! Pois o fruto da luz produz apenas o que é bom, justo e verdadeiro. Procurem descobrir o que agrada ao Senhor. Não participem dos feitos inúteis do mal e da escuridão; antes, mostrem sua reprovação expondo-os à luz. É vergonhoso até mesmo falar daquilo que os maus fazem em segredo. Suas más intenções, porém, ficarão evidentes quando a luz brilhar sobre elas, pois a luz torna visíveis todas as coisas. Por isso se diz: “Desperte, você que dorme, levante-se dentre os mortos, e Cristo o iluminará”. Portanto, sejam cuidadosos em seu modo de vida. Não vivam como insensatos, mas como sábios. Aproveitem ao máximo todas as oportunidades nestes dias maus. Não ajam de forma impensada, mas procurem entender a vontade do Senhor. Não se embriaguem com vinho, pois ele os levará ao descontrole. Em vez disso, sejam cheios do Espírito, cantando salmos, hinos e cânticos espirituais entre si e louvando o Senhor de coração com música. Por tudo deem graças a Deus, o Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Sujeitem-se uns aos outros por temor a Cristo. Esposas, sujeite-se cada uma a seu marido, como ao Senhor. Pois o marido é o cabeça da esposa, como Cristo é o cabeça da igreja. Ele é o Salvador de seu corpo, a igreja. Assim como a igreja se sujeita a Cristo, também vocês, esposas, devem se sujeitar em tudo a seu marido. Maridos, ame cada um a sua esposa, como Cristo amou a igreja. Ele entregou a vida por ela, a fim de torná-la santa, purificando-a ao lavá-la com água por meio da palavra. Assim o fez para apresentá-la a si mesmo como igreja gloriosa, sem mancha, ruga ou qualquer outro defeito, mas santa e sem culpa. Da mesma forma, os maridos devem amar cada um a sua esposa, como amam o próprio corpo, pois o homem que ama sua esposa na verdade ama a si mesmo. Ninguém odeia o próprio corpo, mas o alimenta e cuida dele, como Cristo cuida da igreja. E nós somos membros de seu corpo. “Por isso o homem deixa pai e mãe e se une à sua mulher, e os dois se tornam um só.” Esse é um grande mistério, mas ilustra a união entre Cristo e a igreja. Portanto, volto a dizer: cada homem deve amar a esposa como ama a si mesmo, e a esposa deve respeitar o marido. Filhos, obedeçam a seus pais no Senhor, porque isso é o certo a fazer. “Honre seu pai e sua mãe.” Esse é o primeiro mandamento com promessa. Se honrar pai e mãe, “tudo lhe irá bem e terá vida longa na terra”. Pais, não tratem seus filhos de modo a irritá-los; antes, eduquem-nos com a disciplina e a instrução que vêm do Senhor. Escravos, obedeçam a seus senhores terrenos com respeito e temor. Sirvam com sinceridade, como serviriam a Cristo. Procurem agradá-los sempre, e não apenas quando eles estiverem observando. Como escravos de Cristo, façam a vontade de Deus de todo o coração. Trabalhem com entusiasmo, como se servissem ao Senhor, e não a homens. Lembrem-se de que o Senhor recompensará cada um de nós pelo bem que fizermos, quer sejamos escravos, quer livres. Senhores, assim também tratem seus escravos. Não os ameacem; lembrem-se de que vocês e eles têm o mesmo Senhor no céu, e ele não age com favoritismo. Uma palavra final: Sejam fortes no Senhor e em seu grande poder. Vistam toda a armadura de Deus, para que possam permanecer firmes contra as estratégias do diabo. Pois nós não lutamos contra inimigos de carne e sangue, mas contra governantes e autoridades do mundo invisível, contra grandes poderes neste mundo de trevas e contra espíritos malignos nas esferas celestiais. Portanto, vistam toda a armadura de Deus, para que possam resistir ao inimigo no tempo do mal. Então, depois da batalha, vocês continuarão de pé e firmes. Assim, mantenham sua posição, colocando o cinto da verdade e a couraça da justiça. Como calçados, usem a paz das boas-novas, para que estejam inteiramente preparados. Em todas as situações, levantem o escudo da fé, para deter as flechas de fogo do maligno. Usem a salvação como capacete e empunhem a espada do Espírito, que é a palavra de Deus. Orem no Espírito em todos os momentos e ocasiões. Permaneçam atentos e sejam persistentes em suas orações por todo o povo santo. E orem também por mim. Peçam que Deus me conceda as palavras certas, para que eu possa explicar corajosamente o segredo revelado pelas boas-novas. Agora estou preso em correntes, mas continuo a anunciar essa mensagem como embaixador de Deus. Portanto, orem para que eu siga falando corajosamente em nome dele, como é meu dever. Tíquico lhes dará um relatório completo do que tenho feito e de como tenho passado. Ele é um irmão amado e um colaborador fiel na obra do Senhor. Eu o enviei a vocês com esse propósito, para que saibam como estamos e para animá-los. A paz seja com vocês, irmãos, e que Deus, o Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem amor e fidelidade. Que a graça de Deus esteja eternamente sobre todos que amam nosso Senhor Jesus Cristo. Paulo e Timóteo, escravos de Cristo Jesus, escrevemos a todo o povo santo em Cristo Jesus que está em Filipos, incluindo os bispos e diáconos. Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz. Todas as vezes que penso em vocês, dou graças a meu Deus. Sempre que oro, peço por todos vocês com alegria, pois são meus cooperadores na propagação das boas-novas, desde o primeiro dia até agora. Tenho certeza de que aquele que começou a boa obra em vocês irá completá-la até o dia em que Cristo Jesus voltar. É apropriado que eu me sinta assim a respeito de vocês, pois os tenho em meu coração. Vocês têm participado comigo da graça, tanto em minha prisão como na defesa e confirmação das boas-novas. Deus sabe do meu amor por vocês e da saudade que tenho de todos, com a mesma compaixão de Cristo Jesus. Oro para que o amor de vocês transborde cada vez mais e que continuem a crescer em conhecimento e discernimento. Quero que compreendam o que é verdadeiramente importante, para que vivam de modo puro e sem culpa até o dia em que Cristo voltar. Que vocês sejam sempre cheios do fruto da justiça, que vem por meio de Jesus Cristo, para a glória e o louvor de Deus. Quero que saibam, irmãos, que tudo que me aconteceu tem ajudado a propagar as boas-novas. Pois todos aqui, incluindo toda a guarda do palácio, sabem que estou preso por causa de Cristo. E, por causa de minha prisão, a maioria dos irmãos daqui se tornou mais confiante no Senhor e anuncia a mensagem de Deus com determinação e sem temor. É verdade que alguns anunciam a Cristo por inveja e rivalidade, mas outros o fazem de boa vontade. Estes pregam por amor, pois sabem que fui designado para defender as boas-novas. Aqueles, no entanto, anunciam a Cristo por ambição egoísta, não com sinceridade, mas com o objetivo de aumentar meu sofrimento enquanto estou preso. Mas nada disso importa. Sejam as motivações deles falsas, sejam verdadeiras, a mensagem a respeito de Cristo está sendo anunciada, e isso me alegra. E continuarei a me alegrar, pois sei que, com suas orações e o auxílio do Espírito de Jesus Cristo, isso resultará em minha libertação. Minha grande expectativa e esperança é que eu jamais seja envergonhado, mas que continue a trabalhar corajosamente, como sempre fiz, de modo que Cristo seja honrado por meu intermédio, quer eu viva, quer eu morra. Pois, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro. Mas, se continuar vivo, posso trabalhar e produzir fruto para Cristo. Na verdade, não sei o que escolher. Estou dividido entre os dois desejos: quero partir e estar com Cristo, o que me seria muitíssimo melhor. Contudo, por causa de vocês, é mais importante que eu continue a viver. Ciente disso, estou certo de que continuarei vivo para ajudar todos vocês a crescer na fé e experimentar a alegria que ela traz. E, quando eu voltar, terão ainda mais motivos para se orgulhar em Cristo Jesus pelo que ele tem feito por meu intermédio. O mais importante é que vocês vivam em sua comunidade de maneira digna das boas-novas de Cristo. Então, quando eu for vê-los novamente, ou mesmo quando ouvir a seu respeito, saberei que estão firmes e unidos em um só espírito e em um só propósito, lutando juntos pela fé que é proclamada nas boas-novas. Não se deixem intimidar por aqueles que se opõem a vocês. Isso é um sinal de Deus de que eles serão destruídos, e vocês serão salvos. Pois vocês receberam o privilégio não apenas de crer em Cristo, mas também de sofrer por ele. Estamos juntos nesta luta. Vocês viram as dificuldades que enfrentei no passado e sabem que elas ainda não terminaram. Há alguma motivação por estar em Cristo? Há alguma consolação que vem do amor? Há alguma comunhão no Espírito? Há alguma compaixão e afeição? Então completem minha alegria concordando sinceramente uns com os outros, amando-se mutuamente e trabalhando juntos com a mesma forma de pensar e um só propósito. Não sejam egoístas, nem tentem impressionar ninguém. Sejam humildes e considerem os outros mais importantes que vocês. Não procurem apenas os próprios interesses, mas preocupem-se também com os interesses alheios. Tenham a mesma atitude demonstrada por Cristo Jesus. Embora sendo Deus, não considerou que ser igual a Deus fosse algo a que devesse se apegar. Em vez disso, esvaziou a si mesmo; assumiu a posição de escravo e nasceu como ser humano. Quando veio em forma humana, humilhou-se e foi obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso Deus o elevou ao lugar de mais alta honra e lhe deu o nome que está acima de todos os nomes, para que, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua declare que Jesus Cristo é Senhor, para a glória de Deus, o Pai. Quando eu estava aí, meus amados, vocês sempre seguiam minhas instruções. Agora que estou longe, é ainda mais importante que o façam. Trabalhem com afinco a sua salvação, obedecendo a Deus com reverência e temor. Pois Deus está agindo em vocês, dando-lhes o desejo e o poder de realizarem aquilo que é do agrado dele. Façam tudo sem queixas nem discussões, de modo que ninguém possa acusá-los. Levem uma vida pura e inculpável como filhos de Deus, brilhando como luzes resplandecentes num mundo cheio de gente corrompida e perversa. Apeguem-se firmemente à mensagem da vida. Então, no dia em que Cristo voltar, me orgulharei de saber que não participei da corrida em vão e que não trabalhei inutilmente. Contudo, me alegrarei mesmo se perder a vida, entregando-a a Deus como oferta derramada, da mesma forma que o serviço fiel de vocês é uma oferta a Deus. E quero que todos vocês participem dessa alegria. Sim, alegrem-se, e eu me alegrarei com vocês. Se for da vontade do Senhor Jesus, espero enviar-lhes Timóteo em breve para visitá-los. Assim ele poderá me animar, contando-me notícias de vocês. Não tenho ninguém que se preocupe sinceramente com o bem-estar de vocês como Timóteo. Todos os outros se preocupam apenas consigo mesmos, e não com o que é importante para Jesus Cristo. Mas vocês sabem que Timóteo provou seu valor. Como um filho junto ao pai, ele tem servido ao meu lado na proclamação das boas-novas. Espero enviá-lo assim que souber o que me acontecerá aqui. E tenho confiança no Senhor de que, em breve, eu mesmo irei vê-los. Enquanto isso, penso que devo enviar-lhes de volta Epafrodito. Ele é um verdadeiro irmão, colaborador e companheiro de lutas, que também foi mensageiro de vocês para me ajudar em minha necessidade. Ele deseja muito vê-los e está angustiado porque vocês souberam que ele esteve doente. De fato, ficou enfermo e quase morreu. Mas Deus teve misericórdia dele, e também de mim, para que eu não tivesse uma tristeza atrás da outra. Por isso, estou ainda mais ansioso para enviá-lo de volta, pois sei que vocês se alegrarão em vê-lo, e eu não ficarei tão preocupado com vocês. Recebam-no com grande alegria no Senhor e deem-lhe a honra que ele merece, pois arriscou a vida pela obra de Cristo e esteve a ponto de morrer enquanto fazia por mim o que vocês mesmos não podiam fazer. Por fim, meus irmãos, alegrem-se no Senhor. Nunca me canso de dizer-lhes estas coisas, e o faço para protegê-los. Cuidado com os cães, aqueles que praticam o mal, os mutiladores que exigem a circuncisão. Pois nós, que adoramos por meio do Espírito de Deus, somos os verdadeiros circuncidados. Alegramo-nos no que Cristo Jesus fez por nós. Não colocamos nenhuma confiança nos esforços humanos, ainda que, se outros pensam ter motivos para confiar nos próprios esforços, eu teria ainda mais! Fui circuncidado com oito dias de vida. Sou israelita de nascimento, da tribo de Benjamim, um verdadeiro hebreu. Era membro dos fariseus, extremamente obediente à lei judaica. Era tão zeloso que persegui a igreja. E, quanto à justiça, cumpria a lei com todo rigor. Pensava que essas coisas eram valiosas, mas agora as considero insignificantes por causa de Cristo. Sim, todas as outras coisas são insignificantes comparadas ao ganho inestimável de conhecer a Cristo Jesus, meu Senhor. Por causa dele, deixei de lado todas as coisas e as considero menos que lixo, a fim de poder ganhar a Cristo e nele ser encontrado. Não conto mais com minha própria justiça, que vem da obediência à lei, mas sim com a justiça que vem pela fé em Cristo, pois é com base na fé que Deus nos declara justos. Quero conhecer a Cristo e experimentar o grande poder que o ressuscitou. Quero sofrer com ele, participando de sua morte, para, de alguma forma, alcançar a ressurreição dos mortos! Não estou dizendo que já obtive tudo isso, que já alcancei a perfeição. Mas prossigo a fim de conquistar essa perfeição para a qual Cristo Jesus me conquistou. Não, irmãos, não a alcancei, mas concentro todos os meus esforços nisto: esquecendo-me do passado e olhando para o que está adiante, prossigo para o final da corrida, a fim de receber o prêmio celestial para o qual Deus nos chama em Cristo Jesus. Todos nós que alcançamos a maturidade devemos concordar quanto a essas coisas. Se discordam em algum ponto, confio que Deus o esclarecerá para vocês. Contudo, devemos prosseguir de maneira coerente com o que já alcançamos. Irmãos, sejam meus imitadores e aprendam com aqueles que seguem nosso exemplo. Pois, como lhes disse muitas vezes, e o digo novamente com lágrimas nos olhos, há muitos cuja conduta mostra que são, na verdade, inimigos da cruz de Cristo. Estão rumando para a destruição. O deus deles é seu próprio apetite. Vangloriam-se de coisas vergonhosas e pensam apenas na vida terrena. Nossa cidadania, no entanto, vem do céu, e de lá aguardamos ansiosamente a volta do Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Ele tomará nosso frágil corpo mortal e o transformará num corpo glorioso como o dele, usando o mesmo poder com o qual submeterá todas as coisas a seu domínio. Portanto, meus amados irmãos, permaneçam firmes no Senhor. Amo vocês e anseio vê-los, pois são minha alegria e minha coroa de recompensa. Agora, suplico a Evódia e a Síntique: tendo em vista que estão no Senhor, resolvam seu desentendimento. E peço a você, meu fiel colaborador, que ajude essas duas mulheres, pois elas trabalharam arduamente comigo na propagação das boas-novas, e também com Clemente e com meus outros colaboradores, cujos nomes estão escritos no livro da vida. Alegrem-se sempre no Senhor. Repito: alegrem-se! Que todos vejam que vocês são amáveis em tudo que fazem. Lembrem-se de que o Senhor virá em breve. Não vivam preocupados com coisa alguma; em vez disso, orem a Deus pedindo aquilo de que precisam e agradecendo-lhe por tudo que ele já fez. Então vocês experimentarão a paz de Deus, que excede todo entendimento e que guardará seu coração e sua mente em Cristo Jesus. Por fim, irmãos, quero lhes dizer só mais uma coisa. Concentrem-se em tudo que é verdadeiro, tudo que é nobre, tudo que é correto, tudo que é puro, tudo que é amável e tudo que é admirável. Pensem no que é excelente e digno de louvor. Continuem a praticar tudo que aprenderam e receberam de mim, tudo que ouviram de mim e me viram fazer. Então o Deus da paz estará com vocês. Como eu me alegro no Senhor por vocês terem voltado a se preocupar comigo! Sei que sempre se preocuparam comigo, mas não tinham oportunidade de me ajudar. Não digo isso por estar necessitado, pois aprendi a ficar satisfeito com o que tenho. Sei viver na necessidade e também na fartura. Aprendi o segredo de viver em qualquer situação, de estômago cheio ou vazio, com pouco ou muito. Posso todas as coisas por meio de Cristo, que me dá forças. Mesmo assim, vocês fizeram bem em me ajudar na dificuldade pela qual estou passando. Como sabem, filipenses, vocês foram os únicos que me ajudaram financeiramente quando lhes anunciei as boas-novas pela primeira vez e depois segui viagem saindo da Macedônia. Nenhuma outra igreja o fez. Até quando eu estava em Tessalônica, vocês enviaram ajuda em mais de uma ocasião. Não digo isso porque quero receber uma oferta de vocês. Pelo contrário, desejo que sejam recompensados por sua bondade. No momento, tenho tudo de que preciso, e mais. Minhas necessidades foram plenamente supridas pelas contribuições que vocês enviaram por Epafrodito. Elas são um sacrifício de aroma suave, uma oferta aceitável e agradável a Deus. E esse mesmo Deus que cuida de mim lhes suprirá todas as necessidades por meio das riquezas gloriosas que nos foram dadas em Cristo Jesus. Agora, toda a glória seja a Deus, nosso Pai, para todo o sempre! Amém. Transmitam minhas saudações a cada um do povo santo em Cristo Jesus. Os irmãos que estão comigo também mandam lembranças. Todo o povo santo daqui lhes envia saudações, especialmente os que pertencem à casa de César. Que a graça do Senhor Jesus Cristo seja com o espírito de vocês. Eu, Paulo, apóstolo de Jesus Cristo pela vontade de Deus, escrevo esta carta, junto com nosso irmão Timóteo, aos irmãos fiéis em Cristo, o povo santo na cidade de Colossos. Que Deus, nosso Pai, lhes dê graça e paz. Sempre oramos por vocês e damos graças a Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, pois temos ouvido falar de sua fé em Cristo Jesus e de seu amor por todo o povo santo, que vêm da esperança confiante naquilo que lhes está reservado no céu. Vocês têm essa expectativa desde que ouviram pela primeira vez a verdade das boas-novas. Agora, as mesmas boas-novas que chegaram até vocês estão se propagando pelo mundo todo. Elas têm crescido e dado frutos em toda parte, como ocorre entre vocês desde o dia em que ouviram e compreenderam a verdade sobre a graça de Deus. Vocês aprenderam as boas-novas por meio de Epafras, nosso amado colaborador. Ele é servo fiel de Cristo e nos tem ajudado em favor de vocês. Ele nos contou do amor que o Espírito lhes tem dado. Por isso, desde que ouvimos falar a seu respeito, não deixamos de orar por vocês. Pedimos a Deus que lhes conceda pleno conhecimento de sua vontade e também sabedoria e entendimento espiritual. Então vocês viverão de modo a sempre honrar e agradar ao Senhor, dando todo tipo de bom fruto e aprendendo a conhecer a Deus cada vez mais. Oramos também para que sejam fortalecidos com o poder glorioso de Deus, a fim de que tenham toda a perseverança e paciência de que necessitam. Que sejam cheios de alegria e sempre deem graças ao Pai. Ele os capacitou para participarem da herança que pertence ao seu povo santo, aqueles que vivem na luz. Ele nos resgatou do poder das trevas e nos trouxe para o reino de seu Filho amado, que comprou nossa liberdade e perdoou nossos pecados. O Filho é a imagem do Deus invisível e é supremo sobre toda a criação. Pois, por meio dele, todas as coisas foram criadas, tanto nos céus como na terra, todas as coisas que podemos ver e as que não podemos, como os tronos, reinos, governantes e as autoridades do mundo invisível. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele existia antes de todas as coisas e mantém tudo em harmonia. Ele é a cabeça do corpo, que é a igreja. Ele é o princípio, supremo sobre os que ressuscitam dos mortos; portanto, ele é primeiro em tudo. Pois foi do agrado do Pai que toda a plenitude habitasse no Filho, e, por meio dele, o Pai reconciliou consigo todas as coisas. Por meio do sangue do Filho na cruz, o Pai fez as pazes com todas as coisas, tanto nos céus como na terra. Isso inclui vocês, que antes estavam longe de Deus. Eram seus inimigos, dele separados por seus maus pensamentos e ações. Agora, porém, ele os reconciliou consigo por meio da morte do Filho no corpo físico. Como resultado, vocês podem se apresentar diante dele santos, sem culpa e livres de qualquer acusação. É preciso, porém, que continuem a crer nessa verdade e nela permaneçam firmes. Não se afastem da esperança que receberam quando ouviram as boas-novas, que foram anunciadas em todo o mundo e que eu, Paulo, fui designado servo para proclamar. Alegro-me quando sofro por vocês em meu corpo, pois participo dos sofrimentos de Cristo, que continuam em favor de seu corpo, a igreja. Deus me deu a responsabilidade de servir seu povo, anunciando-lhes sua mensagem completa. Essa mensagem foi mantida em segredo por séculos e gerações, mas agora foi revelada ao seu povo santo, pois Deus queria que eles soubessem que as riquezas gloriosas desse segredo também são para vocês, os gentios. E o segredo é este: Cristo está em vocês, o que lhes dá a confiante esperança de participar de sua glória! Portanto, proclamamos a Cristo, advertindo a todos e ensinando a cada um com toda a sabedoria, para apresentá-los maduros em Cristo. Por isso trabalho e luto com tanto esforço, na dependência de seu poder que atua em mim. Quero que saibam quantas lutas tenho enfrentado por causa de vocês e dos que estão em Laodiceia, e por muitos que não me conhecem pessoalmente. Que eles sejam encorajados e unidos por fortes laços de amor e tenham plena certeza de que entendem o segredo de Deus, que é o próprio Cristo. Nele estão escondidos todos os tesouros de sabedoria e conhecimento. Eu lhes digo isso para que ninguém os engane com argumentos bem elaborados. Pois, embora eu esteja longe, meu coração está com vocês. E eu me alegro de que estejam vivendo como devem e de que sua fé em Cristo seja forte. E agora, assim como aceitaram Cristo Jesus como Senhor, continuem a segui-lo. Aprofundem nele suas raízes e sobre ele edifiquem sua vida. Então sua fé se fortalecerá na verdade que lhes foi ensinada, e vocês transbordarão de gratidão. Não permitam que outros os escravizem com filosofias vazias e invenções enganosas provenientes do raciocínio humano, com base nos princípios espirituais deste mundo, e não em Cristo. Pois nele habita em corpo humano toda a plenitude de Deus. Portanto, porque estão nele, o cabeça de todo governante e autoridade, vocês também estão completos. Em Cristo vocês foram circuncidados, mas não por uma operação física, e sim espiritual, na qual foi removido o domínio de sua natureza humana. No batismo, vocês foram sepultados com Cristo e, com ele, foram ressuscitados para a nova vida por meio da fé no grande poder de Deus, que ressuscitou Cristo dos mortos. Vocês estavam mortos por causa de seus pecados e da incircuncisão de sua natureza humana. Então Deus lhes deu vida com Cristo, pois perdoou todos os nossos pecados. Ele cancelou o registro de acusações contra nós, removendo-o e pregando-o na cruz. Desse modo, desarmou os governantes e as autoridades espirituais e os envergonhou publicamente ao vencê-los na cruz. Portanto, não deixem que ninguém os condene pelo que comem ou bebem, ou por não celebrarem certos dias santos, as cerimônias da lua nova ou os sábados. Pois essas coisas são apenas sombras da realidade futura, e o próprio Cristo é essa realidade. Não aceitem a condenação daqueles que insistem numa humildade fingida e na adoração de anjos e que alegam ter visões a respeito dessas coisas. A mente pecaminosa deles os tornou orgulhosos, e eles não estão ligados a Cristo, que é a cabeça do corpo. Unido a ele por meio de suas juntas e seus ligamentos, o corpo cresce à medida que é nutrido por Deus. Vocês morreram com Cristo, e ele os libertou dos princípios espirituais deste mundo. Então por que continuar a seguir as regras deste mundo, que dizem: “Não mexa! Não prove! Não toque!”? Essas regras não passam de ensinamentos humanos sobre coisas que se deterioram com o uso. Podem até parecer sábias, pois exigem devoção, abnegação e rigorosa disciplina física, mas em nada contribuem para vencer os desejos da natureza pecaminosa. Uma vez que vocês ressuscitaram para uma nova vida com Cristo, mantenham os olhos fixos nas realidades do alto, onde Cristo está sentado no lugar de honra, à direita de Deus. Pensem nas coisas do alto, e não nas coisas da terra. Pois vocês morreram para esta vida, e agora sua verdadeira vida está escondida com Cristo em Deus. E quando Cristo, que é sua vida, for revelado ao mundo inteiro, vocês participarão de sua glória. Portanto, façam morrer as coisas pecaminosas e terrenas que estão dentro de vocês. Fiquem longe da imoralidade sexual, da impureza, da paixão sensual, dos desejos maus e da ganância, que é idolatria. É por causa desses pecados que vem a ira de Deus. Vocês costumavam praticá-los quando sua vida ainda fazia parte deste mundo, mas agora é o momento de se livrarem da ira, da raiva, da maldade, da maledicência e da linguagem obscena. Não mintam uns aos outros, pois vocês se despiram de sua antiga natureza e de todas as suas práticas perversas. Revistam-se da nova natureza e sejam renovados à medida que aprendem a conhecer seu Criador e se tornam semelhantes a ele. Nessa nova vida, não importa se você é judeu ou gentio, se é circuncidado ou incircuncidado, se é inculto ou incivilizado, se é escravo ou livre. Cristo é tudo que importa, e ele vive em todos. Visto que Deus os escolheu para ser seu povo santo e amado, revistam-se de compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência. Sejam compreensivos uns com os outros e perdoem quem os ofender. Lembrem-se de que o Senhor os perdoou, de modo que vocês também devem perdoar. Acima de tudo, revistam-se do amor que une todos nós em perfeita harmonia. Permitam que a paz de Cristo governe o seu coração, pois, como membros do mesmo corpo, vocês são chamados a viver em paz. E sejam sempre agradecidos. Que a mensagem a respeito de Cristo, em toda a sua riqueza, preencha a vida de vocês. Ensinem e aconselhem uns aos outros com toda a sabedoria. Cantem a Deus salmos, hinos e cânticos espirituais com o coração agradecido. E tudo que fizerem ou disserem, façam em nome do Senhor Jesus, dando graças a Deus, o Pai, por meio dele. Esposas, sujeite-se cada uma a seu marido, como é próprio a quem está no Senhor. Maridos, ame cada um a sua esposa e nunca a trate com aspereza. Filhos, obedeçam sempre a seus pais, pois isso agrada ao Senhor. Pais, não irritem seus filhos, para que eles não desanimem. Escravos, em tudo obedeçam a seus senhores terrenos. Procurem agradá-los sempre, e não apenas quando eles estiverem observando. Sirvam-nos com sinceridade, por causa de seu temor ao Senhor. Em tudo que fizerem, trabalhem de bom ânimo, como se fosse para o Senhor, e não para os homens. Lembrem-se de que o Senhor lhes dará uma herança como recompensa e de que o Senhor a quem servem é Cristo. Mas, se fizerem o mal, receberão de volta o mal, pois Deus não age com favoritismo. Senhores, sejam justos e imparciais com seus escravos. Lembrem-se de que vocês também têm um Senhor no céu. Dediquem-se à oração com a mente alerta e o coração agradecido. Orem também por nós, para que Deus nos dê muitas oportunidades de falar do segredo a respeito de Cristo. É por esse motivo que sou prisioneiro. Orem para que eu proclame essa mensagem com a devida clareza. Vivam com sabedoria entre os que são de fora e aproveitem bem todas as oportunidades. Que suas conversas sejam amistosas e agradáveis, a fim de que tenham a resposta certa para cada pessoa. Tíquico, irmão amado e colaborador fiel que trabalha comigo na obra do Senhor, lhes dará um relatório completo de como tenho passado. Eu o envio a vocês exatamente com o propósito de informá-los do que se passa conosco e de animá-los. Envio também Onésimo, irmão fiel e amado, que é um de vocês. Ele e Tíquico lhes contarão tudo que tem acontecido aqui. Aristarco, que é prisioneiro comigo, lhes envia saudações, e assim também Marcos, primo de Barnabé. Conforme vocês foram instruídos, se Marcos passar por aí, recebam-no bem. Jesus, chamado Justo, também manda lembranças. Esses são os únicos irmãos judeus entre meus colaboradores. Eles trabalham comigo para o reino de Deus e têm sido um grande conforto para mim. Epafras, que é um de vocês e servo de Cristo Jesus, lhes envia saudações. Ele sempre ora por vocês com fervor, pedindo que sejam maduros e plenamente confiantes de que praticam toda a vontade de Deus. Posso lhes assegurar que ele tem se esforçado grandemente por vocês e pelos que estão em Laodiceia e em Hierápolis. Lucas, o médico amado, lhes envia saudações, assim como Demas. Mandem minhas saudações a nossos irmãos em Laodiceia, e também a Ninfa e à igreja que se reúne em sua casa. Depois que tiverem lido esta carta, enviem-na à igreja em Laodiceia, a fim de que eles também possam lê-la. E vocês, leiam a carta que eu escrevi para eles. E digam a Arquipo: “Cuide em realizar o ministério que o Senhor lhe deu”. Esta é minha saudação de próprio punho: Paulo. Lembrem-se de que estou na prisão. Que a graça de Deus esteja com vocês. Nós, Paulo, Silas e Timóteo, escrevemos esta carta à igreja em Tessalônica, a vocês que estão em Deus, o Pai, e no Senhor Jesus Cristo. Que Deus lhes dê graça e paz. Sempre damos graças a Deus por todos vocês e os mencionamos constantemente em nossas orações. Quando oramos por vocês diante de nosso Deus e Pai, relembramos seu trabalho fiel, seus atos em amor e sua firme esperança em nosso Senhor Jesus Cristo. Sabemos, irmãos, que Deus os ama e os escolheu. Pois, quando lhes apresentamos as boas-novas, não o fizemos apenas com palavras, mas também com poder, visto que o Espírito Santo lhes deu plena certeza de que era verdade o que lhes dizíamos. E vocês sabem como nos comportamos entre vocês e em seu favor. Assim, apesar do sofrimento que isso lhes trouxe, vocês receberam a mensagem com a alegria que vem do Espírito Santo e se tornaram imitadores nossos e do Senhor. Com isso, tornaram-se exemplo para todos os irmãos na Grécia, tanto na Macedônia como na Acaia. Agora, partindo de vocês, a palavra do Senhor tem se espalhado por toda parte, até mesmo além da Macedônia e da Acaia, pois sua fé em Deus se tornou conhecida em todo lugar. Não precisamos sequer mencioná-la, pois as pessoas têm comentado sobre como vocês nos acolheram e como deixaram os ídolos a fim de servir ao Deus vivo e verdadeiro. Também comentam como vocês esperam do céu a vinda de Jesus, o Filho de Deus, a quem ele ressuscitou dos mortos e que nos livrará da ira que está para vir. Vocês mesmos sabem, irmãos, que a visita que lhes fizemos não foi inútil. Sabem como fomos maltratados e quanto sofremos em Filipos, antes de chegarmos aí. E, no entanto, com confiança em nosso Deus, anunciamos a vocês as boas-novas de Deus, apesar de grande oposição. Portanto, como veem, não pregamos com a intenção de enganá-los, nem com motivos impuros, nem com artimanhas. Em vez disso, falamos como mensageiros aprovados por Deus, aos quais foram confiadas as boas-novas. Nosso propósito não é agradar as pessoas, mas a Deus, que examina as intenções de nosso coração. Como bem sabem, nunca tentamos conquistá-los com bajulação, e Deus é nossa testemunha de que não agimos motivados pela ganância. Quanto ao reconhecimento humano, nunca o buscamos de vocês, nem de nenhum outro. Ainda que, como apóstolos de Cristo, tivéssemos o direito de fazer certas exigências, agimos como crianças entre vocês. Ou melhor, fomos como a mãe que alimenta os filhos e deles cuida. Nós os amamos tanto que compartilhamos com vocês não apenas as boas-novas de Deus, mas também nossa própria vida. Não se lembram, irmãos, de como trabalhamos arduamente entre vocês? Noite e dia nos esforçamos para obter sustento, a fim de não sermos um peso para ninguém enquanto lhes anunciávamos as boas-novas de Deus. Vocês mesmos são nossas testemunhas, e Deus também é, de que fomos dedicados, honestos e irrepreensíveis com todos vocês, os que creem. E sabem que tratamos a cada um como um pai trata seus filhos. Aconselhamos, incentivamos e insistimos para que vivam de modo que Deus considere digno, pois ele os chamou para terem parte em seu reino e em sua glória. Portanto, nunca deixamos de agradecer a Deus, pois, quando vocês receberam de nós a mensagem dele, não consideraram nossas palavras meras ideias humanas, mas as aceitaram como palavra de Deus, o que sem dúvida são. E essa mensagem continua a atuar em vocês, os que creem. E então, irmãos, vocês foram perseguidos por seus próprios compatriotas, tornando-se assim imitadores das igrejas de Deus em Cristo Jesus na Judeia, que também sofreram nas mãos de seu próprio povo, os judeus. Eles mataram o Senhor Jesus e os profetas, e agora também nos perseguem. Não agradam a Deus e trabalham contra toda a humanidade, procurando impedir-nos de anunciar a salvação aos gentios. Com isso, continuam a acumular pecados, mas a ira de Deus finalmente os alcançou. Irmãos, depois de um breve tempo separados de vocês, embora nosso coração nunca os tenha deixado, esforçamo-nos por voltar a vê-los, pela grande saudade que sentimos. Queríamos muito visitá-los, e eu, Paulo, tentei não apenas uma vez, mas duas; Satanás, porém, nos impediu. Afinal, o que nos dá esperança e alegria? E qual será nossa magnífica recompensa e coroa diante do Senhor Jesus quando ele voltar? Serão vocês! Sim, vocês são nosso orgulho e nossa alegria. Por isso, quando não pudemos mais suportar, resolvemos ficar sozinhos em Atenas e enviamos Timóteo para visitá-los. Ele é nosso irmão e colaborador de Deus na proclamação das boas-novas de Cristo. Nós o enviamos para fortalecê-los e animá-los na fé, para que as dificuldades não os abalem. Mas vocês sabem que estamos destinados a passar por elas. Quando ainda estávamos com vocês, nós os advertimos de que as aflições em breve viriam, e foi o que aconteceu, como bem sabem. Assim, quando não pude mais suportar, enviei Timóteo para saber se continuavam firmes na fé. Tinha receio de que o tentador os tivesse vencido e todo o nosso trabalho houvesse sido inútil. Agora, porém, Timóteo voltou trazendo boas notícias a respeito de sua fé e seu amor. Ele nos contou que vocês se lembram sempre com alegria de nossa visita e que desejam nos ver tanto quanto nós queremos vê-los. Por isso, irmãos, apesar de nossos sofrimentos e dificuldades, ficamos animados porque vocês permaneceram firmes na fé. Agora, revivemos por saber que estão firmes no Senhor. Sim, agradecemos a Deus por vocês! Por sua causa, temos grande alegria na presença de Deus. Noite e dia oramos por vocês com fervor, pedindo que possamos vê-los novamente a fim de ajudá-los a aperfeiçoar a fé. Que Deus, nosso Pai, e nosso Senhor Jesus nos encaminhem a vocês em breve. E que o Senhor faça crescer e transbordar o amor que vocês têm uns pelos outros e por todos, da mesma forma que nosso amor transborda por vocês. E, como resultado, que Deus, nosso Pai, torne seu coração forte, irrepreensível e santo diante dele para quando nosso Senhor Jesus voltar com todo o seu povo santo. Amém. Finalmente, irmãos, pedimos e incentivamos em nome do Senhor Jesus que vivam para agradar a Deus, conforme lhes instruímos. Vocês já vivem desse modo, e os incentivamos a fazê-lo ainda mais, pois se lembram das instruções que lhes demos pela autoridade do Senhor Jesus. A vontade de Deus é que vocês vivam em santidade; por isso, mantenham-se afastados de todo pecado sexual. Cada um deve aprender a controlar o próprio corpo e assim viver em santidade e honra, não em paixões sensuais, como os gentios que não conhecem a Deus. Nesse assunto, não prejudiquem nem enganem um irmão, pois o Senhor punirá todas essas práticas, como já os advertimos solenemente. Pois Deus nos chamou para uma vida santa, e não impura. Portanto, quem se recusa a viver de acordo com essas regras não desobedece a ensinamentos humanos, mas rejeita a Deus, que lhes dá seu Espírito Santo. Não precisamos lhes escrever sobre a importância do amor fraternal, pois o próprio Deus os ensinou a amarem uns aos outros. De fato, vocês já demonstram amor por todos os irmãos em toda a Macedônia. Ainda assim, irmãos, pedimos que os amem ainda mais. Tenham como objetivo uma vida tranquila, ocupando-se com seus próprios assuntos e trabalhando com suas próprias mãos, conforme os instruímos anteriormente. Assim, os que são de fora respeitarão seu modo de viver, e vocês não terão de depender de outros. Agora, irmãos, não queremos que ignorem o que acontecerá aos que já morreram, para que não se entristeçam como aqueles que não têm esperança. Porque cremos que Jesus morreu e foi ressuscitado, também cremos que Deus trará de volta à vida, com Jesus, todos os que morreram. Dizemos a vocês, pela palavra do Senhor: nós, os que ainda estivermos vivos quando o Senhor voltar, não iremos ao encontro dele antes daqueles que já morreram. Pois o Senhor mesmo descerá do céu com um brado de comando, com a voz do arcanjo e com o toque da trombeta de Deus. Primeiro, os mortos em Cristo ressuscitarão. Depois, com eles, nós, os que ainda estivermos vivos, seremos arrebatados nas nuvens ao encontro do Senhor, nos ares. Então, estaremos com o Senhor para sempre. Portanto, animem uns aos outros com essas palavras. Não é necessário, irmãos, que eu lhes escreva sobre quando e como tudo isso acontecerá, pois vocês sabem muito bem que o dia do Senhor virá inesperadamente, como ladrão à noite. Quando as pessoas disserem: “Tudo está em paz e seguro”, então o desastre lhes sobrevirá tão repentinamente como iniciam as dores de parto de uma mulher grávida, e não haverá como escapar. Mas vocês, irmãos, não estão na escuridão a respeito dessas coisas e não devem se surpreender quando o dia do Senhor vier como ladrão. Porque todos vocês são filhos da luz e do dia. Não pertencemos à escuridão e à noite. Portanto, fiquem atentos; não durmam como os outros. Permaneçam atentos e sejam sóbrios. À noite, as pessoas dormem e os bêbados se embriagam. Mas nós, que vivemos na luz, devemos ser sóbrios, protegidos pela armadura da fé e do amor, usando o capacete da esperança da salvação. Porque Deus decidiu nos salvar por meio de nosso Senhor Jesus Cristo, em vez de derramar sua ira sobre nós. Cristo morreu por nós para que, quer estejamos despertos, quer dormindo, vivamos com ele para sempre. Portanto, animem e edifiquem uns aos outros, como têm feito. Irmãos, honrem seus líderes na obra do Senhor. Eles trabalham arduamente entre vocês e lhes dão orientações. Tenham grande respeito e amor sincero por eles, por causa do trabalho que realizam. E vivam em paz uns com os outros. Irmãos, pedimos que advirtam os indisciplinados. Encorajem os desanimados. Ajudem os fracos. Sejam pacientes com todos. Cuidem que ninguém retribua o mal com o mal, mas procurem sempre fazer o bem uns aos outros e a todos. Estejam sempre alegres. Nunca deixem de orar. Sejam gratos em todas as circunstâncias, pois essa é a vontade de Deus para vocês em Cristo Jesus. Não apaguem o Espírito. Não desprezem as profecias, mas ponham à prova tudo que é dito e fiquem com o que é bom. Mantenham-se afastados de toda forma de mal. E, agora, que o Deus da paz os torne santos em todos os aspectos, e que o espírito, a alma e o corpo de vocês sejam mantidos irrepreensíveis até a volta de nosso Senhor Jesus Cristo. Aquele que os chama fará isso acontecer, pois ele é fiel. Irmãos, orem por nós. Cumprimentem todos os irmãos com beijo santo. Encarrego-os em nome do Senhor de lerem esta carta a todos os irmãos. Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo esteja com vocês. Nós, Paulo, Silas e Timóteo, escrevemos esta carta à igreja em Tessalônica, a vocês que estão em Deus, nosso Pai, e no Senhor Jesus Cristo. Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz. Irmãos, não podemos deixar de dar graças a Deus por vocês, pois sua fé tem se desenvolvido cada vez mais, e seu amor uns pelos outros tem crescido. Por isso nos orgulhamos de falar às outras igrejas de Deus sobre sua perseverança e fidelidade em todas as perseguições e aflições que vocês têm sofrido. Deus usará essa perseguição para mostrar que seu julgamento é justo e para torná-los dignos de seu reino, pelo qual estão sofrendo. Em sua justiça, Deus pagará com aflição aqueles que afligem vocês. Deus concederá descanso a vocês, que são afligidos, e também a nós, na revelação do Senhor Jesus, quando ele vier do céu. Virá com seus anjos poderosos, em chamas de fogo, trazendo juízo sobre os que não conhecem a Deus e sobre os que se recusam a obedecer às boas-novas de nosso Senhor Jesus. Eles serão punidos com destruição eterna, separados para sempre da presença do Senhor e de seu glorioso poder. No dia em que ele vier, receberá glória de seu povo santo e louvores de todos os que creem. E isso inclui vocês, pois creram naquilo que lhes dissemos a respeito dele. Assim, continuamos a orar por vocês, pedindo a nosso Deus que os capacite a ter uma vida digna de seu chamado e lhes dê poder para realizar as coisas boas que a fé os motivar a fazer. Então o nome de nosso Senhor Jesus será honrado em vocês, e vocês serão honrados com ele. Tudo isso é possível pela graça de nosso Deus e Senhor, Jesus Cristo. Agora, irmãos, vamos esclarecer algumas coisas a respeito da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e de nosso encontro com ele. Não se deixem abalar nem assustar tão facilmente por aqueles que dizem que o dia do Senhor já começou. Não acreditem neles, mesmo que afirmem ter recebido uma visão espiritual, uma revelação ou uma carta supostamente enviada por nós. Não se deixem enganar pelo que dizem, pois esse dia não virá até que surja a rebelião e venha o homem da perversidade, aquele que traz destruição. Ele se exaltará e se oporá a tudo que o povo chama de “deus” e a todo objeto de culto, e até se sentará no templo de Deus e se fará passar por Deus. Não se lembram de que eu lhes falei disso tudo quando estive aí? E vocês sabem o que o está detendo, pois ele só pode ser revelado quando sua hora chegar. Pois essa perversidade já opera secretamente e permanecerá em segredo até que se afaste aquele que a detém. Então o homem da perversidade será revelado, mas o Senhor Jesus o matará com o sopro de sua boca e o destruirá com o esplendor de sua vinda. Esse homem virá para realizar o trabalho de Satanás, com poder, sinais e falsas maravilhas, e com todo tipo de mentira perversa para enganar os que estão caminhando para a destruição, pois se recusam a amar e a aceitar a verdade que os salvaria. Portanto, Deus fará que sejam enganados, e eles crerão nessas mentiras. Então serão condenados por ter prazer no mal em vez de crer na verdade. Quanto a nós, não podemos deixar de dar graças a Deus por vocês, irmãos amados pelo Senhor. Somos sempre gratos porque Deus os escolheu para estarem entre os primeiros a receber a salvação por meio do Espírito que os torna santos e pela fé na verdade. Ele os chamou para a salvação quando lhes anunciamos as boas-novas; agora vocês podem participar da glória de nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, irmãos, tendo em mente todas essas coisas, permaneçam firmes e apeguem-se às tradições que lhes transmitimos, seja pessoalmente, seja por carta. Que o próprio Jesus Cristo, nosso Senhor, e Deus, nosso Pai, que nos amou e pela graça nos deu eterno conforto e maravilhosa esperança, os animem e os fortaleçam em tudo de bom que vocês fizerem e disserem. Finalmente, irmãos, pedimos que orem por nós. Orem para que a mensagem do Senhor se espalhe rapidamente e seja honrada por onde quer que vá, como aconteceu quando chegou a vocês. Orem também para que sejamos libertos dos perversos e maus, pois nem todos têm fé. Mas o Senhor é fiel; ele os fortalecerá e os guardará do maligno. E confiamos no Senhor que vocês estão fazendo e continuarão a fazer aquilo que lhes ordenamos. Que o Senhor conduza o coração de vocês ao amor de Deus e à perseverança que vem de Cristo. E agora, irmãos, nós lhes damos a seguinte ordem em nome de nosso Senhor Jesus Cristo: mantenham-se afastados de todos os irmãos que vivem ociosamente e não seguem a tradição que receberam de nós. Pois vocês sabem que devem seguir nosso exemplo. Não ficamos ociosos quando estivemos com vocês, nem nos alimentamos às custas dos outros. Trabalhamos arduamente dia e noite, a fim de não sermos um peso para nenhum de vocês. Embora tivéssemos o direito de pedir que nos alimentassem, queríamos lhes dar o exemplo. Quando ainda estávamos com vocês, lhes ordenamos: “Quem não quiser trabalhar não deve comer”. Contudo, soubemos que alguns de vocês estão vivendo ociosamente, recusando-se a trabalhar e intrometendo-se em assuntos alheios. Ordenamos e insistimos em nome do Senhor Jesus Cristo que sosseguem e trabalhem para obter o próprio sustento. Quanto a vocês, irmãos, nunca se cansem de fazer o bem. Observem quem se recusa a obedecer àquilo que lhes digo nesta carta. Afastem-se dele, para que se sinta envergonhado. Não o considerem como inimigo, mas advirtam-no como a um irmão. Que o próprio Senhor da paz lhes dê paz em todos os momentos e situações. Que o Senhor esteja com todos vocês. Aqui está minha saudação de próprio punho: Paulo. Assim faço em todas as minhas cartas para provar que eu mesmo as escrevi. Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos vocês. Eu, Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, por ordem de Deus, nosso Salvador, e de Cristo Jesus, nossa esperança, escrevo esta carta a Timóteo, meu verdadeiro filho na fé. Que Deus, o Pai, e Cristo Jesus, nosso Senhor, lhe deem graça, misericórdia e paz. Quando parti para a Macedônia, pedi a você que ficasse em Éfeso e advertisse certas pessoas de que não ensinassem coisas contrárias à verdade, nem desperdiçassem tempo com discussões intermináveis sobre mitos e genealogias, que só levam a especulações sem sentido em vez de promover o propósito de Deus, que é realizado pela fé. O alvo de minha instrução é o amor que vem de um coração puro, de uma consciência limpa e de uma fé sincera. Alguns, porém, se desviaram dessas coisas e passam o tempo em discussões inúteis. Querem ser conhecidos como mestres da lei, mas não sabem do que estão falando, embora o façam com tanta confiança. Sabemos que a lei é boa quando usada corretamente. Pois a lei não foi criada para os que fazem o que é certo, mas para os transgressores e rebeldes, para os irreverentes e pecadores, para os ímpios e profanos. Ela é para os que matam pai ou mãe ou cometem outros homicídios, para os que vivem na imoralidade sexual, para os que praticam a homossexualidade, e também para os sequestradores, os mentirosos, os que juram falsamente ou que fazem qualquer outra coisa que contradiga o ensino verdadeiro, que vem das boas-novas gloriosas confiadas a mim por nosso Deus bendito. Agradeço àquele que me deu forças, Cristo Jesus, nosso Senhor, que me considerou digno de confiança e me designou para servi-lo, embora eu fosse blasfemo, perseguidor e violento. Contudo, recebi misericórdia, porque agia por ignorância e incredulidade. O Senhor fez sua graça transbordar e me encheu da fé e do amor que vêm de Cristo Jesus. Esta é uma afirmação digna de confiança, e todos devem aceitá-la: “Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores”, e eu sou o pior de todos. Mas foi por isso que eu, o pior dos pecadores, recebi misericórdia, para que assim Cristo Jesus mostrasse quanto é paciente. Desse modo, sirvo de exemplo a todos que vierem a crer nele para a vida eterna. Honra e glória a Deus para todo o sempre! Ele é o Rei eterno, invisível e imortal; ele é o único Deus. Amém. Timóteo, meu filho, estas são minhas instruções para você, com base nas palavras proféticas ditas tempos atrás a seu respeito. Que elas o ajudem a lutar o bom combate. Apegue-se à fé e mantenha a consciência limpa, pois alguns rejeitaram deliberadamente a consciência e, como resultado, a fé que tinham naufragou. Himeneu e Alexandre são dois exemplos. Eu os entreguei a Satanás, para que aprendam a não blasfemar. Em primeiro lugar, recomendo que sejam feitas petições, orações, intercessões e ações de graça em favor de todos, em favor dos reis e de todos que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida pacífica e tranquila, caracterizada por devoção e dignidade. Isso é bom e agrada a Deus, nosso Salvador, cujo desejo é que todos sejam salvos e conheçam a verdade. Pois: Há um só Deus e um só Mediador entre Deus e a humanidade: o homem Cristo Jesus. Ele deu sua vida para comprar a liberdade de todos. Essa é a mensagem que foi entregue ao mundo no momento oportuno. E eu fui escolhido como pregador e apóstolo para ensinar aos gentios essa mensagem a respeito da fé e da verdade. Não estou mentindo; digo a verdade. Quero, portanto, que em todo lugar de culto os homens orem com mãos santas levantadas, livres de ira e de controvérsias. Da mesma forma, quero que as mulheres tenham discrição em sua aparência. Que usem roupas decentes e apropriadas, sem chamar a atenção pela maneira como arrumam o cabelo ou por usarem ouro, pérolas ou roupas caras. Pois as mulheres que afirmam ser devotas a Deus devem se embelezar com as boas obras que praticam. As mulheres devem aprender em silêncio e com toda submissão. Não permito que as mulheres ensinem aos homens, nem que tenham autoridade sobre eles. Antes, devem ouvir em silêncio. Porque primeiro Deus fez Adão e, depois, Eva. E não foi Adão o enganado. A mulher é que foi enganada, e o resultado foi o pecado. Mas as mulheres serão salvas dando à luz filhos, desde que continuem a viver na fé, no amor e na santidade, com discrição. Esta é uma afirmação digna de confiança: “Se alguém deseja ser bispo, deseja uma tarefa honrosa”. Portanto, o bispo deve ter uma vida irrepreensível. Deve ser marido de uma só mulher, ter autocontrole, viver sabiamente e ter boa reputação. Deve ser hospitaleiro e apto a ensinar. Não deve beber vinho em excesso, nem ser violento. Antes, deve ser amável, pacífico e desapegado do dinheiro. Deve liderar bem a própria família e ter filhos que o respeitem e lhe obedeçam. Pois, se um homem não é capaz de liderar a própria família, como poderá cuidar da igreja de Deus? Não deve ser recém-convertido, pois poderia se tornar orgulhoso, e o diabo o faria cair. Além disso, os que são de fora devem falar bem dele, para que não seja desacreditado e caia na armadilha do diabo. Da mesma forma, os diáconos devem ser respeitáveis e ter integridade. Não devem beber vinho em excesso, nem se deixar conduzir pela ganância. Devem ser comprometidos com o segredo da fé e viver com a consciência limpa. Antes de serem nomeados diáconos, é necessário que se faça uma avaliação cuidadosa. Se forem aprovados, então que exerçam a função de diáconos. De igual modo, as mulheres devem ser respeitáveis e não caluniar ninguém. Devem ter autocontrole e ser fiéis em tudo que fazem. O diácono deve ser marido de uma só mulher e liderar bem seus filhos e sua casa. Aqueles que exercerem bem a função de diáconos serão recompensados com o respeito de outros e terão cada vez mais convicção de sua fé em Cristo Jesus. Embora espere vê-lo em breve, escrevo-lhe estas coisas agora, para que, se eu demorar, você saiba como as pessoas devem se comportar na casa de Deus. Ela é a igreja do Deus vivo, coluna e alicerce da verdade. Sem dúvida, este é o grande segredo de nossa fé: Cristo foi revelado em corpo humano, justificado pelo Espírito, visto por anjos, anunciado às nações, crido em todo o mundo e levado para o céu em glória. O Espírito afirma claramente que nos últimos tempos alguns se desviarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a ensinamentos de demônios, que vêm de indivíduos hipócritas e mentirosos, cuja consciência está morta. Tais pessoas afirmam que é errado se casar e proíbem que se comam certos alimentos, que Deus criou para serem recebidos com ação de graças pelos que são fiéis e conhecedores da verdade. Porque tudo que Deus fez é bom, não devemos rejeitar nada, mas a tudo receber com ação de graças, pois sabemos que se torna aceitável pela palavra de Deus e pela oração. Se você explicar estas coisas aos irmãos, será um bom servo de Cristo Jesus, nutrido pela mensagem da fé e pelo bom ensino que tem seguido. Não perca tempo discutindo mitos profanos e crendices absurdas. Em vez disso, exercite-se na devoção. “O exercício físico tem algum valor, mas exercitar-se na devoção é muito melhor, pois promete benefícios não apenas nesta vida, mas também na vida futura.” Essa é uma afirmação digna de confiança, e todos devem aceitá-la. Trabalhamos arduamente e continuamos a lutar porque nossa esperança está no Deus vivo, o Salvador de todos, especialmente dos que creem. Ensine estas coisas e insista nelas. Não deixe que ninguém o menospreze porque você é jovem. Seja exemplo para todos os fiéis nas palavras, na conduta, no amor, na fé e na pureza. Até minha chegada, dedique-se à leitura pública das Escrituras, ao encorajamento e ao ensino. Não descuide do dom que recebeu por meio de profecia quando os presbíteros impuseram as mãos sobre você. Dedique total atenção a essas questões. Entregue-se inteiramente a suas tarefas, para que todos vejam seu progresso. Fique atento a seu modo de viver e a seus ensinamentos. Permaneça fiel ao que é certo, e assim salvará a si mesmo e àqueles que o ouvem. Nunca fale com dureza a um homem mais velho, mas aconselhe-o como faria com seu próprio pai. Quanto aos mais jovens, aconselhe-os como a irmãos. Trate as mulheres mais velhas como trataria sua mãe, e as mais jovens, com toda pureza, como se fossem suas irmãs. Cuide das viúvas que não têm ninguém para ajudá-las. Mas, se elas tiverem filhos ou netos, a primeira responsabilidade deles é mostrar devoção no lar e retribuir aos pais o cuidado recebido. Isso é algo que agrada a Deus. A verdadeira viúva, uma mulher sozinha no mundo, põe sua esperança em Deus. Dia e noite, faz súplicas e orações. Mas a viúva que vive apenas para o prazer está morta, ainda que esteja viva. Dê essas instruções, para que ninguém fique sujeito a críticas. Aqueles que não cuidam dos seus, especialmente dos de sua própria família, negaram a fé e são piores que os descrentes. A viúva incluída na lista para receber sustento deve ter pelo menos sessenta anos e ter sido esposa de um só marido. Deve ser respeitada pelo bem que praticou, como alguém que soube criar os filhos, foi hospitaleira, serviu o povo santo com humildade, ajudou os que estavam em dificuldade e sempre se dedicou a fazer o bem. As viúvas mais jovens não devem fazer parte dessa lista, pois, quando seus desejos físicos forem mais fortes que sua devoção a Cristo, desejarão se casar novamente. Assim se tornarão culpadas de quebrar o compromisso que fizeram. Além disso, aprenderão a se tornar ociosas e a andar de casa em casa, fazendo fofoca, intrometendo-se em assuntos alheios e falando do que não devem. Portanto, aconselho que essas viúvas mais jovens se casem de novo, tenham filhos e tomem conta do próprio lar. Então o inimigo não poderá dizer coisa alguma contra elas. Pois, de fato, algumas já se desviaram e agora seguem Satanás. Se alguma irmã na fé tem viúvas na família, deve tomar conta delas e não sobrecarregar a igreja, que assim poderá cuidar das viúvas que estiverem verdadeiramente sozinhas. Os presbíteros que fazem bem seu trabalho devem receber honra redobrada, especialmente os que se dedicam arduamente à pregação e ao ensino. Pois as Escrituras dizem: “Não amordacem o boi para impedir que ele coma enquanto debulha os cereais”, e também: “Aqueles que trabalham merecem seu salário”. Não aceite acusação contra um presbítero sem que seja confirmada por duas ou três testemunhas. Aqueles que pecarem devem ser repreendidos diante de todos, o que servirá de forte advertência para os demais. Ordeno solenemente, na presença de Deus, de Cristo Jesus e dos anjos eleitos que você obedeça a estas instruções sem tomar partido nem demonstrar favoritismo. Não se apresse em nomear um líder. Não participe dos pecados alheios. Mantenha-se puro. Não beba apenas água. Uma vez que você fica doente com frequência, tome um pouco de vinho por causa de seu estômago. Lembre-se de que os pecados de alguns são evidentes, e seu julgamento é inevitável. Há outros, porém, cujos pecados só serão revelados mais tarde. Da mesma forma, as boas obras de alguns são evidentes, e outras, feitas em segredo, um dia serão conhecidas. Os escravos devem ter todo o respeito por seus senhores, para não envergonharem o nome de Deus e seus ensinamentos. O fato de o senhor ser irmão na fé não é desculpa para deixarem de respeitá-lo. Pelo contrário, devem trabalhar ainda mais arduamente, pois seus esforços beneficiam outros irmãos amados. Ensine estas coisas e incentive todos a obedecer-lhes. Talvez alguns nos contradigam, mas estes são os verdadeiros ensinamentos do Senhor Jesus Cristo, que conduzem a uma vida de devoção. Quem ensina algo diferente é arrogante e sem entendimento. Vive com o desejo doentio de discutir o significado das palavras e provoca contendas que resultam em inveja, divisão, difamação e suspeitas malignas. Pessoas assim sempre causam problemas. Têm a mente corrompida e deram as costas à verdade. Para elas, a vida de devoção é apenas uma forma de enriquecer. No entanto, a devoção acompanhada de contentamento é, em si mesma, grande riqueza. Afinal, não trouxemos nada conosco quando viemos ao mundo, e nada levaremos quando o deixarmos. Portanto, se temos alimento e roupa, estejamos contentes. Mas aqueles que desejam enriquecer caem em tentações e armadilhas e em muitos desejos tolos e nocivos, que os levam à ruína e destruição. Pois o amor ao dinheiro é a raiz de todo mal. E alguns, por tanto desejarem dinheiro, desviaram-se da fé e afligiram a si mesmos com muitos sofrimentos. Você, porém, que é um homem de Deus, fuja de todas essas coisas más. Busque a justiça, a devoção e também a fé, o amor, a perseverança e a mansidão. Lute o bom combate da fé. Apegue-se firmemente à vida eterna para a qual foi chamado e que tão bem você declarou na presença de muitas testemunhas. Diante de Deus, que a todos dá vida, e de Cristo Jesus, que deu bom testemunho perante Pôncio Pilatos, encarrego-o de obedecer a esta ordem sem vacilar. Assim, ninguém poderá acusá-lo de coisa alguma, desde agora até a volta de nosso Senhor Jesus Cristo. Pois: No devido tempo ele será revelado do céu pelo bendito e único Deus todo-poderoso, o Rei dos reis e Senhor dos senhores. Somente a ele pertence a imortalidade, e ele habita em luz tão resplandecente que nenhum ser humano pode se aproximar dele. Ninguém jamais o viu, nem pode ver. A ele sejam honra e poder para sempre! Amém. Ensine aos ricos deste mundo que não se orgulhem nem confiem em seu dinheiro, que é incerto. Sua confiança deve estar em Deus, que provê ricamente tudo de que necessitamos para nossa satisfação. Diga-lhes que usem seu dinheiro para fazer o bem. Devem ser ricos em boas obras e generosos com os necessitados, sempre prontos a repartir. Desse modo, acumularão tesouros para si como um alicerce firme para o futuro, a fim de experimentarem a verdadeira vida. Timóteo, guarde aquilo que Deus lhe confiou. Evite discussões profanas e tolas com aqueles que se opõem a você com suposto conhecimento. Alguns se desviaram da fé por seguirem essas tolices. Que a graça de Deus esteja com vocês. Eu, Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, enviado para anunciar a vida que ele prometeu por meio da fé em Cristo Jesus, escrevo esta carta a Timóteo, meu filho amado. Que Deus, o Pai, e Cristo Jesus, nosso Senhor, lhe deem graça, misericórdia e paz. Dou graças por você ao Deus que sirvo com a consciência limpa, como o serviram meus antepassados. Sempre me lembro de você em minhas orações, noite e dia. Quero muito revê-lo, pois me lembro de suas lágrimas. Nosso reencontro me encherá de alegria. Lembro-me de sua fé sincera, como era a de sua avó, Loide, e de sua mãe, Eunice, e sei que em você essa mesma fé continua firme. Por isso quero lembrá-lo de avivar a chama do dom que Deus lhe deu quando impus minhas mãos sobre você. Pois Deus não nos deu um Espírito que produz temor e covardia, mas sim que nos dá poder, amor e autocontrole. Portanto, jamais se envergonhe de falar a outros sobre nosso Senhor. E também não se envergonhe de mim, que estou preso por causa dele. Com a força que Deus lhe dá, esteja pronto para sofrer comigo por causa das boas-novas. Pois Deus nos salvou e nos chamou para uma vida santa, não porque merecêssemos, mas porque este era seu plano desde os tempos eternos: mostrar sua graça por meio de Cristo Jesus. E agora ele tornou tudo isso claro para nós com a vinda de Cristo Jesus, nosso Salvador, que destruiu o poder da morte e iluminou o caminho para a vida e a imortalidade por meio das boas-novas, das quais Deus me escolheu para ser pregador, apóstolo e mestre. Por isso estou sofrendo assim. Mas não me envergonho, pois conheço aquele em quem creio e tenho certeza de que ele é capaz de guardar o que me foi confiado até o dia de sua volta. Apegue-se, com fé e amor em Cristo Jesus, ao modelo do ensino verdadeiro que aprendeu de mim. Pelo poder do Espírito Santo que habita em nós, guarde a verdade preciosa que lhe foi confiada. Como você sabe, todos os da província da Ásia me abandonaram, incluindo Fígelo e Hermógenes. Que o Senhor demonstre misericórdia a Onesíforo e sua família, pois muitas vezes me animou em suas visitas e nunca se envergonhou por eu estar na prisão. Pelo contrário, quando veio a Roma, procurou-me diligentemente até me encontrar. Que o Senhor lhe mostre misericórdia no dia da volta de Cristo. E você sabe muito bem quanto ele me ajudou em Éfeso. Meu filho, seja forte por meio da graça que há em Cristo Jesus. Você me ouviu ensinar verdades confirmadas por muitas testemunhas confiáveis. Agora, ensine-as a pessoas de confiança que possam transmiti-las a outros. Suporte comigo o sofrimento, como bom soldado de Cristo Jesus. Nenhum soldado se deixa envolver em assuntos da vida civil, pois se o fizesse não poderia agradar o oficial que o alistou. O atleta não conquista o prêmio se não seguir as regras. E o lavrador que trabalha arduamente deve ser o primeiro a colher o fruto de seu esforço. Pense no que estou lhe dizendo. O Senhor o ajudará a entender todas essas coisas. Lembre-se de que Jesus Cristo, descendente do rei Davi, ressuscitou dos mortos. Essas são as boas-novas que eu anuncio. E, por causa disso, sofro e estou preso como um criminoso. Mas a palavra de Deus não está presa. Portanto, estou disposto a suportar qualquer coisa se isso trouxer salvação e glória eterna em Cristo Jesus para os que foram escolhidos. Esta é uma afirmação digna de confiança: “Se morrermos com ele, também com ele viveremos. Se perseverarmos, com ele reinaremos. Se o negarmos, ele nos negará. Se formos infiéis, ele permanecerá fiel, pois não pode negar a si mesmo”. Lembre essas coisas a todos e ordene-lhes na presença de Deus que deixem de brigar por causa de palavras. Essas discussões são inúteis e podem causar grave prejuízo a quem as ouve. Esforce-se sempre para receber a aprovação do Deus a quem você serve. Seja um bom trabalhador, que não tem de que se envergonhar e que ensina corretamente a palavra da verdade. Evite conversas tolas e profanas, que só levam a mais comportamentos mundanos. Esse tipo de conversa se espalha como câncer, a exemplo do ocorrido com Himeneu e Fileto. Eles deixaram o caminho da verdade, afirmando que a ressurreição dos mortos já aconteceu, e com isso desviaram alguns da fé. Mas o alicerce sólido de Deus permanece firme, com esta inscrição: “O Senhor conhece quem pertence a ele” e “Todos que pertencem ao Senhor devem se afastar do mal”. Numa casa grande, alguns utensílios são de ouro e de prata, e outros, de madeira e de barro. Os utensílios de mais valor são reservados para ocasiões especiais, e os de menos valor, para uso diário. Se você se mantiver puro, será um utensílio para fins honrosos. Sua vida será limpa, e você estará pronto para que o Senhor da casa o empregue para toda boa obra. Fuja de tudo que estimule as paixões da juventude. Em vez disso, busque justiça, fidelidade, amor e paz, na companhia daqueles que invocam o Senhor com coração puro. Digo mais uma vez: não se envolva em discussões tolas e ignorantes que só servem para gerar brigas. O servo do Senhor não deve viver brigando, mas ser amável com todos, apto a ensinar e paciente. Instrua com mansidão aqueles que se opõem, na esperança de que Deus os leve ao arrependimento e, assim, conheçam a verdade. Então voltarão ao perfeito juízo e escaparão da armadilha do diabo, que os prendeu para fazerem o que ele quer. Saiba que nos últimos dias haverá tempos muito difíceis. Porque as pessoas só amarão a si mesmas e ao dinheiro. Serão arrogantes e orgulhosas, zombarão de Deus, desobedecerão a seus pais e serão ingratas e profanas. Não terão afeição nem perdoarão; caluniarão outros e não terão autocontrole. Serão cruéis e odiarão o que é bom, trairão os amigos, serão imprudentes e cheias de si e amarão os prazeres em vez de amar a Deus. Serão religiosas apenas na aparência, mas rejeitarão o poder capaz de lhes dar a verdadeira devoção. Fique longe de gente assim! Entre tais pessoas há aqueles que se infiltram na casa alheia e conquistam a confiança de mulheres vulneráveis, carregadas de pecados e controladas por todo tipo de desejo, mulheres que estão sempre em busca de novos ensinos, mas jamais conseguem entender a verdade. Esses mestres se opõem à verdade, como Janes e Jambres se opuseram a Moisés. Têm a mente depravada, e sua fé não é autêntica. Contudo, não irão muito longe. Um dia, alguém verá como são insensatos, como aconteceu com Janes e Jambres. Mas você sabe muito bem o que eu ensino, como vivo e qual é meu propósito de vida. Conhece minha fé, minha paciência, meu amor e minha perseverança. Sabe quanta perseguição e quanto sofrimento suportei e o que me aconteceu em Antioquia, Icônio e Listra; o Senhor, porém, me livrou de tudo isso. Sim, e todos que desejam ter uma vida de devoção em Cristo Jesus sofrerão perseguições. Mas os perversos e os impostores irão de mal a pior. Enganarão outros e eles próprios serão enganados. Você, porém, deve permanecer fiel àquilo que lhe foi ensinado. Sabe que é a verdade, pois conhece aqueles de quem aprendeu. Desde a infância lhe foram ensinadas as Sagradas Escrituras, que lhe deram sabedoria para receber a salvação que vem pela fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para nos ensinar o que é verdadeiro e para nos fazer perceber o que não está em ordem em nossa vida. Ela nos corrige quando erramos e nos ensina a fazer o que é certo. Deus a usa para preparar e capacitar seu povo para toda boa obra. Eu lhe digo solenemente, na presença de Deus e de Cristo Jesus, que um dia julgará os vivos e os mortos quando vier para estabelecer seu reino: pregue a palavra. Esteja preparado, quer a ocasião seja favorável, quer não. Corrija, repreenda e encoraje com paciência e bom ensino. Pois virá o tempo em que as pessoas já não escutarão o ensino verdadeiro. Seguirão os próprios desejos e buscarão mestres que lhes digam apenas aquilo que agrada seus ouvidos. Rejeitarão a verdade e correrão atrás de mitos. Você, porém, deve manter a sobriedade em todas as situações. Não tenha medo de sofrer. Trabalhe para anunciar as boas-novas e realize todo o ministério que lhe foi confiado. Quanto a mim, minha vida já foi derramada como oferta para Deus. O tempo de minha morte se aproxima. Lutei o bom combate, terminei a corrida e permaneci fiel. Agora o prêmio me espera, a coroa de justiça que o Senhor, o justo Juiz, me dará no dia de sua volta. E o prêmio não será só para mim, mas para todos que, com grande expectativa, aguardam a sua vinda. Por favor, venha assim que puder. Demas me abandonou, pois ama as coisas desta vida e foi para Tessalônica. Crescente foi embora para a Galácia, e Tito, para a Dalmácia. Apenas Lucas está comigo. Traga Marcos com você, pois ele me será útil no ministério. Enviei Tíquico a Éfeso. Quando vier, não se esqueça de trazer a capa que deixei com Carpo, em Trôade. Traga também meus livros e especialmente meus pergaminhos. Alexandre, o artífice que trabalha com cobre, me prejudicou muito, mas o Senhor o julgará pelo que ele fez. Tome cuidado com ele, porque se opôs fortemente a tudo que dissemos. Na primeira vez que fui levado perante o juiz, ninguém me acompanhou. Todos me abandonaram. Que isso não seja cobrado deles. Mas o Senhor permaneceu ao meu lado e me deu forças para que eu pudesse anunciar as boas-novas plenamente, a fim de que todos os gentios as ouvissem. E ele me livrou da boca do leão. Sim, o Senhor me livrará de todo ataque maligno e me levará em segurança para seu reino celestial. A Deus seja a glória para todo o sempre! Amém. Envie minhas saudações a Priscila e a Áquila e à família de Onesíforo. Erasto ficou em Corinto, e deixei Trófimo doente em Mileto. Faça todo o possível para estar aqui antes do inverno. Êubulo lhe manda lembranças, e também Prudente, Lino, Cláudia e todos os irmãos. Que o Senhor esteja com seu espírito. E que a graça esteja com todos vocês. Eu, Paulo, escravo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, escrevo esta carta. Fui enviado para fortalecer a fé daqueles que Deus escolheu e para ensinar-lhes a verdade que mostra como viver uma vida de devoção. Essa verdade lhes dá a esperança da vida eterna que Deus, aquele que não mente, prometeu antes dos tempos eternos. E agora, no devido tempo, ele revelou essa mensagem, que anunciamos a todos. Por ordem de Deus, nosso Salvador, fui encarregado de realizar esse trabalho em favor dele. Escrevo a Tito, meu verdadeiro filho na fé que compartilhamos. Que Deus, o Pai, e Cristo Jesus, nosso Salvador, lhe deem graça e paz. Deixei-o na ilha de Creta para que você completasse o trabalho e nomeasse presbíteros em cada cidade, conforme o instruí. O presbítero deve ter uma vida irrepreensível. Deve ser marido de uma só mulher, e seus filhos devem partilhar de sua fé e não ter fama de devassos nem rebeldes. O bispo administra a casa de Deus e, portanto, deve ter uma vida irrepreensível. Não deve ser arrogante nem briguento, não deve beber vinho em excesso, nem ser violento, nem buscar lucro desonesto. Em vez disso, deve ser hospitaleiro e amar o bem. Deve viver sabiamente, ser justo e ter uma vida de devoção e disciplina. Deve estar plenamente convicto da mensagem fiel que lhe foi ensinada, de modo que possa encorajar outros com o verdadeiro ensino e mostrar aos que se opõem onde estão errados. Pois há muitos rebeldes que promovem conversas inúteis e enganam as pessoas. Refiro-me especialmente àqueles que insistem na necessidade da circuncisão. É preciso fazê-los calar, pois, com seus ensinamentos falsos, têm desviado famílias inteiras da verdade. Sua motivação é obter lucro desonesto. Até mesmo um deles, um profeta nascido em Creta, disse: “Os cretenses são mentirosos, animais cruéis e comilões preguiçosos”. Isso é verdade. Portanto, repreenda-os severamente, a fim de fortalecê-los na fé. É preciso que deixem de dar ouvidos a mitos judaicos e às ordens daqueles que se desviaram da verdade. Para os que são puros, tudo é puro. Mas, para os corruptos e descrentes, nada é puro, pois têm a mente e a consciência corrompidas. Afirmam que conhecem a Deus, mas o negam por seu modo de viver. São detestáveis e desobedientes, e não servem para fazer nada de bom. Mas, quanto a você, que suas palavras reflitam o ensino verdadeiro. Os homens mais velhos devem exercitar o autocontrole, a fim de que sejam dignos de respeito e vivam com sabedoria. Devem ter uma fé sólida e ser cheios de amor e paciência. Semelhantemente, as mulheres mais velhas devem viver de modo digno. Não devem ser caluniadoras, nem beber vinho em excesso; antes, devem ensinar o que é bom. Devem instruir as mulheres mais jovens a amar o marido e os filhos, a viver com sabedoria e pureza, a trabalhar no lar, a fazer o bem e a ser submissas ao marido. Assim, não envergonharão a palavra de Deus. Da mesma forma, incentive os homens mais jovens a viver com sabedoria. Você mesmo deve ser exemplo da prática de boas obras. Tudo que fizer deve refletir a integridade e a seriedade de seu ensino. Sua mensagem deve ser tão correta a ponto de ninguém a criticar. Então os que se opõem a nós ficarão envergonhados e nada terão de ruim para dizer a nosso respeito. Quanto aos escravos, devem sempre obedecer a seu senhor e fazer todo o possível para agradá-lo. Não devem ser respondões, nem roubar, mas devem mostrar-se bons e inteiramente dignos de confiança. Assim, tornarão atraente em todos os sentidos o ensino a respeito de Deus, nosso Salvador. Pois a graça de Deus foi revelada e a todos traz salvação. Somos instruídos a abandonar o estilo de vida ímpio e os prazeres pecaminosos. Neste mundo perverso, devemos viver com sabedoria, justiça e devoção, enquanto aguardamos esperançosamente o dia em que será revelada a glória de nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo. Ele entregou sua vida para nos libertar de todo pecado, para nos purificar e fazer de nós seu povo, inteiramente dedicado às boas obras. Ensine essas coisas e encoraje os irmãos a praticá-las. Corrija-os com autoridade. Não deixe que ignorem o que você diz. Lembre a todos que se sujeitem ao governo e às autoridades. Devem ser obedientes e sempre prontos a fazer o que é bom. Não devem caluniar ninguém, mas evitar brigas. Que sejam amáveis e mostrem a todos verdadeira humildade. Em outros tempos, também éramos insensatos e desobedientes. Vivíamos no engano e nos tornamos escravos de muitas paixões e prazeres. Éramos cheios de maldade e inveja e odiávamos uns aos outros. Mas, Quando Deus, nosso Salvador, revelou sua bondade e seu amor, ele nos salvou não porque tivéssemos feito algo justo, mas por causa de sua misericórdia. Ele nos lavou para remover nossos pecados, nos fez nascer de novo e nos deu nova vida por meio do Espírito Santo. Generosamente, derramou o Espírito sobre nós por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador. Por causa de sua graça, nos declarou justos e nos deu a esperança de que herdaremos a vida eterna. Essa é uma afirmação digna de confiança, e quero que você insista nesses ensinamentos, para que todos os que creem em Deus se dediquem a fazer o bem. São ensinamentos bons e benéficos para todos. Não se envolva em discussões tolas sobre genealogias intermináveis, nem em disputas e brigas sobre a obediência às leis judaicas. Essas coisas são inúteis, e perda de tempo. Se alguém tem causado divisões entre vocês, advirta-o uma primeira e uma segunda vez. Depois disso, não se relacione mais com ele. Tais indivíduos se desviaram da verdade e condenaram a si mesmos com seus pecados. Planejo enviar-lhe Ártemas ou Tíquico. Assim que um deles chegar, procure ir ao meu encontro em Nicópolis, pois decidi passar o inverno ali. Faça todo o possível para ajudar Zenas, o advogado, e Apolo na viagem deles. Providencie que tenham tudo de que precisam. Nosso povo deve aprender a fazer o bem ao suprir as necessidades urgentes de outros; assim, ninguém será improdutivo. Todos aqui mandam lembranças. Por favor, envie minhas saudações a todos que nos amam na fé. Que a graça de Deus esteja com todos vocês. Eu, Paulo, prisioneiro de Cristo Jesus, escrevo esta carta, junto com nosso irmão Timóteo, a Filemom, nosso amado colaborador, à irmã Áfia, a Arquipo, nosso companheiro na luta, e à igreja que se reúne em sua casa. Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes deem graça e paz. Sempre dou graças a meu Deus por você em minhas orações, pois ouço com frequência de sua fé no Senhor Jesus e de seu amor por todo o povo santo. Oro para que você ponha em prática a comunhão que vem da fé, à medida que entender e experimentar todas as coisas boas que temos em Cristo. Seu amor, meu irmão, tem me dado muita alegria e conforto, pois sua bondade tem revigorado o coração do povo santo. Por isso, ainda que pudesse exigir em Cristo que você faça o que é certo, prefiro pedir com base no amor — eu, Paulo, já velho e agora prisioneiro de Cristo Jesus. Suplico que demonstre bondade a meu filho Onésimo. Tornei-me pai dele na fé quando estava aqui na prisão. Onésimo não lhe foi de muita utilidade no passado, mas agora é muito útil para nós dois. Eu o envio de volta a você, e com ele vai meu próprio coração. Gostaria de mantê-lo aqui comigo enquanto estou preso por anunciar as boas-novas; assim ele me ajudaria em seu lugar. Mas eu nada quis fazer sem seu consentimento. Meu desejo era que você ajudasse de boa vontade, e não por obrigação. Ao que parece, você perdeu Onésimo por algum tempo para ganhá-lo de volta para sempre. Ele já não é um escravo para você. É mais que um escravo: é um irmão amado, especialmente para mim. Agora ele será muito mais importante para você, como pessoa e como irmão no Senhor. Portanto, se me considera seu companheiro na fé, receba-o como receberia a mim. Se ele o prejudicou de alguma forma ou se lhe deve algo, cobre de mim. Eu, Paulo, escrevo de próprio punho: Eu pagarei. E não mencionarei que você me deve sua própria vida. Sim, meu irmão, faça-me essa gentileza no Senhor. Reanime meu coração em Cristo! Escrevo esta carta certo de que você fará o que lhe peço, e até mais. Por favor, prepare um quarto para mim, pois espero que as orações de vocês sejam respondidas e eu possa voltar a visitá-los em breve. Epafras, meu companheiro de prisão em Cristo Jesus, manda lembranças. Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, meus colaboradores, também enviam saudações. Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo esteja com o espírito de vocês. Por muito tempo Deus falou várias vezes e de diversas maneiras a nossos antepassados por meio dos profetas. E agora, nestes últimos dias, ele nos falou por meio do Filho, o qual ele designou como herdeiro de todas as coisas e por meio de quem criou o universo. O Filho irradia a glória de Deus, expressa de forma exata quem Deus é e, com sua palavra poderosa, sustenta todas as coisas. Depois de nos purificar de nossos pecados, sentou-se no lugar de honra à direita do Deus majestoso no céu, o que revela que o Filho é muito superior aos anjos, e o nome que ele herdou, superior ao nome deles. Pois Deus nunca disse a nenhum anjo: “Você é meu Filho; hoje eu o gerei”. Ou ainda: “Eu serei seu Pai, e ele será meu Filho”. E, quando ele trouxe seu Filho supremo ao mundo, disse: “Que todos os anjos de Deus o adorem”. A respeito dos anjos, ele diz: “Ele envia seus anjos como os ventos, e seus servos, como chamas de fogo”. Mas ao Filho ele diz: “Teu trono, ó Deus, permanece para todo o sempre; tu governas com cetro de justiça. Amas a justiça e odeias o mal; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu. Derramou sobre ti o óleo da alegria, mais que sobre qualquer outro”. E diz também: “No princípio, Senhor, lançaste os fundamentos da terra, e com tuas mãos formaste os céus. Eles deixarão de existir, mas tu permanecerás para sempre; eles se desgastarão, como roupa velha. Tu os desdobrarás como um manto e te desfarás deles como roupa velha. Tu, porém, és sempre o mesmo; teus dias jamais terão fim”. E ele nunca disse a nenhum de seus anjos: “Sente-se no lugar de honra à minha direita, até que eu humilhe seus inimigos e os ponha debaixo de seus pés”. Portanto, os anjos são apenas servos, espíritos enviados para cuidar daqueles que herdarão a salvação. Portanto, precisamos prestar muita atenção às verdades que temos ouvido, para não nos desviarmos delas. Pois a mensagem que foi transmitida por meio de anjos permaneceu firme, e toda transgressão e desobediência recebeu o castigo merecido. O que nos faz pensar que escaparemos se negligenciarmos essa grande salvação, anunciada primeiramente pelo Senhor e depois transmitida a nós por aqueles que o ouviram falar? E Deus confirmou a mensagem por meio de sinais, maravilhas e diversos milagres, e também por dons do Espírito Santo, conforme sua vontade. Além disso, não são anjos que governarão o mundo futuro a que nos referimos. Porque em certo lugar alguém disse: “Quem é o simples mortal, para que penses nele? Quem é o filho do homem, para que com ele te importes? E, no entanto, por pouco tempo o fizeste um pouco menor que os anjos e o coroaste de glória e honra. Tu lhe deste autoridade sobre todas as coisas”. Quando se diz “todas as coisas”, significa que nada foi deixado de fora. É verdade que ainda não vimos tudo ser submetido à sua autoridade. Contudo, vemos Jesus, que por pouco tempo foi feito “um pouco menor que os anjos” e que, por ter sofrido a morte, agora está coroado “de glória e honra”. Sim, pela graça de Deus, Jesus experimentou a morte por todos. Deus, para quem e por meio de quem todas as coisas foram criadas, escolheu levar muitos filhos à glória. E era apropriado que, por meio do sofrimento de Jesus, ele o tornasse o líder perfeito para conduzi-los à salvação. Assim, tanto o que santifica como os que são santificados procedem de um só. Por isso Jesus não se envergonha de chamá-los irmãos, quando diz: “Proclamarei teu nome a meus irmãos; no meio de teu povo reunido te louvarei”. E também afirmou: “Porei minha confiança nele”, isto é, “eu e os filhos que Deus me deu”. Visto, portanto, que os filhos são seres humanos, feitos de carne e sangue, o Filho também se tornou carne e sangue, pois somente assim ele poderia morrer e, somente ao morrer, destruiria o diabo, que tinha o poder da morte. Só dessa maneira ele libertaria aqueles que durante toda a vida estiveram escravizados pelo medo da morte. Também sabemos que o Filho não veio para ajudar os anjos, mas sim os descendentes de Abraão. Portanto, era necessário que ele se tornasse semelhante a seus irmãos em todos os aspectos, de modo que pudesse ser nosso misericordioso e fiel Sumo Sacerdote diante de Deus e realizar o sacrifício que remove os pecados do povo. Uma vez que ele próprio passou por sofrimento e tentação, é capaz de ajudar aqueles que são tentados. Portanto, irmãos santos que participam do chamado celestial, considerem atentamente a Jesus, que declaramos ser Apóstolo e Sumo Sacerdote. Pois ele foi fiel àquele que o designou, assim como Moisés serviu fielmente quando lhe foi confiada toda a casa de Deus. Jesus, no entanto, é digno de muito mais honra que Moisés, assim como a pessoa que constrói uma casa merece mais elogios que a casa em si. Pois toda casa tem um construtor, mas Deus é o construtor de todas as coisas. Por certo, Moisés foi fiel como servo na casa de Deus, e seu trabalho ilustrou verdades que seriam mais tarde reveladas. Mas Cristo, como Filho, é responsável por toda a casa de Deus; e nós somos a casa de Deus, se nos mantivermos corajosos e firmes em nossa esperança gloriosa. Por isso o Espírito Santo diz: “Hoje, se ouvirem sua voz, não endureçam o coração como eles fizeram na rebelião, quando me puseram à prova no deserto. Ali seus antepassados me tentaram e me puseram à prova, apesar de terem visto meus feitos durante quarenta anos. Por isso fiquei irado com aquela geração e disse: ‘Seu coração sempre se desvia de mim; vocês se recusam a andar em meus caminhos’. Assim, jurei em minha ira: ‘Jamais entrarão em meu descanso’”. Portanto, irmãos, cuidem para que nenhum de vocês tenha coração perverso e incrédulo que os desvie do Deus vivo. Advirtam uns aos outros todos os dias, enquanto ainda é “hoje”, para que nenhum de vocês seja enganado pelo pecado e fique endurecido. Porque nos tornaremos participantes de Cristo, se de fato mantivermos firme até o fim a confiança que nele depositamos no início. Lembrem-se do que foi dito: “Hoje, se ouvirem sua voz, não endureçam o coração como eles fizeram na rebelião”. E quem foram os que se rebelaram mesmo depois de terem ouvido? Não foram aqueles que saíram do Egito conduzidos por Moisés? E quem deixou Deus irado durante quarenta anos? Não foi o povo que pecou e cujos corpos ficaram no deserto? E a quem Deus se dirigiu quando jurou que jamais entrariam em seu descanso? Não foi ao povo que lhe desobedeceu? Vemos, portanto, que não puderam entrar no descanso por causa de sua incredulidade. Assim, uma vez que permanece a promessa de que entraremos no descanso de Deus, devemos ter cuidado para que nenhum de vocês pense que falhou. Porque essas boas-novas também nos foram anunciadas, como a eles, mas a mensagem de nada lhes valeu, pois não a receberam com fé e não se uniram àqueles que ouviram. Pois nós, os que cremos, entramos em seu descanso. Quanto aos demais, Deus disse: “Assim, jurei em minha ira: ‘Jamais entrarão em meu descanso’”, embora suas obras estejam prontas desde a criação do mundo. Sabemos que estão prontas por causa da passagem que menciona o sétimo dia: “No sétimo dia, Deus descansou de todo o seu trabalho”. Mas, em outra passagem, Deus diz: “Jamais entrarão em meu descanso”. Portanto, o descanso está disponível para que alguns entrem nele, mas os primeiros que ouviram essas boas-novas não entraram por causa de sua desobediência. Por isso Deus estabeleceu outra ocasião para que entrem em seu descanso, e essa ocasião é “hoje”. Ele anunciou isso por meio de Davi muito tempo depois, nas palavras já citadas: “Hoje, se ouvirem sua voz, não endureçam o coração”. Se Josué lhes tivesse dado descanso, Deus não teria falado de outro dia de descanso por vir. Logo, ainda há um descanso definitivo à espera do povo de Deus. Porque todos que entraram no descanso de Deus descansam de seu trabalho, como Deus o fez após a criação do mundo. Portanto, esforcemo-nos para entrar nesse descanso. Mas, se desobedecermos, como no exemplo citado, cairemos. Pois a palavra de Deus é viva e poderosa. É mais cortante que qualquer espada de dois gumes, penetrando entre a alma e o espírito, entre a junta e a medula, e trazendo à luz até os pensamentos e desejos mais íntimos. Nada, em toda a criação, está escondido de Deus. Tudo está descoberto e exposto diante de seus olhos, e é a ele que prestamos contas. Visto, portanto, que temos um grande Sumo Sacerdote que entrou no céu, Jesus, o Filho de Deus, apeguemo-nos firmemente àquilo em que cremos. Nosso Sumo Sacerdote entende nossas fraquezas, pois enfrentou as mesmas tentações que nós, mas nunca pecou. Assim, aproximemo-nos com toda confiança do trono da graça, onde receberemos misericórdia e encontraremos graça para nos ajudar quando for preciso. Todo sumo sacerdote é um homem escolhido para representar outras pessoas nas coisas referentes a Deus. Ele apresenta ofertas e sacrifícios pelos pecados e é capaz de tratar com bondade os ignorantes e os que se desviam, pois está sujeito às mesmas fraquezas. É por isso que precisa oferecer sacrifícios pelos próprios pecados, bem como pelos pecados do povo. Ninguém assume essa posição de honra por si só. Ele deve ser chamado por Deus, como aconteceu com Arão. Por isso Cristo não tomou para si a honra de ser Sumo Sacerdote, mas foi Deus que lhe concedeu essa honra, dizendo: “Você é meu Filho; hoje eu o gerei”. E, em outra passagem, diz: “Você é sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque”. Enquanto Jesus esteve na terra, ofereceu orações e súplicas, em alta voz e com lágrimas, àquele que podia salvá-lo da morte, e suas orações foram ouvidas por causa de sua profunda devoção. Embora fosse Filho, aprendeu a obediência por meio de seu sofrimento. Com isso, foi capacitado para ser o Sumo Sacerdote perfeito e tornou-se a fonte de salvação eterna para todos que lhe obedecem. E Deus o designou Sumo Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque. Há muito mais que gostaríamos de dizer a esse respeito, mas são coisas difíceis de explicar, sobretudo porque vocês se tornaram displicentes acerca do que ouvem. A esta altura, já deveriam ensinar outras pessoas, e no entanto precisam que alguém lhes ensine novamente os conceitos mais básicos da palavra de Deus. Ainda precisam de leite, e não podem ingerir alimento sólido. Quem se alimenta de leite ainda é criança e não sabe o que é justo. O alimento sólido é para os adultos que, pela prática constante, são capazes de distinguir entre certo e errado. Portanto, deixemos de lado os ensinamentos básicos a respeito de Cristo e sigamos em frente, alcançando a maturidade em nosso entendimento. Certamente não precisamos lançar novamente os alicerces, ou seja, o arrependimento das obras mortas, a fé em Deus, o batismo, a imposição de mãos, a ressurreição dos mortos e o julgamento eterno. Se Deus permitir, avançaremos para um maior entendimento. Pois é impossível trazer de volta ao arrependimento aqueles que já foram iluminados, que já experimentaram as dádivas celestiais e se tornaram participantes do Espírito Santo, que provaram a bondade da palavra de Deus e os poderes do mundo por vir, e que depois se desviaram. Sim, é impossível trazê-los de volta ao arrependimento, pois, ao rejeitar o Filho de Deus, eles voltaram a pregá-lo na cruz, expondo-o à vergonha pública. Quando a terra absorve a chuva que cai e produz uma boa colheita para o lavrador, recebe a bênção de Deus. Mas, se a terra produz espinhos e ervas daninhas, para nada serve, sendo logo amaldiçoada e, por fim, queimada. Amados, embora estejamos falando dessa forma, na realidade não cremos que se aplique a vocês. Temos certeza de que estão destinados às coisas melhores que pertencem à salvação. Pois Deus não é injusto; não se esquecerá de como trabalharam arduamente para ele e lhe demonstraram seu amor ao cuidar do povo santo, como ainda fazem. Nosso desejo é que vocês continuem a mostrar essa mesma dedicação até o fim, para que tenham plena certeza de sua esperança. Assim, não se tornarão displicentes, mas seguirão o exemplo daqueles que, por causa de sua fé e perseverança, herdarão as promessas. Considerem a promessa de Deus a Abraão. Uma vez que não havia ninguém superior por quem jurar, Deus jurou por si mesmo. Disse ele: “Certamente o abençoarei e multiplicarei grandemente seus descendentes”. Então Abraão esperou com paciência, e recebeu o que lhe fora prometido. Quando a pessoa faz um juramento, invoca alguém maior que ela. E, sem dúvida, o juramento implica uma obrigação. Deus também se comprometeu por meio de um juramento, para que os herdeiros da promessa tivessem plena convicção de que ele jamais mudaria de ideia. A promessa e o juramento não podem ser mudados, pois é impossível que Deus minta. Portanto, nós que nele nos refugiamos estamos firmemente seguros ao nos apegarmos à esperança posta diante de nós. Essa esperança é uma âncora firme e confiável para nossa alma. Ela nos conduz até o outro lado da cortina, para o santuário interior. Jesus já entrou ali por nós. Ele se tornou nosso eterno Sumo Sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque. Esse Melquisedeque era rei de Salém e também sacerdote do Deus Altíssimo. Quando Abraão regressava para casa, depois de derrotar os reis, Melquisedeque foi ao seu encontro e o abençoou. Então Abraão separou a décima parte de tudo e a entregou a Melquisedeque, cujo nome significa “rei da justiça”, enquanto rei de Salém quer dizer “rei da paz”. Não há registro de seu pai nem de sua mãe, nem de nenhum de seus antepassados, nem do começo nem do fim de sua vida. Semelhantemente ao Filho de Deus, ele permanece sacerdote para sempre. Considerem, portanto, a importância de Melquisedeque. Até mesmo Abraão, o patriarca, a reconheceu ao entregar a ele um décimo do que havia conquistado na batalha. A lei de Moisés exigia que os sacerdotes, os descendentes de Levi, recebessem o dízimo de seus irmãos israelitas, que também são descendentes de Abraão. Melquisedeque, porém, que não era descendente de Levi, recebeu o dízimo e, em seguida, abençoou Abraão, que já havia recebido as promessas. Sem dúvida, quem tem poder para abençoar é superior a quem é abençoado. Os sacerdotes que recebem os dízimos são homens mortais. A respeito de Melquisedeque, no entanto, é dito que ele continua vivo. Além disso, pode-se dizer que os levitas, que recebem o dízimo, também o entregaram por meio de Abraão. Embora Levi ainda não tivesse nascido, a semente da qual ele veio já estava no corpo de Abraão, seu antepassado, quando Melquisedeque se encontrou com ele. Portanto, se o sacerdócio de Levi, sob o qual o povo recebeu a lei, pudesse ter alcançado a perfeição, por que seria necessário estabelecer outro sacerdócio, com um sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque, em vez da ordem de Arão? E, se o sacerdócio muda, também é preciso que a lei mude. Pois o sacerdote ao qual estamos nos referindo pertence a outra tribo, cujos membros nunca serviram no altar como sacerdotes. De fato, como todos sabem, nosso Senhor veio da tribo de Judá, e Moisés nunca mencionou que dessa tribo viriam sacerdotes. Essa mudança se torna ainda mais clara com o surgimento de outro sacerdote, semelhante a Melquisedeque, o qual se tornou sacerdote não por cumprir leis e exigências humanas, mas pelo poder de uma vida indestrutível. Pois a respeito dele foi dito: “Você é sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque”. Desse modo, o antigo requisito, por ser fraco e inútil, foi cancelado. Pois a lei nunca tornou perfeita coisa alguma. Agora, porém, temos certeza de uma esperança superior, pela qual nos aproximamos de Deus. Esse novo sistema foi instituído com um juramento solene. Os outros se tornaram sacerdotes sem esse juramento, mas a respeito dele houve um juramento, pois Deus lhe disse: “O Senhor jurou e não voltará atrás: ‘Você é sacerdote para sempre’”. Por causa desse juramento, Jesus é aquele que garante uma aliança superior. Além disso, havia muitos sacerdotes, pois a morte os impedia de continuar a desempenhar suas funções. Mas, visto que ele vive para sempre, seu sacerdócio é permanente. Portanto, ele é capaz de salvar de uma vez por todas aqueles que se aproximam de Deus por meio dele. Ele vive sempre para interceder em favor deles. É de um Sumo Sacerdote como ele que necessitamos, pois é santo, irrepreensível, sem nenhuma mancha de pecado, separado dos pecadores e colocado no lugar de mais alta honra no céu. Ele não precisa oferecer sacrifícios diariamente, ao contrário dos outros sumos sacerdotes, que os ofereciam primeiro por seus próprios pecados e depois pelos pecados do povo. Ele, porém, o fez de uma vez por todas quando ofereceu a si mesmo como sacrifício. A lei nomeava sacerdotes limitados pela fraqueza humana. Mas, depois da lei, Deus nomeou com juramento seu Filho, que se tornou o Sumo Sacerdote perfeito para sempre. O mais importante é que temos um Sumo Sacerdote sentado no lugar de honra à direita do trono do Deus Majestoso no céu. Ele ministra ali no verdadeiro tabernáculo, o santuário construído pelo Senhor, e não por mãos humanas. E, visto que todo sumo sacerdote deve apresentar ofertas e sacrifícios, era necessário que esse Sumo Sacerdote também apresentasse uma oferta. Se ele estivesse aqui na terra, nem seria sacerdote, pois já existem sacerdotes que apresentam as ofertas exigidas pela lei. O serviço sacerdotal que eles realizam é apenas uma representação, uma sombra das coisas celestiais. Pois, quando Moisés se preparava para construir o tabernáculo, Deus o advertiu: “Cuide para que tudo seja feito de acordo com o modelo que eu lhe mostrei aqui no monte”. Agora, porém, Jesus, nosso Sumo Sacerdote, recebeu um ministério superior, pois ele é o mediador de uma aliança superior, baseada em promessas superiores. Se a primeira aliança fosse perfeita, não teria havido necessidade de outra para substituí-la. Mas, quando Deus viu que seu povo era culpado, disse: “Está chegando o dia, diz o Senhor, em que farei uma nova aliança com o povo de Israel e de Judá. Não será como a aliança que fiz com seus antepassados, quando os tomei pela mão e os conduzi para fora da terra do Egito. Não permaneceram fiéis à minha aliança, por isso lhes dei as costas, diz o Senhor. E esta é a nova aliança que farei com o povo de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei minhas leis em sua mente e as escreverei em seu coração. Serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. E não será necessário ensinarem a seus vizinhos e a seus parentes, dizendo: ‘Você precisa conhecer o Senhor’. Pois todos, desde o mais humilde até o mais importante, me conhecerão. E eu perdoarei sua maldade e nunca mais me lembrarei de seus pecados”. Quando Deus fala de uma “nova aliança”, significa que tornou obsoleta a aliança anterior. E aquilo que se torna obsoleto e antiquado logo desaparece. A primeira aliança tinha regras para a adoração, bem como um santuário terreno. Esse tabernáculo era dividido em duas partes. Na primeira, ficava o candelabro e a mesa com os pães da presença. Essa parte era chamada lugar santo. Depois, havia uma cortina e, atrás dela, a segunda parte, chamada lugar santíssimo. Nessa parte ficava o altar de ouro para o incenso e a arca da aliança, inteiramente coberta de ouro. Dentro da arca havia um vaso de ouro contendo maná, a vara de Arão que floresceu e as tábuas de pedra da aliança. Sobre a arca ficavam os querubins da glória divina, cuja sombra se estendia por cima do lugar de expiação. Mas agora não é o momento de explicar essas coisas em detalhes. Quando tudo estava preparado, os sacerdotes entravam regularmente no lugar santo para cumprir seus deveres sagrados. Mas apenas o sumo sacerdote, e só uma vez por ano, entrava no lugar santíssimo. Ele sempre apresentava o sangue do sacrifício pelos próprios pecados e pelos pecados que o povo havia cometido por ignorância. Com essas regras, o Espírito Santo mostra que o caminho para o lugar santíssimo não havia sido aberto enquanto o primeiro tabernáculo continuava em uso. Essa é uma ilustração que aponta para o tempo presente, pois as ofertas e os sacrifícios que os sacerdotes apresentam não podem criar no adorador uma consciência totalmente limpa. Tratava-se apenas de alimentos e bebidas e várias cerimônias de purificação; eram regras externas, válidas apenas até que se estabelecesse um sistema melhor. Cristo se tornou o Sumo Sacerdote de todos os benefícios agora presentes. Ele entrou naquele tabernáculo maior e mais perfeito no céu, que não foi feito por mãos humanas nem faz parte deste mundo criado. Com seu próprio sangue, e não com o sangue de bodes e bezerros, entrou no lugar santíssimo de uma vez por todas e garantiu redenção eterna. Se, portanto, o sangue de bodes e bezerros e as cinzas de uma novilha purificavam o corpo de quem estava cerimonialmente impuro, imaginem como o sangue de Cristo purificará nossa consciência das obras mortas, para que adoremos o Deus vivo. Pois, pelo poder do Espírito eterno, Cristo ofereceu a si mesmo a Deus como sacrifício perfeito. Por isso ele é o mediador da nova aliança, para que todos que são chamados recebam a herança eterna que foi prometida. Porque Cristo morreu para libertá-los do castigo dos pecados que haviam cometido sob a primeira aliança. Quando alguém deixa um testamento, é necessário comprovar a morte daquele que o fez. O testamento só se torna válido após a morte da pessoa. Enquanto ela ainda estiver viva, o testamento não entra em vigor. É por isso que até mesmo a primeira aliança foi sancionada com o sangue. Depois de ler todos os mandamentos da lei a todo o povo, Moisés pegou o sangue de novilhos e de bodes, e também água, e os aspergiu com ramos de hissopo e lã vermelha sobre o Livro da Lei e sobre todo o povo. Em seguida, disse: “Este sangue confirma a aliança que Deus fez com vocês”. Da mesma forma, aspergiu com sangue o tabernáculo e todos os utensílios usados nos serviços sagrados. De fato, segundo a lei, quase tudo era purificado com sangue, pois sem derramamento de sangue não há perdão. Assim, as representações das coisas no céu tiveram de ser purificadas com o sangue de animais. As verdadeiras coisas celestiais, porém, tiveram de ser purificadas com sacrifícios muitos superiores. Pois Cristo não entrou num santuário feito por mãos humanas, mera representação do santuário verdadeiro no céu. Ele entrou no próprio céu, a fim de agora se apresentar diante de Deus em nosso favor. E ele não entrou no céu para oferecer a si mesmo repetidamente, como o sumo sacerdote aqui na terra, que todos os anos entra no lugar santíssimo com o sangue de um animal. Se fosse assim, ele precisaria ter morrido muitas vezes, desde o princípio do mundo. Mas agora, no fim dos tempos, ele apareceu uma vez por todas para remover o pecado mediante sua própria morte em sacrifício. E, assim como cada pessoa está destinada a morrer uma só vez, e depois disso vem o julgamento, também Cristo foi oferecido como sacrifício uma só vez para tirar os pecados de muitos. Ele voltará, não para tratar de nossos pecados, mas para trazer salvação a todos que o aguardam com grande expectativa. A lei constitui apenas uma sombra, um vislumbre das coisas boas por vir, mas não as coisas boas em si mesmas. Os sacrifícios são repetidos todos os anos, mas nunca puderam purificar inteiramente aqueles que vêm adorar. Se tivessem esse poder, já não precisariam existir, pois os adoradores teriam sido purificados de uma vez por todas, e a consciência de seus pecados teria desaparecido. Em vez disso, esses sacrifícios os lembravam de seus pecados todos os anos. Pois é impossível que o sangue de touros e bodes remova pecados. Por isso, quando Cristo veio ao mundo, disse: “Não quiseste sacrifícios nem ofertas, contudo me deste um corpo para oferecer. Não te agradaste de holocaustos, nem de outras ofertas pelo pecado. Então eu disse: ‘Aqui estou para fazer tua vontade, ó Deus, como está escrito a meu respeito no livro’”. Primeiro Cristo disse: “Não quiseste sacrifícios nem ofertas, nem holocaustos, nem outras ofertas, nem te agradaste delas” (embora sejam exigidas pela lei). Então acrescentou: “Aqui estou para fazer tua vontade”. Ele cancela a primeira aliança a fim de estabelecer a segunda. Pois a vontade de Deus era que fôssemos santificados pela oferta do corpo de Jesus Cristo, de uma vez por todas. O sacerdote se apresenta todos os dias para realizar os serviços sagrados e oferece repetidamente os mesmos sacrifícios que nunca podem remover os pecados. Nosso Sumo Sacerdote, porém, ofereceu a si mesmo como único sacrifício pelos pecados, válido para sempre. Então, sentou-se no lugar de honra à direita de Deus e ali aguarda até que todos os seus inimigos sejam humilhados e postos debaixo de seus pés. Porque, mediante essa única oferta, ele tornou perfeitos para sempre os que estão sendo santificados. E o Espírito Santo também testemunha que isso é verdade, pois diz: “Esta é a nova aliança que farei com meu povo depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei minhas leis em seu coração e as escreverei em sua mente”. E acrescenta: “E nunca mais me lembrarei de seus pecados e seus atos de desobediência”. Onde os pecados foram perdoados, já não há necessidade de oferecer mais sacrifícios. Portanto, irmãos, por causa do sangue de Jesus, podemos entrar com toda confiança no lugar santíssimo. Por sua morte, Jesus abriu um caminho novo e vivo através da cortina que leva ao lugar santíssimo. E, uma vez que temos um Sumo Sacerdote que governa sobre a casa de Deus, entremos com coração sincero e plena confiança, pois nossa consciência culpada foi purificada, e nosso corpo, lavado com água pura. Apeguemo-nos firmemente, sem vacilar, à esperança que professamos, porque Deus é fiel para cumprir sua promessa. Pensemos em como motivar uns aos outros na prática do amor e das boas obras. E não deixemos de nos reunir, como fazem alguns, mas encorajemo-nos mutuamente, sobretudo agora que o dia está próximo. Se continuamos a pecar deliberadamente depois de ter recebido o conhecimento da verdade, já não há sacrifício que cubra esses pecados. Há somente a assustadora expectativa do julgamento e do fogo intenso que consumirá os inimigos. Pois quem se recusava a obedecer à lei de Moisés era morto sem misericórdia, com base no depoimento de duas ou três testemunhas. Imaginem quão maior será o castigo para quem insultou o Filho de Deus, tratou como comum e profano o sangue da aliança que o santificou e menosprezou o Espírito Santo que concede graça. Pois conhecemos aquele que disse: “A vingança cabe a mim; eu lhes darei o que merecem”. E também: “O Senhor julgará o seu povo”. Que coisa terrível é cair nas mãos do Deus vivo. Lembrem-se dos primeiros dias, quando foram iluminados, e de como permaneceram firmes apesar de muita luta e sofrimento. Houve ocasiões em que foram expostos a insultos e espancamentos; em outras, ajudaram os que passavam pelas mesmas coisas. Sofreram com os que foram presos e aceitaram com alegria quando lhes foi tirado tudo que possuíam. Sabiam que lhes esperavam coisas melhores, que durarão para sempre. Portanto, não abram mão de sua firme confiança. Lembrem-se da grande recompensa que ela lhes traz. Vocês precisam perseverar, a fim de que, depois de terem feito a vontade de Deus, recebam tudo que ele lhes prometeu. “Pois em breve virá aquele que está para vir; não se atrasará. Meu justo viverá pela fé; se ele se afastar, porém, não me agradarei dele.” Mas não somos como aqueles que se afastam para sua própria destruição. Somos pessoas de fé cuja alma é preservada. A fé mostra a realidade daquilo que esperamos; ela nos dá convicção de coisas que não vemos. Pela fé, pessoas em tempos passados obtiveram aprovação. Pela fé, entendemos que todo o universo foi formado pela palavra de Deus; assim, o que se vê originou-se daquilo que não se vê. Pela fé, Abel apresentou a Deus um sacrifício superior ao de Caim. Com isso, mostrou que era um homem justo, e Deus aprovou suas ofertas. Embora há muito esteja morto, ainda fala por meio de seu exemplo. Pela fé, Enoque foi levado para o céu sem ver a morte; “ele desapareceu porque Deus o levou para junto de si”. Porque, antes de ser levado, ele era conhecido por agradar a Deus. Sem fé é impossível agradar a Deus. Quem deseja se aproximar de Deus deve crer que ele existe e que recompensa aqueles que o buscam. Pela fé, Noé construiu uma grande embarcação para salvar sua família do dilúvio. Ele obedeceu a Deus, que o advertiu a respeito de coisas que nunca haviam acontecido. Pela fé, condenou o resto do mundo e recebeu a justiça que vem por meio da fé. Pela fé, Abraão obedeceu quando foi chamado para ir à outra terra que ele receberia como herança. Ele partiu sem saber para onde ia. E, mesmo quando chegou à terra que lhe havia sido prometida, viveu ali pela fé, pois era como estrangeiro, morando em tendas. Assim também fizeram Isaque e Jacó, que herdaram a mesma promessa. Abraão esperava confiantemente pela cidade de alicerces eternos, planejada e construída por Deus. Pela fé, até mesmo Sara, embora estéril e idosa, pôde ter um filho. Ela creu que Deus era fiel para cumprir sua promessa. E, assim, uma nação inteira veio desse homem velho e sem vigor, uma nação numerosa como as estrelas do céu e incontável como a areia da praia. Todos eles morreram na fé e, embora não tenham recebido todas as coisas que lhes foram prometidas, as avistaram de longe e de bom grado as aceitaram. Reconheceram que eram estrangeiros e peregrinos neste mundo. Evidentemente, quem fala desse modo espera ter sua própria pátria. Se quisessem, poderiam ter voltado à terra de onde saíram, mas buscavam uma pátria superior, um lar celestial. Por isso Deus não se envergonha de ser chamado o Deus deles, pois lhes preparou uma cidade. Pela fé, Abraão, ao ser posto à prova, ofereceu Isaque como sacrifício. Abraão, que havia recebido as promessas, estava disposto a sacrificar seu único filho, embora Deus lhe tivesse dito: “Isaque é o filho de quem depende sua descendência”. Concluiu que, se Isaque morresse, Deus tinha poder para trazê-lo de volta à vida. E, em certo sentido, recebeu seu filho de volta dos mortos. Pela fé, Isaque prometeu bênçãos para o futuro de seus filhos, Jacó e Esaú. Pela fé, Jacó, prestes a morrer, abençoou cada um dos filhos de José e se curvou para adorar, apoiado em seu cajado. Pela fé, José, no fim da vida, declarou com toda a confiança que os israelitas deixariam o Egito e deu ordens para que cuidassem de seus ossos. Pela fé, os pais de Moisés o esconderam por três meses tão logo ele nasceu, pois viram que a criança era linda e não tiveram medo de desobedecer ao decreto do rei. Pela fé, Moisés, já adulto, recusou ser chamado filho da filha do faraó, preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus a aproveitar os prazeres transitórios do pecado. Considerou melhor sofrer por causa do Cristo do que possuir os tesouros do Egito, pois tinha em vista sua grande recompensa. Pela fé, saiu do Egito sem medo da ira do rei e prosseguiu sem vacilar, como quem vê aquele que é invisível. Pela fé, ordenou que o povo de Israel celebrasse a Páscoa e aspergisse com sangue os batentes das portas, para que o anjo da morte não matasse seus filhos mais velhos. Pela fé, o povo de Israel atravessou o mar Vermelho, como se estivesse em terra seca. Quando os egípcios tentaram segui-los, morreram todos afogados. Pela fé, o povo marchou ao redor de Jericó durante sete dias, e suas muralhas caíram. Pela fé, a prostituta Raabe não foi morta com os habitantes de sua cidade que se recusaram a obedecer, pois ela acolheu em paz os espiões. Quanto mais preciso dizer? Levaria muito tempo para falar sobre a fé que Gideão, Baraque, Sansão, Jefté, Davi, Samuel e os profetas tiveram. Pela fé, eles conquistaram reinos, governaram com justiça e receberam promessas. Fecharam a boca de leões, apagaram chamas de fogo e escaparam de morrer pela espada. Sua fraqueza foi transformada em força. Tornaram-se poderosos na batalha e fizeram fugir exércitos inteiros. Mulheres receberam de volta seus queridos que haviam morrido. Outros, porém, foram torturados, recusando-se a ser libertos, e depositaram sua esperança na ressurreição para uma vida melhor. Alguns foram alvo de zombaria e açoites, e outros, acorrentados em prisões. Alguns morreram apedrejados, outros foram serrados ao meio, e outros ainda, mortos à espada. Alguns andavam vestidos com peles de ovelhas e cabras, necessitados, afligidos e maltratados. Este mundo não era digno deles. Vagaram por desertos e montes, escondendo-se em cavernas e buracos na terra. Todos eles obtiveram aprovação por causa de sua fé; no entanto, nenhum deles recebeu tudo que havia sido prometido. Pois Deus tinha algo melhor preparado para nós, de modo que, sem nós, eles não chegassem à perfeição. Portanto, uma vez que estamos rodeados de tão grande multidão de testemunhas, livremo-nos de todo peso que nos torna vagarosos e do pecado que nos atrapalha, e corramos com perseverança a corrida que foi posta diante de nós. Mantenhamos o olhar firme em Jesus, o líder e aperfeiçoador de nossa fé. Por causa da alegria que o esperava, ele suportou a cruz sem se importar com a vergonha. Agora ele está sentado no lugar de honra à direita do trono de Deus. Pensem em toda a hostilidade que ele suportou dos pecadores; desse modo, vocês não ficarão cansados nem desanimados. Afinal, ainda não chegaram a arriscar a vida na luta contra o pecado. Acaso vocês se esqueceram das palavras de ânimo que Deus lhes dirigiu como filhos dele? Ele disse: “Meu filho, não despreze a disciplina do Senhor; não desanime quando ele o corrigir. Pois o Senhor disciplina quem ele ama e castiga todo aquele que aceita como filho”. Enquanto suportam essa disciplina de Deus, lembrem-se de que ele os trata como filhos. Quem já ouviu falar de um filho que nunca foi disciplinado pelo pai? Se Deus não os disciplina como faz com todos os seus filhos, significa que vocês não são filhos de verdade, mas ilegítimos. Uma vez que respeitávamos nossos pais terrenos que nos disciplinavam, não devemos nos submeter ainda mais à disciplina do Pai de nosso espírito e, assim, obter vida? Pois nossos pais nos disciplinaram por alguns anos como julgaram melhor, mas a disciplina de Deus é sempre para o nosso bem, a fim de que participemos de sua santidade. Nenhuma disciplina é agradável no momento em que é aplicada; ao contrário, é dolorosa. Mais tarde, porém, produz uma colheita de vida justa e de paz para os que assim são corrigidos. Portanto, revigorem suas mãos cansadas e seus joelhos enfraquecidos. Façam caminhos retos para seus pés a fim de que os mancos não caiam, mas sejam fortalecidos. Esforcem-se para viver em paz com todos e procurem ter uma vida santa, sem a qual ninguém verá o Senhor. Cuidem uns dos outros para que nenhum de vocês deixe de experimentar a graça de Deus. Fiquem atentos para que não brote nenhuma raiz venenosa de amargura que cause perturbação, contaminando muitos. Vigiem para que ninguém seja imoral ou profano, como Esaú, que trocou seus direitos como filho mais velho por uma simples refeição. Como vocês sabem, mais tarde, quando ele quis a bênção do pai, foi rejeitado. Era tarde para que houvesse arrependimento, embora ele tivesse implorado com lágrimas. Vocês não chegaram a um monte que se pode tocar, a um lugar de fogo ardente, escuridão, trevas e vendaval, ao toque da trombeta e à voz tão terrível que aqueles que a ouviram suplicaram que nada mais lhes fosse dito, pois não podiam suportar a ordem que recebiam: “Se até mesmo um animal tocar no monte, deve ser apedrejado”. O próprio Moisés ficou tão assustado com o que viu a ponto de dizer: “Fiquei apavorado e tremendo de medo”. Vocês, porém, chegaram ao monte Sião, à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, aos incontáveis milhares de anjos em alegre reunião, à congregação dos filhos mais velhos, cujos nomes estão escritos no céu, e a Deus, que é juiz de todos, aos espíritos dos justos no céu, agora aperfeiçoados, a Jesus, o mediador da nova aliança, e ao sangue aspergido, que fala de coisas melhores do que falava o sangue de Abel. Tenham cuidado para não se recusarem a ouvir aquele que fala. Porque, se aqueles que se recusaram a ouvir o mensageiro terreno não escaparam, certamente não escaparemos se rejeitarmos aquele que nos fala do céu. Quando Deus falou naquela ocasião, sua voz fez a terra tremer, mas agora ele promete: “Mais uma vez, farei tremer não só a terra, mas também os céus”. Isso significa que toda a criação será abalada e removida, de modo que permaneçam apenas as coisas inabaláveis. Uma vez que recebemos um reino inabalável, sejamos gratos e agrademos a Deus adorando-o com reverência e santo temor. Porque nosso Deus é um fogo consumidor. Continuem a amar uns aos outros como irmãos. Não se esqueçam de demonstrar hospitalidade, porque alguns, sem o saber, hospedaram anjos. Lembrem-se dos que estão na prisão, como se vocês mesmos estivessem presos. Lembrem-se dos que são maltratados, como se sofressem os maus-tratos em seu próprio corpo. Honrem o casamento e mantenham pura a união conjugal, pois Deus certamente julgará os impuros e os adúlteros. Não amem o dinheiro; estejam satisfeitos com o que têm. Porque Deus disse: “Não o deixarei; jamais o abandonarei”. Por isso, podemos dizer com toda a confiança: “O Senhor é meu ajudador, portanto não temerei; o que me podem fazer os simples mortais?”. Lembrem-se de seus líderes que lhes ensinaram a palavra de Deus. Pensem em todo o bem que resultou da vida deles e sigam seu exemplo de fé. Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e para sempre. Portanto, não se deixem atrair por ensinos novos e estranhos. A força de vocês vem da graça de Deus, e não de regras sobre alimentos, que em nada ajudam aqueles que as seguem. Temos um altar do qual os sacerdotes no tabernáculo não têm direito de comer. O sumo sacerdote traz o sangue dos animais para o lugar santo como sacrifício pelo pecado, enquanto o corpo dos animais é queimado fora do acampamento. Da mesma forma, Jesus sofreu fora das portas da cidade, para santificar seu povo mediante seu próprio sangue. Portanto, vamos até ele, para fora do acampamento, e soframos a mesma desonra que ele sofreu. Pois não temos neste mundo uma cidade permanente; aguardamos a cidade por vir. Assim, por meio de Jesus, ofereçamos um sacrifício constante de louvor a Deus, o fruto dos lábios que proclamam seu nome. E não se esqueçam de fazer o bem e de repartir o que têm com os necessitados, pois esses são os sacrifícios que agradam a Deus. Obedeçam a seus líderes e façam o que disserem. O trabalho deles é cuidar de sua alma, e disso prestarão contas. Deem-lhes motivo para trabalhar com alegria, e não com tristeza, pois isso certamente não beneficiaria vocês. Orem por nós, pois nossa consciência está limpa e desejamos viver de forma honrada em tudo que fazemos. Orem especialmente para que eu volte e possa vê-los em breve. E, agora, que o Deus da paz, que trouxe de volta dos mortos nosso Senhor Jesus, o grande Pastor das ovelhas, e confirmou uma aliança eterna com seu sangue, os capacite em tudo que precisam para fazer a vontade dele. Que ele produza em vocês, mediante o poder de Jesus Cristo, tudo que é agradável a ele, a quem seja a glória para todo o sempre! Amém. Suplico a vocês, irmãos, que prestem atenção naquilo que lhes escrevi nesta breve exortação. Quero que saibam que nosso irmão Timóteo já saiu da prisão. Se ele vier em breve, eu o levarei comigo quando for vê-los. Transmitam minhas saudações a todos os seus líderes e a todo o povo santo. Os irmãos da Itália também mandam lembranças. Que a graça de Deus seja com todos vocês. Eu, Tiago, escravo de Deus e do Senhor Jesus Cristo, envio esta carta às doze tribos espalhadas pelo mundo. Saudações. Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria sempre que passarem por qualquer tipo de provação, pois sabem que, quando sua fé é provada, a perseverança tem a oportunidade de crescer. E é necessário que ela cresça, pois quando estiver plenamente desenvolvida vocês serão maduros e completos, sem que nada lhes falte. Se algum de vocês precisar de sabedoria, peça a nosso Deus generoso, e receberá. Ele não os repreenderá por pedirem. Mas, quando pedirem, façam-no com fé, sem vacilar, pois aquele que duvida é como a onda do mar, empurrada e agitada pelo vento. Ele não deve esperar receber coisa alguma do Senhor, pois tem a mente dividida e é instável em tudo que faz. O irmão que é pobre tem motivo para se orgulhar, porque é digno de honra. E o que é rico deve se orgulhar porque é insignificante. Ele murchará como uma pequena flor do campo. O sol quente se levanta e a grama seca; a flor perde o viço e cai, e sua beleza desaparece. Da mesma forma murchará o rico com todas as suas realizações. Feliz é aquele que suporta com paciência as provações e tentações, porque depois receberá a coroa da vida que Deus prometeu àqueles que o amam. E, quando vocês forem tentados, não digam: “Esta tentação vem de Deus”, pois Deus nunca é tentado a fazer o mal, e ele mesmo nunca tenta alguém. A tentação vem de nossos próprios desejos, que nos seduzem e nos arrastam. Esses desejos dão à luz o pecado, e quando o pecado se desenvolve plenamente, gera a morte. Não se deixem enganar, meus amados irmãos. Toda dádiva que é boa e perfeita vem do alto, do Pai que criou as luzes no céu. Nele não há variação nem sombra de mudança. Por sua própria vontade, ele nos gerou por meio de sua palavra verdadeira. E nós, dentre toda a criação, nos tornamos seus primeiros frutos. Entendam isto, meus amados irmãos: estejam todos prontos para ouvir, mas não se apressem em falar nem em se irar. A ira humana não produz a justiça divina. Portanto, removam toda impureza e maldade e aceitem humildemente a palavra que lhes foi implantada no coração, pois ela tem poder para salvá-los. Não se limitem, porém, a ouvir a palavra; ponham-na em prática. Do contrário, só enganarão a si mesmos. Pois, se ouvirem a palavra e não a praticarem, serão como alguém que olha no espelho, vê a si mesmo, mas, assim que se afasta, esquece como era sua aparência. Se, contudo, observarem atentamente a lei perfeita que os liberta, perseverarem nela e a puserem em prática sem esquecer o que ouviram, serão felizes no que fizerem. Se algum de vocês afirma ser religioso, mas não controla a língua, engana a si mesmo e sua religião não tem valor. A religião pura e verdadeira aos olhos de Deus, o Pai, é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo. Meus irmãos, como podem afirmar que têm fé em nosso glorioso Senhor Jesus Cristo se mostram favorecimento a algumas pessoas? Se, por exemplo, alguém chegar a uma de suas reuniões vestido com roupas elegantes e usando joias caras, e também entrar um pobre com roupas sujas, e vocês derem atenção ao que está bem vestido, dizendo-lhe: “Sente-se aqui neste lugar especial”, mas disserem ao pobre: “Fique em pé ali ou sente-se aqui no chão”, essa discriminação não mostrará que agem como juízes guiados por motivos perversos? Ouçam, meus amados irmãos: não foi Deus que escolheu os pobres deste mundo para serem ricos na fé? Não são eles os herdeiros do reino prometido àqueles que o amam? Mas vocês desprezam os pobres! Não são os ricos que oprimem vocês e os arrastam aos tribunais? Não são eles que difamam aquele cujo nome honroso vocês carregam? Sem dúvida vocês fazem bem quando obedecem à lei do reino conforme dizem as Escrituras: “Ame o seu próximo como a si mesmo”. Mas, se mostram favorecimento a algumas pessoas, cometem pecado e são culpados de transgredir a lei. Pois quem obedece a todas as leis, exceto uma, torna-se culpado de desobedecer a todas as outras. Pois aquele que disse: “Não cometa adultério”, também disse: “Não mate”. Logo, mesmo que não cometam adultério, se matarem alguém, transgredirão a lei. Portanto, em tudo que disserem e fizerem, lembrem-se de que serão julgados pela lei que os liberta. Não haverá misericórdia para quem não tiver demonstrado misericórdia. Mas, se forem misericordiosos, haverá misericórdia quando forem julgados. De que adianta, meus irmãos, dizerem que têm fé se não a demonstram por meio de suas ações? Acaso esse tipo de fé pode salvar alguém? Se um irmão ou uma irmã necessitar de alimento ou de roupa, e vocês disserem: “Até logo e tenha um bom dia; aqueça-se e coma bem”, mas não lhe derem alimento nem roupa, em que isso ajuda? Como veem, a fé por si mesma, a menos que produza boas obras, está morta. Mas alguém pode argumentar: “Uns têm fé; outros têm obras”. Mostre-me sua fé sem obras e eu, pelas minhas obras, lhe mostrarei minha fé! Você diz crer que há um único Deus. Muito bem! Até os demônios creem nisso e tremem de medo. Quanta insensatez! Vocês não entendem que a fé sem as obras é inútil? Não lembram que nosso antepassado Abraão foi declarado justo por suas ações quando ofereceu seu filho Isaque sobre o altar? Como veem, sua fé e suas ações atuaram juntas e, assim, as ações tornaram a fé completa. E aconteceu exatamente como as Escrituras dizem: “Abraão creu em Deus, e assim foi considerado justo”. Ele até foi chamado amigo de Deus! Vejam que somos declarados justos pelo que fazemos, e não apenas pela fé. Raabe, a prostituta, é outro exemplo. Ela foi declarada justa por causa de suas ações quando escondeu os mensageiros e os fez sair em segurança por um caminho diferente. Assim como o corpo sem fôlego está morto, também a fé sem obras está morta. Meus irmãos, não sejam muitos de vocês mestres, pois nós, os que ensinamos, seremos julgados com mais rigor. É verdade que todos nós cometemos muitos erros. Se pudéssemos controlar a língua, seríamos perfeitos, capazes de nos controlar em todos os outros sentidos. Por exemplo, se colocamos um freio na boca do cavalo, podemos conduzi-lo para onde quisermos. Observem também que um pequeno leme faz um grande navio se voltar para onde o piloto deseja, mesmo com ventos fortes. Assim também, a língua é algo pequeno que profere discursos grandiosos. Vejam como uma simples fagulha é capaz de incendiar uma grande floresta. E, entre todas as partes do corpo, a língua é uma chama de fogo. É um mundo de maldade que corrompe todo o corpo. Ateia fogo a uma vida inteira, pois o próprio inferno a acende. O ser humano consegue domar toda espécie de animal, ave, réptil e peixe, mas ninguém consegue domar a língua. Ela é incontrolável e perversa, cheia de veneno mortífero. Às vezes louva nosso Senhor e Pai e, às vezes, amaldiçoa aqueles que Deus criou à sua imagem. E, assim, bênção e maldição saem da mesma boca. Meus irmãos, isso não está certo! Acaso de uma mesma fonte pode jorrar água doce e amarga? Pode a figueira produzir azeitonas ou a videira produzir figos? Da mesma forma, não se pode tirar água doce de uma fonte salgada. Se vocês são sábios e inteligentes, demonstrem isso vivendo honradamente, realizando boas obras com a humildade que vem da sabedoria. Mas, se em seu coração há inveja amarga e ambição egoísta, não encubram a verdade com vanglórias e mentiras. Porque essas coisas não são a espécie de sabedoria que vem do alto; antes, são terrenas, mundanas e demoníacas. Pois onde há inveja e ambição egoísta, também há confusão e males de todo tipo. Mas a sabedoria que vem do alto é, antes de tudo, pura. Também é pacífica, sempre amável e disposta a ceder a outros. É cheia de misericórdia e é o fruto de boas obras. Não mostra favoritismo e é sempre sincera. E aqueles que são pacificadores plantarão sementes de paz e ajuntarão uma colheita de justiça. De onde vêm as discussões e brigas em seu meio? Acaso não procedem dos prazeres que guerreiam dentro de vocês? Querem o que não têm, e até matam para consegui-lo. Invejam o que outros possuem, lutam e fazem guerra para tomar deles. E, no entanto, não têm o que desejam porque não pedem. E, quando pedem, não recebem, pois seus motivos são errados; pedem apenas o que lhes dará prazer. Adúlteros! Não percebem que a amizade com o mundo os torna inimigos de Deus? Repito: se desejam ser amigos do mundo, tornam-se inimigos de Deus. O que vocês acham que as Escrituras querem dizer quando afirmam que o espírito colocado por Deus em nós tem ciúmes? Contudo, ele generosamente nos concede graça. Como dizem as Escrituras: “Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes”. Portanto, submetam-se a Deus. Resistam ao diabo, e ele fugirá de vocês. Aproximem-se de Deus, e ele se aproximará de vocês. Lavem as mãos, pecadores; purifiquem o coração, vocês que têm a mente dividida. Que haja lágrimas, lamentação e profundo pesar. Que haja choro em vez de riso, e tristeza em vez de alegria. Humilhem-se diante do Senhor, e ele os exaltará. Irmãos, não falem mal uns dos outros. Se criticam e julgam uns aos outros, criticam e julgam a lei. Cabe-lhes, porém, praticar a lei, e não julgá-la. Somente aquele que deu a lei é Juiz, e somente ele tem poder de salvar ou destruir. Portanto, que direito vocês têm de julgar o próximo? Prestem atenção, vocês que dizem: “Hoje ou amanhã iremos a determinada cidade e ficaremos lá um ano. Negociaremos ali e teremos lucro”. Como sabem o que será de sua vida amanhã? A vida é como a névoa ao amanhecer: aparece por um pouco e logo se dissipa. O que devem dizer é: “Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isso ou aquilo”. Caso contrário, estarão se orgulhando de seus planos pretensiosos, e toda presunção como essa é maligna. Lembrem-se de que é pecado saber o que devem fazer e não fazê-lo. Prestem atenção, vocês que são ricos. Chorem e gemam de angústia por causa das desgraças que os esperam. Sua riqueza apodreceu, e suas roupas finas são trapos comidos por traças. Seu ouro e sua prata estão corroídos. A mesma riqueza com a qual vocês contavam devorará sua carne como fogo. Esse tesouro corroído que vocês acumularam testemunhará contra vocês nos últimos dias. Por isso, ouçam os clamores dos que trabalharam em seus campos, cujo salário vocês retiveram de modo fraudulento! Sim, os clamores dos que fizeram a colheita em seus campos chegaram aos ouvidos do Senhor dos Exércitos. Vocês levam uma vida de luxo na terra, satisfazendo seus desejos e engordando a si mesmos para o dia do abate. Condenam e matam inocentes, sem que eles resistam. Por isso, irmãos, sejam pacientes enquanto esperam a volta do Senhor. Vejam como os lavradores esperam pacientemente as chuvas do outono e da primavera. Com grande expectativa, aguardam o amadurecimento de sua preciosa colheita. Sejam também pacientes. Fortaleçam-se em seu coração, pois a vinda do Senhor está próxima. Irmãos, não se queixem uns dos outros, para que não sejam julgados. Pois, vejam, o Juiz está à porta! Irmãos, tomem como exemplo de paciência no sofrimento os profetas que falaram em nome do Senhor. Consideramos felizes aqueles que permanecem firmes em meio à aflição. Vocês ouviram falar de Jó, um homem de muita perseverança. Sabem como, no final, o Senhor foi bondoso com ele, pois o Senhor é cheio de compaixão e misericórdia. Acima de tudo, meus irmãos, não jurem pelo céu, nem pela terra, nem por qualquer outra coisa. Que seu “sim” seja de fato sim, e seu “não”, não, para que não pequem e sejam condenados. Algum de vocês está passando por dificuldades? Então ore. Alguém está feliz? Cante louvores. Alguém está doente? Chame os presbíteros da igreja para que venham e orem sobre ele e o unjam com óleo, em nome do Senhor. Essa oração de fé curará o enfermo, e o Senhor o restabelecerá. E, se cometeu algum pecado, será perdoado. Portanto, confessem seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados. A oração de um justo tem grande poder e produz grandes resultados. Elias era humano como nós e, no entanto, quando orou insistentemente para que não caísse chuva, não choveu durante três anos e meio. Então ele orou outra vez e o céu enviou chuva, e a terra começou a produzir suas colheitas. Meus irmãos, se algum de vocês se desviar da verdade e for trazido de volta, saibam que quem trouxer o pecador de volta de seu desvio o salvará da morte e trará perdão para muitos pecados. Eu, Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, escrevo esta carta aos escolhidos que vivem como estrangeiros nas províncias de Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia. Deus, o Pai, os conhecia de antemão e os escolheu, e o Espírito os santificou para a obediência e a purificação pelo sangue de Jesus Cristo. Que vocês tenham cada vez mais graça e paz. Todo louvor seja a Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Por sua grande misericórdia, ele nos fez nascer de novo, por meio da ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos. Agora temos uma viva esperança e uma herança imperecível, pura e imaculada, que não muda nem se deteriora, guardada para vocês no céu. Por meio da fé que vocês têm, Deus os protege com seu poder até que recebam essa salvação, pronta para ser revelada nos últimos tempos. Portanto, alegrem-se com isso, ainda que agora, por algum tempo, vocês precisem suportar muitas provações. Elas mostrarão que sua fé é autêntica. Como o fogo prova e purifica o ouro, assim sua fé está sendo experimentada, e ela é muito mais preciosa que o simples ouro. Isso resultará em louvor, glória e honra no dia em que Jesus Cristo for revelado. Embora nunca o tenham visto, vocês o amam. E, ainda que não o vejam agora, creem nele e se regozijam com alegria inexprimível e gloriosa, pois estão alcançando o alvo de sua fé, a sua salvação. Até mesmo os profetas queriam saber mais sobre essa salvação e investigaram a respeito, quando profetizaram acerca da graça preparada para vocês. Buscavam descobrir a que tempo ou ocasião se referia o Espírito de Cristo, que neles estava, ao predizer o sofrimento de Cristo e sua grande glória posterior. Foi-lhes dito que suas mensagens não eram para eles, mas para vocês. E, agora, essas boas-novas lhes foram anunciadas por aqueles que pregaram pelo poder do Espírito Santo enviado do céu. É algo tão maravilhoso que até os anjos anseiam observar. Portanto, preparem sua mente para a ação e exercitem o autocontrole. Depositem toda a sua esperança na graça que receberão quando Jesus Cristo for revelado. Sejam filhos obedientes. Não voltem ao seu antigo modo de viver, quando satisfaziam os próprios desejos e viviam na ignorância. Agora, porém, sejam santos em tudo que fizerem, como é santo aquele que os chamou. Pois as Escrituras dizem: “Sejam santos, porque eu sou santo”. Lembrem-se de que o Pai celestial, a quem vocês oram, não mostra favorecimento. Ele os julgará de acordo com suas ações. Por isso, vivam com temor durante seu tempo como residentes na terra. Pois vocês sabem que o resgate para salvá-los do estilo de vida vazio que herdaram de seus antepassados não foi pago com simples ouro ou prata, que perdem seu valor, mas com o sangue precioso de Cristo, o Cordeiro de Deus, sem pecado nem mancha. Ele foi escolhido antes da criação do mundo, mas agora, nestes últimos tempos, foi revelado por causa de vocês. Por meio de Cristo, vocês vieram a crer em Deus. Depositam sua fé e esperança em Deus porque ele ressuscitou Cristo dos mortos e lhe deu grande glória. Uma vez que vocês foram purificados de seus pecados quando obedeceram à verdade, tenham como alvo agora o amor fraternal sem fingimento. Amem uns aos outros sinceramente, de todo o coração. Pois vocês nasceram de novo, não para uma vida que pode ser destruída, mas para uma vida que durará para sempre, porque vem da eterna e viva palavra de Deus. Pois, “Os seres humanos são como o capim; sua beleza é como as flores do campo. O capim seca e as flores murcham, mas a palavra do Senhor permanece para sempre”. E essa palavra é a mensagem das boas-novas que lhes foi anunciada. Portanto, livrem-se de toda maldade, todo engano, toda hipocrisia, toda inveja e todo tipo de difamação. Como bebês recém-nascidos, desejem intensamente o puro leite espiritual, para que, por meio dele, cresçam e experimentem plenamente a salvação, agora que provaram da bondade do Senhor. Vocês têm se aproximado de Cristo, a pedra viva. As pessoas o rejeitaram, mas Deus o escolheu para lhe conceder grande honra. E vocês também são pedras vivas, com as quais um templo espiritual é edificado. Além disso, são sacerdotes santos. Por meio de Jesus Cristo, oferecem sacrifícios espirituais que agradam a Deus. Como dizem as Escrituras: “Ponho em Sião uma pedra angular, escolhida para grande honra; quem confiar nela jamais será envergonhado”. Sim, vocês, os que creem, reconhecem a honra que lhe é devida. Mas, para os que não creem, “A pedra que os construtores rejeitaram se tornou a pedra angular”. E também, “Ele é a pedra de tropeço, rocha que faz as pessoas caírem”. Tropeçam porque não obedecem à palavra e, portanto, deparam com o destino planejado para elas. Vocês, porém, são povo escolhido, reino de sacerdotes, nação santa, propriedade exclusiva de Deus. Assim, vocês podem mostrar às pessoas como é admirável aquele que os chamou das trevas para sua maravilhosa luz. “Antes vocês não tinham identidade como povo, agora são povo de Deus. Antes não haviam recebido misericórdia, agora receberam misericórdia de Deus.” Amados, eu os advirto, como peregrinos e estrangeiros que são, a manter distância dos desejos carnais que lutam contra a alma. Procurem viver de maneira exemplar entre os que não creem. Assim, mesmo que eles os acusem de praticar o mal, verão seu comportamento correto e darão glória a Deus quando ele julgar o mundo. Por causa do Senhor, submetam-se a todas as autoridades humanas, seja o rei como autoridade máxima, sejam os oficiais nomeados e enviados por ele para castigar os que fazem o mal e honrar os que fazem o bem. É da vontade de Deus que, pela prática do bem, vocês calem os ignorantes que os acusam falsamente. Pois vocês são livres e, no entanto, são escravos de Deus; não usem sua liberdade como desculpa para fazer o mal. Tratem todos com respeito e amem seus irmãos em Cristo. Temam a Deus e respeitem o rei. Vocês, escravos, submetam-se a seu senhor com todo o respeito. Façam o que ele mandar, não apenas se for bondoso e amável, mas até mesmo se for cruel. Porque Deus se agrada de vocês quando, conscientes da vontade dele, suportam com paciência o tratamento injusto. Claro que não há mérito algum em ser paciente quando são açoitados por terem feito o mal. Mas, se sofrem por terem feito o bem e suportam com paciência, Deus se agrada de vocês. Porque Deus os chamou para fazerem o bem, mesmo que isso resulte em sofrimento, pois Cristo sofreu por vocês. Ele é seu exemplo; sigam seus passos. Ele nunca pecou, nem enganou ninguém. Não revidou quando foi insultado, nem ameaçou se vingar quando sofreu, mas deixou seu caso nas mãos de Deus, que sempre julga com justiça. Ele mesmo carregou nossos pecados em seu corpo na cruz, a fim de que morrêssemos para o pecado e vivêssemos para a justiça; por suas feridas somos curados. Vocês eram como ovelhas desgarradas, mas agora voltaram para o Pastor, o Guardião de sua alma. Da mesma forma, vocês, esposas, sujeitem-se à autoridade de seu marido. Assim, mesmo que ele se recuse a obedecer à palavra, será conquistado por sua conduta, sem palavra alguma, mas por observar seu modo de viver puro e reverente. Não se preocupem com a beleza exterior obtida com penteados extravagantes, joias caras e roupas bonitas. Em vez disso, vistam-se com a beleza que vem de dentro e que não desaparece, a beleza de um espírito amável e sereno, tão precioso para Deus. Era assim que se adornavam as mulheres santas do passado. Elas depositavam sua confiança em Deus e se sujeitavam à autoridade do marido. Sara, por exemplo, obedecia a Abraão e o chamava de senhor. Vocês são filhas dela quando praticam o bem, sem medo algum. Da mesma forma, vocês, maridos, honrem sua esposa. Sejam compreensivos no convívio com ela, pois, ainda que seja mais frágil que vocês, ela é igualmente participante da dádiva de nova vida concedida por Deus. Tratem-na de maneira correta, para que nada atrapalhe suas orações. Por fim, tenham todos o mesmo modo de pensar. Sejam cheios de compaixão uns pelos outros. Amem uns aos outros como irmãos. Mostrem misericórdia e humildade. Não retribuam mal por mal, nem insulto com insulto. Ao contrário, retribuam com uma bênção. Foi para isso que vocês foram chamados, e a bênção lhes será concedida. Pois, “Se quiser desfrutar a vida e ver muitos dias felizes, refreie a língua de falar maldades e os lábios de dizerem mentiras. Afaste-se do mal e faça o bem; busque a paz e esforce-se para mantê-la. Os olhos do Senhor estão sobre os justos, e seus ouvidos, abertos para suas orações. O Senhor, porém, volta o rosto contra os que praticam o mal”. Quem é que desejará lhes fazer mal se vocês se dedicarem a fazer o bem? Mas, ainda que sofram por fazer o que é certo, vocês serão abençoados. Portanto, não se preocupem e não tenham medo de ameaças. Em vez disso, consagrem a Cristo como o Senhor de sua vida. E, se alguém lhes perguntar a respeito de sua esperança, estejam sempre preparados para explicá-la. Façam-no, porém, de modo amável e respeitoso. Mantenham sempre a consciência limpa. Então, se as pessoas falarem mal de vocês, ficarão envergonhadas ao ver como vocês vivem corretamente em Cristo. Lembrem-se de que é melhor sofrer por fazer o bem, se for da vontade de Deus, do que por fazer o mal. Pois Cristo também sofreu por nossos pecados, de uma vez por todas. Embora nunca tenha pecado, morreu pelos pecadores a fim de conduzi-los a Deus. Sofreu morte física, mas foi ressuscitado pelo Espírito, por meio do qual pregou aos espíritos em prisão, àqueles que, muito tempo atrás, desobedeceram a Deus quando ele esperou pacientemente enquanto Noé construía sua embarcação. Apenas oito pessoas foram salvas por meio da água do dilúvio, e aquela água simboliza o batismo que agora os salva, não pela remoção da sujeira do corpo, mas porque no batismo vocês declaram ter boa consciência diante de Deus. Ela é eficaz por meio da ressurreição de Jesus Cristo. Agora, Cristo foi para o céu e está sentado no lugar de honra à direita de Deus, e todos os anjos, autoridades e poderes se sujeitam a ele. Portanto, uma vez que Cristo sofreu fisicamente, armem-se com a mesma atitude que ele teve e estejam prontos para também sofrer. Porque, se vocês sofreram fisicamente por Cristo, deixaram o pecado para trás. Não passarão o resto da vida buscando os próprios desejos, mas fazendo a vontade de Deus. No passado, vocês desperdiçaram muito tempo praticando o que gostam de fazer aqueles que não creem: imoralidade e desejos carnais, farras, bebedeiras e festanças desregradas, além da detestável adoração de ídolos. Agora, essas pessoas ficam surpresas quando vocês deixam de participar de suas práticas desregradas e destrutivas e, por isso, os difamam. Lembrem-se, porém, de que eles terão de prestar contas àquele que está pronto para julgar a todos, vivos e mortos. Por isso as boas-novas foram anunciadas até mesmo aos mortos, pois, embora estivessem destinados a morrer como todo ser humano, agora vivem para sempre com Deus pelo Espírito. O fim de todas as coisas está próximo. Portanto, sejam sensatos e disciplinados em suas orações. Acima de tudo, amem uns aos outros sinceramente, pois o amor cobre muitos pecados. Abram sua casa de bom grado para os que necessitam de um lugar para se hospedar. Deus concedeu um dom a cada um, e vocês devem usá-lo para servir uns aos outros, fazendo bom uso da múltipla e variada graça divina. Você tem o dom de falar? Então faça-o de acordo com as palavras de Deus. Tem o dom de ajudar? Faça-o com a força que Deus lhe dá. Assim, tudo que você realizar trará glória a Deus por meio de Jesus Cristo. A ele sejam a glória e o poder para todo o sempre! Amém. Amados, não se surpreendam com as provações de fogo ardente pelas quais estão passando, como se algo estranho lhes estivesse acontecendo. Pelo contrário, alegrem-se muito, pois essas provações os tornam participantes dos sofrimentos de Cristo, a fim de que tenham a maravilhosa alegria de ver sua glória quando ela for revelada. Se vocês forem insultados por causa do nome de Cristo, abençoados serão, pois o glorioso Espírito de Deus repousa sobre vocês. Se sofrerem, porém, que não seja por matar, roubar, causar confusão ou intrometer-se em assuntos alheios. Mas, se sofrerem por ser cristãos, não se envergonhem; louvem a Deus por serem chamados por esse nome! Pois chegou a hora do julgamento, que deve começar pela casa de Deus. E, se o julgamento começa conosco, que destino terrível aguarda aqueles que nunca obedeceram às boas-novas de Deus! E, “Se o justo é salvo por um triz, o que será do pecador perverso?”. Portanto, se vocês sofrem porque cumprem a vontade de Deus, continuem a fazer o que é certo e confiem sua vida àquele que os criou, pois ele é fiel. E agora, uma palavra aos presbíteros em seu meio. Eu, que também sou presbítero, testemunhei os sofrimentos de Cristo e também participarei de sua glória quando ela for revelada. Assim, peço-lhes que cuidem do rebanho que Deus lhes confiou com disposição, e não de má vontade; não pelo que lucrarão com isso, mas pelo desejo de servir a Deus. Não abusem de sua autoridade com aqueles que foram colocados sob seus cuidados, mas guiem-nos com seu bom exemplo. E, quando vier o Grande Pastor, vocês receberão uma coroa de glória sem fim. Da mesma forma, vocês, que são mais jovens, aceitem a autoridade dos presbíteros. E todos vocês vistam-se de humildade no relacionamento uns com os outros. Pois, “Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes”. Portanto, humilhem-se sob o grande poder de Deus e, no tempo certo, ele os exaltará. Entreguem-lhe todas as suas ansiedades, pois ele cuida de vocês. Estejam atentos! Tomem cuidado com seu grande inimigo, o diabo, que anda como um leão rugindo à sua volta, à procura de alguém para devorar. Permaneçam firmes contra ele e sejam fortes na fé. Lembrem-se de que seus irmãos em Cristo em todo o mundo estão passando pelos mesmos sofrimentos. Deus, em toda a sua graça, os chamou para participarem de sua glória eterna por meio de Cristo Jesus. Assim, depois que tiverem sofrido por um pouco de tempo, ele os restaurará, os sustentará e os fortalecerá, e os colocará sobre um firme alicerce. A ele seja o poder para sempre! Amém. Escrevi e enviei esta breve carta com a ajuda de Silas, a quem lhes recomendo como irmão fiel. Meu objetivo ao escrever é encorajá-los e garantir-lhes que as experiências pelas quais vocês têm passado são, verdadeiramente, parte da graça de Deus. Permaneçam firmes nessa graça. Aquela que está na Babilônia, escolhida assim como vocês, lhes envia saudações, e também meu filho Marcos. Cumprimentem uns aos outros com um beijo de amor. Paz seja com todos vocês que estão em Cristo. Eu, Simão Pedro, escravo e apóstolo de Jesus Cristo, escrevo esta carta a vocês que compartilham de nossa preciosa fé, concedida por meio da justiça de Jesus Cristo, nosso Deus e Salvador. Que vocês tenham cada vez mais graça e paz à medida que crescem no conhecimento de Deus e de Jesus, nosso Senhor. Deus, com seu poder divino, nos concede tudo de que necessitamos para uma vida de devoção, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para si por meio de sua glória e excelência. E, por causa de sua glória e excelência, ele nos deu grandes e preciosas promessas. São elas que permitem a vocês participar da natureza divina e escapar da corrupção do mundo causada pelos desejos humanos. Diante de tudo isso, esforcem-se ao máximo para corresponder a essas promessas. Acrescentem à fé a excelência moral; à excelência moral o conhecimento; ao conhecimento o domínio próprio; ao domínio próprio a perseverança; à perseverança a devoção a Deus; à devoção a Deus a fraternidade; e à fraternidade o amor. Quanto mais crescerem nessas coisas, mais produtivos e úteis serão no conhecimento completo de nosso Senhor Jesus Cristo. Mas aqueles que não se desenvolvem desse modo são praticamente cegos, vendo apenas o que está perto, e se esquecem de que foram purificados de seus antigos pecados. Por isso, irmãos, trabalhem ainda mais arduamente para mostrar que, de fato, estão entre os que foram chamados e escolhidos. Façam essas coisas e jamais tropeçarão. Assim, sua entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo será acompanhada de grande honra. Portanto, sempre lhes lembrarei estas coisas, embora já as saibam e estejam firmes na verdade que lhes foi ensinada. E é apropriado que, enquanto eu viver, continue a lembrá-los. Pois nosso Senhor Jesus Cristo me mostrou que, em breve, partirei desta vida, por isso me esforçarei para garantir que vocês sempre se lembrem destas coisas depois de minha partida. Porque não inventamos histórias engenhosas quando lhes falamos da poderosa vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Vimos com os próprios olhos seu esplendor majestoso, quando ele recebeu honra e glória da parte de Deus, o Pai. A voz da glória suprema de Deus lhe disse: “Este é meu Filho amado, que me dá grande alegria”. Nós mesmos ouvimos essa voz do céu quando estávamos com ele no monte santo. Além disso, temos a mensagem que os profetas proclamaram, que é digna de toda confiança. Prestem muita atenção ao que eles escreveram, pois suas palavras são como lâmpada que ilumina um lugar escuro, até que o dia clareie e a estrela da manhã brilhe no coração de vocês. Acima de tudo, saibam que nenhuma profecia nas Escrituras surgiu do entendimento do próprio profeta, nem de iniciativa humana. Esses homens foram impulsionados pelo Espírito Santo e falaram da parte de Deus. Contudo, assim como surgiram falsos profetas entre o povo de Israel, também surgirão falsos mestres entre vocês. Eles ensinarão astutamente heresias destrutivas e até negarão o Mestre que os resgatou, trazendo sobre si mesmos destruição repentina. Muitos seguirão a imoralidade vergonhosa desses mestres, e por causa deles o caminho da verdade será difamado. Em sua ganância, inventarão mentiras astutas para explorar vocês, mas eles já foram condenados há muito tempo, e sua destruição não tardará. Pois Deus não poupou nem os anjos que pecaram. Ele os lançou no inferno, em abismos tenebrosos, onde ficarão presos até o dia do julgamento. Não poupou o mundo antigo, mas protegeu Noé, que proclamava a justiça, e sete pessoas de sua família, quando destruiu com um dilúvio o mundo dos perversos. Mais tarde, condenou as cidades de Sodoma e Gomorra e as transformou em montes de cinzas, como exemplo do que acontecerá aos perversos. Em contrapartida, resgatou Ló, tirando-o de Sodoma, por ser ele um homem justo, afligido com a vergonhosa imoralidade dos perversos ao seu redor. Sim, Ló era um homem justo, cuja alma justa era atormentada pela maldade que via e ouvia todos os dias. Vemos, portanto, que o Senhor sabe resgatar das provações os que lhe são devotos e, ao mesmo tempo, manter os perversos sob castigo até o dia do julgamento. Ele é particularmente severo com aqueles que seguem desejos e instintos distorcidos e desprezam a autoridade. Tais indivíduos são orgulhosos e arrogantes, e atrevem-se até a zombar de seres sobrenaturais. Já os anjos, muito maiores em poder e em força, não ousam apresentar diante do Senhor uma acusação de blasfêmia contra esses seres. Os falsos mestres são como criaturas irracionais movidas pelo instinto, que nascem para apanhar e morrer. Nada sabem sobre aqueles a quem insultam e, como animais, serão destruídos por sua própria corrupção. Praticam o mal e receberão o mal como recompensa. Gostam de se entregar à imoralidade em plena luz do dia. São uma vergonha e uma mancha no meio de vocês, sentindo prazer em enganá-los enquanto participam de suas refeições. Cometem adultério com os olhos e abrigam um desejo insaciável de pecar. Seduzem os instáveis e são bem treinados na ganância. Vivem sob maldição, desviaram-se do caminho reto e seguem os passos de Balaão, filho de Beor, que amou a recompensa que receberia por fazer o mal. Balaão, porém, foi refreado em sua loucura quando uma jumenta, que não fala, o repreendeu com voz humana. Eles são como fontes secas ou a neblina levada pelo vento, e estão condenados às mais escuras trevas. Com palavras vazias, proclamam sua grandeza imaginária e apelam para desejos carnais distorcidos a fim de atrair de volta ao pecado aqueles que mal escaparam de uma vida enganosa. Prometem liberdade, mas eles próprios são escravos da corrupção. Pois cada um é escravo daquilo que o controla. E, quando alguém escapa da maldade do mundo ao conhecer nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, mas depois se deixa emaranhar e se escravizar novamente pelo pecado, está pior que antes. Teria sido melhor nunca haver conhecido o caminho da justiça do que, conhecendo-o, rejeitar a ordem recebida para viver de modo santo. Neles se confirmam os provérbios: “O cão volta a seu próprio vômito” e “A porca lavada volta a revolver-se na lama”. Amados, esta é minha segunda carta a vocês, e em ambas procurei refrescar sua memória e incentivá-los a pensar com clareza. Quero que se lembrem do que disseram os santos profetas muito tempo atrás e do que ordenou nosso Senhor e Salvador por meio dos apóstolos que lhes enviou. Acima de tudo, quero alertá-los de que nos últimos dias surgirão escarnecedores que zombarão da verdade e seguirão os próprios desejos, dizendo: “O que houve com a promessa de que ele voltaria? Desde antes do tempo de nossos antepassados, tudo permanece igual, como desde a criação do mundo”. Eles esquecem deliberadamente que Deus, por sua palavra, há muito tempo criou os céus e a terra seca, que fez surgir em meio às águas. Depois, com água destruiu todo o mundo antigo, no dilúvio. Pela mesma palavra, os céus e a terra que agora existem foram reservados para o fogo e estão guardados para o dia do julgamento, quando todos os perversos serão destruídos. Logo, amados, não se esqueçam disto: para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos como um dia. Na verdade, o Senhor não demora em cumprir sua promessa, como pensam alguns. Pelo contrário, ele é paciente por causa de vocês. Não deseja que ninguém seja destruído, mas que todos se arrependam. Contudo, o dia do Senhor virá como um ladrão. Os céus desaparecerão com terrível estrondo, e até os elementos serão consumidos pelo fogo, e a terra e tudo que nela há serão expostos. Visto, portanto, que tudo ao redor será destruído, a vida de vocês deve ser caracterizada por santidade e devoção, esperando o dia de Deus e já antecipando sua vinda. Nesse dia, ele incendiará os céus, e os elementos se derreterão nas chamas. Nós, porém, aguardamos com grande expectativa os novos céus e a nova terra que ele prometeu, um mundo pleno de justiça. Portanto, amados, enquanto esperam que essas coisas aconteçam, esforcem-se para levar uma vida pacífica, pura e sem culpa aos olhos de Deus. E lembrem-se de que a paciência de nosso Senhor permite que as pessoas sejam salvas. Foi isso que nosso amado irmão Paulo lhes escreveu, com a sabedoria que lhe foi concedida. Ele trata dessas questões em todas as suas cartas. Alguns de seus comentários são difíceis de entender, e os ignorantes e instáveis distorceram suas cartas, como fazem com outras partes das Escrituras. Como resultado, eles próprios serão destruídos. Amados, vocês já sabem dessas coisas. Portanto, estejam atentos, a fim de que não sejam levados pelos erros desses perversos e percam sua firmeza. Antes, cresçam na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, agora e para sempre! Amém. Proclamamos a vocês aquele que existia desde o princípio, aquele que ouvimos e vimos com nossos próprios olhos e tocamos com nossas próprias mãos. Ele é a Palavra da vida. Aquele que é a vida nos foi revelado, e nós o vimos. Agora, testemunhamos e lhes proclamamos que ele é a vida eterna. Ele estava com o Pai e nos foi revelado. Anunciamos-lhes aquilo que nós mesmos vimos e ouvimos, para que tenham comunhão conosco. E nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo. Escrevemos estas coisas para que vocês participem plenamente de nossa alegria. Esta é a mensagem que ouvimos dele e que agora lhes transmitimos: Deus é luz, e nele não há escuridão alguma. Portanto, se afirmamos que temos comunhão com ele mas vivemos na escuridão, mentimos e não praticamos a verdade. Mas, se vivemos na luz, como Deus está na luz, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Se afirmamos que não temos pecados, enganamos a nós mesmos e não vivemos na verdade. Mas, se confessamos nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar nossos pecados e nos purificar de toda injustiça. Se afirmamos que não pecamos, chamamos Deus de mentiroso e mostramos que não há em nós lugar para sua palavra. Meus filhinhos, escrevo-lhes estas coisas para que vocês não pequem. Se, contudo, alguém pecar, temos um advogado que defende nossa causa diante do Pai: Jesus Cristo, aquele que é justo. Ele mesmo é o sacrifício para o perdão de nossos pecados, e não apenas de nossos pecados, mas dos pecados de todo o mundo. E sabemos que o conhecemos se obedecemos a seus mandamentos. Se alguém diz: “Eu o conheço”, mas não obedece a seus mandamentos, é mentiroso e a verdade não está nele. Mas quem obedece à palavra de Deus mostra que o amor que vem dele está se aperfeiçoando em sua vida. Desse modo, sabemos que estamos nele. Quem afirma que permanece nele deve viver como ele viveu. Amados, não lhes escrevo um novo mandamento, mas um antigo, que vocês têm desde o princípio. É a mesma mensagem que ouviram antes. E, no entanto, também é um novo mandamento, cuja verdade ele demonstrou, e vocês também a demonstram. Pois a escuridão está se dissipando, e a verdadeira luz já brilha. Se alguém afirma: “Estou na luz”, mas odeia seu irmão, ainda está na escuridão. Quem ama seu irmão permanece na luz e não leva outros a tropeçar. Mas quem odeia seu irmão ainda está na escuridão e anda na escuridão. Não sabe para onde vai, pois a escuridão o cegou. Escrevo a vocês, filhinhos, porque seus pecados foram perdoados pelo nome de Jesus. Escrevo a vocês, pais, porque conhecem aquele que existia desde o princípio. Escrevo a vocês, jovens, porque venceram a batalha contra o maligno. Escrevi a vocês, filhinhos, porque conhecem o Pai. Escrevi a vocês, pais, porque conhecem aquele que existia desde o princípio. Escrevi a vocês, jovens, porque são fortes. A palavra de Deus permanece em seu coração, e vocês venceram o maligno. Não amem este mundo, nem as coisas que ele oferece, pois, quando amam o mundo, o amor do Pai não está em vocês. Porque o mundo oferece apenas o desejo intenso por prazer físico, o desejo intenso por tudo que vemos e o orgulho de nossas realizações e bens. Isso não provém do Pai, mas do mundo. E este mundo passa, e com ele tudo que as pessoas tanto desejam. Mas quem faz o que agrada a Deus vive para sempre. Filhinhos, chegou a hora final. Vocês ouviram que o anticristo está por vir, e muitos anticristos já apareceram. Por isso sabemos que chegou a hora final. Eles saíram de nosso meio, mas, na verdade, nunca foram dos nossos; do contrário, teriam permanecido conosco. Quando saíram, mostraram que não eram dos nossos. Mas vocês não são assim, pois o Santo lhes deu sua unção, e todos vocês conhecem a verdade. Não lhes escrevo porque não conhecem a verdade, mas porque a conhecem e sabem que a verdade não produz mentira alguma. E quem é mentiroso? Aquele que afirma que Jesus não é o Cristo. Quem nega o Pai e o Filho é o anticristo. Aquele que nega o Filho também não tem o Pai. Quem reconhece o Filho tem também o Pai. Portanto, cuidem para que permaneça em vocês o que lhes foi ensinado desde o começo. Se o fizerem, permanecerão em comunhão com o Filho e com o Pai. E, nessa comunhão, desfrutamos a vida eterna que ele nos prometeu. Escrevo estas coisas para adverti-los sobre os que desejam enganá-los. Vocês, porém, receberam dele a unção, e ela permanece em vocês, de modo que não precisam que alguém lhes ensine a verdade. Pois o que a unção lhes ensina é verdade, e não mentira, e é tudo que precisam saber. Portanto, como lhes ensinou a unção, permaneçam nele. Agora, filhinhos, permaneçam nele para que, quando ele voltar, estejamos confiantes e não nos afastemos dele, envergonhados. Porque sabemos que ele é justo, também sabemos que todo o que pratica a justiça é nascido de Deus. Vejam como é grande o amor do Pai por nós, pois ele nos chama de filhos, o que de fato somos! Mas quem pertence a este mundo não reconhece que somos filhos de Deus, porque não o conhece. Amados, já somos filhos de Deus, mas ele ainda não nos mostrou o que seremos quando Cristo vier. Sabemos, porém, que seremos semelhantes a ele, pois o veremos como ele realmente é. E todos que têm essa esperança se manterão puros, como ele é puro. Quem vive no pecado transgride a lei, pois todo pecado é contrário à lei. E vocês sabem que ele veio para tirar nossos pecados, e nele não há pecado. Quem permanece nele não continua a pecar. Mas quem continua a pecar não o conhece e não entende quem ele é. Filhinhos, não deixem que ninguém os engane a este respeito: quando uma pessoa faz o que é justo, mostra que é justa, como ele é justo. Mas, quando continua a pecar, mostra que pertence ao diabo, pois o diabo peca desde o início. Por isso o Filho de Deus veio, para destruir as obras do diabo. Aquele que é nascido de Deus não vive no pecado, pois a vida de Deus está nele. Logo, não pode continuar a pecar, pois é nascido de Deus. Assim, podemos identificar quem é filho de Deus e quem é filho do diabo. Quem não pratica a justiça e não ama seus irmãos não pertence a Deus. Esta é a mensagem que vocês ouviram desde o princípio: que amemos uns aos outros. Não sejamos como Caim, que pertencia ao maligno e assassinou seu irmão. E por que o assassinou? Porque Caim praticava o mal, e seu irmão praticava a justiça. Portanto, meus irmãos, não se surpreendam se o mundo os odiar. Se amamos nossos irmãos, significa que passamos da morte para a vida. Mas quem não ama continua morto. Quem odeia seu irmão já é assassino. E vocês sabem que nenhum assassino tem dentro de si a vida eterna. Sabemos o que é o amor porque Jesus deu sua vida por nós. Portanto, também devemos dar nossa vida por nossos irmãos. Se alguém tem recursos suficientes para viver bem e vê um irmão em necessidade, mas não mostra compaixão, como pode estar nele o amor de Deus? Filhinhos, não nos limitemos a dizer que amamos uns aos outros; demonstremos a verdade por meio de nossas ações. Com isso saberemos que pertencemos à verdade, e nos tranquilizaremos quando estivermos diante de Deus. E, ainda que a consciência nos condene, Deus é maior que nossa consciência e sabe todas as coisas. Amados, se a consciência não nos condena, podemos ir a Deus com total confiança e dele receberemos tudo que pedirmos, pois lhe obedecemos e fazemos o que lhe agrada. E este é seu mandamento: que creiamos no nome de seu Filho, Jesus Cristo, e amemos uns aos outros, conforme ele nos ordenou. Aqueles que obedecem a seus mandamentos permanecem nele, e ele permanece neles. E sabemos que ele permanece em nós porque o Espírito que ele nos deu permanece em nós. Amados, não acreditem em todo espírito, mas ponham-no à prova para ter a certeza de que o espírito vem de Deus, pois há muitos falsos profetas no mundo. Assim sabemos se eles têm o Espírito de Deus: todo espírito que reconhece que Jesus Cristo veio em corpo humano é de Deus, mas todo espírito que não reconhece a verdade a respeito de Jesus não é de Deus. Esse é o espírito do anticristo, sobre o qual vocês ouviram que viria ao mundo e, de fato, já está aqui. Filhinhos, vocês pertencem a Deus e já venceram os falsos profetas, pois o Espírito que está em vocês é maior que o espírito que está no mundo. Eles pertencem a este mundo, portanto falam do ponto de vista do mundo, e o mundo os ouve. Nós, porém, pertencemos a Deus. Quem conhece a Deus nos ouve, mas quem não conhece a Deus não nos ouve. Desse modo sabemos se alguém tem o Espírito da verdade ou o espírito do erro. Amados, continuemos a amar uns aos outros, pois o amor vem de Deus. Quem ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. Deus mostrou quanto nos amou ao enviar seu único Filho ao mundo para que, por meio dele, tenhamos vida. É nisto que consiste o amor: não em que tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho como sacrifício para o perdão de nossos pecados. Amados, visto que Deus tanto nos amou, certamente devemos amar uns aos outros. Ninguém jamais viu a Deus. Mas, se amamos uns aos outros, Deus permanece em nós, e seu amor chega, em nós, à expressão plena. Deus nos deu seu Espírito como prova de que permanecemos nele, e ele em nós. Além disso, vimos com os próprios olhos e agora testemunhamos que o Pai enviou seu Filho para ser o Salvador do mundo. Aquele que declara que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece nele, e ele em Deus. Sabemos quanto Deus nos ama e confiamos em seu amor. Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele. À medida que permanecemos em Deus, nosso amor se torna mais perfeito. Assim, teremos confiança no dia do julgamento, pois vivemos como Jesus viveu neste mundo. Esse amor não tem medo, pois o perfeito amor afasta todo medo. Se temos medo, é porque tememos o castigo, e isso mostra que ainda não experimentamos plenamente o amor. Nós amamos porque ele nos amou primeiro. Se alguém afirma: “Amo a Deus”, mas odeia seu irmão, é mentiroso, pois se não amamos nosso irmão, a quem vemos, como amaremos a Deus, a quem não vemos? Ele nos deu este mandamento: quem ama a Deus, ame também seus irmãos. Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus. E todo aquele que ama o Pai também ama os filhos dele. Sabemos que amamos os filhos de Deus se amamos a Deus e obedecemos a seus mandamentos. Amar a Deus significa obedecer a seus mandamentos. E seus mandamentos não são difíceis. Pois todo aquele que é nascido de Deus vence este mundo, e obtemos essa vitória pela fé. Quem vence a batalha contra o mundo? Somente quem crê que Jesus é o Filho de Deus. Jesus Cristo foi revelado por meio de seu batismo na água e pelo derramamento de seu sangue; não só por meio da água, mas pela água e pelo sangue. E o Espírito, que é a verdade, o confirma com seu testemunho. Temos, portanto, três testemunhas, o Espírito, a água e o sangue, e as três concordam entre si. Porque cremos em testemunho humano, certamente podemos crer no testemunho de Deus, que tem ainda mais valor. E Deus dá testemunho acerca de seu Filho. Quem crê no Filho de Deus sabe, em seu coração, que esse testemunho é verdadeiro. Quem não crê nisso, na realidade, chama Deus de mentiroso, porque não crê no testemunho de Deus acerca de seu Filho. E este é o testemunho: Deus nos deu vida eterna, e essa vida está em seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida. Escrevi estas coisas a vocês que creem no nome do Filho de Deus para que saibam que têm a vida eterna. Estamos certos de que ele nos ouve sempre que lhe pedimos algo conforme sua vontade. E, uma vez que sabemos que ele ouve nossos pedidos, também sabemos que ele nos dará o que pedimos. Se alguém vir um irmão cometer pecado que não leva à morte, ore por ele, e Deus dará vida a esse irmão que pecou de maneira que não leva à morte. Mas há pecado que leva à morte, e não digo que se deva orar por aqueles que o cometem. Toda injustiça é pecado, mas nem todo pecado leva à morte. Sabemos que os nascidos de Deus não vivem no pecado, pois o Filho de Deus os protege e o maligno não os toca. Sabemos que somos filhos de Deus e que o mundo inteiro está sob o controle do maligno. E sabemos que o Filho de Deus veio e nos deu entendimento para que conheçamos ao Deus verdadeiro. Agora, vivemos em comunhão com o Deus verdadeiro, porque vivemos em comunhão com seu Filho, Jesus Cristo. Ele é o Deus verdadeiro e é a vida eterna. Filhinhos, afastem-se dos ídolos. Eu, o presbítero, escrevo à senhora escolhida e a seus filhos, a quem amo na verdade, como fazem todos os que conhecem a verdade, porque a verdade permanece em nós e estará conosco para sempre. Graça, misericórdia e paz que vêm de Deus, o Pai, e de Jesus Cristo, o Filho do Pai, estarão conosco, os que vivemos na verdade e no amor. Fiquei muito feliz por encontrar alguns de seus filhos e ver que estão vivendo de acordo com a verdade, conforme o Pai ordenou. Agora, senhora, peço-lhe que amemos uns aos outros. Não se trata de um novo mandamento; nós o temos desde o princípio. O amor consiste em fazer o que Deus nos ordenou, e ele ordenou que amemos uns aos outros, como vocês ouviram desde o princípio. Digo isso porque muitos enganadores têm ido pelo mundo afora, negando que Jesus Cristo veio em corpo humano. Quem age assim é o enganador e o anticristo. Tenham cuidado para não perder aquilo que nos esforçamos tanto para conseguir. Sejam diligentes a fim de receber a recompensa completa. Quem se desvia deste ensino não tem ligação alguma com Deus, mas quem permanece no ensino de Cristo tem ligação com o Pai e também com o Filho. Se alguém for a suas reuniões e não ensinar a verdade de Cristo, não o convidem a entrar em sua casa, nem lhe deem nenhum tipo de apoio. Quem apoia esse tipo de pessoa torna-se cúmplice de suas obras malignas. Tenho muito mais a lhes dizer, mas não quero fazê-lo com papel e tinta, pois espero visitá-los em breve e conversar com vocês pessoalmente. Então nossa alegria será completa. Saudações dos filhos de sua irmã escolhida. Eu, o presbítero, escrevo a Gaio, meu amigo querido, a quem amo na verdade. Amado, espero que você esteja bem e fisicamente tão sadio quanto é forte em espírito. Alguns dos irmãos regressaram e me deixaram muito alegre quando falaram de sua fidelidade e de como você vive de acordo com a verdade. Eu não poderia ter maior alegria que saber que meus filhos têm seguido a verdade. Amado, você é fiel quando cuida dos irmãos que passam por aí, embora não os conheça. Eles falaram à igreja daqui a respeito de sua amizade afetuosa. Peço que continue a suprir as necessidades deles de modo agradável a Deus. Pois eles viajam a serviço do Senhor e não aceitam coisa alguma dos que são de fora. Assim, nós mesmos devemos sustentá-los, a fim de nos tornarmos seus cooperadores quando eles ensinarem a verdade. Escrevi à igreja sobre isso, mas Diótrefes, que gosta de ser o mais importante, se recusa a receber-nos. Quando eu for, relatarei algumas das coisas que ele tem feito, bem como suas acusações maldosas contra nós. Ele não apenas se recusa a acolher os irmãos, mas também impede outros de ajudá-los. E, quando o fazem, ele os expulsa da igreja. Amado, não deixe que esse mau exemplo o influencie, mas siga apenas o que é bom. Quem faz o bem prova que é filho de Deus; quem faz o mal prova que não conhece a Deus. Todos, incluindo a própria verdade, falam bem de Demétrio. Nós dizemos o mesmo a respeito dele, e você sabe que falamos a verdade. Tenho muito mais a lhe dizer, mas não quero fazê-lo com pena e tinta, pois espero vê-lo em breve, e então conversaremos pessoalmente. A paz seja com você. Seus amigos daqui mandam lembranças. Por favor, envie minhas saudações pessoais a cada um dos amigos daí. Eu, Judas, escravo de Jesus Cristo e irmão de Tiago, escrevo esta carta aos que foram chamados por Deus, o Pai, que os ama e os guarda sob o cuidado de Jesus Cristo. Que vocês tenham cada vez mais misericórdia, paz e amor. Amados, embora planejasse escrever-lhes com todo empenho sobre a salvação que compartilhamos, entendo agora que devo escrever a respeito de outro assunto e insistir que defendam a fé que, de uma vez por todas, foi confiada ao povo santo. Pois alguns indivíduos perversos se infiltraram em seu meio sem serem notados, dizendo que a graça de Deus permite levar uma vida imoral. A condenação de tais pessoas foi registrada há muito tempo, pois negaram Jesus Cristo, nosso único Soberano e Senhor. Ainda que já saibam dessas coisas, desejo lembrar a vocês que o Senhor libertou o povo de Israel do Egito, mas depois destruiu aqueles que não permaneceram fiéis. Também lhes lembro os anjos que não se limitaram à autoridade recebida, mas deixaram o lugar a que pertenciam. Deus os mantém acorrentados em prisões eternas, na escuridão, aguardando o dia do julgamento. E não se esqueçam de Sodoma e Gomorra e das cidades vizinhas, cheias de imoralidade e de perversão sexual de todo tipo, que foram destruídas pelo fogo e servem de advertência do fogo eterno do julgamento. Da mesma forma, essas pessoas, afirmando ter autoridade com base em sonhos, vivem de modo imoral, desprezam a autoridade e zombam dos seres sobrenaturais. Mas nem mesmo o arcanjo Miguel se atreveu a acusar o diabo de blasfêmia. Ele disse apenas: “O Senhor o repreenda!”. (Isso aconteceu quando Miguel discutia com o diabo a respeito do corpo de Moisés.) Tais indivíduos, porém, zombam de coisas que não entendem. Como criaturas irracionais, agem segundo seus instintos e, desse modo, provocam a própria destruição. Que aflição os espera! Pois eles seguem os passos de Caim, enganam outros por dinheiro, como Balaão, e perecem em sua rebelião, como Corá. Quando esses indivíduos, sem o menor constrangimento, participam de suas refeições de celebração ao amor do Senhor, são como perigosos recifes que podem fazê-los naufragar. Sim, são como pastores que só se preocupam consigo mesmos, como nuvens que passam sobre a terra sem dar chuva, como árvores no outono, duplamente mortas porque não dão frutos e foram arrancadas pelas raízes. São como ondas violentas no mar, espalhando a espuma de seus atos vergonhosos, como estrelas sem rumo, condenadas para sempre à mais profunda escuridão. Enoque, que viveu na sétima geração depois de Adão, profetizou a respeito desses homens, dizendo: “Ouçam! O Senhor vem com incontáveis milhares de santos para julgar a todos. Convencerá os pecadores de seus atos perversos e dos insultos que pronunciaram contra ele”. São murmuradores e descontentes, que vivem apenas para satisfazer os próprios desejos. Contam vantagem em alta voz e bajulam outros para conseguir o que querem. Amados, lembrem-se do que previram os apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo. Eles lhes disseram que nos últimos tempos haveria zombadores cujo propósito na vida é satisfazer seus desejos perversos. Eles provocam divisões entre vocês e seguem seus instintos naturais, pois não têm neles o Espírito. Mas vocês, amados, edifiquem uns aos outros em sua santíssima fé, orem no poder do Espírito Santo e mantenham-se firmes no amor de Deus, enquanto aguardam a vida eterna que nosso Senhor Jesus Cristo lhes dará em sua misericórdia. Tenham compaixão daqueles que vacilam na fé. Resgatem outros, tirando-os das chamas do julgamento. De outros ainda, tenham misericórdia, mas façam isso com grande cautela, odiando os pecados que contaminam a vida deles. Toda a glória seja àquele que é poderoso para guardá-los de cair e para levá-los, com grande alegria e sem defeito, à sua presença gloriosa. Toda a glória seja àquele que é o único Deus, nosso Salvador por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor. Glória, majestade, poder e autoridade lhe pertencem desde antes de todos os tempos, agora e para sempre! Amém. Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar a seus servos os acontecimentos que ocorrerão em breve. Ele enviou um anjo para apresentá-la a seu servo João, que relatou fielmente tudo que viu. Este é seu relato da palavra de Deus e do testemunho de Jesus Cristo. Feliz é aquele que lê as palavras desta profecia, e felizes são aqueles que ouvem sua mensagem e obedecem ao que ela diz, pois o tempo está próximo. Eu, João, escrevo às sete igrejas na província da Ásia. Graça e paz a vocês da parte daquele que é, que era e que ainda virá, dos sete espíritos que estão diante de seu trono, e de Jesus Cristo. Ele é a testemunha fiel destas coisas, o primeiro a ressuscitar dos mortos e o governante de todos os reis da terra. Toda a glória seja àquele que nos ama e nos libertou de nossos pecados por meio de seu sangue. Ele fez de nós um reino de sacerdotes para Deus, seu Pai. A ele sejam a glória e o poder para todo o sempre! Amém. Vejam! Ele vem com as nuvens do céu, e todos o verão, até mesmo aqueles que o transpassaram. E todas as nações da terra se lamentarão por causa dele. Sim! Amém! “Eu sou o Alfa e o Ômega”, diz o Senhor Deus. “Eu sou aquele que é, que era e que ainda virá, o Todo-poderoso.” Eu, João, irmão e companheiro de vocês no sofrimento, no reino e na perseverança para a qual Jesus nos chama, estava exilado na ilha de Patmos por pregar a palavra de Deus e testemunhar a respeito de Jesus. Era o dia do Senhor, e me vi tomado pelo Espírito. De repente, ouvi atrás de mim uma forte voz, como um toque de trombeta, e a voz dizia: “Escreva num livro tudo que você vê e envie-o às sete igrejas nas cidades de Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodiceia”. Quando me voltei para ver quem falava comigo, vi sete candelabros de ouro e, em pé entre eles, havia alguém semelhante ao Filho do Homem. Vestia um manto comprido, com uma faixa de ouro sobre o peito. A cabeça e os cabelos eram brancos como a lã e a neve, e os olhos, como chamas de fogo. Os pés eram como bronze polido, refinado numa fornalha, e a voz ressoava como fortes ondas do mar. Na mão direita tinha sete estrelas, e de sua boca saía uma espada afiada dos dois lados. A face brilhava como o sol em todo o seu esplendor. Quando o vi, caí a seus pés, como morto. Ele, porém, colocou a mão direita sobre mim e disse: “Não tenha medo! Eu sou o Primeiro e o Último. Sou aquele que vive. Estive morto, mas agora vivo para todo o sempre! E tenho as chaves da morte e do mundo dos mortos. “Portanto, escreva o que viu, tanto as coisas que estão acontecendo agora como as que acontecerão depois. Este é o significado do mistério das sete estrelas que você viu em minha mão direita e dos sete candelabros de ouro: as sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete candelabros são as sete igrejas.” “Escreva esta carta ao anjo da igreja em Éfeso. Esta é a mensagem daquele que segura na mão direita as sete estrelas, daquele que anda entre os sete candelabros de ouro: “Sei de tudo que você faz. Vi seu trabalho árduo e sua perseverança, e sei que não tolera os perversos. Examinou as pretensões dos que se dizem apóstolos, mas não são, e descobriu que são mentirosos. Sofreu por meu nome com paciência, sem desistir. “Contudo, tenho contra você uma queixa: você abandonou o amor que tinha no princípio. Veja até onde você caiu! Arrependa-se e volte a praticar as obras que no início praticava. Do contrário, virei até você e tirarei seu candelabro de seu lugar entre as igrejas. Mas há isto a seu favor: você odeia as obras dos nicolaítas, como eu também odeio. “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao vitorioso, darei o fruto da árvore da vida que está no paraíso de Deus.” “Escreva esta carta ao anjo da igreja em Esmirna. Esta é a mensagem daquele que é o Primeiro e o Último, que esteve morto mas agora vive: “Conheço suas aflições e sua pobreza, mas você é rico. Sei da blasfêmia dos que se opõem a você. Eles se dizem judeus, mas não são, pois a sinagoga deles pertence a Satanás. Não tenha medo do que está prestes a sofrer. O diabo lançará alguns de vocês na prisão a fim de prová-los, e terão aflições por dez dias. Mas, se você permanecer fiel mesmo diante da morte, eu lhe darei a coroa da vida. “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Quem for vitorioso não sofrerá o dano da segunda morte.” “Escreva esta carta ao anjo da igreja em Pérgamo. Esta é a mensagem daquele que tem a espada afiada dos dois lados: “Conheço o lugar onde você vive, a cidade onde está o trono de Satanás. Ainda assim, você permanece leal a meu nome. Recusou-se a negar sua fé em mim até mesmo quando Antipas, minha testemunha fiel, foi morto onde vocês vivem, o lugar de habitação de Satanás. “Contudo, tenho contra você algumas queixas. Você tolera em seu meio pessoas cujo ensino é semelhante ao de Balaão, que mostrou a Balaque como fazer o povo de Israel tropeçar. Ele os instigou a comer alimentos oferecidos a ídolos e a praticar imoralidade sexual. De igual modo, há entre vocês alguns que seguem o ensino dos nicolaítas. Portanto, arrependa-se ou virei subitamente até você e lutarei contra eles com a espada de minha boca. “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao vitorioso, darei do maná escondido. Também lhe darei uma pedra branca, e nela estará gravado um nome novo, que ninguém conhece, a não ser aquele que o recebe.” “Escreva esta carta ao anjo da igreja em Tiatira. Esta é a mensagem do Filho de Deus, cujos olhos são como chamas de fogo e cujos pés são como bronze polido: “Sei de tudo que você faz. Vi seu amor, sua fé, seu serviço e sua perseverança, e observei como você tem crescido em todas essas coisas. “Contudo, tenho contra você uma queixa. Você tem permitido que essa mulher, Jezabel, que se diz profetisa, faça meus servos se desviarem. Ela os ensina a cometer imoralidade sexual e a comer alimentos oferecidos a ídolos. Dei a ela tempo para que se arrependesse, mas não quer se arrepender de sua imoralidade. “Portanto, eu a lançarei doente numa cama, e aqueles que cometerem adultério com ela sofrerão terrivelmente, a menos que se arrependam e abandonem a prática de tais atos. Matarei seus filhos, e então todas as igrejas saberão que eu sou aquele que sonda mente e coração. Darei a cada um de vocês aquilo que seus atos merecem. “Tenho também uma mensagem para o restante de vocês em Tiatira que não seguiram esse falso ensino (‘as verdades mais profundas’, como eles dizem, e que na realidade vêm de Satanás). Não lhes pedirei coisa alguma, senão que se apeguem firmemente ao que já têm até que eu venha. Ao vitorioso que me obedecer até o fim, Eu darei autoridade sobre as nações. Ele as governará com cetro de ferro e as despedaçará como vasos de barro. Ele terá a mesma autoridade que recebi de meu Pai, e também lhe darei a estrela da manhã. “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” “Escreva esta carta ao anjo da igreja em Sardes. Esta é a mensagem daquele que tem os sete espíritos de Deus e as sete estrelas: “Sei de tudo que você faz. Você tem fama de estar vivo, mas está morto. Desperte! Fortaleça o pouco que resta, pois até mesmo isso está quase morto. Vejo que suas ações não atendem aos requisitos de meu Deus. Lembre-se do que ouviu e no que acreditou no princípio; agarre-se a isso com firmeza. Arrependa-se. Se não despertar, virei subitamente até você, como um ladrão. “Há alguns em Sardes, no entanto, que não mancharam suas roupas com o mal. Eles andarão comigo vestidos de branco, pois são dignos. O vitorioso será vestido de branco. Jamais apagarei seu nome do Livro da Vida e confirmarei, diante de meu Pai e de seus anjos, que ele me pertence. “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” “Escreva esta carta ao anjo da igreja em Filadélfia. Esta é a mensagem daquele que é santo e verdadeiro, que tem a chave de Davi. O que ele abre ninguém pode fechar, e o que ele fecha ninguém pode abrir: “Sei de tudo que você faz. Abri para você uma porta que ninguém pode fechar. Você tem pouca força, mas ainda assim obedeceu à minha palavra e não negou meu nome. Veja, obrigarei aqueles que pertencem à sinagoga de Satanás — os mentirosos que se dizem judeus, mas não são — a virem, prostrarem-se a seus pés e reconhecerem que amo você. “Porque obedeceu à minha ordem para perseverar, eu o protegerei do grande tempo de provação que virá sobre todo o mundo para pôr à prova os habitantes da terra. Venho em breve. Apegue-se ao que você tem, para que ninguém tome sua coroa. O vitorioso se tornará coluna do templo de meu Deus, de onde jamais sairá. Escreverei nele o nome de meu Deus, e ele será cidadão da cidade de meu Deus, a nova Jerusalém que desce do céu, da parte de meu Deus. E também escreverei nele o meu novo nome. “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” “Escreva esta carta ao anjo da igreja em Laodiceia. Esta é a mensagem daquele que é o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, a origem da criação de Deus: “Sei de tudo que você faz. Você não é frio nem quente. Desejaria que fosse um ou o outro! Mas, porque é como água morna, nem quente nem fria, eu o vomitarei de minha boca. Você diz: ‘Sou rico e próspero, não preciso de coisa alguma’. E não percebe que é infeliz, miserável, pobre, cego e está nu. Eu o aconselho a comprar de mim ouro purificado pelo fogo, e então será rico. Compre também roupas brancas, para que não se envergonhe de sua nudez, e colírio para aplicar nos olhos, a fim de enxergar. Eu corrijo e disciplino aqueles que amo. Por isso, seja zeloso e arrependa-se. “Preste atenção! Estou à porta e bato. Se você ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei e, juntos, faremos uma refeição, como amigos. O vitorioso se sentará comigo em meu trono, assim como eu fui vitorioso e me sentei com meu Pai em seu trono. “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça o que o Espírito diz às igrejas”. Então, quando olhei, vi uma porta aberta no céu, e a mesma voz que eu tinha ouvido antes falou comigo como um toque de trombeta. A voz disse: “Suba para cá, e eu lhe mostrarei o que acontecerá depois destas coisas”. E, no mesmo instante, fui tomado pelo Espírito e vi um trono no céu e alguém sentado nele. Aquele que estava sentado no trono brilhava como pedras preciosas, como jaspe e sardônio. Um arco-íris, com brilho semelhante ao da esmeralda, circundava seu trono. Ao redor do trono havia 24 tronos, nos quais estavam sentados 24 anciãos. Estavam todos vestidos de branco e usando coroas de ouro na cabeça. Do trono saíam relâmpagos, estrondos e trovões, e na frente dele havia sete tochas com chamas ardentes, que são os sete espíritos de Deus. Diante do trono havia algo como um mar de vidro, cintilante como cristal. No centro e ao redor do trono havia quatro seres vivos, cada um coberto de olhos na frente e atrás. O primeiro deles era semelhante a um leão; o segundo, semelhante a um boi; o terceiro tinha rosto de homem; e o quarto era como uma águia em voo. Cada um dos seres vivos tinha seis asas, inteiramente cobertas de olhos, por dentro e por fora. Dia e noite, repetem sem parar: “Santo, santo, santo é o Senhor Deus, o Todo-poderoso, que era, que é e que ainda virá”. Cada vez que os seres vivos dão glória, honra e graças ao que está sentado no trono, àquele que vive para todo o sempre, os 24 anciãos se prostram e adoram o que está sentado no trono, aquele que vive para todo o sempre. Colocam suas coroas diante do trono e dizem: “Tu és digno, ó Senhor e nosso Deus, de receber glória, honra e poder. Pois criaste todas as coisas, e elas existem porque as criaste segundo a tua vontade”. Então, na mão direita daquele que estava sentado no trono, vi um livro, escrito por dentro e por fora e lacrado com sete selos. Vi um anjo poderoso que perguntava em alta voz: “Quem é digno de romper os selos deste livro e abri-lo?”. Mas não havia ninguém no céu, nem na terra, nem debaixo da terra, que pudesse abrir o livro e lê-lo. Comecei a chorar muito, pois não se encontrou ninguém digno de abrir o livro e lê-lo. Então um dos 24 anciãos me disse: “Não chore! Veja, o Leão da tribo de Judá, o herdeiro do trono de Davi, conquistou a vitória. Ele é digno de abrir o livro e os sete selos”. Então vi um Cordeiro que parecia ter sido sacrificado, mas que agora estava em pé entre o trono e os quatro seres vivos e no meio dos 24 anciãos. Tinha sete chifres e sete olhos, que representam os sete espíritos de Deus enviados a todas as partes da terra. Ele deu um passo à frente e recebeu o livro da mão direita daquele que está sentado no trono. Quando o Cordeiro recebeu o livro, os quatro seres vivos e os 24 anciãos se prostraram diante dele. Cada um tinha uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações do povo santo, e entoavam um cântico novo com estas palavras: “Tu és digno de receber o livro, abrir os selos e lê-lo. Pois foste sacrificado e com teu sangue compraste para Deus pessoas de toda tribo, língua, povo e nação. Tu fizeste delas um reino de sacerdotes para nosso Deus, e elas reinarão sobre a terra”. Então olhei novamente e ouvi as vozes de milhares e milhões de anjos ao redor do trono, e também dos seres vivos e dos anciãos. Cantavam com forte voz: “Digno é o Cordeiro que foi sacrificado de receber poder e riqueza, sabedoria e força, honra, glória e louvor!”. Depois, ouvi todas as criaturas no céu, na terra, debaixo da terra e no mar, cantarem: “Louvor e honra, glória e poder pertencem àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro para todo o sempre!”. E os quatro seres vivos disseram: “Amém!”. E os 24 anciãos se prostraram e adoraram. Enquanto eu observava, o Cordeiro abriu o primeiro dos sete selos do livro. Então ouvi um dos quatro seres vivos dizer com voz de trovão: “Venha!”. Quando olhei, vi um cavalo branco. Seu cavaleiro carregava um arco, e sobre sua cabeça foi colocada uma coroa. Ele saiu batalhando para conquistar vitórias. Quando o Cordeiro abriu o segundo selo, ouvi o segundo ser vivo dizer: “Venha!”. Então surgiu um cavalo vermelho. Seu cavaleiro recebeu uma grande espada e autoridade para tirar a paz da terra. E houve guerra e matança em toda parte. Quando o Cordeiro abriu o terceiro selo, ouvi o terceiro ser vivo dizer: “Venha!”. Quando olhei, vi um cavalo preto. Seu cavaleiro tinha na mão uma balança. E ouvi uma voz dentre os quatro seres vivos dizer: “Uma medida de trigo ou três medidas de cevada custarão o salário de um dia, mas não desperdice o azeite nem o vinho”. Quando o Cordeiro abriu o quarto selo, ouvi o quarto ser vivo dizer: “Venha!”. Quando olhei, vi um cavalo amarelo. Seu cavaleiro se chamava Morte, e o mundo dos mortos o seguia. Eles receberam autoridade sobre um quarto da terra para matar pela espada, pela fome e pela doença e por meio de animais selvagens. Quando o Cordeiro abriu o quinto selo, vi sob o altar as almas de todos que haviam sido mortos por causa da palavra de Deus e por seu testemunho fiel. Clamavam ao Senhor em alta voz e diziam: “Ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, quanto tempo passará até que julgues os habitantes da terra e vingues nosso sangue?”. Então a cada um deles foi dada uma veste branca, e lhes foi dito que descansassem mais um pouco até que se completasse o número de seus irmãos, seus companheiros no serviço, que se juntariam a eles depois de serem mortos. Enquanto eu observava, o Cordeiro abriu o sexto selo, e houve um grande terremoto. O sol ficou escuro como pano negro, e a lua inteira se tornou vermelha como sangue. Então as estrelas caíram do céu como figos verdes de uma figueira sacudida por um forte vento. O céu foi enrolado como pergaminho, e todas as montanhas e ilhas foram movidas de seu lugar. Então os reis da terra, os governantes, os generais, os ricos, os poderosos, os escravos e os livres, todos se esconderam em cavernas e entre as rochas das montanhas. E gritavam às montanhas e às rochas: “Caiam sobre nós e escondam-nos da face daquele que está sentado no trono e da ira do Cordeiro! Pois chegou o grande dia de sua ira, e quem poderá sobreviver?”. Então vi quatro anjos em pé nos quatro cantos da terra, impedindo os quatro ventos de soprarem na terra, no mar e em qualquer árvore. E vi outro anjo que subia do leste e trazia o selo do Deus vivo. Ele gritou aos quatro anjos que haviam recebido poder para danificar a terra e o mar: “Esperem! Não façam mal à terra, nem ao mar, nem às árvores, até que tenhamos colocado o selo de Deus na testa de seus servos”. E ouvi o número dos que foram marcados com o selo de Deus. Eram 144 mil, de todas as tribos de Israel: da tribo de Judá, foram selados doze mil, da tribo de Rúben, doze mil, da tribo de Gade, doze mil, da tribo de Aser, doze mil, da tribo de Naftali, doze mil, da tribo de Manassés, doze mil, da tribo de Simeão, doze mil, da tribo de Levi, doze mil, da tribo de Issacar, doze mil, da tribo de Zebulom, doze mil, da tribo de José, doze mil, da tribo de Benjamim, foram selados doze mil. Depois disso, vi uma imensa multidão, grande demais para ser contada, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro. Usavam vestes brancas e seguravam ramos de palmeiras. E gritavam com grande estrondo: “A salvação vem de nosso Deus, que está sentado no trono, e do Cordeiro!”. E todos os anjos estavam em pé ao redor do trono, dos anciãos e dos quatro seres vivos. Prostraram-se com o rosto em terra diante do trono e adoraram a Deus, cantando: “Amém! Louvor e glória e sabedoria, gratidão e honra, força e poder pertencem a nosso Deus, para todo o sempre. Amém!”. Então um dos anciãos me perguntou: “Quem são estes vestidos de branco? De onde vieram?”. Eu lhe respondi: “Senhor, tu sabes”. E ele disse: “São aqueles que vieram da grande tribulação. Lavaram e branquearam suas vestes no sangue do Cordeiro. “Por isso estão diante do trono de Deus e dia e noite o servem em seu templo. E aquele que se senta no trono lhes dará abrigo. Nunca mais terão fome, nem sede, e o calor do sol nunca mais os queimará. Pois o Cordeiro que está no centro do trono será seu Pastor. Ele os guiará às fontes de água viva, e Deus enxugará de seus olhos toda lágrima”. Quando o Cordeiro abriu o sétimo selo, houve silêncio no céu por cerca de meia hora. Vi os sete anjos que estão em pé diante de Deus, e a eles foram dadas sete trombetas. Então veio outro anjo com um incensário de ouro e ficou em pé junto ao altar. Recebeu muito incenso para misturar às orações do povo santo como oferta sobre o altar de ouro diante do trono. A fumaça do incenso, misturada às orações do povo santo, subiu do altar onde o anjo havia derramado o incenso até a presença de Deus. Então o anjo encheu o incensário com fogo do altar e o lançou sobre a terra, e houve trovões, estrondos, relâmpagos e um grande terremoto. Em seguida, os sete anjos com as sete trombetas se prepararam para tocá-las. O primeiro anjo tocou sua trombeta, e foram lançados sobre a terra granizo e fogo misturados com sangue. Um terço da terra pegou fogo, e foi queimado um terço das árvores, além de toda relva verde. O segundo anjo tocou sua trombeta, e foi lançado sobre o mar algo parecido com uma grande montanha em chamas. Um terço da água do mar se transformou em sangue, morreu um terço de todos os seres vivos do mar, e foi destruído um terço de todos os navios. O terceiro anjo tocou sua trombeta, e caiu do céu uma grande estrela, queimando como uma tocha, sobre um terço dos rios e sobre as fontes de água. O nome da estrela era Amargor, pois tornou amargo um terço das águas, e muita gente morreu ao beber dessas águas amargas. O quarto anjo tocou sua trombeta, e foi ferido um terço do sol, da lua e das estrelas, que escureceram. Um terço do dia ficou sem luz, e também um terço da noite. Então vi e ouvi uma águia que voava no ponto mais alto do céu e gritava em alta voz: “Terror, terror, terror sobre todos os habitantes da terra, pelo que acontecerá quando os três últimos anjos tocarem suas trombetas!”. O quinto anjo tocou sua trombeta, e vi uma estrela que havia caído do céu sobre a terra, e lhe foi dada a chave para o poço do abismo. Quando o poço foi aberto, dele saiu fumaça como de uma imensa fornalha, e a luz do sol e o ar escureceram com a fumaça. Então da fumaça saíram gafanhotos que desceram sobre a terra, e lhes foi dado poder para ferroarem como escorpiões. Receberam ordens para não danificar a vegetação, nem as plantas, nem as árvores, mas apenas as pessoas que não tivessem o selo de Deus na testa. Também lhes foi ordenado que não as matassem, mas que as atormentassem por cinco meses, com dor como a da ferroada do escorpião. Naqueles dias, as pessoas procurarão a morte, mas não a encontrarão. Desejarão morrer, mas a morte fugirá delas. Os gafanhotos pareciam cavalos preparados para a batalha. Tinham na cabeça algo semelhante a coroas de ouro, e o rosto parecia humano. Os cabelos eram como os de mulher, e os dentes, como os de leão. Vestiam uma couraça semelhante ao ferro, e suas asas rugiam como um exército de carruagens correndo para a batalha. Tinham caudas que ferroavam como escorpiões, e por cinco meses tiveram poder para atormentar as pessoas. Seu rei é o anjo do abismo; seu nome em hebraico é Abadom, e em grego, Apoliom. O primeiro terror passou, mas ainda vêm outros dois. O sexto anjo tocou sua trombeta, e ouvi uma voz que vinha das quatro pontas do altar de ouro que está na presença de Deus. A voz disse ao sexto anjo que tinha a trombeta: “Solte os quatro anjos que estão amarrados junto ao grande rio Eufrates”. Então os quatro anjos que haviam sido preparados para aquela hora, dia, mês e ano foram soltos para matar um terço da humanidade. Ouvi que seu exército era constituído de duzentos milhões de soldados a cavalo. Em minha visão, vi os cavalos e os cavaleiros montados neles. Os cavaleiros usavam couraças vermelhas, azul-escuras e amarelas. Os cavalos tinham cabeças como as de leão, e da boca lhes saíam fogo, fumaça e enxofre. Um terço da humanidade foi morto por estas três pragas que saíam da boca dos cavalos: fogo, fumaça e enxofre. O poder dos cavalos estava na boca e na cauda, pois a cauda tinha cabeças como de serpente, com as quais feriam as pessoas. Aqueles que não morreram dessas pragas ainda se recusaram a arrepender-se de seus atos perversos. Continuaram a adorar demônios e ídolos feitos de ouro, prata, bronze, pedra e madeira, ídolos que não podem ver, nem ouvir, nem andar. E não se arrependeram de seus assassinatos, sua feitiçaria, sua imoralidade sexual e seus roubos. Então vi outro anjo poderoso descendo do céu, envolto numa nuvem, com um arco-íris sobre a cabeça. Seu rosto brilhava como o sol, e seus pés eram como colunas de fogo. Tinha na mão um livrinho aberto. O anjo pôs o pé direito no mar e o pé esquerdo na terra. Deu um forte grito, como o rugido de um leão, e os sete trovões responderam. No momento em que os sete trovões falaram, eu estava prestes a escrever, mas ouvi uma voz do céu que disse: “Guarde em segredo as coisas que os sete trovões disseram, e não as escreva”. Então o anjo que vi em pé sobre o mar e sobre a terra levantou a mão direita para o céu. Jurou em nome daquele que vive para todo o sempre, que criou os céus, a terra, o mar e tudo que neles há. “Não haverá mais demora”, disse ele. “Quando o sétimo anjo tocar sua trombeta, o plano que Deus manteve em segredo se cumprirá, conforme ele anunciou a seus servos, os profetas.” A voz do céu falou novamente comigo: “Vá e pegue o livro aberto da mão do anjo que está em pé sobre o mar e sobre a terra”. Então me aproximei do anjo e lhe pedi o livrinho. “Pegue-o e coma-o!”, disse ele. “Ele será amargo em seu estômago, embora tenha um sabor doce como mel em sua boca.” Peguei o livrinho da mão do anjo e o comi. Em minha boca, era doce como mel, mas, quando o engoli, tornou-se amargo em meu estômago. Então me foi dito: “É necessário que você profetize outra vez a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis”. Depois disso, recebi uma vara de medir e me foi dito: “Vá e tire as medidas do templo de Deus e do altar, e conte o número de adoradores. Mas não meça o pátio exterior, porque ele foi entregue às nações. Elas pisotearão a cidade santa durante 42 meses. Darei autoridade a minhas duas testemunhas, e elas se vestirão de pano de saco e profetizarão durante 1.260 dias”. Essas duas testemunhas são as duas oliveiras e os dois candelabros que estão diante do Senhor de toda a terra. Se alguém tentar lhes fazer mal, da boca lhes sairá fogo e consumirá seus inimigos. Assim deve morrer quem tentar lhes fazer mal. Elas têm poder para fechar o céu, a fim de que não chova durante o tempo que profetizarem, e têm poder para transformar as águas em sangue e para ferir a terra com pragas de toda espécie, quantas vezes desejarem. Quando tiverem concluído seu testemunho, a besta que vem do abismo lutará contra elas, e ela as vencerá e as matará. Os corpos ficarão estendidos na rua principal da grande cidade, chamada figuradamente “Sodoma” e “Egito”, onde seu Senhor foi crucificado. Durante três dias e meio, todos os povos, tribos, línguas e nações olharão para esses corpos, e ninguém terá permissão de sepultá-los. Os habitantes da terra festejarão e trocarão presentes entre si para comemorar a morte dos dois profetas que os haviam atormentado. Depois de três dias e meio, porém, Deus soprou vida nos dois profetas, e eles se levantaram, enchendo de terror os que os viram. Então uma forte voz do céu disse aos dois: “Subam aqui!”. E eles subiram ao céu numa nuvem, sob o olhar de seus inimigos. Nesse momento, houve um grande terremoto que destruiu um décimo da cidade. Sete mil pessoas morreram, e as que restaram ficaram aterrorizadas e deram glória ao Deus do céu. O segundo terror passou, mas logo vem o terceiro. O sétimo anjo tocou sua trombeta, e fortes vozes gritaram no céu: “O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e de seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre”. Os 24 anciãos que estavam sentados em seus tronos diante de Deus se prostraram com o rosto em terra e o adoraram, dizendo: “Nós te agradecemos, Senhor Deus, o Todo-poderoso, que és e que eras, pois agora assumiste teu grande poder e começaste a reinar. As nações se enfureceram, mas agora chegou o tempo de tua ira. É tempo de julgar os mortos e de recompensar teus servos, os profetas, assim como teu povo santo e todos que temem o teu nome, desde os pequenos até os grandes. É tempo de destruir todos que causaram destruição na terra”. Então se abriu no céu o templo de Deus, e dentro do templo foi vista a arca de sua aliança. Houve relâmpagos, estrondos e trovões, um terremoto e uma grande tempestade de granizo. Então foi visto no céu um grande sinal: uma mulher vestida do sol, com a lua sob os pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça. Estava grávida e gritava por causa das dores de parto e da agonia de dar à luz. Outro sinal foi visto no céu: um enorme dragão vermelho com sete cabeças e dez chifres, e sete coroas nas cabeças. Com a cauda, arrastou um terço das estrelas do céu e as lançou na terra. E, quando a mulher estava para dar à luz, o dragão parou diante dela, pronto para devorar a criança tão logo ela nascesse. A mulher deu à luz um filho, que governará todas as nações com cetro de ferro, e ele foi arrebatado para junto de Deus e de seu trono. A mulher fugiu para o deserto, onde Deus havia preparado um lugar para cuidar dela durante 1.260 dias. Houve guerra no céu. Miguel e seus anjos lutaram contra o dragão e seus anjos. O dragão perdeu a batalha, e ele e seus anjos foram expulsos do céu. Esse enorme dragão, a antiga serpente chamada diabo ou Satanás, que engana o mundo todo, foi lançado na terra com seus anjos. Então ouvi uma forte voz que bradava pelos céus: “Finalmente chegaram a salvação, o poder, o reino de nosso Deus e a autoridade de seu Cristo. Porque foi lançado para a terra o acusador de nossos irmãos, aquele que dia e noite os acusa diante de nosso Deus. Eles o derrotaram pelo sangue do Cordeiro e pelo testemunho deles. Não amaram a própria vida nem mesmo diante da morte. Portanto, alegrem-se, ó céus, e vocês que habitam nos céus! Sobre a terra e o mar, porém, virá terror, pois o diabo desceu até vocês com grande fúria, sabendo que lhe resta pouco tempo”. Quando o dragão percebeu que havia sido lançado na terra, perseguiu a mulher que tinha dado à luz o menino. Ela, porém, recebeu duas asas como as de uma grande águia, para que voasse ao lugar preparado para ela no deserto. Ali, será sustentada e protegida da serpente durante um tempo, tempos e metade de um tempo. Então a serpente, com uma torrente de água que fez sair de sua boca, tentou afogar a mulher. Mas a terra ajudou a mulher, abrindo a boca e engolindo o rio que havia jorrado da boca do dragão. O dragão se enfureceu com a mulher e passou a lutar contra o restante de seus filhos, todos os que obedecem aos mandamentos de Deus e se mantêm fiéis no testemunho de Jesus. Então o dragão se colocou em pé na praia, junto ao mar. Então vi sair do mar uma besta. Tinha dez chifres e sete cabeças, e uma coroa em cada chifre. Em cada cabeça estavam escritos nomes de blasfêmias. A besta parecia um leopardo, mas tinha pés como de urso e boca como de leão. E o dragão deu à besta seu poder, seu trono e grande autoridade. Vi que uma das cabeças da besta parecia mortalmente ferida, mas o ferimento mortal foi curado. O mundo inteiro se maravilhou e seguiu a besta. Adoraram o dragão por ter dado à besta tamanho poder, e também a adoraram. “Quem é tão grande como a besta?”, diziam. “Quem é capaz de lutar contra ela?” Então foi permitido à besta falar grandes blasfêmias, e lhe foi dada autoridade para fazer o que quisesse durante 42 meses. Ela blasfemou terrivelmente contra Deus, difamando seu nome, seu tabernáculo e os que habitam no céu. Foi permitido à besta guerrear contra o povo santo e vencê-lo, e ela recebeu autoridade para governar sobre toda tribo, povo, língua e nação. E todos os habitantes da terra adoraram a besta. São eles os que não têm os nomes escritos no Livro da Vida que pertence ao Cordeiro, que foi morto antes da criação do mundo. Quem é capaz de ouvir, ouça com atenção! Quem estiver destinado à prisão será preso. Quem estiver destinado a morrer pela espada morrerá pela espada. Isso significa que o povo santo deve ser perseverante e permanecer fiel. Então vi outra besta que saiu da terra. Tinha dois chifres, como de cordeiro, mas falava com voz de dragão. Exercia toda a autoridade da primeira besta e exigia que a terra e seus habitantes adorassem a primeira besta, cujo ferimento mortal havia sido curado. Realizava sinais espantosos, chegando a fazer fogo descer do céu sobre a terra, à vista de todos. Enganou os habitantes da terra com os sinais que lhe foi permitido realizar em nome da primeira besta. Ordenou que fizessem uma grande estátua da primeira besta, que havia sido mortalmente ferida e sobrevivido. Então lhe foi permitido dar vida a essa estátua, para que ela falasse, e a estátua da besta ordenou que fossem mortos todos que se recusassem a adorá-la. Exigiu que grandes e pequenos, ricos e pobres, escravos e livres, todos recebessem uma marca na mão direita ou na testa. E ninguém podia comprar nem vender coisa alguma sem essa marca, que era o nome da besta ou o número que representa seu nome. Aqui é preciso sabedoria. Quem tem discernimento, trate de entender o significado do número da besta, pois é número de homem. Seu número é 666. Então vi o Cordeiro em pé no monte Sião, e com ele estavam os 144 mil que tinham o nome dele e o nome de seu Pai escritos na testa. E ouvi um som que vinha do céu, como o som de fortes ondas do mar, como o som de um poderoso trovão. Era como o som de muitos harpistas tocando juntos. Esse grande coral cantava um cântico novo diante do trono de Deus e diante dos quatro seres vivos e dos 24 anciãos. Ninguém podia aprender o cântico, a não ser os 144 mil que haviam sido comprados da terra. Eles se conservaram puros, sem manter relações com mulheres, e seguem o Cordeiro por onde quer que ele vá. Foram comprados dentre os habitantes da terra como oferta especial a Deus e ao Cordeiro. Não mentem; são irrepreensíveis. Vi outro anjo que voava no ponto mais alto do céu, levando as boas-novas eternas para anunciá-las aos habitantes da terra, a toda nação, tribo, língua e povo. “Temam a Deus!”, dizia em alta voz. “Deem glória a ele, pois chegou o tempo em que ele julgará a humanidade. Adorem aquele que fez os céus, a terra, o mar e todas as fontes de água.” Então outro anjo o seguiu, dizendo em alta voz: “Caiu a Babilônia! Caiu a grande cidade que fez todas as nações beberem do vinho da fúria de sua imoralidade!”. Um terceiro anjo os seguiu, dizendo em alta voz: “Aqueles que adorarem a besta e sua estátua, ou aceitarem sua marca na testa ou na mão, beberão do vinho da fúria de Deus, que foi derramado, sem mistura, na taça da ira de Deus. E serão atormentados com fogo e enxofre na presença dos santos anjos e do Cordeiro. A fumaça de seu tormento subirá para todo o sempre, e não terão alívio de dia nem de noite, pois adoraram a besta e sua estátua e aceitaram a marca de seu nome”. Isso significa que o povo santo deve ser perseverante, obedecendo aos mandamentos de Deus e permanecendo fiel a Jesus. E ouvi uma voz que vinha do céu, dizendo: “Escreva isto: Felizes os que, de agora em diante, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, eles são verdadeiramente felizes, pois descansarão de seu trabalho árduo; porque suas boas obras os acompanharão”. Em seguida, vi uma nuvem branca e, sentado na nuvem, alguém semelhante ao Filho do Homem. Tinha uma coroa de ouro na cabeça e uma foice afiada na mão. Então outro anjo veio do templo e gritou bem forte para aquele que estava sentado na nuvem: “Use a foice e comece a ceifar, pois chegou a hora da colheita; a safra da terra está madura!”. Assim, aquele que estava sentado na nuvem passou a foice sobre a terra, e toda a terra foi ceifada. Depois disso, outro anjo saiu do templo no céu, e ele também tinha uma foice afiada. Então ainda outro anjo, que tinha poder para destruir com fogo, veio do altar e gritou bem forte para o anjo que segurava a foice afiada: “Agora use sua foice para ajuntar os cachos de uvas da videira da terra, pois estão maduras!”. O anjo passou a foice sobre a terra e encheu de uvas o grande tanque de prensar da fúria de Deus. As uvas foram pisadas no tanque, fora da cidade, e dele correu sangue como um rio de quase trezentos quilômetros de comprimento, com altura que chegava aos freios de um cavalo. Vi no céu outro sinal grande e maravilhoso. Sete anjos seguravam as últimas sete pragas que completariam a fúria de Deus. Vi diante de mim algo semelhante a um mar de vidro misturado com fogo. Nele estavam em pé todos os que haviam vencido a besta, sua estátua e o número que representa seu nome. Todos seguravam harpas que Deus lhes tinha dado e entoavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro: “Grandes e maravilhosas são as tuas obras, ó Senhor Deus, o Todo-poderoso. Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei das nações. Quem não te temerá, Senhor? Quem não glorificará teu nome? Pois só tu és santo. Todas as nações virão e adorarão diante de ti, pois teus feitos de justiça foram revelados”. Então olhei e vi que se abriu o templo no céu, o tabernáculo da aliança. Os sete anjos que seguravam as sete pragas saíram do templo. Vestiam linho branco, sem mancha alguma, com uma faixa de ouro sobre o peito. Um dos quatro seres vivos entregou a cada um dos sete anjos uma taça de ouro cheia da fúria de Deus, que vive para todo o sempre. O templo se encheu da fumaça da glória e do poder de Deus, e ninguém podia entrar no templo enquanto os anjos não tivessem terminado de derramar as sete pragas. Então ouvi uma poderosa voz que vinha do templo dizer aos sete anjos: “Vão e derramem sobre a terra as sete taças da fúria de Deus”. O primeiro anjo saiu do templo e derramou sua taça sobre a terra, e se abriram feridas horríveis e malignas naqueles que tinham a marca da besta e adoravam sua estátua. O segundo anjo derramou sua taça sobre o mar, que se transformou em sangue como de um cadáver, e morreram todas as criaturas do mar. O terceiro anjo derramou sua taça sobre os rios e as fontes, que se transformaram em sangue. E ouvi o anjo que tinha autoridade sobre a água dizer: “Tu és justo, ó Santo, que és e que eras, pois enviaste estes julgamentos. Porque eles derramaram o sangue de teu povo santo e de teus profetas, tu lhes deste sangue para beber; é sua justa retribuição”. E ouvi uma voz que vinha do altar dizer: “Sim, Senhor Deus, o Todo-poderoso, teus julgamentos são verdadeiros e justos”. O quarto anjo derramou sua taça sobre o sol, que com seu fogo fez queimar as pessoas. Todos foram queimados pelo intenso calor e blasfemaram contra o nome de Deus, que tinha controle sobre essas pragas. E não se arrependeram nem deram glória a Deus. O quinto anjo derramou sua taça sobre o trono da besta, e seu reino foi lançado na escuridão. Angustiados, seus súditos rangiam os dentes e, por causa de suas dores e feridas, blasfemavam contra o Deus do céu. E não se arrependeram de seus atos perversos. O sexto anjo derramou sua taça sobre o grande rio Eufrates, e ele secou, abrindo caminho para os reis que vêm do Oriente. Então vi saltarem da boca do dragão, da boca da besta e da boca do falso profeta três espíritos impuros semelhantes a sapos. São espíritos demoníacos que realizam sinais e vão aos governantes da terra a fim de reuni-los para a batalha contra o Senhor, no grande dia de Deus, o Todo-poderoso. “Eu virei inesperadamente, como ladrão! Feliz é aquele que me espera alerta e mantém puras suas vestes, para que não precise andar nu e envergonhado.” E os espíritos reuniram todos os governantes e seus exércitos no lugar que, em hebraico, se chama Armagedom. O sétimo anjo derramou sua taça no ar, e do trono do templo veio um forte grito: “Está terminado!”. Então houve relâmpagos, estrondos e trovões, e um forte terremoto, o mais violento desde a criação da humanidade. A grande cidade, Babilônia, se dividiu em três partes, e as cidades de muitas nações tombaram. Deus se lembrou de todos os pecados da Babilônia e a fez beber do cálice cheio do vinho de sua furiosa ira. Todas as ilhas desapareceram, e todos os montes foram arrasados. Houve uma forte tempestade de granizo, com pedras que pesavam até 35 quilos caindo do céu sobre as pessoas. E elas blasfemaram contra Deus por causa da terrível praga de granizo. Um dos sete anjos que derramaram as sete taças se aproximou e disse: “Venha comigo, e eu lhe mostrarei o julgamento da grande prostituta que governa sobre muitas águas. Os reis da terra cometeram adultério com ela, e os habitantes da terra se embriagaram com o vinho de sua imoralidade”. Então o anjo me levou no Espírito para o deserto, onde vi uma mulher montada numa besta vermelha, coberta de blasfêmias e com sete cabeças e dez chifres. A mulher estava vestida de púrpura e vermelho e enfeitada com joias de ouro, pedras preciosas e pérolas. Tinha na mão um cálice de ouro cheio de abominações e das impurezas de sua imoralidade. Em sua testa estava escrito um nome misterioso: “Babilônia, a Grande, a Mãe das Prostitutas e das Abominações da Terra”. Vi que ela estava embriagada com o sangue do povo santo, o sangue das testemunhas de Jesus. Tomado de espanto, olhei fixamente para ela. “Por que você está tão espantado?”, o anjo perguntou. “Eu lhe explicarei o mistério desta mulher e da besta com sete cabeças e dez chifres na qual ela está montada. A besta que você viu esteve viva, mas agora não está mais. E, no entanto, em breve subirá do abismo e irá para a destruição. Os habitantes da terra, cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida desde a criação do mundo, ficarão admirados com o reaparecimento da besta que havia morrido. “Aqui é preciso pensar com sabedoria. As sete cabeças da besta representam os sete montes onde a mulher governa, e também representam sete reis. Cinco deles já caíram, o sexto está governando e o sétimo ainda não veio, mas seu reinado será breve. “A besta que esteve viva, mas agora não está mais, é o oitavo rei. É como os outros sete, e também caminha para a destruição. Os dez chifres da besta são dez reis que ainda não subiram ao poder. Serão nomeados para seus reinos por um breve período, para reinarem com a besta, e concordarão em entregar a ela seu poder e sua autoridade. Juntos, guerrearão contra o Cordeiro, mas o Cordeiro os derrotará, pois é Senhor dos senhores e Rei dos reis. E com ele estarão seus chamados, escolhidos e fiéis.” Em seguida, o anjo me disse: “As águas que você viu, onde a prostituta governa, representam multidões de todas as nações e línguas. A besta e os dez chifres que você viu odiarão a prostituta. Eles a deixarão nua, comerão sua carne e destruirão o restante com fogo. Porque Deus colocou no coração deles um plano que executará sua vontade. Eles concordarão em entregar a autoridade à besta, cumprindo-se assim as palavras de Deus. E a mulher que você viu representa a grande cidade que governa sobre os reis da terra”. Depois disso, vi outro anjo descer do céu com grande autoridade, e a terra se iluminou com seu esplendor. Ele deu um forte grito: “Caiu a Babilônia! A grande cidade caiu! Tornou-se habitação de demônios, esconderijo de todo espírito impuro, covil de toda ave impura e de todo animal impuro e detestável. Porque todas as nações caíram por causa do vinho da fúria de sua imoralidade. Os reis da terra cometeram adultério com ela. Por ela tanto desejar luxo extravagante, os comerciantes da terra enriqueceram”. Então ouvi outra voz do céu, que disse: “Saiam dela, meu povo! Não participem de seus pecados, ou serão castigados com ela. Pois os pecados dela se amontoaram até o céu, e Deus se lembrou de seus atos perversos. Façam com ela o que ela tem feito; deem-lhe em dobro o castigo por seus atos. Ela preparou um cálice de terror para os outros, por isso preparem-lhe uma porção dobrada. Glorificou a si mesma e viveu em luxo, agora retribuam com igual quantidade de tormento e tristeza. Ela se vangloriou em seu coração: ‘Sou rainha em meu trono. Não sou uma viúva desamparada, e não tenho motivo para me lamentar’. Por isso, estas pragas a alcançarão num só dia: morte, pranto e fome. O fogo a consumirá por completo, pois o Senhor Deus, que a julga, é poderoso”. Os reis da terra que cometeram adultério com ela e desfrutaram seu luxo lamentarão por ela quando virem subir a fumaça de seus restos carbonizados. Ficarão de longe, aterrorizados com seu tormento, e clamarão: “Que terrível, que terrível, ó Babilônia, grande cidade! Num só instante, o julgamento caiu sobre você!”. Os comerciantes da terra chorarão e lamentarão por ela, pois não restou ninguém para comprar suas mercadorias. Ela comprava grandes quantidades de ouro, prata, joias e pérolas; linho fino, púrpura, seda e tecido vermelho; produtos feitos de perfumada madeira de cedro, de marfim e de madeira preciosa; bronze, ferro e mármore. Também comprava canela, especiarias, incenso, mirra, bálsamo, vinho, azeite de oliva, farinha fina, trigo, gado, ovelhas, cavalos, carroças, escravos e vidas humanas. “Acabaram as coisas extravagantes de que você tanto gostava”, dizem eles. “Todo o seu luxo e esplendor se foram para sempre, e nunca mais serão seus.” Os comerciantes que enriqueceram vendendo-lhe essas coisas ficarão de longe, aterrorizados com seu tormento. Chorarão e clamarão: “Que terrível, que terrível para essa grande cidade! Ela se vestia da mais fina púrpura e de linho vermelho, adornada com ouro, pedras preciosas e pérolas! Num só instante, toda a sua riqueza se foi!”. E todos os capitães dos navios mercantes, e também seus passageiros, marinheiros e tripulantes, ficarão de longe. Quando virem subir a fumaça, gritarão e dirão: “Onde há outra cidade tão grande como essa?”. Chorarão, jogarão pó sobre a cabeça e clamarão: “Que terrível, que terrível para essa grande cidade! Os donos dos navios se enriqueceram, transportando pelos mares sua imensa riqueza. Num só instante, tudo se foi!”. Alegrem-se com o destino dela, ó céus, ó povo santo, apóstolos e profetas! Porque finalmente Deus a julgou, por causa de vocês. Então um anjo poderoso levantou uma pedra enorme, do tamanho de uma grande pedra de moinho, a lançou no mar e gritou: “Assim, Babilônia, a grande cidade, será derrubada com violência e nunca mais será encontrada! Nunca mais se ouvirá em seu meio o som de harpas, cantores, flautas e trombetas. Nunca mais se achará em seu meio qualquer artífice em algum ofício. Nunca mais se ouvirá em seu meio o som do moinho. Nunca mais brilhará em seu meio a luz da lâmpada. Nunca mais se ouvirão em seu meio as vozes alegres de noivas e noivos. Pois seus comerciantes eram os poderosos do mundo, e suas feitiçarias enganavam nações. Em suas ruas corria o sangue de profetas e do povo santo, e o sangue dos que no mundo inteiro foram mortos”. Depois disso, ouvi algo semelhante ao som de uma grande multidão clamando: “Aleluia! Salvação, glória e poder pertencem a nosso Deus. Seus julgamentos são verdadeiros e justos. Ele castigou a grande prostituta, que corrompia a terra com sua imoralidade, e vingou o assassinato de seus servos”. E, mais uma vez, as vozes ressoaram: “Aleluia! A fumaça dessa cidade sobe para todo o sempre!”. Então os 24 anciãos e os quatro seres vivos se prostraram e adoraram a Deus, que estava sentado no trono. Disseram: “Amém! Aleluia!”. E do trono veio uma voz que dizia: “Louvem nosso Deus, todos os seus servos, todos os que o temem, pequenos e grandes”. Em seguida, ouvi outra vez algo semelhante ao som do clamor de uma grande multidão, como o som de fortes ondas do mar, como o som de violentos trovões: “Aleluia! Porque o Senhor, nosso Deus, o Todo-poderoso, reina. Alegremo-nos, exultemos e a ele demos glória, pois chegou a hora do casamento do Cordeiro, e sua noiva já se preparou. Ela recebeu um vestido do linho mais fino, puro e branco”. Porque o linho fino representa os atos justos do povo santo. E o anjo me disse: “Escreva isto: Felizes os que são convidados para o banquete de casamento do Cordeiro”. E acrescentou: “Essas são as palavras verdadeiras de Deus”. Então caí aos pés do anjo para adorá-lo, mas ele me disse: “Não faça isso! Sou um servo, como você e seus irmãos que dão testemunho de sua fé em Jesus. Adore somente a Deus, pois o testemunho a respeito de Jesus é a essência da mensagem revelada aos profetas”. Vi o céu aberto, e surgiu um cavalo branco. Seu cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro, pois julga e guerreia com justiça. Seus olhos eram como chamas de fogo, e em sua cabeça havia muitas coroas. Nele estava escrito um nome que ninguém conhece, a não ser ele mesmo. Vestia um manto encharcado de sangue, e seu nome era a Palavra de Deus. Os exércitos do céu, vestidos do linho mais fino, puro e branco, seguiam-no em cavalos brancos. De sua boca saía uma espada afiada para ferir as nações. Ele as governará com cetro de ferro e esmagará as uvas no tanque de prensar da furiosa ira de Deus, o Todo-poderoso. Em seu manto, na altura da coxa, estava escrito o nome: Rei dos reis e Senhor dos senhores. Então vi um anjo em pé no sol. Gritava para as aves que voavam no ponto mais alto do céu: “Venham! Reúnam-se para o grande banquete que Deus preparou! Venham e comam a carne dos reis, dos generais e dos fortes guerreiros; dos cavalos e de seus cavaleiros; de toda a humanidade, escravos e livres, pequenos e grandes”. Depois vi a besta e os reis da terra e seus exércitos reunidos para lutarem contra aquele que montava no cavalo e contra seu exército. Mas a besta foi presa e, com ela, o falso profeta que fazia sinais em seu nome, sinais que enganaram todos que haviam recebido a marca da besta e adoravam sua estátua. Tanto a besta como seu falso profeta foram lançados vivos no lago de fogo que arde com enxofre. Todo o seu exército foi morto com a espada afiada que saía da boca daquele que montava no cavalo branco. E todas as aves se fartaram com a carne dos cadáveres. Então vi um anjo descer do céu trazendo na mão a chave do abismo e uma grande corrente. Ele prendeu o dragão, a antiga serpente que é o diabo, Satanás, e o acorrentou por mil anos. O anjo o lançou no abismo, o fechou e pôs um lacre na porta, de modo que ele não pudesse mais enganar as nações até que terminassem os mil anos. Depois disso, é necessário que ele seja solto por um pouco de tempo. Vi tronos, e os que estavam sentados neles haviam recebido autoridade para julgar. Vi também as almas daqueles que haviam sido decapitados por testemunharem a respeito de Jesus e por proclamarem a palavra de Deus. Não tinham adorado a besta nem sua estátua, nem aceitado sua marca na testa ou nas mãos. Eles ressuscitaram e reinaram com Cristo por mil anos. Esta é a primeira ressurreição. (O restante dos mortos só voltou à vida depois que terminaram os mil anos.) Felizes e santos são aqueles que participam da primeira ressurreição. A segunda morte não tem poder algum sobre eles, pois serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele por mil anos. Quando terminarem os mil anos, Satanás será solto da prisão e sairá para enganar as nações, Gogue e Magogue, em todas as extremidades da terra. Ele as reunirá para a batalha, um exército poderoso, incontável como a areia da praia. Subiram pela vasta planície da terra e cercaram o acampamento do povo santo e a cidade amada. Mas fogo desceu do céu e os consumiu. O diabo, que os havia enganado, foi lançado no lago de fogo que arde com enxofre, onde já estavam a besta e o falso profeta. Ali serão atormentados dia e noite, para todo o sempre. Vi um grande trono e aquele que estava sentado nele. A terra e o céu fugiram de sua presença, mas não encontraram lugar para se esconder. Vi os mortos, pequenos e grandes, em pé diante do trono de Deus. E foram abertos os livros, incluindo o Livro da Vida. Os mortos foram julgados segundo o que haviam feito, conforme o que estava registrado nos livros. O mar entregou seus mortos, e a morte e o mundo dos mortos também entregaram seus mortos. E todos foram julgados de acordo com seus atos. Então a morte e o mundo dos mortos foram lançados no lago de fogo. Esse lago de fogo é a segunda morte. E quem não tinha o nome registrado no Livro da Vida foi lançado no lago de fogo. Então vi um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra já não existiam, e o mar também não mais existia. E vi a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, como uma noiva belamente vestida para seu marido. Ouvi uma forte voz que vinha do trono e dizia: “Vejam, o tabernáculo de Deus está no meio de seu povo! Deus habitará com eles, e eles serão seu povo. O próprio Deus estará com eles. Ele lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor. Todas essas coisas passaram para sempre”. E aquele que estava sentado no trono disse: “Vejam, faço novas todas as coisas!”. Em seguida, disse: “Escreva isto, pois o que lhe digo é digno de confiança e verdadeiro”. E disse ainda: “Está terminado! Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. A quem tiver sede, darei de beber gratuitamente das fontes da água da vida. O vitorioso herdará todas essas bênçãos, e eu serei seu Deus, e ele será meu filho. “Mas os covardes, os incrédulos, os corruptos, os assassinos, os sexualmente impuros, os que praticam feitiçaria, os adoradores de ídolos e todos os mentirosos estão destinados ao lago de fogo que arde com enxofre. Esta é a segunda morte”. Então um dos sete anjos que seguravam as sete taças com as últimas sete pragas se aproximou e me disse: “Venha comigo, e eu lhe mostrarei a noiva, a esposa do Cordeiro”. Ele me levou no Espírito até um grande e alto monte e me mostrou a cidade santa, Jerusalém, que descia do céu da parte de Deus. Brilhava com a glória de Deus e cintilava como uma pedra preciosa, como jaspe, transparente como cristal. O muro da cidade era grande e alto, com doze portas guardadas por doze anjos, e nelas estavam escritos os nomes das doze tribos de Israel. Havia três portas de cada lado: leste, norte, sul e oeste. O muro da cidade tinha doze pedras de alicerce, e nelas estavam escritos os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro. O anjo que falava comigo tinha na mão uma vara de ouro para medir a cidade, suas portas e seu muro. A cidade tinha o formato de um quadrado, de comprimento e largura iguais. De fato, tinha 2.200 quilômetros de comprimento, de largura e de altura. Então ele mediu o muro e descobriu que tinha quase 65 metros de espessura (de acordo com a medida humana usada pelo anjo). O muro era feito de jaspe, e a cidade era de ouro puro, transparente como vidro. O muro da cidade era construído sobre alicerces ornamentados com doze pedras preciosas: a primeira com jaspe, a segunda com safira, a terceira com ágata, a quarta com esmeralda, a quinta com ônix, a sexta com cornalina, a sétima com crisólito, a oitava com berilo, a nona com topázio, a décima com crisópraso, a décima primeira com jacinto, e a décima segunda com ametista. As doze portas eram feitas de pérolas, cada porta de uma única pérola. E a rua principal era de ouro puro, transparente como vidro. Não vi templo algum na cidade, pois o Senhor Deus, o Todo-poderoso, e o Cordeiro são seu templo. A cidade não precisa de sol nem de lua, pois a glória de Deus a ilumina, e o Cordeiro é sua lâmpada. As nações andarão em sua luz, e os reis, em toda a sua glória, entrarão na cidade. Suas portas nunca se fecharão, pois ali não haverá noite. E todas as nações trarão sua glória e honra à cidade. Nenhum mal terá permissão de entrar, nem pessoa alguma que pratique o que é vergonhoso ou enganoso, mas somente aqueles cujos nomes estão escritos no Livro da Vida do Cordeiro. Então o anjo me mostrou o rio da água da vida, transparente como cristal, que fluía do trono de Deus e do Cordeiro e passava no meio da rua principal. De cada lado do rio estava a árvore da vida, que produz doze colheitas de frutos por ano, uma em cada mês, e cujas folhas servem como remédio para curar as nações. Não haverá mais maldição sobre coisa alguma, porque o trono de Deus e do Cordeiro estará ali, e seus servos o adorarão. Verão seu rosto, e seu nome estará escrito na testa de cada um. E não haverá noite; não será necessária a luz da lâmpada nem a luz do sol, pois o Senhor Deus brilhará sobre eles. E reinarão para todo o sempre. Então o anjo me disse: “Tudo que você ouviu e viu é digno de confiança e verdadeiro. O Senhor, o Deus dos espíritos dos profetas, enviou seu anjo para dizer a seus servos o que acontecerá em breve”. “Vejam, eu venho em breve! Felizes aqueles que obedecem às palavras da profecia registrada neste livro.” Eu, João, sou aquele que ouviu e viu todas essas coisas. E, quando as ouvi e vi, caí aos pés do anjo que as mostrou a mim, a fim de adorá-lo. Mas ele disse: “Não faça isso! Sou um servo, como você e seus irmãos, os profetas, e como todos os que obedecem ao que está escrito neste livro. Adore somente a Deus!”. Em seguida, disse: “Não lacre com um selo as palavras proféticas deste livro, porque o tempo está próximo. Que o mau continue a praticar a maldade; que o impuro continue a ser impuro; que o justo continue a viver de forma justa; que o santo continue a ser santo”. “Vejam, eu venho em breve e trago comigo a recompensa para retribuir a cada um de acordo com seus atos. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim.” Felizes aqueles que lavam suas vestes. A eles será permitido entrar pelas portas da cidade e comer do fruto da árvore da vida. Do lado de fora da cidade ficam os cães: os feiticeiros, os sexualmente impuros, os assassinos, os adoradores de ídolos e todos que gostam de praticar a mentira. “Eu, Jesus, enviei meu anjo a fim de lhes dar esta mensagem para as igrejas. Eu sou a origem de Davi e o herdeiro de seu trono. Sou a brilhante estrela da manhã.” O Espírito e a noiva dizem: “Vem!”. Que todo aquele que ouve diga: “Vem!”. Quem tiver sede, venha. Quem quiser, beba de graça da água da vida. Declaro solenemente a todos que ouvem as palavras da profecia registrada neste livro: Se alguém acrescentar algo ao que está escrito aqui, Deus acrescentará a essa pessoa as pragas descritas neste livro. E, se alguém retirar qualquer uma das palavras deste livro de profecia, Deus lhe retirará a participação na árvore da vida e na cidade santa descritas neste livro. Aquele que é testemunha fiel de todas essas coisas diz: “Sim, venho em breve!”. Amém! Vem, Senhor Jesus! Que a graça do Senhor Jesus esteja com todos.