Esta é a lista dos antepassados de Jesus Cristo, descendente de Davi, que era descendente de Abraão. Abraão foi pai de Isaque; Isaque, pai de Jacó; Jacó, pai de Judá e de seus irmãos; Judá, pai de Peres e de Zera. (A mãe deles foi Tamar.) Peres foi pai de Esrom; Esrom, pai de Arão; Arão, pai de Aminadabe; Aminadabe, pai de Nasom; Nasom, pai de Salmom; Salmom, pai de Boaz. (A mãe de Boaz foi Raabe.) Boaz foi pai de Obede. (A mãe de Obede foi Rute.) Obede foi pai de Jessé; Jessé, pai do rei Davi; Davi, pai de Salomão. (A mãe de Salomão tinha sido esposa de Urias.) Salomão foi pai de Roboão; Roboão, pai de Abias; Abias, pai de Asa; Asa, pai de Josafá; Josafá, pai de Jorão; Jorão, pai de Uzias; Uzias, pai de Jotão; Jotão, pai de Acaz; Acaz, pai de Ezequias; Ezequias, pai de Manassés; Manassés, pai de Amom; Amom, pai de Josias; Josias, pai de Jeconias e dos seus irmãos. (Nessa época o povo de Israel foi levado prisioneiro para a Babilônia). Depois do povo ter sido levado para a Babilônia, Jeconias foi pai de Salatiel; Salatiel, pai de Zorobabel; Zorobabel, pai de Abiúde; Abiúde, pai de Eliaquim; Eliaquim, pai de Azor; Azor, pai de Sadoque; Sadoque, pai de Aquim; Aquim, pai de Eliúde; Eliúde, pai de Eleazar; Eleazar, pai de Matã; Matã, pai de Jacó; Jacó, pai de José. José foi marido de Maria, e Maria foi a mãe de Jesus, chamado Cristo. Quatorze, portanto, é o número de gerações que separa Abraão de Davi. Quatorze, também, é o número de gerações que separa Davi do tempo em que o povo de Israel foi levado prisioneiro para a Babilônia. Quatorze, ainda, é o número de gerações que vai desde o cativeiro de Israel na Babilônia até o nascimento de Cristo. O nascimento de Jesus Cristo aconteceu assim: Maria, sua mãe, ia se casar com José. Antes de se casar, porém, Maria ficou grávida pelo poder do Espírito Santo. José, seu futuro marido, resolveu romper o contrato de casamento sem dizer nada a ninguém, pois era um homem bom e não queria humilhar Maria. Enquanto José estava pensando nisso, um anjo do Senhor lhe apareceu em sonho e disse: —José, filho de Davi. Não tenha medo de receber Maria como esposa. É pelo poder do Espírito Santo que ela está grávida. Ela terá um filho e você lhe dará o nome de Jesus, pois Ele irá salvar o seu povo dos pecados deles. Tudo isto aconteceu para se cumprir o que o Senhor tinha dito pelo profeta: “Olhem, a virgem vai ficar grávida e vai ter um filho, ao qual será dado o nome Emanuel”. (Emanuel quer dizer “Deus está conosco”.) Quando José acordou, fez o que o anjo do Senhor havia mandado. Ele recebeu Maria como esposa, mas não tiveram nenhuma relação sexual até que o menino nascesse. E quando o menino nasceu, José lhe deu o nome de Jesus. Jesus nasceu em Belém, na província da Judéia, no tempo em que Herodes era o rei. Nessa mesma época, alguns homens sábios, vindos do Oriente, chegaram a Jerusalém. Os sábios perguntaram: —Onde está o menino que nasceu para ser o rei dos judeus? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo. Quando o rei Herodes soube disso, ficou muito perturbado e todo o povo de Jerusalém também. Ele, então, mandou reunir todos os líderes dos sacerdotes e professores da lei, e lhes perguntava onde deveria nascer o Cristo. Eles responderam: —Em Belém, na província da Judéia, pois foi isto que o profeta escreveu: “E você, Belém, da terra de Judá, de maneira nenhuma é a menor entre as principais cidades da Judéia. De você virá o líder que será o pastor do meu povo Israel”. Herodes, então, chamando os sábios em particular, descobriu o momento exato em que a estrela havia aparecido. Depois, enviando-os para Belém, disse-lhes: —Vão e procurem o menino com todo o cuidado e, quando o encontrarem, venham me dizer, para que eu também possa ir adorá-lo. Os sábios ouviram as palavras do rei e depois partiram para Belém. A estrela que eles tinham visto no Oriente foi adiante deles até que, chegando, parou sobre o lugar onde o menino estava. Quando viram a estrela, os sábios sentiram grande e intensa alegria. Eles entraram na casa e viram o menino com Maria, sua mãe. Então, ajoelhando-se, o adoraram. Depois, abriram as caixas que levavam e lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra. Deus os avisou em sonho que não voltassem para onde Herodes estava e eles voltaram para sua terra por outro caminho. Depois dos sábios terem ido embora, um anjo do Senhor apareceu a José num sonho e disse-lhe: —Levante-se! Pegue o menino e sua mãe e fuja para o Egito. Fique lá até eu lhe dizer que você pode voltar. Faça isso, pois Herodes vai procurar o menino para matá-lo. José se levantou, pegou o menino e sua mãe e partiu para o Egito durante a noite. Eles ficaram no Egito até a morte de Herodes. Isto aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor havia dito pelo profeta. “Eu chamei o meu Filho, e Ele veio da terra do Egito”. Quando Herodes percebeu que os sábios o tinham enganado, ficou furioso. Depois de calcular o tempo, de acordo com os dados fornecidos pelos sábios, mandou matar todos os meninos com menos de dois anos de idade que vivessem tanto em Belém como nos arredores. Isso aconteceu para que se cumprissem as palavras ditas por Deus por meio do profeta Jeremias: “Um som foi ouvido em Ramá, e esse som mostrava um choro sentido e uma grande tristeza. Era Raquel que chorava por seus filhos, não querendo ser consolada, pois eles já não existem”. Depois da morte de Herodes, um anjo do Senhor apareceu a José no Egito, durante um sonho, e disse: —Levante-se! Pegue o menino e sua mãe e leve-os para Israel, pois as pessoas que queriam matar o menino já morreram. José, então, se levantou, pegou o menino e a sua mãe e os levou para Israel. Mas quando soube que Arquelau reinava na Judéia no lugar do seu pai Herodes, teve medo de ir para lá. Entretanto, depois de ter sido avisado por Deus em sonho, partiu dali para a Galiléia. Eles foram morar numa cidade chamada Nazaré, para que assim se cumprisse o que Deus havia dito por meio dos profetas: “Ele será chamado nazareno”. Naquele tempo, João Batista apareceu e começou a proclamar no deserto da Judéia, dizendo: —Arrependam-se, pois o reino do céu está próximo. Era a João Batista que o profeta Isaías estava se referindo quando disse: “Uma voz clama no deserto: Preparem o caminho para o Senhor, e abram estradas retas para Ele passar”. João usava roupas feitas de pêlo de camelo e um cinto de couro amarrado na cintura e se alimentava com gafanhotos e mel silvestre. Muita gente ia ouvir a mensagem de João; eram pessoas vindas de Jerusalém, de toda a província da Judéia e também de toda a região das redondezas do rio Jordão. Elas confessavam os seus pecados e eram batizadas por João Batista no rio Jordão. Quando João viu que muitos dos fariseus e saduceus estavam se aproximando para serem batizados por ele, disse-lhes: —Raça de cobras venenosas! Quem os avisou para escaparem do castigo que Deus vai mandar? Façam coisas que mostrem que vocês se arrependeram. Não comecem a dizer entre vocês mesmos: “Abraão é nosso pai”. Pois eu lhes digo que até destas pedras Deus é capaz de fazer descendentes de Abraão. O machado está pronto para cortar as árvores pela raiz. Toda árvore que não produz bom fruto será cortada e jogada no fogo. —Eu os batizo em água para arrependimento. Mas aquele que vem depois de mim os batizará com o Espírito Santo e com fogo. Ele é muito mais poderoso do que eu e eu não sou digno nem de lhe tirar as sandálias. Ele tem uma pá nas mãos e com ela vai separar o trigo da palha. O trigo será juntado em seu depósito, mas a palha será queimada com um fogo que nunca se apaga. Naquela mesma época Jesus viajou da Galiléia para o rio Jordão e foi ao encontro de João Batista, pois queria que ele o batizasse. João, porém, queria impedi-lo, pois dizia: —Eu é que devo ser batizado pelo senhor e é o senhor que vem a mim pedindo que eu o batize? Jesus, entretanto, respondeu: —Deixe as coisas como estão por agora. Devemos fazer tudo o que é exigido por Deus. Então, depois de ouvir isto, João concordou em batizar Jesus. Jesus foi batizado e, assim que se levantou da água, viu o céu se abrir e o Espírito de Deus descer sobre Ele na forma de uma pomba. E uma voz vinda do céu disse: —Este é o meu Filho querido. Ele me dá muita alegria! Então, Jesus foi levado pelo Espírito para o deserto, a fim de ser tentado pelo Diabo. Depois de não comer nada durante quarenta dias e quarenta noites, Jesus teve fome. O tentador aproximou-se, então, dele e disse: —Se você é mesmo o Filho de Deus, mande estas pedras se transformarem em pão. Jesus, porém, respondeu: —As Escrituras dizem: “Nem só de pão vive o homem; mas de toda a palavra que procede de Deus”. O Diabo levando-o depois para a cidade santa de Jerusalém, colocou-o sobre o ponto mais alto do templo e lhe disse: —Se você é mesmo o Filho de Deus, atire-se daqui para baixo, pois as Escrituras dizem: “Deus dará ordens aos seus anjos para que cuidem de você. Eles vão segurá-lo com suas mãos para que nem os seus pés se machuquem nas pedras”. Jesus, porém, respondeu: —Mas as Escrituras também dizem: “Não ponha o Senhor seu Deus à prova”. A seguir o Diabo o tentou novamente, levando-o para um lugar muito alto. Ele lhe mostrou todos os reinos do mundo e toda a glória que eles tinham. Depois, disse: —Eu lhe darei todas estas coisas se você se ajoelhar diante de mim e me adorar. Jesus lhe disse: —Vá embora daqui, Satanás! As Escrituras dizem: “Adore ao Senhor seu Deus, e sirva somente a Ele”. Depois disto, o Diabo o deixou e os anjos vieram e o serviram. Quando Jesus ouviu dizer que João tinha sido preso, voltou para a Galiléia, mas não permaneceu em Nazaré. Ele foi viver em Cafarnaum, cidade próxima do lago da Galiléia, na região de Zebulom e Naftali. Isto aconteceu para que se cumprisse o que tinha sido dito por Deus por meio do profeta Isaías: “Terra de Zebulom e de Naftali! Caminho para o Mar Mediterrâneo e lado ocidental do rio Jordão! Galiléia dos que não são judeus! O povo que vive na escuridão verá uma grande luz, e até os que vivem nas regiões sombrias da morte serão iluminados por esta luz”. Daí em diante, Jesus começou a proclamar a mensagem, dizendo: —Arrependam-se, pois o reino do céu está próximo. Jesus estava andando na beira do lago da Galiléia quando viu dois irmãos: Simão, também conhecido como Pedro, e André. Eles eram pescadores e estavam jogando suas redes no lago quando Jesus lhes disse: —Sigam-me e eu os ensinarei a serem pescadores de pessoas. E, imediatamente, eles deixaram as suas redes e o seguiram. Jesus continuou caminhando e encontrou outros dois irmãos, Tiago e João, filhos de Zebedeu. Eles estavam no barco com seu pai, consertando as suas redes. Jesus os chamou e eles, imediatamente, deixaram seu pai e o barco e o seguiram. Jesus viajou por toda a província da Galiléia, ensinando nas sinagogas, proclamando as Boas Novas do reino de Deus e curando todo tipo de doença e de enfermidade entre o povo. A fama de Jesus se espalhou por toda a região da Síria e o povo levou a Ele todos os doentes que sofriam de vários tipos de doenças e males. Ele curou a todos: os que tinham dores, os que estavam possuídos por demônios, os epiléticos e os paralíticos. Muitas pessoas o seguiam—gente vinda da Galiléia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judéia e também de toda a região situada do outro lado do rio Jordão. Quando Jesus viu a grande multidão, subiu para o alto de um monte e se sentou. Os seus discípulos se aproximaram e Ele começou a ensiná-los, dizendo: —Felizes os que reconhecem que precisam de Deus, pois o reino do céu é deles. Felizes os que choram, pois Deus os consolará. Felizes os humildes, pois eles herdarão a terra que Deus prometeu. Felizes os que têm fome e sede de justiça, pois ficarão completamente satisfeitos. Felizes os que têm misericórdia dos outros, pois receberão misericórdia. Felizes os que têm coração puro, pois verão a Deus. Felizes os que fazem a paz, pois serão chamados “filhos de Deus”. Felizes aqueles que são perseguidos por fazerem a vontade de Deus, pois a eles pertence o reino do céu. —Felizes serão vocês quando forem insultados, perseguidos e mesmo quando receberem todo tipo de calúnias pelo fato de me seguirem. Alegrem-se e fiquem realmente muito felizes, pois grande é a recompensa que receberão no céu. Foi desta mesma maneira que os profetas que viveram antes de vocês também foram perseguidos. —Vocês são o sal da terra! Se o sal, porém, perde o seu sabor, como poderá voltar a ser salgado? Ele não presta para mais nada! É jogado fora e pisado pelos que passam! —Vocês são a luz do mundo! Uma cidade situada no alto de uma montanha não pode ser escondida. Da mesma forma, ninguém acende um lampião para colocá-lo debaixo de um vaso, mas sim para colocá-lo em cima da mesa, para que possa iluminar a todos os que estão na casa. Que a luz de vocês brilhe diante das pessoas de tal forma que, ao verem as boas obras de vocês, elas dêem glória ao Pai que está no céu. —Não pensem que eu vim para acabar com a lei de Moisés ou com o ensino dos profetas. Não vim destruí-los, e sim dar o verdadeiro significado deles. Digo a verdade a vocês: Enquanto o céu e a terra durarem, nem uma letra ou mesmo um único acento desaparecerá da lei até que todas as coisas aconteçam. Portanto, quem desobedecer o menor dos mandamentos e ensinar outras pessoas a fazerem o mesmo, será considerado o menor no reino do céu. Por outro lado, quem obedecer os mandamentos e ensiná-los a outras pessoas será considerado o maior no reino do céu. Digo a verdade a vocês: A não ser que excedam os professores da lei e os fariseus em fazer o que Deus quer, jamais entrarão no reino do céu. —Vocês ouviram que aos nossos antepassados foi dito isto: “Não mate” e “Quem matar alguém será levado a julgamento”. Mas eu lhes digo: Qualquer um que ficar com raiva de uma outra pessoa será levado para julgamento. Qualquer que insultar uma outra pessoa será levado ao Conselho Superior. Quem chamar uma outra pessoa de “tolo” merece ser jogado no fogo do inferno. —Portanto, se você for até o altar para dar a sua oferta e se lembrar ali de que alguém tem alguma coisa contra você, deixe a sua oferta lá mesmo, diante do altar. Primeiro vá e faça as pazes com aquela pessoa; depois volte e dê a sua oferta. —Entre em acordo sem demora com o seu adversário, enquanto você estiver a caminho com ele. Caso contrário, ele o entregará ao juiz, o juiz o entregará aos guardas e você será colocado na prisão. Digo a verdade a você: Não sairá de lá até que pague tudo o que deve. —Vocês ouviram o que foi dito: “Não cometa adultério”. Eu, porém, lhes digo que todo aquele que olhar para uma mulher desejando possuí-la, já cometeu adultério em seu coração. Portanto, se o seu olho direito faz com que você peque, arranque-o e jogue-o fora, pois é melhor que uma parte do seu corpo seja destruída do que todo o seu corpo seja atirado no inferno. Da mesma forma, se a sua mão direita faz com que você peque, corte-a e jogue-a fora, pois é melhor que uma parte do seu corpo seja destruída do que todo o seu corpo ir para o inferno. —E também foi dito: “Se alguém se separar de sua esposa deve dar-lhe carta de divórcio”. Eu, porém, lhes digo que qualquer um que se divorciar de sua esposa sem que ela seja culpada de imoralidade sexual, faz com que ela cometa adultério e quem se casar com ela também comete adultério. —Vocês também ouviram o que foi dito aos nossos antepassados: “Não quebre um juramento, mas cumpra o que você jurou ao Senhor que ia fazer”. Eu, porém, lhes digo: Não jurem por nada. Não jurem pelo céu, pois é o trono de Deus; nem pela terra, pois é onde Deus coloca os seus pés; nem por Jerusalém, que é a cidade do grande Rei. Não jurem nem por suas próprias cabeças, pois vocês não são capazes de tornar um só fio de cabelo branco ou preto. Vocês devem dizer somente “sim” ou “não”. O que passar disso vem do Diabo. —Vocês também ouviram: “Olho por olho e dente por dente”. Eu, porém, lhes digo: Não se oponha aos perversos. Mas, ao contrário, se alguém lhe bater na face direita, vire-lhe também a esquerda. Se alguém quiser processar você a fim de lhe tomar a capa, deixe que leve também a túnica. Se alguém lhe obrigar a carregar uma carga por um quilômetro, leve-a por dois quilômetros. Dê a quem lhe pedir alguma coisa e não vire as costas a quem lhe pedir emprestado. —Vocês também ouviram que foi dito: “Ame o seu próximo e odeie os seus inimigos”. Eu, porém, lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que perseguem a vocês. Dessa forma o Pai que está no céu os considerará seus filhos, pois Ele faz com que o seu Sol brilhe tanto para os bons como para os maus e manda suas chuvas tanto para os justos como para os injustos. Se vocês amarem somente às pessoas que amam a vocês, o que é que vocês ganham? Até mesmo os cobradores de impostos fazem isto! E se cumprimentarem somente aos seus irmãos, o que fazem de mais? Até mesmo os que não crêem em Deus fazem isso. Portanto, sejam perfeitos assim como o Pai de vocês, que está nos céus, também o é. —Tenham cuidado! Não pratiquem boas obras em público somente para serem vistos pelos outros. Se vocês fizerem assim, não receberão nenhuma recompensa do Pai que está no céu. Quando você der alguma coisa a um pobre, não espalhe para todo mundo o que fez. Os hipócritas é que fazem isso nas sinagogas e nas ruas, a fim de receberem elogios das pessoas. Digo a verdade a vocês: Eles já receberam a recompensa que mereciam. Você, entretanto, quando der alguma coisa aos pobres, não deixe nem que a sua mão esquerda fique sabendo o que a sua mão direita fez. Assim a sua esmola vai ficar em segredo; e o seu Pai que vê tudo o que é feito em segredo lhe dará a recompensa. —E quando vocês orarem, não façam como os hipócritas, que gostam de orar de pé nas sinagogas e nas esquinas para poderem ser vistos pelo povo. Digo a verdade a vocês: Eles já receberam a recompensa que mereciam. Você, entretanto, quando orar, vá para o quarto, feche a porta e ore ao seu Pai, que não pode ser visto. E seu Pai, que vê o que você faz em segredo, lhe dará a recompensa. —Quando vocês orarem, não repitam palavras que não significam nada, como os pagãos; pois eles pensam que por causa das suas muitas palavras Deus os ouvirá. Portanto, não sejam como eles, pois o Pai de vocês sabe o que vocês precisam antes mesmo de vocês pedirem. Quando vocês orarem, orem assim: “Pai nosso que está no céu. Que todos reconheçam que o seu nome é santo. Que o seu reino venha a nós. Que a sua vontade seja feita aqui na terra como no céu. Dê-nos hoje o pão nosso de cada dia. Perdoe os nossos pecados assim como nós perdoamos aos que nos fazem mal. Não nos deixe cair em tentação, mas livre-nos do mal”. Pois se vocês perdoarem as ofensas que as outras pessoas lhes fazem, o Pai de vocês que está no céu também lhes perdoará. Se, entretanto, não perdoarem as ofensas dos outros, o Pai de vocês também não lhes perdoará as suas ofensas. —Quando vocês jejuarem, não façam cara de doente como os hipócritas, que mudam o aspecto de seus rostos para que todos saibam que estão jejuando. Digo a verdade a vocês: Eles já receberam a recompensa que mereciam. Quando você jejuar, entretanto, penteie o cabelo e lave o rosto para que ninguém fique sabendo que está jejuando. O seu Pai, a quem você não pode ver, verá que você está jejuando. E esse mesmo Pai, que vê tudo o que é feito em segredo, lhe dará a recompensa. —Não ajuntem riquezas neste mundo, onde a traça e a ferrugem as destruirão e onde os ladrões arrombam e as roubam. Ao invés disso, ajuntem riquezas no céu, onde nem a traça nem a ferrugem as destruirão e nem os ladrões arrombam e as roubam. Lembrem-se disto: Onde estiver o seu tesouro, lá também estará o seu coração. —Os olhos são a fonte de luz para o corpo. Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo estará cheio de luz. Se, porém, os seus olhos forem maus, todo o seu corpo estará na escuridão. Portanto, se a luz que há em vocês não passa de escuridão, então a escuridão que há em vocês é enorme. —Ninguém pode servir a dois senhores, pois ou odiará a um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao mesmo tempo servir às riquezas. Por isso eu lhes digo: Não se preocupem com a comida ou com a bebida que precisam para viver ou mesmo com as roupas que precisam para se vestir. Pois a vida é mais importante do que comida e o corpo é mais importante do que roupas. Reparem nos pássaros do céu; eles não plantam nem colhem, nem juntam em celeiros. No entanto, o Pai de vocês que está no céu lhes dá o que comer. Será que vocês não valem mais do que eles? Qual de vocês, por mais que se preocupe, pode adicionar uma hora à sua vida? E por que se preocupam por causa de roupas? Reparem nas flores do campo; elas não trabalham nem fazem roupas para si mesmas. Contudo eu lhes digo que nem mesmo o rei Salomão, com toda a sua riqueza, se vestiu como uma delas! Se Deus veste dessa maneira as plantas do campo, que hoje estão aqui e amanhã são jogadas no fogo, quanto mais Ele vestirá vocês, gente de pouca fé? —Portanto, não fiquem preocupados, dizendo: “O que iremos comer?” ou “O que iremos beber?” ou ainda “Com o que iremos nos vestir?” Os pagãos é que estão sempre procurando todas essas coisas. Mas o Pai de vocês que está no céu sabe que vocês precisam delas. Portanto, ponham em primeiro lugar em suas vidas o reino de Deus e aquilo que Deus quer e Ele lhes dará todas estas outras coisas. Não se preocupem com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã trará suas próprias preocupações. Para cada dia bastam os seus próprios problemas. —Não julguem os outros para que vocês também não sejam julgados. Pois da mesma maneira como vocês julgam os outros, também serão julgados e a medida que usarem para outros, essa será a mesma medida que Deus usará para vocês. —Por que você olha o cisco que está no olho do seu irmão e não vê o tronco que está no seu próprio olho? Como é que pode dizer ao seu irmão: “Deixe-me tirar o cisco do seu olho” quando você mesmo tem um tronco no seu próprio olho? Hipócrita! Tire primeiro o tronco que está no seu olho e então verá muito melhor para tirar o cisco do olho do seu irmão. —Não dêem as coisas sagradas aos cães nem atirem as suas pérolas aos porcos, pois os porcos pisarão nas pérolas e os cães se virarão e atacarão a vocês. —Peçam e lhes será dado; procurem e vocês acharão; batam e a porta lhes será aberta. Pois todo aquele que pede, recebe; todo aquele que procura, acha; e a porta se abre a todo aquele que bate. —Qual de vocês dará uma pedra a um filho se este lhe pedir pão? Ou lhe dará uma cobra quando ele lhe pedir peixe? Ora, se até mesmo vocês, que são maus, sabem dar coisas boas aos seus filhos, quanto mais o Pai que está no céu dará coisas boas a quem lhe pedir! —Portanto, tratem as outras pessoas da mesma maneira que gostariam de ser tratados por elas. Este é o real significado da lei de Moisés e do ensino dos profetas. —Entrem pelo portão estreito! O portão largo e a estrada fácil de passar conduzem à perdição e muita gente anda por ela. Pois estreito é o portão e apertado o caminho que conduz para a vida e pouca gente encontra essa estrada! —Tenham cuidado com os falsos profetas! Eles se aproximam de vocês disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos selvagens. Vocês os reconhecerão pelos frutos que eles produzirem. Pode-se por acaso colher uvas dos espinheiros ou figos das plantas espinhosas? Uma árvore boa produz bons frutos e uma árvore que não presta produz frutos ruins. A árvore que é boa não produz frutos ruins, nem a árvore que não presta produz bons frutos. Toda árvore que não produz bons frutos é cortada e lançada ao fogo. Assim, pois, vocês conhecerão as pessoas pelos frutos que elas produzem. —Nem todo o que me diz: “Senhor, Senhor” entrará no reino do céu, mas somente aquele que faz a vontade de meu Pai que está no céu! Quando aquele Dia chegar, muitas pessoas me dirão: “Senhor, Senhor! Não foi em seu nome que nós profetizamos? Também não foi em seu nome que expulsamos demônios? Não foi em seu nome, ainda, que fizemos muitos milagres?” Eu, porém, lhes direi abertamente: “Eu nunca os conheci! Afastem-se de mim, seus malfeitores!” —Todo aquele que ouve estas minhas palavras e as obedece, pode ser comparado a um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha. Caíram as chuvas, vieram as enchentes e os ventos sopraram com força contra aquela casa, mas ela não desabou porque tinha sido construída sobre a rocha. Porém, todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as obedece, pode ser comparado a um homem tolo que construiu a sua casa sobre a areia. Caíram as chuvas, vieram as enchentes e os ventos sopraram com força contra aquela casa e ela desabou completamente, sendo total a sua destruição. —Quando Jesus acabou de falar essas coisas, todo o povo estava admirado com a sua maneira de ensinar, pois Ele não os ensinava como os professores da lei, mas sim como quem tem autoridade. Quando Jesus desceu do monte, uma grande multidão o seguiu. Então, um homem com lepra aproximou-se dele e, ajoelhando-se, disse: —Eu sei que, se quiser, o senhor pode curar-me. Jesus estendeu a mão, tocou nele e disse: —Eu quero; fique curado! E, no mesmo instante, a lepra desapareceu. Então Jesus lhe disse: —Olhe, não conte nada disto a ninguém, mas apresente-se ao sacerdote e mostre-lhe que você está curado. Depois, ofereça o sacrifício que Moisés mandou, para provar que está curado. Quando Jesus entrou em Cafarnaum, um oficial romano se aproximou dele e lhe implorou: —Senhor, o meu servo está em casa, de cama, sem poder se mexer e sofrendo dores horríveis. Jesus lhe disse: —Eu vou lá curá-lo. O oficial romano, então, lhe disse: —Eu não sou digno de que o senhor entre em minha casa. Dê apenas uma ordem e o meu servo ficará curado. Digo isto, pois também tenho superiores que me dão ordens e soldados a quem eu dou ordens. Eu digo a um “Vá” e ele vai; e a outro: “Venha” e ele vem. Da mesma forma digo ao meu servo: “Faça isto” e ele faz. Quando Jesus ouviu isto, ficou admirado e disse aos que o acompanhavam: —Digo a verdade a vocês: Nem mesmo entre o povo de Israel encontrei alguém com uma fé tão grande como esta. E eu lhes digo ainda mais: Muitas pessoas virão do Oriente e do Ocidente e tomarão seus lugares à mesa no reino do céu juntamente com Abraão, com Isaque e com Jacó. E aquelas pessoas a quem esses lugares pertenciam anteriormente serão lançadas fora para a escuridão, onde irão chorar e ranger os dentes. Depois Jesus disse ao oficial: —Vá para casa. Seja feito conforme a sua fé. E nesse mesmo momento o seu servo foi curado. Jesus seguiu depois para a casa de Pedro e lá encontrou a sogra deste de cama e com muita febre. Jesus tocou na mão dela e a febre a deixou. Ela, então, levantou-se e começou a servi-lo. Naquela tarde, muitas pessoas que estavam possuídas por demônios foram levadas a Jesus que, com sua ordem, os expulsou. Jesus também curou todos os doentes. Essas coisas aconteceram para que as palavras que Deus tinha dito por meio do profeta Isaías se cumprissem: “Ele levou as nossas doenças e carregou as nossas enfermidades”. Quando Jesus viu a multidão à sua volta, mandou seus discípulos irem para o outro lado do lago. Um professor da lei se aproximou dele e disse: —Mestre, eu o seguirei aonde quer que o senhor vá. Mas Jesus respondeu: —As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde descansar. Um outro discípulo de Jesus lhe disse: —Senhor, deixe-me primeiro ir enterrar meu pai. Mas Jesus falou: —Siga-me e deixe que os mortos enterrem os seus próprios mortos. Jesus entrou num barco e os seus discípulos o acompanharam. De repente, uma grande tempestade agitou o lago e as suas ondas eram tão grandes que cobriam o barco. Entretanto, Jesus dormia. Mas os discípulos foram acordá-lo e disseram: —Salve-nos, Senhor, pois estamos prestes a morrer! Jesus, porém, lhes disse: —Por que vocês estão com tanto medo, homens de pouca fé? E, levantando-se, repreendeu o vento e o lago e tudo ficou calmo. Os discípulos ficaram muito espantados e diziam: —Que tipo de homem é este que até o vento e o lago lhe obedecem? Quando Jesus chegou ao país dos gadarenos, do outro lado do lago, dois homens que estavam possuídos por demônios foram ao seu encontro. Eles tinham saído dos túmulos e estavam tão furiosos que ninguém podia passar por aquele caminho. Os dois homens se aproximaram de Jesus e gritaram: —O que o senhor quer conosco, Filho de Deus? Veio para nos castigar antes do tempo? Não muito longe dali havia uma grande manada de porcos comendo. Os demônios a seguir imploraram a Jesus: —Se vai nos obrigar a sair destes homens, então mande-nos entrar naqueles porcos. Jesus disse-lhes: —Vão! E os demônios, saindo dos homens, entraram nos porcos. Então, todos os porcos se atiraram morro abaixo, para dentro do lago, onde se afogaram. Os homens que tomavam conta dos porcos fugiram dali e foram para a vila. Ali contaram tudo isso e o que tinha acontecido com os homens que estavam possuídos pelos demônios. Então, toda a vila foi ao encontro de Jesus e, quando o viram, imploraram que Ele fosse embora da terra deles. Jesus entrou no barco e atravessou novamente o lago, voltando para sua própria cidade. Algumas pessoas lhe trouxeram um paralítico deitado numa maca. Ao ver a fé que eles tinham, Jesus disse ao paralítico: —Coragem, meu filho! Os seus pecados estão perdoados. Alguns professores da lei ouviram aquilo e começaram a comentar entre si: —Este homem está insultando a Deus. Jesus, porém, sabia o que eles estavam pensando e disse: —Por que estão pensando essas coisas malignas? O que é mais fácil dizer ao paralítico: “Os seus pecados estão perdoados”, ou “Levante-se e ande”? Mas eu vou lhes mostrar que o Filho do Homem tem poder na terra para perdoar pecados. E então disse ao paralítico: —Levante-se, pegue a sua maca e vá para casa. E o homem que era paralítico levantou-se e foi para casa. Quando a multidão viu aquilo ficou com muito medo e deu glória a Deus por Ele ter dado tal poder aos homens. Quando Jesus estava indo embora, viu um homem sentado no lugar onde se pagavam os impostos. O nome dele era Mateus. Jesus disse a ele: —Siga-me! Então Mateus se levantou e o seguiu. Quando Jesus estava comendo na casa de Mateus, muitos cobradores de impostos e pecadores também chegaram e tomaram lugar à mesa com Ele e seus discípulos. Quando os fariseus viram aquilo, perguntaram aos discípulos de Jesus: —Por que o mestre de vocês come com cobradores de impostos e com pecadores? Jesus, ouvindo a pergunta dos fariseus, respondeu-lhes: —Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Vão e procurem entender o que quer dizer este trecho das Escrituras: “O que eu quero é bondade e não sacrifícios”. Pois eu não vim para chamar os justos, e sim os pecadores. Os discípulos de João Batista se aproximaram então de Jesus e lhe perguntaram: —Por que é que tanto nós como os fariseus jejuamos muitas vezes enquanto que os seus discípulos não jejuam? Jesus lhes respondeu: —Num casamento, os amigos do noivo não ficam tristes enquanto o noivo está com eles. Dias virão, porém, em que o noivo lhes será tirado e nesses dias eles jejuarão. —Ninguém remenda uma roupa velha com retalho de pano novo pois, se o fizer, o pano novo encolhe e rasga a roupa velha, deixando o primeiro rasgo ainda pior. Da mesma forma, ninguém coloca vinho novo em odres velhos, pois, se o fizer, os odres se arrebentarão, o vinho se derramará e os odres ficarão arruinados. Ao contrário, vinho novo é colocado em odres novos e ambos se conservam. Mal Jesus tinha acabado de dizer essas coisas, quando um chefe da sinagoga aproximou-se dele e, ajoelhando-se, disse: —Minha filha acaba de morrer; mas venha e coloque as mãos sobre ela para que ela volte à vida. Jesus, então, levantou-se e o seguiu. Os seus discípulos também foram. Enquanto caminhavam, uma mulher que há doze anos sofria de hemorragia aproximou-se por trás de Jesus e tocou na barra de sua roupa. Ela fez aquilo porque pensava: —Se eu ao menos tocar em sua roupa, ficarei curada. Jesus virou-se e, vendo a mulher, lhe disse: —Coragem, minha filha, a sua fé a curou. E desde aquele momento a mulher ficou curada. Jesus chegou à casa do chefe da sinagoga e viu algumas pessoas tocando música de enterro e o povo em alvoroço. Ao ver aquilo, Jesus disse: —Saiam todos! A menina não está morta; apenas dorme! Muitas pessoas começaram a caçoar dele por causa disso. Depois de todos terem saído, Jesus entrou no quarto da menina, pegou-a pela mão e ela se levantou. E a notícia a respeito desse fato se espalhou por toda aquela região. Jesus estava indo embora quando dois cegos o seguiram. Eles gritavam: —Tenha misericórdia de nós, Filho de Davi! Assim que Jesus entrou na casa, os cegos se aproximaram dele e Jesus lhes perguntou: —Vocês crêem que eu posso realmente curá-los? E eles responderam: —Sim, senhor! Jesus tocou nos olhos deles e disse: —Que seja feito de acordo com a sua fé. E os olhos dos cegos se abriram. Jesus, entretanto, os avisou severamente, dizendo: —Não deixem que ninguém saiba disso! Mas assim que eles saíram, espalharam as notícias a respeito de Jesus por toda aquela região. Depois de eles terem ido embora, algumas pessoas levaram um homem até Jesus. Ele era mudo, pois estava possuído por um demônio. Quando o demônio foi expulso, o homem começou a falar e toda a multidão, admirada, dizia: —Nunca se viu coisa igual a esta em Israel! Os fariseus, porém, diziam: —É o chefe dos demônios que lhe dá poder para expulsar demônios. Jesus viajava por todas as cidades e aldeias daquela região e ensinava nas suas sinagogas. Ele proclamava as Boas Novas do reino a todos e curava toda espécie de doenças e enfermidades. Quando Jesus viu a multidão, teve muita pena, pois as pessoas pareciam aflitas e desamparadas, como ovelhas que não têm pastor. Jesus, então, disse aos seus discípulos: —A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Portanto, orem ao Senhor para que Ele mande mais trabalhadores para a sua colheita, pois Ele é o dono dos campos. Jesus chamou os seus doze discípulos e lhes deu poder tanto para expulsarem demônios como para curarem toda espécie de doença e enfermidade. Estes são os nomes dos doze apóstolos: Simão, também chamado Pedro e André, seu irmão; os irmãos Tiago e João, filhos de Zebedeu; Filipe; Bartolomeu; Tomé; Mateus, o cobrador de impostos; Tiago, filho de Alfeu; Tadeu; Simão, o zelote; e Judas Iscariotes, que traiu Jesus. Jesus enviou estes doze homens com a seguinte ordem: —Não entrem em nenhuma cidade cujo povo não seja judeu, nem em nenhuma das cidades dos samaritanos. Ao invés disso, procurem as pessoas da nação de Israel, que são como ovelhas perdidas. Vão e proclamem esta mensagem: “O reino do céu está próximo!” Curem os leprosos e os outros doentes, ressuscitem os mortos e expulsem os demônios. Vocês receberam este poder de graça, portanto façam tudo isso de graça. Vocês não devem levar nenhum dinheiro—nem ouro, nem prata, nem cobre, e nem sacola de viagem. Também não devem levar nem roupas extras, nem sandálias, nem cajado. Digo isto porque todo trabalhador merece receber o seu alimento. —Quando vocês chegarem a uma cidade ou a uma vila, procurem uma pessoa de confiança e fiquem com ela até a hora de irem embora. Quando vocês entrarem numa casa, cumprimentem as pessoas. Se as pessoas da casa forem dignas, que a paz que vocês desejarem a elas ao cumprimentá-las permaneça sobre elas. Mas se não forem dignas, que a sua paz volte para vocês. Se alguma casa ou alguma cidade se recusar a recebê-los ou a ouvir o que vocês têm para dizer, então saiam de lá. E quando vocês estiverem indo embora, sacudam a poeira de suas sandálias, como uma advertência para aquela gente. Digo a verdade a vocês: No Dia do Julgamento haverá mais tolerância para com o povo das cidades de Sodoma e de Gomorra do que para com as pessoas daquela cidade. —Escutem, eu estou enviando vocês como ovelhas para o meio de lobos. Sejam, portanto, espertos como cobras e simples como pombas. Tenham cuidado com as pessoas, pois elas vão levá-los aos tribunais e vão chicoteá-los em suas sinagogas. Vocês serão levados para serem julgados diante de governadores e de reis por minha causa, e lá vocês terão oportunidade de testemunhar tanto aos judeus como também aos que não são judeus. Quando forem presos, não se preocupem nem com “o que” vocês vão falar nem com “a maneira pela qual” vocês vão falar. Quando chegar a hora certa, lhes será dito o que vocês devem falar. Lembrem-se de que não serão vocês que estarão falando, mas sim que o Espírito do Pai é que estará falando por intermédio de vocês. —Algumas pessoas entregarão seus próprios irmãos para serem mortos e outras entregarão seus próprios filhos. Filhos se voltarão contra seus pais e os matarão. Vocês serão odiados por todos por causa do meu nome, mas aquele que permanecer firme até o fim será salvo. Quando vocês estiverem sendo perseguidos numa cidade, fujam para outra, pois eu lhes digo que o Filho do Homem voltará antes que vocês consigam percorrer todas as cidades de Israel. —Nenhum discípulo é mais importante do que o seu mestre, nem nenhum escravo é mais importante do que o seu senhor. O discípulo deve ficar satisfeito em ser como o seu mestre e o escravo em ser como o seu senhor. Se até mesmo o chefe da família é chamado de Belzebu, quanto mais os membros da família? —Não tenham medo dos homens, pois não há nada que esteja oculto e que não venha a ser revelado, nem nada que esteja escondido que não seja descoberto. Eu quero que vocês digam à luz do dia o que estou dizendo às escuras e que gritem em voz alta o que estou dizendo em particular. Não tenham medo daqueles que podem matar o corpo, mas não podem matar a alma. Mas antes, tenham medo daquele que pode destruir no inferno tanto a alma como o corpo. Vocês podem comprar dois pardais por um centavo, mas nem um só deles cai no chão sem a permissão do Pai de vocês. Até mesmo os fios de cabelo de suas cabeças estão contados! Por isso, não tenham medo. Vocês valem muito mais do que muitos pardais. Se alguém afirmar publicamente ser meu seguidor, então eu também afirmarei diante de meu Pai que está no céu que tal pessoa é meu seguidor. Mas aquele que me negar publicamente, eu também o negarei diante de meu Pai que está no céu. —Não pensem que vim trazer paz ao mundo. Não vim trazer paz, mas sim espada. Eu vim para fazer com que estas coisas aconteçam: “Filhos se voltarão contra seus pais, filhas contra suas mães e noras contra suas sogras. Os piores inimigos de uma pessoa serão os membros de sua própria família”. —Quem ama a seu pai ou a sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim; e quem ama a seu filho ou a sua filha mais do que a mim, não é digno de mim. Quem não tomar a sua cruz e me seguir, não é digno de mim. Aquele que quiser salvar a sua vida, irá perdê-la; mas aquele que perder sua vida por minha causa, irá salvá-la. —Quem recebe a vocês, recebe também a mim; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou. Quem recebe um profeta pelo fato de ele ser profeta, receberá a recompensa de profeta. Quem recebe a um homem justo pelo fato de ele ser justo, receberá a recompensa de justo. E lhes digo também isto: Qualquer pessoa que der mesmo que seja um copo de água fria a qualquer um destes pequeninos, que são meus seguidores, por causa do meu nome, sem dúvida que também receberá a sua recompensa. Quando Jesus terminou de dar essas instruções a seus doze discípulos, partiu dali e foi ensinar e proclamar a sua mensagem nas cidades deles. Quando João, que estava na prisão, ouviu falar a respeito de todas as coisas que Jesus estava fazendo, mandou seus discípulos perguntarem-lhe: —O senhor é aquele que ia vir, ou ainda devemos esperar por outro? E Jesus lhes respondeu: —Vão e digam a João Batista tudo o que vocês estão vendo e ouvindo, isto é: Os cegos vêem, os coxos estão andando normalmente, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados e os pobres ouvem as Boas Novas. Feliz é aquele que não vê dificuldade em me aceitar. Quando os discípulos de João Batista estavam indo embora, Jesus se dirigiu às multidões e começou a falar a respeito de João, dizendo: —O que vocês esperavam ver no deserto quando foram ao encontro de João? Uma cana sacudida pelo vento? O que vocês foram ver? Um homem vestido com roupas finas? Ora, os homens vestidos com roupas finas são encontrados nos palácios e não no deserto! Mas o que é que vocês foram ver? Um profeta? Sim, e eu lhes digo que o homem que vocês viram é muito mais do que um profeta! João é aquele a respeito de quem está escrito: “Aqui está o meu mensageiro que envio antes de você, e ele vai à sua frente para preparar o caminho para você”. —Digo-lhes a verdade: De todos os homens que nasceram, não há nenhum que seja mais importante do que João Batista. E ainda assim, o menor no reino do céu é maior do que ele. Desde a época em que João Batista começou a anunciar as Boas Novas até agora, o reino do céu tem sofrido muito. Ele tem sido atacado violentamente por homens malvados que tentam conquistá-lo à força. Tanto os profetas como a lei de Moisés profetizaram somente até à época em que João Batista veio, e se vocês querem aceitar o que a lei e o que os profetas disseram, João Batista é o Elias que estava para vir. Quem pode ouvir, ouça. —Com o que eu poderia comparar esta gente de hoje? São como grupos de crianças que, sentadas na praça, gritam umas às outras: “Nós tocamos músicas alegres e vocês não dançaram; cantamos músicas tristes e vocês não choraram!” Isto ocorreu também com João Batista. Ele jejuava e não bebia vinho e, mesmo assim, as pessoas diziam: “Ele tem demônio!” Depois veio o Filho do Homem. Ele come, bebe vinho e as pessoas dizem: “Olhem para este homem! Não passa de um comilão e beberrão! Ele é amigo de cobradores de impostos e pecadores”. A sabedoria, entretanto, encontra sua razão de ser em suas obras. Depois Jesus começou a acusar as cidades nas quais tinha feito numerosos milagres, pois os seus moradores não tinham se arrependido de seus pecados. Ele dizia: —Ai de você, cidade de Corazim! Ai de você, cidade de Betsaida! Digo isto pois, se os milagres que foram feitos aí tivessem sido feitos nas cidades de Tiro e de Sidom, há muito que o povo daquelas cidades já teria se arrependido e mostrado o seu arrependimento usando roupas de saco e derramado cinzas sobre suas cabeças. Mas eu lhes digo que no Dia do Julgamento haverá mais tolerância para com as cidades de Tiro e de Sidom do que para com vocês! E você, cidade de Cafarnaum, pensa que será elevada até o céu? Você será jogada no lugar dos mortos. Digo isto pois, se os milagres que foram feitos aí tivessem ocorrido na cidade de Sodoma, ela ainda existiria hoje! Mas eu lhes digo que no Dia do Julgamento haverá mais tolerância para com o povo da cidade de Sodoma do que para com vocês! Naquela ocasião Jesus disse: —Pai, Senhor do céu e da terra! Eu lhe agradeço por ter escondido estas coisas dos sábios e dos entendidos e por tê-las mostrado aos que são simples. Sim, Pai, pois esta era a sua vontade. —Todas as coisas foram dadas a mim pelo meu Pai. Ninguém conhece o Filho, a não ser o Pai; e ninguém conhece o Pai a não ser o Filho e aqueles a quem o Filho o quiser revelar. Venham a mim todos vocês que estão cansados ou sobrecarregados e eu lhes darei descanso. Aceitem o meu jugo e aprendam de mim, pois eu sou bondoso e tenho espírito humilde. Dessa forma vocês encontrarão descanso para as suas almas. Eu digo isso pois o meu jugo é suave e a carga que lhes dou para carregar é leve. Naquela mesma época, num sábado, Jesus estava atravessando um campo de trigo. Seus discípulos tiveram fome e então começaram a colher algumas espigas e a comê-las. Quando os fariseus viram aquilo, disseram a Jesus: —Olhe! Os seus discípulos estão fazendo o que não é permitido fazer no sábado! Jesus, porém, lhes perguntou: —Por acaso vocês nunca leram o que Davi e seus companheiros fizeram quando estavam com fome? Davi entrou na casa de Deus e, tanto ele como os seus companheiros comeram dos pães consagrados a Deus, os quais não era permitido comer, nem a ele nem aos seus companheiros. Somente os sacerdotes podiam comê-los. Ou, por acaso, vocês também nunca leram na lei de Moisés que os sacerdotes que ficam no templo em dia de sábado desobedecem a lei e ficam sem culpa? Pois eu lhes digo que aqui está alguém que é maior do que o templo. Se vocês soubessem o que as Escrituras significam quando dizem: “Eu quero compaixão entre as pessoas e não sacrifícios de animais”, não condenariam pessoas inocentes. O Filho do Homem é Senhor do sábado. Jesus saiu dali e foi para a sinagoga deles. Havia ali um homem que tinha uma das mãos aleijada. Alguns judeus, então, se aproximaram de Jesus e perguntaram: —É permitido curar alguém no sábado? (Eles tinham perguntado aquilo pois queriam arranjar um meio de acusar Jesus de desobedecer a lei.) Mas Jesus lhes disse: —Suponhamos que um de vocês tenha uma ovelha e que ela caia num barranco num sábado. Será que você não se esforçará para tirá-la de lá? Ora, não vale uma pessoa muito mais do que uma ovelha? Portanto, é permitido fazer o bem no sábado. Depois Jesus dirigiu-se ao homem que tinha a mão aleijada e disse-lhe: —Estenda a sua mão. E quando o homem a estendeu, ela sarou completamente, ficando igual à outra. Os fariseus foram embora e começaram a fazer planos para matar a Jesus. Quando Jesus descobriu o que os fariseus queriam fazer contra Ele, saiu dali. Muitas pessoas o seguiram e Ele curou todos os doentes, e recomendou para que não contassem a ninguém quem Ele era. Isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito por Deus por meio do profeta Isaías: “Aqui está o meu servo! Fui eu que o escolhi! Eu o amo, e Ele me dá muita alegria. Porei nele o meu Espírito, e Ele proclamará justiça para todas as nações. Ele não discutirá nem gritará, e ningéum ouvirá a sua voz nas praças. Ele não quebrará o ramo que já está trincado, e nem tampouco apagará a luz que já está fraca. Ao contrário! Ele persistirá até que a justiça triunfe. E então, todas as nações depositarão nele suas esperanças”. Depois disto, algumas pessoas levaram até Jesus um homem cego e mudo, pois estava possuído por um demônio. Jesus o curou e ele passou a falar e a ver. Todas as pessoas ficaram muito admiradas e começaram a dizer: —Será que este homem é o Filho de Davi? Quando os fariseus ouviram o que o povo estava falando, disseram: —É pelo poder de Belzebu, o chefe dos demônios, que ele expulsa os demônios. Jesus, porém, sabia o que eles estavam pensando e disse: —Todo reino que se divide contra si mesmo ficará arruinado. E toda cidade ou família que se divide contra si mesma não pode durar. Se Satanás expulsa o próprio Satanás, isto quer dizer que o seu reino está dividido contra si mesmo. Como pode o seu reino continuar a existir? Se é verdade que eu expulso demônios pelo poder de Belzebu, então pelo poder de quem é que os expulsam aqueles que seguem a vocês? Assim, os seus próprios seguidores provam que vocês estão completamente errados. Porém, se eu expulso demônios pelo poder do Espírito de Deus, isso prova que o reino de Deus chegou até vocês. Ou, como poderia alguém entrar na casa de um homem forte e lhe roubar tudo o que tem sem primeiro prendê-lo? Somente depois de prender o homem forte é que ele será capaz de roubar a casa. —Aquele que não está a meu favor, está contra mim; e aquele que não me ajuda a ajuntar, espalha. É por isso que eu lhes digo: As pessoas serão perdoadas por todo pecado e insulto, mas o insulto contra o Espírito não será perdoado. Quem fala mal do Filho do Homem será perdoado, mas quem fala mal do Espírito Santo não será perdoado, nem neste mundo nem no mundo que há de vir. —Para vocês terem bons frutos, vocês devem ter uma árvore boa. Se a árvore não presta, seus frutos também não prestarão. É pelos frutos que se conhece a árvore. Raça de cobras venenosas! Como podem dizer coisas boas sendo maus? A boca fala daquilo que o coração está cheio. A pessoa boa tira coisas boas do bem que tem acumulado em si, enquanto que a pessoa má tira coisas más do mal que tem acumulado em si. Eu lhes digo isto: No Dia do Julgamento todas as pessoas terão de prestar contas de todas as coisas inúteis que disseram; pois pelas suas palavras você será declarado justo ou condenado. Depois, alguns professores da lei e alguns fariseus pediram a Jesus: —Mestre, nós queremos que o senhor faça um milagre que possamos ver. Jesus, porém, lhes disse: —As pessoas de uma geração má e infiel andam à procura de um sinal. Mas nenhum sinal lhes será dado, a não ser o sinal dado ao profeta Jonas. Pois assim como Jonas esteve três dias e três noites na barriga do grande peixe, também o Filho do Homem estará três dias e três noites no fundo da terra. No Dia do Julgamento o povo da cidade de Nínive vai se levantar com as pessoas desta geração e vai condená-las, pois o povo se arrependeu dos seus pecados quando ouviu a mensagem de Jonas. E eu afirmo que quem está aqui agora é superior a Jonas! No Dia do Julgamento, a Rainha do Sul vai se levantar com as pessoas desta geração e condená-las, pois ela veio do outro lado do mundo para ouvir a sabedoria de Salomão. E eu afirmo que quem está aqui agora é superior a Salomão. —Quando um demônio sai de uma pessoa, ele atravessa lugares desertos à procura de descanso. Como não encontra, diz: “Voltarei para a casa de onde vim”. Quando ele volta, encontra a casa vazia, limpa e arrumada. Então, sai e vai buscar outros sete demônios piores ainda do que ele e ali vão viver. Assim, o último estado daquela pessoa se torna ainda pior do que o primeiro. E isso é exatamente o que vai acontecer com as pessoas más de hoje. Jesus ainda estava falando para a multidão quando sua mãe e seus irmãos chegaram. Eles ficaram do lado de fora, mas pediram para falar com Ele. Alguém, então, disse a Jesus: —Sua mãe e seus irmãos estão lá fora, pedindo para falar com o senhor. Jesus, então, respondeu: —Quem é a minha mãe e quem são os meus irmãos? E apontando para os seus discípulos, disse: —Aqui estão a minha mãe e os meus irmãos. Todo aquele que faz a vontade do meu Pai que está no céu é meu irmão, minha irmã e minha mãe. Naquele mesmo dia Jesus saiu de casa e se sentou à beira do lago. Uma grande multidão se juntou ao seu redor. Havia tanta gente que Jesus entrou num barco e se sentou; e toda a multidão permanecia de pé na praia. Jesus lhes ensinou muitas coisas por meio de parábolas. Ele dizia: —Certo homem saiu para semear. Enquanto semeava, uma parte das sementes caiu à beira do caminho e os pássaros vieram e as comeram. Outra parte caiu no meio de pedras, onde havia pouca terra. Essas sementes brotaram depressa pois a terra não era funda, mas, quando o sol apareceu, elas secaram, pois não tinham raízes. Outra parte das sementes caiu no meio de espinhos, os quais cresceram e as sufocaram. Uma outra parte ainda caiu em terra boa e deu frutos, produzindo 30, 60 e até mesmo 100 vezes mais do que tinha sido plantado. Quem pode ouvir, ouça. Os discípulos de Jesus, então, se aproximaram dele e lhe perguntaram: —Por que o senhor ensina o povo por meio de parábolas? E Jesus lhes respondeu: —Somente a vocês é dado o privilégio de conhecer as verdades secretas do reino do céu e não aos outros. Pois quem tem, receberá ainda mais e terá em abundância. Mas quem não tem, até o que tem lhe será tirado. E é por isto que ensino o povo por meio de parábolas: Eles olham, mas não vêem; ouvem, mas não entendem. Portanto, por intermédio deles acontece o que disse o profeta Isaías: “Vocês ouvirão mas, mesmo ouvindo, não conseguirão entender; vocês olharão mas, mesmo olhando, não conseguirão ver. Isto acontece pois o coração deste povo está endurecido. Eles taparam os ouvidos e fecharam os olhos. Se não fosse assim, eles poderiam ver com os olhos, ouvir com os ouvidos e entender com o coração, e se voltariam para mim e eu os curaria”. —Mas felizes são os seus olhos, pois eles podem ver; e os seus ouvidos, pois eles podem ouvir. Digo a verdade a vocês: Muitos profetas e homens justos desejaram ver as coisas que vocês vêem, mas não viram. Eles desejaram ouvir o que vocês ouvem, mas não ouviram. —Ouçam o que a parábola daquele que semeia quer dizer. A semente que caiu à beira do caminho representa a pessoa que ouve a mensagem a respeito do reino, mas não a compreende, e Satanás então vem e tira as coisas que foram semeadas em seu coração. A semente que caiu no meio de pedras representa a pessoa que ouve a mensagem a respeito do reino e a aceita imediatamente e com muita alegria. Mas, como não tem raiz, não dura muito tempo. Assim que encontra dificuldades ou que é perseguida por causa da mensagem, abandona a sua fé. A semente que caiu no meio de espinhos representa a pessoa que ouve a mensagem a respeito do reino mas é sufocada pelas preocupações com as coisas desta vida e pela ilusão das riquezas. Essa pessoa não produz nenhum fruto. Mas a semente que caiu em terra boa representa a pessoa que ouve a mensagem e a compreende. Essa pessoa cresce e produz muitos frutos, algumas vezes trinta, outras sessenta e outras ainda cem vezes mais. Jesus depois lhes disse esta outra parábola: —O reino do céu é como um homem que semeou boa semente na sua terra. Mas naquela noite, enquanto todos estavam dormindo, o seu inimigo veio, semeou joio no meio do trigo e foi-se embora. Mais tarde, quando as plantas cresceram e se formaram as espigas, o joio também apareceu. Então, os servos do homem aproximaram-se dele e perguntaram-lhe: “O senhor semeou boa semente em sua terra, não é verdade? Então de onde veio este joio?” E o homem lhes respondeu: “Foi algum inimigo que fez isto”. Os servos, então, perguntaram: “O senhor quer que arranquemos o joio?” E o homem respondeu: “Não, pois quando vocês forem arrancar o joio poderão arrancar também o trigo. Deixem que ambos cresçam juntos. Quando chegar a época da colheita eu direi aos ceifeiros: ‘Apanhem primeiro o joio, amarrem-no em feixes e atirem-no ao fogo. Depois, arranquem o trigo e o levem para o celeiro’”. Jesus contou ainda outra parábola: —O reino do céu é como uma semente de mostarda que um homem semeou em sua terra. Ela é a menor de todas as sementes mas, quando cresce, transforma-se na maior de todas as hortaliças; ela se transforma numa árvore e as aves do céu fazem ninhos em seus ramos. Jesus, então, lhes disse uma outra parábola: —O reino do céu é como fermento que uma mulher pega e mistura com três medidas de farinha até que tudo fique fermentado. Jesus ensinou todas essas coisas ao povo por meio de parábolas, e não lhes dizia nada a não ser por meio delas. Isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito por Deus por meio do profeta: “Eu falarei mediante parábolas, e explicarei coisas que são desconhecidas desde o princípio do mundo”. Jesus, então, despedindo as multidões, foi para casa. Os discípulos se aproximaram dele e pediram: —Explique-nos a parábola do joio no campo. E Jesus lhes disse: —Aquele que planta boa semente é o Filho do Homem. O campo é o mundo. A boa semente são as pessoas que pertencem ao reino e o joio são as pessoas que pertencem ao Maligno. O inimigo que semeia o joio é o próprio Diabo. A colheita é o fim dos tempos e os ceifeiros são os anjos. Assim como o joio é arrancado e jogado ao fogo, assim também será no fim dos tempos. O Filho do Homem enviará os seus anjos e eles arrancarão do seu reino todas as pessoas que fazem com que os outros pequem e também todos os que praticam a maldade. E os anjos jogarão essas pessoas na fornalha acesa, onde elas vão chorar e ranger os dentes. Então os justos brilharão como o sol no reino do Pai. Quem pode ouvir, ouça. —O reino do céu é como um tesouro que foi enterrado num campo. Certo homem o encontrou e, de tão feliz que ficou, escondeu-o de novo, foi e vendeu tudo o que tinha e comprou aquele campo. —O reino do céu também é como um homem que negocia e procura boas pérolas. Quando encontrou uma pérola que era realmente muito valiosa, foi, vendeu tudo o que tinha e comprou aquela pérola. —O reino do céu ainda é como uma rede que, quando jogada no mar, recolheu peixes de todos os tipos. Quando a rede ficou cheia, os pescadores a puxaram para a praia e, sentados, escolheram os peixes, colocando os bons em cestos e jogando os ruins fora. No fim dos tempos também será assim: Os anjos virão para separar as pessoas más das pessoas justas e depois vão jogar os maus na fornalha acesa, onde eles vão chorar e ranger os dentes. Jesus perguntou, então, aos seus discípulos: —Vocês entenderam as coisas que eu acabei de dizer? E eles responderam: —Sim, entendemos. E Jesus lhes disse: —É por isso que todo professor da lei, quando aprende a respeito do reino do céu, se torna semelhante a um pai de família que tira de seu depósito tanto coisas novas como coisas velhas. Quando Jesus terminou de ensinar essas parábolas, deixou aquele lugar e partiu para a sua cidade natal. Ele começou a ensinar na sinagoga deles e todos ficaram muito admirados e perguntavam: —Onde ele conseguiu essa sabedoria e esse poder de fazer milagres? Esse homem não é o filho do carpinteiro? O nome da mãe dele não é Maria? Ele não é irmão de Tiago, de José, de Simão e de Judas? Não vivem as suas irmãs aqui conosco? Então de onde é que ele conseguiu tudo isso? E não queriam saber dele. Mas Jesus lhes disse: —Todo profeta é respeitado em toda parte, menos em sua própria terra e em sua própria casa. E Jesus não fez muitos milagres lá, pois o povo não tinha fé. Naquele tempo Herodes, que era o governador da Galiléia, ouviu falar a respeito de Jesus. Então, disse aos seus empregados: —Esse homem é João Batista! Ele ressuscitou dos mortos e é por isso que tem esse poder para fazer milagres. (Herodes é quem tinha mandado prender João, amarrá-lo e colocá-lo na prisão. Ele tinha feito isto por causa de sua cunhada Herodias, esposa de seu irmão Filipe.) João tinha dito várias vezes a Herodes: “Você não pode viver com a esposa de seu irmão, pois isso é errado”. Herodes queria matar João mas tinha medo dos judeus, pois eles o consideravam profeta. No dia do aniversário de Herodes, a filha de Herodias dançou para ele e para os seus convidados e agradou muito a Herodes. Herodes, então, prometeu-lhe com juramento dar-lhe qualquer coisa que ela pedisse. Mas a moça, instigada por sua mãe, pediu-lhe: —Eu quero que o senhor me dê a cabeça de João Batista num prato. Herodes ficou muito triste, mas por causa do juramento que tinha feito diante de seus convidados, determinou que dessem à moça o que ela tinha pedido, e mandou que cortassem a cabeça de João Batista na prisão. A cabeça de João foi levada num prato e entregue à jovem que, por sua vez, a entregou à mãe. Os discípulos de João vieram e, levando o corpo, o enterraram. Depois foram e contaram a Jesus o que tinha acontecido. Quando Jesus ficou sabendo o que tinha acontecido, saiu dali num barco e foi sozinho para um lugar isolado. Quando a multidão soube disso, deixou os povoados e o seguiu por terra. Quando Jesus saiu do barco e viu a grande multidão, teve muita pena do povo e curou os doentes. Ao anoitecer, os discípulos de Jesus se aproximaram e lhe disseram: —Este lugar é isolado e já é tarde; despeça estas pessoas para que elas possam chegar até as vilas próximas e comprar comida para si. Jesus, porém, lhes disse: —Essa gente não precisa ir embora; por que vocês mesmos não lhes dão alguma coisa para comer? Eles, no entanto, responderam: —Mas tudo o que temos são cinco pães e dois peixes! Jesus, então, disse: —Tragam os pães e os peixes aqui. Depois mandou que a multidão se sentasse na grama. A seguir, Jesus pegou os cinco pães e os dois peixes, olhou para o céu e agradeceu a Deus pelo alimento. Então, partiu os pães, deu-os aos discípulos que os distribuíram entre a multidão. Todos comeram e ficaram satisfeitos e os discípulos recolheram ainda doze cestos cheios dos pedaços que sobraram. Os que comeram foram mais ou menos cinco mil homens, sem contar as mulheres e as crianças. Logo depois, Jesus mandou que seus discípulos entrassem no barco e partissem para o outro lado do lago da Galiléia, enquanto Ele despedia a multidão. Quando a multidão foi embora, Jesus subiu sozinho para o monte a fim de orar. A noite veio e Jesus permanecia ali, sozinho. O barco, no entanto, já se encontrava há vários quilômetros da praia e estava sendo sacudido pelas ondas, pois o vento soprava contra ele. Entre três e seis horas da madrugada, Jesus foi ao encontro deles andando em cima do lago. Os discípulos, porém, quando o viram andando por sobre a água do lago, ficaram apavorados e disseram: —É um fantasma!—e gritaram de medo. E nesse instante Jesus lhes disse: —Coragem, sou eu! Não tenham medo! Mas Pedro disse: —Se é o senhor mesmo, Senhor, mande que eu vá andando em cima da água até onde está. E Jesus lhe disse: —Venha! E Pedro, saindo do barco, andou em cima da água em direção a Jesus. Porém, ao sentir o forte vento, Pedro teve medo e começou a afundar e gritou: —Salve-me, Senhor! E Jesus imediatamente estendeu a sua mão e, segurando-o, disse-lhe: —Como a sua fé é pequena! Por que é que você duvidou? E ao entrarem ambos no barco o vento parou de soprar. Os que estavam no barco o adoraram e disseram: —Realmente o senhor é o Filho de Deus! Depois de terem atravessado o lago, eles chegaram à praia, em Genesaré. Quando os habitantes daquele lugar o reconheceram, mandaram avisar toda aquela região sobre a sua chegada. As pessoas, então, levaram a Ele todos os que estavam doentes e lhe imploraram para que deixasse ao menos tocarem na barra de sua roupa. E todos os que tocaram ficaram curados. Alguns fariseus e professores da lei de Jerusalém se aproximaram de Jesus e lhe perguntaram: —Por que os seus discípulos quebram as tradições dos anciãos? Pois eles não lavam as mãos antes de comer. Jesus, porém, lhes respondeu: —Por que vocês desobedecem aos mandamentos de Deus, seguindo as suas próprias tradições? Porque Deus disse: “Honre a seu pai e a sua mãe” e “Quem quer que insulte a seu pai ou a sua mãe deve ser punido com a morte”. —Mas vocês dizem que qualquer um que disser a seu pai ou a sua mãe: “Eu não posso ajudá-lo, pois tudo o que tenho está dedicado a Deus”, não precisa honrar a seus pais. Vocês têm anulado a palavra de Deus por causa de suas tradições! Hipócritas! Isaías estava certo quando profetizou a respeito de vocês e disse: “Esse povo me honra com suas palavras, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me adoram, ensinando coisas que são mandamentos de homens”. Então, chamando a multidão, Jesus lhes disse: —Ouçam e entendam. Não é o que entra pela boca de uma pessoa que a contamina, mas sim o que sai dela. Os discípulos de Jesus, então, se aproximaram dele e disseram: —Sabe que os fariseus ficaram ofendidos quando ouviram o que o senhor disse? Mas Jesus lhes respondeu: —Toda planta que meu Pai que está no céu não plantou será arrancada. Não se preocupem com eles, pois são cegos, guiando outros cegos. E se um cego guiar outro cego, ambos cairão no buraco! Pedro, porém, pediu: —Explique-nos o significado do que o senhor acabou de dizer. Mas Jesus disse: —Vocês também ainda não entendem? Vocês não entendem que tudo o que entra pela boca vai para o estômago e depois sai do corpo? O que sai da boca vem do coração e é isso o que contamina a pessoa. Pois é do coração que vêm todos os maus pensamentos, homicídios, adultérios, imoralidade sexual, roubos, mentiras e insultos. São essas coisas que contaminam a pessoa; comer sem antes lavar as mãos não contamina ninguém. Jesus partiu daquele lugar e dirigiu-se para a região das cidades de Tiro e de Sidom. Uma mulher cananéia que morava naquela região aproximou-se dele e começou a gritar, dizendo: —Senhor, Filho de Davi, tenha piedade de mim! Minha filha está possuída por um demônio e sofre terrivelmente! Jesus, porém, não lhe respondeu nada. Seus discípulos, então, se aproximaram dele e disseram: —Mande essa mulher embora, pois ela vem gritando atrás de nós. Jesus, então, disse: —Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas do povo de Israel. Mas a mulher, aproximando-se, ajoelhou-se diante dele e disse: —Ajude-me, Senhor! Em resposta Jesus lhe disse: —Não está certo tirar a comida dos filhos para dá-la aos cachorrinhos. Mas a mulher disse: —Isso é verdade, Senhor, porém os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa de seus donos. Ao ouvir aquilo, Jesus lhe disse: —A sua fé é grande, senhora! Que seja feito o que a senhora deseja. E naquele mesmo momento sua filha ficou curada. Jesus, então, partiu daquele lugar e voltou para junto do lago da Galiléia. Depois subiu ao monte e se sentou ali. Uma grande multidão foi até Ele, levando consigo coxos, aleijados, cegos, mudos e muitos outros doentes. Eles eram colocados aos pés de Jesus e este curava a todos. Os mudos voltavam a falar, os aleijados eram curados e os cegos recobravam a visão; e todo o povo, ao ver aquilo, ficou muito admirado e deu louvores ao Deus de Israel. Jesus, então, chamou os seus discípulos e disse-lhes: —Eu tenho muita pena de toda essa gente. Já faz três dias que estão comigo e agora não têm nada para comer. Não quero mandá-los embora sem lhes dar comida, pois eles podem desmaiar pelo caminho. Seus discípulos, então, lhe perguntaram: —Onde é que vamos arranjar tanta comida para dar para toda esta gente num lugar deserto como este? Mas Jesus lhes perguntou: —Quantos pães vocês têm? E eles responderam: —Temos sete pães e alguns pequenos peixes. Jesus, então, mandou que a multidão se sentasse no chão. Depois, pegou os sete pães e os peixes, deu graças a Deus e, partindo-os, deu-os aos seus discípulos, que os distribuíram entre a multidão. Todos comeram e ficaram satisfeitos e os discípulos ainda recolheram sete cestos cheias com os pedaços que sobraram. E os que comeram foram quatro mil homens, sem contar as mulheres e as crianças. Depois disto, Jesus despediu a multidão, entrou no barco e partiu para a região de Magadã. Alguns fariseus e saduceus foram falar com Jesus, pois queriam colocá-lo à prova. Eles pediram que Jesus lhes mostrasse um sinal vindo do céu. Jesus, porém, lhes disse: —Quando está escurecendo vocês dizem: “Vai fazer bom tempo, pois o céu está avermelhado”. E quando está amanhecendo vocês dizem: “Vai chover, pois o céu está avermelhado e escuro”. Vocês sabem interpretar os sinais do céu e não são capazes de interpretar os sinais do tempo em que vocês estão vivendo. Uma geração má e infiel pede por um sinal, mas o sinal de Jonas é o único que lhes será dado. E, deixando-os, foi embora. Os discípulos de Jesus atravessaram para o outro lado do lago da Galiléia, mas se esqueceram de levar pão. Jesus, então, disse-lhes: —Tenham cuidado com o fermento dos fariseus e dos saduceus. Quando os discípulos ouviram isso, começaram a discutir entre si, dizendo: —Ele está falando isso porque nós não trouxemos pão. Jesus, porém, percebendo o que estava acontecendo, disse: —Como a fé de vocês é pequena! Por que estão discutindo entre si por não terem pão? Vocês ainda não entenderam? Vocês não se lembram dos cinco pães que foram repartidos entre os cinco mil homens e de quantos cestos vocês encheram com as sobras? Vocês também não se lembram dos sete pães que foram repartidos entre os quatro mil homens e de quantos cestos vocês encheram com as sobras? Como é possível que não tenham entendido que eu não lhes falei a respeito de pães? Eu lhes disse para se prevenirem contra o fermento dos fariseus e dos saduceus. Então eles entenderam que Jesus não lhes tinha dito para se prevenirem contra o fermento usado nos pães, mas sim dos ensinamentos dos fariseus e dos saduceus. Chegando à região de Cesaréia de Filipe, Jesus perguntou aos seus discípulos: —Quem o povo diz que o Filho do Homem é? E eles responderam: —Alguns dizem que é João Batista; outros dizem que é Elias; outros ainda dizem que é Jeremias ou um dos outros profetas. E Jesus, então, lhes perguntou: —E vocês? Quem é que vocês dizem que eu sou? Simão Pedro respondeu: —Dizemos que o senhor é o Cristo, o Filho do Deus vivo. Ao ouvir aquilo, Jesus lhe disse: —Feliz de você, Pedro, filho de João, pois esta verdade não lhe foi revelada por nenhum ser humano, mas sim por meu Pai que está no céu. Eu lhe digo que você é Pedro, e que sobre esta pedra eu construirei a minha igreja e os poderes da morte não prevalecerão contra ela. Eu lhe darei as chaves do reino do céu—aquilo que você proibir aqui na terra será o que foi proibido no céu e o que você permitir aqui na terra será o que foi permitido no céu. Depois Jesus advertiu os discípulos para que eles não contassem a ninguém que Ele era o Cristo. Desde aquela época, Jesus começou a explicar a seus discípulos que Ele deveria ir a Jerusalém e sofrer muitas coisas nas mãos dos anciãos, dos líderes dos sacerdotes e dos professores da lei. Ele também lhes explicou que iria ser morto e que no terceiro dia iria ressuscitar. Pedro, então, chamando-o de lado, começou a criticá-lo, dizendo: —Que Deus não permita! De modo nenhum isso acontecerá com o senhor! Mas Jesus se virou e disse a Pedro: —Afaste-se de mim, Satanás! Você é uma pedra de tropeço no meu caminho, pois não está pensando como Deus pensa, mas sim como as pessoas pensam! E Jesus, então, disse aos seus discípulos: —Se alguém quiser vir comigo, tem que negar a si mesmo, pegar a sua cruz e me seguir. Digo isto pois todo aquele que quiser salvar a sua vida, irá perdê-la; e todo aquele que perder a sua vida por minha causa, irá salvá-la. O que adianta uma pessoa ganhar o mundo inteiro e perder a sua própria vida? Ou, o que uma pessoa pode dar em troca de sua própria alma? O Filho do Homem virá com os seus anjos na glória do Pai e retribuirá a todos de acordo com o que cada um fez. Digo a verdade a vocês: Há entre vocês alguns que não morrerão sem antes ver a vinda do Filho do Homem no seu reino. Seis dias depois, Jesus chamou a Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago, e os levou para um alto monte para poderem ficar sozinhos. Ali, Jesus se transfigurou diante deles. O seu rosto brilhava como o sol e as suas roupas se tornaram brancas como a luz. De repente, Moisés e Elias também apareceram diante deles e ambos começaram a conversar com Jesus. Pedro, então, disse a Jesus: —É bom que nós estejamos aqui, Senhor! Se quiser eu posso construir aqui três tendas—uma para o senhor, uma para Moisés e outra para Elias. Pedro mal tinha acabado de falar quando uma nuvem brilhante apareceu e os envolveu. E da nuvem também vinha uma voz que dizia: —Este é o meu Filho! Eu o amo muito e Ele me dá muita alegria. Ouçam-no! Quando os discípulos de Jesus ouviram aquilo, ficaram com tanto medo que caíram de bruços. Jesus, então, aproximou-se e, tocando neles, disse-lhes: —Levantem-se! Não tenham medo! Quando eles olharam, não viram mais ninguém a não ser Jesus. Ao descerem do monte, Jesus disse aos seus discípulos: —Não digam nada a ninguém a respeito do que vocês viram até que o Filho do Homem tenha sido ressuscitado dos mortos. Então os discípulos perguntaram: —Por que os professores da lei dizem que Elias deve vir antes do Cristo? E Jesus lhes respondeu: —De fato, Elias virá e colocará todas coisas em ordem. Eu, porém, lhes digo que Elias já veio e não o reconheceram. Ao contrário! Eles fizeram com ele o que quiseram e agora tratarão o Filho do Homem exatamente da mesma maneira. Então os seus discípulos entenderam que Jesus estava falando a respeito de João Batista. Quando voltaram para junto da multidão, um homem aproximou-se de Jesus e, ajoelhando-se aos seus pés, disse-lhe: —Senhor, tenha piedade do meu filho, pois ele é epilético e sofre terrivelmente. Ele freqüentemente cai no fogo ou na água, e eu o trouxe aos seus discípulos, mas eles não conseguiram curá-lo. Jesus, então, lhe disse: —Gente sem fé e desviada! Até quando terei de ficar com vocês? Até quando terei de suportá-los? Tragam o menino aqui. Jesus deu uma ordem e o demônio saiu do menino; e, no mesmo instante, ele ficou curado. Os discípulos de Jesus aproximaram-se então dele em particular e lhe perguntaram: —Por que nós não fomos capazes de expulsar aquele demônio? E Jesus lhes respondeu: —Porque a sua fé é pequena! Digo a verdade a vocês: Se a sua fé fosse do tamanho de uma semente de mostarda, poderiam dizer a este monte: “Vá daqui para lá” e ele iria. Nada lhes seria impossível. *** Mais tarde, os discípulos de Jesus se reuniram na Galiléia. Nessa ocasião, Jesus lhes disse: —O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens e estes o matarão, mas ao terceiro dia Ele ressuscitará! Ao ouvirem aquilo, os discípulos de Jesus ficaram muito tristes. Quando Jesus e seus discípulos entraram na cidade de Cafarnaum, aqueles que cobravam o imposto do templo se aproximaram de Pedro e lhe perguntaram: —O professor de vocês não paga o imposto do templo? E Pedro respondeu: —Sim, paga! Pedro foi para a casa onde Jesus estava e, antes que pudesse falar, Jesus lhe perguntou: —Simão, o que você acha? De quem os reis da terra cobram impostos e taxas: dos seus próprios filhos, ou dos estranhos? E Pedro, então, lhe respondeu: —Dos estranhos. E Jesus lhe disse: —Os filhos, então, estão isentos. Nós, porém, não queremos ofender as autoridades. Por isso vá até o lago, jogue o seu anzol e puxe o primeiro peixe que você pescar. Na boca dele você encontrará uma moeda que dará para pagar o seu imposto e o meu. Pegue-a e entregue a eles por mim e por você. Naquele momento os discípulos de Jesus chegaram perto dele e lhe perguntaram: —Quem é o maior no reino do céu? Jesus, então, chamou uma criança e, colocando-a diante deles, disse-lhes: —Digo a verdade a vocês: Vocês devem mudar de atitude e se tornar como crianças. Se não fizerem isso, jamais entrarão no reino do céu! Portanto, o maior no reino do céu é aquele que se humilha para ser como esta criança. Todo aquele que, em meu nome, recebe uma criança como esta, é como se estivesse recebendo a mim. —Se alguém fizer com que um destes pequeninos que tem fé em mim peque, será melhor para essa pessoa que ela seja jogada no mar com uma enorme pedra amarrada no pescoço. Ai do mundo por causa daquelas coisas que fazem com que as pessoas pequem! Essas coisas têm que acontecer, mas ai dos que são responsáveis por elas! Se a sua mão ou o seu pé faz com que você peque, corte-o e jogue-o fora. Pois é melhor entrar para a vida eterna manco ou aleijado do que ser jogado no fogo eterno do inferno com as duas mãos ou os dois pés. Se o seu olho faz com que você peque, arranque-o e jogue-o fora! Pois é melhor entrar para a vida eterna só com um olho do que ser jogado no fogo eterno do inferno com ambos os olhos. —Tomem cuidado, portanto, para não desprezar nenhum destes pequeninos, pois os anjos deles estão sempre na presença de meu Pai que está no céu. *** Digam-me o que vocês acham. Se um homem tiver cem ovelhas e uma delas se perder, será que ele não vai deixar as outras noventa e nove nos montes para procurar aquela que se perdeu? É claro que vai! E eu lhes digo que quando ele a encontrar, vai ficar mais feliz por causa desta ovelha do que por causa das outras noventa e nove que nunca se perderam. Da mesma forma, o Pai de vocês também não quer que nenhum destes pequeninos se perca. —Se o seu irmão pecar contra você, vá e repreenda-o. Mas faça isso em particular, somente entre vocês dois. Se ele lhe der atenção, você terá ganho um irmão de volta. Se ele, porém, não lhe der atenção, pegue e leve uma ou duas pessoas com você. Assim, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda acusação será confirmada. Mas se ele não der atenção nem mesmo a elas, informe a igreja. E se ele se recusar a ouvir também a igreja, trate-o como um pagão ou como um coletor de impostos. —Digo a verdade a vocês: Tudo o que proibirem na terra será o que foi proibido no céu; e tudo o que permitirem na terra será o que foi permitido no céu. E eu também lhes digo que se dois de vocês aqui na terra concordarem e pedirem a mesma coisa em oração, o pedido de vocês será realizado pelo meu Pai que está no céu. Digo isso pois onde quer que duas ou três pessoas estejam reunidas em meu nome, eu estarei entre elas. Pedro, então, aproximou-se de Jesus e perguntou: —Senhor, se meu irmão continuar pecando contra mim, até quantas vezes eu devo perdoar-lhe? Até sete vezes? Jesus, porém, lhe respondeu: —Eu não lhe digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete. —Por isso o reino do céu pode ser comparado a um rei que decidiu acertar as contas com os seus servos. Assim que ele começou, um homem que lhe devia milhões de moedas de prata foi levado até ele. O homem, entretanto, não tinha como pagar a dívida. O rei, então, mandou que ele fosse vendido, juntamente com sua mulher, seus filhos e tudo o que possuía. Dessa forma a sua dívida seria paga. O devedor, porém, se ajoelhou aos pés do rei e implorou: “Tenha paciência comigo e eu lhe pagarei tudo que lhe devo”. —O rei sentiu pena daquele servo e perdoou-lhe a dívida, deixando-o ir embora. Quando o servo saiu, encontrou um outro servo que lhe devia cem moedas de prata. Ele agarrou este outro servo pelo pescoço e, sufocando-o, dizia: “Pague-me o que você me deve”. Este outro servo, ajoelhando-se aos pés dele, implorou: “Tenha paciência comigo e eu pagarei tudo o que lhe devo”. —Ele, entretanto, não concordou. Ao contrário, jogou o servo na prisão até que ele pagasse o que lhe devia. Quando os outros servos viram o que tinha acontecido, ficaram muito tristes e foram à procura do seu senhor para lhe contar o que tinha acontecido. Então o senhor chamou o primeiro servo e lhe disse: “Você é um mau servo! Você me implorou e eu perdoei toda a sua dívida para comigo. Por que você não teve pena do outro servo assim como eu tive pena de você?” O senhor ficou com muita raiva e mandou que aquele servo fosse castigado até que lhe pagasse toda a dívida. É assim que meu Pai que está no céu fará com vocês, se cada um não perdoar de coração ao seu irmão. Depois de Jesus ter terminado de dizer estas coisas, partiu da Galiléia para a região da Judéia, no outro lado do rio Jordão. Uma grande multidão o seguiu e Ele curou os doentes ali. Alguns fariseus se aproximaram de Jesus com o fim de colocá-lo à prova e perguntaram: —É permitido ao marido se divorciar de sua esposa por qualquer motivo? Mas Jesus lhes respondeu: —Vocês nunca leram as Escrituras que dizem: “No princípio o Criador os fez homem e mulher”? Depois, ainda, Deus disse: “Por isso o homem deve deixar seu pai e sua mãe e unir-se à sua esposa e os dois serão um só”. Assim, eles não são mais dois, mas sim um só. Portanto, que nenhum homem separe o que foi unido por Deus. Mas os fariseus tornaram a perguntar a Jesus: —Por que, então, Moisés mandou dar carta de divórcio e repudiar a esposa? E Jesus respondeu: —Moisés fez isso por causa da dureza do coração de vocês, mas no princípio da criação não era assim. Eu, porém, lhes digo: Se um homem se divorciar de sua esposa sem ser por motivo de imoralidade sexual e se casar com outra mulher, estará cometendo adultério. Os discípulos de Jesus disseram: —Se é esta a situação entre o homem e sua esposa, então é melhor não casar! Jesus, porém, lhes disse: —Este ensino não é para todo mundo, mas apenas para aqueles a quem Deus deu a habilidade de aceitá-lo. Há vários motivos pelos quais alguns homens não se casam; alguns deles não se casam porque nasceram sem ter a habilidade de gerar filhos; outros, porque os homens os fizeram ficar assim; e outros ainda não se casam por causa do reino do céu. Quem puder, que aceite este ensino. Algumas pessoas levaram crianças até Jesus para que Ele as abençoasse e orasse por elas, mas os seus discípulos as repreenderam. Jesus, então, disse: —Deixem que as crianças venham até mim. Não as proíbam, pois o reino do céu pertence às pessoas que são como estas crianças. E, depois de abençoá-las, foi embora. Certa ocasião, um jovem aproximou-se de Jesus e perguntou-lhe: —Senhor! O que devo fazer de bom para herdar a vida eterna? Mas Jesus lhe respondeu: —Por que você está me perguntando a respeito do que é bom? Somente Deus é bom. Porém, se você quer ter vida, obedeça aos mandamentos. Mas o rapaz lhe perguntou: —Que mandamentos? E Jesus lhe respondeu: —“Não mate, não cometa adultério, não roube, não dê falso testemunho, honre o seu pai e a sua mãe” e “Ame ao seu próximo como a si mesmo”. Ao ouvir aquilo, o jovem disse a Jesus: —Eu tenho obedecido a todos esses mandamentos. O que mais me falta? Jesus, então, lhe respondeu: —Se você quer ser perfeito, vá, venda tudo o que tem e dê o dinheiro aos pobres. Dessa forma você terá um tesouro no céu. Depois venha e siga-me. O jovem, porém, ouvindo aquilo, foi embora triste, pois era muito rico. Jesus, então, disse aos seus discípulos: —Digo a verdade a vocês: É muito difícil um rico entrar no reino do céu. Eu lhes digo que é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus! Quando os discípulos ouviram aquilo, ficaram muito admirados e perguntaram: —Então quem poderá ser salvo? Mas Jesus, olhando para eles, respondeu: —Para os homens isto é impossível, mas para Deus tudo é possível. Pedro, então, disse: —Nós abandonamos tudo e seguimos o senhor. O que ganharemos? E Jesus lhe respondeu: —Digo a verdade a vocês: Quando as coisas forem renovadas, o Filho do Homem se sentará no seu trono glorioso. Então, todos vocês que me seguiram também se sentarão em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel. E todos os que, por minha causa, abandonarem casa, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou propriedades, receberão cem vezes mais e também a vida eterna. Muitos que agora são os primeiros serão os últimos e muitos que agora são os últimos serão os primeiros. —O reino do céu é como o dono de uma fazenda que sai de manhã cedo para contratar trabalhadores para a sua plantação de uvas. Ele combinou com os trabalhadores que lhes pagaria uma moeda de prata por dia de trabalho e depois mandou-os para a sua vinha. Por volta das nove horas, o dono da fazenda saiu novamente e, dirigindo-se à praça do mercado, encontrou ali alguns homens desocupados. Então, lhes disse: “Por que vocês também não vão trabalhar na minha plantação de uvas? Se forem, eu lhes pagarei o que é justo”. E os homens foram. Por volta de meio-dia e também por volta de três da tarde, o dono da fazenda tornou a fazer a mesma coisa. Por volta de cinco horas ele saiu novamente e, dirigindo-se à praça do mercado, encontrou alguns homens que estavam por ali. Então, perguntou-lhes: “Por que vocês estão o dia todo aqui, sem fazer nada?” Mas eles responderam: “É porque ninguém nos contratou”. O dono da fazenda disse aos homens: “Vão vocês também trabalhar na minha vinha”. —No fim do dia, o dono da fazenda chamou o seu administrador e disse-lhe: “Chame os trabalhadores e faça o pagamento, começando pelos que foram contratados por último e terminando pelos que foram contratados primeiro”. Assim, os trabalhadores que tinham sido contratados às cinco horas da tarde receberam cada um uma moeda de prata. Quando os trabalhadores que tinham sido contratados primeiro chegaram, pensaram que iam receber mais, mas eles também receberam uma moeda de prata cada um. Pegaram o dinheiro e foram reclamar com o dono da fazenda: “Nós trabalhamos o dia inteiro debaixo deste sol quente e estes homens que foram contratados por último trabalharam somente uma hora. Contudo o senhor pagou a eles o mesmo que a nós”. —O dono da fazenda disse então a um deles: “Amigo, eu não estou sendo injusto para com você. Nós não combinamos que eu lhe pagaria uma moeda de prata? Pegue o que é seu e vá para casa. Eu quero pagar a este homem que foi contratado por último a mesma coisa que paguei a você. Por acaso não tenho o direito de fazer o que quero com o que é meu? Ou será que você está com inveja porque eu sou bom?” E, terminando, Jesus disse: —É por isso que eu digo: Os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros. Quando Jesus e seus discípulos estavam caminhando para Jerusalém, Ele os chamou de lado e lhes disse: —Escutem bem! Nós estamos indo para Jerusalém, onde o Filho do Homem será entregue aos líderes dos sacerdotes e aos professores da lei. Eles o condenarão à morte. Depois o entregarão aos que não são judeus para que façam pouco dele, batam nele e para que o crucifiquem. No terceiro dia, porém, Ele ressuscitará. Depois, a mãe dos filhos de Zebedeu aproximou-se de Jesus com seus filhos e, ajoelhando-se, pediu-lhe um favor. Jesus, então, perguntou-lhe: —O que você quer? E ela respondeu: —Eu quero que o senhor me prometa que estes meus dois filhos vão reinar com o senhor, um sentado à sua direita e outro sentado à sua esquerda. Jesus, porém, lhe respondeu: —Você não sabe o que está pedindo. Por acaso vocês podem beber o cálice que eu vou beber? E eles responderam: —Sim, podemos. Jesus, então, lhes disse: —Vocês beberão o meu cálice, mas não sou eu que estabeleço quem vai sentar à minha direita ou à minha esquerda. Esses lugares são para as pessoas para quem meu Pai os preparou. Quando os outros dez discípulos ouviram aquilo, ficaram muito zangados com os dois irmãos. Mas Jesus chamou a todos para perto dele e disse: —Vocês sabem que aqueles que não são judeus são dominados pelos seus governadores e que os líderes exercem autoridade sobre eles. Entre vocês, porém, não deve ser assim. Ao contrário! Quem quiser ser importante deve servir aos outros, e quem quiser ser o primeiro deve ser escravo dos outros. Vocês devem ser exatamente como o Filho do Homem; Ele não veio para ser servido, mas sim para servir e para dar a sua vida como resgate por muitos. Quando estavam partindo da cidade de Jericó, uma grande multidão seguiu a Jesus. Quando dois cegos que estavam sentados à beira da estrada ouviram que Jesus estava passando por ali, gritaram: —Senhor, Filho de Davi! Tenha pena de nós! A multidão os repreendia, mandando que eles ficassem quietos, mas eles gritaram ainda mais, dizendo: —Senhor, Filho de Davi! Tenha pena de nós! Jesus, então, parou e, chamando-os, perguntou: —O que vocês querem que eu lhes faça? E eles responderam: —Nós queremos ser capazes de enxergar, Senhor! E Jesus, sentindo muita pena, tocou nos olhos deles. No mesmo instante eles recuperaram a visão e o seguiram. Quando Jesus e seus discípulos se aproximavam da cidade de Jerusalém, chegaram a uma vila chamada Betfagé, perto do Monte das Oliveiras. Dali Jesus enviou dois dos seus discípulos, com as seguintes instruções: —Sigam até a próxima vila que fica logo adiante e encontrarão presos uma jumenta e um jumentinho. Soltem os dois e tragam-nos até aqui. Se alguém perguntar alguma coisa, digam o seguinte: “O Senhor precisa deles; Ele logo os mandará de volta”. Isso aconteceu para que se cumprisse o que foi escrito por meio do profeta: “Digam à cidade de Sião: Olhem! O seu Rei está chegando! Ele é humilde e está montado num jumento, num jumentinho, filho de animal de carga!” Os discípulos foram e fizeram exatamente o que Jesus lhes tinha dito, levando a jumenta e o jumentinho. Depois, colocaram suas capas em cima deles e Jesus montou sobre elas. Muitas pessoas estenderam suas capas pelo caminho, e muitas outras cortaram ramos de árvores e os espalharam pela estrada. Todos os que caminhavam, tanto à frente como atrás de Jesus, gritavam: —Glória ao Filho de Davi! ‘Bendito é aquele que vem em nome do Senhor!’ Glória a Deus nas maiores alturas! Quando Jesus entrou em Jerusalém, toda a cidade ficou agitada e todo mundo perguntava: —Quem é este homem? E as multidões repetiam sem parar: —Este é o profeta Jesus, da cidade de Nazaré da Galiléia. Quando Jesus entrou no templo, expulsou de lá todos os que compravam e vendiam coisas, e derrubou as mesas dos que trocavam dinheiro e as cadeiras dos que vendiam pombos. Ele lhes disse: —As Escrituras dizem: “Minha casa será chamada casa de oração”; vocês, porém, a transformaram num “esconderijo de ladrões”! Alguns cegos e coxos foram ao encontro de Jesus no templo, e Ele os curou. Quando os líderes dos sacerdotes e os professores da lei viram as maravilhas que Jesus tinha feito e também as crianças do templo gritando: “Glória ao Filho de Davi!”, ficaram muito zangados, e lhe perguntaram: —O senhor está escutando o que estas crianças estão dizendo? E Jesus lhes respondeu: —Sim. Vocês nunca leram as Escrituras que dizem: “Ó Deus, o senhor ensinou as crianças e os pequeninos a dar louvores”? Depois, partindo dali, Jesus saiu da cidade de Jerusalém e dirigiu-se à cidade de Betânia, onde passou a noite. No dia seguinte, bem cedo, quando Jesus estava voltando para a cidade de Jerusalém, teve fome. Ao ver uma figueira à beira da estrada, Ele foi até lá, mas não encontrou nada, a não ser as folhas. Então, disse para a árvore: —Que você nunca mais dê frutos! E no mesmo instante a figueira secou completamente. Quando os seus discípulos viram aquilo, ficaram maravilhados e disseram: —Como a figueira secou depressa! Jesus, porém, lhes disse: —Digo a verdade a vocês: Se tiverem fé e não duvidarem, serão capazes de fazer não somente o que eu fiz a esta figueira, mas poderão até dizer a este monte: “Levante-se e jogue-se no mar!”, e isso acontecerá. Se tiverem fé, receberão tudo o que pedirem por meio de oração. Jesus voltou para o templo e começou a ensinar. Os líderes dos sacerdotes e os anciãos do povo, então, se aproximaram dele e lhe perguntaram: —Com que autoridade faz estas coisas e quem lhe deu essa autoridade? E Jesus lhes respondeu: —Eu vou lhes fazer uma pergunta. Se me responderem, eu também lhes responderei com que autoridade faço estas coisas. Digam-me: De quem João Batista recebeu autorização para batizar: de Deus ou dos homens? Então, discutindo entre si mesmos, diziam: —Nós não podemos dizer que foi de Deus, porque senão Ele nos perguntará: “Então por que vocês não acreditaram nele?” Mas nós também não podemos dizer que foi dos homens, porque temos medo do que o povo pode fazer, pois todos consideram João Batista um profeta. Então responderam: —Não sabemos. E Jesus lhes disse: —Bem, então eu também não vou lhes dizer com que autoridade faço estas coisas. —O que vocês acham disso? Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao mais velho, o homem disse: “Filho, vá trabalhar na vinha hoje”. O rapaz respondeu: “Não quero ir”, mas, mais tarde, ele mudou de idéia e foi. O homem, então, dirigindo-se ao filho mais novo, disse a mesma coisa e este respondeu: “Sim, senhor”, mas não foi. Agora eu lhes pergunto: Qual dos dois fez a vontade do pai? E eles responderam: —O mais velho. Jesus, então, lhes disse: —Digo a verdade a vocês: Os coletores de impostos e as prostitutas entrarão no reino de Deus na frente de vocês. Eu digo isto porque João Batista veio para mostrar a maneira certa de viver e vocês não acreditaram nele; os cobradores de impostos e as prostitutas, no entanto, acreditaram. Vocês, porém, mesmo depois de terem visto estas coisas, não se arrependeram para crer nele. —Escutem esta outra parábola: Certo homem, dono de um campo, plantou uvas e colocou uma cerca ao redor da plantação. Depois construiu um tanque, onde as uvas seriam amassadas, e uma torre. O homem, então, arrendou a vinha para alguns lavradores e foi viajar. Quando chegou a época da colheita, o dono da vinha mandou servos até os lavradores a fim de receber a sua parte dos frutos. Os lavradores, entretanto, bateram num, mataram outro e ainda apedrejaram um outro. —O dono da vinha, então, numa segunda vez, enviou um número maior de servos, mas os lavradores fizeram a mesma coisa. Por último, o dono da vinha enviou seu próprio filho, dizendo: “Ao meu filho eles respeitarão”. Mas quando os lavradores viram o filho, disseram entre si: “Este é o herdeiro! Vamos matá-lo, pois assim poderemos nos apoderar da herança dele”. E eles, então, o pegaram, o jogaram para fora da vinha e o mataram. O que é que vocês acham que o dono da vinha irá fazer com aqueles lavradores quando ele chegar? E eles, então, lhe responderam: —Usará para com eles da mesma crueldade que usaram para com os outros e depois entregará a plantação de uvas a lavradores que lhe dêem a sua parte da colheita no tempo certo. Jesus, então, lhes perguntou: —Vocês nunca leram o que as Escrituras dizem? “A pedra que os construtores rejeitaram veio a ser a pedra mais importante. Isto foi feito pelo Senhor, e é maravilhoso aos nossos olhos!” —Portanto, eu lhes digo: O reino de Deus será tirado de vocês e será entregue às pessoas que vivam de uma maneira que esteja de acordo com o reino. Se alguém cair em cima desta pedra será quebrado em pedaços; se esta pedra cair em cima de alguém, o esmagará. Quando os líderes dos sacerdotes e os fariseus ouviram aquelas parábolas, reconheceram que Jesus estava falando a respeito deles. Tentaram prendê-lo, mas ficaram com medo da multidão, pois ela o considerava um profeta. Jesus falou novamente ao povo por meio de parábolas, e disse: —O reino do céu é como um rei que preparou uma festa de casamento para o seu filho. Depois, ele mandou que seus servos fossem chamar as pessoas que tinham sido convidadas para a festa, mas elas não quiseram ir. O rei, então, chamando novamente os seus servos, disse: “Vão a todas as pessoas que foram convidadas e digam: Já está tudo preparado para a festa. Os bois e os bezerros gordos já foram mortos e está tudo pronto. Venham para a festa!” Os convidados, porém, não se importaram. Um foi para o seu campo, outro foi tratar de seus negócios, ao passo que outros maltrataram e mataram os servos. O rei ficou tão furioso que enviou soldados, mandando que matassem aqueles assassinos e incendiassem a cidade deles. Depois disse aos servos: “A festa de casamento está pronta, mas as pessoas que tinham sido convidadas não a mereciam. Portanto, vão pelas esquinas e convidem para a festa todas as pessoas que encontrarem”. Os servos, então, foram pelas ruas e convidaram todas as pessoas que encontraram, tanto pessoas boas como más, e o salão da festa ficou lotado. Quando o rei entrou para ver os convidados, notou um homem que não estava vestido com roupa de festa e perguntou-lhe: “Amigo, como é que você entrou aqui sem roupa de festa?” —Mas o homem não respondeu nada. O rei, então, disse aos seus servos: “Amarrem as mãos e os pés dele e ponham-no para fora, na escuridão, onde as pessoas vão chorar e ranger os dentes”. —Digo isto porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos. Os fariseus, então, se retiraram e se reuniram para planejar como poderiam fazer para pegar Jesus em contradição. Depois, mandaram alguns de seus seguidores e alguns membros do partido de Herodes perguntar a Jesus: —Mestre, sabemos que o senhor é honesto, que ensina sobre o caminho de Deus com toda sinceridade e que não se incomoda com a opinião dos outros, pois não julga pela aparência das pessoas. Diga-nos o que o senhor acha; é certo pagar impostos a César ou não? Jesus, porém, conhecendo as más intenções deles, disse: —Como vocês são hipócritas! Por que estão me testando? Tragam-me uma moeda com a qual se paga imposto. Eles lhe deram a moeda e Jesus, então, lhes perguntou: —De quem são esta imagem e esta inscrição? E eles responderam: —São de César. Então Jesus lhes disse: —Portanto, dêem a César o que é de César e dêem a Deus o que é de Deus. Ao ouvirem aquilo, eles ficaram muito admirados e, deixando Jesus em paz, foram embora. Naquele mesmo dia, alguns saduceus, os quais afirmam não haver ressurreição, se aproximaram de Jesus e lhe perguntaram: —Mestre! Moisés nos deixou escrito o seguinte: “Se um homem morrer sem deixar filhos, seu irmão deve se casar com a viúva a fim de terem filhos que serão considerados filhos do irmão que morreu”. Ora, entre nós havia sete irmãos. O primeiro irmão se casou e algum tempo depois morreu sem deixar filhos. O segundo irmão, então, se casou com a viúva. A mesma coisa aconteceu com o segundo irmão, com o terceiro e com todos os outros até chegar o sétimo, e depois deles a mulher também morreu. Agora, de qual dos sete irmãos a mulher será esposa no dia da ressurreição, uma vez que todos eles se casaram com ela? Jesus respondeu: —Vocês estão errados, pois não conhecem nem as Escrituras nem o poder de Deus. Pois quando os mortos ressuscitarem, ninguém se casará nem será dado em casamento; serão todos como os anjos do céu. E já que estamos falando em ressurreição, vocês nunca leram o que foi dito por Deus? Ele disse: “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó”. Ora, Ele não é Deus dos mortos, mas sim dos vivos. Quando a multidão ouviu isso, ficou admirada com o ensino de Jesus. Os fariseus tinham ouvido falar que Jesus havia deixado os saduceus sem resposta. Eles se reuniram e um deles, que era professor da lei, testando Jesus, perguntou-lhe: —Mestre, qual é o mandamento mais importante? E Jesus lhe respondeu: —“Ame o Senhor seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento”. Este é o primeiro mandamento, e também o mais importante. Há também um segundo mandamento que é parecido com este, e que diz: “Ame ao seu próximo como você ama a você mesmo”. Toda a lei e tudo o que foi escrito pelos profetas depende destes dois mandamentos. Como os fariseus ainda estavam reunidos, Jesus lhes perguntou: —O que vocês pensam a respeito do Messias? De quem ele é filho? E eles lhe responderam: —Ele é filho de Davi! Ao ouvir aquilo, Jesus lhes fez outra pergunta, dizendo: —Então como é que Davi, inspirado pelo Espírito, chamou o Messias de Senhor, quando disse: “O Senhor disse ao meu Senhor: Sente-se do meu lado direito e governe, até que eu coloque todos os seus inimigos debaixo dos seus pés”? —Agora, se Davi o chama de Senhor, como pode o Messias ser filho de Davi? Ninguém pôde lhe responder nada e daquele dia em diante ninguém mais teve coragem de lhe fazer nenhuma outra pergunta. Jesus, então, dirigindo-se aos seus discípulos e à multidão, disse-lhes: —Os professores da lei e os fariseus têm a autoridade de interpretar a lei de Moisés. Por isso, vocês devem obedecer e seguir tudo o que eles ensinam. O que vocês não devem, entretanto, é imitar as ações deles, pois eles mesmos não fazem o que ensinam. Amarram cargas pesadas e difíceis de carregar e as colocam sobre os ombros dos outros, entretanto eles mesmos nem com o dedo querem movê-las. Fazem tudo para serem vistos pelas outras pessoas. Alargam os recipientes das Escrituras e alongam as suas franjas. Gostam dos lugares de destaque nas festas e dos lugares mais importantes nas sinagogas. Eles também gostam de ser cumprimentados com respeito nas praças e ser chamados de “Mestre” pelo povo. Vocês, porém, não permitam que as pessoas os chamem de “Mestre”, pois o “Mestre” de vocês é um só, e vocês todos são simplesmente irmãos uns dos outros. Também não chamem a ninguém de “Pai” aqui na terra, pois vocês têm somente um “Pai”, que está no céu. Também não deixem que ninguém os chame de “Guia”, pois vocês têm somente um “Guia”: Cristo. O mais importante entre vocês será o servo de vocês. Todo aquele que se exaltar será humilhado, e todo aquele que se humilhar será exaltado. —Ai de vocês, professores da lei e fariseus, hipócritas! Digo isto pois são vocês mesmos que fecham as portas do reino do céu para as pessoas; dessa forma vocês nem entram nem deixam que outras pessoas entrem. *** —Ai de vocês, professores da lei e fariseus, hipócritas! Digo isto pois vocês fazem longas viagens e atravessam mar e terra com o propósito de converter uma pessoa à religião de vocês e, quando conseguem, tornam essa pessoa duas vezes mais merecedora do inferno do que vocês mesmos. Ai de vocês, guias cegos! Digo isto pois vocês dizem: “Se uma pessoa jurar pelo templo, não significa nada; mas se jurar pelo ouro do templo, então é obrigada a cumprir com o seu juramento”. Como vocês são tolos e cegos! Não é o templo que faz com que o ouro seja sagrado? Então, o que é mais importante: o ouro que está no templo ou o próprio templo? Vocês também dizem: “Se uma pessoa jurar pelo altar, não significa nada; mas se jurar pela oferta que está sobre o altar, então é obrigada a cumprir o seu juramento”. Como vocês são cegos! Não é o altar que faz com que a oferta seja sagrada? Então, o que é mais importante: a oferta que está sobre o altar, ou o próprio altar? Se uma pessoa jurar pelo altar, estará jurando tanto pelo altar em si como por tudo o que está sobre ele! Da mesma forma, se uma pessoa jurar pelo templo, estará jurando tanto pelo templo em si como por tudo que está dentro dele! Assim também, se uma pessoa jurar pelo céu, estará jurando não só pelo trono de Deus, como também por Aquele que está sentado no trono! —Ai de vocês, professores da lei e fariseus, hipócritas! Digo isto pois vocês dão a Deus um décimo de tudo o que possuem, até mesmo da hortelã, da erva-doce e do cominho, mas deixam de obedecer as coisas mais importantes da lei, que são a justiça, a misericórdia e a fé. É necessário que vocês façam estas coisas sem desprezar aquelas. Vocês são guias cegos! Coam a bebida e tiram o mosquito, mas engolem o camelo! Ai de vocês, professores da lei e fariseus, hipócritas! Lavam o copo e o prato por fora, mas por dentro eles estão cheios das coisas que vocês conseguiram por enganarem as outras pessoas e por satisfazerem o seu próprio egoísmo. Fariseu cego! Limpe primeiro o lado de dentro do copo, pois assim o lado de fora também ficará limpo. —Ai de vocês, professores da lei e fariseus, hipócritas! Digo isto pois vocês são como túmulos pintados de branco; parecem bonitos por fora, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de impureza. Assim também vocês por fora parecem ser boas pessoas, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e maldade. —Ai de vocês, professores da lei e fariseus, hipócritas! Digo isto pois vocês constroem túmulos para os profetas, enfeitam as sepulturas dos justos e dizem: “Se nós tivéssemos vivido no tempo dos nossos antepassados, não teríamos nos unido a eles para matar os profetas”. Dessa forma vocês estão confessando para vocês mesmos que são os descendentes daqueles que mataram os profetas. Continuem, portanto, e terminem o que eles começaram. —Cobras venenosas! Raça de víboras! Como vocês pensam que podem escapar de serem condenados ao inferno? Ouçam bem isto: Eu estou lhes mandando profetas, homens sábios e também professores. Vocês, porém, vão matar a alguns, vão crucificar a outros, vão chicotear a outros nas sinagogas, e a outros, ainda, vão perseguir de cidade em cidade. Por causa disso vocês é que receberão o castigo por todas as pessoas inocentes que os antepassados de vocês mataram, desde o justo Abel até Zacarias, filho de Baraquias, o qual vocês mataram entre o santuário e o altar. Digo a verdade a vocês: São as pessoas desta geração que receberão o castigo por todos esses pecados. —Jerusalém, Jerusalém! Você mata os profetas e apedreja os mensageiros que Deus lhe envia! Quantas vezes eu quis ajuntar o seu povo, assim como a galinha ajunta os pintinhos debaixo de suas asas, mas você não quis! Agora a sua casa ficará completamente abandonada. Declaro, portanto, que você nunca mais me verá até que diga: “Bendito é aquele que vem em nome do Senhor!” Jesus tinha saído do templo e estava indo embora sozinho, quando seus discípulos se aproximaram dele para lhe mostrar as construções do templo. Jesus, porém, lhes disse: —Vocês estão vendo tudo isto? Eu lhes digo que não ficará uma pedra sobre outra, que não seja derrubada. Jesus estava sentado no Monte das Oliveiras quando seus discípulos se aproximaram dele e lhe perguntaram em particular: —Diga-nos: Quando essas coisas vão acontecer? Qual será o sinal que mostrará que chegou o tempo da sua vinda e do fim do mundo? E Jesus, então, lhes respondeu: —Tomem cuidado para que ninguém os engane. Eu digo isso pois muitas pessoas virão em meu nome e dirão: “Eu sou o Cristo!”, e enganarão muita gente. Não tenham medo quando ouvirem o barulho de batalhas e ficarem sabendo de guerras. Essas coisas devem acontecer, mas ainda não será o fim. Uma nação fará guerra contra outra, e um país atacará outro. Haverá fome e terremotos por toda parte, mas essas coisas serão somente o começo, assim como as primeiras dores da mulher que está para dar à luz. —Nessa época vocês serão presos e entregues para serem castigados. Vocês serão mortos e odiados por todos os povos por causa do meu nome. Nessa época muitas pessoas vão abandonar a sua fé e vão trair e odiar umas às outras. Muitos falsos profetas aparecerão e enganarão a muita gente e a maldade se espalhará de tal maneira que o amor da maioria das pessoas esfriará. Aquele, porém, que permanecer firme até o fim, será salvo. E as Boas Novas sobre o reino de Deus serão anunciadas no mundo inteiro como testemunho a toda a humanidade; e então virá o fim. —O profeta Daniel falou a respeito da “terrível coisa que causa desolação”. Vocês verão essa coisa no templo (quem estiver lendo isto que entenda o que significa). Então, quem estiver na Judéia deve fugir para as montanhas. Quem estiver na parte de cima de sua casa não deve descer para pegar coisa alguma e quem estiver trabalhando no campo não deve voltar para casa para buscar suas roupas. Ai das mulheres que estiverem grávidas ou amamentando nessa época! Orem para que essa sua fuga não aconteça nem durante o inverno nem num sábado. Digo isso pois nessa época haverá grandes sofrimentos, como nunca houve desde o começo do mundo e jamais haverá. Se Deus não tivesse diminuído esse período de sofrimento, ninguém seria salvo. Mas por causa das pessoas que foram escolhidas, esse período de sofrimento será diminuído. —Portanto, se nessa época alguém lhes disser: “Olhe! Aqui está o Cristo!”, ou então: “O Cristo está aqui!”, não acreditem! Eu digo isso pois muitos falsos cristos e falsos profetas vão aparecer e fazer milagres e maravilhas a fim de enganar, se possível, até mesmo aqueles que tinham sido escolhidos por Deus. Olhem que eu tenho avisado a vocês antes que estas coisas aconteçam. —Se algumas pessoas lhes disserem: “Olhem, o Cristo está no deserto!”, não saiam. Ou: “Olhem, Ele está dentro da casa!”, não acreditem! Eu lhes digo isso pois a vinda do Filho do Homem será como o brilho de um relâmpago no céu que sai do leste e se mostra até o oeste. Onde quer que esteja um cadáver, ali se ajuntarão os urubus. —Logo depois desse período de sofrimento, “O sol se apagará e a lua não brilhará. As estrelas cairão do céu e os corpos celestes serão abalados”. Nessa época o sinal da vinda do Filho do Homem será visto no céu e todos os povos da terra chorarão e verão o Filho do Homem vindo entre as nuvens com poder e grande glória. Um alto som de trombeta será ouvido, e o Filho do Homem enviará os seus anjos e eles recolherão de um a outro lado do mundo aqueles que tenham sido escolhidos por Deus. E Jesus, depois, lhes disse: —Aprendam a lição que a figueira lhes ensina. Assim que os seus galhos se renovam e as suas folhas começam a brotar, vocês sabem que o verão está próximo. Da mesma forma, quando vocês virem todas essas coisas acontecerem, saberão que o tempo está próximo, pronto para chegar. Digo a verdade a vocês: Todas essas coisas acontecerão antes que morram todas as pessoas que agora estão vivas. O céu e a terra passarão, porém as minhas palavras nunca passarão. —Ninguém sabe o dia ou a hora em que essas coisas acontecerão—nem os anjos do céu nem o próprio Filho. Somente o Pai sabe quando elas vão acontecer. Pois assim como foi no tempo de Noé, também será quando o Filho do Homem voltar. Digo isto pois, antes de vir o dilúvio, as pessoas estavam comendo, bebendo, se casando e se dando em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. Ninguém sabia o que ia acontecer até que veio o dilúvio e levou a todos. A mesma coisa acontecerá quando o Filho do Homem voltar. Nesse dia dois homens estarão trabalhando no campo—um será levado e outro será deixado. Duas mulheres estarão moendo trigo no moinho—uma será levada, e a outra deixada. Portanto, se cuidem, pois vocês não sabem em que dia o Senhor virá. Lembrem-se disto: Se o dono da casa soubesse a que hora da noite o ladrão viria, ele ficaria acordado e não deixaria que o ladrão arrombasse a sua casa. É por isso que eu digo que vocês devem ficar preparados, pois o Filho do Homem virá na hora em que não estiverem esperando. —Quem é, então, o servo fiel e prudente a quem o senhor deixou a responsabilidade de tomar conta dos outros servos e de lhes dar comida nas horas certas? Feliz é o servo que estiver fazendo assim quando o seu senhor chegar. Digo a verdade a vocês: Ele o colocará para tomar conta de todos os seus bens. Por outro lado, imaginem um servo mau. Ele diz consigo mesmo: “Meu senhor vai demorar para voltar”, e então começa a bater nos outros servos e a comer e beber com bêbados. O senhor desse servo chegará num dia que ele não o espera, e numa hora que ele nem imagina. Ele o castigará com severidade e o condenará a sofrer o mesmo destino dos hipócritas. E lá eles vão chorar e ranger os dentes. —Nesse dia o reino do céu será como dez moças que pegaram as suas lamparinas e saíram para se encontrar com o noivo. Dessas dez moças, cinco eram tolas e cinco eram prudentes. As moças que eram tolas pegaram as suas lamparinas, mas não levaram óleo de reserva; as prudentes, porém, além das lamparinas, levaram também vasilhas de óleo. Como o noivo estivesse demorando, as moças ficaram com sono e começaram a cochilar. Quando deu meia-noite, ouviu-se um grito: “Olhem, o noivo! Venham se encontrar com ele!” Quando ouviram aquilo, todas as dez moças se levantaram e prepararam as suas lamparinas; mas as tolas disseram às prudentes: “Dêem-nos um pouco do óleo de vocês, pois as nossas lamparinas estão se apagando”. As prudentes, porém, responderam: “Não, para que não falte nem a nós nem a vocês. Se vocês querem óleo, procurem quem o venda e comprem”. As moças tolas saíram então para comprar óleo e, enquanto estavam fora, o noivo chegou. Sendo assim, as moças que estavam prontas entraram com o noivo para a festa de casamento e, depois de terem entrado, a porta foi fechada. —Mais tarde, quando as moças tolas chegaram, começaram a bater na porta e a gritar, dizendo: “Senhor, senhor! Abra a porta e deixe-nos entrar!” O noivo, porém, lhes respondeu: “Digo a verdade a vocês: Eu não as conheço”. É por isso que eu lhes digo: Estejam sempre preparados, pois vocês não sabem nem o dia nem a hora em que o Filho do Homem virá. —Nesse dia o reino do céu será como um homem que precisou fazer uma viagem e, chamando três servos seus, os colocou para tomar conta de suas propriedades. A um ele deu cinco mil moedas de prata, a outro ele deu duas mil, e a outro mil. A cada um deu de acordo com a sua própria capacidade; e então partiu. O servo que tinha recebido as cinco mil moedas de prata saiu imediatamente e, investindo aquele dinheiro, ganhou outras cinco mil moedas de prata. A mesma coisa aconteceu com o segundo servo; ele investiu as duas mil moedas de prata e conseguiu outras duas mil. O terceiro, porém, saindo, cavou um buraco na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor. —Depois de muito tempo, o senhor daqueles servos voltou e acertou contas com eles. O servo que tinha recebido cinco mil moedas de prata aproximou-se do seu senhor e, entregando-lhe as outras cinco mil moedas, disse-lhe: “O senhor me deu cinco mil moedas de prata para tomar conta; aqui estão outras cinco mil que ganhei”. —O senhor, então, disse: “Muito bem! Você é um servo bom e fiel! Como você me foi fiel no pouco, eu vou colocá-lo para tomar conta de muitas coisas. Venha participar da minha alegria”. —O servo que tinha recebido duas mil moedas de prata aproximou-se do senhor e disse-lhe: “O senhor me deu duas mil moedas de prata para tomar conta; aqui estão outras duas mil que ganhei”. —O senhor, então, lhe disse: “Muito bem! Você é um servo bom e fiel! Como você me foi fiel no pouco, eu vou colocá-lo para tomar conta de muitas coisas. Venha participar da minha alegria”. —E, finalmente, aquele que tinha recebido mil moedas de prata, aproximou-se do seu senhor e disse: “Eu sei que o senhor é um homem duro, que colhe em campo que não plantou e que ajunta onde não semeou. Fiquei com medo e por isso escondi o seu dinheiro num buraco na terra. Aqui está o seu dinheiro”. —O senhor, porém, lhe disse: “Você é um servo mau e preguiçoso! Não foi você mesmo que disse que colho em campo que não plantei e que ajunto onde não semeei? A sua obrigação, portanto, era ter depositado o meu dinheiro no banco para que eu, quando voltasse, o recebesse com juros. Tirem dele as mil moedas de prata, e dêem-nas ao que já tem dez. Pois aquele que tem receberá ainda mais, e terá muito mais do que realmente precisa; mas aquele que não tem, até o que ele tem lhe será tirado. Quanto a este servo inútil, joguem-no para fora, na escuridão. Ali haverá choro e ranger de dentes”. —Quando o Filho do Homem vier, com todo o seu poder e com todos os seus anjos, Ele se sentará no seu glorioso trono. Então, todos os povos da terra se reunirão diante dele e Ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. Ele colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: “Venham, vocês que são abençoados por meu Pai! Venham e recebam o reino que está preparado para vocês desde a criação do mundo. Este reino é a recompensa de vocês, pois eu estava com fome e me deram o que comer, estava com sede e me deram o que beber, era forasteiro e me receberam em suas casas, estava sem ter o que vestir e me deram roupas, estava doente e cuidaram de mim, estava na prisão e foram me visitar”. —Então, os bons perguntarão: “Senhor, quando foi que nós o vimos com fome e lhe demos o que comer, ou o vimos com sede e lhe demos o que beber? Quando foi ainda que, como forasteiro, nós o recebemos em nossas casas, ou que o vimos sem ter o que vestir e lhe demos roupas, ou mesmo que, estando doente ou preso, nós o visitamos?” —O rei, porém, lhes responderá: “Digo a verdade a vocês: Todas as vezes que vocês fizeram essas coisas ao mais simples dos meus irmãos, na realidade foi a mim que fizeram”. —E o rei, então, dirá àqueles que estão à sua esquerda: “Saiam daqui! Vocês estão debaixo da maldição de Deus! Vocês irão para o fogo eterno, o qual foi preparado por Deus para o Diabo e seus anjos. Esse é o castigo que merecem, pois eu estava com fome, mas mesmo assim vocês não me deram o que comer; estava com sede, mas mesmo assim não me deram o que beber; era forasteiro, mas mesmo assim não me receberam nas suas casas; não tinha o que vestir, mas mesmo assim não me deram roupas; estava doente e preso, mas mesmo assim não foram me visitar”. —Mas eles também lhe perguntarão: “Senhor, quando foi que nós o vimos com fome, ou com sede, ou como forasteiro, ou sem ter o que vestir, ou mesmo doente ou preso e não o ajudamos?” —Mas o Rei, então, lhes responderá: “Digo a verdade a vocês: Todas as vezes que deixaram de fazer qualquer uma dessas coisas ao mais simples dos meus irmãos, na realidade foi a mim que vocês deixaram de fazê-la”. —Estes, portanto, irão para o castigo eterno; mas os bons, irão para a vida eterna. Depois que Jesus acabou de ensinar todas essas coisas, disse aos seus discípulos: —Vocês sabem que daqui a dois dias será comemorada a Páscoa; nesse dia o Filho do Homem será entregue para ser crucificado. Os líderes dos sacerdotes e os anciãos do povo se reuniram no palácio de Caifás, o sumo sacerdote. Nessa reunião planejaram um meio de prender Jesus à traição, para que depois pudessem matá-lo. Eles, porém, diziam entre si: —Não vamos prendê-lo durante a festa da Páscoa, porque se o fizermos o povo pode se revoltar. Jesus estava na cidade de Betânia, na casa de Simão, o leproso, quando uma mulher chegou. Ela carregava um vaso feito de alabastro, e este estava cheio de um perfume muito caro. Ela se aproximou de Jesus enquanto Ele estava à mesa e derramou todo o perfume sobre a sua cabeça. Quando os discípulos viram aquilo, ficaram zangados, e perguntaram: —Por que este desperdício? Esse perfume poderia ter sido vendido por muito dinheiro, e esse dinheiro poderia ter sido dado aos pobres! Jesus, porém, vendo aquilo, disse-lhes: —Por que vocês estão aborrecendo esta mulher? Ela me fez uma coisa muito boa. Os pobres estarão sempre com vocês, mas eu não. Ao derramar este perfume sobre mim, ela preparou o meu corpo para o enterro. Digo a verdade a vocês: Em todos os lugares onde as Boas Novas forem anunciadas, será contada também a história do que essa mulher fez hoje. Dessa forma ela será lembrada em todo o mundo. Então, Judas Iscariotes, um dos doze discípulos, foi falar com os líderes dos sacerdotes. Ele disse: —Quanto vocês me pagam se eu lhes entregar Jesus? Os sacerdotes lhe deram trinta moedas de prata e, desse momento em diante, Judas passou a procurar uma boa chance para entregar a Jesus. No primeiro dia da Festa dos Pães sem Fermento, os discípulos se aproximaram de Jesus e lhe perguntaram: —Onde quer que nós preparemos tudo para a Páscoa? E Ele, então, respondeu: —Vão até a cidade. Lá vocês encontrarão um homem; digam-lhe que o Mestre manda dizer o seguinte: “A minha hora está chegando! Meus discípulos e eu vamos comemorar a Páscoa em sua casa”. Os discípulos fizeram exatamente o que Jesus lhes tinha dito e prepararam tudo para a Páscoa. Quando anoiteceu, Jesus e seus doze discípulos se colocaram à mesa para jantar. Enquanto comiam, Jesus lhes disse: —Digo a verdade a vocês: Um de vocês vai me trair. Todos ficaram muito tristes e, um por um, começaram a perguntar-lhe: —Senhor, não acha que sou eu, acha? Mas Jesus, então, lhes disse: —Quem vai me trair é aquele que molha o pão no prato comigo. O Filho do Homem será traído. As Escrituras dizem que isso vai acontecer. Porém, ai daquele que vai traí-lo! Seria melhor que ele nunca tivesse nascido! Então, Judas, que era o traidor, perguntou a Jesus: —Mestre, não acha que sou eu, acha? Mas Jesus lhe respondeu: —Sim, é você. Enquanto comiam, Jesus pegou o pão e deu graças a Deus por ele. Depois, partindo-o, deu-o a seus discípulos, dizendo: —Peguem e comam; isto é o meu corpo. Em seguida, Jesus pegou o cálice e deu graças a Deus por ele. Depois, passando-o a seus discípulos, disse: —Bebam deste cálice, todos vocês. Isto é o meu sangue, que sela a aliança entre Deus e seu povo. Esse sangue é derramado em favor de muitos para o perdão dos pecados. Digo isto pois nunca mais beberei deste vinho até o dia em que beba com vocês o novo vinho no reino do meu Pai. Então, depois de terem cantado um hino, eles saíram para o Monte das Oliveiras. E Jesus disse então aos seus discípulos: —Esta noite todos vocês vão fugir e me abandonar, porque as Escrituras dizem: “Eu matarei o pastor, e todas as ovelhas do rebanho ficarão dispersas”. —Porém, depois que eu ressuscitar, irei à frente de vocês para a Galiléia. Pedro, então, disse a Jesus: —Mesmo que todos o abandonem, eu nunca o abandonarei. Ao ouvir aquilo, Jesus disse: —Digo-lhe a verdade: Ainda hoje à noite, antes mesmo que o galo cante, você negará três vezes que me conhece. Pedro, porém, respondeu: —Eu nunca o abandonarei, mesmo que tenha de morrer com o senhor. E todos os outros discípulos disseram a mesma coisa. Depois disso, tanto Jesus como seus discípulos foram para um lugar chamado Getsêmani, e lá Ele lhes disse: —Sentem-se aqui, enquanto vou até ali adiante para orar. Jesus levou junto Pedro e os dois filhos de Zebedeu. Depois, Ele começou a sentir uma grande tristeza e aflição. Então lhes disse: —Estou tão triste que eu poderia morrer! Fiquem aqui e vigiem comigo. Ele foi um pouco mais adiante, ajoelhou-se e orou, dizendo: —Meu Pai, se for possível, afaste de mim este cálice de sofrimento. Porém, não seja feito o que eu quero, mas sim o que o senhor quer. Depois voltou para onde os três discípulos estavam e os encontrou dormindo. Então disse a Pedro: —Será possível que vocês não conseguem vigiar comigo nem ao menos por uma hora? Vigiem e orem para que vocês não caiam em tentação. O espírito está pronto, mas o corpo é fraco. Pela segunda vez Jesus foi e orou, dizendo: —Meu Pai, se não for possível que este cálice de sofrimento seja afastado de mim sem que eu o beba, que seja feita a sua vontade. E, voltando para onde os três discípulos estavam, encontrou-os novamente dormindo, pois seus olhos estavam pesados. Jesus tornou a se afastar deles e foi orar novamente, repetindo as mesmas palavras. Depois Ele voltou para onde os discípulos estavam, e lhes disse: —Vocês ainda estão dormindo e descansando? Olhem, chegou a hora! O Filho do Homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores. Levantem-se, vamos embora! O traidor está chegando. Jesus mal tinha acabado de falar aquelas palavras, quando Judas, um dos doze discípulos, chegou. Havia muitos homens com ele e todos carregavam espadas ou cacetes. Eles tinham sido enviados pelos líderes dos sacerdotes e pelos anciãos do povo. O traidor tinha combinado com eles um sinal, dizendo: “Vocês podem prender o homem que eu beijar, pois é Ele”. E, sendo assim, Judas aproximou-se de Jesus e lhe disse: —Olá, Mestre!—e o beijou. Jesus, porém, respondeu: —Faça de uma vez o que você veio para fazer, amigo. E nesse momento os soldados se aproximaram, pegaram Jesus e o prenderam. Um dos homens que estava com Jesus sacou da sua espada, atacou um dos servos do sumo sacerdote e cortou-lhe a orelha. Jesus, então, disse-lhe: —Guarde a sua espada, pois todos que usam da espada serão mortos pela espada. Será que você não entende que eu poderia orar ao meu Pai e Ele me mandaria, neste exato momento, mais de doze tropas de anjos? Porém, se fizesse isto, como se cumpririam as passagens das Escrituras que dizem que isso deve acontecer? E naquele momento Jesus disse aos homens que tinham ido prendê-lo: —Por que vocês vieram me prender com espadas e cacetes, como se eu fosse um bandido? Por que é que vocês não me prenderam quando eu estava no templo? Eu não ia lá todos os dias e me sentava no meio de vocês? Mas tudo isto está acontecendo desta forma para se cumprir o que os profetas disseram por meio das Escrituras. Então todos os discípulos fugiram e o abandonaram. Os homens que tinham prendido Jesus o levaram até a casa de Caifás, o sumo sacerdote, onde os professores da lei e os anciãos estavam reunidos. Pedro o seguiu de longe até o pátio do palácio do sumo sacerdote. Depois, resolveu entrar e sentar-se entre os guardas, para ver o que ia acontecer. Ora, os principais sacerdotes e todo o Conselho Superior dos judeus estavam reunidos com o fim de encontrar algum pretexto para que pudessem acusar a Jesus. O que eles queriam era condená-lo à morte. Muitas pessoas testemunharam mentiras a respeito de Jesus, mas mesmo assim não conseguiram condená-lo. Finalmente, duas pessoas apareceram e disseram: —Este homem disse: “Eu posso destruir o templo de Deus e construí-lo de novo em três dias”. O sumo sacerdote, então, se levantou e perguntou a Jesus: —Você não vai se defender das acusações que estão sendo feitas contra você? Jesus, porém, não respondeu nada. O sumo sacerdote, então, voltou a perguntar: —Em nome do Deus vivo eu lhe ordeno que você me responda isto: Você é o Messias, o Filho do Deus vivo? E Jesus respondeu: —É verdade e eu lhe digo que um dia vocês verão o Filho do Homem sentado à direita de Deus, o Todo-poderoso, e descendo sobre as nuvens do céu. O sumo sacerdote, ao ouvir aquilo, rasgou suas roupas e disse: —Ele insultou a Deus. Nós não precisamos mais de nenhuma testemunha! Todos aqui ouviram este insulto contra Deus! O que é que vocês acham? E todos responderam: —Ele é culpado e merece a morte! E alguns deles passaram a cuspir no rosto de Jesus, outros começaram a dar-lhe murros e outros ainda davam-lhe bofetadas e diziam: —Adivinhe agora, Messias! Diga quem foi que lhe bateu! Ora, Pedro estava sentado no pátio quando uma serva se aproximou dele e disse: —Você também não estava com Jesus da Galiléia? Pedro, porém, negou diante de todos que conhecia a Jesus. Ele disse: —Não sei do que você está falando. E, saindo dali em direção à porta do pátio, ele foi visto por uma outra criada, que disse aos homens que estavam ali: —Este homem também estava com Jesus, o Nazareno. E Pedro, pela segunda vez, negou que conhecia Jesus, jurando: —Eu não conheço esse homem! Pouco tempo depois, alguns homens se aproximaram de Pedro e lhe disseram: —Não há dúvida de que você também é um deles; o seu modo de falar o acusa. Pedro, então, começou a afirmar sob juramento, dizendo: —Já disse que não conheço esse homem! E nesse mesmo instante o galo cantou. Nesse momento Pedro se lembrou que Jesus tinha lhe dito: “Antes que o galo cante, você negará três vezes que me conhece”. Então Pedro saiu dali, e chorou amargamente. Quando rompeu o dia, todos os líderes dos sacerdotes e anciãos do povo se reuniram para planejar como iriam condenar Jesus à morte. Eles o amarraram e o levaram até a presença do governador Pôncio Pilatos. Quando Judas, que o traiu, viu que Jesus tinha sido condenado, ficou cheio de remorso. Ele foi até os líderes dos sacerdotes e anciãos, devolveu as trinta moedas de prata que tinha recebido para trair a Jesus e disse: —Eu pequei, pois traí um homem inocente. Eles, porém, lhe disseram: —Nós não temos nada com isso. Isso é problema seu. Judas, então, atirou as moedas de prata para dentro do templo, saiu de lá e se enforcou. Os líderes dos sacerdotes pegaram o dinheiro e disseram: —Nós não podemos colocar este dinheiro na caixa das ofertas do templo, pois é preço de sangue. E, depois de entrarem em acordo, eles decidiram usar aquele dinheiro para comprar o Campo do Oleiro, para que servisse de cemitério para os forasteiros. E aquele campo, por causa disso, até hoje é conhecido como “Campo de Sangue”. Dessa forma se cumpriu o que Deus disse por intermédio do profeta Jeremias: “Eles pegaram as trinta moedas de prata, preço que o povo de Israel tinha concordado em pagar por ele, e compraram o Campo do Oleiro, assim como o Senhor tinha mandado que eu fizesse”. Jesus estava de pé, diante do governador, e este lhe interrogou, dizendo: —Você é o rei dos judeus? Ao que Jesus lhe respondeu: —É verdade. E, mesmo sendo acusado pelos líderes dos sacerdotes e pelos anciãos, Jesus não respondia nada. Pilatos, então, lhe perguntou: —Não está ouvindo todas as acusações que estão sendo feitas contra você? Jesus, porém, não respondeu nada e isso impressionou muito o governador. Era época da Páscoa e, nessa época, o governador costumava soltar um dos prisioneiros, conforme a vontade do povo. Nessa ocasião, havia um prisioneiro muito conhecido, chamado Barrabás. Como o povo estava reunido, Pilatos perguntou a todos: —Quem vocês querem que eu solte: Barrabás ou Jesus, chamado Cristo? (Pilatos tinha perguntado isso porque ele sabia que Jesus tinha sido entregue por pura inveja e porque, quando estava sentado no tribunal, tinha recebido um recado de sua mulher, dizendo: Não se envolva no caso desse homem inocente, pois esta noite eu tive um sonho horrível por causa dele.) Os líderes dos sacerdotes e os anciãos, porém, convenceram o povo a pedir a Pilatos que soltasse a Barrabás e condenasse a Jesus. Sendo assim, quando o governador Pilatos perguntou ao povo pela segunda vez: “Qual dos dois prisioneiros vocês querem que eu solte?”, eles responderam: —Queremos que o senhor liberte Barrabás. Pilatos, porém, lhes perguntou: —E o que querem que eu faça com Jesus, chamado Cristo? E todos responderam: —Crucifique-o! —Que crime ele cometeu?—perguntou Pilatos. Mas o povo, gritando cada vez mais alto, pedia: —Crucifique-o! Quando Pilatos percebeu que seu esforço para salvar Jesus não estava adiantando nada mas, ao contrário, estava fazendo com que as coisas ficassem cada vez piores, pediu que lhe trouxessem água. E, diante de todo o povo, lavou as mãos e disse: —Sou inocente pela morte deste homem. Fiquem vocês com essa responsabilidade. E o povo todo respondeu: —Que o castigo referente à morte dele caia sobre nós e sobre nossos filhos! Pilatos, então, soltou a Barrabás e, depois de ter mandado chicotear a Jesus, entregou-o para que Ele fosse crucificado. Logo depois os soldados de Pilatos levaram Jesus para o palácio do governador e reuniram toda a tropa ao redor dele. Tiraram a roupa dele e o vestiram com um manto vermelho. Fizeram uma coroa de espinhos e a colocaram na cabeça de Jesus e depois lhe deram uma vara para que ele segurasse na mão direita. Ajoelharam-se diante dele e fizeram zombarias, dizendo: —Viva o rei dos judeus! Eles cuspiram nele, pegaram a vara que lhe haviam dado e bateram com ela na cabeça dele. Depois de se divertirem bastante às custas dele, tiraram-lhe o manto vermelho e o vestiram com suas próprias roupas. Em seguida, o levaram para ser crucificado. Quando estavam saindo, eles encontraram um homem chamado Simão, da cidade de Cirene, e o obrigaram a levar a cruz de Jesus. E, ao chegarem a um lugar chamado Gólgota (que significa “Lugar da Caveira”), deram vinho misturado com fel para Jesus beber. Ele, porém, depois de experimentar, não quis beber. Depois de o crucificarem, os soldados dividiram suas roupas entre si, tirando a sorte com dados, para ver qual seria a parte de cada um. E, sentados ali, aguardavam a morte de Jesus. Acima da cabeça de Jesus haviam colocado uma placa, onde estava escrita a sua acusação: “Este é Jesus, o rei dos judeus”. Dois ladrões também foram crucificados com Jesus, estando um à sua direita e outro à sua esquerda. As pessoas que passavam por ali caçoavam e, balançando a cabeça, diziam: —Não foi você que disse que podia destruir o templo de Deus e construí-lo de novo em três dias? Então, se você é mesmo o Filho de Deus, desça da cruz e salve a si mesmo! E tanto os líderes dos sacerdotes como os professores da lei e os anciãos também faziam pouco dele, e diziam: —Ele salvou a outros, mas não consegue salvar a si mesmo. Se Ele é o rei de Israel, então que desça da cruz! Se ele fizer isso, nós acreditaremos nele! Ele confiou em Deus, e disse: “Sou Filho de Deus!” Pois então, que Deus venha livrá-lo agora, se de fato lhe quer bem! E até mesmo os ladrões, que tinham sido crucificados com Ele, o insultavam. Ao meio-dia, toda a região ficou escura, e a escuridão continuou por três horas. Às três horas da tarde, Jesus gritou bem alto: ***“Eli, Eli, lemá sabactâni?”, que quer dizer: “Meu Deus, Meu Deus, por que o senhor me abandonou?” Algumas pessoas que estavam ali por perto, ao ouvirem aquilo, diziam: —Ele está chamando por Elias. Então alguém correu e molhou uma esponja em vinagre, pôs na ponta de uma vara e deu para Jesus beber. Algumas pessoas, porém, disseram: —Espere. Vamos ver se Elias vem salvá-lo. Mas nesse momento, Jesus deu outro grito e morreu. No mesmo instante a cortina do templo se rasgou em duas partes, de alto a baixo, houve um terremoto e as rochas se partiram. Os túmulos se abriram e muitos mortos que pertenciam ao povo de Deus ressuscitaram e saíram dos túmulos. E, depois da ressurreição de Jesus, eles entraram na cidade santa de Jerusalém e apareceram a muita gente. O comandante do exército romano e os soldados que estavam com ele guardando Jesus, ao verem o terremoto e tudo o mais que estava acontecendo, ficaram com muito medo, e disseram: —De fato, este homem era o Filho de Deus. Algumas mulheres também estavam por ali, observando de longe. Elas tinham seguido a Jesus desde a Galiléia para servi-lo. Entre elas se achavam: Maria Madalena, Maria (a mãe de Tiago e de José), e a esposa de Zebedeu. Quando era quase noite, um homem rico da cidade de Arimatéia chegou. Seu nome era José, também discípulo de Jesus. Este homem foi conversar com Pilatos para lhe pedir o corpo de Jesus e Pilatos permitiu que ele o levasse. José, então, pegou o corpo de Jesus, enrolou-o num lençol de linho limpo e o colocou em seu próprio túmulo. (O túmulo era novo e tinha sido cavado numa rocha há pouco tempo). Depois rolou uma grande pedra para fechar a entrada do túmulo e retirou-se. Maria Madalena e a outra Maria estavam sentadas ali, na frente do túmulo. No dia seguinte, isto é, no sábado, os líderes dos sacerdotes e os fariseus se reuniram e foram falar com Pilatos. Eles disseram: —Senhor governador, nós nos lembramos de que, enquanto aquele mentiroso estava vivo, ele tinha dito: “Depois de três dias que eu tiver morrido, eu ressuscitarei”. Dê ordens, portanto, para que o túmulo dele seja guardado até o terceiro dia. Dessa forma nós evitaremos que os discípulos dele venham, roubem o corpo e depois digam ao povo que ele ressuscitou dos mortos. Se isso acontecer, esta segunda mentira será ainda pior do que a primeira. Pilatos, então, lhes disse: —Vocês podem levar alguns soldados; vão e guardem o túmulo da melhor maneira possível. Com aquela autorização, eles foram, selaram a pedra que fechava o túmulo e deixaram ali os soldados para o vigiarem. Passado o sábado, no domingo bem cedo, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o túmulo onde Jesus tinha sido enterrado. Naquela ocasião houve um grande terremoto, pois um anjo do Senhor tinha descido do céu, removido a pedra que fechava o túmulo e agora estava sentado sobre a pedra. Ele se parecia com um relâmpago e as suas roupas eram brancas como a neve. Os guardas tinham ficado com tanto medo que estavam duros, como se estivessem mortos. Então o anjo disse às mulheres: —Não tenham medo! Eu sei que vocês vieram procurar por Jesus, aquele que foi crucificado, mas Ele não está mais aqui. Ele ressuscitou, exatamente como havia dito que iria fazer. Venham ver o lugar onde Ele estava deitado. Agora vão depressa e digam aos discípulos dele o seguinte: “Jesus ressuscitou dos mortos e vai adiante de vocês para a Galiléia. Lá vocês o verão novamente”. Façam exatamente como eu falei. Elas saíram depressa do túmulo, pois estavam com muito medo, mas também muito felizes, e correram para contar aos discípulos o que havia acontecido. De repente, Jesus apareceu diante delas e disse: —Olá! E elas se aproximaram dele, abraçaram seus pés e o adoraram. Jesus, então, lhes disse: —Não tenham medo! Vão e digam aos meus irmãos para se dirigirem à Galiléia. Lá eles me verão novamente. Quando as mulheres partiram, alguns soldados foram até a cidade e contaram tudo o que tinha acontecido aos líderes dos sacerdotes. Eles e os anciãos, então, se reuniram para decidir o que iriam fazer. Depois, deram uma boa quantia de dinheiro aos soldados e lhes disseram: —É isto o que vocês devem dizer: “Os discípulos dele vieram de noite e roubaram o corpo enquanto estávamos dormindo”. Se essas coisas chegarem aos ouvidos do governador, nós o convenceremos de que foi isso mesmo que aconteceu. Vocês não terão problema nenhum. Os soldados, então, depois de receberem o dinheiro, fizeram exatamente o que os líderes dos sacerdotes e os anciãos tinham dito. E, até o dia de hoje, é nessa versão que os judeus acreditam. Os onze discípulos seguiram para a Galiléia, para o monte que Jesus lhes havia indicado. Quando o viram, alguns o adoraram, mas alguns duvidaram. Jesus, porém, se aproximou deles, e lhes disse: —Eu recebi autoridade sobre tudo o que está no céu e na terra. Portanto, vão, façam discípulos em todas as nações da terra, batizando as pessoas em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-as a obedecer todas as coisas que eu ensinei a vocês. E eu estarei com vocês todos os dias, até o fim dos tempos. Isto é o princípio das Boas Novas a respeito de Jesus Cristo, o Filho de Deus, assim como está escrito no livro do profeta Isaías: “Olhe, eu estou enviando o meu mensageiro antes de você. Ele vai preparar o seu caminho”. “Escute a voz daquele que clama no deserto: Preparem o caminho para o Senhor, e abram estradas retas para ele passar”. E foi assim que João Batista apareceu no deserto, batizando o povo e anunciando um batismo de arrependimento para o perdão dos pecados. Todas as pessoas tanto da região da Judéia como da cidade de Jerusalém iam até ele e, depois de confessarem seus pecados, eram batizadas por ele no rio Jordão. João se vestia com roupas feitas de pêlo de camelo, usava um cinto de couro amarrado na cintura e se alimentava com gafanhotos e mel silvestre. Ele dizia: —Depois de mim virá alguém que é mais poderoso do que eu e eu não sou digno sequer de me abaixar para desamarrar as correias das suas sandálias. Eu os batizo em água, mas ele os batizará no Espírito Santo. Naquela época Jesus veio de uma cidade da Galiléia chamada Nazaré e foi batizado por João Batista no rio Jordão. Assim que saiu da água, Jesus viu o céu se abrir e o Espírito descer sobre ele na forma de uma pomba. E uma voz vinda do céu disse: —Você é o meu Filho querido e me dá muita alegria. Logo depois o Espírito Santo levou Jesus para o deserto, onde ele foi tentado por Satanás durante quarenta dias. Ele esteve até mesmo com animais selvagens, mas os anjos cuidaram dele. Depois de João ter sido preso, Jesus foi para a Galiléia, anunciando as Boas Novas de Deus. Ele dizia: —Chegou a hora! O reino de Deus está próximo. Arrependam-se e acreditem nas Boas Novas. Jesus estava andando pelo lago da Galiléia quando viu Simão Pedro e seu irmão, André. Eles estavam jogando a rede no mar, pois eram pescadores. Jesus lhes disse: —Venham comigo e eu farei de vocês pescadores de pessoas. E eles imediatamente deixaram as suas redes e o seguiram. Um pouco adiante, Jesus viu outros dois irmãos: Tiago e João, filhos de Zebedeu. Eles estavam no barco preparando as suas redes. Jesus os chamou e eles o seguiram, deixando seu pai Zebedeu no barco com os empregados. Eles foram para a cidade de Cafarnaum. No sábado seguinte Jesus foi para a sinagoga e começou a ensinar o povo. Todos ficaram admirados com o ensino de Jesus, pois ele ensinava como quem tem autoridade, e não como os professores da lei. Havia na sinagoga um homem que estava possuído por um demônio e, de repente, ele começou a gritar, dizendo: —O que você quer de nós, Jesus de Nazaré? Você veio para nos destruir? Eu sei que você é o Santo de Deus. Mas Jesus o repreendeu, dizendo: —Cale-se e saia desse homem. Então o demônio sacudiu o homem várias vezes e, dando um grito bem alto, saiu dele. Todos ficaram impressionados e perguntavam uns aos outros: —O que é isso? Que tipo de ensino novo é esse? Vocês viram com que autoridade ele dá ordens até mesmo a demônios e eles lhe obedecem? E a fama de Jesus se espalhou rapidamente por toda a região da Galiléia. Depois de terem saído da sinagoga, eles foram diretamente para a casa de Simão e André, juntamente com Tiago e João. A sogra de Simão estava de cama, com febre, e assim que Jesus chegou eles lhe contaram a respeito dela. Jesus aproximou-se e, pegando-a pela mão, levantou-a. No mesmo momento a febre a deixou e ela começou a servi-los. No fim da tarde, ao pôr-do-sol, as pessoas levaram todos os doentes e todos os que estavam possuídos por demônios até Jesus. E toda a cidade se juntou na porta da casa. Jesus curou muitas pessoas, as quais sofriam de vários tipos de doenças. Ele também expulsou muitos demônios, não permitindo, porém, que eles falassem, pois sabiam quem ele era. De manhã bem cedo, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou e foi para um lugar solitário, e ali orou. Pedro e todos os que estavam com ele foram à sua procura e, encontrando-o, disseram-lhe: —Todo mundo está à sua procura. Mas Jesus lhes disse: —Vamos partir para as cidades próximas para que eu possa anunciar as Boas Novas lá também, pois foi para isso que eu vim. E Jesus viajou por toda a região da Galiléia, anunciando as Boas Novas nas sinagogas e expulsando demônios. Um homem com lepra se aproximou de Jesus e, ajoelhando-se diante dele, suplicou-lhe: —Eu sei que, se quiser, o senhor pode me curar. Jesus ficou cheio de compaixão e, estendendo a mão, tocou nele e disse: —Eu quero; fique curado. No mesmo instante a lepra o deixou e o homem ficou curado. Jesus disse então a ele que podia ir embora, mas antes disso fez uma advertência muito séria, dizendo: —Não diga nada disto a ninguém. Antes de mais nada vá até o sacerdote e apresente-se a ele. Depois ofereça o sacrifício que a lei de Moisés manda que seja oferecido pela sua cura. Faça isso para servir de testemunho ao povo. O homem foi embora, mas começou a contar a todo mundo sobre o que lhe tinha acontecido. Por causa disso Jesus não pôde mais entrar em nenhuma cidade abertamente. Ele passou a viver em lugares isolados; mas, mesmo assim, pessoas de todas as partes iam até ele. Alguns dias depois, Jesus voltou para a cidade de Cafarnaum e a notícia de que ele estava em casa se espalhou. Então, juntou-se tamanha multidão que não havia lugar nem mesmo perto da porta, do lado de fora. Jesus estava ensinando a sua mensagem a eles quando quatro homens chegaram, levando um paralítico. Eles não estavam conseguindo se aproximar de Jesus por causa da multidão. Então, abriram um buraco no telhado acima do lugar onde Jesus estava e, pela abertura, abaixaram até ele a maca onde o paralítico estava deitado. Ao ver a fé que eles tinham, Jesus disse ao paralítico: —Os seus pecados estão perdoados, meu filho. Alguns professores da lei, que estavam ali sentados, começaram a perguntar a si mesmos: —Por que este homem está dizendo essas coisas? Ele está ofendendo a Deus. Quem é que pode perdoar pecados, senão um, que é Deus? Imediatamente Jesus percebeu no seu íntimo o que eles pensavam e disse: —Por que vocês estão pensando essas coisas? O que é mais fácil dizer ao paralítico: “Os seus pecados estão perdoados”, ou: “Levante-se, pegue a sua maca e ande”? Mas eu vou lhes mostrar que o Filho do Homem tem poder na terra para perdoar pecados. Então Jesus disse ao paralítico: —Levante-se, pegue a sua maca e vá para casa. Ele se levantou e imediatamente pegou a sua maca e, diante de todos que estavam lá, caminhou para fora. Todos ficaram maravilhados e louvavam a Deus, dizendo: —Nunca vimos nada parecido com isto! De novo Jesus saiu e foi para a margem do lago. Toda a multidão foi ao seu encontro e Jesus começou a ensiná-los. Enquanto Jesus caminhava, ele viu Levi, filho de Alfeu, sentado no lugar onde se pagavam os impostos. Jesus lhe disse: —Siga-me! E Levi, então, levantou-se e o seguiu. Mais tarde, Jesus estava comendo na casa de Levi. Junto com Jesus e seus discípulos estavam muitos cobradores de impostos e pecadores que o seguiam. Quando os professores da lei, do grupo dos fariseus, viram que Jesus comia com pecadores e com cobradores de impostos, eles perguntaram aos seus discípulos: —Por que ele come com cobradores de impostos e com pecadores? Jesus, porém, ao ouvir isto, lhes respondeu: —Não são os que têm boa saúde que precisam de médico, mas sim os que estão doentes. Eu não vim para chamar os justos, mas sim os pecadores. Os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando. Então algumas pessoas se aproximaram de Jesus e lhe perguntaram: —Por que é que tanto os discípulos de João Batista como os fariseus jejuam, e os seus discípulos não jejuam? E Jesus lhes respondeu: —Por acaso os convidados do noivo jejuam enquanto o noivo está com eles? Enquanto o noivo estiver com eles, é claro que não. Virá o tempo, porém, em que o noivo será levado para longe deles; aí, então, eles jejuarão. —Ninguém usa um pedaço de pano novo para remendar uma roupa velha, pois o pano novo vai encolher e rasgar a roupa velha, e o rasgo ficará ainda maior. Da mesma forma, ninguém coloca vinho novo em odres velhos, pois o vinho arrebentará os odres e tanto o vinho como os odres ficarão arruinados. Vinho novo é colocado em odres novos. Num sábado, Jesus estava atravessando as searas. Enquanto passavam, seus discípulos começaram a colher espigas. Os fariseus, então, lhe perguntaram: —Por que os seus discípulos fazem o que não é permitido fazer no sábado? Mas Jesus lhes respondeu: —Vocês nunca leram o que Davi fez quando ele e seus companheiros estavam com fome e não tinham o que comer? Davi entrou na casa de Deus no tempo em que Abiatar era o sumo sacerdote, e comeu do pão consagrado a Deus. Somente os sacerdotes é que podiam comer desse pão, mas Davi não só o comeu como também o repartiu com os homens que estavam com ele. Depois Jesus lhes disse: —O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado. Portanto, o Filho do Homem é Senhor até do sábado. Numa outra ocasião, Jesus entrou novamente na sinagoga. Encontrava-se lá também um homem que tinha uma das mãos aleijada. Algumas pessoas, porém, estavam lá somente para observar Jesus de perto. Eles queriam ver se Jesus iria curar alguém no sábado, pois assim eles poderiam acusá-lo. Jesus disse ao homem com a mão aleijada: —Levante-se e coloque-se de frente para todos. Depois Jesus perguntou: —O que é permitido fazer no sábado: o bem ou o mal? É permitido salvar uma vida ou destruí-la? Mas ninguém lhe respondeu nada. Jesus, então, olhou para eles à sua volta. Ele estava zangado e muito triste por causa da dureza dos seus corações. Ele se dirigiu ao homem e lhe disse: —Estenda a sua mão. O homem a estendeu e ela ficou curada. Os fariseus, então, saíram e, encontrando-se com os herodianos, começaram imediatamente a fazer planos para matá-lo. Jesus partiu com os seus discípulos para o lago da Galiléia, mas uma grande multidão o seguia. Eram pessoas vindas das regiões da Galiléia e da Judéia, de Jerusalém e da Iduméia. Muitos também eram de regiões que ficavam do outro lado do rio Jordão e dos arredores das cidades de Tiro e de Sidom. Eles formavam uma enorme multidão e tinham vindo porque ouviram falar de todas as coisas que Jesus fazia. A multidão era tão grande que Jesus pediu aos seus discípulos que lhe arranjassem um barco para que assim ele não fosse apertado pelo povo. Ele já tinha curado muita gente e, por causa disso, muitos doentes tentavam a todo custo chegar mais perto de Jesus, a fim de poder tocar nele. Quando os demônios o viam, caíam no chão na sua frente e gritavam: —Você é o Filho de Deus! Mas Jesus os advertia severamente para que eles não dissessem quem ele era. Jesus subiu a um monte e chamou para si aqueles que ele queria. Eles foram e, dentre eles, Jesus escolheu doze, a quem chamou de apóstolos. Jesus os escolheu para que eles andassem sempre com ele, e também para que pudesse enviá-los a proclamar sua mensagem, dando-lhes autoridade até para expulsar demônios. Estes doze foram os escolhidos: Simão, a quem Jesus deu o nome de Pedro; os irmãos Tiago e João, filhos de Zebedeu, aos quais deu o nome de Boanerges (que quer dizer “Filhos do Trovão”); André, Filipe, Bartolomeu, Mateus e Tomé; Tiago, o filho de Alfeu; Tadeu; Simão, o cananeu; e Judas Iscariotes, que foi quem o traiu. Depois disso Jesus voltou para casa, mas novamente uma grande multidão se reuniu. Havia tanta gente que Jesus e seus discípulos nem sequer podiam comer. Quando os parentes de Jesus ficaram sabendo dessas coisas, foram buscá-lo, pois as pessoas estavam dizendo que ele tinha perdido a razão. Os professores da lei, que tinham vindo de Jerusalém, diziam: —Ele está possuído por Belzebu, o chefe dos demônios! É pelo poder dele que Jesus expulsa os demônios! Jesus, então, chamou-os para perto dele e, por meio de parábolas, lhes disse: —Como é que Satanás pode expulsar Satanás? Um reino que estiver dividido e lutar contra si mesmo, não pode durar. Uma família que estiver dividida e lutar contra si mesma, não pode durar. Se Satanás se opuser a si mesmo e estiver dividido, ele não durará, porém este será o seu fim. Ninguém entra na casa de um homem forte para lhe roubar os bens sem primeiro amarrá-lo. Depois de fazer isso, então, o ladrão pode entrar e roubar a casa. Digo a verdade a vocês: Os homens podem ser perdoados de todos os pecados que cometerem e também de todas as coisas más que disserem contra Deus. Mas aquele que insultar o Espírito Santo, esse não será perdoado, uma vez que ele é culpado de pecado eterno. (Jesus disse isto porque eles diziam que ele estava possuído por um demônio.) Logo em seguida chegaram a mãe e os irmãos de Jesus. Eles ficaram do lado de fora e mandaram chamá-lo. A multidão sentada à sua volta lhe disse: —A sua mãe e os seus irmãos estão aí fora, perguntando por você. Jesus, então, disse: —Quem é a minha mãe e quem são os meus irmãos? Depois, olhando para os que estavam sentados no círculo ao seu redor, disse: —Aqui estão a minha mãe e os meus irmãos. Todo aquele que faz a vontade de Deus é meu irmão, minha irmã e minha mãe. Jesus voltou a ensinar à beira do lago e uma grande multidão juntou-se à sua volta. ele sentou-se então num barco que estava no lago, enquanto as pessoas o escutavam da praia. Jesus lhes ensinava muitas coisas mediante parábolas; ele dizia: —Certo homem saiu para semear. Enquanto semeava, uma parte das sementes caiu pelo caminho e foi comida pelos pássaros. Outra parte caiu num terreno onde havia muitas pedras. Essas sementes brotaram rapidamente, pois a terra não era profunda. O sol, porém, queimou todas as plantas e elas secaram pois não tinham raiz. Outra parte das sementes caiu no meio de espinhos. Os espinhos cresceram ao redor das plantas e as sufocaram e por isso elas não deram frutos. Outra parte ainda caiu em terra boa. Elas brotaram, cresceram, deram frutos e produziram trinta, sessenta e até mesmo cem vezes mais. E depois disso, disse-lhes: —Aquele que pode ouvir, ouça. Quando Jesus ficou só, aqueles que estavam ao redor dele vieram com os doze apóstolos e lhe perguntaram por que ele falava por meio de parábolas. Jesus lhes respondeu: —A vocês é revelado o mistério do reino de Deus. Mas, aos de fora, tudo é ensinado por meio de parábolas. Dessa forma, “Eles olharão e olharão, mas não conseguirão ver; eles escutarão e ouvirão, mas não conseguirão entender. Isto acontecerá para que eles não venham a arrepender-se e a ser perdoados de seus pecados”. Jesus, então, lhes perguntou: —Vocês não entendem esta parábola? Como, então, poderão entender as outras parábolas? O semeador semeia a mensagem de Deus. Algumas pessoas são como as sementes que caíram à beira do caminho. Elas ouvem a mensagem de Deus, mas logo depois Satanás vem e tira a mensagem que havia sido plantada nelas. Outras pessoas são como as sementes que caíram no meio das pedras. Elas ouvem a mensagem de Deus e a recebem rapidamente e com alegria, mas duram pouco, pois não têm raiz. Elas abandonam a fé assim que as dificuldades e perseguições chegam por causa da mensagem. Outras pessoas são como as sementes que caíram entre os espinhos. Elas ouvem a mensagem de Deus, mas as preocupações com as coisas desta vida, a ilusão das riquezas e o desejo de outras coisas chegam e sufocam a mensagem, e ela não dá frutos. Outras pessoas, ainda, são como as sementes que caíram em terra boa. Elas são aquelas que ouvem a mensagem de Deus, aceitam-na e produzem frutos. Umas produzem trinta, outras sessenta, e outras ainda cem vezes mais. E Jesus continuou: —Por acaso um lampião é colocado debaixo de um cesto ou debaixo de uma cama? Ou será que ele é colocado num velador? Pois tudo o que está escondido virá a ser descoberto, e tudo o que está em segredo virá a ser revelado. Aquele que pode ouvir, ouça. Depois, Jesus lhes disse: —Prestem muita atenção a tudo o que vocês ouvem, pois Deus julgará a vocês com a mesma medida que vocês usarem para julgar os outros, e ainda com mais dureza. Quem tem, receberá ainda mais, mas aquele que não tem, até o que ele tem lhe será tirado. E Jesus continuou: —O reino de Deus é assim: Um homem joga a semente na terra. Quer ele esteja dormindo ou acordado, noite e dia, a semente brota e cresce e ele não sabe como isso acontece. Pois a terra produz os grãos por si mesma. Primeiro aparece a planta, depois a espiga e depois os grãos que enchem a espiga. E o homem corta a espiga assim que os grãos amadurecem, pois chegou o tempo da colheita. E Jesus lhes disse ainda: —O que nós poderíamos dizer a respeito do reino de Deus? A que nós poderíamos compará-lo? O reino de Deus é como um grão de mostarda, que é a menor de todas as sementes quando é plantada na terra. Depois de plantada, porém, a semente brota e a planta cresce, tornando-se a maior de todas as hortaliças. E ela produz grandes ramos a ponto de as aves dos céus poderem fazer ninhos à sua sombra. Jesus lhes transmitiu a mensagem de Deus com parábolas como estas, ensinando-lhes até o ponto que podiam entender. Ele somente lhes ensinava por meio de parábolas, mas quando estava sozinho com os seus discípulos, explicava tudo para eles. Naquele dia, quando estava anoitecendo, Jesus disse aos discípulos: —Vamos atravessar o lago para chegar até o outro lado. Então, deixando a multidão, entraram no barco onde Jesus estava e o levaram; e outros barcos o seguiram. Uma ventania muito forte começou a soprar e as ondas batiam contra o barco com tal força que ele já estava quase cheio de água. E Jesus estava na parte de trás do barco, dormindo sobre um travesseiro. Os discípulos o acordaram e lhe perguntaram: —Mestre, estamos afundando! O senhor não se importa? Jesus levantou-se e, depois de repreender o vento, disse para o mar: —Pare! Fique calmo! O vento, então, parou de soprar e tudo ficou calmo. Depois, Jesus lhes disse: —Por que vocês estão com medo? Vocês não têm fé? Os discípulos, porém, sentiam muito medo, e perguntavam uns aos outros: —Quem é este homem que até o vento e o mar lhe obedecem? Depois de terem atravessado o lago, eles chegaram à região dos gerasenos. Assim que Jesus saiu do barco, um homem, possuído por um demônio, foi ao seu encontro. Ele vinha do cemitério, pois morava entre os túmulos. Ninguém conseguia prendê-lo nem mesmo com correntes. Por várias vezes, suas mãos e seus pés tinham sido presos com correntes, mas ele sempre quebrava as correntes e ninguém conseguia dominá-lo. Ele sempre andava pelos túmulos e pelos montes, noite e dia, gritando e ferindo-se com pedras. Quando viu Jesus de longe, o homem correu até ele, caiu de joelhos diante dele e gritou bem alto, dizendo: —O que o senhor quer de mim, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Eu lhe imploro que o senhor jure por Deus que não vai me torturar. (Ele pediu isso porque Jesus estava dizendo: “Demônio, saia desse homem!”) E Jesus lhe perguntou: —Qual é o seu nome? E ele respondeu: —Meu nome é Multidão, pois somos muitos. Mas o homem continuou a insistir, pedindo que Jesus não os mandasse para fora daquela região. Havia um grupo muito grande de porcos pastando num morro ali perto. Os demônios, então, insistiram com Jesus, pedindo: —Mande-nos para aqueles porcos para que entremos neles. E Jesus permitiu que eles saíssem. Então os demônios deixaram o homem e entraram nos porcos. E estes, que eram mais ou menos dois mil porcos, se atiraram morro abaixo, para dentro do lago, onde se afogaram. Os homens que tomavam conta dos porcos fugiram e contaram tudo isso tanto para os que estavam na cidade como para os que estavam nos campos, e todo o povo correu para ver o que tinha acontecido. Quando se aproximaram de Jesus, viram o homem que tinha a multidão de demônios sentado, vestido, no seu perfeito juízo; e ficaram com muito medo. Os que tinham visto todas aquelas coisas contaram tudo o que tinha acontecido com o homem que tinha o demônio e com os porcos. E todo o povo, então, começou a implorar a Jesus para que saísse daquela região. Quando Jesus estava entrando no barco, o homem que tinha sido curado pediu-lhe: —Deixe-me ir com o senhor. Jesus, porém, não o permitiu, e lhe disse: —Vá para a sua própria casa e para o seu próprio povo, e conte-lhes tudo o que o Senhor tem feito por você e também como ele teve misericórdia de você. O homem, então, foi embora e começou a contar a todas as pessoas em Decápolis tudo quanto Jesus tinha feito por ele. Jesus voltou para o outro lado do lago e uma grande multidão se reuniu em volta dele na praia. Um homem chamado Jairo, chefe da sinagoga, também foi. Assim que viu a Jesus, ajoelhou-se aos seus pés, e insistentemente começou a suplicar: —Minha filhinha está morrendo! Eu lhe peço que venha e coloque as suas mãos sobre ela, para que seja curada e que viva. Jesus foi com ele e uma grande multidão o seguia, apertando-o de todos os lados. Havia na multidão uma mulher que há doze anos sofria de hemorragia. Ela já tinha sofrido muito e já tinha gasto tudo o que possuía tratando-se com vários médicos, mas ao invés de melhorar, ia piorando cada vez mais. Quando ouviu falar de Jesus, atravessou pelo meio da multidão e, aproximando-se por trás dele, tocou em suas roupas. Ela dizia consigo mesma: “Se eu puder ao menos tocar nas roupas dele, ficarei curada”. Assim que tocou nele, o sangue parou de correr e ela sentiu em seu corpo que estava curada da sua enfermidade. No mesmo instante Jesus percebeu que dele havia saído poder. Virou-se então para a multidão e perguntou: —Quem tocou na minha roupa? Os seus discípulos disseram: —Está vendo que a multidão o empurra de todos os lados e ainda pergunta quem o tocou? Jesus, porém, continuou a olhar para todos para ver quem tinha feito aquilo. A mulher, então, tremendo de medo e ciente do que havia acontecido, aproximou-se dele, ajoelhou-se aos seus pés, e disse-lhe toda a verdade. Jesus disse a ela: —Filha, a sua fé a curou! Vá em paz; você está curada da sua enfermidade. Jesus ainda estava falando quando alguns homens chegaram, vindos da casa de Jairo, chefe da sinagoga, dizendo: —A sua filha já morreu, Jairo. Não há mais razão para continuar incomodando o Mestre. Jesus tinha ouvido o que os homens tinham dito ao chefe da sinagoga e lhe disse: —Não tenha medo; simplesmente tenha fé. E Jesus não deixou que ninguém o acompanhasse a não ser Pedro, Tiago e João, o irmão de Tiago. Eles chegaram à casa do chefe da sinagoga, e lá Jesus viu pessoas desesperadas, chorando muito e lamentando alto. Ele entrou e disse a todos: —Por que todo este desespero e todo este choro? A menina não está morta; ela está apenas dormindo. Todos caçoaram dele. Então, pedindo a todos que se retirassem, levou os pais da criança e os três que estavam com ele para o quarto onde estava a menina. Depois, pegou na mão dela e disse: —Talita cumi!— (que quer dizer: “Menina, eu lhe mando que se levante!”). No mesmo instante a menina se levantou e começou a andar pelo quarto, e todos ficaram muito admirados. (A menina tinha doze anos.) Jesus, então, lhes ordenou que de jeito nenhum contassem nada daquilo a ninguém e também que dessem de comer à menina. Jesus partiu dali e voltou com seus discípulos para Nazaré, sua cidade, e começou a ensinar na sinagoga no sábado. Muitas pessoas ficaram admiradas quando o ouviram e perguntavam: —Onde este homem aprendeu todas estas coisas? Que tipo de sabedoria é esta que lhe foi dada? Como é que ele faz esses milagres? Este homem não é aquele carpinteiro filho de Maria e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Estas moças que estão conosco não são também irmãs dele? Eles não queriam saber dele. Jesus, então, lhes disse: —Um profeta é respeitado em toda parte, menos em sua própria cidade, entre os seus próprios parentes e dentro de sua própria casa. E não pôde fazer nenhum milagre em Nazaré, a não ser curar algumas pessoas depois de colocar as mãos sobre elas. Jesus, então, ficou admirado com a falta de fé deles. E Jesus percorria as vilas vizinhas ensinando o povo. Ele chamou os seus doze discípulos e começou a enviá-los, dois a dois, dando-lhes poder para expulsar demônios. Ele também lhes deu instruções para que não levassem nada com eles durante a viagem, a não ser um cajado. Eles não deveriam levar nem comida, nem sacola, nem dinheiro. Eles deveriam ir calçados de sandálias, mas não poderiam levar roupas extras. E disse-lhes também: —Quando vocês entrarem numa casa, permaneçam lá até que saiam daquela cidade. E se vocês chegarem a uma cidade e não forem bem recebidos e não os ouvirem, saiam de lá e sacudam o pó de suas sandálias como uma advertência para aquela gente. Eles, então, partiram e começaram a anunciar que todos deveriam se arrepender de seus pecados. Eles expulsaram muitos demônios, e curaram muitas pessoas doentes, derramando azeite sobre elas. O rei Herodes ouviu falar disso, pois o nome de Jesus tinha se tornado conhecido em toda parte. Algumas pessoas diziam: —João Batista ressuscitou e é por isso que ele tem poder para fazer milagres. Outras diziam: —Ele é Elias. E outras ainda diziam: —Ele é um profeta como um daqueles profetas antigos. Quando Herodes ouviu essas coisas, disse: —João, o homem de quem eu mandei cortar a cabeça, ressuscitou. Herodes disse isso pois ele mesmo tinha mandado que João fosse preso e colocado na cadeia. Ele tinha feito isso por causa de Herodias, com quem se casara, apesar de ela ser mulher de seu irmão Filipe. Herodes tinha mandado prender a João, pois este não parava de dizer: —Não lhe é permitido ter a mulher do seu irmão. Herodias odiava a João por causa dessas coisas e procurava um jeito de matá-lo, mas não encontrava. Herodes, porém, tinha medo de João e, portanto, o protegia, pois sabia que ele era um homem justo e santo. Herodes gostava muito de ouvi-lo, apesar de João deixá-lo sempre perplexo. Certo dia, porém, Herodias teve a sua chance e não a desperdiçou. No seu aniversário, Herodes deu um banquete para os seus mais altos funcionários, para os oficiais militares e também para as pessoas mais importantes da Galiléia. Quando a filha de Herodias entrou e dançou, agradou muito a Herodes e a seus convidados. O rei, então, disse: —Peça-me o que você quiser e eu lhe darei. E prometeu-lhe: —Eu lhe darei o que você quiser, mesmo que seja metade do meu reino. A moça saiu e perguntou à sua mãe: —O que eu poderia pedir? E Herodias respondeu-lhe: —Peça a cabeça de João Batista. Então, voltando imediatamente à presença do rei, a jovem pediu-lhe: —Quero que o senhor me dê a cabeça de João Batista num prato, agora. O rei ficou muito triste mas não podia recusar o pedido dela, não só por causa da promessa que tinha feito, como também por causa de seus convidados. Então, no mesmo momento o rei deu ordens a um soldado para trazer-lhe a cabeça de João. Ele foi até a prisão, cortou-lhe a cabeça, trouxe-a num prato, deu-a à jovem, e esta a deu à sua mãe. Quando os seus discípulos ouviram o que tinha acontecido, foram buscar seu corpo e o sepultaram. Os apóstolos voltaram e, reunindo-se com Jesus, contaram-lhe tudo quanto tinham feito e ensinado. Havia tanta gente indo e vindo que Jesus e seus apóstolos não tinham tempo sequer para comer. Então Jesus lhes disse: —Venham comigo. Vamos sozinhos encontrar um lugar tranqüilo para descansar um pouco. E eles partiram de barco, sozinhos, para um lugar sossegado. Muitas pessoas, porém, os viram partir e reconheceram quem eles eram. Pessoas de todos os povoados correram para lá, a pé, e chegaram antes deles. Quando Jesus saiu do barco, viu uma grande multidão e sentiu muita pena deles, pois eram como ovelhas sem pastor. Então, começou a ensinar-lhes muitas coisas. Quando já estava escurecendo os discípulos de Jesus se aproximaram dele e lhe disseram: —Este lugar é deserto e já está ficando tarde; mande esta gente ir embora para que eles possam chegar até as fazendas e vilas mais próximas e comprar alguma coisa para comer. E Jesus lhes disse: —Por que vocês mesmos não lhes dão alguma coisa para comer? Mas eles lhe disseram: —Para comprar pão para toda essa gente nós precisaríamos de duzentas moedas de prata! Jesus, então, perguntou-lhes: —Quantos pães vocês têm? Vão ver. Depois de verificar, eles voltaram e disseram: —Nós temos cinco pães e dois peixes. Depois de Jesus ouvir isso, mandou que os discípulos fizessem com que todos se sentassem em grupos na grama verde. E todos se sentaram em grupos de cem e de cinqüenta pessoas. Jesus, então, pegou os cinco pães e os dois peixes, olhou para o céu e agradeceu a Deus pelo alimento. Depois os repartiu em pedaços e deu a seus discípulos para que distribuíssem entre o povo. E ele fez o mesmo com os peixes. E todos comeram e ficaram satisfeitos, e depois os discípulos encheram doze cestos com pedaços de pão e peixe. Os homens que comeram dos pães eram cinco mil. Imediatamente depois, Jesus fez com que os seus discípulos embarcassem e partissem na sua frente para a cidade de Betsaida, do outro lado do lago. Enquanto isso, ele ficaria e despediria a multidão. Depois de ter-se despedido deles, Jesus foi até um monte para orar. Quando a noite chegou, o barco estava no meio do lago, e Jesus sozinho em terra. Jesus percebeu que eles estavam tendo dificuldades em remar, pois o vento era contrário. Então, por volta das quatro horas da madrugada, Jesus foi até eles caminhando por sobre as águas do lago. E ele estava quase passando adiante deles, quando o viram caminhando por sobre as águas. Eles pensaram que se tratava de um fantasma e gritaram. Estavam todos aterrorizados por tê-lo visto. Mas logo Jesus falou com eles, dizendo: —Coragem, sou eu! Não tenham medo. Depois, Jesus subiu ao barco com eles e o vento se acalmou. Eles ficaram completamente confusos, pois ainda não tinham entendido nem o milagre dos pães. Eles não conseguiam entender. Depois de atravessarem o lago, chegaram à cidade de Genesaré, onde amarraram o barco. Assim que saíram do barco, o povo reconheceu a Jesus. Então, correndo por toda aquela região, levavam os doentes em seus leitos para onde quer que ouviam que Jesus estava. E quer Jesus fosse a vilas, quer a cidades, quer a fazendas, as pessoas levavam os seus doentes para as praças e pediam que os deixassem ao menos tocar na barra de suas roupas. E todos aqueles que tocavam nele ficavam curados. Os fariseus e alguns dos professores da lei, que tinham vindo de Jerusalém, se aproximaram de Jesus e repararam que alguns dos seus discípulos estavam comendo com mãos impuras, isto é, estavam comendo sem antes terem lavado as mãos. (Pois os fariseus e todos os outros judeus não comem sem antes lavar suas mãos com muito cuidado, mantendo a tradição dos antigos.) Quando voltam dos mercados das praças, eles não comem nada que não tenha sido muito bem lavado. E há também muitas outras tradições que eles observam, tais como a lavagem de copos, de jarros e até de panelas de metal e camas. E os professores da lei e os fariseus perguntaram, então, a Jesus: —Por que os seus discípulos não seguem a tradição dos antigos, mas ao invés disso, comem com as mãos impuras? Mas Jesus lhes disse: —Isaías tinha razão quando profetizou a respeito de vocês, hipócritas, quando escreveu: “Este povo me honra com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim. O culto que eles me prestam não vale nada, pois os ensinamentos que eles ensinam são mandamentos feitos por homens”. —Vocês deixam de lado o mandamento de Deus e se apegam à tradição dos homens. E disse-lhes ainda: —Vocês são muito bons em deixar de lado os mandamentos de Deus e estabelecer os seus próprios ensinamentos. Por exemplo: Moisés disse: “Honre a seu pai e a sua mãe” e ainda: “Quem quer que insulte a seu pai ou a sua mãe deve ser punido com a morte”. Mas vocês dizem: “Se alguém se aproximar de seu pai ou de sua mãe e disser: Todos os recursos que eu poderia usar para ajudar a vocês são Corbã, isto é, oferta para o Senhor, então vocês o dispensam de fazer qualquer coisa para ajudar a seu pai ou a sua mãe. Dessa forma vocês anulam os mandamentos de Deus pelas tradições que vocês têm transmitido. E assim como fazem isto, fazem também muitas outras coisas”. Jesus chamou a multidão para perto de si novamente e lhes disse: —Escutem todos o que eu vou dizer, e entendam: Não há nada fora de uma pessoa que, ao entrar nela, a torne impura. Mas, o que sai da pessoa é o que a contamina. *** Quando Jesus deixou a multidão e foi para casa, os seus discípulos lhe perguntaram o significado daquela parábola. E ele lhes disse: —Será possível que nem vocês compreendem? Será que vocês não entendem que não há nada fora de uma pessoa que, ao entrar nela, possa contaminá-la, pois não vai para o seu coração, mas sim para o estômago, e depois sai para fora do corpo? E, ao dizer isto, ele estava declarando puras todas as comidas. Depois, acrescentou: —É o que sai da pessoa que a torna impura, pois é de dentro, do coração de cada um, que saem os maus pensamentos, os atos imorais, os roubos e os assassinatos. É do coração também que saem os adultérios, as avarezas, as maldades, a má-fé, a imoralidade, a inveja, as calúnias, a arrogância e a tolice. Todos estes males vêm de dentro, e são essas coisas que tornam uma pessoa impura. Jesus partiu dali e foi para as redondezas da cidade de Tiro. Assim que chegou, entrou numa casa, pois não queria que ninguém soubesse que ele estava ali, mas foi impossível esconder-se. Logo que uma mulher ouviu falar a respeito de Jesus, foi até ele e se ajoelhou a seus pés. (Ela tinha uma filha possuída por um demônio.) A mulher era grega, da região siro-fenícia, e lhe implorava que expulsasse o demônio de sua filha. Ele lhe disse: —Deixe que as crianças se alimentem primeiro, pois não está certo tirar a comida das crianças para dá-la aos cachorrinhos. Ela, porém, disse: —Sim, Senhor, mas os cachorros que estão debaixo da mesa comem as migalhas que as crianças deixam cair. Jesus, então, lhe disse: —Por causa da resposta que me deu, você pode ir para sua casa em paz, pois o demônio já saiu da sua filha. E depois de voltar para casa, a mulher encontrou a filha deitada na cama, pois o demônio já tinha saído dela. Novamente Jesus partiu das redondezas da cidade de Tiro, e foi para o lago da Galiléia, passando pela cidade de Sidom e também pelo território de Decápolis. Assim que chegou lá, algumas pessoas levaram a ele um homem que era surdo e gago, e lhe pediram que pusesse a mão sobre ele. Jesus o tirou do meio da multidão e, à parte, tocou nos ouvidos dele com os dedos, e em seguida tocou a língua do homem com saliva. Depois, olhando para o céu, deu um suspiro profundo e disse:—Efatá!—(que quer dizer: “Abra-se!”). E no mesmo instante os ouvidos do homem se abriram e a sua língua ficou livre e ele começou a falar normalmente. Jesus tinha ordenado que eles não dissessem nada a ninguém, mas quanto mais ele pedia, mais eles falavam. Todo o povo tinha ficado grandemente admirado e todos diziam: —Ele faz tudo tão bem! Faz até mesmo com que os surdos ouçam e com que os mudos falem! Em outra ocasião, uma outra grande multidão se reuniu e não tinham nada para comer. Jesus, então, chamou seus discípulos e disse-lhes: —Sinto muita pena de toda esta gente; já faz três dias que estão comigo e não têm nada para comer. Se eu mandá-los embora sem comer eles morrerão pelo caminho, pois alguns deles são de muito longe. Os seus discípulos perguntaram: —Mas onde poderíamos encontrar comida suficiente para toda essa multidão no meio deste deserto? Mas Jesus lhes perguntou: —Quantos pães vocês têm? Eles responderam: —Sete. Então, ordenando à multidão que se sentasse no chão, Jesus pegou os sete pães, agradeceu a Deus, partiu-os e os deu aos seus discípulos, que os distribuíram entre a multidão. E, como tinham também alguns peixinhos, Jesus agradeceu a Deus por eles e os deu aos discípulos para que também fossem distribuídos entre o povo. Todos comeram e ficaram satisfeitos e, em seguida, recolheram sete cestos cheios com os pedaços que sobraram. (Havia mais ou menos quatro mil pessoas.) Depois disso Jesus mandou que todos fossem para suas casas. Logo depois disto Jesus entrou num barco com os seus discípulos e partiu para a região de Dalmanuta. Os fariseus chegaram e começaram a discutir com ele e, testando-o, pediram-lhe que lhes mostrasse algum sinal do céu. Mas Jesus, dando um suspiro profundo, disse: —Por que é que esta geração pede um sinal? Digo a verdade a vocês: nenhum sinal será mostrado para esta geração. Depois, deixando-os, voltou para o barco e partiu para o outro lado do lago. Aconteceu que os discípulos tinham se esquecido de levar pão e tinham somente um pão com eles no barco. Jesus, então, chamando a atenção deles, disse: —Olhem, previnam-se contra o fermento dos fariseus e de Herodes. Eles começaram a discutir uns com os outros e diziam: —Ele está dizendo isso porque nós não temos pão. Jesus entendeu o que estava acontecendo com eles e lhes disse: —Por que vocês estão discutindo a respeito do fato de não haver pão? Ainda não entenderam? Será que as mentes de vocês são tão estreitas assim? Vocês têm olhos mas não vêem; têm ouvidos mas não ouvem! Será que já se esqueceram? Quando eu reparti os cinco pães entre aquelas cinco mil pessoas, quantos cestos vocês encheram com o que sobrou?—Doze—responderam eles. —E quando eu reparti os sete pães para aquelas quatro mil pessoas, quantos cestos vocês encheram com o que sobrou?—Sete—responderam eles. Então Jesus lhes disse: —Vocês ainda não entenderam? Depois disso eles chegaram a Betsaida. Lá as pessoas levaram a ele um cego e imploraram para que tocasse nele. Jesus levou o cego pela mão e guiou-o para fora da vila. Depois, cuspiu-lhe nos olhos e, colocando as mãos sobre ele, perguntou-lhe: —Você está vendo alguma coisa? Ele olhou e respondeu: —Sim, estou vendo pessoas; e elas se parecem com árvores, mas estão andando. Jesus colocou novamente as mãos nos olhos dele. Ele abriu de novo os olhos, sua visão foi restabelecida e podia ver tudo claramente. Depois disto Jesus mandou que fosse para casa, dizendo: —Não vá para a vila. Jesus e seus discípulos partiram para as vilas situadas ao redor da cidade de Cesaréia de Filipe. No caminho, Jesus perguntou a seus discípulos: —Quem é que as pessoas dizem que eu sou? Eles responderam: —Alguns dizem que é João Batista; outros dizem que é Elias; e outros, ainda, dizem que é um dos profetas, Então Jesus lhes perguntou: —E vocês? Quem é que vocês dizem que eu sou? E Pedro respondeu: —É o Cristo. Ao ouvir isto, Jesus lhes ordenou que não dissessem nada a ninguém a respeito dele. Depois Jesus começou a ensinar a seus discípulos, dizendo: —É necessário que o Filho do Homem sofra muitas coisas, que seja rejeitado pelos anciãos, pelos líderes dos sacerdotes e pelos professores da lei, que seja morto e que ressuscite no terceiro dia. Jesus disse estas coisas claramente a eles. Mas Pedro o chamou de lado e começou a repreendê-lo. Então Jesus virou-se e, olhando para os discípulos, repreendeu a Pedro, dizendo: —Afaste-se de mim, Satanás! Você não está interessado nas coisas de Deus, mas nas coisas humanas. Depois de convocar a multidão e os seus discípulos, disse-lhes: —Se alguém quiser vir comigo, tem que negar a si mesmo, pegar a sua cruz e me seguir. Pois todo aquele que quiser salvar a sua vida, irá perdê-la; mas aquele que perder a sua vida por minha causa e por causa das Boas Novas, irá salvá-la. Que vantagem terá alguém em ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? O que pode um homem dar em troca de sua alma? Se alguém desta geração perversa e pecadora tiver vergonha de mim e das coisas que ensino, o Filho do Homem também terá vergonha dele quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos. Depois Jesus lhes disse: — Digo a verdade a vocês: Alguns dos que estão aqui presentes não morrerão antes de ver a vinda poderosa do reino de Deus. Seis dias depois Jesus levou Pedro, Tiago e João para um alto monte. Ali Jesus foi transfigurado diante deles. A sua roupa ficou brilhante de tão branca que nenhum lavadeiro na terra poderia branqueá-la daquela forma. Moisés e Elias também apareceram e conversavam com Jesus. Pedro, então, disse a Jesus: —Mestre, é bom que nós estejamos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para o senhor, uma para Moisés e outra para Elias. (Ele não sabia o que dizer, pois estavam todos com muito medo.) Então, uma nuvem veio do céu e cobriu a todos com sua sombra e uma voz, vinda da nuvem, dizia: —Este é o meu Filho querido. Ouçam-no! E, de repente, quando olharam ao redor deles, não viram mais ninguém com eles, a não ser Jesus. Depois, enquanto estavam descendo o monte, Jesus disse-lhes que não contassem a ninguém a respeito das coisas que tinham visto até que o Filho do Homem ressuscitasse dos mortos. Eles guardaram para si o que tinha acontecido, mas perguntavam uns aos outros o que seria a “ressurreição dos mortos”. E fizeram-lhe esta pergunta: —Por que é que os professores da lei dizem que Elias deve vir primeiro? E Jesus lhes respondeu: —É verdade que Elias virá primeiro para colocar todas as coisas em ordem. Mas então, por que está escrito que o Filho do Homem tem que sofrer muito e ser desprezado? Eu lhes digo que Elias já veio e que já fizeram com ele tudo o que quiseram, exatamente como está escrito a seu respeito. Quando chegaram perto do lugar onde os outros discípulos estavam, viram uma grande multidão ao redor deles. Viram também que os professores da lei estavam discutindo com eles. Assim que as pessoas da multidão o viram, ficaram surpresas e correram para cumprimentá-lo. Ele então lhes perguntou: —O que vocês estão discutindo com eles? Um homem que estava no meio da multidão respondeu: —Mestre, eu trouxe o meu filho para que o senhor o visse, pois ele está possuído por um demônio que não permite que ele fale. Quando esse demônio o ataca, atirando-o no chão, ele espuma pela boca, range os dentes e o seu corpo se torna rígido. Pedi aos seus discípulos para expulsarem o demônio, mas eles não conseguiram. Jesus, então, disse: —Gente sem fé! Até quando tenho que estar entre vocês? Até quando terei que tolerá-los? Tragam o menino até aqui. E eles o levaram. Quando o demônio viu a Jesus, ele imediatamente sacudiu o garoto com força, fazendo com que rolasse no chão e espumasse pela boca. Jesus perguntou ao pai do rapaz: —Há quanto tempo o garoto está assim? E ele respondeu: —Desde criança. Muitas vezes esse demônio o atira no fogo ou na água para matá-lo. Se o senhor puder fazer alguma coisa, tenha compaixão de nós e ajude-nos. Jesus lhe disse: —Você disse: “Se o senhor puder”. Tudo é possível para quem tem fé. E imediatamente o pai do rapaz gritou, dizendo: —Eu tenho fé! Ajude-me a ter mais fé! Quando Jesus viu que uma multidão estava se juntando rapidamente ao redor deles, repreendeu o demônio e disse-lhe: —Eu ordeno, demônio surdo e mudo, que saia deste menino e nunca mais entre nele! O demônio, então, gritando, sacudiu o rapaz com violentas convulsões e saiu dele, deixando-o como morto. A maioria das pessoas dizia que o rapaz tinha morrido. Mas Jesus o pegou pela mão, ajudou-o a se levantar e ele ficou de pé. Depois que Jesus chegou a casa, seus discípulos lhe perguntaram em particular: —Por que nós não conseguimos expulsar aquele demônio? E Jesus lhes respondeu: —Esse tipo somente pode ser expulso por meio de oração. Jesus e seus discípulos saíram dali e viajaram através da região da Galiléia. Jesus não queria que ninguém soubesse onde eles estavam, pois queria ensinar os seus discípulos. E lhes disse: —O Filho do Homem está prestes a ser entregue nas mãos dos homens. Eles o matarão, mas ele ressuscitará depois de três dias. Os discípulos não entenderam o que Jesus estava dizendo, mas ficaram com medo de perguntar. Depois foram para a cidade de Cafarnaum. Logo que chegaram a casa, Jesus lhes perguntou: —O que é que vocês estavam discutindo no caminho? Eles, porém, não responderam nada, pois durante a viagem tinham discutido a respeito de qual deles seria o mais importante de todos. Então, sentando-se, ele chamou os doze e disse: —Se alguém quiser ser o primeiro, deve ser o último e deve servir a todos. Depois, pegou uma criança e colocou-a no meio deles. A seguir, abraçou-a e disse-lhes: —Qualquer pessoa que receber uma criança em meu nome, recebe a mim; e quem me recebe, não recebe somente a mim, mas também Aquele que me enviou. João lhe disse: —Mestre, vimos um homem expulsando demônios em seu nome, mas nós o proibimos porque ele não é do nosso grupo. Mas Jesus explicou: —Não o proíbam, pois não há ninguém que faça um milagre em meu nome e logo a seguir possa falar mal de mim. Pois, quem não está contra nós, está a nosso favor. Digo a verdade a vocês: Se alguém lhes der um copo de água por vocês pertencerem a Cristo, com toda a certeza receberá a sua recompensa. —Se alguém fizer com que um destes pequeninos que tem fé em mim peque, seria melhor para essa pessoa que ela fosse jogada ao mar com uma enorme pedra amarrada ao pescoço. Se a sua mão faz com que você peque, corte-a fora, pois é melhor entrar para a vida eterna sem uma das mãos do que ter as duas mãos e ir para o inferno, para o fogo que nunca se apaga. *** E se o seu pé faz com que você peque, corte-o fora. Pois é melhor entrar para a vida eterna aleijado do que ser jogado no inferno com os dois pés. *** E se o seu olho faz com que você peque, arranque-o fora. Pois é melhor entrar no reino de Deus somente com um olho do que, tendo os dois, ser jogado no inferno, onde os vermes nunca morrem e o fogo nunca se apaga. Todos serão castigados com fogo. O sal é bom, mas se perder o seu sabor, como é possível restaurar esse sabor? Desenvolvam boas qualidades em vocês mesmos e vivam em paz uns com os outros. Depois, partindo dali, ele se dirigiu para a região da Judéia, cruzando o rio Jordão. Uma grande multidão se juntou novamente ao redor de Jesus e ele, como era seu costume, os ensinava. Alguns fariseus também se aproximaram dele e lhe perguntaram: —É permitido a um homem se divorciar de sua esposa? (Eles perguntaram isso para colocá-lo à prova.) Ele respondeu: —O que Moisés ordenou? Eles responderam: —Moisés permitiu ao homem dar carta de divórcio e mandar a sua mulher embora. Jesus, porém, lhes disse: —Moisés lhes deu essa lei por causa da teimosia de vocês. Pois desde o princípio da criação, como foi dito, “Deus os fez homem e mulher”. “Por isso o homem deve deixar seu pai e sua mãe e unir-se à sua esposa, e os dois serão um só”. Portanto, eles não são mais dois, mas sim um só. Por isso, que ninguém separe o que Deus uniu. Quando chegaram a casa, os discípulos voltaram a perguntar sobre este assunto. E Jesus lhes disse: —Quem se divorcia de sua esposa e se casa com uma outra mulher comete adultério contra sua esposa. E a mulher que se divorcia de seu marido e se casa com outro homem também comete adultério. Depois disso alguns trouxeram algumas crianças para que Jesus as abençoasse, mas os discípulos os repreenderam. Ao ver isto, Jesus ficou indignado e disse-lhes: —Deixem que as crianças venham até a mim. Não as impeçam, pois o reino de Deus pertence aos que são como estas crianças. Digo a verdade a vocês: Quem não receber o reino de Deus assim como uma criança o faz, nunca entrará nele. E pegando as crianças no colo, colocava as suas mãos sobre elas e as abençoava. Quando Jesus estava começando de novo a sua viagem, um homem correu ao seu encontro e, ajoelhando-se aos seus pés, perguntou: —Bom Mestre, o que eu devo fazer para herdar a vida eterna? Jesus lhe respondeu: —Por que você me chama de bom? Só Deus é bom e mais ninguém! Você conhece os mandamentos: “Não mate, não cometa adultério, não roube, não dê falso testemunho, não seja desonesto, honre o seu pai e a sua mãe”. O homem, então, disse: —Mestre, desde pequeno tenho obedecido a todos esses mandamentos. Jesus olhou para ele e, sentindo um grande amor por ele, disse-lhe: —Está faltando somente uma coisa: Vá, venda tudo o que você tem e distribua o dinheiro entre os pobres, pois assim você terá tesouro no céu. Depois venha e siga-me. O homem, porém, ficou contrariado ao ouvir isso e foi embora triste, pois ele tinha muitos bens. Jesus olhou ao seu redor e disse aos discípulos: —Como é difícil para os ricos entrarem no reino de Deus! Os discípulos acharam estranho o que Jesus tinha dito, mas ele disse novamente: —Meus filhos, como é difícil entrar no reino de Deus! É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no reino de Deus! Eles acharam isso ainda mais estranho e começaram a perguntar uns aos outros: —Então, quem é que pode ser salvo? Olhando para eles, Jesus explicou: —É impossível para as pessoas, mas não para Deus, porque para Deus tudo é possível. Pedro, então, disse: —Olhe, nós deixamos tudo e seguimos o senhor. E Jesus respondeu: —Digo a verdade a vocês: Aquele que deixar casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou propriedades por minha causa e por causa das Boas Novas, receberá muito mais, ainda nesta vida. Ele receberá cem vezes mais casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e propriedades, com perseguições. E no futuro receberá a vida eterna. Muitos dos que agora são os primeiros serão os últimos e muitos dos que agora são os últimos serão os primeiros. Eles estavam viajando para Jerusalém e Jesus caminhava à frente deles. Os discípulos estavam admirados com ele, mas alguns que o seguiam estavam com muito medo. Então, Jesus chamou os doze discípulos de lado e começou a revelar as coisas que iam acontecer a ele, dizendo: —Escutem bem! Nós estamos indo para Jerusalém. Lá o Filho do Homem será entregue aos líderes dos sacerdotes e aos professores da lei e eles o condenarão à morte e o entregarão aos que não são judeus. Eles zombarão dele, cuspirão nele, baterão nele e, por fim, o matarão. Três dias depois ele ressuscitará. Tiago e João, os filhos de Zebedeu, se aproximaram de Jesus e pediram: —Mestre, gostaríamos que nos fizesse uma coisa. E Jesus perguntou: —O que vocês querem que eu faça? Eles disseram: —Nós gostaríamos que nos desse o direito de sentar ao seu lado na sua glória, um à sua direita e outro à sua esquerda. Jesus, porém, disse-lhes: —Vocês não sabem o que estão pedindo. Vocês podem, por acaso, beber o cálice que eu bebo ou ser batizados com o batismo com que eu sou batizado? Eles responderam: —Podemos. E Jesus lhes disse: —Vocês beberão o cálice que eu bebo e serão batizados com o batismo com que eu sou batizado; mas não sou eu que estabeleço quem vai se sentar à minha direita ou à minha esquerda. Esses lugares são para as pessoas para quem eles foram preparados. Quando os outros dez ouviram isto, ficaram zangados com Tiago e João. Mas Jesus os chamou e disse-lhes: —Vocês sabem que os que não são judeus são dominados pelos que são considerados seus governadores e são os seus líderes que exercem autoridade sobre eles. Com vocês, entretanto, isto não acontece. Pelo contrário, aquele que, entre vocês, quiser ser importante, tem que servir a vocês; e aquele que quiser ser o primeiro entre vocês, tem que ser servo de todos. Digo isto pois nem mesmo o Filho do Homem veio para ser servido, mas sim para servir e até mesmo para dar a sua vida como resgate por muitos. Jesus e seus discípulos atravessaram a cidade de Jericó. Quando saíam da cidade, acompanhados por grande multidão, encontraram um mendigo cego sentado à beira da estrada. Seu nome era Bartimeu (isto é, filho de Timeu). Quando o cego ouviu que era Jesus de Nazaré que estava passando, começou a gritar, dizendo: —Jesus, filho de Davi, tenha pena de mim! Muitas pessoas o repreenderam, mandando que ele ficasse quieto, mas ele gritava ainda mais: —Filho de Davi, tenha pena de mim! Jesus, então, parou e disse: —Chamem-no. E eles chamaram o cego, dizendo-lhe: —Coragem! Levante-se, pois ele está chamando você. Bartimeu atirou o seu casaco para o lado, levantou-se depressa e foi até Jesus. Jesus lhe perguntou: —O que você quer que eu faça por você? E o cego respondeu: —Eu quero voltar a ver, Mestre! Então Jesus lhe disse: —Você pode ir embora agora, pois a sua fé o curou. E no mesmo instante o cego recuperou a sua visão e começou a seguir Jesus estrada fora. Quando se aproximavam de Jerusalém, Jesus e seus discípulos foram até Betfagé e Betânia, junto ao Monte das Oliveiras. Jesus enviou dois dos seus discípulos, dizendo: —Vão até aquela vila ali adiante. Assim que entrarem na vila vocês encontrarão preso um jumento que nunca foi montado. Soltem-no e tragam-no até aqui. Se alguém lhes perguntar: “Por que vocês estão fazendo isso?”, respondam: “Porque o Senhor precisa dele, mas logo o devolverá”. Eles partiram e encontraram o jumento preso do lado de fora, perto da porta de uma casa e o soltaram. Algumas pessoas que estavam lá lhes perguntaram: —O que vocês estão fazendo? Por que estão soltando o jumentinho? Os discípulos responderam o que Jesus tinha mandado que eles respondessem e as pessoas deixaram que eles fossem embora. Eles levaram o jumento até onde Jesus estava, colocaram nele suas capas e Jesus o montou. Muitas pessoas estenderam as suas capas sobre o caminho e outras espalharam ramos que tinham cortado dos campos. E todas as pessoas, tanto os que iam à frente de Jesus como os que iam atrás, gritavam: —“‘Glória a Deus’! ‘Bendito é aquele que vem em nome do Senhor!’ Bendito o reino que vem, o reino do nosso antepassado Davi! Glória a Deus nas maiores alturas!” Jesus entrou na cidade de Jerusalém e dirigiu-se para o templo, olhando tudo à sua volta. Como já era tarde, ele partiu para Betânia com seus doze discípulos. No dia seguinte, quando saíam de Betânia, Jesus sentiu fome. Então, ao ver uma figueira ao longe com folhas, dirigiu-se até ela para ver se havia algum figo. Mas, ao aproximar-se da árvore, não encontrou nenhum fruto, mas somente folhas, pois não era tempo de figos. Então Jesus disse: —Que nunca mais ninguém coma dos seus frutos! E os discípulos ouviram isto. Depois disso Jesus e seus discípulos seguiram para a cidade de Jerusalém. Quando entraram no templo, Jesus começou a expulsar todas as pessoas que estavam comprando ou vendendo alguma coisa lá. Ele virou as mesas daqueles que estavam trocando dinheiro e também daqueles que estavam vendendo pombas. Também não deixou que ninguém atravessasse o templo carregando coisa alguma. Depois, ele começou a ensiná-los, dizendo: —Não está escrito: “Minha casa será chamada casa de oração para todos os povos”? Vocês, porém, a transformaram num “esconderijo de ladrões”! Ao ouvirem isto, tanto os líderes dos sacerdotes como os professores da lei começaram a procurar uma maneira de matá-lo. Eles tinham medo dele, pois a multidão estava maravilhada com o seu ensino. Quando anoiteceu, eles saíram da cidade. Na manhã seguinte, quando caminhavam, eles viram a figueira e ela estava seca desde a raiz. Pedro lembrou e disse a Jesus: —Olhe, Mestre! A figueira que o senhor amaldiçoou ontem secou! Jesus, então, disse: —Tenham fé em Deus! Digo a verdade a vocês: Se alguém disser a este monte: “Levante-se e atire-se no mar” e acreditar que o que disse vai acontecer, sem ter dúvidas em seu coração, então o que disse acontecerá. Por isso eu lhes digo que tudo quanto vocês pedirem em oração, acreditem que já receberam e será de vocês. E, quando vocês estiverem orando, se tiverem alguma coisa contra alguém, perdoem a essa pessoa. Dessa forma, o Pai de vocês, que está no céu, também perdoará os seus pecados. *** Depois disso eles voltaram para Jerusalém. Enquanto Jesus andava pelo templo, os líderes dos sacerdotes, os professores da lei e os anciãos se aproximaram dele e perguntaram: —Com ordem de quem faz essas coisas? Quem lhe deu autoridade para fazê-las? Então, Jesus lhes disse: —Eu vou lhes fazer uma pergunta. Se me responderem, eu lhes direi quem me deu autoridade para fazer essas coisas. Respondam-me isto: Quem deu a João Batista autoridade para batizar: foi Deus ou foram os homens? Eles começaram a discutir entre si, dizendo: —Se nós dissermos que foi Deus, ele dirá: “Então por que vocês não acreditaram nele?” Mas se dissermos que foram os homens …—era para ter medo do povo, pois todos acreditavam que João Batista era verdadeiramente um profeta. Então eles responderam: —Nós não sabemos. Ao que Jesus lhes disse: —Então também não vou dizer com que autoridade faço essas coisas. Depois disto Jesus começou a falar com eles mediante parábolas, e disse: —Um homem fez uma plantação de uvas e a cercou com um muro. Depois construiu um tanque, onde as uvas seriam amassadas, e uma torre. Então arrendou a plantação para alguns lavradores e foi viajar. Quando chegou o tempo certo, o dono mandou um servo seu aos lavradores a fim de receber parte dos frutos da sua plantação de uvas. Os lavradores, porém, pegaram o servo e, surrando-o, o mandaram de volta de mãos vazias. Ele enviou-lhes outro, mas eles bateram na cabeça dele e o insultaram. Enviou-lhes, então, um outro que, por sua vez, foi morto por eles. O dono da plantação de uvas enviou-lhes muitos outros, mas eles bateram em alguns e mataram a outros. Só restava ao dono da plantação enviar seu querido filho. E enviando-o, finalmente, disse: “Ao meu filho eles respeitarão”. Os lavradores, porém, disseram uns aos outros: “Este é o herdeiro. Se nós o matarmos a herança será nossa”. Então, agarrando ao filho do dono, mataram-no e jogaram o seu corpo fora da plantação. Agora eu lhes pergunto: O que o dono da plantação de uvas vai fazer com esse lavradores? Ele virá e os matará e arrendará a sua terra a outros lavradores. Vocês nunca leram as Escrituras? Elas dizem: “A pedra que os construtores rejeitaram veio a ser a pedra mais importante. Isto foi feito pelo Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos!” Os líderes dos sacerdotes e os professores da lei entenderam que Jesus tinha dito esta parábola contra eles e começaram a procurar um meio de prendê-lo, mas tinham medo do povo. Então, deixando-o, foram embora. Depois, enviaram alguns fariseus e alguns herodianos até Jesus para ver se o pegavam em alguma coisa que ele dissesse. E, aproximando-se dele, disseram: —Mestre, nós sabemos que é um homem honesto e que não se importa com o que as pessoas possam pensar, pois o senhor não olha para as aparências, mas ensina sempre o caminho de Deus com toda honestidade. É certo ou não pagar impostos a César? Devemos pagá-los ou não? Jesus, porém, percebendo a hipocrisia deles, disse-lhes: —Por que estão me testando? Tragam-me uma moeda de prata para eu ver. Eles lhe deram a moeda e ele lhes perguntou: —De quem são esta imagem e esta inscrição? —De César—eles responderam. Jesus, então, disse-lhes: —Dêem a César o que é de César e dêem a Deus o que é de Deus. E todos ficaram admirados com ele. Depois, alguns saduceus, os quais dizem não haver ressurreição, se aproximaram dele e perguntaram: —Mestre, Moisés nos deixou escrito que se um homem morrer e deixar a esposa sem filhos, o irmão dele deve casar-se com a viúva para terem filhos que serão considerados filhos do irmão que morreu. Era uma vez sete irmãos. O primeiro se casou e morreu sem deixar filhos. O segundo se casou com a viúva e morreu sem deixar filhos. Com o terceiro aconteceu a mesma coisa, e nenhum dos sete teve filhos. Por último, morreu também a mulher. No dia da ressurreição, quando todos voltarem à vida, de quem ela será esposa, uma vez que foi casada com todos os sete irmãos? Jesus, porém, lhes respondeu: —Como vocês estão enganados! E a razão é que não conhecem as Escrituras nem o poder de Deus. Quando o dia da ressurreição chegar, ninguém se casará nem ninguém será dado em casamento. Porém todos serão como os anjos no céu. Mas a respeito da ressurreição dos mortos, vocês nunca leram no livro de Moisés, a passagem que fala sobre o arbusto que queimava? Nela Deus disse a Moisés: “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó”. Ora, ele não é Deus dos mortos, mas sim dos vivos! Vocês estão completamente errados! Um dos professores da lei aproximando-se de Jesus, ouviu a discussão e, como tivesse gostado da resposta que Jesus havia dado, perguntou-lhe: —Qual é o mandamento mais importante? Jesus respondeu: —O mandamento mais importante é o primeiro: “Ouça, Israel! O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Ame o Senhor seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento e de toda a sua força”. O segundo mandamento é este: “Ame ao seu próximo como você ama a você mesmo”. Não há nenhum outro mandamento que seja maior do que estes. O professor da lei disse-lhe: —O senhor tem razão, Mestre! Está certo quando diz que Deus é único e que não existe outro a não ser ele. O senhor também está certo quando diz que devemos amá-lo de todo o nosso coração, com todo o nosso entendimento e com toda a nossa força, e que também devemos amar ao nosso próximo assim como amamos a nós mesmos, pois tudo isso é superior a quaisquer ofertas de animais queimados ou sacrifícios. Quando Jesus ouviu aquela resposta sábia do professor da lei, disse-lhe: —Você não está longe do reino de Deus. Depois disto, ninguém se atreveu a fazer-lhe mais perguntas. Quando Jesus estava ensinando no templo, disse: —Como podem os professores da lei dizer que o Cristo é filho de Davi? O próprio Davi, inspirado pelo Espírito Santo, disse: “O Senhor disse ao meu Senhor: Sente-se do meu lado direito até que eu coloque todos os seus inimigos debaixo dos seus pés”. Se o próprio Davi o chama de Senhor, como pode ele ser seu filho? E a multidão o ouvia com prazer. E enquanto ensinava, dizia: —Tenham cuidado com os professores da lei. Eles gostam de andar com as suas roupas elegantes e de ser cumprimentados com respeito nos lugares públicos. Eles também gostam de ocupar os lugares mais importantes nas sinagogas e os lugares de honra nas festas. Eles exploram as viúvas, roubando delas os seus bens e, ao mesmo tempo, fazem longas orações para serem notados. Estes receberão o pior castigo. Jesus estava sentado perto da caixa de contribuições do templo e observava como as pessoas punham seu dinheiro nela. Muitos ricos depositavam grandes quantias. Veio, porém, uma viúva pobre e colocou duas pequenas moedas, correspondentes a um centavo. Jesus, então, chamando os seus discípulos, disse-lhes: —Digo a verdade a vocês: Esta viúva pobre colocou na caixa de contribuições mais do que o fizeram todos os outros! Digo isto pois todos deram o que tinham sobrando; ela, porém, na sua pobreza, deu tudo o que tinha para viver. Quando Jesus estava saindo do templo, um de seus discípulos lhe disse:—Mestre, veja que beleza de pedras e de edifícios! Mas Jesus lhe disse: —Você está vendo estes grandes edifícios? Pois eu lhe digo que nenhuma pedra será deixada sobre outra; todas elas serão derrubadas. Quando Jesus estava sentado no Monte das Oliveiras, em frente ao templo, Pedro, Tiago, João e André foram falar com ele em particular: —Diga-nos, quando essas coisas vão acontecer? Quais serão os sinais que mostrarão que essas coisas estão prestes a se cumprir? Jesus, então, começou a dizer-lhes: —Tenham cuidado para que ninguém os engane. Muitas pessoas virão em meu nome e dirão: “Eu sou Ele” e enganarão muita gente. Não se assustem quando ouvirem sons de batalhas ou notícias de guerra; essas coisas têm que acontecer, mas ainda não será o fim. Digo isto porque uma nação fará guerra contra outra e um país atacará outro. Haverá terremotos e fome em vários lugares. Essas coisas serão como as primeiras dores de parto. —Vocês precisam ter cuidado! Serão presos e levados aos tribunais e serão espancados nas sinagogas. Também terão de comparecer perante governadores e reis por minha causa a fim de dar testemunho sobre as Boas Novas. E isto acontecerá porque as Boas Novas devem ser proclamadas primeiro em todas as nações. Quando vocês forem presos e levados aos tribunais, não se preocupem antes do tempo com o que irão dizer. Naquele momento, digam o que lhes for dado, pois não serão vocês que estarão falando, mas sim o Espírito Santo. Irmãos entregarão a seus irmãos para serem mortos, e pais entregarão seus próprios filhos. Filhos se levantarão contra seus pais e os matarão. Vocês serão odiados por todos por causa do meu nome, mas aquele que se mantiver firme até o fim será salvo. Quando virem “a terrível coisa que causa desolação” no lugar onde não deveria estar (que o leitor entenda o que isto quer dizer), então quem estiver na Judéia deve fugir para as montanhas, quem estiver em cima da sua casa, no terraço, não deve entrar nela para pegar coisa alguma e quem estiver no campo não deve voltar atrás para ir buscar seu casaco. Ai das mulheres que estiverem grávidas ou amamentando nessa época! Orem para que isto não aconteça no inverno. Porque o sofrimento daqueles dias será tal como nunca aconteceu desde o princípio, quando Deus criou o mundo, até agora. E nunca mais acontecerá. Se o Senhor não tivesse abreviado aqueles dias, ninguém poderia sobreviver. Mas ele abreviou aqueles dias por causa dos escolhidos que ele selecionou. E se alguém lhes disser: “Olhe! Aqui está o Cristo!” ou ainda: “Ali está ele!”, não acreditem. Digo isto porque falsos Cristos e falsos profetas aparecerão e eles farão milagres e maravilhas com a intenção de, se possível, enganar até o próprio povo escolhido de Deus. Portanto, tenham cuidado! Eu estou lhes avisando com antecedência. —Mas naqueles dias, depois dos sofrimentos, “O sol escurecerá e a lua não brilhará. As estrelas cairão do firmamento e os corpos celestes serão abalados”. E então o Filho do Homem será visto, vindo numa nuvem com poder e grande glória. Ele enviará os seus anjos por toda a terra e reunirá os escolhidos de Deus, da extremidade da terra até a extremidade do céu. —Aprendam a lição que a figueira nos ensina: Quando os seus ramos se tornam macios e as suas folhas começam a brotar, vocês sabem que o verão está chegando. Da mesma forma, quando vocês virem estas coisas acontecerem, saibam que o tempo está próximo, batendo à porta. Digo a verdade a vocês: Esta geração não passará até que todas estas coisas aconteçam. O céu e a terra desaparecerão, as minhas palavras, porém, permanecerão para sempre. —A respeito daquele dia ou da hora, ninguém sabe, nem os anjos no céu, nem o Filho, mas somente o Pai. Portanto, tenham cuidado! Estejam sempre alerta, pois ninguém sabe quando a hora vai chegar. —É como se um homem que, saindo do país, deixa a sua casa entregue aos cuidados dos seus servos, cada um com a sua obrigação, e manda o porteiro vigiar. Vocês também devem vigiar, pois também não sabem quando o senhor da casa vai chegar. Ele pode chegar tanto à tarde como à meia-noite, tanto de madrugada como pela manhã. Vigiem para que, se ele vier inesperadamente, não os encontre dormindo. O que, porém, lhes digo, digo a todos: Vigiem! Faltavam apenas dois dias para a Páscoa e para a Festa dos Pães sem Fermento e tanto os líderes dos sacerdotes como os professores da lei procuravam um meio de prender Jesus à traição, e matá-lo. Eles diziam: —Não vamos fazer isso durante a festa, para que não haja tumulto entre o povo. Jesus estava na cidade de Betânia, à mesa na casa de Simão, o leproso, quando chegou uma mulher. Ela entrou com um frasco de alabastro cheio de um perfume muito caro feito de nardo puro. Quebrou o frasco e derramou o perfume sobre a cabeça de Jesus. Algumas das pessoas que estavam presentes ficaram indignadas e diziam umas para as outras: —Que desperdício! Por que ela fez isso? Esse perfume poderia ter sido vendido por mais de 300 moedas de prata e o dinheiro distribuído entre os pobres! E começaram a criticá-la severamente. Mas Jesus lhes disse: —Deixem-na em paz! Por que vocês a estão incomodando? Ela me fez uma coisa boa! Os pobres estarão sempre com vocês e poderão ajudá-los quando quiserem. Eu, no entanto, não estarei sempre com vocês. Ela fez o que pôde; derramou perfume sobre o meu corpo antes do tempo e assim preparou-o para o enterro. Digo a verdade a vocês: Em todos os lugares do mundo onde as Boas Novas forem proclamadas, o que ela acabou de fazer será contado em memória dela. Judas Iscariotes, um dos doze discípulos, foi falar com os líderes dos sacerdotes a fim de trair Jesus. Quando ouviram isto, eles ficaram muito felizes e lhe prometeram dinheiro. Assim, Judas começou a procurar uma boa oportunidade para trair a Jesus. No primeiro dia da Festa dos Pães sem Fermento, quando o cordeiro da Páscoa era sacrificado, os seus discípulos lhe perguntaram: —Onde quer que nós preparemos o jantar da Páscoa? Jesus, então, chamando dois de seus discípulos, disse-lhes: —Vão até a cidade. Lá, um homem que estará carregando um jarro de água se encontrará com vocês. Sigam-no e digam isto ao dono da casa onde ele entrar: “O Mestre pergunta: Onde fica a sala na qual eu e meus discípulos poderemos comer o jantar da Páscoa?” Ele lhes mostrará uma sala grande, toda mobiliada e pronta, no andar de cima da casa; façam ali os preparativos para nós. Os discípulos partiram e foram para a cidade e, encontrando tudo exatamente como Jesus lhes tinha dito, prepararam o jantar da Páscoa. Quando anoiteceu, Jesus e os seus doze discípulos foram até lá e, enquanto estavam à mesa jantando, disse-lhes: —Digo a verdade a vocês: Um de vocês, que come comigo, me trairá. E eles começaram a ficar tristes e a dizer-lhe, um após o outro: —Por acaso sou eu? Mas Jesus lhes disse: —É um dos doze; um que molha o pão no prato comigo. O Filho do Homem vai partir, assim como está escrito a respeito dele. Mas ai daquele por quem o Filho do Homem será traído! Seria melhor que ele nunca tivesse nascido! Enquanto estavam comendo, Jesus pegou o pão e deu graças a Deus. Depois, partindo-o, deu-o a seus discípulos, dizendo: —Tomem; isto é o meu corpo. Em seguida, Jesus pegou o cálice, deu graças a Deus e passou-o aos discípulos e todos beberam dele. Então Jesus lhes disse: —Isto é o meu sangue, o sangue que sela a aliança entre Deus e seu povo, derramado a favor de muitos. Digo a verdade a vocês: Eu nunca mais beberei vinho até o dia em que beber do vinho novo no reino de Deus. Em seguida cantaram um hino e foram todos para o Monte das Oliveiras. Jesus disse a todos: —Vocês abandonarão a sua fé, pois as Escrituras dizem: “Eu matarei o pastor e as ovelhas se espalharão”. Mas, depois que eu ressuscitar, irei adiante de vocês para a Galiléia. Pedro, porém, disse-lhe: —Mesmo que todos abandonem a fé, eu nunca a abandonarei. Então Jesus lhe disse: —Digo-lhe a verdade: Hoje, nesta mesma noite, antes mesmo que o galo cante pela segunda vez, você negará três vezes que me conhece. Pedro, entretanto, insistiu, dizendo: —Eu nunca negarei que o conheço, nem mesmo que eu tenha que morrer com o senhor. E todos os outros disseram a mesma coisa. Depois, todos foram para um lugar chamado Getsêmani. Jesus disse aos seus discípulos: —Sentem-se aqui enquanto eu oro. E levou Pedro, Tiago e João com ele. Jesus começou a sentir-se angustiado e aflito e então disse aos três: —Meu coração está tão triste que eu poderia morrer. Fiquem aqui e vigiem. E, afastando-se um pouco, ajoelhou-se e orou pedindo que, se fosse possível, Deus lhe poupasse aquela hora. Ele pedia: —Pai, querido Pai! Todas as coisas são possíveis para o senhor. Eu lhe imploro que afaste de mim esse cálice de sofrimento, mas que seja feita a sua vontade, e não a minha. Depois, voltando até o lugar onde os três discípulos estavam, encontrou-os dormindo. Então disse a Pedro: —Você está dormindo, Simão? Será que não pôde vigiar nem mesmo por uma hora? Vigiem e orem, para que vocês não caiam em tentação. O espírito está pronto, mas o corpo é fraco. Depois disso Jesus afastou-se novamente e orou, pedindo a mesma coisa. E, voltando pela segunda vez, Jesus os encontrou novamente dormindo, pois os olhos deles estavam pesados. Eles não sabiam o que lhe dizer. E, voltando pela terceira vez, disse-lhes: —Vocês continuam dormindo e descansando? Basta! Chegou a hora. O Filho do Homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores. Levantem-se e vamos embora! Olhem! Aí vem o homem que está me traindo. E nesse mesmo instante, enquanto Jesus estava ainda falando, Judas, um dos doze, apareceu. Muitos homens, armados com espadas ou com pedaços de pau, o acompanhavam. Eles tinham sido enviados pelos líderes dos sacerdotes, pelos professores da lei e pelos anciãos. O traidor tinha combinado um sinal com eles, dizendo: “Aquele a quem eu beijar, é ele; prendam-no e levem-no com segurança”. Assim que Judas chegou, aproximou-se de Jesus e disse-lhe: —Mestre!—e o beijou. Então os homens que estavam com Judas pegaram a Jesus e o prenderam. Um dos homens que estava ali puxou de sua espada e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha. Jesus então disse a eles: —Por que vocês vieram com espadas e pedaços de pau para me prender como se eu fosse algum bandido? Eu estava com vocês todos os dias, ensinando no templo, e vocês não me prenderam. Mas isto está acontecendo porque as Escrituras têm de ser cumpridas. Então, todos os discípulos o abandonaram e fugiram. Um jovem que seguia a Jesus usava somente um lençol para cobrir seu corpo. Eles tentaram agarrá-lo pelo lençol, mas ele, largando o lençol, fugiu completamente nu. Jesus foi levado ao sumo sacerdote e todos os líderes dos sacerdotes, anciãos e professores da lei se reuniram. Pedro o tinha seguido de longe até chegar ao pátio do palácio do sumo sacerdote, e estava sentado com os guardas perto do fogo, se aquecendo. Os líderes dos sacerdotes e todo o Conselho Superior de judeus procuravam encontrar alguma prova contra Jesus para que assim pudessem condená-lo à morte, mas não conseguiam. Muitas pessoas testemunhavam mentiras contra ele, mas os depoimentos não eram coerentes. Então, alguns homens se levantaram e testemunharam mentiras contra ele, dizendo: —Nós o ouvimos dizer o seguinte: Eu destruirei este templo feito por mãos humanas e, em três dias, construirei outro, que não será feito por mãos humanas. Nem assim o testemunho deles era coerente. O sumo sacerdote levantou-se então diante de todos e perguntou a Jesus: —Você não vai responder nada? Não vai se defender das acusações que estão sendo feitas contra você? Jesus, no entanto, permaneceu calado, não respondendo nada. O sumo sacerdote dirigiu-se novamente a ele e perguntou: —É verdade que você é o Cristo, Filho do Deus Bendito? Jesus lhe respondeu: —É verdade, e vocês verão o Filho do Homem sentado ao lado direito do Todo-poderoso, descendo do céu entre nuvens. O sumo sacerdote, então, rasgando as suas roupas, disse: —Será que ainda precisamos de mais provas? Vocês ouviram esse insulto contra Deus. O que vocês acham? E todos o julgaram réu de morte. Algumas pessoas começaram a cuspir nele, a cobrir o seu rosto, a dar-lhe murros e a dizer-lhe: —Revele-nos quem lhe bateu! E os guardas o pegaram e bateram nele. Pedro ainda estava no pátio do palácio quando uma das empregadas do sumo sacerdote chegou. Quando ela viu Pedro se aquecendo, olhou bem para ele e disse: —Você também estava com Jesus de Nazaré. Mas ele negou, dizendo: —Eu não o conheço. Não sei do que você está falando. E saiu para o corredor. Logo depois disso o galo cantou. Mas quando a empregada o viu lá, começou a dizer aos que estavam perto: —Este homem é um deles. E novamente Pedro negou que conhecia Jesus. Pouco tempo depois as pessoas que estavam ali começaram a dizer a Pedro: —Sem dúvida que você também é um deles, pois você também é da Galiléia. Pedro, então, começou a afirmar com juramento: —Eu não conheço esse homem de quem vocês estão falando. E nesse mesmo instante o galo cantou pela segunda vez, e Pedro se lembrou do que Jesus tinha dito: “Você negará que me conhece por três vezes antes que o galo cante pela segunda vez”. E caindo em si, começou a chorar. Assim que amanheceu, os líderes dos sacerdotes, os anciãos, os professores da lei e todo o Conselho Superior dos judeus chegaram a uma decisão. Eles amarraram Jesus, levaram-no e o entregaram a Pilatos. Pilatos lhe perguntou: —Você é o rei dos judeus? Ele respondeu: —É verdade. Os líderes dos sacerdotes, então, começaram a acusá-lo de muitas coisas. Pilatos tornou a perguntar: —Não vai responder nada? Veja quantas acusações estão sendo feitas contra você! Mas mesmo assim Jesus não respondeu e Pilatos ficou muito admirado. Durante a festa da Páscoa, Pilatos tinha o costume de soltar um dos prisioneiros, qualquer um que o povo escolhesse. Havia entre os prisioneiros um homem chamado Barrabás. Ele e outros revolucionários tinham sido presos por terem matado várias pessoas durante um tumulto. A multidão se ajuntou e começou a pedir que Pilatos lhes fizesse como de costume. Pilatos, então, lhes perguntou: —Vocês querem que eu solte o rei dos judeus? (Pilatos disse isso porque sabia que por inveja os líderes dos sacerdotes tinham entregado a Jesus.) Mas os líderes dos sacerdotes incitaram o povo a pedir que Pilatos lhes entregasse Barrabás ao invés de Jesus. Pilatos, então, lhes perguntou mais uma vez: —Então, o que vocês querem que eu faça com este homem que chamam de rei dos judeus? E todos eles gritaram: —Queremos que o senhor o crucifique! Pilatos, porém, lhes perguntou: —Mas que mal ele fez? A multidão, no entanto, gritava cada vez mais: —Crucifique-o! Pilatos então, para contentar o povo, soltou-lhes Barrabás. Em seguida, mandou que Jesus fosse chicoteado e que depois fosse levado para ser crucificado. Os soldados levaram Jesus para o pátio interno do palácio do governador e lá reuniram toda a tropa. Primeiro eles o vestiram com uma capa vermelha. Depois, entrelaçando espinhos em forma de uma coroa, puseram-na sobre a cabeça dele e começaram a saudá-lo, dizendo: —Viva o Rei dos Judeus! Eles bateram na cabeça dele com um pedaço de pau, cuspiram nele e, ajoelhando-se diante dele, o adoravam. Depois de terem zombado dele, tiraram-lhe a capa vermelha e o vestiram com suas próprias roupas. Em seguida, levaram-no para fora para ser crucificado. No caminho eles encontraram um homem chamado Simão, da cidade de Cirene. Ele era pai de Alexandre e de Rufo e estava vindo do campo quando os soldados o obrigaram a carregar a cruz de Jesus. Eles o levaram até um lugar chamado Gólgota, que quer dizer “Lugar da Caveira”, e lhe deram vinho misturado com mirra para beber, mas ele não aceitou. Eles o crucificaram e depois dividiram as suas roupas entre si, tirando a sorte com dados para saber qual seria a parte de cada um. Eram nove horas da manhã quando crucificaram Jesus. Um pouco acima da cabeça de Jesus, pregaram na cruz uma tabuleta onde estava escrito como acusação: “O rei dos judeus”. Crucificaram-no com dois ladrões, um à sua direita e outro à sua esquerda. *** As pessoas que passavam por ali faziam pouco dele e, sacudindo a cabeça, diziam: —Ele não disse que ia destruir o templo e que ia construí-lo de novo em três dias? Então que desça da cruz e que se salve! Os líderes dos sacerdotes e os professores da lei também caçoavam dele e diziam uns aos outros: —Salvou outros e não consegue salvar a si mesmo. Desça da cruz agora o Cristo, o rei de Israel, para que vejamos e possamos acreditar. E até os que foram crucificados com ele o insultavam. Ao meio-dia uma escuridão cobriu a terra, que permaneceu às escuras por três horas. Às três horas da tarde, Jesus gritou bem alto: —Eloí, Eloí, lamá sabactâni?—(que quer dizer: “Meu Deus, meu Deus! Por que me abandonou?”). Quando algumas pessoas que estavam ali ouviram isto, disseram: —Escutem! Ele está chamando a Elias! Alguém correu, molhou uma esponja em vinagre e, colocando-a na ponta de uma vara, deu de beber a Jesus. Depois ele disse: —Deixem-no! Vamos ver se Elias vem tirá-lo da cruz! Mas Jesus deu um grito forte e morreu. Nesse mesmo instante a cortina do templo se rasgou em duas partes, de cima até embaixo. Quando o oficial da guarda que estava em frente de Jesus o ouviu gritar e viu como ele havia morrido, disse: —Realmente este homem era o Filho de Deus! Algumas mulheres que também estavam ali observavam de longe. Entre elas estavam: Maria Madalena, Salomé e Maria, a mãe de Tiago, o jovem, e de José. Estas mulheres tinham acompanhado e ajudado a Jesus desde o tempo em que ele estava na Galiléia. Muitas outras mulheres que também estavam ali tinham ido com ele para Jerusalém. Era o dia da preparação, isto é, véspera do sábado. Já era quase noite quando José de Arimatéia, importante membro do Conselho Superior dos judeus e que também esperava pelo reino de Deus, chegou. Com muita coragem José se dirigiu a Pilatos e pediu o corpo de Jesus. Pilatos ficou admirado quando ouviu que Jesus já tinha morrido. E, chamando um oficial, perguntou-lhe se fazia muito tempo que Jesus morrera. Depois de se certificar da morte de Jesus por informação do oficial, Pilatos permitiu que José levasse o corpo. José comprou um lençol de linho e, tirando o corpo de Jesus da cruz, enrolou-o no lençol. Depois, colocou o corpo num túmulo que tinha sido cavado numa rocha e rolou uma grande pedra para fechar a entrada do túmulo. Maria Madalena e Maria, a mãe de José, estavam lá e viram onde o corpo de Jesus tinha sido colocado. Depois que passou o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram perfumes para derramar sobre o corpo de Jesus. Domingo bem cedo, antes mesmo do nascer do sol, elas foram até o túmulo e, enquanto caminhavam, diziam entre si: —Quem vai rolar a pedra da entrada do túmulo para nós? (Elas estavam dizendo isso porque a pedra era muito grande.) Ao olharem adiante, porém, viram que a pedra já tinha sido tirada. Quando elas entraram no túmulo, ficaram muito assustadas, pois viram um rapaz vestido de roupas brancas, sentado do lado direito. Ele lhes disse: —Não se assustem. Vocês estão procurando a Jesus, o Nazareno, que foi crucificado, não é verdade? Mas ele não está mais aqui; ele ressuscitou. Vejam o lugar onde ele tinha sido colocado. Agora vão e dêem este recado aos discípulos e a Pedro: “Ele irá para a Galiléia antes de vocês. Vocês o encontrarão lá, exatamente como ele mesmo lhes disse”. Elas saíram correndo do túmulo, pois estavam apavoradas e fora de si; e, por estarem com medo, não disseram nada a ninguém. Depois de ter ressuscitado, na madrugada de domingo, Jesus apareceu primeiro a Maria Madalena, de quem expulsara sete demônios. Ela foi e contou o acontecido aos que tinham sido companheiros de Jesus, pois eles estavam muito tristes e choravam. Quando ouviram que Jesus estava vivo e que ela o tinha visto, eles não acreditaram. Depois disto, Jesus apareceu, numa forma diferente, a dois de seus discípulos que estavam caminhando em direção ao campo. Eles voltaram e contaram aos outros discípulos, mas estes novamente não acreditaram no que eles disseram. Mais tarde Jesus apareceu aos onze discípulos enquanto estavam comendo. Ele os repreendeu pela sua falta de fé e pela sua teimosia, pois não tinham acreditado nas palavras daqueles que o tinham visto ressuscitado. Ele lhes disse: —Espalhem-se por todo o mundo e anunciem as Boas Novas a todas as pessoas. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado. Estes são os sinais que acompanharão os que crêem: eles expulsarão demônios em meu nome e falarão em outras línguas; se pegarem em cobras com as mãos ou beberem algum veneno, nada de mal lhes acontecerá; eles colocarão suas mãos sobre os doentes e estes ficarão curados. Depois de ter-lhes dito todas estas coisas, Jesus foi levado ao céu e sentou-se à direita de Deus. Os discípulos, então, partiram e anunciaram a mensagem por todos os lugares. O Senhor os ajudava e confirmava o que eles diziam, realizando por meio deles sinais milagrosos. Excelentíssimo Teófilo: Muitas pessoas já tentaram escrever a respeito das coisas que aconteceram entre nós. As mesmas coisas que nos foram transmitidas por aqueles que as viram desde o princípio e que anunciaram a mensagem. Eu também estudei com bastante cuidado essas coisas e achei que seria bom escrever tudo isto em ordem, para que o senhor saiba toda a verdade a respeito daquilo que lhe ensinaram. Quando Herodes era rei da Judéia, havia um sacerdote chamado Zacarias, que pertencia ao grupo de sacerdotes de Abias. Isabel, sua esposa, era da família de Arão. Ambos eram justos diante de Deus e cumpriam sempre todas as leis e mandamentos do Senhor. Eles, porém, não tinham filhos, pois Isabel era estéril e ambos eram muito velhos. Um dia, quando o grupo de Zacarias estava de serviço, coube a ele a função de sacerdote perante Deus. Conforme o costume, fizeram sorteio para ver quem iria entrar no templo e queimar incenso para o Senhor. A sorte coube a Zacarias. Fora do templo, o povo continuava orando, enquanto o incenso estava sendo queimado. Então, um anjo do Senhor apareceu a Zacarias do lado direito do altar do incenso. Ao ver o anjo, Zacarias ficou perturbado e com muito medo. O anjo lhe disse: —Não tenha medo, Zacarias! O Senhor ouviu a sua oração. Isabel, sua mulher, vai ter um filho e você lhe dará o nome de João. Ele vai lhe trazer muita alegria e satisfação e muitas pessoas ficarão felizes com o nascimento dele. Ele será um grande homem diante do Senhor. Não beberá vinho nem bebidas fortes e até mesmo antes de nascer estará cheio do Espírito Santo. Ele fará com que muitas pessoas do povo de Israel voltem para o Senhor seu Deus. Ele irá à frente do Senhor com o espírito e o poder do profeta Elias. Ele fará com que os pais façam as pazes com os filhos e com que os desobedientes sejam prudentes como os justos. E assim vai preparar um povo para receber ao Senhor. Zacarias disse ao anjo: —Mas como isso pode ser possível? Tanto eu como a minha mulher somos velhos! O anjo lhe disse: —Eu sou Gabriel e estou sempre diante de Deus. Ele me enviou para falar com você e lhe dar estas boas notícias. Tudo o que eu disse vai acontecer no tempo certo. Você, porém, não acreditou nas minhas palavras e, portanto, vai ficar mudo e não será capaz de falar até o dia do nascimento do seu filho. (Enquanto isso, a multidão lá fora esperava por Zacarias, admirada por ele se demorar tanto no templo). Quando Zacarias saiu, não podia falar com eles. Então entenderam que ele tinha tido uma visão no templo. E fazia sinais com as mãos ao povo, pois ele tinha ficado mudo. Quando terminou o seu trabalho, Zacarias voltou para casa. Pouco tempo depois, sua mulher Isabel ficou grávida e não saiu de casa durante cinco meses. Ela disse: —Finalmente o Senhor me ajudou! Não serei mais humilhada por ninguém! Seis meses depois de Isabel ter ficado grávida, Deus enviou o mesmo anjo, Gabriel, a uma vila na Galiléia chamada Nazaré. Ele apareceu a uma moça virgem que ia se casar com um homem chamado José. José era da família de Davi e o nome da moça era Maria. Gabriel lhe disse: —Saudações, Maria! Você recebeu uma grande honra! O Senhor está com você. Ela ficou perturbada e perguntava a si mesma o que aquelas palavras queriam dizer. O anjo disse a ela: —Não tenha medo, Maria! Deus favoreceu a você. Escute! Você vai ficar grávida e vai ter um filho a quem vai dar o nome de Jesus. Ele será um grande homem e será chamado o Filho do Altíssimo. O Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. Ele reinará eternamente sobre a casa de Jacó e o seu reino não terá fim! Maria então perguntou ao anjo: —Mas como será isso possível se eu nunca tive relações com um homem? E o anjo respondeu a ela: —O Espírito Santo descerá sobre você e o poder do Altíssimo cobrirá você com uma sombra. Por isso, o menino que vai nascer de você será santo e será chamado Filho de Deus. Isabel, sua prima, também ficou grávida apesar de sua velhice. Aquela a quem chamavam estéril está grávida de seis meses. Nada é impossível para Deus! Maria disse: —Eu sou uma serva do Senhor. Que aconteça comigo conforme o que diz. E o anjo foi embora. Logo depois disso acontecer, Maria se aprontou e partiu para uma vila na Judéia, na região das montanhas. E assim que chegou na casa de Zacarias, ela cumprimentou Isabel. E aconteceu que, quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança se mexeu em seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. E Isabel disse então, em voz alta: —Você é a mais abençoada de todas as mulheres! Abençoado também é o filho que lhe vai nascer! Mas quem sou eu para que a mãe do meu Senhor venha me visitar? O menino dentro de mim se mexeu de alegria assim que ouviu o seu cumprimento. Você é abençoada por acreditar nas coisas que o Senhor disse que vão acontecer. Maria então disse: — A minha alma glorifica o Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador. Pois olhou para a sua humilde serva e, de agora em diante, todos me chamarão de abençoada. Porque o Deus poderoso fez grandes coisas por mim. Santo é o seu nome! Ele é bondoso para com todas as pessoas que o temem, de geração em geração. Ele estende sua mão poderosa, e derrota os orgulhosos com os seus conceitos. Ele derruba os poderosos dos seus tronos, e eleva os humildes. Ele enche de bens aqueles que têm fome, e manda os ricos embora de mãos vazias. Ele veio para ajudar o povo de Israel, seu servo, e não esqueceu da sua misericórdia. Ele tem feito o que prometeu aos nossos antepassados, Abraão e a seus descendentes, para sempre. Maria permaneceu mais ou menos três meses na casa de Isabel e depois voltou para a sua casa. Chegou a hora de Isabel ter o seu filho e ela deu à luz um menino. Os vizinhos e a família dela ouviram como o Senhor tinha sido bondoso com ela e também ficaram felizes. No oitavo dia, quando vieram para circuncidar o menino, queriam lhe dar o nome de Zacarias, como seu pai. Porém a mãe dele disse: —Não. O nome do menino será João. Então eles disseram a ela: —Mas ninguém tem esse nome na sua família! Então, por meio de sinais, perguntaram ao pai do menino que nome ele queria que lhe dessem. Zacarias pediu uma tabuinha de escrever e, para surpresa de todos, escreveu: “O seu nome é João”. Nesse mesmo instante a sua língua ficou solta, a sua boca se abriu e Zacarias começou a falar e a louvar a Deus. Todos os vizinhos ficaram impressionados e por todos os montes da Judéia as pessoas falavam destas coisas. Todos os que ouviam estas coisas, meditavam nisto e diziam: —Quem virá a ser esta criança? (Pois era evidente que o poder do Senhor estava sobre ela.) Então Zacarias, pai de João, cheio do Espírito Santo, profetizou: —Louvado seja o Senhor, Deus de Israel, porque ele veio para ajudar e dar liberdade ao seu povo. E nos deu um poderoso Salvador, nascido da família do seu servo Davi. Já faz muito tempo que Deus prometeu todas essas coisas por meio dos seus profetas. Ele prometeu nos salvar dos nossos inimigos e do poder de todos os que nos odeiam. Ele prometeu que ia mostrar misericórdia para com os nossos pais e se lembrar da sua santa aliança. Ele prometeu a nosso pai Abraão que nos livraria do poder dos nossos inimigos, para que assim nós pudéssemos servir a Deus sem medo. *** Ele fez isso para sermos santos e justos diante dele por todos os dia de nossa vida. E você, menino, será chamado profeta do Altíssimo, porque irá à frente do Senhor, para lhe preparar o caminho. Você vai anunciar ao seu povo a salvação que vem por meio do perdão dos pecados. Isto acontecerá porque o nosso Deus é bondoso e cheio de misericórdia. E a luz de um novo dia virá dos céus e brilhará sobre nós. E essa luz iluminará a todos que vivem na escuridão, na sombra da morte, e guiará os nossos passos no caminho da paz. O menino crescia e se fortalecia no espírito. Ele viveu no deserto até o dia em que se apresentou ao povo de Israel. Naquela época, o imperador Augusto mandou publicar uma lei dizendo que todo o mundo romano devia se registrar para um recenseamento. (Quando foi feito este primeiro recenseamento, Quirino era governador da Síria). Então, todos foram para as suas próprias cidades para se registrarem. José também partiu da vila de Nazaré, na Galiléia, para a vila de Belém, na Judéia. José foi para lá porque era descendente do rei Davi e este tinha nascido em Belém. Ele foi para lá para se registrar com Maria, que ia se casar com ele e estava grávida. E aconteceu que, enquanto estavam em Belém, completou-se o tempo da gravidez de Maria e ela deu à luz o seu primeiro filho. Como não houvesse lugar para eles na hospedaria, Maria enrolou o menino em panos e o deitou numa manjedoura. Naquela região havia pastores passando a noite no campo, tomando conta de seus rebanhos. Um anjo do Senhor apareceu aos pastores e a glória do Senhor brilhou ao redor deles. E eles ficaram com muito medo. O anjo lhes disse: —Não tenham medo! Eu vim para lhes dar boas notícias de grande alegria para todo o povo. Hoje, na mesma vila onde Davi tinha nascido, nasceu o Salvador. Ele é o Cristo, o Senhor! E isto lhes servirá de sinal: Vocês encontrarão um menino enrolado com panos e deitado numa manjedoura. De repente, uma multidão de outros anjos vindos do céu juntou-se ao primeiro anjo. E, todos juntos, louvavam a Deus, dizendo: —Glória a Deus nas alturas do céu! E paz na terra entre os homens a quem ele quer bem! Quando os anjos foram embora e voltaram para o céu, os pastores disseram uns aos outros: —Vamos até Belém para ver o que aconteceu, aquilo que o Senhor nos contou. E então eles foram depressa e encontraram Maria e José e viram o menino deitado na manjedoura. E quando eles o viram, contaram a todos sobre a mensagem que tinham recebido a respeito daquela criança. Todos os que ouviam o que os pastores diziam ficavam muito admirados. Maria, porém, guardava todas estas coisas no coração e meditava sobre elas continuamente. Os pastores retornaram glorificando e louvando a Deus por todas as coisas que eles tinham visto e ouvido. Tudo ocorrera exatamente como o anjo lhes havia dito. Oito dias depois, no dia da circuncisão do menino, deram-lhe o nome de Jesus, pois esse era o nome que o anjo lhes tinha dado antes mesmo de o menino nascer. Quando chegou o tempo da purificação deles, de acordo com a lei de Moisés, eles levaram o menino a Jerusalém para apresentá-lo ao Senhor. Pois assim está escrito na lei do Senhor: “O primeiro filho homem deve ser dedicado ao Senhor”. Eles também foram para oferecer um sacrifício, como manda a lei do Senhor: “Um par de rolas, ou dois pombinhos”. Vivia em Jerusalém um homem justo e piedoso chamado Simeão. Ele estava esperando a libertação do povo de Israel e o Espírito Santo estava sobre ele. O Espírito Santo lhe tinha prometido que ele não iria morrer antes de ver o Cristo enviado pelo Senhor. Inspirado pelo Espírito, Simeão foi ao templo. Quando os pais levaram o menino Jesus para fazerem com ele o que a lei requeria, Simeão segurou o menino em seus braços e louvou a Deus dizendo: —Agora, Senhor, deixe o seu servo ir em paz, de acordo com a sua promessa. Os meus olhos já viram a salvação que o Senhor trouxe, a salvação que o Senhor preparou na presença de todos os povos. Ele é a luz para guiar as nações e a glória de Israel, o seu povo. O pai e a mãe do menino ficaram admirados com as coisas que Simeão falou a respeito de Jesus. Simeão os abençoou e disse a Maria, mãe do menino: —Este menino está destinado a fazer caire a levantar muita gente em Israel. Ele será também um sinal de Deus que muitos rejeitarão, para que os pensamentos das pessoas sejam conhecidos. Para você, porém, todas estas coisas serão como espada a atravessar-lhe a própria alma. Estava lá também uma profetisa chamada Ana. Ela era filha de Fanuel, da tribo de Aser. Ela já era bastante velha e tinha ficado viúva depois de ter vivido com seu marido apenas sete anos após o casamento. Desde então, ela continuava viúva e estava com oitenta e quatro anos. Ela nunca saía do templo e adorava a Deus dia e noite, com jejuns e orações. Naquele mesmo momento, ela se aproximou deles, deu graças a Deus e falou a respeito do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. Quando terminaram de fazer tudo o que a lei do Senhor mandava, José e Maria voltaram para a sua vila, Nazaré, na Galiléia. O menino crescia e ficava cada vez mais forte e cheio de sabedoria, e a graça de Deus estava com ele. Todos os anos os pais de Jesus iam a Jerusalém, para a festa da Páscoa. Quando Jesus tinha doze anos, foram todos para a festa, como de costume. Quando a festa terminou, ao voltarem para casa, o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o soubessem. Mas eles pensaram que ele estivesse com os companheiros de viagem. Depois de terem viajado um dia inteiro, eles começaram a procurá-lo entre os parentes e amigos. Como não o encontraram, voltaram a Jerusalém para procurá-lo. Depois de três dias, eles o encontraram no templo. Ele estava sentado entre os professores, ouvindo e fazendo perguntas a eles. E todos os que o ouviam estavam admirados com a sua inteligência e com as suas respostas. Quando os pais dele o viram, ficaram surpresos e sua mãe lhe perguntou: —Filho, por que você fez isso? Seu pai e eu estávamos muito aflitos procurando por você. Jesus respondeu a eles: —Por que vocês estavam me procurando? Não sabiam que eu devia estar na casa de meu Pai? Os pais dele, porém, não entenderam a sua resposta. Então Jesus voltou com seus pais para Nazaré e lhes obedecia. Sua mãe, entretanto, guardava todas estas coisas no coração. Jesus crescia em sabedoria e em altura e tinha a aprovação de Deus e dos homens. Era o décimo-quinto ano do reinado do Imperador Tibério. Pôncio Pilatos era governador da Judéia e Herodes governador da Galiléia. Filipe, irmão de Herodes, governava as regiões de Ituréia e Traconites, e Lisânias governava Abilene. Anás e Caifás eram os sumos sacerdotes. Foi nessa época que João, filho de Zacarias, recebeu a mensagem de Deus no deserto. João, então, andou por toda a região do rio Jordão, anunciando um batismo baseado no arrependimento para perdão de pecados. Isto aconteceu como está escrito no livro do profeta Isaías: “Uma voz está clamando no deserto: Preparem o caminho para o Senhor, e abram estradas retas para ele passar. Todos os vales serão aterrados e todos os montes e colinas serão aplanados. Os caminhos tortos serão endireitados e as ruas esburacadas serão alisadas. E todas as pessoas verão a salvação que vem de Deus”. João dizia às multidões que vinham para serem batizadas por ele: —Raça de cobras venenosas! Quem avisou a vocês para escaparem do castigo que Deus vai mandar? Façam coisas que mostrem que vocês se arrependeram e não comecem a dizer entre vocês mesmos: “Abraão é nosso pai”. Pois eu lhes digo que até destas pedras Deus é capaz de fazer descendentes de Abraão! O machado já está pronto para cortar as árvores pela raiz. Toda árvore que não produz bons frutos será cortada e jogada no fogo. E a multidão perguntou a ele: —Então, o que devemos fazer? Ele lhes respondeu: —Aquele que tem duas túnicas deve dar uma a quem não tem nenhuma. E aquele que tem comida deve repartir com quem não tem. Alguns cobradores de impostos também vieram para serem batizados e perguntaram a João: —Mestre, o que devemos fazer? E ele lhes respondeu: —Não cobrem mais do que a lei manda. Alguns soldados lhe perguntaram: —E o que nós devemos fazer? Ele lhes disse: —Não tirem dinheiro de ninguém nem acusem ninguém injustamente. Contentem-se com o seu próprio salário. O povo estava cheio de expectativa e perguntava a si mesmo se não seria João o Cristo. João respondeu assim a todos: —Eu batizo vocês em água, mas virá alguém que é mais poderoso do que eu e eu não sou digno nem de desamarrar as sandálias dele. Ele batizará com o Espírito Santo e com fogo. Ele tem uma pá nas mãos e com ela ele vai separar o trigo da palha. O trigo será juntado em seu depósito, mas a palha será queimada com um fogo que nunca se apaga. E João anunciou as Boas Novas ao povo com muitas outras admoestações. (Mas depois João falou contra Herodes, o governador, censurando-o por causa de seu relacionamento com Herodias, mulher do seu irmão, e por todas as outras maldades que ele tinha feito. Herodes então, além de tudo isso, fez uma maldade ainda pior: mandou prender a João.) Aconteceu que, quando todas as pessoas estavam sendo batizadas, Jesus também foi batizado. Enquanto ele estava orando, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma de pomba. E uma voz vinda do céu disse: —Você é o meu Filho querido. Você me dá muita alegria. Jesus tinha cerca de trinta anos quando começou o seu trabalho. Ele era, conforme pensavam, filho de José. José era filho de Eli; Eli, filho de Matate; Matate, filho de Levi; Levi, filho de Melqui; Melqui, filho de Janai; Janai, filho de José; José, filho de Matatias; Matatias, filho de Amós; Amós, filho de Naum; Naum, filho de Esli; Esli, filho de Nagai; Nagai, filho de Maate; Maate, filho de Matatias; Matatias, filho de Semei; Semei, filho de José; José, filho de Joda; Joda, filho de Joanã; Joanã, filho de Resa; Resa, filho de Zorobabel; Zorobabel, filho de Salatiel; Salatiel, filho de Neri; Neri, filho de Melqui; Melqui, filho de Adi; Adi, filho de Cosã; Cosã, filho de Elmadã; Elmadã, filho de Er; Er, filho de Josué; Josué, filho de Eliézer; Eliézer, filho de Jorim; Jorim, filho de Matate; Matate, filho de Levi; Levi, filho de Simeão; Simeão, filho de Judá; Judá, filho de José; José, filho de Jonã; Jonã, filho de Eliaquim; Eliaquim, filho de Meleá; Meleá, filho de Mená; Mená, filho de Matatá; Matatá, filho de Natã; Natã, filho de Davi; Davi, filho de Jessé; Jessé, filho de Obede; Obede, filho de Boaz; Boaz, filho de Sala; Sala, filho de Nassom; Nassom, filho de Aminadabe; Aminadabe, filho de Admim; Admim, filho de Arni; Arni, filho de Esrom; Esrom, filho de Peres; Peres, filho de Judá; Judá, filho de Jacó; Jacó, filho de Isaque; Isaque, filho de Abraão; Abraão, filho de Tera; Tera, filho de Naor; Nacor, filho de Seruque; Seruque, filho de Ragaú; Ragaú, filho de Faleque; Faleque, filho de Éber; Éber, filho de Sala; Sala, filho de Cainã; Cainã, filho de Arfaxade; Arfaxade, filho de Sem; Sem, filho de Noé; Noé, filho de Lameque; Lameque, filho de Metusalém; Metusalém, filho de Enoque; Enoque, filho de Jarete; Jarete, filho de Maleleel; Maleleel, filho de Cainã; Cainã, filho de Enos; Enos, filho de Sete; Sete, filho de Adão; e Adão, filho de Deus. Jesus estava cheio do Espírito Santo quando voltou do rio Jordão, e foi levado pelo Espírito para o deserto. Ali, durante quarenta dias ele foi tentado pelo Diabo e não comeu nada nesse período. Depois disso Jesus teve fome. Então o Diabo lhe disse: —Se você é mesmo o Filho de Deus, mande esta pedra se transformar em pão. Jesus respondeu: —As Escrituras dizem: “Nem só de pão vive o homem”. Então o demônio o levou para um lugar alto e lhe mostrou, num só momento, todos os reinos do mundo. E lhe disse: —Eu lhe darei todo este poder e toda esta glória, pois tudo isto me foi dado e eu posso dar a quem quiser. Tudo isto será seu se você se ajoelhar para me adorar. Jesus lhe disse: —As Escrituras dizem: “Adore ao Senhor seu Deus e sirva somente a ele”. Depois, o Diabo levou a Jesus para Jerusalém, colocou-o no ponto mais alto do templo e lhe disse: —Se você é mesmo o Filho de Deus, atire-se daqui para baixo. Pois as Escrituras dizem: “Ele dará ordens aos seus anjos para que cuidem de você”. As Escrituras também dizem: “Eles vão segurá-lo com suas mãos para que nem os pés machuque nas pedras”. Jesus lhe disse: —Também as Escrituras dizem: “Não ponha o Senhor seu Deus à prova”. Quando o Diabo acabou de tentar a Jesus de todas as maneiras, ele o deixou, até uma outra oportunidade. Jesus voltou para a Galiléia e o poder do Espírito Santo estava com Ele. E a sua fama se espalhou por toda a região. Ele ensinava nas sinagogas e todos o elogiavam. Jesus foi para Nazaré, onde ele tinha crescido. No sábado foi à sinagoga, como era seu costume. Ali ele se levantou para ler as Escrituras, e lhe deram o livro do profeta Isaías. Ele o abriu e achou o lugar onde estava escrito: “O Espírito do Senhor está sobre mim. Ele me escolheu para proclamar as Boas Novas aos pobres e anunciar a liberdade aos presos. Ele me enviou para dar vista aos cegos, para libertar os que estão sendo maltratados e para anunciar o ano em que o Senhor vai favorecer o seu povo”. Depois de ler, Jesus fechou o livro, deu-o ao ajudante da sinagoga e se sentou para ensinar. E os olhares de todos estavam fixos nele. Então ele começou a falar: —Hoje se cumpriu a Escritura que vocês acabaram de ouvir. Todos estavam elogiando a Jesus e admirados com as palavras bonitas que ele falava. Eles diziam: —Este não é o filho de José? Ele lhes disse: —Sem dúvida vocês vão me repetir aquele ditado que diz: “Médico, cure-se a si mesmo!”, e vão também dizer: “Por que não faz aqui, na sua terra, as mesmas coisas que ouvimos dizer que fez em Cafarnaum?” E disse ainda: —Digo a verdade a vocês: Nenhum profeta é bem recebido em sua própria terra. Digo a verdade a vocês: Havia muitas viúvas em Israel no tempo do profeta Elias, quando não choveu por três anos e meio e houve grande fome em toda a terra. Mas Elias foi enviado somente a uma viúva em Sarepta, na região de Sidom, e a nenhuma outra. Havia também muitos leprosos em Israel no tempo do profeta Eliseu, mas nenhum deles foi curado, com exceção de Naamã, o sírio. Todos os que estavam na sinagoga ficaram com muita raiva quando ouviram essas coisas. Então levantaram-se, expulsaram-no da cidade e levaram-no para a beira do monte sobre o qual a cidade estava construída, com a intenção de jogá-lo de lá para baixo. Jesus, porém, passou pelo meio deles e seguiu o seu caminho. Depois Jesus foi para Cafarnaum, cidade da Galiléia. Ali ele ensinava o povo no sábado. Todos ficaram admirados com o seu ensino porque ele falava com autoridade. Estava na sinagoga um homem que tinha um demônio dentro de si e ele gritou bem alto: —O que você quer de nós, Jesus de Nazaré? Você veio para nos destruir? Eu sei que você é o Santo de Deus! Mas Jesus o repreendeu, dizendo: —Cale-se e saia desse homem! Então o demônio jogou o homem no chão no meio de todos e saiu dele sem o machucar. Todos ficaram impressionados e começaram a comentar uns com os outros: —Que ensino é este? Vocês viram com que autoridade e poder ele dá ordens aos demônios e eles saem? E a sua fama se espalhou por toda região. Depois de sair da sinagoga, Jesus foi para a casa de Simão. A sogra dele estava com uma febre muito alta e lhe pediram que a ajudasse. Jesus debruçou-se sobre ela, repreendeu a febre e esta a deixou. No mesmo instante ela se levantou e começou a servi-los. Ao pôr do sol, todos aqueles que tinham parentes com vários tipos de doenças, os levaram a Jesus. Ele punha as mãos sobre cada um deles e os curava. Também de muitos deles saíam demônios, gritando: —O senhor é o Filho de Deus! Mas Jesus os repreendeu e não os deixou falar, porque eles sabiam que ele era o Cristo. Quando amanheceu, Jesus foi para um lugar solitário. A multidão estava à procura dele e, quando o encontraram, não queriam deixá-lo ir embora. Jesus, porém, disse a eles: —Eu preciso anunciar as Boas Novas a respeito do reino de Deus a outras cidades também, pois foi para isso que Deus me enviou. E ele continuou a ensinar nas sinagogas da Judéia. Certo dia, Jesus estava perto do Lago de Genesaré e uma multidão se ajuntou ao seu redor, apertando-o para ouvir a mensagem de Deus. Jesus, então, viu dois barcos perto da praia. Os pescadores tinham desembarcado e estavam lavando as suas redes. Ele entrou no barco que era de Simão e lhe pediu que afastasse um pouco o barco da praia. Depois ele se sentou e começou a ensinar a multidão. Quando ele acabou de falar, disse a Simão: —Leve o barco para onde o lago é mais fundo. E você e seus companheiros joguem as redes para pescar. Simão lhe disse: —Mestre, nós trabalhamos a noite inteira e não pegamos nada. Mas como manda jogar as redes, eu obedecerei. Quando jogaram as redes, pegaram tantos peixes que as redes deles estavam quase arrebentando. Então, fizeram sinais aos companheiros do outro barco para ajudá-los. Eles foram e encheram os dois barcos de tal maneira que quase se afundaram. Simão Pedro, quando viu isso, se ajoelhou aos pés de Jesus e disse: —Afaste-se de mim, Senhor, pois eu sou um pecador! Ele disse isso porque tanto ele como os outros estavam muito assustados com a quantidade de peixes que tinham apanhado. Tiago e João, filhos de Zebedeu e companheiros de Simão, também estavam muito assustados. Então Jesus disse a Simão: —Não tenha medo! De agora em diante você será pescador de gente. Eles então arrastaram os barcos para a terra, deixaram tudo, e o seguiram. E aconteceu que, enquanto Jesus ensinava numa vila, lá também apareceu um homem coberto de lepra. Ao ver Jesus, o homem se ajoelhou com o rosto encostado na terra e pediu: —Eu sei que, se o senhor quiser, pode me curar. Então Jesus estendeu a mão, tocou nele e disse: —Eu quero! Fique curado. No mesmo instante a lepra desapareceu. Jesus, então, lhe deu esta ordem: —Não conte isso a ninguém, mas vá e se apresente ao sacerdote. Ofereça o sacrifício pela sua purificação, como Moisés mandou. Faça isso para provar que está curado. Mas a sua fama se espalhava cada vez mais e grandes multidões se juntavam para ouvi-lo e para serem curadas de suas doenças. Ele, porém, sempre ia para lugares solitários para orar. Um dia, quando Jesus estava ensinando, achavam-se presentes alguns fariseus e professores da lei, vindos de todas as vilas da Galiléia e da Judéia e da cidade de Jerusalém. E o poder do Senhor estava com Jesus para realizar curas. Alguns homens chegaram trazendo um paralítico numa maca e tentavam levá-lo para perto de Jesus. E, como não tinham conseguido entrar com ele por causa da multidão, subiram no telhado e, por entre as telhas, abaixaram a maca no meio das pessoas que estavam ali e o puseram diante de Jesus. Ao ver a fé que eles tinham, Jesus disse: —Homem, os seus pecados estão perdoados! Os professores da lei e os fariseus começaram a perguntar a si mesmos: —Quem é este homem que está ofendendo a Deus com estas palavras? Quem pode perdoar pecados, senão um, que é Deus? Jesus sabia o que eles estavam pensando e disse-lhes: —Por que vocês estão pensando essas coisas? O que é mais fácil dizer: “Os seus pecados estão perdoados” ou “Levante-se e ande”? Mas eu vou lhes mostrar que o Filho do Homem tem poder na terra para perdoar pecados. E então disse ao paralítico: —Levante-se, pegue a sua maca e vá para casa! E imediatamente ele se levantou, pegou sua maca e foi para casa louvando a Deus. Todos ficaram maravilhados e muito impressionados e por isso louvavam a Deus, dizendo: —Que coisa maravilhosa nós vimos hoje! Depois disto, Jesus saiu e viu um cobrador de impostos chamado Levi, que estava sentado no posto de cobrança e lhe disse: —Siga-me! Levi se levantou, deixou tudo, e o seguiu. Levi deu um grande banquete em sua casa para Jesus. Muitos cobradores de impostos e outras pessoas estavam comendo com eles. E os professores da lei e os fariseus se queixavam aos discípulos de Jesus: —Por que vocês comem e bebem com cobradores de impostos e pecadores? E Jesus lhes respondeu: —Aqueles que estão bem não precisam de médico, mas sim aqueles que estão doentes. Eu vim para chamar os pecadores para se arrependerem e não os justos. Eles lhe disseram: —Os discípulos de João jejuam freqüentemente e fazem orações e o mesmo acontece com os discípulos dos fariseus. Os seus discípulos, porém, estão sempre comendo e bebendo! Jesus perguntou: —Vocês acham que podem obrigar os convidados do noivo a jejuarem enquanto o noivo estiver com eles? Claro que não! Mas virá o tempo em que o noivo será levado para longe deles. Daí então jejuarão. Jesus lhes contou uma parábola: —Ninguém corta um pedaço de roupa nova para remendar numa roupa velha. Se fizer isso, além de estragar a roupa nova, o pedaço novo não vai combinar com a roupa velha. Ninguém coloca vinho novo em odres velhos. Se fizer isso, o vinho novo arrebentará os odres velhos, o vinho se derramará e os odres ficarão arruinados. Deve-se colocar vinho novo em odres novos. Ninguém, depois de beber vinho velho, quer vinho novo, pois diz: “O vinho velho é melhor!” Num certo sábado, Jesus estava atravessando um campo de trigo. Os seus discípulos começaram a colher algumas espigas e, debulhando-as, comiam os grãos de trigo. Então alguns dos fariseus disseram: —Por que vocês estão fazendo o que não é permitido fazer no sábado? Jesus respondeu: —Vocês não leram o que Davi fez quando ele e os seus companheiros tiveram fome? Vocês não leram como ele entrou na casa de Deus, pegou o pão sagrado e o comeu, repartindo-o também com os homens que estavam com ele? Entretanto não é permitido a ninguém comer desse pão a não ser aos sacerdotes. E também disse a eles: —O Filho do Homem é Senhor do sábado! Num outro sábado, Jesus foi para a sinagoga e começou a ensinar. Lá estava também um homem que tinha sua mão direita aleijada. Os professores da lei e os fariseus ficaram observando a Jesus para ver se ele ia curar alguém no sábado. Eles procuravam algum motivo para acusar a Jesus de desobedecer à lei. Jesus conhecia o pensamento deles, mas mesmo assim disse ao homem com a mão aleijada: —Levante-se e fique de pé na frente de todos. Ele se levantou e ficou de pé. Então Jesus disse a eles: —Agora eu pergunto a vocês: O que é permitido fazer no sábado: o bem ou o mal? É permitido salvar uma vida ou destruí-la? E olhando ao seu redor para todos eles, disse ao homem: —Estenda a sua mão. O homem a estendeu e ela ficou boa. Eles, porém, ficaram furiosos e começaram a planejar o que poderiam fazer contra Jesus. Naqueles dias Jesus subiu a um monte para orar e passou a noite toda orando a Deus. Quando amanheceu, ele chamou os discípulos e escolheu doze entre eles, a quem deu nome de apóstolos. Eram eles: Simão, a quem ele deu o nome de Pedro, e André, irmão dele; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu; Mateus e Tomé; Tiago, o filho de Alfeu; Simão, que pertencia ao grupo dos zelotes; Judas, o filho de Tiago; e Judas Iscariotes, que se tornou traidor. Jesus desceu com eles para um lugar plano onde havia uma grande multidão de seus discípulos. Estavam lá pessoas vindas de toda a Judéia, de Jerusalém e também de Tiro e de Sidom, cidades do litoral. Elas tinham ido para ouvi-lo e para serem curadas de suas doenças. E aqueles que eram atormentados pelos demônios também eram curados. Toda a multidão o seguia para tocar nele, porque dele vinha uma força que curava a todos. Olhando para os seus discípulos, disse: —Felizes são vocês, os pobres, porque o reino de Deus é de vocês. Felizes são vocês que agora têm fome, porque terão fartura. Felizes são vocês que agora choram, porque vão rir. Felizes são vocês, quando os homens os odeiam, os expulsam, os insultam, e quando desprezam os seus nomes e os rejeitam por causa do Filho do Homem. Alegrem-se nesse dia e fiquem realmente muito felizes, porque uma grande recompensa está guardada para vocês no céu! Os antepassados destas pessoas fizeram o mesmo aos profetas. Mas ai de vocês, os ricos, pois vocês já receberam o seu conforto! Ai de vocês, os que agora têm fartura, porque vão ter fome! Ai de vocês que agora estão rindo, porque vão chorar e lamentar! Ai de vocês que são elogiados por todos, porque os antepassados destas pessoas também elogiavam os falsos profetas! Mas eu digo a vocês que estão me escutando: Amem os seus inimigos e façam o bem mesmo para aqueles que odeiam a vocês. Falem bem daqueles que amaldiçoam a vocês e orem por aqueles que maltratam a vocês. Se alguém lhe bater num lado do rosto, vire-lhe também o outro lado. Se alguém pegar a sua capa, deixe levar a sua túnica também. Dê para todo aquele que lhe pedir alguma coisa e, se alguém levar o que é seu, não peça de volta. Tratem as outras pessoas da maneira que vocês gostariam de ser tratados por elas. —Pois, se vocês amarem somente aqueles que os amam, que louvor vocês esperam receber? Até mesmo os pecadores amam aqueles que os amam! E se vocês fizerem o bem somente para aqueles que fazem o bem para vocês, que louvor vocês esperam receber? Até mesmo os pecadores fazem isso. Se vocês emprestarem somente para aqueles que vocês acham que vão pagar, que méritos vocês esperam ganhar? Até os pecadores emprestam a pecadores para receberem de volta a mesma quantia. Ao contrário, amem os seus inimigos e façam o bem a eles. Emprestem e não esperem receber de volta o que emprestaram, pois assim a sua recompensa será grande e vocês serão chamados filhos do Altíssimo. Façam isto porque Deus também é bom para com os ingratos e maus. Sejam misericordiosos como o Pai de vocês é misericordioso. Não julguem os outros para que não sejam julgados. Não condenem os outros para que não sejam condenados. Perdoem os outros para que sejam perdoados. Dêem aos outros e também será dado a vocês. Vocês receberão muito, uma quantidade generosa que será colocada nas suas mãos, mais do que vocês poderão carregar. Pois a medida que vocês usarem para com os outros, será a mesma que se usará para com vocês. E Jesus também fez esta comparação: —Pode um cego guiar outro cego? Por acaso não cairão os dois no buraco? Nenhum discípulo é mais importante do que o seu mestre mas, qualquer um, depois de bem treinado, será igual ao seu mestre. Por que você olha para o cisco que está no olho do seu irmão e não vê o tronco que está no seu próprio olho? Como você pode dizer: “Irmão, deixe-me tirar o cisco do seu olho”, quando você nem vê o tronco que está no seu próprio olho? Hipócrita! Tire primeiro o tronco que está no seu olho e então verá muito melhor para tirar o cisco do olho do seu irmão. Não há árvore boa que dê maus frutos, nem árvore má que dê bons frutos. Cada árvore é conhecida pelos seus próprios frutos. Não se colhe figos de espinheiros e nem uvas de plantas espinhosas. A boa pessoa faz coisas boas, pois do tesouro do seu coração tira o bem. A má pessoa faz coisas más, pois do tesouro do seu coração tira o mal. Porque a boca fala do que está cheio o coração. Por que vocês me chamam: “Senhor, Senhor” e não fazem o que eu digo? Eu vou lhes dizer como é o homem que vem a mim, que ouve as minhas palavras e as obedece. Ele é como um homem que construiu uma casa. Ele cavou bem fundo e pôs os alicerces sobre a rocha. Quando vieram as chuvas e as enchentes, a casa não se abalou, pois tinha sido bem construída. Mas aquele que ouve as minhas palavras e não as obedece é como um homem que construiu sua casa sobre a terra, sem alicerces. Quando a água bateu sobre aquela casa, ela desabou e ficou completamente destruída. Assim que Jesus acabou de dizer tudo o que ele queria que as pessoas ouvissem, foi para Cafarnaum. Lá vivia um oficial romano que tinha um escravo que estava morrendo e de quem ele gostava muito. Quando ouviu falar a respeito de Jesus, enviou alguns anciãos dos judeus até ele para pedir que salvasse a vida do seu escravo. Os anciãos chegaram até Jesus e insistiram em que ele fosse até lá, dizendo: —Esse homem merece a sua ajuda. Ele ama muito o nosso povo e construiu a nossa sinagoga. Jesus, então, foi com eles. Eles não estavam muito longe da casa quando o oficial enviou alguns amigos com este recado para Jesus: —Senhor, não se incomode, pois eu não sou digno de que entre em minha casa. Não sou digno nem de ir falar com o senhor pessoalmente. Porém, dê somente uma ordem e o meu servo será curado. Pois eu também tenho superiores que me dão ordens e soldados a quem eu dou ordens. Eu digo a um: “Vá!” e ele vai; e digo a outro: “Venha!” e ele vem. Da mesma forma, digo ao meu servo: “Faça isto!” e ele faz. Quando Jesus ouviu isto, ficou admirado e, virando-se para a multidão que o seguia, disse: —Digo a vocês que nem mesmo entre o povo de Israel achei tanta fé! Quando aqueles que tinham sido enviados voltaram para casa, encontraram o escravo curado. Depois Jesus seguiu para uma cidade chamada Naim. Os seus discípulos e uma grande multidão o acompanhavam. Quando ele estava perto do portão da cidade, viu um enterro. O morto era o único filho de uma viúva. Havia muitas pessoas da cidade no enterro. Quando o Senhor a viu, ficou com muita pena dela e disse: —Não chore! Jesus chegou perto do caixão, tocou nele e os homens que o levavam pararam. Jesus disse: —Levante-se, jovem! O morto se sentou e começou a falar. Então Jesus o entregou à sua mãe. Todos ficaram muito impressionados e deram glórias a Deus, dizendo: —Um grande profeta está entre nós! E diziam também: —Deus veio para ajudar o seu povo! A fama de Jesus se espalhou por toda a Judéia e por todos os arredores. Os discípulos de João lhe contaram todas estas coisas. Ele então chamou dois de seus discípulos, e mandou que eles fossem perguntar ao Senhor: “O senhor é aquele que ia chegar, ou ainda devemos esperar outro?” Quando os homens chegaram a Jesus, disseram: —João Batista mandou que viéssemos e perguntássemos se o senhor é aquele que ia chegar, ou se devemos esperar por outro. Naquele momento, Jesus curou muitas pessoas que tinham doenças, enfermidades e demônios. Ele curou também muitos cegos. E depois respondeu a eles: —Voltem a João e digam a ele tudo o que vocês viram e ouviram; os cegos vêem, os coxos andam normalmente, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados e os pobres ouvem as Boas Novas. Feliz é aquele que não vê dificuldade em me aceitar. Depois de os mensageiros de João terem ido embora, Jesus começou a falar à multidão a respeito de João: —O que vocês esperavam ver quando foram ao deserto? Uma cana sacudida pelo vento? O que vocês foram ver? Um homem vestido com roupas finas? Ora, os homens que se vestem com roupas finas e vivem com luxo estão nos palácios dos reis. Mas então, o que vocês foram ver? Um profeta? Sim, e eu lhes digo que o homem que vocês viram é muito mais do que um profeta. João é aquele a respeito de quem está escrito: “Aqui está o meu mensageiro que envio antes de você. Ele vai preparar o caminho para você”. —Eu digo a vocês que, de todos os homens que nasceram, não há nenhum que seja mais importante do que João. Porém, aquele que é o menos importante no reino de Deus, é mais importante do que ele. Quando todas as pessoas, até mesmo os cobradores de impostos, ouviram isto, reconheceram que os ensinamentos de Deus eram bons, pois eles tinham sido batizados por João. Os fariseus e os professores da lei, porém, não quiseram ser batizados por João e assim rejeitaram o plano que Deus tinha para eles. —Com o que eu poderia comparar as pessoas desta geração? Como é que elas são? São como crianças que sentam na praça e gritam umas às outras: “Nós tocamos músicas alegres e vocês não dançaram; cantamos músicas fúnebres e vocês não choraram”. Isto ocorreu também com João Batista. Ele jejuava e não bebia vinho e vocês dizem: “Ele tem demônio!” O Filho do Homem veio e ele come e bebe e vocês dizem: “É um comilão e beberrão, amigo de cobradores de impostos e de pecadores!” Porém, quem aceita a sabedoria de Deus sabe que ela é justa. Um fariseu convidou Jesus para jantar em sua casa. Ele foi e tomou lugar à mesa. Naquela cidade vivia uma mulher de má fama. Quando ela soube que Jesus estava jantando na casa do fariseu, pegou um vaso de alabastro cheio de perfume e se colocou atrás de Jesus, aos pés dele e começou a chorar. As lágrimas dela caíam sobre os pés dele, molhando-os. Ela então os enxugou com os seus cabelos e os beijava e derramava o perfume neles. Quando o fariseu que o tinha convidado viu aquilo, disse para si mesmo: “Se este homem fosse mesmo um profeta, saberia que tipo de mulher é aquela que o está tocando. Ele saberia que ela é uma mulher de má fama”. Jesus se dirigiu ao fariseu e lhe disse: —Simão, quero falar com você. Respondeu ele: —Pois não, Mestre. E Jesus disse: —Um certo credor tinha dois devedores. Um deles lhe devia quinhentas moedas de prata e o outro, cinqüenta. Como nenhum dos dois conseguia pagar, ele cancelou os empréstimos. Agora eu lhe pergunto: Qual dos dois devedores o amará mais? Simão respondeu: —Eu acho que é aquele que lhe devia mais. Jesus então disse: —Você está certo. E, virando-se para a mulher, disse a Simão: —Você está vendo esta mulher? Eu entrei na sua casa e você não me deu água para lavar os pés; ela, porém, os lavou com as suas lágrimas e os enxugou com os seus cabelos. Você não me cumprimentou com um beijo; ela, porém, não pára de beijar meus pés desde que entrei. Você não derramou óleo sobre a minha cabeça. Ela, porém, derramou perfume nos meus pés. Por isso eu digo a você: Os muitos pecados dela foram perdoados; e isto é evidente, pois ela mostrou um grande amor. Mas a pessoa a quem se perdoa pouco, mostra pouco amor. Então Jesus disse à mulher: —Os seus pecados estão perdoados. E aqueles que estavam comendo com ele começaram a comentar uns com os outros: —Quem é este que até perdoa pecados? Então Jesus disse à mulher: —A sua fé a curou. Vá em paz. Depois disto Jesus iniciou uma viagem por todas as cidades e vilas, proclamando e anunciando as Boas Novas do reino de Deus. Iam com ele os seus doze discípulos e algumas das mulheres que tinham sido curadas de demônios e doenças: Maria, chamada Madalena (de quem tinham saído sete demônios); Joana, mulher de Cuza (que era administrador da casa do rei Herodes); Susana e muitas outras. Estas mulheres ajudavam a Jesus e seus discípulos com o que elas possuíam. Uma grande multidão se ajuntava e pessoas de várias vilas tinham ido ouvir a Jesus. Ele então contou a todos esta parábola: —Certo homem saiu para semear. Enquanto semeava, uma parte das sementes caiu pelo caminho e foi pisada pelas pessoas e comida pelas aves do céu. Outra parte caiu num terreno onde havia muitas pedras e, quando começou a brotar, secou por falta de umidade. Outra parte das sementes caiu entre espinhos. Os espinhos cresceram junto com as plantas e as sufocaram. Uma outra parte ainda caiu em terra boa e, ao crescer, produziu cem vezes mais grãos do que foi semeado. E, depois de dizer estas coisas, exclamou: —Aquele que pode me ouvir, ouça! Os discípulos perguntaram-lhe o que ele queria dizer com aquela parábola. Jesus então disse: —A vocês é dado o privilégio de conhecer os segredos do reino de Deus, mas a todas as outras pessoas tudo é dito por meio de parábolas, para que “olhem e não enxerguem, ouçam e não compreendam”. —O que a parábola quer dizer é o seguinte: A semente é a mensagem de Deus. As sementes que caíram pelo caminho representam aqueles que ouvem a mensagem. Mas em seguida vem o Diabo e tira a mensagem de seus corações, para que não acreditem e nem sejam salvos. As sementes que caíram sobre o terreno onde havia muitas pedras representam aqueles que recebem a mensagem com grande alegria, mas que não têm raiz. Eles acreditam por uns tempos mas, quando são postos à prova, abandonam a fé. As sementes que caíram entre os espinhos representam os que ouvem a mensagem mas, por causa das preocupações, das riquezas e dos prazeres da vida, são sufocados e o seu fruto nunca amadurece. Aquelas sementes, porém, que caíram em terreno bom representam os que têm corações bons e honestos. Quando eles ouvem a mensagem, a retêm e, pela sua persistência, produzem frutos. —Ninguém acende um lampião e o cobre com um vaso ou o põe debaixo da cama. Ele é colocado em cima da mesa, para que as pessoas que entram possam ver a luz. Isto acontece porque não há nada escondido que não venha a ser revelado, nem nada que seja secreto e que não venha a ser conhecido. Por isso, tenham cuidado em como vocês ouvem o que eu falo. Quem tem receberá ainda mais, mas aquele que não tem, até o que ele pensa que tem lhe será tirado. A mãe e os irmãos de Jesus foram até onde ele estava, mas por causa da multidão não puderam se aproximar. Então disseram a Jesus: —Sua mãe e seus irmãos estão lá fora procurando por você. Ele respondeu: —Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a mensagem de Deus e a praticam. Certo dia Jesus entrou com os seus discípulos num barco e lhes disse: —Vamos atravessar para o outro lado do lago. E eles partiram. Enquanto navegavam, Jesus adormeceu. Veio uma tempestade de vento no lago e o barco começou a se encher de água, correndo eles o perigo de afundarem. Então acordaram a Jesus e disseram: —Mestre, Mestre! Nós vamos morrer! Jesus se levantou e repreendeu o vento e as ondas. Tudo se acalmou e o lago ficou tranqüilo. Depois Jesus lhes disse: —Onde está a sua fé? Eles, porém, estavam com medo e assustados e diziam uns aos outros: —Quem é este homem que repreende o vento e as águas e eles obedecem? Depois eles navegaram para a região dos gerasenos, do outro lado do lago da Galiléia. Quando Jesus desceu do barco, um homem possuído por demônios foi ao seu encontro. Já fazia muito tempo que ele não se vestia com roupas nem vivia numa casa, porém morava em túmulos no cemitério. Quando viu a Jesus, o homem deu um grito, ajoelhou-se diante dele e disse em voz alta: —O que o senhor quer de mim, Jesus, Filho do Altíssimo Deus? Eu lhe suplico que não me atormente. (Ele disse isso porque Jesus já tinha mandado o demônio sair do homem, pois por muitas vezes tinha se apoderado dele. Embora prendessem as mãos e os pés do homem com correntes de ferro, ele as arrebentava e era levado para o deserto pelo demônio.) Jesus perguntou a ele: —Qual é o seu nome? Ele disse: —Multidão. (Ele disse isso porque muitos demônios se encontravam nele.) E os demônios imploravam a Jesus que não os mandasse para o abismo. Havia um grande número de porcos comendo num monte ali perto. Os demônios então imploraram a Jesus que os deixasse entrar nos porcos, e Jesus permitiu. Os demônios saíram do homem e entraram nos porcos, que se atiraram morro abaixo, para dentro do lago, onde se afogaram. Quando os homens que tomavam conta dos porcos viram o que tinha acontecido, fugiram e contaram tudo isso tanto para aqueles que estavam na cidade como para os que estavam nos campos. E, quando as pessoas foram ver o que tinha acontecido, encontraram a Jesus e o homem de quem os demônios tinham saído. Eles encontraram o homem sentado aos pés de Jesus, vestido, no seu perfeito juízo; e ficaram com muito medo. Aqueles que tinham visto como o endemoninhado tinha sido curado, contaram tudo ao povo. E toda a população da região dos gerasenos pediu a Jesus que ele fosse embora, pois todos estavam apavorados. Então ele entrou no barco e voltou. O homem de quem os demônios tinham saído insistia em acompanhar a Jesus. Jesus, porém, o mandou embora, dizendo: —Volte para sua casa e diga a todos o que Deus fez por você. Então ele foi embora e anunciava por toda a vila todas as coisas que Jesus tinha feito por ele. Ao retornar Jesus para a Galiléia, a multidão o recebeu com alegria, pois todos estavam esperando por ele. Então, um homem chamado Jairo, chefe da sinagoga, se ajoelhou aos pés de Jesus e lhe implorou que fosse com ele até sua casa. Pois ele tinha uma filha única de doze anos, que estava morrendo. E enquanto Jesus ia, a multidão que o seguia era tanta que ele era apertado de todos os lados. Havia na multidão uma mulher que, há doze anos, sofria de hemorragia e que já tinha gastado tudo o que possuía com médicos, mas ninguém tinha conseguido curá-la. Ela se aproximou de Jesus por trás e tocou na barra da sua roupa. Naquele mesmo momento a hemorragia passou. Jesus disse: —Quem tocou em mim? Como ninguém se acusava, Pedro disse: —Mestre, as multidões estão à sua volta e o apertam! Mas Jesus disse: —Alguém tocou em mim, pois eu senti que de mim saiu poder. Quando a mulher viu que não podia mais ficar escondida, veio tremendo e se ajoelhou aos pés de Jesus. Então, na frente de todos, disse porque tinha tocado na barra da sua roupa e como tinha sido curada imediatamente. Jesus lhe disse: —Filha, a sua fé a curou. Vá em paz! Jesus ainda estava falando quando chegou uma pessoa da casa de Jairo, o chefe da sinagoga, e disse: —Sua filha já morreu. Não incomode mais o Mestre. Mas Jesus, tendo ouvido isso, respondeu: —Não tenha medo. Simplesmente tenha fé e ela ficará boa. Quando chegaram à casa de Jairo, Jesus não permitiu que ninguém entrasse com ele, a não ser Pedro, João, Tiago e os pais da menina. Todas as pessoas estavam chorando e se lamentando por causa da menina. Jesus então disse: —Não chorem mais, pois a menina não está morta; ela apenas dorme. Todos caçoaram dele porque sabiam que a menina estava morta. Depois, Jesus pegou na mão dela e disse em voz alta: —Menina, levante-se! O espírito voltou para ela e a menina imediatamente se levantou. Jesus então disse que lhe dessem de comer. Os pais dela ficaram admirados, mas Jesus mandou que não contassem a ninguém o que tinha acontecido. Depois disto, Jesus chamou seus doze discípulos e lhes deu poder e autoridade sobre todos os demônios e também poder para curar doenças. Então os enviou para anunciar a mensagem sobre o reino de Deus e para curar os doentes. Ele lhes disse: —Não levem nada para a viagem; nem cajado para se apoiarem, nem sacola, nem comida, nem dinheiro, nem mesmo roupas extras. Fiquem na casa onde vocês forem recebidos, até saírem daquela cidade. Se não forem bem recebidos quando chegarem a uma cidade, sacudam o pó de seus pés ao saírem de lá, como uma advertência para aquela gente. Assim, os discípulos partiram e passaram por todas as vilas, proclamando as Boas Novas e curando pessoas por toda parte. Quando o governador Herodes ouviu a respeito destas coisas, ficou sem saber o que fazer. Alguns diziam que João tinha ressuscitado dos mortos, outros diziam que Elias tinha aparecido e outros ainda diziam que um dos antigos profetas tinha ressuscitado. Herodes, porém, disse: —Eu mandei cortar a cabeça de João! Quem será então este homem de quem eu ouço falar estas coisas? Daí em diante Herodes procurou ver a Jesus. Quando os apóstolos retornaram, contaram a Jesus tudo o que tinham feito. Ele então os levou para uma cidade chamada Betsaida, para ficar sozinho com eles. Quando a multidão ficou sabendo disso, seguiu-o até lá. Ele os recebeu bem, falou-lhes a respeito do reino de Deus e curou os que precisavam de cura. Quando começou a anoitecer, os doze se aproximaram de Jesus e lhe disseram: —Mande essa gente embora para que possam ir para as vilas e campos aqui por perto e achar lugar onde comer e passar a noite, pois estamos num lugar deserto. Mas Jesus lhes disse: —Por que vocês mesmos não lhes dão alguma coisa de comer? Eles responderam: —Mas como, se tudo o que temos são cinco pães e dois peixes? A não ser que nós mesmos vamos comprar comida para toda essa gente! (Estavam ali mais ou menos cinco mil homens). Ele disse aos discípulos: —Digam a todos que se sentem em grupos de mais ou menos cinqüenta pessoas. Eles obedeceram e mandaram que todos se sentassem. Jesus pegou os cinco pães e os dois peixes, olhou para o céu e agradeceu a Deus o alimento. Depois os repartiu em pedaços e deu a seus discípulos para que distribuíssem entre a multidão. Todos comeram e ficaram satisfeitos, e os discípulos encheram doze cestos com os pedaços que sobraram. Certa vez em que Jesus orava sozinho, os discípulos se aproximaram. Jesus perguntou-lhes: —Quem a multidão diz que eu sou? Eles responderam: —Alguns dizem que é João Batista, outros dizem que é Elias e outros ainda dizem que é um dos antigos profetas que ressuscitou. Então Jesus lhes perguntou: —E vocês? Quem vocês dizem que eu sou? Pedro respondeu: —O Cristo enviado por Deus. Jesus, então, lhes deu ordem para que não contassem isso a ninguém. E continuou, dizendo: —Pois é necessário que o Filho do Homem sofra muitas coisas e que seja rejeitado pelos anciãos, pelos líderes dos sacerdotes e pelos professores da lei, que seja morto e que ressuscite no terceiro dia. E depois disse a todos: —Se alguém quiser vir comigo, tem que negar a si mesmo, carregar a sua cruz todos os dias e me seguir. Pois todo aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas aquele que perder a sua vida por minha causa, salvá-la-á. Que vantagem terá alguém em ganhar o mundo inteiro se ele mesmo for destruído ou se perder? Se alguém tiver vergonha de mim e das minhas palavras, o Filho do Homem também terá vergonha dele quando vier na sua glória e na glória do Pai e dos santos anjos. Digo a verdade a vocês: Alguns dos que estão aqui presentes não morrerão sem antes ver o reino de Deus. Mais ou menos oito dias depois de ter dito essas coisas, Jesus subiu a um monte para orar e levou consigo a Pedro, João e Tiago. Enquanto orava, a aparência de seu rosto se modificou e as suas roupas ficaram brilhantes de tão brancas que estavam. Então, dois homens apareceram e começaram a falar com ele; eram Moisés e Elias. Eles apareceram rodeados por um brilho e falavam com Jesus a respeito de sua morte, que iria acontecer em Jerusalém. Pedro e aqueles que estavam com ele adormeceram, mas quando acordaram viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam com ele. Quando os homens se despediram de Jesus, Pedro lhe disse: —Mestre, é bom que nós estejamos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para o senhor, uma para Moisés e outra para Elias. (Ele não sabia o que estava dizendo). Enquanto dizia estas coisas, uma nuvem apareceu e os envolveu e eles ficaram com muito medo quando a nuvem os cobriu. E da nuvem vinha uma voz que dizia: —Este é o meu Filho, o meu Escolhido! Ouçam-no! Quando a voz acabou de falar, Jesus estava sozinho. Então eles se mantiveram calados e, naqueles dias, não disseram nada a ninguém a respeito das coisas que tinham visto. No dia seguinte, ao descerem do monte, uma grande multidão foi ao encontro de Jesus. E do meio da multidão um homem gritou: —Mestre, imploro que o senhor veja o meu filho, o meu único filho! Um espírito se apodera dele e, de repente, o obriga a gritar e faz com que ele tenha convulsões e espume pela boca. O espírito o maltrata e dificilmente o deixa. Eu pedi aos seus discípulos que o expulsassem, mas eles não conseguiram. Jesus, então, disse: —Gente sem fé e desviada! Até quando tenho que estar entre vocês? Até quando terei que tolerar a vocês? Traga o seu filho aqui. Quando o menino estava chegando, o demônio o derrubou, fazendo com que entrasse em convulsões. Jesus, então, repreendeu o demônio, curou o menino e o entregou de volta ao pai. Enquanto todos estavam maravilhados com todas as coisas que Jesus tinha feito, ele disse aos discípulos: —Prestem muita atenção nisto que vou lhes dizer agora: O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens. Mas eles não entenderam o que ele estava dizendo. O significado daquelas palavras estava oculto deles e por isso não podiam compreender. Além disso, tinham medo de lhe perguntar o significado. Os discípulos começaram a discutir entre eles a respeito de qual deles seria o mais importante. Mas Jesus, conhecendo os pensamentos deles, pegou uma criança, colocou-a de pé a seu lado, e lhes disse: —Quem receber esta criança em meu nome, recebe a mim; e quem me recebe, recebe Aquele que me enviou. Porque o mais humilde entre vocês é que é o mais importante. João disse: —Mestre, vimos um homem expulsando demônios em seu nome, mas nós o proibimos, pois ele não é do nosso grupo. Mas Jesus lhe disse: —Não o proíbam, pois quem não é contra vocês é a favor de vocês. Quando estava chegando o tempo de Jesus ir para o céu, ele resolveu ir para Jerusalém. Ele enviou mensageiros à sua frente, que partiram para uma vila samaritana a fim de prepararem acomodações. Os samaritanos, porém, não queriam recebê-lo porque ele ia para Jerusalém. Quando viram isto, os discípulos Tiago e João disseram: —Você quer que mandemos vir fogo do céu para consumir essa gente? Porém Jesus virou-se e os repreendeu Depois seguiram para outra vila. Enquanto eles andavam pelo caminho, um homem lhe disse: —Eu o seguirei aonde quer que o senhor vá. Jesus lhe disse: —As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde descansar. Aí ele disse a outro homem: —Siga-me. Mas ele respondeu: —Senhor, deixe-me ir primeiro enterrar meu pai. E Jesus lhe disse: —Deixe que os mortos enterrem os seus próprios mortos! Vá e anuncie o reino de Deus. Outro lhe disse: —Eu o seguirei, Senhor, mas deixe-me primeiro ir me despedir da minha família. Jesus então disse: —Ninguém que ponha a mão no arado e olhe para trás serve para o reino de Deus. Depois disto, o Senhor escolheu outros setenta e dois homens e os mandou ir, dois em dois a sua frente, para todas as cidades e lugares aonde ele mesmo pretendia ir. E disse a eles: —A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Portanto, orem ao Senhor da colheita para que ele mande trabalhadores para a sua colheita. Vão e lembrem-se: Eu estou mandando vocês como cordeiros para o meio de lobos. Não levem nem bolsa, nem sacola, nem sandálias e nem parem no caminho para cumprimentar ninguém. Em qualquer casa que vocês entrarem, a primeira coisa que devem dizer é: “Que a paz esteja nesta casa!” Se ali morar um homem de paz, a paz de vocês ficará com ele. Mas se aquele que morar ali não for um homem de paz, ela voltará para vocês. Permaneçam naquela casa e comam e bebam o que derem a vocês, pois todo trabalhador merece o seu salário. Não fiquem andando de casa em casa. E em qualquer cidade a que vocês chegarem e forem bem recebidos, comam o que as pessoas derem a vocês. Curem os doentes daquela cidade e digam-lhes: “O reino de Deus está próximo de vocês”. Mas, em qualquer cidade a que vocês chegarem e não forem bem recebidos, vão para as ruas e digam: “Até o pó desta cidade que grudou em nossos pés, nós sacudimos contra vocês! Mas saibam disto: O reino de Deus está próximo”. —E eu lhes digo uma coisa: Naquele dia haverá mais tolerância para com as pessoas de Sodoma do que para com as daquela cidade. —Ai de você, cidade de Corazim! Ai de você, cidade de Betsaida! Porque se os milagres que foram feitos aí tivessem sido feitos em Tiro e Sidom, há muito tempo que esses povos já se teriam arrependido. E para mostrar que estavam arrependidos, ter-se-iam sentado, vestidos com roupa de luto e cobertos com cinzas. Por isso, no julgamento, haverá mais tolerância para com as cidades de Tiro e Sidom do que para com vocês. E você, cidade de Cafarnaum? Pensa que será elevada até o céu? Você será jogada no lugar dos mortos! Quem ouve a vocês, ouve a mim. Quem rejeita a vocês, rejeita a mim. E quem me rejeita, rejeita Aquele que me enviou. Os setenta e dois voltaram alegres e disseram: —Senhor, até mesmo os demônios estavam sujeitos a nós em seu nome! Ele lhes disse: —Vi Satanás cair do céu como um raio! Escutem: Eu dei a vocês autoridade para pisarem cobras e escorpiões. Dei também autoridade a vocês sobre todo o poder do inimigo. Nada lhes fará mal. Mas não se alegrem com o fato de que os espíritos estão sujeitos a vocês. Alegrem-se com o fato de que os nomes de vocês estão escritos no céu. Naquele momento, pelo poder do Espírito Santo, Jesus ficou muito alegre e disse: —Pai! Senhor do céu e da terra! Eu lhe agradeço por ter escondido estas coisas dos sábios e dos entendidos e por tê-las mostrado aos que são simples. Sim, Pai, pois esta era a sua vontade. Todas as coisas foram dadas a mim pelo meu Pai. Ninguém conhece o Filho a não ser o Pai e ninguém conhece o Pai a não ser o Filho e aqueles a quem o Filho o quiser revelar. Então Jesus virou-se para os discípulos e lhes disse em particular: —Felizes são os olhos que vêem aquilo que vocês vêem! Eu digo que muitos profetas e reis desejaram ver as coisas que vocês vêem, mas não viram. Eles desejaram ouvir as coisas que vocês ouvem, mas não ouviram. Numa ocasião, um professor da lei se levantou e tentou colocar Jesus à prova, dizendo: —Mestre, o que devo fazer para conseguir a vida eterna? Jesus lhe disse: —O que está escrito na lei? Como você interpreta o que está escrito nela? Ele respondeu: —“Ame ao Senhor seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma, de toda a sua força e de todo o seu entendimento”. E também: “Ame ao seu próximo assim como você ama a si mesmo”. Jesus então lhe disse: —Você respondeu corretamente. Faça isso e viverá. Mas, querendo se justificar, ele disse a Jesus: —E quem é o meu próximo? Jesus respondeu: —Certo homem ia de Jerusalém para Jericó quando foi assaltado por ladrões. Eles lhe tiraram a roupa, bateram nele e depois foram embora deixando o homem quase morto. Por acaso um sacerdote estava passando por aquele caminho e, quando viu o homem, atravessou para o outro lado da estrada. Da mesma forma, um levita também passou por ali e, quando o viu, também atravessou para o outro lado da estrada. Um samaritano, porém, que também estava viajando por aquele mesmo caminho, teve pena do homem quando o viu. Chegou perto dele e fez curativos em suas feridas, colocando azeite e vinho nelas. Depois disso, colocou o homem em seu jumento e o levou a uma hospedaria e cuidou dele. No dia seguinte, o samaritano deu duas moedas de prata ao dono da hospedaria e lhe disse: “Tome conta dele. Se por acaso gastar mais do que isto, pagarei o restante quando voltar”. —Quem destes três você acha que foi o próximo do homem assaltado pelos ladrões? O professor da lei então respondeu: —Aquele que socorreu o homem. Jesus lhe disse: —Vá e faça a mesma coisa. Jesus e os seus discípulos continuaram seu caminho até chegarem a certa vila, onde foram recebidos por uma mulher chamada Marta. Marta tinha uma irmã chamada Maria. Maria sentou aos pés de Jesus para ouvir o que ele dizia, enquanto Marta estava ocupada com o serviço da casa. Marta, então, chegou perto de Jesus e disse: —O senhor não se importa que a minha irmã me deixe trabalhando sozinha? Diga-lhe para vir me ajudar! O Senhor lhe respondeu: —Marta, Marta! Você se preocupa e se incomoda com muitas coisas! Somente uma coisa é necessária! Eu digo isto porque Maria escolheu a melhor parte por si mesma e isso não lhe será tirado. Numa ocasião, Jesus estava orando em certo lugar. Quando terminou, um de seus discípulos lhe disse: —Senhor, ensine-nos a orar, assim como João ensinou aos seus discípulos. Então Jesus lhes disse: —Quando vocês orarem, digam: “Pai: Que todos reconheçam que o seu nome é santo. Que venha o seu reino. Dê-nos todos os dias o alimento de que precisamos. Perdoe-nos os nossos pecados, assim como nós também perdoamos aos que nos fazem o mal. Não nos deixe cair em tentação”. Depois Jesus lhes disse: —Suponha que você tivesse um amigo e que, numa ocasião, à meia-noite, você fosse até a casa dele e dissesse: “Amigo! Eu preciso que me empreste três pães, pois um amigo meu acabou de chegar de viagem e não tenho nada para lhe oferecer”. —E suponham que ele responda lá de dentro desta maneira: “Não me aborreça! A porta está trancada e tanto eu como meus filhos já estamos deitados. Não vou levantar agora para lhe dar nada!” —Eu lhes digo que, mesmo que ele não se levante para lhe dar alguma coisa por ser seu amigo, ele se levantará e lhe dará tudo de que você precisa, por causa da sua insistência. Por isso eu lhes digo: Peçam e lhes será dado; procurem e vocês acharão; batam e a porta lhes será aberta. Pois todo aquele que pede, recebe; todo aquele que procura, acha; e a porta se abre a todo aquele que bate. Qual de vocês, que é pai, dará uma cobra a seu filho quando este lhe pedir um peixe? Ou dará um escorpião a seu filho quando este lhe pedir um ovo? Se até mesmo vocês, que são maus, sabem dar coisas boas a seus filhos, quanto mais o Pai que está no céu! Ele dará o Espírito Santo para aqueles que lhe pedirem! Jesus estava expulsando de um homem um demônio que o tinha deixado mudo. Assim que o demônio foi expulso, o homem começou a falar e a multidão ficou muito admirada. Mas alguns diziam: —Ele expulsa os demônios pelo poder de Belzebu, o chefe dos demônios! Outros, porém, para o colocarem à prova, lhe pediam um sinal do céu. Mas Jesus conhecia os pensamentos deles e disse: —Se um reino está dividido e suas partes lutam entre si, esse reino está condenado à destruição. E se uma família está dividida em grupos que lutam entre si, também será destruída. Se Satanás está dividido contra si mesmo, como vocês disseram, como pode o seu reino continuar a existir? Eu faço esta pergunta porque vocês disseram que eu expulso demônios pelo poder de Belzebu. E se é verdade que eu expulso demônios pelo poder de Belzebu, então pelo poder de quem é que os expulsam aqueles que seguem a vocês? Assim, os seus próprios seguidores provam que vocês estão completamente errados. Mas, se eu expulso os demônios pelo poder de Deus, isso prova que o reino de Deus chegou até vocês. —Quando um homem forte e bem armado guarda a sua própria casa, todos os seus bens estão seguros. Mas quando alguém mais forte do que ele o ataca e vence, leva todas as armas em que ele confiava, e reparte todos os bens que tomou dele. Aquele que não está a meu favor, está contra mim; e aquele que não me ajuda a ajuntar, espalha. Quando um demônio sai de uma pessoa, ele atravessa lugares desertos à procura de descanso e, quando não o encontra, diz: “Voltarei para a casa de onde vim”. Quando ele volta, encontra a casa varrida e bem arrumada. Então, sai e vai buscar mais sete demônios piores do que ele e ali vão viver. Assim, o último estado daquela pessoa se torna ainda pior do que o primeiro. Enquanto dizia estas coisas, uma mulher que estava no meio da multidão falou bem alto: —Feliz é a mulher que o deu à luz e que o amamentou! Mas ele lhe disse: —Muito mais felizes são aqueles que ouvem a mensagem de Deus e a obedecem! Uma grande multidão se juntava e ele disse: —Esta geração é má! Ela anda à procura de sinais, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal dado a Jonas. Assim como Jonas foi um sinal para os habitantes de Nínive, também o Filho do Homem será um sinal para esta geração. No dia do julgamento, a Rainha do Sul vai se levantar com as pessoas desta geração e vai condená-las, pois ela veio de muito longe para ouvir a sabedoria de Salomão. E eu afirmo que quem está aqui agora é superior a Salomão. No dia do julgamento, o povo da cidade de Nínive vai se levantar com as pessoas desta geração e vai condená-las, pois o povo se arrependeu dos seus pecados quando ouviu a mensagem de Jonas. E eu afirmo que quem está aqui agora é superior a Jonas. Ninguém acende um lampião e o coloca onde ninguém o possa ver, ou debaixo de um vaso. Ao contrário, colocam-no em cima de uma mesa, para que todos que entrem enxerguem bem. Os seus olhos são a fonte de luz para o corpo. Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo ficará cheio de luz. Mas se os seus olhos forem maus, todo o seu corpo estará na escuridão. Portanto, tome cuidado para que a luz que há em você não vire escuridão. Pois se todo o seu corpo estiver cheio de luz e sem nenhuma escuridão, você poderá ver tudo claramente, como se um lampião iluminasse a você com sua luz. Quando Jesus acabou de falar, um fariseu o convidou para comer com ele. Jesus entrou e se sentou. O fariseu o estava observando e ficou admirado por Jesus não ter lavado as mãos antes da refeição. Então, o Senhor lhe disse: —Vocês, fariseus, limpam o copo e o prato por fora, mas por dentro vocês estão cheios de violência e maldade. Tolos! Quem fez o lado de fora não foi o mesmo que fez o lado de dentro? Dêem o que está do lado de dentro aos pobres e então tudo ficará limpo para vocês. Ai de vocês, fariseus, porque dão um décimo da hortelã, da arruda e de todas as outras hortaliças, mas se descuidam da justiça e do amor a Deus. Vocês devem fazer aquelas primeiras coisas sem se descuidarem destas últimas. Ai de vocês, fariseus, porque gostam dos lugares de maior importância nas sinagogas e de serem saudados em lugares públicos. Ai de vocês, porque são como túmulos que ninguém vê e, sobre os quais, as pessoas passam por cima sem saber. Então, um dos professores da lei lhe disse: —Mestre, falando assim o senhor nos ofende também. E ele então respondeu: —Ai de vocês também, professores da lei, porque põem cargas tão pesadas sobre as costas das pessoas que elas mal podem carregar, mas vocês mesmos nem com um dedo querem tocar nestas cargas. Ai de vocês, porque fazem túmulos para os profetas que os pais de vocês mataram. Dessa forma vocês testemunham e até mesmo aprovam os atos dos pais de vocês, pois eles os mataram, mas vocês lhes fizeram os túmulos. Foi também por esse motivo que Deus disse na sua sabedoria: “Eu lhes enviarei profetas e apóstolos. Eles matarão alguns e perseguirão outros”. Assim, esta geração pagará pela morte de todos os profetas que foram assassinados desde o princípio do mundo, desde a morte de Abel até à morte de Zacarias, que foi morto entre o altar e a casa de Deus. Assim, eu afirmo a vocês que esta geração terá que pagar por estas mortes. —Ai de vocês, professores da lei, porque esconderam as chaves que abrem as portas para o conhecimento da lei de Deus. Vocês mesmos não entram por elas e até mesmo impedem aqueles que tentam entrar. Quando ele foi embora, os professores da lei e os fariseus começaram a atacá-lo e a exigir respostas sobre vários assuntos, sempre à procura de uma maneira para pegá-lo em alguma coisa errada que ele dissesse. Milhares de pessoas se juntaram; e eram tantas que pisavam umas nas outras. Jesus, então, começou a falar, dirigindo-se primeiro aos seus discípulos: —Previnam-se contra o fermento dos fariseus, isto é, contra a falsidade deles. Não há nada que esteja oculto e que não venha a ser revelado; nem nada que esteja escondido e que não venha a ser descoberto. Portanto, tudo o que vocês disseram às escuras será falado em plena luz; e tudo o que, num quarto fechado, vocês sussurraram aos ouvidos de alguém, será anunciado de cima das casas. Mas eu digo a vocês, meus amigos: Não tenham medo daqueles que matam o corpo mas que não podem fazer mais nada depois disso. Eu direi a vocês de quem é que vocês devem ter medo: Tenham medo daquele que, depois de matar, tem o poder de lançar vocês no inferno. Deste sim, eu lhes digo que vocês devem ter medo. —Não se vendem cinco pardais por dois centavos? Deus, porém, não se esquece de nenhum deles. Até mesmo os fios de cabelo da cabeça de vocês estão contados. Não tenham medo de nada; vocês valem mais do que muitos pardais! Eu digo a vocês: Se alguém afirmar publicamente ser meu seguidor, então o Filho do Homem também afirmará, diante dos anjos de Deus, que essa pessoa lhe pertence. Porém, aquele que publicamente me negar, também será negado diante dos anjos de Deus. Todo aquele que falar contra o Filho do Homem será perdoado. Mas aquele que insultar o Espírito Santo não será perdoado. —Quando levarem vocês para as sinagogas, diante das autoridades e governadores, não fiquem preocupados pensando em como vão se defender ou o que vão dizer. Pois, naquele instante, o Espírito Santo falará a vocês o que devem dizer. Então, do meio da multidão alguém lhe disse: —Mestre, diga para o meu irmão dividir a herança comigo! Mas Jesus respondeu: —Homem, quem me nomeou juiz ou árbitro sobre vocês? E disse a todos: —Tenham cuidado! Evitem todo tipo de avareza, pois a vida de um homem não depende das coisas que ele tem, mesmo que seja muito rico. E então lhes contou esta parábola: —As terras de certo homem rico tinham produzido uma colheita muito boa. Então ele pensou: “Eu não tenho lugar para guardar a minha colheita. O que vou fazer?” Então disse: “Já sei o que vou fazer! Vou demolir os meus celeiros e construir outros maiores. Assim poderei guardar toda a minha colheita e todos os meus bens! Daí poderei dizer a mim mesmo: ‘Homem, você já tem muitas coisas boas guardadas para muitos anos. Portanto descanse, coma, beba e se divirta!’” Deus, porém, lhe disse: “Tolo! Esta noite a sua alma lhe será tirada. Com quem ficarão todas as coisas que você guardou?” —A mesma coisa acontecerá para aqueles que acumulam tesouros para si mesmos, mas que não são ricos para com Deus. Depois disso Jesus disse aos seus discípulos: —Por isso eu lhes digo: Não se preocupem com a vida de vocês e com o que vão comer; nem com o corpo de vocês e com o que vão vestir. Pois a vida é mais importante do que comida e o corpo é mais importante do que roupas. Olhem para os corvos: Eles não plantam nem colhem, nem têm celeiros nem armazéns; e Deus lhes dá o que comer. Será que vocês não valem muito mais do que os pássaros? Qual de vocês, por mais que se preocupe, pode adicionar uma hora à sua vida? Portanto, se não podem conseguir uma coisa assim tão pequena, por que se preocupam com o resto? Olhem para os lírios e vejam como eles crescem! Eles não trabalham nem fazem roupas. Contudo eu lhes digo que nem mesmo o rei Salomão, com toda a sua riqueza, se vestiu como um deles! Se Deus veste dessa maneira as plantas do campo, que hoje estão aqui e amanhã são jogadas no fogo, quanto mais ele vestirá a vocês, gente de pouca fé! Portanto, não se preocupem com o que vão comer ou beber, nem se aflijam por causa disso. As pessoas do mundo é que estão sempre procurando essas coisas. Mas o Pai de vocês sabe que precisam delas. Mas, antes de tudo, ponham em primeiro lugar em suas vidas o reino de Deus e ele lhes dará aquelas outras coisas. Não tenha medo, meu pequeno rebanho, pois o seu Pai tem prazer em lhe dar o reino. Vendam os seus bens e dêem o dinheiro aos pobres. Façam para vocês mesmos bolsas que não se estraguem; acumulem um tesouro inesgotável no céu, onde nenhum ladrão o toca e nenhuma traça o destrói. Lembrem-se disto: Onde estiver o seu tesouro, lá também estará o seu coração. —Estejam preparados e com os seus lampiões acesos. Sejam como as pessoas que esperam seu senhor voltar da festa de casamento, para que, quando ele chegar e bater à porta, elas possam abrir imediatamente. Felizes são aqueles servos cujo senhor os encontrar acordados e prontos quando ele chegar! Digo a verdade a vocês: Ele mesmo se preparará e os servirá, enquanto eles estarão à mesa. E mesmo que ele chegue à meia-noite ou até mais tarde, felizes serão eles se os encontrar preparados. Porém, tenham certeza disto: Se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão, certamente não permitiria que roubasse a sua casa. Portanto, estejam vocês também preparados, pois o Filho do Homem virá quando não estiverem esperando. E Pedro disse: —Senhor, está contando esta parábola para nós, ou para todos? Então o Senhor disse: —Quem será, então, o mordomo leal e prudente que o Senhor nomeará sobre os seus servos para lhes dar de comer na ocasião certa? Feliz é o servo que estiver fazendo isso quando o seu senhor chegar! Digo a verdade a vocês: Ele o colocará para tomar conta de todos os seus bens. Mas se aquele servo diz consigo mesmo: “O meu senhor está demorando muito” e começar a bater nos outros servos e servas, e a comer e beber e a ficar bêbado, o que vai lhe acontecer? O senhor daquele servo chegará num dia em que ele não espera e numa hora que ele nem imagina, e o castigará severamente e o condenará para sofrer o mesmo destino dos infiéis. O servo que conhece a vontade de seu senhor e não se prepara, ou não faz aquilo que ele quer, será punido com muitas chicotadas. Mas o servo que não conhece a vontade de seu senhor e que faz alguma coisa que merece castigo, será punido com poucas chicotadas. Sendo assim, para todo aquele a quem se dá muito, muito será pedido; e daquelas pessoas nas quais foi depositada maior confiança, muito mais será exigido. —Eu vim para pôr fogo na terra; e como eu gostaria que já estivesse queimando! Tenho que receber um batismo, e como estou angustiado até que ele seja realizado! Vocês pensam que eu vim para trazer paz ao mundo? Não! Afirmo a vocês que eu vim para trazer divisões! Pois, de agora em diante, uma família de cinco pessoas estará dividida: três contra duas e duas contra três. O pai estará contra o filho e o filho contra o pai; a mãe estará contra a filha e a filha contra a mãe; a sogra estará contra a nora e a nora contra a sogra. E Jesus também disse ao povo: —Quando vocês vêem uma nuvem subindo no ocidente, logo dizem: “Vai chover!” E assim acontece. E quando sentem o vento soprando do sul, vocês dizem: “Vai fazer calor!” E assim acontece. Hipócritas! Se vocês sabem interpretar os sinais do céu e da terra, como é que não sabem interpretar esta época em que vivemos? E Jesus terminou, dizendo: —Por que vocês não julgam por si mesmos o que é justo? Se alguém, por algum motivo, quiser levá-lo a um tribunal, faça o possível para chegar a um acordo com ele durante o caminho. Faça isso para que ele não o leve ao juiz, o juiz o entregue à polícia e a polícia o ponha na cadeia. Pois eu lhe digo que você não sairá de lá enquanto não pagar até o último centavo. Nessa ocasião, uns homens que ali se achavam contaram a Jesus como Pilatos tinha assassinado alguns galileus e misturado o sangue deles com o sangue dos sacrifícios que estavam oferecendo. Jesus lhes disse: —Vocês pensam que esses galileus pecaram mais do que todos os outros por terem sofrido dessa maneira? Eu lhes digo que não! E se não se arrependerem, vocês todos também morrerão, como eles. E o que me dizem sobre aquelas dezoito pessoas que morreram quando a torre de Siloé caiu sobre elas? Vocês pensam que elas tinham mais culpa do que todos os outros que moravam em Jerusalém? Eu lhes digo que não! E se não se arrependerem, vocês todos também morrerão, como eles. Depois ele lhes contou esta parábola: —Um homem tinha uma figueira plantada em sua plantação, mas quando foi procurar figos, não encontrou nenhum. Então disse ao homem que tomava conta da plantação: “Olhe! Já faz três anos que venho procurar figos nesta figueira, mas jamais achei nenhum. Portanto, corte-a; para que deixá-la aí somente ocupando espaço?” Mas o homem lhe respondeu: “Senhor, deixe-a por mais um ano. Eu vou cavar em volta dela e colocar bastante adubo. Se ela der figos no ano que vem, muito bem; se não der, o senhor pode mandar cortá-la”. Jesus estava ensinando numa das sinagogas no sábado, e estava presente uma mulher que já há dezoito anos tinha um demônio, que a deixara doente. Ela andava curvada e de maneira nenhuma conseguia se endireitar. Quando Jesus a viu, chamou-a e lhe disse: —Mulher, você está livre da sua enfermidade. Depois, ele colocou as mãos sobre ela, e imediatamente ela se endireitou e começou a louvar a Deus. O chefe da sinagoga ficou indignado por Jesus ter curado a mulher no sábado e disse à multidão: —Há seis dias nos quais se trabalha, portanto, venham nesses dias para serem curados, e não no sábado! O Senhor então lhe respondeu: —Hipócritas! Vocês todos não soltam seus bois ou burros do curral e os levam para beber água no sábado? Por que então esta mulher, descendente de Abraão, a quem Satanás tem presa há dezoito anos, não deveria ser libertada da sua aflição no sábado? Quando Jesus disse isto, todos aqueles que estavam contra ele ficaram envergonhados, mas a multidão ficou alegre com as coisas maravilhosas que ele fazia. Então disse: —Como é o reino de Deus? A que se pode compará-lo? É como uma semente de mostarda que alguém plantou no seu jardim. Ela cresceu, transformou-se numa árvore e as aves do céu fizeram ninhos nos seus galhos. E disse ainda: —A que mais eu poderia comparar o reino de Deus? É como o fermento, que uma mulher misturou com três medidas de farinha, até tudo ficar fermentado. Jesus passava por cidades e vilas e ensinava enquanto continuava no seu caminho para Jerusalém. Um homem lhe disse: —Senhor, são poucos os que se salvarão? E ele lhes disse: —Esforcem-se para entrar pela porta estreita, pois eu lhes digo que muitos tentarão entrar, mas não conseguirão. Uma vez que o dono da casa se levantar e fechar a porta, vocês ficarão do lado de fora. Então vocês baterão na porta, dizendo: “Abra a porta para nós, Senhor!” Mas ele responderá: “Não sei de onde vocês são!” E vocês então dirão: “Nós comíamos e bebíamos com o senhor! O senhor ensinava em nossas ruas!” E ele dirá a vocês: “Não sei de onde vocês são! Afastem-se de mim, todos os que fazem o mal!” Vocês verão a Abraão, Isaque, Jacó e todos os profetas no reino de Deus, mas vocês mesmos serão lançados fora. Então vão chorar e ranger os dentes. E muitos virão do ocidente e do oriente, do norte e do sul, e vão tomar lugar à mesa no reino de Deus. Prestem atenção! Aqueles que são os últimos, serão os primeiros; e aqueles que são os primeiros, serão os últimos. Nesse momento, alguns dos fariseus chegaram perto dele e disseram: —Vá embora daqui para algum outro lugar, pois Herodes quer matá-lo. Jesus então lhes disse: —Vão e digam a essa raposa o seguinte: “Eu expulsarei demônios e curarei pessoas hoje e amanhã e, no terceiro dia, terminarei o meu trabalho”. Tenho que continuar no meu caminho hoje, amanhã e depois de amanhã, pois um profeta não deve morrer fora de Jerusalém. Jerusalém, Jerusalém! Você que mata os profetas e apedreja os mensageiros que Deus lhe envia! Quantas vezes eu quis juntar o seu povo, como a galinha junta os pintinhos debaixo de suas asas, mas vocês não quiseram! Agora a sua casa ficará abandonada e eu lhes digo que vocês não me verão mais até que digam: “Bendito é aquele que vem em nome do Senhor”. Num sábado, Jesus foi comer na casa de certo líder dos fariseus e todas as pessoas o observavam. À sua frente se achava um homem muito inchado, que sofria de hidropisia. Jesus então perguntou aos professores da lei e aos fariseus: —É permitido curar no sábado, ou não? Mas eles não responderam nada. Jesus então segurou o homem, curou-o e depois o mandou embora. Depois disse a eles: —Imaginem que vocês tivessem um filho ou um boi que caísse num poço num sábado. Será que vocês não o tirariam de lá, mesmo sendo sábado? E eles não puderam responder. Quando Jesus reparou que os convidados estavam escolhendo os lugares de honra à mesa, ele contou esta parábola: —Quando alguém o convidar para uma festa de casamento, não ocupe o lugar de honra à mesa, pois alguém mais importante do que você pode também ter sido convidado. Então a pessoa que convidou os dois se aproximará de você e dirá: “Dê o seu lugar a este homem”. Você, então, envergonhado, terá que ocupar o lugar de menos importância. Mas, quando você for convidado, vá e tome o lugar de menor importância. Dessa forma, quando chegar a pessoa que o convidou, dirá: “Aproxime-se mais, meu amigo”. Então você será honrado diante de todos os que estão à mesa com você. Pois todo aquele que exaltar a si mesmo, será humilhado; e o que se humilhar, será exaltado. E disse também para aquele que o tinha convidado: —Quando você der um almoço ou um jantar, não convide somente os seus amigos, os seus irmãos, os seus familiares ou os seus vizinhos ricos, para que não aconteça que eles também o convidem e, dessa forma, você seja recompensado. Porém, quando você der uma festa, convide os pobres, os inválidos, os aleijados e os cegos. Isso será uma bênção para você, pois eles não têm nada com que retribuir, e você será recompensado na ressurreição dos justos. Quando um dos homens que estava à mesa com ele ouviu isto, disse: —Felizes são todos os que comerem no reino de Deus! Mas Jesus lhe disse: —Certo homem estava preparando uma grande festa e convidou muitas pessoas. Quando chegou a hora, ele mandou o seu servo dizer às pessoas que tinham sido convidadas: “Venham! Já está tudo pronto!” Mas eles começaram, um por um, a dar desculpas. O primeiro disse ao servo: “Comprei um terreno e preciso ir dar uma olhada nele. Peço-lhe que me desculpe”. Um outro disse: “Comprei cinco juntas de bois e preciso ir ver se trabalham bem. Peço-lhe que me desculpe”. E outro ainda disse: “Eu acabei de me casar e, por isso, não posso ir”. O servo, então, regressou e contou essas coisas ao seu senhor. Este ficou muito bravo e disse: “Vá depressa pelas ruas e vielas da cidade e traga os pobres, os inválidos, os cegos e os aleijados”. O servo disse: “Eu já fiz o que o senhor mandou, mas ainda há muitos lugares”. Então o senhor disse ao servo: “Saia pelas estradas e pelos caminhos das vilas e force todas as pessoas a virem, para que a minha casa fique cheia. Pois uma coisa eu digo: Nenhum dos convidados provará do meu jantar!” Uma grande multidão seguia a Jesus. Então ele se virou e disse: —Se alguém vier a mim e amar o seu pai, a sua mãe, a sua mulher, os seus filhos, os seus irmãos, as suas irmãs, ou amar a sua própria vida mais do que a mim, esse não pode ser meu discípulo. Se alguém não carregar a sua cruz e me seguir, esse não pode ser meu discípulo. Se alguém de vocês quer construir uma torre, será que ele não se sentará primeiro e calculará o custo, para ver se o dinheiro dá? Por outro lado, se ele começar a construção e não conseguir acabá-la, todos os que a virem farão pouco dele e dirão: “Este homem começou a construir, mas não conseguiu acabar”. Ou, se um rei quiser entrar numa batalha contra outro rei, será que não se sentará primeiro para considerar se com dez mil homens é capaz de enfrentar o outro que vem contra ele com vinte mil? Se ele não for capaz, terá que enviar uma delegação ao inimigo, enquanto este ainda estiver longe, para perguntar quais são as condições de paz. Da mesma forma, nenhum de vocês pode vir a ser meu discípulo se não renunciar a tudo o que tem. —Ora, o sal é bom. Mas, se perder o seu sabor, para que mais ele serve? Ele não presta para a terra nem para adubo; ele é jogado fora. Aquele que pode me ouvir, ouça! Todos os cobradores de impostos e pecadores se juntavam para ouvir a Jesus. Então, tanto os fariseus como os professores da lei começaram a criticá-lo, dizendo: —Este homem se mistura com pecadores e come com eles! Então ele lhes contou esta parábola: —Se um de vocês tiver cem ovelhas e perder uma delas, será que não deixará as noventa e nove no pasto para procurar a ovelha perdida até encontrá-la? E, quando a encontra, pôem-na alegremente sobre os ombros e, depois de chegar a casa, chama os seus amigos e vizinhos e lhes diz: “Alegrem-se comigo, pois achei a minha ovelha que estava perdida!” Pois eu lhes digo que, da mesma maneira, haverá mais alegria no céu por causa de um pecador que se arrepende, do que por causa de noventa e nove pessoas justas que não precisam de arrependimento. —Ou, imaginem ainda uma mulher que tenha dez moedas de prata e perca uma. Será que ela não acenderá um lampião, varrerá a casa e a procurará cuidadosamente até achá-la? E quando a encontrar, chamará as suas amigas e vizinhas, e dirá: “Alegrem-se comigo, pois encontrei a moeda que tinha perdido!” E da mesma maneira eu lhes digo: Há alegria na presença dos anjos de Deus por causa de um pecador que se arrepende. Depois disse: —Certo homem tinha dois filhos. O mais novo disse ao pai: “Pai, quero a minha parte da herança agora”. O pai, então, dividiu os seus bens entre os dois filhos. Poucos dias mais tarde, o filho mais novo juntou tudo o que tinha e partiu para um país distante. Ali desperdiçou toda a herança que tinha recebido, vivendo uma vida libertina. Quando ele já tinha gastado tudo, houve uma grande fome por todo aquele país, e ele começou a passar necessidades. Então ele foi procurar emprego com um dos cidadãos daquele país, que o mandou para sua fazenda para dar de comer aos porcos. Ali, com fome, ele desejava comer até mesmo das alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhe dava nada. Quando ele caiu em si, disse: “Quantos empregados de meu pai têm comida de sobra, e eu estou aqui morrendo de fome! Vou me levantar, irei para a casa de meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra Deus e contra o senhor e nem mereço mais ser chamado seu filho. Aceite-me como um de seus empregados”. Então ele se levantou e foi para a casa de seu pai. Enquanto o moço ainda estava longe, o pai o viu e ficou comovido. Então, correu ao seu encontro, abraçou-o e o beijou. O filho lhe disse: “Pai, pequei contra Deus e contra o senhor e não mereço mais ser chamado seu filho”. Mas o pai disse aos seus servos: “Depressa! Tragam a melhor roupa e vistam-no com ela e ponham um anel no seu dedo e sandálias nos seus pés. Também tragam e matem o bezerro gordo. Vamos comê-lo e nos alegrar. Pois este meu filho estava morto e voltou a viver; estava perdido e foi achado!” E todos começaram a festejar. O filho mais velho estava no campo. Quando regressou, ao chegar perto da casa, ouviu o barulho da música e da dança. Então, chamou um dos servos e perguntou-lhe o que estava acontecendo. E ele disse: “O seu irmão voltou para casa são e salvo, por isso seu pai mandou matar o bezerro gordo”. O filho mais velho ficou muito irritado e não quis entrar em casa. Seu pai, então, veio para fora e insistiu que ele entrasse. Mas ele disse a seu pai: “Todos estes anos eu tenho trabalhado para o senhor e nunca desobedeci a nenhuma de suas ordens. Entretanto o senhor nunca me deu sequer um cabrito para eu poder festejar com meus amigos! Mas quando esse seu filho, que desperdiçou os seus bens com prostitutas, volta, o senhor mata o bezerro gordo para ele”. O pai então lhe disse: “Meu filho! Você está sempre comigo e tudo o que é meu é seu. Mas nós tínhamos que festejar e nos alegrar, pois seu irmão estava morto e agora voltou a viver; ele estava perdido e foi achado”. Jesus disse aos discípulos: —Havia um homem rico que tinha um administrador. Foram dizer a esse homem que o seu administrador estava desperdiçando os seus bens. Então o homem chamou o administrador e lhe disse: “O que é isso que estou ouvindo dizer a seu respeito? Preste contas da sua administração, pois você não pode mais continuar como meu administrador”. O administrador, então, disse para si mesmo: “O meu senhor está me despedindo! E agora? O que eu vou fazer? Eu não sou forte o bastante para trabalhar com a enxada e tenho vergonha de pedir esmolas. Já sei o que eu vou fazer, para que as pessoas me recebam em suas casas, quando eu for mandado embora”. Então ele chamou todos os devedores do seu senhor. Disse ao primeiro: “Quanto é que você deve ao meu senhor?” Este lhe disse: “Devo cem barris de azeite”. Então lhe disse: “Aqui está a sua conta; sente-se depressa e escreva cinqüenta”. Depois disse a outro: “E você, quanto deve?” Este lhe respondeu: “Devo trinta mil quilos de trigo”. Então lhe disse: “Aqui está a sua conta; escreva vinte e cinco”. O senhor elogiou o administrador desonesto, por ter sido astuto. As pessoas deste mundo são muito mais astutas em seus negócios do que as pessoas que pertencem à luz. E eu lhes recomendo: Façam amigos com as riquezas deste mundo para que, quando elas se acabarem, vocês sejam recebidos nos lares eternos. Aquele que é fiel em pouco, também é fiel em muito. Aquele que é desonesto em pouco, também é desonesto em muito. Pois, se vocês não forem fiéis com as riquezas deste mundo, quem vai confiar a vocês as riquezas verdadeiras? E se vocês não forem fiéis com o que pertence aos outros, quem lhes dará o que pertence a vocês? Ninguém pode servir a dois senhores, pois ou odiará a um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao mesmo tempo servir às riquezas. Como os fariseus gostavam muito de dinheiro, fizeram pouco dele quando o ouviram dizer isto. Então Jesus lhes disse: —Vocês são aqueles que se fazem de bons aos olhos dos outros, mas Deus conhece os seus corações. Aquilo que os homens pensam que vale muito, para Deus é detestável. A lei e os profetas valeram até João. Daí em diante as Boas Novas do reino de Deus estão sendo anunciadas, e todos se esforçam para entrar nele. Mas é mais fácil que o céu e a terra desapareçam, do que um só “til” caia da lei. —Qualquer homem que se divorcie de sua mulher e se case com outra, comete adultério. Quem se casar com uma mulher divorciada pelo seu marido, também comete adultério. —Havia um homem rico que se vestia com roupas muito finas e que se divertia com muito luxo todos os dias. Havia também um homem pobre chamado Lázaro, cujo corpo estava coberto de feridas, e que costumava ficar no portão da casa do homem rico. Lá ele desejava comer as migalhas que caíam da mesa do rico. Mas até mesmo os cães vinham lamber as suas feridas. Lázaro morreu e foi levado pelos anjos para junto de Abraão. O homem rico também morreu e foi enterrado. E no Hades, estando atormentado, o homem rico olhou e viu, bem longe, Abraão, e Lázaro ao seu lado. Então disse em voz alta: “Tenha pena de mim, pai Abraão! Mande Lázaro para que ele possa molhar a ponta de seu dedo em água e me refrescar a língua; pois sofro muito neste fogo!” Mas Abraão disse: “Meu filho! Lembre-se de que, durante a sua vida, você teve tudo o que era bom, enquanto Lázaro só teve o que era ruim. Agora ele está consolado e você, sofrendo. Além do mais, um grande abismo foi colocado entre vocês e nós, para que os que queiram passar daqui para o lado de vocês não possam e para que ninguém daí possa atravessar para o nosso lado”. E o rico disse: “Então eu lhe imploro, pai Abraão, que mande Lázaro até a casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos. Deixe que ele os avise para que eles não venham também para este lugar de tormento”. Mas Abraão respondeu: “Eles têm Moisés e os profetas. Que os ouçam!” Ele disse: “Isso não chega, pai Abraão! Mas se alguém dos mortos for até eles, arrepender-se-ão”. Então Abraão disse: “Se eles não escutarem nem a Moisés e nem aos profetas, tampouco se convencerão mesmo que alguém ressuscite”. Jesus disse aos seus discípulos: —Sempre vão acontecer coisas que farão com que as pessoas pequem; mas ai daquele que as provoca! Seria melhor para ele ser jogado no mar com uma pedra de moinho amarrada no pescoço, do que fazer com que um dos meus seguidores peque. Tenham cuidado! Se o seu irmão pecar contra você, repreenda-o; e se ele se arrepender, perdoe-lhe. E, se o seu irmão pecar contra você sete vezes no mesmo dia, e, se todas as sete vezes ele vier e disser: “Estou arrependido”, perdoe-lhe. Então os apóstolos disseram ao Senhor: —Aumente a nossa fé. E o Senhor lhes disse: —Se a sua fé fosse do tamanho de uma semente de mostarda, poderiam dizer a esta amoreira: “Arranque-se daqui com raiz e tudo e plante-se no mar” e ela lhes obedeceria. —Suponhamos que você tenha um servo que trabalhe na lavoura ou que cuide de ovelhas. Quando ele volta do trabalho, será que você vai lhe dizer: “Venha depressa e sente-se para comer”? Claro que não! Você vai lhe dizer: “Prepare o meu jantar, ponha o seu avental e me sirva, enquanto eu como e bebo. Depois você pode comer e beber”. Você não vai agradecer ao seu servo por fazer o que você mandou. O mesmo acontece com vocês. Depois de fazerem tudo o que lhes foi ordenado fazer, devem dizer: “Somos servos e não temos mérito algum, pois fizemos somente o nosso dever”. Em seu caminho para Jerusalém, Jesus passou pelo meio da Galiléia e Samaria. Quando se aproximava de uma vila, dez homens com lepra foram ao seu encontro. Eles pararam a certa distância e gritaram: —Jesus, Mestre, tenha pena de nós! Quando Jesus os viu, disse: —Vão e apresentem-se aos sacerdotes. Enquanto eles estavam indo, ficaram curados. Um deles, porém, voltou atrás, quando percebeu que estava curado e louvou a Deus em voz alta. E se ajoelhou aos pés de Jesus, e lhe agradeceu. Ele era samaritano. Jesus lhe perguntou: —Não foram dez os homens que foram curados? Onde estão os outros nove? Nenhum deles voltou atrás para dar graças a Deus a não ser este estrangeiro? Então Jesus disse ao homem: —Levante-se e vá embora. Você está curado porque teve fé. Uma vez, quando os fariseus lhe perguntaram quando viria o reino de Deus, ele lhes respondeu: —O reino de Deus não vem de maneira visível. Nem ninguém poderá dizer: “Está aqui!” ou “está ali!”, porque o reino de Deus está dentro de vocês. Jesus disse aos seus discípulos: —Dias virão em que vocês desejarão participar da glória do Filho do Homem quando ele voltar, mas não poderão. Então muitos dirão a vocês: “Aqui está ele!” ou “Lá está ele!” Mas não vão nem os sigam! Pois, assim como um relâmpago brilha e ilumina o céu de um lado a outro, assim também será no dia em que o Filho do Homem voltar. Mas, antes disso, ele tem que sofrer muitas coisas e tem que ser rejeitado por esta geração. Pois assim como aconteceu nos dias de Noé, também acontecerá quando o Filho do Homem voltar: Eles comiam e bebiam; os homens se casavam e as mulheres eram dadas em casamento; tudo isso até o dia em que Noé entrou na arca. Então veio o dilúvio e destruiu a todos. Acontecerá a mesma coisa que aconteceu no tempo de Ló: Todos comiam e bebiam, compravam e vendiam, plantavam e construíam. Mas, no dia em que Ló saiu de Sodoma, choveu fogo e enxofre do céu e destruiu a todos. Assim será no dia em que o Filho do Homem for revelado. Nesse dia, aquele que estiver no telhado e tiver as suas coisas em casa, não entre para ir buscá-las. Assim também, aquele que estiver no campo, não volte para casa. Lembrem-se da mulher de Ló! Quem tentar salvar a sua vida, irá perdê-la; e quem perder a sua vida, irá salvá-la. Eu lhes digo uma coisa: Naquela noite, duas pessoas estarão numa cama; uma será levada e a outra, deixada. Duas mulheres estarão moendo trigo juntas; uma será tirada e a outra, deixada. *** Os discípulos, então, lhe perguntaram: —Senhor, onde vai acontecer isto? E Jesus lhes disse: —Onde estiver o morto, ali se ajuntarão os urubus. Jesus lhes contou uma parábola para lhes ensinar que deveriam orar sempre, sem desanimar. Ele disse: —Em certa cidade havia um juiz que não temia a Deus e nem respeitava a ninguém. Nessa mesma vila vivia também uma viúva que sempre o procurava, pedindo: “Ajude-me a obter justiça contra o meu adversário”. Por muito tempo ele se negou a ajudar a viúva, mas um dia disse para si mesmo: “É certo que eu não temo a Deus e que também não respeito a ninguém. Porém, tenho que ajudar esta viúva a obter justiça, pois ela não pára de me aborrecer e, se eu não a ajudar, ela nunca me deixará em paz”. Então o Senhor disse: —Considerem o que o juiz desonesto disse. Não fará Deus justiça a favor do seu povo que grita por socorro dia e noite? Será que ele vai demorar para ajudá-lo? Eu lhes digo que ele fará justiça ao seu povo e depressa. Porém, será que o Filho do Homem encontrará fé na terra quando voltar? Para aqueles que tinham certeza de que eram justos e que desprezavam os outros, ele contou esta parábola: —Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu e o outro cobrador de impostos. O fariseu se levantou e orou consigo mesmo: “Meu Deus! Eu lhe agradeço por não ser como as outras pessoas: ladrões, desonestos, adúlteros, ou até mesmo como este cobrador de impostos. Jejuo duas vezes por semana e dou dez por cento de tudo o que ganho”. O cobrador de impostos, porém, de longe, nem sequer olhava para o céu e, batendo no peito, dizia: “Meu Deus! Tenha compaixão de mim, pois sou pecador!” Eu lhes digo que este homem, e não o outro, foi para casa em paz com Deus. Pois todo aquele que se exaltar será humilhado, e aquele que se humilhar será exaltado. E levavam até mesmo crianças a Jesus, para que ele pudesse abençoá-las. Quando, porém, os discípulos viram isto, repreenderam aqueles que as levavam. Mas Jesus, chamando as crianças para perto de si, disse: —Deixem que as criancinhas venham a mim; não as proíbam! Pois o reino de Deus pertence aos que são como estas crianças. Digo a verdade a vocês: Quem não receber o reino de Deus assim como uma criança o faz, nunca entrará nele. Certo líder judeu perguntou-lhe: —Bom Mestre, o que devo fazer para herdar a vida eterna? Jesus lhe respondeu: —Por que você me chama de bom? Só Deus é bom, e mais ninguém. Você conhece os mandamentos: “Não cometa adultério, não mate, não roube, não dê falso testemunho, honre a seu pai e a sua mãe”. E o homem, então, disse: —Desde pequeno tenho obedecido a todos esses mandamentos. Quando Jesus ouviu isto, disse: —Ainda está faltando uma coisa: Venda tudo o que você tem e distribua o dinheiro entre os pobres; então você terá um tesouro no céu. Depois venha e siga-me. Quando o homem ouviu isto, ficou muito triste, pois era riquíssimo. Jesus viu que ele estava triste e disse: —Como é difícil para os ricos entrarem no reino de Deus! É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no reino de Deus. Os que o ouviam, disseram: —Então, quem é que pode ser salvo? Ele disse: —O que é impossível para as pessoas, é possível para Deus. Então Pedro disse: —Olhe, nós deixamos tudo o que tínhamos para seguir o senhor. Jesus, então, lhes disse: —Digo a verdade a vocês: Não há ninguém que tenha deixado casa, mulher, irmãos, pais ou filhos por causa do reino de Deus, e que não receba no presente muitas vezes mais e, no futuro, a vida eterna. Jesus chamou os doze discípulos de lado e lhes disse: —Escutem! Nós estamos indo para Jerusalém e todas as coisas que os profetas escreveram a respeito do Filho do Homem acontecerão. Ele será entregue aos que não são judeus e estes vão zombar, insultar, cuspir nele. E, depois de baterem nele, matá-lo-ão. Mas no terceiro dia ele ressuscitará. Os discípulos, porém, não entenderam nada do que Jesus falou. O sentido daquelas palavras estava escondido deles e eles não sabiam do que Jesus falava. Jesus estava chegando perto da cidade de Jericó. Um homem cego, sentado à beira da estrada, pedia esmolas e, quando ouviu a multidão passando, perguntou o que estava acontecendo. E lhe disseram que Jesus de Nazaré estava passando. Ao ouvir isto, ele começou a gritar: —Jesus, Filho de Davi, tenha pena de mim! Aqueles que estavam indo na frente diziam para ele ficar quieto, mas ele gritava ainda mais: —Filho de Davi, tenha pena de mim! Jesus, então, parou e mandou que lhe trouxessem o cego. Quando o cego já estava perto dele, Jesus lhe perguntou: —O que quer que eu faça por você? E ele respondeu: —Quero voltar a ver, Senhor! Então Jesus lhe disse: —Receba a sua visão. A sua fé o curou. E, no mesmo instante, o cego recuperou a vista e seguia Jesus e dava glórias a Deus. Todas as pessoas que viram isto louvavam a Deus. Jesus entrou em Jericó e estava atravessando a cidade. Havia em Jericó um homem rico chamado Zaqueu, chefe dos cobradores de impostos. Ele queria ver quem era Jesus, mas não conseguia por causa da multidão e também porque era muito baixo. Então, correndo à frente de todos, Zaqueu subiu em uma figueira brava a fim de ver a Jesus, pois ele ia passar por ali. Quando chegou àquele lugar, Jesus olhou para cima e lhe disse: —Desça depressa, Zaqueu, pois eu tenho que ficar na sua casa hoje. Ele desceu depressa e o recebeu com grande alegria. Todos viram aquilo e começaram a reclamar, dizendo: —Ele vai ficar na casa desse pecador! Zaqueu se levantou e disse: —Olhe, Senhor! Eu darei metade de tudo o que tenho aos pobres e, se enganei alguém para lhe tirar alguma coisa, eu devolverei quatro vezes mais. Jesus, então, lhe disse: —Hoje a salvação entrou nesta casa, pois este homem também é descendente de Abraão. O Filho do Homem veio para procurar e salvar o perdido. Todos ouviam o que Jesus dizia. Então, como estavam perto de Jerusalém e como eles pensavam que o reino de Deus estava prestes a aparecer, Jesus continuou e lhes contou esta parábola: —Um homem nascido de família importante foi para um país distante a fim de tomar posse de um reino e depois voltar. Então, chamou seus dez servos, deu-lhes dez sacos de dinheiro e lhes disse: “Vejam o que vocês podem fazer com este dinheiro até eu voltar”. Mas o povo do seu reino o odiava, e mandou, então, uma delegação atrás dele, dizendo: “Nós não queremos que este homem reine sobre nós”. O homem, porém, foi, tomou posse do seu reino e voltou para casa. Aí mandou chamar os servos a quem tinha dado o dinheiro, a fim de verificar os lucros que eles tinham conseguido. O primeiro chegou e disse: “Senhor, o dinheiro que o senhor me deu rendeu dez vezes mais”. O senhor, então, lhe disse: “Muito bem! Você é um bom servo! Como você foi fiel em uma coisa pequena, vou nomeá-lo para tomar conta de dez cidades”. Depois veio o segundo e disse: “Senhor, o dinheiro que o senhor me deu rendeu cinco vezes mais”. Ele disse a este: “Vou nomeá-lo para tomar conta de cinco cidades”. Então, veio o outro e disse: “Aqui está o seu saco de dinheiro, senhor. Eu o embrulhei num lenço e o guardei. Eu tive medo porque sei que o senhor é um homem duro, pois tira o que não deu e colhe o que não plantou”. O senhor então lhe disse: “Você é um mau servo! Eu usarei as suas próprias palavras para condená-lo! Se você sabia que eu era um homem duro, que tira o que não dá e colhe o que não planta, por que não colocou o meu dinheiro num banco? Se tivesse feito isso, eu receberia o dinheiro de volta com juros!” Então, disse para as pessoas que estavam perto: “Tirem dele o saco de dinheiro e dêem ao que tem dez sacos”. E eles responderam: “Mas senhor, ele já tem dez sacos!” E o senhor afirmou: “Pois eu lhes digo que, a todo aquele que tem, mais será dado, mas aquele que não tem, até o que ele tem lhe será tirado. E agora tragam aqui aqueles meus inimigos que não queriam mais que eu fosse rei deles e matem-nos na minha presença”. Depois de ter dito estas coisas, Jesus seguiu adiante para Jerusalém. Quando estava próximo de Betfagé e de Betânia, junto ao Monte das Oliveiras, Jesus enviou dois de seus discípulos, dizendo: —Vão até aquela vila ali na frente. Chegando lá, vocês encontrarão um jumentinho preso que nunca foi montado. Soltem-no e tragam-no aqui. Se alguém lhes perguntar: “Por que vocês o estão soltando?”, digam: “Porque o Senhor precisa dele”. Os que tinham sido enviados foram e encontraram tudo exatamente como ele tinha dito. E, enquanto estavam desamarrando o jumentinho, os donos lhes perguntaram: —Por que vocês estão soltando o jumentinho? Eles responderam: —Porque o Senhor precisa dele. Então levaram o jumentinho a Jesus, puseram as suas capas em cima do animal e ajudaram-no a montá-lo. Enquanto Jesus seguia, as pessoas estendiam suas capas pelo caminho. Quando começaram a descer o Monte das Oliveiras, toda a multidão de discípulos começou a louvar a Deus alegremente e em alta voz, por todos os milagres que tinham visto. Eles diziam: —“‘Bendito é o Rei que vem em nome do Senhor!’ Paz no céu e glória a Deus!” Alguns dos fariseus que estavam na multidão disseram a Jesus: —Mestre, diga a seus discípulos que fiquem quietos! Ele respondeu: —Eu lhes digo que, se eles ficarem quietos, as próprias pedras gritarão. Quando Jesus se aproximou e viu a cidade de Jerusalém, chorou e disse: —Se ao menos hoje você soubesse o que era preciso para conseguir a paz! Mas você não pode ver, pois isso está escondido de seus olhos. Dias virão em que os seus inimigos levantarão barreiras à sua volta. Eles cercarão você e marcharão contra você de todos os lados. Eles destruirão completamente a você e a todo o seu povo e não deixarão ficar uma pedra sobre outra, pois você não reconheceu o tempo em que Deus veio para lhe salvar. Ao entrar no templo, Jesus começou a expulsar de lá os vendedores, dizendo: —As Escrituras dizem: “A minha casa será uma casa de oração”. Vocês, porém, transformaram-na num “esconderijo de ladrões”! Jesus ensinava no templo todos os dias. Os líderes dos sacerdotes, os professores da lei e os líderes do povo estavam procurando um meio de matá-lo. No entanto, não conseguiam encontrar nenhuma forma de fazê-lo, pois todo o povo prestava muita atenção nas palavras dele. Um dia Jesus estava no templo ensinando o povo e anunciando as Boas Novas, quando os líderes dos sacerdotes, os professores da lei e os anciãos se aproximaram dele e disseram: —Diga-nos que autoridade tem para fazer essas coisas e quem lhe deu essa autoridade? Ele respondeu: —Eu também quero lhes fazer uma pergunta. Digam-me isto: Quem deu a João autoridade para batizar: Deus ou os homens? Eles começaram a discutir entre si e diziam: —Se nós respondermos: “Foi Deus”, ele nos perguntará: “Por que então vocês não acreditaram nele?” Se nós respondermos: “Foram os homens”, todo o povo nos apedrejará, pois estão convencidos de que João era um profeta. Então eles responderam que não sabiam quem tinha dado autoridade a João para batizar. Jesus, então, lhes disse: —Então eu também não vou lhes dizer com que autoridade faço estas coisas. Depois disto Jesus começou a contar ao povo esta parábola: —Um homem plantou uvas em suas terras, arrendou a plantação a alguns lavradores e depois foi-se embora por muito tempo. No devido tempo, mandou um servo seu aos lavradores para que eles lhe dessem parte dos frutos da sua plantação de uvas. Os lavradores, porém, bateram no servo e o mandaram de volta de mãos vazias. Então, ele mandou outro servo. Os lavradores, da mesma forma, também bateram nele, humilharam-no e mandaram-no de volta de mãos vazias. Então, ele mandou ainda um terceiro servo, mas eles, da mesma forma, o feriram e o expulsaram. O dono da plantação, então, disse: “O que é que eu vou fazer? Vou mandar o meu querido filho; talvez eles o respeitem!” Mas, quando os lavradores o viram, conversaram entre eles e disseram: “Este é o herdeiro. Vamos matá-lo e assim a herança será nossa”. Então, eles o jogaram para fora da plantação de uvas e o mataram. O que o dono da plantação fará com esses lavradores? Ele virá e matará esses lavradores e dará a sua plantação para outros. Quando ouviram isto, eles disseram: —Que isso nunca aconteça! Mas Jesus olhou bem para eles e disse: —Então, o que querem dizer as Escrituras quando dizem: “A pedra que os construtores rejeitaram veio a ser a pedra mais importante”? Todo aquele que cair em cima desta pedra ficará em pedaços; e todo aquele sobre quem a pedra cair será esmagado. Os professores da lei e os líderes dos sacerdotes sabiam que aquela parábola tinha sido dita contra eles. Por isso eles procuravam um meio de prendê-lo ali mesmo, mas tinham medo do povo. Então, eles começaram a observá-lo e enviaram espiões que fingiam ser honestos. O plano deles era pegar a Jesus dizendo alguma coisa errada, pois assim poderiam entregá-lo ao poder e à autoridade do governador. Os espiões, então, fizeram-lhe esta pergunta: —Mestre! Nós sabemos que o senhor só diz e ensina o que é certo, que o senhor é imparcial e que ensina o caminho de Deus com toda a honestidade. Responda-nos, então: Devemos pagar impostos a César ou não? Mas Jesus percebeu a sutileza deles e respondeu: —Mostrem-me uma moeda de prata. De quem é a imagem e a inscrição na moeda? Eles disseram: —De César. Então, ele lhes disse: —Dêem a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Eles não conseguiram pegá-lo em nada que ele disse diante do povo. Ao contrário, ficaram admirados com a sua resposta e se calaram. Alguns saduceus se aproximaram de Jesus e, como não acreditavam em ressurreição, perguntaram-lhe: —Mestre, Moisés nos deixou escrito que, se um homem casado morrer sem deixar filhos, o seu irmão deve se casar com a viúva e ambos devem ter filhos que serão considerados filhos do irmão que morreu. Era uma vez sete irmãos. O primeiro se casou e morreu sem ter filhos. Então, o segundo se casou com a viúva e também morreu sem filhos. Depois o terceiro. E assim aconteceu com os sete irmãos; eles se casaram e todos morreram sem deixar filhos. Mais tarde, a mulher também morreu. Portanto, se todos os sete irmãos se casaram com ela, de quem ela vai ser esposa na ressurreição? Jesus lhes respondeu: —As pessoas desta época se casam e são dadas em casamento. Aquelas, porém, que serão consideradas dignas de participar na época que ainda virá e na ressurreição dos mortos, não se casarão nem serão dadas em casamento. Elas não morrerão mais, pois são como anjos. Elas são filhos de Deus, pois ressuscitaram. Moisés mesmo mostrou que os mortos ressuscitam. Na passagem do arbusto que se queimava, ele se referiu ao Senhor como Deus de Abraão, Deus de Isaque e Deus de Jacó. Ora, ele não é Deus dos mortos, mas sim dos vivos, pois, para ele, todas as pessoas estão vivas. Alguns dos professores da lei disseram: —O senhor respondeu bem, Mestre! E ninguém mais se atreveu a lhe fazer perguntas. Jesus, então, lhes perguntou: —Como vocês podem dizer que Cristo é filho de Davi? O próprio Davi diz, no livro de Salmos: “O Senhor disse ao meu Senhor: Sente-se do meu lado direito até que eu coloque os seus inimigos debaixo dos seus pés”. Se o próprio Davi o chama de Senhor, como pode ele ser seu filho? Enquanto as pessoas escutavam, Jesus disse aos seus discípulos: —Tenham cuidado com os professores da lei. Eles gostam de andar com as suas roupas elegantes e gostam de ser cumprimentados com respeito em lugares públicos. Eles também gostam muito de ocupar os lugares mais importantes nas sinagogas e os lugares de honra nas festas. Eles exploram as viúvas, roubando delas os bens e, ao mesmo tempo, fazem longas orações para serem notados. Estes receberão o pior castigo. Jesus viu algumas pessoas ricas colocando suas ofertas na caixa de contribuições do templo. Viu também uma viúva pobre colocando lá duas moedas pequenas. Então, disse: —Digo a verdade a vocês: Esta viúva pobre deu mais do que todos os outros. Todas as outras pessoas fizeram as suas ofertas dando do dinheiro que tinham sobrando; ela, porém, na sua pobreza, deu tudo o que tinha para viver. Alguns dos discípulos estavam comentando a respeito do templo, de como ele era bonito, da decoração feita com belas pedras e das ofertas dadas a Deus. Jesus, então, disse: —Com relação ao que vocês estão vendo, dias virão em que nem uma pedra será deixada sobre a outra. Tudo será derrubado! Eles lhe perguntaram: —Mestre, quando acontecerão essas coisas? Qual será o sinal de que essas coisas estão prestes a acontecer? Jesus respondeu: —Tenham cuidado para não serem enganados, pois muitos virão em meu nome e dirão: “Eu sou ele”, ou ainda: “O tempo está próximo”. Não os sigam! Não tenham medo quando vocês ouvirem falar de guerras e revoluções. Todas essas coisas têm que acontecer primeiro, mas isso não quer dizer que o fim está próximo. Depois Jesus lhes disse: —Uma nação vai fazer guerra contra outra e um país atacará outro. Haverá grandes terremotos, fome e epidemias em vários lugares. Acontecerão coisas terríveis e grandes sinais serão vistos no céu. Mas antes de tudo isto acontecer, vocês serão presos e perseguidos. Vocês serão levados para as sinagogas para julgamento e serão postos em prisões. E por minha causa serão levados para diante dos reis e dos governadores. Isto lhes dará uma oportunidade de dar testemunho a meu respeito. Portanto, decidam desde já não se preocuparem antes da hora com o que vocês dirão para se defender, pois Eu lhes darei palavras e sabedoria que nenhum dos seus adversários poderá resistir nem negar. Vocês serão traídos por seus pais, irmãos, parentes e amigos; alguns de vocês serão mortos. Vocês serão odiados por todos por causa do meu nome. Mas, nem um só fio de cabelo de sua cabeça se perderá. É por meio da perseverança que vocês salvarão suas almas. Quando virem Jerusalém cercada por exércitos, saberão que a sua destruição está próxima. Assim, aqueles que estiverem na Judéia, fujam para as montanhas; aqueles que estiverem na cidade, saiam dela; e aqueles que estiverem nos campos, não voltem para a cidade. Pois estes são os dias de castigo, para que aconteçam todas as coisas que foram escritas. Ai das mulheres que estiverem grávidas ou amamentando nessa época, pois haverá grande aflição na terra e a ira de Deus estará contra este povo. Muitos serão mortos à espada, outros serão levados como escravos para todos os países e Jerusalém será pisada por aqueles que não são judeus até que se complete o tempo deles. Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas e, na Terra, as nações estarão desesperadas, com medo do barulho e da agitação do mar. Muitos desmaiarão de medo e de apreensão com o que vai acontecer ao mundo, pois os corpos celestes serão abalados. Depois, o Filho do Homem será visto vindo numa nuvem, com poder e grande glória. Quando estas coisas começarem a acontecer, endireitem os seus corpos e levantem as suas cabeças, pois a libertação de vocês se aproxima. Jesus, então, lhes contou esta parábola: —Olhem para a figueira ou para qualquer outra árvore. Quando vêem as folhas começarem a brotar, vocês sabem que o verão está chegando. Assim também, quando vocês virem estas coisas acontecerem, saibam que o reino de Deus está próximo. Digo a verdade a vocês: Esta geração não passará até que todas estas coisas aconteçam. O céu e a terra desaparecerão, porém as minhas palavras permanecerão para sempre. —Vigiem a si mesmos, para que os corações de vocês não se encham de festas, bebedeiras e preocupações com as coisas desta vida. Se vocês não fizerem isso, esse dia virá de repente e pegará vocês como uma armadilha, pois ele virá sobre todos os que vivem na face da terra. Vigiem-se a todo momento e orem para que sejam capazes de escapar de tudo o que vai acontecer e de se apresentar diante do Filho do Homem. Jesus ensinava no templo todos os dias e passava as noites num monte chamado das Oliveiras. E todo o povo se levantava cedo pela manhã e ia ao templo para ouvi-lo. Estava próxima a Festa dos Pães sem Fermento, chamada a Páscoa. Os líderes dos sacerdotes e os professores da lei procuravam um meio de matar a Jesus, mas temiam o povo. Então Satanás entrou em Judas, (chamado Iscariotes) que era um dos doze apóstolos e ele foi falar com os líderes dos sacerdotes e com os chefes da guarda do templo para combinar um jeito de entregar a Jesus nas mãos deles. Eles ficaram muito contentes e concordaram em lhe dar dinheiro. Judas aceitou e começou a procurar uma oportunidade de trair Jesus, quando a multidão não estivesse com ele. O dia da Festa dos Pães sem Fermento chegou e, nesse dia, o cordeiro da Páscoa era sacrificado. Jesus, então, enviou Pedro e João dizendo: —Vão e preparem o jantar da Páscoa para nós comermos. Eles lhe disseram: —Onde o senhor quer que nós o preparemos? Ele lhes respondeu: —Quando vocês entrarem na cidade, um homem, levando uma jarra de água, encontrará com vocês. Sigam-no e entrem na casa em que ele entrar. Digam ao dono da casa: “O Mestre mandou perguntar onde fica a sala de jantar na qual ele e os seus discípulos poderão comer o jantar da Páscoa”. Esse homem lhes mostrará uma grande sala mobiliada, no andar de cima da casa; façam ali os preparativos. Eles foram e encontraram tudo exatamente como ele lhes havia dito. E então prepararam o jantar da Páscoa. Quando chegou a hora, Jesus tomou seu lugar à mesa com os apóstolos e lhes disse: —Eu tenho desejado muito comer este jantar de Páscoa junto com vocês, antes de sofrer. Pois eu lhes digo que nunca mais o comerei até que ele receba o significado completo no reino de Deus. Então, pegando o cálice, Jesus agradeceu a Deus e disse: —Peguem isto e dividam entre vocês, pois eu lhes digo: Nunca mais beberei vinho até que chegue o reino de Deus. E, pegando o pão, agradeceu a Deus, partiu-o em pedaços e os deu a seus discípulos, dizendo: —Isto é o meu corpo, que é dado por vocês. Façam isto para se lembrar de mim. Depois do jantar, Jesus fez o mesmo com o cálice, dizendo: —Este cálice representa a nova aliança entre Deus e seu povo, selada com o meu sangue, que é derramado a favor de vocês. No entanto, vejam! Aquele que vai me trair está aqui comigo à mesa! Isto acontece para que o Filho do Homem morra como já foi determinado; mas ai daquele por quem ele é traído! Eles, então, começaram a perguntar uns aos outros qual deles faria aquilo. E também começaram a discutir entre si, querendo saber qual deles seria considerado o mais importante. Mas Jesus lhes disse: —Os reis das nações dominam o povo e os governadores fazem com que as pessoas os chamem de amigos do povo. Mas, entre vocês não é assim. Pelo contrário, o maior entre vocês deve ser como o mais insignificante e o que governa como o que serve. Pois, quem é mais importante? O que está à mesa ou o que serve? Não é o que está à mesa? Porém, eu estou entre vocês como aquele que serve. Vocês têm estado sempre firmes comigo nas minhas provações. E assim como meu Pai me deu o poder real, eu o dou a vocês, para que vocês possam comer e beber à mesa comigo no meu reino. E vocês, então, se sentarão em tronos e julgarão as doze tribos de Israel. —Simão, Simão! Satanás pediu para colocar todos vocês à prova, peneirando-os como se peneira o trigo. Eu tenho orado por você, para que não lhe falte fé. E, quando você voltar, ajude os seus irmãos. Pedro lhe disse: —Eu estou pronto para ir para a cadeia ou até mesmo para morrer pelo senhor! E Jesus lhe disse: —Eu lhe digo uma coisa, Pedro: Antes que o galo cante hoje, você negará três vezes que me conhece. E Jesus continuou, dizendo: —Quando eu os enviei sem dinheiro, sem mala, e sem sandálias, por acaso lhes faltou alguma coisa? Eles responderam: —Não, nada. Ele lhes disse: —Agora, porém, quem tiver dinheiro, que o leve; quem tiver mala, que a leve também; e quem não tiver uma espada, que venda a sua capa e compre uma. Pois as Escrituras dizem: “Ele foi considerado como um criminoso”. E esta referência, que deve ser cumprida em mim, está prestes a acontecer. Eles disseram: —Senhor, olhe! Aqui estão duas espadas. —Basta!—disse Jesus. Depois, como de costume, Jesus saiu e foi para o Monte das Oliveiras e os seus discípulos o seguiram. Quando chegaram ao lugar escolhido, Jesus lhes disse: —Orem para não caírem em tentação. E afastando-se deles alguns metros, ajoelhou-se e orou, dizendo: —Pai, o senhor pode afastar de mim este cálice de sofrimento, se quiser. Mas, que seja feita a sua vontade, e não a minha. Um anjo do céu apareceu para lhe dar forças. Jesus, porém, cheio de angústia, orou ainda com mais força e seu suor era como gotas de sangue caindo no chão. Quando Jesus terminou de orar, levantou-se, aproximou-se dos discípulos e os encontrou dormindo. (Eles estavam exaustos, pois a tristeza deles era muito grande.) Então lhes disse: —Por que vocês estão dormindo? Levantem-se e orem para que não caiam em tentação! Jesus ainda estava falando quando uma multidão apareceu, e Judas, um dos doze discípulos os guiava. Ele se aproximou de Jesus para beijá-lo, mas Jesus lhe disse: —Você vai trair o Filho do Homem com um beijo, Judas? Quando os discípulos que estavam ao redor de Jesus viram o que ia acontecer, perguntaram: —Senhor, devemos pegar nossas espadas e atacar? E um deles atacou o servo do sumo sacerdote e cortou-lhe a orelha direita. Jesus, então, lhes respondeu: —Parem com isso! Aí ele tocou na orelha do servo e a curou. Depois, Jesus disse aos líderes dos sacerdotes, aos chefes dos guardas do templo e aos anciãos que tinham ido prendê-lo: —Por que vocês vieram com espadas e cacetes para me prender, como se eu fosse um ladrão? Eu estive com vocês todos os dias no templo, e ninguém pôs as mãos em mim! Mas esta é a hora de vocês—a hora de reinar a escuridão. Eles o prenderam e o levaram para a casa do sumo sacerdote. Pedro os seguia de longe. Eles acenderam uma fogueira no meio do pátio e se sentaram juntos ao redor dela. Pedro estava no meio deles. Uma empregada o viu sentado junto ao fogo e, olhando bem para ele, disse: —Este homem também estava com ele! Mas ele negou, dizendo: —Eu nem o conheço, mulher! Pouco depois, outra pessoa o viu e disse: —Você também é um deles! Mas Pedro disse: —Não sou, homem! Mais ou menos uma hora depois, uma outra pessoa começou a insistir, dizendo: —Sem dúvida que este homem também andava com ele, pois também é galileu! Pedro respondeu: —Eu não sei do que você está falando, homem! E naquele momento, enquanto Pedro ainda falava, um galo cantou. Então o Senhor se virou e olhou para Pedro e este se lembrou das palavras do Senhor e de como ele tinha dito: “Antes que o galo cante hoje, você negará três vezes que me conhece”. Pedro, então, saiu de lá e chorou amargamente. Os homens que estavam tomando conta de Jesus começaram a fazer pouco dele e também a bater nele. Taparam os olhos dele e começaram a interrogá-lo, dizendo: —Adivinhe! Quem bateu em você? E disseram muitas outras coisas para insultá-lo. Quando amanheceu, houve uma reunião entre os anciãos do povo, os líderes dos sacerdotes e os professores da lei. Depois mandaram levar a Jesus ao Conselho Superior deles. Então, disseram a ele: —Se você é o Cristo, diga-nos! Jesus respondeu: —Mesmo que eu lhes diga, vocês não acreditarão em mim. E se eu lhes fizer uma pergunta, vocês não responderão. Mas, de agora em diante, o Filho do Homem estará sentado ao lado direito do Deus Todo-poderoso. E todos perguntaram: —Então, você é mesmo o Filho de Deus? E Jesus lhes respondeu: —Vocês estão certos em dizer que eu o sou. Então eles disseram: —Por que é que precisamos de mais testemunhas? Nós já não o ouvimos confessar com sua própria boca? Então, todos se levantaram, levaram Jesus até Pilatos e começaram a acusá-lo, dizendo: —Encontramos este homem enganando o nosso povo! Ele é contra o pagamento de impostos ao imperador e afirma ser o Cristo, Rei! Pilatos lhe perguntou: —Você é o rei do judeus? Jesus respondeu: —É verdade. Então Pilatos disse aos líderes dos sacerdotes e à multidão: —Eu não encontro nenhum motivo para condenar este homem! Mas eles insistiram, dizendo: —Ele está causando desordem entre o povo por toda a Judéia com o seu ensino; ele começou na Galiléia e agora chegou até aqui! Ao ouvir isto, Pilatos perguntou se Jesus era da Galiléia. Quando soube que Jesus era galileu, e que, portanto, estava sob a jurisdição de Herodes, Pilatos o mandou até ele, pois Herodes estava em Jerusalém naqueles dias. Herodes ficou muito contente quando viu a Jesus, pois havia já muitos anos que queria vê-lo. Herodes tinha ouvido falar muito dele e esperava que fizesse algum milagre. Herodes fez muitas perguntas a Jesus, mas este não lhe respondeu nada. Os líderes dos sacerdotes e os professores da lei também estavam presentes e o acusavam insistentemente. Herodes e os seus soldados fizeram pouco de Jesus e o trataram com desprezo. Depois, vestiram Jesus com uma capa luxuosa e o mandaram de volta a Pilatos. Pilatos e Herodes, que antes eram inimigos, se tornaram amigos nesse dia. Pilatos reuniu os líderes dos sacerdotes, os líderes dos judeus e todo o povo, e lhes disse: —Vocês me trouxeram este homem, acusando-o de estar enganando o povo. Eu o interroguei na presença de vocês e não encontrei nenhum motivo para as acusações que têm contra ele. Herodes também não encontrou nenhum motivo para acusá-lo, visto que o devolveu a nós. Como vocês vêem, ele não fez nada que mereça a morte. Eu vou mandar castigá-lo com chicotadas e depois vou soltá-lo. *** Mas todos começaram a gritar ao mesmo tempo: —Fora com esse homem! Solte-nos Barrabás! (Barrabás tinha sido preso por promover arruaças na cidade e também por assassinato). Pilatos queria libertar a Jesus e falou novamente com a multidão, mas eles continuaram a gritar: —Crucifique-o! Crucifique-o! Pela terceira vez Pilatos lhes disse: —Mas que crime este homem cometeu? Eu não encontro nele nenhum motivo para condená-lo à morte, portanto vou castigá-lo com chicotadas e depois vou soltá-lo. Mas eles continuaram a gritar e a exigir que ele fosse crucificado. Os gritos deles prevaleceram e Pilatos decidiu fazer o que eles queriam. Pilatos soltou o homem que tinha sido preso por arruaça e por assassinato—que era o que eles queriam. E lhes entregou a Jesus para fazerem com ele o que quisessem. Então os soldados levaram a Jesus. No caminho, encontraram um homem de Cirene, chamado Simão, que vinha do campo. Eles o agarraram, puseram a cruz de Jesus sobre ele e o obrigaram a carregá-la, seguindo atrás de Jesus. Uma grande multidão o seguia, incluindo algumas mulheres que lamentavam e choravam por ele. Jesus se voltou e disse a elas: —Não chorem por minha causa, filhas de Jerusalém! Chorem, sim, por vocês mesmas e por seus filhos, pois vão chegar os dias em que as pessoas dirão: “Felizes das mulheres estéreis, das que nunca tiveram filhos e também das que nunca amamentaram”. E dirão às montanhas: “Caiam sobre nós!” e aos montes: “Cubram-nos!” Pois, se as pessoas fazem estas coisas quando a árvore ainda está verde, o que acontecerá quando a árvore estiver seca? Dois outros homens, ambos criminosos, também estavam sendo levados com ele para serem mortos. Quando chegaram a um lugar chamado “A Caveira”, crucificaram a Jesus e os dois criminosos, um à sua direita e outro à sua esquerda. Então Jesus disse: —Pai, perdoe-lhes, pois eles não sabem o que fazem. E os soldados sortearam as roupas de Jesus entre eles. O povo permanecia ali, observando, e os líderes faziam pouco dele, dizendo: —Já que ele salvou outros, que salve a si mesmo, se é que ele é mesmo o Cristo, o escolhido de Deus! Os soldados também se aproximaram e faziam pouco dele e lhe ofereceram vinagre de vinho. E diziam: —Salve a si mesmo se você é o Rei dos judeus! Acima dele havia uma inscrição que dizia: “Este é o rei dos judeus”. Um dos criminosos suspensos na cruz o insultava e dizia: —Você não é o Cristo? Então salve a si mesmo e a nós! Mas o outro repreendeu o primeiro e disse: —Você não teme a Deus? Nós estamos debaixo da mesma condenação! A nossa condenação é justa, pois merecemos este castigo por causa do que fizemos. Mas este homem não fez mal nenhum! E depois, disse: —Jesus, lembre-se de mim quando o senhor entrar no seu reino. E Jesus lhe respondeu: —Digo-lhe a verdade: Hoje mesmo você estará comigo no Paraíso. Era mais ou menos meio-dia quando uma escuridão cobriu toda a terra até às três horas e, durante esse período, o sol não brilhou. A cortina do templo se rasgou pelo meio e Jesus exclamou em voz alta: —Pai, em suas mãos eu entrego o meu espírito! E, depois de dizer isto, ele morreu. Quando o oficial romano viu o que tinha acontecido, louvou a Deus e disse: —Esse homem era realmente inocente. Quando todas as pessoas que tinham se reunido para o espetáculo viram o que tinha acontecido, foram embora batendo no peito. Todos aqueles que o conheciam ficaram de longe para observar estas coisas. As mulheres que tinham seguido a Jesus desde a Galiléia também estavam com eles. Havia um homem bom e justo chamado José. Ele era membro do Conselho Judeu, mas não estava de acordo nem com a decisão deles nem com o que eles tinham feito. Ele era de uma cidade da Judéia chamada Arimatéia e estava esperando pelo reino de Deus. Esse homem foi até Pilatos e lhe pediu o corpo de Jesus. Ele o tirou da cruz e o enrolou num lençol de linho. Depois ele o colocou num túmulo cavado numa rocha e que nunca tinha sido usado antes. Tudo isso aconteceu no dia da preparação e estava próximo o sábado. As mulheres que tinham vindo com Jesus da Galiléia acompanharam José e viram o túmulo e como o corpo tinha sido colocado ali. Depois foram para casa e prepararam ervas aromáticas e perfumes para o corpo dele. No sábado elas descansaram, em obediência à lei. No primeiro dia da semana, bem cedo, as mulheres foram para o túmulo e levaram os perfumes que tinham preparado. Elas viram que a pedra tinha sido tirada da entrada do túmulo e entraram, porém não encontraram o corpo do Senhor Jesus. Enquanto elas estavam perplexas a esse respeito, apareceram dois homens, vestidos com roupas resplendentes, e se colocaram ao lado delas. Elas ficaram com muito medo e se ajoelharam, levando seus rostos até o chão. Então os dois homens lhes disseram: —Por que vocês estão procurando entre os mortos alguém que está vivo? Ele não está mais aqui. Ele ressuscitou! Vocês não lembram do que ele disse quando ainda estava na Galiléia: O Filho do Homem tem que ser entregue aos pecadores, ser crucificado e ressuscitar no terceiro dia? Então elas se lembraram das palavras de Jesus. Depois voltaram do túmulo e contaram todas estas coisas aos onze e a todos os outros. Elas eram: Maria Madalena, Joana e Maria, a mãe de Tiago. Elas e as outras mulheres que estavam com elas, estavam contando estas coisas aos apóstolos. Mas eles acharam que o que elas estavam falando era tolice e não acreditaram nelas. Pedro, porém, se levantou e correu para o túmulo. E, ao abaixar-se, não viu nada a não ser os lençóis de linho. Então ele foi embora imaginando o que podia ter acontecido. Naquele mesmo dia, dois dos discípulos estavam indo para uma vila chamada Emaús, situada mais ou menos a onze quilômetros de Jerusalém. Eles estavam conversando a respeito das coisas que tinham acontecido. Enquanto falavam e discutiam sobre o assunto, o próprio Jesus se aproximou e começou a andar com eles. Eles, porém, foram impedidos de o reconhecer. Jesus lhes perguntou: —Sobre o que vocês discutiam pelo caminho? Eles pararam e pareciam estar bem tristes. Cléopas, um deles, lhe disse: —Você deve ser a única pessoa viva em Jerusalém que não sabe o que aconteceu por lá nestes últimos dias! E Jesus perguntou: —Do que vocês estão falando? Eles lhe disseram: —É a respeito de Jesus de Nazaré, um homem profeta, poderoso em palavras e obras aos olhos de Deus e de todo o povo. Os nossos líderes e os líderes dos sacerdotes o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. Nós tínhamos esperança de que ele iria ser o libertador de Israel! Além de tudo isso, já faz três dias que essas coisas aconteceram e algumas mulheres do nosso grupo nos surpreenderam, pois elas foram ao túmulo hoje de manhã cedo e não encontraram o corpo dele. Então elas voltaram e nos disseram que tinham tido uma visão, na qual anjos lhes tinham dito que ele estava vivo. Então, alguns daqueles que estavam conosco também foram ao túmulo e o encontraram exatamente como as mulheres tinham dito, mas não viram a Jesus. Então Jesus lhes disse: —Vocês são tolos e demoram muito para acreditar em todas as coisas que os profetas disseram. Por acaso não era necessário que o Cristo sofresse essas coisas antes de entrar na sua glória? Depois, Jesus explicou a eles tudo o que os profetas tinham dito a respeito dele em todas as Escrituras, começando por Moisés. Eles estavam se aproximando da cidade para onde iam e Jesus fez como quem ia para mais longe. Mas eles insistiram para que ele ficasse, dizendo: —Fique conosco porque é quase noite e o dia já está acabando. Então ele entrou e ficou com os dois discípulos. Quando Jesus estava à mesa com eles, pegou o pão, deu graças e o repartiu entre eles. Enquanto ele repartia o pão, os olhos deles se abriram e eles o reconheceram, mas Jesus desapareceu. Então um disse ao outro: —Não parecia que os nossos corações estavam queimando dentro do peito quando ele falava conosco durante o caminho, explicando as Escrituras? E imediatamente eles se levantaram e voltaram para Jerusalém, onde encontraram os onze apóstolos reunidos com os outros. Os apóstolos e os outros disseram: —O Senhor ressuscitou de verdade! Ele apareceu a Simão! Então os dois também contaram o que lhes tinha acontecido no caminho e como tinham reconhecido a Jesus quando ele partiu o pão. Enquanto estavam falando sobre essas coisas, Jesus apareceu no meio dos discípulos e disse: —A paz esteja com vocês! Eles, porém, ficaram assustados e com muito medo e pensaram que estavam vendo um fantasma. Mas ele lhes disse: —Por que vocês estão perturbados? Por que há tantas dúvidas na cabeça de vocês? Olhem para as minhas mãos e para os meus pés e vejam que sou eu mesmo! Toquem em mim e vejam; um fantasma não tem carne e ossos como vocês verão que eu tenho! Depois de dizer isto, Jesus lhes mostrou suas mãos e os seus pés. Os discípulos estavam tão alegres que nem podiam acreditar, mas estavam também muito espantados. Então, Jesus lhes disse: —Vocês têm alguma coisa para comer aqui? Eles lhe deram um pedaço de peixe assado. Ele o aceitou e o comeu diante deles e lhes disse: —Estas são exatamente as coisas sobre as quais eu lhes falei quando ainda estava com vocês. Tudo o que está escrito a meu respeito na lei de Moisés, nos livros dos profetas e nos Salmos tinha que acontecer. Então ele abriu as mentes deles para que pudessem entender as Escrituras. E lhes disse: —As Escrituras dizem que o Cristo sofrerá e ressuscitará no terceiro dia e que o arrependimento para o perdão dos pecados será proclamado em seu nome para todas as nações, começando em Jerusalém. Vocês são testemunhas destas coisas e eu lhes mandarei o que o meu Pai prometeu. Mas fiquem na cidade, até que aquele poder lá de cima venha sobre vocês. Depois Jesus os levou até perto da região de Betânia. Ali ele levantou as mãos e os abençoou. Enquanto os abençoava, Jesus os deixou e foi levado para o céu. Então eles o adoraram e voltaram para Jerusalém cheios de alegria. Eles estavam sempre no templo, adorando a Deus. Antes de existir qualquer outra coisa, a Palavra já existia. A Palavra estava com Deus. A Palavra era Deus. Aquele que era a Palavra estava com Deus no princípio. Tudo o que existe foi criado por meio dele. Não existe nada que não tenha sido feito por ele. Nele estava a vida e essa vida era luz para os homens. A luz brilha na escuridão e a escuridão não pôde apagá-la. Havia um homem chamado João que tinha sido enviado por Deus. Ele veio para falar a respeito da Luz, para que por meio dele todos os homens possam crer na Luz. João não era a Luz; ele só veio para falar da Luz. Aquele que era a Luz verdadeira estava vindo para o mundo. A Luz verdadeira ilumina a todos os homens. Ele estava no mundo. O mundo foi feito por meio dele, mas o mundo não o conheceu. Ele veio para o mundo que era seu, mas o seu próprio povo não o recebeu. Porém algumas pessoas o aceitaram. E para essas pessoas que têm fé nele, ele deu o direito de se tornarem filhos de Deus. Eles não nasceram por um novo nascimento físico, ou por desejo ou decisão humana. Eles nasceram de Deus. A Palavra se fez homem e viveu entre nós. A Palavra estava cheia de graça e verdade. Nós vimos a sua glória, glória que pertence somente ao único Filho do Pai. João testemunhou a respeito dele e disse: —Era deste homem que eu falava: Aquele que vem depois de mim é mais importante do que eu, pois existia antes de mim. Ele estava cheio de graça e verdade e todos nós temos recebido dele bênçãos e mais bênçãos. A lei foi dada por meio de Moisés, mas a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. Ninguém jamais viu a Deus. Mas Deus, o único Filho, que está em perfeita união com o Pai, nos mostrou como Deus é. Os judeus de Jerusalém mandaram alguns sacerdotes e levitas perguntar a João: —Quem é você? Então João, dando testemunho, não hesitou em responder e disse claramente: —Eu não sou o Cristo. Eles tornaram a perguntar: —Então, quem é você? Você é Elias? Ele respondeu: —Não, não sou Elias. Depois perguntaram: —Você é o Profeta? Ele respondeu: —Também não sou o Profeta. Então disseram: —Diga-nos quem você é para que possamos levar uma resposta àqueles que nos enviaram. O que você diz de você mesmo? João lhes respondeu nas palavras do profeta Isaías: “Eu sou a voz de alguém que clama no deserto: Endireitem o caminho para o Senhor”. No grupo de judeus enviados a João, estavam também alguns fariseus. Eles disseram: —Você diz que não é o Cristo, nem Elias, nem o Profeta. Então por que está batizando? João respondeu: —Eu batizo em água, mas entre vocês está um homem que vocês não conhecem, e que vem depois de mim. Eu nem sequer sou digno de desamarrar as correias das suas sandálias. Tudo isso aconteceu em Betânia, do outro lado do rio Jordão. Era ali que João estava batizando pessoas. No dia seguinte, quando João viu que Jesus vinha ao seu encontro, disse: —Olhem o Cordeiro de Deus! O Cordeiro que tira os pecados do mundo! Era deste homem que eu dizia: Um homem que é mais importante do que eu virá depois de mim. Ele é mais importante do que eu porque já existia antes de mim. Eu mesmo não sabia quem ele era. Mas vim batizando em água para que o povo de Israel pudesse saber quem ele é. Depois João disse: —Eu não sabia quem era o Cristo. Mas Deus me mandou para batizar em água e disse: “Você vai ver o Espírito Santo descer e pousar num homem. Esse é o homem que vai batizar no Espírito Santo”. João continuou: —Eu vi isso acontecer. Vi o Espírito Santo descer do céu, na forma de uma pomba, e pousar nele. *** Por isso digo a todos: Ele é o Filho de Deus. No dia seguinte, João estava no mesmo local e com ele estavam dois dos homens que o seguiam. Ao ver Jesus passar por ali, João disse: —Olhem o Cordeiro de Deus! Os dois homens que seguiam a João ouviram o que ele disse e foram atrás de Jesus. Jesus, virando-se para trás, viu que eles o seguiam e disse: —O que vocês querem? Eles perguntaram: —Rabi, onde é que o senhor mora? (Rabi quer dizer “Mestre”.) Jesus respondeu: —Venham comigo e verão. Então os dois homens foram com ele, viram o lugar onde Jesus morava e ficaram lá com ele nesse dia. Eram mais ou menos quatro horas da tarde. André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois homens que tinham ido atrás de Jesus depois de terem ouvido João falar dele. Logo depois, André foi procurar seu irmão Simão e lhe disse: —Encontramos o Messias! (Messias quer dizer “Cristo”.) Depois André levou Simão a Jesus. Jesus olhou para Simão e disse: —Você é Simão, filho de João; de agora em diante será chamado Cefas. (Cefas quer dizer “Pedro”.) No outro dia, Jesus decidiu ir para a Galiléia. Encontrou Filipe e lhe disse: —Siga-me! Filipe era de Betsaida, onde também moravam André e Pedro. Filipe encontrou Natanael e disse: —Nós encontramos o homem de quem Moisés escreveu na lei e sobre quem os profetas também escreveram! Ele é Jesus, filho de José. Ele é de Nazaré. Mas Natanael disse a Filipe: —De Nazaré? Pode vir alguma coisa boa de Nazaré? —Venha ver—respondeu Filipe. Jesus viu Natanael vindo em sua direção e disse: —Aqui está um verdadeiro homem do povo de Israel. Nele não há falsidade. Natanael perguntou: —De onde o senhor me conhece? Jesus respondeu: —Eu vi você quando estava debaixo da figueira, antes de Filipe o chamar. Então Natanael disse a Jesus: —Mestre, o senhor é o Filho de Deus! O senhor é o Rei do povo de Deus! Jesus respondeu a Natanael: —Você acredita em mim só por eu ter dito que vi você debaixo da figueira? Irá ver coisas maiores do que esta. E Jesus continuou: —Digo a verdade a vocês: Vocês todos vão ver o céu aberto e “os anjos de Deus subindo e descendo” sobre o Filho do Homem. Dois dias depois, houve um casamento na vila de Caná, na Galiléia. A mãe de Jesus estava ali. Jesus e os seus discípulos também foram convidados para o casamento. Quando o vinho se acabou, a mãe de Jesus lhe disse: —Eles não têm mais vinho. Jesus respondeu: —Senhora, por que me incomoda? O momento determinado para mim ainda não chegou. A sua mãe disse aos criados: —Façam tudo o que ele disser. Havia nesse lugar seis jarros de pedra para água. Os judeus usavam jarros como estes para as suas purificações religiosas. Em cada jarro cabiam mais ou menos cem litros. Jesus disse aos criados: —Encham estes jarros de água. E eles encheram os jarros até a boca. Depois disse: —Agora tirem um pouco de água e levem ao mestre de cerimônias. E os criados levaram. Quando o dirigente da festa provou a água, ela tinha se tornado vinho. O dirigente não sabia de onde tinha vindo o vinho (mas os criados que tinham trazido a água sabiam). E então chamou o noivo e disse: —É costume servir o melhor vinho primeiro. Depois de os convidados já terem bebido bastante é que se serve o vinho mais barato. Você, porém, guardou o melhor vinho até agora. Assim, em Caná da Galiléia, Jesus fez o seu primeiro milagre. Ele mostrou a sua glória, e as pessoas que o seguiam creram nele. Depois disto, Jesus foi para a cidade de Cafarnaum. A mãe de Jesus, os seus irmãos e os seus discípulos foram com ele. Lá ficaram alguns dias. Mas, como se aproximava a festa da Páscoa dos judeus, Jesus foi para Jerusalém. No templo, ele viu homens vendendo gado, ovelhas e pombas. Também viu outros sentados às mesas trocando dinheiro. Jesus fez um chicote com algumas cordas e expulsou a todos do templo e também as ovelhas e os bois. Virou as mesas e espalhou o dinheiro dos cambistas. Depois disse aos que vendiam pombas: —Tirem tudo isto daqui! Não façam da casa do meu Pai um lugar de compras e vendas! Quando isto aconteceu, os discípulos se lembraram que estava escrito nas Escrituras Sagradas: A minha grande dedicação pela tua casa vai me consumir. Os judeus disseram a Jesus: —Que milagre você vai fazer para provar que tem autoridade para fazer essas coisas? Jesus respondeu: —Destruam este templo e em três dias eu o construirei de novo. Os judeus responderam: —Levou quarenta e seis anos para construir este templo! Acredita que pode construí-lo de novo em três dias? (Mas o templo de que Jesus falava era o seu próprio corpo. Depois da ressurreição de Jesus, os seus discípulos se lembraram que ele tinha dito isto e creram nas Escrituras Sagradas e nas palavras de Jesus.) Jesus estava em Jerusalém para a festa da Páscoa. Muitos creram nele porque viram os milagres que ele fez. Mas Jesus não confiava neles, pois conhecia todas as pessoas. Ele não precisava de que alguém lhe falasse a respeito delas. Ele mesmo sabia o que estava na mente delas. Havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos. Ele era um dos líderes do povo judeu. Uma noite Nicodemos foi até Jesus e disse: —Mestre, nós sabemos que o senhor foi enviado por Deus para nos ensinar. Ninguém pode fazer os milagres que o senhor faz a não ser que Deus esteja com ele. Jesus respondeu: —Digo-lhe a verdade: Se uma pessoa não nascer de novo, ela não pode fazer parte do reino de Deus. Nicodemos disse: —Mas se um homem já é velho, como pode ele nascer de novo? Ele não pode entrar outra vez no ventre de sua mãe. Portanto, como pode nascer pela segunda vez? Jesus respondeu: —Digo-lhe a verdade: Se uma pessoa não nascer da água e do Espírito, ela não pode entrar no reino de Deus. O corpo de uma pessoa nasce de pais humanos. Mas a vida espiritual nasce do Espírito. Não se admire por eu lhe dizer: “Você tem de nascer de novo”. O vento sopra onde quer. Você ouve o soprar do vento, mas não sabe nem de onde vem nem para onde vai. O mesmo acontece com todo aquele que nasce do Espírito. Nicodemos perguntou: —Como isso pode ser possível? Jesus disse: —Você é um líder importante do povo de Israel e não compreende estas coisas? Digo-lhe a verdade: Nós falamos do que sabemos e testemunhamos o que vimos. Mas vocês não aceitam o nosso testemunho. Falei a vocês a respeito de coisas da terra, mas vocês não acreditam. Como então vão acreditar se eu lhes falar a respeito de coisas do céu? A única pessoa que já subiu ao céu é aquela que desceu do céu: o Filho do Homem. Moisés levantou a serpente no deserto. Dessa mesma maneira o Filho do Homem também tem de ser levantado. E ele tem de ser levantado para que todo o que nele crê possa ter a vida eterna. Pois Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho único, para que todo o que nele crê não se perca, mas tenha a vida eterna. Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para salvar o mundo por meio dele. Quem acredita no Filho de Deus não é condenado. Quem não acredita no Filho de Deus já foi julgado e condenado, porque não acredita no Filho único de Deus. Todos são julgados por este fato: A luz já veio ao mundo, mas os homens não amaram a luz. Amaram a escuridão porque faziam o mal. Toda a pessoa que faz o mal odeia a luz. Ela não virá para a luz porque a luz mostrará todo o mal que essa pessoa tem feito. Mas quem pratica a verdade vem para a luz. Então a luz mostrará que as coisas que ele fez foram feitas por intermédio de Deus. Depois disto, Jesus e os seus discípulos foram para a região da Judéia. Jesus ficou ali com os seus discípulos batizando as pessoas. João também estava batizando em Enom, perto de Salim, porque ali havia muita água. E as pessoas vinham e eram batizadas. (Isto aconteceu antes de João ter sido preso.) Alguns dos discípulos de João tiveram uma discussão com um judeu a respeito das purificações religiosas. E eles foram falar com João e disseram: —Mestre, aquele que estava com você no outro lado do rio Jordão, do qual você tem testemunhado, está batizando. E todos vão indo ao encontro dele. João disse: —Um homem só pode receber o que Deus lhe dá. Vocês próprios me ouviram dizer: Eu não sou o Cristo. Eu sou somente aquele que Deus mandou para lhe preparar o caminho. A noiva só pertence ao noivo. O amigo que ajuda o noivo está esperando por ele. Ele quer ouvir a sua voz e, quando a ouve, se alegra. Essa é a alegria que eu agora sinto. Ele deve se tornar cada vez mais importante e eu, cada vez menos. —Aquele que vem de cima é superior a todos. Aquele que é da terra é terrestre e fala daquilo que é da terra. Mas aquele que vem do céu é superior a todos. Ele fala daquilo que viu e ouviu, mas ninguém aceita o que ele diz. Quem aceita o que ele diz dá prova de que Deus é verdadeiro. Aquele que Deus enviou declara o que Deus diz, porque Deus lhe dá todo o seu Espírito. O Pai ama o Filho e lhe deu poder sobre todas as coisas. Quem crê no Filho tem a vida eterna. Mas quem não obedece ao Filho nunca terá essa vida. A ira de Deus permanece sobre ele. Jesus soube que os fariseus tinham ouvido falar que ele estava fazendo e batizando mais discípulos do que João. (De fato quem batizava eram os seus discípulos e não Jesus.) Então ele saiu da Judéia e voltou para a Galiléia. Para ir para a Galiléia, Jesus tinha de atravessar Samaria. Chegou então a uma vila chamada Sicar, perto do terreno que Jacó tinha dado ao seu filho José. Era ali que o poço de Jacó estava situado. Por volta do meio-dia, Jesus, cansado da viagem, sentou-se à beira do poço. Uma mulher samaritana veio tirar água do poço e Jesus disse: —Por favor, dê-me um pouco de água. (Isto aconteceu quando os discípulos de Jesus tinham ido comprar comida na vila.) A mulher samaritana disse: —Como me pede água, se você é judeu e eu sou samaritana? (Os judeus não se dão bem com os samaritanos.) Jesus respondeu: —Você não sabe o que Deus dá, nem quem é aquele que lhe pede água. Se soubesse, você teria me pedido e eu teria lhe dado água viva. A mulher disse: —Senhor, onde é que vai buscar essa água viva? O poço é fundo e você não tem nada com que tirar a água. Por acaso você é melhor que o nosso pai Jacó? Foi ele quem nos deu este poço. Ele próprio bebeu dele, assim como seus filhos e também seus rebanhos. Jesus respondeu: —Toda a pessoa que bebe desta água, voltará a ter sede. Mas aquele que beber da água que eu dou nunca mais terá sede. A água que eu dou se tornará numa fonte de água viva dentro dele. Ela lhe dará a vida eterna. A mulher disse a Jesus: —Senhor, dê-me dessa água para que eu não tenha mais sede. E assim não terei que voltar aqui para tirar mais água. Jesus lhe disse: —Vá chamar o seu marido e volte aqui. A mulher respondeu: —Mas eu não tenho nenhum marido. Jesus disse: —Você tem razão quando diz que não tem nenhum marido. Realmente você já teve cinco, mas o homem com quem está vivendo agora não é seu marido. Você diz a verdade. A mulher disse: —Senhor, vejo que é um profeta. Os nossos pais adoraram a Deus neste monte. Mas vocês, judeus, dizem que é em Jerusalém que se deve adorar a Deus. Jesus disse: —Senhora, acredite no que lhe digo. Está chegando a hora em que vocês não terão de estar nem em Jerusalém nem neste monte para adorarem ao Pai. Vocês, samaritanos, adoram o que não conhecem. Nós, judeus, adoramos o que conhecemos. A salvação vem a todos por meio dos judeus. Mas está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores vão adorar ao Pai de modo espiritual e verdadeiro. São esses os adoradores que o Pai procura. Deus é espírito. Os que adoram a Deus têm de adorar em espírito e em verdade. A mulher disse: —Eu sei que o Messias virá. (Messias é aquele que se chama “Cristo”.) —Quando ele vier, vai nos explicar tudo. Então Jesus disse: —É ele quem fala com você agora. Sou eu mesmo. Naquele momento os seus discípulos chegaram da vila. Eles ficaram admirados por verem Jesus falando com uma mulher. Mas ninguém perguntou: “O que você quer?” ou “Por que você está falando com ela?” Então a mulher deixou a sua jarra de água e voltou para a vila. E dizia ao povo: —Venham ver um homem que me disse tudo que eu tenho feito. Será que ele é o Cristo? Então o povo saiu da vila e foi ver a Jesus. Enquanto a mulher tinha ido para a vila, os discípulos de Jesus diziam: —Mestre, coma alguma coisa! Mas Jesus respondeu: —Eu tenho uma comida para comer que vocês não conhecem. Então os discípulos perguntaram uns aos outros: —Será que alguém lhe trouxe comida? Jesus disse: —A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou. A minha comida é acabar o trabalho que ele me deu para fazer. Ao plantarem vocês costumam dizer: Daqui a quatro meses poderemos fazer a colheita. Mas eu digo: Abram os olhos e olhem para os campos. Vejam que eles já estão prontos para a colheita. Agora mesmo, aquele que está colhendo já está sendo pago. Ele está colhendo para a vida eterna. E assim, tanto aquele que planta como aquele que colhe se alegram juntos. Pois neste caso é verdadeiro o que dizem: É uma pessoa que planta e outra a que colhe. Eu mandei vocês colherem o que não plantaram. Outros fizeram o trabalho, e vocês recebem o benefício deste trabalho. Muitos dos samaritanos naquela vila creram em Jesus porque a mulher lhes disse: “Ele me disse tudo o que eu fiz”. E, quando os samaritanos foram encontrar Jesus, pediram-lhe que ficasse com eles. E ele ficou lá dois dias. Muitos mais creram em Jesus por causa do que ele lhes disse. Eles disseram para a mulher: —Agora cremos em Jesus não pelo que você nos disse, mas porque nós mesmos o ouvimos. Sabemos que ele é realmente o Salvador do mundo. Dois dias depois, Jesus partiu dali e foi para a Galiléia. (Jesus tinha dito antes que nenhum profeta é respeitado na sua própria terra.) Quando Jesus chegou à Galiléia, os galileus o receberam bem, porque tinham visto tudo o que ele tinha feito na festa da Páscoa, em Jerusalém. Eles também tinham estado lá. Jesus voltou para Caná da Galiléia onde tinha transformado a água em vinho. Um dos oficiais do rei vivia em Cafarnaum e seu filho estava doente. Quando o oficial ouviu dizer que Jesus tinha voltado da Judéia para a Galiléia, ele foi ao seu encontro e pediu-lhe que fosse até Cafarnaum para curar seu filho. O filho dele estava morrendo. Jesus lhe disse: —Se vocês não virem sinais e obras maravilhosas, de modo nenhum vão acreditar em mim. O oficial disse: —Senhor, venha depressa, antes que meu filho morra. Jesus respondeu: —Volte para casa. Seu filho viverá. O homem acreditou na palavra de Jesus e foi para casa. Quando ia a caminho, os seus criados foram ao seu encontro e disseram: —O seu filho está bem. Ele então perguntou: —A que horas ele começou a melhorar? Eles responderam: —Ontem, por volta da uma hora, a febre desapareceu. O pai reconheceu que tinha sido naquela hora que Jesus tinha dito: “Seu filho viverá”. Então o homem e todas as pessoas da sua casa creram em Jesus. Este foi o segundo milagre que Jesus fez depois de ir da Judéia para a Galiléia. Depois disso, Jesus foi para Jerusalém por causa de uma festa dos judeus. Em Jerusalém, perto do Portão das Ovelhas, há um tanque rodeado por cinco pavilhões. Na língua dos judeus o tanque é chamado Betezata. Muitos doentes estavam deitados nestes pavilhões: cegos, aleijados e paralíticos. *** Havia um homem deitado ali, que estava doente há trinta e oito anos. Jesus, vendo este homem e sabendo que ele estava doente há muito tempo, perguntou-lhe: —Você quer ser curado? Ele respondeu: —Senhor, não tenho ninguém que me ajude a entrar no tanque quando a água é agitada. Enquanto eu estou tentando entrar, outro doente entra antes de mim. Então Jesus disse: —Levante-se, pegue sua esteira, e ande. No mesmo instante, o homem ficou curado, pegou sua esteira, e começou a andar. Isto aconteceu no sábado. Então os judeus disseram ao homem que tinha sido curado: —Hoje é sábado, e nossa lei não permite que você carregue a esteira. Ele respondeu: —O homem que me curou disse que eu pegasse minha esteira e andasse. Os judeus perguntaram: —Quem foi o homem que mandou você carregar sua esteira? Mas ele não sabia quem o tinha curado, pois havia muita gente naquele lugar e Jesus já tinha desaparecido. Mais tarde Jesus o encontrou no templo, e disse: —Agora você está curado. Não peque mais para que não lhe aconteça algo pior. Então o homem saiu dali e disse aos judeus que tinha sido Jesus quem o tinha curado. Daí em diante os judeus começaram a perseguir Jesus, porque ele fazia estas coisas no sábado. Mas Jesus lhes disse: —Meu Pai nunca pára de trabalhar e eu também trabalho. Por causa disso, os judeus procuravam ainda mais matar a Jesus, porque ele não só desobedecia à lei do sábado, como também dizia que Deus era seu Pai, fazendo-se igual a Deus. Mas Jesus declarou: —Digo a verdade a vocês: O Filho nada pode fazer por si próprio; ele só faz o que vê o Pai fazer, porque tudo que o Pai faz o Filho também faz. O Pai ama o Filho e lhe mostra tudo que faz. O Pai ainda vai mostrar ao Filho obras maiores do que estas para o Filho fazer. Então vocês vão se admirar. Assim como o Pai levanta os mortos e lhes dá vida, assim também o Filho dá vida a quem ele quiser. Além disso, o Pai não julga a ninguém, mas deu ao Filho todo o julgamento. Deus fez isto, para que todos honrem o Filho assim como honram o Pai. Quem não honra o Filho, também não honra o Pai que o enviou. —Digo a verdade a vocês: Quem ouve o que eu digo e acredita naquele que me enviou, tem a vida eterna e não será julgado; ele já passou da morte para a vida. —Digo a verdade a vocês: A hora está chegando, e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus. Aqueles que a ouvirem terão a vida eterna. Pois assim como o Pai é a fonte da vida, da mesma maneira ele fez o Filho a fonte da vida. O Pai deu ao Filho o poder de julgar a todos, porque este Filho é o Filho do Homem. Não se admirem disso, porque está chegando a hora em que todos os mortos ouvirão a sua voz e sairão dos túmulos. Aqueles que fizeram o bem, vão ressuscitar para a vida eterna. Mas aqueles que fizeram o mal, vão ressuscitar para ser condenados. Eu não posso fazer nada por minha própria autoridade. Assim como eu ouço, eu julgo. O meu julgamento é justo, porque não quero agradar a mim mesmo, mas agradar aquele que me enviou. Se eu falar para as pessoas a respeito de mim mesmo, esse meu testemunho não é verdadeiro. Outro é que fala a meu respeito e eu sei que o seu testemunho é verdadeiro. —Vocês enviaram homens a João e ele testemunhou sobre a verdade. Eu não preciso que um homem testemunhe a meu respeito. Porém, digo a vocês estas coisas para que vocês possam ser salvos. João era como uma lâmpada que ardia e dava luz e vocês, durante algum tempo, estavam contentes com a sua luz. Mas eu tenho um testemunho maior do que o de João. As obras que eu faço, que meu Pai me deu para fazer, testemunham a meu respeito. Elas mostram que o Pai me enviou. O próprio Pai que me enviou testemunhou a meu respeito, mas vocês não o têm visto nem ouvido a sua voz. O ensino do Pai não está nos seus corações porque vocês não acreditam naquele que o Pai enviou. Vocês estudam as Escrituras com muita atenção porque pensam que elas dão a vocês a vida eterna. E são as próprias Escrituras que testemunham a meu respeito. Mas vocês não querem vir a mim para que possam ter vida. —Eu procuro agradar a Deus e não preciso da glória que vem dos homens. Mas eu conheço a vocês e sei que não têm amor a Deus no coração. Eu vim em nome do meu Pai, e vocês não me aceitam. Se outro vier em seu próprio nome, vocês vão aceitá-lo. Como é que vocês podem crer, se gostam de receber glórias uns dos outros, e não procuram as glórias que vêm do único Deus? Não pensem que eu vou acusar a vocês diante do meu Pai; quem acusa é Moisés, em quem vocês confiam. Se realmente acreditassem em Moisés, também acreditariam em mim, porque Moisés escreveu a meu respeito. Mas, se vocês não acreditam no que Moisés escreveu, como podem acreditar naquilo que eu digo? Depois disto, Jesus atravessou o lago da Galiléia (ou lago de Tiberíades). Uma grande multidão o seguia porque tinha visto os milagres que ele fazia quando curava os doentes. Jesus subiu para um monte e ali se sentou com os seus discípulos. Estava próxima a festa da Páscoa dos judeus. Jesus, então, olhou ao redor dele e, vendo a multidão que se aproximava, disse a Filipe: —Onde podemos comprar pão para toda esta gente? (Mas Jesus perguntou isto para provar a Filipe; porque ele já sabia o que ia fazer.) Filipe respondeu: —Duzentas moedas de prata não seriam suficientes para comprar um pedaço de pão para cada pessoa. Outro discípulo que lá estava, André, irmão de Simão Pedro, disse: —Está aqui um rapaz com cinco pães de cevada e dois peixinhos. Mas o que é isso para tanta gente? Jesus disse: —Digam a todos que se sentem. (Aquele lugar tinha muita grama.) E os homens, mais ou menos cinco mil, se sentaram. Então Jesus pegou os pães, agradeceu a Deus, e os deu a todos que estavam sentados. Fez o mesmo com os peixes, dando a todos quanto queriam. Todos ficaram satisfeitos. Quando acabaram de comer, Jesus disse aos seus discípulos: —Recolham todos os pedaços que sobraram para que nada se estrague. Então eles recolheram os pedaços que tinham sobrado. Quando as pessoas começaram a comer, tinham apenas cinco pães de cevada. Mas os discípulos encheram doze cestos com as sobras. Quando a multidão viu o milagre que Jesus tinha feito, começou a dizer: —Com certeza este é o Profeta que devia vir ao mundo. Sabendo Jesus que a multidão estava com a idéia de pegá-lo à força para fazê-lo rei, voltou sozinho para o monte. Ao anoitecer, os discípulos de Jesus desceram ao lago. Como já era noite e Jesus ainda não tinha chegado, eles decidiram entrar no barco e partir sozinhos para Cafarnaum. *** Um vento muito forte começou a soprar e as ondas começaram a se agitar. Eles já tinham remado cerca de cinco ou seis quilômetros quando viram a Jesus caminhando sobre as águas e se aproximando do barco. Os discípulos ficaram com medo. Mas Jesus disse: —Sou eu, não tenham medo. Ao ouvirem a Jesus, de bom grado os discípulos o receberam a bordo, e logo o barco chegou ao seu destino. No dia seguinte, as pessoas que tinham ficado do outro lado do lago, perceberam que somente um barco tinha estado lá. Eles sabiam que Jesus não tinha ido com os discípulos, pois eles tinham partido sozinhos. Alguns barcos de Tiberíades chegaram perto do lugar onde a multidão tinha comido depois de Jesus ter dado graças. Quando as pessoas descobriram que nem Jesus nem seus discípulos estavam mais lá, entraram nos barcos e foram para Cafarnaum à procura de Jesus. Quando encontraram a Jesus no outro lado do lago perguntaram: —Mestre, quando foi que o senhor chegou aqui? Jesus respondeu: —Digo a verdade a vocês: Vocês não estão me procurando porque viram os milagres que eu fiz. Vocês só andam atrás de mim porque comeram pão e ficaram satisfeitos. A comida deste mundo se estraga e apodrece. Por isso, não trabalhem por este tipo de comida, mas trabalhem pela comida que é sempre boa e que lhes dá a vida eterna. O Filho do Homem, em quem Deus Pai impôs o seu selo de aprovação, lhes dará essa comida. Perguntaram-lhe então: —Quais são as coisas que Deus quer que façamos? Jesus respondeu: —Este é o trabalho que Deus quer que vocês façam: Que creiam naquele que ele enviou. Então eles disseram: —Nós gostaríamos de ver o senhor fazer um milagre para que possamos acreditar. O que vai fazer? Os nossos pais comeram o maná no deserto. Assim como está escrito nas Escrituras Sagradas: “Deus lhes deu pão do céu para comer”. Jesus disse: —Digo a verdade a vocês: Não foi Moisés quem lhes deu o pão do céu, mas é meu Pai que lhes dá o verdadeiro pão do céu. O pão que vem de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo. Disseram-lhe então: —Senhor, dê-nos sempre desse pão. Jesus disse: —Eu sou o pão que dá vida. Quem vem a mim nunca mais terá fome. Quem crê em mim nunca mais terá sede. Mas como lhes disse, vocês já me viram e ainda não acreditam. Todo aquele que o Pai me dá virá a mim e eu nunca rejeitarei aquele que vier a mim. Pois eu desci do céu para fazer a vontade daquele que me enviou e não para fazer a minha vontade. Esta é a vontade daquele que me enviou: Que eu não perca nenhum daqueles que ele me deu, mas que eu os ressuscite no último dia. Aquele que vê o Filho e crê nele tem a vida eterna e eu vou ressuscitá-lo no último dia. É esta a vontade de meu Pai. Então os judeus começaram a murmurar contra Jesus, porque ele tinha dito: “Eu sou o pão que desceu do céu”. Os judeus diziam: —Ele não é Jesus, o filho de José? Nós não conhecemos o seu pai e a sua mãe? Como então ele diz que desceu do céu? Jesus respondeu: —Não murmurem uns com os outros! Foi o Pai quem me enviou. Ninguém pode vir a mim se o Pai não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia. Os profetas escreveram: “Deus vai ensinar a todos”. Todo o que ouve o Pai e aprende o que ele diz, vem a mim. Nunca ninguém viu o Pai a não ser aquele que veio do Pai. Só ele viu o Pai. —Digo a verdade a vocês: Aquele que crê em mim tem a vida eterna. Eu sou o pão que dá vida. Os seus pais comeram o maná no deserto e, no entanto, morreram. Mas este é o pão que desce do céu e quem comer dele nunca morrerá. Eu sou o pão vivo que desceu do céu e quem comer deste pão viverá para sempre. Este pão é o meu corpo, e eu darei o meu corpo para que o mundo possa ter vida. Então os judeus começaram a discutir entre eles: —Como pode este homem nos dar para comer o seu próprio corpo? Jesus disse: —Digo a verdade a vocês: Vocês têm que comer o corpo do Filho do Homem e têm que beber o seu sangue. Se não fizerem isto vocês não terão vida dentro de vocês. Quem come o meu corpo e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia. O meu corpo é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem comer o meu corpo e beber o meu sangue permanece em mim e eu nele. O Pai me enviou. O Pai vive e eu vivo por causa do Pai. Assim, quem comer de mim por mim também viverá. Eu não sou como o pão que os vossos pais comeram. Eles comeram esse pão e mesmo assim morreram. Eu sou o pão que desceu do céu e quem comer deste pão viverá para sempre. Jesus disse tudo isto enquanto ensinava na sinagoga de Cafarnaum. Os discípulos de Jesus ouviram isto e muitos deles disseram: —Estas palavras são muito duras. Quem é que pode aceitá-las? Jesus sabia que os seus discípulos não tinham gostado do que ele tinha dito e que se queixavam uns aos outros. Então disse: —Vocês não gostaram do que eu disse? E se virem o Filho do Homem voltar para o lugar de onde ele veio? É o Espírito que dá vida; o corpo não vale nada. As palavras que eu disse são espírito e portanto dão vida. Mas alguns de vocês não acreditam. (Pois desde o princípio Jesus sabia quais eram os que não acreditavam e quem iria se voltar contra ele.) E ele prosseguiu: —Foi por isso que eu disse: Aquele que o Pai não deixar vir a mim, não poderá vir. Depois de Jesus dizer isto, muitos daqueles que o seguiam o abandonaram. Então Jesus perguntou aos doze discípulos: —Vocês também querem ir embora? Simão Pedro respondeu a Jesus: —Senhor, para onde podemos ir? O senhor é que tem as palavras que dão a vida eterna. Nós confiamos no senhor e sabemos que é o Santo de Deus. Então Jesus respondeu: —Eu escolhi a todos vocês, aos doze, e um de vocês é diabo. Jesus estava falando de Judas, filho de Simão Iscariotes. Judas era um dos doze, mas iria trair a Jesus mais tarde. Depois disto, Jesus andava pela Galiléia. Ele não queria mais andar pela Judéia porque os judeus procuravam matá-lo. Estava próxima uma das festas dos judeus—a Festa dos Tabernáculos. Os irmãos de Jesus disseram-lhe: —Você deve sair daqui e ir para a Judéia. Assim os seus discípulos que estão lá poderão ver os milagres que você faz. Quem quer ser bem conhecido não esconde o que faz. Se faz estas coisas, mostre-se ao mundo. (Nem mesmo os irmãos de Jesus acreditavam nele.) Jesus então respondeu: —Ainda não chegou a hora oportuna para eu ir, mas para vocês qualquer hora serve. O mundo não pode odiar a vocês, mas me odeia porque eu falo do mal que ele faz. Portanto, vão vocês para a festa. Eu não vou agora pois ainda não chegou o momento certo. Depois de dizer isto, Jesus ficou na Galiléia. Os irmãos de Jesus foram para a festa. Depois de eles terem ido, Jesus também foi, mas não deixou que ninguém o visse. Durante a festa, os judeus procuravam a Jesus. Eles perguntavam para as pessoas: —Onde está aquele homem? Havia muitas pessoas na festa, e várias falavam em voz baixa a respeito de Jesus. Algumas diziam: —Ele é um bom homem! Outras diziam: —Não, ele está enganando o povo! Porém, ninguém tinha coragem de falar dele abertamente por terem medo dos judeus. No decorrer da festa, Jesus foi ao templo e começou a ensinar a todos. Os judeus, admirados, diziam: —Como é que este homem sabe tanto se ele nunca estudou? Jesus respondeu: —As coisas que ensino não vêm de mim. O que eu ensino vem daquele que me enviou. Se alguém quiser fazer a vontade de Deus, saberá que o meu ensino vem dele e não de mim mesmo. Quem ensina as suas próprias idéias quer glórias para si mesmo. Porém, aquele que procura a glória de quem o enviou fala a verdade e não engana ninguém. Moisés não deu a lei a vocês? Porém nenhum de vocês obedece a essa lei. Por que vocês querem me matar? O povo respondeu: —Você tem um demônio. Quem é que quer matá-lo? Jesus respondeu: —Fiz um milagre e vocês ficaram admirados. Moisés deu a lei da circuncisão a vocês. (Aliás, nem foi Moisés que deu essa lei. A lei da circuncisão já existia desde os tempos dos nossos pais.) No entanto vocês circuncidam os meninos no sábado. Se um menino pode ser circuncidado no sábado para se cumprir a lei de Moisés, por que então vocês se irritaram comigo por eu ter curado um homem por completo no sábado? Não julguem só pelas aparências. Sejam justos e julguem por aquilo que é reto. Então algumas pessoas que viviam em Jerusalém disseram: —Não é este o homem que eles queriam matar? Vejam só! Ele está aí falando abertamente a todos e ninguém lhe faz nada! Será que os líderes do povo sabem que este é realmente o Cristo? Nós sabemos de onde este homem vem mas, quando vier o Cristo, ninguém saberá de onde ele virá. Jesus, que ainda estava ensinando no templo, exclamou em voz alta: —Vocês me conhecem e sabem de onde eu venho. Porém eu não vim por minha própria vontade. Eu fui enviado por aquele que é verdadeiro e que vocês não conhecem. Mas eu o conheço. Eu venho dele e foi ele quem me enviou. Quando Jesus disse isto, o povo tentou prendê-lo, mas ninguém conseguiu sequer tocar nele, pois o momento certo ainda não tinha chegado. E várias pessoas da multidão que acreditavam nele diziam: —Quando o Cristo vier, será que ele vai fazer mais milagres do que este homem? Os fariseus ouviram a multidão falando de Cristo. Então eles e os líderes dos sacerdotes decidiram mandar os guardas do templo prenderem a Jesus. Jesus disse: —Estarei com vocês um pouco mais. Depois voltarei para aquele que me enviou. Vocês vão me procurar, mas não vão me encontrar. E para onde eu vou vocês não podem ir. Os judeus perguntavam uns para os outros: —Onde é que ele vai que nós não poderemos ir ao seu encontro? Será que ele vai viver com os judeus que vivem nas cidades gregas? Vai ensinar os gregos? O que ele quer dizer com as palavras: “Vocês vão me procurar, mas não vão me encontrar” e “Para onde eu vou vocês não podem ir”? No último e mais importante dia da festa, Jesus disse a todos: —Se alguém tem sede, venha a mim e beba. E rios de água viva correrão do coração de quem crer em mim. Assim dizem as Escrituras Sagradas. Jesus estava falando do Espírito Santo. O Espírito ainda não tinha sido dado porque Jesus ainda não tinha sido glorificado. Mais tarde, aqueles que cressem em Jesus iriam receber esse Espírito. Uma grande multidão ouvia a Jesus. Muitas pessoas diziam: —Com certeza ele é o Profeta. Outras diziam: —Ele é o Cristo. Outras ainda diziam: —O Cristo não virá da Galiléia. As Escrituras dizem que o Cristo virá de Belém, da terra e da família de Davi. E elas não concordavam umas com as outras. Outras ainda queriam prender a Jesus, mas ninguém tocava nele. Quando os guardas do templo voltaram, os líderes dos sacerdotes e os fariseus perguntaram: —Por que vocês não prenderam Jesus? Os guardas do templo responderam: —As coisas que ele diz são superiores às palavras de qualquer outro homem. Os fariseus disseram: —Então Jesus também enganou a vocês! Por acaso algum dos líderes dos fariseus crê nele? Essas pessoas que não sabem nada da lei estão debaixo da maldição de Deus. Nicodemos, aquele que tinha ido visitar a Jesus de noite, disse: —Não podemos julgar um homem antes de sabermos o que ele fez. Nossa lei não permite isso. Os fariseus então responderam: —Você também vem da Galiléia? Estude as Escrituras! Você verá que nenhum profeta vem da Galiléia. E todos foram embora para suas casas. Jesus foi para o Monte das Oliveiras. No outro dia, de manhã cedo, Jesus voltou outra vez para o templo e todo o povo se ajuntou perto dele. Jesus então se sentou e começou a ensinar. Os professores da lei e os fariseus levaram a Jesus uma mulher que tinha sido apanhada cometendo adultério e puseram a mulher no meio de todos. Depois disseram a Jesus: —Mestre, esta mulher foi apanhada no ato de adultério. A lei de Moisés manda apedrejar todas as mulheres que façam isso. Que diz o senhor? Eles fizeram esta pergunta para comprometer a Jesus, para ver se ele dizia alguma coisa que pudesse ser usada contra ele. Jesus abaixou-se e começou a escrever na terra com o dedo. Eles perguntaram de novo. Então Jesus se levantou e disse: —Quem aqui pode dizer que nunca pecou? Quem não tem nenhum pecado pode atirar a primeira pedra. Depois voltou a se abaixar e a escrever na terra. Um por um, todos os que o ouviram foram embora, começando pelos mais velhos. Jesus ficou sozinho com a mulher, que continuava diante dele. Jesus levantou-se outra vez e perguntou: —Senhora, foram todos embora? Ninguém condenou você? Ela respondeu: —Ninguém, senhor. Então Jesus disse: —Eu também não vou condenar você. Pode ir embora, mas não volte a pecar. Mais tarde, Jesus voltou a falar com o povo. Ele disse: —Eu sou a Luz do mundo. Quem me seguir nunca ficará na escuridão, mas terá luz, a luz que dá a vida. Mas os fariseus disseram-lhe: —Está testemunhando sobre você mesmo e isso não tem nenhum valor. Jesus respondeu: —Mesmo que eu testemunhe de mim mesmo, o que eu digo é válido. Eu sei de onde eu vim e para onde eu vou. Mas vocês não sabem de onde eu vim ou para onde eu vou. Vocês me julgam do mesmo jeito que julgam qualquer homem. Eu mesmo não julgo ninguém. Mas se eu julgo, o meu julgamento é verdadeiro porque eu não estou julgando sozinho. O Pai que me enviou está comigo. A lei de vocês diz que quando duas testemunhas concordam uma com a outra, o testemunho delas é válido. Eu, que falo de mim mesmo, sou uma testemunha. O Pai que me enviou é a outra. Eles perguntaram: —Onde está o seu pai? Jesus respondeu: —Vocês não conhecem a mim nem ao meu Pai. Se me conhecessem, também conheceriam ao meu Pai. Jesus disse estas coisas quando estava ensinando no templo. Ele estava perto das caixas de ofertas e ninguém o prendeu. O momento determinado para ele ainda não tinha chegado. Outra vez Jesus disse ao povo: —Eu vou deixar vocês. Vocês vão me procurar, mas morrerão em seus próprios pecados. Vocês não podem ir para onde eu vou. Então os judeus perguntaram: —Será que ele vai se matar e por isso diz: “Vocês não podem vir para onde eu vou”? Mas Jesus disse: —Vocês são daqui de baixo, mas eu sou lá de cima. Vocês pertencem a este mundo, mas eu não pertenço a este mundo. Por isso é que eu disse que vocês morrerão em seus próprios pecados. Se vocês não acreditarem que EU SOU, certamente morrerão em seus próprios pecados. Eles perguntaram: —Então quem é você? Jesus respondeu: —Eu sou o que eu venho dizendo que sou desde o princípio. Tenho muito o que dizer e julgar a respeito de vocês, mas só digo o que ouvi daquele que me enviou. Ele fala a verdade. Eles não compreenderam que Jesus estava falando do Pai. Então Jesus disse: —Quando vocês levantarem o Filho do Homem, então saberão que EU SOU e que nada faço por mim mesmo. Eu só digo aquilo que o Pai me ensinou. Aquele que me enviou está comigo. Ele nunca me abandonou porque eu sempre faço o que lhe agrada. Muitas pessoas creram em Jesus quando ele disse estas coisas. Então Jesus disse aos judeus que acreditavam nele: —Se vocês continuarem a obedecer as minhas palavras, serão verdadeiramente meus discípulos. Então conhecerão a verdade; e a verdade libertará a vocês. Os judeus responderam: —Nós somos descendentes de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém. Por que você diz que nós seremos libertados? Jesus respondeu: —Digo a verdade a vocês: Todos os que pecam são escravos do pecado. Ora, um escravo não pertence à família para sempre, mas um filho pertence. Portanto, se o Filho libertar vocês, então serão realmente livres. Eu sei que vocês são filhos de Abraão. Mas sei também que vocês querem me matar porque não aceitam o que eu digo. Eu falo das coisas que meu Pai me mostrou, mas vocês fazem o que ouviram do pai de vocês. Eles responderam: —Nosso pai é Abraão. Jesus então disse: —Se vocês fossem realmente filhos de Abraão, fariam o que ele fez. Entretanto vocês querem me matar, a mim, um homem que tem trazido a vocês a verdade que ouvi de Deus. Abraão nunca fez uma coisa dessas. Vocês fazem as obras do pai de vocês. Mas os judeus diziam: —Nós não somos filhos ilegítimos! Nós temos um pai que é Deus. Jesus disse: —Se Deus fosse realmente o Pai de vocês, vocês me amariam. Eu vim de Deus e agora estou aqui. Não vim porque quis, mas porque Deus me enviou. Vocês não compreendem o que eu ensino porque não conseguem aceitar o que eu digo. O pai de vocês é o diabo. Vocês pertencem a ele e querem fazer a sua vontade. Ele foi um assassino desde o princípio. Ele é contra a verdade e nele não há verdade nenhuma. Quando mente só diz o que lhe é natural, pois é um mentiroso. Ele é o pai das mentiras. Eu, porém, digo a verdade, mas vocês não acreditam em mim. Pode algum de vocês me acusar de um pecado qualquer? Se digo a verdade, por que não acreditam em mim? Aquele que é de Deus, aceita o que Deus diz. Mas vocês não aceitam o que Deus diz porque não pertencem a Deus. Os judeus responderam: —Temos ou não razão quando dizemos que você é um samaritano e que tem um demônio? Jesus respondeu: —Eu não tenho nenhum demônio. Eu honro ao meu Pai, mas vocês me desonram. Eu não estou tentando obter glória para mim mesmo. Há quem esteja tentando obter essa glória para mim. E ele é o Juiz. Digo a verdade a vocês: Aquele que obedecer aos meus ensinamentos nunca morrerá. Os judeus disseram a Jesus: —Agora temos certeza de que você tem um demônio! Até mesmo Abraão e os profetas morreram, mas você diz: “Aquele que obedecer aos meus ensinamentos nunca morrerá”. Você pensa que é superior ao nosso pai Abraão? Abraão morreu e os profetas também morreram. Quem você pensa que é? Jesus respondeu: —Se eu der glória a mim mesmo, essa glória não vale nada. Quem dá glória é o meu Pai. Vocês dizem que ele é o Deus de vocês, mas a verdade é que vocês não o conhecem. Eu o conheço. Se eu dissesse que não o conheço, então seria um mentiroso como vocês são. Mas eu o conheço e obedeço a tudo o que ele diz. Abraão, o pai de vocês, queria muito ver o dia da minha vinda. Ele viu e ficou muito contente. Os judeus disseram: —O que você está dizendo? Você nunca viu Abraão! Não tem nem cinqüenta anos! Jesus respondeu: —Digo a verdade a vocês: Antes de Abraão nascer, EU SOU! Então os judeus pegaram pedras para atirar em Jesus, mas ele se escondeu e depois saiu do templo. Jesus estava caminhando quando viu um homem que tinha nascido cego. Os seus discípulos perguntaram: —Mestre, quem é que pecou para que este homem nascesse cego? Ele ou os pais dele? Jesus respondeu: —Nem ele nem os pais dele. Ele nasceu cego para que o poder de Deus seja mostrado nele. Enquanto é dia, devemos continuar fazendo o trabalho daquele que me enviou. A noite está chegando. E ninguém pode trabalhar à noite. Enquanto eu estiver no mundo, eu sou a Luz do mundo. Depois de Jesus ter dito isto, ele cuspiu no chão e fez um pouco de lama com a saliva. Depois passou a lama nos olhos do cego e disse: —Vá se lavar no tanque de Siloé. (Siloé quer dizer “Enviado”.) O homem foi ao tanque, lavou-se e voltou vendo. Os vizinhos do homem e aqueles que costumavam vê-lo pedindo esmolas diziam: —Olhem! Não é este o homem que está sempre sentado pedindo esmolas? Alguns diziam: —É ele mesmo! Mas outros diziam: —Não, só se parece com ele. O homem então disse: —Sou eu mesmo! Eles perguntaram: —O que aconteceu? Como é que você agora pode ver? Ele respondeu: —Um homem chamado Jesus fez lama, passou nos meus olhos e disse para eu ir me lavar no tanque de Siloé. Eu fui, lavei-me e agora estou vendo. Eles perguntaram: —Onde está esse homem? Ele então respondeu: —Não sei. O povo então levou o homem que tinha sido cego aos fariseus. (Foi num sábado que Jesus tinha feito lama e curado os olhos do cego.) Assim os fariseus perguntaram ao homem: —Como você agora pode ver? Ele respondeu: —Um homem passou lama nos meus olhos, eu me lavei e agora estou vendo. Alguns dos fariseus estavam dizendo: —Esse homem não é de Deus, pois ele não respeita o sábado. Outros diziam: —Mas um homem pecador não faz milagres como este. E não concordavam uns com os outros. Voltaram então a perguntar ao homem: —O que você diz dele? Afinal, foram os seus olhos que ele abriu! O homem respondeu: —Ele é um profeta. Os judeus não acreditaram que ele tivesse nascido cego e que agora podia ver. Mandaram, então, chamar os pais dele e lhes perguntaram: —Este homem é o filho de vocês? Vocês dizem que ele nasceu cego. Como é que agora ele está vendo? Os pais dele responderam: —Sabemos que ele é nosso filho e que nasceu cego. Mas não sabemos nem como ele agora vê e nem quem o curou. Perguntem a ele; ele tem idade suficiente para responder sozinho. Os pais disseram isto porque tinham medo dos judeus. Os judeus tinham decidido expulsar da sinagoga qualquer pessoa que dissesse que Jesus era o Cristo. Foi por isso que os seus pais disseram: “Perguntem a ele; ele tem idade suficiente para responder sozinho”. Pela segunda vez, os judeus mandaram chamar o homem que tinha sido cego. Eles disseram: —Você deve dizer a verdade e dar glória a Deus. Nós sabemos que esse homem é pecador. Ele respondeu: —Não sei se ele é pecador. Só sei de uma coisa: Eu era cego e agora posso ver. Os judeus perguntaram: —O que foi que ele fez? Como é que ele curou a você? Ele respondeu: —Já lhes disse uma vez, mas vocês não me escutaram. Por que vocês querem ouvir de novo? Vocês também querem ser discípulos dele? Então eles o ofenderam, dizendo: —Você é discípulo dele! Nós somos discípulos de Moisés. Sabemos que Deus falou a Moisés, mas sobre este homem, não sabemos nem de onde ele veio! O homem disse: —É estranho que vocês não saibam de onde ele veio e, contudo, ele curou os meus olhos! Nós todos sabemos que Deus não ouve os pecadores, mas ouve aqueles que o adoram e lhe obedecem. Nunca se ouviu falar de alguém que tivesse curado uma pessoa que tenha nascido cega. Se ele não fosse de Deus, não poderia ter feito nada. Eles responderam: —Você nasceu cheio de pecado e agora quer nos ensinar? E o expulsaram. Quando Jesus ouviu que tinham expulsado o homem, foi ao seu encontro e disse: —Você crê no Filho do Homem? Ele perguntou: —Senhor, quem é o Filho do Homem? Diga-me para que eu possa crer nele. Jesus disse: —Você já o viu. O Filho do Homem é quem está falando com você agora. O homem respondeu: —Sim, Senhor, eu creio! E então se ajoelhou e adorou a Jesus. Jesus disse: —Eu vim para este mundo para que o mundo possa ser julgado. Eu vim para que os cegos possam ver e para que os que vêem fiquem cegos. Alguns dos fariseus que estavam perto de Jesus, ao ouvirem isto, perguntaram: —Você quer dizer que nós somos cegos? Então Jesus lhes disse: —Se vocês fossem realmente cegos não seriam culpados de pecado. Mas vocês dizem que vêem e, por isso são culpados. Jesus disse: —Digo a verdade a vocês: Se um homem não entra num curral de ovelhas pela porta, mas sobe pelo outro lado, é ladrão e assaltante. Quem entra pela porta é o pastor das ovelhas. O vigia abre a porta para ele e as ovelhas ouvem a sua voz. Ele chama as suas ovelhas pelo nome e as leva para fora. Quando sai com todas as ovelhas, ele vai à frente delas e as guia. Elas o seguem porque conhecem a sua voz. As ovelhas, porém, nunca seguirão um estranho. Elas fugirão dele porque não conhecem a sua voz. Jesus disse isto para a multidão, mas as pessoas não compreenderam o que ele queria dizer. Então Jesus lhes disse outra vez: —Digo a verdade a vocês: Eu sou a Porta das ovelhas. Todos os que vieram antes de mim eram ladrões e assaltantes e as ovelhas não os ouviram. Eu sou a Porta e quem entrar por mim será salvo. Poderá entrar e sair e achar pasto. O ladrão vem para roubar, matar e destruir. Eu, porém, venho para dar vida e vida em abundância. —Eu sou o bom Pastor e o bom Pastor dá sua vida pelas ovelhas. O empregado que é pago para guardar as ovelhas é diferente do pastor. As ovelhas são do pastor e não do empregado. Quando o empregado vê o lobo, foge e deixa as ovelhas sozinhas. Então o lobo vem, ataca e espalha as ovelhas. Ele foge porque só é pago para tomar conta das ovelhas e não se importa realmente com elas. —Eu sou o bom Pastor. Conheço as minhas ovelhas, assim como o meu Pai me conhece. E as minhas ovelhas me conhecem, assim como eu conheço o Pai. Eu dou a minha vida pelas ovelhas. *** Tenho outras ovelhas que não são deste rebanho. Eu ainda tenho de trazê-las para este rebanho. Elas ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho, um só pastor. O Pai me ama porque eu dou a minha vida para poder recebê-la de novo. Ninguém pode me tirar a vida. Eu dou minha própria vida por minha livre vontade. Tenho o direito de dar minha vida, assim como tenho o direito de recebê-la de novo. Foi isto que o meu Pai me mandou fazer. Mais uma vez os judeus não concordavam entre eles por causa das palavras de Jesus. Muitos deles diziam: —Ele tem um demônio! Está louco! Por que o ouvimos? Mas outros diziam: —Um homem louco, com um demônio, não diz as coisas que ele diz. Pode um demônio abrir os olhos dos cegos? Chegou a época da Festa da Dedicação em Jerusalém. Era inverno. Jesus estava no templo, no Alpendre de Salomão. Os judeus se ajuntaram em volta dele e perguntaram: —Quanto tempo ainda vai nos deixar na dúvida a seu respeito? Se você é o Cristo, diga claramente. Jesus respondeu: —Já disse, mas vocês não acreditaram. Eu faço milagres em nome de meu Pai, e esses milagres mostram quem eu sou. Vocês não acreditam porque não são das minhas ovelhas. As minhas ovelhas ouvem a minha voz. Eu as conheço e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna e elas nunca morrerão. Ninguém poderá roubá-las da minha mão. Meu Pai, que me deu as ovelhas, é mais forte do que todos. Ninguém pode roubá-las da mão dele. O Pai e eu somos um. De novo os judeus pegaram pedras para matar a Jesus. Porém Jesus lhes disse: —Eu tenho feito muitas boas obras por parte do Pai e vocês têm visto todas elas. Por qual delas é que vocês querem me matar? Os judeus responderam: —Nós não o matamos por nenhuma boa obra que você fez. Mas você diz coisas que são contra Deus. Você é somente um homem, mas se faz Deus. É por isso que queremos matá-lo. Jesus respondeu: —Na lei de vocês está escrito que Deus disse: “Vocês são deuses”! O que a Escritura diz é verdade e a Escritura chamou de deuses as pessoas que receberam a mensagem de Deus. Eu sou aquele que Deus escolheu e enviou ao mundo. Sendo assim, por que é que vocês dizem que estou falando contra Deus quando digo: Sou Filho de Deus? Não acreditem em mim se eu não fizer as obras que meu Pai faz. Mas se eu fizer o que o meu Pai faz, mesmo que não acreditem em mim, acreditem no que eu faço. Então vocês saberão e compreenderão que o Pai está em mim e eu nele. Os judeus novamente tentaram prender Jesus, mas ele escapou. Depois Jesus voltou para o outro lado do rio Jordão, para o lugar onde João estava batizando no princípio e ficou ali. Muitas pessoas chegavam perto dele e diziam: —João nunca fez nenhum milagre, mas tudo o que ele disse a respeito deste homem é verdade. E ali muitas pessoas creram nele. Um homem chamado Lázaro estava doente. Ele vivia na cidade de Betânia, onde também viviam Maria e a sua irmã Marta. (Maria foi a mulher que, mais tarde, derramou perfume sobre o Senhor e enxugou-lhe os pés com os seus cabelos. Lázaro, o homem que estava doente, era irmão de Maria.) Então Maria e Marta mandaram um recado a Jesus dizendo: —Senhor, aquele a quem o senhor ama está doente. Quando Jesus ouviu isso, disse: —Esta doença não é para a morte, mas para a glória de Deus; para que o Filho de Deus seja glorificado por ela. Jesus amava Marta, sua irmã Maria e Lázaro. Ainda assim, permaneceu por mais dois dias no lugar onde estava, mesmo sabendo que Lázaro estava doente. Depois disso, Jesus disse aos seus discípulos: —Vamos voltar para a Judéia. Os discípulos perguntaram: —Mas Mestre, ainda há pouco tempo atrás os judeus queriam apedrejá-lo, e agora o senhor quer voltar para lá? Jesus respondeu: —Não há doze horas de luz no dia? Se alguém anda de dia não tropeça porque pode ver com a luz que brilha neste mundo. Mas se alguém anda de noite, tropeça, pois não há luz para que ele possa ver. Depois de Jesus ter dito isto, acrescentou: —O nosso amigo Lázaro adormeceu. Eu vou lá para acordá-lo. Os discípulos disseram: —Senhor, se ele está dormindo, quer dizer que vai ficar bom. Jesus queria dizer que Lázaro tinha morrido, mas os discípulos pensaram que ele estivesse falando de sono. Então Jesus lhes disse claramente: —Lázaro morreu, e eu estou contente por não ter estado lá, pois assim vocês podem crer. Vamos até lá para vê-lo. Então Tomé (o que se chama Dídimo) disse aos outros discípulos: —Vamos com o Mestre, assim poderemos morrer com ele. Quando Jesus chegou em Betânia, soube que Lázaro já tinha sido enterrado há quatro dias. Betânia ficava cerca de três quilômetros de Jerusalém e muitos dos judeus tinham ido para lá confortar Marta e Maria pela morte de seu irmão. Quando Marta ouviu dizer que Jesus estava chegando, foi ao seu encontro, mas Maria ficou em casa, sentada. Marta disse a Jesus: —Senhor, se tivesse estado aqui o meu irmão não teria morrido. Mas eu sei que, mesmo agora, Deus dará tudo o que lhe pedir. Jesus disse a ela: —O seu irmão se levantará e viverá outra vez. Marta respondeu: —Eu sei que ele se levantará e viverá outra vez na ressurreição, no último dia. Jesus lhe disse: —Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive e crê em mim nunca morrerá. Você crê nisto? Marta respondeu: —Sim, Senhor! Eu creio que o senhor é o Cristo, o Filho de Deus, que estava para vir ao mundo. Depois de ter dito isto, Marta voltou, chamou sua irmã Maria e lhe disse em particular: —O Mestre está aqui e está chamando você. Ao ouvir isto, Maria levantou-se rapidamente e foi ao encontro de Jesus. (Jesus ainda nem tinha entrado na cidade; ele tinha ficado no lugar onde Marta o havia encontrado.) Os judeus que estavam na casa de Maria para confortá-la, viram-na sair às pressas e a seguiram. Eles pensaram que ela estava indo ao túmulo para chorar. Maria, porém, seguia para o lugar onde Jesus estava. Quando ela o viu, caiu aos pés dele e disse: —Senhor, se tivesse estado aqui o meu irmão não teria morrido. Quando Jesus viu que Maria estava chorando e que os judeus que tinham vindo atrás dela também choravam, sentiu grande tristeza no coração e ficou muito perturbado. Então Jesus perguntou: —Onde foi que vocês o enterraram? Eles responderam: —Senhor, venha e verá. E Jesus chorou. Então os judeus disseram: —Vejam o quanto ele o amava! Mas outros disseram: —Se Jesus abriu os olhos do cego, por que não impediu a morte de Lázaro? De novo Jesus sentiu uma grande tristeza no coração e foi para o túmulo. Era uma gruta fechada por uma grande pedra. Jesus disse: —Tirem a pedra. Marta, a irmã do morto, então disse: —Senhor, já cheira mal, pois já faz quatro dias que ele morreu. Jesus disse a ela: —Eu não lhe disse que, se você cresse, veria a glória de Deus? Então tiraram a pedra da entrada do túmulo. Jesus olhou para o céu e disse: —Pai, obrigado pelo senhor ter me ouvido. Eu sei que o senhor me ouve sempre, mas digo isto para que as pessoas que estão à minha volta possam crer que o senhor me enviou. Depois de Jesus ter dito isto, chamou em voz alta: —Lázaro, venha para fora! O homem que tinha morrido veio para fora. Ele tinha as mãos e os pés envolvidos em faixas de pano e seu rosto também estava coberto por um lenço. Jesus disse ao povo: —Tirem os panos dele e deixem-no ir. Muitos dos judeus que tinham ido com Maria e visto o que Jesus tinha feito, creram nele. Outros, porém, foram contar aos fariseus o que Jesus tinha feito. Então os líderes dos sacerdotes e os fariseus convocaram uma reunião do Conselho Superior dos judeus e perguntaram: —Que devemos fazer? Este homem está fazendo muitos milagres. Se deixarmos que ele continue fazendo estas coisas, todos vão crer nele e os romanos virão e destruirão nosso templo e nossa nação. Porém, estava entre eles o sumo sacerdote daquele ano, Caifás, e ele disse: —Vocês não entendem nada. Vocês não percebem que é muito melhor que um homem morra pelo povo ao invés de ser destruída toda uma nação? Caifás não disse isso de si mesmo. Sendo o sumo sacerdote daquele ano, ele estava profetizando que Jesus havia de morrer pela nação dos judeus. E não só por ela, mas também por todos os filhos de Deus espalhados pelo mundo. E todos seriam um só povo. A partir daquele dia, eles começaram a planejar uma maneira de matar Jesus. Por já não poder mais andar livremente entre os judeus, Jesus saiu dali. Ele foi para uma cidade chamada Efraim, perto do deserto, e ali ficou com os seus discípulos. Estava próxima a festa da Páscoa dos judeus. Muitas pessoas do campo foram para a cidade de Jerusalém, antes da festa, para se purificarem. O povo procurava Jesus. No templo perguntavam uns aos outros: —Será que ele virá para a festa? O que vocês acham? Mas os líderes dos sacerdotes e os fariseus tinham dado ordens que, se alguém soubesse onde Jesus estava, devia informá-los para que eles pudessem prendê-lo. Seis dias antes da festa da Páscoa Jesus foi para Betânia, onde Lázaro morava. (Lázaro era o homem que Jesus tinha ressuscitado.) Ali lhe fizeram um jantar e Marta servia a comida. Lázaro era um dos que estavam com ele à mesa. Maria, então, trouxe cerca de meio litro de um perfume muito caro, feito de nardo puro. Ela o derramou nos pés de Jesus e, depois, os enxugou com os seus cabelos. O aroma do perfume se espalhou por toda a casa. Judas Iscariotes—um dos doze discípulos de Jesus—e que mais tarde iria traí-lo, disse: —Este perfume vale 300 moedas de prata. Por que ele não foi vendido e não foi dado o dinheiro aos pobres? (Judas não disse isto porque se importava realmente com os pobres, mas porque era ladrão. Era ele quem guardava a caixa de dinheiro e muitas vezes roubava o que era colocado lá.) Jesus respondeu: —Deixem-na! Ela fez bem em guardar este perfume para hoje—dia da preparação para o meu enterro. Vocês terão sempre os pobres com vocês mas, a mim, nem sempre terão. Muitos judeus descobriram que Jesus estava em Betânia e então foram para lá. Eles não queriam somente ver Jesus, mas também queriam ver Lázaro, a quem Jesus tinha ressuscitado. Os líderes dos sacerdotes estavam planejando matar também a Lázaro pois, por causa dele, muitos judeus estavam se afastando de seus líderes e crendo em Jesus. No dia seguinte, quando a grande multidão que tinha ido para a festa ouviu dizer que Jesus estava indo para Jerusalém, pegaram ramos de palmeiras e foram ao seu encontro, clamando: “‘Glória a Deus! Bendito é aquele que vem em nome do Senhor!’ Deus abençoe o Rei de Israel!” Jesus encontrou um jumentinho e montou nele, assim como dizem as Escrituras: “Não tenha medo, cidade de Sião! Aí vem o seu Rei, montado num jumentinho”. (Os discípulos de Jesus não entenderam estas coisas no princípio, mas depois que Jesus subiu para a sua glória, eles se lembraram que aquelas coisas tinham sido escritas a respeito dele e que o povo as tinha feito a ele.) Quando Jesus ressuscitou Lázaro e lhe disse para sair do túmulo, várias pessoas tinham estado lá. E agora elas estavam dizendo a todos o que Jesus tinha feito. (Foi por isso que uma multidão foi ao encontro de Jesus, pois eles tinham ouvido que foi ele quem tinha feito este milagre.) Então os fariseus diziam entre si: —Vejam, nossos planos não estão funcionando. Olhem como todos estão indo atrás dele! Muitas pessoas tinham ido a Jerusalém para adorar a Deus durante a festa da Páscoa. Entre eles havia alguns gregos e eles foram até Filipe (o que era de Betsaida, na Galiléia), e pediram: —Senhor, queremos ver a Jesus. Filipe foi dizer a André e os dois foram falar com Jesus. Jesus respondeu a eles: —Chegou a hora do Filho do Homem ser glorificado. Digo a verdade a vocês: Um grão de trigo tem de cair no chão e morrer para produzir muitos frutos. Mas, se não morrer, continuará sendo uma única semente. Quem ama a sua própria vida vai perdê-la. Mas quem odeia a sua vida neste mundo, vai conservá-la para a vida eterna. Aquele que é meu servo, tem de me seguir; e onde quer que eu esteja, meu servo também estará. E todo aquele que me serve, será honrado por meu Pai. —Eu agora estou muito perturbado. Devo dizer: Pai, salve-me desta hora de sofrimento? Não, pois foi com este propósito que eu vim para esta hora. Pai, glorificado seja o seu nome! Então uma voz veio do céu: —Já o glorifiquei e vou glorificá-lo de novo. Uma multidão estava ali e ouviu a voz. Alguns diziam que era trovoada. Outros, porém, diziam: —Um anjo falou com ele! Em resposta, Jesus disse: —Esta voz veio por causa de vocês, e não por minha causa. Chegou o momento de este mundo ser julgado; agora o príncipe deste mundo será expulso. Eu serei levantado da terra e, quando isto acontecer, atrairei todas as pessoas para mim. (Jesus disse isto para mostrar de que maneira iria morrer.) Então a multidão disse a ele: —Nossa lei diz que o Cristo viverá para sempre. Por que você diz que o Filho do Homem tem de ser levantado? Quem é o Filho do Homem? Jesus então disse: —A luz ainda estará com vocês por um pouco mais de tempo. Andem enquanto vocês têm esta luz para que a escuridão não os apanhe, pois quem anda na escuridão não vê para onde vai. Enquanto vocês têm a Luz, acreditem nela, pois assim vocês se tornarão filhos da luz. Depois de dizer isto, Jesus saiu e foi para um lugar onde o povo não podia encontrá-lo. Apesar de Jesus ter feito todos estes milagres diante dos judeus, eles ainda não criam nele. Isto aconteceu para mostrar o significado total daquilo que o profeta Isaías tinha dito: “Senhor, quem acreditou naquilo que dissemos? Quem viu o poder do Senhor?” É por isso que as pessoas não podiam acreditar; porque Isaías também disse: “Deus cegou os olhos deles e fechou as suas mentes. Deus fez isto para que eles não vejam com os olhos e nem entendam com a mente e não se voltem para mim para que eu possa curá-los”. Isaías disse isto porque viu a glória de Jesus e falou sobre ele. Contudo, até mesmo muitos entre os líderes dos judeus creram em Jesus. Mas, por causa dos fariseus, ninguém declarava sua fé abertamente, pois não queriam ser expulsos da sinagoga. Eles amavam mais a glória que vem dos homens do que a glória que vem de Deus. Então Jesus disse em voz alta: —Quem crê em mim está, na realidade, crendo naquele que me enviou. Quem me vê está, na realidade, vendo aquele que me enviou. Eu vim para o mundo como uma luz. Vim para que todo aquele que crê em mim não fique na escuridão. Não sou eu quem vai julgar aquele que ouve as minhas palavras e não as obedece, pois não vim para julgar o mundo. Eu vim para salvar o mundo. Há um juiz para quem se recusa a acreditar em mim e não aceita as minhas palavras: As palavras que eu tenho dito vão julgá-lo no último dia! Aquilo que eu tenho ensinado não veio de mim mesmo. O Pai, que me enviou, me ordenou o que eu deveria dizer e ensinar. E eu sei que o que o Pai ordena dá a vida eterna. Portanto, tudo o que eu digo é o que o Pai me mandou dizer. Estava próxima a festa da Páscoa. Jesus sabia que tinha chegado a hora de ele ir embora deste mundo e voltar para o Pai. Ele tinha sempre amado aqueles no mundo, que eram dele, e mostrou a eles que seu amor era completo. Jesus e os seus discípulos estavam jantando. O diabo já tinha convencido Judas Iscariotes a trair Jesus. (Judas era filho de Simão.) Jesus sabia que ele tinha vindo de Deus e que ia voltar para Deus. Ele também sabia que o Pai tinha lhe dado poder sobre todas as coisas. Por isso, durante a ceia, Jesus se levantou, tirou a sua túnica e, pegando uma toalha, amarrou-a na cintura. Depois, derramando água numa bacia, começou a lavar os pés dos seus discípulos e a enxugá-los com a toalha que tinha na cintura. Quando chegou a vez de Simão Pedro, ele disse a Jesus: —Senhor, vai lavar os meus pés? Jesus respondeu: —Você agora não entende o que eu estou fazendo, mas vai entender mais tarde. Pedro disse: —Não! O senhor nunca vai lavar os meus pés. Jesus então respondeu: —Se eu não lavar os seus pés, você não terá mais nada a ver comigo. Simão Pedro pediu: —Senhor, então não lave somente os pés, mas também as mãos e a cabeça! Jesus disse: —Aquele que toma banho só precisa lavar de novo os pés, pois todo o resto do corpo está limpo. Vocês estão limpos, mas nem todos. (Jesus sabia quem era aquele que iria traí-lo. Foi por isso que ele disse: “Nem todos vocês estão limpos”.) Acabando de lavar os pés deles, Jesus vestiu sua túnica, voltou para a mesa e perguntou a todos: —Vocês entenderam o que eu acabei de fazer a vocês? Vocês me chamam de Mestre e Senhor e têm razão, pois eu o sou. Se eu, que sou Senhor e Mestre de vocês, lavei os seus pés, vocês também devem lavar os pés uns dos outros. Eu fiz isto para servir de exemplo a vocês. Assim, como eu fiz a vocês, também façam uns aos outros. Digo a verdade a vocês: Nem o servo é superior ao seu senhor, nem o mensageiro é superior a quem o enviou. Se vocês entenderem estas coisas, serão felizes se as praticarem. Não estou falando de todos vocês, pois eu conheço aqueles que escolhi. Porém, o que a Escritura disse tem de acontecer: “O homem que comeu da minha comida se levantou contra mim”. Eu estou dizendo isto a vocês agora, antes de acontecer, para que, quando isto acontecer, acreditem que EU SOU. Digo a verdade a vocês: Aquele que recebe a quem eu enviar, também me recebe. Aquele que me recebe, também recebe a quem me enviou. Depois de ter dito estas coisas, Jesus ficou bastante perturbado e falou a todos: —Digo a verdade a vocês: Um de vocês vai me trair. Os discípulos começaram a olhar uns para os outros, sem saber de quem Jesus estava falando. Um dos discípulos, aquele a quem Jesus amava, estava reclinado sobre o peito de Jesus. Simão Pedro fez sinais para que ele perguntasse a Jesus de quem era que ele estava falando. O discípulo chegou um pouco mais perto de Jesus e perguntou: —Quem é? Jesus respondeu: —Vou molhar um pedaço de pão no prato e vou dar para aquele que vai me trair. Jesus, então, molhou um pedaço de pão em seu prato e o deu a Judas Iscariotes, filho de Simão. Assim que Judas pegou o pedaço de pão, Satanás entrou nele. Então Jesus lhe disse: —Faça depressa o que você pretende fazer! Nenhum dos que estavam à mesa entendeu porque Jesus tinha dito isto a Judas. Como era Judas que guardava a caixa de dinheiro, alguns dos discípulos pensaram que Jesus estava dizendo para ele ir comprar as coisas de que iriam precisar para a festa. Outros pensaram que Jesus tinha dito que fosse dar alguma coisa aos pobres. Judas aceitou o pão que Jesus deu e saiu imediatamente. Era noite. Depois de Judas ter saído, Jesus disse: —Agora o Filho do Homem será glorificado, e Deus será glorificado por meio dele. Se Deus é glorificado por intermédio dele, então Deus também glorificará o Filho do Homem nele mesmo. E Deus vai lhe dar essa glória muito em breve. Queridos filhos! Eu não vou ficar com vocês por muito mais tempo. Vocês vão me procurar mas, como eu já disse aos líderes dos judeus e repito agora a vocês: Vocês não podem ir para onde eu vou. Eu lhes dou um novo mandamento: Amem uns aos outros. Vocês devem amar uns aos outros da mesma forma como eu amei a vocês. Nisto todas as pessoas saberão que vocês são meus discípulos, se vocês amarem uns aos outros. Simão Pedro perguntou a Jesus: —Para onde é que vai, Senhor? Jesus lhe respondeu: —Para onde eu vou, você não pode me seguir agora. Mais tarde, porém, você me seguirá. Pedro disse a Jesus: —Por que não posso segui-lo agora, Senhor? Estou pronto até a morrer pelo senhor! Jesus respondeu: —Está mesmo? Você daria realmente sua vida por mim? Digo-lhe a verdade: Antes que o galo cante, por três vezes você dirá que não me conhece. Jesus disse: —Não se abalem! Continuem confiando em Deus e continuem confiando em mim. Na casa de meu Pai há muitos cômodos. Se não fosse assim, eu já lhes teria dito, pois vou preparar um lugar para vocês. Depois de ir e preparar lugar para vocês, eu voltarei. Então levarei vocês comigo, para que possam estar onde eu estiver. Vocês sabem como chegar ao lugar para onde eu vou. Tomé então disse a Jesus: —Senhor, não sabemos para onde vai! Como podemos saber o caminho? Jesus respondeu a ele: —Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém pode chegar até o Pai se não for por mim. Se vocês realmente me conhecessem, então conheceriam também meu Pai. De agora em diante, vocês o conhecem, pois já o viram. Filipe disse-lhe: —Senhor, mostre-nos o Pai e ficaremos satisfeitos. Jesus respondeu: —Já faz tanto tempo que estou com vocês e você ainda não me conhece, Filipe? Quem me viu, viu também o Pai. Como você pode dizer: “Mostre-nos o Pai?” Você acredita que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu digo a vocês não vêm de mim. O Pai que vive em mim está fazendo suas próprias obras. Acreditem em mim quando digo que eu estou no Pai e que o Pai está em mim. Se não for assim, acreditem, pelo menos, por causa das obras que faço. Digo a verdade a vocês: Aquele que acredita em mim fará as mesmas coisas que eu faço. E fará coisas ainda maiores do que estas, porque eu estou indo para o meu Pai. E tudo o que vocês pedirem em meu nome eu farei, para que o Pai receba glória por meio do Filho. Qualquer coisa que vocês me pedirem em meu nome, eu farei. —Se vocês me amam, cumprirão os meus mandamentos. Pedirei ao Pai e ele lhes dará um outro Auxiliador, para que esteja com vocês para sempre. O Auxiliador é o Espírito da verdade. O mundo não pode aceitá-lo porque não o vê nem o conhece. Mas vocês o conhecem, pois ele vive com vocês e estará em vocês. —Não os deixarei órfãos; eu voltarei para vocês. Daqui a pouco o mundo não me verá mais, mas vocês me verão, porque eu vivo e vocês também viverão. Nesse dia, vocês saberão que eu estou em meu Pai; e saberão também que vocês estão em mim e que eu estou em vocês. Aquele que conhece os meus mandamentos e os obedece, é esse que me ama. Aquele que me ama será amado por meu Pai e eu também o amarei e me revelarei a ele. Então Judas (não o Judas Iscariotes) disse: —Mas Senhor, por que vai se revelar a nós e não ao mundo? Jesus respondeu: —Se alguém me ama, obedecerá ao meu ensino. Meu Pai o amará, nós viremos até ele e viveremos com ele. Quem não me ama não obedece aos meus ensinamentos. E os ensinamentos que vocês estão ouvindo nem são de fato meus, mas do Pai que me enviou. —Eu lhes tenho dito todas estas coisas enquanto estou com vocês. Mas o Auxiliador, que é o Espírito Santo e que o Pai vai mandar em meu nome, vai ensinar tudo a vocês. Ele vai lembrar a vocês tudo o que eu já lhes disse. —Eu lhes deixo a paz. A minha própria paz eu dou a vocês. Eu não lhes dou essa paz como o mundo a dá. Portanto seus corações não devem ficar nem perturbados nem com medo. Vocês me ouviram dizer que eu estou indo embora e que vou voltar para vocês. Se vocês me amassem, estariam felizes por eu estar indo para o Pai, pois ele é maior que eu. Eu disse isto a vocês agora, antes de acontecer, para que, quando acontecer, vocês acreditem. Não falarei com vocês por muito mais tempo, pois o príncipe deste mundo está chegando. Ele não tem poder sobre mim. Porém, o mundo tem de saber que eu amo ao Pai e que, por isso, faço exatamente aquilo que ele me diz para fazer. Levantem-se e vamos embora. —Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o lavrador. Ele corta todos os galhos que não dão frutos. Mas ele poda e limpa todos os galhos que dão frutos, para que dêem ainda mais. Vocês já estão limpos por causa dos ensinamentos que eu tenho dado a vocês. Continuem em mim e eu continuarei em vocês. Assim como o galho não pode dar frutos por si mesmo a não ser que continue na videira, vocês também não podem dar frutos por si mesmos, a não ser que continuem em mim. —Eu sou a videira e vocês são os galhos. Aquele que continuar em mim e eu nele, dará muitos frutos, porque sem mim vocês não podem fazer nada. Se alguém, porém, não continuar em mim, é como o galho que é jogado fora e seca. As pessoas juntam os galhos secos e os queimam no fogo. —Se vocês permanecerem em mim e continuarem a obedecer aos meus ensinamentos, pedirão tudo o que quiserem e será dado a vocês. Vocês devem dar muitos frutos e assim mostrar que são meus discípulos. Isto trará glória ao meu Pai. Assim como o Pai mostrou o seu amor por mim, eu também mostrei o meu amor por vocês. Continuem no meu amor. Eu tenho obedecido aos mandamentos de meu Pai e assim continuo em seu amor. Da mesma forma, se vocês obedecerem aos meus mandamentos, continuarão no meu amor. Digo estas coisas a vocês para que a minha alegria esteja em vocês e para que a alegria de vocês seja completa. Este é o meu mandamento: Que vocês amem uns aos outros, assim como eu tenho amado a vocês. O maior amor que alguém pode demonstrar por seus amigos é dar sua vida por eles. Vocês são meus amigos se continuarem a fazer aquilo que eu digo. Eu não os chamo mais de servos, pois o servo não sabe o que o seu senhor faz. Agora eu os chamo de amigos, pois tenho dito a vocês tudo o que ouvi de meu Pai. Vocês não me escolheram; pelo contrário, eu escolhi a vocês. Vocês foram escolhidos para irem e darem frutos. E o meu desejo é que esses frutos durem muito. Então o Pai lhes dará tudo o que vocês pedirem em meu nome. Este é o meu mandamento: Que vocês amem uns aos outros. —Se o mundo odeia a vocês, lembrem-se de que ele odiou primeiro a mim. Se vocês pertencessem ao mundo, então o mundo amaria a vocês da mesma forma que ama a todos os que pertencem a ele. Mas vocês não pertencem ao mundo, pois eu os escolhi e os tirei do mundo. Por isso o mundo odeia a vocês. Lembrem-se do que eu disse a vocês: “O servo não é maior que o seu senhor”. Se perseguiram a mim, também perseguirão a vocês. Se obedeceram aos meus ensinamentos, também obedecerão aos de vocês. Eles vão fazer tudo isto a vocês por minha causa, pois não conhecem aquele que me enviou. Se eu não tivesse vindo e falado com eles, eles não seriam culpados de nenhum pecado. Mas agora eles não têm qualquer desculpa para seus pecados. Aquele que me odeia também odeia ao meu Pai. Eu fiz obras entre eles que ninguém jamais fez e, se eu não tivesse feito essas obras, eles não seriam culpados de nenhum pecado. Mas eles viram todas as obras que fiz e, mesmo assim, ainda odeiam a mim e a meu Pai. Isto, porém, é assim para que aconteça o que está escrito na lei deles: “Eles me odiaram sem nenhum motivo”. —Eu enviarei a vocês, da parte do Pai, o Auxiliador. Ele é o Espírito da verdade que vem do Pai e, quando ele vier, falará a meu respeito. Vocês também falarão a meu respeito, porque têm estado comigo desde o princípio. —Eu digo isto para que vocês não percam a fé. Vão expulsar a vocês das sinagogas e chegará o tempo em que pessoas matarão a vocês, pensando que com isso eles estarão prestando um serviço a Deus. E farão estas coisas porque nunca conheceram nem ao Pai e nem a mim. Eu digo estas coisas a vocês agora, antes que elas aconteçam, para que, quando elas acontecerem, vocês se lembrem de que eu os avisei. —Eu não disse estas coisas a vocês no princípio porque eu estava com vocês. Mas agora eu estou indo embora para aquele que me enviou, e nenhum de vocês me pergunta: “Para onde o senhor vai?” E porque eu lhes disse estas coisas, os corações de vocês ficaram cheios de tristeza. Mas eu digo a verdade a vocês: É melhor para vocês que eu vá embora, porque se eu não for, o Auxiliador não virá. Mas se eu for, eu o enviarei para vocês. E quando o Auxiliador vier, ele vai convencer o mundo do pecado, de como ser justo diante de Deus e também do julgamento. Ele vai convencer do pecado porque eles não acreditam em mim. Ele vai convencer de como ser justo diante de Deus porque eu estou voltando para o Pai e vocês não me verão mais. Ele também vai convencer do julgamento porque o príncipe deste mundo já foi julgado. —Ainda tenho muitas coisas para dizer, mas seria demais para vocês agora. Porém, quando vier o Espírito da verdade, ele guiará a vocês para toda a verdade. Ele não vai falar por si mesmo; ele vai ensinar o que ouviu e vai falar sobre coisas que ainda vão acontecer. Ele me glorificará porque vai receber de mim o que vai falar para vocês. Tudo o que o Pai tem é meu. Por isso é que eu disse que ele vai receber de mim o que vai falar para vocês. —Daqui a pouco vocês não vão me ver mais, mas logo depois vocês vão me ver de novo. Alguns dos discípulos comentaram entre si: —O que será que ele quer dizer com isto: “Daqui a pouco vocês não vão me ver mais, mas logo depois vocês vão me ver de novo” e também com: “Estou indo para o Pai”? Também se perguntavam: —O que ele quer dizer com: “Daqui a pouco”? Nós não entendemos o que ele está dizendo. Jesus sabia que eles queriam fazer perguntas a respeito disto e, por isso, disse: —Vocês estão se perguntando o que eu quero dizer com: “Daqui a pouco vocês não vão me ver mais, mas logo depois vocês vão me ver de novo”? Digo a verdade a vocês: Vocês vão chorar e se lamentar, enquanto o mundo vai estar alegre. Vocês vão estar tristes, mas a tristeza de vocês vai se transformar em alegria. Quando a mulher está para ter um filho, ela sofre porque sua hora chegou. Mas quando o nenê nasce, ela se esquece do seu sofrimento, pois está feliz por ter trazido um filho ao mundo. A mesma coisa acontece com vocês. Vocês estão tristes agora, mas eu vou vê-los de novo e vocês vão ficar cheios de alegria. E essa alegria ninguém vai poder tirar de vocês. E quando chegar esse dia, vocês não vão me perguntar nada. Digo a verdade a vocês: O meu Pai lhes dará tudo o que vocês pedirem em meu nome. Até agora vocês não pediram nada em meu nome. Se vocês pedirem, vocês receberão, para que a alegria de vocês seja completa. —Eu tenho falado estas coisas a vocês por meio de parábolas, mas vai chegar o tempo em que eu não falarei mais assim. Eu falarei a vocês claramente a respeito do Pai. Nesse dia vocês vão pedir coisas ao Pai em meu nome e eu lhes digo que não vou precisar pedir ao Pai em favor de vocês, porque ele mesmo os ama. Ele ama a vocês porque vocês me têm amado e têm acreditado que eu vim de Deus. *** Eu vim do Pai para o mundo. Agora estou deixando o mundo e voltando para o Pai. Então os discípulos disseram: —Veja, agora o senhor está falando claramente e não com palavras que são difíceis de entender. Agora nós sabemos que o senhor conhece todas as coisas e que não precisa que ninguém lhe faça qualquer pergunta. Por isso nós acreditamos que o senhor veio de Deus. Jesus replicou: —Então agora vocês acreditam? Ouçam! Está chegando a hora—e na verdade já chegou—em que vocês serão espalhados, cada um de vocês irá para sua casa e me deixarão sozinho. Porém eu não estou sozinho, pois o meu Pai está comigo. —Eu digo isto a vocês para que, por meu intermédio, vocês encontrem paz. Vocês sofrem neste mundo, mas sejam corajosos. Eu venci o mundo! Depois de ter falado estas coisas, Jesus olhou para o céu e disse: —Pai, chegou a hora! Glorifique ao seu Filho para que o seu Filho possa glorificá-lo. Pois o senhor lhe deu poder sobre todos, para que ele pudesse dar a vida eterna para aqueles que o senhor deu a ele. E a vida eterna é esta: Que eles conheçam o senhor, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele por ele enviado. Eu o glorifiquei na terra e acabei o trabalho que me deu para fazer. Agora, Pai, glorifique-me em sua presença com a mesma glória que eu tinha com o senhor antes de o mundo ser criado. —O senhor me deu alguns homens do mundo e eu fiz o senhor conhecido entre eles. Embora eles fossem seus, o senhor os deu a mim e eles têm obedecido a sua palavra. Agora eles sabem que todas as coisas que o senhor me deu vêm do senhor. Eu dei a eles o mesmo ensinamento que o senhor me deu e eles aceitaram. Eles realmente sabem que eu vim do senhor e acreditam que o senhor me enviou. Eu estou orando por eles. Não oro pelo mundo, mas por aqueles que o senhor me deu, pois eles são seus. Tudo o que eu tenho é seu, e tudo o que o senhor tem é meu; e eu sou glorificado neles. Agora eu estou indo para onde o senhor está. Eles ainda vão ficar no mundo, mas eu não estarei mais aqui. Pai Santo! Guarde-os pelo poder de seu nome, o nome que o senhor me deu, para que eles sejam um só, assim como nós. Enquanto eu estava com eles, eu os guardei com o poder do seu nome, nome que o senhor me deu. Eu os protegi e nenhum se perdeu, a não ser o filho da perdição, para que acontecesse o que a Escritura diz. —Agora eu estou indo para onde o senhor está. Mas eu estou dizendo estas coisas enquanto ainda estou no mundo para que eles possam sentir dentro deles toda minha alegria. Eu tenho dado a eles o seu ensinamento, mas o mundo os odiou pois eles não pertencem ao mundo assim como eu também não pertenço. Não estou pedindo que o senhor os tire do mundo, mas que os guarde do maligno. Eles não pertencem ao mundo, assim como eu também não pertenço ao mundo. Que o senhor os torne seus por meio da verdade. O seu ensinamento é a verdade. Eu os enviei para o mundo assim como o senhor me enviou. A favor deles eu me entrego completamente ao senhor. Faço isso para que, mediante a verdade, eles possam pertencer ao senhor. —Eu não estou orando somente por eles, mas também por aqueles que ainda vão acreditar em mim por intermédio do ensino deles, para que todos sejam um só. Pai, oro também para que eles estejam em nós, assim como eu estou no senhor e o senhor está em mim. Que eles sejam um para que o mundo acredite que o senhor me enviou. Eu dei a eles a glória que o senhor me deu para que eles possam ser um, assim como o senhor e eu somos um; Eu neles e o senhor em mim, para que eles possam ser completamente unidos. Então o mundo vai entender que o senhor me enviou e que o senhor amou a eles assim como ama a mim. —Pai, eu quero que aqueles que o senhor me deu estejam comigo onde eu estiver. Eu quero que eles vejam a minha glória, glória que o senhor me deu porque o senhor me amou antes do mundo existir. Pai bondoso! O mundo não conhece o senhor, mas eu o conheço. E aqueles que acreditam em mim, sabem que foi o senhor que me enviou. Eu já mostrei o senhor a eles e ainda vou fazer isso outra vez. Eu vou fazer isso para que eles tenham o mesmo amor que o senhor tem por mim e eu viverei neles. Quando Jesus acabou de orar, atravessou o vale de Cedrom com os seus discípulos. Eles foram para o outro lado do vale, onde havia um jardim. (Judas, o traidor, conhecia aquele lugar, pois Jesus costumava ir ali com seus discípulos.) Então Judas foi para lá se encontrar com ele. Ele estava guiando alguns soldados romanos e um grupo de guardas do templo enviados pelos líderes dos sacerdotes e pelos fariseus. Eles estavam armados e levavam lanternas e tochas. Jesus sabia tudo o que ia acontecer. Por isso, deu alguns passos à frente e perguntou: —Quem vocês estão procurando? Eles responderam: —Jesus de Nazaré. Jesus disse: —Sou eu mesmo! (Judas, o traidor, estava ali com eles.) Quando Jesus lhes disse: “Sou eu mesmo”, eles se afastaram e caíram no chão. Então Jesus lhes perguntou outra vez: —Quem vocês estão procurando? E eles responderam: —Jesus de Nazaré. Jesus disse a eles: —Já lhes disse que sou eu. Se vocês estão procurando por mim, então deixem estes homens irem embora. Jesus falou isto para que acontecesse o que ele tinha dito antes: “Eu não perdi nenhum daqueles que você me deu”. Simão Pedro trazia consigo uma espada. Ele a tirou e atacou o criado do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. (O criado se chamava Malco). Jesus disse a Pedro: —Guarde a sua espada! Eu tenho que beber do cálice de sofrimento que meu Pai me deu. Em seguida, os soldados romanos juntamente com o seu comandante e os guardas do templo prenderam a Jesus e o amarraram. Então, levaram-no primeiro a Anás, sogro de Caifás, que era o sumo sacerdote daquele ano. (Caifás foi aquele que disse aos judeus: “É melhor que um homem morra pelo povo”.) Simão Pedro e outro discípulo seguiam atrás de Jesus. O outro discípulo conhecia o sumo sacerdote e, por isso, pôde entrar com Jesus no pátio da casa do sumo sacerdote. Pedro, porém, teve que ficar do lado de fora, perto da porta. Então, o discípulo que era conhecido do sumo sacerdote foi falar com a empregada que tomava conta da porta, e ela deixou Pedro entrar. Então, aquela que tomava conta da porta perguntou a Pedro: —Você também é um dos discípulos de Jesus, não é? Pedro respondeu: —Não, eu não sou! Estava frio e, por causa disso, os empregados e os guardas do templo tinham feito uma fogueira e se aqueciam de pé em volta dela. Pedro estava junto com eles. O sumo sacerdote estava fazendo perguntas a Jesus a respeito de seus discípulos e do seu ensino. Jesus respondeu a ele: —Eu tenho falado publicamente para todas as pessoas. Eu sempre ensinei nas sinagogas e no templo, onde os judeus se reúnem, e nunca disse nada em segredo. Por que você está me fazendo todas estas perguntas? Interrogue as pessoas que me ouviram. Elas sabem muito bem o que eu disse. Quando Jesus falou isto, um dos guardas que estavam ali lhe deu uma bofetada, e disse: —É assim que se responde ao sumo sacerdote? Jesus disse a ele: —Se eu falei alguma coisa errada, diga a todos em que eu errei. Mas, se eu falei bem, por que você me bate? Anás então mandou que Jesus fosse levado, ainda amarrado, a Caifás, o sumo sacerdote. Simão Pedro ainda estava lá, aquecendo-se perto da fogueira. Então lhe perguntaram: —Você não é um dos discípulos deste homem? Pedro negou e disse: —Não sou. Um dos criados do sumo sacerdote, parente do homem de quem Pedro tinha cortado a orelha, perguntou: —Não foi você que eu vi no jardim com ele? E mais uma vez Pedro negou Jesus. Nesse momento um galo cantou. Depois disto, levaram Jesus da casa de Caifás para o palácio do governador romano. Já era de manhã cedo. Os judeus, porém, não entraram no palácio, pois queriam continuar puros para poderem comer o jantar da Páscoa. Então, Pilatos foi até lá fora e perguntou-lhes: —De que é que vocês acusam este homem? Eles responderam: —Se ele não fosse um criminoso, nós não o teríamos trazido até o senhor. Então Pilatos disse aos judeus: —Por que vocês não o levam e não o julgam vocês mesmos, de acordo com a lei de vocês? Eles responderam: —Nossa lei não permite matar ninguém. (Isto aconteceu para que se cumprisse o que Jesus tinha dito a respeito da maneira pela qual ele ia morrer.) Então Pilatos entrou novamente no palácio, chamou a Jesus, e perguntou-lhe: —Você é o rei dos judeus? Jesus disse: —O senhor está fazendo esta pergunta por si mesmo, ou foram outros que lhe falaram de mim? Pilatos respondeu: —Você pensa que eu sou judeu? Pois eu não sou! Foi o seu povo e os líderes dos sacerdotes que trouxeram você até mim. O que foi que você fez? Jesus respondeu: —O meu reino não é deste mundo. Se ele fosse deste mundo, os meus servos lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus. O meu reino não é deste mundo. Pilatos disse: —Então você é um Rei? Jesus respondeu: —O senhor está dizendo que eu sou Rei e isso é verdade. Foi para falar sobre a verdade que eu nasci, e foi por causa disso que vim ao mundo. Todos os que estão do lado da verdade ouvem a minha voz. Pilatos perguntou: —O que é a verdade? Depois de dizer isto, ele foi novamente para onde os judeus estavam e lhes disse: —Eu não encontro nenhum motivo para condenar este homem. Já que é um costume entre vocês que eu lhes solte um preso na época da Páscoa, vocês querem que eu solte o “Rei dos judeus”? Então eles começaram a gritar, dizendo: —Não, esse não. Solte Barrabás! (Barrabás era um criminoso.) Então Pilatos mandou que levassem a Jesus para ser açoitado. Os soldados fizeram uma coroa de espinhos e a puseram na cabeça de Jesus, e o vestiram com um manto de púrpura. Depois, chegavam perto dele e diziam: —Viva o rei dos judeus! E davam bofetadas nele. E, mais uma vez, Pilatos saiu do palácio e disse aos judeus: —Escutem, eu vou trazer a Jesus aqui para fora. Eu quero que vocês saibam que não encontro nenhum motivo para condená-lo. Então Jesus saiu do palácio usando a coroa de espinhos e vestido com o manto de púrpura. Pilatos disse aos judeus: —Aqui está o homem! Quando os líderes dos sacerdotes e os guardas do templo viram a Jesus, começaram a gritar: —Pregue-o na cruz! Pregue-o na cruz! Então Pilatos respondeu: —Vocês que o levem e que o preguem na cruz vocês mesmos, pois eu não encontro nenhum crime nele. Os judeus responderam: —A nossa lei diz que ele deve morrer, pois ele afirma que é o Filho de Deus! (Quando Pilatos ouviu isto, ficou com mais medo ainda.) Pilatos entrou para o palácio outra vez e perguntou para Jesus: —De onde você é? Mas Jesus não respondeu nada. Pilatos então disse: —Você não quer responder? Você não sabe que tenho autoridade tanto para mandar soltá-lo como para mandar crucificá-lo? Jesus respondeu: —O senhor só tem autoridade sobre mim porque essa autoridade foi dada por Deus. Por isso, aquele que me entregou ao senhor é mais culpado do que o senhor. Depois de ouvir isto, Pilatos tentou encontrar um jeito de soltar a Jesus. Os judeus, porém, gritavam: —Se o senhor soltar esse homem, o senhor não é amigo do Imperador! Qualquer um que diz ser rei é inimigo do Imperador! Ao ouvir o que os judeus diziam, Pilatos levou a Jesus para fora, para um lugar chamado Calçada de Pedra (em aramaico chamava-se “Gabatá”), e ali se sentou no tribunal. Era por volta de meio-dia da sexta-feira da semana da Páscoa. Pilatos disse aos judeus: —Aqui está o Rei de vocês! Os judeus gritavam: —Fora com ele! Fora com ele! Pregue-o na cruz! Pilatos perguntou-lhes: —Vocês querem que eu pregue o seu Rei numa cruz? Os líderes dos sacerdotes responderam: —O único rei que temos é o Imperador. Então Pilatos entregou a Jesus para ser pregado na cruz e os soldados o levaram. Carregando a sua própria cruz, Jesus dirigiu-se para um lugar chamado Caveira (que em aramaico chamava-se “Gólgota”.) Ali pregaram a Jesus na cruz. E também outros dois homens foram pregados em cruzes com ele, um de cada lado e Jesus no meio. Pilatos também mandou escrever uma placa que dizia: “Jesus de Nazaré, rei dos judeus”, e mandou colocá-la na cruz. Muitos judeus puderam ler a placa porque o lugar onde Jesus foi pregado na cruz ficava perto da cidade e porque ela estava escrita em aramaico, latim e grego. Os líderes dos sacerdotes disseram a Pilatos: —Não escreva: “rei dos judeus”, mas escreva: Este homem disse: “Eu sou rei dos judeus”. Pilatos respondeu: —Aquilo que eu escrevi, escrevi! Depois de terem pregado a Jesus na cruz, os soldados pegaram as roupas dele e as dividiram em quatro partes, uma para cada um. Pegaram também sua túnica, mas ela era feita de uma só peça de pano, sem costura. Então disseram uns aos outros: —Não vamos rasgar a túnica! Vamos tirar a sorte para ver quem fica com ela. Isso aconteceu para que se cumprisse o que dizem as Escrituras: “Dividiram a minha roupa entre si, e tiraram a sorte pela minha túnica”. E os soldados assim o fizeram. A mãe de Jesus estava perto da cruz junto com a irmã dela. Também lá estavam Maria, que era a mulher de Clopas, e Maria Madalena. Quando Jesus viu que sua mãe e o discípulo que ele amava estavam ali, ele disse para sua mãe: —Senhora, aí está o seu filho. Depois disse ao discípulo: —Aí está a sua mãe. Daquele momento em diante, o discípulo a levou para morar em sua casa. Depois disto, Jesus percebeu que tudo já estava terminado. Mas, para que acontecesse o que dizem as Escrituras, ele disse: —Tenho sede! Havia ali uma vasilha cheia de vinagre de vinho. Os soldados puseram uma esponja numa vara de hissopo, molharam-na no vinagre da vasilha e a levaram até a boca de Jesus. Depois que Jesus provou o vinagre, disse: —Está terminado! Então abaixou a cabeça e morreu. Tudo isto aconteceu na sexta-feira. Os judeus não queriam que os corpos ficassem na cruz até o dia seguinte, pois era um sábado muito especial. Pediram então a Pilatos que mandasse quebrar as pernas dos homens e tirar os corpos de lá. Quando os soldados chegaram, quebraram as pernas do homem que estava de um lado de Jesus. Depois quebraram as pernas do homem que estava do outro lado de Jesus. Mas, quando chegaram perto de Jesus, viram que ele já estava morto e não quebraram as pernas dele. Um dos soldados, porém, atravessou o lado de Jesus com uma lança, fazendo sair sangue e água. (Quem viu isto acontecer deu testemunho e o seu testemunho é verdadeiro. Ele sabe que fala a verdade para que vocês possam ter fé.) Foi assim para que se cumprisse o que dizem as Escrituras: “Nenhum dos seus ossos será quebrado”. E também uma outra Escritura diz: “E eles olharão para aquele a quem traspassaram”. Mais tarde, um homem de Arimatéia chamado José pediu a Pilatos o corpo de Jesus. (José era um discípulo de Jesus, mas em segredo, porque tinha medo dos judeus.) Pilatos deu permissão a José e ele veio e levou o corpo de Jesus. Nicodemos, aquele que tinha ido falar com Jesus à noite, também foi com José. Ele tinha levado um bálsamo feito de uma mistura de mirra e aloés que pesava uns trinta quilos. Os dois levaram o corpo de Jesus e o enrolaram em tiras de lençóis de linho perfumadas com o bálsamo. (Era assim que os judeus enterravam os mortos.) Havia um jardim no lugar onde Jesus foi crucificado. Nesse jardim havia um túmulo novo, onde ninguém ainda tinha sido enterrado. Puseram então o corpo de Jesus nesse túmulo, pois ficava perto e também porque os judeus estavam se preparando para o sábado. No domingo bem cedo, quando ainda estava escuro, Maria Madalena foi ao túmulo e viu que a pedra tinha sido retirada da entrada. Então Maria correu e foi se encontrar com Simão Pedro e o outro discípulo, aquele que Jesus amava e lhes disse: —Tiraram o Senhor do túmulo e não sabemos onde o puseram! Ao ouvir isto, Pedro e o outro discípulo saíram e foram para o túmulo. Ambos estavam correndo juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa do que Pedro e chegou ao túmulo primeiro. Ele se abaixou para olhar para dentro do túmulo e viu as tiras de lençóis de linho no chão, mas não entrou. Simão Pedro, que vinha logo atrás, chegou e entrou no túmulo. Ele viu os lençóis de linho, e viu também o lenço que tinha sido enrolado em volta da cabeça de Jesus. O lenço não estava junto com as tiras de lençóis, mas tinha sido dobrado e estava num lugar separado. Então o outro discípulo, que tinha chegado ao túmulo primeiro, também entrou. Ele viu e creu. (Eles ainda não tinham entendido as Escrituras, segundo as quais Jesus tinha que ressuscitar.) Depois disto, os discípulos foram para casa. Maria Madalena, porém, ficou chorando do lado de fora do túmulo. Enquanto chorava, ela se abaixou e olhou para dentro do túmulo. Então, ela viu dois anjos vestidos de branco sentados no lugar onde o corpo de Jesus tinha estado. Um estava no lugar da cabeça e outro no lugar dos pés. Eles lhe perguntaram: —Por que a senhora está chorando? Ela respondeu: —Tiraram o meu Senhor daqui e eu não sei onde o puseram. Ao dizer isto, ela se virou e viu Jesus ali em pé, mas não sabia que era ele. Jesus lhe disse: —Por que a senhora está chorando? Quem a senhora está procurando? Maria pensou que ele fosse o jardineiro e respondeu: —Se foi o senhor que o tirou daqui, diga-me onde o senhor o colocou e eu irei buscá-lo. Jesus disse a ela: —Maria! Ela então se virou para ele e disse em aramaico: —Raboni!—(que quer dizer “Mestre”). Jesus lhe disse: —Não me detenha, pois ainda não fui para o meu Pai. Vá e diga isto aos meus irmãos: “Eu vou subir para aquele que é meu Pai e Pai de vocês; meu Deus e Deus de vocês”. Então Maria Madalena foi e disse aos discípulos: —Eu vi o Senhor! E contou a eles o que o Senhor tinha dito a ela. Nesse mesmo domingo, ao anoitecer, os discípulos se reuniram. Como tinham medo dos judeus, trancaram as portas. Jesus apareceu no meio deles e disse: —A paz esteja com vocês! Depois de ter dito isto, Jesus mostrou a eles as suas mãos e o seu lado. Ao verem o Senhor, os discípulos ficaram muito alegres. E Jesus disse de novo: —A paz esteja com vocês! Assim como o Pai me enviou, eu agora também envio vocês. Depois de ter dito isto, Jesus soprou sobre eles e disse: —Recebam o Espírito Santo. Se vocês perdoarem os pecados de alguém, esses pecados estão perdoados; porém, se não perdoarem, não estão perdoados. Tomé (chamado Dídimo), um dos doze discípulos, não estava com eles quando Jesus lhes apareceu. Os outros discípulos disseram a Tomé: —Vimos o Senhor! Ele, porém, respondeu: —Enquanto eu não vir as marcas dos pregos em suas mãos, não tocar nelas com o meu dedo e não puser a minha mão no seu lado, eu não acreditarei. Uma semana depois, os discípulos se reuniram de novo e, desta vez, Tomé também estava com eles. As portas estavam trancadas, mas Jesus apareceu no meio deles e disse: —A paz esteja com vocês! Depois disse a Tomé: —Ponha aqui o seu dedo e olhe para as minhas mãos. Estenda também a mão e ponha no meu lado. Não duvide mais, mas acredite. Tomé respondeu: —Meu Senhor e meu Deus! Então Jesus lhe disse: —Você acredita porque me viu? Felizes daqueles que acreditam sem me ver! Jesus fez diante dos seus discípulos muitos outros milagres que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para que vocês acreditem que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, acreditando, tenham vida pelo seu nome. Depois disso, Jesus apareceu outra vez aos seus discípulos perto do Mar de Tiberíades. Foi assim: Estavam juntos Simão Pedro, Tomé (chamado Dídimo), Natanael (de Caná da Galiléia), os dois filhos de Zebedeu e outros dois discípulos. Simão Pedro disse aos outros: —Vou pescar. Os outros discípulos disseram: —Nós também vamos com você. Então eles foram e entraram no barco, mas naquela noite não pegaram nada. De manhã, quando começou a clarear, Jesus estava na praia, mas os discípulos não sabiam que era ele. Jesus perguntou a eles: —Amigos, vocês não pescaram nada? E eles responderam: —Não, nada. Então Jesus disse a eles: —Joguem a rede do lado direito do barco e vocês encontrarão alguma coisa. Eles jogaram a rede e logo depois já não podiam puxá-la para dentro do barco por causa da grande quantidade de peixes. O discípulo que Jesus amava disse a Pedro: —É o Senhor! Quando Pedro o ouviu dizer isto, amarrou o roupão à sua volta (pois o tinha tirado) e se jogou na água. Os outros discípulos continuaram no barco, arrastando a rede cheia de peixes. Eles não estavam muito longe da praia, apenas a uns cem metros. Quando os discípulos desceram do barco, viram uma fogueira com peixes nas brasas, e pão. Então Jesus disse: —Tragam alguns dos peixes que vocês acabaram de pescar. Simão Pedro entrou no barco e puxou a rede até à margem. A rede estava cheia com cento e cinqüenta e três grandes peixes e, mesmo assim, ela não arrebentou. Jesus lhes disse: —Venham comer. (Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem ele era, pois todos sabiam que era o Senhor.) Jesus chegou perto, pegou o pão e repartiu entre eles. E fez a mesma coisa com os peixes. (Esta foi a terceira vez que Jesus apareceu aos seus discípulos depois de ter ressuscitado dos mortos.) Quando acabaram de comer, Jesus disse a Simão Pedro: —Simão, filho de João, você me ama mais do que estes? Ele respondeu: —Sim, Senhor, o senhor sabe que eu o amo. Jesus disse: —Cuide dos meus cordeiros. E pela segunda vez Jesus perguntou: —Simão, filho de João, você me ama? E ele respondeu: —Sim, Senhor, o senhor sabe que eu o amo. Jesus disse: —Cuide das minhas ovelhas. E Jesus perguntou pela terceira vez: —Simão, filho de João, você me ama? Pedro ficou triste, por Jesus ter perguntado ainda uma terceira vez se ele o amava e disse: —Senhor, o senhor sabe tudo! Sabe que eu o amo. Então Jesus lhe disse: —Cuide das minhas ovelhas. Digo-lhe a verdade: Quando você era jovem, você mesmo amarrava a sua roupa em torno de você e ia para onde queria. Quando, porém, ficar velho, você estenderá as mãos e outra pessoa o amarrará e o levará para onde você não vai querer ir. (Jesus disse isto para mostrar a maneira pela qual Pedro iria morrer e glorificar a Deus.) Depois Jesus disse a Pedro: —Siga-me! Pedro se voltou e viu o discípulo que Jesus amava andando atrás dele. (Esse discípulo era o mesmo que se inclinara para perto de Jesus no dia do jantar, perguntando: “Senhor, quem vai traí-lo?”) Quando Pedro o viu atrás deles, perguntou a Jesus: —E quanto a ele, Senhor? Jesus respondeu: —Se eu quiser que ele fique aqui até eu voltar, o que você tem com isso? Quanto a você, siga-me! Por causa disso, espalhou-se entre os seguidores de Jesus um boato de que aquele discípulo não morreria. Mas Jesus não tinha dito que o discípulo não iria morrer, mas sim: “Se eu quiser que ele fique aqui até eu voltar, o que você tem com isso?” Este é o discípulo que dá testemunho a respeito destas coisas e que as escreveu. E sabemos que o seu testemunho é verdadeiro. Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se todas essas coisas fossem escritas, uma por uma, acho que nem no mundo inteiro caberiam os livros que seriam escritos. No meu primeiro livro, Teófilo, eu escrevi a respeito de todas as coisas que Jesus fez e ensinou desde o princípio até o dia em que foi levado para o céu. Antes, porém, por meio do Espírito Santo, Ele deu instruções aos apóstolos que tinha escolhido. Depois de sua morte, Jesus se apresentou vivo aos apóstolos e lhes deu muitas e indiscutíveis provas de que estava vivo. Ele lhes apareceu durante quarenta dias e lhes falou a respeito do reino de Deus. Numa ocasião, quando estava comendo com eles, Ele lhes deu esta ordem: —Não saiam de Jerusalém, mas esperem pela promessa do Pai, da qual eu lhes falei. Pois João batizava em água, mas vocês serão batizados no Espírito Santo, daqui a alguns dias. Quando os apóstolos estavam reunidos com Jesus, eles lhe perguntavam: —É agora, Senhor, que vai devolver o reino para Israel? Ele lhes disse: —O Pai é o único que tem autoridade de decidir sobre datas e tempos; não cabe a vocês saber essas coisas. Mas receberão poder, quando o Espírito Santo vier sobre vocês, e então serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a região da Judéia e Samaria e também pelos quatro cantos do mundo. Depois de dizer isto, Jesus foi levado para o céu diante deles; e uma nuvem o cobriu, escondendo-o deles. Eles continuaram olhando para o céu enquanto Jesus se afastava. De repente, dois homens vestidos de branco apareceram ao lado deles, e disseram: —Homens da Galiléia, por que vocês estão aqui de pé olhando para o céu? Esse mesmo Jesus que foi levado de vocês para o céu voltará da mesma maneira que o viram partir. Depois disto, os discípulos voltaram para Jerusalém. Eles estavam no Monte das Oliveiras, que ficava mais ou menos a um quilômetro de distância. Quando chegaram, foram para uma sala que ficava no andar de cima de uma casa, pois era ali que eles iam ficar. Eram eles: Pedro, João, Tiago e André; Filipe, Tomé, Bartolomeu e Mateus; Tiago, o filho de Alfeu, Simão, o Zelote, e Judas, o irmão de Tiago. Eles estavam sempre juntos e se dedicavam à oração. Com eles estavam também algumas mulheres, os irmãos de Jesus e Maria, a mãe dele. Naqueles dias, Pedro se levantou no meio dos irmãos (havia naquele lugar mais ou menos cento e vinte pessoas) e disse: —Meus irmãos! As coisas que o Espírito Santo revelou por meio de Davi a respeito de Judas, e que estão nas Escrituras, tinham que acontecer. Foi Judas que guiou os homens que prenderam a Jesus. Esse homem era do nosso grupo e ajudava no nosso serviço. Ele comprou um campo com o dinheiro que ganhou pela sua maldade e foi lá que ele caiu de cabeça para baixo e se arrebentou e os seus intestinos se esparramaram. Todos em Jerusalém ficaram sabendo disso e o campo ficou conhecido na própria língua deles como “Aceldama”, que quer dizer “Campo de Sangue”. Pois assim está escrito no livro dos Salmos: “Que a sua habitação fique deserta e que ninguém viva nela”. e também: “Que outra pessoa fique com o seu cargo”. Por isso, é necessário escolher um dos homens que esteve conosco todo o tempo em que o Senhor Jesus também esteve, começando pelo batismo de João, até o dia em que Jesus foi para o céu, para que juntos possamos ser testemunhas da sua ressurreição. Então eles sugeriram estes dois homens: José, chamado Barsabás, mas também conhecido como Justo, e Matias. Depois eles oraram, dizendo: —O Senhor conhece os corações de todos. Então mostre-nos qual destes dois homens deve trabalhar conosco e ocupar o cargo de apóstolo que Judas abandonou para ir para o seu próprio lugar. Eles sortearam entre os dois e a sorte saiu para Matias, que foi incluído no grupo dos onze apóstolos. Quando chegou o dia de Pentecostes, todos eles estavam reunidos no mesmo lugar. De repente veio do céu um som parecido com o de uma ventania, e que encheu toda a casa onde eles estavam sentados. E então apareceram línguas como de fogo que se espalharam e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, de acordo com o que o Espírito lhes concedia que falassem. Estavam morando em Jerusalém judeus cheios de fé, que tinham vindo de todas as nações do mundo. Ao ouvirem aquele som, a multidão se ajuntou e todos ficaram muito admirados, pois cada um os ouvia falar em sua própria língua. Surpresos e assombrados, diziam uns aos outros: —Não são galileus todos estes homens que estão falando? Como é, então, que cada um de nós os ouve falar em nossa própria língua nativa? Viemos da Pártia, da Média, do Elão, da Mesopotâmia, da Judéia, da Capadócia, do Ponto, da Ásia, da Frígia, da Panfília, do Egito e das regiões da Líbia, que fica perto de Cirene. Alguns de nós são de Roma, outros vieram de Creta e outros da Arábia. Alguns são judeus e outros são convertidos ao judaísmo. Nós os estamos ouvindo falar sobre a grandeza de Deus em nossas próprias línguas! Eles estavam todos admirados e sem saber o que pensar, e diziam uns aos outros: —O que quer dizer tudo isto? Outros, porém, faziam pouco deles e diziam: —Eles estão bêbados. Então Pedro se levantou junto com os onze apóstolos e, em voz bem alta, começou a falar para a multidão, dizendo: —Homens da Judéia! Todos vocês que estão morando em Jerusalém! Deixem que eu lhes diga uma coisa e prestem muita atenção ao que eu vou dizer. Estes homens não estão bêbados como vocês pensam que estão, pois mal passa das nove horas da manhã! Ao contrário! O que está acontecendo diz respeito ao que o profeta Joel falou: “Nos últimos dias—diz Deus—derramarei o meu Espírito sobre todas as pessoas; seus filhos e suas filhas profetizarão, os jovens terão visões e os velhos terão sonhos. Sim, naqueles dias derramarei o meu Espíritonos meus servos homens e mulheres, e eles profetizarão. Eu mostrarei maravilhas em cima, no céu, e sinais em baixo, na terra. Haverá sangue e fogo e nuvens de fumaça. O sol se transformará em escuridão e a lua em sangue, antes de vir o grande e glorioso dia do Senhor. E todos os que procurarem pelo Senhor serão salvos”. —Homens de Israel! Escutem o que eu vou dizer: Jesus de Nazaré foi um homem cujas credenciais foram aprovadas por Deus entre vocês, por meio de muitos milagres, maravilhas e sinais que o próprio Deus realizou por meio dele, como vocês bem sabem. Esse homem foi entregue a vocês de acordo com o propósito e o prévio conhecimento de Deus; e vocês, com a ajuda de homens maus, mataram-no, crucificando-o. Deus, porém, o ressuscitou, livrando-o das dores da morte, pois não era possível que Ele fosse dominado por ela. Pois Davi disse isto a respeito dele: “Eu vi o Senhor sempre à minha frente; Ele está à minha direita para que eu não seja abalado. Por isso, o meu coração está feliz, a minha boca fala coisas alegres e o meu corpo vive em esperança. Isso acontece porque o senhor não abandonará a minha alma no mundo dos mortos e também não permitirá que o seu Santo entre em decomposição. O Senhor me revelou os caminhos da vida e me encherá de alegria com a sua presença”. —Irmãos! Eu posso lhes dizer com confiança a respeito do patriarca Davi: Ele morreu, foi sepultado e o seu túmulo se encontra entre nós até os dias de hoje. Ele era um profeta e sabia que Deus lhe tinha jurado que um dos seus descendentes se sentaria no seu trono. Vendo antecipadamente, Davi falou a respeito da ressurreição de Cristo. Davi disse que Cristo não seria abandonado no lugar dos mortos e também que seu corpo não entraria em decomposição. Deus ressuscitou a Jesus e nós somos testemunhas disso. Depois de ter sido levado para a direita de Deus, Ele recebeu do Pai o Espírito Santo, que o próprio Pai havia prometido, e derramou o que vocês agora estão vendo e ouvindo. Porque não foi Davi quem subiu para o céu e ele mesmo diz: “O Senhor disse ao meu Senhor: Sente-se aqui do meu lado direito até que eu ponha os seus inimigos debaixo dos seus pés”. Portanto que todo o Israel tenha certeza de que esse mesmo Jesus, a quem vocês crucificaram, Deus o fez Senhor e Cristo! Ao ouvirem aquilo, todos sentiram um profundo remorso e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: —O que devemos fazer então, irmãos? Pedro lhes disse: —Arrependam-se e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo, para o perdão dos pecados de vocês. Então receberão o dom do Espírito Santo. Pois esta promessa é para vocês, para seus filhos e para todos aqueles que estão longe e a quem o Senhor, nosso Deus, chamar para si. E Pedro continuava a testemunhar, e os encorajava com muitas outras palavras, dizendo: —Salvem-se desta geração má! Aqueles que aceitaram a sua mensagem foram batizados e, mais ou menos, três mil pessoas foram adicionadas naquele dia. Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos, à comunhão, ao partir do pão e às orações. Os apóstolos fizeram muitos sinais e maravilhas, e um sentimento de muito respeito tomou conta de todos. Todos os que creram ficavam juntos e repartiam tudo o que tinham. Eles venderam suas propriedades e os seus bens e distribuíram entre todos, conforme a necessidade de cada um. Eles se reuniam no templo todos os dias, e dividiam o pão de casa em casa, repartindo a comida com alegria e com sinceridade no coração. Eles louvavam a Deus e eram estimados por todas as pessoas. E todos os dias o Senhor aumentava aquele grupo com pessoas que iam sendo salvas. Certo dia, às três horas da tarde—hora da oração—Pedro e João foram ao templo. Havia no templo um portão chamado Formoso. Todos os dias um homem que era paralítico desde que nascera era carregado até lá. Ele ficava perto do portão pedindo esmolas às pessoas que iam para o templo. Quando este homem viu a Pedro e João prestes a entrar no templo, pediu-lhes uma esmola. Pedro, assim como João, olharam bem para ele e disseram: —Olhe para nós! O homem olhou para eles, esperando receber alguma coisa deles. Mas Pedro lhe disse: —Eu não tenho nenhum dinheiro para dar, mas vou lhe dar o que tenho: Em nome de Jesus Cristo de Nazaré: levante-se e ande! E, puxando-o pela mão direita, Pedro o levantou. No mesmo instante, os seus pés e tornozelos ficaram fortes e, dando um salto, o homem se colocou de pé e começou a andar. Ele entrou no templo com eles, andando, saltando e louvando a Deus. Todas as pessoas o viram andar e a louvar a Deus, e reconheceram que ele era o homem que estava sempre pedindo esmolas perto do portão Formoso do templo. Todos ficaram admirados e maravilhados com o que tinha acontecido com ele. O homem se agarrou a Pedro e João, e todas as pessoas, admiradas, corriam para onde eles estavam, no lugar chamado Alpendre de Salomão. Quando Pedro viu isso, disse ao povo: —Homens de Israel! Por que vocês ficaram admirados com isto? Por que vocês nos olham como se fosse pelo nosso próprio poder ou virtude que tivéssemos feito este homem andar? O Deus dos nossos antepassados, o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, glorificou ao seu servo Jesus. Vocês, porém, o entregaram às autoridades para ser morto e também o rejeitaram diante de Pilatos; e quando Pilatos quis soltá-lo, vocês não quiseram. Vocês rejeitaram o Santo e o Justo e pediram que um assassino fosse libertado em seu lugar. Vocês mataram o Autor da vida, mas Deus o ressuscitou, e nós somos testemunhas disso. Pela fé no poder de Jesus, esse mesmo poder fortaleceu a este homem que vocês vêem e conhecem. Sim, foi a fé que vem por meio de Jesus que curou completamente este homem diante de todos vocês. —Agora, irmãos, eu sei que tanto vocês como os seus líderes fizeram o que fizeram por ignorância. Foi dessa maneira que Deus fez com que acontecesse aquilo que Ele tinha dito pela boca de todos os profetas: que o seu Cristo tinha de sofrer. Portanto, arrependam-se e voltem-se para Deus para que os pecados de vocês sejam apagados; para que, da presença de Deus, venham tempos de alívio e também para que Deus possa enviar o Cristo que já escolheu para vocês, isto é, Jesus. —Mas é preciso que Jesus permaneça no céu até chegar o tempo de todas as coisas serem renovadas. Deus nos falou a respeito dessas coisas há muito tempo atrás, pela boca dos seus santos profetas. Pois Moisés disse: “O Senhor seu Deus lhes dará um profeta como eu, e esse profeta virá do meio do seu próprio povo. Vocês devem obedecer a tudo o que Ele lhes disser. Qualquer pessoa que não obedecer àquele profeta será completamente eliminada do povo”. Todos os profetas, começando por Samuel e indo até todos os que vieram depois dele, falaram a respeito destes dias. Vocês são os descendentes dos profetas e da aliança que Deus fez com os antepassados de vocês. Ele disse a Abraão: “Todas as pessoas do mundo serão abençoadas por meio de sua descendência”. Quando Deus ressuscitou o seu servo, Ele o enviou primeiro a vocês, para que cada um de vocês fosse abençoado ao abandonar a sua vida de pecados. Os sacerdotes, o capitão da guarda do templo e os saduceus se aproximaram enquanto eles ainda estavam falando. Eles ficaram irritados porque Pedro e João estavam ensinando o povo e proclamando a ressurreição dos mortos por meio de Jesus. Então prenderam os dois e os puseram na cadeia até o dia seguinte, pois já era muito tarde. No entanto, muitos dos que ouviram a mensagem acreditaram e o número de homens subiu para cinco mil. No dia seguinte, os líderes do povo, os anciãos e os professores da lei se reuniram em Jerusalém. Também estavam presentes: Anás, o sumo sacerdote, Caifás, João, Alexandre e todos os que pertenciam à família do sumo sacerdote. Ao colocar os apóstolos no meio deles, começaram a fazer-lhes perguntas: —Com que poder ou em nome de quem é que vocês fizeram isso? Pedro, então, cheio do Espírito Santo, disse-lhes: —Líderes do povo e anciãos! Parece que hoje nós estamos sendo interrogados por causa da boa ação que fizemos ao homem paralítico, e de como ele foi curado. Muito bem! Então fiquem todos vocês e todo o povo de Israel sabendo que este homem se apresenta curado diante de vocês pelo poder de Jesus Cristo de Nazaré, o mesmo a quem vocês crucificaram e a quem Deus ressuscitou. Ele é “a pedra que vocês, os construtores, rejeitaram e que passou a ser a mais importante”. E não há salvação em mais ninguém, pois não há nenhum outro nome debaixo do céu dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos. Os membros do Conselho Superior ficaram admirados com a coragem de Pedro e de João, pois sabiam que eles eram homens simples e sem cultura. Eles reconheceram, então, que os dois tinham sido companheiros de Jesus. Eles não puderam dizer nada, pois o homem que tinha sido curado estava de pé, ali, entre eles. Os membros do Conselho Superior ordenaram que os dois saíssem, e começaram a discutir entre si: —O que podemos fazer a estes homens? Está claro para todas as pessoas que vivem em Jerusalém que um milagre notável foi feito entre elas e isso nós não podemos negar! No entanto, para que isto não se espalhe ainda mais pelo povo, vamos ameaçá-los e dizer para que não falem neste nome a mais ninguém. E, chamando os dois novamente, mandaram que eles nunca mais dissessem ou ensinassem coisa alguma a ninguém em nome de Jesus. Mas Pedro e João lhes disseram: —Vocês decidam se é certo diante de Deus obedecer a vocês ao invés de obedecer a Ele. Nós não podemos deixar de falar a respeito das coisas que vimos e ouvimos! Então, os membros do Conselho Superior os ameaçaram ainda mais e depois os deixaram ir embora. Eles não viam uma forma sequer de castigá-los, pois todo o povo estava dando graças a Deus pelo que tinha acontecido. O homem que fora curado pelo milagre tinha mais de quarenta anos. Quando foram libertados, Pedro e João voltaram para junto de seus companheiros e lhes contaram tudo o que os líderes dos sacerdotes e os anciãos tinham dito a eles. Quando ouviram aquilo, todos juntos oraram a Deus, dizendo: —Mestre! O Senhor fez o céu, a terra, o mar, e tudo o que neles existe. O Senhor disse por meio do Espírito Santo, pela boca do nosso antepassado Davi, seu servo: “Por que as nações se mostraram tão arrogantes e as pessoas conspiraram em vão? Os reis da terra se preparam para a batalha, e os líderes se reúnem contra o Senhor e contra o seu escolhido, Cristo”. Sim, pois Herodes, Pôncio Pilatos, os judeus e os que não são judeus se reuniram nesta cidade contra o seu santo servo, Jesus, a quem o Senhor ungiu. Eles se reuniram para fazer todas as coisas que o Senhor, pelo seu poder e vontade, já, há muito tempo, tinha decidido que deveriam acontecer. E agora, Senhor, ouça as ameaças deles e dê aos seus servos habilidade para falarem a sua mensagem com toda a coragem. Enquanto isso, estenda a sua mão poderosa para curar, e faça com que sinais e coisas maravilhosas sejam feitos pelo poder do seu santo servo Jesus. Quando acabaram de orar, o lugar onde eles tinham se reunido tremeu; todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar a mensagem de Deus com coragem. Todo o grupo dos que creram parecia ter um só coração e uma só alma. Ninguém dizia que qualquer coisa que tivesse era só sua; ao contrário, eles repartiam tudo o que tinham. Com grande poder, os apóstolos davam testemunho a respeito da ressurreição do Senhor Jesus e grandes bênçãos de Deus eram derramadas sobre todos eles. Ninguém do grupo passava necessidades, pois todos os que tinham casas ou terrenos os vendiam e levavam o dinheiro da venda para os apóstolos. Então se distribuía a cada um conforme a sua necessidade. José, a quem os apóstolos deram o sobrenome de Barnabé (que quer dizer “filho de encorajamento”), levita, que havia nascido em Chipre, vendeu um terreno que possuía, levou todo o dinheiro e o colocou aos pés dos apóstolos. Entretanto, havia um homem chamado Ananias que, junto com sua mulher Safira, vendeu uma propriedade e levou somente parte do dinheiro para os apóstolos, guardando o restante para ele. Safira sabia disso e concordou com a atitude do marido. Então Pedro lhe disse: —Ananias, por que você deixou que Satanás enchesse o seu coração, para que mentisse ao Espírito Santo, ficando com parte do dinheiro da venda do terreno? O terreno não era seu, antes de você vendê-lo? E depois que você o vendeu, não tinha a liberdade de fazer o que quisesse com o dinheiro? Por que decidiu fazer isso? Você não mentiu para os homens, mas sim para Deus! Ao ouvir estas palavras, Ananias caiu morto, e todos os que souberam dessas coisas ficaram com muito medo. Alguns jovens se levantaram, cobriram-lhe o corpo, levaram para fora e o enterraram. Mais ou menos três horas mais tarde chegou Safira, ainda sem saber o que tinha acontecido a seu marido. Pedro, então, lhe perguntou: —Diga-me uma coisa: Foi por este preço que você e o seu marido venderam o terreno? Ela respondeu: —Sim, foi por essa quantia. Então Pedro lhe disse: —Por que você e seu marido concordaram em pôr à prova o Espírito do Senhor? Olhe! Os jovens que acabaram de enterrar seu marido estão aí e agora eles vão levar você também. E no mesmo instante ela caiu morta aos pés de Pedro. Ao entrarem os jovens, viram na morta e a levaram para fora e a enterraram ao lado de seu marido. E um grande temor veio sobre toda a igreja e sobre todos aqueles que ficaram sabendo dessas coisas. Os apóstolos faziam muitos sinais e maravilhas entre o povo e todos se reuniam no Alpendre de Salomão. Dos restantes, ninguém se atrevia a juntar-se a eles, mas o povo falava muito bem deles. E mais e mais pessoas, tanto homens como mulheres, criam no Senhor e eram adicionados ao grupo. E, como resultado disso, o povo levava os doentes para as ruas e os colocava em camas e macas para que, quando Pedro passasse, ao menos a sua sombra tocasse em alguns deles. Multidões de pessoas também vinham das cidades próximas a Jerusalém. Elas levavam os seus doentes e aqueles que eram atormentados por demônios e todos eram curados. O sumo sacerdote e os seus associados, isto é, os saduceus, ficaram com muita inveja. Então, mandaram prender os apóstolos e os colocaram numa cadeia pública. Durante a noite, um anjo do Senhor abriu as portas da prisão, os levou para fora e disse: —Vão para o templo e digam para as pessoas todas as coisas a respeito desta nova vida. Ao ouvir isto, eles foram para o templo assim que amanheceu, e começaram a ensinar. Quando o sumo sacerdote e os seus associados chegaram, mandaram convocar o Conselho Superior e toda a assembléia dos anciãos de Israel. Depois eles mandaram buscá-los na cadeia. Quando os guardas chegaram à prisão, eles não encontraram os apóstolos. Então voltaram e contaram isto: —Nós encontramos a prisão bem fechada, e também os guardas ao lado das portas mas, quando as abrimos, não havia ninguém lá dentro. Quando o capitão da guarda do templo e os líderes dos sacerdotes ouviram isto, ficaram sem saber o que pensar sobre eles e o que poderia acontecer em seguida. Depois entrou alguém e disse: —Os homens que vocês puseram na cadeia estão no templo ensinando o povo! Então, o capitão e os guardas foram até lá e os levaram de volta. Eles não usaram de violência porque tinham medo que o povo os apedrejasse. Eles os levaram para dentro e os puseram diante do Conselho Superior. O sumo sacerdote começou a interrogá-los, dizendo: —Nós mandamos que vocês não ensinassem mais nesse nome, e vejam o que vocês fizeram! Vocês encheram Jerusalém com esse ensino e querem colocar a culpa da morte dele sobre nós! Pedro e os outros apóstolos disseram: —Nós devemos obedecer a Deus e não aos homens. O Deus de nossos antepassados ressuscitou a Jesus, a quem vocês mataram, pendurando-o numa cruz de madeira. Deus o exaltou, colocando-o à sua direita como Líder e Salvador, para que Ele pudesse dar arrependimento e perdão de pecados a Israel. Nós somos testemunhas destas coisas; e o Espírito Santo, que Deus deu a todos os que lhe obedecem, também é testemunha. Quando ouviram isto, eles ficaram furiosos e queriam matá-los. Mas, entre as pessoas que estavam no Conselho Superior, levantou-se certo fariseu chamado Gamaliel. Ele era professor da lei e todos o respeitavam. Ele mandou que os homens fossem levados para fora por um pouco de tempo e depois disse ao Conselho: —Homens de Israel! Tenham cuidado com o que vocês vão fazer a estes homens! Há algum tempo atrás apareceu Teudas, insinuando ser ele alguém muito importante, e mais ou menos quatrocentos homens o seguiram. Teudas foi morto, os que o seguiam foram dispersos, e nada mais aconteceu. Depois dele veio Judas, o galileu; ele apareceu durante o período do recenseamento e, da mesma forma, algumas pessoas o seguiram. Ele também foi morto e todos que o seguiam também foram dispersos. Portanto, para esta situação de agora eu lhes digo: Afastem-se destes homens e deixem que eles vão embora! Se este plano ou esta obra que eles fazem vem de homens, ela também falhará, como as outras. Mas se a obra deles vem de Deus, vocês não conseguirão pará-los, e pode ser que vocês se achem lutando contra Deus. O tribunal decidiu aceitar o conselho de Gamaliel. Eles mandaram chamar os apóstolos e, depois de os açoitarem, ordenaram que não falassem mais no nome de Jesus. Depois disso, deixaram que fossem embora. Os apóstolos deixaram o Conselho Superior contentes por terem sido considerados dignos de sofrer por causa do nome de Jesus. E todos os dias, quer no templo, quer de casa em casa, eles nunca paravam de ensinar e proclamar as Boas Novas a respeito de Jesus Cristo. Naqueles dias, ao se multiplicar o número dos discípulos, houve queixas daqueles judeus que falavam grego contra os judeus que falavam aramaico, pois as suas viúvas não estavam sendo atendidas na distribuição diária. Os doze apóstolos reuniram todo o grupo de discípulos e disseram: —Não está certo deixarmos de ensinar a mensagem de Deus para fazermos a distribuição diária. Irmãos! Escolham entre vocês sete homens de confiança e que estejam cheios do Espírito e de sabedoria para que nós os encarreguemos deste serviço. Dessa forma poderemos nos dedicar à oração e ao ensino da mensagem de Deus. A sugestão agradou a toda a comunidade e eles escolheram: Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo; Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, que era de Antioquia e tinha se tornado judeu. Os discípulos apresentaram estes homens aos apóstolos, e estes oraram e impuseram as suas mãos sobre eles. A mensagem do Senhor se espalhava. O número de discípulos em Jerusalém se multiplicava e também um grande número de sacerdotes judeus aceitava a fé. Estêvão, um homem muito abençoado por Deus e cheio de poder, fez grandes maravilhas e sinais entre o povo. Mas alguns dos homens da “Sinagoga dos Homens Livres” (era assim que a chamavam), opuseram-se a ele. Eles eram judeus da região de Cirene, de Alexandria, da Cilícia e da Ásia e começaram a discutir com Estêvão. Esses judeus, porém, não conseguiam vencer o Espírito e a sabedoria com que Estêvão falava. Então eles subornaram algumas pessoas que disseram: —Nós ouvimos esse homem falar coisas ruins contra Moisés e contra Deus! E dessa forma eles agitaram o povo, os anciãos e os professores da lei que o pegaram e o levaram para o Conselho Superior. Eles arranjaram também testemunhas falsas para falar contra Estêvão, e elas diziam: —Esse homem nunca pára de falar contra este lugar santo e contra a lei. Nós o ouvimos dizer que Jesus de Nazaré vai destruir este templo e vai mudar todos os costumes que Moisés nos deu. Todos os que estavam sentados no Conselho Superior olharam bem para Estêvão e viram que o rosto dele parecia o rosto de um anjo. Então o sumo sacerdote lhe perguntou:—É verdade isso? Ele respondeu: —Irmãos e pais, escutem! O Deus de glória apareceu ao nosso antepassado Abraão, enquanto ele ainda estava vivendo na Mesopotâmia, antes de ter ido viver em Harã, e lhe disse: “Deixe o seu país e a sua família e vá para a terra que Eu vou lhe mostrar”. Ele então partiu da terra dos caldeus e se mudou para Harã. Depois que o pai dele morreu, Deus fez com que Abraão se mudasse de lá e viesse viver nesta terra, onde vocês estão vivendo agora. Não lhe deu nenhuma herança, nem um só metro de terra, mas prometeu dá-la a ele e a seus descendentes (nessa época Abraão ainda não tinha nenhum filho). Isto é o que Deus disse a ele: “Os seus descendentes vão viver como estrangeiros em país distante. Eles serão escravizados e maltratados por quatrocentos anos. E Eu vou julgar o país que os escravizou”. E Deus ainda disse: “Depois disso eles sairão de lá e virão me adorar neste lugar”. E então Deus e Abraão fizeram uma aliança de circuncisão. Por isso Abraão circuncidou a Isaque no oitavo dia depois do seu nascimento e Isaque fez o mesmo com Jacó e Jacó fez o mesmo com os doze patriarcas. —Os patriarcas tinham inveja de José e o venderam como escravo para o Egito, mas Deus estava com ele. Deus o livrou de todos os seus problemas e lhe deu sabedoria e habilidade diante de Faraó, rei do Egito. Faraó o nomeou governador sobre o Egito e sobre toda a sua casa. Depois, uma grande fome veio sobre toda a região do Egito e de Canaã. Houve muito sofrimento e os nossos antepassados não encontravam nada para comer. Quando Jacó ouviu dizer que havia trigo no Egito, enviou nossos antepassados para lá pela primeira vez. Numa segunda visita, José se revelou a seus irmãos e a família de José passou a ser conhecida pelo Faraó. Então José mandou buscar a seu pai Jacó e toda a sua família, num total de setenta e cinco pessoas. E Jacó desceu ao Egito e foi lá que tanto ele como nossos antepassados morreram. Eles foram trazidos de volta para Siquém, onde foram enterrados no túmulo que Abraão tinha comprado dos filhos de Emor por certa quantia. —O tempo de se cumprir a promessa que Deus havia feito a Abraão estava próximo, e o nosso povo havia se multiplicado muito no Egito. Então, um outro rei subiu ao trono do Egito e ele não conhecia a José. Com grande astúcia, enganou o nosso povo e maltratou os nossos antepassados, forçando-os a abandonar os seus filhos para que eles não vivessem. Naquele tempo nasceu Moisés. Ele era uma criança muito bonita e, durante três meses, foi mantido na casa de seus pais. Depois disso ele foi abandonado, mas a filha de Faraó o recolheu e o criou como se fosse seu próprio filho. Moisés foi educado em toda a sabedoria dos egípcios e era poderoso em palavras e ações. —Quando Moisés estava com quarenta anos, decidiu visitar os seus irmãos, os israelitas. Ao ver um deles sendo maltratado, defendeu e vingou o israelita oprimido, matando o egípcio. Ele pensava que seus irmãos iriam entender que Deus o estava usando para libertá-los, mas eles não entenderam assim. No dia seguinte, Moisés encontrou alguns homens brigando e, querendo apartar a briga, disse: “Ei, homens! Vocês são irmãos! Por que estão ferindo um ao outro?” Mas o homem que estava maltratando o outro empurrou Moisés para trás e lhe disse: “Quem foi que nomeou a você chefe e juiz sobre nós? Por acaso você quer me matar assim como matou o egípcio ontem?” Quando Moisés ouviu aquilo, fugiu e foi viver como estrangeiro na terra de Midiã, onde teve dois filhos. —Quarenta anos depois, um anjo apareceu a Moisés no deserto, perto do Monte Sinai, em meio ao fogo dum arbusto que estava em chamas. Moisés ficou muito admirado com o que viu e, enquanto se aproximava para poder ver melhor, ouviu a voz do Senhor: “Eu sou o Deus dos seus antepassados, o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó.” Moisés tremia de medo e não tinha coragem nem de olhar. Então o Senhor lhe disse: “Tire as suas sandálias dos pés, pois o lugar onde você está é terra santa. Eu tenho olhado e tenho visto o sofrimento do meu povo no Egito. Eu ouvi os seus gemidos e desci para libertá-los. Venha, pois vou mandá-lo para o Egito”. —Este é o mesmo Moisés a quem tinham rejeitado, dizendo: “Quem é que nomeou a você chefe e juiz sobre nós?” Ele foi o homem a quem Deus enviou para ser chefe e libertador. Deus enviou a Moisés com a ajuda de um anjo que lhe apareceu no arbusto que estava em chamas. Ele os libertou e fez maravilhas e sinais no Egito, no Mar Vermelho e no deserto, durante quarenta anos. Foi este Moisés que disse aos israelitas: “Deus enviará um profeta como eu e ele virá do povo de vocês”. Foi ele que esteve reunido em assembléia no deserto. Moisés esteve lá com nossos antepassados e com o anjo que falou com ele no Monte Sinai. Foi ele quem recebeu as palavras de vida para nos dar. —Os nossos antepassados, porém, não quiseram obedecer-lhe. Ao contrário, eles o rejeitaram e, em seus corações, voltaram para o Egito. E eles disseram para Arão: “Faça alguns deuses para nós, para que nos guiem, pois não sabemos o que aconteceu com esse Moisés que nos tirou do Egito”. Nessa época eles fizeram uma imagem de um bezerro. Ofereceram sacrifício ao ídolo deles e também fizeram uma festa em honra ao que eles mesmos tinham feito com as suas próprias mãos. Deus, então, os deixou e os entregou para que adorassem os poderes celestiais, assim como está escrito no livro dos profetas: “Casa de Israel! Por acaso foi para mim que vocês mataram animais e ofereceram sacrifícios durante quarenta anos no deserto? Claro que não! O que vocês carregaram foi a imagem do deus Moloque e também a imagem da estrela do seu deus Refã, ídolos que vocês fizeram para a adoração. Por causa disso, eu os expulsarei para além da Babilônia”. —A tenda do testemunho estava com os nossos antepassados no deserto. Essa tenda foi feita conforme Deus tinha dito para Moisés fazer, e de acordo com o modelo que ele tinha visto. Depois de terem recebido a tenda, nossos antepassados, que eram liderados por Josué, introduziram a tenda na terra conquistada das nações que Deus tinha expulsado de diante deles. E a tenda foi mantida lá até os dias de Davi. Davi foi favorecido por Deus e lhe pediu se poderia construir uma casa para o Deus de Jacó. Mas foi Salomão quem construiu a casa para Ele. —Entretanto, o Altíssimo não vive em casas feitas por mãos humanas, assim como diz o profeta: “O céu é o meu trono—diz o Senhor— e a terra é o lugar onde ponho os meus pés. Que tipo de casa vocês poderiam construir para mim? Onde está o lugar para Eu poder descansar? Não foram as minhas mãos que fizeram todas estas coisas?” —Gente teimosa! Vocês são surdos e duros de coração, como aqueles que não conhecem a Deus! Vocês estão sempre resistindo ao Espírito Santo! Vocês são idênticos aos seus antepassados. Houve algum profeta que os pais de vocês não perseguiram? Eles até mataram aqueles que, antigamente, anunciaram a vinda do Justo, e agora vocês o traíram e o mataram. Vocês são aqueles que receberam a lei que foi entregue por anjos, mas não a obedeceram. Quando os membros do Conselho Superior ouviram o que Estêvão tinha dito, ficaram furiosos e rangeram os dentes contra ele. Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, olhou para o céu e viu a glória de Deus e Jesus à sua direita, e disse: —Olhem! Vejo o céu aberto e o Filho do Homem em pé à direita de Deus! Então, eles taparam os ouvidos, começaram a gritar e juntos avançaram em Estêvão. Depois o arrastaram para fora da cidade e começaram a apedrejá-lo. As testemunhas deixaram as suas capas com um jovem que se chamava Saulo. Enquanto o apedrejavam, Estêvão gritava, dizendo: —Senhor Jesus, receba o meu espírito. Depois, Estêvão se ajoelhou e gritou bem alto: —Senhor! Não os condene por causa deste pecado! E, acabando de dizer isso, morreu. Saulo tinha concordado com a morte de Estêvão. Alguns homens que temiam a Deus o enterraram e choraram muito por causa de sua morte. Daquele dia em diante a igreja em Jerusalém começou a sofrer uma grande perseguição. Todos os discípulos foram dispersos pelas regiões da Judéia e de Samaria, com exceção dos apóstolos. Saulo procurava destruir a igreja. Ele ia de casa em casa, arrastava para fora tanto homens como mulheres e os punha na cadeia. Aqueles que tinham sido dispersos iam a todos os lugares anunciando as Boas Novas. Filipe foi para a cidade de Samaria e lá proclamava o Cristo a todos. Quando a multidão o ouviu e viu os sinais que ele fazia, começou a prestar muita atenção às coisas que ele dizia. Demônios, gritando alto, saíam de muitas pessoas possuídas por eles, muitos coxos e paralíticos eram curados e houve grande alegria naquela cidade. Havia em Samaria um homem chamado Simão que, já há algum tempo, praticava magias e fascinava as pessoas de lá. Ele se dizia ser alguém importante e todas as pessoas, desde o mais humilde até o mais importante, lhe davam atenção e diziam: —Este homem tem o poder de Deus, chamado “O Grande Poder!” Todos lhe davam muita atenção porque, já há algum tempo, os vinha fascinando com a sua magia. Mas muitas pessoas, tanto homens como mulheres, acreditaram no que Filipe lhes tinha dito a respeito das Boas Novas do reino de Deus e do poder de Jesus Cristo e foram batizadas. Até mesmo Simão acreditou e, depois de ter sido batizado, acompanhava Filipe de perto, e observava fascinado os grandes sinais e milagres que eram feitos. Em Jerusalém, os apóstolos ouviram dizer que Samaria tinha aceitado a mensagem de Deus. Então eles enviaram a Pedro e João para lá. Quando os dois chegaram, oraram por eles para que pudessem receber o Espírito Santo. Eles fizeram isso porque o Espírito Santo ainda não tinha descido sobre nenhum deles, uma vez que eles só tinham sido batizados em nome do Senhor Jesus. Então Pedro e João puseram as mãos sobre eles e eles receberam o Espírito Santo. Simão viu que o Espírito era dado quando os apóstolos punham as mãos sobre as pessoas. Então ele lhes ofereceu dinheiro e disse: —Dêem-me também este poder, para que toda pessoa sobre quem eu puser as minhas mãos receba o Espírito Santo. Pedro, então, lhe disse: —Que você e o seu dinheiro sejam destruídos para sempre! Você pensa que pode comprar a oferta de Deus com dinheiro? Você não tem lugar e nem pode participar deste ensino, pois o seu coração não é honesto diante de Deus. Arrependa-se dessa sua maldade e ore ao Senhor! Assim, talvez, você poderá ser perdoado por ter pensado desta forma. Pois vejo que está cheio de inveja e amargura e preso pelo pecado! Então Simão disse: —Orem ao Senhor por mim, para que nenhuma dessas coisas que vocês disseram me aconteça. Pedro e João voltaram para Jerusalém depois de terem testificado e proclamado a mensagem do Senhor. No caminho, eles foram anunciando as Boas Novas em muitas aldeias samaritanas. Um anjo do Senhor falou com Filipe e disse: —Prepare-se e vá para o sul, pela estrada que desce de Jerusalém e vai até Gaza. (Aquela estrada é deserta). Ele, então, se preparou e partiu. No caminho encontrou um homem etíope que era eunuco. Ele era um alto oficial de Candace, rainha da Etiópia, encarregado de todo o tesouro dela. Ele estava voltando de Jerusalém onde tinha ido adorar a Deus. Sentado em sua carruagem, ele estava lendo o livro do profeta Isaías. Então o Espírito disse a Filipe: —Vá até aquela carruagem e fique perto dela. Filipe correu para perto da carruagem e ouviu o eunuco lendo o livro do profeta Isaías, e então disse: —O senhor entende o que está lendo? O homem respondeu: —Como posso entender se ninguém me explica? E convidou a Filipe para subir e sentar-se com ele. A passagem da Escritura que o eunuco estava lendo era esta: “Ele foi levado como uma ovelha para o matadouro e assim como o cordeiro fica em silêncio diante daquele que corta a sua lã, ele também não abriu a sua boca. Na sua humilhação, foi-lhe negada justiça e ninguém falará dos seus descendentes, pois a sua vida foi tirada da terra.” Então o eunuco perguntou a Filipe: —Por favor, diga-me: de quem o profeta está falando? Ele está falando dele mesmo ou de outra pessoa? Então Filipe começou a explicar por esta passagem da Escritura e anunciou ao eunuco as Boas Novas a respeito de Jesus. E, prosseguindo pela estrada, chegaram a um lugar onde havia água. O eunuco então disse: —Olhe! água! O que me impede de ser batizado? *** Então, mandou que a carruagem parasse e ambos, tanto ele como Filipe, entraram na água e Filipe o batizou. Quando saíram da água, o Espírito do Senhor pegou a Filipe e o levou embora e o eunuco nunca mais o viu, mas seguiu o seu caminho cheio de alegria. De repente Filipe se encontrou na cidade de Azoto e, partindo dali, foi anunciando as Boas Novas por todas as cidades, até chegar a Cesaréia. Enquanto isso, Saulo continuava a ameaçar de morte os discípulos do Senhor. Ele foi falar com o sumo sacerdote e lhe pediu cartas de apresentação para as sinagogas de Damasco, para que, caso encontrasse alguns destes discípulos, quer fossem homens quer fossem mulheres, pudesse prendê-los e levá-los de volta para Jerusalém. Saulo estava indo em seu caminho e já se encontrava perto da cidade de Damasco quando, de repente, uma luz do céu brilhou à sua volta. Ele caiu no chão e ouviu uma voz que lhe dizia: —Saulo, Saulo, por que você me persegue? Então ele disse: —Quem é você, Senhor? E a voz respondeu: —Eu sou Jesus, a quem você está perseguindo! Levante-se e vá para a cidade. Lá você ficará sabendo o que deve fazer. Os homens que estavam viajando com Saulo permaneceram em pé sem poder dizer nada. Eles ouviam a voz, mas não viam ninguém. Saulo se levantou mas, quando abriu os seus olhos, não conseguia ver nada. Então os outros o levaram pela mão e o guiaram até Damasco. Saulo ficou três dias sem conseguir ver nada e, durante esses três dias, ele não comeu nem bebeu nada. Na cidade de Damasco havia um discípulo de Cristo chamado Ananias. Ele teve uma visão na qual o Senhor lhe disse: —Ananias! E ele disse: —Estou aqui, Senhor. O Senhor lhe disse: —Prepare-se e vá até a casa de Judas, na rua Direita. Ao chegar lá, pergunte por um homem de Tarso chamado Saulo. Ele está orando e, numa visão, viu um homem chamado Ananias chegar e colocar as mãos sobre ele para que possa voltar a ver. Ananias, porém, respondeu: —Senhor, eu tenho ouvido muita gente falar a respeito desse homem e a respeito de todas as maldades que ele tem feito ao seu povo em Jerusalém. Eu ouvi também que ele veio aqui com autoridade dos líderes dos sacerdotes para prender todos aqueles que acreditam no Senhor! O Senhor, então, lhe disse: —Vá! Eu escolhi esse homem como instrumento para levar o meu nome às nações do mundo e aos reis, bem como ao povo de Israel. Eu mesmo mostrarei a ele tudo quanto irá sofrer pelo meu nome. Então Ananias foi, entrou na casa de Judas, colocou as mãos sobre Saulo e disse: —Irmão Saulo! O Senhor Jesus, que lhe apareceu quando você estava vindo para cá, me mandou aqui para que você pudesse ver de novo e ficar cheio do Espírito Santo. — E imediatamente, umas coisas que pareciam com escamas caíram dos olhos de Saulo e ele pôde ver novamente. Então ele se levantou e foi batizado e, depois de comer alguma coisa, recuperou as suas forças. Saulo ficou alguns dias com os discípulos de Jesus em Damasco, mas logo começou a anunciar nas sinagogas, dizendo: —Jesus é o Filho de Deus! Todos os que o ouviam ficavam admirados e diziam: —Não é este o homem que estava matando em Jerusalém aqueles que acreditam nesse Jesus? Não foi ele que, com a mesma intenção, veio aqui para prender essas pessoas e levá-las para os líderes dos sacerdotes? Saulo, porém, se tornava cada vez mais forte na fé e confundia os judeus que viviam em Damasco com as provas que dava de que Jesus é o Cristo. Algum tempo depois os judeus começaram a fazer planos para matá-lo, mas Saulo ficou sabendo do plano deles. Eles vigiavam os portões da cidade de dia e de noite para matá-lo. Uma noite, porém, os discípulos o levaram e, colocando-o dentro de uma cesta, desceram-no pelo muro da cidade. Quando chegou a Jerusalém, Saulo procurou juntar-se aos discípulos, mas todos eles tinham medo dele, pois não acreditavam que ele fosse realmente um discípulo. Barnabé, então, levou-o até os apóstolos e explicou-lhes como Saulo tinha visto o Senhor na estrada para Damasco e como o Senhor tinha falado com ele. Barnabé também lhes disse da maneira corajosa com que Saulo tinha falado no nome do Senhor em Damasco. Depois disso Saulo ficou com eles. Ele andava por toda parte em Jerusalém e falava com muita coragem no nome do Senhor. Ele falava e discutia com os judeus que falavam grego, mas estes procuravam um meio de matá-lo. Quando os irmãos em Cristo ficaram sabendo disso, levaram Saulo para a cidade de Cesaréia e depois o mandaram para a cidade de Tarso. Depois disso a igreja teve um período de paz em toda a região da Judéia, Galiléia e Samaria. Ela foi sendo fortalecida e, como vivesse temendo ao Senhor e sendo encorajada pelo Espírito Santo, crescia em número. Pedro viajava por toda parte, e um dia foi visitar o povo de Deus que vivia na cidade de Lida. Ao chegar lá, encontrou um homem chamado Enéias. Ele era paralítico e fazia oito anos que estava de cama. Pedro lhe disse: —Enéias, Jesus Cristo cura a você! Levante-se e arrume a sua maca. E no mesmo instante ele se levantou. E todas as pessoas das cidades de Lida e Sarona que o viram se converteram ao Senhor. Em Jope, havia entre os discípulos uma mulher chamada Tabita (que em grego quer dizer “Dorcas”, que significa “gazela”). Ela estava sempre fazendo boas obras e ajudando os pobres. Nessa época ela ficou doente e morreu; e depois de lavarem o seu corpo, puseram-no num quarto no andar de cima da casa. Lida ficava perto de Jope e, quando os discípulos ouviram dizer que Pedro estava em Lida, enviaram dois homens até ele, pedindo: —Por favor, venha conosco. Depressa! Pedro, então, se aprontou e foi com eles. Quando chegou lá, foi levado para o quarto no andar de cima da casa. Então, todas as viúvas o rodearam e, chorando, mostravam-lhe as túnicas e outras roupas que Dorcas tinha feito enquanto ainda estava com elas. Pedro mandou que todos saíssem do quarto e, ajoelhando-se, orou. Depois, virando-se para o corpo, disse: —Tabita, levante-se! Ela abriu os olhos e, vendo a Pedro, sentou-se. Ele estendeu a mão e levantou-a. Depois chamou os discípulos, incluindo as viúvas e a apresentou viva. Toda a cidade de Jope ficou sabendo disso e muitas pessoas creram no Senhor. Pedro permaneceu ainda em Jope por vários dias, na casa de um curtidor de couro chamado Simão. Havia na cidade de Cesaréia um homem de nome Cornélio, o qual era comandante do regimento chamado “italiano”. Ele era um homem muito piedoso e temia muito a Deus, assim como todos os membros da sua família. Ajudava muito aos pobres e estava sempre orando a Deus. Um dia, mais ou menos às três horas da tarde, Cornélio teve uma visão e viu claramente um anjo de Deus chegando e lhe dizendo: —Cornélio! Ele olhou para o anjo e, com muito medo, disse: —O que é, Senhor? E o anjo lhe disse: —As suas orações e a ajuda que você tem dado aos pobres subiram até a presença de Deus e Ele se lembrou de você. Envie homens até a cidade de Jope para que eles tragam de volta um homem de nome Simão, que é conhecido como Pedro. Ele está hospedado com Simão, o curtidor de couro, cuja casa fica perto do mar. Quando o anjo que estava falando com ele foi embora, Cornélio chamou dois empregados e um dos soldados que estavam a seu serviço e que também temia a Deus. Ele lhes contou tudo o que tinha acontecido e mandou que fossem até Jope. No dia seguinte, os homens que Cornélio tinha enviado estavam chegando a Jope. Por volta do meio-dia, Pedro subiu ao terraço para orar e então sentiu fome e quis comer. Enquanto lhe preparavam a comida, Pedro teve uma visão: Ele viu o céu se abrir e um objeto que parecia um grande lençol descer à terra, pendurado pelas quatro pontas. Dentro do lençol havia todos os tipos de animais de quatro patas, de bichos que se arrastam e de aves voadoras. Então uma voz lhe disse: —Levante-se, Pedro! Mate e coma! Mas Pedro disse: —De maneira nenhuma, Senhor! Eu nunca comi nada que fosse vulgar e impuro! E a voz lhe falou pela segunda vez: —Não chame de impuro aquilo que Deus purificou. Isto aconteceu por três vezes e, depois, o objeto foi elevado de volta para o céu. Pedro estava tentando entender o que significava a visão que ele tivera. Enquanto isso, os homens que Cornélio tinha enviado já haviam perguntado onde era a casa de Simão e estavam agora no portão da casa. Eles chamaram e perguntaram se Simão, o qual era conhecido como Pedro, estava hospedado lá. Pedro ainda estava pensando a respeito da visão quando o Espírito lhe disse: —Escute! Três homens estão procurando por você, portanto levante-se, desça para o andar de baixo da casa e vá com eles. Vá tranqüilo, pois fui eu que os mandei. Pedro, então, desceu e disse aos homens: —Eu sou aquele a quem vocês estão procurando. Por que vocês vieram? Eles disseram: —O comandante Cornélio nos enviou. Ele é um homem justo e teme a Deus e todos os judeus falam bem dele. Um anjo santo lhe disse que convidasse o senhor para ir até a casa dele, para que ele ouvisse o que o senhor tem a dizer. Pedro, então, convidou-os a entrar e lhes deu acomodações. No dia seguinte, Pedro se aprontou e foi com eles, levando consigo alguns irmãos que viviam em Jope. No dia seguinte eles chegaram a Cesaréia e Cornélio, que tinha reunido seus parentes e amigos mais chegados, estava esperando por eles. Quando Pedro estava entrando, Cornélio foi ao seu encontro e, abaixando-se, ficou de joelhos diante dele. Mas Pedro o levantou e disse: —Levante-se, pois eu sou apenas um homem como você. Enquanto falava com Cornélio, Pedro entrou na casa e encontrou muitas pessoas reunidas ali. Então disse a todos: —Vocês sabem que não é permitido a um judeu se associar ou mesmo visitar uma pessoa de outra raça. Deus, porém, me mostrou que não devo considerar ninguém vulgar ou impuro. Por isso, quando fui convidado, vim de boa vontade. Agora, no entanto, eu lhes pergunto: Por que é que vocês me chamaram? Cornélio então disse: —Há quatro dias atrás a esta mesma hora, mais ou menos às três horas da tarde, eu estava em minha casa, orando. De repente, um homem vestido com roupas brilhantes apareceu diante de mim e me disse: “Cornélio, as suas orações foram ouvidas e Deus se lembrou da ajuda que você tem dado aos pobres. Envie alguém até Jope e convide a Simão, que é conhecido como Pedro, a vir até aqui. Ele está hospedado na casa de Simão, o curtidor de couro, cuja casa fica perto do mar”. Então mandei chamá-lo imediatamente e o senhor fez muito bem em ter vindo. Agora nós estamos todos aqui, na presença de Deus, para ouvir todas as coisas que o Senhor lhe mandou dizer. Então Pedro começou a falar: —Agora eu entendo que Deus não faz diferença entre raças! Pelo contrário! Ele aceita as pessoas que o temem e que praticam o bem, não importando de que nação elas sejam. Vocês conhecem a mensagem que Ele enviou ao povo de Israel, proclamando as Boas Novas de paz através de Jesus Cristo, que é Senhor de todos. Vocês sabem de tudo o que aconteceu por toda a região da Judéia, começando pela Galiléia depois do batismo que João anunciou. Vocês sabem a respeito de Jesus de Nazaré e de como Deus o ungiu com o Espírito Santo e com poder. Vocês também sabem que Jesus andou por todos os lugares fazendo o bem e curando a todos os que estavam debaixo do poder do diabo, pois Deus estava com Ele. Nós somos testemunhas de tudo o que Ele fez na terra dos judeus e também em Jerusalém. E eles o mataram, pendurando-o numa cruz de madeira. Mas, ao terceiro dia, Deus o ressuscitou e fez com que Ele aparecesse para nós. Cristo não apareceu para todas as pessoas, mas somente a nós, testemunhas que Deus já tinha escolhido anteriormente. Nós comemos e bebemos com Ele depois de Deus o ter ressuscitado dos mortos. Ele também nos ordenou que anunciássemos para as pessoas e que testemunhássemos que Ele é o escolhido por Deus para ser juiz dos vivos e dos mortos. Todos os profetas testemunham a respeito dele dizendo que, em seu nome, todas as pessoas que acreditam nele recebem o perdão de seus pecados. Pedro ainda estava dizendo estas coisas quando o Espírito Santo desceu sobre todos os que estavam ouvindo a mensagem. Então, os judeus que criam em Jesus e que tinham ido com Pedro ficaram admirados, porque o dom do Espírito Santo tinha sido derramado também sobre pessoas que não eram do povo judeu, pois eles os ouviram falar em línguas e louvar a Deus. Então Pedro disse: —Pode alguém proibir que estas pessoas sejam batizadas em água? Eles receberam o Espírito Santo da mesma forma como nós recebemos! Então Pedro mandou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo. Depois disso, pediram que Pedro ficasse com eles por alguns dias. Os apóstolos e os irmãos de toda a região da Judéia souberam que pessoas que não eram judias também tinham aceitado a mensagem de Deus. Então, quando Pedro foi para Jerusalém, os judeus que eram a favor da circuncisão o criticaram, dizendo: —Você esteve na casa de homens que não são circuncidados, e até comeu com eles! Pedro, então, começou a explicar para eles exatamente o que tinha acontecido. Ele disse: —Eu estava orando na cidade de Jope quando tive uma visão. Eu vi um objeto que parecia um grande lençol suspenso pelas quatro pontas e que desceu do céu até chegar perto de mim. Eu fixei os meus olhos naquele objeto e vi animais de quatro patas, animais selvagens, répteis e aves voadoras. Depois, ouvi uma voz que me dizia: “Levante-se, Pedro! Mate e coma!” Mas eu disse: “De maneira nenhuma, Senhor! Nada vulgar ou impuro jamais tocou na minha boca”. E a voz falou do céu uma segunda vez: “Você não deve considerar impuro aquilo que Deus purificou”. Isto aconteceu três vezes e depois tudo foi levado para o céu novamente. Naquele mesmo momento, três homens que tinham sido enviados de Cesaréia chegaram à casa onde eu estava hospedado. O Espírito tinha me dito que eu deveria ir com eles sem qualquer dúvida. Então, estes seis irmãos também foram comigo e entramos na casa de Cornélio. Ele nos disse que tinha visto um anjo em sua casa, em pé, dizendo: “Envie alguém até a cidade de Jope e traga Simão, que é conhecido como Pedro. Ele lhe dirá coisas pelas quais você e toda a sua família serão salvos”. Quando comecei a falar, o Espírito Santo desceu sobre eles da mesma forma que desceu sobre nós no princípio. Então me lembrei do que o Senhor tinha dito: “João batizava em água, mas vocês serão batizados no Espírito Santo.” Portanto, se Deus deu aos que não eram judeus o mesmo dom que deu a nós quando acreditamos no Senhor Jesus Cristo, quem era eu para impedir a Deus? Ao ouvirem isto, eles pararam de interrogar a Pedro e louvaram a Deus, dizendo: —Então isso quer dizer que Deus deu a oportunidade de arrependimento para a vida até para os que não são judeus! Aqueles que tinham sido espalhados pela perseguição que houve no tempo de Estêvão tinham chegado até às regiões da Fenícia, de Chipre e da Antioquia, mas eles somente proclamavam a mensagem para aqueles que fossem judeus. Alguns deles, porém, de Chipre e Cirene, quando foram para Antioquia, começaram a falar também aos que não eram judeus. Eles falavam a todos a respeito das Boas Novas sobre o Senhor Jesus. O poder do Senhor estava com eles e um grande número de pessoas acreditou e se converteu ao Senhor. A igreja em Jerusalém ficou sabendo das coisas que estavam acontecendo em Antioquia e, então, lhes mandou Barnabé. Ao chegar a Antioquia, Barnabé ficou muito contente quando viu a graça de Deus e encorajou todos a permanecerem fiéis ao Senhor de todo o coração. Ele era um homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé, e um grande número de pessoas se uniu ao Senhor. Depois, Barnabé partiu para a cidade de Tarso à procura de Saulo e, quando o encontrou, levou-o consigo para Antioquia. Durante um ano inteiro eles se reuniram com a igreja de lá e ensinaram um grande número de pessoas. Foi também em Antioquia que os discípulos foram chamados cristãos pela primeira vez. Nessa mesma época alguns profetas foram de Jerusalém para Antioquia. Ágabo, um desses profetas, se levantou e, pelo poder do Espírito, predisse que haveria uma grande fome em todo o mundo. (Isso aconteceu no tempo em que Cláudio era o Imperador). Então todos os discípulos, cada um conforme as suas posses, resolveram enviar socorro aos irmãos que viviam na Judéia. E assim eles fizeram, e mandaram as suas ofertas aos presbíteros por intermédio de Barnabé e Saulo. Nesta ocasião, o rei Herodes prendeu alguns membros da igreja para os maltratar, e mandou matar Tiago, irmão de João, à espada. Quando percebeu que isto agradava aos judeus, Herodes mandou também prender Pedro. (Isto aconteceu durante os dias da Festa dos Pães Sem Fermento.) Depois de tê-lo prendido, Herodes o colocou na prisão, guardado por quatro grupos de soldados com quatro soldados em cada grupo. A sua intenção era de fazê-lo comparecer diante do povo, depois da Páscoa. Pedro estava preso, mas a igreja orava constantemente a Deus por ele. Pedro estava dormindo entre dois soldados na noite antes de Herodes apresentá-lo ao povo. Ele estava amarrado com duas correntes e havia guardas vigiando a entrada da prisão. De repente, um anjo do Senhor apareceu e uma luz brilhou na cela. Ele tocou em Pedro e, acordando-o, disse-lhe: —Levante-se depressa! E nesse mesmo momento as correntes caíram de suas mãos. O anjo lhe disse: —Vista-se e calce as suas sandálias. Depois de Pedro ter feito isto, o anjo lhe disse: —Vista a sua capa e siga-me. Então Pedro o seguiu para fora da prisão. Ele não sabia que aquilo que o anjo estava fazendo era real, pois pensava que tudo não passava de uma visão que estava tendo. Depois de terem passado pelo primeiro e pelo segundo guarda, eles chegaram a um portão de ferro que dava para a cidade. Este se abriu sozinho e Pedro e o anjo saíram e continuaram pela rua. Depois, de repente, o anjo desapareceu. Então, Pedro caiu em si e disse: —Agora eu entendo que tudo isto que está acontecendo é real! O Senhor enviou o seu anjo e ele me libertou das mãos de Herodes e de tudo o que os judeus queriam fazer comigo. Quando Pedro entendeu o que estava acontecendo, foi até a casa de Maria, mãe de João, que também é conhecido como Marcos. Lá, muitas pessoas estavam reunidas e orando. Pedro bateu à porta e uma empregada chamada Rode foi ver quem era. Ao reconhecer a voz de Pedro, ela ficou tão alegre que, ao invés de abrir a porta, correu para dentro para anunciar que Pedro estava lá fora. Eles disseram a ela: —Você está louca! Mas, como insistia ela em dizer que era verdade, eles lhe disseram: —É o anjo dele! Pedro, no entanto, continuava a bater. Quando eles abriram a porta e o viram, ficaram espantados. Ele fez com a mão um sinal para que fizessem silêncio e lhes explicou como o Senhor o tinha tirado da prisão. Ele disse: —Contem tudo isto a Tiago e aos outros irmãos. Depois partiu e foi para outro lugar. Quando amanheceu o dia, havia uma grande confusão entre os guardas. Eles não sabiam o que pensar sobre o que tinha acontecido com Pedro. Herodes procurou por Pedro em toda parte, mas não o encontrou. Então, depois de interrogar os guardas, mandou matá-los. Depois disso, Herodes deixou a região da Judéia e foi para a cidade de Cesaréia, onde permaneceu por algum tempo. Herodes estava com muita raiva das pessoas das cidades de Tiro e de Sidom. Então eles formaram um grupo e, depois de terem conseguido o apoio de Blasto, guarda pessoal do rei, foram visitar a Herodes. Foram pedir paz, pois o país deles recebia alimentos do país do rei. No dia marcado, Herodes se vestiu com o manto real e, sentando-se em seu trono, fez um discurso para o povo. O povo gritava: —Isto é a voz de um deus e não de um homem! Então, de repente, um anjo do Senhor o feriu, pois ele não tinha dado glória a Deus. Herodes foi comido pelos vermes e morreu. Entretanto, a mensagem do Senhor se espalhava e continuava influenciando cada vez mais pessoas. Barnabé e Saulo terminaram o seu trabalho em Jerusalém e regressaram para a cidade de Antioquia. Eles levaram consigo a João, que era conhecido como Marcos. Havia alguns profetas e professores na igreja de Antioquia. Eles eram: Barnabé; Simeão, que tinha como sobrenome Níger; Lúcio, de Cirene; Manaém, que tinha crescido com o governador Herodes; e Saulo. Enquanto eles estavam servindo ao Senhor e jejuando, o Espírito Santo lhes disse: —Separem para mim Barnabé e Saulo, a fim de que eles façam o trabalho para o qual Eu os chamei. Então, depois de terem jejuado e orado, puseram as mãos sobre eles e os deixaram partir. Portanto, tendo sido enviados pelo Espírito Santo, Barnabé e Saulo partiram para a Selêucia e de lá navegaram para Chipre. Quando chegaram à cidade de Salamina, Barnabé e Saulo anunciaram a mensagem de Deus nas sinagogas dos judeus. (João estava com eles como ajudante.) Eles percorreram toda a ilha até chegarem à cidade de Pafos, onde encontraram um judeu mágico, falso profeta, chamado Barjesus. Ele estava a serviço de Sérgio Paulo, governador da ilha. Este era um homem muito inteligente, e mandou chamar a Barnabé e a Saulo, pois queria ouvir a mensagem de Deus. O mágico Elimas, porém, estava contra Barnabé e Saulo e tentou desviar o governador da fé. (Elimas era o nome grego de Barjesus.) Então Saulo, que também é conhecido como Paulo, cheio do Espírito Santo, olhou bem firme para Elimas e disse: —Filho do Diabo! Você é inimigo de tudo o que é bom! Você está cheio de todo o tipo de malvadezas e malícias. Será que nunca vai parar de distorcer os retos caminhos do Senhor? Agora o poder do Senhor está sobre você! Ficará cego e, por algum tempo, não verá o sol. Imediatamente um nevoeiro e uma escuridão caíram sobre ele e começou a dar voltas procurando alguém que o guiasse pela mão. Quando viu o que tinha acontecido, o governador acreditou, admirado com o ensino do Senhor. Paulo e os seus companheiros embarcaram em Pafos e partiram para a cidade de Perge, na região da Panfília. João, porém, deixou-os e voltou para Jerusalém. Eles continuaram em sua jornada, partindo de Perge e indo para a cidade de Antioquia, na região da Pisídia. No sábado eles foram a uma sinagoga e se sentaram. Depois de terem lido a lei de Moisés e os livros dos profetas, os líderes da sinagoga mandaram uma mensagem a Paulo e Barnabé, dizendo: —Irmãos, se vocês têm alguma palavra de encorajamento para o povo, falem. Paulo, então, se levantou e, fazendo um sinal com a mão, disse: —Homens de Israel e todos vocês que temem a Deus, ouçam! O Deus deste povo de Israel escolheu nossos antepassados e fez deles um grande povo enquanto estavam na terra do Egito. Com o seu grande poder Ele os tirou daquela terra e, por quarenta anos, os suportou no deserto. Ele destruiu sete nações na terra de Canaã e lhes deu essa terra como herança, o que levou quatrocentos e cinqüenta anos. Depois disso, Ele lhes deu juízes até o tempo do profeta Samuel, quando lhe pediram um rei. Deus, então, lhes deu Saul, o filho de Quis, da tribo de Benjamim, que reinou por quarenta anos. Depois de Saul, Deus deu o trono a Davi, de quem testemunhou, dizendo: “Encontrei em Davi, o filho de Jessé, um homem que me agrada. Ele fará tudo que eu quero que faça”. E Deus, dos descendentes de Davi, de acordo com a sua promessa, trouxe para Israel um Salvador, que é Jesus. Antes da vinda de Jesus, João anunciou a todo o povo de Israel um batismo de arrependimento. Mas quando João estava prestes a terminar a sua missão, disse: “Quem vocês pensam que eu sou? Eu não sou Ele! Mas, depois de mim virá aquele de quem eu não sou digno nem sequer de desamarrar as sandálias”. —Irmãos, filhos da família de Abraão, e todos vocês que também temem a Deus! Esta mensagem de salvação foi enviada especialmente para nós. Os judeus que viviam em Jerusalém e os seus líderes não reconheceram que Jesus era o Salvador e o condenaram. Dessa forma eles fizeram com que se cumprissem as palavras dos profetas que são lidas todos os sábados. E, apesar de não terem encontrado nada que justificasse uma sentença de morte, pediram a Pilatos que o matasse. Depois de terem cumprido todas estas coisas que estavam escritas a respeito dele, eles o tiraram da cruz e o colocaram num túmulo. Deus, porém, O ressuscitou dos mortos e, durante muitos dias, Jesus apareceu para aqueles que o tinham acompanhado desde a Galiléia até Jerusalém. Eles agora são testemunhas dele para o povo. E nós anunciamos as Boas Novas sobre a promessa que Deus fez aos nossos antepassados. E foi para nós, que somos os filhos desses antepassados, que Deus cumpriu a promessa que havia feito aos nossos pais. Pois assim como está escrito no segundo Salmo: “Você é o meu Filho e hoje eu me tornei seu Pai”. —E Deus ressuscitou a Jesus dos mortos para que seu corpo nunca entrasse em decomposição, e disse: “Eu darei a vocês as bênçãos santas e certas que prometi a Davi”. E Deus também diz em outro lugar: “E o Senhor não permitirá que o seu Santo vire pó”. — Depois de cumprir os planos de Deus em sua geração, Davi morreu e foi enterrado com seus antepassados. Davi virou pó, mas aquele a quem Deus ressuscitou não entrou em decomposição. Por isso, irmãos, vocês precisam saber que, por meio de Jesus, é proclamado a vocês o perdão dos pecados. Dessa forma, todas as coisas das quais não podiam ser libertados pela lei de Moisés vocês agora podem, pois todos os que acreditam são livres em Jesus. Portanto, tomem cuidado para que não aconteça com vocês aquilo que os profetas disseram: “Olhem, vocês que fazem pouco caso! Admirem-se e pereçam! Pois eu vou realizar nos dias de vocês um trabalho no qual nunca acreditarão, nem que alguém lhes diga!” Quando Paulo e Barnabé estavam saindo, as pessoas pediram que eles voltassem no sábado seguinte para lhes falar mais a respeito daquelas coisas. Depois da reunião, muitos judeus e pessoas convertidas ao judaismo seguiram a Paulo e a Barnabé, e ambos, ao falarem com as pessoas, os incentivavam a continuar na graça de Deus. No sábado seguinte, quase que a cidade inteira se reuniu para ouvir a mensagem do Senhor. Quando os judeus viram as multidões, ficaram cheios de inveja e começaram a falar coisas contra o que Paulo dizia e a insultá-lo. Paulo e Barnabé, porém, falavam com mais coragem ainda: —Era preciso que a mensagem de Deus fosse dirigida a vocês em primeiro lugar. Mas, como vocês a rejeitam e não se consideram dignos da vida eterna, nós agora nos voltaremos para os que não são judeus. Pois esta foi a ordem que Deus nos deu: “Eu fiz de você uma luz para as nações, a fim de que possa levar salvação ao mundo inteiro”. Ao ouvirem isto, os que não eram judeus ficaram muito felizes e começaram a dar glórias à mensagem do Senhor. E aqueles que tinham sido escolhidos para a vida eterna creram e a mensagem do Senhor se espalhou por toda aquela região. Os judeus, então, instigaram as senhoras mais importantes que se dedicavam ao judaísmo e os homens de alta posição na cidade, e eles começaram a perseguir a Paulo e Barnabé, forçando-os a sair daquela região. Eles sacudiram a poeira de seus pés como uma advertência contra eles e foram embora para Icônio. Quanto aos discípulos, eles estavam cheios de alegria e do Espírito Santo. Em Icônio, como de costume, Paulo e Barnabé foram para a sinagoga dos judeus. Ao chegarem lá, falaram de tal maneira que uma grande multidão, formada tanto de judeus como de não judeus, creu. Os judeus que não tinham acreditado, porém, incitaram os que não eram judeus a pensar coisas más contra os irmãos. Eles se mantiveram lá por muito tempo e falaram, sem medo nenhum, em nome do Senhor. E o Senhor, confirmando a mensagem da sua graça, permitia que muitos sinais milagrosos e coisas maravilhosas fossem feitas pelas mãos deles. A população da cidade estava dividida: Uns estavam do lado dos judeus e outros do lado dos apóstolos. Então, os judeus e os que não eram judeus, juntamente com os seus líderes, fizeram planos para maltratar Barnabé e Paulo e para apedrejá-los. Quando souberam disso, os missionários fugiram para Listra e Derbe, cidades da Licaônia, e para os seus arredores. Lá eles continuaram a proclamar as Boas Novas. Havia em Listra um homem que estava sempre sentado, pois era aleijado dos pés. Ele era paralítico de nascença e nunca tinha andado. Este homem ouviu a Paulo falando e, quando Paulo olhou bem para ele, viu que ele tinha fé em ser curado. Então Paulo disse em voz alta: —Levante-se! Fique de pé! O homem deu um pulo e começou a andar. Quando as pessoas da multidão viram o que Paulo tinha feito, gritaram em língua licaônica, dizendo: —Os deuses se transformaram em homens e desceram até nós. Eles começaram a chamar a Barnabé de Júpiter e Paulo de Mercúrio, pois ele era o principal orador. O templo do deus Júpiter ficava bem perto da cidade. O seu sacerdote trouxe touros e coroas de flores para os portões da cidade, pois tanto ele como a multidão queriam oferecer sacrifícios a Paulo e a Barnabé. Quando os apóstolos Barnabé e Paulo ouviram isso, rasgaram as suas roupas e correram para a multidão, gritando e dizendo: —Homens, por que vocês estão fazendo isso? Nós também somos apenas homens, seres humanos como vocês! Nós estamos aqui para lhes dizer as Boas Novas, a fim de que vocês deixem essas coisas que não valem nada e se voltem para o Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que existe neles. No passado, Deus deixou que todas as nações andassem nos seus próprios caminhos. Mas, nem por isso Ele as deixou sem qualquer evidência de quem Ele é, pois Ele tem feito boas coisas a todos. Ele tem dado chuva do céu e colheitas nos tempos certos. Ele não deixa que lhes falte comida, e enche os corações de vocês de alegria. Mesmo com estas palavras foi muito difícil impedir que a multidão oferecesse sacrifícios a eles. Depois disto, alguns judeus que tinham vindo de Antioquia e de Icônio convenceram as multidões e, juntos, apedrejaram a Paulo e o arrastaram para fora da cidade pensando que ele estivesse morto. Quando os discípulos se juntaram ao seu redor, ele se levantou e voltou para a cidade. No dia seguinte ele e Barnabé partiram para Derbe. Eles proclamaram as Boas Novas naquela cidade e fizeram muitos discípulos. Depois eles voltaram para as regiões de Listra, Icônio e Antioquia, sempre fortalecendo as almas dos discípulos e encorajando-os a continuar na fé. Eles diziam: —Nós temos que passar por muitas aflições para podermos entrar no reino de Deus. Eles nomearam presbíteros em cada igreja e, orando e jejuando, os entregaram ao Senhor em quem acreditavam. Depois de Paulo e Barnabé terem passado pela região da Pisídia, chegaram até a região da Panfília. Lá, depois de anunciarem a mensagem em Perge, foram para a Atália. Dali eles navegaram para Antioquia onde tinham sido entregues aos cuidados de Deus para o trabalho que tinham agora terminado. Ao chegarem, eles reuniram toda a igreja e contaram tudo o que Deus havia feito por meio deles e como Deus tinha aberto as portas da fé para aqueles que não eram judeus. E por muito tempo eles permaneceram lá com os discípulos. Alguns homens que tinham vindo da região da Judéia estavam ensinando os irmãos e diziam: —Se vocês não forem circuncidados, de acordo com o costume de Moisés, não poderão ser salvos. Paulo e Barnabé não concordavam com isso, e tiveram uma discussão muito forte com eles. Resolveu-se, então, mandar Paulo, Barnabé e alguns dos outros para Jerusalém a fim de falarem com os apóstolos e presbíteros a respeito dessa questão. Eles foram enviados pela igreja e atravessaram as regiões da Fenícia e de Samaria onde, falando a respeito da conversão dos que não eram judeus, causaram grande alegria entre os irmãos. Quando chegaram a Jerusalém, eles foram recebidos pela igreja, pelos apóstolos e pelos presbíteros e lhes contaram todas as coisas que Deus tinha feito por meio deles. Porém alguns dos fariseus que tinham crido se levantaram e disseram: —É necessário que eles sejam circuncidados e que obedeçam à lei de Moisés. Os apóstolos e os presbíteros se reuniram para considerar esta questão e, depois de uma longa discussão, Pedro se levantou e lhes disse: —Irmãos, vocês sabem que no começo Deus me escolheu para que, pela minha boca, os que não são judeus pudessem ouvir a mensagem das Boas Novas e acreditar. E Deus, que conhece os corações das pessoas, mostrou que os aprovava dando a eles o Espírito Santo, exatamente da mesma forma que Ele fez conosco. Ele não fez nenhuma diferença entre nós e eles, purificando os corações deles por causa de sua fé. Por que agora vocês querem colocar Deus à prova, pondo sobre os ombros dos discípulos uma carga que nem nós nem nossos antepassados fomos capazes de carregar? Nós acreditamos que somos salvos pela graça do Senhor Jesus, exatamente como eles são. Todos os que estavam na assembléia fizeram silêncio e escutaram a Barnabé e a Paulo enquanto eles descreviam todos os sinais e maravilhas que Deus tinha feito por meio deles entre os que não eram judeus. Quando acabaram de falar, Tiago disse: —Irmãos, escutem-me. Simão nos contou como Deus mostrou o seu amor pelos que não são judeus, pois Ele os aceitou e escolheu, dentre eles, um povo para ser o seu. E as palavras dos profetas conferem com isto, pois está escrito: “Depois disto Eu voltarei e reconstruirei a casa de Davi que caiu. Eu restaurarei os seus pedaços e tornarei a levantá-la, para que o resto do mundo possa procurar ao Senhor, isto é, todos os que não são judeus e que são chamados pelo meu nome. Assim diz o Senhor que faz estas coisas que têm sido conhecidas desde a eternidade”. —Portanto, eu julgo que nós não deveríamos causar problemas para aqueles que não são judeus e que estão se convertendo a Deus. Ao invés disso, deveríamos escrever para eles dizendo-lhes que não comam aquela comida que ficou contaminada por ser oferecida aos ídolos, que não cometam imoralidade sexual, que não comam nada estrangulado e nem sangue. Pois ainda há aqueles que, há muito tempo, vêm anunciando as palavras de Moisés nas sinagogas de todas as cidades, onde também é lida a sua lei todos os sábados. Então os apóstolos e presbíteros, juntamente com toda a igreja, decidiram escolher entre eles alguns homens para mandá-los para a cidade de Antioquia com Paulo e Barnabé. Os escolhidos foram: Judas (conhecido como Barsabás) e Silas, líderes entre os irmãos. E eles também enviaram esta carta por meio deles: “Nós, os apóstolos e presbíteros, irmãos de vocês, mandamos saudações aos irmãos que não são judeus das cidades de Antioquia, Síria e Cilícia. Nós soubemos que alguns homens do nosso grupo foram até aí sem a nossa autorização e os preocuparam com suas palavras, perturbando as mentes de vocês. Nós todos chegamos a um acordo e decidimos escolher alguns homens e enviá-los a vocês com os nossos amados irmãos Barnabé e Paulo, que arriscaram suas próprias vidas pelo nome do nosso Senhor Jesus Cristo. Nós lhes estamos enviando Judas e Silas, e eles lhes dirão estas mesmas coisas pessoalmente. Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não pôr nenhuma carga sobre vocês, a não ser as coisas que são de fato necessárias, como estas: Vocês não devem comer comidas oferecidas a ídolos, sangue, ou ainda animais que tenham sido estrangulados. Vocês também não devem cometer imoralidades sexuais. Vocês farão bem se ficarem longe dessas coisas. Passem bem”. Então eles partiram e foram para a cidade de Antioquia. Lá eles reuniram a congregação e lhes entregaram a carta. Depois de ela ter sido lida pelos irmãos, todos ficaram muito contentes pelas palavras de encorajamento que a carta trouxe. Judas e Silas, que eram ambos profetas, falaram aos irmãos por muito tempo, encorajando-os e fortalecendo-os. Depois de terem passado algum tempo ali, os irmãos os enviaram de volta em paz, para que eles voltassem para aqueles que os tinham enviado. *** Paulo e Barnabé permaneceram ainda algum tempo na cidade de Antioquia e, juntamente com muitos outros, ensinavam e proclamavam a mensagem do Senhor. Alguns dias mais tarde, Paulo disse a Barnabé: —Vamos voltar e visitar os irmãos em todas as cidades onde já anunciamos a mensagem do Senhor para ver como eles estão indo. Barnabé queria levar a João (que é conhecido como Marcos) com eles. Mas Paulo achava que seria melhor não levá-lo, pois ele já os tinha abandonado em Panfília uma vez e não os tinha acompanhado no trabalho. O desacordo entre eles foi tão forte que se separaram. Barnabé levou Marcos e navegou para a ilha de Chipre. Paulo escolheu a Silas e partiu, depois de ter sido entregue pelos irmãos aos cuidados do Senhor. Paulo passou pelas regiões da Síria e da Cilícia, sempre fortalecendo as igrejas. Depois, Paulo chegou à região das cidades de Derbe e Listra, onde encontrou o discípulo chamado Timóteo. Ele era filho de uma mulher judia e que também era uma discípula e o seu pai era grego. Os irmãos das cidades de Listra e de Icônio falavam muito bem dele. Então Paulo, querendo levá-lo consigo, circuncidou-o, por causa dos judeus que estavam naqueles lugares (pois todos sabiam que o pai dele era grego). E conforme passavam pelas cidades, eles entregavam as decisões tomadas pelos apóstolos e pelos presbíteros em Jerusalém, aconselhando-os a obedecerem a essas decisões. Dessa forma as igrejas se fortaleciam na fé e cresciam em número a cada dia. Eles passaram pelas regiões da Frígia e da Galácia, mas foram impedidos pelo Espírito Santo de proclamar a mensagem na Ásia. Quando chegaram perto da fronteira da Mísia, eles tentaram ir para a cidade de Bitínia, mas o Espírito de Jesus não deixou que eles fossem. Então eles atravessaram Mísia e chegaram a Trôade. Durante a noite, Paulo teve uma visão. Ele viu um homem da Macedônia de pé que lhe implorava: —Venha para a Macedônia e ajude-nos. Logo depois de Paulo ter tido a visão, nós imediatamente procuramos partir para a Macedônia, pois concluímos que Deus nos tinha chamado para proclamar as Boas Novas ao povo de lá. Nós embarcamos no porto de Trôade e seguimos diretamente para a ilha de Samotrácia e, no dia seguinte navegamos para Neápolis. De lá seguimos para Filipos, onde permanecemos por vários dias. Filipos é a cidade mais importante daquela região da Macedônia e é também colônia romana. No sábado fomos até o rio que ficava fora dos portões da cidade, pois pensamos que lá acharíamos um lugar de oração. Nos sentamos e começamos a falar com as mulheres que estavam lá reunidas. Uma das mulheres presentes chamava-se Lídia, e era negociante de roupas finas da cidade de Tiatira. Ela temia a Deus e estava nos escutando; o Senhor abriu-lhe o coração para que ela prestasse atenção às coisas que Paulo dizia. Depois de ela e de todas as pessoas de sua casa terem sido batizadas, ela nos convidou, dizendo: —Se vocês acham que eu sou fiel ao Senhor, então fiquem em minha casa. E ela nos convenceu. Aconteceu que, quando estávamos indo para o lugar de oração, uma jovem escrava veio ao nosso encontro. Ela tinha um espírito oracular e dava muitos lucros aos seus donos, adivinhando o futuro. Ela seguia a Paulo e a nós e gritava: —Estes homens são servos do Deus Altíssimo! Eles estão anunciando a vocês o caminho da salvação! Isso se repetiu por vários dias até que Paulo, ficando aborrecido, virou-se e disse ao espírito: —Em nome de Jesus Cristo eu lhe ordeno que saia dela! E naquele mesmo instante o espírito saiu dela. Quando os donos da escrava viram que sua fonte de lucros tinha secado, agarraram a Paulo e a Silas e os arrastaram à praça pública, diante das autoridades. Eles os levaram para os oficiais romanos e disseram: —Estes homens são judeus e estão fazendo desordens em nossa cidade! Eles estão ensinando costumes que estão fora da nossa lei e que nós, os romanos, não podemos aceitar nem tampouco praticar. A multidão se juntou para atacá-los e os oficiais romanos, então, rasgaram as roupas de Paulo e de Silas e mandaram que eles fossem açoitados com varas. Depois de terem batido bastante neles, os oficiais os atiraram na prisão e ordenaram ao carcereiro que os vigiasse com toda a segurança. Depois de receber tal ordem, o carcereiro os levou para a prisão interior e prendeu os pés deles em pedaços de madeira pesados. Mais ou menos à meia-noite, Paulo e Silas estavam orando e cantando hinos a Deus, enquanto os outros prisioneiros os escutavam. De repente, houve um terremoto tão grande que abalou até os alicerces da prisão. Nesse instante todas as portas se abriram e quebraram-se todas as correntes que prendiam os presos. O carcereiro acordou e, quando viu as portas da prisão abertas, pensou que os prisioneiros tinham fugido. Então, tirou a espada para se matar, mas Paulo gritou, dizendo: —Não faça nenhum mal a si mesmo, pois estamos todos aqui. O carcereiro, então, pediu luz e, entrando depressa, ajoelhou-se aos pés de Paulo e Silas tremendo de medo. Depois, levando-os para fora, disse-lhes: —Senhores, o que devo fazer para ser salvo? Eles disseram: —Creia no Senhor Jesus e você será salvo, você e toda a sua casa. E lhe anunciaram a mensagem do Senhor, como também a todos os que estavam em sua casa. O carcereiro os levou, àquela hora da noite mesmo, e lavou os ferimentos deles. Logo depois ele e todos os da sua família foram batizados. Depois ele levou Paulo e Silas para sua casa e lhes deu comida. Então, tanto ele como toda a sua família ficaram muito felizes por terem acreditado em Deus. Assim que amanheceu, os oficiais romanos enviaram alguns de seus guardas, dizendo: “Soltem esses homens”. Então, o carcereiro disse estas palavras a Paulo: —Os oficiais romanos mandaram soltar vocês. Vocês podem ir em paz, agora. Mas Paulo disse aos guardas: —Nós somos cidadãos romanos, mas mesmo assim, sem um processo formal, eles nos açoitaram publicamente e nos jogaram na prisão. Agora eles querem nos mandar embora às escondidas? Isso não! Eles que venham até aqui em pessoa e nos soltem! Os guardas disseram estas coisas para os oficiais romanos, e estes ficaram com medo quando souberam que eles eram cidadãos romanos. Então os oficiais foram pedir desculpas a eles e, depois de libertá-los, pediram-lhes que saíssem da cidade. Ao saírem da prisão, Paulo e Silas foram para a casa de Lídia. Lá eles encontraram os irmãos e, depois de encorajá-los, foram embora. Depois de terem passado por Anfípolis e Apolônia, Paulo e Silas chegaram a Tessalônica, onde havia uma sinagoga de judeus. Paulo foi até lá, como era seu costume fazer e, durante três sábados, discutiu as Escrituras com os judeus, explicando e provando a eles que Jesus tinha de sofrer e ressuscitar dos mortos. Ele dizia: —Este Jesus que eu estou anunciando a vocês é o Cristo. Alguns deles ficaram persuadidos e se juntaram a Paulo e Silas. Juntaram-se a eles também um grande número de gregos que temiam a Deus e muitas mulheres importantes. Os judeus, porém, ficaram com muita inveja e, juntando alguns malandros de rua, formaram um grupo de desordeiros. Esse grupo agitou a cidade e atacou a casa de Jasom à procura de Paulo e Silas para entregá-los ao povo. Não os encontrando lá, o grupo arrastou a Jasom e a alguns dos irmãos para as autoridades da cidade. Eles gritavam: —Estes homens que têm transtornado o mundo chegaram também aqui. Eles estão hospedados na casa de Jasom e todos desobedecem às leis de César, dizendo que há um outro rei, Jesus. Ao ouvirem essas coisas, tanto a multidão como as autoridades da cidade ficaram muito agitadas. Então, fizeram Jasom e os irmãos pagarem uma fiança e depois os soltaram. Assim que anoiteceu, os irmãos fizeram com que Paulo e Silas partissem para a cidade de Beréia. Ao chegarem lá, eles foram para a sinagoga dos judeus. As pessoas daquela cidade eram mais nobres do que as de Tessalônica, pois receberam a mensagem com grande entusiasmo. Eles examinavam as Escrituras todos os dias para ver se o que Paulo dizia era realmente verdadeiro. Com isso muitos deles acreditaram, juntamente com muitas mulheres gregas importantes e muitos homens gregos. Quando os judeus de Tessalônica souberam que Paulo estava em Beréia proclamando a mensagem de Deus, foram até lá para promover desordens entre o povo e para agitá-lo contra Paulo. Os irmãos, então, imediatamente, mandaram Paulo para o litoral, mas Silas e Timóteo ficaram em Beréia. Aqueles que eram responsáveis por Paulo levaram-no até a cidade de Atenas. Depois eles partiram levando instruções para que Silas e Timóteo fossem encontrá-lo em Atenas o mais depressa possível. Enquanto Paulo esperava por Timóteo e Silas em Atenas, o seu espírito se revoltou, pois ele viu que a cidade estava cheia de ídolos. Na sinagoga ele discutia com os judeus e com os gregos que temiam a Deus. E todos os dias, na praça principal, discutia com aqueles que se encontravam ali. Um grupo de filósofos epicureus e estóicos começaram a discutir com ele, e alguns diziam: —O que esse tagarela está querendo dizer? Outros diziam: —Parece que ele está anunciando deuses estranhos. (Eles diziam isso porque Paulo estava falando a respeito de Jesus e da ressurreição). Paulo, então, foi levado até o Areópago. Lá eles lhe disseram: —Podemos saber que novo ensino é esse que você está nos apresentando? Você está trazendo coisas estranhas aos nossos ouvidos e, por isso, gostaríamos de saber o que elas significam. (Eles fizeram isso porque tanto os atenienses como os estrangeiros que lá viviam não faziam mais nada a não ser contar ou ouvir a respeito das últimas novidades). Paulo, então, se levantou no Areópago e disse: —Homens de Atenas! Vejo que vocês são bastante religiosos em tudo, pois, ao andar por aqui observei os objetos de adoração de vocês. Eu encontrei até mesmo um altar no qual estava escrito: “Ao deus desconhecido”. E é esse Deus—que vocês adoram mas que desconhecem—que eu estou anunciando a vocês. Esse Deus fez o mundo e tudo o que nele existe e, desde que Ele é o Senhor do céu e da terra, Ele não mora em templos feitos por mãos humanas. Ele não é servido por mãos humanas como se precisasse de alguma coisa, mas é Ele quem dá vida, respiração e tudo o mais a todos. Ele fez todas as raças de homens de um só homem para que eles habitassem toda a terra, e determinou também os tempos e as fronteiras dos lugares onde eles viveriam. Ele fez isso com a esperança de que os homens buscassem a Deus e que, procurando, o encontrassem, pois Ele não está longe de nenhum de nós. “Nele vivemos, nos movemos e existimos” e assim como também alguns dos próprios poetas de vocês disseram: “Somos filhos dele”. Portanto, desde que somos filhos de Deus, não deveríamos pensar que a divindade é como ouro, prata ou pedra, trabalhados pela arte e pela imaginação do homem. No passado Deus não levou em conta tal ignorância. Agora, porém, Ele manda que todas as pessoas em todos os lugares se arrependam de seus pecados, pois Ele tem um dia reservado, no qual irá julgar o mundo. Ele julgará o mundo com justiça, por meio de um homem que ele apontou e aprovou diante de todos, ressuscitando-o dos mortos. Quando ouviram Paulo falar a respeito de ressurreição dos mortos, alguns deles riram, outros, porém, disseram: —Queremos ouvir você falar sobre isto numa outra ocasião. Paulo, então, foi embora dali. Algumas pessoas juntaram-se a ele e acreditaram. Entre eles estavam Dionísio, que era membro do Areópago, uma mulher chamada Dâmaris e alguns outros. Depois disto, Paulo deixou a cidade de Atenas e foi para Corinto. Lá ele encontrou um judeu chamado Áqüila, natural da região do Ponto. Ele e sua esposa, Priscila, tinham vindo da Itália há pouco tempo, porque o imperador Cláudio tinha decretado que todos os judeus saíssem de Roma. Paulo, então, foi visitá-los e acabou ficando ali para trabalhar com eles, pois tinham a mesma profissão—fazer tendas. Todos os sábados Paulo discutia na sinagoga e tentava convencer tanto os judeus como aqueles que não eram judeus. Quando Silas e Timóteo chegaram da Macedônia, Paulo passou a dedicar todo o seu tempo à proclamação da mensagem, testemunhando aos judeus que Jesus é o Cristo. Quando os judeus se opuseram a Paulo e o insultaram, ele sacudiu a poeira de suas roupas como uma advertência contra eles e lhes disse: —Se vocês se perderem, a culpa será somente de vocês. A minha consciência está tranqüila e, de agora em diante, eu irei para os que não são judeus. E, saindo dali, Paulo foi para a casa de Tício Justo, homem temente a Deus e que morava ao lado da sinagoga. Tanto Crispo, o chefe da sinagoga, como toda a sua família, creram no Senhor. Muitos dos coríntios, que também ouviram a Paulo, creram e foram batizados. Uma noite o Senhor disse a Paulo em sonho: —Não tenha medo. Continue falando às pessoas e não desista, pois eu estou com você. Ninguém lhe atacará ou lhe fará mal, porque tenho muitas pessoas nesta cidade. Então Paulo permaneceu ali por um ano e meio, ensinando a mensagem de Deus entre eles. Quando Gálio era governador da Acaia, os judeus, num esforço conjunto, atacaram a Paulo e o levaram ao tribunal, dizendo: —Este homem está convencendo o povo a adorar a Deus de maneira contrária à lei. Quando Paulo ia falar, Gálio disse aos judeus: —Se isto fosse uma injustiça ou um crime sério, seria razoável que eu os escutasse. Mas desde que isto é uma questão a respeito de palavras, de nomes, e da própria lei de vocês, vocês que a resolvam por si mesmos. Eu me recuso a ser juiz em casos deste tipo. E os expulsou do tribunal. Então, todos eles agarraram a Sóstenes, o chefe da sinagoga, e o espancaram em frente do tribunal. Gálio, entretanto, nem se incomodava com isso. Paulo permaneceu ali ainda por vários dias, mas depois despediu-se dos irmãos e navegou para a Síria, juntamente com Priscila e Áqüila. Em Cencréia Paulo raspou a cabeça, pois tinha feito uma promessa a Deus. Depois eles chegaram à cidade de Éfeso, onde Paulo deixou a Priscila e Áqüila. Ele mesmo, porém, entrando na sinagoga, discutia com os judeus. Estes lhe pediram para que ficasse com eles por mais tempo, mas Paulo recusou e, ao partir, disse: —Se Deus quiser, eu voltarei. E partiu da cidade de Éfeso. Depois de chegar a Cesaréia, ele foi para Jerusalém. Ali cumprimentou a igreja e, em seguida, partiu para a cidade de Antioquia. Depois de ter permanecido lá por algum tempo, Paulo partiu e viajou de cidade em cidade por toda a região da Galácia e da Frígia, fortalecendo a todos os discípulos. Nesse meio tempo, chegou a Éfeso um judeu chamado Apolo, natural da cidade de Alexandria. Ele era um bom orador e conhecia muito bem as Escrituras. Ele tinha sido instruído no caminho do Senhor; falava com bastante entusiasmo e ensinava de maneira correta a respeito de Jesus, apesar de conhecer somente o batismo de João. Ele falava sem medo na sinagoga e, quando Priscila e Áqüila o ouviram, chamaram-no de lado e lhe explicaram melhor o caminho de Deus. Apolo, então, quis ir para a região da Acaia. Os irmãos o encorajaram e escreveram aos discípulos de lá pedindo que o recebessem bem quando ele chegasse. Ele foi uma grande ajuda para aqueles que, pela graça, tinham acreditado, pois derrotava os argumentos dos judeus em público e com muita coragem, provando pelas Escrituras que Jesus é o Cristo. Enquanto Apolo estava na cidade de Corinto, Paulo viajou pelo interior do continente e chegou até Éfeso. Lá encontrou alguns discípulos e perguntou-lhes: —Vocês receberam o Espírito Santo quando creram? Eles lhe responderam: —Nós nem sequer ouvimos dizer que existe um Espírito Santo. Paulo lhes perguntou: —Então, que tipo de batismo vocês receberam? Eles responderam: —O batismo de João. Paulo disse: —O batismo de João era um batismo baseado em arrependimento; ele dizia que as pessoas deviam acreditar naquele que viria depois dele, isto é, em Jesus. Quando ouviram isto, eles foram batizados em nome do Senhor Jesus. E, quando Paulo colocou suas mãos sobre eles, o Espírito Santo veio sobre todos e eles começaram a falar em línguas e a profetizar. Eram ao todo uns doze homens. Durante três meses Paulo continuou a ir à sinagoga, onde com muita coragem discutia e tentava convencer a todos a respeito do reino de Deus. Alguns deles, porém, eram teimosos, se recusavam a acreditar e, ainda por cima, falavam coisas más a respeito do Caminho do Senhor na frente de todos. Por isso, Paulo os deixou e foi-se embora, levando consigo os discípulos. Depois começou a ensinar todos os dias na escola de um homem chamado Tirano. E continuou a fazer isso durante dois anos, até que todas as pessoas que viviam na região da Ásia (tanto os judeus como os que não eram judeus) ouviram a mensagem do Senhor. Deus fazia milagres tão grandes pelas mãos de Paulo que até mesmo lenços e roupas do seu uso pessoal eram levados aos doentes e eles ficavam curados e os demônios se retiravam. Alguns judeus que viajavam de cidade em cidade expulsando demônios, tentaram usar o nome do Senhor Jesus para libertar aqueles que estavam possuídos por demônios. Eles disseram: —Eu lhes ordeno que saiam, em nome de Jesus, a quem Paulo proclama. (Os sete filhos de um judeu chamado Ceva, que era sumo sacerdote, estavam fazendo isto.) Mas o demônio lhes disse: —Eu conheço a Jesus e sei quem é Paulo, mas quem são vocês? E o homem que tinha esse demônio se lançou sobre eles e, dominando a todos, bateu neles até que fugiram daquela casa, nus e feridos. Todos os moradores de Éfeso, tanto os judeus como os que não eram judeus, souberam dessas coisas e ficaram com muito medo. Isso fez com que o nome do Senhor Jesus fosse ainda mais respeitado. Muitos dos que tinham acreditado vieram e confessaram publicamente os pecados que tinham cometido. E muitos daqueles que costumavam praticar bruxarias trouxeram os seus livros e os queimaram na frente de todos. Depois de calcular os preços dos livros, o total chegou a cinqüenta mil moedas de prata. Desta maneira poderosa a mensagem do Senhor se espalhava por toda parte e influenciava mais e mais pessoas. Depois de todas estas coisas terem acontecido, Paulo decidiu ir até a cidade de Jerusalém, após passar pelas regiões da Macedônia e Acaia. E ele também dizia: —Depois de Jerusalém eu ainda tenho que visitar Roma. Paulo, então, enviou para a região da Macedônia dois de seus ajudantes, Timóteo e Erasto, enquanto ele mesmo permanecia na Ásia por mais algum tempo. Nessa ocasião houve um grande tumulto na cidade de Éfeso por causa do Caminho do Senhor. Tudo começou quando Demétrio, um ourives, convocou uma reunião com todos os que estavam envolvidos em trabalhos desse tipo. (Essas pessoas faziam miniaturas de prata do templo da deusa Diana e esse negócio lhes dava muito lucro). Demétrio disse a todos: —Homens! Vocês sabem que este trabalho nos dá um bom lucro. *** Como vocês podem ver e ouvir, esse tal de Paulo anda persuadindo e desencaminhando muita gente, dizendo que os deuses feitos por mãos humanas não são deuses. E isso vem acontecendo não só em Éfeso, mas também em quase toda a região da Ásia. Isso é muito perigoso, pois pode trazer má fama para os nossos negócios. E também pode fazer com que o templo da grande deusa Diana perca todo o seu prestígio. Há ainda o perigo de que a majestade de Diana—deusa adorada não somente na Ásia como também em todo o mundo—seja destruída. Ao ouvirem isto, todos ficaram furiosos e começaram a gritar: —Viva a grande Diana dos Efésios! E a confusão tomou conta da cidade! A multidão agarrou os macedônios Gaio e Aristarco, companheiros de viagem de Paulo, e correram para o teatro. Paulo queria se apresentar ao povo, mas os discípulos não deixaram. Alguns amigos de Paulo, autoridades provinciais, mandaram-lhe um recado pedindo-lhe que não fosse ao teatro. Algumas pessoas gritavam uma coisa, outras gritavam outra e toda a assembléia estava numa total confusão. A maior parte deles não sabia nem a razão de estarem todos reunidos. Então os judeus empurraram Alexandre para a frente e alguns que estavam entre a multidão lhe deram instruções sobre o que falar. Alexandre fez um sinal com a mão e tentou explicar ao povo o que estava acontecendo. Quando as pessoas da multidão, porém, se deram conta de que ele também era judeu, puseram-se a gritar todos juntos: —Viva a grande Diana dos Efésios! E isto durou mais ou menos duas horas. Então o secretário da cidade acalmou a multidão e disse: —Povo de Éfeso! Há alguém no mundo que não saiba que a cidade de Éfeso é a guardiã do templo da grande Diana e da pedra sagrada que caiu do céu? Desde que ninguém pode negar isso, então fiquem calmos e não façam nada precipitadamente. Por que vocês trouxeram estes homens até aqui? Eles não roubaram nenhum templo e tampouco disseram coisas más a respeito da nossa deusa! Se Demétrio e seus companheiros têm alguma acusação contra alguém, os tribunais estão abertos e, além do mais, existem os governadores. Eles que se acusem uns aos outros lá. Mas, se vocês querem saber mais alguma coisa, isso tem que ser resolvido em uma assembléia legal. Do jeito que as coisas estão, há o perigo de sermos acusados de subversão pelo que aconteceu hoje. Pois não há motivo algum que possamos alegar para justificar este alvoroço. E, depois de dizer isto, despediu a assembléia. Quando terminou o alvoroço, Paulo chamou os discípulos e, depois de encorajá-los, despediu-se deles e partiu para a Macedônia. Ele viajou por todas aquelas regiões transmitindo-lhes muitas palavras de encorajamento. Depois foi para a região da Grécia, onde permaneceu por três meses. Ele estava pronto para embarcar para a Síria quando ficou sabendo de um plano que os judeus tinham contra ele, então resolveu voltar para a Síria passando novamente pela Macedônia. Estavam viajando com Paulo: Sópatro, filho de Pirro, da cidade de Beréia; Aristarco e Secundo, de Tessalônica; Gaio, da cidade de Derbe; Timóteo, e também Tíquico e Trófimo, da região da Ásia. Estes foram à nossa frente e esperaram por nós na cidade de Trôade. Depois da Festa dos Pães sem Fermento, navegamos de Filipos e, em cinco dias, encontramos com eles em Trôade. Lá passamos uma semana. No primeiro dia da semana, nós nos reunimos para partir o pão. Paulo ia viajar no dia seguinte e, como estávamos reunidos, começou a falar com eles e continuou falando até a meia-noite. Na sala onde estávamos, no andar de cima, havia muitas lamparinas acesas. Um jovem chamado Êutico estava sentado no parapeito da janela e pegou num sono profundo durante o prolongado discurso de Paulo. Depois de estar completamente dominado pelo sono, o jovem caiu do terceiro andar e, quando o levantaram, ele já estava morto. Paulo desceu até onde estava Êutico, abraçou-o e disse: —Não se preocupem, pois o rapaz está vivo. Em seguida ele voltou para o andar de cima, repartiu o pão e comeu. Depois continuou a falar até raiar o dia, quando partiu. Quanto ao jovem Êutico, este foi levado para casa vivo e todos ficaram grandemente confortados. Nós partimos antes de Paulo, embarcando para o porto de Assôs, onde deveríamos recebê-lo a bordo. Ele mesmo combinou assim, pois pretendia chegar até Assôs por terra. Quando Paulo se encontrou conosco em Assôs, nós o recebemos a bordo e partimos para a cidade de Mitilene. Partimos de lá no dia seguinte e paramos defronte da ilha de Quios. No outro dia atravessamos para a ilha de Samos e no dia seguinte chegamos à cidade de Mileto. Paulo tinha decidido não passar pela cidade de Éfeso, pois não queria se demorar na Ásia. A sua intenção era chegar à cidade de Jerusalém, se possível, antes do dia de Pentecostes. De Mileto ele mandou chamar os presbíteros da igreja de Éfeso. Quando eles chegaram, Paulo lhes disse: —Vocês sabem como eu me comportei durante todo o tempo que estive com vocês, desde o primeiro dia que cheguei na Ásia. Eu servi ao Senhor com toda a humildade, com lágrimas, apesar dos muitos problemas que tive por causa das ciladas que os judeus me prepararam. Vocês sabem que eu não hesitei em lhes anunciar nada, desde que fosse para o bem de vocês, e de como lhes ensinei tanto publicamente como de casa em casa. Testemunhei tanto aos judeus como aos que não são judeus a respeito de como era necessário que eles se arrependessem, que voltassem a Deus e que tivessem fé em nosso Senhor Jesus. E agora vou para Jerusalém, obrigado pelo Espírito, sem saber o que vai me acontecer por lá. A única coisa que sei é que em todas as cidades o Espírito Santo me avisa que prisões e sofrimentos estão à minha espera. Porém, não dou valor à minha própria vida a fim de poder terminar a corrida e a missão que recebi do Senhor Jesus para testemunhar a respeito das Boas Novas da graça de Deus. —E agora sei que nenhum de vocês, em cujo meio passei anunciando o reino de Deus, me verá novamente. Portanto, quero dizer-lhes hoje que sou inocente do sangue de todos vocês, pois não hesitei em proclamar-lhes toda a vontade de Deus. Estejam alerta e cuidem tanto de vocês mesmos como também de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo os constituiu bispos, para pastorearem a igreja de Deus, a qual Ele comprou com o seu próprio sangue. Digo isto porque sei que, depois que eu for embora, lobos ferozes aparecerão entre vocês e não terão pena do rebanho. E até mesmo dentre o próprio grupo de vocês, surgirão homens falando coisas erradas para arrastar os discípulos atrás deles. Portanto, cuidado! Lembrem-se de que durante três anos eu nunca deixei de avisar a nenhum de vocês, quer fosse de dia ou de noite, e mesmo com lágrimas. —Agora portanto, eu os entrego a Deus e à mensagem da sua graça, pois ela é capaz de fortalecê-los e de lhes dar a herança entre todo o povo santo de Deus. Não cobicei nem a prata, nem o ouro e nem a roupa de ninguém, e vocês mesmos sabem como trabalhei com minhas próprias mãos para ter o necessário não só para mim como também para os meus companheiros. Em tudo lhes mostrei que, trabalhando assim, devemos ajudar os necessitados e recordar as palavras do próprio Senhor Jesus: “Quem dá é mais feliz do que quem recebe”. Depois de ter dito todas essas coisas, ele se ajoelhou e orou com todos eles. E todos choraram muito e o abraçaram e beijaram, pois estavam muito tristes pelo fato de Paulo dizer que eles não voltariam a vê-lo. Depois disso, eles o acompanharam até o navio. Depois de termos nos separado deles, embarcamos diretamente para a ilha de Cós. No dia seguinte, chegamos em Rodes e, de lá, seguimos para Pátara. Lá encontramos um navio que ia para a Fenícia. Embarcamos nele e seguimos viagem. Passamos pela ilha de Chipre e, deixando-a à esquerda, seguimos para a Síria. Quando chegamos à cidade de Tiro, tivemos que desembarcar, pois o navio tinha que ser descarregado. Ali nós encontramos alguns discípulos e ficamos com eles por uma semana e, pelo poder do Espírito, eles disseram a Paulo que não fosse para Jerusalém. Passados aqueles dias, nós nos retiramos e continuamos nossa viagem. Todos eles nos acompanharam, com suas mulheres e filhos, da cidade até a praia, onde nos ajoelhamos e oramos. Depois de nos despedirmos uns dos outros, embarcamos e eles voltaram para suas casas. Prosseguimos nossa viagem partindo de Tiro e chegando em Ptolemaida. Lá cumprimentamos os irmãos e ficamos com eles por um dia. No dia seguinte, partimos e seguimos para a cidade de Cesaréia. Ao chegar lá, fomos para a casa do evangelista Filipe, que era um dos sete, e ficamos com ele. Ele tinha quatro filhas solteiras que profetizavam. Tínhamos chegado há vários dias quando um profeta chamado Ágabo chegou da Judéia. Ele veio para perto de nós, tirou o cinto de Paulo e, amarrando seus próprios pés e mãos, disse: —Assim diz o Espírito Santo: O dono deste cinto será amarrado desta maneira pelos judeus em Jerusalém e será entregue nas mãos dos que não são judeus. Quando ouvimos isto, tanto nós como os daquele lugar insistimos com Paulo para que ele não fosse para Jerusalém. Paulo, porém, disse: —O que vocês pretendem chorando desse jeito e me entristecendo? Eu não só estou pronto para ser amarrado como também para morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus. Como não conseguimos convencê-lo, paramos de insistir e dissemos: —Que seja feita a vontade do Senhor. Depois desses dias, nos preparamos e partimos para Jerusalém. Alguns dos discípulos que eram da cidade de Cesaréia nos acompanharam e nos levaram até a casa de Mnasom, onde íamos ficar. Mnasom era da ilha de Chipre e era um dos primeiros discípulos. Quando chegamos a Jerusalém, fomos recebidos com alegria pelos irmãos. No dia seguinte, Paulo nos acompanhou em visita a Tiago e todos os presbíteros da igreja estavam lá reunidos. Paulo cumprimentou a todos e contou-lhes, uma por uma, todas as coisas que Deus tinha feito entre os que não eram judeus por meio do seu trabalho. Ao ouvirem isto, todos louvaram a Deus e, depois, disseram a Paulo: —Irmão! Como você pode ver, milhares de judeus creram e acham que é importante seguir a lei de Moisés. Eles ouviram dizer que você está ensinando a todos os judeus que vivem entre povos que não são judeus a abandonarem a lei de Moisés, dizendo-lhes que não devem circuncidar os filhos nem seguir os costumes judaicos. O que é que podemos fazer então? Sem dúvida eles saberão da sua chegada. Portanto, faça o que vamos lhe dizer: Estão conosco quatro homens que fizeram uma promessa. Acompanhe esses homens em sua cerimônia de purificação e pague as despesas deles para que possam raspar a cabeça. Dessa forma, todos ficarão sabendo que não é verdade o que ouviram dizer a seu respeito e que, pelo contrário, você mesmo obedece à lei. Quanto aos que não são judeus e que creram, já lhes escrevemos uma carta, dizendo: “Não comam carne de animais oferecidos a ídolos, nem sangue e tampouco carne de animais que tenham sido estrangulados. E também não cometam imoralidades sexuais”. No dia seguinte, Paulo levou os homens e participou da cerimônia de purificação juntamente com eles. Depois, foi para o templo para anunciar quando terminariam os dias da purificação para que, no fim desses dias, fosse oferecido um sacríficio para cada um deles. Quando os sete dias da purificação estavam para acabar, alguns judeus da região da Ásia viram a Paulo no templo. Eles alvoroçaram toda a multidão e, agarrando-o, gritaram: —Homens de Israel, ajudem-nos! Este é o homem que anda por toda parte ensinando a todos coisas que são contra o nosso povo, contra a lei de Moisés e contra este lugar. E agora ele trouxe até mesmo homens que não são judeus para dentro do templo, sujando este lugar santo. (Eles tinham dito isto porque tinham visto Paulo na cidade em companhia de Trófimo, um efésio, e assumiram que Paulo o tinha levado ao templo.) Toda a cidade ficou agitada, e o povo corria, vindo de todos os lados. Eles agarraram a Paulo e o arrastaram para fora do templo, fechando as portas logo em seguida. Enquanto procuravam matá-lo, o comandante de um batalhão romano foi informado de que toda a cidade de Jerusalém estava em completo alvoroço. Ele imediatamente reuniu alguns soldados e oficiais e correu para o meio do povo. Quando o povo viu o comandante e os soldados, parou de bater em Paulo. O comandante, então, chegando perto de Paulo, prendeu-o e mandou que o amarrassem com duas correntes. Depois, dirigiu-se ao povo e perguntou-lhes quem ele era e o que tinha feito. Na multidão, uns gritavam uma coisa e outros, outra. Ele, porém, não podendo apurar a verdade por causa do tumulto, ordenou que Paulo fosse levado para o quartel. Quando chegaram às escadas, os soldados tiveram que carregá-lo no alto por causa da violência da multidão que, seguindo-o, gritava: —Matem-no! Eles estavam prestes a entrar no quartel quando Paulo disse ao comandante: —Posso falar com o senhor? O comandante respondeu: —Oh! Você fala grego? Você não é o egípcio que há algum tempo atrás organizou uma revolta e levou quatro mil terroristas para o deserto? Paulo disse: —Não! Eu sou judeu, cidadão de Tarso, cidade importante da Cilícia. Eu lhe peço que me deixe falar com o povo. Quando o comandante lhe deu permissão, Paulo se colocou de pé nos degraus e fez sinal com a mão para que a multidão fizesse silêncio. Depois que todos ficaram quietos, Paulo começou a falar-lhes em língua hebraica: —Irmãos e pais! Escutem o que vou dizer em minha defesa. (Quando a multidão ouviu que ele lhes falava em hebraico, ficou ainda mais quieta.) Então Paulo disse: —Eu sou judeu e nasci na cidade de Tarso, na Cilícia, mas cresci nesta cidade. Fui aluno de Gamaliel e com ele estudei profundamente a lei dos nossos antepassados. Eu era dedicado a Deus exatamente como todos vocês são hoje. Persegui este Caminho até a morte, prendendo e colocando homens e mulheres na prisão, assim como podem testemunhar tanto o sumo sacerdote como todos os que fazem parte do Conselho dos anciãos. Recebi destes cartas escritas para os irmãos judeus em Damasco e fui para lá a fim de prender os que lá estavam e de trazê-los para Jerusalém como prisioneiros, para que pudessem ser castigados. Eu já estava a caminho e me aproximava da cidade de Damasco quando, por volta do meio-dia, de repente, uma luz forte brilhou ao meu redor. Caí no chão e ouvi uma voz me dizer: “Saulo, Saulo, por que você me persegue?” Então perguntei: “Quem é o senhor?” Ele disse: “Sou Jesus de Nazaré, a quem você persegue”. Os homens que estavam comigo viram a luz, mas não entenderam o que a voz dizia. Em seguida perguntei: “O que devo fazer, Senhor?” E o Senhor me respondeu: “Levante-se e vá para Damasco. Lá você será informado de tudo o que deve fazer”. O brilho daquela luz tinha me deixado cego e, por isso, tive de ser guiado pela mão pelos meus companheiros até Damasco. —Morava em Damasco um homem chamado Ananias. Ele era muito religioso de acordo com a lei e muito respeitado por todos os judeus daquela região. Ele veio ao meu encontro e, parando de frente para mim, disse: “Irmão Saulo, volte a enxergar!” E naquele mesmo instante eu voltei a enxergar e pude vê-lo. Ele me disse: “O Deus de nossos antepassados escolheu a você para conhecer a vontade dele, para ver o Justo e também para ouvir a voz da sua boca. Pois você testemunhará a todos os homens a respeito de tudo o que viu e ouviu. E agora, o que está esperando? Levante-se, seja batizado e lave os seus pecados, confiando no nome do Senhor”. —Eu voltei para Jerusalém e, quando estava orando no templo, tive uma visão. E eu vi aquele que estava me dizendo: “Saia imediatamente de Jerusalém, pois este povo não aceitará o seu testemunho a meu respeito”. Então eu disse: “Senhor, estas pessoas sabem que eu percorri sinagogas, colocando na prisão e açoitando os que acreditavam no senhor. Elas sabem também que eu estava presente quando o sangue de Estêvão, a sua testemunha, foi derramado. E elas até sabem que eu aprovei aquele crime e que tomei conta das capas dos que o mataram”. Mas Ele me disse: “Vá, pois Eu vou enviá-lo para muito longe, para povos que não são judeus”. Eles escutaram o que Paulo tinha a dizer até aquele ponto, mas depois começaram a gritar, dizendo: —Tirem esse homem da terra, pois ele não merece viver! E, enquanto gritavam, eles atiravam suas capas e jogavam poeira para cima. O comandante, então, ordenou que Paulo fosse levado para o quartel e que, com açoites, fosse interrogado para saber o motivo pelo qual a multidão gritava tanto contra ele. Mas quando eles o amarraram para açoitá-lo, Paulo perguntou ao oficial que estava perto dele: —Vocês têm permissão para açoitar um cidadão romano, sem este estar condenado? Quando o oficial ouviu isto, foi ao comandante e disse: —Veja bem o que o senhor vai fazer, pois este homem é um cidadão romano. O comandante, então, aproximando-se de Paulo, perguntou: —Diga-me uma coisa: Você é realmente cidadão romano? E Paulo respondeu: —Sim, sou. O comandante então disse: —A mim custou muito dinheiro para conseguir ser cidadão romano. Ao que Paulo respondeu: —Mas eu sou cidadão romano de nascimento. Imediatamente os homens que estavam ali para interrogá-lo afastaram-se dele e o comandante ficou com medo quando soube que tinha mandado amarrar um romano. O comandante queria saber exatamente porque Paulo estava sendo acusado pelos judeus. Então, depois de soltá-lo, mandou reunir em assembléia os líderes dos sacerdotes e todo o Conselho Superior. Depois ele mandou trazer Paulo e o colocou diante deles. Paulo olhou bem para os membros do Conselho e disse: —Irmãos! Eu tenho vivido com a consciência limpa diante de Deus até o dia de hoje. Então Ananias, o sumo sacerdote, mandou que os homens que estavam perto de Paulo lhe batessem na boca. Paulo, então, lhe disse: —Deus vai bater em você, parede branqueada! Você está aí sentado para me julgar de acordo com a lei e, contra a lei, manda me bater? Os homens que estavam perto dele lhe disseram: —Como é que você insulta assim o sumo sacerdote de Deus? Paulo respondeu: —Irmãos, eu não sabia que ele era o sumo sacerdote; as Escrituras dizem: “Não fale mal do líder do seu povo”. Quando Paulo percebeu que alguns homens do Conselho eram do partido dos saduceus e que outros eram do partido dos fariseus, falou bem alto: —Irmãos! Eu sou fariseu e filho de fariseu, e estou sendo julgado por causa da esperança que tenho na ressurreição dos mortos. Depois de terem ouvido Paulo dizer isto, os fariseus e os saduceus começaram a discutir e a assembléia se dividiu. (Os saduceus dizem que não há ressurreição e também que não existem nem anjos nem espíritos, mas os fariseus acreditam em tudo isso.) Todos os judeus começaram a gritar e alguns professores da lei do partido dos fariseus se levantaram e começaram a protestar: —Não encontramos nada contra este homem; e será que algum espírito ou anjo falou com ele? A discussão se tornou tão violenta que o comandante ficou com medo que Paulo fosse despedaçado por eles. Então mandou que os soldados fossem até lá, tirassem Paulo do meio deles e que o levassem de volta para o quartel. Na noite seguinte, o Senhor se colocou ao lado de Paulo e disse: —Tenha coragem! Assim como você testemunhou a meu respeito em Jerusalém, você também terá de fazer o mesmo em Roma. No dia seguinte, os judeus se reuniram e fizeram um juramento que não comeriam nem beberiam nada até que matassem Paulo. (E o número de homens que conspiravam contra Paulo era de mais de quarenta.) Depois, foram falar com os líderes dos sacerdotes e com os anciãos, dizendo: —Juramos que não comeremos nada até que matemos Paulo. Portanto, o que vocês e o Conselho têm que fazer é mandar dizer ao comandante para trazê-lo até aqui, dizendo que querem examinar o caso dele mais de perto. Estaremos prontos para matá-lo antes que ele chegue. O filho da irmã de Paulo, porém, ouviu todo o plano e correu para o quartel a fim de avisar Paulo. Paulo, então, chamou um dos oficiais e disse: —Leve este rapaz até o comandante, pois tem uma coisa para dizer a ele. O oficial levou o rapaz até o comandante e disse: —O prisioneiro Paulo me chamou e pediu que eu trouxesse este rapaz até o senhor pois parece que ele tem alguma coisa para lhe dizer. O comandante levou o rapaz pela mão até um lugar onde poderiam conversar e perguntou-lhe: —O que você quer me dizer, rapaz? Ele disse: —Os judeus combinaram pedir ao senhor que levasse Paulo até o Conselho amanhã com a desculpa de querer examinar o caso dele mais de perto. Não acredite nisso! Mais de quarenta homens estão escondidos à espera de Paulo para matá-lo. Eles fizeram um juramento de não comer nem beber nada até que o matem. Está tudo pronto; eles só precisam da sua permissão. O comandante, então, disse: —Você pode ir embora agora, mas não diga a ninguém que me contou essas coisas. Depois que o rapaz foi embora, o comandante mandou chamar dois oficiais e disse: —Preparem duzentos soldados, setenta cavaleiros e duzentos lanceiros para ir até a cidade de Cesaréia. Estejam prontos às nove horas da noite. Mandem preparar um cavalo para Paulo e levem-no em segurança até o governador Félix. Depois disto, o comandante escreveu esta carta: “De Cláudio Lísias, ao excelentíssimo governador Félix. Saudações! Este homem foi agarrado pelos judeus, e eles estavam prestes a matá-lo quando, ao ficarmos sabendo que ele era cidadão romano, eu e meus soldados o tiramos das mãos deles. Eu queria saber a razão pela qual eles o estavam acusando e, por isso, o levei ao Conselho Superior deles. Lá percebi que as acusações contra ele diziam respeito à lei deles, mas que ele não era culpado de nada que merecesse a morte ou a prisão. Assim que fui informado de um plano traçado para tirar-lhe a vida, resolvi enviá-lo para aí. E também ordenei aos que o acusam que apresentem as suas queixas diante do senhor”. Os soldados cumpriram as ordens que receberam e, durante a noite, levaram Paulo para a cidade de Antipátride. No dia seguinte, os cavaleiros seguiram com Paulo, mas o restante dos soldados retornou para o quartel. Quando chegaram à cidade de Cesaréia, eles deram a carta ao governador e também lhe entregaram Paulo. O governador leu a carta e perguntou a Paulo de que província ele era. Quando soube que era da Cilícia, disse: —Eu o ouvirei assim que os homens que o acusam chegarem. Então mandou que Paulo fosse mantido preso no palácio de Herodes. Cinco dias depois, Ananias, o sumo sacerdote, chegou à cidade de Cesaréia acompanhado de alguns anciãos e de um advogado chamado Tértulo. Eles se apresentaram ao governador com acusações contra Paulo. Este, então, foi chamado e Tértulo iniciou a sua acusação, dizendo: —Graças ao senhor, nós temos atravessado um período de muita paz e muitas reformas que eram necessárias neste país foram feitas por causa da sua sabedoria. Nós lhe somos muito gratos, excelentíssimo senhor governador, por tudo o que temos recebido em todas as situações e em todos os lugares. Agora, para não detê-lo por muito tempo, peço-lhe que tenha a bondade de nos ouvir apenas por um pouco mais. Nós sabemos que este homem é uma peste e que provoca desordens entre os judeus espalhados por todas as partes do mundo. Sabemos também que ele é o líder da seita dos nazarenos. Ele tentou até profanar o templo, e foi por isso que nós o prendemos. *** Interrogue-o o senhor mesmo! Assim o senhor tomará conhecimento de todas as coisas de que nós o acusamos. Os judeus também concordaram na acusação, afirmando que estas coisas eram assim. Depois disto, o governador fez um sinal com a mão para que Paulo falasse. Então Paulo disse: —Eu sei que o senhor tem julgado esta nação por muitos anos, por isso é com muito prazer que faço minha defesa na sua presença. Como o senhor pode verificar, não faz mais de doze dias que fui para Jerusalém para adorar a Deus. Quando eles me encontraram no templo, eu não estava discutindo com ninguém. Eles também não me viram provocando desordens entre o povo nem nas sinagogas e em nenhum outro lugar da cidade. Eles não podem nem sequer lhe provar as acusações que estão fazendo contra mim. O que eu tenho que confessar ao senhor é: Eu adoro ao Deus de nossos antepassados de acordo com o Caminho, o qual eles dizem ser falso. Acredito em tudo o que a lei de Moisés diz e em tudo o que está escrito nos livros dos profetas. Tenho a mesma esperança em Deus que eles também têm, isto é, que todos iremos ressuscitar, tanto os justos como os pecadores. Portanto, faço o possível para manter minha consciência sempre limpa tanto diante de Deus como diante das pessoas. —Tenho estado fora de Jerusalém por muitos anos e voltei para trazer alguma ajuda ao meu próprio povo e também para oferecer sacrifícios. E era exatamente isso que eu estava fazendo no templo, depois de já ter sido purificado, quando eles me encontraram. Não havia multidão ou mesmo desordem alguma. Alguns judeus da Ásia que estavam lá é que deveriam vir à sua presença para me acusar, se é que eles têm alguma coisa contra mim. Ou mesmo estes homens que estão aqui digam que mal acharam em mim quando estive diante do Conselho Superior, exceto uma coisa que eu gritei enquanto estava entre eles, que foi: “É por causa da ressurreição dos mortos que estou sendo julgado por vocês hoje”. Quando Félix, que estava bem informado a respeito do Caminho, ouviu isso, adiou a audiência e disse: —Decidirei o seu caso quando o comandante Lísias chegar. Depois, chamou o oficial e deu-lhe estas ordens: —Mantenha Paulo sob vigilância, mas dê-lhe alguma liberdade. Permita também que os amigos dele lhe tragam o que ele precisar. Alguns dias depois, chegando Félix com sua esposa Drusila, que era judia, mandou chamar Paulo e o ouviu falar a respeito da fé em Cristo Jesus. Quando Paulo lhes falou a respeito de justiça, de domínio próprio e de julgamento futuro, Félix ficou com medo e disse: —Você pode ir embora agora. Eu voltarei a chamá-lo quando tiver outra oportunidade. Félix esperava que Paulo lhe desse algum dinheiro, por isso mandou chamá-lo várias vezes para conversar com ele. Dois anos se passaram. Pórcio Festo assumiu o cargo de governador e Félix, querendo garantir o apoio dos judeus, deixou o posto deixando também Paulo na prisão. Três dias depois de ter chegado para ocupar o cargo de governador, Festo foi de Cesaréia para Jerusalém. Lá, os líderes dos sacerdotes e os judeus mais importantes da cidade apresentaram-lhe as acusações que tinham contra Paulo. Eles também lhe pediram que lhes fizesse este favor: que enviasse Paulo para Jerusalém. (Eles estavam preparando uma cilada para matá-lo durante a viagem.) Festo, porém, disse: —Paulo está preso em Cesaréia e eu pretendo voltar para lá em breve. Que alguns dos seus líderes me acompanhem até lá e o acusem, se é que ele fez alguma coisa errada. Festo ficou com eles não mais do que oito ou dez dias e depois partiu para Cesaréia. No dia seguinte, ele tomou o seu lugar no tribunal e mandou que Paulo fosse levado até lá. Quando Paulo chegou, os judeus que tinham ido de Jerusalém o rodearam e começaram a acusá-lo de várias coisas graves, as quais não eram capazes de provar. Paulo, então, defendendo-se, disse: —Eu não fiz nada de errado nem contra a lei dos judeus, nem contra o templo e nem contra César. Festo, porém, querendo agradar aos judeus, disse a Paulo: —Você quer ir até Jerusalém e ser julgado ali por mim a respeito destas coisas? Paulo respondeu: —Eu estou diante do tribunal de César e é aqui que devo ser julgado. O senhor sabe muito bem que eu não cometi crime algum contra os judeus. Se sou culpado de alguma coisa errada, ou se fiz alguma coisa pela qual mereça a morte, eu estou pronto para morrer. Mas, se as acusações que estes homens estão fazendo contra mim não são verdadeiras, ninguém pode me entregar a eles. Eu apelo para ser julgado por César. Depois de conversar com seus conselheiros, Festo disse: —Você apelou para ser julgado por César, para César você irá. Alguns dias depois, o rei Agripa e Berenice chegaram a Cesaréia para cumprimentar a Festo. Como eles permanecessem lá por vários dias, Festo apresentou o caso de Paulo ao rei, dizendo: —Está aqui um homem que foi deixado prisioneiro por Félix. Quando estive em Jerusalém, os líderes dos sacerdotes e os anciãos dos judeus me apresentaram muitas acusações contra ele e pediram que fosse condenado. Eu disse a eles que os romanos não costumam entregar ninguém sem primeiro haver um encontro, frente a frente, entre o acusado e os que o acusam. Dessa forma o acusado tem a chance de se defender das acusações. Eles vieram comigo até aqui e eu não perdi tempo; no dia seguinte, tomei o meu lugar no tribunal e mandei que o homem fosse trazido. Os homens que estavam contra ele se levantaram e começaram a acusá-lo, mas não mencionaram nenhum grande crime, como eu pensei que eles fossem fazer. Ao invés disso eles começaram a discutir com Paulo a respeito de coisas ligadas à religião deles e a respeito de um homem morto chamado Jesus, a quem Paulo afirmava estar vivo. Como eu não sabia o que fazer num caso destes, perguntei a Paulo se ele queria ir a Jerusalém para ser julgado lá a respeito destas coisas. Ele, porém, apelou para ficar em custódia para o julgamento do imperador. Então, eu ordenei que continuasse preso até que eu o enviasse a César. Depois de ouvir estas coisas, o rei Agripa disse a Festo: —Eu gostaria de ouvir esse homem. Ao que Festo disse: —O senhor o ouvirá amanhã. Então, no dia seguinte, Agripa e Berenice chegaram com grande pompa e entraram na sala da audiência juntamente com os comandantes militares e com os homens mais importantes da cidade. Festo mandou que Paulo fosse levado até aquele auditório e depois disse: —Rei Agripa e todos os que estão presentes aqui! Vejam este homem! Toda a comunidade dos judeus, tanto daqui de Cesaréia como da cidade de Jerusalém, recorreu a mim gritando que este homem devia morrer. Eu, entretanto, não acho que ele tenha feito nada que mereça a morte. Ele apelou para ser julgado pelo imperador e eu, então, decidi enviá-lo a César. Eu não tenho nada de concreto para escrever a respeito dele ao soberano. Por isso resolvi trazê-lo diante de todos aqui hoje—e especialmente diante do senhor, rei Agripa, para que, depois do interrogatório, eu tenha alguma coisa para escrever. Pois me parece absurdo mandar um prisioneiro para julgamento sem indicar as acusações feitas contra ele. Então Agripa disse a Paulo: —Agora você pode se defender. Paulo estendeu a mão e começou a sua defesa: —Rei Agripa. Estou muito feliz por ser diante do senhor que vou apresentar hoje minha defesa contra todas as coisas das quais os judeus estão me acusando, especialmente levando-se em conta todo o seu conhecimento a respeito de todos os costumes e problemas dos judeus. Portanto, peço-lhe que me escute com paciência. —Todos os judeus sabem que eu tenho vivido em meu país e em Jerusalém desde que era jovem. Eles me conhecem há muito tempo e podem, se quiserem, testemunhar que vivi como fariseu de acordo com a seita mais rigorosa da nossa religião. Hoje eu estou sendo julgado por causa da esperança que tenho na promessa que Deus fez a nossos antepassados. As doze tribos de Israel servem a Deus dia e noite na esperança de receber essa mesma promessa. E é por causa dessa esperança, ó rei, que estou sendo acusado pelos judeus. Por que parece inacreditável a vocês que Deus ressuscite os mortos? Eu mesmo pensava que tinha de fazer tudo o que pudesse contra o nome de Jesus de Nazaré e foi exatamente isso o que fiz em Jerusalém. Eu recebi uma autorização dos líderes dos sacerdotes e, com ela, coloquei muitos do povo de Deus na prisão. Quando eles eram condenados à morte, o meu voto também estava contra eles. Muitas vezes eu os castiguei por todas as sinagogas e tentei até forçá-los a insultar Jesus. Eu estava tão enfurecido contra eles que continuava a persegui-los mesmo em cidades estrangeiras. —Numa dessas viagens, quando ia para a cidade de Damasco, eu levava uma autorização e também ordens dos líderes dos sacerdotes. Era por volta do meio-dia e eu já estava a caminho quando vi, ó rei, uma luz do céu. Ela brilhava mais que o sol e iluminou a mim e a todos os que estavam comigo. Todos nós caímos ao chão e então ouvi uma voz que me dizia, em hebraico: “Saulo, Saulo, por que você me persegue? Você está machucando a si mesmo, como o boi que dá coice contra a ponta do ferrão”. —Então perguntei: “Quem é o senhor?” E Ele me respondeu: “Eu sou Jesus, a quem você está perseguindo. Mas levante-se e fique de pé. Eu apareci a você para que me sirva de servo e testemunha, tanto com relação ao que você já viu como também com relação ao que Eu ainda vou lhe mostrar. Vou livrá-lo tanto dos povos judeus como também dos que não são judeus, para os quais vou mandá-lo. Eu vou mandá-lo a eles para que você lhes abra os olhos a fim de que eles se voltem da escuridão para a luz e do poder de Satanás para Deus. Dessa forma, pela fé em mim, eles receberão perdão dos seus pecados e passarão a fazer parte do povo santo de Deus”. —Portanto, Rei Agripa, eu obedeci à visão celestial que tive. Comecei a anunciar aos de Damasco. De lá fui para a cidade de Jerusalém e, depois, viajei por toda a região da Judéia, anunciando inclusive para os que não são judeus. Eu anunciava que eles deviam se arrepender e voltar para Deus e também que tudo o que fizessem deveria mostrar que eles estavam realmente arrependidos. Foi por esse motivo que os judeus me agarraram quando eu estava no templo e tentaram me matar. Mas Deus tem me ajudado muito até o dia de hoje e é por isso que eu agora estou aqui, testemunhando a respeito dele tanto para os que são de condição simples como para os que são importantes. Eu nunca disse nada que fosse além daquilo que tanto os profetas como Moisés já disseram, isto é, que Cristo iria sofrer e que iria ser o primeiro a ser ressuscitado e que assim anunciaria a luz tanto para os que são judeus como para os que não são judeus. Paulo estava dizendo estas coisas em sua defesa quando Festo gritou: —Você está louco, Paulo! Você estudou tanto que ficou maluco! Mas Paulo disse: —Eu não estou maluco, Excelentíssimo Festo. As coisas que eu estou dizendo são verdade e de bom senso. O próprio rei Agripa aqui presente sabe a respeito dessas coisas e eu tenho certeza de que nenhuma delas escapou ao conhecimento dele, pois nada foi feito às escondidas. É por isso que eu posso falar ao rei abertamente. Ó rei Agripa, acredita nos profetas? Eu sei que o senhor acredita. Então o rei disse a Paulo: —Você acha que assim, em pouco tempo, pode me persuadir a me tornar cristão? Paulo respondeu: —Assim Deus permitisse que, em pouco ou muito tempo, não apenas o senhor, ó rei, porém todos os que hoje me ouvem se tornassem como eu sou—só que sem estas correntes. Então o rei Agripa, o governador, Berenice e todos os que estavam sentados com ele se levantaram e saíram do auditório, comentando uns com os outros: —Esse homem não fez nada para merecer a morte e nem mesmo a prisão. E Agripa disse a Festo: —Este homem já podia estar solto se não tivesse pedido para ser julgado por César. Ficou então decidido que navegaríamos para a Itália. Paulo e alguns dos outros presos foram entregues a um oficial chamado Júlio, o qual pertencia ao Regimento Imperial. Embarcamos num navio que estava pronto para partir da cidade de Adramítio para costear a região da Ásia. Aristarco, um macedônio da cidade de Tessalônica, estava conosco. No dia seguinte, chegamos ao porto de Sidom. Júlio tratava Paulo com bondade, permitindo inclusive que ele fosse ver seus amigos e que recebesse deles o que precisasse. De lá nós partimos e navegamos sob a proteção da ilha de Chipre, pois o vento nos era contrário. Atravessamos os mares do litoral da Cilícia e da Panfília e chegamos à Mirra, cidade da região da Lícia. Ali o oficial encontrou um barco da cidade de Alexandria com destino à Itália e nos embarcou nele. Navegamos muito lentamente durante vários dias e foi a muito custo que chegamos perto da cidade de Cnido. O vento, porém, não nos deixava continuar nessa direção. Então navegamos sob a proteção da ilha de Creta, passando pelo porto de Salmona. Assim fomos navegando bem perto do litoral e, ainda com dificuldade, chegamos a um lugar chamado Bons Portos, localizado perto da cidade de Laséia. Tinha-se perdido muito tempo e agora tornava-se perigoso navegar, pois o período do jejum já tinha passado. Paulo, então, avisou a todos, dizendo: —Homens! Vejo que a nossa viagem será terrível e que trará muitos prejuízos, não somente para a carga e para o barco, como também para as nossas próprias vidas. Mas o oficial romano dava mais crédito ao piloto e ao dono do navio do que ao que Paulo dizia. Como o porto onde nós estávamos não era seguro para se passar o inverno, a maioria decidiu partir e tentar chegar à cidade de Fenice e passar o inverno ali. Fenice é um porto da ilha de Creta que olha para o sudoeste e para o noroeste. Um vento fraco começou a soprar do sul. Então todos pensaram que poderiam seguir viagem tranqüilamente. Eles levantaram âncora e puseram-se a navegar ao longo do litoral de Creta. Pouco depois, porém, um vento muito forte chamado “Nordeste” veio da ilha. Ele era tão forte como um furacão, e arrastou o navio de tal maneira que não conseguíamos avançar contra ele. Então desistimos e deixamo-nos levar pelo vento. Protegidos do vento por uma pequena ilha chamada Cauda, conseguimos, com muita dificuldade, amarrar o bote salva-vidas. Depois de terem suspendido o bote, os marinheiros amarraram o navio com cabos de segurança. Eles tinham medo de que ele fosse levado para a costa e que ficasse encalhado em Sirte. Depois baixaram a vela e deixaram que o navio fosse levado pelo vento. No dia seguinte, como o vento continuava a soprar fortemente, eles começaram a jogar a carga no mar. E, no terceiro dia, eles, com as próprias mãos, atiraram a aparelhagem do navio no mar. Durante muitos dias, não pudemos ver o sol, nem as estrelas, e o vento continuava soprando forte. Finalmente, perdemos toda a esperança de sermos salvos. Como estávamos muito tempo sem comer nada, Paulo ficou de pé no meio deles, e disse: —Homens, vocês deveriam ter me escutado e ficado em Creta. Assim se teria evitado este dano e perda. Agora, porém, é preciso que vocês sejam corajosos pois nenhum de vocês morrerá, mas somente o barco se perderá. Digo isto porque ontem à noite um anjo de Deus, a quem eu pertenço e sirvo, apareceu junto a mim e me disse: “Não tenha medo, Paulo, pois você deve aparecer diante de César e Deus, em sua bondade, lhe concedeu as vidas de todos os que estão navegando com você”. Portanto, alegrem-se, homens! Eu tenho fé em Deus e creio que Ele fará exatamente como o anjo me disse. Mas nós temos que encalhar numa ilha. Na décima quarta noite, estávamos sendo levados pelo vento através do Mar Adriático quando, por volta da meia-noite, os marinheiros perceberam que estávamos nos aproximando da terra. Então, jogaram o prumo e viram que ali a água tinha trinta e seis metros de profundidade. Pouco tempo depois, eles mediram outra vez e deu só vinte e sete metros. Eles começaram a ficar com medo que o barco batesse contra as rochas. Então foram até a parte de trás do navio e jogaram quatro âncoras no mar. Depois disso começaram a orar para que o dia clareasse logo. Os marinheiros tentaram escapar do navio. Eles baixaram o bote salva-vidas no mar fingindo estarem jogando a âncora na parte dianteira do barco. Paulo, porém, disse ao oficial romano e aos soldados: —Se esses homens não ficarem no navio, vocês não conseguirão se salvar. Os soldados, então, cortaram as cordas do bote salva-vidas e deixaram que ele caísse ao mar. Um pouco antes de amanhecer, Paulo pediu a todos que comessem alguma coisa, dizendo: —Já faz duas semanas que vocês têm esperado sem comer nada. Agora, porém, eu lhes peço que comam alguma coisa. Vocês precisam alimentar-se para continuar vivendo, pois nenhum de vocês perderá sequer um fio de cabelo. Depois de dizer isto, Paulo pegou um pedaço de pão e, agradecendo a Deus diante de todos, partiu-o e começou a comer. Todos se sentiram encorajados e também comeram um pouco. Éramos ao todo duzentas e setenta e seis pessoas no barco. Depois de terem comido o suficiente, eles jogaram o restante do trigo no mar a fim de aliviar o peso do navio. Quando amanheceu, eles não reconheceram a terra, mas viram certa baía com praia e resolveram fazer o possível para que o navio encalhasse lá. Eles cortaram as âncoras e deixaram que elas caíssem no mar e também desamarraram as cordas que prendiam os remos. Depois eles levantaram a vela do lado dianteiro do navio ao vento e se dirigiram para a praia. Porém bateram contra um banco de areia e o navio ficou encalhado. A parte da frente ficou presa e imóvel, e a parte de trás começou a se arrebentar por causa da força das ondas. Os soldados, então, resolveram matar todos os prisioneiros, para que eles não nadassem para a terra e fugissem. O oficial romano, porém, queria salvar Paulo e impediu que os soldados levassem seu plano adiante. Ele ordenou a todos aqueles que soubessem nadar que se atirassem primeiro no mar e que nadassem para a terra. Mandou também que todos os outros seguissem agarrados em tábuas ou em pedaços do navio. Assim todos chegamos à terra sãos e salvos. Quando já estávamos todos a salvo soubemos que a ilha se chamava Malta. Os nativos da ilha nos receberam e nos trataram muito bem. Como começava a chover e fazia frio, eles nos fizeram uma grande fogueira. Paulo ajuntou um feixe de galhos e, depois de jogá-los no fogo, uma víbora, por causa do calor, prendeu-se na mão dele. Ao verem a cobra pendurada em sua mão, os nativos comentaram uns com os outros: —Este homem deve ser um assassino. Ele escapou do mar, mas mesmo assim a Justiça não permite que continue vivendo. Paulo, porém, sacudiu a cobra para dentro da fogueira sem sofrer nada. Os nativos esperavam que ele fosse inchar ou cair morto de repente. Mas, como não aconteceu nada, mesmo depois de terem esperado por um longo tempo, eles mudaram de idéia e começaram a dizer que Paulo era um deus. Perto daquele lugar, havia alguns campos que pertenciam a Públio, o chefe da ilha. Ele nos recebeu em sua casa e nos hospedou durante três dias. O pai de Públio estava de cama, doente com febre e com disenteria. Paulo, então, foi visitá-lo e, depois de orar, colocou suas mãos sobre ele e o curou. Quando isto aconteceu, todos os outros doentes da ilha vieram e foram curados. Eles nos prestaram muitas honras e, quando embarcamos, nos deram tudo de que precisávamos. Depois de três meses, partimos num barco de Alexandria que tinha passado o inverno na ilha. O emblema do barco era Dióscuros. Chegamos à cidade de Siracusa, onde permanecemos por três dias. Depois seguimos viagem e chegamos à cidade de Régio. No dia seguinte começou a soprar um vento do sul e em dois dias chegamos à cidade de Potéoli. Lá encontramos alguns irmãos e eles nos pediram que ficássemos com eles por uma semana. E foi assim que chegamos a Roma. Os irmãos em Roma ouviram falar de nós e vieram ao nosso encontro à Praça de Ápio e às Três Vendas. Quando Paulo os viu, ele agradeceu a Deus e sentiu-se mais animado. Ao chegar a Roma, foi permitido a Paulo viver sozinho, com um soldado de guarda. Três dias depois, Paulo chamou os chefes dos judeus para se reunirem com ele. Quando se reuniram, ele lhes disse: —Irmãos, embora não tenha feito nada contra o nosso povo ou contra os costumes dos nossos antepassados, fui preso em Jerusalém e entregue nas mãos dos romanos. Eles interrogaram-me e queriam me soltar, pois eu não tinha feito nada que merecesse a morte. Mas, como os judeus se opuseram, tive que apelar para César. Não que eu tenha alguma coisa contra o meu povo. Esta é a razão porque pedi para falar com vocês. Pois é por causa da esperança de Israel que estou preso com esta corrente. Eles disseram a Paulo: —Não recebemos nenhuma carta da Judéia a respeito de você e nenhum dos irmãos que vieram de lá falou mal a seu respeito. Porém, gostaríamos de ouvir as suas idéias, pois sabemos que em toda parte se fala contra esta seita a que você pertence. Então, depois de marcarem um dia, um grande número deles foi ao encontro de Paulo na sua própria residência. Ele, começando de manhã e indo até a tarde, lhes explicou e deu testemunho a respeito do reino de Deus, tentando persuadi-los a respeito de Jesus, tanto pela lei de Moisés como pelos profetas. Alguns foram persuadidos pelo que ele dizia; porém outros continuaram não acreditando. E, depois de haver uma discussão entre eles, foram embora. Mas antes de saírem, Paulo disse: —Bem falou o Espírito Santo aos seus antepassados, por intermédio do profeta Isaías, quando disse: “Vai a este povo e diz: Vocês ouvirão e escutarão, mas não compreenderão; olharão e verão, mas não enxergarão. Pois o coração deste povo está endurecido; eles taparam os seus ouvidos e fecharam os seus olhos. Se não fosse assim, eles poderiam ver com os seus olhos, ouvir com os seus ouvidos, e eles se voltariam para mim e eu os curaria”. —Fiquem sabendo, pois, que esta salvação de Deus foi enviada àqueles que não são judeus. E eles a ouvirão. *** Durante dois anos, Paulo morou numa casa alugada por ele. Ali recebia todos que o procuravam. Ele anunciava o reino de Deus e ensinava com muita coragem e sem impedimento as coisas a respeito do Senhor Jesus Cristo. Eu, Paulo, servo de Cristo Jesus, fui chamado por Deus para ser apóstolo e escolhido para proclamar a sua mensagem de salvação, as Boas Novas. Há muito tempo Deus tinha prometido estas Boas Novas, por meio dos profetas, nas Sagradas Escrituras. Estas Boas Novas falam a respeito de Jesus Cristo, nosso Senhor. Ele, de acordo com a sua natureza humana, nasceu da família de Davi. Mas, pelo Espírito de santidade e de uma maneira muito poderosa, foi declarado Filho de Deus quando ressuscitou dos mortos. Por meio de Cristo, tenho o privilégio de ser apóstolo, para que pessoas de todas as nações, tendo fé nele, lhe obedeçam. Dessa forma seu nome será honrado. E vocês também estão entre as pessoas chamadas para pertencer a Cristo. Escrevo para todos vocês que estão em Roma, amados de Deus e chamados para ser o seu povo. Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes dêem graça e paz. Em primeiro lugar, quero lhes dizer que agradeço ao meu Deus, por meio de Jesus Cristo, por todos vocês, porque em todo o mundo se fala da fé que vocês têm. Pois Deus, a quem eu adoro em espírito pela pregação das Boas Novas a respeito do seu Filho, é minha testemunha de como me lembro de vocês constantemente. Em minhas orações, peço sempre a Deus que, de alguma maneira e se essa for a sua vontade, eu possa ir visitá-los. Eu quero muito vê-los, para lhes dar algum benefício espiritual, e assim fortalecê-los na fé, isto é, para que, enquanto eu estiver com vocês, possamos encorajar uns aos outros com a fé que temos. A fé de vocês vai me encorajar, e a minha fé vai encorajá-los. Irmãos, quero que saibam que muitas vezes tentei ir vê-los, mas até agora não foi possível. Eu queria vê-los para que eu pudesse conseguir algum fruto entre vocês, assim como também consegui frutos entre outros povos que não são judeus. Devo muito a todos: aos gregos e aos que não são gregos, aos sábios e aos ignorantes. É por isso que também quero proclamar a mensagem de salvação a vocês que estão em Roma. Pois eu não tenho vergonha das Boas Novas, porque elas são o poder de Deus para salvar todo aquele que crê: primeiro os que são judeus e depois os que não são judeus. As Boas Novas mostram a maneira pela qual Deus nos declara justos, e ela está baseada inteiramente na fé, como está escrito: “Aquele, que pela fé é declarado justo, viverá”. A ira de Deus é revelada do céu contra todo o desrespeito e o pecado dos homens, os quais não deixam que a verdade seja conhecida por causa de suas más ações. Porque o conhecimento a respeito de Deus está bem claro aos homens, pois o próprio Deus deixou este conhecimento claro a eles. Desde o princípio da criação, as qualidades invisíveis de Deus, tanto o seu poder eterno como a sua natureza divina, são claramente percebidas pelas coisas que Ele fez. Portanto os homens não têm qualquer desculpa. Pois embora conhecessem a Deus, não lhe deram a glória que lhe pertencia, nem sequer lhe agradeceram. Pelo contrário, os seus pensamentos tornaram-se inúteis e os seus corações insensatos encheram-se de escuridão. Eles diziam que eram sábios, mas tornaram-se loucos. E então, em vez de darem glória ao Deus imortal, começaram a adorar imagens que fizeram com a aparência de seres humanos, de aves, de quadrúpedes e de répteis. Por isso, Deus os abandonou e deixou que eles seguissem os desejos de seus corações, cometendo imoralidades e desonrando seus corpos uns com os outros. Trocaram a verdade de Deus pela mentira e começaram a adorar a criação em vez do Criador, que é abençoado eternamente. Por isso, Deus os abandonou e deixou que fizessem as ações vergonhosas que eles queriam. Pois até as suas mulheres trocaram as relações naturais por aquelas que são contra a natureza. Da mesma maneira, os homens deixaram de ter relações sexuais naturais com mulheres e começaram a desejar uns aos outros. Assim, homens começaram a cometer atos imundos com outros homens, recebendo em seus próprios corpos o castigo pela sua perversão. E como desprezaram o conhecimento a respeito de Deus, o próprio Deus os abandonou e deixou que seguissem seus maus pensamentos para fazerem aquilo que não se deve fazer. Eles ficaram cheios de toda a espécie de injustiça, malícia, ganância e maldade. Estavam cheios de inveja, crimes, brigas, mentiras, rancor e calúnias. Eles se tornaram difamadores, inimigos de Deus, insolentes, orgulhosos, arrogantes, desobedientes aos pais, homens que inventam coisas más, estúpidos, que não cumprem as promessas que fazem, que não têm carinho por ninguém e nem compaixão para com os outros. Eles sabem que a lei de Deus diz que quem vive desta maneira merece morrer, mas não só continuam nesta vida, como também aprovam aqueles que praticam estas coisas. Se você, meu amigo, pensa que pode julgar os outros, está enganado. Porque quando você julga os outros está se condenando, pois você que está julgando pratica as mesmas coisas que condena. É Deus quem julga aqueles que praticam o mal; e nós sabemos que o seu julgamento é correto. E você, meu amigo, que julga os que fazem o mal, mas faz o mesmo que eles, pensa que vai escapar do julgamento de Deus? Ou será que você despreza a grande bondade de Deus, a sua tolerância e a sua paciência? Por acaso não sabe que a bondade dele devia levar você a mudar de atitude e de vida? Mas você é duro de coração e não quer mudar de atitude. Assim vai fazer com que o seu castigo seja cada vez pior; o castigo que o espera naquele dia de fúria, em que Deus revelará os seus julgamentos justos. Ele retribuirá a todas as pessoas de acordo com o procedimento de cada um. Deus dará vida eterna para aqueles que, pela persistência em fazer o bem, procuram glória, honra e imortalidade. Mas vai castigar furiosamente os que, por seu egoísmo, se recusarem a obedecer à verdade e seguirem a maldade. Haverá aflições e sofrimentos para todos os que fazem o mal; primeiro para os judeus e depois para todos os outros. Mas haverá glória, honra e paz para todos os que fazem o bem; primeiro para os judeus e depois para todos os outros. Porque Deus trata a todos da mesma maneira. Tanto as pessoas que têm a lei, como aquelas que nunca ouviram falar dela, têm a mesma culpa quando pecam. Aquelas que não têm a lei e são pecadoras, estarão perdidas; e também aquelas que têm a lei e são pecadoras, serão condenadas pela lei. Porque não são aqueles que ouvem a lei que são justos diante de Deus, mas aqueles que praticam o que a lei diz é que são declarados justos. (As pessoas que não são do povo judeu não têm a lei. Quando, porém, elas fazem o que a lei manda, sem nem mesmo conhecer a lei, então elas mesmas são a sua própria lei. Elas mostram que as obras exigidas pela lei estão escritas nos seus corações. As suas próprias consciências provam isso e os seus pensamentos os acusarão ou os defenderão). Isto acontecerá no dia em que Deus, por meio de Jesus Cristo, julgar os segredos de todos, de acordo com as Boas Novas que anuncio. Você diz que é judeu. Você confia na lei de Moisés e se gaba por estar junto de Deus. Você conhece a vontade de Deus e sabe as coisas que têm importância porque foi educado na lei. Você está convencido de que é um guia para os cegos e uma luz para os que caminham nas trevas. Você pensa que é mestre dos ignorantes e professor daqueles que não sabem nada. Você pensa que sabe tudo e que tem toda a verdade porque você tem a lei. Você ensina aos outros. Por que então não ensina a você mesmo? Você diz aos outros que não se deve roubar. Por que então você rouba? Você diz que não se deve cometer adultério. Por que então você mesmo comete? Você odeia os ídolos. Por que então rouba os templos? Você se orgulha da lei. Por que então desonra a Deus desobedecendo a essa mesma lei? As Escrituras dizem: “Os que não são judeus falam mal de Deus por culpa de vocês”. Se você segue a lei, então a sua circuncisão tem valor; mas, se você não obedece à lei, é como se você nunca tivesse sido circuncidado. Se um homem não é circuncidado mas mesmo assim obedece aos mandamentos da lei, não será ele contado como um homem circuncidado? Vocês, que são circuncidados escrita mas a ela não obedecem, serão julgados por aqueles que obedecem a essa lei apesar de não serem fisicamente circuncidados. Porque não é judeu quem o é apenas no seu corpo físico, pois a verdadeira circuncisão não é feita somente por fora do corpo. Porém, um verdadeiro judeu é aquele que o é por dentro e a circuncisão verdadeira é aquela feita no coração. Ela é feita pelo Espírito e não pela lei escrita. O verdadeiro judeu recebe honra de Deus e não dos homens. Então que vantagem há em ser judeu? Qual é a utilidade da circuncisão? Muita, sob todos os aspectos. Primeiro porque foi aos judeus que Deus entregou as suas palavras. É verdade que alguns judeus não foram fiéis a Deus, mas será que isso vai impedir que Deus seja fiel? De maneira nenhuma! Deus continuará a ser fiel mesmo que todos sejam falsos. Como dizem as Escrituras: “Você será provado justo nas suas palavras, e vencerá quando for julgado”. Mas se ao fazermos o mal, mostramos mais claramente a justiça de Deus, poderemos nós dizer que Deus é injusto por nos castigar? (Falo em termos humanos.) De maneira nenhuma! Se Deus não pudesse nos castigar, como Ele poderia julgar o mundo? Alguém pode dizer: “Mas se a minha falsidade serve para que a verdade de Deus seja mais gloriosa, por que sou julgado como pecador?” Isto é o mesmo que dizer: “Devemos fazer o mal para que venha o bem”. Há pessoas que nos acusam de ensinarmos isso. Tais pessoas estão erradas e deveriam ser condenadas. Então o que se conclui? Que nós os judeus somos melhores do que os outros? De maneira nenhuma! Como já dissemos, todos os homens são igualmente pecadores; tanto os que são judeus como os que não são judeus. Como dizem as Escrituras: “Não há ninguém sem pecado. Ninguém! Não há ninguém que entenda, ninguém que busque a Deus. Todos se afastaram, todos ficaram sem qualquer valor. Não há ninguém que faça o bem. Ninguém!” “Suas bocas são como túmulos abertos; usam a língua para mentir.” “O que dizem é como veneno de cobras!” “As suas bocas estão cheias de maldições e amargura.” “Estão sempre prontos para matar e para onde quer que vão causam ruína e miséria. Não conhecem o caminho da paz.” “Não tem nenhum respeito por Deus.” Sabemos que tudo o que a lei diz se aplica aos que estão debaixo dela: os judeus. Assim, ninguém poderá dar desculpas, e todo mundo ficará debaixo do julgamento de Deus. Não há homem nenhum que, por fazer o que a lei manda, possa ser declarado justo diante de Deus. A lei simplesmente mostra o nosso pecado. Mas agora nos foi revelada a maneira como Deus nos declara justos sem a lei, embora a lei e os profetas já a tivessem anunciado. Deus declara o homem justo por meio da fé que ele tem em Jesus Cristo. Ele declara justas todas as pessoas que crêem em Cristo, porque não há distinção entre elas, pois todas pecaram e portanto estão afastadas da glória de Deus. Mas elas são declaradas justas de um modo gratuito, pela graça de Deus. Isto acontece porque, por meio de Jesus Cristo, elas são libertadas do pecado. Com a morte de Cristo, Deus o apresentou como um sacrifício que traz o perdão dos pecados através da fé. Com este sacrifício, Deus provou que Ele é justo mesmo quando, em tempos passados, teve paciência com os homens e não lhes deu o castigo que seus pecados mereciam. Com este sacrifício, Deus também provou que Ele é justo nos tempos presentes, quando Ele perdoa os homens. Por causa deste sacrifício, Deus se mantém justo e, ao mesmo tempo, declara justos aqueles que têm fé em Jesus. *** O que aconteceu então com o orgulho humano? Foi eliminado! Será que ele foi eliminado pela obediência à lei? Não! É pela fé em Cristo. Assim, cremos que o homem é declarado justo pela fé, e não por obedecer a lei. Por acaso Deus é somente Deus dos judeus? De maneira nenhuma! Ele também é Deus de todos os outros! Há um só Deus! Ele vai declarar justos tanto os judeus pela sua fé, como também os que não são judeus pela fé que eles têm. Será que, quando seguimos a fé, estamos destruindo a lei? De maneira nenhuma! A fé nos faz ser o que a lei verdadeiramente quer que sejamos. O que devemos então dizer a respeito de Abraão, o pai do nosso povo? O que ele descobriu a respeito da fé? Se Abraão foi declarado justo pelas obras que fez, então tem com o que se gloriar; mas não diante de Deus. As Escrituras dizem: “Abraão teve fé em Deus e, pela sua fé, Deus o aceitou como justo”. O salário de quem trabalha não é considerado como um favor, mas como um direito. O pecador não pode fazer qualquer obra que o torne justo. Mas se ele tem fé naquele que declara justo o pecador, pela sua fé, Deus o aceita como justo. Assim, Davi também falou da felicidade de uma pessoa a quem Deus aceita como justa, sem olhar para suas obras, quando disse: “As pessoas são realmente felizes quando Deus perdoa o mal que fazem, quando os seus pecados são cobertos! Quando o Senhor as aceita como se não tivessem pecado, então elas são realmente felizes”. É esta felicidade só para quem é circuncidado? Ou é também para os que não são circuncidados? Nós já dissemos que Deus aceitou a fé que Abraão tinha e que, por ela, Abraão foi aceito como justo. Como aconteceu isto? Quando foi que Deus aceitou Abraão: antes ou depois da sua circuncisão? Deus o aceitou antes da circuncisão. Mais tarde Abraão foi circuncidado para mostrar que Deus o tinha aceito. A sua circuncisão era a prova de que Deus o tinha considerado justo pela fé. Assim Abraão é o pai de todos os que têm fé embora não sejam circuncidados e, dessa forma, Deus também aceita como justos a todos eles. Abraão também é o pai dos que são circuncidados, mas não é a circuncisão deles que o faz ser seu pai. Ele só é pai deles se viverem na fé que o nosso pai Abraão tinha antes de ser circuncidado. Não foi por obedecer à lei que Abraão e seus descendentes receberam a promessa de que eles iriam herdar o mundo. Mas sim porque Deus, por causa da fé que Abraão tinha, o declarou justo. Pois, se fosse possível receber a promessa de Deus por obediência à lei, não seria preciso a fé. E a promessa perderia todo o seu valor, porque a lei provoca a ira de Deus quando as pessoas a ela não obedecem. Mas onde não há lei, não há nada para se desobedecer. Assim, a promessa de Deus é dada pela fé, como oferta gratuita. Se essa promessa é gratuita, ela vale para todos os descendentes de Abraão. Não é somente para os que vivem sob a lei de Moisés, mas também para os que têm uma fé como a de Abraão. Ele é o pai de todos nós. Como dizem as Escrituras: “Eu constituí você pai de muitos povos”. Ele é o nosso pai perante Deus. Abraão teve fé em Deus, o Deus que dá vida aos mortos e que faz existir o que não existe. Não havia esperança alguma de Abraão vir a ter filhos, mas ele teve fé em Deus e continuou a esperar. Por isso veio a ser o pai de muitos povos. Conforme Deus lhe tinha dito: “Você vai ter muitos descendentes”. Abraão, com quase cem anos, era velho demais para poder ter filhos; além disso, Sara era estéril e não podia tê-los. Abraão sabia tudo isso, mas a sua fé não diminuiu. Ele nunca duvidou de que Deus pudesse cumprir a sua promessa, nunca perdeu a fé. Pelo contrário, a sua fé ficou mais forte e ele deu louvores a Deus. Abraão tinha a certeza de que Deus tem o poder de fazer aquilo que promete. Assim, “Deus o aceitou como justo”. Estas palavras (“Deus o aceitou como justo”), não foram somente escritas para o benefício de Abraão, mas também foram escritas para nós. Deus também nos aceita porque cremos naquele que ressuscitou da morte a Jesus Cristo, nosso Senhor. Jesus foi entregue para ser morto por causa dos nossos pecados e foi ressuscitado para que Deus pudesse nos declarar justos. Portanto, desde que pela fé fomos declarados justos perante Deus, temos paz com Ele por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor. Através dele, pela fé, também pudemos entrar na graça de Deus, na qual agora nos encontramos. Portanto nos alegramos por causa da esperança que temos de participar da glória de Deus. Além disso, até nos nossos sofrimentos nos alegramos, porque sabemos que o sofrimento produz a paciência; a paciência produz caráter; e o caráter produz a esperança. A esperança não nos decepciona, pois Deus derramou o seu amor para encher os nossos corações por meio do Espírito Santo que nos foi dado. Porque, quando não éramos capazes de nos salvar, Cristo morreu por nós, os pecadores, no momento certo. Dificilmente alguém morreria para salvar a vida de uma pessoa justa; embora alguém possa ter coragem suficiente para dar a vida por uma pessoa boa. Mas Cristo morreu por nós quando éramos pecadores. Assim Deus mostrou o grande amor que tem por nós. Fomos declarados justos pelo sangue de Cristo. Com toda certeza, por meio dele, seremos salvos da ira de Deus. Se, quando éramos inimigos de Deus, Ele estabeleceu a paz por intermédio da morte de seu Filho, muito mais agora, que estamos em paz com Deus, Ele nos salvará pela vida de seu Filho. E não é só isso! Nós também nos alegramos por esta nova relação que temos com Deus, pois por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor, nós agora estamos em paz com Ele. Assim como o pecado entrou no mundo por meio de um homem, e a morte por intermédio do pecado, também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram. Antes da lei de Moisés ser dada, o pecado já existia no mundo. Porém, como não havia lei, o pecado não era levado em conta. No entanto, desde o tempo de Adão até Moisés, a morte teve poder mesmo sobre aqueles que não pecaram como Adão pecou quando desobedeceu a ordem de Deus. Adão era um modelo daquele que havia de vir. O pecado não se compara com a oferta gratuita de Deus. Pelo pecado de um homem, muitas pessoas morreram. Pela graça de um homem, Jesus Cristo, muitas pessoas receberam, em abundância, a graça de Deus e a sua salvação. Adão foi condenado depois de ter pecado uma só vez, mas a oferta de Deus é diferente. A oferta de Deus salva as pessoas mesmo depois de terem pecado muitas vezes. Pois, se a morte reinou pelo pecado de um homem, muito mais reinarão e viverão aqueles que recebem a graça abundante de Deus e a oferta gratuita de salvação, por meio de Jesus Cristo. Assim, como por um pecado muitos foram condenados, também por uma ação justa muitos homens são declarados justos e viverão. Assim, como pela desobediência de um homem muitos se tornaram pecadores, também pela obediência de um homem muitos se tornarão justos. A lei veio para aumentar o pecado. Mas onde aumentou o pecado, a graça de Deus aumentou ainda mais. Portanto, assim como o pecado reinou por meio da morte, também a graça reina para nos dar a vida eterna por meio da justiça por meio de Jesus Cristo nosso Senhor. Que diremos então? Vamos continuar a pecar para que a graça de Deus aumente ainda mais? De maneira nenhuma! Nós já morremos para o pecado. Como poderemos continuar ainda vivendo nele? Ou vocês já se esqueceram de que nós, que fomos batizados para ser parte de Cristo, fomos também batizados para tomar parte em sua morte? Assim, quando fomos batizados, morremos com Cristo e fomos sepultados com Ele. Fomos sepultados com Ele para que, como Ele ressuscitou dos mortos pelo poder glorioso do Pai, nós também possamos viver uma vida nova. Porque, se nós fomos unidos com Cristo, morrendo como Ele morreu, seremos também unidos com Ele quando ressuscitarmos dos mortos como Ele ressuscitou. Sabemos que a nossa maneira antiga de viver morreu com Cristo na cruz, para que a nossa natureza pecadora não tenha mais poder sobre nós e, assim, não sejamos mais escravos do pecado. Qualquer pessoa que tenha morrido com Cristo está livre do controle do pecado. Se morremos com Cristo, sabemos que também viveremos com Ele. Cristo ressuscitou dos mortos e não pode morrer outra vez. A morte não tem mais poder sobre Ele. Quando Cristo morreu, Ele morreu para destruir o poder da morte de uma vez para sempre. Agora Ele vive uma vida nova com Deus. Da mesma maneira, vocês devem considerar-se como mortos para o pecado, mas vivos para Deus por meio de Jesus Cristo. Portanto, não deixem que o pecado os controle em sua vida aqui na terra. Vocês não devem ser governados por aquilo que a sua natureza pecadora quer que façam. Não ofereçam as partes do seu corpo para servir o pecado e nem usem o seu corpo para fazer o mal. Ao contrário, ofereçam esse corpo para o serviço de Deus, para fazer o bem. Sejam como pessoas que morreram e agora vivem uma vida nova. O pecado não será senhor de vocês, pois vocês não estão debaixo da lei, mas debaixo da graça de Deus. Então o que devemos fazer? Devemos pecar porque vivemos debaixo da graça de Deus e não da lei? De maneira nenhuma! Vocês sabem muito bem que, quando vocês se entregam a qualquer coisa, são escravos dela e têm que obedecer a ela. Vocês podem entregar-se ao pecado, e assim morrer, ou podem entregar-se à obediência, e serem declarados justos diante de Deus. No passado, vocês eram escravos do pecado, mas, graças a Deus, vocês obedeceram de coração às verdades que estão nos ensinos que receberam. Vocês foram libertados do pecado e agora são escravos do bem. Falo em termos humanos porque é difícil para vocês entenderem. Antigamente vocês ofereciam as partes dos seus corpos para serem escravos do mal, vivendo só para o pecado. Agora, da mesma maneira, ofereçam as partes dos seus corpos para serem escravos do bem, vivendo só para Deus. Porque, quando vocês eram escravos do pecado, o bem não os controlava. E que resultados vocês tiveram naquele tempo? Somente coisas das quais vocês agora se envergonham. Elas só trazem a morte. Mas agora vocês estão livres do pecado, são escravos de Deus e, como resultado, têm uma vida dedicada a Ele e depois terão a vida eterna. Porque o salário que o pecado paga é a morte, mas o presente gratuito dado por Deus é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor. Irmãos, todos vocês entendem a lei de Moisés e, com certeza, sabem que a lei governa a pessoa somente enquanto ela está viva. Por exemplo, uma mulher deve se manter casada com o seu marido enquanto ele viver. Mas, se ele morrer, ela fica livre para casar com quem quiser. Entretanto, se ela casar com outro homem enquanto o marido está vivo, a lei diz que ela é culpada de adultério. Mas, se o marido morrer, ela fica livre da lei do casamento e assim pode se casar de novo e não comete adultério. Da mesma maneira, meus irmãos, vocês morreram para a lei através do corpo de Jesus Cristo. Agora vocês pertencem àquele que ressuscitou da morte. Nós pertencemos a Cristo, para que possamos ser úteis no serviço de Deus. Porque quando vivíamos de acordo com nossa natureza humana, os nossos desejos pecadores foram despertados pela lei. Eles controlavam nossos corpos e assim nos levavam a morrer espiritualmente. No passado, a lei nos mantinha como prisioneiros. Porém agora estamos livres da lei, pois morremos para ela. Nós não servimos mais a Deus pela maneira antiga, por meio da lei escrita. Agora nós servimos a Deus de maneira nova, por meio do Espírito. Não quero com isso dizer que a lei e o pecado sejam a mesma coisa. Não, de maneira nenhuma. Mas a lei era a única maneira de eu vir a saber o que é o pecado. Por exemplo, eu nunca saberia do pecado que há em mim se a lei não dissesse: “Não cobice”. Mas, por intermédio do mandamento, o pecado encontrou um jeito de criar em mim toda a espécie de cobiça. Mas, sem a lei, o pecado não tem poder. Eu tinha vida sem a lei, antes de conhecer a lei. Mas, quando o mandamento veio, o pecado começou a viver e eu morri espiritualmente. O mandamento era para dar vida, mas me trouxe somente a morte. O pecado encontrou um jeito de me enganar por meio do mandamento. Ele usou o mandamento para me fazer morrer espiritualmente. A lei é santa e o mandamento é santo, reto e bom. Isto quer dizer que aquilo que é bom me conduziu à morte? De maneira nenhuma! O pecado é que usou o que é bom para me conduzir à morte, a fim de que eu pudesse ver como o pecado realmente é. E assim, por meio do mandamento, o pecado se mostrou ainda mais terrível. Nós sabemos que a lei é espiritual, mas eu não sou espiritual. O pecado me controla como se eu fosse seu escravo. Eu não entendo aquilo que faço, porque não faço as coisas boas que quero fazer. Ao contrário, faço as coisas más que odeio fazer. Se faço as coisas más que não quero fazer, concordo que a lei é boa. Mas não sou eu que, de fato, faço o mal. É o pecado que vive em mim que o faz. Sim, eu sei que nada de bom vive em mim, isto é, naquela parte de mim que é humana e pecadora. Eu quero fazer o que é bom, mas não faço. Eu não faço as coisas boas que quero fazer. Ao contrário, faço as coisas más que não quero fazer. E, se faço as coisas más que não quero fazer, já não sou eu quem as faz, mas o pecado que vive em mim. Aprendi então esta regra: Quando quero fazer o bem, o mal está presente em mim. No meu ser interior, estou de acordo com a lei de Deus. Mas vejo outra lei trabalhando no meu corpo. Ela batalha contra a lei que meu ser interior aprova. Essa outra lei que trabalha no meu corpo é a lei do pecado e ela me faz seu prisioneiro. Que homem tão miserável que sou! Quem poderá me salvar deste corpo que me conduz para a morte? Dou graças a Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. Assim, em minha mente, sou escravo da lei de Deus, mas naquela parte de mim que é humana e pecadora, sou escravo da lei do pecado. Portanto, agora já não há condenação para as pessoas que estão em Cristo Jesus. Já não há condenação pois a lei do Espírito, que nos traz vida em Cristo Jesus, me libertou da lei que traz o pecado e a morte. A lei não tinha poder, porque tinha sido enfraquecida pela nossa condição humana e pecadora. Mas Deus fez o que a lei não podia fazer. Ele enviou o seu próprio Filho para a terra com um corpo como o nosso, que é humano e pecador. Deus o enviou como sacrifício pelo pecado e assim, por meio desse corpo humano, condenou o pecado. Deus fez isto para que pudéssemos ser justos, como a lei diz que devemos ser. Agora já não seguimos aquela parte de nós que é humana e pecadora, mas seguimos ao Espírito. Aqueles que vivem e seguem aquela parte de nós que é humana e pecadora, só pensam no que essa parte humana quer. Mas os que vivem e seguem ao Espírito, pensam no que o Espírito quer. O pensamento controlado por aquela parte de nós que é humana e pecadora traz a morte espiritual. Mas o pensamento controlado pelo Espírito traz vida e paz. Assim, o pensamento controlado por aquela parte de nós que é humana e pecadora está contra Deus. A pessoa que tem esse tipo de pensamento se recusa a obedecer à lei de Deus e, de fato, não é capaz de a ela obedecer. As pessoas que são governadas por aquela parte de nós que é humana e pecadora não podem agradar a Deus. Vocês, porém, não são governados por essa parte humana e pecadora, mas pelo Espírito, se de fato o Espírito de Deus vive em vocês. Quem não tem o Espírito de Cristo não pertence a Ele. Mesmo que o corpo de vocês já esteja morto por causa do pecado, se Cristo estiver em vocês, o Espírito lhes dá vida. Isto acontece porque foram declarados justos diante de Deus. Deus ressuscitou a Jesus da morte. Portanto, se o Espírito de Deus vive em vocês, esse mesmo Deus, que ressuscitou a Cristo da morte, dará também vida aos seus corpos mortais. Ele fará isso por meio do seu Espírito que vive em vocês. Assim, meus irmãos, temos uma obrigação, que é a de não seguir aquela parte de nós que é humana e pecadora. Se vocês seguirem essa parte humana e pecadora, vão morrer espiritualmente. Mas se, com a ajuda do Espírito, vocês fizerem morrer as ações pecadoras do corpo, vocês vão viver. Os verdadeiros filhos de Deus são aqueles que se deixam guiar pelo seu Espírito. O Espírito que vocês receberam não é um espírito que os faz escravos e os deixa novamente com medo. Ao contrário, vocês receberam o Espírito que os torna filhos adotivos de Deus e, com esse Espírito, vocês dizem: “Pai, querido Pai”. E o próprio Espírito se une ao nosso espírito para afirmar que somos filhos de Deus. E, como somos filhos de Deus, somos também herdeiros de Deus juntamente com Cristo, se de fato nós participamos dos sofrimentos de Cristo. Assim, também vamos receber glória juntamente com Cristo. Pois eu penso que os sofrimentos nesta vida não são nada em comparação com a glória que nos vai ser dada. Toda a criação de Deus espera com ansiedade o momento em que Deus vai revelar ao mundo quem são os seus filhos. Toda a criação de Deus se tornou inútil, não por sua própria vontade, mas porque Deus quis que fosse assim. Mas sempre houve esta esperança: que toda a criação pudesse ser libertada da ruína e ter a liberdade cheia de glória que pertence aos filhos de Deus. Pois sabemos que toda a criação vem gemendo e sofrendo dores até agora, como uma mulher que está prestes a ter um filho. E não é só a criação, mas nós, que temos o Espírito como a primeira parte da promessa de Deus, também gememos dentro de nós mesmos. E assim, esperamos ansiosamente a nossa completa adoção como filhos de Deus, isto é, que nossos corpos sejam libertados. E com esta esperança fomos salvos. Mas, se pudéssemos ver aquilo que estamos esperando, isso não seria esperança, pois não se pode ter esperança naquilo que já temos. Mas se nós temos esperança naquilo que não temos, esperamos com ansiedade e paciência. Assim como nossa esperança nos ajuda, o Espírito também nos ajuda em nossas fraquezas. Não sabemos orar como devemos, mas o próprio Espírito, com gemidos que as palavras não podem explicar, pede a Deus em nosso favor. Deus pode ver o que está no coração do homem e sabe o que está na mente do Espírito. E, de acordo com a vontade de Deus, o Espírito pede a favor do seu povo. Sabemos que, em tudo o que acontece, Deus trabalha para o bem daqueles que o amam, daqueles a quem Ele chamou de acordo com o seu plano. Deus os conhecia antes de o mundo ser criado e decidiu que eles seriam como o seu Filho, para que esse Filho fosse o primeiro entre muitos irmãos. Deus planejou para que essas pessoas fossem como o seu Filho e as chamou. E não só as chamou, como também as declarou justas. E não só as declarou justas como também repartiu a sua glória com elas. O que diremos então a respeito destas coisas? Se Deus está conosco, ninguém nos vencerá! Se Deus nos deu até seu Filho, oferecendo-o por todos nós, não nos dará certamente também todas as outras coisas? Quem pode acusar o povo que Deus escolheu? Ninguém! Deus é quem os declara justos. Quem pode condenar o povo de Deus? Ninguém! Cristo Jesus é aquele que morreu, mas não só morreu, como também ressuscitou e está ao lado direito de Deus. Ele pede a Deus a nosso favor. O que vai nos separar do amor de Cristo? Serão os sofrimentos, as dificuldades, as perseguições? Será a fome, a miséria, o perigo ou a morte? Como dizem as Escrituras: “Por sua causa estamos sempre em perigo de morte. Somos considerados como ovelhas que vão para o matadouro”. Mas em todas estas coisas temos a vitória total, por meio de Deus que demonstrou o seu amor por nós. Porque eu estou bem certo que nada pode nos separar do amor de Deus: nem a morte, nem a vida; nem anjos, nem forças espirituais; nem qualquer coisa do presente, nem do futuro; nem qualquer coisa que está acima de nós ou abaixo de nós; nem poderes nem qualquer criatura poderá nos separar do amor que Deus tem por nós em Cristo Jesus, nosso Senhor. *** Em Cristo eu digo a verdade e não minto. A minha consciência, iluminada pelo Espírito Santo, me afirma que tenho uma grande tristeza e uma dor constante no meu coração pelo povo judeu. Eles são meus irmãos, a minha família terrestre. Eu quero ajudá-los tanto, que até desejaria ser amaldiçoado e separado de Cristo, se isso pudesse ajudá-los, pois eles são o povo de Israel, os filhos escolhidos de Deus. Eles têm a glória de Deus e as alianças que Deus fez com eles. Deus lhes deu a lei de Moisés e a maneira correta de o adorarem. A eles também foram feitas as promessas. Eles são os descendentes dos nossos gloriosos pais, são a família terrestre de Cristo, que é Deus sobre todos e abençoado eternamente! Amém. Isto não quer dizer que Deus não cumpriu as promessas que lhes fez. Só algumas pessoas de Israel é que, na verdade, pertencem ao povo de Deus. Só alguns dos descendentes de Abraão é que são verdadeiramente filhos de Abraão. Pois Deus disse a Abraão: “Somente os da família de Isaque serão considerados seu povo”. Isto quer dizer que nem todos os que nascem fisicamente como descendentes de Abraão são realmente filhos de Deus. Os verdadeiros descendentes de Abraão são aqueles que se tornam filhos de Deus por meio da promessa que Deus fez a Abraão. A promessa que Deus fez a Abraão foi esta: “No tempo certo Eu voltarei e Sara terá um filho”. E isso não é tudo. Rebeca também tinha dois filhos pelo mesmo pai, o nosso pai Isaque. Mas para que a escolha de um deles fosse de acordo com o propósito de Deus, Ele mesmo disse a Rebeca: “O mais velho servirá o mais moço”. Ele disse isso antes de nascerem e antes mesmo de fazerem qualquer coisa, boa ou má. Assim a escolha de Deus foi baseada no seu próprio chamado e não em qualquer coisa que eles tivessem feito. *** Como dizem as Escrituras: “Aceitei a Jacó, mas rejeitei a Esaú”. Que devemos dizer então? Que Deus é injusto? De maneira nenhuma! Deus disse a Moisés: “Mostrarei misericórdia para quem Eu quiser e terei piedade de quem Eu quiser”. Por isso, nada depende daquilo que os homens querem ou tentam fazer, mas depende da misericórdia de Deus. Deus disse a Faraó por meio das Escrituras: “Foi para isto mesmo que Eu fiz a você rei, para que em você Eu possa mostrar o meu poder e para que o meu nome seja conhecido em todo o mundo”. Assim Deus mostra a sua misericórdia a quem Ele quer e endurece o coração de quem Ele quer. Um de vocês me perguntará agora: “Então por que Deus ainda nos acusa? Quem pode resistir à sua vontade?” Mas quem é você, meu amigo, para discutir com Deus? Pode aquilo que é feito dizer a quem o fez: “Por que você me fez assim?” Quem trabalha com barro não tem direito de usar o mesmo barro para fazer o que quiser? Ele não pode fazer um vaso especial e um outro comum? Assim também Deus, porque queria mostrar a sua fúria e o seu poder, tolerou com muita paciência aquelas pessoas com quem estava furioso; pessoas que tinham sido destinadas para a destruição. Deus as tolerou para revelar as riquezas da sua glória às pessoas que eram objetos da sua misericórdia; pessoas que tinham sido preparadas para a glória. E somos nós essas pessoas a quem Deus chamou, não somente do povo judeu, mas também dos que não são do povo judeu. Como dizem as Escrituras no livro de Oséias: “Aqueles que não eram meu povo, Eu chamarei de meu povo. E a nação que Eu não amei, chamarei de minha amada”. “E acontecerá que no mesmo lugar que foi dito: —Vocês não são meu povo — ali serão chamados filhos do Deus vivo”. E, a respeito de Israel, Isaías diz: “Embora o povo de Israel seja numeroso como a areia do mar, somente alguns deles serão salvos. Pois o Senhor julgará rápida e completamente as pessoas na terra”. É como o profeta Isaías disse: “O Senhor tem todo o poder. Se o Senhor não tivesse poupado alguns de nós, seríamos como Sodoma e Gomorra”. Que quer dizer isso então? Quer dizer que os que não eram judeus não procuravam uma maneira de se tornarem justos diante de Deus, mas se tornaram justos pela fé. Por outro lado, as pessoas de Israel seguiam a lei para se tornarem justas diante de Deus, mas não conseguiram. Por que não? Porque elas tentaram se tornar justas pelas obras que fizeram e não pela fé em Deus. Elas tropeçaram na pedra que faz as pessoas tropeçarem, como dizem as Escrituras: “Eis que ponho em Sião uma pedra que fará com que as pessoas tropecem, uma rocha que as fará cair. Mas quem tiver fé nessa rocha nunca será envergonhado”. Irmãos, aquilo que eu mais quero é que os judeus sejam salvos. Essa é a minha oração a Deus. Pois eu sou testemunha de que eles realmente se dedicam em seguir a Deus, mas não sabem a maneira correta. Como os judeus não sabiam a maneira certa pela qual Deus declara os homens justos, eles tentavam se fazer justos pelos seus próprios meios. Sendo assim, eles não se sujeitaram à maneira pela qual Deus declara as pessoas justas. Cristo é o fim da lei, para que todos os que têm fé nele possam ser declarados justos diante de Deus. Moisés escreveu a respeito de como tornar-se justo por meio da lei: “Quem fizer o que a lei manda terá vida por meio dela”. Mas, a respeito de nos tornarmos justos pela fé, as Escrituras dizem: “Não pergunte a você mesmo: Quem irá para o céu?” (Isto é, para trazer Cristo do céu). “Nem pergunte, tampouco: Quem irá descer ao abismo?” (Isto é, para levantar Cristo da morte). Assim dizem as Escrituras: “A mensagem de Deus está perto de você; ela está na sua boca e no seu coração”. Essa é a mensagem de fé da qual nós falamos. Se você declarar com sua boca: “Jesus é o Senhor”, e acreditar com seu coração que Deus o ressuscitou dos mortos, você será salvo. Pois com o coração a pessoa acredita e é declarada justa; e com a boca ela confessa sua fé e é salva. Pois as Escrituras dizem: “Quem tem fé nessa rocha não será envergonhado”. Elas dizem “Quem” porque não há diferença entre os judeus e os que não são judeus. O mesmo Senhor é o Senhor de todos e dá de suas riquezas para todas as pessoas que lhe pedem ajuda. Pois as Escrituras dizem: “Todo aquele que recorre ao Senhor será salvo”. Mas como alguém pode recorrer ao Senhor se não tiver fé nele? E como alguém pode ter fé no Senhor se não ouvir falar dele? E como ainda alguém pode ouvir falar dele se ninguém o proclamar? E como alguém pode proclamá-lo se não for enviado? Como está escrito: “Como é linda a chegada daqueles que proclamam boas novas”! Mas nem todos os judeus aceitaram as Boas Novas. Isaías disse: “Senhor, quem acreditou na nossa mensagem”? E assim, a fé vem ao se ouvir a mensagem; e essa mensagem é proclamada por ordem de Cristo. Mas eu pergunto: “As pessoas não ouviram essa mensagem?” Claro que ouviram! As Escrituras dizem: “A voz deles foi ouvida em toda a terra, e as suas palavras percorreram o mundo”. Pergunto de novo: “Será que o povo de Israel não compreendeu?” Claro que compreendeu! Primeiro, Moisés disse isto por parte de Deus: “Farei com que vocês tenham inveja por meio daqueles que não são uma nação; e eu os deixarei furiosos por meio de uma nação que não tem conhecimento”. Depois também Isaías, por parte de Deus, falou a respeito dos que não eram do povo de Israel. Ele disse com grande coragem: “Fui achado por aqueles que não me procuravam e apareci aos que não perguntavam por mim”. Mas, a respeito do povo de Israel, ele disse: “Eu tenho esperado por este povo o dia inteiro, mas ele se recusa a me obedecer e a me seguir”. Pergunto agora: “Rejeitou Deus o seu povo?” De maneira nenhuma! Eu próprio sou um israelita, da família de Abraão, da tribo de Benjamim. Deus escolheu os israelitas para serem o seu povo desde o princípio do mundo e nunca os rejeitou. Vocês não sabem o que as Escrituras dizem a respeito de Elias quando ele orou a Deus contra o povo de Israel? Elias disse: “Meu Deus! Eles mataram os profetas e destruíram os altares do Senhor. Eu sou o único profeta vivo e agora eles querem me matar”. Mas o que Deus disse a Elias? Ele disse: “Guardei para mim sete mil homens, que não se ajoelharam diante de Baal”. Do mesmo modo, também agora há algumas pessoas que Deus escolheu por causa da sua graça. E se Deus as escolheu por causa da sua graça, então não foi por causa de alguma coisa que elas tenham feito. Mas, se elas tivessem sido escolhidas por causa daquilo que fizeram, então a graça de Deus não seria verdadeira. Foi isto o que aconteceu: O povo de Israel não encontrou o que estava procurando; somente aqueles que Deus escolheu é que encontraram. Os outros ficaram de coração duro e se recusaram a ouvir a Deus. Como dizem as Escrituras: “Deus fez com que as pessoas não compreendessem”. “Deus fechou-lhes os olhos para que elas não vissem, e os ouvidos para que não ouvissem. E ainda hoje é assim.” E Davi diz: “Que as suas festas se tornem em laços e armadilhas, onde eles sejam apanhados e castigados. Que os seus olhos sejam fechados para que não vejam, e que eles sejam atormentados para sempre”. Pergunto então: “Quando os judeus caíram, foram completamente destruídos pela queda?” De maneira nenhuma! Pelo contrário, pelo seu pecado veio a salvação para os que não são judeus, a fim de que os que são judeus tenham inveja. O pecado dos judeus trouxe muitas bênçãos para o mundo; e o que os judeus perderam, trouxe muitas bênçãos para os que não são judeus. Assim, o mundo receberá ainda mais bênçãos, quando se completar o número de judeus que deve voltar a Deus. Agora eu falo para os que não são judeus. Eu sou apóstolo, enviado aos que não são judeus. Assim, enquanto tiver essa obrigação, vou me esforçar para fazer o melhor possível, na esperança de deixar o meu povo com inveja. Talvez dessa forma eu possa ajudar alguns deles a se salvar. A rejeição dos judeus por parte de Deus trouxe paz entre Ele e o mundo. A sua aceitação, porém, vai trazer, sem dúvida, vida para os que estão mortos. Se o primeiro pedaço de pão for consagrado a Deus, então o pão inteiro será consagrado. E, se as raízes de uma árvore forem consagradas a Deus, os galhos também serão. Mas desde que alguns galhos da oliveira foram cortados, um galho de oliveira brava foi enxertado nela. Assim, você que não é judeu, toma parte na força e na vida da oliveira boa. Portanto, não despreze os galhos que foram cortados, pois você não tem razão para isso. Lembre-se de que não é você que dá vida para a raiz, mas é a raiz que dá vida para você. Agora você dirá: “Alguns galhos foram cortados para que eu pudesse ser enxertado na oliveira”. Isso é verdade. Mas esses galhos foram cortados porque não creram. E você só continua a ser parte da oliveira porque tem fé. Não se orgulhe, mas, pelo contrário, tema. Se Deus não perdoou os galhos naturais, também não vai perdoar você. Note como Deus é bondoso e ao mesmo tempo severo. Ele é severo para com aqueles que caíram, mas é bondoso para com você, se continuar a viver de acordo com a bondade dele. Se não for assim, você também será cortado. Se os judeus acreditarem em Deus, serão enxertados de novo; pois Deus é poderoso para os enxertar outra vez. Você que não é judeu, foi cortado de uma oliveira brava e, contra o que é natural, foi enxertado em uma oliveira boa. Muito mais ainda, os judeus, que são ramos naturais, poderão ser enxertados de novo na oliveira a que pertencem. Irmãos, quero que compreendam este segredo espiritual, para que não se julguem tão sábios: Uma parte de Israel foi endurecida, mas isso mudará quando o número completo daqueles que não são judeus vier a Deus. Assim todo o Israel vai se salvar, como dizem as Escrituras: “O Salvador virá de Sião; Ele vai tirar toda a maldade da família de Jacó. Esta será a aliança que farei com aquelas pessoas quando lhes tirar o pecado”. Os judeus, por causa de vocês, se recusam a aceitar as Boas Novas e, por isso, são inimigos de Deus. Mas, por causa das promessas que Deus fez aos seus pais, eles são amados por Ele. Pois Deus nunca muda a sua maneira de pensar a respeito das pessoas que Ele chama e das coisas que Ele dá para essas pessoas. Antigamente vocês se recusavam a obedecer a Deus. Porém agora, porque os judeus desobedeceram, vocês receberam a sua misericórdia. Agora os judeus se recusam a obedecer, porque Deus teve misericórdia de vocês. E isto aconteceu para que eles também possam receber misericórdia de Deus. Todos se recusaram a obedecer a Deus. Assim Deus prendeu todas as nações debaixo do pecado, para mostrar a todos a sua misericórdia. Como são grandes as riquezas de Deus! A sua sabedoria e a sua ciência não têm fim! Ninguém pode explicar as decisões de Deus. Ninguém pode compreender aquilo que Ele faz. Como dizem as Escrituras: “Quem conhece a mente do Senhor? Quem é que pode aconselhá-lo?” “Quem é que alguma vez deu alguma coisa ao Senhor? Deus não deve nada a ninguém.” Realmente, foi Deus quem fez todas as coisas. Por Deus e para Deus tudo continua a existir. A Deus seja sempre dada toda a glória. Amém. Irmãos, Deus mostrou por nós uma grande misericórdia. Por isso, peçolhes que ofereçam a Ele as suas vidas em sacrifício, isto é, um sacrifício vivo, puro e que lhe seja agradável. Esta é a maneira espiritual de vocês o adorarem. Não sejam mais moldados por este mundo mas, pela nova maneira de vocês pensarem, vivam uma vida diferente. Então vão descobrir a vontade de Deus para vocês, isto é, o que é bom, agradável a Ele, e perfeito. Pelo encargo que Deus na sua bondade me deu, digo a cada um que está entre vocês: Não pense de si mesmo mais do que deve pensar. Ao contrário, pense de maneira modesta, de acordo com a medida de fé que Deus repartiu a cada um. Todos nós temos um corpo que tem muitas partes e cada parte tem uma função diferente. Da mesma maneira nós, embora sejamos muitos, somos todos um corpo em Cristo. Somos todos partes deste corpo e cada parte pertence a todas as outras partes. Deus deu a cada um de nós diferentes dons espirituais. Se alguém tem o dom de profetizar, então que use esse dom com a fé que tem. Se alguém tem o dom de servir, que sirva. Se alguém tem o dom de ensinar, que ensine. Se alguém tem o dom de encorajar os outros, que os encoraje. Se alguém tem o dom de dar aos outros, que dê generosamente. Se alguém tem o dom de presidir, que o faça com dedicação. Se alguém tem o dom de praticar misericórdia para com os outros, que a pratique com alegria. O amor de vocês deve ser sincero. Odeiem o mal e apeguem-se ao bem. Amem uns aos outros com carinho de irmãos. Cada um de vocês dê mais honra ao seu irmão do que a si mesmo. Não sejam preguiçosos quando deveriam estar trabalhando para o Senhor. Mas sejam fervorosos de espírito ao servi-lo. Alegrem-se na esperança que têm. Tenham paciência nas dificuldades e orem em todas as ocasiões. Repartam o que vocês possuem com o povo de Deus que tem necessidades. Procurem pelas pessoas que precisam de ajuda e abram as portas de suas casas para elas. Peçam que Deus abençoe aqueles que fazem o mal a vocês. Peçam bênçãos para eles e não os amaldiçoem. Participem da alegria dos que estão alegres e da tristeza dos que estão tristes. Vivam em harmonia uns com os outros. Não sejam orgulhosos, mas se façam amigos daqueles que não parecem ser importantes. Não sejam sábios aos seus próprios olhos. Não paguem o mal com o mal. Procurem fazer o que todos acham que é bom. Façam o possível, até onde depender de vocês, para viverem em paz com todos. Queridos irmãos, não se vinguem daqueles que lhes fazem mal. Mas deixem que Deus, na sua fúria, os castigue. Como dizem as Escrituras: “A vingança é minha; Eu retribuirei—diz o Senhor”. Pelo contrário: “Se o seu inimigo tiver fome, dê-lhe comida; se ele tiver sede, dê-lhe algo para beber. Pois, fazendo isto, você vai ajuntar brasas na cabeça dele”. Não permita que o mal vença a você, mas vença o mal fazendo o bem. Vocês todos devem obedecer a quem estiver no governo. Ninguém pode governar a não ser que Deus lhe tenha dado esse poder. Não há autoridade nenhuma que não tenha sido nomeada por Deus. De modo que, se alguém é contra as autoridades, é também contra o que Deus ordenou; e os que agem assim, vão trazer castigo sobre si mesmos. Aqueles que fazem o bem não têm que temer as autoridades, mas quem faz o mal tem de temê-las. Você quer viver sem medo das autoridades? Então faça o bem e assim será aprovado por elas. As autoridades estão a serviço de Deus para o seu bem. Mas, se você fizer o mal, então terá motivos para ter medo, pois as autoridades de fato têm poder para castigar. Elas estão a serviço de Deus para castigar aqueles que fazem o mal. Por isso você deve obedecer às leis, não somente pelo medo de ser castigado, mas também por causa da sua consciência. Por esse motivo é que vocês pagam impostos. As autoridades estão a serviço de Deus e se dedicam a este trabalho. Dêem a todas as pessoas o que vocês devem a elas. Paguem os impostos ou as contribuições a quem devem pagar. Mostrem respeito a quem devem respeitar e honra a quem devem honrar. Não devam nada a ninguém. A única dívida que vocês devem ter é a do amor uns para com os outros. Quem tem amor pelos outros está obedecendo a toda a lei. Pois a lei diz: “Não cometa adultério; não mate; não roube; não cobice”. Todas estas leis e, de fato, todas as outras, são realmente uma só: “Ame o seu próximo como você ama a si mesmo”. O amor não faz o mal ao próximo. Por isso, quando amamos, obedecemos a toda a lei. Digo isto a vocês porque vivemos num tempo importante. Já é hora de vocês acordarem de seu sono, pois a nossa salvação está mais perto agora do que estava quando começamos a acreditar. A noite está quase acabando e vem chegando o dia. Por isso não devemos continuar fazendo aquilo que pertence à escuridão, mas devemos nos armar com as armas que pertencem à luz. Vamos viver de maneira decente, como aqueles que pertencem ao dia. Não devemos participar de festas vergonhosas e bebedeiras. Não deve haver entre nós nenhum pecado sexual ou indecência, nem brigas, nem invejas. Ao invés disso, vistam-se com o Senhor Jesus Cristo. Não procurem meios de satisfazer a parte de nós que é pecadora, e não façam o mal que desejam fazer. Aceitem entre vocês aquela pessoa que é fraca na fé, mas não com a intenção de discutir sobre as diferentes opiniões dela. Uma pessoa acredita que pode comer todo o tipo de comida, mas outra pessoa, cuja fé é fraca, acredita que só pode comer legumes. Aquele que come todo o tipo de comida não deve se sentir superior ao que come somente legumes. E aquele que come somente legumes não deve condenar ao que come todo o tipo de comida, pois Deus o aceitou. Ninguém pode julgar o servo de outra pessoa. O seu senhor é que decide se o que ele faz é bom ou não. Mas o servo do Senhor vencerá porque o Senhor tem poder para fazê-lo vencer. Uma pessoa pensa que certos dias são mais importantes do que outros, ao passo que outra pessoa pensa que todos os dias são iguais. Cada um deve estar bem convencido daquilo que pensa. A pessoa que pensa que certos dias são mais importantes do que outros, comemora-os para honrar ao Senhor. Outra pessoa, que come todo o tipo de comida, o faz para honrar ao Senhor, pois agradece ao Senhor pelo alimento. Quem se recusa a comer, o faz para honrar ao Senhor, e também lhe agradece. Pois nós não vivemos nem morremos para nós mesmos. Se vivemos, vivemos para o Senhor. Se morremos, morremos para o Senhor. Então tanto na vida como na morte, pertencemos ao Senhor. Foi por isso que Cristo morreu e ressuscitou da morte para tornar a viver. Cristo fez isto para ser o Senhor de todos, tanto dos mortos como dos vivos. Por que você condena aquele que é seu irmão? E você, por outro lado, por que despreza seu irmão cuja fé é fraca? Todos nós vamos nos apresentar diante de Deus e Ele nos julgará. Como dizem as Escrituras: “Todos ficarão de joelhos diante de mim, e todos dirão que eu sou Deus. Juro pela minha vida que estas coisas vão acontecer —diz o Senhor”. Assim, cada um de nós terá que prestar contas a Deus daquilo que fez. Por isso, vamos parar de julgar uns aos outros. Ao contrário, tomem a decisão de não fazer nada que leve seu irmão a ser mais fraco ou a cair no pecado. Eu sei, e estou convencido no Senhor Jesus, que não existe comida que não se possa comer. Mas, se alguém pensa que é pecado comer certo tipo de comida, então para ele aquilo é pecado. Se você prejudicar a fé que seu irmão possui por causa de comida, você não está agindo com amor. Não destrua a fé que alguém possui por causa da sua comida, pois Cristo morreu por esse alguém. Não deixe que aquilo que você pensa que é bom se torne em alguma coisa que os outros digam que é mau. No reino de Deus, a comida e a bebida não são importantes. As coisas realmente importantes são: uma vida justa, paz, e alegria no Espírito Santo. A pessoa que serve a Cristo, vivendo desta maneira, está agradando a Deus e é aceita pelas outras pessoas. Então vamos nos esforçar para fazer as coisas que promovem a paz e que nos ajudam a fortalecer uns aos outros. Não devemos destruir a obra de Deus por causa de comida. Todos os alimentos podem ser comidos, mas é errado comer alguma coisa quando isso faz um irmão pecar. É melhor não comer carne, nem beber vinho, nem fazer qualquer coisa que faça meu irmão pecar. Deixe entre você e Deus aquilo que você crê a respeito destas coisas. Feliz é aquele que pode fazer as coisas que pensa que são certas sem sentir culpa. Mas a pessoa que come alguma coisa na dúvida se pode ou não comer é condenada, porque não acredita que aquilo que está fazendo é certo. E se uma pessoa faz qualquer coisa sem acreditar que é certo, então está pecando. Nós que somos fortes na fé devemos ajudar os que são fracos. Devemos ajudá-los nas suas fraquezas e não tentar somente agradar a nós mesmos. Que cada um de nós procure agradar os outros, para o bem deles, a fim de ajudá-los a crescer na fé. Nem mesmo Cristo viveu para fazer o que lhe era agradável. Assim como as Escrituras disseram: “As ofensas daqueles que ofenderam o senhor caíram sobre mim”. Tudo o que foi escrito anteriormente, foi escrito para nos ensinar, para que tenhamos esperança. E essa esperança vem da paciência e da coragem que as Escrituras nos dão. A paciência e a coragem vêm de Deus. E eu peço a Deus que Ele os ajude a viver em harmonia uns com os outros, assim como Cristo Jesus quer. Assim, todos vocês, juntos e unidos, poderão dar glória a Deus, Pai do nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, como Cristo os aceitou, aceitem uns aos outros, para a glória de Deus. Pois eu digo que Cristo se fez servo dos judeus para confirmar as promessas que Deus tinha feito aos pais deles, e para mostrar que essas promessas são verdadeiras. E também fez isso para que todos os que não são judeus dêem glória a Deus pela misericórdia que Ele teve para com eles. Como dizem as Escrituras: “Por isso eu glorificarei ao Senhor entre os povos que não são judeus. Louvarei o seu nome em canções”. As Escrituras também dizem: “Vocês que não são judeus, alegrem-se com o povo de Deus”. E ainda dizem: “Louvem ao Senhor vocês que não são judeus. Todos os povos devem louvá-lo”. E Isaías também diz: “Um filho nascerá da família de Jessé. Ele virá para governar aqueles que não são judeus e eles terão esperança por causa dele”. Que Deus, que nos dá a esperança, encha a vocês de alegria e paz enquanto confiarem nele. E assim, a esperança de vocês vai transbordar pelo poder do Espírito Santo. Meus irmãos, tenho a certeza de que vocês estão cheios de bondade. Sei que sabem tudo quanto devem saber e que são capazes de ensinar uns aos outros. Mas me atrevi a escrever sobre certos assuntos, porque queria que vocês se lembrassem deles. E fiz isto porque Deus me deu este privilégio: o privilégio de ser ministro de Jesus Cristo, enviado aos que não são judeus. Eu sirvo a Deus ensinando as suas Boas Novas, para que aqueles que não são judeus possam ser oferecidos como um sacrifício aceitável a Deus e purificados pelo Espírito Santo. Sinto orgulho por aquilo que faço para Deus, por intermédio de Cristo. Não quero falar daquilo que eu mesmo fiz, mas sim do que Cristo fez por meu intermédio: Ele levou os que não são judeus a obedecerem a Deus por meio daquilo que eu disse e fiz. Eles obedeceram a Deus por causa do poder dos milagres, por causa das grandes coisas que viram e por causa do poder do Espírito Santo. Anunciei as Boas Novas por todos os lados, desde Jerusalém até Ilíria. Assim acabei com aquela parte do meu trabalho. A minha vontade é anunciar as Boas Novas em lugares onde nunca ninguém ouviu falar de Cristo, para não construir sobre o alicerce começado por outra pessoa. Pois assim dizem as Escrituras: “Aqueles que não tiveram notícia dele, verão; e aqueles que nunca ouviram falar dele, entenderão”. Por causa disso, por muitas vezes fui impedido de ir visitá-los. Mas agora já não tenho mais trabalho nestas regiões. Como desde há muito tempo eu queria ir visitá-los, espero poder fazê-lo quando for a caminho da Espanha. Então ficarei com vocês para desfrutar um pouco da sua companhia e, depois, poderão me ajudar na viagem. Agora vou para Jerusalém para ajudar o povo de Deus. Porque as igrejas da Macedônia e da Acaia resolveram dar uma oferta para aqueles que são pobres entre o povo de Deus e que vivem em Jerusalém. Eles mesmos resolveram fazer isto e, de fato, eles têm uma obrigação para com os que estão em Jerusalém. Pois se aqueles que não são judeus têm participado das bênçãos espirituais dos judeus, também deveriam servir aos judeus com bênçãos materiais. Depois de terminar esta coleta e entregar o dinheiro que foi ofertado nas mãos dos pobres de Jerusalém, eu viajarei para a Espanha e, no caminho, visitarei a vocês. E eu sei que, quando os visitar, levarei comigo toda a bênção de Cristo. Irmãos, peço-lhes, pelo nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor que o Espírito Santo nos dá, que vocês se unam a mim, orando com fervor a Deus por mim. Orem para que, na Judéia, eu me livre dos que não acreditam em Cristo. Orem também para que a ajuda que eu levo para Jerusalém seja bem recebida pelo povo de Deus. Então depois, se Deus quiser, chegarei até vocês com grande alegria e seremos mutuamente encorajados. E que Deus, nossa fonte de paz, esteja com todos vocês. Amém. A nossa irmã Febe é uma boa mulher que está servindo a igreja em Cencréia. Peço-lhes que a aceitem no Senhor de uma maneira digna do povo de Deus, e a ajudem em tudo o que ela precisar de vocês. Pois ela tem me ajudado muito, assim como a muitas outras pessoas também. Dêem lembranças a Priscila e a Áqüila, meus cooperadores no serviço de Cristo Jesus. Eles arriscaram as suas próprias vidas para salvar a minha. E não sou eu apenas que agradeço, mas também todas as igrejas dos que não são judeus. Também dêem lembranças à igreja que se reúne na casa deles. Dêem lembranças igualmente ao irmão Epêneto. Ele foi a primeira pessoa a obedecer a Cristo na província da Ásia. Lembranças a Maria, que trabalhou duramente por vocês. Lembranças a Andrônico e a Júnias, meus parentes e que estiveram comigo na prisão. Eles são notáveis entre os apóstolos e foram convertidos antes de mim. Lembranças a Amplíato, meu querido amigo no Senhor. Lembranças a Urbano, que trabalha conosco para Cristo, e a meu querido amigo Estáquis. Lembranças a Apeles, que foi provado e mostrou que realmente amava a Cristo. Lembranças a todos os que são da família de Aristóbulo. Lembranças a meu parente Herodião. Lembranças a todos os que são da família de Narciso, que pertencem ao Senhor. Lembranças a Trifena e Trifosa, que trabalham muito para o Senhor. Lembranças a minha querida amiga Pérside, que muito trabalhou também. Lembranças a Rufo, que é uma pessoa muito especial no Senhor, e à mãe dele, que tem sido como uma verdadeira mãe para mim. Lembranças a Asíncrito, Flegonte, Hermes, Pátrobas, Hermas e aos irmãos que se reúnem com eles. Lembranças a Filólogo e Júlia; a Nereu e a sua irmã; a Olimpas e a todos os do povo de Deus que se reúnem com eles. Cumprimentem-se com um beijo santo. Todas as igrejas de Cristo mandam lembranças. Irmãos, peço-lhes que tenham cautela com aquelas pessoas que provocam divisões e que perturbam a fé dos outros. Elas são contra o ensino verdadeiro que vocês aprenderam. Afastem-se delas, porque essas pessoas não estão servindo a Cristo, nosso Senhor, mas servem somente ao seu próprio ventre. Com palavras suaves e com bajulação, enganam as mentes daqueles que não sabem o que é o mal. Todos os irmãos ouviram falar da obediência de vocês e por isso me alegro por causa de vocês. Porém, quero que sejam sábios naquilo que é bom e que sejam inocentes naquilo que é mau. Deus, que traz a paz, brevemente vencerá a Satanás e lhes dará poder sobre ele. Que a graça do nosso Senhor Jesus esteja com vocês. Timóteo, que está trabalhando comigo, manda lembranças. Lúcio, Jasom e Sosípatro, meus parentes, também mandam lembranças. Eu, Tércio, que estou escrevendo esta carta de Paulo, mando lembranças no Senhor. Gaio, que abre as portas de sua casa para mim e para toda a igreja, manda lembranças a todos. Erasto, tesoureiro da cidade, e o nosso irmão Quarto também mandam lembranças. *** Glória a Deus! É Deus quem pode fazer a vocês fortes na fé por meio das Boas Novas que eu anuncio, a mensagem a respeito de Jesus Cristo. Essa mensagem é a verdade espiritual que estava escondida antigamente, mas que agora foi revelada. Ela foi revelada por meio daquilo que os profetas escreveram e, pelo comando do Deus eterno, se tornou conhecida de todas as nações, para que todos creiam e obedeçam. Ao Deus único e sábio seja dada glória para sempre por meio de Jesus Cristo! Amém. De Paulo, chamado para ser apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, e também de Sóstenes, o nosso irmão em Cristo. Para a igreja de Deus em Corinto, consagrada em Cristo Jesus, chamada para ser o povo santo de Deus; e também para todos os que, por toda parte, confiam em Cristo Jesus, Senhor deles e nosso. Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo lhes dêem graça e paz. Agradeço sempre ao meu Deus por causa da graça que Ele mostrou ter para com vocês em Cristo Jesus. Em Jesus vocês foram enriquecidos em tudo: tanto no que dizem como no que sabem. Tudo o que nós testemunhamos a respeito de Cristo foi confirmado entre vocês. Portanto, não lhes falta nenhuma capacidade espiritual enquanto esperam a vinda do nosso Senhor Jesus Cristo. Jesus vai guardá-los firmes até ao fim, para que não tenham nenhuma culpa no dia em que Ele voltar. Deus cumpre o que promete e foi Ele quem os chamou para poderem participar na vida do seu Filho, Jesus Cristo, nosso Senhor. Peço-lhes, irmãos, em nome do nosso Senhor Jesus Cristo, que todos estejam de acordo uns com os outros e que entre vocês não haja divisões. Peço-lhes que sejam completamente unidos, tendo o mesmo pensamento e o mesmo propósito. Meus irmãos, algumas pessoas da família de Cloe me contaram que há brigas entre vocês. Eu me refiro ao fato de cada um de vocês dizer: Eu sou de Paulo, e eu sou de Apolo, e eu sou de Cefas, e eu sou de Cristo. Por acaso Cristo está dividido? Foi Paulo quem morreu na cruz por vocês? Foi em nome de Paulo que vocês foram batizados? Não! Agradeço a Deus por não ter batizado nenhum de vocês, a não ser Crispo e Gaio. Agradeço a Deus porque agora ninguém pode dizer que foi batizado em meu nome. (Batizei também a família de Estéfanas, mas não me lembro se batizei mais alguém.) Cristo não me enviou para batizar. Ele me enviou para anunciar as Boas Novas, mas sem usar palavras de sabedoria humana, para que a cruz de Cristo não perca o seu poder. A mensagem da cruz é uma tolice para aqueles que estão se perdendo. Mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus. Pois as Escrituras dizem: “Destruirei a sabedoria dos sábios e farei com que a inteligência dos inteligentes fique sem valor”. Onde está o sábio? Onde está o entendido? Onde está o filósofo dos nossos tempos? Deus mostrou como a sabedoria deste mundo é uma tolice. Deus, na sua sabedoria, não quis que o mundo viesse a conhecê-lo pela sabedoria humana. Ele escolheu, pela mensagem que parece uma tolice, salvar os que crêem. Os judeus pedem milagres como prova e os gregos procuram sabedoria. Mas nós anunciamos a Cristo pregado na cruz—que é uma ofensa para os judeus e tolice para os que não são judeus. Mas Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus para aqueles que Deus chamou, tanto os judeus como os que não são judeus. Até mesmo o que parece uma tolice de Deus é mais sábio do que a sabedoria humana; e o que parece uma fraqueza de Deus é mais forte do que o poder humano. Irmãos, pensem no que vocês eram quando Deus os chamou. Do ponto de vista humano, poucos de vocês eram sábios, poucos tinham influência e poucos eram de famílias importantes. Mas Deus escolheu as coisas que para o mundo são tolas para envergonhar os sábios, e escolheu as coisas que para o mundo são fracas para envergonhar as fortes. Deus escolheu as coisas que para o mundo são humildes, desprezadas e sem valor, para destruir as coisas que para o mundo têm valor. E isto é para ninguém se orgulhar diante de Deus. Foi Deus quem os fez parte de Cristo Jesus. Cristo é a sabedoria que Deus nos deu. Cristo é a razão pela qual somos declarados justos diante de Deus, libertados de nossos pecados e separados para o serviço de Deus. Por isso as Escrituras dizem: “Quem se orgulhar, que se orgulhe no Senhor”. Irmãos, quando eu os visitei e lhes anunciei a verdade de Deus, não usei palavras bonitas, nem grande sabedoria. Decidi que, enquanto eu estivesse com vocês, me esqueceria de tudo, exceto de Jesus Cristo e a sua morte na cruz. Quando fui visitá-los, eu me apresentei como um homem sem forças, cheio de medo e ansiedade. O meu ensino e a minha mensagem não foram dados com palavras de sabedoria que a todos convencem, mas com demonstrações do poder do Espírito. Fiz isto para que a sua fé se apóie no poder de Deus e não na sabedoria de homens. O que eu digo tem grande sabedoria para os que são maduros na fé. Esta sabedoria, porém, não vem nem deste mundo nem dos que governam este mundo e que estão perdendo o seu poder. Nós falamos da sabedoria misteriosa de Deus que tinha estado escondida. O próprio Deus já havia escolhido esta sabedoria para a nossa glória, antes mesmo da fundação do mundo. Nenhum dos que governam este mundo entendeu esta sabedoria pois, se eles tivessem entendido, não teriam pregado na cruz o glorioso Senhor. Mas como dizem as Escrituras: “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem ninguém jamais imaginou o que Deus tem preparado para aqueles que o amam”. Mas Deus nos revelou estas coisas pelo Espírito. O Espírito investiga todas as coisas, até mesmo os segredos mais profundos de Deus. É assim: Ninguém conhece os pensamentos de outra pessoa. Somente o espírito que está dentro dessa pessoa é que conhece os seus pensamentos. Do mesmo modo, ninguém conhece os pensamentos de Deus, a não ser o Espírito de Deus. Nós não recebemos o espírito do mundo, mas recebemos o Espírito que vem de Deus, para podermos conhecer tudo o que Deus nos deu gratuitamente. Quando falamos destas coisas não usamos palavras que nos foram ensinadas pela sabedoria humana. Mas usamos palavras que nos foram ensinadas pelo Espírito; palavras espirituais para ensinarmos coisas espirituais. A pessoa que não é espiritual não aceita as coisas que são reveladas pelo Espírito de Deus. Ela pensa que tudo é uma tolice e não pode entendê-las. Estas coisas que são reveladas pelo Espírito só podem ser avaliadas de maneira espiritual. A pessoa espiritual, porém, pode avaliar todas as coisas, mas ela mesma não pode ser avaliada por ninguém. Como dizem as Escrituras: “Quem conhece a mente do Senhor? Quem é que pode lhe dizer o que Ele deve fazer?” Nós, porém, temos a mente de Cristo. Irmãos, eu não pude falar com vocês como pessoas espirituais. Ao contrário, tive que falar com vocês como se fossem pessoas do mundo, crianças em Cristo. O ensino que lhes dei era como se fosse leite, pois vocês ainda não podiam comer alimento sólido. E mesmo agora ainda não podem, porque ainda não são espirituais. Vocês têm inveja uns dos outros e discutem uns com os outros. E isto prova que não são espirituais, pois as suas ações são como as das pessoas do mundo. Quando um de vocês diz: “Eu sou de Paulo”, e outro diz: “Eu sou de Apolo”, não é evidente que estão agindo como as pessoas do mundo? Afinal de contas, quem é Apolo? E quem é Paulo? Somos simples servos, por meio de quem vocês se tornaram seguidores de Cristo. Cada um de nós fez o trabalho que Deus nos deu. Eu plantei a semente e Apolo a regou. Mas foi Deus quem a fez crescer. De modo que nem o que planta, nem o que rega a semente são importantes, mas sim Deus, aquele que a faz crescer. Aquele que planta e aquele que rega têm o mesmo propósito. E cada um será recompensado pelo seu próprio trabalho. Porque nós trabalhamos juntos para Deus, e vocês são como uma lavoura e um edifício de Deus. De acordo com o dom que Deus me deu, eu construí o alicerce como um prudente construtor. Porém são outros que constroem sobre este alicerce. Mas cada um tem que ter cuidado com a maneira como constrói. Porque ninguém pode construir outro alicerce, além daquele que já foi construído. E este alicerce é Jesus Cristo. Se uma pessoa constrói sobre este alicerce com ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno ou palha, a obra de cada pessoa ficará bem visível, pois esta obra vai ser revelada no Dia do Senhor. Este dia vai aparecer com fogo e o fogo provará a obra de cada pessoa e mostrará a sua verdadeira qualidade. Se a obra que a pessoa edificou sobre o alicerce ficar de pé, então esta pessoa receberá a sua recompensa. Mas se a sua obra for queimada, ela sofrerá dano. Porém ela mesma será salva, como alguém que escapou passando pelo fogo. Vocês não sabem que vocês são o templo de Deus e que o Espírito de Deus vive em vocês? Se uma pessoa destruir o templo de Deus, Deus a destruirá, pois o templo de Deus é sagrado. Vocês são o templo de Deus. Não se iludam. Se algum de vocês se considera sábio neste mundo, deve se tornar um tolo para que possa ser realmente sábio. Porque a sabedoria deste mundo é tolice diante de Deus. As Escrituras dizem: “Ele apanha os sábios na própria esperteza deles”. E também dizem: “O Senhor conhece os pensamentos dos sábios. Ele sabe que os seus pensamentos não valem nada”. Por isso vocês não devem se orgulhar em nenhum homem, pois tudo é de vocês: Paulo, Apolo, Cefas; o mundo, a vida, a morte, o presente e o futuro. Tudo isto é de vocês. E vocês são de Cristo, e Cristo é de Deus. Isto é o que as pessoas devem pensar de nós: Nós somos servos de Cristo e administradores das verdades secretas de Deus. Além disso, exige-se dos administradores que eles sejam fiéis. Porém pouco me importa se eu sou julgado por vocês ou por qualquer tribunal humano. Eu não julgo nem a mim mesmo. Minha consciência está limpa. Contudo, nem por isso me considero inocente, pois o Senhor é quem me julga. Portanto, não julguem antes do tempo; esperem que o Senhor venha. Ele revelará pela luz as coisas que agora estão escondidas na escuridão, e mostrará as intenções que estão nos corações das pessoas. Então cada um receberá de Deus a honra que merece. Irmãos, por causa de vocês é que apliquei estas coisas a Apolo e a mim mesmo para que, por meio do nosso exemplo, vocês aprendam isto: “Sigam somente o que as Escrituras dizem”. Assim, ninguém vai se orgulhar de uma pessoa e desprezar a outra. Quem diz que você é melhor do que os outros? Tudo o que você tem lhe foi dado. E se tudo lhe foi dado, por que você se gaba como se tivesse conseguido estas coisas pelo seu próprio esforço? Vocês pensam que já têm tudo o que precisam! Pensam que são ricos e que se tornaram reis sem nós! Tomara que vocês fossem reis de verdade para que nós pudéssemos ser reis com vocês! Mas me parece que Deus deu a mim e aos outros apóstolos o último lugar. Nós somos como os homens que estão condenados à morte, pois nos tornamos espetáculo para todo o mundo ver, tanto para os anjos como para os homens. Somos tolos por causa de Cristo, mas vocês são tão inteligentes em Cristo! Somos fracos, mas vocês são tão fortes! Somos desprezados, mas vocês são honrados! Até agora temos sofrido fome e sede, temos nos vestido com trapos, somos esbofeteados, não temos um lugar certo para morar e ficamos exaustos, trabalhando com nossas próprias mãos. Quando somos amaldiçoados, nós abençoamos. Quando somos perseguidos, agüentamos com paciência. Quando somos difamados, falamos o bem. Até agora temos chegado a ser considerados lixo do mundo, resto de todas as coisas. Eu não estou escrevendo estas coisas para envergonhá-los. Pelo contrário, escrevo para adverti-los, como se vocês fossem os meus filhos queridos. Porque ainda que vocês tivessem dez mil mestres em Cristo, não teriam muitos pais. Pois eu me tornei o pai de vocês em Cristo Jesus, por meio das Boas Novas. Por isso, eu suplico: Sigam o meu exemplo. Por esta causa é que eu lhes enviei Timóteo, que é meu filho querido e fiel no Senhor. Ele vai lembrar a vocês dos meus caminhos em Cristo Jesus, exatamente como por toda parte eu os ensino em cada igreja. Alguns de vocês estão se gabando, como se eu não tivesse mais que ir vê-los. Porém, se Deus quiser, voltarei a vê-los brevemente. Então eu vou saber o que essas pessoas que estão se gabando podem fazer, e não somente o que falam. Porque o reino de Deus não se baseia em palavras, mas em poder. O que vocês preferem: que eu vá vê-los com vara para castigá-los, ou que vá com amor e carinho? Todo mundo está falando a respeito da imoralidade sexual que há entre vocês. É uma imoralidade sexual tão grave que não se encontra nem mesmo entre aqueles que não conhecem a Deus. Isto é, há entre vocês alguém que está vivendo com a sua própria madrasta! Mesmo assim vocês ainda se orgulham, quando deveriam lamentar. Que aquele que cometeu este pecado seja expulso do meio de vocês. Embora não esteja presente pessoalmente, eu estou em espírito. E, como se aí eu estivesse presente, já julguei o homem que cometeu este pecado. Quando vocês se reunirem em nome do nosso Senhor Jesus, eu estarei com vocês em espírito. E com o poder de Jesus, nosso Senhor, entreguem esse homem a Satanás, para que a sua vontade pecadora seja destruída, e o seu espírito seja salvo no Dia do Senhor. Esse orgulho de vocês não é bom. Vocês conhecem aquele ditado que diz: “Um pouco de fermento leveda toda a massa?” Joguem fora o fermento velho, para que vocês sejam uma massa nova. E de fato vocês já são massa nova, mas sem fermento, pois Cristo, o nosso cordeiro da Páscoa, já foi sacrificado para nos purificar. Por isso vamos celebrar a nossa festa, mas não com pão feito com o fermento velho, que é o fermento da maldade e da malícia. Nós, porém, comamos o pão sem fermento, que é o pão da sinceridade e da verdade. Eu escrevi para vocês em outra carta que não deviam se associar com pessoas que vivem em imoralidade sexual. Porém eu não quis dizer que vocês deveriam se afastar dos pecadores deste mundo: os que vivem em imoralidade sexual, os que são avarentos, os que são ladrões ou os que adoram falsos deuses. Neste caso vocês teriam que sair do mundo. Eu quis dizer para vocês não se associarem com aqueles que dizem ser nossos irmãos em Cristo mas que vivem em imoralidade sexual, ou são avarentos, ou adoram falsos deuses ou são beberrões ou ladrões. Nem tampouco comam com este tipo de pessoa. Eu não tenho o direito de julgar os de fora da igreja; Deus vai julgá-los. Vocês, porém, devem julgar os que são de dentro. Pois as Escrituras dizem: “Expulsem esse malfeitor do meio de vocês”. *** Quando algum de vocês tem uma queixa contra uma outra pessoa, por que vai aos juízes, que não são justos perante Deus? Por que não deixa o povo de Deus decidir quem tem razão? Vocês não sabem que o povo de Deus vai julgar o mundo? E se vocês vão julgar o mundo, não são por acaso capazes de julgar as coisas mínimas? Não sabem que julgaremos até os anjos? Quanto mais, então, as coisas desta vida! Entretanto, quando vocês têm desacordos para serem julgados, por que vocês levam estas coisas para homens que não têm nenhuma aceitação na igreja? Digo isto para deixar vocês envergonhados. Será que não há pelo menos um entre vocês, que tenha bastante sabedoria para julgar desacordos entre irmãos? Mas um irmão leva ao tribunal outro irmão, e vocês deixam que pessoas que não acreditam em Cristo os julguem! Só o fato de haver processos entre irmãos, já é completa derrota para vocês. Não seria melhor vocês sofrerem a injustiça? Não seria melhor vocês se deixarem roubar? Mas vocês mesmos cometem injustiça e roubam uns aos outros, e fazem isto aos próprios irmãos em Cristo! Vocês não sabem que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não se enganem! Nem os que são sexualmente imorais, nem os adoradores de falsos deuses, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os que cometem atos sexuais com outros homens, nem os que roubam, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os que falam mal dos outros, nem os enganadores vão herdar o reino de Deus. *** Assim eram alguns de vocês. Mas vocês foram lavados, dedicados ao serviço de Deus, e declarados justos diante de Deus, em nome do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito do nosso Deus. “Posso fazer todas as coisas que eu quiser”, mas nem todas são boas para mim. “Posso fazer todas as coisas que eu quiser”, mas não me deixarei dominar por nenhuma delas. É verdade que “os alimentos são para o estômago e o estômago para os alimentos”. Mas Deus vai destruir os dois. Porém o corpo não é para a imoralidade sexual. O corpo é para o Senhor e o Senhor é para o corpo. Deus ressuscitou ao Senhor e também nos ressuscitará pelo seu poder. Vocês não sabem que os seus corpos são partes do corpo de Cristo? Por acaso eu vou pegar as partes do corpo de Cristo e uni-las a uma prostituta? De maneira nenhuma! Ou vocês não sabem que o homem que se une à prostituta forma um só corpo com ela? As Escrituras dizem: “Eles se tornarão um só corpo”. Mas aquele que se une ao Senhor, é um com o Senhor em espírito. Fujam da imoralidade sexual! Qualquer outro pecado que uma pessoa cometer, é fora do corpo. Mas aquele que comete imoralidade sexual, peca contra o próprio corpo. Vocês não sabem que os seus corpos são templos do Espírito Santo, o qual está em vocês e foi dado por Deus? Vocês não pertencem a vocês mesmos! Vocês foram comprados por um preço, portanto dêem glória a Deus com seus corpos. A respeito das coisas que vocês me escreveram, é bom que o homem não se case. Mas em vista da imoralidade sexual, cada homem deve ter a sua própria esposa, e cada mulher o seu próprio marido. O homem deve cumprir as suas obrigações de marido para com a sua esposa, assim como a mulher deve cumprir as suas obrigações de esposa para com o marido. A esposa não é dona do seu próprio corpo, pois ele pertence ao seu marido. Da mesma maneira, o marido não é dono do seu próprio corpo, pois ele pertence à sua esposa. Não se recusem a dar os seus corpos um ao outro, a não ser que concordem em fazer isso por algum tempo, para se dedicarem à oração. Mas depois devem ter relações normais, para que Satanás não os tente devido à falta de domínio próprio. Digo isto a vocês como uma permissão e não como uma ordem. Gostaria que todas as pessoas fossem como eu, mas cada pessoa tem a capacidade que Deus lhe deu. Uma vive de um modo e outra, de outro. Agora, sobre os solteiros e as viúvas eu digo isto: É melhor que eles permaneçam sem se casar, assim como eu. Mas se não tiverem domínio sobre o seu corpo, então que se casem, pois é melhor casar-se do que viver desesperado de paixão. Agora, para aqueles que são casados, eu dou este mandamento (aliás não sou eu que dou, mas o Senhor): A esposa não deve se separar do seu marido. Porém se ela se separar, que não se case outra vez, ou então que faça as pazes com seu marido. E o marido também não deve se divorciar de sua esposa. Para os demais digo isto (sou eu que digo e não o Senhor): Se algum irmão tem uma esposa que não acredita em Cristo, e ela concorda em viver com ele, o irmão não deve se divorciar dela. E se uma mulher tem um marido que não acredita em Cristo, e ele concorda em viver com ela, a irmã não deve se divorciar dele. Porque o marido que não acredita em Cristo é consagrado no convívio com a esposa e a esposa que não acredita em Cristo é consagrada no convívio com o marido. Se não fosse assim, seus filhos seriam impuros; mas agora eles são puros. Mas se a pessoa que não acredita em Cristo quiser se separar, então que se separe. Nestes casos o irmão ou a irmã está livre, pois Deus nos chamou para vivermos em paz. Pois, como é que você, esposa, sabe se vai salvar o seu marido? E você, marido, como é que você sabe se vai salvar a sua esposa? Cada um deve continuar a viver na mesma condição que Deus lhe deu, a condição que tinha quando Deus o chamou. É isto que ordeno em todas as igrejas. Se um homem já tiver sido circuncidado quando foi chamado, não procure tirar as marcas de sua circuncisão. Se um homem foi chamado sem ter sido circuncidado, não procure ser circuncidado. Não é importante que um homem seja ou não circuncidado. O que é importante é que ele obedeça aos mandamentos de Deus. Cada um deve se manter na condição em que Deus o chamou. Você era escravo quando Deus o chamou? Não se preocupe com isso. Mas se você pode se tornar livre, aproveite a oportunidade. Quem era escravo, quando Deus o chamou, é livre no Senhor e pertence ao Senhor. Assim também, quem era livre, quando foi chamado, é agora escravo de Jesus Cristo. Vocês foram comprados por preço, e por isso não se tornem escravos de nenhum homem. Irmãos, cada um deve permanecer diante de Deus na mesma condição em que foi chamado. Com respeito aos solteiros, não tenho nenhum mandamento do Senhor; porém dou minha opinião como alguém que é digno de confiança, pois o Senhor mostrou misericórdia para comigo. Penso que é melhor para o homem permanecer na condição em que está, por causa dos tempos difíceis em que vivemos. Se você estiver casado, não procure se separar. Se estiver solteiro, não procure casar. Mas se você casar, não comete pecado. E se a moça solteira se casar, ela também não comete pecado. Eu somente gostaria de livrá-los dos problemas que terão na vida de casados. Irmãos, isto é o que eu quero dizer: Já não temos muito tempo. De agora em diante aqueles que são casados sejam como se não fossem casados. Aqueles que estiverem tristes, devem viver como se não estivessem tristes. Aqueles que estiverem contentes, devem viver como se não estivessem contentes. Aqueles que compram, devem viver como se não tivessem nada. E aqueles que se utilizam das coisas deste mundo, devem viver como se não as utilizassem. Pois o mundo, da maneira como está agora, vai passar. Eu quero que vocês estejam livres de preocupações. O homem que não é casado ocupa-se com o trabalho do Senhor, de como agradar ao Senhor. Mas o homem casado ocupa-se com as coisas do mundo, de como agradar a esposa, e assim está dividido. Também a mulher, tanto a viúva como a solteira, ocupa-se com o trabalho do Senhor, porque quer se dedicar de corpo e alma a Ele. Mas a mulher que é casada ocupa-se com as coisas do mundo, de como agradar ao marido. Digo isto porque quero ajudá-los; não que eu pretenda limitar a vocês. Mas quero que vivam de maneira reta e que se dediquem exclusivamente ao Senhor. Entretanto, se alguém pensa que não está se portando bem com a sua noiva e, se sua paixão é tão forte que precisem casar, então casem! Não há pecado nisso. Mas aquele que resolveu no seu coração que não quer casar com sua noiva, pois está convicto de que não precisa e tem controle de seus próprios desejos, também faz bem. Assim, aquele que se casa com sua noiva faz bem e aquele que não se casa faz melhor ainda. A mulher deve se manter casada com seu marido enquanto ele viver. Mas se seu marido morrer, ela fica livre para casar com quem quiser, mas somente no Senhor. Todavia ela será mais feliz se permanecer viúva. Esta é a minha opinião e penso que eu também tenho o Espírito de Deus. Com respeito às coisas sacrificadas aos ídolos, nós sabemos que “todos nós temos conhecimento”. O conhecimento nos enche de orgulho, mas o amor fortalece. Se alguém pensa que sabe alguma coisa, de fato ainda não sabe como deveria saber. Mas quem ama a Deus é conhecido por Ele. Quanto à comida sacrificada aos ídolos, nós sabemos que não existe ídolo real no mundo. Sabemos que há somente um Deus. É verdade que alguns ídolos são considerados deuses, ou no céu ou na terra (e há muitos “deuses” e muitos “senhores”). Mas, para nós há somente um Deus, o Pai. Todas as coisas vieram dele e nós vivemos para Ele. Há também somente um Senhor, Jesus Cristo. Por Ele todas as coisas foram criadas e por meio dele nós também existimos. Mas nem todas as pessoas têm este conhecimento. Alguns, que até agora estavam acostumados a adorar ídolos, quando comem carne pensam que ela pertence ao ídolo, e não têm a certeza se devem comê-la ou não. A consciência deles é fraca e, por isso, se sentem contaminados pela comida. Não é a comida que nos levará para mais perto de Deus, pois não seremos melhores se comermos nem piores se não comermos. Porém tenham cuidado para que a liberdade de vocês não faça os fracos na fé caírem no pecado. Porque se alguém com consciência fraca vir a você, que tem conhecimento, comendo em templo de ídolo, será que ele não vai querer comer também da comida sacrificada aos ídolos? E assim, por causa do seu conhecimento, é destruído o irmão fraco, pelo qual Cristo morreu. E desta maneira, pecando contra os seus irmãos e ferindo a consciência fraca deles, vocês estão pecando contra Cristo. Portanto, se por causa de comida meu irmão peca, eu nunca mais comerei carne, para não fazê-lo pecar. Não sou eu livre? Não sou um apóstolo? Não vi a Jesus, nosso Senhor? Por acaso vocês não são frutos do meu trabalho no Senhor? Outros podem não me reconhecer como apóstolo, mas vocês bem sabem que eu o sou. Vocês são o selo que prova que eu sou um apóstolo do Senhor. A minha defesa contra aqueles que me interrogam é esta: Não temos nós o direito de comer e beber? Não temos o direito de levar conosco uma esposa cristã, como fazem os outros apóstolos, os irmãos do Senhor e Pedro? Ou será que somente Barnabé e eu temos que trabalhar para ganhar o nosso próprio sustento? Qual é o soldado que, estando no exército, tem que trabalhar para se sustentar? Quem é que planta uma vinha e não come das uvas? Ou quem é que toma conta de um rebanho e não bebe do seu leite? Por acaso eu estou dizendo isto baseado em comparações humanas, ou a lei de Moisés não diz a mesma coisa? Pois a lei diz: “Não amarre a boca do boi quando ele estiver debulhando o trigo”. Por acaso é com bois que Deus se preocupa? Ou foi para o nosso bem que Ele disse isso? Certamente que foi para o nosso bem que ele disse isso; pois tanto aquele que ara como aquele que debulha o trigo devem trabalhar com a esperança de receber a parte que lhes é devida. Se nós semeamos entre vocês a semente espiritual, será demais se colhermos de vocês alguma coisa material? Se outros têm o direito de receber alguma coisa de vocês, será que nós não temos muito mais direito do que eles? Entretanto nós não temos usado esse direito. Pelo contrário, suportamos tudo para não criarmos qualquer obstáculo para as Boas Novas de Cristo. Vocês não sabem que aqueles que trabalham no templo recebem seu próprio alimento do templo, e aqueles que servem no altar recebem parte do que é oferecido no altar? Da mesma maneira, o Senhor ordenou que aqueles que anunciam as Boas Novas devem receber seu sustento desse mesmo trabalho. Mas eu não fiz uso daquilo a que tenho direito e nem estou escrevendo agora para receber alguma coisa de vocês. Pois prefiro morrer antes que alguém me tire esse orgulho que sinto. Se eu anuncio as Boas Novas, não tenho do que me orgulhar, pois essa é minha obrigação. Ai de mim se não anunciar as Boas Novas! Se eu anunciar por minha própria vontade, mereço uma recompensa. Mas, se a escolha não é minha e eu fui encarregado de anunciar as Boas Novas, então qual é a minha recompensa? Esta é a minha recompensa: quando anuncio as Boas Novas, posso fazê-lo de graça. Desse modo não faço uso daquilo a que tenho direito: de ser pago pelo meu trabalho de anunciar as Boas Novas. Embora eu seja livre e não pertença a ninguém, fiz-me escravo de todos, a fim de ajudar a salvar o maior número possível de pessoas. Para os judeus, eu me tornei como um judeu, a fim de ajudar a salvar os judeus. Para aqueles que são governados pela lei de Moisés, eu me tornei como uma pessoa que é governada pela lei, a fim de ajudar a salvar aqueles que são governados por ela. (Eu fiz isso apesar de não ser governado pela lei). Para aqueles que estão sem a lei, tornei-me como alguém que está sem a lei, a fim de ajudar a salvar aqueles que vivem sem a lei. (Eu fiz isso apesar de não estar sem a lei de Deus; sou governado pela lei de Cristo.) Para aqueles que são fracos, eu me tornei fraco, a fim de ajudar a salvar os que são fracos. Eu tenho me tornado todas as coisas para todas as pessoas, para que, por todos os meios possíveis, eu possa salvar alguns. Tudo faço por causa das Boas Novas, para poder participar dos benefícios delas. Vocês não sabem que numa corrida todos os corredores correm, mas só um leva o prêmio? Portanto, corram desta maneira: corram para ganhar! Todo atleta passa por um treinamento rigoroso para ganhar uma coroa que dura pouco. Nós, porém, fazemos isso para ganhar uma coroa que dura para sempre. Por isso eu não corro sem ter um objetivo. Luto como um lutador que está batendo em alguma coisa e não simplesmente no ar. Bato no meu próprio corpo, e o deixo sob controle. Pois eu mesmo não quero ser rejeitado depois de ter anunciado as Boas Novas a outros. Irmãos, quero que vocês saibam que todos os nossos antepassados estavam debaixo da nuvem e todos passaram pelo mar. Todos foram batizados na nuvem e no mar como seguidores de Moisés. Todos comeram da mesma comida espiritual e todos beberam da mesma bebida espiritual. Beberam daquela rocha espiritual que estava com eles, e aquela rocha era Cristo. Entretanto, Deus não se agradou da maioria deles e, por isso, eles morreram no deserto. Estes acontecimentos são exemplos para nós, a fim de que não desejemos as coisas más que eles desejaram. Não adorem os ídolos como alguns deles fizeram. Como dizem as Escrituras: “O povo sentou-se para comer e beber, e levantou-se para se divertir”. Não devemos cometer pecados sexuais, como alguns deles cometeram, e morreram, num só dia, vinte e três mil pessoas. Não devemos pôr a paciência de Cristo à prova como alguns deles fizeram, e foram mortos pelas mordidas das cobras. Nem se queixem como alguns deles fizeram, e foram destruídos pelo anjo da morte. Todas essas coisas que aconteceram a essas pessoas são exemplos que foram escritos para nos advertir, pois vivemos numa época em que o fim dos tempos está chegando. Assim, aquele que pensa que está firme na fé, tenha cuidado para não cair. As tentações que vocês enfrentam são as mesmas que todas as outras pessoas enfrentam, mas Deus é fiel e não vai permitir que sejam tentados além de suas forças. Pelo contrário, quando vier a tentação, Deus lhes mostrará a maneira de sair dela, e assim poderão suportá-la. Portanto, meus queridos amigos, não adorem ídolos. Falo a vocês como a pessoas inteligentes; julguem o que eu digo. Não participamos nós do sangue de Cristo quando damos graças pelo cálice da bênção? Não participamos nós do corpo de Cristo quando partimos o pão? O fato de existir um único pão significa que nós formamos somente um corpo, porque todos nós participamos daquele único pão. Pensem no povo de Israel! Não é certo que aqueles que se alimentam dos sacrifícios participam do altar? Não quero dizer que a comida sacrificada a ídolos signifique alguma coisa, ou que um ídolo tenha algum valor. Antes quero dizer que aquilo que é sacrificado aos ídolos é oferecido a demônios e não a Deus. E eu não quero que vocês participem de nada com demônios. Vocês não podem beber do cálice do Senhor e também do cálice dos demônios. Vocês não podem participar da mesa do Senhor e também da mesa dos demônios. Ou queremos fazer com que o Senhor fique com ciúmes? Por acaso somos mais fortes do que Ele? É verdade que “todas as coisas são permitidas”, mas nem todas são boas para nós. É verdade que “todas as coisas são permitidas”, mas nem todas contribuem para o nosso crescimento espiritual. Ninguém deve buscar os seus próprios interesses, e sim os interesses dos outros. Comam de toda a carne que é vendida no mercado, sem fazer qualquer pergunta sobre a origem dela por motivo de consciência, porque, como dizem as Escrituras: “A terra e tudo o que nela há pertence ao Senhor”. Se alguém que não acredita em Cristo convidar a vocês para comer com ele, e quiserem ir, comam de tudo que for colocado diante de vocês. Não façam perguntas sobre a origem daquela comida por motivo de consciência. Mas se alguém disser a vocês: “Esta comida foi oferecida ao meu deus”, neste caso não comam, por causa da pessoa que disse isso e também por motivo de consciência. Eu estou me referindo à consciência dos outros, e não à de vocês. Mas por que a minha liberdade deveria ser limitada pela consciência dos outros? Se eu agradeço a Deus pela comida que como, por que é que sou criticado se já agradeci a Deus por ela? Portanto, se vocês estiverem comendo, ou bebendo, ou fazendo qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus. Nunca façam nada que possa levar os judeus, aqueles que não são judeus, ou a igreja de Deus a pecar. Eu faço a mesma coisa. Procuro agradar a todos em tudo o que faço e não busco o meu próprio interesse. Procuro fazer o que é melhor para todos, e faço isso para que eles possam se salvar. Sigam o meu exemplo, assim como eu sigo o exemplo de Cristo. Eu os elogio porque vocês se lembram de mim em tudo e seguem todos os ensinamentos que eu lhes dei. Mas quero que vocês entendam que Cristo é o cabeça sobre todo homem, e o homem é o cabeça sobre a mulher, e Deus é o cabeça sobre Cristo. Todo homem que ora ou profetiza com a sua cabeça coberta, envergonha aquele que é o cabeça sobre ele. Toda mulher que ora ou profetiza, com a cabeça sem véu, envergonha aquele que é o cabeça sobre ela, pois é como a mulher que tem sua cabeça rapada. Portanto, se a mulher não usa véu, é como se tivesse a sua cabeça rapada. Mas desde que é uma vergonha para a mulher cortar todo o seu cabelo, ou rapar sua cabeça, ela deve usar o véu. O homem não deve cobrir a cabeça, porque ele é a imagem de Deus e a glória de Deus. Mas a mulher é a glória do homem. Pois o homem não foi feito da mulher, mas a mulher, feita do homem. E o homem não foi criado por causa da mulher, mas a mulher foi criada por causa do homem. Portanto, a mulher deve trazer um véu na cabeça para mostrar que ela está debaixo de autoridade, e também por causa dos anjos. No Senhor, porém, nem a mulher é independente do homem, e nem o homem é independente da mulher. Porque como a mulher foi feita do homem, assim também o homem nasce da mulher. E tudo vem de Deus. Julguem vocês mesmos: É certo uma mulher orar a Deus sem ter o véu na cabeça? Até a própria natureza ensina que é uma vergonha para o homem ter cabelo comprido. Mas para a mulher, o cabelo comprido é uma glória, pois o seu cabelo lhe foi dado para cobrir a cabeça. Algumas pessoas talvez queiram discutir sobre isso, mas quero que saibam que nem nós nem as igrejas de Deus temos esse costume. Naquilo que vou lhes dizer agora, eu não os elogio, porquanto as reuniões de vocês fazem mais mal do que bem. Em primeiro lugar, ouvi dizer que há muitas divisões entre vocês quando se reúnem como igreja. E eu, até certo ponto, acredito nisso. (Não há dúvida de que é necessário que haja partidos entre vocês, para que aqueles que são aprovados entre vocês se tornem conhecidos!) Quando vocês se reúnem, não é a Ceia do Senhor que vocês comem. Pois quando comem, cada pessoa come sua própria ceia, sem esperar pelos outros. E há aqueles que ficam sem comida, enquanto outros ficam bêbados. Vocês não têm casas onde comer e beber? Dessa forma vocês fazem pouco da igreja de Deus e envergonham aqueles que são pobres! Que é que vou dizer a vocês? Vou elogiá-los pelo que fazem? Com certeza nisto eu não os elogio. O ensino que eu lhes dei é o mesmo que recebi do Senhor: Na noite em que Jesus foi traído, ele pegou o pão e agradeceu a Deus por ele. Depois partiu o pão e disse: “Isto é o meu corpo, que é dado a favor de vocês. Façam isto para se lembrar de mim”. Do mesmo modo, depois de ter comido, Jesus pegou o cálice do vinho e disse: “Este cálice é a nova aliança feita por Deus com o seu povo, e esta nova aliança começa por meio do meu sangue. Cada vez que vocês beberem deste cálice, façam isto para se lembrar de mim”. Todas as vezes que vocês comerem este pão e beberem deste cálice, vocês anunciam a morte do Senhor. Façam isto até que Ele volte. Por isso, se alguém comer o pão ou beber do cálice do Senhor de maneira imprópria, peca contra o corpo e o sangue do Senhor. Cada pessoa deve examinar a si mesma antes de comer o pão e beber do cálice. Porque se alguém comer o pão e beber do cálice sem reconhecer o significado do corpo do Senhor, come e bebe para a sua própria condenação. Esta é a razão pela qual muitos do grupo de vocês estão doentes e fracos, e muitos outros já morreram. Mas se nós examinássemos a nós mesmos, o Senhor não nos julgaria. Mas quando o Senhor nos julga, Ele nos disciplina para não sermos condenados com o mundo. Portanto, irmãos, quando vocês se reunirem para comer, esperem uns pelos outros. Se alguém estiver com fome, deve comer em casa. Façam isto para que as reuniões de vocês não tragam a condenação de Deus sobre vocês. A respeito das outras coisas, eu darei instruções para vocês quando chegar aí. Irmãos, eu quero que vocês entendam a respeito dos dons espirituais. Vocês sabem que quando ainda eram pagãos, eram enganados e influenciados a adorar ídolos mudos. Por isso eu digo a vocês que ninguém que está falando por meio do Espírito de Deus pode dizer: “Jesus é maldito”. E, por outro lado, ninguém pode dizer: “Jesus é o Senhor” sem a ajuda do Espírito Santo. Há vários tipos de dons espirituais, mas é o mesmo Espírito que os dá. Há várias maneiras de servir, mas é o mesmo Senhor que todos nós servimos. Há vários tipos de atividades, mas é o mesmo Deus que atua em todos nós, em tudo o que fazemos. O Espírito se mostra em cada uma das pessoas, para o benefício de todos. Para uma pessoa o Espírito dá o dom de falar com sabedoria; para outra, o mesmo Espírito dá o dom de falar com profundo conhecimento. O mesmo Espírito dá fé para uma pessoa, e o poder de curar para outra. O Espírito dá para uma pessoa o dom de fazer milagres, para outra o dom de profetizar, e para outra o dom de distinguir entre bons e maus espíritos; para uma pessoa o dom de falar em várias línguas e para outra, o dom de interpretar essas línguas. Mas é o mesmo e único Espírito que faz tudo isso. Ele distribui tudo a cada pessoa, individualmente, da maneira que deseja. Cada um de nós tem um corpo com muitas partes. Mas, embora estas partes sejam muitas, elas formam um só corpo. E Cristo também é assim. Pois todos nós, judeus e não-judeus, escravos e livres, fomos batizados por meio de um Espírito para formarmos um só corpo. E todos bebemos de um só Espírito. O corpo humano não consiste somente de uma parte, mas de muitas. O pé poderia dizer: “Não sou a mão e, portanto, não sou parte do corpo”. Mas nem por dizer isso ele deixa de ser parte do corpo. O ouvido poderia dizer: “Não sou o olho e, portanto, não sou parte do corpo”. Mas, nem por dizer isso, ele deixa de ser parte do corpo. Se todo o corpo fosse olho, como se poderia ouvir? Se todo o corpo fosse ouvido, como poderia alguém cheirar alguma coisa? Se todas as partes do corpo fossem a mesma parte, não existiria o corpo. Mas Deus colocou cada parte do corpo onde Ele quis. *** O certo é que há várias partes, mas somente um corpo. O olho não pode dizer para a mão: “Eu não preciso de você”; nem a cabeça pode dizer aos pés: “Eu não preciso de vocês”. Ao contrário, as partes do corpo que parecem ser mais fracas, são muito importantes. Aquelas partes do corpo que para nós são menos dignas, nós as tratamos com maior cuidado. E também as partes que são menos decentes, nós as tratamos com especial honra. As partes mais honrosas do nosso corpo não precisam disso. Assim Deus formou o corpo, dando muito mais honra para as partes que mais precisavam. Deus fez isto para que não haja nenhuma divisão no corpo, mas para que as partes tivessem o mesmo cuidado umas com as outras. Dessa maneira, se uma parte do corpo sofrer, todas as partes sofrem com ela. E se uma parte do corpo é honrada, todas as partes participam com ela da sua alegria. Vocês todos juntos são o corpo de Cristo e cada um de vocês é uma parte desse corpo. Na igreja, Deus estabeleceu em primeiro lugar os apóstolos, em segundo lugar os profetas, e em terceiro lugar os mestres. Depois Deus estabeleceu os que fazem milagres, os que curam, os que ajudam, os que lideram e os que falam em outras línguas. Será que todos são apóstolos? Será que todos são profetas? Será que todos ensinam? Será que todos fazem milagres? Será que todos podem curar? Será que todos falam outras línguas? Será que todos interpretam essas línguas? Claro que não! Contudo, esforcem-se para ter os dons mais importantes. E eu ainda vou mostrar a vocês um caminho melhor do que todos. Ainda que eu fale as línguas dos homens, e até a dos anjos, se eu não tiver amor, serei como um sino que ressoa, ou como um tambor que faz barulho. Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todas as coisas secretas de Deus e tenha todo o conhecimento, ainda que eu tenha uma fé tão grande que possa deslocar montanhas, se não tiver amor, eu não serei nada. Ainda que eu dê todos os meus bens para alimentar os pobres e ainda que eu ofereça o meu próprio corpo para ser queimado em sacrifício, se eu não tiver amor, nada disso terá significado. O amor é paciente e amável. O amor não é ciumento, não exalta a si mesmo, não é orgulhoso. O amor não é malcriado, não procura seus interesses, não se irrita facilmente, não guarda mágoas. O amor não se alegra com o mal, mas alegra-se com a verdade. O amor aceita todas as coisas com paciência, tem sempre confiança e esperança, e se mantém sempre firme. O amor jamais acaba. Há dons de profetizar, mas eles desaparecerão. Há dons de falar em várias línguas, mas eles cessarão. Há o conhecimento, mas ele desaparecerá. Estas coisas acabarão, porque tanto o conhecimento que agora temos como o que recebemos por meio da profecia ainda não estão completos. Porém, quando vier a perfeição, aquilo que não está completo acabará. Quando eu era criança, falava como uma criança, pensava como uma criança, raciocinava como uma criança. Quando cheguei a ser homem, deixei de lado as coisas de criança. Agora nós vemos como se estivéssemos olhando para um espelho escuro. Mas, quando a perfeição vier, então veremos claramente. Agora meu conhecimento é incompleto. Mas, quando aquele tempo vier, conhecerei completamente, assim como sou conhecido por Deus. Agora, pois, permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor. Porém, a maior delas é o amor. Procurem ter amor e façam todo o possível para ter os dons do Espírito, especialmente o dom de profetizar. Pois aquele que fala em outra língua fala a Deus, e não para as pessoas, porque ninguém o entende. Ele fala coisas secretas por meio do Espírito. Mas quem profetiza fala para as pessoas, para dar força, coragem e conforto a elas. Quem fala em outra língua só fortalece a si mesmo. Mas quem profetiza fortalece a igreja toda. Gostaria que todos vocês tivessem o dom de falar em outras línguas. Mas gostaria mais que vocês tivessem o dom de profetizar. Quem profetiza é mais importante do que aquele que fala em outras línguas, a não ser que haja alguém que possa interpretar o que ele diz. Nesse caso a igreja será fortalecida. Irmãos, vai ajudar a vocês se eu for visitá-los falando em outras línguas? Não. Só ajudarei se levar para vocês alguma revelação, algum conhecimento, alguma profecia, ou algum ensino. O mesmo acontece com objetos sem vida que produzem som, como a flauta ou a harpa. Se não houver distinção nos sons que fazem, como alguém poderá saber o que está sendo tocado? E, se a trombeta não produzir o som certo, como os soldados saberão que devem se preparar para a batalha? Acontece o mesmo também com vocês. As palavras que falam com o uso da língua têm que ser claras. Se vocês não falarem com clareza ninguém entenderá o que estão dizendo, pois estarão falando para o ar. Sem dúvida, há muitos tipos de línguas no mundo, mas todas têm significado. Portanto, se eu não entender a língua em que alguém está falando comigo, serei como um estrangeiro para ele e ele, para mim. O mesmo se aplica a vocês: Desde que desejam os dons espirituais, procurem progredir neles, para o fortalecimento da igreja. Portanto, quem fala em outra língua deve orar para que também possa interpretá-la. Pois, se eu orar em outra língua, meu espírito de fato ora, mas a minha mente não ganha nada. Que devo fazer, então? Vou orar com o espírito, mas também orarei com a mente; vou cantar com o espírito, mas também cantarei com a mente. E se você louvar a Deus apenas com o espírito, como pode uma pessoa que esteja ali somente escutando dizer “amém” à sua oração de agradecimento? Ela não entende o que você está dizendo. Vocês podem muito bem estar agradecendo a Deus, mas a outra pessoa não é fortalecida. Agradeço a Deus, porque falo em outras línguas mais do que todos vocês. Porém nas reuniões da igreja prefiro falar cinco palavras que eu entenda, para ensinar também os outros, a falar dez mil palavras em outra língua. Irmãos, não pensem como crianças. Na maldade, sim, sejam crianças, mas no modo de pensar sejam adultos. Como dizem as Escrituras: “Falarei a este povo usando homens que falam outras línguas e usando lábios de estrangeiros, e nem assim este povo me obedecerá—diz o Senhor”. Portanto, o dom de falar em outras línguas serve de sinal aos que não acreditam em Cristo, e não aos que acreditam. Mas a profecia é para aqueles que acreditam em Cristo, e não para aqueles que não acreditam. Imaginem toda a igreja reunida e todos falando em outras línguas. Se chegarem algumas pessoas que não tenham entendimento ou que não acreditem em Cristo, será que não vão dizer que vocês estão loucos? Porém, se todos profetizarem, e entrar alguém que não tem entendimento ou que não acredite em Cristo, o seu pecado lhe será revelado. Ele será julgado por tudo aquilo que ouvir, as coisas secretas do seu coração serão reveladas e ele vai se ajoelhar e adorar a Deus. Ele dirá: “Deus realmente está com vocês”. Então, irmãos, o que devemos fazer? Quando vocês se reunirem, um tem um hino, outro tem alguma coisa para ensinar, outro traz uma revelação de Deus, outro fala em uma outra língua e, ainda, outro interpreta essa língua. Devemos fazer tudo para fortalecer a igreja. Quando se fala em outra língua, apenas duas ou quando muito três pessoas devem falar, e que falem uma de cada vez. Deve haver também uma outra pessoa que interprete o que está sendo falado. Mas se não houver quem possa interpretar, é melhor que não se fale em outras línguas na reunião da igreja. Que cada um fale para si mesmo e para Deus. Tratando-se de profetas, somente dois ou três devem falar. Os outros devem julgar o que eles dizem. Se uma pessoa que está sentada recebe uma mensagem de Deus, aquele que está falando deve parar. Vocês todos podem profetizar, mas um de cada vez. Deste modo todos podem aprender e ser encorajados. Os espíritos dos profetas estão sob o controle dos próprios profetas. Porque Deus não traz confusão, mas sim, paz. Como em todas as igrejas do povo de Deus, as mulheres aí devem ficar caladas nas reuniões da igreja. Não lhes é permitido falar, mas devem ser submissas, assim como a lei de Moisés ensina. Se houver alguma coisa que elas queiram saber, devem perguntar aos seus maridos em casa. Pois para a mulher é vergonhoso falar na reunião da igreja. Por acaso a palavra de Deus se originou no meio de vocês? Será que vocês são os únicos que a receberam? Se alguém se considera profeta ou tem um dom espiritual, deve reconhecer que o que estou escrevendo para vocês é um mandamento do Senhor. E se alguém não reconhecer isto, também não será reconhecido. Por isso, meus irmãos, vocês devem se esforçar para ter o dom de profetizar, mas não proíbam que se fale em outras línguas. Que tudo seja feito de uma maneira decente e ordenada. Agora, irmãos, quero lembrar a vocês das Boas Novas que lhes anunciei. Vocês as receberam e ainda continuam firmes nelas. Por elas vocês também são salvos, se continuarem a crer naquilo que lhes ensinei. A não ser que não tenha adiantado nada vocês crerem nele. Antes de tudo eu ensinei a vocês o que eu também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, como dizem as Escrituras. Ele foi sepultado e, no terceiro dia, foi ressuscitado, como também dizem as Escrituras. E apareceu a Pedro e depois aos doze apóstolos. Depois disso, Jesus apareceu a mais de quinhentos irmãos em Cristo de uma só vez. A maior parte deles ainda está viva hoje, embora alguns já tenham morrido. Depois Jesus apareceu a Tiago e, mais tarde, a todos os apóstolos. Por fim, Ele apareceu também a mim, como a uma pessoa que nasceu fora do tempo. Porque eu sou o apóstolomenos importante e nem sequer mereço ser chamado apóstolo, pois persegui a igreja de Deus. Mas pela graça de Deus sou o que sou. E a sua graça, que Ele me deu, não foi desperdiçada. Ao contrário, trabalhei muito mais do que todos os apóstolos. (Embora não tenha sido eu mesmo quem trabalhou, mas a graça de Deus que estava comigo.) Portanto, se fui eu ou foram eles que anunciaram as Boas Novas a vocês não importa, pois todos anunciamos a mesma coisa. O que importa é que vocês creram. Se a nossa mensagem é que Cristo ressuscitou dos mortos, como é que alguns de vocês dizem que não há ressurreição dos mortos? Se não há ressurreição dos mortos, então Cristo também não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, então a nossa mensagem não tem valor nenhum, e a fé que possuem também não tem valor nenhum. E nós somos culpados de mentir a respeito de Deus, porque temos afirmado que Deus ressuscitou a Cristo. Se é certo que os mortos não ressuscitam, Deus também não ressuscitou a Cristo. Porque, se os mortos não ressuscitam, Cristo também não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, a fé que possuem não vale nada, e vocês ainda são culpados pelos seus pecados. Se é assim, os que morreram, crendo em Cristo, estão perdidos. Se a nossa esperança em Cristo é somente para esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens. Mas a verdade é que Cristo ressuscitou dos mortos. Ele foi o primeiro fruto da colheita de milhões que morrem e que também ressuscitarão. Pois assim como por meio de um homem veio a morte, também por meio de um homem veio a ressurreição dos mortos. Assim como todos morrem por causa de Adão, também todos voltarão a viver por causa de Cristo. Mas cada um a seu próprio tempo: Cristo ressuscitou como o primeiro fruto da colheita; depois, aqueles que pertencem a Cristo ressuscitarão quando Ele voltar. E então virá o fim, quando Cristo tiver destruído todos os governos, autoridades e poderes, e entregar o reino a Deus, o Pai. Porque Cristo tem que reinar até Deus pôr todos os seus inimigos sob o seu domínio. O último inimigo a ser destruído é a morte. As Escrituras dizem: “Deus pôs todas as coisas sob o seu domínio”. Quando elas dizem que “todas as coisas” foram colocadas sob o seu domínio, é claro que não incluem o próprio Deus. Deus é quem põe todas as coisas sob o domínio de Cristo. Depois de tudo ficar sob o domínio de Cristo, então o próprio Filho vai ficar sob o domínio de Deus, aquele que pôs todas as coisas sob o domínio de Cristo. Assim, Deus terá o poder absoluto sobre tudo. Por outro lado, que vão fazer os que se batizam por causa daqueles que morreram? Se os mortos não ressuscitam, por que se batizam por causa deles? E quanto a nós? Por que nos colocamos em perigo a toda hora? Eu morro todos os dias. Isso é verdade, irmãos, tão verdade como o orgulho que tenho de vocês em Cristo Jesus, nosso Senhor. Se enfrentei animais ferozes em Éfeso só por motivos humanos, não ganhei nada. Se os mortos não ressuscitam, então “Comamos e bebamos, que amanhã morreremos”. Não se deixem enganar: “As más companhias destroem os bons costumes”. Voltem a ter juízo e não pequem mais. Alguns de vocês não conhecem a Deus. Digo isto para envergonhá-los. Mas alguém pode perguntar: “Como ressuscitam os mortos? Que tipo de corpo terão?” Tolos! O que vocês plantam não nasce, se não morrer primeiro. O que vocês plantam é uma simples semente, como a de trigo, ou de qualquer outra coisa, e não o “corpo” que vai surgir. Mas Deus lhe dá o “corpo” que ele quiser e a cada semente, o seu próprio “corpo”. A carne dos seres vivos não é toda do mesmo tipo: os homens têm um tipo de carne, os animais outro, as aves outro, e os peixes outro. Também há corpos celestiais e corpos terrestres. Mas o esplendor dos corpos celestiais é um, e o dos corpos terrestres é outro. O sol tem um esplendor, a lua tem outro e as estrelas outro. Até entre estrelas há diferenças no esplendor. A mesma coisa acontecerá quando os mortos forem ressuscitados. O corpo que é “plantado” é destruído e se decompõe, mas o corpo que ressuscita nunca poderá ser destruído. O corpo que é “plantado” é sem honra, mas ressuscita cheio de honra. O corpo que é “plantado” fraco, ressuscita cheio de poder. O corpo que é “plantado” é material, mas o que ressuscita é espiritual. Se há corpos materiais, também há corpos espirituais. Pois, como dizem as Escrituras: “O primeiro homem, Adão, se tornou um ser vivente”. Mas o último Adão, a saber, Cristo, se tornou como espírito que dá a vida. O homem espiritual não veio primeiro, mas sim o homem material; depois o espiritual. O primeiro homem é formado do pó da terra. O segundo homem é do céu. As pessoas que pertencem à terra são como o primeiro homem, que foi formado do pó da terra. Mas aquelas pessoas que pertencem ao céu são como o homem do céu. Assim como somos semelhantes ao homem que foi formado do pó da terra, também seremos semelhantes ao homem do céu. Digo-lhes isto, irmãos: O corpo material de carne e sangue não pode ter parte no reino de Deus. Nem o que é mortal pode ter a imortalidade. Mas ouçam, eu vou contar um segredo para vocês: Nem todos nós morreremos, mas todos seremos transformados. Seremos transformados num segundo, num abrir e fechar de olhos, quando a última trombeta tocar. A trombeta tocará, os mortos ressuscitarão para a imortalidade e nós, que ainda estamos vivos, seremos transformados. Pois é necessário que este corpo que é mortal vista-se com o que é imortal, e que o corpo que morre vista-se com o que não morre. E quando este corpo que é mortal vestir-se com o que é imortal, e o corpo que morre vestir-se com o que não morre, então se cumprirá o que as Escrituras dizem: “A morte é devorada pela vitória”. “Onde está, ó morte, a sua vitória? Onde está, ó morte, o seu poder de ferir?” O poder de ferir que a morte tem é o pecado, e o poder do pecado vem da lei. Mas graças sejam dadas a Deus! Ele nos dá a vitória por meio do nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, meus queridos irmãos, permaneçam firmes e decididos. Entreguem-se completamente ao trabalho do Senhor, pois vocês sabem que, no Senhor, o trabalho de vocês não é inútil. Quanto à coleta para o povo de Deus, façam vocês também como eu ordenei às igrejas da Galácia: No primeiro dia de cada semana, cada um de vocês deve separar e guardar quanto dinheiro puder, de acordo com a sua prosperidade. Vão ajuntando, para que não se façam coletas quando eu chegar. Depois que eu chegar, enviarei para Jerusalém as pessoas que vocês escolherem, com cartas de apresentação. Elas levarão a oferta de vocês para lá. Se for conveniente que eu também vá, elas irão comigo. Eu visitarei a vocês quando passar pela Macedônia, pois realmente planejo passar por lá. E pode ser até que eu fique com vocês algum tempo, ou passe aí o inverno. Assim vocês poderão me enviar nas viagens que eu tenha que fazer. Não vou visitá-los agora pois em breve eu teria que deixá-los, e espero passar mais tempo com vocês, se o Senhor permitir. Ficarei em Éfeso até a Festa de Pentecostes, pois para mim abriu-se uma grande porta, uma ótima oportunidade para um proveitoso trabalho, ainda que muitas pessoas estejam contra mim. E, se Timóteo chegar, façam com que ele se sinta à vontade entre vocês, pois ele trabalha para o Senhor, assim como eu. Que ninguém o despreze. Vocês devem ajudá-lo a continuar sua viagem em paz, para que ele e os outros irmãos possam vir até a mim, pois eu os estou esperando. Quanto ao irmão Apolo, eu o encorajei muito a visitá-los em companhia dos outros irmãos. Mas de modo nenhum ele quis ir agora. Quando houver uma boa oportunidade, ele irá. Tenham cuidado. Continuem firmes na fé. Sejam corajosos e fortes. Façam tudo com amor. Vocês sabem que Estéfanas e a sua família foram os primeiros a seguir a Cristo na região da Acaia. Eles se dedicaram totalmente ao serviço do povo de Deus. Peço-lhes, irmãos, que sejam obedientes a pessoas como estas e também a qualquer outra pessoa que coopera e trabalha para o Senhor. Alegro-me com a vinda de Estéfanas, de Fortunato e de Acaico, pois fizeram o que vocês, por estarem ausentes, não podiam fazer. Eles trouxeram conforto ao meu espírito e ao de vocês. Reconheçam o valor de pessoas como estas. As igrejas da região da Ásia mandam lembranças. Áqüila e Priscila mandam muitas lembranças a vocês no Senhor, assim como também a igreja que se reúne na casa deles. Todos os irmãos aqui mandam lembranças. Cumprimentem-se uns aos outros com um beijo de irmãos. Eu, Paulo, escrevo estes cumprimentos com minha própria mão. Se alguém não ama ao Senhor, que seja maldito. “Marana tá”! Que a graça do Senhor Jesus esteja com vocês. O meu amor esteja com todos vocês em Cristo Jesus. De Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, e também do nosso irmão Timóteo, para a igreja de Deus em Corinto, e para todo o povo de Deus em toda a região da Acaia: Que Deus, nosso Pai, e o nosso Senhor Jesus Cristo lhes dêem graça e paz. Glória a Deus e Pai do nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai misericordioso e Deus de toda a consolação. Deus nos consola quando estamos em dificuldades, para que nós também possamos consolar àqueles que estão em dificuldades, com a mesma consolação que Deus nos dá. Porque assim como participamos dos muitos sofrimentos de Cristo, também muitas são as consolações que recebemos por meio dele. Se temos dificuldades, é para a consolação e a salvação de vocês. Se somos consolados, também é para a consolação de vocês. Isto os ajuda a aceitar, com paciência, as mesmas coisas que nós também sofremos. A nossa esperança a respeito de vocês está firme, pois sabemos que, assim como vocês participam dos nossos sofrimentos, também participam da nossa consolação. Irmãos, queremos que vocês saibam das dificuldades que encontramos na região da Ásia. Nós fomos afligidos além das nossas próprias forças, a ponto de não termos mais esperança de sair de lá com vida. Nos nossos próprios corações sentíamos que tínhamos recebido a sentença de morte. Mas isto aconteceu para que não confiemos em nós mesmos, e sim no Deus que ressuscita os mortos. Deus nos salvou destes terríveis perigos de morte e continuará a nos salvar. Nele temos toda a esperança que ainda continuará a nos livrar, e vocês podem nos ajudar com as suas orações a nosso favor. Assim, muitas pessoas vão dar graças a nosso respeito, pelo benefício que nos foi dado por causa das orações de todos. Nisto sentimos orgulho, e com todo o meu coração lhes digo que é verdade: Em todas as coisas que fizemos no mundo, fizemos tudo com um coração puro e sincero que nos é dado por Deus, especialmente naquilo que fizemos entre vocês. Fizemos tudo pela graça de Deus e não com a sabedoria que o mundo tem. Pois nós só lhes escrevemos o que vocês podem ler e entender. Espero que vocês nos entendam completamente, assim como já nos entendem em parte. Espero também que vocês percebam que podem orgulhar-se de nós, assim como nós nos orgulharemos de vocês no dia em que o nosso Senhor Jesus voltar. Eu estava tão certo de tudo isto, que resolvi ir primeiro encontrar-me com vocês, para que fossem abençoados duas vezes. Fiz planos para visitá-los de passagem para a Macedônia, e da Macedônia voltar a encontrar-me com vocês, para que me ajudem na minha viagem para a Judéia. Será que fiz estes planos sem pensar? Ou será que, ao fazer planos, eu os faço como o mundo que diz “sim, sim” e “não, não” ao mesmo tempo? Mas se vocês acreditam em Deus, então podem também acreditar que aquilo que dissemos para vocês não foi “sim” e “não” ao mesmo tempo. Porque o Filho de Deus, Jesus Cristo, que Silvano, Timóteo e eu anunciamos a vocês, não foi “sim” e “não”. Ao contrário, em Cristo sempre tem havido o “sim”. Todas as promessas de Deus têm o seu “sim” em Jesus Cristo. É por isso que dizemos “amém” por meio de Jesus Cristo, para a glória de Deus. É Deus quem nos confirma junto com vocês em Cristo, e foi esse mesmo Deus que nos ungiu. Ele pôs a sua marca em nós para mostrar que lhe pertencemos, e colocou o seu Espírito no nosso coração como garantia de que vai nos dar tudo o que Ele tem prometido. Eu afirmo pela minha vida, e peço a Deus que seja minha testemunha de que isto é verdade: Eu não voltei a Corinto porque não queria castigar ou magoar a vocês. Isto não quer dizer que nós estamos tentando controlar a sua fé. Ao contrário, nós trabalhamos com vocês para a alegria de vocês, pois é pela fé que vocês estão firmes diante de Deus. Então decidi que, na minha próxima visita, não iria entristecê-los outra vez. Pois se eu entristeço a vocês, então quem vai me alegrar? Somente vocês, a quem tenho entristecido. Foi por isso que eu lhes escrevi aquela carta; para que, quando eu for aí, não seja entristecido pelas pessoas que deveriam me alegrar. Pois eu confiava em todos vocês e tinha certeza de que vocês tomariam parte na minha alegria. Eu escrevi para vocês com o coração cheio de preocupação e tristeza, e com muitas lágrimas. Porém não escrevi para entristecê-los, mas para que soubessem o quanto eu os amo. Mas, se alguém causou tristeza, não o fez apenas a mim mas, até certo ponto—para não ser muito duro—a todos vocês. O castigo que a maioria de vocês deu a ele é o bastante. Mas agora vocês devem perdoar-lhe e também animá-lo, para que não fique tão triste a ponto de se desesperar. Por isso eu imploro a vocês que mostrem o amor que têm por ele. Foi por isso que eu lhes escrevi: Para ter prova de que são obedientes em tudo. Se vocês perdoam a alguém por alguma coisa, eu também perdôo. E o que eu tenho perdoado—se é que tenho alguma coisa para perdoar—perdoei por causa de vocês na presença de Cristo. Fiz isto para que Satanás não ganhe nada contra nós, pois conhecemos bem os planos dele. Quando cheguei a Trôade para anunciar as Boas Novas de Cristo, embora o Senhor tivesse me aberto o caminho, eu estava muito ansioso porque não tinha encontrado a meu irmão Tito. Por isso, despedi-me deles, e parti para a Macedônia. Mas graças sejam dadas a Deus que, por meio de Cristo, nos conduz sempre em grande vitória. E Deus também nos usa para espalhar o seu conhecimento por toda parte como se fôssemos um bom perfume. Porque nós somos como o cheiro suave do incenso de Cristo oferecido a Deus, tanto entre os que estão sendo salvos, como entre aqueles que estão indo para a destruição. Para aqueles que estão indo para a destruição, nós somos o cheiro da morte que leva para a morte. Para aqueles que estão sendo salvos, nós somos o bom perfume da vida que leva para a vida. Porém, quem é qualificado para este trabalho? Nós não somos como muitas outras pessoas que ganham dinheiro às custas da palavra de Deus. Em Cristo, porém, nós falamos com sinceridade diante de Deus, como homens enviados por Ele. Por acaso começamos outra vez a elogiar a nós mesmos? Ou será que precisamos, como alguns, de cartas de recomendação para vocês, ou de vocês? Claro que não! Vocês mesmos são a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos. Vocês mostram que são uma carta de Cristo, o resultado do nosso trabalho. Uma carta que não foi escrita com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo. Uma carta que não foi escrita em placas de pedra, mas nos corações humanos. Nós temos esta confiança em Deus, por meio de Cristo. Eu não quero dizer que somos qualificados para fazer este trabalho por nós mesmos. Ao contrário, a nossa qualificação vem de Deus. Deus nos qualificou para sermos administradores de uma nova aliança, a qual não se baseia em uma lei escrita, mas no Espírito. Pois a lei escrita traz a morte, mas o Espírito dá a vida. A administração que foi caracterizada pela morte (isto é, a lei gravada com letras em pedras), estava cheia de glória. Essa glória era tanta que o povo de Israel não podia encarar o rosto de Moisés, por causa da glória refletida no seu rosto (embora mais tarde essa glória desaparecesse). Se era tanta a glória daquela administração, quanto maior não será a glória da administração caracterizada pelo Espírito! A administração, pela qual os homens são condenados, tinha uma grande glória. Quanto maior então não será a glória da administração pela qual os homens são declarados justos! Na realidade, a glória da velha administração não é nada em comparação com a glória muito mais brilhante da nova administração. Pois se aquela administração que estava destinada a desaparecer teve sua glória, quanto mais glória terá a nova administração que dura para sempre! Temos uma esperança que é baseada na administração gloriosa do Espírito, e é por isso que agimos com muita confiança. Não somos como Moisés, que cobria o rosto com um véu. Ele fazia isso para que o povo de Israel não visse o fim da glória daquela administração, que estava destinada a desaparecer. Mas eles não conseguiam entender. Mesmo hoje, quando lêem o Velho Testamento, aquele mesmo véu permanece e esconde deles o significado do que lêem. E esse véu somente é retirado por Cristo. Mas até mesmo nos dias de hoje, sempre que as pessoas do povo de Israel lêem a lei de Moisés, esse véu permanece nos corações delas. Mas quando uma delas se converte ao Senhor, o véu é tirado. O Senhor é o Espírito. E onde o Espírito do Senhor está presente, aí há liberdade. Portanto, todos nós temos o rosto descoberto e refletimos como um espelho a glória do Senhor. Nós somos transformados na sua própria imagem com uma glória cada vez maior. E esta é a obra do Senhor, que é o Espírito. Deus, pela sua misericórdia, nos deu este trabalho para fazer e, por isso, não desanimamos. Pelo contrário, deixamos de fazer as coisas vergonhosas, que são feitas em segredo. Não enganamos ninguém e não alteramos a mensagem de Deus. Ensinamos a verdade de forma simples e é assim que nos mostramos a todos na presença de Deus, para que possam saber nos seus corações que tipo de pessoas nós somos. E se as Boas Novas que nós anunciamos estão encobertas, estão encobertas somente para aqueles que estão indo para a destruição. O deus deste mundo cegou a mente daqueles que não acreditam, para que eles não vejam a luz das Boas Novas. Essas Boas Novas falam a respeito da glória de Cristo, que é a imagem de Deus. Pois nós não proclamamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor e a nós mesmos como servos de vocês, por causa de Jesus. O Deus que disse: “Que a luz brilhe na escuridão!” é o mesmo Deus que fez com que a sua luz brilhasse nos nossos corações. Ele fez isto para que, com essa luz, pudéssemos conhecer a glória de Deus que brilha no rosto de Cristo. Porém nós, que temos este tesouro de Deus, não somos mais do que vasos de barro que o guardam, para mostrar que o poder supremo pertence a Ele e não a nós. A toda hora e em toda parte passamos por dificuldades, mas não somos derrotados; temos dúvidas, mas não desanimamos. Somos perseguidos, mas não abandonados. Às vezes somos feridos, mas não destruídos. Trazemos a morte de Jesus nos nossos próprios corpos, para que a vida de Jesus também seja vista em nós. Estamos vivos, mas por causa de Jesus estamos sempre em perigo de morte, para que também a vida de Jesus seja vista nos nossos corpos mortais. Assim a morte está trabalhando em nós e a vida está trabalhando em vocês. As Escrituras dizem: “Eu acreditei e, por isso, falei”. Assim, tendo o mesmo espírito de fé, nós também acreditamos e, por isso, falamos. Pois nós sabemos que Deus, que ressuscitou ao Senhor Jesus, também vai ressuscitar a nós e nos levará, junto com vocês, à sua presença. Porque todas estas coisas têm acontecido por causa de vocês, para que, sendo muitos os que recebem as bênçãos de Deus, muitos também lhe dêem graças, para a glória de Deus. Por isso nós não desanimamos. Pelo contrário, mesmo que o nosso corpo esteja envelhecendo, nosso ser interior vai se renovando dia a dia. Pois as nossas dificuldades são pequenas e passageiras em comparação com a imensa e eterna glória que elas nos produzem. Nós não nos concentramos nas coisas que podemos ver, mas nas coisas que não podemos ver. Pois o que nós podemos ver é temporário, mas o que não podemos ver é eterno. Sabemos que, se esta tenda em que vivemos aqui na terra—o nosso corpo—for destruída, temos um edifício que é de Deus para morar. É uma casa eterna no céu, e que não foi feita por mãos humanas. Enquanto estamos nesta tenda, nós nos queixamos, desejando mudar para a nossa habitação que vem do céu e que nos cobrirá como uma roupa, para que não fiquemos nus. De fato, nós que estamos nesta tenda, que é o nosso corpo, temos dificuldades e queixas, pois não queremos ser despidos. Ao contrário! Nós queremos nos vestir para que aquilo que é mortal seja absorvido pela vida. Foi Deus quem nos preparou para isto e nos deu o seu Espírito como garantia de que Ele vai nos dar tudo o que prometeu. Portanto, nós estamos sempre confiantes porque sabemos que, enquanto vivermos neste corpo, estamos ausentes do Senhor. Pois vivemos pela nossa fé e não por aquilo que podemos ver. Nós estamos confiantes e preferimos deixar nossos corpos para ir morar com o Senhor. E é por isso que também nos esforçamos para ser agradáveis a Deus, quer vivamos neste corpo, na terra, ou na presença do Senhor, no céu. Todos nós temos que comparecer diante de Cristo para sermos julgados. Cada um receberá o que merece. Seremos julgados de acordo com o bem ou o mal que tivermos feito enquanto vivemos neste corpo terrestre. Portanto, uma vez que sabemos o que quer dizer temer ao Senhor, nós tentamos convencer as pessoas a aceitarem a verdade. Deus nos conhece completamente e espero que vocês também nos conheçam completamente. Não estamos falando bem de nós mesmos para vocês novamente. Pelo contrário, estamos lhes dando uma oportunidade de terem orgulho de nós. Assim, vocês vão ter o que responder para aqueles que se orgulham das coisas que podem ser vistas, e não se importam com o que está no coração. Pois, se enlouquecemos, é para Deus; e se temos juízo, é para o bem de vocês. O amor de Cristo nos domina, pois determinamos isto: Um morreu por todos, portanto todos morreram. E Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas vivam para aquele que morreu e ressuscitou por todos. De agora em diante, nós não consideramos ninguém da maneira como o mundo considera. É verdade que antes considerávamos a Cristo como o mundo considera, mas agora já não é assim que pensamos. E assim, se alguém está em Cristo, é uma nova criatura. As coisas velhas já passaram; tudo é novo! Tudo isto vem de Deus, que estabeleceu a paz entre nós e Ele por meio de Cristo. E Deus nos deu a responsabilidade de estabelecer a paz entre Ele e todos. Isto é: Deus estava em Cristo, estabelecendo paz entre o mundo e Ele mesmo. Em Cristo, Deus não condena o mundo por seus pecados, e Ele mesmo nos deu esta mensagem de paz. Portanto, nós fomos enviados para falar em nome de Cristo, e é como se Deus estivesse chamando as pessoas por nosso intermédio. Em nome de Cristo, nós suplicamos a vocês: Façam as pazes com Deus. Cristo não tinha nenhum pecado, mas Deus colocou sobre Ele a culpa dos nossos pecados. Dessa forma nós pudemos ser declarados justos diante de Deus por meio de Cristo. Nós trabalhamos juntos com Deus e, por isso, pedimos: Não deixem que a graça que vocês receberam de Deus fique sem valor. Pois Deus diz: “Num dia favorável eu o ouvi e o socorri no dia da salvação”. Ouçam! Agora é o momento bem oportuno; hoje é o “dia da salvação”. Não queremos que ninguém pense mal do nosso trabalho. Por isso, não fazemos nada que possa ofender alguém. Pelo contrário, fazemos tudo para mostrar que somos servos de Deus. Assim toleramos muitas coisas, e sofremos aflições, dificuldades e problemas. Somos surrados e atirados na prisão; somos acusados de desordens, trabalhamos duramente, atravessamos noites sem dormir e passamos fome. Mostramos ser servos de Deus pela nossa pureza de vida, pelo nosso conhecimento, pela nossa paciência e pela nossa bondade. Mostramos isto pelo Espírito Santo, por termos um amor sincero, por declararmos a verdade e pelo poder de Deus. Usamos a justiça como arma, tanto para ataque como para defesa. Algumas pessoas nos dão honra, outras nos desprezam. Algumas pessoas dizem bem de nós, outras dizem mal. Algumas pessoas dizem que nós somos mentirosos, mas nós dizemos a verdade. Algumas pessoas nos tratam como desconhecidos, mas somos bem conhecidos. É como se estivéssemos morrendo, contudo estamos cheios de vida. Somos castigados, porém não mortos. Temos muita tristeza, mas estamos sempre alegres. Somos pobres, mas enriquecemos a muitos. Não temos nada, mas possuímos tudo. Falamos francamente com vocês que estão em Corinto. Abrimos para vocês os nossos corações. O amor que nós temos por vocês não acabou. Ao contrário! São vocês que já não têm amor por nós. Eu falo a vocês como se fossem meus filhos. Façam o que nós também fizemos a vocês: abram os seus corações para nós. Vocês não devem unir-se com aqueles que não crêem em Cristo, pois se vocês se unissem formariam uma junta desigual. Que relação pode existir entre a justiça e a maldade? O que há em comum entre a luz e a escuridão? Que harmonia Cristo pode ter com Satanás? Ou que união pode haver entre uma pessoa que segue a Jesus e outra que não acredita nele? Que relação há entre o templo de Deus e os ídolos? Pois nós mesmos somos o templo do Deus vivo. Como Deus disse: “Viverei e caminharei com eles; serei o Deus deles e eles serão o meu povo”. “Portanto, saiam do meio deles e separem-se deles—diz o Senhor; — não toquem mais em coisas impuras. Então, eu aceitarei vocês.” “Eu serei o seu Pai, e vocês serão para mim filhos e filhas — diz o Senhor Todo-poderoso.” Queridos amigos, desde que temos estas promessas, devemos nos livrar de tudo o que contamina tanto o corpo como a alma. Devemos tentar ser completamente dedicados a Deus, por causa da reverência que temos por Ele. Abram-nos os seus corações. Não fizemos mal a ninguém, não arruinamos ninguém e não exploramos ninguém. Não digo isto para condená-los. Já lhes disse que temos tanto amor por vocês que estamos prontos a viver ou a morrer com vocês. Tenho muita confiança em vocês e me orgulho de vocês. Sinto-me muito encorajado e cheio de alegria em todas as nossas dificuldades. Quando chegamos à Macedônia, não tivemos sossego. Pelo contrário, encontramos dificuldades por toda parte, com lutas por fora e muito medo por dentro. Porém Deus, que conforta os que estão desanimados, nos confortou com a chegada de Tito. E não somente com a sua chegada, mas também pelo conforto que vocês deram a ele. Ele nos contou da saudade de vocês, que vocês estavam arrependidos do que tinham feito e do interesse de vocês por mim. Tudo isso aumentou ainda mais a minha alegria. Mesmo que eu tenha entristecido a vocês com a carta que escrevi, não estou arrependido de tê-la escrito. E mesmo que eu tenha me arrependido, vejo que aquela carta entristeceu a vocês por pouco tempo. Agora eu estou contente, não porque vocês ficaram tristes, mas porque a tristeza de vocês os levou a se arrependerem. Vocês ficaram tristes da maneira como Deus queria que ficassem, e por isso nós não os prejudicamos em nada. Porque a tristeza que Deus quer que vocês tenham, leva a pessoa a arrepender-se, fazendo-a mudar de coração e de vida. Isso conduz para a salvação e nós não podemos nos arrepender disso. Porém a tristeza do mundo conduz à morte. Vocês tinham o tipo de tristeza que Deus queria que tivessem. Vejam agora o resultado dessa tristeza: Vocês se tornaram pessoas mais sérias, provaram que não tinham culpa, ficaram zangados, ficaram com medo e com saudades, se interessaram por mim e se apressaram em castigar o mal. Em tudo vocês provaram que estavam inocentes neste assunto. Não escrevi esta carta a vocês por causa de quem fez o mal, nem por causa da pessoa que sofreu esse mal. Escrevi para que vocês, diante de Deus, se dessem conta do grande interesse que têm por nós. Foi por isso que nos sentimos confortados. Além deste nosso conforto, ficamos ainda mais contentes com a alegria de Tito, porque todos vocês o fizeram sentir-se melhor. Pois eu falei muito bem de vocês a ele, e mostraram que eu tinha razão. Assim como tudo aquilo que lhes falamos é verdade, também o que dissemos a Tito sobre vocês é verdade. E o carinho dele por vocês cresce cada vez mais quando ele se lembra de como todos vocês estavam dispostos a obedecer, e como o receberam com respeito e humildade. Alegro-me porque posso confiar inteiramente em vocês. Agora, irmãos, queremos que vocês saibam da graça que o Senhor tem dado para as igrejas da região da Macedônia. Elas têm sido provadas por muitas aflições mas, apesar de sua profunda pobreza, revelaram uma grande alegria, que transbordou em rica generosidade. Eu sou testemunha de que elas, voluntariamente, deram o quanto podiam e mesmo além do que podiam dar. Elas nos pediram e insistiram várias vezes, que nós as deixássemos participar nesta ajuda para o povo de Deus. E fizeram mais do que nós esperávamos. Elas se entregaram em primeiro lugar ao Senhor e, depois, a nós, cumprindo a vontade de Deus. De modo que pedimos a Tito que, assim como ele começou esse trabalho de caridade, também o completasse para vocês. Em tudo vocês mostram que são ricos: na fé, na palavra, no conhecimento, na dedicação e no amor que aprenderam de nós. Assim, mostrem-se também ricos em generosidade. Eu não estou dizendo que isto é um mandamento. Mas, pela sincera dedicação dos outros, quero provar a sinceridade do amor de vocês. Pois vocês conhecem a graça que o nosso Senhor Jesus Cristo mostrou. Ele era rico, mas por causa de vocês se tornou pobre para que, pela pobreza dele, vocês se tornassem ricos. Na minha opinião, vocês deviam fazer isto: No ano passado vocês não só foram os primeiros a querer contribuir, como também foram os primeiros a começar a contribuir. Portanto, completem a sua contribuição para que, assim como vocês revelaram disposição no querer, também revelem a mesma disposição para terminar este trabalho. E façam isto com as posses que vocês têm. Porque, se existe a disposição para contribuir, a oferta será aceita de acordo com o que a pessoa tem e não de acordo com o que ela não tem. Pois não queremos que vocês vivam em dificuldades para que os outros possam viver bem; queremos que haja igualdade. Como vocês têm muito agora, é justo que ajudem aqueles que estão em necessidade. Mais tarde, quando eles tiverem muito, então poderão ajudar a vocês, se precisarem de ajuda. Assim haverá igualdade. Como as Escrituras dizem: “Quem colheu muito, não teve demais; e quem colheu pouco, não teve falta”. Dou graças a Deus por ter posto o mesmo interesse que eu tenho por vocês no coração de Tito. Pois ele aceitou o nosso pedido e, mostrando-se disposto, resolveu partir voluntariamente para visitá-los. Vamos enviar com ele um irmão que é respeitado entre todas as igrejas pelo seu trabalho em anunciar as Boas Novas. Ele também foi escolhido pelas igrejas para nos acompanhar quando formos entregar esta oferta. Estamos fazendo este serviço para a glória do Senhor e para mostrarmos que realmente queremos ajudar. Estamos tentando evitar que os outros nos critiquem com relação à grande quantidade de dinheiro que estamos recolhendo. O que nos interessa é procedermos honestamente, não só diante de Deus, mas também diante dos homens. Juntamente com eles vamos enviar ainda outro irmão, que já mostrou muitas vezes que está sempre disposto a ajudar. Agora, mais do que nunca, ele quer ajudar, porque tem muita fé em vocês. Quanto a Tito, ele é meu companheiro e trabalha comigo para ajudar a vocês. Quanto aos nossos irmãos, eles são enviados pelas igrejas e honram a Cristo. Portanto, mostrem a estes homens uma prova do amor de vocês e que temos razão de nos orgulhar de vocês, para que todas as igrejas possam ver. Não é preciso que eu lhes escreva a respeito desta oferta para o povo de Deus, pois sei que vocês querem ajudar. Eu tenho falado muito bem a respeito de vocês para as pessoas da Macedônia, dizendo a elas que as igrejas da Acaia estão preparadas desde o ano passado. E o entusiasmo de vocês tem estimulado a maioria delas. Mas vou lhes enviar os irmãos porque não quero que os elogios que fizemos a respeito de vocês percam o valor. Quero que estejam preparados, assim como eu disse que vocês estariam. Por outro lado, se alguém da Macedônia for comigo e perceber que não estão preparados, nós ficaremos envergonhados porque tínhamos muita confiança em vocês. E isso para não falar da vergonha que vocês vão ter. Por isso achei necessário pedir aos irmãos que fossem visitá-los antes de nós, para acabarem de preparar a oferta que prometeram. E assim a oferta já estará pronta quando nós chegarmos aí, e será uma oferta que vocês deram de boa vontade, e não por obrigação. Lembrem-se disto: Aquele que planta pouco, também vai colher pouco; e aquele que planta muito, também vai colher muito. Cada pessoa deve dar de acordo com o que resolveu no seu coração, não com tristeza ou por obrigação, pois Deus ama a pessoa que dá com alegria. E Deus pode dar a vocês muito mais bênçãos do que precisam, para que tenham sempre, em todas as coisas, ampla suficiência, e mais do que o necessário para fazerem todo o tipo de boa obra. Como dizem as Escrituras: “Ele dá liberalmente aos pobres e a sua generosidade dura para sempre”. E Deus, que dá a semente para aquele que planta e pão para alimento, também dará e fará crescer a semente de vocês. Ele mesmo vai multiplicar os frutos da generosidade de vocês, e vai enriquecê-los de todas as maneiras para que sempre sejam generosos. E a oferta de vocês, apresentada por nosso intermédio, vai fazer com que muitas pessoas agradeçam a Deus. Pois este serviço sagrado que estão prestando, não só suprirá a necessidade daqueles que pertencem ao povo de Deus, como também vai resultar em muitas ações de agradecimento a Deus. Esta ajuda que vocês estão dando é prova da sua fé. Eles vão louvar a Deus por causa disso e porque vocês seguem as Boas Novas de Cristo na qual dizem ter fé. Eles também vão louvar a Deus pela liberalidade com que vocês contribuem para com eles e para com todos os homens. E, quando eles orarem por vocês, terão muitas saudades, por causa da grande bondade de Deus que há em vocês. Graças sejam dadas a Deus pelo seu dom que é incomparável. E eu mesmo, Paulo, que na verdade sou humilde quando estou pessoalmente entre vocês e ousado para com vocês quando estou ausente, faço um apelo: Peço, pela mansidão e bondade de Cristo, que eu não tenha que ser duro com vocês quando estiver aí. Peço que eu não tenha que usar a mesma dureza que acho que deveria usar contra algumas pessoas que pensam que nós vivemos de maneira mundana. Porque, embora nós vivamos no mundo, não lutamos como o mundo luta. Pois as armas que usamos na nossa luta não são do mundo. Ao contrário, elas têm o poder de Deus para destruir fortalezas. Com elas nós podemos destruir os argumentos falsos e toda arrogância que se levante contra o conhecimento de Deus. Prendemos todo pensamento e o obrigamos a obedecer a Cristo. Estamos prontos para castigar qualquer tipo de desobediência, mas antes queremos que vocês obedeçam completamente. Olhem para os fatos diante de vocês! Se alguém tem certeza de que pertence a Cristo, então que se lembre de que, assim como ele pertence a Cristo, nós também pertencemos. E se eu me orgulhar um pouco mais a respeito da autoridade que o Senhor nos deu para a edificação de vocês e não a destruição, eu não me envergonharei. Pois não quero que pareça ser minha intenção assustar a vocês por meio das minhas cartas. Alguém diz: “As cartas de Paulo são severas e pesadas. Mas ele é fraco quando está conosco e as suas palavras não valem nada”. Mas essa pessoa deve saber o seguinte: Não há diferença entre o que escrevemos quando estamos longe de vocês e o que faremos quando estivermos junto com vocês. Nós não nos atrevemos a competir ou a nos comparar com certas pessoas que se julgam muito importantes. Elas se medem e se comparam umas com as outras e assim demonstram que não entendem o quanto são ignorantes. Nós não nos orgulhamos além dos limites, mas somente dentro do campo de ação que Deus nos deu. E esse campo inclui também a vocês. Nós não ultrapassamos os nossos limites, pois só teríamos ultrapassado se ainda não tivéssemos chegado até vocês. Mas nós fomos os primeiros a chegar até vocês com as Boas Novas a respeito de Cristo. Nós limitamos o nosso orgulho ao trabalho que temos feito e não nos orgulhamos do trabalho que outras pessoas fizeram. Nós temos a esperança de que, ao crescer a sua fé, seremos capazes de fazer um trabalho muito maior entre vocês, mas sempre dentro do nosso campo de ação. Assim, anunciaremos as Boas Novas em outras cidades além da de vocês. Não queremos nos orgulhar do trabalho que já foi feito no campo de ação de outras pessoas. Mas, como dizem as Escrituras: “Aquele que se orgulha deve se orgulhar das coisas que o Senhor tem feito”. Porque não é a pessoa que diz ser boa que é aceita, e sim a pessoa que o Senhor acha que é boa. Eu gostaria que vocês tivessem paciência comigo, mesmo quando falo alguma tolice. Por favor, tenham paciência! Eu tenho um grande cuidado por vocês, um cuidado que vem de Deus. Eu os tenho preparado para apresentá-los como uma noiva pura a um só homem, Cristo, assim como prometi. Mas receio que, como Eva foi enganada pela astúcia da serpente, também as mentes de vocês sejam corrompidas e vocês se afastem da pura e sincera devoção a Cristo. Vocês têm muita paciência com quem os visita e anuncia um Jesus diferente daquele que nós lhes anunciamos! Vocês não se importam em receber um espírito diferente daquele que já receberam, ou uma mensagem de salvação diferente daquela que já aceitaram! Portanto, tenham paciência comigo também.*** Eu não me acho inferior a qualquer um desses “super-apóstolos”. Talvez eu seja limitado na minha habilidade de falar, mas não sou no conhecimento. Ao contrário, por todas as maneiras temos feito vocês conhecerem isto em todas as coisas. Por acaso eu cometi algum pecado pelo fato de viver humildemente para que vocês fossem exaltados, quando lhes anunciei as Boas Novas gratuitamente? Explorei outras igrejas, recebendo salário, para poder servi-los. E durante o tempo que estive com vocês, ao passar necessidades, não incomodei ninguém. Os irmãos que vieram da Macedônia é que me ajudaram em tudo o que precisei. Em nada eu incomodei a vocês, e nem os incomodarei. E ninguém nas regiões da Acaia poderá tirar de mim esse orgulho. Digo isto com a verdade de Cristo que há em mim. Por que não incomodo a vocês? Será que é porque eu não os amo? Deus sabe que isso não é verdade! Mas o que faço e continuarei a fazer, é para evitar que aqueles tais “apóstolos” tenham qualquer motivo para se orgulhar. Eles gostariam que as pessoas pensassem que o trabalho de que eles se orgulham é igual ao nosso. Tais homens são falsos apóstolos, trabalhadores mentirosos que fingem ser apóstolos de Cristo. E não é de admirar, pois até mesmo Satanás finge ser um anjo de luz. Por isso não nos surpreende o fato de que os próprios servos de Satanás também finjam ser servos da justiça. Mas, no final, eles vão receber o que merecem pelo que têm feito. Eu repito: Que nenhum de vocês pense que eu sou tolo; mas se alguém pensar assim, então que me aceite como também aceita os tolos. Dessa forma eu também poderei me orgulhar um pouco. Eu me orgulho porque tenho confiança em mim. Eu não falo com a autoridade do Senhor, mas como um tolo. Desde que há muitas pessoas que se orgulham de suas vidas neste mundo, eu também vou me orgulhar. Porque vocês, sendo inteligentes, toleram de boa vontade aqueles que são tolos. Vocês até toleram aqueles que os escravizam, aqueles que os exploram, aqueles que os enganam, aqueles que pensam que são superiores a vocês e aqueles que lhes dão bofetadas. É uma vergonha eu ter que dizer isto, mas nós fomos “fracos demais” para agir assim. Porém, se alguém se atrever a se orgulhar de alguma coisa, eu também me atreverei (falo como um tolo). Eles são hebreus? Eu também sou. São israelitas? Eu também sou. São descendentes de Abraão? Eu também sou. São servos de Cristo? Eu sou ainda mais (sou louco ao dizer isto). Trabalhei muito mais do que eles. Fui preso muito mais vezes e açoitado sem medida. Enfrentei o perigo da morte muitas vezes. Cinco vezes os judeus me castigaram com trinta e nove chicotadas. Em três ocasiões diferentes me bateram com varas, e uma vez fui apedrejado. Três vezes o navio em que eu estava viajando afundou e cheguei a passar uma noite e um dia na água. Fiz várias viagens, enfrentando perigos de rios, perigos de ladrões, perigos entre o meu próprio povo, perigos entre outros povos que não são judeus, perigos na cidade, perigos no campo, perigos no mar, perigos entre falsos irmãos. Tenho trabalhado duramente e até não poder mais. Muitas vezes tenho ficado sem dormir, sem comer e sem ter o que vestir; tenho passado fome, sede e frio. Além de outros problemas, há o que pesa sobre mim diariamente: a preocupação com todas as igrejas. Quando alguém está fraco, eu me sinto fraco também; quando alguém cai em pecado, eu também me sinto muito aflito. Se tenho que me orgulhar, então vou me orgulhar das coisas que mostram como sou fraco. O Deus e Pai do Senhor Jesus, que é louvado para sempre, sabe que eu não minto. Quando estive em Damasco, o governador que servia sob o comando do rei Aretas colocou guardas em volta da cidade para me prender. Mas, num grande cesto, me desceram por uma janela do muro da cidade abaixo, e assim escapei das mãos do governador. Devo continuar me orgulhando, embora isso não valha nada. Agora vou falar das visões e revelações que tenho recebido do Senhor. Conheci um homem em Cristo que, há quartoze anos, foi elevado ao terceiro céu. Não sei se ele estava no seu corpo ou fora do seu corpo—Deus o sabe. Eu sei que esse homem foi levado ao paraíso. Porém não sei se ele estava no seu corpo ou fora do seu corpo—só Deus sabe—mas ele ouviu palavras que não podem ser explicadas e que não é permitido ao ser humano falar. *** Desse homem é que me orgulharei. Mas não me orgulho de mim mesmo, a não ser nas minhas fraquezas. Pois, se eu vier a me orgulhar não serei tolo, porque estarei falando a verdade. Porém não me orgulharei para que ninguém pense de mim mais do que vê em mim e do que me ouve dizer. E, para que eu não ficasse orgulhoso demais por causa das grandes revelações que recebi, foi-me dada uma moléstia em meu corpo. Essa moléstia é um mensageiro de Satanás, enviada para me atormentar, a fim de que eu não me engrandeça. Três vezes pedi ao Senhor que tirasse esse tormento de mim. Mas Ele me disse: “A minha graça é o suficiente para você, porque o meu poder é mais forte quando você está fraco”. Então, de boa vontade mais me orgulharei nas fraquezas, para que o poder de Cristo permaneça em mim. Portanto, fico feliz com as fraquezas, com os insultos, com as necessidades, com as perseguições e com as dificuldades por causa de Cristo. Pois quando sou fraco, então é que sou forte. Tenho me tornado um tolo, mas vocês me obrigaram a isso. Vocês deveriam falar bem de mim, pois em nada sou inferior a esses “super-apóstolos”, embora eu não seja nada. Pelo menos, eu fiz entre vocês as coisas que provam que alguém é um apóstolo, a saber: sinais, maravilhas e milagres, e tudo com muita paciência. Assim, vocês receberam todas as coisas que as outras igrejas receberam, só que com uma diferença: Eu não fui um peso para vocês. Desculpem-me por este erro! Agora estou pronto a ir visitá-los pela terceira vez, e não quero nada do que vocês possuem. Pois eu não estou procurando os bens de vocês, mas a vocês mesmos. Os filhos não devem sustentar os pais, mas são os pais que devem sustentar os filhos. Eu, de boa vontade, darei a vocês tudo o que tenho e gastarei até a mim mesmo pelo bem de vocês. Será que quanto mais eu os amo, menos serei amado por vocês? Está claro que eu não fui um peso para vocês. Mas vocês acham que eu os enganei e usei mentiras para pegá-los. Por acaso eu os explorei por intermédio de algum daqueles que enviei até vocês? Pedi a Tito para ir visitá-los e enviei um de nossos irmãos com ele. Por acaso Tito os explorou? Será que não nos comportamos com o mesmo espírito? Não seguimos os mesmos passos? Vocês estão pensando que, durante todo este tempo, nós estamos nos defendendo diante de vocês? Nós estamos falando diante de Deus como seguidores de Cristo, e tudo o que fazemos, queridos amigos, é para fortalecê-los. Pois receio que, quando eu for visitá-los, os encontre diferentes do que eu quero que vocês sejam e que também vocês me achem diferente do que querem que eu seja. Receio que haja entre vocês brigas, invejas, ódio, egoísmo, insultos, mexericos, vaidade e desordens. Receio que, quando for visitá-los novamente, o meu Deus me humilhe diante de vocês e eu venha a me entristecer por causa daqueles que pecaram e não se arrependeram da impureza, da imoralidade sexual e sensualidade que têm praticado. Esta é a terceira vez que vou visitá-los. Lembrem-se de que “Toda acusação tem que ser confirmada pela boca de duas ou três testemunhas”. Quando estive com vocês pela segunda vez, eu avisei aqueles que tinham pecado, e a todos os outros; agora que estou longe de vocês, eu torno a avisar que não lhes pouparei. Eu vou fazer isso porque vocês estão procurando provas de que Cristo fala por meio de mim. Ele não é fraco para com vocês; ao contrário, Ele é poderoso entre vocês. É verdade que Cristo estava fraco quando foi crucificado, contudo Ele agora vive pelo poder de Deus. É verdade também que nós somos fracos nele, mas nós viveremos com Ele pelo poder de Deus para o benefício de vocês. Examinem a si mesmos para verem se ainda estão vivendo com fé; provem-se a vocês mesmos. Sem dúvida que vocês reconhecerão que Jesus Cristo está em vocês, a não ser que já estejam reprovados nestes exames. De qualquer maneira, nós temos a esperança de que vocês reconheçam que nós não estamos reprovados. Pedimos a Deus que vocês não façam nada que seja mau. Não para que simplesmente pareçamos aprovados, mas para que vocês façam o bem, mesmo que pareça que nós estamos reprovados. Porque não podemos fazer nada contra a verdade, mas somente a favor da verdade. Pois nos alegramos quando nós estamos fracos, e vocês fortes. E isto é o que pedimos: que vocês cheguem a ser perfeitos. Portanto, eu escrevo estas coisas enquanto estou longe, para que, quando estiver presente, não tenha que ser duro com vocês ao usar a autoridade que o Senhor me deu. Esta autoridade é para fortalecer e não para destruir. Quanto ao mais, irmãos, adeus! Procurem ser perfeitos e ajudem-se uns aos outros. Tenham o mesmo modo de pensar, vivam em paz, e o Deus de amor e de paz estará com vocês. Cumprimentem-se uns aos outros com beijo de irmãos. Todo o povo de Deus lhes manda lembranças. A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vocês. De Paulo, o apóstolo. Não foram homens que me escolheram para ser apóstolo, nem fui enviado por homens. Quem me fez apóstolo foram Jesus Cristo e Deus Pai, o Deus que ressuscitou a Jesus dos mortos. Esta carta é também de todos os irmãos que estão comigo, e é dirigida para as igrejas da região da Galácia. Que a graça e a paz de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo estejam com vocês. Jesus ofereceu a si mesmo pelos nossos pecados para nos libertar deste mundo mau em que vivemos. Assim Jesus fez a vontade de Deus nosso Pai. A Deus seja dada a glória para sempre! Amém. Estou admirado de vocês estarem abandonando tão depressa aquele que os chamou por meio da graça de Cristo, e estarem aceitando uma versão diferente das Boas Novas. A verdade é que não há outra versão das Boas Novas, mas algumas pessoas estão deixando a vocês confusos e querem mudar as Boas Novas sobre Cristo. Mas qualquer um que lhes anuncie uma versão das Boas Novas diferente daquela que lhes temos anunciado, que seja amaldiçoado; não importando que sejamos nós mesmos ou um anjo vindo do céu. Pois assim como já lhes disse, agora repito: Se alguém anunciar uma versão das Boas Novas diferente daquela que vocês receberam, que seja amaldiçoado. Será que eu estou tentando conseguir a aprovação dos homens ou a de Deus? Por acaso eu estou procurando agradar aos homens? Se eu estivesse agradando aos homens, não seria um servo de Cristo. Irmãos, quero que vocês saibam que as Boas Novas que lhes anunciei não são de origem humana, pois não as recebi e nem as aprendi de homem nenhum. Foi Jesus Cristo que as revelou a mim. Vocês ouviram falar do meu passado, de quando eu pertencia à religião dos judeus. Eu perseguia a igreja de Deus e tentava destruí-la. Na religião judaica, eu estava sempre mais adiantado do que muitos outros judeus da minha idade, pois era extremamente dedicado aos ensinamentos dados pelos meus antepassados. Porém Deus, pela sua graça, me separou e me chamou antes mesmo de eu nascer. E quando Ele decidiu revelar seu Filho em mim para que eu o anunciasse entre aqueles que não são judeus, não fui pedir conselhos a ninguém, nem fui a Jerusalém para ver aqueles que já eram apóstolos antes de mim. Mas, sem qualquer demora, fui para a região da Arábia e depois voltei para a cidade de Damasco. Então, depois de três anos, fui a Jerusalém para me encontrar com Pedro e fiquei com ele quinze dias. Não me encontrei com mais nenhum apóstolo; estive somente com Tiago, o irmão do Senhor. E eu afirmo diante de Deus que não estou mentindo naquilo que estou escrevendo para vocês. Depois fui para as regiões da Síria e da Cilícia. Na região da Judéia, os membros das igrejas que crêem em Cristo não me conheciam pessoalmente. Eles somente tinham ouvido dizer: “O homem que nos perseguia está agora anunciando a fé que antes tentou destruir”. E eles louvavam a Deus por causa de mim. Catorze anos depois, fui outra vez a Jerusalém com Barnabé, levando também a Tito comigo. Fui porque Deus tinha me revelado que eu devia ir. Ali, em particular, conversei com aqueles que pareciam ser de maior influência. Eu lhes expliquei a respeito das Boas Novas que anuncio entre os que não são judeus. Eu não queria que o trabalho que eu já tinha feito, ou mesmo que o trabalho que eu ainda estava fazendo, fosse em vão. Por isso, nem mesmo Tito, que estava comigo, foi forçado a circuncidar-se, embora ele fosse grego. Este assunto surgiu por causa dos falsos irmãos que se intrometeram entre nós. Eles vieram com o fim de espiar a liberdade que temos em Cristo Jesus, e assim nos escravizar. Mas nós não cedemos a esses irmãos nem por um minuto, para que a verdade das Boas Novas permanecesse entre vocês. Eu não recebi nenhuma idéia nova daqueles que pareciam ser de maior influência. Aliás, para mim nem faz diferença o que eles eram, pois todos os homens são iguais diante de Deus. Pelo contrário, eles viram que Deus tinha me encarregado de anunciar as Boas Novas aos que não são judeus, assim como tinha encarregado a Pedro de anunciá-las aos judeus. Pois aquele que fez com que Pedro se tornasse um apóstolo entre os judeus, também fez com que eu me tornasse um apóstolo entre os que não são judeus. Tiago, Pedro e João, que tinham a reputação de líderes, reconheceram o privilégio que Deus tinha me dado. Por isso, apertaram a minha mão e a de Barnabé como um sinal de comunhão. Assim ficou entendido que nós deveríamos ir para aqueles que não são judeus, e eles para os judeus. Eles pediram somente uma coisa: que nos lembrássemos dos pobres, o que também me esforcei para fazer. Quando Pedro veio a Antioquia, eu me opus a ele abertamente, porque estava errado. Aconteceu assim: Antes de chegarem alguns homens enviados por Tiago, Pedro comia e se associava com os que não eram judeus. Mas quando esses homens chegaram, ele se afastou e se separou daqueles que não eram judeus. Ele fez isso porque estava com medo dos judeus que acreditavam que todos aqueles que não eram judeus deviam ser circuncidados. Os outros judeus também começaram a fingir junto com Pedro. Até mesmo Barnabé se deixou influenciar pela falsidade deles. Mas quando vi que não estavam se comportando corretamente de acordo com a verdade das Boas Novas, disse a Pedro na presença de todos: “Você que é judeu não vive como judeu, e sim como aqueles que não são judeus. Então, por que você obriga aqueles que não são judeus a viverem como judeus?” Nós somos judeus de nascimento. Não somos pecadores como aqueles que não são judeus. Porém, nós sabemos que uma pessoa não é declarada justa por fazer o que a lei manda, mas pela fé em Jesus Cristo. Assim nós também colocamos a nossa confiança em Cristo Jesus, para que possamos ser declarados justos pela fé em Cristo e não por fazer o que a leimanda. Ninguém pode ser declarado justo por fazer o que a lei manda. Mas quando nós, judeus, procuramos ser declarados justos em Cristo, fica claro que nós também somos pecadores. Por acaso isto quer dizer que Cristo nos faz pecadores? De maneira nenhuma! Pois eu estaria muito errado se voltasse a ensinar as coisas que abandonei, isto é, a lei de Moisés. Eu já não vivo para a lei. Foi a lei que me matou, e eu morri para ela a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; portanto, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. E essa vida que agora vivo no meu corpo, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim. Eu não rejeito esta graça de Deus pois, se pudéssemos ser declarados justos diante de Deus por meio da lei, então Cristo não precisaria ter morrido. Gálatas tolos! Quem foi que os enfeitiçou? A morte de Cristo na cruz foi descrita claramente diante dos olhos de vocês! Quero saber apenas isto: Vocês receberam o Espírito por fazerem o que a lei manda, ou por ouvirem e crerem nas Boas Novas? Será que são tão tolos que, tendo começado uma vida com o Espírito, estão agora se aperfeiçoando com as suas próprias forças? Será que tudo o que vocês sofreram foi em vão? Espero que não! É Deus que lhes dá o Espírito e realiza milagres entre vocês. Mas será que Ele faz isso porque fazem o que a lei manda, ou porque vocês ouviram e creram nas Boas Novas? Como dizem as Escrituras a respeito de Abraão: “Abraão teve fé em Deus e, por causa de sua fé, Deus o aceitou como justo”. Saibam, pois, que aqueles que têm fé é que são os verdadeiros filhos de Abraão. As Escrituras disseram o que ainda ia acontecer, quando falaram que Deus iria declarar justos, por meio da fé, todos aqueles que não são judeus. As Escrituras também anteciparam as Boas Novas a Abraão, dizendo: “Por seu intermédio todas as nações serão abençoadas”. Dessa forma, aqueles que têm fé são abençoados, assim como Abraão foi abençoado porque creu. Mas todos aqueles que, por obediência à lei, querem ser justos diante de Deus, estão debaixo de maldição. Pois as Escrituras dizem: “Maldito seja todo aquele que não continuar a fazer tudo o que está escrito no livro da lei”. Está claro que pela lei ninguém pode ser declarado justo diante de Deus, porque as Escrituras dizem: “Aquele que pela fé é declarado justo viverá”. A lei não está baseada na fé. Mas, como dizem as Escrituras: “Aquele que obedecer aos ensinamentos da lei, viverá por eles”. Cristo nos livrou da maldição que a lei nos impõe, tornando-se maldição em nosso lugar. Como dizem as Escrituras: “Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro”. Cristo fez isto para que a bênção que Abraão recebeu pudesse ser dada aos que não são judeus. Esta bênção foi dada por meio de Jesus Cristo a fim de que, pela fé, nós pudéssemos receber o Espírito prometido. Irmãos, vou lhes dar um exemplo da vida diária: Se um contrato é firmado entre duas pessoas, ninguém pode quebrá-lo ou acrescentar alguma coisa a ele depois de assinado. O mesmo acontece com as promessas feitas a Abraão e à sua descendência. Notem que Deus não disse “e aos seus descendentes”, como se estivesse falando de muitas pessoas. Ao contrário. Ele disse “e à sua descendência”, isto é, somente uma pessoa, que é Cristo. O que eu quero dizer é isto: Deus fez uma aliança com Abraão e prometeu cumpri-la. A lei de Moisés, que veio quatrocentos e trinta anos mais tarde, não pôde cancelar essa aliança ou anular essa promessa. Se a herança que Deus prometeu a Abraão dependesse da lei, então ela já não dependeria mais da promessa. Mas Deus lhe deu essa herança gratuitamente por causa da promessa que tinha feito. Então, para que serve a lei? Ela foi dada para mostrar o que é contra a vontade de Deus. A lei foi dada por meio de anjos com a ajuda de Moisés como mediador, e deveria durar até que viesse aquele descendente a quem foi feita a promessa. Mas um mediador não é necessário quando existe apenas um lado, e Deus é um só. Quer isto dizer que a lei é contra as promessas de Deus? De maneira nenhuma! Se houvesse uma lei que nos pudesse dar vida, então seríamos declarados justos por ela. Mas as Escrituras dizem que todo o mundo está preso pelo pecado para que, por meio da fé em Jesus Cristo, a promessa fosse dada aos que crêem. Antes que viesse a fé, nós estávamos sendo guardados pela lei como prisioneiros, até ser revelada a fé que deveria vir. De modo que a lei nos serviu de guia para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos declarados justos pela fé. Mas, agora que a fé veio, já não vivemos mais como dependentes do nosso guia. Pois todos vocês são filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus; porque todos vocês que foram batizados para pertencer a Cristo, de Cristo se revestiram. Portanto, não há diferença entre judeus e não-judeus, entre escravos e livres, entre homens e mulheres; todos vocês são um em Cristo Jesus. E, se vocês pertencem a Cristo, então vocês são descendentes de Abraão e, portanto, herdeiros das bênçãos que Deus prometeu a ele. O que eu quero dizer é que, enquanto o herdeiro é criança, ele não é diferente do escravo, embora tudo lhe pertença. Enquanto é criança, ele tem de obedecer àqueles que tomam conta dele. Mas quando atingir a idade determinada pelo seu pai, então ficará livre. Assim também nós, quando éramos crianças, éramos escravos dos poderes espirituais que governam este mundo. Mas, quando chegou o tempo certo, Deus enviou seu Filho. Ele nasceu de uma mulher e viveu debaixo da lei para libertar os que estavam debaixo da lei, a fim de podermos ser adotados como filhos de Deus. E como vocês são filhos, Deus enviou o Espírito de seu Filho para os nossos corações. O Espírito clama: “Pai, querido Pai”. Portanto, vocês já não são mais escravos, mas sim filhos. E, desde que vocês são filhos, Deus também os fez herdeiros. Antigamente vocês não conheciam a Deus. Eram escravos de deuses que não são verdadeiros. Mas agora que conhecem a Deus (ou melhor, agora que Deus os conhece), por que estão voltando outra vez para esses poderes espirituais que são fracos e pobres? Vocês querem tornar-se escravos deles novamente? Por que vocês estão celebrando dias especiais, meses, estações e anos? Eu temo por vocês. Receio que todo meu trabalho entre vocês não tenha valido nada. Irmãos, eu lhes suplico: Sejam como eu. Afinal, eu me tornei igual a vocês. Não que vocês tenham me feito algum mal mas, como vocês sabem, foi porque eu estava doente que lhes anunciei as Boas Novas a primeira vez. Apesar da minha doença ter sido um grande peso, vocês não me desprezaram nem me expulsaram. Pelo contrário! Vocês me receberam como se eu fosse um anjo de Deus, como se eu fosse o próprio Jesus Cristo! Vocês estavam tão felizes! O que foi que aconteceu? Eu posso afirmar que, se fosse possível, vocês teriam tirado os seus próprios olhos para os dar a mim. Por acaso me tornei inimigo de vocês por lhes dizer a verdade? Essas pessoas que querem que vocês obedeçam a lei bem que tentam convencê-los, mas não é para o bem de vocês. Elas querem convencê-los a se afastar de mim, para que vocês se virem somente para elas. É sempre bom ter um grande interesse por alguém, desde que seja para o bem, e não apenas quando eu estou aí com vocês. Meus filhos, estou novamente sofrendo por vocês, como uma mãe quando sofre as dores de parto. E continuarei sofrendo até que vocês venham a ser como Cristo. Eu gostaria de estar aí agora, e falar com vocês em outro tom de voz, pois eu não sei o que fazer a respeito de vocês. Vocês que querem estar debaixo da lei, digam-me uma coisa: Vocês não sabem o que a lei diz? As Escrituras dizem que Abraão tinha dois filhos: um de uma mulher escrava e outro de uma mulher livre. O filho da mulher escrava nasceu de maneira natural, mas o filho da mulher livre nasceu por causa de uma promessa que Deus fez a Abraão. Estas coisas têm um sentido figurado, pois estas duas mulheres representam duas alianças. Uma aliança foi dada no Monte Sinai, e gerou um povo destinado para a escravidão. Esta aliança corresponde a Agar. Agar é como o Monte Sinai na Arábia, e corresponde à cidade de Jerusalém atual. Esta cidade é escrava, e todos os que lá estão são escravos da lei. Mas a Jerusalém celestial é livre, e ela é a nossa mãe. Pois as Escrituras dizem: “Alegre-se você, mulher que não pôde ter filhos! Grite e cante de alegria, você que nunca sentiu as dores de parto. Porque a mulher desprezada terá mais filhos do que a mulher que vive com o marido”. Porém vocês, irmãos, são filhos de Deus por causa da promessa, como Isaque era. Naquela época o filho que tinha nascido de maneira natural perseguia ao que tinha nascido através do Espírito. Agora também acontece o mesmo. Mas o que dizem as Escrituras? “Expulse a mulher escrava e o seu filho, porque de maneira nenhuma o filho da escrava vai ser herdeiro com o filho da mulher livre”. Portanto, irmãos, nós somos filhos da mulher livre, e não da mulher escrava. Cristo nos libertou para que pudéssemos viver em liberdade. Permaneçam, pois, firmes e não se afastem, voltando para a escravidão da lei. Escutem! Eu, Paulo, lhes digo que, se vocês retornarem para a lei se deixando circuncidar, Cristo não terá nenhum valor para vocês. Mais uma vez aviso: Se vocês se deixam circuncidar, então terão que obedecer toda a lei, Vocês que estão procurando ser declarados justos através da lei estão desligados de Cristo; vocês se separaram da graça de Deus. Mas nós, pela fé, temos a esperança de sermos declarados justos. Por isso, aguardamos ansiosamente esta esperança com a ajuda do Espírito. Porque quando estamos em Cristo não importa se somos ou não somos circuncidados. O que realmente importa é a fé que age por meio do amor. Vocês estavam indo tão bem! Por que, então, deixaram que alguém os impedisse de continuar a obedecer a verdade? O meio que ele usou para persuadir vocês não vem de Deus, que foi quem os chamou. Um pouco de fermento fermenta toda a massa! Mas eu tenho confiança no Senhor de que vocês não acreditarão nessas idéias diferentes. Aquele que os perturba, porém, seja ele quem for, será castigado. Irmãos, se eu ainda ensino que as pessoas têm que ser circuncidadas, então por que eu ainda sou perseguido? Se eu realmente ensinasse isso, então a mensagem a respeito da cruz, que é uma ofensa para muitos, não seria mais problema. Eu gostaria que aqueles que estão perturbando vocês se castrassem de uma vez! Mas vocês, irmãos, foram chamados para viver em liberdade. Contudo, não deixem com que a liberdade de vocês se torne um pretexto para que façam o que agrada à natureza pecadora de vocês. Ao contrário, sirvam uns aos outros com amor. Pois toda a lei se resume num só mandamento: “Ame o seu próximo como você ama a si mesmo”. Mas se continuarem se tratando como animais, ferindo e prejudicando uns aos outros, tenham cuidado para não se destruírem! Por isso eu digo: Deixem com que o Espírito guie o comportamento de vocês. Assim não satisfarão os maus desejos da sua natureza pecadora. Pois, o que a nossa natureza pecadora deseja é contra o Espírito, e o que o Espírito deseja é contra a nossa natureza pecadora. Estas duas coisas são opostas entre si. Por isso vocês não podem fazer tudo o que gostariam de fazer. Mas, se é que vocês são guiados pelo Espírito, então não estão debaixo da lei. As obras da natureza pecadora são bem conhecidas. Elas são: imoralidade sexual, impureza, sensualidade, idolatria, bruxarias, ódio, brigas, ciúmes, iras, egoísmo, rixas, divisões, inveja, embriaguês, orgias e coisas iguais a estas. Eu já os avisei a respeito dessas coisas, e os aviso novamente: Aquelas pessoas que praticam essas coisas não vão herdar o reino de Deus. Mas o Espírito produz: Amor, alegria, paz, paciência, ternura, bondade, fidelidade, humildade e domínio próprio. Contra coisas como estas não há lei. Aqueles que pertencem a Jesus Cristo pregaram a sua natureza pecadora na cruz, juntamente com as suas paixões e desejos. Se é do Espírito que obtemos a nossa nova vida, então devemos seguir o Espírito. Não devemos ser orgulhosos, nem provocar ninguém, e nem ter inveja uns dos outros. Irmãos, se descobrirem que alguém cometeu algum pecado, vocês, que são espirituais, devem ajudá-lo a voltar ao bom caminho. Mas façam isso com espírito de brandura, e tenham cuidado para que vocês também não sejam tentados. Ajudem-se uns aos outros nas suas dificuldades, e dessa maneira estarão obedecendo a lei de Cristo. Pois, se alguém pensa que é importante, quando na realidade não o é, ele engana a si mesmo. Cada um deve provar sua própria conduta. Então depois ele poderá se orgulhar daquilo que ele mesmo fez, sem precisar se comparar com outras pessoas. Pois cada um deve aceitar sua própria responsabilidade. Aquele que está aprendendo a mensagem de Deus deve compartilhar todas as coisas boas com aquele que o está ensinando. Não se enganem: De Deus não se zomba. Pois aquilo que uma pessoa plantar, é o que ela também vai colher. Aquela pessoa que planta para satisfazer sua natureza pecadora, da sua natureza pecadora vai colher a morte eterna. Mas aquela pessoa que planta para agradar o Espírito, do Espírito receberá a vida eterna. Não devemos nos cansar de fazer o bem. Pois nós obteremos a nossa colheita no tempo certo, se não desistirmos. Por isso, enquanto tivermos oportunidade, devemos fazer o bem a todos, mas principalmente para os irmãos na fé. Eu estou escrevendo isto com a minha própria mão. Vejam com que grandes letras eu o faço! Aqueles que estão forçando vocês a se circuncidarem são os mesmos que querem se mostrar e ser aceitos pelos outros. Eles fazem isso somente porque não querem ser perseguidos por causa da cruz de Cristo. Nem mesmo os que são circuncidados. Porém eles querem que vocês sejam circuncidados para poderem se gabar de ter colocado este sinal no corpo de vocês. Quanto a mim, que eu nunca me gabe, a não ser a respeito da cruz do nosso Senhor Jesus Cristo. Através dela o mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo. Pois não importa se uma pessoa é circuncidada ou não; o que realmente importa é ser nova criatura. Que a paz e a misericórdia estejam com todos aqueles que cumprem esta regra, e também com todo o povo de Deus. Quanto ao mais, que ninguém me crie mais problemas. Pois eu já levo no meu corpo as marcas das feridas de Jesus. Irmãos, que a graça do nosso Senhor Jesus Cristo esteja com o espírito de vocês. Amém. De Paulo, apóstolo de Jesus Cristo pela vontade de Deus, para o povo de Deus que vive em Éfeso e que crê em Cristo Jesus. Que a graça e a paz de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo estejam com vocês. Louvado seja o Deus e Pai do nosso Senhor Jesus Cristo. Em Cristo, Deus nos tem abençoado com todo o tipo de bênçãos espirituais dos céus. Em Cristo, Ele nos escolheu antes de o mundo ser criado para sermos um povo santo e sem pecado diante dele. Por causa do seu amor por nós, Deus nos destinou para sermos adotados como filhos, por meio de Jesus Cristo; esse era o seu desejo e o seu propósito. Deus fez isso para trazer glória a si mesmo por causa da sua maravilhosa graça, e Ele nos deu gratuitamente essa graça no seu amado Filho. Em Cristo nós somos libertados pelo seu sangue e, pela sua rica graça, somos perdoados de nossos pecados. Deus derramou a sua graça abundantemente sobre nós na forma de todo tipo de sabedoria e entendimento. Ele nos fez conhecer o segredo do seu propósito, pois era isso que Ele queria. E Ele planejou fazer isso por meio de Cristo. O seu propósito era que, quando chegasse o momento certo, Ele pudesse realizar o seu plano de reunir todas as coisas, tanto as do céu como as da terra, debaixo da autoridade de Cristo. Em Cristo, nós fomos escolhidos, fomos predestinados para sermos o povo de Deus. Isto foi feito de acordo com o propósito da vontade daquele que faz todas as coisas, para que nós, que fomos os primeiros a colocar a nossa esperança em Cristo, pudéssemos ter razão de louvar a sua glória. Por meio de Cristo vocês também receberam o selo de Deus, que é o Espírito Santo que Ele prometeu. Vocês o receberam quando ouviram a mensagem verdadeira, isto é, as Boas Novas a respeito da sua salvação, e creram em Cristo. O Espírito Santo é a garantia de que nós receberemos a herança que Deus nos prometeu. Essa herança consiste na completa libertação do seu povo para o louvor da sua glória. Por isso, desde que ouvi falar da sua fé em nosso Senhor Jesus Cristo e do amor que têm por todo o povo de Deus, tenho me lembrado sempre de vocês nas minhas orações, e tenho sempre dado graças a Deus por vocês. Oro sempre ao Deus do nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai glorioso, e peço que Ele lhes dê um espírito de sabedoria e de revelação para que possam vir a conhecê-lo melhor. Também peço que suas mentes sejam abertas para que vejam a luz, e assim conheçam a esperança para a qual Deus os chamou. Peço que saibam como é rica a gloriosa herança que Ele dará para todo o seu povo, e como incomparavelmente grande é o seu poder para nós, os que cremos. Esse poder é o mesmo que Deus mostrou com poderosa força quando ressuscitou a Jesus dos mortos e o fez sentar à sua direita nos céus. Deus colocou a Cristo acima de todos os poderes, autoridades, forças e reis e acima de todo título de poder que possa ser dado, tanto nesta época como também na que vai chegar. Deus colocou tudo sob o controle de Cristo e o fez o Cabeça de todas as coisas para a igreja. A igreja é o corpo de Cristo e a totalidade dele mesmo completa todas as coisas em todos os lugares. No passado, vocês estavam espiritualmente mortos por causa dos seus pecados e das coisas más que fizeram contra Deus. Vocês viviam da mesma maneira como o mundo vive e seguiam aquele que governa os poderes espirituais no ar. Ele é o espírito que agora está influenciando a vida daqueles que se recusam a obedecer a Deus. Todos nós vivíamos como eles, procurando satisfazer a nossa natureza pecadora. Fazíamos toda a vontade dos nossos corpos e dos nossos pensamentos. E, como o resto do mundo, nós também estávamos sujeitos à ira de Deus, pois éramos como eles. Deus, porém, é muito rico em misericórdia e o seu amor por nós é muito grande. Por isso, mesmo quando estávamos espiritualmente mortos nos nossos pecados, Ele nos deu uma vida nova juntamente com Cristo. Vocês foram salvos pela graça de Deus. E, como somos identificados com Cristo Jesus, Deus nos ressuscitou assim como ressuscitou a Cristo e nos fez reinar com Ele nos céus. Deus fez isso para que pudesse mostrar a incomparável riqueza da sua graça para as gerações futuras. Esta graça é demonstrada pela sua bondade para conosco em Cristo Jesus. Pois é pela graça de Deus que vocês foram salvos, por meio da fé que vocês têm. Vocês não salvaram a si mesmos. A salvação vem de Deus como um dom, e não como o resultado das obras que alguém fez, para que assim ninguém se orgulhe. Nós somos criaturas de Deus. Ele nos criou em Cristo Jesus para que passássemos a nossa vida fazendo as boas obras que Ele já tinha preparado. No passado vocês, que não nasceram judeus, eram chamados de “incircuncisos” por aqueles judeus que chamavam a si mesmos de “circuncisos”, referindo-se à uma operação física feita por mãos humanas. Portanto, lembrem-se de que naquele tempo vocês estavam sem Cristo e excluídos da comunidade de Israel. Vocês não tinham parte nas alianças relacionadas com a promessa de Deus. Vocês estavam sem esperança e sem Deus no mundo. Antigamente vocês estavam longe de Deus, mas agora, em Cristo Jesus, vocês foram aproximados de Deus pelo sangue de Cristo. Por causa de Cristo nós agora temos paz. Ele fez dos dois povos um só e, pelo seu próprio corpo, destruiu a parede de ódio que os separava. Cristo fez isso quando aboliu a lei com os seus mandamentos e suas regras. O seu propósito era fazer a paz ao criar em si mesmo um novo povo daqueles dois povos. O que Ele queria era acabar com o ódio por meio de sua morte na cruz e, por meio dela, reunir ambos os povos com Deus num só corpo. E Ele veio e anunciou as Boas Novas de paz para todos vocês—tanto para os que estavam longe de Deus como também para os que estavam perto dele. E é por meio de Cristo que todos nós podemos ir ao Pai em um Espírito. Portanto, vocês não são mais estrangeiros nem estranhos. Agora vocês são cidadãos que pertencem ao povo de Deus; vocês são da família de Deus. Vocês são como um edifício que está construído sobre um alicerce que são os apóstolos e profetas. E o próprio Jesus Cristo é a pedra fundamental desse edifício. É Ele que mantém o edifício todo bem ajustado e o faz crescer como templo consagrado ao Senhor. E em Cristo, vocês também estão sendo edificados juntamente com os outros, para se tornarem uma casa onde Deus habite por meio do Espírito. Por esta causa eu, Paulo, sou prisioneiro de Jesus Cristo, por amor de vocês que não são judeus. Vocês certamente devem ter ouvido que Deus me deu o privilégio de trabalhar para o bem de vocês. E Ele me mostrou por meio de revelação o seu plano secreto, como já escrevi resumidamente. Se vocês lerem o que escrevi, poderão ver o que eu realmente compreendo a respeito da verdade de Cristo que estava escondida. Nas gerações passadas, essa verdade não foi mostrada para as pessoas, mas agora Deus a revelou aos seus santos apóstolos e profetas, por meio do Espírito. A verdade que estava escondida é que, por meio das Boas Novas, aqueles que não são judeus são herdeiros junto com os judeus. Eles são membros do mesmo corpo e, juntamente com os judeus, participam da promessa que Deus fez em Cristo Jesus. Eu me tornei um servo, encarregado de anunciar as Boas Novas, devido ao dom da graça de Deus. E essa graça me foi dada pela ação do seu poder. Eu sou aquele que tem menos importância entre todos do povo de Deus. Contudo, o próprio Deus me deu o privilégio de anunciar aos que não são judeus as Boas Novas a respeito das incontáveis riquezas de Cristo. E também Ele me deu o privilégio de esclarecer a todos qual é o seu plano secreto. Desde o princípio do mundo, esse plano secreto tinha permanecido escondido em Deus, que foi quem criou todas as coisas. Deus queria que, por meio da igreja, os poderes e as autoridades dos céus conhecessem a sua sabedoria em todas as suas formas. E isso está de acordo com o eterno propósito de Deus, realizado em Cristo Jesus, nosso Senhor. Por intermédio dele, nós podemos nos apresentar diante de Deus com confiança e sem medo, por meio da fé que temos em Cristo. Portanto, eu lhes peço que não desanimem por causa daquilo que sofro por vocês, pois esse sofrimento é uma honra para vocês. Por isso eu me ajoelho diante do Pai, de quem toda a família no céu e na terra recebe o seu verdadeiro nome. Peço ao Pai que, de acordo com a sua grande glória, Ele permita que vocês tenham os seus espíritos poderosamente fortalecidos, por meio do seu Espírito. Peço que Cristo viva nos seus corações por meio de fé, e que a vida de vocês tenha raízes e alicerces no amor. Assim vocês poderão compreender, junto com todo o povo de Deus, qual é a largura, o comprimento, a altura e a profundidade do amor de Cristo. Sim, que vocês possam conhecer esse amor, o qual supera todo entendimento, para que fiquem repletos da natureza de Deus. Deus é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, mediante seu poder que atua em nós! A Ele seja dada a glória na igreja e em Cristo Jesus por todas as gerações e para sempre! Amém. Eu, pois, que sou prisioneiro por pertencer ao Senhor, peço-lhes que vivam de maneira digna das pessoas que foram chamadas por Deus. Sejam sempre humildes, gentis, pacientes, e tolerem uns aos outros com amor. Já que vocês estão unidos pela paz, façam tudo para preservar essa união que o Espírito lhes dá. Há um só corpo e um só Espírito, como também vocês foram chamados numa só esperança. Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, que é o Senhor de todos, que age por meio de todos e que está em todos. Cada um de nós recebeu seu dom especial, de acordo com o que Cristo quis dar. É por isso que as Escrituras dizem: “Quando ele subiu às alturas, levou consigo prisioneiros e deu dons aos homens”. O que quer dizer “ele subiu”? Quer dizer que ele primeiro desceu até as regiões mais baixas—até a terra. Aquele que desceu é o mesmo que também subiu acima do mais alto céu, para encher tudo com a sua presença. E o próprio Cristo deu a alguns o dom de serem apóstolos, a outros, o de serem profetas, a outros, o de serem evangelistas, e a outros, o de serem pastores e mestres. Estes dons foram dados com o propósito de preparar o povo de Deus para servir, e assim fortalecer o corpo de Cristo. Isto deve continuar até estarmos todos unidos na mesma fé e no mesmo conhecimento a respeito do Filho de Deus. Assim seremos pessoas maduras e cresceremos até alcançarmos a altura espiritual de Cristo. Então não seremos mais crianças, que são como navios agitados pelas ondas e levados de um lado para outro por todo tipo de ensinamento que apareça. Nem seremos enganados por pessoas astutas que querem nos levar pelos caminhos do erro. Ao contrário, falemos sempre a verdade com amor, e cresçamos para ser em tudo como Cristo, que é o cabeça, e de quem todo o corpo depende. Todas as partes do corpo estão unidas e ligadas pelas juntas e, quando cada parte funciona como deve, todo o corpo cresce e fica cada vez mais forte em amor. Portanto, em nome do Senhor eu quero avisá-los disto: Não continuem a viver como aqueles que não conhecem a Deus. Os pensamentos deles são inúteis, eles não têm entendimento, são ignorantes e os corações deles estão endurecidos. Por causa dessas coisas, eles estão separados da vida que Deus nos dá. Eles perderam toda a vergonha, entregaram-se à sensualidade e praticam todo o tipo de impureza, sem qualquer restrição. Mas não foi isto que vocês aprenderam a respeito de Cristo. Eu estou certo de que vocês ouviram falar a respeito dele e foram ensinados de acordo com a verdade que há em Jesus, uma vez que vocês eram seus seguidores. Com respeito à maneira que viviam, vocês foram ensinados a abandonar a natureza velha de vocês, que está sendo destruída pelos seus maus desejos. Vocês foram ensinados a viver com um espírito novo e com uma nova maneira de pensar e também, a se vestir com uma natureza nova. Essa natureza nova é criada para ser semelhante a Deus, e é demonstrada com uma vida verdadeiramente justa e pura. Portanto vocês não devem mentir mais. Falem sempre a verdade uns aos outros, porque todos fazemos parte uns dos outros, no mesmo corpo. Quando ficarem irados, não deixem que essa ira os leve a pecar, e não fiquem irados até o fim do dia. Não dêem chance ao diabo. Quem roubava, não roube mais. Antes trabalhe, fazendo com as suas próprias mãos alguma coisa de bom, para que assim tenha com que ajudar aos pobres. Vocês não devem dizer palavras sujas, mas somente palavras que sejam boas para a necessária edificação das pessoas, e que levem benefício aos que as ouvem. Não entristeçam o Espírito Santo de Deus, pois Ele é a marca de que vocês pertencem a Deus e a garantia de que Deus nos libertará algum dia. Deixem de lado a amargura, a raiva e a ira. Não gritem com os outros e nem falem mal deles. Afastem-se de todo tipo de maldade. Antes sejam bons e tenham compaixão uns dos outros. Perdoem uns aos outros como também Deus, em Cristo, perdoou a vocês. Imitem a Deus como filhos amados. Vivam em amor, como também Cristo nos amou e se entregou por nós como sacrifício e oferta de aroma agradável a Deus. Mas nem a imoralidade sexual, nem impurezas de quaisquer tipos e nem mesmo a cobiça devem ser sequer mencionados entre vocês, como convém ao povo santo de Deus. Nem deveria haver conversação indecente, palavras tolas, ou piadas sujas, pois essas coisas são inconvenientes a vocês. Ao contrário, deve haver ações de graça entre vocês. Pois podem estar certos disto: Ninguém que seja sexualmente imoral, ou impuro, ou avarento (que é o mesmo que ser adorador de ídolos), tem herança no reino de Cristo e de Deus. Não deixem que ninguém engane a vocês com palavras vãs. É por causa dessas coisas que a ira de Deus virá sobre aqueles que são desobedientes. Portanto, não sejam participantes com eles. Antigamente vocês estavam cheios de escuridão. Porém agora, sendo seguidores do Senhor, estão cheios de luz. Vivam como pessoas que pertencem à luz. (Pois os efeitos da luz são encontrados em todo o tipo de bondade, justiça e verdade.) Procurem saber o que agrada ao Senhor, e não participem das coisas inúteis que aqueles que pertencem à escuridão fazem. Pelo contrário, exponham-nas à luz. De fato é vergonhoso até falar sobre as coisas que eles fazem em segredo. Mas todas as coisas se tornam visíveis quando são expostas à luz. E tudo o que se torna visível pode também se tornar luz, e é por isso que nós dizemos: “Acorde, ó você que dorme! Levante-se da morte e Cristo o iluminará”. Portanto, tomem cuidado com a maneira como vocês vivem. Não vivam como ignorantes, mas como sábios que aproveitam o máximo de cada oportunidade para fazer o bem, pois vivemos numa época má. Por isso não sejam tolos, mas procurem entender qual é a vontade do Senhor. E não continuem a se embriagar com vinho, pois isso vai levá-los à ruína espiritual, mas encham-se com o Espírito. Comuniquem-se uns com os outros com salmos, hinos e cânticos espirituais. Cantem e louvem de coração ao Senhor, e sempre agradeçam a nosso Deus e Pai por tudo, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Sujeitem-se uns aos outros por causa do respeito que vocês têm por Cristo. Esposas, sejam submissas a seus próprios maridos, como se fosse ao Senhor. Pois o marido é o cabeça da esposa, assim como Cristo é o cabeça da igreja. A igreja é o corpo de Cristo, e Cristo é o Salvador do corpo. Assim como a igreja está sujeita a Cristo, também as esposas sejam em tudo submissas a seus maridos. Maridos, amem as suas esposas, assim como Cristo também amou à igreja e deu a sua vida por ela. Ele fez isto para consagrar a igreja ao serviço de Deus, purificando-a por meio da lavagem em água com a palavra. Assim Ele pode apresentá-la a si mesmo como igreja gloriosa, sem mancha, nem ruga, nem qualquer outra coisa semelhante, porém santa e sem defeito. E é desta maneira que os maridos também devem amar as suas esposas como a seus próprios corpos. Aquele que ama a sua esposa, ama a si mesmo. Ninguém odeia o seu próprio corpo, mas o alimenta e cuida dele. E é isso o que Cristo faz pela igreja, pois nós somos parte do seu corpo. Como dizem as Escrituras: “Por isso o homem deixará o seu pai e sua mãe para se unir à sua esposa e os dois se tornarão um só”. É muito importante este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja. Contudo, cada um de vocês também deve amar a sua própria esposa como a si mesmo, e a esposa deve respeitar a seu marido. Filhos, obedeçam a seus pais, como o Senhor quer, porque esta é a atitude correta. O primeiro mandamento com promessa é: “Honre a seu pai e a sua mãe, para que tudo vá bem com você e para que você tenha uma longa vida aqui na terra”. E vocês, pais, não irritem seus filhos. Ao contrário, vocês devem criá-los na disciplina e na instrução que vêm do Senhor. Servos, obedeçam aos seus senhores aqui na terra com temor, respeito e sinceridade nos seus corações, da mesma maneira que vocês obedeceriam a Cristo. Não trabalhem apenas quando estão sendo vigiados, como se estivessem procurando agradar aos homens. Mas trabalhem como servos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus. Sirvam de boa vontade, como se fosse ao Senhor, e não aos homens. Lembrem-se de que cada um, seja escravo ou livre, se fizer alguma coisa boa, será recompensado pelo Senhor. E vocês, senhores, tratem seus servos da mesma maneira e parem de fazer ameaças. Lembrem-se de que o Senhor, tanto de vocês como o deles, está no céu, e que Ele trata a todos do mesmo modo. Finalmente, sejam fortes no Senhor e no seu grande poder. Vistam-se com a armadura que Deus lhes dá, para que possam ficar firmes contra as ciladas do Diabo. Pois a nossa luta não é contra seres humanos, e sim contra poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de escuridão e contra as forças espirituais do mal, nos céus. Portanto, tomem toda a armadura que Deus lhes dá, para que possam resistir quando o dia mau chegar. Assim vocês permanecerão inabaláveis depois que a luta estiver terminada. Estejam, pois, firmes, colocando a verdade como um cinto em volta da cintura e se vestindo da justiça como um colete de proteção. Calcem, como sapatos, o entusiasmo para anunciar as Boas Novas de paz. Acima de tudo, peguem a fé como um escudo, com o qual poderão apagar todas as setas inflamadas do Maligno. Peguem também a salvação como um capacete e a mensagem de Deus como a espada que o Espírito Santo lhes dá. Orem em todas as ocasiões com a ajuda do Espírito, com todo o tipo de oração e súplica. Para que possam fazer isto, vocês devem estar sempre vigiando com perseverança e orando por todo o povo de Deus. Orem também por mim, para que quando eu abrir a minha boca, uma mensagem me seja dada. E assim, com coragem, eu anuncie a verdade que estava escondida, que são as Boas Novas. Eu sirvo como um embaixador das Boas Novas na prisão. Por isso orem para que eu seja corajoso e as anuncie como devo anunciar. E para que vocês também saibam de mim e do que eu estou fazendo, Tíquico, nosso amado irmão e servo fiel do Senhor, os informará de tudo. É por isso mesmo que eu o estou enviando: para que vocês tenham notícias a nosso respeito e também para que ele conforte o coração de vocês. Que vocês, irmãos, desfrutem da paz e do amor com a fé, da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo. Que a graça de Deus esteja com todos os que amam ao nosso Senhor Jesus Cristo com um amor eterno. De Paulo e Timóteo, servos de Cristo Jesus, para todo o povo de Deus em Cristo Jesus que vive em Filipos, inclusive os bispos e os diáconos. Que a graça e a paz de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo estejam com vocês. Agradeço ao meu Deus por tudo que recordo de vocês e, em todas as orações que faço por vocês, eu oro com alegria. Agradeço a Deus pela ajuda que me deram enquanto eu anunciava as Boas Novas, desde o primeiro dia até agora. Estou bem certo de que Deus, que começou este bom trabalho entre vocês, vai continuá-lo até que ele seja terminado no dia em que Jesus Cristo voltar. Aliás, é justo que eu assim pense de todos vocês, pois vocês estão no meu coração. E, não apenas enquanto eu estou na prisão, mas também quando estava defendendo e provando a verdade das Boas Novas, todos vocês participaram comigo deste privilégio que Deus me deu. Pois Deus é minha testemunha da saudade que tenho de todos vocês e de como eu os amo com o amor de Cristo Jesus. E também faço esta oração: que o amor de vocês aumente mais e mais, junto com conhecimento e compreensão, para que vocês possam sempre escolher o que é melhor. Assim vão ser puros e inculpáveis para o dia em que Cristo voltar. E, por meio de Jesus Cristo, vocês farão muitas obras boas para a glória e louvor de Deus. Irmãos, eu quero que vocês saibam que as coisas que aconteceram comigo têm contribuído para o progresso das Boas Novas. Como resultado disso, todos os guardas do palácio e todos os outros ficaram sabendo que eu fui preso por seguir a Cristo. Também a maioria dos irmãos no Senhor tem sido encorajada por causa da minha prisão; eles estão ganhando cada vez mais confiança para anunciar a mensagem de Deus sem medo. É verdade que alguns deles anunciam a mensagem de Cristo com um espírito de inveja e de rivalidade; outros, porém, anunciam-na de boa vontade. Estes fazem isto por amor, pois sabem que eu fui colocado aqui para defender as Boas Novas. Mas outros anunciam a mensagem de Cristo por interesse pessoal e não com sinceridade, pois a intenção deles é aumentar os meus sofrimentos aqui na prisão. Mas o que importa isso? O importante é que Cristo seja proclamado de qualquer maneira, quer por bons quer por maus motivos. E com isto eu me alegro, e sempre me alegrarei. Eu estou certo de que isto resultará na minha libertação, por meio das orações de vocês e da ajuda do Espírito de Jesus Cristo. E isto está de acordo com o meu profundo desejo e a minha esperança de que em nada serei envergonhado; mas com toda a coragem, agora e sempre, Cristo será honrado no meu corpo, tanto na minha vida como na minha morte. Por isso, para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro. Contudo, se o fato de eu viver neste corpo faz com que eu desfrute dos resultados do meu trabalho, então já não sei o que escolher. É muito difícil, para mim, escolher entre estas duas coisas: de um lado eu tenho o desejo de partir desta vida e estar com Cristo, o que seria muito melhor para mim. Mas, por outro lado, é mais necessário para vocês que eu continue vivendo neste corpo. E, desde que estou convencido disto, sei que ficarei e permanecerei com todos vocês, para ajudá-los a progredir e a ter uma alegria maior em sua fé. Assim, vocês terão ainda mais razão de se orgulhar de mim em Cristo Jesus, pela minha presença com vocês outra vez. Mas, acima de tudo, procurem viver de maneira digna das Boas Novas de Cristo. Dessa forma, quer eu possa ir visitá-los quer não possa, poderei ouvir que vocês estão firmes em um único propósito, lutando juntos em um só espírito, pela fé revelada pelas Boas Novas. Quero ouvir também que vocês não estão sendo intimidados em nada pelos adversários. Esta coragem de vocês serve como sinal de que eles serão destruídos, e de que vocês serão salvos. É Deus que vai fazer isto. Porque foi dado a vocês o privilégio de servir a Cristo, não somente crendo nele como também sofrendo por Ele. Pois estão envolvidos na mesma luta que vocês sabem que eu tinha, e na qual ouvem que eu ainda agora tenho. Se há algum encorajamento em Cristo, se há alguma consolação no seu amor, se há alguma comunhão com o Espírito, se há alguma misericórdia e bondade, então me façam completamente feliz. Eu peço que vocês tenham o mesmo modo de pensar, que tenham o mesmo amor uns pelos outros, e tenham um mesmo espírito e um único propósito. Não façam nada por interesse pessoal ou vaidade. Pelo contrário, ajam com humildade e cada um considere os outros superiores a si mesmo. Nenhum de vocês deve buscar apenas o seu próprio bem, mas também o que é para o bem dos outros. Tenham entre vocês o mesmo pensamento que Cristo Jesus teve. Embora Ele fosse Deus na sua natureza real, Ele não pensou que ser igual a Deus era algo para utilizar para seu próprio beneficio. Pelo contrário, Ele abandonou tudo o que tinha e assumiu a forma de servo, tornando-se igual aos homens. E, quando Ele apareceu em forma de homem, Ele se humilhou, tornando-se obediente até o ponto de estar disposto a enfrentar a morte, e morte de cruz. Por isso Deus o exaltou e lhe deu o nome que está acima de todos os outros nomes. Isso aconteceu para que todos se ajoelhem quando ouvirem o nome de Jesus, tanto aqueles que estão no céu, como aqueles que estão na terra ou mesmo debaixo da terra, e para que toda boca confesse que Jesus Cristo é Senhor, para a glória de Deus Pai. Assim, meus queridos amigos, como vocês sempre obedeceram, não só na minha presença, porém muito mais agora na minha ausência, continuem trabalhando para desenvolver a salvação de vocês, com respeito e temor. Pois Deus é quem trabalha em vocês para que desejem e realizem as coisas que lhe agradam. Façam tudo sem queixas e sem discussões, para que vocês sejam inocentes e puros, como filhos inculpáveis de Deus que vivem numa geração cheia de pessoas desonestas e pervertidas. Entre elas, vocês brilham como estrelas no mundo, anunciando-lhes a mensagem que dá vida. Dessa forma eu poderei me orgulhar no dia em que Cristo voltar, em ver que não corri em vão nem me esforcei inutilmente. A fé que vocês têm os leva a oferecer as suas vidas em sacrifício no serviço de Deus. E mesmo que eu tenha que oferecer o meu próprio sangue com o sacrifício de vocês, isto me dará uma grande alegria, e eu me alegrarei com todos vocês. Da mesma maneira, vocês também deveriam se alegrar e compartilhar essa alegria de vocês comigo. Espero no Senhor Jesus enviar-lhes Timóteo o mais breve possível a fim de que eu me sinta animado, recebendo notícias sobre vocês. Eu quero enviá-lo porque não tenho ninguém mais que tenha as mesmas preocupações que eu tenho, e que se interesse pelo bem-estar de vocês. Pois todos os outros cuidam dos seus próprios interesses, e não do que é de Cristo Jesus. E vocês conhecem o caráter de Timóteo, pois ele trabalhou junto comigo para espalhar as Boas Novas, como filho que trabalha para o pai. Assim que eu souber como vão ficar as coisas aqui comigo, é este quem eu espero enviar a vocês. E estou confiante que, com a ajuda do Senhor, também eu mesmo irei visitá-los em breve. Achei, todavia, necessário enviar até vocês Epafrodito. Ele é meu irmão, companheiro, e trabalha comigo como soldado de Cristo. Ele também é mensageiro de vocês para me ajudar nas minhas necessidades. Resolvi enviá-lo porque ele tem sentido muita saudade de todos vocês e vive preocupado porque vocês ouviram que ele estava doente. De fato ele estava doente, e quase morreu. Mas Deus teve misericórdia dele, e não somente dele, mas também de mim, para que eu não tivesse ainda mais tristeza. Por isso, quero mandá-lo o mais depressa possível. Assim terão a alegria de vê-lo novamente, e eu ficarei menos preocupado com vocês. Recebam-no no Senhor com muita alegria, e honrem aqueles que são como Epafrodito. Ele deve ser honrado porque quase morreu por causa do trabalho de Cristo. Ele arriscou a sua própria vida para me ajudar, e me deu a ajuda que vocês não me podiam dar. Finalmente, meus irmãos, alegrem-se no Senhor. A mim não custa nada repetir o que já lhes escrevi, e para vocês será até melhor. Cuidado com os que fazem coisas más, pois eles são como cães! Eles exigem que o corpo seja mutilado! Porque somos nós que realmente somos circuncidados e que adoramos a Deus por meio do seu Espírito. Nós nos orgulhamos de estar em Cristo, e não confiamos em coisas externas. Bem que eu poderia confiar em coisas externas. Se alguém pensa que tem motivos para confiar em coisas externas, eu tenho ainda mais. Fui circuncidado oito dias depois de nascer. Sou do povo de Israel, da tribo de Benjamim. Sou hebreu, nascido de pais hebreus, e quanto à prática da lei de Moisés eu era fariseu. Eu era tão dedicado que cheguei a perseguir a igreja. E com relação à justiça que a lei exige, ninguém poderia me criticar. Mas, por causa de Cristo, todas as coisas que para mim antes eram lucro, eu agora considero como perda. E não somente essas coisas, mas considero tudo como perda por causa da grandeza que é conhecer Cristo Jesus, meu Senhor. Por causa dele eu perdi todas as coisas e as considero lixo, para que eu possa ganhar a Cristo e ser achado nele. Em Cristo eu não tenho a justiça própria, que é baseada na lei, mas a justiça que vem pela fé em Cristo, isto é, a justiça que vem de Deus e que é baseada na fé. Tudo o que desejo é conhecer a Cristo, e experimentar o poder que foi manifesto quando Ele ressuscitou dos mortos. Quero também participar dos seus sofrimentos e me tornar como Ele na sua morte, com a esperança de que assim eu alcance a ressurreição dos mortos. Não quero dizer que eu já venci ou que já me tornei perfeito, mas continuo a correr para conquistar o prêmio, para o qual Jesus Cristo me conquistou. Irmãos, quanto a mim, eu não acho que já conquistei esse prêmio. Porém uma coisa eu faço: eu me esqueço das coisas que ficaram para trás, e me esforço em alcançar as que estão diante de mim. E assim eu prossigo para o alvo, a fim de conquistar o prêmio que Deus nos chamou para receber em Cristo Jesus. Todos nós que somos espiritualmente adultos devemos pensar desta maneira. E, se por acaso, há coisas com as quais vocês não concordam, Deus lhes esclarecerá tudo. Contudo, devemos continuar seguindo a verdade que já alcançamos. Irmãos, procurem seguir o meu exemplo e imitem aqueles que vivem de acordo com o exemplo que demos a vocês. Muitos vivem como inimigos da cruz de Cristo. Já lhes falei deles por várias vezes e agora é chorando que volto a falar-lhes deles. O fim deles é a destruição e o deus deles são os desejos dos seus próprios corpos. Eles se orgulham do que devia ser vergonha para eles e se preocupam somente com coisas que pertencem a este mundo. Porém a nossa pátria está nos céus, de onde também estamos esperando o nosso Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Ele transformará nossos corpos fracos e mortais, para serem iguais ao seu próprio corpo glorioso. Ele fará isso pelo poder que tem de dominar todas as coisas. Vocês são meus irmãos muito queridos e eu sinto muitas saudades de todos; vocês são a minha alegria e a minha coroa. Portanto, continuem firmes no Senhor. Peço a Evódia e a Síntique que tenham o mesmo modo de pensar, como irmãs no Senhor. E também peço a você, meu fiel companheiro, que ajude essas duas mulheres. Elas têm se esforçado comigo na proclamação das Boas Novas, junto com Clemente e com os demais companheiros meus, cujos nomes estão escritos no Livro da Vida. Alegrem-se sempre no Senhor. Digo mais uma vez: Alegrem-se. Mostrem a todos que vocês são pacientes e bondosos. O Senhor virá logo. Não vivam ansiosos por causa de nada. Ao contrário, orem a Deus, em qualquer circunstância e peçam a Ele o que vocês precisam. E façam isso sempre com ações de graça. E a paz de Deus, que está além da compreensão humana, guardará os corações e as mentes de vocês em Cristo Jesus. Finalmente, irmãos, se existe alguma virtude e se existe algum louvor, é isso que tem de ocupar o pensamento de vocês: tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável e tudo o que é de boa fama. Continuem praticando o que vocês aprenderam, receberam e ouviram de mim, bem como o que vocês também me viram fazer. E o Deus que dá a paz estará com vocês. Eu me alegrei muito no Senhor porque, mais uma vez, vocês mostraram o cuidado que têm por mim. Vocês sempre cuidaram de mim, mas lhes faltava oportunidade para o demonstrar. Não é porque eu estou passando necessidade que estou dizendo isto, pois aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Eu sei como viver estando em necessidade, como também sei viver tendo abundância. De tudo e em todas as circunstâncias já tenho experiência, tanto de estar bem alimentado, como de estar passando fome; tanto de ter tudo o que preciso, como de não ter nada. Posso fazer qualquer coisa por meio de Cristo, pois Ele me dá força. Contudo, vocês fizeram bem se associando nas minhas dificuldades. Vocês, filipenses, sabem que no princípio, quando as Boas Novas foram anunciadas e quando eu saí da Macedônia, vocês foram a única igreja que me ajudou. Pois quando eu estava em Tessalônica vocês mandaram o bastante para as minhas necessidades não somente uma vez, mas várias. Não é que eu queira que vocês me dêem alguma coisa. O que quero é lhes dar ocasião para se enriquecerem cada vez mais diante de Deus. Recebi tudo e tenho em abundância. Agora tenho até mais do que preciso, pois Epafrodito me trouxe a oferta de vocês. E essa oferta é como um sacrifício de aroma suave, que é agradável a Deus. E o meu Deus, de acordo com a sua gloriosa riqueza em Cristo Jesus, vai suprir todas as necessidades de vocês. Glória ao nosso Deus e Pai para sempre e sempre! Amém. Lembranças a todos do povo de Deus, em Cristo Jesus. Os irmãos que estão comigo também mandam lembranças. Todo o povo de Deus manda lembranças, especialmente aqueles que são da casa do Imperador. A graça do Senhor Jesus Cristo esteja com cada um de vocês. De Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, e também de Timóteo, nosso irmão, para o povo de Deus em Colossos, que são nossos fiéis irmãos em Cristo. Que Deus nosso Pai lhes dê graça e paz. Nós damos sempre graças a Deus, Pai do nosso Senhor Jesus Cristo, quando oramos por vocês. Damos graças a Deus desde que ouvimos falar da fé que vocês têm em Cristo Jesus e do amor que vocês têm por todo o povo de Deus. Vocês têm essa fé e esse amor por causa da esperança de receber todas as coisas que estão reservadas para vocês no céu. Vocês ouviram falar a respeito dessa esperança pela primeira vez por meio da mensagem verdadeira que chegou até vocês, isto é, as Boas Novas. Essas Boas Novas estão dando frutos e se espalhando por todas as partes do mundo. O mesmo tem acontecido entre vocês desde o dia em que ouviram falar a respeito da graça de Deus e a compreenderam como, de fato, ela é. *** Vocês aprenderam da graça de Deus por meio de Epafras, nosso querido companheiro e fiel servo de Cristo, que está trabalhando em nosso lugar. Foi ele que também nos informou a respeito do amor que vocês têm mediante o Espírito. Por esta razão nós também, desde o dia em que ouvimos a respeito disso, não paramos de orar por vocês. Estamos sempre pedindo a Deus que venham a conhecer toda a sua vontade e que, com este conhecimento, também tenham todo o tipo de sabedoria e entendimento espiritual. Pedimos que vocês possam viver de maneira que traga honra ao Senhor e que lhe seja em tudo agradável. Pedimos também que façam todo o tipo de coisas boas e que cresçam no conhecimento a respeito de Deus. Pedimos ainda que Deus os fortaleça com todo o seu poder glorioso, para que não desistam diante das dificuldades e para que vocês sejam pacientes e alegres. Assim darão graças ao Pai, que os tornou dignos de participar da herança que Ele preparou para o seu povo que vive na luz. Deus nos livrou do poder das trevas e nos trouxe para o reino do seu amado Filho, por meio do qual temos liberdade e perdão de nossos pecados. Cristo é a imagem do Deus invisível e é aquele que tem a prioridade sobre todas as coisas que foram criadas. Pois todas as coisas no céu e na terra foram criadas pelo seu poder, tanto as visíveis como as invisíveis, quer elas sejam governos, domínios, poderes ou autoridades. Tudo foi criado por meio dele e para Ele. Cristo já existia antes de todas as coisas e tudo continua a existir por causa do seu poder. Ele é a cabeça do corpo, que é a igreja. Ele é o princípio de todas as coisas e foi o primeiro a ressuscitar dos mortos a fim de que tenha o primeiro lugar em tudo. Pois Deus, em toda a sua plenitude, escolheu habitar em Cristo e, por meio do próprio Cristo, resolveu trazer de volta para si todas as coisas, tanto as da terra como as do céu. Assim Deus estabeleceu a paz por meio do sangue de Cristo que foi derramado na cruz. Vocês estavam antes separados de Deus e eram inimigos dele por causa dos seus pensamentos e das suas más obras. Mas agora, por meio do corpo físico de Cristo, por meio da sua morte, Deus os trouxe de volta para si mesmo, a fim de levá-los à presença dele puros, inculpáveis, e sem nada que os condene. Deus fará isto se vocês continuarem a crer nas Boas Novas que ouviram, se continuarem firmes e fortes na fé, e se não se afastarem da esperança que as Boas Novas lhes deram. E estas Boas Novas são as que têm sido proclamadas em todo o mundo e das quais eu, Paulo, me tornei servo. Eu agora me alegro nos meus sofrimentos por vocês e, no meu próprio corpo, estou completando o que falta dos sofrimentos de Cristo, a favor do seu corpo, que é a igreja. Eu me tornei servo da igreja pois, para o bem de vocês, Deus me deu a tarefa de proclamar toda a sua mensagem. Esta mensagem é a verdade que estava escondida de todos desde o princípio do mundo. Agora, porém, ela foi manifestada por Deus ao seu povo. Deus quis que seu povo conhecesse esta verdade preciosa e gloriosa que ele tem para todos os povos. E esta verdade é que Cristo está em vocês, e que Ele é a nossa esperança de participarmos da glória de Deus. É a Cristo que nós anunciamos, instruindo e ensinando a todas as pessoas com toda a sabedoria. Fazemos isto, a fim de que apresentemos cada pessoa espiritualmente adulta em Cristo. Por isso é que eu também trabalho duro e me esforço o mais que posso com todo o poder de Cristo, que tão poderosamente atua em mim. Pois quero que vocês saibam que eu tenho me esforçado muito por vocês e pelos que são de Laodicéia, e por todos os outros que não me conhecem pessoalmente. Eu me esforço para que os corações deles sejam confortados e unidos em amor. Também me esforço para que eles sejam enriquecidos com a segurança que procede do entendimento. Esforço-me ainda para que vocês compreendam totalmente a verdade de Deus que estava escondida, isto é, Cristo. Nele estão escondidas todas as riquezas da sabedoria e do entendimento. Digo isto para que ninguém engane a vocês com argumentos que parecem ser válidos. Pois, embora eu esteja longe fisicamente, estou com vocês em espírito. E me alegro por ver que vocês vivem uma vida ordenada e que estão firmes na fé em Cristo. Assim como vocês receberam ao Senhor Cristo Jesus, também continuem a viver nele. Estejam enraizados nele e edifiquem nele a vida de vocês. Tornem-se cada vez mais fortes na fé, assim como lhes foi ensinado e sejam sempre muito agradecidos a Deus. Tenham cuidado para que ninguém os desvie com filosofias e argumentos falsos, baseados nas tradições dos homens e nos poderes espirituais que governam este mundo, e não nos ensinamentos de Cristo. Pois em Cristo, que veio em forma humana, habita toda a natureza de Deus. Nele vocês têm uma vida completa e é Ele quem manda em todos os governos e poderes. Em Cristo vocês foram circuncidados, mas não com uma circuncisão feita por mãos humanas. Vocês foram “circuncidados” quando foram libertados da natureza pecadora de vocês. E esta é a “circuncisão” feita por Cristo. Foi isso que aconteceu quando vocês foram sepultados junto com Cristo no batismo. E no batismo vocês também foram ressuscitados com Ele por meio da fé no poder de Deus, o mesmo Deus que ressuscitou a Cristo dos mortos. Vocês estavam espiritualmente mortos por causa dos seus pecados e porque não tinham recebido a “circuncisão” que é feita por Cristo. Mas Deus lhes deu vida junto com Cristo e lhes perdoou todos os pecados. Ele cancelou o registro de dívida que mostrava todos os pecados que tínhamos feito contra a lei de Deus e o anulou, pregando-o na cruz. Dessa forma todos os nossos pecados foram perdoados. Por meio da morte de Cristo na cruz, Deus venceu os governos e os poderes espirituais, desarmando-os e fazendo deles um espetáculo público. Por isso não deixem que ninguém os critique por causa de comida ou bebida, por causa de festas religiosas, celebrações da lua nova, ou sábados. Pois todas estas coisas são apenas sombra das coisas que deviam vir. A realidade encontra-se em Cristo. Algumas pessoas gostam de praticar atos de humildade e de adorar anjos. Elas se orgulham sem motivo por causa do seu modo humano de pensar, devido às visões que receberam. Não deixem que essas pessoas desqualifiquem a vocês. Elas não continuam unidas a Cristo, que é o Cabeça. Pelo poder de Cristo, o corpo todo é mantido e unido por meio de suas juntas e ligamentos e cresce como Deus quer que cresça. Vocês morreram com Cristo e, assim, foram libertados dos poderes espirituais que governam este mundo. Então, por que, como se pertencessem ao mundo, seguem regras como estas: “Não pegue isso, não prove aquilo, não toque naquilo”? Todas estas coisas vão se destruir com o uso. E ao se submeterem a elas, vocês estão seguindo regras e ensinamentos humanos. De fato estas coisas têm a aparência de sabedoria. Mas elas são apenas parte duma religião feita por homens, que faz com que as pessoas pratiquem atos de humildade e castiguem os seus corpos. Isso, na realidade, não tem valor nenhum contra a natureza pecadora. Portanto, já que vocês foram ressuscitados com Cristo, busquem as coisas que estão no céu, onde Cristo está sentado à direita de Deus. Pensem sempre nas coisas do céu e não nas que são aqui da terra. Pois aquela natureza velha de vocês já morreu e a vida nova de vocês está escondida com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a vida de vocês, aparecer, então vocês também vão aparecer com Ele em glória. Por isso, façam morrer todas as coisas deste mundo que agem em vocês, isto é: imoralidade sexual, impureza, paixões baixas, maus desejos e cobiça, que é uma forma de adorar ídolos. É por causa destas coisas que virá o castigo de Deus. Antigamente, vocês também tinham esse tipo de vida, quando costumavam fazer estas coisas. Agora, porém, deixem tudo isto de lado: ira, irritação, maldade, insultos e o uso de linguagem indecente. Não mintam uns aos outros, pois vocês abandonaram aquela velha natureza e as coisas que faziam no passado e se vestiram de uma nova natureza. Esta é a nova pessoa que é renovada continuamente na imagem do seu Criador, para que ela adquira um conhecimento completo de Deus. Desta forma, não há diferença entre um judeu e um que não é judeu, entre um que é circuncidado e alguém que não é circuncidado, entre um estrangeiro e um selvagem e entre um escravo e um livre. Porém Cristo é tudo e está em todos. Por isso, como um povo escolhido de Deus que é amado e santo, procurem viver sempre com misericórdia, com bondade, com mansidão e com paciência. Tolerem uns aos outros e também perdoem uns aos outros se algum de vocês tem alguma queixa contra alguém. Assim como o Senhor lhes perdoou, vocês também devem perdoar uns aos outros. E acima de tudo isto, tenham amor, pois o amor une perfeitamente todas as coisas. Deixem que a paz que Cristo dá controle os seus corações. Foi para esta paz que Deus os chamou num só corpo. Sejam sempre agradecidos. Que a mensagem de Cristo habite ricamente em vocês. Ensinem e instruam uns aos outros com toda a sabedoria. Façam isso louvando a Deus com salmos, hinos e cânticos espirituais, e cantem com o coração cheio de gratidão para com Deus. E tudo o que vocês fizerem ou disserem, façam em nome do Senhor Jesus e, por meio dele, agradeçam a Deus Pai. Mulheres, sejam submissas a seus maridos, como se fosse ao Senhor. Maridos, amem as suas esposas e sejam gentis com elas. Filhos, obedeçam aos seus pais em tudo, pois isto agrada ao Senhor. Pais, não irritem os seus filhos, para que eles não fiquem desanimados. Servos, obedeçam em tudo a seus senhores aqui da terra. Mas não obedeçam apenas quando vocês estão sendo vigiados, como se estivessem tentando agradar a pessoas. Porém, obedeçam com um coração sincero, por causa do respeito que vocês têm pelo Senhor. O que vocês fizerem, façam de todo o coração, como se estivessem fazendo para o Senhor e não para as pessoas. Lembrem-se de que é o Senhor quem vai lhes dar a herança celestial como recompensa. É a Cristo, o Senhor, que vocês devem continuar servindo. Pois aquele que faz o mal receberá como troco o mal que fez. E nisto Deus trata a todos da mesma maneira. Senhores, dêem aquilo que é justo e honesto aos seus servos. Lembrem-se de que vocês também têm um Senhor no céu. Dediquem-se à oração. Estejam sempre alerta ao orarem, com ações de graça. Ao mesmo tempo, orem também por nós. Orem para que Deus nos dê a oportunidade de anunciar a sua mensagem, a fim de falarmos da verdade a respeito de Cristo que estava escondida. É por causa de anunciar esta mensagem que estou preso. Orem para que eu possa anunciá-la claramente, como devo fazer. Sejam sábios na maneira de agir com aqueles que não pertencem à igreja, e aproveitem as oportunidades. Que as suas palavras sejam sempre agradáveis e de bom gosto, pois assim vocês saberão dar a cada um a resposta certa. Nosso querido irmão Tíquico, que é trabalhador fiel e companheiro no serviço do Senhor, lhes dará todas as notícias a meu respeito. Eu o estou enviando com o propósito de dar a vocês notícias a nosso respeito e também para encorajá-los. Estou enviando junto com ele Onésimo, que é um irmão fiel e querido e que pertence ao grupo de vocês. Eles lhes contarão tudo o que está acontecendo por aqui. Aristarco, que está preso comigo, manda lembranças. Marcos, o primo de Barnabé, também manda lembranças. (Vocês já receberam instruções a respeito de Marcos; se ele os visitar, recebam-no bem). Jesus, conhecido como Justo, também manda lembranças. Entre todos os judeus que seguem a Cristo, eles são os únicos que trabalham pessoalmente comigo para o engrandecimento do reino de Deus. Eles têm-me confortado muito. Epafras, outro que pertence ao grupo de vocês, e que é um servo de Cristo Jesus, também manda lembranças. Ele está sempre orando com muita dedicação por todos vocês, para que sejam espiritualmente adultos e estejam completamente convictos, comprometidos em fazer toda a vontade de Deus. E eu sou testemunha de que ele tem trabalhado muito por vocês, pelos de Laodicéia e pelos de Hierápolis. Lucas, o médico querido, e Demas também mandam lembranças. Dêem lembranças aos irmãos que vivem em Laodicéia, a Ninfa e a todos os irmãos da igreja que se reúnem na casa dela. E, depois que esta carta for lida para vocês, façam com que ela também seja lida para a igreja em Laodicéia. E que a carta enviada aos de Laodicéia seja lida para vocês. Também digam a Arquipo: “Procure cumprir bem o trabalho que o Senhor lhe deu para fazer”. Eu, Paulo, também lhes mando lembranças e escrevo isto com minha própria mão. Lembrem-se de que estou preso. Que a graça de Deus esteja com vocês. De Paulo, Silas e Timóteo para a igreja em Tessalônica, que está em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo. Que a graça e paz de Deus estejam com vocês. Nós sempre lembramos de vocês quando oramos, e damos graças a Deus por todos vocês. Diante do nosso Deus e Pai, nós nos recordamos sempre do trabalho que vocês fizeram por meio da fé, do esforço que dedicaram em nome do amor e da perseverança que demonstraram por causa de sua esperança em nosso Senhor Jesus Cristo. Irmãos, sabemos que Deus os ama e que os escolheu para si. Pois nós não lhes anunciamos as Boas Novas somente com palavras, mas com o poder do Espírito Santo e com toda a certeza de que as Boas Novas são a verdade. Vocês também sabem que nós nos comportamos bem entre vocês e que fizemos isso para o seu próprio bem. Vocês seguiram o nosso exemplo e o exemplo do Senhor. Vocês aceitaram a mensagem com aquela alegria que vem do Espírito Santo, embora tenham sofrido muito. Desta maneira, vocês se tornaram um exemplo para todos aqueles que acreditam em Jesus Cristo nas regiões da Macedônia e da Acaia. E, partindo de vocês, a mensagem a respeito do Senhor se espalhou não somente pelas regiões de Macedônia e Acaia. A sua fé tornou-se conhecida também em toda parte e, portanto, nós não precisamos dizer mais nada. Pelo contrário, eles mesmos falam sobre nós, da recepção que vocês nos deram. Eles também falam de como vocês deixaram os ídolos para servir ao Deus vivo e verdadeiro, e para esperar pela vinda de seu Filho do céu. E este é aquele que Deus ressuscitou dos mortos, Jesus, o qual nos salva da ira de Deus que vai chegar. Irmãos, vocês sabem que a nossa visita a vocês não foi em vão. Vocês bem sabem que fomos maltratados e insultados na cidade de Filipos. Apesar disso nós tivemos muita confiança em nosso Deus e, com coragem, anunciamos as Boas Novas de Deus, embora houvesse muita oposição. De fato, o que nós anunciamos não se baseia em erro ou em más intenções; nós também não estamos tentando enganar ninguém. Pelo contrário, nós falamos porque fomos aprovados por Deus a ponto de Ele nos confiar as Boas Novas. E falamos não para agradar aos homens, mas sim a Deus, que é quem prova os nossos corações. A verdade é que nunca tentamos influenciar a vocês por meio de palavras de bajulação, como sabem. E nem anunciamos a mensagem com intuito de conseguir algum dinheiro de vocês. Disto Deus é testemunha. Também nunca estivemos procurando elogios de homens—nem de vocês e nem de ninguém. Embora pudéssemos fazer exigências de vocês como apóstolos de Cristo, nós preferimos ser amáveis com vocês, como uma mãe que cuida dos seus filhos. Por causa do grande carinho que tínhamos por vocês, ficamos muito felizes em lhes dar as Boas Novas que vêm de Deus. E chegamos a amá-los tanto que queríamos lhes dar até mesmo as nossas próprias vidas. Irmãos, sei que vocês se recordam de como trabalhamos duramente. Nós trabalhamos dia e noite para não vivermos às custas de nenhum de vocês, enquanto lhes anunciávamos as Boas Novas de Deus. Quando nós estávamos junto com vocês, os que acreditam em Cristo, nós nos comportamos de uma maneira pura, justa e sem nenhuma falta. Vocês e Deus são testemunhas disso. E bem sabem que nós tratamos a cada um vocês como um pai trataria seus filhos. Foi dessa forma que nós os encorajamos e confortamos, e lhes ensinamos a viver de maneira que agrade a Deus, que é quem os chama para entrar no seu reino e na sua glória. Nós sempre damos graças a Deus pois, quando vocês ouviram a mensagem de Deus que nós lhes anunciamos, vocês a aceitaram não como uma mensagem humana, mas como realmente é: a mensagem de Deus. E é esta mensagem que está agindo em vocês, os que crêem. Pois vocês, irmãos, seguiram o exemplo das igrejas de Deus em Cristo Jesus, que estão localizadas na Judéia, e isto porque vocês sofreram dos seus compatriotas as mesmas coisas que eles tinham sofrido dos outros judeus. Esses judeus mataram ao Senhor Jesus e aos profetas e também nos perseguiram. Eles não agradam a Deus e estão contra todas as pessoas. Eles provaram isso tentando nos impedir de falar com aqueles que não são judeus para que eles pudessem ser salvos. Assim, estes judeus estão adicionando mais e mais pecados aos que eles já têm. A ira de Deus caiu definitivamente sobre eles. Quanto a nós, irmãos, agora que estamos separados de vocês por um breve tempo—não em pensamento, é claro, mas somente fisicamente—nos empenhamos com dedicação para que possamos voltar a vê-los. De fato nós tentamos ir visitá-los (pelo menos eu, Paulo, tentei por várias vezes), mas Satanás nos impediu. Afinal, quem é a nossa esperança, ou a alegria, ou a coroa da qual nos orgulharemos quando nos apresentarmos ao nosso Senhor Jesus na sua volta? Não são vocês? Claro que são! Vocês são verdadeiramente a nossa glória e a nossa alegria! Portanto, quando já não podíamos esperar mais, decidimos ficar sozinhos em Atenas e lhes enviamos Timóteo. Ele é nosso irmão e tem trabalhado conosco no serviço de Deus, anunciando as Boas Novas a respeito de Cristo. Nós o enviamos para fortalecê-los e encorajá-los em sua fé, a fim de que ninguém desanime com as perseguições pelas quais estamos passando agora. Vocês mesmos sabem que temos de passar por estas coisas. De fato, quando ainda estávamos com vocês, nós lhes avisamos que íamos ser perseguidos—o que na realidade aconteceu—e vocês o sabem muito bem. Portanto, como eu não podia mais continuar esperando, enviei-lhes Timóteo para verificar a situação da fé de vocês. Fiz isso pois eu receava que o Tentador tivesse tentado a vocês e que o nosso trabalho tivesse sido em vão. Agora, porém, Timóteo já voltou de Tessalônica e nos trouxe boas notícias a respeito da fé e do amor de vocês. Ele nos contou das boas recordações que vocês sempre têm de nós e que vocês querem muito nos ver, assim como nós também os queremos ver. E assim, irmãos, mesmo com todas as nossas dificuldades e perseguições, nós ficamos encorajados por saber que vocês continuam firmes na fé. Sim, agora podemos respirar novamente, uma vez que sabemos que vocês estão firmes no Senhor. Como poderemos agradecer a Deus o suficiente por vocês e por toda a alegria que temos diante de Deus por causa de vocês? Nós continuamos a orar por vocês noite e dia com todo o empenho. Pedimos a Deus que nos deixe ir vê-los pessoalmente para que completemos tudo o que ainda está faltando na fé que vocês têm. Que o nosso Deus e Pai, juntamente com o nosso Senhor Jesus, dirija o nosso caminho até vocês. Que o Senhor os faça crescer e transbordar no amor uns para com os outros e para com todos, assim como nós transbordamos de amor por vocês. Assim o Senhor fortalecerá os seus corações e fará com que vocês se tornem puros e isentos de culpa diante do nosso Deus e Pai, quando nosso Senhor Jesus voltar com todo o seu povo santo. Agora, irmãos, eu tenho outras coisas para falar para vocês. Assim como nós lhes ensinamos como deveriam viver e agradar a Deus (como de fato estão fazendo), nós pedimos e os encorajamos no Senhor Jesus a continuarem progredindo cada vez mais. Pois vocês bem sabem as instruções que nós lhes demos pela autoridade do Senhor Jesus. E isto é o que Deus quer: Que vocês sejam totalmente dedicados a Ele e que não se envolvam com imoralidade sexual. Que cada um saiba controlar o seu próprio corpo e que o mantenha de maneira que ele seja santo e honrável. Não se deixem dominar pelos desejos maliciosos do corpo, como aqueles que não conhecem a Deus. Nesse assunto ninguém deve ofender nem enganar a seu irmão, pois, como nós já lhes dissemos e advertimos, o Senhor castigará os que assim procederem. Porquanto Deus não nos chamou para sermos impuros, mas para sermos dedicados a Ele. Portanto, quem rejeita este ensino não está rejeitando homens, mas a Deus, que dá a vocês o seu Espírito Santo. A respeito do amor fraternal, não há necessidade de que eu lhes escreva, pois vocês mesmos foram ensinados por Deus que devem amar uns aos outros. De fato, é isso o que estão fazendo com todos os irmãos em toda a região da Macedônia. Contudo, nós encorajamos vocês, irmãos, a progredirem cada vez mais. Procurem viver em paz, cuidem vocês mesmos dos seus próprios negócios e trabalhem com as suas próprias mãos, como lhes ordenamos. Assim, aqueles que não pertencem à igreja os respeitarão pela maneira em que vivem, e vocês não dependerão de ninguém. Irmãos, queremos que vocês saibam o que acontece com os que já morreram. Assim não vão se entristecer como aqueles que não têm qualquer esperança. Pois se nós cremos que Jesus morreu e ressuscitou, podemos estar certos de que Deus vai trazer de volta, junto com Jesus, aqueles que morreram crendo em Jesus. O que agora vamos lhes dizer foi o Senhor que nos disse: Nós, os que estivermos vivos quando o Senhor vier, de maneira nenhuma iremos nos encontrar com Ele antes daqueles que já morreram. Pois, quando for dada a ordem pela voz do arcanjo, e quando a trombeta de Deus ressoar, o próprio Senhor descerá dos céus. E então, aqueles que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois disso, nós, os que estivermos vivos naquele tempo, seremos levados juntamente com eles entre as nuvens, a fim de nos encontrarmos com o Senhor no ar. E assim nós estaremos para sempre com o Senhor. Portanto, confortem-se uns aos outros com estas palavras. Irmãos, quanto aos tempos e às datas, não há necessidade de que nós lhes escrevamos. Pois vocês mesmos sabem muito bem que o dia da vinda do Senhor vai chegar como um ladrão de noite. Quando andarem dizendo: “Há paz e segurança”, então, de repente, lhes sobrevirá destruição, assim como a dor de parto vem para aquela que vai dar à luz. E de modo nenhum poderão escapar. Mas vocês, irmãos, não estão vivendo na escuridão. Por isso esse dia não os apanhará de surpresa, como um ladrão. Porquanto vocês todos pertencem à luz e ao dia. Nós não pertencemos à noite nem à escuridão. Por isso, não vamos dormir como os demais. Pelo contrário, vamos vigiar e praticar o domínio próprio. Ora, os que dormem, é de noite que dormem; e os que se embriagam, é de noite que se embriagam. Mas desde que pertencemos ao dia, vamos praticar o domínio próprio. Vamos usar a fé e o amor como nossa armadura, e a esperança de salvação como o nosso capacete. Pois Deus não nos escolheu para sermos castigados, mas para sermos salvos por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. Pois foi Jesus que morreu por nós para que, quer estejamos vivos ou mortos quando Ele vier, possamos viver com Ele. Por isso encorajem-se e fortaleçam-se uns aos outros, assim como vocês estão fazendo agora. Irmãos, pedimos-lhes que respeitem aqueles que trabalham entre vocês, que os lideram no Senhor e que os instruem. Vocês devem estimá-los e amá-los por causa do trabalho deles. Vivam em paz uns com os outros. Pedimos também, irmãos, que vocês chamem a atenção daqueles que não fazem nada, que encorajem os desanimados, que ajudem os fracos e que tenham paciência com todos. Evitem que alguém pague o mal com o mal. Ao contrário, procurem sempre fazer o bem uns aos outros e a todos em geral. Estejam sempre alegres. Orem constantemente. Dêem sempre graças a Deus em todas as circunstâncias, pois isso é o que Deus quer que vocês façam em Cristo Jesus. Não atrapalhem mais a obra do Espírito e nem desprezem as profecias, mas examinem todas as coisas para verificar se elas realmente vêm de Deus. Fiquem com tudo o que é bom e afastem-se de todo tipo de mal. Que o próprio Deus, que nos dá a paz, faça com que vocês sejam puros e completamente dedicados a Ele. E que todo o seu ser—espírito, alma e corpo—seja conservado íntegro e sem culpa na volta do nosso Senhor Jesus Cristo. Aquele que os chama—isto é, Deus—lhes fará isso, e vocês podem confiar nele. Irmãos, orem por nós. Cumprimentem a todos com um beijo de irmão. Encarrego a vocês, pela autoridade de Jesus Cristo, de lerem esta carta a todos os irmãos. Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo esteja com vocês. De Paulo, Silas e Timóteo à igreja em Tessalônica, que está em Deus nosso Pai e no Senhor Jesus Cristo. Que Deus Pai e o Senhor Jesus Cristo lhes dêem graça e paz. Devemos sempre agradecer a Deus por vocês, irmãos, como é justo. Pois a sua fé está crescendo cada vez mais e o amor que vocês têm uns pelos outros está cada vez maior. É por isso que nos orgulhamos de vocês nas igrejas de Deus. Falamos a respeito da perseverança e da sua fé mesmo entre as perseguições e dificuldades que vêm suportando. Isto prova que Deus é justo no seu julgamento. Assim vocês serão considerados dignos de entrar no reino de Deus, pelo qual estão sofrendo. De fato, para Deus é justo que Ele pague de volta com dificuldades aos que lhes causam dificuldades, e que dê descanso a vocês que, como nós, estão sofrendo. Deus fará isso quando o Senhor Jesus nos for revelado. Jesus virá do céu com os seus poderosos anjos e com chamas de fogo; Ele castigará aos que não conhecem a Deus e que não obedecem à mensagem das Boas Novas a respeito de nosso Senhor Jesus. Eles sofrerão o castigo da destruição eterna, e serão separados da presença do Senhor e do seu glorioso poder. Isto acontecerá no Dia em que o Senhor Jesus vier para ser glorificado junto com o seu povo e ser admirado por todos os que crêem. (Vocês também estarão entre eles porque creram na mensagem que lhes anunciamos.) É por isso também que não paramos de orar por vocês, para que o nosso Deus os torne dignos da vida para a qual Ele os chamou para viver. Também oramos para que Deus, por meio do seu poder, abençoe todas as boas intenções que vocês tenham e todas as obras de fé que vocês façam. Assim, o nome do nosso Senhor Jesus será glorificado por vocês e vocês por Ele, de acordo com a graça do nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo. Irmãos, quanto à volta de nosso Senhor Jesus Cristo e ao nosso encontro com Ele, eu peço a vocês o seguinte: não percam o bom senso com facilidade nem se perturbem quando ouvirem dizer que o Dia do Senhor já chegou. Não importa que vocês ouçam isso por meio de anúncios proféticos, por ensino de alguém ou mesmo por carta que digam ter sido escrita por nós. Não deixem que ninguém os engane de nenhum modo. Eu digo isto porque o Dia do Senhor não virá sem que primeiro venha a grande Revolta, e seja revelado o Perverso, aquele homem que está destinado ao inferno. Ele vai se opor a tudo o que as pessoas adorem ou digam ser divino. Ele vai se exaltar acima de todas as coisas e vai até mesmo ocupar o trono que está no templo de Deus e se apresentar como se ele mesmo fosse o próprio Deus. Vocês não se lembram, quando eu ainda estava com vocês, de que eu costumava dizer-lhes estas coisas? Portanto, agora vocês sabem o que detém o Perverso para que ele não seja revelado até que chegue o tempo certo. Eu digo isto porque o poder secreto do mal já está agindo. Entretanto, aquele que agora o detém continuará a fazê-lo até ser afastado. Então será de fato revelado o Perverso, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro da sua boca e destruirá com a sua gloriosa presença quando voltar. O Perverso aparecerá pela ação de Satanás, e chegará com grande poder e com falsos milagres e maravilhas. Ele usará todo o tipo de maldade para enganar aqueles que caminham para a destruição uma vez que se recusaram a amar a verdade para serem salvos. E é por este motivo que Deus lhes manda uma força enganadora, para que eles acreditem naquilo que é falso. Desta forma, todos aqueles que não acreditaram na verdade, mas ficaram felizes em fazer o mal, serão condenados. Entretanto, devemos sempre agradecer a Deus por vocês, irmãos, que são amados pelo Senhor. Pois Deus os escolheu desde o princípio para a salvação pela consagração do Espírito e pela fé na verdade. Foi para serem salvos que Deus os chamou por meio das Boas Novas que nós lhes anunciamos. Assim poderão participar da glória de nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, irmãos, permaneçam firmes e continuem a crer nos ensinamentos que lhes demos, tanto pessoalmente como por cartas. Deus nos amou e, pela sua graça, nos deu consolo eterno e firme esperança. Que nosso Senhor Jesus Cristo e Deus, nosso Pai, confortem os seus corações e lhes dêem forças em tudo de bom que vocês façam ou digam. *** Finalmente, irmãos, orem por nós, para que a mensagem do Senhor se espalhe rapidamente e seja honrada, assim como aconteceu entre vocês. E orem também para que sejamos protegidos das pessoas más e perversas. (Pois nem todas as pessoas têm fé no Senhor.) Mas o Senhor é fiel. Ele os fortalecerá e os protegerá do Maligno. O Senhor nos dá confiança em vocês, e assim temos a certeza de que não só estão fazendo como também continuarão a fazer o que lhes ordenamos. Que o Senhor dirija os seus corações ao amor de Deus e à paciência de Cristo. Irmãos, nós lhes ordenamos em nome do Senhor Jesus Cristo que vocês se afastem de todos os irmãos que não querem trabalhar e que não vivem de acordo com os ensinamentos que demos a vocês. Eu digo isto porque vocês mesmos sabem que devem seguir o nosso exemplo, uma vez que nunca fomos preguiçosos quando estávamos com vocês. Também nunca comemos comida de graça, às custas dos outros. Pelo contrário, trabalhamos duramente e nos cansamos; trabalhamos de dia e de noite, a fim de não sermos um peso a nenhum de vocês. Não que não tivéssemos o direito de pedir ajuda, mas trabalhamos para que pudéssemos lhes dar, em nós mesmos, um exemplo para vocês seguirem. Porque, quando ainda estávamos com vocês, nós lhes ordenamos o seguinte: “Se alguém não quer trabalhar, que também não coma”. Nós mencionamos isto porque ouvimos que há pessoas entre vocês que não querem trabalhar, que não fazem nada, e que só se intrometem na vida dos outros. Nós ordenamos e incentivamos essas pessoas no Senhor Jesus Cristo a trabalharem pacificamente e a comerem sua própria comida. E vocês, irmãos, não se cansem de fazer o bem. Se alguém não obedecer às nossas instruções dadas por esta carta, tomem nota dessa pessoa e não se associem com ela, para que fique envergonhada. Contudo, vocês não devem tratar essa pessoa como se ela fosse um inimigo, mas devem adverti-la como a um irmão. Que o Senhor mesmo, que é a fonte de paz, lhes dê paz sempre e em todas as formas. Que o Senhor esteja com todos vocês. Eu, Paulo, lhes mando lembranças e escrevo isto com a minha própria mão. É desta maneira que eu assino todas as minhas cartas; é assim que eu escrevo. Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos vocês. De Paulo, apóstolo de Cristo Jesus por ordem de Deus, nosso Salvador, e de Jesus Cristo, nossa esperança, a Timóteo, meu verdadeiro filho na fé. Que Deus Pai e Cristo Jesus, nosso Senhor, lhe dêem graça, misericórdia e paz. Como já pedi, quando estava prestes a partir para a Macedônia, quero que você fique em Éfeso para poder repreender algumas pessoas que estão ensinando doutrinas falsas. Diga a elas que não se ocupem com lendas e genealogias sem fim, as quais só resultam em discussões e não contribuem para o trabalho de Deus, que é realizado pela fé. A finalidade desta ordem é o amor que procede de um coração puro, de uma consciência limpa e de uma fé sem fingimento. Alguns homens se desviaram disto e falam de coisas que não têm nenhum valor. Eles querem ser professores da lei, mas não compreendem o que dizem e nem entendem os assuntos sobre os quais discutem com tanta certeza. Nós sabemos que a lei é boa, se ela for usada corretamente. Devemos reconhecer que a leinão foi feita para os que fazem o bem. A lei foi feita para aqueles que estão contra a lei, para os rebeldes, para os que são contra a religião, para os pecadores, para os impuros, para os que não têm respeito por Deus, para os que matam pais e mães, ou para os assassinos. A lei também foi feita para os que cometem imoralidade sexual, para os homossexuais, para os que exploram os outros, para os que fazem juramentos falsos e para todos aqueles que são contra o verdadeiro ensino de Deus. E este verdadeiro ensino está de acordo com as gloriosas Boas Novas que procedem do Deus Bendito, as quais fui encarregado de anunciar. Agradeço a Cristo Jesus, nosso Senhor, que é aquele que me tem fortalecido, pois Ele me considerou fiel e me escolheu para servi-lo. Ele me fez tudo isto apesar de eu ter falado mal dele no passado e de tê-lo perseguido e insultado. Mas eu obtive misericórdia, pois agi sem saber o que estava fazendo, uma vez que não tinha fé. A graça de nosso Senhor foi muito grande para comigo e, com esta graça, vieram a fé e o amor que estão em Cristo Jesus. Isto é verdade, e deve ser completamente aceito: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores. Eu sou o pior de todos eles, mas foi por esse mesmo motivo que fui perdoado, para que por meio de mim, o pior dos pecadores, Cristo Jesus pudesse mostrar toda a sua paciência. Cristo queria que eu servisse de exemplo para todos aqueles que viessem a crer nele, para que assim pudessem receber a vida eterna. Ao Rei eterno, imortal, invisível e Deus único, sejam dadas honra e glória para sempre! Amém! Timóteo, meu filho, este é o dever de que eu o encarrego, de acordo com as profecias que há muito tempo foram feitas sobre você: Siga essas profecias e empenhe-se na batalha do Senhor. Combata com fé e com a consciência limpa, pois alguns rejeitaram a consciência limpa e por isso tiveram a sua fé destruída. Entre eles estão Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás para que aprendam a não falar mal de Deus. Em primeiro lugar, peço que sejam feitas súplicas, orações, pedidos e ações de graça a favor de todas as pessoas. Façam isso especialmente a favor daqueles que governam e de todas as autoridades, para que possamos viver uma vida tranqüila e cheia de paz, com toda devoção e respeito a Deus. Isto é bom e agradável a Deus, nosso Salvador, o qual deseja que todas as pessoas sejam salvas e cheguem a conhecer a verdade. Pois existe somente um Deus e somente um intermediário entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus. Foi Ele quem deu a sua própria vida para pagar pelos pecados de todas as pessoas. Desta forma, no momento oportuno, Jesus provou que Deus quer que todas as pessoas se salvem. Eu fui escolhido para proclamar essa mensagem e para servir de apóstolo. (Não estou mentindo; estou falando a verdade). Também fui escolhido para ensinar a fé e a verdade aos que não são judeus. Portanto, quero que os homens orem em todo lugar e, ao orarem, eles devem levantar mãos que sejam dedicadas a Deus, sem raiva ou sem discussões. Da mesma maneira, quero que as mulheres se vistam de maneira decente, com simplicidade e bom senso. Elas não deveriam se enfeitar com penteados exagerados, com ouro, com pérolas, nem com vestidos caros. Porém, deveriam se enfeitar com boas ações, como é próprio às mulheres que são reverentes a Deus. A mulher deve aprender ouvindo em silêncio e com todo o respeito. Não permito que a mulher ensine ou tenha autoridade sobre o homem. Ela deve ficar em silêncio, pois primeiro foi criado Adão e, depois, Eva. Não foi Adão quem foi enganado, e sim a mulher, que foi iludida e caiu no pecado. Mas a mulher, cumprindo com suas obrigações de mãe, será salva se continuar na fé e no amor e se mantiver pura e com bom senso. Isto é verdade: Se alguém deseja ser bispo, deseja um ótimo trabalho. O bispo deve viver de tal maneira que ninguém possa acusá-lo de nada. Ele deve ter somente uma esposa e deve ser sóbrio, prudente e respeitável. Ele deve também ser hospitaleiro e competente para ensinar. Ele não deve ser dado ao vinho nem violento, mas gentil e pacífico. Ele também não deve ter amor ao dinheiro. Ele deve governar bem a sua própria casa; deve criar seus filhos de maneira que estes lhe obedeçam com todo o respeito. (Pois se alguém não sabe governar a sua própria casa, como será capaz de cuidar da igreja de Deus?) Ele não deve ser uma pessoa que se converteu recentemente, para que não fique cheio de orgulho e receba a mesma condenação que o Diabo recebeu. É necessário também que seja bem respeitado por aqueles que não pertencem à igreja, para que não venha a ser criticado por todos e apanhado pelo Diabo. Do mesmo modo, os diáconos devem ser respeitáveis e suas palavras devem merecer confiança. Eles não devem beber muito vinho nem ser pessoas que queiram ficar ricas por meios desonestos. Eles devem conservar a verdade da fé que Deus nos revelou, e fazê-lo com a consciência limpa. Estes homens também, assim como os bispos, devem ser colocados à prova primeiro. Então, se não houver nada contra eles, que sirvam como diáconos. Da mesma maneira, as mulheres devem ser respeitáveis. Elas não devem falar mal dos outros, mas devem ser sóbrias e de confiança em tudo. Os diáconos devem ter somente uma esposa, devem governar bem os seus filhos e as suas próprias casas. Pois aqueles que se desempenharem bem como diáconos, estarão conseguindo uma posição de honra para si mesmos e se sentirão seguros da fé que têm em Cristo Jesus. Apesar de esperar vê-lo em breve, estou lhe escrevendo estas coisas para que, se eu demorar, você fique sabendo como se deve proceder na casa de Deus. A casa de Deus é a igreja do Deus vivo, a coluna e o alicerce da verdade. Sem dúvida nenhuma, grande é o segredo da nossa vida de adoração: “Ele apareceu em forma humana, foi declarado justo pelo Espírito, foi visto por anjos, foi anunciado entre as nações, foi acreditado no mundo, e foi levado para o céu em glória”. O Espírito diz claramente que nos últimos tempos alguns abandonarão a fé. Eles seguirão espíritos enganadores e ensinos de demônios. Estes ensinos vêm por meio de homens hipócritas e mentirosos, que têm a consciência insensível, como se ela tivesse sido queimada com um ferro em brasa. Estes homens proíbem o casamento e ensinam que não se devem comer certos tipos de comida. Mas Deus criou esses alimentos para serem recebidos com gratidão por todos aqueles que têm fé e conhecem a verdade. Tudo o que Deus criou é bom. Nada deve ser rejeitado, uma vez que foi recebido com gratidão, pois a comida é consagrada pelas palavras de Deus e pela oração. Ao ensinar estas coisas aos irmãos, você será um bom servo de Cristo Jesus, criado e alimentado nas palavras da fé e do bom ensinamento que você tem seguido. Mas rejeite as lendas mundanas que são próprias de velhinhas caducas, e exercite-se pessoalmente na devoção a Deus. Pois o exercício físico, na verdade, tem algum valor, mas a devoção a Deus tem valor para tudo, porque promete bênçãos para a vida presente e para a vida futura. Isto é verdade e merece toda a confiança. É para esse fim que nós trabalhamos duramente e nos esforçamos: Porque temos colocado a nossa esperança no Deus vivo, que é o Salvador de todos, especialmente daqueles que têm fé. Ordene e ensine estas coisas. Que ninguém o despreze por você ser jovem. Pelo contrário, mostre-se um exemplo para os que acreditam em Cristo, por meio de seu modo de falar, de seu comportamento, de seu amor, de sua fé e da pureza de sua vida. Até eu chegar, continue a dedicar-se à leitura das Escrituras em público, à pregação e ao ensino. Não continue a descuidar do dom que há em você, o qual lhe foi dado como resultado de uma profecia, quando o grupo de presbíteros pôs as mãos sobre você. Continue dando total atenção a estas coisas. Entregue-se completamente a elas, para que todos possam ver o seu progresso. Tenha cuidado com a sua própria vida e com aquilo que ensina. Continue nestes deveres, porque assim você salvará tanto a si mesmo como aos seus ouvintes. Não repreenda o homem idoso. Antes o aconselhe como se ele fosse seu pai. Trate os moços como irmãos, as mulheres idosas como mães, e as moças como irmãs, com toda a pureza. Respeite e ajude as viúvas que não têm mais nenhum parente. Mas se alguma viúva tem filhos ou netos, eles deveriam aprender primeiro a colocar em prática a religião deles, cuidando da sua própria família. Assim eles pagarão o que receberam dos seus pais e avós. Isto é agradável a Deus. Porém, a viúva que não tem mais nenhum parente nem ninguém que a ajude, põe a sua esperança em Deus e passa a se dedicar à oração dia e noite, pedindo a ajuda dele. Entretanto, a viúva que só vive para os prazeres desta vida já está morta, embora continue viva. Dê estas instruções a todos para que ninguém possa acusá-los de nada. Mas se alguém não cuida dos seus parentes, especialmente daqueles que são da sua própria casa, ele tem negado a fé e é pior do que aquele que não acredita em Cristo. Para estar na lista de viúvas, a viúva tem que ter pelo menos sessenta anos, ter-se casado somente uma vez e ser bem conhecida como alguém que fez boas obras, como por exemplo: deve ter educado seus filhos, mostrado hospitalidade, lavado os pés daqueles que pertencem ao povo de Deus, ajudado os que estavam em dificuldades e se dedicado a todo tipo de boas obras. Mas não coloque na lista as viúvas mais novas, porque, quando os seus desejos sexuais são mais fortes do que sua dedicação a Cristo, elas querem se casar novamente. E assim se tornam culpadas por anularem o seu primeiro compromisso. Além disso, as viúvas mais novas se habituam a ser preguiçosas e a andar de casa em casa. E elas não só se habituam a ser preguiçosas, como também tagarelas e intrigantes, falando o que não devem. Quero, portanto, que as viúvas mais novas se casem, tenham filhos, sejam boas donas-de-casa, e que não dêem aos inimigos nenhum pretexto para criticá-las. Eu digo isto porque algumas viúvas já se afastaram e seguiram a Satanás. Se alguma mulher cristã tem viúvas na sua família, ela mesma deve ajudá-las. A igreja não deve ficar sobrecarregada, para que assim possa ajudar as viúvas que não têm nenhum parente. Os presbíteros que lideram bem a igreja merecem salário em dobro, especialmente aqueles que se dedicam a pregar e a ensinar. Pois as Escrituras dizem: “Não amarre a boca do boi quando ele estiver debulhando o trigo”. E dizem ainda: “O trabalhador tem o direito de receber o seu salário”. Não aceite nenhuma acusação contra um presbítero, a não ser que ela seja feita pelo depoimento de duas ou três testemunhas. Repreenda, diante de toda a igreja, aqueles que continuam em seus pecados, para que os demais fiquem com medo. Diante de Deus, de Jesus Cristo e dos anjos eleitos, eu lhe ordeno que faça estas coisas sem preconceitos e que não faça nada com parcialidade. Não tenha pressa em colocar as suas mãos sobre ninguém, nomeando-o, assim, para o serviço do Senhor. Não participe dos pecados dos outros. Mantenha-se puro. Não continue a beber somente água. Use um pouco de vinho por causa do seu estômago e das suas freqüentes enfermidades. Os pecados de algumas pessoas são tão evidentes que podem ser vistos até mesmo antes de serem levados a juízo. Mas os pecados de outras pessoas só se manifestam mais tarde. Da mesma maneira também as boas obras são bem evidentes, e mesmo aquelas que não são tão evidentes não poderão ficar escondidas para sempre. Todos aqueles que são escravos devem considerar seus senhores dignos de todo o respeito. Assim, ninguém falará mal do nome de Deus nem do nosso ensino. E aqueles escravos que têm senhores que acreditam em Cristo, não devem mostrar menos respeito por eles serem irmãos. Pelo contrário, devem trabalhar ainda mais, pois os senhores que recebem os benefícios do trabalho são cristãos e irmãos amados. Ensine e recomende estas coisas. Se alguém ensina coisas diferentes e não concorda com o verdadeiro ensino de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino que mostra a maneira certa de devoção a Deus, essa pessoa está cheia de orgulho e não sabe nada. Ela tem mania de discutir e brigar por causa de palavras. E destas coisas surgem inveja, desavenças, insultos, desconfianças e discussões sem fim de pessoas cujas mentes estão pervertidas e longe da verdade. Elas pensam que servir a Deus é um meio de ficar rico. De fato, servir a Deus faz com que uma pessoa fique rica, se ela estiver feliz com aquilo que tem. Pois nós não trouxemos nada para o mundo, e nem podemos levar nada dele. Portanto, devemos estar contentes se tivermos o que comer e o que vestir. Mas aqueles que querem ficar ricos caem em tentação e na cilada de desejos tolos e prejudiciais que os arrastam para a ruína e para a destruição. O amor ao dinheiro é a causa de todo tipo de mal. E alguns, por desejarem tanto o dinheiro, se afastaram da fé e causaram a si mesmos muitos sofrimentos. Mas quanto a você, homem de Deus, evite estas coisas. Procure viver da maneira certa, com dedicação a Deus, com fé, com amor, com constância e com mansidão. Dê o melhor de você para ganhar a nobre corrida da fé. Tome posse da vida eterna, para a qual você foi chamado quando fez a boa declaração a respeito de Cristo diante de muitas testemunhas. Agora, diante de Deus, que dá vida a todas as coisas, e diante de Cristo Jesus, que fez a mesma boa declaração em frente de Pôncio Pilatos, eu lhe ordeno: Obedeça ao mandamento que lhe foi dado e guarde-o puro e perfeito até o dia em que o nosso Senhor Jesus Cristo aparecer. Quando chegar o tempo certo, isto será revelado por Deus, que é bendito, único Soberano, Rei dos reis e Senhor dos senhores. Ele é o único que é imortal. Ele vive na luz da qual ninguém pode se aproximar. Ninguém jamais o viu nem poderá vê-lo. A Ele sejam dados a honra e o poder para sempre! Amém. Ordene isto aos que têm riquezas deste mundo: que não sejam orgulhosos e que não depositem a sua esperança no dinheiro, pois ele não traz segurança nenhuma. Diga-lhes para depositar a sua esperança em Deus, que nos dá tudo de que precisamos em grande quantidade, para a nossa satisfação. Também ordene aos ricos que façam o bem, que sejam ricos em boas obras, que sejam generosos e que estejam prontos para repartir o que têm com os outros. Assim eles estarão acumulando para si mesmos um tesouro no céu, que será um alicerce sólido para o futuro, para que possam tomar posse da verdadeira vida. E você, Timóteo, guarde o que lhe foi confiado. Evite os falatórios inúteis e que desagradam a Deus e as contradições que se referem às coisas que falsamente chamam de “conhecimento”. Algumas pessoas têm seguido esse “conhecimento” e se desviado da fé. Que a graça de Deus esteja com todos vocês. De Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, enviado para anunciar a promessa de vida que há em Cristo Jesus, a Timóteo, meu querido filho. Que Deus Pai e Cristo Jesus nosso Senhor lhe dêem graça, misericórdia e paz. Ao lembrar de você constantemente nas minhas orações noite e dia, eu agradeço a Deus, a quem sirvo com consciência pura, assim como os meus antepassados fizeram. Eu me lembro das suas lágrimas e estou ansioso por tornar a vê-lo, para que possa transbordar de alegria. Recordo-me da sua fé sincera, a mesma fé que primeiro existia na sua avó Lóide e na sua mãe Eunice. E eu estou convencido de que esta fé também existe em você. Por esta razão eu quero que se lembre disto: Não deixe que se apague a chama do dom de Deus, o qual você recebeu pela imposição das minhas mãos. O Espírito que Deus nos deu não nos faz covardes, mas enche-nos de poder, de amor e de domínio próprio. Portanto, não se envergonhe de testemunhar a favor de nosso Senhor e nem de mim, que estou preso por causa dele, mas participe comigo dos sofrimentos a favor das Boas Novas, de acordo com o poder que Deus lhe dá. Ele nos salvou e nos chamou para vivermos uma vida dedicada a Ele. Não foi por causa das nossas obras que Ele nos chamou, mas sim pela sua própria vontade e pela graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos começarem. Porém, somente agora é que nos foi revelada esta graça com a vinda de Cristo Jesus, nosso Salvador. Ele destruiu a morte e, por meio das Boas Novas, trouxe à luz a vida e a imortalidade. Foi para anunciar e ensinar estas Boas Novas, e também para servir de apóstolo que eu fui escolhido. E é por esta razão que eu agora estou sofrendo estas coisas. Contudo não me envergonho, porque sei em quem eu tenho colocado a minha fé e estou certo de que Ele é poderoso para guardar aquilo que me confiou, até que aquele Dia chegue. Siga como modelo para a sua vida os verdadeiros ensinamentos que você recebeu de mim, e faça isso com a mesma fé e o mesmo amor que são encontrados em Cristo Jesus. Guarde como um tesouro aquilo que lhe foi confiado, por meio do Espírito Santo que habita em nós. Como você já sabe, todos os da região da Ásia me abandonaram, incluindo Fígelo e Hermógenes. Que o Senhor tenha misericórdia da família de Onesíforo, porque ele me deu ânimo muitas vezes e nunca se envergonhou por eu estar preso. Pelo contrário, assim que chegou a Roma ele me procurou diligentemente até me encontrar. Você sabe muito bem quantos serviços ele me prestou enquanto eu estava em Éfeso. Queira Deus que ele encontre misericórdia da parte do Senhor naquele Dia. Quanto a você Timóteo, meu filho, fortifique-se por meio da graça que temos em Cristo Jesus. Pegue as palavras que você me ouviu dizer diante de muitas testemunhas e entregue-as a pessoas de confiança que sejam capazes de ensinar a outros. Participe dos meus sofrimentos, como um bom soldado de Cristo Jesus. Nenhum soldado se envolve com negócios da vida civil, pois o seu objetivo é agradar o seu comandante. Da mesma forma, nenhum atleta é coroado se não competir de acordo com as regras. O lavrador que trabalha duro deve ser o primeiro a comer dos frutos da colheita. Pense bem no que estou dizendo, e o Senhor o ajudará a compreender todas estas coisas. Lembre-se de Jesus Cristo, que ressuscitou da morte e é descendente de Davi. Estas são as Boas Novas que eu anuncio. É por causa de anunciar as Boas Novas que estou sofrendo até ao ponto de estar acorrentado como se fosse um criminoso. Mas a mensagem de Deus não está acorrentada. Por esta razão, suporto tudo por causa daqueles que foram escolhidos por Deus. E faço isso para que eles obtenham a salvação que está em Cristo Jesus e também glória eterna. O que eu digo é verdade: Se morrermos com Ele, também com Ele viveremos; se continuarmos firmes junto com Ele, também com Ele reinaremos; se nós o negarmos, Ele também nos negará; se não formos fiéis, Ele continuará sendo fiel, pois de maneira nenhuma pode negar a si mesmo. Continue a recomendar estas coisas, e ordene a todos diante de Deus para que não discutam por causa de palavras. Essas discussões não têm valor nenhum e somente prejudicam aqueles que as ouvem. Faça o possível para se apresentar aprovado diante de Deus, como um trabalhador que não tem do que se envergonhar, ensinando corretamente a mensagem da verdade. Evite os falatórios inúteis a respeito de assuntos deste mundo, pois eles servem somente para afastar as pessoas de Deus. Além disso, o ensino das pessoas que incentivam esses falatórios corrói como câncer. Entre elas estão Himeneu e Fileto, os quais se desviaram da verdade. Eles afirmam que a ressurreição já se realizou e estão destruindo a fé que algumas pessoas têm. Mas Deus estabeleceu uma base sólida que permanece firme. E sobre esta base estão escritas estas palavras: “O Senhor conhece aqueles que lhe pertencem” e “Todos aqueles que dizem pertencer ao Senhor devem afastar-se do mal”. Numa casa grande não há somente utensílios feitos de ouro e de prata, mas também utensílios feitos de madeira e de barro. Alguns são para uso especial e outros para uso comum. Assim, pois, todo aquele que se purificar será um utensílio para uso especial, consagrado e útil ao seu Mestre, e estará preparado para todo o tipo de boa obra. Evite as paixões da mocidade. Procure viver uma vida reta, com fé, amor e paz, junto com todos os que de coração puro invocam ao Senhor. Afaste-se das discussões tolas e absurdas, pois você sabe que elas só servem para causar brigas. O servo do Senhor não deve brigar. Ele deve ser gentil com todas as pessoas, competente para ensinar, e paciente. Ele também deve instruir com mansidão os que estão contra ele. Talvez Deus mude o coração deles para que possam conhecer a verdade e voltar a ser sensatos. Dessa forma poderão escapar da armadilha na qual o diabo os mantinha presos e os fazia obedecer a sua vontade. Lembre-se disto: Nos últimos dias haverá tempos difíceis. As pessoas serão egoístas, avarentas, orgulhosas e arrogantes. Elas falarão mal de Deus, desobedecerão aos pais, serão ingratas e não se incomodarão com as coisas de Deus. Elas não terão amor pelos outros, não perdoarão a ninguém, serão caluniadoras, não terão domínio próprio, serão cruéis e inimigas do bem. Elas também serão traidoras, atrevidas, estarão cheias de orgulho e amarão mais os prazeres do que a Deus. Elas farão de conta que são religiosas, mas rejeitarão o poder da religião. Afaste-se dessas pessoas! Eu digo isto porque entre elas se encontram aqueles que penetram nas casas e conseguem cativar mulheres que não têm qualquer controle sobre seus desejos. Estas mulheres estão cheias de pecados e são levadas por todo tipo de paixões. Elas estão sempre tentando aprender, mas nunca chegam ao conhecimento da verdade. Assim como Janes e Jambres se opuseram a Moisés, também estes homens se opõem à verdade. Eles são homens cujas mentes estão corrompidas e que falharam ao tentar seguir a fé. Mas não irão muito longe, pois todos perceberão que eles são uns tolos, assim como aconteceu com Janes e Jambres. Você, porém, tem seguido de perto o meu ensino, a minha maneira de viver, o meu propósito na vida, a minha fé, a minha paciência, o meu amor, a minha perseverança, as minhas perseguições e os meus sofrimentos. Você sabe tudo o que me aconteceu em Antioquia, em Icônio e em Listra—aquelas terríveis perseguições que suportei. Contudo o Senhor me livrou de todas elas. De fato, todos aqueles que querem viver uma vida dedicada a Cristo Jesus serão perseguidos. Mas as pessoas perversas e enganadoras irão de mal a pior, enganando e sendo enganadas. Quanto a você, continue seguindo as coisas que aprendeu e das quais você está convencido, pois sabe de quem as aprendeu. Você também conhece as Escrituras Sagradas desde a sua infância e sabe que elas podem dar a sabedoria que o levará à salvação por meio da fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura é inspirada por Deus e, por isso, é útil para falar sobre a verdade, para repreender os pecadores, para corrigir as faltas e para ensinar a maneira certa de viver. E é fazendo uso dessa Escritura que o servo de Deus ficará capacitado e bem preparado para fazer todo o tipo de boa obra. Diante de Deus e de Cristo Jesus que vai julgar vivos e mortos, e por causa da volta de Cristo e do seu reino, eu lhe ordeno o seguinte: Anuncie a mensagem de Deus. Esteja sempre pronto para anunciá-la, quer seja oportuno, quer não. Corrija, repreenda e aconselhe, ensinando com bastante paciência. Digo isto porque chegará o tempo em que as pessoas não vão querer mais ouvir o verdadeiro ensino. Pelo contrário, para agradarem a si mesmas, elas vão se cercar de mestres que falarão somente o que elas querem ouvir. Elas se recusarão a ouvir a verdade e seguirão as lendas. Você, porém, deve se controlar em todas as circunstâncias; suporte as aflições, faça o trabalho de um evangelista e cumpra muito bem o dever que Deus lhe deu. Quanto a mim, já estou sendo oferecido como um sacrifício a Deus, assim como o vinho é derramado sobre o altar, e a hora de eu partir desta vida já chegou. Participei do torneio de honra. Completei a corrida. Mantive a fé. Agora a coroa da vitória, que é a recompensa daqueles que são declarados justos diante de Deus, está esperando por mim. Esta é a coroa que o Senhor, o reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos aqueles que, com amor, têm aguardado a sua volta. Procure vir me visitar o mais rápido possível. Demas amou este mundo e por isso me abandonou, indo para a cidade de Tessalônica. Crescente foi para a Galácia e Tito para a Dalmácia. Somente Lucas está comigo. Apanhe Marcos e traga-o com você, pois ele pode ser útil no meu trabalho. Quanto a Tíquico, eu o estou enviando aí para Éfeso. Quando você vier, traga a capa que eu deixei em Trôade na casa de Carpo, como também os livros e especialmente os pergaminhos. Alexandre, o ferreiro, me causou muitos males. O Senhor lhe pagará pelo que ele tem feito. Você também deve ter cuidado com ele, pois ele tem-se colocado bastante contra as coisas que ensinamos. Na minha primeira defesa ninguém foi a meu favor. Ao contrário, todos me abandonaram. Que Deus não leve isso em conta. Foi o Senhor, porém, quem me ajudou e me deu forças. Dessa forma eu pude anunciar completamente a mensagem de Deus para todos os que não são judeus e fui libertado da boca do leão. O Senhor me libertará também de todo o tipo de mal e me levará a salvo para o seu reino celestial. A Ele seja dada glória para sempre. Amém. Cumprimente a Priscila e Áqüila, e à família de Onesíforo. Erasto ficou em Corinto. Quanto a Trófimo, deixei-o doente em Mileto. Faça o possível para chegar aqui antes do inverno. Êubulo lhe manda lembranças, como também Prudente, Lino, Cláudia e todos os irmãos. Que o Senhor esteja com você. Que a graça de Deus esteja com todos vocês. De Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo. Fui enviado para promover a fé que todos aqueles que são escolhidos de Deus têm e também para promover o completo conhecimento da verdade que mostra às pessoas como servir a Deus. Sendo assim, elas poderão ter a esperança para a vida eterna, a qual nos foi prometida por Deus antes do mundo existir. E Deus não mente. No tempo certo Ele fez com que a sua mensagem se tornasse conhecida por meio do meu trabalho, do qual fui encarregado por uma ordem dada pelo próprio Deus, nosso Salvador. Escrevo a você, Tito, meu verdadeiro filho na fé, fé da qual ambos participamos. Que Deus Pai e Cristo Jesus, nosso Salvador, lhe dêem graça e paz. Quando eu o deixei em Creta foi para você colocar em ordem o que ainda precisava ser feito e para nomear presbíteros em cada cidade, assim como eu lhe ordenei. Para que alguém possa ser nomeado, deve viver de tal maneira que ninguém possa acusá-lo de nada. Deve ter somente uma esposa e deve ter filhos que acreditem em Cristo e que não sejam acusados nem de má conduta nem de rebeldia. Pois é indispensável que o bispo, como alguém que está encarregado do trabalho de Deus, viva de tal maneira que não possa ser acusado de nenhuma falta. Ele não deve ser arrogante, nem alguém que se irrite com facilidade. Ele não deve ser dado ao vinho nem violento. Ele também não deve querer ficar rico por meios desonestos. O bispo, ao contrário, deve ser hospitaleiro, amigo do bem, prudente e justo. Ele também deve ser dedicado a Deus e ter domínio próprio. Ele deve se apegar à mensagem tal como lhe foi ensinada, pois ela é de confiança. Assim poderá não só encorajar os outros pelo verdadeiro ensino, como também convencer aqueles que se opõem a esse ensino. Isto é importante, pois existem muitas pessoas, especialmente entre os que acreditam na circuncisão, que são rebeldes, que falam tolices e que enganam os outros. É preciso fazer com que elas se calem, porque andam destruindo famílias inteiras, ensinando o que não devem a fim de ganhar dinheiro desonestamente. Foi um poeta deles mesmos, lá da ilha de Creta, que disse: “Os cretenses são sempre mentirosos, feras terríveis e comilões preguiçosos”. O que ele disse é verdade. Portanto, repreenda-os severamente, para que eles sejam fortes na fé e para que não sigam nem lendas judaicas nem mandamentos de homens que se desviaram da verdade. Todas as coisas são puras para os puros. Porém, para os que são impuros e descrentes, nada é puro, pois tanto a mente como a consciência deles estão pervertidas. Eles dizem que conhecem a Deus, mas pelas suas ações eles o negam. Por isso é que são detestáveis, desobedientes e não conseguem fazer nada que seja bom. Quanto a você, fale o que está de acordo com o verdadeiro ensino. Ensine os homens idosos a serem moderados, respeitáveis e prudentes; ensine-os também a serem firmes na fé, no amor e na perseverança. Da mesma maneira, ensine as mulheres idosas a viverem uma vida digna de pessoas santas. Que elas não passem o tempo falando mal dos outros nem sendo escravas de muito vinho. Elas devem ensinar o bem, a fim de instruir as mulheres mais jovens a amarem a seus maridos e a seus filhos. Elas também devem ensiná-las a serem prudentes, puras, boas donas-de-casa, bondosas e submissas a seus próprios maridos. Dessa forma, ninguém poderá falar mal da mensagem de Deus. Da mesma maneira, encoraje os jovens para que eles sejam controlados em tudo. Torne-se você mesmo um exemplo de boas obras. Ao ensinar, você deve mostrar integridade e seriedade, fazendo uso de uma linguagem construtiva e que não possa ser criticada. Assim, aqueles que estão contra você ficarão envergonhados por não terem nada de mau a dizer a nosso respeito. Ensine os escravos a serem sempre e em tudo obedientes aos seus senhores. Eles devem tentar agradar aos seus senhores sem discutir com eles e também não devem roubá-los. Pelo contrário! Eles devem mostrar que são dignos de toda a confiança para que, em todas as coisas, façam com que o ensino que procede de Deus, nosso Salvador, seja atraente. Pois, a graça de Deus que traz a salvação foi revelada a todas as pessoas. E esta graça nos ensina que devemos renunciar a todas as coisas que desagradam a Deus e aos desejos do mundo, e que devemos viver neste mundo de maneira prudente, justa e com devoção a Deus. Devemos viver assim enquanto esperamos por aquele dia feliz, quando a glória do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo for revelada. Foi Ele quem morreu por nós, a fim de nos livrar de toda maldade e de purificar um povo que pertença somente a Ele e que se dedique a fazer o bem. Transmita estas coisas às pessoas e, com toda a autoridade, repreenda e anime a todos. Não deixe que ninguém o despreze. Lembre a todos de que eles devem respeitar e obedecer ao governo e às autoridades e que devem estar sempre prontos para fazer todo o tipo de boa obra. Diga-lhes também que eles não devem falar mal de ninguém. Ao contrário! Eles devem tentar viver em paz e ser amáveis, mostrando uma grande cortesia para com todas as pessoas. Eu digo isto porque nós também, no passado, éramos tolos, desobedientes, e estávamos perdidos. Nós éramos escravos de todos os tipos de desejos e prazeres, e vivíamos com malícia e inveja. Nós éramos odiados por todos e odiávamos uns aos outros. Porém, quando a bondade e o amor que Deus, nosso Salvador, tem pelo homem foram revelados, Ele nos salvou. Não foi pelas boas obras que fizemos com a intenção de sermos declarados justos diante de Deus que Ele nos salvou, mas sim pela sua misericórdia, através do lavar no qual nascemos de novo e somos renovados pelo Espírito Santo. E Deus tem derramado o Espírito Santo ricamente sobre nós, por meio de Jesus Cristo nosso Salvador, para que, uma vez que fomos declarados justos pela graça de Deus, nós nos tornemos seus herdeiros, de acordo com a nossa esperança de vida eterna. O que eu digo é verdade, e quero que você afirme estas coisas cada vez mais para que aqueles que têm confiado em Deus se dediquem a praticar boas obras. Estas coisas são boas e proveitosas a todos. Evite as discussões tolas, as conversas sobre genealogias, as brigas e os debates sobre a lei, pois estas coisas não têm utilidade nem valor. Se uma pessoa causa divisões na igreja, repreenda-a; mas se mesmo depois de uma segunda repreensão ela não se corrigir, afaste-se dela, pois você sabe que esta pessoa está pervertida e vive pecando, e que ela mesma está se condenando. Quando eu lhe mandar Ártemas ou Tíquico, faça o possível para ir se encontrar comigo em Nicópolis, pois resolvi passar o inverno lá. Faça o melhor que você puder para ajudar a Zenas, o advogado, e a Apolo naquilo que precisarem para a sua viagem. Agora, quanto à nossa gente, que aprendam a se dedicar às boas obras a favor dos necessitados, para que suas vidas sejam úteis. Todos os que estão aqui comigo lhe mandam lembranças. Cumprimente aqueles que nos amam na fé. Que a graça de Deus esteja com vocês todos. De Paulo, prisioneiro por causa de Cristo Jesus, e do irmão Timóteo, ao querido Filemom, nosso companheiro de trabalho, e à igreja que se reúne em sua casa. Esta carta também vai para a irmã Áfia e para Arquipo, nosso companheiro de batalha. Que Deus nosso Pai e o Senhor Jesus Cristo lhes dêem graça e paz. Todas as vezes que eu oro, eu me lembro de você e agradeço ao meu Deus, porque ouço falar da fé que você tem para com o Senhor Jesus e do amor que você tem para com todo o povo de Deus. Peço a Deus que a sua generosidade, a qual provém da fé que você tem, faça com que as pessoas percebam as boas coisas que acontecem entre nós no serviço de Cristo. Eu tenho sentido uma grande alegria e também tenho sido encorajado por causa do seu amor, irmão, pois o coração do povo de Deus tem sido reanimado por seu intermédio. Pois bem, ainda que eu sinta uma grande liberdade em Cristo para lhe ordenar o que convém, prefiro, contudo, pedir em nome do amor. Eu sou o que sou, Paulo, o velho e agora até prisioneiro por causa de Cristo Jesus, e peço-lhe um favor para com Onésimo, que se tornou meu filho espiritual aqui na prisão. Antes ele era inútil para você; atualmente, porém, ele é útil não somente para você, como também para mim. Eu vou enviá-lo de volta a você, embora devesse dizer que, ao enviá-lo, estou enviando o meu próprio coração. Eu gostaria que ele ficasse aqui comigo, para que pudesse me ajudar em seu lugar, enquanto eu estou na prisão por causa das Boas Novas. Mas não quis fazer nada sem a sua permissão, para que a sua bondade não venha a ser como que por obrigação, mas voluntária. Pode ser que Onésimo tenha se afastado de você temporariamente, a fim de que pudesse tê-lo de volta para sempre. Você o terá de volta já não mais como um escravo, porém, muito mais do que um escravo, como um irmão querido. Eu o amo muito, mas você vai amá-lo ainda mais, não somente como ser humano, mas também como irmão no Senhor. Portanto, se você me considera companheiro, receba-o como se estivesse recebendo a mim mesmo. E se ele lhe causou algum dano, ou se lhe deve alguma coisa, ponha tudo na minha conta. Eu, Paulo, escrevo isto com a minha própria mão: Eu pagarei. (É claro que eu não preciso lhe dizer que você também me deve a sua própria vida). Portanto, irmão, eu lhe peço que me faça este favor no Senhor, e que assim me reanime o coração em Cristo. Estou escrevendo esta carta confiante em que você vai fazer o que estou lhe pedindo, e sei que você fará até mais ainda do que isto. Ao mesmo tempo, prepare-me também um quarto, pois confio que, por meio das orações de vocês, Deus me deixe ir vê-los novamente. Epafras, meu companheiro de prisão em Cristo Jesus, lhe manda lembranças. Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, meus companheiros de trabalho, também mandam lembranças. Que a graça do Senhor Jesus Cristo esteja com vocês. No passado, Deus falou muitas vezes e de muitas maneiras aos nossos antepassados por meio dos profetas. Mas, nestes últimos tempos, Ele nos falou pelo Filho a quem constituiu herdeiro de todas as coisas. E foi também por meio do Filho que Deus criou o universo. Ele é o brilho da glória de Deus, a imagem perfeita daquilo que Deus é. Ele sustenta todas as coisas por sua poderosa palavra. E, depois de ter realizado a purificação dos pecados, Ele se assentou no céu, à direita do Deus glorioso. Ele se tornou tão superior aos anjos, que Deus lhe deu um nome que é superior ao deles. Deus nunca disse a nenhum anjo: “Você é meu Filho; Eu hoje me tornei seu Pai”. Ou nem mesmo disse a respeito de nenhum anjo: “Eu serei seu Pai e Ele será meu Filho”. E, novamente, quando Deus enviou o seu Primogênito ao mundo, foi dito: “Que todos os anjos de Deus o adorem”. A respeito dos anjos, foi dito: “Deus faz com que os seus anjos se tornem vento, e com que os seus servos se tornem chamas de fogo”. Mas a respeito do Filho, foi dito: “O seu trono, ó Deus, vai durar para sempre e o seu governo é um governo justo. O Senhor ama o que é justo, e odeia o que é mau. Por isso Deus, o seu Deus, derramou sobre o Senhor uma alegria muito maior do que a dos seus companheiros”. E ainda com relação ao Filho foi dito: “Ó Senhor! No princípio o Senhor criou a terra, e com as suas próprias mãos o Senhor fez o céu. Eles desaparecerão, mas o Senhor permanece para sempre. Eles ficarão velhos como roupas, e o Senhor os enrolará como um casaco e os trocará como se troca roupa. O Senhor, porém, é o mesmo e os seus anos jamais terão fim”. Ora, Deus também nunca disse a nenhum de seus anjos: “Sente-se à minha direita, até que Eu ponha os seus inimigos debaixo dos seus pés”. Todos os anjos são somente espíritos que servem a Deus e que são enviados para ajudar aqueles que vão receber a salvação. Por esta razão, nós devemos nos apegar com mais firmeza às verdades que ouvimos, para que delas jamais nos desviemos. Ficou provado ser verdadeira a mensagem que foi falada pelos anjos; e todos aqueles que violaram esta mensagem e a ela não obedeceram receberam o castigo que mereciam. Portanto, como é que escaparemos se negligenciarmos tão grande salvação? Esta salvação foi anunciada primeiramente pelo Senhor; e depois, aqueles que a ouviram, nos provaram que ela é verdadeira. Deus também testemunhou junto com eles, por meio de sinais, maravilhas, vários milagres, e pela distribuição de dons do Espírito Santo de acordo com a sua vontade. Pois não foi a anjos que Deus deu o poder para governar o novo mundo que ia vir, isto é, o mundo do qual estamos falando. Porém, em algum lugar nas Escrituras, pode-se ler: “Ó Deus! Quem é o homem para que o Senhor se lembre dele? Ou quem é o filho do homem para que o Senhor se interesse por ele? O Senhor o colocou por algum tempo numa posição inferior à dos anjos, mas depois o coroou de glória e honra e colocou todas as coisas debaixo dos seus pés”. Ora, se todas as coisas foram colocadas sob a sua autoridade, nada foi deixado fora do seu domínio. Contudo, ainda não vemos todas as coisas sob o seu domínio. Nós, porém, vemos a Jesus, o qual foi, por algum tempo, colocado numa posição inferior à dos anjos. Nós o vemos coroado de glória e honra por causa do seu sofrimento e de sua morte. Foi pela graça de Deus que Ele morreu por todas as pessoas. Todas as coisas existem por causa de Deus e por meio dele, e Ele quer que todos os seus filhos participem da sua glória. É por isso que foi necessário que Deus, por meio de sofrimento, aperfeiçoasse aquele que guiaria seus filhos para a salvação. Pois, tanto aqueles que são consagrados a Deus como aquele que os consagra vêm de um mesmo Pai. É por isso que Ele não se envergonha de os chamar de irmãos, quando diz: “Senhor! Eu vou falar aos meus irmãos a seu respeito e vou lhe cantar hinos de louvor no meio da congregação”. Ele também diz: “Eu confiarei nele”. E ainda diz: “Aqui estou com os filhos que Deus me deu”. Os filhos são pessoas de carne e sangue. Por isso Jesus também se tornou como eles e participou da natureza humana deles. Ele fez isso para que, por intermédio da sua morte, pudesse destruir aquele que tem o poder sobre a morte, isto é, o Diabo. Ele fez isso para que também pudesse libertar aqueles que, por medo da morte, tinham sido escravos por toda a vida. Está claro que não é a anjos que Jesus ajuda. Ele ajuda aos descendentes de Abraão. Por isso mesmo foi necessário que Ele se tornasse igual aos seus irmãos em todas as coisas. Dessa forma Ele se tornaria um sumo sacerdote misericordioso e fiel no serviço de Deus e poderia oferecer sacrifício pelos pecados do povo. Agora Ele pode socorrer aqueles que são tentados, pois Ele mesmo sofreu e foi tentado. Por isso, meus santos irmãos, vocês que foram chamados por Deus, fixem os seus pensamentos em Jesus, que é o Apóstolo e Sumo Sacerdote da fé que professamos. Deus o constituiu para o seu serviço, e Jesus foi fiel a Deus assim como Moisés também o foi em toda a casa de Deus. Jesus, todavia, merece mais honra do que Moisés, assim como o construtor de uma casa merece mais honra do que a própria casa. Toda casa é construída por alguém, mas aquele que constrói todas as coisas é Deus. Moisés foi fiel como um servo em toda a casa de Deus. Ele falava sobre as coisas que iam ser anunciadas por Deus no futuro. Cristo, porém, foi fiel como Filho em toda a casa de Deus. E nós somos e continuaremos a ser esta casa, se conservarmos até o fim a nossa coragem e a nossa confiança naquilo que esperamos. Portanto, ouçam o que Deus disse por meio do Espírito Santo: “Se hoje vocês ouvirem a minha voz, não sejam teimosos assim como os antepassados de vocês o foram, quando se rebelaram contra mim, colocando-me à prova no deserto. Lá seus antepassados me provocaram e me puseram à prova e, depois, por quarenta anos, viram as coisas que Eu fiz. Por isso me indignei com esta geração e disse: —Os pensamentos deles estão sempre errados; e eles também nunca entenderam os meus caminhos. *** Portanto eu fiquei zangado e fiz um juramento: —Eles jamais entrarão para o lugar de descanso que Eu lhes prometi”. Tenham cuidado, irmãos, para que nenhum de vocês jamais chegue a ter um coração mau, que se recuse a crer, e que os leve, assim, a se afastar do Deus vivo. Ao contrário, encorajem uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama hoje, a fim de que nenhum de vocês seja enganado pelo pecado, afastando, assim, seu coração de Deus. Nós somos e continuaremos a ser companheiros de Cristo, se de fato conservarmos até o fim a confiança que temos tido desde o princípio. Foi isto o que as Escrituras disseram: “Se hoje vocês ouvirem a voz de Deus, não sejam teimosos assim como os antepassados de vocês o foram, quando se rebelaram contra mim”. Ora, quais foram os que ouviram a voz de Deus e se rebelaram? Não foram, de fato, aqueles que saíram do Egito por intermédio de Moisés? E contra quem foi que Deus ficou irritado por quarenta anos? Não foi contra os que pecaram, e caíram mortos no deserto? E contra quem foi que Deus jurou, dizendo que não entrariam para o lugar de descanso que Ele lhes tinha prometido? Não foi contra aqueles que tinham sido desobedientes? Claro que foi! Vemos, pois, que eles não puderam entrar naquele lugar porque tinham se recusado a crer. Portanto, uma vez que Deus nos prometeu que entraríamos para o seu lugar de descanso, nós devemos tomar muito cuidado para que nenhum de vocês falhe em obter o que foi prometido. Nós ouvimos a mensagem de salvação assim como eles, mas para eles essa mensagem não serviu para nada, pois, quando a ouviram, não a receberam com fé. Nós que cremos, porém, entraremos para o lugar de descanso que Deus nos prometeu, assim como Ele mesmo disse: “Eu estava zangado e fiz este juramento: —Eles não entrarão para o lugar de descanso que Eu lhes prometi”. Ele disse isto apesar de suas obras já estarem terminadas desde a criação do mundo, pois em algum lugar nas Escrituras foi dito o seguinte sobre o sétimo dia: “No sétimo dia Deus descansou de todas as obras que Ele tinha feito”. E em outra passagem também foi dito: “Eles não entrarão para o lugar de descanso que Eu lhes prometi”. Essas pessoas que anteriormente ouviram a mensagem de salvação não entraram para aquele lugar de descanso por terem sido desobedientes. Algumas outras, porém, ainda poderão entrar. Por causa disso Deus marcou um outro dia chamado “hoje” quando, muito tempo depois, por meio de Davi, disse estas palavras que já citamos anteriormente: “Se hoje vocês ouvirem a minha voz, não sejam teimosos como os seus antepassados foram”. Ora, se Josué tivesse dado esse descanso aos antepassados de vocês, Deus não teria falado mais tarde a respeito de um outro dia. Assim, ainda resta para o povo de Deus um descanso como o descanso de Deus no sétimo dia. Porque aquele que entra nesse lugar de descanso que Deus prometeu também descansa das suas obras, assim como Deus descansou das dele. Portanto, devemos fazer o possível para entrar naquele lugar de descanso, esforçando-nos para não seguir o exemplo daquelas outras pessoas que desobedeceram. A mensagem de Deus é viva, poderosa, e mais afiada do que qualquer espada de dois gumes. Ela penetra até ao ponto de separar a alma do espírito e de dividir juntas e medulas, e julga os pensamentos e as intenções do coração. Não há nada no mundo que possa ser escondido de Deus. Pelo contrário, todas as coisas são descobertas e expostas aos olhos daquele a quem temos de prestar contas. Nós temos a Jesus, o Filho de Deus, como o nosso Sumo Sacerdote. Por isso devemos conservar firme a fé que temos. O nosso Sumo Sacerdote não é alguém que não possa se compadecer de nossas fraquezas. Ao contrário, Ele foi tentado de todas as maneiras, assim como nós também somos tentados, mas nunca pecou. Por isso devemos nos aproximar com confiança do trono do nosso Pai que é cheio de amor, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça para nos ajudar na hora em que precisarmos. Todo sumo sacerdote é escolhido entre os homens e é nomeado para ajudar as pessoas nas coisas referentes a Deus e para oferecer ofertas e sacrifícios pelos pecados. Ele é capaz de ter compaixão dos ignorantes e dos que erram, pois ele mesmo está cheio de fraquezas. E, por esta razão, ele deve oferecer sacrifícios tanto pelos pecados do povo como pelos seus próprios pecados. Ninguém escolhe por si mesmo a honra de ser sumo sacerdote. A pessoa deve ser chamada por Deus, como aconteceu com Arão. Assim também, Cristo não tomou para si mesmo a honra de se tornar sumo sacerdote; foi Deus que lhe deu essa honra. Ele disse: “Você é meu Filho; hoje Eu me tornei seu Pai”. Em outro lugar das Escrituras Ele também disse: “Você é sacerdote para sempre, de acordo com a ordem do sacerdócio de Melquisedeque”. Durante sua vida aqui na terra, Jesus ofereceu orações e súplicas com altos gritos e lágrimas a quem o podia livrar da morte. E Deus o ouviu porque Jesus era humilde e fazia o que Deus queria. Embora fosse Filho de Deus, Ele aprendeu a ser obediente pelas coisas que sofreu. E, depois de ser aperfeiçoado, Ele se tornou a fonte da salvação eterna para todos os que lhe obedecem. E Deus o nomeou Sumo Sacerdote, de acordo com a ordem do sacerdócio de Melquisedeque. Temos muitas coisas a dizer a esse respeito, mas elas são difíceis de explicar porque vocês não querem entender. De fato, depois de tanto tempo, vocês já deviam ser mestres. Porém, precisam de que alguém os ensine novamente quais são os princípios básicos da mensagem de Deus. Ao invés de alimento sólido, vocês ainda precisam de leite. Ora, todo aquele que se alimenta de leite é inexperiente sobre o que é certo ou errado, pois é uma criança. Mas o alimento sólido é para os adultos. Ele é para aqueles que, pela prática, estão com os seus sentidos treinados para saber escolher entre o bem e o mal. Por isso, vamos seguir em frente para chegarmos a ser adultos, e colocar de lado as primeiras noções da mensagem de Cristo. Não vamos lançar de novo as bases dessa mensagem, que são: o arrependimento de obras que levam à morte, a fé em Deus, o ensino a respeito de batismos, a imposição de mãos, a ressurreição dos mortos e o julgamento eterno. Nós temos que ir em frente e alcançar a maturidade. E, se Deus quiser, nós faremos isso. É impossível, pois, trazer de volta ao arrependimento aqueles que uma vez foram iluminados, que provaram o dom celestial, que se tornaram participantes do Espírito Santo, que provaram a boa mensagem de Deus e os poderes do mundo que ainda virá, e depois caíram. Sim, é impossível trazê-los de volta ao arrependimento, uma vez que eles mesmos estão novamente crucificando ao Filho de Deus e zombando dele publicamente. *** *** Essas pessoas são como a terra que recebe a chuva cada vez que cai sobre ela. Se ela produz plantas úteis para os que trabalham nela, recebe bênçãos de Deus. Mas se, ao contrário, produz espinhos e ervas inúteis, ela não serve para nada. Está em perigo de ser amaldiçoada e acabará por ser queimada. Queridos irmãos, embora falemos desta maneira, estamos certos quanto a vocês. Temos certeza de que poderemos ver, da parte de vocês, coisas melhores e que os levem à salvação. Deus não é injusto. Ele não se esquecerá do trabalho de vocês ou do amor que mostraram em nome dele, pois ajudaram e ainda ajudam o seu povo. O nosso desejo é que cada um de vocês continue mostrando a mesma dedicação até o fim. Assim certamente receberão tudo o que esperam. Nós não queremos que vocês se tornem preguiçosos. O que nós queremos é que imitem aqueles que, pela fé e pela paciência, recebem a herança que Deus prometeu. Quando Deus fez a promessa a Abraão, Ele jurou por si mesmo, uma vez que não tinha ninguém superior por quem jurar. Ele disse: “Eu certamente abençoarei a você e lhe darei muitos descendentes”. E, assim, depois de Abraão ter esperado com paciência, recebeu o que Deus lhe tinha prometido. As pessoas juram pelo que lhes é superior e o juramento, servindo para confirmar o que disseram, acaba com toda discussão. Deus queria deixar bem claro aos seus herdeiros que Ele jamais mudaria de idéia com relação à sua promessa e, por isso, confirmou o que tinha dito com um juramento. É impossível que Deus minta e, portanto, estas duas coisas nunca mudam: o que Deus disse e o que Ele jurou. Assim nós, que nos refugiamos nele, seremos grandemente encorajados e poderemos segurar firme a esperança que nos foi dada. Esta esperança mantém nossa alma firme e segura, assim como a âncora mantém firme e seguro o barco. Ela atravessa a cortina do templo celestial e penetra no Lugar Santíssimo. Foi nesse lugar que Jesus entrou por nós e antes de nós, tornando-se Sumo Sacerdote para sempre, de acordo com a ordem do sacerdócio de Melquisedeque. Este Melquisedeque era rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo. Ele saiu ao encontro de Abraão, quando este estava voltando depois de ter matado os reis, e o abençoou. Foi para ele que Abraão deu a décima parte de tudo o que possuía. (Melquisedeque era “rei de justiça”, pois esse era o significado do seu nome. Ele também era “rei de paz”, uma vez que era rei de Salém, e Salém quer dizer “paz”.) Não se conhece seu pai, nem sua mãe, nem tampouco qualquer um dos seus antepassados. Não se sabe nada sobre o seu nascimento ou sobre a sua morte. Ele é como o Filho de Deus e permanece como sacerdote para sempre. Vejam, pois, como era importante esse Melquisedeque, a quem Abraão, o patriarca, deu a décima parte de tudo o que tinha conseguido na batalha. Conforme a lei de Moisés, os descendentes de Levi que se tornam sacerdotes têm a ordem de cobrar do povo, ou seja, de seus próprios irmãos, a décima parte de tudo. E eles cobram, embora o povo seja descendente de Abraão. Melquisedeque não era descendente de Levi, mas mesmo assim recebeu a décima parte de tudo o que Abraão possuía. Depois Melquisedeque abençoou Abraão, o homem que tinha recebido as promessas de Deus. Não há dúvida de que aquele que abençoa é maior do que aquele que é abençoado. No caso dos sacerdotes, a décima parte é cobrada por homens que um dia vão morrer. Mas, no caso de Melquisedeque, como as Escrituras dizem, a décima parte foi cobrada por alguém que continua vivo. E pode-se dizer que Levi, que agora cobra a décima parte, também pagou a décima parte a Melquisedeque através de Abraão. Digo isto, pois, apesar de Levi ainda não ter nascido, ele já estava no corpo de seu antepassado Abraão, quando este se encontrou com Melquisedeque. Foi por meio do ensino dos sacerdotes da família de Levi que o povo recebeu a lei de Moisés. Esses sacerdotes, porém, não conseguiram fazer com que as pessoas se tornassem perfeitas. Por causa disso, foi preciso que aparecesse um outro sacerdote, de acordo com o sacerdócio de Melquisedeque, e não de acordo com o sacerdócio de Arão. E quando se muda o sacerdócio, também é necessário que se mude a lei. Nós estamos falando a respeito de Jesus Cristo. Ele não pertencia à tribo de Levi mas sim a uma outra, e ninguém dessa tribo jamais tinha servido como sacerdote perante o altar. É evidente que o nosso Senhor procedeu da tribo de Judá, e Moisés nunca disse nada a respeito de sacerdotes que pertencessem a esta tribo. E isto fica ainda mais claro quando se leva em conta que esse novo sacerdote, o qual se parece com Melquisedeque, não foi feito sacerdote por leis ou mandamentos humanos. Ele foi feito sacerdote pelo poder de vida que não tem fim. Pois é dito nas Escrituras: “Você é sacerdote para sempre, de acordo com a ordem do sacerdócio de Melquisedeque”. Assim, as regras antigas foram anuladas, pois eram fracas e inúteis. Já que a lei de Moisés nunca foi capaz de aperfeiçoar nada, surgiu em seu lugar uma esperança melhor. É essa esperança que permite que nós nos aproximemos de Deus. Além disso, há também o juramento de Deus. Os outros se tornaram sacerdotes sem juramento, mas Jesus se tornou sacerdote com o juramento de Deus pois, de acordo com o que dizem as Escrituras: “O Senhor jurou e não voltará atrás: —Você é sacerdote para sempre”. E é por isso mesmo que Jesus se tornou a garantia de uma aliança superior. Ora, na antiga aliança, os sacerdotes chegaram a ser muitos, pois a morte lhes impedia de continuar o seu trabalho. Mas, como Jesus vive para sempre, nunca deixará de servir como sacerdote. Por isso, Ele também poderá salvar, hoje e sempre, todos aqueles que por meio dele se chegam a Deus. Jesus vive para sempre, a fim de pedir a Deus a favor deles. Jesus é o tipo de sacerdote de que nós precisávamos. Ele é santo, e nele não há nem maldade nem pecado. Ele foi separado dos pecadores e elevado acima do céu. Ele não é como os outros sacerdotes que precisam oferecer sacrifícios todos os dias, primeiro pelos seus próprios pecados e, depois, pelos do povo. Ele ofereceu um sacrifício uma vez por todas, quando ofereceu a si mesmo. A lei de Moisés constitui sumos sacerdotes a homens que são imperfeitos. Mas o juramento de Deus, que veio depois da lei, constitui a seu Filho como Sumo Sacerdote, o qual se tornou perfeito para sempre. Aqui está o ponto essencial das coisas que temos dito: Nós temos um Sumo Sacerdote como aquele que lhes descrevemos. Este Sumo Sacerdote está no céu, sentado à direita do trono de Deus. Ele faz o seu serviço no Lugar Santíssimo e no verdadeiro tabernáculo, o qual foi construído pelo Senhor e não pelos homens. Todo sumo sacerdote é constituído para oferecer tanto ofertas como sacrifícios. Por isso é necessário que o nosso Sumo Sacerdote também tenha o que oferecer. Ora, se Ele estivesse aqui na terra, Ele não seria sacerdote, uma vez que existem sacerdotes que oferecem os sacrifícios de acordo com a lei de Moisés. O trabalho que estes sacerdotes fazem é somente cópia e sombra do que está no céu. Foi por isso que, quando Moisés estava para construir o tabernáculo, Deus lhe deu estas instruções: “Tenha cuidado para fazer tudo de acordo com o modelo que Eu lhe mostrei no monte”. Mas o serviço do qual Jesus foi encarregado é muito superior ao serviço que tinha sido dado aos outros sacerdotes. E o próprio Jesus também é o mediador de uma aliança superior instituída com base em superiores promessas. Porque, se aquela primeira aliança tivesse sido perfeita, não teria havido necessidade de se buscar uma segunda aliança. E, de fato, Deus viu que o seu povo tinha falhado, e disse por meio do profeta Jeremias: “Virão dias—diz o Senhor— quando estabelecerei uma nova aliança com o povo de Israel e com o povo de Judá. Esta aliança não será como aquela que Eu fiz com os seus antepassados no dia em que os levei pela mão e os tirei da terra do Egito. Eles não foram fiéis à aliança que Eu tinha feito com eles, e Eu me afastei deles—diz o Senhor. Portanto, a aliança que estabelecerei com o povo de Israel no futuro será assim: Eu imprimirei as minhas leis nas suas mentes e também as escreverei nos seus corações. Dessa forma, Eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Ninguém jamais terá que ensinar ao seu próximo, ou ao seu irmão, dizendo: Conheça ao Senhor;— porque todos me conhecerão, desde o menos importante até o mais importante. E Eu perdoarei as faltas que eles cometerem, e jamais me lembrarei dos seus pecados”. Ao chamar esta aliança “nova”, Ele tornou velha a primeira. Ora, aquilo que se torna velho e antigo, logo desaparecerá. A primeira aliança tinha regras para a adoração e também um santuário, feito por mãos humanas. De fato havia um tabernáculo e a primeira área deste tabernáculo se chamava Lugar Santo. Neste Lugar Santo havia um candeeiro e a mesa com o pão especial que era oferecido a Deus. Atrás da segunda cortina, havia um quarto que era chamado Lugar Santíssimo. No Lugar Santíssimo, estavam o altar de ouro para o incenso e a arca da aliança, coberta totalmente de ouro. Nesta arca havia: uma urna de ouro contendo o maná, a vara de Arão que floresceu, e as tábuas da aliança. Em cima da arca havia dois querubins, ao redor dos quais se manifestava a presença de Deus, e eles cobriam, com suas asas, o lugar onde os pecados eram perdoados. Nós, porém, não podemos falar detalhadamente sobre estas coisas agora. Estando essas coisas assim dispostas, os sacerdotes entram todos os dias no Lugar Santo para realizar os serviços religiosos. No Lugar Santíssimo, porém, só o sumo sacerdote entra somente uma vez por ano. Ele entra com sangue, o qual oferece tanto por si mesmo quanto pelos pecados de ignorância do povo. Sendo assim, o Espírito Santo nos deixa bem claro que, enquanto o Lugar Santo continuar como está, a entrada para o Lugar Santíssimo ainda não abriu. Isto é um exemplo para a época presente. De acordo com este exemplo, nós entendemos que as ofertas e os sacrifícios oferecidos a Deus não eram capazes de purificar totalmente as pessoas que prestassem culto a Deus. Aqueles sacrifícios não podiam fazer com que aquelas pessoas se tornassem perfeitas em seus corações. É somente uma questão de comidas, bebidas e várias lavagens cerimoniais. Essas coisas foram impostas até o tempo em que Deus mudaria todas as coisas. Cristo, porém, já veio como Sumo Sacerdote das coisas boas que já estão aqui. Cristo, todavia, não faz seu serviço num lugar como o tabernáculo em que os outros sacerdotes trabalham. O tabernáculo onde Cristo faz seu serviço é maior e mais perfeito, pois não foi construído por mãos humanas, ou seja, não é deste mundo. Quando Cristo veio e entrou no Lugar Santíssimo, fez isso de uma vez por todas. Ele não usou o sangue de bodes e de bezerros, mas sim o seu próprio sangue e com ele comprou a nossa salvação eterna. O sangue de bodes e de touros e a cinza da novilha eram espalhados sobre as pessoas impuras e as purificavam em seu exterior. O sangue de Cristo, porém, purificará a nossa consciência das manchas causadas pelos atos que nos conduzem à morte. Dessa forma, poderemos servir ao Deus vivo. Pois foi o próprio Cristo que se ofereceu a si mesmo como um sacrifício perfeito a Deus por meio do Espírito eterno. Por isso mesmo, Ele é o Mediador da nova aliança a fim de que aqueles que têm sido chamados recebam a herança eterna que Deus prometeu. Isto é possível porque Jesus morreu tanto para pagar pelos pecados que as pessoas cometeram enquanto estavam sob a velha aliança, como para livrá-los destes pecados. Se uma pessoa deixa um testamento, é necessário que se prove que essa pessoa morreu. Pois um testamento somente se torna válido depois que a pessoa que o fez tiver morrido; ele não tem efeito nenhum enquanto a pessoa que o fez ainda estiver viva. Com uma aliança acontece a mesma coisa—ela só se torna válida por meio da morte. É por isso que nem mesmo a primeira aliança entrou em vigor sem sangue. Em primeiro lugar, Moisés anunciou ao povo todos os mandamentos de acordo com a lei. Depois ele pegou o sangue dos bezerros e dos bodes e misturou com água. Aí ele usou uma lã tingida de vermelho e hissopo para borrifar tanto o livro como também todo o povo. Então Moisés disse: “Este é o sangue que efetiva a aliança, à qual Deus ordenou que vocês obedecessem”. Da mesma maneira Moisés também borrifou sangue sobre o tabernáculo e sobre todos os utensílios usados na adoração. De fato, de acordo com a lei, quase todas as coisas são purificadas com sangue e, sem derramamento de sangue, não pode haver perdão de pecados. Essas coisas, que eram cópias daquelas que estão no céu, deviam ser purificadas com tais sacrifícios; mas as próprias coisas do céu exigem sacrifícios bem melhores. Porque Cristo não entrou num santuário feito por homens, que é a cópia do verdadeiro. Ele entrou no próprio céu, para agora comparecer diante de Deus por nós. O sumo sacerdote entra no Lugar Santíssimo uma vez por ano, e leva sangue de animal. Jesus, porém, quando entrou no céu, não o fez para oferecer a si mesmo muitas vezes, pois, se fosse assim, Ele teria que ter sofrido muitas vezes desde a criação do mundo. Agora, porém, que os tempos estão chegando ao fim, Ele apareceu uma vez por todas, a fim de acabar com o pecado por meio do sacrifício de si mesmo. Assim como cada pessoa tem que morrer uma única vez e depois ser julgada, Cristo também foi oferecido uma única vez como sacrifício para tirar os pecados de muitas pessoas. Depois Ele aparecerá pela segunda vez, não para tirar os pecados, mas para trazer a salvação para aqueles que estão esperando por Ele. A lei é apenas uma sombra das coisas boas que estavam para vir, e não a imagem real das coisas. É por isso que, mesmo com os sacrifícios que são oferecidos repetidamente ano após ano, a lei não pode tornar perfeitos aqueles que se aproximam para adorar. Se ela pudesse, estes sacrifícios teriam parado de ser oferecidos, pois os adoradores estariam limpos de seus pecados e não se sentiriam mais culpados por causa desses pecados. Estes sacrifícios, entretanto, fazem com que as pessoas se lembrem de seus pecados a cada ano, pois é impossível que sangue de touros e de bodes remova pecados. Por isso Cristo, ao entrar no mundo, disse: “O Senhor não quer sacrifícios nem ofertas, mas me preparou um corpo. O Senhor não se agrada de sacrifícios de animais mortos e queimados, ou de sacrifícios para tirar pecados. Então Eu disse: —Eu estou aqui, ó Deus; Eu vim para fazer a sua vontade, assim como está escrito a meu respeito no livro da lei”. Primeiro Cristo disse: “O Senhor não quer sacrifícios nem ofertas, e o Senhor não se agrada de animais mortos e queimados, ou de sacrifícios para tirar pecados”. (Estes sacrifícios são oferecidos de acordo com a lei de Moisés.) Depois Cristo disse: “Eu estou aqui, ó Deus, para fazer a sua vontade”. Dessa forma Deus anula o primeiro sistema de sacrifícios para estabelecer o segundo. E porque Jesus Cristo fez o que Deus quis, nós somos purificados por meio do sacrifício do corpo de Jesus, oferecido de uma vez por todas. Ora, todo sacerdote se apresenta dia após dia para realizar seus serviços religiosos e para oferecer muitas vezes os mesmos sacrifícios. Mas estes sacrifícios jamais podem remover pecados. Jesus, porém, depois de ter oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, se sentou à direita de Deus. Ali Jesus está esperando até que seus inimigos sejam colocados debaixo dos seus pés. Assim, com um único sacrifício, Ele aperfeiçoou para sempre aqueles que estão sendo purificados. O Espírito Santo também nos dá o seu testemunho a respeito disto. Primeiro ele diz: “A aliança que Eu farei com eles depois daqueles dias será assim —diz o Senhor —: Porei as minhas leis nos seus corações, e as escreverei nas suas mentes”. E depois ele diz: “Eu nunca mais me lembrarei dos seus pecados ou das suas maldades”. Assim, uma vez que todas estas coisas são perdoadas, não há mais necessidade de se oferecer sacrifício pelos pecados. Por isso, irmãos, nós temos completa liberdade para entrar no Lugar Santíssimo. E nós podemos fazer isto com toda a confiança, por causa do sangue de Cristo. Nós podemos entrar através de um novo caminho—um caminho de vida—o qual Jesus nos abriu. E este caminho nos leva através da cortina, isto é, através do seu próprio corpo. Nós temos um grande sacerdote que governa a família de Deus. Portanto, vamos nos aproximar de Deus com coração sincero e com firmeza de fé. Nós podemos fazer isso porque nossos corações foram purificados, libertando-nos do peso de nossa consciência, e também porque o nosso corpo foi lavado com água pura. Vamos seguir firmes e sem vacilar na esperança da nossa fé, pois aquele que fez a promessa é fiel. Vamos também considerar uns aos outros, a fim de nos encorajarmos a mostrar amor e a fazer o bem. Não deixemos de nos reunir, como algumas pessoas estão fazendo. Ao contrário, vamos nos reunir e fortalecer uns aos outros, ainda mais agora que vocês estão vendo que o Dia se aproxima. Se continuarmos a pecar de propósito, mesmo depois de termos conhecido a verdade, já não há mais sacrifício que possa tirar os pecados. Ao contrário, tudo o que nos resta é o medo, ao esperarmos pelo julgamento e pelo fogo vingador que destruirá todos aqueles que estão contra Deus. Se duas ou três pessoas testemunharem que um homem desobedeceu à lei de Moisés, esse homem será condenado à morte sem receber qualquer misericórdia. O que acontecerá, então, com aqueles que desprezam o Filho de Deus, que desrespeitam o sangue da nova aliança, com o qual eles mesmos foram purificados, ou ainda que insultam o Espírito que nos mostra a graça de Deus? Vocês não acham que eles merecem um castigo muito mais severo? Ora, nós conhecemos aquele que disse: “A mim pertence a vingança; Eu retribuirei”. Ele também disse: “O Senhor julgará o seu povo”. Que coisa horrível é cair nas mãos do Deus vivo! Lembrem-se daqueles dias em que vocês, depois de terem recebido a luz da verdade, tiveram que passar por grandes lutas e muitos sofrimentos. Algumas vezes vocês foram maltratados e insultados publicamente; outras vezes ajudaram aos que estavam sendo tratados desse modo. Vocês não somente ajudaram aos que estavam sofrendo na prisão, como também aceitaram com alegria o fato de que os seus bens tinham sido tirados de vocês. Vocês agiram assim porque sabiam que possuíam algo muito melhor—algo que dura para sempre. Portanto, não abandonem a confiança que vocês têm; ela traz uma grande recompensa. Vocês precisam ser perseverantes para que, depois de terem feito a vontade de Deus, recebam o que foi prometido. Pois ainda dentro de pouco tempo, “Aquele que tem de vir, virá; Ele não vai demorar. Aquele que é justo diante de mim viverá pela fé. Mas Eu não ficarei contente com ele se, por causa do medo, ele voltar atrás”. Nós, porém, não somos daqueles que, por causa do medo, voltam atrás e são destruídos. Ao contrário, nós somos daqueles que têm fé e são salvos por ela. Ora, ter fé é ter certeza de que vamos receber as coisas que esperamos e ter convicção de que uma coisa existe, mesmo quando não a vemos. Foi pela fé que aqueles que viveram no passado conseguiram a aprovação de Deus. Pela fé entendemos que o universo foi criado pela ordem de Deus, de maneira que aquilo que pode ser visto veio a existir das coisas que não podem ser vistas. Pela fé Abel ofereceu a Deus um sacrifício melhor do que Caim. Pela fé Abel recebeu a aprovação de Deus quanto às suas ofertas e foi considerado por Ele como um homem justo. Por meio da fé, mesmo depois de morto, ele ainda fala. Pela fé Enoque foi levado da terra para não morrer. Ele nunca foi encontrado, porque Deus o tinha tirado da terra. E as Escrituras dizem que, antes de ser levado, Enoque tinha agradado a Deus. De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe e que Ele recompensa aqueles que o buscam. Pela fé Noé, depois de ter sido instruído a respeito de acontecimentos que ainda não podiam ser vistos, obedeceu a Deus e construiu uma arca para salvar a sua família. Com a sua fé Noé mostrou que o mundo estava errado e se tornou como uma daquelas pessoas que são declaradas justas diante de Deus por meio da fé. Pela fé Abraão obedeceu quando foi chamado, a fim de ir para um lugar que ele deveria receber como herança; ele partiu sem saber para onde ia. Pela fé ele peregrinou até a terra que lhe havia sido prometida, assim como um estrangeiro em terra alheia. Ele habitou em tendas com Isaque e Jacó, os quais eram herdeiros com ele das mesmas coisas que lhe tinham sido prometidas. Ele estava esperando pela cidade que tem alicerces que não podem ser destruídos, da qual Deus é o arquiteto e construtor. Pela fé também a própria Sara, apesar de ser velha demais para ter filhos, recebeu o poder para ser mãe. Isso aconteceu porque ela acreditou naquele que havia feito a promessa. Assim, de um só homem, que estava praticamente morto, veio uma descendência incontável como as estrelas do céu e numerosa como os grãos de areia da praia. Todos estes morreram na fé, sem jamais ter recebido as coisas que lhes tinham sido prometidas. Eles somente as viram de longe e ficaram felizes em vê-las. Dessa forma eles aceitaram o fato de que eram estrangeiros e de que estavam somente de passagem por este mundo. As pessoas que falam desse modo mostram que estão procurando uma terra que seja sua própria pátria. Se, na verdade, pensassem a respeito daquela pátria de onde tinham saído, teriam a oportunidade de voltar. Mas o que desejavam agora era uma pátria superior, isto é, uma pátria celestial. Por isso, Deus não se envergonha delas, ou de ser chamado o seu Deus e, por causa disso, lhes preparou uma cidade. Pela fé Abraão, quando colocado à prova por Deus, ofereceu a Isaque. Ele havia recebido com alegria o que Deus lhe tinha prometido, mas mesmo assim ia sacrificar o seu único filho. Foi a ele que Deus disse: “Os descendentes que Eu lhe prometi virão por meio de Isaque”. Abraão reconheceu que Deus tinha poder para ressuscitar seu filho e, de maneira figurada, ele tornou a recebê-lo da morte. Pela fé Isaque prometeu bênçãos futuras a Jacó e a Esaú. Pela fé Jacó, pouco antes de morrer, abençoou a cada um dos filhos de José e, enquanto se apoiava em sua vara, adorou a Deus. Pela fé José, quando o seu fim estava próximo, mencionou o êxodo do povo de Israel, bem como deu ordens sobre o que deveria ser feito com o seu corpo. Pela fé os pais de Moisés o esconderam durante três meses, depois que ele nasceu. Eles fizeram isso porque viram que o menino era bonito e não tiveram medo de desobedecer à ordem do rei. Pela fé Moisés, quando já era adulto, recusou ser chamado filho da filha de Faraó. Ele preferiu ser maltratado junto com o povo de Deus a desfrutar, por pouco tempo, dos prazeres do pecado. Ele considerou o fato de sofrer pelo Messias uma coisa muito mais valiosa do que os próprios tesouros do Egito, pois tinha os seus olhos fixados na recompensa futura. Pela fé ele saiu do Egito e não teve medo da raiva do rei. Pelo contrário, ficou firme como quem vê aquele que é invisível. Foi pela fé também que ele celebrou a Páscoa e ordenou que se passasse sangue nas portas das casas, para que o Anjo da Morte não tocasse nos filhos mais velhos dos israelitas. Pela fé o povo atravessou o Mar Vermelho como se estivessem andando por terra seca; mas quando os egípcios tentaram atravessar, eles se afogaram. Pela fé caíram as muralhas da cidade de Jericó, depois de terem sido rodeadas pelo povo por sete dias. Foi por fé, ainda, que Raabe, a prostituta, não foi destruída com aqueles que eram desobedientes, pois ela tinha recebido bem os espiões. E o que mais direi ainda? Na verdade me faltaria tempo para falar a respeito de Gideão, de Baraque, de Sansão, de Jefté, de Davi, de Samuel e dos profetas. Pela fé eles conquistaram reinos, fizeram o que era justo, receberam os benefícios que Deus lhes havia prometido e fecharam bocas de leões. Eles apagaram incêndios terríveis e escaparam de serem mortos pela espada. Eles ainda transformaram a fraqueza em força, foram poderosos na guerra e derrotaram exércitos estrangeiros. Pela fé, mulheres receberam os seus mortos de volta, mediante a ressurreição. Alguns foram torturados e até mesmo se recusaram a ser libertados, para que pudessem ser ressuscitados para uma vida melhor. Alguns passaram por humilhações e foram surrados, ao passo que outros foram acorrentados e colocados em prisões. Outros foram apedrejados, serrados pelo meio e mortos à espada. Eles andaram de um lado para o outro, vestidos de peles de ovelhas e de cabras. Eram pobres, perseguidos e maltratados. Estes homens, dos quais o mundo não era digno, andavam vagando pelos desertos, pelos montes, pelas covas e pelos buracos da terra. Ora, todas estas pessoas receberam a aprovação de Deus por causa de sua fé; não obtiveram, contudo, o que Deus havia prometido. Deus tinha planejado algo melhor para nós, pois queria que, somente junto conosco, eles pudessem ser aperfeiçoados. E quanto a nós, temos esta grande multidão de testemunhas ao nosso redor. Portanto, vamos pôr de lado tudo o que nos atrapalha, o pecado que nos amarra, e vamos correr com perseverança a corrida que está à nossa frente. Vamos fixar os nossos olhos em Jesus, que é a fonte da nossa fé e é quem a torna completa. Ele, em troca da alegria que lhe tinha sido oferecida, suportou a cruz, sem fazer caso da humilhação que sofreu. E agora Ele está sentado à direita do trono de Deus. Portanto, pensem em Jesus, que suportou tão grande oposição dos pecadores contra si mesmo, para que assim vocês não fiquem nem cansados nem desanimados. Na luta de vocês contra o pecado, vocês ainda não tiveram que combater até a morte. Será que vocês já se esqueceram das palavras de encorajamento que lhes foram dirigidas como a filhos? As Escrituras dizem: “Meu filho, não despreze a correção que vem do Senhor, nem fique desanimado quando você for reprovado por Ele; pois o Senhor repreende a quem ama e castiga todo aquele a quem Ele aceita como filho”. Suportem o sofrimento como se fosse o castigo dado por um pai, porque o sofrimento de vocês mostra que Deus os está tratando como seus filhos. Será que existe algum filho que nunca foi corrigido por seu pai? Claro que não! Se vocês não forem disciplinados assim como todos os filhos de Deus o são, então vocês não são filhos verdadeiros, mas sim filhos ilegítimos. Além disso, todos nós tínhamos os nossos pais humanos, os quais nos disciplinavam e nós os respeitávamos. Assim, devemos obedecer muito mais ao Pai dos espíritos e, então, viveremos! Nossos pais nos disciplinaram por pouco tempo, da maneira que eles achavam que era melhor. Deus, porém, nos disciplina para o nosso bem, a fim de podermos participar da sua santidade. De fato, toda disciplina no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza. Mais tarde, entretanto, depois de termos aprendido mediante a disciplina, temos uma vida de justiça e de paz. Portanto, restabeleçam as suas mãos cansadas, fortaleçam os seus joelhos fracos e andem por caminhos retos. Dessa forma, aquele que é manco não terá mais fraqueza em seus pés, mas sim, ficará curado. Esforcem-se para viver em paz com todos e ter uma vida santa; pois sem a santidade ninguém verá o Senhor. Tenham cuidado para que ninguém falhe em alcançar a graça de Deus. Tenham cuidado para que ninguém se torne como uma planta amarga que cresce, causa danos, e prejudica a muitos. E tomem cuidado também para que ninguém seja sexualmente imoral ou não tenha respeito pelas coisas sagradas, como Esaú, que por um prato de comida vendeu os seus direitos de filho mais velho. Depois, como vocês sabem, ele quis receber a bênção do pai. Mas foi rejeitado, pois não encontrou um modo de mudar o que ele havia feito, embora tivesse procurado fazer isso até com lágrimas. Vocês não vieram para perto do monte que se podia tocar e que estava pegando fogo, assim como o povo de Israel veio. Vocês não vieram para a escuridão ou para as trevas ou para a tempestade. Vocês também não vieram para o som da trombeta ou para o som de uma voz, pois todos os que ouviam o que a voz dizia imploravam para que ela não lhes falasse mais. Eles tinham feito isso pois não podiam mais suportar o que lhes era ordenado, isto é: “Todo aquele que tocar no monte deve ser apedrejado, mesmo que seja um animal”. Na verdade, o espetáculo era tão horrível que Moisés disse: “Estou tremendo de medo”. Mas vocês chegaram ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, que é a Jerusalém celestial com seus milhares de anjos. Vocês vieram para a alegre reunião dos primogênitos de Deus, cujos nomes estão escritos no céu. Vocês vieram para Deus, o Juiz de todos, para os espíritos dos justos que foram aperfeiçoados, para Jesus, que é o Mediador da nova aliança, e para o sangue que os purifica e promete coisas muito melhores que o sangue de Abel. Tenham cuidado e não se recusem a ouvir aquele que fala. As pessoas que se recusaram a ouvir as advertências de Deus aqui na terra, não escaparam. Por isso, muito menos escaparemos nós, se rejeitarmos as advertências que recebermos do céu. Naquele tempo a voz de Deus fez estremecer a terra; agora, porém, Ele promete, dizendo: “Ainda mais uma vez Eu farei estremecer não somente a terra, mas também o céu”. As palavras “ainda mais uma vez” mostram bem que as coisas criadas serão abaladas e destruídas, para que as que não podem ser abaladas continuem como estão. Portanto, desde que estamos recebendo um reino que não pode ser abalado, devemos estar agradecidos e adorar a Deus da maneira que lhe seja agradável, com respeito e temor, pois o nosso Deus é como um fogo destruidor. Não deixem de amar uns aos outros como irmãos em Cristo. Não deixem de ser hospitaleiros; pois alguns, sendo hospitaleiros, sem saber, receberam anjos. Lembrem-se dos que estão presos, como se vocês estivessem presos com eles. Lembrem-se dos que são maltratados, como se vocês mesmos fossem os maltratados. O casamento deve ser honrado por todos, e todo casamento deve ser mantido puro, porque Deus vai julgar aqueles que são sexualmente imorais e os adúlteros. Não deixem que a vida de vocês seja dominada pelo amor ao dinheiro. Contentem-se com as coisas que vocês têm, pois Deus tem dito: “Eu nunca o deixarei; Eu jamais o abandonarei”. Assim, nós podemos dizer com confiança: “O Senhor é quem me ajuda, e eu não terei medo. O que o homem me poderá fazer?” Lembrem-se dos seus líderes, os quais lhes anunciaram a mensagem de Deus; reflitam sobre o fim da vida deles e imitem a fé que eles tiveram. Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje, e para sempre. Não se deixem envolver por todos os tipos de ensinos estranhos. O que vale são os corações de vocês estarem fortalecidos pela graça de Deus, e não pela obediência a regras a respeito de alimentos. Obedecer a essas regras não lhes traz nenhum benefício. Nós possuímos um sacrifício em nosso altar, e os sacerdotes que servem no tabernáculo não têm o direito de comer dele. O sumo sacerdote mata os animais e leva o seu sangue para o Lugar Santíssimo como oferta pelo pecado. Depois disto, os corpos daqueles animais são queimados fora do acampamento. Foi por isso que Jesus também sofreu fora da cidade, para que, pelo seu próprio sangue, santificasse o seu povo. Vamos, pois, chegar até Ele fora do acampamento, suportando a mesma desonra que ele suportou. Na verdade, nós não temos uma cidade permanente aqui, mas buscamos a cidade que há de vir. Por meio de Jesus, portanto, vamos sempre oferecer a Deus um sacrifício de louvor, que é a oferta dada por lábios que testemunham a respeito do seu nome. Não deixem de fazer o bem nem de ajudar uns aos outros, pois são estes os sacrifícios que agradam a Deus. Obedeçam aos seus líderes e sejam submissos a eles; pois eles cuidam das almas de vocês, sabendo que vão prestar contas disso a Deus. Obedeçam-lhes, para que eles possam fazer este trabalho com alegria, e não como se fosse um peso, pois isto não traria nenhuma vantagem a vocês. Orem por nós, pois temos certeza de que nossa consciência está tranqüila, uma vez que procuramos sempre nos portar bem em todas as coisas. E eu lhes peço que orem para que Deus me mande de volta a vocês o mais depressa possível. O Deus que traz a paz foi quem ressuscitou a Jesus, nosso Senhor, o grande Pastor das ovelhas. Deus o ressuscitou por causa do seu sangue, e é por meio deste sangue que a aliança eterna é selada. Que esse mesmo Deus os aperfeiçoe a fim de que vocês cumpram a sua vontade. Que Ele, por meio de Jesus Cristo, faça em nós tudo o que lhe agrada. A Cristo seja dada a glória para todo o sempre. Amém. Eu ainda lhes peço, irmãos, que ouçam com paciência estas palavras de encorajamento pois, afinal de contas, esta carta não é muito longa. Quero que saibam que o irmão Timóteo foi posto em liberdade. Se ele vier logo, eu o levarei comigo quando for vê-los. Lembranças a todos os seus líderes, bem como a todo o povo de Deus. Os irmãos da Itália também mandam lembranças. Que a graça de Deus esteja com todos vocês. De Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo, a todo o povo de Deus que está espalhado pelo mundo: Saudações. Meus irmãos, considerem como motivo de alegria o fato de passarem por vários tipos de provações. Pois vocês sabem que a sua fé, depois de ter sido colocada à prova e confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que vocês sejam perfeitos e completos, sem faltar nada. Porém, se algum de vocês sente falta de sabedoria, peça-a a Deus e Ele lhe dará, pois Ele é generoso para com todos e não censura ninguém. Mas peça com fé, sem duvidar de nada, pois aquele que duvida é como a onda do mar, agitada e levada de um lado para outro pelo vento. A pessoa que é assim não deve pensar que receberá alguma coisa do Senhor, pois ela não sabe o que quer e é inconstante em tudo o que faz. O irmão de condição humilde deve se orgulhar de Deus ter-lhe dado riquezas espirituais. E o irmão rico deve se orgulhar de Deus tê-lo feito humilde, pois ele desaparecerá como a flor do campo. O sol se levanta com o seu ardente calor; a planta seca, a sua flor cai e a beleza dela desaparece. Assim também o rico desaparecerá, juntamente com os seus negócios. Feliz é aquela pessoa que suporta com perseverança a provação porque, depois de ter sido aprovada, ela receberá a coroa da vitória, que é a vida que Deus prometeu aos que o amam. Ninguém ao ser tentado deve dizer: “Esta tentação vem de Deus”, pois Deus não pode ser tentado pelo mal e Ele mesmo não tenta ninguém. Mas cada um é tentado pelos seus próprios maus desejos, quando estes desejos o atraem e o seduzem. Estes maus desejos, depois de conceber, dão à luz o pecado. E o pecado, depois de crescido, gera a morte. Não se enganem, meus queridos irmãos. Tudo o que é bom e todo dom que é perfeito vem lá do céu, do Pai que criou as luzes celestiais. Nele não há variação nem qualquer mudança que produza sombra. Ele decidiu nos tornar seus filhos pela mensagem da verdade, para que possamos ocupar o primeiro e mais importante lugar entre todas as suas criaturas. Lembrem-se destas coisas, meus queridos irmãos: Cada um de vocês deve estar pronto para ouvir, porém deve demorar para falar e para ficar bravo. Porque a ira humana não leva à vida justa que Deus quer que tenhamos. Portanto, evitem tudo o que é imoral e deixem de praticar as coisas más que tanto os influenciam. Aceitem com mansidão a mensagem que Deus plantou em seus corações, a qual é poderosa para salvar as suas almas. Vocês devem praticar o que a mensagem ensina e não devem somente ouvir, enganando a vocês mesmos. Porque, se alguém ouve a mensagem de Deus e não pratica o que ela ensina, é como uma pessoa que olha o seu rosto natural num espelho. Ele dá uma boa olhada em si mesmo, depois sai e logo se esquece de como era a sua aparência. Mas se alguém examinar bem a lei perfeita—a qual traz liberdade—e continuar firme nela, não apenas como um ouvinte negligente mas como um praticante ativo, esse será feliz no que realizar. Se alguém pensa ser religioso, engana a si mesmo, se não souber controlar a sua língua, e a sua religião não vale nada. A religião pura e verdadeira que é aceita por Deus Pai é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas aflições, e guardar a si mesmo incontaminado do mundo. Meus irmãos, vocês que crêem em nosso glorioso Senhor Jesus Cristo não devem ao mesmo tempo ser parciais em relação às pessoas. Vamos supor que entre no lugar onde vocês se reúnem um homem com anéis de ouro nos dedos, vestido com roupas finas, e que também entre um pobre, vestido com roupas velhas. Depois de tratarem com uma consideração especial aquele que está vestido com roupas finas, vocês lhe dizem: “Sente-se aqui no lugar de honra”. Em seguida vocês dizem ao pobre: “Você fique ali de pé” ou “Sente-se aqui no chão, perto dos meus pés”. Ao agirem assim, será que não estão fazendo distinções entre vocês mesmos? Será que não estão se tornando juízes levados por más intenções? Escutem, meus queridos irmãos! Não escolheu Deus aqueles que são pobres aos olhos do mundo para serem ricos em fé e herdeiros do reino que Deus prometeu aos que o amam? Entretanto, vocês fizeram pouco do pobre. Não são os ricos que exploram a vocês, e não são eles mesmos que os levam para os tribunais? Não são eles que falam mal do bom nome de Cristo, que sobre vocês foi invocado? Contudo, se vocês seguem esta lei real que é encontrada nas Escrituras: “Ame o seu próximo como a si mesmo”, fazem bem. Porém, se mostrarem parcialidade, vocês estão pecando e são considerados culpados por quebrarem a lei. Digo isto porque, qualquer um que segue toda a lei, mas falha em obedecer a um único mandamento, se torna culpado de todos. Pois aquele que disse: “Não cometa adultério”, também disse: “Não mate”. Ora, se você não comete adultério, porém mata, você se torna culpado de quebrar a lei. Falem e vivam como pessoas que serão julgadas pela lei que dá a liberdade. Pois Deus não usará de misericórdia quando julgar aquele que não foi misericordioso, mas a misericórdia triunfa sobre o julgamento. Meus irmãos! De que adianta alguém dizer que tem fé se não tiver obras? Por acaso esta fé pode salvá-lo? Se irmãos ou irmãs estiverem precisando de roupa e necessitados do alimento diário, o que adianta um de vocês lhes dizer: “Vão em paz, aqueçam-se e comam bem”, se vocês não lhes dão as coisas de que eles necessitam? Assim também a fé, se não for acompanhada de obras, está morta. Mas alguém poderá dizer: “Você tem fé e eu tenho obras”. Mostre-me essa sua fé sem obras e eu, com as obras, lhe mostrarei a minha fé. Você acredita que existe somente um Deus? Ótimo! Até os demônios acreditam e tremem de medo. Seu tolo! Você quer provas de que a fé sem obras não vale nada? Não foi por obras que nosso antepassado Abraão foi declarado justo diante de Deus, quando ofereceu seu próprio filho Isaque como sacrifício? Veja como a fé estava agindo com as suas obras e como foi aperfeiçoada por meio das suas obras. E assim se cumpriu a Escritura que diz: “Abraão creu em Deus e sua fé lhe foi creditada como justiça”, e ele foi chamado amigo de Deus. Vejam que uma pessoa é declarada justa diante de Deus por obras e não somente por fé. Do mesmo modo, não foi também por obras que a prostituta Raabe foi declarada justa diante de Deus, quando hospedou os mensageiros e os ajudou a escapar por outro caminho? Portanto, assim como o corpo sem o espírito está morto, também a fé sem as obras está morta! Meus irmãos, não deve haver entre vocês muitos que queiram ser professores, pois vocês sabem que nós, os que ensinamos, seremos julgados com mais rigor. Eu os estou prevenindo porque todos nós pecamos freqüentemente. Se alguém não peca no falar é uma pessoa perfeita, capaz de controlar também todo o seu corpo. Nós colocamos freios na boca dos cavalos para que eles nos obedeçam e assim possamos dirigir o corpo inteiro deles. Observem também os navios que, sendo tão grandes e empurrados por ventos fortes, são dirigidos por um pequeníssimo leme e vão para onde quer que o piloto deseje. Assim também a língua, que é um órgão pequeno, se gaba de ter feito grandes coisas. Vejam como uma floresta inteira pode ser incendiada por uma pequena chama. Ora, a língua é fogo; é o mundo com todas as suas maldades. A língua está situada entre as partes do nosso corpo e contamina o corpo inteiro. Ela mesma é colocada em chamas pelo inferno e também põe em chamas a carreira da existência humana. A humanidade pode domar toda a espécie de animais, de aves, de répteis e de seres marinhos e, na verdade, tem feito isso. A língua, porém, nenhum dos homens é capaz de domar. Ela é selvagem e má, carregada de veneno mortal. Com ela nós louvamos ao Senhor e Pai e com ela amaldiçoamos as pessoas que foram criadas à imagem de Deus. De uma só boca procedem louvor e maldição. Meus irmãos, estas coisas não devem ser assim. Pode por acaso uma mesma fonte jorrar água doce e água salgada? Meus irmãos, pode por acaso a figueira produzir azeitonas, ou a videira figos? Claro que não! Da mesma forma, nem a fonte de água salgada pode dar água doce. Se há alguém entre vocês que seja sábio e entendido, então que essa pessoa mostre, por meio do seu comportamento, que age com a mansidão que a sabedoria lhe dá. Porém, se há inveja, amargura e egoísmo em seus corações, não se gabem da sua sabedoria, pois se vocês se gabarem estarão mentindo contra a verdade. Esta não é a sabedoria que desce lá do céu. Pelo contrário, ela é daqui da terra e, por isso, não é espiritual, mas do Diabo. Pois onde existe inveja e egoísmo, aí existe confusão e toda espécie de coisas ruins. Mas a sabedoria que desce lá do céu é, acima de tudo, pura; depois pacífica, bondosa e amigável. Ela é cheia de misericórdia, produz uma colheita de boas obras e é também imparcial e sincera. A colheita produzida pelas sementes da justiça virá para aqueles que promovem a paz, uma vez que a semente é plantada num clima de paz. De onde vêm as brigas e as discussões que há entre vocês? De onde elas vêm, senão daqueles maus desejos que estão constantemente lutando dentro do corpo de vocês? Vocês cobiçam alguma coisa, mas como não podem ter o que querem, matam. Vocês sentem inveja de alguma coisa, mas como não conseguem possui-la, discutem e brigam. Vocês não conseguem aquilo que querem porque não pedem a Deus. E quando pedem, não recebem nada, porque pedem por motivos errados, para esbanjarem com seus próprios prazeres. Infiéis! Vocês não sabem que amando o mundo estão odiando a Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo, torna-se inimigo de Deus. Ou vocês pensam que é em vão o que a Escritura afirma, quando diz: “Deus quer que o espírito que colocou em nós viva somente para Ele”. Mas a graça que Deus nos dá é mais forte, pois, como dizem as Escrituras: “Deus se opõe aos orgulhosos, mas revela a sua graça aos humildes”. Portanto, submetam-se a Deus. Resistam ao Diabo e ele fugirá de vocês. Aproximem-se de Deus e Ele se aproximará de vocês. Limpem suas mãos, seus pecadores! E vocês, que querem amar a Deus e ao mundo ao mesmo tempo, purifiquem seus corações! Aflijam-se, lamentem e chorem! Que o riso de vocês se torne em pranto e a sua alegria em tristeza. Humilhem-se na presença do Senhor e Ele os exaltará. Irmãos, não falem mal uns dos outros. Aquele que fala mal do seu irmão, ou julga seu irmão, está falando mal da lei e julgando a lei. E se você julga a lei, você não está seguindo o que a lei ordena, mas sim se fazendo juiz. Deus é o único Legislador e Juiz e somente Ele pode salvar e destruir. Porém, quem é você para julgar o seu próximo? Ouçam, vocês que dizem: “Hoje ou amanhã iremos para a cidade tal e lá passaremos um ano fazendo negócios e ganhando dinheiro”. Vocês nem mesmo sabem o que será da vida de vocês amanhã. Vocês são apenas como neblina que aparece por um instante e logo desaparece. Em vez disso, deveriam dizer: “Se Deus quiser, nós estaremos vivos e faremos isto ou aquilo”. Agora, entretanto, vocês se orgulham das suas arrogantes pretensões. Todo esse orgulho é mau. Portanto, todo aquele que conhece o bem que deve ser feito e não o faz, está pecando. Agora, vocês que são ricos, escutem! Chorem e lamentem, por causa das desgraças que virão sobre vocês. As suas riquezas estão podres e as suas roupas finas foram roídas pela traça. Tanto o ouro como a prata de vocês estão enferrujados e essa ferrugem vai servir de prova contra vocês mesmos e vai devorar seus corpos como fogo. Vocês têm acumulado tesouros inutilmente, pois estes são os últimos dias. Os trabalhadores que ceifaram os campos de vocês e não receberam seus salários, estão clamando. E o clamor dos ceifeiros foi ouvido pelo Senhor Todo-poderoso. Vocês têm vivido aqui na terra uma vida de luxo e de prazeres. Vocês têm engordado a si mesmos, como animais que estão prontos para o matadouro. Vocês têm condenado e matado pessoas inocentes, sem que elas lhes ofereçam nenhuma resistência. Irmãos, sejam pacientes até a volta do Senhor. Lembrem-se de que o fazendeiro espera pelo precioso fruto da terra. Ele espera com paciência pelas chuvas do outono e da primavera. Vocês também devem esperar com paciência. Não desanimem, pois a volta do Senhor está próxima. Irmãos, não se queixem uns dos outros, para que vocês não sejam condenados. Olhem que o juiz está à porta, pronto para entrar. Irmãos, sigam aqueles profetas que falaram em nome do Senhor como exemplos de sofrimento e paciência. Lembrem-se de que nós os consideramos abençoados, pois eles perseveraram firmes. Vocês têm ouvido a respeito da paciência de Jó e sabem como no final Deus o abençoou, porque o Senhor é misericordioso e compassivo. Acima de tudo, meus irmãos, não jurem nem pelo céu, nem pela terra, nem por qualquer outra coisa. Porém, o sim de vocês deve ser “sim” e o não de vocês deve ser “não”, para que Deus não os condene. Se alguém entre vocês está sofrendo, ele deve orar. Se alguém está alegre, deve cantar hinos de louvor. Se alguém entre vocês está doente, chame os presbíteros da igreja para orarem por ele e para colocarem óleo sobre ele, em nome do Senhor. E a oração feita com fé fará com que o doente sare, e o Senhor o levantará. E se ele tiver cometido pecados, o Senhor lhe perdoará. Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para que vocês sejam curados. A oração feita pelo justo é poderosa e eficaz. Elias era um ser humano como nós. Ele orou com insistência para que não chovesse sobre a terra e, por três anos e meio, não choveu. Depois, Elias orou novamente e a chuva tornou a cair e a terra voltou a dar os seus frutos. Meus irmãos, se algum de vocês se desviar da verdade e alguém o fizer voltar, saibam que aquele que faz com que o pecador deixe o seu mau caminho, salvará a alma dele da morte e fará com que muitos pecados sejam perdoados. De Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, ao povo escolhido por Deus, forasteiro neste mundo, espalhado pelas províncias do Ponto, da Galácia, da Ásia e da Bitínia. Deus Pai os escolheu para que, pelo seu Espírito, vocês sejam o seu povo santo. Este era o seu eterno plano. Vocês foram escolhidos para serem obedientes e purificados por meio do sangue de Jesus Cristo. Que a graça e a paz de Deus sejam cada vez maiores em vocês. Louvado seja Deus, Pai do nosso Senhor Jesus Cristo. Ele, pela sua grande misericórdia, nos fez renascer para que tenhamos uma esperança viva por intermédio da ressurreição de Jesus Cristo dos mortos. Dessa forma nós receberemos uma herança que é incorruptível, pura, e que nunca perde o seu valor. Esta herança está guardada nos céus para vocês. Ela é para vocês que, pela fé, são protegidos pelo poder de Deus. Dessa maneira vocês receberão a salvação que será revelada no fim dos tempos. Isso faz com que fiquem alegres apesar de ser necessário que no presente, por um breve tempo, fiquem tristes por vários tipos de provações. Essas dificuldades são necessárias para provar o valor da fé de vocês. Pois até o ouro, que perece, é provado pelo fogo. Assim, a fé que vocês têm, que vale muito mais do que o ouro, precisa ser provada. Se ela continuar firme, isso lhes trará louvor, glória e honra quando Jesus Cristo voltar. Vocês o amam, apesar de nunca o terem visto, e crêem nele apesar de não poderem vê-lo agora. Vocês estão cheios de uma alegria radiante que não pode ser descrita com palavras. Vocês estão atingindo o objetivo da fé: a salvação das suas almas. Os profetas falaram a respeito da graça que ia ser revelada a vocês. Eles perguntaram e investigaram com muito cuidado esta salvação. Eles estavam investigando para descobrir a que situação e a que tempo o Espírito de Cristo dentro deles estava se referindo, quando predisse sobre os sofrimentos de Cristo e as glórias que os seguiriam. A eles foi revelado que não era a si mesmos que eles estavam servindo, mas a vocês, quando falaram das coisas que agora lhes foram anunciadas. E estas coisas lhes foram anunciadas por aqueles que lhes proclamaram as Boas Novas por meio do Espírito Santo que foi enviado do céu. São coisas que até mesmo os anjos desejam saber. Por isso, estejam sempre alerta e saibam se controlar. Ponham toda a sua esperança na bênção que vai ser dada a vocês quando Jesus Cristo for revelado. Agora, como filhos obedientes de Deus, não se amoldem mais aos desejos maus que vocês tinham antigamente, quando eram ignorantes. Pelo contrário, assim como o Deus que os chamou é santo, vocês também devem ser santos em tudo o que fizerem. Pois as Escrituras dizem: “Sejam santos, porque eu sou santo”. Vocês chamam de Pai àquele que, sem parcialidade, julga a todos de acordo com as obras de cada um. Portanto, vivam uma vida reverente durante o tempo em que estiverem nesta terra na qual são estrangeiros. Vocês sabem que foram libertados do estilo de vida inútil que receberam dos seus antepassados. Mas sabem também que não foi por meio de coisas que se estragam, como prata ou ouro, que isso aconteceu. Vocês foram libertados pelo sangue de Cristo, como que de um cordeiro puro e perfeito. Cristo tinha sido escolhido antes da criação do mundo, e foi revelado nos últimos tempos para o bem de vocês. É por meio dele que vocês têm fé em Deus, o qual o ressuscitou dos mortos e lhe deu glória. E assim, a fé e a esperança de vocês estão agora em Deus. Agora que já foram purificados por obedecerem à verdade a fim de mostrarem um amor fraternal sincero, então amem uns aos outros profundamente, de todo o coração. Pois vocês nasceram de novo, não de semente mortal, mas de semente imortal. Vocês nasceram por meio da mensagem de Deus, que vive e é permanente. Como dizem as Escrituras: “Todas as pessoas são como a erva do campo e a glória delas como a flor da erva. A erva seca e a sua flor cai, mas a mensagem do Senhor permanece para sempre”. E esta é a mensagem que lhes foi proclamada. Portanto, deixem de lado toda a maldade, assim como a astúcia, a hipocrisia, a inveja e todos os tipos de falatórios maldosos. Como nenês recém-nascidos, vocês deveriam desejar o puro leite espiritual, para que por ele possam crescer e ser salvos, uma vez que “vocês já experimentaram a bondade do Senhor”. Aproximem-se do Senhor Jesus! Ele é a pedra viva que foi rejeitada pelas pessoas do mundo, mas para Deus ela é preciosa, e foi o próprio Deus que a escolheu. Vocês também, como pedras vivas, estão sendo usados na construção de um templo espiritual, para servirem como um sacerdócio santo. Assim vocês, por intermédio de Jesus Cristo, oferecerão sacrifícios espirituais que são agradáveis a Deus. Pois as Escrituras dizem: “Olhem, Eu vou colocar em Sião a pedra principal do edifício. Eu mesmo a escolhi e ela tem muito valor, e aqueles que acreditarem nela jamais serão envergonhados”. Portanto, para vocês que crêem, esta pedra tem grande valor. Mas, para aqueles que não crêem, cumpre-se o que dizem as Escrituras: “A pedra que os construtores rejeitaram veio a ser a pedra mais importante”. Cristo também se tornou “A pedra de tropeço, a rocha que faz com que as pessoas caiam”. Estas pessoas tropeçam porque não obedecem à mensagem de Deus, e foi para isto que elas foram destinadas. Vocês, porém, são um povo escolhido, um reino formado por sacerdotes, uma nação santa, um povo que pertence a Deus. E o propósito de vocês é proclamar as obras maravilhosas daquele que os chamou da escuridão para a sua maravilhosa luz. Antigamente vocês não eram ninguém; mas agora são o povo de Deus. No passado vocês não recebiam misericórdia; mas agora recebem misericórdia de Deus. Queridos amigos, peço a vocês, como estrangeiros e forasteiros que são, que se afastem dos maus desejos do corpo que estão sempre em guerra contra a alma. Mantenham exemplar o procedimento de vocês entre os pagãos, mesmo que eles os acusem de serem malfeitores. Assim eles, ao observarem as boas obras de vocês, poderão dar glória a Deus no dia em que Ele voltar. Vocês devem se submeter a toda autordade humana por causa do Senhor. Submetam-se ao rei, que é a autoridade mais alta, e submetam-se também aos governadores, os quais são enviados pelo rei para castigar os que fazem o mal e para honrar os que fazem o bem. Pois a vontade de Deus é que, ao fazerem o bem, vocês acabem com a conversa ignorante dos tolos. Vivam como pessoas livres, mas não deixem que esta liberdade se torne um pretexto para se fazer o mal. Porém, vivam como servos de Deus. Respeitem todas as pessoas, amem aos irmãos, temam a Deus e honrem ao rei. Vocês, servos, submetam-se aos seus senhores com o devido respeito. Submetam-se não somente àqueles que são bons e compreensivos, mas também àqueles que são rudes. Pois é elogiável se alguém, com o pensamento voltado para Deus, suporta dores por sofrer injustamente. Pois se vocês suportam com paciência os castigos que recebem por terem feito o mal, que méritos vocês têm? Entretanto, se sofrem por terem feito o bem e suportam com paciência, isto é elogiável diante de Deus. Foi para isso mesmo que foram chamados, pois Cristo também sofreu por vocês, deixando-lhes um exemplo para que sigam os seus passos. “Ele não cometeu nenhum pecado, nem engano algum foi achado em sua boca”. Quando era insultado, Ele não revidava com insultos; quando era maltratado, Ele não fazia ameaças, mas entregava-se a Deus, que julga retamente. Ele mesmo carregou em seu corpo, sobre a cruz, os nossos pecados. Ele fez isso para que nós pudéssemos morrer para os pecados e viver para a justiça. Foi pelas suas feridas que vocês foram curados. Pois vocês eram como ovelhas que estavam perdidas; agora, porém, retornaram ao Pastor e Protetor das suas almas. Assim também vocês, esposas, submetam-se aos seus maridos, para que, se alguns deles ainda não obedecem à mensagem de Deus, sejam ganhos por meio do modo de vida de suas esposas, sem a necessidade de qualquer palavra. Eles serão ganhos ao observarem o comportamento puro e respeitoso de vocês. Não são as coisas exteriores como penteados exagerados, braceletes de ouro ou roupas finas que devem ser usadas por vocês para que se tornem bonitas. Pelo contrário, a beleza de vocês deve vir de dentro e deve consistir de um espírito manso e tranqüilo. Esta beleza nunca se perde e tem grande valor diante de Deus. Pois era assim também que aquelas santas mulheres do passado, que esperavam em Deus, se tornavam bonitas. Elas se submetiam aos seus maridos assim como Sara, que obedeceu a Abraão e o chamou de senhor. Vocês se tornarão filhas dela se fizerem o bem e não tiverem medo de nada. Assim também vocês, maridos, vivam a vida comum do lar com compreensão. Honrem as suas esposas por serem a parte mais frágil e também por serem herdeiras juntamente com vocês do mesmo dom de vida. Façam isso para que nada atrapalhe as orações de vocês. Finalmente, todos vocês devem viver em harmonia, devem ser compadecidos, misericordiosos e humildes, e devem amar uns aos outros como irmãos. Se alguém lhes fizer algum mal ou os insultar, não paguem de volta fazendo o mal ou com insultos. Pelo contrário, paguem pedindo as bênçãos de Deus sobre essa pessoa, pois foi para serem abençoados que vocês foram chamados. Pois as Escrituras dizem: “Quem quiser aproveitar bem a vida e ter dias felizes deve parar de falar maldades e de contar mentiras; deve afastar-se do mal e fazer o bem; deve buscar a paz e esforçar-se por alcançá-la. Porque o Senhor olha para os justos e ouve as suas orações. Mas o Senhor está contra aqueles que fazem o mal”. Ora, quem é que vai maltratar a vocês, se estiverem ansiosos por fazerem o bem? Mas, mesmo que vocês sofram por fazerem o bem, vocês são abençoados por isso. Portanto, “não tenham medo de ninguém e nem se deixem intimidar”. Antes, honrem a Cristo como Senhor nos seus corações e estejam sempre preparados para responder a todo aquele que lhes pedir para explicar a respeito da esperança que vocês têm. Mas façam isso com mansidão e respeito e mantenham a consciência de vocês limpa. Dessa forma, quando forem insultados, aqueles que estiverem falando mal da vida de vocês como seguidores de Cristo ficarão envergonhados. Porque se for da vontade de Deus que vocês sofram, é melhor que sofram por fazerem o bem do que por fazerem o mal. O próprio Cristo morreu pelos nossos pecados de uma vez por todas. O inocente morreu pelos culpados, para que pudesse levar vocês a Deus. Ele morreu com relação ao corpo, mas com relação ao espírito, tornou a viver. E foi nessa condição espiritual que Ele foi e fez uma proclamação aos espíritos que estavam presos. Esses espíritos tinham sido desobedientes no passado, enquanto Deus esperava pacientemente nos dias de Noé, na época em que a arca estava sendo construída. E foram poucas, isto é, somente oito, as pessoas salvas pela água. Aquela água é como a água do batismo que agora os salva. No batismo nós não tiramos a sujeira do corpo, mas pedimos a Deus por uma consciência limpa. E tudo isso é realizado mediante a ressurreição de Jesus Cristo, o qual foi para o céu e está à direita de Deus. E todos os anjos, assim como as autoridades e poderes, estão sujeitos a Ele. Assim como Cristo sofreu fisicamente, vocês também devem se armar com a mesma maneira de pensar que Ele tinha. Eu digo isto porque todo aquele que sofre fisicamente também abandona o pecado e passa a dedicar o resto de sua vida aqui na terra para fazer a vontade de Deus, e não a vontade de homens. Vocês já gastaram bastante tempo fazendo o que os pagãos gostam de fazer. Naquele tempo vocês viviam em sensualidade, paixões, embriaguez, orgias, bebedeiras, e também na detestável adoração a ídolos. E agora eles estranham que vocês não participem mais com eles dessa vida louca e imoral, e também falam mal de vocês. São eles que terão que prestar contas àquele que está pronto para julgar os vivos e os mortos. Pois foi para este fim que as Boas Novas foram anunciadas também aos que agora estão mortos. Dessa forma, mesmo que eles tenham sido condenados fisicamente, como todos os homens são, poderão viver eternamente por meio do Espírito, assim como Deus vive. O fim de todas as coisas está próximo. Portanto, sejam prudentes e desenvolvam o domínio próprio com o fim de melhorar suas orações. Acima de tudo, amem profundamente uns aos outros, pois o amor cobre multidão de pecados. Sejam hospitaleiros uns para com os outros sem reclamar. Sirvam uns aos outros, cada um de acordo com o dom que recebeu. Dessa forma, vocês serão bons administradores das bênçãos de Deus, as quais se manifestam de várias maneiras. Quem fala, deve falar como se estivesse falando palavras de Deus. Quem serve, deve servir com a força que Deus dá, para que em todas as coisas Deus seja glorificado por meio de Jesus Cristo, a quem pertencem a glória e o poder para sempre. Amém. Queridos amigos, não estranhem o fogo ardente que surge no meio de vocês, destinado a prová-los, como se alguma coisa extraordinária estivesse acontecendo. Pelo contrário, alegrem-se na medida em que vocês estão participando dos sofrimentos de Cristo. Assim vocês gritarão de alegria quando a glória de Cristo for revelada. Se vocês são insultados por serem seguidores de Cristo, são abençoados, porque o glorioso Espírito de Deus repousa sobre vocês. Porém, nenhum de vocês deve sofrer como assassino, nem como ladrão, nem como malfeitor, nem ainda como quem se intromete na vida dos outros. Mas, se você sofrer como cristão, não se envergonhe disso. Antes, dê glória a Deus pelo nome que você leva. A hora do julgamento chegou e ele começará pela família de Deus. E se ele começa conosco, qual será o fim daqueles que não obedecem às Boas Novas de Deus? Pois, como dizem as Escrituras: “Se é com dificuldade que os justos são salvos, o que acontecerá com os maus e com os pecadores”? Portanto, quem sofre conforme a vontade de Deus, deve confiar a Ele a sua alma enquanto continua fazendo o bem. Deus é o Criador e nele podemos confiar. Agora, dirijo-me aos presbíteros que estão entre vocês. Falo não só como presbítero que sou, assim como vocês, mas também como testemunha dos sofrimentos de Cristo e como participante da glória que vai ser revelada. Eu lhes peço isto: Pastoreiem o rebanho de Deus que há entre vocês, e tomem conta dele com muito cuidado. Porém, não façam isso como que por obrigação, mas sim espontaneamente, como Deus quer. Não pastoreiem, tampouco, por ambição ao dinheiro, mas sim de boa vontade. Não procurem dominar sobre aqueles que foram confiados a vocês, mas, pelo contrário, tornem-se exemplos para o rebanho. Assim, quando o Supremo Pastor voltar, vocês receberão a coroa que é gloriosa e que jamais perderá a sua beleza. Peço também aos mais jovens que sejam submissos aos presbíteros e que todos tratem uns aos outros com humildade pois, como dizem as Escrituras: “Deus se opõe aos que são orgulhosos, mas concede a sua graça aos que são humildes”. Portanto, humilhem-se sob a poderosa mão de Deus, para que Ele os exalte no momento certo. Lancem sobre Ele toda a sua ansiedade, pois Ele cuida de vocês. Tenham domínio próprio e estejam sempre alerta! O Diabo, o adversário de vocês, anda ao redor como um leão que ruge, procurando alguém para devorar. Resistam-lhe e estejam firmes na fé, pois vocês sabem que no mundo inteiro seus irmãos estão passando pelos mesmos sofrimentos. Mas depois de vocês terem sofrido um pouco, Deus os fará perfeitos e firmes, fortalecendo-os e dando-lhes estabilidade. Ele é a fonte de todas as bênçãos e os chamou para que vocês participem de sua eterna glória em Cristo. A Ele seja o poder para sempre. Amém. Eu lhes escrevi esta pequena carta com a ajuda de Silas, que é para mim um irmão fiel. Eu escrevi para encorajá-los e para testificar que esta é a genuína graça de Deus. Permaneçam firmes nela. A igreja que está em Babilônia e que também foi escolhida por Deus, assim como vocês, manda lembranças. Marcos, meu filho, também manda lembranças. Cumprimentem-se com um beijo de amor cristão. Que a paz esteja com todos vocês que estão em Cristo. De Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que receberam uma fé tão preciosa quanto a nossa, porque o nosso Deus e Salvador Jesus Cristo é justo. Que a graça e a paz estejam com vocês e que elas aumentem cada vez mais, por meio do conhecimento de Deus e do nosso Senhor Jesus. Tudo o que precisamos para viver e servir a Deus nos tem sido dado pelo seu poder divino, devido ao conhecimento que temos daquele que nos chamou para a sua própria glória e bondade. Por intermédio dessa sua glória e bondade Ele nos tem dado aquelas grandes e preciosas bênçãos que Ele mesmo nos prometeu, para que por elas vocês se tornem como o próprio Deus. Assim, podemos escapar daquela ruína que existe no mundo por causa dos maus desejos dos homens. Por isso mesmo, se esforcem-se para associar a bondade com a fé que vocês têm. Com a bondade associem o conhecimento; com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a paciência; com a paciência, a devoção a Deus; com a devoção a Deus, a fraternidade, e com a fraternidade, o amor. Pois se vocês tiverem estas qualidades e deixarem que elas se desenvolvam, isso fará com que sejam úteis e produtivos, chegando a ter um conhecimento completo de nosso Senhor Jesus Cristo. Mas aquele que não possui estas qualidades é cego, vendo só o que está perto. Ele se esqueceu de que foi purificado dos pecados que cometeu no passado. Portanto, irmãos, procurem com uma dedicação cada vez maior mostrar que foram realmente chamados e escolhidos; porquanto, agindo assim, vocês nunca tropeçarão. Desta maneira serão recebidos de braços abertos no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Por esta razão farei com que se lembrem sempre destas coisas, embora já as conheçam e estejam firmados na verdade que chegou até vocês. Penso que, enquanto eu viver neste corpo, é justo que eu os ajude a se lembrarem destas coisas. Pois sei que estou prestes a deixar este meu corpo, como nosso Senhor Jesus Cristo claramente me revelou. Mas, de minha parte, me esforçarei ao máximo para fazer com que, mesmo depois da minha morte, vocês se lembrem sempre de tudo. Quando lhes demos a conhecer a poderosa vinda do nosso Senhor Jesus Cristo, não seguimos fábulas engenhosamente inventadas. Nós mesmos vimos a sua grandeza com os nossos próprios olhos. Pois Ele recebeu honra e glória da parte de Deus Pai, quando a voz da Suprema Glória veio até Ele dizendo: “Este é o meu Filho querido que me dá muita alegria!” E esta voz que veio do céu, nós a ouvimos quando estávamos com Ele no monte santo. Assim, temos mais confiança ainda na mensagem anunciada pelos profetas. E vocês fazem bem em atendê-la, pois ela é como a luz que brilha num lugar escuro até que o dia clareie e a estrela da manhã brilhe nos seus corações. Acima de tudo, saibam isto: Nenhuma profecia na Escritura provém da maneira de pensar pessoal do profeta, pois jamais qualquer profecia foi feita por vontade humana. Entretanto homens, guiados pelo Espírito Santo, falaram mensagens vindas de Deus. Contudo, assim como surgiram falsos profetas no meio do povo de Israel, também haverá entre vocês falsos mestres. Eles se intrometerão entre vocês com doutrinas destruidoras e chegarão até a negar o Mestre que comprou a liberdade deles. Agindo assim, eles farão com que uma repentina destruição caia sobre si mesmos. Muitas pessoas seguirão as suas práticas imorais e, por causa deles, o caminho verdadeiro será difamado. E também, movidos pela avareza, esses falsos mestres explorarão a vocês, contando-lhes coisas que eles mesmos inventaram. O julgamento contra eles foi determinado há muito tempo atrás e eles não escaparão daquele que vai destruí-los. Pois Deus nem sequer poupou os anjos que pecaram, mas lançou-os em abismos de escuridão e ali eles ficarão presos até o julgamento. Deus também não poupou o mundo antigo, mas fez vir o dilúvio sobre aquele mundo de pessoas más. Ele preservou somente a Noé, que era quem anunciava a justiça, e mais sete pessoas. Deus também destruiu as cidades de Sodoma e Gomorra, reduzindo-as a cinzas. Ele fez com que elas servissem de exemplo do que vai acontecer aos maus. Mas, ao mesmo tempo, Deus livrou a Ló, homem bom que sofria por causa da vida sensual daquela gente perversa. (Ló era um homem correto, mas viver entre aquela gente fazia com que o seu bom coração sofresse por causa dos pecados que via e ouvia entre eles todos os dias). Assim, o Senhor sabe livrar das dificuldades aqueles que o servem e reservar aqueles que praticam a maldade para castigo no dia do julgamento. Ele reserva especialmente aqueles que, seguindo sua natureza pecadora, vivem em imundas paixões e desprezam a autoridade do Senhor. Tais pessoas são atrevidas, arrogantes e não têm medo de falar mal dos seres celestiais. Porém nem mesmo os anjos, que têm mais força e poder do que essas pessoas, se atrevem a falar mal delas na presença de Deus. Estas pessoas são como animais irracionais, que agem pelo instinto e que nasceram para serem caçados e mortos. Elas falam mal de coisas que não entendem. Assim como os animais são destruídos, estes falsos mestres também serão destruídos e sofrerão o dano como salário pelo dano que causaram. Eles têm prazer em satisfazer os seus próprios desejos em pleno dia. Eles são uma vergonha e um escândalo e se divertem com seus prazeres enganosos enquanto participam das festas de vocês. Eles estão sempre procurando uma mulher para cometer adultério e não se cansam de pecar. Eles levam as pessoas mais fracas a pecarem. Seus corações estão treinados na avareza e eles mesmos são gente maldita. Eles abandonaram o caminho do bem e se perderam. Eles seguiram o caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o dinheiro ganho pelo mal que fez. Mas ele foi repreendido por causa do seu pecado, pois um jumento que naturalmente não fala, falou com voz humana e impediu que o profeta seguisse em sua loucura. Esses falsos mestres são como fontes sem água, como nuvens que são levadas pela tempestade. Para eles está reservado um lugar na mais densa escuridão. Eles se orgulham inutilmente e, apelando para os desejos sexuais, seduzem as pessoas que estavam começando a escapar dos que vivem no erro. Eles prometem liberdade, mas eles mesmos são escravos de hábitos corruptos, pois aquele que é vencido se torna escravo do vencedor. Eles escaparam das contaminações do mundo por terem conhecido a nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Mas, se eles se deixam envolver de novo e são vencidos por elas, o seu último estado se torna pior do que o primeiro. Pois teria sido melhor para eles nunca terem conhecido o caminho do bem do que, após conhecê-lo, se desviarem do mandamento santo que lhes fora dado. Com eles aconteceu o que diz um certo ditado: “O cão voltou ao seu próprio vômito”; e “a porca, depois de lavada, voltou a rolar na lama”. Queridos amigos, esta é a segunda carta que lhes escrevo. Em ambas eu tenho procurado despertar a mente pura de vocês por meio de lembranças. Eu quero que vocês se lembrem das palavras que os santos profetas falaram no passado, e do mandamento do nosso Senhor e Salvador dado pelos apóstolos que foram enviados a vocês. Antes de tudo, vocês precisam compreender que, nos últimos dias, aparecerão zombadores que vivem de acordo com os seus próprios desejos e que farão pouco de vocês. Eles dirão: “O que aconteceu com a promessa sobre a volta de Cristo? Desde que os nossos antepassados morreram, todas as coisas continuam do mesmo jeito que eram desde o princípio da criação!” O que acontece é que esses zombadores realmente não querem se lembrar de que, no passado, o céu e a terra foram criados por Deus. A terra foi formada das águas, e no meio das águas, a uma ordem de Deus. Foi também pelas águas, as águas do dilúvio, e por uma ordem de Deus, que o mundo daquele tempo foi destruído. Mas o céu e a terra que agora existem, por causa daquela mesma ordem, estão reservados para serem destruídos pelo fogo. Eles estão sendo reservados para o dia do julgamento e destruição dos homens maus. Há, contudo, uma coisa, meus queridos amigos, que vocês não devem esquecer: Para o Senhor, um dia é como mil anos e mil anos como um dia. O Senhor não está demorando em cumprir o que prometeu, como alguns pensam, mas sim sendo paciente para com vocês, pois Ele não quer que ninguém seja destruído. Pelo contrário, Ele quer que todas as pessoas cheguem a se arrepender. Entretanto, o dia do Senhor virá como um ladrão. Naquele dia o céu desaparecerá com um barulho espantoso e tudo o que há no céu será destruído pelo fogo. Os habitantes da terra e as suas obras também serão atingidos. Desde que todas essas coisas vão ser destruídas desta maneira, que tipo de pessoas vocês devem ser? Vocês devem ser pessoas que levem uma vida pura e dedicada ao serviço de Deus. Vocês devem antecipar e apressar a vinda do dia de Deus. Pois, com essa vinda, o céu será destruído pelo fogo e tudo o que nele há se derreterá com o calor. Nós, porém, de acordo com a promessa de Deus, esperamos por novo céu e nova terra, nos quais habita justiça. Por essa razão, meus queridos amigos, enquanto vocês antecipam estas coisas, façam o possível para que Ele os encontre em paz, sem impureza nem culpa. Lembrem-se de que a paciência que o Senhor tem é para que nós sejamos salvos. O nosso querido irmão Paulo disse—lhes a mesma coisa quando lhes escreveu com a sabedoria que Deus lhe deu, ao falar a respeito desses assuntos. De fato ele costuma fazer isto em todas as suas cartas. Nessas mesmas cartas há certas coisas que são difíceis de entender. Os ignorantes e os fracos na fé as deturpam, como também fazem com as demais Escrituras, e assim causam a sua própria destruição. Portanto, queridos amigos, desde que vocês já sabem destas coisas de antemão, tomem cuidado para não serem levados pelo erro desses homens maus, caindo assim da sua posição segura. Porém cresçam na graça e no conhecimento que vem do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A Ele seja dada a glória, tanto agora como em toda a eternidade. Ela existia desde o princípio. Nós a ouvimos e a temos visto com os nossos próprios olhos. Nós a contemplamos e as nossas mãos a apalparam. Nós estamos nos referindo à Palavra, que é a Vida. Essa Vida se manifestou e nós a temos visto e dela damos testemunho. Nós estamos lhes anunciando a Vida eterna que estava com o Pai e nos foi manifestada. Nós temos visto e ouvido essa Palavra e agora nós a estamos anunciando a vocês para que vocês também tenham comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com o seu Filho Jesus Cristo. Nós, pois, lhes escrevemos estas coisas para que a nossa alegria seja completa. A mensagem que temos ouvido da parte de Jesus Cristo e lhes anunciamos é esta: Deus é luz e nele não existe escuridão nenhuma. Se dissermos que temos comunhão com Deus, mas continuarmos a viver na escuridão, mentimos e não estamos seguindo a verdade. Se, porém, continuarmos a viver na luz, assim como Deus está na luz, temos comunhão uns com os outros e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Se dissermos que não temos pecados, estamos enganando a nós mesmos e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, Deus nos perdoará e nos purificará de toda injustiça, pois Ele é fiel e justo. Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemos de Deus um mentiroso e a sua mensagem não está em nossos corações. Filhinhos meus, eu estou lhes escrevendo estas coisas para que vocês não pequem. Porém, se alguém pecar, nós temos um advogado junto ao Pai para nos defender. Ele é Jesus Cristo, o justo. Ele foi oferecido em sacrifício pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios pecados, mas também pelos do mundo inteiro. Esta é a maneira pela qual podemos ter certeza de que conhecemos a Deus: obedecendo aos seus mandamentos. Aquele que diz: “Eu o conheço” mas não obedece aos seus mandamentos, é mentiroso e a verdade não está nele. Entretanto, se alguém obedece à mensagem de Deus, o seu amor por Deus é verdadeiramente aperfeiçoado. Esta é a maneira pela qual podemos ter certeza de que estamos nele: se alguém diz que permanece em Deus, deve também viver como Jesus viveu. Queridos amigos, eu não estou lhes escrevendo um mandamento novo. Ele é um mandamento antigo que vocês tinham desde o princípio. Esse mandamento antigo é a mensagem que vocês ouviram. Contudo, o mandamento que eu lhes escrevo é novo. Este mandamento é verdadeiro e a sua verdade é vista em vocês, assim como foi vista em Cristo. Pois a escuridão está passando, e a verdadeira luz já está brilhando. Se alguém diz que está na luz mas odeia seu irmão, ainda está na escuridão. Aquele que ama seu irmão permanece na luz e não há nada em sua vida que o leve a pecar. Porém, aquele que odeia seu irmão, está na escuridão. Ele vive na escuridão e não sabe para onde vai, porque a escuridão lhe cegou os olhos. Filhinhos, eu estou lhes escrevendo porque os seus pecados são perdoados por causa de Cristo. Pais, eu estou lhes escrevendo porque vocês conhecem aquele que existe desde o princípio. Jovens, eu estou lhes escrevendo porque vocês têm vencido o Maligno. Filhinhos, eu estou lhes escrevendo porque vocês conhecem ao Pai. Pais, eu estou lhes escrevendo porque vocês conhecem aquele que existe desde o princípio. Jovens, eu estou lhes escrevendo porque vocês são fortes; a mensagem de Deus vive em vocês e vocês têm vencido o Maligno. Não amem o mundo nem as coisas que existem no mundo. Quem ama o mundo não ama ao Pai. Pois tudo que há no mundo, aquilo que é agradável à nossa natureza pecadora, aquilo que é agradável aos nossos olhos e o orgulho pelas coisas desta vida, não vem do Pai, mas sim, do mundo. O mundo está passando, bem como as coisas que as pessoas desejam. Porém, aquele que faz a vontade de Deus, vive eternamente. Filhinhos, o fim está próximo. E, como vocês ouviram que o Inimigo de Cristo vai chegar, também agora muitos inimigos de Cristo têm surgido. É por isso que sabemos que o fim está próximo. Eles saíram do nosso meio, contudo não eram dos nossos. Eu digo isto porque, se eles fossem realmente dos nossos, teriam permanecido conosco. No entanto eles se foram e isto mostra que nenhum deles é dos nossos. Vocês, porém, receberam o Espírito por aquele que é Santo e todos vocês conhecem a verdade. Eu estou lhes escrevendo não porque vocês não conhecem a verdade, mas porque a conhecem e porque nenhuma mentira pode vir da verdade. Quem é o mentiroso? É aquele que diz que Jesus não é o Cristo! Os que dizem isso são os inimigos de Cristo e negam não somente ao Filho como também ao Pai. Todo aquele que nega ao Filho, não tem ao Pai. Mas aquele que confessa ao Filho, tem também ao Pai. Vocês devem continuar no ensino que aprenderam no princípio. Se permanecerem nesse ensino, permanecerão também no Filho e no Pai. E esta é a promessa que o próprio Pai nos fez—vida eterna. O que eu estou lhes escrevendo é a respeito daqueles que estão procurando enganá-los. Mas quanto a vocês, o dom do Espírito, que receberam de Cristo permanece em vocês e não há necessidade de que ninguém os ensine. O Espírito que vocês receberam lhes ensina todas as coisas e Ele é verdadeiro e não falso. Portanto, vocês também devem permanecer em Cristo, assim como o próprio Espírito lhes ensinou. Filhinhos, agora, pois, permaneçam em Cristo para que nós tenhamos confiança quando Ele aparecer e não sejamos envergonhados por Ele na sua volta. Vocês sabem que Cristo é justo. Portanto, reconheçam também que todo aquele que faz o que é justo é filho de Deus. Pensem no grande amor que o Pai nos tem mostrado, ao ponto de sermos chamados filhos de Deus. E, de fato, nós somos filhos de Deus! Por essa razão o mundo não nos conhece, pois o próprio mundo não conheceu a Ele. Queridos amigos, agora somos filhos de Deus, mas ainda não sabemos o que vamos ser. Nós sabemos que, quando Cristo voltar, seremos iguais a Ele, pois o veremos como Ele é. E todo aquele que tem esta esperança em Cristo, purifica a si mesmo, assim como Ele é puro. Todo aquele que comete pecado, também desobedece à lei de Deus; pois pecar é desobedecer à lei. Vocês sabem que Cristo veio para tirar os pecados e que nele não há pecado nenhum. Todo aquele que permanece nele não vive pecando. Todo aquele que vive pecando não o viu nem o conheceu. Filhinhos, não deixem que ninguém os engane. Aquele que pratica a justiça é justo, assim como Cristo é justo. Aquele que vive pecando pertence ao Diabo, porque o Diabo vive pecando desde o princípio. A razão pela qual o Filho de Deus veio foi esta: destruir as obras do Diabo. Todo aquele que se tornou filho de Deus não vive cometendo pecado, pois a essência divina permanece nele. Ora, ele não pode viver pecando porque tornou-se filho de Deus. A maneira pela qual vocês podem diferenciar os filhos de Deus e os filhos do Diabo é esta: Todo aquele que não faz o que é justo e não ama a seu irmão não pertence a Deus. Esta é a mensagem que vocês ouviram desde o princípio: Que amemos uns aos outros. Não sejam como Caim, que era do Maligno e matou a seu irmão. E por que ele o matou? Porque as suas obras eram más e as do seu irmão boas. Irmãos, não se admirem se o mundo os odeia. Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Aquele que não ama permanece na morte. Todo aquele que odeia seu irmão é assassino. E vocês sabem que nenhum assassino tem a vida eterna em si mesmo. A maneira pela qual conhecemos o que é o amor é esta: Cristo deu a sua vida por nós. E nós devemos dar a nossa vida pelos irmãos. Ora, se alguém possui bens neste mundo e, mesmo vendo que seu irmão está passando necessidade, não tem pena dele, como pode dizer que o amor de Deus permanece nele? Filhinhos, nosso amor deve ser verdadeiro e não deve consistir de palavras ou conversa, mas sim de boas ações. Essa é a maneira pela qual podemos saber que pertencemos à verdade. Essa é também a maneira pela qual podemos nos sentir em paz com Deus, mesmo que o nosso coração nos acuse de termos pecado. Deus é maior do que o nosso coração e conhece todas as coisas. Queridos amigos, se o nosso coração não nos acusar de termos pecado, temos confiança diante de Deus. Ele nos dá o que pedimos porque nós obedecemos aos seus mandamentos e também porque fazemos o que lhe agrada. Este é o seu mandamento: Que creiamos no nome do seu Filho Jesus Cristo e que amemos uns aos outros, assim como Cristo nos ordenou. Quem obedece aos mandamentos de Deus vive em Deus e Deus vive nele. É desta maneira que sabemos que Ele vive em nós: pelo Espírito que Ele nos deu. Queridos amigos, não dêem crédito a todos os que dizem que são inspirados por Deus. Ao contrário, ponham-nos à prova e verifiquem se o espírito que eles têm é mesmo de Deus ou não, pois muitos falsos profetas têm saído pelo mundo afora. A maneira pela qual vocês podem verificar se o espírito que eles têm é mesmo de Deus é esta: Todo profeta que confessa que Jesus Cristo veio à terra em forma humana, tem o Espírito de Deus. Todo profeta que não confessa isso a respeito de Jesus, não tem o Espírito de Deus. Pelo contrário, ele tem o espírito que guia o Inimigo de Cristo. Vocês ouviram falar que esse espírito estava para vir; pois bem, ele agora já está no mundo. Filhinhos, vocês pertencem a Deus e têm vencido os falsos profetas, porque aquele que está em vocês é maior do que aquele que está no mundo. Esses falsos profetas pertencem ao mundo. Por essa razão, aquilo que eles falam vem do mundo e o mundo os ouve. Nós, porém, pertencemos a Deus. Aquele que conhece a Deus, nos ouve, mas aquele que não pertence a Deus, não nos ouve. Desta maneira podemos reconhecer quem tem o Espírito da verdade e quem tem o espírito do erro. Queridos amigos, amemos uns aos outros, porque o amor vem de Deus. Todo aquele que ama é filho de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor. Foi assim que Deus mostrou o seu amor por nós: Ele enviou o seu único Filho ao mundo para que nós tivéssemos vida por meio dele. E o amor não consiste em nós termos amado a Deus, mas sim nele ter-nos amado. Deus mostrou o seu amor por nós, enviando ao seu Filho para ser oferecido em sacrifício pelos nossos pecados. Queridos amigos, se Deus mostrou o seu amor por nós dessa maneira, nós também devemos amar-nos uns aos outros. Ninguém jamais viu a Deus. Mas, se nos amarmos uns aos outros, Deus vive em nós e o seu amor é aperfeiçoado em nós. A prova que temos de que vivemos nele e de que Ele vive em nós é esta: Ele nos deu do seu Espírito. Nós vimos e agora testemunhamos que o Pai enviou ao seu Filho como Salvador do mundo. Se alguém confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus vive nele e ele em Deus. E nós mesmos conhecemos e confiamos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor e, se alguém viver no amor, Deus vive nele e ele vive em Deus. É dessa maneira que o amor é aperfeiçoado em nós para que no dia do julgamento tenhamos confiança. Nós poderemos ter essa confiança porque, em nossa vida neste mundo, somos iguais a Cristo. No amor não existe medo. Pelo contrário, o perfeito amor tira o medo. O medo está ligado ao castigo, por isso, aquele que tem medo, não está aperfeiçoado no amor. Nós amamos porque Deus nos amou primeiro. Se alguém disser: “Eu amo a Deus”, mas odiar seu irmão, é mentiroso. Pois aquele que não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. Ora, o mandamento que recebemos dele foi este: Que aquele que ama a Deus, ame também a seu irmão. Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, é filho de Deus. E todo aquele que ama ao Pai, também ama os filhos dele. A maneira pela qual sabemos se amamos os filhos de Deus é esta: Se amarmos a Deus e obedecermos aos seus mandamentos. Pois amar a Deus é obedecer aos seus mandamentos. E os seus mandamentos não nos são penosos, porque todo aquele que é filho de Deus vence o mundo. E é isto que nos dá a vitória sobre o mundo: a nossa fé. Quem vence o mundo senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus? Jesus Cristo é aquele que veio por meio de água e sangue. Ele não veio somente com água, mas com a água e o sangue. E o Espírito é o que dá testemunho, porque o Espírito é a verdade. Há, pois, três que dão testemunho: o Espírito, a água e o sangue. E estes três estão em harmonia. Se nós aceitamos o testemunho dos homens, devemos reconhecer que o testemunho de Deus tem mais valor, pois consiste no testemunho que Deus deu a respeito do seu próprio Filho. Aquele que crê no Filho de Deus, tem dentro de si mesmo este testemunho. Aquele que não acredita no que Deus disse, o faz mentiroso, porque não acredita no testemunho que Deus deu a respeito do seu Filho. E o testemunho é este: Que Deus nos deu a vida eterna e esta vida é encontrada no seu Filho. Aquele que tem o Filho, tem a vida. Aquele que não tem o Filho de Deus, não tem a vida. Eu estou escrevendo estas coisas a vocês que crêem no Filho de Deus para que saibam que têm a vida eterna. Nós temos muita confiança em Deus, pois sabemos que, se lhe pedirmos alguma coisa e se o nosso pedido estiver de acordo com a sua vontade, Ele nos atenderá. E, se sabemos que Ele atende a todos os nossos pedidos, temos a certeza de haver conseguido todas as coisas que lhe pedimos. Se alguém vir a seu irmão cometer pecado que não leva à morte, deve orar e Deus lhe dará vida. Refiro-me aos que cometem pecado que não leva à morte. Há pecado que leva à morte e por esse não digo que se deva orar. Toda maldade é pecado; mas nem todo pecado leva à morte. Sabemos que todo aquele que se torna filho de Deus não vive em pecado. Porém, o Filho de Deus o guarda e o Maligno não consegue atingi-lo. Sabemos que pertencemos a Deus, embora o mundo inteiro esteja debaixo do poder do Maligno. Também sabemos que o Filho de Deus já veio e nos tem dado entendimento para que possamos reconhecer ao verdadeiro Deus. E nós estamos naquele que é verdadeiro, uma vez que estamos em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna. Filhinhos, afastem-se dos ídolos. Do presbítero, à senhora escolhida por Deus e aos seus filhos, a quem eu amo na verdade e não somente eu, mas todos os que conhecem a verdade. Nós os amamos por causa da verdade que permanece em nós e que estará conosco para sempre. A graça, a misericórdia e a paz de Deus Pai e de Jesus Cristo, o Filho do Pai, estarão conosco enquanto vivermos de acordo com a verdade e com amor. Eu fiquei muito feliz em ter encontrado entre os seus filhos aqueles que vivem de acordo com a verdade, como o Pai nos ordenou. E agora peço-lhe, senhora, que amemos uns aos outros. Eu não estou escrevendo um mandamento novo, mas sim o mesmo que tivemos desde o princípio. E amar é isto: Que vivamos de acordo com os mandamentos de Deus. Como vocês ouviram desde o princípio, o mandamento é este: Vivam uma vida de amor. Muitos enganadores têm saído pelo mundo afora e se recusam a reconhecer que Jesus Cristo veio ao mundo em forma humana. Quem faz isso é o Enganador e o Inimigo de Cristo. Tenham cuidado para que vocês não percam aquilo que temos realizado entre vocês, mas recebam toda a recompensa que merecem. Todo aquele que vai além do ensino verdadeiro a respeito de Cristo e não permanece nesse ensino, não tem Deus. Mas aquele que continua nesse ensino tem tanto ao Pai como ao Filho. Se alguém for até vocês e não levar este ensino, não o recebam em suas casas, nem lhe dêem boas-vindas. Pois aquele que lhe der boas-vindas torna-se cúmplice das suas más obras. Eu ainda tenho muitas coisas para lhes dizer, mas não quis fazer isso com papel e tinta. Espero poder visitá-los e, assim, conversaremos pessoalmente, para que a nossa alegria seja completa. Os filhos da sua irmã, que foi escolhida por Deus, mandam lembranças. Do presbítero, ao querido amigo Gaio, a quem eu amo na verdade. Meu querido amigo, faço votos de que tudo esteja indo bem com você e que você esteja bem de saúde, assim como está bem espiritualmente. Eu fiquei muito feliz quando alguns irmãos chegaram e me contaram como você é fiel à verdade e como continua seguindo a verdade. Não tenho maior alegria do que esta: ouvir que meus filhos seguem a verdade. Querido amigo, você está sendo fiel ao fazer o que pode pelos irmãos, mesmo quando não os conhece. Estes irmãos testemunharam a respeito do seu amor diante da igreja. Por favor, ajude-os a continuar a viagem deles de um modo que agrade a Deus. Pois eles saíram de viagem para servir a Cristo e não aceitaram nada dos pagãos. Portanto, nós devemos ajudar irmãos como estes, para que possamos trabalhar juntos pela verdade. Escrevi uma carta à igreja, mas Diótrefes, que quer ser o líder entre os irmãos, não quer aceitar o que nós falamos. Por isso, se eu for aí, vou lhe chamar a atenção a respeito de tudo o que ele está fazendo. Ele tem-me acusado falsamente, usando palavras maliciosas. Mas, não contente com isto, ele não somente se recusa a mostrar hospitalidade aos irmãos como também impede os que querem ser hospitaleiros, expulsando-os da igreja. Querido amigo, não imite o que é mau, mas, sim, o que é bom. Aquele que faz o bem pertence a Deus e aquele que faz o mal jamais viu a Deus. Quanto a Demétrio, todos falam bem dele, até a própria verdade. E nós também falamos e vocês sabem que o que nós falamos é verdadeiro. Eu ainda tenho muitas outras coisas para lhe escrever; contudo não quero fazê-lo com caneta e tinta. Espero poder ir visitá-lo em breve e então poderemos conversar pessoalmente. Que a paz esteja com você! Todos os seus amigos lhe mandam lembranças. Dê lembranças também, pessoalmente, a cada um dos nossos amigos. De Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago, àqueles que foram chamados, que são amados por Deus Pai e guardados por Jesus Cristo. Que vocês tenham cada vez mais a misericórdia, a paz e o amor de Deus. Queridos amigos, embora eu quisesse muito escrever sobre a salvação que temos em comum, senti-me obrigado a lhes escrever, encorajando-os a lutarem pela fé que Deus, de uma vez por todas, entregou ao seu povo. Digo isto pois alguns homens, dos quais as Escrituras predisseram a condenação há muito tempo, se infiltraram no meio de vocês. Eles são homens que não respeitam a Deus. Eles transformam a graça de Deus em desculpa para fazerem coisas imorais e negam ao nosso único Soberano e Salvador, Jesus Cristo. Eu quero lembrá-los (embora vocês já saibam todas estas coisas) que o Senhor, depois de ter libertado o seu povo, tirando-o da terra do Egito, destruiu aqueles que não creram. Lembrem-se dos anjos que perderam a sua autoridade e que deixaram o lugar onde moravam. Deus os está guardando em escuridão, com algemas eternas, para serem julgados no grande Dia. Lembrem-se também das cidades de Sodoma e Gomorra e das cidades vizinhas. Os habitantes dessas cidades cometeram imoralidade e perversão sexual, assim como aqueles anjos, e sofreram o castigo do fogo eterno, servindo de exemplo para nós. O mesmo acontece com os homens que se infiltraram no grupo de vocês. Eles são levados pelos seus sonhos, e não só contaminam o próprio corpo, como também rejeitam a autoridade do Senhor e falam mal dos seres celestiais. Nem mesmo o arcanjo Miguel fez isso. Na discussão que teve com o Diabo, para ver quem ia ficar com o corpo de Moisés, Miguel não se atreveu a condenar o Diabo com insultos, mas apenas disse: “Que o Senhor o repreenda”. Estes homens, porém, falam mal de coisas que eles não entendem. Na realidade eles compreendem algumas coisas, mas o fazem por instinto, como animais irracionais. E é exatamente por essas coisas que eles serão destruídos. Ai deles! Eles seguem o mesmo caminho de Caim. Para conseguir dinheiro, se deixam levar pelo mesmo erro de Balaão. Eles serão destruídos, assim como aqueles que participaram da revolta de Coré. Estes homens são um perigo nas festas de fraternidade de vocês, como rochas escondidas pelas águas são um perigo para os navegantes. Eles festejam com vocês sem medo nenhum, mas são como pastores que cuidam apenas de si mesmos. São como nuvens sem água levadas pelos ventos. São como árvores que, mesmo no outono, não produzem fruto nenhum; elas foram arrancadas pela raiz e agora estão completamente mortas. Eles são como ondas bravias do mar, espalhando as suas ações vergonhosas como espuma. Eles são como estrelas sem rumo, para as quais a mais negra escuridão tem sido reservada para sempre. Foi a respeito desses homens que Enoque, o sétimo homem depois de Adão, profetizou, dizendo: “Aí vem o Senhor com os milhares dos seus santos anjos. Ele vem para julgar e condenar a todos por todas as más obras que fizeram e também por todos os insultos que esses malvados pecadores disseram contra Ele”. Estes homens vivem se queixando e procurando defeitos nos outros. Eles seguem seus próprios desejos, vivem se gabando e bajulam os outros por motivos interesseiros. Vocês, porém, queridos amigos, lembrem-se das palavras anteriormente ditas pelos apóstolos do Senhor Jesus Cristo. Eles lhes diziam: “Nos últimos tempos vão aparecer pessoas que zombarão das coisas de Deus e que viverão de acordo com os seus maus desejos”. Estas são as pessoas que causam divisões, que são controladas pelos seus desejos naturais e que não têm o Espírito Santo. Porém vocês, queridos amigos, fortaleçam uns aos outros na santíssima fé que têm e orem com a ajuda do Espírito Santo. Mantenham-se no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, a qual os levará à vida eterna. Algumas pessoas têm dúvidas; tenham misericórdia delas. Outras estão prestes a se perder; salvem-nas, tirando-as do fogo. Mas tenham cuidado ao ter misericórdia de outras e odeiem até mesmo a roupa contaminada por sua natureza pecadora. Deus tem poder para evitar que vocês caiam e para apresentá-los puros e com muita alegria diante de sua gloriosa presença. Ele é o único Deus e nosso Salvador. A Ele, por meio do nosso Senhor Jesus Cristo, pertençam toda a glória, majestade, poder e autoridade desde o princípio dos tempos, agora, e para sempre. Amém. Esta é a revelação de Jesus Cristo, que foi dada a Ele por Deus, a fim de mostrar aos servos de Cristo as coisas que em breve devem acontecer. Ele enviou o seu anjo ao seu servo João a fim de dar-lhe a conhecer todas essas coisas por intermédio de símbolos. João testemunha que tudo o que ele viu foi a mensagem falada por Deus e confirmada por Jesus Cristo. Feliz é aquele que lê e felizes são aqueles que ouvem as palavras desta mensagem profética de Deus e fazem as coisas que foram escritas nela, pois o tempo está próximo. De João, para às sete igrejas que estão na província da Ásia: Que a graça e a paz lhes sejam dadas da parte daquele que é, que era e que virá, da parte dos sete espíritos que estão diante do seu trono, e da parte de Jesus Cristo, que é a fiel testemunha, o primeiro a ser ressuscitado dos mortos e o soberano dos reis da terra. Jesus nos ama e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados, e fez de nós um reino de sacerdotes para Deus, seu Pai. Que a glória e o poder sejam dele para todo o sempre! Amém. Olhem, Cristo vem com as nuvens; e todo mundo o verá, até mesmo aqueles que o traspassaram. E todas as nações do mundo se lamentarão por causa dele. Sem dúvida nenhuma! Amém. “Eu sou o Alfa e o Ômega”, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que virá, o Todo-poderoso. Eu, João, sou irmão de vocês e companheiro no sofrimento, no reino e na paciência que temos em Cristo. Eu estava preso na ilha de Patmos por ter anunciado a mensagem de Deus que Jesus confirmou. No dia do Senhor, o Espírito tomou conta de mim e ouvi atrás de mim uma voz forte, como o som de uma trombeta. A voz disse: —Escreva tudo o que você vir num livro e mande às sete igrejas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia. Eu me virei para ver quem falava comigo e, ao me virar, vi sete candeeiros de ouro. No meio dos candeeiros estava um ser que parecia o “Filho do Homem”; ele estava vestido com um manto que ia até os pés e tinha uma cinta de ouro em volta do peito. A sua cabeça e os seus cabelos eram brancos como a lã ou como a neve e os seus olhos eram como chamas de fogo. Os seus pés brilhavam como o bronze fino quando é fundido na fornalha e a sua voz era como o som de uma grande cachoeira. Ele tinha sete estrelas na sua mão direita e da sua boca saía uma espada afiada, de dois gumes. O seu rosto brilhava como o sol em toda a sua força. Quando o vi, caí a seus pés como morto. Então, Ele pôs a sua mão direita sobre mim e disse: —Não tenha medo! Eu sou o Primeiro e o Último, e aquele que vive. Eu estava morto, mas agora eu estou vivo para sempre e sempre. Eu tenho as chaves da morte e do mundo dos mortos. Escreva, pois, as coisas que você viu, as que estão acontecendo e as que ainda vão acontecer depois destas. O significado das sete estrelas que você viu na minha mão direita e dos sete candeeiros de ouro é este: As sete estrelas são os anjos das sete igrejas e os sete candeeiros são as sete igrejas. —Ao anjo da igreja em Éfeso escreva isto: Aquele que tem as sete estrelas na sua mão direita e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro diz o seguinte: Eu conheço as suas obras, assim como o seu trabalho e a sua paciência e sei que vocês não podem suportar pessoas más. Sei também que vocês colocaram à prova os que dizem ser apóstolos, mas não são e que descobriram que eles são mentirosos. Sei que vocês têm paciência e que sofreram muito por minha causa, sem desanimar. —Porém tenho uma coisa contra vocês: vocês já não têm mais aquele mesmo amor que tinham no princípio. Lembrem-se, pois, de onde vocês caíram. Arrependam-se e voltem a fazer as obras que faziam no princípio. Se não se arrependerem, eu irei até vocês e tirarei o seu candeeiro do seu lugar. Contudo, vocês têm isto a seu favor: Vocês odeiam as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio. —Aquele que pode ouvir, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Àquele que vencer eu darei o direito de comer da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus. —Ao anjo da igreja em Esmirna escreva isto: Aquele que é o Primeiro e o Último, que esteve morto e voltou a viver diz o seguinte: Conheço o sofrimento e a pobreza de vocês, mas na realidade vocês são ricos. Sei como aqueles que se dizem judeus, mas não são, falam mal de vocês. Eles são da sinagoga que pertence a Satanás. Não tenham medo das coisas que vocês vão sofrer. Eu lhes digo que Satanás vai colocar alguns de vocês na prisão para serem postos à prova e vocês sofrerão por dez dias. Sejam fiéis, mesmo que tenham de morrer, e eu lhes darei a coroa da vida. —Aquele que pode ouvir, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Aquele que vencer, de maneira nenhuma sofrerá a segunda morte. —Ao anjo da igreja em Pérgamo escreva isto: Aquele que tem a espada afiada de dois gumes diz o seguinte: Eu sei onde vocês moram; lá é o lugar onde está o trono de Satanás. E eu também sei que vocês conservam o meu nome e que não negaram que têm fé em mim nem mesmo na época de Antipas. Antipas é a minha fiel testemunha e foi morto na cidade de vocês, onde Satanás mora. Contudo, eu tenho algumas coisas contra vocês: Vocês têm aí aqueles que seguem o ensino de Balaão, o qual ensinou a Balaque a fazer com que o povo de Israel pecasse, comendo comida oferecida em sacrifício aos ídolos e praticando imoralidades sexuais. Vocês também têm aí aqueles que seguem o ensino dos nicolaítas. Portanto, arrependam-se! Caso contrário, eu irei até vocês em breve e lutarei contra eles com a espada que sai da minha boca. —Aquele que pode ouvir, ouça o que o Espírito diz às igrejas! Àquele que vencer eu darei do maná escondido e também uma pedrinha branca. Sobre esta pedrinha haverá um novo nome escrito, o qual ninguém conhece, a não ser aquele que o recebe. —Ao anjo da igreja em Tiatira escreva isto: O Filho de Deus, aquele que tem os olhos como chamas de fogo e os pés como bronze fino, diz o seguinte: Eu conheço o trabalho e o amor de vocês. Conheço também a fé, as obras e a paciência de vocês. Também sei que estão fazendo mais agora do que estavam fazendo no princípio. Porém, eu tenho isto contra vocês: Vocês toleram aquela mulher, Jezabel, que diz ser profetiza. Com o seu ensino ela engana os meus servos e os leva a praticarem imoralidades sexuais e a comerem comida oferecida em sacrifício aos ídolos. Eu lhe dei tempo para se arrepender, mas ela não quer se arrepender de sua vida de imoralidades. Portanto, eu vou fazer que ela fique de cama com dores e aqueles que têm cometido adultério com ela sofram horrivelmente. Farei isto, caso eles não se arrependam das coisas perversas que fizeram junto com ela. Trarei peste sobre os filhos dela e os matarei e todas as igrejas saberão que eu sou aquele que conhece os pensamentos e os desejos das pessoas. Eu pagarei a cada um de vocês de acordo com o que tem feito. —E agora, aos demais que estão em Tiatira, que não seguem este ensino e que não conheceram os chamados “segredos profundos” de Satanás, digo o seguinte: Eu não colocarei nenhuma outra carga sobre vocês, mas conservem o que vocês têm até eu voltar. Àquele que vencer e que continuar a fazer as coisas que eu ordenei até o fim, eu lhe darei autoridade sobre as nações, assim como eu também recebi de meu Pai. “Ele as governará com vara de ferro e as reduzirá a pedaços como se fossem objetos de barro”. Eu também lhe darei a estrela da manhã. *** *** —Aquele que pode ouvir, ouça o que o Espírito diz às igrejas. —Ao anjo da igreja em Sardes escreva isto: Aquele que tem os sete espíritos de Deus e as sete estrelas diz o seguinte: Eu sei o que vocês fazem e que vocês têm a fama de estarem vivos, mas na verdade estão mortos. Despertem e fortaleçam aquilo que vocês ainda têm, antes que morra completamente. Pois eu tenho notado que as suas obras não são perfeitas diante do meu Deus. Lembrem-se, pois, do ensino que vocês receberam e ouviram. Continuem a obedecê-lo e arrependam-se. Se vocês não despertarem, eu irei como um ladrão e vocês não ficarão sabendo a hora em que eu os surpreenderei. Contudo, algumas pessoas entre vocês aí em Sardes não contaminaram as suas roupas. Essas pessoas andarão comigo vestidas de branco, pois são dignas. Aquele que vencer se vestirá assim, com roupas brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida. Pelo contrário, reconhecerei o seu nome diante do meu Pai e dos seus anjos. —Aquele que pode ouvir, ouça o que o Espírito diz às igrejas. —Ao anjo da igreja em Filadélfia escreva isto: Aquele que é santo e verdadeiro, que tem a chave que pertencia a Davi, que abre para que ninguém possa fechar e que fecha para que ninguém possa abrir, diz o seguinte: Eu sei o que vocês fazem. Olhem, eu tenho colocado diante de vocês uma porta aberta que ninguém pode fechar. Sei que vocês não têm muita força, entretanto têm obedecido o meu ensino e não têm me negado. Olhem, alguns homens mentem, pois se dizem judeus embora não o sejam—eles são da sinagoga de Satanás. Eu farei com que eles venham e se ajoelhem aos pés de vocês e que saibam que eu os amo. Porque vocês têm obedecido à minha ordem para ter paciência, eu também os protegerei da hora da provação que virá sobre o mundo inteiro, para pôr à prova aqueles que habitam na terra. Eu virei em breve; portanto, conservem o que vocês têm para que ninguém tome a sua coroa. Aquele que vencer passará a ser coluna do templo do meu Deus e dali ele jamais sairá. Também gravarei sobre ele o meu novo nome, o nome do meu Deus e o nome da cidade do meu Deus. Esta cidade é a nova Jerusalém que descerá do céu, vinda da parte do meu Deus. —Aquele que pode ouvir, ouça o que o Espírito diz às igrejas. —Ao anjo da igreja em Laodicéia escreva isto: O Amém, a testemunha fiel e verdadeira, aquele que tem autoridade sobre toda a criação de Deus diz o seguinte: Eu sei o que vocês fazem e sei que vocês não são nem frios nem quentes. Quem dera vocês fossem ou frios ou quentes! Assim, porque vocês são mornos e não são nem quentes nem frios, estou a ponto de vomitá-los da minha boca. Pois vocês dizem: “Nós somos ricos; temos de tudo e não precisamos de nada”. Mas na realidade vocês nem sabem que estão nus e que são miseráveis, infelizes, pobres e cegos. Eu os aconselho a comprar de mim ouro refinado pelo fogo, para que vocês de fato fiquem ricos. Comprem também roupas brancas para se vestirem, a fim de que a sua vergonhosa nudez não apareça. Comprem ainda colírio para os seus olhos, para que vocês possam ver. Eu repreendo e disciplino todos aqueles que amo. Sejam, pois, dedicados e arrependam-se. Escutem, eu estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e comerei com ele e ele comerá comigo. Àquele que vencer eu darei o privilégio de se sentar comigo no meu trono, assim como eu também venci e me sentei com o meu Pai no seu trono. —Aquele que pode ouvir, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Depois disso, olhei e havia diante de mim uma porta aberta no céu. E a voz, que parecia como o som de uma trombeta, e que eu tinha ouvido falando comigo antes, disse:—Suba aqui e lhe mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas. Imediatamente o Espírito tomou conta de mim. Havia diante de mim no céu um trono, com alguém sentado nele. Aquele que estava sentado tinha a aparência brilhante das pedras de jaspe e de sardônio. Ao redor do trono havia um arco-íris que brilhava como uma esmeralda. Ao redor do trono havia também vinte e quatro tronos e neles estavam sentados vinte e quatro anciãos, vestidos de branco e com coroas de ouro na cabeça. Do trono saíam relâmpagos, barulhos e trovões. Diante do trono havia sete tochas de fogo, que são os sete espíritos de Deus. Diante do trono havia algo parecido com um mar de vidro, claro como o cristal. Bem em frente do trono e à volta do trono havia quatro seres viventes cheios de olhos, na frente e atrás. O primeiro ser vivente parecia um leão, o segundo parecia um boi, o terceiro tinha o rosto de um homem e o quarto parecia uma águia de asas abertas. Os quatro seres viventes tinham seis asas cada um e estavam cheios de olhos por dentro e ao redor e não paravam de repetir dia e noite: — Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-poderoso, aquele que era, que é e que virá. Cada vez que os seres viventes davam glória, honra e graças àquele que está sentado no trono e que vive para sempre, os vinte e quatro anciãos se prostravam diante daquele que está sentado no trono e adoravam aquele que vive para sempre. Eles colocavam as suas coroas diante do trono e diziam: —Senhor e Deus nosso! O Senhor é digno de receber a glória, a honra e o poder, pois o Senhor criou todas as coisas. Sim, foi por causa da sua vontade que elas vieram a existir e foram criadas. Vi na mão direita daquele que estava sentado no trono um pergaminho escrito em ambos os lados e selado com sete selos. Vi também um anjo forte, que proclamava bem alto: —Quem é digno de quebrar os selos e abrir o pergaminho? Mas nem no céu, nem na terra, nem debaixo da terra, havia alguém que fosse capaz de abrir o pergaminho e de ver o que estava escrito nele. E eu chorava muito, porque não se tinha encontrado ninguém digno de abrir o pergaminho e de ver o que estava escrito nele. Contudo um dos anciãos me disse: —Não chore. Olhe, o Leão da família de Judá, o grande descendente de Davi, venceu e, portanto, pode quebrar os sete selos e abrir o pergaminho. Então vi um Cordeiro em pé bem em frente do trono e dos quatro seres viventes e na presença dos anciãos. Parecia que o Cordeiro tinha sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos que são os sete espíritos de Deus enviados por toda a terra. O Cordeiro, então, veio e pegou o pergaminho da mão direita daquele que estava sentado no trono. Quando ele pegou o pergaminho, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos caíram de joelhos diante do Cordeiro. Eles tinham uma harpa cada um e estavam segurando taças de ouro cheias de incenso, que são as orações do povo de Deus. E todos eles cantavam um novo cântico: —O Senhor é digno de pegar o pergaminho e quebrar os selos, porque foi morto e com o seu sangue comprou para Deus pessoas de todas as famílias, línguas, povos e nações. Fez delas um reino. O Senhor também fez delas sacerdotes para o nosso Deus e elas reinarão sobre toda a terra. Olhei outra vez e ouvi as vozes de muitos anjos, milhões e milhões deles! Eles estavam de pé ao redor do trono, dos seres viventes e dos anciãos, e diziam em voz alta: —O Cordeiro que foi morto é digno de receber poder, riqueza, sabedoria, força, honra, glória e louvor! Então ouvi que todas as criaturas que há no céu, na terra, debaixo da terra e no mar—todas as criaturas do universo—estavam dizendo: —Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, pertençam o louvor, a honra, a glória e o domínio para todo o sempre. E ouvi os quatro seres viventes responderem: —Amém! Os anciãos também caíram de joelhos e adoraram. Quando o Cordeiro quebrou o primeiro selo, eu olhei e ouvi um dos quatro seres viventes dizer com uma voz que parecia um trovão: —Venha! Então olhei e havia diante de mim um cavalo branco. O cavaleiro tinha um arco e foi-lhe dada uma coroa. E ele partiu como vencedor, para vencer. O Cordeiro quebrou o segundo selo. E ouvi o segundo ser vivente dizer: —Venha! E saiu outro cavalo vermelho. Ao seu cavaleiro foi dado o poder de tirar a paz da terra, para que os homens se matassem uns aos outros. E também foi-lhe dada uma grande espada. Quando o Cordeiro quebrou o terceiro selo, ouvi o terceiro ser vivente dizer: —Venha! Então olhei e havia diante de mim um cavalo preto e o seu cavaleiro tinha uma balança na mão. E ouvi algo que parecia uma voz que vinha do meio dos quatro seres viventes. Ela dizia: —Um quilo de trigo pelo salário de um dia; três quilos de cevada pelo salário de um dia. Mas não danifique o azeite ou o vinho. Quando o Cordeiro quebrou o quarto selo, eu ouvi a voz do quarto ser vivente dizer: —Venha! Então olhei e havia diante de mim um cavalo de cor amarelada. O seu cavaleiro chamava-se “Morte” e o Mundo dos Mortos o seguia. Foi-lhes dado o poder sobre um quarto da terra para matar à espada, pela fome, pela peste e por meio das feras da terra. Quando o Cordeiro abriu o quinto selo, eu vi debaixo do altar as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da mensagem de Deus e por causa do testemunho que tinham dado. Eles gritavam bem alto: —Ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro! Quando é que o Senhor vai julgar os habitantes da terra, castigando-os por nos terem matado? Então, a cada um deles foi dada uma roupa branca e lhes disseram que esperassem ainda por um pouco mais. Eles deviam esperar até que se completasse o número dos seus irmãos e companheiros de serviço que iam ser mortos assim como eles foram. Quando o Cordeiro quebrou o sexto selo, eu olhei e houve um forte terremoto. O sol se tornou negro como roupa de luto e a lua ficou toda vermelha como sangue. As estrelas do céu caíram na terra como os figos verdes caem da figueira quando é sacudida por um forte vento. O céu foi dividido e se enrolou como um pergaminho e todas as montanhas e ilhas foram movidas dos seus lugares. Os reis do mundo, os grandes, os comandantes, os ricos, os poderosos e todos os homens, tanto escravos como livres, se esconderam nas cavernas e entre as rochas das montanhas. E eles disseram às montanhas e às rochas: —Caiam sobre nós e escondam-nos da presença daquele que está sentado no trono e da ira do Cordeiro. Pois o grande dia da ira deles chegou; e quem pode resistir? Depois disto, vi quatro anjos em pé nos quatro cantos da terra. Eles estavam detendo os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem sobre nenhuma árvore. Vi outro anjo, que subia do oriente e ele tinha o selo do Deus vivo. Ele gritou bem alto aos quatro anjos que tinham recebido poder para danificar a terra e o mar. Ele disse: —Não danifiquem a terra, nem o mar, nem as árvores, até que marquemos os servos do nosso Deus com um selo na testa. Então ouvi o número dos que tinham sido marcados com o selo, que era 144.000. Eles eram de todas as tribos do povo de Israel: 12.000 da tribo de Judá, 12.000 da tribo de Rubem, 12.000 da tribo de Gade, 12.000 da tribo de Aser, 12.000 da tribo de Naftali, 12.000 da tribo de Manassés, 12.000 da tribo de Simeão, 12.000 da tribo de Levi, 12.000 da tribo de Issacar, 12.000 da tribo de Zebulom, 12.000 da tribo de José, 12.000 da tribo de Benjamim. *** *** *** Depois disso, olhei e havia diante de mim uma grande multidão que ninguém podia contar. Ela era formada de pessoas de todas as nações, famílias, povos e línguas. Elas estavam em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidas com roupas brancas e com folhas de palmeiras nas mãos. Elas gritavam bem alto, dizendo: —A vitória pertence ao nosso Deus que está sentado no trono e ao Cordeiro. Todos os anjos estavam de pé em volta do trono, dos anciãos e dos quatro seres viventes e eles se ajoelharam com o rosto no chão e adoraram a Deus, dizendo: —Amém! Louvor, glória, sabedoria, agradecimentos, honra, poder e força pertençam ao nosso Deus para todo o sempre. Amém! Então um dos anciãos me perguntou: —Quem são estas pessoas que estão vestidas de roupas brancas? De onde elas vieram? Eu lhe respondi: —O senhor sabe. Ele, então, me disse: —Estas pessoas são as que vêm da grande perseguição. Elas lavaram e branquearam suas roupas no sangue do Cordeiro. É por esta razão que elas estão diante do trono de Deus e o adoram de dia e de noite no seu templo. E aquele que está sentado no trono as protegerá com a sua presença. Elas jamais terão fome, nunca mais terão sede. Nem o sol nem o calor as queimará. Pois o Cordeiro, que está diante do trono, será o pastor delas e as guiará para as fontes de água da vida. E Deus enxugará todas as lágrimas dos olhos delas. Quando o Cordeiro abriu o sétimo selo, houve silêncio no céu por mais ou menos meia hora. Então vi os sete anjos, que se acham em pé diante de Deus, e vi que lhes foram dadas sete trombetas. Depois veio outro anjo e ficou de pé junto ao altar. Ele estava com um incensário de ouro e foi-lhe dado muito incenso para ser oferecido com as orações de todo o povo de Deus sobre o altar de ouro que se encontra diante do trono. E a fumaça do incenso, juntamente com as orações do povo de Deus, subiu da mão do anjo à presença de Deus. E o anjo pegou o incensário, encheu-o do fogo do altar e o atirou à terra. E houve trovões, barulhos, relâmpagos e terremoto. Então os sete anjos que tinham as trombetas prepararam-se para tocá-las. O primeiro anjo tocou a sua trombeta e fogo e uma chuva de pedras misturados com sangue foram atirados à terra. Uma terça parte da terra foi queimada, assim como uma terça parte das árvores e toda erva verde. O segundo anjo tocou a sua trombeta e uma coisa, que parecia uma grande montanha pegando fogo, foi atirada ao mar. Uma terça parte do mar tornou-se em sangue, uma terça parte dos animais que viviam no mar morreu e uma terça parte das embarcações foi destruída. O terceiro anjo tocou a sua trombeta e uma grande estrela, que estava queimando como uma tocha, caiu do céu sobre uma terça parte dos rios e sobre as fontes de água. Uma terça parte das águas se tornou em absinto (pois o nome da estrela era Absinto) e muitas pessoas morreram porque beberam daquela água, uma vez que ela tinha se tornado amarga. O quarto anjo tocou a sua trombeta e uma terça parte do sol, da lua e das estrelas foi ferida, de modo que uma terça parte deles se tornou escura. Assim, uma terça parte do dia e da noite ficou sem luz. Depois eu olhei e ouvi uma águia que voava no meio do céu e dizia em voz alta: —Ai! Ai! Ai dos que moram na terra, por causa dos restantes sons de trombeta que os outros três anjos ainda têm que tocar! O quinto anjo tocou a sua trombeta e eu vi uma estrela que tinha caído do céu na terra e vi que essa estrela recebeu a chave do poço do abismo. Ela abriu o poço do abismo e uma fumaça, como de uma grande fornalha, subiu do poço. O sol e o céu ficaram escuros por causa da fumaça que saiu do poço. Também da fumaça saíram gafanhotos para a terra, e foi-lhes dado o mesmo poder de ferroar que os escorpiões têm. Mas foi-lhes dito que não danificassem nem a erva da terra, nem qualquer coisa verde, nem árvore nenhuma. Eles somente poderiam ferir as pessoas que não tivessem o selo de Deus em suas testas. Os gafanhotos não tinham permissão para matar as pessoas, mas somente para atormentá-las por cinco meses e a dor que causavam era como a dor da picada de escorpião. Naqueles dias as pessoas buscarão a morte e não a acharão. Elas também terão um forte desejo de morrer, mas a morte fugirá delas. Os gafanhotos pareciam cavalos preparados para a batalha. Nas suas cabeças havia algo como coroas de ouro e os seus rostos eram como rostos humanos. Eles também tinham cabelos, como cabelos de mulher, e os seus dentes eram como dentes de leão. Os peitos deles pareciam couraças de ferro e o barulho que as suas asas faziam era como o barulho de muitos carros puxados por cavalos quando correm para a batalha. Eles tinham caudas com ferrões, iguais às dos escorpiões, e era em suas caudas que eles tinham o poder para atormentar as pessoas por cinco meses. Eles tinham como seu rei o anjo do abismo, cujo nome em hebraico é Abadom, e em grego, Apoliom, que quer dizer “O Destruidor”. A primeira aflição passou. Mas depois destas coisas devem vir ainda mais duas. O sexto anjo tocou a sua trombeta e eu ouvi uma voz que vinha dos quatro chifres do altar de ouro que estava diante de Deus. A voz disse ao sexto anjo que tinha a trombeta: —Solte os quatro anjos que estão presos perto do grande rio Eufrates. Então, os quatro anjos que estavam preparados para essa hora, dia, mês e ano foram soltos para matar a terça parte de todas as pessoas. O número dos exércitos da cavalaria era de duzentos milhões; eu ouvi o seu número. E na minha visão percebi que os cavalos e os seus cavaleiros tinham couraças vermelhas como o fogo, azuis como o jacinto e amarelas como enxofre. As cabeças dos cavalos eram como cabeças de leões e de suas bocas saíam fogo, fumaça e enxofre. E a terça parte da humanidade foi morta por meio destas três pragas: o fogo, a fumaça e o enxofre, que saíam das bocas dos cavalos. O poder dos cavalos estava nas suas bocas e nas suas caudas, pois as suas caudas pareciam cobras com cabeças e com elas os cavalos causavam dano às pessoas. O resto da humanidade, aqueles que não tinham sido mortos por estas pragas, mesmo assim não se arrependeu daquilo que tinha feito com suas mãos. Eles não deixaram de adorar os demônios e os ídolos de ouro, de prata, de bronze, de pedra e de madeira, os quais não podem ver, ouvir ou andar. Nem tampouco se arrependeram dos seus assassínios, das suas feitiçarias, da sua imoralidade sexual, ou dos seus roubos. Depois vi outro anjo forte descendo do céu, envolto numa nuvem, com o arco-íris por cima de sua cabeça. Seu rosto era como o sol e as suas pernas como colunas de fogo. O anjo tinha na mão um pequeno pergaminho aberto. Ele pôs o seu pé direito sobre o mar e o esquerdo sobre a terra e gritou, com uma voz forte, da mesma forma que o leão faz quando ruge. Logo depois que ele gritou, os sete trovões levantaram suas vozes. Assim que os trovões falaram, eu ia escrever, mas ouvi uma voz do céu, dizendo: —Guarde em segredo as coisas que os sete trovões disseram e não as escreva. Então o anjo que vi em pé sobre o mar e sobre a terra levantou a mão direita para o céu e jurou por aquele que vive para todo o sempre, o Criador do céu, da terra, do mar e de tudo o que neles existe: —Não haverá mais demora! Mas, quando chegar a hora de ouvir o sétimo anjo, isto é, quando ele estiver para tocar a sua trombeta, então o plano secreto de Deus se cumprirá, conforme Ele anunciou aos seus servos, os profetas. A voz que eu tinha ouvido, vinda do céu, estava de novo falando comigo e dizendo: —Vá e pegue o pergaminho que se encontra aberto na mão do anjo que está em pé sobre o mar e sobre a terra. Então eu fui ao anjo e lhe pedi que me desse o pequeno pergaminho. Ele me disse: —Pegue o pergaminho e coma-o. Ele será amargo no seu estômago, mas doce como mel na sua boca. Então, peguei o pequeno pergaminho da mão do anjo e o comi. Na minha boca ele era doce como o mel, mas quando o comi o meu estômago ficou amargo. Então me disseram: —É necessário que você ainda profetize a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis. Depois foi-me dado um caniço para me servir de metro e me foi dito: —Levante-se e meça o templo de Deus e o seu altar e conte aqueles que estão dentro do templo adorando. Mas deixe de lado o átrio exterior do templo e não o meça, porque ele foi dado aos pagãos. Eles pisarão a cidade santa por quarenta e dois meses. Eu darei poder às minhas duas testemunhas e elas profetizarão por 1.260 dias, vestidas com roupas de luto. Estas duas testemunhas são as duas oliveiras e os dois candeeiros que estão em pé diante do Senhor da terra. Se alguém pretender fazer mal às testemunhas, sai fogo das suas bocas e devora os seus inimigos. De fato, se alguém pretender fazer-lhes mal, sem dúvida é dessa forma que deve morrer. Elas têm o poder para fechar o céu, para que não chova durante os dias em que elas profetizarem. Elas também têm o poder de transformar as águas em sangue, bem como o de ferir a terra com todo o tipo de pragas, tantas vezes quantas quiserem. Depois que elas tiverem concluído o testemunho que devem dar, o monstro que surge do abismo lutará contra elas e as vencerá e as matará. Os seus cadáveres ficarão estirados nas ruas da grande cidade (que simbolicamente se chama Sodoma e Egito), onde o seu Senhor também foi crucificado. Então pessoas de todos os povos, tribos, línguas e nações olharão para os cadáveres das duas testemunhas por três dias e meio e não permitirão que estes cadáveres sejam sepultados. Os que habitam na terra ficarão felizes por causa delas. Eles realizarão festas e enviarão presentes uns aos outros, pois esses dois profetas atormentaram aos habitantes da terra. Mas depois dos três dias e meio, um sopro de vida veio da parte de Deus e entrou nos dois profetas e eles se levantaram. E aqueles que os viram ficaram com muito medo. Então os dois profetas ouviram uma voz forte que vinha do céu, dizendo-lhes: —Subam aqui. E eles subiram ao céu numa nuvem, à vista dos seus inimigos. Naquele momento houve um grande terremoto e ruiu a décima parte da cidade. Morreram nesse terremoto sete mil pessoas, ao passo que as outras ficaram aterrorizadas e deram glória ao Deus do céu. A segunda aflição já passou. Mas, estejam atentos, pois a terceira aflição vem sem demora. O sétimo anjo tocou a sua trombeta e houve fortes vozes no céu que diziam: —O domínio sobre o mundo agora pertence ao nosso Senhor e ao seu Cristo. Ele reinará para todo o sempre. E os vinte e quatro anciãos que estavam sentados nos seus tronos diante de Deus, se ajoelharam com o rosto no chão e adoraram a Deus, dizendo: —Nós lhe agradecemos, Senhor Deus, Todo-poderoso, que é e sempre foi, pois o Senhor assumiu o seu grande poder e começou a reinar. Os pagãos ficaram enfurecidos, mas agora chegou o momento da ira do Senhor. Chegou o momento em que os mortos serão julgados e em que o Senhor dará a recompensa aos seus servos, os profetas. O Senhor recompensará o seu povo, os que o respeitam, tanto os simples como os importantes. Chegou o momento de destruir os que destroem a terra. Então o templo de Deus no céu se abriu e a arca que contém a sua aliança foi vista no templo. E houve relâmpagos, barulhos, trovões, um terremoto e uma forte chuva de pedra. Apareceu então um grande sinal no céu: era uma mulher vestida com o sol, com a lua debaixo dos pés e com uma coroa de doze estrelas na cabeça. Ela estava grávida e gritava com as dores do parto, pois sofria para dar à luz. Apareceu também outro sinal no céu: era um enorme dragão vermelho, com sete cabeças, dez chifres e sete coroas reais nas cabeças. A sua cauda arrastou uma terça parte das estrelas do céu e as lançou para a terra. O dragão se colocou em frente da mulher que estava prestes a dar à luz, a fim de lhe devorar o filho quando este nascesse. A mulher, então, deu à luz um filho e ele está destinado a governar todas as nações com vara de ferro. Mas o seu filho lhe foi tirado e levado para Deus até o seu trono. A mulher, porém, fugiu para o deserto, onde Deus lhe tinha preparado um lugar para que ela pudesse ser sustentada durante 1.260 dias. Houve guerra no céu. Miguel e os seus anjos tiveram que lutar contra o dragão. O dragão lutou juntamente com seus anjos mas, como não foi forte o bastante, ele e todos os seus anjos perderam o seu lugar no céu. O enorme dragão foi expulso. Ele é aquela antiga serpente, cujo nome é Diabo ou Satanás e que engana o mundo inteiro. Ele foi atirado para a terra e os seus anjos foram atirados junto com ele. Então ouvi uma forte voz no céu dizer: —Este é o momento de vitória do nosso Deus! Agora Ele nos demonstrou o seu poder e a sua soberania! Agora o seu Cristo mostrou a sua autoridade! Pois foi expulso o acusador dos nossos irmãos, o mesmo que os acusa diante de Deus dia e noite. Eles o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa do testemunho que deram. Eles até estavam prontos para dar a sua vida e morrer. Por isso, alegre-se, ó céu, e vocês que vivem nele! Mas ai da terra e do mar, pois o diabo desceu até vocês. Ele está furioso, pois sabe que lhe resta somente um pouco mais de tempo. Quando o dragão viu que tinha sido atirado para a terra, ele começou a perseguir a mulher que tinha dado à luz o menino. Mas foram dadas à mulher duas asas de uma grande águia, para que ela voasse até o deserto, ao lugar que tinha sido preparado para ela. Lá ela ia ser sustentada durante três anos e meio e estaria fora do alcance da serpente. Então a serpente, que seguia a mulher, lançou água da sua boca como um rio, a fim de fazer com que a mulher fosse arrastada pela correnteza. Porém a terra socorreu a mulher, abrindo a boca e engolindo o rio que o dragão tinha lançado da sua boca. O dragão ficou furioso com a mulher e foi lutar com o resto dos descendentes dela, os quais obedecem os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus. E o dragão ficou em pé na praia. Depois eu vi um monstro que tinha dez chifres e sete cabeças sair do mar. Em cada um dos chifres havia uma coroa e em cada uma das cabeças havia um nome que ofendia a Deus. O monstro que vi era parecido com um leopardo, as suas patas eram como as patas de um urso e a sua boca como a boca de um leão. O dragão lhe deu o seu poder, o seu trono e grande autoridade. Uma das cabeças do monstro parecia que tinha sido ferida e que ia morrer, mas essa ferida mortal foi curada e os homens do mundo inteiro se admiraram, seguindo o monstro. Eles adoraram o dragão, porque ele tinha dado a sua autoridade ao monstro, e também adoraram o monstro, dizendo: —Quem é igual ao monstro? Quem é que pode lutar contra ele? Foi permitido usar a sua boca para dizer coisas arrogantes e ofensivas e lhe foi dada autoridade para usar o seu poder por quarenta e dois meses. Ele começou a ofender a Deus, insultando o seu nome, o lugar onde Ele habita e todos os que vivem no céu. Foi-lhe dada também permissão para que lutasse contra o povo de Deus e o vencesse. Foi-lhe dada, ainda, autoridade sobre todas as famílias, povos, línguas e nações. Todos os habitantes da terra vão adorar o monstro. Esses habitantes são aquelas pessoas cujos nomes não estão escritos no livro da vida que pertence ao Cordeiro, que estava destinado a ser morto desde a criação do mundo. Se alguém pode ouvir, ouça: Aquele que tiver que ir para a prisão, que vá para a prisão. Aquele que matar à espada, deve ser morto pela espada. Esta situação exige perseverança e fé da parte do povo de Deus. Depois eu ainda vi um outro monstro sair da terra. Ele tinha dois chifres como os de um cordeiro, mas falava como um dragão. Este segundo monstro servia ao primeiro e exercia toda a sua autoridade. Ele fazia com que a terra e todos os seus habitantes adorassem o primeiro monstro, cuja ferida mortal tinha sido curada. O segundo monstro também fazia grandes milagres e até mesmo fogo do céu ele fazia descer à terra na presença de todas as pessoas. Ele enganava os habitantes da terra por causa dos milagres que tinha recebido poder para fazer, como servo do primeiro monstro. O segundo monstro disse aos habitantes da terra para fazerem uma imagem em honra ao monstro que tinha sido ferido à espada e que tinha sobrevivido. E o segundo monstro recebeu permissão para dar vida à imagem do primeiro monstro. Dessa forma ele fez com que ela não somente falasse como também fizesse morrer a todos aqueles que não adorassem a imagem do monstro. O segundo monstro fez com que todos, importantes e simples, ricos e pobres, livres e escravos, tivessem uma marca na mão direita ou na testa. Assim, ninguém podia comprar ou vender a não ser que tivesse a marca que era o nome do monstro, ou o número correspondente ao seu nome. Isto exige sabedoria. Aquele que é inteligente pode decifrar o significado do número do monstro, pois o número representa o nome de um homem. Seu número é 666. Depois eu olhei e o Cordeiro estava diante de mim em pé sobre o monte Sião. Com Ele estavam 144.000 pessoas que tinham os nomes do Cordeiro e do seu Pai escritos em suas testas. Então ouvi uma voz do céu, que parecia o barulho de uma grande cachoeira, ou o som de um forte trovão. A voz que eu ouvi era como a música de harpistas tocando as suas harpas. As pessoas cantavam um cântico novo diante do trono, dos quatro seres viventes e dos anciãos. E ninguém podia aprender o cântico, senão as 144.000 pessoas que tinham sido compradas e tiradas do mundo. Estas pessoas são as que não se contaminaram com mulheres, pois são virgens. São elas que seguem o Cordeiro para onde quer que Ele vá. Elas foram compradas entre todas as outras pessoas da humanidade e são os primeiros frutos da colheita a serem oferecidos a Deus e ao Cordeiro. Eles nunca disseram nada que fosse mentira e não tinham nenhum pecado. Depois vi outro anjo voando pelo meio do céu. Ele tinha a mensagem eterna das Boas Novas para anunciar aos que vivem na terra e a todas as nações, famílias, línguas e povos. O anjo disse em voz alta: —Respeitem a Deus e dêem-lhe glória, pois chegou a hora de Ele julgar a humanidade. Adorem aquele que fez o céu, a terra, o mar e as fontes de água. Um segundo anjo seguiu o primeiro e disse: —Caiu! Caiu a grande cidade de Babilônia! Ela fez com que todas as nações bebessem do vinho do seu adultério, o qual se transformaria no vinho da ira de Deus. Um terceiro anjo seguiu os outros dois e disse em voz alta: —Aqueles que adorarem o monstro e a sua imagem e receberem a sua marca na testa ou sobre a mão, irão beber do vinho da ira de Deus, o qual está preparado, sem mistura, no cálice da ira de Deus. Eles serão atormentados com fogo e enxofre, diante dos santos anjos e na presença do Cordeiro. A fumaça do seu tormento nunca vai parar de subir. Não haverá descanso algum, nem de dia nem de noite, para aqueles que adoram o monstro e a sua imagem e para quem quer que receba a marca do seu nome. Esta situação exige perseverança da parte do povo de Deus, o qual obedece aos mandamentos de Deus e continua a ter fé em Jesus. Então ouvi uma voz do céu, dizendo: —Escreva isto: De agora em diante, felizes são aqueles que morrem no Senhor. E o Espírito disse: —Sim, é verdade. Agora eles podem descansar dos seus trabalhos, pois as suas obras os acompanham. Depois eu olhei e havia diante de mim uma nuvem branca e, sobre a nuvem, estava sentado alguém que parecia com o Filho do Homem. Ele tinha uma coroa de ouro na cabeça e uma foice afiada na mão. Um outro anjo saiu do templo e gritou bem alto para aquele que estava sentado na nuvem: —Pegue a sua foice e faça a colheita, pois chegou a hora de colher; a terra está pronta para a colheita. Então aquele que estava sentado na nuvem passou a sua foice sobre a terra e fez a colheita. Depois saiu outro anjo do templo, que está no céu, e ele também tinha uma foice afiada. E saiu ainda outro anjo do altar. Ele tinha poder sobre o fogo e gritou bem alto para o anjo que tinha a foice afiada: —Use a sua foice afiada e corte os cachos de uvas das videiras da terra, pois as uvas já estão maduras. Então o anjo passou a sua foice sobre a terra, cortou os cachos de uvas das videiras e jogou as uvas num grande tanque para serem espremidas. Esse tanque representa a ira de Deus. As uvas foram pisadas nesse tanque, fora da cidade. E correu tanto sangue desse tanque que chegou até aos freios dos cavalos, por uma distância de uns trezentos quilômetros. Depois vi no céu outro sinal grande e maravilhoso. Eram sete anjos, que tinham as sete últimas pragas, pois com estas pragas se completou a ira de Deus. Então vi algo que parecia com um mar de vidro misturado com fogo e também vi aqueles que tinham conseguido a vitória sobre o monstro, sobre a sua imagem e sobre o número que corresponde ao seu nome. Eles estavam em pé junto ao mar de vidro e seguravam as harpas que Deus lhes havia dado. E cantavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo: —Grandes e maravilhosas são as suas obras, Senhor Deus, Todo-poderoso! Como são justos e verdadeiros os seus caminhos, ó Rei das nações! Quem não vai temer nem glorificar o seu nome, ó Senhor? Pois só o Senhor é santo. Todas as nações virão e adorarão na sua presença, porque seus atos de justiça foram manifestados. Depois disto eu olhei e o santuário celestial, a tenda do testemunho, se abriu. E os sete anjos que tinham as sete pragas saíram do templo. Eles estavam vestidos de linho puro e resplandecente e tinham cintos de ouro amarrados em volta do peito. Então um dos quatro seres viventes deu aos sete anjos sete taças de ouro. Estas taças estavam cheias da ira de Deus, que vive para todo o sempre. O templo estava cheio de fumaça procedente da glória de Deus e do seu poder e ninguém podia entrar no templo enquanto não se cumprissem as sete pragas dos sete anjos. Depois ouvi uma voz forte vinda do templo dizer aos sete anjos: —Vão e esvaziem as sete taças da ira de Deus sobre a terra. O primeiro anjo saiu e esvaziou a sua taça sobre a terra. Então apareceram úlceras terríveis e dolorosas nas pessoas que eram portadoras da marca do monstro e que adoravam a sua imagem. O segundo anjo esvaziou a sua taça no mar. O mar se tornou em sangue, como o sangue de um morto, e todo ser vivente que havia no mar morreu. O terceiro anjo esvaziou a sua taça nos rios e nas fontes de água e elas se tornaram em sangue. Então ouvi o anjo que tinha autoridade sobre as águas dizer: —O Senhor é o Santo e aquele que é e que sempre foi! O Senhor é justo em fazer este julgamento! Eles derramaram o sangue do povo de Deus e dos profetas e, por isso, o Senhor lhes tem dado sangue para beber. E isso é o que eles merecem! Aí ouvi do altar dizer: —De fato, ó Senhor, Deus Todo-poderoso, os seus julgamentos são justos e verdadeiros. O quarto anjo esvaziou a sua taça sobre o sol, permitindo-lhe assim queimar as pessoas com fogo. E de fato as pessoas foram queimadas com o intenso calor. Elas insultaram o nome de Deus, que tem a autoridade sobre estas pragas, mas nem sequer se arrependeram ou lhe deram glória. O quinto anjo esvaziou a sua taça sobre o trono do monstro, cujo reino ficou na escuridão. E as pessoas mordiam a língua por causa da dor. Elas insultaram o Deus do céu por causa das suas dores e de suas úlceras, mas não se arrependeram de suas más obras. O sexto anjo esvaziou a sua taça sobre o grande rio Eufrates e a água do rio secou para que se preparasse o caminho dos reis que vêm do Leste. Então vi três espíritos maus que eram parecidos com rãs saírem das bocas do dragão, do monstro e do falso profeta. Eles eram espíritos de demônios e tinham o poder para fazer milagres. Eles se dirigiam aos reis do mundo inteiro com o fim de reuni-los para a batalha do grande Dia do Deus Todo-poderoso. —Escutem, eu vou chegar assim como o ladrão chega. Feliz é aquele que se mantém acordado e toma conta da sua roupa, pois assim ele não andará nu nem ficará envergonhado em público. Então os espíritos maus reuniram todos os reis no lugar que em hebraico se chama “Armagedom”. O sétimo anjo esvaziou a sua taça no ar e uma voz forte saiu do templo do lado do trono, dizendo: —Está feito! E houve relâmpagos, barulhos, trovões e um grande terremoto. Esse foi o maior terremoto que já ocorreu desde que o homem habita a terra. A grande cidade se dividiu em três partes e as cidades dos pagãos foram destruídas. E Deus se lembrou de castigar a grande cidade de Babilônia e lhe deu o cálice com o vinho da sua terrível ira. Todas as ilhas desapareceram e nenhuma montanha foi encontrada. Chuvas de pedra caíram do céu sobre as pessoas, com pedras que pesavam mais ou menos quarenta quilos. E as pessoas insultaram a Deus por causa da praga das chuvas de pedra, pois ela era terrível. Um dos sete anjos que tinham as sete taças se aproximou de mim e me disse: —Venha! Eu vou lhe mostrar como a grande prostituta que está sentada junto a muitos rios vai ser castigada. Os reis da terra cometeram adultérios com ela e os habitantes da terra embriagaram-se com o vinho do seu adultério. Então, o Espírito tomou conta de mim e o anjo me levou para o deserto, onde vi uma mulher sentada num monstro vermelho. O monstro estava cheio de nomes que eram ofensivos a Deus e tinha sete cabeças e dez chifres. A mulher estava vestida com roupas vermelhas e roxas e enfeitada com ouro, jóias e pérolas. Na mão ela tinha uma taça de ouro cheia das abomináveis impurezas da sua infidelidade. Na sua testa estava escrito um nome simbólico: A grande BabilÔnia, A mãe das prostitutas E de todas as abominações da terra Então vi que a mulher estava embriagada com o sangue do povo de Deus e com o sangue daqueles que tinham sido mortos testemunhando a respeito de Jesus. Quando eu a vi, fiquei muito espantado. O anjo, porém, me perguntou: —Por que você está espantado? Eu vou lhe explicar o que significam a mulher e o monstro que a carrega, o qual tem as sete cabeças e os dez chifres. O monstro que você viu estava vivo, mas agora já não vive mais. Contudo, ele está prestes a subir do abismo e a seguir para a destruição. E aqueles que habitam na terra, cujos nomes não foram escritos no livro da vida desde a criação do mundo, vão se admirar ao ver o monstro. Eles vão se admirar pois o monstro que estava vivo já não vive mais mas, mesmo assim, ele aparecerá. —Isto exige sabedoria e entendimento: As sete cabeças são os sete montes nos quais a mulher está sentada. Elas também são sete reis. Cinco desses reis já caíram, um está reinando e o outro ainda não veio mas, quando ele vier, não ficará por muito tempo. Um oitavo rei, o qual também é um dos sete, é o próprio monstro que antes estava vivo mas que agora já não vive mais. Ele está seguindo para a destruição. Os dez chifres que você viu são dez reis que ainda não começaram a reinar, mas que receberão autoridade para reinar com o monstro por uma hora. Estes dez reis têm o mesmo propósito e oferecerão o poder e a autoridade que possuem ao monstro. Eles lutarão contra o Cordeiro e Ele os vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis. Ele os vencerá juntamente com os seus fiéis discípulos, os quais foram chamados e escolhidos por Deus. O anjo ainda me disse: —Os rios que você viu, junto aos quais a prostituta está sentada, são povos, multidões, nações e línguas. Os dez chifres e o monstro que você viu vão odiar a prostituta. Eles tirarão tudo o que ela tem e a deixarão nua; comerão a sua carne e a queimarão com fogo. Isto vai acontecer porque Deus colocou em seus corações o desejo de fazerem o que Ele quer, concordando em dar o poder que possuem ao monstro até que as palavras de Deus se cumpram. A mulher que você viu é a grande cidade que reina sobre os reis da terra. Depois disso, vi um outro anjo descer do céu. Ele tinha grande autoridade e a terra se iluminou com a sua glória. E o anjo gritou com voz poderosa, dizendo: —Caiu, caiu a grande cidade de Babilônia! Ela passou a ser habitação de demônios, lugar de toda espécie de maus espíritos, e esconderijo de todo tipo de ave impura e detestável. Pois ela fez com que todas as nações bebessem do vinho da ira que surge por causa da sua infidelidade. Os reis da terra cometeram imoralidades sexuais com ela e os negociantes da terra tornaram-se ricos às custas do seu extravagante luxo. Depois ouvi uma outra voz do céu dizer: —Meu povo! Saiam dessa cidade para que vocês não se tornem cúmplices em seus pecados e para que não participem das pragas que ela irá sofrer. Pois os seus pecados estão amontoados até o céu e Deus se lembra das suas injustiças. Tratem-na exatamente como ela os tratou e paguem-na em dobro pelo que ela tem feito. No cálice em que misturou bebidas para os outros, misturem para ela uma bebida duas vezes mais forte. Ela deu a si mesma luxo e glória; dêem a ela, portanto, sofrimento e tristeza na mesma medida. Pois ela diz a si mesma: “Estou sentada no meu trono como uma rainha. Não sou viúva e nunca ficarei triste”. Portanto, num só dia virão sobre ela todas estas pragas: peste, choro e fome. Ela será queimada pelo fogo, pois o Senhor que a julgou é poderoso. Os reis da terra que cometeram imoralidade sexual com ela e que participaram do seu luxo chorarão e ficarão muito tristes por ela, quando virem a fumaça do seu incêndio. Eles ficarão de longe, com medo do tormento que ela estará sofrendo, e dirão: “Ai! Ai da grande cidade, a poderosa cidade de Babilônia! Pois numa só hora chegou o seu castigo!” Os negociantes da terra também chorarão e lamentarão por causa dela, porque ninguém mais estará comprando as suas mercadorias. Ninguém mais estará comprando mercadorias de ouro, de prata, de pedras preciosas, de pérolas, de linho finíssimo, de púrpura, de seda ou de escarlata; ninguém mais estará comprando nenhuma espécie de madeira aromática nem nenhum tipo de objeto de marfim, de madeira preciosa, de bronze, de ferro ou de mármore. Ninguém mais estará comprando, tampouco, canela, temperos, incenso, mirra, ou perfume, ou nem mesmo vinho, azeite, farinha, trigo, gado, ovelhas, cavalos, carruagens, ou ainda escravos, ou seja, seres humanos. —Ó Babilônia, as coisas boas que você tanto queria se afastaram de você. Toda a sua luxúria e o seu esplendor se acabaram e eles nunca mais serão achados. —Os negociantes que vendiam estas coisas e que se enriqueceram por meio dela ficarão de longe, com medo do tormento que ela estará sofrendo. Eles chorarão e lamentarão, dizendo: “Ai! Ai da grande cidade! Ela estava vestida de linho finíssimo, de púrpura e de escarlata e estava enfeitada de ouro, de pedras preciosas e de pérolas. Numa só hora, porém, toda essa riqueza foi destruída”. Todos os capitães de navios e todos os passageiros, marinheiros e outros que ganham a sua vida no mar ficaram de longe. E, quando viram a fumaceira do seu incêndio, gritaram: —Que cidade chegou alguma vez a ser como esta grande cidade? Então eles lançaram pó sobre as suas cabeças e, chorando e lamentando, gritavam: —Ai! Ai da grande cidade! Todos os que possuíam navios no mar se enriqueceram às custas da sua riqueza, mas numa só hora ela foi destruída. Alegrem-se por causa dela, ó céu! E alegrem-se também vocês, apóstolos, profetas e povo de Deus! Pois Deus a castigou pelo que ela fez a vocês. Então um anjo forte levantou uma pedra do tamanho de uma grande pedra de moinho e a jogou no mar, dizendo: —É assim, com violência, que a grande cidade de Babilônia será derrubada e ela nunca mais será encontrada. Nunca mais será ouvido em você o som de harpistas, de músicos, de tocadores de flauta e nem de trombeta. Nunca mais será achado em você artífice algum de qualquer arte. Nunca mais será ouvido em você o som da pedra de moinho. Nunca mais brilhará em você a luz da lamparina. Nunca mais será ouvida em você a voz do noivo ou da noiva. Os seus negociantes foram os grandes do mundo e todas as nações foram enganadas pela sua feitiçaria. Nela se achou o sangue de profetas, do povo de Deus e de todos os que foram mortos na terra. Depois disso, ouvi algo no céu como se fosse uma voz forte de uma grande multidão, dizendo: —Aleluia! A vitória, a glória e o poder pertencem ao nosso Deus! Pois os seus julgamentos são justos e verdadeiros. Ele julgou a grande prostituta que corrompeu a terra com a sua imoralidade sexual. Ele vingou a morte dos seus servos, os quais ela matou. Novamente eles disseram: —Aleluia! A sua fumaça subirá para todo o sempre. Então, os vinte e quatro anciãos e os quatro seres viventes se ajoelharam e adoraram a Deus, que estava sentado no trono. Eles diziam: —Amém! Aleluia! Então saiu uma voz do trono, dizendo: —Louvem ao nosso Deus; todos vocês que são servos dele e todas as pessoas que o temem, tanto os simples como os importantes. Então eu ouvi algo que era como a voz de uma grande multidão, como o barulho de uma grande cachoeira e como o barulho de fortes trovões, dizendo: —Aleluia! O Senhor nosso Deus, o Todo-poderoso, reina. Vamos ficar alegres e contentes e vamos dar-lhe glória, pois a hora do casamento do Cordeiro chegou. A sua noiva já está pronta, e o vestido que ela usará é feito de linho finíssimo, resplandecente e puro. (O linho representa as boas ações do povo de Deus.) Então o anjo me disse: —Escreva isto: “Felizes são aqueles que são convidados para a festa de casamento do Cordeiro!” E o anjo acrescentou: —Estas são as verdadeiras palavras de Deus. Eu me ajoelhei aos pés dele para adorá-lo, mas ele me disse: —Cuidado! Não faça isso! Eu sou seu companheiro, assim como sou companheiro dos irmãos que proclamam a verdade que Jesus revelou. E é proclamando essa verdade que eles provam que têm o espírito profético. É a Deus que você deve adorar! Depois eu vi o céu aberto e, diante de mim, havia um cavalo branco. O seu cavaleiro se chamava Fiel e Verdadeiro, pois é com justiça que ele julga e luta. Os seus olhos eram como chamas de fogo e na sua cabeça havia muitas coroas. Nele havia um nome escrito e ninguém sabia o que esse nome significava, a não ser ele mesmo. Ele estava vestido com um manto que havia sido tingida em sangue e o seu nome era “A Palavra de Deus”. Os exércitos do céu o seguiam, montados em cavalos brancos e vestidos com roupas de linho finíssimo, branco e puro. Da boca do cavaleiro saía uma espada afiada, com a qual ele iria ferir as nações. Ele mesmo as governará com vara de ferro, pisará as uvas no tanque e fará com que as nações bebam do vinho da tremenda ira do Deus Todo-poderoso. No seu manto e na sua coxa estava escrito isto: Rei dos reis e Senhor dos senhores Depois vi um anjo de pé sobre o sol e, com uma voz forte, ele gritou para todas as aves que voavam no alto céu: —Venham e se ajuntem para a grande festa de Deus, para que vocês possam comer corpos de reis, de comandantes, de poderosos, de cavalos e de seus cavaleiros e de todos os homens, tanto livres como escravos, tanto importantes como simples. Depois vi o monstro e os reis da terra. Eles e seus exércitos estavam reunidos para lutar contra aquele que estava montado no cavalo e contra o seu exército. O monstro foi capturado juntamente com o falso profeta que tinha realizado milagres na sua presença. Com estes milagres, ele tinha enganado aqueles que tinham recebido a marca do monstro e que tinham adorado a sua imagem. E tanto o monstro como o falso profeta foram jogados vivos dentro do lago de fogo que queima com enxofre. Os exércitos deles foram mortos com a espada que saía da boca daquele que estava montado no cavalo. E todas as aves comeram dos seus corpos até não poderem mais. Depois vi descer do céu um anjo que tinha na mão a chave do abismo e uma grande corrente. Ele agarrou o dragão, isto é, a antiga serpente, que é o Diabo ou Satanás, e o prendeu por mil anos. O anjo o jogou no abismo, o fechou e selou a entrada sobre ele, para que não enganasse mais as nações até que se completassem os mil anos. Depois disto será necessário que ele seja solto por um curto espaço de tempo. Depois vi tronos e, nestes tronos, estavam sentados aqueles que haviam recebido autoridade para julgar. Vi também as almas daqueles que tinham sido decapitados por terem anunciado a verdade revelada por Jesus e por causa da mensagem de Deus. Eles são os que não adoraram o monstro nem a sua imagem, nem tão pouco receberam a sua marca na testa ou na mão. Eles reviveram e reinaram com Cristo durante os mil anos. (O restante dos mortos não reviveu até que se completassem os mil anos.) Esta é a primeira ressurreição. Felizes e santos são aqueles que tomam parte na primeira ressurreição. A segunda morte não tem poder sobre eles. Pelo contrário, eles serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com Ele durante os mil anos. Quando, porém, se completarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão. Ele vai sair e enganar as nações que estão espalhadas por toda a terra, isto é, Gogue e Magogue, a fim de reuni-las para a guerra. E elas serão tão numerosas quanto a areia do mar. Elas marcharão pela superfície da terra e cercarão o acampamento do povo de Deus e também a cidade que Ele ama. Mas virá fogo do céu e as devorará. O Diabo, que os tem enganado, será jogado no lago de fogo e enxofre, onde também se encontram o monstro e o falso profeta. Ali eles serão atormentados de dia e de noite para todo o sempre. Depois vi um grande trono branco e aquele que estava sentado nele. Diante da sua presença a terra e o céu desapareceram completamente e nunca mais foram encontrados. Vi também os mortos, os importantes e os simples, que estavam em pé diante do trono. Vários livros foram abertos e ainda outro livro foi aberto, isto é, o livro da vida. E os mortos foram julgados de acordo com as suas obras, conforme o que estava escrito nos livros. O mar entregou os mortos que estavam nele. A morte e o mundo dos mortos também entregaram os seus mortos. E eles foram julgados, um por um, de acordo com as suas obras. Então a morte e o mundo dos mortos foram jogados no lago de fogo. Esta é a segunda morte: o lago de fogo. E aquele que não tinha o seu nome escrito no livro da vida, era jogado no lago de fogo. Depois vi um novo céu e uma nova terra. O primeiro céu e a primeira terra tinham desaparecido e o mar já não existia mais. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus. Ela estava vestida como uma noiva enfeitada para o seu marido. Então ouvi uma voz forte que vinha do trono, dizendo: —Agora, a morada de Deus vai ser com os homens. Deus habitará com eles e eles serão povos de Deus. Então, o próprio Deus estará com eles e Ele lhes será por Deus. Deus enxugará todas as lágrimas de seus olhos e a morte já não existirá mais. Não haverá mais luto, nem choro e nem dor, porque as coisas velhas já passaram. E aquele que estava sentado no trono disse: —Olhem, Eu estou fazendo tudo novo! E acrescentou: —Escreva isto, porque estas palavras são verdadeiras e dignas de confiança. E Ele ainda me disse: —Tudo está feito! Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. A todos os que têm sede Eu darei de beber, de graça, da fonte da água da vida. Aquele que vencer herdará todas estas coisas e Eu serei o seu Deus e ele será o meu filho. Entretanto, os covardes, os incrédulos, os pervertidos, os assassinos, os que praticam imoralidade sexual, os que praticam a feitiçaria, os que adoram ídolos e todos os mentirosos terão a sua parte no lago que queima com fogo e enxofre. E essa é a segunda morte. Depois, um dos sete anjos que tinham as sete taças com as últimas sete pragas aproximou-se de mim e disse: —Venha, eu vou lhe mostrar a noiva, a esposa do Cordeiro. Enquanto eu estava sendo guiado pelo Espírito, o anjo me levou até uma montanha grande e alta e me mostrou a santa cidade de Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus. Ela tinha a glória de Deus e o seu brilho parecia o brilho de uma pedra preciosíssima, assim como a pedra cristalina de jaspe. A cidade tinha uma muralha muito grande e alta com doze portas. Havia um anjo em cada porta e, nas portas, estavam escritos os nomes das doze tribos de Israel. Havia três portas no leste, três no norte, três no sul e três no oeste. A muralha da cidade tinha doze alicerces e, em cada um deles, estava escrito o nome de um dos doze apóstolos do Cordeiro. O anjo que falava comigo tinha uma vara de ouro para medir a cidade, as suas portas e a sua muralha. A cidade era perfeitamente quadrada; o seu comprimento era igual à sua largura. O anjo mediu a cidade com a vara e deu 12.000 estádios de comprimento. O seu comprimento, a sua largura e a sua altura eram iguais. O anjo também mediu a muralha e deu 144 côvados, medindo com o braço de um homem, isto é, de um anjo. A estrutura da muralha era de jaspe, e a cidade era feita de ouro puro, brilhante como o cristal. Os alicerces da muralha da cidade eram decorados com todo tipo de pedras preciosas. O primeiro alicerce era de jaspe; o segundo, de safira; o terceiro, de ágata; o quarto, de esmeralda; o quinto, de ônix; o sexto, de sárdio; o sétimo, de crisólito; o oitavo, de berilo; o nono, de topázio; o décimo, de crisópraso; o décimo primeiro, de jacinto; e o décimo segundo de ametista. As doze portas eram doze pérolas e cada uma dessas portas era feita de uma só pérola. As ruas da cidade eram feitas de ouro puro e brilhavam como cristal. Não vi nenhum templo na cidade, porque o Senhor Deus Todo-poderoso e o Cordeiro são o seu templo. A cidade não precisa nem do sol nem da lua para iluminá-la, pois a glória de Deus a ilumina e o Cordeiro é a sua lâmpada. As nações serão guiadas pela luz dessa lâmpada e os reis do mundo trarão a sua glória para a cidade. As suas portas jamais se fecharão de dia e nela não haverá noite. Das nações serão trazidas riqueza e glória para aquela cidade, e nela jamais entrará nem coisa impura nem ninguém que faça coisas vergonhosas ou que seja mentiroso. Só entrarão aqueles cujos nomes estão escritos no Livro da Vida que pertence ao Cordeiro. Então o anjo me mostrou o rio da água da vida, brilhante como cristal, que saía do trono de Deus e do Cordeiro e que passava no meio de todas as ruas da cidade. Em cada lado do rio havia árvores que vieram a ser a árvore da vida. Cada árvore produzia frutos doze vezes por ano, dando fruto uma vez por mês e as folhas das árvores serviam para curar as nações. Nunca mais haverá maldição lá e o trono de Deus e do Cordeiro estará nela. Os servos de Deus o adorarão e verão o seu rosto e o seu nome estará escrito nas testas deles. Então já não haverá noite e eles não precisarão nem da luz de lamparina nem da luz do sol, pois o Senhor Deus os iluminará e eles reinarão para todo o sempre. Depois o anjo me disse: —Estas palavras são fiéis e verdadeiras. O Senhor, o Deus dos espíritos dos profetas, enviou o seu anjo para mostrar aos servos de Deus as coisas que devem acontecer brevemente. —Olhem, eu vou chegar em breve. Feliz é aquele que obedece às palavras da profecia deste livro. Eu, João, vi e ouvi todas estas coisas. E, quando as vi e ouvi, ajoelhei-me aos pés do anjo que tinha me mostrado tudo aquilo. Eu estava fazendo isso para adorá-lo, mas ele me disse: —Cuidado! Não faça isso! Eu sou seu companheiro, assim como também sou companheiro dos profetas, e de todos os irmãos que obedecem às palavras que estão escritas neste livro. Adore a Deus. Ele ainda me disse: —Não mantenha as palavras da profecia deste livro em segredo, pois o tempo está próximo. Que aquele que é mau continue a praticar a maldade e aquele que é impuro continue a ser impuro. Que aquele que é bom continue a praticar a bondade e aquele que é puro continue a ser puro. —Olhem, eu vou chegar logo e vou trazer a recompensa que tenho para cada um de vocês. Eu retribuirei a cada um de acordo com as suas próprias obras. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim. Felizes são aqueles que lavam as suas roupas, para terem direito de comer da árvore da vida e de entrar na cidade pelas portas. Mas os cães, os que praticam feitiçaria, os que cometem imoralidade sexual, os assassinos, os adoradores de ídolos e todos aqueles que amam e praticam a mentira ficarão do lado de fora. —Eu, Jesus, lhes enviei o meu anjo para testemunhar a respeito destas coisas às igrejas. Eu sou descendente da família de Davi, a estrela brilhante da manhã. O Espírito e a noiva dizem: —Venha! E aquele que ouvir isto diga: —Venha! Que aquele que tiver sede, venha. E quem quiser, receba de graça a água da vida. Eu, João, aviso solenemente aos que ouvem as palavras da profecia deste livro: Se alguém acrescentar alguma coisa a elas, Deus lhe acrescentará as pragas escritas neste livro. E se alguém tirar qualquer coisa das palavras desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida e da cidade santa, as quais estão descritas neste livro. Aquele que dá testemunho destas coisas diz: —Com certeza Eu vou chegar logo! Amém. Venha, Senhor Jesus! Que a graça do Senhor Jesus esteja com todos vocês.